Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
CENTRO DE CIÊNCIAS MÉDICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HIGIENE VETERINÁRIA E
PROCESSAMENTO TECNOLÓGICO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO HIGIENE VETERINÁRIA E PROCESSAMENTO
TECNOLÓGICO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL
CARLA INÊS SOARES PRAXEDES
EXSUDAÇÃO DE GEL NO COZIMENTO EM CARNE DE PEITO
DE FRANGO NORMAL, “PSE” E “DFD”
Niterói/ RJ
2007
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
CARLA INÊS SOARES PRAXEDES
EXSUDAÇÃO DE GEL NO COZIMENTO EM CARNE DE PEITO
DE FRANGO NORMAL, “PSE” E “DFD”
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Medicina Veterinária
da Universidade Federal Fluminense,
como requisito parcial para obtenção do
Grau de Mestre. Área de Concentração:
Higiene Veterinária e Processamento
Tecnológico de Produtos de Origem
Animal.
Orientador: Prof. Dr. SÉRGIO BORGES MANO - UFF
Co-orientador: Prof. Dr. RUBISON OLIVO - USP
Niterói/ RJ
2007
ads:
CARLA INÊS SOARES PRAXEDES
EXSUDAÇÃO DE GEL NO COZIMENTO EM CARNE DE PEITO
DE FRANGO NORMAL, “PSE” E “DFD”
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Medicina Veterinária
da Universidade Federal Fluminense,
como requisito parcial para obtenção do
Grau de Mestre. Área de Concentração:
Higiene Veterinária e Processamento
Tecnológico de Produtos de Origem
Animal.
Aprovado em 01/11/2007
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________________________________
Prof. Dr. Sérgio Borges Mano
Universidade Federal Fluminense
_________________________________________________________________________
Prof. Dr. Rubison Olivo
Universidade de São Paulo
_________________________________________________________________________
Profª. Drª. Mônica Queiroz de Freitas
Universidade Federal Fluminense
Niterói/ RJ
2007
Aos meus pais Amélio Mariano Praxedes (in memorian) e Maria Teodorica Soares Praxedes,
por todo amor dedicado a mim, pelo exemplo de vida e pela grande sabedoria, pois através
dela recebi minha maior herança: a Educação.
AGRADECIMENTOS
A Deus por tudo, sem a tua presença nada seria possível.
Aos meus pais Amélio Mariano Praxedes (in memorian) e Maria Teodorica Soares Praxedes,
minhas irmãs Carlota Maria Soares Praxedes Treasure, Celeste Marilda Soares Praxedes dos
Santos, Conceição Aparecida Soares Praxedes e meu irmão Amélio Soares Praxedes
(Juninho), obrigada pelo amor, carinho, confiança e compreensão nos momentos em que
estive ausente.
Às minhas sobrinhas Luciana Christine Praxedes Treasure e Maria Rita Praxedes Barreto, que
alegraram meus dias.
Ao professor Dr. Firmino Mársico Filho (in memorian) que muito me incentivou no início
desta caminhada.
Ao professor orientador Dr. Sérgio Borges Mano, pela amizade, orientação, atenção, apoio,
paciência e auxílio indispensável à realização deste trabalho.
Ao professor co-orientador Dr. Rubison Olivo, pela amizade, pelo estímulo à pesquisa,
orientação e dedicação, sempre disposto a me ajudar.
Ao Químico Industrial Fábio de Oliveira Franco, pela amizade, profissionalismo, ajuda e
paciência, sem os quais este trabalho seria impossível.
À Engª de Alimentos Juliane Pavan Schneider, pela amizade, por toda ajuda e atenção,
principalmente pelo importante auxílio na realização das análises.
À Globalfood, na figura de seu Presidente, Sr. Klaus Gerard Hasserodt, que disponibilizou as
instalações e seus funcionários para que as análises fossem realizadas.
Ao matadouro-frigorífico Frangos Rica na figura do amigo e Médico Veterinário Dr. Ociron
Jader Thomal Vasques, que muito contribuiu para que este sonho se tornasse realidade.
Aos amigos do matadouro-frigorífico Frangos Rica, funcionários, estagiários e treinees, em
especial Sulivan Mueler, Luiza Helena Nunes, Sabrina Haddad, Vanessa da Silva, Jefferson
Muniz, Isabel Benevente, Ana Carolina de Almeida, Márcio Marques, Priscyla Graciano e
Cristiano Xavier, que me ajudaram nos ensaios iniciais deste trabalho e acompanharam toda
minha trajetória, obrigada por tudo.
A todos os professores, técnicos e funcionários da pós-graduação, que transmitiram seus
conhecimentos para que eu chegasse até aqui.
À minha doce sobrinha e também um pouco filha Marceli Nunes Gonçalves, sempre estava
disposta a me ajudar com seus conhecimentos de informática.
Aos amigos e irmãos Renata Groetaers da Silva Freire e Marcello Freire, ao afilhado Marcello
Groetaers Freire (Marcellinho), à Riete Groetaers e Sr. José da Silva (Sr. Zezinho), que me
receberam como filha em sua casa, sempre presentes e me incentivando, obrigada pelo
carinho.
À minha tia e madrinha Sandra Marli Lemos, que sempre acompanhou minha vida acadêmica
me dando forças.
Aos colegas da pós-graduação, em especial a turma de Bom Jesus do Itabapoana/RJ, aos
Doutores Edivaldo Sampaio de Almeida Filho e Fábio da Costa, e a Kênia de Fátima Carrijo,
obrigada pela amizade e pelo apoio que me foi dado nos diversos momentos desta caminhada.
Aos amigos Adriano Costa da Silva e Carlos Ribeiro Xavier Velloso, que mesmo distantes,
torceram e acompanharam a realização deste sonho.
A todos que direta ou indiretamente colaboraram para que este trabalho fosse realizado.
À CAPES que financiou esta pesquisa.
Muitas vezes as pessoas são egocêntricas, ilógicas e insensatas.
Perdoe-as assim mesmo.
Se você é gentil, as pessoas podem acusá-lo de egoísta, interesseiro.
Seja gentil, assim mesmo.
Se você é um vencedor, terá alguns falsos amigos e alguns inimigos verdadeiros.
Vença assim mesmo.
Se você é honesto e franco as pessoas podem enganá-lo.
Seja honesto assim mesmo.
O que você levou anos para construir, alguém pode destruir de uma hora para outra.
Construa assim mesmo.
Se você tem Paz, é Feliz, as pessoas podem sentir inveja.
Seja Feliz assim mesmo.
Dê ao mundo o melhor de você, mas isso pode nunca ser o bastante.
Dê o melhor de você assim mesmo.
Veja você que no final das contas, é entre você e Deus.
Nunca foi entre você e as outras pessoas.
Madre Tereza de Calcutá
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS, p. 9
LISTA DE ILUSTRAÇÕES, p. 10
RESUMO, p. 12
ABSTRACT, p. 13
1 INTRODUÇÃO, p. 14
2 REVISÃO DE LITERATURA, p. 16
2.1 AVICULTURA BRASILEIRA, p. 16
2.2 MANEJO DE FRANGOS PRÉ-ABATE, p. 18
2.3 QUALIDADE DA CARNE DE FRANGO DETERMINADA PELO pH MUSCULAR
FINAL, p. 22
2.3.1 “PSE” em aves, p. 24
2.3.2 “DFD” em aves, p. 26
2.4 PROPRIEDADES FUNCIONAIS, p. 27
2.4.1 Cor em filés de peito de frango, p. 28
2.4.2 Capacidade de retenção de água, p. 31
2.4.3 Gelificação protéica e exsudação de gel durante o cozimento, p. 32
3 MATERIAL E MÉTODOS, p. 34
3.1 AMOSTRAGEM, p. 34
3.2 CLASSIFICAÇÃO, p. 35
3.3 MENSURAÇÃO DO EXSUDATO, p. 36
3.4 MENSURAÇÃO DA CAPACIDADE DE RETENÇÃO DE ÁGUA, p. 36
3.5 MENSURAÇÃO DA PERDA DE UMIDADE NO COZIMENTO, p. 37
3.6 MENSURAÇÃO DO GEL LIBERADO DURANTE O COZIMENTO, p. 38
3.7 ANÁLISES ESTATÍSTICAS, p. 39
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO, p. 40
4.1 CLASSIFICAÇÃO, p. 40
4.2 PROPRIEDADES FUNCIONAIS, p. 40
4.2.1 Mensuração do Exsudato (Peitos íntegros), p. 40
4.2.2 Mensuração da capacidade de retenção de água, p. 41
4.2.3 Mensuração da perda de umidade no cozimento, p. 42
4.2.4 Mensuração do gel liberado durante o cozimento, p. 45
5 CONCLUSÕES, p. 47
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS, p. 48
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – Comparativo das exportações de carne de frango 2006/2007 (em ton.). Fonte:
UBA/ABEF (2007), p. 17
TABELA 2 – Valor de L* e pH do Pectoralis major característicos de carnes “PSE” (do
inglês pale, soft, exudative: pálida, macia, exsudativa) , normal e “DFD” (do
inglês dark, firm, dry: escura, firme e seca) (SOARES et al., 2002; ODA et al.,
2003), p. 36
TABELA 3 – Composição da salmoura adicionada de tripolifosfato de sódio, p. 37
TABELA 4 – Programa de cozimento em banho-maria, p. 38
TABELA 5 Resultados dos ensaios funcionais realizados nos grupos de amostras
caracterizados como “PSE” (do inglês pale, soft, exudative: pálida, macia,
exsudativa), normal e “DFD” (do inglês dark, firm, dry: escura, firme e seca),
p. 40
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1 – Fluxograma de operações de corte e desossa de frango. Fonte: Lemos, Castilho,
Beraquet (2000), p. 18
FIGURA 2 – Fluxograma de atividades pré-abate de frangos seguindo as etapas, desde a
granja onde é realizado jejum, dieta hídrica, apanha e transporte, até a recepção
na unidade de abate, inspeção sanitária, descanso, pendura, insensibilização e
sangria. Fonte: Brasil, 1998. Modificada, p. 21
FIGURA 3 – Vias metabólicas para produção de energia na musculatura esquelética. Fonte:
Lehninger (2002), p. 24
FIGURA 4 – Curvas típicas de declínio do pH post mortem (glicólise) em intervalos de
tempo, que gerarão carnes do tipo “DFD” (do inglês dark, firm, dry: escura,
firme e seca), normal e “PSE” (do inglês pale, soft, exudative: pálida, macia,
exsudativa). Fonte: Schneider (2004), p. 27
FIGURA 5 – Diagrama de Hunter. O valor L* situado no eixo vertical representa o máximo
estímulo luminoso (intervalo 0 a 100), seja de reflectância ou de transmitância;
o valor de a* (intervalo de –a a +a), situado no eixo horizontal, mede a
variação entre a cor vermelha à verde e o valor de b* (intervalo de –b a +b),
mede a variação entre o amarelo e o azul, ambos refletidos ou transmitidos
pelo objeto. Fonte: Olivo (2006), p. 30
FIGURA 6 – Disposição da umidade em termos de capacidade de retenção de água da carne.
