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JOSENILSON BERNARDO DA SILVA
AVALIAÇÃO DA PERDA DE SOLO POR FLUXO SUPERFICIAL
UTILIZANDO PARCELAS EXPERIMENTAIS:
Estudo de caso na bacia hidrográfica do Córrego do Glória em Uberlândia
– MG
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de s-
Graduação em Geografia da Universidade Federal de
Uberlândia, como requisito parcial a obtenção do titulo de
Mestre em Geografia.
Área de concentração: Geografia e Gestão do
Território
Linha de pesquisa: Análise, Planejamento e Gestão
Ambiental.
Orientador: Prof. Dr. Silvio Carlos Rodrigues
Uberlândia/MG
INSTITUTO DE GEOGRAFIA
2006
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLANDIA
Josenilson Bernardo da Silva
AVALIAÇÃO DA PERDA DE SOLO POR FLUXO SUPERFICIAL UTILIZANDO
PARCELAS EXPERIMENTAIS:
Estudo de caso na bacia hidrográfica do Córrego do Glória em Uberlândia – MG
Prof.: Dr. Silvio Carlos Rodrigues
(Orientador)
Universidade Federal de Uberlândia - UFU
Prof.: Dr. Bernardo Sayão Penna e Souza
Universidade Federal de Santa Maria – UFSM
Profa.: Dra. Vânia Silvia Rosolem
Universidade Federal de Uberlândia – UFU
Data:______/_______ de _________
Resultado:______________________________.
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Aos meus pais, José Bernardo e Rosa Maria, aos meus
irmãos João e Renato, a minha então namorada
Pryscila, pelo carinho, compreensão, paciência,
motivação e amor que me dedicaram em todos os
momentos de execução desse trabalho; que pelo qual,
tive que me fazer ausente em vários momentos de suas
vidas. Aos que foram aos que são e aos que serão
meus alunos. Dedico.
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AGRADECIMENTOS
Não poderia começar essa parte sem agradecer a Deus pela oportunidade de viver
junto a pessoas que, me ensinam, cada um a seu modo, buscar mais, tentar mais e arriscar
mais. Obrigado bom Deus!
Não poderia deixar de agradecer aos meus pais José Bernardo e Rosa Maria, pelo
exemplo que me dão em todos os momentos de sua vida; cabeça erguida e muita luta, luta,
luta. Muito mais do que prevenir a queda sempre me ensinaram a levantar e ficar cada vez
mais firme. Meu obrigado eterno.
Muito obrigado aos meus eternos irmãos João e Renato, que além de me ajudar a
construir esse trabalho, com seu apoio, dedicação e paciência me ajudaram a chegar até aqui.
Agradecimento eterno.
Obrigado e desculpas a você Pryscila, pelos vários momentos em que tive de me
manter ausente e distante e, mesmo assim, você esteve sempre torcendo pelo meu sucesso.
Amo você. Obrigado!
Ao Prof. Dr Silvio Carlos Rodrigues (Silvio), obrigado por ter me aceitado como seu
orientado, pelo seu incentivo e participação em todos os momentos desse trabalho, desde as
discussões até as idas a campo. Sempre que pôde buscou estar presente. Obrigado por me
ajudar a conquistar esse objetivo em minha vida.
A profa.Dra. Claudete Baccaro que com todo o seu amor pela Geomorfologia, me fez
ficar encantado por essa ciência. Obrigado por mostrar-me esse caminho.
Para duas pessoas bastante especiais, que conheci logo após ter entrado no LAGES, A
Rosangela (Rô Vegas) e o Malaquias (Mala). Obrigado pelo exemplo de luta, que sempre me
mostraram nos mais variados momentos da nossa história no laboratório. Eu vou levar isso
comigo por todo sempre, obrigado por toda a ajuda.
Ao meu amigo Carlos Alberto (Carlão), que sempre que pôde, me deu apoio nas
atividades de campo, conversas sobre o trabalho e as várias sugestões sobre o uso do
Autocad.Obrigado.
Ao também am5(s)-1.22997( )-210.272()-0.295585(7(J)-11.237444( )250]TJ-25995(5(s)C(o)-0.29558(ã)3.74(o)-97( )-268585(o)-0.2955872()-0.295(o)-0.295585( )-210.271n( )-210.272(t)-2.16539(C))3.74(b)-e)3.74(r)25(t)-2.16436(a)3.74(,)-(.)-0.14759(p)-0.295585(ô3.74(,)-0.14657(a)3.74( )-50.1761(G)3.74(m6-2.45995(5(s)-1.22997( )-2( )-z)3.74(d)-0.295585(a)-6.2659(e0.1761(G)3.74(m6-210.271(d)-0.295580.295585(m)-2.45995( 2 0 T934599-1.2312((a)3.74(s)-1.229975(h)-0.295585(e)-6.2659(c)16436( )-30.1643i)-2.16436(s)-1.2312(c)3.74244((o)-0.295585( )-130.223(a)3.74(m6-5(e)3.74(d)-0.295585(i)-2.16436(.)-10.1525a)-6.26346(r-6.263462(o)-0.293142( )-150.235(p)3.74(m6-2.459993142(m)-2.46238319.869 -1328.634[(l)-2.16558(u)-0.294974(n)-0.294974(s)-1.22997o)-0.294974( )-0.147792(p)-0.295584(a)3.74(d)-5( )-0.147792(s)-1.229970.294974(s2.80439(i)-2.12997(a)3.74(s)-5( )-0.147792(e)3.74(m)-2.459952(e)3.74(m)-n(e)3.74(d)-0.29558(s)-1.22997(e)3.74( )-10.1537(o))3.74(m)-n(e-0.295187( )-0.2312( )-17022997(o)-0.295585(a)3.74(s)-2(a)3.74( )-10.1537(a)3.74(m)-5(a)3.74(s)-1.22997(a)3.74( )-1(a)3.74( )-5(e)3.74(s)-1.2312(s)-1.2312(1.22997i)-2.16436(c)-6.2659(5(.)-0.147593( )]TJ35.4209 -13.8 Td[(A)1.57442((a)3.74(r)25(r)2.80561( )-0.147792(t)-2.16558(o)-0.295585(d)-0.295585(o)-0.295581.22997( )-30.1655(b))3.74( )-10.1537( )-30.1655(b))3.74( )-10.1537(5(s)-1.22997( )-210.2z)3.74(d)-0.295585(a)-6.2659(e0.1761( )-30.1655(b))3.74( )-5(u)-0.295585(e)3.74( )-210.271(s))3.74( )-i)-2.16436(c)-6.2314z)-120.217(e))3.74( )-n(e)3.74(d)-0.29558(s)-1.312(o)-0.295580.146571(a)3.74( )-.74(m)-2.45995(p)-0.29558(n)-0.295585(h)-0.295585(a)3.74( )-0.14657(a)3.74( )-110.212(s))-0.295585(o)-0.2955812.1715(a)3.74(b)-0.29558236 0 T51.268-1.2312(G)3.74(u)-0.29558og)-0.295585(2.80439(a))3.74(b)-0.29558i)-2.16436(c)-6.2659( )-30.1655-)buru
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Viva com se fosse morrer amanhã.
Aprenda como se você fosse viver pra sempre.
Mahatma Gandhi
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Resumo
A ação humana no meio natural vem gerando uma série de problemas ambientais. A retirada
da vegetação para a expansão das áreas a serem destinadas a agricultura aumenta a cada ano.
Esse desmatamento é o ponto inicial para desencadear uma gama de problemas ambientais.
Destaca-se aqueles que são, também, influenciados pela ação pluvial. O escoamento
superficial tem o poder, ao longo do seu caminho percorrido na superfície, desagregar e
transportar elementos essenciais ao solo. Junta-se a isso, como agravantes desse processo, as
características naturais dos mesmos que vão em separado ou em conjunto, facilitar o
surgimento desse escoamento sobre a superfície. As parcelas experimentais foram
instrumentos cruciais nessa investigação, pois, os dados coletados em campo serviram
substancialmente para as interpretações contidas nesse trabalho. O teste de granulometria é
importante para ter em mente a sua textura, mas, a necessidade de testes mais elaborados e
ir ao campo com maior regularidade e permanecer por mais tempo, é relevante. Ao seu fim,
percebeu-se que a necessidade de estudar temas relacionados à perda de solo e pluviosidade
requer mais tempo para que se possa implementar testes mais refinados e para ajudar na busca
de elementos mais fundamentados sobre o processo erosivo influenciado pelo escoamento
superficial.
Palavras chave: Escoamento – erosão – parcelas – pluviosidade
- 7 -
Abstract
The action human being in the natural environment comes generating one serie of ambient
problems. The withdrawal of the natural covering for increase of the destined areas
agriculture increases to each year. The deforestation is the initial point to unchain a gamma of
ambient problems. It is distinguished those that are, also, influenced for the rain. The overland
flow has the power, throughout its way covered in the surface, to disaggregate and to carry
essential elements to the ground. Moreover, the natural characteristics of soil go separately or
in set, to facilitate the sprouting of this draining on the surface. The plots had been decisive
instruments in this inquiry, therefore, the data collected in field had served substantially for
the interpretations contained in this work. The granulometry test is important to have in mind
its texture, but, the necessity of elaborated tests exists more and to go to the field with bigger
regularity, is excellent. To its end, one perceived that the necessity to study related subjects
the soilloss and rainfall requires more time so that if it can implement finer tests and to help
more in the search of based elements on the erosive process influenced by the overlandflow.
Word – key: Draining – erosion – plots - rainfall
- 8 -
Lista de Figuras: Pág
Fig.01 - Localização da área de estudo............................................................................. 23
Fig.02 - Ação da chuva sobre a superfície........................................................................ 40
Fig.03 - Sheet erosion ou erosão laminar.......................................................................... 44
Fig.04 - Vista parcial do splash erosion (a) na parcela cultura com detalhe para os
sedimentos grudados na parcela (b)..................................................................................
46
Fig 05 - Vista parcial do splash erosion dentro da parcela mata...................................... 47
Fig 06 - Estação Experimental Sorgo (cultura) primeira forma........................................
55
Fig 07 - Estação Experimental Pasto................................................................................ 55
Fig.08 - Estação experimental mata. ............................................................................... 56
Fig.09 a - Construção da nova estrutura. b Vista da nova parcela. c-
Compartimento para recepção de sedimentos e água......................................................
57
Fig.10 - Representação esquemática da disposição dos cilindros do teste de infiltração.
59
Fig.11 - Perfil da parede em voçoroca na microbacia do Glória evidenciando os
sedimentos cenozóicos. ....................................................................................................
64
Fig.12 - Voçoroca ativa na bacia hidrográfica de estudo..................................................
81
Fig.13 - Perfil topográfico e de uso do solo na Bacia Hidrográfica do Córrego do
Glória................................................................................................................................
89
Fig.14 - Sedimento depositado na borda e na parede interna da calha. .......................... 102
Fig.15 - Vista de alguns formigueiros encontrados dentro da parcela de uso agrícola
(sorgo)...............................................................................................................................
115
Fig.16 - Vista da parcela (a) e detalhe da cobertura interna de serrapilheira (litter) em
(b)......................................................................................................................................
118
Fig.17 - Vista parcial da pastagem (a) e foto da parcela localizada na mesma área (b)...
127
Fig.18 - Mostra a cobertura residual da gramínea Brachiaria na parcela da
pastagem............................................................................................................................
132
Fig. 19 - Mostra a cobertura residual da gramínea Brachiaria na parcela da pastagem
com detalhe para a espessura da camada morta que protege a superfície do solo. ..........
132
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Lista de mapas Pág.
Mapa 01 - Esboço geomorfológico da Bacia Hidrográfica do Córrego do Glória .......... 78
Mapa 02 - Mapa das classes de declividade da bacia ...................................................... 91
Mapa 03 - Mapa de cobertura vegetal e uso da terra ....................................................... 93
Mapa 04 – Mapa de orientação de vertentes.................................................................... 97
- 10 -
Lista de tabelas Pág.
Tab. I Influência do teor de argila sobre o rendimento da beterraba açucareira no
Somme (segundo Joret). ..................................................................................................
32
Tab.II - Pluviosidade na parcela da área agrícola (2004/2005) ....................................... 108
Tab.III- Pluviosidade na parcela da área agrícola (2005/2006)........................................ 110
Tab.IV - Pluviosidade na parcela da mata (2004/2005) .................................................. 122
Tab.V - Pluviosidade na parcela da mata (2005/2006).................................................... 122
Tab.VI - Pluviosidade na parcela da área de pastagem (2004/2005) .............................. 129
Tab.VII - Pluviosidade na parcela da área de pastagem (2005/2006).............................. 129
- 11 -
Lista de Quadros Pág.
Quadro 01 - Matriz dos Índices de Dissecação do relevo ................................................
27
Quadro 02 - Unidades Morfológicas – Categorias de erosão – Baccaro (1994) ............. 68
Quadro 03 - Compartimentação Geomorfológica do Triângulo Mineiro ........................ 70
Quadro 04 - Amostras de solo coletadas em perfil topográfico do segmento I................ 83
Quadro 05 - Amostras de solo coletadas em perfil topográfico do segmento II.............. 84
Quadro 06 - Amostras de solo coletadas em perfil topográfico do segmento III............. 86
Quadro 07 - Amostras de solo coletadas em perfil topográfico do segmento IV............. 88
Quadro 08 - Uso da terra e cobertura vegetal na bacia hidrográfica do córrego do
Glória................................................................................................................................
92
Quadro 09 - Perda de solo na estação experimental da Divisa – 1998 ........................ 131
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Lista de Gráficos Pág.
Graf. 01 - Correlação de dados parcela cultura (2004 – 2005) 99
Graf. 02 - Correlação de dados parcela cultura (2005 – 2006) 99
Graf. 03 - Correlação de dados parcela cultura (2004 – 2005) 103
Graf. 04 - Correlação de dados parcela cultura (2005 – 2006) 103
Graf. 05 - Sedimentos em calha sorgo (11 – 2004) 105
Graf. 06 - Sedimentos em calha sorgo (01 – 2005) 105
Graf. 07 - Correlação de escoamento e perda de solo na parcela de cultura (2004 – 2005) 106
Graf. 08 - Correlação de escoamento e perda de solo na parcela de cultura (2005 – 2006) 106
Graf. 09 - Taxa de infiltração na área de cultura. 111
Graf. 10 - Relação tempo X pluviosidade na parcela de cultura. 113
Graf.11 - Correlação entre pluviosidade e escoamento superficial - parcela da Mata. (2004
2005)
117
Graf.12 - Correlação entre pluviosidade e escoamento superficial - parcela da Mata. (2005
2006)
117
Graf. 13 - Teste de infiltração na parcela da Mata 120
Graf. 14 - Granulometria de sedimento em calha. Estação Mata (02 – 2005) 121
Graf. 15 - Granulometria de sedimento em calha. Estação Mata (12 – 2004) 121
Graf. 16 - Correlação entre perda de solo e pluviosidade - parcela da Mata. (2004 – 2005) 124
Graf. 17 - Correlação entre perda de solo e pluviosidade - parcela da Mata (2005 – 2006) 124
Graf. 18 - Correlação entre esc. superficial e perda de solo - parcela da Mata. (2004 – 2005) 126
Graf. 19 - Correlação entre esc. superficial e perda de solo - parcela da Mata. (2005 – 2006) 126
Graf. 20 - Teste de infiltração na parcela da pastagem. 130
Graf. 21 - Correlação entre pluviosidade e esc. superficial – parcela pastagem (2004 – 2005) 134
Graf. 22 - Correlação entre pluviosidade e esc. superficial – parcela pastagem (2005 – 2006) 134
Graf. 23 - Correlação entre esc. superficial e perda de solo – parcela pastagem (2004 – 2005) 135
Graf. 24 - Correlação entre esc. superficial e perda de solo – parcela pastagem (2005 – 2006)
136
Graf. 25 - Correlação entre perda de solo e pluviosidade parcela na pastagem. (2004
2005)
137
Graf. 26 - Correlação entre perda de solo e pluviosidade parcela na pastagem. (2005
2006)
138
- 13 -
Sumário Pág.
Dedicatória 3
Agradecimentos 4
Epígrafe 5
Resumo em língua vernácula 6
Resumo em língua estrangeira 7
Lista de figuras 8
Lista de mapas 9
Lista de tabelas 10
Lista de quadros 11
Lista de gráficos 12
1 – Introdução
14
1.1 – Objetivo geral 17
1.1.2 – Objetivos específicos 17
1.2 – Justificativa
18
1.2.1 – Localização da área de estudo 23
2 – Procedimentos Teórico e Metodológico
24
2.1 – Fundamentação Metodológica 24
2.2 – Os pressupostos da erosão nas vertentes 27
2.2.1 – A chuva e a erosividade 29
2.2.2 – Características dos solos que influenciam na erodibilidade 31
2.2.3 – A influência da cobertura vegetal 38
2.2.4 – As características das vertentes e sua importância frente ao processo erosivo.. 41
2.2.5 – O escoamento superficial ou runoff 43
3 – Procedimentos operacionais
50
3.1 – A predição da erosão em superfície: Os plots 53
4 – Os atributos físicos da Bacia Hidrográfica do Córrego do Glória
60
4.1 – Geologia 60
4.2 – Geomorfologia 65
4.3 – Clima 71
4.4 – Vegetação 73
4.5 – Solos 75
5 – Resultados e Discussões
77
5.1 – O escoamento superficial e o processo erosivo em diferentes usos: resultados e implicações na
Bacia Hidrográfica do Córrego do Glória.
77
5.2 – O escoamento superficial e a perda de solo nas parcelas experimentais. 98
6 – Considerações finais
139
7 – Referências
142
- 14 -
1 -Introdução
A utilização dos recursos naturais pelo ser humano é histórica. No entanto, as
atividades antrópicas foram ganhando força, à medida que as suas técnicas foram evoluindo,
proporcionando ao homem a possibilidade da mudança, adaptação e até mesmo, a
transformação dos ambientes e o seu modo vida.
Diante disso, é necessário atentar nos dias atuais, para as implicações decorrentes
dessas intervenções no ambiente natural que, muitas vezes, estão despreocupadas com as
conseqüências que podem ser negativas para própria sociedade.
A agricultura, apesar de necessária, talvez esteja entre as atividades antrópicas mais
degradantes da superfície, por exigir do interventor a ocupação de áreas extensas, que serão
destinadas ao cultivo ou ao pastoreio. A retirada de vegetação, queimadas, contaminação de
mananciais, são alguns exemplos de implicações negativas também na área rural.
Além disso, tem-se que chamar a atenção para outro problema significativo, os
processos erosivos. Com o grande desmatamento, o solo (a sua camada superficial) fica
desprotegido e propenso a receber todo o impacto das gotas de chuva que chegam até a
superfície. O escoamento superficial transporta os sedimentos que são desagregados do solo e
os remete – numa primeira análise - para as partes mais baixas do relevo.
A pouca ou nenhuma cobertura vegetal sobre o solo favorece a intensidade do
processo de escoamento superficial e, dessa maneira, pode ocasionar ao longo do tempo a
perda de elementos importantes ao mesmo e dificultar algumas atividades humanas como a
própria agricultura.
- 15 -
As práticas antrópicas quando bem orientadas podem reduzir o impacto no ambiente,
já que impedí-lo é impossível, e buscar conhecer as fragilidades desses locais é, antes de tudo,
buscar associar desenvolvimento com crescimento econômico e respeito aos limites do
ambiente.
Diante disso, a Geomorfologia Experimental vem se destacando em relação aos
estudos ambientais, na busca da compreensão dos fatos que ocorrem na superfície, em função,
das práticas antrópicas, sobretudo, nas áreas rurais.
Como elemento importante para ajudar nesta pesquisa, as parcelas experimentais
(plots) são utilizadas para auxiliar na compreensão do surgimento dos processos erosivos na
superfície, e quando instaladas em áreas com uso do solo distinto podem ainda favorecer uma
avaliação mais fundamentada sobre a importância da cobertura vegetal e do tratamento dado à
área a sofrer intervenção.
Nesse aspecto, a pesquisa, foi elaborada e trabalhada, desde seu inicio, pensando na
busca do entendimento sobre a perda de solo influenciada pelo escoamento superficial. Sabe-
se que a erosão
1
é um resultado claro de uma intervenção do homem no ambiente. Esse
resultado ainda pode ser agravado, quando não se tem idéia de características que podem em
conjunto ou não, influenciar na magnitude das feições erosivas. A quantidade de água que
escoa pela superfície é um real agente de erosão que é potencializado pelos adjetivos do local
por onde passa.
Assim, desde as primeiras discussões, foi tida como meta a compreensão do
mecanismo da erosão controlada pelo flux o superficial (overland flow), utilizando a
1
O sentido enfatizado é a erosão acelerada, conforme explicitada no Novo Dicionário Geológico-
Geomorfológico (2ªed. 2001).Nessa referência a erosão acelerada é aquela realizada pela intervenção humana e
seres vivos, em geral, ocasionando um desequilíbrio ambiental.
- 16 -
metodologia das parcelas experimentais (plots) com 10mX1m, para auxiliar na coleta de
dados sobre perda de solo e escoamento superficial.
Sendo assim espera-se que, ao seu final, o presente trabalho possa servir de alerta
sobre questões de perda de solo superficial e para a importância de se conhecer com maior
profundidade os elementos que compõem a paisagem, pois, esses, possuem uma relação de
estreita dependência e fazem parte de um ciclo que a sociedade precisa compreender com
profundidade para assim, orientar melhor as suas práticas no ambiente.
- 17 -
1.1 – Objetivo geral:
O presente trabalho visa a avaliação do processo erosivo superficial comandado pelo
fluxo de superfície, em situações distintas de uso da terra na bacia hidrográfica do Córrego do
Glória utilizando as parcelas experimentais (plots).
1.1.2 – Objetivos específicos:
Avaliar o processo de erosão superficial por meio das análises granulométricas das
amostras de solo em perfil e coletar a água misturada com os sedimentos retidos
dentro dos galões das estações experimentais.
Coletar e analisar a granulometria dos sedimentos retidos dentro das calhas receptoras.
Elaborar perfil dos pontos de coleta de amostras de solo nas profundidades de 10, 30 e
50 cm em uma dada vertente com uso do solo distinto.
Elaborar mapas temáticos (declividade, geomorfologia, cobertura vegetal e uso da
terra e orientação de vertentes) na escala 1:25.000 compreendendo a bacia.
Organizar banco de dados sobre perda de solo e escoamento superficial do período
chuvoso (out. a mar.) referente aos anos de 2004/2005 e 2005/2006.
- 18 -
1.2 – Justificativa
Os processos erosivos acelerados representam um problema ambiental, econômico e
social para as áreas rurais e urbanas. Os danos causados não demonstram somente a
fragilidade do espaço natural, mas, também, uma forma no mínimo despreocupada com os
prejuízos econômicos e sociais advindos de uma utilização dos recursos naturais ainda
presentes no ambiente, em especial o solo.
O uso dado à terra, quando não planejado ou bem orientado, pode afetar diretamente
todo um manejo implementado na área e, por isso, a sociedade precisa repensar a qualidade de
suas intervenções. O solo não é do Homem, assim como a vegetação e a água. Todos são
elementos integrantes de um ecossistema, de um espaço, de um ciclo.
As atividades agrícolas, por si só, causam transformações consideráveis na paisagem
configurando-a em um novo espaço. Nesse contexto, o relevo é o palco que sustenta os atos
humanos que por vezes implicam em desastres ou até sucessos. A vertente, como um dos
elementos que compõem essa paisagem, assume também um papel econômico, pois, é
justamente sobre a mesma, numa perspectiva local, que são introduzidas as atividades
modificadoras do ambiente.
Essas transformações comprometem o equilíbrio natural da mesma, deixando a sua
fragilidade exposta à ação mais intensa dos agentes externos (naturais e antrópicos). Pensando
assim, são pertinentes as palavras abaixo.
Nas áreas rurais as vertentes são vistas como recurso indispensável ao acúmulo de
capital ou simplesmente reserva de valor, independentemente das restrições
impostas pela natureza a um uso racional, o que tem implicado o encadeamento de
processos agressivos com conseqüentes desequilíbrios ambientais
(Casseti,V.1991).
- 19 -
Sem analisar as características naturais da paisagem, o sucesso das atividades agrícolas
pode ficar comprometido. O próprio ambiente vai mostrar, cedo ou tarde, a conseqüência das
ações antrópicas em relação às potencialidades naturais superestimadas, em detrimento de
suas fragilidades naturais que são esquecidas.E é em função desse “lapso” que os problemas
ambientais ocorrem com grande fervor.
A ocupação das áreas do Domínio do Cerrado, no Brasil Central, foi impulsionada por
políticas de povoamento e ocupação nas décadas de 70/80 e deu à região a imagem de um
novo eldorado. Pessoas de várias regiões do país, em especial as da região Sul, atravessaram
centenas de quilômetros em busca de um sonho. A agricultura brasileira sofreu
transformações consideráveis em busca de desenvolvimento e crescimento.
Esse grande sonho trouxe consigo uma série de transformações na paisagem que foram
viabilizadas, em grande parte, por programas governamentais que garantiram o crédito e o
suporte técnico necessários para a utilização de novas áreas, como o Cerrado, com agricultura
e implantação das novas tecnologias (GOBBI, 2004).
Por conta dessa transformação, bom para um lado e ruim para outro a cobertura
vegetal natural foi e continua sendo substituída por grandes “mares verdes” de soja, milho,
feijão, cenoura, batata e outros, e que por várias vezes se confunde com a linha do horizonte.
Com essa substituição, a cadeia alimentar local foi rompida, os animais precisam se
adaptar ao novo cardápio que vem “temperado” com os agrotóxicos. A riqueza florística
ainda pouco conhecida pelos cientistas, pelo lado terapêutico, sofre; e dessa maneira não pode
ser pesquisada mais a fundo.
O solo é mais um elemento dessa paisagem e que, talvez seja o que mais sofre com
toda essa transformação. As suas características naturais são alteradas para dar suporte a toda
- 20 -
essa implementação de atividades que, sem orientação devida, são bastante nocivas ao
ambiente.
- 21 -
interligando à medida que a taxa de infiltração diminui, assim, se formam enxurradas
(escoamento superficial) que vão “lavando” abruptamente a superfície retirando e
transportando os elementos essenciais ao solo para as partes baixas do relevo.
A topografia do terreno passa a ser um condicionante ao processo erosivo. Em terrenos
- 22 -
constante obrigando-o a aprender mais sobre a mesma; e é um ofício árduo e de grande
paciência, pois, os resultados sobre o transporte, a erosão e deposição não ocorrem de maneira
rápida e de acordo com o desejo do pesquisador.
Nesse aspecto os trabalhos realizados pela geomorfologia experimental necessitam de
tempo, estrutura laboratorial, trabalhos de campo e tecnologias para assim, ganhar
confiabilidade sobre os resultados apontados. Mas, nem sempre, se tem toda essa estrutura
para ajudar no desenvolvimento da pesquisa. Mas nem por isso, o mesmo, deixa de ser
construído.
De acordo com exposto anteriormente, esse trabalho justifica-se com o intuito de
entender melhor o mecanismo de funcionamento da erosão por fluxos superficiais que
ocorrem nas bacias hidrográficas avaliando a perda de solo gerada por ela em situações
distintas de uso do solo.
Então, espera-se que ao seu fim, o mesmo possa chamar a atenção para um problema
real que por vezes passa despercebido pelo próprio homem. Dessa forma, acredita-se que essa
pesquisa possa ser elemento relevante para dar subsídios ou contribuir para a construção do
conhecimento de rios profissionais que lidam com a apropriação do espaço, e assim, poder
ajudar na criação de ações nos ambientes naturais, bem orientadas e condizentes com as suas
potencialidades, mas, sem deixar de lado as fragilidades.
- 23 -
1.2.1 – Localização da área de estudo
A área de estudo está situada na bacia hidrográfica do Córrego do Glória, afluente da
margem direita do Rio Uberabinha no município de Uberlândia (Fig. 01) e sub-afluente do rio
Araguari. A bacia de estudo está situada entre as coordenadas geográficas 18°56’02’’,
18°58’38’’S e 48°11’17’’, 48°13’06’’W.
Fig. 01) Localização da área de estudo.
- 24 -
2 – Procedimentos Teórico metodológicos:
2
.1 - Fundamentação metodológica
Toda pesquisa necessita de uma linha condizente de pensamento, na qual, ela pode se
embasar para poder chegar ao objetivo proposto. Dentro dessa perspectiva o presente
trabalho foi direcionado observando a linha teórico-metodológica proposta por Ross (1992 e
1994). Pensamento esse que foi utilizado, em parte ou no todo, em trabalhos realizados por
pesquisadores como Baccaro et al. (2004), Rodrigues (1998) Rodrigues et al. (2004).
Ross (1992) mencionou que o entendimento do relevo e sua dinâmica passam
obrigatoriamente pela compreensão do funcionamento e da inter-relação entre os demais
componentes naturais (água, solos, subsolo, clima e cobertura vegetal), e isto é de
significativo interesse ao planejamento físico-territorial. Planejamento que deve levar em
conta as potencialidades dos recursos e as fragilidades dos ambientes naturais, bem como a
capacidade tecnológica, o nível sócio-cultural e os recursos econômicos da população
atingida.
Dentro dessa perspectiva de trabalho surge uma nova maneira de ver e registrar a
paisagem e os seus fenômenos. O trabalho O registro cartográfico dos fatos geomórficos e a
questão da taxonomia do relevo (Ross, 1992) aborda concepções teóricas e metodológicas de
outros pesquisadores e encampa essa nova metodologia que tem suas raízes nas
fundamentações de W.Penck de 1953. De acordo com esse autor as formas de relevo das
superfícies são resultados das forças contrárias que emanam tanto do interior da Terra (forças
internas) como as forças impulsionadas pela atmosfera e ações climáticas do passado e do
presente (forças externas) proporcionando uma nova esculturação da paisagem (Ross, 1992).
- 25 -
Além disso, a proposta de trabalho feita por Ross (1992) busca fundamentalmente o
registro dos aspectos fisionômicos que cada tamanho de forma de relevo apresenta e não na
rigidez da extensão em km
2
, mas sim o significado morfogenético e as influências estruturais
e esculturais no modelado.
Diante disso o autor op cit. apresenta uma nova forma de interpretar e registrar o
relevo e os processos que atuam sobre ele. Baccaro et al (2004) salienta que essa metodologia
trata-se de uma proposta apropriada para a representação dos fatos geomorfológicos de
grandes dimensões e em escalas pequenas e médias, tal como o mapeamento regional. Então,
dessa forma, foram constituídos por Ross (1992) seis níveis taxonômicos (ordem de
grandeza), a saber:
1. Táxon: Unidades Morfoestruturais esse nível corresponde as
macroestruturas geológicas que sustentam os diversos modelados. Ex: Bacia
Sedimentar do Paraná.
2. Táxon: Unidades Morfoesculturais são os compartimentos e
subcompartimentos que têm sua gênese relacionada aos processos erosivos ou
denudacionais do Cenozóico. E não são obrigatoriamente homogêneas em toda
sua extensão. Ex: Planaltos em patamares, depressão periférica.
3. Táxon: Unidades Morfológicas, Tipos de relevo ou Padrões de formas
semelhantes são conjuntos menores de formas de relevo. São unidades que
apresentam dimensões de áreas menores, idades mais recentes e processos
erosivos que favorecem a dissecação do relevo. Ex:Padrão em colinas, Padrão
em formas tabulares, morros.
- 26 -
4. Táxon: Tipos de formas de relevo corresponde as tipologias do modelado,
ou seja, a cada uma das formas de relevo contidas no modelado.ex: formas em
colinas, tabulares e em morros.
5. Táxon: Tipos de vertentes – são os setores de vertentes ou as vertentes,
dimensões menores do relevo. Ex: vertentes convexas, retilíneas, aguçadas,
planas, abruptas etc.
6. Táxon: Formas de processos atuais último e menor táxon são as formas
geradas por processos erosivos e acumulativos atuais e induzidos por ação
antrópica. Ex: voçorocas, ravinas, sulcos, cicatrizes de deslizamentos que se
desenvolvem ao longo das vertentes.
Além dos táxons mencionados acima foi elaborada também, por Ross, no mesmo
ano, uma matriz que agrupa os Índices de Dissecação do Relevo para acompanhar os
conjuntos dos Padrões de formas semelhantes.
O objetivo destas informações é auxiliar na classificação tanto do entalhamento
dos vales como a dimensão interfluvial de uma determinada área (Baccaro et al., 2004). Ainda
ressalta-se que ela foi inspirada no Projeto Radambrasil com modificações da disposição dos
conjuntos numéricos tanto para coluna horizontal quanto para vertical. Na coluna vertical os
algarismos arábicos crescem do topo para a base da matriz, ou seja, do menor para o maior
grau de entalhamento (Ross, 1992).
- 27 -
Quadro 01)
Matriz dos Índices de Dissecação do relevo
Dimensão interfluvial média ou densidade de drenagem (classes) Graus de
entalhamento dos
vales (classes)
Muito baixa
> 3750 m
(1)
Baixa entre
1750 a
3759m (2)
Média de 750
a 1750 m
(3)
Alta 250 a
750 m
(4)
Muito Alta
< que 250 m
(5)
Muito fraco (1)
< 20 m
11 12 13 14 15
Fraco (2)
Entre 20 e 40 m
21 22 23 24 25
Médio (3)
Entre 40 a 80 m
31 32 33 34 35
Forte (4)
De 80 a 160 m
41 42 43 44 45
Muito forte (5)
> 160 m
51 52 53 54 55
Fonte: Ross,1994 Organizado: Silva, J.B, 2005.
2.2 – Os pressupostos da erosão nas vertentes
Esses pressupostos são elementos capazes de determinar as variadas taxas de erosão
que ocorrem nas vertentes. A erosividade da chuva, propriedades do solo, cobertura vegetal e
características das encostas são pontos que devem ser levados em consideração quando se
quer estabelecer estudos sobre a erosão nas encostas ou vertentes. Além disso, é importante
ressaltar o papel que o Homem pode desempenhar sobre os processos erosivos, tanto
acelerando esses processos ou até retardando-os.
A erosão é também um processo intensificado. A ação humana no ambiente tem por
característica, um papel que intensifica o surgimento e prolonga a ação erosiva.O trabalho
erosivo desempenhado pela água da chuva (splash erosion) dispende energia no solo e com
isso modifica, com o passar do tempo, as características de superfície e subsuperficie.
- 28 -
Com esse pensamento as palavras de Hudson (1973) são pertinentes quanto ao
trabalho realizado pelo processo erosivo.
Soil erosion is a work process in the physical sense that work is the expediture of
energy, and energy is used in the all the phases of erosion in breking down soil
aggregates, in splashing them in the air, in causing turbulence in surface run-off, in
scouring and carrying away soil particles (Hudson,N., 1973).
De acordo com Guerra (1995), os fatores podem ser subdivididos em erosividade
(causada pela chuva) erodibilidade (que está associada às propriedades dos solos),
características das encostas, cobertura vegetal que em boa parte das vezes retarda o processo
erosivo, mas em outros casos pode agir como motivador da erosão.
A erosão é um processo que está associado também ao mau uso dado a terra,
apropriação e ocupações inadequadas que não levam em atenção as fragilidades dos
ambientes naturais que estão sendo explorados. As vertentes, elemento importante da
paisagem e também para auxiliar na reprodução do capital, sofre com essas intervenções. Elas
têm as suas formas alteradas e isso promove, então, uma nova dinâmica dos fluxos
superficiais subsuperficiais e as expõem de maneira mais nítida a atuação dos agentes
externos. Nesse sentido é pertinente lembrar:
A atuação humana sobre o meio físico é um componente externo ao processo
de evolução natural das formas de relevo e que hoje é altamente condicionadora dos
processos geomorfológicos que atuam na evolução do relevo. A ação humana ocorre
de forma direta no modelamento das formas de relevo, seja do ponto de vista de uma
modificação direta do relevo, como no caso de cortes, aterros, aberturas de sistema
viário, impermeabilização do solo, criação de nova morfologia através das
edificações nas áreas urbanas, seja pela exposição do solo aos agentes climáticos
nas áreas urbanas, seja pela exposição aos agentes climáticos nas áreas rurais,
através da retirada de cobertura vegetal, aração, gradeação e outras formas de
movimentação da terra (Rodrigues, 1998).
Com essa nova dinâmica, os fatores controladores podem não mais desempenhar as
suas características de maneira coerente com a forma da vertente, quando essa ainda
permanece inalterada. Sendo assim é relevante buscar demonstrar e entender o que são esses
fatores separadamente, contemplando implicações no surgimento do processo erosivo.
- 29 -
2.2.1 A chuva e a erosividade
A erosividade da chuva é a capacidade que a chuva tem de causar erosão. Calcular
essa capacidade não é cil que necessita de estudos mais detalhados sobre o tamanho da
gota de chuva e sobre os parâmetros de erosividade e isso varia no tempo e no espaço
(Guerra, 1996).
Esses parâmetros são representados pelo total de chuva, momento, intensidade e a
energia cinética. É fato que o total pluviométrico, por si só, não é um índice que possa
predizer a erosão dos solos de maneira eficaz. Segundo Hudson (1961 apud GUERRA 1996)
existe uma correlação muito baixa entre chuva e perda de solo, mas, é reconhecida a tendência
de acréscimo na perda de solo a medida que a chuva aumenta e isso está melhor associado às
áreas agrícolas.
A intensidade da chuva é um bom parâmetro para predizer a perda de solo. Ela é
aferida nas estações meteorológicas. Hudson (1977 apud AMORIM 2000) trabalhando na
África austral observou que as chuvas com intensidade inferior a 25 mm h
-1
não produziam
perdas de solo expressivas.
O mesmo autor op cit. propôs que o índice mais adequado para estimar a erosividade
em regiões tropicais seria KE>25, que representa a soma da energia cinética dos segmentos de
chuva com intensidade superior a 25 mm h
-13
. Mermut et al. (1997 apud AMORIM, 2000)
perceberam que o efeito da intensidade de precipitação no desprendimento de partículas do
solo causa redução na velocidade de infiltração, devido à formação do selamento superficial
proporcionado pelo impacto das gotas de chuva e pelo entupimento dos poros pelas partículas
desprendidas. Ainda observaram que a quantidade de sedimentos transportados pelo
3
Leia 25mm/h.
- 30 -
escoamento tem aumentado aproximadamente de forma linear com o tempo da precipitação, o
que evidencia a importância da duração da chuva no processo de erosão entre sulcos quando
associada ao efeito da intensidade da chuva.
Horton (1933 apud GUERRA, 1996) salienta que a intensidade da chuva influencia o
escoamento superficial quando a capacidade de infiltração é excedida. Outros autores como
Kirkby (1980 apud GUERRA, 1996) atenta para a questão da cobertura vegetal e
propriedades dos solos influenciando o surgimento do escoamento superficial.
De acordo com Guerra (1996) Momento, é o produto entre a massa e a velocidade da
gota de chuva e tem sido relacionada a remoção de partículas do solo. Hudson (1961) mostrou
a relação que existe entre o momento e erosão do solo, pelo fato de que a erosão é um
processo, no qual está envolvido o dispêndio de energia, sendo a chuva a maior fonte. Outros
pesquisadores como Kinnel (1973; Elwell e Stocking, 1973; Stocking 1977 e Hadley et al.
1985 apud GUERRA, 1996) atestam que a energia cinética é melhor para predizer a erosão
dos solos do que o momento.
A energia cinética é o efeito causado pelo impacto das gotas de chuva sobre a
superfície do solo (Amorim, 2000). Essa energia está relacionada com sua intensidade, pois é
a energia do número total de gotas de um evento pluvial (Evans, 1980 apud GUERRA, 1996).
Então, as chuvas de pequena duração podem iniciar os processos erosivos, assim como, os
eventos mais longos.
Isso então, vai depender muito da intensidade, forma da gota, velocidade, da
quantidade e do tamanho das gotas de chuva no solo e também o tempo de duração do evento
pluvial. Sendo assim, entender a perda de solo somente por alguns parâmetros, não seria
correto, já que para o processo erosivo ocorrer é necessário um conjunto de fatores que devem
- 31 -
ser abordados. De acordo com estudos desenvolvidos por Red (1979 apud GUERRA, 1996) a
erosão pode ocorrer com chuvas de até 1mm/h desde que no total pluviométrico alcance 10
mm. Para que essa ação ocorra é necessário atentar-se para outros elementos ou propriedades
ligadas aos solos sendo destaque, entre esses elementos, o teor de umidade do solo, matéria
orgânica, uso e manejo do solo etc.
2.2.2 Características dos solos que influenciam na erodibilidade
A busca de conhecimento sobre as propriedades de um determinado tipo de solo,
torna-se um fator de grande vantagem nos estudos sobre erosão. Evidentemente que os
fatores ligados às propriedades dos solos não são, individualmente, interessantes para esses
estudos, haja vista que sendo analisados em conjunto com outros fatores pode mostrar a sua
susceptibilidade maior ou menor à erosão.
Assim, o comportamento do solo diante do processo erosivo é comumente referido na
literatura como fator de erodibilidade do solo, que representa o efeito dos processos que
regulam a infiltração da água no solo, a desagregação pelo impacto das gotas de chuva e a
resistência ao transporte pelo escoamento superficial, os quais são responsáveis pelo
comportamento dos solos diante dos processos erosivos (Lal, 1988 apud AMORIM, 2000).
De acordo com Morgan (1986 apud GUERRA, 1996) a erodibilidade é a resistência
do solo em ser removido e transportado. Assim a característica da erodibilidade precisa ser
colocada em pauta em caráter especial para os agentes modificadores do ambiente,
principalmente, para as áreas que serão destinadas às atividades agrícolas que tem por prática
a utilização de extensas áreas para plantio e onde se encontram grandes testemunhos erosivos
na vertente.
- 32 -
A textura dos solos acaba por afetar a erosão, porque algumas frações granulométricas
são mais ceis de serem removidas do que outras. Os solos arenosos são mais friáveis, a
estabilidade dos agregados nesses solos é menor e, portanto estão mais vulneráveis aos
processos erosivos. As argilas podem por vezes dificultar a infiltração da água quando estão
expandidas e assim oferecer mais dificuldade a remoção, em especial quando se apresentam
em forma de agregados (Guerra, 1996).
A fração argilosa confere ao solo a sua capacidade de retenção de água, sua
plasticidade, sua coesão. Mas a própria argila apresenta essas propriedades mais
ou menos intensamente, conforme a sua natureza mineralógica. As caulinitas, as
cloritas são as menos favoráveis; depois m as ilitas, e por fim as motmorilonitas,
que apresentam ao máximo as propriedades da argila (Hénin,Gras,
Monnier,1976,p.40).
Pela capacidade de retenção de umidade e outras características que cada argila tem,
ela pode contribuir , no desempenho de determinadas culturas, além de influenciar a ação
erosiva desencadeada pelo escoamento superficial. Em uma pesquisa realizada por Joret
(1950 apud HÉNIN, GRAS, MONNIER, 1976) ele mostra o resultado de rendimento em uma
produção de beterraba açucareira em relação ao teor de argila presente no solo.
Tab. I Influência do teor de argila sobre o rendimento da beterraba ucareira no Somme
(segundo Joret).
Teor de argila (%)
6,5 7,5 10,0
15,0 17,5 20,0
Rendimento médio t/ha
34,3
35,2 36,5
37,3 39,4 38,5
Fonte: Hénin, S. et al, 1976.
Diante do exposto é importante atentar para a desagregação de frações granulométricas
do solo, em especial, à argila, pois, a sua presença associada a outros fatores é importante para
dificultar a erodibilidade. Pelas informações mostradas pelo quadro acima, pode-se inferir
algumas avaliações sobre a influência da argila na atividade descrita. A argila tem uma
propriedade bastante característica que é a expansividade. Expandindo-se, ela preenche os
- 33 -
espaços vazios do solo e os agregados ficam mais coesos. Com isso, a matéria orgânica
funciona como uma liga entre os elementos constituintes dos agregados. Esses agregados
ficam mais firmes e resistem mais à abrasão provocada pelo escoamento superficial, quando
esse , vem a ocorrer. Sendo assim, pode - se acreditar que os solos com um teor maior de
argila podem sofrer menos com o processo erosivo acelerado. Dessa forma a superfície do
solo não perderá tantos nutrientes e elementos de sua estrutura com facilidade, então, a
fertilidade nesse sistema é mais preservada podendo até influenciar na melhor produtividade
agrícola.
A bem da verdade, em função dessa característica, a argila proporciona maior
estabilidade aos agregados e também maior coesão ao solo. Dessa maneira oferece maior
resistência ao impacto das gotas de chuva (erosão por salpicamento) e, prevalecendo essa
dinâmica, a textura do solo é menos agredida e com isso a matéria orgânica mantêm-se
presente na superfície do solo.
Prevalecendo a situação acima descrita, ela vai naturalmente se decompor (matéria
orgânica) e virar o húmus necessário ao solo, ajudando a conservar outras propriedades do
mesmo que estão correlacionadas com a presença da matéria orgânica no ambiente. Isso num
primeiro momento indica uma redução na aplicação de fertilizantes químicos no ambiente. É
mais economia para o produtor e mais saúde para o meio.
A formação da matéria orgânica do solo está diretamente associada à qualidade da
cobertura vegetal. As atividades antrópicas implementadas, principalmente, na agricultura
tradicional tendem a levar a uma grande diminuição das taxas de matéria orgânica presentes
no solo. Isso implica na necessidade de aplicação de suprimentos como os fertilizantes
industrializados para amenizar a deficiência causada por práticas incorretas de uso do solo.
- 34 -
Com essa deficiência outras propriedades dos solos podem ficar comprometidas
(Guerra, 1996). Em trabalhos como os desenvolvidos por Wischemeier e Mannering (1969;
De Ploey (1981); Davies (1985) apud GUERRA, 1996) entre outros, apontam de maneira
positiva que a matéria orgânica afeta diretamente a estabilidade dos agregados. Wischemeier e
Mannering (1969) encontraram uma grande correlação inversa entre a erodibilidade e a
matéria orgânica, em especial para solos com alto teor de silte e areia; essa correlação
decresceu quando os solos eram argilosos (Guerra, 1996).
Por isso que, ainda é difícil chegar a um consenso entre os pesquisadores sobre um
percentual mínimo de matéria orgânica que implique na instabilidade dos agregados. No
entanto, é compreensível a sua influência no desencadeamento do processo erosivo.
A estabilidade dos agregados tem sido colocada como influência direta da quantidade
de matéria orgânica presente no solo. A ausência de matéria orgânica pode proporcionar a
ruptura dos agregados, o que favorece a formação de crostas no solo dificultando a infiltração
da água e aumentando o escoamento superficial.
A alta estabilidade dos agregados também proporciona maior resistência ao impacto
das gotas de chuva, diminuindo, assim, a erosão por splash (Guerra, 1996).
A densidade aparente
4
dos solos é outro fator controlador que deve ser levado em
conta quando se tenta compreender os processos erosivos, pois se refere à maior ou menor
compactação de solos (Guerra, 1996).
Essa densidade parece correlacionar-se com a matéria orgânica dos solos já que,
quando ela é insuficiente, a ruptura dos agregados ocorre e crostas podem ser formadas na
4
É o índice que indica a maior ou menor compactação do solo. Geralmente solos com menos de 1g/cm
3
são
pouco compactados, enquanto valores superiores a 1,5g/cm
3
definem solos com alta compactação e menor
capacidade de infiltração (Guerra ,Guerra,2001).
- 35 -
superfície em função da maior compactação dos solos agrícolas. O uso de máquinas e a
redução de matéria orgânica no solo são fatores que contribuem significativamente ao
aumento da densidade aparente do solo.
A porosidade também está diretamente relacionada de maneira inversa, à densidade
aparente, com isso a capacidade de infiltração diminui. Então quanto maior a densidade
aparente, menor é o índice de porosidade do solo em questão. De acordo com o que Resende
et al (2002) mencionaram, os poros do solo estão divididos em microporos e macroporos
sendo, respectivamente, menores e maiores que 0,05 mm. Os autores op cit. chamam a
atenção também para a relação da porosidade com a água e o ar presente no solos.
De acordo com os mesmos pesquisadores observa-se o seguinte:
1. Todo solo argiloso tem grande microporosidade, contudo pode possuir também
grande macroporosidade dada pela agregação (estrutura);
2. As raízes crescem melhor através dos macroporos.
3. Os agentes que agregam as partículas primárias (argila, silte e areia) como
matéria orgânica, Ca, e óxidos de Fe e de Al, favorecem o arejamento e a
infiltração da água; enquanto os agentes que desagregam (destroem os
agregados), como o sódio (Na), compactação e puddlagem
5
, têm efeito inverso,
prejudicando sobremaneira o crescimento das raízes.
4. A água é retida com mais força nos poros menores; nos poros maiores, a
própria gravidade remove a água, nos menores, a água não é tão disponível
para as plantas. Entre esses extremos existem poros intermediários em tamanho
e na tendência de comportamento. Nos microporos predomina a retenção de
5
Refere-se a camada de menor permeabilidade formada pela orientação das argilas, sob a ação de implementos
agrícolas, em solos trabalhados quando os teores de água são muito elevados (Resende et al., 2002).
- 36 -
água por adsorção. Em contrapartida, sua infiltração e arejamento (trocas
gasosas) diminuem;
5. A estrutura granular, quando bem expressa, como no caso do horizonte B dos
Latossolos muito velhos, determina no solo a existência de duas populações de
poros mais ou menos distintas, os macroporos entre os grânulos, e os
microporos, no interior dos agregados. Isso tende a classificar a água retida
nestes solos em duas classes bem distintas: a que ocupa os poros maiores com
cerca de 1 µm (3 bars) e a água correspondente a poros com diâmetro
equivalente menor que 0,2 µm ( 15 bars). Isso quer dizer que nesses solos não
praticamente poros entre esses dois limites. Tal fato é válido também para
solos arenosos. Os solos que não possuem estrutura granular já tendem a
apresentar geralmente maior incidência de poros entre 1 e 0,2 µm de diâmetro
equivalente.
A porosidade é uma outra característica do solo que não deve ser deixada de lado
quando se estuda o processo erosivo. A permeabilidade do solo facilita a infiltração da água
superficial. Nos solos arenosos, por conta, de sua alta porosidade, a infiltração passa a ser
bastante favorecida, no entanto, por conta da pouca coesão que existe entre as partículas, a
quantidade de água superficial escoada pelo topo do solo não precisa ser alta para que as
partículas se movimentem com maior facilidade.
