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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
REVISTA LITTERARIA DO GABINETE DE LEITURA DE MAROIM
(1890-1891): subsídios para a história dos impressos em Sergipe
Maria Lúcia Marques Cruz e Silva
São Cristóvão - Sergipe
2006
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Após Gutenberg, é toda cultura do ocidente que pode ser
considerada uma cultura do impresso, pois os produtos dos
prelos e da composição tipográfica não são de modo
nenhum reservados, como na China ou na Coréia, ao uso
das administrações e dos cleros, irrigando, pelo contrário,
todas as relações, todas as práticas.
Roger Chartier (1987:139)
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A meu pai, Adalberto Cruz (in memoriam) professor primeiro da matéria Maruim. Cada
vez mais compreendo sua inquietação.
À minha mãe, Julieta Marques Cruz (in memoriam), cúmplice cordata no início desta
caminhada.
A Joel Macieira Aguiar (in memoriam), Maruim e seu Gabinete não serão esquecidos.
Aos colegas de formatura do Curso Primário no Grupo Escolar Padre Dantas, em
Maruim: Edileuza Costa, José Aécio Rego, Jaime Vieira Santos, Luiz Vieira Messias, Maria da
Conceição Santos, Maria Nunes de Oliveira, Maria Elizete Santos, Pedro Cardoso dos Santos,
Zenilda Silva de Oliveira, e aos demais que não puderam participar da festa de encerramento. A
“saudosa despedida” impregnada de sonhos emerge aqui com um convite para retornarmos ao
recinto do Gabinete, porque a “mágica das palavras” agora tem uma outra apropriação.
A tio Luiz, tia Maria e Dindinha Rosa (in memoriam), que me receberam como filha aqui,
em Aracaju, para continuar os estudos. A eles devo toda a minha trajetória profissional.
A meu esposo, Manoel Lopes, pois é muito bom ter por perto um companheiro amigo,
solícito e partidário das conquistas.
A meus filhos, Marília e Antônio Fernandes, com a esperança de que a lição do vovô
Beto rebrote, pois vocês dão um tom especial, e mais vida, a minha existência.
AGRADECIMENTOS
Ao Senhor Bom Jesus, por mais um passo para ajudar Maruim, e pela presença constante.
A Gilda Vasconcelos Gama da Silva, que colocou o professor Dr. Jorge Carvalho do
Nascimento em meu caminho, quando ele visitou os arquivos da antiga Escola de Economia
Doméstica de Maruim.
A meu orientador, Professor Dr. Jorge Carvalho do Nascimento, incansável pesquisador
em Sergipe, por acreditar no estudo do Gabinete de Leitura de Maruim e, mais tarde, da Revista
Litteraria. As suas conferências e aulas magistrais são inesquecíveis.
À Professora Dra. Anamaria Gonçalves Bueno de Freitas, pelas preciosas sugestões no
Seminário de Pesquisa e, especialmente, no Exame de Qualificação. Você é um exemplo de
educadora.
Ao Professor Dr
. Miguel André Berger, desde o primeiro contato na seleção até as
apreciações acerca da cidade de Maruim em torno do seu Gabinete e do Grupo Escolar Padre
Dantas.
Ao Professor Dr. Josenildo Guerra, pelas orientações e uso da linguagem jornalística no
Exame de Qualificação.
A Pedrinho dos Santos, dedicado funcionário da Biblioteca Pública Epiphânio Dórea, a
quem devo e deixo a minha eterna gratidão, em nome da minha cidade, por colaborar na
localização da Revista Litteraria, objeto central deste estudo.
A Gebhard Schramm, pelo envio de documentos e fotos (do seu acervo na Alemanha) que
pertenceram aos seus familiares.
A Thomaz Cruz, pelas informações biográficas e iconográfica de Thomaz Rodrigues da
Cruz, seu avô.
À Acácia Cruz, pela efígie de João Rodrigues da Cruz.
À minha irmã, e segunda mãe dos meus filhos, Professora Maria Célia Marques Cruz,
presença significativa para a família, preenchendo há décadas as minhas ausências nos tempos
subtraídos pelos livros. Obrigada também por ter-me emprestado seus olhos nas transcrições da
Revista Litteraria, e pela emoção com as novas notícias velhas de Maruim.
Aos demais irmãos: Selma, Telma, Gilberto e Luiza. Uma família unida vale mais que o
mais caro brilhante. Obrigada pela compreensão e carinho. Perdoem as ausências; eu não esqueci
vocês.
À Companhia de Desenvolvimento Industrial e de Recursos Minerais de Sergipe
CODISE, pelo patrocínio do Curso de Inglês no ICA, que me possibilitou ingressar no Mestrado.
Ao Ex-Presidente da CODISE, Norman Oliveira, pela liberação para a realização do
Mestrado.
Ao atual Presidente da CODISE, Décio Garcez Vieira Filho, pelo apoio geral.
A todos os colegas da CODISE, em especial José Carlos de Castro, pelo auxílio nas
discussões e versões das correspondências da Alemanha ao pessoal do COINF, Ana Cleide
Barros dos Santos que, com paciência e dedicação, digitalizou todas as 34 edições da Revista
Litteraria; A Marcelo Henrique Oliveira Menezes, Saulo Ribeiro Costa Aragão que muito
colaboraram no tratamento das imagens e da impressão dos textos.
À Universidade Tiradentes, na pessoa do Magnífico Reitor Professor Jouberto Uchoa de
Mendonça, um entusiasta da cultura sergipana. Obrigada pela parceria nos desafios propostos.
Ao Pró-Reitor Adjunto de Assuntos Comunitários e Extensão da UNIT, Professor MSc.
Gilton Kennedy de Souza Fraga, as discussões em torno da história da educação, as conquistas
partilhadas no convívio da PAACE.
A todos os colegas da UNIT, em especial, Sandro Ribeiro, pela torcida e diálogo
constantes; Edilene Gomes, pelo apoio geral e pela curiosidade com os folhetins da Revista
Litteraria; Magno de Jesus Pereira, pelo apoio no âmbito da organização dos textos; à Professora
Dra. Simone Antoniace Tuzzo, pelas valiosas discussões e sugestões de leitura; ao Professor
MSc. Antônio José de Santana, pelas sugestões no trato dos títulos e dos textos; à Professora
Dra. Ester Fraga Vilas-Bôas Carvalho do Nascimento, pelas discussões valiosas no
GPHPE/UNIT; ao conterrâneo amigo Marcelo Maynart Nunes, sempre solícito com as suas
produções para evidenciar Maruim; ao pessoal do cleo de Criação, Glauber, Rogério e Jean;
aos funcionários da Biblioteca Central Jacinto Uchôa de Mendonça, em especial Mary Anne
Menezes Bittencourt, pela colaboração com as buscas fora e dentro do Estado, ao professor Igor
Libertador, pela criação da capa da Dissertação.
Aos amigos da Secretaria de Estado do Planejamento, em especial a Artemízio Cardoso
Rezende, José Carlos Oliveira de Sousa, Lourivalda Alves de Oliveira, Antônio Poderoso e
Eduardo José dos Santos Filho, este pelo trato com as informações armazenadas em Banco de
Dados Microsoft Access;
A todos os colegas do Mestrado, a partilha nos tempestuosos e alegres momentos. É
impossível não lembrar: a dupla do empreendedorismo: Betânia e Ângela; Orlando Rochadel e a
Escola Modelo do Santa Maria; Mariluze Siqueira e o Programa de Qualificação Docente; Isis
Mota e o ALFASOL; Cristina Valença e o médico e educador Helvécio Andrade; Simone
Amorim e o Professor Alfredo Montes; Ricardo Abreu e os bacharéis fardados; Ana Luzia e o
jornal A Defesa, da Diocese de Propriá; Fernando Cajueiro que aliou a arte à Pedagogia; Marco
Arlindo e o seu Patronato Agrícola; Luiz Siqueira e os métodos educacionais do século XIX;
Cristiane Vitório e as leituras pedagógicas de Sílvio Romero. No primeiro dia de aula, ao abraçar
literalmente a História da Leitura, ela nos apresentou Márcia Abreu e seu grupo e, durante esse
delicioso convívio, portou-se, especialmente para mim, como uma dedicada Decurioca, obrigada
pelas enriquecedoras sugestões de leitura, pela sua República das Letras em Sergip;, por tudo.
À colega, Maria de Lourdes Porfírio Ramos Trindade dos Anjos, sua simplicidade
enaltece suas convicções; parabenizo aos membros da Congregação Batista dos Estados Unidos,
do Brasil e de Sergipe, pela pesquisa pioneira em torno do Educandário Americano Batista de
Sergipe. A sua amizade foi indispensável nesta trajetória. O Mestrado me deu mais uma irmã.
Aos professores do Núcleo de Pós-graduação em Educação, pela dedicação ao Mestrado;
aos funcionários Carlinhos e Edson pelo fino trato. Edson, obrigada pelo Curriculum Lates e
pela confiança nos empréstimos dos livros.
À Professora Wilma Ramos, pelo seu encantamento no trato com os textos, obrigada pela
sua amizade.
À Priscila Maynard Araújo, pelas discussões em torno da Língua Portuguesa e Inglesa.
Ao amigo e conterrâneo Jeová Santana, pois “a poesia é necessária” e a amizade também.
RESUMO
Este estudo tem como objetivo geral descrever e analisar a Revista Litteraria “Orgam do
Gabinete de Leitura de Maroim”, que circulou entre os anos de 1890 e 1891, durante um período
de oito meses, como estratégia de luta de um grupo de negociantes e intelectuais ligados ao
Gabinete que fazia oposição aos poderes públicos, na imposição de suas representações culturais
e políticas. A partir de informações contidas no conteúdo e nos recursos materiais e tipográficos
das 34 edições, no processo de produção, circulação e apropriação, foi possível conhecer o perfil
dos autores mais presentes e a proposta pedagógica da Revista, partindo dos conceitos de
apropriação, representação e materialidade de Roger Chartier e do Método Indiciário de Carlo
Ginzburg. A análise do corpus textual detectou obras literárias, discussões acerca da Nova
Pedagogia, cientificismo, educação da mulher e política, inspirados nos ideais republicanos. Os
embates ideológicos foram a causa do fechamento da tipografia onde a revista era impressa.
Palavras-chave: Revista Litteraria, Gabinete de Leitura de Maruim, história da educação,
história dos impressos, idéias liberais.
ABSTRACT
This study has a general goal to analyse and to describe the Revista Litteraria “Orgam do
Gabinete de Leitura de Maroim" published between 1890 and 1891, in period of eight months as
a struggle strategy by a group of intellectuals which belonged to the Cabinet and where at
opposite endes to the publics’ government, regarding their cultural and politic’ representations.
From the informations within the content and the typographic as well as the material resourses of
the whole thirty-four editions in the process of prodution, circulation and apropriation it was not
only posibile to acknowledge the profile of the authors which were more present but also the
educational aim of the Cabinet, whish was in accordance to the concepts of apropriation,
representation and materiality proposed by Roger Char
SUMÁRIO
Lista de siglas e abreviaturas
Lista de imagens
Lista de quadros
Lista de gráficos
Introdução....................................................................................................................................
1
Capítulo I – Maruim no século XIX ...........................................................................................
16
1.1 – A imprensa de Maruim..................................................................................................
26
1.2 Visitando o Gabinete de Leitura de Maruim.................................................................
31
Capítulo II Revista Litteraria: aspectos gráficos e circulação...................................................
46
2.1 Recursos materiais e tipográficos.................................................................................
50
2.2 Do Brasil para Maruim via vapor................................................................................
70
2.3 A palavra pelo fio.........................................................................................................
75
2.4 Em cima do balcão.......................................................................................................
79
2.5 Por trás da moldura......................................................................................................
87
Capítulo III – A Revista e seu perfil editorial.............................................................................
96
3.1 (Re)lendo os editoriais................................................................................................
97
3.2 Passando a limpo “A Lápis”......................................................................................
109
3.3 Autores presentes.......................................................................................................
114
Capítulo IV – O projeto educacional do Gabinete de Leitura de Maruim..................................
124
4.1 Folheando poemas e folhetins.....................................................................................
126
4.2 – A educação da mulher em (re)vista ...........................................................................
141
4.3 – O discurso pedagógico da Revista Litteraria...............................................................
147
Considerações finais....................................................................................................................
168
Bibliografia e fontes .........................................................................................
172
Anexos..................................................................................................................................
191
Lista de siglas e abreviações
BICEN – Biblioteca Central da Universidade Federal de Sergipe
BPED – Biblioteca Pública Epiphânio Dórea
BGLM – Biblioteca do Gabinete de Leitura de Maruim
BLMC – Biblioteca da Loja Maçônica Camerino
GLM – Gabinete de Leitura de Maruim
IHGS – Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe
IHGB Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro
NPGED – Núcleo de Pós-Graduação em Educação da UFS
RL – Revista Litteraria
RLGLM Revista Litteraria do Gabinete de Leitura de Maruim
SL Sociedade Literária
APES Arquivo Público do Estado de Sergipe
AGJ Arquivo Geral do Judiciário
ITBEC Instituto Tobias Barreto de Estudos e Cultura
Lista de Imagens
Figura 1: Porto das Redes (1860) - Trapiche Alfandegário.......................................................
17
Figura 2: Vista geral da cidade de Maruim ..............................................................................
23
Figura 3: Foto de João Rodrigues da Cruz................................................................................
36
Figura 4: Foto de Thomaz Rodrigues da Cruz .........................................................................
37
Figura 5: Foto do Cônsul F. Otto Schramm .............................................................................
38
Figura 6: Antiga fachada do Gabinete de Leitura de Maruim ...................................................
43
Figura 7: Atual fachada do Gabinete de Leitura de Maruim .....................................................
45
Figura 8: Dedicatória do vol. I da Revista Litterária..............................................
.................
47
Figura 9: Dedicatória do vol. II da Revista Litterária....................................................... ......
48
Figura 10: Fac-símile de frontispício da Revista Litteraria 5 (primeira fase).....................
54
Figura 11: Aviso aos proprietários de engenhos........................................................................
58
Figura 12: Vinhetas da Revista Litteraria................................................................................
61
Figura 13: Figuras polimórficas.................................................................................................
61
Figura 14: Querubim portando um bandolim.............................................................................
62
Figura 15: Querubim em folhagem de videira...........................................................................
63
Figura 16: Fac-símile de frontispício da Revista Litteraria 21 (segunda fase)................... 65
Figura 17: Artigo: Do Rio de Janeiro: Ensino e Trabalho........................................................ 66
Figura 18:Escrinio Litterario” –
Os Morangos (folhetim).....................................................
68
Figura 19: Seção Propaganda – Farmácia Lealdade de Horácio Martins..................................
80
Figura 20: Seção Propaganda –
Fábrica de Cigarros Estrela.....................................................
81
Figura 21: Seção Propaganda – Parabéns ao Belo Sexo - Casa Deodato Maia........................
81
Figura 22: Seção Propaganda – Refinação Maroinense de Ricardo M. Freire..........................
83
Figura 23: Seção Propaganda – Popular Loja Lily ...................................................................
84
Figura 24: Seção Quadro de Honra – Senador Dr. T. Cruz ......................................................
87
Figura 25: Seção Quadro de Honra – João Rodrigues da Cruz..................................................
88
Figura 26: Seção Quadro de Honra - F. Otto Schramm ............................................................
89
Figura 27: Foto de Joaquim Martins Fontes ..............................................................................
116
Lista de quadros
Quadro I Edições que constam da primeira coleção da Revista Litteraria...............................51
Quadro II Edições que constam da segunda coleção da Revista Litteraria........................... 52
Quadro III Periódicos que se permutaram com a RL na primeira fase.......................................72
Quadro IV Periódicos que se permutaram com a RL na segunda fase.......................................74
Quadro V Sócios do GLM cujos nomes foram publicados na coluna Quadro de Honra...........90
Quadro VI Sócios-Fundadores do Gabinete de Leitura de Maruim, conforme Acta de
Instalação datada de 19 de agosto de 1877............................................................................... .....92
Quadro VII Autores que publicaram na Revista Litteraria....................................................120
Quadro VIII Seções para análise da presença do GLM na Revista Litteraria...................... 121
Quadro IX
Dispositivos discursivos para análise da Proposta Pedagógica da Revista Litteraria
.....................................................................................................................................................166
Lista de gráficos
Gráfico 1 Presença do GLM no corpus textual da Revista Literaria................................... 122
Gráfico 2 Dispositivos discursivos da RL para análise da Proposta Pedagógica da Revista
Litteraria ................................................................................................................................... 167
INTRODUÇÃO
A partir dos anos 60 do século XX, a Nova História Cultural vem oferecendo opções
teórico-metodológicas de estudos com objetos antes rejeitados pela história tradicional. Esse
novo modo de olhar novos objetos vem despertando interesse no meio acadêmico e, ao mesmo
tempo, dando importante contribuição às pesquisas em História da Educação.
Como ensinam os estudiosos que seguem essa corrente historiográfica,“não são
anteriores às relações culturais, nem as determinam: elas próprias são campos de prática cultural
e produção cultural”
1
, logo não podem ser dissociadas no âmbito da pesquisa.
A história cultural brotou da Escola dos Annales, que surgiu em 1929 com Marc Bloch e
Lucien Febvre, como resultado de um movimento que se contrapunha à antiga forma de se fazer
pesquisa. Nessa época, os estudos estavam mais voltados para a construção de uma história social
e econômica que se opunha a evidenciar apenas os feitos heróicos dos vultos consagrados pela
tradição historiográfica. Nos anos 1940, a Escola dos Annales recebeu as contribuições de Fernad
Braudel, Robert Mandrau, dentre outros, e se caracterizou pelos estudos centrados na área
demográfica. No final da década de 1960 e início dos anos 1970, essas temáticas deram lugar a
estudos de objetos antes desconhecidos: escolas, biografias, morte, livros, jornais, dentre outros, e
denominou-se terceira geração da Escola dos Annales. Dentre os seus representantes, destacam-
se Jacques Le Goff e Roger Chartier. Esse período ficou marcado pelo aparecimento de trabalhos
centrados em temas pertencentes ao domínio da cultura, assim como questionamentos acerca das
temáticas antes valorizadas
2
.
Chartier, um dos principais teóricos que dá suporte a este trabalho, esclarece, num diálogo
constante com seus autores favoritos, Michel de Certeau, Louis Marin ou Michel Foucault, a
legitimidade que perpassa o discurso dos historiadores. A história deve reencontrar seu vigor de
disciplina crítica abrindo-se a novas questões e forjando novos instrumentos de compreensão
3
.
1
HUNT, Lynn. A Nova História Cultural . São Paulo: Martins Fontes. 1992, p. 9.
2
A respeito da Nova História Cultural dentre outros cf. CHARTIER, Roger. À beira da falésia: a história
entre incertezas e inquietude. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2002; _______ . A história cultural entre práticas
e representações. Tradução de Maria Manuela Galhardo. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1987; HUNT, Lynn. Op.
Cit, 1992.
3
CHARTIER, Roger. À beira da falésia: a história entre incertezas e inquietude. Porto Alegre: Editora da UFRGS,
2002.
Dentre os objetos de estudos que são analisados seguindo os preceitos dessa vertente
historiográfica, salientam-se os jornais e as revistas. “A análise desses materiais possibilita
apreender como os indivíduos produzem seu mundo social e cultural – na intersecção das
estratégias dos impressos”
4
.
Este trabalho é o resultado da análise do primeiro periódico
5
de uma agremiação cultural
de Sergipe, ao longo dos oito meses de sua existência. Trata-se da Revista Litteraria, “Orgam
do Gabinete de Leitura de Maroim”, que circulou no período de 1890 a 1891. Seu objetivo foi
analisar, através do conteúdo e dos recursos materiais e tipográficos no seu processo de produção,
circulação e apropriação, o perfil dos autores/leitores, o projeto educacional do Gabinete e, em
especial, a proposta pedagógica do seu periódico. Esta pesquisa evidencia a importância do
estudo dos impressos sob a influência da Nova Historiografia, pela possibilidade de se conhecer
as estratégias utilizadas na circulação das práticas culturais mais discutidas. A Revista constitui-
se em objeto e fonte de estudo, limitando-se ao material encontrado (34 edições), supostamente
completo, de acordo com os editoriais das edições dos números 2 e 34
6
.
Conforme consta na primeira edição, a RL foi criada com o intuito de divulgar o
Gabinete e incentivar o gosto e o amor às letras
7
. Fez-se porta-voz de um grupo de intelectuais
liberais que fazia oposição aos poderes públicos. Esses cidadãos estavam ligados ao GLM,
fundado em 19 de agosto de 1877, uma das mais importantes sociedades literárias de Sergipe,
localizada na Região do Rio Cotinguiba, que se destacou no Estado devido à grande produção de
cana-de-açúcar.
A princípio, o objeto de estudo era o Gabinete de Leitura de Maruim e suas práticas
culturais. indícios de que essa SL fundou o seu periódico no auge das suas atividades, pois
mesmo enfrentando inúmeros percalços sobrevive até hoje. Tudo isso me despertou o interesse
pelo fato de ser a única instituição desse gênero que teve vida mais duradoura no Estado.
Contudo, o fascínio pela descoberta do original da Revista Litteraria proporcionou a
oportunidade de estudar esse tipo de publicação na sua origem, visto ser ela a primeira no gênero.
4
CHARTIER, Roger. Op. Cit. 1987.
5
As primeiras revistas editadas em Sergipe, foram dedicadas ao sexo feminino: O Buquet (1876-1877) e O
Belo Sexo (1882), ambos de feição literária e recreativa. SOUZA, Cristiane Vitório de. A República das Letras em
Sergipe (1889-1930). Monografia de conclusão de curso. São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe, 2001, p.
40.
6
Revista Litteraria.. Maroim. Nº 1, 24 out. 1890.
7
AGUIAR, Joel. Escorço histórico do Gabinete de Leitura de Maroim. Aracaju: Gráfica Gutenberg. 1929.
A fundamentação teórica do trabalho apóia-se em leituras propostas pela Nova História
Cultural. Ajudaram na análise os conceitos de Apropriação, Representação e Materialidade, de
Roger Chartier, direcionando-a para as áreas de história da educação, história dos impressos e das
práticas culturais.
Para compreender-se melhor a relação texto, leitor, recorreu-se à Nova História Cultural,
definida por Chartier como sendo “a conjunção de três elementos não dissociáveis: uma história
dos objetos na sua materialidade, uma história das práticas nas suas diferenças, e uma história das
configurações, dos dispositivos nas suas variações
8
”.
A , datprop te
lal
apropriação dos bens culturais, visto que nos diversos modos de ler os seus sujeitos no processo
de apropriação realizam práticas diferenciadas. “A apropriação, como a entendemos, objetiva
uma história social das interpretações remetidas para as suas determinações fundamentais (que
são sociais, institucionais, culturais) e inscritas nas práticas específicas que as produzem”
12
.
Com a ajuda de Chartier, fez-se a análise dos recursos materiais e do conteúdo da Revista:
“é preciso capturar na sua forma, na sua freqüência, no seu dispositivo, na sua estrutura, a
impossibilidade de separar o texto das formas impressas que o fazem circular ou que o dão a ler,
porque materialidade é a síntese das múltiplas relações sociais que se depositam no texto”
13
.
Chartier relaciona o conceito de representação com a história cultural e afirma que na
sociedade, por muito tempo, a história sócio-cultural ficou distante dos aspectos sociais. Esse
historiador procurou explicar como uma realidade é construída e dada a ler em diferentes lugares
e períodos; pois as representações do mundo social são sempre determinadas pelos interesses dos
grupos que as compõem. Chartier enfatiza o diálogo constante entre a confrontação com o
documento e a exigência da elucidação metodológica.
Representação, prática8116 0 Td(m)Tj8.404d(R)Tj7.8031221 0 Td(t)Tj3.181T(n)Tj5.88236 0 Td(t)Tj3.1i ad ra ncos ore
sociais, principalmente os que exercem poder de dominação
15
. Por sua vez, os recursos da
materialidade utilizados para veicular os discursos fazem parte de estratégias para atingir
determinado público leitor no seu processo de apropriação.
As táticas e práticas discursivas impõem certa autoridade, e revelam-se através das
percepções do social de um determinado grupo. Com relação aos discursos, são as idéias que os
seus produtores (editores, autores, outros) querem inculcar, com o propósito de legitimar um
ideal ou projetos reformadores. Segundo os estudos de Chartier, as representações possibilitam
compreender como um grupo impõe os seus valores e o seu domínio. Os atores idealizam uma
sociedade de acordo com os seus propósitos, objetivando atender os seus interesses.
Chartier defende ainda que, ao utilizar o impresso como fonte primária de investigação, o
historiador deve estar ciente das categorias e dos discursos dos autores, considerando, também, as
redes de relações nas quais estão situados os autores
16
.
A aplicação do Método Indiciário, de Carlo Ginzburg
17
, contribuiu para uma melhor
interpretação das fontes, e dos diversos questionamentos no percurso da pesquisa. Convém
ressaltar o que Chartier escreveu a respeito dos méritos e dos insucessos do “paradigma do
indício”, que fundamenta qualquer discurso histórico, nos seguintes aspectos:
1. Constituir como representações os vestígios, sejam de que tipo forem
discursivos, iconográficos, estatísticos, etc., as práticas constitutivas de
qualquer objetivação histórica; 2. estabelecer hipoteticamente uma relação entre
as séries de representações, construídas e trabalhadas enquanto tais, e as práticas
que constituem o seu referente externo
18
.
Esta pesquisa caracteriza-se como histórica, documental e bibliográfica. Após a
catalogação, realizou-se a seleção, e a análise dos documentos e as fichas (dos editoriais e artigos
selecionados) das seções mais importantes foram organizadas em banco de dados Microsoft
Access para análise qualitativa e quantitativa das informações.
Algumas hipóteses a respeito do período de circulação da RL foram relevantes para as
análises. A primeira: o GLM editou seu periódico no auge da sua trajetória; a segunda: a crise
econômica que se instaurou no país no final do século XIX contribuiu para a emigração dos altos
15
CHARTIER, Roger. Op. Cit, 1987.
16
CHARTIER, Roger. Op. Cit. 1987.
17
GINZBURG, Carlo. Mitos, emblemas e sinais: morfologia e história. São Paulo: Companhia das Letras,
1989.
18
CHARTIER, Roger. Op. Cit., 1987, p. 87.
negociantes de Maruim (nesse grupo estavam alguns sócios do Gabinete); a terceira: as
representações da nacionalidade produzidas principalmente pelos escritos literários do final dos
anos Oitocentos receberam o apoio dos intelectuais, que encontraram na imprensa periódica a via
ideal para ampliar a divulgação de seus projetos políticos e culturais; a quarta: a RL foi utilizada
como estratégia para atrair o leitor ao interior do Gabinete, em virtude da sua permuta com
dezenas de periódicos do país; a última: o discurso ideológico dos produtores da RL sufocou o
projeto educacional do Gabinete e, em conseqüência da censura imposta pelas autoridades, foram
obrigados a fechar a tipografia onde a Revista era impressa.
Serviram de subsídios para comprovar essas hipóteses as seguintes fontes documentais:
“Acta de instalação do Gabinete de Leitura de Maroim”, Estatutos do GLM; discursos proferidos
no salão nobre do Gabinete e em outras instituições similares; Coleções de Leis e Decretos do
Estado de Sergipe; folder biográfico de João Rodrigues da Cruz (1844-1944); declaração da firma
A Schramm e Co. datada de 1849 (cf. anexo 2); correspondências nacionais e estrangeiras, dentre
outras.
Com o propósito de buscar suporte para examinar a RLGLM, recorreu-se aos
pesquisadores que se debruçaram sobre a imprensa periódica, mais especificamente aqueles que
estudaram as coleções que publicaram matérias de cunho literário e pedagógico fora e dentro do
Estado.
Insere-se nessa proposta de estudo a pesquisa da professora Leonora de Luca
19
, que
examinou os conteúdos políticos e ideológicos subjacentes aos escritos do grupo de mulheres
envolvidas com a atividade intelectual, trazendo à tona as particularidades mais acirradas da
inserção sócio-cultural das escritoras. O projeto da Revista A Mensageira teve como meta
central promover o aperfeiçoamento da instrução feminina no Brasil, com o fito de colaborar para
o bem da Pátria e da própria família. A autora evidencia que a literatura feminina foi mesclada
com questões relacionadas ao pensamento social e ideológico sob o espectro da escrita e da
leitura específica para a mulher.
Esse periódico foi também o porta-voz das questões femininas. Ele veiculou a relevância
de uma estreita relação entre a instrução e o trabalho, fundamentado nas formulações do
socialismo revolucionário, antecipando as discussões críticas sobre o problema dos direitos
19
DE LUCA, Leonora. A Mensageira: uma revista de mulheres escritoras na modernização brasileira. Campinas:
Instituto de Filosofia Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas IFCH – UNICAMP. (Dissertação de
Mestrado), 1999.
femininos. O período de circulação da Revista corresponde, na prática, à busca da emancipação
pela instrução e pela garantia de acesso ao mercado de trabalho. Leonora ilustrou seu trabalho
apontando o sergipano Tobias Barreto, que aderiu às Teorias de Darwin e Haeckel, em defesa da
competência da mulher.
Trouxe contribuição a este estudo o trabalho da professora Denice Bárbara Catani
20
que
pesquisou o ciclo de vida da Revista de Ensino. Ela analisou o investimento de professores
paulistas na delimitação e organização do espaço destinado ao debate de questões relativas ao
ensino. Com isso, objetivou-se recuperar o estabelecimento dos modos de se falar sobre a
educação e o trabalho do professor em orientar sua ação. É um texto que retratou o percurso de
professores que se auto-representavam nostalgicamente, imersos numa “penumbra”, logo após os
primeiros anos do período republicano.
De grande relevância para se analisar os periódicos que circularam nos primeiros anos da
República é a pesquisa da professora Marize Carvalho Vilela
21
que investigou a historiografia da
imprensa educacional periódica. Concomitantemente ela esboçou as trajetórias profissionais e
intelectuais dos autores e autoras que assinaram os artigos na Revista Educação, focalizou o
discurso veiculado e a posição desse periódico em relação a certos temas educacionais e
pedagógicos e, ainda, ressaltou a idealização de gênero como conseqüência da organização social
da relação entre os sexos.
Através desse trabalho, Vilela, fundamentada no que propõe a História Cultural, informou
que é impossível dissociar o texto das formas impressas que o fazem circular ou que dão a ler.
Ela utilizou os conceitos de Representação e Apropriação de Chartier no seu estudo e ratificou
que esses aportes teóricos são fundamentais para se pensar a história cultural, cujas
especialidades não são passíveis de sobrepor-se ao espaço das hierarquias e das divisões sociais.
Ela reiterou, ainda, o pensamento de Chartier ao escrever que “a importância da materialidade,
para pesquisa historiográfica, deve ser valorizada, na sua organização discursiva e material, na
produção e, principalmente, na sua utilização estratégica”
22
.
20
CATANI, Denice Bárbara. Educadores à meia luz: um estudo sobre a revista de ensino da Associação
Beneficente do Professorado Público de São Paulo: Editora Unesp, 2000.
21
VILELA, Marize Carvalho. Op. Cit.. 2000.
22
Chartier, Roger apud VILELA. VILELA, Marize. Op. Cit., 2000, p. 100.
O estudo desenvolvido pela professora Ana Luiza Martins
23
trouxe importantes
elementos teóricos para a análise da RL. A autora estudou o percurso do periódico revista, de
suas origens à implantação no Brasil, e observou a evolução do universo gráfico da imprensa em
São Paulo. Tratou da colocação do impresso periódico no mercado, sujeito às regras da
propaganda e da publicidade, privilegiou o conteúdo das revistas e investigou as principais
tipologias que emergiram com a República. Ela, nos moldes do que recomenda Chartier,
contemplou todos os fatos mencionados anteriormente sem deixar de apreender os agentes sociais
que estavam envolvidos no processo de produção das revistas.
É importante registrar a preocupação de Martins em cotejar a cidade de São Paulo,
considerada a metrópole do café, analisando tanto sua repercussão naquele periodismo como
suas paisagens propagadas por todo o Brasil. O período favoreceu de certa forma que as revistas
anunciassem as propostas da Escola Nova. Assim sendo, ela comprovou que o aparelhamento
técnico-científico transformava a essência cultural dos textos antes privilegiados nas escolas
especializadas.
Maria Rita de Almeida Toledo
24
reconstituiu as representações dos editores em relação
ao projeto editorial da Coleção Atualidades Pedagógicas, analisou os aspectos materiais com
relação ao seu aparelho crítico e, do ponto de vista de sua capacidade produtiva, demonstrou
como o projeto editorial se constituiu em espaço político de projeção e de articulação dos
intelectuais e, ainda, examinou essa coleção como um espaço de difusão de um projeto cultural
mais amplo.
Segundo Toledo, a Coleção na representação dos intelectuais, a exemplo de Afrân8236 0 Td(s)Tj4.50181 0 Td( )Tj3.0 Td(a)Tj5.T8236 0 Td(t)Tj3.18128 0 Td(a0 Td(e)Tj5.1Tj3.90157 0 Td(â)Tj5.16207 0 TdSTj5.16207 0 Td( )Tj5.70229 0 Td(A)Tj8.463Td(A)Tj8.4634 0 Td(f)Tj3.84154 0 Td(r)Tj3.90157(d)Tj5.88236 0 Td(i)Tj3.18128 0 Td(t)Tj3.241.82234 0 Td( )Tj5.82234 0 T16207 0 Td(u)Tj5.)Tj8.4634 0 Td(f)Tj3.8415j5.88236 0 Td(iTd(e)Tj5.10205 0 Td(m)Tj9.00362 0 TdSTj5.16207 0 Td( 0 Td( )Tj5.64227 0 Td(aTd(p)Tj5.88236 0 Td(r9( )Tj5.64227.88236 0 Td(r)Tj3.90157 0 Td(e)Tj5.16207 Po)Tj5.82234 0 Td(u)Tj5.88236 )Tj5414 0 Td(o)Tj5.942329 0 Td(A)Tj8.4634 0 Td(f)Tj3.84154 0 Td(r)Tj)Tj3.241.82234 0 Td( )Tj5.82234 0154 0 Td(r)Tj)Tj3.241.8223 Td(t)Tj3.90157 0 Td(â)Tj5.16207 0 Td( )Tj2.88116 0 Td(p)Tj5.90157 0 Td(âTj3.84154 0 Td(rTj5.16207 0 Td( )Tj9.00362 0 Td(p)Tj3.18128 0 Td(s)Tj9.00362 0 Td(p)Tj5.94239 0 Td(,)Tj2.88116 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imprensa no Brasil, de Nelson Werneck Sodré
25
; Jornal história e técnica: história da imprensa
brasileira
26
, de Juarez Bahia; A palavra escrita: história do livro, da imprensa e da biblioteca, de
Wilson Martins
27
. Esses estudos deram grande ênfase à difusão da imprensa periódica brasileira e
salientaram suas conquistas e seus percalços.
Em Sergipe, o primeiro trabalho, que contemplou a imprensa periódica do Estado, é de
autoria de Manoel Armindo Cordeiro Guaraná
28
. Trata-se de um catálogo dos periódicos
publicados em Sergipe no período de 1832 (surgimento da imprensa sergipana) a 1908
(Centenário da Imprensa Brasileira). Nele também aparecem os profissionais que participaram do
processo gráfico, tais como tipógrafos, redatores e outros. Guaraná listou os periódicos (jornal e
revista) de acordo com o ano do seu advento e na ordem alfabética das localidades em que foram
editados. Entretanto, o exemplar consultado no IHGS encontra-se incompleto. Somente foi
possível apreender outras informações acerca da RL através de A República das Letras em
Sergipe (1889-1930), da Professora Cristiane Vitório de Souza. Segundo esses pesquisadores,
aparece em primeiro lugar, no âmbito dos periódicos sergipanos tipo revista, a Revista Litteraria
do Gabinete de Leitura de Maruim.
Circularam na Primeira República as seguintes revistas: Revista Litteraria
(1890-1891); Revistinha Sergipana (1893); A Verdade (1895); O Cenáculo
(1902); Revistinha (1905); A Trombeta (1907); A Vida Sergipana (1912); A
Onda (1912); Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe (1913-
2005); A Sergipana (1914-1915); Hélio (1919-1920); Helianto (1924) e
Renascença (1929)
29
.
25
SODRÉ, Nelson Werneck. História da imprensa no Brasil.. Rio de Janeiro: Mauad, 1999.
26
BAHIA, Juarez. Jornal, história e técnica: história da imprensa brasileira. São Paulo: Editora Ática S.A., 1990.
27
MARTINS, Wilson. A palavra escrita: história do livro, da imprensa e da biblioteca. 2.ed. São Paulo: Ática,
1996.
28
Aracaju: 1 -Correio Sergipense (1832-1908); 2 O Progresso (1857); 3 Aurora Sergipana (1857); 4 A
Epocha (1859-1860); 5 A Borboleta (1859-1860); 6 A Crise (1863); 7 Jornal de Sergipe (1866-1906); 8 O
Liberal (1868), 9 O Conservador (1868-1873); 10-Jornal do Aracaju (1870-1879); 11 O Porvir (1º) (1872);
12 – A Liberdade (1873-1874); 13 A Crença (1873); 14 - Jornal do Povo (1874); 15 O Porvir (2º) (1874); 16
O Sergipano (1874-1875); 17 O Protesto (1875); 18 A Zorra (1875-1876); 19 O Americano (1876-1877);
20 A Ordem (1876); 21 A Polícia (1876); 22 O Bouquet (1876-1877); Revista Literária e Recreativa
(dirigida por senhoras); 23 – A Situação (1876); 24 – O Raio (1876-1885) [...]; 60 – A Reação (1886). GUARANÁ,
Armindo. 1908. “Jornaes, revistas e outras publicações periódicas de 1882 a 1908”. IN: Revista do Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro. Rio de Janeiro, tomo especial, volume I, parte 2, pp. 776-784. Não foi possível
localizar o restante da publicação, que deveria ser concluído na página 813.
29
Guaraná, Armindo apud SOUZA. SOUZA, Cristiane Vitório de. Op. Cit, 2001, p. 43.
O estudo de Acrísio Torres
30
é um inventário da imprensa sergipana no período de 1830 a
1910. Com informações mais concisas, o autor se propôs informar ao público sergipano as
contendas políticas travadas entre conservadores e liberais do Império, e entre membros de
partidos situacionistas e de oposição ao governo nas primeiras décadas da República. Torres
ratifica que a RLGLM é o mais antigo periódico sergipano do gênero, e que “foi criado para
difundir o gosto e o amor às letras”. Registrou ter achado apenas alguns exemplares do periódico
maruinense: Revista Litteraria (a mais velha), órgão do Gabinete de Maruim fundado em 1877,
começou a ser editada em 1890, em Maruim, e distribuída sem ônus aos sócios. Encontrei na
Biblioteca Pública oito exemplares”
31
.
Alguns documentos acerca da imprensa periódica sergipana emergiram da UFS., a
exemplo da temática que despertou interesse de professores e de estudantes de graduação e de
pós-graduação dessa universidade: o trabalho que trata da trajetória do periódico, revista no
Estado, foi realizado pelos professores Jorge Carvalho do Nascimento e Itamar Freitas, intitulado
A Revista em Sergipe
32
. O estudo contemplou o período de 1890 a 2002, em que se registram os
títulos das revistas (de diferentes perfis e periodicidade) que circularam no Estado. Esse
levantamento constitui-se no cerne do futuro Catálogo das Revistas Sergipanas que se fará
editar. As informações abrirão novas possibilidades para uma melhor análise da circulação dessas
práticas que envolveram profissionais de vários estratos sociais ligados à área editorial.
O professor Jorge Carvalho do Nascimento
33
discorreu sobre a Biblioteca do Povo e das
Escolas no Brasil no século XIX. Em sua análise, Nascimento afirmou que essa coletânea teve
como objetivo geral propagar a instrução para portugueses e brasileiros, e que o seu êxito estava
no apelo popular do conteúdo. A obra se constituiu em um empreendimento civilizador que
introduzia nas pessoas as práticas que emergiam no final do século XIX; práticas essas
propagadoras de uma tomada de consciência, principalmente no tocante à escolarização. Na
opinião do autor, o discurso civilizador “valorizava a escola como sendo a agência destinada, por
excelência, ao cultivo das grandes virtudes, ao fortalecimento dos espíritos, à formação do
30
TORRES, Acrísio. Imprensa em Sergipe. Brasília: Gráfica do Senado, 1993.
31
TORRES, Acrísio. Op. Cit, 1993.
32
NASCIMENTO, Jorge Carvalho do; FREITAS, Itamar. “A Revista em Sergipe”. IN: Revista de Aracaju.
Aracaju: Prefeitura Municipal de Aracaju, nº 9, 2002, pp.176-187.
33
NASCIMENTO, Jorge Carvalho do. “Nota prévia sobre a palavra impressa no Brasil no século XIX: a biblioteca
do povo e das escolas”. IN: Revista Horizontes. Dossiê: temas da história cultural. Volume 19. Bragança Paulista:
CDAPH, Editora da Universidade de São Francisco, janeiro/dezembro. 2001, pp. 11-28.
homem do futuro, o homem consciente”
34
. A respeito do corpus textual da série estudada,
acredita-se que a ela integrou-se o projeto educacional
35
no Brasil do final dos Oitocentos até as
primeiras décadas do século XX.
A monografia de Ana Lígia Rodrigues de Farias
36
analisou as revistas educacionais que
circularam em Sergipe no período de 1940 a 2003, as quais se encontram nos acervos de
instituições públicas e privadas. No conjunto dos periódicos pesquisados, a autora identificou
cinco que se caracterizam como de cunho pedagógico. O recorte estudado foi delimitado entre a
publicação do primeiro número da Revista Sergipe Artífice, em setembro de 1940, e a Revista
do Mestrado em Educação, do NPGED/UFS, de fevereiro/julho de 2003. Portanto, foram
contempladas as revistas escolares e acadêmicas. Com relação ao primeiro grupo, a revista foi
utilizada para fazer circular as concepções pedagógicas acerca do projeto educacional de seus
editores; o segundo conjunto de revistas se constitui em veículo difusor das discussões feitas na
UFS sobre a educação, mais especificamente os debates de um grupo de intelectuais que está à
frente do Núcleo de Pós-graduação em Educação Mestrado em Educação da UFS.
Sobre a circularidade dos impressos protestantes, debruçou-se a professora Ester Fraga
Vilas-Bôas Carvalho do Nascimento
37
. A autora ocupou-se da circulação de impressos
protestantes distribuídos no Brasil, durante o século XIX, por entidades religiosas protestantes: as
Sociedades Bíblicas, Britânica e Americana, e missões norte-americanas. Com essa pesquisa, a
professora Ester engendrou algumas considerações acerca da circulação dos impressos
protestantes que foram utilizados no Brasil como estratégia para oferecer aos convertidos à nova
um novo modelo cultural. Segundo a autora, essa estratégia foi relevante pela possibilidade de
se operar em mudanças comportamentais e na maneira de pensar dos brasileiros, para uma
ampliação do projeto de evangelização com a instalação de templos e igrejas protestantes no país.
34
NASCIMENTO, Jorge Carvalho do. Op. Cit., 2001, p.16.
35
Há indícios de que a Biblioteca do povo e das escolas foi adotada em algumas escolas de Sergipe, visto que alguns
livros dessa coleção encontram-se registrados no Catálogo da BGLM. Cf. SILVA, Thomaz Gomes da. e AZEVEDO,
Édio Vieira de. (orgs.). Catálogo da Biblioteca do Gabinete de Leitura de Maroim (1933-1934). Aracaju: Casa
Ávila.
36
FARIAS, Ana Lígia Rodrigues de. Educação em revista: as revistas sergipanas de educação (1940-2003).
(Monografia de conclusão de curso). São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe, 2004.
37
NASCIMENTO, Ester Fraga Vilas-Bôas Carvalho do. 2002. “Considerações iniciais acerca da palavra impressa e
as práticas religiosas e educacionais protestantes no século XIX.”. IN: Revista do Mestrado em Educação. Revista
semestral do Núcleo de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Sergipe. São Cristóvão: UFS, v. 4,
4, jan/jun. 2002, pp. 67-85.
Ester enfatizou que a estratégia de distribuir impressos religiosos num país que tinha um
alto índice de analfabetismo teve como propósito incentivar a leitura a um maior número de
iletrados, que perceberam a possibilidade de ter acesso a uma literatura fácil, além da bíblia em
Português, que geralmente era restrita aos clérigos católicos.
A Professora Anamaria Gonçalves Bueno de Freitas
38
escreveu A Revista Renovação e a
educação sergipana. Com esse estudo, ela detectou propostas de educação feminina veiculadas
na Revista Renovação, que circulou em Sergipe, no período de 1931 a 1934. Renovação foi
criada e mantida pela advogada Maria Rita Soares de Andrade, através de assinaturas de
colaboradores. Em sua análise, a autora registrou que, através dos artigos e editoriais, foi possível
apreender que essa Revista possibilitou novas perspectivas de ocupação dos espaços públicos,
além de revelar talentos nas áreas política e literária. Esse periódico, revestido de um discurso ora
feminista ora feminino, constituiu-se em um importante veículo de lutas em prol das conquistas
femininas, principalmente no que diz respeito aos direitos à educação, dentre outros.
Joel Macieira Aguiar
39
registrou os primeiros cinqüenta anos de vida do GLM. Embasado
em atas e relatórios da Assembléia Geral
40
dessa instituição, ele ratificou que a RLGLM foi
criada para dotar essa SL, de modernas práticas culturais. Ao fazer importantes referências sobre
a RL, Aguiar comentou a atuação desse periódico naquele momento e apresentou os seus
principais colaboradores.
Pelo que foi apreendido da revisão da literatura, percebe-se que a RLGLM nunca foi tema
central de estudo. A opção por esse objeto se deveu, inicialmente, à lacuna na historiografia no
âmbito das séries periódicas sergipanas, em que pese a existência de algumas publicações sobre o
assunto. O estudo justifica-se ainda pela exeqüibilidade, visto que as fontes são de fácil acesso.
Os 34 exemplares – apesar de terem sido editados há mais de cem anos estão em bom estado de
conservação. A Revista em si traduz, na sua materialidade, uma pesquisa instigante por reunir em
suas páginas textos, imagens e dispositivos tipográficos que despertam a atenção dos estudiosos
do assunto.
38
FREITAS, Anamaria Gonçalves Bueno de. “A Revista Renovação e a educação da mulher sergipana”. IN:
Cadernos UFS. História da educação. São Cristóvão: Editora UFS. Vol. V – Fascículo 1, 2005, pp. 55-65.
39
AGUIAR, Joel. Escorço histórico do Gabinete de Leitura de Maroim (1877-1927) 1929. Aracaju: Gráfica
Gutenberg, 1929.
40
“Relatórios da Assembléia Geral do Gabinete de Leitura de Maruim” IN: AGUIAR. AGUIAR, Joel. Op. Cit.,
1929, pp. 70-72.
Afora as justificativas acadêmicas apresentadas, uma de ordem pessoal despertou o
meu interesse pelo citado objeto de estudo. Desde cedo, fui motivada a olhar as coisas da minha
cidade com os olhos da alma. Diariamente eu tive lição; o mestre estava sempre por perto o
meu pai, Adalberto Cruz, muito colaborou nesse desiderato. Em seus reclamos sempre dizia:
“Quando eu morrer ninguém vai saber algo de Maruim, aqui viveu muita gente culta”
41
. A cidade
e seu Gabinete guardam relações indissociáveis. O acervo dessa agremiação muito diz das
representações daqueles que por passaram. As suas coleções estrangeiras despertam a atenção
dos estudiosos e leitores mais atentos.
A partir do momento em que resolvi ingressar no Mestrado em Educação da UFS, voltei
diversas vezes à velha biblioteca do GLM para tentar compreender os seus significados. Contudo,
mais tarde, após a realização das disciplinas do curso, e com a ajuda de Roger Chartier, foi
possível estabelecer um diálogo com essa Sociedade Literária. Era preciso conhecer quem foram
os seus leitores e como se dava a relação deles com os livros. É impossível não se fazer uma
conexão entre os autores, que ainda se encontravam por lá, e as pessoas que deles se apropriaram.
Naquele salão estavam cristalizadas as representações de um grupo de negociantes e intelectuais
de diversas procedências que escolheu Maruim, para fixar residência.
Portanto, o acervo e as estantes que estampam nos seus frontispícios os nomes de alguns
fundadores, a exemplo de Thomaz Rodrigues da Cruz, Luiz da Costa Shimitd, ambos agentes
diplomáticos de nações estrangeiras em Maruim, muito dizem da importância sócio-cultural
dessa região.
Acerca das fontes utilizadas neste trabalho, citam-se: a própria Revista Literária
42
;
os
Estatutos do GLM
43
; os discursos dos oradores oficiais e dos visitantes às solenidades do
Gabinete
44
; jornais e livros da
45
e sobre a época
46
; o Catálogo da BGLM (1933-1934)
47
;
o folder
41
SILVA, Maria Lúcia Marques Cruz e. Op. Cit., 1994, p. 273.
42
Pela sua relevância para a historiografia da imprensa sergipana, a análise deste periódico, que foi criado para
representar o GLM e circulou no início da Primeira República, serviu para conhecer melhor a difusão de práticas
culturais do período; auxiliou na identificação das representações dos sócios que estavam ligados ao projeto da
Revista. Da mesma forma contribuiu para a informação acerca da circulação dos discursos e, em especial, das
propostas educacionais, em decorrência das transformações advindas com o novo regime, que pretendia forjar um
novo modelo do cidadão brasileiro. A RL foi contemporânea da primeira reforma da instrução pública, reforma essa
que estava sob o comando do Ministro Benjamim Constant, considerado um dos fundadores da República.
43
Foram consultados três Estatutos do GLM (1893, 1902, 1926), que permitiram conhecer as práticas institucionais e
de leitura e, principalmente, o perfil exigido dos sócios para ingressar nessa agremiação.
44
Dentre os oradores que ocuparam a tribuna do GLM, destacam-se João Pereira Barreto, Joel Macieira Aguiar e
outros intelectuais que ajudaram a traçar o perfil dos sócios dessa agremiação. Acervo particular da autora.
biográfico de João Rodrigues da Cruz
48
; atas das sessões da Assembléia Geral do Gabinete
49
;
correspondências estrangeiras e fotografias dos alemães que residiram em Maruim
50
;
documentação comprobatória da existência dos Vice-consulados da Suécia e Noruega na Vila de
Maroim em 1844; ofício da firma A Schramm e Co. na Vila de Maroim, datado de 1849
51
.
Graças ao cotejo com outros documentos, foi possível saber o dia da semana em que
começou a circular a RL 24 de outubro de 1890 , uma sexta-feira
52
. Os seus editores
prestaram uma homenagem પªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªTd( )Tj3.7215 0 3j2.94118 0 Td( )Tj5.942395.94239 0 Td(o)Tj5.88236 0 Td(m)Tj99.88236 0 Td(e)Tj5.1.67 Tf0.999598 0 j3q1 1 1 0 K1 1 1 0.2221 0 Td(m)Tj9j7.08285 0 Td( )Tj/3.96159 0 Tq
Gabinete de Leitura de Maruim, investiga os objetivos dessa instituição conforme ditavam seus
estatutos.
A Revista Litteraria do Gabinete de Leitura de Maruim, um hebdomadário
53
(dominical)
que circulou pelas mais importantes cidades brasileiras no final do século XIX, constitui-se em
um veículo de feições literária e política. Através deste estudo foi possível perceber as
representações de uma época, de um grupo de intelectuaine
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Maruim teve mais livros que habitantes. Não sei de outra pequena cidade
brasileira onde tanto se cultivasse o amor às letras. Nunca deixou de ter um
jornal. Em 1862, surgiu ‘A Justiça’. Daí para cá publicaram vinte jornais.
Nenhum homem de letras de meu
Estado deixou de colaborar naqueles
pequeninos semanários. Maroim era a
iniciação literária dos sergipanos. Foi
neles onde iniciei minha vida literária
54
.
Alberto Deodato
Não se pode falar da História de Sergipe sem se reportar à Região do Rio Cotinguiba
55
,
que exerceu grande influência na economia do Estado a partir da segunda metade do século XIX.
54
DEODATO, Alberto. O Estado de Minas. Belo Horizonte. 08 set. 1977. IN: AGUIAR, Joel.Traços da
história de Maruim. Aracaju: Unigráfica, 1987, p. 29. Alberto Deodato Maia Barreto (1896-1978), sergipano de
Maruim, conhecido no meio intelectual como Alberto Deodato, bacharelou-se em Direito na Faculdade Livre de
Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro, em 1919. Promotor Público em Capela e advogado em Minas
Gerais. Destacou-se na imprensa escrevendo em prosa e versos sobre variados assuntos nos jornais do Rio de
Janeiro, de Sergipe e de Minas Gerais e, em brochuras, trabalhos de Literatura. Colaborou com O Democrata, e
outros jornais de Sergipe; no Rio de Janeiro, com o Jornal do Comércio. Redigiu, dentre outros: A Alvorada
(Jornal dos estudantes do Colégio Pedro II, Rio de Janeiro); O Acadêmico (Jornal dos estudantes da Faculdade
Livre de Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro, em 1913); Brasília (revista mensal de propaganda
nacionalista 1917-1919). Publicou poesias, contos, novelas e romances. Das obras mais conhecidas destacam-se:
A Cruz da Estrada (1915); O Voluntário Paisano Francisco Camerino (Ensaio Biográfico); Senzalas
(1919); Canaviais (1922). Cf. GUARANÁ, Armindo. Dicionário Biobliográfico Sergipano. Rio de Janeiro:
Oficinas da Empresa Gráfica Paulo Pongetti e Cia, 1925., p. 6.
55
Para saber mais a respeito da Região do Rio Cotinguiba cf. dentre outros, AGUIAR, Joel Macieira. Escorço
histórico do Gabinete de Leitura de Maroim. Aracaju: Gráfica Gutenberg, 1929; DANTAS, Orlando Vieira. A
vida patriarcal de Sergipe: Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.
A sua privilegiada posição geográfica, localizada próximo à Barra do Rio Sergipe, onde foi
instalado um trapiche alfandegário, no “Porto das Redes”
56
, atraiu negociantes de várias regiões
do Brasil e do exterior, principalmente da Europa. O solo (do tipo massapé), ideal para o cultivo
da cana-de-açúcar, foi outro fator preponderante para o desenvolvimento dessa região.
Figura 1: “Porto das Redes” (1860) - “Trapiche Alfandegário” Reprodução fotográfica de um
crayon pintado por Adolphine Schramm (1826-1863), enviada da Alemanha por Gebhard
Schramm, em 15 de setembro de 2003. Fonte: acervo particular da autora.
A família Schramm impulsionou o progresso da cidade, desde a instalação de casas
comerciais e na fundação do Gabinete de Leitura. O Cônsul Otto Schramm foi membro da
primeira diretoria da citada agremiação.
Maruim destacou-se nos panoramas político, econômico e cultural do Estado na segunda
metade do século XIX, considerada um dos maiores centros da indústria açucareira da Província.
A sua localização nas proximidades da Barra do Rio Sergipe favoreceu o acesso de
empreendedores estrangeiros de vários paises (Portugal, França, Alemanha, Inglaterra, Suécia,
Noruega e outros) que, em Maruim, se instalaram e incrementaram a economia da região.
56
“Porto das Redes” era o local da Alfândega onde os barcos estrangeiros recebiam a carga para a Europa. “De
Maroim, Laranjeiras e Riachuelo chegavam os saveiros carregados de açúcar para exportação. A princípio, a via
fluvial percorrida pelos saveiros era conhecida como Rio Cotinguiba, por nascer em plena área cotinguibense”.
DANTAS, Orlando. Op. Cit., 1980, p.19.
Vale salientar que nas primeiras décadas do século XIX deu-se início ao processo de
povoação de Maruim. José Pinto de Carvalho, emigrante português
57
, demonstrou habilidade
política ao fundar a Vila de Maroim, em 1835, nas terras do “Engenho Maruim de Baixo”.
Carvalho convenceu ao proprietário desse engenho, Manoel Rodrigues de Figueiredo e as
lideranças dessa faixa de terra, acerca da necessidade de transformar o armazém, que ele tinha
no Porto das Redes, em Trapiche. Assim é que, por ser uma pessoa influente na Província, o
hábil português levou o próprio Presidente Manoel Clemente àquela localidade. O Presidente
da Província encaminhou uma representação ao Imperador Pedro II, que permitiu instalar o
primeiro trapiche alfandegário.
O trapiche trouxe a Alfândega e a Mesa de Rendas, colocadas no Porto mais
comercial de Sergipe, que servia também de Mesas de diversas Rendas, na
conformidade com o artigo do Regulamento de 20 de setembro de 1834, que
acompanhou o decreto da mesma data, que a creou no Porto das Redes, onde o
Rio Ganhamoroba, de Maruim faz barraTd(a)ras
bacalhau, charque do Rio da Prata, farinha de trigo em barricas, manteiga em
barricas, louça, bebidas, tecidos, especiarias, etc.) e receber açúcar que
transportavam diretamente para o exterior: Segundo o dizer pitoresco de
pessoas das nossas relações, Porto das Redes’, naquele tempo era o [Porto de]
‘Santos’ de Sergipe... A firma Schramm & Cia. exportava açúcar diretamente
para a Alemanha.
60
.
Dentre as cidades da Região do Rio Cotinguiba, Maruim participou do desenvolvimento
da Província de Sergipe, porque ele foi, nesse período, o município detentor de invejável
condição econômica, em virtude das transações comerciais com vários países da Europa
61
.
Mesmo enfrentando dificuldades, a cidade contrastava com o cenário local, com a sua produção
agrícola centrada no cultivo da cana-de-açúcar e do algodão. No tocante ao seu comércio, era
comum o desfile dos comboios de animais sobre o tosco piso de pedras calcárias
62
carregados de
mercadorias para abastecer a Região Norte do Estado.
A cidade é a materialidade das infinitas possibilidades trazidas pelo progresso,
que, por paradoxal que seja, ergue-se sobre um amontoado de ruínas. Esse
espaço, ora sombrio, ora luminoso, engendrou novas formas de sentir, perceber e
viver, uma espécie de evolução histórica dos sentidos
63
.
A história dos aglomerados urbanos fez-se protagonista de cada cenário em sua trajetória
evolutiva: a povoação, as lutas, as conquistas, o trabalho, os negócios e até a civilidade. “As
cidades foram também os espaços onde foram disseminados a escola, a escrita, a imprensa, o
livro e a pedra – templos e monumentos que em sua arte perpetuaram idéias e valores”
64
.
Maruim, na segunda metade do século XIX, muito progrediu com a colaboração de emigrantes
europeus. Chegaram, inicialmente, negociantes do setor agroindustrial, os portugueses Manoel
60
CRUZ, José. Op. Cit., 1957, p. 6.
61
Cf. cópia da documentação que comprova a existência de Vice-consulados da Suécia e Noruega na cidade de
Maruim, editado em 1844. (Anexo 4). Acervo particular da autora.
62
A cidade teve as principais ruas pavimentadas em 1860, quando da visita do Imperador D. Pedro II. AGUIAR, Joel.
Op. Cit., 1929, p. 27.
63
Monarcha, Carlo.
MONARCHA, Carlos. Escola Normal da praça: o lado noturno das luzes. Campinas: Editora
da Unicamp, 1999.
64
VEIGA, Cynthia Greive. Educação Estética para o povo. In: LOPES, Eliana Marta Teixeira et al (orgs).
500 Anos de Educação no Brasil. Belo Horizonte: Autêntica. 2003, P. 399.
Rodrigues de Figueiredo e José Pinto de Carvalho
65
. Este último foi um marco na história da
cidade por ser o responsável pela sua autonomia política
66
, que se consolidou em 5 de maio de
1854. Naquele mesmo ano, devido ao seu progresso, Maruim foi instituída Comarca. Era preciso
uma organização jurídica para atender às exigências constitucionais dos Consulados e Vice-
Consulados, uma conseqüência da presença de estrangeiros nessa localidade.
No âmbito dos estudos científicos, a biosfera sempre despertou o interesse de cientistas e
intelectuais. Na segunda metade do século XIX diversos cenários da natureza ficaram
imortalizados em telas e textos que originaram narrativas de famosas expedições
67
. No ano de
1859, aconteceram importantes pesquisas científicas no Brasil. Com a ajuda da navegação,
distâncias foram vencidas e diversos ecossistemas se transformaram em verdadeiros laboratórios.
Terras e mares receberam atenção especial dos homens da ciência. Na rota, houve a preocupação
em desvelar as relações recíprocas dos seres vivos e destes com o meio ambiente, o que fez
nascer a ciência denominada Ecologia
68
.
Charles Darwin, naturalista inglês, a bordo do Beagle, deu uma volta ao mundo e
estudou exemplares da fauna e da flora, que redundou em um dos mais importantes compêndios
científicos: A Origem das Espécies. Essa prática fez com que também outros pesquisadores
estrangeiros estudassem o Brasil.
Em 1859 o naturalista alemão Robert Avê Lallemant registrou em Viagens Pelas
Províncias de Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe suas impressões sobre a biota sergipana.
Quando Lallemant visitou Maruim, descreveu algumas formações vegetais que emolduravam a
paisagem maruinense.
65
Cf. Livro de registro dos funcionários da Câmara Municipal da Vila de Maroim, em 12 de março de 1836, assinado
pelo fundador da cidade, José Pinto de Carvalho.
66
Sobre as contendas políticas na Região do Rio Cotinguiba, ver FREIRE, Felisbelo. História de Sergipe.
Petrópolis/RJ: Editora Vozes Ltda. AGUIAR, 1977; Joel Macieira. Traços da história de Maruim. Aracaju/SE:
Empresa Gráfica Universitária –UNIGRÁFICA, 1987; FIGUEIREDO, Ariosvaldo. 1986. História Política de
Sergipe. Aracaju: Sociedade Editorial de Sergipe. 1986, volume; SILVA, Maria Lucia Marques Cruz e.
Inventário Cultural de Maruim. Aracaju: Secretaria Especial da Cultura, 1994; SILVA, Maria Lucia Marques
Cruz e. Rosário do Catete Sergipe. Aracaju: Prefeitura Municipal de Rosário do Catete, 2000.
67
As expedições que mais se destacaram na primeira metade do século XIX foram as empreendidas por Spix e Von
Martius, em 1817, e a Expedição Langsdorf que, em 1824, trouxe ao Brasil Rugendas e Hercules Florence. COSTA,
Cristina. A imagem da mulher. Rio de Janeiro: Editora SENAC, 2002, p. 83.
68
Deve-se o termo a Ernest Haeckel (um dos primeiros defensores do Darwinismo) que, em 1869, afirmava ser o
indivíduo um produto das relações entre ambiente e hereditariedade. Encyclopédia Britânnica Ltda. São Paulo:
Companhia Melhoramentos. 1978, p. 250. Vol. 5.
A região por trás de Maruim é bonita e simples. Colinas ridentes, cobertas dum
verde fresco, matas, pastagens canaviais formam a paisagem. Em dois passeios
matinais encontrei viçosas bigônias, trepadeiras floridas, lantanas e solâneas,
uma cana bonita com flores amarelas, muitas sensitivas, entre outros
69
.
Esse cientista recolheu espécies de seres vivos, estudou ecossistemas e enumerou alguns
grupos de animais. A cidade fez-se um protótipo de museu natural. Alguns representantes da
fauna se incrustaram nas páginas do tempo como legado da ciência e da memória cultural de sua
gente.
[...] Acrescentem-se a isso cobras, lagartixas, gafanhotos, aranhas caranguejeiras
e besouros de toda espécie, como podem testemunhar as numerosas vítimas do
pequeno museu zoológico apenas começado pela amável dama alemã
[Adolphine Schramm] na sua casa de campo. Maroim, maio de 1859
70
.
O solo da cidade e seu entorno também mereceram atenção de outros cientistas
estrangeiros. De grande importância para os estudos nessa área foram as pesquisas geológicas
realizadas em Sergipe no século XIX. O calcário de Maruim (calcítico e dolomítico), pela sua
composição química e pelos registros paleontológicos, caracterizou uma das formações
geológicas de Sergipe, a Formação Cotinguiba. Algumas amostras do subsolo maruinense foram
encaminhadas para a Capital do Império (Rio de Janeiro) e, segundo registros de pesquisadores
sergipanos, existem amostras de fósseis da cidade de Maruim no Museu Nacional.
O melhor estudo que conhecemos sobre a Geologia de Maruim foi feito pelo
geólogo norte-americano John C. Branner, nos anos de 1875 a 1876, quando ali
esteve na qualidade de geólogo assistente da Comissão Geológica do Império
[...]. De acordo com Branner, o grande geógrafo e geólogo canadense, Charles
Frederic Hartt, visitou Maruim no ano de 1866, ocasião que obteve uma coleção
de fósseis, os quais não lhe permitiram, porém, concluir sobre a idade das
respectivas rochas [...]. Quando visitou Maruim, em 1866, o geólogo Hartt era
Diretor da Seção de Mineralogia do Museu Nacional, para onde levou algumas
amostras
71
.
69
Avê-Lallemant, Robert apud SILVA. SILVA, Maria Lúcia Marques Cruz e. Op. Cit. 1994, p. 20.
70
AVÊ-LALLEMANT, Robert. Op. Cit. 1994, p. 28.
71
CRUZ, José. Maruim e sua economia. Aracaju: Prefeitura Municipal de Maruim. 1957, p. 14
A cidade participava da vida social da Província através de suas lideranças, que
transformaram essa região em um local de históricas contendas. Na opinião de Clodomir Silva
72
“a Região Cotinguiba foi, no passado, um centro de importantes decisões políticas para Sergiªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªª54142 0 Td(i)Tj3.3018 692.72 Tm( )Tj-457.63.60145 0 Td(C)Tj7.80357 0 Td(e)Tj5.16207 0 Td(g)Tj5.88236 0 Td(i)Tj3.2413 0 Td(ã)Tj5.10205 0 Td(o)Tj5.88236 0 Td001cessa guese torngu uma graooerival do
Figura 2: Vista geral da cidade de Maruim, 1860, enviada da Alemanha por
Gebhard Schramm, para Maria Lúcia Marques Cruz e Silva, em 15 de setembro
de 2003. AutoriaTj3.60142 0 Td(a)Tj4.8019 0 Td(l)T4.74187 0 Td(r)Tj Td(a)Tj4.74187 0 Td(,)Tj0 Td( )Tj2.70107 0 Td( .342ªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªª(,)46216 0 Td(i)Tj2.88114 0 Td( )Tj2.76109 0 Td(i)Tj3.00119 0 Td(d)Tj5.34211 0 Td(e)Tj4.74187 0 Td(n)Tj5.34211 0 Td(t)Tj3.00119 0 Td(i)Tj2.94116 0 Td(f)Tj3.60142 0 Td(i)Tj2.88114 0 Td(c)Tj4.74187 0 Td(a)Tj4.74187 0 Td(d)Tj5.34211 0 Td(a)Tj4.74187 0 Td(.)Tj2.70107 0 Td( )Tj2.76109 0 Td(A)Tj7.74306 0 Td(c)Tj4.74187 0 Td(e)Tj4.74187 0 Td(r)Tj3.5414 0 Td(v)Tj5.34211 0 Td(o4.74187 0 Td(r)Tj )Tj2.70107 0 Td(p)Tj5.34211 0 Td(a)Tj4.74187 0 Td(r)Tj3.5414 0 Td(t)Tj2.94116 0 Td(i)Tj2.94116 0 Td(c)Tj4.8019 0 Td(u4.74187 0 Td(r)Tjl)Tj2.88114 0 Td(a)Tj4.74187 0 Td(r)Tj3.5414 0 Td( )Tj2.70107 0 Td(d)Tj5.34211 0 Td(a)Tj4.74187 0 Td( )Tj2.70107 0 Td(a)Tj4.74187 0 Td(u4.74187 0 Td(r)Tjt)Tj2.94116 0 Td(o)Tj5.34211 0 Td(r)Tj3.60142 0 Td(a)Tj4.74187 0 Td(.)Tj2.70107 0 Td( )Tj/R12 11.67 Tf0.999598 0 0 1 82.74 420.44 Tm( )Tj20.16 TL( )’20.1 TL( )’2.94118 0 Td( )Tj2.88116 0 Td( )Tj2.94118 0 Td( )Tj2.94118 0 Td( )Tj2.88116 0 Td( )Tj2.94118 0 Td( )Tj2.88116 0 Td( )Tj2.94118 0 Td( )Tj2.94118 0 Td( )Tj2.88116 0 Td( )Tj2.94118 0 Td( )Tj2.94118 0 Td( )Tj2.88116 0 Td( )Tj2.94118 0 Td( )Tj2.88116 0 Td(I)Tj3.96159 0 Td(n)Tj5.82234 0 Td(c)Tj5.10205 0 Td(r)Tj3.96159 0 Td(u)Tj5.82234 0 Td(s)Tj4.5618Td(r)Tjt)Tj3.2413 0 Td(a)Tj5.16207 0 Td(d)Tj5.88236 0 Td(a)Tj5.16207 0 Td( )Tj4. 0 62 0 Td(e)Tj5.16207 0 Td(m)Tj9.00362 0 Td( )Tj4. 8164 0 Td(u)Tj5.88236 0 Td(m)Tj9.00362 0 Td(a)Tj5.2221 0 Td( )Tj4. 0 62 0 Td(e)Tj5.16207 0 Td(x)Tj5.88236 0 Td(t)Tj3.30133 0 Td(e)Tj5.10205 0 Td(n)Tj5.88236 0 Td(s)Tj4.5618Td(r)Tja faixa de es
Maruim, em 1860, D. Pedro II demonstrou preocupação com as questões políticas, pelas
possibilidades de um conflito com o Paraguai.
[...] Pedro II foi também minucioso em Maruim. Na casa do estancamento, que
inspecionou, mesmo as armas, vendo uma palmatória dependurada na parede,
indagou: ‘Para que esta palmatória?’ Respondeu o comandante que era para
‘castigar os escravos encontrados fora de hora, nas ruas da cidade’. ‘Não é um
método aconselhável’. Dizendo isso ao comandante, o imperador ordenou que a
palmatória fosse retirada da parede. E, a um ‘não’ do comandante, sobre se os
soldados tinham rancho, advertiu, de forma belicosa, o monarca. ‘Pois é mau’.
Pensava na próxima luta contra Lopez, última manifestação do imperialismo dos
Bragança no Brasil
76
.
Diversos consulados se instalaram em Maruim, em conseqüência da sua economia. Os
seus representantes também saudaram o monarca brasileiro.
Havia em 1850, os consulados da Alemanha, Inglaterra, Suécia e Noruega, cujos
titulares eram Otto Schramm, Robert Brown e Dr Thomaz Rodrigues da Cruz,
que acumulavam os cargos de cônsul dos últimos paises. Provavelmente
existiram também Consulados e Vice-Consulados do antigo reino de Nápolis e
da Áustria, pois, quando da visita de D. Pedro II a Maruim, em 1860, achavam-
se hasteadas, no local de desembarque [Praça da Bandeira], ao lado da inglesa,
da alemã, da sueca e da norueguesa, as bandeiras de Nápolis e da Áustria. O
Vice-Cônsul da Suécia e da Noruega, Sr. Eduardo Wynne, em nome do ‘corpo
diplomático’ de Maruim, saudou o imperador D. Pedro II, no Paço Imperial
77
.
Na história cultural de uma sociedade foi possível detectar atitudes e padrões de
comportamento as quais visavam ao aprimoramento de valores como saber, instrução e outros
para o desenvolvimento da sua intelectualidade. As práticas culturais e de sociabilidade, por sua
vez, estavam diretamente relacionadas com as conjunturas econômicas e demográficas, ou
mesmo com as estruturas das classes sociais.
É a partir dessa grelha social e profissional dada de antemão, que pode operar-se
a reconstituição dos diferentes sistemas de pensamento e de comportamentos
culturais. D uma adequação necessária entre as partilhas intelectuais ou
76
Torres, Acrísio apud SILVA. SILVA, Maria Lúcia Marques Cruz e. Op. Cit 1994, p. 53.
77
SILVA, Maria Lúcia Marques Cruz e. Op. Cit. 1994, p. 92.
culturais e as fronteiras sociais, seja a que separa o povo e os notáveis, os
dominados e dominadores ou as que fragmentam a escala social
78
.
A SL, que se denominou GLM, conforme seus Estatutos
79
, nasceu com o objetivo de criar
uma biblioteca de livros escolhidos para instrução e recreio dos seus sócios. No entanto,
gozava desses privilégios quem estivesse inserido nesse locus literário. Foi nessa instituição que
um grupo de intelectuais que se diziam liberais, em 1890, fundou a Revista Litteraria com o
propósito de difundir a instrução, o gosto e o amor às letras. Os seus diretores usaram a imprensa
periódica para propagarem os seus ideais. Creditaram à RL o poder da circularidade de novas
práticas culturais, tendo como mote o discurso pedagógico. Acreditavam que a leitura e a
educação eram as melhores alternativas para fazer circular o conhecimento e também a
experiência humana.
Maruim, nessa época, mesmo sendo uma cidade pequena, era considerada um dos centros
econômicos mais importantes de Sergipe. Em 1890 tinha uma população de 7.851 habitantes. No
município, seus estabelecimentos comerciais e industriais aliados aos 14 engenhos na zona rural
contribuíram para que a sua receita fosse uma das mais expressivas de Sergipe. A movimentação
do seu porto superava a de Laranjeiras
80
.
De acordo com os seguidores da Nova História Cultural, conhecer a história de uma
localidade não é apenas ter uma visão centrada nos feitos heróicos dos seus desbravadores, mas
sim, complementar com uma análise da influência sócio-econômica e cultural sobre todo o
conjunto. Ao discordar da corrente de pensamento que entendia a realidade social como um
conjunto de relações entre elementos com funções definidas, Roger Chartier busca a conexão
entre os aspectos sócio-culturais de uma sociedade, principalmente das comunidades de leitores.
Com efeito, as divisões culturais não se ordenam obrigatoriamente segundo uma
grade única do recorte social, que supostamente comanda desigual presença dos
objetos como as diferenças nas condutas. A perspectiva deve então ser invertida
e delinear, primeiramente, a área social (freqüentemente compósita) onde circula
um corpus de textos, uma classe de impressos, uma produção ou uma norma
cultural. Partir assim dos objetos, das formas, dos códigos, e não dos grupos,
78
CHARTIER, Roger. Op. Cit. 1987, p. 45.
79
Estatutos do Gabinete de Leitura de Maruim. Bahia: Tipografia Catilina, 1893.
80
DANTAS, Ibarê. História de Sergipe: República (1889-2000). Rio de janeiro: Tempo Brasileiro, 2004, p. 20.
leva a considerar que a história sócio-cultural viveu por tempo demais sobre uma
concepção mutilada do social
81
.
Com relação às especificidades do espaço destinado às práticas culturais, sabe-se que é
preciso sobrepor o locus das hierarquias e divisões sociais, o que faz compreender o apoio de
obras filosóficas e sociológicas para os questionamentos da tradição historiográfica.
Para se compreender a evolução histórica de uma comunidade, foi preciso buscar as
delimitações que os historiadores reuniram no conjunto das práticas para melhor estudar e
interpretar as suas representações sociais e políticas.
1.1 – A imprensa de Maruim
Quando foi publicado o primeiro jornal da Província de Sergipe, na cidade de Estância, O
Recopilador Sergipano (1832-1834), dirigido e editado pelo Padre Antonio Fernandes da
Silveira (1795-1862), Maruim fez-se divulgadora desse periódico.
Segundo Armindo Guaraná, no primeiro número do Recopilador Sergipano, datado do
mês de setembro de 1832, estava registrada na primeira página, a seguinte nota: “Subscreve-se
para esta folha em Maroim na casa do Sr. José Pinto de Carvalho, na Vila de Laranjeiras na do
Sr. Padre José Joaquim de Campos a 4$000 por semestre [...]”
82
. Logo, esse foi o primeiro
contato do povo dessa Região com a palavra impressa através de jornais sergipanos. Infere-se que
foram pessoas abastadas nas cidades de Sergipe que se deram a ler e divulgar esse jornal.
Há indícios de que a imprensa periódica da Região do Rio Cotinguiba nasceu na cidade de
Laranjeiras. Nessa empreitada, contou com o apoio de José da Trindade Prado - o Barão de
Propriá.
No Dicionário Biobibliográfico Sergipano, diz Armindo Guaraná de José da
Trindade Prado: ‘Na história da imprensa sergipana figura como introdutor de
81
CHARTIER, Roger. Op. Cit, 2002, pp. 68-69. Sobre os estudos acerca da historia cultural, história da leitura e dos
objetos e práticas a eles relacionados cf. CHARTIER, Roger. À beira da falésia: a história entre incertezas e
inquietude. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2002; _________ . A
aventura do livro: do leitor ao navegador. São
Paulo: Editora Unesp, 1998; _______ . A história cultural entre práticas e representações. Tradução de Maria
Manuela Galhardo. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1987; ________ . A Ordem dos Livros: leitura, autores e
bibliotecas na Europa entre os séculos XIV e XVIII. Trad. Mery Del Priore. Brasília: Editora Universidade de São
Paulo, 2ª ed, 1998.
82
GUARANÁ, Armindo. Op. Cit 1925, p. 20.
uma tipografia, em 1841, na qual se imprimiram em Laranjeiras periódicos de
feições partidárias sob as denominações de O Triunfo, Pedro II, O
Telégrafo’
83
.
É oportuno lembrar a cidade de Santo Amaro das Brotas (berço de grandes lideranças
sergipanas) que publicou A Voz da Razão
84
entre 1854 e 1856, fundado por Antônio José da
Silva Travassos (1804-1872) e João Batista Monteiro. Esse periódico começou a ser publicado
em Laranjeiras sob a redação de Félix José de Melo. Os santamarenses também fizeram editar O
Conciliador
85
, órgão político que circulou no período de 1856 a 1857. Alguns líderes locais
viviam em conflitos políticos. Dentre elas citam-se Sebastião Gaspar de Almeida Boto, Leandro
Ribeiro de Siqueira Maciel e Antônio José da Silva Travassos.
O Barão de Maruim, nessa mesma época, da Corte dirigia a política da Província de
Sergipe e foi, por sua habilidade, combatido veementemente pelos seus ex-aliados,
principalmente Travassos, nas colunas de A Voz da Razão. De imediato, o poderoso Barão, por
não concordar com a afronta recebida, mandou fechar o citado jornal. “Não satisfeito com os
golpes que lhes são vibrados por aquele órgão de imprensa, o Barão de Maroim manda, do Rio,
por procuração, reivindicar a propriedade da tipografia em que é impressa a gazeta oposicionista,
em poder do ex-companheiro de lides, Comendador Travassos”
86
.
Maruim foi um dos principais centros livreiros do Estado de Sergipe. No final do século
XIX, havia na cidade seis tipografias
87
. Portanto, não foram poucos os jornais existentes na
cidade, no final dos Oitocentos e nas primeiras décadas do século XX.
A imprensa em Maruim publicou os seguintes periódicos: A Justiça (jurídico e
noticioso), o primeiro jornal da cidade, inaugurado em 1862; O Maroinense, de 1886 a 1892; O
Clarim (chistoso), em 1888; O Lavrador (agrícola), em 1889; Revista Litteraria (literária e
política), de 1890 a 1891; A Vespa (noticioso e agrícola), de 1891 a 1892; O Progresso (idem),
de 1895 a 1901; O Riso (humorístico), em 1897; O Obreiro (literário), em 1899; O Imparcial
83
Guaraná, Armindo apud TORRES. TORRES, Acrísio. Imprensa em Sergipe. Brasília: Gráfica do Senado. 1993,
P. 27.
84
GUARANÁ, Armindo. Op. Cit., 1925, p. 24.
85
Idem. pp. 24-25.
86
LIMA, Zózimo. O Barão de Maruim: Escorço biográfico do Barão de Maruim, lido no programa “Jóias Humanas
de Sergipe”, da Rádio Liberdade, no dia 7 de maio de 1954, data comemorativa do Centenário da cidade de
Maruim. IN: Separata da Revista da Academia Sergipana de Letras. Aracaju: Imprensa Oficial. 1956, p. 9.
87
SOUZA, Cristiane Vitório de. A República das letras em Sergipe. (1888-1910). Monografia de conclusão de
curso. Universidade Federal e Sergipe. 2002, p. 46.
(noticioso e agrícola), de 1904 a 1908; O Ganhamoroba, de 1911 a 1913; O Paladino, em 1908;
O Crepúsculo (literário), em 1915; A Tesoura, em 1915; O Comércio, de 1916 até a década de
1930; O Badalo, em 1922; Vida Maroinense, em 1931; O Verbo, em 1922; O Arauto
(católico), em 1936; O Democrata; A Poliantéia
88
.
A respeito da fundação da imprensa em Maruim, Alberto Deodato Maia Barreto
89
e
Deodato Maia
90
afirmaram que foi em 1862 que surgiu A Justiça, o primeiro jornal daªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªª03.18128 0 Td( )Tj4.02159 0 Td(d)Tjj5.16207 0 Td( )Tj3.2413 0 Td(d)Tf0.999588236 0 Td(,)Tj/R12 11.67 Tf0 TdC5.1620740 Td( )Tj4.02162 0 Td(j)Tj5.88236 0 Td(r)Tjj5.88236 0 Td(a)T4.02162 0 Td(s)Tj5.88236 0 Td( )Tj4.02162 0 Td(j)Tj(o)Tj/R12 11.67 Tf5.94236614Td(d)Tj2.94118 0 Td( )T3.18128 0 Td(o)Tjj3.84154 0 Td(i)T5.16207 0 Td(o)Tj5.8359 0 Td( )Tj5.88236 0 Td( )Tj4.02162 0 Td(j)Tj5.94236014Td(M)TjG Mo r
Pompílio dos Santos (1875-1919)
93
, natural de Maruim, que aprendeu artes tipográficas na
oficina de O Maroinense. Na tentativa de incentivar a produção jornalística da cidade fundou,
Pompílio dos Santos, A Vespa, cujo primeiro número circulou em 13 de agosto de 1891. Deixou
a cidade quando o Governo fechou a oficina tipográfica de O Maroinense e foi residir na cidade
de Santos/SP, onde montou a Typografia Brasil, importante centro tipográfico. Lá, foi redator da
Tribuna de Santos e colaborou em diversos periódicos.
Alberto Campos
94
, também maruinense, revelou pronunciado gosto pela imprensa desde a
sua juventude e colaborou, em Maruim, no jornal O Ganhamoroba; em Aracaju, com O
Democrata, Correio de Aracaju, Revista Sergipana; no Estado da Bahia, Renascença e O
Echo. Foi um dos sócios fundadores do Grêmio Olavo Bilac em Salvador.
Para compreender melhor a importância da imprensa de Maruim, deve-se registrar
também uma outra geração que contribuiu para a organização, produção e circulação da palavra
impressa na cidade. Pertenceram a esse grupo de jornalistas de Maruim, Celecino Oliveira,
comerciante, patrono de O Paladino; J. Ataíde Barreto, diretor de O Democrata; Antônio Farias
e José Thomaz Gomes da Silva, responsáveis pelo periódico Poliantéia.
Vale frisar que, de todos os jornais de Maruim, O Commercio foi o que teve vida mais
longa. Fundado em 1916, circulou até a década de 1930. Nele, personalidades conhecidas no
círculo literário sergipano ocuparam o cargo de redator: Carlos Santiago, Sebrão Sobrinho, Joel
Macieira Aguiar, Paulo Costa, João Garcia Moreno, José Batista de Andrade, dentre outros. O
sacerdote de Santo Amaro das Brotas, Padre Aurélio Vasconcelos de Almeida, quando estava à
frente da Paróquia de Senhor dos Passos (1935-1938), dirigiu O Arauto
95
, órgão da Igreja
Católica em Maruim.
As tipografias de Maruim imprimiram em Sergipe parte da sua própria história e, ao
mesmo tempo, fizeram destacar uma região que soube valorizar as belas letras. Trabalho e
vocação passaram a andar lado-a-lado daqueles que detinham pendor literário. “Em Maruim
93
GUARANÁ, Armindo. Op. Cit., 1925, p. 218.
94
Idem. p.6.
95
Sobre os impressos da cidade de Maruim, ver GUARANÁ, Armindo. Jornaes, revistas e outras publicações
periódicas de 1882 a 1908. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Rio de Janeiro, tomo especial,
volume I, parte 2. 1908, pp. 776-813; ________. Dicionário Biobliográfico Sergipano. Rio de Janeiro: Oficinas da
Empresa Gráfica Paulo Pongetti e Cia, 1925.; SOUZA, Cristiane Vitório de. 2001. “A República das Letras” em
Sergipe (1888-1930). Monografia de conclusão de curso. Universidade Federal de Sergipe; AGUIAR, Joel Macieira.
Escorço histórico do Gabinete de Leitura de Maroim (1877-1927). Aracaju: Gráfica Gutenberg, 1929. ________.
Traços da história de Maruim. Aracaju: UNIGRÁFICA, 1987; TORRES, Acrísio. Imprensa em Sergipe. Brasília:
Gráfica do Senado, 1993; dentre outros.
surgiram: a Tipografia Comercial, a Tipografia Teixeira, a Tipografia da Livraria Queiroz, a
Imprensa Econômica de José Andrade, a Imprensa Econômica da Viúva Soledade & Filho
96
”, e a
typografia de Leopoldino José de Souza, situada na Praça Coronel José de Faro, onde foi
impressa a Revista Litteraria
97
.
A vida cultural da cidade foi notícia com a publicação do periódico A Justiça, em 1862.
Após essa data, até o início dos anos 30 do século XX, foram publicados 21 jornais. Diferentes
segmentos da sociedade maruinense (a Igreja, a Justiça, o Comércio, a Agricultura, a Escola, o
próprio Gabinete e outros) utilizaram a imprensa periódica para difusão de seus propósitos.
Na década de 1870, diversas transformações importantes aconteceram na vida do país.
Maruim soube acolher investidores brasileiros, portugueses, alemães, suecos e noruegueses, os
quais contribuíram para que a cidade, na segunda metade do século XIX, fosse cognominada de
Empório de Sergipe. “Dentre as principais casas comerciais dessa época, figuravam: José
Joaquim Lacerda, José Maurício Lobo, José Quintiliano da Fonseca, João Rodrigues da Cruz,
Luiz da Costa Shimidt dentre outros [...]”
98
. A respeito da importância econômica de Maruim,
complementou ainda o Professor José Cruz:
Consoante o depoimento de pessoas de responsabilidade da comunidade
sergipana, as quais procuramos ouvir atentamente, a cidade de Maruim, desde o
terceiro quartel do século XIX até o ano de 1918, era o maior empório do Estado
de Sergipe, muito maior mesmo que a respectiva capital, ou seja, a cidade de
Aracaju
99
.
Tais fatos favoreceram a criação de uma SL, em 1877, denominada de Gabinete de
Leitura de Maruim. Aracaju fundou o Gabinete Literário Sergipano”, em 1860
100
, que durou
apenas dezoito anos. Os espaços culturais e a publicação de seus escritos têm importância
fundamental por possibilitarem a circularidade da informação. São relevantes os diversos tipos de
publicação, quais sejam, liberal, religiosa, popular, clássica e outras.
96
SOUZA, Cristiane Vitório de. Op. Cit. 2001, p. 46.
97
AGUIAR, Joel. Op. Cit. 1929, p. 71.
98
Idem, P. 20.
99
CRUZ, José. Maruim e sua economia. Aracaju: Prefeitura Municipal de Maruim. 1957, p. 2.
100
SOUZA, Cristiane Vitório de Op. Cit.,. 2001, p. 29.
Uma maneira de facilitar a circulação do conhecimento é dispor de meios que favoreçam
a difusão da cultura escrita. Daí a importância dessas agremiações, de raiz liberal, na formação
intelectual e moral dos cidadãos.
[...]
Tratava-se de esforço imenso desse aparelho, desde a concepção de seus
estatutos à obtenção dos livros e o incentivo à freqüência. Esses Gabinetes
nasceram sob o descrédito das oligarquias locais e deles recebiam pouco apoio,
confirmando de forma indireta, a não-aprovação e censura da Instituição.
Vingavam, em parte, pelo aparato ornamental, extremamente oportuno em
momento significativo de busca de representação social, enquanto permitiam a
troca de idéias, formulavam a sociabilidade de camadas médias urbanas,
divulgavam, a seu modo, novas práticas culturais
101
.
O GLM despertou em seus freqüentadores a vocação literária, pois, segundo o registro
histórico, foi a única biblioteca sergipana que teve à sua disposição uma tipografia. A cidade
ainda guarda fragmentos dessa época. Existe na Imprensa Econômica de Maruim, que pertenceu
à viúva Soledade & filhos, uma impressora Cobold (alemã) do século XIX e, também, dezenas de
caixas de tipos móveis nacionais e estrangeiros. Essas ferramentas tipográficas ajudaram a
escrever a história da imprensa sergipana.
1.2 - Visitando o Gabinete de Leitura de Maruim
Bibliotecas que sobreviveram nos permitem estudar a
‘arqueologia do conhecimento’ no sentido literal da famosa
expressão de Foucault, examinando os vestígios físicos de
antigos sistemas de classificação os catálogos [e outros
impressos]
102
.
Peter Burke
101
ABREU, Márcia. (org.). Leitura, história e história da leitura.. Campinas: Mercado de Letras/Associação de
Leitura do Brasil. São Paulo: Fapesp. 1990, p. 408.
102
BURKE, Peter. Uma história social do conhecimento: de Gutenberg a Diderot. Rio de Janeiro: Zahar. 2003, p.
88.
A leitura oral era uma estratégia para facilitar o mercado livreiro e também para despertar
o interesse dos analfabetos, uma prática que foi difundida com as bibliotecas circulantes e que
viria mais tarde a dar origem aos gabinetes de leitura.
As bibliotecas circulantes foram instituídas como estabelecimentos comerciais
na cidade de Bath, em 1725, e em Londres, em 1740. Estas bibliotecas
circulantes foram importantíssimas na disseminação do hábito da leitura e na
popularidade do gênero. [...] Diderot informa que o primeiro Gabinete de Leitura
foi inaugurado na França, em 1759 [...]. O gosto do leitor pelo romance também
vai ser alimentado pela mesma história de aventura, crime e paixões
103
.
Nos Estados Unidos, os gabinetes de leitura surgiram sob a égide da instrução popular,
assunto que foi tratado na obra Instrução Nacional, de D. Antônio Costa, editada em Lisboa, em
1870
104
. Ao traçar o perfil da educação em Portugal, ele observou que seu país precisava integrar-
se à Revolução Educacional com relação à instrução primária, e que era preciso ter consciência
do papel que o século XIX desempenhava sobre a educação.
Costa, em seu estudo sobre as bibliotecas populares, enfatizou a diferença entre “saber ler
e poder ler” e afirmou que foi Benjamim Franklin (1706-1790)
105
o inventor da Biblioteca
Popular. Sobre a presença desse tipo de instituição na Europa, Costa asseverou: o “Grêmio
Popular em Lisboa tem livros e propõe-se a abrir, logo que lhe seja possível, uma biblioteca
popular. Tem um gabinete de leitura com jornais à noite. Têm igualmente gabinete de leitura o
centro promotor e a associação popular”
106
.
No tocante aos objetivos dessas bibliotecas, esse autor
sugeriu que tais instituições deveriam abrigar duas categorias
de obras: as que encerram os conhecimentos gerais para o
homem e as que tratam das especialidades de cada uma das
profissões: agrícola, industrial, comercial e artística, inventos e
aperfeiçoamentos, entre outros. Para ele, essas bibliotecas
103
Disponível em: <www.unicamp.br/iel/memoria/ensaios/Sandra/sandra-htm> Acessado em 24 de novembro de
2004. Denis Diderot (1713-1784), escritor e filósofo francês, editor juntamente com D’Alembert, da Ecyclopédie,
obra capital do Iluminismo do séc. XVIII [...]. Grande Enciclopédia Larousse Cultural. 1998. São Paulo: Nova
Cultural, p. 1899.
104
Esta obra é uma das numerosas publicações de autores estrangeiros que consta no seu catálogo e ainda se encontra
no acervo da Biblioteca do Gabinete de Leitura de Maruim.
105
COSTA, D. Antonio da. Instrução Nacional. Lisboa: Imprensa Nacional, 1870, pp. 181-191.
106
Idem. p. 183.
deveriam ser acessíveis a todas as classes. Ao se referir a esse
tipo de agremiação cultural em outros países, o autor
apresentou o seguinte quadro:
as da Alemanha e dos Estados Unidos são inúmeras. Nesta última nação os
jornais diários e as Revistas tiram-se a centenas de milhares. Em Inglaterra seja
um de muitos exemplos a Sociedade dos Trabalhadores de Rochedale os quais
organizaram uma biblioteca popular de 2.000 volumes. Em França seja exemplo
também a Sociedade Particular das Bibliotheca do Alto Rheno, da qual subiu a
250.000, o número de livros que têm corrido de mão por mão. A de Mulhouse
dar a ler anualmente 80.000 volumes. A da Sociedade Franklin, de Paris, só num
ano distribuiu 16.000 para fundação de bibliotecas municipais. A vizinha
Espanha criou as bibliotecas populares por decreto de 2 de janeiro de 1869, e
vão em desenvolvimento notável. A Bélgica as possui em um quarto dos
municípios. A Suissa já possui em todos os municípios
107
.
A respeito da importância dessas práticas de leitura, ratificou Costa: “As bibliotecas
populares completam a escola porque a leitura moraliza os costumes, eleva a alma, aperfeiçoa o
trabalho nas profissões específicas”
108
. Por isso, estava inconformado porque na década de 1870,
em Portugal, a instituição das bibliotecas populares ainda estava por nascer.
Ficou constatado que nas bibliotecas dos gabinetes, o estilo literário romance e
principalmente os romances-folhetins constituíram-se na leitura predileta daqueles que se
apropriaram desse corpus bibliográfico. Contudo, por conter enredos inspirados em violências e
afetos excessivos, o folhetim não era recomendado por alguns segmentos da sociedade (Igreja e
Estado), por ser corruptor de costumes. “Os romances encontraram nas bibliotecas circulantes um
excelente meio de difusão e circulação, o que fez esse tipo de produção literária proliferar nos
gabinetes de leitura da Europa e mais tarde no Brasil
109
”.
Debruçar sobre a história da leitura não é apenas penetrar espaços e interpretar seus
símbolos, é preciso também estabelecer relações com os padrões econômicos e sociais de cada
realidade. Os primeiros gabinetes de leitura no Brasil surgiram por iniciativa de um grupo de
107
Ibidem. p. 184.
108
Ibidem. p. 187.
109
É possível que, ao se preocuparem com a instrução e por quererem inculcar nas pessoas o gosto pela leitura, os
fundadores dos gabinetes de leitura, no Brasil, tenham-se inspirado no modelo vindo da França, pois, logo depois da
Revolução de 1789, apareceram as chamadas BOUTIQUES À LIRE, que eram as lojas onde se locavam livros, por
prazo determinado, mediante pagamento prévio de uma taxa.Cf.
:
<www.unicamp.br/iel/memoria/ensaios/Sandra/sandra-htm> Acessado em 24 de novembro de 2004.
imigrantes portugueses que fundaram, em 1837, o Real Gabinete Português de Leitura, no Rio de
Janeiro, como espaço particular para “ilustrar” suas mentes. Contudo, é a partir da segunda
metade do século XIX, que se originaram as agremiações de caráter liberal.
Segundo Ana Luiza Martins
110
, os gabinetes de leitura de São Paulo, no final dos
Oitocentos, surgiram em localidades de expressiva situação econômica, por iniciativa de
empreendedores e intelectuais com idéias liberais. Foram identificadas no Estado de São Paulo,
por Martins
111
, vinte associações literárias no período de 1847 a 1890.
Dos vinte gabinetes identificados no Estado de São Paulo, por Martins, apenas dois
sobreviveram, os de Sorocaba e de Rio Claro. O Gabinete de Leitura Sorocabano foi “criado em
13 de janeiro de 1864 por Luis Matheus Maylasky (1838-1906) procedente da Hungria, que
chegou ao Brasil em 1863
112
e o Gabinete de Leitura de Rio Claro, “inaugurado em 11 de 2221 0 Td( )Tj2.82 “ eaia
um dos centros de consultas bibliográficas mais importante do Estado. Fundado em 19 de agosto
de 1877, conforme consta no Art. dos seus Estatutos, desti
(o)Tj5.82234 0 Td5.1j3.18128 0 Td((o)Tj5.82234 0 Td5.-j5.82234 0 Td(r)Tj5.88236 0 Td(s))Tj5.2221 0 Td(e)Tj5.16207 0 Td( )Tj3.36162 0 Td(e)Tj5.16207 0 Td( )“Tj5.2221 0 Td(e)Tj3.36135 0 Td(c)Tj5.82234 0 Td(r)Tj5.82234 0 Td(eTj3.36162 0 Td(e))Tj8.4634 0 Td(r)Tj2.88116 0 Td( )
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bin
Domingos José de Macedo [...]. O Cônsul Otto Schramm elevou a nossa terra e
sempre auxiliou de coração todas as iniciativas que aqui surgiram
119
.
Figura 3: João Rodrigues da Cruz, patrocinador do
GLM. Fonte: acervo particular dos familiares. Óleo
sobre tela de autoria desconhecida.
João Rodrigues da Cruz (1844-1893)
120
nasceu em Salvador/BA. Foi preparado desde
cedo para as habilidades contábil e comercial e falava fluentemente o Francês e o Inglês.
Realizou cursos complementares no exterior, em viagens de instrução, em Portugal, França e
Inglaterra, países com os quais viria mais tarde a manter intercâmbio comercial. Chegou a
Sergipe com largos recursos financeiros e estabeleceu-se em Maruim, promissor núcleo
comercial de então. Nessa cidade fundou a Firma Exportadora e Importadora João Rodrigues da
Cruz, mais tarde Cruz & Irmão e, por último, Cruz, Irmão & Cia. Foi proprietário de trapiches
(armazéns de açúcar). Junto com seu irmão Thomaz Cruz fundou e custeou a SL, que originou o
GLM, no dia 19 de agosto de 1877. Em 21 de abril de 1884 inaugurou a “Sergipe Industrial”, em
Aracaju. Por isso, estabeleceu o Serviço de Bondes para facilitar o transporte de operários do
119
Maia, Manuel Ramos apud AGUIAR, Joel. AGUIAR, Joel. Op. Cit. 1929, p. 27.
120
Cf. Folder do Centenário de Nascimento de João Rodrigues da Cruz (1844-1944). Acervo particular da autora.
Bairro Industrial para o centro da capital. De grande visão educacional, percebendo que precisava
melhorar a instrução daquela região, deixou em testamento a quantia necessária para a construção
e instalação do Instituto Cruz, em 1902, destinado ao ensino de Contabilidade Comercial para os
jovens que trabalhavam no comércio de Maruim.
Figura 4: Thomaz Rodrigues da Cruz, primeiro
presidente do Gabinete. Fonte: acervo particular
dos
familiares. Autoria: Gonçalves/Bahia.
Thomaz Rodrigues da Cruz (1852-1919)
121
, natural da mesma localidade de seu irmão
João, filho de Maria Leopoldina Lopes da Cruz e João Rodrigues da Cruz. Fez os estudos
secundários no Colégio São João, em Salvador, e graduou-se em Ciências Médicas e Cirúrgicas,
na mesma cidade, em 1871. Especializou-se em Clínica Médica, em Londres e Paris. Ao retornar
da Europa resolveu fixar residência em Sergipe, o que fez em 1875, escolhendo a cidade de
Maruim para o exercício da profissão. Consta que partiu dele a idéia, financiada por seu irmão,
para a criação do Gabinete de Leitura de Maruim, do qual foi eleito seu primeiro presidente.
Como político, militou no Partido Liberal, foi Deputado Provincial na legislatura de 1884 a 1885
121
Cf. O Cálamo. Aracaju. Ano VI, nº 5, 29 jan. 1952, pp.1-2.
e ocupou a Presidência do Legislativo estadual. Nomeado Vice-Presidente da Província, em 7 de
agosto de 1889, assumiu o Governo do Estado em 24 de outubro do mesmo ano. Integrou o grupo
dos sergipanos adeptos ao movimento republicano. Eleito Senador, em 1890, subscreveu a
Constituição Federal de 24 de fevereiro de 1891. Convém lembrar que, no período em que
circulou a RL, Thomaz Cruz estava mais voltado para as contendas partidárias. Logo, pode-se
atribuir-lhe a função de um dos correspondentes da capital brasileira, com relação às notícias do
Congresso Nacional que foram publicadas na revista do Gabinete.
Em 1893, com o falecimento
de João Cruz, veio residir em Aracaju, dirigiu a Usina Santa Clara e administrou a Sergipe
Industrial até 1918. Foi o primeiro Diretor Presidente do extinto Banco de Sergipe, sendo reeleito
para diversos mandatos. Fundou, às suas expensas, uma escola no bairro Industrial destinada aos
filhos dos operários da mencionada indústria têxtil.
Figura 5: Cônsul F. Otto Schramm
Fonte: AGUIAR, Joel. Escorço
histórico do Gabinete de Leitura de
Maroim. Aracaju: Gráfica
Gutenberg, 1929, p. 133.
F. Otto Schramm
122
, filho de Eduard Schramm e Mirnna von der Meden Schramm, era
sobrinho de dois
No que tange aos acervos dos gabinetes, tanto na Europa como no Brasil, a Língua
Francesa liderava com maior número de títulos, a exemplo dos “autores revolucionários”
Rousseau, Montesquieu e Voltaire.
Na escrita de Laurence Hallewell
125
, a grande popularidade do romance começou na
Inglaterra com Scott e Radcliffe. Tornou-se um gênero dominante na França com Balzac,
Alexandre Dumas, Alphonse Karr, Paul de Kock, Soulié, Eugéne Sue, pois os jornais eram
enfadonhos. Como testemunho desse tempo, ainda no GLM diversas publicações de autores
franceses. Contudo, indícios de que a apropriação da literatura em língua estrangeira pelos
membros do Gabinete não era uma prática recorrente. O famoso livro de Victor Hugo, Les
Misérables
126
, é um dos exemplares cuja ficha para o controle de empréstimo nunca recebeu
algum tipo de registro. Isto a entender que essa obra não costumava ser retirada para leitura
domiciliar em relação a outras publicações traduzidas ou de autores nacionais.
Os romances brasileiros tinham seus representantes, dentre outros, nas coleções de
Machado de Assis, José de Alencar, Coelho Neto, Guerra Junqueiro, Alexandre Herculano, como
resultado do crescimento da produção literária e editorial do Brasil nesse período. As obras
nacionais e estrangeiras eram disputadas entre os leitores da região, especialmente os das cidades
de Laranjeiras e Capela. O escritor Zózimo Lima, natural dessa última cidade, era um assíduo
freqüentador do GLM. De lá, transportava feixes de livros, a ou em carro de bois, para as suas
leituras de entretenimento e pesquisas.
A cidade de Laranjeiras, dez anos após a fundação do GLM, ganhou, segundo estudos da
Professora Ester Fraga Vilas Boas Carvalho do Nascimento, o seu Gabinete. Em 1887, o
missionário americano Kolb e um grupo de protestantes tiveram a iniciativa de fundar o Gabinete
de Leitura de Laranjeiras [...]. Ainda naquele ano, o citado missionário e outros intelectuais
laranjeirenses emprestaram dinheiro para comprar os livros de Antônio Nogueira Brandão e
organizar o Gabinete de Leitura de Laranjeiras
127
.
Essa Associação Cultural surgiu para complementar o projeto educacional dos
missionários presbiterianos e funcionou por aproximadamente dez anos, tendo encerrado suas
atividades quando os seus dirigentes se transferiram para outras cidades.
125
HALLEWELL, Laurence. Op. Cit. 1985, pp. 138-139.
126
HUGO, Victor. Les Misérables. Paris: Pagnerre, Libraire – editor, M DCC LX.
127
NASCIMENTO, Ester Fraga Vilas-Bôas Carvalho do. A escola americana: origens da educação protestante em
Sergipe (1886-1913). São Cristóvão. Grupo de Estudos e Pesquisas em História da educação/NPGED/UFS (Coleção
Educação é História 4), 2004, p. 125 .
Com relação à veiculação de matérias alusivas ao Gabinete, na sua Revista, não obstante
as citações que estão no cabeçalho de todas as edições, a própria SL não recebeu a atenção
esperada, conforme previam seus Estatutos. A Revista do Gabinete pouco falou dele mesmo.
Foram publicados os registros referentes a quatro visitas ao salão da biblioteca e anúncios de
reuniões da diretoria (um deles para levar ao conhecimento dos sócios o afastamento do chefe de
redação Nogueira Cravo). A sessão da Assembléia Geral, datada de 29 de outubro de 1890,
registrou o entusiasmo dos seus sócios pela inauguração de um periódico que viria a ser o
primeiro de uma SL de Sergipe.
Orgam do mesmo Gabinete, na qual se congratulava com esse acontecimento
que marca uma nova era de prosperidade para esta instituição, e prova eloqüente,
quanto se avantajam os membros dessa sociedade, pela grandeza intelectual
desse commedimento, precursor da difusão da instrução pública por todas as
camadas sociais na cultura das letras e para o engrandecimento da instituição
civilizadora a que pertencem
128
.
Os produtores da RL deixaram em suas páginas o orgulho de pertencerem ao GLM.
Em nenhum outro ponto do Estado a perseverança tem sido tão bem
recompensada como entre nós, para com uma instituição litteraria: De mãos
dadas o talento que esclarece e instrue e a fortuna que aplaina as dificuldades
materiaes, tem conquistado para s o orgulho de sermos os únicos que
ostentamos às sociedades cultas a gloria de mantermos um gabinete de leitura
possuidor de milhares de obras scientificas, litterarias e recreativas
129
.
Os registros sobre a freqüência do público leitor no GLM só foram veiculados nas
primeiras edições da RL: “durante a ultima semana foi freqüentada a biblioteca deste Gabinete
por 138 pessoas”
130
; “freqüentaram a biblioteca do Gabinete nas noites da ultima semana 228
pessoas”, que se entretiveram na leitura de jornaes, consultas de diccionarios e apreciação de
obras raras, Atlas Geográficos e mais preciosidades artísticas que existem em sua biblioteca”
131
;
128
Idem. p. 3.
129
Revista Litteraria. Maroim. 2, 2 nov. 1890, p. 1.
130
Revista Litteraria. Maroim. 3, 9 nov. 1890, p. 2.
131
Revista Litteraria. Maroim. 4, 16 nov. 1890, p. 3
“durante a ultima semana foi freqüentado o gabinete de leitura por 123 pessoas”
132
;
“Freqüentaram o Gabinete de Leitura na ultima semana 117 pessoas”
133
.
