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CLÊIDIDA BARROS DE CARVALHO
Avaliação Nutricional do Farelo de Algodão para Frangos de Corte
UFRPE – RECIFE
FEVEREIRO – 2008
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CARVALHO, C. B. Avaliação nutricional do farelo de algodão...
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CLÊIDIDA BARROS DE CARVALHO
Avaliação Nutricional do Farelo de Algodão para Frangos de Corte
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Zootecnia da Universidade
Federal Rural de Pernambuco, como parte dos
requisitos para obtenção do grau de Mestre em
Zootecnia.
UFRPE – RECIFE
FEVEREIRO – 2008
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CARVALHO, C. B. Avaliação nutricional do farelo de algodão...
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CLÊIDIDA BARROS DE CARVALHO
Avaliação Nutricional do Farelo de Algodão para Frangos de Corte
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Zootecnia da Universidade
Federal Rural de Pernambuco, como parte dos
requisitos para obtenção do grau de Mestre em
Zootecnia.
Orientador: Prof. Wilson M. Dutra Jr., D. Sc.
UFRPE – RECIFE
FEVEREIRO – 2008
CARVALHO, C. B. Avaliação nutricional do farelo de algodão...
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FICHA CATALOGRÁFICA
CDD 636. 508 52
1. Farelo de algodão
2. Avaliação nutricional
3. Frango de corte
4. Desempenho
I. Dutra Júnior, Wilson Moreira
II. Título
C331a Carvalho, Clêidida Barros de
Avaliação nutricional do farelo de algodão para frangos de
cortes / Clêidida Barros de Carvalho. -- 2008.
47 f. : il.
Orientador : Wilson Moreira Dutra Júnior
Dissertação (Mestrado em Zootecnia) – Universidade Federal
Rural de Pernambuco. Departamento de Zootecnia.
Inclui bibliografia.
CARVALHO, C. B. Avaliação nutricional do farelo de algodão...
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Avaliação Nutricional do Farelo de Algodão para Frangos de Corte
CLÊIDIDA BARROS DE CARVALHO
Dissertação defendida e avaliada pela banca examinadora em 26/02/2008
Orientador: _____________________________________________________________
Prof. Wilson Moreira Dutra Júnior, D.Sc. – UFRPE
Examinadores: __________________________________________________________
Prof. Carlos Bôa-Viagem Rabello, D.Sc – UFRPE
__________________________________________________________
Profª Maria do Carmo Mohaupt Marques Ludke, D.Sc. – UFRPE
__________________________________________________________
Jorge Vitor Lüdke, D.Sc – EMBRAPA Suínos e Aves
UFRPE – RECIFE
FEVEREIRO – 2008
CARVALHO, C. B. Avaliação nutricional do farelo de algodão...
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Biografia
Clêidida Barros de Carvalho, filha de Celson Moura de Carvalho e Rosália
Barros de Carvalho, nasceu no dia 02 de junho de 1972, em Nanuque - MG. Em maio
de 2001, concluiu o curso de Bacharelado em Zootecnia, pela Universidade Estadual do
Sudoeste da Bahia UESB e, em 05 de março de 2004, concluiu o curso de
Especialização em Forragicultura e Pastagens, pela mesma Instituição. Por dois anos foi
professora de Avicultura, Cunicultura e Suinocultura na Escola Agrotécnica Federal de
Senhor do Bonfim BA. Em 2006, iniciou o curso de Mestrado em Zootecnia, na
Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE, sob a orientação do Professor
Wilson Moreira Dutra Júnior. Atualmente, é professora de Avicultura na Escola
Agrotécnica Federal de Santa Inês – BA.
CARVALHO, C. B. Avaliação nutricional do farelo de algodão...
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Aos meus pais,
Sr. Celson e D. Rosa.
O resultado de todo incentivo,
investimento
e orações.
DEDICO
CARVALHO, C. B. Avaliação nutricional do farelo de algodão...
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AGRADECIMENTOS
A Deus, por ter me dado a graça de alcançar meus sonhos com respeito,
humildade e dignidade.
Aos meus pais que me ensinaram que o bem e a perseverança são nossos
melhores companheiros. As minhas irmãs (Rose, Cândida e Rita) pela torcida e
incentivo. A Helena nossa maior vitória em 2007. E a Tia Nete por tudo que passamos
juntas.
A Delkinha que me incentivou no inicio dessa caminhada. A Dani
(companheirona) e Taty (companheiríssima) que me acolheram em suas casas e, com
satisfação me ensinaram como as coisas funcionam no Mestrado na Rural e com boa
vontade me explicavam como pegar ônibus na “Capitá”.
A Rodrigo, Fátima e Waleska, meus primeiros grandes amigos em Recife.
A Stélio, que além de colega e representante, também foi orientador e revisor.
Obrigada por tanta paciência e boa vontade.
A Ronaldo que desde a graduação acreditou, e despertou em mim o carinho pelo
estudo em Avicultura.
CARVALHO, C. B. Avaliação nutricional do farelo de algodão...
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A Guilherme (meu fiel estagiário), Tayara, Heric, Seu Bio, Ivânia, Thiago,
Marco e Germano que muito me ajudaram no desenvolvimento dos experimentos.
Aos colegas da EAFSI (Escola Agrotécnica Federal de Santa Inês) pela torcida e
por me substituir nas aulas que precisei faltar. Em especial a Arlene e Alcyone (meus
chefes) que me liberaram, e se mostraram bastante compreensivos e maleáveis. E aos
alunos da 2ª série e PROEJA 2007 por compreender e torcer pela professora estudante.
Aos professores Wilson e Carlos por me aceitarem como orientada e co-
orientada e doar seus conhecimentos. A Cristina, Edney, Vitória e Fernando (meus
irmãozinhos).
A Bergue, Fabiana, Chiara e Wellington que me acolheram com carinho e me
acompanharam nas horas de descontração.
À Empresa Bunge Alimentos pelo apoio na pesquisa através da pessoa do Sr.
Júnio Barroso e Silvio Souza, pelo fornecimento das matérias primas para as rações
utilizadas no desenvolvimento da pesquisa e pelo financiamento das análises de
aminoácidos.
Aos funcionários do Departamento de Zootecnia (Sr. Nicássio, Raquel, Cristina,
Sr. Dedinho, Lebre, Roberto, Fátima) que com carinho me deixaram mais à vontade em
“terra estranha”.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Tecnológico (CNPq), pela bolsa de
estudos.
Enfim, a todos que participaram e torceram por mim.
Deus abençoe a todos e lhes cubram de graças.
CARVALHO, C. B. Avaliação nutricional do farelo de algodão...
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“O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que
acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas
incomparáveis.”
Fernando Pessoa
CARVALHO, C. B. Avaliação nutricional do farelo de algodão...
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SUMÁRIO
RESUMO .................................................................................................................. 11
INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 12
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 19
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DO FARELO DE ALGODÃO PARA
FRANGOS DE CORTE...........................................................................................
22
1. Resumo .......................................................................................................... 22
2. Abstract ........................................................................................................ 23
3. Introdução .................................................................................................... 24
4. Material e Métodos ...................................................................................... 25
5. Resultados e Discussão ................................................................................ 34
6. Conclusões .................................................................................................... 44
7. Referências Bibliográficas ........................................................................... 45
CARVALHO, C. B. Avaliação nutricional do farelo de algodão...
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RESUMO
Realizou-se dois experimentos, sendo o primeiro com uma duração 10 dias
destinados ao ensaio de digestibilidade e o segundo com duração de 42 dias destinados
ao ensaio de desempenho. Ambos foram conduzidos no Departamento de Zootecnia da
Universidade Federal Rural de Pernambuco, com o objetivo de avaliar a composição
energética e a utilização do farelo de algodão na alimentação de frangos de corte. Foram
realizadas análises para a determinação da composição química e posteriormente um
ensaio de digestibilidade para a determinação da energia metabolizável aparente e
aparente corrigida para nitrogênio. A partir desses dados foi montado um ensaio para
medir o desempenho de frangos de corte através de análises de ganho de peso, consumo
de ração, conversão alimentar e rendimento de carcaça. Foi utilizado o delineamento
experimental inteiramente casualizado nos dois ensaios. O valor de energia
metabolizável aparente corrigida para nitrogênio determinado foi 1.188 kcal/kg, e não
se observou diferenças significativas nas análises de desempenho e rendimento de
carcaça dos frangos aos 42 dias de idade.