O solo arenoso, com espaços porosos grandes, durante uma de chuva de pouca
intensidade, pode absorver toda água, não havendo, portanto, nenhum dano;
entretanto, como possui baixa proporção de partículas argilosas que atuam como
ligação entre as partículas grandes, pequena quantidade de enxurrada que escorre
na sua superfície pode arrastar grande quantidade de solo. Nos solos argilosos, com
os espaços porosos bem menores, a penetração da água é reduzida, escorrendo mais
na superfície; entretanto, a força de coesão das partículas é maior, o que faz a
resistência á erosão (Bertoni, Lombardi Neto, 1990)
- 37 -
Guerra (1996) chama a atenção para que até mesmo em solos com alto teor de areia,
alta permeabilidade tem supostamente elevada a capacidade de infiltração. A presença de
sedimentos finos, associada com baixo teor de matéria orgânica, pode produzir crostas na
superfície do solo de baixa porosidade provocando o aumento das taxas de runoff.
As medidas de pH do solo vêm mostrar o seu grau de acidez ou alcalinidade. O
referido autor op cit. salienta em função de trabalhos realizados por Allison (1973) que
destaca que os solos ácidos são deficientes em cálcio, um elemento conhecido por contribuir
na retenção do carbono, através da formação de agregados.
Ricklefs (1996), pesquisador ligado às questões ambientais, em especial, a dinâmica
dos ecossistemas reforça a tese de que o mal uso do ambiente pode ser realmente prejudicial a
até mesmo, as futuras atividades humanas, se a adição de substâncias químicas no solo não
forem policiadas devidamente. Sendo assim as palavras de Ricklefs (1996) são bastante
coerentes.
“As substâncias tóxicas podem ser divididas em várias classes, dentre as quais os
ácidos, os metais pesados, as orgânicas e a radiação são as mais notáveis. Os
ácidos são substâncias muito reativas que produzem os íons hidrogênio (H+) e
podem ser extremamente tóxicos em altas concentrações (baixo pH). Os ácidos
afetam os organismos diretamente interferindo com as funções fisiológicas e
indiretamente através de sua influência na disponibilidade e regeneração de
nutrientes. Particularmente, uma alta acidez reduz a solubilidade do fósforo nos
solos e nas águas, o que tende a reduzir a produtividade (Ricklefs, R. 1996,p.427)
Nesse aspecto é interessante e aconselhável que se busque urgentemente ações mais
condizentes com as possibilidades que o recurso solo pode propiciar ao homem. Não se pode
utilizar um bem sem buscar conhecer as conseqüências das ações tomadas sobre ele. Mais do
que evitar um uso inadequado é também impedir gastos financeiros altos e resultados
indesejados.
- 38 -
2.2.3 A influência da cobertura vegetal
A cobertura vegetal exerce um papel bastante importe na diminuição dos efeitos da
gota de chuva, diminuindo a sua energia cinética e por conseqüência a sua ação erosiva.
Porém é bom ressaltar que ela também pode influenciar em alguns aspectos a perda de solo.
A densidade da cobertura vegetal pode reduzir a ação do splash erosion, evitando
assim o selamento do solo, e facilitando o processo de infiltração ao invés do escoamento
superficial. A sua importância está associada a produção de litter
6
que em contato com a
superfície do solo e os microorganismo lá viventes se decompõe formando a matéria orgânica,
e essa posteriormente, se forma em húmus; que possui grande relevância para estabilidade dos
agregados e para aumentar o grau de porosidade dos solos facilitando o processo de
infiltração (componente perpendicular).
Em áreas de florestas a ação da cobertura vegetal no exercício de amortecimento da
energia das gotas de chuva é muito importante, principalmente, se existir, cobrindo o solo,
uma camada de serrapilheira (litter) que ajuda a amortecer as gotas que se formam depois de
acumular-se nas folhas de determinadas árvores (Guerra, 1996). De uma maneira geral a
vegetação é o agente que diminui a ação da gota da chuva. Porém é interessante atentar-se
para o tipo de vegetação e suas fitofisionomias quando essas existem.
Analisando a área do Cerrado brasileiro, percebe-se visualmente os impactos causados
pela apropriação indevida dos bens naturais. A vegetação é o primeiro elemento da paisagem
que sofre a ação direta da intervenção humana. A sua remoção expõe o solo à ação mais
violenta dos eventos pluviais.
6
Serrapilheira ou liteira.
- 39 -
Isso o deixa cada vez mais fragilizado frente às condições atmosféricas - destacando-
se a ação pluvioerosiva - na modelagem da superfície, colocando à mesma, uma dinâmica
diferenciada da água nas vertentes. Essa dinâmica ocorre evidentemente em função da retirada
inicial da vegetação que, por conseqüência, desencadeia uma série de acontecimentos que
contribuem para o surgimento do fenômeno erosivo (fig. 02).
Numa outra situação a vegetação de grande porte contribui para a ação erosiva da
água, pois, ela corre pelo tronco das árvores (stemflow).
- 40 -
Fig. 02 ) Ação da chuva sobre a superfície
- 41 -
2.2.4 As características das vertentes e sua importância frente ao processo erosivo.
De acordo com Guerra (2003) as encostas constituem uma forma de relevo básica,
presente em qualquer parte da superfície terrestre e, portanto, têm sido analisadas
exaustivamente pelos geomorfólogos. Além disso, afetam diretamente as atividades humanas,
tais como, agricultura, construção de rodovias e ferrovias, expansão urbana, mineração,
atividades de lazer etc.
As encostas estão representadas pelas suas formas mais básicas que são as;
convexas, côncavas e retilíneas. Deve-se ressaltar que encostas com formas convexas
propiciam a erosão dos solos. Essas características mencionadas op. cit. devem ser analisadas
em conjunto com outras características das encostas como o tipo da cobertura vegetal,
porosidade do solo e estabilidade dos agregados para avaliar a sua maior ou menor resistência
à erosão.
Em relação à erodibilidade dos solos, as características de declividade, comprimento e
forma da encosta podem, em conjunto ou separado, influenciar nas taxas de remoção de
sedimentos. O runoff pode ter sua ação mais efetiva dependendo da inclinação e do
comprimento da encosta. É interessante ressaltar as palavras de Guerra sobre a questão da
declividade quando o diz:
É importante assinalar que o gradiente das encostas (declividade, que é expressa
em graus ou em percentagem) não fornece a sua forma, ou seja, diferentes
declividades podem ocorrer sob diferentes formas de encostas e diferentes tipos de
solos e rochas, ou seja, é simplificar por demais a questão dos riscos de erosão dos
solos e de movimentos de massa, atribuindo-se um peso elevado a essa variável.
Esse peso é maior nos movimentos de massa, pois está relacionado à gravidade,
que é fundamental, mas não na erosão, onde encostas com apenas de
declividade podem passar por processos de erosão acelerada (Guerra, 2003)
Essa tese reforça a análise conjunta com outras características das vertentes quando se
quer entender melhor o início e a evolução dos processos erosivos superficiais. Porém em
- 42 -
encostas muito ingrimes a perda de solo pode ser menor em função do pouco material
superficial (litossolo) presente na vertente a ser removido e transportado para o fundo de vale
ou até mesmo no corpo da encosta.
na região de Alberta (Canadá), Luk (1979 apud GUERRA, 1996) após ter testado
vários solos nessa região chegou à conclusão que os solos de maior erodibilidade eram
aqueles situados em encostas com 30° de declividade. Em outra análise, Guerra (2003) afirma
que, quando estabelecido o escoamento superficial numa encosta, a declividade passa a ser
um peso significante, mas o escoamento não vai se estabelecer como uma função direta da
declividade.
Em relação ao comprimento das encostas um dilema, pois, existem pesquisadores
que acreditam que o tamanho da encosta influencia a erosão dos solos e outros não. No
entanto, de acordo com Guerra (1996) vários trabalhos apontam para a constatação de que o
escoamento superficial aumenta à medida que o comprimento das encostas também aumenta.
Isso se justifica pelo fato do escoamento superficial ter mais espaço na vertente
viabilizando a trafegabilidade da água em superfície e com isso o material removido tem de
a ser maior. Deve-se lembrar o fato de que esse material desagregado da superfície terá mais
espaço na vertente para ser transportado e poderá chegar até ao sopé da encosta se, e somente
se, não houver barreiras para quebrar a energia desse escoamento até o fundo de vale.
A forma da encosta é um outro fator que deve ser levado em consideração quando se
fala a respeito de sua influência na susceptibilidade a erosão dos solos. Alguns autores
apontam que as maiores perdas de solo aparecem justamente em áreas que vão desde os
interflúvios até chegar aos fundos de vale, em topografia suavemente ondulada (Guerra,
1996).
- 43 -
Pode-se presumir que a vertente quando alterada pelas atividades humanas, sem ser
preconizada por ações conservacionistas, a desagregação e o transporte de sedimentos
ocorrerá, porém, deve-se lembrar que nem toda chuva é capaz de desagregar e transportar esse
material. É fato que de ser necessário mais de uma chuva, dependendo da intensidade, pra
que a mesma possa dar continuidade ao processo erosivo.
Em sua experiência de mestrado e trabalhando com a mesma metodologia, Campos
(2004) observou que uma pequena quantidade de sedimento, mobilizado pelo escoamento
anterior, ficou parado muito próximo a calha coletora, sendo removido pelo escoamento
gerado pela chuva seguinte, isso indica e reforça o que foi expresso no parágrafo acima sobre
a questão de transporte exercida pelo escoamento superficial.
2.2.5 – O escoamento superficial ou runoff .
O escoamento superficial acontece quando a capacidade que o solo tem de armazenar
água está saturada, ou então, ele acontece quando a capacidade de infiltração está excedida.
Esse escoamento se apresenta na superfície como uma massa de água que “caminha” pela
superfície em canais anastomosados e raramente em forma de lençol Guerra, (1996).
A pesquisa relacionada com processos erosivos chama a atenção e é objeto de
discussão por muitos, sobre os mais variados elementos ligados ao processo erosivo pluvial.
Mencionando informações sobre o surgimento do escoamento superficial Cook (1946 apud
Baccaro, 1990) salienta uma seqüência de eventos que, segundo ele, promovem a gênese do
escoamento em superfície, a saber:
1. Uma película de água e um fluxo se formam na superfície;
2. Uma quantidade de água acumula-se nas depressões da superfície;
3. Quando estas depressões são preenchidas, inicia-se o escoamento superficial pluvial;
- 44 -
4. Este escoamento ocorre através de micro-canais coalescentes, que por sua vez se
combinam em sulcos, os quais deságuam dentro de pequenas ravinas, a partir das
quais é iniciada a descarga continua dentro dos canais maiores;
5. Ao longo de cada canal coletor, ocorre a concentração da água do escoamento pluvial.
Mediante o que foi observado em campo e também pela leitura realizada, constatou-se
que além do item 5 , acima mencionado, pode - se inferir outro que culminaria com a
interligação desses canais maiores - mediante a duração e intensidade do evento - fundindo-se
em grandes canais de escoamento ao longo da vertente, como mostra a figura abaixo.
Fig.03) Sheet erosion ou erosão laminar
Fonte:http://www.uwsp.edu/geo/faculty/ritter/geog101/uwsp_lectures/lecture_masswasting_and_erosion.html
O escoamento superficial também é conhecido por “overlandflow
7
, e ocorre mais
localmente e aparece preferencialmente onde os solos se tornam mais rapidamente saturados,
em áreas de perfil côncavo, favorecidas pela concen
- 45 -
efetivo pela superfície tende a ocorrer em segmentos retilíneos ou convexos, dinamizando o
processo de arraste de partículas do solo.
A perda de solo proporcionada pelo escoamento está relacionada a outros fatores como
a forma da encosta, comprimento e declividade que influenciarão na velocidade e turbulência
do escoamento. Nas áreas agrícolas a sua atuação é mais efetiva e tende a causar maiores
problemas em função do revolver do solo feito nas fazendas para assim, prepará-lo para a
plantação.
A matéria orgânica tem papel fundamental, pois, é ela que proporciona maior
resistência aos agregados a atuação do escoamento superficial anteriormente precedido pelo
splash erosion ou erosão por salpicamento. É interessante ressaltar com exemplos reais que a
atuação do splash erosion nas parcelas é efetiva, até mesmo na parcela localizada dentro da
mata e na parcela de cultura salpicando sedimentos maiores que a ponta de uma caneta (fig.
04).
A erosão por salpicamento é o estágio primeiro do processo erosivo. Isso se deve ao
fato de ser a gota da chuva a primeira a chegar à superfície do solo. Conforme for a
quantidade e principalmente a intensidade da chuva o splash também vai ser bastante forte.
Dessa forma Guerra (1999) salienta que o papel do splash varia não com a resistência do
solo ao impacto das gotas de água, mas também com a própria energia cinética das gotas de
chuva. Dependendo da energia impactada sobre o solo, vai ocorrer, com maior facilidade, a
ruptura dos agregados, formando as crostas que provocam a selagem do solo motivando a
produção do escoamento superficial.
- 46 -
Fig. 04: Vista parcial do splash erosion (a) na parcela cultura com detalhe para os sedimentos grudados na
parcela (b).
Autor: Silva, J.B.
A figura 05 mostra os sedimentos grudados na lateral da parcela. Esses sedimentos são
frutos da ação da gota de chuva sobre a superfície, dentro da mata, teoricamente protegida
contra essa ação. Nota-se que em locais onde a serrapilheira não cobre totalmente a superfície,
a mesma, fica numa delicada situação a ação da água de chuva.
A
B
- 47 -
Fig 05: Vista parcial do splash erosion dentro da parcela mata
Autor: Silva, J.B
a) Porção do solo com cobertura de serrapilheira irregular b) Tamanho do sedimento arrancado pelo splash
c) Aproximação do solo sem a serrapilheira adequada. d) Zoom do sedimento junto a parcela.
A infiltração é um outro processo relacionado com a erosão de solos. A água da chuva
que chega até a superfície, pode ser armazenada nos poros, substituindo o ar existente e assim
aumentar a capacidade de armazenamento de água. A infiltração é um fenômeno que varia de
acordo com fatores especiais.
O tipo de uso do solo, propriedades do solo, características das encostas, pluviosidade,
e microtopografia do solo podem auxiliar no processo de infiltração como podem dificultá-lo.
a
b
c
d
- 48 -
A gota da chuva quando cai sobre o solo desprotegido, tende a desagregar partículas
do solo deixando-o selado e dificultando a infiltração e favorecendo o surgimento do
escoamento.
As palavras de Bertoni e Lombardi Neto (1990) são bastante relevantes para esse
contexto acima mencionado.
Para avaliar a importância do impacto da gota de chuva no processo erosivo, deve-
se ter em mente a energia de chuva intensa. Não é raro uma chuva de 50mm em um
período de 30 minutos; essa chuva teria um peso de quase 560 toneladas em um
hectare. O diâmetro médio das gotas de chuva seria aproximadamente de 3mm, e
essa chuva cairia a uma velocidade aproximada de 8 metros por segundo; a energia
criada por essa quantidade de água caindo nessa velocidade tem que ser absorvido
pelo solo (Bertoni, Lombardi Neto, 1990).
As gotas de chuva podem ser individualmente, inofensivas ao solo. A sua ação em
conjunto é de grande valia para o processo erosivo que se inicia com o impacto desse grupo
(conjunto) de gotas de água na superfície do solo.
Uma outra questão é quando esse solo está com certo grau de umidade. Isso também
facilita o surgimento do escoamento superficial já que sua capacidade de infiltração foi sanada
mais rapidamente. Outra versão para o surgimento do escoamento superficial é através da
interligação de poças d’água na superfície do terreno.
As irregularidades que ocorrem na superfície (microtopografia) dão lugar a pequenas
poças de água que vão se interligando até começar o escoamento superficial que a principio é
difuso e depois pode tornar-se concentrado a medida que o processo tem continuidade
espacial e temporal, Guerra (1999).
Assim o escoamento superficial inicia-se. A água infiltra até o solo atingir sua
saturação e a partir daí começa a desenvolver a remoção de partículas e sedimentos que são
- 49 -
transportados para outros segmentos da vertente, inicialmente com o fluxo em forma de lençol
(sheetflow). Depois o fluxo assume caráter linear (flowline) evolui para as microrravinas
(micro-rills) e depois para microrravinas com cabeceiras (headcuts) Guerra (1999).
Nas áreas agrícolas é possível visualizar esses fenômenos com mais evidência, em
função, das práticas mal orientadas que são implementadas pelo homem nas vertentes.
- 50 -
3 – Procedimentos operacionais
Para dar suporte ao trabalho e conseguir alcançar os objetivos propostos, no decorrer
do prazo estipulado para execução e término do estudo se fez necessário uma gama de
atividades que foram expressando sua relevância ao longo da pesquisa.
Nesse sentido, que desde o inicio da pesquisa até o seu final, as leituras de revistas
especializadas, artigos, dissertações, monografias, livros e capítulos de livros nacionais ou
não – mostraram-se como fundamentais para o enriquecimento do trabalho.
A leitura é a parte do trabalho que vai desde o seu inicio e acaba quando o trabalho
está finalizado. Mesmo assim, buscou-se fundamentar esta pesquisa com temáticas voltadas
para assuntos pertinentes ao trabalho e que se acreditou ser de relevância substancial para a
pesquisa. Assim geomorfologia, erosão de solos, degradação ambiental, planejamento
ambiental são alguns dos temas em que se acreditou serem pertinentes à pesquisa.
Além disso, para produzir os mapas necessários ao trabalho, um mapa base foi
construído utilizando materiais cartográficos cedidos pelo Laboratório de Cartografia do
Instituto de Geografia da Universidade Federal de Uberlândia. A carta topográfica Cachoeira
do Sucupira folha SE. 22 Z B VI 4 SO MI 2451/40 SO, na escala 1:25000 de
1984. Para também auxiliar na fotointerpretação foram utilizadas fotografias aéreas de do
IBC
8
GERCA de 1979 na mesma escala e da PMU
9
de 2004, essa contendo parte da área de
estudo fotografada, na escala 1:8000.
Mediante a base foram elaborados os mapas geomorfológico, de declividade, de uso
da terra e de cobertura vegetal, da orientação de vertentes e o perfil topográfico da vertente
8
Instituto Brasileiro do Café
9
Prefeitura Municipal de Uberlândia
- 51 -
todos na escala 1:25000. Para produzir os mapas geomorfológicos, uso da terra e cobertura
vegetal foi utilizado o software AutoCad Map 2000™
10
marca registrada da Autodesk® .
O mapa de classes de declividade foi elaborado através do software Arcwiew™
produto da empresa ESRI®. Para a construção desse mapa foi necessário utilizar uma cópia
do mapa base (feito no AutoCad Map 2000) , contendo os layers curva de nível, drenagem e
limite da bacia, gravando-os no formato .DXF. Depois desse processo, acionou-se
Arcwiew™ e assim os arquivos mencionados foram ativados (pelo add theme) para uso e
construção dos produtos temáticos (declividade e o orientação das vertentes ).
Para subsidiar as interpretações e a construção do mapa de uso da terra e cobertura
vegetal e geomorfológico foi feito um download de um arquivo imagem de satélite na
escala de 1:25000 do projeto “Brasil Visto do Espaço” de autoria de Miranda e Coutinho
(2004) compreendendo a bacia hidrográfica de estudo em conjunto com parte da área da
cidade de Uberlândia, carta: SE-22-Z-B-VI-4-SO.
Além disso, os trabalhos de campo que são imprescindíveis para sustentar e confirmar
as informações foram realizados no período chuvoso (out. a mar.) com periodicidade semanal
e quinzenalmente no período de estiagem. O levantamento fotográfico foi viabilizado
utilizando uma máquina fotográfica digital 4 mp, 3x de zoom optical, marca Benq® modelo
DC 40™.
Os sedimentos encontrados nas calhas foram coletados e analisados (granulometria) no
laboratório de Geomorfologia e Erosão de solos da Universidade Federal de Uberlândia
conforme o Manual da EMBRAPA (1979). Os ensaios de infiltração foram realizados
10
Software utilizado para a produção cartográfica base da bacia, esboço geomorfológico, cobertura vegetal e uso
da terra. Esse programa é propriedade da empresa Autodesk.
- 52 -
utilizando o método dos cilindros concêntricos como proposto por Linsley et al. apud Vilela e
Matos (1979) para a verificação da capacidade de percolação da água no horizonte superficial.
Para contribuir na fundamentação das análises estatísticas foi adotado a obra de
Gonçalves (2002), afim de que os resultados alcançados de perda de solo, chuva e escoamento
possam ser compreendidos da melhor maneira possível, bem como poder entender a
correlação existentes entre esses dados, se ela existir.
- 53 -
3.1 – A predição da erosão em superficie: Os plots
A instalação das estações experimentais (plots) vai ao encontro da proposta de Guerra
(1996). No entanto é interessante salientar que nas pesquisas realizadas na região do
Triângulo Mineiro, e como exemplo cita-se, Baccaro (1998a, 1998b) Baccaro (1999), Baccaro
et al. (2000) e Campos (2002, 2004) mostram algumas alterações sugeridas nas laterais das
parcelas, em razão, da atuação do splash erosion muito evidente naquela região de pesquisa.
Porém para este trabalho foi utilizada, com algumas alterações posteriores, a proposta
sugerida por Guerra (1996, p.147, 148 e 149) no Brasil, a saber.
Monte uma estação experimental com apenas duas parcelas, contendo um
metro de largura por dez metros de comprimento cada parcela. Um dos objetivos de
se monitorar uma estação experimental é o de se procurar entender a dinâmica do
processo erosivo. No caso especifico, o objetivo é a comparação entre duas
parcelas que simulem condições bem comuns no campo: uma sem vegetação e, e
outra, onde a vegetação crescendo, ao longo do experimento. A estação pode ser
localizada em encosta com uma declividade de 4 e 10 graus. Não existem regras
fixas quanto á declividade onde se queira montar uma estaca, mas a sua
manutenção é mais facilitada nessas condições. Não deverá haver grandes
irregularidades no terreno, no local da estação, por questões operacionais de
montagem e manutenção. Cada parcela deverá ser isolada, através da colocação de
placas de ferro galvanizado, ou de madeira, com espessura de 2 a 4 mm e 30 cm de
altura. Dez centímetros deverão estar enterrados no solo, e 20 cm ficarão para
cima, para impedir a entrada e saída de material, por splash, em cada parcela. Na
parte inferior de cada parcela deverá ser colocada uma calha do tipo Gerlach com
um metro de comprimento para receber o fluxo superficial e sedimentos. Cada
calha deverá ter um orifício para a passagem de água e sedimentos para os galões
receptores com capacidade entre 60 e 80 litros. Essas calhas deverão ter uma
tampa para impedir a entrada direta de água da chuva, mas, que proporcione a
entrada do escoamento superficial e sedimentos de dentro de cada parcela. O
monitoramento da estação deverá ter uma periodicidade mais ou menos fixa,
podendo ser uma vez por semana, por exemplo. Nesse monitoramento deverá ser
anotado o número de litros de água em cada galão, bem como deverão ser
coletados os sedimentos que porventura venham a se depositar na calha. A água
que estiver em cada galão deverá ser homogeneizada e coletada uma amostra de
um litro, para cada parcela. Essa água deverá ser coletada uma amostra de um
litro, para cada parcela. Essa água deverá ser levada para o laboratório e passada
por um papel filtro, pesado previamente. Cada litro de água será passado por um
respectivo papel filtro. Depois de feito isso, cada papel deverá ser seco ao ar,
durante mais ou menos dois dias, e pesado novamente. Esse total deve ser somado
aos sedimentos que foram retirados da calha, e secos ao, no laboratório. Caso
exista um pluviômetro à área do experimento, ou caso seja possível instalar um
pluviômetro na estação experimental, o total de água que se escoa em cada parcela,
bem como a perda de sedimentos, podem ser correlacionados com os totais de
chuva que estão caindo na área durante o monitoramento. As propriedades do solo
podem ser também determinadas, tais como a textura, teor e estabilidade de
agregados, teor de matéria orgânica, pH etc. Essas propriedades podem ser
- 54 -
correlacionadas com a perda de água e de solo em cada parcela. Os dados
referentes ao monitoramento para uma área relativamente pequena podem ser
extrapolados para áreas maiores, mas tendo em mente que essas extrapolações nem
sempre são totalmente confiáveis Guerra (1996 p.147, 148 e 149).
Então cabe aqui referenciar que na região do Triângulo Mineiro, essa técnica passou
por algumas adaptações, como foi demonstrado no trabalho de mestrado de Campos (2004).
Com vistas a tentar avaliar a intensidade do splash erosion, suspeitou-se que o material
retirado pelo salpicamento estivesse ultrapassando a parede das parcelas mais antigas do seu
trabalho, e com essa observação, as novas estações experimentais foram construídas com a
lateral medindo 0,60m. E foi observado que o material lançando por esse salpicamento fixava-
se muito próximo a altura limitante.
No entanto, as parcelas construídas na fazenda experimental do Glória (plots) têm
algumas alterações, que não estão de acordo ao que Campos (2004) fez nas estações
controladas por ele. As estações experimentais (fig. 06, 07 e 08) possuem apenas uma
parcela com 30 cm de altura nas laterais, 10 metros de comprimento e 1 metro de largura. Elas
estão instaladas na classe de declividade de e em usos da terra distintos (1ª cultura,
pastagem e 3ª Mata).
Uma parcela está dentro da área reservada para a plantação convencional, na qual as
culturas mais cultivadas são o milho e sorgo, utilizados para complementar a refeição do gado
da fazenda; o pluviômetro está instalado nessa estação. Outra está localizada na mesma
vertente, porém, o uso dado a terra é a pastagem. E por fim, instalou-se uma parcela dentro de
uma porção de mata mesofítica (mata galeria) conservada que envolve uma das nascentes do
Córrego do Glória.
