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ELAINE KAWANO HORIBE
CÉLULAS DENDRÍTICAS CONDICIONADAS
COM RAPAMICINA E PULSADAS COM
ALOANTÍGENOS NA SOBREVIDA DE
TRANSPLANTES CUTÂNEOS ALÓGENOS
MICROCIRÚRGICOS EM RATOS
Tese apresentada à Universidade Federal de
São Paulo, para obtenção do título de
Doutor em Ciências
SÃO PAULO
2007
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ELAINE KAWANO HORIBE
CÉLULAS DENDRÍTICAS CONDICIONADAS
COM RAPAMICINA E PULSADAS COM
ALOANTÍGENOS NA SOBREVIDA DE
TRANSPLANTES CUTÂNEOS ALÓGENOS
MICROCIRÚRGICOS EM RATOS
Tese apresentada à Universidade Federal de
São Paulo, para obtenção do título de
Doutor em Ciências
ORIENTADORA: Profa. Dra. Lydia Masako Ferreira
ORIENTADOR ESTRANGEIRO: Prof. Dr. W.P Andrew Lee
CO-ORIENTADOR ESTRANGEIRO: Profa. Dra. Maryam Feili-Hariri
CO-ORIENTADOR: Prof. Dr. An Wan Ching
CO-ORIENTADOR: Prof. Dr. Gal Moreira Dini
SÃO PAULO
2007
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Horibe, Elaine Kawano Horibe.
Células dendríticas condicionadas com rapamicina e pulsadas com
aloantígenos na sobrevida de transplantes cutâneos alógenos
microcirúrgicos em ratos. /Elaine Kawano Horibe São Paulo, 2007
xix, 89 f.
Tese (Doutorado) Universidade Federal de São Paulo Escola Paulista
de Medicina. Programa de Pós-Graduação em Cirurgia Plástica.
Título em inglês: Rapamicin-conditioned, alloantigen pulsed
dendritic cells and increase in survival of vascularized skin grafts
transplanted across a strong MHC mismatch, in rats.
1. Transplante de tecidos, 2. Imunologia de transplantes, 3. Rapamicina,
4. Imunossupressão
ii
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
CIRURGIA PLÁSTICA
COORDENADOR: Profa. Dra. LYDIA MASAKO FERREIRA
iii
Aos meus amados pais,
EDITH E KOSE
Ao meu irmão e amigo,
VÍTOR
Ao meu companheiro de todas as horas,
DENNIS
iv
AGRADECIMENTOS
À Profa. Dra. Lydia Masako Ferreira, Professora Titular da Disciplina de
Cirurgia Plástica da Universidade Federal de São Paulo, Coordenadora do
Programa de Pós-Graduação em Cirurgia Plástica da Universidade Federal de São
Paulo.
Por todas as orientações na elaboração desta tese.
Pela oportunidade única de realizar parte deste estudo na Universidade de
Pittsburgh, através do Programa de Doutorado no País com Estágio no Exterior da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.
Pelos valiosos ensinamentos sobre elaboração de pesquisa com rigor
científico.
Pelo exemplo incomparável de paixão à pesquisa, determinação e liderança.
Pelas orientações, incentivo e suporte moral que têm sido tão importantes
em minha vida desde o meu tempo de aluna de medicina.
Ao Prof. Dr. W.P. Andrew Lee, chefe da Disciplina de Cirurgia Plástica da
Universidade de Pittsburgh, Orientador de Pesquisas do Laboratório de Cirurgia
Plástica da Universidade de Pittsburgh.
Por me receber como “research fellow” em seu Serviço.
Pela oportunidade de realizar parte desta tese no Laboratório de Cirurgia
Plástica da Universidade de Pittsburgh.
Pelas constantes orientações científicas a este trabalho.
Pelo suporte financeiro parcial à execução deste estudo e às apresentações
do mesmo em congressos americanos.
v
Pelo incentivo para meu crescimento pessoal, ensinando a pensar grande e
que tudo é possível.
À Profa. Dra. Maryam Feili-Hariri, Professora Adjunta do Departamento de
Cirurgia e do Departamento de Imunologia da Universidade de Pittsburgh.
Por todos os valiosos ensinamentos em Imunologia.
Pela orientação minuciosa e constante no planejamento, execução e revisão
deste estudo.
Pelo apoio e incentivo em todos os momentos da execução desta obra.
Pela estimada amizade.
Ao Prof. Dr. Gal Moreira Dini, Professor Afiliado, Coordenador do Setor de
Rinoplastia da Disciplina de Cirurgia Plástica da Universidade Federal de São
Paulo, pela amizade e pela valiosa contribuição nas sugestões e revisão desta obra
na qualidade de co-orientador.
Ao Prof. An Wan Ching, Professor e Coordenador do Setor de Microcirurgia
da Disciplina de Cirurgia Plástica da Universidade Federal de São Paulo, pela
amizade, incentivo e imprescindíveis sugestões e revisão desta obra, na qualidade
de co-orientador.
Ao Prof. Dr. Angus Thomson, Professor Adjunto do Departamento de
Cirurgia e do Departamento de Imunologia da Universidade de Pittsburgh e diretor
do Setor de Imunologia em Transplantes do Thomas E. Starzl Institute da
Universidade de Pittsbugh.
vi
Pela orientação no desenho experimental para estudo do mecanismo de
tolerância.
Pela orientação na interpretação dos resultados e revisão do trabalho.
Pelo exemplo de grande pesquisador de amplos conhecimentos, humildade e
talento para o ensino.
À Prof. Dra. Kacey Marra, Diretora do Laboratório de Cirurgia Plástica, por
ter me recebido no laboratório, dando suporte administrativo e pela amizade.
Ao Dr. Justin M. Sacks, cirurgião plástico, pesquisador do Laboratório de
Cirurgia Plástica da Universidade de Pittsburgh, pela amizade, excelente parceria
nos transplantes microcirúrgicos dos retalhos cutâneos alógenos e auxílio nas
avaliações pós-operatórias dos animais.
Ao Dr.Jignesh Unadkat, cirurgião geral, pesquisador do Laboratório de
Cirurgia Plástica da Universidade de Pittsburgh, pela amizade e auxílio na
execução dos experimentos imunológicos in vitro e nas avaliações pós-operatórias
dos animais.
Ao Dr. Giorgio Raimondi, pesquisador do Thomas Starzl E. Institute, pelas
brilhantes sugestões nos experimentos para estudo do mecanismo de tolerância e
auxílio para execução e interpretação dos mesmos.
Ao Dr. Zhilliang Wang, cirurgião geral e professor assistente em pesquisa
do Thomas Starzl E. Institute, pelos ensinamentos e orientações em
imunohistoquímica e auxílio no preparo e análise das lâminas.
Ao Dr. Ryosuke Ikeguchi, ortopedista, pesquisador do Laboratório de
Cirurgia Plástica da Universidade de Pittsburgh, pelo auxílio nas avaliações pós-
operatórias dos animais.
Ao Programa de Pós Graduação em Cirurgia Plástica da Disciplina de
Cirurgia Plástica da Universidade Federal de São Paulo, pela imensa oportunidade
de contribuir para o avanço científico do Brasil e de promover a integração de
conhecimentos entre centros de pesquisa nacionais e internacionais.
A todos os docentes da Disciplina de Cirurgia Plástica da Universidade
Federal de São Paulo, pelo intercâmbio de conhecimentos, apoio e sugestões.
Ao Centro de Imagenologia Biológica (Center for Biological Imaging) da
Universidade de Pittsburgh, pela valiosa assistência na elaboração das imagens
imunofluorescentes.
À Nina Beedle, secretária da Disciplina de Cirurgia Plástica da Universidade
de Pittsburgh, pela organização dos documentos que possibilitaram minha vinda e
estada à Universidade de Pittsburgh.
Ao Douglas Marsteller, técnico do Laboratório de Cirurgia Plástica da
Universidade de Pittsburgh, pelo auxílio nos experimentos in vitro.
viii
À Sandra da Silva, Marta Rejane e Silvana S. Oliveira, secretárias da
Disciplina de Cirurgia Plástica da Universidade Federal de São Paulo, pela
atenção, apoio e incentivo durante a elaboração deste trabalho.
À Valdete Lopes, técnica em assuntos educacionais da CAPES, pela ajuda
na realização do Programa PDEE da CAPES.
Ao Marcelo, funcionário da Pró-Reitoria de s-Graduação, pela ajuda
administrativa na realização do Programa PDEE da CAPES.
ix
CÉLULAS DENDRÍTICAS CONDICIONADAS COM
RAPAMICINA E PULSADAS COM ALOANTÍGENOS NA
SOBREVIDA DE TRANSPLANTES CUTÂNEOS ALÓGENOS
MICROCIRÚRGICOS EM RATOS
x
Este trabalho foi realizado com auxílio financeiro das entidades:
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)
Plastic Surgery Educational Foundation (PSEF)
American Society for Surgery of the Hand (ASSH)
xi
PUBLICAÇÕES DA TESE
1) Horibe EK, Sacks JM, Unadkat J, Wang Z, Raimondi G, Ikeguchi R, Marsteller D,
Ferreira LM, Thomson AW, Lee WP, Feili-Hariri M. Rapamycin-conditioned,
alloantigen-pulsed dendritic cells promote indefinite survival of vascularized skin
allografts in association with T regulatory cell expansion. Transpl Immunol. 2008
Feb;18(4):307-18
2) Horibe EK, Sacks JM, Aksu AE, Unadkat J, Song DY, Ferreira LM, Feili-Hariri
M, Lee WPA. Strauch’s Technique for Epigastric Free Flaps in Rats Revisited: A
Simple and Effective Method to Increase Patency Rates. J Reconstr Microsurg.
2007 Oct 31 (Epub ahead of print, acessado em 20 de janeiro de 2008)
SUMÁRIO
DEDICATÓRIA.......................................................................................................iii.
AGRADECIMENTOS..............................................................................................iv
LISTAS.....................................................................................................................xii
RESUMO..............................................................................................................xviii
1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................1
2. OBJETIVO..............................................................................................................5
3. LITERATURA........................................................................................................6
4. MÉDODOS..........................................................................................................28
5. RESULTADOS.....................................................................................................49
6. DISCUSSÃO.........................................................................................................66
7. CONCLUSÕES.....................................................................................................73
8. REFERENCIAS....................................................................................................75
NORMAS ADOTADAS..........................................................................................83
SUMMARY..............................................................................................................84
ANEXO....................................................................................................................85
xiii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Técnica “flow-through” simplificada para o retalho epigástrico de Strauch
Murray. Preparo do pedículo no rato doador...............................................35
Figura 2. Preparo do pedículo do receptor segundo a técnica “flow-through”
simplificada..................................................................................................36
Figura 3. Preparo para realização da 1ª anastomose arterial da região inguinal direita
segundo a técnica flow-through” simplificada..........................................37
Figura 4. Segunda anastomose arterial no receptor segundo a técnica “flow-through”
simplificada..................................................................................................38
Figura 5. Anastomose venosa no receptor segundo a técnica “flow-through”
simplificada............................................................................................................39
Figura 6. Desenho ilustrando o aspecto final do pedículo do retalho epigástrico
preparado com a técnica “flow-through” simplificada................................40
Figura 7. Aspecto final das anastomoses microcirúrgicas empregadas na técnica “flow
through simplificada, visto com aumento de 25x através de
microscópio..................................................................................................41
Figura 8A. Análise por citometria de fluxo do fenótipo das células dendríticas geradas
com fator estimulador de colônias de granulócitos e macrófagos e rapamicina
.....................................................................................................................48
Figura 8B. Análise da pureza da suspensão celular obtida a partir da cultura de células
dendríticas geradas com fator estimulador de colônias de granulócitos e
macrófagos e rapamicina...............................................................................48
Figura 9A. Porcentagens de celulas das DC controle e das DC GM+Rapa que foram marcadas
com os anticorpos indicados, analisados com citometria de
fluxo..............................................................................................49
xiv
Figura 9B. Porcentagens de DC das populações controle e GM+Rapa ativadas por 24 horas
com LPS (2 experimentos por população) que foram marcadas com os anticorpos
indicados...................................................................................................49
Figura 10. Produção de citocinas pró e anti-inflamatória 24 horas pelas DC controle e DC
GM+Rapa após a estimulação de TLR.....................................................50
Figura 11. Proliferação de linfócitos T singênicos em reação mista de linfócitos com DC
controle, DCp controle, DC GM+Rapa e DCp GM+Rapa.......................51
Figura 12. Sobrevida dos retalhos epigástricos cutâneos alógenos microcirúrgicos após
emprego dos diferentes protocolos de tratamento.................................... 53
Figura 13. Produção de citocinas pró e anti-inflamatória (IFN-γe IL-10) pelas células
mielóides de sangue periférico (CMSP) de receptores tratados com DC controle,
DC controle pulsadas com aloantígenos (DCp Controle), medula óssea (MO) e
DC GM+Rapa pulsadas com aloantígenos (DCp GM+Rapa), nos 30º,100º e 150º
dia pós transplante............................................................................56
Figura 14. Cortes histológicos ilustrando as camadas da pele de rato de raça receptora sem
tratamento, de retalhos epigástricos cutâneos alógenos microcirúrgicos do grupo
controle durante a rejeição e do grupo +DCp GM+Rapa no 180º dia após o
transplante........................................................................................58
Figura 15. Análise imunofluorescente de células T Foxp3+CD4+ nos linfonodos inguinais..60
Figura16. Análise quantitativa dos cortes de baços corados com técnica
imunofluorescente................................ .......................................................61
Figura 17A Gráfico representativo ilustrando a expressão de Foxp3 e CD4 à citometria
de fluxo em células T purificadas com malha de náilon (nylon
wool)...........................................................................................................62
Figura 17B Cortes histólogicos com técnica imunofluorescente para corar células T
Foxp3+CD4+ de baço de ratos.............................................................62
Figura 18. Quantificação de células coradas nas secções de baço tratadas com cnica
imunofluorescente..............................................................................63
xv
Figura 19. Marcações do retalho epigástrico................................................................85
Figura 20. Dissecção do retalho epigástrico, realizado no sentido medial - lateral, no
plano pré-aponeurótico da parede abdominal..............................................86
Figura 21. Modelo experimental de retalho epigástrico descrito por Strauch. Preparo
do pedículo no rato doador..........................................................................87
Figura 22. Anastomose término-terminal entre vasos femorais de doador e receptor,
segundo a técnica microcirúrgica descrita por Strauch. ............................88
xvi
LISTA DE QUADROS
Quadro 1. Distribuição dos 41 ratos receptores segundo o grupo experimental.................33
Quadro 2. Classificação histológica de Buttemeyer para rejeição cutânea em transplantes
de retalhos compostos alógenos........................................................................42
Quadro 3. Sobrevida dos retalhos nos grupos com diferentes protocolos.........................54
xvii
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
Ac anticorpo
Ag antígeno
aloAg aloantígeno (s)
Alphabeta-TCRmAb anticorpo monoclonal anti-receptor alphabeta das células T
Anti-TCR anti T cell receptor (anti-receptor de células T)
CAA células apresentadoras de antígenos
DC células dendríticas
DC GM+IL-4 células dendríticas derivadas de medulla óssea de ratos de raça doadora,
cultivadas com GM-CSF e IL-4
DCp células cendríticas pulsadas com aloantígenos
DCp GM+IL-4 células dendríticas derivadas de medula óssea de ratos de raça doadora,
cultivadas com GM-CSF e IL-4 e pulsadas com aloantígenos
DCp GM+Rapa células dendríticas derivadas de medula óssea de ratos de raça doadora,
condicionadas com GM-CSF e rapamicina e pulsadas com aloantígenos
CpG citosina-poli-guanina
CsA ciclosporina A
CT células tronco mesenquimais
DAPI 4,6 diamidino-2-fenilindole
DI drogas imunossupressoras
DMSO dimetilsulfóxido
GM-CSF granulocyte-macrophage colony-stimulating factor (fator estimulador de
colônias de granulócitos e macrófagos)
HLA human leucocytes antigens (antígenos de leucócitos humanos)
IFN-γ interferon γ
IL-10 interleucina 10
IL12p70 interleucina 12p70
xviii
IL-4 interleucina 4
IL-6 interleucina-6
Kg kilogramo
LBN Lewis-Brown-Norway
Lew Lewis
LN linfonodo
LPS lipopolissacarídeo
mg miligramo
MHC major histocompatibility complex (complexo principal de
histocompatibilidade)
mm milímetro
MO medula óssea
NOD não obesos diabéticos
RA rejeição aguda
RCA retalhos compostos alógenos
RCuA retalhos cutâneos alógenos
SAL soro anti-linfocitário
SD Sprague Dawley
TGF-β transforming growth factor β (fator de crescimento transformador β)
Th1 linfócitos T auxiliadores 1
Th2 linfócitos T auxiliadores 2
TLR toll like receptor (receptor toll like)
TMO transplante de medula óssea
Treg células T reguladoras (neste estudo, células T Foxp3+CD4+)
WF Wistar Furth
xix
RESUMO
Objetivos: Comparar o fenótipo e capacidade estimulatória in vitro de populações de
células dendríticas (DC) de ratos; testar estas populações celulares na sobrevida de
retalhos cutâneos alógenos (RcuA); avaliar os mecanismos pelos quais as DC
condicionadas com rapamicina e pulsadas com lisado de hospedeiro, em associação a
uma curta administração de drogas imunossupressoras e soro anti-linfocitário atuam na
sobrevida de RCuA. Métodos: As DC foram condicionadas com rapamicina (DC
GM+Rapa) ou IL-4 (DC controle), sendo pulsadas ou não com aloantígenos de doador. O
fenótipo e função das células foram comparados in vitro. Testou-se o potencial destas DC
de aumentar a sobrevida de RCuA e comparou-se a hiporesponsividade doadora-
específica dos receptores de RCuA. Avaliou-se e quantificou-se a presença das células T
reguladoras Foxp3+CD4+ (Tregs) nos retalhos transplantados e nos órgãos linfóides
secundários com citometria de fluxo e imunofluorescência. Resultados: As DC
GM+Rapa expressaram níveis menores de MHCII e CD40 e apresentaram menor
capacidade para estimular células T em reação mista de linfócitos. Ao estímulo com LPS,
as DC GM+Rapa produziram níveis significantemente menores de IL-6 e IL-10.
