Download PDF
ads:
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
0
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA
KELLY QUEIROZ THORPE CHALEGRE
FAUNA BÊNTICA DO INFRALITORAL E ALIMENTAÇÃO NATURAL DE
CALLINECTES DANAE SMITH, 1869 (CRUSTACEA, PORTUNIDAE) NOS
ESTUÁRIOS DOS RIOS BOTAFOGO E CARRAPICHO, PERNAMBUCO,
BRASIL.
Orientador: Dr. Petrônio Alves Coelho
Co-orientador: Dr. Petrônio Alves Coelho Filho
Recife
2008
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
1
KELLY QUEIROZ THORPE CHALEGRE
FAUNA BÊNTICA DO INFRALITORAL E ALIMENTAÇÃO NATURAL DE
CALLINECTES DANAE SMITH, 1869 (CRUSTACEA, PORTUNIDAE) NOS
ESTUÁRIOS DOS RIOS BOTAFOGO E CARRAPICHO, PERNAMBUCO,
BRASIL.
RECIFE
2008
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
graduação em Oceanografia da Universidade
Federal de Pernambuco, como parte dos
requisitos para a obtenção do título de Mestre em
Oceanografia, na área de Oceanografia
Biológica.
ads:
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
2
C436f Chalegre, Kelly Queiroz Thorpe
Fauna bêntica do infralitoral e alimentação natural de
Callinectes danae Smith, 1869 (Crustacea,Portunidae) nos
estuários dos rios Botafogo e Carrapicho, Pernambuco,
Brasil / Kelly Queiroz Thorpe Chalegre. - Recife: O
Autor, 2008.
107 f.; il., gráfs., tabs.
Dissertação (Mestrado) Universidade Federal de
Pernambuco. CTG. Programa de Pós-Graduação em
Oceanografia, 2008.
Inclui referências bibliográficas e Anexos.
1. Oceanografia. 2. Fauna bêntica. 3. Alimentação
natural. 4. Callinectes Danae. 5. Estuário. 6. Rio
Botafogo. 7. Rio Carrapicho. 8. Canal de Santa Cruz.
I. Título.
551.46 CDD (22.ed.) UFPE/BCTG/2008-071
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
3
BANCA EXAMINADORA
Orientador:
___________________________________________
Profº. Dr. Petrônio Alves Coelho
Membros Titulares:
____________________________________________
Profª. Dra. Girlene Fábia Segundo Viana
_____________________________________________
Profª. Dra. Maria Fernanda Abrantes Torres
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
4
Ao meu esposo Thiago Sandes, meus pais
Amilton e Maria Chalegre e meus irmãos
Willy e Harry Chalegre.
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
5
AGRADECIMENTOS
A Deus, por me dar coragem para conquistar mais uma etapa da minha
vida profissional.
Ao Departamento de Oceanografia da Universidade Federal de
Pernambuco, nas pessoas do Dr. Moacyr Cunha de Araújo Filho, chefe, e vice-
chefe Drª. Tereza Cristina Medeiros de Araújo, por colocarem à minha
disposição os recursos necessários para a elaboração desta pesquisa.
À atual Coordenação do Programa de Pós-graduação em Oceanografia
da UFPE, nas pessoas do coordenador Dr. Manuel de Jesus Flores Montes,
em especial por toda ajuda com os dados abióticos e principalmente pela
amizade e carinho; à atual vice coordenadora Dra. Lília Pereira de Souza
Santos. À Dra. bia Chaves Guerra de Souza Santos, como vice
coordenadora da gestão anterior, pela atenção dispensada ao longo do curso.
Ao Instituto do Milênio RECOS: Uso e apropriação de Recursos
Costeiros, por me permitir a utilização do material biológico e todo tipo de dado
necessário para o desenvolvimento deste trabalho.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq), pela bolsa de estudo a mim concedida durante a realização do curso.
Ao meu orientador Dr. Petrônio Alves Coelho, pela confiança, dedicação
e pelos valiosos ensinamentos a mim transmitidos. Meu reconhecimento,
respeito, admiração e gratidão pelo carinho.
Ao meu co-orientador Dr. Petrônio Alves Coelho Filho, especial
agradecimento pela confiança em mim depositada em integrar a equipe de
pesquisa do projeto Milênio, por sua amizade e conhecimentos dispostos a
mim.
Aos professores do Programa de Pós-graduação em Oceanografia da
UFPE, pelos ensinamentos e dedicação.
À secretária da Coordenação do Programa de Pós-graduação em
Oceanografia da UFPE Myrna Medeiros Lins, por sempre estar disposta a nos
ajudar e pelo carinho.
À amiga Dra. Girlene Fábia Segundo Viana, pelos ensinamentos quanto
a identificação e pela própria identificação de diversos camarões deste
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
6
trabalho, pela ajuda incondicional, pelos momentos de alegrias e
principalmente pela amizade.
Ao amigo doutorando Alexandre Almeida, pela grande ajuda na
identificação dos dificílimos xantídeos e pela companhia diária no Laboratório
de Carcinologia – UFPE.
À amiga Dra. Noely Fabiana Oliveira de Moura, por todo conhecimento a
mim dedicado sobre alimentação natural de siris.
À amiga mestranda Mariana Andrade de Oliveira Carvalho, pelo
companheirismo, sinceridade, carinho e por poder compartilhar as alegrias e
algumas dificuldades que encontrei no decorrer deste curso.
Aos grandes amigos mestrandos Nathália Guimarães, Uina Silva,
Patrícia Mesquita, Tiago Figueiredo, Rodolfo Araújo, Tatiane Galdino, Aislan
Galdino e David Dantas, pela inestimável amizade e incentivo nas realizações
de nossas atividades. E a todos os colegas de turma pelo companheirismo.
À MSc. Cileide Soares, Dra. Marilena Ramos Porto, Dra. Aline Barreto e
doutoranda Adilma Cocentino, minha admiração, carinho e respeito.
Aos amigos da Seção Bentos/DOCEAN UFPE, Catarina Silva, Débora
Lucatelli, Felipe Souza, Rafaela Araújo, Ricardo Paiva, MSc. Thiago Reis e
doutorandos George Miranda e Luis Ernesto, por todo carinho e amizade
dispensados.
Aos meus pais Amilton Thorpe Chalegre e Maria Benilda Chalegre, pela
educação, respeito, incentivo e por todo carinho sempre.
Aos meus irmãos Willy Queiroz Thorpe Chalegre e Harry Queiroz Thorpe
Chalegre, por tudo que vocês representam para mim.
Ao meu esposo Thiago JoAlbuquerque Sandes, por toda a força e
apoio sempre, compreensão, paciência, incentivo, dedicação, carinho e por
estar sempre comigo.
E, finalmente, a todos que contribuíram direta ou indiretamente para a
realização deste trabalho, muito obrigada.
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
7
“A ciência sem a religião é manca, a religião
sem a ciência é cega.”
Albert Einstein
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
8
RESUMO
Nas regiões tropicais e subtropicais destacam-se os manguezais por
apresentarem condições favoráveis para alimentação, proteção e reprodução
de diversas espécies de animais. O complexo estuarino do Canal de Santa
Cruz merece atenção por sua alta produtividade e por apresentar uma
atividade pesqueira intensa. Neste contexto, o siri Callinectes danae Smith,
1869 possui importante papel na dinâmica trófica desses ecossistemas,
atuando principalmente como necrófagos e ativos predadores. Nesse intere, o
presente trabalho teve por objetivo promover o estudo qualitativo e quantitativo
da fauna bêntica do infralitoral e conhecer a alimentação natural de C. danae
nos estuários dos Rios Botafogo e Carrapicho através da análise do conteúdo
estomacal. Como definido pelo Instituto Milênio Uso e recursos da zona
costeira”, foi definido o Rio Botafogo como área experimental e o Rio
Carrapicho como área controle. Ao longo de cada rio foram demarcadas quatro
estações, nas quais foram realizadas coletas diurnas nos meses de agosto e
outubro de 2003, janeiro, fevereiro, junho e agosto de 2004, através de arrastos
com rede de porta com saco em malha de 5mm, com duração de 15 minutos.
Em campo as amostras foram etiquetadas, acondicionadas em sacos plásticos
e mantidas em caixa térmica com gelo. Foram anotados dados de
profundidade, salinidade e temperatura da água de cada estação de coleta. No
Laboratório de Carcinologia - DOCEAN/UFPE os organismos foram triados,
identificados sob estereomicroscópio com auxílio de literatura pertinente,
contados e mantidos em potes plásticos com álcool a 75%. Foram identificados
sete grupos taxonômicos: Sipuncula, Porifera, Polychaeta, Mollusca,
Echinodermata, Crustacea e Chordata; e 51 espécies, com duas novas
ocorrências para as áreas estudadas (Charybdis hellerii e Paguristes
triangulopsis). Destas, o Rio Botafogo apresentou 31 espécies em 8055
indivíduos, dos quais 70,9% são Mollusca, 27,6% Crustacea e 1,5%
Echinodermata. Enquanto o Rio Carrapicho apresentou 47 espécies de um
total de 1.013 indivíduos dos quais 62,2% são Crustacea, 20,5%
Echinodermata, 9,2% Mollusca e 8,1% Polychaeta. Os demais grupos
taxonômicos não foram utilizados nas análises estatísticas e o Rio Botafogo
não apresentou organismos do grupo Polychaeta. Anomalocardia brasiliana foi
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
9
a espécie mais abundante e dominante no Rio Botafogo e C. danae no Rio
Carrapicho. As espécies da fauna bêntica apresentaram maiores valores de
freqüência de ocorrência e abundância durante o período seco para as áreas
estudadas. Separadamente os C. danae foram sexados e aferidos peso e
largura da carapaça. Posteriormente os estômagos foram retirados, pesados e
estimado o grau de repleção estomacal. Também sob estereomicroscópio e
literatura pertinente os itens alimentares foram identificados e aplicada a
metodologia de pontos. Foram identificados 9 itens na alimentação natural de
C. danae nos rios estudados, Algae, Macrophyta, Foraminiferida, Mollusca,
Polychaeta, Crustacea, Echinodermata, Teleostei e MOA (Matéria Orgânica
Animal). MOA, Mollusca e Crustacea foram os itens mais freqüentes
encontrados. Na análise da alimentação de machos e meas não se verificou
diferenças na preferência alimentar. Nas áreas estudadas Mollusca foi o item
de maior contribuição durante o período seco e MOA no período chuvoso. No
Rio Botafogo, as categorias adulto e jovem apresentaram diferenças na
preferência alimentar durante o período seco, Mollusca e MOA,
respectivamente, e semelhantes no período chuvoso, MOA para ambas as
categorias. no Rio Carrapicho os resultados foram semelhantes, uma vez
que as categorias adulto e jovem consumiram preferencialmente Mollusca no
período seco e Crustacea no período chuvoso. Portanto, C. danae é uma
espécie de hábito alimentar oportunista e sua preferência alimentar pode refletir
a quantidade de suas presas no ambiente, uma vez que seus itens
preferenciais corresponderam ao grupo das espécies mais abundantes neste
trabalho.
Palavras-chaves: Fauna bêntica, alimentação natural, Callinectes danae,
estuário, Rio Botafogo, Rio Carrapicho, Canal de Santa Cruz.
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
10
ABSTRACT
In tropical and subtropical regions are the mangroves to have favourable
conditions for food, protection and reproduction of various species of animals.
The estuarine complex of Santa Cruz Channel deserves attention for its high
productivity and to present an intense fishing activity. In this context, the crab
Callinectes danae Smith, 1869 has important role in the trophic dynamics of
these ecosystems, acting mainly as necrophagous and active predators. This
way, this study aimed to promote the qualitative and quantitative study of the
benthic fauna of infralitoral and know the natural feeding of C. danae of
Botafogo and Carrapicho rivers through the analysis of stomach contents. As
defined by the Millennium Institute - "Use and resources of the coastal zone,"
was defined the Botafogo River test area and Carrapicho River as control area.
Along each river were demarcated four stations, in which collections were made
day in August and October 2003, January, February, June and August 2004,
through drag with net door with a mesh bag of 5mm, with duration of 15
minutes. In the field samples were labeled, packed in plastic bags and kept in
thermal box with ice. Data on depth, salinity and water temperature of each
station of collection were recorded. In the Laboratory of Carcinology - DOCEAN
/ UFPE bodies were screened, identified under stereomicroscope with the help
of relevant literature, counted and kept in plastic pots with alcohol at 75%. They
have identified representatives seven taxonomic groups: Sipuncula, Porifera,
Polychaeta, Mollusca, Echinodermata, Crustacea and Chordata; and 51
species, with two new records for the areas studied (Charybdis hellerii and
Paguristes triangulopsis). Of these, the Botafogo River presented 31 species in
8.055 individuals, of whom are Mollusca 70.9%, 27.6% Crustacea and 1.7%
Echinodermata. While the Carrapicho River showed 47 species of a total of
1.013 individuals of which 62.2% are Crustacea, Echinodermata 20.5%, 9.2%
Mollusca and 8.1% Polychaeta. The other taxonomic groups were not used in
statistical analysis and Botafogo River presented no species of the group
Polychaeta. Anomalocardia brasiliana was the most abundant species and
dominant in Botafogo River and C. danae in Carrapicho River. The species of
benthic fauna showed higher values of frequency of occurrence and abundance
during the dry period for the areas studied. Separately C. danae were sexed
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
11
and measured weight and width of shell. Later the stomachs were removed,
weighed and estimated the degree of repletion stomach. Also under the
stereomicroscope and literature relevant feeding items were identified and
applied the methodology of points. Nine items have been identified in the
natural feeding of C. danae in the rivers studied, Algae, Macrophyta,
Foraminiferida, Mollusca, Polychaeta, Crustacea, Echinodermata, Teleostei and
MOA (Animal organic matter). MOA, Mollusca and Crustacea were the items
most frequently encountered. In the analysis feeding of males and females
there was no differences in food preference. In the areas studied Mollusca was
the item of greatest contribution during the dry period and MOA in the rainy
period. In Botafogo River, adult and young categories showed differences in the
preference of food during the dry period, Mollusca and MOA respectively, and
similar in the rainy period, MOA for both categories. Already in Carrapicho River
the results were similar, the young and adult categories preferably consumed
Mollusca in the dry period and Crustacea in the rainy period. Therefore, C.
danae is a species of opportunistic feeding habits and their food preference
may reflect the amount of their prey in the environment, since their preferential
items corresponded to the group of most abundant species in this work.
Keywords: benthic fauna, natural feeding, Callinectes danae, Botafogo River,
Carrapicho River, Santa Cruz Channel.
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
12
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Localização dos rios Botafogo e Carrapicho e suas
respectivas estações de coleta (#1, #2, #3 e #4).
Complexo estuarino do Canal de Santa Cruz, Itamaracá,
PE (SCHWAMBORN, 2004, modificado).
29
Figura 2 - Médias mensais da precipitação pluviométrica durante
os períodos seco (outubro/2003, janeiro/2004 e
fevereiro/2004) e chuvoso (agosto/2003, junho/2004 e
agosto/2004), região litorânea de Itamaracá, PE (INMET
2003 e 2004).
39
Figura 3 - Porcentagem total dos principais grupos capturados no
estuário do Rio Botafogo, Itamaracá, PE, durante os
arrastos de agosto e outubro de 2003, janeiro, fevereiro,
junho e agosto de 2004.
48
Figura 4 - Porcentagem total dos principais grupos capturados no
estuário do Rio Carrapicho, Itamaracá, PE, durante os
arrastos de agosto e outubro de 2003, janeiro, fevereiro,
junho e agosto de 2004.
50
Figura 5 - Curva de dominância cumulativa das espécies coletadas
durante os meses agosto e outubro de 2003, janeiro,
fevereiro, junho e agosto de 2004 no estuário do Rio
Botafogo, Itamaracá, PE.
53
Figura 6 - Curva de dominância cumulativa das espécies coletadas
durante os meses agosto e outubro de 2003, janeiro,
fevereiro, junho e agosto de 2004 no estuário do Rio
Carrapicho, Itamaracá, PE.
54
Figura 7 -
Repleção estomacal (%) de Callinectes danae coletados
no estuário do Rio Botafogo, Itamaracá, PE.
64
Figura 8 -
Repleção estomacal (%) de Callinectes danae coletados
no estuário do Rio Carrapicho, Itamaracá, PE.
65
Figura 9 - Freqüência de ocorrência (%) dos itens alimentares
encontrados nos estômagos de Callinectes danae Smith,
1869 do estuário do Rio Botafogo, Itamaracá, PE,
durante o período de fevereiro e junho de 2004.
66
Figura 10 - Freqüência de ocorrência (%) dos itens alimentares
encontrados nos estômagos de Callinectes danae Smith,
1869 do estuário do Rio Carrapicho, Itamaracá, PE,
durante o período de fevereiro e junho de 2004.
67
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
13
Figura 11 -
Diferenças na preferência alimentar de Callinectes
danae entre os períodos seco (fevereiro/2004) e
chuvoso (junho/2004) no estuário do Rio Botafogo,
Itamaracá, PE.
68
Figura 12 -
Diferenças na preferência alimentar de Callinectes
danae entre os períodos seco (fevereiro/2004) e
chuvoso (junho/2004) no estuário do Rio Carrapicho,
Itamaracá, PE.
69
Figura 13 - Diferenças na preferência alimentar de machos e
fêmeas de Callinectes danae capturados durante o
período seco (fevereiro/2004), estuário do Rio Botafogo,
Itamaracá, PE.
70
Figura 14 - Diferenças na preferência alimentar de machos e
fêmeas de Callinectes danae capturados durante o
período chuvoso (junho/2004), estuário do Rio Botafogo,
Itamaracá, PE.
70
Figura 15 - Diferenças na preferência alimentar de machos e
fêmeas de Callinectes danae capturados durante o
período seco (fevereiro/2004), estuário do Rio
Carrapicho, Itamaracá, PE.
72
Figura 16 - Diferenças na preferência alimentar de machos e
fêmeas de Callinectes danae capturados durante o
período chuvoso (junho/2004), estuário do Rio
Carrapicho, Itamaracá, PE.
72
Figura 17 - Diferenças na preferência alimentar entre as categorias
adulto e jovem de Callinectes danae capturados durante
o período seco (fevereiro/2004), estuário do Rio
Botafogo, Itamaracá, PE.
74
Figura 18 - Diferenças na preferência alimentar entre as categorias
adulto e jovem de Callinectes danae capturados durante
o período chuvoso (junho/2004), estuário do Rio
Botafogo, Itamaracá, PE.
74
Figura 19 - Diferenças na preferência alimentar entre as categorias
adulto e jovem de Callinectes danae capturados durante
o período seco (fevereiro/2004), estuário do Rio
Carrapicho, Itamaracá, PE.
76
Figura 20 - Diferenças na preferência alimentar entre as categorias
adulto e jovem de Callinectes danae capturados durante
o período chuvoso (junho/2004), estuário do Rio
Carrapicho, Itamaracá, PE.
76
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
14
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Profundidade, temperatura e salinidade da água nas
estações de coleta do estuário do Rio Botafogo,
Itamaracá, PE
36
Tabela 2 - Profundidade, temperatura e salinidade da água nas
estações de coleta do estuário do Rio Carrapicho,
Itamaracá, PE.
38
Tabela 3 - Distribuição dos grupos taxonômicos coletados nos rios
Botafogo e Carrapicho, Itamaracá, PE, durante os
arrastos de agosto e outubro de 2003, janeiro, fevereiro,
junho e agosto de 2004.
46
Tabela 4 - Abundância total (N) e relativa (%) dos táxons
capturados no estuário do Rio Botafogo, Itamaracá, PE.
49
Tabela 5 - Abundância total (N) e relativa (%) dos táxons
capturados no estuário do Rio Carrapicho, Itamaracá,
PE.
51
Tabela 6 - Total de espécies (S), total de indivíduos (N), riqueza de
espécie de Margalef (d), diversidade (H’) e eqüitabilidade
(J’) das estações de coleta durante os meses de agosto
e outubro de 2003, janeiro, fevereiro, junho e agosto de
2004 no estuário do Rio Botafogo, Itamaracá, PE.
55
Tabela 7 - Total de espécies (S), total de indivíduos (N), riqueza de
espécie de Margalef (d), diversidade (H’) e eqüitabilidade
(J’) das estações de coleta durante os meses de agosto
e outubro de 2003, janeiro, fevereiro, junho e agosto de
2004 no estuário do Rio Carrapicho, Itamaracá, PE.
57
Tabela 8 - Freqüência de ocorrência (%) dos táxons capturados
durante os períodos seco (outubro/2003, janeiro e
fevereiro/2004) e chuvoso (agosto/2003, junho e
agosto/2004) no estuário do Rio Botafogo, Itamaracá,
PE.
59
Tabela 9 - Freqüência de ocorrência (%) dos táxons capturados
durante os períodos seco (outubro/2003, janeiro e
fevereiro/2004) e chuvoso (agosto/2003, junho e
agosto/2004) no estuário do Rio Carrapicho, Itamaracá,
PE.
60
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
15
Tabela 10 - Número e porcentagem de estômagos com conteúdo e
vazio de machos e fêmeas de acordo com os estágios
de maturação (jovem e adulto), nos períodos seco
(fevereiro) e chuvoso (junho) de 2004, no Estuário do
Rio Botafogo, Itamaracá, PE.
62
Tabela 11 - Número e porcentagem de estômagos com conteúdo e
vazio de machos e fêmeas de acordo com os estágios
de maturação (jovem e adulto), nos períodos seco
(fevereiro) e chuvoso (junho) de 2004, no Estuário do
Rio Carrapicho, Itamaracá, PE.
63
Tabela 12 - Freqüência absoluta de pontos (MP) e percentual (%)
dos itens alimentares das categorias machos e fêmeas
de Callinectes danae capturados nos períodos seco
(fevereiro/2004) e chuvoso (junho/2004) no estuário do
Rio Botafogo, Itamaracá, PE.
71
Tabela 13 - Freqüência absoluta de pontos (MP) e percentual (%)
dos itens alimentares das categorias machos e fêmeas
de Callinectes danae capturados nos períodos seco
(fevereiro/2004) e chuvoso (junho/2004) no estuário do
Rio Carrapicho, Itamaracá, PE.
73
Tabela 14 - Freqüência absoluta de pontos (MP) e percentual (%)
dos itens alimentares das categorias adulto e jovem de
Callinectes danae capturados nos períodos seco
(fevereiro/2004) e chuvoso (junho/2004) no estuário do
Rio Botafogo, Itamaracá, PE.
75
Tabela 15 - Freqüência absoluta de pontos (MP) e percentual (%)
dos itens alimentares das categorias adulto e jovem de
Callinectes danae capturados nos períodos seco
(fevereiro/2004) e chuvoso (junho/2004) no estuário do
Rio Carrapicho, Itamaracá, PE.
77
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
16
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS
RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
1. INTRODUÇÃO 19
1.1. Objetivo Geral 23
1.2. Objetivos Específicos 23
2. DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO 24
3. MATERIAL E MÉTODOS 28
3.1. Dados hidrológicos 30
3.2. Dados climatológicos 30
3.3. Amostragem biológica 30
3.4. Procedimento em laboratório 31
3.4.1. Triagem e identificação da fauna bêntica 31
3.4.2. Callinectes danae e análise do conteúdo estomacal
31
3.5. Tratamento dos dados 33
4. RESULTADOS 35
4.1. Dados hidrológicos 35
4.1.1. Profundidade, temperatura e salinidade da água nas estações
de coleta do estuário do Rio Botafogo
35
4.1.2. Profundidade, temperatura e salinidade da água nas estações
de coleta do estuário do Rio Carrapicho
36
4.2. Dados climatológicos 38
4.3. Dados bióticos 39
4.3.1. Composição específica da fauna bêntica do infralitoral dos
estuários dos rios Botafogo e Carrapicho
39
4.3.1.1. Sinopse taxonômica 40
4.3.1.2. Abundância dos principais grupos da fauna bêntica do
infralitoral do estuário do Rio Botafogo
48
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
17
4.3.1.3. Abundância dos principais grupos da fauna bêntica do
infralitoral do estuário do Rio Carrapicho
50
4.3.1.4. Dominância das espécies da fauna bêntica do infralitoral do
estuário do Rio Botafogo
52
4.3.1.5. Dominância das espécies da fauna bêntica do infralitoral do
estuário do Rio Carrapicho
53
4.3.1.6. Diversidade, eqüitabilidade e riqueza das espécies
capturadas no infralitoral do estuário do Rio Botafogo
54
4.3.1.7. Diversidade, eqüitabilidade e riqueza das espécies
capturadas no infralitoral do estuário do Rio Carrapicho
56
4.3.1.8. Freqüência de ocorrência das espécies capturadas durante
os períodos seco e chuvoso no estuário do Rio Botafogo
57
4.3.1.9. Freqüência de ocorrência das espécies capturadas durante
os períodos seco e chuvoso no estuário do Rio Carrapicho
59
4.3.2. Alimentação natural de Callinectes danae dos estuários dos
rios Botafogo e Carrapicho
61
4.3.2.1. Repleção estomacal de Callinectes danae capturados no
estuário do Rio Botafogo
63
4.3.2.2. Repleção estomacal de Callinectes danae capturados no
estuário do Rio Carrapicho
64
4.3.2.3. Freqüência de ocorrência dos itens alimentares de
Callinectes danae do estuário do Rio Botafogo
65
4.3.2.4. Freqüência de ocorrência dos itens alimentares de
Callinectes danae do estuário do Rio Carrapicho
66
4.3.2.5. Diferenças na preferência alimentar de Callinectes danae
entre os períodos seco e chuvoso no estuário do Rio Botafogo
67
4.3.2.6. Diferenças na preferência alimentar de Callinectes danae
entre os períodos seco e chuvoso no estuário do Rio Carrapicho
68
4.3.2.7. Diferenças na preferência alimentar de machos e fêmeas de
Callinectes danae capturados no estuário do Rio Botafogo
69
4.3.2.8. Diferenças na preferência alimentar de machos e fêmeas de
Callinectes danae capturados no estuário do Rio Carrapicho
71
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
18
4.3.2.9. Diferenças na preferência alimentar entre as categorias
jovem e adulto de Callinectes danae capturados no estuário do Rio
Botafogo
73
4.3.2.10. Diferenças na preferência alimentar entre as categorias
jovem e adulto de Callinectes danae capturados no estuário do Rio
Carrapicho
75
5. DISCUSSÃO 78
6. CONCLUSÕES 90
7. REFERÊNCIAS 93
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
19
1. INTRODUÇÃO
Nas regiões costeiras tropicais e subtropicais destacam-se os
manguezais, áreas que apresentam condições propícias para a alimentação,
proteção e reprodução de muitas espécies de animais, sendo considerados
como importantes transformadores de nutrientes em matéria orgânica
(SHAEFFER-NOVELLI, 1995).
Na faixa costeira de Pernambuco, merece atenção a região estuarina do
Canal de Santa Cruz, por sua alta produtividade e por apresentar uma
atividade pesqueira intensa (COELHO & TORRES, 1982), além de seu valor
cultural, econômico e científico muito grande em virtude da existência de um
conjunto de habitats para espécies pesqueiras de importância comercial, como
peixes (tainhas, carapebas, camurins, manjubas, etc), crustáceos (camarões,
siris, caranguejos, guaiamuns) e moluscos (ostras, sururus unhas de velho,
mariscos, etc) (BARROS & ESKINAZI-LEÇA, 2000), funcionando ainda como
berçário, local de desova e acasalamento dessas espécies (MACÊDO et al.,
2000).
Sendo uma importante reserva para a proteção de mamíferos aquáticos
do projeto peixe-boi, para descanso de aves migratórias e nidificação para
outras aves e local de desova para tartarugas marinhas, portanto, essa é uma
região que comporta importantes projetos para a proteção da vida animal e
vegetal (MACÊDO et al., 2000).
Os ecossistemas estuarinos estão sob constante pressão antrópica,
devido principalmente ao desenvolvimento urbano desordenado, exploração de
sal, aqüicultura e poluição por esgotos industriais e domésticos. Nos últimos
anos, devido aos processos de ocupação indiscriminada e conseqüente
degradação ambiental, essas áreas que servem de abrigo para vários
organismos, vêm sendo afetadas. Como resultado, conseqüências desastrosas
podem estar ocorrendo, podendo limitar a produtividade, quer do ponto de vista
biológico quer econômico (BARROS & ESKINAZI-LEÇA, 2000).
A importância dos organismos estuarinos bentônicos é indiscutível, por
participarem nos processos de aeração e revolvimento dos fundos marinhos,
acelerando os processos de transformação, remineralização de nutrientes e
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
20
deposição de matéria orgânica e, consequentemente, os próprios processos de
produção marinha e secundária (LANA et al, 1996; KRÖNCKE, 1995).
Alguns desses organismos, por apresentarem menos condições de
“fuga” das atividades agressivas provocadas pelo homem e por fixarem ou
responderem com adaptações aos componentes contaminantes, o
escolhidos pelos pesquisadores como instrumentos essenciais em programas
de biomonitoramento para avaliação de qualidade ambiental (NALESSO &
MAZIOLI, 2000).
A fauna bêntica do infralitoral da região de Itamaracá recebe influência
de variações sazonais de salinidade e transparência da água, variedade das
condições de sedimentos e teor de oxigênio dissolvido. A macrofauna
apresenta uma grande riqueza, sendo possível reconhecer os seguintes
grupos: Porifera, Cnidaria, Mollusca, Annelida, Sipuncula, Pycnogonida,
Crustacea, Echinodermata e Chordata (COELHO et al., 2004).
Os principais estudos sobre os crustáceos na região do Canal de Santa
Cruz (PE) e estuários de rios que nele desembocam foram realizados pelo
Departamento de Oceanografia da UFPE (COELHO, 2000), os quais
descrevem a composição da carcinofauna, variação espaço-temporal e
informações sobre ecologia desses organismos (COELHO, 1963/64; COELHO,
1966; SOARES, 1979; RAMOS-PORTO, 1980; COELHO & SANTOS, 1990;
SOUZA, 1993; BOTTER-CARVALHO et al., 1996; GOMES & SANTOS, 1998).
Conhecido popularmente como “siri-azul”, C. danae ocorre desde a
Flórida aa Venezuela e no Brasil distribui-se do litoral da Paraíba ao Rio
Grande do Sul. Habita estuários com fundos de lama, manguezais, praias
arenosas, com fundo de cascalhos coberto com algas ou capim marinho, mar
aberto, em profundidade de até 75 m e águas com ampla variação de
salinidade (MELO, 1996) e destaca-se por sua importância ecológica e
econômica.
Como outras espécies do gênero, C. danae apresenta importante papel
na dinâmica trófica dos ecossistemas litorâneos, como mencionam Gaspar
(1981) e Mantelatto (1995), atuando como necrófagos e ativos predadores,
além de servirem como recurso alimentar para outros organismos aquáticos e
aves marinhas.
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
21
Nesse intere, segundo Mclaughlin & Herbard (1961), o conhecimento
dos hábitos alimentares dos Brachyura é de fundamental interesse, porque a
disponibilidade do alimento desempenha um papel importante em seus
padrões de distribuição, migração e ecdise, mostrando ainda qual a posição
que este animal ocupa na teia alimentar contribuindo para um modelo trófico do
ecossistema, bem como para o sucesso de cultivo de espécies de importância
econômica. De acordo com Williams (1981), contribui ainda para o
entendimento de seus requerimentos nutricionais e de suas interações com
outros organismos.
Estudos sobre conteúdo estomacal visam identificar e quantificar o
recurso alimentar que é mais intensivamente utilizado por uma espécie,
fornecendo informações sobre o alimento preferido dentre outros disponíveis
no ambiente (WILLIAMS, 1981; ALBERTONI et al., 2003).
A atividade alimentar dos Brachyura pode ser dividida em: captura do
alimento, trituração pelas peças bucais, passagem do alimento da boca ao
estômago e quebra mecânica pelos ossículos do estômago e digestão química
(BRANCO & VERANI, 1997). Dessa maneira, ao analisar-se o conteúdo
estomacal de um siri, o alimento já passou no mínimo pelas duas etapas
iniciais.
Esse processo de captura e manipulação do alimento dificulta a
identificação e quantificação dos itens alimentares presentes em seus
estômagos (WILLIAMS, 1981; STEVENS et al., 1982; HAEFNER, 1990), desta
forma, Hynes (1950) e Williams (1981) propõem ainda que seja utilizada a
combinação do método dos pontos e da freqüência de ocorrência como sendo
a melhor metodologia para analisar a dieta natural destes crustáceos. Para
Schwamborn & Criales (2000), apenas análise de freqüência de ocorrência
provavelmente não é suficiente para um modelo trófico, pois tende a
superestimar a importância de pequenos, mas freqüentes itens alimentares.
A dieta natural do gênero Callinectes tem sido amplamente estudada no
mundo (DARNELL, 1958; PAUL, 1981; LAUGHLIN, 1982; HAEFNER, 1990;
entre outros) e no Brasil (CARQUEIJA & GOUVÊA, 1998; MANTELATTO &
CHRISTOFOLETTI, 2001). Estudos sobre a alimentação de C. danae foram
desenvolvidas em Santa Catarina por Branco (1996a, 1996b) e Branco &
Verani (1997), os quais enfocam variações sazonais e ontogênicas, ciclo, ritmo
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
22
e dinâmica da alimentação natural dessa espécie. Em Pernambuco, destaca-se
a tese de Moura (2007), sobre a alimentação natural de C. danae em prados de
capim marinho na região de Itamaracá. Contudo, não existem informações
disponíveis sobre a alimentação natural dessa espécie para os estuários dos
rios Botafogo e Carrapicho, Pernambuco, Brasil.
A presente pesquisa fez parte de um projeto maior intitulado “Instituto do
Milênio: Uso e apropriação de recursos costeiros”, que se concentra em torno
de quatro grupos temáticos que atendem aos problemas de gestão costeira:
modelo gerencial de pesca; maricultura sustentável; monitoramento,
modelagem, erosão e ocupação costeira; qualidade ambiental e biodiversidade,
dos quais, a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) faz parte das
instituições de pesquisa dos três últimos grupos. A referida pesquisa se
enquadra no grupo “qualidade ambiental e biodiversidade”, no entanto, os
aspectos abordados neste trabalho não fizeram parte do projeto inicial maior,
foram realizados independentemente pelo autor deste trabalho.
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
23
1.1. Objetivo Geral
Promover o estudo qualitativo e quantitativo da fauna bêntica e conhecer
a alimentação natural dos Callinectes danae Smith, 1869 nos estuários dos
Rios Botafogo e Carrapicho através da análise do conteúdo estomacal.
1.2. Objetivos Específicos
1. Identificar as espécies da fauna bêntica do infralitoral do estuário dos rios
Botafogo e Carrapicho, litoral norte de Pernambuco, a fim de conhecer a
diversidade destes animais na área;
2. Determinar as espécies dominantes nesses ecossistemas estuarinos através
do estudo da abundância desses organismos;
3. Analisar os padrões de distribuição espacial e sazonal das espécies bênticas
estudadas;
4. Identificar os itens alimentares da dieta natural de Callinectes danae Smith,
1869 no estuário dos rios Botafogo e Carrapicho (PE) através da análise do
conteúdo estomacal;
5. Quantificar os itens da alimentação natural de C. danae nos dois estuários
estudados a partir do método dos pontos e da freqüência de ocorrência;
6. Analisar diferenças na preferência alimentar de C. danae entre os períodos
seco e chuvoso no estuário dos rios analisados;
7. Verificar diferenças na alimentação natural de machos e fêmeas e de
indivíduos jovem e adulto de C. danae nos estuários dos Rios Botafogo e
Carrapicho (PE).
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
24
2. DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
O complexo estuarino-costeiro da ilha de Itamaracá está situado no
litoral norte do Estado de Pernambuco, entre as latitudes 7º34’00” e 7º55’16” S
e longitudes 34º48’48” e 34º52’24” W, localizado a 50 km do Recife. É formado
pelo Canal de Santa Cruz e rios que nele desembocam: Catuama, Carrapicho,
Arataca, Botafogo, Congo, Igarassú e Siri. Ao todo, a bacia hidrográfica
abrange cerca de 730 km², este fato, faz com que o Canal de Santa Cruz
englobe um conjunto de pequenos estuários (MACÊDO, 1974; MACÊDO et al.,
2000) (Figura 1).
A ilha de Itamaracá tem acesso pela BR 101, na direção S N,
estando separada 33117(n)5.67474(t)-2.16434.33056(n)74(t)-2.1643N,
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
25
A pluviometria distingue duas estações: uma seca, compreendida entre
os meses de setembro a fevereiro, com precipitação média mensal abaixo de
100 mm, e outra chuvosa, compreendida entre março e agosto, com
precipitações médias mensais superiores a 100 mm (MACÊDO, 1974).
O regime de ventos prevalecente na área é de sudeste com velocidade
média de 3,2 m/s. Os mais intensos ocorrem no período chuvoso, com
velocidade média de 4,0 m/s, enquanto no período seco predominam os ventos
de leste, com velocidade média de 2,0 m/s (MEDEIROS, 1991).
Segundo Kempf (1970), os sedimentos do Canal de Santa Cruz dividem-
se principalmente entre areia quartzosa e lama escura, com cheiro de gás
sulfídrico. Fragmentos de conchas, bancos de ostras mortas e enterradas, e
restos vegetais dos manguezais aparecem em proporções variadas. A
distribuição dos sedimentos é controlada essencialmente pelas correntes de
marés, como nas duas extremidades da ilha de Itamaraforma-se uma areia
quartzosa grosseira com alguns fragmentos de conchas, e as margens são
lamacentas, ocupadas pelo manguezal.
As variações de salinidade apresentam uma estreita dependência com o
ciclo de marés, o aporte fluvial, a precipitação pluviométrica e as estações do
ano. A estratificação é evidente, onde valores mais elevados são registrados na
camada profunda. Igualmente à temperatura, a salinidade apresenta uma
variação sazonal bastante definida, estando os valores mais elevados
registrados durante o período de verão (janeiro a março) e os mais baixos
durante o período de inverno (junho a agosto). Devido à constante mistura das
águas e principalmente à pequena profundidade do Canal, as variações de
temperatura entre a superfície e o fundo são pequenas, não ultrapassando a
1,0º C (MACÊDO et al., 2000).
A bacia dos rios Botafogo-Arataca limita-se, ao norte, com a bacia do
Rio Goiana; ao sul, com a do rio Igarassu; a oeste, com a sub-bacia do
Tracunhaém (formador do Goiana) e a bacia do Capibaribe; e, a leste, com a
bacia do Rio Itapessoca e o Canal de Santa Cruz. Localiza-se, nessa bacia, o
único reservatório do Litoral Norte, integrado ao sistema de abastecimento da
Região Metropolitana do Recife a Barragem do Botafogo com capacidade
para armazenar 27,5 milhões de m³ (CPRH, 2005).
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
26
Com vazão de 80.000 m³/dia, o Rio Botafogo (CPRH, 1977) (Figura 1),
apresenta-se como um dos mais importantes, juntamente com o rio Igarassú
(LIRA, 1975). Também deságua ao norte do Canal de Santa Cruz e destaca-se
pela grande quantidade de resíduos industriais despejados em seu leito,
principalmente cloro e celulose (MACÊDO et al., 1982), e pela considerável
área de suas margens ocupada por empreendimentos de carcinocultura.
O Rio Botafogo nasce no município de Araçoiaba, a oeste da cidade
homônima, com o nome de Catucá. Segue a direção sudeste no trecho entre a
nascente e a Barragem do Botafogo, desenvolvendo a maior parte desse
percurso em terrenos do Embasamento Cristalino. A jusante desse reservatório
toma a direção nordeste na qual se mantém até a desembocadura no Canal de
Santa Cruz. Nesse trecho, apresenta várzea relativamente larga, ladeada por
sedimentos da Formação Barreiras, até as proximidades do estuário, onde
aquela formação cede lugar ao arenito Beberibe. Pela margem esquerda, o
Botafogo tem como principais afluentes o riacho Caiana que deságua a
montante da barragem e os rios Pilão e Cumque o encontram no trecho
entre a barragem e a Usina São José. Pela margem direita, destacam-se como
afluentes mais extensos o riacho do Gil, que deságua próximo à Vila Araripe e
o rio Itapicuru que conflui a jusante da Vila Botafogo (CPRH, 2005).
A carga de poluentes da bacia é bastante elevada e provém de dois
núcleos urbanos de pequeno porte (a cidade de Araçoiaba e a vila de Três
Ladeiras), de três povoados (Chã de Sapé, Vila Araripe e Vila Botafogo)
dotados de sistemas precários de coleta dos resíduos domésticos mas,
sobretudo, das atividades agrícolas e das indústrias ali localizadas. A atividade
agrícola de maior potencial poluidor dos recursos hídricos da área é a cana-de-
açúcar, praticada pelas usinas São José e Santa Tereza, seguida, de longe,
pela policultura, cultivada em sítios e assentamentos rurais e pelas granjas de
fins de semana, configurando esses usos pequenas ilhas circundadas pelo
canavial. Seguindo-se a atividade industrial desenvolvida à margem do rio
Botafogo, no trecho a oeste da BR-101, onde estão quatro indústrias químicas,
uma indústria de produtos de matérias plásticas e uma usina de açúcar e
álcool. O efeito, sobretudo, do cloro utilizado por algumas dessas indústrias
tem trazido problemas para as populações que praticam a pesca no Rio
Botafogo ou vivem da agricultura e da extração de areia nas margens desse
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
27
rio, no trecho compreendido entre a BR-101 e o Canal de Santa Cruz (CPRH,
2005).
Desaguando na região norte do Canal de Santa Cruz, o Rio Carrapicho
separa a Ilha de Itapessoca do continente (Figura 1).
Limita-se, ao norte, com a bacia do rio Goiana; ao sul, com a bacia dos
rios Botafogo-Arataca e com o Canal de Santa Cruz; a oeste, com a sub-bacia
do Botafogo; e, a leste, com as microbacias da vertente atlântica. Tendo ao
centro a Ilha de Itapessoca, o rio em questão resulta da confluência de vários
rios de pequena dimensão que nascem na vertente dos tabuleiros localizados
ao norte e a oeste da citada ilha. Dentre os tributários do Itapessoca
(Carrapicho), destacam-se os rios Sirigi, Ibeapicu e o rio da Guariba, este
último tendo à sua margem esquerda a vila de Tejucupapo (CPRH, 2005).
No tocante à degradação dos recursos hídricos da bacia, cabe destacar
a ação poluidora dos produtos utilizados na cana-de-açúcar e na avicultura,
assim como dos resíduos de origem doméstica (de Tejucopapo e povoados
dabacia) e industrial (do matadouro de Tejucupapo, localizado à margem do rio
da Guariba; da produção de cal etc.). A esses problemas, acresce-se o da falta
de recuperação das áreas degradadas pela extração mineral, contribuindo para
o assoreamento dos rios e do próprio estuário (CPRH, 2004).
A área estuarina do Rio Itapessoca (Carrapicho) totaliza cerca de 3.998
hectares e abriga flora e fauna variadas, constituindo, juntamente com a área
estuarina do rio Goiana-Megaó, importante fonte de sustento das comunidades
urbanas e rurais circunvizinhas. Vale ressaltar que, recentemente, o manguezal
da área vem sendo pressionado, do lado do continente (em Tejucupapo e
Catuama), com vistas à instalação de empreendimentos de carcinicultura, o
que pode alterar de forma significativa as características desse ecossistema
(CPRH, 2004).
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
28
3. MATERIAL E MÉTODOS
Como definido pelo protocolo do Instituto do Milênio – Uso e apropriação
de recursos costeiros, foram escolhidas duas áreas distintas localizadas no
trecho norte do Canal de Santa Cruz, Pernambuco, Brasil.
A primeira área, o Rio Botafogo, considerada como área impactada
(Experimental), e a segunda área, o Rio Carrapicho, considerada como não
impactada (Controle), visualizadas na figura 1.
Foram demarcadas 4 estações de coleta regularmente dispostas nos
rios Botafogo (estação 1: 07º43’2,6”S e 34º53’37,2”W; estação 2: 07º42’47,1”S
e 34º52’52,8”W; estação 3: 07º42’35,2”S e 34º52’32,3”W; estação 4:
07º42’38,5”S e 34º51’55,1”W) e Carrapicho (estação 1: 07º62’71”S e
34º87’93”W; estação 2: 07º64’73”S e 34º86’87”W; estação 3: 07º66’75”S e
34º86’32”W; estação 4: 07º68’17”S e 34º84’91”W) (Figura 1).
As coletas foram diurnas, realizadas nos meses de agosto e outubro de
2003, janeiro, fevereiro, junho e agosto de 2004, sempre em maré vazante de
quadratura, no andar infralitoral dos rios Botafogo e Carrapicho.
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
29
Figura 1 Localização dos rios Botafogo e Carrapicho e suas respectivas estações de
coleta (#1, #2, #3 e #4). Complexo estuarino do Canal de Santa Cruz, Itamaracá, PE.
(SCHWAMBORN, 2004, modificado).
#1
#2
#3
#4
Rio Carrapicho
Rio Botafogo
#1
#2
#3
#4
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
30
3.1. Dados hidrológicos
Dados de salinidade e temperatura da água foram registrados através de
uma sonda de multiparâmetros para cada estação durante todos os meses de
coleta. Duração, velocidade, profundidade em metros no início e fim de cada
arrasto foi determinada através de uma ecossonda.
3.2. Dados climatológicos
Os dado383( )]TJ/640026(g)0.640026(i)239 6716.6413t20.76 TLT*[( )-261(a)-00-4.323a038326(s)-4.327474(95(a)1.442117(o)0.640026(s)-4.( )-122.23º4.34.345995(s)--4.21099( )2c3t20.76 a)-4.302.71093-4.u-2.16558(e)-4.33117(16436(r)2.80439(o17( )-72.20o)5.é.45995(s)-0.474(d)-4.33117(i)1.16436(r)2.c7( )-72516474(d)-4.as)--4.21099( )2c3t20es ralinidste e d36199( )2c3t202.241(e)-4.4.33117( )(i)239 6716.6 ia d2673.74(O)- 80439(o17( b-2.16558(d)-4.33117(e9.71093(o)33117( )-62.1998(d)-4.33117(u)-4.3311.16558( 474(e)-4.337.84032(e)-4.3146558833333.39574(e)( )-62.1998(p)-87( )-7(s)9.7176 Td[6713º4.34.345995(s)--4.21099( 14655883M311710034.33117(n)5.67558(r)2.80561(a)-4.o.33117(e)-4.33117( ))-22.1774(d)-4.33r)2.17(a)-4.33117(d)5.67474(o)-r)2.c7 )’/R7 12 Tf35.42099( 146558117(o)0.640026235(e)5.67474655811C-4.3280864.33117(e)-4.33117( )7.84032(e)-33117( )-62.1998(d)-4.67474655811(.33117( )07( )-720f2074(d)-4.81998(d)-4.º)4.78717(31998(d)-4.01998(d)-4.’5588696)2.01998(d)-4.01998(d)-4.”.33117( )84154(c)-0.S333.39574(33117(s)]TJ292.733 0 Td[465581131998(d)-4.46235(e)5.ºTm[217.3356235(e)5.71998(d)-4.’5588696)2.01998(e)-4.01998(e)-4.”.33117( )84 )-62.19980f2077474(s)-0.29W61(o.3217())12c810 )(i298027( )-6(p)-87( pd)5.67474(e)-4.32m)-7.4971( 619t58(d)5.67474(e)-4.33474(e)-4.33c558(a)-4.33056(.)7.8474(e)-0619t58(d)5.67474(e)-4.3317(i)1.87( )-2.16558(d26235(e)5.674i)1.87( I74i)1.87( 474(e)-4.33e)( )-62.1998(p)-87( i056( )-72.2069(s)u33117(n)5.67-4.32873(a)-4.32873(674i)1.87( N-2.16433 )-2.16558(d.33117(t)-2.16436(r)2.80439(o4.33474(e)-4.33 Tf35.4209 -20.710.613558(r)2..67474(,)-2.16558( )-132.239 6716M)12c51474.33117(n)5.67474(d)-4.e(o)0.640026(s)-4.3314.33117( ))-22.1774(d)-4.33r)2.)-22.1774(d.33117(77.7247474(u)-4.33117(a)2.16436(e)-4.33117(m)2(.33117( )I.33117(m)2N-4.325643M3117(l)13333.39312.3369.36(O)-))33117( )474(m)-7.4971(a)-4.33117( )7-(77.7247)7.84154(i 0 cm 295585(o)-4.33117(s.5255632(s)-0.295585(o)-4.32873()-0.295585(o)-4.32873(4.312c3t154.39276558(2)-4.33 TL( )’20.64 TL( )’558( )-2.158(1)-4.330a-22.1774(d.3L( )’2080561(a)-4.338(2)-4.33674i)1.87( b -21.48 Td[(3)-4.3306558(D)11.5808(d)5.67ó026(o)0.64g -21.48 Td[(3)-4.330c74(e)-4.33 Tf35.4.16558(h)0.6154(e)-4.3316558(d)0.640026(r)-1.4154(i)1A333.39574(e)( )]TJ/R7 12 065584.33117(v)9.71032(é)-4.3371(e)-4.3)-4.33056(r)2.805(ra74(e)-4.33e)117(u)-4.3311.2.2 )-(d)-4.32873(a)-4.32873()5.67474(t)-5( )-2.16558(a)(O)-)-2.2.2 )-(e-4.33117(l)112c3t15.33117(n)5.67558(5.67.33117(r)2.80439(a)-4.117( )-2.16436(u)5.67e)( )]TJ/R7 12 065582.33117(v)9.71035( )-2.165117(l)1 12 065582.b33117(r)2.80439(a)-4.4.33117( )33117(v)9.71035( )-2.1 12 065582.87122(n)-4.33117(í)7.84152.2 )7 pd)5.63117(s)36(u)5.67e
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
31
3.4. Procedimento em laboratório
3.4.1. Triagem e identificação da fauna bêntica
No LABCARCI, todos os organismos foram triados e identificados até
menor nível taxonômico possível sob estereomicroscópio, quando necessário,
com auxílio de literatura pertinente (COUTIÈRE, 1909; RATHBUN, 1930;
CHACE JR., 1972; WILLIAMS, 1984; ABELE & KIM, 1986; GOMES-CORRÊA,
1986; COELHO-FILHO & COELHO, 1996; MELO, 1996, 1999, entre outros).
Em seguida alguns exemplares foram mantidos em potes plásticos com
álcool a 75% para representar as espécies coletadas, e os demais foram
descartados, exceto os espécimes de Callinectes danae, que foram mantidos
congelados para subseqüente análise do conteúdo estomacal.
3.4.2. Callinectes danae e análise do conteúdo estomacal
Para a análise da dieta natural de C. danae foram utilizados apenas siris
capturados em fevereiro e junho de 2004, representando espécimes dos
períodos seco e chuvoso, respectivamente.
Como sugerido por Haefner (1990), para análise do conteúdo estomacal
foram utilizados apenas exemplares em intermuda, uma vez que essa fase se
caracteriza pelo acumulo de reservas de alimento para a próxima muda. Após
descongelamento em temperatura ambiente os siris foram sexados e aferidos
peso e largura da carapaça (LC), medida na base do espinho lateral.
As categorias jovem e adulto foram determinadas como define Williams
(1974) para o gênero Callinectes, onde afirma que os machos atingem
maturidade sexual aos 13 cm de LC, enquanto as fêmeas 10,7 cm.
Em seguida os estômagos foram retirados com o auxílio de uma pinça
através de uma abertura feita com uma tesoura na região anterior da carapaça
de cada siri. Foram colocados em placa de Petri, pesados e estimado o grau de
repleção estomacal, subjetivamente determinado de acordo com a quantidade
de alimento presente no estômago examinado, em percentual de 0-100% e
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
32
colocados em potes plásticos em solução de formol a 4%. Todos os siris foram
descartados após a retirada de seus estômagos.
Posteriormente, os estômagos foram rompidos com pinça e agulha e o
conteúdo estomacal foi removido com jatos de água de uma piceta.
Sob estereomicroscópio, os itens alimentares foram identificados até o
menor nível taxonômico possível, baseado em Rios (1975), Nonato & Amaral
(1979), Amaral & Nonato (1981, 1982) e Barnes (1996), e aplicado o método
dos Pontos (MP), que consiste numa estimativa visual, onde se atribui pontos
para cada item identificado. Esses pontos correspondem ao percentual de
cobertura ocupado por determinado item, considerando que o volume total dos
itens encontrados em um determinado estômago é equivalente a 100%. Foi
previamente determinada uma escala com 5 categorias: 2,5 pontos (<5%), 25
pontos (5-35%), 50 pontos (35-65%), 75 pontos (65-95%) e 100 pontos (>95%)
(WILLIAMS, 1981; WEAR & HADDON, 1987).
Os itens encontrados nos estômagos foram reunidos nas seguintes
categorias:
Algae, representada por fragmentos de algas macroscópicas.
Macrophyta, por vegetais aquáticos que ocorrem, desde áreas de
brejos até ambientes verdadeiramente aquáticos.
Foraminiferida, por carapaças inteiras de foraminíferos.
Mollusca, fragmentos de conchas ou pela concha inteira de Gastropoda
e/ou Bivalve, protoconcha de Gastropoda e moluscos não identificados.
Polychaeta, fragmentos do corpo e/ou cerdas, mandíbulas e cutículas.
Crustacea, representado por partes de quelas e fragmentos do corpo de
Brachyura, Anomura e Penaeidae; Isopoda e Ostracoda inteiros e crustáceos
não identificados.
Echinodermata, por fragmentos ou esqueleto de estrelas-do-mar e/ou
ouriços.
Teleostei, fragmentos de musculatura, vértebras e escamas.
MOA (Matéria Orgânica Animal), todo material de origem animal com
alto grau de digestão, o que não permitiu sua identificação.
Assim como para Moura (2007), Areia não entrou na análise da
composição de itens alimentares, uma vez que não traz informação quanto à
natureza do alimento (WILLIAMS, 1982), pois a sua ingestão pode estar
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
33
relacionada com o hábito de se enterrar ou com a ingestão das presas (PETTI,
1990).
3.5. Tratamento dos dados
Para as análises estatísticas foi utilizado o software PRIMER versão 5.0
e o programa EXCEL 2003 para os demais lculos, gráficos, bem como a
construção de todas as planilhas.
Para o estudo da diversidade das espécies da fauna bêntica foram
utilizados o índice de diversidade de Shannon (H’ pelo log
2
) (SHANNON,
1935). No qual os dados obtidos foram enquadrados na seguinte classificação:
• < 1 bit.ind¯¹ = muito baixa;
• 1 – 2 bits.ind¯¹ = baixa;
• 2 – 3 bits.ind¯¹ = média;
• 3 – 4 bits.ind¯¹ = alta;
• > 4 bits.ind¯¹ = muito alta.
E o índice de eqüitabilidade de Pileou (J’=H’/log(S)) (PILEOU, 1966),
que informa o grau de distribuição dos indivíduos entre as espécies, sendo
considerados eqüitativos valores acima de 0,5 e riqueza de Margalef (d)
(MARGALEF, 1958), que é a medida do número de espécies presentes numa
amostra, na qual se faz uma compensação pelo número de indivíduos, a partir
da fórmula: d = (S – 1)/Log(N), onde: S é o número de espécies e N número de
indivíduos em cada amostra.
A partir da abundância total, que se baseia no número de indivíduos de
uma determinada espécie em uma amostra, foram determinadas as espécies
dominantes, das quais foram plotadas as curvas de dominância cumulativa por
espécies ranqueadas (K-dominância).
Na análise quali-quantitativa da alimentação natural de Callinectes
danae foi aplicado o Método dos Pontos (MP), no qual a porcentagem total dos
pontos atribuídos para um determinado item a partir da sua contribuição
relativa (%) no volume total de alimento de um estômago foi expressa segundo
Berg (1979) e Williams (1981) pela fórmula:
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
34
Σ
n
j =1
aij x 100
A
Onde: A corresponde ao número total de pontos para todos os itens; n é
o número total de estômagos analisados; e aij o número de pontos do item
presa i encontrado nos estômagos examinados.
E o método da Freqüência de Ocorrência (FO), que estima a freqüência
com que determinado item alimentar ocorre nos estômagos através da fórmula:
FO
=
___bi___
N*100
Onde: bi é o número de estômagos (amostras) que contém o item i; e N
corresponde ao número de amostras analisadas (HYNES, 1950; WILLIAMS,
1981, modificado).
A Freqüência de Ocorrência também foi utilizada no estudo dos padrões
de distribuição espacial das espécies da fauna bêntica dos estuários
analisados, a qual descreve a porcentagem de ocorrência de uma determinada
espécie em relação ao total de estações de coleta. A partir dos valores obtidos,
as espécies foram classificadas nas seguintes categorias:
30% = muito freqüente;
20 e <30% = freqüente;
10 e <20% = pouco freqüente;
5 e <10% = rara;
• <5% = muito rara.
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
35
4. RESULTADOS
4.1. Dados hidrológicos
4.1.1. Profundidade, temperatura e salinidade da água nas estações de coleta
do estuário do Rio Botafogo
Houve considerável variação na profundidade da massa d’água nas
estações de coleta no estuário do Rio Botafogo, com mínima de 1,0 m na
estação 4 em fevereiro de 2004, e máxima de 7,5 m na estação 2 em agosto
de 2003 (Tabela 1).
A temperatura nas estações de coleta variou de 20,4 ºC na estação 2
em janeiro de 2004 a 30,7 ºC na estação 4 do mesmo mês de coleta, tendendo
a um aumento na temperatura da coluna d’água de agosto de 2003 à janeiro de
2004, com leve decréscimo seguido de novo aumento ao longo das estações
de coleta em fevereiro do mesmo ano. Decorrendo outra baixa nos valores de
temperatura nas estações do mês de junho de 2004, seguido de aumento em
agosto de 2004. As maiores temperaturas foram registradas nos meses de
outubro de 2003, janeiro e fevereiro de 2004, os quais correspondem ao
período seco do ano na área estudada (Tabela 1).
A salinidade nas estações de coleta mostra uma variação de grande
significância com valor mínimo de 8,10 UPS na estação 1 em junho de 2004 e
máximo de 30,2 UPS na estação 3 em agosto de 2004. Os valores oscilaram
ao longo do percurso de coleta nos meses de agosto e outubro de 2003,
aumentaram no mês de janeiro de 2004, voltando a oscilar em fevereiro de
2004 e tornando a aumentar em agosto de 2004 (Tabela 1). Definindo
diferentes tipos de ambientes no estuário do Rio Botafogo de acordo com as
amplas variações de salinidade: mesoalino (5 à 18 UPS) em três estações (2
em agosto de 2003 e em fevereiro de 2004, e 1 em junho de 2004), polialino
(18 à 30 UPS) na grande maioria das estações e eualino (30 à 40 UPS) em
duas estações (3 e 4 em agosto de 2004).
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
36
Tabela 1 - Profundidade, temperatura e salinidade da água nas estações de coleta do
estuário do Rio Botafogo, Itamaracá, PE.
Profundidade
Temperatura
Salinidade
Mês/Ano
Estação
(m) (ºC) (UPS)
ago/03 #1 3,3 28,3 24,0
ago/03
#2 7,5 28,5 17,0
ago/03
#3 4,3 28,6 20,0
ago/03
#4 4,1 28,9 22,0
out/03 #1 1,6 29,3 26,0
out/03
#2 4,0 30,1 23,2
out/03
#3 4,9 29,2 28,3
out/03
#4 4,2 28,9 28,6
jan/04 #1 3,8 29,2 21,0
jan/04
#2 3,6 20,4 22,5
jan/04
#3 4,7 30,0 24,3
jan/04
#4 3,6 30,7 26,0
fev/04 #1 3,6 29,5 23,8
fev/04
#2 3,0 29,6 16,3
fev/04
#3 2,6 30,0 22,7
fev/04
#4 1,0 30,3 24,9
jun/04 #1 3,8 24,0 8,1
jun/04
#2 5,1 21,0 22,1
jun/04
#3 3,9 22,0 23,1
jun/04
#4 3,7 23,0 25,8
ago/04 #1 1,5 29,4 24,8
ago/04
#2 1,5 28,9 30,0
ago/04
#3 1,5 28,9 30,2
ago/04
#4 1,5 28,9 30,1
4.1.2. Profundidade, temperatura e salinidade da água nas estações de coleta
do estuário do Rio Carrapicho
Assim como para o estuário do Rio Botafogo, houve considerável
variação na profundidade da coluna d’água nas estações de coleta,
apresentando o menor valor a estação 2 em outubro de 2003 com 1,1 m e a
estação 3 em agosto de 2003 com 8,0 m de profundidade, o maior valor.
(Tabela 2).
A temperatura das estações de coleta variou de 24,0 ºC em junho de
2004 na estação 4 à 30,2 ºC em janeiro de 2004 na estação 1. Assim como
para o rio Botafogo as temperaturas mais elevadas foram registradas nos
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
37
meses referentes ao período seco da área analisada (Carrapicho), outubro de
2003, janeiro e fevereiro de 2004 (Tabela 2).
A salinidade teve valor mínimo de 22 UPS em janeiro de 2004, nas
estações 3 e 4, e máximo de 37,9 UPS na estação 4 em fevereiro de 2004,
ocorrendo uma tendência ao aumento de agosto a outubro de 2003,
decréscimo ao longo das estações de janeiro (#1- #4) e aumento nas estações
de fevereiro e agosto de 2004 (#1- #4), oscilando em junho de 2004 (Tabela 2).
Desta forma, foram definidos dois tipos de ambientes no estuário do Rio
Carrapicho: polialino (18 à 30 UPS) durante todas as estações em agosto de
2003 e janeiro de 2004, estações 2 e 3 em junho de 2004 e 1 e 2 em agosto de
2004, e eualino (30 à 40 UPS) em todas as estações em outubro de 2003 e
fevereiro de 2004, estações 1 e 4 e, junho de 2004 e 3 e 4 em agosto de 2004.
Como demonstra a tabela 2, não houve registro dos dados de
profundidade para as estações 3 e 4 do mês de outubro de 2003, 2 e 4 em
agosto de 2004.
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
38
Tabela 2 - Profundidade, temperatura e salinidade da água nas estações de coleta do
estuário do Rio Carrapicho, Itamaracá, PE.
Profundidade
Temperatura
Salinidade
Mês/Ano
Estação
(m) (ºC) (UPS)
ago/03 #1 5,1 28,6 29,0
ago/03
#2 6,5 28,4 28,0
ago/03
#3 8,0 28,3 30,0
ago/03
#4 4,7 28,5 30,0
out/03 #1 5,1 29,7 34,2
out/03
#2 1,1 29,4 35,4
out/03
#3 - 28,9 33,7
out/03
#4 - 29,0 33,7
jan/04 #1 5,5 30,2 24,0
jan/04
#2 6,2 30,0 23,0
jan/04
#3 6,5 29,8 22,0
jan/04
#4 6,2 29,5 22,0
fev/04 #1 4,9 29,5 34,5
fev/04
#2 6,2 29,4 36,1
fev/04
#3 3,0 29,7 35,6
fev/04
#4 5,4 29,7 37,9
jun/04 #1 4,6 25,0 31,5
jun/04
#2 4,4 25,0 26,4
jun/04
#3 5,5 25,0 26,4
jun/04
#4 6,0 24,0 31,5
ago/04 #1 6,6 27,2 27,2
ago/04
#2 - 28,0 29,5
ago/04
#3 5,3 28,0 30,9
ago/04
#4 - 28,0 31,0
4.2. Dados climatológicos
A precipitação pluviométrica variou entre 537,3 mm em junho de 2004,
correspondente ao período chuvoso, e 52,3 mm em outubro de 2003, no
período seco. No entanto, verificou-se que foi um ano atípico, uma vez que
foram registrados valores de precipitação média mais elevados em janeiro e
fevereiro de 2004 (período seco), 249,9 mm e 226,0 mm, respectivamente, do
que em agosto de 2003 e 2004 (194,8 mm e 138,0 mm, respectivamente),
considerados como meses do período chuvoso (Figura 2).
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
39
0
100
200
300
400
500
600
Precipitação (mm)
ago/03 out/03 jan/04 fev/04 jun/04 ago
ago/03
out/03
Figura 2 Médias mensais da precipitação pluviométrica durante os períodos seco
(outubro/2003, janeiro/2004 e fevereiro/2004) e chuvoso (agosto/2003, junho/2004 e
agosto/2004), região litorânea de Itamaracá, PE (INMET 2003 e 2004).
A temperatura média mensal do ar apresentou valores baixos durante os
meses correspondentes ao período chuvoso (23,9ºC em agosto/2004, 24,1ºC
em agosto/2003 e 24,4ºC em junho/2004) e mais elevados durante os meses
do período seco (26,0ºC em outubro/2003, 26,7ºC em fevereiro/2004 e 26,9ºC
em janeiro/2004).
4.3. Dados bióticos
4.3.1. Composição específica da fauna bêntica do infralitoral dos estuários dos
rios Botafogo e Carrapicho
Foram identificadas 51 espécies, quatro gêneros (espécies não
identificadas), uma infraordem (Thalassinidea) e uma classe (Polychaeta) do
ago/03
Seco
Chuvoso
out/03 jan/04 fev/04 jun/04 ago/04
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
40
total de 9.068 indivíduos capturados, destes 88,83% (8.055 indivíduos)
provenientes do Rio Botafogo e 11,17% (1.013 indivíduos) do Rio Carrapicho
.
Destas, duas espécies como novos registros para as áreas estudadas,
Charybdis hellerii (Milne Edwards, 1867) e Paguristes triangulopsis Forest &
Saint Laurent, 1967.
Esse total de espécies distribui-se em quatro filos: Arthropoda com o
subfilo Crustacea, em dezenove famílias, 39 espécies, dois gêneros (espécies
não identificadas) e uma infraordem; Echinodermata com cinco famílias, seis
espécies e dois gêneros (espécies não identificadas); Mollusca com seis
famílias e seis espécies; e Annelida com a Classe Polychaeta. Como
representado na sinopse taxonômica.
4.3.1.1. Sinopse taxonômica
Filo Sipuncula
Filo Porifera
Filo Annelida
Classe Polychaeta
sp. n. ident.
Filo Mollusca
Família Veneridae Rafinesque, 1815
Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791)
Família Donacidae Fleming, 1828
Iphigenia brasiliana (Lamark, 1818)
Família Mytilidae Rafinesque, 1815
Mytella charruana (d´Orbigny, 1842)
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
41
Família Neritidae Rafinesque, 1815
Neritina virginea (Linnaeus, 1758)
Família Melongenidae Gill, 1867
Pugilina morio (Linnaeus, 1758)
Família Mellitidae Stefanini, 1911
Mellita sexiesperforata (Leske, 1778)
Filo Echinodermata
Família Astropectinidae Gray, 1840
Astropecten articulatus (Say, 1825)
Astropecten marginatus Gray, 1840
Astropecten sp.
Família Echinasteridae Verrill, 1867
Echinaster (Othilia) echinophorus (Lamark, 1816)
Família Luidiidae Verrill, 1899
Luidia senegalensis (Lamark, 1816)
Luidia clathrata (Say, 1825)
Família Ophiothricidae Ljungman, 1866
Ophiotrix sp.
Família Mellitidae Stefanini, 1911
Encope emarginata (Leske, 1778)
Filo Arthropoda
Subfilo Crustacea
Brünnich, 1772
Família Archaeobalanidae Newman & Ross, 1976
Chirona (Striatobalanus) amaryllis (Darwin, 1854)
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
42
Família Leptocheliidae Lang, 1973
Leptochelia dubia (Kroyer, 1842)
Família Cymothoidae Leach, 1814
Cymothoa excisa Perty, 1830
Família Penaeidae Rafinesque, 1815
Farfantepenaeus subtilis (Pérz Farfante, 1967)
Litopenaeus schimitti (Burkenroad, 1936)
Família Sicyoniidae Ortmann, 1898
Sicyonia laevigata Stimpson, 1871
Sicyonia dorsalis Kingsley, 1878
Sicyonia parri (Burkenroad, 1934)
Sicyonia typica (Boeck,1864)
Família Palaemonidae Rafinesque, 1815
Leander paulensis Ortmann, 1897
Periclimenes longicaudatus (Stimpson, 1860)
Kemponia americana (Kingsley, 1878)
Família Alpheidae Rafinesque, 1815
Alpheus nuttingi (Schmitt, 1924)
Alpheus intrinsecus Bate, 1888
Alpheus sp.
Família Palinuridae Latreille, 1802
Panulirus argus (Latreille, 1804)
Família Paguridae Latreille, 1802
Pagurus criniticornis (Dana, 1852)
Família Diogenidae Ortmann, 1892
Paguristes triangulopsis Forest & Saint Laurent, 1967
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
43
Clibanarius vittatus (Bosc, 1802)
Clibanarius sclopetarius (Herbst, 1796)
Família Porcellanidae Haworth, 1825
Petrolisthes armatus (Gibbes, 1850)
Minyocerus angustus (Dana, 1852)
Família Calappidae De Haan, 1833
Calappa ocellata Holthuis , 1958
Família Menippidae Ortmann, 1893
Menippe nodifrons Stimpson, 1859
Família Majidae Samouelle, 1819
Microphrys antillensis Rathbun, 1901
Notolopas brasiliensis Miers, 1886
Família Pilumnidae Samouelle, 1819
Pilumnus caribaeus Desbonne & Schramm, 1867
Família Portunidae Rafinesque, 1815
Callinectes danae Smith, 1869
Callinectes exasperatus (Gerstaecker, 1856)
Callinectes larvatus Ordway, 1863
Callinectes ornatus Ordway, 1863
Callinectes sapidus Rathbun, 1896
Charybdis hellerii (A. Milne-Edwards, 1867)
Família Xanthidae
MacLeay, 1838
Acantholobolus bermudensis ( Benedict & Rathbun, 1891)
Hexapanopeus caribbaeus (Stimpson & Schramm, 1870)
Panopeus lacustris Desbonne, 1867
Panopeus occidentalis Saussure, 1857
Panopeus sp.
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
44
Família Pinnotheridae De Haan, 1833
Dissodactylus crinitichelis Moreira, 1901
Zoaps ostreus (Say, 1817)
Família Ucididae Stevcic, 2005
Ucides cordatus (Linnaeus, 1763)
Infraordem Thalassinidea Latreille, 1831
sp. n. ident.
Filo Chordata
Subfilo Urochordata
Subfilo Cephalochordata
No entanto, três filos não foram considerados nas análises por
apresentarem baixa abundância total: Porifera, Chordata e Sipuncula.
Porifera, com registros na estação 1 em agosto de 2003 e 2 e 3 em
fevereiro de 2004 no Rio Botafogo e estações 1 e 3 em fevereiro de 2004 no
Carrapicho.
E apenas nas amostras do estuário do Rio Carrapicho foram registrados
os filos Chordata com os subfilos Urochordata, um único exemplar de ascídia
na estação 2 em fevereiro de 2004, e Cephalochordata, também com um único
exemplar de anfioxo na estação 1 em junho, do mesmo ano; e Sipuncula com
apenas um exemplar na estação 3 em agosto de 2004.
O Filo Annelida, representado pela Classe Polychaeta, assim como os
dois últimos citados, ocorreu exclusivamente nas amostras do estuário do Rio
Carrapicho, no entanto foi analisado juntamente com os filos mais abundantes.
Das 55 espécies identificadas cinco (9,1%) estiveram presentes apenas
nas amostras do Rio Botafogo (Alpheus intrinsecus, Notolopas brasiliensis,
Callinectes sapidus, Ucides cordatus e Iphigenia brasiliana).
Enquanto 22 (40%), ocorreram apenas nas amostras provenientes do
estuário do Rio Carrapicho (Leptochelia dubia, Cymothoa excisa, Sicyonia
laevigata, S. dorsalis, S. parri, S. typica, Periclimenes longicaudatus, Kemponia
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
45
americana, Panulirus argus, Clibanarius sclopetarius, Calappa ocellata,
Microphrys antillensis, Menippe nodifrons, Acantholobolus bermudensis,
Panopeus occidentalis, Panopeus sp., Pilumnus caribaeus, Dissodactylus
crinitichelis, Thalassinidea, Astropecten articulatus, A. marginatus, Astropecten
sp. e Mellita sexisespeforata). Thalassinidea somente ocorreu no estuário
deste rio.
As 28 espécies restantes (50,9%) estiveram presentes em ambos os
estuários, Chirona (Striatobalanus) amaryllis, Farfantepenaeus subtilis,
Litopenaeus schimitti, Leander paulensis, Alpheus nuttingi, Alpheus sp.,
Pagurus criniticornis, Paguristes triangulopsis, Clibanarius vittatus, Petrolisthes
armatus, Minyocerus angustus, Callinectes danae, C. exasperatus, C. larvatus,
C. ornatus, Charybdis hellerii, Hexapanopeus caribbaeus, Panopeus lacustris,
Zoaps ostreum, Echinaster (Othilia) echinophorus, Luidia senegalensis, L.
clathrata, Ophiotrix sp., Encope emarginata, Anomalocardia brasiliana, Mytella
charruana, Neritina virginea e Pugilina morio.
Como mostra de forma simplificada a tabela 3.
CHALEGRE, K.Q.T
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
47
Tabela 3 Distribuição dos grupos taxonômicos coletados nos rios
Botafogo e Carrapicho, Itamaracá, PE, durante os arrastos de agosto e
outubro de 2003, janeiro, fevereiro, junho e agosto de 2004. (Continuação).
Grupo taxonômico Rio Botafogo
Rio Carrapicho
Microphrys antillensis
Notolopas brasiliensis
Callinectes danae
Callinectes exasperatus
Callinectes larvatus
Callinectes ornatus
Callinectes sapidus
Charybdis hellerii
Menippe nodifrons
Acantholobolus bermudensis
Hexapanopeus caribbaeus
Panopeus lacustris
Panopeus occidentalis
Panopeus sp.
Pilumnus caribaeus
Dissodactylus crinitichelis
Zoaps ostreum
Ucides cordatus
Thalassinidea
Urochordata
Cephalochordata
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
48
4.3.1.2. Abundância dos principais grupos da fauna bêntica do infralitoral do
estuário do Rio Botafogo
Do total de 8.055 indivíduos capturados nos meses de agosto e outubro
de 2003, janeiro, fevereiro, junho e agosto de 2004 durante os arrastos, o
estuário do Rio Botafogo apresentou 31 espécies e dois gêneros (espécies não
identificadas), das quais 70,9% são Mollusca, 27,6% Crustacea e 1,5%
Echinodermata. A figura 3 representa a porcentagem total dos principais
grupos durante todo o período de amostragem.
Crustacea
27,6%
Echinodermata
1,5%
Mollusca
70,9%
Figura 3 Porcentagem total dos principais grupos capturados no estuário do Rio
Botafogo, Itamaracá, PE, durante os arrastos de agosto e outubro de 2003, janeiro,
fevereiro, junho e agosto de 2004.
A espécie mais abundante no estuário do rio Botafogo foi Anomalocardia
brasiliana com 48,7% (3.923 indivíduos), seguida de Callinectes danae 23,2%
(1.872 indivíduos) e Neritina virginea 18,1% (1.455 indivíduos) (Tabela 4).
N=8.055
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
49
Tabela 4 - Abundância total (N) e relativa (%) dos táxons capturados no estuário do
Rio Botafogo, Itamaracá, PE.
Táxons ago/03 out/03 jan/04 fev/04 jun/04 ago/04 N %
Chirona (Striatobalanus) amaryllis
0 0 0 0 0 5 5 0,06
Farfantepenaeus subtilis
5 6 28 31 0 0 70 0,87
Litopenaeus schimitti
8 4 7 140 0 0 159 1,97
Leander paulensis
1 0 13 0 0 0 14 0,17
Alpheus nuttingi
0 0 4 0 0 0 4 0,05
Alpheus intrinsecus
0 0 1 0 0 0 1 0,01
Alpheus sp
0 0 1 3 0 0 4 0,05
Pagurus criniticornis
0 8 0 6 0 0 14 0,17
Paguristes triangulopsis
0 1 0 2 0 0 3 0,04
Clibanarius vittatus
0 0 5 3 0 0 8 0,10
Petrolisthes armatus
0 0 0 1 0 0 1 0,01
Minyocerus angustus
0 0 1 2 0 2 5 0,06
Notolopas brasiliensis
0 0 2 0 0 0 2 0,02
Callinectes danae
2 53 897 722 198 0 1872 23,24
Callinectes exasperatus
0 0 7 2 0 0 9 0,11
Callinectes larvatus
3 0 5 1 0 0 9 0,11
Callinectes ornatus
0 2 0 1 3 0 6 0,07
Callinectes sapidus
0 0 2 0 0 0 2 0,02
Charybdis hellerii
2 0 0 0 0 0 2 0,02
Hexapanopeus caribbaeus
0 4 0 6 0 0 10 0,12
Panopeus lacustris
0 0 0 3 0 1 4 0,05
Zoaps ostreum
1 0 0 0 0 0 1 0,01
Ucides cordatus
0 0 19 0 0 0 19 0,24
Echinaster (Othilia) echinophorus
4 0 8 7 4 0 23 0,29
Luidia senegalensis
8 0 13 22 42 1 86 1,07
Luidia clathrata
0 0 7 0 0 0 7 0,09
Ophiotrix sp
0 0 1 1 0 0 2 0,02
Encope emarginata
0 0 0 0 1 0 1 0,01
Anomalocardia brasiliana
27 1260 376 754 1506 0 3923 48,70
Iphigenia brasiliana
2 7 0 0 0 1 10 0,12
Mytella charruana
0 3 68 107 0 0 178 2,21
Neritina virginea
23 927 60 407 38 0 1455 18,06
Pugilina morio
4 8 24 8 102 0 146 1,81
TOTAL
90 2283 1549 2229 1894 10 8.055 100,00
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
50
4.3.1.3. Abundância dos principais grupos da fauna bêntica do infralitoral do
estuário do Rio Carrapicho
Dos 1.013 indivíduos capturados durante os arrastos nos meses de
agosto e outubro de 2003, janeiro, fevereiro, junho e agosto de 2004, o estuário
do Rio Carrapicho apresentou 47 espécies, dois gêneros (espécies não
identificadas), uma infraordem (Thalassinidea) e uma classe (Polychaeta), dos
quais 62,2% são Crustacea, 20,5% Echinodermata, 9,2% Mollusca e 8,1%
Polychaeta (Figura 4).
Crustacea
62,2%
Echinodermata
20,5%
Mollusca
9,2%
Polychaeta
8,1%
Figura 4 - Porcentagem total dos principais grupos capturados no estuário do Rio
Carrapicho, Itamaracá, PE, durante os arrastos de agosto e outubro de 2003, janeiro,
fevereiro, junho e agosto de 2004.
A espécie mais abundante no estuário do Rio Carrapicho foi Callinectes
danae com 35,44% (359 indivíduos) (Tabela 5). Diferentemente das amostras
do Rio Botafogo, o Rio Carrapicho apresentou maior número de espécies e um
número de indivíduos bastante inferior.
N=1.013
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
51
Tabela 5 - Abundância total (N) e relativa (%) dos táxons capturados no estuário do Rio
Carrapicho, Itamaracá, PE.
Táxons ago/03 out/03 jan/04 fev/04 jun/04 ago/04 N %
Chirona (Striatobalanus) amaryllis
0 0 11 9 0 0 20 2,0
Leptochelia dúbia
0 0 0 0 0 1 1 0,1
Cymothoa excisa
0 0 0 0 0 1 1 0,1
Farfantepenaeus subtilis
24 5 5 25 0 0 59 5,8
Litopenaeus schimitti
0 1 0 2 0 0 3 0,3
Sicyonia laevigata
1 0 0 0 0 0 1 0,1
Sicyonia dorsalis
1 0 0 0 0 0 1 0,1
Sicyonia parri
0 0 1 0 0 0 1 0,1
Sicyonia typica
1 0 0 0 0 0 1 0,1
Leander paulensis
1 1 0 0 0 0 2 0,2
Periclimenes longicaudatus
1 0 0 0 0 0 1 0,1
Kemponia americana
0 0 1 1 0 0 2 0,2
Alpheus nuttingi
0 0 0 2 0 0 2 0,2
Alpheus sp
25 0 6 4 0 0 35 3,5
Panulirus argus
1 0 0 0 0 0 1 0,1
Pagurus criniticornis
1 1 0 0 0 10 12 1,2
Paguristes triangulopsis
1 0 0 0 0 0 1 0,1
Clibanarius vittatus
0 0 0 2 0 0 2 0,2
Clibanarius sclopetarius
0 0 0 1 0 0 1 0,1
Petrolisthes armatus
0 0 0 1 0 0 1 0,1
Calappa ocellata
0 0 1 0 0 0 1 0,1
Minyocerus angustus
6 9 0 5 0 14 34 3,4
Microphrys antillensis
0 0 1 1 0 0 2 0,2
Callinectes danae
14 20 96 35 194 0 359 35,4
Callinectes exasperatus
0 0 6 2 2 0 10 1,0
Callinectes larvatus
2 0 0 4 0 0 6 0,6
Callinectes ornatus
3 14 0 0 4 0 21 2,1
Charybdis hellerii
1 0 1 0 1 0 3 0,3
Menippe nodifrons
0 0 0 2 0 0 2 0,2
Acantholobolus bermudensis
0 0 2 0 0 0 2 0,2
Hexapanopeus caribbaeus
4 8 0 0 0 0 12 1,2
Panopeus lacustris
0 0 6 2 0 2 10 1,0
Panopeus occidentalis
0 0 0 3 0 0 3 0,3
Panopeus sp
0 0 0 9 0 0 9 0,9
Pilumnus caribaeus
0 0 1 0 0 0 1 0,1
Dissodactylus crinitichelis
0 1 0 0 0 0 1 0,1
Zoaps ostreum
5 0 0 0 0 0 5 0,5
Thalassinidea 0 0 0 1 0 0 1 0,1
Astropecten articulatus
0 0 1 4 0 0 5 0,5
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
52
Tabela 5 - Abundância total (N) e relativa (%) dos táxons capturados no estuário do Rio
Carrapicho, Itamaracá, PE. (Continuação).
Táxons ago/03 out/03 jan/04 fev/04 jun/04 ago/04 N %
Astropecten marginatus
1 0 0 4 0 0 5 0,5
Astropecten sp
0 17 1 1 0 0 19 1,9
Echinaster (Othilia) echinophorus
10 0 22 10 7 0 49 4,8
Luidia senegalensis
17 8 40 7 26 0 98 9,7
Luidia clathrata
0 1 1 2 0 0 4 0,4
Ophiotrix sp
0 1 2 2 0 0 5 0,5
Encope emarginata
5 3 11 1 3 0 23 2,3
Anomalocardia brasiliana
4 14 25 2 1 0 46 4,5
Mytella charruana
0 0 1 0 0 0 1 0,1
Neritina virginea
23 10 2 4 1 0 40 3,9
Pugilina morio
0 0 5 0 0 0 5 0,5
Mellita sexisespeforata
0 0 0 1 0 0 1 0,1
Polychaeta 0 0 15 28 0 39 82 8,1
TOTAL
152 114 264 177 239 67 1.013 100
4.3.1.4. Dominância das espécies da fauna bêntica do infralitoral do estuário do
Rio Botafogo
A figura 5 apresenta a curva de dominância cumulativa das espécies
capturadas no estuário do Rio Botafogo, na qual pode-se observar que um
pequeno grupo de espécies é dominante na população estudada, o que
também foi verificado na tabela de abundância desses táxons anteriormente.
Desta forma, Anomalocardia brasiliana, Callinectes danae e Neritina virginea
representam juntas cerca de 90% de dominância, enquanto as demais
espécies, menos abundantes, representam os 10% restantes desta
dominância.
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
53
Figura 5 - Curva de dominância cumulativa das espécies coletadas durante os meses
agosto e outubro de 2003, janeiro, fevereiro, junho e agosto de 2004 no estuário do
Rio Botafogo, Itamaracá, PE.
4.3.1.5. Dominância das espécies da fauna bêntica do infralitoral do estuário do
Rio Carrapicho
A curva de dominância cumulativa das espécies capturadas no estuário
do Rio Carrapicho demonstra, assim como no estuário do Rio Botafogo, que
um pequeno grupo de espécies é dominante na população analisada. Como
visto na tabela de abundância, uma única espécie, Callinectes danae, é
dominante principal (35%) e, juntamente com outras três espécies, Luidia
senegalensis, Polychaeta, Farfantepenaeus subtilis e Echinaster (Othilia)
echinophorus representam 64%. As demais 46 espécies, bem menos
abundantes, representam os 36% restantes da dominância (Figura 6).
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
54
Figura 6 - Curva de dominância cumulativa das espécies coletadas durante os meses
agosto e outubro de 2003, janeiro, fevereiro, junho e agosto de 2004 no estuário do
Rio Carrapicho, Itamaracá, PE.
4.3.1.6. Diversidade, eqüitabilidade e riqueza das espécies capturadas no
infralitoral do estuário do Rio Botafogo
Não foi observada uma alta diversidade nas estações de coleta do
estuário do Rio Botafogo. As estações 1 em agosto de 2003 (2,67 bits.ind¯¹), 3
em outubro de 2003 (2,55 bits.ind¯¹), 1 e 4 em janeiro de 2004 (2,07 e 2,64
bits.ind¯¹) e 1 em fevereiro de 2004 (2,37 bits.ind¯¹), apresentaram valores
médios de diversidade. Enquanto as estações 1 em outubro de 2003 (0,98
bits.ind¯¹), 2 em janeiro de 2004 (0,22 bits.ind¯¹), 1,2 e 3 em junho de 2004
(0,64, 091 e 0,96 bits.ind¯¹) apresentaram valores muito baixos de diversidade.
As demais estações (10) apresentaram diversidade baixa (Tabela 6).
Quanto à eqüitabilidade, onze estações apresentaram valores
superiores a 0,5, variando de 0,60 na estação 1 em janeiro de 2004 a 7,23 na
estação 2 do mesmo período, indicando que houve, nestas estações uma
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
55
distribuição homogênea do número de indivíduos. No entanto, para outras dez
estações esses valores foram inferiores a 0,5, mostrando que não houve uma
distribuição homogênea do total de indivíduos para as espécies mais
abundantes da área de estudo (Tabela 6).
Houve diferença significativa nos valores de riqueza de espécies de
Margalef entre as estações de coleta. A estação 4 em janeiro de 2004
apresentou o maior valor, 2,90 com quinze espécies, seguida das estações 1
em agosto de 2003, 2,55 (9 espécies), 3 em outubro de 2004, 2,04 (7 espécies)
e 3 em fevereiro de 2004, 2,03 (quatorze espécies). A estação 1 em junho de
2004 foi a que apresentou valor mais baixo (0,46), com quatro espécies
(Tabela 6).
Tabela 6 - Total de espécies (S), total de indivíduos (N), riqueza de espécie de
Margalef (d), diversidade (H’) e eqüitabilidade (J’) das estações de coleta durante os
meses de agosto e outubro de 2003, janeiro, fevereiro, junho e agosto de 2004 no
estuário do Rio Botafogo, Itamaracá, PE.
______________________________________________________________
_Estações S N d J' H'(log2)
ago/03 #1 9 23 2,55 0,84 2,67
ago/03 #2 4 7 1,54 0,92 1,84
ago/03 #3 3 25 0,62 0,71 1,13
ago/03 #4 7 35 1,69 0,68 1,91
out/03 #1 10 1092 1,29 0,30 0,98
out/03 #2 7 1172 0,85 0,36 1,02
out/03 #3 7 19 2,04 0,90 2,55
jan/04 #1 11 689 1,53 0,60 2,07
jan/04 #2 8 689 1,07 7,23 0,22
jan/04 #3 8 47 1,82 0,41 1,23
jan/04 #4 15 124 2,90 0,68 2,64
fev/04 #1 12 677 1,69 0,66 2,37
fev/04 #2 13 743 1,81 0,47 1,75
fev/04 #3 14 602 2,03 0,39 1,51
fev/04 #4 9 207 1,50 0,40 1,28
jun/04 #1 4 715 0,46 0,32 0,64
jun/04 #2 7 1013 0,87 0,32 0,91
jun/04 #3 7 145 1,21 0,34 0,96
jun/04 #4 4 21 0,98 0,85 1,70
ago/04 #1 5 10 1,74 0,84 1,96__
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
56
4.3.1.7. Diversidade, eqüitabilidade e riqueza das espécies capturadas no
infralitoral do estuário do Rio Carrapicho
Foi observada alta diversidade nas estações 1 em outubro de 2003 (3,30
bits.ind¯¹), 4 em janeiro de 2004 (3,22 bits.ind¯¹), 3 e 4 em fevereiro de 2004
(3,52 e 3,14 bits.ind¯¹, respectivamente) no estuário do Rio Carrapicho. As
estações 3 em agosto de 2003 e 3 em junho de 2003 (1,44 e 1,38 bits.ind¯¹)
apresentaram valores baixos de diversidade, enquanto as estações 1, 2 e 4 em
junho de 2004 (0,94; 0,96 e 0.51 bits.ind¯¹) e 1 e 4 em agosto de 2004 (0,92 e
0,97 bits.ind¯¹) diversidade muito baixa. As demais dez estações apresentaram
diversidade média (Tabela 7).
Quanto à eqüitabilidade, apenas duas estações apresentaram valores
inferiores a 0,5, 1 e 2 em junho de 2004, 0,47 e 0,48 respectivamente. Os
valores variaram de 0,47 a 0,99. As dezenove estações com valores acima de
0,5, indicam que na maior parte da área de estudo há uma distribuição
homogênea do número de indivíduos (Tabela 7).
Assim como para o estuário do Rio Botafogo, houve diferença
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
57
Tabela 7 - total de espécies (S), total de indivíduos (N), riqueza de espécie de
Margalef (d), diversidade (H’) e eqüitabilidade (J’) das estações de coleta durante os
meses de agosto e outubro de 2003, janeiro, fevereiro, junho e agosto de 2004 no
estuário do Rio Carrapicho, Itamaracá, PE.
_____________________________________________________
Estações S N d J' H'(log2)
ago/03 #1 11 34 2,84 0,83 2,87
ago/03 #2 8 20 2,34 0,93 2,80
ago/03 #3 15 73 3,26 0,77 2,99
ago/03 #4 6 25 1,55 0,86 2,23
out/03 #1 14 82 2,95 0,87 3,30
out/03 #2 8 32 2,02 0,82 2,47
jan/04 #1 7 66 1,43 0,77 2,15
jan/04 #2 17 123 3,33 0,67 2,73
jan/04 #3 7 17 2,12 0,90 2,54
jan/04 #4 16 58 3,69 0,80 3,22
fev/04 #1 8 48 1,81 0,79 2,38
fev/04 #2 9 31 2,33 0,84 2,67
fev/04 #3 19 66 4,30 0,83 3,52
fev/04 #4 11 32 2,89 0,91 3,14
jun/04 #1 4 45 0,79 0,47 0,94
jun/04 #2 4 66 0,72 0,48 0,96
jun/04 #3 6 58 1,23 0,53 1,38
jun/04 #4 2 70 0,24 0,51 0,51
ago/04 #1 2 3 0,91 0,99 0,92
ago/04 #3 5 58 0,99 0,62 1,44
_ago/04 #4 2 5 0,62 0,97 0,97_
4.3.1.8. Freqüência de ocorrência das espécies capturadas durante os
períodos seco e chuvoso no estuário do Rio Botafogo
Observou-se grande diferença na freqüência de ocorrência entre as
espécies capturadas nos períodos seco (outubro/2003, janeiro e
fevereiro/2004) e chuvoso (agosto/2003, junho e agosto/2004) do estuário do
Rio Botafogo (Tabela 8).
Para o período seco, foram encontradas cinco espécies muito
freqüentes, Callinectes danae, Anomalocardia brasiliana, Litopenaeus schimiti,
Farfantepenaeus subtilis e Neritina virginea, duas freqüentes (Pugilina morio e
Luidia senegalensis), sete pouco freqüentes (Pagurus criniticornis, Clibanarius
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
58
vittatus, Callinectes exasperatus, C. larvatus, Hexapanopeus caribbaeus,
Echinaster (Othilia) echinophorus e Mytella charruana), nove raras (Alpheus
sp., Paguristes triangulopsis, Minyocerus angustus, Callinectes ornatus,
Panopeus lacustris, Ucides cordatus, Luidia chlatrata, Ophiotrix sp. e Iphigenia
brasiliana) e sete muito raras (as demais espécies) (Tabela 8).
Enquanto no período chuvoso, não houve registro de espécies muito
freqüentes. Três estiveram na categoria freqüente (Luidia senegalensis,
Callinectes danae e Anomalocardia brasiliana), três pouco freqüentes
(Echinaster (Othilia) echinophorus, Neritina virginea e Pugilina morio), quatro
raras (Litopenaeus schimitti, Minyocerus angustus, Callinectes ornatus e
Iphigenia brasiliana) e sete muito raras, que se refere ao restante das espécies
(Tabela 8).
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
59
Tabela 8 - Freqüência de ocorrência (%) dos táxons capturados durante os períodos
seco (outubro/2003, janeiro e fevereiro/2004) e chuvoso (agosto/2003, junho e
agosto/2004) no estuário do Rio Botafogo, Itamaracá, PE.
P. Seco P. Chuvoso
Táxons (%) (%)
Chirona (Striatobalanus) amaryllis - 2,8
Farfantepenaeus subtilis 33,3 2,8
Litopenaeus schimitti 36,1 5,6
Leander paulensis 2,8 2,8
Alpheus nuttingi 2,8 -
Alpheus intrinsecus 2,8 -
Alpheus sp 5,6 -
Pagurus criniticornis 11,1 -
Paguristes triangulopsis 8,3 -
Clibanarius vittatus 11,1 -
Petrolisthes armatus 2,8 -
Minyocerus angustus 5,6 5,6
Notolopas brasiliensis 2,8 -
Callinectes danae 50,0 25,0
Callinectes exasperatus 13,9 -
Callinectes larvatus 11,1 2,8
Callinectes ornatus 8,3 5,6
Callinectes sapidus 2,8 -
Charybdis hellerii 2,8 -
Hexapanopeus caribbaeus 11,1 -
Panopeus lacustris 5,6 2,8
Zoaps ostreum - 2,8
Ucides cordatus 8,3 -
Echinaster (Othilia) echinophorus 16,7 13,9
Luidia senegalensis 25,0 27,8
Luidia clathrata 5,6 -
Ophiotrix sp 5,6 -
Encope emarginata - 2,8
Anomalocardia brasiliana 38,9 25,0
Iphigenia brasiliana 5,6 5,6
Mytella charruana 13,9 -
Neritina virginea 33,3 19,4
Pugilina morio 27,8 16,7
4.3.1.9. Freqüência de ocorrência das espécies capturadas durante os
períodos seco e chuvoso no estuário do Rio Carrapicho
O Carrapicho apresentou duas espécies muito freqüentes para o período
seco, Callinectes danae e Luidia senegalensis. Três freqüentes,
Farfantepenaeus subtilis, Echinaster (Othilia) echinophorus e Anomalocardia
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
60
brasiliana; seis pouco freqüentes, Chirona (Striatobalanus) amaryllis, Panopeus
lacustris, Ophiotrix sp, Encope emarginata, Neritina virginea e Pugilina morio;
dez espécies raras, Litopenaeus schimitti, Alpheus sp, Minyocerus angustus,
Microphrys antillensis, Callinectes exasperatus, Callinectes larvatus, Menippe
nodifrons, Astropecten articulatus, Astropecten sp e Luidia clathrata; e por fim,
as demais dezessete espécies como muito raras (Tabela 9).
no período chuvoso, apenas uma espécie foi muito freqüente, Luidia
senegalensis. Uma freqüente, Callinectes danae. Seis na categoria pouco
freqüente, Farfantepenaeus subtilis, Pagurus criniticornis, Minyocerus
angustus, Echinaster (Othilia) echinophorus, Anomalocardia brasiliana e
Neritina virginea. Quatro raras, Callinectes ornatus, Charybdis hellerii,
Hexapanopeus caribbaeus e Encope emarginata e dezoito muito raras (as
demais espécies) (Tabela 9).
Tabela 9 - Freqüência de ocorrência (%) dos táxons capturados durante os períodos seco
(outubro/2003, janeiro e fevereiro/2004) e chuvoso (agosto/2003, junho e agosto/2004) no
estuário do Rio Carrapicho, Itamaracá, PE.
P. Seco P. Chuvoso
Táxons (%) (%)
Chirona (Striatobalanus) amaryllis 11,1 -
Leptochelia dubia - 2,8
Cymothoa excisa - 2,8
Farfantepenaeus subtilis 22,2 13,9
Litopenaeus schimitti 5,6 -
Sicyonia laevigata - 2,8
Sicyonia dorsalis - 2,8
Sicyonia parri - 2,8
Sicyonia typica - 2,8
Leander paulensis 2,8 2,8
Periclimenes longicaudatus - 2,8
Kemponia americana 2,8 2,8
Alpheus nuttingi 2,8 -
Alpheus sp 8,3 2,8
Panulirus argus - 2,8
Pagurus criniticornis 2,8 13,9
Paguristes triangulopsis - 2,8
Clibanarius vittatus - 2,8
Clibanarius sclopetarius 2,8 -
Petrolisthes armatus 2,8 -
Calappa ocellata 2,8 -
Minyocerus angustus 5,6 19,4
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
61
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
62
196 no chuvoso (junho/2004), os quais, 21,1% (107) pertencem a categoria
jovem e 78,9% (401) a categoria adulto.
No período seco, 126 fêmeas (1,6% jovens e 98,4% adultos) e 108
machos (4,6% jovens e 95,4% adultos) apresentaram estômagos com algum
tipo de alimento. Enquanto 42 fêmeas (11,9% jovens e 88,1% adultos) e 36
machos (100% adultos) apresentaram estômagos vazios (Tabela 10).
No período chuvoso, 57 fêmeas (77,2% jovens e 22,8% adultos) e 44
machos (4,6% jovens e 95,4% adultos) apresentaram estômagos com alimento
e 53 fêmeas (92,5% jovens e 7,5% adultos) e 42 machos (100% adultos)
apresentaram estômagos vazios (Tabela 10).
Tabela 10 - Número e porcentagem de estômagos com conteúdo e vazio de machos e
fêmeas de acordo com os estágios de maturação (jovem e adulto), nos períodos seco
(fevereiro) e chuvoso (junho) de 2004, no Estuário do Rio Botafogo, Itamaracá, PE.
Fêmeas
Machos
Período
Estômago Jovem
% Adulto % Total Jovem
% Adulto % Total
C/ conteúdo
2 1,6 124 98,4
126 5 4,6
103 95,4
108
Seco
Vazio
5 11,9
37 88,1
42 - - 36 100
36
C/ conteúdo
44 77,2
13 22,8
57 2 4,6
42 95,4
44
Chuvoso
Vazio
49 92,5
4 7,5 53 - - 42 100
42
Foram analisados 92 estômagos de C. danae capturados no Rio
Carrapicho, quinze deles no período seco (fevereiro/2004) e 77 no período
chuvoso (junho/2004). Dos quais, 50% (46) pertencem a categoria jovem e a
outra metade (46) a categoria adulto.
Durante o período seco, nove fêmeas (11,1% jovens e 88,9% adultos) e
seis machos (16,7% jovens e 83,3% adultos) apresentaram estômagos com
algum tipo de alimento. Não foi observado nenhum estômago vazio (Tabela
11).
Durante o período chuvoso, 39 fêmeas (64,1% jovens e 35,9% adultos)
e 33 machos (51,5% jovens e 48,5% adultos) apresentaram estômagos com
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
63
alimento e apenas cinco fêmeas (40% jovens e 60% adultos) apresentaram
estômagos vazios (Tabela 11).
Tabela 11 - Número e porcentagem de estômagos com conteúdo e vazio de machos e
fêmeas de acordo com os estágios de maturação (jovem e adulto), nos períodos seco
(fevereiro) e chuvoso (junho) de 2004, no Estuário do Rio Carrapicho, Itamaracá, PE.
Fêmeas
Machos
Período Estômago Jovem
% Adulto % Total Jovem % Adulto % Total
C/ conteúdo
1 11,1
8 88,9
9 1 16,7
5 83,3
6
Seco
Vazio
- - - - - - - - - -
C/ conteúdo
25 64,1
14 35,9
39 17 51,5
16 48,5
33
Chuvoso
Vazio
2 40,0
3 60,0
5 - - - - -
4.3.2.1. Repleção estomacal de Callinectes danae capturados no estuário do
Rio Botafogo
Os 600 estômagos analisados apresentaram variação na repleção
estomacal de 0 a 100%.
No estuário do Rio Botafogo, maior parte das amostras observadas, 153
(30,1%), esteve entre a classe de 0 a 20% de repleção; a classe de 21 a 40%
compreendeu 101 (19,9%) estômagos analisados, a classe 41 a 60%, 94
(18,5%), enquanto a classe de 61 a 80%, 102 (20,1%) e por fim a classe de 81
a 100% esteve representada por 58 (11,4%) dos estômagos analisados (Figura
7).
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
64
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
0-20% 21-40% 41-60% 61-80% 81-100%
Repleção estomacal
Número de observações
Figura 7- Repleção estomacal (%) de Callinectes danae coletados no estuário do Rio
Botafogo, Itamaracá, PE.
4.3.2.2. Repleção estomacal de Callinectes danae capturados no estuário do
Rio Carrapicho
Assim como no estuário do Rio Botafogo, a maioria, 26 (28,6%), das
amostras do estuário do Rio Carrapicho esteve entre a classe de 0 a 20% de
repleção. No entanto, a classe de 21 a 40% compreendeu o menor número de
observações, onze (12%); a classe 41 a 60% apresentou dezessete (18,5%)
dos estômagos analisados; a classe de 61 a 80%, 20 (21,7%) e a classe de 81
a 100%, dezoito (19,6%) (Figura 8).
N=508
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
65
0
5
10
15
20
25
30
0-20% 21-40% 41-60% 61-80% 81-100%
Repleção estomacal
Número de observões
Figura 8 - Repleção estomacal (%) de Callinectes danae coletados no estuário do Rio
Carrapicho, Itamaracá, PE.
4.3.2.3. Freqüência de ocorrência dos itens alimentares de Callinectes danae
do estuário do Rio Botafogo
Os itens Mollusca (57,1%) e MOA (48,7%) foram os mais freqüentes
durante o período de estudo (fevereiro e junho de 2004) nos estômagos de C.
danae no estuário do Rio Botafogo, seguidos de Macrophyta (27,5%),
Crustacea (27,3%), Polychaeta (12,2%), Teleostei (9,9%) e Echinodermata
(4,3%). Foraminiferida e Algae foram os menos freqüentes, com 2,1% e 2,7%
respectivamente (Figura 9).
N=92
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
66
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%
Foraminiferida
Algae
Echinodermata
Teleostei
Polychaeta
Crustacea
Macrophyta
MOA
Mollusca
Itens alimentares
Frequência de ocorrência
Figura 9 - Freqüência de ocorrência (%) dos itens alimentares encontrados nos
estômagos de Callinectes danae Smith, 1869 do estuário do Rio Botafogo, Itamaracá,
PE, durante o período de fevereiro e junho de 2004.
4.3.2.4. Freqüência de ocorrência dos itens alimentares de Callinectes danae
do estuário do Rio Carrapicho
Os itens mais freqüentes observados nos estômagos de C. danae no
estuário do Rio Carrapicho foram MOA (82,6%), Mollusca (62,8%) e Crustacea
(60,5%), seguidos de Macrophyta (45,3%), Polychaeta (20,9%), Teleostei
(7,0%), Algae (5,8%) e Echinodermata (3,5%). Foraminiferida (1,2%), assim
como para o estuário do Rio Botafogo, foi o item menos freqüente da
alimentação natural desses siris (Figura 10).
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
67
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90%
Foraminiferida
Echinodermata
Algae
Teleostei
Polychaeta
Macrophyta
Crustacea
Mollusca
MOA
Itens alimentares
Frequência de ocorrência
Figura 10 - Freqüência de ocorrência (%) dos itens alimentares encontrados nos
estômagos de Callinectes danae Smith, 1869 do estuário do Rio Carrapicho,
Itamaracá, PE, durante o período de fevereiro e junho de 2004.
4.3.2.5. Diferenças na preferência alimentar de Callinectes danae entre os
períodos seco e chuvoso no estuário do Rio Botafogo
Os itens de maior contribuição, entre 40 e 15%, na alimentação natural
de C. danae no estuário do Rio Botafogo no período seco (fevereiro/2004)
foram Mollusca (39,8%), MOA (24,4%) e Crustacea (16,6%). Com menos de
10% de contribuição estão Macrophyta (8,1%), Polychaeta (5,6%), Teleostei
(2,8%), Echinodermata (2,3%), Algae (0,3%) e Foraminiferida (0,1) (Figura 11).
No período chuvoso, MOA (40,3%), Mollusca (24,4%) e Crustacea
(10,3%) foram os itens que mais contribuíram na alimentação natural dos C.
danae analisados, seguidos dos itens Teleostei (8,7%), Echinodermata (8,0%),
Polychaeta (3,4%), Macrophyta (3,0%) e Algae (2,1%). Não houve registro da
contribuição do item Foraminiferida nesta amostragem (Figura 11).
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
68
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Seco Chuvoso
Porcentagem de Pontos
MOA
Teleostei
Echinodermata
Crustacea
Polychaeta
Mollusca
Foraminiferida
Macrophyta
Algae
Figura 11- Diferenças na preferência alimentar de Callinectes danae entre os períodos
seco (fevereiro/2004) e chuvoso (junho/2004) no estuário do Rio Botafogo, Itamaracá,
PE.
4.3.2.6. Diferenças na preferência alimentar de Callinectes danae entre os
períodos seco e chuvoso no estuário do Rio Carrapicho
Na alimentação natural de C. danae do estuário do Rio Carrapicho, os
itens de maior contribuição no período seco (fevereiro/2004) foram Mollusca
(56,2%) e MOA (24,1%), entre 60 e 20%. Com menos de 15% contribuíram
Macrophyta (13,1%), Crustacea (4,0%) e Polychaeta (2,7%). Algae,
Foraminiferida, Teleostei e Echinodermata não tiveram registros nessas
amostras (Figura 12).
No período chuvoso, Crustacea (33,9%), MOA (26,4%) e Mollusca
(22,5%) foram os itens que mais contribuíram na alimentação natural dos C.
danae, seguidos dos itens Polychaeta (5,9%), Macrophyta (5,4%), Teleostei
(3,2%), Echinodermata (1,3%), Algae (1,3%) e Foraminiferida (0,1%) (Figura
12).
N=234
N=101
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
69
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Seco Chuvoso
Porcentagem de Pontos
MOA
Teleostei
Echinodermata
Crustacea
Polychaeta
Mollusca
Foraminiferida
Macrophyta
Algae
Figura 12 - Diferenças na preferência alimentar de Callinectes danae entre os períodos
seco (fevereiro/2004) e chuvoso (junho/2004) no estuário do Rio Carrapicho,
Itamaracá, PE.
4.3.2.7. Diferenças na preferência alimentar de machos e fêmeas de
Callinectes danae capturados no estuário do Rio Botafogo
Os itens preferenciais dos machos de C. danae no período seco
(fevereiro/2004) no estuário do Rio Botafogo foram Mollusca (27,8%),
Crustacea (26,2%) e MOA (23,4%); para as fêmeas, Mollusca (50,7%) e MOA
(25,2%) (Figura 13).
No período chuvoso, MOA (36,8%), Mollusca (21,5%) e Echinodermata
(14,5%) foram os itens encontrados em maior quantidade nos estômagos dos
machos; bem como, MOA (44,7%) e Mollusca (27,9%), nos estômagos das
fêmeas (Figura 14).
Os demais itens, Algae, Macrophyta, Polychaeta e Teleostei,
representaram os menos preferenciais dessa espécie na área estudada para
ambos os períodos (Tabela 12).
N=15
N=72
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
70
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Macho Fêmea
Porcentagem de Pontos
MOA
Teleostei
Echinodermata
Crustacea
Polychaeta
Mollusca
Foraminiferida
Macrophyta
Algae
Figura 13 - Diferenças na preferência alimentar de machos e fêmeas de Callinectes
danae capturados durante o período seco (fevereiro/2004), estuário do Rio Botafogo,
Itamaracá, PE.
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Macho Fêmea
Porcentagem de Pontos
MOA
Teleostei
Echinodermata
Crustacea
Polychaeta
Mollusca
Foraminiferida
Macrophyta
Algae
Figura 14 - Diferenças na preferência alimentar de machos e fêmeas de Callinectes
danae capturados durante o período chuvoso (junho/2004), estuário do Rio Botafogo,
Itamaracá, PE.
N=108
N=126
N=44
N=57
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
71
Tabela 12- Freqüência absoluta de pontos (MP) e percentual (%) dos itens alimentares
das categorias machos e fêmeas de Callinectes danae capturados nos períodos seco
(fevereiro/2004) e chuvoso (junho/2004) no estuário do Rio Botafogo, Itamaracá, PE.
Período Seco Período Chuvoso
Machos meas Machos Fêmeas
Itens MP % MP % MP % MP %
Algae
0 0 100 0,6 175 2,9 50 1,0
Macrophyta
1545 10,1 1040 6,2 175 2,9 150 3,0
Foraminiferida
5 0,0 20 0,1 0 0 0 0
Mollusca
4250 27,8 8500 50,7 1300 21,5 1375 27,9
Polychaeta
750 4,9 1050 6,3 325 5,4 50 1,0
Crustacea
4000 26,2 1325 7,9 575 9,5 550 11,2
Echinodermata
750 4,9 0 0 875 14,5 0 0
Teleostei
400 2,6 500 3,0 400 6,6 550 11,2
MOA
3575 23,4 4225 25,2 2225 36,8 2200 44,7
Total
15275 100 16760 100 6050 100 4925 100
4.3.2.8. Diferenças na preferência alimentar de machos e fêmeas de
Callinectes danae capturados no estuário do Rio Carrapicho
no estuário do Rio Carrapicho, os itens preferenciais de machos e
fêmeas de C. danae foram os mesmos no período seco (fevereiro/2004):
Mollusca com 50,7% e 59,9%; MOA com 19,1% e 27,7% e Macrophyta com
14% e 12,4%, respectivamente, para machos e fêmeas. Nesse período, as
fêmeas apresentaram apenas os três itens acima citados na análise do
conteúdo estomacal (Figura 15 e Tabela 13).
No período chuvoso, MOA (30,9%), Mollusca (24,7%) e Crustacea
(23,2%) foram os itens encontrados em maior quantidade nos estômagos dos
machos. De forma semelhante, Crustacea (45,1%), MOA (21,7%) e Mollusca
(20,29%) foram os itens mais observados nos estômagos das fêmeas (Figura
16).
Da mesma forma que para os machos e fêmeas do estuário do Rio
Botafogo, um grupo mais diverso de itens se enquadram como sendo os
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
72
menos preferenciais para C. danae nos períodos seco e chuvoso: Algae,
Macrophyta, Polychaeta, Echinodermata e Teleostei (Tabela 13).
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Macho Fêmea
Porcentagem de Pontos
MOA
Teleostei
Echinodermata
Crustacea
Polychaeta
Mollusca
Foraminiferida
Macrophyta
Algae
Figura 15 - Diferenças na preferência alimentar de machos e fêmeas de Callinectes
danae capturados durante o período seco (fevereiro/2004), estuário do Rio
Carrapicho, Itamaracá, PE.
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Macho mea
Porcentagem de Pontos
MOA
Teleostei
Echinodermata
Crustacea
Polychaeta
Mollusca
Foraminiferida
Macrophyta
Algae
Figura 16 - Diferenças na preferência alimentar de machos e fêmeas de Callinectes
danae capturados durante o período chuvoso (junho/2004), estuário do Rio
Carrapicho, Itamaracá, PE.
N=6
N=9
N=33
N=3
9
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
73
Tabela 13 - Freqüência absoluta de pontos (MP) e percentual (%) dos itens
alimentares das categorias machos e fêmeas de Callinectes danae capturados nos
períodos seco (fevereiro/2004) e chuvoso (junho/2004) no estuário do Rio Carrapicho,
Itamaracá, PE.
Período Seco Período Chuvoso
Machos Fêmeas Machos Fêmeas
Itens MP % MP % MP % MP %
Algae
0 0 0 0 125 2,6 0 0
Macrophyta
110 14,0 135 12,4 225 4,6 285 6,2
Foraminiferida
0 0 0 0 0 0 5 0
Mollusca
400 51,0 650 59,9 1200 24,7 930 20,2
Polychaeta
50 6,4 0 0,0 400 8,2 160 3,5
Crustacea
75 9,6 0 0,00 1125 23,2 2080 45,1
Echinodermata
0 0 0 0 50 1,0 75 1,6
Teleostei
0 0 0 0 225 4,6 75 1,6
MOA
150 19,1 300 27,6 1500 30,9 1000 21,7
Total
785 100 1085 100 4850 100 4610 100
4.3.2.9. Diferenças na preferência alimentar entre as categorias jovem e adulto
de Callinectes danae capturados no estuário do Rio Botafogo
De acordo com a freqüência de ocorrência do método de pontos, verificou-
se que os itens Mollusca (40,5%), MOA (24,0%) e Crustacea (16,3%) foram os
mais freqüentes na dieta natural da categoria adulto de C. danae durante o
período seco, enquanto, MOA (35,7%), Crustacea (28,1%) e Mollusca (18,0%)
descreveram a ordem preferencial dos itens alimentares identificados para a
categoria jovem no mesmo período (Figura 17 e Tabela 14).
No período chuvoso, as categorias adulto e jovem apresentaram
preferência pelos mesmos itens, MOA 36% e 48,7%, Mollusca 23,9% e 25,3%,
respectivamente; seguido do item Echinodermata (12,1%) para a categoria
adulto e Crustacea (13,3%) para a categoria jovem (Figura 18).
Algae, Macrophyta, Foraminiferida, Polychaeta e Teleostei foram
classificados como os itens menos freqüentes na alimentação natural de C.
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
74
danae adulto e jovem capturados nos períodos seco e chuvoso no estuário do
Rio Botafogo (Tabela 14).
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Adulto Jovem
Porcentagem de Pontos
MOA
Teleostei
Echinodermata
Crustacea
Polychaeta
Mollusca
Foraminiferida
Macrophyta
Algae
Figura 17 - Diferenças na preferência alimentar entre as categorias adulto e jovem de
Callinectes danae capturados durante o período seco (fevereiro/2004), estuário do Rio
Botafogo, Itamaracá, PE.
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Adulto Jovem
Porcentagem de Pontos
MOA
Teleostei
Echinodermata
Crustacea
Polychaeta
Mollusca
Foraminiferida
Macrophyta
Algae
Figura 18 - Diferenças na preferência alimentar entre as categorias adulto e jovem de
Callinectes danae capturados durante o período chuvoso (junho/2004), estuário do
Rio Botafogo, Itamaracá, PE.
N=227
N=7
N=55
N=46
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
75
Tabela 14 - Freqüência absoluta de pontos (MP) e percentual (%) dos itens
alimentares das categorias adulto e jovem de Callinectes danae capturados nos
períodos seco (fevereiro/2004) e chuvoso (junho/2004) no estuário do Rio Botafogo,
Itamaracá, PE.
Período Seco Período Chuvoso
Adulto Jovem Adulto Jovem
Itens MP % MP % MP % MP %
Algae
100 0,3 0 0 200 2,8 25 0,7
Macrophyta
2485 8,0 100 10,2 250 3,5 75 2,0
Foraminiferida
20 0,1 5 0,5 0 0 0 0
Mollusca
12575 40,5 175 17,9 1725 23,9 950 25,3
Polychaeta
1800 5,8 0 0 375 5,2 0 0
Crustacea
5050 16,3 275 28,1 625 8,7 500 13,3
Echinodermata
700 2,3 50 5,1 875 12,1 0 0
Teleostei
875 2,8 25 2,6 575 8,0 375 10,0
MOA
7450 24,0 350 35,7 2600 36,0 1825 48,7
Total
31055 100 980 100 7225 100 3750 100
4.3.2.10. Diferenças na preferência alimentar entre as categorias jovem e
adulto de Callinectes danae capturados no estuário do Rio Carrapicho
Durante o período seco, de acordo com a figura 19, observa-se que os
itens Mollusca (56,4% e 54,6%), MOA (23,5% e 27,3%) e Macrophyta (12,2% e
18,2%) foram os mais freqüentes na dieta natural da categoria adulto e jovem,
respectivamente.
Crustacea (39,8% e 29,5%) foi o item de maior preferência entre as
categorias adulto e jovem para o período chuvoso, seguido do item MOA
(28,6%) e Mollusca (16,2%) na categoria adulto; e Mollusca (27,2%) e MOA
(24,8%) na categoria jovem, no mesmo período de coleta na área em questão
(Figura 20).
Algae, Foraminiferida, Polychaeta, Echinodermata e Teleostei foram os
itens de menor freqüência na alimentação natural de C. danae adulto e jovem
capturados nos períodos seco e chuvoso no estuário do Rio carrapicho (Tabela
15).
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
76
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Adulto Jovem
Porcentagem de Pontos
MOA
Teleostei
Echinodermata
Crustacea
Polychaeta
Mollusca
Foraminiferida
Macrophyta
Algae
Figura 19 - Diferenças na preferência alimentar entre as categorias adulto e jovem de
Callinectes danae capturados durante o período seco (fevereiro/2004), estuário do Rio
Carrapicho, Itamaracá, PE.
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Adulto Jovem
Porcentagem de Pontos
MOA
Teleostei
Echinodermata
Crustacea
Polychaeta
Mollusca
Foraminiferida
Macrophyta
Algae
Figura 20 - Diferenças na preferência alimentar entre as categorias adulto e jovem de
Callinectes danae capturados durante o período chuvoso (junho/2004), estuário do
Rio Carrapicho, Itamaracá, PE.
N=13
N=2
N=30
N=42
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
77
Tabela 15- Freqüência absoluta de pontos (MP) e percentual (%) dos itens alimentares
das categorias adulto e jovem de Callinectes danae capturados nos períodos seco
(fevereiro/2004) e chuvoso (junho/2004) no estuário do Rio Carrapicho, Itamaracá, PE.
Período Seco Período Chuvoso
Adulto Jovem Adulto Jovem
Itens MP % MP % MP % MP %
Algae
0 0 0 0 75 1,9 50 0,9
Macrophyta
195 12,2
50 18,2 75 1,9 435 8,0
Foraminiferida
0 0 0 0 0 0 5 0,1
Mollusca
900 56,4
150 54,5 650 16,1 1480 27,2
Polychaeta
50 3,1 0 0 175 4,3 385 7,1
Crustacea
75 4,7 0 0 1600 39,8 1605 29,5
Echinodermata
0 0 0 0 25 0,6 100 1,8
Teleostei
0 0 0 0 275 6,8 25 0,5
MOA
375 23,5
75 27,3 1150 28,6 1350 24,8
Total
1595 100 275 100 4025 100 5435 100
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
78
5. DISCUSSÃO
O ecossistema estuarino é muito importante para a comunidade
biológica costeira em geral, por se tratar de uma área naturalmente
enriquecida, proporcionando habitat, abrigo e alimento a uma gama de
organismos marinhos, estuarinos e limnéticos. Devido à sua localização
geográfica ela sofre a ação das marés, apresentando, portanto, um forte grau
de hidrodinamismo, o qual interfere nas condições físicas, químicas e
biológicas que variam bastante num curto espaço de tempo (LOSADA, 2000).
Segundo Sipauba-Tavares (1998), a temperatura tem uma ação direta
sobre a periodicidade e distribuição dos organismos aquáticos, porém estes
organismos gradualmente tendem a adaptar-se a estas variações.
De acordo com Sassi & Watanabe (1980) no ambiente estuarino as
características rmicas da água são controladas fundamentalmente pela
insolação. O aquecimento provocado por este fenômeno ocorre de duas
maneiras: absorção direta da radiação solar pela massa d’água e pelas areias
e fundos lodosos expostos, que transferem o calor acumulado para a coluna
d’água nos sucessivos períodos de imersão, bem como pela descarga de água
doce aquecida também pela radiação solar. E para Lira et al. (1978), além das
águas dos rios e do fluxo de água salgada, as variações de temperatura nos
estuários são funções, também, de sua profundidade e da coloração do
sedimento, da precipitação pluviométrica e da latitude local.
Tanto o estuário do Rio Botafogo quanto o do Rio Carrapicho
apresentaram variação sazonal na temperatura da água, com os maiores
valores registrados no período seco, o qual corresponde ao período de maior
insolação, demonstrando a influência do clima no balanço térmico das águas.
Resultado semelhante foi descrito por Macêdo et al. (2000) sobre a variação
sazonal da temperatura para o Canal de Santa Cruz (PE), e observado por
Losada (2000), nos estuários dos rios Ilhetas e Mamucaba (PE), Branco
(2001), no estuário de Barra das Jangadas (PE) e por Melo (2007) nas águas
superficiais dos rios Botafogo e Carrapicho. Fato importante ressaltado por
Flores Montes (1996) e Macêdo (1977) para o canal de Santa Cruz, é a notada
estabilidade térmica no sentido vertical, que apesar da mistura das águas de
diferentes origens, essas variações entre a superfície e o fundo são pequenas,
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
79
não ultrapassando 1,0 ºC, com valores máximos durante o período diurno,
devido à constante mistura das águas e principalmente à pequena
profundidade.
Melo (2007) afirma que uma característica fundamental das áreas
estuarinas são as variações da salinidade, tanto diurnas quanto sazonais e que
as principais fontes geradoras dessas variações são as marés, a evaporação e
o fluxo de água doce dos rios que deságuam nestes ambientes.
Nas áreas estudadas, os maiores valores de salinidade da água foram
registrados no período seco, com exceção das estações 3 e 4 de agosto/2004
do Rio Botafogo, e nas estações 3 e 4 da maioria dos meses de coleta em
geral, para os rios Botafogo e Carrapicho, o que pode ser explicado por serem
estações mais próximas da zona costeira. Corroborando com Macêdo et al.
(1982) e Flores Montes (1996), os quais descreveram que a salinidade no
Canal de Santa Cruz é usualmente menor que a da zona costeira, entretanto,
nas desembocaduras norte e sul, os valores são bastante próximos, e ainda
que o Canal de Santa Cruz é caracterizado por regimes de salinidade que
variam do eualino ao mesoalino. No entanto, de acordo com os valores de
salinidade verificados nas estações de coleta da presente pesquisa, foram
definidos três diferentes tipos de ambientes: mesoalino, polialino e eualino.
O estuário do Rio Botafogo apresentou menores valores de salinidade
em relação ao estuário do Rio Carrapicho, evidenciando uma maior influencia
fluvial no primeiro rio, tanto no período seco como no chuvoso, a maioria de
suas estações foram caracterizadas como polialinas. as estações do Rio
Carrapicho se dividem em polialinas e eualinas caracterizando os períodos
seco e chuvoso, no entanto em janeiro de 2004, onde se esperava ser um mês
eualino, mostrou-se ter sido polialino, provavelmente por causa da precipitação
pluviométrica atípica observada, uma vez que as médias de janeiro e fevereiro
de 2004 (249,9 e 226,0 mm), meses correspondentes ao período seco,
apresentaram valores mais elevados do que os meses de agosto de 2003 e
2004 (194,8 e 138,9 mm), os quais correspondem ao período chuvoso.
Haja vista que para Andrade & Lins (1971), o regime de chuvas na costa
oriental do Nordeste é caracterizado por precipitações de outono-inverno
(março-agosto), com máximas em junho e julho, enquanto o período de
estiagem coincide com a primavera-verão (setembro-fevereiro), corroborando
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
80
com Passavante (1981), que distingue para a região de Itamaracá, uma
estação seca, compreendida entre os meses de setembro a fevereiro e outra
chuvosa, compreendida entre março e agosto.
Os estuários dos rios Botafogo e Carrapicho apresentaram ainda um
gradiente decrescente em função da salinidade para a parte interna dos rios
por sofrerem menor influencia marinha nesta direção.
A temperatura do ar durante o período de estudo se manteve dentro do
padrão esperado para regiões tropicais, entre 23,9ºC em agosto/2004 e 26,9ºC
em janeiro/2004, com os valores mais elevados no período seco e os menores
no período chuvoso, definido uma variação estacional com pequena amplitude
(3ºC).
Segundo Nimer (1972), a Região Nordeste, assim como todas as
regiões próximas ao equador geográfico, possuem médias térmicas anuais
entre 26ºC e 28ºC, e mensais elevadas, com pequena variação anual. E ainda,
os meses de junho e julho são, geralmente, os de temperaturas mais amenas,
sendo estes os mais representativos no inverno.
De acordo com Braga (1999) e Pereira Filho et al. (2001) os sistemas
estuarinos são os principais fornecedores de nutrientes para a região costeira,
pois recebem e concentram o material originado de sua bacia de drenagem e
podem vir a receber aportes significativos por ação antrópica. Todo esse aporte
de nutrientes resulta em altas taxas de produção primária e secundária.
Macêdo et al. (2000) identificou que as principais fontes de nutrientes no
Canal de Santa Cruz o as descargas fluviais, águas da drenagem terrestre,
ressuspensão de nutrientes depositados ou regenerados nos sedimentos e
aportes de nutrientes de origem antropogênica.
O oxigênio dissolvido na água tem ação direta no metabolismo dos
organismos, como, por exemplo, na respiração, bem como participa dos
processos de oxidação da matéria orgânica e de compostos químicos como
amônia e o nitrito (HONORATO DA SILVA, 2003). Segundo Flores Montes
(1996), este parâmetro é um importante indicador de águas poluídas, uma vez
que baixas concentrações poderão indicar uma poluição química, física ou
orgânica e valores muito elevados, processos de eutrofização, que também
poderão ter conseqüências negativas, como depleção noturna, o que poderá
provocar a migração ou morte de animais de grande importância no elo trófico
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
81
e econômica. O teor de oxigênio dissolvido na água está diretamente
relacionado com alguns processos e parâmetros, tais como a troca gasosa
existente entre a água e a atmosfera, a fotossíntese, a respiração, a
decomposição aeróbica da matéria orgânica, a temperatura, a salinidade.
Segundo Melo (2007), o Rio Botafogo apresentou concentrações de
oxigênio dissolvido inferiores em relação ao Rio Carrapicho, tanto para o
período seco como para o chuvoso.
A matéria orgânica é formada por vários componentes, como proteínas,
carboidratos, uréia, surfactantes (detergentes), gorduras, óleos, fenóis,
pesticidas, etc. Essa matéria carbonácea, que pode se apresentar em
suspensão ou dissolvida, pode ser biodegradável ou não. A Demanda
Bioquímica (DBO) pode ser definida como a quantidade de oxigênio dissolvido
utilizado para decompor a matéria orgânica presente no ambiente pelos
organismos decompositores. Este consumo pode causar depleção do oxigênio
dissolvido no ambiente ocasionando danos pra a biota. Logo, a DBO é um
ótimo indicador dos aportes da matéria orgânica no meio, de forma natural ou
por ação antrópica (MELO, 2007).
Ao analisar a DBO nos rios Botafogo e Carrapicho, Melo (2007)
observou que a demanda foi mais elevada no primeiro rio, indicando um maior
aporte de matéria orgânica, em decorrência da maior influencia continental e
das atividades antrópicas. Da mesma forma, o registro elevado dos teores de
nutrientes (amônia, nitrito, nitrato e fosfato) principalmente no Rio Botafogo, é
um indicativo de importantes aportes antrópicos.
Crassostrea rhizophorae foi analisada no Canal de Santa Cruz como
potencial bioindicador da contaminação por mercúrio, cobre e zinco durante os
trabalhos de Rocha (2000) e Sant’Anna et al. (2001). No entanto, não houve
registro dessa espécie no presente trabalho por causa da metodologia
empregada, arrasto, que é imprópria para coleta de ostras. Outras espécies de
moluscos bivalves, economicamente importantes na região de Pernambuco,
foram utilizadas como bioindicadores da contaminação ambiental, como a
Anomalocardia brasiliana, espécies do gênero Mytela e Iphigenia brasiliana,
nos estuários de Barra de Jangadas, no Rio Ipojuca (SUAPE) e na Bacia do
Pina, Pernambuco, segundo Costa et al. (2004). Uma vez, que tais espécies
ocorreram nas amostras da presente pesquisa, sugere-se que seja feito um
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
82
trabalho mais direcionado para se conhecer os impactos dos agentes
poluidores no estuário do Rio Botafogo, bem como do Rio Carrapicho, sobre
essas espécies bentônicas.
No presente estudo, foram capturados indivíduos representantes de oito
grupos taxonômicos: Crustacea, Mollusca, Echinodermata, Polychaeta,
Porifera, Urochordata, Cephalochordata e Sipuncula. No entanto, nas análises
ecológicas, não foram inseridos os quatro últimos grupos por apresentarem
baixíssimos valores de abundância, o que era esperado, pois a metodologia de
coleta deste trabalho foi arrasto com rede de porta com malha de abertura de
5mm, o que o é compatível para a coleta desses outros tipos de organismos
em questão.
Segundo Coelho et al. (2004), os crustáceos constituem um dos grupos
mais importantes da fauna de manguezal. Chirona (Striatobalanus) amaryllis é
séssil, encontrada sobre substrato duro, e em Itamaracá é indicadora do andar
infralitoral e de ambiente com regime eualino e/ou polialino; Tanaidacea pode
ser encontrada no mesmo andar no solo e em raízes de mangue; Isopoda,
associada quase sempre à madeira, sendo os Decapoda o grupo mais
importante e conspícuo. Todas as 39 espécies representantes deste grupo
capturadas neste trabalho também foram descritas pelo mesmo autor como
sendo de infralitoral, com exceção de Zaops ostreum, encontrado, geralmente,
dentro de ostras, Panopeus lacustris e Ucides cordatus, característicos do
médiolitoral;
Ainda segundo o autor, no grupo dos Mollusca, o gênero Mytella
compreende espécies que vivem presas a raízes de mangue e as demais
espécies são encontradas no dio e infralitoral, vivendo sobre ou enterradas
nos fundos arenosos dos estuários. Todos os echinodermas podem ser
encontrados em estuários, no infralitoral, em regime marinho ou polialino. Os
poliquetas o os anelídeos mais comuns e um dos mais freqüentes da
macrofauna estuarina, encontrados no interior do solo. Os Porifera são
encontrados em rochas, raízes de mangues, rizomas e folhas de fanerógamas,
submersas, algas, outras esponjas, conchas de moluscos, carapaças de
crustáceos, estruturas artificiais, etc, sempre no infralitoral. Urochordata é
encontrado sobre as raízes de mangue e no solo do manguezal.
Cephalochordata, embora vivam em fundos de areia limpa, sujeita a forte
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
83
correnteza, ocorrem em estuários sempre que essas condições estejam
presentes; e por fim, Sipuncula, que ocorrem enterrados na areia ou na lama.
Dos 9.068 indivíduos capturados nos arrastos deste trabalho, 88,83%
foram provenientes do estuário do Rio Botafogo e 11,17% do estuário do Rio
Carrapicho, e a partir da identificação de 51 espécies pode-se analisar alguns
aspectos ecológicos sobre a fauna bêntica.
Neste estudo, Polychaeta foi registrado para o estuário do Rio
Carrapicho, no entanto, Silva (2005) o registrou como sendo o grupo mais
freqüente e abundante para as mesmas estações e meses de coleta da
presente pesquisa. Desse modo, conclui-se que este grupo faz parte da fauna
acompanhante desta pesquisa, uma vez que a metodologia de coleta
claramente é imprópria para esse grupo. Tendo sido inserido nas análises
ecológicas pela sua abundância aqui registrada, no entanto, não é possível
inferir maiores discussões.
O estuário do Rio Botafogo teve Mollusca como grupo mais abundante
e apresentou dominância pela espécie Anomalocardia brasiliana, enquanto que
para o Rio Carrapicho Crustacea foi o grupo mais abundante e Callinectes
danae a espécie dominante.
Segundo Mello & Tenório (2000), em estudo sobre a malacofauna dos
manguezais do Canal de Santa Cruz, entre eles, o Rio Botafogo, o Filo
Mollusca foi um dos grupos mais abundantes. Sua distribuição está relacionada
com a profundidade, tipo de substrato, salinidade e produtos primários. Tendo
sido registrado 15 espécies de bivalves e 19 de gastrópodos, encontradas nas
zonas médio e infralitoral, entre as quais descatou-se Anomalocardia
brasiliana.
Por sua vez, sobre a carcinofauna da mesma região, Coelho et al.
(2004) infere que os indivíduos vágeis deste grupo são muito numerosos,
incluindo um grande número de espécies, como os camarões
(Farfantepenaeus subtilis e muitos outros), paguros (Pagurus criniticornis, entre
outros) e siris (Callinectes danae, etc).
Com base nas análises ecológicas, o estuário do Rio Botafogo mostrou
maiores freqüências de ocorrência das espécies durante o período seco, no
qual as espécies estiveram melhor distribuídas, segundo a riqueza de Margalef,
ocorrendo também, os maiores números de espécies. A diversidade de
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
84
Shannon esteve entre média à muito baixa nas amostras nos dois períodos de
coleta, e a eqüitabilidade demonstrou que houve uma distribuição heterogênea
das espécies na grande maioria das estações de coleta, exceto para
agosto/2003.
Assim como no Rio Botafogo, o estuário do Rio Carrapicho também
apresentou as maiores freqüências de espécies, as quais também estiveram
melhor distribuídas, segundo a riqueza de Margalef, ocorrendo os maiores
números de espécies no período seco. A eqüitabilidade demonstrou uma
distribuição homogênea das espécies em todas as amostras, com exceção do
mês de agosto/2003. O índice de Shannon verificou média e alta diversidade
nas amostras do período seco e em agosto/2003, e baixa e muito baixa no
restante do período chuvoso.
Todos esses dados se referem a um dado momento, o do arrasto, no
entanto, sobre todos os aspectos discutidos, as variações, principalmente de
temperatura e salinidade da água são contínuas, ocasionando possíveis
migrações da fauna analisada, de acordo com inúmeros fatores, sejam naturais
(temperatura, salinidade da água, disponibilidade de alimento, associação com
outras espécies, correntes, etc.) ou antrópicos (despejos industriais e
agrícolas), fazendo com que sua composição varie de momento a momento.
Comparando com os dados de salinidade, no Rio Botafogo, verifica-se
que nas estações em que o ambiente foi definido como polialino ocorreram os
maiores valores de abundância das espécies, riqueza de espécies de Margalef,
diversidade e eqüitabilidade, enquanto onde se definiu ser um ambiente
mesoalino registrou-se o menor valor de diversidade. E no Rio Carrapicho onde
o ambiente foi definido como polialino ocorreram os maiores valores de
abundância, riqueza de espécie de Margalef e diversidade, enquanto as
estações definidas como ambiente eualino apresentaram o menor valor de
diversidade e maior eqüitabilidade.
Segundo Pecenko (1982), o número de espécies que habitam
determinado território dependerá tanto das particularidades do grupo estudado
como das características topográficas e ecológicas do referido território.
Simpson (1964) com a teoria da heterogeneidade espacial, afirma que quanto
mais heterogêneo e complexo é o ambiente, mais diversa é sua fauna. Begon
et al. (1990) menciona inúmeros fatores com os quais se pode relacionar a
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
85
riqueza de espécies de uma comunidade, dentre eles, variabilidade climática e
heterogeneidade física e química. Corroborando com as variações ambientais
observadas nos dois estuários estudados, temperatura, salinidade,
pluviometria, aporte fluvial, dejetos industriais e principalmente por se tratar de
ambientes estuarinos, caracterizado pela instabilidade do perfil hidrológico, que
neste caso, foi agravada pela precipitação atípica registrada no período da
presente pesquisa.
De acordo com Forest & de Saint Laurent (1967), Coelho & Ramos
(1972), Coelho & Santos (1980) e Coelho & Ramos-Porto (1987), a espécie
Paguristes triangulopsis Forest & Saint Laurent, 1967 tem registro apenas para
Bahia e Sergipe, constituindo novo registro para Itamaracá-PE, nos estuários
dos rios Botafogo e Carrapicho. Infelizmente, não foram encontradas outras
referências sobre a espécie as quais pudessem dar subsídio para uma melhor
discussão.
Charybdis hellerii (Milne Edwards, 1867) é uma espécie exótica para o
litoral brasileiro, por ocorrer naturalmente no Indo-Pacífico: Japão, Filipinas,
Nova Caledônia, Austrália, Havaí e Oceano Índico em geral, incluindo o Mar
Vermelho e o Mar Mediterrâneo, em ambientes de recifes de coral, manguezais
e costões rochosos (COELHO & SANTOS, 2004). No Brasil foi identificada
em ambiente natural marinho dos estados de Alagoas (CALADO, 1996), Bahia
(CARQUEIJA & GOUVEIA, 1996), Rio de Janeiro (TAVARES & MENDONÇA,
1996), São Paulo (NEGREIROS-FRANSOZO, 1996), Santa Catarina
(MANTELATTO & DIAS, 1999), Rio Grande do Norte (FERREIRA et al., 2001),
Pernambuco (COELHO & SANTOS, 2003) e Cea(BEZERRA & ALMEIDA,
2005).
Em ambiente estuarino, foi registrada como primeira ocorrência no
Nordeste brasileiro por Coelho & Santos (2004) no estuário do Rio Una-PE e
posteriormente no estuário do rio Cachoeira-BH por Almeida et al. ( 2006).
Desta forma, Charybdis hellerii constitui novo registro para os estuários
dos rios Botafogo e Carrapicho a partir do presente trabalho.
Alguns trabalhos publicados sobre a espécie explicam que a mesma
possui uma fase larval de 44 dias, que é relativamente longa propiciando a sua
dispersão. O crescimento e a maturação são rápidos, ocorrendo em pouco
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
86
menos de um ano, contribuindo para gerações mais curtas e promovendo o
crescimento populacional mais rápido. Possui a habilidade de estocar esperma
e produzir desovas múltiplas e de alta fecundidade em sucessões rápidas,
favorecendo a expansão de populações fundadoras. A dieta é carnívora
generalista e permite a exploração oportunística de recursos alimentares
variados. evidências de que as fêmeas da espécie alcançam maturidade
sexual precocemente, com apenas 35 mm de largura da carapaça (DINEEN et
al., 2001; MANTELATTO & DIAS, 1999 ).
Seu sucesso de auto-propagação deve-se aos vetores: água de lastro e
correntes aquáticas. Embora pouco se saiba sobre o impacto de C. hellerii
sobre as comunidades nativas, as consequências ecológicas de sua introdução
em habitats sensíveis como os recifes coralinos brasileiros poderiam ser
graves. Além do mais, C. hellerii é um hospedeiro potencial do vírus WSSV
(White Spot Syndrome Virus), que ocorre naturalmente em Charybdis feriatus
(Linnaeus, 1758) e C. natator
(Herbst, 1789), assim como em diversas outras
espécies de caranguejos e em camarões. Existe um risco potencial de que C.
hellerii torne-se competidor de espécies comercialmente importantes de
Callinectes.
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
87
contexto, os siris, por serem reconhecidos como importantes predadores em
ambientes costeiros tropicais, podem exercer um papel essencial na
transferência de energia, direta ou indiretamente, aos níveis tróficos mais altos.
Dessa forma, a identificação das presas de C. danae dos rios Botafogo e
Carrapicho foi de suma importância para que se possa entender melhor a
distribuição e abundância das espécies nesses ecossistemas, fornecendo
informações para estudos futuros sobre o modelo de transferência de energia
na cadeia trófica.
A partir de 600 estômagos analisados, foram identificados nove itens
componentes da dieta natural de C. danae nos estuários dos rios Botafogo e
Carrapicho. Foram eles: Algae, Macrophyta, Foraminiferida, Mollusca,
Polychaeta, Crustacea, Echinodermata, Teleostei e MOA. Assim, infere-se que
essa espécie é tipicamente carnívora, detritívora e oportunista, corroborando
com Branco (1996b e 1996c) e Kapusta & Bemvenuti (1998), que afirmam que
as espécies de Callinectes apresentam uma estratégia alimentar tipicamente
oportunista-generalista e detritívora, na Lagoa da Conceição (SC) e na Lagoa
dos Patos (RS), respectivamente, assim como Moura (2007), em Itamaracá
(PE).
A maioria dos indivíduos analisados no presente estudo apresentaram
repleção estomacal entre 0 e 20% para ambas as áreas estudadas, o que
possivelmente pode estar relacionado com o período do dia em que foram
coletados, o diurno, visto que a maior atividade alimentar de Callinectes foi
verificada durante o período noturno por Darnell (1958) para C. sapidus e
Branco (1996a) para C. danae e Moura (2007) para C. danae, C. larvatus e C.
ornatus.
No presente trabalho, a freqüência de ocorrência dos itens alimentares
demonstrou grande importância de Mollusca e MOA na dieta de C. danae no
estuário do Rio Botafogo e de MOA, Mollusca e Crustacea no Carrapicho.
O predomínio dos Mollusca e Crustacea na dieta dos Brachyura foi
registrado por alguns autores como Paul (1981), Williams (1982) e Haefner
(1990). Segundo Williams
(1982) os Mollusca são um alimento importante em
todos os habitats, o material calcáreo das conchas dos moluscos, rico em
cálcio, é essencial na formação do exoesqueleto durante o processo de muda.
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
88
Entretanto, quando disponíveis, os Crustacea são de primeira importância
como alimento.
Segundo Mantelatto & Christofoletti (2001), a presença de Matéria
Orgânica Animal reflete a alta freqüência de alimentação e um rápido processo
de digestão da presa. Assim, o que permanece no estômago são,
principalmente, as partes duras de difícil digestão, como conchas de bivalves e
moluscos, espinhos, cerdas e mandíbulas.
A predominância dos itens Mollusca e MOA no período seco para os
estuários dos rios Botafogo e Carrapicho, e dos itens MOA, Mollusca e
Crustacea no período chuvoso, pode refletir a disponibilidade das presas
durante esses períodos, corroborando com Branco (1996b), que observou
relação entre variações sazonais na dieta de C. danae na Lagoa da Conceição
(SC) e a disponibilidade das presas ao longo do ano.
Notadamente, na presente pesquisa, houve preferência pelo item
Crustacea durante o período chuvoso em Carrapicho. Mantelatto &
Christofoletti (2001) também observaram um maior consumo de Crustacea na
dieta de Callinectes sp. Rosas et al. (1994) inferem que diferenças sazonais na
dieta podem estar associadas com o requerimento de energia necessário para
seu crescimento e reprodução.
Apesar da dieta natural, no presente trabalho, dos C. danae ter sido
analisada em sexos separados, observou-se que machos e fêmeas
apresentaram hábitos alimentares semelhantes tanto no Rio Botafogo quanto
no Carrapicho, o que também foi observado por Laughlin (1982) para C.
sapidus, Branco & Verani (1997) para C. danae e Moura (2007) para C. danae,
C. larvatus e C. ornatus, uma vez que habitam no mesmo ambiente com a
mesma disponibilidade de recursos alimentares. No entanto, segundo Moura
(2007), as fêmeas podem preferir alimentos com maior retorno de energia.
Quanto à preferência alimentar entre as categorias jovem e adulto de C.
danae, verificou-se que MOA foi o item preferencial entre os juvenis no estulo 67474(m)295585(e)5fe em a
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
89
item de maior contribuição no período seco e o item Crustacea no período
chuvoso.
Segundo Bemvenuti (1992), Capitoli & Ortega (1993) e Kapusta &
Bemvenuti (1998), os juvenis de C. sapidus do Rio Grande do Sul se alimentam
principalmente de detritos, e atuam como consumidores secundários,
consumindo macrófitas, detritos, meiofauna (ostrácodos, nemátodos),
peracáridos epifaunais e juvenis da infauna. Com relação aos adultos, estes
adotam uma estratégia alimentar tipicamente oportunista-generalista comum
em crustáceos decápodos, caracterizada pelo amplo espectro trófico (ASMUS,
1984; KAPUSTA
&
BEMVENUTI, 1998) e pela variabilidade em função da
disponibilidade espaço temporal dos itens alimentares (BEMVENUTI, 1987;
1992).
Para Wear & Haddon (1987), variações nos padrões ambientais, como
temperatura da água, salinidade e pluviosidade podem afetar o consumo de
alimento.
Segundo Seed et al. (1981), a ingestão dos itens Algae e Macrophyta por
animais tipicamente carnívoros pode estar associada à ingestão acidental, uma
vez que são conhecidas como suporte para uma fauna variada de Mollusca,
Polychaeta, Crustacea e Bryozoa.
Todas as informações ponderadas acima permitem considerar que os
estuários dos rios Botafogo e Carrapicho são ambientes instáveis por sofrerem
influencia contínua do regime de marés e chuvas, aporte fluvial, alterando
diretamente a temperatura e salinidade da água, interferindo assim na variação
da distribuição dos organismos da fauna bêntica de um modo geral. Sobre a
alimentação natural de C. danae, conclui-se que é uma espécie tipicamente
carnívora e oportunista, e ainda podem refletir a quantidade de suas presas no
ambiente, uma vez que seus itens preferenciais corresponderam aos grupos
das espécies mais abundantes neste trabalho.
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
90
6. CONCLUSÕES
Como esperado para a fauna bêntica de infralitoral estuarino, os rios
Botafogo e Carrapicho tiveram representantes dos grupos Sipuncula, Porifera,
Polychaeta, Mollusca, Echinodermata, Crustacea, Urochordata e
Cephalochordata.
Do total de 9.068 indivíduos capturados, foram identificadas 51 espécies,
quatro gêneros (espécies não identificadas), uma infraordem (Thalassinidea) e
uma classe (Polychaeta).
Das quais, Charybdis hellerii e Paguristes triangulopsis foram registradas
como novas ocorrências para os estuários dos rios Botafogo e Carrapicho.
As espécies da fauna bêntica apresentaram maiores valores de
freqüência de ocorrência e abundância durante o período seco para as áreas
estudadas, destacando-se Callinectes danae como a espécie mais freqüente
para o período seco e Luidia senegalensis durante o período chuvoso em
ambos os rios.
O estuário do Rio Botafogo apresentou diversidade média a baixa entre
as amostras nos períodos seco e chuvoso, indicando maior instabilidade que o
estuário do Rio Carrapicho por sofrer influência de um aporte fluvial bastante
intenso.
Enquanto o estuário do Rio Carrapicho apresentou diversidade alta a
média entre as estações no período seco e baixa a muito baixa no período
chuvoso, demonstrando ainda que esses ambientes apresentaram-se de forma
bastante particular e independentes á precipitação pluviométrica atípica que
ocorreu nos meses de janeiro e fevereiro de 2004.
A curva de dominância cumulativa das espécies revelou que
Anomalocardia brasiliana foi a espécie dominante (48,7%) no Rio Botafogo e
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
91
juntamente com Callinectes danae e Neritina virginea representam cerca de
90% de dominância.
No Rio Carrapicho, Callinectes danae foi dominante principal (35%) e,
juntamente com outros quatro táxons, Luidia senegalensis, Farfantepenaeus
subtilis, Echinaster (Othilia) echinophorus e Polychaeta, representam 64% de
dominância.
Na análise de conteúdo estomacal foram identificados nove itens
componentes da alimentação natural de C. danae nos estuários dos rios
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
92
Santa Cruz, verificou-se a partir de outros estudos sobre nutrientes dissolvidos
que o Rio Carrapicho apresenta o mesmo tipo de poluição que o Rio
Botafogo, porém em níveis inferiores.
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
93
7. REFERÊNCIAS
ABELE, L.G., KIM, W. An illustred guide to the marine decapod crustaceans of
Florida. Thallahassee: Florida State University (State of Florida Departament of
Environmental Regulation), Technical Series, 8(1): 284, 1986.
ALBERTONI, E.F., PALMA-SILVA, C., ESTEVES, F.A. Overlap of dietary niche
and electivity of three shrimp species (Crustacea, Decapoda) in a tropical
coastal lagoon (Rio de Janeiro, Brazil). Revista Brasileira de Zoologia, 20(1):
135 – 140, 2003.
ALMEIDA, A.O., COELHO, P.A., SANTOS, J.T.A., FERRAZ, N.R. Crustáceos
decápodos estuarinos de Ilhéus, Bahia, Brasil. Biota Neotroprica. May/Aug,
6(2), 2006.
AMARAL, A.C.Z., NONATO, E.F. Anelídeos poliquetas da costa brasileira:
Aphroditidae e Polynoidae. Brasília, CNPq. Vol. 3, 46 p. 1982.
AMARAL, A.C.Z., NONATO, E.F. Anelídeos poliquetas da costa brasileira;
características e chaves para famílias; Glossário. Brasília, CNPq. Vol. 112,
47p. 1981.
ANDRADE, G.O., LINS, R.C. Os climas do nordeste. In: VASCONCELOS
SOBRINHO, J. (ed.). As regiões naturais do nordeste, o meio e a civilização.
Recife: CONDEPE, 95-138, 1971.
ASMUS, M.L. Estrutura da comunidade associada a Ruppia maritima no
estuário da Lagoa dos Patos, RS, Brasil. (Tese de Mestrado em
Oceanografia Biológica), Universidade de Rio Grande, Rio Grande, RS, Brasil,
154p. 1984.
BARNES, R.D. Zoologia dos Invertebrados. ed, Editora Roca, São Paulo,
1025p. 1996.
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
94
BARROS, H.M., ESKINAZI-LEÇA, E. Introdução. In: BARROS, H. M.,
ESKINAZI-LEÇA, E., MACÊDO, S. J., LIMA, T. Gerenciamento participativo de
estuários e manguezais. Recife: Ed. Universitária da UFPE, 252 p. 2000.
BEMVENUTI, C.E. Interações biológicas da macrofauna bentônica numa
enseada estuarina da Lagoa dos Patos, RS, Brasil. (Tese de Doutorado em
Oceanografia Biológica), Instituto Oceanográfico, Universidade de São Paulo,
SP. Brasil, 206p. 1992.
BEMVENUTI, C.E. Predation effects on a benthic community in estuarine soft
sediments. Atlântica, Rio Grande, 9(1): 5-32, 1987.
BERG, J. Discussion of methods of investigating the food fishes with reference
to a preliminary study of prey of Gobiusculus flavescens (Gobiidae). Marine
Biology, 50: 263-273, 1979.
BEZERRA, L.E.A., ALMEIDA, A.O. Primeiro registro da espécie indo-pacífica
Charybdis hellerii (A. Milne-Edwards, 1867) (Crustacea: Decapoda: Portunidae)
para o litoral do Estado do Ceará, Brasil. Tropical Oceanography, Recife,
33(1): 33–38, 2005.
BOTTER-CARVALHO, M.L., CARVALHO, P.V.V.D.B.C., RAMOS-PORTO, M.
Novos registros de crustáceos decápodos para a Ilha de Itamaracá PE. XXI
Congresso de Brasileiro de Zoologia, Porto Alegre, Resumo, p.67,1996.
BRAGA, E.S. Seasonal variation of atmospheric and terrestrial nutrients and
their influence on primary production in na oligotrophic coastal system-
southeastern Brazil. Revista Brasileira de Oceanografia. São Paulo, 47(1):
47-57, 1999.
BRANCO, E.S. Aspectos ecológicos da comunidade fitoplanctônica no
sistema estuarino de Barra das Jangadas (Jaboatão dos Guararapes
Pernambuco - Brasil). (Dissertação de Mestrado em Oceanografia Biológica).
Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 125f. 2001.
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
95
BRANCO, J.O. Ciclo e ritmo alimentar de Callinectes danae Smith, 1869
(Decapoda, Portunidae) na Lagoa da Conceição, Florianópolis, SC. Arquivos
de Biologia e Tecnologia, Curitiba, 39(4): 987-998, 1996a.
BRANCO, J.O. Dinâmica da Alimentação Natural de Callinectes danae
Smith (Decapoda, Portunidae) na Lagoa da Conceição, Florianópolis, SC.
(Tese de Doutorado em Ciências Biológicas). Universidade Federal do Paraná,
Curitiba, 74f. 1996b.
BRANCO, J.O. Variações sazonais e ontogênicas na dieta natural de
Callinectes danae Smith, 1869 (Depadoda, Portunidae) na Lagoa da
Conceição, Florianópolis, SC. Arquivos de Biologia e Tecnologia, 39(4): 999-
1012, 1996c.
BRANCO, J.O., LUNARDON-BRANCO, M.J. Ecologia trófica de Portunus
spinimanus Latreille (Decapoda, portunidae) na Armação do Itapocoroy, Penha,
Santa Catarina, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, 19(3): 631-954, 2002.
BRANCO, J.O., VERANI, J.R. Dinâmica da Alimentação Natural de Callinectes
danae Smith (Decapoda, Portunidae) na Lagoa da Conceição, Florianópolis,
Santa Catarina, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, 14(4): 1003 -1018,
1997.
CALADO, T.C.S. Registro de Charybdis hellerii (Milne Edwards, 1867) em
águas do litoral brasileiro (Decapoda: Portunidae). Boletim Estudos em
Ciências do Mar, 9: 175-180, 1996.
CAPITOLI, R.R., ORTEGA, E.L. Contribuição ao conhecimento do espectro
trófico de Cyrtograpsus angulatus, Dana, nas enseadas vegetadas de águas
rasas da Lagoa dos Patos, RS, Brasil. Nauplius, Rio Grande, 1: 81-87, 1993.
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
96
CARQUEIJA, C.R.G., GOUVÊA, E.P. Hábito alimentar de Callinectes larvatus
Ordway (Crustacea, Decapoda, Portunidae) no manguezal de Jiribatuba, baia
de Todos os Santos, Bahia. Revista Brasileira de Zoologia, 15: 273-278,
1998.
CARQUEIJA, C.R.G., GOUVÊA, E.P. A ocorrência, na costa brasileira, de um
Portunidae (Crustacea: Decapoda), originário do Indo-Pacífico e Mediterrâneo.
Nauplius, Rio Grande, 4: 105-112, 1996.
CHACE JR, F.A. The shrimps of the Smithsonian-Bredin Caribbean Expedition
with a summary of the West Indian shallow-water species. Smithsonian
Contributions to Zoology, Washington, 98:1-179, 1972.
COELHO, P.A. Carcinofauna. In: BARROS, H. M., ESKINAZI-LEÇA, E.,
MACÊDO, S. J., LIMA, T. Gerenciamento participativo de estuários e
manguezais. Recife: Ed. Universitária da UFPE, 252 p. 2000.
COELHO, P.A. Os crustáceos de alguns manguezais pernambucanos.
Trabalhos do Instituto Oceanográfico da Universidade Federal de
Pernambuco, 7/8:71-90, 1966.
COELHO, P.A. Lista dos Porcellanidae (Crustacea, Decapoda, Anomura) do
litoral de Pernambuco e dos estados vizinhos. Trabalhos do Instituto
Oceanográfico da Universidade Federal de Pernambuco, 5/6: 51-68,
1963/64.
COELHO, P.A., BATISTA-LEITE, L.M.A., SANTOS, M.A.C., TORRES, M.F.A.
O manguezal. In: ESKINAZI-LEÇA,E., NEUMANN-LEITÃO, S., COSTA, M. F.
(eds.). Oceanografia: um cenário tropical. Recife: Bagaço. 716p. 2004.
COELHO, P.A., SANTOS, M.C.F. Siris do estuário do rio Una, São José da
Coroa Grande, Pernambuco - Brasil (Crustacea, Decapoda, Portunidae).
Boletim técnico científico CEPENE, 12(1): 187-194, 2004.
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
97
COELHO, P.A., SANTOS, M.C.F. Ocorrência de Charybdis hellerii (Milne
Edwards, 1867) (Crustacea, Decapoda, Portunidae) no litoral de Pernambuco.
Boletim técnico científico CEPENE, 11(1): 167-173, 2003.
COELHO, P.A., SANTOS, M.C.A. Crustáceos decápodos e estomatópodos do
rio Paripe, Itamaracá PE. Anais da Sociedade Nordestina de Zoologia,
3:43-61, 1990.
COELHO, P.A., RAMOS-PORTO, M.A. Sinopse dos crustáceos decápodos
brasileiros (famílias Callianassidae, Callianeidae, Upogebiidae, Parapaguridae,
Paguridae, Diogenidae). Trabalhos Oceanográficos da Universidade
Federal de Pernambuco, 19: 27-53, 1987.
COELHO, P.A., TORRES, M.F.A. Áreas estuarinas de Pernambuco. Trabalhos
Oceanográficos da Universidade Federal de Pernambuco, 17: 67-80, 1982.
COELHO, P.A., SANTOS, M.F.B.A. Zoogeografia marinha do Brasil. I.
Considerações gerais sobre método e aplicação a um grupo de crusceos
(Paguros: Crustacea, Decapoda, super-falias: Paguroidea e Coenobitoidea).
Boletim do Instituto Oceanográfico, 29(2): 139-144, 1980.
COELHO, P.A., RAMOS, A.A. Constituão e distribuição da fauna de decápodos
do litoral leste da América do Sul entre as latitudes de 5°N e 3S. Trabalhos do
Instituto Oceanográfico da Universidade Federal de Pernambuco, 13: 133-
236, 1972.
COELHO-FILHO, P.A, COELHO, .P.A. Sinopse dos crustáceos decápodos
brasileiros (Família Xanthidae). Trabalhos Oceanográficos da Universidade
Federal de Pernambuco, 24:179-195, 1996.
COSTA, M.F., NEUMANN-LEITÃO, S., SOUZA-SANTOS, L.P. Bioindicadores
da qualidade ambiental. In: ESKINAZI-LEÇA,E., NEUMANN-LEITÃO, S.,
COSTA, M.F. (eds.). Oceanografia: um cenário tropical. Recife: Bagaço. 716p.
2004.
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
98
COUTIÈRE, H. The american species of snapping shrimps of the genus
Synalpheus. Bulletin du Muséum National d’Histoire Naturelle, Paris,
8:337-342, 1909.
CPRH. Relatório de monitoramento de Bacias hidrográficas do Estado de
Pernambuco. Cap. 3.1. http://www.cprh.pe.gov.br/frme-index-
secao.asp/idsecao=30. 2004. Acesso em janeiro de 2005.
CPRH Companhia Pernambucana de Controle da Poluição Ambiental e de
Administração dos Recursos Hídricos. Diagnóstico preliminar das condições
ambientais do Estado de Pernambuco. Recife: CPRH, 238p. 1977.
DARNELL, R.M. Food habits of fishes and larger invertebrates of Lake
Pontchartrain, Luoisiana, na estuarine community. Publs. Inst. Mar. Sci. Univ.
Tex. 5: 353-416, 1958.
DINEEN, J.F., CLARK, P.F., HINES, A.H., REED, S.A., WALTON, H.P. Life
history, larval description and natural history of Charybdis hellerii (A. Milne-
Edwards, 1867) (Crustacea, Decapoda, Brachyura, Portunidae), na invacive
crab in the western Atlantic. Journal of Crustacean Biology, Seminole, 21(3):
774-805, 2001.
FERREIRA, A.C., SANKARANKUTY, C., CUNHA, I.M.C., DUARTE, F.T. Yet
another record of Charybdis hellerii (A. Milne-Edwards) (Crustacea, Decapoda)
from the Northeast of Brazil. Revista Brasileira de Zoologia, Curitiba,
18(1):357-358, 2001.
FLORES MONTES, M.J. Variação nictimeral do fitoplancton e parametros
hidrológicos no Canal de santa Cruz, Itamaracá, PE. (Dissertação de
Mestrado em Oceanografia Biológica). Universidade Federal de Pernambuco,
Recife, 124f. 1996.
FOREST, J., SAINT-LAURENT, M. Campagne de la Calypso au large des côtes
Atlantiques de l’Amérique du Sud (1961-1962). I. 6. Crustacés Décapodes:
Pagurides. Annalés de l’Institut Océanographique, Paris 45(2): 47-169, 1967.
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
99
GASPAR, M.H. Contribuição ao estudo biológico do “siri” Callinectes
danae SMITH, 1869 (Decapoda, Portunidae) do Rio Itiberé PR.
(Dissertação de Pós-graduação). Universidade Federal do Paraná. p.1-3. 1981.
GOMES, C.A.A., SANTOS, P.J.P. Aspectos da dinâmica populacional de
Stenhelia cf. normani (Copepoda: Harpacticoida) em área de mangue no Canal
de Santa Cruz, Itapissuma – PE. XXII Congresso Brasileiro de Zoologia, Recife,
Resumo, p. 92, 1998.
GOMES-CORRÊA, M.M. Stomatopoda do Brasil. (Tese de Doutorado).
Universidade de São Paulo. Instituto de Biociências. 295p. 1986.
HAEFNER, P.A.Jr. Natural diet of Callinectes ornatus (Brachyura: Portunidae)
in Bermuda. Journal of Crustacean Biology, 10(2): 236-246, 1990.
HONORATO DA SILVA, M. Fitoplâncton do estuário do rio Formoso (Rio
Formoso, Pernambuco, Brasil): biomassa, taxonomia e ecologia.
(Dissertação de Mestrado em Oceanografia). Universidade Federal de
Pernambuco, Recife, 131p. 2003.
HYNES, H.B.N. The food of fresh-water sticklebacks (Gasterosteus aculeatus
and Pygosteus pungitius) with a review of method used in studies of the food
fishes. Journal of Animal Ecology, 19(1): 36-51, 1950.
KAPUSTA, S.C., BEMVENUTI, C.E. Atividade nictemeral de alimentação de
juvenis de Callinectes sapidus, Rathbun, 1895 (Decapoda: Portunidae) numa
pradaria de Ruppia maritima L. E num plano não vegetado, numa enseada
estuarina da Lagoa dos Patos, RS, Brasil. Nauplius, Rio Grande, v. 6. 1998.
KEMPF, M. Nota preliminar sobre os fundos costeiros da região de Itamaracá
(Norte do Estado de Pernambuco). Trabalhos Oceanográficos da
Universidade Fedederal de Pernambuco, Recife, 9/11: 95-110, 1970.
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
100
KRÖNCKE, I. Long-term changes in North sea Benthos. Senckenbergiana
marit., 26(1/2): 73-80, 1995.
LANA, P.C., CAMARGO, M.G., BROGIM, R.A., ISAAC, V.J. O bentos da
costa brasileira: avaliação crítica e levantamento bibliográfico (1856-
1996). Rio de Janeiro: Femar. 432 p. 1996.
LAUGHLIN, R.A. Feedings habits of the blue crab Callinectes sapidus Rathbun
in the Apalachicola Estuary. Florida. Bulletin of Marine Science, 32: 807-822,
1982.
LAVIN, P.L., BARROS, T.J.M. Estudo do comportamento de Charybdis hellerii
A. Milne Edwards, 1896 (Decapoda, Portunidae), Cuiabá, XXIII Congresso
Brasileiro de Zoologia, Resumo, 2000.
LIRA, L. Geologia do Canal de Santa Cruz e praia submarina adjacente à
ilha de Itamaracá-PE. (Dissertação de Mestrado). Porto Alegre, Inst. Geolc.,
UFRS, 107 f. 1975.
LIRA, L., ZAPATA, M.C., FALCÃO, I.M.M., OLIVEIRA-JUNIOR, A.V. Material
em suspensão, temperatura e salinidade no estuário do rio Mamucaba (PE).
Caderno Omega, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, 2(1):
97-116, 1978.
LOSADA, A.P.M. Biomassa fitoplanctonica correlacionada com
parâmetros abióticos nos estuários dos rios Ilhetas e Mamucaba e na
Baia de Tamandaré (Pernambuco-Basil). (Dissertação de Mestrado).
Departamento de Oceanografia. Universidade Federal de Pernambuco, Recife,
88f. 2000.
MACÊDO, S.J. Cultivo da tainha (Mugil curema Valenciennes, 1836) em
viveiros situados na Ilha de Itamaracá-PE, relacionado com as condições
hidrológicas do Canal de Santa Cruz. (Tese de Doutorado). Inst. Biociências,
Universidade de São Paulo, 137p. 1977.
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
101
MACÊDO, S.J. Fisioecologia de alguns estuários do Canal de Santa Cruz
(Itamaracá-PE). (Dissertação de mestrado). Universidade de São Paulo, São
paulo, 121 f. 1974.
MACÊDO, S.J., FLORES MONTES, M.J., LINS, I.C. Características abióticas
da área. In: BARROS, H. M., ESKINAZI-LEÇA, E., MACÊDO, S. J., LIMA, T.
Gerenciamento participativo de estuários e manguezais. Recife: Ed.
Universitária da UFPE, 252 p. 2000.
MACÊDO, S.J., MELO, H.N.S, COSTA, K.M.P. Estudo ecológico da região de
Itamaracá, Pernambuco, Brasil. XXIII. Condições hidrológicas do estuário do
Rio Botafogo. Trabalhos Oceanográficos da Universidade Federal de
Pernambuco, 17: 81-122, 1982.
MACLAUGHLIN, P.A. & HEBARD, J.F. Stomach contents of the Bering Sea
King crab. Bulletin of International North Pacific Fisheries Commission,
5:5-8, 1961.
MANTELATTO, F.L.M. Aspectos biológicos do Brachyura Indo-Pacífico
Charybdis hellerii (Crustacea) na região de Ubatuba, SP, Cuiabá, XXIII
Congresso Brasileiro de Zoologia, Resumo. 2000.
MANTELATTO, F.L.M. Biologia Reprodutiva de Callinectes ornatus
Ordway, 1983 (Decapoda, Brachyura, Portunidae) na Região de Ubatuba
(SP), Brasil. (Tese de Doutorado). Instituto de Biociências da Universidade
Estadual de São Paulo. 147 p. 1995.
MANTELATTO, F.L.M., CHRISTOFOLETTI, R.A. Natural feeding activity of the
crab Callinectes ornatus (Portunidae) in Ubatuba Bay (São Paulo, Brazil):
influence of season, sex, size and moult stage. Marine Biology, 138: 585
594, 2001.
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
102
MANTELATTO, F.L.M., FRANSOZO, A. Brachyuran community in Ubatuba
Bay, Northern Coast of São Paulo State, Brazil. J. Shelfish. Res. 19(2): 701-
709, 2000.
MANTELATTO, F.L.M., DIAS, L.L. Extension of the known distribution of
Charybdis hellerii (A. Milne-Edwards, 1867) (Decapoda, Portunidae) along the
western tropical south Atlantic. Crustaceana. 72(6): 617-620, 1999.
MARGALEF, R. Information theory in ecology. General Systems, 3: 36-71,
1958.
MEDEIROS, C. Circulation and mixing processes in the Itamaracá
estuarine system, Brazil. (Tese de Doutorado). Columbia, University of South
Carolina. 131 p. 1991.
MELO, A.A.S. Nutrientes dissolvidos e biomassa primária nos estuários
dos rios Botafogo e Carrapicho PE. (Dissertação de Mestrado em
Oceanografia Biológica). Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 94f.
2007.
MELO, G.A.S. Manual de identificação dos Crustacea Decapoda do litoral
brasileiro: Anomura, Thalassinidea, Palinuridea e Astacidea. São
Paulo:Plêiade/FAPESP, 551p. 1999.
MELO, G.A.S. Manual de identificação dos Brachyura (Caranguejos e
Siris) do Litoral brasileiro. Ed. Plêiade/FAPESP, São Paulo, 604p. 1996.
MELLO, R.L.S., TENÓRIO, D.O. A malacofauna. In: BARROS, H. M.,
ESKINAZI-LEÇA, E., MACÊDO, S. J., LIMA, T. Gerenciamento participativo de
estuários e manguezais. Recife: Ed. Universitária da UFPE, 252 p. 2000.
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
103
MOURA, N.F.O. Alimentação natural de Callinectyes danae Smith, 1869,
Callinectes larvatus Ordway, 1863 e Callinectes ornatus Ordway, 1863
(Crustacea, Portunidae) no prado de capim marinho Halodule wrightii
Aschers, Itamaracá, Pernambuco, Brasil. (Tese de Doutorado). Universidade
de São Carlos, SP. 2007.
NALESSO, R.C., MAZIOLI, C. Fauna macrobentônica da região entre-marés da
Praia de Camburi, Vitória, ES, In: Anais do V Simpósio de Ecossistemas
Brasileiros: Conservação, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, p.
156-163, 2000.
NEGREIROS-FRANSOZO, M.L. The zoea I of Charybdis hellerii (A. Milne
Edwards, 1867) (Decapoda, Portunidae) obtained in laboratory. Nauplius. 4:
165-168, 1996.
NIMER, E. Pluviometria e recursos hídricos dos estados de Pernambuco
e Paraíba. Rio de Janeiro: SUOREN, 117 p. 1972.
NONATO, E.F., AMARAL, A.C.Z. Anelídeos poliquetas. Chaves para
famílias e gêneros. São Paulo, 78p. 1979.
OJASTI, J., JIMÉNEZ, E.G., OTAHOLA, E.S., ROMÁN, L.B.G. Informe sobre
las Especies Exóticas en Venezuela, Caracas, Venezuela, Ministerio del
Ambiente y de los Recursos Naturales, 2001.
OSHIRO, L.M.Y., LIMA, G.V. Biologia reprodutiva do siri Charybdis hellerii
(Milne Edwards, 1867) (Decapoda, Portunidae) da Baía de Sepetiba., Cuiabá,
XXIII CBZ, Resumo, 2000.
OSHIRO, L.M.Y., SILVEIRA, C.M., LIMA, G.V. Crescimento relativo do siri,
Charybdis hellerii (Decapoda, Portunidae) da Baía de Sepetiba, Cuiabá, XXIII
Congresso Brasileiro de Zoologia, Resumo, 2000.
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
104
PASSAVANTE, J.Z.O. Estudo ecológico da região de Itamaracá, Pernambuco,
Brasil. XIX. Biomassa do nano e microfitoplancton do Canal de Santa Cruz.
Trabalhos Oceanográficos da Universidade Federal de Pernambuco.
Recife, 16: 105-156, 1981.
PAUL, R.K.G. Natural diet, feeding and predatory activity of the crabs
Callinectes arcuatus and C. toxotes (Decapoda, Brachyura, Portunidae).
Marine Ecology Progress Series. Ser. 6, p. 91-99, 1981.
PEREIRA-FILHO, J., SCHETTINI, C. A. F., RÖRIG, L., SIEGLE, E. Intratidal
variation and net transport of dissolved inorganic nutrientes, POC and
chlorophyll a in the Camboriú River Estuary, Brazil. Estuarine, coastal and
shelf science, 53: 249-257, 2001.
PETER, K.L., GUINOT, D., DAVIE, P.J.F. Systema brachyurorum: part I. An
annotated checklist of extant brachyuran crabs of the world. National University
of Singapore. The Raffles Bullentin of Zoology, 17: 1-286, 2008.
PETTI, M. A. V. Hábitos alimentares dos crustáceos decápodas braquiúros
e seu papel na rede trófica do infralitoral de Ubatuba (Litoral norte de
Estado de o Paulo, Brasil). (Dissertação de Mestrado). Universidade de
São Paulo, 150p. 1990.
PIELOU, E.C. The meassure of diversity in different types of biological
collections, J. Theor. Biol., 13: 133-144p. 1966.
RAMOS-PORTO, M. Estudo ecológico da região de Itamaracá, Pernambuco,
Brasil. VIII. Crustáceos decapodos natantes. Trabalhos Oceanográficos da
Universidade Federal de Pernambuco, 15: 277-310, 1980.
RATHBUN, M.J. The cancroid crabs of America of the families Euryalidae,
Portunidae, Atelecyclidae, Cancridae and Xanthidae. Bull. U.S. Nat. Mus.
152:1, 278, 85 figs., 230 pls, 1930.
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
105
RIOS, E.C. Brazilian marine mollusks iconografy. Fund. Univ. Rio Grande.
1328p. 1975.
ROCHA, M.F. variação espacial e sazonal dos níveis de metais nos
sedimentos superficiais e osra de mangue (Crassostrea rhizophorae
Gui332.356 0 Td0( )(z)-0.2955853C o unaka
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
106
SEED, R., ELLIOT, M.N., BOADEN, P.J.S., O’CONNOR, R. J. The composition
and seasonal changes amongst the epifauna associated with Fucus serratus L.
In Strangford Lough, Northern Ireland. Cahiers de Biologie Marine. 22: 243-
266, 1981.
SHANNON, H.L.A mathematical theory oh communication. Bell Syst. Tech. J.,
27: 379-423, 1935.
SILVA, J.S.V., DE SOUZA, R.C.C.L. (Organizadoras). Água de Lastro e
Bioinvasão, 1, Rio de Janeiro, Interciência, 2004.
SILVA, G.A.S. Macrozoobentos do infralitoral do estuário do rio Botafogo,
Itamaracá PE. (Monografia de Graduação). Universidade Federal de
Perambuco, Recife, 41 f. 2005.
SIPAÚBA-TAVARES, L.H. Limnologia dos sistemas de cultivo. In: VALENTI,
W. C. (ed.), Carcinicultura de água doce: Tecnologia para produção de
camarões. Brasília. IBAMA/FAPESP, Cap. 3, p. 47-75. 1998.
SOARES, C.M.A. Estudos ecológicos da região de Itamaracá, Pernambuco,
Brasil. III. Anfípodos das famílias Taliriidae e Amphitoidae. Trabalhos
Oceanográficos da Universidade Federal de Pernambuco, 14: 93-104,
1979.
SOUZA, S.T. Crustáceos estomatópodos do infralitoral do Canal de Santa
Cruz, Itamaracá PE. (Dissertação de Mestrado em Oceanografia). Recife,
Universidade Federal de Pernambuco, 1993.
STEVENS, B.G., ARMSTRONG, D.A., CUSIMANO, R. Feeding habits of the
dungeness crab Cancer magister as determined by the index of relative
importance. Marine Biology, 72: 135-145, 1982.
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
107
TAVARES, M., MENDONÇA JR., J.B. Introdução de Crustáceos Decápodes
Exóticos no Brasil: uma Roleta Ecológica. In: Água de Lastro e Bioinvasão,
pp 59-76. Editora Interciência, Rio de Janeiro, RJ. 2004.
TAVARES, M., MENDONÇA JR., J.B. Charybdis hellerii (A. Milne Edwards,
1867) (Brachyura: Portunidae), eighth nonindigenous marine decapod recorded
from Brazil. Crustacean Res. 25: 151-157, 1996.
WEAR, R.G., HADDON, M. Natural diet of the crab Ovalipes catharus
(Crustacea, Portunidae) around central and northen New Zeland. Marine
Ecology Progress Series, 35: 39-49, 1987.
WILLIAMS, A.B. Shrimps, lobster and crabs of the Atlantic coast of the
eastern United States, Maine to Florida. Washington, D. C., Smithsonian
Institution Press. 550p. 1984.
WILLIAMS, A.B. Natural food and feeding in the commercial sand crab
Portunus pelagicus Linnaeus, 1766 (Crustacea: Decapoda: Portunidae) in
Moreton Bay, Queensland. Journal of Experimental Marine Biology and
Ecology, 59: 165-176, 1982.
WILLIAMS, A.B. Methods for analysis of natural diet in portunid crabs.
(Crustacea, Decapoda, Portunidae). Journal of Experimental Marine Biology
and Ecology,52: 103-113, 1981.
WILLIAMS, A.B. The swimming crabs of the genus Callinectes (Decapoda,
Portunidae). Fishery Bull. Washington, 72(3), 1974.
CHALEGRE, K.Q.T Fauna bêntica e alimentação natural de Callinectes danae...
108
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo