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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
INSTITUTO DE QUÍMICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA
TESE DE DOUTORADO
DECOMPOSIÇÃO DE NO EM CATALISADORES DE Pd, PdCu E PdMo
SUPORTADOS EM MORDENITA
ANDRÉA MARINS DE OLIVEIRA
Porto Alegre
Novembro/2007
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ii
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
INSTITUTO DE QUÍMICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA
ANDRÉA MARINS DE OLIVEIRA
DECOMPOSIÇÃO DE NO EM CATALISADORES DE Pd, PdCu E PdMo
SUPORTADOS EM MORDENITA
Tese apresentada como requisito parcial para a
obtenção do grau de Doutor em Química.
Profª. Drª. Ione Maluf Baibich
Orientadora
Profª. Drª. Sibele Berenice Castellã Pergher
Co-orientadora
Porto Alegre
Novembro/2007
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iii
A presente tese foi realizada inteiramente pela autora, exceto as colaborações as quais
serão devidamente citadas, no período entre março de 2004 e novembro de 2007, no
Instituto de Química da Universidade Federal do Rio Grande do Sul sob orientação da
Professora Doutora Ione Maluf Baibich e co-orientação da Professora Doutora Sibele
Berenice Castellã Pergher. A tese foi julgada adequada para a obtenção do título de
Doutor em Química pela seguinte banca examinadora:
Comissão Examinadora:
________________________________
Profª. Drª. Heloise de Oliveira Pastore
(IQ/UNICAMP)
_________________________________
Profª. Drª. Maria do Carmo Martins Alves
(IQ/UFRGS)
________________________
Profª. Drª. Ione Maluf Baibich
Orientadora (IQ/UFRGS)
_________________________________
Prof. Dr. Manfredo Hörner
(DQ/UFSM)
_________________________________
Prof. Dr. Nilson Romeu Marcílio
(DEQUI/UFRGS)
_________________________________
Profª. Drª. Sibele Berenice Castellã Pergher
Co-orientadora (DEQ/URI-Campus de Erechim)
_________________________________
Andréa Marins de Oliveira
Doutoranda
iv
Agradecimentos
Em primeiro lugar gostaria de agradecer aos meus pais, Jorge Euclides de Oliveira e
Terezinha de J. Borges Marins, pelo apoio emocional e pela valorização que ambos dão à
busca de aperfeiçoamento pessoal e profissional através de conhecimento tanto formal
como informal.
À Elisabeth Urban, superintendente do Instituto Euvaldo Lodi (IEL/RS), entidade
integrante do Sistema FIERGS, por ter entendido a importância da conclusão desta etapa
na minha evolução profissional.
Aos colegas queridos do IEL/RS, Sandra B. Thiesen Suñol, Cristiano B. Franco e Daniela
Goya Tocchetto pelo apoio durante a fase de elaboração da parte escrita da pesquisa.
Aos colegas do laboratório K-108, e em especial à Dr
a
. Julia Maria Díaz Cónsul, à Dr
a
Ana
Paula Oliveira Costa e ao bolsista de iniciação científica Carlos Alexandre Peralta.
À minha amiga desde os tempos de graduação na Universidade Federal Fluminense, Dra
Sandra Valéria Mendes de Moraes, pelo apoio emocional em uma das fases mais difíceis
da minha vida.
v
Às amigas que fiz nos tempos do mestrado no Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Química, MSc. Adriana Inês Wassermann e MSc. Letícia Christmann
Espíndola, que me deram apoio em várias crises de desespero ao longo desse trabalho.
Aos colegas que me auxiliaram durante o estágio realizado no Núcleo de Catálise do
Programa de Engenharia Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(NUCAT/PEQ/COPPE/UFRJ): Dr Vitor Teixeira da Silva, Dr
a
Maria Auxiliadora Scaramelo
Baldanza e as doutorandas Érika Batista Silveira e Karina Tamião de Campos Roseno.
À minha orientadora, Prof
a
. Dr
a
. Ione Maluf Baibich, que me mostrou como posso vencer
grandes batalhas, lutando um pouquinho a cada dia no desenvolvimento das habilidades
que levo para o resto da vida.
À minha co-orientadora, Prof
a
Dr
a
Sibele Berenice Castellã Pergher, por ser a minha
incentivadora, motivadora e acima de tudo, por me entender quando passei por sérios
problemas de saúde.
À Companhia Petroquímica do Sul, COPESUL, pelo apoio financeiro ao projeto e pela
minha bolsa de doutorado durante o período compreendido entre março de 2004 e
fevereiro de 2007.
vi
Resumo
O presente trabalho retrata o estudo realizado para a eliminação dos compostos
de nitrogênio, NO
x
,
,
a partir de fontes antropogênicas usando a decomposição direta sobre
catalisadores monometálicos de paládio e bimetálicos de paládio/cobre e
paládio/molibdênio suportados na zeólita mordenita. A síntese de uma das mordenitas
utilizadas foi avaliada com o emprego de uma fonte alternativa de Si e Al, a argila natural.
Os catalisadores foram preparados pelo método de troca iônica para os metais Pd e Cu e
pela incorporação de Mo a partir de [Mo(CO)
6
]. Os catalisadores foram caracterizados
através da análise química, área superficial específica, volume de poros, difração de
raios-X, refletância difusa na região do ultravioleta e visível, redução com programação de
temperatura, quimissorção de hidrogênio, dessorção de NO com programação de
temperatura, infravermelho com transformada de Fourier das moléculas de CO e NO
adsorvidas e microscopia eletrônica de varredura com espectroscopia de energia
dispersiva.
As avaliações catalíticas foram realizadas através da reação de decomposição
direta do NO em um reator tubular com leito fixo e fluxo contínuo, e foi utilizado como
detector um espectrômetro de infravermelho com transformada de Fourier acoplado a
uma célula de gás.
vii
Os catalisadores de paládio preparados nos suportes sintetizados em laboratório
apresentaram atividades similares ao catalisador preparado com a mordenita comercial,
porém menores seletividades.
Os catalisadores bimetálicos mostraram-se ativos por mais tempo nas condições
de reação empregadas. O suporte mordenita apresentou efeito promotor quando
comparado com outros suportes. Portanto, catalisadores mono e bimetálicos de paládio
apresentaram-se como uma opção para a decomposição direta do NO.
viii
Abstract
This work presents the results of the research for the removal of nitrogen
compounds, NO
x
, from antropogenic sources using the direct decomposition over
monometallic palladium catalysts and bimetallics of palladium / copper and palladium /
molybdenum supported in the zeolite mordenite. The synthesis of mordenite was
assessed with the use of an alternative source of Si and Al, a natural clay. The catalysts
were prepared by the method of ion exchange for Pd and Cu and the incorporation of
metalcarbonyl for Mo. The catalysts were characterized by chemical analysis, specific
surface area, volume of pores, X-ray diffraction, diffuse reflectance in the ultraviolet-visible
region, temperature programmed reduction, hydrogen chemisorptions, NO temperature
programmed dessorption, the Fourier transform infrared with adsorbed molecules of CO
and NO and with the scanning electron microscopy, electrons energy dispersive analysis.
Tests for catalytic activity were made by reaction of direct decomposition of NO in a fixed
bed reactor with tubular and continuous flow. The products of reaction were analyzed by
Fourier transform infrared detector coupled to a gas cell.
The palladium catalysts prepared from the raw material synthesized in the laboratory had
similar activities then the catalyst prepared with the commercial mordenite, but poorer
selectivities. The bimetallic catalysts were active for longer periods in the reaction
conditions employed in this study. The zeolite mordenite presented a promoter effect when
compared to other supports. Hence, mono and bimetallics catalysts of palladium are an
option for the direct decomposition of NO.
ix
Sumário
Resumo ................................................................................................................................. vi
Abstract.................................................................................................................................viii
Lista de Figuras ..................................................................................................................... xi
Lista de Tabelas ...................................................................................................................xiii
Lista de Abreviaturas............................................................................................................xiv
1. Introdução.......................................................................................................................1
2. Revisão Bibliográfica......................................................................................................3
2.1 Introdução ................................................................................................................3
2.2 Poluição pelo NO .....................................................................................................7
2.2.1 Impactos Ambientais e na Saúde dos NO
x
....................................................10
2.3 Eliminação dos NO
x
...............................................................................................11
2.3.1 Metais suportados e óxidos............................................................................14
2.4 O Suporte Zeolítico................................................................................................16
2.4.1 Mordenita........................................................................................................20
2.5 Metal - zeólitas.......................................................................................................22
3. Parte Experimental .......................................................................................................25
3.1 Suportes.................................................................................................................25
3.2 Preparação dos catalisadores monometálicos .....................................................26
3.3 Preparação dos catalisadores bimetálicos............................................................27
3.4 Caracterização dos Catalisadores ........................................................................27
3.4.1 Difração de raios-X.........................................................................................27
3.4.2 Análise Química .............................................................................................28
3.4.3 Microscopia Eletrônica de Varredura e EDS .................................................28
3.4.4 Análise Textural..............................................................................................28
3.4.5 Redução a Temperatura Programada ...........................................................28
3.4.6 Dessorção de NO a Temperatura Programada.............................................29
3.4.7 Espectroscopia de Refletância Difusa UV-Vis...............................................29
3.4.8 Infravermelho com transformada de Fourier de CO e NO ............................29
3.4.9 Quimissorção de Hidrogênio..........................................................................30
3.5 Testes Catalíticos ..................................................................................................30
4. Resultados e Discussão...............................................................................................31
4.1 Paládio suportado em mordenita...........................................................................31
x
4.1.1 Mordenita Comercial CBV 10A ......................................................................31
4.1.2 Mordenita sintetizada MOR-IZA.....................................................................34
4.1.3 Mordenita sintetizada MOR-ARG...................................................................35
4.1.4 Incorporação de Pd ........................................................................................39
4.1.5 Diferentes teores de Pd suportados na mordenita comercial .......................52
4.2 Paládio e Cobre suportado na mordenita comercial.............................................57
4.3 Paládio e Molibdênio suportados na mordenita comercial ...................................66
4.4 Comparação entre os catalisadores......................................................................77
5. Conclusões...................................................................................................................79
6. Sugestões.....................................................................................................................81
7. Referências Bibliográficas............................................................................................82
Anexo A – Estudo de temperatura realizado nos catalisadores .........................................88
Anexo B – Caracterização de catalisadores........................................................................95
Anexo C – Trabalhos relacionados com a tese .................................................................100
xi
Lista de Figuras
Figura 1: Química do NO na atmosfera superior. Adaptada da ref.
37
.................................10
Figura 2: Exemplos de zeólitas com diferentes unidades secundárias de construção. .....16
Figura 3: Estrutura da mordenita. ........................................................................................20
Figura 4: Sistema de poros da mordenita
35
. ........................................................................21
Figura 5: Difratograma da mordenita comercial CBV 10A ..................................................33
Figura 6: Difratogramas de raios-X do material preparado com adição de semente. ........34
Figura 7: Difratograma da Argila natural Mina.....................................................................36
Figura 8: Estrutura da caulinita
87
..........................................................................................37
Figura 9: Difratograma da mordenita sintetizada a partir da argila natural com adição de
semente ................................................................................................................................37
Figura 10: Micrografia eletrônica de varredura: a) argila natural b) mordenita (MOR-ARG).
..............................................................................................................................................38
Figura 11: Difratogramas de raios-X dos materiais antes e após a impregnação de paládio
..............................................................................................................................................39
Figura 12: Adsorção de 5 torr de CO nos catalisadores (a) PdMOR-COM, (b) PdMOR-
ARG e (c) PdMOR-IZA.........................................................................................................42
Figura 13: Adsorção de 5 torr de NO nos catalisadores (a) PdMOR-COM, (b) PdMOR-
ARG e (c) PdMOR-IZA.........................................................................................................45
Figura 14: Espectro de refletância difusa na região do UV-Vis dos catalisadores (---)
PdMOR-COM, (---) PdMOR-ARG e (---) PdMOR-IZA.........................................................45
Figura 15: Resultados da análise de RTP (a) PdMOR-IZA (b) PdMOR-ARG e (c) PdMOR-
COM......................................................................................................................................47
Figura 16: Dessorção a temperatura programada de NO dos catalisadores. ....................49
Figura 17: Estudo de temperatura para o catalisador PdMOR-COM. ................................50
Figura 18: Atividade Catalítica dos catalisadores de Pd-mordenita para a reação de
decomposição de NO a 400
o
C () MOR-ARG () MOR-IZA () MOR-COM. ...................51
Figura 19: Seletividade, formação de N
2
O, dos catalisadores de Pd-mordenita para a
reação de decomposição de NO a 400
o
C () MOR-ARG () MOR-IZA () MOR-COM...52
Figura 20: Difratogramas dos catalisadores (---) 0,8%PdMOR2 e (---) 1,9%PdMOR........53
Figura 21: Espectro de refletância difusa na região do ultravioleta - visível dos
catalisadores (---) 0,8% PdMOR1, (---) 0,8% PdMOR2 e (---) 1,9% PdMOR.....................54
Figura 22: Perfil de redução com a temperatura dos catalisadores....................................55
xii
Figura 23: Conversão de NO a 400ºC para os catalisadores. ............................................56
Figura 24: Formação de N
2
O à 400ºC a partir dos catalisadores de paládio suportados na
mordenita comercial. ............................................................................................................57
Figura 25: DRX da Mordenita, CuMOR, 1,9%PdMOR, PdCuMOR-TC e PdCuMOR-TS. .59
Figura 26: Espectro de refletância difusa na região do UV-Vis dos catalisadores CuMOR,
1,9%PdMOR e PdCuMOR-TC.............................................................................................60
Figura 27: Perfis de Redução a Temperatura Programada dos catalisadores CuMOR,
1,9%PdMOR, PdCuMOR-TS e PdCuMOR-TC. ..................................................................62
Figura 28: Estudo de temperatura realizado para os catalisadores CuMOR e
1,9%PdMOR.........................................................................................................................63
Figura 29: Conversão de NO versus tempo para os catalisadores de Pd e Cu. ................64
Figura 30: Seletividades dos catalisadores de Pd e Cu expressa em concentração de N
2
O.
..............................................................................................................................................65
Figura 31: Difratograma de raios-X do suporte e dos catalisadores de Pd e Mo. ..............67
Figura 32: Espectro de Refletância Difusa na região do UV-Vis dos catalisadores (---)
MoMOR, (---)0,8%PdMOR, (---)Pd
0,9
Mo
0,6
MOR, (---)Mo
0,3
Pd
1,9
MOR e (---) 1,9%PdMOR. 69
Figura 33: Perfis de redução a temperatura programada para os catalisadores (a)
0,8%PdMOR (b) MoMOR e (c) Mo
0,3
Pd
1,9
MOR...................................................................71
Figura 34: DTP de NO dos catalisadores (a) MoMOR, (b)0,8%PdMOR, (c) Pd
0,9
Mo
0,6
MOR
..............................................................................................................................................73
Figura 35: Estudo de temperatura para os catalisadores 0,8%PdMOR e Mo
0,3
Pd
1,9
MOR.74
Figura 36: Conversão da reação de decomposição do NO a 400ºC com () 0,8%PdMOR
() MoMOR () Mo
0,3
Pd
1,9
MOR e ()Pd
0,9
Mo
0,6
MOR e () 1,9%PdMOR. .......................76
Figura 37: Seletividade da reação de decomposição do NO a 400ºC com () 0,8%PdMOR
() MoMOR () Mo
0,3
Pd
1,9
MOR e () Pd
0,9
Mo
0,6
MOR e () 1,9%PdMOR. ......................77
Figura 38: Conversão de NO do catalisador 0,8%PdMOR .................................................88
Figura 39: Conversão de NO para o catalisador 1,9%PdMOR...........................................89
Figura 40: Conversão de NO para o catalisador CuMOR...................................................90
Figura 41: Conversão de NO para o catalisador MoMOR ..................................................91
Figura 42: Conversão de NO para o catalisador PdCuMOR-TC ........................................92
Figura 43: Conversão de NO para o catalisador PdCuMOR-TS ........................................93
Figura 44: Conversão de NO para o catalisador MoPdMOR ..............................................94
xiii
Lista de Tabelas
Tabela 1: Padrões de Qualidade do Ar no Brasil
1
e nos EUA
2
. ............................................5
Tabela 2: Estudos realizados usando catalisadores para eliminar os NO
x
. .........................6
Tabela 3: Composição da mistura reacional de uma síntese
46
...........................................19
Tabela 4: Composição molar da zeólita mordenita comercial CBV 10A. ...........................32
Tabela 5: Comparação dos valores de difração de raios-X tabelados
80
e os obtidos para a
zeólita mordenita. .................................................................................................................33
Tabela 6: Posição e intensidade dos picos de DRX sintetizados pelo reagente padrão IZA
..............................................................................................................................................35
Tabela 7: Áreas específicas superficiais e cristalinidade da MOR-IZA. .............................35
Tabela 8: Caracterização da Argila Mina.............................................................................36
Tabela 9: Áreas específicas superficiais, cristalinidade e acidez da zeólita MOR-ARG....38
Tabela 10: Análise Química e cristalinidade dos catalisadores de Pd. ..............................40
Tabela 11: Quantidades de Hidrogênio consumido nas análises de RTP..........................47
Tabela 12: Compostos de nitrogênio nos catalisadores detectados por DTP....................50
Tabela 13: Propriedades dos catalisadores de Pd suportados na MOR comercial ...........53
Tabela 14: Principais propriedades do suporte e dos Catalisadores de Pd e Cu. .............58
Tabela 15: Análise química dos catalisadores de Pd e Mo.................................................66
Tabela 16: Propriedades da mordenita comercial e dos catalisadores de Pd e Mo. .........68
Tabela 17: Formação de compostos de nitrogênio nos catalisadores por DTP de NO. ....73
Tabela 18: Comparação entre os catalisadores na reação de decomposição do NO. ......78
xiv
Lista de Abreviaturas
NO
x
– Óxidos de Nitrogênio
RSC – Redução Seletiva Catalítica
Y – Zeólita Faujasita tipo Y
USY – Ultra Stable Y
MOR – Mordenita
FER – Ferrierita
SOD – Sodalita
FAU – Faujasita
LTA – zeólita A
MFI – estrutura da zeólita ZSM-5
BEA – zeólita Beta
PAN – Nitrato de Peroxiacetila
HC – Hidrocarbonetos
IZA – Associação Internacional de Zeólias
ICP-OES – Espectrometria de emissão ótica com plasma indutivamente acoplado
IV – Espectrometria de Infravermelho
DRX – Difração de raios-X
BET – Brunnauer, Emmette e Teller
RTP – Redução a temperatura programada
DTP – Dessorção a temperatura programada
MEV – Microscopia Eletrônica de Varredura
EDS – Espectroscopia de energia dispersiva
EPA - Agência de Proteção Ambiental America
PAH – Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos
VOC – Compostos Orgânicos Voláteis
ONU – Organização das Nações Unidas
1
1. Introdução
No meio ambiente, atmosfera, hidrosfera, biosfera e litosfera estão em perfeito equilíbrio.
Uma interação entre o ar e o solo, onde seres vivos habitam, foi estabelecida através de
vários processos tais como: precipitação, infiltração (para os lençóis freáticos), evaporação
e transpiração. Quando um episódio de poluição ocorre, todo o ciclo é afetado. Em
determinados níveis, poluentes atmosféricos podem causar efeitos nocivos ao homem
variando desde náusea e dificuldades respiratórias até câncer. Tais poluentes também
podem ser depositados no solo ou em lagos ou rios, onde afetam sistemas ecológicos e
eventualmente a saúde humana quando consumidos em alimentos contaminados.
Os principais poluentes atmosféricos são: monóxido de carbono, hidrocarbonetos (HC),
provenientes da combustão parcial de combustíveis e os compostos de nitrogênio,
usualmente conhecidos como NO
x
.
Os óxidos de nitrogênio são formados em processos onde são utilizadas altas
temperaturas, que promovem a reação entre o nitrogênio e o oxigênio. A toxicidade do
monóxido de nitrogênio ainda não foi completamente estabelecida para as concentrações
encontradas no ar nos grandes centros urbanos, porém em dias com intensa radiação
solar o NO é oxidado a NO
2
, este sim, é um composto altamente prejudicial aos seres
humanos, pois aumenta a susceptibilidade às infecções respiratórias já que é altamente
agressivo às mucosas e reage nos pulmões formando nitrosaminas que são compostos
conhecidamente carcinogênicos.
O uso de catalisadores é uma das formas de diminuir a emissão destes gases devido à
sua transformação em gases inertes. Nos últimos anos, vários sistemas catalíticos têm
2
sido estudados para a reação de decomposição do NO, especialmente catalisadores
baseados em metais de transição suportados em materiais zeolíticos. O sistema zeolítico
contendo Cu foi apontado como o mais promissor na decomposição do NO e para a
redução catalítica seletiva com metano, o que contém Pd. Na busca para melhorar a
eficiência de catalisadores para decomposição de NO foram estudados os sistemas
contendo Pd, Cu e Mo.
