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coisas que tu vê que tu estavas no caminho errado e tu muda e outras que tu mudou e não
podia ter mudado, porque tu tens que ver que não depende só de ti, depende de todo um
contexto da escola, se não existi um coletivo na escola fica muito difícil dependendo da
situação como tu trabalhas, o teu trabalho pode ser julgado como não sendo bom, tanto pelos
pais quanto pelos colegas. Porque a parte do construtivismo, outro lado da fita – eles precisam
ter toda uma situação, vivenciar aquilo.
E – Eu não me assumo como construtivista nem como tradicional, eu tento fazer uma
mesclagem de tudo isso. Se tu me perguntares hoje como é o teu trabalho, qual a metodologia
que tu utilizas, eu utilizo dentro do que eu vejo que está sendo melhor para aquele tipo de
turma, ou para aquele tipo de conteúdo, eu tento fazer com que teoria e prática andem sempre
juntas, e utilizar o máximo da vida deles, o cotidiano deles, o ambiente onde eles vivem, uso
muito a minha vida também, a vivencia de vida que eu tive, todo o trabalho que eu tive desde
a minha infância ate a minha adolescência, eu sempre quando vou dar um exemplo pra eles,
eu sempre uso aminha, da minha filha, pra que eles se sintam motivados, e sempre digo que é
possível, pra que eles entendam isso, porque muitas vezes eles vem de casa com a auto estima
lá em baixo não são incentivados pelo pai, pela mãe, então eu tento incentivá-los ao máximo,
colocar eles a par, não esconder nada deles, eu sempre digo pra eles que tem dois caminhos a
seguir, a gente mostra e eles tem que escolher qual deles, um vai dar em um lugar, e o outro
num outro lugar, e que as vezes, não quer dizer que a gente não possa voltar e sempre
deixando bem claro pra eles que o professor também se engana, que o professor não é o dono
da verdade, eu uso muito isso na sala de aula sempre com eles. E que nunca a gente sabe tudo.
Eu uso também muito o exemplo do meu marido, porque eles são muito machistas, os
meninos tendem, nós vivemos numa sociedade muito machista, infelizmente ainda estamos e
lá na escola mais ainda, eu tento passar pra eles dizendo: ‘o homem pode ajudar sim, meu
marido ajuda, cuida da minha filha, se tiver que arrumar a cama, e não é bichinha’, porque
eles acham que quem faz isso é ‘bichinha’, é bichinha pra cá, bichinha pra lá, até quando eles
mexem com um colega, eu aproveito aquilo ali pra puxar pra sala de aula e explicar: ‘olha não
é bem assim’, porque a gente percebe, a gente não vê muito, ah não tem futuro, então vou
desistir disso tudo. Se tu for trabalhar esse lado com eles, tu fica entristecida, porque tem dias
que tu percebe assim que não é, principalmente os meninos, as meninas nem tanto, o
preconceito é muito forte, eles vivem assim dentro de casa, porque a maioria das mães ali não
trabalha fora, a maioria das mães é do lar, então eles tem uma visão da mulher..... eu tento
dentro das condições deles, das limitações, eu consigo desenvolver bem este lado, uma coisa
que eu sinto falta, é uma parceria entre professor e aluno, é claro que tem limites, tem que