Copyright: Rubison Olivo, com permissão (OLIVO, 2006), p. 32
FIGURA 7 – Exsudação de gel, durante o cozimento de filés de peito de frango (Olivo;
Barbut, 2004) - Figura do arquivo pessoal do Prof. Dr. Rubison Olivo, p. 33
FIGURA 8 – Fluxograma dos procedimentos adotados para realização dos ensaios funcionais
em filés de peito de frango considerados normais, “PSE” (do inglês pale, soft,
exudative: pálida, macia, exsudativa) e “DFD” (do inglês dark, firm, dry:
escura, firme e seca) das linhagens Cobb e Ross, p. 34
FIGURA 9 – Padrão visual utilizado na fase de pré-seleção das amostras, caracterizando as
carnes tipo “DFD” (do inglês dark, firm, dry: escura, firme e seca), normal e
“PSE” (do inglês pale, soft, exudative: pálida, macia, exsudativa). Fonte:
OLIVO (2002a), p. 35
FIGURA 10 – Comportamento do pH em relação aos grupos de amostras classificadas. As
áreas em verde, vermelho e azul são as respectivas faixas de pH padronizadas
para “PSE” (do inglês pale, soft, exudative: pálida, macia, exsudativa), normal
e “DFD” (do inglês dark, firm, dry: escura, firme e seca), p. 43
FIGURA 11 – Relação entre “drip” (%) e pH para os grupos estudados, mostrando que
valores mais baixos de pH apresentaram valores mais altos de “drip” (“PSE”
do inglês pale, soft, exudative: pálida, macia, exsudativa) e valores mais baixos
de “drip” apresentaram valores mais altos de pH (“DFD” do inglês dark, firm,
dry: escura, firme e seca), p. 43
FIGURA 12 – Correlação entre perda de umidade no cozimento (%) e capacidade de retenção
de água (%). A linha vermelha indica a tendência de redução da perda de
umidade no cozimento conforme ocorre o aumento da capacidade de retenção
de água (STATSOFT, 2001), p. 44
FIGURA 13 – Correlação entre perda de umidade no cozimento (%) e pH (24h). A linha
vermelha indica a tendência de redução da perda de umidade no cozimento
conforme ocorre o aumento do pH (STATSOFT, 2001), p. 44
FIGURA 14 – Correlação entre o gel liberado durante o cozimento (%) e capacidade de
retenção de água (%). A linha vermelha indica a tendência de redução do gel
liberado durante o cozimento conforme ocorre o aumento da capacidade de
retenção de água (STATSOFT, 2001), p. 46
FIGURA 15 – Correlação entre o gel liberado durante o cozimento (%) e a perda de umidade
no cozimento (%). A linha vermelha indica a tendência do aumento do gel
liberado durante o cozimento conforme ocorre o aumento da perda de umidade
no cozimento (STATSOFT, 2001), p. 46
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi averiguar a influência das características da carne de peito de
frango (Pectoralis major) classificada como normal, “PSE” (do inglês: “Pale, Soft,
Exudative” = pálida, macia e exsudativa) e “DFD” (do inglês: “Dark, Firm, Dry” = escura,
seca e firme) no grau de exsudação de gel no cozimento e correlacionar as propriedades
funcionais entre si em relação aos respectivos grupos. Amostras (n= 64) de peito de frango
foram pré-classificadas visualmente e coletadas no tempo de 90min post mortem, foram
desossadas e desprovidas de pele, pesadas em balança semi-analítica e embaladas em sacos
“nylon poli”, mantidos sob refrigeração por 24h a 3,0±2,0ºC. Após sofreram análise de cor,
registrando-se os valores de L* (luminosidade) pelo sistema CIE L* a* b* e pH, os resultados
classificaram as amostras em grupos: normal, “PSE” e “DFD”. Procedeu-se então a
mensuração do “drip” (exsudato), da capacidade de retenção de água, da perda de umidade no
cozimento e do “ECG” (do inglês: Exudative Cooking Gel = gel exsudado no cozimento). Na
mensuração do “drip” os resultados mostraram que ao relacionar-se o “drip” e o pH para os
grupos estudados, onde valores mais baixos de pH 5,67 (±0,07) apresentaram valores mais
altos de “drip” 5,94 (±0,89) e valores mais altos de pH 6,04 (±0,09) apresentaram valores
mais baixos de “drip” 2,26 (±1,63), observou-se diferença significativa entre os grupos para o
“drip” e para o pH, demonstrando haver influência dos fenômenos bioquímicos. Em relação a
capacidade de retenção de água entre os grupos, apenas o “DFD” obteve diferença
significativa, porém observou-se diferença significativa para o grupo “PSE” (r = -0,69
p<0,05) ao correlacionar-se a capacidade de retenção de água e a perda de umidade no
cozimento. Em relação a perda de umidade no cozimento entre os grupos, apenas o “DFD”
obteve diferença significativa, porém notou-se uma tendência estatisticamente significante
para o grupo “PSE” (r = -0,59 p<0,05) ao correlacionar-se a perda de umidade no cozimento e
o pH. Na mensuração do gel liberado durante o cozimento entre os grupos, apenas o “DFD”
obteve diferença significativa, apresentando o menor valor (1,13 ±0,44) de gel liberado
durante o cozimento. Correlações estatisticamente significantes foram encontradas junto ao
grupo “PSE” entre os valores da capacidade de retenção de água e do gel liberado durante o
cozimento (r = -0,86 p<0,05) e entre os valores da perda de umidade no cozimento e do gel
liberado durante o cozimento (r = 0,75 p<0,05). De acordo com os resultados pode-se concluir
que o gel exsudado no cozimento tem forte influência nas propriedades funcionais da carne de
frango “PSE” e esta apresenta as maiores e mais negativas alterações em relação às
propriedades funcionais.
Palavras chave: gel exsudado no cozimento, carne de frango, propriedades funcionais, “PSE”,
“DFD”, qualidade.
ABSTRACT
The aiming of this work is to examine the influence of the characteristics of the chicken breast
(Pectoralis major) classified as normal, “PSE” (Pale, Soft, Exudative) and “DFD” (Dark,
Firm, Dry), in the exudation level of gel during the cooking process and co-relate the
funcional properties with the respective groups. The number of samples (n=64) of chicken
breast (whole-muscle) were visually pre-classified and collected at 90 minutes post mortem,
they were boneless and skinless, weighted in half-analytic scale and wrapped in poli nylon
bags, kept under refrigeration for 24h at 3.0±2,0°C. After undergone color analysis,
registering the values of L* (Luminosity) through system CIE L* a* b* and pH, the results
classified the samples in groups: normal, “PSE” and “DFD”. The next step was the
measurement of the exudates, the water capacity retention, loss of humidity during the
cooking process and the gel released during the cooking process. During the drip
measurement the results shown that when relating the drip and the pH for the studied groups,
where the lowest pH values of 5.67 (±0.07) have shown highest drip values of 5.94 (±0.89)
and highest pH values of 6.04 (±0.09) have shown low drip values of 2.26 (±1.63), it was
noted a significant difference between the groups for the drip and for the pH, demonstrating
that there is influence of the biochemical phenomena. In relation to the water retention
capacity amongst the groups, only the “DFD” had a significant difference, however a
significant difference was observed for the group “PSE”'(r = -0.69 p<0.05) when correlating
the water retention capacity and the loss of humidity during the cooking process. In relation to
the loss of humidity during the cooking process amongst the groups, only the “DFD” had a
significant difference, however it was noted a significant statistically tendency for the group
“PSE” (r = - 0.59 p<0.05) when correlating the loss of humidity during the cooking process
and the pH. During the measurement of the released gel during the cooking process amongst
the groups, only the “DFD”' had a significant difference, presenting the lowest value (1.13
±0.44) of released gel during the cooking process. Statistically significant correlations found
on the “PSE” group amongst the values of the water retention capacity and the released gel
during the cooking process (r = -0.86 p<0.05) and amongst the values of the loss of humidity
during the cooking process and the released gel during the cooking process (r = 0.75 p<0.05).
According to the results it can be concluded that the exudates cooking gel has strong influence
in the functional properties of the chicken meat “PSE” and that presents the biggest and
negative alterations in relation to the functional properties.
Keywords: exudative cooking gel, chicken meat, functional properties, PSE, DFD, quality.
1 INTRODUÇÃO
A carne de frango se insere e tem espaço consolidado dentro de uma das principais
tendências do mercado de alimentos que é a de produtos que oferecem valor proteico elevado,
aliados à praticidade e conveniência, a um preço atrativo (OLIVO; SANTOS; FRANCO,
2006).
A avicultura brasileira tem apresentado um desempenho invejável nas últimas
décadas, representando uma importante fonte econômica ao país. O consumo interno de carne
de frango saltou dos 4,0kg per capita na década de 60 para 36,7kg em 2006, constituindo-se
numa importante fonte proteica à população. O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de
frangos, com volume aproximado de 9,4 milhões toneladas e, pelo terceiro ano consecutivo, o
maior exportador mundial, com volume de 2,7 milhões de toneladas (ABEF, 2003, 2007;
UBA, 2007b; AVISITE, 2007a, 2007b).
Desta quantidade exportada em torno de 230.000 toneladas constitui-se de cortes, em
especial filé de peito, o qual tem como destino, principalmente a Ásia e a União Européia.
Neste mercado os filés são destinados principalmente ao processamento de produtos
elaborados crus ou cozidos, como temperados, marinados, grelhados, assados, empanados e
pratos prontos (UBA, 2007a).
As necessidades tecnológicas aumentaram a preocupação com a qualidade funcional
das matérias-primas, como forma de evitar perdas econômicas, garantindo a qualidade final
desejada e assim a satisfação dos consumidores (OLIVO, 2006).
Resultado do estresse ante mortem, a carne “PSE” (do inglês: “Pale, Soft and
Exudative” = pálido, macio e exsudativo), caracterizada por cor pálida, macia e exsudativa na
superfície, reflexo da acidez muscular, compromete a qualidade funcional das matérias-
primas, em face da desnaturação das proteínas cárneas, prejudicando o rendimento industrial,
a qualidade final e o desempenho econômico dos produtos (OLIVO, 2006, 2002a, 2002b).
15
Um outro desvio trata-se do fenômeno “DFD”, (do inglês: “Dark, Firm and Dry” =
escuro, firme e seco), significando carnes com características de cor escura, firme e seca na
sua superfície. O fenômeno é também considerado uma condição anormal da cor, associado
ao metabolismo muscular com reflexos nas propriedades funcionais, conseqüência do estresse
ante mortem a que aves são submetidas. O “DFD”, inversamente ao “PSE”, ocorre quando o
pH muscular post mortem mantém-se alto, próximo aos valores fisiológicos, determinando
aquelas características. A diferença entre ambos reside no fato de que o “PSE” está associado
ao estresse em um curto espaço de tempo, enquanto que o “DFD”, ao de longo período antes
do abate (SCHNEIDER, 2004; SOARES et al., 2002).
Durante o processamento dos produtos cárneos, como tambleamento ou
massageamento, ocorre o fenômeno de exsudação de umidade e proteínas, desejável para
produtos reestruturados como presunto. Porém, em produtos como filé de peito de frango
cozido, a presença de proteína exsudada forma um gel branco prejudicando a aparência do
produto final e a qualidade nutricional da carne. Este gel exsudado durante o cozimento
contém proteínas solúveis, que se não liberadas ao exterior, exibirá propriedades de ligação de
umidade no interior do produto (SHEARD et al., 2001; OLIVO; BARBUT, 2004).
O presente trabalho teve como objetivo averiguar a influência das características da
carne de peito frango (Pectoralis major) classificadas como normal, “PSE” (do inglês: “Pale,
Soft, Exudative” = pálida, macia e exsudativa) e “DFD” (do inglês: “Dark, Firm, Dry” =
escura, seca e firme) no grau de exsudação de gel no cozimento e correlacionar as
propriedades funcionais entre si em relação aos respectivos grupos.
2 REVISÃO DE LITERATURA
A seguir será feito uma abordagem com os principais temas pertinentes ao assunto:
avicultura brasileira; manejo de frangos pré-abate; qualidade da carne de frango determinada
pelo pH muscular final e propriedades funcionais.
2.1 AVICULTURA BRASILEIRA
A avicultura brasileira vem crescendo a cada ano, produzindo e exportando toneladas
de carne de frango, onde pode-se observar na Tabela 01 que mais de 60% deste volume
exportado são cortes. A exportação de cortes de frango tem como principais destinos: Oriente
Médio, Ásia, União Européia, África, Rússia, América do Sul, dentre outros países (ABEF,
2006).
Em 2006 o desempenho da avicultura brasileira de exportação foi comprometido pela
retração em importantes mercados consumidores da Europa e da Ásia, no início do ano,
devido a focos da gripe aviária em países dos dois continentes. O setor também enfrentou uma
conjuntura desfavorável no câmbio, o que reduziu a rentabilidade das empresas exportadoras.
Ficou claro que, para evitar a derrocada do mercado interno, o setor avícola é extremamente
dependente das exportações, que hoje correspondem a 30% da produção nacional (ABEF,
2006).
Segundo a Assessoria de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (AGE-MAPA, 2006), será apresentado um intenso dinamismo nas projeções
de produção de carne para o Brasil no período 200607 a 201617, alcançando em carne de
aves as maiores taxas de crescimento, devendo crescer 4,1% ao ano. Estimativas também
projetam um quadro favorável para as exportações no período 200607 a 201617, justificadas
17
pela potencialidade do país na avicultura e pelas mudanças nos padrões de consumo,
alcançando neste período uma taxa de crescimento de 2,9% ao ano.
Tabela 1. Comparativo das exportações de carne de frango (inteiro, cortes e industrializados)
no período de janeiro a julho de 2006/2007 (em ton.).
INTEIRO CORTES INDUSTRIALIZADOS
2007 2006 2007 2006 2007 2006
Janeiro 72.541.756 73.104.935 124.035.415 133.449.807 12.473.593 7.165.517
Fevereiro 85.297.765 68.513.705 130.257.804 121.817.341 16.659.892 8.556.455
Março 115.991.025 74.255.286 169.028.305 139.011.771 18.446.047 12.242.294
Abril 96.997.261 74.806.533 151.066.721 127.974.112 15.655.659 8.745.253
Maio 100.658.431 62.254.370 158.589.730 124.720.172 14.730.272 9.499.214
Junho 84.784.419 58.879.192 160.704.565 126.274.064 11.754.579 9.728.784
Julho 104.625.025 59.563.028 154.058.955 118.683.733 10.401.560 7.466.139
Subtotal
660.895.682 471.377.049 1.047.741.495 891.931.000 100.120.572 63.403.656
Fonte: UBA/ABEF (2007)
O Brasil exporta para mais de 120 diferentes destinos e é responsável por um terço do
total da carne de frango comercializada no mercado internacional, demonstração clara do
reconhecimento da qualidade do produto brasileiro (SHIMOKOMAKI, 2004).
Nos últimos anos começou a sobressair a preocupação com qualidade da carne para o
processamento industrial, relacionada com a satisfação dos consumidores, pois anteriormente
prevalecia o interesse da pesquisa apenas no melhoramento genético e no arraçoamento
focados nos índices de produtividade. Felizmente, tem crescido o empenho das empresas e
instituições de pesquisa na geração de conhecimento e tecnologias capazes de propiciar
avanços na qualidade e sanidade do produto cárneo brasileiro (VEGRO; ROCHA, 2007). De
acordo com os mesmos autores, o emprego de tecnologia de ponta por parte das empresas
líderes do segmento de abate e processamento da carne de aves e de suínos constitui-se no
elemento central do vigor econômico observado pelo segmento nos últimos anos. O empenho
pela segmentação por meio da diversificação de produtos e preparações implica
necessariamente o domínio de tecnologias alimentares de alto grau de sofisticação.
Nos grupos empresariais líderes, o processo de automação avançou bastante com
mínima utilização de funcionários para atordoar; sangrar, escaldar, depenar; eviscerar e
18
resfriar a carcaça. Em contrapartida, é também nesses grupos que o processo de diversificação
de produtos mais avançou, gerando postos de trabalho em fases como o saque de cortes e a
preparação de pratos pré-prontos (empanados, congelados, carne com molho e/ou marinados)
(ibid.).