A necessidade do estudo de catalisadores para minimizar os efeitos negativos da
dependência de combustíveis fósseis no desenvolvimento da indústria de forma geral, e
particularmente, a de energia e de transporte se tornou premente. Neste sentido, o
presente trabalho tem como objetivo a avaliação de catalisadores de paládio suportados na
zeólita mordenita, pois este metal possui boa estabilidade térmica e durabilidade na reação
de decomposição direta do NO e também de preparar catalisadores bimetálicos de Pd
formados com cobre ou molibdênio para estudar o efeito da adição de um segundo metal
frente à atividade nessa reação.
Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi o estudo de catalisadores mono e bimetálicos
suportados em mordenita na reação de decomposição de NO. Esses catalisadores foram
preparados, por troca iônica de Pd e Cu e incorporação fotoquímica de Mo, utilizando
como suporte a zeólita mordenita. Esta zeólita apresenta alta estabilidade térmica,
hidrotérmica, elevada acidez e além disso, apresentou resultados bastante promissores na
reação de redução catalítica seletiva com metano, o que despertou o interesse em avaliar
seu comportamento frente à essa reação. Os catalisadores foram caracterizados pelas
técnicas de difração de raios-X, análise química, microscopia eletrônica de varredura,
análise textural, redução a temperatura programada e quimissorção de hidrogênio, e
testados na reação de decomposição do NO em um reator de fluxo contínuo acoplado a
uma célula de gás em um espectrômetro de infravermelho com transformada de Fourier.
3
2. Revisão Bibliográfica
2.1 Introdução
O meio ambiente e a qualidade do ar passaram a ser uma preocupação constante para a
população mundial, o que incentivou os governos de todo mundo a criar políticas
ambientais e legislação para o controle da emissão de gases de combustão provenientes
de fontes estacionárias e veículos automotores. Essas regulamentações tornaram-se mais
restringentes à medida que as conseqüências previstas por organismos internacionais,
como a ONU, para o clima terrestre mostraram-se cada vez mais obscuras. A poluição do
ar é provocada tanto por fontes naturais quanto por fontes antropogênicas, ou seja, criadas
pela ação dos seres humanos. Os poluentes atmosféricos podem ser considerados
quaisquer substâncias presentes no ar que, pela sua concentração, possam torná-lo
impróprio ou até mesmo nocivo ao homem, à fauna e à flora que compõem o planeta. A
medição da poluição atmosférica é realizada através da quantidade de poluentes
presentes no ar. Como há grande diversidade de substâncias que podem ser encontradas
na atmosfera, é feita uma classificação em duas categorias: poluentes primários, que são
emitidos diretamente pelas fontes de poluição, e poluentes secundários, que são aqueles
formados pela reação química entre poluentes primários e componentes naturais da
atmosfera
1
.
No Brasil, a preocupação com a poluição atmosférica se intensificou no início da década
de 70, devido ao forte crescimento econômico e industrial. Eventos de grave poluição do ar
4
nas grandes cidades – São Paulo, Cubatão, Porto Alegre entre outras – evidenciaram a
necessidade da adoção de políticas públicas para tratar o tema. Em nível federal, a
primeira legislação mais efetiva no controle da poluição atmosférica foi a Portaria do
Ministério do Interior de nº 231, de 27 de Abril de 1976 (Minter nº 231/76), que buscava o
estabelecimento de padrões nacionais de qualidade do ar para material particulado (MP),
dióxido de enxofre (SO
2
), monóxido de carbono (CO) e oxidantes fotoquímicos. Nos anos
80, devido ao crescimento da frota de automóveis nacional, o Conselho Nacional do Meio
Ambiente – CONAMA, criou através da resolução nº 18 de 06 de maio de 1986, o
programa de controle da poluição do ar por veículos automotores – PROCONVE. Porém,
notou-se ser de igual importância a criação de um programa nacional que contemplasse as
fontes fixas de poluição do ar. Assim, através da resolução do CONAMA de nº 5 de 15 de
Junho de 1989, criou-se o programa nacional de controle da qualidade do ar – PRONAR
com o intuito de promover a orientação e controle da poluição atmosférica no país,
envolvendo estratégias normativas, como o estabelecimento de padrões nacionais de
qualidade do ar, a implementação de uma política de prevenção de deterioração da
qualidade do ar, a implementação da rede nacional de monitoramento do ar e o
desenvolvimento de inventários de fontes e poluentes atmosféricos prioritários. O primeiro
dispositivo legal decorrente do PRONAR foi a resolução do CONAMA nº 3 de 28 de junho
de 1990, que estabeleceu os novos padrões nacionais de qualidade do ar em substituição
aos fixados pela Portaria Minter nº 231/76. Além de estender o número de parâmetros
regulamentados de quatro para sete (partículas totais, partículas inaláveis, fumaça, dióxido
de enxofre, monóxido de carbono, dióxido de nitrogênio e ozônio troposférico), introduziu-
se na legislação os padrões secundários de qualidade do ar, mais restritivos que os
primários, constituindo-se o atendimento destes em meta de longo prazo. O conceito de
padrão primário e secundário estabelecido pela resolução nº 3 diz que padrão primário de
qualidade do ar são as concentrações de poluentes que, ultrapassadas, poderão alterar a
saúde da população, podendo ser entendidas como níveis máximos toleráveis de
concentração de poluentes atmosféricos. Como definição de padrão secundário, as
concentrações de poluentes atmosféricos abaixo dos quais se prevê o mínimo efeito
adverso sobre o bem estar da população, assim como mínimo dano a flora, aos materiais e
meio ambiente em geral, podendo ser entendidas como níveis desejados de concentração
de poluentes. Outro avanço obtido através dessa resolução foi o estabelecimento, em nível
nacional, dos critérios para elaboração de plano de emergência para episódios agudos de
poluição do ar, antes existente apenas no Estado de São Paulo. Através da resolução nº
5
08 de 06 de dezembro de 1990 estabeleceu-se o primeiro conjunto de limites de emissões
nacionais para processos de combustão externas em novas fontes fixas
1
.
Nos Estados Unidos, foi promulgada em 1955 a primeira legislação sobre ar limpo. Sua
mais recente emenda foi feita em 1990 e restringiu ainda mais o controle da poluição. Essa
nova reforma na legislação estabeleceu padrões de qualidade do ar para a saúde, cuidou
para que houvesse uma redução significativa das emissões de poluentes de fontes móveis,
controle da chuva ácida, além de precisa execução de projetos e programas de
licenciamento
2
.
Na Tabela 1 são apresentados os padrões de qualidade do ar no Brasil e nos Estados
Unidos.
Tabela 1: Padrões de Qualidade do Ar no Brasil
1
e nos EUA
2
.
Poluentes Tempo de Amostragem Padrão Primário Padrão Secundário
BR EUA BR EUA
SO
x
MMA* 80 µg.m
-3
40 µg.m
-3
---
CO 1 h** 9 ppm 9 ppm Nenhum
O
3
1 h 160 µg.m
-3
0,12 ppm 160 µg.m
-3
0,12 ppm
NO
x
MMA 100 µg.m
-3
100 µg.m
-3
*MMA – média aritmética anual **não deve ser excedido mais de uma vez ao ano.
Ao longo dos anos, através de estudos de impacto ambiental, cresceu a consciência dos
efeitos danosos da poluição do ar, de tal forma que as legislações ambientais que regulam
o nível de emissão dos óxidos de nitrogênio (NO
x
) e outros poluentes primários para a
atmosfera estão tornando-se cada vez mais rigorosas. Portanto, há o interesse de vários
grupos de pesquisa em desenvolver estudos para melhorar a conversão catalítica dos NO
x
a N
2
, tanto de fontes estacionárias quanto de fontes móveis, em virtude do sério dano
ambiental e à vida humana. Os óxidos de nitrogênio são as principais causas da poluição
do ar devido à formação de fumaça fotoquímica e da chuva ácida, como será detalhado
adiante
3,4
.
Uma das formas de minimizar a emissão de poluentes atmosféricos como os NO
x
é a
utilização de catalisadores pois estes favorecem a transformação desses contaminantes
em gases inertes, N
2
e O
2
.
Numerosos estudos com diversos tipos de catalisadores foram conduzidos e os mesmos
estão resumidos na Tabela 2.
6
Tabela 2: Estudos realizados usando catalisadores para eliminar os NO
x
.
Autor Reação Metal Suporte
Iwamoto et al.
5
Decomposição do
NO
Cu Y
Iwamoto e Hamada
6
Decomposição do
NO
Cu
Ag
ZSM-5
Co
3
O
4
Iwamoto et al.
7
Decomposição do
NO
Cu ZSM-5
Iwamoto et al.
8
Decomposição do
NO
Cu ZSM-5
Li e Armor
9
Decomposição do
N
2
O
Co, Cu, Ni e Mn
CuO e CoO
Y, Erionita, L, ZSM-5
Al
2
O
3
Armor e Farris
10
Decomposição do
N
2
O
Co ZSM-5
Chang et al.
11
Decomposição do
N
2
O
Ru USY
Kapteijn et al.
12
Decomposição do
N
2
O
Metais
- Óxidos puros e
mistos suportados e
não suportados
- Zeólitas
da Cruz et al.
13
Decomposição do
N
2
O
Co ZSM-5
Li e Armor
14
RCS-CH
4
Co, Mn e Ni ZSM-5, MOR e Y
Shelef
15
RCS-CH
4
, Cetano,
diesel, parafinas e
olefinas (C
3
e C
4
)
Metais
Cu
Óxidos
Zeólitas (ZSM-5)
Loughran e
Resasco
16
RCS-CH
4
Pd ZSM-5
Loughran e
Resasco
17
RCS-CH
4
Pd
ZSM-5, SiO
2
, Y,
SO
4
/ZrO
2
e
Sílica/Alumina
RCS-C
3
H
8
M = Ce, Mn
2
O
3
Sn Mn
2
O
3
e M-ZSM-5
Misono et al.
18
RCS-CH
4
Pd ZSM-5
Ogura et al.
19
RCS-CH
4
Pd, In ZSM-5 e SiO
2
Ogura et al.
20
RCS-CH
4
PdCo ZSM-5
Ali et al.
21
RCS-CH
4
Pd
ZSM-5, SiO
2
, Y e
MOR
Feng e Hall
22
RCS-isoC
4
H
10
Fe ZSM-5
Xin et al.
23
RCS-C
3
H
8
Pt ZSM-5
Voskoboinikov et
al.
24
RCS-isoC
4
H
10
Fe ZSM-5
7
Autor Reação Metal Suporte
Yan et al.
25
RCS-C
3
H
8
CuNa
CuCe
CuLa
ZSM-5
Matsuchima
26
Redução NO + CO
Decomposição do
NO
Pd -
Lyubovsky e
Pfefferle
27
Oxidação de CH
4
Pd α-Al
2
O
3
Damiani e col.
28
Decomposição do
NO
Pd
PdMo
MoPd
γ-Al
2
O
3
Dorado et al.
29
RCS-C
3
H
8
Co e Ni
CoAg
NiAg
MOR
Zhu et al.
30
Oxidação de CO
Decomposição do
NO
Redução NO + CO
-
Perovskitas (tipo)
La
2
CuO
4
e
La
2-x
Sr
x
CuO
4
Urquieta-González e
col.
31
RCS-C
3
H
8
RCS-CH
4
Cu
Co
ZSM-5
O emprego desses catalisadores está associado aos diferentes processos de redução do
NO. Esses processos para a remoção do NO incluem: redução catalítica seletiva de NO
utilizando amônia, CO e/ou hidrogênio, hidrocarbonetos, etc. como promotores e
decomposição direta de NO.
2.2 Poluição pelo NO
Os óxidos de nitrogênio, coletivamente conhecidos como NO
x
, possuem papel fundamental
da química da atmosfera. Os mesmos são emitidos para atmosfera naturalmente,
principalmente como o resultado de atividades microbianas no solo e também através de
descargas elétricas. Os relâmpagos são reconhecidos como o mecanismo para a produção
de nitrogênio fixo na atmosfera, suas descargas aquecem grande quantidades de ar a
temperaturas acima de 2000ºC por dissipação de choques de ondas, produzindo
quantidades relevantes de NO
x
. No entanto, predominantemente, as emissões ocorrem
como resultado da atividade humana (tais como, queima de combustíveis fósseis, queima
de biomassa e o uso de fertilizantes), conhecidas como fontes antropogênicas. A tendência
da concentração dos NO
x
a longo prazo, ainda não foi documentada de forma adequada.
8
Entretanto, séries históricas de emissões sugerem que um grande aumento ocorreu
durante o século XX. Os NO
x
também contribuem com os problemas ambientais globais
que nosso planeta enfrenta, por exemplo, aquecimento global, diminuição da camada de
ozônio e a deposição ácida
32
.
O nitrogênio é o maior componente da atmosfera terrestre, constituindo-se assim a
primeira fonte para a formação dos óxidos de nitrogênio, ou NO
x
. Sendo este um termo
genérico usado para denominar um grupo de gases altamente reativos, cada um deles
possuindo nitrogênio e oxigênio em diferentes proporções na sua fórmula química. A
maioria dos óxidos de nitrogênio é incolor e sem cheiro. No entanto, o dióxido de nitrogênio
(NO
2
), considerado um poluente comum, ao se combinar com o material particulado
presente no ar pode ser visualizado como uma camada marrom-avermelhada sobre as
áreas urbanas (usualmente conhecido pela denominação inglesa, smog).
A atmosfera tem como sua maior fonte de contaminação os óxidos de nitrogênio, pois os
mesmos têm a habilidade de gerar poluentes secundários através de sua interação com
outros contaminantes primários, tais como: moléculas carbonílicas, radicais alcoólicos, etc.
Além da geração em automóveis, esses gases são resultantes também da queima de
combustíveis fósseis em fontes estacionárias, como: caldeiras industriais, termoelétricas,
incineradoras de lixo, gaseificadores, motores e turbinas a gás ou da decomposição de um
grande número de produtos orgânicos pela luz ou através de microorganismos em
processos de nitrificação (oxidação do íon amônio, NH
4
+
, a nitrato, NO
3
-
, em condições
aeróbicas) e denitrificação (redução do nitrato a espécies gasosas de nitrogênio em
condições anaeróbicas)
33
.
Na fotoquímica da troposfera e da estratosfera, o NO é o principal componente. O mesmo
reage com poluentes fotoquímicos como ozônio, formaldeído, hidroperóxidos orgânicos e
nitratos de peroxiacila, que são bastantes reativos e possuem meia vida bastante curta. A
reação possui energia de ativação baixa gerando mais óxidos de nitrogênio e nitratos
orgânicos. O NO
2
formado contribui substancialmente com a formação da chuva ácida.
Dentre as reações envolvendo ozônio, as que envolvem clorofluorcarbonos são as mais
perigosas já que têm efeito determinante no clima terrestre. A média normal de ozônio na
atmosfera está ao redor de 10
-10
(%v/v) e sua interação química com o NO contribui para
sua diminuição. A depleção química do ozônio, em sua grande parte devida aos óxidos de
nitrogênio, é um fenômeno prolongado. Tais reações também formam produtos
carcinogênicos ao homem
34
.
9
Os hidrocarbonetos presentes no ar não reagem entre si sob ação da radiação solar, nem
mesmo em uma pequena proporção, porém apresentam alta reatividade a espécies
intermediárias como os peróxidos. Essas espécies reagem com poluentes primários: NO,
NO
2
, O
3
e hidrocarbonetos (HC), segundo mecanismo parcialmente conhecido. O
complexo fotoquímico HC-NO
x
-O
x
é formado durante as interações do HC no ciclo fotolítico
do NO; a mistura de produtos gerados é denominada de fumaça fotoquímica e contém O
3
,
CO, nitrato de peroxiacetila (PAN), nitrato de alquila, cetonas entre outros
35,36
.
O ciclo fotoquímico dos óxidos de nitrogênio se inicia com a luz solar (λ = 3000 - 4600 Å).
A decomposição do NO
2
é iniciada da seguinte forma
35
:
(
)
KcalONONOO
KcalMOMOO
ONOeVhNO
5,48
2,24
12,3
223
32
2
+++
++++
+
>+
ν
Até o equilíbrio dinâmico ser alcançado:
322
ONOONO
+
+
Na presença de oxigênio, NO é rapidamente oxidado a NO
2
que é parcialmente
responsável pela chuva ácida e a fumaça urbana. Estas têm efeito negativo na agricultura
e também podem predispor a doenças respiratórias pela diminuição da capacidade das
estruturas bronco-pulmonares funcionarem de maneira apropriada.
As várias transformações químicas, algumas citadas anteriormente, sofrida pelo NO na
atmosfera são ilustradas na Figura 1
37
, onde é possível observar as várias reações
passíveis de ocorrência.
10
Figura 1: Química do NO na atmosfera superior. Adaptada da ref.
37
.
2.2.1 Impactos Ambientais e na Saúde dos NO
x
A revolução industrial foi o começo para, os problemas advindos da poluição atmosférica,
serem considerados uma questão de saúde pública, já que foi o início do sistema urbano
conhecido atualmente. A poluição do ar afeta a saúde da população mesmo quando os
níveis medidos pelos órgãos competentes estão dentro dos níveis permitidos pela
legislação vigente.
Os dados de poluição ambiental, no entanto, não permitem conclusões diretas dos
impactos potenciais em seres humanos e no meio ambiente, pois evidências de efeitos
danosos só podem ser fornecidas utilizando organismos vivos, ex. bioindicadores. Estes
são organismos que reagem aos efeitos ambientais mudando suas funções vitais e/ou sua
composição química e através disso, permitem inferir o estado do meio ambiente.
Bioindicadores da poluição do ar, em particular plantas, tem sido amplamente usados em
pesquisas científicas sobre os efeitos da poluição atmosférica há muitos anos
38,39
. Em
11
países como Alemanha, Áustria e Holanda, alguns métodos são aplicados por autoridades
ambientais e empresas no monitoramento rotineiro de instalações industriais e
aglomerados urbanos.
Pesquisadores gregos desenvolveram um índice, que leva em consideração o impacto na
saúde humana, baseado no índice determinado pela Agência de Proteção Ambiental
Americana – EPA, porém adaptado aos padrões usados na comunidade européia
40
.
Estudos conduzidos em Curitiba mostraram que existe uma correlação entre doenças
respiratórias em crianças e os níveis de poluentes (O
3
, NO, CO, SO
2
e VOC) medidos,
portanto há uma profunda relação entre saúde pública e bem-estar e os níveis de poluição
do ar
41
. Asmáticos e crianças são considerados os maiores grupos de risco para avaliação
de sintomas respiratórios. O clima interage com a poluição atmosférica de forma a
potencializar seus efeitos quando a relação entre asma e os poluentes atmosféricos é
considerada. Altos níveis de oxidantes, material particulado e baixas temperaturas estão
relacionados com a taxa de ataques de asma em grandes centros urbanos
42
.
As emissões de poluentes atmosféricos de motores a diesel possuem alto conteúdo de
material particulado que são respiráveis; 90% desse material possuem diâmetros menores
que 1 µm. Centenas de substâncias químicas incluindo mutagênicos e carcinogênicos são
adsorvidos em sua superfície. A fase gasosa das emissões possui substâncias irritantes e
tóxicas. Os óxidos de nitrogênio são precursores do ozônio. Uma larga variedade de
componentes foi identificada e é provadamente mutagênica e carcinogênica e logo,
contribuem para a exposição total dos seres humanos a estas substâncias danosas do
meio ambiente. Exemplos são: benzeno, 1,3-butadieno, formaldeído, nitroarenos (nitro-
PAH) e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (PAH). Os nitroarenos são gerados durante
a combustão pela nitração dos PAH. Os óxidos de nitrogênio são os fatores limitantes para
a formação dos nitroarenos e não a presença de PAH. Salienta-se que os nitroarenos não
são tóxicos em si, porém são ativados ao entrar no metabolismo do ser humano
43
.
2.3 Eliminação dos NO
x
O desenvolvimento de novos catalisadores ou melhorias nos catalisadores existentes
requer um conhecimento sólido da química do NO e a função de cada componente
presente nestes catalisadores na ativação e na redução do NO para formação de N
2
e O
2
.
A redução catalítica seletiva dos óxidos de nitrogênio nos efluentes gasosos das indústrias,
12
principalmente de plantas de ácido nítrico, podem ser seletivamente reduzidas com amônia
ou uréia. Este é o processo conhecido pela sigla SCR, do inglês selective catalytic
reduction. A reação ocorre numa janela de operação pequena, a etapa determinante é a
redução do NO ou NO
2
para a formação de N
2
. Em geral, amônia líquida é injetada na
corrente dos efluentes gasosos antes da reação catalítica ocorrer, usando um sistema
bastante sofisticado de distribuição. Os catalisadores mais usados para esta reação são os
óxidos preparados através da decomposição térmica de um precursor apropriado ou a
impregnação dos suportes. Outros tipos de catalisadores intensivamente usados para esta
reação são os metais nobres suportados em óxidos e metais-zeólitas. Esta é a técnica
mais utilizada para controlar as emissões dos NO
x
. As principais reações que ocorrem
durante a redução catalítica seletiva com amônia são:
Algumas reações secundárias podem ocorrer e são dependentes da natureza do
catalisador, da quantidade de oxigênio presente, da temperatura e da presença de gases
ácidos. Os produtos resultantes destas reações são altamente corrosivos e podem destruir
os equipamentos da planta industrial. Na ausência de catalisadores a reação, com
conversões consideráveis, ocorre em temperaturas elevadas (800 a 900ºC) enquanto a
oxidação da NH
3
em NO
x
ocorre em temperaturas acima de 930ºC e a redução cai
abruptamente. A reação é muito lenta em temperaturas inferiores a 800ºC. Na presença de
catalisadores, a temperatura da reação depende da natureza do catalisador e pode estar
situada entre 80 e 150ºC. No processo é de vital importância manter a razão entre
NH
3
/NO
x
próxima da estequiometria dada pela reação. O excesso de oxigênio reduz a
seletividade para formação de N
2
e favorece a formação de N
2
O ou até mesmo a oxidação
da amônia a NO ou NO
2
35
.
A redução catalítica do NO na presença de CO ou H
2
foi uma das primeiras possibilidades
investigadas sob ótica da eliminação do NO nos efluentes da surdina em automóveis. A
reação:
13
é uma das reações mais importantes que podem ocorrer em conversores catalíticos em
automóveis, onde ambos os compostos são poluentes indesejáveis. Devido à presença de
algum hidrogênio no efluente gasoso, a reação:
também ocorre. Ambas as reações não podem ser consideradas seletivas pois além da
formação do N
2
, há a formação de outros compostos indesejáveis como N
2
O ou NH
3
. O
oxigênio está sempre presente no efluente gasoso. O excesso de oxigênio devido à adição
de ar ou pela queima pobre do combustível dificulta a redução do NO e causa a oxidação
concomitante do CO e H
2
pelo O
2
e NO. Apesar do esforço considerável sobre esta reação
a existência destas reações secundárias e a dificuldade em desenvolver catalisadores
capazes de possuírem alta estabilidade durante longos períodos na presença de H
2
O, SO
2
e metais pesados faz com que apenas alguns sistemas catalíticos tenham aplicação
prática
35
.
A redução catalítica seletiva com hidrocarbonetos é uma das mais promissoras na
eliminação do NO, sua maior vantagem é o uso de uma mistura gasosa muito similar com
o que se encontra em efluentes gasosos de surdinas. O processo inicialmente foi realizado
com Cu suportado em zeólitas de forma independente por dois grupos de pesquisa
liderados por: M. Iwamoto, no Japão e W. Held na Alemanha
44
. Estes estudos mostraram
que a atividade catalítica do Cu-ZSM-5 poderia ser aumentada se na corrente fosse
adicionada pequena quantidade de hidrocarbonetos com excesso de oxigênio. Este tipo de
reação gerou diversos estudos com vários tipos de catalisadores (metal-zeólitas, metal-
alumina) e hidrocarbonetos (metano, propano, butano)
16,28,45
.
A decomposição direta do NO representa a solução mais atrativa no controle de emissões
gasosas, já que a reação não requer que reagente seja adicionado ao NO saído da
corrente dos gases de exaustão, o que potencialmente levaria à formação apenas de N
2
e
O
2
. Redutores adicionais tais como hidrocarbonetos, CO, H
2
e amônia, poderiam levar a
produção de poluentes secundários. Neste caso, tais poluentes seriam evitados, com
exceção da formação de N
2
O.
A reação, apesar de termodinamicamente instável com relação à decomposição para
formação de seus elementos,
)25(/7,202
)(2)(2)(
CmolkcalAGONNO
ggg
°
=
°+
por apresentar energia livre de Gibbs negativa a 25ºC, não foi demonstrada em
rendimentos consideráveis até o estudo pioneiro feito por Iwamoto e colaboradores
46
. A
decomposição do NO sobre metais nobres começa com uma quimissorção dissociativa
14
seguida na etapa final pela recombinação dos átomos para formar N
2
e O
2
. A formação da
molécula de oxigênio só ocorre em temperaturas elevadas e para uma decomposição bem
sucedida do NO, a dessorção do oxigênio deve ocorrer em temperaturas inferiores a
500°C
8,37
.
Até o momento, as zeólitas trocadas e/ou impregnadas com metal são os sistemas
catalíticos que apresentaram os resultados mais promissores para tal reação.
Na seqüência, são apresentadas algumas categorias de catalisadores estudados para as
reações de eliminação do NO.
2.3.1 Metais suportados e óxidos
Muitas pesquisas são relatadas em publicações científicas com relação à eliminação do
NO (vide Tabela 2). Os metais nobres foram considerados para esta reação desde o início
do século XX
47
. A cinética da reação foi bem fundamentada no trabalho de Amirnazmi et
al.
48
pois os mesmos explicaram a decomposição do NO sobre o catalisador Pt/Al
2
O
3
com
base numa reação em duas etapas resultando na seguinte equação para a taxa reacional,
,
onde N é o número de Avogrado, k é a constante da adsorção de NO, K é a constante de
equilíbrio para O
2
, a é o fator de conversão dimensional. Esta equação que é de primeira
ordem com relação ao NO e que apresenta o oxigênio inibindo fortemente a reação, está
disseminada não apenas em catalisadores de Pt mas também na maioria dos
catalisadores de decomposição incluindo os óxidos. Hamada et al.
6
relataram que a prata
promovia um aumento na atividade do óxido de cobalto. Este efeito estaria relacionado
com a afinidade mais fraca da prata pelo oxigênio e as espécies ativas no catalisador
seriam um óxido complexo de Co e Ag. Estudos conduzidos por Damiani e col.
28
com
catalisadores de Pd e Mo suportados em γ-Al
2
O
3
mostraram que N adsorvido forma N
2
enquanto que os átomos de oxigênio envenenam a superfície do catalisador formando
óxidos. Nesse trabalho, os autores determinaram as energias de adsorção e dissociação e
observaram que a dissociação no catalisador bimetálico Pd-Mo ocorre de forma distinta, do
que as referidas nos catalisadores monometálicos correspondentes. A decomposição do
NO em óxidos do tipo perovskitas (La
2
CuO
4
e LaSrCuO
4
) foi estudada por Zhu et al.
30
, e a
atividade do óxido que continha Sr foi bem maior do que a do La
2
CuO
4
sugerindo que a
produção da vacância devida ao oxigênio pela adição de Sr facilita a reação, pois esta
15
vacância oferece um lugar para a adsorção do NO, e que a espécie ativa adsorvida (Cu
3+
-
NO
-
) pode assim se dissociar em N
2
e O
s
. O oxigênio superficial (O
s
) pode ser dessorvido e
o sítio ativo regenerado. Portanto, a vacância de oxigênio tem papel de importância na
reação por oferecer o local onde a adsorção do O
2
e NO acontecem. Cabe salientar,
porém, que a atividade do LaSrCuO
4
foi modesta (ca. 34%) já que a reação é intrafacial, a
qual requer não apenas o sítio ativo que é utilizado para adsorção e dissociação do NO,
mas também o ciclo redox do catalisador usado para a dessorção do O
2
. Kapteijn et al.
12
em sua revisão sobre catalisadores utilizados para a reação de decomposição do N
2
O,
relatam que as maiores atividades são reportadas para óxidos de metais de transição do
grupo VIII (Rh, Co, Ir, Ni e Fe), CuO e alguns óxidos de metais terra rara, principalmente o
La. As energias de ativação aparente variam entre 19,1 e 40,6 kcal/mol. A cinética da
reação é proporcional a quantidade de N
2
O ou possui uma ordem menor devido à inibição
produzida pelo oxigênio. Embora o desenvolvimento da redução catalítica seletiva com
hidrocarbonetos esteja relacionado principalmente com catalisadores zeolíticos, alguns
estudos foram conduzidos em outros suportes, como por exemplo SZ (zircônia sulfatada)
17
e misturas físicas de Mn
2
O
3
com Metal/Zeólitas
18
. Segundo revisão feita por Shelef
15
a
maioria dos estudos conduzidos para este tipo de reação utiliza alguns ppm de NO, um
hidrocarboneto de cadeia de carbono curta e cada um dos reagentes passando com
velocidade espacial baixa na presença de excesso de O
2
. Os catalisadores mais ativos
foram aqueles em suportes ácidos (Al
2
O
3
, SiO
2
/Al
2
O
3
, ZrO
2
) contendo pequenas
quantidade de metais de transição tais como Cu, Pd e Co. O estudo conduzido por Chin et
al.
49
com Pd suportado na zircônia sulfatada mostrou que o metal quando em baixas
quantidades está presente inicialmente sob a forma de partículas metálicas pequenas e se
transforma rapidamente em íons de Pd
2+
pela mistura reacional. De forma contrastante, em
suportes não ácidos as partículas se transformam em aglomerados de PdO, que
apresentam maior atividade para a combustão do metano
49
.
Em continuação, uma breve exposição das características das zeólitas é feita.
16
2.4 O Suporte Zeolítico
A história das zeólitas começou com a descoberta, pelo mineralogista sueco Crönstedt, há
250 anos, de um mineral (a estilbita, NaCa
2
Al
5
Si
13
O
36
·14H
2
O) que liberava vapor de água
quando aquecido sob uma chama. A essa nova família de minerais (aluminossilicatos
hidratados), Crönstedt deu o nome de zeólitas, designação derivada das palavras gregas
zeo e lithos (zeólita: pedra que ferve)
50,51
.
As zeólitas são aluminossilicatos perfeitamente cristalinos de fórmula geral M
2/n
O.
Al
2
O
3
.zSiO
2
, onde n é a valência do cátion M e z pode variar entre 2 (regra de
Loewenstein) e infinito. Estruturalmente, as zeólitas são polímeros cristalinos baseados em
um arranjo tridimensional de tetraedros TO
4
(em geral, SiO
4
ou AlO
4
-
). Este tetraedros são
chamados de unidades primárias de construção. Os mesmos são ligados pelos seus
átomos de oxigênio para formar subunidades (unidades de construção secundárias) e,
finalmente, enormes redes constituídas por blocos idênticos. A Figura 2 apresenta alguns
tipos de estruturas de zeólitas
52
.
Figura 2: Exemplos de zeólitas com diferentes unidades secundárias de construção.
SOD
LTA
FAU
MFI
17
As zeólitas apresentam um esqueleto cristalino carregado negativamente devido à
presença de alumínio, sendo que esta carga é compensada por cátions de fora da rede
cristalina, que possuem alta mobilidade, sendo sujeitos à troca iônica. Os diversos tipos de
zeólitas sintéticas existentes diferenciam-se entre si pela composição química e pela
topologia de sua estrutura tridimensional
50,53
.
Algumas propriedades físico-químicas que as zeólitas apresentam e que determinam sua
aplicação industrial podem ser resumidas da seguinte forma
50
:
Capacidade de troca iônica
é determinada pela presença de cátions de
compensação da carga dos tetraedros de alumínio no interior da zeólita. Logo, a
capacidade de troca pode ser modificada variando a relação Si/Al da zeólita,
aumentando ao diminuir esta relação. E também depende em maior ou menor grau
da relação carga/raio dos cátions presentes no interior e dos que se pretende
trocar. Um exemplo de aplicação industrial da capacidade de troca iônica é o uso
da zeólita A na formulação de detergentes, substituindo os fosfatos que são nocivos
ao meio ambiente.
Capacidade de adsorção
, a estrutura microporosa das zeólitas proporciona a estas
uma grande área superficial, estando os canais e/ou cavidades distribuídos
uniformemente, o que possibilita a adsorção seletiva de moléculas de diferentes
tamanhos em função da dimensão dos canais. A composição química, relação
Si/Al, determina o grau de hidrofobicidade/ hidrofilicidade, sendo mais hidrófobas
quanto menor for a quantidade de alumínio, que também contribui para a adsorção
seletiva das moléculas com tamanho comparáveis em função da sua polaridade.
Há, também, a possibilidade de modificar esta capacidade de adsorção segundo o
cátion presente no interior da estrutura zeolítica. A purificação de gases industriais,
através da adsorção de CO
2
e água, é um exemplo de aplicação industrial da
capacidade de adsorção.
Seletividade de forma
, as características estruturais das zeólitas, tamanho e
distribuição de seus canais variam em uma larga faixa. Assim, se encontra
diâmetros de canal que oscilam entre 2,1 Å, caso da sodalita, até o diâmetro 7,4 Å,
caso da faujasita. Em função disso, o acesso ao seu interior é limitado pelo
tamanho das moléculas reagentes, logo os tipos de reações que podem ocorrer são
denominadas: catálise pela seletividade de reagente, seletividade de produto ou
seletividade pelo estado de transição.
18
Catálise ácida, um sólido ácido é capaz de converter uma molécula básica
adsorvida, em sua forma ácida. Portanto, o sítio ácido é capaz tanto de transferir
próton do sólido para a molécula adsorvida (este tipo de centros ácidos são
chamados de sítios de Bronsted) ou um par de elétrons da molécula adsorvida
para a superfície do sólido (chamado de sítios ácidos de Lewis). As zeólitas, em
geral, possuem ambos sítios em sua estrutura. A atividade catalítica intrínseca das
zeólitas foi inicialmente relacionada com a presença de sítios ácidos em seus
canais. Tais sítios ácidos são responsáveis pela atividade no craqueamento
(processo FCC), na isomerização de olefinas (migração de ligação dupla),
oligomerização de olefinas, alquilação aromática e na isomerização de parafinas e
alquilaromáticos.
Catálise básica
, as zeólitas que contém cátions de compensação de carga em seu
interior podem catalisar reações que transcorrem via carbânions e têm grande
aplicação em química fina.
Catálise bifuncional
, em algumas ocasiões há a possibilidade, através de
intercâmbio com cátions que compensam carga no interior dos poros, ou por
substituição isomórfica, introduzir um elemento metálico. A presença de tal
elemento na estrutura da zeólita leva aos chamados catalisadores bifuncionais,
onde se combina a atividade catalítica de tais elementos com as propriedades
ácidas e a seletividade de forma que a estrutura zeolítica pode conferir.
Catálise por metais
, a substituição de átomos de silício por um átomo metálico
como, por exemplo, titânio, vanádio ou cromo, em uma estrutura zeolítica contendo
apenas silício amplia o uso das zeólitas como catalisadores ao permitir a introdução
de um centro metálico que pode ser ativo para determinadas reações e que atuará
em conjunto com a seletividade de forma que a estrutura da zeólita pode conferir. A
primeira substituição foi realizada utilizando Ti e ocorreu no início dos anos 80
sobre a zeólita ZSM-5 (MFI).
A aplicação industrial das zeólitas a partir da década de 50, quando começaram a ser
utilizadas como trocadores iônicos, impulsionou sobremaneira a síntese de zeólitas, a
ponto de, atualmente, serem conhecidas mais de 10000 patentes relacionadas com a
síntese destes materiais.
A síntese de uma zeólita envolve a preparação de um gel não homogêneo, obtido através
da combinação de uma fonte de silício e uma fonte de alumínio em água, sob um pH
19
básico. De forma complementar, aditivos podem ser adicionados ao gel: cátions alcalinos
ou alcalinos terrosos introduzidos como seus óxidos, hidróxidos ou sais; amônia ou sais de
amônio, alquilaminas ou compostos alquilamônio e etc. Tais compostos atuam na síntese
como fontes de íon OH
-
, como eletrólitos, como contra-íons da rede estrutural formada, ou
como agentes direcionadores da estrutura. Adicionalmente a composição da mistura
reacional, dois outros fatores são fundamentais para a formação das zeólitas: temperatura
e tempo. A cristalização de uma zeólita ocorre geralmente a partir de um gel aquoso. Este
gel contém além de fontes de silício e alumínio, vários ânions ou cátions. Em verdade,
cada reagente da mistura reacional da síntese contribui para as várias espécies
caracterizando o gel e, portanto o produto final.
Tabela 3: Composição da mistura reacional de uma síntese
50
.
Razão molar Efeito preponderante
SiO
2
/Al
2
O
3
Composição estrutural
H
2
O/SiO
2
Velocidade, mecanismo de cristalização
OH
-
/SiO
2
Grau de oligomerização dos silicatos, concentração de OH
-
M
+
/SiO
2
Estrutura, distribuição dos cátions
R
4
N
+
/SiO
2
Conteúdo de alumínio estrutural
A síntese de zeólitas pode ser efetuada através de reagente ou materiais naturais, argilas,
cinzas de carvão entre outros. Através da otimização das condições de temperatura, tempo
de formação da zeólita, relação molar (SiO
2
/Al
2
O
3
e Na
2
O/Al
2
O
3
) da mistura reacional de
partida, pesquisadores indianos utilizaram a argila diatomácea para sintetizar a zeólita A
54
,
Lee et al.
55
sintetizaram a sodalita a partir da montmorillonita pilarizada com Al
2
O
3
utilizando método de síntese sólido-sólido pois este resulta em material com cristais
menores o que é uma característica atrativa para aplicação como membrana zeolítica ou
catalisadores. Argilas também têm sido utilizadas para a síntese de nanotubos de sílica
56
.
Akolekar et al.
57
estudaram a possibilidade da obtenção de uma zeólita X com baixo teor
de silício a partir de argila, sendo que a zeólita formada mantém a morfologia alongada
presente na argila que havia previamente passado por um processo de extrusão.
20
2.4.1 Mordenita
A mordenita é uma das zeólitas mais ricas em alumínio, apresentando razão Si/Al em torno
de 5. Sua estrutura pertence ao sistema cristalográfico ortorrômbico, no grupo espacial
Cmcm, possuindo parâmetros de cela unitária, a = 18,13 Å, b = 20,49 Å e c = 7,52 Å, na
sua forma sódica.
As Figura 3 e Figura 4 representam a estrutura e o sistema poroso da mordenita,
respectivamente
58
.
Figura 3: Estrutura da mordenita.
Na Figura 3, cada vértice corresponde a um átomo T (Si ou Al) e cada aresta representa
uma ligação T-O-T. Podem ser definidas quatro posições cristalográficas não-equivalentes
para T, que diferem entre si pelos ângulos formados nas ligações T-O-T e O-T-O e pelo
comprimento da ligação T-O. Em cada cela unitária estão presentes 16 sítios T1, 16 sítios
T2, 8 T3 e 8 T4. Os sítios T1 e T2 estão localizados nos anéis contendo 5 átomos de
21
oxigênio enquanto os sítios T3 e T4 estão nos anéis contendo 4 átomos de oxigênio.
Particularmente, os sítios T1 estão direcionados tanto nos canais principais, contendo 12
átomos de oxigênio quanto nos canais com 8 átomos de oxigênio. Os sítios T2 e T4 estão
localizados de frente para os canais principais e os sítios T3 estão localizados de frente
para os canais contendo 8 átomos de oxigênio
59
.
Figura 4: Sistema de poros da mordenita
35
.
A estrutura porosa da mordenita é constituída por dois tipos de canais (Figura 4); canais
principais elípticos, paralelos ao eixo c, formados por anéis de 12 átomos de oxigênio, com
abertura de dimensões 7,1 x 5,9 Å e canais secundários, também elípticos, paralelos ao
plano formado pelos eixos b e c, constituídos de anéis de 8 átomos de oxigênio, com
abertura de dimensões 5,7 x 2,7 Å.
A mordenita é uma das zeólitas mais estáveis química e termicamente, sendo também a
que apresenta sítios ácidos mais fortes. Devido a estas propriedades, ela possui
importância industrial sendo usada em processos de adsorção seletiva de misturas líquidas
ou gasosas e catálise, onde estejam envolvidos meios básicos ou ácidos, altas
temperaturas e em reações que necessitem de sítios ácidos fortes
60,61
.
22
2.5 Metal - zeólitas
A natureza das zeólitas, o tipo de metal usado, o teor metálico nas zeólitas parecem ser os
fatores mais importantes para a reação de decomposição do NO
35
.
A principal diferença entre os catalisadores suportados em zeólitas e os suportados em
óxidos advém da distinção entre a estabilidade térmica dos oxigênios adsorvidos sobre tais
catalisadores. Nos óxidos suportados, o oxigênio adsorvido pode existir em altas
temperaturas com estabilidade significativa
35
.