INTRODUÇÃO
CARVALHO, C. B. Avaliação nutricional do farelo de algodão...
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O crescimento populacional em nosso País, como no resto do mundo é cada vez
maior. O número de pessoas em todo Brasil dividindo os mesmos espaços e utilizando
os mesmos recursos para sobreviver, vem crescendo a passos largos. Prova disso é que
dia após dia, torna-se maior a demanda de alimentos como carne, ovos, peixes, dentre
outros. Para atender essa população e suprir suas necessidades básicas, é necessária
atuação dedicada e eficaz na produção de alimentos com qualidade e menor custo.
Atrelado a isso, como conseqüência o crescimento da tecnologia na produção animal
vem ocorrendo rapidamente, acarretando em uma disputa entre a espécie humana e
demais espécies animais na utilização dos alimentos, principalmente na utilização de
grãos.
No entanto, os animais possuem a extraordinária capacidade de transformar
alimentos não convencionais para a espécie humana (forragens, bagaços, resíduos, etc)
em alimentos nobres (carne, ovos, leite, etc) para o consumo humano possibilitando
assim uma alimentação saudável. Além disso, alguns desses alimentos alternativos tais
como bagaços, resíduos e subprodutos podem ser poluidores do meio ambiente.
Em seu relatório anual, a UBA (União Brasileira de Avicultura) (UBA, 2007), traz
o Brasil como o maior exportador mundial de carne de frango, com cerca de 3 milhões
de toneladas de aves comercializadas. A avicultura brasileira representa 55% da
produção da América Latina. O país produz anualmente mais de 9,33 milhões de
toneladas de carne de frango, 353 mil toneladas de carne de peru e 26,5 bilhões de ovos.
A atividade gera mais de 4 milhões de empregos diretos e indiretos no Brasil. Os
produtos brasileiros chegam a mais de 140 países e a receita das vendas externas de
produtos avícolas supera US$ 3,5 bilhões. Os produtores latino-americanos concentram
25% da produção e quase 50% das exportações mundiais de carne de frango. No
CARVALHO, C. B. Avaliação nutricional do farelo de algodão...
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continente americano pelas suas condições de clima, qualidade, sanidade e abundante
oferta de grãos, cresce a cada ano a importância da produção de aves.
De acordo com Barbosa e Gattás (2004), no Brasil, a formulação de rações para
aves e suínos tem como alimentos tradicionalmente utilizados; o milho e o farelo de
soja. Estes dois alimentos chegam a representar 90% do total de ingredientes das rações,
constituindo grande parte dos custos relativos à alimentação e, conseqüentemente, dos
custos de produção. Tais alimentos estão sujeitos a intensas oscilações de preços.
Assim, a busca por alimentos não convencionais é de fundamental importância.
A cultura do algodão tem grande destaque mundial por fornecer matéria prima aos
setores de grande necessidade para a população e importância econômica, como
vestuário, produtos farmacêuticos e hospitalares. O produto principal da cotonicultura é
a fibra de algodão, e do algodoeiro se aproveita tudo. A semente tem grande
importância na fabricação do óleo de algodão bem como o fornecimento
in natura ou
extrusado na alimentação animal. A cada 100 kg de algodão em pluma resulta em
produção de 26,23 kg de farelo (Lopes, 2003).
O farelo de algodão (FA) é o produto obtido do caroço descorticado após a
extração do óleo por solvente e/ou moagem fina (Butolo, 2002). No comércio
encontramos farelos desde 28 a 43% de proteína bruta, cujo teor é definido de acordo
com a quantidade de cascas. Os primeiros contém toda a casca das sementes, e os
últimos são de sementes descascadas (Torres, 1979). Pode ser usado como volumoso ou
concentrado protéico dependendo do processamento a que é submetido. O farelo ou a
torta é o produto resultante da semente, após a extração de óleo, via extração ou
prensagem. No Brasil, atualmente, estima-se um potencial de produção de 800 mil
toneladas de FA ao ano, porém a cadeia produtiva do algodão está se reestruturando no
país com aumento na produção e conseqüente aumento na disponibilidade de farelo
CARVALHO, C. B. Avaliação nutricional do farelo de algodão...
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(Santos et al, 2005). Depois de sofrer o deslintamento, o caroço de algodão é quebrado,
para após passar pelo condicionador, ser extrusado. Daí então será prensado para
separar a borra do farelo, que depois de resfriado será comercializado a granel ou em
sacos. A figura 1 demonstra as fases do processamento do algodão e a produção do
farelo utilizado neste trabalho.
Figura 1. Fluxograma do processamento do algodão.
Fonte: Bunge Alimentos
Cardoso (1998) afirma que a forma de processamento aplicada determina diversos
tipos de farelo no mercado, diferenciando-se entre si em função do teor de proteína, óleo
residual e de fibra bruta.
O farelo de algodão apresenta coloração que varia de amarelo claro dourado
(extração por solvente) a marrom escuro (extração mecânica) sendo dependente da
temperatura e do tempo de processamento. O farelo extraído com solvente contém
menos óleo e apresenta-se mais seco do que o extraído por processo mecânico. No
Recebimento
Preparação
Extração
Farelo
Descortização
(futuro)
.
BALANÇA
FATUR..
T
OMBADOR
ARMAZÉM
PRÉ
-
LIMPEZA
DESLINTA
MENTO
BAT. DE
LINTER
PREN. DE
FARDOS
M
EXPEDIÇÃO
RESÍDUO
CALDEIRA
CALDEIRA
QUEBRADOR
TANCAGEM
PRENSA
EXTRUSORA
CONDICIO
NADOR
SEPARAR.
BORRA
REFINARIA
MOINHO
RESFRIAR.
FARELO
EXPEDIÇÃO
GRANEL
ENSACARIA
DESCOR
TIZAÇÃO
POLPA
R
ESÍDUO
CALDEIR
CALDEIRA
CAROÇO
CARVALHO, C. B. Avaliação nutricional do farelo de algodão...
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farelo podemos encontrar grânulos com pigmentos de cor característica e fragmentos da
semente. As partículas do farelo aparecem como massas globulosas amarelas
esverdeadas, de células distorcidas contendo alguns glóbulos de óleo. (Butolo, 2002)
De acordo com Vieira e Stipanovic (1999), a planta do algodoeiro (
Gossipium
hirsutum L.) é normalmente caracterizada pela presença de glândulas pigmentadas nas
camadas sub epidermiais na maioria dos seus órgãos. Um dos elementos constituintes
destas glândulas é uma substância amarelada do grupo dos fenóis conhecida como
gossipol, a qual é capaz de induzir várias reações biológicas entre as quais a toxidade
em diversos tipos de insetos e animais monogástricos.
O gossipol é um pigmento polifenólico amarelo (C
30
H
28
C
8
), produzido nas
glândulas pigmentares do algodoeiro. Todo gossipol presente na semente encontra-se
livre. Durante o processamento grande parte desse composto se liga às proteínas,
reduzindo consideravelmente sua qualidade. A lisina parece ser o principal aminoácido
que se liga ao gossipol livre tornando-a indisponível (NUTRITIME s/d). Para
Stipanovic (1988), o gossipol confinado em glândulas especiais (glândulas de gossipol)
perfaz 20,6 a 30% do peso dessas glândulas. Este composto possui vários subtipos,
todos com propriedades semelhantes. As mudanças em sua conformação estão
relacionadas ao local em que as glândulas que o produzem estão alojadas: planta, folhas,
flor ou semente.
O caroço de algodão tem o teor de gossipol maior que outros produtos do
algodão, sendo o mais importante quando se trata da toxidade deste composto. O
gossipol formado no caroço de algodão na sua forma livre é tóxico para monogástricos.
Reduz a capacidade carreadora de oxigênio no sangue e resulta em respiração curta e
edema de pulmões (Lopes, 2003).
CARVALHO, C. B. Avaliação nutricional do farelo de algodão...