Além disso, a capacidade de recepção dos galões dessas estações é de 50 litros. Essa
capacidade vai à contra mão ao que foi sugerido por Guerra (1996), porém, deve-se ressaltar
- 55 -
que por questões econômicas, o material utilizado foi reaproveitado de antigas estações
experimentais que estavam localizadas em outros municípios no Triângulo Mineiro.
A periodicidade para a manutenção, assim como a coleta de dados, são feitas, no
período chuvoso, pelo menos uma vez por semana (outubro a março) e para o período de
redução pluviométrica (abril a setembro) os trabalhos são realizados quinzenalmente.
Porém é bom ressaltar que caso houvesse a necessidade de ir ao campo para aferir
outras informações que não estejam ligadas diretamente a pluviosidade e escoamento
superficial, esses foram feitos no período de estiagem (seca), preferencialmente, aos sábados e
domingos.
Fig 06: Estação Experimental Sorgo (cultura) – primeira forma
Autor: Silva,J.B.
Data: 25/06/2005
- 56 -
Fig 07: Estação Experimental Pasto
Autor: Silva,J.B.
Data: 25/06/2005
Fig. 08: Estação experimental mata
Autor: Silva, J.B.
Data: 25/06/2005
- 57 -
Na tentativa de melhorar os estudos sobre a erosão, foi realizada em janeiro de 2006
uma mudança na configuração estrutural da parcela que está localizada dentro da área agrícola
(fig. 09 a, b, c). Foi modificada a sua estrutura e aumentado o numero de parcelas para
estudos com diferentes tipos de uso.
Fig.09) a- Construção da nova estrutura. b – Vista da nova parcela. c- Compartimento para recepção de
sedimentos e água.
Autor: Silva, J.B.
A parcela inicial era circundada por uma chapa galvanizada, que deu lugar ao “muro”
de 35 cm de altura. As demais medidas foram preservadas. Também foi construída uma
estação de recepção de água e sedimentos dentro da área delimitada como sendo de pesquisa
do LAGES/UFU.
Dentro dessa estação estão os galões coletores, interligados a cada parcela através de
canos de PVC. A capacidade do tanque de recepção de sedimentos e água passou para 100
litros – o que é pouco dependendo da intensidade do evento – já que por vezes foram
encontrados galões lotados de água, assim como, espalhada pelo piso da “casinha”. Apesar do
que possa refletir a informação citada, a água escoada utilizada para análise sempre foi a
encontrada dentro dos galões. A água encontrada por vezes dentro da “casinha” era
desconsiderada.
A
B
C
- 58 -
O perfil topográfico foi realizado com intuito de se fazer uma análise macro da
superfície do solo de uma das vertentes da bacia hidrográfica que pudesse ser representativa
quanto forma, e aos usos dados ao solo nessa categoria do relevo.
Para tanto, foi utilizada trena de 40 metros para marcar os pontos de coleta (20 em 20
metros) com profundidades variando de 10, 30 e 50 cm em cada ponto. Aliado a isso foram
feitas observações visuais sobre as características do solo, vegetação, umidade do solo, uso do
solo e inclinação do terreno. Foi utilizado também um GPS II da empresa Garmin com intuito
de demarcar os pontos de coleta e altitude que foram plotados em papel milimetrado.
Para fazer os testes de infiltração foram utilizados dois exemplares de canos de PVC.
Um desses canos (Cilindro externo- CE) tinha 30 cm de diâmetro e o menor (Cilindro interno
- CI) com 15 cm e ambos possuindo a mesma altura de 30 cm (fig.10). Uma régua de 30 cm
para medir a quantidade de água infiltrada em cm
3
dentro do cilindro interno e um cronômetro
para marcar o tempo de infiltração da água adicionada a cada intervalo de tempo.
Os canos devem ficam pelo menos 30 % do seu tamanho cravados no solo. À medida
que a lâmina de água vai infiltrando é marcado a diferença de quantidade a cada tempo dado,
que deve ser estipulado pelo executor do trabalho. Assim os cilindros ficam então
posicionados conforme mostra a figura 10 e posteriormente, adicionado água ao mesmo
tempo nos dois canos. A função do cilindro externo é prover de água, o solo por lateralidade
facilitando assim a infiltração direta por capilaridade, da água do cilindro interno.
- 59 -
Fig. 10) Representação esquemática da disposição dos cilindros do teste de infiltração:
Adaptado de: Villela, S. M.; Mattos, A.1975.
Elaborado por: Silva, J.B.
Data: Jan/2006.
Vista em planta
Vista em perfil
Superficie
solo
CI
CE
Elaborado: Silva, J.B, 2006
- 60 -
4) Os atributos físicos da Bacia Hidrográfica do Córrego do Gloria:
4.1 – Geologia
A geologia do município de Uberlândia está constituída por rochas sedimentares e
magmatitos básicos de idade Mesozóica (Jurássico e Cretáceo), representadas pelas
Formações Botucatu, Serra Geral, Adamantina e Marília. De acordo com Nishiyama (1989)
essas litologias estão recobertas por sedimentos cenozóicos de idade Terciária. Nishiyama op
cit ainda afirma que como base deposicional têm-se as rochas do Grupo Araxá (Proterozóico)
e do Complexo Basal Goiano (Arqueano).
Para Barcelos (1993) a Formação Adamantina em sua ampla distribuição geográfica, e
grande diversidade litológica, cujas fácies sedimentares podem ser relacionadas aos
psamíticos e pelítico. Sendo o primeiro, caracterizado por arenitos lenticulares com
conspícuas estratificações cruzadas de pequeno e médio porte, associados a sedimentos
cíclicos siltico-argilosos. Ainda de acordo com o autor supra citado, o sistema fluvial
meandrante pelítico, com sedimentação lacustre associada, está restrito ao Estado de São
Paulo, sendo constituído por arenitos argilosas e siltitos, apresentando localmente arenitos
lenticulares com estratificações cruzadas de pequeno porte (Membro Araçatuba).
Para Nishiyama (1989) essa formação está representada no município de Uberlândia
por exemplares de arenitos de granulação média a grossa, com coloração marrom, marrom
avermelhada, marrom arrouxeada e avermelhada, teor de matriz siltico-argilosa variável de
acordo com os bancos. Apresentam feições maciças, exibindo estruturas semelhantes a
perfurações de vermes. De acordo com o referido autor essa formação aflora em áreas restritas
na cidade, quase sempre recobertas por espessas camadas de material detrítico de idade
- 61 -
Cenozóica ou por sedimentos da Formação Marília. Nishiyama (1989) ainda aponta para a
localização dos pontos de exposição mais evidentes; vales de alguns rios e voçorocas, essa
ultima quando do efeito causado pelos processos erosivos comandados pela água acabam por
exumar pontos dessa formação.
Localmente, as rochas dessa formação afloram ao sul, sudoeste e oeste do município
de Uberlândia, junto às bacias dos rios Tijuco, Douradinho, Estiva e dos córregos Babilônia e
dos Macacos. Ao norte e a leste desaparece sob as rochas da Formação Marilia, tendo como
limite aproximado os rios das Pedras e Bom Jardim, respectivamente (Nishiyama,1989).
Para Barcelos (1993) a Formação Marília é uma litologia que apresenta arenitos
grossos e conglomeráticos; apresenta também calcretes nodulares e calcários bastante puros.
Pode comportar sedimentos conglomeráticos pouco litificados. Os arenitos grossos são
encontrados no Triângulo Mineiro, sul de Goiás, sudeste de Mato Grosso do Sul, com as
mesmas características verificadas no planalto de Echaporã em Marilia e Monte Alto, no
estado de São Paulo (Membro Echaporã). Suguio;Barcelos (1983 apud BARCELOS, 1993) a
Formação Marilia foi formada em época com condições climáticas do semi-árido, com
sistemas de leques aluviais de regime torrencial com arenitos conglomeráticos , calcretes e
camadas descontínuas de lamitos avermelhados.
Em Barbosa (1953 apud BARCELOS,1984; apud NISHIYAMA, 1989) a Formação
Marilia ganhou essa nomenclatura por conta do seu material cimentante carbonático. Na
região do Triângulo Mineiro essa formação apresenta espessas camadas de arenitos imaturos e
conglomerados superpostos aos níveis carbonáticos (Nishiyama, 1989).
Esses arenitos podem ser encontrados aflorando em várias áreas do Triângulo Mineiro,
sendo mais balizado pelos principais cursos d’água da região. Estão recobertos por
- 62 -
sedimentos cenozóicos em algumas áreas, sobretudo nos topos das chapadas (Nishiyama,
1989). Ainda de acordo com o referido autor a feição morfológica característica dessa
formação é apresentar relevo de topo plano e bordas abruptas mantidos pela cimentação da
rocha. No município, uma caracterização com mais detalhe dessa formação é complicada pelo
fato da ausência de afloramentos em conseqüência da camada de cobertura cenozóica bastante
grande na área do município sobrejacente a essa formação.
As rochas da Formação Serra Geral são caracterizadas pelas efusivas de natureza
básica e pequenas lentes de arenitos intercalados aos derrames. Ela ocupa uma grande área
dentro da Bacia Sedimentar do Paraná, em território brasileiro, e estende-se a outros países da
América do Sul aumentando mais a sua presença dentro da mencionada bacia. As suas
litologias estão amplamente distribuídas por vários estados do Brasil, todos os da região Sul,
em São Paulo, Triângulo Mineiro, Sul de Goiás e parte de Mato Grosso do Sul (Nishiyama,
1989).
No município de Uberlândia os basaltos afloram em vários rios, ao longo de seus
vales, como é o caso do rio Araguari, Uberabinha, Douradinho e Tijuco, pois as camadas
superiores a ele já foram desgastadas pelas várias fases erosivas comandadas pela água,
deixando o exposto. Já no perímetro urbano encontra-se o basalto aflorando no rio
Uberabinha e seus afluentes. A presença do basalto nas vertentes dos vales dos rios favoreceu
a formação do Latossolo roxo, solo bastante apreciado, do ponto de vista agrícola,
diferentemente, do que ocorre nos topos dos interflúvios onde ora encontram-se os arenitos do
Grupo Bauru e/ou os sedimentos do Cenozóico (Nishiyama, 1989).
Para sustentar toda essa estrutura tem-se então as rochas mais antigas sendo
representadas aqui pelas litologias dos Grupos Araxá e o Complexo Goiano. O Complexo
- 63 -
Goiano ocupa uma faixa muito estreita no município, está localizado a margem do rio
Araguari, na porção leste do município.
A sua exumação se deve ao trabalho realizado pelas águas do rio Araguari que vem
erodindo as superfícies sobrejacentes a ele até os dias atuais. As rochas mais evidentes na área
de ocorrência do Complexo Goiano são os migmatitos, gnaisses e granitos (Nishiyama, 1989).
as rochas do Grupo Araxá, são encontradas nos vales do rio Araguari e no rio
Uberabinha, tendo, no primeiro, maior expressão. No segundo, o afloramento das litologias
desse grupo estão localizadas próximas a área de confluência entre os referidos rios.
Na área do município, o Grupo Araxá é representado pelos xistos, pelo quartzito e pelo
gnaisse que até então foram recobertos pelas litologias das formações Botucatu e Serra Geral
e pelas rochas do Grupo Bauru que foram removidas pelo trabalho exercido pelo rio Araguari
(Nishiyama, 1989).
a Formação Botucatu e os seus arenitos de coloração rósea a alaranjado, passando
para a tonalidade marrom avermelhado com a silicificação, têm pequena expressão no
município, apresentando corpos descontínuos e com afloramentos de maior extensão
próximos a antiga Estação de Sobradinho e as margens do rio Araguari, próximo a ponte na
BR 365(Nishiyama, 1989).
Na bacia hidrográfica do Córrego do Glória a geologia local se assemelha, em partes,
com a descrita anteriormente. Encontram-se os sedimentos da Cobertura Cenozóica. Assim
como na maior parte do município de Uberlândia, ela recobre as rochas mais antigas e ocupa
todos os níveis topográficos, desde as chapadas até os vales fluviais (Nishiyama, 1989).
- 64 -
As suas concreções limoníticas aparecem no contato do Cenozóico com a formação
subjacente, dando origem a camadas que podem variar de centímetros a metros. Além disso,
como afirma o pesquisador supra citado, a sua cimentação incipiente contribui ao surgimento
de fenômenos erosivos de grande intensidade quando da predominância de termos arenosos.
Subjacente a ele tem-se os arenitos da Formação Marilia com sua cor rósea característica na
região (fig.11). É possível também encontrar no canal fluvial os basaltos da Formação Serra
Geral.
Fig 11) Perfil da parede em voçoroca na microbacia do Glória evidenciando os
Sedimentos cenozóicos.
Autor: SILVA,J.B
Sedimentos
incosolidados
do Cenozóicos.
Os arenitos da
Formação Marilia.
- 65 -
4.2 Geomorfologia
O córrego do Gloria é um dos afluentes que compõem a bacia do rio Uberabinha no
município de Uberlândia. Segundo Ab´Saber (1973) apud Santos (2001), essa paisagem é
sustentada pelas rochas da macro unidade da Bacia Sedimentar do Paraná, onde, encontra-se o
denominado Domínio dos Chapadões Tropicais do Brasil Central recobertos por Cerrados.
Uma nova abordagem sobre a paisagem do Brasil trouxe ao publico, após vários
trabalhos de pesquisa, uma proposta de identificação mais detalhada das macrounidades do
relevo brasileiro. Essa proposta de classificação do modelado brasileiro está embasada em
trabalhos anteriores como o de Ab’Saber e os relatórios e mapas produzidos no projeto
Radambrasil na sua série de Levantamento de recursos Naturais (ROSS, 2000).
De acordo então com essa nova classificação, o relevo brasileiro apresenta três grandes
unidades geomorfológicas, a saber: os planaltos, as planícies e as depressões. Dentro da
macrounidade planalto foram identificadas quatro grandes categorias:
Planaltos em Bacias Sedimentares;
Planaltos em Intrusões e Coberturas Residuais de Plataformas;
Planaltos em Núcleos Cristalinos Arqueados;
Planaltos em Cinturões Orogênicos.
De acordo com o exposto a área do Triângulo Mineiro está inserida dentro da região
denominada de Planaltos em bacias sedimentares.
- 66 -
Os planaltos em bacias sedimentares são quase inteiramente circundados por
depressões periféricas ou marginais. Essas unidades também se caracterizam
por apresentar nos contatos (planaltos-depressões) os relevos escarpados
caracterizados por frentes de cuestas. São os planaltos da bacia sedimentar
amazônica oriental e ocidental, os planaltos da bacia do Parnaíba e os
planaltos e chapadas da bacia do Paraná (Ross, 1994).
Sendo assim, ROSS op cit. salienta para uma caracterização desses planaltos e
chapadas situados na bacia sedimentar do Paraná; onde, encontra-se os terrenos com idades
que passam pelo Devoniano até o Cretáceo e rochas básicas e ácidas do Mesozóico. Diz
ainda, que os contatos desta unidade com as depressões que a cercam são feitos por escarpas
que se identificam como frentes de cuesta única ou desdobradas em duas ou mais frentes.
Em Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul as frentes de
cuestas são desdobradas e sustentadas pelas rochas do Devoniano, do
Carbonífero e do Jura-cretáceo. È freqüente nas bordas norte e noroeste a
presença de extensas superfícies altas e planas que atingem entre 900 e 1000
m de altitude e são denominadas de chapadas, como as dos Guimarães e a de
Taquari, no estado do Mato Grosso (Ross, 1994).
E é justamente inserida dentro dessa grande unidade de relevo que se encontra a área
pesquisada desse trabalho. em pesquisas mais regionais a chapada onde está inserido o
município de Uberlândia ganhou maior notoriedade, pois, foi objeto de estudos de
pesquisadores que trataram tanto da configuração da paisagem, o uso dado a ela, quanto dos
processos erosivos que ocorrem sobre mesma.
Para Baccaro (1989) os estudos geomorfológicos do município de Uberlândia vêm
atrelados à necessidade de um levantamento básico dos elementos naturais deste ambiente que
está sendo alterado rapidamente nos últimos anos pela ação antrópica. Segundo a
pesquisadora op cit., esses avanços sobre o sistema dos Chapadões Sedimentares recobertos
por cerrados do Brasil Central aconteceram, impulsionados pela ocupação intensa promovida
e apoiada, na década de 70, pelo POLOCENTRO (Programa de Desenvolvimento do
Cerrado).
- 67 -
A ocupação gera uma grande substituição da cobertura vegetal original por práticas
antrópicas de alto impacto sobre os recursos naturais do ambiente em questão, em especial, o
solo e acaba por alavancar a força erosiva dos agentes externos. Os solos descobertos são
alvos fáceis para a atuação dos ventos e principalmente pela ação erosiva causada pela chuva
que ocorre em grandes intensidades no período de outubro a março nessa região.
De acordo com exposto fica claro entender que os processos de remoção de partículas
do solo (horizonte superficial) é muito mais favorecido nesse período. A atuação dos ventos
como agente de transporte e erosão, na região, apesar de não ter sido objeto de estudo de
pesquisas nas chapadas, deve começar a ser pensado.
Buscando a linha de raciocínio anterior, Baccaro (1989) salienta que nas áreas de
Cerrado predominam, de maneira geral, os processos geomorfológicos relacionados ao
escoamento superficial pluvial, desde a queda da gota de chuva até o escoamento
concentrado, levando a formação de sulcos, ravinas.
Enfim, dando prosseguimento ao seu trabalho, fundamentado em análises
laboratoriais, amplas pesquisas de campo, revisão bibliográfica, trabalhos em gabinete
proporcionaram a Baccaro (1989, 1990, 1991, 1993,1994) estabelecer uma análise
comparativa em que se levaram em conta o relevo, declividade, geologia e os processos
erosivos atuais da época do estudo; possibilitou uma classificação do município em unidades
morfológicas como é demonstrado no quadro 02.
- 68 -
Quadro 02) Unidades Morfológicas – Categorias de erosão – Baccaro (1994)
Unidades
Morfológicas
Litologia
Predominante
Categorias
de erosão
Fatores
intervenientes
Áreas
mais
afetadas
Impactos
1 - Área de
relevo
medianamente
dissecado em
colinas
convexo-
côncovas
Arenitos da
Formação
Adamantina e
sedimentos do
Cenozóico
Acelerado Retirada do cerrado.
Uso pela pastagem
sem técnicas de
conservação.
Construção de
estradas. Ação a água
no escoamento pluvial
e subsuperficial.
Formação superfícies
com 70% de areia
fina. Baixo índice de
coesão. Desequilíbrio
hidrológico das
vertentes.Declividades
entre 3° a 15°.
Bacia dos
córregos da
Onça,
Babilônia,
Macacos,
Rib.
Douradinho
(Água
Limpa, Água
Vermelha,
Panga,
Estiva).
Redução da
produtividade
agrícola,
assoreamento
dos vales,
diminuição do
manancial
d’água e
danos
ecológicos ao
solo
vegetação e
fauna.
2 - Área de
relevo
intensamente
dissecado
Basalto da
Formação Serra
Geral, xistos,
quartzitos do
Grupo Araxá
Moderado a
acelerado
Declividades acima de
10°. Retirada da
vegetação natural.
Uso para pastagem e
agricultura sem
técnicas de
conservação.
Canalização da água
no escoamento pluvial
e entalhamento. Ação
do escoamento
superficial e
subsuperficial.
Vertentes das
bordas da
bacia do Rio
Araguari e
baixo curso
do Rio
Uberabinha.
Perda de solo.
Diminuição
do manancial
de água.
Aumento do
poder dos
processos
erosivos.
Danos
ecológicos ao
solo,
vegetação e
fauna.
3 - Área de
cimeira com
topos amplos e
largos
Arenitos da
Formação Marilia
e sedimentos do
Cenozóico.
Suscetível a
moderado
Exploração de argila.
Drenagem dos solos
hidromórficos das
veredas. Canalização
inadequada das águas
do escoamento
pluvial.
Desmatamento e
exposição do solo.
Declividades entre 3°
e 5°.
Encostas e
vales do alto
curso do Rio
Uberabinha e
seus
afluentes.
Redução do
manancial de
água.
Aumento da
lavagem
superficial do
solo.
Desequilíbrio
hidrológico
das vertentes.
Danos
ecológicos ao
solo,
vegetação e
fauna.
Fonte: Baccaro, C.A.D.,1994 Organização: Silva,JB. 2005
- 69 -
Conforme o exposto pelo quadro a bacia do Córrego do Gloria está situada dentro da
categoria de relevo denominada de Área de cimeira com topos amplos e largos. Tomando
como orientação essa interpretação da paisagem, uma concordância relativa com a
paisagem local. Realmente, a paisagem na bacia de estudo está muito modificada pelas
atividades antrópicas, haja vista, a presença de processos erosivos acelerados, decorrentes do
mau uso do solo, representado pela exploração de cascalho que é muito utilizado na
construção e reparo de estradas, uma pecuária extensiva etc.
A morfologia dessa área favorece em grande parte a utilização de maquinários,
topos aplainados, vertentes longas e com declividades suaves potencializam a ação do homem
na exploração da paisagem e com isso, a utilização de máquinas é presente dentro da bacia
hidrográfica. Por conta disso, é fato real o desmantelamento dos ecossistemas presentes na
área. De conformidade com as suas formas, o desmatamento é o primeiro passo que simboliza
a apropriação do relevo local, o que interfere diretamente na dinâmica drica das vertentes.
que essa prática auxilia o surgimento e o aumento do componente paralelo e dessa forma
agride o horizonte superficial com mais violência, lavando-o e transportando elementos
importantes para a agricultura e para vida do solo.
Outro trabalho, mais recente, foi realizado por Baccaro et al. (2001); que traz uma
nova abordagem sobre a paisagem na região para a qual, fez uso da metodologia que norteia a
linha de pesquisa de Ross (1992 e 1994). Assim produziram uma nova classificação para os
compartimentos presentes na paisagem do Triângulo Mineiro (Quadro 03). Para a referida
área de trabalho, os pesquisadores interpretaram a paisagem em três grandes morfoestruturas
subdivididas em unidades menores – as morfoesculturas - como mostra o quadro.
A paisagem sustentada pela grande morfoestrutura denominada de Bacia Sedimentar
do Paraná está subdividida em cinco unidades esculturais. A bacia hidrográfica do presente
- 70 -
trabalho está inserida dentro paisagem denominada Planalto Tabular. Paisagem essa, resultado
de atividades denudacionais e modelada por uma tipologia com forma convexa e tabular, a
qual é bastante utilizada pelas atividades antrópicas, sendo alvo de uma grande substituição da
vegetação original de Cerrado e de suas fitofisionomias, em detrimento, de uma agricultura
intensiva, pecuária e expansão de área urbana da cidade.
Quadro 03) Compartimentação Geomorfológica do Triângulo Mineiro:
Fonte: Baccaro et al (2001) Organizado por: Silva, J.B (2005)
Unidade
morfoestrutural
Unidade
Morfoescultural
Modelados Geologia Solos Declividade
Complexo Granito
- Gnássico
Planalto dissecado
do Paranaíba
Da; Dc32; Dc33;
Dc43; Dt; Dt33
Grupo Araxá e
Complexo
Goiano
PodzólicoVermelh
o-Amarelo
Distrófico e
Eutrófico;
Latossolo
Vermelho- Escuro
distrófico e
Cambissolo Álico
e Distrófico
Dc32: 2 a 9%
Dc33:5 a 21%
Dc43: 9a 43%
Dt33:5ªa 21%
Planalto Rio Grande-
Paranaíba
Dc22,Dc23,Dc33
Dp,Dt21,Dt22,Dt
23,Dt32,Dt33.
Grupo Bauru: F.
Adamantina e
Marília
Grupo São
Bento: F. Serra
Geral.
Latossolo
Vermelho-Escuro
Álico, Latossolo
Roxo Eutrófico e
Distrófico.
Dc22: 1 a 5%
Dc23: 2 a 10%
Dc33: 5 a 21%
Dt21: < 2%
Dt22: 1 a 5%
Dt23: 2 a 10%
Dt31: < 4%
D32: 2 a 9%
Planalto dissecado
do Tijuco
Dc22, Dc24,
Dc33,Dp, Dt22,
Dt23,Dt32, Dt33.
Grupo Bauru:
Formação
Adamantina e
Marilia
Latossolo
Vermelho-Escuro
Álico, Latossolo
Roxo Eutrófico e
Distrófico.
Dc22: 1 a 5%
Dc24: 5 a 32%
Dc33: 5 a 21%
Dt22: 1 a 5%
Dt23: 2 a 10%
Dt32: 2 a 9%
Dt33: 5 a 21%
Canyon do Araguari Da,Da43,Dc33,D
c43,Dp,Dt, Dt34
Grupo Araxá,
Grupo São
Bento:
Formação Serra
Geral.
PodzólicoVermelh
o-amarelo
Distrófico e
Eutrófico e
Cambissolo Álico
e Distrófico.
Da43:9 a 43%
Dc33:5 a 21%
Dc43:9 a 43%
Dt34:10 a 64%
Planalto Residual Dc23,Dc24,Dc33
,Dc34,Dp,Dt23
Grupo Bauru:
Formação
Marília
Latossolo
Vermelho-Escuro
e Vermelho-
Amarelo
Dc23:2 a 10%
Dc24: 5 a 32%
Dc33: 5 a 21%
Dc34:10 a 64%
Dt23: 2 a 10%
Bacia Sedimentar
do Paraná
Planalto Tabular Dc33, Dt11,
Dt12,Dt13,Dt22,
Dt23,Dt34.