A modificação na relação silício/alumínio causa alteração da acidez, porém como foi
estudado por Inui et al.
62
as propriedades ácidas não têm influência direta na
decomposição do NO. A mudança na acidez exerce controle indireto devido à modificação
na carga local vista pelas moléculas de coordenação dos íons metálicos, exercendo
controle no comportamento redox do metal presente e da capacidade de troca catiônica.
A natureza do sal precursor pode influenciar a atividade catalítica por causa das diferentes
dispersões medidas nos catalisadores correspondentes, porém estudos conduzidos por
Haneda et al.
63
mostraram que somente o contra-íon de Cl afeta a conversão do NO a N
2
.
Com o intuito de elucidar a adsorção e a dessorção da molécula de NO é necessário
entender o mecanismo da reação na superfície do metal. Ab Initio estudos conduzidos por
Matsubara et al.
64
com orbitais moleculares nas estruturas do NO coordenado a um átomo
de Pd mostraram que há duas estruturas em equilíbrio ligadas ao Pd pelo modo de ligação
terminal. Uma é 1NOa com o eixo Pd-N-O completamente linear e outra, 1NOb, têm o eixo
Pd-N-O formando um ângulo de 128°, que é explicitamente diferente da estrutura 1NOa.
Como nesse caso há uma interação repulsiva entre o oxigênio, devido a sua alta
eletronegatividade, e o átomo de Pd é rico em elétrons não foi detectado NO coordenado
em ponte neste sistema composto por apenas um único átomo de paládio, o qual é o mais
simples modelo de sítio de coordenação para a superfície Pd(110).
Shimokawabe et al.
65
em seus estudos concluíram que haveriam dois tipos de sítios na
zeólita ZSM-5 (S1 e S2) onde teria lugar a formação das espécies NO
x
abaixo de 250ºC.
Seus resultados sugeriram que o N
2
produzido seria acompanhado pela formação de
espécies do tipo –NO
3
adsorvidas no (S1) na decomposição do NO de acordo com as
seguinte reações:
12
22
S
ONNO
+
131
2
SS
NONOO
+
23
enquanto o N
2
O produzido seria acompanhado pela formação tanto de espécies
adsorvidas do tipo NO
2
quanto de oxigênio, de acordo com as seguintes reações, em outro
sítio (S2):
22
2
S
OONNO
+
222 SS
NONOO
+
2
222
sNONO
S
+
O desproporcionamento do NO,
22
3 NOONNO
+
, permanece estável sobre o sítio S2
de formação de N
2
O, enquanto a formação do N
2
é dificultada devido ao bloqueio do sítio
S1 pelas espécies adsorvidas tipo NO
3
a temperaturas inferiores a 250ºC.
Estudos teóricos foram conduzidos por Rice et al.
66
para determinar a estrutura dos
seguintes cátions Co
2+
, Cu
2+
, Fe
2+
, Ni
2+
, Pd
2+
, Pt
2+
, Rh
2+
, Ru
2+
e Zn
2+
quando incorporados
através da troca iônica com a zeólita ZSM-5. Estes pesquisadores determinaram a
estabilidade relativa dos cátions M
2+
em diferentes sítios de troca e a sua estabilidade em
relação à redução e a formação MO
x
. Dessa forma foi possível entender a desativação do
catalisador frente à reação de decomposição do NO. O Cu
2+
e o Pd
2+
estão coordenados
preferencialmente em diferentes tipos de anéis na estrutura da zeólita. O cátion de Cu em
anéis com cinco membros (S5) contendo dois átomos de Al e o de Pd em anéis com seis
membros (S6) que estariam localizados nas paredes dos canais sinusoidais da estrutura
zeolítica.
Diversas aplicações podem ser feitas utilizando metais suportados em zeólitas tais como,
hidroisomerização
67
, hidrogenação de CO
68
e hidrodesulfurização
69
.
Estudos com catalisadores bimetálicos de Pt-Mo na Al
2
O
3
, atribuiram ao Mo a maior
seletividade a N
2
na redução de NO com CO, sugerindo sinergismo entre os metais
70
. Em
reações de hidrotratamento conduzidas com catalisadores bimetálicos NM/Al
2
O
3
(NM = Pt,
Pd e Ru) foram observadas atividades similares as obtidas com os catalisadores
comerciais (CoMo e NiW)
71
. Adicionalmente, catalisadores bimetálicos utilizando PdMo
suportados na zeólita faujasita tipo Y, mostraram-se ativos na combustão de metano e
evidenciaram a influência do Mo, sugerindo que o Mo estaria na esfera de coordenação do
Pd
72
. O sistema catalítico contendo Pd e PdW suportado na zeólita Y foi estudado na
reação de decomposição direta do NO e os autores observaram que a inclusão do
segundo metal, tungstênio, conduz a uma perda de seletividade, favorecendo a formação
de N
2
O
73
. Almusaiteer et al.
74
estudando a decomposição do NO em Pd suportado na Al
2
O
3
perceberam que o metal favorece a formação de quantidade significativa de O
2
, formando
24
Pd
+
-NO devido ao oxigênio adsorvido a partir da dissociação do NO. Porém, após atingir a
saturação na superfície, o mesmo é dessorvido devido à baixa energia de ligação entre o
O e o Pd (87 kcal/mol). A dispersão das partículas metálicas e/ou a interação do suporte
com o metal influencia a dessorção do oxigênio, facilitando a recombinação entre dois
átomos de oxigênio, porém isso induz a perda de atividade do catalisador. O aparecimento
da espécie N
2
O é atribuído a interação entre as espécies Pd-N e Pd-NO. Gervasini et al.
75
também mostraram que catalisadores de metais M
2+
(Ru, Rh, Pd e Pt) são, em altas
temperaturas, muito ativos na reação de eliminação dos NO
x
. Essa performance sugere
que há inibição provocada pelo oxigênio, porém como a E
a
M-O é baixa, o aumento da
temperatura favoreceria a dessorção do O
2
com conseqüente aumento da atividade
(>500°C).
Estudos foram conduzidos por Pieterse et al.
76,77
comparando a atividade entre
catalisadores de Pd, com teores metálicos parecidos, na zeólita ZSM-5 usando métodos de
incorporação metálica distintos. Os resultados mostraram que o catalisador preparado
usando o método de troca iônica possui conversão de NO muito superior do que o
catalisador preparado usando impregnação incipiente pelo volume de poro
76
. Em
catalisadores bimetálicos de PdCo suportados nas zeólitas FER, BEA, MOR e ZSM-5,
esse grupo observou que o catalisador suportado na MOR apresenta maior atividade para
a reação de redução catalítica seletiva com metano e também na combustão do metano
77
.
Os mesmos resultados foram obtidos por Okumura et al.
78
em seus estudos com
catalisadores Pd-HMOR e PdHZSM-5. Montes de Correa et al.
79
também compararam Pd
suportados em zeólitas (FER, MOR e ZSM-5) e bimetálicos (Pt-Pd) mostrando que o
catalisador bimetálico é mais tolerante ao envenenamento, particularmente a 500°C.
Estudos com o sistema PdZrO
2
em comparação com PdMOR mostraram que o Pd
suportado na mordenita é mais ativo que em zircônia
80
. A desativação promovida pelo
vapor de água é provocada pela indução no deslocamento do Pd dos sítios de Al para
formar cristais de PdO
81
. Chin et al.
49
estudaram o sistema Pd suportado em zircônia
sulfatada. A perda de sulfato da estrutura provoca diminuição na atividade do catalisador,
apesar de inicialmente esse material possuir atividade comparável ao suporte zeólitico.
Ante ao exposto anteriormente, catalisadores de Pd no suporte zeolítico mordenita tornam-
se interessante para o estudo da reação de decomposição direta do NO pois o sistema foi
pouco estudado nesta reação. E os catalisadores bimetálicos ganham interesse já que a
adição de um segundo metal pode melhorar e/ou modificar as propriedades catalíticas do
Pd.
25
3. Parte Experimental
Neste capítulo são descritos os procedimentos experimentais desenvolvidos no laboratório
K108 do Instituto de Química da UFRGS
, os materiais e os métodos para a realização
deste trabalho.
3.1 Suportes
O suporte utilizado nesse estudo foi a zeólita mordenita sintetizada pelo Laboratório de
Química Ambiental – LAQAM da URI – Campus Erechim e uma mordenita comercial (CBV
10 A) fornecida pelo ITQ- Valência –Espanha. A mordenita sintetizada foi preparada pelo
método padrão da IZA em distintos procedimentos: a) utilizando como fonte de alumínio, o
aluminato de sódio e como fonte de silício, a sílica Aerosil (Degussa) e b) empregando
uma argila natural (denominada MINA) como fonte alternativa de Al e Si.
Partiu-se de um gel de síntese com a seguinte composição
50
:
6Na
2
O:Al
2
O
3
:30SiO
2
:780H
2
O. Uma solução contendo 10 g de H
2
O e 2,064 g de NaOH foi
preparada. Adicionou-se a esta solução 3,575 g de aluminato de sódio. Em seguida
adicionou-se 161,25 g de H
2
O seguida da adição de 24,80 g de SiO
2
. Manteve-se o gel sob
agitação por 30 minutos. O gel assim preparado foi colocado em autoclaves de aço
inoxidável revestido internamente com Teflon (60mL de capacidade). A temperatura de
cristalização empregada foi de 175 ºC sob agitação. Variando a fonte de alumínio
empregou-se a argila natural. Utilizou-se 5,826 g de argila (no lugar do aluminato de
Os experimentos realizados fora do instituto de química da UFRGS estão discriminados no texto.
26
sódio), e completou-se com 21,46 g de SiO
2
para atingir a mesma composição do gel
seguindo-se após o mesmo procedimento de síntese descrito anteriormente.
As zeólitas empregadas como suportes foram denominadas: MOR-CBV10A (comercial),
MOR-IZA (síntese padrão) e MOR-ARG (síntese empregando argila).
3.2 Preparação dos catalisadores monometálicos
Incorporação de Pd
Os suportes foram pré-tratados
1
a 400 °C durante 5 h com taxa de aquecimento de
5
o
C.min
-1
. Antes de chegar à temperatura desejada os mesmos passaram por dois
patamares nas temperaturas de 150 °C e 300 °C durante 1 h em cada um deles. O Pd foi
incorporado aos suportes através de troca iônica com solução de Pd(NO
3
)
2
0,8 mmol.L
-1
com uma relação sólido/solução igual a 30 g.L
-1
a 50 °C durante 36 h. O material foi
filtrado, lavado com água deionizada, seco em estufa a 100 °C por 24 h e calcinado a
400 °C sob fluxo de ar sintético durante 5 h. Este método foi adaptado de Aylor et al.
82
.
Incorporação de Cu
A troca iônica com o cobre foi realizada usando uma solução de Cu(NO
3
)
2
12 mmol.L
-1
com
relação sólido/suporte igual a 16,7 g.L
-1
sob agitação a temperatura ambiente durante 24 h,
em seguida se adicionou NH
4
OH (3 mol.L
-1
) até alcançar pH 7 e deixou-se sob agitação
por mais 1 h. Após filtração, lavagem com água deionizada, o catalisador foi seco em
estufa a 100 °C por 24 h e calcinado a 400 °C por 5 h
8,83
.
Incorporação de Mo
A impregnação de molibdênio foi realizada através da reação fotoquímica usando lâmpada
de Hg. O comprimento de onda ficou limitado pelo vidro Pyrex a 220 nm. [Mo(CO)
6
]
(0,1666 g) foi solubilizado em 50 mL de hexano seco com 3,0 g do suporte em atmosfera
de argônio. Monitorou-se a banda de estiramento de CO em 1989 cm
-1
até a mesma
permanecer constante. O sólido foi filtrado, lavado com hexano, seco a vácuo a 450 °C por
2 h e reduzido a 300 °C por 2 h.
1
Os suportes passaram por pré-tratamento para eliminação de moléculas de água e de contaminações devido a moléculas
contendo carbono presentes no ambiente do laboratório.
27
3.3 Preparação dos catalisadores bimetálicos
Incorporação de Pd e Cu
Os catalisadores bimetálicos de Pd e Cu preparados seguiram o mesmo procedimento
acima detalhado porém o PdCuTS, onde TS significa troca seqüencial, se fez primeiro a
troca com o Pd seguida da troca com o Cu. O catalisador PdCuTC (TC significa troca
conjunta) sofreu a troca com as soluções de nitrato de paládio e cobre simultaneamente
mas não sofreu ajuste de pH.
Incorporação de Pd e Mo
Para os catalisadores bimetálicos de Pd e Mo também foram feitos dois procedimentos, no
MoPd primeiro se realizou a impregnação do Mo e em seguida a troca iônica com o Pd.
Seguindo então os mesmos procedimentos de filtração, lavagem, secagem e calcinação.
Para o PdMo primeiramente foi realizada a troca iônica com Pd seguida da impregnação
do Mo.
3.4 Caracterização dos Catalisadores
O conhecimento das propriedades dos catalisadores é de fundamental importância para a
avaliação de seu desempenho em uma reação. Para tanto é necessária a sua
caracterização utilizando variadas técnicas que fornecem informações a respeito de sua
textura, de sua composição química e etc. Neste estudo foram utilizadas algumas técnicas
e os fundamentos teóricos destas são apresentados em anexo.
Os catalisadores preparados bem como os suportes foram caracterizados pelas seguintes
técnicas complementares.
3.4.1 Difração de raios-X
As análises foram realizadas no Instituto de Geociências da UFRGS em um difratômetro
Siemens D5000, radiação Cu (Kα) λ= 1,5403 Å, corrente de 35 mA e faixa de varredura
28
(2θ) entre 2 e 65°. Para o cálculo de cristalinidade foram feitos difratogramas do suportes
zeolíticos junto com os dos catalisadores preparados.
3.4.2 Análise Química
A composição química dos sólidos foi determinada por espectrometria de emissão ótica
com fonte de plasma indutivamente acoplado (ICP-OES). Utilizou-se um equipamento de
espectrometria de emissão ótica com fonte de plasma indutivamente acoplado Perkin-
Elmer Optima 2000DV para os seguintes átomos Na, Pd, Mo, Cu e Al. As amostras foram
dissolvidas em HCl:HNO
3
(6:2) a 110 °C.
3.4.3 Microscopia Eletrônica de Varredura e EDS
Em nosso estudo as micrografias foram obtidas em um equipamento JEOL modelo JSM
5800 com tensão 20 kV. Previamente a análise as amostras foram secas em estufa a
110 °C por 2 h e metalizadas com uma camada de ouro. Esta análise foi realizada na
PUCRS.
3.4.4 Análise Textural
As áreas específicas superficiais dos sólidos previamente degasificados a 400°C por 12h,
sob vácuo foram determinadas utilizando o método BET (Brunauer, Emmett e Teller) com a
técnica de multipontos usando o instrumento Gemini Micromeritics do laboratório K106 do
IQ/UFRGS e Quantachrome N2200 do LAQAM (URI – campus Erechim) usando como
molécula sonda N
2
.
3.4.5 Redução a Temperatura Programada
Os experimentos de redução à temperatura programada (RTP) foram conduzidos em um
equipamento SAMP3 usando um detector de condutividade térmica. As amostras foram
pré-tratadas a 400 °C, taxa de 5 °C.min
-1
e fluxo de 30 mL.min
-1
em argônio por 1 h.
29
Resfriou-se a temperatura ambiente e realizou-se as análises com variação até 500 °C,
taxa de 10 °C.min
-1
e fluxo de 30 mL.min
-1
em uma mistura de 1,74% de hidrogênio em
argônio.
3.4.6 Dessorção de NO a Temperatura Programada
Os experimentos conduzidos neste trabalho foram realizados em um espectrômetro de
massas quadrupolar (Balzers – Prisma) acoplado a um sistema analítico Quadstar usado
para selecionar e armazenar as diferentes intensidades das massas em função da
temperatura. As análises foram realizadas no Núcleo de Catálise do Programa de
Engenharia Química da UFRJ. As amostras foram pré-tratadas a 300 °C por 3h com
hidrogênio, seguida de purga com hélio por 30 minutos, e esfriada até temperatura
ambiente. A adsorção foi realizada com fluxo de 50 mL.min
-1
de 500 ppm de NO em hélio
até o sinal estabilizar no detector de massas. Em seguida, mudou-se o gás para hélio com
fluxo 50 mL.min
-1
e quando o sinal mostrou-se estável, iniciou-se o aquecimento até
500 °C com taxa de aquecimento de 20 °C.min
-1
.
3.4.7 Espectroscopia de Refletância Difusa UV-Vis
As amostras foram analisadas com espectrofotômetro Cary 500, utilizando como referência
BaSO
4
. A linha de base dos espectros foi corrigida com os suportes dos catalisadores e as
análises foram realizadas no Instituto Nacional de Tecnologia (INT).
3.4.8 Infravermelho com transformada de Fourier de CO e NO
As amostras com aproximadamente 40 mg foram tratadas com ar a 300 °C e
posteriormente com hidrogênio à mesma temperatura. Esfriou-se sob vácuo até
temperatura ambiente e em seguida, foram dosadas 5 Torr de CO ou 5 Torr de NO. Após
alguns minutos de exposição, obtiveram-se os espectros. A cela foi evacuada e obteve-se
um novo espectro para observar a estabilidade das bandas. Em todas as amostras foram
realizadas primeiro a adsorção de CO, repetiu-se então o tratamento de oxidação e
redução e fez-se a adsorção de NO. As análises foram realizadas em um espectrômetro
30
fabricado pela NICOLET modelo 20 DXB com resolução de 4 cm
-1
na Planta Piloto de
Química (PLAPIQUI) na Universidad Nacional del Sur, Bahia Blanca, Argentina.
3.4.9 Quimissorção de Hidrogênio
As amostras foram secas sob vácuo a temperatura de 150 °C por 30 min. Em seguida,
realizou-se a redução com 10% de H
2
em argônio a 300 °C com taxa de 10 °C.min
-1
por 1
h. Após vácuo na temperatura de redução fez-se as isotermas de H
2
a 70 °C utilizando o
método dinâmico. Uma monocamada de H
2
adsorvida na superfície metálica tem uma
relação de 1 átomo de metal por molécula de hidrogênio. O equipamento utilizado foi
Micromeritcs ASAP 2000. As análises foram realizadas no Núcleo de Catálise do Programa
de Engenharia Química da UFRJ.
3.5 Testes Catalíticos
Os catalisadores preparados foram avaliados frente à reação de decomposição direta do
NO. Os experimentos foram conduzidos em um reator de leito fixo com fluxo contínuo de
500 ppm de NO em argônio mantendo a velocidade espacial em 15000 h
-1
. Previamente a
reação os catalisadores foram reduzidos a 300 °C por 2 h. A decomposição do NO foi
avaliada em uma faixa de temperatura entre 300 °C e 500 °C. Os gases efluentes foram
analisados em um espectrômetro de infravermelho MB-100 – BOMEM equipado com uma
célula de gás de múltiplas reflexões (7,0 m de caminho ótico e volume de 2,1 L). As
bandas de estiramento do NO, NO
2
e N
2
O a 1955 1790 cm
-1
, 1658 – 1565 cm
-1
e 2266
2159 cm
-1
, respectivamente, foram monitoradas. Para calcular a conversão a partir dos
dados coletados com o IV, um método
84
, usando valores das absorbâncias medidas, foi
utilizado para a determinação da concentração de NO na entrada da célula de gás (saída
do reator). Os ensaios foram realizados em triplicata. Depois de cada teste, os
catalisadores foram submetidos a um processo regenerativo que consiste na ativação por
3 h a 400 °C, redução a 300 °C for 1 h (10 °C.min
-1
).
31
4. Resultados e Discussão
Neste capítulo são apresentados os resultados obtidos com o estudo dos catalisadores
preparados de acordo com os procedimentos descritos no capítulo 3. Os resultados são
mostrados na seguinte seqüência: Pd suportado em mordenita com diferentes formas de
preparação e com diferentes teores de metal, Pd e Cu suportados na mordenita CBV 10A
e Pd e Mo suportados na mordenita CBV 10A.
4.1 Paládio suportado em mordenita
Três mordenitas foram utilizadas nesta seção: a mordenita comercial CBV 10A, a
mordenita obtida a partir da síntese padrão utilizando reagentes convencionais e a
mordenita sintetizada a partir de argila como fonte de Al e Si.
4.1.1 Mordenita Comercial CBV 10A
O início dos estudos ocorreu com a caracterização da zeólita mordenita comercial CBV
10A através da composição química de sua estrutura por meio da análise da
espectrometria de energia dispersiva de raios-X (EDS), esta técnica é semi-quantitativa,
32
porém como os níveis de Si e Al são bastante elevados em zeólitas, é possível a obtenção
de valores representativos da realidade da amostra
50
.