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O elevado teor de fibra e a presença de gossipol são os fatores limitantes quanto à
utilização desse ingrediente nas rações de monogástricos. Na maioria dos farelos, o
conteúdo de gossipol total está em torno de 1%, entretanto desse total, somente 0,1%
está na forma de gossipol livre, que se liga quimicamente ao ferro da dieta, tornando-o
indisponível e causando problemas relacionados ao aparecimento de deficiências de
ferro (anemias). O restante do gossipol total é praticamente inerte, porém, sob condições
de excessivo aquecimento durante o processamento o gossipol liga-se com a lisina,
tornando-a indisponível através da reação de Maillard reduzindo portanto, o s
CARVALHO, C. B. Avaliação nutricional do farelo de algodão...
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A correção pelo balanço de nitrogênio (N) tem por objetivo padronizar e reduzir
a variação nos valores de EMA dos alimentos medidos em diferentes condições que
podem resultar em maior ou menor ganho de peso ou em perda de peso pelos animais
(Sakomura e Rostagno, 2007)
O farelo de algodão estudado por Castro (1998) apresentou valores de Matéria
Seca Aparente Metabolizável (MSAM), Energia Metabolizável Aparente (EMA),
Energia Metabolizável Aparente corrigida para o balanço de nitrogênio (EMAn),
Energia Metabolizável Verdadeira (EMV) e Energia Metabolizável Aparente corrigida
para o balanço de nitrogênio (EMVn), respectivamente, foram de 49,60; 1659; 1503;
1750; e 1749 kcal/kg.
Santos et al. (2005) determinaram a energia metabolizável aparente e energia
metabolizável aparente corrigidas para nitrogênio do farelo de algodão originado de
dois diferentes processamentos (via extrusão e via extração com solvente), encontrou
valores de 2.977 e 2.944 kcal/kg para a EMA, respectivamente no farelo de algodão
extrusado e não extrusado; e, 3.131 e 3.095 kcal/kg para a EMAn, nessa mesma ordem.
Henry et al. (2001) realizaram experimentos alimentando frangos com dietas
contendo farelo de algodão extrusado com ou sem a suplementação com lisina sintética
e concluíram que apesar da extrusão ser uma forma viável da diminuição do gossipol
livre, este processamento não é necessário para a utilização do farelo de algodão em
dietas para frangos de corte, pois o nível total do gossipol não é alterado, e
consideraram que com adequada suplementação de lisina, o farelo de algodão pode ser
utilizado em níveis de até 20% nas dietas de frangos de corte sem redução no
desempenho.
Objetivando comparar informações sobre as variações ocorridas nos ensaios de
desempenho realizados com animais monogástricos, Sakomura e Rostagno (2007)
CARVALHO, C. B. Avaliação nutricional do farelo de algodão...
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realizaram um levantamento dos coeficientes de variação (CV) nos trabalhos revisados
das principais variáveis avaliadas em experimentos com aves, concluindo que podem
apresentar um CV mínimo de 6,36, máximo de 47,11 com média de 17,74.
Pimentel et al (2007) estudando a substituição do milho e do farelo de soja por
sorgo e farelo de caroço de algodão extrusado em rações para frango de corte,
concluiram que o farelo de caroço de algodão extrusado pode ser utilizado até 19,41%
em substituição ao farelo de soja, desde que seja em base de aminoácidos digestíveis, e
que esta substituição não interfere nos dados de rendimento de carcaça.
Ojewala et al (2006) testando o farelo de algodão com 39,86% de proteína bruta,
6,57% de extrato etéreo e 17,38% de fibra bruta, em níveis de 0, 25, 50, 75 e 100% de
substituição do farelo de soja em rações para frangos de corte, concluíram que a dieta
com 100% de substituição mostrou índices superiores por utilização dos nutrientes e
produção econômica, desde que seja observado o tratamento do farelo de algodão com
ferro.
Santos (2006) estudando o efeito da substituição da proteína do farelo de soja pela
proteína do farelo de algodão (35,1% PB) sobre o desempenho de frangos de corte,
concluiu que níveis de até 40% de substituição não ocorreu efeito significativo sobre o
ganho de peso e consumo de ração, com aves alcançando até 2,4 kg aos 42 dias.
Entretanto, houve uma piora na conversão alimentar, o que exige uma análise
econômica ao se utilizar tal substituição.
Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar as características nutricionais e
energéticas do farelo de algodão e seu efeito sobre o desempenho de frangos de corte.
CARVALHO, C. B. Avaliação nutricional do farelo de algodão...
20
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBOSA, F. F.; GATTÁS, G. Farelo de algodão na alimentação de suínos e aves.
Revista Eletrônica Nutritime. Artigo número 15 publicado em 11 de novembro de
2004. disponível em: www.nutritime.com.br.
BRUMANO G. et al. Composição química e valores de energia metabolizável de
CARVALHO, C. B. Avaliação nutricional do farelo de algodão...
21
AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA Métodos Nutricionais e
Alimentação de ruminantes – zôo 645 - Viçosa, junho de 2003.
NUTRITIME.
Revista Eletrônica Nutritime. Ano 1 Volume 2. Disponível em:
www.nutritime.com.br.
OJEWOLA, G. S. et al. E.I. Cottonseed meal as substitute for soyabean meal in broiler
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PIMENTEL, A. C. S. et al. Substituição do milho e do farelo de soja por sorgo e farelo
de caroço de algodão extrusado em rações para frangos de corte. Acta Sci. Anim. Sci.,
Maringá, v. 29, n. 2, p. 135-141. 2007
ROSTAGNO H.S. et al. Tabelas brasileiras para aves e suínos: Composição de
alimentos e exigências nutricionais. 2. ed. - Viçosa: UFV, Departamento de Zootecnia,
2005. 186 p. il., 23 cm.
SAKOMURA, N. K., ROSTAGNO, H. S. Métodos de pesquisa em nutrição de
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SANTOS, M. J. B. et al. Efeito do processamento do farelo de algodão sobre a
composição nutricional e valor de energia metabolizável para frangos de corte. Anais
do ZOOTEC 2005 - 24 a 27 de maio de 2005 – Campo Grande-MS.
SANTOS, A. P. S. F. Efeito da substituição da proteína do farelo de soja pela proteína
do farelo de algodão sobre o desempenho e avaliação de carcaças em frangos de corte.
CARVALHO, C. B. Avaliação nutricional do farelo de algodão...
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Recife, 2006. 55p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia): Universidade Federal Rural
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STIPANOVIC, R.D. et al. Terpenoid aldehydes in upland cottons: analysis by aniline
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TORRES, A. P. Alimentos e nutrição das aves domésticas. 2. ed. São Paulo, 1979.
UBA: União Brasileira de Avicultura Relatório 2006/2007. Disponível em:
www.uba.org.br
VIEIRA, R. M.; STIPANOVIC, R.D.Efeito do gossipol sobre o crescimento e
desenvolvimento de frangos de corte. In: II CONGRESSO BRASILEIRO DE
ALGODÃO, 1999. Ribeirão Preto. Anais...Campina Grande:EMBRAPA-CNPA, 1999.
CARVALHO, C. B. Avaliação nutricional do farelo de algodão...
23
Avaliação Nutricional do Farelo de Algodão para Frangos de Corte
Resumo: O trabalho teve como objetivo determinar a composição química e energética
do farelo de algodão e avaliar o efeito da inclusão deste no desempenho de frangos de
corte. Determinaram-se as composições químicas, energéticas e aminoacídica
utilizando-se o método de coleta total de excretas, utilizando-se o óxido férrico como
marcador. O nível de inclusão do alimento teste na ração referência foi de 20%. O
desempenho foi avaliado com a inclusão do farelo de algodão no período de 9 a 42 dias.
Durante os primeiros nove dias os pintinhos receberam ração pré-inicial comum a todas
as aves. A partir do nono dia, as aves foram submetidas a dieta experimental com níveis
de 3%, 6%, 9% e 12% de substituição do milho e do farelo de soja da ração referência
pelo farelo de algodão. O farelo de algodão apresentou 95,91% de matéria seca, 9,8% de
gordura, 27% de proteína bruta, 4,6% de cinza, 4.867 kcal/kg de energia bruta, 1,32%
de lisina e 0,35% de metionina. O valor de energia metabolizável aparente corrigida
para nitrogênio determinado foi 1.188 kcal/kg. Não observou-se efeito no desempenho e
no rendimento de carcaça dos frangos aos 42 dias de idade.