Grupo Bauru:
Formação
Marilia
Latossolo
Vermelho-Escuro
e Vermelho-
Amarelo
Dc33: 5 a 21%
Dt11: < 1%
Dt12: <2%
Dt13: < 5%
Dt22: 2 a 10%
Dt34: 10 a 64%
Planicies Fluviais
Cenozóicas
Planicies Fluviais Apf Aluviões
Holocênicos
- 71 -
4.3 Clima
Rosa et al (1991) definiram o clima de Uberlândia seguindo a classificação proposta
por Koppen. Sendo assim, o município apresenta o clima do tipo Aw, megatérmico, com
presença de chuvas no verão e seca no inverno. A quantidade pluviométrica para a cidade de
Uberlândia permeia os 1500mm/aa e essas chuvas são concentradas no período de outubro a
março.
Nesse sentido os eventos erosivos ganham mais notoriedade nessa época e, portanto, o
escoamento superficial nas vertentes desprotegidas de cobertura vegetal acaba por exercer
um trabalho mais efetivo sobre a superfície do solo.
No período dito de seca tem-se, na verdade, uma redução da pluviosidade e nesse
período as grandes áreas descobertas ficam mais a mercê da ação de outro agente externo, o
vento. É pertinente chamar a atenção para esse agente erosivo que atua na paisagem de
maneira sutil, e nem por isso, menos degradante.
As massas de ar influenciam de maneira considerável na dinâmica climática df(i)-2.164-2.45995(á)3.74(t)-2.0.212(cTd[(r)2.80495585(e]TJ-268.83(p)-0.2949 )-200.262(a)-69361( )-100.2095585(ç)3.74(ã16558(o)-0.294974(.)-0.29558[( )-2441.59(A)1.57442(s-0.295587( )-100.207(m)-2.45995(a)3.74(s)-1.22997(s)-1.22997(a)3.74(s-0.295585( )-50.1761(d)-0.295585(e72659(m)-2.45873(a)3.74(85(e72655( )-20.3015(q)-0.295585(u)-0.2955-0.29558a )-0.147792(e)3.74(f)2.805-0.147792(i)-2.16681(a)3.74(m39(a)3.74( )-40.1739(a)3.74( )-180.253t)-2.16436(e)-6.2659()-2.164322(r)2.80561(ã)3.74(o)-0.29024( )-0.149014(s)-1.23127( )-100.207(v)-10.3015(a)-6.2645995(á1792( ( )-602.989 12 Tf22.0-0.29024(o)-0.295585(d)-0.295585(o)-0.290244( )-200.265(p)-0.239(f)2.8043(o)-0.295585(-0.29024( )-0.149022(r)2.80561(ã)3.74(o)-0.29024E( )-200.265( )-200.265(q)-0.295585(g)-0.295585(a)3.7(p)-0.295585(o)-0.60.182(f)2.80434( )-200.24.774 0 Td[(l-0.29024C( )-2441.59(R)-3.39556 Td[(a)3.74(n)-0.295585(t)-2.164345995(a)3.74(n)-0-60.136(a)3.74244(n)-0.29314.0.212(cTd4.774 0 Td[(l-0.29024[( )-9060.1E( )-200.266(i)-2.164(1)-0.260.1,6(e83.73182(o)9.712762.989 ]TJ-268.83T( )-200.26(p)-0.29)3.74(ã165586 -27.6 Td[61(f)2.80561(i)-2.4(i)-2.16558(a)3.74(l))2.8056C( )-2441.59(R)-3.39556 Td[(a)3.74(n)-0.280561(t)-2.16558(i)-2.16558(n)-0.295585(e)3.74(n)-0.295584(i)-2.16558(a)3.74(l))2.8056[( )-90.200T( )-200.266( )-200.2(1)-0.268558(m)-2.45873(,)-)2.8056T( )-200.26(p)-0.26436(r)-7.201514(í)-2.16436(p)-0.274121(i)-2.4(i)-2.16558(a Td[(l)-2.16435( )-40.17(n)-0.2931459(r)2.80439(l)-2.16436(â)3.7445995(á)3.74(t)-2.16436(i)-206(n)-10.3015(a)3.7[( )-9060.1T)-9.3658834( )-200.2(1)-0.2685544(s)-1.0.828m)]TJ258.753 0.3015(a)3.76(n)-10.3015(a)3.77( )-100.207(m)-2.45995(e)3.74(s)-1.2312(s)-1.3015(a)3.7P( )-160.2471(s)-1.2312(o)-0.295585(p)-10.3015(a)3..3015(a)3.75( )-200.265(q)-0.295585(u)-0.295515(a)3.75(t)-2.1643459)-100.20vq)-0.295585(g)-0.25( )-180.254(d)-0.295585(a)3.7(v)-0.295585(o)-0(a)3.7cn)-0-60.1(n)-0.29314236(a)3.74244(n)-0.293145(t)-2.164345995(a0.265(d)-0.293136(a)3.74244(n)-0.2931443(d)-10.299(e)3.742440.828m0]TJ-271.12 -27.6 Td[(p)-0.29)3.74(ã165583 -27.6 Td[)3.74(ã165586(i)-206(n)-1033117(e)3.74(n)-0.295585(d)-0.295585(o))-11.235(q)-0.2955853(u)-10.3015(m)-2.459)-11.23522997(a)3.74(t)-2.16436(.80561(-0.14779e(m)-2.459)-11.2355( )-100.206(d)-0.295585(-0.14651(t)-2.16558(i)-2.1655822997(a)3.7(n)-0.295584(i)-39014(o)-0.295585in)-0.2931459(r)2.80435(t)-2.16436(i)-2.16436(d)-0.295585(a)3.74(dt)-2.16436(a)3.74(s)-1.234( )-110.212(c)3.74(l)-2.16436(i)-2.16436(m)-2.45995(á)3.74(t)-2.16436(i)-239(t)-2.16436(a)3.74(s)-1.23p4(s)-1.)-1( )]TJ25(p)-0.295585(o)-0.60.195585(e)3.74( )-60.18220029(a)3.74(n)-0.295585(d)-0.274(s)-1.23p4i)-2.16436(d)-0.245995(e)3.74(s)-1.2312(s)-1.30-0.295585( )-616436(a)3.74(s)-1.2374( )-60.18220029(a)3.74(n)-0.29558520029(e)3.74(a)142(,)-0.1465(n)-0.295585(d)-0.274(s)-1.2312( )-60.1(o)-0.60.182(f)2.1792(d)-0.295585(o))-11.69(M6436524341(n)-0.29314236(a)3.74244(n)-0.2931443(d)-10.295585(e)3.74(271(e)3.74( )-60.182(o)9.71276)-1( 0]TJ-271.1[( )-90.5(9)-0.21655899)-0.21655879)-0.21655838(m)12.5.74( )250]T]TJ9765 12 Tf22.061(e)3.74( r)-7.201514(í)-2.1643614(s)-1.23127((m)12.5.77 )250]T]TJ0.29 12 Tf22.061(e)3.74[( )-2441.5O( )-2441.2( )-160.24[( )-2441.22997(a)3.74( )250]T38.066(o)]TJ24.3956 0 Td[(e)3.74(t61(e)3.74( r)-7.2015116558(a)3.7.2997(a)3.77 )250]T]4J0.42 12 Tf22.061(e)3.749(()2.80561(1)-0.295585(9)-0.295585(9)-0.295585(1)-0.295585.425 0 Td[(.)-0.10.2.069)]TJ-245.425 -41.64 TdL)1 )-25951(t)-2.16553(u)-10.3015(m)-2.45997(a)3.74( )250]TJ1.956(o)]TJ24.3956 0 Td[(e)3.74(t15(e)3.74(r)-7.2015116)-0.295585(l)278]TJ3332 12 Tf22.015(e)3.7[( )-90.2002(r)-7.20151(5)-0.294363(0)-0.295585491eeei1.74(16436(c)-6.2659(a)3.75( )-200.265(q)-0.295585(u)-0.295519(a)3.72( )-50.1761(n)-0.295585(o)19(a)3.7.1596(e)3.74(v)-104(271(e)3.95585(ç)3.74(ã)3.74(o)-2(e)37436(c)-6.2659(a)3.7[( )-9060.1T)-9.3658834((c)-6(1)-0.260.1.2659(a)3.7b r)-7.20151165-0.29558)3.74(ã)3.745( )-200.265(q)-0.295585(u)-0.25(d)-10.3015(i)-2.16459(a)3.75(i)-2.16459(a)3.74( )-50.1773(p)-1293136(a)3.95585(u)-0.2t1997(a)3.74( )]TJ26.3015(a)3.74(r)2.804(u)-0.295585(ç)3.74(ã)3.74(o)-9(a)3.77( )-100.205(i)-2.16452(e)3743(u)-10.3015(m)--60.145995(e)3.74(s)-1.2312(s)-.74244(a9(a)3.7P( )-12876436(c)3.74243(o)-0.295585(p)-1.16436(e)3.7426(a)-6.263460 1 (e]TJ-268.83A -27.6 Td Td[(e)3.73.74(r)2.805(l)-2.16558(â)3.74(n)-0.2949761(f)2.80561(i)-2.4(i)-2.8(m)-2.45873(,)58(a)3.74( -0.295585(o)-0.26436(r)-7.201512(i)-2.16436(v)-0.2955855(i)-2.16436(c)-633117(e)3.74(n)-0.295585(d)-0.295585(o)58(a)3.74( )-50.1773(o)-0.295585( )-60.305( )-200.265(q)-0.295585(u)-0.21(i)-2.16558(c)3.7á)3.74(t)-21(t)-2.16558(e)3.74(n)-0.29558(d)-0.295585(o)-0.29558(d)-0.295585(s)-1.2312( )-50.17s)-1.2315(t)-2.164345995(a)3.74(o)-0.293142(s)-1.2312( )-50(o)-0.295585in)-0.2931459(r)2.80435(t)-2.16436(i)-2.74243a4(s)-1.d do t0.301( )-0.147792(p)-0.295585(o)-0.293142(,)-0.14654( )-110.212(c)3.7416681(a)3.74(ms)-1.2312( )-50.17sdenrad doanaiis a
- 72 -
vezes, ventanias que podem promover o transporte de sedimentos de grandes áreas, situadas
nas chapadas, sem cobertura vegetal natural ou não. E nesse sentido a erosão passa a ocorrer
de forma diferente e bastante interessante, ponto chave para instigar novas pesquisas na
região.
Na chapada Uberlândia-Uberaba as médias anuais de chuva mostram variação
considerável de um ano para o outro (cerca de 1000 mm a mais de 2000 mm), oscilação
típica das atuações daquelas massas de ar. Essas irregularidades climáticas exercem grande
influência sobre a agricultura mostrando que, apesar das precipitações bastante elevadas para
uma região de savanas, culturas perenes e anuais podem depender de suplementação de água
por irrigação (Lima et al, 2004).
Dessa maneira é interessante se pensar no planejamento dos recursos hídricos, em
função da necessidade dessas práticas agropastoris exigem para sua manutenção. Diante
disso, Assunção (apud FERREIRA, 2005) salienta que é necessário dar ênfase ao
planejamento dos recursos climáticos, envolvendo de um lado, o uso racional dos efeitos
benéficos do tempo e do clima e do outro, a minimização dos seus efeitos adversos. A este
ultimo o autor refere-se aos fenômenos meteorológicos adversos que fogem ao padrão
habitual ou ritmo climático, causando transtornos tanto para as lavouras, como também à
população.
- 73 -
4.4 Vegetação
A respeito da vegetação, Schiavini e Araújo (1989) desenvolveram uma
pesquisa, na qual, procuraram fazer a descrição fisionômica e estrutural da vegetação
encontrada na reserva do Panga da Universidade Federal de Uberlândia.
Segundo os pesquisadores, a vegetação encontrada na reserva possui excelente
representatividade, no que tange as fitofisionomias presentes no Cerrado do Triângulo
Mineiro e que caracterizam, por sua vez, os Cerrados do Planalto Central Brasileiro. Nessa
classificação tem-se: Mata Mesofítica, Cerradão, Cerrado (sentido restrito), Campo Cerrado,
Campo Sujo, Campo Úmido e Veredas.
Na bacia do Córrego do Glória os remanescentes da vegetação típica de Cerrado estão
representados por fitofisionomias residuais, em razão, do amplo uso dado a terra no local
(extração de cascalho, pastoreio, agricultura, piscicultura). Essas coberturas residuais estão
exemplificadas pela Mata Mesofítica (mata galeria), Mata ciliar, Campo sujo, Campo cerrado
e Campo úmido e veredas (área hidromórfica) que podem ser visualizadas no mapa de uso do
solo e cobertura vegetal preparado para bacia.
Em relação à cobertura vegetal é interessante salientar algumas características (Schiavini;
Araújo, 1989) apontaram para as fitofisionomias do Cerrado na reserva ecológica do Panga,
porém, essas mesmas fitofisionomias faziam parte de uma paisagem do município, hoje, já
bastante modificada.
- 74 -
Mata mesofítica (mata de galeria e ciliar): Ela ocupa os vales dos canais de drenagem
assim como pode ser encontrada nas cabeceiras de drenagem, em terrenos bastante
encharcados ou úmidos. De uma maneira geral, apresenta alto teor de umidade relativa
no seu interior. As árvores alcançam cerca de 20 m e o seu dossel apresenta cobertura
de quase 100%, não possibilitando o aparecimento de um estrato herbáceo-graminoso,
por conta do grande sombreamento proporcionado pelas árvores maiores, sendo então,
mais comum encontrar espécies mais jovens do dossel. a mata ciliar é aquela que
acompanha o leito dos rios.
O Campo cerrado: É o termo utilizado para designar as fitofisionomias tipicamente
xeromórficas, mas, que se distingue do Cerrado (sentido restrito) em função do
espaçamento do estrato arbóreo. Esse termo foi utilizado para denominar uma forma
intermediária entre Cerrado (sentido restrito) e o Campo Sujo.
O Campo sujo: Essa fitofisionomia é caracterizada pela ausência quase que total de
elementos arbóreos em sua flora. Possui um estrato herbáceo-graminoso muito denso e
arbustos esparsos.
Campo úmido e Veredas: Nessa superfície a presença de água no solo é bastante
visível durante todo ano, até mesmo na estação seca. Possui uma vegetação
essencialmente herbáceo-graminosa, poucos arbustos e subarbustos. A Mauritia
flexuosa (Buriti) é a única espécie arbórea presente, o que caracteriza bem as veredas
da região dos Cerrados do Brasil Central.
- 75 -
4.5 Solos
O solo é um recurso natural de grande importância, não para a sociedade, mas
também para uma gama de seres vivos. Nessa cobertura, incluem-se não só as culturas como,
também, todos os tipos de árvores, gramíneas, raízes e herbáceas que podem ser utilizadas
pelo homem (Bertoni e Lombardi Neto, 1990).
Sendo esse recurso tão importante para as atividades humanas, mas também, vegetal e
dos demais animais, mostra-se aí um motivo para buscar conhecer um pouco mais as
características dos solos que sustentam grande parte da vida no planeta, sendo isso, de grande
valor para as atividades que necessitam de sua apropriação.
Baccaro et al (2001) demonstraram em seu trabalho intitulado de Mapa
Geomorfológico do Triângulo Mineiro: uma abordagem morfoestrutural-escultural, que na
unidade escultural denominada de Planalto Tabular os solos que cobrem essa morfologia são
caracterizados como sedimentos inconsolidados do Cenozóico, que por sua vez, dão origem
aos Latossolos Vermelho-Escuro e Vermelho-amarelo de texturas argilosas.
De acordo com Lepsch (2002), os Latossolos ou Ferralsols são os que apresentam
maior representação geográfica no Brasil. Eles apresentam argilas predominantemente do
tipo caulinita, cujas partículas são revestidas por óxidos de ferro, responsáveis pelas típicas
cores avermelhadas. Ainda conforme o autor op .cit. a textura (ou granulometria) é também
uniforme, uma vez ser destituído de horizonte B textural (não há acumulo de argila iluvial).
Isso proporciona uma estrutura composta de agregados muito pequenos com formato
arredondado, os quais são numerosos e acomodados de modo a deixarem uma grande
- 77 -
5– Resultados e discussões:
5.1 – O escoamento superficial e o processo erosivo em diferentes usos: resultados e
implicações na Bacia Hidrográfica do Córrego do Glória.
As mais diferentes formas de aproveitamento dos recursos naturais causam em maior
ou menor grau, impactos que podem ser previstos, mas, que nem sempre são pesquisados a
fundo pela sociedade. São vários os recursos da paisagem utilizados para sustentar as
atividades antrópicas exercidas no meio rural e urbano, e isso, implica em conseqüências nem
sempre benéficas a manutenção da Natureza e também da própria sociedade.
As bacias hidrográficas são unidades utilizadas para estudo e planejamento. Elas
fazem parte da paisagem de um local na superfície. Enfim, ela é parte do todo que recebe
diretamente a ação humana e passa por uma transformação ao longo do tempo que vai
comprometendo a sua estabilidade e dinâmica. Dentro desse aspecto, a vertente, também
assume um papel especial na sustentação das atividades mecanizadas ou não; o que pode
acabar transgredindo o limite do seu equilíbrio. Nesse sentido conhecer com maior rigor o
ambiente a ser ocupado, possibilita ao interventor a minimização dos impactos ambientais o
que acaba por refletir também em economia. Para facilitar o conhecimento sobre os adjetivos
da paisagem local é que se torna necessário o registro das formas de relevo constituintes na
paisagem (Mapa 01). Este mapa específico foi construindo tomando como base o modelado
da superfície e analisando os tipos predominantes de vertentes, em função, da interpretação
oriunda de imagem de satélite do município.
O mapeamento, por sua vez, é um dos diversos métodos para esse levantamento de
dados e serve como subsidio essencial para as demais etapas do planejamento, uma vez que
espacializa e localiza os fenômenos (Baccaro et al., 2004).
- 78 -
Mapa 01) Esboço geomorfológico da Bacia Hidrográfica do Córrego do Glória
- 79 -
Assim, Ross (1992) afirma que o entendimento do relevo e sua dinâmica passa
obrigatoriamente pela compreensão do funcionamento e da interrelação entre os demais
componentes naturais e isto é de significativo interesse ao planejamento físico-territorial.
Na área da bacia em estudo percebe-se uma configuração na paisagem bastante
comum no município. O predomínio de vertentes convexas, com declividades modestas,
auxilia o processo de ocupação tanto pelas atividades associadas ao campo como as ligadas
com a expansão urbana.
Diante disso, a evolução do uso dessa paisagem é muito rápida. Com isso, os
problemas ambientais que surgirão com o tempo, são respostas certeiras da Natureza a
qualidade dessas intervenções.
A forma da bacia hidrográfica, com vertentes amplas, mas, com declividades
moderadas em toda sua extensão, auxiliam a implementação de atividades agrícolas com a
utilização de máquinas indicando uma grande movimentação nas propriedades naturais do
local. Isso vai dinamizar o surgimento de problemas ambientais sérios, até porque a bacia
hidrográfica de estudo é amplamente antropizada.
Entre esses problemas, destaca-se o escoamento superficial em demasia, seja na forma
laminar ou concentrado, provocando a perda de solo da camada mais externa à superfície, o
que pode complicar a atividade agrícola desenvolvida nesse local, por conta da lavagem
superficial e da retirada de elementos essenciais à prática agrícola tornando assim, ao longo
do tempo, insustentável o desenvolvimento de atividades agropastoris no decorrer do tempo.
- 80 -
A bacia hidrográfica do Córrego do Glória tem uma área territorial de 11,94 km
2
. Toda
essa extensão é ocupada por uma morfologia bastante característica no município de
Uberlândia.
Nessa área encontra-se uma superfície representada por colinas convexas, extensas e
com suave ondulação, sendo que as mesmas são recobertas por uma camada de sedimentos
inconsolidados datados do Cenozóico, sobrejacentes aos arenitos correspondentes a Formação
Marilia. Ainda observou-se na parte a montante da nascente uma morfologia mais aplainada,
típica das chapadas locais, onde, cultiva-se a soja.
As altitudes dentro da área pesquisada vão de 936 m até por volta de 790 na
confluência entre o Córrego do Glória e o Rio Uberabinha. Ela pertence à hierarquia fluvial
de ordem. A sua nascente principal está situada na altitude de 890 m e sua foz a 790 m. O
ponto mais alto da bacia corresponde a 936 m de altitude. As vertentes nessa bacia
hidrográfica estão representadas pelos segmentos convexos, côncavos e retilíneos, sendo o
primeiro mais representativo. A concavidade está associada aos pontos de nascentes na bacia
hidrográfica e próximo ao fundo de vale.
Com a utilização de fotografias aéreas de 2004 pôde-se fazer algumas inferências
como, identificar os locais com maior presença de ravinas e vários canais pluviais que tendem
a concentrar os fluxos superficiais e aumentar a energia desses. Esses processos de
ravinamento estão mais concentrados na porção Norte da bacia onde é comum a prática da
agricultura convencional com uso intensivo de máquinas e cnicas de plantio mais antigas
sem presença de prática mais conservacionista.
Na região de médio a baixo curso na bacia do Córrego do Glória estão localizadas os
processos erosivos acelerados (voçorocas) que estão associados à retirada da vegetação e
- 81 -
também a exploração de cascalho que são utilizados pela construção civil para aterros e
construções diversas (fig. 12).
Nesse ponto da bacia as curvas de nível estão abandonadas, sem reformas e baixas.
Isso implica na pouca redução da velocidade do fluxo superficial. Na foto não é possível fazer
essa observação, mas, na área é perfeitamente perceptível a construção de bolsões de
contenção para água da chuva, em bom estado, e outros precisando ser refeitos.
De uma maneira geral essa parte da bacia necessita de uma reorganização das curvas
de nível, com intuito de diminuir o aumento da energia do escoamento superficial que
caminha nas vertentes; favorecendo a infiltração. Com isso, haverá menos água caminhando
sobre a superfície e caindo com violência, mediante o efeito cachoeira, dentro da voçoroca.
Fig 12: Voçoroca ativa na bacia hidrográfica de estudo.
Autor: Reis Alves, R.
Data: Mar./2004
Bolsão
- 82 -
O perfil topográfico permite ao pesquisador ter uma noção da morfologia das vertentes
que constituem a bacia em estudo, e isso ainda subsidia interpretações sobre o movimento da
água superficial. No inicio das tradagens, os pontos escolhidos, estavam a uma distância de
20 metros uns dos outros. No entanto, de acordo com as observações sensíveis em campo,
percebeu-se a pouca variação, de um ponto para outro, nas características observadas e dessa
forma, para dinamizar o trabalho, passou-se a distanciá-las em 40 em 40 metros. Porém
permaneceram sendo retiradas nas profundidades de 10, 30 e 50 cm, conforme mostra os
quadros seguintes.
Os solos na chapada Uberlândia - Uberaba, de acordo, com o estudo mais recente
efetuado por LIMA et al. (2004), reportam à ocorrência dos Latossolos Vermelho amarelo
álicos (Lva), de textura mais argilosa, Latossolos Vermelhos álicos de textura argilosa e os
solos hidromórficos álicos (Gleissolos). Os pesquisadores op cit. demonstraram com seu
trabalho, que as informações sobre os solos da chapada refletem o que fora mencionado
por outros autores, sobre a dominância desses latossolos nas coberturas da chapada,
correspondendo a 80% da área.
As análises granulométricas realizadas no LAGES/UFU
11
demonstraram uma alta
concentração de argila no segmento I que possui 280 m de comprimento no perfil topográfico
traçado. Esse local caracteriza-se por assentar uma grande plantação de soja em uma área que
possui declividade média de 1,25°. No entanto, desde o inicio da tradagem até o ponto final
desse segmento I (Quadro 03) a declividade sofreu variações pequenas, desde 0° até 3°.
A quantidade de argila presente nesse segmento foi, em média, de 81.74%. A
morfologia desse ambiente favorece a percolação da água, permitindo que o componente
11
Laboratório de Geomorfologia e erosão de solos – Universidade Federal de Uberlândia
- 83 -
perpendicular seja mais facilitado do que o componente paralelo. Isto significa que have
maior infiltração no perfil do solo do que escoamento superficial.
Segmento
do perfil
AMOSTA/USO/PROF.
ARGILA%
SILTE%
AREIA
FINA%
AREIA
GROSSA%
AREIA
TOTAL%
A 1 - 01 Soja10 cm 83,00 1,20 5,00 10,80 15,80
A 1 - 02 Soja 30 cm 84,70 1,60 4,50 9,20 13,70
A 1 - 03 Soja 50 cm 85,10 1,30 4,50 9,10 13,60
A 2 - 04 Soja 10 cm 83,40 1,80 4,50 10,30 14,80
A 2 - 05 Soja 30 cm 85,50 0,70 4,30 9,50 13,80
A 2 - 06 Soja 50 cm 85,70 1,00 4,10 9,20 13,30
A 3 - 07 Soja 10 cm 84,40 1,10 4,70 9,80 14,50
A 3 - 08 Soja 30 cm 85,30 0,80 4,40 9,50 13,90
A 3 - 09 Soja 50 cm 84,90 0,70 4,70 9,70 14,40
A 4 - 10 Soja 10 cm 86,20 1,00 4,30 8,50 12,80
A 4 - 11 Soja 30 cm 86,50 0,80 4,10 8,60 12,70
A 4 - 12 Soja 50 cm 86,20 0,50 4,50 8,80 13,30
A 5 - 13 Soja 10 cm 86,50 1,40 4,10 8,00 12,10
A 5 - 14 Soja 30 cm 86,70 0,60 4,30 8,40 12,70
A 5 - 15 Soja 50 cm 87,70 0,70 4,10 7,50 11,60
A 6 - 16 Soja 10 cm 86,90 1,40 4,00 7,70 11,70
A 6 - 17 Soja 30 cm 86,80 1,30 4,40 7,50 11,90
A 6 - 18 Soja 50 cm 86,70 1,70 4,20 7,40 11,60
A 7 - 19 Soja 10 cm 87,50 1,40 3,80 7,30 11,10
A 7 - 20 Soja 30 cm 87,50 1,00 4,20 7,30 11,50
Segmento I
A 7 - 21 Soja 50 cm 87,20 0,90 4,40 7,50 11,90
Quadro 04) Amostras de solo coletadas em perfil topográfico.