Através dos dados apresentados na Tabela 4 abaixo foi calculada a relação Si/Al
(aproximadamente 7) para a mordenita comercial CBV 10A. A composição molar de Na
nessa mordenita é 4,49%, o que equivale a um percentual em peso de 4,77%.
A área específica superficial foi determinada através das isotermas de adsorção de
nitrogênio, utilizando o método BET e o valor encontrado foi 358 m
2
g
-1
.
Tabela 4: Composição molar da zeólita mordenita comercial CBV 10A.
Elemento At* (%)
O 50,65
Na 4,49
Al 5,69
Si 39,17
Total 100
*obtida por EDS
A caracterização da mordenita comercial CBV 10A empregando a técnica de difração de
raios-X foi realizada para verificar se o padrão de difração seria compatível com a zeólita
mordenita, o que de fato ocorreu, como pode ser visto pela comparação com os dados
padrão dos valores de posição (2θ;d) e intensidade relativa (I/I
0
), encontrados na literatura
para a amostra comercial utilizada são apresentados na
Figura 5 e na Tabela 5
85
.
A zeólita comercial CBV 10A neste estudo foi utilizada como padrão para comparação com
as zeólitas sintetizadas (MOR-IZA e MOR-ARG) e por isso sua cristalinidade foi
considerada como sendo de 100%.
33
20 40 60
0
200
400
600
Intensidade (u.a.)
2
θ
MOR CBV 10A
(1)
(2)
(3)
(4)
(9)
(13)
(15)
(16)
(8)
(17)
Figura 5: Difratograma da mordenita comercial CBV 10A
Tabela 5: Comparação dos valores de difração de raios-X tabelados
85
e os obtidos para a
zeólita mordenita.
MOR
Picos assinalados
na figura 5
2θ (tabelado
85
) 2θ (CBV 10A) d (Å) (h,k,l) I/I
0
1 6,50 6,52 13,581 110 MF
2 8,61 8,66 10,265 020 F
3 9,76 9,78 9,055 200 F
4 13,44 13,5 6,584 111 F
13,82 13,9 6,402 130 M
14,58 14,62 6,071 021 FR
15,29 15,34 5,792 310 FR
8 19,59 19,68 4,527 330 M
9 22,18 22,32 4,004 150 F
23,14 23,24 3,840 241 M
23,62 23,66 3,764 002 FR
25,18 25,36 3,534 022 FR
13 25,61 25,70 3,476 202 MF
26,02 26,00 3,422 060 FR
15 26,23 26,36 3,395 350 F
16 27,65 27,20 3,223 511 F
17 27,85 27,90 3,201 530 M
Onde: MF = Muito Forte, F = Forte, M = Médio, FR = fraco e as intensidades relativas : MF = 60-100 F = 40-60
M = 20-40 FR = 0-20
34
A síntese realizada para obtenção dos suportes zeolíticos mordenita utilizados neste
estudo seguiu dois procedimentos distintos como descrito anteriormente na parte
experimental deste trabalho. No que segue, são apresentados os resultados obtidos para a
síntese com os reagentes-padrões IZA.
4.1.2 Mordenita sintetizada MOR-IZA
Os difratogramas de raios-X do material sintetizado utilizando a adição de semente estão
representados na Figura 6. Os picos principais estão assinalados e descritos na Tabela 6.
A comparação dos picos obtidos com os tabelados indica que se trata da fase zeolítica da
mordenita.
0 10203040506070
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
(10)
(9)
(8)
(7)
(6)
(5)
(4)
(3)
(1)
(2)
12h
24h
Intensidade (u.a.)
2 θ
Figura 6: Difratogramas de raios-X do material preparado com adição de semente.
35
Tabela 6: Posição e intensidade dos picos de DRX sintetizados pelo reagente padrão IZA
MOR
Picos 2θ (tabelado) 2θ (IZA) (h,k,l) I/I
0
1 6,51 6,57 110 MF
2 9,77 9,45 200 F
3 13,45 13,29 111 M
4 15,30 15,48 310 FR
5 19,61 19,53 330 M
6 22,20 22,20 150 M
7 23,16 23,36 241 FR
8 25,63 25,77 202 MF
9 26,25 26,25 350 M
10 27,89 27,93 530 M
Onde: MF = Muito Forte, F = Forte, M = Médio, FR = fraco e as intensidades relativas: MF = 60-100 F = 40-60
M = 20-40 FR = 0-20
Os difratogramas de raios-X da mordenita comercial CBV 10A e do material sintetizado
foram utilizados para o cálculo de cristalinidade e verificou-se que o material preparado
possui cristalinidade mais elevada que a zeólita comercial. Os dados de área específica
superficial (BET) foram obtidos pela adsorção de N
2
e são apresentados em conjunto na
Tabela 7.
Tabela 7: Áreas específicas superficiais e cristalinidade da MOR-IZA.
MOR-IZA
Área específica
superficial (m
2
g
-1
)
Tempo de
Cristalização (h)
Cristalinidade* (%)
361 12 113
Com adição de
semente
334 24 116
*Cristalinidade calculada usando a razão da soma das área dos 5 picos da amostra preparada (2θ = 10,8; 20,6;
23,2; 26,6 e 27,3) com os mesmos picos da mordenita CBV 10A e multiplicados por 100.
4.1.3 Mordenita sintetizada MOR-ARG
De forma a avaliar a viabilidade do uso de argilas para a síntese de zeólitas foram
realizadas as análises: química e mineralógica. A Tabela 8 mostra os dados de
caracterização da argila empregada na síntese da mordenita denominada MOR-ARG.
Observa-se que a argila é essencialmente uma caulinita e que possui alto teor de Si e Al,
36
sendo assim indicada para a síntese de zeólitas. Observa-se também que possui
pequenas quantidades de vários metais compensadores de carga que poderão influenciar
no processo de síntese.
Tabela 8: Caracterização da Argila Mina
Análise Química (%) Análise Mineralógica (%)
SiO
2
54,45
Al
2
O
3
34,33
Caulinita 79
Fe
2
O
3
1,43
MgO 0,09
Mica 4
MnO 0,01
CaO 0,09
Quartzo 12
K
2
O 0,21
Na
2
O 0,05
Gibsita 5
P
2
O
5
0,04
Zr (ppm) 785
*O total percentual da análise química soma ~ 90,7%, os ~ 9,3% restantes são atribuídos a H
2
O.
O difratograma de raios-X da argila natural está representado na Figura 7, onde se
comprova a presença de caulinita, mica, gibsita e quartzo.
2θ
Figura 7: Difratograma da Argila natural Mina.
A caulinita possui estrutura lamelar formada pelo empilhamento regular de camadas 1:1
onde cada camada consiste de uma folha de tetraedros de Si e uma folha de octaedros de
Al, com espaçamento basal de aproximadamente 7,0 Å
86
.
0 102030405060
0
200
400
600
800
C = Caulinita
Q = Quartzo
M = Mica
G = Gibsita
Q
C
G
C
M
Intensidade (u.a.)
37
Figura 8: Estrutura da caulinita
87
.
A Figura 9 e a Tabela 9 apresentam os resultados do material preparado empregando a
argila natural com adição de semente. A formação do material é acompanhada através da
teécnica de difração de raios-X e é possível a observação da fase zeolítica mordenita.
0 10203040506070
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
12h
24h
Intensidade(u.a.)
2θ
Figura 9: Difratograma da mordenita sintetizada a partir da argila natural com adição de
semente
38
Tabela 9: Áreas específicas superficiais, cristalinidade e acidez da zeólita MOR-ARG
MOR-ARG
Tempo de
cristalização (h)
Área específica
superficial
(m
2
g
-1
)
Cristalinidade
(%)
Relação Si/Al
12 315 80 21
Com adição de
semente
24 331 72 21
A formação da fase zeolítica mordenita pode ser observada com apenas 12 horas de
síntese, o que mostra que este tempo de cristalização é suficiente para sua obtenção. A
argila em sua forma natural apresenta sua forma lamelar, mantendo a união entre os
grupos SiO
4
e AlO
4
, o que facilitou a incorporação do Al na estrutura que estava sendo
formada e favoreceu a fase zeolítica mordenita.
A Figura 10 apresenta as micrografias do material de partida, argila natural, e o produto
obtido com 24 h de cristalização e a adição de semente. Efetivamente, observam-se
cristais com duas morfologias diferentes: a argila, com suas lamelas e a mordenita, com
cristais de forma acicular que lhe são característicos.
a
b
Figura 10: Micrografia eletrônica de varredura: a) argila natural b) mordenita (MOR-ARG).
Pode-se observar que a argila natural mostrou-se ser uma promissora fonte de Si e Al para
a síntese da zeólita mordenita.
39
4.1.4 Incorporação de Pd
Os catalisadores preparados apresentam padrões de difração de raios-X concordantes
com a topologia da zeólita mordenita e observa-se que o processo de impregnação de
paládio não afetou a integridade da estrutura zeolítica. A perda da cristalinidade poderia
ser evidenciada pela elevação na linha de base, na região compreendida entre 2θ = 10 –
40º, ou pelo aumento no ruído da linha de base.
Figura 11: Difratogramas de raios-X dos materiais antes e após a impregnação de paládio
A cristalinidade dos catalisadores preparados, PdMOR-COM, PdMOR-ARG e PdMOR-IZA,
é apresentada na Tabela 10.
A análise química dos materiais apresentada na Tabela 10 mostra a quantidade de Pd
incorporada e os teores de Na e Al para os catalisadores. Observam-se teores similares de
Pd, entretanto a amostra comercial possui um maior teor de Al. As zeólitas que sofrem
troca iônica para incorporar o metal Pd são mais estáveis em presença de vapor de água
nas misturas reacionais ou produtos de reação formados
88
.
40
Tabela 10: Análise Química e cristalinidade dos catalisadores de Pd.
Catalisadores Pd* Na* Al* Pd/Al
(molar)
Cristalinidade
(%)
PdMOR-COM 0,77 2,85 4,14 0,05 82
PdMOR-IZA 0,72 3,31 2,70 0,07 80
PdMOR-ARG 0,76 3,29 2,44 0,08 76
*% peso
O estudo de adsorção da molécula de monóxido de carbono sobre os catalisadores dá
informação sobre a adsorção localizada em sítios específicos do metal e do suporte e as
interações intermoleculares. A freqüência de estiramento C-O, se torna menor quando a
ligação entre o átomo de carbono e o átomo do metal fica mais forte. Um importante
elemento para determinar a força da ligação metal-carbono é a extensão de retrodoação
dos elétrons do metal para o orbital π* da molécula de CO adsorvida. Sheu et al.
89
apud
Sheppard e Nguyen, em um trabalho de revisão, afirmam que as freqüências de
estiramento CO menores são devidas a CO em ponte e, portanto as freqüências maiores
são assinaladas à molécula de CO linear no átomo do metal. O caráter π da ligação M-CO
é maior quando o número de oxidação do metal coordenado à molécula de CO é maior
devido ao aumento na retrodoação dos elétrons do metal, o que gera redução na
freqüência de estiramento do CO
90
. Dicarbonilas com localização em sítios específicos são
típicas de sistemas zeolíticos, podendo aparecer em freqüências elevadas (2197 a 2215
cm
-1
) no caso de espécies Pd
+3
(CO)
2
82,91
. Os fatores decisivos para sua formação são: (1)
o raio dos cátions e (2) a dimensão do anel formado pelos oxigênios nos canais da zeólita
com os quais os mesmos estão coordenados. Na Figura 12 são apresentados os espectros
obtidos para os catalisadores de Pd nos suportes mordenita. Os espectros mostraram que
as bandas correspondentes ao CO adsorvido linearmente (acima de 2000 cm
-1
) e em
forma de ponte (abaixo de 2000 cm
-1
) sobre o Pd são visíveis nos catalisadores PdMOR-
COM e PdMOR-IZA, respectivamente. No catalisador PdMOR-COM a banda
correspondente ao CO adsorvido em ponte aparece em menor freqüência, o que indica
uma adsorção mais forte. Por outro lado, a banda linear é mais intensa o que indica maior
dispersão metálica.
41
(a)
1974
2068
2085
2360
1930
1981
2098
2360
-
0.1
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
A
bso
rv
â
n
c
i
a
1800 2000 2200 2400
Número de onda(cm
-
1
)
Catalisador: PdMOR-COM
5 torr de CO
Sob vácuo
(b)
1882 1938
2108
2358
1927
2107
2357
-0.04
-0.02
0.00
0.02
0.04
0.06
0.08
0.10
0.12
0.14
Absorvância
1800 2000 2200 2400
Número de onda (cm
-
1
)
Catalisador: PdMOR-ARG
5 torr de CO
Sob vácuo
42
(c)
1861
1994
2098
2359
1867
1979
2069
2357
-0.22
-0.18
-0.14
-0.10
-0.06
-0.02
0.02
0.06
Absorvância
1800 2000 2200 2400
Número de onda (cm
-
1
)
Catalisador: PdMOR-IZA
5 torr de CO
Sob vácuo
Figura 12: Adsorção de 5 torr de CO nos catalisadores (a) PdMOR-COM, (b) PdMOR-ARG
e (c) PdMOR-IZA.
O catalisador PdMOR-ARG apresentou espectro bastante distinto. As bandas de CO
adsorvido sobre o metal são fracas e largas, nota-se que a banda referente ao CO linear
aparece em freqüências maiores. Esse resultado indica se tratar da molécula de CO
adsorvida sobre espécies de Pd
+
(2130 cm
-1
) segundo estudos conduzidos por Aylor et
al.
82
. Catalisadores de Pd suportados em sílica apresentam sinais com deslocamento na
freqüência e na forma da banda quando comparado com catalisadores de Pd em
zeólitas
92
. Quando o tamanho do cátion permite, esse penetra no plano formado pelo anel
de oxigênio e só pode se coordenar com uma única molécula hóspede
91
. Aparentemente
não há presença de Pd
0
, pois a intensidade da banda na região em ~1980 cm
-1
é baixa,
diferentemente dos espectros obtidos para outros dois catalisadores.
Em todos os catalisadores de Pd preparados, ao se realizar vácuo a temperatura
ambiente, a banda que apresenta maior decréscimo em sua intensidade é a
correspondente a adsorção de CO linear
93,94
.
Quando os catalisadores estão com quantidade de CO equivalente a 5 torr, apresentam
banda muito intensa, em 2358 – 2360 cm
-1
. A freqüência é bastante similar a de CO
2
gasoso, apesar de se tratar de espécies adsorvidas, que são eliminadas lentamente sob
vácuo. Esta banda também é observada quando se trabalha com a zeólita sob a forma
43
amoniacal, que pode ser atribuída à formação de espécies CO
2
devido à interação com as
hidroxilas terminais presentes no suporte ou mesmo reação do CO com oxigênio devido a
espécies oxidadas de Pd.
Estudos de adsorção nos sítios de Pd usando como molécula sonda o NO também foram
realizados, sendo uma técnica bastante difundida na investigação da natureza e das
propriedades dos sítios de adsorção presentes na superfície do catalisador. A molécula de
NO é uma base de Lewis e, quando esta possui uma ligação com interação σ é mais
fortemente adsorvida em sítios catiônicos. Além disso, a presença de um elétron
desemparelhado na molécula leva a uma tendência do NO em adsorver como dímero
95,96
.
Os espectros na região do infravermelho são apresentados na Figura 13.
Em relação à adsorção de NO sobre os catalisadores deste estudo, pode-se dizer que os
catalisadores PdMOR-COM e PdMOR-IZA apresentam sinal em 1744 cm
-1
que
corresponde ao NO adsorvido linearmente sobre o Pd
0
. A intensidade é maior no
catalisador preparado sobre o suporte mordenita comercial (MOR-COM). O mesmo
ocorreu com o CO, corroborando a indicação de maior dispersão metálica neste
catalisador. Há o aparecimento, também, de uma banda em 1876 cm
-1
, que corresponderia
a moléculas de NO adsorvidas sobre Pd no estado de oxidação +1
97,98
. A banda na região
entre 1660 – 1680 cm
-1
, presente em todos os catalisadores, aumenta ao se fazer vácuo
sobre as amostras, esta banda pode ser assinalada ao estiramento simétrico e anti-
simétrico de espécies nitrato em ponte
99
. O Catalisador PdMOR-ARG apresenta, além das
bandas citadas anteriormente, um sinal em 1815 cm
-1
que pode ser atribuído a uma outra
espécie de Pd
+
, o que reforça a idéia de que este catalisador apresenta menor quantidade
de Pd metálico
98
. Gutierrez et al.
100
em estudos com Co suportado em MOR atribuíram
esta banda ao estiramento assimétrico de espécies dinitrosila Co
2+
(NO)
2
. Da mesma
forma, estudos conduzidos por Aylor et al.
82
com PdZSM-5 atribuíram o aparecimento
desta banda a espécies catiônicas de Pd.
Em todos os catalisadores há o aparecimento de uma banda em 2260 cm
-1
, que quando
submetida a vácuo quase desaparece em sua totalidade. Esta banda pode ser atribuída ao
estiramento N-N da molécula de N
2
O ligado a espécies Pd
+ 99
.
A banda que aparece entre 2358 e 2360 cm
-1
nos catalisadores PdMOR-COM, PdMOR-
ARG e PdMOR-IZA, após adsorção com a molécula de NO pode ser atribuída à
contaminação com a molécula de CO
2
, sofrendo redução acentuada em sua intensidade
quando é feito vácuo sobre os catalisadores.
44
(a)
1656
1
744
1876
2264
2360
1672
1740
1866
2262
2360
-
0.2
-
0.1
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
Absorvância
2000 2500
Número de onda (cm
-
1
)
Catalisador: PdMOR-COM
5 torr de NO
Sob vácuo
(b)
1666
1763
1814
1874
2358
1688
1754
1819
1
875
2241
2262
2358
-0.02
0.00
0.02
0.04
0.06
0.08
0.10
0.12
0.14
0.16
Absorvância
2000 2500
Número de onda (cm
-
1
)
Catalisador: PdMOR-ARG
5 torr de NO
Sob vácuo
45
(c)
1743
1875
2263
2359
1662
1738
1867 2359
-
0.4
-
0.2
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
Absorvâancia
2000 2500
Número de onda (cm
-
1
)
Catalisador: PdMOR-IZA
5 torr de NO
Sob vácuo
Figura 13: Adsorção de 5 torr de NO nos catalisadores (a) PdMOR-COM, (b) PdMOR-ARG
e (c) PdMOR-IZA.
A análise de espectroscopia de refletância difusa permite que sejam obtidas informações
sobre o estado eletrônico do paládio nos catalisadores. Na Figura 14 são apresentados os
espectros de DRS UV-Vis dos catalisadores de Pd nos suportes mordenita.
Figura 14: Espectro de refletância difusa na região do UV-Vis dos catalisadores (---)
PdMOR-COM, (---) PdMOR-ARG e (---) PdMOR-IZA.
46
Estes são bastante distintos, o que mostra diferentes formas de interação do metal com o
suporte. As bandas em 191, 203 e 204 nm, presentes nos catalisadores PdMOR-ARG,
PdMOR-COM e PdMOR-IZA, respectivamente, são atribuídas a transferência de carga
entre o paládio e o oxigênio (CTML), segundo Pestryakov et al.
101
o metal está em estado
de oxidação +2. Nos suportes MOR-COM e MOR-ARG há o aparecimento de bandas em
372 e 377 nm, respectivamente, atribuídas a transições d-d que estão relacionadas com
pequenos aglomerados de Pd
102
. Em 250 nm e 312 nm, no catalisador PdMOR-COM,
verificam-se bandas de transferência de carga, provavelmente devido à partícula PdO
(250nm)
101
ou ainda ao complexo [Pd(H
2
O)
4
]
2+
103
. As mesmas atribuições de bandas feitas
para os catalisadores de paládio suportados nas mordenitas MOR-IZA (278 nm) e MOR-
ARG (287 nm), porém neste caso, como banda única. Em torno de 450 nm no catalisador
PdMOR-ARG é possível observar um ombro que pode ser relacionado com transições
eletrônicas d-d em partículas de PdO muito dispersas no suporte
104,105,106
.
Os perfis de RTP obtidos para as amostras são mostrados na Figura 15. Observam-se
perfis similares entre os materiais MOR-IZA e MOR-ARG, sendo que um perfil bem
diferenciado é obtido na amostra MOR-COM. Os perfis obtidos com as amostras MOR-IZA
e MOR-ARG são perfis comuns de zeólitas contendo Pd. Observa-se a formação de
hidretos (± 60 °C). Já na amostra MOR-COM, dois picos a 27°C e 68°C, que não estão
presentes nos perfis dos obtidos para a MOR-IZA e MOR-ARG, são atribuídos ao PdO
cristalino e ao PdO que interage mais fortemente com o suporte. O aparecimento desses
picos pode estar relacionado a maior dispersão do paládio neste catalisador quando
comparado aos outros. Adicionalmente, estes picos mascararam o pico referente a fase β-
hidreto.