Palavras-chave: Alimento Alternativo, Avicultura de corte, Desempenho
Digestibilidade, Farelo de algodão, Valor de energia.
CARVALHO, C. B. Avaliação nutricional do farelo de algodão...
24
NUTRITIONAL EVALUATION OF COTTONSEED MEAL TO POULTRY.
Abstract: The objective of the research was determine chemical and energetic
composition of the cottonseed meal and evaluate its inclusion on performance of
poultry. The chemical, energetic and aminoacidic composition was determined using the
total excreta collection method, twice a day. It was used ferric oxide to mark the
beginning and the end of the collection. The level of inclusion of test feed in reference
feed was 20%. The performance was evaluated with the inclusion of cottonseed meal in
a period of 9 to 42 days. During the first nine days the poultries received pre-initial feed
common to all birds. Beginning on the ninth day, birds were subjected to an
experimental diet with substitution levels of 3%, 6%, 9% and 12% of the corn and the
soy meal of reference feed. The cottonseed meal presented 95,91% of dry matter, 9,8%
of fat, 27% of crude protein, 4,6% of ash, 4.867 kcal/kg of crude energy, 1,32% of
lysine and 0,35% of metionine. The determined value of apparent metabolizable energy
corrected to nitrogen was 1.188 kcal/kg. It was not observed effect in the performance
and carcass return of the poultry at 42 days of age.
Key words: alternative feed, poultry, digestibility, energy value, performance,
cottonseed meal.
CARVALHO, C. B. Avaliação nutricional do farelo de algodão...
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Introdução
No Brasil, a formulação de rações para aves tem como alimentos tradicionalmente
utilizados o milho e o farelo de soja. Estes dois alimentos chegam a representar 90% do
total de ingredientes das rações, constituindo grande parte dos custos relativos à
alimentação e, conseqüentemente, dos custos de produção. Tais alimentos estão sujeitos
a intensas oscilações de preços. Assim, a busca por alimentos não convencionais é de
fundamental importância (Barbosa e Gattás, 2004).
O farelo de algodão (FA), produto obtido do caroço descorticado após a extração
do óleo por solvente e moagem fina, está entre os diversos alimentos que podem ser
adicionados à ração de aves. Comercialmente são encontrados farelos com teores de
proteína bruta (PB) que variam de 28 a 43%, sendo o percentual de PB alterado pela
inclusão de casca no farelo. Porém, o elevado teor de fibra e a presença de gossipol são
os fatores limitantes quanto à utilização desse ingrediente nas rações de monogástricos
(Butolo, 2002).
Santos et al. (2005) encontraram valores de 3.131 e 3.095 kcal/kg para a energia
metabolizável aparente (EMA) e energia metabolizável aparente corrigida pelo balanço
de nitrogênio (EMAn), respectivamente, para farelos de algodão processados via
extrusão e via extração com solvente.
Santos (2006), avaliando a substituição da proteína do farelo de soja pela proteína
do farelo de algodão (35,1% PB) concluiu que até o nível 40% de substituição não
houve efeito sobre o ganho de peso e consumo de ração. Entretanto, ocorreu aumento
linear na conversão alimentar, o que exige uma análise econômica ao se utilizar tal
substituição.
CARVALHO, C. B. Avaliação nutricional do farelo de algodão...
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Ojewala et al (2006) concluíram que o farelo de soja pode ser totalmente
substituído pelo farelo de algodão, desde que seja observado o tratamento do farelo de
algodão com ferro. Avaliando a substituição do farelo de soja pelo farelo do caroço de
algodão, Pimentel et al (2007) conclui que o farelo de algodão tratado com sulfato
ferroso pode ser utilizado em até 19,41%, em rações a base de aminoácidos digestíveis,
sem afetar o desempenho e o rendimento de carcaça.
Assim, este trabalho teve como objetivo determinar a composição química e os
valores de energia metabolizável do farelo de algodão e avaliar o efeito da inclusão
deste no desempenho e características de carcaças de frangos de corte.
Material e Métodos
Para avaliação nutricional do farelo de algodão determinou-se primeiramente a
composição química e os valores de energia metabolizável, e posteriormente utilizou-se
um experimento para avaliar o efeito da inclusão do farelo no desempenho de frangos
de corte.
O farelo de algodão utilizado neste experimento passou pelo seguinte
processamento; depois de sofrer o deslintamento, o caroço de algodão era quebrado,
para após passar pelo condicionador, ser extrusado. Daí então era prensado para separar
a borra do farelo, que depois de resfriado era ensacado ou a granel para
comercialização.
Os experimentos de digestibilidade e desempenho foram realizados no setor de
Avicultura do Departamento de Zootecnia (DZ) da Universidade Federal Rural de
Pernambuco (UFRPE).
CARVALHO, C. B. Avaliação nutricional do farelo de algodão...
27
Composição química
A composição bromatológica do farelo de algodão foi avaliada no Laboratório
de Nutrição Animal (LNA/DZ/UFRPE), onde foram determinados os teores de matéria
seca (MS), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra bruta (FB), e matéria mineral
(MM) de acordo com a metodologia descrita por Silva e Queiroz (2002), e fibra em
detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA) seguindo a metodologia de
Van Soest (1991). A análise de energia bruta (EB) foi realizada no Laboratório de
Nutrição Animal do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal da Paraíba,
também seguindo a metodologia descrita por Silva e Queiroz (2002).
Outra amostra foi enviada para o Laboratório Centro de Apoio Nutricional
(CEAN) localizado na Universidade Federal de Santa Maria - RS, para a análise dos
seguintes aminoácidos: asparina, glutamina, serina, glicina, histidina, arginina, treonina,
alanina, prolina, tirosina, valina, metionina, cistina, isoleucina, leucina, fenilalanina e
lisina.
Ensaio Metabólico
Foi utilizado o método de coleta total de excretas, com pintos de corte da
linhagem Ross, machos, com 14 dias de idade, alojados em baterias metálicas providas
de bebedouros tipo copo e comedouros tipo calha, para determinação dos coeficientes
de metabolização aparente da matéria seca (CMAMS) e da energia bruta (CMAEB) e os
valores de energia metabolizável aparente (EMA) e energia metabolizável aparente
corrigida para balanço de nitrogênio (EMAn) do farelo de algodão.
CARVALHO, C. B. Avaliação nutricional do farelo de algodão...
28
Utilizou-se o delineamento experimental inteiramente ao acaso com dois
tratamentos e cinco repetições, sendo oito frangos por unidade experimental, por um
período experimental de 10 dias, sendo cinco dias para adaptação às condições
experimentais, e cinco dias para a coleta de excretas, realizadas duas vezes ao dia.
Acrescentou-se às rações o marcador fecal óxido férrico, na concentração de 1,0%
possibilitando delimitar o início e o final do período de coleta.
As excretas coletadas foram acondicionadas em sacos plásticos devidamente
identificados e armazenadas em
freezer a uma temperatura de -20ºC até o final do
experimento, quando então foram homogeneizadas por unidade experimental,
amostradas e encaminhada para análises laboratoriais de MS, PB e EB.
Os tratamentos consistiram de uma ração referência (T1) a base de milho e
farelo de soja e uma ração teste, constituída de 80% da ração referência e 20% do farelo
de algodão, segundo Soares et al (2005). A ração referência foi formulada com base na
composição nutricional e energética do farelo de algodão determinadas neste
experimento, e para os demais alimentos, assim como para as exigências nutricionais
utilizou-se as Tabelas Brasileiras de Rostagno et al. (2005). A composição centesimal e
calculada da ração referência utilizada no experimento está apresentada na Tabela 1.
CARVALHO, C. B. Avaliação nutricional do farelo de algodão...
29
Tabela 1. Composição nutricional, alimentar e energética da ração referência.
Ingredientes %
Milho grão 59,34
Farelo de soja 34,36
Óleo de soja 2,29
Fosfato bicalcico 1,80
Calcário calcítico 0,89
Sal comum 0,49
DL-Metionina 99% 0,24
L-Lisina 78,8% 0,19
Premix Vitamínico e Mineral
1
0,40
Total 100,00
Composição nutricional e energética
Energia Metabolizável, kcal/kg 3.000
Proteína Bruta, % 20,79
Cálcio, % 0,88
Fósforo disponível, % 0,44
Metionina. + Cistina, % 0,81
Lisina, % 1,24
Sódio, % 0,21
Metionina, % 0,56
1
Composição por kg de premix: Vit A 1.600.000 UI; Vit D3 400.000 UI; Vit K3 – 340 mg; Vit B1 300 mg; Vit B2 900 mg;
Vit B6 – 480 mg; Vit B12 2.400 µg; Ácido pantotênico – 2.000 mg; Niacina – 7.000 mg; Ácido fólico 148 mg; Biotina – 14 mg; Mn
– 14 g; Zn 12 g; Fe – 10 g; Cu – 1,7 g; I – 0,2 g; Se – 0,05 g.
O fornecimento de água e da ração foram ad libitum. Houve medição das
temperaturas e da umidade relativa do ar em diferentes períodos do dia, em horários
pré-estabelecidos, sendo as 6:00, 9:00, 12:00, 15:00, 18:00 e 21:00 horas, durante todo o
período experimental (Tabela 2).
CARVALHO, C. B. Avaliação nutricional do farelo de algodão...
30
Tabela 2: Médias de temperatura e umidade relativa do ar (máximas, mínimas e geral)
do período experimental.
Períodos Temperatura (ºC) Umidade (%)
Adaptação
Média 28,8 65,5
Máxima 29,9 73,8
Mínima 27,8 61,4
Coleta
Média 28,2 70,7
Máxima 28,5 71,5
Mínima 27,8 69,4
Total
Média 28,5 68,1
Máxima 29,9 73,8
Mínima 27,8 61,4
A quantificação da ração ingerida e da produção de excreta possibilitou a
determinação do Coeficiente de Digestibilidade Aparente da Matéria Seca (CDAMS) e
dos valores de EMA e EMAn do farelo de algodão através de fórmulas propostas por
Materson et al. (1965). Considerando os valores calculados de EB e a EMAn
determinada para o Farelo de Algodão, foi calculado o Coeficiente de Metabolização
Aparente da Energia Bruta (CMAEB), seguindo a equação preconizada pelo ARC
(1980) onde, CMEB = (EMAn/EB) x 100.
Ensaio de desempenho
Foram utilizados 350 pintos machos, da linhagem Cobb, com nove dias de idade,
peso inicial de 227,13g, distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado com
cinco tratamentos, cinco repetições e 14 frangos por unidade experimental. Os
tratamentos consistiram de 5 rações experimentais com níveis de 0%, 3%, 6%, 9% e
12% de farelo de algodão.
CARVALHO, C. B. Avaliação nutricional do farelo de algodão...
31
As aves foram criadas até o oitavo dia de idade com ração pré-inicial à vontade.
A partir do nono dia de idade com peso médio de 227,13g as aves foram selecionadas
por parcela experimental. As rações experimentais foram formuladas a partir das tabelas
de composição dos alimentos e exigências nutricionais de Rostagno et al (2005) e das
análises de composição química realizadas no laboratório de Nutrição Animal da
UFRPE para o farelo de algodão àquelas determinadas no ensaio de digestibilidade.
As temperaturas e umidade relativa do ar foram mensuradas diariamente às 6:00,
9:00, 12:00, 15:00, 18:00 e 21:00 horas, por meio de termômetros colocados à altura das
aves, durante todo o período experimental, para monitoramento da variação de
temperatura dentro do galpão (Tabela 3).
Tabela 3: Médias de temperatura e umidade relativa do ar dos períodos experimentais.
Temperatura (
0
C) Umidade (%)
9 a 21
Máxima 27,0 93,0
Mínima 23,6 52,0
Média 24,7 74,2
22 a 42
Máxima 28,0 98,0
Mínima 22,0 72,6
Média 25,5 82,5
9 a 42
Máxima 28,0 98,0
Mínima 22,0 52,0
Média 25,0 79,0
As rações utilizadas foram isoproteícas, isocalóricas e isoaminoacidicas para
metionina, metionina + cistina, lisina e treonina, com valores definidos de 21,20% de
PB na fase inicial (9 a 21 dias de idade) e 19, 50% para a fase final (de 22 a 42 dias de
idade), 3.053 kcal/kg de EM para a fase inicial e 3.210 kcal/kg de EM para a fase final
conforme apresentado nas tabelas 4 e 5.
CARVALHO, C. B. Avaliação nutricional do farelo de algodão...
32
Tabela 4. Composição alimentar, nutricional e energética das rações experimentais
utilizadas na fase inicial (8 a 21 dias).
Níveis de Farelo de Algodão, %Ingredientes, %
0 3 6 9 12
Milho 62,06 59,67 57,27 54,88 52,49
Farelo de Soja 20,60 19,12 17,64 16,17 14,69
Soja Integral Extrusada 7,00 7,00 7,00 7,00 7,00
Glúten 60% 6,00 6,00 6,00 6,00 6,00
Farelo de Algodão 0,00 3,00 6,00 9,00 12,00
Óleo de Soja 0,00 0,87 1,74 2,61 3,47
Fosfato Bicálcico 1,85 1,82 1,80 1,78 1,76
Calcário 0,93 0,93 0,94 0,95 0,96
Sal Comum 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50
L-Lisina 0,46 0,47 0,49 0,50 0,51
Dl-Metionina 0,22 0,22 0,22 0,23 0,23
L-Treonina 0,11 0,11 0,12 0,12 0,12
Premix Vitamínico
1
0,10 0,10 0,10 0,10 0,10
Premix Mineral
2
0,05 0,05 0,05 0,05 0,05
Albac
3
0,04 0,04 0,04 0,04 0,04
Cygro
4
0,04 0,04 0,04 0,04 0,04
Cloreto de Colina 60% 0,04 0,04 0,04 0,04 0,04
Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00
Composição Nutricional e energética
Energia Metabolizável, kcal/kg 3056 3054 3053 3051 3049
Proteína Bruta, % 21,20 21,20 21,20 21,20 21,20
Cálcio disponível, % 0,89 0,89 0,89 0,89 0,89
Fósforo, % 0,45 0,45 0,45 0,45 0,45
Metionina digestível, % 0,55 0,55 0,54 0,54 0,54
Met.+Cist digestíveis, % 0,85 0,85 0,85 0,85 0,85
Lisina digestível, % 1,21 1,21 1,21 1,20 1,20
Treonina digestível, % 0,81 0,80 0,79 0,79 0,78
Triptofano digestível, % 0,20 0,20 0,20 0,21 0,21
Sódio, % 0,22 0,22 0,22 0,22 0,22
Potássio, % 0,75 0,73 0,71 0,68 0,66
Gordura, % 3,97 5,02 6,07 7,12 8,17
Fibra,% 2,69 3,26 3,83 4,40 4,96
1
Quantidade/kg de ração (amount/kg of diet): vit. A - 11.000 U.I.; vit. D3 - 2.000 U.I.; vit. E - 16 U.I.; ácido fólico (folic acid) – 0,4
mg; Pantotenato de Cálcio (
pantothenic of calcium) - 10,0 mg; biotina (biotin) - 0,06 mg; Niacina (Niacin) 35 mg; Piridoxina
(piridoxin) - 2,0 mg; Riboflavina (riboflavin) - 4,5 mg; Tiamina (tiamin) 1,2 mg; vit. B12 - 16,0 mg; vit. K3 1,5 mg; selênio
(
selenium) - 0,25 mg; Antioxidante (Antioxidant) – 30 mg.
2
Quantidade/kg de ração (amount/kg of diet): Mn - 60,0 mg; Fe - 30,0 mg; Zn - 60,0 mg; Cu - 9,0 mg; I - 1,0 mg.
3
Bacitracina de zinco – 15%
4
Cada 100 g do produto contém: Maduramicina (1,0g), Álcool benzílico (4,0g), Óleo de milho refinado (3,3g), Gérmen de milho
(100,0g).
CARVALHO, C. B. Avaliação nutricional do farelo de algodão...
33
Tabela 5. Composição alimentar, nutricional e energética das rações experimentais
utilizadas na fase final (22 a 42 dias).
Níveis de Farelo de Algodão, %Ingredientes, %
0 3 6 9 12
Milho 64,12 61,66 59,20 56,74 54,28
Farelo de Soja 8,13 6,67 5,21 3,76 2,30
Soja Integral Extrusada 18,50 18,50 18,50 18,50 18,50
Glúten 60% 5,50 5,50 5,50 5,50 5,50
Farelo de Algodão 0,00 3,00 6,00 9,00 12,00
Óleo de Soja 0,00 0,91 1,82 2,74 3,65
Fosfato Bicálcico 1,64 1,62 1,59 1,57 1,54
Calcário 0,87 0,88 0,88 0,89 0,90
Sal Comum 0,47 0,47 0,47 0,47 0,47
L-Lisina 0,34 0,35 0,35 0,36 0,37
Dl-Metionina 0,15 0,15 0,15 0,16 0,16
L-Treonina 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07
Premix Vitamínico
1
0,10 0,10 0,10 0,10 0,10
Premix Mineral
2
0,05 0,05 0,05 0,05 0,05
Albac
3
0,04 0,04 0,04 0,04 0,04
Cygro
4
0,04 0,04 0,04 0,04 0,04
Cloreto de Colina 60% 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03
Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00
Composição Nutricional e energética
Energia Metabolizável, kcal/kg 3210 3210 3210 3210 3210
Proteína Bruta, % 19,52 19,51 19,50 19,49 19,48
Cálcio, % 0,82 0,82 0,82 0,82 0,82
Fósforo digestível, % 0,41 0,41 0,41 0,41 0,41
Metionina digestível, % 0,45 0,45 0,45 0,45 0,45
Met.+Cist digestíveis, % 0,74 0,74 0,74 0,74 0,74
Lisina digestível, % 1,03 1,03 1,03 1,03 1,03
Treonina digestível, % 0,67 0,67 0,67 0,67 0,67
Triptofano digestível, % 0,18 0,18 0,18 0,18 0,19
Sódio, % 0,20 0,20 0,20 0,20 0,20
Potássio, % 0,67 0,65 0,63 0,61 0,59
Gordura, % 5,85 6,95 8,04 9,13 10,22
Fibra,% 2,76 3,33 3,90 4,47 5,04
1
Quantidade/kg de ração (amount/kg of diet): vit. A - 11.000 U.I.; vit. D3 - 2.000 U.I.; vit. E - 16 U.I.; ácido fólico (folic acid) – 0,4
mg; Pantotenato de Cálcio (
pantothenic of calcium) - 10,0 mg; biotina (biotin) - 0,06 mg; Niacina (Niacin) 35 mg; Piridoxina
(piridoxin) - 2,0 mg; Riboflavina (riboflavin) - 4,5 mg; Tiamina (tiamin) 1,2 mg; vit. B12 - 16,0 mg; vit. K3 1,5 mg; selênio
(
selenium) - 0,25 mg; Antioxidante (Antioxidant) – 30 mg.
2
Quantidade/kg de ração (amount/kg of diet): Mn - 60,0 mg; Fe - 30,0 mg; Zn - 60,0 mg; Cu - 9,0 mg; I - 1,0 mg.
3
Bacitracina de zinco – 15%
4
Cada 100 g do produto contém: Maduramicina (1,0g), Álcool benzílico (4,0g), Óleo de milho refinado (3,3g), Gérmen de milho
(100,0g).
CARVALHO, C. B. Avaliação nutricional do farelo de algodão...
34
O teor máximo de gossipol encontrado no farelo de algodão utilizado, segundo a
Empresa Bunge Alimentos foi de 0,12%, por esse motivo, nenhum tratamento se fez
necessário para a sua utilização nas rações das aves.
Foram realizadas pesagens semanais das aves, da dieta e das sobras para a
composição do banco de dados para cálculo das variáveis avaliadas de 9 a 21 dias (fase
inicial), de 22 a 42 (fase final) e durante todo o período experimental (9 a 42 dias) que
foram: consumo de ração (CR), ganho de peso (GP) e conversão alimentar (CA).
Aos 42 dias de idade três aves de cada repetição foram selecionadas de acordo
com o peso médio de cada parcela e submetidas ao abate. Após o jejum de 8 horas as
aves foram atordoadas e sangradas com um corte na jugular com sangria por 3 minutos.
Em seguida foram pesadas, escaldadas, depenadas, pesadas, evisceradas e pesadas
novamente. Os cortes foram feitos 24 horas após o resfriamento das carcaças, para que
juntamente com o peso da gordura abdominal obtido através da pesagem da gordura
extraída da região abdominal (cloaca) e aderida à moela, realizar o cálculo de
rendimento dos cortes.
Para a avaliação de rendimento de carcaça foram utilizados os pesos de coxa +
sobre-coxa, coxa, asa, peito, dorso, pescoço e gordura abdominal. Os dados foram
submetidos à análise de variância e regressão ao nível de 5% de probabilidade,
utilizando-se o pacote estatístico SAEG (2007).
CARVALHO, C. B. Avaliação nutricional do farelo de algodão...
35
Resultados e discussão
Composição química
Os resultados referentes à composição química do farelo de algodão estão
apresentados na Tabela 6. Os valores encontrados nesse trabalho quando comparados
aos valores da literatura, tanto nas tabelas nacionais, quanto em publicações
internacionais, têm mostrado variações que podem ser justificadas pelos diferentes tipos
de solos, climas, métodos de processamento e conteúdo de cascas na semente.
Albino et al (1994) trabalharam com farelo de algodão com valores bastante
próximos de proteína bruta (27,25%) e energia bruta (4.345 kcal/kg), entretanto os
valores de matéria seca (89,9%), extrato etéreo (2,27%), fibra bruta (16,58%) e matéria
mineral (3,58%) se divergiram dos encontrados no presente trabalho.
Tabela 6. Médias dos teores de matéria seca (MS), de proteína bruta (PB), de extrato
etéreo (EE), de fibra em detergente neutro (FDN), de fibra em detergente ácido (FDN),
de matéria mineral (MM), de fibra bruta (FB) e de energia bruta (EB), determinadas
para o farelo de algodão.
Composição química e energética
1
Farelo de algodão
3
Matéria Seca, % 95,91
Proteína Bruta, % 27,00
Extrato Etéreo, % 9,80
Fibra em Detergente Neutro, % 48,00
Fibra em Detergente Ácido, % 34,00
Matéria Mineral, % 4,60
Fibra Bruta, % 29.04
Energia Bruta
2
, kcal/kg 4.867
1
Análises realizadas no Laboratório de Nutrição Animal do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal Rural de
Pernambuco
2
Análise realizada no Laboratório de Nutrição Animal do Departamento de Zootecnia da Universidade federal da Paraíba
3
FAAE - BUNGE
CARVALHO, C. B. Avaliação nutricional do farelo de algodão...
36
Os valores de PB, MM, FB e EB encontrados se mostraram menores do que os
determinados pela EMBRAPA (1991), que foram de: 38,74%, 6,06%, 11,98% e 4.193
kcal/kg respectivamente. Enquanto que os valores de MS e EE que foram de 88,10% e
1,8%, se mostrando menores que os encontrados no presente trabalho.
Rostagno et al. (2005), encontraram valores próximos aos encontrados no
presente trabalho, com valores de PB (29,8%) e MM (5,38%), FDN (41,70%), FDA
(30,79%) e EE (1,28). O valor de extrato etéreo (6,57%) encontrado por Ojewala et al.
(2006) foi o que mais se aproximou do valor determinado neste experimento, sendo que
os demais valores de apresentaram inferiores, em relação a MS (89,38%), a EB (4.139
kcal/kg) e a FB (17,38%).
O NRC (National Research Council) (1994) traz informações para o farelo de
algodão extraído com solvente com níveis de 44,7% de PB, 1,6% de extrato etéreo,
11,1% de FB e 91% de MS.
De acordo com Sakomura e Rostagno (2007), os aminoácidos essenciais estão
entre os nutrientes que mais impactam o desempenho animal. Por isso, é de fundamental
importância o conhecimento da composição em aminoácidos dos alimentos, bem como
do seu aproveitamento pelos animais, o que tem possibilitado a substituição do milho e
da soja por ingredientes alternativos, garantindo um aporte equivalente de aminoácidos
digestíveis pela correção das deficiências com a suplementação de aminoácidos
sintéticos.
Os valores encontrados no presente estudo se mostraram inferiores quando
comparados à composição aminoacídica do farelo de soja, evidenciando uma baixa
quantidade em aminoácidos do farelo de algodão. Na Tabela 7 são apresentados os
valores determinados de Aminoácidos totais e calculados dos Aminoácidos digestíveis,
segundo Rostagno et al (2005) com base da fração protéica do farelo de algodão.
CARVALHO, C. B. Avaliação nutricional do farelo de algodão...
37
Tabela 7. Composição aminoacídica e digestibilidade do farelo de algodão.
Aminoácidos totais (%) Aminoácidos digestíveis (%)
5
Aminoácidos
1
Matéria Natural
2
Proteína Bruta
3
Matéria Natural Proteína Bruta
Asparina 2,67 8,97
- -
Glutamina 6,05 20,32
- -
Serina 1,32 4,43
- -
Glicina 1,19 4,00
- -
Histidina 1,07 3,59
0,77 2,60
Arginina 3,91 13,13
2,87 9,62
Treonina 0,95 3,19
0,66 2,22
Alanina 1,17 3,93
- -
Prolina 1,22 4,10
- -
Tirosina 0,89 2,99
- -
Valina 1,47 4,94
1,11 3,72
Metionina 0,35 1,18
0,26 0,89
Cistina 0,69 2,32
- -
Isoleucina 1,07 3,59
0,97 3,24
Leucina 2,09 7,02
1,53 5,14
Fenilalanina 2,34 7,86
1,82 6,12
Lisina 1,32 4,43
0,97 3,25
Triptofano
4
- - 0,39 -
1
Análises realizadas no Laboratório Centro de Apoio Nutricional (CEAN) da Universidade Federal de Santa Maria - RS
2
Valores expressos com base na matéria natural do farelo
3
Valores expressos com base na proteína bruta do farelo
4
Valor estimado de acordo com Tabela de Rostagno et al (2005)
5
Valores de coeficientes de digestibilidade segundo Rostagno et al (2005).
Quando comparados com os valores para o farelo de algodão com 30% de PB,
publicados por Rostagno et al (2005), os aminoácidos essênciais histidina (0,84%),
arginina (3,47%), treonina (0,97%), valina (1,33%), metionina (0,46%), isoleucina
(0,93%), lisina (1,24%), se mostraram bastante próximos aos encontrados no presente
trabalho, com exceção da leucina (1,76%) e fenilalanina (1,61%).
CARVALHO, C. B. Avaliação nutricional do farelo de algodão...
38
O NRC (1994) apresenta valores de PB (37,4%), porém traz baixos valores de
arginina (0,466), alanina (0,142), metionina (0,153), lisina (0,158), quando comparados
com os resultados do presente trabalho.
A EMBRAPA (1991) traz valores de aminoácidos na matéria natural próximos
para o FA, para histidina (1,01%), arginina (3,99%), cistina (0,73%), superiores para
fenilalanina (1,87%), glutamina (5,74%), e inferiores para asparina (3,67%), serina
(1,82%), glicina (1,59%), treonina (1,34%), alanina (1,85%), prolina (1,57%), tirosina
(1,11%), valina (1,72%), metionina (0,61%), isoleucina (1,26%), leucina (2,32%), e
lisina (1,5%).
Ensaio de Metabolismo
Os valores de energia metabolizável (EM) dos alimentos são importantes.
Existem vários métodos para determinar os valores de EM, entre eles, o de coleta total
de excretas com pintos de corte (Brumano et al, 2006). A energia (produto resultante da
transformação dos nutrientes pelo metabolismo animal) presente nos alimentos, o valor
energético dos alimentos e as exigências nutricionais em energia das aves têm sido
expressos em forma de energia metabolizável aparente (Albino et al., 1992).
A correção associada ao balanço de nitrogênio é o que difere a Energia
Metabolizável Aparente (EMA) da Energia Metabolizável Aparente corrigida pelo
balanço de nitrogênio (EMAn). Essa correção baseia-se no fato de que, em aves em
crescimento, a proteína retida no corpo da ave e, consequentemente, não catabolizada
até os produtos de excreção nitrogenada não contribui para a energia das fezes e urina
(Sakomura e Rostagno, 2007).
CARVALHO, C. B. Avaliação nutricional do farelo de algodão...
39
Os coeficientes de metabolização aparente da matéria seca (CMAMS), o
coeficiente de metabolização aparente da energia bruta (CMAEB) e os valores de
energia metabolizável aparente (EMA) e energia metabolizável corrigida para o balanço
de nitrogênio (EMAn) são apresentados na Tabela 8.
O valor de EMA obtido no presente estudo se mostrou menor que o determinado
pela EMBRAPA (1991) que foi de 2.174 kcal/kg, e por Rostagno et al. (2005) de 1.666
kcal/kg, assim como o NRC (1994) que traz o farelo de algodão extraído com solvente
com valores de 1.887 kcal/kg de energia metabolizável corrigida para o balanço de
nitrogênio. Albino et al (1994) trabalhando com FA com o mesmo teor de proteína bruta
encontraram 1.540 kcal/kg de energia metabolizável aparente corrigida pelo balanço de
nitrogênio.
Tabela 8. Médias dos coeficientes de metabolização aparente da matéria seca
(CMAMS) e da energia bruta (CMAEB), valores de energia metabolizável aparente
(EMA) e aparente corrigida para o balanço de nitrogênio (EMAn) do farelo de algodão.
Variáveis Matéria seca Matéria natural
CMAMS, %
27,47 ± 5,04 26,35 ± 4,84
EMA, kcal/kg 1.416 ± 0,197 1.358 ± 0,189
EMAn, kcal/kg 1.239 ± 0,186 1.188 ± 0,178
CM
AEB, %
25,46 ± 3,81 24,42 ± 3,66
A diferença encontrada entre a EMA e EMAn no presente estudo foi de 12,5%.
Em no e Rostagno (207B), d(dos )357(sbrte )-4357(no sm )-40(com )] TJ0 -2.3 Td[dig57(ibilgid(de )--40(com )--78(o )2560(farelo )2483(de )--45sojao )2483nias aios iversias frmas,s que am
entre EMA EMAn fram emn de 6,2%,m que vid(engia )-17(ia )-196baixae
CARVALHO, C. B. Avaliação nutricional do farelo de algodão...
40
Segundo Torres (1979), quando ocorre a inclusão total da casca ao farelo, o teor
de PB é de 28%, assim como, o teor de FB é aumentado sensivelmente, reduzindo a
capacidade de metabolização pelas aves. Sendo assim, os altos valores de EB não
correspondem necessariamente a altos valores para CMEB, EMA e EMAn.
Os baixos valores para o coeficiente de metabolização da energia bruta
encontrados neste trabalho podem também ser explicados pela interação existente entre
a baixa capacidade de digestão e absorção de frangos de corte jovens, com idade média
de 21 dias (Albino et al. 1982) e os altos teores de fibra bruta presentes no farelo de
algodão. Lima et al. (2007) observaram em aves com diferentes idades apresentaram
valores crescentes de metabolização do farelo de glúten 21%, com teores de fibra bruta
próximos a 10%.
Para Soares et al (2005) a composição química, digestibilidade e os métodos de
processamento dos alimentos, assim como a idade das aves submetidas ao ensaio, nível
de inclusão do alimento, taxa de consumo de alimentos e as diferentes metodologias
empregadas, podem justificar estas variações.
Ensaio de desempenho
Para Bertechine (2006) um fator favorável ao frango de corte moderno é a
voracidade e capacidade de consumo que possuem, adaptando-se as quantidades
ingeridas de alimento para atender primariamente as suas necessidades de energia. Com
isso pequenas variações no conteúdo energético e mesmo de outros nutrientes não
possuem efeito significativo no atendimento de suas exigências.
CARVALHO, C. B. Avaliação nutricional do farelo de algodão...
41
Os resultados de desempenho de frangos de corte alimentados com diferentes
níveis da inclusão do farelo de algodão na alimentação de frangos de corte aos 42 dias
de idade estão presentes na tabela 9.
Através dos resultados obtidos observa-se que não houve diferenças
significativas (p>0,05) entre os tratamentos para os dados de desempenho tanto na fase
de recria (9 a 12 dias), como na fase de terminação (22 a 42 dias).