Elaborado por: Silva, J.B.
Data: Jan./2006
É bem verdade que o escoamento superficial não deixa de ocorrer, porém, a sua
presença na superfície surge com mais demora, tomando como início a ligação entre as várias
poças de água que vão se formando nas pequenas depressões do terreno em um dado tempo.
Com isso, subentende-se que uma manutenção maior da presença da partícula argila,
influenciada também, pela pouca inclinação do terreno que não proporciona uma corrida com
maior velocidade ao escoamento. O escoamento que possa vir a surgir nesse ambiente, após,
essa ligação entre as poças de água ainda encontra outra barreira que impede ou, ao menos
dificulta, a sua ação. A presença de curvas de nível mais espaçadas também auxiliam no
processo de infiltração de água no solo. As amostras extraídas em 10, 30 e 50 cm foram
- 84 -
classificadas de acordo com a carta Munssel, sendo que, as encontradas nesse segmento
foram classificadas com os índices 5YR3/3, 5YR5/8, 5YR4/5, 5YR4/4 e 5YR4/6.
A tradagem foi realizada com certa facilidade, pois, percebeu-se em vários pontos
certa compactação do solo muito variante, ou seja, em determinados locais ela se concentrava
entre 10 e 30 cm e em outros essa dificuldade passava para o intervalo de 30 a 50 cm. De
acordo com as observações no campo, as estruturas dessas amostras variavam, desde o tipo
granular (10 cm) até a prismática, quando mais úmidos. A concentração maior dessa argila
nesse segmento, e a sua pouca declividade, acenam para um comportamento pouco intenso
de escoamento superficial. Isso pode auxiliar a manutenção da argila no ambiente, haja vista,
a diferença pequena percentual entre as profundidades trabalhadas.
No segmento II (quadro 04), o uso do solo é representado pela pastagem. Aqui as
amostras coletadas apresentaram cores variantes entre os índices 5YR4/3, 2.5YR3/6,
5YR4/4, 5YR4/6, 5YR3/4. Nesse segmento foi observado a presença de fragmentos de
carvão ao longo de todo perfil trabalhado (10, 30 e 50 cm).
Segmento
do perfil.
AMOSTA/USO/PROF.
ARGILA%
SILTE%
AREIA
FINA%
AREIA
GROSSA%
AREIA
TOTAL%
A 8 - 22 Pasto 10 cm 86,80 1,20 4,50 7,50 12,00
A 8 - 23 Pasto 30 cm 85,20 1,10 5,00 8,70 13,70
A 8 - 24 Pasto 50 cm 85,20 1,20 5,00 8,60 13,60
A 9 - 25 Pasto 10 cm 83,80 2,30 5,00 8,90 13,90
A 9 - 26 Pasto 30 cm 85,70 2,20 4,50 7,60 12,10
A 9 - 27 Pasto 50 cm 85,70 2,20 4,60 7,50 12,10
A 10 - 28 Pasto 10 cm 83,60 2,30 5,00 9,10 14,10
A 10 - 29 Pasto 30 cm 84,40 2,30 5,00 8,30 13,30
A 10 - 30 Pasto 50 cm 85,20 2,10 5,00 7,70 12,70
A 11 - 31 Pasto 10 cm 83,10 1,60 5,50 9,80 15,30
- 85 -
A tradagem sempre foi mais complicada nos primeiros 10 cm e, em poucos pontos
essa dificuldade era bem menor. Essa facilidade estava sempre em locais onde, a tradagem
foi realizada na parte “côncava” da curva, ou seja, no local onde a água superficial fica
acumulada e tem a sua infiltração favorecida, tanto é, que a umidade nesses poucos pontos
eram maiores que as demais. Esse segmento tem 240 m de extensão e a declividade média
nesse trecho é de 3.8°.
O percentual médio de argila nesse segmento alcançou a marca de 84.32%. Presume-
se que a dificuldade encontrada está associada ao ressecamento da superfície do solo, haja
vista, a presença de algumas fendas, pastagem degradada em rios pontos de tradagem e
pela presença de marcas de pneus de tratores, o que salienta a utilização em maior ou menor
escala de máquinas no local, até porque, de acordo com relatos de funcionários esse ambiente
já fora utilizado para plantio convencional.
Aqui a inclinação pode não dar a certeza de sua influência no surgimento do
escoamento superficial, mas, de acordo com as observações em campo, a dinâmica desse
surgimento pode seguir a seguinte linha de raciocínio. Por conta da dificuldade de tradagem
percebida nos primeiros 10 cm do perfil, a infiltração de água sofre um decréscimo na sua
percolação, em razão, da compactação apresentada nessa superfície.
Apesar de possuir pouca cobertura vegetal que nesse caso não é uniforme - e da
mesma exercer um papel facilitador ao processo de infiltração, esse ultimo, se torna lento em
função da compactação promovida pela utilização de máquinas agrícolas e pisoteio do gado
ao longo do tempo (contribui para aumentar a densidade aparente
12
) e com isso o escoamento
12
Densidade aparente: É o índice que indica a maior ou menor compactação do solo.A densidade aparente é determinada
através da retirada de amostra inderformada com o anel de Kopeck. Pesa-se o solo após seco em estufa e divide-se o peso
pelo volume do anel. Daí os resultados serem apresentados em grama por centímetro cúbico. Geralmente, solos com menos
de 1g/cm
3
são pouco compactados, enquanto valores superiores a 1,5g/cm
3
definem solos com grande compactação e menor
capacidade de infiltração. A densidade aparente pode aumentar por vários motivos, mas o mais comum é a agricultura, pois
as máquinas agrícolas contribuem para a maior compactação do solo. A redução de matéria orgânica no solo devido a
- 86 -
se desenvolve de forma difusa na superfície e concentrado, motivado por algumas
imperfeições do terreno que canalizam e potencializam a energia da água em superfície.
Atribui-se a vegetação o papel de amortecedor da gota da chuva e com isso o splash erosion
tem a sua energia diminuída e a possibilidade de extração da argila fica a cabo do escoamento
superficial que não é intenso, por conta da infiltração que é favorecida pela vegetação e o
emaranhado de raízes.
No segmento III (quadro 05), onde está localizada a estação experimental, a área do
perfil é toda preenchida pelo plantio de sorgo. Sua extensão é de 160 m de comprimento e
apresenta um grande uso de maquinários agrícolas, uso de agrotóxicos e não se trabalha com
práticas conservacionistas a não ser a utilização das curvas -, por isso, o surgimento de
canais concentrados e ravinas na época das águas são bastante evidentes.
Segmento
do perfil.
AMOSTA/USO/PROF.
ARGILA%
SILTE%
AREIA
FINA%
AREIA
GROSSA%
AREIA
TOTAL%
A 13 - 37 Sorgo 10 cm 73,60 5,60 8,00 12,80 20,80
A 13 - 38 Sorgo 30 cm 79,50 3,10 6,60 10,80 17,40
A 13 - 39 Sorgo 50 cm 82,00 2,60 5,70 9,70 15,40
A 14 - 40 Sorgo 10 cm 70,50 11,20 6,90 11,40 18,30
A 14 - 41 Sorgo 30 cm 76,50 6,40 6,00 11,10 17,10
A 14 - 42 Sorgo 50 cm 80,90 2,50 5,60 11,00 16,60
A 15 - 43 Sorgo 10 cm 71,50 8,60 7,00 12,90 19,90
A 15 - 44 Sorgo 30 cm 75,50 5,40 6,90 12,20 19,10
A 15 - 45 Sorgo 50 cm 78,80 2,60 6,50 12,10 18,60
A 16 - 46 Sorgo 10 cm 71,40 4,80 8,20 15,60 23,80
A 16 - 47 Sorgo 30 cm 78,10 0,90 7,30 13,70 21,00
Segmento III
A 16 - 48 Sorgo 50 cm 78,20 0,50 7,40 13,90 21,30
Quadro 06) Amostras de solo coletadas em perfil topográfico.
Elaborado por: Silva, J.B.
Data: Jan./2006
As cores das amostras dentro desse segmento foram as 5YR3/4, 5YR4/4 e 5YRr4/6.
Ao contrário do que se esperava encontrar, a tradagem nesse segmento o foi difícil, a não
ser quando os pontos coincidiam com o local por onde as rodas das máquinas passavam. Nas
agricultura também contribui para o aumento da densidade aparente, diminuindo a porosidade. In: Novo dicionário
Geológico – Geomorfológico. P.186/187.2001.
- 87 -
amostras também foram encontrados fragmentos de carvão em profundidades mais
superficiais (10 a 30 cm). O percentual de argila aqui, 76.37%, é mais baixo do que os
segmentos anteriores e a declividade média nesse segmento é da ordem de 5.44°.
Esse segmento apresenta perfil retilíneo (fig.13) que também propicia o surgimento e
o aumento do escoamento superficial. Aqui se a inclinação não é um fator determinante na
perda de solo, à distância percorrida pelo escoamento pode exercer o desgaste na superfície,
lavando-a e transportando os sedimentos para diferentes áreas. Nesse local percebeu-se ao
longo da tradagem, o trajeto que a água pode tomar no terreno e ter a idéia da energia que a
mesma ganha ao longo desse segmento, chegando até formar canais mais concentrados que
podem evoluir para ravinas aumentando cada vez mais a sua energia.
Percebe-se ainda que o fato do referido segmento ser amplamente utilizado para a
agricultura leva o mesmo a perder alguns elementos que são importantes para sua resposta as
atividades antrópicas. Observando o quadro 05 constata-se que o percentual de argila diminui
na parte mais externa em direção a amostra mais profunda. Isso leva a crer que, esse tipo de
uso dado ao ambiente da maneira como é praticado, leva a um depauperamento dessa
superfície. Os sucessivos processos de compactação, escarificação e destorroamento do solo
promovem um rompimento na sua estrutura, fragilizando-o frente ao ataque do escoamento
superficial ao longo da estação chuvosa. Como não foi verificado, ao longo da pesquisa,
alguma prática conservacionista como o PD
13
, a superfície fica totalmente a mercê da ação do
splash erosion e posteriormente do escoamento superficial, atritando e transportando os
nutrientes e os elementos importantes do solo para outras partes desse ambiente.
13
Plantio Direto: Constitui-se em uma técnica conservacionista que visa aumentar a permanência da umidade no
solo, através da utilização da palhada residual da cultura anterior. Essa palhada a medida que vai sendo
incorporada ao solo, ajuda na manutenção do húmus necessário a vida do mesmo. Com isso, auxilia na formação
dos agregados e mantem argila mais presente ao solo e o mesmo fica mais resistente ao processo de arraste
ocasionado pela superfície. Essa técnica também favorece a utilização mais racional dos recursos hídricos.
- 88 -
No segmento IV (quadro 06), onde, encontra-se um remanescente de mata mesofitica,
na qual está localizada uma estação experimental. Esse segmento tem 40 m de comprimento,
preenchidos em toda sua extensão pela mata mencionada. A cobertura de serrapilheira é
grande em todo o trecho observado, mas, existem locais onde a mesma não confere uma
proteção eficiente para o solo. Em alguns locais, precisamente, onde se observou maior
declividade, vários canais concentrados. As amostras apresentaram em sua quase
totalidade, a presença de raízes, fragmentos de carvão, as maiores tomadas de umidade e a
presença de formigas e pequenos insetos.
Segmento
do perfil.
AMOSTA/USO/PROF.
ARGILA%
SILTE%
AREIA
FINA%
AREIA
GROSSA%
AREIA
TOTAL%
A 17 - 49 Mata 10 cm 77,60 0,90 7,20 14,30 21,50
A 17 - 50 Mata 30 cm 76,80 0,70 7,20 15,30 22,50
- 89 -
Fig.13) Perfil topográfico e de uso do solo na Bacia Hidrográfica do Córrego do
Glória.
- 90 -
Os solos de chapada são amplamente utilizados para sustentar práticas agrícolas,
pastoris, silvicultura e de expansão urbana. Essas atividades, apesar de impulsionarem o
desenvolvimento econômico e social da região, nem sempre estão sendo praticadas com as
devidas orientações sobre as fragilidades dos ambientes apropriados.
Por isso, se faz em caráter de urgência estudos que busquem resultados para subsidiar
as atividades antrópicas sobre a paisagem com orientações mais adequadas ao ambiente
explorado, para que essas atividades não possam comprometer a qualidade de vida das
pessoas.
Apesar da área não apresentar declividades expressivas, as classes de 0 a e entre
e 10° são as mais representativas na bacia e as feições erosivas observadas até o momento
estão localizadas dentro dessas classes (mapa 02).
A escolha dessas classes se refere justamente com o fato da área estar localizada
dentro de uma unidade morfológica, onde as declividades estão dentro do intervalo acima
mencionado (entre e 10°). vertentes com baixa declividade em função de uma longa
extensão convexa e com desenho suave sem rupturas de declive. Além disso, essa idéia vai ao
encontro às classificações propostas por Baccaro (1990) nas suas pesquisas sobre as unidades
morfológicas em área de Cerrado.
Os processos erosivos ocorrem e têm continuidade, ainda mais, na estação chuvosa
que vai de outubro a março. Com isso, as feições erosivas tendem a se tornar mais agressivas,
e a desenvolverem-se de tal maneira que a recuperação da área atingida, passa a ser algo
bastante difícil, demorado e economicamente dispendioso.
- 91 -
Mapa 02: Mapa das classes de declividade da bacia
- 92 -
No que tange ao uso dado a terra na bacia (mapa 03) percebe-se nitidamente que a
mesma não possui mais a sua configuração de cobertura vegetal original. As formas de uso
são múltiplas, porém, sabe-se muito pouco sobre qualidade desse aproveitamento. No que foi
percebido ao longo da pesquisa, chega-se a inferir algumas responsabilidades ás práticas que
continuam sem uma orientação mais adequada.
A forma como foi feita a ocupação dessa área no decorrer dos anos anteriores,
possivelmente, condicionou o ambiente a um processo de instabilidade. Os processos erosivos
observados até o momento apontam, as formas de uso implementadas na bacia, como
motivadoras de seu inicio. A retirada da cobertura vegetal original em função da ocupação
motivou o inicio desse momento de instabilidade. As vertentes convexas, predominantes na
área, facilitam o escoamento da água de maneira difusa favorecendo o aparecimento de canais
concentrados na paisagem. A configuração do uso dado ao solo é a seguinte:
Quadro 08) Uso da terra e cobertura vegetal na bacia hidrográfica do córrego do Glória:
Tipo de uso hectares km2 %
1 - Área hidromorfica 22,63 0,2263 1,90
2 - Mata Mesofítica (galeria) 85,91 0,8591 7,20
3 - Mata ciliar 71,48 0,7148 5,99
4 - Campo sujo 27,96 0,2796 2,34
5 - Campo cerrado 26,27 0,2627 2,20
6 - Expansão Urbana 307,44 3,0744 25,74
7 - Pastagem 183,04 1,8304 15,35
8 - Pastagem degradada 59,81 0,5981 5,00
9 - Hortaliça 7,90 0,0790 0,66
10 - Cultura permanente 100,50 1,0050 8,41
11 - Solo com cobertura residual 148,43 1,4843 12,43
12 - Solo exposto 152,67 1,5267 12,78
Total
1194,04 11,9404 100
- 93 -
Mapa 03: Mapa de cobertura vegetal e uso da terra
- 94 -
A área realmente reflete uma perspectiva não muito diferente das bacias hidrográficas
do município. Apenas 17.73% da bacia hidrográfica em estudo (2.1162 km
2
) estão ainda
preenchidas por remanescentes das fitofisionomias do Cerrado brasileiro.
Um ponto que deve ser chamado a atenção é que determinados usos favorecem
substancialmente ao desencadeamento do processo erosivo e as suas respectivas feições. E
não se fala aqui a respeito do processo direcionado pela presença da água da chuva.
- 95 -
Essa superfície recebe outras culturas temporárias (soja, milho, sorgo) que não são
irrigadas mecanicamente. Então, a mesma, fica por um determinado tempo (período de
estiagem) recebendo a radiação solar (insolação) de maneira direta, perdendo umidade por
conta do processo de evaporação, que a água possui um comportamento diferente em
relação a radiação solar do que o solo. Assim, compreende-se que esse comportamento
contribui para o processo de ressecamento, contração das argilas e para o surgimento das
fendas na superfície do solo.
Pelo fato dessa superfície estar mais exposta à essa ação direta da radiação solar, a
umidade no solo ficará mais susceptível ao processo de evaporação. Com isso, em situações
como na bacia de estudo, que possui uma configuração morfológica suave, e uma cobertura
vegetal escassa, dinamiza ainda mais esse processo de perda de água, favorecendo a criação
de fendas no solo, retração da argila e ressecamento do solo, influenciando negativamente o
processo de infiltração local.
É por isso que a análise da orientação de vertentes de uma determinada bacia pode ser
utilizada como ferramenta relevante na compreensão dos mecanismos que levam ao
surgimento do escoamento superficial no ambiente em questão.
Sendo assim, e não somente nessa área da pesquisa, mas também em outras, não
especificamente para áreas rurais, mas também para as áreas urbanas, as informações
produzidas subsidiam as interpretações sobre o assunto, assim como, se constitui em
instrumento eficaz para avaliar o grau de insolação e o nível de umidade a que a superfície
está exposta. Nesse sentido, saber quais sãos as vertentes ou a parte da superfície que receberá
mais insolação, pode ajudar no entendimento sobre o surgimento do escoamento superficial.
- 96 -
A bacia hidrográfica do Córrego do Glória possui em sua grande parte, declividades
no intervalo de 0 a 5°. Com isso o mapa de orientação de vertentes (mapa 4) da bacia
reforça o que foi mencionado quanto a exposição dessas superfícies mais suaves a ação
direta da radiação solar.
Presume-se que com maior exposição a radiação, as superfícies mais planas tendem a
sofrer mais com o processo de evaporação da água do solo, em especial, a superfície do perfil,
que é amplamente utilizada para a agricultura. Aqui na região o período de estiagem coincide
também com a estação do inverno que é marcadamente seca, portanto, período de baixa
umidade atmosférica. Esse período destaca-se também pela baixa nebulosidade, característica
essa bastante relevante, analisando a sua importância como anteparo natural a radiação direta
dos raios solares.
Diante disso, a diminuição da nebulosidade, contribui para uma incidência maior dessa
radiação solar, o que pode ser ruim, não às pessoas, mas, também á superfície
principalmente a que estiver exposta - pois, possibilita a perda da umidade presente no solo e
com isso dá-se o inicio ao processo de ressecamento, contração das argilas e fendilhamento da
superfície. Dessa forma, o solo fica mais endurecido exigindo do agricultor o aumento da
utilização dos recursos hídricos para a irrigação e o uso de máquinas como o escarificador e o
destorroador nas áreas agrícolas para revolver o solo.
Os diferentes ciclos de umedecimento e ressecamento podem afetar a estrutura do
solo, modificando-a superficialmente; apresentando um rearranjamento das partículas
dificultando o processo de infiltração e a emergência das plântulas. Tem-se ai o
encrostamento.
- 97 -
Mapa 4 – Mapa de orientação de vertentes:
- 98 -
5.2 – O escoamento superficial e a perda de solo nas parcelas experimentais:
Os resultados mostram que ação pluvioerosiva não é linear no tempo no espaço,
mesmo estando correlacionados e /ou ligados a outros fatores não inerentes às chuvas. Outra
observação que deve ser feita é que, principalmente, para a parcela localizada na área
agrícola, há uma perda de solo maior do que no outro período.
Mas deve-se levar em conta a alteração na superfície do solo na fase de implantação da
parcela. Isso pode influenciar resultados e não refletir de primeiro momento a realidade
hidrodinâmica. Mas mesmo assim, os resultados apresentados na pesquisa podem subsidiar
entendimentos sobre o processo pluvioerosivo na superfície do solo.
Entende-se que para ajudar na compreensão desse processo a estatística aparece como
uma ferramenta relevante para a realização de cálculos que permitem fazer as correlações
necessárias para verificar e/ou esclarecer duvidas que surgem ou venham surgir no decorrer
das leituras, assim como, poder inferir interpretações mais fundamentadas.
Os gráficos apresentados seguem uma ordem comparativa entre os usos em seus
respectivos períodos, confrontando os elementos como a pluviosidade X escoamento;
pluviosidade X perda de solo e escoamento X perda de solo para assim ter a idéia de qual
relação possui o melhor poder explicativo e dessa forma, entender melhor as implicações
desses elementos no tocante a perda de solo na área de estudo.
- 99 -
Correlação entre pluviosidade e escoamento superficial - parcela cultura -
periodo de out.2004 / fev.2005
y = 1,2635x - 7,7811
R
2
= 0,8712
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
1,8 6,8 11,8 16,8 21,8 26,8 31,8 36,8 41,8 46,8 51,8
Escoamento (l)
Pluviosidade (mm)
Escoamento (litros)
Linear (Escoamento (litros))
Graf. 01) Correlação de dados parcela cultura
Autor: Silva, J.B.
Data: Abril, 2005
Graf. 02) Correlação de dados parcela cultura
Autor: Silva, J.B.
Data: Abril, 2006
Correlação entre pluviosidade e escoamento superficial - parcela cultura -
periodo de out.2005/fev. 2006
y = 0,3302x + 7,1758
R
2
= 0,3645
3,4
13,4
23,4
33,4
43,4
53,4
20 40 60 80 100 120 140 160
Escoamento (l)
Pluviosidade (mm)
Escoamento (litros) Linear (Escoamento (litros))
- 100 -
Ao analisar o gráfico 01, deve-se deixar claro que essa maior correlação espode ser
explicado. No mês de outubro, o solo na área esteve praticamente exposto, apenas com
gramíneas espaçadas, aguardando ser preparado para o plantio. Quando essa atividade
aconteceu na área, a mesma, teve que ser repetida dentro da parcela utilizando enxadão e
picareta para representar a ação das máquinas. Assim, com essas ferramentas simulou-se a
gradeação feita pela máquina na área e para destorroar os agregados utilizou-se um enxadão.
As sementes foram plantadas conforme o distanciamento realizado fora da estação, ou
seja, 80 cm de distância de uma fila a outra e 8 cm de uma cova a outra. Nesse sentido,
trabalhou-se com intuito de representar o mais fiel possível ao processo de plantio externo a
parcela.
Com essa prática, revolvendo o material de superfície, possibilitou uma maior
semelhança no trato com o solo local. Quando as chuvas se intensificaram no mês de
novembro, o material superficial (destorroado) e o mais fino foram transportados com maior
facilidade pelo escoamento. Por isso, que se percebe uma correlação maior entre os dados
apresentados no período de out. 2004 e fev. 2005 e que coincide com o período de maior
perda de solo.
Assim, mesmo com uma superfície encrostada, em vários pontos dentro da parcela, foi
possível revolver o solo. Admite-se a idéia de que anteriormente a essa ação de mexer na
estrutura do solo - com ele ainda bastante encrostado a ação da água pluvial tenha sido
bastante forte - que há a dificuldade de infiltr
- 101 -
estrutura superficial aconteceu por conta da construção de todas as parcelas e isso
proporcionou uma realidade que não condiz com o comportamento natural da água superficial
e o transporte de sedimentos.
No período seguinte (graf. 02), observa-se que o poder explicativo dessa correlação cai
consideravelmente. Já com uma superfície mais estabilizada, a relação entre essas duas
informações, nesse ultimo período, reflete uma realidade mais condizente. E permite ao leitor
supor que nem toda a chuva é capaz de proporcionar o aparecimento de escoamento e por
conta disso, a perda de solo.
Isso acontece porque outros elementos são pertinentes nessa analise, e diante disso
fica complicado atribuir obrigatoriamente, o surgimento do escoamento superficial, somente,
à ocorrência da chuva. A umidade presente no perfil e a intensidade da chuva são elementos
consideráveis nesse processo.
Pensando nisso, a remoção e o transporte de sedimentos no corpo da parcela, não vai
ocorrer simplesmente com um único evento chuvoso. Isso fica mais claro quando se observou
no decorrer do trabalho, por vários momentos, a deposição de sedimentos na borda da calha
receptora (fig. 14). Campos (2004), trabalhando em outra área na região do Triângulo
Mineiro, observou também esse fato, ou seja, da acumulação de sedimentos na borda de sua
calha receptora, já que nesse trabalho foi utilizado também a mesma metodologia.
- 102 -
Por isso, entende-se que por vezes um único evento pluvial não é necessariamente
suficiente para remover e transportar os sedimentos em diferentes segmentos da vertente até o
fundo de vale, ou seja, nem toda chuva é capaz de desagregar e transportar, em um dado
período de tempo, sedimentos sobre o corpo da vertente.
