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VICENTE IMBROISI TEIXEIRA
Aspectos agronômicos e bromatológicos de leguminosas forrageiras na Zona da
Mata Seca de Pernambuco
RECIFE – PE
FEVEREIRO - 2008
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VICENTE IMBROISI TEIXEIRA
Aspectos agronômicos e bromatológicos de leguminosas forrageiras na Zona da
Mata Seca de Pernambuco
Dissertação apresentada ao programa de Pós-Graduação em
Zootecnia, da Universidade Federal Rural de Pernambuco,
como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre
em Zootecnia (Área de concentração: Forragicultura)
Orientador: Prof
o
José Carlos Batista Dubeux Jr.
Co-Orientadores: Prof
a
Mércia Virginia Ferreira dos Santos
Prof
o
Mário de Andrade Lira Jr.
RECIFE – PE
FEVEREIRO – 2008
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FICHA CATALOGRÁFICA
CDD 633. 2
1. Forragicultura
2. Florescimento
3. Altura
4. Pragas
5. Doenças
6. Mata Norte, Zona (PE)
I. Dubeux Júnior, José Carlos Batista
II. Título
T266a Teixeira, Vicente Imbroisi
Aspectos agronômicos e bromatológicos de leguminosas
forrageiras na Zona da Mata Seca de Pernambuco / Vicente
Imbroisi Teixeira. -- 2008.
57 f.
Orientador : José Carlos Batista Dubeux Júnior
Dissertação (Mestrado em Zootecnia) – Universidade
Federal Rural de Pernambuco. Departamento de Zootecnia.
Inclui bibliografia.
Aspectos agronômicos e bromatológicos de leguminosas forrageiras na Zona da
Mata Norte de Pernambuco
VICENTE IMBROISI TEIXEIRA
Dissertação defendida em 15/02/2008 pela Banca Examinadora:
Orientador:
José Carlos Batista Dubeux Jr., PhD.
Prof
o
Adjunto da UFRPE
Examinadores:
Mário de Andrade Lira, PhD.
Pesquisador do IPA
Alexandre Carneiro Leão de Mello, D. Sc.
Prof
o
Adjunto da UFRPE
Mário de Andrade Lira Jr., PhD.
Prof
o
Adjunto da UFRPE
RECIFE – PE
“É preciso ter coragem para mudar o que pode ser mudado, serenidade para aceitar o
que não pode ser mudado e sabedoria para distinguir uma coisa da outra”
Chico Xavier
À minha mãe Gina, meu pai Peron e minhas irmãs Vanessa e Vivian, por todo apoio,
amor e compreensão.
A meus avós Raymundo, Clezinha e Concheta pelo incentivo e carinho de sempre.
À Candice, pelos incentivos, pela presença (mesmo distante), compreensão, paciência e
pelo amor. Obrigado por tudo.
DEDICO
iii
AGRADECIMENTOS
À Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE, por meio do Programa
de Pós-Graduação em Zootecnia, pelo curso recebido.
À Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária IPA, pela disponibilidade
dos seus recursos físicos e humanos para realização deste trabalho.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq,
pela concessão da bolsa de estudo.
À Estação Experimental de Itambé PE, por todo apoio recebido para a
realização deste trabalho, através dos seus dirigentes Roberto Moura e José Reginaldo
de Araújo, bem como aos funcionários, em especial, Nego, Fon e Neném.
À Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC) e à Embrapa
Serrados (CPAC), pelo fornecimento das sementes.
À Embrapa Agrobiologia (CNPAB), pelo fornecimento das estirpes de bactérias.
Aos funcionários da Pós-Graduação, na pessoa de Nicácio, pelo apoio essencial
concedido nessa minha estada.
Aos funcionários do Laboratório de Nutrição Animal, na pessoa de Raquel, pela
grande ajuda nos momentos em que precisei.
Ao professor Mário Lira, pelos ensinamentos e por acreditar no meu potencial.
Ao professor Dubeux por toda orientação e ensinamentos, pelo apoio, amizade e
paciência a mim concedida.
iv
À professora Mércia e ao professor Mário Lira Jr., pela expressiva dedicação na
orientação deste trabalho, e enriquecedor convívio.
Ao professor Alexandre Mello, por todas as sugestões nos seminários.
Aos colegas de forragicultura, Hiran, Joelma, Liz, Sharlyton, Márcio, Mônica,
Marta, Glauco, Mércia, Amanda, pela convivência nos momentos de campo e de curso
em que estivemos juntos. Ficaram experiências e muitas saudades.
Aos colegas de mestrado Kleyton, Carol, Kedes, Guilherme, Solon, Evaristo,
Welliton, Ana Maria, Rinaldo, Renaldo, Rodrigo, Tibério, pela convivência.
Aos colegas da graduação ligados a forragicultura, em especial a Arthur, Laurien,
Valdson, Gabriel e Diego.
Aos amigos Fábio Fregadolli, Portela, Fernando e Tiago, por acreditarem em mim
e por todo incentivo.
A todos os professores do Departamento de Zootecnia e do Programa de Pós-
Graduação em Zootecnia, pela forma que conduzem o programa, pelo caráter humano
transmitido aos seus alunos e orientados.
Ao povo pernambucano que tão bem me acolheu neste período.
v
SUMÁRIO
Página
LISTA DE TABELAS..........................................................................................
LISTA DE FIGURAS...........................................................................................
1.0 RESUMO.........................................................................................................
2.0 ABSTRACT.....................................................................................................
2.1 INTRODUÇÃO..............................................................................................
BIBLIOGRAFIA...................................................................................................
CAPÍTULO 1 - Aspectos agronômicos e bromatológicos de leguminosas
forrageiras na Zona da Mata Norte de Pernambuco.........................................
Resumo....................................................................................................................
Abstract...................................................................................................................
1.0 Introdução.........................................................................................................
2.0 Material e Métodos............................................................................................
3.0 Resultados e Discussão......................................................................................
4.0 Conclusões.........................................................................................................
5.0 Literatura citada.................................................................................................
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24
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7
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LISTA DE TABELAS
CAPÍTULO 1
Tabelas Página
1 Relação folha/caule das leguminosas estudadas ao longo dos quatro
cortes; Itambé – PE
.................................................................................
2 Teor de proteína bruta (PB) na folha e no caule das leguminosas
estudadas; Itambé –PE
............................................................................
3 Teor de extrato etéreo (EE) na folha e no caule das leguminosas
estudadas; Itambé – PE...........................................................................
4 Teor de matéria mineral (MM) na folha e no caule das leguminosas
estudadas; Itambé – PE...........................................................................
5 Notas do vigor da rebrota das leguminosas 14 dias após o primeiro
corte e stand de plantas vivas/m
2
21 dias após o terceiro corte; Itambé
– PE.........................................................................................................
6 Peso médio de 100 sementes (g) e produção de sementes
(g/m
2
/período experimental); Itambé – PE..............................................
3
5
3
7
4
2
4
5
vii
LISTA DE FIGURAS
CAPÍTULO 1
Figura Página
1 Precipitação pluvial em Itambé durante período experimental. (ITEP,
2008)........................................................................................................
2 Produção acumulada de matéria verde dos quatro cortes realizados no
decorrer do experimento; Itambé – PE
....................................................
3 Porcentagem de FDN nas folhas; dados relativos ao primeiro corte;
Itambé – PE
.............................................................................................
4 Porcentagem de FDA nas folhas; dados relativos ao primeiro corte;
Itambé – PE.............................................................................................
5 Porcentagem de FDN no caule das leguminosas; dados relativos ao
primeiro corte; Itambé – PE....................................................................
6 Porcentagem de lignina no caule das leguminosas; dados relativos ao
primeiro corte; Itambé – PE....................................................................
7 Médias das alturas das plantas 102 dias após o transplantio (A) e 219
dias após o primeiro corte (B), conforme a espécies; Itambé
PE............................................................................................................
8 Porcentagem de cobertura do solo, conforme a leguminosa aos 43 dias
após o transplantio; Itambé – PE............................................................
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41
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viii
Teixeira, V.I. Aspectos agronômicos e bromatológicos de leguminosas forrageiras na Zona da Mata Seca de Pernambuco
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RESUMO
O trabalho objetivou avaliar aspectos agronômicos e bromatológicos de nove
leguminosas forrageiras herbáceas na Zona da Mata Seca de Pernambuco. As
leguminosas estudadas foram:
Calopogonium mucunoides Desv, Clitoria ternatea L.,
Desmodium heterocarpon (L.) DC. subsp. ovalifolium (Prain) Ohashi cv. Itabela,
Arachis pintoi Krap & Greg. cv. Amarillo, Pueraria phaseoloides (Roxb.) Benth,
Stylosanthes guianensis (Aubl.) Sw. cv. Bandeirante, cv. Cook e cv. Mineirão e
Stylosanthes macrocephala M.B. Ferreira & N.M Sousa Costa cv. Pioneiro. Foram
avaliadas as seguintes variáveis: cobertura do solo, ocorrência de pragas e doenças,
altura da planta, produção de matéria verde, stand, relação folha/caule, produção de
sementes, vigor de rebrota, número de brotações, teores de FDN, FDA, lignina, PB e EE
das folhas e caules. Foram realizados quatro cortes, sendo utilizada intensidade de 0 cm
para o primeiro corte e 5 cm para os demais. O delineamento foi blocos casualizados
com três repetições. A maior produção de MV acumulada foi de 45,6 ton/ha/432 dias
apresentada pela C. ternatea; bem como um dos maiores teores de PB, tanto para a
folha (35,4%) quanto para o caule (15,8%). Aos 43 dias após o transplantio, o C.
mucunoides foi a leguminosa que apresentou a maior porcentagem de solo coberto.