Na atualidade, verifica-se significativo consumo de partes desossadas de frango,
sobretudo de cortes nobres, como peito e pernas (PAVAN et al., 2003). Em função da
crescente demanda de refeições rápidas, existe uma grande produção de filés de peito,
conforme processo de produção exemplificado na Figura 1, junto a uma constante
preocupação com as características de qualidade, sobretudo no que se refere à maciez, pH,
cor, suculência, sabor, além dos aspectos higiênicos da carne (ALMEIDA et al., 2002).
Figura 1. Fluxograma de operações de corte e desossa de frango através de carcaça íntegra de frango.
Fonte: LEMOS; CASTILLO; BERAQUET (2000).
2.2 MANEJO DE FRANGOS PRÉ-ABATE
As técnicas envolvidas com o manejo da criação, tais como lotação de ave no galpão
criatório, dietas, sexo e idade, podem afetar as características de qualidade da carne (OSMAN
et al., 1990). Essas alterações podem ser atribuídas ao desenvolvimento do músculo, conteúdo
de colágeno ou estar associadas à maturidade sexual. Considerando-se que essas propriedades
são inalteradas no post mortem e que em condições comerciais de criações de aves as técnicas
são padronizadas, os fatores lotação, dieta, sexo e idade não causam modificações relevantes
sobre a qualidade da carne. As alterações nos parâmetros de qualidade, entre animais do
19
mesmo lote, idade e sexo, são atribuídas ao estresse pré-abate, que desencadeia transtornos
fisiológicos que podem causar alterações bioquímicas anômalas durante a transformação do
músculo em carne e, com isso, afetar a estrutura miofibrilar (FLETCHER, 1991). Em
músculos com desenvolvimento bioquímico alterado, as diferentes velocidades nas reações de
glicólise podem determinar alterações nas características de qualidade da carne (BRESSAN;
BERAQUET, 2002).
A indústria avícola necessita dedicar especial atenção ao manejo das aves durante
diversas fases e etapas, como fases de crescimento, tempo de jejum, coleta nas granjas,
alocação de indivíduos por gaiola, espaçamento das gaiolas no caminhão, ducha de água na
granja, cobertura de carga com lonas quando o transporte é realizado sob sol e aspersão de
água, transporte, espera e ventilação na recepção do abatedouro, descarga, insensibilização
elétrica e abate conforme esquema mostrado na Figura 2. Os cuidados dispensados durante
estas diferentes etapas influenciam diretamente na qualidade final dos produtos. Estes
métodos necessitam de um acompanhamento rigoroso, dependendo das condições climáticas
regionais e, principalmente no verão.
As técnicas de manejo que antecedem o abate de frangos de corte, rotineiramente
adotados nas diferentes granjas em todo o país, consistem inicialmente na restrição de
alimento entre 6 e 12 horas, restrição hídrica a partir do momento da apanha e tempos de
descanso não inferior a 2 horas no abatedouro. (MOREIRA, 2005). Ainda, segundo o mesmo
autor, o jejum tem por objetivo reduzir a contaminação de carcaças durante o processamento e
como forma de repor as reservas de glicogênio nas aves que se apresentam com estresse, já
que estas tendem a apresentar carnes de qualidade inferior dependendo do grau de estresse a
que as mesmas foram submetidas.
O efeito de diferentes tempos de jejum sobre a qualidade da carne foi avaliado por
Komiyama et al. (2005a), constatando que tempos muito curtos de jejum (até 4 horas)
promovem perdas nas características de cor, pH, capacidade de retenção de água e força de
cisalhamento. Como em aves é característico o rápido desenvolvimento das reações
bioquímicas post mortem, o jejum utilizado pode atuar retardando a velocidade de instalação
do rigor mortis, determinando variações indesejáveis na qualidade final da carne (BRESSAN;
BERAQUET, 2002).
A ação manual inapropriada da colocação das aves dentro das gaiolas e o transporte
são causadores de injúria física e fisiológica/bioquímica dos músculos, sendo que o transporte
tem sido reportado como o principal processo que afeta o bem-estar alterando o metabolismo
ante mortem com profundas conseqüências na qualidade da carne. (GUARNIERI et al., 2002,
20
2005; AVICULTURA INDUSTRIAL, 2007a; 2007b; 2007c; 2007d). A distância de
transporte da granja até o abatedouro é um dos grandes fatores causadores de estresse,
principalmente em determinadas épocas do ano, como no verão, onde concentram os maiores
índices de mortalidade e estresse nas aves. O estresse no transporte se manifesta nas aves
devido a diferentes formas, tais como: motor, emocional, digestivo, térmico e desequilíbrio
hídrico (FISCHER, 1996; AVICULTURA INDUSTRIAL, 2007b).
Lee et al. (1976) demonstrou que a temperatura ambiental pré-abate influencia na
velocidade de queda do pH post mortem, onde aves estressadas pelo calor (38°C) tiveram pH
mais baixo do que as mantidas sob a temperatura de conforto térmico (20°C), frio (4°C) e frio
extremo (-20°C). A temperatura ambiental de 25°C é considerada limiar na perturbação da
homeostase das aves, valores acima desta temperatura podem ocorrer distúrbios fisiológicos,
levando ao estresse e influenciando na bioquímica da carne, diversos cuidados são tomados
no período de verão, durante a coleta, transporte e recepção de aves (GUARNIERI et al.,
2002)
SAMS (2001) reporta que a eletronarcose acelera o estabelecimento do rigor mortis,
constatando alteração na cor, textura e aceleração da velocidade de glicólise post mortem,
devido à rápida queda do pH. No entanto, de acordo com Contreras e Beraquet (2001), os
parâmetros de voltagem e amperagem utilizada no atordoamento elétrico podem também
influenciar na sangria e consequentemente afetar a qualidade da carne.
21
Granja
Jejum e dieta hídrica
Apanha e Transporte
Recepção na unidade de abate
Inspeção Sanitária
Descanso
Pendura
Insensibilização
Sangria
Figura 2. Fluxograma de atividades pré-abate de frangos, desde a granja onde é realizado jejum, dieta
hídrica, apanha e transporte, até a recepção na unidade de abate, inspeção sanitária, descanso, pendura,
insensibilização e sangria.
Fonte: BRASIL (1998). Modificada.
Por causa do refinamento do sistema de integração, não basta visualizar as etapas que
compõem o processo fabril, necessitando a atenção dirigida às fontes de suprimentos com
vistas a obter um produto final homogêneo, com qualidade nutricional e sanitária. Assim,
algumas das etapas finais da criação ficam sob a responsabilidade do matadouro, como
período de dieta hídrica e jejum dos animais, apanha, carregamento e transporte, recepção e
pendura nos ganchos. Sob essa visão compete relacionar a tecnologia empregada e a
necessidade de treinamento da mão-de-obra utilizada (VEGRO; ROCHA, 2007). Para isso a
indústria integradora possui equipes treinadas para atuar ainda dentro do galpão de produção,
22
tomando cuidados especiais que repercutirão sobre a intensidade de aproveitamento
econômico da carcaça e dos cortes dela provenientes (RIBEIRO, 1992; CASTILLO, 1997).
De acordo com diversos autores (SHRIMPTON; MILLER, 1960; SAMS; MILLS,
1993; EHINGER; GSCHWINDT, 1979; WARRISS; KESTIN; BROWN, 1993; FISCHER,
1996; LEE; HARGUS; HAGBER, 1976; FRONING; UIJTTENBOOGAART, 1988;
OSMAN et al., 1990), os principais fatores responsáveis no pré-abate que desencadeiam
liberações de catecolaminas e alterações fisiológicas características do estresse são: intervalo
de jejum e dieta hídrica, transporte e temperaturas ambientais.
No abate propriamente dito, há um conjunto de diretrizes técnicas e científicas que
garantem o bem-estar dos animais desde a recepção até a operação de sangria denominado
abate humanitário (BRASIL, 1998), garantindo a redução do sofrimento dos animais, das
perdas no abate ocasionadas pelas contusões nas carcaças e conseqüentemente da diminuição
dos problemas de qualidade. Os produtos finais oriundos destes animais estão ganhando
diferenciação sob o aspecto de marketing, atendendo a um nicho de mercado composto por
pessoas preocupadas com o abate sem sofrimento, tornando-se cada vez mais freqüente a
preocupação em garantir o bem estar dos animais e aves em toda cadeia produtiva
(MONDELLI; VIDRIK; ROÇA, 2002; MENDES; PAZ, 2006).
2.3 QUALIDADE DA CARNE DE FRANGO DETERMINADA PELO pH MUSCULAR
FINAL
Por muitos anos produziu-se e consumiu-se carne sem a preocupação com as funções
biológicas do tecido muscular no animal vivo e o quanto elas influenciavam na qualidade da
carne. Somente com a compreensão dos eventos bioquímicos que ocorrem no tecido muscular
vivo foi possível saber que a carne, como organização complexa de músculo esquelético,
tecido conjuntivo e gordura, resulta de uma série de reações físico-químicas que ocorrem no
tecido muscular a partir do abate, ou mesmo antes, e que determinam a qualidade final do
produto (JUDGE, 1989).
Do ponto de vista fisiológico, (BAKKEN et al., 1998) revisa os conceitos de bem-estar
animal e conclui que, quando um animal é confrontado com algo estressante/agressor, a sua
adaptação envolve uma amplitude de comportamento e de respostas fisiológicas, onde os
sistemas endócrinos, imunológicos e nervoso central respondem aos estímulos de maneira
coordenada para estabelecer a homeostase.
23
Homeostase, ou manutenção do meio interno do organismo em equilíbrio, se dá
através de uma série de sistemas funcionais de controle, envolvendo mecanismos fisiológicos
e reações comportamentais, mantendo estável por exemplo, a temperatura corporal, o balanço
hídrico, as interações sociais. O bem estar é prejudicado quando o animal não consegue
manter a homeostase ou quando ele consegue mantê-la à custa de muito esforço (MACARI et
al., 2002). A homeostase é importante durante a conversão do músculo em carne por duas
razões: muitas das reações e mudanças que ocorrem durante a conversão do músculo em
carne, são resultados diretos da tentativa de manter as funções vitais em funcionamento;
condições ambientais pré-abate, tais como manejo e transporte, são estressantes e podem
provocar mudanças que irão afetar a qualidade final da carne (HEDRICK et al., 1993).
Após o sacrifício dos animais, os músculos não terminam suas funções para se
transformar em carne, diversas mudanças fisiológicas e bioquímicas acontecem por um
determinado período. A conversão do músculo em carne ocorre durante a instalação do rigor
mortis (HEDRICK et al., 1993). O conjunto dessas reações acarreta no abaixamento do pH
muscular, sendo este o principal fenômeno da transformação, onde a velocidade de
abaixamento do pH e seu valor final serão determinantes para a sua qualidade final (OLIVO,
2006).
No momento do sacrifício da ave, o pH fisiológico (in vivo é de aproximadamente 7,0)
inicia a sua queda como resultado da instalação do rigor mortis, com a produção de ácido
láctico conforme Figura 3, devido a glicólise anaeróbica (LAWRIE, 1998). Quando o
suprimento de oxigênio é inadequado, os íons H+ liberados na glicólise e no ciclo de Krebs
não podem combinar com o oxigênio a uma taxa suficientemente rápida, então tendem a se
acumular no músculo. O excesso de H+ é então utilizado para converter ácido pirúvico em
ácido láctico, o que permite que a glicólise se acelere (VALSECHI, 2000). O valor do pH
final dependerá diretamente da quantidade de glicogênio presente no músculo no momento da
morte do animal, por outro lado, o teor de ácido láctico presente no músculo no momento da
morte do animal determinará a velocidade de instalação do rigor mortis e o pH final da carne.
O tempo aproximado para instalação do rigor mortis em frangos é menor ou igual a 30 min,
em perus menor ou igual a uma hora (OLIVO, 2006).
O valor do pH do músculo e a velocidade em que este é atingido são influenciados por
vários fatores como espécie, tipo de músculo, variação entre animais, manejo pré-abate e
temperatura. Os fatores mais importantes são: reserva de glicogênio para reagir
imediatamente após o abate e a influência da temperatura externa (VALSECHI, 2000).
Segundo o mesmo autor, a aceleração do processo de degradação do glicogênio (causa de
24
variações no rigor mortis e na acidificação da carne) por causas endógenas ou exógenas
frequentemente está associada a alterações na qualidade da carne, sendo estas conhecidas
como “PSE” e “DFD”.
Figura 3. Vias metabólicas para a produção de energia na musculatura esquelética.
Fonte: LEHNINGER (2002).
2.3.1 “PSE” em aves
A sua ocorrência foi constatada no final da década de 70 com algumas publicações,
onde Froning et al. (1978) demonstrou que perus expostos ao estresse pré-abate, como
aquecimento ou agitação, exibiram um acelerado declínio de pH. Kijowski e Niewiarowicz
(1978) sugeriram que o pH indicativo de carne “PSE” em frangos seria de 5,7 no tempo de 15
min post mortem.
O pH baixo pode causar desnaturação das proteínas, comprometendo as propriedades
funcionais da carne, com pobres características de processamento e redução dos rendimentos
dos produtos; fenômeno denominado como “PSE”.