Somente as DC GM+Rapa pulsadas com aloantígenos aumentaram significantemente a
sobrevida dos retalhos cutâneos alógenos (>180 dias). Células T periféricas em
receptores com sobrevida prolongada de RcuA mostraram hiporesponsividade doador-
específica. Quantidades significantemente maiores de Tregs foram encontradas nos
retalhos com sobrevida prolongada e nos órgãos linfóides secundários destes receptores.
Conclusões: As DC GM+Rapa apresentaram fenótipo mais imaturo e menor capacidade
de estimulação de células T do que a população controle. A administração de DC
GM+Rapa pulsadas com aloantígenos prolongou significantemente a sobrevida dos
RCuA, sendo este fato associado à expansão de Tregs.
Introdução
________________________________________________________
2
1. INTRODUÇÃO
Retalhos compostos alógenos m grande potencial para suprir a necessidade de
tecidos autólogos em reconstruções após grandes perdas de tecidos moles, fato provado
pelos casos registrados no mundo: 24 transplantes de mãos, antebraços e dígitos
1
(LANZETTA et al. 2005), nove transplantes de parede abdominal
2
e um caso de
transplante de face
3
. Em realidade, a maioria dos transplantes de retalhos compostos
homólogos (de um indivíduo para o outro) não é vital à sobrevida dos pacientes, ao
contrário do que ocor re com os transplantes de órgãos. Nestes casos, os pacientes são
obrigados a tolerar o regime imunossupres sor contínuo e as diversas reações adversas
associadas, como citotoxicidade, aumento da susceptibilidade a inf ecções, tumores e
episódios de rejeição, que ainda podem ocorrer apesar da aderência ao regime
imunossupressor
4,5
. Devido aos efeitos colaterais associados necessários à manutenção de
um elemento não essencial à sobrevivência, o emprego de retalhos compostos alógenos tem
sido considerado co ntroverso
4,5
.
Ademais, a aceitação de um retalho composto alógeno apresenta outros obstáculos
peculiares. Estes retalhos, como implícito no próprio nome, são compostos por mais de um
tipo de tecido, possuindo diferentes graus de antigenicidade e provocando diferentes
respostas imunes no receptor
4,5
. Sabe-se que a pele é o órgão que apresenta maior
antigenicidade e frequentemente está pre sente nos retalhos compostos alógenos em grande
quantidade. Portanto é comum a ocorrência de episódios de rejeição aguda no co mponente
cutâneo dos retalhos compostos, apesar do uso constante de drogas imun ossupressoras
1,4,5
(LANZETTA et al., 2005; FERREIRA, 1994; BENHAIM et al., 1996).
Para que os retalhos compostos alógenos sejam mais utilizados em reconstruções de
grandes perdas de tecido, é imperativo que seja m elaboradas novas alternativas
3
imunossupressoras , livres de efeitos colaterais e suficientemente potentes para ultrapassar a
barreira da antigenicidade cutânea.
Pesquisas em prevenção a episódios de rejeição aguda em retalhos compostos
alógenos m utilizado vários protocolos e modelos experimentais, porém até o momento
não consenso sobre qual é a terapia e o modelo experi mental ideal para o estudo da
antigenicidade da pele. Na literatura, existem estudos be m-sucedidos na promoção de
tolerância operacional de patas traseiras aló genas em ratos, utilizando terapias celulares
associadas ou não a drogas imunossupressoras por um curto período
6,7
(FERREIRA et al.,
1995; GORANTLA et al., 2003). Entretanto, estes resultados podem não ser tão
encorajadores se as mesmas estratégias forem transferidas para a prática clínica, visto que o
suprimento constante de células de medula óssea (MO) provenientes do fêmur da pata
transplantada pode facilitar a aceitação do enxerto, requerendo uma terapia
imunossupressora menos agressiva. a aceitação de um transplante de mão humana, pobre
em medula óssea, depende de doses maiores e mais prolongadas de drogas
imunossupressora s.
Por outro lado, até o presente momento, não relatos na literatura sobre a
promoção de tolerância operacional a retalhos cut âneos alógenos (RCuA), mesmo
utilizando estratégias de comprovada eficácia no modelo de pata traseira de ratos
8,9
(SIEMIONOW, IZYCKI e ZIELINSKI, 2003; DEMIR et al., 2005). A literatura mostra que
é muito mais difícil aumentar a sobrevida de retalhos cutâneos alógenos do que de qualquer
outro órgão ou tecido t ransplantado.
8,10-12
(LIM e LI, 1991; CARRA MASCHI et al., 2000;
DEMIR et al., 2005; SIEMIONOW, DEMIR et al., 2005). Também é mais difícil aumentar
a sobrevida de RCuA do que de enxertos de pele. Isto pode ser explicado pela possibilidade
de migração dos aloantígenos (aloAg) do RCuA para os vários órgãos secundários do
receptor via corrente sanguínea, fato que não ocorre após enxertia de pele, a qual é seguid a
de apresentação direta dos aloAg
13,14
(LEE et al., 1991; OCHANDO et al., 2006). Ademais,
células imunocompetentes provenientes da corrente sanguínea podem acelerar o dano à s
4
células cutâneas
15
(KANITAKIS et al., 2003). A tolerância a enxertos cutâneos foi atingida
com diversos protocolos
16-18
(GRACA, COBBOLD e WALDMANN, 2002; LU et al.,
2006; LEE et al., 2006) porém na literatura ainda não relatos de aceitação de RCuA por
períodos prolongados após suspensão de drogas imunossupressoras, apesar de tentativas
nesta direção
8,12
(DEMIR et al., 2005; SIEMIONOW, DEMIR et al., 2005).
As células dendríticas (DC), iniciadoras das respostas imunes in vivo, podem
também regular o sistema imune. Sua capacidade de promover aceitação de tecidos
alógenos transplantados tem evidenciado um novo horizonte, devido à possibilidade de
abreviar o uso de drogas imunossupressoras (DI). Esta característica tem sido demonstrada
por vários subtipos de DC derivada s MO. Quando propagadas e m baixas concentrações de
fator estimulador de colônia de granulócitos e macrófagos (GM-CSF), D C mielóides
promovem hipo-responsividade aloantígeno-específica de células T
19
( LU et al., 1995) e
aumento de sobrevida de órgão transplantado
20,21
(FU et al., 1996; LUTZ et al., 2000). A
utilização adicional de substâncias modulatórias pode tornar os fenótipos mais estáveis,
mantendo suas caracterísitcas in vivo por mais te mpo, como ilustrado por estudos bem-
sucedidos no aumento da sobrevida de transplantes cardíacos alógenos em roedores. Nestes
estudos, os animais receptores foram tratados com DC preparadas de diversas formas e
portanto co m diferentes características: DC imaturas, aderentes, derivadas de MO, geradas
com GM-CSF e interleucina 4 (IL-4)
22
(PECHE et al., 2005); DC mielóides propagadas em
IL-10 e TGF-β e subsequentemente estimulada por LPS
23
(LAN et al., 2006); DC tratadas
com rapamicina, pulsadas com lisados de doador
24
(TANER et al., 2005 ) ; ou DC derivadas
de MO, pulsadas com peptídeo 5 tí mico
25
(ALI et al., 2000).
Apesar das DC terem sido utilizadas com sucesso em protocolos para indução de
tolerância a órgãos sólidos, ainda não relatos de que tenham promovido aceitação
prolongada de retalhos compostos alógenos ou RCuA.
5
2. OBJETIVOS
Este estudo teve como objetivos:
1- Comparar os fenótipos de diferentes DC derivadas de MO de r atos e suas respectivas
capacidades de estimulação de células T in vitro.
2- Testar o efeito destas populações de DC, associadas a uma curta administração de drogas
imunossupressora s e soro anti-linf ocitário na sobrevida de RCuA.
3- Avaliar os mecanismos pelos quais as DC condicionadas com rapamicina e pulsadas
com aloantígenos atuam na sobrevida de RCuA.
6
Literatura
________________________________________________________
7
3. LITERATURA
A fim de facilitar a leitura as princip ais obras referentes ao tema foram divididas em
três tópicos. Os trabalhos serão apresentados em ordem cronológica, obedecendo à
terminologia empregada pelos autores.
3.1. Relevância clínica dos transplantes de retalhos compostos alógenos
GILBERT (1964) transplantou o antebraço e a mão de um cadáver utilizando
prednisona, azatioprin a e radiação local como tratamento imuno ssupressor. O sucesso
inicial foi seguido pela rejeição no 14
o
dia
26
.
DUBBERNARD et al (1999) publicaram o relatório de 6 meses do primeiro
transplante de mão realizado na era moderna. Em setembro de 1998, os autores
transplantaram o antebraço distal direito e a mão de um cadáver de 4 1 anos para um homem
de 48 anos que havia sofrido amputação traumática do terço distal do antebraço direito. A
terapia imunossupressora incluiu globulinas anti-timócitos, tacrolimo, ácido micofenólico e
prednisona. A terapia de manutenção incluiu os mesmos agentes , por ém sem as globulinas.
Foram observados sinais clínicos e histológicos leves de rejeição cutânea 8 a 9 semanas
após a cirurgia. Estes sinais desapareceram após o aumento da dose de prednisona (de 20
mg/dia para 40 mg/dia) e a aplicação tópica de cremes imunossupressores (tacrolimo,
clobetasol). Os autores acreditavam q ue a imunossupress ão utilizada era eficaz na
prevenção de rejeição que 37038(9( )-36nnçã)-9(o )-0-8(uleves)-sque 37036(m)9ites s
8
KANITAKIS et al 2003 relataram a evolução cínica do primerio transplante de mão
alógena em humanos. O mesmo foi removido 29 meses após o tra nsplante devido à rejeição
irreversível do retalho, causado pela não aderência do paciente ao tratamento
imunossupressor. Relataram que a partir do 15º mês, o componente cutâneo do retalho
apresentou pápulas liq uenóides que progressivamente se espalharam e coalesceram em
lesões difusas eritemato-descamativas. A análise anátomo-patológica mostrou que as
alterações mais graves manifestaram-se na pele; inflamação leve foi encontrada nos
músculos e tendões. Ossos e tendões foram poupados. Concluíram que a pele é o principal
alvo de rejeição em mãos alógenas transplantadas
15
.
LEVI et al (2003) reportaram suas experiências iniciais com alotransplantes de
parede abdominal provenientes de cadáveres, para fechamento de abdô men de pacientes
submetidos a transplante de intestino. Os autores transplantaram nove paredes abdominais
em 8 pacientes. O suprimento sanguíneo do retalho foi proveniente dos vasos epigástricos
inferiores. Sete dos oito pacientes receberam alemtuzumab na indução e tacrolimo para
manutenção. Biópsias de pele foram realizadas aleatoriamente e à suspeita de rejeição.
Destes oito pacientes, seis sobreviveram; cin co dos quais tem retalhos alógenos de paredes
abdominais intactas. Dois pacientes apresentaram episódios leves de rejeição aguda que
foram resolvidos com corticoterapia. Os autores concluíram que este procedimento é uma
boa alternativa a pacientes que necessitam ser submetidos a transplante de intestino
28
.
PETIT et al (2003) publicaram uma revisão sobre os casos clínicos de RCA
realizados no mundo. Mencionaram que o primeiro transplante de mão da era moderna,
realizado em Lion em 1998, trouxe grande controvérsia ao meio médico. Apesar disso, dez
pacientes receberam transplantes de mão, de 1998 a 2003 e outros pacientes receberam
transplantes de joelho e laringe. Os autores defendem a utilização dos retalhos cutâneos
alógenos, referindo que não se trata de uma técnica nova, mas uma nova aplicação que
associa princípios da microcirurgia reconstrutora com os dos transplantes de órgãos. Em
seu propósito (correção de defeitos físicos), objetivo (reconstrução de estruturas anatômicas
9
idênticas), e técnica (transferência de tecidos vascularizados), o uso dos retalhos compostos
alógenos re presenta a essência da cirurgia reconstrutora. Os autores apresentam vários
benefícios em relação à reconstrução utilizando tecidos autógenos, tais como: ausência de
morbidade de área doadora; o fato do result ado ser imediato , não necessitando de vários
tempos cirúrgicos; neurotização do retalho composto , com maior potencial para ser
funcional; e aspecto estético natural. Apesar destes benefícios, os efeitos colaterais da
imunossupressão crônica ainda limitam o uso mais abrangente dos retalhos compostos
alógenos na cirurgia reconstrutora. Os autores relatam que pesquisas em vários laboratórios
vislumbram uma re dução significante da necessidade de imunossupressão, porém mais
pesquisas são necessárias para que o emprego de retalhos compostos alógenos seja mais
disseminado
29
.
LANZETTA et al (2005) relataram as informações iniciais coletadas pelo
International Registry on Hand and Composite Tissue Transplantation (IRHCTT). Este
órgão foi criado em 20 02, com intenção de registrar informações detalhadas sobre todos os
casos de transplantes de retalhos compostos alógenos realizados desde 1998, possibilitando
assim a oportunidade dos participantes manterem-se atualizados sobre os últimos
desenvolvimentos. O relatório inicial ofereceu uma revisão dos casos realizados entre
setembro de 1998 e setembro de 2004. Em resumo, relataram que 18 pacientes do sexo
masculino foram submetidos a 24 transplantes de mão/antebraço/dígitos (11 transplantes de
mão monolaterais e 4 bilaterais, 2 tra nsplantes de antebraços bilaterais, e 1 transplante de
dedo). Todos os pacientes sobreviveram. Todos os retalhos sobreviveram no primeiro e no
segundo ano após a cirurgia. Após este período, houve dois casos de rejeição aos ret alhos
em pacientes não aderentes ao tratamento. Observaram-se episódios de rejeição aguda na
pele do retalho alógeno de 12 pacientes no primeiro ano após o transplante. Entre os efeitos
colaterais das drogas imunossupressoras, os mais comuns foram infecções oportunistas e
complicações metabólicas. Todos os pacientes desenvolveram sensibilidade protetora, e 17
pacientes também atingiram sensibilidade discriminativa. A rec uperação da função de
10
músculos extrínsecos e intrínsecos possibilitou a realização da maioria das tarefas diárias.
Os autores concluíram que apesar da enorme carga antigênica, os transplantes de mão
tornaram-se uma realidade clínica, com necessidade de imunossupressão comparável aos
dos transplantes de órgão sólido
1
.
3.2. Imunologia de transplantes
CARREL & GUTHRIE (1906) realizaram o primeiro transplante alógeno de
membro em cão. No entanto, houve perda do mesmo no oitavo dia após o transplante
devido a infecção loc al
30
.
GORER, LOUTIT e MICKLEM (1961) relataram experimentos de transplante de
tecidos entre indivíduos geneticamente incompatíveis realizados por GORER em 1937,
quando descreveu as moléculas de HLA. Estas moléculas são geneticamente codificadas
pelo complexo principal de histocompatibilidade (MHC) e geram um polimorfismo que faz
cada indivíduo único. Ao mesmo tempo em que é uma grande vantagem na defesa contra
patógenos, não so mente como indivíduos, ma s também como espécie, este polimorfismo é
deletério para o sucesso em transplantes
31
.