Durante o período experimental (432 dias) não foi observado florescimento dos S.
guianensis, enquanto que C. mucunoides, C. ternatea e Pioneiro apresentaram maior
potencial de produção de sementes. A. pintoi, C. ternatea e C. mucunoides mostraram
grande potencial para produção de forragem nesta região, com a C. ternatea
apresentando os resultados mais promissores quanto à composição química.
Teixeira, V.I. Aspectos agronômicos e bromatológicos de leguminosas forrageiras na Zona da Mata Seca de Pernambuco
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ABSTRACT
The aim of this work was to evaluate the agronomic and bromatologic aspects of
nine herbaceous forage legumes. Legumes studied included Clitoria ternatea L.,
Desmodium heterocarpon (L.) DC. Subsp. Ovalifolium (Prain) Ohashi cv. Itabela,
Arachis pintoi Krap & Greg. cv. Amarillo, Pueraria phaseoloides (Roxb.) Benth,
Stylosanthes guianensis (Aubl.) Sw. cv. Bandeirante, cv. Cook and cv. Mineirão and
Stylosanthes macrocephala MB Ferreira & NM Sousa Costa cv. Pioneiro. The
following response variables were measured: soil cover, occurrence of pests and
diseases, plant height, fresh matter production, stand, seed production, regrowth vigor,
tiller number, NDF, ADF, lignin, crude protein, and ether extract concentrations of
leaves and stems. Four cuts were performed during the experimental period. Cutting
intensities were at the ground level for the first cut and 5 cm for the following cuts. It
was used a complete randomized block design with three replications per treatment.
Clitoria ternatea showed the greatest fresh matter yield summed along the four cuts
(45,6t/ha/432 d) and the legume showed one of the greatest CP concentrations, both for
leaves (35,4%) and for stems (15,8%). At 43 days after transplanting, C. mucunoides
showed the greates soil coverage. During the 432 days of experimental period, the S.
guianensis cultivars did not flower, however, C. mucunoides, C. ternatea, and Pioneiro
presented the greatest seed production. Arachis pintoi, C. ternatea and C. mucunoides
showed greater potential for forage production in this region, and C. ternatea presented
the most promising results in terms of chemical composition.
Teixeira, V.I. Aspectos agronômicos e bromatológicos de leguminosas forrageiras na Zona da Mata Seca de Pernambuco
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INTRODUÇÃO
No Brasil, cerca de 90% da carne bovina é oriunda de sistemas de produção em
que a alimentação do rebanho está baseada exclusivamente em pastagens. O restante da
produção, como nos semi-confinamentos, também envolvem pastagens sendo a
totalidade dos processos de cria e recria baseados no uso da pastagem. Estas
características demonstram a aptidão do país para produção animal a pasto (Barcelos et
al. 2001, citando o anuário estatístico da pecuária de corte 2000).
O Brasil possui aproximadamente 100 milhões de hectares com pastagens
cultivadas e 87 milhões de hectares com pastagens naturais (IBGE, 1998). Devido à
produção a pasto a carne bovina produzida no Brasil é fortemente competitiva o que tem
levado o país a ser o maior exportador do mundo (Lira et al., 2006).
O valor bruto da produção de carne bovina em 2006 representou 43,7% e 17,8%
do valor bruto da produção obtido pela pecuária (R$ 69,98 bilhões) e agropecuária (R$
172,20 bilhões) respectivamente, mostrando assim, a importância da pecuária e da carne
bovina para o país (CNA, 2007).
Porém, prolongados períodos de manejo inadequado das pastagens, culminaram
em um fenômeno conhecido como degradação das pastagens. Este fenômeno foi
definido por Macedo (1993) como sendo o processo evolutivo de perda de vigor, de
produtividade e de capacidade de recuperação natural das pastagens para sustentar os
níveis de produção e qualidade exigida pelos animais, assim como, o de superar os
efeitos nocivos de pragas, doenças e invasoras, culminando com a degradação avançada
dos recursos naturais. Tal fenômeno, atualmente, é um dos principais problemas
vivenciado pelos pecuaristas brasileiros; prova disto é que aproximadamente 50% dos
100 milhões de hectares de pastagens cultivadas encontram-se em algum estágio de
degradação (Dubeux Jr. et al., 2006). Diversas são as causas para que uma pastagem
Teixeira, V.I. Aspectos agronômicos e bromatológicos de leguminosas forrageiras na Zona da Mata Seca de Pernambuco
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venha a se tornar degradada. A não reposição dos nutrientes retirados no processo
produtivo, por exportação pelos animais, erosão, lixiviação e volatilização ao longo dos
anos é considerada uma das principais causas da degradação das pastagens (Peron &
Evangelista, 2004).
Tais nutrientes são conhecidos como elementos essenciais e são definidos por
Epstein & Bloom (2006) como: “um elemento é essencial se preencher um ou ambos os
critérios: (1) O elemento é parte de uma molécula que é um componente intrínseco da
estrutura ou do metabolismo da planta; (2) a planta pode ser tão severamente privada do
elemento que exibe anormalidades em seu crescimento, desenvolvimento ou reprodução
– isto é, sua performance - em comparação com plantas menos privadas”.
Segundo Mattos (2001) o nitrogênio é um dos principais nutriente para a
manutenção da produtividade das gramíneas forrageiras e de acordo com Epstein &
Bloom (2006), o nitrogênio é encontrado em muitos compostos orgânicos de uma
planta, incluindo todos os seus aminoácidos e ácidos nucléicos. Conseqüentemente,
plantas requerem quantidades maiores de nitrogênio do que de qualquer outro nutriente
mineral e a disponibilidade deste nutriente geralmente limita a produtividade das plantas
em ecossistemas naturais e agrícolas. Os principais sintomas da deficiência deste
nutriente são: clorose generalizada, hábito estiolado, crescimento retardado e lento com
aparência não viçosa das plantas.
Com a diminuição do metabolismo vegetal provocado pela deficiência de
nitrogênio, a planta cessa ou diminui o seu crescimento, proporcionando menor
competitividade por luz e nutrientes com outros vegetais presentes na área. Desta forma,
plantas mais tolerantes a baixos teores de nitrogênio no solo, se sobressaem e
prevalecem na área. Esta é uma das explicações para o aparecimento de plantas
daninhas em uma pastagem.
Teixeira, V.I. Aspectos agronômicos e bromatológicos de leguminosas forrageiras na Zona da Mata Seca de Pernambuco
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Os solos brasileiros, em sua maioria, inclusive os explorados com forrageiras, são
pobres em nitrogênio, portanto sendo necessária adição deste elemento no sistema. As
formas de adicionar este nutriente no sistema das pastagens são através dos processos de
fixação natural e industrial. Epstein & Bloom (2006), afirmam que a fixação natural de
nitrogênio (atmosférico mais biológica) se a uma taxa de 190 x 10
12
g/N/ano. Deste
total, a emissão de relâmpagos é responsável por cerca de 8%, a reação fotoquímica
entre óxido nítrico gasoso e o ozônio é responsável por 2% e os 90% restante resultam
da fixação biológica de nitrogênio.
O homem comumente adiciona o nitrogênio utilizando-se a adubação química
(oriunda da fixação industrial). Tal prática encarece a operação e, por vezes, torna-se
economicamente inviável, prova disto é que Martha Jr. et al. (2004), verificaram que no
intervalo de 1999 a 2003, o poder de compra de fertilizantes nitrogenados baseados na
venda de boi ou bezerro, foi reduzido em 55% e 67%, respectivamente.
A utilização de leguminosas seria uma das formas naturais de adicionar nitrogênio
no sistema da pastagem, algumas espécies são capazes de fixar o nitrogênio atmosférico
devido à simbiose entre elas e algumas bactérias. Os tipos mais comum de simbiose
ocorrem com os gêneros de bactéria: Rhizobium, Bradyrhizobium, Sinorhizobium e
Photorhizobium (Epstein & Bloom, 2006). Nesta simbiose, a planta fornece
fotoassimilados para as bactérias; em troca, as bactérias disponibilizam o nitrogênio
atmosférico por elas fixado.
Algumas destas espécies de leguminosas capazes de fixar o nitrogênio
atmosférico podem servir de alimento para animais como bovinos, caprinos, ovinos e
eqüinos, fato este importante, visto que, Lira et al. (2006), por meio de simulação,
sugerem que a manutenção de 25% de leguminosas na composição botânica da
pastagem (peso seco), equivale a uma adubação anual com 100 kg de N/ha.