Em suínos é detectado quando o pH atinge o valor menor do que 5,8 a 5,7 no período
45 minutos post mortem, quando a carcaça ainda se encontra quente, por volta de 35°C,
favorecendo desta forma a desnaturação das proteínas (WISMER-PEDERSEN, 1959;
WISMER-PEDERSEN; BRISKEY, 1961; BENDALL; SWATLAND, 1988; SWATLAND,
1995). Em frangos, as carnes tornam-se “PSE” quando o pH atinge 5,7 após 15 minutos post
mortem (KIJOWSKI; NIEWIAROWICZ, 1978; OLIVO, 1999; OLIVO et al., 2001a;
OLIVO; SHIMOKOMAKI, 2002), instalando-se carne tipo “PSE”.
Em suínos, foi comprovada uma relação direta da ocorrência de “PSE” com uma
mutação no gene que codifica a proteína receptora da rianodina tipo 1 (ryr1), que é
responsável pelo controle do fluxo de cálcio entre o retículo sarcoplasmático e o sarcoplasma.
25
Em aves, além de ryr1, a proteína receptora tipo 3 (ryr3) também é fundamental no controle
do fluxo de cálcio nas fibras musculares. Dessa forma, 3 regiões do gene receptor da
rianodina 3 (ryr3) foram seqüenciadas em busca de mutações que pudessem estar
relacionados com a ocorrência de carnes “PSE”. Não foram identificadas deleções ou
inserções nos fragmentos de DNA estudados. Entretanto, quatro mutações de ponto foram
identificadas, sendo que algumas delas causaram alterações na seqüência de aminoácidos de
ryr3. Estas, porém, não alteraram a função da proteína. Nos fragmentos do gene ryr3
analisados não foi possível encontrar diferenças entre grupos que deram origem a carne
“PSE” e normal. Portanto, o fenômeno “PSE” em carnes de frango não está associado com as
mutações identificadas nos fragmentos do gene ryr3 analisados até o momento (LARA et al.,
2003). Ao estudar o estresse térmico na incidência da carne “PSE” em frangos (LARA et al.,
2002) observaram que a ocorrência de “PSE” é uma conseqüência de uma interação de fatores
ambientais e característica genética das aves, onde um único fator tomado isoladamente não
pode caracterizar satisfatoriamente o fenômeno.
Estudos também foram realizados expondo as aves em condições estressantes e foi
possível provocar “PSE” em carnes de peito. Porém, não foram averiguadas as conexões
hereditárias, se é que elas existiam. Somente um estudo sistemático, como o já utilizado para
suínos, relacionando a seleção das linhagens das aves com PSE, possa trazer benefícios
econômicos às indústrias de frangos. Por outro lado, pode-se imaginar que a intensa atividade
na seleção das linhagens, pela necessidade econômica de abater aves em menor tempo de
vida, com rápido ganho de peso, possa ter resultado em comportamentos fisiológicos
anormais (EMBRAPA, 2002). Até o momento, não está bem esclarecido se há relação entre
as linhagens de frango de corte e a ocorrência de carne “PSE”, como observado em suínos
(MOREIRA, 2005).
Entretanto, de uma maneira geral, a causa primordial do fenômeno “PSE” nos animais
é o estresse ante mortem, o que provoca a necessidade de uma maior produção de energia pela
via glicolítica anaeróbica, com a conseqüente produção de ácido láctico (OLIVO, 2006). O
manejo no momento que antecede ao abate é de grande importância bioquímica com reflexos
na estrutura muscular e o emprego de banho por chuveiro de água fria e a ventilação oferecem
o bem estar às aves acarretando no controle do “PSE” (GUARNIERI et al., 2003;
GUARNIERI, 2003).
A combinação do pH baixo e elevada temperatura da carne “PSE” causa a
desnaturação das proteínas miofibrilares, onde essas carnes apresentam o pH muito próximo
ao ponto isoelétrico das proteínas miofibrilares. Neste pH, as proteínas, por terem cargas
26
positivas e negativas em igual quantidade, apresentam uma aproximação máxima dos
filamentos grossos e finos, fazendo com que o espaço entre eles diminua ou mesmo
desapareça, impossibilitando a ligação destas moléculas com a água, reduzindo sua
estabilidade e capacidade de retenção de água. A água fora das células e a estrutura protéica
extremamente fechada provocam reflexão da luz incidente tornando as carnes extremamente
pálidas. Nestas carnes a água encontram-se pouco ligada às proteínas devido à desnaturação
protéica, também se encontram as membranas celulares mais permeáveis, explicando assim a
exsudação (MANTESE, 2002).
O “PSE” em carne de aves tem sido determinado por uma combinação das análises de
pH, cor e algumas propriedades funcionais, onde a palidez da carne está diretamente
relacionada com a desnaturação protéica, causada pelo baixo pH (SWATLAND, 1993).
Tem sido proposto por alguns pesquisadores a utilização de valores de L* 24h post
mortem (sistema CIELAB ou Hunter) para classificação de carnes de aves em “PSE” e
normal, onde Barbut (1997) sugeriu valores de L* 49 para carnes de frango “PSE”. Qiao et
al. (2001), Soares et al. (2002) e Oda et al. (2003) sugeriram para carnes de frango “PSE”
valor de L* > 53,0, para carnes de frango “DFD” valor de L* < 44,0 e para carnes de frango
normal valor de L* > 44,0 e < 53,0.
2.3.2 “DFD” em aves
Outro desvio de qualidade, denominado “DFD” (do inglês dark, firm, dry: escura,
firme e seca) também resultante das condições estressantes do manejo pré-abate. A diferença
entre “PSE” e “DFD” é que o primeiro está associado ao estresse em um curto espaço de
tempo, imediatamente antes do abate, enquanto que o “DFD” está intimamente ligado ao
estresse de longo período antes do abate (HEDRICK et al., 1993; LAWRIE, 1998; OWENS;
SAMS, 2000), sem que tenha ocorrido reposição de carboidratos no organismo. Na Figura 4
são apresentados os modelos de curvas glicolíticas que gerarão carnes “DFD”, normal e
“PSE”.
Estresse prolongado, exercícios físicos, exaustão durante o transporte, falta de
alimentação, comportamento agressivo ou medo, causam depleção do glicogênio. A falta de
glicogênio muscular, no momento da morte do animal, impedirá a formação quantitativa
proporcional de ácido láctico. Por conseguinte, o declínio do pH e a velocidade de instalação
do rigor mortis, dar-se-ão de forma mais lenta do que o normal. O pH final da carne
permanecerá relativamente elevado, em geral maior do que 6,0 ou até próximo aos valores
fisiológicos (LAWRIE, 1998; SWATLAND, 1995; MILLER, 2002).
27
Este fenômeno causa o escurecimento da carne que, de acordo com Swatland (1995),
devido ao pH elevado as proteínas miofibrilares apresentarem máxima capacidade de retenção
de água, absorve mais luz do que o normal; firmes porque as fibras estão intumescidas pelo
preenchimento com fluidos sarcoplasmáticos e, finalmente seca porque a água endógena da
carne está firmemente ligada às proteínas, não a deixando fluir para a superfície (OLIVO,
2006). Em geral, a ocorrência do fenômeno “DFD” é um problema mais significativo na carne
bovina, pois grande parte ainda é comercializada na forma fresca ou in natura e, desta forma,
os cortes escuros não são atrativos aos consumidores, que os percebem como estando com a
vida útil vencida (SWATLAND, 1995; LAWRIE, 1998).
Existe significativa e direta correlação entre peitos de frangos com cor mais escura e
melhor propriedades funcionais, medidas pela capacidade de retenção de água e pela
capacidade de emulsificação (QIAO et al., 2001). Peitos de frangos de cor pálida e escura
podem ser usados como indicadores das propriedades funcionais; Mallia et al. (2000a)
encontraram que peitos de frango com “DFD” apresentaram maior capacidade de retenção de
água, menor perda no cozimento e maior força de gel.
Figura 4. Curvas típicas de declínio do pH post mortem (glicólise) em intervalos de tempo, que
gerarão carnes do tipo “DFD” (do inglês dark, firm, dry: escura, firme e seca), normal e “PSE” (do
inglês pale, soft, exudative: pálida, macia, exsudativa).
Fonte: SCHNEIDER (2004).
2.4 PROPRIEDADES FUNCIONAIS
As propriedades funcionais são características físico-químicas que caracterizam os
alimentos e influenciam a utilização dos mesmos. Tem aplicações tecnológicas e influenciam
28
decisivamente nos aspectos econômicos dos produtos (OLIVO, 2002). No caso de carnes, as
proteínas desempenham papel essencial na funcionalidade das mesmas quando do
processamento. Assim, análises como cor, capacidade de retenção de água, gelificação
protéica e a exsudação de gel medem direta e/ou indiretamente a eficiência da proteína, nos
dois últimos casos em formar redes cuja função é criar uma estrutura tridimensional capaz,
logo após o processamento térmico, de manter as características de textura do produto
processado. Em geral, todas as propriedades funcionais sofrem influência das interações de
proteínas com a água (ABERLE et al., 2001). Algumas destas propriedades são discutidas a
seguir.
2.4.1 Cor em filés de peito de frango
A cor da carne é um importante atributo de qualidade, pois é um dos primeiros
aspectos a serem avaliados pelos consumidores nas gôndolas dos supermercados. A sua
avaliação é um indício de seu frescor e influencia diretamente o consumidor na decisão final
de sua aquisição (FLETCHER et al. 2000; WILKINS et al., 2000; OLIVO;
SHIMOKOMAKI, 2002). Nas carnes destinadas ao processamento, a cor é um indicador de
alteração das propriedades funcionais (QIAO et al., 2001).
Os tecidos musculares contêm vários compostos pigmentados. Os compostos
pigmentados presentes em maiores quantidades são a mioglobina e a hemoglobina, proteínas
do tecido muscular e sangue, respectivamente, que reversivelmente se ligam com o oxigênio
(FOX, 1987). Outras proteínas pigmentadas tais como o citocromos, flavinas e catalases estão
presentes somente em quantidades relativamente pequenas, e desta forma têm menores efeitos
na cor do tecido muscular (LEDWARD, 1984).
A cor observada na superfície da carne é o resultado da absorção seletiva dos
comprimentos de onda (lambda) da luz, pelos pigmentos naturais e pelas fibras cárneas.
Depende de diversas condições internas e externas e principalmente da quantidade de
pigmentos denominado heme (SWATLAND, 1993; CORNFORTH, 1994). Os pigmentos
heme são três: mioglobina, hemoglobina e citocromo C. Berri et al. (2001) avaliaram os
parâmetros de qualidade da carne (pH, cor e perda de exsudação) entre quatro linhagens
(controle, experimental, comercial selecionada para maior peso corporal e para rendimento de
peito), constataram que a seleção comercial e experimental reduziu o conteúdo de pigmentos
heme, o que explicou porque a carne de peito de aves selecionadas foi mais pálida e menos
vermelha.
29
Os pigmentos heme absorvem todas as faixas de cores, com exceção da faixa 630 a
780 nanômetros, correspondente ao vermelho. Esta faixa é então refletida aos nossos olhos,
por esta razão enxergamos a cor das carnes como sendo vermelha. Quanto maior for a
presença de pigmento heme, mais intensa será a tonalidade vermelha da carne (RANKEN,
2000). O pigmento heme é muito instável quimicamente, permite assim uma vasta
possibilidade de tonalidades de cores nas carnes e em seus derivados (LAWRIE, 1998;
OLIVO, 2006).
Os mesmos autores afirmam ainda que pequenas ou grandes mudanças químicas no
pigmento heme, principalmente aquelas relacionadas com a desnaturação da proteína
globular, fazem com que o mesmo altere a sua capacidade de absorver ou refletir o raio
luminoso incidente na carne.
O músculo Pectoralis major (peito) é comumente utilizado como indicador de
alterações de cor em aves. Isto porque esse músculo compreende uma porção representativa
do peso inteiro da ave (aproximadamente 10%), bem como é o mais sensível aos fatores
fisiológicos e bioquímicos que contribuem para a descoloração. Sua coloração, naturalmente
mais clara, também faz com que pequenas alterações na cor tornem-se mais visíveis
(NORTHCUTT, 1997; SAMS, 2001).
A cor da carne é largamente determinada pelos estados químicos e físicos do pigmento
mioglobina do músculo que existe sob várias condições de estocagem, ou são produzidos pela
cura e/ou aquecimento do produto, ou como um resultado de atividades microbianas (GILL;
HOLLEY, 2007).
Um dos principais sistemas de mensuração da cor é o proposto pela CIE –
“Commission Internationale de I’ Éclairage” (do francês: Comissão Internacional de
Iluminação/Cor), o qual transforma o espectro de reflectância ou transmitância do objeto,
emitido nas cores primárias: vermelho, verde e azul, em variáveis x, y e z de um gráfico
tridimensional (“espaço”) sempre positivo, em que qualquer cor pode ser localizada, mediante
sua mensuração em colorímetros ou espectrofotômetros com ajustes padronizados na lâmpada
do observador (MACDOUGALL, 1994).
Tal sistema, que originalmente permitia distorções da cromaticidade, teve introduzidas
transformações lineares e não-lineares das variáveis, dando origem aos espaços
aproximadamente uniformes de Hunter (1958) e os denominados CIELUV, recomendado para
avaliar luzes com grande diferença de cor e CIELAB, recomendado para avaliar objetos com
pequena diferença de cor (ROBERTSON, 1977). Nesses sistemas, as coordenadas x, y e z
sofrem transformações quadráticas (no espaço Hunter) ou cúbicas (nos espaços CIELUV e
30
CIELAB), dando origem às variáveis L, a e b. Para distinguir as correções matemáticas
adotadas nos espaços CIELUV e CIELAB, nota-se um asterisco à direita da variável (L*, a* e
b*). Conforme a Figura 5, o valor L* situado no eixo vertical representa o máximo estímulo
luminoso, seja de reflectância ou de transmitância; o valor de a*, situado no eixo horizontal,
mede a variação entre a cor vermelha à verde e o valor de b* mede a variação entre o amarelo
e o azul, ambos refletidos ou transmitidos pelo objeto. A razão a*/b* pode ser utilizada para
estimar o teor de mioglobina em uma amostra (MACDOUGALL, 1994; OLIVO, 1999;
OLIVO; SHIMOKOMAKI, 2002).