Conforme foi publicado, o maior número (228) de visitantes recebidos no Gabinete foi no
dia 15 de novembro de 1890, data em que foram realizadas as comemorações do Primeiro
Aniversário da República, certamente atraídos pelas festividades que estavam ligadas ao fato
histórico. O momento foi oportuno para que seus diretores pudessem apresentar aos visitantes as
suas representações e, principalmente, por acreditarem em um país renovado. Festas, pompas e
vivas ainda se registravam como júbilo pela queda da Monarquia. O Gabinete e sua revista
fizeram-se palcos para reverenciar o General Deodoro.
Em homenagem a data gloriosa de 15 de novembro, conservou-se hontem
garbosamente ornamentado o sallão do Gabinete de Leitura. Durante o dia
Fluctuou na frente de seu edifício a bandeira nacional. O retrato do
generalíssimo esteve lindamente engrinaldado de flores naturais. A noite fez-se
exposição das obras de luxo e precciosidades que possui na sua biblioteca.
Grande concorrencia de pessoas atraiu durante o
dia e noute o Gabinete de
Leitura, pela pitoresca perspectiva que ostentava
134
.
Causou estranheza, também, a ausência de informações acerca das leituras mais
recorrentes (livros didáticos, romances e outros) pelo fato de o GLM ter como propósito
incentivar a prática da leitura e a instrução. Os jornais ficavam à disposição do público na grande
mesa do salão de leitura, os quais eram bastante concorridos à noite. Sabe-se que somente os
sócios retiravam livros para leitura domiciliar. Não foi possível localizar o catálogo da biblioteca,
organizado dentro do recorte estudado; por essa razão sabe-se pouco sobre o acervo dessa SL. O
seu organizador foi Domingos J. de Macedo, que se destacou como “sócio fundador benemérito
do Gabinete de Leitura e pela relevância de serviços prestados, foi presidente de direção, e
bibliothecario collecionador do catalogo existente. Honra tem quem honra dá”
135
.
Alguns livros do seu acervo foram identificados através de algumas notas intituladas
“Doação”. Joaquim Amorim
136
, funcionário da Casa Comercial de Rodrigues de Moraes e Co,
nas cidades do Estado da Bahia e em Aracaju, ofertou ao Gabinete: Galeria de Varões Illustres
132
Idem p. 3
133
Revista Litteraria. Maroim. Nº 6, 30 nov. 1890, p. 3.
134
Revista Litteraria. Maroim. 4, 16 nov. 1890, p. 3.
135
Revista Litteraria. Maroim. 2, 2 nov. 1890, p. 3.
136
Revista Litteraria. Maroim. 14, 25 jan. 1891, p.4.
de Portugal, por J. M. Latino Coelho; A Musa em Férias, de Guerra Junqueiro; Amor de
Salvação, por Camilo Castelo Branco; O Carrasco de Victor Hugo, de José Alves; Eusébio
Macário, romance do mesmo escritor português; Lisboa na Rua, produção de Julio César
Machado; Discursos Parlamentares, 1865 – 1866, por Vieira de Castro; Sob os Ciprestes, Vida
Íntima de Homens Illustres, por Bulhão Pato; Torrentes, poesia, de Theophilo Braga; O
Avarento, por Castilho, com erudito parecer de Mendes Leal. A diretoria do GLM publicou nota
de agradecimento pela “valiosa doação”, uma estratégia para incentivar essa prática nas
comunidades em que a Revista se permutava.
Quando saiu o primeiro mero da RL, a Diretoria do GLM para o biênio de 1890 a
1891
137
estava assim constituída: Presidente da Assembléia Geral, Comendador João Rodrigues
da Cruz (negociante de açúcar); Secretário, José Quintiliano da Fonseca (proprietário da Casa
Comercial A. Fonseca e Cia); Secretário, Sátyro Telles. O Conselho Diretório era composto
137
AGUIAR, Joel Macieira. Op. Cit. 1987, pp.164-165
Figura 6: antiga fachada do Gabinete de Leitura de Maroim. Prédio adquirido em 1926, com
o apoio do Governo de Sergipe, Mauricio Graccho Cardoso. Fonte: AGUIAR, Joel. 1929.
Escorço Histórico do Gabinete de Leitura de Maroim. Aracaju: Gráfica Gutenberg, p.
11.
por: Leopoldino [José de] Souza (administrador de Trapiche e proprietário da tipografia onde se
imprimia a revista); Luiz [da Costa] Schimidt (alemão, sócio da Casa Inglesa); Artur Macedo;
Domingos Macedo (proprietários do Armazém Macedo); Horácio Martins (farmacêutico e
político
138
); Lourenço Monteiro, Nogueira Cravo (homem de letras); João de Góes Junior; Albino
Macieira. Integravam a Comissão de Contas: Roberto Brown (Cônsul da Inglaterra
139
); Eduardo
Cruz; Dr. José Cupertino Dantas e o Orador Oficial do Gabinete nesse período, o Dr. Guilherme
Nabuco.
Em 7 de julho de 1891, circulou a última edição da RL. A Diretoria do Gabinete era a
mesma que foi eleita para o mandato anterior, composta por alguns membros novos assim como
por integrantes de gestões passadas que se revezavam
nos diferentes cargos. A Presidência estava
sob a responsabilidade do Dr. José Cupertino Dantas; Secretario: Horácio Martins;
Secretario: José de Magalhães Menezes. Pelo Conselho Directorio respondiam os cidadãos: Luiz
Schimidt, Albino Macieira, Cesário Pessoa, Arthur Macedo, Saturnino Sucupira, João de Góes,
Francisco Dias Ribeiro, Manoel Joaquim de Oliveira, Manoel [Ramos] Maia. Os responsáveis
pela Comissão de Contas eram: Leopoldino Souza, Eduardo Cruz, João Lopes Sebrão e o Orador
Oficial do Gabinete: Luiz Barbosa.
indícios de rivalidades políticas entre as autoridades administrativas do Estado e de
Maruim e o grupo do Gabinete. Quando a Revista deixou de circular, era Intendente de Maruim,
o Major Miguel Pereira dos Anjos
140
. À frente da paróquia (de 1875 a 1912) estava o Padre
Antônio Leonardo da Silveira Dantas
141
. Esses cidadãos, assim como João Gomes de Melo
(1809-1890), o Barão de Maruim, não assinaram a ata de fundação do Gabinete. À exceção do
Padre Dantas, diversas autoridades não ocuparam cargo de
diretoria nos primeiros cinqüenta
anos (1877-1927) de vida do GLM, e nem tampouco tiveram seus nomes veiculados na
Revista
142
. Convém salientar que o citado sacerdote, quando visitou o Gabinete na condição de
Presidente do Estado, dirigiu os trabalhos da sessão solene e, no período de 1896 a 1897
143
, foi o
seu orador oficial.
138
Logo após proclamada a República, o município de Maruim foi administrado por um Conselho de Intendência
instalado pelo Governador Felisbello Freire, do qual Horácio Martins foi o seu Presidente. Este foi ai
Re e e F
Mesmo enfrentando a censura imposta pelas autoridades, essa SL tinha sua própria
tipografia. No seu recinto, deram-se importantes discussões sobre as mudanças na educação
brasileira. O GLM
144
, nas primeiras décadas do século XX, foi transformado em Sociedade de
Utilidade Pública com o apoio da Câmara Federal.
Hoje o Gabinete ainda cumpre uma função importante, uma vez que nas suas
dependências as novas gerações encontram a possibilidade de enriquecimento cultural através dos
serviços de uma biblioteca, assim como o acesso ao antigo acervo.
144
O GLM foi reconhecido como “Sociedade de Utilidade Pública” pelo Decreto Federal de 3. 776 de 1º de
outubro de 1919. Nesse mesmo ano, foi inaugurada a Escola Noturna José Quintiliano da Fonseca. A propositura é
de autoria do Deputado Federal (um filho da terra) Deodato da Silva Maia (1876-1941). O Decreto Federal de nº
3.776 de de outubro de 1919 foi assinado pelo Presidente da República Epitácio da Silva Pessoa. SILVA, Maria
Lúcia Marques Cruz e. Op. Cit. 1994, p. 202.
Figura 7: atual fachada do Gabinete de Leitura de Maruim (reformado em 1953, projeto
arquitetônico de Corinto Pinto Mendonça). Foto: Marcel Nauer.
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Não grandeza que se iguale à de um bom livro (V.
Hugo). E nem arma mais poderosa do que a imprensa
para a conquista da civilização (Heyman)
145
.
Trata-se da Revista Litteraria, da sua composição gráfica e aspectos da sua circulação. A
prévia organização em duas coleções (a primeira com os exemplares 1 ao 20 e a segunda com as
edições 21 a 34) muito auxiliou nas análises para o cumprimento dos objetivos propostos. Ao
examinar a materialidade da RL tentou-se dissecá-la para compreender os dispositivos utilizados
pelos seus produtores (autores, editores, ilustradores, tipógrafos) com o intuito de conformar uma
determinada leitura e transmitir uma mensagem.
Foi, após inúmeras buscas, que localizei no acervo da BPED, em Aracaju, na “Seção das
Revistas”, duas coleções (encadernações para arquivamento) da RL com as seguintes
características: O Volume I (correspondente à primeira fase) apresenta encadernação em capa
dura, com a lombada em couro vermelho na qual foram impressas, em letras douradas, inscrições
horizontais referentes ao tulo e ao ano da publicação. Capa (da encadernação) sem ilustração,
com as seguintes inscrições datilografadas sobre uma etiqueta branca: Revista Litteraria. Anno -
I I 1 10; 11-20. Períodos: outubro/dezembro 1890 e janeiro/março 1891. Nesse
volume estão os exemplares dos números 1 ao 20, formato 30cm x 22cm, com quatro páginas em
cada edição e textos distribuídos em três colunas. O Volume II (correspondente à segunda fase)
apresenta encadernação também em capa dura, com a lombada em couro vermelho, na qual
foram impressas, em letras douradas, inscrições horizontais referentes ao título e ao ano de
publicação. Capa sem ilustração, com as seguintes inscrições datilografadas sobre uma etiqueta
145
Nas edições dos meros 14 ao 20 foram suprimidas do frontispício da RL as epígrafes: “Orgam do Gabinete de
Leitura de Maroim” e “Distribuição Gratuita aos Sócios”, que passaram a ser publicadas no expediente junto ao
preço da assinatura. Nessas mesmas publicações, o espaço foi ocupado por duas frases de autores famosos (Victor
Hugo e Heyman) para dar ênfase às representações da leitura e da imprensa. Revista Litteraria. Maroim,
exemplares dos números 14 ao 20.
branca: Revista Litteraria. Anno II; 21 a 34. Período: março/julho de 1891. Assim, esse
volume contém os exemplares dos meros 21 a 34, formato 23,50cm x 16cm, com oito páginas
e textos distribuídos em duas colunas. Nessa coleção, o título e o slogan permaneceram os
mesmos. Contudo, deixou de ser veiculada no frontispício a expressão: “distribuição gratuita aos
sócios”.
As coleções foram encadernadas na Livraria Olivieri, de Fernando C. Koch, no Estado da
Bahia, conforme logomarca da citada oficina tipográfica, afixada na parte interna no canto
esquerdo e superior das suas capas. indícios de que as revistas que estão nos dois volumes
foram colecionadas por integrante da Loja Maçônica Camerino. As duas séries foram doadas pela
Biblioteca dessa entidade à Biblioteca Pública do Estado de Sergipe (atual Biblioteca Pública
Epiphânio Dórea), em 2 de junho de 1909, conforme registro do próprio punho de [Epiphânio da]
Fonseca Dórea
146
. Esse pesquisador se dedicou à cultura sergipana, como sócio de diversas
instituições de pesquisa de Sergipe, a exemplo da Biblioteca Pública do Estado, localizada em
Aracaju, que recebe o seu nome.
Figura 8: Dedicatória do vol. I (offerecido pela
Bibliotheca “Camerino” à Bibliotheca Pública
em 2 de junho de 1902. E. F. Dórea). Fonte:
Revista Litterária. Primeira fase.
146
Há evidências de que havia uma estreita relação de Epiphânio Dórea com a cidade de Maruim, em função
da existência de uma Sociedade Literária e de seus integrantes. Consta que ele “em 1907 foi secretário do GLM cujo
arquivo organizou pacientemente”. GUARANÁ, Manoel Armindo Cordeiro. Op. Cit 1925, p. 72.
Essas dedicatórias são bastante reveladoras e apresentam indícios de que alguns sócios do
GLM integraram a citada entidade
147
.
Figura 9: Dedicatória do vol. II (Este volume foi offerecido
pela Loja Maçônica “Camerino” em 2 de junho de 1909. F.
Dórea).
Fonte: Revista Litterária. Maroim. Segunda fase.
Concordo com Carlo Ginzburg
148
quando este afirma que para se ampliar o processo
investigatório, é preciso estabelecer relações entre conexões tipológicas ou formais e conexões
históricas, mesmo tendo que enfrentar suas implicações teóricas. A análise da materialidade da
RL foi um dos primeiros passos desta pesquisa, que mesmo sendo uma tarefa exeqüível,
apresentou-se desafiadora e instigante. “Eu usava a morfologia como uma sonda, para perscrutar
uma camada inacessível aos instrumentos usuais do conhecimento histórico”
149
.
147
Em Maruim, a Maçonaria encabeçou vários movimentos sociais em favor dos mais necessitados, tendo auxia
Acredita-se que eªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªª34d7iêj5.88236 0 Td(e)Tj5.2221 0 Td( )Tj4.o2221 0 Td( )Tj4.i2221 0 Td(-)Tj3.ªªªªªªªªªªªªªªªªªªª.88236 0 Td(e)Tj5v2221 0 Td( )Tj4.o2221 0 Td( )Tj4.l2221 0 Td(-)Tj3..2221 09423(d)Tj5m6207 0943d(d)Tj5.82234 ªªªªªªªªªªªªªªªª0 1 87.7603(3.2203 T60( )Tj0.287(c)T718ªªª.38 T156183 0 Tdªªªªªªªª556183 0 Tdªªªªªªªª0ªªªª0 1 82.74 73.2203 Tm( )Tj0.298 TL(12 0 .38 TL( )4 0 Td(u)Tj5ªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªj56183 241ªªªªªªªª90157 0 Td(s)Tj4m6207 0943d(d)Tj5L( )4 1416( )Tj4.o2221 0 Td( )Tj4.ªªªªªªªªªªªªªªªªªªª.88236 0 Td(u)Tj5m6207 0943d(d)Tj590157 0 Td(s)Tj4i56183 241ªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªª.88236 0 Td(u)Tj5.96159 0 Td(e)Tj5o2221 0 Td( )Tj4.m62079.003d(e)Tj5p2221 0 Td( )Tj4.l2221 00 Td(a)Tj5.08164 0 Td(q)Tj5t56183 241ªªªªªªªªo2221 0 Td( )Tj4.ªªªªªªªªªªªªªªªªªªª.88236 0 Td(e)Tj5t56183 241ªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªª50 Td(e)Tj5t56183 241ªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªm62079.003d(e)Tj5.2221 0 Td( )Tj4.n88236 0 Td(e)Tj5h88236 0 Td(e)Tj5o2221 09423(d)Tj5ªªªªªªª50 Td(e)Tj5.88236 0 Td(e)Tj5.2221 0 Tdªªªªªªªª90157 00 Td(e)Tj5.88236 0 Td(u)Tj5R88237.8631( )Tj4.L88237.0828(q)Tj5.82234 0 Td(e)Tj5q2221 0 Td( )Tj4..2221 0 Td( )Tj4.02162 00 Td(q)Tj5.8223-457ª504 -2 1 ªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªx30133 0 Td(t)Tj3.18128 241ªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªt56183 241ªªªªªªªªªªªªªªª0 Td(e)Tj5m62079.003d(e)Tj5 2221 09423(d)Tj5n2221 0 Td( )Tj4.o2221 0 Td( )Tj4. 2221 09423(d)Tj5E88237.0828(q)Tj5ªªªªªªªªªªªªªªªªªªªt56183 0 Td(a)Tj5a2162 00 Td(q)Tj5.2221 0 Td( )Tj4.o2221 0 Td( )Tj4.,22212 0811( )Tj4. 2221 09423(d)Tj5o2221 0 Td( )Tj4.ªªªªªªªª0 Td(e)Tj5.8823 09423(d)Tj5.88236 0 Td(e)Tj5.2221 0 Td( )Tj4.90157 00 Td(e)Tj5i56183 241ªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªª.88236.00241(u)Tj5m6207 0943d(d)Tj5.2221 09423(d)Tj5i2221 0 Td(-)Tj3..2221 0 Td(-)Tj3.o2221 09423(d)Tj5.8823 09423(d)Tj5c2162 00 Td(q)Tj5o2221 0 Td( )Tj4.n88236 0 Td(e)Tj5t56183 241ªªªªªªªª.10205 0 Td(e)Tj5i2221 0 Td(-)Tj3.b88236 0 Td(e)Tj5.2221 09423(d)Tj5í2221 0 Td(-)Tj3..10205 84154 )Tj4.90157 0ªªªªªªªªªªªm62079.003d(e)Tj5.8823 09423(d)Tj5p2221 0 Td( )Tj4.90157 0ªªªªªªªªªªª.10205 0 Td(e)Tj590157 00 Td(e)Tj5.8823 09423(d)Tj5ªªªªªªª5 Td( )Tj4.08164 0 Td(e)Tj5.8823 09423(d)Tj5c0157 0ªªªªªªªªªªªo2221 0 Td( )Tj4.m62079.003d(e)Tj5p2221 0 Td( )Tj4..10205 84154 )Tj4.ªªªªªªªªªªªªªªªªªª02162 00 Td(q)Tj5n88236 0 Td(e)Tj5.2221 0 Td( )Tj4..08164 0 Td(e)Tj5.10205 0 Td(e)Tj5.88236.00241(u)Tj5m6207 0943d(d)Tj5ªªªªªªªªªªªªªªªªªªl56183 241ªªªªªªªªh2221 0 Td( )Tj4.o2221 0 Td( )Tj4..10205 84154 d ed
dentre elas destaca-se a Maçonaria. “[...] Por iniciativa de uma geração de ex-alunos ávida de
mudança, na sua maioria filiada à Maçonaria, saiu o Projeto dos gabinetes de leitura de caráter
contestador, com força de órgão subversivo”. evidências de que o GLM, conforme os
Estatutos de 1893, nos primeiros anos da sua trajetória, seguiu alguns princípios dessa sociedade
secreta e também teve alguns membros maçons confessos, a exemplo de João Pereira Barreto e
Horácio Martins, dentre outros..88116 0 Td(o)Tj5.82234 0 Td(u)Tj5.86 0 Td(o)Tj5.82234 0 T36 0 Td( )Tj3.90157 0 Td(P)Tj6.4826 0 Td(e)Tj9ªªªªªªªªªªªªªªªªªªª0 Td(i)Tj3.34 0 Td(u)Tj5.86ªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªª-5.88236 0 Td(t)Tj3.2413 0 Td(r)Tj3.5.2221 0 Td(m)Tj9.06364 0 Td(b)Tj6.4826 0 Td(e)Tj9ªªªªªªª( )Tj3.42137 0 Td(s)Tj4p(i)Tj3.34 0 Td(13 0 Td(e)Tj5.16207 0 Td(i)Tj3.2413 0 Td(e)Tj5.163.18128 0 Td(v)Tj5.82234 0 Td(o)Tj5.882ªªª014d(o)Tj5.882360 Td(M)Tj10.4442 0 Td(,)Tj2.8811ªªª014d(o)TjAj9.06364 0 Td(b359 0 Td(b)Tj5.94239 0 ªªªªªªªªª0 Tí6183 0 Td( )Tj3..16207 0 Td(v)Tj5.88236 0 Td(i)Tj35.82234 0 Td(o)Tj5.882ªªªªªª( )Tj3TTj8.4 0 Td(e)Tj.2413 0 Td(i)Tj3.2413 0 Td(n)Tj5.8 0 Td(o)Tj5.82234 0 Td(u)Tj5.86 0 .16200205 7.760d( )Tj4.26069 0 Td256.32 597.440 Td10 Td(o)Tj(v)Tj554154 0 Tdd(e)Tj616200205 0 Td( )Tj4.20169 0 Td2684 0 592 Tdmj5.882ªªªªªª( )Tj32221 0 Td(m)Tj9.06364 0ªªªª( 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)Tj3.16207 Td( )Tj4.261736 0 Td(e)Tj5.10205 0 Td( )Tj157 0 Td(Pd(s)Tj4.50181 0 Td( )Tjp(i)Tj3.34 0 Td(.88236 .56183 0 Td21 0 Tdd(d)Tj5.82413 0 Td(r)Tj3.9.30134 0 Td(3)Tj5.88236 0 Td(,)Tj6207 0 Td(t)Tj3.2413 0 T Td( )Tj3..16207 083 0 Td( )Tj3.36135 0 Td(d)Tj5.8(t)Tj3.2413 0 Td(8128 0 Td(g)Tj5.8j2246 0 Td(á)Tj5.Tj5.16207 0 Td(i)Tj3.1 Td(á)Tj5.20169 0 Td(g)Tj5.88236 0d(e)Tj5.2221 0 Td(s)Tj4.50181 0 Td( )Tj4.02.88236 0 Td(t)Tj3.24135. 07 0 Td(d).84154 0 Td(g)Tj5.88236 0 Td(ã)Tj5.16207 0d(n)Tj5.8.2221 0 Td(l)Tj3.88236 0 Td(n)Tj5.882365. 07 0 Td(d))Tj5.16207 0 Td(n)Tj5.88236 0 Td(88236 0 Td(s)Tj4.56183 0 Td(.)Tj2.94118 0 Td(.88116)Tj5.16207 0 Td(3842 0 Td(a)Tj5.16207 0 Td(ç)Tj5.1.16207 0 Td(o)Tj5.82234 0 Td(o)Tj5.88236 0 Td(r)Tj3.96159 0 Td(ç)Tj518128 0 Td(o)Tj5.ªªªªª5. 07 0 Td(d)4.56183 0 Td( )Tj3.36116207 0 Td(d)359 0 T2Td(e)Tj5.l36135 0 Td(a)Tj55.94239 0 Td( )Tj6.12246 Td( )Tj6.5.10205 0 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)Tj(v)Tj5862070205 0 Td( )Tj4.20169 0 Td41e)Tj330a)Tjm9.6.4826 0 Td(o)Tj5.88230205 0 Td( )T-333.01Td(t)Tj3.2 16200205 0 Td( )T 4.45322o)Tj5É.00362 0 Td(e)Tj10205 08019(a)Tj5.88236 0 Td(ã)Tj5p(i)Tj3.34 0 Td(13 0 Td2413 0 Td(a)Tj5.2221 0 Td(t84154 0 Td(r)Tj3.84154 0 Td(d)Tj5.82234 0 Td(e)Tj5.10205 0 Td(ç)Tj5 88234.741d( )Tj4178 0 Td(t)Tj3.30133 0 T( )Tj4.02.88236 0Td(.)Tj2.205 0 Td(d)Tj5.818128 0 Td(a)Tj50.3842 0 Td(a)Tj5.16207 0d(n)Tj5.8.2221 0 Td(l)Tj3.2413 0 Td(r)Tj3.9.30133 741d( )Tj.12246 0 Td(c)Tj5.16207 0 Td(r)Tj34.56183 0 Td( )Tj3.3611 8019(a)Tj582234 0 Td(e)Tj5.2221 0 Td(m)Tj8.94359 0 Td(p)Tj5.3.90157 Td( )Tj4.26171 8019(a)Tj5.16207 0 Td(n)Tj58236 0 Td(s)Tj4..88236 .56183 0 Td21 0 Td( )Tj4.141ó236 0 T Td(s)Tj4.82234 0 Td(s)Tj4.50181 ( )Tj4.14166 0 Td Td(u)Tj5.82234 0 Td(n)Tj5.82234 08019(a)Tj5.84154 0 Td(g)Tj5.88236 0 Td(ã)Tj5.36135 0 Td(a)Tj5102053 741d( )Tj5.16207 Td( )Tj2.88116 0 Td(o)Tj5.06244 0 Td(s)Tj45.94239 0 Td(i)Tj.88236 0 Td(s)Tj4.56183 0 Td( )Tj342137 0 Td(s)Tj4.50181 0 Td(e)Tj5.n)Tj5.8 Td(e)Tj5.10205 0 Td( )Tj-102053 741d( )Tj2234 0 Td(n)Tj5.88236 0 Td(s)Tj4.102053 741d( )Tj157 0 T0 Td(M)Tj188236 Td(i)Tj3.2413 0 Td(a)Tj5.1082234 08019(a)Tj5413 0 Td(a)Tj5.16207 0 Td(m)Tj8.94.88236 0 Td(i)Tj3.88236 0 Td(a)Tj5.2221 0 Td(l)Tj3.5.94239 0 Td(a)Tj.2221 0 Td(x)Tj5.82234 0 0 Td(d)Tj5.88236 0 Td(a)Tj5.2221 0 Td( )Tj3a.2410205 7.760d( )Tj4.26069 0 Td48ª-5 315.d( Td10 Td(oTdd(e)Tj54154 0 )Tj(v)Tj5962070205 0 Td( )Tj4.20169 0 Td49 Td80310 d(mªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªªª3 741d( )TjO8236 T0 Td(m)Tj18128 0 Td(o)Tj5.ªªªªª4.8019(a)Tj5413 0 Td(a)Tj5.16207 0 TdTd(e)Tj5.157 0 Td(P)Tj6.48Tj4.56183 0 Td( )Tj3.154 06 Td(d)Tj5.8.82234 0 Td(b)Tj5205 0 Td(d)Tj5.84178 0 Td(t)Tj3.30133 0 Td(a)Tj5.1.88236 0 Td(,)Tj2.88116 0 Td( )Tja)Tj5.2221 0 Td(t82234 0 Td(e)Tj5.2221 0 Td(m)Tj8. 2221 0 Td(x)Tj5.82234 0 0 Td(d)TjTj4.56183 0 Td( )66 0 Td Td(u)Tj5.82234 0 Td(n)Tj5.16207 0 Td( )Tj4h88236 0 Td(r)Tj38236 0 0 Td(s)Tj43.00121 Td(e)Tj5.16207 0 Tdd( )Tj88236 0 Td(n)Tj5.88236 0 Td(s)Tj4.82234 0 Td(e)Tj5.2221 0 Td(m)Tj8.94359 0 Td(p)Tj5.4154 0 Td(t)Tj3.30133 0 Td(e)Tj5..90157 08236 0 Td(ç)Tj5.2221 0 Td(a362 0 Td( )Tj3.84154 0 Td(t)Tj3.30133 0 Td(e)Tj5..16207 0 Td(n)Tj584154 0 Td(i)Tj32413 0 Td(r)Tj3.984154 0 Td(i)Tj3.30134 Td(b)Tj5..2221 0 Td(x)Tj5.84154 0 Td(i)Tj3z4176 00 Td( )Tj68236 0 Td(s)Tj4..88236 .56183 0 Td30133 0 Td(e)Tj5.66 0 Td(u)Tj5.88236 0 Td(m)Tj9.0.88236 .56183 0 Td5.10205 0 Td( )Tj157 0 Td Td(n)Tj52221 0 d(d)Tj5.888236 0 Td(a)Tj5..88236 .56183 0 Td30133 0 Td(e)Tj5.4154 0 Td(t)Tj3.30133 0 Td(e)Tj5.RTj8.40338 0 Td(o9.00362Td(e)Tj5.130133 0 Td(e)Tj5..16207 0 Td(s)Tj40133 0 Td(a)Tj5.1l36135 0 Td(a)Tj55.94239 0 Td( )Tj6.12246 Td( )Tj6.30133 0 Td(e)Tj5.a)Tj5.2221 0 Td(t82234 0 Td(e)Tj5.16207 0 Td(n)Tj5.82234 0221 0 Td(t82234 0 Td(e)Tj5.2221 0 Td(m)Tj8.0133 0 Td(a)Tj5.1.88116 0 Td(o)Tj5362 0 Td( )Tj3.84154 0 Td(t)Tj3..16207 0Td(e)Tj5.õ.2221 Td(r)Tj3.4.56183Td(t)Tj3..2221 0 Td(m)Tj8. 2221 0 Td(b)Tj5.2413 0 Td(e)Tj5.2221 0 Td(s)Tj4.50181 0 Td( )Tj4.02162 0 T Td(e)Tj5.413 0 Td(a)Tj5.16207 0 Td(m)Tj8.9450181 0 Td( )Tj3.36135 0 Td(p)Tj5.94239 0 Td2( )Tj3.36135 0 Td(t)Tj3.128 0 T Td(o)Tj5.88236 0 Td(m)Tj9.00362 0 Td(o)Tj5.ªªªªª T Td(e)Tj5..2221 0 Td(x)Tj5.84154 0 Td(i)Tj312246 0 Td(á)Tj5.8236 0 236 0 Td(s)Tj4.56183 0 Td( )Tj3.36135 0 Td(d))Tj4h88236 0Td(.)Tj2.205 0 Td(d)Tj5.818128 0 d( )Tj3.42137 0 ( )Tj4.141ó236 0 T Td(i)Tj3Tj5.820 Td( )Tj36207 0 Td(ç)Tj5.1.16207 0 Td(o)Tj5.96159 0 Td(ç)Tj5Tj4.56183 0 Td( ):50181 d(d)Tj5.8 1620 0 -2013 0 Td2234 0 Td(o)Tj5.88236 0 Td( )Tj6.57.504 -20.1 Td(c).36135 0 Td(a)Tj5.2221 0 Td(l)Tj3..882322 Td(p)Tj5.3.90157 Td( )Tj4.26171 -2013 0 Td2234 0 T Td(ç)Tj5 88234. Td( )Tj6.88236 0 Td(n)Tj5.5.88236 0 Td(u)Tj00362 0 Td(o)Tj5.ªªªªª4. Td( )Tj6.282234 0 Td(r)Tj3496159 0 Td(ç)Tj5 88234. -2013 0 Td.2221 0 Td(r)Tj3.4.56183 Td(i)Tj3.30133 -2013 0 TdT36 0 Td( )Tj3.90157 0 Td(P)Tj6.4826 0 Td(e)Tj9ªªª2.88116 0 Td( )Tj6.12246 0 Td(H)Tja)Tj5.2221 0 Td(t.82234 0 Td(e)Tj5.22214. Td( )Tj6.88236 Td(i)Tj3.2413 0 Td(a)Tj5.10.88236 .56183 0 Td5.10205 Td(m)Tj8.94359 0 Td(a)Tj588236 0 Td(s)Tj4.102053 Td(e)Tj5.10205 0 Td(t)Tj3.8236 0 Td( )Tj6.57.504 0 Td(s)Tj44.20169 0 Td(P)Tj2137 0 0 Td(a)Tj5.2221 0 Td(l)Tj3..882322 -2013 0 Td.2221 0 Td(r)Tj3.84154 0 Td(t)Tj3.8236 0 Td( )Tj6.I88236 .56183 0 Td4.56183 Td(s)Tj4.82234 TTd(r)Tj3.4.56183 0 Td( )Tj.16207 0 Td(n)Tj58236 0 0 Td(s)Tj44.56183 Td(s)Tj4.82234 TTd(r)Tj3.5.88236 0 Td(u)Tj5.88236 0 Td(e)Tj5.10205(u)Tj5.88236 0 Td(m)Tj9.084154 0 Td(i)Tj3.30133 -2013 0 Td.88236 0Td(r)Tj3.4.56183 0 Td( )Tj3.3611 Td( )Tj6.S.3617 0 Td(r)Tj3.84154Td(s)Tj4.3.90157 0 Td(s)Tj4.56183 Td(s)Tj45.16207 Td( )Tj2p(i)Tj3.34 0 Td(3.84154 0 T(s)Tj4.102053 Td(e)Tj5.3.90157 Td( )Tj4.26171 -2013 0 Td2234 0 T Td(ç)Tj5 88234. Td( )Tj6.50181 0 Td(e)Tj5..82234 0Td(r)Tj3..96159 0 Td(ç)Tj518128 0 Td(g)Tj5.8823636135 0 Td(d)Tj5.8182234 0 Td(r)Tj33.96159 Td(r)Tj3.3.2413 0 Td(m)Tj90.24134 0 Td(r)Tj18128 0 Td(g)Tj5.882366 5 Td( )Tj6.10205 0 Td( )Tj-ªªªªªª-5 Td( )Tj6p(i)Tj3.34 0 Td(.88236 .56183 0 Td21 0 Td( )Tj4.1414.50181 0 Td( )Tj3.42137 0 Td(d)Tj5.88236 0 Td(a)Tj5.2221 0 Td( )Tj3.42137 0142(ç)Tj5882366 3.2413 0 Td16207 0 07 0 Td(d)4.561830 Td(s)Tj4.88236 0 Td(i)Tj3.2413 0 Td( )Tj3.8236 0 0 Td(s)Tj43.001210 Td(r)Tj35.10205 0 Td(r)Tj8236 0 Td(s)Tj4..88236 .56183 0 Td21 0 Td( )Tj4.141.96159 0 Td(ç)Tj5 8823 0 Td(r)Tj3.84154 0 Td(r)Tj3.84154 0 Td(i)Tj3.3013 0 Td(r)Tj3.13 0 Td225(i)Tj35.2221 0 Td( )Tj3.42137 0 Td(s)Tj4.16207 0 Td(o)Tj5l36135 0 Td(a)Tj55.94239 0 Td( )Tj.14166 0 Td(d)Tj5.82234 (t)Tj3.18.16207 0 Td(l)Tj3.2413 0(u)Tj5.8894239 0 Td(l)Tj3. 8823 0 Td(r)Tj3.84154 0 Td(r)Tj3.84154 00 Td(,)Tj2.88116 Td(r)Tj3.RTj8.40338 0 Td(o84154 0 Td(m)Tj9..16207 0 Td(n)Tj5ú4154 0 Td(r)Tj3.6.12246 0 Td(H)Tj16207 0 Td(á)Tj5.20169 0Td(ç)Tj5.1.16207 0 Td(o)Tj5.82234 (u)Tj5.886.4826 5.88236 0 Td(t)Tj5.88236 0 Td(t)T-245.5i)T1 0 Td(m)Tj9.06364 0 Td(b)Tj6.4826 0 Td(e)Tj9ª84823(á)Tj5.RTj8.40338 0 Td(o9.00362 0 Td(e)Tj18128 0 Td(g)Tj5.8823684803i)Tj3.2413 0 TdTd(l)Tj3. 882384823(á)Tj5.82234 0 0 Td(d)TjTj4.56183 0 Td( )p(i)Tj3.34 0 Td(4154 0 Td(t)Tj3..16207 0Td(e)Tj5..10205 0 Td( )Tj-ªªªªª84803i)Tj3.24.88236 0 Td(r)Tj34.56183 0 Td( )Tj6207 0 Td( )Tj3.42137 0 Td(1)Tj5.5.16207 Td( )Tj2.88116 0 Td(o)Tj5.06244 0 Td(a)Tj5.2221 0 Td(r)Tj3..96159 0 Td(ç)Tj5ªªªªª84803i)Tj3.2416207 0 Tdd( )Tj-457.504 -20.16 Td 882384823(á)Tj5.82234 0 0 Td(d)Tj.88236 0 Td(i)Tj3.16207 0 Td(n)Tj58236 0 0 Td(s)Tj4.82234 0 Td(b)Tj5205 0 Td(d)Tj5.8Tj5.162Td( )Tj3.36135 0 Td(t)Tj3.128 0 T413 0 Td(a)Tj5.16207 0 Td(d) 882384823(á)Tj5.82234 0 Td(i)Tj3.301384803i)Tj3.2413 0 TdTd(l)Tj3.00362 0 Td(o)Tj5.ªªªªª84823(á)Tj5.2137 0 Td(1)Tj5.í05 0 Td(d)Tj5.826 0 Td(e)Tj9ªªª2.88116 0 Td( )Tj3.90157 0 Td(P)Tj6.4826 236 0 Td(s)Tj4.56183 0 Td( )Tj3.84823(á)Tj5.à.56183 0 Td( )Tj6207 0 Td( )Tj3.4.301384803i)Tj3.2400362 0 Td(e)Tj5.2221 0 Td(m)Tj9.z4176 00 Td( )Tj68236 0 207 0 Td(d)94359 0 Td(o)Tj5.ªªªªª84823(á)Tj5.84154 0 Td(o)Tj5.205 0 TTd(ç)Tj5.13842 0 Td(a)Tj5.18236 0 Td(s)Tj4..88236 .561(n)Tj58236 0 007 0 Td(d)4.561830 Td(s)Tj4359 0 T2Td(e)Tj5.3.78152 0 Td( )Tj4.20169 Td(e)Tj5.n)Tj5.8 Td(e)Tj5.10205 0 Td( )Tj-181 0 Td( )Tj4.02.88236 0 Td(t)Tj3.2413-45 09d(-21 Td(4154 0 Td(t)Tj3..16207 0 Td(n)Tj5.82234 0221 0 Td(t82234 0 Td(e)Tj5.2221 0 Td( )Tj6.88236 0 Td(s)Tj4.56183 0 Td(t)Tj3.128 0 T413 0 Td(a)16207 0 236 0 Td(d)Tj5.88Td(r)Tj3.84154 00 Td(,)Tj288236 0 Td(s)Tj4.102053 3817(r)Tj3.84154 00 Td(,)Tj200362 0 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Td(,)Tj200362 0 Td(o)Tj5..16207 0 Td(v)Tj5.88236 0 Td(i)Tj388236 0 Td( )Tj3.96159 0 Td(o)Tj512246 0 Td(á)Tj5.16207 0 Td(t)Tj3..16207 0d(n)Tj5.8.2221 0 Td(l)Tj3.8236 0 3817(r)Tj3.44176 0 Td1(i)Tj3ªªªªª4.3217(n)Tj56207 0 Td(t)Tj3.200362 0 Td(o)Tj5.ªªªªª4.3817(r)Tj3.5.10205 0 T(g)Tj5.88236 0 Td(n)Tj54.56183 Td(s)Tj4.82234 TTd(r)Tj3.6.12246 0 Td(o)Tj.16207 0 Td(l)Tj3õ.2221 Td(r)Tj3.4.56183207 0 Td(d)94359 0 Td(p)Tj5..2413-45 09d(-25a)TjdTd(t)Tj Td(g)Tj5.882366 Td(g)Tj5.882366 Td(g)Tj5.882366 Td(g)Tj5.882366 Td(g)Tj5.882366 Td(g)Tj5.882366 Td(g)Tj5.882366 Td(g)Tj5.882366 Td(g)Tj5.882366 Td(g)Tj5.882366 Td(g)Tj5.882366 Td(g)Tj5.882366 Td(g)Tj5.882366 Td(g)Tj5.882366 Td(g)Tj5.882366 Td(g)Tj5.882366 Td(g)Tj5.882366 Td(g)Tj5.882366 Td(g)Tj5.882366 Td(g)Tj5.882366 Td(g)Tj5.882366 Td(g)Tj5.882366 Td(g)Tj5.882366 Td(g)Tj5.882366 Td(g)Tj5.882366 Td(g)Tj5.882366 Td(g)Tj5.882366 Td(g)Tj5.882366 Td(g)Tj5.882366 Td(g)Tj5.882366 Td(g)Tj5.882366 Td(g)Tj5.882366 Td(g)Tj5.882366 Td(g)Tj5.882366 Td(g)Tj5.882366 Td(g)Tj5.882366 Td(g)Tj5.882366 Td(g)Tj5.882366 Td(g)Tj5.882366 04082g)Tj5.882366 Td(g)Tj5.882366 Td(g)Tj5.882366 Td(g)Tj5.882366 Td(g)Tj5.882366 Td(g)Tj5.882366 Td(g)Tj5.882366 Td(g)Tj5.88236ET Q1 i689.5 Td8487 0 d(44.27(rrefq 8.33333 0 T8.33333 0 Tcm BT00205 0 Td( )Tj4.20169 0 Td2220 T d(a)Tjm9. .463/R05 66 0 (s )Tj4.26269 0 Td8e)Tj17(.1( Td10 Td(d((g)Tj5.54154 012Td(t)Tj3616200205 9)Tj43( )Tj4.20119 0 Td920 T171)Tj TdT10205 0 T4d(o)TjO8236609dTd(e)TjR8236600 Tdd(e)TjR8236600 Tdd(e)TjE8236600024d(o)TjS10205 40Td1(i)Tj318128 04610(i)Tj3.3013 04610(i)Tj3A8236609dTd(e)Tjcªªªª4.3217(s)Tj43.00121 0 Td(e)Tjí3013 06410(á)Tj5.6207 0 Td(e)Tj5.3.781e)T01)Tj5.88942394.8019(t)Tj3.8128 04610(i)Tj3.30130205 9)Tj43( )T 04610(i)Tj3A82367.0Td87(i)Tj3.3013 04610(i)Tj3I207 0 Td(e)Tj5.4154 0 8033(t)Tj3..16207 40Td1(i)Tj3rªªªª4.3217(s)Tj4eªªªª4.3217(s)Tj4n16207 40Td1(i)Tj36207 0 Td(e)Tj5.a42394.86199(i)Tj3.3013 04610(i)Tj3eªªªª4.03624e)Tj5.4154 0 86320.16 Td 8823 04610(i)Tj3S10205 40Td1(i)Tj3eªªªª4.3217(s)Tj4rªªªª4.3217(s)Tj4g42394.86199(i)Tj3i3013 06410(á)Tj5..16207 46 Td(i)Tj3eªªªª0205 9)Tj43( )T4.3217(s)Tj4.8128 04009(g)Tj5.882366 4009(g)Tj5.B8236600 Tdd(e)Tj3.00121 0 Td(e)Tjaªªªª4.3217(s)Tj46207 0 Td(e)Tj5.í.781e)T01)Tj5.88l3013 06410(á)Tj5.3.781e)T01)Tj5.88aªªªª4.3217(s)Tj4:.781e)T01)Tj5.88 8823 04610(i)Tj3G8236609dTd(e)Tj3.00121 0 Td(e)Tj᪪ªª4.3217(s)Tj4f0 Td(d(3á)Tj5.3.781e)T6Td( )Tj6cªªªª4.3217(s)Tj4aªªªª4.3217(s)Tj4 8823 04610(i)Tj3d42394.86199(i)Tj3942394.8019(t)Tj3 8823 04610(i)Tj3S10205 46 Td(i)Tj3eªªªª4.3217(s)Tj4n16204.8019(t)Tj3aªªªª4.3217(s)Tj4d42394.86199(i)Tj3942394.86199(i)Tj318128 04610(i)Tj3.3013 04009(g)Tj5.142394.86199(i)Tj3942394.86199(i)Tj3942394.86199(i)Tj3316204.8019(t)Tj318128 04610(i)Tj3.3013 04610(i)Tj3.3013 04610(i)Tj3p42394.8019(t)Tj3.8128 04610(i)Tj3.3013 04610(i)Tj3942394.86199(i)Tj3842394.86199(i)Tj3.8128 04009(g)Tj5.88236/R05 66 0 (s )Tj4.26269 0 Td8e)Tj16446( Td10 Td(d((g)Tj5.54154 012Td(t)Tj37.2410205 9)Tj43( )Tj4.20119 0 Td920 T160Td80 TdM154 0 643j(v)Tj5A8236609dTd(e)TjR8236600 Tdd(e)TjT10205 0 T4d(o)TjI.00121 0 Td(e)TjN82367.0Td87(i)Tj3S10205 40Td1(i)Tj318128 04610(i)Tj3.3013 0T01)Tj5.88A8236609dTd(e)Tjn42394.86199(i)Tj3aªªªª4.3217(s)Tj4.8128 04610(i)Tj3.30130205 9)Tj43( )T 06410(á)Tj5.R82367.0Td87(i)Tj3eªªªª4.3217(s)Tj4v42394.86199(i)Tj3i3013 0T01)Tj5.886207 0 Td(e)Tj5.26 0 Td(e)3(i)Tj3aªªªª4.86199(i)Tj36207 0 Td(e)Tj5..3013 0T01)Tj5.88eªªªª4.3817(e)Tj5.4154 0 8033(t)Tj3..3013 0T01)Tj5.88R8236609dTd(e)Tjeªªªª4.3217(s)Tj4v42394.86199(i)Tj3i3013 0T01)Tj5.886207 0 Td(e)Tj5.26 0 Td 0 Td(e)Tjaªªªª4.8019(t)Tj3.162002d1(9)Tj43( )T6 0 Td(s)Tj4:.7810205 9)Tj43( )TTd(e)3(i)Tj3.3013 0T01)Tj5.88I0 Td(d(3á)Tj5.m82367.503(m)Tj9..16204.8019(t)Tj33.00121 0 Td(e)Tjeªªªª4.3817(e)Tj5.n42394.86199(i)Tj36207 0 Td(e)Tj5.a42394.3217(s)Tj4 8823 06410(á)Tj5.eªªªª4.3217(s)Tj4.3013 0T01)Tj5.88p42394.86199(i)Tj3r6 0 Td(e)3(i)Tj3᪪ªª4.3217(s)Tj4t.781e)T6Td( )Tj6i3013 0T01)Tj5.88cªªªª4.3217(s)Tj4aªªªª4.3217(s)Tj46207 0 Td(e)Tj5..3013 0T01)Tj5.88cªªªª4.3217(s)Tj4u16204.8019(t)Tj3l3013 0T01)Tj5.88t3013 0T01)Tj5.88u16204.8019(t)Tj33.00121 0 Td(e)Tjaªªªª4.3217(s)Tj4i3013 0T01)Tj5.886207 0 Td(e)Tj5..3013 0T01)Tj5.88eªªªª4.3217(s)Tj4m82367.503(m)Tj9. .781e)T6Td( )Tj6t8823 06410(á)Tj5.eªªªª4.44182g)Tj5.m82367.j43T(g)Tj5p42394.9220(i)Tj3942394.8019(t)Tj36207 0 Td(e)Tj5..3013 0T01)Tj5.88d42394.86199(i)Tj3eªªªª4.3217(s)Tj4.3013 0T6Td( )Tj6R8236600 Tdd(e)Tjeªªªª4.3217(s)Tj4p42394.86199(i)Tj3ú42394.86199(i)Tj3b42394.86199(i)Tj3l3013 0T01)Tj5.88i3013 0T01
para quem desejava ser assinante desse periódico. Uma nota que ditava as normas dos
produtores da Revista evidencia a estratégia utilizada para aquisição de novos sócios: “São
considerados assignantes todas as pessoas que não devolverem o primeiro número que lhes foi
remettido”
160
.
Quadro I – Edições que constam da primeira coleção da Revista Litteraria
Nome do periódico e nº da edição Data e dia da semana
Revista Litteraria 1 24 de outubro de 1890 (sexta-feira)
Revista Litteraria 2 2 de novembro de 1890 (domingo)
Revista Litteraria 3 9 de novembro de 1890 (domingo)
Revista Litteraria 4 16 de novembro de 1890 (domingo)
Revista Litteraria 5 23 de novembro de 1890 (domingo)
Revista Litteraria 6 30 de novembro de 1890 (domingo)
Revista Litteraria 7 7 de dezembro de 1890 (domingo)
Revista Litteraria 8 14 de dezembro de 1890 (domingo)
Revista Litteraria 9 21 de dezembro de 1890 (domingo)
Revista Litteraria 10 28 de dezembro de 1890 (domingo)
Revista Litteraria 11 4 de janeiro de 1891 (domingo)
Revista Litteraria 12 11 de janeiro de 1891 (domingo)
Revista Litteraria 13 18 de janeiro de 1891(domingo)
Revista Litteraria 14 25 de janeiro de 1891 (domingo)
Revista Litteraria 15 de fevereiro de 1891 (domingo)
Revista Litteraria 16 8 de fevereiro de 1891 (domingo)
Revista Litteraria 17 15 de fevereiro de 1891 (domingo)
Revista Litteraria 18 22 de fevereiro de 1891 (domingo)
Revista Litteraria 19 de março de 1891 (domingo)
Revista Litteraria 20 8 de março de 1891 (domingo)
Fonte: Revista Litteraria. Maroim (24 out. 1890 - 8 mar. 1891)
160
Revista Litteraria. Maroim. 2, 2 nov. 1890, p. 1.
Durante vinte semanas de circulação ininterrupta, a RL apresentou evidências de boa
aceitação pelo seu público leitor. A menção “Orgam do Gabinete de Leitura de Maroim”, no
frontispício da Revista, traduz o apoio dos seus diretores, que nvestiram nesse projeto cultural
(editorial) com o propósito de perpetuar, através da imprensa, os seus discursos, para ser no
futuro, no dizer de Jacques Le Goff
161
, um documento contemplado pelos pósteros. [...] a
análise do documento enquanto documento permite à memória coletiva recuperá-lo e ao
historiador usá-lo cientificamente, isto é, com pleno conhecimento de causa.
Quadro II- Edições que constam da segunda coleção da Revista Litteraria
Nome do periódico e nº das edições Data (dia da semana)
Revista Litteraria 21 15 de março de 1891 (domingo)
Revista Litteraria 22 22 de março de 1891 (domingo)
Não foi editada
Revista Litteraria 23 5 de abril de 1891 (domingo)
Revista Litteraria 24 15 de abril de 1891 (domingo)
Revista Litteraria 25 22 de abril de 1891 (domingo)
Revista Litteraria 26 29 de abril de 1891 (domingo)
Revista Litteraria 27 10 de maio de 1891 (quinta-feira)
Revista Litteraria 28 17 de maio de 1891 (domingo)
Revista Litteraria 29 24 de maio de 1891 (domingo)
Revista Litteraria 30 31 de maio de 1891 (domingo)
Revista Litteraria 31 7 de junho de 1891 (domingo)
Revista Litteraria 32 14 de junho de 1891 (domingo)
Revista Litteraria 33 21 de junho de 1891 (domingo)
Não houve edição
Revista Litteraria 34 7 de julho de 1891 (terça-feira)
Fonte: Revista Litteraria. Maroim. (15 mar. 1891 a 7 jul. 1891)
161
Cf. LE GOFF, Jacques. “Documento Monumento”. IN: Enciclopédia Einaudi. Vol. I, Porto, Imprensa
Nacional/Casa da Moeda, 1984, p. 102.
indício de que na segunda fase a falta de patrocinadores foi uma conseqüência do
agravamento da situação econômica do país. Por isso, não mais foi veiculada a “Seção
Propaganda”. Observaram-se também alguns sinais de fragilidade na manutenção do periódico:
os leitores ficaram sem a RL no dia 29 de março de 1891. Receberam duas edições atrasadas, a
de nº 27, que saiu na quinta-feira e, por fim, a RL, sem se despedir do seu público leitor, circulou
pela última vez em uma terça-feira, dia 7 de julho, desse mesmo ano.
Editada pela Diretoria do Gabinete
162
, a RL circulou durante oito meses. A impressão era
realizada na tipografia localizada na Praça Coronel José de Faro, de propriedade de Leolpodino
José de Souza
163
, que integrou a Diretoria do Gabinete por sucessivas gestões e também foi seu
bibliotecário. Conforme Relatório da Assembléia Geral, datado de 19 de julho de 1891
164
, a
“revista foi criada para divulgar o Gabinete e, principalmente, para dar mais vida à própria
sociedade literária, que vivia imersa nas águas tranqüilas do indiferentismo”.
Os suportes e os recursos textuais dos impressos possibilitam diferentes modos de ler e de
apropriação. Paul Ricoeur
165
, citado por Chartier, chama a atenção da maneira pela qual se opera
o encontro entre o mundo do textoe o “mundo do leitor”, porque para reconstruir em suas
dimensões históricas esse processo de atualização de textos, basta considerar que as suas
significações são dependentes das formas pelas quais são recebidas e apropriadas por seus
leitores.
Foi preciso observar as estratégias utilizadas na perspectiva de fazer sobressair
determinadas temáticas, em sua intencionalidade com o propósito de alcançar um certo público.
As diferentes maneiras de apresentação de um periódico diz muito da “interação entre os métodos
de impressão disponíveis num dado momento, e o lugar social ocupado pelos periódicos”
166
.
Sobressai, no frontispício, o título Revista Litteraria e abaixo a menção “Orgam do Gabinete de
Leitura de Maroim”. Nas páginas seguintes os raros títulos escritos, com letras em fonte tamanho
quatorze, nomearam as seções fixas e o expediente, denominado Memorial. Nessa primeira fase
162
AGUIAR, Joel. Op. Cit., 1929, p. 70.
163
Idem. p. 71
164
Ibidem. pp. 70-72.
165
Ricoeur, Paul. apud CHARTIER. CHARTIER, Roger. A ordem dos livros: leitura, autores e bibliotecas na
Europa entre os séculos XIV e XVIII. Trad. Mery Del Priore. 2.ed. Brasília: Editora Universidade de São Paulo,
1998, p. 12.
166
LUCA, Tânia Regina de. “História dos, nos e por meio dos periódicos”, pp. 111-153. IN: PINSKY, Carla
Bassanezi. (org.). Fontes históricas. São Paulo: Contexto, 2005.
da RL os textos, na sua maioria escritos com letras tamanho dez, estavam distribuídos de forma
compacta, ocupando três colunas.
Figura 10: Fac-símile da edição 5 da Revista Litteraria. Formato 30cm x 22cm
(Primeira fase). Fonte: Revista Litteraria. Maroim. 23 nov. 1890.