Teixeira, V.I. Aspectos agronômicos e bromatológicos de leguminosas forrageiras na Zona da Mata Seca de Pernambuco
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A disponibilização de nitrogênio fixado pelas leguminosas pode ocorrer através
dos exsudados radiculares, pela decomposição de nódulos e raízes ou pela conexão por
micorrizas das raízes das gramíneas com aquelas da leguminosa (transferências abaixo
da superfície do solo). A outra forma do N fixado ser disponibilizado é pela
decomposição da liteira e através de fezes e urina de animais (transferências acima da
superfície do solo). Em pastagens de clima temperado, até 22% do N derivado da
fixação biológica é transferido para a gramínea pelos compartimentos acima do solo e
de 2 a 26% pelo compartimento abaixo da superfície do solo (Ledgard & Steele, 1992).
A transferência por meio de excretas de animais possui como desvantagens a
elevada concentração deste elemento em pequenas áreas (Dubeux et al., 2007),
promovendo assim a perda do mesmo. Scholefield et al (1991) estimaram que apenas
28% do N das fezes é recuperado pela planta. Humphreys (1991) considerou que 50%
do N da urina é perdido rapidamente do sistema e que a planta forrageira recuperava
apenas 35% do N excretado via urina. Outra desvantagem seria a limitada localização
de retorno em algumas áreas, normalmente próximas a aguadas, saleiros e sombras
presentes na pastagem.
Outra via de transferência do N fixado é através da liteira das leguminosas. Esta
liteira possui baixa relação C/N, portanto, quando a leguminosa é consorciada com a
gramínea (relação C/N alta) irá adicionar ao solo uma fitomassa com relação C/N
intermediária às duas, proporcionando, simultaneamente, proteção do solo e
fornecimento de N ao sistema da pastagem (Giacomini et al., 2003). Como algumas
leguminosas herbáceas possuem a característica de crescimento horizontal, a adição de
nitrogênio na área é mais uniforme ao ser comparada às demais vias de retorno de
nitrogênio no sistema das pastagens.
Teixeira, V.I. Aspectos agronômicos e bromatológicos de leguminosas forrageiras na Zona da Mata Seca de Pernambuco
15
Além dos benefícios promovidos pela adição de nitrogênio no sistema da
pastagem, as leguminosas herbáceas proporcionam também cobertura do solo,
minimizando simultaneamente o efeito provocado por dois agentes causadores da
degradação das pastagens, a invasão de plantas daninhas (através da competição por luz
e nutrientes) e a erosão do solo (evitando que gotas de chuva caiam diretamente no solo
descoberto).
A melhor qualidade na dieta dos animais também é um benefício proporcionado
pela leguminosa. Isto se deve principalmente por um teor mais elevado de proteína bruta
encontrado nestas plantas, quando comparado às gramíneas tropicais, proporcionando
assim melhorias na produção animal. Diversos trabalhos provam que tais melhorias
decorrem da participação direta deste vegetal na dieta do animal e dos efeitos indiretos
relacionados com o aumento do aporte de nitrogênio ao ecossistema da pastagem
(Valentim et al., 2001; Paciullo et al., 2003; Andrade et al., 2003).
Segundo Vilela (2005), o
Arachis pintoi possui ciclo vegetativo perene, forma de
crescimento rasteiro e prostrado com estolões longos, atingindo altura de 20 cm em
crescimento livre e pode ser usado em consórcio com gramíneas forrageiras, no controle
de plantas daninhas em pomares. Possui digestibilidade satisfatória, a precipitação
pluviométrica requerida é em torno de 1.100 mm/ano chegando a produzir 4 ton/ha/ano
de matéria seca, os teores de proteína bruta, matéria seca, extrato etéreo e matéria
mineral encontrados para esta espécie é próximo à 17,5%, 26,9 %, 2,2 % e 8,6%
respectivamente.
O amendoim forrageiro, como é popularmente conhecido o A. pintoi, faz parte de
um pequeno gênero que é constituído por cerca de dez espécies que estão distribuídas na
América Latina. O cv. Amarillo é uma leguminosa prostrada, com folíolos quase
arredondados e pequenos, suas flores são amarelas.
Teixeira, V.I. Aspectos agronômicos e bromatológicos de leguminosas forrageiras na Zona da Mata Seca de Pernambuco
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Perin et al., (2003) estudando a cobertura do solo e o acumulo de nutrientes pelo
amendoim forrageiro concluíram que: o
A. pintoi cobriu plenamente o solo em 224 dias
após o plantio. Ainda segundo Perin et al. (2003), durante o período de dois anos o A.
pintoi
acumulou 20 ton/MS e 572, 37 e 247 kg/ha, respectivamente de N, P e K. A
estimativa é de que o
A. pintoi proporcionou um aporte de N, via fixação biológica,
variando de 350 a 520 kg/ha.
Vilela (2005) afirma que o Calopogonium mucunoides é originário da América do
Sul, possui forma de crescimento rasteiro, com longos estolões em forma de cipó e
trepador, a planta pode atingir até 1,0 m de altura. É uma planta herbácea, flores com
corola azul, caules com pêlos longos, marrom-amarelados e folhas trifoliadas. Podendo
ser usado em pastagens consorciadas com gramíneas, como feno e como adubo verde. O
C. mucunoides requer uma precipitação pluviométrica em torno de 1.125 mm/ano,
chegando a produzir de 4 a 5 ton MS/ha/ano, fixando 3,8 mg de N/dia/planta. A
composição bromatológica desta espécie é próximo a 25%, 15%, 7,1% e 1,5% para os
teores de MS,PB, MM e EE respectivamente.
Sousa (1991) estudando a rebrota do C. mucunoides após sucessivos cortes
concluiu que o baixo teor de carboidratos não estruturais afetou significativamente a
capacidade de rebrota desta forrageira e que o corte da parte aérea desta espécie deve
ser orientado de forma que permaneça certa área foliar fotossinteticamente ativa, para
permitira uma maior capacidade de rebrota.
Euclides et al., (1998) estudando a produção de bovinos de corte em pastagens de
Brachiaria decumbens e B. brizantha consorciadas ou não com C. mucunoides
concluirão que as pastagens consorciadas apresentaram maiores produções por animal e
área que as pastagens puras, sendo, em média, 390 e 340 g/novilho/dia e 404 e 352
kg/ha/ano.
Teixeira, V.I. Aspectos agronômicos e bromatológicos de leguminosas forrageiras na Zona da Mata Seca de Pernambuco
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Barros et al. (2004), afirmam que a cunhã, como é popularmente conhecida a
Clitoria ternatea, é uma leguminosa forrageira tropical de raízes profundas, distribuída
em toda as zonas tropicais do globo terrestre, se propagando través de sementes. É
tolerante a seca, podendo se desenvolver em localidade onde o regime pluvial é de
apenas 380 mm/ano.
Sousa (1991) estudando a fixação biológica de N e a rebrota nas leguminosas
C.
mucunoides
e C. ternatea concluiu que esta ultima demonstrou uma maior habilidade de
adaptação ao estresse decorrente da remoção da parte aérea em relação à primeira
espécie, com pequena redução da massa nodular, rapidez na recuperação da atividade de
enzima nitrogenase e rendimento de nitrogênio. Este autor atribuiu a
Teixeira, V.I. Aspectos agronômicos e bromatológicos de leguminosas forrageiras na Zona da Mata Seca de Pernambuco
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Moreira et al. (2005), estudando a recuperação de pastagens degradadas afirmam
que os consórcios entre as gramíneas
Hyparrhenia rufa e B. decumbens com a
leguminosa Stylosanthes guianensis cv. Mineirão, mostraram-se promissores, pois,
apresentou altas produções de MS e elevados teores de PB e de Ca, além de moderados
teores de FDN, aumentando a disponibilidade e a qualidade da forragem na pastagem.
Aroeira et al. (2005) afirmaram que a maior porcentagem de
S. guianensis, na pastagem
de
Brachiaria decumbens, contribui para aumentar o consumo de forragem.
Entretanto, a persistência da consorciação de leguminosas herbáceas com
gramíneas tropicais tem se mostrado difícil, que normalmente a leguminosa acaba
dominada pela gramínea (Andrade et al., 2002). Por outro lado, alguns casos de sucesso
de pastagens consorciadas foram reportados recentemente na literatura (Shelton et al.,
2005). Portanto para que ocorram mais casos de sucesso é importante conhecer os
aspectos agronômicos das leguminosas em questão e a interação das mesmas com
fatores ecológicos dos distintos ecossistemas de pastagens existentes, pois este
conhecimento irá contribuir para a adoção do sistema de exploração mais apropriado
para cada leguminosa e região.
Assim, este trabalho teve por objetivo avaliar a composição bromatológica e os
aspectos agronômicos de nove leguminosas herbáceas na Zona da Mata Seca de
Pernambuco.
Teixeira, V.I. Aspectos agronômicos e bromatológicos de leguminosas forrageiras na Zona da Mata Seca de Pernambuco
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BIBLIOGRAFIA
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Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa-MG, v.32, n.6, supl.2, p.1845-1850, 2003.
ANDRADE, C.M.S.; et al. Árvores de Baginha (Stryphnodendron guianense (Aubl.)