O parâmetro de cor L* tem sido utilizado para classificar as carnes de frango em
pálidas (L* > 50,0) e escuras (L* < 45,0) (ALLEN et al., 1998) ou em pálida (L* > 53),
escura (L* < 44) e normal (44 < L* < 53) (QIAO et al., 2001). Uma ampla variedade de cor
de filés de frango foi observada por Qiao et al. (2001), que sugeriram ainda o uso da cor como
um critério para separar os filés com propriedades funcionais alteradas contribuindo assim,
para uniformidade dos produtos. Da mesma forma, Allen et al. (1998) sugeriram que seria
vantajoso para os processadores separar os filés de frango de acordo com sua cor antes do
processamento.
Figura 5. Diagrama de Hunter. O valor L* situado no eixo vertical representa o máximo estímulo
luminoso (intervalo 0 a 100), seja de reflectância ou de transmitância; o valor de a* (intervalo de –a a
+a), situado no eixo horizontal, mede a variação entre a cor vermelha à verde e o valor de b* (intervalo
de –b a +b), mede a variação entre o amarelo e o azul, ambos refletidos ou transmitidos pelo objeto.
Fonte: Olivo (2006).
As causas de variação de cor em filés de peito de frango não estão totalmente
esclarecidas, porém as várias origens têm sido associadas provavelmente às conseqüências
das condições de manejo pré-abate, tais como nutrição, transporte e bioquímica da carne post
mortem. As classificações de filés de frango utilizando os extremos de coloração pálida e
escura são melhor definidas, mas ainda existem outras categorias intermediárias não
esclarecidas (WILKINS et al., 2000). Sendo assim, filés excessivamente pálidos estão
31
associados com a ocorrência da condição “PSE” (BARBUT, 1997) e filés excessivamente
escuros estão associados com o “DFD” (MALLIA et al., 2000b), ambos refletem as diferentes
propriedades funcionais dos filés, com base principalmente no pH final do músculo.
Nos frigoríficos há poucos dados com relação à variabilidade de cor em filés e no
Brasil ainda não há dados sobre a variabilidade de cor de filés de frango (FLETCHER, 1999).
2.4.2 Capacidade de retenção de água
A água é o maior constituinte da carne e a habilidade da mesma em reter esta umidade
é muito importante para a manutenção das propriedades funcionais. Quando a umidade é
perdida, rendimento, maciez, textura, sabor e valores nutricionais são afetados negativamente.
Assim a capacidade de retenção de água é considerada um indicador relevante como forma de
prever o rendimento, o resultado econômico e a qualidade final de um produto (OLIVO,
2002).
É a água um dos componentes mais importantes da carne, não somente pelo seu
elevado teor como também por uma série de propriedades funcionais de interesses higiênico-
sanitário e tecnológico (PARDI et al., 2001).
Definem-se capacidade de retenção de água como sendo a capacidade da carne de reter
sua própria água durante a aplicação de forças externas, tais como cortes, aquecimento,
trituração e prensagem (FORREST et al., 1979; ABERLE et al., 2001).
A capacidade de retenção de água pelo músculo decorre de sua influência no aspecto
da carne antes do cozimento e no seu comportamento durante o processo de cocção,
contribuindo para a textura, cor, consistência, suculência e maciez da carne cozida. É variável
também a capacidade de retenção de água, dependendo de diversos fatores como a espécie
animal, a idade e a função do músculo. A água se apresenta sob três formas conforme mostra
a Figura 6: ligada, parcialmente ligada e livre (PARDI et al., 2001). Segundo os mesmos
autores, o interesse na interação das mesmas com as proteínas se deve porque a proteínas
constituem as principais substâncias captadoras de água dos organismos vivos, em especial as
proteínas musculares.
A água representa de 65 a 80% do total da massa muscular e tem importante função
celular, em geral, todas as propriedades funcionais são influenciadas por interações de
proteínas com a água. Boa parte da água dentro das células está fortemente ligada a diversas
proteínas, mas apregoa-se que aproximadamente 24% são retidas por forças capilares e podem
exsudar sob pressão (OLIVO, 2006). Segundo o mesmo autor, se as proteínas não estão
desnaturadas, elas continuam a ligar a água durante a conversão do músculo em carne e, por
32
extensão, durante as diversas fases do processamento, distribuição e cozimento. Assim, a
habilidade de reter água é uma propriedade da carne essencialmente importante,
principalmente sob o aspecto sensorial e econômico.
Figura 6. Disposição da umidade em termos de capacidade de retenção de água da carne. Copyright:
Rubison Olivo, com permissão (OLIVO, 2006).
2.4.3 Gelificação protéica e exsudação de gel durante o cozimento
A gelificação protéica é uma importante propriedade dos sistemas alimentícios. O gel
é uma malha de dimensões macroscópicas imersas em um meio líquido e que não exibe um
escoamento estável (ZIEGLER; FOEGEDING, 1990).
Os géis proteicos viscoelásticos, resultado da gelificação protéica, melhora diferentes
propriedades dos alimentos, como retenção de água e textura. A estrutura tridimensional dos
géis proteicos imobiliza a umidade e evita a sua exsudação (HSIEH; ROGENSTEIN, 1992).
Esta estabilidade depende das forças de atração e repulsão influenciadas pelo pH,
concentração e tipo de sal (KERRY et al., 1999). O cloreto de sódio, comumente utilizado
como ingrediente para extração de proteínas musculares, especialmente as miofibrilares, em
baixos níveis estabiliza o sistema (BARBUT et al., 1996).
A gelificação das proteínas miofibrilares durante o processamento térmico é, em
grande parte responsável pela estabilização física e química da água, da gordura e do
33
desenvolvimento das características de textura dos produtos cárneos formados e emulsionados
(SMITH, 1989). As principais proteínas gelificantes em sistemas cárneos, são em ordem:
miosina, actina e sarcoplasmáticas (ACTON et al., 1983).
Durante o cozimento de cortes cárneos, é comum a observação da exsudação de um
gel de cor branca conforme Figura 7, observado em carnes brancas como peito de aves. Este
gel é constituído de proteínas, principalmente sarcoplasmáticas. Em produtos industrializados,
as proteínas formam uma malha interna que irá contribuir para a retenção de umidade e para a
textura final do produto. A quan’tidade de exsudato deste gel é indicadora da falta de
estabilidade do sistema; existindo correlação entre a migração do gel e a perda de umidade
durante o cozimento (OLIVO; BARBUT, 2004).
Segundo os mesmos autores, uma maior perda de umidade durante o cozimento das
carnes utilizadas em produtos pré-prontos, poderá comprometer as características nutricionais
e sensoriais do produto final, principalmente quando do preparo pelo consumidor.
Figura 7. Exsudação de gel durante o cozimento de filés de peito de frango.
Fonte: OLIVO; BARBUT (2004) - Figura do arquivo pessoal do Prof. Dr. Rubison Olivo.
3 MATERIAL E MÉTODOS
Os procedimentos adotados para realização dos ensaios do presente trabalho estão
resumidos na Figura 8.
AMOSTRAGEM
PRE-CLASSIFICAÇÃO
(padrões visuais)
CLASSIFICAÇÃO
(Critério Objetivos - pH/L*)
PSE
NORMAL
DFD
ANÁLISES PROPRIEDADES FUNCIONAIS
Mensuração do Exsudato (Peitos Integros)
Mensuração da Capacidade de Retenção de Água
Mensuração da Perda de Umidade no Cozimento
Mensuração de Gel liberado no Cozimento
Figura 8. Fluxograma dos procedimentos adotados para realização dos ensaios funcionais em filés de
peito de frango considerados normais, “PSE” (do inglês pale, soft, exudative: pálida macia,
exsudativa) e “DFD” (do inglês dark, firm, dry: escura, firme, seca) das linhagens Cobb e Ross.
3.1 AMOSTRAGEM
As amostras de carcaças de frango utilizadas nesta pesquisa foram das linhagens Cobb
e Ross com idade entre seis e sete semanas de vida e de peso vivo entre 2,0 a 2,2 kg. Foram
coletadas em matadouro-frigorífico comercial devidamente registrado no Serviço de Inspeção
35
Federal (SIF) e processadas conforme normas estabelecidas na Portaria nº 210 do MAPA
(BRASIL, 1998).
Portanto, 64 frangos foram sacrificados, submetidos aos processos industriais, como a
insensibilização, sangria, escaldagem e depenagem, evisceração, pré-resfriamento,
gotejamento e seção de cortes e desossa. Cada frango foi considerado uma unidade
experimental, ou seja, 64 filés de peito de frango (Pectoralis major).
Os músculos Pectoralis major (peito), obtidos em linha de desossa, desprovidos de
pele e osso, foram coletados 90 minutos post mortem e pré-classificados visualmente em
“PSE”, normal e “DFD”, com base em padrão de cor adotado por Olivo (2002a) conforme
apresentado na Figura 9. Posteriormente, as amostras foram pesadas em balança semi-
analítica (Marte, AS-5500-C) e embaladas em sacos “nylon poli” e mantidos sob refrigeração
a 3,0±2,0 °C durante 24 horas. Após este período, as análises foram realizadas.
Figura 9. Padrão visual utilizado na fase de pré-seleção das amostras, caracterizando as carnes tipo
“DFD” (do inglês dark, firm, dry: escura, firme e seca), normal e “PSE” (do inglês pale, soft,
exudative: pálida, macia, exsudativa).
Fonte: OLIVO (2002a).
3.2 CLASSIFICAÇÃO
Amostras de Pectoralis major (peito) coletadas sofreram análise de cor, registrando-se
os valores de L* (luminosidade) pelo sistema CIE L*a*b*, com colorímetro Minolta (Mod.
CR-10), na região crânio-ventral, conforme técnica adotada por Olivo et al. (2001b).
Paralelamente, os valores de pH foram registrados pelo potenciômetro Metler-Toledo (Mod.
345), inserindo-se o eletrodo diretamente na carne, na região cranial-ventral do músculo,
36
conforme procedimento adotado pelos mesmos autores. Os resultados das análises dos valores
de luminosidade (L*), conjuntamente com os valores de pH, classificaram as amostras em 17
filés “PSE”, 28 filés normal e 19 filés “DFD” de acordo os valores adotados por Qiao et al.
(2001), Soares et al. (2002) e Oda et al. (2003) conforme consta na Tabela 2.
Tabela 2. Valor de L* e pH do Pectoralis major característicos de carnes “PSE” (do inglês
pale, soft, exudative: pálida, macia, exsudativa), normal e “DFD” (do inglês dark, firm, dry:
escura, firme e seca) (QIAO et al., 2001; SOARES et al., 2002; ODA et al., 2003).
CLASSIFICAÇÃO VALOR DE L* pH
“PSE” > 53,0 5,5 – 5,7
NORMAL 44,0 a 53,0 5,7 – 6,0
“DFD” < 44,0 6,0 – 6,5
3.3 MENSURAÇÃO DO EXSUDATO
Foi empregada a técnica descrita por Barbut e Olivo (2004). Para a mensuração do
exsudato (%) foram utilizadas amostras dos grupos previamente classificados “PSE”, normal
e “DFD”. As amostras íntegras de Pectoralis major (peito), previamente pesadas e
acondicionadas em sacos plásticos “nylon-poli”, mantidas por 24h a 3,0±2,0
o
C, foram
novamente pesadas e o valor de exsudato liberado calculado, conforme a fórmula:
% Mensuração Exsudato = [ ( Pf – Pi ) – 1 ] x 100, onde:
Pf: peso do filé de peito 24h post mortem
Pi: peso do filé de frango 90 minutos post mortem
3.4 MENSURAÇÃO DA CAPACIDADE DE RETENÇÃO DE ÁGUA
Foi empregada a técnica descrita por Barbut (1993). Uma fração do músculo
Pectoralis major foi moído e misturado, sob agitação leve e constante por 2 minutos, na
proporção de 20% de seu peso, à salmoura adicionada de tripolifostado de sódio resfriada a
5°C, cuja composição está apresentada na Tabela 03. O homogeinizado obtido foi mantido em
refrigerador tipo doméstico (Modelo Compacto 120, Cônsul) por 30 minutos a 5°C e
37
posteriormente adicionado a tubos de polipropileno (Modelo 430291, Corning) com
capacidade para 50 ml e centrifugados (Modelo Multi-RF, IEC Thermo Electron Corporation)
por 10 minutos a 11.000 G. O sobrenadante foi descartado e o material centrifugado foi
pesado. A capacidade de retenção de água foi expressa em porcentagem de água retida de
acordo com a fórmula:
[ ( Pi – Pf ) Pi ] x 100, onde:
Pi: peso inicial (carne + salmoura adicionada de tripolifosfato de sódio)
Pf: peso final (carne + restante da salmoura adicionada de tripolifosfato de sódio)
Tabela 3. Composição da salmoura adicionada de tripolifosfato de sódio.
INGREDIENTES %
Água destilada (3°C) 93,4
Cloreto de sódio (PA) 4,3
Tripolifosfato de sódio (PA) 2,3
TOTAL 100,0
3.5 MENSURAÇÃO DA PERDA DE UMIDADE NO COZIMENTO
Para a mensuração da perda de umidade no cozimento foi utilizada a técnica descrita
por Olivo e Barbut (2004). Amostras íntegras de filé de peito (Pectoralis major), oriundas dos
grupos “PSE”, normal e “DFD”, foram moídas e misturadas separadamente, sob agitação leve
e constante por 2 minutos, na proporção de 20% de seu peso, à salmoura adicionada de
tripolifosfato de sódio resfriada a 5°C, cuja composição está apresentada na tabela 03.