OWEN (1970) relatou sua demonstração de que bezerros gêmeos eram quimeras
hematopoiéticos em 1945. Ele deduziu corretamente que a troca precoce de sangue (a
placenta de bezerros gêmeos quase que invariavelmente m conexões vasculares em
comum) resultou em aceitação mútua e permanente de células hematopoiéticas
provenientes de cada gêmeo em transfusões recíprocas
32
.
BILLINGHAM e REYNOLDS (1952) descobriram que a maioria dos bezerros
gêmeos ao nascimento e por longo tempo após o nascimento, são totalmente tolerantes a
enxertos de pele transplantados ent re si
33
.
11
BILLINGHAM, BRENT e MEDAWAR et al (1953) demonstraram que a pré-
inoculação de células linfóides provenientes de camundongo doador adulto alógeno em
camundongos em período neonatal levou à aceitação permanente de enxertos de pele
34
.
CABALLERO et al em 2006
12
células T dos receptores. crescente evidência de que as células T CD4 e CD8 com
especificidade para ambas as vias direta e indireta podem contribuir para a rejeição do
órgão enquanto que as células CD4+CD25+ T reguladoras com especificidade para a via
direta tem um importante papel na tolerância em transplantes
35
.
3.3. Diferentes antigenicidades dos tecidos
LEE WP et al (1991) realizaram estudo, em que os diferentes tecidos da pata de rato
individualmente (pele, tecido subcutâneo, músculo, osso, vasos sanguíneos) e uma pata
inteira foram transplantados através de uma forte barreira de histocompatibilidade. As
respostas mediadas por células e as repostas imune humorais geradas pelos receptores
foram determinadas por culturas mistas de linfócitos e comparadas. Os vários componentes
de tecidos interagiram com o sistema imune do hospedeiro de uma forma previsível com
tempos e intensidade diferentes. Surpreendentemente, a pata inteira causou menos resposta
imune do que os aloenxertos de seus componentes individualmente. Os autores também
compararam o grau de resposta imunológica causada por transplantes de tecidos alógenos
vascularizados e não vascularizados. Puderam observar que a vascularização primária do
tecido transplantado alterou significantemente o padrão de resposta imunológica. Quando e
tecidos como pele e osso vascularizados foram transplantados separadamente, os autores
constataram altos níveis de respostas humorais na e semanas após o transplante,
enquanto o transplante de tecido cutâneo ou ósseo não vascularizado não causou resposta
significativa até a semana. Este achado sugere que a vascularização afeta o modo pelo
qual os Ags são apresentados, alterando o mecanismo de rejeição do aloenxerto
13
.
BUTTEMEYER R et al (1996) realizaram 114 transplantes de pata de rato entre ratos
com total discordância de complexo principal de histocompatibilidade (doador ACI (RT1a)
e receptor Lewis (RT1l)). O regime imunossupressor constituiu-se de várias dosagens de
FK-506 e ciclosporina. Baseados em 330 biópsias obtidas de 64 animais, os autores
13
desenvolveram uma nova classificação histológica de rejeição dos tecidos componentes d a
pata (pele, músculo, osso e cartilagem). Constataram também que os tecidos do retalho
composto alógeno (pata traseira) foram rejeitados em diferentes períodos de tempo. Isto
provavelmente reflete a hierarquia de antigenicidade, com a pe le sendo o tecido mais
antigênico, seguido do músculo, osso e cartilagem
36
.
TUNG, MOHANAKUMAR e MACKINNON (2005) reali zaram estudo com dois
propósitos: definir o p adrão de secreção de citocinas durante a rejeição de patas traseiras
alógenas em camundongos e determinar a correlação entre o padrão de secreção e as
diferentes antigenicidades dos componentes do retalho de pata traseira. Cada camundongo
receptor recebeu um tipo de tecido vascularizado (pele, músculo, pata inteira ou pata inteira
sem pele) do retalho de pata traseira. Os resultados mostraram q ue a maior resposta Th1 foi
constatada em camundongos receptores de retalhos cutâneos, seguidos de pata inteira,
nervo, pata sem a pele e músculo. Os receptores de retalhos cutâneos tiveram maior índice
IFN-γ:IL-4, ou seja, maior desvio para a resposta Th1. Estes dados demonstraram que a
pele é um dos principais elementos responsáveis pela antigenicidade da pata traseira, que
quando a pele foi removida, notou- se uma mudança da resposta imunológica para Th2
37
.
3.4. Tratamentos imunossupressores com terapia celular in vitro ou em modelos de
transplantes alógenos de órgãos
FEILI-HARIRI et al (1999) avaliaram dois tipos de DC derivadas de MO de
camundongos o obesos diabéticos (NOD). As DC obtidas através de cultura com GM-
CSF e IL-4 expressara m altos níveis de moléculas de MHC classe II, CD40, CD80 e CD86
e eram estimuladores eficientes de células T da raça receptora. Em contraste, DC derivadas
das culturas de GM-CSF apresentaram baixos níveis de moléculas MHC classe II e co-
estimulatórias de ativação, apresentaram boa função de fagocitose e apresentação de Ag e
estimularam menos as células T. As duas populações de DC migraram para o baço e
14
pâncreas após injeção endovenosa. A terapia com estas DC preveniu o desenvolvimento de
diabetes tipo I nos camundongos. Outras evidências no estudo sugerira m que uma resposta
Th2 foi gerad a em camundongos tratados com DC. Esta resposta atingiu um nível ótimo
quando as DC GM + IL-4 foram usadas
38
.
FEILI-HARIRI, FALKNER e MOREL (2002) publicaram estudo, em que
investigaram o mecanismo pelo qual as DC c ultivadas com GM-CSF- e IL-4 preveniram o
desenvolvimento de diabetes nos camundongos pré-diabéticos. A análise histológica do
tecido pancreático dos camundongos tratados com CS revelou uma redução na intensidade
da insulite comparado ao grupo controle. A análise da resposta da célula T nos
camundongos tratados co m DC em geral, sugeriu uma mudança e m direção a um padrão
dominado pela resposta Th2, como determinado pela produção de citocina ap ós estimulação
com conca valina A ou anti-TCR. Demonstraram também que as células T CD45RB(lo)
CD25+ CD4+ do baço dos camundongos tratados com DC produzira m grandes quantidades
de citocinas Th2 após estímulo com anti-TCR, sugerin do que estas células foram as
responsáveis pela mudança para o padrão Th2. Concluíram que a te rapia com DC pode ter
corrigido o defeito imunoregulatório dos camundongos NOD, restaurando portanto, o
balanço entre as células Th1 patogênicas e as células protetoras Th2
39
.
GARROVILLO et al ( 2001) mostraram que a administração sistêmica de DCmicas
de receptores (A CI) pulsadas com peptideo 5 classe I de doador (raça WF) 7 dias antes do
transplante, combinadas com imunossupressão transitória com soro anti-linfocitário
resultou em sobrevida prolongada (>200dias) de enxerto específico de doador, no caso,
coração de WF. Este experimento mostrou ser reprodutível em modelo clinicamente
relevante utilizando DC mielóides de receptores. Este estudo sugere que a administração
endovenosa de DC construídas geneticamente, expressando moleculas MHC de doador, tem
o potencial de induzir tolerância em transplantes
40
.
MORELLI e THOMSON (2003) realizaram uma revisão sob re as DC, sumarizando
o papel das mesmas como sentinelas da resposta i mune, induzindo e regulando a
15
reatividade das células T. As DC m papel crítico na tolerância central e na manutenção da
tolerância periférica no estado normal. Após transplante de órgão ou célula, as DC
apresentam Ag às células T p elas vias direta ou indireta de alor econhecimento. Estas
funções das DC podem promover a resposta d e rejeição, porém também servem como alvos
potenciais para supressão de reatividade aloimune e promoção de indução de tolerância.
Outras evidências indicam que as DC podem induzir tolerância específica de células T.
Apesar de que os mecanismos ainda não são totalmente compreendidos, a capacidade de
induzir células T regulatórias podem ser uma importante propriedade das DC tolerogênicas
ou regulatórias
41
. Também relata m o sucesso obtido em esforços para gerar as DC com
propriedades tolerogênicas em laboratórios, utilizando citocinas específicas, reagentes
imunológicos ou f armacológicos
41
.
PECHE et al (2005) geraram duas populações in vitro de DC derivadas de medula
óssea com baixas doses de GM-CSF e IL-4. A população não adere nte (DC clássica) teve
capacidade para estimular as células T alogênicas e puderam ser induzidas à maturação
completa utilizan do vários estímulos. Em contraste, a população aderente, que mostrou um
fenótipo imaturo, foi incapaz de estimular células T e era mais resistente à maturação. Em
seus estudos, as DC singênicas aderentes injetadas um dia antes do transplante induziram
aumento significativo da sobrevida de aloenxerto de coração e diminuição de respostas
humorais e celulares anti-doador. Estes dados sugeriram que as DC singênicas derivadas de
MO podem modular as respostas imunes
22
.
TANER et al (2005) mostraram que a manipulação farmacológ ica é um método
eficaz para geração de DC imaturas e de fenótipo estável. Após ter demonstrado que a
rapamicina pode inibir a maturação e funções das DC, os autores examinaram o impacto da
exposição à Rapa n a apresentação de aloantígenos (Ag) pelas DC mielóides. Constataram
que DC tratadas com Rapa e pulsadas com lisado alogênico (Rapa-DC) estimularam menos
as células T singênicas quando comparadas às CD controle (DC pulsadas com aloAg). A
exposição à Rapa não bloqueou a fagocitose de Ag pela Dc nem impediu a migração in vivo
16
para as células T esplênicas após transferência adotiva
24
. Observaram que as células T que
estiveram em contato com as DC tratadas com Rapa-DC mostrara m menor capacidade de
produzir IL -2 e IFN-γ, e foram hiporesponsivas ao teste subseqüente tanto pela via direta
quanto indireta, em uma maneira Ag-específica. In vivo, os autores demonstraram que estas
DC-Rapa aumentaram significantemente a sobrevida de um enxerto vascularizado de
coração AloAg-específico. Este efeito foi revertido pela administração sistêmica de IL-2,
porém aumentado tanto pela inf usão repetida das células ou por um período curto de
tratamento com FK50 6 após o transplante. Estes efeitos terapêuticos, atingidos através da
abordagem das duas vias mais importantes de aloreconheci mento (direta e indireta),
fornecem base para uma estr atégia clinicamente aplicável visando à supressão da rejeição
de aloenxertos vascularizados
24
.
TAIEB et al (2007) investigaram a inf luência de GM-CSF e IL-4 (GM+IL-4); e de
Flt3 (FL) no fenótipo e função de DC derivadas de MO de ratos Lewis. Descobriram que
as DC geradas com GM+IL-4, apesar da expressão de CD80/CD86, o menos
estimulatórias do que as DC induzidas com FL
42
.
As DC GM+IL - 4 expressaram altos níveis d e moléculas CD11b e baixos níveis de
OX62, enquanto as DC tratadas com FL apresentaram baixa expressão de moléculas CD11b
e alta expressão de OX62. Após a ativaç ão com ligantes de TLR, as DC GM+IL-4
produziram IL-10 e IL-6, mas não produziram IL-12p70, e foram r esistentes à maturação.
As DC FL produziram IL- 12p70, IFN-alpha/beta, IL-10 e IL-6 e sofreram maturação.
Estimulações repetidas de células T com DC GM+IL-4 inibiram a proliferação, a produção
de citocinas e induziram apoptose precoce de células T. As células T ativadas com DC-FL
produziram grandes quantidades de IFN-γ/IL-10 e exibira m apoptose e necrose tardia de
células T. In vivo, as DC GM+IL-4 induziram hiporesponsividade aloAg- específica após
reestimulação com células T. Estes resultados demonstraram que as DC GM+IL-4 exibem
propriedades regulatórias intrínsecas, induzindo morte celular passiva nas células T com
potencial para inativação ou regulação de células T aloreativas em transplantes
42
.
17
3.5. Tratamentos imunossupressores no modelo de transplantes alógenos de pata
traseira de rato
DOI (1979) foi um dos pioneiros em transplantes alógenos de membro em ratos.
Realizou transplantes de membro dos ratos Wistar para os ratos Fisher 344 e associou
azatiprina, prednisona e 6-mercaptopurina. Verificou que a associação de prednisona e
azatioprina foi mais eficaz na prevenção do processo de rejeição
43
.
BLACK et al (1982)a publicaram pela primeira vez dados sobre a sobrevida dos
transplantes de membro e m ratos associando imunossupressão com c iclosporina. Utilizaram
ratos brancos Lewis como receptores e ratos pretos da linhagem híbrida Lewis x Brown
Norway como doadores. Após transplante microcirúrgico de membro, eles administraram
ciclosporina A subcutânea (25mg/Kg/dia) por 20 dias. O grupo controle teve uma sobrevida
média de 18±5 dias, enquanto que os transplantes alógenos tratados com ciclosporina
tiveram uma sobrevida média de 101±13 dias
44
.
HEWITT (1983) examinou a habilidade da ciclosporina em prolongar a sobrevida
do transplante alógeno de membro em ratos quando comparada com prévia transfusão
sangúinea específica do doador. Utilizou ratos Lewis como receptores e Brown Norway
(forte diferença de co mplexo principal de histocompatibilidade) e os híbridos Lewis x
Brown Norway como doadores. Os transplantes alógenos de ratos tratados com 20 dias de
ciclosporina apresentaram sobrevida de 165 dias e os dos tratados com uma transfusão
prévia não tiveram a sobrevi da aumentada quando comparado ao grupo controle. A
ciclosporina foi muito superior (10,5 vezes maior) à administração prévia de sangue
específico com relação à sobrevida prolongada do transplante alógeno de membro
45
.
GUZMAN-STEIN e SHONS (1987) utilizaram ratos Lewis como receptores dos
membros dos transplantes alógenos e Lewis x Brown Norway como doadores (grupo A,
n=10) e mantiveram um grupo autógeno controle (grupo B, n=5). No grupo A
administraram ciclosporina 8mg/Kg/dia nos primeiros 20 dias, após os quais, reduziram a
18
frequencia para duas vezes por semana. Mostraram que a pele é o componente mais
problemático, devido à rejeição inicial
46
.
ISHIGURO (1989) utilizou ratos machos Fisher 344 como receptores dos membros e
Lewis e WKAH como doadores, associando-se ciclosporina 15mg/Kg/dia via subcutânea
por 21 dias. Ele observou que a sobrevida a longo prazo é possível, mas a pele foi rejeitada
após cessar a administração da ciclosporina. Imagina-se que o processo de rejeição ocorra
pela destruição das células epiteliais, linfócitos T não auxiliadores e pelas lesões do
endotélio microvascular da derme. O mecanismo da lesão microvascular ainda permanecia
desconhecido
47
.
FERREIRA, ANDREWS e LAREDO FILHO (1995)a apresentaram um estudo em
que utiliz aram doses subterapêuticas ao longo do estudo de C sa (1. 5 mg/kg/d) e RS-61443
(15 mg/kg/d), com o propósito de prevenir rejeição aguda em transplantes alógenos de patas
de ratos entre a raça Brown-Norway (doadora) e Fischer 344 (receptores). Os animais qu e
receberam a terapia combinada apresentaram uma sobrevida do RCA de 96% no 172º dia
pós operatório, evidenciando um efeito sinergístico das duas drogas, com diferença
estatisticamente significante quand o comparada à monoterapia
48
.
FERREIRA et al (1995)b realizaram estudo com o propósito de analisar as
complicações pós-transplante alógeno de retalh os compostos (pata de rato), através de forte
diferença do complexo maior de histoco mpatibilidade. Utilizaram 39 ratos Brown-Norway
como doadores e 78 Fisher 344 como receptores. Os receptores foram tratados com CsA e
RS-61443 após o transplante. Como resultados, observaram que um RCA (1/78: 1.28%) foi
eliminado devido a trombose; dois (2/78: 2.56%) devido a enterite; um (1/78: 1.28%)
devido à autofagia e oito (8/78: 10.42%) por causa desconhecida. Os autores concluíram
que dentre as 78 (78/78: 100%) patas de rato transplantadas, 12 (15.5%) ratos morreram ou
foram eliminados por complicações pós-operatórias agudas que não eram relacionadas a
rejeição, toxicidade do regime imunossupressor ou infecções oportunistas
6
.