Benth.) em Ecossistemas de Pastagens Cultivadas na Amazônia Ocidental. Revista
Brasileira de Zootecnia
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AROEIRA, L.J.M.; et al. Disponibilidade, composição bromatológica e consumo de
matéria seca em pastagem consorciada de Brachiaria decumbens com Stylosanthes
guianensis.
Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.40, n.4, p.413-418, abr.
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BARCELLOS, A.O.; et al. Desafios da pecuária de corte a pasto na região do
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Teixeira, V.I. Aspectos agronômicos e bromatológicos de leguminosas forrageiras na Zona da Mata Seca de Pernambuco
22
CAPÍTULO 1
Aspectos agronômicos e bromatológicos de leguminosas forrageiras na Zona da
Mata Seca de Pernambuco
1
1
Capítulo elaborado baseado nas normas da Revista da Sociedade Brasileira de Zootecnia
Teixeira, V.I. Aspectos agronômicos e bromatológicos de leguminosas forrageiras na Zona da Mata Seca de Pernambuco
23
Aspectos agronômicos e bromatológicos de leguminosas forrageiras na Zona da
Mata Seca de Pernambuco
RESUMO O trabalho objetivou avaliar aspectos agronômicos e bromatológicos
de nove leguminosas forrageiras herbáceas na Zona da Mata Seca de Pernambuco. As
leguminosas estudadas foram:
Calopogonium mucunoides Desv, Clitoria ternatea L.,
Desmodium heterocarpon (L.) DC. subsp. ovalifolium (Prain) Ohashi cv. Itabela,
Arachis pintoi Krap & Greg. cv. Amarillo, Pueraria phaseoloides (Roxb.) Benth,
Stylosanthes guianensis (Aubl.) Sw. cv. Bandeirante, cv. Cook e cv. Mineirão e
Stylosanthes macrocephala M.B. Ferreira & N.M Sousa Costa cv. Pioneiro. Foram
avaliadas as seguintes variáveis: cobertura do solo, ocorrência de pragas e doenças,
altura da planta, produção de matéria verde, stand, relação folha/caule, produção de
sementes, vigor de rebrota, número de brotações, teores de FDN, FDA, lignina, PB e EE
das folhas e caules. Foram realizados quatro cortes, sendo utilizada intensidade de 0 cm
para o primeiro corte e 5 cm para os demais. O delineamento foi blocos casualizados
com três repetições. A maior produção de MV acumulada foi de 45,6 ton/ha/432 dias
apresentada pela
C. ternatea; bem como um dos maiores teores de PB, tanto para a
folha (35,4%) quanto para o caule (15,8%). Aos 43 dias após o transplantio, o C.
mucunoides foi a leguminosa que apresentou a maior porcentagem de solo coberto.
Durante o período experimental (432 dias) não foi observado florescimento dos S.
guianensis,
enquanto que C. mucunoides, C. ternatea e Pioneiro apresentaram maior
potencial de produção de sementes.
A. pintoi, C. ternatea e C. mucunoides mostraram
grande potencial para produção de forragem nesta região, com a C. ternatea
apresentando os resultados mais promissores quanto à composição química.
Palavras-chave: altura, doenças, florescimento, pragas, sementes
Teixeira, V.I. Aspectos agronômicos e bromatológicos de leguminosas forrageiras na Zona da Mata Seca de Pernambuco
24
Agronomic and bromatologic aspects of forage legumes in the Dry Forest Zone of
Pernambuco State, Brazil
ABSTRACT The aim of this work was to evaluate the agronomic and
bromatologic aspects of nine herbaceous forage legumes. Legumes studied included
Clitoria ternatea L., Desmodium heterocarpon (L.) DC. Subsp. Ovalifolium (Prain)
Ohashi cv. Itabela, Arachis pintoi Krap & Greg. cv. Amarillo, Pueraria phaseoloides
(Roxb.) Benth, Stylosanthes guianensis (Aubl.) Sw. cv. Bandeirante, cv. Cook and cv.
Mineirão and
Stylosanthes macrocephala MB Ferreira & NM Sousa Costa cv. Pioneiro.
The following response variables were measured: soil cover, occurrence of pests and
diseases, plant height, fresh matter production, stand, seed production, regrowth vigor,
tiller number, NDF, ADF, lignin, crude protein, and ether extract concentrations of
leaves and stems. Four cuts were performed during the experimental period. Cutting
intensities were at the ground level for the first cut and 5 cm for the following cuts. It
was used a complete randomized block design with three replications per treatment.
Clitoria ternatea showed the greatest fresh matter yield summed along the four cuts
(45,6t/ha/432 d) and the legume showed one of the greatest CP concentrations, both for
leaves (35,4%) and for stems (15,8%). At 43 days after transplanting, C. mucunoides
showed the greates soil coverage. During the 432 days of experimental period, the S.
guianensis cultivars did not flower, however, C. mucunoides, C. ternatea, and Pioneiro
presented the greatest seed production.
Arachis pintoi, C. ternatea and C. mucunoides
showed greater potential for forage production in this region, and C. ternatea presented
the most promising results in terms of chemical composition.
Keywords: diseases, flowering, height, pests, seed
Teixeira, V.I. Aspectos agronômicos e bromatológicos de leguminosas forrageiras na Zona da Mata Seca de Pernambuco
25
Introdução
As leguminosas forrageiras em consórcio com gramíneas podem proporcionar
benefícios para o sistema produtivo das pastagens. São muitos os dados experimentais
ressaltando a melhoria da produção animal promovida pela presença da leguminosa. Tal
melhoria decorre da participação direta deste vegetal na dieta do animal e dos efeitos
indiretos relacionados com o aumento do aporte de nitrogênio ao ecossistema da
pastagem (Valentim et al., 2001; Paciullo et al., 2003; Andrade et al., 2003). Entretanto,
a persistência da consorciação tem se mostrado difícil, que a leguminosa
normalmente acaba dominada pela gramínea (Andrade et al., 2002). Por outro lado,
alguns casos de sucesso de pastagens consorciadas foram reportados recentemente na
literatura (Shelton et al., 2005).
Algumas leguminosas associam-se às bactérias de diversos gêneros conhecido
popularmente como
Rhizobium e fixam o nitrogênio atmosférico, tornando-se fonte de
N para o ecossistema da pastagem. Este N fixado pode ser disponibilizado para o
ambiente pela produção de exsudados radiculares, pela decomposição de nódulos e
raízes e pela conexão por micorrizas das raízes das gramíneas com aquelas da
leguminosa (transferência abaixo da superfície do solo). Outra forma de ser
disponibilizado é pela decomposição da liteira e através de fezes e urina de animais
(transferência acima da superfície do solo).
Em pastagens de clima temperado, até 22% do N derivado da fixação biológica é
transferido para a gramínea pelos compartimentos acima do solo e de 2 a 26% pelo
compartimento abaixo da superfície do solo (Ledgard & Steele, 1992). A decomposição
da liteira das leguminosas é importante, pois a sua relação C/N é baixa (quando
comparada à da gramínea), elevando a qualidade da liteira da pastagem, acelerando o
processo de mineralização e, conseqüentemente, a disponibilidade dos nutrientes para as
Teixeira, V.I. Aspectos agronômicos e bromatológicos de leguminosas forrageiras na Zona da Mata Seca de Pernambuco
26
plantas. Outra vantagem da reciclagem via liteira é a distribuição mais uniforme de N na
área (Monteiro & Werner, 1997).
O retorno de N através das fezes e urina é irregularmente distribuído, pois as
Teixeira, V.I. Aspectos agronômicos e bromatológicos de leguminosas forrageiras na Zona da Mata Seca de Pernambuco
27
gramíneas, pode contribuir para minimizar os custos gerados na incorporação do N ao
ecossistema da pastagem.
As leguminosas herbáceas também podem proporcionar cobertura de solo,
diminuindo a infestação por plantas daninhas (Fernandes et al., 1999) e a erosão
(Alvarenga et al., 1995), além de melhorar a dieta dos animais, que possui elevado
teor de proteína bruta e maior digestibilidade quando comparadas às gramíneas tropicais
(Schunke, 2001; Galindo et al., 1999).
Assim, este trabalho teve por objetivo avaliar a composição bromatológica e os
aspectos agronômicos de nove leguminosas herbáceas na Zona da Mata Seca de
Pernambuco.
Material e Métodos
A pesquisa foi realizada na Estação Experimental da Empresa Pernambucana de
Pesquisa Agropecuária (IPA), localizada no município de Itambé-PE (lat 07°25’ S e
long 35°06’ W), a uma altitude de 190 m acima do nível do mar. O clima, do tipo AS’
na classificação de Köppen, é quente e úmido, com índice pluviométrico médio de
1.200 mm/ano, temperatura média anual de 24º C e umidade relativa média do ar de
80%, com os meses mais chuvosos ocorrendo geralmente de abril a julho (IPA, 1994).
O total de chuva acumulado (Figura 1) em 2006 foi de 1.062 mm e em 2007 até o mês
de outubro ) fim do período experimental) foi de 1.237 mm (ITEP, 2008).
Teixeira, V.I. Aspectos agronômicos e bromatológicos de leguminosas forrageiras na Zona da Mata Seca de Pernambuco
28
Figura 1. Precipitação pluvial de Itambé durante período experimental (ITEP, 2008).
O solo é classificado como Argissolo Vermelho Amarelo (Carvalho, 2006). A
análise do solo da área experimental revelou os seguintes resultados: P (Mehlich-I) = 5
mg/dm
3
; pH em água = 5,01; Ca = 2,95 cmol/dm
3
; Mg = 0,95 cmol/dm
3
; Na = 0,05
cmol/dm
3
; K = 0,09 cmol/dm
3
; Al = 0,30 cmol/dm
3
; H = 7,86 cmol/dm
3
; CTC = 12,2
cmol/dm
3
e V = 33%.
Foram avaliadas nove leguminosas, conforme mencionadas a seguir:
Calopogonium mucunoides Desv, Clitoria ternatea L., Desmodium heterocarpon (L.)
DC. subsp. ovalifolium (Prain) Ohashi cv. Itabela,
Arachis pintoi Krap & Greg. cv.
Amarillo, Pueraria phaseoloides (Roxb.) Benth, Stylosanthes guianensis (Aubl.) Sw.
cv. Bandeirante, cv. Cook e cv. Mineirão e Stylosanthes macrocephala M.B. Ferreira &
N.M Sousa Costa cv. Pioneiro.
As leguminosas foram plantadas por mudas produzidas em casa de vegetação
localizada na cidade do Recife-PE. Utilizaram-se sementes comerciais (A. pintoi e C.
ternatea), sementes oriundas de instituições de pesquisa, tendo a CEPLAC
disponibilizado o D. heterocarpon e o CPAC disponibilizado a P. phaseoloides, S.
Teixeira, V.I. Aspectos agronômicos e bromatológicos de leguminosas forrageiras na Zona da Mata Seca de Pernambuco
29
macrocephala e S. guianensis, e sementes de Calopogonium mucunoides coletadas na
Estação Experimental do IPA em Itambé.
Objetivando elevar o índice de germinação, o tegumento - película que recobre
as sementes do A. pintoi - foi retirado manualmente. Para isto, colocou-se a semente de
A. pintoi entre os dedos (polegar e indicador) colocando-se uma leve pressão nas
mesmas e com movimentos giratórios o tegumento foi removido. Para as demais
leguminosas as suas sementes foram escarificadas com lixa para madeira. Em seguida,
as sementes foram semeadas em bandejas de isopor freqüentemente utilizadas para a
obtenção de mudas de hortaliças, cada bandeja continha 200 células sendo tais células
preenchidas com vermiculita de textura fina. Posteriormente à semeadura as sementes
foram inoculadas com estirpes de bactérias específicas para cada leguminosa estudada.
As estirpes foram cedidas pela EMBRAPA Agrobiologia. Utilizou-se 1 mL de
inoculante para cada semente. Neste volume de inoculante havia uma população mínima
de 10
8
células/mL. Na inoculação foram utilizadas as estirpes BR 1433 para o A. pintoi,
BR 1602 para o C. mucunoides, BR 2613 para a P. phaseoloides, e BR 2001 para a C.
ternatea e as misturas das estirpes de BR 2212 e BR 2214 para o D. ovalifolium e BR
446 e BR 502 para os Stylosanthes.
O preparo dos inoculantes realizou-se conforme metodologia de Urenha et al.
(1994). As estirpes foram cultivadas em estufa bacteriológica em placas de Petri de
vidro com meio de cultura 79 sólido, sendo transferidas após três dias para meio de
cultura 79 líquido. As estirpes foram cultivadas em agitador horizontal por três dias e,
em seguida, usadas para a inoculação.
Durante a fase de obtenção das mudas, as bandejas foram regadas duas vezes ao
dia, uma pela manhã e a outra no fim da tarde. A primeira rega diária era realizada com
Teixeira, V.I. Aspectos agronômicos e bromatológicos de leguminosas forrageiras na Zona da Mata Seca de Pernambuco
30
solução nutritiva de Hoagland & Arnon (1950), com omissão de nitrogênio. Já na
segunda rega diária utilizava-se apenas a água.
A solução nutritiva foi constituída por 1 mL.L
-1
de solução estoque de
micronutrientes (H
3
BO
3
= 2,86 g.L
-1
; MnCl
2
4H
2
O = 1,81 g.L
-1
; ZnCl
2
= 0,10 g.L
-1
;
CuCl
2
= 0,04 g.L
-1
; H
2
MoO
4
= 0,02 g.L
-1
), mais 1 mL.L
-1
de solução estoque de Fe-
EDTA, 5 mL.L
-1
de solução estoque de K
2
SO
4
a 0,5 M, 2 mL.L
-1
de solução estoque de
MgSO
4
a 1 M, 2 mL.L
-1
de solução estoque de CaCl
2
a 1 M e 1 mL.L
-1
de solução
estoque de KH
2
PO
4
a 1 M.
O período experimental iniciou no dia 25/04/2006 com o transplantio das mudas
para a área experimental e finalizou no dia 12/06/2007 com a realização do 4º corte.
Trinta dias antes do transplantio, foi realizada a calagem na área do experimento,
aplicando-se o equivalente a três toneladas de calcário dolomítico por hectare conforme
recomendações do IPA (IPA 1998). As mudas foram transplantadas para o campo trinta
dias após a semeadura. Trinta dias após o transplantio, as parcelas foram adubadas com
100 kg de P
2
O
5
/ha e 200 kg de K
2
O/ha, na forma de superfosfato simples e cloreto de
potássio, respectivamente.
Na implantação do experimento, a área total da parcela foi de 6 m
2
(3 m x 2 m),
entretanto, metade desta área foi separada para avaliar florescimento e produção de
sementes e na outra metade foram avaliadas as outras variáveis estudadas. O
delineamento utilizado foi blocos casualizados, com três repetições. A parcela, após a
divisão descrita, passou a medir 2 m x 1,5 m, com área útil de 1,08 m
2
. Para o plantio,
foram utilizadas covas circulares de 10 cm de raio e 20 cm de profundidade, com
espaçamento de 40 cm entre fileiras e de 30 cm entre plantas.
Para avaliar a produção de sementes foram realizadas colheitas semanais, com
exceção do A. pintoi. Para esta espécie foram realizadas duas colheitas, sendo a primeira
Teixeira, V.I. Aspectos agronômicos e bromatológicos de leguminosas forrageiras na Zona da Mata Seca de Pernambuco
31
com 166 dias e a segunda com 192 dias após o transplantio. Para a colheita de sementes
de
A. pintoi foi necessário cavar a 20 cm de profundidade, uma área ocupada por duas
plantas (0,24 m
2
). O solo retirado foi peneirado e as sementes pesadas e quantificadas.
A colheita das sementes das demais leguminosas foi iniciada no dia 30/09/2006
terminando no dia 19/03/2007 sendo realizada semanalmente. No ato da colheita foram
retiradas apenas as vagens consideradas maduras, foram consideradas maduras as
vagens que apresentaram coloração amarela para a C. ternatea, marrom escuro para o C.
mucunoides e D. ovalifolium e marrom avermelhado escuro para o Pioneiro.
Posteriormente à colheita, as sementes foram debulhadas e pesadas.
Na outra metade da parcela foram avaliados aspectos agronômicos e a
composição bromatológica. Para tanto, durante o período experimental foram realizados
quatro cortes. O primeiro foi efetuado 102 dias após o transplantio (04/08/2006); o
segundo corte, 63 dias após o primeiro (06/10/2006); o terceiro corte 164 dias após o
segundo (19/03/2007) e o quarto corte realizado 103 dias após o terceiro (12/06/2007),
totalizando 432 dias de avaliações. Satisfatório desenvolvimento das plantas e cobertura
do solo foram os critérios utilizados para a determinação das datas dos cortes. Vale
salientar que o terceiro corte foi realizado logo após a época seca.
A avaliação para porcentagem de cobertura do solo iniciou-se no dia 08/06/2006
e terminou no dia 18/03/2007, sendo esta variável quantificada por estimativa visual,
considerando-se a porcentagem do solo da parcela ocupada pela planta.
Foi estimada visualmente a porcentagem de folíolos atacados por insetos ou
patógenos, atribuindo-se notas para a severidade do ataque. As notas variaram de 1 a 5:
a nota 1 foi aplicada às parcelas que não possuíam sintomas de ataques; a nota 2 foi
atribuída às parcelas onde os danos do ataque eram baixos; a nota 3, às parcelas cujos
Teixeira, V.I. Aspectos agronômicos e bromatológicos de leguminosas forrageiras na Zona da Mata Seca de Pernambuco
32
danos foram moderados; a nota 4, às parcelas com danos elevados e por fim, a nota 5,
às parcelas perdidas devido ao ataque de pragas ou doenças.
A estimativa da altura da planta foi realizada sempre no dia do corte e obtida
pela média de cinco aferições realizadas na área útil da parcela. Utilizou-se fita métrica
de 2 m aderida a uma haste de madeira de igual tamanho, obtendo-se a distância do solo
até a última folha.