Dessa forma é necessário o conhecimento dos outros elementos ligados à textura do
solo, cobertura vegetal, teor de umidade e a intensidade da chuva.
Fig. 14) Sedimento depositado na borda e na parede interna da calha.
Autor: Silva,J.B
Outra correlação se refere aos elementos pluviosidade X perda de solo. Nesses
gráficos é possível observar uma correlação baixa entre os mesmos, principalmente, no
segundo período. Apesar de que nos dizeres populares basta cair água para perder solo, aqui
essa máxima não é bem representada pelos números da pesquisa.
- 103 -
- 104 -
Essa relação não é linear (graf. 03 e 04). A perda de solo está ligada, sobretudo a
outros fatores que não fazem parte da chuva ou não estão ligados diretamente a ela. É
perceptível o aumento da perda de solo à medida que aumenta a quantidade de chuva, mas
isso não é uma regra. Comprimento de rampa, inclinação, teor de umidade, textura são
elementos que podem, em conjunto, servir de banco de informações sobre a influencia da
chuva no processo de perda de solo.
A textura, por exemplo, é imprescindível ao fenômeno da desagregação e transporte de
- 105 -
Observando os gráficos abaixo, percebe-se claramente que as perdas maiores estão
sendo representadas pela fração argila. Nesse caso é importante ter em mente que a argila é
uma fração predominante na granulometria deste. Mas, acredita-se que com o revolvimento
do solo na parte mais externa do perfil, para o plantio, facilitou a remoção dos sedimentos
pela chuva, o que pode ter influenciado na perda de solo. Outro detalhe observado é que as
chuvas do segundo período foram maiores que o anterior, mas, foram responsáveis por um
escoamento superficial menor do que o período precedente.
Graf. 05: Sedimentos em calha. Graf. 06: Sedimentos em calha
Data: 03/2005 Data: 03/2005
Fonte: LAGES/UFU Fonte: LAGES/UFU
A parcela dentro da área destinada à cultura apresentou durante os dois períodos de
análise altos e baixos nos valores de perda de solo. Esse comportamento é esperado, pois, não
quer dizer, sempre, que choveu perdeu solo. Por isso que no trabalho de Hudson (1933 apud
GUERRA, 1996) salienta que a correlação entre perda de solo e total de chuva é baixa. No
entanto, Guerra op cit. sinalizou que um reconhecimento do aumento da erosão, à medida
que os totais de chuva aumentam, mas, isso não é regra.
Granulometria dos sedimentos em calha - Sorgo-30/11/04
61%
18%
14%
7%
21%
ARGILA (%)
Silte (%)
Areia grossa (%)
Areia fina(%)
- 106 -
Correlação entre escoamento superficial e perda de solo - parcela
cultura - periodo de out. 2004 / fev.2005
y = 0,0541x - 0,358
R
2
= 0,3212
0,001
1,001
2,001
3,001
4,001
5,001
6,001
7,001
8,001
1,85 11,85 21,85 31,85 41,85 51,85
Escoamento superficial (l)
Perda de solo (Kg)
Perda de solo em (Kg) Linear (Perda de solo em (Kg) )
Fig. 07) Correlação de escoamento e perda de solo na parcela de cultura.
Autor.: Silva,J.B.
Fonte: Trabalhos de campo
Correlação entre escoamento superficial e perda de solo - parcela cultura -
periodo de out.2005/fev.2006.
y = 0,0051x - 0,0407
R
2
= 0,3766
0,000
0,050
0,100
0,150
0,200
0,250
0,300
0,350
0,400
0,450
0,500
0,550
3,4 13,4 23,4 33,4 43,4 53,4
Escoamento superficial (l)
Perda de solo (kg)
Perda de solo em (Kg) Linear (Perda de solo em (Kg) )
Graf. 08) Correlação de escoamento e perda de solo na parcela de cultura.
Autor: Silva, J.B.
Fonte: Trabalhos de campo
- 107 -
Esses são gráficos de regressão linear simples. E eles servem, com mencionado,
para demonstrar a dependência que existe entre os dados apresentados. O poder explicativo do
modelo (R
2
) tem essa função. No seu trabalho Gonçalves (2002) afirma que quanto mais
próximo de 1 estiver o valor de R
2
, melhor a qualidade do ajuste, melhor a dependência ( aqui
entende-se por ligação) entre os dados. É importante chamar a atenção para os resultados que
são muito díspares como apresentado nos gráficos anteriores. Aqueles pares que aparecem
isolados, distantes da linha de tendência.
Por eles, entende-se que representam resultados, por vezes, diferentes do esperado ou
do que se tem idéia mas, isso não quer dizer que estejam errados e sim representam um
comportamento diferente, comandados ou influenciados, não ,pela 4( )-180.254(t)-2.2.16436(e)5(h)-0.294363(a)3.74( )-.295585çãoan
- 108 -
relação escoamento pluvial e material em suspensão nas vertentes convexas revestidas pelo
capim brachiaria, foram altas, porem, apresentaram quantidade menor do que na porção
côncava da vertente.
A pesquisadora, referida anteriormente, demonstrou no seu trabalho que a maior perda
de material em suspensão ocorreu no período de outubro de 1985 a março de 1986, que teve
um acumulado pluviométrico de 926 mm. A essa ocorrência, a pesquisadora atribuiu alguns
fatores importantes que não podem ser esquecidos e que em conjunto ou separadamente
influenciam no processo erosivo, são eles; o período de ressecamento anterior ao período de
chuva, cobertura vegetal, a morfologia da vertente, a textura do solo e a estrutura da camada
superficial do solo. Esse ambiente trabalhado pela pesquisadora, apresentou a granulometria
do solo com 70% (em média ) de areia fina, 7% de silte e 15% de argila. Isso é um fator que
contribui bastante para a remoção desses materiais superficiais.
Porém é fato relevante analisar a chuva como agente erosivo e, portanto, além, de sua
quantidade, ela pode ao longo do tempo, causar o surgimento do escoamento superficial que
demanda a ação de desagregação e transporte de sedimentos na superfície. Para explicitar
melhor o referido, uma analise sobre as tabelas seguintes referentes a cada uso do solo ajudam
a refletir um pouco mais sobre o processo.
Tab.II) Pluviosidade na parcela da área agrícola (2004/2005)
Pluviosidade
(mm)
Freqüência
Absoluta (f)
Freqüência
Relativa (%)
(fr) = f/n*100
Escoamento
pluvial
acumulado
(EP) em
litros
Média de
EP em
litros.
Perda de solo
acumulado
em (kg) no
intervalo
Media de
perda de
solo
(kg)
5|--16.25 6 37.50 20.75
3.45
0.022
0.003
16.25|--27.50 3 18.75 48.55
16.18
0.515
0.171
27.50|--38.75 2 12.50 73.30
36,65
0.208
0,104
38.75|--50.00 5 31.25 250
50
14.751
0.289
Total 16 100 % 392.6 15.496
n é igual ao número total de freqüência absoluta.
Fonte: Trabalhos de campo em 2004/2005.
Org.: Silva, J.B.
- 109 -
A tabela anterior reúne os dados de pluviosidade e os acumulados de perda de solo e
- 110 -
intervalo notou-se ao longo das tradagens, uma dificuldade a penetração do trado. E com isso,
a ação do escoamento superficial se torna mais forte e capaz de transportar mais material
devido a pouca infiltração nesse local. Na tabela III, os valores de chuva entre 18 e 58 mm
foram os responsáveis pela maior quantidade de escoamento superficial no período,
correspondendo a quase 70% da quantidade de volume de chuva. Esses valores evidenciam
mais uma vez o papel do fator tempo e das características do solo teor de umidade
principalmente - no dado momento em que a chuva ocorre.
Os elementos chuva e tempo são informações que necessitam de mais atenção para a
compreensão do seu efeito frente à erosão superficial. Pelos números apresentados nas
tabelas sobre a pluviosidade em todos os usos da área é possível perceber que não existe uma
relação direta com a chuva. O surgimento do escoamento superficial e a perda de solo não
estão diretamente ligados à quantidade de chuva no ambiente.
Acredita-se que esse início é influenciado pela velocidade de percolação da água no
perfil e o tempo gasto para que isso ocorra. Com isso, o surgimento do escoamento está
fadado a surgir na superfície e dar continuidade ao processo de desagregação das partículas do
solo.
Tab. III) Pluviosidade na parcela da área agrícola (2005/2006)
Pluviosidade
(mm)
Freqüência
Absoluta (f)
Freqüência
Relativa (%)
(fr) =
f/n*100
Escoamento
pluvial
acumulado
(EP) em
litros
Média
de EP
em
litros.
Perda de
solo
acumulado
em (kg) no
intervalo
Media
de
perda
de solo
(kg)
18|--58
58|--98
98|--138
8
3
1
66.6
25.1
8.3
148.23
96.45
46.5
18,25
32,15
46,5
0.456
0.533
0
0.057
0.177
0
Total 12 100% 291.18 1.009
n é igual ao número total de freqüência absoluta.
Fonte: Trabalhos de campo em 2005/2006.
- 111 -
De acordo com o teste, a infiltração foi mais forte nos primeiros três minutos e,
posteriormente, houve certa lentidão na continuidade do processo que se acredita estar
influenciada pela compactação da superfície.
Essa possibilidade pode ser entendida pelo gráfico 09, pois, o mesmo mostra a
evolução da velocidade de infiltração no solo próximo à parcela da cultura.
Graf. 09) Taxa de infiltração na área de cultura
Data: Junho/ 2005.
Org.: Silva, J.B.
Essa barreira (compactação) foi percebida no momento da tradagem, principalmente
no intervalo de 10 a 30 cm. Diante disso, é compreensível a lentidão no processo de
infiltração, que por vezes, vai favorecer o surgimento do escoamento superficial de forma
mais rápida. Outro aspecto que merece atenção é que nesse período o solo estava sendo
trabalhado para o plantio de sorgo e dessa forma, ele foi todo revolvido pelo maquinário a fim
de receber as sementes.
Assim, os agregados inteiros e aqueles que foram esmagados ficam expostos e
facilitam a ação do transporte de material realizada pela chuva. A perda de solo não pode ser
associada somente à quantidade da chuva no ambiente, mas, atentar para a sua duração é
Taxa de infiltração - Parcela Cultura
10
8,7
7,3
7,7
7,6
7,6
7,6
7,5
7,4
8
8
8
7,3
7,8
8,3
8,8
9,3
9,8
10,3
10,8
0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30
Tempo (min.)
Volume (cm3)
Volume lido (cm3)
- 112 -
relevante. Ela sozinha pode não ser capaz de causar a perda de solo, outras características do
ambiente que estão sendo aproveitadas devem ser levadas em conta. E isso se refere à
condição da cobertura vegetal, tipo de solo, umidade no solo, entre outros mencionados
anteriormente.
Para enfatizar a questão da duração do evento pluviométrico, foi conseguido em
campo - após um acampamento frustrado para monitorar a chuva, escoamento superficial e
perda de solo no mês de janeiro de 2006 - de maneira totalmente surpresa, presenciar dois
eventos pluviométricos de durações e resultados distintos durante um trabalho de campo para
coleta de água e sedimentos nas estações no dia 23/02/2006.
O referido gráfico (graf. 10) apresenta duas situações e ações distintas da chuva
presenciada no local. Os dados pluviométricos estão separados por períodos de tempo (com
intervalos de 5 minutos) a partir da hora registrada pelo pluviógrafo (instalado em jan./2006).
O primeiro momento iniciou-se as 13:40h e os resultados alcançados são referentes a um
período de 25 minutos, com 9.6 mm de chuva e um escoamento de 1.8 litros. Esse evento foi
capaz de gerar uma perda de solo de 0,026 kg. Então passados 35 minutos aconteceu outro
evento produzindo uma quantidade de 10.8 mm de chuva em um espaço de tempo de 90
minutos. Esse último foi capaz de gerar um escoamento de 5,2 litros e uma perda de solo de
0,001 kg.
Analisando os eventos, nota-se a diferença em relação à quantidade de volume
escoado. Presume - se que o ocorrido no primeiro momento está associado à quantidade de
chuva em um intervalo de tempo mais reduzido (35 minutos). Isso também é reforçado pelo
fato de que o ultimo evento chuvoso ocorreu no dia anterior por volta das 19:20h, com uma
pluviosidade de apenas 0,2mm.
- 113 -
Por isso, que nesse evento, acredita-se que o condicionante da perda de solo e o
volume escoado, para essa realidade, estão ligados à intensidade do evento chuvoso. Como
nesse dia o grupo foi pêgo de surpresa, não foi possível fazer uma tomada da umidade
superficial, o que ajudaria no entendimento de alguns itens ligados ao assunto.
O solo nessa área é bastante argiloso e isso acaba por conferir ao mesmo, a retenção
por mais tempo, da umidade presente no solo, em função da potencial propriedade de
hidratação que as argilas possuem. Isso agrega a elas, a capacidade de perder umidade mais
lentamente do que se comparando com solos arenosos.
Graf. 10: Relação tempo X pluviosidade na parcela de cultura.
Fonte: Trabalho de campo
Autor: Silva, J.B.
Diante disso é presumível o fato da ocorrência de diferentes quantidades de
escoamento superficial para os eventos pluviais, nesse caso, para eventos com diferentes
durações e também quantidade de água. A possibilidade do surgimento repentino do fluxo
Relação tempo e pluviosidade no dia 23/02/2006. Estação experimental do Glória
0
1,8
0,2
4,8
2
0,8
0
0,2
0
4
2,8
1
0,2
0,4
0,2 0,2 0,2 0,2 0,2
0
0,4 0,4
0,2
0
0,2
0
1
2
3
4
5
13
:40
:00
1
3
:45
:00
13:50:0
0
13
:55
:00
14
:00
:00
14:05:0
0
14
:
4
0
:00
14
:45
:00
14:50:0
0
14
:
5
5
:00
15
:
0
0
:00
1
5
:05:0
0
15:10:0
0
15
:
1
5
:00
1
5
:20:0
0
1
5
:25:0
0
15
:
3
0
:00
1
5
:35:
00
1
5
:40:
00
15
:
4
5
:00
1
5
:50:
00
1
5
:55:
00
16:00:00
1
6
:05:
00
1
6
:10:
00
Tempo (h)
Pluviosidade (mm)
'
- 114 -
superficial, influenciada pela capacidade que o solo argiloso tem de reter a água por mais
tempo, tende a desencadear uma ação erosiva na superfície mais rápida ao longo do tempo.
Diante disso o poder de causar a desagregação por atrito, auxilia a retirar e posteriormente,
transportar os sedimentos como aconteceu com o evento 2.
Porém é relevante atentar que a perda de solo reduzida no evento 2, mesmo possuindo,
uma maior pluviosidade e escoamento, não foram capazes de retirar material proporcional
aos dados mencionados. Isso, pelo que se tem observado no decorrer dessa pesquisa, mostra
que a intensidade do evento é fonte de desagregação de materiais superficiais, aliado as
condições momentâneas do solo. Assim, como o solo superficial deveria estar mais úmido,
em razão, do evento anterior, as argilas expandidas ficam mais firmes quando agregadas umas
as outras.
Nessa pesquisa, os fatores intensidade, energia cinética, e também a cobertura vegetal
influenciam de maneira bastante intensa, já que nessa parcela, a cobertura vegetal não é
homogênea e dessa maneira, a energia cinética da gota de chuva não foi retardada a contento.
Outra questão é que dentro da parcela de cultura (sorgo na época) foram identificados
alguns formigueiros com suas entradas com diferentes tamanhos, o que pode favorecer o
processo de infiltração, e deve-se lembrar que esses formigueiros podem servir de dutos para
água em superfície, podendo mascarar o resultado sobre o escoamento superficial (EP) e da
perda de solo.
Com isso, a remoção, o transporte e até o escoamento superficial podem apresentar
resultados intrigantes como os registrados nos dias 12/01/05 que teve uma perda de solo de
0,7283 kg do período de 30/12/04 a 12/01/05 e o dia 18/01/05 referente ao período de
12/01/05 a 18/01/05 com uma perda de 4,024kg relacionados ao mesmo total de chuva de
- 115 -
42,25mm. E, provavelmente, esses motivos podem direcionar as interpretações do
pesquisador para um lado não muito correto. Mesmo sendo uma situação natural no ambiente,
deve-se atentar que o material trazido à superfície não foi desagregado pela energia cinética
da gota de chuva.
A presença desses formigueiros pode apontar para resultados curiosos tanto para o
escoamento superficial quanto para a perda de solo, proporcionando uma maior “infiltração”
dos canais difusos que se formam no interior da parcela ou, maior “remoção” dos sedimentos
que são trazidos a superfície como mostra a figura 15.
Fig. 15) Vista de alguns formigueiros encontrados dentro da parcela de uso agrícola (sorgo).
Autor: Silva,J.B.
Data: 05/2005.
Uma dinâmica diferente ocorre na parcela da mata (graf.11 e 12). Os resultados
alcançados
são bastante diferentes da realidade mencionada anteriormente. A perda de solo é bem
reduzida, visto que, a cobertura vegetal, serrapilheira (litter) e a forma como a as gotas de
chuva atuam sob o dossel, facilitam o retardo da energia cinética das gotas e auxilia no
processo de infiltração. E a relação entre pluviosidade e perda de solo é bastante distante.
- 116 -
A densidade de cobertura vegetal auxilia bastante no retardo do processo erosivo. Até
mesmo o fluxo de tronco (stemflow) tem sua ação também reduzida quando se tem sobre o
solo uma camada de serrapilheira bastante homogênea e que seja capaz então de assumir o
papel de “redutor” de velocidade desse fluxo no encontro do tronco das árvores com o solo.
Dessa maneira garante maior infiltração, pois, esse processo ocorre com facilidade
bastante grande em função também da porosidade do solo proporcionada pela presença de
matéria orgânica. No trabalho de Evans (1980 apud GUERRA, 1996) ele reforçou que uma
área com alta intensidade de cobertura, o runoff e a erosão ocorrem em taxas baixas,
especialmente se houver uma cobertura de serrapilheira (litter) no solo, que intercepta as
gotas de chuva que caem através dos galhos e folhas.
No seu trabalho Ambiente e Apropriação do relevo, Casseti (1991) enfatizou o
resultado positivo de uma boa cobertura e que, a mesma, é sinônimo de estabilização das
vertentes, contribuindo consideravelmente para a intensificação do processo da componente
perpendicular e conseqüente pedogenização, ao mesmo tempo em que atenua a ação do
componente paralelo, restringindo a participação da morfogênese.
- 117 -
Correlaçao entre pluviosidade e escoamento superficial - parcela mata -
periodo de out.2004/fev. 2005
y = 0,0025x + 1,3023
R
2
= 0,0008
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
4,00
4,50
5,00
5,50
5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55
Pluviosidade (mm)
Escoamento superficial (l)
Escoamento (litros) Linear (Escoamento (litros))
Graf.11: Correlação entre pluviosidade e escoamento superficial - parcela da Mata.
Autor: Silva, J. B.
Fonte: Trabalhos de campo no local.
- 118 -
Torna-se interessante mencionar que os totais pluviométricos são os mesmos para toda
área onde estão localizadas as parcelas (mata, pasto e cultura), no entanto, pode-se até pensar
que o total de chuva é o mesmo, mas, a quantidade dessa chuva que chega ao solo é diferente.
Ela fica reduzida (energia cinética) em função da interceptação pelo dossel dessa
cobertura, e o escoamento superficial gerado, por vezes, não é suficientemente capaz de
remover e muito menos transportar esses sedimentos em um único evento pluvial.
Nesse local onde está localizada a parcela (fig. 16) encontra-se uma mata mesofítica do
tipo mata de galeria, que envolve uma das nascentes do Córrego do Glória, ressalta-se nessa
figura a cobertura de serrapilheira (b) bastante intensa, o que favorece substancialmente o
processo de infiltração.
Fig. 16) Vista da parcela (a) e detalhe da cobertura interna de serrapilheira (litter) em (b).
Autor: Silva,J.B.
Data: 05/2005
a b
- 119 -
As correlações apresentam uma disparidade quando comparados os períodos que cada
uma representa. O gráfico 11 anteriormente citado mostra uma relação muito pequena entre os
elementos estudados. Eles são quase nulos e pode-se pensar que a mesma é uma relação
bastante difícil de acontecer,já que nem sempre quando chove há escoamento pela superfície.
Muitos são os trabalhos que enfatizam a importância da cobertura vegetal e sua relação
com a produção de matéria orgânica pro solo. Essa característica permite uma maior
porosidade ao mesmo e facilita com isso a infiltração de água no perfil, além de servir como
anteparo a ação direta da gota da chuva no solo (splash erosion). Evidentemente, aqui a
componente perpendicular irá ser bastante favorecida.
Mas é importante salientar que a pluviosidade que representa o período do gráfico 11
foi de 328 mm contra 621 mm no período representado pelo gráfico 12. Apesar de ter a maior
quantidade de chuva, o quer dizer que proporcionou o maior escoamento. E isso é uma
situação percebida, principalmente, na área da mata.
O fator tempo é um elemento bastante importante a ser analisado em estudos ligados a
erosão superficial, seja qual for o uso dado o ambiente, pois, uma quantidade menor ou maior
de chuva em um espaço temporal reduzido poderá causar o escoamento em superfície e até de
maneira mais agressiva. Em outra situação e num espaço temporal mais extenso a chuva e o
processo de infiltração poderão ser bem distribuídos; facilitando o processo de percolação da
água e a formação de solos.
- 120 -
O teste de infiltração abaixo (graf.13) demonstra como a água pode se comportar num
ambiente considerado equilibrado.
Graf. 13) Teste de infiltração na parcela da Mata.
Data: junho/2005
Autor: Silva,J.B.
Os resultados de perdas de solo registradas, até o momento, nessa parcela refletem o
que já foi mencionado sobre a importância da cobertura vegetal e de sua serrapilheira. Essa
perda está sendo até o momento, atribuída a determinados pontos dentro da parcela em que o
litter não recobre a superfície de maneira uniforme. E, além disso, a atividade desenvolvida
por formigas e outros insetos que revolvem o solo para construir suas moradas, trazendo a
superfície sedimentos que podem então, influenciar os resultados da pesquisa
, ou seja,
sedimentos que não são resultados da ação de destacamento pluvioerosiva.
Entende-se que poderia haver uma quantidade maior de informações sobre o
escoamento superficial e de uma possível perda de solo, mas, em determinadas ocasiões, os
tanques de captação estavam tombados e dessa forma, não foi possível demonstrar mais
resultados.
Teste de infiltração - Parcela na Mata
10
5
3,1
6,9
6,7
6,2
5,5
5,1
5,1
3,4
2
2
4
6
8
10
0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30
Tempo (min.)
Volume (cm3)
Volume lido (cm3)
- 121 -
Dentro dos poucos sedimentos encontrados na calha dessa estação, houve um
momento em que foi possível levar a amostra para o laboratório LAGES/UFU para que fosse
feita a observação das frações que estão sendo transportadas com maior facilidade dentro da
parcela, quando existem. Assim obteve-se o seguinte:
Granulometria calha - Estação Mata - 01/02/2005
61%
5%
26%
8%
34%
ARGILA (%)
Silte (%)
Areia grossa (%)
Areia fina(%)
Granulometria calha - Estação Mata - 30/12/2004
65%
6%
7%
22%
28%
ARGILA (%)
Silte (%)
Areia grossa (%)
Areia fina(%)
Graf. 14) Granulometria de sedimento em calha Graf.15) Granulometria de sedimento em calha
Data: 03/2005 Data: 03/2005
Fonte: LAGES/UFU Fonte: LAGES/UFU
De acordo os resultados acima, percebe-se que aqui também a argila es sofrendo maior
remoção e transporte. Isso pode estar relacionado ao fato da mesma ser a menor fração granulométrica
do
solo, menor que 0,002 mm e também pode estar relacionado à sua proporcionalidade em
superfície, equivalendo a 70,1%.
Outro detalhe é lembrar que, assim como, na parcela da cultura, a da mata, também
possui no seu interior espaços da superfície com cobertura irregular de litter, o que deixa o
topo do solo (topsoil) vulnerável a uma ação mais concentrada do splash e do escoamento
local. A relação da perda de solo e chuva está representada nas tabelas a seguir, que
reforçam a questão da proteção exercida pela cobertura vegetal ao ambiente.
- 122 -
Tab. IV) Pluviosidade na parcela da mata (2004/2005)
Pluviosidade
(mm)
Freqüência
Absoluta
(f)
Freqüência
Relativa (%)
(fr) =
f/n*100
Escoamento
pluvial
acumulado
(EP) em
litros
Média
do EP
em
litros
Perda de
solo
acumulado
em (kg) no
intervalo
Média de
perda de
solo em (
kg).
5|-- 17.48 5 38.46 4.9 0.98 0.001 0.0002
17.48|-- 29.96 4 30.77 9.65 2.41 0.015 0.0030
29.96|-- 42.44 1 7.70 0.5 0.50 0.000 0.0000
42.44|-- 54.92 3 23.07 2.7 0.90 0.001 0.0000
Total 13 100 % 17.75 0.017
n é igual ao número total de freqüência absoluta.
Fonte: Trabalhos de campo em 2004/2005.
