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Internacional
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, utilizando os resultados de pesquisas do “International Cotton Advisory
Committee” - ICAC, na colheita de 2003, os Estados Unidos exportou 76% do seu algodão,
atingindo uma fatia de 41% do mercado internacional. Isto significou uma perda estimada de
70,6 milhões de dólares para os países da África do oeste. Nos anos anteriores esta perda
estimada foi ainda mais significativa para os países do Sub-Sahara, alcançando a cifra de 307
milhões de dólares perdidos em 2001 e 94,6 milhões em 2002. Somente os subsídios norte
americanos levam a uma queda de 7% do preço internacional do algodão e em 2001 os
subsídios norte americanos corresponderam a 37% do impacto no preço internacional do
algodão, enquanto em 2002 já representou 50% do impacto.
A queda do preço internacional do algodão é um dos maiores impactos da prática de
subsídios, que mesmo com a ajuda internacional prestada aos países africanos, afeta
significativamente a sobrevivência de milhões de pequenos produtores rurais. Em 2002, o
total da ajuda internacional americana aos países do Sub-Sahara africano alcançou 1,88
bilhões de dólares. Este apoio é investido em projetos de suporte ao sistema público de saúde,
educação, moradia, erradicação da pobreza, entre outros. Entretanto, o total de subsídios em
2002, investido nas plantações norte americanas dos Estados Unidos, atingiu praticamente o
dobro, 3,4 bilhões de dólares, que representa um valor superior ao produto interno bruto – PIB
– combinado de Benin, Burkina Faso e Chad. Somando a estes países, Mali e Tongo, o
algodão representa de 2% a 5% dos seus PIBs, enquanto nos Estados Unidos representa
apenas 0,0004% do PIB. Anualmente, o total de subsídios investidos globalmente alcança 5,7
bilhões de dólares, onde, apenas os Estados Unidos, representa mais de 50% deste valor,
sendo o maior fornecedor de algodão para o mundo. Entre os anos de 1998 e 2002, os Estados
Unidos investiram 14.8 bilhões de dólares em subsídios. No mesmo período, o valor total de
algodão que produziu foi de 21.6 bilhões de dólares, o que revela que mais de 50% do valor
produzido foi subsidiado pelo governo norte americano. Se não fossem pelos subsídios, as
fazendas norte americanas perderiam 871 dólares para cada acre plantado de algodão e, sendo
assim, muitas delas seriam simplesmente inviáveis economicamente. Entretanto, estas
fazendas são extensas e fortemente equipadas tecnologicamente, diferente da realidade
produtiva na África. Na pesquisa realizada pela Oxfam International, é possível ter-se acesso
a uma lista das 10 principais fazendas norte americanas que sozinhas recebem 79% de todo o
subsídio destinado ao cultivo do algodão no país. Isso também é motivo de conflitos internos
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Oxfam Briefing Paper, 2004. Finding the Moral Fiber.