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Interessei-me, em saber se quem diz isso para ela são as pessoas que trabalham
na escola, mas ela logo afirmou que não, que são os parentes, pois entre eles existe uma
concorrência:
‘Ah! Porque a prima tem tantos anos e está na série tal’. Está
entendendo? Só que a gente procura ver a qualidade de ensino, é
por isso que ele ainda está aqui. Porque é como eu falo, aqui o
ensino é muito bom, a qualidade de ensino é boa, eu tiro por
algumas sobrinhas que eu tenho, eu vejo a matéria que elas dão,
as atividades que elas dão, entendeu? A série que elas estão,
assim, não é compatível ao que ele já está.
Então o que faz ele ficar aqui é isso, essa preocupação que a
escola tem com ele, na parte de ensino e até comportamento
também, e a qualidade de ensino ser boa. E é o que eu falei com
ele: ‘De lá você só sai se te expulsarem’ porque, diante disso, não
vou desistir. Eu não desisto porque eu falei para ele: ‘Meu filho,
isso é uma oportunidade que muitos, milhares querem e não têm e
você conseguiu’ então, o que eu puder fazer pra ele permanecer
aqui, eu vou fazer. O que mandam eu fazer: procura isso eu vou,
vai ali, eu vou, porque a gente tem que investir.
Levantei outra questão sobre seu ponto de vista em relação ao trabalho, ao que
se estuda na série em que o filho está, se ela acha adequado para a idade, se ela acha que
o seu filho gosta, acha difícil ou fácil demais, se interessa, se envolve enfim.
Olha só, cada criança tem uma maneira de agir, conforme você
dá uma atividade. Aqui é uma escola assim, é uma escola de
tradição, então, quer dizer, tem um ensino um pouco elevado.
Tem criança, como o Flávio, que tem sim, apresenta algumas
dificuldades porque o ensino é mais puxado. A leitura, digamos,
não é uma leitura de uma página, é uma leitura de duas, três
páginas, isso, às vezes, se torna cansativo, não para todas as
crianças, como eu estou te falando. É claro que tem criança que
supera isso com muita facilidade, como têm outras que têm essa
dificuldade. Então, eu acho que tinha que haver uma maneira de
tentar, não diminuir, mas tentar de uma maneira, puxar, que eles
mostrassem mais esse interesse também. Eu digo pelo Flávio,
quando é muita coisa para fazer, ele reclama muito, sabe, mas
claro que a gente sabe que a leitura é a base de tudo! Só que a
criança que não tem dificuldade vai ler, ela vai embora, faz
aquela interpretação maravilhosa, mas tem criança que não tem
essa facilidade, mas, às vezes, já para outras coisas apresenta um
bom desenvolvimento. Então tem que rever um pouco mais essa
parte, porque, muitas crianças que vêm para cá, vêm de escolas
particulares boas, às vezes já vêm com uma bagagem... tem
criança que quando vem para cá, já lê, já copia, são poucas as
crianças que vêm para cá que não sabem nada, que não sabem
ler, que não sabem escrever, que não sabem copiar o nome.