Nas páginas da RL, inscreve-se a própria história da indústria gráfica sergipana. Elas são
testemunhos de um processo de trabalho, fruto da paciência dos tipógrafos que souberam
manusear os pequenos signos gráficos na fiel ordenação de cada linha do texto. “Historicizar a
fonte requer ter em conta, portanto, as condições técnicas vigentes e a averiguação dentre tudo
que se dispunha, do que foi escolhido e por quê”
167
. O texto escrito em letras (tamanho 10 e 11)
comprimidas em três colunas, infere sobre uma prática de leitura endereçada a uma específica
comunidade de leitores. “É importante estar alerta para os aspectos que envolvem a materialidade
dos impressos e seus suportes que nada têm de natural”
168
.
É importante conhecer os editoriais que circularam nas 33
169
edições da RL: “Revista
Litteraria” (doze textos); “Aplicações da Electricidade” (um); “A Educação” (dois); “Atravez o
Infinito” (três); “Educação da Mulher” (um); “Leonídio Porto” (idem); “A Educação” (dois); “O
Nosso Jornal” (idem); “Do Rio de Janeiro” (quatro); “Actualidades” (dois); “Notas da Épocha”
(idem); “13 de Maio” (um); “A Lapis” (dois).
Dentre os subtítulos dos editoriais e artigos destacam-se: “Caixas Econômicas Escolares”
(dois Textos); “No Congresso” (um); “Instruir” (idem); “Sem Política” (idem); “A Emancipação
Scientifica da Mulher” (dois); “A Mulher na Indústria” (um); Ensino e Trabalho” (nove); “A
Electricidade” - tipos e aplicações (quatro); “Associação de Ideas” (três); Sem política (um); “Pro
pátria laboremus” (idem).
“A Lapis” intitulou dois editoriais com os quais somam-se 23 artigos. Pelo tipo de
temática que se discutiu (política), foi uma das seções que mais veiculou o discurso dos
intelectuais inspirados na busca do nacional, ao sugerir novos modelos para a construção do
Estado e da nação. Segundo Ana Luiza Martins
170
, a imprensa periódica na época assumiu a
função de autêntico “Palco da Nacionalidade”.
167
LUCA, Tânia Regia de. Op. Cit. 2005, pp. 111-153.
168
Chartier, Roger apud LUCA. LUCA, Tânia de. História dos, nos e por meio dos periódicos, pp. 111-153.
IN: PINSKY, Carla Bassanezi. (org.). Fontes históricas. São Paulo: Contexto, 2005, p. 132.
169
Em virtude da inexistência da primeira página do primeiro exemplar
170
MARTINS, Ana Luiza. Op. Cit., 2001, p. 526.
As ilustrações (em preto e branco) apresentaram-se em forma de clichês
171
com as
seguintes características: 26 molduras em formato de corrente e apenas duas em arranjos floridos
(uma emoldurando o poema “Vinte primaveras” e a outra um aviso aos senhores de engenho);
três figuras polimórficas (um livro e um jornal circundados por ramos de loureiro) que
encimaram dois editoriais intitulados “Revista Litteraria”; dois tipos de querubins dentro de uma
guirlanda: um anjinho portando um bandolim que apareceu apenas uma vez (em uma nota de
felicitações); o outro um anjinho segurando uma taça (que apareceu nos sete anúncios do
Armazém Macedo).
Esses signos tipográficos expressavam as representações dos sócios do Gabinete e dos
produtores da RL. Chartier
172
evidencia que é preciso estabelecerem-se questionamentos críticos
e genealógicos para se verificar as suas condições de possibilidades e de produção, os seus
princípios de regularidade e apropriações.
Na primeira edição da RL chamou a atenção dos leitores, mesmo dos menos hábeis, o
aviso circunscrito por um raro clichê tipo moldura com arranjos floridos, que ocupa mais da
metade da página. A nota, que se destina aos proprietários de engenho, está assinada pelo
administrador do Trapiche Novo Leopoldino José de Souza. Conforme os dispositivos gráficos
e textuais utilizados, o tipo da moldura, o texto escrito em letras cursivas e o tipo tamanho
quatorze referem-se a um público leitor que se coaduna com o perfil dos produtores da Revista,
visto que a pessoa que subscreveu o aviso integrou esse círculo cultural. A assinatura do autor da
nota foi impressa abaixo do texto para demonstrar a legitimidade do anúncio, ou talvez da própria
revista, tendo em vista ser ele o proprietário da tipografia. Os tipos de letras empregados na
composição dos textos traduzem, na sua intencionalidade, atender a uma determinada
comunidade de leitores:
a gótica, dos escritos escolásticos, a tradicional etra de soma’, cara aos
teólogos e aos universitários; [...] a ‘letra de missal’ usada para os livros da
igreja; [...] um derivado caligráfico da escrita cursiva usada nas
chancelarias
(
cada uma das quais possuía seu tipo tradicional): a gótica ‘bastarda’, escrita
corrente dos manuscritos de luxo em língua vulgar, mas também de certos textos
171
Clichê Do francês clichê. Fotogravura. Placa fotomecanicamente gravada em relevo sobre metal, usualmente
zinco, a traço ou a meio tom, para impressão de imagem e textos por meio de prensa tipográfica. Novo Dicionário
Aurélio da Língua Português. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.
172
CHARTIER, Roger. Op. Cit., 1987, p. 87.
latinos geralmente narrativos. Enfim, a última, que teria um grande futuro, visto
que se tornaria a escrita normal dos textos impressos numa grande parte da
Europa ocidental: a escrita humanística, a ‘littera antiqua’, a futura ‘romana’
[...]
173
.
As formas e os dispositivos através dos quais um texto pode ser apropriado por diferentes
leitores requerem uma atenção especial pela possibilidade de serem reduzidas diferenças nos
modos de ler. “Enquanto a simples posse do livro significou, durante tanto tempo, uma clivagem
cultural, a conquista do impresso investiu progressivamente, nas posturas de leitura e nos objetos
tipográficos de uma tal função”
174
. Havia uma preocupação, por parte daqueles que estavam por
trás das prensas tipográficas, com uma incessante busca por diferentes públicos, pelo fato de
existir uma estreita relação entre texto impresso e leitura: “um texto estável em sua leitura e fixo
em sua forma é apreendido por novos leitores que o lêem diferentemente de seus
predecessores”
175
.
173
FEBVRE, Lucien e JEAN MARTIN, Henry. Op. Cit., 1992, p. 119.
174
CHARTIER, Roger. A ordem dos livros: leitura, autores e bibliotecas na Europa entre os séculos XIV e
XVIII. Trad. Mery Del Priore. 2.ed. Brasília: Editora Universidade de São Paulo. 1998, p. 22.
175
CHARTIER, Roger. Op. Cit., 1998, pp. 22-23
Figura 11: Aviso “Aos dignos proprietários de engenhos”. Fonte:
Revista Litteraria. Maroim. Nº 1, 24 out. 1890, p. 4.
O aviso está colocado contíguo ao comercial referente aos anúncios para serviços
gráficos, tendo-se abaixo o nome da tipografia e o endereço: Typ. da Revista Litteraria, Praça
Coronel Jode Faro. Somente essas propagandas aparecem na página 4 da primeira edição.
Acredita-se que Leopoldino Souza, na qualidade de proprietário da typografia, assinou o
mencionado anúncio para dar credibilidade ao periódico ou para aproveitar a oportunidade de
aparecer na Revista, por lhe faltarem os atributos literários ou intelectuais.
Sobre a legitimidade do texto, escreveu Chartier: “É Foucault quem sugere que em uma
determinada sociedade certos gêneros, para circular e serem recebidos, têm necessidade de uma
identificação fundamental dada pelo nome de seu autor, enquanto outros não”
176
. O espaço
certamente foi bem oportuno para Leopoldino Souza evidenciar suas representações ante os
empreendimentos que mais se destacaram na região, como a produção do açúcar, e também
mostrar o seu prestígio por ser o proprietário da oficina tipográfica. Esse anúncio foi de
fundamental importância na identificação do perfil dos autores/leitores da RL (proprietários de
engenhos ou outros profissionais ligados a esse ramo de atividades).
A nota de Leopoldino Souza destinava-se a um determinado público; por isso se destacou
do corpus textual da RL, escrita com letras “tipo romana” e delimitada por uma moldura.
Segundo os estudiosos dessa temática, um embate que se apresenta “igualmente entre as
normas e as convenções de leitura, que definem para cada comunidade de leitores os usos
legítimos do livro, as maneiras de ler, os instrumentos e procedimentos de interpretações”
177
.
Reconstituir a história da leitura é buscar as várias maneiras que caracterizam as práticas e
as apropriações dos diversos tipos de leitores, sejam intelectuais ou cidadãos comuns. Segundo
Chartier
178
, “a apropriação tal como a entendemos, visa a uma história social dos usos e das
interpretações relacionados às suas determinações fundamentais e inscritos nas práticas
específicas que os produzem”.
As letras cursivas apareceram, também, nos seguintes textos do expediente: os treze
primeiros exemplares denominados “Memorial” e nas edições dos números 14, 15, 16, 17, 18 e
19; na edição de nº 20, com o título “Revista Litteraria”. Nessa coluna publicaram informações
acerca do período de circulação e do preço do periódico. A coluna “Quadro de Honra” foi
176
CHARTIER, Roger. Op. Cit 1998, p. 32.
177
Idem, p.13.
178
CHARTIER, Roger. Op. Cit. 2002, p. 68.
relevante para se traçar o perfil dos integrantes do Gabinete, cujos textos foram inscritos com
letras cursivas exceção de João Rodrigues da Cruz, com letras romanas). Tais estratégias
gráficas colocaram em evidência os fundadores do GLM. “Esta encarnação do texto em uma
materialidade específica carrega as diferentes interpretações, compreensões e usos de seus
diferentes públicos. Isso quer dizer que é preciso ligar, uns com os outros, às perspectivas ou
processos tradicionalmente separados”
179
.
Ainda com relação às letras cursivas, uma mesma nota emitida pelo Gabinete repete-se
nas edições dos números 31, 32 e 33, sempre na página 8, como indicativo de uma possível crise,
e traduziu-se em prenúncio de despedida. Veicularam três convocações aos sócios do Gabinete
para a sessão ordinária da Assembléia Geral, que deveria efetuar-se em 5 de julho de 1891. Os
tipos de letras (cursivas ou romanas de diversos tamanhos) da RL tiveram como propósito
facilitar a apropriação de um maior número de leitores, pois a estratégia visa instaurar uma
ordem desejada pela autoridade que o produziu ou permitiu sua publicação, com apropriação feita
pelos leitores [...]”
180
. Na análise da materialidade da RL, percebe-se o poder das representações
dos textos e das imagens entre textos. Segundo Marize Carvalho Vilela, os impressos
representam as estratégias relacionadas ao poder que os sustentam, a leitura, introduz uma arte
que não é passiva, mas astuciosa”
181
.
Outras figuras da RL são as vinhetas que se alternavam nos textos em todas as edições.
Esses signos tinham como finalidade demarcar as seções
182
. Portanto, foram as menores figuras
intratextuais que apareceram nesse periódico.
179
CHARTIER, Roger. Op. Cit., 1998, p. 18.
180
VILELA, Marize Carvalho. Discursos, Cursos e Recursos: autores da Revista Educação (1927-1961). São Paulo:
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (Tese de Doutoramento), 2000, p. 4.
181
VILELA. Marize Carvalho. Op. Cit 2000, p. 6.
182
Vinheta – fillet. Filete, ornamento empregado na composição tipográfica para separar o título do corpo da matéria.
Termo alternativo: Bigode. Headpiece. Ornamento impresso no alto de uma página. Desenho ornamental usado para
ilustrar livros, periódicos ou qualquer matéria impressa, especialmente antes da página de título e nos finais de
seções ou capítulos [...]. ROSSE FILHO, Sérgio. GRAPHOS: glossário de termos técnicos em comunicação gráfica.
São Paulo: Editorial Cone Sul, 2001, p. 631.
Figura 12: Vinhetas da Revista Litteraria. Fonte: Revista Litteraria. Maroim (1890-1891)
No conjunto, a RL publicou apenas uma ilustração que está mais diretamente relacionada
com os propósitos discursivos: o clichê de um livro e um jornal envoltos por uma coroa de ramos,
possivelmente de loureiro
183
, figuras polimórficas, que encimaram dois editoriais intitulados
Revista Litteraria (nas edições 3 e 5). Esses recursos tipográficos traduziram, na sua
intencionalidade, o propósito dos editores em fazer apologia ao livro, à leitura e, mais
especificamente, ao livro que se recomendaria por conter lições moralizadoras.
Figura 13: Figuras polimórficas livro e Jornal envoltos
em uma coroa de louro. Revista Litteraria, Maroim
(edições 3 e 5).
183
O louro é um planta histórica muito utilizada na Antiguidade Clássica para coroar atletas e heróis que se
distinguiam. Grande Enciclopédia Larousse Cultural, p. 3.661.
Há na figura 13 as representações de uma das propostas educacionais mais recorrentes no
período: para se ter uma boa formação (moral e intelectual), não apenas se deveria ter acesso aos
livros, mas sim a um “bom livro”. Percebe-se que a ilustração simbolizou as leituras premiadas
e, portanto, aquelas recomendadas para a apropriação dos leitores da Revista Litteraria.
Figura 14: Querubim portando um bandolim. Nota de
felicitações. Fonte: Revista Litteraria. Maroim. Nº 32,
14 jun. 1891, p. 7.
Essa nota (única) com motivos de felicitações pelas núpcias de Lourenço Pinto Monteiro
com D. Clotildes da Silva Ribeiro
184
, pela sua exclusividade, a entender que se tratou de um
acontecimento memorável envolvendo pessoas descendentes de famílias de posses e influentes na
cidade.
De todos os anúncios, chamou a atenção do leitor o do Armazém de Domingos Macedo,
revendedor dos “Vinhos Especiais” - Virgens, Verde e Porto, único comercial que apresentou
184
“Parabéns sinceros, enviamos ao nosso distincto amigo e sócio benemérito do gabinete, Sr. Lourenço Pinto
Monteiro, pelo seu venturoso enlace com a Exma. Sra. D. Clotilde da Silva Ribeiro, virtuosa filha do Sr. João
Antonio da Silva Ribeiro”. Cf. Revista Litteraria. Maroim. Nº 32, 14 jun 1891, p. 7.
esse tipo de querubim
185
e se constituiu na logomarca da citado estabelecimento, de procedência
portuguesa.
Figura 15: Querubim segurando uma taça em folhagens
de videira. Fonte: Revista Litteraria.(Edições 2, 3, 5, 6,
10, 12, 15 e 20).
Os anjos aparecem na iconografia artística desde a origem da cultura, no quarto
milênio antes de Cristo, confundindo-se com divindades aladas. A arte gótica
185
Querubim. Do Hebraico querubim. Anjo do segundo lugar da primeira hierarquia. Criança mimosa e gentil.
Grande Enciclopédia Larousse Cultural. São Paulo: Nova Cultural, 1998, p. 4867.
expressou em numerosíssimas imagens prodigiosas o aspecto protetor e sublime
do anjo, enquanto que o romântico acentuava melhor seu caráter supraterreno
186
.
Infere-se que as representações desses negociantes pretendiam anunciar um produto
exclusivo. Segundo Chartier, representação “é a construção de uma rede de relações”
187
, por isso
foi necessário fazer o cruzamento do texto ou discurso proferido com os signos e a posição de
quem os utiliza.
A segunda fase da RL, inicialmente, veiculou nota de esclarecimento aos leitores. O
editorial do exemplar de mero 21, intitulado “Nosso Jornal”, informou: “Vamos surprehender
hoje os nossos leitores com o novo formato que demos à nossa folha, por julgarmos ser mais
adequado com o nome que adoptamos”
188
. A partir dessa edição, houve uma melhor apresentação
da Revista, em que apareceu o sumário, um dispositivo que orientou melhor o leitor.
Esse recurso tipográfico serviu para orientar a leitura, o que tornou possível se fazer uma
escolha prévia das temáticas que se desejava conhecer. Nessa fase, além disso, apareceram as
seções fixas e os artigos com títulos e subtítulos com letras (tamanho 16 ou 18) diferenciadas dos
textos.
186
CIRLOT, Juan-Eduardo. Dicionário de símbolos. São Paulo: Editora Moraes, 1984, p. 84.
187
Chartier, Roger apud VILELA. VILELA, Marize Carvalho. Op. Cit., 2000, p. 10.
188
Revista Litteraria. Maroim. 21, 15 mar. 1891, p. 1.
Mereceu atenção especial o sumário da edição 22
189
, com uma síntese das temáticas
mais comentadas, algumas delas procedentes da capital federal: o editorial recebeu a
denominação Actualidade”; um dos artigos de autoria do colaborador Leonídio Porto, “Do Rio
de Janeiro”, propôs a integração entre lições pedagógicas e profissionais com o subtítulo Ensino e
Trabalho; a Seção Literária “No Parnaso” apresentou a poesia Canção; a seção “A Lapis”
noticiou discussões políticas; Pela Pátria integrou o conjunto dos textos cujas temáticas foram
mais discutidas à época; A Tristeza de Hoffmann era um dos folhetins mais lidos; “Quadro de
Honra apresentou um sócio do Gabinete; “Parabéns felicitou um jovem casal; Émile Zola
publicou um folhetim que foi criticado, porém apreciado pelos leitores; no final, um indicativo de
progresso jornalístico: a seção Telegrammas.
Os produtores da RL, a partir desse exemplar, demonstraram preocupação em se veicular
uma discussão pedagógica mais consistente, quando Leonídio Porto passou a escrever sobre a
importância do ensino das artes e ofícios (Trabalhos Manuais) ainda no ensino primário.
Figura 17: Artigo Do Rio de Janeiro. Sub-
título: Ensino e Trabalho. Fonte: Revista
Litteraria. Maroim. Nº 24, 15 abr. 1891,
p. 2.
189
Revista Litteraria. Maroim. 22, 22 mar. 1891, p. 1.
É preciso se fazer uma reflexão a respeito das estratégias desenvolvidas nos recursos
tipográficos e textuais para compreender as representações dos editores. No momento em que
esse periódico circulou, houve mais uma preocupação com a “posse completa da mecânica da
leitura”
190
, visto que a prática da leitura oral ainda era bastante recorrente, o que vem justificar as
mudanças no visual da Revista. O leitor produz uma apropriação inventiva da obra ou do texto
que recebe. Michel de Certeau, citado por Chartier, diz que
o consumo cultural é, ele mesmo, uma produção uma produção silenciosa,
disseminada, anônima, mas uma produção. De outro lado, deve-se considerar o
conjunto dos condicionamentos que derivam das formas particulares nas quais o
texto é posto diante do olhar, da leitura ou da audição, ou das competências,
convenções, códigos próprios à com
d211 0 Td(n)Tj5
Figura 18: “Escrínio Litterario” Os Morangos,
autor: Émile Zola . Fonte: Revista Litteraria.
Maroim. Nº 25, 22 abr. 1891, p. 6.
Os Morangos, de autoria do escritor francês Émile Zola, publicado em forma de folhetim
na RL, era uma das obras (pelo seu estilo literário, inspirada em amor e paixão) reprovadas pelas
autoridades da época. Esse tipo de publicação esteve presente nos acervos dos gabinetes de
leitura da Europa e do Brasil
192
.
Na segunda fase, os textos fragmentados em seções apareceram com maior freqüência.
Foram táticas para facilitar a leitura e atrair o leitor. Logo, pode-se inferir que nesse período
houve a intenção em facilitar a apropriação do leitor menos hábil na busca de novos saberes. A
respeito da estratégia de se publicar os textos, em seções, sabe-se que
[...] nem todos os leitores possuem inteligência nem adquirem habilidades
técnicas, hábitos e atitudes inquisitivas e reflexivas que lhes permitam criticar ou
apreciar devidamente um trecho ou para atingir um ponto mais alto da eficiência
192
Para conhecer o acervo da biblioteca do GLM, cf.
SILVA, Thomaz Gomes da. e AZEVEDO, Édio Vieira de.
(orgs.). Catálogo da Biblioteca do Gabinete de Leitura de Maroim. Aracaju: Casa Ávila, (1933-1934).
da leitura, isto é, imaginar ou criar situações novas, conceitos próprios,
pensamentos e estilos originais com o material provindo de leituras anteriores
193
.
Os produtores da RL sentiram a necessidade de melhorar o projeto gráfico e assim
procuraram construir um periódico para diferentes comunidades de leitores. O primeiro editorial
dessa série, intitulado “Nosso Jornal”, emitiu alguns posicionamentos a respeito das mudanças
ocorridas no projeto gráfico do periódico, os quais tiveram como justificativas as novas
dimensões, mais adequadas à denominação revista. Inicialmente, acreditava-se que a modificação
no formato da Revista era conseqüência de crise financeira, principalmente pela ausência da
Seção Propaganda e dos raros anúncios, na segunda fase. Tudo isso aconteceu em conseqüência
das transformações instauradas pelo regime republicano
Na segunda coleção, os diretores do Gabinete e da RL optaram por uma outra produção.
No primeiro espaço, apareceu o sumário e nenhum anúncio foi mais veiculado a partir de então.
A coluna Quadro de Honra teve menor freqüência nas últimas quatorze edições, até desaparecer
completamente nas sete restantes. Será que os sócios do Gabinete não quiseram mais ser vistos na
Revista ou foram proibidos desse privilégio? É possível também que o debate político que se
veiculou em artigos e editoriais, especificamente na seção A Lapis, contribuiu para que alguns
sócios se afastassem dessa agremiação e, conseqüentemente, do seu periódico.
A composição tipográfica foi planejada para alcançar todas as categorias de sócios,
principalmente o leitor com menos contato com a escrita. Destarte, foi possível estabelecer uma
apropriação facilitada pela relação texto/imagem, porque “material impresso, nas mãos do leitor,
torna-se objeto de caça furtiva nos dizeres de Certeau. De consumidores idealizados tornam-se
leitores com uma plenitude normalmente não reconhecida”
194
. Após as inferências sobre a
materialidade da RL, mais especificamente a análise dos dispositivos tipográficos, da morfologia
textual (tipos de letras dos textos e dos títulos), conclui-se que os seus produtores preocuparam-se
em apresentar um padrão gráfico para atender os leitores com diferentes habilidades para a
leitura, principalmente na segunda fase.
193
Silveira, Juracy. apud VIDAL. VIDAL, Diana Gonçalves. Op. Cit. 1999, p. 339.
194
Certeau, Michel de. apud PARK, Margareth Brandini. PARK, Margareth Brandini. História e leituras de
almanaques no Brasil. Campinas/SP: Mercado de Letras: Associação de Leitura do Brasil; São Paulo: FAPESP.
(Coleção História de Leitura), 1999, p. 19.
Com relação ao preço da assinatura da RL, acredita-se que o valor cobrado (500 réis por
mês) pode não ter agradado a alguns leitores
195
.
Pelo fato de a Revista do Gabinete ter-se permutado com dezenas de jornais do país,
acredita-se que grande parte da tiragem (não foi possível determinar a quantidade) era utilizada
como sistema de troca entre os diversos órgãos da imprensa nacional.
2.2 - Do Brasil para Maruim via vapor
196
A meta principal dessa seção foi conhecer por onde circulou a RL. Para alcançar esse
objetivo, fez-se o rastreamento dos periódicos que se permutaram com a Revista de Maruim,
cujos títulos foram publicados na respectiva seção. Em virtude da sua permuta com 75 periódicos
do país, acredita-se que sua tiragem deve ter alcançado mais que o dobro desse número, visto que
seus produtores enviavam semanalmente para cada localidade um exemplar da RL em
agradecimento. Os jornais que chegavam a Maruim ficavam à disposição dos sócios
197
e de
outros freqüentadores na grande mesa do salão de leitura do Gabinete.
A permuta da RL com dezenas de jornais do país foi também uma estratégia para atrair os
leitores ao Gabinete. Os sócios e o público em geral tiveram oportunidade de ler periódicos de
diferentes credos e ideologias: associativos (dos empregados do comércio, da indústria),
noticiosos, literários, educativos, conservadores, liberais, dirigido por mulher, escolares, de
moda, de interesses postais, católicos, evangélicos, espíritas, humorísticos e outros. Dentre as
revistas que chegaram para Maruim citam-se: A Vida (literária); a Revista da Escola Militar do
Rio de Janeiro e Revista da Sociedade Tobias e Osório. Sempre no final da seção “Sobre a
195
Em 1890, circulou no Estado da Bahia um periódico (semanário) em forma de fascículos (de seis páginas),
intitulado Leituras Religiosas, cuja assinatura anual custava 2$000 (dois mil réis). Esse jornal da Igreja Católica
circulava também aos domingos e trazia no subtítulo a aprovação do Arcebispo Primaz. Para se comemorar o seu
primeiro aniversário foi publicado um encarte com a mula dos exemplares que circularam em um ano: “A este
número, que completa um anno de nossa publicação, juntamos um suplemento de oito páginas e o índice das
matérias do volume, formado pelos 32 fascículos publicados”. Embora localizado em realidades diferentes, o
periódico baiano teve o preço da sua assinatura mais acessível em relação ao valor cobrado pela anuidade da RL, que
somava um total de 6$000 (seis mil réis). Leituras Religiosas. Ano I. Bahia. Nº 32, 13 mai. 1890, p. 409.
196
Em virtude da ausência de rodovias, a via fluvial foi a melhor alternativa. Os transportes a vapor eram os mais
disponíveis. A ponte sobre o Rio Sergipe, que separa o município de Maruim do de Laranjeiras, viria a ser
construída com o apoio financeiro do Presidente Getúlio Vargas, em 1933, e inaugurada pelo Interventor de Sergipe
Augusto Maynard Gomes. SILVA, Maria Lúcia Marques Cruz e. Op. Cit. 2000, p. 23.
197
O número de sócios do Gabinete, durante o período em que circulou a RL, não foi mencionado. Entretanto, com
algumas restrições (a exemplo do Godofried Schramm), só foram apresentados aos leitores os 26 nomes que estão na
Seção “Quadro de Honra”.
Meza”, os editores emitiam uma nota de agradecimento: “Prometemos retribuir com a remessa de
nossa Revista”. O que se deduz é que para cada periódico que chegava para o Gabinete enviava-
se um exemplar da Revista Litteraria
198
.
Em Sergipe, foi a via fluvial que possibilitou o acesso às informações de outras regiões
do Brasil. No “Porto das Redes” estavam todas as perspectivas de progresso, com a importação
de produtos do mundo civilizado, visto ser essa a única via de contato com diversas capitais do
país e com o exterior.
O vapor contribuiu para o desenvolvimento econômico por favorecer a importação de
bens de consumo e a exportação da cana-de-açúcar e do algodão (para a Europa), que fizeram
dessa região
199
uma das mais promissoras de Sergipe na segunda metade do século XIX.
198
É certo que a circulação de um periódico depende dos seus sistemas de difusão. A exemplo do que ocorreu na
França com a utilização de bibliotecas em estações ferroviárias para incrementar o circuito da leitura, convém
lembrar que em São Paulo, segundo Ana Luiza Martins, os Gabinetes de leitura se propagaram também ao lado das
ferrovias. “Os gabinetes de leitura surgiram na sua maioria na segunda metade do século XIX em núcleos de
economia expressiva, na Região Sul do Brasil, nas cidades do trajeto da ferrovia [...]”. MARTINS, Ana Luiza
Martins. Gabinetes de Leitura do Império: casas esquecidas da censura? IN: ABREU, Márcia (org). Op. Cit, pp. 395-
410, p. 408.
199
O “Porto das Redes” era considerado a porta do progresso dos sergipanos. Lá, o açúcar era exportado ao tempo
em que chegavam produtos para o consumo das famílias mais abastadas. Além das iguarias (bacalhau, manteiga e
vinho), alguns medicamentos eram importados para convalescenças das freqüentes epidemias, a exemplo das águas
medicinais da Bristol. Cultura e conhecimento traziam o livro e o jornal
.
Quadro III - Periódicos que se permutaram com a Revista Litteraria na primeira fase:
Fonte: Revista Litteraria. Maroim. (Edições dos números 1 ao 20)
Ordem
Periódicos Localidades
1
Gazeta
de Ubá
Minas Gerais
2
O Popular
Santo Amaro-BA
3
O Alagoano
Alagoas
4
A Palavra
Pão de Assucar-RJ
5
O Contemporâneo
Estância/Sergipe
6
O Aprendiz
São Luís
7
A Plebe
Goyania
8
O Binóculo
Recife-PE
9
A República
Curitiba-PR
10
A República
Santa Catarina
11
Diário das Alagoas
Alagoas
12
O Condor
João Pessoa
13
O Relâmpago
Fortaleza
14
Verdade e Luz
Santos-SP
15
Diário
Santos-SP
16
O Movimento
Belo Horizonte
17
O Povo
Recife-PE
18
O Cunhense
Cidade de Cunha
19
Cidade de Itatiba
São Paulo
20
A Voz
Laguna-SC
21
O Chorão
Fortaleza-CE
22
O Bond
Fortaleza-CE
23
O Cearense
Fortaleza-CE
24
A Comarca
Mamanguape-PB
25
O Prisma
Ouro Preto-MG
26
Novidades
Orgam da imprensa fluminense-RJ
27
A Família
Jornal redigido por Josefina Alves de
Azevedo
28
Vassourense
Redigido por Lucindo P. dos Passos
Filho
29
Monitor Fidelense
São Fidelis-RJ
30
Correio de Poços
Poços de Caldas/MG
31
Gazeta do Sertão
Campina Grande/PB
32
Escola
Mini jornal da Parayba
33
A Pátria Nova
Bahia
34
Sul Paulista
Iguape/SP
35
A Mocidade
Vitória/PE
36
A Nova Era
Aracaju
37
15 de Novembro
Cachoeira/RS
38
Gazeta dos Operários
Pernambuco
Saliente-se que, apesar das reduzidas opções de meios de transportes, a RL fez-se presente
em diversas regiões do país. Conforme demonstram os quadros III e IV, a Revista de Maruim foi
lida em diferentes comunidades. Mesmo se demorando em seu trajeto procedente de longínquas
localidades, a exemplo da cidade de Uruguaiana/RS, o vapor possibilitou aos sergipanos o acesso
às notícias mais enfocadas do país: eleições para presidente e governadores; embates ideológicos;
aprovação da Primeira Constituição da República (24 de fevereiro de 1891); cientificismo;
reformas educacionais e outras.
Os periódicos que se permutaram com a RL (de acordo com os seus títulos) apresentaram
propostas editoriais bastante diversificadas
200
.
200
A respeito dos periódicos de outros estados, vale lembrar, A Ordem, da cidade de Uruguaiana no Estado do Rio
Grande do Sul, considerado um dos mais importantes da fronteira do Brasil, cujo proprietário era Germano Feldman,
redação situada na rua Duque de Caxias. Nessa mesma localidade circulou entre 1890 e 1891, O Federal
Democrático, dirigido por Manoel da Costa Leite, e O Guarany, de Eustáquio Durant e Prado Wensty. Da cidade
do Rio de Janeiro, convém ressaltar A Família (1888 a 1897), fundado por Josefina Álvares de Azevedo,
considerado pelos críticos o melhor exemplo de “jornalismo feminino” no século XIX.
Quadro IV - Periódicos que se permutaram com a Revista Litteraria na segunda fase:
Fonte: Revista Litteraria. Maroim. (Edições dos números 21 ao 34)
Dentre as localidades que visitaram Maruim através da permuta com a RL, destacou-se,
em primeiro lugar, o Estado de São Paulo, com dez periódicos. Em seguida, apareceram
Ordem
Periódicos Localidades
1
A Imprensa
Pernambuco
2
O Artista
Recife/PE
3
Correio do Norte
Guaratinguetá/SP
4
A Voz do Caixeiro
Belém/PA
5
A Pátria Mineira
São João d’EL Rei/MG
6
O Ribeirão Preto
Ribeirão Preto/SP
7
O Caixeiro
Da capital do Estado (Aracaju)
sucessivamente: Rio de Janeiro e Pernambuco (nove, cada Estado); Ceará (sete); Bahia e Minas
Gerais (seis, cada Estado); Alagoas (cinco); Paraíba e Sergipe (quatro, cada Estado); Santa
Catarina, Pará, Rio Grande do Sul e Manaus (dois periódicos, cada Estado).
De acordo com os títulos dos periódicos que chegaram ao GLM, infere-se que a
circulação da RL foi também uma estratégia dos seus dirigentes para diversificar as informações
e, conseqüentemente, atrair o leitor ao Gabinete. Essa prática trouxe ao GLM discussões que
despertavam o interesse dos brasileiros, em especial, dos sergipanos, com o propósito de
incentivar a leitura e, portanto, dar mais vida a sua biblioteca, conforme previam os seus
Estatutos. Esse foi um dos principais objetivos desse periódico, de acordo com as notas
publicadas nos primeiros exemplares.
2.3 - A Palavra pelo fio
A segunda metade do século XIX testemunhou sinais de progresso que muito
contribuíram para o processo civilizatório do Brasil e de Sergipe. A expansão canavieira no
litoral sergipano, especificamente da Região do Rio Cotinguiba, teve seu período de glória em
função da comunicação via fluvial e, mais tarde, com a inauguração do Telégrafo, que interligou
o povo da região com as cidades brasileiras, e também com o mundo.
[...] Em 1874, Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, inaugurou o
primeiro cabo submarino que colocava o Brasil em comunicação direta com as
potências do hemisfério norte, estabelecendo-se cem anos antes do atual
processo de ‘globalização’, um processo igualmente revolucionário de
sintonização do país com as chamadas ‘nações avançadas’ do globo
201
.
No estudo dessa seção, a meta central foi conhecer as notícias mais recorrentes que
chegavam para Maruim por via telegráfica, assim como rastrear os telegramas recebidos na
Central Telegráfica da cidade, e que foram publicados na Revista.
A Estação Telegráfica de Maruim foi inaugurada em 1878
202
. Cooperaram nesse
empreendimento
203
o Cônsul Otto Schramm, o médico Thomaz Rodrigues da Cruz e o Coronel
201
DE LUCA, Leonora. Op. Cit 1999, p. 26.
202
Cf. Folder do Centenário de Nascimento do Comendador João Rodrigues da Cruz (1844-1944). Acervo particular
da autora.
José de Faro Rollemberg. Os postes de ferro da “Siemens Brother
A “palavra pelo fio” também fez críticas aos abusos das autoridades administrativas, a
exemplo “das nomeações (mal resolvidas) do Tenente Coronel Luiz Mendes Moraes, indicado
para Governador de Sergipe, e a do Dr. Castro Silva, então chefe de polícia de Natal, para
Governador do Rio Grande do Norte”
208
. Foi visível o cerceamento da palavra impressa mesmo
após a publicação de proposituras legalizando-a. A RL foi solidária aos maus tratos que sofria
também a imprensa estrangeira.
Forão distruidas as officinas typographicas dos jornaes dos opposicionistas El
Plata e La Razon, que se publica em Montevidéu, capital da Republica do
Uruguay. Este acto de vandalismo emocionou a população Montevidanna e
entristeceu profundamente toda a sociedade. A impressa local collectivamente
unida protesta energicamente contra esta aggressão
209
.
A respeito das discussões no Congresso, a Constituição
210
estabelecia, dentre outros, o
Casamento Civil sem a precedência ao religioso; concessão de aposentadoria em caso de provada
invalidez do funcionário. Estabeleceu-se também o fim do anonimato na imprensa. Contudo, a
Carta Magna renovada não contemplou dessa vez o direito de voto às mulheres.
Em Sergipe, além da questão da nacionalidade, havia notícias sobre os trilhos. Da capital,
as mais novas conquistas para incrementar o processo de urbanização, com a implantação de uma
linha férrea para bondes. “Intendência desta cidade concedeu licença à firma Azevedo Freire e
Co. para collocar nas ruas desta cidade, trilhos de ferro, diversas bitolas, para linhas de bonds,
devendo esses trilhos se estender desde o bairro de Chica Chaves [bairro Industrial] até a
Atalaia”
211
[onde hoje é o Cotinguiba Esporte Clube].
A cana-de-açúcar, o mais importante suporte econômico do Vale do Rio Cotinguiba, foi
também notícia corrente pelos fios do telégrafo: “Mercado Frouxo do açúcar em nível nacional:
[açúcar] Branco 240; [açúcar] Mascavinho 220; [açúcar] Muito Baixo 150
212
”.
Conforme noticiado em diversas edições da Revista, alguns dos seus editores não se
afinavam com as autoridades governamentais de Sergipe e do Brasil. indícios de que, por
represália ao grupo do Gabinete, o diretor de redação e também chefe da Estação Telegráfica,
208
Cf. Telegrama. Op. Cit., 1890, p. 4.
209
Cf. Telegrama - Bahia, 13. Revista Litteraria. Maroim. Nº 8, 14 dez. 1890, p. 4.
210
Cf. Telegrama - Rio, 17. Revista Litteraria. Maroim Nº 13, 18 jan. 1890, p. 4.
211
Cf. Telegrama - Aracaju, 29. Revista Literária. Maroim Nº 6, 30 nov. 1890, p. 4.
212
Cf. Telegrama - Aracaju, 15. Revista Litteraria.. Maroim, Nº 14, 16 nov. 1890, p. 4.
Nogueira Cravo, foi transferido para a cidade de Laranjeiras, na função de simples funcionário,
por criticar as decisões governamentais. A nota “Remoção” traduziu a indignação dos editores da
RL.
Por noticia telegraphica sabemos que foi removido para a cidade de Laranjeiras
o chefe da Estação Telegraphica desta cidade, nosso prezado amigo Manoel
Telles Nogueira Cravo. [...] Lamentemos profundamente esse acto pela offensa
aos direitos adquiridos pelo excelente empregado e pela falta que faz a nossa
sociedade. O concurso que nos tem prestado sua esclarecida inteligência na
Presidência do Gabinete de Leitura e na redação desta Revista Litteraria que
illustra com o brilho de seu talento e incansável
ardor pela propagação das
letras, são títulos que nos fazem apreciador deste ilustre cidadão e, portanto,
sentir sinceramente sua auzencia
213
.
Com a saída de Nogueira Cravo da cidade e da chefia do Telégrafo, a Revista passou a
enfrentar outros percalços em sua trajetória: não mais foram publicadas notícias a respeito da
política nacional. Porém, outros colaboradores se encarregaram desse mister, a exemplo de N.
Junior, que assinou seus editoriais durante toda a segunda fase do periódico maruinense.
Contudo, com o propósito de demonstrar sua autoridade, o novo Chefe do Telégrafo mandou
publicar nota a respeito da Magna Carta. “O Sr. Saturnino Sucupira, obsequiosamente, nos
communicou que, no dia 25 do passado, fora promulgado a Constituição do Paiz na véspera às 5
horas da tarde, e que n’aquele dia teria lugar a eleição do Presidente e Vice-presidente da
Republica
214
”.
De acordo com os telegramas publicados na RL, conclui-se que a política foi a matéria
mais discutida no meio jornalístico. Após Nogueira Cravo ter deixado a Diretoria do Telégrafo de
Maruim, não mais foram veiculados telegramas procedentes de outros estados, principalmente do
Rio de Janeiro, então Capital da República. Os 59 telegramas publicados na RLGLM entre 9 de
novembro de 1890 (na edição de 3) e 5 de abril de 1891 (na edição de 23) estão assim
distribuídos, de acordo com as suas procedências: Bahia - 26 telegramas; Rio de Janeiro 23
telegramas; Sergipe 10 telegramas (Aracaju, Estância e Laranjeiras); Recife 1 telegrama;
Alagoas – também 1.
indícios também de um possível enfraquecimento da Revista em conseqüência da
escassez de matérias da política nacional. A partir do exemplar 17, apenas informaram (nessa
213
Revista Litteraria. Maroim. 16, 8 fev. 1891, p. 1.
214
Revista Litteraria.. Maroim. Nº 19, 1º mar. 1891, p. 4.
coluna) notícias de interesse econômico, quais sejam: preço do mercado do açúcar e câmbio
bancário. A coluna Telegrammas circulou pela última vez na edição 23. Logo, percebe-se que
o novo administrador da Estação Telegráfica de Maruim deve ter recebido orientação de seus
superiores para não dar conhecimento à redação da Revista do Gabinete a respeito das notícias
nacionais. As matérias de teor político, em sua maioria, fizeram oposição ao Governo do Estado e
ao Presidente da República; razões essas que justificaram o afastamento do redator Nogueira
Cravo, uma pessoa ligada ao grupo do Gabinete.
Essa coluna apresentou o quantitativo de informações emitidas e recebidas na cidade em
doze meses: a Estação Telegráfica de Maruim, em um ano de atividade, transmitiu 3.236
telegramas com 37.556 palavras e recebeu, no mesmo período, 3.438 telegramas com 41.854
palavras
215
. Contudo, só foi possível conhecer o teor dos telegramas publicados nesse periódico.
2.4 -Em Cima do Balcão
Essa seção trata dos anúncios e da propaganda e teve como objetivo identificar quais dos
segmentos da sociedade de Maruim divulgaram seus serviços e produtos nas primeiras vinte
edições da RL, visto que os exemplares que estão na segunda coleção não apresentaram qualquer
propaganda. É provável que nessa fase houve uma supressão no patrocínio da Revista porque
desapareceu a menção “distribuição gratuita aos sócios”, assim como a propaganda (da Fábrica
de Cigarros Estrela; da Pharmacia Lealdade, de Horácio Martins; da Popular Loja Lily; do
Armazém de Domingos Macedo; da Casa Deodato Maia; da Refinação Maroinense, e os
anúncios: Clinico, Ama de Leite, Suffragios, Viagens, Bodas, Restabelecimentos e outros) que
ficou escassa a partir da edição nº 11 até desaparecer completamente.
O espaço publicitário era utilizado, na sua maioria, pelos sócios/colaboradores (redatores,
bibliotecários, tipógrafos e outros) que também exerciam atividades comerciais na cidade.
Destaca-se entre eles Horácio Martins
216
, “primeiro secretário do Conselho Directorio, sócio
efectivo do GLM e illustrado membro da redacção da Revista Litteraria”. Ele era o proprietário
de uma farmácia, cujo comercial foi veiculado em doze edições da Revista.
215
Revista litteraria. Maroim. Nº 11, 4 jan. 1891, p. 4.
216
Cf. Revista Litteraria.. Maroim. 15, 1º fev. 1891, p. 3.
Figura 19: Seção Propaganda. Pharmacia Lealdade de Horacio
Martins. Fonte: Revista Litteraria. Maroim. (Edições: 2, 3, 4,
6, 7, 10, 11, 12, 13, 16, 17 e 18).
Na rua da Cancela (atual General Siqueira), vendiam-se produtos farmacêuticos de
qualidade que eram despachados na Alfândega de Aracaju
217
e vendidos na Pharmacia
Lealdade
218
, de Horácio Martins: “Completo sortimento de drogas, productos chimicos e
pharmaceuticos de acreditadas procedencias. Preços Modicos” Maroim. Nessa época, a cidade
não dispunha de Casa de Saúde, e toda confiança era depositada na pessoa do farmacêutico; daí o
nome sugest Td(a)Tj5.g2Tj-457.504 -2c 0 Td(a)Tj5.162039 0 Td(m)Tj8.9435j5.g2Tj-457.5.d0121 0 2Tj3.90157 0 Td(e 0 Td(d)Tj5.94239 0 Tdl)Tj3.30133 0 Td(i)Tj (a)Tj5.16207 0 Td(í)07 0 (i)Tj.g2Tj-457.5.d0121 0 2Tj3.903.57.504 -2c 0 Td(a)68an(t)Tj3.30133 0 Td( Tdj5.94239 0 Td(a)Tj5.4239 0 Td(a)Tj5.4239 0 Td ( )Tj3.06123 0 Td(d)a)Tj5.4239 0 Td(a)Tjj5.82234 0 Td(r)Tj85.16207 0 Td( )Tj5f( )Tj2.70107 0 (t)Tj3.30133 0 Td( (a)Tj234 0 Td(u)Tj5.88236 020123 0 Td(e)Tj5.16204.74311 0 Td783 0 Td(e)Tj5.16204.74311 0 Td783 0 Td(e)Tj5.16204.74311 0 Td783 0 Td(eOã 0 Td783 0 Td(eO.66d(d)a)Tj5.4239 0 Td(a)T Td(n)Tj5.88236 0 Td(2i)Tj (m)Tj8.9435j5.g2Tj)Tj3.2413 0 Td(a)Tj5.16207 35j5.g2Tj)Tj3.2413 0 Td(a)Tj5.16207 35j5.g2Tjo unes
Figura 20: Seção Propaganda.
Fábrica de Cigarros
Estrela. Revista Litteraria. Maroim. (Edições: 2, 3,
4, 5, 10, 12, 13, 15, 18, 19 e 20).
Concorria com as tabacarias do Nordeste e de Sergipe a Fábrica de Cigarros Estrela de
Maruim, na rua Conselheiro Saraiva, instalada na cidade no final de 1890: “Este estabelecimento
recentemente montado nesta cidade acha-se em condições de fornecer ao público os melhores
productos de sua especialidade a preços vantajosos e em qualquer quantidade”.
Figura 21: Seção Propaganda. Parabéns ao Belo Sexo. Fonte:
Revista Litteraria. Maroim. (Edições dos números 4, 7 e 12).
Outro anunciante que integrou o grupo dos letrados da RL foi o jurista Deodato Maia
219
,
com sua loja de artigos femininos. A propaganda Parabéns ao Belo Sexo enchia os olhos das
mulheres pela possibilidade de ficarem mais sedutoras: “Acaba de chegar para a casa de Deodato
Maia um esplêndido sortimento do que de Mais Chic, mais elegante e tentador em fazendas
e enfeites para vestidos. Tudo rigorosamente escolhido pela última moda. Sortimento completo
Altas novidades. Ao requinte do gosto! Ao Cúmulo do Modernismo!”. Esse comercial circulou
apenas três vezes.
Ricardo Marques Freire, proprietário da Refinação Maroinense, também integrou o
Conselho Directorio do GLM
220
em várias gestões. Veiculou seus serviços nos últimos cinco
exemplares da primeira fase. Ele oferecia o menor preço no refino do açúcar. “Em vista dessa
grande redução de preços os srs. consumidores podem evitar o enorme trabalho de refinar assucar
em sua cazas”. O açúcar refinado era um produto de luxo, porém apreciado pela maioria da
população; daí a razão desse comercial.
219
Cf. GUARANÁ, Armindo. Op. Cit., 1925, pp. 61-62.
220
AGUIAR, Joel. Op. Cit. 1929, pp. 170-180
Figura 22: Seção Propaganda. Refinação Maroinense.
Fonte: Revista Litteraria. Maroim. (Edições: 16, 17,
18, 19 e 20).
Na Refinaria de Freire, vendiam-se três variedades de açúcar: o “brancofino”, mais caro; o
“branco de 2ª” e o “mascavinho”, mais escuro e mais barato.
No grupo dos anunciantes, a Popular Loja Lily propagou o seu “completo e variado
sortimento de fazendas finas e grossas, chapéus, roupas feitas e miudezas”. Apresentou-se como
especialista em diversos tipos de casimiras. Localizava-se na Praça do Mercado. Essa casa
comercial anunciou sua propaganda em dez edições.
Figura 23: Seção Propaganda Popular Loja Lily
Fonte: Revista Litteraria. Maroim. (Edições 4,
6, 7, 8, 10, 13, 14, 15, 16 e 20).
Nas celebrações festivas, e especialmente em bodas, não podiam faltar os “Vinhos
Especiais” para que os convivas pudessem pronunciar as palavras mágicas no ato de beber,
precedido de um tradicional toque de taças. Foi por isso que os representantes dos “finos vinhos”
optaram por mostrar seus produtos com sugestões festivas. A propaganda, uma das mais bonitas
da Revista, apresentou ilustração de um querubim portando uma taça circundada por uma
guirlanda de parreira, como se o anjo estivesse em um eterno brinde. Macedo divulgou seus
vinhos nas edições de números 2, 3, 5, 6, 10, 12, 15 e 20, sendo, portanto, mais um integrante do
Gabinete que anunciou seus produtos nas páginas da RL. Esse sócio
221
foi um dos primeiros que
apareceu na seção Quadro de Honra, na condição de fundador e benemérito do GLM, “pela
relevância de serviços prestados, presidente de direção, e bibliothecario collecionador do catalogo
existente”.
Não deixou de ser surpreendente encontrar em um periódico dirigido por liberais,
abolicionistas e republicanos, este anúncio: Ama de Leite Nesta Typographia se dirá quem
precisa de uma”. Circulou nas edições 6 e 7. O aluguel de amas-de-leite representava uma
atividade econômica importante nas cidades que utilizavam a mão-de-obra escrava. “Uma prática
herdada da Europa e da América do Norte, o recurso às amas-de-leite parecia ser bastante comum
221
Revista Litteraria.. Maroim. Nº 2, 2 nov. 1890, p. 3.
no Império”
222
. O que é de se estranhar é a presença desse tipo de propaganda em um periódico
que nasceu após a abolição dos escravos ao raiar da República e, sobretudo, dirigido por
intelectuais que se diziam liberais. Uma prática, talvez, herdada de acreditados jornais do
Império.
[...] Periódicos de todas as províncias formigam desse tipo de publicidade. Do
Diário de Pernambuco de 1829; “Vende-se uma escrava parida, da primeira
barriga, própria para criar”, ao Jornal do Commercio da corte anunciando, meio
século mais tarde: “Mucama Aluga-se escrava ama-de-leite, parida um mês
e sem filho”. Sem filho porque o bebê havia morrido, deixando todo o seu leite
para ser transformado em renda escravista do senhor de sua mãe
223
.
Esse foi um dos raros anúncios anônimos que circulou na Revista, por isso não se
identificou o nome da pessoa que estaria interessada por esse tipo de serviço. Precisa-se atentar
para uma propaganda que guardou algumas incoerências: quem precisasse de uma “Ama de
leite” era se deslocar à Tipographia da RL, onde se imprimia um periódico que se auto-
intitulava defensor de todas as classes.
Verificou-se que alguns membros do GLM pertenciam ao setor comercial ou agrícola.
Convém lembrar que o primeiro exemplar da RL, o anúncio destinado aos proprietários de
engenho, assinado por Leopoldino José de Souza, ajudou a conhecer o perfil dos seus leitores.
Coube-lhe também ocupar lugar de destaque na Revista, como “sócio benemérito do Gabinete de
Leitura, exímio bibliothecario e iniciador da Revista Litteraria
224
”.
A propaganda
225
que foi publicada na RL não permitiu ao leitor de outras localidades
conhecer o potencial econômico da cidade. Diversos negociantes de Maruim optaram por deixar
apenas os seus nomes na RL e não os de seus estabelecimentos
226
, a exemplo de José Quintiliano
da Fonseca, proprietário da firma “A Fonseca e Cia”; os irmãos João Rodrigues da Cruz e
Thomaz Rodrigues da Cruz, donos da “Casa Cruz” (fundada em 1875) e trapiches; Otto
222
ALENCASTRO, Luiz Filipe. “Vida privada e ordem privada no império”. IN: História da vida privada no
Brasil. Império: a corte e a modernidade nacional. São Paulo: Companhia das Letras, 1997, pp. 11-94, p. 63. Vol.
2
223
ALENCASTRO, Luiz Filipe. Op. Cit., 1997, pp. 63-64.
224
Revista Litteraria. Maroim. 12, 11 jan. 1891, p. 3.
225
Propaganda “é um conjunto de técnicas e atividades de informação e persuasão, cuja finalidade é influenciar as
opiniões, os sentimentos e as atitudes do público consumidor”. ROSSE FILHO, Sérgio. Graphos: glossário de
termos técnicos em comunicação gráfica. São Paulo: Editora Cone Sul, 2001, p. 504.
226
SILVA, Maria Lúcia Marques Cruz e. Op. Cit, 1994, P. 94.
Schramm, gerente da firma estrangeira “A. Schramm e Co.” (inaugurada em 1840). Essa casa
comercial com filial na cidade de Hamburgo/Alemanha, entrou em crise financeira com a
abolição do trabalho escravo, o que pode justificar a ausência da sua propaganda. Com relação
aos proprietários de engenho de açúcar, observou-se comportamento semelhante: o dono da
Usina Pedras, Gonçalo Vieira de Melo Prado, sócio fundador e benemérito do Gabinete,
figurou também na coluna “Quadro de Honra”, e não fez propaganda de seu estabelecimento
comercial. Era o reflexo da situação econômica do país. “De posse do Engenho Pedras nas
últimas décadas do século [XIX], Gonçalo não o conduziria a uma posição vantajosa ante o
progresso técnico que atingiria a indústria açucareira em todo o Brasil”
227
.
Na primeira fase, havia uma página específica, geralmente a última, para que os
assinantes ali encontrassem artigos diversos, e o que ditava a moda feminina e masculina. Tinha
açúcar branco refinado (de primeira) e o moreninho (considerado de segunda); vinhos
importados, cigarros, os tecidos finos, águas medicinais para convelescença, os enfeites para
vestidos, os chapéus e a casemira.
A prensa gráfica onde se imprimiu a RL, “Typ. da Revista Litteraria”, pela presença de
anúncios denominados “AVISO”, prestava outros serviços: “Linda coleção de typos para cartões
de visitas tem nesta typografia. Imprime-se também Facturas, Talões, Prospectos, todos os mais
trabalhos tendem essa arte”.
As observações acerca da propaganda permitiram concluir que, no primeiro volume, a
publicidade da indústria, do comércio, assim como os anúncios de serviços, foram veiculados 84
vezes, com uma média de 4 publicidades por exemplar. A edição que mais veiculou publicidade
foi a de número 10, datada de 28 de dezembro de 1890. Infere-se que as luzes das festas natalinas
favoreceram as finanças da cidade. Por ser um período festivo e de fé, logo se apresentou mais
propício às vendas. De acordo com os anúncios difundidos, todos os negociantes que divulgaram
suas casas comerciais na Revista do Gabinete integravam a citada agremiação. Outros segmentos
da sociedade local não apoiaram o projeto dos intelectuais liberais.