Na determinação da produção de matéria verde foram utilizadas duas
intensidades de corte. O primeiro corte foi rente ao solo, enquanto que os demais foram
efetuados a 5 cm do solo. Para a realização do corte, a área útil da parcela era
Teixeira, V.I. Aspectos agronômicos e bromatológicos de leguminosas forrageiras na Zona da Mata Seca de Pernambuco
33
em detergente ácido (FDA), a fibra em detergente neutro (FDN) e a lignina foram
determinadas apenas no primeiro corte. Estas variáveis foram quantificadas conforme
metodologia proposta por Van Soest et al. (1991). Todas estas variáveis foram
quantificadas separadamente para caule e folha.
Os resultados foram submetidos à análise de variância e comparação de médias,
pelo sistema de análise estatística para microcomputadores – SISVAR versão 4.6 (Build
60).
Resultados e discussão
Não foi observada diferença significativa (P>0,05) para a produção de matéria
verde por corte entre as leguminosas, mas considerando a produção acumulada no
período de 413 dias, houve diferença significativa (P<0,05). A espécie C. ternatea foi
mais produtiva (45,6 ton/ha) do que o D. ovalifolium (12 ton/ha), e semelhante às
demais leguminosas avaliadas (Figura 2). Este fato pode ser explicado pela persistência
de parcelas de C. ternatea no decorrer do experimento, enquanto que algumas parcelas
de
D. ovalifolium foram perdidas. Vale ressaltar que este experimento foi realizado sob
corte e que provavelmente a persistência do
D. ovalifolium quando manejado sob
pastejo seria maior, visto que tal espécie possui hábito de crescimento prostrado e
possui elevados teores de tanino (19-30%) minimizando assim o efeito do pastejo sobre
a persistência desta espécie no campo (CSIRO, 2008).
Teixeira, V.I. Aspectos agronômicos e bromatológicos de leguminosas forrageiras na Zona da Mata Seca de Pernambuco
34
Figura 2. Produção acumulada de matéria verde dos quatro cortes realizados no decorrer
do experimento; Itambé – PE.
Dos quatro cortes realizados, apenas no primeiro foi possível analisar
simultaneamente a variável relação folha/caule de todas as leguminosas estudadas. Nos
demais cortes ocorreu grande número de parcelas perdidas, provavelmente devido à
intensidade de corte utilizada. Ainda para esta variável, apenas no segundo e no terceiro
corte observou-se diferença significativa entre as leguminosas (P<0,05) (Tabela 1). No
segundo corte, a C. ternatea apresentou relação folha/caule semelhante à P.
phaseoloides e superior ao A. pintoi. Já no terceiro corte o A. pintoi foi semelhante ao C.
mucunoides, C. ternatea e à P. phaseoloides, sendo superior ao Bandeirantes e ao
Pioneiro (Tabela 1). A relação folha/caule existente em uma leguminosa irá interferir no
consumo de forragem por parte dos animais, pois os mesmos, quando na presença de
forragem disponível em quantidade suficiente e por apresentarem pastejo seletivo,
preferem alimentar-se de material mais tenro e de melhor valor nutritivo (folhas). Esta
relação também interfere no potencial de fixação de N, visto que o maior teor deste
elemento encontra-se nas folhas, mais precisamente na Ribulose bifosfato carboxilase-
oxigenase (Rubisco). Segundo Hall & Rao (1995) a Rubisco é provavelmente a proteína
Teixeira, V.I. Aspectos agronômicos e bromatológicos de leguminosas forrageiras na Zona da Mata Seca de Pernambuco
35
mais abundante da Terra, ela corresponde a aproximadamente metade das proteínas
presentes nas folhas das plantas em geral e promove, por ano, a fixação de cerca de 10
11
toneladas de carbono da atmosfera. Wedin (2004) ressalta que em uma típica planta C
3
,
20 a 30% do N encontrado na folha faz parte da Rubisco.
Tabela 1: Relação folha/caule das leguminosas estudadas ao longo dos quatro cortes;
Itambé - PE.
Relação Folha/Caule
Corte
Leguminosa
A. pintoi cv. Amarillo 1,2 a 0,9 b 2,9 a 1,3 a
Bandeirantes 0,8 a - 0,9 b -
C. mucunoides 0,9 a - 1,4 ab 1,4 a
C. ternatea 1,3 a 1,4 a 1,6 ab 0,9 a
Cook 1,1 a - 0,7 b -
D. ovalifolium 1,2 a - - -
Mineirão 0,9 a - - -
Pioneiro 1,0 a - 0,8 b -
P. phaseoloides 0,9 a 1,2 ab 2,2 ab -
CV (%) 30,0 9,8 40,6 21,5
Letras iguais na coluna não diferiram significativamente pelo teste de Tukey (P>0,05).
- Material insuficiente para analise.
Por motivo de quantidade insuficiente de amostra, não foi possível analisar o
teor de proteína bruta, extrato etéreo e matéria mineral no quarto corte e por problemas
técnicos (equipamento quebrado) não foi possível realizar as análises de fibra em
detergente neutro, fibra em detergente ácido e lignina para o segundo, terceiro e quarto
cortes.
Para a variável PB, apenas na avaliação para o caule no primeiro corte não
ocorreu diferença significativa (P>0,05) (Tabela 2). Nos três cortes analisados, a espécie
C. ternatea apresentou os maiores valores para o teor de PB nas folhas, porém
Teixeira, V.I. Aspectos agronômicos e bromatológicos de leguminosas forrageiras na Zona da Mata Seca de Pernambuco
36
semelhante ao encontrado no Cook e na P. phaseoloides no segundo corte e ao C.
mucunoides
no terceiro corte (Tabela 2). Quanto ao teor de PB no caule, o A. pintoi
apresentou, no segundo, corte valor semelhante à C. ternatea, Cook, e P. phaseoloides,
sendo superior ao encontrado no D. ovalifolium. no terceiro corte o A. pintoi foi
semelhante ao Bandeirantes,
C. mucunoides, C.ternatea, Pioneiro e P. phaseoloides,
sendo superior ao Cook (Tabela 2). Vilela (2005) afirma que o A. pintoi, S. guianensis,
C. mucunoides
e P. phaseoloides apresentam na planta inteira, em média, teor de PB de
17,5%, 18,1%, 15,6% e 18,0%, respectivamente, sendo estes valores inferiores aos
encontrados no presente trabalho. Isto possivelmente se deve ao fato de que
normalmente, na literatura, as análises de PB são feitas sem separar as frações folha e
caule. Estes teores encontrados nestas leguminosas são importantes pois, caso as
mesmas apresentem estas características em pastagens consorciadas, irão suprir a
necessidade diária de PB dos animais, que em média é de 7%, principalmente na época
seca. Segundo Barcellos et al., 2001 citando Vilela 2000), o S. guianensis cv. Mineirão,
quando consorciado com Andropogon, proporcionou melhorias nos resultados de
lotação animal, ganho por animal e ganho por área na ordem de 19%, 27% e 53%,
respectivamente, quando comparada com pastagem exclusiva com esta gramínea.
Teixeira, V.I. Aspectos agronômicos e bromatológicos de leguminosas forrageiras na Zona da Mata Seca de Pernambuco
37
Tabela 2: Teor de proteína bruta (PB) na folha e no caule das leguminosas estudadas;
Itambé –PE.
Teor de PB na Folha (% na MS) Teor de PB no Caule
Corte Corte
Leguminosa
A. pintoi 19,1 cd 19,5 bc 27,4 bc 11,3 a 14,4 ab 18,2 a
Bandeirantes 19,5 cd - 19,2 d 9,2 a - 9,4 ab
C. mucunoides 23,0 b - 29,6 ab 12,7 a - 12,0 ab
C. ternatea 27,0 a 24,1 a 35,4 a 11,7 a 10,9 ab 15,8 ab
Cook 21,4 bc 21,9 ab 20,7 cd 11,1 a 16,4 a 10,1 b
D. ovalifolium 16,9 d 18,4 c - 9,1 a 7,2 b -
Mineirão 20,4 bc - - 9,2 a - -
Pioneiro 20,1 bcd - 25,8 bcd 11,4 a - 13,4 ab
P. phaseoloides 21,1 bc 23,6 a 26,7 bcd 9,3 a 10,5 ab 12,0 ab
CV (%) 5,5 5,2 10,3 21,9 26,4 20,1
Letras iguais na coluna não diferiram significativamente pelo teste de Tukey (P>0,05).
- Material insuficiente para analise.
Apenas na avaliação para o caule, no terceiro, corte não ocorreu diferença
significativa (P>0,05) para esta variável (Tabela 3). Nos três cortes analisados, a C.
ternatea de maneira geral apresentou os maiores valores para o teor de EE nas folhas,
sendo semelhante ao encontrado no C. mucunoides e na P. phaseoloides no primeiro
corte; ao
A. pintoi e a P. phaseoloides no segundo corte e ao Bandeirantes, C.
mucunoides
e Pioneiro no terceiro corte (Tabela 3). Quanto ao teor de EE do caule no
primeiro corte, o Mineirão apresentou o maior valor (Tabela 3). Já para o segundo corte,
o A. pintoi apresentou valor semelhante ao da
Teixeira, V.I. Aspectos agronômicos e bromatológicos de leguminosas forrageiras na Zona da Mata Seca de Pernambuco
38
constituído pela fração mais energética dos alimentos (Silva & Queiroz 2006), portanto
é importante conhecer os teores dos mesmos nas leguminosas.