47
Figura 15: Resultados da análise de RTP (a) PdMOR-IZA (b) PdMOR-ARG e (c) PdMOR-
COM.
As quantidades consumidas de H
2
obtidas da análise de RTP são apresentadas na Tabela
11. Observa-se que o PdMOR-COM consome muito mais hidrogênio, seguido pelo
PdMOR-ARG e por último o PdMOR-IZA. Pode-se atribuir tal comportamento a forma com
que o metal estaria disperso nos suportes. Sendo que o catalisador que consumiu mais
hidrogênio para se reduzir estaria mais fortemente ligado ao suporte.
Tabela 11: Quantidades de Hidrogênio consumido nas análises de RTP.
Consumo de H
2
a
-20C
(μmol/gcat)
Consumo de H
2
de
-20 a 170C
(μmol/gcat)
Consumo referente a
Hidretos
(μmol/gcat)
PdMOR-COM 16,74 44,94 -
PdMOR-ARG 29,64 - 8,87
PdMOR-IZA 7,86 - 3,75
48
Na Figura 16 observam-se os perfis de dessorção de NO dos catalisadores de Pd nos
diferentes suportes
(a)
(b)
49
(c)
Figura 16: Dessorção a temperatura programada de NO dos catalisadores.
De forma concomitante com a dessorção há a reação térmica do NO com o catalisador
durante o aquecimento produzindo N
2
e N
2
O. Apesar dos catalisadores possuírem o
mesmo teor metálico, verifica-se diferenças na formação de N
2
e de N
2
O. Os catalisadores
preparados com os suportes MOR-COM e MOR-IZA apresentaram maior formação de N
2
O
em torno da temperatura 477º C, porém os dados de quantificação obtidos, apresentados
na tabela, mostram que o catalisador PdMOR-IZA apresenta maior formação de N
2
O
(seletividade) na reação de decomposição de NO. Estudos conduzidos por Valden et al.
107
mostraram que as curvas apresentadas nos perfis de dessorção experimentais são bem
distintos do monocristal ou dos catalisadores de paládio modelo. Por exemplo, NO adsorve
molecularmente em Pd(111) e Pd(110) e permanece inalterado durante a rampa de
aquecimento, entretanto em uma superfície com degrau, Pd(112), e em catalisadores
modelo de Pd suportado em alumina ou sílica, o NO se dissocia parcialmente com o
aquecimento. Portanto, seguindo a decomposição do NO observam-se,
concomitantemente, dessorção de N
2
e N
2
O. A adsorção e a decomposição de NO é
altamente sensível ao tipo de estrutura
108,109
.
50
Tabela 12: Compostos de nitrogênio nos catalisadores detectados por DTP.
Catalisador NO (µmol g
-1
cat) N
2
(µmol g
-1
cat) N
2
O (µmol g
-1
cat)
PdMOR-COM 6,74 9,02 0,572
PdMOR-IZA 5,02 3,95 37,15
PdMOR-ARG 2,42 3,85 29,66
Estes mesmos catalisadores apresentaram valores de formação de N
2
similares um ao
outro, como indicado na Tabela 12. O catalisador que apresentou maior transformação em
N
2
foi o PdMOR-COM, indicando que o método de preparação da mordenita influencia a
localização do Pd na estrutura.
Avaliação catalítica dos catalisadores de paládio
O catalisador PdMOR-COM foi avaliado quando ao seu comportamento na reação de
decomposição direta do NO na faixa de temperatura compreendida entre 300ºC e 500ºC
(anexo A). A temperatura que apresentou os melhores resultados de conversão foi a de
400ºC e desta maneira foi escolhida para realização dos estudos comparativos entre os
suportes com distintas formas de preparação, já descrita em detalhes anteriormente, no
capítulo 3 deste trabalho. A Figura 17 abaixo, apresenta o gráfico com os resultados
obtidos para esse catalisador para o tempo de reação de 200 min.
Figura 17: Estudo de temperatura para o catalisador PdMOR-COM.
51
A Figura 18 apresenta os resultados de atividade para os três catalisadores de paládio.
Observa-se que estes possuem conversões similares, indicando que o método de síntese
não influiu na atividade catalítica.
Figura 18: Atividade Catalítica dos catalisadores de Pd-mordenita para a reação de
decomposição de NO a 400
o
C () MOR-ARG () MOR-IZA () MOR-COM.
Entretanto, quando se observa os resultados de formação de N
2
O (Figura 19), constata-se
que o catalisador MOR-CBV10A é mais seletivo seguido do MOR-ARG e por último o
MOR-IZA. Estes resultados quando comparados com o catalisador Pd
0,9%
/Al
2
O
3
(25 ppm –
com tempo de reação de 8 min) mostram que catalisadores de paládio suportado em
mordenitas apresentam menor formação de N
2
O e mesmo no catalisador PdMOR-IZA, que
também formou ~ 25ppm, não há o aparecimento durante aproximadamente 100 min
110
. A
quantidade de N
2
O formada mede indiretamente a seletividade da reação, ou seja, quanto
maior a proporção desse óxido, menor a seletividade a N
2
e O
2
da reação. Estes
resultados são interessantes, pois mesmo que os catalisadores estudados tenham áreas,
cristalinidades e teor de Pd similares, a amostra mais seletiva, MOR-COM, é a amostra
que apresentou maior consumo de hidrogênio nas análises de TPR. Outro resultado
interessante é que materiais zeolíticos sintetizados com matérias-primas naturais, como
argilas, podem ser empregados como catalisadores sem que sofram influências de
interferentes do material de partida, pois mesmo que esses suportes resultaram em
catalisadores menos seletivos que o comercial, ainda assim a quantidade de N
2
O formada
0
20
40
60
80
100
0 50 100 150 200 250 300
Tempo (min)
Conversão de NO (%
)
52
é bem menor que em catalisadores suportados em alumina. Especificamente, neste caso o
catalisador obtido a partir de MOR-ARG foi mais seletivo que o obtido de MOR-IZA.
Figura 19: Seletividade, formação de N
2
O, dos catalisadores de Pd-mordenita para a
reação de decomposição de NO a 400
o
C () MOR-ARG () MOR-IZA () MOR-COM.
4.1.5 Diferentes teores de Pd suportados na mordenita comercial
A partir dos resultados obtidos com os catalisadores preparados em mordenitas
sintetizadas por meio de diferentes reagentes iniciais conduzidos na seção anterior, notou-
se que caberia a realização de um estudo comparando catalisadores de paládio com
distintos teores de metal na mordenita comercial, que mostrou ser a mais interessante,
visto seus resultados de menor formação de N
2
O. Estes catalisadores receberam a
seguinte denominação: 0,8%PdMOR1 e 1,9%PdMOR e também foi preparado um novo
catalisador com 0,8% de paládio (0,8%PdMOR2).
Na Tabela 13 os catalisadores utilizados são apresentados com seus conteúdos metálicos,
suas áreas superficiais específicas e cristalinidade com relação ao suporte sem
incorporação metálica. Os catalisadores com menores teores de paládio são oriundos de
diferentes preparações, o que mede a reprodutibilidade do método de síntese dos
0
5
10
15
20
25
30
0 50 100 150 200 250 300
Tempo (min)
Formão de N
2
O (ppm)
53
mesmos. Pode-se observar que apesar do maior conteúdo de paládio no catalisador
1,9%PdMOR não há alteração na cristalinidade e na área específica dos catalisadores
preparados. O que mostra que a variação do teor metálico utilizada não afetou a
integridade da estrutura zeolítica.
Tabela 13: Propriedades dos catalisadores de Pd suportados na MOR comercial
Catalisadores
Pd
(%mássico)
Na
(%mássico)
Pd/Al
(molar)
Cristalinidade
(%)
Área
Específica
(m
2
g
-1
)
0,8%PdMOR1* 0,8 2,85 0,05 82 357
0,8%PdMOR2* 0,8 3,14 0,05 84 364
1,9%PdMOR 1,9 - 0,14 84 360
*estes catalisadores foram preparados em dias diferentes.
Os difratogramas dos catalisadores de paládio corroboram os dados de área específica
como é mostrado pela Figura 20, de onde foi baseado o cálculo de cristalinidade
apresentado na Tabela 13. A observação destes difratogramas mostra que não houve
variação na intensidade relativa dos sinais e nem deslocamento dos mesmos.
Figura 20: Difratogramas dos catalisadores (---) 0,8%PdMOR2 e (---) 1,9%PdMOR.
54
A comparação dos espectros de refletância difusa para esses catalisadores com distintos
teores de paládio é apresentada na Figura 21, onde podem ser observados o
aparecimento das mesmas bandas o que já era esperado visto se tratar do mesmo metal
suportado na mordenita comercial, porém a intensidade das bandas de transferência de
carga (203, 250 e 312 nm) e a banda de transição d-d (372 nm) são reduzidas nos
catalisadores que contém 0,8% de Pd na mordenita quando comparada com o catalisador
de maior teor metálico 1,9% PdMOR.
Figura 21: Espectro de refletância difusa na região do ultravioleta - visível dos
catalisadores (---) 0,8% PdMOR1, (---) 0,8% PdMOR2 e (---) 1,9% PdMOR.
A análise dos perfis de redução a temperatura programada para esses catalisadores são
mostradas na Figura 22, onde é possível observar clara distinção entre os catalisadores
com 0,8% de Pd e o catalisador com 1,9% de Pd. O catalisador com menor teor de
paládio, denominado 0,8%PdMOR2, apresenta um sinal de redução em temperatura mais
elevada (87ºC) que o catalisador 0,8%PdMOR1 (68ºC) o que mostra que aquele apresenta
maior interação da partícula metálica com o suporte e provavelmente o Pd está localizado
em posições distintas no suporte, talvez influenciado pela maior quantidade de sódio
presente naquele catalisador (Tabela 13) após a troca iônica. Porém, estes mesmos
55
catalisadores apresentaram o sinal atribuído a fase β-hidreto aproximadamente na mesma
temperatura (60ºC). Grybos
et al.
111
em estudo recente com Pd suportado em mordenita,
concluíram que os cátions de Pd são mais estáveis quando próximos de sítios T com Al na
zeólita, conforme mostrado na Figura 3, e também que os cátions de paládio possuem
pequena mobilidade e são capazes de se moverem nos canais da mordenita. O perfil do
catalisador 1,9% PdMOR mostra que o mesmo se reduziu totalmente em baixas
temperatura o que é visto da literatura em catalisadores de paládio suportado em alumina
ou sílica, indicando que há partículas metálicas maiores neste catalisador
110
.
Figura 22: Perfil de redução com a temperatura dos catalisadores.
56
Avaliação Catalítica dos Catalisadores com diferentes teores metálicos
O comportamento dos catalisadores de paládio com diferentes teores de paládio foram
avaliados na reação de decomposição direta do NO a temperatura de 400ºC como
apresentado na Figura 23 e Figura 24.
Figura 23: Conversão de NO a 400ºC para os catalisadores.
Os catalisadores denominados 0,8%PdMOR apresentam maior tempo de conversão em
100% e também tem uma atividade residual ao redor de 10%, já o catalisador com maior
teor metálico se desativa completamente ao final de 200 min. O perfil das duas curvas
(0,8% Pd) no entanto é diferente talvez como conseqüência de diferentes preparações.
Quanto a seletividade, há maior formação de N
2
O no catalisador 0,8%PdMOR2, apesar
deste possuir o mesmo teor metálico que o catalisador 0,8%PdMOR1, o que indica junto
com a análise de redução com a temperatura que este catalisador possui sítios ativos de
paládio localizados em posições diferentes da estrutura zeolítica e que favorecem as
interações da molécula de NO com os N adsorvidos.
57
Figura 24: Formação de N
2
O à 400ºC a partir dos catalisadores de paládio suportados na
mordenita comercial.
4.2 Paládio e Cobre suportado na mordenita comercial
Catalisadores de paládio com alto teor metálico mono e bimetálicos, tendo o Cu como
segundo metal foram preparados por dois métodos, 1) troca seqüencial, primeiro
incorporando o Cu e depois o Pd e 2) troca conjunta de ambos os metais.
Os resultados de conteúdos metálicos, áreas específicas e volume de poros dos
catalisadores preparados são apresentados na Tabela 14.
Os níveis de troca iônica das amostras foram estimados considerando que dois íons de
sódio monovalente são trocados com um íon metálico divalente (Pd ou Cu), que compensa
a carga negativa atribuída aos ions AlO
2
-
presentes na estrutura zeolïtica. Cada íon do
metal com carga positiva +2 interage com dois íons AlO
2
-
o que gera uma razão Metal
2+
/
AlO
2
-
igual a 0,5 correspondendo a uma de troca de 100%. Na Tabela 14 é observado que
os valores referentes aos catalisadores que contêm Cu excederam o nível de troca de
100%. O método utilizado para preparação dos catalisadores contendo cobre favorece a
formação de dímeros (2 Cu
1+
) o que resulta em uma maior quantidade de cobre incoporada
58
dentro da estrutura cristalina do suporte. Recentemente, Itadani e col.
112
observaram que
há dois tipos de sítios (I ou II) na estrutura do suporte zeolítico onde os íons de Cu podem
estar localizados. A razão entre os íons de Cu no sítio I e no sítio II está relacionada com o
contra-íon do precursor presente na solução salina e o nível de troca do íon metálico.
Tabela 14: Principais propriedades do suporte e dos Catalisadores de Pd e Cu.
Catalisador
Cristali-
nidade
(%)
Cu ou Pd
(massa,
%)
Al
(massa,
%)
Cu ou
Pd/Al
(molar)
Área
metálica
superficial
(m
2
g
-1
)
Área
superficial
específica
BET (m
2
g
-1
)
Volume
total de
poros
(cm
3
g
-1
)
Mordenita 100 ---- ---- ----- ----- 358 0,21
CuMOR 88 6,0 3,1 0,82 ---- 346 0,21
1,9%PdMOR 84 1,9 3,3 0,14 3,14 360 0,21
PdCuMOR-
TS
60
1,5 (Pd)
4,8 (Cu)
2,9
0,13 (Pd)
0,70 (Cu)
0,09 304 0,19
PdCuMOR-
TC
82
1,8 (Pd)
2,8 (Cu)
3,1
0,14 (Pd)
0,37 (Cu)
0,09 329 0,21
Todas as amostras dos catalisadores preparados neste estudo apresentam áreas
específicas e volume de poros análogos, com exceção do catalisador bimetálico
PdCuMOR-TS que teve uma diminuição da área específica de aproximadamente 15% em
relação ao suporte mordenita, provavelmente devido ao excesso de átomos de Cu que
podem estar bloqueando a entrada de alguns canais.
Os valores das áreas específicas encontrados para os catalisadores de paládio mostram
que a presença de outro metal, neste caso, o cobre leva a um decréscimo na razão de
átomos de paládio expostos, mesmo quando utilizado o método da troca iônica com os
dois metais sendo incorporados simultaneamente. Provavelmente, devido ao tratamento
térmico os átomos de cobre migraram sobre os sítios de Pd, segundo a literatura a
espectroscopia de absorção de raios-X extendida poderia auxiliar na elucidação de tal
fato
113
.
Os padrões de DRX para as amostras são apresentados na Figura 25. Todos os
catalisadores apresentam padrões de DRX concordantes com a topologia da mordenita:
sendo os cinco picos em: 2
θ = 10,8°; 20,6°; 23,2°; 26,6° e 27,3° mais relevantes. A
integridade da estrutura é demonstrada comparando estes picos com os sinais
59
encontrados para a forma sódica da mordenita. Observou-se que o catalisador bimetálico
PdCuMOR-TS apresentou maior redução na cristalinidade. Pode-se atribuir essa tendência
a forma de preparo do mesmo, e pelos diferentes tempos de reação.
Figura 25: DRX da Mordenita, CuMOR, 1,9%PdMOR, PdCuMOR-TC e PdCuMOR-TS.
O difratograma do catalisador CuMOR não apresentou sinais relevantes na região de 2
θ
igual 36º e 39º relativos ao CuO e Cu
2
O
114
, indicando que não houve formação de
agregados de óxidos de cobre na superfície da zeólita capazes de serem detectados pela
difração de raios-X.
De forma similar, não há evidência de agregados de Pd (2
θ = 40,3°) e PdO (2θ = 33,9° e
42,3°) no catalisador 1,9% PdMOR
115,116,117
.
O espectro de refletância difusa na região do UV-Vis do catalisador CuMOR é apresentado
na Figura 26, onde são observadas três bandas. A primeira banda aparece em 202 nm, a
segunda, como uma banda larga entre 328 e 506 nm e a terceira, como um aumento na
linha de base com início em 600 nm.
60
Figura 26: Espectro de refletância difusa na região do UV-Vis dos catalisadores CuMOR,
1,9%PdMOR e PdCuMOR-TC
Estudos conduzidos por Mendes e Schmal
118
em catalisadores de cobre suportado na
alumina mostram que há também o aparecimento de bandas entre 600 e 900 nm que
foram atribuídas ao cobre em coordenação octaédrica. No caso de argilas pilarizadas
aparecem três bandas em níveis de energia maiores (menores número de onda)
119
. O
estudo de Yashnik
et al.
120
com o cobre suportado na zeólita ZSM-5 mostra o aparecimento
de bandas nas mesmas regiões obtidas para os catalisadores apresentados na Figura 26.
Isto mostra que o cobre possui comportamento distinto em cada suporte, o que indica
diferenças na interação do metal com os tipos de estruturas mencionadas acima. O sinal
em 202 nm pode ser atribuído a transferência de carga do ligante para o metal, onde o
metal ocupa sítios isolados no suporte. Como o teor de cobre obtido é de 6%, há o
favorecimento do aparecimento de absorções entre 328 e 506 nm que podem ser
atribuídas a transferência de carga de agregados de espécies oligonucleares [Cu-O-Cu]
n
.
A banda de absorção com início em 600 nm é típica de íons de Cu
2+
isolados com estado
61
fundamental d
x
2
-y
2
estabilizado em coordenação octaédrica com pequena distorção
tetragonal, criada pelos ligantes oxigênio, esta banda possui energia similar as transições
d-d entre T
2g
e E
g
em complexos [Cu(H
2
O)
6
]
2+
, o que está de acordo com espectros de Cu
2+
em zeólitas hidratadas.
No espectro do catalisador bimetálico PdCuMOR-TC observam-se as transições d-d
relativas ao Pd e ao Cu se sobrepondo (400 - 500 nm) e há deslocamento de cerca de 10
nm nas bandas de transferência de carga referentes à agregados de CuO. As bandas em
250 nm e 293 nm indicam transição de O
2-
para Cu
2+
ou Pd
2+
, onde o metal ocuparia sítios
isolados no suporte, já que o aparecimento da banda em 368 nm indica a presença de
ligações [M-O-M]
n
diferentes dos óxidos, CuO ou PdO mássico.
Os perfis de RTP dos catalisadores são apresentados na Figura 27. O catalisador CuMOR
apresenta um pico de redução em 277°C que pode ser atribuído a
02
CuCuCu
++
que aparece como um pico único devido ao alto teor metálico nesta amostra. Na literatura
dois picos de redução são encontrados para amostras contendo cobre
121
. Um
correspondente ao Cu
2+
se reduzindo a Cu
+
e o segundo ao Cu
1+
indo a Cu
0
. Entretanto,
quando o metal está bem disperso, como no caso da troca iônica em zeólitas, o pico de
redução do cobre metálico ocorreria em temperaturas superiores a 330°C. De acordo com
Castagnola e col.
122
o teor metálico na zeólita influencia o segundo sinal: teores metálicos
maiores diminuem a temperatura de redução provocando a coalizão dos dois picos.
62
400
200
25
PdCuMOR-TC
PdCuMOR-TS
PdMOR
CuMOR
Intensidade(a.u.)
Temperatura (°C)
Figura 27: Perfis de Redução a Temperatura Programada dos catalisadores CuMOR,
1,9%PdMOR, PdCuMOR-TS e PdCuMOR-TC.
O catalisador 1,9% PdMOR só apresenta sinais em baixas temperaturas (27°C) como foi
visto anteriormente para o Pd na zeólita NaY
73
.
Os perfis de RTP para os catalisadores bimetálicos PdCuMOR-TS e PdCuMOR-TC são
diferentes (Figura 27). Essa diferença pode ser atribuída à maneira distinta de preparar
esses catalisadores. Os dois catalisadores apresentaram os picos de redução esperados
para o Cu como uma leve alteração na linha de base em torno de 300ºC, além disso
apresentaram picos de redução em temperaturas entre a do catalisador monometálico de
Pd e a do CuMOR. O catalisador bimetálico PdCuMOR-TS apresenta dois picos a 92°C e
175°C e um pequeno aumento na linha base na região do CuMOR. Os dois picos podem
ser atribuídos ao Pd interagindo com o Cu. Para o PdCuMOR-TC um pico é observado a
207 °C, além da alteração da linha de base na mesma região que o catalisador
monometálico de cobre, ~300ºC. A alteração na temperatura dos sinais dos catalisadores
bimetálicos, PdCuMOR-TS e PdCuMOR-TC mostra a interação entre os metais, pois o Pd
que possui maior facilidade para se reduzir, como visto pelo perfil de RTP do catalisador
1,9% PdMOR, auxilia a redução do cobre, levando ao aparecimento dos sinais em
temperaturas menores.