19
OZER at al (2003) testaram a capacidade do soro anti-linfocitário combinado co m a
CsA na indução de tolerância a RCA de pata traseira em ratos sem imunossupressão
crônica. Para isto, utilizaram a raça Lewis-Brown-Norway (LBN, RT1(1+n)) como doadora
e Lewis (LEW, RT1(1)) como receptora, consistindo-se em uma combinação de baixa
resposta imunológica em relação à barreira de MHC. Os tratamentos foram com SA L
somente (0.4 mL/kg), CsA somente (16 mg/kg, por 21 dias), e a combinação de ambos. O
SAL foi administrado 12 horas antes da cirurgia e em três diferentes intervalos (7, 14, e 21
dias). Observaram que o uso do SAL somente não prolongou a sobrevida do RCA. O uso da
CsA em monoterapia estendeu a sobrevida em até 23 dias. Já a combinação dos trata mentos
resultou em sobrevida indefinida em dois a seis ratos no protocolo de tratamento com
duração de 14 dias e em todos os 6 ratos no protocolo de tratamento por 21 dias. Estes seis
ratos com sobrevida prolongada do RCA (>420 dias) aceitaram enxertos de pele derivados
da raça doadora e rejeitaram os enxertos de uma terceira raça não relacionada (ACI).
Animais tolerantes apresentaram um quimerismo doador-específico de 35 a 42% no sangue
periférico. Concluíram então que a adminitração de CsA e ALS por 21 dias induziu
tolerância doador-específ ica nos receptores de pata traseira de ratos
49
.
NGYEN et al (2007) realizaram experimento in vivo, co m objetivo de prolongar a
sobrevida de retalhos compostos alógenos (pata traseira ) em ratos, transplantado através de
forte barreira MHC. Para isso, utilizaram D C de receptores, pulsadas com alopep tídeo de
doador, administradas seis dias antes do transplante, juntamente com uma dose de soro anti-
linfocitário. Grupos controles mostraram sinais de rejeição do retalho composto alógeno
dentro de cinc o dias após a cirurgia. Animais dos grupos experimentais demonstraram
aumento da sobrevida do enxerto co m uma média de oito dias e exibiram baixos meros
de células T doadoras. O uso das DC derivadas de MO em conjunto com imunossupressão
transitória tem potencial terapêutico na indução de tolerância específica a Ag de doador em
de pata de ratos
50
.
20
SACKS, HORIBE e LEE (2007) pesquisaram terapias para prolongar a sobrevida do
transplante de patas alógenas e m ratos, baseadas em DC derivadas de MO, pulsadas com
lisado de baço de doador. Descobriram que estas DC, administradas nos dias 7 e 14 relativo
ao transplante, juntamente com CsA 10 mg/kg/dia, dias 0-6, i.p e so ro anti-linfocitário;dia -
4/+1 prolongaram significantemente a sobrevida do grupo tratado em relação ao grupo
controle. As células T esplênicas no grupo V exibiram hiporesponsividade ao aloAg de
doador em reação mista de linfócitos ex vivo. Interessantemen te, o componente muscular do
retalho composto alógeno de receptores tratados com DC mostraram significativa redução
21
média do transplante foi de 9,89 ± 0,35 dias no grupo controle. Quando associaram
ciclosporina oral (2,5 o u 5 mg/Kg/dia) a sobrevida foi para 16 e 13,6 dias, respectivamente.
Quando a fluocinolona foi aplicada topicamente, a sobrevida média foi de 24,1 dias.
Quando a plicado a combinação de fluorocinolona tópica com ciclosporina via oral, 4 de 7
enxertos sobreviveram indefinidamente (100 dias). Concluíram que o efeito sinérgico da
ciclosporina e da fluocinolona tópica pode aumentar a sobrevida do enxerto alógeno de pele
de forma segura
53
.
ENOSAWA e HIRASAWA (1989) realizaram enxertos alógenos de pele entre ratos
AO e DA, associando-se ciclosporina 15 mg/Kg/dia por 14 dias. Os enxertos de pel e
autógenos sobreviveram indefinidamente, enquanto os alógenos sem tratamento
imunossupressor foram rejeitados em 7 dias. Com ciclosporina intramuscular, a sobrevida
foi de 38,8 ± 20,5 dias para os machos e 44,7 ± 43,3 dias para as fêmeas. A rejeição ocorreu
em média 10,9 ±1,6 dias. O nível sérico de ciclosporina nas fêmeas receptoras foi menor do
que o dos machos no 14º dia. Entretanto, mesmo quando o nível era ajustado ao dos machos
administrando o dobro da dose (30 mg/Kg/dia), as meas receptoras rejeitaram a pele
(sobrevida média de 14,5 ±1,9 dias). Receptores DA machos e jovens de 5 a 10 se manas,
rejeitaram a pele em menor período de tempo. Quando ratos mais velhos de 14 semanas
foram usados, foi observada sobrevida máxima do enxerto. Por tanto, estes resultados
indicam que o efeito imunossupressor depende do sexo e idade dos animais
54
.
LEE LEE et al, também citaram a indução de quimerismo misto com um dos
conceitos mais promissores para a indução de tolerância clínica. No entanto ressaltara m que
a ainda é imprescindível superar a toxicidade decorrente do condicionamento do receptor,
necessário para a terapia celular com medula óssea. Portanto, os autores estudaram a
efetividade da megadose de células de MO com os Ac monoclonais anti-CD45RB e anti-
CD154 mAb em receptores murinos sem condicionamento prévio . Os camundongos B6,
receptores de enxertos de pele de BALB/c receberam um condicionamento normal
(irradiação) e a dose ótima de TMO (2x10
7
células). o grupo experimental não recebeu
22
condicionamento, mas recebeu uma megadose de TMO (2x10
8
células). Então os receptores
foram tratados com anticorpos anti-CD45RB e anti-CD154 (s eparadamente ou e m
combinação). Os resultados mostraram que os receptores da megadose sem o
condicionamento atingiram um quimerismo de 23.7%, sendo que tolerância foi induzida em
91% dos camundongos que receberam enxerto s de pele não vascularizados
18
.
ROELEN DAVE et al (2003) publicaram estudo sobre DC amadurecidas de forma
alternativa, com hormônios corticóides. Os autores advogam o uso destas DC devido ao
risco das D C imaturas preparadas in vitro amadurecerem in vivo, ao serem expostas a
estímulos inflamatórios ou células T CD4 . Como resultado, estes tratamentos com DC
imaturas podem resultar em estimulação ao invés de supressão do sistema imune do
receptor. Os autores haviam demonstrado previamente que o tratamento in vitro de DC
imaturas com um fator estimulatório em combinação com dexametasona resulta em
maturação de DC através de uma via alternativa, tornando as DC capazes de induzir a
hiporesposividade do tipo Th1 de resposta in vitro. Esta forma de ativação das DC é
irreversível, e as DC são fixadas em seu estado tolerogênico. Neste estudo in vivo, as DC
foram utilizadas na supressão específica da resposta Th1 aloreativa, resultando em atraso na
rejeição de enxerto de pele transplantado através de incompatibilidade completa de barreir a
MHC em camundongos
55
.
3.7. Tratamentos imunossupressores no modelo de transplantes alógenos de retalhos
cutâneos
SOBRADO et al (1990) utilizaram ratos Brown Norway como doadores e Lewis
como receptores (raças com grande direrença de complexo principal de
histocompatibilidade entre si). Foram constituídos 9 grupos: 1) enxertos de pele ; 2) retalhos
cutâneos; 3) transplante cutâneo e transplante alógeno de aorta tardio; 4) enxerto de pele +
CsA 8mg/Kg/dia via oral; 5) retalhos cutâneos + CsA 8mg/Kg/dia via oral 6) transplante
23
cutâneo e transplante alógeno de a orta tardio +CsA 8mg/K g/dia via oral; 7) aorta +
ciclosporina + CsA 8mg/Kg/dia via oral; 8) transplante de músculo + CsA 8mg/Kg/dia via
oral; 9) transplante de ósseo + CsA 8mg/Kg/dia via oral. Todos os ratos dos grupos 1, 2 e 3,
(sem CsA) rejeitaram os tecidos transplantados em 8,5 a 9,4 dias. Em contraste, os grupos
4, 5, 6, 7 e 9 apresentaram sobrevida prolongada dos tecidos transplantados; os resultado s
mostraram que é possível atingir sobrevida prolongada de tecidos moles e de reta lhos
compostos alógenos, através do uso contínuo de baixas doses de CsA
56
.
LIM E LI (1991) realizaram estudo investigando a indução de tolerância a RCuA
(retalho epigástrico) entre raças de ratos com menor diferença no MHC (ratos Agouti (DA)
e Piebald Virol Glaxo (PVG). O grupo experimental recebeu altas doses de ciclosporina A
(CsA) (25 mg/kg) por nove semanas. O tempo de sobrevida média dos retalhos do grupo
controle foi de 7.6 dias (n=10). Com altas doses de CsA, cinco de 14 animais morreram pela
toxicidade da droga durante o tratamento. Dentre os nove sobreviventes, oito apresentaram
rejeição aguda irreversível após término do tratamento. O estudo confirmou a dificuldade
de indução de tolerância aos RCuA, apesar de uma dose de CsA be m mais elevada do que a
necessária para obtenção de tolerância a órgãos sólidos, como coração
11
.
HIRASE et al (1993) transplantaram enxertos cutâneos de região epigástrica de ratos
Lewis para Brown Norway (através de grande barreira de histocompatibilidade), que
haviam sido criopreservados a 196 graus Celsius negativos por três semanas. O processo de
rejeição contra a epiderme foi marcadamente diminuído, seguido por uma grande
diminuição de antigenicidade da derme, com sobrevida da maior parte do tecido por mais de
seis meses. Em um outro grupo, os autores transplantaram retalhos cutâneos epigástricos
alógenos que haviam sido submetidos a criopreservação pelo mesmo protocolo, ao in vés d e
enxertos. Associaram tacrolimo a 10mg/Kg logo após a cirurgia e então 3mg/Kg a cada 3
dias, obtendo sobrevida prolongada (maior que 100 dias) do retalho. Devido à hipótese de
que o congelamento da pele altera a antigenicidade da derme, concluíram que um grande
24
potencial de aplicação clínica para retalhos cutâneos alógenos desepitelizados e previamente
criopreservados, associado a imunossupressão farmacológica
57
.
DEMIR, OZMEN et al. (2005) investigaram os efeitos de protocolo s monoterápicos
com duração de 7 dias constit uídos por anticorpo monoclonal anti receptor alphabeta das
células T (alphabeta-TCRmAb), ciclosp orina A (CsA), tacrolimo (FK-506) e a combinação
dos mesmos na sobrevida de RCuA transplantados entre raças de ratos com grande
diferença no MHC. Quarenta e dois transplantes de retalhos epigástricos foram realizados
entre os doadores ACI (RT1a) e os receptores Lewis (RT1(l)) em sete grupos. Os grupos de
transplante isogênico e alogênico control e não receberam tratamento. Os grupos de
tratamento receberam um protocolo monoterápico de sete dias de alphabeta-TCRmAb,
CsA, ou FK-506, ou a combinação de alphabeta-TCRmAb/CsA e alphabeta-TCRmAb/FK -
506. O quimerismo específico ao doador foi avaliado com citometria de fluxo (CF). Os
protocolos combinados de alphabeta-TCRmAb/FK-506 e alphabeta-TCRmAb/CsA
prolongaram significantemente a sobrevida dos RCuA, comparados aos grupos de
monoterapia (P< 0.005). A análise de CF revelou quimerismo específico ao doador de
15.82% no dia 7 em ratos do grupo alphabeta-TCRmAb/CsA e um declínio gradual do
quimerismo ao dia 63 após o transplante. A extensão significativa da sobrevida do RCuA
nos grupos de terapia combinada est ava diretamente associada com a presença do
quimerismo doador específico, com rejeição após a queda dos níveis de quimerismo
8
.
SIEMIONOW et al (2005)a realizaram estudo, partido do princípio de que a indução
de tolerância pode ser feita através de tran s plante de células de medula óssea. Os autores
criaram uma nova forma de alotransplante de medula óssea, e m que não necessidade de
processamento da medula óssea previamente ao transplante. Realizaram um total de 43
RCuA em nove grupos experimentais entre ratos isogênicos [Lewis para Lewis (LEW)] e
alogênicos com baixa discordância na barreira MHC [Lewis-Brown Norway (LBN) para
Lewis]. Os ratos foram tratados de acord o com protocolos de 35 dias de alphabeta-
TCRmAb ou CsA. As monoterapias combinadas com o transplante de medula óssea
25
resultaram e m aumento da sobrevida de até 21 dias utilizando CsA e até 10 dias usando o
protocolo de alphabeta-TCR mAb. O uso combinado de alphabeta-TCRmAb e CsA com
transplante de medula óssea resultou na extensão da sobrevida por até 65 dias (P <0.05).
Este novo método simples de transplante de medula óssea alógena sem o condicionamento
do receptor é u ma técnica minimamente invasiva promissora com po tencial para aplicação
clínica direta
58
.
SIEMIONOW et al (2005)b introduziram um modelo experimental de transplante
alógeno hemifacial para estudar estratégias para desenvolvi mento de tolerância operacional
entre raças de ratos com MHC discordante. Neste estudo, 30 ratos f oram distribuídos em
cinco grupos: 1 ) grupo controle isogênico; 2) grupo de rejeição do al oenxerto, sendo que o
doador f oi da raça LBN e o receptor da raça Lewis (transplante semi-alogênico); 3) grup o
controle de rejeição tendo ratos ACI como doadores e Lewis como receptores (forte
diferença de complexo principal de histocompatibilida de); 4) ratos receptores de retalhos de
LBN foram tratados com CsA, inicialmente a 16 mg/kg/dia, reduzidos a 2 mg/kg/dia. 5)
ratos receptores de retalhos de ACI foram tratados com CsA, inicialmente a 16 mg/kg/dia,
reduzidos a 2 mg/kg/dia. O grupo isogênico sobreviveu indefinidamente. Todos os retalhos
não tratados foram rejeitados em 5 a 8 dias. A sobrevida por período prolongado foi
atingida em 100% dos receptores de LBN e ACI. Cento e sessenta dias após o transplante, o
quimerismo doador-específico estava presente em receptores de LBN (10.14% CD4/RT1
n
,
6.38% C D8/RT1
n
, 1 0.02% CD45RA/RT1
n
) e ACI (17.54% CD4/RT1
a
, 9.28% CD8/RT1
a
).
Reações mistas de linfócitos c onfirmaram tolerância em receptores de retalhos de LBN e
moderada reatividade em receptores de aloenx ertos de ratos ACI
12
.
FEILI-HARIRI et al (2007) testaram protocolos de utilizando células de MO
alógenas (do doador) co-infundidas com células tronco mesenquimais (CT) para promover
aumento de sobrevida de RCuA em ratos, transplantados através de u ma forte barreira
MHC. Nestes protocolos, os ratos foram condicionados com irradiação não letal de c orpo
total, e receberam também SAL e CsA por 21 dias. Os resultados mostraram que houve
26
significativo atraso no aparecimento de doença de enxerto versus hospedeiro e aumento
significativo na sobrevida dos RcuA no grupo tratado com 4 doses de MO e CT, comparado
ao grupo que r ecebeu so mente MO. Estes dados sugeriram que a terapia de MO e CT tem
propriedades imunossupressoras que prolongam a sobrevida do RcuA e limitam a doença
do enxerto versus hospedeiro, apesar de que estes regimes não serem suficientes para
promover tolerância ou aceitação prolongada (>100 dias), sugerindo um mecanismo
imunológico diferente do que ocorre nos transplantes de pele não vascularizadas
59
.
3.7. Mecanismos envolvidos no desenvolvimento de tolerância
GRAÇA et al (2002) já sabiam que as células T CD4 regulado ras (Treg) poderiam
ser isoladas a partir de baços de ani mais que desenvolvem tolerância a aloenxertos através
de terapias com Ac monoclonais o depletores. No estudo de 2002, tiveram por objetivo
determinar se as Tregs poderiam estar em enxertos de pele alógeno s, previamente aceitos
pelo camundongo receptor através de regime indutor de tolerância. Para isso, estes enxertos
de pele tolerizado s foram re-transplantados em receptores depletados de lulas T. As
células T que e stavam infiltradas no en xerto migraram para o novo receptor. Estas células T
foram iso ladas do sangue periférico do novo receptor e fora m testadas in vitro. Os autores
comprovaram que as mesmas possuíam função regulatória, pois estes novos receptores
aceitaram novos enxertos de pele, obtidos a partir da mesma raça doadora do primeiro
enxerto. Os re sultados sugeriram que a supres são da célula T observ ada durante o processo
de rejeição de enxertos é um processo ativo que opera além do tecido secundário, e envolve
presença constante da s Tregs no local do transplante alógeno aceito pelo receptor
17
.
OCHANDO et al (2006)
14
publicaram sofisticado trabalho sobre as DC
plasmocitóides, identificando-as como CAA essenciais para induzir tolerância a aloenxertos
cardíacos vascularizados. As DC plasmocitóides adquiriram o aloAg no aloenxerto e
induziram a geração de células T regulatórias CCR4+CD4+CD25+Foxp3+(Tregs). A
27
depleção de DC plasmocitóides ou o impedimento da chegada da linfa ao linfonodo
inibiram o desenvolvimento das células Tregs perif éricas e con sequente indução de
tolerância. Portanto, os autores mostraram que com o auxílio de protocolos de indução de
tolerância, as DC plasmocitóides apresentadoras de aloAg migraram para os linfonodos e
mediaram o desenvolvimento das células Tregs aloAg-específicas, induzindo tolerância ao
aloenxerto
14
.