Tabela 9. Médias de ganho de peso, consumo de ração e conversão alimentar de
frangos submetidos a diferentes níveis de farelo de algodão na ração.
Níveis de Inclusão (%)
Variáveis
0 3 6 9 12
CV
1
ER
2
9 a 21 dias
Peso vivo 21 d, g 926,28 954,57 943,09 953,14 956,85 4,01 Ŷ= 946,7
Ganho peso, g 699,02 727,35 716,37 725,95 729,58 5,16 Ŷ=719,6
Consumo de Ração, g 1.029,14 1.026,85 1.047,34 1.036,00 1.036,85 4,30 Ŷ=1.035,24
Conversão Alimentar, g:g 1,47 1,41 1,46 1,42 1,42 3,98 Ŷ=1,44
22 a 42 dias
Peso vivo 42 d, g 2.833,6 2.850,7 2.901,2 2.800,7 2883,6 2,82 Ŷ=2.854,0
Ganho peso, g 1.907,37 1.896,13 1.958,18 1.847,57 1.926,97 3,34 Ŷ=1.907,24
Consumo de Ração , g 3.553,53 3.465,07 3.571,82 3.468,77 3.421,99 3,63 Ŷ=3.496,24
Conversão Alimentar, g:g 1,86 1,82 1,82 1,87 1,77 3,43 Ŷ=1,83
9 a 42 dias
Ganho peso, g 2.606,40 2.623,49 2.674,55 2.573,53 2.656,55 3,02 Ŷ=2.626,90
Consumo de Ração , g 4.582,68 4.491,93 4.619,16 4.504,77 4.458,85 2,51 Ŷ=4.531,48
Conversão Alimentar, g:g 1,75 1,71 1,72 1,75 1,68 2,82 Ŷ=1,72
1
CV: Coeficiente de Variação
2
ER: Equação de Regressão
Probabilidade: (p>0,05)
Ao se observar as rações utilizadas no presente estudo, pode-se perceber que a
inclusão do farelo de algodão na dieta experimental oportunizou a substituição de até
CARVALHO, C. B. Avaliação nutricional do farelo de algodão...
42
9,5% do milho e até 3,5% do farelo de soja, considerando esta substituição e a
qualidade do FA, se fez necessário a utilização da soja integral extrusada e do glúten
60%, em níveis constantes, além de inclusão de óleo de soja em níveis crescentes, até
3,5%, desta forma objetivando formular rações isonutritivas, para o experimento
buscou-se atender todas as exigências nutricionais das aves mesmo com níveis
crescentes de farelo de algodão.
Gamboa et al (2001) avaliando dietas para frangos de corte com base na
digestibilidade dos aminoácidos , incluindo nas dietas inicial e final 0, 7, 14, 21, 28% no
farelo de algodão na dieta que foram formuladas para ter níveis similares de lisina e
metionina digestíveis, os resultados indicaram que o farelo de algodão pode ser usado
na alimentação de frangos de corte em até 21% do total da dieta, desde que, seja
considerado os aminoácidos digestíveis.
Da mesma forma Henry et al (2001), avaliaram o desempenho de frangos de
corte entre 7 e 21 dias, concluindo que a inclusão de 20% de farelo de algodão com a
inclusão de 2% de lisina não afetou o desempenho das aves. Estes resultados são
coerentes com os encontrados neste trabalho, uma vez que foi possível atender as
exigências nutricionais das aves mesmo com níveis crescentes de Farelo de algodão.
Nos dias atuais o desempenho somente faz parte de um contexto da indústria do
frango de corte, sendo que a moderna nutrição dessas aves está voltada para a
maximização dos rendimentos de cortes nobres como peito coxas e sobre-coxas, aliado
à redução da gordura na carcaça, item indesejável aos consumidores, cada vez mais
exigentes quanto à qualidade do produto (Bertechine, 2006).
Os resultados referentes aos rendimentos de corte e à gordura abdominal estão
apresentados na tabela 10. Não foram observadas diferenças estatísticas entre os
tratamentos quando comparados em percentual ou em gramas. Evidenciando a
CARVALHO, C. B. Avaliação nutricional do farelo de algodão...
43
importância de se calcular rações balanceadas com base em aminoácidos digestíveis e a
adição de aminoácidos sintéticos, para corrigir possíveis deficiências.
Tabela 10. Médias das características de carcaça de frangos alimentados com dietas
contendo farelo de algodão abatidos ao 42 dias de idade
Níveis de Inclusão (%)Variáveis
0 3 6 9 12
CV
1
ER
2
Coxa + sobrecoxa g 606,60 614,33 625,53 612,46 609,26 5,90 Ŷ=613,64
% 28,81 28,31 28,72 28,72 28,02 1,21 Ŷ=28,49
Coxa g 282,86 273,73 284,13 277,60 280,13 6,71 Ŷ=279,69
% 13,43 12,61 13,03 12,96 12,90 6,69 Ŷ=12,99
Asa g 208,00 212,66 213,73 199,20 210,40 7,82 Ŷ=208,80
% 9,87 9,80 9,82 9,29 9,67 8,10 Ŷ=9,69
Peito g 703,00 730,73 731,86 718,60 723,86 6,16 Ŷ=721,61
% 33,37 33,65 33,58 33,51 33,22 4,93 Ŷ=33,47
Dorso g 385,26 388,93 398,00 379,93 399,80 7,96 Ŷ=390,38
% 18,28 17,88 18,26 17,75 18,39 7,00 Ŷ=18,11
Pescoço g 170,06 176,86 170,93 175,66 176,26 9,71 Ŷ=173,96
% 8,07 8,15 7,85 8,22 8,11 10,06 Ŷ=8,08
CARVALHO, C. B. Avaliação nutricional do farelo de algodão...
44
Sterling et al (2002) trabalhando com aves alimentadas com níveis crescentes
(17, 20, 23 e 26%) de fontes de proteína (farelo de soja e farelo de algodão), baseados
na proteína dietética, porém em rações isoenergéticas, concluíram que as fontes e níveis
de proteína promoveram efeito significante em peso de carcaça fria, filé e gordura
abdominal, mas não sobre dorso e peito. Mas, quando os rendimentos foram analisados
com relação ao percentual de peso vivo ocorreu um aumento significativo no
rendimento do peito para os animais alimentados com o farelo de algodão, evidenciando
que provavelmente houve um desbalanceamento na relação energia:proteína, resultado
que não foi observado neste trabalho.
Santos (2006), à medida que aumentou os níveis de substituição da proteína do
farelo de soja pelo farelo de algodão até 40% em dietas para frangos de corte, encontrou
um aumento linear no rendimento de peito, coxa + sobrecoxa, asa e dorso + pescoço,
mas não para avaliação de gordura abdominal. Em trabalho semelhante, Pimentel et al
(2007) avaliando o efeito da substituição da proteína do farelo de soja por farelo do
caroço de algodão extrusado, até o nível de 40%, mantendo os níveis de proteína e
energia em valores constantes, não encontraram diferenças significativas nos
rendimentos de carcaça e cortes comerciais de frango de corte.
Neste experimento não ocorreram variações nas quantidades de gordura
abdominal, sendo assim, provavelmente em função do ajuste na composição de proteína
e aminoácidos digestíveis das rações não houve desperdício de nutrientes, o que poderia
provocar um acúmulo de gordura. Da mesma forma, as demais composições da carcaça
também não foram afetadas, em função do equilíbrio nutricional das dietas.
CARVALHO, C. B. Avaliação nutricional do farelo de algodão...
45
Considerações finais
O farelo de algodão apresentou 95,91% de matéria seca, 9,8% de gordura, 27%
de proteína bruta, 4,6% de cinza, 4.867 kcal/kg de energia bruta, 1,32% de lisina e
0,35% de metionina. O valor de energia metabolizável aparente corrigida para
nitrogênio determinado foi 1.188 kcal/kg.
O farelo de algodão pode ser uma alternativa de substituição dos ingredientes
tradicionais principalmente em épocas de entressafra, sem afetar as características de
desempenho e carcaças.
Conclusões
O farelo de algodão pode ser utilizado na alimentação de frangos de corte até o
nível de 12% de inclusão de acordo com os resultados de desempenho e rendimento de
carcaça.
CARVALHO, C. B. Avaliação nutricional do farelo de algodão...
46
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