O homogeneizado obtido foi mantido em refrigerador (Modelo Compacto-120,
Cônsul) por 30 minutos a 5°C e adicionado a tubos de polipropileno (Modelo 430291,
Corning) com capacidade para 50 ml. Estes foram centrifugados (Modelo MultiRF, IEC
Thermo Electron Corporation) a 1000 G por 5 segundos, como forma de retirar as eventuais
bolhas existentes. Os tubos assim preparados foram fechados e levados ao cozimento em
banho-maria (Modelo RM20, Lauda), seguindo os tempos e temperaturas, conforme Tabela 4.
38
Tabela 4. Programa de cozimento utilizado em banho-maria.
Tempo (minutos) Temperatura (°C)
10 30
10 40
10 50
10 60
15 65
15 70
15 80
Ao atingirem, em seu centro geométrico a temperatura de 75°C, os tubos foram
retirados do banho-maria e abertos. Seu eventual sobrenadante foi reservado em tubos de
centrífuga de 15 ml. Os tubos com as amostras foram invertidos sobre papel absorvente e após
15 minutos, foram pesados. A perda de umidade no cozimento, expressa em porcentagem, foi
calculada conforme a fórmula:
PUC =
( Phi – Phf ) x 100 , onde
Phi
PUC: perda de umidade no cozimento (%)
Phi: peso inicial (antes do cozimento) do homogenato (g)
Phf: peso final (após cozimento) do homogenato (g)
3.6 MENSURAÇÃO DO GEL LIBERADO DURANTE O COZIMENTO
A quantificação de gel proteico foi realizada conforme técnica proposta por Olivo e
Barbut (2004). O exsudato e as amostras cozidas obtidas na medida de perda de umidade no
cozimento (item 3.5) foram mantidos em refrigeração por 12 horas a 3(±2)°C. Após este
período, o gel proteico exsudado foi cuidadosamente raspado da superfície das amostras
cozidas. O gel obtido foi adicionado ao exsudato contido em tubos de centrífuga de 15 ml
com rosca e fundo cônico e todo o material foi centrifugado (Modelo MultiRF, IEC Thermo
Electron Corporation) a 11.000 G por 15 minutos. O sobrenadante foi descartado e o gel
obtido foi quantificado. A porcentagem de gel proteico exsudado foi calculada considerando o
peso inicial (não cozido) das amostras.
39
3.7 ANÁLISES ESTATÍSTICAS
Para efeitos de comparação entre as médias dos resultados, foi utilizada a Análise de
Variância (ANOVA) por meio de seu teste Post hoc Tukey (HSD). Para correlação entre os
resultados obtidos, foi utilizado o teste de correlação pareada. Ambos os testes foram
efetuados através do programa “Statistica”, versão 6.0 (STATSOFT, 2001).
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 CLASSIFICAÇÃO
Para efeitos de classificação, os resultados médios obtidos de L* (24h) e pH (24h)
foram comparados aos padrões estabelecidos e estão expressos na Tabela 5.
Tabela 5. Resultados e desvio padrão realizados nos grupos de amostras caracterizados como
“PSE” (do inglês pale, soft, exudative: pálida, macia, exsudativa), normal e “DFD” (do inglês
dark, firm, dry: escura, firme e seca).
ANÁLISES “PSE” NORMAL “DFD”
pH (24h) 5,67 (±0,07)
a
5,83 (±0,05)
b
6,04 (±0,09)
c
“Drip” (%)(24h) 5,94 (±0,89)
a
4,17 (±2,20)
b
2,26 (±1,63)
c
CRA (%) 78,83 (±6,12)
a
80,16 (±5,14)
a
93,00 (±4,97)
b
PUC (%) 26,60 (±3,35)
a
27,11 (±3,35)
a
24,81 (±1,63)
b
ECG (%) 2,62 (±0,95)
a
2,12 (±0,66)
a
1,13 (±0,44)
b
L* (24h) 53,31 (±1,89)
a
51,64 (±4,27)
a
47,06 (±3,98)
b
n=64 médias por linhas com letras diferentes são significativamente diferentes (p<0,05).
“PSE” n=17; normal n=28 e “DFD” n=19
pH = potencial hidrogeniônico; “Drip” = exsudato; CRA = Capacidade de Retenção de Água; PUC =
Perda de Umidade no Cozimento; “ECG” (do inglês Exudative Cooking Gel: gel liberado durante o
cozimento); L* = Luminosidade pelo sistema CIE L* a* b*.
4.2 PROPRIEDADES FUNCIONAIS
4.2.1 Mensuração do exsudato
Verifica-se que os valores obtidos são significativamente diferentes entre si (p<0,05),
demonstrando haver uma influência dos fenômenos bioquímicos estudados em relação a perda
de líquido do músculo Pectoralis major. Ao se observar os valores para cada grupo verifica-se
41
que os maiores valores de “drip” estão relacionados ao grupo “PSE”, enquanto os menores
valores estão relacionados ao grupo “DFD”. Este fato é corroborado pelos dados encontrados
por diversos autores (KIJOWSKI; NIEWIAROWICZ, 1978; OLIVO, 1999; OLIVO et al.,
2001a; OLIVO; SHIMOKOMAKI, 2002; ODA et al., 2003; SOARES et al., 2002;
SCHNEIDER, 2004) em relação aos fenômenos “PSE” e “DFD”. Valores baixos de “drip”
podem ser resultado de carnes com características “DFD”, o que pode ser observado pela sua
típica característica de superfície seca (“dry”) e por valores elevados de pH. Ao relacionar-se
os dados de pH e “drip” para o grupo classificado como “DFD”, pode-se observar que os
valores de pH são, em média, de 6,04 (±0,09) com valores de “drip” de 2,26 (±1,63) %, o que
mostra haver uma forte tendência de que as amostras no grupo estudado sejam “DFD”. Por
outro lado, altos valores de “drip” podem ser indicativos de carnes com características “PSE”,
com superfície úmida (“exsudative”) e baixos valores de pH. Tais características podem ser
observadas no grupo “PSE”, com valores de pH, em média, 5,67 (±0,07) e “drip” de 5,94
(±0,89) %. A Figura 11 mostra as relações entre pH e “drip”, caracterizando os três grupos
estudados.
As carnes características “PSE” e “DFD” têm grande impacto na indústria de
processamento de carne de aves, uma vez que, ao analisar-se os valores de “drip” encontrados
no grupo “PSE” estudado, verificou-se uma perda em torno de 30% de peso da carne se
comparado com os valores de “drip” do grupo normal. Por outro lado, ao comparar-se os
valores de “drip” do grupo normal com aqueles encontrados para o grupo “DFD”, notou-se
um ganho de peso da carne em torno de 45%, mostrando que o fenômeno “DFD” parece ser
mais vantajoso do ponto de vista de processamento de carne de aves.
4.2.2 Mensuração da capacidade de retenção de água
Pode-se verificar ainda, através dos dados da Tabela 5, que não existiram diferenças
significativas entre os valores encontrados nos grupos “PSE” e normal. Somente o grupo
“DFD” apresentou diferenças estatisticamente significantes (p<0,05) em relação aos demais.
Este fato ocorreu, provavelmente devido ao aumento da capacidade de retenção de água
causada pelo fenômeno bioquímico do “DFD”, que gera pH alto, alterando a dinâmica dos
sítios hidrofílicos das proteínas da carne, promovendo uma ligação mais forte da água
endógena da carne (SWATLAND, 1995).
Correlacionando-se os resultados de capacidade de retenção de água e os resultados de
perda de umidade no cozimento para o grupo “PSE”, verifica-se uma correlação
estatisticamente significante (R=-0,69 p<0,05), mostrando que quanto menor o valor de perda
42
de umidade no cozimento maior será a capacidade de retenção de água (Figura 12). Tal
relação complementar demonstra que quanto mais desnaturada estiver a carne em
conseqüência das alterações de pH causadas pelo fenômeno do “PSE”, maiores serão suas
perdas, pois proteínas com baixa capacidade de retenção de água (expressa antes da
desnaturação causada pelo calor), gerarão produtos cozidos com altas perdas de umidade. De
acordo com Aberle et al. (2001), a formação de ácido láctico e a queda resultante no pH no
período post mortem são responsáveis pela redução geral dos grupos reativos nas proteínas
disponíveis para retenção de água. Esta redução no número de grupos reativos ocorreu,
provavelmente, devido ao pH aproximar-se do ponto isoelétrico das proteínas miofibrilares.
Conseqüentemente, estes grupos tenderam-se a se ligar uns aos outros e apenas os não ligados
estariam disponíveis para atrair a água.
4.2.3 Mensuração da perda de umidade no cozimento
Não foram observadas diferenças significativas entre os valores para os grupos “PSE”
e normal, apenas para o grupo “DFD”. Este fato ocorreu, provavelmente, devido à natureza da
carne “DFD”, conforme resultados similares encontrados por Schneider (2004). Ao
correlacionar-se os valores de pH com os valores de perda de umidade no cozimento para o
grupo “PSE”, notou-se uma tendência estatisticamente significante (R=-0,59 p<0,05) de
maior perda de umidade no cozimento com a redução do pH. Tal fato caracteriza uma
possível desnaturação protéica causada pela condição “PSE”, onde o baixo pH, associado às
altas temperaturas nos primeiros 15 minutos post mortem causam severos danos às proteínas
da carne, comprometendo sua funcionalidade (OLIVO, 1999; OLIVO et al., 2001b; OLIVO;
SHIMOKOMAKI, 2002). A Figura 13 mostra a correlação entre pH e perda de umidade no
cozimento.
43
5,5
5,6
5,7
5,8
5,9
6
6,1
6,2
6,3
6,4
6,5
0 5 10 15 20 25 30
Amostras
pH
PSE
NORMAL
DFD
Figura 10. Comportamento do pH em relação aos grupos de amostras classificadas. As áreas em
verde, vermelho e azul são as respectivas faixas de pH padronizadas para “PSE” (do inglês pale, soft,
exudative: pálida, macia, exsudativa), normal e “DFD” (do inglês dark, firm, dry: escura, firme e
seca).
5,4
5,5
5,6
5,7
5,8
5,9
6
6,1
6,2
6,3
6,4
0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 8,00 9,00 10,00
DRIP (%)
pH
PSE
NORMAL
DFD
Figura 11. Relação entre “drip” (%) e pH para os grupos estudados, mostrando que valores mais
baixos de pH apresentaram valores mais altos de “drip” (“PSE” do inglês pale, soft, exudative: pálida,
macia, exsudativa ) e valores mais baixos de “drip” apresentaram valores mais altos de pH (“DFD” do
inglês dark, firm, dry: escura, firme e seca ).
44
Correlação: R = -,6873
68 70 72 74 76 78 80 82 84 86 88 90 92 94
Capacidade de Retenção de Água (%)
20
22
24
26
28
30
32
34
Perda de Umidade no Cozimento (%)
95% confidence
Figura 12. Correlação entre perda de umidade no cozimento (%) e capacidade de retenção de água
(%). A linha vermelha indica a tendência de redução da perda de umidade no cozimento conforme
ocorre o aumento da capacidade de retenção de água (STATSOFT, 2001).
Correlação: R = -,5938
5,60 5,62 5,64 5,66 5,68 5,70 5,72 5,74 5,76 5,78
pH (24h)
20
22
24
26
28
30
32
34
Perda de Umidade no Cozimento (%)
95% confidence
Figura 13. Correlação entre perda de umidade no cozimento (%) e pH (24h). A linha vermelha indica
a tendência de redução da perda de umidade no cozimento conforme ocorre o aumento do pH
(STATSOFT, 2001).
45
4.2.4 Mensuração do gel liberado durante o cozimento
De acordo com a Tabela 5, verifica-se que não existiram diferenças significativas
(p>0,05) entre os grupos “PSE” e normal. Porém, apenas o grupo “DFD” apresenta-se
estatisticamente diferente dos demais, apresentando o menor valor de gel liberado. Tal fato,
como anteriormente discutido, se deve a natureza da carne “DFD”, que devido as alterações
na conformação das proteínas apresenta maior estabilidade protéica.
Ao correlacionar-se os valores de capacidade de retenção de água e de gel liberado
durante o cozimento para o grupo “PSE”, notou-se uma correlação estatisticamente
significante (R= -086 p<0,05), mostrando que quanto menor for o gel liberado no cozimento
maior é a capacidade de retenção de água (Figura 14). Outra correlação importante também
encontrada no grupo “PSE” é a que relaciona os valores de perda de umidade no cozimento
com os valores de gel exsudado (R=0,76 p<0,05), mostrando que quanto maior for o gel
exsudado maior será a perda de umidade no cozimento (Figura 15). Ambas correlações são
muito importantes, pois mostram o impacto da perda do gel durante o cozimento nas
propriedades funcionais da carne de frango no Grupo “PSE”.
Conforme trabalho de Olivo e Barbut (2004), o ECG é um exsudato proteico
normalmente encontrado em produtos cozidos processados e em músculos inteiros cozidos,
como o Pectoralis major (peito). Ele representa a perda de importantes proteínas, entre elas as
sarcoplasmáticas (FAROUK; SWAN, 1998). A presença em maior quantidade do “ECG”
denotaria uma carne com menores propriedades funcionais, especialmente aquelas ligadas à
textura, uma vez que sua ausência diminuiria a eficiência de proteínas estruturais como a
miosina (MACFARLANE; SCHMIDT; TURNER, 1977). Olivo e Barbut (2004)
demonstraram em seu trabalho com peitos de frango a existência de uma forte relação entre o
“ECG” e a perda de umidade por cozimento, onde a redução do “ECG” melhora as
características de textura do produto final.
