campos de pouso
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no interior do país, como mostra Cambeses Jr., (2007, s.p.):
“Naquela época, havia grande interesse da Pan American Airways em reduzir o
tempo gasto por seus aviões cumprindo a rota Miami-Buenos Aires, e não dispondo
de equipamento aéreo mais veloz, foi levada a procurar uma rota aérea que
encurtasse o caminho”.
Em 1935 foi feita a primeira viagem
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na rota do Tocantins. O intinerário,
conforme Bacaleinick (2002), era o seguinte: Ipameri, Santa Luzia (hoje Luziâna),
Formosa, Calvalcante, Palma (atual Paranã), Peixe, Porto Nacional, Piabanha (atual
Tocantínia), Pedro Afonso, Carolina, Boa Vista do Tocantins (hoje Tocantinópolis),
Imperatriz, Marabá, Alcobaça (atual Tucuruí), Baião e Cametá, até chegar a Belém.
A partir da década de 1940 o transporte aéreo fazia parte da rotina dos moradores
da região. Segundo Borges,
No norte goiano, com a deficiência do transporte terrestre e fluvial, houve
um relativo desenvolvimento do transporte de passageiros e de carga via
aérea. Com o crescimento do comércio da carne bovina, os aeroportos de
Araguacema, Pedro Afonso e Porto Nacional foram muito utilizados na
região. Partiam, diariamente para Belém e outras capitais do Norte-
Nordeste, aviões carregados de carne verde proveniente dos matadouros
locais (CAPES, 1959 apud BORGES, 2000, p. 68).
a
De modo geral, as medidas tomadas e dirigidas pelo Estado na denominada
Marcha para Oeste não afetaram de forma direta o antigo norte do Estado de Goiás,
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“Em 19 de agosto de 1931, é dada partida na expedição composta por Lysias Rodrigues, Felix Blotner,
inteligente e destacado funcionário da Panair do Brasil, a serviço da congênere americana, e seu prestimoso
auxiliar, um jovem chamado Arnold Lorenz, que percorreram os estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e
Maranhão, até chegar a Belém [no Pará]. O objetivo dessa árdua jornada era reconhecer o território e implantar
campos de pouso, de modo a viabilizar a navegação aérea e criar as condições imprescindíveis que facultassem
a execução de vôos dos grandes centros do Brasil para a Amazônia e que permitissem, também, uma nova e
econômica rota para os vôos realizados entre os Estados Unidos e o Cone Sul do Continente. Àquela época, as
aeronaves percorriam o arco irregular de círculo que descreve o litoral brasileiro para se deslocarem de um
extremo a outro do País, devido à existência de aeroportos em várias cidades litorâneas. Por sobre a Amazônia
e a região central, apenas mata fechada. Daí a importância da missão que foi atribuída a Lysias Rodrigues e o
ímpeto com que o notável desbravador abraçou o desafio, penetrando em profundidade, com destemor, na
natureza virgem daquela região, em realidade, um mundo desconhecido e cheio de mistérios sedutores para um
homem nascido e criado no Rio de Janeiro, então capital do País. Varando por terra o sertão bruto, com
galhardia e tenacidade, logrou alcançar Belém do Pará, em 9 de outubro daquele mesmo ano. Esta marcante
epopéia ficou registrada em seu diário de viagem e, mais tarde, foi incluída no livro que batizou de ‘Roteiro do
Tocantins’” (CAMBESES JR., 2007).
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A viagem durou quatro dias, os dois enfrentando tempestades e pousos forçados, vendo pistas sendo abertas
com facões quase na hora da descida. O avião era um Waco CSO monomotor, biplano, com dois comandos e
duas nacelas. O bagageiro era pequeno e mal dava para acomodar a bagagem dos dois tripulantes, que podiam
até viajar com macacões, roupas mais confortáveis, mas precisavam descer nas cidades impecáveis, de farda,
botas lustradas, como convinha a militares na época. No entanto era uma missão do Correio Aéreo Nacional
(CAN), a primeira numa região completamente desprovida de comunicação, e o bagageiro viajava repleto de
jornais, revistas e cartas. Além disso, uma caixa de ferramentas era equipamento fundamental. Dentro dela,
martelo, pregos, chaves de fenda e alicates, além de tesoura, agulhas e pedaços de tela, importantes para
eventuais reparos no motor ou no revestimento do avião, todo de tela (BACALEINICK, 2002).