Os anúncios e a propaganda analisados na seção “Em cima do balcão” foram publicados
quase sempre na página 4. Com exceção dessa página, os demais textos apresentaram
espaçamento pequeno entre as linhas, o que não aconteceu na segunda fase.
227
ALMEIDA, Maria da Glória Santana de. Uma unidade açucareira em Sergipe: o engenho Pedras. Aracaju/SE:
Universidade Federal de Sergipe. Trabalho apresentado ao VIII Simpósio da ANPHV, 1975, p. 17.
2.5 - Por trás da moldura
Acredita-se que houve uma certa rejeição por parte das autoridades da região e de
Maruim para a fundação do GLM. Pessoas influentes da política, e de diversos segmentos sociais,
ficaram à margem do projeto cultural da cidade. Alguns membros do Gabinete confessaram que
só participaram da mencionada agremiação em atenção a Thomaz Cruz, seu primeiro presidente e
incentivador. “Dr. Thomaz declara mesmo que alguns sócios continuaram com suas
mensalidades devido a considerações pessoais e não ao valor das letras”
228
.
É oportuno salientar que dos 60 nomes que constam na “Acta de Instalação”
229
do
Gabinete, apenas 26 sócios tiveram seus nomes publicados na RL, mais precisamente na coluna
Quadro de Honra. Do grupo de sócios que apareceu nesse periódico como “fundadores”, 14 não
assinaram essa ata. Para se compreender as relações que os indivíduos ou grupos mantêm com o
mundo social, Marin, citado por Chartier, afirma que “as formas institucionalizadas através das
quais representantes encarnam de modo visível, presentificam a coerência de uma comunidade, a
força de uma identidade ou a permanência de um poder”
230
.
Figura 24: Seção Quadro de Honra. Fonte: Revista Litteraria. Maroim.
3, 9 nov. 1890, p. 3.
228
AGUIAR, Joel. Op. Cit, 1929, pp.26-27.
229
Idem. pp. 21-25.
230
Marin, Louis. apud CHARTIER. CHARTIER, Roger. À beira da falésia: a história entre incertezas e inquietude.
Porto Alegre: Editora da UFRGS. 2002, p. 169.
O Senador [médico] Thomaz Rodrigues da Cruz na qualidade de cio fundador e
benemérito do GLM, eleito seu primeiro presidente, foi considerado um dos mentores dessa
agremiação. Convém lembrar que os principais idealizadores do Gabinete tiveram seus nomes
registrados nesse quadro, pois não assinaram artigos, e nem propaganda, das suas casas
comerciais. O patrocinador do Gabinete, João Rodrigues da Cruz (irmão de Thomaz), apresentou-
se também na honrosa galeria.
Figura 25: Seção Quadro de Honra. Fonte: Revista
Litteraria. Maroim. Nº 8, 14 dez. 1890, p. 3.
Para se analisar o perfil dos sócios do Gabinete, vale destacar um outro signo tipográfico,
o clichê tipo moldura em formato de corrente. A moldura, por si só, traz em sua simbologia a
intencionalidade de que esses cidadãos se apresentassem aos seus leitores como se estivessem na
própria “galeria” do GLM, uma oportunidade de evidenciarem suas representações. A corrente
significa que os respectivos membros integravam uma agremiação fechada, a exemplo dos outros
gabinetes de leitura no Brasil que emergiram dos mesmos princípios de uma entidade maçônica.
“Os signos visam a fazer reconhecer uma identidade social, a exibir uma maneira própria de estar
no mundo, a significar simbolicamente um estatuto, uma ordem, um poder”
231
.
231
Marin, Louis. apud CHARTIER. CHARTIER, Roger. Op. Cit., 2002, p. 169.
Figura 26: Seção Quadro de Honra. Fonte: Revista
Litteraria. Maroim. Nº 6, 30 nov. 1890, p. 3.
Otto Schramm esteve presente na RL na qualidade de sócio benemérito e fundador do
GLM e integrou a sua primeira diretoria. Último membro da família Schramm em Sergipe que
administrou a firma A. Schramm e Co.; foi também representante da Embaixada Alemã em
Maruim
232
. Descendente de banqueiros, atuou também com sistemas de créditos bancários,
financiando safras agrícolas em Sergipe.
232
Sobre a presença de Consulados e Vice-consulados em Maroim cf. AGUIAR, Joel. Op. Cit., 1929.
Quadro V - Sócios do Gabinete de Leitura de Maruim cujos nomes foram
publicados
na coluna Quadro de Honra:
Nomes dos sócios Categorias
1 – Domingos J. de Macedo Sócio-fundador e benemérito do GLM
2 – Senador Dr. Thomaz R. da Cruz Fundador e sócio benemérito do GLM
3 – Arthur J. Macedo Sócio benemérito e fundador do GLM
4 – Eduardo R. da Cruz Sócio benemérito e fundador do GLM
5 – F. Otto Schramm Sócio benemérito e fundador do GLM.
Conforme noticiaram nas primeiras edições, este periódico surgiu para divulgar o
Gabinete, a instrução, as letras, além de outras práticas culturais e de sociabilidade. Embora os
seus produtores afirmassem que a Revista era “imparcial” e nunca seria utilizada para promoção
pessoal, entraram em contradição, porque foi oportuno para que os nomes dos 26 sócios fossem
publicados em um periódico de uma SL que se permutou com dezenas de jornais do país.
Chartier, afirma que “a representação que os indivíduos e os grupos fornecem
inevitavelmente através de suas práticas e de suas propriedades é parte integrante de sua realidade
social”
233
. Mesmo sabendo que alguns sócios do Gabinete infringiram o que preceituavam os
Estatutos, foi importante a presença deles nessa coluna para se conhecer quem apoiou o projeto
da Revista.
233
CHARTIER, Roger. 2002. Op. Cit., p. 177.
Quadro VI Sócios-fundadores do GLM conforme Acta de Instalação datada de
19 de agosto de 1877
Sócios-Fundadores do Gabinete de Leitura de Maruim conforme Acta de Instalação
Ordem
Nome Ordem
Nome
01 Albino Antonio Ferreira 31 José Antonio da Conceição
02 Antonio Vieira de Melo Bravu 32 José Antonio da Silva Ribeiro
03 Belmiro Pinto de Carvalho 33 José Calazans de M. Dantas
04 Benvenuto José da Cruz 34 José Constantino da Silveira Coelho
05 Claudionor M. S. Lima (Revista) 35 José de Faro Rollemberg
06 Com. Antonio H. de Araújo Pitada 36 José de Lemos Amaral
07 Com. Antonio J. Fernandes de Barros 37 José Gomes de Mello
08 C. alemão F. Otto Schramm (Revista) 38 José Gonçalves Bastos
09 Cypriano de Almeida Sebrão 39 José Hypolito da Silva
10 Dionísio B. de Meneses (Revista) 40 José Joaquim de Lacerda
11 Domingos da Cunha Guimarães 41 José Joaquim de Sant’Ana
12 Domingos D. da Silveira Carvalho 42 José Martins Fontes
13 Domingos José de Macedo (Revista) 43 José Moraes Pinheiro
14 Durval Rodrigues da Cruz 44 José Quintiliano da Fonseca (Revista)
15 Estanislau Pacheco Pereira 45 Luiz da Costa Shimidt
234
16 Fellinto Elísio do N. Pinto 46 Major Antonio Joaquim Maynard
17 Felismino Muniz Barreto 47 Manoel Ferreira da Mota Lima
18 Francisco Pinto Lobão 48 Manoel Antonio Ferreira
19 Francisco Xavier d’Almeida 49 Manoel Joaquim de Souza Brito
20 Galdino de Sant’Ana 50 Manoel José dos Santos
21 Irenio da Mota Nunes 51 Manoel Lopes Angelo
22 Israel Isack da Silva 52 Manoel Pereira Guimarâes
23 João Azevedo Freire 53 Manoel Ramos Maia (Revista)
24 João da Silva Ribeiro 54 Padre Manoel Pinto de Almeida
25 João Francisco dos Santos 55 Porphyrio Vieira da Silva
26 João Francisco Ferreira Lima 56 Prudêncio Constancio Costa Brito
27 João José do Couto 57 Roberto Brown (Revista)
28 João Rodrigues da Cruz (Revista) 58 Simeão de Faro Rollemberg
29 Joaquim José Gomes 59 Thomaz Rodrigues da Cruz (Revista)
30 José A Silva Ribeiro Sobrinho
(Revista)
60 Vicente José da Rocha Bittencourt
Fonte: AGUIAR, Joel. 1929. Fonte: Escorço histórico do Gabinete de Leitura de Maruim.
Aracaju: Gráfica Gutenberg, pp. 21-25.
Dentre os 60 sócios do GLM que deixaram seus nomes na Acta de Instalação, apenas dez
identificaram-se no Quadro de Honra na condição de legítimos fundadores dessa instituição. Foi
uma evidência de que a maioria dos sócios que viram nascer a SL não quiseram participar da RL.
234
Luiz da Costa Shimidt provavelmente apareceu na edição de número 1 (faltam duas páginas). O seu nome e os dos
sócios, Thomaz Cruz e Domingos Macedo, estão no frontispício de uma estante (datada de 1879), na biblioteca do
Gabinete
É oportuno frisar que dos membros que se apresentaram como “sócios- fundadores e
beneméritos”, 14 não assinaram a ata, o que se justificou se os respectivos cidadãos tiverem
realizado alguma doação (em dinheiro ou livros) ao Gabinete
235
.
Alguns integrantes do Gabinete encontraram na RL uma oportunidade para propagar o
nome de amigos e/ou de membros da própria família. J. Godofredo Schramm (1760-1827),
faleceu muito antes da fundação do GLM (1877). Contudo, teve seu nome publicado no “Quadro
de Honra” na qualidade de sócio-fundador
236
dessa Sociedade Literária.
É importante lembrar que diversas personalidades da Região do Rio Cotinguiba não
participaram da fundação do Gabinete (ou não quiseram assinar a ata de instalação): o Intendente
de Maruim (Major Miguel Pereira dos Anjos), o Barão de Maruim (João Gomes de Melo) e o
pároco da cidade (Antonio Leonardo da Silveira Dantas). A esses homens não interessavam o
projeto cultural dos intelectuais liberais, que se posicionavam contrários às imposições das leis da
Igreja Católica e do Estado.
Na verdade, é preciso pensar como todas as relações, incluindo as que
designamos por relações econômicas ou sociais, se organizam de acordo com
lógicas que põem em jogo, em acto, os esquemas de percepção e de apreciação
dos diferentes sujeitos sociais, logo as representações constitutivas daquilo que
poderá ser denominado uma ‘cultura’, seja esta comum ao conjunto de uma
sociedade ou própria de um determinado grupo
237
.
Uma possível divergência entre os dirigentes do GLM e o Padre Dantas acabaria quando
esse sacerdote presidiu a sessão solene alusiva ao 19º aniversário dessa SL, na condição de
Presidente do Estado, e fo21 0 Td(1)Tj5.82j4.56183 0 Td(s)Tj4..82234 0 Td(i)Tj3.30133 0 Td(ç)Tj5.16207 0 Td5.82234 0 Td(o)Tj5.88236 0 TdM.30133 0 Td(e)Tj550.1 Td(P)Tj6.4826 0 Td(r)Tj3.90157Tjp 0 Td(o)Tj5.46216 0 Td(m)Tj8.2( )Tj3.66147 05.28212 0 Td(s)TO05.2 Td(L)Tj7.10157 0 Td(a)Tj5.16207 0 Td(d)Tj5.82234 0 Td(o)Tj5.94239 0 Td(,)Tj2.80157 0 Td( )Tj3.18128 0 12 0 Td(s)TO05.2 Tdd(a)Tj5.14154 0 Td(u)Tj5.80133 0 Td(c)Tj5.16207 0 d(i)Tj3.2413 0 Td(s)Tj4.5221 0 Td(l)Tj3.2413 0 Td( )Tj2.94118 0 Td(n)Tj5.88236 0 Td(o)Tj5.88236 0 Td( )Tj3.18128 0 Td(n)Tj5.82234 0 Td(o)Tj5.86207 0 Td(r)Tj3.90157 0 Td(a)Tj5.2413 0 Td(l)Tj3.32234 0 Td(d)Tj5.82234 0 Td(o)Tj5.88236 0 Td(f)Tj3.98128 0 12 0 Td(s)T8236 0 Td(e)Tj5.2221 0 Td( )Tj4.20169 0 Td(n)Tj5.82234 0 Td(8)Tj5.82234 0 Td(2)Tj5.79234 0 Td(2)Tj5.76239 0 Td( )Tj5.2221 00 Td(n)Tj5.86207 0 Td( )Tj3.60145 0 12 0 Td(s)T2234 0 Td(8)Tj5.82234 0 Td(e)Tj5.29234 0 Td(2)Tj5.72 10.6779 Tf0.999608 0 0 1 280.68 547.964 (s2)Tj3.90153 0 Td(3)Tj3.90153 0 Td(3)Tj3.98 10.6779 0.999598 0 0 1 117.24 342.62597.41j2.88116 0 Td( )Tj2.94118 0 Td(f)Tj3.70338 0 T633 rfnteviost
ee ue qs ualidade dnterentuaia o dadees antas duc
agremiação. Esse orador sacro foi apresentado por Sebastião da Silveira Andrade, na sessão de 8
de julho de 1894, para integrar o quadro dos sócios do Gabinete
239
.
Convém salientar o Barão de Maruim, figura que integrou a ala do Partido Conservador
de Sergipe. Destacou-se pelos seus atos de altruísmo e benevolência em Sergipe. Distribuiu parte
dos seus bens: gastou duzentos contos de réis na construção da Igreja Matriz de Maruim; doou
terreno para a construção do Hospital de Caridade da Província; colaborou na edificação da
Matriz da capital sergipana; socorreu variolosos e retirantes tangidos pelas secas do Nordeste;
subvencionou instituições de letras, órgãos da imprensa e escolas públicas
240
. Todo esse conjunto
de benfeitorias não foi suficiente para que o seu nome fosse publicado nas páginas da Revista de
Maruim, mesmo falecido em abril de 1890. Contudo, o cidadão J. Godofredo [Gottfried]
Schramm ocupou espaço de destaque na seção “Quadro de Honra”, sem nunca ter pisado o solo
maruinense.
Os intelectuais que integraram o GLM e escreveram publicações eruditas viram nessa
instituição a possibilidade de ampliar o público leitor, com a fundação de uma biblioteca, mais
tarde com o surgimento da RL (1890) e, finalmente, com a implantação de uma escola de
primeiras letras, em 1919
241
, o que se consolidou após a inauguração da Liga Sergipense Contra o
Analfabetismo, em 1916.
O fato de serem ou não homens de letras, nobres, monarquistas, escravocratas e terem
títulos nobiliárquicos afasta a possibilidade de se admitir que um “Barão” não venha a integrar o
grupo do GLM, por serem eles questionadores da sociedade vigente, temidos e censurados pelo
poder. No rol dos nome, que constaram na coluna “Quadro de Honra”, estava o Barão de Aracaju
[José Inácio Accioly do Prado
242
], na qualidade de “Sócio-fundador e benemerito do Gabinete de
Leitura de Maroim”
243
.
Portanto, a RL fez-se “vitrine” dos sócios do Gabinete. Essas pessoas participaram de sua
fundação, colaboraram direta ou indiretamente para a realização desse projeto cultural, à exceção
239
Idem. p. 54.
240
LIMA, Zózimo. “O Barão de Maruim: Escorço biográfico do Barão de Maruim”, lido no programa “Jóias
Humanas de Sergipe”, da Rádio Liberdade, no dia 7 de maio de 1954, data comemorativa ao Centenário da cidade
de Maruim. Separata da Revista da Academia Sergipana de Letras. Aracaju: Imp. Oficial. 1956, p. 13.
241
Cf. AGUIAR, Joel Macieira. Op. Cit, 1929.
242
Conforme registros na sua lápide sepulcral, encontra-se sepultado na Igreja Matriz da cidade de Divina Pastora,
juntamente com a sua esposa, por serem benfeitores desse templo, o que leva a crer que o barão e a baronesa de
Aracaju professavam do mesmo credo que o Barão de Maruim e realizaram também idênticos atos benevolentes,
provavelmente de filiação partidária e ideológica semelhantes aos dos membros do GLM e da sua Revista.
243
Revista Literária. Maroim. nº 10, 28 dez. 1890, p. 3.
de J. Godofredo [Gottfried] Schramm, avô de Adolpho, Ernest, e Otto. Esses três negociantes
viveram em Maruim e deram grande impulso à economia de Sergipe.
De acordo com a árvore genealógica da família dos Schramm
244
, dois John Gottfried:
O mais novo deles teve seu nome propagado na “galeria” da Revista de Maruim. Logo, um dos
seus descendentes, acredita-se, o Cônsul Otto Schramm que viveu em Maruim até 1890,
encontrou uma oportunidade de lhe prestar uma homenagem.
Excetuando-se os registros das solenidades de inauguração do Gabinete, em momento
algum se percebeu a presença feminina na composição de sua diretoria, ou nas reuniões da
Assembléia Geral. As mãos das “graciosas senhoras e senhoritas” não foram utilizadas para
assinar a ata composta exclusivamente de nomes masculinos na histórica seção.
[...] Sob a presidencia interina do Thomaz Rodrigues da Cruz, e bem assim
pessoas de diversas localidades da província, e excelentíssimas senhoras que se
dignarão de acceder ao convite para abrilhantar a sessão com graciosa presença,
o Snr. Presidente declarou instalado o Gabinete Litterario, depois de ter feito
uma allocução análoga, muito applaudida pela sua erudição e ideia
245
.
Admite-se afirmar que o regimento do GLM copiou algumas normas das sociedades
fechadas (Maçonaria), porque a mulher era proibida de freqüentar as reuniões da Diretoria. É o
que dita o parágrafo , do Artigo 1, do Capítulo III, dos Estatutos do GLM, relativo aos
deveres dos sócios: “assistir as sessões da Assembleia Geral os do sexo masculino”
246
. Mesmo
após a conquista do voto feminino em 1934, não foi permitido à mulher ocupar algum cargo no
Gabinete. Entretanto, muitos anos depois os nomes de Adélia Barreto e Agda Costa entrariam
para a história do GLM, como exímias bibliotecárias.
Após exame dos signos tipográficos e textuais, a RL foi planejada para alcançar a
comunidade de leitores. Percebe-se que houve a preocupação com os diversos modos de ler, em
virtude da presença do sumário e da organização dos textos por seção, na segunda fase.
Inspirados nos ideais republicanos e iluministas, fundamentados na trilogia Igualdade,
Liberdade e Fraternidade, os dirigentes do GLM, que se diziam imparciais, pretendiam um
periódico para propagar a instrução, o gosto e o amor às letras a todas as classes sociais de
Maruim/Sergipe.
244
Cf. Árvore genealógica da família Schramm. Acervo da autora
245
AGUIAR, Joel. Op. Cit. 1925, pp. 21-22.
246
Estatutos do Gabinete de Leitura de Maroim. Bahia: Tipografia Catilina, 1893, p. 4.
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A REVISTA E SEU PERFIL EDITORIAL
Deve-se ficar atento para a intencionalidade dos impressos porque a ênfase em se publicar
certas temáticas teve a preocupação de alcançar um determinado público. O periódico revista
foi definido por diversos estudiosos do assunto. Para Jean François Sirinelli, “uma revista é antes
de tudo lugar de fermentação intelectual e de relação afetiva, ao mesmo tempo viveiro e espaço
de sociabilidade
247
”. Idealizada por um grupo de intelectuais liberais, a RLGLM originou-se dos
mesmos intentos que fizeram surgir a instituição da qual se fez porta-voz: incentivar o gosto e o
amor às letras. Os editores usaram a imprensa periódica para propagar seus valores morais,
intelectuais, políticos, dentre outros, tendo como mote o discurso pedagógico.
A análise do conteúdo da RL possibilitou mergulhar no espectro de seus dispositivos
discursivos. Conforme ensina Chartier, a leitura não está inscrita no texto; a interpretação é feita
pelos leitores. Logo, um texto existe se houver um leitor para lhe dar um significado
248
. Do
mesmo modo que o discurso é considerado social, o texto; é individual, previamente organizado
da melhor maneira para transformá-lo em discurso. “Todos os discursos têm função citativa em
relação a outros discursos. Por isso, ele não é único e irrepetível. Tendo em vista ser determinado
pelas formações ideológicas, o discurso cita outros discursos”
249
. Em contato com qualquer tipo
de suporte, o leitor transforma-se em amálgama de leitura e texto em sua apropriação.
É necessário relembrar que o texto é produto de uma leitura, uma construção do
seu leitor: este não toma nem o lugar do autor, nem um lugar do autor. Inventa
nos textos uma coisa diferente daquilo que era a ‘intenção’ deles. Separa-os da
sua origem (perdida ou acessória). Combina os seus fragmentos e cria o
desconhecido. No espaço organizado pela capacidade que eles possuem de
permitir uma pluralidade indefinida de significações
250
.
247
Sirinelli, Jean François apud LUCA, Tânia Regina de. “História dos, nos e por meio dos impressos”. IN:
PINSKY, Carla Bassanezi. (org.). Fontes históricas. São Paulo: Contexto. 2005, p.140.
248
CHARTIER, Roger. A ordem dos livros: leitura, autores e bibliotecas na Europa entre os séculos XIV e
XVIII. Trad. Mery Del Priore. Brasília: Editora Universidade de São Paulo. 1998, p. 11.
249
Lopes, Edward apud FIORIN, José Luiz. FIORIN, José Luiz. Linguagem e ideologia. São Paulo: Ática. 1988,
p.41.
250
Certeau, Michel de. apud CHARTIER, Roger. CHARTIER, Roger. Op. Cit. 1987, P. 61.
Os títulos dos artigos refletiram as práticas socioculturais vigentes, pela perspectiva de se
buscar as inovações
pretendidas por um grupo de intelectuais que almejava um futuro promissor
para todas as classes com a chegada do período republicano. Esses princípios ideológicos
constituíram-se em uma nova visão de mundo, defendida pelos integrantes desse círculo literário,
os quais difundiram as suas representações sociais. “As idéias e, por conseguinte, os discursos
são expressão da vida real. A realidade exprime-se pelos discursos”
251
.
Interpretar seus traços é por certo evocar o próprio GLM, do qual o periódico foi órgão
oficial, e proporcionou aos leitores acompanhar o que era discutido, por influência de um novo
modelo administrativo. A República trouxe grandes repercussões nos aspectos sociais, políticos e
culturais do país.
No exame do corpus textual da RL agruparam-se os artigos em temáticas específicas,
levando-se em consideração a “morfofisiologia” dos textos: a primeira seção (Re)lendo os
editoriais objetivou traçar o perfil dos autores/leitores; quanto à segunda seção Passando a
limpo “A Lapis”, propôs-se evidenciar a influência da Primeira República no periodismo
sergipano, por se tratar de uma seção que publicou um discurso de teor ideológico; com relação à
terceira seção – Autores presentes , observou-se quem mais publicou na Revista.
3.1 – (Re)lendo os editoriais
Nessa seção, identificaram-se as posições de uma revista que circulou em um período de
transição política, para se compreender o que foi escrito e saber como se deu o diálogo entre
editores e leitores. Foi, sem dúvida, a busca de uma identidade nacional que a RL e outros
periódicos contemporâneos seus tiveram como propósito, através das representações pátrias,
alcançar a todos indistintamente. Reler seus textos é auscultar no tempo um periodismo que fez
brotar nos brasileiros e nos sergipanos os sentimentos de libertação e patriotismo. A questão da
nacionalidade apresentou-se revestida de trama ideológica, vivificada pela causa educacional, e
esteve presente na maioria dos seus discursos.
251
FIORIN, José Luiz. Op. Cit. 1988, p. 33.
Segundo os estudiosos, o editorial, comumente, exprime o pensamento dos dirigentes da
revista ou do jornal. O enunciador de tudo isso tem um nome específico: editor. Para Rabaça,
editor é uma
Pessoa ou instituição que atua como elemento intermediário entre o autor e o
público consumidor de obras literárias, científicas, artísticas, musicais etc.,
reproduzidas por meio de um suporte posto à disposição do usuário, na forma
de um produto material com determinado número de exemplares
252
.
Fez-se necessário estabelecer conexões entre o conteúdo do editorial e a proposta gráfica
do periódico, e, assim, percebeu-se a interlocução entre ambos. Isso possibilitou que o editor,
transformado em “autor” (mesmo sem assinar seus textos) não ficasse isolado de sua fala, nem
dos textos no âmbito geral da composição da Revista. Outra proposta dessa seção foi a de
identificar as contradições nos discursos, tomando-se como base os objetivos do GLM e da RL,
e não os princípios ideológicos de seus editores/autores.
Segundo Marize de Carvalho Vilela
253
, o autor é um instrumento de classificação de
textos, bem como um protocolo de diferenciação que pode ser comparado a outros textos.
Contudo, a função do autor pode não se referir a um indivíduo concreto, mas a uma
multiplicidade de posições subjetivas, ou mesmo como iniciadores de práticas discursivas.
Partindo-se do pressuposto de que os produtores da RL comungavam dos mesmos ideais
daqueles que dirigiam o Gabinete, foram identificados elementos reveladores que se
caracterizaram mais na função de liberais do que conservadores. Fato similar aconteceu também
na “trajetória dos gabinetes de leitura do Brasil, fundados na segunda metade do século XIX”
254
.
Em geral, os editores, por investirem em seus projetos gráficos, confiam na garantia do
lucro. Contudo, indícios de que os produtores da RL não tiveram vantagens financeiras pelo
tipo de matéria que veiculava (com anúncios e propagandas só na primeira fase) e por existir um
sistema de permuta com dezenas de jornais do país.
Na investigação dos editoriais atentou-se para o que realmente seus autores queriam
transmitir. Segundo Rabaça editorial é
252
RABAÇA, Carlos Alberto e BARBOSA, Gustavo. Dicionário de Comunicação. São Paulo: Editora Ática S. A.
1995, p. 225.
253
VILELA, Marize Carvalho. Discursos, Cursos e Recursos: autores da Revista Educação (1927-1961). São Paulo:
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2000.
254
MARTINS, Ana Luiza. Op. Cit. 1999, P. 397.
Texto jornalístico opinativo escrito de maneira impessoal e publicado sem
assinatura, referente a assuntos ou acontecimentos locais, nacionais ou
internacionais de maior relevância. Define e expressa o ponto de vista do
veículo ou empresa responsável pela publicação (jornal, revista etc.) ou
emissão (propaganda de televisão ou de rádio). O editorial apresenta,
principalmente em sua forma impressa, para jornal, traços estilísticos
peculiares. Na definição clássica de Fraser Bond, ‘é um ensaio curto embebido
de senso de oportunidade [...]’
255
.
Os textos, assinados ou não, dificilmente se mantêm independentes no tocante ao
objetivo do veículo noticiador. Na produção do discurso há um certo cingimento pela
necessidade de se expor os pontos de vista da instituição responsável pela publicação, a respeito
de fatos considerados relevantes para a opinião pública. Vale lembrar um trecho do editorial
denominado Actualidade, de autoria do colaborador Nelson, que mesmo assinando apenas um
artigo das 34 edições com esse nome (ou pseudônimo), ficaram marcas da sua escrita também
em outros artigos.
Talvez se nos extranhe occparmo-nos nesta revista de um assumpto que vae
prendendo a atenção de todo o paiz. Esse assumpto vem a ser a política da
organização federal da Republica. Entretanto entendamo-nos: a política
rotineira corrompida pela monarchia seus costumes, e infelizmente continuada
no regime actual; a polítca que se occupa mais do individuo que da
coletividade, mais do interesse que da idéia , esta por certo não deve ser
discutida nas paginas de um órgão litterario. O nosso intuito porem, é muito
outro [...]
256
.
Na verdade, a função primordial do editorial é transmitir a opinião da instituição que se
diz representar. Como foi observado por estudiosos do assunto, com a RL não podia ser
diferente. Além da proposta centrada na comunicação
257
, os textos que veicularam temáticas
ideológicas foram realmente os mais palpitantes e, acredita-se, os mais polêmicos. Logo, nem
sempre o conteúdo do editorial em sua expressão lingüística apresenta-se em consonância com a
marca institucionalizada.
255
RABAÇA, Carlos Alberto e BARBOSA, Gustavo. Op. Cit. 1995, pp. 227-28.
256
Revista Litteraria.. Maroim. Nº 22, 22 mar. 1891, p. 1.
257
Comunicação, etimologicamente comunicar é tornar comum. A comunicação é, portanto, no seu princípio, a
passagem do individual ao coletivo e a condição de toda a vida social. De forma geral, a comunicação consiste
numa traça de mensagens carregadas de significados, podendo apresentar-se sob vários aspectos. CAZENEUVE,
Jean (Dir.). 1976. Guia Alfabético das Comunicações de Massa. Lisboa: Edições 70, p. 68.
Estavam ausentes as primeiras páginas do exemplar 1. O segundo editorial tratou da
apresentação do GLM e enalteceu a sua missão civilizadora. Os produtores da RL acreditavam
que a imprensa, além de refletir os anseios populares, era um poderoso instrumento que podia
ser utilizado a serviço da instrução e contribuir para o progresso do povo da região e da cidade
de Maruim. Foi essa SL, a única em Sergipe, a possuir uma tipografia.
A imprensa, este echo popular; a poderosa alavanca do progresso, posta
a serviço da instrução, é hoje o maior padrão de glória para esta
utilíssima instituição, tanto mais quanto raríssimas são as sociedades
desse gênero que mantém uma, como propagadora da utilidade da sua
missão
258
.
O terceiro editorial discutiu a importância da Instrução Popular em razão da necessidade
de se adotar uma proposta pedagógica para alcançar a todos, e por ser essa, a via mais favorável
na conquista do conhecimento. Os editores da RL conscientes desse propósito escreveram que
“é uma emoção em se poder levar a instrução à criança inexperiente e ao adulto carente do
saber"
259
, pois consideravam a república brasileira uma unidade nacional. No âmbito dos
desafios propostos, estavam as transformações educacionais. Por isso, as novas ações deveriam
voltar-se “para as formas de organização do ensino, para a hierarquização dos saberes na escola,
para a difusão de conhecimentos, redefinição do espaço e do tempo escolar, dentre outros
[...]”
260
.
Os diretores do GLM acreditavam que podiam colaborar com a instrução, através da
leitura das obras da BGLM, porque esta era uma característica dos gabinetes do Brasil no
período: criar uma escola anexa para estimular a leitura do seu acervo. Mesmo se fazendo
algumas restrições para o acesso a essa SL, eles acreditavam que a agremiação e o seu periódico
incentivavam a leitura a todos indistintamente: “Deante dos bons resultados que colhem as
instituições do genero do Gabinete de Leitura, nós aplaudimos, sentimo-nos resolvidos a imitar
capazes de concorrer para o bem das classes necessitadas de instrução, e dispostos a prestar-lhes
o nosso auxilio”
261
.
258
Revista Litteraria. Maroim. 2, 2 nov. 1890, p. 1.
259
Idem. p. 2.
260
VEIGA, Cynthia Greive. Op. Cit. 2003, pp. 404-405.
261
Revista Litteraria. Maroim. 3, 9 nov. 1890, p.1.
Na quarta edição, o autor transbordou-se em seu nacionalismo, fez apologia à República,
muito embora reconhecesse o pequeno período da queda do trono imperial. As questões sob a
égide da legalidade ganharam peso nas discussões acerca do Casamento Civil obrigatório, as
quais trouxeram descontentamento para os católicos. Ainda, conforme o amparo legal, os
impostos pagos na alfândega em barras de ouro concorriam para a supervalorização desse metal.
Receosos de uma crise econômica, os produtores da RL, mesmo aclamando o 15 de novembro
de 1889, afirmaram que era preciso esperar mais um pouco para se ter “esperança de liberdade,
progresso, civilização fecunda no auriverde pavilhão, sem contudo, perder o patriotismo”
262
.
Foi visível a preocupação com a formação moral dos educandos. O exemplar tratou da
origem e do amplo benefício das Caixas Econômicas Escolares. Segundo o autor (não
identificado), “a iniciativa das caixas econômicas nas escolas públicas nasceu na França e
disseminou-se mais tarde na Bélgica, Itália, Inglaterra e Estados Unidos, alegando que devem
começar na infância os hábitos de controlar as despesas para se levar às crianças o culto à
economia”
263
. Portanto, a escola, além de ensinar a ler e a escrever, deveria instruir também ao
cidadão a ser controlador das suas finanças e, conseqüentemente, colher os frutos das vantagens
sociais que ele poderia obter. Nesse propósito, pela voz dos seus propugnadores, urgia “inveterar
no espírito da creança o habito da economia, prevenir o seu futuro e inocular a seiva da
prosperidade [...]”
264
.
Inspirado em questões ideológicas, o editorial do exemplar 6, sob o título ‘A
Actualidade’, deitou respingos sobre o novo regime político, em virtude de a “Lei Republicana”
permitir prerrogativas, como no regime anterior. O autor comentou que apesar de se ter
proclamado a República, ainda se preservavam “algumas regalias do período monárquico que
deixou a desejar as conquistas da tão almejada civilização”. Acreditava ele que as
transformações sociais pelas quais passava o país, em nome da liberdade, deveriam ter como
diapasão a retidão, a justiça e assim poder venerar-se o primeiro aniversário de um novo período
político. Contudo, o povo ainda não tinha conquistado o direito de escolher os seus
representantes. A RL publicou que foi uma afronta o Congresso Nacional ter escolhido o
262
Revista Litteraria. Maroim. 4, 16 nov 1890, p. 1.
263
Revista Litteraria. Maroim. 5, 23 nov. 1890, p.1.
264
Idem. pp. 1-2.
Presidente da Republica Brasileira sem mesmo ter ainda aprovado a Constituição Política da
Nação
265
.
As imposições das leis republicanas alcançavam também as esferas estadual e municipal.
“Em Sergipe, ao menos, foram eleitos aqueles que o Governo designou”
266
. Mesmo a Lei
Eleitoral permitindo alguns avanços, o grupo do Gabinete e da Revista vislumbrava um futuro
promissor para os sergipanos, em virtude da possibilidade de aproveitamento dos seus recursos
naturais. Provêm dessa época, portanto, as primeiras discussões em torno da exploração das
riquezas minerais do solo sergipano.
Quando se tratava de educação, os discursos, na sua maioria, davam a impressão que os
seus autores não desejavam a formação universitária dos freqüentadores dessa agremiação. Em
“Caixas Econômicas Escolares”, no exemplar de número oito, foi retomada a preocupação em
preparar as crianças não para serem graduadas em alguma faculdade, mas sim para enfrentar as
adversidades do dia-a-dia. Esse modelo educacional, incorporava o pensamento daqueles que
pretendiam preparar os educandos para serem colocados mais cedo no mercado de trabalho, pois
achavam que só assim eles seriam mais úteis à sociedade.
O editorial No Congresso publicado na edição 9 auxiliou também na identificação do
perfil dos autores/leitores da RL. Houve a preocupação com o orçamento público. O autor
sugeriu, que a União deveria criar despesas quando estas fossem estritamente necessárias; e
que as quotas da área administrativa fossem aplicadas principalmente na área social.
Não queiram os representantes da nação se reservar a glória de defeituarem o
melhor trabalho do governo de 15 de novembro; procurem antes nulificar estas
tendências centralTd(q)Tj5.82234 0 Td(u)Tj5.94236 0 Td(e)Tjl.94116 0 Td(ó)Tj5.34211 0 Td(r)Tj3. Td(t)Tj2.94116 0 Td(r)Tj3.5414 0 Td(a)Tj4.8019 0 Td0 TTj5.34211 0 Td(t)Tj3.00119 0 Td(e)T4211 0 Td(t)Tj3.0011Tj5.34211 0 Td(o)Tjs
informações acerca dessas vantagens no mundo civilizado: “a ciência da electricidade data de
1650, quando Otto Guericke, na cidade de Magdeburg construiu a primeira machina electrica
que os phisicos apreciaram”
268
. O autor fez comentários acerca da possibilidade de proporcionar
conforto à população com a aplicação da eletricidade estática e dinâmica, a exemplo do pára-
raio, dos aquecedores, do telégrafo, da luz elétrica, da galvanoplastia, dentre outros.
O empanar da realidade, divulgando-se conforme os interesses de classes,
grupos e indivíduos, é vezo desse periodismo triunfante que, naquela virada do
século, potencializado pelos recursos da propaganda e publicidade, tornou-se
instrumento preferencial a serviço das relações capitalistas que permeavam a
sociedade como um todo
269
.
Diversos cientistas e seus experimentos de vanguarda foram lembrados: Galvani, Duffy e
a Pilha de Buzen. Esta, mais avançada que “a Pilha de Volta, desde 1839 até hoje é utilizada nos
laboratorios de physica, officina de metallização e, até mesmo, illuminação electrica e aplicações
telegraphicas”
270
. Apresentaram os primeiros experimentos realizados com o pára-raio e o nome
de seus idealizadores, a exemplo de Coiffier, Buffon e outros. “A primeira experiência
effectuada para verificar a proficuidade do pára-raio foi feita por Coiffier, em Marly, no dia 10
de maio de 1750”
271
. Na América do Norte, o destaque foi para Benjamim Franklin
272
e suas
pesquisas: o pára-raio e o papagaio metálico. Os leitores da RL conheceram o aproveitamento da
eletricidade estática, a exemplo da luz elétrica, aquecedores e outros.
Sobre a aplicação da eletricidade dinâmica, o autor lembrou a “Pilha de Volta”, fonte
constante de electricidade dynamica. As sucessivas experiências com esse tipo de energia
elétrica levaram os físicos a aplicá-la à telegrafia. A respeito do telégrafo surgiu o nome de
Samuel Morse que, em 1832, inventou o sistema de aparelhos telegráficos.
Actualmente os aparelhos telegraphicos mais aperfeiçoados são os de Morse
que imprimem signaes convencionados: o de Hughes que transmite letras
268
Revista Litteraria. Maroim. 10, 28 dez. 1890, p.1.
269
MARTINS, Ana Luiza. Op. Cit. 2001, p. 23
270
Revista Litteraria.. Maroim. Nº 10, 28 dez. 1890, p. 1.
271
Revista Litteraria. Maroim. 11, 4 jan. 1891, p. 1.
272
Atribui-se também a esse cientista, a iniciativa de criar bibliotecas populares. COSTA, Antonio da. A
Instrução Nacional. Lisboa: Imprensa Nacional, 1870.
latinas: O Autographico que reproduz mechanica e chimicamente, na estação
receptora, o despacho escripto pelo proprio transmitente
273
Sergipe teve acesso às discussões sobre as inovações científicas e as suas utilizações
práticas. Maruim, dentre as cidades sergipanas, destacou-se por beneficiar-se dessa tecnologia
quando inaugurou a sua Estação Telegráfica e pôde, assim, comunicar-se com o mundo.
A RL publicou em Atravez o Infinito (que intitulou os editoriais dos números 16, 17, e
18) as mais novas notícias sobre o espaço. Os textos foram inspirados no livro Astronomia
Popular de Camilo Flamarion. O sonho de desvendar os mistérios do espaço, e a possibilidade
de explorar a própria Via Láctea era possível de se concretizar graças aos modernos aparelhos, a
exemplo da luneta e do telescópio. Contudo, a visita virtual ao firmamento, suscitou alguns
questionamentos.
Em seu passeio pelo espaço, o autor visitou alguns planetas: viajou por Vênus; passou
perto do sol; mirou Marte. Lá, a população bizarra o espantou; junto a Júpiter, ficou
impressionado com as suas tempestades e vulcões; cruzou também Urano e Netuno. Após quatro
horas de suspense e emoção, encontrou o mais brilhante dos corpos celestes: o sol. Mas a viagem
não parou e continuaria por dias, meses, anos, dentro do mesmo ritmo. Para o criador desse
artigo, essa era uma lição moralizadora: qualquer direção que se tomar, o universo será sempre
infinito: “[...] a vida da nossa humanidade tão soberba, com toda a sua história religiosa e
política, a vida toda do nosso planeta não é mais que um sonho d’um instante [...]”
274
.
O editorial de número 19, que discutiu a educação da mulher e a ausência dos avanços
nas suas reivindicações, foi deslocado para uma seção específica no cap. IV.
A Revista ganhou reforço intelectual com a participação de Leonídio Porto, cujo nome
encimou o editorial do exemplar número 20, o qual, a partir da edição 21 passou a discorrer
sobre uma nova proposta pedagógica: Ensino e trabalho. Esse colaborador também cooperou
com outros periódicos do Estado, dentre eles O Republicano. Os diretores da RL externaram
seus agradecimentos e depositaram muitas esperanças no sergipano que colaborava com o seu
torrão natal
275
visando ao desenvolvimento das letras, da imprensa e da instrução. Deu-se início,
nesse momento, a uma discussão de forma sistematizada sobre uma das temáticas que brotaram
273
Revista Litteraria. Maroim. 12, 11 jan. 1891, p. 1.
274
Revista Literária. Maroim. Nº 18, 22 fev. 1891, p. 1.
275
Embora os produtores da Revista afirmassem que Leonídio Porto estava de volta a Sergipe, os seus artigos foram
intitulados Do Rio de Janeiro: ensino e trabalho
do período republicano: a preparação para a vida profissional no ensino primário deveria ser
incluída a disciplina Trabalhos Manuais, para despertar nos educandos as artes e os ofícios.
Iniciando a segunda coleção (na qual estão os exemplares 21 ao 34), o primeiro texto
intitulado Nosso Jornal propôs-se discutir sobre as mudanças no formato da Revista. Explicaram
aos leitores que, a partir da edição 21, a Revista passaria a circular com o formato 23,50cm por
16,00cm, com oito páginas de duas colunas. Acreditavam seus produtores que essa forma estaria
mais adequada em função do título Revista que deram ao periódico. Para os estudiosos da
imprensa periódica, revista e jornal passaram por algumas transformações para evitar-se a
ambigüidade de nomenclatura. A propósito da denominação revista, na concepção de seus
idealizadores, “era para entregar ao leitor um periódico de maior prestígio, pois assim era
considerado”
276
.
As revistas, no final dos Oitocentos, tentaram assumir posição superior diante do jornal.
Percebe-se que não foi possível adequar o periódico maruinense às normas tipográficas que uma
revista requer. Desprovida de capa também nessa segunda fase, na folha de rosto não mais se
publicou a menção: “distribuição gratuita aos sócios”, um indício de que se pretendia aproximar
mais da publicação revista.
[...] No Brasil do último quartel do século XIX, as emergências entre os
jornalistas conferiram à revista um texto mais elaborado, outro cuidado gráfico,
eventualmente melhor fatura. A repercussão de revistas culturais européias,
impresso qualificador, em que se colocavam literatos conceituados, também
contribuiu para a valorização do gênero, que passou a ser opção preferencial do
aspirante às letras, em particular no País desprovido de casas editoras [...]
277
.
Em diversas edições da RL percebeu-se certa dubiedade em relação a sua definição
(jornal ou revista), isto talvez em conseqüência de uma incipiente fase periodística. Os seus
diretores denominaram-na revista em virtude de desconhecerem a legislação específica ou outros
critérios normativos vigentes na imprensa das cidades mais adiantadas.
A respeito da edição 22
278
, mais uma vez sob o título de Actualidade, o editor Nelson
teceu comentários acerca da situação política nacional. Segundo ele, os governantes se ocuparam
276
MARTINS, Ana Luiza. Op. Cit. 2001, p.62.
277
Idem. p. 69.
278
A partir do exemplar de 22, os editoriais e os artigos estão subscritos por autores identificados ou com
pseudônimos.
mais de assuntos de interesses particulares do que com o bem-estar da coletividade. Ele
reconheceu que este tipo de matéria não deveria ser veiculado nas páginas de um periódico dessa
natureza. Ao demonstrar ter consciência do papel da RL, o autor ratificou que se preocupou não
apenas com a politicagem, mas também com a política como ciência, cujo principal objetivo era
o interesse dos povos.
Comentou Nelson que não cabia a esse periódico fazer avaliações do 15 de Novembro
de 1889. Ele pediu, também, que “os legisladores sergipanos dessem ao Estado de Sergipe uma
Constituição para acomodar a Lei aos interesses e aos costumes dos povos”
279
.
Convém registrar que nem mesmo o editorial “Sem Política”, veiculado no exemplar
número 23, deixou de criticar as administrações do país e de Sergipe. Para Leonídio Porto, após
a assinatura da Primeira Carta Magna Republicana, nasceu a esperança da nação brasileira,
principalmente no setor educacional
280
. Por acreditar na força desse documento, Porto sugeriu
aos dirigentes do Brasil que “a primeira condição essencial e indefectível para que uma nação se
engrandeça, tornando-se forte e respeitada, é a moralidade cívica dos que a administram”
281
.
O grupo do gabinete e os produtores da RL não aceitavam as determinações do
presidente. Na conclusão desse artigo, Nelson observou que a República Brasileira seguiu
normas de outros países e que alguns segmentos da sociedade não concordavam com a maneira
da qual os políticos estavam conduzindo a nação, isto é, nos moldes da divisão política norte-
americana e da República Argentina. E ainda: eles não concordavam que para se cumprir a
Constituição, as ex-províncias deveriam viver às suas próprias expensas (econômica e
politicamente), porque República era sinônimo de Federação.
Acreditava esse colaborador que uma República unitária seria o disfarce da Monarquia.
Sergipe precisava viver independente para não ficar à mercê de outros estados. Como sugestão,
propôs “diminuir as despesas ou criar fontes de receitas”
282
. Para tanto depositou nas mãos da
Assembléia a saída para resolver-se as questões financeiras do país. “Torna-se a política entre
nós uma medicina ou hygiene, que se pratica, como diz Saint-Beuve e, teremos dado um passo
279
Revista Litteraria. Maroim. 22, 22 mar. 1891, pp. 1-2.
280
“[...] A tão destacada precariedade da educação e da escola dos tempos imperiais deveria dar lugar a uma
nova prática: a educação pública leiga e gratuita é reafirmada na Constituição promulgada em 24 de fevereiro de
1891”. VEIGA, Cynthia Greive. “Educação Estética para o povo”. IN: LOPES, Eliana Marta Teixeira et al (orgs).
Op. Cit. p. 405.
281
PORTO, Leonídio. “Do Rio de Janeiro: sem política”. IN: Revista Litteraria. Maroim. 23, 5 abr. 1891, pp
1-2.
282
Revista Litteraria. Maroim. 24, 15 abr. 1891, p. 1.
para o nosso futuro”
283
. Nelson solicitou ainda aos representantes do povo que se
compenetrassem em seus deveres para que o patriotismo fosse a bússola das suas ações.
Do Rio de Janeiro Pro patria laboremus foi mais um editorial que expressou a
insatisfação dos que faziam a RL com os dirigentes da nação. Subscrito por Leonídio Porto, o
editorial da edição número 26 tratou da política nacional, pois, apesar de existirem datas
consagradas como o 13 de Maio (que aboliu a escravidão) e o 15 de Novembro (que fez ruir a
Monarquia), ainda era sombrio o futuro dos brasileiros.
N’esta hora em que escrevo a fome bate a porta do proletariado, freme no ar
uma tempestade calamitosa, as greves prosseguem, o commercio soffre mas, a
jogatina da bolsa cresce, cresce de modo inconcebível, inexplicável,
locupletando da noite para o dia, uns e fazendo o naufrágio de muitos
284
.
Na condição de opositor dos poderes públicos, Porto mostrou-se preocupado em saber
quem salvaria o país da crise financeira e sugeriu como alternativas a justiça ou a força; e esta,
oriunda dos movimentos populares.
O 13 de Maio também ocupou o espaço nobre da Revista, na edição número 28. O texto
tratou do terceiro aniversário da Abolição dos Escravos. O autor (único editorial da segunda
fase, cuja autoria não foi identificada) criticou os espíritos que não tinham visão de progresso e
queriam continuar com a exploração de seres humanos. Ele lembrou alguns abolicionistas José
do Patrocínio, João Clapp Nabuco, dentre outros, e apresentou o estadista “João Alfredo que, em
seu programa ministerial, lançou a base da abolição dos escravos realizando essa idéia pela
energia de sua vontade [...]”
285
. Tais fatos eram motivos de júbilo para comemorar-se um dos
momentos mais importantes da história do país e, por isso, esses nomes e a própria data
perpetuar-se-iam nas páginas do tempo.
Em virtude de a análise do projeto educacional do Gabinete ocupar um capítulo especial,
os editoriais das edições números 30 e 31 que abordaram a educação moral , junto ao da
edição número 32 “Do Rio de Janeiro: Ensino e Trabalho” , foram deslocados para a respectiva
seção, no capítulo IV.
283
Revista Litteraria. Maroim. 24, 15 abr. 1891, p. 2.
284
PORTO, Leonídio. “Do Rio de Janeiro: pro pátria laboremus”. IN: Revista Litteraria. Maroim. 26, 29 abr.
1891, pp 1-2.
285
Revista Litteraria. Maroim. 28, 17 mai. 1891, p.1.
A respeito do conteúdo da RL, na primeira fase, os dezenove editoriais apresentaram-se
da seguinte forma: dos doze textos intitulados Revista Litteraria, apenas um fez referência ao
GLM, apresentou um histórico dessa instituição e enalteceu sua função sócio-cultural para
Sergipe; sete artigos contemplaram temáticas educacionais: discutiram a importância de se
adequar à metodologia adotada pela Escola Nova, Lições de Coisas; Caixas Econômicas
Escolares; a Educação da Mulher; a Instrução Popular e Ensino e Trabalho. Cinco editoriais
discorreram acerca das vantagens da aplicação da eletricidade (estática e dinâmica); Três textos
versaram sobre política e essa mesma quantidade enfatizou a exploração do espaço com o título
Atravez o Infinito.
Já na última fase da RL, os editoriais (das edições números 21 a 34) abordaram temáticas
mais instigantes. Os textos, na sua maioria, trataram de assuntos tão polêmicos que indícios
de serem a causa do fechamento da tipografia responsável pela impressão da Revista. Desse
total, sete falaram sobre questões políticas e três discutiram acerca da educação da mulher: o
primeiro assinado por Leonídio Porto, o segundo por Aramis e o terceiro por Anna de Oliveira.
Quatro apresentaram assuntos diversos. Um editorial apresentou as justificativas do novo
formato do periódico maruinense.
Acredita-se que a Revista do Gabinete foi utilizada para impor as representações de um
grupo de intelectuais que fazia oposição aos governantes. O Presidente da República, Deodoro
da Fonseca, por diversas vezes foi criticado por eles
. Esse comportamento não obedeceu ao que
preceituavam os Estatutos do Gabinete, por se tratar de um periódico de uma SL voltada para
difundir a instrução e as letras. Além disso, os seus produtores afirmaram que seriam imparciais
em quaisquer situações.
O colaborador Leonídio Porto foi apresentado no editorial da edição 20 para tratar do
que se denominou “proposta pedagógica” da RL (Ensino e Trabalho). Contudo, ele não resistiu
ao calor das discussões acerca dos primeiros anos de República. Assim, em seus textos Sem
Política e Pró-Pátria Laboremus imprimiu no traço da sua pena a valorização por essa
temática. Um indício de que ele ocupou um determinado cargo na esfera administrativa ou era
simpatizante de alguma corrente ideológica, porque guardava alguns ressentimentos dos que
estavam à frente do Governo do Brasil e de Sergipe.
A República brasileira adotou o modelo político americano baseado no sistema
presidencialista. Na organização escolar observou-se a influência da filosofia positivista. Com a
adoção do currículo enciclopédico, um dos principais objetivos dessa reforma era preparar o
aluno para o ingresso nos cursos superiores. No entanto, o professor Leonídio Porto defendia o
ensino profissionalizante ainda no curso primário, pois, para ele, assim os educandos seriam
mais úteis à sociedade.
3.2 – Passando a limpo “A LAPIS”
Na coluna A Lápis foram publicados 23
286
(11%) textos, todos de autoria de N. Junior.
Este colaborador escreveu, no total 26 artigos, os quais possibilitaram que os seus leitores
acompanhassem mais de perto os embates em torno das conquistas dos brasileiros após o 15 de
Novembro de 1889. Os produtores da RL, na qualidade de liberais e republicanos, que utilizaram
as representações desse periodismo, acharam oportuno iniciar as discussões com um texto
intitulado Pela República.
O autor aderiu ao movimento que pretendia tingir o Brasil com as cores da modernidade
para enaltecer os símbolos nacionais. Os republicanos defendiam melhores condições de vida
para o povo, e o coletivo estava nos seus planos. Saltavam das páginas da RL os vivas em
homenagem à República. Entretanto, no espectro dos escritos de A Lapis havia insatisfação em
virtude de alguns acontecimentos políticos:
A candidatura do cidadão Deodoro para succeder a si mesmo, como Chefe do
Estado; o compromisso do Lloyd Brasileiro de mandar dous vapores por mez ao
Aracaju e Estância, abrindo assim lugar a fagueiras esperanças de progresso
deste Estado para descontentamento de outra companhia que recebe grossa
propina; a Constituição do Estado Federado de Sergipe promulgada pelo Dr.
Mesquita Dantas, da qual espero occupar-me especialmente, mais tarde; o rápido
preenchimento da Magistratura Federal, nas vésperas da abertura do Congresso
[...]
287
.