46
Correlação: R = -,8655
68 70 72 74 76 78 80 82 84 86 88 90 92 94
Capacidade de Retenção de Água (%)
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
Gel Liberado durante o Cozimento (%)
95% confidence
Figura 14. Correlação entre o gel liberado durante o cozimento (%) e capacidade de retenção de água
(%). A linha vermelha indica a tendência de redução do gel Liberado durante o cozimento conforme
ocorre o aumento da capacidade de retenção de água (STATSOFT, 2001).
Correlação: R = ,75835
20
22
24 26 28 30 32 34
Perda de Umidade no Cozimento (%)
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
Gel Liberado durante o Cozimento (%)
95% confidence
Figura 15. Correlação entre o gel liberado durante o cozimento (%) e a perda de umidade no
cozimento (%). A linha vermelha indica a tendência do aumento do gel liberado durante o cozimento
conforme ocorre o aumento da perda de umidade no cozimento (STATSOFT, 2001).
5 CONCLUSÕES
De acordo com os resultados obtidos, pode-se concluir que:
a) o gel exsudado no cozimento (“ECG”) tem forte influência das propriedades funcionais na
carne “PSE” de frango, onde, através da injúria causada nas miofibrilas pela desnaturação
protéica, possibilitou a maior corrente de migração de gel, levando juntamente proteínas
sarcoplasmáticas que são solúveis em água.
b) a carne de frango “PSE” apresenta as maiores e mais negativas alterações em relação às
propriedades funcionais, e;
c) a carne de frango “PSE” demanda maior preocupação em relação ao rendimento de
produtos industrializados, necessitando assim, maior atenção por parte das granjas avícolas e
matadouros em relação ao manejo de frangos pré-abate, podendo estes fatores externos
alterarem a qualidade da carne.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABERLE, E.D.; FORREST, J.C.; GERRARD, D.E.; MILLS, E.W. Principles of meat
science. 4ª ed. Londres: Kendal/Hunt, 2001. 354p.
ABEF - Associação Brasileira de Exportadores de Frango. Relatório ABEF, 2002. São Paulo:
GabDesign, 2003. 48p.
ABEF - Associação Brasileira de Exportadores de Frango. Disponível em:
<http://www.abef.com.br/noticias>. Acesso em: 11 de junho de 2007.
ACTON, J.C.; ZIEGLER, G.R.; BURGE Jr. D.L. Functionality of muscle constituents in the
processing of comminuted meat products. Food Science. Nutrition., Fort Lauderdale, v.18,
n.2, p.99-121, 1983.
AGE-MAPA. Assessoria de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento. Projeções do Agronegócio: Mundial e Brasil – 2006 07 – 2016 17.
Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br>. Acesso em 29 de agosto de 2007.
ALLEN, C.D.; FLETCHER, D.L.; NORTHCUTT, J.K.; RUSSELL, S.M. The relationship of
broiler breast color to meat quality and shelf-life. Poultry Science, Champaign: v.77, n.2,
p.361-366, 1998.
ALMEIDA, I. C. L. ; MOREIRA, J ; MENDES, A.A.; GARCIA, R.G.; TAKITA, T.S.;
GARCIA, E.A.Efeito do nível de lisina da dieta e do sexo sobre o desempenho e rendimento
de carcaça de frangos de corte. Revista Brasileira de Ciência Avícola, Campinas: v. 4, n. 1, p.
11-18, 2002.
AVICULTURA INDUSTRIAL. Característica de Qualidade da Carne de Aves. Disponível
em: <http://www.aviculturaindustrial.com.br/site/dinamica.asp?tipo_tabela=cet&id=12440
&categoria=manejo>. Acesso em: 10 de julho de 2007a.
49
_____. Promovendo a Qualidade da Carne. Manejo pré-abate de aves e seus efeitos no bem-
estar e qualidade da carcaça e carne. Parte 1 Transporte. Disponível em: <http://www.avicult
uraindustrial.com.br/site/dinamica.asp?tipo_tabela=cet&id=20842&categoria=processamento
>. Acesso em: 10 de julho de 2007b.
_____. Promovendo a Qualidade da Carne. Manejo pré-abate de aves e seus efeitos no bem-
estar e qualidade da carcaça e carne. Parte 2 Abate. Disponível em:
<http://www.aviculturaindustrial.com.br/site/dinamica.asp?tipo_tabela=cet&id=20932&categ
oria=processamento>. Acesso em: 10 de julho de 2007c.
_____. Carne PSE em Aves: Como Minimizar? Disponível em:
<http://www.aviculturaindustrial.com.br/site/dinamica.asp?tipo_tabela=cet&id=22255&categ
oria=processamento>. Acesso em: 10 de julho de 2007d.
AVISITE. Brasil mantém liderança mundial na exportação de carne de frango, registrou novo
(mas nada comemorável) recorde. Disponível em:
<http://www.avisite.com.br/noticias/maisnotss.asp?codnoticia=7532&codCategoria=&Mes=1
&ano=2007> Acesso em: 16 de janeiro de 2007a.
_____ Brasil mantém liderança mundial na exportação de carne de frango pelo terceiro ano
consecutivo. Disponível em:
http://www.avisite.com.br/noticias/maisnotss.asp?codnoticia=7532&codCategoria=&Mes=1A
no=2007> Acesso em 19 de janeiro de 2007b.
BAKKEN, M.; VANGEN, O.; RAUW, W.M. Biological limits to selection and animal
welfare. In: World Congress on Genetics applied to Livestock Production, Armidale 11-16
January 1998. Reproduction; Fish Breeding; Genetics and the environment. Proceedings.
v.27, p.381-388, 1998.
BARBUT, S. Colour measurements for evaluating the pale, soft, exsudative (PSE) occurrence
in turkey meat. Food Research International, v.26, p.39-43, 1993.
BARBUT, S.; GORDON, A.; SMITH, A. Effect of cooking temperature on the
microstructure of meat batters prepared with salt and phosphate. Lebensm. -Wiss. U.-
Technology., v.29, p.475-480, 1996.
BARBUT, S. Problem of pale soft exudative meat in broiler chickens. British Poultry Science,
Edingurgh: v.38, n.1, p.355-358, 1997.
BARBUT, S. Poultry products processing: an industry guide. Boca Raton: CRC Press, 2002,
548p.
50
BENDALL, J.R.; SWATLAND, H.J. A review of the relationships of pH with physical
aspects of pork quality. Meat Science, Amsterdam: v.24, p.85-126, 1988.
BERRI, C.; WACRENIER, N.; MILLET, N.; LE BIHAN-DUVAL, E. Effect of selection for
improved body composition on muscle and meat characteristics of broilers from experimental
and commercial lines. Poultry Science, 80:(7), p.833-838, 2001.
BRESSAN, M.C.; BERAQUET, N.J. Efeito de fatores pré-abate sobre a qualidade da carne
de peito de frango. Ciência e Agrotecnologia, v.26, n.5, p.1049-1059, 2002.
BRASIL. Portaria Nº 210, de 10 de novembro de 1998. Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento. Regulamento Técnico da Inspeção Tecnológica e Higiênico-Sanitária de
Carne de Aves. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br>. Acesso em 10 de julho de
2007.
BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento, Secretaria de Defesa Agropecuária
(SDA), Divisão de Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA), Regulamento Técnico
de métodos de insensibilização para o abate humanitário de animais de açougue. Instrução
Normativa N.03, de 17 de janeiro de 2000. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br>.
Acesso em 25 de junho de 2007.
CASTILLO, C.J.C. Pontos críticos no processo de abate de frangos. In: LEMOS, A.L. da
S.C.; CASTILLO, C.J.C. Seminário e workshop: industrialização da carne de aves. Campinas:
Instituto de Tecnologia de Alimentos, p. 11-19, 1997.
CONTRERAS, C.C.; BERAQUET, N.J. Electrical stunning, hot boning, and quality of
chicken breast meat. Poultry Science, Savoy, v.80, p.501-507, 2001.
CORNFORTH, D. Color – its basis and importance. In: PEARSON, A.M., DUTSON, T.R.
Quality attributes and their measurement in meat, poultry and fish products. Glasgow:
Academic & Professional, 1994. p. 34-78.
EHINGER, F.; GSCHWINDT, B. The effect of transport on poultry. II. The influence of
transport time on the physiological characteristics of male and female broilers.
Fleischwirtschaft: v.59, n.3, p.401-404, 1979.
EMBRAPA. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Suínos e Aves. Qualidade de
carne de frangos: PSE, oxidação lipídica, cor e textura. 2002. Disponível em:
<http://www.cnpsa.embrapa.br/cnpq/psgpa/002.html>. Acesso em: 03 de julho de 2007.
51
FAROUK, M.M.; SWAN, J.E. Effect of rigor temperature and frozen storage on funcional
properties of hot-boned manufacturing beef. Meat Science, v.49, n.2, p. 233-247, 1998.
FISCHER, K. Transport of slaughter animals. Effects, weaknesses, measures. Fleisch
wirtschaft, v.76, n.5, p.521-526, 1996.
FLETCHER, D.L. Ante mortem factors related to meat quality. In. EUROPEAN SYMPO
SIUM ON THE QUALITY OF POULTRY MEAT, 10 th, Doorwerth, 1991. Procedings…
Beekbergen: Spelderholt Centre for Poultry Research and Information Services, p.11-19,
1991.
FLETCHER, D.L. Broiler breast meat color variation, pH and texture. Poultry Science,
Champaign: v.78, n.9, p.1323-1327, 1999.
FLETCHER, D.L.; QIAO, M.; SMITH, D.P. The relationship of raw broiler breast meat color
and pH to cooked meat color and pH. Poultry Science, Savoy: v.79, p.784-788, 2000.
FORREST, J.C. et al. Fundamentos de ciencia de la carne. Zaragoza: Acribia, 1979. Tradução
de: Principles of meat science.
FOX, J.B.JR. The pigments of meat. In, The Science of Meat and Meat Products, 3
rd
edn, J>F.
Price and B.S. Schweigert (eds). Food and Nutrition Press, Westport, CT, p. 193-216, 1987.
FRONING, G.W.; BABJI, A.S.Ç MATHER, F.B. The effect of preslaughter temperature,
stress, stuggle and anesthetization on color and textural characteristics of turkey muscle.
Poultry Science, Champaign: v. 57, n. 3, p. 630-633, 1978.
FRONING, G.W.; UIJTTENBOOGAART, T.G. Effect of post mortem electrical stimulation
on color, texture, pH, and cooking loses of hot and cold deboned chicken broiler breast meat.
Poultry Science, v. 67, n. 11, p. 1536-1544, 1988.
GILL, C.O.; HOLLEY, R.A. Mecanismos de mudanças de cor em carnes frescas e
processadas Traduzido por Eunice A. Yamada e revisado por Nelson J. Beraquet. Disponível
em: <http://www.ital.sp.gov.br/ctc/eventos/terceiro_congresso/1.doc>. Acesso em: 04 de abril
de 2007.
GUARNIERI, P.D.; OLIVO, R.; SOARES, A.L.; IDA, E.I.; LARA, J.A.F;
SHIMOKOMAKI, M. Bem estar animal e qualidade da carne. Uma exigência dos
consumidores. Revista Nacional da Carne. São Paulo, Ano XVI, n. 301, p. 36-44, 2002.
52
GUARNIERI, P.D. Manejo pré-abate em aves. Efeito do banho no grau de estresse em
frangos e qualidade da carne. Faculdade de Ciências Farmacêuticas – Universidade de São
Paulo. São Paulo, 2003. 53p. Dissertação de Mestrado – Faculdade de Ciências Farmacêuticas
– Universidade de São Paulo.
GUARNIERI, P.D.; SOARES, A.L.; OLIVO, R.; SCHNEIDER, J.; MACEDO, R.M.G.; IDA,
E.I.; SHIMOKOMAKI, M. Preslaughter handling with water shower spray inhibits PSE
(PALE, SOFT, EXUDATIVE) broiler breast meat commercial plant. In: INTERNATIONAL
CONGRESS OF MEAT SCIENCE AND TECHNOLOGY, 49, Campinas, 2003.
Proceedings. Campinas: Centro de Tecnologia de Carnes/ITAL, p.201, 2003.
GUARNIERI, P.D.; SOARES, A.L.; OLIVO, R.; SCHNEIDER, J.P.; MACEDO, R.M.; IDA,
E.I.; SHIMOKOMAKI, M. Preslaughter handling with water shower spray inhibits PSE (pale,
soft, exudative) broiler breast meat in a commercial plant. Biochemical and ultra structural
observations. Journal of Food Biochemistry., v.28, n.6, p.513-517, 2005.
GRAPH PAD. Versão 3.05 for Windows. San Diego: Graph Pad Software, 2000. Disponível
em: <www.graphpad.com>. Acesso em: 20 jan 2006.
HEDRICK, H.B.; ABERLE, E.D.; FOREST, J.C.; JUDGE, M.D.; MERKEL, R.A. Principles
of meat science. 3.ed. Dubuque: Kendal/Hunt, 1993. 354p.
HSIEH, Y.L.; REGENSTEIN, J.M. Modeling protein gelation and application of entropy
elasticity to understand protein gel properties. J. Texture Stud., Trumbull, v.23, p.379-401,
1992.