Tabela 3: Teor de extrato etéreo (EE) na folha e no caule das leguminosas estudadas;
Itambé –PE.
Teor de EE na Folha (% na MS) Teor de EE no Caule
Corte Corte
Leguminosa
A. pintoi 1,4 c 2,7 ab 2,0 c 0,7 b 0,9 ab 2,0 a
Teixeira, V.I. Aspectos agronômicos e bromatológicos de leguminosas forrageiras na Zona da Mata Seca de Pernambuco
39
mucunoides, que apresentou um dos teores mais elevados de FDN na folha (Figura 3),
apresentou um dos teores mais baixos de FDA (Figura 4). Este fato indica que o
C.
mucunoides tem alto teor de hemicelulose na folha, que é a fração da parede celular é
mais facilmente digerida. Vale ressaltar que os valores de FDN observados nas folhas
das leguminosas são menores dos que os comumente encontrados nas folhas das
gramíneas tropicais. Comprovando esta afirmação, Paciullo et al (2001), estudando a
composição química de lâminas foliares de gramíneas forrageiras, encontraram valores
iguais a 67,6% (verão) e 65,6% (outono) para Brachiaria decumbens, 66,7% (verão) e
60,8% (outono) para
Melinis minutiflora e 71,0% (verão) e 69,9% (outono) para
Cynodon sp.
Figura 3. Porcentagem de FDN nas folhas; dados relativos ao primeiro corte; Itambé
– PE
Teixeira, V.I. Aspectos agronômicos e bromatológicos de leguminosas forrageiras na Zona da Mata Seca de Pernambuco
40
Figura 4. Porcentagem de FDA nas folhas; dados relativos ao primeiro corte;
Itambé – PE.
O consumo de caule pelos ruminantes geralmente é inferior ao de folhas devido
ao menor valor nutricional, dentre outros fatores. Nesse sentido, Moreira et al (2007),
estudando o capim Buffel, encontraram na extrusa dos animais, maiores proporções de
folha (59%) ao comparar com a de caule (41%), sendo que esta proporção elevou-se no
período seco (91% para folha e 9% para caule). Frações como FDN, FDA e lignina
encontram-se em elevados teores nos caules, dando-lhes esta desvantagem no valor
nutricional. No primeiro corte do presente trabalho, observou-se diferença significativa
para os teores de FDN e lignina do caule (Figuras 5 e 6). O Pioneiro apresentou um dos
menores teores de FDN e lignina, sendo acompanhado nesta última pela C. ternatea
(Figuras 5 e 6). Estes valores de FDN do caule das leguminosas observados são
inferiores aos normalmente obtido nas gramíneas tropicais; Paciullo et al (2001)
encontraram valores médios de 80,1% para Brachiaria decumbens, 82,3% para Melinis
minutiflora e 83,1% para Cynodon sp.
Teixeira, V.I. Aspectos agronômicos e bromatológicos de leguminosas forrageiras na Zona da Mata Seca de Pernambuco
41
Figura 5. Porcentagem de FDN no caule das leguminosas; dados relativos ao primeiro
corte; Itambé – PE.
Figura 6. Porcentagem de lignina no caule das leguminosas; dados relativos ao primeiro
corte; Itambé – PE.
Para a variável matéria mineral, apenas na avaliação para a folha no primeiro
corte não ocorreu diferença significativa (P>0,05). Nos outros dois cortes analisados, a
C. ternatea apresentou os maiores valores para o teor de MM nas folhas, porém sendo
semelhante ao encontrado no A. pintoi, Cook e D. ovalifolium no segundo corte e ao A.
pintoi, Bandeirantes, Cook, Pioneiro e P. phaseoloides no terceiro corte (Tabela 4).
Quanto ao teor de MM no caule, o A. pintoi apresentou o maior valor nos três cortes
avaliados, sendo semelhante ao D. ovalifolium e à P. phaseoloides no segundo corte e
Teixeira, V.I. Aspectos agronômicos e bromatológicos de leguminosas forrageiras na Zona da Mata Seca de Pernambuco
42
ao C. mucunoides, ao Pioneiro e à P. phaseoloides no terceiro corte (Tabela 4). Vilela
(2005) afirma que o
A. pintoi, os S. guianensis, o C. mucunoides e a P. phaseoloides
apresentam, na planta inteira, em média um teor de MM entorno de 8,6%, 8,3%, 7,1% e
6,1%, respectivamente, sendo estes valores próximos com os encontrados neste
trabalho.
Tabela 4: Teor de matéria mineral (MM) na folha e no caule das leguminosas estudadas;
Itambé –PE.
Teor de MM na Folha (% na MS) Teor de MM no Caule
Corte Corte
Leguminosa
A. pintoi 15,5 a 9,0 ab 10,7 a 14,2 a 7,8 a 9,9 a
Bandeirantes 11,5 a - 9,1 ab 8,2 bc - 5,6 b
C. mucunoides 9,0 a - 8,3 b 7,5 c - 7,1 ab
C. ternatea 9,9 a 8,9 ab 10,0 ab 5,8 c 4,8 b 6,3 b
Cook 11,4 a 11,2 a 10,3 ab 10,6 b - 6,5 b
D. ovalifolium 9,9 a 8,5 ab - 7,7 bc 7,5 a -
Mineirão 10,7 a - - 8,7 bc - -
Pioneiro 12,2 a - 11,0 a 8,3 bc - 7,1 ab
P. phaseoloides 9,1 a 8,1 b 9,1 ab 7,6 bc 7,3 a 7,8 ab
CV (%) 21,1 10,5 7,7 12,2 8,8 13,9
Letras iguais na coluna não diferiram significativamente pelo teste de Tukey (P>0,05).
- Material insuficiente para analise.
As doenças e pragas das forrageiras podem proporcionar prejuízos de forma
direta (perda de produtividade da forrageira) e indireta (toxidade ao animal) ao
pecuarista, portanto as avaliações da incidência de doenças, do ataque de pragas e suas
severidades se fazem necessárias. Na avaliação do dia 02/08/2006 observou-se maior
incidência (P<0,05) de doenças ao C. mucunoides, a qual apresentou 46,7% dos folíolos
atacados por doenças, cujos sintomas eram manchas de coloração marrom clara,
semelhantes à ferrugem, presentes na superfície adaxial dos folíolos. A maior incidência
Teixeira, V.I. Aspectos agronômicos e bromatológicos de leguminosas forrageiras na Zona da Mata Seca de Pernambuco
43
de doenças em plantas de C. mucunoides deve-se possivelmente à elevada precipitação
pluvial (Figura 1) na época da avaliação (final do período chuvoso) e provavelmente,
por se tratar de uma planta presente na região do experimento, portanto com
população de patógenos já estabelecida. Porém, a severidade destes ataques obteve
notas moderadas. Tal fato pode ser explicado pela provável tolerância desta leguminosa
aos patógenos ali presentes.
Quanto ao ataque das pragas e sua severidade, as avaliações não demonstraram
diferença significativa (P>0,05) entre as leguminosas. O ataque ocorreu em uma grande
porcentagem de folíolos, entretanto a severidade do mesmo foi baixa.
Quanto ao vigor de rebrota, o
A. pintoi foi semelhante ao D. ovalifolium e à C.
ternatea, porém superiores (P<0,05) às demais leguminosas avaliadas (Tabela 5). Tal
fato para o A. pintoi e para o D. ovalifolium pode ser explicado pela presença de pontos
de crescimento difíceis de serem eliminados na colheita (rentes ao solo) nestas plantas e
devido ao seu hábito de crescimento e altura possibilitarem a manutenção de uma área
foliar residual após os cortes (Machado et al., 2005). Assim, além da provável reserva
de fotoassimilados presente em seu sistema radicular e no caule, as plantas de A. pintoi
produziam fotoassimilados que contribuíam para elevar o vigor da rebrota. Quanto a C.
ternatea tal fato deve-se à maior disponibilidade de carboidratos de reserva não
estruturais nas raízes e devido ao seu desenvolvimento radicular (Sousa, 1991).
Em uma pastagem, seja ela consorciada ou não, a rebrota é um fenômeno
importante para a manutenção da espécie na área. O vigor de rebrota das leguminosas
em pastagens consorciadas é um fator a ser estudado, para que se possam utilizar as
espécies e manejos adequados à manutenção deste vegetal no sistema, que por vezes é
desfavorável à leguminosa.