28
Métodos
________________________________________________________
29
4. MÉTODOS
4.1 Amostra
Foram utilizados ratos machos com idade entre 8 a 10 semanas, das linhagens Lewis
(LEW, RT1
l
, receptores), Wistar-Furt h (WF, RT1
u
, doadores) e Sprague Dawley (SD,
terceira raça não relacionada). Os ratos pesavam entre 200 e 250g e foram adquiridos de
Harlan (Indianopolis, IN). Estas raças apresentavam uma completa incompatibilidade de
complexo principal de histocompatibilidade. Os animais foram mantidos no Biotério
Central da Universidade de Pittsburgh, no Prédio de Ciências Biomédicas, seguindo os
protocolos aprovados pelo Comitê de Cuidados e Uso de Animais Institucionais
(Institutional Animal Care and Use Committee - IACUC) da Universidade de Pittsburgh.
4.2. Procedimentos
Geração de células dendríticas derivadas de medula óssea da raça doadora
Ratos LEW sofreram entanásia com pentobartbital sódi co (100mg/Kg) e a medula
óssea (MO) dos fêmurs e tíbias foi extraída de modo estéril e preparada para o cultivo de
DC. A popu lação de DC gerada com GM-CSF e IL-4 (DC controle) foi preparada de
acordo com protocolos em camundongos e ratos be m estabelecidos
38,39,42
(FEILI-
HARIRI et al., 1999; FEILI-HARIRI, FALK NER e MOREL, 2002; FEILI-HARIRI et al.,
1999; FEILI-HARIRI, FALKNER e MOREL, 2002), com algumas modificações no
preparo:
30
As células de MO foram cultivadas em placas de 6 poços, sendo que cada poço
continha 4 ml de solução com DC na concentração de 1.5x10
6
células/ml de meio de cultura
RPMI-1640 (Gibco Lab, Grand Island, NY), suplementado com 10% (v/v) de soro fetal
bovino, 2nM de L-glutamina, 0.1mM de aminoácidos não essenciais, 1 mM de piruvato de
sódio, 100 U/ml de penicilina, 100 μg/ml de estreptomicina, e 5 x 10
-5
de M 2-ME (Gibco
Lab). GM-CSF (1ng/ml) e IL-4 (1ng/ml) eram adicionados ao meio de cultura no dia 0.
Metade do meio de cultura foi trocada no dia 4, retirando-se metade do meio e repondo-se
com meio de cultura contendo GM-CSF (1ng/ml) e IL-4 (1ng/ml). Dependendo do
experimento, no dia 7 de cultura as DC controle foram pulsadas com lisado de células de
WF (doadores), preparado com esplenócitos lisados pelo método de
congelamento/descongelamento
24
(TANER et al., 2005).
No dia 8 de cultura, as células foram colhidas e utilizadas em experimentos
subseqüentes.
A população de DC gerada com GM-CSF e rapamicina (DC GM+Rapa) foi
preparada de acor do com protocolo bem estabelecido para camundongos
24
(TANER et
al., 2005) com algumas modificações no preparo.
As células de MO foram cultivadas em placas de 6 poços, sendo que cada poço
continha 4 ml de solução com DC na concentração de 1.5x10
6
cells/ml de meio de cultura
RPMI-1640 (Gibco Lab, Grand Island, NY), suplementado com 10% (v/v) de soro fetal
bovino, 2nM de L-glutamina, 0.1mM de aminoácidos não essenciais, 1mM de piruvato de
sódio, 100 U/ml de penicilina, 100 μg/ml de estreptomicina, e 5 x 10
-5
de M 2-ME (Gibco
Lab). Somente GM-CSF (1ng/ml) foi adicionado ao meio de cultura no dia 0. Metade do
meio de cultura foi trocada no dia 4, retirando-se metade do meio e repondo-se com meio
de cultura contend o GM-CSF (1ng/ml) e rapamicina (10ng/ml). Depend endo do
experimento, no dia 7 de cultura as CD GM+Rapa foram pulsadas c om lisado de células de
WF (doadores), preparado com esplenócitos lisados pelo método de
congelamento/descongelamento
24
(TANER et al., 2005, vide em Anexos ).
31
No dia 8 de cultura, as células foram colhidas e utilizadas em experimentos
subseqüentes.
Análise de citometria de fluxo das DC controle e DC GM+Rapa
As DC (2 x 10
5
/50µl) foram marcadas com uma cor ou duas cores para análise por
citometria de fluxo, utilizando anticorpos conjugados com isotiocianato de fluoresceína
(flurescein isothiocyanate -FITC) ou ficoeritrina (phycoerythrin-PE), anti- CD86, MHC
classe II (OX6, RT1B), CD40, CD54 (ICAM-I) and CD11b (Mac1), marcador de
macrófago His36 (Serotec, Raleigh, NC), marcador de células T γδ (CD3), marcado r de
neutrófilo (RP-1) e CD45RA (OX33, células B), bem como os as imunoglobulinas
isotípicas de controle apropriadas, conjugadas com FITC- ou PE- (todos os anticorpos de
BDPharmingen, San Jose, CA). As DC foram incubadas com os marcadores por 30
minutos, lavadas e fixadas com paraformaldeído a 2%. As a mostras foram analisadas com
um citômetro de fluxo FACscan (Beckmann-Coulter) e programa de computador para
análise de resultados FlowJo (Tree Star, Inc., Ashland, OR).
Análise da produção de citocinas pelas DC ativadas com ligantes dos receptores toll-like
As DC con trole e DC GM+Rapa a uma concentração de 1x10
6
céls/ml foram
ativadas pelos ligantes do receptor toll-like-4, o lipopolisacarídeo (LPS, 10µg/ml), do
receptor toll-like-3, a poliribose inosina:citidila (Poli I:C, 20µg/ml; Sigma) ou do receptor
toll-like-9, a citosina-poli-guanina (CpG, 4µg/ml; DNA Synthesis Facility, University of
Pittsburgh) em placas com 24 poços por 12, 24 e 36 horas. O sobrenadante foi coletado
nestes tempos determinados, e os níveis de IL-10 e IL - 6 foram quanti ficados por ELISA Kit
OptEIA (BD Pharmingen), enquanto que os níveis de IL12p70 foram medidos por
Biosource kits (Camarillo, CA).
32
Reação mista de linfócitos
Células T singênicas de receptores Lewis (LEW, 2 x 10
5
/100µl), obtidas de baço
utilizando colunas de nylon (CN) foram colocadas em triplicata em placas de 96 poços, de
fundo chato (Costar, Cambridge, MA). Quantidades crescentes de DC controle ou DC
GM+Rapa pulsadas o u não pulsadas com aloantígenos, previamente γ-irradiadas (20Cy),
foram incubadas com as células T a 37
o
C em CO
2
a 10%, pulsadas após 72 horas com
1μCi/poço de [
3
H]-timidina por 15 horas adicionais, colhidas e cont adas com cintilação β.
Os dados foram expressos como a média de contagem por minuto (cpm) ± 1 DP.
Grupos experimentais e protocolos de tratamento
Foram realizados 41 transplantes de RCuA de WF para Lew, que foram divididos em
sete grupos. A distribuição entre os grupos foi feita randomicamente, previamente ao início
dos procedimentos. Cada grupo continha cinco a sete animais (Quadro I). No grupo
controle, os animais não receberam tratamento. Os receptores do grupo CsA receberam
ciclosporina (CsA, 10mg/Kg, Novartis, East Hanover, NJ) por via intraperitoneal logo após
ao transplante (dia 0) a20 após o mesmo. No grupo SAL+CsA, os ratos Lew receberam
soro anti-linfocitário (SAL) nos dias -4 e +1, em adição à CsA. Os ratos no s grupos +DC
controle, +DCp controle e +DCp GM+Rapa receberam SAL e CsA em adição às injeções
intravenosas das respectivas DC (5 a 7x10
6
células) nos dias 7 e 14 após o transplante.
Finalmente, os animais do grupo +MO receberam SAL nos dias -4, 1 e 5 e células derivadas
de MO de doador (150x10
6
células) endovenosamente nos dias 0 e 7.
33
Quadro 1. Distribuição dos 41 ratos receptores segundo o grupo experimental
Injeção de células
Grupo experimental
Número
de ratos
CsA
a
SAL
b
Dia 0
Dia 7
Dia 14
1
Controle
8
Não
Não
-
-
-
2
CsA
6
Sim
Não
-
-
-
3
SAL+CsA
5
Sim
Sim
-
-
-
4
+DC controle
5
Sim
Sim
-
DC controle
c
DC controle
c
5
+DCp controle
5
Sim
Sim
-
DCp controle
d
DCp controle
d
6
+MO
6
Sim
Sim
f
MO de doador
g
MO de doador
g
-
7
+DCp GM+Rapa
6
Sim
Sim
-
DCp GM+Rapa
e
DCp GM+Rapa
e
(
a
) Foi administrada ciclosporina (CsA, 10mg/Kg) intraperitonealmente, do dia 0 a 20, relativos ao transplante.
(
b
) Soro anti-linfocitário (SAL, 0.5 ml) foi injetado intraperitonealmente nos dias -4 e 1, relativos ao tr ansplante.
(
c
) 7x10
6
DC controle foram injetadas pela veia peniana.
(
d
) 7x10
6
DCp controle foram injetadas pela veia peniana.
(
e
) 5x10
6
DCp GM+Rapa foram injetadas pela veia peniana.
(
f
) SAL foi admnistrado nos dias -4,1 e 5.
(
g
) 150x10
6
células de medula óssea (MO) derivadas da raça doadora Wistar Furth foram injetadas na veia peniana.
34
Transplante de retalho cutâneo epigástrico alógeno
A indução an estésica dos animais receptores e doador f oi realizada com
pentobarbital sódico (40mg/Kg) intra-peritoneal no quadrante inferior esquerdo do abdo me.
Após a indução anestésica, realizou-se tricotomia dos membros inferiores e abdome, sendo
o animal fixado a uma plataforma em decúbito dorsal, através de bandas de elástico que
eram colocadas ao redor das patas do animal e presas à plataforma. Para a anti-sepsia era
utilizada solução de poli-vinil-pirrolidona-iodo (PVPI). O nível anestésico foi monitorizado
através de observação clínica de sinais vitais (freqüência cardíaca e respiratória), alé m da
avaliação da p ercepção de dor através do teste de pinçamento de pata (animal respondia
com reflexo de flexão de pata se sentisse dor).
Todos os ratos foram previamente identificados e os seus dados (peso, linhagem,
data de nascimento, origem) anotados rigorosamente.
Os transplantes de RCuA foram realizados como previamente descrito por Strauch e
Murray
60
(vide Anexo), com modificações na técnica de anastomose microcirúrgia, para
melhorar a patência.
A técnica empregada neste estudo foi uma modificação da técnica de Strauch e
recebeu o nome de técnica “flow-throughsimplificada.
Nesta técnica, as marcações e dissecção dos retalhos epigástricos no rato doador
foram realizadas conforme a técnica descrita por Strauch. No entanto, a dissecção do
pedículo foi realizada de forma diferente: a veia femoral era ligada 2 milímetros ( mm) após
a origem da veia epigástrica e seccionada distal mente a esta ligadura (Figura 1).
35
Figura 1: Técnica “flow-through” simplificada para o
retalho epigástrico de Strauch e Murray. Preparo do pe-
dículo no rato doador. IL: ligamento inguinal, DFA: ar-
téria femoral do doador, DFV: veia femoral do doador,
PB: ramo profundo.
A artéria foi seccionada a 0.5cm distalmente à emergência da artéria epigá strica ,
deixando assim comprimento suficient e para a anastomose distal. A artéria e veia femoral
foram seccionadas proximalmente aos seus respectivos ramos profundos (Figura 2). A
artéria foi irrigada com 3ml de solução de Ringer lactato a C para drenar o sangue para
fora do retalho.
36
Figura 2: Preparo do pedículo do receptor. IL: ligamento ingui-
nal, RFA: artéria femoral do receptor, RFV: veia femoral do rece-
ptor, PB: ramo profundo, SC: clamp simples
Nos ratos receptores, os vasos epigástricos foram seccionados e o retalho do receptor
foi descartado. Os vasos femorais foram dissecados e seguindo a técnica de Acland
61
, um
clamp vascular simples foi posicionado na artéria femoral, distalmente ao coto dos vasos
epigástricos. Outro clamp foi colocado na artéria femoral junto ao ligamento inguinal
(Figura 2). Estes clamps simples preveniram o influxo arterial enquanto as duas
anastomoses arteriais requeridas nesta técnica eram realizadas. O retalho do doador foi
então suturado ao leito receptor através de pontos simples de náilon 4-0 nos cantos
superiores do retalho à pele do receptor.
Duas anastomoses arteriais foram realizadas, sendo que a primeira foi a que estava
localizada à direita do cirurgião e a segunda, a localizada à esquerda, seguindo a técnica de
Acland para interposição de enxertos venosos
61
(ACLAND, 1989).
Um clamp ajustável de Acland foi utilizado para apro ximar as artérias e veias
femorais do doador e do receptor (Figura 3).
37
Figura 3: Preparo para realização da 1ª anastomose arterial da re-
gião inguinal direita. DFA: artéria femoral do doador, DFV: veia
femoral do doador, RFV: veia femoral do receptor.
Os vasos eram dilatados com pinças microcirúrgicas e irrigadas com solução salina
heparinizada (100u/ml) e as anastomoses eram completadas com 6-7 pontos simples de
náilon 10-0. A segunda anastomose arterial era realizada da mesma maneira. (Figura 4).
38
Figura 4. Segunda anastomose arterial no receptor
segundo a técnica “flow-through” simplificada
Após o término das du as anastomoses, a veia do doador foi anastomosada à veia do
receptor sem a retirada dos clamps simples arteriais (Figura 5 ), utilizando 9 a 10 pontos
simples com náilon 10-0.
39
Figura 5. Anastomose venosa no receptor
segundo a técnica “flow-through” simplificada
Lidocaína a 10% foi colocada n os vasos por dois minutos, e foi retirada através de
irrigação com solução fisiológica heparinizada. O clamp venoso foi retirado primeiro,
seguido pelo clamp simples arterial distal e depois o proximal. O aspecto final dos vasos
está ilustrado nas figuras 6 e 7. A patê ncia foi avaliada e o retalho foi suturado à pele do
leito receptor utilizando pontos s imples com náilon 4-0.
40
Figura 6: Desenho ilustrando o aspecto final do pedículo do retalho
epigástrico preparado com a técnica “flow-through” simplificada.
Presença de duas anastomoses arteriais e uma venosa.
41
Figura 7: Aspecto final das anastomoses microcirúrgicas empregadas na técnica “flow-
through” simplificada, visto com aumento de 25x através de microscópio. VFD: veia
femoral do doador, VFR: veia femoral do receptor, AFD: artéria femoral d o doador, AFR:
artéria femoral do receptor, VEp: vasos epigástricos.
Não foram administradas drogas anti - coagulantes ou antibióticos no período peri-
aVEp[(Não )-166(f)-9(oram)256.37ETBT1 0 0 1 159.98 321.65 Tm[( )2B77ETBT1 0 0 bu(c)nl As F398(apó )-138.6oose(ad)-.65 T38 379(ci)-3 0 0 1 546 745.2 Tm[( )] TJE276B77E1 0 0 (q165.38 3g/Kg65 T de (p/65 T0B4ho65 Trstrn1 66.024 299.5( )-9(fe0r218.69E276B77E1 0 0 1 159.98 321.65 Tm[( )2B93E276B77E1 0 0 1ºca)7 e 2ºca)7 d(F)pó65 Tm o65 To ñ @@à•˜2eƒ P7•f@Àpp P@!P`ð8UâñYƒ!P; ƒ:Ðe@e@ •”àFtP +Ÿìeƒy`•üÀ°P áe†`B™àž+ŸTV2e!{¹ñÚ0`pàð`7ÞP8•Þ0`p°• PÐ·â¹ñYƒ!ààÀ0 •Pf$s@ààÀ@°
42
edema, epidermólise, descamação, exsudação, formação de escara e mumificação
62
.
Portanto, o dia da rejeição foi estabelecido quando era observado o primeiro sinal de
progressão de ep idermólise para descamação. Biópsias de pele do RCuA foram retiradas
sob anestesia e técnica asséptica nos dias 21, 50, 100 e 150 após o transplante ou no
primeiro dia em que a rejeição era constatada. As peças foram f ixadas em formol a 20% e
coradas com hematoxilina e eosina pelo laboratório de pato logia do Thomas E. Starzl
Institute. O sistema de classificação histopatológica de rejeição utilizado foi o descrito por
Buttemeyer et al
36
(Quadro II).