JUDGE, M.D., ABERLE, E.D., FORREST, J.C., HEDRICK, H.B., MERKEL,R.A Principles
of meat science. 2ed. Dubuque: Kendall/HUNT Publishing Company, 1989. 351p.
KERRY, J.F., MORRISSEY, P.A., BUCKLEY, D.J. The reological properties of exudates
from cured porcine muscle: effects of added carrageenans and whey protein
concentrate/carrageenan blends. Journal Science. Food Agriculture, v.79, p.71-78, 1999.
KIJOWSKI, J.; NIEWIAROWICZ, A. Emulsifying properties of proteins end meat from
broiler breast muscles as affect by their initial pH values. Journal.of Food Technology.,
Oxford, v.13, n.5, p.451-459, 1978.
KOMIYAMA, C. M.; MENDES, A.A.; TAKAHASHI, S.E.; MOREIRA, J.; GARCIA, R.G.;
PAZ, I.C.L.A.; SOUZA, H.B.A.; LEONEL, F.R. Efeito do tempo de jejum e do banho de
aspersão sobre as características de qualidade de carne de frangos de corte. In: Conferência
53
APINCO 2005 de Ciência e Tecnologia Avícola, 2005, Campinas : FACTA, p.173-173,
2005a.
LARA, J.A.F.; NEPOMUCENO, A.L.; LEDUR, M.C.; IDA, E.l.; SHIMOKOMAKI, M.
Carne PSE em Frangos. Ocorrência de Mutações no Gene Receptor da Rianodina. Revista
Brasileira de Ciência Avícola. n.5, p.112-112, 2003.
LARA, J.A.F.; NINOV, K.; BONASSI, C.A.; LEDUR, M.C.; NEPOMUCENO, A.L.;
SHIMOKOMAKI, M. Estresse térmico e incidência de carne PSE em frangos. Revista
Brasileira de Ciência Avícola, Campinas, n.4, p.15, 2002.
LAWRIE, R.A. Lawrie`s Meat Science. 6.ed. Lancaster-Basel: Technomic, 1998. 336p.
LEDWARD, D.A. Haemoproteins in meat and meat products. In, Developments in Food
Proteins, vol.3, B.J.F. Hudson (ed). Elsevier Applied Science, New York, p.33-68, 1984.
LEE, Y.B.; HARGUS, G.L.; HAGBER, E. Effect of ante mortem environmental temperatures
on post mortem glycolysis and tenderness in excised broiler breast muscle. Journal of Food
Science, v.41, n.4, p.1466-1499, 1976.
LEHNINGER, A.L.
Lehninger princípios de bioquímica / Nelson, D.L., Cox, M.M., 3.ed.,
São Paulo: Sarvier, 975p., 2002.
LEMOS, A.L. da S.C.; CASTILLO, C.J.C.; BERAQUET, N.J. Seminário e curso teórico-
prático: agregando valor à carne de aves. Campinas: ITAL, 2000.
MACARI, M., FURLAN, R.L., GONZALES, E. Fisiologia aviária aplicada a frangos de
corte. 2.ed., Funep: Jaboticabal-SP, 375p., 2002.
MACDOUGALL, D.B. Colour meat – its basis and importance. In Pearson, A.M.; DUTSON.
T.R. (ed) – Quality attributes and their measurement in meat, poultry and fish product –
Advances in meat research series, Black Academic and Professional, v.9, p.34-78, 1994.
MACFARLANE, J.J., SCHMIDT, G.R., TURNER, R.G. Binding of meat pieces:a
comparison of myosin, actomyosin and sarcoplasmic proteins as binding agents. Journal of
Food Science, v. 42. p. 1603-1605, 1977.
MALLIA, J.G.; BARBUT, S.; VAILLANCOURT, J.P.; MARTIN, S.W.; McEWEN, S.A. A
dark, firm dry-like condition in turkeys condemned for cyanosis. Poultry Science, Champaign,
v.79, n.2, p.281-285, 2000a.
54
MALLIA, J.G.; BARBUT, S.; VAILLANCOURT, J.P.; MARTIN, S.W.; McEWEN, S.A.
Roaster breast meat condemned for cyanosis a dark firm dry-like condition?. Poultry Science,
Champaign, v.79, n.6, p.908-912, 2000b.
MANTESE, F.G. Transformação do músculo em carne. Programa de pós-graduação em
Ciências Veterinárias da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 2002. Disponível em:
<http://www.ufrgs.br/bioquimica/posgrad/BTA/carne>. Acesso em 04 de agosto de 2007.
MENDES, A.A., PAZ, I.C.L.A. Bem-estar animal. In: OLIVO, R. O mundo do frango.
Criciúma: do Autor, 2006. Cap. 10, p.119-126.
MILLER, R.K. Factors affecting the quality of raw material. In: KEERY, J.; KERRY, J.;
LEDWARD, D., eds. Meat processing: improving quality. Cambridge: Woodhead, 2002.
p.27-63.
MONDELLI, G., VIDRIK, V.R., ROÇA, R.O. Importância do emprego das técnicas de abate
humanitário para os consumidores de carne e frigoríficos. Revista Nacional da Carne, São
Paulo, n.299, p.59-64, 2002.
MOREIRA, J. Causas de ocorrência de carne PSE em frangos de corte e como controlá-las. IV
Seminário Internacional de Aves e Suínos (Avesui 2005), Florianópolis, 2005.
NORTHCUTT, J.K. Factors affecting poultry meat quality. Bulletin of Cooperative Extension
Service. The University of Georgia College of Agricultural & Environmental Sciences,
Bulletin 1157, June, 1997. Disponível em: <http://pubs.caes.uga.edu/caespubs/pubcd/b1157-
w.html>. Acesso em 28 de abril de 2006.
ODA, S.H.I.; SCHNEIDER, J.; SOARES, A.L.; BARBOSA, D.M.L.; IDA, I.I.; OLIVO, R.;
SHIMOKOMAKI, M. Detecção de cor em filés de peito de frango. Revista Nacional da
Carne, São Paulo, n.321, p.30-34, 2003.
OLIVO, R. Carne PSE em aves. São Paulo. 1999. 97p. Tese de Doutorado - Faculdade de
Ciências Farmacêuticas - Universidade de São Paulo.
OLIVO, R.; SOARES, A.L.; IDA, E.I.; SHIMOKOMAKI, M. Dietary vitamin E inihibits
poultry PSE and improves meat functional properties. Journal of Food Biochemistry.,
Trumbull, v.25, p. 271-283, 2001a.
OLIVO, R.; GUARNIERI, P.D.; SHIMOKOMAKI, M. Fatores que influenciam na cor de
filés de peito de frango. Revista Nacional da Carne, São Paulo, v.25, n.289, p.44-49, 2001b.
55
OLIVO, R.; SHIMOKOMAKI, M. Carnes: No caminho da pesquisa. 2.ed. Cocal do Sul:
Imprint, 2002a. 155p.
OLIVO, R. Fatores que influenciam as características das matérias-primas cárneas e suas
implicações tecnológicas. Revista Nacional da Carne, São Paulo, n.307, p.72-83, 2002b.
OLIVO, R., BARBUT, S. Exudative cooked gel in chicken breast meat products. In: XIX
Congresso de Ciência e Tecnologia de Alimentos (CBCTA). Recife, p.89, 2004.
OLIVO, R.
O mundo do frango. Criciúma: do Autor, 680 p, 2006.
OLIVO, R., SANTOS, M.N., FRANCO, F.O. Carne de frango e nutrição. In: OLIVO, R. O
mundo do frango: cadeia produtiva da carne de frango. Criciúma: do Autor, 2006. cap.55,
p.655-663.
OSMAN, A.M.A.; TAWFIK, E.S.; RISTIC, M.; HEBELER, W.; KLEIN, F.W. Effects of
environmental temperature on fattening performance, carcass quality and meat quality of
broilers of both sex and various ages. V. Physical and chemical meat quality traits. Archiv
fuer Gefluegelkunde. Stuttgart, v.54, n.1, p.20-28, 1990.
OWENS, C.M.; SAMS, A. R. The influence of transportation on turkey meat quality. Poultry.
Science., Savoy, v.79, p.1204-1207, 2000.
PARDI, M.C. et al. Ciência, higiene e tecnologia da carne: Ciência e higiene da carne.
Tecnologia da sua obtenção e transformação. v.I. Goiânia. Editora UFG. 2001. 2ª edição
revista e ampliada. 623p.
PAVAN, A.C.; MENDES, A.A.; ALMEIDA, I.C.L.; GARCIA, R.G.; TAKITA, T.S.;
OLIVEIRA, E.G.; MOREIRA, J.; GARCIA, E.A. Efeito da linhagem e do nível de lisina da
dieta sobre a qualidade da carne de peito de frangos de corte. In: Anais da 38º Reunião Anual
da Sociedade Brasileira de Zootecnia. Piracicaba. FEALQ, 2001. v. 38. p. 886-887.
QIAO, M.; FLETCHER, D.L.; SMITH, D.P.; NORTHCUTT, J.K. The effect of broiler breast
meat color on pH, moisture, water-holding capacity, and emulsification capacity. Poultry
Science, Champaign, v.80, n.5, p.676-680, 2001.
RANKEN, M.D. Handbook of meat product technology. Oxford: Blackwell Science, 212p.
2000.
RIBEIRO, D.F. Influência do manejo do pré-abate e das operações de abate na qualidade e
rendimento das carcaças. In: BERAQUET, N.J. Industrialização da Carne de Frango.
Campinas: Instituto de Tecnologia de Alimentos, p.22-31, 1992.
56
SAMS, A.R.; MILLS, K.A. The effect of feed withdrawal duration on the responsiveness of
broiler Pectoralis to rigor mortis acceleration. Poultry Science, v.72, n.9, p.1789-1796, 1993.
SAMS, A.R. First processing: slaughter through chilling. In: SAMS, A.R. Poultry meat
processing. Boca Raton: CRC Press, p.19-34, 2001.
SCHNEIDER, J.P. Carne DFD em frangos. São Paulo. 2004. 61p. Dissertação de Mestrado -
Faculdade de Ciências Farmacêuticas - Universidade de São Paulo.
SCHNEIDER, J.P., FRANCO, F.O., OLIVO, R. Desenvolvimento de produtos. In: OLIVO,
R. O mundo do frango: cadeia produtiva da carne de frango. Criciúma: Pallotti, 2006. Cap.
27, 337 – 349.
SHEARD, P.R., TAYLOR, A.A., SAVAGE, A.W.J., ROBINSON, A.M., RICHARDSON,
R.I., NUTE, G.R. Factors affecting the composition and amount of `white exudate' from
cooked bacon. Meat Sci., 59, v.4, p.423-435, 2001.
SHIMOKOMAKI, M. Característica de qualidade da carne de aves. Avicultura Industrial,
Ano 95, Ed.1126, n.8, p.26-28, 2004.
SHRIMPTON, D.H.; MILLER, W.S. Some causes of toughness in broilers. II. Effects of
breed, management and sex. Poultry Science, v.1, p.111-116, 1960.
SMITH, D.M. Factores influencing texture formation in comminuted meats. In: ANNUAL
RECIPROCAL MEAT CONFERENCE, 41. Laramie, 1988. Proceedins. Chicago: National
Stock and Meat Board, American Meat Science Association, 1989. p.48-52.
SOARES, A.; LARA, J.; IDA, E.I; GUARNIERI, P.; OLIVO, R.; SHIMOKOMAKI, M.
Variation in the colour of brazilian broiler breast fillet. In: INTERNATIONAL CONGRESS
OF MEAT SCIENCE AND TECHNOLOGY, 48, Rome, 2002. Proceedings. Parma:
Universitá de Parma, 2002, v.2, p.540.
STATSOFT. Statistica: software estatístico. Versão 6.0. Stat Soft Inc., 2001. CD-ROM.
SWATLAND, H.J. Explaining the P in PSE. Meat Focus International, Wallingford, v.2, n.8,
p.362-367, 1993.
SWATLAND, H.J. On line evaluation of meat. Lancaster: Technomic, 1995. 343p.
UBA - União Brasileira de Avicultura. Relatório Anual 2006/2007. São Paulo: Charbel,
2007a. 80p.
57
UBA – União Brasileira de Avicultura. Disponível em: <http://www.uba.org.br/ubanews_file
s/dezembro%202006/exportacoes_carne_frango_ton.xls> Acesso em: 12 de junho de 2007b.
VALSECHI, O.A. Noções básicas de tecnologia de carnes. Araras, SP: UFSCAR, 2000.
(Apostila).
VEGRO, C.L.R.; ROCHA, M.B. Expectativas Tecnológicas para o Segmento de Carnes de
Aves e Suínos. Informações Econômicas, SP, v.37, n.5, p.15-27, 2007.
WARRISS, P.D.; KESTIN, S.C.; BROWN, S.N. The depletion of glycogen stores and levels
of dehydration in transported broilers. British Veterinary Journal, v.149, n.4, p.391-398, 1993.
WILKINS, L.J.; BROWN, S.N.; PHILLIPS, A.J.; WARRISS, P.D. Variation in the colour of
broiler breast fillets in the UK. British. Poultry Science, Edinburgh, v.41, n.3, p.308-312,
2000.
WISMER-PEDERSEN, J. Quality of pork in relation to rate of pH change post mortem. Food
Res., Champaign, v.24, p.711-726, 1959.
WISMER-PEDERSEN, J.; BRISKEY, E.J. Rate of anaerobic glycolysis versus structure in
pork muscle. Nature, London, v.189, p.318-320, 1961.
ZIEGLER, G.R.; FOEGEDING, E.A. The gelation of proteins. Adv. Food Nutr. Res., San
Diego, v.34, p.204-286, 1990.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo