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RODRIGO BARBOSA LIMA
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE DERIVADOS DA MOAGEM ÚMIDA DO MILHO PARA
FRANGOS DE CORTE INDUSTRIAL
UFRPE - RECIFE
FEVEREIRO - 2008
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RODRIGO BARBOSA LIMA
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE DERIVADOS DA MOAGEM ÚMIDA DO MILHO
PARA FRANGOS DE CORTE INDUSTRIAL.
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
graduação em Zootecnia da Universidade
Federal Rural de Pernambuco, como parte dos
requisitos para a obtenção do grau de Mestre
em Zootecnia Área de concentração em
Nutrição animal (Não-ruminantes).
Orientador: Prof. Carlos Bôa-Viagem Rabello, D.Sc (UFRPE)
Co-orientador: Pesq. Jorge Vitor Ludke, D.Sc (EMBRAPA SUÍNOS E AVES)
UFRPE - RECIFE
FEVEREIRO - 2008
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Ficha catalográfica
Setor de Processos Técnicos da Biblioteca Central UFRPE
CDD 636. 5
1. Nutrição
2. Alimento alternativo
3. Frangos de corte
4. Desempenho
5. Gérmen de milho
6. Glúten de milho
7. Amido de milho
I. Rabello, Carlos Bôa-Viagem
II. Título
B238 Barbosa Lima, Rodrigo
Avaliação nutricional de derivados da moagem úmida
do milho para frangos de corte industrial / Rodrigo Barbosa
Lima. -- 2008.
70 f.
Orientador : Carlos Bôa-Viagem Rabello
Dissertação (Mestrado em Zootecnia) - Universidade
Federal Rural de Pernambuco. Departamento de Zootecnia
Inclui bibliografia.
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE DERIVADOS DA MOAGEM ÚMIDA DO MILHO PARA
FRANGOS DE CORTE INDUSTRIAL
RODRIGO BARBOSA LIMA
Dissertação Defendida e Aprovada em 24/02/2008, pela Banca Examinadora.
Orientador:
______________________________________
Prof. Carlos Bôa-Viagem Rabello
(D.Sc. UFRPE)
Examinadores:
________________________________________
Maria do Carmo M.M. Ludke
(D.Sc. - UFRPE)
________________________________________
José Humberto Vilar da Silva
(D.Sc. UFPB)
_________________________________________
Jorge Vitor Ludke
(D.Sc. - EMBRAPA Suínos e Aves)
UFRPE RECIFE
FEVEREIRO, 2008
BARBOSA LIMA, R. Avaliação nutricional de derivados da moagem úmida do milho para frangos...
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 Derivados do milho na alimentação de frangos de corte industrial
01
Introdução ......................................................................................................
02
Referencial teórico .........................................................................................
02
Composição química do grão e suas partes ...............................................
02
Glúten.........................................................................................................
04
Gérmen.......................................................................................................
07
Amido.........................................................................................................
08
Literatura citada..............................................................................................
11
CAPÍTULO 2 - Efeito da idade de frangos de corte sobre a digestibilidade de
nutrientes de derivados do milho ...............................................................................
19
Resumo ..........................................................................................................
20
Abstract ..........................................................................................................
21
Introdução ......................................................................................................
22
Material e métodos .........................................................................................
23
Resultados e discussão ...................................................................................
26
Conclusão .......................................................................................................
32
Literatura citada .............................................................................................
33
CAPÍTULO 3 Desempenho e características de carcaça de pintos de corte
alimentados com derivado lipídico do milho .............................................................
36
Resumo ..........................................................................................................
37
Abstract ..........................................................................................................
37
Introdução ......................................................................................................
38
Material e métodos ........................................................................................
39
Resultados e discussão ...................................................................................
42
Conclusão .......................................................................................................
46
Literatura citada .............................................................................................
47
CAPÍTULO 4 Avaliação do gérmen de milho com alto teor de óleo como um
ingrediente alimentar para frangos de corte ...............................................................
49
Resumo ..........................................................................................................
50
Abstract ..........................................................................................................
50
Introdução ......................................................................................................
51
Material e métodos .........................................................................................
52
Resultados e discussão ...................................................................................
55
Conclusão .......................................................................................................
57
Literatura citada .............................................................................................
58
BARBOSA LIMA, R. Avaliação nutricional de derivados da moagem úmida do milho para frangos...
LISTA DE TABELAS
CAPÍTULO 2 - Efeito da idade de frangos de corte sobre a digestibilidade de
nutrientes de derivados do milho
Tabela 1. Composição percentual e química das dietas referência nas diferentes
fases .........................................................................................................
25
Tabela 2. Média da composição química dos alimentos expressos na a matéria
natural ......................................................................................................
26
Tabela 3. Coeficiente de metabolizabilidade aparente da MS (CMAMS), EB
(CMAEB) do Gérmen de Milho Integral (GMI), Glúten de Milho
21(GM-21), Glúten de Milho-60 (GM-60) e Amido, expressos na
matéria natural, com o respectivo Erro Padrão do valor Y previsto para
cada X da regressão (EPY(x)) .................................................................
29
Tabela 4. Médias dos valores energéticos (y) do Gérmen de Milho Integral, Glúten
de milho 21, Glúten de Milho 60 e Amido de Milho, expressos na
matéria natural (Mcal/kg) com o respectivo erro padrão do valor y
previsto para cada x da regressão (EPy(x)) .........................................
30
CAPÍTULO 3 Desempenho e características de carcaça de pintos de corte
alimentados com derivado lipídico do milho
Tabela 1. Valores médios para matéria seca (MS), umidade (UMI), proteína bruta
(PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido
(FDA), extrato etéreo (EE), matéria mineral (MM) e fibra bruta (FB),
energia bruta (EB) energia metabolizável aparente (EMA) e aparente
corrigida (EMAn) do gérmen integral de milho na matéria natural .........
40
Tabela 2. Composição química e percentual das dietas experimentais .....................
41
Tabela 3. Desempenho de pintos alimentados com níveis de gérmen de integral de
milho, aos 21 dias, com o respectivo erro padrão do valor y previsto
para cada x da regressão (EPy(x)) .........................................................
42
Tabela 4. Rendimento de carcaça e cortes nobres, vísceras comestíveis e
porcentagem de gordura abdominal ..........................................................
44
CAPÍTULO 4
BARBOSA LIMA, R. Avaliação nutricional de derivados da moagem úmida do milho para frangos...
Tabela 6. Médias dos parâmetros zootécnicos de frangos de corte e índices
econômicos, no período de 22 a 41 dias, de acordo com o nível de
gérmen de milho integral na dieta .............................................................
56
BARBOSA LIMA, R. Avaliação nutricional de derivados da moagem úmida do milho para frangos...
LISTA DE FIGURAS
CAPÍTULO 2 - Efeito da idade de frangos de corte sobre a digestibilidade de
nutrientes de derivados do milho
Figura 1. Efeito linear da idade de frangos de cortes sobre os valores de EMA e
EMAn do Gérmen Integral de Milho .........................................................
27
Figura 2. Efeito linear da idade de frangos de cortes sobre valores de EMA e
EMAn do Glúten de Milho 21 ....................................................................
27
Figura 3. Efeito linear da idade de frangos de cortes sobre valores de EMA e
EMAn do Amido de Milho ........................................................................
27
Figura 4. Efeito linear da idade sobre os valores de EMV e EMVn do Glúten de
Milho 21 .....................................................................................................
28
Figura 5 - Efeito linear da idade sobre os valores de EMV do Amido de Milho ......
28
CAPÍTULO 3 Desempenho e características de carcaça de pintos de corte
alimentados com derivado lipídico do milho
Figura 1. Ganho de peso corporal versus idade .........................................................
44
BARBOSA LIMA, R. Avaliação nutricional de derivados da moagem úmida do milho para frangos...
CAPÍTULO I
Derivados do milho na alimentação de frangos de corte
1
BARBOSA LIMA, R. Avaliação nutricional de derivados da moagem úmida do milho para frangos...
Derivados do milho na alimentação de frangos de corte
Introdução
Pesquisas têm mostrado que certos derivados apresentam características melhores
que das suas respectivas matérias-primas, como é o caso do glúten de milho 60 que
apresenta teores de proteína bruta oito vezes maiores que o milho grão (MA, 2000).
Com exceção do óleo e do amido, em cada 100 kg de milho processado, são
produzidos, aproximadamente, 27,7 kg de derivados que potencialmente podem ser
utilizados na alimentação animal (Moreira, 2002). Em 2008, estima-se um aumento de
5,04% (4309 T) na produção da indústria moageira brasileira, tendo a região Nordeste
uma considerável fatia de produção (Abimilho, 2008). Embora os resíduos das
agroindústrias sejam normalmente apontados como prováveis substitutos de
ingredientes tradicionais na alimentação animal, a viabilização desses derivados para a
nutrição das aves, ainda depende de informações sobre a caracterização nutricional e
seus níveis de inclusão, que podem ser alteradas pelas variações na composição química
em função de diferentes condições de processamento (Rausch et al, 2003; Rausch &
Belyea, 2006)
Alimentos alternativos são, sem dúvida, um dos temas mais pesquisados na
nutrição animal em geral e da criação de aves comerciais, em particular. Este interesse
explica-se pelos altos custos com a alimentação. Sendo assim, a busca por alimentos
alternativos compõe a busca por progressos práticos, que têm feito da avicultura de
corte brasileira uma das mais competitivas do mundo.
Referencial teórico
Composição química do grão e suas partes
O valor nutricional do milho é variável e depende de diversos fatores, existindo
um número considerável de dados sobre sua composição química. Essa variabilidade
observada é tanto genética quanto ambiental e pode influenciar na distribuição ponderal
e na composição química específica do endosperma, gérmen e casca dos grãos (Braga,
2003; Cowieson et al, 2005, 2006).
2
BARBOSA LIMA, R. Avaliação nutricional de derivados da moagem úmida do milho para frangos...
O milho é uma fonte primária de energia e pode contribuir em até 30% da
proteína, 60% de energia e 90% do amido da dieta animal. Além disso, o milho contém
baixo conteúdo em polissacarídeos não-amiláceos solúveis (1% de PNAs) comparados
com outros cereais (Dado, 1999; Guang-Hai et al, 2002; Cowieson et al, 2005). O milho
também apresenta baixas concentrações de outros fatores anti-nutricionais como
inibidores de tripsina e lectinas (Lubin, 1993). Porém, a proteína do milho contém um
balanço de aminoácidos considerado nutricionalmente deficiente, sendo os teores de
lisina e triptofano abaixo das exigências nutritivas o-ruminantes (Tafuri & Brune,
1971; NRC, 1994)
Melhorar a qualidade da proteína do grão foi um dos principais interesses dos
geneticistas vegetais nas últimas décadas. No terço final do século 20, pesquisadores
norte-americanos desenvolveram mutantes do milho (endosperma) com níveis elevados
de lisina (Mertz et al, 1964). Recentemente, cientistas chineses desenvolveram uma
variedade de milho com aumentos de 80% e de 8-15% nos teores de lisina e triptofano,
respectivamente, no grão (Guang-Hai et al, 2002).
Quanto aos lipídeos, o óleo extraído do milho, tem um baixo vel de ácidos
graxos saturados: ácido palmítico e esteárico, com valores médios de 11 e 2%,
respectivamente. Por outro lado, contém níveis relativamente elevados de ácidos graxos
poliinsaturados, fundamentalmente ácido linoléico, em torno de 24%. Entretanto, foram
encontradas quantidades reduzidas dos ácidos araquidônico e linolênico, sendo o óleo
de milho considerado relativamente estável pela presença do último (0,7%). O óleo de
milho é propício para alimentação humana, pela distribuição de seus ácidos graxos,
fundamentalmente ácidos oléico e linoléico e pelo elevado nível de antioxidantes, como
a vitamina E (Lubin, 1993, MA, 2000; Rodrigues et al, 2003; Corn Refiners
Association, 2006).
Conforme demonstrado por Watson (1987) citado por Lubin (1993), as partes
anatômicas do grão de milho diferem consideravelmente em sua composição química. O
pericarpo caracteriza-se por elevado conteúdo de fibra bruta, aproximadamente 87%,
fundamentalmente hemicelulose. O endosperma contém um nível elevado de amido
(83%) e aproximadamente 8% de proteínas, tendo um conteúdo de lipídeos
relativamente baixo (Lubin, 1993; Alessi, 2003;).
O gérmen é caracterizado pelo elevado conteúdo em lipídeos (33 a 60%), com
elevado teor de proteína (≈20%) e minerais. Quanto à fibra bruta, encontra-se
3
BARBOSA LIMA, R. Avaliação nutricional de derivados da moagem úmida do milho para frangos...
fundamentalmente na cobertura seminal do grão (MAPA, 2000; Corn Refiners
Association, 2006).
O conteúdo em carboidratos e proteínas do grão de milho depende, em medida
considerável do endosperma, que corresponde a 83% do peso do grão; e do gérmen o
conteúdo em lipídeos e, em menor quantidade, proteínas e minerais.
Portanto, seria razoável considerar que a composição dos produtos derivados do
milho e conseqüentemente seu potencial biológico, dependem de quais partes e da
distribuição ponderal das partes do grão estes ingredientes incluem (Johnson et al, 2000;
Callegaro, 2005).
O grão de milho se transforma em alimentos e produtos industriais mediante dois
procedimentos: a moagem a seco e a moagem úmida. Os processos envolvidos na
moagem de milho por via seca são primários, e apesar de mais baratos, não caracterizam
o setor como de tecnologia avançada (Manente et al, 2003; Rausch & Belyea, 2005),
sendo a maior parte da produção de milho dos países desenvolvidos processada
mediante moagem úmida para obtenção de amido e outros subprodutos, como glúten e
gérmen. O processo consiste em mergulhar as sementes em solução aquosa aque os
componentes do grão possam ser separados mecanicamente. O “primary commodity” da
moagem úmida do milho é o amido, que é usado na manufatura de uma ampla gama de
produtos alimentícios e o-alimentícios (Lubin, 1993; Rausch et al, 2003; Rausch &
Belyea, 2005, 2006) inclusive plástico biodegradável (Nawrath et al, 1995). Os demais
co-produtos (glúten, gérmen) são usados principalmente na alimentação animal.
Cada derivado do milho contribui com diferentes características nutritivas ao
alimento final em dietas balanceadas. Em geral, os co-produtos das refinarias se
classificam como "suplementos protéicos" segundo o Conselho Nacional de Pesquisa
(NRC). Portanto, uma vez que a maioria das formulações de rações, hoje em dia, é
realizada com base no custo mínimo, as propriedades específicas de vários ingredientes
de milho, além do preço e a disponibilidade dessas matérias alternativas, contribuem
para sua utilização.
Glúten
Apesar de receberem nomes semelhantes, os derivados do milho, glúten 21 e
glúten 60, oriundos da produção de amido, são substancialmente diferentes.
4
BARBOSA LIMA, R. Avaliação nutricional de derivados da moagem úmida do milho para frangos...
O glúten 60 é obtido após a remoção da maior parte do amido, do gérmen e do
pericarpo, obtendo-se um concentrado protéico tendo como característica principal
grânulos esféricos de cor amarelo-alaranjado com teores de xantofila maiores que o
milho (Sanches, 2006). O glúten 60 apresenta teores mínimos de 60% de proteína bruta
e pode ser usado em dietas para frangos, principalmente por apresentar maior teor em
metionina que a maioria dos ingredientes para aves (Peter et al, 2000; Babidis et al,
2002). Além disso, o índice de energia do glúten de milho é menor apenas que aquelas
gorduras e óleos puros entre os ingredientes disponíveis (Simovska et al,1997). Outra
característica interessante desse ingrediente para a indústria de frangos deve-se à
abundância em xantofila, grupo de pigmentos carotenóides, quase 10 vezes maior que
no milho grão (Babidis et al, 2002; Garcia et al, 2002).
Em amostras de glúten 60, produzidas na Bulgária, ao serem analisadas para
composição química e valor nutritivo, foram encontrados resultados similares àqueles
produzidos em outros países (Simovska et al, 1997). Segundo esses pesquisadores a
proteína do glúten 60 é rica em acido glutâmico (22-23%), leucina (16-16,5%), prolina
(10,2%) e aminoácidos sulfurados (4-5%).
Em termos protéicos, entretanto, não a falta, mas também o excesso de um ou
mais aminoácidos pode ser prejudicial. Assim, o valor de uma proteína pode ser
limitado não apenas pela deficiência de aminoácidos como também pelo excesso
(Oliveira et al, 1982, citado por Toro, 2006). Parece ser esse o caso do glúten de milho
60 que tem elevados veis de aminoácidos apolares (leucina, prolina) (MAPA, 2000;
Stryer et al, 2004).
Quanto à deficiência, resultados mostraram que o triptofano e a lisina foram,
igualmente, os primeiros aminoácidos limitantes do GM60, com a arginina sendo o
terceiro aminoácido limitante (Castanon, 1990). Posteriormente, os resultados dos
pesquisadores brasileiros foram confirmados não apenas para os referidos aminoácidos
como também para outros como a treonina, apontado como o quarto aminoácido
limitante do glúten 60 (Peter et al, 2000). A combinação de baixos níveis de lisina e
triptofano foram pesquisadas, nos clássicos trabalhos dos pesquisadores americanos de
Osborne e&Mendel (1914), em ratos, utilizando-se a proteína do milho (Hogan, 1916).
Contudo essas deficiências são superadas com a elaboração dos alimentos balanceados
O glúten de milho 60 tem o índice elevado de enxofre (≥0,65%) como também de
fósforo (0,48%) (MAPA, 2000; Corn Refiners Association, 2006). Quando o glúten 60
5
BARBOSA LIMA, R. Avaliação nutricional de derivados da moagem úmida do milho para frangos...
é adicionado às dietas típicas de não-ruminantes, não se esperam efeitos adversos
quanto à concentração de enxofre, entretanto, os veis elevados de enxofre podem
ocorrer quando concentrações excessivas de determinados aminoácidos sulfurados
(Rausch & Belyea, 2006; Ball et al, 2006). Teores elevados destes aminoácidos podem
ser tóxicos às aves jovens (Baker, 2006). Porém, o efeito tóxico de aminoácidos
sintéticos logicamente não tem relevância prática para a nutrição animal, porque o alto
preço deste insumo não incentiva erros por excesso.
Quando comparado a muitos ingredientes típicos da dieta, o teor em fósforo do
glúten 60 é relativamente elevado. A maioria dos não-ruminantes tem exigências
elevadas em fósforo, conseqüentemente, as concentrações elevadas do fósforo do GM
são uma vantagem diante desses animais de rápido crescimento (Runho et al., 2001;
Miller, 2002). Além de compor o ATP, o fósforo é componente dos ácidos nucléicos
(DNA e RNA), essenciais para o crescimento e diferenciação celular (Stryer et al,
2004).
Devido à sua composição e produção mundial, glúten de milho 60 é apontado
como um potencial substituto de ingredientes protéicos para alimentação de animais
domésticos. É usado na maioria das vezes como um suplemento à proteína para
ruminantes por causa de suas características “by-pass”, com 55% de proteína não
degradável no rúmen (Macedo et al, 2003). Entretanto, um número relativamente
pequeno de pesquisas recentes avaliando o uso do glúten de milho 60 na alimentação de
aves estão disponíveis. Estudos recomendando o uso do glúten 60 em rações avícolas
como uma fonte natural de xantofila (pigmentante) (Babidis et al, 2002) ainda são
escassos. Rodrigues et al (2001) e Silva et al (2003) relataram que este ingrediente tem
alto coeficiente de digestibilidade para galos e codornas, entretanto em revisão realizada
por Santos (2004) e Rostagno et al (2005), o nível de inclusão recomendado pelos
diversos autores, nunca excedem 5% em rações para frangos de corte mesmo em
diferentes idades.
O glúten de milho 21 tem consideravelmente pouco glúten. É obtido após a
extração da maior parte do amido, do glúten e do rmen. Tem como características
principais películas de forma retangulares, vítreas e algumas translúcidas (Sanches,
2006). O glúten 21 pode sofrer variação substancial em sua composição como efeito do
processamento e manipulação industrial, principalmente para o teor protéico (Miller,
2002; Araújo, 2005; Soares et al, 2005), normalmente com variação de 22 a 26%
6
BARBOSA LIMA, R. Avaliação nutricional de derivados da moagem úmida do milho para frangos...
(Belyea et al, 1998; Rausch et al, 2003). Entretanto, é possível que em alguns grupos
sejam tão baixos quanto 18% ou tão elevados quanto 30%, trazendo essa variação
alguns transtornos (Rausch et al, 2003). Simovska et al (1997b) observou uma
correlação positiva entre a proteína bruta e o conteúdo em lipídeos e amido para o
glúten 21.
O glúten 21 é incluído freqüentemente em dietas ditas “energéticas” para
ruminantes (75 a 80% de NDT) (MA, 2000; Pereira, 2005; Alves, 2006). Representa
uma fonte de fibra prontamente fermentável e de proteína (Milis et al, 2005; Rausch et
al, 2005).
Os primeiros estudos sobre a utilização glúten de milho 21 para aves comerciais
foram realizados da década de 30 com perus e poedeiras. Trabalhos mais recentes
mostraram que o uso de glúten 21 em dietas de não-ruminantes é limitado, tanto por seu
valor mais baixo em energia metabolizável, em conseqüência do teor de fibra, quanto
pela digestibilidade reduzida de aminoácidos e da qualidade de proteína comprometida
comparada ao milho (Goff et al, 2003; Brumano, 2005; Soares et al, 2005).
Experimentos clássicos, citados pela maioria dos trabalhos referentes a esse assunto,
sugerem que o glúten de milho pode ser potencialmente utilizado em programas de
muda forçada como também para frangas em crescimento, quando um nível elevado de
energia dietética não é necessário para o desempenho ótimo. Também é utilizado na
criação de perus (Andriguetto et al, 1983; MA, 2000; Corn Refiners Association, 2006).
Em dietas práticas para frangos de corte, a inclusão do glúten 21 alterna-se com a
do trigo. A escolha depende evidentemente da relação de preços desses ingredientes
moderadamente fibrosos.
Gérmen
É comum entre os estudos sobre o assunto, a menção ao balanço de aminoácidos
BARBOSA LIMA, R. Avaliação nutricional de derivados da moagem úmida do milho para frangos...
Brito (2005) relatou que o gérmen integral de milho (GIM) não é um ingrediente
ideal para melhorar os valores de desempenho na fase pré-inicial em frangos de corte,
provavelmente pelo seu teor em lipídeos, mas que se mostrou eficaz para as outras
fases. Sklan (2001) relatou que o processo de menor absorção de gordura na fase inicial
de desenvolvimento das aves se pela reduzida capacidade de produção de lipase
pancreática e sais biliares. Em trabalhos anteriores, esse mesmo autor juntamente com
Noy (1995), observaram que a concentração da enzima aumenta à medida que as aves
se desenvolvem. Sklan (2001) apresentou gráficos referentes às concentrações de ácidos
biliares e lipase na secreção duodenal em função do alimento ingerido e observou
crescimento linear até o décimo dia de idade.
A presença ou o do óleo no gérmen de milho e as respectivas vantagens tem
sido um ponto de divergência entre autores mesmo para diferentes espécies (Moreira et
al. 2002; Mendes, 2005). Mas não deixa de ser curioso que trabalhos recentes na área de
produção animal do setor avícola têm sugerido a incorporação de óleos e gorduras na
alimentação de frangos de corte (Ferreira et al, 2005; Lara et al, 2005, 2006). Segundo
esses autores, diversas vantagens podem ser obtidas decorrentes da incorporação de
lipídeos na alimentação de aves. Contudo Nascif et al (2004) e Ferreira et al (2005)
apontam alguns problemas para se determinar a melhor forma de utilização das fontes
lipídicas disponíveis no mercado. Talvez esses problemas fossem diminuídos se tais
óleos não tivessem de ser extraídos.
A composição de ácidos graxos da gordura abdominal, músculo do peito e da
coxa pode ser manipulada mediante mudança na composição de ácidos graxos da dieta
(Scaife et al, 1994; Hrdinka et al, 1996 citados por Lara et al, 2006; Rodrigues et al,
2003; Jorge et al, 2005).
Pode se discutir qual seria a alternativa mais interessante na formulação de uma
ração comercial. Porém, não restam dúvidas de que a composição do óleo contido no
gérmen de milho integral deve ser considerada, como também a constituição dos ácidos
graxos encontrados nas aves alimentadas com este ingrediente.
Amido
O amido é o principal componente energético em dietas para aves e suínos e
presume-se ser quase completamente digestível em ambas as espécies em todas as
idades. A exemplo disso, nas equações de predição o valor de energia metabolizável
8
BARBOSA LIMA, R. Avaliação nutricional de derivados da moagem úmida do milho para frangos...
aparente, em dietas compostas de aves comerciais tem um coeficiente fixo para o
conteúdo em amido. No entanto, dados recentes demonstram claramente que este
assunto deve ser desafiado, mesmo dentro das mesmas espécies vegetais. O índice de
amilose de vários amidos de milho variou entre 14 e 34%. A digestibilidade do amido,
geralmente é inversamente proporcional ao seu teor de amilose, por razões ainda não
muito bem esclarecidas (Calvo; Cordova, 2004; Toral et al, 2002; Furlan et al, 2004;
Sandhu & Singh, 2007).
Os mecanismos gerais da digestão do amido em ruminantes têm sido revisados
(Swanson et al, 2004; Huntington et al, 2006). Em animais não-ruminantes, a digestão
do amido ocorre geralmente no intestino delgado pela ação da α-amilase pancreática, da
dextrinase e glucoamilase (enzima da mucosa) (Svihus et al, 2005). Uma extensão
limitada de fermentação (lactobacilos) do amido pode ocorrer nos segmentos do canal
alimentar anterior ao intestino delgado (Bertechini, 1994), mas é razoável acreditar que
o amido chegue praticamente intacto quando alcança o intestino delgado das aves.
Algumas espécies de aves têm também a atividade do α-amilase salivar e, embora não
considere-se que tenha um efeito principal na digestibilidade do amido, devido ao curto
tempo da retenção do alimento na cavidade oral, parece não ocorrer em galináceos pela
ausência dessa enzima entre os produtos da secreção das glândulas salivares (Rutz,
1994; Svihus et al, 2005).
De acordo com Longo et al (2005) a digestão do amido é primariamente afetada
pela idade do frango, em decorrência do perfil de atividade da amilase no pâncreas e no
intestino delgado. Além disso, a digestão final dos ucares resultantes da hidrólise do
amido (oligossacarídeos e dextrinas), ocorre nos enterócitos da membrana intestinal e
qualquer alteração na superfície onde estas enzimas estão ligadas pode alterar as suas
atividades. Esse mesmo autor, citando Sell et al (1991), Siddons (1972), Moran Jr.
(1985), reúne informações que sugerem que a digestão e a absorção de carboidratos não
são fixas em aves, mas são altamente adaptáveis à presença do polissacarídeo na dieta.
De modo geral, a adaptação da atividade das carboidrases, ocorre mais especificamente,
em resposta a mudanças na carga dietética de nutrientes específicos. Isto é, os substratos
induzem a atividade das dissacaridases correspondentes com exceção da lactase, que
não é alterada pelo consumo de lactose em mamíferos (Sevá-Pereira, 2004).
Assim sendo, excetuando-se os elementos pertinentes ao animal, além do nível e
origem do amido da dieta, o processamento influencia a digestibilidade do amido. Dessa
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BARBOSA LIMA, R. Avaliação nutricional de derivados da moagem úmida do milho para frangos...
forma, a digestibilidade do amido consiste em uma área de intenso estudo e
importância, já que os fatores relativos à digestão deste carboidrato são muitos.
Atualmente, a indústria avícola está crescendo em um ritmo acelerado. Segundo
as projeções da FAO, o consumo de carne de frango aumentará 85% até 2020 (Stephen
et al, 2002). Junto com a indústria avícola, a indústria de alimentos está mantendo o
ritmo. Diversas idéias inovadoras m surgido, sendo que a maioria dos trabalhos de
pesquisa sobre alimentação animal, em geral, estão focados no uso de co-produtos, e na
promoção destes ingredientes a fim de reduzir custos para ambos os segmentos
(Balakrishnan, 2002). Contudo, o milho e o farelo de soja são produtos nobres, que
impõem dificuldades de substituição completa na ração, que segundo especialistas, em
experimentos é possível, mas economicamente não é viável. Portanto, pesquisas
envolvendo níveis de substituição parcial do milho e farelo de soja em dietas para
frangos de corte, bem como a bioeconomicidade dessa substituição representam um
desafio.
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BARBOSA LIMA, R. Avaliação nutricional de derivados da moagem úmida do milho para frangos...
CAPÍTULO II
Efeito da idade de frangos de corte sobre a digestibilidade de
nutrientes de derivados do milho
19
BARBOSA LIMA, R. Avaliação nutricional de derivados da moagem úmida do milho para frangos...
Efeito da idade de frangos de corte sobre a digestibilidade de nutrientes de
derivados do milho
RESUMO
Alguns estudos têm demonstrado a influência da idade da ave no processo de digestão e
absorção de nutrientes resultando em diferentes recomendações na elaboração de dietas.
Este estudo avaliou o efeito da idade sobre os valores de energia metabolizável aparente
(EMAn) e verdadeira corrigida para nitrogênio (EMVn) e os coeficientes de
digestibilidade da matéria seca (CMMS) e metabolizabilidade de energia bruta do
gérmen de milho integral (CMGMI), glúten de milho 21 (CMGM-21), glúten de milho
60 (CMGM-60) e amido de milho (CMAM) pelo método de coleta total de excretas.
Utilizaram-se 840 frangos de corte distribuídos em delineamento experimental
inteiramente casualizado com quatro tratamentos e cinco repetições. Os tratamentos
consistiram em quatro idades: 1 a 10, 11 a 21, 22 a 32, 33 a 42 dias; sendo utilizados por
repetição 10, 8, 6 e 4 aves, respectivamente, para as referidas idades. Paralelamente,
foram mantidas aves em jejum por 72 h para cada tratamento. As dietas foram baseadas
na substituição de 40% da dieta referência (milho + farelo de soja) pelo gérmen de
milho integral (GMI), glúten de milho (GM-21) e amido (AM), exceto para glúten de
milho 60 (GM-60), com 30% de substituição. As idades médias (5, 15, 25 e 35 dias)
foram utilizadas como variável independente para análise de regressão. Observou-se
que o CMMS foi linear crescente para o GMI e para o GM-21; quadrático para o amido
(AM); e não significativo para o GM-60. O CMEB apresentou efeito linear para o GMI;
quadrático para o GM-21 e para o AM; e não significativo para o GM-60. As EMA e
EMAn dos alimentos testados variaram de 989 a 4773 e de 939 a 4682 kcal/kg de
matéria natural, respectivamente. Os valores de EMVn do GM-21 e AM apresentaram
comportamento linear crescente em função da idade. Não houve diferença significativa
da EMVn entre os tratamentos para os frangos alimentados com GM-60, sugerindo que
as aves possuem habilidade similar na utilização de alimentos protéicos em todas as
fases produtivas ou que o nível de substituição o é apropriado para avaliar o GM-60.
Os valores EMVn do GM foram: 4093, 4179, 4251 e 4701 kcal/kg de matéria natural
nas idades médias de 5, 15, 25 e 35 dias, respectivamente. Constatou-se que houve
efeito da idade sobre a digestibilidade de nutrientes para a maioria dos alimentos
estudados.
20
BARBOSA LIMA, R. Avaliação nutricional de derivados da moagem úmida do milho para frangos...
Palavras-chave: digestibilidade, energia metabolizável, ingredientes alternativos,
não-ruminantes
Broiler chickens age effect on nutrient digestibility of corn byproducts
ABSTRACT
Several studies have demonstrated the influence of bird age on the digestive and
absorptive processes, resulting in different recommendations on diet elaboration. This
study observed the age effect on apparent (AMEn) and true metabolizable energy
nitrogen corrected (TMEn) values and dry matter (DMMC) and crude energy
metabolizability coefficient (CEMC) of whole corn germ (WCG), corn gluten meal
(CGM), corn gluten feed (CGF) and corn starch (CS) using the total excreta collection
method. Eight hundred and forty broilers were distributed in a completely randomized
design with four treatments and five replicates. Treatments consisted in four ages: 1 to
10, 11 to 21, 22 to 32, 33 to 42 days, using 10, 8, 6 and 4 birds per replicate,
respectively, for the ages mentioned above. In parallel, a group of birds was kept in
fasting for 72h for each treatment. The number of birds per replicate at each age took
into account animal welfare and manure volume produced. Diets were based in 40% of
substitution of the reference diet (corn-soybean meal-based) by WCG, CGF and CS,
except for CGM, with 30% of substitution. Average ages (5, 15, 25 and 35 days) were
used as independent variable for regression analysis. DMMC had a positive linear
tendency for CGF, a quadratic for CS and not significant for CGM. CEMC presented a
quadratic effect for CGF and for CS; and was not significant for CGM. AME and
AMEn of tested ingredients ranged from 989 to 4773 and from 939 to 4682 kcal·kg
-1
of
natural matter, respectively. Values of TMEn of GCF and CS presented linear behavior
according to the age. There was no significant difference on TMEn among treatments
for broilers fed CGM, suggesting that birds have similar ability in using proteic feed in
every productive phase or that replacement level is not suitable to evaluate CGM. WCG
values of TMEn were: 4093, 4179, 4251 and 4701 kcal·kg
-1
of natural matter at the
average ages of 5 15, 25 and 35 days, respectively. It was observed that there was an
age effect on nutrient digestibility for the majority of the studied ingredients.
Keywords: alternative products, metabolizable energy, wet grinding
21
BARBOSA LIMA, R. Avaliação nutricional de derivados da moagem úmida do milho para frangos...
Introdução
Tem sido descrita uma série de eventos fisiológicos em frangos de corte que
apresentam comportamento diferenciado e evoluem em função da idade da ave. O
aumento progressivo da área absortiva, das secreções pancreáticas e da capacidade
hidrolítica da mucosa (Sklan, 2001) sugerem que a utilização de alimentos é
influenciada pela fase produtiva e pela natureza do ingrediente.
Ao longo dos anos, os valores energéticos de ingredientes para aves e outros
animais foram avaliados em diferentes direções. Em estudos recentes com frangos de
corte, as designações mais comuns dos valores energéticos são a energia metabolizável
verdadeira (EMV) e verdadeira corrigida pelo balanço de nitrogênio (EMVn). Embora
as tabelas de recomendações nutricionais correntes utilizem a energia metabolizável
aparente (EMA) tem sido frequentemente apontado que essas medidas não consideram
as perdas endógenas e são influenciadas pela ingestão de alimentos. A EMV descrita
nas tabelas (Rostagno et al, 2005) pondera estes dois aspectos coisa (Lesson &
Summers, 2001) embora seja determinada em galos. A falta de precisão nas estimativas
dos valores energéticos de elementos dietéticos para aves comerciais são muito mais
significativos em pesquisas envolvendo níveis de substituição parcial do milho e farelo
de soja uma vez que os ingredientes alternativos são menos conhecidos que os insumos
tradicionais.
Diversas idéias inovadoras têm surgido, sendo que a maioria dos trabalhos de
pesquisa sobre alimentação animal, em geral, estão focalizados no uso de co-produtos, e
na promoção destes ingredientes (Balakrishnan, 2002). Este interesse explica-se pelos
altos custos com a alimentação. Além disso, certos derivados apresentam características
melhores que as da matéria-prima, como é o caso do glúten de milho 60 (GM-60) com
teores de proteína bruta oito vezes maior que do grão de milho (MAPA, 2000).
O uso de cada co-produto, resultante do processamento do milho, contribui com
diferentes características nutritivas à dieta balanceada. Logo, a composição dos produtos
derivados do milho e, conseqüentemente, seu potencial nutritivo, dependem de quais
partes do grão e da distribuição ponderal que estes ingredientes incluem (Johnson et al,
2000; Callegaro, 2005). Portanto, uma vez que a maioria das formulações de rações,
hoje em dia, é realizada com base no custo mínimo, as propriedades específicas de
vários ingredientes de milho, além do preço e da disponibilidade dessas matérias
alternativas, contribuem para sua utilização.
22
BARBOSA LIMA, R. Avaliação nutricional de derivados da moagem úmida do milho para frangos...
As projeções para os próximos dez anos apontam para a crescente participação do
milho no cenário mundial como também se constatou o aumento exponencial do
número de usinas produtoras de etanol norte-americano. Tanto o processamento do
milho para a produção de etanol, quanto para a obtenção do amido, geram co-produtos
utilizados na alimentação animal comercialmente conhecidos por gérmen de milho,
glúten de milho-21 e glúten de milho-60.
No Brasil aproximadamente 4,3 milhões de toneladas de milho produzidas são
destinadas à indústria de beneficiamento (Abimilho, 2006; Ministério da Agricultura,
2006). Resta saber os valores de digestibilidade e os valores energéticos destes co-
produtos para cada fase produtiva do frango de corte industrial. Esta pesquisa foi
realizada com o objetivo de avaliar a composição química e os valores energéticos de
derivados de milho em diferentes idades de frangos de corte.
Material e métodos
O experimento foi realizado no período de 11 de agosto a 22 de setembro de 2006
no Setor de Avicultura do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal Rural de
Pernambuco (UFRPE). A temperatura média nas instalações foi de 27 °C e 65% de
umidade relativa.
Inicialmente os ingredientes a serem estudados, ou seja, o gérmen integral de
milho (GIM), glúten de milho 21 (GM-21), glúten de milho 60 (GM-60 e amido de
milho (AM) foram adquiridos da empresa Corns Products do Brasil e encaminhados
para laboratório para análise dos teores de matéria seca, proteína bruta, fibra em
detergente neutro e ácido fibra bruta, extrato etéreo e matéria mineral de acordo com a
metodologia de AOAC (1990).
Utilizaram-se 840 frangos de corte machos da linhagem Cobb alojados em gaiolas
metabólicas (1,00 x 0,50 x 0,50m). As aves foram distribuídas de acordo com o
delineamento experimental inteiramente casualizado (DIC) com quatro tratamentos e
cinco repetições. Os tratamentos consistiram em quatro idades: 1 a 10 (T
1
), 11 a 21 (T
2
),
22 a 32 (T
3
) e 33 a 42 (T
4
) dias, sendo utilizados por repetição 10, 8, 6 e 4 aves,
respectivamente, para as referidos tratamentos. O número de aves por
parcela/tratamento foi proposto em função do conforto das aves e do volume de
23
BARBOSA LIMA, R. Avaliação nutricional de derivados da moagem úmida do milho para frangos...
excretas. Paralelamente a cada fase avaliada, foram mantidas aves em jejum por 72 h
para quantificação das perdas endógenas e metabólicas nas excretas.
Para cada tratamento, as aves foram alojadas por 10 dias em baterias equipadas
com bandejas plásticas para coleta total de excretas, sendo três dias de adaptação às
instalações e às rações experimentais e quatro dias de coleta. Nos primeiros 10 dias, os
pintinhos foram alojados em baterias aquecidas em casulos. Ao final de cada tratamento
as aves eram descartadas. Os frangos utilizados no experimento foram criados em
galpão de alvenaria recebendo a dieta referência e a cada novo período experimental
eram selecionados pelo peso, para homogeneização das parcelas experimentais.
As dietas foram baseadas na substituição de 40% da dieta referência (milho +
farelo de soja) pelo gérmen de milho integral (GMI), glúten de milho 21 (GM-21) e
amido de milho (AM). O glúten de milho 60 (GM-60) substituiu 30% da ração
referência devido ao elevado teor protéico do ingrediente (Tabela 1). As rações foram
formuladas de acordo com as recomendações de Rostagno et al (2005).
Foi acrescentado às rações experimentais óxido férrico em (1,0%) como
marcador fecal no início e no final da coleta de excretas das aves. As coletas foram
realizadas duas vezes ao dia, sendo acondicionadas em sacos plásticos e congeladas em
freezer a -20ºC. Posteriormente, foram descongeladas e homogeneizadas por unidade
experimental. Em seguida, as excretas foram pré-secas, moídas e analisadas quanto aos
teores de matéria seca, nitrogênio e energia bruta (AOAC, 1990).
Para o cálculo dos valores do coeficiente de metabolizabilidade da matéria seca
(CMMS) e da energia bruta (CMEB), energia metabolizável aparente (EMA) e aparente
corrigida pelo balanço de nitrogênio (EMAn), energia metabolizável verdadeira (EMV)
e verdadeira corrigida pelo balanço de nitrogênio (EMVn) foram utilizados os modelos
propostos por Matterson et al (1965).
As idades médias (5, 15, 25 e 35 dias) foram utilizadas como variável
independente para análise de regressão. As análises foram realizadas no programa
computacional SISVAR DEX/UFLA. Foi calculado o erro padrão do valor y previsto
para cada “x” da regressão (EPy(x)) para as diferentes variáveis. A equação para o erro
padrão do y previsto foi:
24
BARBOSA LIMA, R. Avaliação nutricional de derivados da moagem úmida do milho para frangos...
Em que x e y são as médias de amostra e n é o tamanho da amostra.
Tabela 1. Composição percentual e química das dietas referência nas diferentes fases.
Ingredientes
Composição da ração (%)
Pré-
inicial
Inicial
Crescime
nto
Final
Milho grão
56,66
59,66
62,56
66,56
Farelo de soja 45%
36,77
34,23
30,62
26,78
Óleo de soja
2,048
2,183
3,097
3,120
Fosfato bicálcio
1,943
1,798
1,653
1,506
Calcário calcítico
0,939
0,894
0,851
0,807
Sal comum
0,517
0,492
0,469
0,442
DL-Metionina 99%
0,445
0,250
0,240
0,230
L-Lisina HCl
0,400
0,219
0,235
0,280
Suplemento Vitamínico
1
0,100
0,100
0,100
0,100
Suplemento Mineral
2
0,050
0,050
0,050
0,050
Cygro
0,050
0,050
0,050
0,050
Albac-Bac. Zinco 15%
0,040
0,040
0,040
0,040
Cloreto de colina 60%
0,040
0,040
0,040
0,040
Total
100
100
100
100
Composição calculada
EMAn, Mcal/kg
2,960
3,000
3,100
3,150
Proteína bruta, %
22,11
20,79
19,41
18,03
Lisina total, %
1,503
1,263
1,183
1,121
Met + Cistina total, %
1,067
0,897
0,852
0,807
Metionina total, %
0,728
0,568
0,540
0,512
Treonina total, %
0,836
0,800
0,745
0,690
Triptofano total, %
0,268
0,254
0,234
0,213
Cálcio, %
0,942
0,884
0,824
0,763
Fósforo disponível, %
0,471
0,442
0,411
0,380
Potássio, %
0,831
0,793
0,736
0,676
Sódio, %
0,224
0,214
0,205
0,194
Fibra bruta, %
2,969
2,388
2,740
2,600
Gordura, %
7,104
7,305
8,264
8,367
1
Níveis de garantia por kg de produto: Vit.A, 6.000.000UI, Vit.D3 1.000.000UI, Vit.E10.000 mg, Vit. B12 6.000
mcg, Vit. K3 1.000, Niacina 10.000 mg, Piridoxina 800 mg, Riboflavina 2.000 mg, Tiamina 600 mg, Biotina 30 mg,
Pantotenato de Cálcio 8.000 mg, Selênio 400 mg.²Níveis de garantia por kg de produto: Cobre: 18.000mg, Zinco:
120.000 mg, Iodo: 2.000mg, Ferro: 60.000 mg, Manganês: 120.000 mg
25
BARBOSA LIMA, R. Avaliação nutricional de derivados da moagem úmida do milho para frangos...
Resultados e Discussão
As composições da matéria seca dos derivados do milho são substancialmente
distintas (Tabela 2) quanto aos valores de fibra, amido, proteína, extrato etéreo, porque
as partes anatômicas do grão de milho diferem consideravelmente em sua composição
química (Lubin, 1993; Alessi, 2003; Brito et al. 2005; Lima et al, 2007). Os valores
mostram estreita relação com os encontrados na literatura, estando dentro da faixa
registrada por estudos anteriores, mesmo considerando-se as possíveis variações
apontadas pelos autores.
Tabela 2. Média da composição química dos alimentos expressos na a matéria natural
Alimentos¹
MS
UMI
PB
FDN
FDA
FB
EE
MM
GMI
94,42
5,58
10,99
26,53
6,22
5,35
59,82
5
GM-21
85,5
14,52
24,48
39,76
12,93
9,75
5,49
8,48
GM-60
90,07
9,93
61,37
23,57
11,83
8,36
3,04
1,49
Amido
87,91
12,09
-
-
-
-
-
¹GMI= Gérmen de milho integral; GM-21 = Gérmen de milho com 21% de PB; GM-60 = Glúten de milho com 60%
de PB; Amido= Amido de milho
A idade influenciou significativamente nos valores de EMA e EMAn do gérmen
de milho integral, glúten de milho 21 e amido de milho conforme apresentado nas
Figuras 1, 2 e 3. De maneira prática, são necessários menores níveis de inclusão dos
ingredientes em dietas de terminação comparados às pré-iniciais para obterem-se os
mesmos valores energéticos, ou seja, tanto 1000g de gérmen integral de milho para
alimentação de pintos de 15 dias quanto 897g para frangos com 35 dias geram os
mesmos valores de energia metabolizável (4146 kcal/kg de EMAn). Houve um
incremento diário de 23,16 kcal/kg de EMA até o valor calculado de 4714 kcal/kg para
frangos de corte com 35 dias. A inclusão do gérmen de milho integral às dietas-teste
resultou em concentrações entre 7,10 e 8,37% de gordura para as fases pré-inicial e
final, respectivamente. Freqüentemente, frangos mais velhos comparados aos jovens
apresentam maior digestibilidade, bem como maior valor de energia metabolizável para
ingredientes lipídicos (Leeson & Zubair, 2004) devido ao desenvolvimento biométrico
intestinal, aumentando a área absortiva, e à crescente capacidade digestiva dos lipídeos
dietéticos (Noy & Sklan, 1994; Leeson & Zubair, 2004).
26
BARBOSA LIMA, R. Avaliação nutricional de derivados da moagem úmida do milho para frangos...
Figura 1. Efeito linear da idade de frangos de cortes sobre os valores de EMA e EMAn
do Gérmen Integral de Milho
Figura 2. Efeito linear da idade de frangos de cortes sobre valores de EMA e EMAn do
Glúten de Milho 21
Figura 3. Efeito linear da idade de frangos de cortes sobre valores de EMA e EMAn do
Amido de Milho
Assim, estes efeitos podem resultar de alterações fisiológicas inerentes a idade da
ave uma vez que a atividade duodenal da lipase dobra com a idade e também em
resposta ao alimento ingerido entre o e o 21º dia de vida. As concentrações de sais
27
BARBOSA LIMA, R. Avaliação nutricional de derivados da moagem úmida do milho para frangos...
biliares que emulsificam as gorduras e permitem a absorção de seus produtos de
degradação aumentam linearmente até a segunda semana de idade (Sklan 2001).
Somado a esses efeitos, a síntese de lipoproteínas aumenta gradualmente até que os
frangos alcancem cinco semanas de idade (Katongole & March, 1980). Dessa forma,
frangos de corte mais velhos comparados a juvenis apresentam, de maneira geral, maior
digestibilidade de ingredientes lipídicos, bem como são capazes de extrair maiores
valores de energia metabolizável de tais ingredientes.
Tanto a utilização do alimento moderadamente fibroso e do amido (Tabelas 3 e 4)
foram significativamente influenciadas pela idade das aves, muito provavelmente em
decorrência do amadurecimento fisiológico do trato gastrintestinal, conforme relatam os
trabalhos mais recentes sobre o assunto (Denbow, 2000; Sklan, 2001; Maiorka et al,
2002; Macari et al, 2002).
Os valores referentes à EMV do GM-21 e AM, bem como os de EMVn do GM-21
estão apresentados nas Figuras 4 e 5, tendo demonstrado comportamento linear.
Figura 4. Efeito linear da idade sobre os valores de EMV e EMVn do Glúten de Milho
21
Figura 5. Efeito linear da idade sobre os valores de EMV do Amido de Milho
28
BARBOSA LIMA, R. Avaliação nutricional de derivados da moagem úmida do milho para frangos...
Tabela 3. Coeficiente de metabolizabilidade aparente da MS (CMAMS), EB (CMAEB) do Gérmen de Milho Integral (GMI), Glúten de Milho
21(GM-21), Glúten de Milho-60 (GM-60) e Amido, expressos na matéria natural, com o respectivo Erro Padrão do valor Y previsto para cada X
da regressão (EPY(x)).
Idade (x)
CMAMS
CMAEB
GIM
GM 21
GM - 60
AM
GIM
GM - 21
GM - 60
AM
5
46,01±5,03
12,63±3,23
57,61±3,07
76,08±4,31
55,73±5,04
13,24±1,00
45,78±1,53
41,98±2,53
15
48,16±8,62
19,02±3,24
53,70±4,36
84,28±0,50
59,36±6,69
17,07±1,48
44,84±3,55
48,29±0,58
25
52,22±5,71
22,67±4,65
40,30±13,75
84,53±1,85
60,78±4,47
21,90±2,37
41,42±6,69
49,95±0,79
35
56,30±3,35
25,15±1,03
51,43±13,13
83,46±1,30
66,51±2,12
BARBOSA LIMA, R. Avaliação nutricional de derivados da moagem úmida do milho para frangos...
Tabela 4. Médias dos valores energéticos (y) do Gérmen de Milho Integral, Glúten de milho 21, Glúten de Milho 60 e Amido de Milho,
expressos na matéria natural (Mcal/kg) com o respectivo erro padrão do valor “y” previsto para cada x da regressão (EPy(x)).
Idade (x)
GIM
GM-21
GM-60
Amido
EMV
EMVn
EMV
EMVn
EMV
EMVn
EMV
EMVn
5
4,7814ª±0,83
4,0927ª±0,91
1,3347b±0,48
0,9954ª±0,55
4,1246ª±0,54
3,3934ª±0,72
3,5345ª±0,43
3,0682ª±0,52
15
4,5309ª±0,55
4,1792ª±0,54
1,4563ab±0,18
1,1831ª±0,23
3,6426ª±0,27
3,2213ª±0,34
3,6313ª±0,08
3,3813ª±0,12
25
35
4,5011a±0,29
4,9964ª±0,18
4,2511a±0,27
4,7009ª±0,30
1,8290a±0,17
1,8599ª±0,09
1,5505a±0,23
1,5905ª±0,16
3,3220a±0,56
3,7615ª±0,48
2,9083a±0,72
3,4867ª±0,65
3,7214a±0,09
3,7506ª±0,08
3,5144a±0,14
3,5293ª±0,14
Médias
4,7000
4,2500
1,6500
1,3000
3,7500
3,2000
3,9000
3,4000
CV(%)
12,13
13,92
21,43
40,34
16,33
19,14
7,02
14,71
Equação
NS
NS
¹L**
²L*
NS
NS
³L*
NS
EPY(x)
0,0990
0,0956
0,025
*Significativo P<0,05; **Significativo P<0,01; NS: Não Significativo
¹L: Linear crescente Y = 0,0195x + 1,2303; r² = 0,91
²L: Linear crescente Y = 0,0215x + 0,8993; r² = 0,93
³L: Linear crescente Y = 0,0074x + 3,5118; r² = 0,95
30
BARBOSA LIMA, R. Avaliação nutricional de derivados da moagem úmida do milho para frangos...
A captação de glicose apresenta um aumento transitório durante a segunda semana
(Obst & Diamon,1992). Este aumento é hipoteticamente resultado da mudança do
metabolismo lipídico para o metabolismo de carboidrato, devido à depleção das reservas
da gema. Além disso, como resposta ao crescimento alométrico do intestino, durante a
segunda semana pós eclosão, pois o intestino apresenta um aumento em tamanho em
relação ao peso corporal (Nitsan et al, 1991; Sklan, 2001; Denbow, 2000). Esta pode ser
uma segunda razão para o aumento na captação de glicose que ocorre neste momento, o
que justificaria o aumento e moderada estabilização do CMAMS do amido para as duas
fases posteriores. Porém, aves jovens, que possuem uma demanda maior de nitrogênio
por quilograma de peso corporal (NRC, 2001) parecem ter uma habilidade em utilizar
alimentos protéicos que se igualam aos coeficientes das fases posteriores para
ingredientes como o glúten de milho, que apresenta teores mínimos de 60% de proteína
bruta.
Diversos autores têm concluído que o sistema digestivo da ave nos primeiros dias
de idade cresce mais rapidamente que o restante do corpo ou até mesmo que órgãos
essenciais como coração e pulmões. Contudo, o duodeno e jejuno, além do pâncreas,
responsável pela secreção da maioria das enzimas digestivas, obedecem a um
BARBOSA LIMA, R. Avaliação nutricional de derivados da moagem úmida do milho para frangos...
glúten de milho 60, pelo intestino delgado é relativamente alta em relação à captação de
glicose. Uma vez que a taxa de crescimento relativa de frangos é mais alta durante a
primeira semana, parece que a captação de aminoácidos pode ser paralela a este padrão
de crescimento (Obst & Diamon, 1992; Croom et al, 1999). Os pesquisadores relataram
um aumento transitório na captação de prolina durante a sexta semana. Este aumento é
paralelo ao período pós-juvenil. A exemplo disso, não foi verificado diferença entre as
idades para o CMAMS do glúten de milho 60, um ingrediente majoritariamente
protéico.
Outras possibilidades, no entanto, podem explicar a pouca alteração na utilização
do glúten de milho 60 por frangos mais velhos comparados aos outros ingredientes: o
nível de inclusão (30%), que embora seja menor que o usual (40%), pode ter sido
excessivo, uma vez que as rações-teste do GM-60 variaram de 33,88 a 31,03% de
proteína bruta de baixo valor biológico para os frangos com idade media de 5 (T
1
) e 35
(T
4
) dias respectivamente.
De maneira interessante, parece mesmo que a capacidade intestinal de absorção
atende fortemente às necessidades de nutrientes das aves. Isto contrasta com resultados
em mamíferos em que a captação excede as necessidades dos animais. Ainda resta ser
determinado se isto pode indicar que a captação de nutrientes representa uma restrição
potencial para o crescimento aumentado em frangos ou se significa que os frangos são
melhores em direcionar nutrientes. Além disso, o catabolismo oxidativo, mais intenso
nos tecidos magros, cuja relação de deposição é uma função exponencial, sugere que a
metabolizabilidade da energia bruta aconteça de forma similar, logo influenciada pela
idade dos animais.
Conclusão
A idade influenciou a utilização dos ingredientes avaliados exceto para o glúten
de milho 60, ingrediente rico em proteína.
A energia metabolizável verdadeira do gérmen integral de milho (ingrediente
lipídico) não foi influenciado pela idade.
32
BARBOSA LIMA, R. Avaliação nutricional de derivados da moagem úmida do milho para frangos...
Literatura citada
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BARBOSA LIMA, R. Avaliação nutricional de derivados da moagem úmida do milho para frangos...
CAPÍTULO III
Desempenho e características de carcaça de frangos de corte na fase
inicial alimentados com derivado lipídico do milho
36
BARBOSA LIMA, R. Avaliação nutricional de derivados da moagem úmida do milho para frangos...
Desempenho e características de carcaça de frangos de corte na fase inicial alimentados
com derivado lipídico do milho
RESUMO
Verificou-se o efeito da substituição parcial da ração convencional pelo gérmen de milho
integral, sobre o desempenho zootécnico e características de carcaça de pintos do ao 21º
dia. Foram utilizados 375 frangos machos da linhagem Cobb distribuídos em delineamento
inteiramente casualizado com cinco tratamentos e cinco repetições com 15 aves por unidade
experimental. Os tratamentos consistiram numa dieta controle à base de milho e farelo de soja
e quatro níveis de inclusão (4, 8, 12 e 16%) de gérmen de milho integral. A inclusão do
gérmen de milho nas rações aumentou a quantidade de extrato etéreo em até 12,46%. As aves
e as rações foram pesadas no 1°, 6°, 11°, 16° e 21° dia. No final do período experimental,
duas aves de cada parcela foram sacrificadas. Avaliaram-se o consumo de ração (CR), ganho
de peso (GP), conversão alimentar, rendimento de carcaça, peso relativo dos cortes nobres, de
vísceras comestíveis e porcentagem de gordura abdominal. Houve efeito linear decrescente
dos tratamentos sobre o GP e CR e quadrático para o peso relativo da moela. Os demais
parâmetros não sofreram efeito dos tratamentos, ressaltando-se a conversão alimentar e
porcentagem de gordura abdominal, revelando a eficiência de utilização do gérmen de milho
integral para esses animais de crescimento acelerado. A utilização em até 16% de gérmen de
milho integral em ração inicial para pintos de corte de desempenho superior produziu efeitos
satisfatórios, considerando-se os resultados de ganho de peso, conversão alimentar e gordura
abdominal.
Palavras-chave: alimento alternativo, desempenho, lipídeos, rendimento de carcaça
Perfor iemarc5 0 0 1 2ETR.(1)-5(m)1ET EMC cavís5( i)26.4(ra)-5(m)-5(n)17(n)C c fTJETb 2Er
BARBOSA LIMA, R. Avaliação nutricional de derivados da moagem úmida do milho para frangos...
randomized design, with five treatments and five replicates, with 15 birds per experimental
unit. Treatments consisted in a control diet corn-soybean meal-based and four inclusion levels
(4, 8, 12 and 16%) of whole corn germ. Corn germ inclusion to the rations increased the
amount of ethereal extract up to 12.46%. Birds and rations were weighed at 1
st
, 6
th
, 11
th
, 16
th
and 21
st
days. At the end of the experimental period, two birds from each pen were sacrificed.
Feed intake (FI), weight gain (WG), feed conversion, carcass yield, relative weight of noble
cuts, of edible viscera and abdominal fat percentage were evaluated. There was a decreasing
linear effect of treatments on WG and FI and a quadratic effect for gizzard relative weight.
Remaining parameters were not influenced by treatments, with a highlight for feed conversion
an abdominal fat percentage, which reveals the efficiency of utilization of whole corn germ
for those animals of rapid growth. Utilization of whole corn germ up to 16% in initial diets for
broilers chicks of superior performance produced satisfactory effects, considering weight
gain, feed conversion and abdominal fat results.
Keywords: alternative feed, carcass yield, lipid, performance
Introdução
Nos ensaios de nutrição com ingredientes alternativos para aves, uma observação
bastante freqüente é que dificilmente os alimentos testados podem ser utilizados em
programas alimentares para frangos de corte de desempenho superior, considerando-se a
baixa densidade energética da maioria dos alimentos-teste, exceto para aqueles com altas
concentrações de óleos e gorduras que quase sempre são pouco aproveitados pelas aves no
período inicial de desenvolvimento.
A adição de lipídeos na nutrição de frangos de corte é quase completamente associada
ao aumento da densidade das dietas e melhora do consumo das aves em condições de estresse
calórico, pelo menor calor endógeno resultante da metabolização desses ingredientes
(Vermeersch & Vanschoubroek, 1968; Jensen et al, 1970).
A maioria das pesquisas anteriores sobre a utilização de lipídeos com o aumento da
idade tem sido conduzida com pintos acima de duas semanas de idade. Apenas algumas
pesquisas têm considerado aves mais jovens (Carew et al, 1972; Noy & Sklan, 1995; Salmon,
1977; Turner et al, 1999).
O gérmen de milho integral possui mais da metade de sua matéria seca em lipídeos e
apresenta teores de energia metabolizável maiores que os do milho para frangos de corte
38
BARBOSA LIMA, R. Avaliação nutricional de derivados da moagem úmida do milho para frangos...
(Barbosa Lima et al, 2008), o que seria suficiente para justificar novas pesquisas quanto à
utilização desse derivado da moagem do milho. Anualmente são produzidas, no Nordeste
brasileiro, dezenas de toneladas desse ingrediente rico em ácido graxo monoinsaturado.
(Abimilho, 2008).
Resta saber se as limitações da utilização desse alimento lipídico para pintos seriam
superadas caso as rações utilizadas para a criação das aves fossem elaboradas considerando-se
a metabolizabilidade desses compostos nos primeiros dias de vida. Portanto o objetivo deste
experimente foi avaliar o desempenho zootécnico de pintos de corte alimentadas com dietas
contendo diferentes relações amido:gordura.
Material e métodos
Foram utilizados 375 pintos de corte machos da linhagem Cobb. Os pintos de um dia
foram alojados em galpão experimental, dividido em 25 boxes com 2,28m² cada. As
temperaturas médias máxima e mínima foram, respectivamente, de 32 e 24ºC.
As aves foram pesadas individualmente e distribuídas homogeneamente entre as
parcelas experimentais com peso médio inicial de 46,28 ± 0,23g. O delineamento
experimental foi inteiramente casualizado, com cinco tratamentos e cinco repetições de 15
aves. Os tratamentos consistiram de uma ração referência e quatro níveis de inclusão do
gérmen de milho integral (0, 4, 8, 12 e 16%), contendo 59,84% de extrato etéreo.
As rações-teste foram formuladas de acordo com os valores energéticos do gérmen de
milho integral (Tabela 1) estimados por meio de equação de predição (y= 3789 + 23,8x)
obtida em experimento de metabolismo realizado por Barbosa Lima et al (2008). Utilizou-se a
idade média (11 dias) como variável independente para o cálculo de predição do valor de
EMAn do gérmen de milho integral. As dietas (Tabela 2) foram formuladas considerando-se
as exigências nutricionais propostas por Rostagno et al. (2005), exceto para a inclusão de
ingredientes lipídicos às dietas, cujo menor nível de gordura na ração superou o nível máximo
recomendado. O ganho de peso, consumo de ração e da conversão alimentar foram
mensurados no 1°, 6°, 11°, 16°, 21° dia de idade das aves.
39
BARBOSA LIMA, R. Avaliação nutricional de derivados da moagem úmida do milho para frangos...
Tabela 1. Valores médios para matéria seca (MS), umidade (UMI), proteína bruta (PB), fibra
em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), extrato etéreo (EE), matéria
mineral (MM) e fibra bruta (FB), energia bruta (EB) energia metabolizável aparente (EMA) e
aparente corrigida (EMAn) do gérmen integral de milho na matéria natural.
GIM
MS
UMI
PB
FDN
FDA
FB
MM
EE
EB
EMA¹
EMAn²
(%)
kcal/g
Médias
94,42
5,58
10,99
26,53
6,22
5,35
5,00
59,82
7,038
4157,76
4050,8
1 y=3903+ 23,16x x=11, idade média da ave em dias
2 y= 3789 + 23,8x x=11, idade média da ave em dias
Aos 21 dias de idade foram selecionadas duas aves de cada parcela experimental,
considerando-se o peso médio da parcela. Após o período de jejum (4h), as aves foram
atordoadas e submetidas à sangria, posteriormente, escaldadas, depenadas e evisceradas. As
carcaças foram pesadas sem pés, cabeça e pescoço e tiveram retirada a gordura aderida à
cavidade abdominal e à moela. O rendimento de carcaça (%) foi obtido pela relação entre o
peso da carcaça e o peso em jejum. Os rendimentos de peito, coxa e sobrecoxa (%) foram
calculados pela relação entre o peso dessas partes e o peso da carcaça. A proporção de fígado,
moela, coração (%) foi obtida pela relação entre o peso dos órgãos e o peso em jejum. A
porcentagem de gordura abdominal foi estimada pela relação entre a gordura aderida à moela
mais a gordura abdominal e o peso em jejum.
Os dados foram submetidos a alise de variância e de regressão para os níveis (0, 4, 8,
12 e 16%) de gérmen de milho integral a 5% de probabilidade. As análises foram submetidas
ao programa computacional SISVAR DEX/UFLA, conforme Ferreira (2003).
Foi calculado o erro padrão do valor y previsto para cada x da regressão (EPy(x))
para as diferentes variáveis. A equação para o erro padrão do y previsto é:
Em que x e y são as médias de amostra e n é o tamanho da amostra.
40
BARBOSA LIMA, R. Avaliação nutricional de derivados da moagem úmida do milho para frangos...
Tabela 2. Composição química e percentual das dietas experimentais
Tratamentos
Ingredientes
0%
4%
8%
12%
16%
Milho Grão
53,461
50,623
47,786
44,948
42,110
Farelo de soja 45%
38,175
37,790
37,406
37,021
36,636
Gérmen milho
0,000
4,000
8,000
12,000
16,000
Óleo de soja
4,495
3,737
2,979
2,221
1,462
Fosfato bicálcico
1,911
1,881
1,851
1,821
1,792
Calcário
0,910
0,929
0,949
0,968
0,987
Sal comum
0,518
0,517
0,517
0,516
0,515
DL-metionina
0,198
0,196
0,195
0,193
0,192
L-lisina HCl
0,042
0,035
0,029
0,022
0,016
Premix vitamínico ¹
0,100
0,100
0,100
0,100
0,100
Premix mineral ²
0,050
0,050
0,050
0,050
0,050
Colina HCl 60%
0,050
0,050
0,050
0,050
0,050
Coccidiostático
0,050
0,050
0,050
0,050
0,050
Bacitracina de zinco
0,040
0,040
0,040
0,040
0,040
Total
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
Composição calculada
Proteína bruta (%)
21,8700
21,8700
21,8700
21,8700
21,8700
EMAn (kcal/kg)³
3075
3065,45
3055,91
3046,36
3036,82
EM:PB
140,6
140,16
139,73
139,29
138,85
Amido:Gordura
5,04
4,08
3,69
2,87
2,47
Fósforo disponível (%)
0,4650
0,4650
0,4650
0,4650
0,4650
Cálcio (%)
0,9310
0,9310
0,9310
0,9310
0,9310
Met.+cist.digestível (%)
0,7940
0,7940
0,7940
0,7940
0,7940
Metionina digestível (%)
0,5008
0,5003
0,4997
0,4992
0,4986
Lisina digestível (%)
1,1180
1,1180
1,0230
1,1180
1,0230
Treonina digestível (%)
0,7458
0,7461
0,7464
0,7466
0,7469
Triptofano digestível (%)
0,2530
0,2529
0,2527
0,2526
0,2525
Gordura (%)
6,8539
8,2544
9,6549
11,0554
12,4559
Fibra bruta (%)
3,3025
3,4383
3,3609
3,7101
3,8460
Potássio (%)
0,8590
0,8468
0,8347
0,8226
0,8104
Sódio (%)
0,2240
0,2240
0,2240
0,2240
0,2240
1
Níveis de garantia por kg de produto: Vit.A, 6.000.000UI, Vit.D3 1.000.000UI, Vit.E10.000 mg, Vit. B12 6.000
mcg, Vit. K3 1.000, Niacina 10.000 mg, Piridoxina 800 mg, Riboflavina 2.000 mg, Tiamina 600 mg, Biotina 30
mg, Pantotenato de Cálcio 8.000 mg, Selênio 400 mg.
2
Níveis de garantia por kg de produto: Cobre: 18.000mg, Zinco: 120.000 mg, Iodo: 2.000mg, Ferro: 60.000 mg,
Manganês: 120.000 mg.
3
Valor estimado pelo modelo: y= 3789 + 23,8X X=11, idade média da ave em dias
41
BARBOSA LIMA, R. Avaliação nutricional de derivados da moagem úmida do milho para frangos...
Resultados e Discussão
As dietas contendo níveis crescentes de gérmen de milho integral influenciaram o ganho
de peso dos pintos (Tabela 3), observando-se uma alta significância do modelo de regressão,
estimado por y = 980,72-3,285x (r
2
= 0,68).
O consumo de ração diminuiu linearmente com a inclusão do gérmen de milho integral.
Diferentemente dos mamíferos a palatabilidade exerce pouca influência na ingestão de
alimentos para frangos, mas é influenciado principalmente pelo nível energético da dieta,
embora aparentemente não para pintos (Scott et al, 1982; Maiorka et al, 1997). Por outro lado,
a resposta fisiológica à natureza do ingrediente são fatores determinantes na ingestão de
alimentos, quando se trata de energia metabolizável.
Tabela 3. Desempenho de pintos alimentados com níveis de gérmen de integral de milho, aos
21 dias, com o respectivo erro padrão do valor y previsto para cada x da regressão
(EPy(x)).
Gérmen de
milho
integral
(%)
Ingestão
de ração
(g)
Ingestão
de EM
(kcal)
Ingestão
de PB
(g/ave)
Ingestão de
gordura (g)
Ganho de
peso (g)
Conversão
alimentar
Eficiência
protéica
0
1247
3834,52
272,70
85,46
983,2
1,27
3,60
4
1227
3761,30
268,38
101,29
965,8
1,27
3,60
8
1217
3719,04
266,12
117,48
940,8
1,29
3,54
12
1224
3728,74
267,70
135,32
964,0
1,27
3,60
16
1152
3498,41
252,08
143,57
918,4
1,25
3,65
Média
1213,6
3708,40
265,39
116,62
954,4
1,27
3,59
Regressão
L
2
L
4
**L
5
ns
ns
EPy(x)
22,24
-
4,82
2,90
16,39
-
-
CV
3,25
3,25
3,25
3,38
1,77
2,81
2,83
**Significativo P<0,01
*Significativo P<0,05
1 - Y = 1251,88-3,832X (r ²=0, 71)
2 - Y=3849,27 -16,33X (R² = 0,76)
3 - Y= 273,78 -1,04x (r²= 0,72)
4 - Y= 86,57 + 3,75X (R² = 0,98)
5 - Y = 980,72-3,285X (r² =0, 68)
A ingestão de proteína bruta (y= 273,78 - 1,04x r²= 0,72) e energia metabolizável
(y=3849,27 -16,33X = 0,76) diminuíram linearmente com a inclusão do gérmen de milho
integral, enquanto a ingestão de gordura aumentou linearmente (y= 86,57 + 3,75X = 0,99).
Portanto, as aves consumiram menos ração, provavelmente, devido à quantidade de lipídeos
42
BARBOSA LIMA, R. Avaliação nutricional de derivados da moagem úmida do milho para frangos...
(teoria lipostática), de forma que a quantidade de gordura relaciona-se negativamente com a
ingestão de alimentos, afetando o consumo geral de todos os demais nutrientes, em particular
os aminoácidos, proporcionalmente. Uma marginal deficiência em lisina e/ou triptofano,
resultante da diminuída ingestão protéica, pode explicar o efeito depreciativo no crescimento
dos pintos alimentados com gérmen de milho integral mais pronunciado na dieta com maior
nível de substituição. A substituição de 21,23% do milho, 4,03% do farelo de soja e 67,47%
de óleo de soja da ração referência por 16% de gérmen de milho integral resultou em pintos
aos 21 dias de idade, 64,8 gramas a menos que a referência ou 6,59% mais leves.
Então, comparando-se, por exemplo, o consumo do grupo de aves alimentadas com o
maior vel de inclusão do gérmen de milho integral com o consumo do grupo referência,
7,61% maior, a diferença percentual do ganho de peso entre os referidos grupos não foi
suficiente para alterar a conversão alimentar.
Tem sido sugerido que, quando lipídeos são incluídos em dietas para animais em
crescimento, a eficiência da utilização da energia consumida aumenta comparado com
animais alimentados com carboidratos (Turner et al, 1999b). Este fenômeno é algumas vezes
associado à dinâmica de ação dos lipídeos. O aumento da eficiência pode ser atribuído ao
reduzido incremento calórico das dietas contendo lipídeos (Vermeersch & Vanschoubroek,
1968; Jensen et al, 1970).
Somado a isso, não deixa de ser curioso que o custo energético para deposição de
proteína é muito maior em relação ao do lipídeo, e dessa maneira, a composição da carcaça da
ave em crescimento pode ser consideravelmente influenciada pela eficiência da utilização da
energia (Lesson & Summers, 2001).
Não houve efeito dos tratamentos sobre os pesos da coxa, sobrecoxa, peito, gordura
abdominal, coração e gado. Entretanto, o peso da moela apresentou comportamento linear
crescente, expresso pelo modelo (y= 1,62 + 0,02x, r
2
= 0, 58).
A ausência de efeitos dos tratamentos no rendimento das partes nobres indica um
satisfatório equilíbrio no consumo de aminoácidos, proporcionalmente ao consumo e
conseqüente síntese protéica, refletido principalmente na deposição de carne do peito, que
representa metade da proteína comestível do frango (Barboza et al, 2000; Amarante Júnior et
al, 2005; Garcia et al, 2006).
43
BARBOSA LIMA, R. Avaliação nutricional de derivados da moagem úmida do milho para frangos...
Tabela 4. Rendimento de carcaça e cortes nobres, vísceras comestíveis e porcentagem de
gordura abdominal
GMI (%)
Carcaça
Coxa
Sobrecoxa
Peito
Gordura
Coração
Moela
Fígado
Peso absoluto (g)
0
726,8
99,6
99,6
221,6
13,6
6,4
15,6
22,2
4
700
91,8
91,8
204,2
14,4
5,8
16,6
24
8
679
94,4
94,4
195,8
14
6,2
17,4
23
12
707,2
87,6
87,6
215,8
11,4
6,2
15,8
24,4
16
668,8
86,6
86,6
196
10
5,8
18,4
24,2
Média
696,36
92
104,36
206,68
12,68
6,08
16,76
23,56
CV
4,57
5,75
5,50
7,80
22,3
4,41
10,23
3,95
Peso relativo (%)
0
73,82
13,71
15,03
30,50
1,38
0,65
1,58
2,25
4
74,32
13,11
14,80
29,16
1,53
0,61
1,76
2,55
8
72,99
13,94
15,32
28,82
1,50
0,66
1,87
2,47
12
75,83
12,38
15,46
30,53
1,22
0,66
1,69
2,62
16
73,88
12,96
14,29
29,29
1,10
0,64
2,03
2,67
Média
74,17
13,22
14,98
29,66
1,35
0,647
1,78
2,51
Regressão
ns
ns
ns
ns
ns
ns
L
ns
P
0,18
0,26
0,22
0,31
0,07
0,41
0,02
0,08
CV
2.41
8.86
5.51
5.34
19.28
6.87
8.88
9.56
1 L
* Efeito linear a 5% de probabilidade (y=1,62 + 0,02x, r²=0,58)
2 3
ns = não significativo
A equação (y= a + bx) cuja variável resposta é o ganho de peso em função da idade, não
diferiu estatisticamente até o 11º dia (b
1
=b
2
=b
3
=b
4
=b
5
) para o coeficiente linear (b) que
determina a magnitude do efeito dos tratamentos (Figura 1).
0
200
400
600
800
1000
1200
0 5 10 15 20 25
Idade (dias)
Ganho de peso (g)
T1
T2
T3
T4
T5
Figura 2. Ganho de peso corporal versus idade
44
BARBOSA LIMA, R. Avaliação nutricional de derivados da moagem úmida do milho para frangos...
Os pintos de corte que foram alimentados com menor proporção de carboidratos,
comparado ao grupo referência, foram capazes de utilizar satisfatoriamente rações de menores
densidades energéticas com maiores níveis de gordura até 12,46%, mais que o dobro do nível
recomendado (Rostagno et al, 2005) e não apresentar efeito significativo (Tabela 4) para
percentagem de gordura abdominal (efeito linear decrescente, p<0,07). A adição de óleo e
gorduras em rações que mantêm altas relações amido:gordura provavelmente são a causa da
maior deposição de gordura na carcaça, uma vez que a utilização metabólica de triglicerídeos
acontece pela diminuição no aporte de carboidratos dietéticos,que habitualmente não acontece
na criação de frangos de corte industrial.
Porém, desde os primeiros estudos sobre a digestibilidade de lipídeos em aves, tem sido
pesquisada a associação de óleos e gorduras em dietas para frangos (Young et al,1963;
Whitehead & Fisher 1975; Salmon, 1977). Am disso, para avicultura seria muito mais
econômico alimentar os frangos com gordura animal. Considerando-se apenas a liberação de
energia metabólica, os melhores resultados deveriam ser esperados usando gorduras ricas em
ácido palmítico e esteárico, abundantes na gordura animal são praticamente inutilizados por
pintos (Renner & Hill, 1961). Posteriormente, estes dados foram confirmados uma vez que
promoveram os piores (37%) resultados na digestibilidade de gorduras dietéticas para
pintainhos (Turner et al, 1999 a,b). Os estudos feitos por Young et al (1963) não apresentaram
resultados conclusivos de como o efeito da incorporação de ácidos graxos insaturados
aumentava a digestibilidade da gordura dietética. Atualmente, sabe-se que parte deste
interesse explica-se pelo fato da capacidade que os ácidos graxos insaturados têm de
incorporar os ácidos graxos saturados às micelas (Stryer et al, 2004) potencializando a
absorção.
De maneira geral, os valores energéticos das gorduras e óleos dependem das suas
respectivas digestibilidades, uma vez que os ácidos graxos não podem ser excretados na urina
(Leeson & Summers, 2001, Stryer et al, 2004). Neste sentido os ácidos graxos contidos no
gérmen de milho integral apresentam alta digestibilidade.
Portando, de maneira geral, apesar das diferenças no desempenho das aves
provavelmente em função da ingestão de ração respectiva ao tratamento, as diferenças
fisiológicas existentes na utilização de ingredientes lipídicos entre frangos jovens e adultos e
seus efeitos no rendimento de carcaça, não foram verificadas entre animais da mesma idade,
ressaltando-se a importância de que as dietas sejam formuladas de acordo com os valores
energéticos dos ingredientes dentro de cada fase produtiva. Tais investigações seguem uma
45
BARBOSA LIMA, R. Avaliação nutricional de derivados da moagem úmida do milho para frangos...
tendência mundial e podem ser um pré-requisito para melhor definir as condições de uso de
ingredientes alternativos na alimentação de não-ruminantes.
Conclusão
A utilização de até 16% de gérmen de milho integral em ração inicial para pintos de
corte produziu efeitos satisfatórios, considerando-se os resultados de ganho de peso,
conversão alimentar e gordura abdominal e que aparentemente a capacidade das aves jovens
em utilizar lipídeos está estreitamente relacionada à quantidade de alimento ingerido e à
idade.
46
BARBOSA LIMA, R. Avaliação nutricional de derivados da moagem úmida do milho para frangos...
Literatura citada
AMARANTE JÚNIOR, V.S; COSTA, F.G.P.; BARROS, L. R.; NASCIMENTO, G.A.J.;
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47
BARBOSA LIMA, R. Avaliação nutricional de derivados da moagem úmida do milho para frangos...
TURNER, KA, APPLEGATE, TJ, LILBURN, MS Effects of feeding high carbohydrate or high
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48
BARBOSA LIMA, R. Avaliação nutricional de derivados da moagem úmida do milho para frangos...
CAPÍTULO IV
Avaliação do gérmen de milho com alto teor de óleo como um
ingrediente alimentar para frangos de corte
49
BARBOSA LIMA, R. Avaliação nutricional de derivados da moagem úmida do milho para frangos...
Avaliação do gérmen de milho com alto teor de óleo como um ingrediente alimentar
para frangos de corte
RESUMO
Foram avaliados os efeitos do uso do gérmen integral de milho sobre o desempenho
zootécnico de frangos de corte e viabilidade econômica. Trezentos frangos com peso inicial de
1,033 ± 0,0943 kg foram instalados em boxes e submetidos aos tratamentos até o peso final de
2,754 9 ± 0,090 kg durante 19 dias. O delineamento experimental aplicado foi o inteiramente
casualizado e constituiu níveis de 0, 5, 10, 15 e 20% de inclusão de gérmen de milho integral
nas dietas a base de milho e farelo de soja; cada tratamento teve cinco repetições de 12 aves
cada. Não foram observados efeitos sobre os ganhos de peso, custo da alimentação e
rentabilidade, mas houve efeito quadrático para a conversão alimentar (y = 1,72 0,019x +
0,001x²; r²= 0,64), constatando-se que o nível de 9,5% de GIM proporcionou a melhor
conversão alimentar (1,63). As médias gerais para ganho de peso médio (GP) e conversão
alimentar (CA) foram, respectivamente, 1721,91 e 1,70. Apesar do efeito quadrático sobre CA
não foi constatado efeito sobre a margem bruta para nenhum dos tratamentos. A utilização de
até 20% de gérmen de milho integral em dietas de desempenho superior para frangos corte é
tecnicamente viável.
Palavras-chave: carcaça, desempenho, lipídeos, viabilidade econômica
Evaluation of corn germ with high oil level as an alimentary ingredient for broilers
chickens
ABSTRACT
The effects of whole corn germ inclusion on broiler chickens performance and economic
viability were evaluated. Three hundred broiler chickens with initial weight of 1.033 ± 0.0943
kg were housed in boxes and submitted to treatments until final weight of 2.754 ± 0.090 kg
during 19 days. Experimental design was completely randomized and constituted of whole
corn germ (WCG) inclusion levels of 0, 5, 10, 15 and 20% to the corn-soybean meal-based
diets and each treatment had five replicates of 12 birds each. Effects on weight gain, feeding
costs and profitability were not observed, but there was a quadratic effect for feed conversion
50
BARBOSA LIMA, R. Avaliação nutricional de derivados da moagem úmida do milho para frangos...
(y = 1.72 0.019x + 0.001x²; r²= 0.64), certifying that WCG inclusion level of 9.5% provided
the best feed conversion (1.63). Weight gain (WG) and feed conversion (FC) means were,
respectively, 1721.91 and 1.70. Despite of the quadratic effect on FC, no effect on gross
margin was observed for neither treatment. Utilization of whole corn germ up to 20% in diets
of super5t(upe)-52(fmfe)19(a)-5cfeefobrorgier1cicgztseczazlyreausie.
BARBOSA LIMA, R. Avaliação nutricional de derivados da moagem úmida do milho para frangos...
Material e métodos
O experimento foi realizado no Setor de Avicultura do Departamento de Zootecnia da
Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) no período de 23 de agosto de 2007 a
14 de outubro de 2007.
Foram utilizados 300 pintos machos da linhagem Cobb. Os pintos de um dia foram
alojados em galpão experimental, dividido em 25 boxes com 2,28m² cada. As temperaturas
médias máximas e mínimas foram, respectivamente, de 31 e 24ºC. As aves foram vacinadas
contra as doenças de Gumboro e Newcastle aos 12 dias de idade e receberam ração à base de
milho e farelo de soja e água à vontade até o início do período experimental.
Aos 22 dias, as aves foram pesadas individualmente e distribuídas homogeneamente
entre as parcelas experimentais com peso médio inicial de 1,033 ± 0,0943 kg.. O delineamento
experimental foi inteiramente casualizado, com cinco tratamentos e cinco repetições de 12
aves. Os tratamentos consistiram em cinco níveis de inclusão do gérmen de milho integral (0,
5, 10, 15 e 20%), contendo 59,82% de extrato etéreo.
As rações-teste (Tabela 1) utilizadas foram formuladas de acordo com os valores
energéticos obtidos em experimento de metabolizabilidade (Tabela 2), considerando-se as
exigências nutricionais propostas por Rostagno et al (2005). Semanalmente, as aves e a ração
foram pesadas, para determinação do ganho de peso (g), consumo de ração (g) e conversão
alimentar.
Aos 41 dias de idade foram selecionados dois frangos de cada parcela experimental,
considerando-se o peso médio da parcela. Após período de jejum de 6 horas, as aves foram
atordoadas e submetidas à sangria. Posteriormente, escaldadas, depenadas e evisceradas.
As carcaças foram pesadas sem s, cabeça, pescoço, e tiveram retiradas a gordura
aderida à cavidade abdominal e a moela. O rendimento de carcaça (%) foi obtido pela relação
entre o peso da carcaça e o peso corporal em jejum. O rendimento de peito, coxa, sobrecoxa,
asa e dorso (%) foram calculados pela relação entre o peso dessas partes e o da carcaça, A
proporção de gado, moela, coração (%) foi obtida pela relação entre o peso dos órgãos e o
peso corporal em jejum. A porcentagem de gordura abdominal foi estimada pela relação entre
a gordura aderida à moela mais a gordura abdominal e o peso em jejum.
52
BARBOSA LIMA, R. Avaliação nutricional de derivados da moagem úmida do milho para frangos...
Tabela 1. Composição química e percentual das dietas experimentais
Tratamentos
Ingredientes
T1
T2
T3
T4
T5
Milho Grão
60,310
57,052
53,816
50,579
47,342
Farelo de soja 45%
31,082
30,547
30,008
29,469
28,930
Gérmen milho
0,000
5,000
10,00
15,000
20,000
Óleo de soja
5,066
3,872
2,672
1,528
0,270
Fosfato bicálcico
1,642
1,604
1,566
1,471
1,490
Calcário
0,828
0,853
0,878
0,902
0,927
Sal comum
0,470
0,469
0,468
0,467
0,467
DL-metionina
0,197
0,195
0,192
0,190
0,188
L-lisina HCl
0,134
0,127
0,120
0,113
0,106
Premix vitamínico ¹
BARBOSA LIMA, R. Avaliação nutricional de derivados da moagem úmida do milho para frangos...
Tabela 2. Valores médios para matéria seca (MS), umidade (UMI), proteína bruta (PB), fibra
em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), extrato etéreo (EE), matéria
mineral (MM) e fibra bruta (FB), energia bruta (EB), energia metabolizável aparente (EMA) e
aparente corrigida (EMAn) do gérmen integral de milho na matéria natural.
GIM
MS
UMI
PB
FDN
FDA
FB
MM
EE
EB
EMA¹
EMAn²
(%)
kcal/g
Médias
94,42
5,58
10,99
26,53
6,22
5,35
5,00
59,82
7,038
4644,12
4550,6
1 Y=3903+ 23,16X X=32, idade média da ave em dias
2 Y= 3789 + 23,8X X= 32, idade média da ave em dias
Para o estudo de viabilidade econômica da utilização do gérmen de milho integral,
calculou-se a margem bruta (MB), em R$/kg, considerando-se: MB = (kg frango produzido x
preço de venda do frango) (preço da ração x ração consumida), envolvendo várias relações
de preço entre o milho, farelo de soja, óleo de soja e gérmen de milho integral para os níveis
de substituição pesquisados. Para os cálculos dos custos deste estudo, foram considerados
valores atuais (Dez/2007), praticados no Estado do Pernambuco (Tabela 3).
Tabela 3. Preços dos insumos e rações experimentais
Ingredientes
R$/kg
Milho
0,658
Farelo de Soja
1,07
Gérmen de milho
0,9
Óleo de Soja
2,12
Fosfato Bicálcico
1,80
Calcário calcítico
0,10
Sal Comum
0,20
DL-Metionina 99
6,80
Supl. Vitamínico
7,00
Supl. Mineral
3,55
Coccidiostático
2,00
Lisina
6,50
Bacitracina de zinco
38,00
Cloreto de colina 60%
6,00
Custo das rações experimentais
R$/ton
T1
916,32
T2
907,55
T3
898,70
T4
890,06
T5
880,42
As análises estatísticas foram realizadas utilizando-se o programa computacional
SISVAR , desenvolvido pela Universidade Federal de Lavras, através da análise de variância
54
BARBOSA LIMA, R. Avaliação nutricional de derivados da moagem úmida do milho para frangos...
e análise de regressão para os veis de substituição testados. O teste de Tukey foi utilizado
para a comparação de médias na análise da viabilidade econômica.
Resultados e discussão
A ingestão de ração não sofreu efeito da inclusão do gérmen de milho, mesmo que os
teores de lipídeos tenham sido crescentes à medida que as aves foram alimentadas com
maiores níveis de gérmen. Verificou-se efeito quadrático na conversão alimentar conforme a
equação y=1,72 0,019x + 0,001x², r²=0,64, evidenciando que a inclusão do gérmen leva a
melhora significativa da conversão alimentar estimando-se que a inclusão de 9.5% de gérmen
na ração proporcionou o melhor resultado (1,63) para frangos de corte criados no período de
22 a 41 dias de idade.
Tabela 4. Médias da ingestão de ração (IR), de energia (IEM), proteína bruta (IPB) e gordura
(IG), peso final (PF), ganho de peso (GP), conversão alimentar (CA) e eficiência protéica
(EP) de frangos de corte alimentados com níveis de gérmen de milho integral, de 22 a 41 dias
GIM (%)
IR (g)
IEM
(kcal)
IPB
(g/ave)
IG (g)
PF (g)
GP (g)
CA
EP
0
3028
9688,80
584,35
228,94
2813
1783,72
1,69
3,05
5
2983
9546,20
575,75
270,63
2762,60
1747,01
1,72
3,01
10
2724,75
9164,80
567,50
311,16
2803,50
1718,25
1,58
3,12
15
2881,20
9219,20
556,02
348,38
2735,20
1702,00
1,69
3,06
20
2990,25
10006,40
577,08
376,83
2694,75
1660,88
1,80
2,89
Média
2927
9525,08
572,13
303,98
2762,91
1721,91
1,70
3,03
Regressão
ns
ns
ns
²L**
ns
ns
1
Q
ns
CV
6,88
9,18
7,96
8,77
3,91
5,72
5,12
5,34
1
Q y=1,72 0,019x + 0,001x² (r²=0,6448)
²L y = 232,48+7,47x (r²=0,9951)
As equações propostas para estimar os valores energéticos dos alimentos para nutrição
de não-ruminantes apresentam maiores coeficientes para a porção lipídica quando comparado
aos carboidratos e considerando-se o catabolismo protéico. Diante disso, esperava-se um
desempenho diferenciado entre os grupos uma vez que os modelos não consideram limites de
inclusão de lipídeos que teoricamente seriam substancialmente melhores.
55
BARBOSA LIMA, R. Avaliação nutricional de derivados da moagem úmida do milho para frangos...
Tabela 5. Médias do rendimento de carcaça e cortes nobres, vísceras comestíveis e porcentagem de
gordura abdominal
GMI (%)
Carcaça
Coxa
Sobrecoxa
Peito
Gordura
Coração
Fígado
BARBOSA LIMA, R. Avaliação nutricional de derivados da moagem úmida do milho para frangos...
A relação de preços entre o milho, farelo de soja, óleo de soja e gérmen de milho
integral para os níveis de substituição pesquisados foi próxima a 1 (um), portanto o custo da
ração (R$/kg) não diferiu entre os tratamentos, uma vez que o gérmen de milho tem agregado
ao seu o valor, o conteúdo em óleo de milho utilizado para o consumo humano.
Sendo assim, o uso de gérmen de milho integral apresentou viabilidade econômica em
todos os dos veis de inclusão. Resta saber qual seria a alternativa mais interessante na
formulação de uma ração comercial. Porém, não restam dúvidas que o aumento da relação
amido:gordura mediante a incorporação de ingredientes lipídicos em dietas de verão, vem
sendo considerado na criação de frangos de corte. Além disso, pode-se considerar o reflexo do
óleo de milho contido na composição da gordura corporal das aves, uma vez que para não
ruminantes esta composição está em função do material dietético. Neste sentido, diversos
trabalhos têm sido realizados o apenas para a composição da carne de frangos alimentados
com óleos vegetais, mas na alimentação de poedeiras e conseqüente produção e qualidade de
ovos, o que justificaria o custo de produção para obter-se um alimento diferenciado.
Conclusão
O nível de 9,5% de gérmen integral de milho na ração levou a melhoras expressivas na
conversão alimentar.
A viabilidade econômica da utilização do gérmen de milho em dietas para frangos de
corte envolve várias relações de preço entre o milho, farelo de soja, óleo de soja e gérmen de
milho integral para os níveis de substituição pesquisados, podendo ser utilizado até 20%.
57
BARBOSA LIMA, R. Avaliação nutricional de derivados da moagem úmida do milho para frangos...
Literatura citada
BALAKRISHNAN, V. Developments in the Indian feed and poultry industry and formulation of
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SCHREINER, M. et al. Feeding laying hens seal blubber oil: effects on egg yolk incorporation,
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462-473, 2004.
58
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