QUADRO 2 Classificação histológica de Buttemeyer para rejeição cutânea em transplantes de
retalhos compostos alógenos.
Grau
Achados histopatológicos
I
Vacuolização de células basais, queratinócitos mortos e infiltrados de células
mononucleares na derme superior, frequentemente estendendo-se para a derme e
alterações precoces da epiderme.
II
Aumento da vacuolização de células basais, levando à formação de bolhas
III
Necrose da epiderme com graus variáveis de infiltração celular e vasculite
Os ratos que apresentavam rejeição avançada do RCuA sofreram e utanásia com
pentobarbital sódico a 100mg/Kg.
No grupo +MO, com o propósito de detectar quimerismo sistêmico, amostras de
sangue foram coletad as da veia do rabo no 30º PO e enriquecidas para células
mononucleares utilizando-se a separação por Ficoll (Amersham Biosciences,
Buckinghamshire, Inglaterra)
63
(BÖYUM, 1968). As células (4x10
5
) foram marcadas com
anticorpo monoclonal anti-CD45.2 (BD Pharmingen), que espec ificamente detecta células
43
derivadas de doador WF (raças RT7.2) e analisadas por citometria de fluxo. Neste grupo
+MO, os ratos sofriam eutanásia se apresentassem sinais graves de doença do enxerto
versus hospedeiro (perda de peso maior do que 20% do peso inicial, sangramento pelas
mucosas e pele, diminuição de atividade e fraqueza persistente).
Análise da responsividade das células T dos receptores aos antígenos de doadores
Nos 30
o
, 50
o
e 100
o
PO, as células T foram isoladas de sangue periférico com
gradiente de Ficoll (Amersham Biosciences) e 1x10
6
células foram incubadas com 2x10
6
células apresentadoras de antígenos derivadas de baço de doador ou terceira raça não
relacionada, a 37
o
C em CO
2
a 10% por 4 di as. Células T dos receptores (2x10
6
) também
foram incubadas por 2 dias em placas com fundo coberto com anticorpo anti-TCR
(10µg/ml, BD Pharmingen). Após incubação, os níveis de IL-10 e IFN-γ secretadas nos
sobrenadantes pelas células T foram analisadas por ELISA utilizando-se kits comerciais.
Enxertia de pele parcial para teste de tolerância nos receptores com sobrevida
prolongada
Os receptores com sobrevida prolongada dos RCuA (>100dias), receberam enxertos
de pele parcial provenientes de doador (WF) e terceira raça não relacionada (SD) em seu
dorso no 150º PO. Para isso, os enxertos com medidas de 2x2 cm eram coletados com
técnica asséptica do rabo de ratos WF e SD após a anestesia dos mesmos. Os ratos
receptores fora m anestesiados com pentobarbital sódico (40mg/Kg) e fixados a u ma
plataforma através de bandas de elástico ao redor das patas. Foi realizada a tricotomia e
antissepsia com PVPI nos dois leitos receptores, situados no tórax p osterior , um à direita e
outro à esquerda da linha média, ambos a 0.5cm do ângulo inferior da escápula e a 0.5cm
da espinha dorsal. Por convenção, a pele de raça doadora era enxertada do lado direito e de
44
raça não relacionada, do lado esquerdo. O curativo oclusivo era realizado em camadas ao
redor do tórax, sendo a primeira constituída por rayon, seguida de gazes, faixa crepe e
esparadrapo. O curativo foi aberto para inspeção do enxerto após 7 dias, após o que os
enxertos foram avaliados diariamente quanto a sinais de rejeição.
Análise histopatológica de pele de RCuA, linfonodos e baço por método de
imunofluorescência
Amostras de pele virgem (sem tratamento ou manipulação cir úrgica), de linfonodo
do retalho cutâneo epigástrico alógeno, de linfonodo inguinal dos receptores e baço foram
coletados dos receptores (n=2) cujos retalhos apresentaram sobrevida prolongada, do grupo
DCp GM+Rapa, no 180º PO. Estas amostras também foram coletadas de ratos sem
tratamento do grupo controle, cujos retalhos foram rejeitados no PO (n=2) e de ratos o
operados, sem tratamento (n=2). Os tecidos foram coletados e congelados em meio OCT
Tissue-Tek (Miles Laboratories, Elkart,IN). Duas laminas criosecci onadas (10μm) de cada
amostra foram fixadas com paraformaldeído a 4%, tratadas com soro de cabra a 5% (v/v) e
com o kit para bloqueio de avidina e biotina (Vector Laboratories, Burlingame, CA) e
foram incubadas com anticorpo monoclonal biotinilado anti-Foxp3 (eBioscience, San
Diego, CA) e antico rpo monoclonal purificado camundongo anti- CD4 e CD8 de rato (BD
Pharmingen) por 24 horas. Então, as lâminas foram incubadas com estreptavidina
conjugada com Alexa Fluor 564 e anticorpo monoclonal cabra anti-camundongo conjugado
com Alexa Fluor 488 (ambos os anticorpos da Invitrogen). O marcador DAPI (Molecular
Probes, Eugene,OR) foi usado para corar os núcleos celulares. As laminas f oram fixadas
com paraformaldeído a 4 % e montadas com glicerol e PBS. Fotografias das minas foram
tiradas com um microscópio confocal FluoView 1000 (Olympus) com aumento de 20-40x
na lente objetiva; 0-10x de aumento digital. As imagens foram analisadas com os
programas de computador MetaMorph Imaging System (Universal Imaging Corporation) e
45
Adobe Photoshop (Adobe). Para comparar as densidades de células, 2 áreas de cada secção
foram escolhidas ao acaso, totali zando 4 áreas por grupo. Estas áreas foram
sistematicamente examinadas por um único pesquisador, que não sabia as identificações das
lâminas. Foi estudada a porcentagem relativa de células Foxp3+CD4+ / células CD4+, para
que a presença das células Foxp3+CD4+ nas diferentes imagens pudesse ser padronizada e
as imagens comparadas.
Detecção e quantificação por citometria de fluxo de células Foxp3+CD4+ no baço
Os baços de receptore s cujos RCuA apresentaram sobrevida prolongada do grupo
DCp GM+Rapa foram coletados no 180º PO, assim como o baços de animais sem
tratamento que rejeitaram o baços no PO do transplante e os de animais nã o
transplantados, sem tratamento (n=2 por grupo). Os baços foram processados e células T
foram obtidas com filtragem por colunas de nylon. Um milhão de células T foram
duplamente coradas com anti corpo anti-Foxp3 conjugado com PE e anti-CD4 conjugado
com ficoeritrina-Cy5 (Cy5) e anti-Foxp3 conjugado com Cy5 (eBioscience e BD
Pharmingen).
Análise estatística
As amostras e testes foram calculados pelo programa d e computador Prism Software
for Windows. A média dos grupos e os desvios padrões foram calculados. Teste T de
Student não pareado, teste F, teste de ANOVA e a curva de sobrevida de Kaplan-Meier
foram empregados para avaliar a as diferenças entre os grupos experimentais em
distribuição normal, que foram consideradas estatisticamente significantes quando p<0.05.
46
Resultados
________________________________________________________
47
5. RESULTADOS
As DC GM+Rapa exibem menor expressão de MHC II e de CD40 do que as DC controle
A figura 8A ilustra os histogramas que representam o fenótipo das DC GM+Rapa. A
pureza das populações de DC cultivadas in vitro variou de 85 a 88%, resultado baseado na
coloração fraca ou ausente de marcadores para His36 (macrófagos), CD3 (células T),
CD45R (células B) e RP- 1 (granulócitos), combinados com MHC II (Figura 8B). A análise
de seis experimentos (ou seja, seis populações de DC GM+Rapa preparadas separadamente)
revelou que, tanto as DC controle como as DC GM+Rapa apresentaram expressão de
CD11b e de CD54, as DC GM+Rapa expressaram níveis menores de MHC II (*p<0.05) e
de CD40 (†p<0.05) quando comparadas às DC controle (Figura 9A). Ambas as populações
de DC expressaram níveis menores da molécula co -estimulatória CD86 (marcador de
maturidade de DC).
48
Figura 8. (A) Análise por citometria de fluxo do fenótipo de DC geradas com granulocyte-
macrophage colony-stimulating factor e rapamicina; (B) Pureza da suspensão celular obtida de
cultura de células dendríticas geradas com granulocyte-macrophage colony-stimulating factor e
rapamicina (85-88%). A análise foi baseada na coloração fraca ou ausente de marcadores para
His36 (macrófagos), CD3 (células T), CD45R (células B) e RP-1 (granulócitos), combinados com
MHC II. O gráfico é representativo de 3 experimentos.
49
Figura 9. (A) O gráfico à esquerda ilustra a média e desvio padrão das porcentagens de celulas das
DC controle e das DC GM+Rapa (6 experimentos por população) que foram marcadas com os
anticorpos indicados acima, analisados com citometria de fluxo. MHC II (*p<0,05) e CD40
(†p<0,05), em relação às DC controle. (B) O gráfico à direita mostra a dia e desvio padrão das
porcentagens de DC das populações controle e GM+Rapa ativadas por 24 horas com LPS (2
experimentos por população) que foram marcadas com os anticorpos indicados acima. C D40
(*p<0,05), em relação às DC controle.
As DC GM+Rapa produzem baixos níveis de citocinas pró-inflamatórias à ativação com
ligantes de TLR e exibem baixa capacidade de estimular as células T in vitro.
Em geral, após a ativação, as DC GM+Rapa expressaram níveis menores de MHC II,
CD40 e CD86 quando comparadas às DC controle, apesar de que somente as diferenças
dos níveis de expressão da molécula CD40 fora m estatisticamente significantes (p<0.05)
(Figura 9 B).
50
Para comparar a produção de citocinas pelas DC controle e pelas DC GM+Rapa,
inicialmente analisou-se o padrão de secreção de citocina pelas DC controle. O intervalo de
tempo ótimo para co mparação entre as populações foi determinado após a análise dos
sobrenadantes 12, 24 e 26 horas após o estímulo dos TLR das DC controle. Os dados
mostraram que o ritmo de secreção de citocinas (IL-6 e IL-10) não variaram
significantemente ao longo do te mpo (n=3; dados não ilustrados). Portanto, optou-se por
comparar os níveis de citocinas 24 horas após o estímulo inicial. Os dados revelaram que as
DC GM+Rapa ativadas com LPS (n=4) produziram níveis de IL-10 (*p=0.00 1) e de IL-6
(†p<0.05) significantemente menores do que as DC controle (n=3) (Figura 10). Ambas as
populações produziram níveis mínimos de IL12p70 (< que 7.8 pg/ml, nível mínimo
detectável). Não foi detectada nenhuma citocina em sobrenadantes de DC cultivadas em
meio sem substâncias ativadoras de TLR.
Figura 10. Os gráficos ilustram que as DC GM+Rapa produzem baixos níveis de citocinas
pró e anti-inflamatória 24 horas após a estimulação de TLR. Os dados representam as
médias e os desvios padrões de 3 experimentos independentes. A diferença foi
estatisticamente significante quando foram comparados os níveis de IL-10 (*p<0.001) e IL-
6 (†p<0.05) produzidos pelas populações 24 horas após o estímulo com LPS
51
Apesar das duas populações exibirem baix a capacidade estimulatóri a de células T, as
DC GM+Rapa evocaram uma resposta proliferativa das células T significantemente menor,
quando comparada às DC controle (não pulsadas) (*p<0.001) ou DC controle pulsadas com
aloAg (DCp) (†p<0,001) (Figura 11). Pulsos com aloAg não afetaram significantemente o
perfil estimulatório das populações de DC.
Figura 11. O gráfico ilustra que as DC GM+Rapa exibem menos capacidade para estimular
a proliferação de linfócitos T in vitro, quando comparadas às DC controle. Os dados
representam 3 experimentos. As diferenças das curvas de proliferação de células T
estimuladas pelas DC GM+Rapa fo ram comparadas com as das estimuladas pelas DC
controle (*p<0.001). A capacidade estimulatória das DC GM+Rapa pulsadas com Aloag
também foram comparadas com a das DC controle pulsadas (DCp controle) e a diferença
entre as curvas de proliferação de linfócitos T também foi estatisticamente significante
(†p<0.001)
52
Protocolos de tratamento envolvendo as DC GM+Rapa pulsadas com aloantígenos
promovem sobrevida prolongada de retalhos cutâneos alógenos.
Tentativas iniciais de realizar o procedimento de transplante de retalhos cutâneos
epigástricos alógenos microcirúrgicos empregando a técnica de Strauch falharam em obter
patência de anastomoses, resultando em tromboses de retalhos. As modificações
microcirúrgicas desenvolvidas neste estudo possibilitaram patência de 100% dos casos, em
contraste com a técnica de Strauch, que resultou em patência em apenas 24% das
anastomoses de retalhos realizadas com esta técnica (Quadro 2).
A avaliação pós-operatória mostrou que sem tratamento, os RCuA foram rejei tados
dentro de 8 dias (Quadro 1 e 3, figura 12). A monoterapia com CsA por 21 dias levou à
rejeição do retalho em 27 a 45 dias. A adição de 2 doses de SAL não alterou
significantemente a sobrevida dos retalhos alógenos, quando comparada à sobrevida do
grupo que recebeu apenas CsA.
53
Figura 12. Sobrevida dos retalhos epigástricos cutâneos alógenos microcirúrgicos após emprego
dos diferentes protocolos de tratamento. CsA: receptores tratados com ciclosporina (10mg/Kg)
intraperitonealmente, do dia 0 a 20, relativos ao transplante. CsA+SAL: receptores tratados como o
grupo CsA, além de soro anti-linfocitário (SAL, 0.5 ml) intraperitonealmente nos dias -4 e 1,
relativos ao transplante. +DC Controle: receptores tratados como o grupo CsA+SAL, além de
7x10
6
de DC controle, injetadas pela veia peniana. +DCp Controle: receptores tratados como o
grupo CsA+SAL , além de 7x10
6
de células dendríticas DCp controle. +MO: receptores tratados
como o grupo CsA, além de SAL administrado nos dias -4,1 e 5 e 150x10
6
células de medula
óssea (MO) derivadas da raça doadora Wistar Furth injetadas na veia peniana. +DCp GM+Rapa:
receptores tratados como o grupo CsA+SAL, além de 5x10
6
de células dendríticas DCp GM+Rapa
injetadas pela veia penia na. O teste estatistico foi o de Log Rank, qui quadrado: grupo controle sem
tratamento comparado a os grupos restantes (2-7) (#p<0.05); grupo 6 comparado ao grupo 3
(*p<0.01); grupo 6 comparado ao grupo 4 (**p<0.001); grupo 6 comparado ao grupo 5 (†p<0.05);
grupo 6 comparado ao grupo 7 (††p<0.05); grupo 7 comparado ao grupo 4 (##p<0.001).
54
QUADRO 3. Sob revida dos retalhos nos grupos com diferentes protocolos.
Grupo
Sobrevida do retalho (dias)
Tempo médio de sobrevida (dias)
1. 1. Controle sem tratamento
7,7,7,7,8,8,8
7#
2. CsA (10mg/Kg, d 0-20)
27,28,32,34,34,45
33
3. ALS (d -4,1) +CsA
32,32,33,36,36
33
4. +DC Controle (d7, 14)
34,34,34,36,36
34
5. +DCp Controle (d7,14)
31,35,38,44,61
38
6. +DCp GM+Rapa (d7,14)
43,45,45,>180,>180, >180
>113*,**,†,††
7. +MO (d 0,7)
37,38,38,40,50,55
39#
O teste estatistico foi o de Log Rank, qui quadrado: grupo controle sem tratamento comparado aos
grupos restantes (2-7) (#p<0.05); grupo 6 comparado ao grupo 3 (*p<0.01); grupo 6 comparado ao
grupo 4 (**p<0.001); grupo 6 comparado ao grupo 5 (†p<0.05); grupo 6 comparado ao grupo 7
(††p<0.05); grupo 7 comparado ao grupo 4 (##p<0.001).
A complementação da CsA e SAL com 2 doses de DC controle também falhou em
prolongar a sobrevida, quando comparada à do grupo CsA+SAL. As DC controle pulsadas
com aloantígenos (2 doses) infundidas com CsA e SAL promoveram aum ento da sobrevida
dos retalhos, quando comparada à do grupo CsA+SAL, entretanto esta diferença não foi
estatisticamente significativa.
À administração de duas doses de MO de doador associadas a Csa e SAL, houve
aumento significativo da sobrevida do retalho quando co mparado ao grupo CsA (p=0.03),
CsA+SAL (p=0.03) e +DC controle (p=0.0009). A administração de DC GM+Rapa
pulsadas com aloantígeno, combinada com CsA e SAL resultaram em um aumento de
sobrevida sem tratamento imunossupressor contínuo inédito na literatura (>180 dias) de
50% dos RCuA deste grupo, que mantiveram arquitetura histológica normal preservada
(Figura 11), em contraste com necrose epidérmica e intensa infiltração de células
inflamatórias observadas nos retalhos rejeitados. A sobrevida aumentada deste grupo foi
estatisticamente significante quando comparada a todos os outros grupos. O teste Log Rank
mostrou sobrevida si gnificantemente elevada dos retalhos alógenos do grupo +DCp
55
GM+Rapa quando comparado a todos os outros grupos (p=0.0064 quando o grupo +DCp
GM+Rapa foi comparado ao grupo Csa+SAL; p=0.0009 comparado ao grupo +DC
controle, p=0.0285 comparado ao grupo +DCp Controle; p=0.0418 comparado ao grupo
+MO). A so brevida do grupo +MO foi significativamente maior do que a do grupo +DC
controle (p= 0.0009 ) e do que a do grupo CsA+SAL (p=0.03) (Figura 9).
Os receptores do grupo +MO mostraram níveis variados de quimerismo no 30
o
PO,
variando de 2.9 a 64.3% de células T de doador circulantes. Quatro de seis ratos rejeitaram
o RCuA 38 a 55 dias após o transplante. Dois ratos apresentaram níveis moderados de
quimerismo (27.8 e 38.4%) e morreram de doença do enxerto ve rsus hospedeiro (DEVH)
no 37º e 38º PO. A partir destes resultados, não foi observada uma correlação entre os
níveis de quimerismo e sobrevida do RCuA, apesar de que a DEVH ocorreu q uando os
níveis de quimerismo estavam moderados.
As DC GM+Rapa pulsadas com aloantígenos induzem baixa proliferação de
células T periféricas ao estímulo com antígeno doador-específico
À estimulação com CAA de doador no 30
o
PO, as células mielóides de sangue
periférico (CMSP) d os receptores que receberam DC controle (não pulsada) ou MO
produziram veis de IFN-γ e de IL-10 significantemente maiores do que os animais que
receberam DC controle pulsada ou DCp GM+Rapa (p<0.05) (Figura 13, gráficos da
esquerda). No 3PO, as CMSP do grupo DCp controle produziram IFN-γ e IL-10 quando
esimulados com CA A de terceira raça não relacionada, porém mantiveram-se
hiporresponsivos às CAA de doador (p<0.05; comparado com os grupos +DCp controle e +
MO) (Figura 13). as CMSP do grupo +DCp GM+Rapa não responderam à estimulação
com CAA de raça doadora ou de terceira raça não relacionada (Figura 13). No entanto,
quando as CMSP de ratos tratados com DC p GM+Rapa foram estimuladas com CAA de
56
raça não relacionada, as mesmas produziram níveis de IFN-γ (p=0.01) e IL-10 (p<0.001)
significantemente maiores do que os níveis produzidos no 30º PO; porém estas CMS P
permaneceram hiporresponsivas a CAA de raça doadora, demonstrando
hiporresponsividade doador-específ ica (Figura 13).
Figura 13. Produção de citocinas pró e anti-inflamatória (IFN-γe IL-10) pelas células mielóides de
sangue periférico (CMSP) de receptores tratados com DC controle, DC controle pulsadas com
aloantígenos (DCp Controle), medula óssea (MO) e DC GM+Rapa pulsadas com aloantígenos
(DCp GM+Rapa), nos 30º,100º e 150º dia pós tra nsplante. As DCp GM+Rapa induziram as CMSP
dos animais receptores a manterem baixa responsividade doador-específica por período prolongado
(>150dias).
57
Enxertos de pele derivados de doadores sobreviveram por mais tempo do que os enxertos
derivados de terceira raça não relacionada quando transferidos aos animais cujo retalho
apresentou sobrevida prolongada no grupo +DCp GM+Rapa
Para testar a tolerância específica a doador in vivo, os ratos com RcuA com
sobrevida maior do que 100 dias (n=3) receberam enxertos de pele parcial deriva dos de raça
doadora (WF) e de uma terceira raça não relacionada (SD) no 150º PO. Os enxertos de pele
provenientes de doador sobreviveram por mais tempo (n=3; 12±2 d ias; p=0.01) do que os
derivados de uma terce ira raça (n=3; média de 7 ± 0 dias), sendo que a observação clínica
de rejeição foi conf irmada por biópsia (grau III).
Os tecidos linfóides e os retalhos cutâneos alógenos com sobrevida prolongada do grupo
+DCp GM+Rapa são intensamente povoados por células T Foxp3+CD4+
A análise histopatológica de tecidos corados por técnica de imunofluorescência para
detecção de moléculas CD4 e Foxp3 mostrou células T Foxp3+CD4+ infiltradas nos RCuA
tolerizados, mas não em retalhos normais ou rejeitados (Figura 14).
58
Figura 14. Cortes histológicos ilustrando as camadas da pele de rato de raça receptora sem
tratamento, de retalhos epigástricos cutâneos alógenos microcirúrgicos do grupo controle durante a
rejeição e do grupo + DCp GM+Rapa no 180º dia após o transplante. As figuras da coluna esquerda
são de amostras de pele coradas com hematoxilina e eosina. No 150º PO, os retalhos cutâneos
alógenos do grupo +DCp GM+Rapa apresentavam estrutura normal. As figuras d a coluna direita
foram coradas com técnica de imunofluorescência. As células T Foxp3+(vermelho) CD4+ (verde)
(Tregs, em detalhe na figura inferior da coluna direita) estão presentes somente nos retalhos de
sobrevida prolongada (>180 dias) do grupo +DCp GM+Rapa. Aumento original x 200 (H&E) e x
400 (IF); n=2 ratos por grupo, 2 seções por rato.
Nos LNs, as células Tregs estavam mais concentradas nas areas de células T e fora m
encontradas e m quantidades significantemente maiores nos LN de retalhos cutâneos
59
epigástricos alógenos (LN de drenagem, originário do doador), quando comparados aos LN
retirados de retalhos cutâneos epigástricos alógenos rejeitados (n=2,*p=0.025) ou LN
inguinais de ratos da raça receptora, não manipulados ou operados (n=2, †p=0.024). Apesar
da frequencia das células T CD4+Foxp3+ no LN inguinal contralateral ao retal ho ser maior
do que no LN retirado de retalhos cutâneos alógenos rejeitados ou de LN controle, estes
valores não apresenta ram diferença estatisticamente significante (figura 15 e 16).
60
Figura 15. Análise imunofluorescente de células T Foxp3+CD4+ nos linfonodos inguinais. A expressão
do marcador é marcadamente mais forte no linfonodo de drenagem dos retalhos com sobrevida
prolongada do grupo +DCp GM+Rapa. Aumento original, x 200; n=2 ratos por grupo, 2 seções por rato.
61
Figura 16. Quantificação de células coradas n as sec ções de linfonodo tratadas com técnica
imunofluorescente. Os dados exibidos representam médias em %±desvio padrão de células T
CD4+Foxp3+. A diferença de médias entre lin fonodos de retalhos de sobrevida prolongada e
linfonodos de retalhos rejeitados foi estatisticamente significante (*p=0.025); bem como a
diferença entre os primeiros e linfonodos normais (†p=0.05).
Nas lâminas de tecido esplênico, a maioria dos Tregs estavam localizados na bainha
linfática periarterial (P ALS, área de célula s T) e os receptores de retalhos com sobrevida
prolongada também apresentaram maiores quantidades de Tregs, comparado aos receptores
que rejeitaram os retalhos e ratos virgens de procedimentos ou tratamento (p<0.001 para
ambas as comparações; figuras 17 A, 17 B e 18).
A análise por citometria de fluxo das células T purificadas com colunas de náilon
também mostraram uma expressão signif icantemente maior de Foxp3 em baços de animais
tolerizados do que em animais que rejeitar am o retalho ou de ratos virgens de tratamento ou
procedimento (*, †, p<0.05 para ambos; Figura 17 A).
62
Figura 17 A. Gráfico representativo ilustrand o a expressão de Foxp3 e CD4 à citometria de
fluxo em células T purificadas com malha de náilon (nylon wool), de ratos virgens de
tratamento e sem transplante, ratos que não receberam tratamento, porém foram
transplantados (grupo controle, dia PO) e de ratos receptores de alotransplantes com
sobrevida prolongada, pertencentes ao grupo +DCp GM+Rapa. Os meros nos cantos
superiores indicam a porcentagem de células e DP em cada, n=2 ratos por grupo. B. Cortes
histólogicos com técnica imunofluorescente para corar células T Foxp3+CD4+ de baço de
ratos virgens de tratamento e sem transplante, ratos que não receberam tratamento, porém
foram transplantados (grupo controle, dia PO) e de ratos receptores de alotransplantes
com sobrevida prolongada, pertencentes ao grupo +DCp GM+Rapa. Os baços dos ratos que
apresentaram retalhos com sobrevida prolongada mostraram maior expressão de Foxp3
(vermelho) e CD4 (verde) (em detalhe na figura da 3ª linha). Aumento original x 200;
n=2 ratos por grupo, 2 seções por rato.
63
Figura 18. Quantificação de células coradas nas secções de baço tratadas com técnica
imunofluorescente. Os dados exibidos representam médias em %±desvio padrão de células T
CD4+Foxp3+. A diferença de médias entre baços de receptores de retalhos de sobrevida
prolongada (>180d) e de receptores de retalhos rejeitados foi estatisticamente significante
(*p<0.01); bem como a diferença entre cortes esplênicos de ratos não manipulados (†p<0.01).
.
64
Discussão
________________________________________________________
65
6. DISCUSSÃO
Milhares de pacientes com membros amputados e com grave perda de tecidos moles
beneficiariam-se de reconstruções com RCuA se a barreira imposta pelos episódios de
rejeição aguda e toxicidade de drogas i munossupressoras pudesse ser ultrapassada.
1,3,5,15,48,64-66
(FERREIRA, 1994; FERREIRA, ANDREWS JDE e LAREDO FILHO, 1995;
PETIT et al., 2002; KANITAKIS et al., 2003; ANDREW LEE e NGUYEN, 2005;
CENDALES et al., 2005; LANZETTA et al., 2005; DEVAUCHELLE et al., 2006).
A alta capacidade da pele de desencadear respostas imunológicas representa um
grande obstáculo ao transplante de tecidos compostos. A análise da relação do padrão de
secreção de citocinas Th1/Th2 em componentes de retalhos compostos alógenos rejeitados
por camundongo receptor evidencia o fato de que a pele é o tecido mais imunogênico,
que a mesma induziu uma maior resposta Th1, característica de episódios de rejeição
aguda
37
(TUNG et al., 2005). Muitos estudos m focado na indução de tolerância a
aloenxertos de pele
67,68
(IWAKOSHI et al., 2001; ETO M et al., 2002). No entanto, estas
investigações empregaram enxertos de pele, ou seja, pele não vascularizada e de espessura
total, que são mais susceptíveis a injúria isquêmica, enquanto que as respostas imunológicas
a retalhos cutâneos alógenos raramente m sido examinados. Retal hos cutâneos alógenos
induzem reatividade imunológica i mediatamente após a anastomose de vasos sanguíneos e
restauração de suprimentos sanguíneos. Estes retalhos tendem a se comportar como
transplantes vascularizados, nos quais os aloantígenos são rapidamente levados aos
linfonodos de drenagem, onde se início a ativação das células T e rejeição do enxerto
14
(OCHANDO et al., 2006). O presente estudo é o primeiro a demonstrar que as terapias
baseadas em DC mielóides (DC GM+Rapa) podem promover sobrevida prolongada (>180
66
dias) de retalhos e que a sobrevida destes retalhos podem ser prolongada indefinida mente
através da administração destas células no período pós operatório tardio.
Até o momento, a literatura não demonstrou ser possível a prevenção de rejeição
aguda em RCuA utilizando-se terapias celulares e uso transitório de drogas
imunossupressora s. Entretanto, vários protocolos experimentais imunomodulatórios
envolvendo DC tem sido bem sucedidos no aumento da sobrevida de órgãos alógenos para
acima de 100 dias
14,21-24,68-71
(BESCHORNER, TUTSCHKA e SANTOS, 1982;
GARROVILLO, ALI e OLU WOLE, 1999; LUTZ et al., 2000; GARROVILLO et al.,
2001b; PECHE et al., 2005; T ANER et al., 2005; LAN et al., 2006; OCHANDO et al.,
2006; PECHE et al., 2006).
DC geradas com GM-CSF e IL-4 são sempre lembradas como DC imunogênicas ou
“clássicas”
21,24
(LUTZ et al., 2000; TANER et al., 2005) , porém experimentos em ratos
tem demonstrado que quando cultivados com baixas doses de citocinas, a população
aderida ao fundo da garrafa (mas não a não aderente) tem mostrado um perf il imaturo, com
baixos níveis de moléculas co-estimulatórias e incapazes de secretar citocinas pró-
inflamatórias), tinham um fenótipo resistente à maturação e prolongara m signif icantemente
a sobrevida de corações alógenos transp lantados
22
(PECHE et al., 2005). Taieb et al
demostraram previamente que DC geradas em 6 dias com GM-CSF e IL-4 inibiram a
proliferação de células T alógenas e secreção de citocinas, induzindo apoptose precoce
destas células. Digno de nota, esta população imatura incluía tanto as células aderentes à
garrafa de cultura quanto as não aderentes, em contraste com o relatado por Peche et al
22
(PECHE et al., 2005). Estes resultados enc orajaram-nos a otimizar o método de cultura
através do aumento da duração da incubação das células derivadas de MO para 8 dias, para
que houvesse uma purificação natural das células de MO, evitando assim o uso dos
gradientes de densidade Histodenz, que são invariavelmente tóxicos para as células. Como
esperado, o novo método aqui descrito resultou em maior número de células, maior pureza
(80-85% de pureza para DC GM+IL-4 obtidas em 6 dias, com gra diente Histodenz contra
67
85-93% de pureza para as D C controle obtidas com o novo método) e apresentaram níveis
muito menores da molécula co-estimulatória CD86 (73.6% contra 24%).
Neste estudo fora m comparadas as propriedades de duas populações de DC
mielóides de ratos, a DC condicionada com GM e IL - 4 (DC controle) e a DC condicionada
com rapamicina (DC GM+Rapa). As populações também foram analisadas quanto ao
potencial de induzir sobrevida prolongada de retalhos cutâneos alógenos transplantados
entre raças com total incompatibilidade de MHC.
Inicialmente, as populações DC controle e DC G M+Rapa foram estimuladas com
ligantes a receptores toll-like (L PS, CpG and polyI:C) para estudo do seu potencial d e
causar respostas inflamatórias, como descrito nos métodos. Com o objetivo de comparar a
produção de citocinas pelas duas populações, inicialmente foi estudada a cinética de
secreção das citocinas pelas DC controle. O ponto ótimo para comparaçã o entre as
populações foi determinado após anális e dos sobrenadantes 12, 24 e 36 horas após a
ativação dos receptor es toll-like. Estes resultados, analisados pelo teste de ANOVA,
mostraram que o ritmo de secreção de citocinas (IL-10, IL-6 and IL12p70) não variou
significantemente com o tempo (p>0,05). Portanto, a comparação d a secreção de citocinas
entre as duas populações foi realizada apenas em um tempo, 24 horas após a ativação dos
receptores. Um estudo prévio realizado na Universidade de Pitt sburgh (RI) demonstrou que
quando a secreção de citocinas após estimulação dos receptores toll-like foi comparada, a
produção de IL-6 pelas DCp GM+Rapa foi maior do que a produção pelas DC GM+Rapa
72
(IKEGUCHI et al., 2008).
A manipulação imunológica realizada através da via indireta de alo-reconhecimento
parece ser crucial para a indução de aceitação de retalhos por períodos prolongados.
Recentemente, a importância da apresentação indireta de aloAg tem sido demonstrada
utilizando-se bloqueio co-estimulatório para a indução de sobrevida prolongada de enxertos
de pele
73
(PHILLIPS et al, 2006). Ademais, a administração pré-transplante de DC tratadas
com dexametasona que expressam molécu las MHC tanto próprias quanto de doador,
68
juntamente com CTLA4-Ig e um curso breve de CsA prolonga a sobrevida de retalhos
indefinidamente
74
(MIREND A et al., 2004). Os pesqui sadores do Laboratório de Cirurgia
Plástica da Universidade de Pittsburgh também testaram os efeitos dos pulsos com
aloantígenos, método que age na via indireta de aloreconhecimento. Tem sido sugerido que
o aumento de sobrevida de ilhotas pancreáticas aloenxertadas e receptores tratados com DC
geradas com GM -CSF e IL-4 e pulsadas com peptídeo 5, combinadas com imunossupressão
transitória com SAL é parcialmente atribuída à indução de tolerância central
74
(OLUWOLE et al., 2001). Neste estudo, as DC foram pulsadas com lisados de baço de
doador, obtidos segundo o método descrito por Taner et al
24
(TANER et al., 2005), ao
invés de peptídeos
40
(GARROVILLO et al., 2001a), contornando a necessidade de
identificar os peptídeos do doador que não são relacionados ao receptor. Seria esperado que
o estímulo com aloantígenos fosse aumentar a cap acidade estimulatória destas DC.