63
Avaliação Catalítica dos catalisadores de Pd e Cu.
A atividade dos catalisadores na decomposição direta do NO foi estudada na faixa de
temperatura entre 300 – 500 °C (anexo A). A Figura 28 mostra os valores no tempo de
reação de 200 min para os catalisadores CuMOR e 1,9%PdMOR.
Figura 28: Estudo de temperatura realizado para os catalisadores CuMOR e 1,9%PdMOR.
A temperatura escolhida para compará-los foi 400 °C. A Figura 29 apresenta as atividades
encontradas nessa temperatura. Nesta, observa-se que os catalisadores monometálicos
de Cu e de Pd perdem sua atividade primeiro que os bimetálicos.
As atividades encontradas para os catalisadores não estão relacionadas com as
dispersões encontradas (Tabela 14). O catalisador 1,9% PdMOR apresenta área metálica
muito maior que a dos catalisadores bimetálicos, e no entando apresenta menores
conversões que os catalisadores de Cu-Pd. Esse resultado indica que uma interação entre
os metais está promovendo a reação. Os catalisadores apresentaram conversões que não
apresentaram indícios de desativação, quando os mesmos foram comparados com as
conversões obtidas para amostras novas.
64
0 50 100 150 200 250
0
20
40
60
80
100
400°C
Convero NO(%)
Tempo (min)
CuMOR PdMOR PdCuMOR-TS PdCuMOR-TC
Figura 29: Conversão de NO versus tempo para os catalisadores de Pd e Cu.
A seletividade dos catalisadores é apresentada na Figura 30 através das concentrações de
N
2
O nas reações realizadas a 400 °C. Em baixas temperaturas (não apresentadas) há
elevada formação de N
2
O. A concentração desse produto aumenta quando a conversão de
NO diminui.
65
0 50 100 150 200 250
0
10
20
30
40
50
400°C
Concentração de N
2
O (ppm)
Tempo (min)
CuMOR PdMOR PdCuMOR-TS PdCuMOR-TC
Figura 30: Seletividades dos catalisadores de Pd e Cu expressa em concentração de N
2
O.
Observa-se que os catalisadores 1,9% PdMOR e PdCuMOR-TC formam muito mais N
2
O
que o CuMOR (1 ppm). Apesar disso, como já citado anteriormente, a produção de N
2
O
utilizando esses catalisadores é menor que a de catalisadores de paládio suportados na
alumina (~100 ppm). Isso pode ser atribuído às diferenças na acidez de Lewis entre os
dois materiais, alumina e mordenita, sendo que a zeólita possui maiores características
ácidas. A acidez de Lewis é uma combinação de dois efeitos: a presença de metal e Na
nos catalisadores. O Na é um cátion compensador da carga negativa devido aos sítios
formados através da presença do AlO
2
-
na estrutura da mordenita. De acordo com Sachtler
e Zhang
123
, os primeiros íons de Cu ocupariam posições escondidas, localizadas nas
pequenas cavidades da zeólita. Na mordenita, tais posições estariam localizadas no
esqueleto principal da estrutura. Bulanek
121
sugere que íons de Cu
2+
presentes nas
estruturas das zeólitas mordenita, ZSM-5 e ferrierita podem ser encontrados formando um
dos dois tipos de íons de Cu em maior quantidade nos diferentes sítios da zeólita,
denominados tipo Cu-II e Cu-IV. O tipo Cu-II exibe uma geometria piramidal e alta carga
positiva e se liga a duas espécies AlO
2
-
do esqueleto da zeólita. O íon do tipo Cu-IV foi
atribuído aos íons de Cu com geometria próxima a planar e menor carga positiva, e é
66
adjacente a um ânion AlO
2
-
. Em pequenos teores de Cu e alta concentração de Al, o íon
tipo Cu-II prevalece, entretanto com altos teores de Cu e baixas concentrações de Al no
esqueleto da estrutura da zeólita, o íon do tipo Cu-IV está presente em maior quantidade.
Este último, embora tenha menor coordenação, exibe uma maior acessibilidade e
redutibilidade do que o tipo Cu-II, o que poderia justificar a melhor conversão quando este
metal se encontra presente no catalisador.
A formação de NO
2
não foi detectada em nenhum dos ensaios para os catalisadores. Isso
contrapõe os resultados de Yahiro e Iwamoto
124
e Li e Hall
125
, que acharam NO
2
como
produto da reação de decomposição do NO.
4.3 Paládio e Molibdênio suportados na mordenita comercial
Catalisadores mono e bimetálicos de paládio, tendo Mo como segundo metal foram
preparados a partir de troca iônica, para o paládio, e incoporação de metal carbonila
(hexacarbonila de molibdênio) no caso do Mo. Nos catalisadores bimetálicos houve
primeiro a incorporação de Mo seguida da troca iônica com a solução de nitrato de paládio
para o catalisador MoPdMOR e o inverso para o catalisador PdMoMOR.
A quantidade de paládio e/ou molibdênio incorporada ao suporte e os teores de Al e Na
são apresentados na Tabela 15 para o suporte mordenita e para os catalisadores
preparados neste estudo.
Tabela 15: Análise química dos catalisadores de Pd e Mo.
Catalisador
Pd (%
mássico)
Pd/Al
(molar)
Mo (%
mássico)
Na (%
mássico)
Al (% mássico)
MOR - - - 4,77 7,08
MoMOR - - 0,83 3,74 4,80
0,8%PdMOR 0,81 0,05 - 3,14 4,47
Mo
0,3
Pd
1,9
MOR 1,94 0,10 0,31 2,89 4,82
Pd
0,9
Mo
0,6
MOR 0,88 0,05 0,65 - 4,33
A adição de um segundo metal, neste caso, molibdênio, tem o intuito de melhorar a
conversão dos óxidos de nitrogênio e ao mesmo tempo aumentar a seletividade para a
reação de decomposição do NO. Observando a Tabela 15 nota-se que o catalisador
67
monometálico de molibdênio apresentou um decréscimo (~20%) menor na quantidade de
sódio do que os catalisadores que sofreram troca iônica (~42%). Com relação ao alumínio
presente na estrutura da zeólita este efeito praticamente não foi sentido, onde a redução
na quantidade de alumínio foi de aproximadamente 35% para todos os catalisadores
preparados. No caso do catalisador bimetálico (Mo
0,3
Pd
1,9
MOR), o teor de Mo encontrado
foi baixo, apesar da incorporação ter sido realizada com a mesma quantidade de metal que
os catalisadores MoMOR e Pd
0,9
Mo
0,6
MOR. Como o molibdênio foi incorporado primeiro
provavelmente houve lixiviação do Mo ao realizar a troca iônica para incorporação do Pd o
que resultou em maior teor de Pd e menor incorporação de Mo.
Os difratogramas de raios-X do suporte e dos catalisadores preparados são apresentados
na Figura 31.
Figura 31: Difratograma de raios-X do suporte e dos catalisadores de Pd e Mo.
68
Da análise da Figura 31, observa-se que a integridade da estrutura da mordenita foi
mantida. Os seguintes sinais foram usados para fazer o cálculo da cristalinidade (2Ө =
10,8˚; 20,6˚; 23,2; 26,6˚; 27,3˚). Uma diminuição em cerca de 18% foi observada (Tabela
16), indicando que o processo de preparação dos catalisadores levou à formação de
alguma quantidade de material amorfo.
Tabela 16: Propriedades da mordenita comercial e dos catalisadores de Pd e Mo.
Material
Cristalinidade
(%)
Área
superficial
específica
(m
2
g
-1
)
Volume de
poros (cm
3
g
-1
)
Grau de
redução (%)
MOR 100 358 0,21 -
MoMOR 83 314 0,19 68,6
0,8%PdMOR 84 364 0,21 100
Mo
0,3
Pd
1,9
MOR 80 347 0,21 -
Pd
0,9
Mo
0,6
MOR 79 330 0,19 -
Através dos valores de área superficial específica (Tabela 16) observa-se que houve um
decréscimo acentuado na área do catalisador monometálico de Mo, que pode ser atribuído
ao teor mais elevado de molibdênio (0,83 % massa), o que estaria dificultando o acesso da
molécula sonda de nitrogênio devido ao bloqueio de alguns poros. Nos catalisadores
bimetálicos também houve diminuição na área, porém esse decréscimo foi menor em
função de que a quantidade de molibdênio, no catalisador Mo
0,3
Pd
1,9
MOR, ser menor do
que no monometálico de Mo.
Os espectros de refletância difusa dos catalisadores são apresentados na Figura 32. O
catalisador 0,8%PdMOR apresenta bandas fracas, na região em torno de 400 nm pode ser
atribuída as transições d-d do Pd e em 280 nm, a trasferência de carga do metal para o
oxigênio. A baixa intensidade desta banda indica que as partículas do óxido possuem
pequeno tamanho. O mesmo não é observado para o catalisador 1,9%PdMOR, este
possui bandas mais intensas sugerindo que as partículas do óxido possuem tamanhos
maiores que o catalisador com menor teor de paládio.
69
Figura 32: Espectro de Refletância Difusa na região do UV-Vis dos catalisadores (---)
MoMOR, (---)0,8%PdMOR, (---)Pd
0,9
Mo
0,6
MOR, (---)Mo
0,3
Pd
1,9
MOR e (---) 1,9%PdMOR.
O catalisador monometálico MoMOR apresenta bandas na região compreendida entre 200
e 250 nm atribuídas ao Mo em coordenação tetraédrica
126,127
. Não são observadas bandas
na região entre 290 e 330 nm que seriam atribuídas a partículas do óxido de molibdênio,
indicando que não há presença de espécies em coordenação octaédrica, o que sugere que
o processo de incorporação deste metal e o seu teor geraram espécies de Mo bem
distribuídas na superfície do suporte zeolítico. No espectro do catalisador Pd
0,9
Mo
0,6
MOR
observa-se que não apenas as bandas localizadas na região entre 280 e 330 nm mas
também as bandas localizadas em 400 nm são menos intensas que aquelas observadas
para ao catalisadores monometálicos MoMOR e 0,8%PdMOR. No entanto, o catalisador
Pd
0,9
Mo
0,6
MOR apresenta um ombro localizado em ~280 nm que pode ser atribuído ao
molibdênio em coordenação tetraédrica, indicando que nesta amostra o molibdênio está
bem disperso no suporte. A banda associada à transferência de carga metal-oxigênio em
70
400 nm é menos intensa que a observada para o catalisador monometálico 0,8%PdMOR,
sugerindo que houve alguma interação entre os dois metais, e por isso a diminuição da
transferência de carga.
O catalisador Mo
0,3
Pd
1,9
MOR apresenta espectro distinto do catalisador Pd
0,9
Mo
0,6
MOR, a
principal diferença está relacionada com sua intensidade. De fato, sendo a quantidade de
molibdênio menor no catalisador Mo
0,3
Pd
1,9
MOR, supõe-se que todas as bandas
observadas estão relacionadas com o paládio, o qual está presente com tamanho de
partículas maiores, mas não o suficiente para aparecer no difratograma de raios-X.
Entretanto, o catalisador 1,9%PdMOR apresenta aproximadamente o mesmo teor de Pd
que o Mo
0,3
Pd
1,9
MOR, a diferença na intensidade dos espectros podendo ser atribuída a
alguma interação entre os metais.
Na Figura 33 são mostrados os perfis de redução a temperatura programada (RTP), onde
o consumo de hidrogênio em relação à temperatura é apresentado. Na Figura 33 (a)
observa-se a redução do Pd presente no catalisador a 25 °C, a formação da fase β-hidreto
(~ 60 °C) e em 87 °C o sinal de redução indicando interação entre o paládio e o oxigênio
da rede cristalina da zeólita mordenita. Na Figura 33(b) observa-se o perfil referente ao
catalisador MoMOR onde há um sinal largo a 600 °C (a temperatura foi mantida em 600
°C), atribuiu-se a largura desse sinal aos diversos estados de oxidação possíveis do
molibdênio devido a redução parcial do metal, indicada pela mudança na coloração do
sólido após a realização da análise (branco para cinza claro). A Figura 33(c) mostra o perfil
do catalisador bimetálico Mo
0,3
Pd
1,9
MOR, onde são observados vários sinais. O primeiro
sinal foi atribuído a fase β-hidreto do Pd (46 °C), o segundo sinal em torno de 122 °C
também é creditado ao Pd, porém o metal provavelmente migrou para dentro da estrutura
zeólita e/ou sofreu alguma influência do Mo em sua esfera de coordenação. Os outros
sinais (~420, ~597, ~658, ~710 e ~750 °C) podem ser atribuídos ao Mo, porém o fato de
apresentarem tantos máximos indica que o mesmo está sofrendo influência do Pd e
também pode indicar diversos estados de oxidação do metal como conseqüência do pré-
tratamento da amostra ou à interações com o oxigênio da rede zeólitica.
Outra explicação seria a formação de bronze, devido ao derramamento do hidrogênio a
partir do metal nobre (Pd) para o trióxido de molibdênio. Esse processo pode ser
representado da seguinte forma:
onde a estequiometria estável do bronze é H
1,6
MoO
3
128
.
71
A
450300
150
25°C
20
Consumo de H
2
(u.a.)
Temperatura (°C)
PdMOR
b
600400
200
600°C
20°C
20
Consumo de H
2
(u.a.)
Temperatura (°C)
MoMOR
c
750°C
600400
20015
5
MoPdMOR
Consumo de H
2
(u.a.)
Temperatura (°C)
Figura 33: Perfis de redução a temperatura programada para os catalisadores (a)
0,8%PdMOR (b) MoMOR e (c) Mo
0,3
Pd
1,9
MOR.
Os gráficos da Figura 34 apresentam os perfis de dessorção programada de NO para os
diferentes catalisadores. Foram monitoradas as massas do NO (30), N
2
(28), N
2
O (44) e O
2
(16). Todos os catalisadores apresentaram um pico de dessorção de NO na faixa de
temperatura compreendida entre 9
0º e 130º C.
72
O catalisador MoMOR apresentou pico de dessorção de NO em aproximadamente 405 ºC,
sendo também observado no catalisador Pd
0,9
Mo
0,6
MOR, que também apresentou pico de
dessorção em torno de 290 ºC. O catalisador 0,8%PdMOR apresentou sinal referente ao
NO à temperatura inferior ao monometálico MoMOR. Paralelamente, não foi observada
dessorção de oxigênio.
(a)
(b)
73
(c)
Figura 34: DTP de NO dos catalisadores (a) MoMOR, (b)0,8%PdMOR, (c) Pd
0,9
Mo
0,6
MOR
O pico em temperatura baixa pode ser atribuído a espécies Pd
2+
(NO) e os sinais em
temperaturas elevadas podem ser devido a espécies nitrato (-NO
3
) que seriam formadas
em sítios de metal isolados ou espécies nitrato bidentadas em agregados de PdO.
O material de partida (NaMOR), não dessorveu quantidade significativa de NO, o que
demonstra que o NO se adsorve nos sítios metálicos.
Na Tabela 17 são mostrados os compostos de nitrogênio formados e o NO dessorvido dos
catalisadores 0,8%PdMOR, MoMOR e Pd
0,9
Mo
0,6
MOR.
Tabela 17: Formação de compostos de nitrogênio nos catalisadores por DTP de NO.
Catalisador NO (µmol g
-1
cat) N
2
(µmol g
-1
cat) N
2
O (µmol g
-1
cat)
0,8%PdMOR 6,74 9,02 0,57
MoMOR 1,25 2,43 13,5
Pd
0,9
Mo
0,6
MOR 19,8 15,5 20,4
Os dados mostram que o Mo adsorve o NO, mas este é convertido imediatamente em N
2
O.
No catalisador bimetálico, Pd
0,9
Mo
0,6
MOR, há maior formação de N
2
, provavelmente
devido, a presença de Pd, porém verifica-se também grande formação de N
2
O.
74
Avaliação catalítica dos catalisadores de Pd e Mo.
As figuras Figura 35, Figura 36 e Figura 37 apresentam os resultados para atividade dos
catalisadores de Pd e/ou Mo. O estudo de temperatura realizado para os catalisadores é
representado pela Figura 35 (e anexo A) para os catalisadores monometálicos de Pd e o
bimetálico de MoPd no tempo de reação de 200 min.
Figura 35: Estudo de temperatura para os catalisadores 0,8%PdMOR e Mo
0,3
Pd
1,9
MOR.
A reação de decomposição do NO a 400 °C foi utilizada para comparação entre os
catalisadores (Figura 36 e Figura 37). Os catalisadores que contêm paládio apresentaram
comportamento bastante similar: decomposição inicial total até aproximadamente 100 min
e após este tempo diminuição acentuada. Os produtos observados, como já mostrado pela
análise de dessorção de NO a temperatura programada, foram N
2
e N
2
O. Observou-se que
o catalisador monometálico de Mo desativa imediatamente quando em contato com a
molécula de NO. Atribui-se esse comportamento a dissociação do NO ao se adsorver no
metal reduzido, pois o mesmo possui alta capacidade de armazenar o oxigênio,
favorecendo então sua desativação devido a oxidação (MoO
3-x
)
73,129
. As altas conversões
iniciais com posterior desativação com o tempo, são atribuídas a retenção do oxigênio que
75
foi adsorvido através do NO. De acordo com o resultado obtido com o perfil de redução a
temperatura programada do catalisador MoMOR, há formação de óxidos de molibdênio em
temperaturas superiores a 600 ºC. Logo ao realizar-se a redução a 300 ºC as espécies
formadas de molibdênio estariam oxidadas com diferentes número de oxidação formando
MoO
3-x
. O suporte mordenita, em nossos estudos, não apresentou atividade catalítica, o
que mostra que apesar da desativação rápida do catalisador MoMOR, o metal presente
possui atividade na reação de decomposição do NO.
Comparando os catalisadores 1,9%PdMOR e o Mo
0,3
Pd
1,9
MOR, na Figura 36 é possível
observar que este catalisador bimetálico fica com atividade em 100% por mais tempo,
apesar do mesmo possuir o mesmo teor de Pd incorporado ao suporte. O que sugere que
a incorporação prévia de molibdênio teve efeito positivo na atividade. Por outro lado, os
catalisadores 0,8%PdMOR e Pd
0,9
Mo
0,6
MOR tiveram tempos de conversão em 100%
similares, mas o bimetálico apresentou maior atividade residual (após 200 min de reação).
Interessante observar que o catalisador monometálico 0,8%PdMOR com conteúdo de
metal menor apresentou tempo de atividade em 100% maior que o catalisador
1,9%PdMOR que possui maior quantidade de Pd. Atenção deve ser dada ao fato deste
catalisador com menor conteúdo de Pd apresentar menor seletividade. As desativações
encontradas para os catalisadores podem ser atribuídas aos sítios ativos de Pd terem sido
oxidados por átomos de oxigênio gerados pela reação de decomposição do NO e que
permaneceram adsorvidos na superfície do metal, o que está de acordo com os perfis de
dessorção de NO encontrados na Figura 36, onde não foram detectadas formação de O
2
.
76
Figura 36: Conversão da reação de decomposição do NO a 400ºC com () 0,8%PdMOR
() MoMOR () Mo
0,3
Pd
1,9
MOR e ()Pd
0,9
Mo
0,6
MOR e () 1,9%PdMOR.
A Figura 37 mostra a seletividade, medida de forma indireta para N
2
e O
2
como foi
explicado na seção 4.1 deste trabalho, apresentando a formação de N
2
O, pois quanto
menor a concentração de óxido de dinitrogênio, maior é a formação dos produtos
desejados.
A comparação dos catalisadores 1,9%PdMOR com o catalisador Mo
0,3
Pd
1,9
MOR mostra
que o catalisador bimetálico retarda o aparecimento do N
2
O em cerca de 30 min, porém a
quantidade de óxido de dinitrogênio formada foi maior que no catalisador monometálico.
De outra maneira, se os catalisadores 0,8%PdMOR e Pd
0,9
Mo
0,6
MOR forem comparados
entre si, observa-se que a incorporação de Mo primeiro produziu como efeito a menor
formação de N
2
O, o que está de acordo com os dados obtidos nos perfis de DTP (Figura
34). Além disso, o catalisador 0,8%PdMOR, apresentou maior formação de N
2
O que o
catalisador 1,9%PdMOR, o que indica que os catalisadores monometálicos favorecem a
principalmente a reação
O, como já visto para catalisadores de Pd
suportados em alumina.