Teixeira, V.I. Aspectos agronômicos e bromatológicos de leguminosas forrageiras na Zona da Mata Seca de Pernambuco
44
A localização dos pontos de crescimento de uma leguminosa é importante
quando a mesma é usada em pastagens consorciadas, pois tais estruturas são facilmente
eliminadas durante o pastejo dos animais, considerando que estes pontos de crescimento
geralmente estão localizados acima da superfície do solo. As leguminosas estudadas
diferiram significativamente (P<0,05) com relação ao número de brotações existentes
após o corte. Não foi possível avaliar tal variável para o C. mucunoides, pois grande
parte das plantas morreu após o primeiro corte. O número de brotações não deferiu
significativamente entre as leguminosas (P>0,05) obtendo-se uma média de 40
brotações por planta.
Neste experimento, apenas na avaliação realizada no dia 09/04/2007, foi
observada diferença significativa (P<0,05) para o stand da leguminosa. Vale ressaltar
que esta avaliação foi feita logo após o período seco. O
C. mucunoides apresentou stand
inferior ao da C. ternatea, porém semelhante às demais leguminosas avaliadas (Tabela
5). Este fato pode ter ocorrido possivelmente por esta espécie apresentar pontos de
crescimento distantes mais que 5 cm da superfície do solo, sendo, portanto, eliminado
pelo corte. Outras leguminosas como o D. ovalifolium, apesar de possuírem pontos de
crescimento rentes ao solo, foram prejudicadas por provavelmente não possuírem
quantidade suficiente de reserva de fotoassimilados em seu sistema radicular (Tabela 5).
O stand de plantas de uma área influencia na altura do relvado, na produção da
planta, na relação folha/caule, na qualidade da forragem e na velocidade de cobertura do
solo. Fatores ligados ao ambiente, ao manejo e à genética dos vegetais são os principais
responsáveis pela queda do stand de leguminosas em um campo ao longo do tempo.
Teixeira, V.I. Aspectos agronômicos e bromatológicos de leguminosas forrageiras na Zona da Mata Seca de Pernambuco
45
Tabela 5. Notas do vigor da rebrota das leguminosas 14 dias após o primeiro corte e
stand de plantas vivas/m
2
21 dias após o terceiro corte; Itambé – PE
Leguminosa Notas do vigor da
rebrota
Número de plantas vivas/m
2
Arachis pintoi 4,7 a 18 ab
Bandeirantes 2,3 bcd 9 ab
Calopogonium mucunoides 0,0 e 4 b
Clitoria ternatea 4,0 ab 22 a
Cook 1,0 de 13 ab
Desmodium ovalifolium 3,0 abc 14 ab
Mineirão 1,3 cde 15 ab
Pioneiro 1,0 de 7 ab
Pueraria phaseoloides 1,0 de 9 ab
CV (%) 29,9 44,9
Letras iguais na coluna não diferiram significativamente pelo teste de Tukey (P>0,05).
Nota 0 = Sem brotações; nota 5 = Maior vigor de brotações; notas de 1 a 4 = vigor de
brotações intermediário aos das notas 0 e 5.
Na Figura 7 observa-se a média da altura das plantas aos 102 dias após o
transplantio e 219 dias após o primeiro corte. Aos 103 dias após o terceiro corte, as
parcelas de Bandeirantes, Cook, Mineirão, Pioneiro e P. phaseoloides, eram tidas como
perdidas, não obtendo a altura média das plantas, que não mais havia plantas vivas
nestas parcelas. Nesta idade, a C. ternatea, com altura média de 18 cm, foi a mais alta
(P<0,05), seguida por C. mucunoides, D. ovalifolium e A. pintoi, cujas alturas médias
foram 16 cm, 12 cm e 8 cm, respectivamente. Para esta variável, em todas as idades
avaliadas - com exceção do quarto corte, devido à elevada perda de parcelas - as
leguminosas diferiram significativamente (P<0,05), fato esperado por se tratar de
forrageiras de hábito de crescimento distintos. O A. pintoi e o D. ovalifolium apresentam
maior crescimento horizontal, fato este que explica a menor altura destas leguminosas,
quando comparada às demais. Andrade & Valentim (1999), estudando o efeito do
Teixeira, V.I. Aspectos agronômicos e bromatológicos de leguminosas forrageiras na Zona da Mata Seca de Pernambuco
46
sombreamento no A. pintoi, observaram altura semelhante à obtida neste experimento
(Figura 7). Camarão et al. (1983) verificaram no estado do Pará, em uma área recém
desbravada, com elevados índices de fertilidade do solo e pluviosidade, altura de 95 cm
para a P. phaseoloides, enquanto que no Acre, Valentim & Moreira (1996) encontraram
valores de 61 cm e 56 cm para o
S. guianensis cv. Mineirão e o S. macrocephala cv.
Pioneiro, respectivamente; valores estes superiores aos obtidos neste experimento
(Figura 7).
Figura 7. Médias das alturas das plantas 102 dias após o transplantio (A) e 219 dias após
o primeiro corte (B), conforme a espécie; Itambé – PE.
Teixeira, V.I. Aspectos agronômicos e bromatológicos de leguminosas forrageiras na Zona da Mata Seca de Pernambuco
47
Nas avaliações dos dias 08/06/2006 (43 dias após o transplantio) e 18/08/2006
(14 dias após o primeiro corte), foram as únicas que observou-se diferença significativa
(P<0,05) entre as leguminosas para a porcentagem de solo coberto. Na primeira
avaliação, referida anteriormente, evidencia-se a influência do hábito de crescimento
das forrageiras envolvidas, visto que as leguminosas detentoras de maior cobertura do
solo foram aquelas de crescimento prostrado, notadamente o C. mucunoides e P.
phaseoloides
(Figura 8). Na avaliação do dia 18/08/2006 evidenciou-se a influência da
posição dos pontos de crescimento do vegetal, visto que as leguminosas A. pintoi, D.
ovalifolium
e C. ternatea, possuem pontos de crescimento rentes ao solo, possibilitando
menores prejuízos à planta e conseqüentemente, recuperação mais rápida. Não foi
possível detectar diferença significativa para as demais avaliações realizadas para a
cobertura do solo, provavelmente devido ao fato das parcelas terem apresentado baixos
valores para esta variável. Isto pode ter ocorrido devido à baixa persistência das
leguminosas no manejo adotado. A ampla cobertura do solo apresenta diversas
vantagens, tais como: a minimização do processo de erosão; a elevação do teor de
matéria orgânica do solo; a melhoria de suas características físico-químicas; a redução
da perda de água do solo por evaporação; menor infestação por invasoras e uma
distribuição de nutrientes mais uniforme. Diante destas vantagens, a porcentagem de
cobertura do solo pode ser influenciada, dentre outros fatores, pelo hábito de
crescimento da leguminosa e pela localização dos seus pontos de crescimento.
Teixeira, V.I. Aspectos agronômicos e bromatológicos de leguminosas forrageiras na Zona da Mata Seca de Pernambuco
48
Figura 8. Porcentagem de cobertura do solo, conforme a leguminosa aos 43 dias após o
transplantio; Itambé – PE.
Ao se tratar de pastagens consorciadas entre gramíneas e leguminosas a
produção de um banco de sementes no solo é uma importante estratégia de
sobrevivência das espécies. Para a formação do banco de sementes é necessária a
formação de flores e que a sua polinização seja bem sucedida, daí a importância do
estudo da porcentagem de florescimento de uma determinada planta. Durante o período
experimental, as leguminosas
C. mucunoides, C. ternatea, D. ovalifolium, A. pintoi e
Pioneiro foram as únicas que floresceram.
O A. pintoi obteve o maior peso por sementes (P<0,05), já quanto à produção de
sementes, a C. ternatea foi semelhante ao C. mucunoides
Teixeira, V.I. Aspectos agronômicos e bromatológicos de leguminosas forrageiras na Zona da Mata Seca de Pernambuco
49
Tabela 6. Peso médio de 100 sementes (g) e produção de sementes (g/m
2
/período
experimental).
Leguminosa
Peso médio de
100 sementes (g)
Produção de sementes
(g/m
2
/período experimental)
Arachis pintoi 8,8 a 9 c
Calopogonium mucunoides 1,3 c 169 ab
Clitoria ternatea 5,2 b 277 a
Desmodium ovalifoium 0,1 d 7 c
Stylosanthes macrosephala Pioneiro 1,6 c 55 bc
CV (%) 11,2 48,6
Letras iguais na coluna não diferiram significativamente pelo teste de Tukey (P>0,05).
Conclusões
As leguminosas A. pintoi e C. ternatea apresentaram maior potencial de
produção de forragem na área estudada, tendo a C. ternatea se destacado quanto à sua
composição química.
As leguminosas A. pintoi e C. ternatea foram as mais adaptadas a Zona da Mata
Seca de Pernambuco, considerando as variáveis stand; vigor da rebrota, produção de
sementes e baixa severidade do ataque de pragas e doenças.
O C. mucunoides apresentou elevada capacidade de recuperação do stand após o
período seco por meio de suas sementes.
O manejo utilizado possivelmente prejudicou as leguminosas de hábito de
crescimento mais ereto, a exemplo dos S. guianensis.
O A. pintoi e a C. ternatea devem avançar para o experimento de nível dois,
onde serão consorciados com uma gramínea e submetidos ao pastejo.
Teixeira, V.I. Aspectos agronômicos e bromatológicos de leguminosas forrageiras na Zona da Mata Seca de Pernambuco
50
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