Entretanto, nos experimentos de reação mista de linfócitos, observou-se que ato de pulsar as
DC com aloantígenos não influenciou os perf is estimulatórios das DC controle e DC
GM+Rapa
72
(IKEGUCHI et al). Além do mais, nossos dados endossam a importância da
apresentação de aloAg pela via indireta de alo-reconhecimento ( DC pulsadas com aloAg de
doador). Dentre as populações de DC deste estudo, somente as DC GM+Rapa pulsadas com
aloAg mostrara m-se resistentes à maturação e induziram baixa responsividade de células T
do receptor e aceitação do retalho p or período prolongado (>180 dias).
Interessantemente, pulsos com aloantígenos por si não tornaram as DCp controle
capazes de induzir sobrevida prolongada dos retalhos, fato observado também quando DC
geradas com GM -CSF foram pulsadas com aloantígenos (DCp GM)
76
(SACKS, 2006). Os
pesquisadores do Laboratório de Cirurgia Plástica da Universidade de Pittsburgh
compararam as DCp GM com as DCp GM+Rapa e observara m que as últimas exibiam
menos CD86, MHC classe II e CD40 e produziram quantidades sign ificantemente menores
de IL-6, confirmando o potencial da rapamicina de manter as DC estavelmente imaturas
72
(IKEGUCHI et al).
69
O bloqueio da maturaç ão das DC é considerado o principal mecanismo que torna as
DC GM+Rapa capazes de induzir sobrevida prolongada de retalhos e de tornar as células T
hiporesponsivas a estímulos antigênicos. Entretanto, não se pode excluir a possibilidade de
o mecanismo de aceitação do tranplante estar baseado na ativação alternativa das DC
expostas à rapamicina
24
(TANER et al., 2005) .
A população DCp GM+Rapa deste estudo diferiu da população gerada por Taner et
al, pois f oi cultivada sem IL -4 e ainda preservou o fenótipo imaturo resistente a estímulos,
promoveu hiporesponsividade antígeno-específica de células T e diminuição de citocinas do
padrão de resposta Th1 e Th2 por células T, como a população descrita por Taner
24
, fato
que é benéfico, pois a resposta Th2 por si só, apesar de classicamente considerada anti-
inflamatória, pode ser suficiente para rejeição de aloenxertos
77,78
(VANBUSKIRK,
WAKELY e OROSZ, 1996; BUONOCORE et al., 2003). Por outro lado, apesar das DC
controle terem mostrado fenótipo imaturo também e não tere m produzido IL12p70 com
estímulo dos receptores toll-like, estas DC secretaram muito mais IL-6 e IL-10 e
desencadearam prolif eração das células T in vitro muito mais intensa.
Na área clínica, uma das maiores vantagens das DC sobre a instituída terapia com
células de MO seria a ausência d e DEVH. Entretanto, a maioria dos protocolos
imunossupressivos baseados e m DC publicados, encontrariam dificuldades logísticas,
que as DC são administradas pré-operatoriamente na maioria dos casos, com apenas
algumas poucas exceções
71,76
(PECHE et al., 2006; Sacks 2006). Este esquema de
administração é pouco prático, especialmente nos tra nsplantes de retalhos compostos
alógenos, devido à natureza imprevisível da disponibilidade dos mesmos, pois são
derivados de c adáveres. Além do mais, a maioria das estrat égias tem usado primariamente
DC derivadas de doador
19-21
(LU et al., 1995; FU et al., 1996; LUTZ et al., 2000), sendo
poucos os grupos que utilizaram DC deriva das de receptores
22,24,71
(PECHE et al., 2005;
TANER et al., 2005; PECHE et al., 2006), facilitando a obtenção destas células.
70
Foi previamente demonstrado pelo grupo de pesquisa do laboratório da Divisão de
Cirurgia Plástica da Universidade de Pittsburgh que SAL administrado nos dias -4 e +1,
relative ao transplante, combinado com uma dose otimizada de CsA (10mg/Kg/dia por 7
dias) e 2 infusões de DCp GM prolongaram significantemente a sobrevida de RCA de patas
traseiras de ratos
76
(Sacks 2006). Entretanto, como os retalhos alógenos não sobreviveram
por mais de 40 dias, o curso de CsA foi aumentado para 21 dias e o método de preparo das
DC foi modificado.
Os experimentos subseqüentes do Laboratório de Cirurgia Plástica da Universidade
de Pittsburgh mostraram que as DC GM+Rapa pulsadas com aloantígenos (porém não as
não-pulsadas) quando administradas junto co m um curso transitório de drogas
imunossupressora s prolongaram significantemente a sobrevida dos retalhos compostos
alógenos de pata traseira de ratos por mais de 100 dias (>100 dias)
72
(IKEGUCHI et al).
Surpreendentemente, este eficiente protocolo provou ser bem sucedido no desafiador
modelo experimental de retalhos cutâneos alógeno.
Devido a resultados insatisfatórios obtidos com o emprego das DC GM+Rapa não
pulsadas no modelo de RCA de pata traseira de rato
72
(IKEGUCHI et al) esta população de
DC não foi testada no presente estudo.
Os demais protocolos deste estudo que empregaram DC (DC controle, DCp
controle) falhara m em prolongar a sobrevida dos RCuA, presumidamente devido ao
aumento da expressão de moléculas co-estimulatórias causado por estímulos multi - fatoriais
in vivo.
Acredita-se que um dos principais mecanismos responsável pelo aumento da
sobrevida de retalhos alógenos seja a expansão de Tregs. A rapamicina também tem sido
utilizada para expandir Tregs na terapia celular ex vivo para prevenir rejeição de aloenxertos
in vivo
79
(BATTAGLIA, STABILINI e RONCAROLO, 2005). As células Tregs te m sido
associadas com a umento da sobrevida de aloenxertos, como evidenciado pela detecção de
maiores concentrações destas célula s em enxertos de pele não vascularizados de
71
camundongos
17,80
(GRACA, COBBOLD e WALDMANN, 2002; CHAI et al., 2005),
aloenxertos cardíacos
23
(LAN, WANG et al. 2006) e LN
14
(OCHANDO, H OMMA et al.
2006) de receptores que tornaram-s e tolerantes a aloenxertos utilizando outros protocolos.
Recentemente, Tregs foram encontrados também em retalhos compostos alógenos de
mão em paciente cronicamente imunossuprimido, seis anos após o
transplante
81
(ELJAAFARI et al., 2006). Nossos dados estão de acordo com estes relatórios.
No entanto, até o momento entendemos que este é o primeiro relato que correlaciona o uso
das DCp GM+Rapa com o aumento da incidência de Tregs em receptores de RCuA com
sobrevida prolongada. A expansão in vivo de Tregs pode ter ocorrido devido à
transformação de células T CD4+ que entraram em contato com as DCp GM+Rapa ou
devido à expansão das Tregs CD4+CD25+ existentes
23
(LAN et al., 2006).
A recuperação da quebra transitória da tolerância ao RCuA após a enxertia de pele
parcial derivada de doador e de terceira raça sugeriu que um mecanismo regulatório local
pudesse estar presente no RCuA e ou nos linfonodos regionais, tendo um p apel principal no
mecanismo de aceitação prolongada. Nossos dados ind icam que a tolerância aos RCuA é
pelo menos parcialmente regulada pelas Tregs no retalho alógeno e nos lindonodos de
drenagem. Tomando como pre missa que vários mecanismos estão envolvidos na indução e
manutenção de aloenxertos, é tentador especular que estas Tregs produzem IL-10, visto que
Ikeguchi et al., utilizando citometria de fluxo, detectaram maiores quantidades de IL- 10
nas células T esplênicas de receptores de retalho composto de pata traseira de rato com
sobrevida prolongada pelo do uso de DCp GM+Rapa
72
(IKEGUCHI et al).
A sobrevida dos RCuA no grupo +DCp GM+Rapa poderia ser melhorada ainda mais
através da administração de doses adicionais de DC ou substituindo a CsA, que foi
administrada como terapia imunossupressora transitória, pela rapamicina. Assim o estado
imaturo das DCp GM+Rapa in vivo seria reforçado, a produção de citocinas pró-
inflamatórias poderia ser evitada e a baixa capacidade das DC de aloestimulação de células
T seria mantida
82
(HACKSTEIN et al., 2 003).
72
O sucesso na prevenção dos episódios de rejeição aguda no componente cutâneo de
retalhos compostos alógenos em ratos, através do uso de protocolo clinicamente aplicável e
sem necessidade de terapia imunossupressora prolongada permite sugerir que esta estratégia
seja empregada em modelos experimentais com animais de maior porte, como porcos ou
primatas, para que finalmente possa ser aplicada e m seres humanos. Novas terapias
imunossupressora s não farmacológicas estão sendo desenvolvidas e testadas no Laboratório
de Microcirurgia da Disciplina de Cirurgia Plástica da UNIFESP.
73
Conclusões
________________________________________________________
74
7. CONCLUES
1- A população de DCp GM+Rapa derivadas de MO de ratos apresentou fenótipo e função
in vitro mais tolerogênicos do que os das DC controle e das DCp controle.
2- A adminstração de duas doses de DCp GM+Rapa nos dias 7 e 14 após o transplante,
associadas a SAL nos dias -4 e +1 relativas ao transplante e CsA 10mg/Kg/dia por 21 dias
prolongou significativamente a sobrevida de RCuA (>150 dias), quando comparada aos
outros protocolos do estudo.
3- As DCp GM+Rapa derivadas de MO, qua ndo associadas à imunossupressã o transitória
com SAL e CsA foram capazes de prolongar a sobrevida de RCuA através de mecanismos
associados.
75
Referências
________________________________________________________
76
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83
NORMAS ADOTADAS
ICMJE Interna tional Committee of Medical Journals Editors. U niform
requirements for manuscripts submitted to biomedical jou rnal. Disponível em
http://www.icmje.org.
Consulta ao DeCS Descritores em Ciências da Saúde. www.bireme.br
terminologia em saúde
ORIENTAÇÃO NORMATIVA PARA ELABORAÇÃO E APRESENTAÇÃO DE
TESES. Programa de Pós-Graduação em Cirurgia Plástica UNIFESP.
ISO - International Standard Organization, método Vancouver. Disponível em
http://nlm.nih.gov/bsd/uniform_requirements.html
Nomina Anatomica Veterinaria
84
SUMMARY
Introduction: Cli nically applicable protocols capable of pro moting operational tolerance to
vascularized skin allografts (VSA) would contribute towards a more widespread use of
composite tissue allografts (CTA). This study compared tolerogeneic properties of different
host bone-marrow (BM)-derived dendritic cells (DC) populations in vitro and their potential
to prolong survival of VSA a cross a full MHC mismatch in rats. Methods: DC were
generated either with GM-CSF, rapamycin and donor-alloAg-pulsing (GM+Rapa DCp) or
GM-CSF and IL-4, with (control DCp) or without alloAg-pulsing (control DC). Phenotype
and function were assessed in vitro. We then tested the potential of those DC, co mbined
with transient cyclosporine and anti-lymphocyte serum treatment to mediate prolonged
survival of VSA. Graft survival and donor-specific hyporesponsiveness were compared.
Presence of Foxp3+CD4+T cells (Tregs) in VSA and secondary lymphoid organs was
assessed and quantified by FACS and immunofluorescence. Results: These myeloid DC
populations demonstrated LPS stimulation-resistant immature phenotypes. GM+Rapa DC
displayed significantly lower T-cell stimulatory capacity and produced less pro-
inflammatory cytokines upon TLR activation. When combined with transient
immunosuppresion, GM+Rapa DCp was the only population to sig nificantly prolong VS A
survival (>180da ys), in a donor-specific hyporesponsive milieu. Signif icantly higher
amounts of Tregs were detected in long-term surviving VSA and secondary lymphoid
organs of these recipients. Conclusion: Among the DC populations studied herein,
GM+Rapa DCp showed the most tolerogeneic profile in vitro and when e mployed in a
clinically applicable pr otocol in vivo led to operational tolerance of VSA, an unprecedented
finding in literature. Furthermore, this is the first report to correlate use of rapamycin-
treated DC with Tregs expansion i n vivo.
85
ANEXOS
Técnica de preparo das DC pulsadas com aloantígenos segundo Taner et al
24
.
As DC foram preparadas como descrito em Métodos. No dia de cultura, foi
adicionado às DC lisado de baço alógeno fem uma proporção de 1 DC para 10 esplenócitos
por 24hs, a 37º C. Os lisados de baço de ratos Lewis foram obtidos através de 3 ciclos de
congelamento/descongelamento rápido e m PBS. Para desfazer os aglutinamentos de
DC:lisados, as células foram lavadas exaustivamente (3x, 700x g, 5 min) com PBS
contendo 5 mM ethylenediamine tetra-acetic acid (EDTA) após o pu lso.
Técnica operatória do retalho epigástrico microcirúrgico em ratos segundo
Strauch e Murray
60
Basicamente no modelo experimental descrito por Strauch, o procedimento cirúrgico
era realizado como se segue: dois retalhos cutâneos medindo 6 x 4 cm, irrigados pelos
vasos femorais e epigástricos eram elevados da região epigástrica direita e esquerda do rato
doador (Figura 19) e transplantados ortotopicamente para dois ratos receptores.
No rato doador, os limites de dois RCuA foram demarcados na região epigástrica,
um à direita e outro à esquerda da linha média. Os limites dos retalhos eram: medialmente,
a linha mediana; superiormente, uma linha perpendicular à linha mediana, distando 6 cm da
sínfise púbica; inferiormente, uma linha perpendicular à linha mediana, passando pela
sínfise púbica, e lateralmente, uma linha paralela à linha mediana distando 4 cm da mesma
(Figura 19)
86
Figura 19. Marcações do retalho epigástrico
Retalhos consistindo de pele, fáscia, (panniculus carnosus) e parte do coxim adiposo
inguinal foram elevados na direção medial para lateral, até que os vasos epigástricos
superficiais pudessem ser vistos por transiluminação. Logo após, a margem lateral foi
incisada, incluindo o ramo lateral dos vasos epigástricos superficiais no retalho (Figura 20).
Figura 20. Dissecção do retalho epigástrico, realizado no sentido medial -
lateral, no plano pré-aponeurótico da parede abdominal.
87
Os vasos femorais foram ligados distalmente à origem dos vasos epigástricos e
foram transeccionados a 0.1 cm distalmente ao ligamento inguinal, liberando o retalho
(Figura 21).
Figura 21: Modelo experimental de retalho epigástrico
descrito por Strauch. Preparo do pedículo no rato doador.
EF: retalho epigástrico, EV: vasos epigástricos, FA: arte-
ria femoral, FV: veia femoral, IL: ligamento inguinal.
A artéria femoral foi irrigada com 3ml de solução de Ringer lactato a 4
o
C, e o retalho
foi transferido para um dos ratos receptores. O segundo retalho epigástrico foi então
dissecado e transferido para outro rato receptor, que era operado por um segundo cirurgião.
Nos ratos receptores, o retalho epigástrico foi dissecado da mesma maneira descrita
para o doador, com exceção do pedículo: os vasos epigástricos foram seccionados em sua
junção com os vasos femorais, liberando o retalho epigástrico do leito receptor, que foi
descartado. Os vasos femorais foram seccionados proximalmente à origem dos vasos
epigástricos. Após o preparo do leito receptor, o suprimento vascular do retalho alógeno foi
restabelecido através de anastomose término-terminal entre as veias e artérias femorais do
receptor e doador (Figu ra 22).
88
Figura 22: Anastomose término-terminal entre vasos femo-
rais de doador e receptor, segundo a técnica microcirúrgica
descrita por Strauch. EF: retalho epigástrico, FA: artéria fé-
moral, FV: veia femoral.
A anastomose venosa foi realizada primeiro, com 9 a 10 pontos simples de náilon
10-0, com auxílio d e microscópio Zeiss a 20-30 x de aumento. A anasto mose arterial foi
completada com 6 a 7 pontos simples.
Os doadores sofreram eutanásia com pentobarbital sódico (100mg/Kg).
89
Cópia do aceite da Comissão de Ética em Pesquisa da UNIFESP
Cópia do aceite da Comissão de Ética em Pesquisa da Universidade de Pittsburgh
Livros Grátis
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