Tab.V) Pluviosidade na parcela da mata (2005/2006)
Pluviosidade
(mm)
Freqüência
Absoluta (f)
Freqüência
Relativa (%)
(fr) = f/n*100
Escoamento
pluvial
acumulado
(EP) em
litros
Média
do EP
litros
Perda de
solo
acumula
do em
(kg) no
intervalo
Média de
perda de
solo em
(kg)
18|--52.50 7 58.33 2.8 0.40 0.0 0.0
52.50|--87.00 4 33.33 2.97 0.74 0.0 0.0
87.00|--121.50 - - - - - -
121.50|-- 156 1 8.34 1.5 1.5 0.0 0.0
Total 12 100 7.27 0.0
n é igual ao número total de freqüência absoluta.
Fonte: Trabalhos de campo em 2005/2006.
Nessa situação, ao se comparar os dados de perda de sedimentos com os resultados
referentes ao da cultura, percebe-se que a cobertura vegetal influencia consideravelmente a
ação da água e do vento (por conta da sua rugosidade). Em praticamente todas as classes de
pluviosidade, percebe-se o reduzido escoamento superficial, em função, da infiltração
dinamizada pela matéria orgânica em vários estágios de decomposição, porosidade e a
presença de raízes etc.
Em sua pesquisa de mestrado trabalhando com a mesma linha metodológica Campos
(2004) também constatou que a velocidade de infiltração, está ligada com a densidade da
cobertura vegetal e a sua serrapilheira. Ele observou isso, em testes realizados em área de
reflorestamento e uma área de mata mesofítica com as suas respectivas produções de litter, e
entendeu que esse ao se incorporar ao solo, confere ao mesmo uma maior facilidade ao
- 123 -
processo de infiltração. Além disso, esses materiais ao se decomporem auxiliam na própria
estruturação do solo.
Analisando as duas tabelas da mata (tab. IV e V) na pagina anterior, percebe-se que a
perda de solo está associada aos eventos pluviais que não ultrapassaram 30 mm de chuva. No
período referente a 2004/2005, as perdas de solo estão associadas, principalmente, no ano de
2004, ao material que foi trazido a superfície em função da sua construção podendo ser
facilmente transportado para a parte inferior da parcela. Porém, para o período seguinte,
observou-se que não houve perda de solo, no entanto, não quer dizer que não houve
mobilização de material. A questão é que o mesmo não foi suficientemente capaz de
transportar sedimentos até o final da parcela. Pensa-se assim, pelo fato de em vários
momentos de coleta em campo, encontrar água no reservatório, mas não tinha sedimentos na
- 124 -
Correlação entre perda de solo e pluviosidade - parcela mata - periodo de
out. 2004/ fev.2005.
y = -1E-05x + 0,0016
R
2
= 0,0053
0
0,001
0,002
0,003
0,004
0,005
0,006
0,007
0,008
0,009
0,01
0,011
5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55
Pluviosidade (mm)
Perda de solo (kg)
Perda de solo em (Kg) Linear (Perda de solo em (Kg) )
Graf. 16) Correlação entre perda de solo e pluviosidade - parcela da Mata.
Autor: Silva, J. B.
Fonte: Trabalhos de campo no local.
Graf. 17) Correlação entre perda de solo e pluviosidade - parcela da Mata.
Autor: Silva, J. B.
Fonte: Trabalhos de campo no local.
Correlação de pluviosidade e perda de solo - parcela mata - periodo de
fev.2005/out.2006
y = 0
R
2
= #N/D
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
18 38 58 78 98 118 138
Pluviosidade (mm)
Perda de solo (kg)
Perda de solo em (Kg) Linear (Perda de solo em (Kg) )
- 125 -
Outra relação é a da perda de solo e o escoamento superficial (graf. 18 e 19). Dentro
da mata a perda de solo não é fator preocupante ou que chame a atenção, pois, dependendo da
intensidade da chuva, a retirada de material fica condicionada ao atrito que, porventura, possa
ocorrer em função de um suposto escoamento superficial.
É claro que dentro da área de mata a forma como a chuva a penetra, com gotas
maiores e com a água escorrendo pelos troncos podem influenciar a perda de sedimentos.
Porém observou-se nas leituras e na própria pesquisa, que esse comportamento favorece
muito mais a infiltração em detrimento do escoamento. A ação do splash erosion é bastante
retardada, haja vista que, a sua presença é reduzida.
A serrapilheira ajuda na conservação da umidade presente no solo impedindo o seu
ressecamento, dificultando a evaporação de água do solo, favorecendo uma maior
decomposição da matéria orgânica e diminuindo as oscilações de temperatura na sua
superfície. A umidade fica retida por mais tempo também, em função da quantidade de argila
presente nesse solo, acima da ordem de 76%, como mostrou o quadro de granulometria das
amostras coletadas.
Isso revela uma vantagem que favorece o surgimento da componente perpendicular
que é sinônimo, de processos formadores de solos (pedogênese). Talvez esteja uma
explicação para a alta concentração de argila nas amostras coletadas no segmento I do perfil.
O contrário tende a ocorrer no solo da área da cultura, onde, evidencia o surgimento do
componente paralelo (escoamento superficial) desagregando os elementos superficiais.
- 126 -
Correlação entre escoamento superficial e perda de solo - parcela mata - no
periodo de out.2004/fev.2005.
y = 0,0009x + 0,0001
R
2
= 0,1606
0
0,001
0,002
0,003
0,004
0,005
0,006
0,007
0,008
0,009
0,01
0,011
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5
Escoamento superficial (l)
Perda de solo (kg)
Perda de solo em (Kg) Linear (Perda de solo em (Kg) )
Graf. 18) Correlação entre escoamento superficial e perda de solo - parcela da Mata.
Autor: Silva, J. B.
Fonte: Trabalhos de campo no local.
Graf. 19) Correlação entre escoamento superficial e perda de solo - parcela da Mata.
Autor: Silva, J. B.
Fonte: Trabalhos de campo no local.
Correlão entre escoamento e perda de solo - parcela mata - periodo de
out.2005/fev.2006
y = 0
R
2
= #N/D
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6 1,8
Perda de solo (kg)
Escoamento (l)
Perda de solo em (Kg) Linear (Perda de solo em (Kg) )
- 127 -
A parcela localizada na pastagem (fig.17) também apresenta resultados de perda de
solo por fluxos superficiais apesar de ter uma cobertura vegetal rasteira, porém, mais
uniforme.
Em relação a isso, a ação do splash erosion fica mais comprometida, que, mesmo
não tendo uma cobertura arbórea, a que existe vem desempenhando um papel de proteção
relativa, em face da dissipação de energia da gota de chuva ser bem mais eficiente nessa
estação experimental do que na parcela da área agrícola e menos do que a parcela da mata.
Fig. 17) Vista parcial da pastagem (a) e foto da parcela localizada na mesma área (b)
Autor: Silva,J.B.
- 128 -
A perda de solo é muito baixa para o período estudado. Essa cobertura é muito mais
satisfatória do que a exercida por outras gramíneas como a grama cuiabana (Paspalum
nonatum Flug), devido ao seu porte e densidade de vegetação na superfície.
A perda de solo nessa parcela está ligada a determinados espaços entre os tufos de
grama que se acentuam mais durante o inverno seco - e são esses espaços que recebem
diretamente a ação da gota de chuva no período das águas.
A remoção de sedimentos se faz mais efetiva, até porque, o ressecamento da superfície
é real e com isso a superfície fica mais endurecida facilitando o surgimento de um escoamento
mais rápido, com isso, o transporte para a parte baixa da parcela pode ocorrer com maior
facilidade. Dessa forma, no período inicial dos eventos chuvosos na região, possivelmente, as
regiões ocupadas por pastagem desta categoria sofrerão as maiores perdas de sedimentos em
face dela estar degradada e baixa. Junta-se a isso, o fato do gado alimentar-se da mesma.
Evidentemente, que a parcela precisa representar o mais fiel possível a situação que
ocorre no entorno, sendo assim, alguns espaços que surgem dentro da parcela são
“construídos” pelo próprio pesquisador para fazer jus ao momento em que o gado se alimenta
da cobertura do entorno e a deixa com aspecto degradado.
É fato relatar que pela presença de uma cobertura vegetal mais homogenia,
proporciona uma maior facilidade para a infiltração de água no solo. A quantidade de raízes
presentes nesse tipo de pastagem e na mata acaba influenciando esse processo e retardando a
saturação do solo.
- 129 -
Tab.VI) Pluviosidade na parcela da área de pastagem (2004/2005)
Pluviosidade
(mm)
Freqüência
Absoluta (f)
Freqüência
Relativa (%)
(fr) = f/n*100
Escoamento
pluvial
acumulado
(EP) em
litros
Média do
EP em
litros
Perda de
solo
acumulado
em (kg) no
intervalo
Média da
perda de
solo em
(kg).
5|--16.25 6 37.5 17.75 2.95 0.000 0.000
16.25|--27.50 3 18.75 13.8 4.60 0.003 0.001
27.50|--38.75 2 12.5 23.85 11.92 0.001 0.0005
38.75|--50.00 5 31.25 99.9 19.98 0.004 0.0008
Total 16 100 % 155.3 0.008
n é igual ao número total de freqüência absoluta.
Fonte: Trabalhos de campo em 2004/2005.
Tab.VII) Pluviosidade na parcela da área de pastagem (2005/2006)
Pluviosidade
(mm)
Freqüência
Absoluta (f)
Freqüência
Relativa (%)
(fr) =
f/n*100
Escoamento
pluvial
acumulado
(EP) em
litros
Média do
EP em
litros
Perda de solo
acumulado
em (kg) no
intervalo
Média da
perda de
solo em
kg
18|--58 8 66.6 37.62 4.70 0.001 0.000
58|--98 3 25.1 19.00 6.33 0.005 0.001
98|--138 1 8.3 22.00 22.00 0.001 0.001
Total 12 100 % 78.62 0.007
n é igual ao número total de freqüência absoluta.
Fonte: Trabalhos de campo em 2005/2006.
Pelas tabelas acima, nos dois períodos trabalhados, a ação da água pluvial é também
retardada pela cobertura vegetal da parcela. O capim Brachiaria ao crescer, cobre o interior
da mesma com bastante material vegetal e, a medida que o mesmo vai morrendo, se forma
uma camada densa de matéria orgânica (macroorgânica), como se fosse a serrapilheira da
mata, protegendo o solo e conferindo ao mesmo maior conservação da umidade e auxiliando o
processo de infiltração (Graf. 20).
Analisando as tabelas acima, percebe-se que as chuvas com pluviosidade até 16,25mm
foram suficientes para a geração de escoamento capaz de promover o desprendimento das
partículas superficiais do solo. Não é intencional aqui colocar isso como regra, mas apenas
frisar que apenas a quantidade de água pluvial, não diz muita coisa em si tratando de processo
- 130 -
erosivo. O espaço a ser percorrido pelo escoamento superficial é também um elemento
importante na verificação das perdas de solo na área rural.
Graf. 20) Teste de infiltração na parcela da pastagem
Autor: Silva, J.B.
Data: Junho/ 2005
As perdas de solo em áreas de pastagem movimentam os pesquisadores. Isso deve
ocorrer em função das grandes extensões de terra que são ocupadas por essa atividade na
região e no país como um todo.
Essa preocupação levou Baccaro et. Al. (2000), por exemplo, a publicar resultados de
pesquisas desenvolvidas na região de Irai de Minas - MG, onde a morfologia diferenciada
revelou-se como fator implicante ao agravamento da erosão, mas, a cobertura vegetal feita
pela grama Cuiabana (Paspalum nonatum Flug) ofereceu proteção considerável a ação da
chuva. Acompanhe os resultados referentes ao ano de 1998.
Teste de infiltração - Parcela na Pastagem
10
7
6
5
4
4
3,8
3,7
3,5
3,13,2
2
3
4
5
6
7
8
9
10
0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30
Tempo (min.)
Volume lido (cm3)
Volume lido (cm3)
- 131 -
Mês Escoamento superficial (L) Perda de solo (Kg)
Solo exposto Solo vegetado Solo exposto Solo vegetado
Janeiro 34,9 0,7 9,65 0,028
Fevereiro 11,1 1,7 5,48 0,283
Março 63,7 13,1 8,27 1,351
Abril 45,8 51,0 19,58 6,73
Maio 1,3 1,0 0,431 0,027
Junho 1,4 1,5 0,298 0,006
Julho 0 0 0 0
Agosto 0 0 0 0
Setembro 17,5 2,1 3,58 0
Outubro 29,25 2,5 2,029 0
Novembro 29,80 5,25 5,472 0,008
Dezembro 84,55 25,1 14,122 0,002
Totais
319.30 103.95 68.914 8.435
Quadro 05) Perda de solo na estação experimental da Divisa – 1998 – Baccaro et al .
Org. Silva, J.B em Ago./2006.
Neste trabalho fica evidenciada a proteção exercida pela pastagem (fig.18 e19). Apesar
de serem gramíneas diferentes, ambas apresentam eficácia a ação do splash erosion e também
ao escoamento superficial, favorecendo substancialmente a drenagem perpendicular.
Com essa facilidade, a infiltração de água no solo será favorecida e diante disso, o
escoamento superficial levará mais tempo a surgir e a começar desagregar material do
horizonte mais superficial. A energia da gota de chuva nesse ambiente também sofre retardo,
não tão favorável quanto ao que o ambiente mata pode implicar à gota, mas, superior em
relação a áreas agrícolas.
- 132 -
Fig. 18) Mostra a cobertura residual da gramínea Brachiaria na parcela da pastagem.
Autor: Silva, J.B.
Fig. 19) Mostra a cobertura residual da gramínea Brachiaria na parcela da pastagem com
detalhe para a espessura da camada morta que protege a superfície do solo.
Autor: Silva, J.B.
Além disso, para evidenciar a função dessa camada de gramíneas sobre a superfície,
essa cobertura influencia até na cor da água coletada nos galões, pois, era mais limpa até
mesmo do que a água do galão da mata, quando esse ultima tinha.
- 133 -
Isso demonstra o papel dessa cobertura vegetal, que os números apresentados
anteriormente, ratificam a importância que a mesma exerce no ambiente. Assim os dados
apresentados no quadro (quadro 05, p.130) mostram uma redução no escoamento gerado na
parcela de solo vegetado de 32.28% menor do que o do solo exposto e uma redução na perda
de solo entorno de 12.24% .
A análise deve ser feita ressaltando muito mais a quantidade de escoamento
superficial com a perda de solo, pois, esse, entra em contato direto com o ele. Mesmo sabendo
que esse componente pode levar tempo para surgir, quando ocorre, arrasta o material mais
externo. Associa-se a isso a questão da distância percorrida por esse escoamento na superfície.
A perda de solo nessa parcela pode ser influenciada pela qualidade dessa cobertura
vegetal. Em razão do pastoreio existente, determinadas partes dessa cobertura são mais
consumidas do que outras, deixando-a com uma cobertura irregular. Os espaços vazios sofrem
a ação do splash erosion com mais incidência e, nesses pontos, a remoção de partículas é real.
Além disso, uma área ou superfície maior a ser trabalhada pela ação do escoamento
superficial pode levar ao aumento da perda de solo, provocada pelo atrito dessa água em uma
superfície úmida ao longo da vertente. Lembra-se aqui o efeito do comprimento de rampa
na velocidade do escoamento, no aumento do gradiente vertente abaixo proporcionando, por
conseguinte, a influencia na perda de solo (graf.21 e 22).
- 134 -
Correlação entre pluviosidade e escoamento superficial - parcela com
pastagem - periodo out.2004/fev.2005
y = 0,53x - 3,85
R
2
= 0,509
1,8
6,8
11,8
16,8
21,8
26,8
31,8
36,8
41,8
46,8
51,8
5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55
Pluviosidade (mm)
Escoamento superficial (mm)
Escoamento (litros) Linear (Escoamento (litros))
Graf. 21) Correlação entre pluviosidade e escoamento superficial – parcela pastagem
Autor: Silva, J.B.
Correlão entre pluviosidade e escoamento superficial - parcela com
pastagem - periodo de out.2004/fev.2005
y = 0,1505x - 1,235
R
2
= 0,744
0,9
1,9
2,9
3,9
4,9
5,9
6,9
7,9
8,9
9,9
10,9
11,9
12,9
13,9
14,9
15,9
16,9
17,9
18,9
19,9
20,9
21,9
22,9
23,9
18 28 38 48 58 68 78 88 98 108 118 128 138
Pluviosidade (mm)
Escoamento Superficial (l)
Escoamento (litros) Linear (Escoamento (litros))
Graf. 22) Correlação entre pluviosidade e escoamento superficial – parcela pastagem
Autor: Silva, J.B.
- 135 -
Essa correlação apresentada pelos gráficos da pagina anterior indicam o melhor poder
explicativo entre as informações pesquisadas em ambos os períodos; é o da pluviosidade X
escoamento superficial. Porém, essa relação não foi capaz de produzir um escoamento mais
eficiente no processo de desagregação de partículas da superfície. Essa relação linear
permaneceu em apenas 50% dos casos no primeiro período de pesquisa. Já no segundo
período essa correlação direta sobe para entorno de 70% dos casos. Mesmo assim, conforme
foi demonstrado nas tabelas V e VI o escoamento não foi capaz de gerar perda de solo
expressiva .
A correlação entre escoamento e perda de solo (Graf. 23 e 24) apresenta índice muito
baixo. No primeiro período essa relação direta ocorre em apenas 4% dos pares e no segundo
período ocorre em simplesmente 12%. A cobertura vegetal tão mencionada no trabalho
funciona como um freio a ação cinética da água da chuva.
Graf. 23) Correlação entre escoamento superficial e perda de solo – parcela pastagem Autor: Silva, J.B.
- 136 -
Graf. 24) Correlação entre escoamento superficial e perda de solo – parcela pastagem
Autor: Silva, J.B.
Anteriormente foi visualizado, figuras que mostram como é densa a cobertura exercida
pela gramínea em uso. A água da chuva não penetra com tanta facilidade aquele emaranhado
de folhas e raízes, e dessa forma, a água chega no topsoil
14
mais lenta e com menos energia.
Com isso, é possível entender que a relação direta dos pares de informações entre
pluviosidade e perda de solo ficou bastante baixa.
A camada de cobertura morta sobre a superfície do solo leva a entender que a
pastagem, quando bem cuidada, pode interferir no surgimento e no avanço do escoamento
superficial e com isso, minimizar a ocorrência de feições erosivas. Porém, isso não ser
considerado como fator motivador para o desmatamento desenfreado sem nenhum tipo de
cuidado. A retirada da cobertura vegetal original, e a sua substituição podem comprometer a
hidrodinâmica do ambiente, mesmo que esse venha a ter uma superfície vegetada.
14
O mesmo que topo do solo.
Correlão entre escoamento superficial e perda de solo - parcela
com pastagem - periodo de out.2005 / fev. 2006
y = 9E-05x - 1E-06
R
2
= 0,1249
0
0,001
0,002
0,003
0,004
0,005
0,006
0,9 4,9 8,9 12,9 16,9 20,9 24,9
Escoamento (L)
Perda de solo (kg)
Perda de solo em (Kg) Linear (Perda de solo em (Kg) )
- 137 -
Nos gráficos 25 e 26, respectivamente, apresentaram apenas 10% dos pares do
primeiro período com uma ligação direta e no período seguinte apenas 11%. Essa perda de
solo deve ser lida também como um resultado da massa vegetal assentada sobre esse solo. No
entanto, é necessário não colocar em segundo plano, outros elementos bastante pertinentes ao
estudo sobre erosão.
O comprimento de rampa, propriedades do solo, inclinação do terreno e o manejo dado
ao solo são fatores intervenientes ao inicio do processo erosivo e precisam ser pesquisados
com mais detalhe e em tempo hábil para poder encontrar respostas que possam orientar
melhor a utilização da paisagem.
Correlação entre perda de solo e pluviosidade - parcela com pastagem -
periodo de out.2004/fev.2005
y = 2E-05x + 3E-05
R
2
= 0,1097
0
0,0005
0,001
0,0015
0,002
0,0025
0,003
0,0035
5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55
Escoamento (l)
Perda de solo (kg)
Perda de solo em (Kg) Linear (Perda de solo em (Kg) )
Graf. 25) Correlação entre perda de solo e pluviosidade – parcela na pastagem.
Autor: Silva, J.B.
- 138 -
Correlação entre Pluviosidade e perda de solo - parcela na pastagem -
periodo de out. 2005 / fev. 2006.
y = 1E-05x - 0,0002
R
2
= 0,1128
0
- 139 -
6) CONSIDERAÇÕES FINAIS:
O cuidado com a apropriação dos espaços naturais pode servir como grande
ferramenta na prevenção de resultados negativos para o ambiente e para a população que o
cerca.
As pesquisas desenvolvidas e embasadas em conhecimentos geomorfológicos são de
suma importância para a compreensão do comportamento da paisagem frente à ação humana.
As causas e conseqüências dessas práticas, muitas vezes, limitadas em orientação científica e
profissional podem levar ao desenvolvimento de vários veis de degradação ambiental com
implicações sociais graves.
O relevo é o elemento importante no estudo sobre a paisagem. A vertente é ainda mais,
porque é nesse componente em que as atividades antrópicas são implementadas com rigor, no
que tange, a absorção de espaços para atividades agropastoris, industriais e ao crescimento
descontrolado das áreas urbanas. As diversas formas de ocupação das encostas fazem com
que o “novo” ambiente, ao passar dos anos demonstre as respostas agressivas às ações
antrópicas mal orientadas e a própria sociedade é vitima disso.
Assim, as pesquisas sobre a dinâmica erosiva podem servir como ferramenta para
fundamentar as orientações para as práticas humanas que transformam a paisagem. Dessa
maneira, a erosão superficial e o transporte de sedimentos da vertente são fatos que merecem
atenção, pois, elas têm como efeito, a lavagem do horizonte superficial tão importante para as
atividades ligadas ao campo.
- 140 -
Ao fim dessa caminhada, com o trabalho pronto, chega-se ao entendimento que ainda
é importante dar muitos passos em busca de resposta, falta muita coisa. a necessidade de
buscar informações mais apuradas sobre o comportamento da água em superfície e
subsuperficie, a execução de testes mais elaborados sobre a matéria orgânica, por entender,
que ela está diretamente ligada ao mecanismo da erosão.
Ressalta-se aqui o valor da cobertura vegetal, como fator de estabilidade no ambiente
e sobre a sua capacidade de tornar a ação da água pluvial menos violenta sobre o relevo.
Chama-se a atenção para a necessidade de monitoramento do avanço de feições erosivas
(ravinas e voçorocas) buscando entendê-las para assim, atuar com a perspectiva da
recuperação dos ambientes degradados.
Aos agricultores donos de um poder grandioso de transformação do ambiente, sugere-
se urgentemente a utilização de práticas conservacionistas nas propriedades, buscando não
deixá-las sem algum tipo de cobertura sobre o solo; renovar as curvas de nível e respeitar as
nascentes e os corpos d’água.
O que ocorre na bacia do córrego Glória, em termos de apropriação do relevo e as
suas conseqüências ambientais são bastante corriqueiras em outras localidades. Ela é uma
bacia hidrográfica amplamente antropizada e dessa maneira, reflete uma realidade muito forte
no município.
Nesse momento final entende-se que o processo erosivo acelerado não tem sua origem
ligada somente a um fator ou elemento natural. As características ligadas ao solo, a cobertura
vegetal, a chuva, a morfologia, são condicionantes do processo erosivo e não determinantes.
Agora, a ação antrópica tem capacidade suficiente para aumentar a intensidade dos eventos
- 141 -
erosivos. Assim, acredita-se que atribuir a responsabilidade do surgimento do processo
erosivo a um único elemento físico ou humano é correr o risco de apontar para o lado errado.
Ao longo da experiência na iniciação cientifica até o presente momento permitiu
enxergar a necessidade de estudar com mais profundidade esse tema, atribuindo ao mesmo
uma perspectiva recuperadora. Dessa forma, considera-se a experiência até aqui positiva, pois
alimentou a vontade de entender mais sobre um assunto tão complexo e de grande
importância socioambiental.
Diante disso, chega-se a esse momento do trabalho não o considerando como final e
sim, como uma etapa construída com fins futuros. Assim pretende-se chegar, a um outro
momento da pesquisa. Enfim, fica essa primeira parte como um subsidio para aqueles que têm
interesse em solucionar ou ganhar novas dúvidas sobre o tema escolhido.
Pensando dessa maneira acredita-se ter cumprido o seu papel, pois no seu intimo, a
pesquisa esteve fundamentada na busca de uma melhor compreensão dos fatos e não na
elucidação dos mesmos, o qual não é propósito de um trabalho dessa categoria.
- 142 -
7 –Referências:
AMORIM, R. S. S. Desprendimento e arraste de partículas de solo decorrentes de chuvas
simuladas.Viçosa,Dissertação de mestrado,UFV,2000.
BACCARO et al. Os processos erosivos e a sustentabilidade ambiental em área de cerrado
Irai de Minas. In: Suatentabilidade do sistema agroalimentar nos Cerrados: Entorno de Irai de
Minas. (Org.). Shigeo Shiki, Edufu. p69-85.Uberlândia. 2000.
BACCARO, C.A.D. Estudos geomorfológicos no município de Uberlândia. Revista
Sociedade & Natureza,Uberlândia, n. 1, ano 1, p.17-21, junho. , 1989
BACCARO, C.A.D. Estudos dos processos geomorfológicos de escoamento pluvial em área
de Cerrado.Uberlândia – Mg. São Paulo. Tese de Doutorado, USP.Datilografado,1990.
BACCARO, C.A.D. Unidades geomorfológicas do Triângulo Mineiro Estudo
preliminar.Revista Sociedade & Natureza,Uberlândia, n. 5 e 6, p.37-42,jan./dez. 1991.
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