77
Os resultados na reação de decomposição do NO mostram que a atividade residual do
catalisador bimetálico, Mo
0,3
Pd
1,9
MOR, é de aproximadamente 2% e a do Pd
0,9
Mo
0,6
MOR é
de 12%, enquanto que a atividade do catalisador monometálico 0,8%PdMOR ficou abaixo
de 10%, a do catalisador 1,9%PdMOR ficou ao redor de 18%. Adicionalmente, um dos
catalisadores bimetálicos apresentou maior formação de N
2
O (~70ppm) (Figura 37), o que
pode ser atribuído a maior quantidade de paládio presente nessa amostra.
Figura 37: Seletividade da reação de decomposição do NO a 400ºC com () 0,8%PdMOR
() MoMOR () Mo
0,3
Pd
1,9
MOR e () Pd
0,9
Mo
0,6
MOR e () 1,9%PdMOR.
4.4 Comparação entre os catalisadores
Entre os catalisadores monometálicos, o PdMOR apresentou tempo de conversão acima
de 100 min para os catalisadores com 0,8% de metal incorporado ao suporte zeolítico. No
entanto, os suportes zeólticos preparados MOR-IZA e MOR-ARG apresentaram maior
formação de N
2
O, o que direcionou os estudos para os testes com catalisadores
suportados na mordenita comercial. O catalisador com 1,9% de Pd possui tempo de
78
conversão máxima menor que o catalisador com 0,8% de Pd, indicando que o paládio tem
uma quantidade ótima no suporte, acima da qual a atividade diminui. Entre os
catalisadores bimetálicos observou-se que os PdCuMOR possuem maior atividade, porém
o catalisador Pd
0,9
Mo
0,6
MOR também possui alta atividade, mas sua desvantagem em
relação aos PdCu aparece na quantidade de N
2
O formada, ou seja, a seletividade ao N
2
. A
presença do cobre leva a uma melhor seletividade, já que o catalisador com Cu produz
menores concentrações 30 ppm, enquanto o catalisador PdMo forma aproximadamente o
dobro (~70 ppm).
Tabela 18: Comparação entre os catalisadores na reação de decomposição do NO.
Catalisadores Metal (% massa)
Tempo de
Conversão máximo
(min)
Formação de N
2
O
(ppm)
PdMOR-COM* 0,77 95 5
PdMOR-IZA 0,72 105 25
PdMOR-ARG 0,76 105 15
CuMOR 6,0 110 2
1,9% PdMOR 1,9 60 25
PdCuMOR-TS 1,5 (Pd) e 4,8 (Cu) 110 8
PdCuMOR-TC 1,8 (Pd) e 2,8 (Cu) 150 30
MoMOR 0,83 <5 16
0,8% PdMOR* 0,81 90 50
Mo
0,3
Pd
1,9
MOR 1,94(Pd) e 0,31 (Mo) 100 70
Pd
0,9
Mo
0,6
MOR 0,88(Pd) e 0,65(Mo) 80 32
*Estes catalisadores no estudo comparativo com diferentes teores de paládio foram denomidados:
PdMOR-COM = 0,8%PdMOR1 e 0,8%PdMOR = 0,8%PdMOR2
79
5. Conclusões
O uso de argila como fonte de Al e Si conduziu a formação da zeólita mordenita. Os dois
métodos de síntese geraram materiais que foram utilizados como suporte em catalisadores
de paládio. Os catalisadores preparados foram ativos para a reação de decomposição
direta do NO. A cristalinidade encontrada para os catalisadores a partir dos difratogramas
de raios-X mostrou que a mordenita manteve sua estrutura após o processo de
incorporação metálica nos catalisadores e os tratamentos térmicos e de redução
efetuados, refletindo a adequação dos métodos de preparação empregados neste trabalho.
O catalisador denominado PdMOR-ARG foi mais seletivo quando comparado em relação
ao PdMOR-IZA, porém ambos possuem menor seletividade, ou seja, maior formação de
N
2
O, que o catalisador suportado na mordenita comercial, PdMOR-COM. As impurezas
iniciais da argila, mesmo que presentes na estrutura zeolítica, não interferiram na
conversão do NO.
O catalisador de cobre e os bimetálicos de paládio/cobre também apresentaram atividade
para a reação de decomposição do NO, entretanto a seletividade do catalisador 1,9%
PdMOR com relação à formação de N
2
e O
2
foi menor do que a encontrada para o
catalisador monometálico de cobre, CuMOR, nas condições reacionais desse trabalho. As
análises de área superficial específica, volume de poros e os dados de difração de raios-X
para os catalisadores monometálicos de Pd e Cu mostraram que não houve bloqueio da
entrada dos poros e não houve também formação de óxidos com tamanhos capazes de
serem detectados por DRX. De outra maneira, os decréscimos na área superficial
80
específica e no volume de poros dos catalisadores bimetálicos de Pd e Cu sugerem algum
impedimento na acessibilidade destes catalisadores. Estes catalisadores foram ativos para
a reação sendo que os catalisadores bimetálicos de Pd/Cu foram mais ativos que os
monometálicos de Pd e Cu.
As análises de redução com programação de temperatura e de refletância difusa no
ultravioleta visível sugerem que o catalisador de paládio denominado 0,8% PdMOR
apresentou maior interação com o suporte. Este efeito pode ser o responsável pela maior
atividade encontrada em relação ao catalisador 1,9% PdMOR. A presença de molibdênio
conduziu a melhores atividades residuais nos catalisadores bimetálicos de Pd/Mo (após
250 min) e ainda para o catalisador Pd
0,9
Mo
0,6
MOR a melhor seletividade à N
2
.
Os resultados desse trabalho mostram que os catalisadores de Pd, Cu, PdCu e PdMo
suportados na zeólita mordenita são ativos na reação de decomposição do NO.
O uso de mordenita como suporte levou a melhores atividades e seletividades para a
reação de decomposição de NO em relação a outros suportes (alumina, sílica e MCM-41),
evidenciando o papel promotor desse material na reação. Esse efeito fica evidenciado na
constatação que o catalisador com menor conteúdo de paládio apresentou melhores
atividade e seletividade que o catalisador com maior conteúdo metálico
81
6. Sugestões
Algumas sugestões para continuidade deste trabalho são:
1. Aprofundamento na caracterização das interações entre os metais nos
catalisadores bimetálicos de PdCu e de PdMo suportados em mordenita através
das técnicas de espectroscopia de absorção de raios-X estendida (EXAFS),
ressonânca paramagnética de elétrons (EPR) e microscopia eletrônica de
transmissão (TEM).
2. Estudo cinético com os catalisadores através da determinação da energia de
ativação da reação e a partir disso, estudar um mecanismo para a reação de
decomposição do NO.
3. Avaliação destes catalisadores na reação de redução catalítica seletiva com
hidrocarbonetos.
82
7. Referências Bibliográficas
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J. Molec. Catal. A 137,
1999, 287.
88
Anexo A – Estudo de temperatura realizado nos catalisadores
O estudo de temperatura para alguns catalisadores deste estudo são apresentados nas
figuras apresentadas neste anexo.
0,8%PdMOR-COM (0,8%PdMOR1)
0 50 100 150 200 250 300
0
20
40
60
80
100
Conversão de NO (%)
Tempo (min)
300
0
C
0 50 100 150 200 250 300
0
20
40
60
80
100
Conversão de NO (%)
Tempo (min)
350
0
C
0 50 100 150 200 250 300
0
20
40
60
80
100
Conversão de NO (%)
Tempo (min)
400
0
C
0 50 100 150 200 250 300
0
20
40
60
80
100
Conversão de NO (%)
Tempo (min)
450
0
C
0 50 100 150 200 250 300
0
20
40
60
80
100
Conversão de NO (%)
Tempo (min)
500
0
C
Figura 38: Conversão de NO do catalisador 0,8%PdMOR
89
1,9%PdMOR
0 50 100 150 200 250
0
20
40
60
80
100
Conversão de NO(%)
Tempo (min)
300
0
C
0 50 100 150 200 250
0
20
40
60
80
100
Conversão de NO (%)
Tempo (min)
350
0
C
0 50 100 150 200 250
0
20
40
60
80
100
Conversão de NO (%)
Tempo (min)
450
0
C
0 50 100 150 200 250
0
20
40
60
80
100
Conversão de NO (%)
Tempo (min)
450
0
C
0 50 100 150 200 250
0
20
40
60
80
100
Conversão de NO (%)
Tempo (min)
500
0
C
Figura 39: Conversão de NO para o catalisador 1,9%PdMOR
90
CuMOR
0 50 100 150 200 250
0
20
40
60
80
100
Conversão de NO (%)
Tempo (min)
300
0
C
0 50 100 150 200 250
0
20
40
60
80
100
Conversão de NO (%)
Tempo (min)
350
0
C
0 50 100 150 200 250
0
20
40
60
80
100
Conversão de NO (%)
Tempo (min)
400
0
C
0 50 100 150 200 250
0
20
40
60
80
100
Conversão de NO (%)
Tempo (min)
450
0
C
0 50 100 150 200 250
0
20
40
60
80
100
Conversão de NO (%)
Tempo (min)
500
Figura 40: Conversão de NO para o catalisador CuMOR
91
MoMOR
0 50 100 150 200 250 300
0
20
40
60
80
100
Conversão de NO (%)
Tempo (min)
300
0
C
0 50 100 150 200 250 300
0
20
40
60
80
100
Conversão de NO (%)
Tempo (min)
350
0
C
0 50 100 150 200 250 300
0
20
40
60
80
100
Conversão de NO (%)
Tempo (min)
400
0
C
0 50 100 150 200 250 300
0
20
40
60
80
100
Conversão de NO (%)
Tempo (min)
450
0
C
0 50 100 150 200 250 300
0
20
40
60
80
100
Conversão de NO (%)
Tempo (min)
500
0
C
Figura 41: Conversão de NO para o catalisador MoMOR
92
PdCuMOR-TC
0 50 100 150 200 250
0
20
40
60
80
100
Conversão de NO (%)
Tempo (min)
300
0
C
0 50 100 150 200 250
0
20
40
60
80
100
Conversão de NO (%)
Tempo (min)
350
0
C
0 50 100 150 200 250
0
20
40
60
80
100
Conversão de NO (%)
Tempo (min)
400
0
C
0 50 100 150 200 250
0
20
40
60
80
100
Conversão de NO (%)
Tempo (min)
450
0
C
0 50 100 150 200 250
0
20
40
60
80
100
Conversão de NO (%)
Tempo (min)
500
0
C
Figura 42: Conversão de NO para o catalisador PdCuMOR-TC
93
PdCuMOR-TS
0 50 100 150 200 250
0
20
40
60
80
100
Conversão de NO (%)
Tempo (min)
300
0
C
0 50 100 150 200 250
0
20
40
60
80
100
Conversão de NO (%)
Tempo (min)
350
0
C
0 50 100 150 200 250
0
20
40
60
80
100
Conversão de NO (%)
Tempo (min)
400
0
C
0 50 100 150 200 250
0
20
40
60
80
100
Conversão de NO (%)
Tempo (min)
450
0
C
0 50 100 150 200 250
0
20
40
60
80
100
Conversão de NO (%)
Tempo (min)
500
0
C
Figura 43: Conversão de NO para o catalisador PdCuMOR-TS
94
Mo
0,3
Pd
1,9
MOR
0 50 100 150 200 250 300
0
20
40
60
80
100
Conversão de NO (%)
Tempo (min)
300
0
C
0 50 100 150 200 250 300
0
20
40
60
80
100
Conversão de NO (%)
Tempo (min)
350
0
C
0 50 100 150 200 250 300
0
20
40
60
80
100
Conversão de NO (%)
Tempo (min)
400
0
C
0 50 100 150 200 250 300
0
20
40
60
80
100
Conversão de NO (%)
Tempo (min)
450
0
C
0 50 100 150 200 250 300
0
20
40
60
80
100
Conversão de NO (%)
Tempo (min)
500
0
C
Figura 44: Conversão de NO para o catalisador MoPdMOR
95
Anexo B – Caracterização de catalisadores
Conceitos Básicos
A caracterização de catalisadores é fundamental para o entendimento do comportamento
das espécies ativas na diminuição da energia de ativação da reação em estudo.
Neste anexo são apresentados os fundamentos teóricos das técnicas de caracterização
empregadas no desenvolvimento deste estudo.
Difração de raios-X
Esta técnica baseia-se no efeito da difração da radiação X através dos planos do retículo
cristalino do sólido, segundo a lei de Bragg:
λ = 2d
(h,k,l)
senθ
onde:
λ = comprimento de onda da radiação incidente;
d: distância entre os planos de reflexão que possuem índices de Miller (h,k,l);
θ: ângulo de incidência.
Sendo as zeólitas sólidos cristalinos, apresentam padrões de difração de raios X
característicos, os quais podem ser usados para identificar a zeólita e detectar a existência
de outras formas cristalinas (qualitativamente) e para determinar o grau de pureza e/ou
cristalinidade e os parâmetros de cela unitária (quantitativamente).
Análise Química
A composição química de amostras sólidas pode ser determinada por espectrometria de
emissão ótica com fonte de plasma indutivamente acoplado (ICP-OES). Esta técnica se
96
baseia no fato de que o plasma alcança temperaturas elevadas (6000 a 10000K), o que
provoca excitação mais eficiente dos átomos e íons, resultando em linhas de emissão com
intensidades maiores e a observação de mais linhas espectrais.
Microscopia Eletrônica de Varredura
Na microscopia eletrônica um fino feixe de elétrons irradia a área ou o microvolume a ser
analisado. Como resultado da interação do feixe de elétrons com a superfície da amostra,
uma série de radiações são emitidas tais como: elétrons secundários, elétrons
retroespalhados, raios-X característicos, elétrons Auger, fótons, etc. Estas radiações
fornecem informações características sobre a amostra (topografia da superfície,
composição, cristalografia, etc.).
Na microscopia eletrônica de varredura (MEV) os sinais de maior interesse para a
formação da imagem são os elétrons secundários e os retroespalhados. A medida que o
feixe de elétrons primários vai varrendo a amostra estes sinais vão sofrendo modificações
de acordo com as variações da superfície. Os elétrons secundários fornecem imagem de
topografia da superfície da amostra e são os responsáveis pela obtenção das imagens de
alta resolução, já os retroespalhados fornecem imagem característica de variação de
composição.
O MEV tem seu potencial ainda mais desenvolvido com a adaptação na câmara da
amostra de detectores de raios-X permitindo a realização de análise química na amostra
em observação. Através da captação pelos detectores e da análise dos raios-X
característicos emitidos pela amostra, resultado da interação dos elétrons primários com a
superfície, é possível obter informações qualitativas da composição da amostra na região
submicrométrica de incidência do feixe de elétrons. Este procedimento facilita a
identificação de variações de composição química dentro de um grão. O detector de raios-
X, mais usado devido à confiabilidade e à facilidade de operação, é o de energia dispersiva
(EDS).
97
Análise Textural
A estrutura do catalisador é definida pela distribuição espacial dos átomos ou íons que
constituem o sólido. A textura do catalisador é definida pela geometria dos espaços vazios
nos grãos do catalisador e determina a sua porosidade. A caracterização textural é
fundamental para compreender o comportamento cinético do catalisador, e exige a
determinação de alguns parâmetros que são obtidos a partir das isotermas de equilíbrio de
adsorção física de um vapor. Podem-se citar os seguintes parâmetros: área específica,
volume de poros, porosidade e distribuição de tamanho de poros.
Redução a temperatura programada
Esta é uma das técnicas de maior interesse para o estudo da interação e agrupamento de
componentes metálicos em um catalisador. Se os metais estão presentes como partículas
isoladas de um único componente, o perfil de RTP deve ser uma combinação linear entre
os perfis de cada um dos compostos metálicos. Se os componentes estiverem muito
associados deve-se observar um certo grau de sinergismo entre eles no processo de
redução. A origem deste sinergismo pode estar no efeito catalítico que um componente
facilmente redutível pode ter na redução do outro que seja mais difícil reduzir.
Zeólias contendo metais redutíveis, tanto atomicamente dispersos ou como pequenos
aglomerados dentro de estrutura porosa, são de grande valor na indústria petroquímica
como catalisadores de hidrocraqueamento ou de reforma à vapor. A redução do íon
metálico em uma zeólita é usualmente obtida utilizando hidrogênio; a estequiometria total
da reação pode ser escrita da seguinte forma:
O próton reage com a rede zeolítica para produzir grupamentos hidroxila cuja presença é
estabelecida por espectrometria de infravermelho:
A redução de metais de transição em zeólitas foi revista por Hurst
et al. apud
Uyntterhoeven que observou uma correlação entre o potencial eletrolítico padrão e a
redutibilidade.
98
Dessorção de NO a Temperatura Programada
A dessorção térmica de espécies adsorvidas em superfícies sólidas é um importante
processo que ocorre na catálise heterogênea. O entendimento deste fenômeno permite
uma descrição correta da cinética catalítica. Estudos experimentais de DTP são
fundamentais para o conhecimento da teoria desta técnica. Esta técnica se baseia na
adsorção de moléculas que cobrem toda a superfície do sólido a uma certa temperatura,
cuja qual a desorção é despresível. Em seguida, a temperatura é elevada linearmente com
o tempo, e com tal aumento ocorre a dessorção.
Espectroscopia de Refletância Difusa UV-Vis
O fenômeno ótico conhecido como refletância difusa é utilizado para obter informações
moleculares espectroscópicas. O espectro de refletância é obtido através da radiação
eletromagnética refletida por uma superfície opaca em função da freqüência. A teoria mais
usada para descrever e analisar a refletância difusa é a Kubelka-Munk. A remitância de
refletância difusa de uma amostra é a razão da intensidade da luz refletida sobre a
incidente. R
=J/I
º
onde R
é a remitância absoluta, J é a intensidade da radiação refletida e
I
º
é a intensidade da radiação incidente. A R’
é a remitância relativa onde é razão da R
da amostra e a R
de um padrão. F(R
) = (1- R
)
2
/ 2R
, onde K é o coeficiente de
absorção, S é duas vezes o coeficiente de espalhamento da amostra, ε é a absortividade e
C a concentração do analito. A faixa de medida mais favorável se situa entre 0,2<R
<0,7.
Infravermelho com transformada de Fourier de CO e de NO
A absorção na região do infra-vermelho ocorre quando a freqüência do campo elétrico
alternado que está associado com a radiação incidente encontra uma possível mudança na
freqüência vibracional ou rotacional da molécula absorvente, quando ocorre o encontro a
radiação eletromagnética pode ser absorvida pela molécula provocando mudança na
99
amplitude de vibração ou no padrão de rotação. Para que a radiação eletromagnética seja
absorvida pela molécula, é necessário que a molécula sofra uma mudança em seu
momento dipolar durante a absorção. Através desta técnica se estudou a forma com que
as moléculas de CO e NO interagem com o metal.
Quimissorção de Hidrogênio
A quimissorção é utilizada para a avaliação da superfície metálica de um catalisador
através da determinação do número de átomos que estejam acessíveis aos reagentes em
uma reação.
A quimissorção se caracteriza por um forte grau de interação entre as moléculas do gás e
a superfície do sólido. Ela é extremamente energética embora às vezes o calor de
adsorção líquido seja pequeno devido à necessidade do gasto de energia (E
a
) para a
formação da quimissorção, o que também explica o fato do processo ocorrer de maneira
relativamente lenta.
A quimissorção de hidrogênio na superfície de um metal como o Pd ocorre de forma
dissociativa e resulta na formação de duas ligações Pd-H, o método consiste em adsorver
quantidade suficiente de gás sobre os átomos superficiais do metal para reagir e formar
uma monocamada. A medida do gás que foi adsorvido permite saber a dispersão do metal
ativo e o cálculo de sua área metálica.
100
Anexo C – Trabalhos relacionados com a tese
1. de Oliveira, A. M. ; Crizel, L. E. ; da Silveira, R. S. ; Pergher, S. B. C. ; Baibich, I. M. NO
decomposition on mordenite-supported Pd and Cu catalysts. Catalysis Communications, v.
8, p. 1293-1297, 2007.
2. de Oliveira, A. M. ; Mignoni, M. L. ; Machado, N. R. C. F. ; Baibich, I. M. ; Pergher, S. B.
C. . Decomposition of Nitric Oxide on Pd-Mordenite. Catalysis Today, 2007, aceito.
3. da Silveira, R. S.; de Oliveira, A. M.; Pergher, S. B. C. ; da Silva, V. T.; Baibich, I. M.
Palladium and Molybdenum mono and bimetallic catalysts on mordenite for direct NO
decomposition reaction. Applied Catalysis A, 2007, submetido.
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