N. Junior demonstrou não se intimidar com as conseqüências de suas críticas. Ao
valorizar seu discurso, ele afirmou que essa temática ocupou, também, espaços de importantes
periódicos em todo o país.
No artigo A Autonomia de Sergipe tratou-se da Constituição do Brasil, porque na prática
a Carta Magna não contemplou a real autonomia dos municípios. O autor não aceitava o silêncio
do povo e da imprensa que pareciam confiar nos dirigentes da República. Da mesma maneira
286
Conferir Quadro VIII.
287
N. JUNIOR. “Pela República”. IN: Revista Literária. Maroim. Nº 6, 30 nov. 1890, p. 2.
preocupou-se com a indústria e o comércio em conseqüência das altas taxas de juros. Na sua
descrença em relação ao porvir dos sergipanos, N. Junior comentou que, possivelmente no futuro,
Sergipe opte por querer voltar à sua antiga posição pertencer ao Estado da Bahia , pois ainda
eram parcos os recursos que lhe cabiam da fatia das verbas da nação
288
.
Em Ataque à Tribuna, veiculou-se que a imprensa fora vítima da prepotência das
autoridades governamentais ao nascer de um período que se queria democrático. A Lápis ficou
solidária à Tribuna, um dos mais respeitados jornais da capital federal, que teve sua oficina
tipográfica depredada. Por violar a liberdade de imprensa, houve um questionamento se o tal ato
insano, que fez o periódico deixar de circular, teve ou não a participação do governo. Para N.
Junior, esses fatores foram avaliados como uma conseqüência da desastrosa política que dava à
nação um poder constituinte, em que a liberdade e a vontade popular continuavam sufocadas,
mesmo em tempo de República. Diversas oficinas gráficas as “tribunas populares” foram
empasteladas pelas autoridades. Naquele momento, a censura ainda era uma prática recorrente
em todo o país.
O poder dictatorial ao entregar os destinos da nação ao poder constituinte cassou
a lei excepcional coercitiva da liberdade da imprensa, mas o rancor dos homens
exigia um reforço pessoal que aquela lei não permitia. Por isso é que se assaltou
uma typographia a 29 de novembro de 1890, em plena rua do Ouvidor na capital
da Republica Brasileira. Fica Archivado
289
.
Sob o título O Governador de Sergipe, o autor escreveu que foram visíveis as
manifestações contrárias às tendências centralizadoras, principalmente pela nomeação de um
governador de desconhecidas origens, sob a interferência do Presidente. Ainda repercutia no país
a forma como se elegeu, através do Congresso, o primeiro Presidente da República. A exemplo
do que estava acontecendo em outros estados:
Amazonas representou energicamente contra a nomeação de um governador
estranho; é preciso que Sergipe imite sua irmã do Norte e levante a voz para
repellir a vontade do governo que se apresenta agora contrária aos intuitos
democráticos federativos
290
.
288
N. JUNIOR. Op. Cit., p. 2.
289
N. JUNIOR. “Ataque à Tribuna”. IN: Revista Litteraria.. Maroim. Nº 8, 14 nov. 1890, p. 3.
290
N. JUNIOR. “O Governador de Sergipe”. IN: Revista Litteraria.. Maroim. Nº 10, 28 jan.1891, p. 3.
Percebe-se que muito se valorizou o movimento revolucionário de 15 de Novembro. O
segundo aniversário da República, além de outras comemorações, mereceu um artigo sob o título
1891. Em meio às homenagens a essa data, N. Junior confessou que pouco acreditava na
administração do “presidente da espada”. Era preciso esclarecer ao povo acerca dos direitos que o
novo regime conquistou, pois ainda “era cedo, deveria se esperar mais um ano para se poder
comemorar, isto se tivesse o que realmente festejar
291
”.
Em virtude da valorização sobre a temática abordada (política), “A Lápis” passou a ser
publicada em algumas edições na primeira página e, nas duas últimas, ocupou o espaço destinado
ao editorial. A estratégia de utilização desse dispositivo discursivo teve como objetivo despertar o
interesse pelas questões no âmbito da nacionalidade.
As notícias procedentes da Capital Federal não aportavam à cidade via vapor
embaladas em seus próprios suportes, mas também chegavam via telégrafo e viva voz. Neste
caso, por intermédio de alguns parlamentares sergipanos
292
que visitavam suas bases políticas. A
RL atualizava seus leitores acerca dos acontecimentos da política nacional e estadual, assim
como a opinião dos seus diretores.
O Coronel Mendes de Moraes, que foi nomeado para o cargo de Governador de Sergipe,
não teve a aprovação do povo e nem da imprensa; sendo este um dos motivos para N. Junior mais
uma vez assinar a sua seção cativa: A Lapis.
O Governo Provisório está mentindo o seu programa; o compromisso solenne
tomado em 15 de novembro de 1889, perante a nação afigura-se-nos uma cousa
vã; a autonomia dos Estados, a federação o ideal da mais pura democracia
vão-nos parecendo uma chimera, um sonho desfeito ante os phenomenos reaes
positivos de uma centralização esmagadora”
293
.
291
JUNIOR, N. “1889”. IN: Revista Litteraria. Maroim, Nº 11, 4 jan. 1891, pp. 1-2.
292
Outro sergipano que deve ter abastecido a RL com as notícias nacionais foi o General Ivo do Prado Pires da
Franca (1860-1924). Intelectual e político, foi um autêntico defensor dos direitos do seu Estado. Na qualidade de
Secretário do Regimento de Artilharia da Escola Militar da Praia Vermelha, entrou na conspiração do 15 de
Novembro de 1889, a Proclamação da República. Foi eleito deputado à Constituinte da República para o mandato de
1890 a 1894. Teve muita repercussão o seu discurso em oposição ao Governo de Deodoro da Fonseca, a propósito da
eleição do Coronel Vicente Ribeiro para o cargo de Governador de Sergipe. Como membro do Legislativo Federal
destacou-se ao afirmar ao público que a sua oposição ao Governo do Marechal ia desde o seu voto naquela casa, até
a resistência armada na praça Pública. O seu discurso ecoou na RL. GUARANÀ, Armindo. 1925. Op. Cit. p.123.
293
N. JUNIOR. “O Governador de Sergipe”. IN: Revista Litteraria. Maroim. Nº 10, 28 dez. 1890, p. 2.
Sergipe nomeou três artigos que veicularam os posicionamentos dos diretores da Revista
no momento da elaboração da Constituição do Estado. Nessa oportunidade, achou-se conveniente
lembrar alguns pontos de relevância para o desenvolvimento do povo sergipano. Acreditava N.
Junior que os congressistas teriam uma tarefa das mais difíceis diante da situação econômica.
“[...] É preciso uma reforma radical que resultado à diminuição das despesas e ahi se
encontram verdadeiras excrescências que poderão ser cortadas, sem prejuízo para boa marcha da
administração, para a segurança pública e para a difusão da luz pelo ensino
294
”.
Em Restauração foi publicado que o Brasil passava por dificuldades porque a monarquia
ainda não havia sido extinta, principalmente pelo fato de a República ter “aproveitado bons
elementos e outros apodrecidos: em vez de se fazer a separação do joio do trigo, foram
aproveitados principalmente os viciados, os carcomidos pelo regime imperial”
295
. Na sua
inquietação, o autor procurava esclarecer aos seus leitores que a descentralização, o sonho de
todos, ainda estava por acontecer.
Desde o tempo do Provisório, a vontade do centro peza sobre os estados tornando-
se dependentes e escravos; depois de promulgada a Constituição vemos todos os
dias demissões e nomeações de governadores, a bel prazer dos senhores ministros
[...], vemos demissões acintosas em vésperas de eleições, influindo indiretamente
para o resultado destas
296
.
As injunções administrativas daquele momento não se constituíram no que foi definido
por Governabilidade ou racionalidade governamental, mas interpretadas como sendo “uma
atividade dirigida para produzir e moldar os autores dos discursos, de maneira que se tornem
pessoas de um certo tipo que atendam às necessidades do Estado”
297
. Vale registrar que não foi só
a RL que se posicionou contrária às imposições das autoridades nacionais. Os mesmos reclamos a
respeito da emancipação política, econômica e social de Sergipe ecoaram nas páginas de outros
periódicos, a exemplo de O Republicano, de Aracaju.
[...] Assim, pois o que nos cumpre n’este anniversario, não é repetir o nosso velho
hyno jubiloso: mas concitar os nossos concidadãos para o empreendimento da
constituição de um futuro brilhante para o território sergipano. Somos
294
N. JUNIOR. “Sergipe (I)”. IN: Revista Litteraria. Maroim. nº 25, 22 abr. 1891, p. 3.
295
N. JUNIOR. “Restauração”. IN Revista Litteraria. Maroim. nº 30, 31 mai. 1891, p.3
296
Idem. P. 3.
297
VILELA, Marize Carvalho. Op. Cit. 2000, p. 42.
republicanos e democráticos, sejamos verdadeiramente grandes, sejamos
verdadeiramente patriotas. Tenhamos um regimem político e social nosso,
vivamos uma vida propria, sem tutores e sem regalos
298
.
Em conseqüência do perfil dos autores/leitores da RL, os últimos textos da seção A Lápis
foram tão valorizados
299
que competiram no espaço destinado às letras. N. Junior contestou os
abusos do Governo Provisório porque ele não cumpriu o juramento constitucional em virtude de
não se ter efetuado a autonomia dos estados; os deputados eleitos à constituinte não foram
escolhidos pela vontade popular; ainda naquela data (21 de junho de 1891), impunham-se
candidaturas.
Portanto, mais uma vez esse colaborador criticou Deodoro e seus ministros por criarem,
no país, um ambiente de revolta. “Foi um erro fundamental a escolha de um presidente sem
aptidão, ignorante das mais comezinhas regras administrativas de um presidente collocado, por
falta de educação politica muito a quem da alta posição que ocupa e que está sacrificando o
Brasil [...]”
300
.
Sob a sombra de uma das representações escolares A Lapis veiculou seu último editorial,
em 7 de julho de 1891 Trevas e Mentiras. Constata-se que naquele momento a RLGLM estava
se despedindo de seu público leitor. Portanto, essa coluna expressava os sentimentos dos que
dirigiam o Gabinete. N. Junior
301
fez críticas incisivas ao novo sistema de governo e disse, sem
medo de retaliações, que “a atual situação política estava levando o Brasil ao abismo sob o
comando de homens que diziam querer salvá-lo, promover-lhe o progresso e principalmente a
liberdade, mas tudo não passava de mentira e falsidade”
302
.
No Brasil, nesse período, a imprensa periódica foi perseguida e penalizada. A República
federativa apresentava-se ainda mais centralizada. E o que mais indignou os jornalistas do país e,
especialmente, os produtores da RL, foi o cerceamento da palavra impressa.
298
O Republicano. Aracaju. nº 270, 24 out. 1890, p. 1.
299
Convém ressaltar que a seção A Lápis começou a ser veiculada a partir da edição 14, sempre após o editorial.
Por veicular também a opinião dos produtores da Revista, ocupou a principal posição do periódico em um momento
de embates entre as autoridades federais e estaduais e o grupo do Gabinete.
“Diante do Congresso”. IN: Revista Litteraria. Maroim. Nº 33, 21 jun. 1891, pp. 1-3.
300
N. JUNIOR. “Diante do Congresso”. IN: Revista Litteraria. Maroim. Nº 33, 21 jun. 1891, pp. 1.
301
N. JUNIOR. “Trevas e mentiras”. IN: Revista Literária. Maroim. Nº 34, 7 jul. 1890, p. 1.
302
N. JUNIOR. Op. Cit. P. 1.
[...] decreta-se uma constituição para no outro dia ser violada despejadamente;
garante-se a liberdade de ideas, mas se manda fechar as officinas dos jornais, que
são o tabernaculo do pensamento! Fala-se em governar às claras e tudo se faz nas
trevas e deixa o povo na ignorância dos actos do governo e das próprias leis que
vão regelo, até serem convenientemente emendadas!
303
.
Diante das medidas governamentais, N. Junior dizia-se preocupado, pois acreditava que
“hoje as revoltas são apenas meetings que se dissolvem com o aparato da força, contudo o
amanhã quando o povo se acordar do estado de letargia reivindicará seus direitos em conflito
sangrento”
304
. Como indício de represálias aos intelectuais da Região do Rio Cotinguiba e da
cidade de Maruim, principalmente por terem feito oposição ao Presidente e seus aliados, a
Revista do Gabinete deixou de circular. Em virtude da presença significativa de textos de teor
político, conclui-se que o discurso ideológico dos colaboradores mais efetivos sufocou o projeto
educacional do Gabinete e contribuiu para o fechamento da sua tipografia.
3.3 – Autores presentes
As análises do projeto gráfico e das seções mais freqüentes da RL foram relevantes para
cumprir-se uma das principais metas deste estudo: traçar o perfil dos autores/leitores, a fim de
saber-se a que público esse periódico se destinava. Os textos que foram publicados nas duas
coleções, considerando as dificuldades técnicas e a censura da época, pretendiam uma imprensa
fortalecida, visto que seus autores acreditavam que os brasileiros tinham conquistado a tão
sonhada democracia com a Proclamação da República. Nessa perspectiva, a Revista do Gabinete
assumiu o compromisso de ajudar a combater o analfabetismo. Portanto, a instrução popular seria
o caminho para a inclusão dos mais pobres no processo civilizatório.
Foi com esse propósito que nasceu o GLM e, mais tarde, o seu periódico, tendo em vista
que nesse período era muito grande o percentual de analfabetos da população brasileira, o que se
constituía em um grande entrave para a modernização do país. Por isso, a educação das massas,
que se denominou de instrução popular, foi a pedra angular sobre a qual se depositou a esperança
da organização social dos brasileiros.
303
Idem. p. 2.
304
Ibidem. p. 2.
Movidos por esse ideal, os poderes públicos e a iniciativa privada planejaram somar-se na
luta para tirar os pobres das “trevas da ignorância” e dotá-los das “luzes do saber”. Instituições
culturais e a imprensa periódica estiveram na vanguarda desse movimento cultural do final dos
Oitocentos. Nesse propósito, dentre os periódicos de Sergipe que empunharam a bandeira em
favor da instrução, das letras e das reformas educacionais destacou-se a RLGLM. Os seus
produtores, a maioria sergipanos, deram relevantes contribuições a esse importante momento da
História da Educação Brasileira. Esses intelectuais, que fizeram da imprensa a tribuna para
difundir os seus ideais, pertenciam às lides comerciais, área política, literatos, juristas e
educadores.
De acordo com a análise do corpus da RL, infere-se que a posição tomada por seus
colaboradores era uma conseqüência do seu perfil profissional
: Leonídio Augusto de Souza Porto
(1859-1899)
305
, sergipano da cidade de Capela. Em 1874 mudou-se para Salvador e estudou no
Seminário da Arquidiocese durante sete anos. Desistiu da carreira religiosa após ter concluído o
Curso de Teologia Moral e recebido a tonsura. Ao abandonar as atividades eclesiásticas, dedicou-
se ao magistério, fundando um colégio em Brotas no Estado da Bahia. Anos depois, foi residir no
Rio de Janeiro, onde foi nomeado secretário do Liceu de Artes e Ofícios. Foi professor, poeta,
jornalista, redator, tendo colaborado na imprensa de Laranjeiras, de Maruim e do Sul do país,
especialmente da cidade de Piracicaba/SP, onde faleceu. Ele enviava, do Rio de Janeiro para
Maruim, diversas produções jornalísticas, de teor político e educacional, da sua lavra. Escreveu
sobre a temática “Ensino e Trabalho”. Seu propósito era trazer para Sergipe as mudanças
educacionais que acreditava serem convenientes para a sobrevivência dos educandos. Como
educador, defendeu a profissionalização dos estudantes ainda no ensino primário. Contudo, não
concordava com o progresso intelectual da mulher.
Porto se destacou no meio intelectual e jornalístico por ser propagador das lutas
civilizadoras: espalhar as luzes da instrução e as doutrinas da liberdade pela imprensa,
considerada a força animadora das grandes evoluções sociais
306
. Ele, apesar de dizer que não
gostava de entrar na seara política, fez críticas a lideranças sergipanas e também no âmbito da
administração federal. Destacou-se pelo seu comportamento liberal, na condição de abolicionista
e republicano. Colaborou com O Larangeirense da cidade de Laranjeiras, com a Revista
305
GUARANÁ, Armindo. Op. Cit. 1925, p. 197.
306
Revista Litteraria. Maroim. 20 8 mar. 1891, p. 1.
Litteraria do GLM e diversos jornais do sul do país. Redigiu a Gazeta de Piracicaba, em 1899,
e foi também professor no Colégio Ipiranga. Dentre suas obras de maior relevo, destacam-se:
Memorial, dedicada a D. Luiz Antonio dos Santos, Arcebispo da Bahia, Metropolitano e Primaz
do Brasil, A Virgem e a Sensitiva e Ensino e Trabalho
307
.
Figura 27: J. Martins Fontes da Silva
Fonte: GUARANÁ, A. Dicionário
Bio-bibliográfico Sergipano. Rio de
Janeiro: Pongetti & Cia, 1925.
Joaquim Martins Fontes da Silva (1866-1918)
308
salientou-se no meio intelectual
brasileiro. Nasceu na cidade de Nossa Senhora do Socorro/SE, graduou-se em Ciências Jurídicas
e Sociais em 1890, na Faculdade de Direito do Recife. Naquele mesmo ano foi nomeado
Promotor Público da Comarca de Simão Dias, removido depois para as de São Cristóvão e
Maruim. Em o Paulo, foi Promotor das comarcas de São Pedro e Tietê, juiz municipal em São
Manuel e Juiz de Direito de Araraquara, onde ficou conhecido em virtude da sua atuação como
307
GUARANÁ, Armindo. Op. Cit. 1925..
308
GUARANÁ, Armindo. Op. Cit. 1925, pp. 152-153.
magistrado
309
. Renunciou a este cargo em 1897. Ao deixar as atividades jurisdicionais dedicou-se
à advocacia. Mais tarde retornou ao Ministério Público e à Magistratura. Considerado poeta e
homem de letras, com vasta cultura e com grande sensibilidade, as rosas eram uma das suas
paixões. Em 1903 foi distinguido com o Diploma de Membro Titular da Sociedade Francesa de
Roseiristas. Em seu horto particular desenvolveu pesquisas, conseguindo exemplares híbridos de
rosas, que competiram fora do país e foram premiados em Paris. Deixou inacabado o seu livro
Estudo das Rosas. Desde estudante colaborou com diversos jornais de São Paulo, Recife e
Maruim, em especial, a Revista do Gabinete. Publicou versos e artigos em diversos periódicos
do Brasil e França.
Nogueira Cravo
Brasileira de Letras, em 1897. O seu estilo poético recebeu influência de Lamartine. Em 1880,
publicou
Sonetos e Rimas, considerada pelos críticos a obra introdutória do Parnasianismo no
Brasil
313
. Na opinião dos críticos, seu trabalho revelou um ceticismo elegante, uma índole
romanesca, incapaz de ser dominada pela paixão, um lírico da decadência, melhor: um
“parnasiano”. Entre 1862 e 1872 editou as obras em prosa Curvas e Zig-Zag,, A Família
Agulha, Lírio Branco, Filigrana, e Noturnos. Foi colaborador do jornal A Esperança, em
1863. Nos anos 1871 e 1872 publicou as biografias de Carlos Gomes e Pedro Américo. Em
1932, as autoridades do Estado de São Paulo prestaram-lhe uma homenagem póstuma ao
elegerem seu nome para denominar uma rua no bairro da Móca.
Foi a partir da edição número quinze (1º de fevereiro de 1891) que as poesias desse autor
começaram a ser publicadas na Revista do Gabinete de Maruim.
Compondo ainda o grupo daqueles que assinaram notas ou produções literárias na RL,
citam-se: Ocare; Martial; Aramis; Antonio de Macedo; Emílio Zola; Amedé Jacques; A.
Chanconeli; Carolina Von Koseritz; Anna de Oliveira; Delia; Alzira Alves; Ignez Sabino; Maria
Amélia Vaz de Carvalho; Júlia Lopes; Mme. Stael; Alexandre Herculano; Antonio Salles;
Baptista de Medeiros; João de Deus; C. Brunetto; Alberto Wolf; Jordain; E. M. Compagne; B.
Lucas; M; M. D.Almeida; Luiz Lavenère; M. Julio; La Saetta; João Menezes; Leopoldino José
de Souza; Arthur de Miranda; A. F. de Novaes; L. de Beaumont; Senna Freitas; Assis Brasil;
Coelho Neto; Machado de Assis; Nelson; Valentim de Magalhães
314
; Olavo Bilac; Guerra
Junqueiro; Theodoro de Banville; E. Castellar; Catulle Mendés; Arthur Orlando; João Ribeiro;
Luiz Nóbrega; Luiz Lavenère; Martial; Narciso de Lacerda; Ocare; Paulo Marco; Plácido de
Abreu e V. M (Valentim Magalhães?).
Esses autores, na sua maioria, subscreveram pensamentos, crônica, poesia ou folhetim.
Deixaram entrever os diretores da Revista, certa dificuldade em se conseguir colaboradores que
313
GUIMARÃES JÚNIOR, Luiz. Sonetos e rimas: lírica. Pref. Fialho D´Almeida. 3.ed. Lisboa: Liv. Clássica Ed. de
A. M. Teixeira, 1914.
314
De Valentim Magalhães sabe-se que escrevia de Lisboa, onde editou o opúsculo A Literatura Brasileira (1870-1895). É o
próprio Magalhães que fez comentário acerca da obra de Aluízio de Azevedo, em virtude da sua opção por escrever folhetins,
após ter escrito romances sérios.
BOSI, Alfredo. História concisa da Literatura Brasileira. 36ª ed. São Paulo: Cultrix
Ltda., 2004.
se identificassem com o perfil editorial proposto. Por isso, propagaram a gratuidade de artigos
literários e/ou científicos. Entretanto, em que pese o percentual de matérias literárias e sobre a
educação, conclui-se que quem mais cooperou com a RL assinou artigos de feição política
liberal.
Quadro VII - Autores que publicaram na Revista Litteraria
Autores que publicaram na Revista Litteraria
Ord
em
Nome de
obras
Ordem
Nome de
obras
1 A. Chanconeli 3 37 Julia lopes 1
2 A. F. De Novaes 3 38 L. de Beaumont 3
3 Alberto Wolff 3 39 L. Saeeta 1
4 Alexandre Dumas 1 40 La... 1
5 Alexandre Herculano 1 41 La Bruyère 1
6 Alzira Alves 2 42 La Rochefoucauld 5
7 Amédé Jacques 3 43 Leonidio Porto 18
8 Anna de Oliveira 3 44 Leopoldino José de Souza 1
9
Antônio de Macedo 1 45 Luiz Nóbrega 1
10 Antônio Feijó 1 46 Luiz Guimarães Junior 8
11 Antônio Sales 1 47 Luiz Lavenère 2
12 Aramis 1 48 M. 2
13 Arthur de Miranda 1 49 M. D. Almeida 1
14 Arthur Orlando 3 50 M. Júlio 1
15 Assis Brasil 1 51 Machado de Assis 1
16 B. Lucas 1 52 Maria Amélia V. de Carvalho 1
17 Baptista de Medeiros 2 53 Martial 1
18 Bernardim 1 54 Mme. Stael 1
19 C. Brunetto 1 55 N. C. (Nogueira Cravo) 4
20 Carolina von Roseritz 2 56 N Junior 26
21 Catulle Mendés 2 57 Narciso de Lacerda 1
22 Chamfor 1 58 Nelson 2
23 Coelho Neto 3 59 N’os 2
24 Deodato Maia Junior 4 60 Ocare 1
25 Délia 4 61 Oxenstirn 1
26 Descuret 1 62 Olavo Bilac 2
27 E. Castellar 1 63 Paulo Mario 2
28 Eça de Queiroz 1 64 Plácido Abreu 3
29 Émile Zola 2 65 Ramalho Ortigão 1
30 Guerra Junqueiro 2 66 Sem autoria 27
31 Ignez Sabino 1 67 Schopenhauer 4
32 J. Lamaitre 1 68 Tertuliano 1
33 João de Deus 1 69 V. M. 1
34 João Meneses 1 70 Valentim Magalhães 1
35 João Ribeiro 1 71 Victor Hugo 2
36 Joaquim Martins Fontes 7 72 Voltaire 1
Total 202
Fonte: Revista Litteraria. Maroim (1890-1891)
Excetuando-se os anúncios e propaganda, foram identificadas 175 publicações com
autorias identificadas e vinte e sete textos anônimos. Dentre os autores que colaboraram mais
efetivamente destacam-se: N. Junior, que escreveu 26 artigos (13%); Leonídio Augusto de Souza
Porto, com 18 publicações (9%); Joaquim Martins Fontes e Luis Guimarães Junior assinaram
cada 8 produções literárias (4%); Deodato Maia
315
e Manoel Telles Oliveira Nogueira Cravo
316
,
ambos com 4 artigos (2%) publicados.
De acordo com o perfil editorial da RL, percebeu-se que os assuntos de teor ideológico
ocuparam os melhores espaços da RL (editoriais e na coluna “A Lapis”). Para os seus produtores,
era necessário tratar dessa temática para informar aos brasileiros, e em especial aos sergipanos, as
decisões oriundas na capital do país. O colaborador N. Junior chamou a atenção dos leitores da
RL a respeito do “caráter daninho” com que o presidente da República estava administrando a
nação. Portanto, não se devia apenas brindar a República no seu primeiro aniversário, era preciso
conscientizar a população a respeito dos abusos das autoridades que estavam à frente dos destinos
do Brasil. Esse comportamneto foi de grande relevância para se conhecer o perfil dos
autores/leitores da RL. indícios de que os principais fundadores do Gabinete não estavam
envolvidos com a produção textual da Revista, porque pouco se publicou sobre as práticas
culturais dessa agremiação.
Quadro VIII – Seções para Análise da presença do GLM na Revista Literária
Seções Total de Publicações (%)
A Lápis (política) 23 11
Artigos diversos 58 29
Editoriais 33 16
Gabinete de Leitura de Maruim 11 5
Seção Literária (poemas e folhetins) 77 39
TOTAL 202 100
Fonte: Revista Litteraria. Maroim. (1890-1891).
Após o exame das 34 edições da RL, infere-se que o Gabinete foi pouco divulgado em seu
próprio periódico. Apesar de os seus diretores terem feito apologia à missão civilizadora dessa
SL, as matérias sobre as suas atividades cobriram apenas 5% do seu corpus textual, o que
surpreendeu, já que esse periódico foi concebido para ser o órgão difusor de tais práticas.
Notou-se que o dia da Independência de Sergipe (24 de outubro) e o ano do primeiro
aniversário da Proclamação da República (1890) serviram de motivos para o lançamento da
315
Subscrevia M. Junior.
316
Assinava seus artigos com as iniciais N. C.
Revista do Gabinete. Por isso, as representações em torno desses fatos impregnaram suas
páginas. Entretanto, o percentual de obras literárias (39%) fez jus a um dos seus objetivos:
incentivar o gosto e o amor às letras. Vale ressaltar que as questões de caráter ideológico e os
assuntos diversos receberam mais atenção dos colaboradores.
Gráfico 1 – Presença do GLM no corpus textual da Revista Litteraria
acontecimentos que mais atraíram o público ao seu recinto. Será que a SL, que pretendia levar a
instrução e as letras a “todas as classes sociais”, foi liberada para os populares nesse momento
festivo? Essas informações foram relevantes para se traçar o perfil dos cios do Gabinete de
Leitura de Maruim.
Em virtude de não se ter localizado qualquer documento que retratasse a vida do
Gabinete, não foi possível, através dos recursos textuais e tipográficos da RL, identificar as
práticas culturais para o cumprimento dos principais objetivos dessa instituição: perfil dos
leitores que freqüentaram as atividades pedagógicas
317
, os autores mais lidos, e de que forma o
público se apropriava dos livros da sua biblioteca, dentre outros. No entanto, sabe-se que existiu
por parte dos seus mantenedores a intenção de levar a educação à comunidade maruinense.
317
Vale salientar que, em 1919, a Escola Noturna José Quintiliano da Fonseca atendia aos trabalhadores do
comércio da cidade.
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Nos anos de 1870 Sergipe ganhou duas instituições de ensino secundário: O Atheneu e a
Escola Normal. Foi nessa mesma década que o Curso Normal do Estado começou a formar
professoras para o ensino de primeiras letras e um grupo de homens de negócios com passagem
pelo exterior (Londres e Paris)
318
, os quais, inconformados com os rumos da educação na cidade
de Maruim, fundaram o GLM. Essa agremiação, conforme os discursos dos seus fundadores,
tinha como propósito “levar a educação a todos indistintamente”, embora os seus estatutos
afirmassem que a sua finalidade era “criar uma biblioteca de obras escolhidas para promover a
instrução e o recreio dos sócios”
319
.
Seus diretores se diziam engajados em levar o ensino aos mais pobres e copiaram o
modelo das bibliotecas populares da Europa
320
. Contudo, não se percebeu, através dos
documentados analisados, a qual público essa agremiação realmente atendeu, a quem os estatutos
contemplavam (apenas os sócios) ou a quem o discurso dos seus oradores pretendia alcançar
(todas as classes). O certo é que a sua função educativa sempre esteve nos planos dos seus
diretores. Inicialmente havia a preocupação em se adquirir uma sede própria para o GLM, a fim
de diminuir as despesas com o aluguel, e assim pôr em prática o tão sonhado intento.
De um princípio modesto nascem quase sempre os maiores tentamens e não
devemos perder as esperanças de poder ainda granjear os fundos precisos para
comprar uma boa casa onde essa sociedade funcione, economizando o aluguel
que paga e podendo talvez dar algum desenvolvimento à instrução secundária,
nesse município
321
.
318
A respeito da fundação do GLM, cf. Aguiar, Joel. Op. Cit. 1929 e Aguiar, Joel. Op. Cit 1987.
319
Acredita-se que esse princípio foi copiado dos Estatutos do Real Gabinete Português de Leitura que nasceu
para ilustrar as mentes dos seus compatriotas.
320
COSTA, D. Antonio da. A Instrução Nacional. Lisboa: Imprensa Nacional. 1870, p. 181.
321
Parecer da Comissão Fiscal datado de 8 de julho de 1888, assinado por Luiz Schimidt e Eduardo Cruz. IN:
AGUIAR, Joel. Op. Cit 1987, p.54.
As discussões para a compra de um prédio onde se deveria instalar o Gabinete ficaram
registradas nos anais das suas sessões ordinárias. “Sobre esse assunto bateu-se o Conselho
Diretório, de 1890, no relatório de 6 de julho, firmado por Nogueira Cravo, Horácio Martins e
Luiz da Costa Schimidt”
322
. É importante frisar que a execução do plano educacional que
emergiu do Gabinete, primeiro se deu com a inauguração do Instituto Cruz, em 1902, que foi
idealizado e construído com recursos (deixados em testamento) de João Rodrigues da Cruz
(1844-1893)
323
, um dos fundadores do GLM. As aulas de Contabilidade Comercial do Instituto
Cruz se destinavam a atender aos moços que trabalhavam no comércio de Maruim.
Entretanto, a instalação de uma sala de aula nessa SL
324
foi levada a cabo após quatro
décadas, com a criação da Liga Sergipense Contra o Analfabetismo, em 1916. Assim, em 1919
325
foi inaugurada a Escola Noturna José Quintiliano da Fonseca. “Sob o patrocínio e a invocação
do primeiro cleo de difusão da instrução elementar, o Gabinete de Leitura de Maroim veio se
incorporar à gigantesca cruzada que se alteia por toda a parte para o combate ao analfabetismo
em nosso país”
326
. Nesse período, a imprensa de Maruim convocou a população para as aulas de
Moral e Religião, no Gabinete
327
. A sede própria para instalar o Gabinete de Maruim foi
adquirida em 1926, na gestão de Ricardo Marques Freire. Contou com a ajuda financeira do
Presidente do Estado, Maurício Graccho Cardoso
328
e de outras personalidades de Sergipe e da
cidade de Maruim.
322
Foram destinados, dos cofres públicos estaduais, dez contos de réis para auxiliar na compra da sede própria do
Gabinete. Relatório da Assembléia Geral do GLM datado de 6 de julho de 1890. IN: AGUIAR, Joel. Op. Cit. 1987,
p. 54.
323
A instrução sempre esteve nos planos de João Rodrigues da Cruz, um dos idealizadores do GLM. Preocupado com
a formação profissional em Contabilidade Comercial (área do conhecimento que dominava), deixou em testamento
aberto após seu falecimento em 1893, a quantia necessária para edificação e aquisição de material pedagógico para
por em prática o seu projeto educacional, cf. Folder comemorativo do centenário de nascimento de João Rodrigues
da Cruz (1844-1944).
324
Os gabinetes de leitura criados no Brasil, na segunda metade do século XIX, previam a criação de uma escola de
primeiras letras, para formar leitores que consumissem as obras do seu acervo. MARTINS, Ana Luiza. “Gabinetes
de Leitura do Império: casas esquecidas da censura”? In: ABREU, Márcia (Org.). Op. Cit 1999, pp. 395-410.
325
“Hoje às 16 horas será inaugurado solenimente, o salão em que vai funcionar a escola nocturna mantida pelo
Gabinete de Leitura. Para assistir à inauguração tivemos convite do Sr. Presidente e nos faremos representar. Que a
escola tenha longa vida para illustração dos nossos patrícios desejamos”. IN: Jornal O Commercio. Maroim. 13 jul.
1919.
326
AGUIAR, Joel. Op. Cit. 1987, p. 60.
327
“Pedro Garcia Moreno [farmacêutico e um dos oradores oficiais do GLM], toma a si o encargo de, aos domingos,
de 3 às 4 horas da tarde, no edifício onde funccionam as aulas do Gabinete de Leitura, ministrar gratuitamente a 20
alunnos ensino moral e religioso. Quem quiser, poderá apresentar-se alli às ditas horas, no próximo domingo, 4”.
IN: Jornal O Commercio. Maroim. 24 ago. 1919.
328
AGUIAR, Joel. Op. Cit. 1987, pp. 54-55.
Aliada à função educadora dessa agremiação, a imprensa em Maruim difundiu algumas
práticas culturais, principalmente com a circulação da Revista Litteraria. Este periódico, de
perfil literário e político, tratou também de temas educacionais. Os autores dos discursos sempre
querem fixar um sentido e direcionar a interpretação correta que deve presidir a leitura de seus
textos
329
.
A História da Educação se apresenta como um saber específico e a ela cabe a
responsabilidade de construir um corpo de conhecimento e técnicas específicos para uma melhor
reflexão sobre a profissão docente. Essa proposta passou a compor programas escolares nas
universidades e Escolas Normais européias no final dos Oitocentos. “A prestigiada Universidade
de Harvard foi, muito possivelmente, a primeira instituição a nomear, em 1891, um professor de
History and Art of Teaching”
330
.
Foi após o surgimento do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro IHGB (1838), que
se conseguiu subsídio para se estudar a História da Educação Brasileira, porque era sua finalidade
coletar e arquivar publicações de todas as regiões. Inicialmente, todo o material foi organizado
em coleções, seguindo os métodos estatísticos (qualitativos).
O processo ensino-aprendizagem depende, de certa forma, do próprio processo difusor da
informação. A melhoria da qualidade dos programas educacionais está intimamente relacionada
com o seu material de apoio e reflete, portanto, as disponibilidades de bibliotecas. Da mesma
maneira que a informação enriquece o leitor, ela pode influenciar no despertar para o campo da
pesquisa, contribuindo no processo civilizatório das pessoas em diferentes estratos sociais. Para
Norberto Elias
331
, além das práticas de civilidade doméstica, deve-se atentar para os
comportamentos sociais, que evoluem na mesma proporção que a alfabetização, a qual depende
do crescimento editorial.
4.1 - Folheando Poemas
332
e Folhetins
329
VILELA, Marize Carvalho. Discursos, Cursos e Recursos: autores da Revista Educação (1927-1961). São Paulo:
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (Tese de Doutoramento), 2000, p. 6.
330
Lopes, Eliana Marta Teixeira apud NUNES e CARVALHO. NUNES, Clarice, e CARVALHO, Marta Maria
Chagas de. Historiografia da educação e fontes. Cadernos ANPED. Nº 5, set. 1993, p. 11.
331
Cf. ELIAS, Norbert. Op. Cit 1993.
332
A poesia é definida como forma de expressão lingüística destinada a evocar sensações, por meio da união de sons,
ritmos e harmonia e utilizando uma seleção de vocábulos, essencialmente metafóricos. Poema obra literária em
verso, ou ainda obra em prosa análoga a um poema, por sua inspiração, sentido, estrutura e estilo [...] Grande
Enciclopédia Larousse Cultural. São Paulo: Nova Cultural, 1998.
Em geral, as pessoas são atraídas para leituras de interesse pessoal e também para as obras
de ficção, sendo os romances folhetins, segundo os estudiosos da leitura, os mais procurados.
Entretanto, sabe-se que os indivíduos de um certo estrato social dedicam a sua maior parte do
tempo à leitura de jornais e revistas e, especialmente, a assuntos que dizem respeito às suas
atividades profissionais. A despeito do conteúdo da RL, foi a partir da edição número 14 que os
seus produtores criaram uma coluna especial para se publicar as poesias com o título de “No
Parnaso”. Como evidência de uma melhor organização editorial na segunda fase, aparece, a partir
da edição número 24, a coluna “Escrinio Litterario”, que foi destinada à publicação dos folhetins,
tão freqüentes como as produções poéticas. No início da circulação da Revista, esses textos
apareciam diluídos entre as diversas seções e separados pelas vinhetas. Nessas duas seções, o
público leitor tinha acesso a publicações de autores nacionais e estrangeiros, uma das principais
funções das práticas jornalísticas, o que se denominou de estratégias de leitura, porque os
textos de literatura latina, traduzidos e publicados, já lidos e relidos, ganham
novos formatos e são adaptados para novos públicos. Pela adaptação editorial
do texto, os leitores que por suas qualidades (financeiras ou intelectuais) o
teriam possibilidade de ler um determinado texto, têm acesso a ele pelas
operações editoriais
333
.
No âmbito das representações sociais sobre o cotidiano escolar, a importância da literatura
na formação de crianças e jovens no Brasil remonta ao período colonial, em que a educação dos
jesuítas, através da Retórica, representava bem a fórmula ornamental do homem distinto e bem
falante
334
. Com relação às obras literárias, a ficção parece atrair mais o leitor de todas as idades.
“Dos livros de não-ficção, os mais lidos são aqueles que, à semelhança de jornais e revistas,
tratam jornalisticamente de assuntos de interesse contemporâneo”
335
.
Para dar maior ênfase às representações da leitura que se queria impor, vale lembrar um
clichê publicado na RL: figuras polimórficas (um livro e um jornal abraçados por um ramo de
loureiro), utilizadas para encimar os editoriais intitulados Revista Literária (cf. figura 13,
capítulo II). nessa ilustração as propostas educacionais mais recorrentes: para se obter
333
TOLEDO, Maria Rita. Op. Cit. 2000, p. 1.
334
FERRO, Maria do Amparo Borges. Literatura escolar e História da Educação: cotidiano, ideário e práticas
pedagógicas. São Paulo: Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (Tese de Doutorado), 2000.
335
ADLER, J. Mortimer e DOREM, Charles Van. A arte de ler. Tradução de José Lourênio de Melo. Rio de Janeiro:
Agir, 1974, p. 196.
formação moral e intelectual, não se deveria apenas ter acesso ao livro, mas também a um “bom
livro”. Tal procedimento foi herdado dos primeiros professores do Brasil (os jesuítas) com suas
lições moralizadoras. Esse recurso tipográfico também traduz na sua intencionalidade as leituras
premiadas e que levariam seus leitores aos primeiros lugares através do conhecimento. Chartier
336
atribui à representação não apenas pelo fato de ela tornar presente uma ausência, mas também por
exibir sua própria presença enquanto imagem e, assim, constituir aquele que a olha como sujeito
que olha.
O livro sempre esteve presente na vida dos brasileiros, principalmente nas famílias mais
abastadas. Havia as publicações em rica encadernação, com capa dura, com letras douradas, às
vezes pouco lidas, e que serviam apenas para decoração, ou melhor, como status, em função das
representações culturais do objeto em si. Eram imprescindíveis também no cotidiano do lar os
livros para apontamentos rotineiros sobre os acontecimentos em familia: as cadernetas que
registravam o nascimento da numerosa prole, batizados, vacinação, compras, falecimentos, dentre
outros. Anotava-se também nesse tipo de suporte a aquisição e distribuição de objetos de valor
(casas, propriedades, animais, jóias, alivros e estantes) que constam em inventários de famílias
da região.
Quando não se dispunha desses livros ou cadernetas e existia a necessidade de se fazer um
inadiável registro, valia-se do que se tinha à mão. O Professor e chefe dos Correios em Maruim,
Álvaro Pereira de França Marques, deixou marcas dessa prática nas marginálias do seu Lunário
e Prognóstico Perpétuo
337
.
As famílias, geralmente no seu dia-a-dia, não deixavam de consultar, também, os
tradicionais Almanaques Farmacêuticos
338
, que muito Tj5.2221 0 Td(s)T(u)Tj5.94239 0 Td(i)T3.84154 0 Td(o)T(3)Tj3.90153 0 Tdêutid( )Tj2.94118 0 Td(m)Tj9.00362 0 Td(a)Tj5.2221 0 Td(r)Tj3.901T16207 0 Td(-)Tj39 0 Td 0 Td(i)T3.84154 0 Td(o)T(3)Tj3.9015234 0 Td(i)Tj3.2413 0 Td(d)Tj5.82234 0 Td(e)Tj5.2221 0 Td(s)Tj4.5613 00 Td(e)Tj5.16207 0 Td(d)
aluguel. Nos acervos dessas agremiações, esses tipos de publicação eram encontrados com mais
freqüência
339
, em relação às bibliotecas tradicionais (com leituras controladas pela Igreja e pelo
Estado), uma prática herdada dos gabinetes de leitura da Europa, o que faz jus à presença
marcante desse tipo de produção textual na Revista do Gabinete de Maruim.
A Seção Literária compreende as colunas No Parnaso (poemas) e Escrínio Litterario
(folhetins). Para saber quem publicou poesia na primeira fase da RL, animou os saraus, as rodas
literárias e os cafés no período, convém apresentar os títulos e seus respectivos autores: Miséria,
sem autoria; Primeira D D
quintetos e quadras). A Revista do Gabinete afastou-se do seu público com o poema No Álbum
de D. Clotilde Oliveira.
No início da sua circulação a RL publicou poesias inspiradas em temas românticos, muito
ao gosto da época:
- Miséria, sem autoria identificada, discute a questão social em que o autor evidencia a
mendicância e suas conseqüências;
- Primeira dor, M. de Almeida, enfocando o sofrimento de uma criança ao perder sua
mãe;
- Crhomos, Antônio Sales, enfatiza a saudade de um filho pequeno pela perda do pai;
-A lágrima de Deus, Plácido de Abreu, enfoca o presente dado por Deus ao homem, que
reclamava uma companheira.
No âmbito dos autores que abordam temas de amor e devaneios, aparece com evidência
Joaquim Martins Fontes, que publicou dez poemas na RL, a maioria deles dedicada a
amigos do seu círculo literário.
- Flores é um soneto que ele ofereceu a Horácio Martins. Ao enaltecer os encantos das
rosáceas, do jasmim, do lírio, da sempre-viva e de outras, admite o autor que não existe flor mais
encantadora do que a primeira, considerada a rainha dos jardins, mesmo com os inconvenientes
espinhos.
Flores
A Horácio Martins
A “rosa” tem feitiço e formosura;
Não se vê num jardim flor mais cheirosa;
Mas espinhos agudos têm a rosa...
Ah! Deus fê-la imperfeita creatura!
(...)
A “sempre-viva” vive eternamente,
Mas vive sem frescura e sem olor;
O “líyrio” dura um dia tão somente
As flores todas, têm o seu senão...
Só tu és flor perfeita, sendo a flor;
Que tem belleza, odor e... coração
340
.
- E eu disse foi dedicado a Ananias Azevedo. Os sonhos e devan236 0 Td( )Tj4.381ªªªªªªªªªªªªªª0 Td(O)7d(e)Tj5.16207 0 Td(v)Tj5.88236 0 Td(e)Tj5.10205 0 Td((e)Tj5.2221 0 Td(u)Tj6.4826 0 Td( )Tj4.38176 0 Td05 0 Td(n)Tj5.8823ªªªªªªªªªªªªªªªj8.40338 0 Td(nmj4.38943595.2221 0 Td(u)Tj3(n)Tj5.8823ªª)Tj4.38176 j4.38176 0 Td(d)tj4.56183 0 Td( .8823ªª)615 0 Td(236 0 Td)Tj5.16207)Tj9.00362 0 Td( 36 0 Td( )Tj4.381)Tj4.38176 0 Td(a)Tj5.2e
A Macedo Costa
“Eu sinto que tens querida,
Nos seus olhinhos luzentes,
A luz doce das estrelas
E o calor dos soes ardentes;
Que quando espalhas olhares,
A esmo, por distração,
Escravizas mais de uma alma,
Prendes mais de um coração.
E se os calellos doirados,
Tu soltas com gentileza,
Canta sonatas de amor!
A Lyra da natureza!
E assim loura e tão formosa,
Qual fada de um conto azul!
Tens mais chic, mais encantos,
Que as miss de John Bull!
(...)
Ninguém fascina querida
Como me tens fascinado
Se durmo, te vejo em sonhos,
Se sonho, estou ao teu lado;
Ausente embora, eu te vejo,
Nunca esconde o teu véu!...
Em tudo te encontro sempre:
- Nas flores, na luz, no céu
342
”.
O poema Receita
343
, Fontes ofereceu a Joviano Telles. Ele retratou um quadro amoroso.
Os protagonistas são uma jovem de vinte anos, o esposo, quarenta anos mais velho, e o médico
da família, que corteja sua paciente.
Receita
A Joviano Telles
342
FONTES, Joaquim Martins. “Cordélia. IN: Revista Litteraria. Maroim. Nº 27, 10 mai. 1891, p. 6. Essa poesia
foi escrita na mesma data dos dois anteriores.
343
Idem, p. 6. O texto foi escrito em agosto de 1889, conforme nota no final da página.
“Em sua alcova morna e perfumada
Pelo aroma das malvas e das rosas,
Onde os raios do sol mal têm entrada,
Entre rendas e scismas vaporosas,
Estava a Viscondessa Belvelise
Sobre uma Chaise-long reclinada
(...)
O médico-elegante, jovem, bello
De longas mãos – tomou-lhe, sério, o pulso
Por sobre renda que apertava a manga...
E de febre sentiu pequeno impulso.
(...)
Os vinte annos que tem vossa Excellencia
E os sessenta... que conta o seu marido...
Doutor!... Ella corou, e parecia
Que mal nenhum havia então soffrido!
(...)
O médico pensando que imprudência
Seria prolongar mais a visita,
Cumprimentou-a muito gentilmente,
E disse-lhe: Que eu saia, me permitta.
Doutor!... Murmurou ella. Elle parou...
É certo que não há outro remédio?
É verdade Senhora, certo estou...
E quase que sorrindo, suspirou!...
(...)
Elle estava a sahir... pois sim, disse ella,
Com voz inda mais fraca e mais sonora,
Se é verdade, Doutor, o que revela...
Não vá... Não vá-se embora
344
...”.
De acordo com as normas morais da época, indícios de que esse tipo de produção
literária não estava incluído no grupo das leituras que se recomendavam.
344
FONTES, Joaquim Martins. “Receita”. IN: Revista Litteraria. Maroim. Nº 28, 17 mai. 1891, pp. 4 e 5.
A poesia esteve presente em 33 exemplares. Na última edição da RL, foi publicado o
poema No Álbum de D. Clotilde de Oliveira, de autoria de Martins Fontes. Esse texto foi
escrito em Recife, no mês de outubro de 1889, e publicado na Revista do Gabinete em 7 de julho
de 1891. A sua publicação ocupou duas páginas da Revista. Martins Fontes muito encantou os
leitores com a sua sensibilidade. Acredita-se que Clotilde era membro da família de Homero de
Oliveira e também de Anna de Oliveira, ambos com passagem pela vida intelectual sergipana e
pela RL. Fontes considerava-a uma pessoa talentosa.
No Álbum
(de D. Clotilde de Oliveira)
Quem vive assim festejada,
Como vós viveis, senhora
Aqui, alli, ontem, agora,
D’affectos sempre cercada
(...)
Quem tem um bello talento,
Como o vosso, cultivado
É um ser predestinado,
É uma glória, um portento;
(...)
Por isso, eu peço que, se vos lembrardes
Dos lugares que haveis já percorrido
Por gratidão, ao menos, vos lembreis
Do meu Sergipe, às vezes esquecido!
345
.
Outro poeta que assinou na Revista do Gabinete foi Luiz Guimarães Junior. A força do
estilo da sua escrita e de outros parnasianos deixou marcas nas páginas da RL. Há indícios de que
em homenagem a esse movimento literário, foi criada a coluna No Parnaso para a publicação de
345
FONTES, Joaquim Martins. “No Álbum, de D. Clotilde de Oliveira”. IN: Revista Litteraria. Maroim. 34, 7
jul. 1891, pp. 4 e 5.
poemas. A poesia, de rimas líricas e parnasianas, está na RL com grande freqüência e serviu para
identificar o perfil dos autores/leitores.
Temperamentos
Uma era loira, ingênua, vergonhosa
A outra ardente, lúbrica, morena;
Esta era a flor vermelha e voluptuosa
Aquela um branco lyrio – uma açucena.
Liam, cheguei-me como faz um velho
Um velho e professor da escola:
Vi que a morena lia o Evangelho,
E a loira o Assommoir de Zola
346
.
Portanto, Guimarães Junior aproveitou-se de sua poética e fez uma conexão com um dos
autores mais concorridos do período, e caracterizou as duas leitoras pelas suas preferências
(proibidas ou não). Com a presença de Temperamentos, percebe-se que Zola foi um dos autores
lidos às escondidas, ou melhor, que tanto os folhetins quanto as leituras de cunho religioso
ocuparam espaços distintos.
Mãi
O derradeiro olhar que na agonia
Me dirigiste, oh! Mãi, nunca me esquece!
E quando os olhos volvo no ceo, parece
Que o teu ultimo olhar me aclara e guia.
Se os olhos fecho e a dor que me desola
Tento abrandar, alliviar procuro
Vejo em minha alma o raio longo e puro
Do teu ultimo olhar que me consola...
Bendita sejas. Luz do meu deserto:
Olha-me sempre, mãi, da etherea altura
Perto dos anjos e da gloria perto;
346
GUIMARÃES JUNIOR Luiz. “Temperamentos”. IN: Revista Litteraria. Maroim. Nº 19, 1 març. 1891, p.3.
Olha-me sempre, amada creatura!
Com tal pharol não errarei de certo
O caminho da sua sepultura
347
.
Observa-se, portanto, que no romantismo do soneto Mãi Guimarães
Folhetim é uma forma de narrativa inventada pelo Romantismo Francês,
paralelamente à criação do romance romântico, ‘o grande romance realista’, como
querem alguns. Uma forma específica de narrar, articulada com uma forma
específica de publicar, num veículo específico, o jornal. Em outras palavras, uma
ficção narrativa em prosa, publicada aos pedaços, no jornal cotidiano
350
.
Nas publicações tipo folhetim, as sucessivas emoções fragmentadas em capítulos tinham
com o livro. “Rocambole engordou os bolsos dos livreiros e proprietários de jornal, chegou a
influenciar a língua portuguesa, transformando a expressão rocambolesco em sinônimo de
delirante, aventura, enrolada como um bolo”
354
.
A despeito da proposta educacional do GLM, infere-se que o seu periódico reflete
algumas práticas culturais e de leitura.
Além das notícias jornalísticas que traziam as informações mais atualizadas nos artigos e
editoriais, os folhetins eram também utilizados para o “recreio dos sócios” do Gabinete e demais
leitores. Portanto, convém listar: A tristeza de Hoffmann e Lágrima de Noiva, Coelho Neto;
Helena em três capítulos e A Alcova, Nogueira Cravo; Hersilia, N. Junior – em oito
capítulos; A Virgem e a Sensitiva ou a Árvore do Deserto - 29º conto a meus filhos, Leonídio
Porto em dois capítulos; A Valsa, Luiz Guimarães Junior; Devaneando o Luar, Anna de
Oliveira; O Grande Maestro, A. Chanconeli em três capítulos; Os Morangos, Emílio Zola
quatro capítulos.
Zola, que pertenceu à escola Realista, escreveu Os Morangos com tanta fidelidade que
os seus personagens parecem saltar das páginas da Revista. O texto teceu a cumplicidade entre o
amor e a natureza.
O realismo de Zola
355
tingiu-se de naturalismo ao buscar no romance inspirações para
seus personagens. Nessa produção literária, por exemplo, ele tomou emprestado à natureza um
pedaço do horizonte, que ganhou mais vida com as chuvas de junho. Por isso, a paisagem
parecia sorrir ao receber os primeiros beijos do sol após uma longa noite chuvosa.
Foi nesse cenário que o rapaz convidou sua Ninon (uma “coquete”
356
de vinte anos) a pôr
o chapéu para dar uma volta pelo campo. Em seu peculiar estilo literário, o autor faz questão de
descrever a natureza, porque tudo em volta parecia compactuar com aquele momento de amor.
Até a “folhagem espessa abria-se para deixar passar por entre as frestas da vegetação palhetas de
ouro”
357
, que caíam sobre aquele par apaixonado.
354
SOUZA, Cristina Martins de. Op. Cit, 2005, p. 79.
355
Zola influenciou o estilo literário de diversos romancistas brasileiros, a exemplo de Aluízio de Azevedo (1857-
1913), que virou produtor de folhetins, considerado o expoente da ficção urbana brasileira. A sua primeira obra de
relevo O Mulato (1881) abriria o caminho para diversos romances: O Cortiço (1890), Casa de Pensão (1884) e
outros. Dentre os folhetins mais lidos, vale lembrar Girândolas de Amores (1882) e A Mortalha de Alzira (1894).
BOSI, Alfredo. História concisa da Literatura Brasileira. 36.ed. São Paulo: Cultrix Ltda., 2004.
356
Coquete é palavra que se origina do francês. Diz-se de uma mulher faceira que cuida, em demasia, da aparência
por prazer ou para agradar os outros. Dicionário da Lí
Embriagados com a beleza dos bosques acostumados a similares confidências, o casal
se separa. Ela corre para um tabuleiro povoado de morangueiros. Contudo, não havia morangos.
Porém, em outras paradas, a cobiçada fruta apresentava-se aos tufos em seus pensamentos. Agora
o medo fora vencido. Em uma demonstração de sutil sensualidade, as mãos trêmulas do casal
tocaram-se por debaixo da folhagem. Em seguida, “quebrou-se o silêncio com uma frase, para
justificar o ousado gesto nada de morangos, apenas soberbos morangueiros”
358
.
Após os namorados andarem léguas, Ninon grita de espanto ao ver um morango do
tamanho de uma pêra, embora maduro pela metade. Houve um momento de hesitação para saber
a quem caberia a fruta. A Ninon, disse o seu amado, por dever moral é claro, pois ela o viu
primeiro, e a partilha deveria obedecer aos estatutos do amor. O morango foi colocado entre os
dentes de Ninon, para atender aos impulsos dos seus corações, com a desculpa de que era preciso
dividi-lo fielmente ao meio. Ela inclinou o pescoço e, oferecendo-lhe, a boca convocou o seu
amado para buscar o que lhe cabia. O autor, ao tingir mais forte a cena com o tom do amor,
certamente arrancou prolongados suspiros dos seus leitores ao escrever que o sabor do morango
foi mascarado com o doce do beijo de Ninon.
Os Morangos é pura emoção. O bosque, pela descrição, parecia ainda mais encantador.
O olhar terno do rapaz fez Ninon inclinar-se para ele com verdadeira paixão. A natureza, mais
uma vez no seu silêncio, fez-se confidente, e até as toutinegras emudeceram e
velaram os olhos
como prova de cumplicidade. Porém, mais tarde... “[...] quando procuramos os morangos para
comê-los, qual não foi nosso espanto vendo que nos tínhamos deitado mesmo em cima do
lenço”
359
.
Muito desse encontro amoroso ficou por dizer. Essa obra não foi publicada por inteiro na
RL, havia algumas interrupções no texto. Acredita-se que Zola e outros autores desse mesmo
estilo literário não foram recomendados para as “moças de família” e nem para as “senhoras
casadas”, do final dos Oitocentos.
A ficção na voz feminina fez-se presente na escrita de Júlia Lopes. Seu nome completo é
Júlia Valentina da Silveira Lopes de Almeida (1862-1934)
360
, escritora brasileira natural do Rio
de Janeiro. Destacou-se na qualidade de ficcionista; é autora de inúmeros romances e contos.
Seus livros de ficção herdaram a técnica da Escola de Emílio Zola, o que lhe conferiu êxito na
358
ZOLA, Émile. “Os Morangos”. IN: Revista Litteraria. Maroim. Nº 25, 21 abr. 1891, p. 6, (cap. III).
359
ZOLA, Émile. “Os Morangos”. IN: Revista Litteraria. Maroim. Nº 26, 29 abr. 1891, p. 7 (cap. V).
360
Grande Enciclopédia Larousse Cultural. São Paulo: Nova Cultural, 1998, p. 207.
época. Como evidência da valorização por parte dos produtores da RL por esse tipo de produção
literária, Júlia Lopes assinou a sua participação, em Notas e Impressão, com um texto que se
intitulava: Uma Ruína: “Vi, quando era ainda pequena, n’uma hedionda caveira, entre as
pedregosas paredes de uma velha gruta, um ninho de passarinho. Fez-me impressão aquilo. Hoje
me veio à memória esse encontro, ao saber que o amor foi aninhar-se sem medo no teu gasto e
arruinado coração”
361
. Essa produção foi escrita quando a autora tinha 29 anos de idade. Assim
como diversas intelectuais brasileiras, ela penetrou numa seara ainda de domínio dos
profissionais masculinos.
Em que pese a discussão sobre a História da Literatura Brasileira, a RL não
apresentou sugestões a respeito de leituras pedagógicas (disciplinas curriculares). No entanto,
esse periódico foi utilizado como estratégia para incentivar o gosto e o amor às letras, através do
discurso ideológico e também da Seção Literária, que publicava algumas obras censuradas pelas
instituições tradicionais. De acordo com o percentual de poemas e folhetins (39%, conforme
quadro de nº VII), os produtores da RL utilizaram-se dessa tica para atrair o leitor ao Gabinete.
Confirmam os estudos da Professora Ana Luiza Martins
362
que os gabinetes de leitura do Brasil
foram instituições onde existiam, com mais freqüência, os romances-folhetins.
Entretanto, compondo a lista dos “bons livros” recomendados por instituições educativas
do século XIX e nas primeiras décadas do século XX, estão registradas, segundo a literatura
pertinente, obras clássicas que são lidas desde a data da sua publicação. Vale lembrar O Ateneu,
de Raul Pompéia (a primeira edição é de 1888); Inocência, de autoria de Visconde de Taunay
(1872) e Robinson Crusoé, escrito por Daniel Delfoe (1719)
363
.
Na intersecção entre autor e leitor uma perfeita cumplicidade. Para Chartier, “o livro é
um efeito (construído) do leitor, deve-se considerar a operação deste último como espécie de
lectio, produção própria do leitor [...]”
364
. Uma evidência de que os romances-folhetins povoaram
o GLM é de que, das 3.117 obras que estão no Catálogo da BGLM, 1.934 (48%) compreendem
os folhetins (romances, contos e novelas)
365
.
361
LOPES, Júlia. “Uma ruína”. IN: Revista Litteraria.. Maroim. Nº 27, 10 mai. 1891, p. 7.
362
MARTINS, Ana Luiza. Op. Cit. 1999, pp. 395-410.
363
Cf. SILVA, Thomaz Gomes da. e AZEVEDO, Édio Vieira de. (orgs.). Op. Cit.
364
Chartier, Roger. apud PARK. PARK, Margareth Brandini. História e leituras de almanaques no Brasil.
Campinas/SP: Mercado de Letras. Associação de Leitura do Brasil; São Paulo: FAPESP (Coleção História de
Leitura), 1999, p. 29.
365
Cf. SILVA, Thomaz Gomes da. e AZEVEDO, Édio Vieira de. (orgs.). Op. cit..
Sabe-se que a mulher se dedicava mais à leitura de cunho religioso, a exemplo dos livros
de horas e os breviários. Os catecismos, os contos, as fábulas eram leituras recorrentes no
cotidiano do lar, com uma predominância das obras clássicas que versavam sobre a moral. Na
escola, além das disciplinas curriculares, os textos literários utilizados pelos alunos passavam
pelo crivo pedagógico e sofriam anuência prévia do Estado e da Igreja Católica.
4.2 – A educação da mulher em (re)vista
A presente seção analisou os discursos que trataram da educação da mulher, em especial
os reclamos, na voz da sergipana da cidade de Laranjeiras, Anna de Oliveira, que defendia a
emancipação da mulher através da educação, assim como os embates entre ela e o professor
Leonídio Porto, um opositor à ascensão intelectual da mulher.
Na história de luta da mulher pelos seus direitos, uma das suas primeiras reivindicações
era que ela fosse considerada um ser humano dotado de inteligência e com possibilidades de
freqüentar escolas para ser alfabetizada. Dentre as pioneiras durante o século XIX, destacou-se a
norte-rio-grandense Nísia Floresta Brasileira Augusta (1810-1885)
366
. Dos seus onze trabalhos
publicados, Direitos das mulheres e injustiça dos homens inspirou diversos escritos sobre a
temática. A participação dela foi tão marcante, que o seu nome denomina um dos municípios do
Estado do Rio Grande do Norte
367
, uma raridade na história da toponímia das cidades.
Em Sergipe, diversos estudiosos identificaram a presença da mulher na imprensa, dentre
os quais convém citar Manoel Armindo Guaraná
368
, Jorge Carvalho do Nascimento
369
e Itamar
Freitas, Anamaria Gonçalves Bueno de Freitas
370
.
366
DUARTE, Constância Lima. “A ficção didática de Nísia Floresta”. IN: LOPES, Eliane Marta Teixeira;
FARIA FILHO, Luciano Mendes. Op. cit., 2003, pp. 291-324.
367
Grande Enciclopédia Larousse Cultural. São Paulo: Nova Cultural, 1998, p. 4218.
368
GUARANÁ, Manoel Armindo Cordeiro. Dicionário Biobliográfico Sergipano. Rio de Janeiro: Oficinas
da Empresa Gráfica Paulo Pongetti e Cia. 1925. e_______ . Gênese e progresso da Imprensa periódica do Brasil. IN:
Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Rio de Janeiro, tomo especial, volume I, parte 2, pp. 776-
813, 1908;
369
NASCIMENTO, Jorge Carvalho do e FREITAS, Itamar. “A Revista em Sergipe”. IN: Revista de Aracaju.
Aracaju: Prefeitura Municipal de Aracaju, n. 9, pp.176-187, 2002.
370
FREITAS, Anamaria Bueno Gonçalves de. Garimpando registros, reconstruindo trajetórias: mulheres
sergipanas na Primeira República. Campinas/SP: Faculdade de Educação/Universidade Estadual de Campinas
(Exame de Qualificação), 2001; _________ . “Pesquisando a educação feminina em Sergipe na passagem do
século XIX para o século XX”. IN: Revista do Mestrado em Educação. Revista semestral do Núcleo de Pós-
Graduação em Educação da Universidade Federal de Sergipe. São Cristóvão: UFS, v. 4, 4, jan/jun. 2002, pp.
45-61, 2002.
A construção de uma identidade feminina passou por profundas transformações em torno
das suas funções biológicas circunscritas à maternidade e, também, por ser a mulher considerada
a responsável pela criação e educação moral dos filhos. Aceitar ou não as imposições era uma
questão de tempo. De missão apenas procriadora à profissionalização, foi um grande passo na
trajetória das conquistas femininas.
Na opinião de alguns colaboradores da RL, não se podia mais conceber que, na passagem
do século XIX para o XX, a mulher recebesse instrução apenas para administrar o lar. O texto,
cujo autor não quis identificar-se, comentou uma nota publicada na Gazeta de Notícias do Rio
de Janeiro e trouxe um dos assuntos mais recorrentes no Congresso Nacional, o direito de voto
para a mulher, além de outras prerrogativas. Aliada a importantes reivindicações, a luta pelo
voto feminino continuaria por muitos anos e foi também uma das bandeiras de diversos
periódicos dirigidos por mulheres
371
.
Na Revista do Gabinete publicaram-se alguns posicionamentos dos defensores da
profissionalização da mulher, e também daqueles que queriam que ela permanecesse “no
sagrado lar”. Para o autor do texto Educação da Mulher, “não era reclamando direitos que hão
de triunfar os defensores dessa causa. Façam eles propaganda em favor da educação da mulher,
provando que nós, os barbadões somos maus, cruéis, injustos e inconseqüentes”
372
. Em suas
observações, ele demonstrou preocupação em proteger a mulher: “o que necessário se torna é
que firmem elles [no Congresso] esse direito em uma educação que habilite a mulher a ser
homem, em todos os actos da vida”
373
. Suas observações deixaram entrever que havia
temeridade em se propagar a formação intelectual da mulher, para que ela não viesse competir
com os espaços considerados “exclusivos do sexo masculino”.
Inspirada em A Emancipação Scientifica da Mulher, de autoria da alemã Hedwig
Dahm, Anna de Oliveira discorreu sobre uma das temáticas mais polêmicas no período: a
independência da mulher através da educação. Segundo Oliveira, a maioria dos homens e, em
371
Nessa seara inclui-se a Revista Renovação, dirigida pela advogada Maria Rita Soares. “Renovação, criada logo
após a Revolução de 1930, possibilitou, através de suas páginas, uma certa visibilidade aos anseios femininos diante
das novas expectativas. Maria Rita usou os editoriais do ano 1931 para registrar as esperanças de que as mulheres
seriam respeitadas e valorizadas, em todas as suas dimensões, especialmente, no tocante à cidadania, tendo como
garantia o acesso à educação superior, ao exercício de profissões liberais e à possibilidade de ocupar cargos públicos
importantes, assim como o direito ao voto e à elegilibilidade. Freitas, Anamaria Gonçalves Bueno de Freitas.
“Propostas de educação feminina veiculadas pela Revista Renovação, em Sergipe no início da década de 1930”. IN:
V Seminário Nacional de Estudos e Pesquisas. “História, Sociedade e Educação no Brasil”, 2001, p. 55.
372
Revista Litteraria.. Maroim. Nº 19, 1º mar. 1891, p. 1.
373
Idem. P. 1.
especial, alguns da classe médica, erroneamente negavam a aptidão da mulher para os estudos
através de infundadas informações fisiológicas. No entanto, havia alguns intelectuais do sexo
masculino que não aceitavam tais assertivas. Ela citou um aliado das conquistas femininas.
Tobias Barreto de Menezes que na sessão de 22 de março de 1878, em
Pernambuco, defendeu os direitos da mulher, debatendo as idéias do velho
carrancismo, que apresentava o Dr. Malaquias baseado nos dados da
physiologia para desmentir o que Deus em suas perfeitas obras fez com
esmerada igualdade, como nos narra a bíblia?
374
Para convencer aqueles que duvidavam das competências da mulher, Anna de Oliveira,
fundamentada na citada autora, listou alguns nomes que se projetaram em diversos segmentos da
vida pública:
[...] A primeira que abrio a marcha na Universidade de Zurich, foi a russa de
nome Nedeschda Luslowa: resolveu ella o problema dos estudos universitários
da mulher em 1867. Em 1870 a inglesa Elizabeth Margan igualmnete recebeu
o grao. As duas irmãs, Blackwel nos Estados Unidos, duas medicas chegaram
a ter a renda de 15 a 20 dollars
375
.
Observou Oliveira que as mulheres não nasceram apenas para inspirar artistas e serem
imortalizadas em telas, no mármore ou em letras românticas. Por isso, lamentou que, em pleno
“século do progresso”, o homem ainda considerava as pessoas do sexo feminino um ser
subserviente. Como evidência de que essa era uma discussão corrente na imprensa, a RL
publicou o artigo intitulado Mulher Moderna (de autoria não identificada), o qual fez
deferências à escritora Josefina Álvares de Azevedo:
[...] Esta distincta escritora combate com ardor em favor da emancipação da
mulher, que julgamos decorrerá necessariamente de sua educação, almeja a
conquista da igualdade de direitos políticos para os dous sexos, e usa de valente
arma – a imprensa para difusão das suas idéias, mantendo uma importante folha
de propaganda, na capital da República, A Família
376
.
374
OLIVEIRA, Anna de. “Notas da Epocha: a emancipação scientifica da mulher”. IN: Revista Litteraria. Maroim.
26, 29 abr. 1891, pp. 2-3.
375
Dahm, Edwig apud OLIVEIRA. OLIVEIRA, Anna de. Revista Litteraria. Maroim. 26, 29 abr. 1891, pp. 2-
3.
376
Revista Litteraria. Maroim. 20, 8 mar. 1891, pp. 3-4.
Em meio a essa discussão, um dos mais efetivos colaboradores da RL, Leonídio Porto,
em Notas da Epocha, com o subtítulo – A mulher na industria, criticou as pessoas que
desejavam o desenvolvimento intelectual da mulher, porque ele acreditava que entre o sexo
masculino e o sexo feminino havia uma distância infinita. Porto não desejava que a mulher
freqüentasse academias, nem tampouco tivesse acesso ao conhecimento científico. “Seria pior do
que uma Guerra Civil se a mulher graduasse em engenharia, advogada, ou até mesmo
consultasse o Chernoviz”
377
.
Segundo Porto, urgia aproveitar os braços da mulher para o progresso industrial. Ele
exemplificou alguns países de primeiro mundo que se utilizaram da força do trabalho feminino
para o crescimento de sua economia. Lembrou Julio Simon, na Câmara Federal Francesa, que
planejou o aproveitamento da força física da mulher para fazer desenvolver a indústria, em vez
de dotá-la com um diploma sem grandes utilidades.
Isto é mais belo, mais profícuo para a realidade da vida, do futuro da família e
da pátria, do que pretenciosos e fidalgos pergaminhos, que nem sempre
confirmam o merecimento, servindo apenas de objeto de luxo, de incentivo à
ociosidade, ou de assignalados brazões sem importância implícita e real
378
.
Para fazer valer suas propostas, esse autor reconhecia que o valor moral e intelectual do
cidadão não se aufere apenas pelos títulos científicos ou nobiliárquicos, mas sim pela instrução
comprovada e pela virtude sólida. Esse discurso refletia, portanto, a posição da sociedade da
época. “Os liberais clássicos, os positivistas e os conservadores formavam um grupo quando
377
Formulário (Guia Médico) contém a descrição dos medicamentos, suas propriedades, suas doses, as moléstias
em que se empregam. O livro é de autoria do médico polonês Pedro Luiz Napoleão Chernoviz (1812-1881), muito
utilizado no Brasil até fins do século XIX, essencial de penetração de saberes e práticas de higiene. A obra
constituiu-se na institucionalização da cultura médica no Brasil. A “botica ambulante” de que as mulheres não
podiam se apropriar, era consultada no dia-a-dia como auxiliar médico do lar no Brasil. CHERNOVIZ, Pedro Luiz
Napoleão. Formulário. 18.ed. Pariz: A. & R. Roger & F. 1903. Como testemunho de que esse livro era sempre
consultado pelas famílias de Sergipe, encontrei um exemplar, habitante solitário de uma prateleira esquecida no
fundo de uma farmácia da região. Será que o Chernoviz foi esquecido em decorrêcia dos compêndios médicos mais
modernos?
378
PORTO, Leonídio. “Do Rio de Janeiro: ensino e trabalho (IV)”. IN: Revista Litteraria. Maroim. 25, 22 abr.
1891, p. 4.
se tratava dos objetivos da educação feminina. Para eles, a educação deveria reverter, ao fim, no
próprio benefício do homem ou dos seus interesses na sociedade como um todo”
379
.
No editorial número 27, que traz como subtítulo A Emancipação Scientifica da
Mulher
380
, Anna de Oliveira não escondeu sua insatisfação sobre os comentários de Porto
acerca da instrução feminina. Por isso, listou algumas mulheres que se destacaram nos países
civilizados.
Percorrendo a Grécia pátria de Alcebíades e também de Aspásia, vos faço
lembrar Sapho, Myrtes, Corina poetisas mestras de Pindaro. Na Philosophia
vos apresento Clobulina, filha de Clobulo que floresceu na época dos sete
sábios. Pithagoras contou grande número de discípulas [...]; São dignas de
admiração Nina Siciliana e Olímpia Monata; Quatro mulheres preencheram
cadeiras em Bolonha, foram ellas: Laura Bassi, professora de phylosophia,
Anna Marandi, professora de mathematica, Gaetana Agnese, professora de
Geometria e Clotilde Tamborine, professora de Grego; Sigo o caminho do paiz
das brumas, da atmosphera e das luzes da vivida claridade das sciencis, a
Alemanha: eis a primeira, Fanny Lewald, e após Elisa Shimitd, Hahn Hahn,
Bety Pauli e muitas outras; Na terra do grande movimento industrial, na velha
Inglaterra, encontro
Martineau e Lomorville; Na doce contemplação do doce
céu da Itália, vejo tantas heroínas, a exemplo de Abaide Beaccari, que sofrendo
de uma paralisia da mão direita, com a esquerda escreveu continuadamente
para um jornal de Veneza, consagrado a defesa dos direitos da mulher, sob o
título – La Donna
381
.
Com o propósito de esclarecer as razões lógicas desse embate, Oliveira concluiu seu
artigo sublinhando que as mulheres não pretendiam bater às portas do Parlamento, mas sim das
universidades, pelo menos naquele momento. Segundo ela, era isso o que os homens mais
temiam.
Em Sergipe, a escola de formação de professores foi criada inicialmente para atender ao
sexo masculino. Contudo, aos poucos, voltava-se para a profissionalização das mulheres órfãs,
cuja sede foi instalada no Asilo Nossa Senhora da Pureza, em 1877, na capital. Mais tarde passou
a receber moças de classe média e de conduta recomendada.
A instalação das Escolas Normais
proporcionou à mulher a oportunidade de profissionalização na área do magistério, porque
379
DUARTE, Constância Lima. “A ficção didática de Nísia Floresta”. IN LOPES, Eliane Marta Teixeira;
FARIA FILHO, Luciano Mendes e VEIGA, Cynthia Greive. Op. Cit. 2003, p. 301.
380
Acerca do pioneirismo da mulher sergipana na imprensa de seu Estado, convém lembrar a Professora natural de
Itabaiana, Etelvina Amália de Siqueira. GUARANÁ, Armindo. Op. Cit. 1925, p. 75.
381
OLIVEIRA, Anna de. “A emancipação scientífica da mulher”. IN: Revista Litteraria. Maroim. 27, 10 mai.
1891, pp. 1-2.
“inicialmente, as habilidades a serem desenvolvidas para o exercício do magistério feminino
pareciam não depender de um processo de qualificação teórico-metodológico [...]”
382
.
Constata-se que foi a partir de 1870 que começou a luta das mulheres pelo direito aos
estudos superiores. No Brasil, essa causa foi também defendida na Assembléia Legislativa do
Estado de Pernambuco, pelo deputado sergipano Tobias Barreto de Menezes (1839-1889). Em
discussão para aprovação de matéria similar nessa casa de leis, o citado parlamentar discordava
do deputado Malaquias Gonçalves, que votou contrário a um requerimento de duas estudantes
que reivindicavam o direito de cursar faculdades, e assim se expressou:
Costuma-se dizer e o nobre deputado repetiu esse dito ou princípio vulgar que
a missão da mulher é ser mãe [...]. licença que eu refute esse princípio com
outro, não menos vulgar? Sim, a missão da mulher é ser mãe, da mesma forma
que a missão do homem é ser pai. Ora, em que é que a missão de ser pai tem
privado o homem de se dedicar à ciência?
383
A RL foi, portanto, um dos primeiros periódicos sergipanos, no período, que publicou o
debate contra as discriminações femininas. Anna, na oportunidade, pretendia chamar a atenção
também das autoridades administrativas, a quem fez uma reivindicação: “peço-vos em nome das
desherdadas da sciencia e da instrução, a esmola do vosso apoio para o progresso das futuras
mãis, esposas e filhas”
384
. Essa colaboradora seguiu a mesma trilha aberta por outras valorosas
sergipanas que usaram a imprensa como espaço de lutas.
Embora não lhe fosse permitido freqüentar as reuniões da Assembléia Geral do
Gabinete
385
, a mulher marcou presença na RL. Dentre os 71 autores (excetuando-se os
pseudônimos e os 27 textos sem autorias identificadas), sete são do sexo feminino, sendo
colaboradoras mais efetivas: Delia, Alzira Alves, Maria Amália Vaz de Carvalho e Anna de
Oliveira.
Segundo Armindo Guaraná, uma das primeiras sergipanas a aparecer na imprensa do Estado, escrevendo poemas, discursos e outros
temas, foi a professora e poetisa Etelvina Amália de Siqueira
386
, da cidade de Itabaiana, nascida em 1862. Em que pese o seu capital de relações,
por ser irmã do poeta José Jorge de Siqueira, ela demonstrou coragem em penetrar uma seara, na época ainda pouco palmilhada pela mulher.
Etelvina iniciou na imprensa no A Discussão (1883), da cidade de Pelotas, Rio Grande do Sul. Mais tarde colaborou com diversos jornais da
382
FREITAS, Annamaria Gonçalves Bueno de. Op. cit., 2003.
383
BARRETO, Tobias Barreto apud PINA. PINA, Maria Lígia Madureira. A Mulher na História. Aracaju:
Segrase. 1994, pp. 179-180.
384
OLIVEIRA, Anna de. “a emancipação scientifica da mulher (conclusão)”. IN: Revista Litteraria. Maroim. Nº 27,
10 mai. 1891. p. 2.
385
Cf. Estatutos do Gabinete de Leitura de Maruim. 1893.
386
GUARANÁ, Manoel Armindo Cordeiro. Op. Cit. 1925, p. 75.
capital sergipana. Foi na Gazeta de Aracaju que ela publicou A escravidão e a mulher, em 15 de dezembro de 1883, transcrito depois para o A
Discussão de Pelotas.
Conclui-se que a imprensa muito colaborou na trajetória das conquistas femininas, em
especial pelo direito à educação e à cidadania. No rol das mulheres que conseguiram ultrapassar
as barreiras do preconceito e expressaram seus ideais, apresentam-se: sia Floresta Augusta
Brasileira, Etelvina Amália de Siqueira, Júlia Lopes, Josefina de Azevedo, Anna de Oliveira,
Maria Rita Soares, dentre outras.
4. 3 – O discurso pedagógico da Revista Litteraria
A análise foi feita em cada corpus de textos das seções mais importantes, especialmente
daquelas que tratam de temas relacionados à instrução. Alguns colaboradores sabiam que essa
temática deveria ser tratada por especialistas. “É tão importante transcendência o assumpto da
educação, que apezar de reconhecermos a nossa obscuridade, vimos contribuir com o nosso
escasso quinhão de luzes para a difusão das boas e sans ideas, pondo em relevo as nossas
observações e estudos”
387
.
A Pedagogia Republicana, através de seus propugnadores, convocou a escola e os
educadores a entrarem em sintonia com os modernos métodos em vigor a fim de melhor conduzi-
los. A intenção era que os novos saberes educacionais, fundamentados nos moldes da Escola
Ativa, fossem aproveitados pelo educando e pela sociedade.
Naturalmente está dividida a educação em trez partes distinctas que são a
physica, a moral e a intelectual, todas ellas ligadas estreitamente e
simultaneamente carecedoras de desvelosos cuidados. A educação physica é um
característico muito distincto da educação, a base mesmo dessa educação,
abstem lezões, imperfeições orgânicas e tendências mórbidas adquiridas por
sucessão ou por predisposições naturais. [...]
388
.
Havia uma preocupação em se adotar uma Pedagogia que trouxesse benefícios ao corpo e
à mente dos alunos e assim torná-los dóceis e educados. Levar a educação a todos era uma das
principais propostas do grupo que dirigia o GLM e sua Revista. Contudo, por muito tempo essa
agremiação funcionou seguindo o modelo das sociedades fechadas; e, em geral, o povo não
participava das assembléias por causa de algumas restrições na esfera sócio-econômica. Ao ditar
387
Revista Litteraria. Maroim. 15 1º fev. 1891, p. 1.
388
Revista Litteraria.. Maroim. Nº 15, 1 fev. 1891, p.1.
as normas dessas práticas culturais e de sociabilidade, havia um discurso que se queria impor aos
seus integrantes e ao público.
O século XIX estendeu a habilidade de ler, mas isso não significa democratizar
o hábito de leitura. O simples acesso à cultura não significa uma democracia da
cultura [...]. Ao impor seus padrões culturais às massas a sociedade burguesa
exerce uma violência simbólica, estabelecendo uma arbitrariedade cultural
389
.
No início da Primeira República, algumas atitudes para incentivar a prática da leitura
foram relevantes para os reformadores educacionais, sob a influência de emergentes idéias
pedagógicas para se justificar uma revolução cultural. “A Reforma Benjamim Constant
determinava que em cada cidade, vila ou povoado, cuja população escolar fosse de mais de 50
alunos, haveria uma biblioteca destinada a oferecer aos professores, leitura instrutiva sob sua
profissão, e aos alunos leituras aprazíveis (Art. 50)”
390
.
Portanto, além da biblioteca escolar, conforme as normas pedagógicas vigentes, deveria
existir um museu em cada escola, para auxiliar nas lições de coisas, as quais se fundamentavam
no todo Intuitivo. Diversos segmentos da sociedade iniciaram as discussões com o propósito
de melhorar a instrução. Contudo, tanto em “Sergipe quanto em nível do país, o novo regime
instalado em 15 de Novembro de 1889 pequenas modificações trouxera ao sistema educacional
legado pelo império”
391
. Alguns oradores do GLM assinaram veementes discursos com o
propósito de incentivar a leitura:
[...] Tudo isso que poderiam beber na história a lição de todas as reformas; aos
que progride, compete, impõe-se o dever de arrastar a multidão amorpha,
inconsciente para o seio d’estas bibliothecas, e fazel-a parar aqui, de onde
sahirá autonoma, consciente e digna [...]
392
.
De acordo com o que escreveu João Pereira Barreto (orador do GLM), havia sim a
intenção de se levar instrução a todas as classes. Mas a realidade era bem diferente, e um
389
Averbuk, Lígia. Apud YUNES, Eliana. (org.). A Leitura e a formação do leitor: questões culturais e
pedagógicas. YUNES, Eliana. (org.). Op. Cit. 1984, p. 32.
390
NUNES, Maria Thétis. Op. Cit 1984, p. 180.
391
Idem. p. 189.
392
Trecho do discurso de autoria de João Pereira Barreto proferido no GLM, em 19 de agosto de 1899, na solenidade
de aniversário dessa instituição. Cf. Cópia do Discurso de João Pereira Barreto, 1989, pp. 38-33. Acervo particular
da autora.
questionamento é pertinente: como essa multidão amorfa” poderia freqüentar uma sociedade
fechada, sujeita a rígidos estatutos e que exigia o pagamento de taxas para se ter acesso aos
livros? Em virtude de não terem sido localizados os documentos que retratam a vida cotidiana do
GLM não foi possível conhecer as suas principais práticas. Contudo, foram identificados os
sócios que ocuparam cargo de eleição na qualidade de membros da diretoria
393
, nos primeiros
cinqüenta anos de existência, assim como aqueles que tiveram seus nomes publicados na coluna
Quadro de Honra da Revista.
O grupo que estava à frente da Revista muito enalteceu a missão civilizadora do Gabinete.
Verificou-se que os diretores dessa SL e da Revista se embasaram nas teorias dos pedagogos
394
que defendiam a educação caritativa. “Há uma caridade universal, tão incontestável que se vai
tornando proverbial: é a caridade que se baseia na educação do espírito. Cumpre realmente
começar pelas escholas, onde se assentam os alicerces da educação moral, dos futuros
cidadãos”
395
.
No texto que se denominou Instruir ficaram marcas da propaganda das representações da
escola renovada, que se constituiu na evolução cultural, fundamentadas nas lições de cunho
moral. A missão principal era trazer benéficos à vida social da nação. Nesse propósito acreditava-
se que o homem que recebia certo grau de instrução era capaz de difundi-la aos seus semelhantes,
e assim colaborar no combate à ignorância.
Cada estabelecimento de instrução por mais humilde que seja, deixa entrever as
nuvens purpurinas do futuro auspicioso da humanidade, mais uma phase na
marcha da civilização, mais uma conquista da verdade, e mais um espaço na
estrada límpida do progresso, que conduz à felicidade da pátria
396
.
393
A respeito da diretoria do GLM nos primeiros cinqüenta anos cf. AGUIAR, Joel. Op. cit. 1987.
394
Valem as referências no tocante à educação caritativa e amorosa de crianças abandonadas, as iniciativas de Jean
Baptisat de La Salle (1651-1719), sacerdote francês, criador da congregação Irmãos das escolas cristãs, e a Don
Giovanni Bosco (1815-1888) religioso e educador italiano, considerado o apóstolo do amor educativo. Don Bosco
criou o Sistema Preventivo, baseado na doçura e na participação do mestre na vida do educando. João Pestallozi
(1746-1827) foi um adepto da educação pública. Seu entusiasmo obrigou governantes a se interessarem pela
educação das crianças desfavorecidas. FERNADES, Washington Luiz N. Mansão do caminho: um exemplo de
amor. Salvador: Livraria Espírita, Alvorada, 2002. CAMBI, Franco. História da Pedagogia. Tradução de Álvaro
Lorencini. São Paulo: Editora UNESP, 1999.
395
Revista Litteraria. Maroim. 3, 9 nov. 1890, p. 1.
396
Idem. p. 1.
Os editores da RL buscaram suporte teórico em intelectuais de diferentes nacionalidades.
João Pestallozi (1746-1827), pedagogo suíço, considerado ao mesmo tempo como um dos
precursores da Escola Nova, da Pedagogia Social (ou educação popular) e da Pedagogia da
Moral, foi quem mais se destacou na tentativa da educação das crianças pobres, valorizando o
modelo familiar, especialmente com relação à educação moral
397
.
A Educação intitulou o editorial número 15, cujo autor (não identificado) propôs-se a fazer
algumas inferências acerca dos sucessos da Escola Nova e da Escola Ativa. Discutia-se a nova
Pedagogia. A prática dos exercícios físicos (através das aulas de ginástica) era também
indispensável à formação moral dos alunos. A escola desenvolveu papel fundamental na
higienização dos corpos dos alunos no final do século XIX e colaborou, assim, na vida social das
populações das cidades
398
.
A Pedagogia Nova pressupunha uma educação dos corpos e das mãos, especialmente nas
crianças que se queria preparar para o trabalho
399
. Essa prática inovadora da cultura escolar
proporcionaria à criança o fortalecimento do seu caráter, predispondo-a para o bem pelo exemplo
e hábitos, estes observados nos próprios educadores
400
.
No entanto, Leonídio Porto, que fazia críticas ao poder público, desconhecia que em
Sergipe algumas decisões administrativas contemplaram o ensino profissionalizante.
Foi tambem em nome de modernizar o ensino que, em
julho de 1882, o presidente da Província, Herculano
Inglês de Souza, transformou o Atheneu em Liceu
Secundário de Sergipe e estabeleceu um curso seriado de
seis anos, no qual durante o terceiro e o quarto anos, os
estudantes cursavam a cadeira de Princípios gerais de
Física e Química aplicados à indústria e à agricultura
401
.
397
CAMBI, Franco. Op. Cit. 1999 e FERNADES, Washington Luiz N. Op. Cit. 2000.
398
VAGO, Tarcísio Mauro. Cultura escolar, cultivo de corpos: Educação Physica e gimnastica como práticas
constitutivas dos corpos de crianças no Ensino Público primário de Belo Horizonte (1906-1920). Bragança Paulista:
EDUSF, 2002.
399
Coadunava com esse pensamento o educador Leonídio Porto quando escreveu “Do Rio de Janeiro: ensino e
trabalho” na Revista de Maruim.
400
A respeito dos conceitos de cultura escolar e habitus cf. JULIA, Dominique.“A cultura escolar como
objeto histórico”. IN: Revista Brasileira de História da Educação. Campinas: Editora Autores Associados, 1,
Janeiro/Junho, 2001, pp. 9-43.
401
Nunes, Maria Thétis. apud NASCIMENTO. NASCIMENTO, Jorge Carvalho do. Memórias do aprendizado: 80
anos de ensino agrícola em Sergipe. Maceió: Edições Catavento, 2004, p. 65.
A Escola de Primeiras Letras demonstrava preocupação com a aprendizagem dos alunos,
em virtude de a escola republicana portar-se criteriosa pela organização racional do ensino, no
qual o emprego do tempo ganhou relevância. Porque o tempo da escola era também um tempo de
trabalho na trama diária que envolve professores e alunos para se atingir os ideais da então
sociedade emergente
402
.
O processo de escolarização através da instrução pública
403
estava subordinado às normas institucionais e pedagógicas,
fundamentando-se no seu propósito maior que era preparar o aluno
para as atividades que ele iria desempenhar na sociedade. A escola
transformou-se em um centro irradiador de um projeto cultural.
Essa nova proposta educacional voltou-se também para a educação das massas, o que se denominou de instrução popular, tão defendida
p.92075 0 Td(d)Tj38.46337 0 T93.90153 0 Td(o)Tj3.(o)Tj3.96155 0 Td(n)Tj3
pública modelar”
407
. Iniciaram-se, portanto, as observações práticas em sala de aula, com a
exploração das Ciências Físicas e Naturais e também das aulas de Ginástica, uma conseqüência
da utilização do currículo enciclopédico.
Os produtores da RL, envolvidos com as discussões mais recorrentes a respeito de uma
concepção intelectual para melhorar a educação
408
, procuraram difundir o Método Intuitivo a seus
leitores, através de três artigos intitulados Associação de Idéias. A escola que se renovava com a
República deveria dispor de aparelhos científicos e um museu. Logo, o desenvolvimento das
idéias era indispensável no processo da aprendizagem. Era obrigação do professor envolver os
alunos desde as primeiras letras, com os objetos que os cercavam, e fazê-los analisar as
impressões recebidas conforme a lógica e o raciocínio.
Quando se trata de história, parece natural falar-se de geographia, e vice-versa,
a proposito de um vidro, vem à conversação objetos transparentes e frágeis; a
propósito de calças, o alfaiate; do tecelão, o algodão; do linho, o agricultor; a
propósito de um pedaço de ferro, pode conversar de oficinas, de minas, de
metais e vastidões de profissões [...]
409
.
Acredita-se que essa técnica pedagógica tenha sido apropriada dos principais teóricos de
educação, a exemplo de Decroly, que fundamentou suas idéias na Psicologia e na Sociologia, nas
quais chamou a atenção dos educadores para a observação, associação e expressão. Na primeira,
devem ser feitos exercícios de observação, considerados os principais fundamentos da
aprendizagem, fazendo com que a inteligência trabalhe com a ajuda dos órgãos dos sentidos; no
segundo caso, que o conhecimento adquirido seja entendido em termos de tempo e espaço; e, por
último, a criança externa sua aprendizagem através de qualquer meio de linguagem
410
.
A Educação nomeou dois artigos e ao mesmo tempo serviu de motivação para a maioria
dos embates ideológicos. Convém destacar o colaborador Manoel Telles Nogueira Cravo (N.
407
CARVALHO, Marta Maria Chagas de. “Reformas da instrução pública”. IN: LOPES, Eliane Marta
Teixeira; FARIA FILHO, Luciano Mendes e VEIGA, Cynthia Greive. Op. cit. 2000, p. 226.
408
Segundo a Historiografia da Educação Brasileira, o ensino a partir de objetos de interesse da criança foi proposto
por Johann Friedrich Herbart e discutido e revisto por Ovide Decroly (1871-1932) e Ferrière (1879-1960). Com base
nesse princípio os centros de interesses eram utilizados para envolver toda a classe no estudo de temas específicos,
permitindo conciliar a ação individual e o desenvolvimento de um trabalho coletivo, além de indicarem a atuação da
criança como experimentadora ativa. VIDAL, Diana Gonçalves. Op. cit. 2003, p. 511
409
Revista Litteraria. Maroim. 5, 23 nov. 1890, p. 2.
410
A respeito da apropriação dessas teorias cf. CAMBI, Franco. Op. Cit. 1999.
C.), ex-chefe de redação da RL, que se afastou das suas atividades profissionais em Maruim
quando foi transferido para a cidade de Laranjeiras. Entretanto, ao participar novamente das
lides jornalísticas, ele optou por discorrer sobre a Educação Moral, por acreditar que a partir dela
se podia alcançar a justiça social. Esse era um princípio fundamental que se deveria inculcar no
educando para o cumprimento dos seus deveres na sociedade. Entretanto, Cravo acreditava ser
difícil aplicar o método com eficiência para a Educação Moral das crianças, em virtude das
complicações que se constatavam na vida prática.
Segundo a professora Shirley Puccia Laguna
411
, a Educação Moral compreendeos
ensinamentos morais, atitudes, sentimentos e condutas vinculados à orientação de uma vida
saudável, de trabalho, sem vícios e voltada para realizações úteis”. Ao discursar sobre moral e
justiça, Cravo demonstrou algum tipo de ressentimento por que as autoridades tentaram afastá-lo
do convívio do GLM e da sua Revista. Ávido pelas questões moralizadoras, escreveu que a
pátria tinha o direito de proteger o cidadão com suas leis, porque se ele não soubesse fazer
justiça, cairia por terra o seu prestígio moral.
O homem nasce na sociedade e para ella; vive no meio de homens, com quem
communica; de cuja experiência aproveita; goza dos bens da civilização, que
séculos se aperfeiçoa para si; tem direitos a exigir dos outros membros da
sociedade que não offendam sua pessoa e que respeitem sua propriedade: é
obrigação de justiça que outro tanto faça para com elles [...]. uma lei de
compensação na vida humana que em cada momento nós appelamos para sua
auctoridade: fazer e obter justiça
412
.
Cravo, na posição de um liberal, defendia os ensinamentos não apenas sob a égide do
catolicismo, mas também de uma educação religiosa (qualquer que fosse ela) para a vida do
cidadão. Ele confiava na fé como linguagem da consciência, em se tratando de uma força
superior, para manter o equilíbrio da razão, da justiça e da honestidade. Perpassa em seus textos
a linguagem das entidades secretas, provavelmente por ser membro de alguma sociedade
maçônica: “Um indivíduo sem crenças, sem esperança e sem temer a um juízo superior degrada-
se nas mais impuras asquerosidades do vício e será uma entidade destituída de honra, sem
411
LAGUNA, Shirley Puccia. Uma história dos livros de leitura da Escola Americana de São Paulo (1889-1933).
São Paulo: PUC. (Tese de Doutorado). 2003, p. 124.
412
CRAVO, Nogueira. “A Educação”. IN: Revista Litteraria. Maroim. Nº 30, 31 mai. 1891, p. 2.
critério nem prestigio”
413
. Ao enaltecer as três virtudes teológicas: fé, esperança e caridade, o
autor demorou-se na última, porque acreditava que educar era também um ato de caridade.
Precisamos da que fortalece o espírito, da esperança que nos anima nos
emprehendimentos da vida e da caridade que como alvo lenço que enxuga o
pranto do oprimido, conforta o desvallido e anima o necessitado. Há por
ventura mais sublime apotheose dos sentimentos humanos do que a applicação
da caridade? O que é a caridade senão uma das muitas manifestações do
espírito de justiça! [...]
414
.
Com relação à publicação de matérias que estavam voltados para uma proposta curricular
ou mesmo de leituras educativas, convém registrar o livro História de Sergipe, de Felisbelo
Freire, oferecido à redação da RL. Ainda no contexto das disciplinas escolares, foi identificado
um conjunto de textos que se intitulou: Discurso sobre a História da Literatura Brasileira.
O exame desse último artigo permitiu entrever os reclamos do seu autor acerca da
ausência de trabalhos sobre essa temática. Segundo ele, a Literatura de um povo é o que este tem
de mais sublime. Quem publicou esses escritos afirmou que até aquele momento nenhum
brasileiro abordou esse assunto.
Na sua opinião, era inconcebível a maneira como aconteceu a colonização brasileira, em
virtude do massacre dos índios, que foram tratados a ferro e fogo como animais selvagens, a fim
de se impor à cultura lusa. Ele defendeu uma literatura própria e não enxertada, porque esta
última trata dos costumes estranhos em detrimento dos conhecimentos específicos de cada
nacionalidade. Lembrou a Grécia, que tem uma literatura fundamentada em suas crenças, sua
moral e seus costumes. Entretanto, “em algum caso, as literaturas se mesclam tão bem que é
impossível separá-las [...]. Vemos na literatura romântica da Hespanha, uma mistura de idéias
cavalheirescas e arábicas, resto da antiga civilização dos árabes”
415
.
Ao se reportar ao citado período, ele defendeu a identidade cultural brasileira, já que
“Portugal com esse systema opressor curava de tentar enfraquecer sua immensa colônia,
porque conhecia sua própria fraqueza e ignorava seus interesses”
416
. Em suas observações,
413
CRAVO, Nogueira. Op. Cit. p. 1.
414
Idem. p. 2.
415
Revista Litteraria. Maroim. 11, 4 jan. 1891, p. 3.
416
Revista Litteraria. Maroim. 15, 1 fev. 1891, p. 2.
acreditava o autor que os portugueses temiam o crescimento intelectual dos brasileiros. Lembrou
ainda o período da escravidão, em que uma grande quantidade de pessoas vegetava distante da
civilização.
Triste é sem dúvida a recordação dessa época, em que o brasileiro, como
lançado em terras estrangeiras, vivia desconfiado do seu próprio paíz [...]
envergonhava-se de ser brasileiro e muitas vezes com o nome de portuguez se
acobertava para ao menos parecer um ente da espécie humana
417
.
Observou-se ainda que os resquícios da escravidão e a falta de uma apurada educação
impediram o desenvolvimento da indústria e das artes e, conseqüentemente, do engrandecimento
do país.
Em que pese a existência de 26 artigos que trataram de assuntos relacionados à educação
(cf. Quadro 9), é na segunda fase que a RL apresentou uma discussão educacional mais
consistente. O modelo pedagógico que se pretendia adotar previa alteração na estrutura curricular
do curso primário com a inclusão da disciplina Trabalhos Manuais. Foi com esse propósito que
um dos mais efetivos colaboradores, Leonídio Augusto de Souza Porto
418
, discorreu acerca das
vantagens do Ensino Profissional ainda na tenra infância.
Porto publicou nove artigos denominados: Do Rio de Janeiro: ensino e trabalho,
defendendo um ensino primário público inspirado no Modelo Educacional Americano
419
.
indícios de que essas idéias que Porto difundiu em Sergipe, com o propósito de conciliar o ensino
ao trabalho, foram copiadas também do Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro
420
. Quando ele
enviou esses textos para a RL, exercia o cargo de secretário dessa instituição
421
, considerada a
primeira escola de ensino profissionalizante do Brasil. Para esse educador, não bastava apenas
instalar bibliotecas, ou mesmo fundar um periódico, para se propagar a nova face da escola
417
Idem. p. 2.
418
É importante observar a dedicação desse colaborador pelas questões educacionais. Após abandonar a vida
eclesiástica, dedicou-se ao magistério. Inicialmente fundou um colégio em Brotas no Estado da Bahia. Mais tarde, no
Rio de Janeiro, foi secretário do Lyceu de Artes e Ofícios, cargo este que muito influenciaria a sua escrita com o
intuito de difundir as propostas educacionais vigentes. Cf. GUARANÁ, Armindo. Op. Cit. 1925, p. 197.
419
Segundo Leonídio Porto, a escola pública americana era concebida para atender exclusivamente aos pobres.
420
O Liceu de Artes e Ofícios da cidade do Rio de Janeiro, foi criado por Decreto do Ministro Couto Ferraz,
em 1856. NUNES, Maria Thétis. Op. Cit, 1984, p. 96.
421
GUARANÁ. Armindo. Op. Cit. 1925, p. 197.
naquele período; seria preciso também levar aos educandos lições que os auxiliassem no seu dia-
a-dia.
Na sua opinião, era melhor tratar dos processos práticos da vida e não das coisas
efêmeras, a exemplo da política
422
. Em seu desencantamento com os administradores públicos,
escreveu: “ser grande pela independência do saber e pela soberania do trabalho, única realeza
divina, n’este mundo deve ser a mais ditosa aspiração do homem”
423
. Influenciado pelas
representações da nacionalidade, ele defendia que instruir o povo era engrandecer a pátria.
Utilizando-se da linguagem maçônica, Porto acreditava que os intelectuais e escritores talentosos
constituíam-se em “obreiros intrépidos” do progresso porque tratavam o ensino com real
proveito. Contudo, não concordava com algumas mudanças na educação, a exemplo dos prédios
monumentais (para instalar os grupos escolares) que para ele nada traziam de proveitoso para os
alunos:
os representantes do poder público, que mais de perto devião interessar-se pela
educação intellectual do povo, tornando-a methodica, util e exeqüível,
embaração-na ao contrario, e em vez de um templo affectuoso, de um recinto de
luz, onde se ame o estudo e se aprenda o trabalho prático e utilitário, constroem
uma babylonia com um acervo de regulamentos e reformas inchoerentes,
impraticáveis que mais facilitão a ignorância e o pedantismo [...]
424
.
Em Ensino e Trabalho (II), Porto esclareceu aos leitores a diferença entre educação e
instrução. Esta se volta para o desenvolvimento intelectual do homem, e a primeira se encarrega
da formação do caráter e aperfeiçoamento das qualidades morais, cabendo essa responsabilidade
à família, principalmente à mãe e não aos preceptores. Ao se apropriar do pensamento do filósofo
alemão Immanuel Kant
425
, escreveu que educação é o desenvolvimento de toda perfeição de que
é suscetível o indivíduo. A esse propósito lembrou a Grécia onde Aristóteles e Platão fundaram a
educação em respeito aos deuses, às leis e à autoridade paterna.
422
Mesmo esse colaborador afirmando não estar inclinado a comentar sobre esse assunto, escreveu diversos artigos,
dentre eles Sem Política e Pro Pátria Laboremus.
423
PORTO, Leonídio. “Do Rio de Janeiro: ensino e trabalho (I)”. IN: Revista Litteraria. Maroim. 20. 8 mar.
1891, p. 1.
424
As “Babilônias” às quais Porto se referiu eram os grupos escolares que começavam a proliferar nas
cidades mais desenvolvidas no período. A respeito da arquitetura escolar republicana cf. PINHEIRO, Antônio
Carlos. Da era das cadeiras isoladas à era dos grupos escolares. Campinas: Autores Associados, 2003.
425
Kant, Immanuel apud PORTO. PORTO, Leonídio. “Do Rio de Janeiro: ensino e trabalho (II)”. IN: Revista
Litteraria. Maroim. Nº 22. 22 mar. 1891, p. 3.
Com base nesse princípio, ele sublinhou que “não era possível conceber a escola sem
Deus, sem a proteção benéfica do Estado, nem a força da vigilância eficaz e enérgica da
família”
426
. Defendia ainda que o ensino deveria ser obrigatório e submetido à avaliação do
Estado para melhor orientar a população. “Porque, a civilização de um povo, a prosperidade de
um paiz, o florescimento das letras e da indústria, a abnegação cívica, o patriotismo até o
sacrifício, a probidade e o caráter, tudo que exalta e nobilita é o produto lógico d’aquela tríplice
base educativa religião, Estado e família”
427
.
Portanto, por mais livre que fosse o pedagogo ou o mestre-escola, a educação não sofria
modificações, o que justifica a grandeza dos gregos perante os povos. “Nas suas escolas públicas
conciliava-se a divindade com a pátria, e ao lado do livro da ciência tinha a juventude hellenica
os exemplos de virtude [...]”
428
. Evidenciando essas práticas em busca de uma cultura escolar
benéfica, o autor ilustrou seu texto lembrando que o exemplo da Antiguidade foi seguido pelos
americanos do norte e por outros países civilizados. Ele lamentou que o Brasil não se incluísse
nesse contexto.
A profissionalização das crianças foi discutida em Sergipe, mais precisamente em torno
das ações educacionais do GLM. Leonídio Porto defendia, como complemento da formação
intelectual, a inclusão da disciplina Trabalhos Manuais ainda no ensino primário.
Não basta educar a infância habilitando-a a escrever o nome; é preciso preparar-
lhe o coração, prevenir-lhe o futuro, de conformidade com as suas aspirações;
collocar ao do livro os symbolos do trabalho; e no dia em que a escola for o
templo da sciencia e a officina do operário, o nosso futuro, que é o futuro da
pátria, está garantido
429
.
No artigo Ensino e Trabalho (III), esse autor sugeriu que a instrução pública devesse ser
administrada por um sistema liberal. Por isso, urgiam providências em virtude da sua
compatibilidade com os diversos ramos de ensino profissional em favor da nação. Ele citou
Casimiro Ladreyt, que foi premiado na França em 1882, por defender que a “educação nacional
deve ter por fim generalizar a instrução, mas também diffundil-a em todos os seus graus da
426
PORTO, Leonidio. “Do Rio de Janeiro: ensino e trabalho (I)” . IN: Revista Litteraria. Maroim. 20, 8 mar.
1891, pp. 1-2.
427
Idem. p. 3
428
Ibidem. p. 4.
429
PORTO, Leonidio. .“Do Rio de Janeiro: ensino e trabalho (II)”. IN: Revista Litteraria. Maroim. 22. 22 mar.
1891, p. 3.
maneira mais útil e proveitosa”
430
. Para que esse método de ensino se tornasse prático e não
utópico, seria necessário que o governo federal tomasse algumas providências nos seus
programas concernentes à instrução popular:
a obrigatoriedade positiva do ensino, de cujas vantagens occupar-me-ei
opportunamente; os exercícios destinados ao desenvolvimento physico do
alunno, como a gymnastica, a natação, a patinação, etc; . os elementos das
artes liberais mais próprias da juventude, quaes sejam: o desenho, a música, a
pintura, o desenho de machinas e outros tantos rudimentos de profissões de cujo
preliminar conhecimento dependerá, talvez a sobrevivência de muitos, que a
franqueza, a desgraça lançaram no caminho do infortúnio
431
.
Vale salientar que, no âmbito da formação profissional, a educação artística alçou o
primeiro vôo com a “criação da cadeira de Música, em 1818, e da Academia de Desenho e
Pintura precedida da chegada da Missão Artística Francesa Le Breton, em 1816, e que tanta
influência traria à nossa evolução artística”
432
. Constatou-se que o Desenho sempre teve a sua
aceitabilidade reconhecida. Havia um grupo que defendia a sua aplicação mesmo antes do Ensino
Primário, enquanto outros defendiam a experiência pari-passu. Diante da proposta de Porto, era
necessário motivar os alunos para os conhecimentos técnicos com vistas a uma
profissionalização que devia começar na infância. Inicialmente, havia a preocupação com a
caligrafia, visto que “aprendendo simultaneamente com o ABC..., a traçar retas e curvas, a formar
um polígono, uma linha transversal, etc., o menino consegue, à força de hábito, quanto menos a
firmeza da mão, necessária a beleza da escrita”
433
. Não estava Porto se referindo a um habitus
que se queria implantar com o novo modelo escolar?
Ao tratar dessa temática, ele deixava seus conterrâneos atualizados com o que havia de
mais moderno no país, na área educacional. As aulas de Desenho eram consideradas de grande
proveito para os educandos.
Aqui no Rio de Janeiro este méthodo de ensino tem dado os melhores
resultados, e collegios conheço onde os alumnos levam o gosto pelo desenho,
ao ponto de delinearem mimosos palácios, recortarem a madeira e o papelão
com tanta graça e perícia que duvida se ter tudo isso obra de creanças
434
.
430
Ladreyt, Casimiro apud PORTO. PORTO, Leonidio.
“Do Rio de Janeiro: ensino e trabalho (III).” IN: Revista
Litteraria. Maroim. Nº 24, 15 abr. 1891, p. 3.
431
PORTO, Leonidio. “Do Rio de Janeiro: ensino e trabalho (III)”. IN:
Revista Litteraria
. Maroim. Nº 24, 15 abr. 1891, pp. 2-3.
432
NUNES, Maria Thetis. Op. Cit 1984, p. 33.
433
PORTO, Leonidio. “Do Rio de Janeiro: ensino e trabalho (III)”. IN: Revista Litteraria. Maroim. 24, 15 abr.
1891, p. 3.
434
PORTO, Leonídio. Op. Cit, p. 3.
Com a análise de Ensino e Trabalho (IV), ficou evidenciada a importância de outras
disciplinas, além da inclusão do Desenho, no plano geral da instrução pública primária. Estava
nos planos dos reformadores republicanos o ensino da musica vocal e o canto. A preocupação de
Leonídio Porto não era apenas levar-se o aluno a seguir a carreira artística utilizando-se das
qualidades vocais, mas, sobretudo, para o aproveitamento da correta utilização da voz na
Pedagogia, porque a leitura era uma das práticas que refletia o cotidiano escolar da época.
Em defesa do ensino de Música na escola pública, ele mostrou a necessidade de se ter
harmonia em algumas práticas da cultura escolar, a exemplo dos recitais e lições de tabuada. “As
taboadas cantadas em dias de grossa sabatina, nos meus tempos de menino tinham menos
monotonia e menos aspereza”
435
. Ao justificar sua proposta pedagógica, ele recorre a Molinari
para dar suporte teórico às suas convicções: “é um erro, erro imperdoável, querer-se considerar a
música como luxo dispensável ao ensino; tão intimamente está ella ligada à instrução que
contribui para o seu aperfeiçoamento; necessidade indeclinável, é sua parte integrante”
436
.
Considerando a instrução como símbolo do progresso, Porto, em Ensino e Trabalho (V),
apostava mais ainda na proficiência do magistério. Com isso, esse autor propôs introduzir no
ensino primário noções e elementos indispensáveis às artes mecânicas e liberais. Contudo,
enfrentou alguns opositores, pelo receio de se causar danos às crianças com o manuseio de
objetos cortantes, principalmente se levando em consideração a idade que se pretendia alcançar
(no ensino primário). Em se tratando de uma Pedagogia que preparasse simultaneamente o aluno
para o ensino e para o trabalho, foram lembrados alguns países que adotavam essa metodologia:
Prússia, Alemanha, França e Estados Unidos onde a instrução não exclui a aprendizagem das
profissões locais
437
.
Para convencer as autoridades governamentais, Porto recorreu à Emile Joneaux
438
, em seu
livro América Contemporânea, e apresentou aos leitores da RL o currículo que se adotava na
época em nações mais desenvolvidas. A proposta curricular, que ele chamou de “admirável
pedagogia”, contemplava noções de artes. Por isso, defendia que fosse adotada também em
Sergipe, porque lá
435
PORTO, Leonidio. “Do Rio de Janeiro: ensino e trabalho (IV)”. IN: Revista Litteraria. Maroim. 25, 22 abr.
1891, p. 5.
436
Molinari, apud PORTO. PORTO, Leonídio. “Do Rio de Janeiro: ensino e trabalho (IV)”. IN: Revista Litteraria.
Maroim. Nº 25, 22 abr. 1891, p. 5.
437
PORTO, Leonídio. Op. Cit,. P. 6.
438
Joneaux, Emile apud PORTO. PORTO, Leonidio. “Do Rio de Janeiro: ensino e trabalho (V)”. IN: Revista
Litteraria. Maroim. Nº 27, 10 mai. 1891, p. 4.
a criança entra na escola primaria, ali aprende a ler, escrever, contar; ahi recebe
algumas lições de canto, e noções das artes indispensáveis à vida. Depois entra
na aula de gramática, onde lhe ensinam ortogaphia, arithimetica, desenho,
physica, geographia e historia pátria
439
.
Logo,
no novo currículo, surgiram as disciplinas que faziam parte das Ciências Exatas, a
exemplo da Física, que começava a ser introduzida para auxiliar nas Lições de Coisas.
Pela
relevância desse método, escreveu Porto que o professor precisava ter consciência do valor da sua
missão educativa e civilizadora. Em seu propósito de colocar lado a lado a inteligência e o
trabalho, ele buscou respaldo em modelos estrangeiros e listou nomes de pessoas de origem
simples nos Estados Unidos, que se destacaram ao assumir altas posições na sociedade:
“Benjamin Franklin, aprendiz de tipographo; Abraão Lincoln, simples rachador de lenha;
Johnson, alfaiate; Wade, serrador; Grant, o celebre Grant, caixeiro de corrieiro, que são exemplos
de uma democracia pura [...]”
440
. Por isso, o colaborador sergipano apresentava-se céptico porque
a escola dos seus sonhos estava longe de acontecer no Brasil.
Ao demonstrar insaties r
A instrução das novas gerações, que são as primícias do porvir, sem guardar
considerações estultas de classes, privilégios de estirpe, fidalguias de brasões
abastados pela nulidade intelectual, mais ampla e generosa, como a luz
benéfica do dia, como o orvalho fecundo das alvoradas, que tudo abrange
lyrios, cardos tem sido a preocupação constante dos mais eminentes
espíritos, de todos os estadistas e governos
443
.
Porto era inconformado também com a hierarquia social do Brasil, calcada no privilégio
do berço e dos títulos conquistados a preços altíssimos, aliados às honrarias nobiliárquicas, que
somente privilegiavam as pessoas mais afortunadas. “É justo que o filho do povo, o pária
desventurado de ontem, ocupe pela inteligencia e pelo trabalho honesto o mesmo lugar que os
príncipes de sangue”
444
. Para ele, com a unificação do ensino e do trabalho seria possível se
alcançar a prosperidade de tudo e de todos. Convicto dos seus propósitos, ele pedia pressa para
se valorizar todas as profissões, principalmente as mais populares:
é necessário si quisermos ser grandes, divorciar essas distancias odiosas. A
mão callosa do operário, o buril do artista, a blusa suada do cavoqueiro, do
typographo, do profissional, enfim, qualquer que seja o seu gênero de honrada
subsistência, devem querer à todos, profundo amor e súbito culto. São os
obreiros do progresso! Descobri-vos! A democracia laboriosa, diz Eugène
Rendu, é a salvação do futuro
445
!
Portanto, um dos seus intentos era moldar o ensino em uma maior abrangência de
conhecimentos úteis, para se obter o equilíbrio entre as disciplinas que exigiam o comando da
inteligência e as noções imprescindíveis ao trabalho manual. Porto discutiu as vantagens da
Escola Normal do Rio de Janeiro
446
, com pedagogos competentes, em seu quadro, os quais
possibilitavam elevar o nível dos educandos e preparar os futuros mestres. Contudo, lamentou
que a política fosse o grande obstáculo.
443
PORTO, Leonidio. Op. Cit, pp. 1-2.
444
Idem. p.1.
445
Ibidem. P. 2.
446
Leonídio Porto não fez qualquer referência a essa instituição que preparava professoras para o magistério. A
Escola Normal do Rio de Janeiro foi instalada em 1835, na cidade de Niterói. Cf. FREITAS, Annamaria Gonçalves
Bueno de. Op. Cit 2003.
Infelizmente a política, como, o gênio do mal, tudo aniquila, quando não
perverte, frustra prematuramente as melhores intenções, inutilizando hábeis
trabalhadores, talentos dedicados e cheios de fé. Os planos concebidos são
considerados inexeqüíveis pelos sucessores na direção daquele estabelecimento,
e fazem alardeada propria superioridade, convertida depois em uma serie de
projetos ocos sem outro interesse, que o da elegante forma de palavras, que
enchem os relatórios
447
.
A maior preocupação dos reformadores educacionais era conscientizar as pessoas que
estavam mais diretamente engajadas, a exemplo dos professores, que foram convocados para
orientar a inteligência dos educandos, para formar cidadãos e não apenas eleitores, porque a
escola
448
era capaz de profundas transformações na sociedade.
Na tentativa por um magistério prático, em Ensino e Trabalho (VII) esse colaborador
reconheceu que o Brasil não estava preparado para essas mudanças. Por isso, ele buscava
exemplos do estrangeiro na sua proposta por uma instrução sólida. Seguro de suas convicções,
escreveu: “as vantagens de conciliar os conhecimentos úteis às disciplinas que dominam a
inteligência, às noções necessárias e imprescindíveis do trabalho manual, regenerariam de facto a
educação brasileira”
449
.
Ele queria que os jovens entrassem cedo no mercado de trabalho. Seu projeto visava
atender aos filhos da classe menos abastada, porque a elite teria outros planos para seus filhos e
os encaminharia para as academias de Direito ou de Medicina, na perspectiva de que eles
ocupassem os cargos de maior relevo na sociedade. indícios de que o plano educacional que
Porto queria implantar em Sergipe havia sido testado no Brasil quando o Imperador construiu
um projeto similar na sua Quinta, no bairro de São Cristóvão no Rio de Janeiro: “é grato ver-se o
resultado lisongeiro d’aquellas creanças, enriquecendo-se pela intelligencia e pelo trabalho de
onde saíram jovens e preparados para a vida”
450
.
Porto desconhecia que em Sergipe, desde 1890, os administradores públicos priorizavam
o ensino agrícola, enquanto a formação técnica não fosse incluída na estrutura curricular.
447
PORTO, Leonidio. “Do Rio de Janeiro: ensino e trabalho (VII)”. IN: Revista Litteraria. Maroim. Nº 30, 31 mai.
1891, p. 4.
448
CARVALHO, Marta Maria Chagas de. “Reformas da instrução pública”. IN: LOPES, Eliane Marta.
Teixeira; FARIA FILHO, Luciano Mendes e VEIGA, Cynthia Greive. Op. Cit. 2000, pp. 225-251.
449
PORTO, Leonidio. “Do Rio de Janeiro: ensino e trabalho (VII)”. IN: Revista Litteraria. Maroim. Nº 30, 31 mai.
1891, p. 4..
450
PORTO, Leonídio. Op. Cit, P. 4.
O regulamento da reforma do ensino promovida pelo governo republicano do
Estado de Sergipe, Felisbelo Freire, em março de 1890, estabelecia em seu
artigo sétimo, que enquanto não fosse instituído no estado o ensino técnico-
profissional, os alunos seriam exercitados na prática de agricultura e
arboricultura, ensinando-se além disso, aos do sexo masculino sob a orientação
dos mestres locais, o emprego dos instrumentos mecânicos de uso em geral
451
.
Vale lembrar que o sistema de assistência ao menor inicialmente recebeu o apoio da Igreja
Católica. Mais tarde foi substituído por um modelo que permitia transmitir valores, hábitos e
condutas sociais aos menores, dando-lhes a oportunidade de aprender um ofício e viver
dignamente na sociedade. Entretanto, afora a Escola de Aprendizes do Rio de Janeiro, na maioria
das cidades brasileiras, foi nas “primeiras décadas do século XX que surgiram as Casas dos
Educando Artífices, Institutos Profissionais e as Escolas de Aprendizes e Artífices”
452
. Nessas
instituições, cuidava-se primeiramente da regeneração da criança e, em segunda instância, da sua
formação profissional, porque a pobreza era vista como um empecilho à modernização do país
453
.
Convém frisar que, com relação ao ensino agrícola, os planos de Felisbello Freire seriam
consolidados em 1924, quando o presidente do Estado, Maurício Graccho Cardoso, instalou o
Patronato Agrícola de Sergipe.
No penúltimo artigo, Ensino e Trabalho (VIII), Porto se inspirou em métodos
estrangeiros, pela urgência por uma reforma no ensino primário e adoção de uma nova
programação para despertar no educando brasileiro o gosto pelas artes.
Já nas escolas municipais em Paris,
desde 1873 introduzio-se o ensino do trabalho manual, sendo depois levado
como elemento necessário a muitas outras dos departamentos. Meninos de 6 a
14 anos trabalhão de 2 a 19 horas por semana em cursos práticos de modelação
e esculptura, obras de torneiro serralheiro, tendo também um curso theorico, de
Geometria, Desenho-linear e Desenho imitativo
454
.
451
NASICIMENTO, Jorge Carvalho do. Op. Cit. 2004, p. 66.
452
NERY, Marco Arlindo Amorim Melo. A regeneração da infância pobre sergipana no início do século XX: o
Patronato Agrícola de Sergipe e suas práticas educativas. Universidade Federal de Sergipe. São Cristóvão: UFS,
2006. (Dissertação de Mestrado).
453
Oliveira, Milton Ramos Pires apud NERY. NERY, Marco Arlindo Amorim Melo. Op. Cit. p. 3.
454
PORTO, Leonidio. “Do Rio de Janeiro: ensino e trabalho (VIII)”. IN: Revista Litteraria. Maroim. Nº 32, 14 jun.
1891, pp 1-2.
Esse defensor das artes e dos ofícios queria que o livro e as ferramentas dos artesãos
estivessem lado a lado para o progresso individual e da nação. Referiu-se à Inglaterra, que se deu
por vencida em 1851, quando da exposição de seus produtos em concorrência universal. Foi
nesse mesmo período que ficou constatada a deficiência do seu ensino primário e, de imediato,
foram tomadas medidas urgentes para corrigir os possíveis enganos.
Raça inteligente laboriosa de gênio fecundo e empheendedor, para quem
jamais houve óbice no caminho da prosperidade, poz mãos á obra começando
pelas escolas em cuja reforma ficou logo comprehendido o ensino obrigatorio
do desenho e elementos das artes liberaes
455
.
Como exemplo de um estabelecimento que adotou o novo modelo educacional, com
sucesso, ele citou a “escola de Westminster, considerada na opinião de Laboulaye uma
celebridade pedagógica”
456
. Isso serviu para que o autor dessa série de nove artigos encontrasse
mais ainda subsídios para fundamentar seu discurso em prol de uma educação para a vida. A sua
proposta era alcançar os dirigentes do país e de Sergipe, para que eles refletissem acerca das
vantagens de uma “Pedagogia Moderna”. Lamentou também que os brasileiros, por uma questão
de orgulho, não desejassem ver as mãos delicadas dos seus filhos segurando algum tipo de
ferramenta. Contudo, “era preciso aliar o livro ao malho, porque muitos moços após receberem
seus diplomas lamentavam por não saber um ofício”
457
.
Leonídio Porto fundamentou-se na metodologia americana, e desejava que esta fosse
adotada no Brasil. Naquela oportunidade lembrou o Art. 22 da Declaração dos Direitos do
Homem, que preceitua: “a instrução é a necessidade de todos; a sociedade deve favorecer quanto
possível os progressos da razão pública, pondo a instrução ao alcance de todos”
458
.
Diante da realidade dos países civilizados, esse colaborador “culpou os legisladores
brasileiros que, ávidos de glória, esqueceram o dever principal de representantes do povo”
459
.
Portanto, percebe-se que havia divergências ideológicas entre os produtores da RL e o grupo
situacionista da política brasileira.
455
PORTO, Leonídio. Op. Cit., p. 2.
456
Idem. p. 1.
457
Ibidem. p. 2.
458
“Artigo 22, da Declaração dos Direitos do Homem” . IN: Revista Litteraria.Maroim. Nº 34, 7 jul. 1891, p. 2.
459
Porto, Leonídio. “Do Rio de Janeiro: ensino e trabalho (IX)”. IN: Revista Litteraria. Maroim. Nº 34, 7 jul. 1891,
p. 2.
Ao se reportar ao Modelo de Ensino Americano, enfatizou as razões por que as escolas
dos Estados Unidos tinham um perfil especial:
o
nivelamento intelectual das classes, que o
acaso, colocou nos degraus ínfimos da sociedade, é uma questão seria, e que, tem merecido do
governo americano a mais refletida atenção”
460
.
Na sua última participação na Revista, o citado autor ratificou o valor do modelo da
instrução pública da América do Norte, acreditando que o Brasil estava longe dessa realidade
porque, naquele país, o ensino público é exclusivo para os pobres, e o seu programa não se
limitou aos conhecimentos elementares, tem uma esphera mais ampla e que faz jus às exigências
do povo”
461
. Para levar a instrução a todos como ditavam os estatutos do GLM, ele tomou como
diapasão os governantes daquele país .
Levando-se em consideração as deficiências de colaboradores na área intelectual e
jornalística, a RL discorreu acerca das vantagens da escola que se renovava com o nascer da
República. Leonídio Porto, embora não concordasse com a projeção intelectual da mulher, fez
perceptível esforço para cumprir os objetivos do GLM e da RL. Em que pese as discussões
generalizadas sobre a educação, foi esse colaborador quem discorreu de forma mais consistente
acerca de um novo modelo educacional que se queria implantar em Sergipe.
Quadro IX – Dispositivos discursivos para análise da Proposta Pedagógica da
REVISTA LITTERÁRIA
DESCRIÇÃO TÍTULOS AUTORIA QUANTIDADE
Lições
Moralizadoras
Caixas Econômicas Escolares (I e
II)
A Educação (I e II)
Não Identificado
Nogueira Cravo
4
Lições de Conteúdo
Discurso sobre a História da
Literatura Brasileira (I, II,III, IV,
V)
Não Identificado
5
Educação da
Mulher
Educação da Mulher
A mulher na Indústria
Emancipação Scientífica da Mulher
Emancipação Scientífica da Mulher
Não Identificado
Leonidio Porto
Anna de Oliveira
Anna de Oliveira
4
460
PORTO, Leonídio. Op. Cit, p. 3.
461
Idem. P. 3.
(Conclusão)
Educação Geral Instrução Popular Não Identificado 1
Método Intuitivo Associação de Idéia ddder e
Em se tratando da proposta pedagógica da RL, infere-se que Leonídio Porto, embasado
em concepções pedagógicas americanas, pretendia trazer para Sergipe uma educação caritativa
para salvar a infância desvalida e que vivia à margem da sociedade. Assim, na qualidade de um
educador liberal, desnudado das vestes clericais, fez valer suas convicções ideológicas. Ele
defendia uma educação fundamentada na solidariedade e nos princípios morais. Apresentou-se
preocupado com a formação espiritual e profissional do educando e conclamou aos dirigentes da
nação que pensassem mais no futuro da pátria através das vantagens da Pedagogia Moderna.
Considerações Finais
Este estudo teve como objetivo geral, através da análise das representações simbólicas
contidas nos recursos textuais e tipográficos da RL, conhecer o perfil dos autores/leitores
,
o
projeto educacional do Gabinete de Leitura de Maruim e a proposta pedagógica desse periódico.
As observações fundamentaram-se na busca das razões acerca do período de circulação da
Revista que foram gradativamente desveladas ao longo da pesquisa.
São emblemáticas as figuras do Comendador João Rodrigues da Cruz, do seu irmão, o
médico e político Thomaz Rodrigues da Cruz, e do Cônsul alemão Otto Schramm, sócios
fundadores e componentes da primeira diretoria da Sociedade Literária, inaugurada em 19 de
agosto de 1877, que recebeu o nome de Gabinete de Leitura de Maroim.
Esses cidadãos, e demais integrantes desse círculo social, procuraram copiar as práticas
culturais mais evidenciadas das cidades onde viveram, a fim de se estabelecerem na qualidade de
intelectuais e assim serem considerados no âmbito cultural. Tais comportamentos permitiram-
lhes implementar um projeto educacional, e com isso Maruim ganhou alguns hábitos de
civilidade.
No Brasil, com o advento da tipografia no início dos Oitocentos
462
, as bibliotecas
ganharam maior número de obras literárias e filosóficas, de estudos lingüísticos, narrativas de
viagens, publicações que consagraram as reformas educacionais, dentre outros. Pensando em
propagar o GLM, incentivar a instrução e o culto às letras, os seus diretores fundaram a Revista
Literária. Eles tinham consciência do papel da imprensa, por esta permitir a circulação do
conhecimento
463
e o acesso a temáticas de vanguarda nos centros mais desenvolvidos.
O final do século XIX foi relevante para a História da Educação Brasileira, pois
despertou o interesse de diversos estudiosos do assunto. A RL insere-se nesse contexto. É o
que se pôde constatar através dos textos das seções mais relevantes para as análises aqui
empreendidas: instrução popular, poesia; política; folhetim; República; reformas
462
ARAÚJO, Jorge de Souza. Perfil do leitor colonial. Salvador: UFBA, Ilhéus: UESC, 1999.
463
BURKE, Peter. Uma história social do conhecimento: de Gutenberg a Diderot. Rio de Janeiro: Zahar., 20003.
educacionais; Método Intuitivo; ensino e trabalho; Educação Física, Moral e Intelectual;
educação da mulher; cientificismo, dentre outros.
O título da Revista demonstra a sua vinculação com o GLM. A inexistência de
informação acerca de suas práticas culturais não permitiu conhecer as principais discussões
em torno do seu projeto educacional. Não foram apresentadas ao público as atas das
reuniões, os relatórios das comissões e da diretoria, assim como não foram reveladas as
preferências dos seus leitores. Com relação ao acervo da biblioteca, o grupo que estava
envolvido com a RL publicou somente os títulos dos livros que constam em duas doações.
Portanto, a Revista constitui-se em lugar de memória, sobretudo para preservar os ideais
dos seus colaboradores mais assíduos. Esse periódico traduz em seus projetos gráfico e textual o
pioneirismo da imprensa de Maruim com esse tipo de publicação, que, mesmo sujeita às sanções
das autoridades governamentais, circulou pelas principais cidades do país.
Foi impossível quantificar a tiragem semanal da RL. Entretanto, a estratégia da permuta
permitiu rastrear as setenta e cinco cidades por onde circulou a revista maruinense. Ela esteve
mais condensada no Rio de Janeiro. No entanto, visitou não a maioria das capitais brasileiras,
como também alguns dos seus municípios: Santo Amaro/Ba; Santos/SP; Laguna/SC;
Mamanguape/PB; Ouro Preto/MG; Iguape/SP; Vitória/PE; Uruguaiana/RS; Sobral/CE; Pilar/AL;
Estância/SE, dentre outros. Conhecendo-se a rota da Revista de Maruim, localizou-se onde se
encontravam os seus leitores
464
.
Não se percebeu a presença do povo no cotidiano do Gabinete, exceção feita às
festividades em comemoração do primeiro aniversário da República. Havia um certo rigor na
seleção dos postulantes a sócios do GLM, cujo acesso dependia mais do “capital social” e do
“capital econômico”, e nem sempre do “capital cultural”. As fronteiras entre os sócios dessa SL e
o público em geral não foram pequenas, logo, conclui-se que ultrapassar os seus muros era uma
tarefa desafiadora.
Os signos tipográficos e as mudanças na composição das páginas da Revista,
principalmente na segunda fase, com o aparecimento do sumário e das seções mais freqüentes
com títulos e subtítulos que se sobressaem do corpo do texto, remetem a uma preocupação dos
seus editores com a apropriação de diferentes competências de leitores. As ilustrações (clichês)
464
Através do percurso da RL pôde-se conhecer fragmentos do mapa cultural brasileiro. A respeito das relações
conectivas da cultura e da leitura (no século XIX), cf.
ARAÚJO, Jorge de Souza. Op. Cit 1999.
traduzem as representações e os propósitos dos editores em fazer deferências à leitura, às lições
moralizadoras (figuras polimórficas), aos preceitos maçônicos (molduras tipo corrente), aos
princípios religiosos (querubins).
A RL apresentou-se também ao público na condição de vitrine do Gabinete. A coluna
Quadro de Honra publicou vinte e seis nomes dos cios-fundadores e/ou beneméritos
(Domingos J. de Macedo, Senador Dr. T. Cruz, Arthur J. de Macedo, Eduardo R. da Cruz, F. Otto
Shramm, G. Vieira M. Prado, J. Rodrigues da Cruz, Dr. Arthur Stherrey, Barão de Aracaju [José
Inácio Accioly da Prado], J. Godofredo Schramm, Leopoldino J. de Souza, Lourenço P.
Monteiro, Manoel T. N. Cravo, Horacio Martins, Albino Lopes Macedo, Roberto Brawn, José
Quintiliano da Fonseca, Manoel Ramos Maia, Satyro de Souza Telles, Dr. A. Joaquim Souza
Britto, Francisco Lucino do Prado, Dionizio B. de Manezes, Claudionor M. S. Lima, José ª S.
Ribeiro sobrinho, José Francisco Cardoso, Ten. Cel. João Machado L. Sampaio) isolados dos
textos por uma moldura tipo corrente, revestidos de suas representações de acordo com os
respectivos cargos no Gabinete e em diferentes esferas da administração pública.
Constatou-se que a manutenção da Revista, em especial na primeira fase, deveu-se ao
empenho dos diretores do GLM, os quais exerciam atividades diversificadas em Sergipe e na
região: negociantes, médicos, farmacêuticos, literatos, trapicheiros, tipógrafos, políticos, juristas,
poetas, dentre outros. Grande parte deles anunciou seus produtos e serviços na Revista. Algumas
autoridades que obedeciam à ala situacionista e aos dogmas da Igreja Católica estiveram
afastadas do GLM desde a sua fundação até a circulação do seu periódico.
Os intelectuais do Gabinete pretendiam ser imparciais, imunes aos interesses particulares
e às questões partidárias. No entanto, a RL caracterizou-se como político-liberal, informativa,
literária, educativa e, sobretudo, circulou com a função de porta-voz dos interesses dos seus
mantenedores.
Nos recursos discursivos da RL, evidenciou-se o processo de construd(z)Tj5.16207 0 Td(e)Tj(e)Tj5.Tj3.84154 0 Td(e)Tj5.16207 0 Td6 0 Td(i)Tj3.2413 0 Td(n)Tj5.88233 7 Td(r)Tj3.84154 0 Td(u)Tjqc1413 0 Td(s)Tj4.5610 Td(n)Tj5.88236i63.90157 0 Td(t)Tj3.30133 0 Td(a)Tj5.16207 0 Td(s)Tj4.56234 0 Td(r)Tj3.8407 0 Td(o)Tj5.88236 0 Td(s)Tj4.5610157 0 Td(e)Tj5.236 0 Td( )Tj5.16207 0Td(s)Tj4.5610362 0 Td(a)Tj5.16207 0 Td(n)Tj5.98236 0 Td(e)Tj5.10313 0 Td(a)Tj5.16207 0 Td(t)Tj3.6207 0 Td(a)Tj5.2221 0 Td( )Tj5.2221 0 T(s)Tj4.5610 TdTd(s)Tj4.561236 0 Td(a)Tj5.16207 0 Td(d)Tj5.88236 0 Td(e)Tj5.2221 00 Td(n)Tj5.88236 0 T(a)Tj5.10205 0 Td(t)Tj3.2413 0 Td(s)Tj4.561236 0 Td(a)Tj5.16207 0 Tdd( )Tj4.68188 0 Td(à)Tj5.05 0 Td(r)Tj3.90157 0 Tdd(i)Tj3.18128 0 Td(o)Tj5.82234 0 Td(t)Tj3.2413 0 Td(u)Tj5.88236 0 Td(a)Tj5.6207 0 Td(o)Tj5.88236 0 Td(m)Tj9.00362 0 Td( )Tj5.12413 0 Td(u)Tj5.88236 0 Td(é)Tj5.2221 0 T(a)Tj5.2221 0 Td(m)Tj9.003118 0 Td( )Tj5.10205 0 Td(e)Tj5.16234 0 Td(-)Tj3.90157 0 Td(l)Tj3.304154 0 Td(u)Tjqc14é18 0 Td( )Tj5.1039 0 Td(e)Tj5.16207 0 Td(s)Tj4.561234 0 Td(a)Tj5.2221 0 Td( )Tj2.94139 0 Td(e)Tj5.16207 0 Td(s)Tj4.56139 0 Td(e)Tj5.10205 0 Td(t)Tj3.30128 0 Td(n)Tj5.94239 0 Td(,)Tj2.94118 0 Td( )Tj5.162157 0 Td(i)Tj3.2413 0 Td(z)Tj5.1094118 0 Td( )Tj4.7419 0 d(r)Tj3.90157 0 Td(e)Tj5.2221 0 T( )Tj5.1626183 0 Td(e)Tj5.10205 0 d( )Tj5.1039 0 Td(e)Tj5.16207 0 Td614Tj5.162157 0 TTd(s)Tj4.507 0 Td( )Tj5.10205 0 Td(u)Tj5.82234 0 Td(c)Tj5.2221 0 Td(i)Tj3.18118 0 Td(a)Tj5.10205 0 Td(d)Tj5.88216207 0 Td(t)Tj3.2413 0 Td(u)Tj5.82234 0 Td(e)Tj5.2221 0 Td(r)Tj3.84154 0 T614Tj5.162157 0 TTd(s)Tj4.507 0 Td(i)Tj3.18128 0 Td(o)Tj5.82234 0 Td(d)Tj5.88216207 0(s)Tj4.56157 0 Td(tTj3.90157 0 Td(e)Tj5.16207 0 Td(o)Tj5.82234 0 Td(b)Tj5.9495 0 Td(a)Tj5.16207 0 Td( )Tj4.8618188 0 Td(d)Tj5.88236 0 Td(i)Tj3.2413 0 Td(r)Tj3.90157 /R15 11.67 Tf Td(d)Tj5.88236 0 Tdd(e)Tj5.16207 0/R12 11.67 Tf Td(s)Tj4.56183 0 154 0 Td(i)Tj3.3236 0 Td(,)Tj2.94118 0 Td( )Tj3.2413 0 Tdd(a)Tj5.239 0 Td(a)Tj5.16207 0 Td(z)Tj5.1094118 0 d(n)Tj5.94239 0 Td(t)Tj3.2221 0 Td(r)Tj3.84154 0 T4213Tj3.18118 0 Td(a)Tj5.10294118 0 Td( )Tj4.7419 0 d(r)Tj3.9133 0 Td(a)Tj5.16207 0 Td(s)Tj4.56234 0 Td(r)Tj3.844239 0 Td(t)Tj3.2221 0 Td(r)Tj3.84154 0 T4(a)Tj5.228 0 Td(p)Tj5.82234 0 Td( )Tj5.82234 0 Td(m)Tj9.00362 0 Td(o)Tj5.80133 0 Td(e)Tj5.10205 0 Td(t)Tj3.4239 0 Td(t)Tj3.2221 0 Td(r)Tj3.84154 0 T4(a)Tj5.2205 0 Td(t)Tj3.30133 0 Td(a)Tj5.1613 0 Td(c)Tj5.162145 0 Td(l)Tj3.18128 0 Td(i)Tj3.3128 0 Td(e)Tj5.16207 0 Td(r)Tj3.90157 0 4(a)Tj5.2221 0 Td(s)Tj4.56183 0 Td(s )Tj4.7419 0 Td(R)Tj7.80313 0 Td(L)Tj7.1154 0 T4(a)Tj5.228 0 Tdd(m)Tj9.00362 0 Td(o)Tj5.8183 0 Td(c)Tj5.16207 0 Td(u)Tj5.828236 0 Td(i)Tj3.2413 0 Td(r)Tj3.905 0 Td(o)Tj5.88236 0 Tdd(s )Tj4.7419 0 Td(R)Tj7.80154 0 T4(a)Tj5.2313 0 Td(L)Tj7.1154 0 T4(a)Tj5.228 0 Td(p)Tj5.82234 0 Td(ó)Tj5.8824118 0 Td( )Tj4.7419 0 Td(i)Tj3.18121 0 Td(i)Tj3.18128 0 Td(r)Tj3.90157 0 Tdd( )Tj5.2221 0 Td(f)Tj3.84154 00 4(a)Tj5.2221 0 Td(s)Tj4.56183 0 Td(e)Tj5.16207 0 Td( )Tj5.1022413 0 Td(v)Tj5.82234 0 Td(e)Tj5.205 0 Td(p)Tj5.82234 0 Td(r)Tj3.848128 0 Td(o)Tj5.88236 0 Td( )Tj6.94118 0 Td( )Tj4.157 0 Td(l)Tj3.30133 0 Td(e)Tj5.16207 0 Td213Tj3.181133 0 Td(a)Tj5.16207 0 Td(ç)Tj5.2221 0 0 4(a)Tj5.26207 0 Td(r)Tj3.90157 0 Td(i)Tj3.2413 0 Td(:)Tj3.30133 0 Td( )Tj3.4183 0 Td(s)Tj4.5042 0 Td(p)Tj5.94239 0 Td(r)Tj3.901207 0 Td(ç)Tj5.2221 0 0 4(a)Tj5.221 0 Td(i)Tj3.18118 0 Td( )Tj4.68188 0 Td(s)Tj4.50128 0 Td(i)Tj3.30133 0 Td(a)Tj5.10205 0(n)Tj5.88236i63.90121 0 Td(r)Tj3.84154 0 Td(g)Tj5.82234 0 Td(a)Tj5.16207 0 Td(b)Tj5.82221 0 Td(r)Tj3.841234 0 Td(i)Tj3.2413 0 Tdd(,)Tj2.94118 0 Td( )Tj4.32174 0 Td(A)Tj8.4634 0 0 Td(u)Tj5.82234 0 Td(r)Tj3.05 0 Td(r)Tj3.90157 0 Td(t)Tj3.3010133 0 Td(e)Tj5.1 -20.1 Td(l)Tj3.2413 0 Td(i)Tj3.30133 0 T(R)Tj7.74311 0 Td(o)Tj5.822.157 /R15 11.67 Tf Td(d)Tj5.82234 0 /R12 11.67 Tf 0 Td(u)Tj5.28 0 Td6t)Tj3.18128 0Td(o)Tj5.88236 0 TdTj5.2221 0 07 0 Td( )Tj5.16207 0 Td(R)Tj7.80313 0 TdTd(e)Tj5.205 0 Td(p)Tj5.827419 0 d(r)Tj3.90157 0 Td( )Tj3.2413 0 Td(p)Tj5.88236 0 Td(a)Tj5.2221 0 Td(ç)Tj5.16207 0 Td(o)Tj5.88285 0 Td(o)Tj5.82234 0 Td(p)Tj5.942413 0 Td(i)Tj3.30d(o)Tj5.88236 0 Td(s)Tj4.56183 0 0133 0 Td(e)Tj5.10205 0 (o)Tj5.88282234 0 Td(r)Tj3.413 0 Td(:)Tj3.3007 0 Td(ã)Tj5.16207 0 Td(o)Tj5.88236 0 Td( )Tj2.88116 0 Td(o)Tj5.88236 0 Td(l)Tj3.213 0 Td(r)Tj3.90157 0 Td(p)Tj5.88221 0 Td(s)Tj4.56183 0 Td(s )Tj4.7419 0 Td(R)Tj7.800338 0 Td(a)Tj5.2221 0 Td(b)Tj5.82234 Td(e)Tj5.10205 0 Td(t)Tj3.3054 0 Td(a)Tj5.16207 0 Td( )Tj3.30133 0 Td(p)Tj5.88236 0 Td(a)Tj5.2257 0 Td(s)Tj4.50181 0 Td(o)Tj5.82234 0 Td Td(e)Tj(e)Tj5.TTd(s)Tj4.56183 0 Td(e)Tj5.26183 0 Td(e)Tj5.26183 0 Td(e)Tj5.10205 0 d( )Tj2.94139 0 Td(e)Tj5.16207 0 TdTd(u)Tj5.82234 0d( )Tj3.60145 0 Td(G)Tj8.46234 0 Td(a)Tj5.2221 0 Td( )Tj2.941133 0 Td(a)Tj5.16183 0 Td(,)Tj2.88116 0 Td(p)Tj5.88236 0 Td(e)Tj5.16207 0 T(,)Tj2.94118 0 Td( )Tj5.10207 0 Td( )Tj3.30133 0 Td(d)Tj5.8821 0 Td( )Tj5.76231 0 Td(a)Tj5.16207 0 Td(p)Tj5.88221 0 Td(r)Tj3.90157 0 Td(a)Tj5.102221 0 T(a)Tj5.220362 0 Td(o)Tj5.807 0 Td(o)Tj5.82234 0 Td(a)Tj5.16207 0 Td(ç)Tj5.2290157 0 Td(i)Tj3.2413 0 Td(Tj4.56183 0 413 0 Td(a)Tj5.2221 0 TTd(o)Tj5.8133 0 Td(a)Tj5.16204 0 T(o)Tj5.88236 0 Td(s)Tj4.50181 0 Td( )Tj6.60265 0 Td(d)Tj5.82234 0 Td(o)Tj5.82234 0 Td(e)Tj5.2221 0 Td(s)Tj4.561221 0 Td(m)Tj9.00362 0 Td( )Tj6.6265 0 Td(d)Tj5.82234 0 T(d)Tj5.822183 0 Td(c)Tj5.16207 0 Td(u)Tj5.82133 0 Td(e)Tj5.168128 0 Td(i)Tj3.334 0 Td(t)Tj3.18128 0 Td(o)Tj5.9420362 0 Td( )Tj6.6265 0 Td(d)Tj5.82234 0 T(o)Tj5.88236 0 Td( )Tj2.881183 0 Td(s )Tj4.7419 0 Td(R)Tj7.80313 0 TTd(b)Tj5.82234 Td(d)Tj5.88236 0 Td(e)Tj5.2221 0 Td(s)Tj4.506207 0 Td(r)Tj3.90157 0 Td(i)Tj3.2413 0 Td(:)Tj3.30133 0 Td( )Tj3.4183 0 Td( )Tj5.1028 0 Td(r)Tj3.90157 0 Td(u)Tj5.88236 0 Td(-)Tj3.9234 0 Td(l)Tj3.30133 0 Td(a)Tj5.16313 0 TTd(b)Tj5.82234 Td(d)Tj5.888116 0 Td(o)Tj5.8413 0 Td(i)Tj3.30133 0 Td(t)Tj3.18128 0 (b)Tj5.82221 0 Td(r)Tj3.8412221 0 T( )Tj5.162205 0 Td( )Tj2.94118 0 Td(a)Tj5.22221 0 Td(b)Tj5.82234 0 d(o)Tj5.82234 0 Td( )Tj2.94236 0 Td(e)Tj5.2221 0 Td(s)Tj4.502221 0 Td(i)Tj3.2413 0 Td(ã)Tj5.16207 0 Td(o)Tj5.88133 0 Td(r)Tj3.90157 0 TTj2.94118 0 Td( )Tj-457.56436 0 Tdd(e)Tj5.16207 0-262.12588236i63.901E07 0 Td( )Tj2.82205 0 Td(p)Tj5.82234 0 Td(p)Tj5.822413 0 Td(f)Tj3.84154 0 Td(i)Tj3.2413 0 1416Tj5.8824118 0 Td( )Tj4.72221 0 Td(b)Tj5.82413 0 Td(v)Tj5.84239 0 Td(t)Tj3.2413 0 Td(e)Tj5.22d(s)Tj4.56183 0 Td(e)Tj5.10205 0 T84154 0 Td(i)Tj3.2413 0 1416Tj5.88207 0 Td(o)Tj5.82234 0 Td(-)Tj3.90157 0 TTd(a)Tj5.2221 0 Td(d)Tj5.82234 0 1416Tj5.882236 0 Td(u)Tj5.88236 0 Td(m)Tj9.00362 0 Td( )Tj5.1234 0 Td(r)Tj3.848128 0 Td(o)Tj5.236 0 Td(a)Tj5.2221 0 Td(ç)Tj5.1622221 0 T(a)Tj5.2213.44 Td(a)Tj5.2221 0 TdTd(i)Tj3.2413 0 Td(f)Tj3.84154 0 Td(i)Tj3.2413 0 081)Tj3.181133 0 Td(s)Tj4.56183 0 Td(e)Tj5.16207 0 Td(u)Tj5.88221 0 Td(r)Tj3.90í6 0 Td(e)Tj5.16207 0 T(i)Tj3.18118 0 Tdd(j)Tj3.18128 0 Td(u)Tj5.88236 0 Td(r)Tj3.2413 0 081ss Rbeolri, :nst eiea, biTj4.80193 0 Td(d)Tj5.82234 0 Td(a)Tj5.16207 0 Td(r)Tj3.840157 0 Td(s)Tj4.50181 0 Td(e)Tj5.28128 0 Td(b)Tj5.82234 0 1416Tj5.88228 0 Td(i)Tj3.30133 0 Td(a)Tj5.10205 0(n)Tj5.88236i3.840157 0 Td(s)Tj4.50181 0 Td(e)Tj5.2234 0 Td(-)Tj3.90157 0 TTd(a)Tj5.07 0 Td(o)Tj5.88236 0 Td( )Tj2.8133 0 Td(a)Tj5.16313 0 TT(c)Tj5.16207 0 Td(e)Tj5.2221 0 Td(s)Tj4.5618128 0 Td(b)Tj5.82234 0 d(o)Tj5.82234 0 Td( )Tj2.94236 0 TTd(b)Tj5.82234 0 d(o)Tj5.82234 0 Td( )Tj2.94Td(e)Tj5.2221 0 Td( )Tj4.86195 0 07 0 Td( )Tj5.10205 0 Td(u)Tj5.82419 0 Td(R)Tj7.80313 0 Td(L)Tj7.14287 0 Td( )Tj4.757 0 Tdd(i)Tj3.18128 0 Td(o)Tj5.822340 Td(e)Tj5.16207 0 Td(t)Tj3.234 0 Td(l)Tj3.30133 0 Td(e)Tj5.2221 0 Td(s)Tj4.56183 0 0 Td(e)Tj5.1204 0 Td(.)Tj2.94118 0 Td( )Tj3.30133 0 TTd(b)Tj5.82234 Td(d)Tj5.88234 0 Td(i)Tj3.240181 0 Td(e)Tj5.24287 0 Td( )Tj4.757 0 Tdd(i)Tj3.16207 0 Td(r)Tj3.90157 0 T( )Tj2.94236 0 TTd(b)Tj5.813 0 Td(o)Tj5.82234 0 Td( )Tj4.32174 0 0 Td(e)Tj5.1236 0 Td(a)Tj5.16207 0 Tdd( )Tj4.68188 0 Td(à)Tj5.2234 Td(d)Tj5.88234 0 Td(a)Tj5.10205 0 Td(t)Tj3.2413 0 0 Td(e)Tj5.1236 0 Td(a)Tj5.16207 0 Tdd( )Tj4.68188 0 Td(à)Tj5.05 0 Td(r)Tj3.90157 0 Tdd(i)Tj3.18128 0 Td(o)Tj5.82234 Td(s)Tj4.502221 açRetllaadir
Os colaboradores mais efetivos da RL se identificaram na posição de republicanos,
abolicionistas e defensores de uma educação caritativa. A Pedagogia difundida na RL pretendia,
sobretudo, alcançar a infância pobre para ajudá-la a enfrentar as adversidades da vida e dotá-la de
cidadania. Leonídio Porto, por exemplo, planejava, através da disciplina Trabalhos Manuais,
oferecer às crianças uma profissão digna. Ele propagava o modelo educacional americano.
Dentre os autores presentes na RL salientam-se: o intelectual e político N. Junior, que fez
oposição ao Presidente Deodoro e seus aliados; o ex-sacerdote e professor Leonidio Porto; o
redator Nogueira Cravo e o poeta, e jurista Joaquim Martins Fontes. A voz feminina esteve
presente através das escritoras Anna de Oliveira, Carolina Vaz de Carvalho, Delia, dentre outras.
À exceção da Escola Noturna José Quintiliano da Fonseca, é necessário saber de que
forma o projeto educacional do Gabinete foi viabilizado e a que público ele atendeu. Uma futura
investigação poderá responder a essas e a outras indagações. Esta análise é apenas uma das
leituras que pode ser feita da Revista do GLM. Procurou-se aqui interpretar os seus signos e
textos, os quais não haviam recebido a atenção dos pesquisadores. Espera-se que este trabalho
contribua para outras abordagens no âmbito da história da educação e também para a história da
imprensa sergipana, por se tratar do primeiro periódico de uma agremiação cultural do Estado.
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ESTATUTOS DO GABINETE DE LEITURA DE MARUIM reformados e aprovados em
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1902.
Correspondências dos familiares do Cônsul Alemão Otto Schramm, procedentes da Alemanha
entre os anos de 1992 e 2003.
Catálogo da Biblioteca do Gabinete de Leitura (1933-1934), organizado por José Thomaz
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Folder biográfico em Comemorações do Centenário de Nascimento de João Rodrigues da
Cruz (1844-1944). Acervo Particular da autora.
Álbum do Congresso Eucarístico. Edição Comemorativa ao Centenário da Paróquia de
Maroim, 1937. Acervo particular da autora.
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Periódicos:
Revistas
Revista Litteraria. Maroim. Nº 1, 24. Out. 1890
Revista Litteraria. Maroim. Nº 2, 2. Nov. 1890
Revista Litteraria. Maroim. Nº 3, 9. Nov. 1890
Revista Litteraria. Maroim. Nº 4, 16.Nov. 1890
Revista Litteraria. Maroim, Nº 5, 23 Nov. 1890
Revista Litteraria. Maroim, Nº 6, 30 Nov. 1890
Revista Litteraria. Maroim, Nº 7, 7 Dez. 1890
Revista Litteraria. Maroim, Nº 8, 14 Dez 1890
Revista Litteraria. Maroim, Nº 9, 21. Dez. 1890
Revista Litteraria. Maroim, Nº 10, 28.Dez. 1890
Revista Litteraria. Maroim, Nº 11, 4 Jan. 1891
Revista Litteraria. Maroim, Nº 12, 11 Jan. 1891
Revista Litteraria. Maroim, Nº 13, 18 Jan. 1891
Revista Litteraria. Maroim, Nº 14, 25 Jan. 1891
Revista Litteraria. Maroim, Nº 15, 1 Fev. 1891
Revista Litteraria. Maroim, Nº 16, 8 Fev. 1891
Revista Litteraria. Maroim, Nº 17, 15 Fev. 1891
Revista Litteraria. Maroim, Nº 18, 22 Fev. 1891
Revista Litteraria. Maroim, Nº 19, 1 Mar. 1891
Revista Litteraria. Maroim, Nº 20, 8 Mar. 1891
Revista Litteraria. Maroim, Nº 21, 15 Mar. 1891
Revista Litteraria. Maroim, Nº 22, 22. Mar. 1891
Revista Litteraria. Maroim, Nº 23, 5 Abr. 1891
Revista Litteraria. Maroim, 24, 15. Abr. 1891
Revista Litteraria. Maroim, Nº 25, 22. Abr. 1891
Revista Litteraria. Maroim, Nº 26, 29 Abr. 1891
Revista Litteraria. Maroim, Nº 27, 10 Mai. 1891
Revista Litteraria. Maroim, Nº 28, 17 Mai. 1891
Revista Litteraria. Maroim, Nº 29, 24 Mai. 1891
Revista Litteraria. Maroim, Nº 30, 31 Mai. 1891
Revista Litteraria. Maroim, Nº 31, 7 Jun. 1891
Revista Litteraria. Maroim, Nº 32, 14 Jun. 1891
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Revista Litteraria. Maroim, Nº 34, 7 Jul. 1891.
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REVISTA DO MESTRADO EM EDUCAÇÃO: Revista semestral do Núcleo de Pós-
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REVISTA DO MESTRADO EM EDUCAÇÃO: Revista semestral do Núcleo de Pós-
Graduação em Educação da Universidade Federal de Sergipe. o Cristóvão: UFS, v. 2, 2,
1999. 108 p.
REVISTA DO MESTRADO EM EDUCAÇÃO: Revista semestral do Núcleo de Pós-
Graduação em Educação da Universidade Federal de Sergipe. o Cristóvão: UFS, v. 3, 3,
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REVISTA DO MESTRADO EM EDUCAÇÃO: Revista semestral do Núcleo de Pós-
Graduação em Educação da Universidade Federal de Sergipe. o Cristóvão: UFS, v. 4, 4,
jan/jun. 2002. 155 p.
REVISTA DO MESTRADO EM EDUCAÇÃO: Revista semestral do Núcleo de Pós-
Graduação em Educação da Universidade Federal de Sergipe. São Cristóvão: UFS, v. 5, 5, jul.
2002/jan. 2003. 175 p.
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Revista Poliantéia. Aracaju/SE. 1952.
Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe. Aracaju/SE. 1912-1913, meros 1 ao
5.
Revista SUPER Interessante. Os Segredos da Maçonaria. São Paulo. Edição. 217. Set. 2005,
pp. 50-59.
Revista de História da Biblioteca Nacional. Ano I Nº 6, Dez. 2005.
Nossa História. São Paulo. Ano 2 / nº 23 set. 2005.
Jornais
O Maroinense. Maroim. (1886-1892).
O Imparcial. Maroim. (1904)
Correio de Sergipe. Aracaju (1890)
Sergipe Jornal (1890-1891)
O Republicano. Laranjeiras (1890-1891)
O Republicano. Aracaju (1890-1891)
O Estado de Sergipe. Aracaju. (1898-1908)
A Ordem. Jaguarão. R. G. do Sul. 3 jan. 1893
.
O Commercio. Maroim (1916-1930)
O Commercio. Maroim. 13 jul. 1919
.
O Commercio. Maroim. 24 ago. 1919.
O Arauto. Maroim. 12 jun. 1936.
Outros
Livros:
AVÊ - LALLEMANT, Robert. Viagens pelas províncias Bahia, Pernambuco, Alagoas (1859).
Belo Horizonte: Editora Itatiaia; São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1980.
SCHRAMM, Percy Ernest Max. 1964. Neun Genarationen. (1648-1948).Göttingen: Editora
Vandenhoeck & Ruprecht: Univerität Göttingen, 1964.
GUARANÁ, Manoel Armindo Cordeiro. Dicionário biobliográfico sergipano. Rio de Janeiro:
Pongetti, 1925.
AGUIAR, Joel Macieira. Escorço Histórico do Gabinete de Maroim. Aracaju: Gráfica
Gutenberg. 1929.
SOUZA, Cristiane Vitório de. 2001. A República das Letras” em Sergipe (1889-1930).
Monografia de conclusão de curso. Universidade Federal de Sergipe, 2001
SILVA, Eugênia Andrade da. 2004. A formação intelectual da elite sergipana (1822-1889).
Dissertação de Mestrado. São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe. Núcleo de Pós-
Graduação em Educação, 2004.
Fontes manuscritas:
Livro de registro dos empregados municipais da Vila de Maroim. Câmara Municipal da Villa
de Maroim. 12 de maio de 1836.
Livro de registro dos estrangeiros em Maruim. Acervo particular da autora.
Documentação comprobatória do início das atividades da firma A. Schramm e Co. na Vila de
Maroim, datada de 1849. Acervo particular da autora.
Livro de Tombo Paroquial. 1896. Paróquia de Senhor Bom Jesus dos Passos.
Fontes iconográficas:
Fontes eletrônicas:
http://www.unicamp.br/iel/memoria/ensaios/Sandra/sandra-htm Acesso em: 24 de novembro de
2004.
http://planeta.terra.com.br/educação/maylasky/patrono.htm> Acesso em: 11 de novembro de
2004..
http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos/jd200620014p.htm. Acesso em 11 de
fevereiro de 2006.
http://www.campina.com.br/bráulio/marlise.htm. Acessado em 7 de janeiro de 2004.
http://www.jornalismo.ufsc.br/redealcar/método.htm. Acessado em 13 de outubro de 2005.
http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/06.htm. heb. Acessado em 10 de maio de 2006..
http:www.centrorefeducacional.com.br/comenius.htm. Acessado em cinco de julho 5 de junho de
2006.
Acervos pesquisados
Acervo particular de Joel Macieira Aguiar
Acervo particular dos Schramm (enviado da Alemanha no período de 1992 a 2003).
Acervo particular (Instituto Tobias Barreto de Educação e Cultura).
Acervo da Paróquia Senhor dos Passos de Maruim.
Acervo particular da pesquisadora Cristiane Vitório de Souza
Acervo particular da autora
Biblioteca do Gabinete de Leitura de Maruim
Arquivo Público do Estado de Sergipe
Arquivo Geral do Judiciário do Estado de Sergipe
Biblioteca Pública Epiphânio Dórea
Biblioteca Central Jacinto Uchoa de Mendonça da Universidade Tiradentes
Biblioteca do Gabinete de Leitura de Maruim
Instituto Histórico e Geográfico do Estado de Sergipe
Biblioteca Pública Municipal Clodomir Silva
Paróquia de Senhor dos Passos de Maruim
Arquivo do Junta Comercial de Sergipe.
Outros
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