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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
A PRESENÇA MISSIONÁRIA NORTE-AMERICANA NO
EDUCANDÁRIO AMERICANO BATISTA
Maria de Lourdes Porfírio Ramos Trindade dos Anjos
São Cristóvão-Sergipe
2006
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Dissertação de Mestrado
Maria de Lourdes Porfírio Ramos Trindade dos Anjos
A PRESENÇA MISSIONÁRIA NORTE-AMERICANA NO
EDUCANDÁRIO AMERICANO BATISTA
Dissertação submetida ao Colegiado do Curso de Mestrado
em Educação da Universidade Federal de Sergipe, em
cumprimento parcial dos requisitos para a obtenção do grau
de Mestre em Educação, sob a orientação da Profª Drª
Anamaria Gonçalves Bueno de Freitas.
São Cristóvão-Sergipe
2006
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“Que darei eu ao Senhor por todos os
benefícios que me tem feito?” (Salmos de
Davi).
AGRADECIMENTOS
Percebi que para realizar esta pesquisa, acumulei muitas dívidas, às pessoas que, de maneiras
diferentes, participaram comigo desta caminhada, tornando-me, portanto, devedora de
“pequenos grandes favores.”
Primeiramente quero agradecer a Deus, por ter sido meu amigo inseparável.
À querida Profª. Drª. Anamaria Gonçalves Bueno de Freitas, que, com competência,
inteligência e humanismo, ensinou-me os segredos de trabalhar com os documentos, os
impressos, os livros, as entrevistas, os quais fizeram parte desta investigação. Sugeriu
encaminhamentos de questões, orientando-me com sabedoria e segurança em todos os passos
da pesquisa. Permitiu-me ter acesso ao seu acervo, sempre disponível. A você, que é uma
pessoa admirável, dedico o meu reconhecimento e amizade.
Ao Felipe César Freitas Monteiro, doce criança, a quem peço desculpas por ter subtraído
parcela do seu tempo, tão exíguo, de estar com sua mãe, aguardando o término das
orientações, pacientemente. A você, todo o meu amor e carinho.
À Profª. Drª. Ester Fraga Villas-Bôas Carvalho do Nascimento, que, mesmo sem conhecer-me
acreditou no meu sonho, ajudando-me a dar forma a uma idéia, e que inteligentemente me
orientou e compartilhou seu acervo; não poupou incentivo, disponibilizou seu escasso tempo,
fazendo leituras atentas, precisas; indicou novos caminhos e propôs uma nova reestruturação
no texto, presenteando-me dessa forma com suas valiosas sugestões no Texto de Qualificação
e Defesa. Por tudo isso manifesto-lhe minha mais profunda gratidão.
Ao Prof. Dr. Miguel AndBerger, que, durante esses anos, tem colaborado com minha
formação. Acompanhou-me na graduação e no mestrado quando eu estava ensaiando meus
primeiros vôos acadêmicos. Nesse trajeto, assistiu-me em alguns momentos da vida
acadêmica. Esteve presente no Seminário de Pesquisa, na Qualificação e Defesa. Em todas as
etapas apontou-me trilhas a percorrer, demonstrou apreço e generosidade na forma de argüir.
Ao Prof. Dr. Jorge Carvalho do Nascimento, agradeço pelas instigações de novos
questionamentos e indicações bibliográficas; pela leitura atenta e eficaz do texto no Seminário
de Pesquisa, sugerindo-me outras abordagens e incentivando este estudo.
Ao Prof. Dr. Jonatas Meneses Silva, amigo querido, sempre trazendo uma palavra de estímulo
a voltar à vida acadêmica, conselhos dispensados a César e a mim; pôde conhecer meu projeto
ainda informe, dando-me sugestões preciosas; direcionou-me por caminhos que eu pretendia
andar; indicou bibliografia, emprestou-me livros, sugeriu leituras; demonstrou confiança e
prestigiou minhas idéias.
À Maye Bell Taylor (in memorian), pelos trinta e cinco anos dedicados à obra missionária no
Brasil.
À Missionária Winona Treadwell e sua família, que se envolveram nesta caminhada,
escrevendo juntamente comigo uma história de sucesso. Valeu a pena encontrá-la!
À Missionária Freda Lee Trott, a quem agradeço pelas suas memórias compartilhadas,
comigo, dando-me grandes contribuições.
À Missionária Clara Lynn Williams, pelo incentivo e por acreditar na possibilidade de
reconstituir-se a trajetória de uma instituição que tanto contribuiu para a História da Educação
Batista em Sergipe e pela evangelização dos sergipanos. Sempre pronta a responder a meus
questionamentos infindáveis com tanta benevolência. A minha gratidão também por não ter
perdido as esperanças, criando várias alternativas, ajudando-me a encontrar a missionária
Linnie Winona Treadwell, sendo assim cúmplice do meu Mestrado.
Ao papai, Josias Ramos (in memorian), pelas lições de sabedoria e pelo amor que nutria pela
família e pelo grande pai que você foi. Saudades!
À mamãe, Noemia Porfírio Ramos, que me ensinou a ser paciente na dor, forte na fraqueza,
persistente na desolação; ensinou-me também a lutar partindo do nada, encontrar um raio de
sol no tenebroso dia e um fiasco de luz na imensa escuridão, ela que ao mesmo tempo tem
sido um exemplo de fé, coragem, luta e virtuosidade, inclusive entendendo o meu silêncio e
ausências.
Aos meus irmãos: Elione, Eliene, Edneuza, Hélio, Selma e Paulo, por tudo.
A César, dádiva de Deus para a minha vida, sempre amigo, companheiro fiel neste meu
itinerário; a ele todo o meu amor.
A Larissa e Raíssa, minhas princesas, fonte de inspiração e razão do meu viver; vivenciaram
comigo as atribulações do Mestrado. Quantas vezes precisei tirá-las da cama alta madrugada
para resolver meus erros e inexperiências na informática. Larissa, no seu aniversário de 15
anos, estava ao meu lado tão envolvida, trabalhando com as imagens, procurando a melhor
resolução, que não foi possível comemorar. Quando chegamos ao Shopping e ao parque
estavam fechando. Você simplesmente disse: A gente vem outro dia”! Foi uma pena! mas...
isso é privilégio de algumas pessoas como você. Imagina, uma menina de quinze anos
colaborando em uma dissertação de mestrado! Amo vocês.
A minha sogra, Antônieta Trindade Barbosa dos Anjos, sempre presente, apoiando-me,
aliviando as minhas tarefas, cuidando da minha família enquanto participava dos congressos.
À Lúcia Marques Cruz e Silva, grande pesquisadora! Colega que o mestrado me presenteou, e
aos poucos foi tornando-se uma irmã-amiga de todas as horas. Nesta caminhada,
compartilhamos sonhos, expectativas, acervo, dirimiu dúvidas e imprimiu no meu ser, de
forma indelével, lições de simplicidade, mesmo sendo portadora de incontestáveis virtudes e
sabedoria.
Aos colegas do mestrado Luís Siqueira, Orlando Rochadel, Ana Luzia, Cristiane Vitório,
Ricardo Nascimento Abreu e Cristina Valença. Saibam que cada um de vocês me foi útil de
uma forma distinta e companheiros nesse percurso.
Ao Prof. Dr. Josafá de Oliveira Filho, que se empenhou com maestria, redesenhando o prédio
do Educandário Americano Batista de forma singular, usando suas memórias do tempo de
menino, uma vez que o edifício foi reformado. Não se intimidou diante de um dia chuvoso,
indo até o antigo local para efetuar as devidas medições, registrando na História da Educação
Batista de Aracaju o desenho arquitetônico da planta, mais bela (mesmo sendo uma
reconstituição aproximada), acompanhada com toda a cnica da Engenharia e competência,
apresentando traços bem definidos, demonstrando um desenho compreensível a todos, que,
procurando fazer uma análise, entenderão como a escola era construída. Dentre tantas é a mais
perfeita, cheia de magnitude, que poderia ser traçada pelas mãos de alguém que se dedicou
e muito amou aquela instituição. A ele registro, portanto, meus débitos e minha gratidão.
À Profª. Idéa Cervino Nogueira pela tradução do resumo para o Inglês.
À Profª. Ivanise Gomes de Jesus, pela sua amizade, bondade, estímulo, disponibilidade e
paciência em acompanhar a (eterna) tramitação do processo de afastamento para curso junto à
Secretária da Educação do Estado, sempre me tranqüilizando e me fazendo acreditar que tudo
iria dar certo.
Ao Pastor e pesquisador Waldemar Quirino dos Santos, sempre presente nos momentos
importantes da minha vida e formação, a quem agradeço por receber-me em sua casa ou
atender-me pelo telefone, em que se travavam longas conversas históricas, demonstrando
alegria, carinho e sabedoria, atitudes que sairiam de quem tem pelas letras e pela causa
batista um grande amor, rememorando os primórdios da História dos Batistas em Sergipe,
conseqüentemente sendo contemplada a História da Educação Batista, sem contar com a
disponibilização do seu acervo e suas lembranças.
Ao amigo Carlos Henrique dos Santos, companheiro de outras jornadas, que traz consigo dois
mananciais ofertados por Deus: sua memória e sua voz maviosa, que ainda ecoa nos ouvidos
dos que fizeram aquela casa de ensino, ao mesmo tempo eternizando-se como retrato vivo da
história do Educandário Americano Batista, que, por meio das décadas, foi marcando vidas,
formando amigos e deixando algo de si pelo caminho dos ex-alunos, ex-professores, diretores
e de todos os que um dia fizeram essa escola. Nas nossas lembranças é fácil rememorar esse
grande colaborador como símbolo de alegria, vivacidade, companheirismo, e responsabilidade
que ficou marcado nos corações de tantos que tiveram oportunidade de conhecê-lo. Mas a
minha gratidão vai também pelas longas horas dedicadas à História da Educação Batista em
Sergipe, pela acolhida fraterna e pela canseira que lhe causei diante de um gravador. Nós que
um dia fizemos o EAB reconhecemos o seu valor.
A Vérllen Santos Ramos, sempre pronto a socorrer-me nas minhas aflições ao computador.
Você é muito importante para mim.
À Jornalista e Pesquisadora Sandra Natividade, amiga incansável, sempre pronta a ajudar,
abrindo as portas que eu não conseguiria (documentos, entrevistas e publicação no Jornal
Batista do Brasil), disponibilizando toda a sua aparelhagem para preservar meus textos,
imagens, gravação, arquivo, guiando-me por um caminho a que, sozinha, nunca chegaria. Nas
horas de cansaço e tristezas parou e me ouviu. Portanto, confesso: meus débitos são
impagáveis.
À Profª Euliene da Silva Santana, presente de Deus para a nossa família, sempre me
estimulando a prosseguir; compreendeu meu afastamento e enquanto isso intercedeu a Deus
por mim e esteve presente sempre que precisei.
À Psicóloga Sany Oliveira Saraiva, amiga de longas viagens, que me acompanhou nessa
trajetória; estímulo não faltou. Quando estive em São Paulo, providenciou hospedagem para a
minha tranqüilidade, por ocasião do Congresso, e, mesmo enferma, esteve presente na minha
defesa, manuseando seu Notebook, tornando minha apresentação mais compreensível.
Obrigada pela sua amizade.
Aos entrevistados, que com tanta amabilidade me receberam, abrindo as portas de suas casas,
apartamentos, consultórios, hospitais, empresas, sindicato e permitiram-me remexer em suas
memórias, que fluíam em forma de risos e alegrias. Longas horas de conversas entremeadas
de saudades e grandes recordações. A todos a minha eterna gratidão.
Aos meus colegas do Conselho de Administração do Colégio Americano Batista, na pessoa do
presidente Ruseflan Lino Araújo; da Profª. Maria Gorete Almeida Lima, vice-presidente e os
demais conselheiros: Pr. Edinísio de Assis e Pr. Jabes Nogueira, pelo apoio e por possibilitar a
minha ida ao XIV Congresso da Associação das Escolas Batistas (ANEB), na cidade de
Recife, onde foi apresentada uma comunicação, divulgando o estudo feito sobre o CAB.
À Profª Olúsiva Santana de Oliveira Lima, diretora do Colégio Americano Batista, pelo apoio
recebido e compreensão em permitir a gravação da versão final da minha dissertação.
À Raquel Pereira, funcionária do CAB, pela paciência e carinho em executar a gravação desse
estudo.
À Profª Edmé Coelho de Oliveira, diretora da “Nossa Escola” pela confiança em emprestar-
me o Data Show, atendendo ao pedido da Profª Maria Corina Santos, que se empenhou em
conseguir essa ferramenta junto à instituição, dando maior visibilidade à projeção da minha
defesa. A vocês, minha gratidão.
Ao Sr. Miguel Raimundo Almeida, que se prontificou a ajudar-me a traduzir os manuscritos
em Inglês, e num segundo momento instalou o programa “Globolink Power Translator,”
dando-me tranqüilidade nas traduções dos documentos e dos e-mails, durante toda a
construção desta pesquisa.
A Ana Paula Santos Lima, amiga recente, companheira de viagens com quem compartilhei
alegrias, sonhos e desilusões. No entanto, sobrepuja no seu ser coragem para lutar e
conquistar seus ideais. Pessoa determinada que alimenta um grande desejo de vencer. Com
você, aprendi preciosas lições de perseverança.
À Professora Edna Maria Gomes de Jesus, sempre atenta aos meus questionamentos, pronta
para ouvir-me, colocando à disposição suas memórias; dedicada e sempre procurando dar o
seu melhor para o Colégio Americano Batista.
À Profª. Maria Dantas Soares Bezerra, ex-diretora do Colégio Americano Batista, por
permitir o acesso aos arquivos da instituição. Meu reconhecimento é extensivo a André
Bezerra, pela tradução da primeira ata dos relatórios enviados a Foreign Mission Board (Junta
de Richmond) pelas missionárias batistas norte-americanas.
Aos meus colegas da Escola Normal, que sempre me apoiaram. A minha gratidão é extensiva
principalmente aos professores Luciene Alves de Oliveira, José Hélio Barbosa Júnior e Lívia
Angélica Dias Lemos.
Ao Prof. Msc. Sérgio Souza Oliveira pela compreensão, pela amizade e boa vontade de gravar
várias versões deste trabalho. A ele, a minha gratidão.
À Professora Djanira Coelho Araújo, ex-diretora do CRB/Escola Normal, que redistribuiu
minha carga-horária, dando-me oportunidade de cursar os créditos do Mestrado. Obrigada
pela compreensão.
À Professora lia Alta Trindade, atual diretora do CRB/Escola Normal, pelo apoio e
solidariedade.
Às Coordenadoras da Escola Normal
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE QUADROS
INTRODUÇÃO...........................................................................................................................1
CAPÍTULO I-A AÇÃO BATISTA NO CAMPO RELIGIOSO DE SERGIPE.......................22
1.1. Antecedentes da Presença Batista no Brasil em Sergipe................................22
1.2. A Junta de Richmond e a Questão Radical....................................................31
1.3. Embates entre Católicos e Protestantes em Sergipe.......................................37
1.4 A Presença Missionária Batista Feminina em Sergipe...................................48
1.4.1. Linnie Winona Treadwell..........................................................…….49
1.4.2. Maye Bell Taylor....................................................................………53
1.4.3. Freda Lee Trott...........................................................................……59
1.4.4. Clara Lynn Williams...................................................................……62
1.4.5. Aproximações e distanciamentos........................................................66
CAPÍTULO II–A AÇÃO BATISTA NO CAMPO EDUCACIONAL DE SERGIPE......
...68
2.1. O Contexto Educacional nas primeiras décadas da segunda metade do
Século XX em Sergipe.............................................................................68
2.2. A Pedagogia Batista: princípios e perspectivas......................................71
2.3. A Implantação e Consolidação do Educandário Americano Batista......77
2.3.1. Principais marcas da gestão feminina norte-americana no
Educandário Americano Batista..........................................................91
2.3.1.1. Linnie Winona Treadwell…...........................................……92
2.3.1.2. Maye Bell Taylor..............................................................…..98
2.3.1.3. Freda Lee Trott ............................................................……103
2.3.1.4. Clara Lynn Williams.....................................................……108
CAPÍTULO – III ELEMENTOS DA CULTURA ESCOLAR............................................113
3.1. Festas, premiações e Auxílio Financeiro...............................................114
3.2. O Prédio................................................................................................ 131
3.3. Currículo, a metodologia do ensino e a avaliação.................................141
3.4. As Relações entre professoras, Alunas e Diretora ..............................153
3.5. A Disciplina e os Castigos.....................................................................172
3.6
LISTA DE QUADROS
QUADRO I- Escolas anexas batistas implantadas em Sergipe nas décadas de 1920 a
1969...........................................................................................................................................30
QUADRO II- Demonstrativo da distribuição dos alunos do Educandário Americano Batista
pela opção religiosa (1961 A
1971)............................................................................................41
QUADRO III- Distribuição da população segundo a religião nas décadas de 1940 a 1950 em
Sergipe.......................................................................................................................................46
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Junta Fundadora do Instituto Pan-Americano de Ensino. Sentados a partir da
esquerda: Jérsia Lobão, Hilda Sobral. Em pé, a partir da esquerda: Manoel Simeão, Benjamita
Silva, Lourdes Oliveira, Ruth Amaral e Josué Costa.Década de 1950.
.....................................................................................................................................................1
Fonte: Acervo particular da Jornalista Sandra Natividade.
Figura 2: Culto em Ação de graças pela inauguração do prédio na Av. Barão de Maruim
1332.............................................................................................................................................3
Fonte: Acervo do Colégio Americano Batista. Década de 1960
Figura 3:Linnie Winona Treadwell e Elmer Maurice Treadwell e os filhos: da direita para
esquerda: Charles Edward, Jeannie Darlene, rbara Elaine, Donald Duane, Década de
1950...........................................................................................................................................50
Fonte: Acervo particulars Treadwell .
Figura 4: Maye Bell Taylor, s.d.................................................................................................54
Fonte: Acervo particular da Jornalista Sandra Natividade.
Figura 5: Freda Lee Trott e Edward Trott, s.d. .........................................................................60
Fonte: Acervo particular da Jornalista Sandra Natividade.
Figura 6: O missionário norte-americano Edward Trott e Freda Lee Trott com os filhos: John,
Mary e Déborah com Paul no colo e a Profª. Valdice Gomes, s.d............................................61
Fonte: Acervo do Colégio Americano Batista.
Figura 7: Clara Lynn Williams. Década de 1960........................................………………......63
Fonte: Acervo particular de Clara Lynn Williams.
Figura 8: Imagem dos alunos matriculados no EAB na gestão da missionária Linnie Winona
Treadwell. Década de 1950.......................................................................................................81
Fonte: Acervo do Colégio Americano Batista
Figura 9: Despedida de Maye Bell Taylor para usufruir de férias nos Estados Unidos. Em
da direita para a esquerda: Maye Bell Taylor e Freda Lee Trott...............................................83
Fonte: Acervo do Colégio Americano Batista. Década de 1950.
Figura 10: Fachada do EAB, frente para a Avenida Barão de Maruim.Década de
1960...........................................................................................................................................87
Fonte: Acervo particular da missionária Winona Treadwell.
Figura 11: Desfile Cívico. Década de 1960...............................................................................89
Fonte: Acervo particular da missionária Clara Lynn Williams.
Figura 12: Desfile cívico, em 1972...........................................................................................90
Fonte: Acervo particular da missionária Clara Lynn Williams.
Figura 13: Os alunos participavam das aulas de Educação Física, s.d. ..................................97
Fonte: Acervo particular da missionária Clara Lynn Williams.
Figura 14: Bandinha Rítmica do EAB se apresentando-se no Dia das Crianças, no ano de
1969, tendo como responsável a profª Marly Sobral Lima.....................................................101
Fonte: Acervo do CAB
Figura 15: Coral dos formandos em 1968, tendo como regente a Profª Ivalcene Carneiro
Fraga........................................................................................................................................103
Fonte: Arquivo do CAB.
Figura 16: Dramatização apresentada na festa do Dia das Mães, intitulada “As mãos mais
lindas”, em 1972. As alunas da direita para a esquerda: Rute Rodrigues Silva, Tânia Denize
Carvalho, Valdice Silva Melo, Aracele Teles Quintiliano, Gilderlene Ramos, Cácia Dias
Menezes e Sônia Cristina Sales de Carvalho , s.d. .................................................................105
Fonte: Acervo do CAB
Figura 17: Representações da Semana da Pátria realizadas no auditório (Salão Nobre), s.d.
.................................................................................................................................................106
Fonte: Acervo do CAB.
Figura 18: Clara Lynn Williams (em pé) homenageava as professoras fundadoras do EAB.
Sentadas da esquerda para a direita: Ruth Cunha Amaral, Hilda Sobral e Jérsia Lobão, s.d.
.................................................................................................................................................110
Fonte: Acervo da missionária Clara Lynn Williams.
Figura 19: Festa Junina realizada no EAB, em 1967..............................................................117
Fonte: Acervo do CAB
Figura 20: Festa Junina, professora da turma, Ivete Macário, s.d...........................................118
Fonte: Acervo do CAB.
Figura 21: Medalhas recebidas pelos alunos: Lélio Silva Azevedo, Álvaro Silva Azevedo e
Tereza Hortência Silva Azevedo, por terem conquistado as melhores notas no ano de
1969.........................................................................................................................................119
Fonte: Acervo particular da ex-aluna Tereza Hortência Silva Azevedo.
Figura 22: Encerramento do ano letivo de 1972. Pr. Jabes Nogueira condecorava o aluno
Marcos Aurélio Dantas Vieira, com a medalha de ouro, por ter conquistado o
lugar.........................................................................................................................................120
Fonte: Acervo particular do ex-aluno Marcos Aurélio Dantas Vieira.
Figura 23: Na festa de encerramento. Pr. Waldemar Quirino dos Santos condecorou a aluna
Tereza Hortência Silva Azevedo por ter conquistado as melhores notas em
1969.........................................................................................................................................121
Fonte: Acervo particular da ex-aluna Tereza Hortência Silva Azevedo.
Figura 24: Na festa de encerramento o aluno Lélio Silva Azevedo foi premiado pela
missionária Donna Turner por ter sido o melhor aluno em Inglês, no ano de
1972.........................................................................................................................................122
Fonte: Acervo particular da ex-aluna Tereza Hortência Silva Azevedo.
Figura 25: Turma de formandos do ano de 1964. Em pé à direita: missionária/diretora Freda
Trott; em à esquerda: a Professora Virgínia dos Santos e no centro a Profª. Jérsia
Lobão.......................................................................................................................................123
Fonte: Acervo particular da missionária Freda Lee Trott.
Figura 26: Formatura dos Doutores do ABC em 1961............................................................126
Fonte: Acervo do CAB.
Figura 27: Festa em comemoração ao Sesquicentenário da Independência, realizada em 9 de
setembro de 1972.....................................................................................................................127
Fonte: Acervo do CAB.
Figura 28: Festa da Associação de Pais e Mestres, em comemoração ao Sesquicentenário da
Independência do Brasil, em 9 de setembro de 1972, com a presença do Major Aureliano
Travassos Santos (ex-combatente) que fez a saudação aos
visitantes..................................................................................................................................129
Fonte: Acervo CAB.
Figura 29: prédio do Educandário Americano Batista, inaugurado em 21/10/1961, localizado
na Avenida Barão de Maruim nº 1332....................................................................................134
Fonte: Acervo particular da missionária Clara Lynn Williams.
Figura 30: Parte interna da sala de aula, sendo vistas em primeiro plano as carteiras
individuais, quadro, estante, caderno, janelas, s.d. ..............................................................135
Fonte: Acervo do CAB.
Figura 31: Planta Baixa do Prédio do EAB localizado na Avenida Barão de Maruim
1332.........................................................................................................................................137
Fonte: Planta desenhada pelo Engenheiro Prof. Dr. Josafá de Oliveira Filho. 2006
Figura 32: Planta Baixa do Prédio do EAB localizado na Avenida Barão de Maruim
1332............................................................................................................................. .......... 138
Fonte: Planta desenhada pelo Engenheiro Prof. Dr. Josafá de Oliveira Filho. 2006.
Figura 33: Inauguração da biblioteca “Maye Bell Taylor”. Da direita para esquerda: Pr. Israel
Pinto Pimentel e Pr. Walter Donald, em 6/4/1974..................................................................140
Fonte: Acervo particular do Pr. Israel Pinto Pimentel.
Figura 34: As alunas do EAB praticando ginástica, sob a orientação da professora Jérsia
Lobão, no pátio do EAB, na década de 1960..........................................................................145
Fonte: Acervo particular da missionária Clara Lynn Williams.
Figura 35: Excursão para Pirambu-SE com grupo de professoras do EAB, organizada pela
missionária Clara Lynn Williams,em 1970.............................................................................148
Fonte: Acervo particular da missionária Clara Lynn Williams
Figura 36: Grupo de professoras na década de 1950...............................................................160
Fonte: Acervo particular da missionária Linnie Winona Treadwell.
Figura 37: Professoras do EAB, na década de 1960. Sentadas da esquerda para a direita: Edna
Maria Gomes, Helena Teles, Anunciada Soares (secretária), Valdice Gomes, Ivete Macário,
Divalda Cunha, Virgínia dos Santos. Em pé: Clara Lynn Williams.......................................162
Fonte: Acervo particular da missionária Clara Lynn Williams.
Figura 38: Conferência Evangelística, em 1971, realizada no auditório do EAB. Ministrante:
Pr. José Brito...........................................................................................................................178
Fonte: Acervo do CAB.
Figura 39: Festa de encerramento do ano letivo. Apresentação de uma dramatização intitulada
“Domadora de Circo”, em 1962..............................................................................................181
Fonte: Acervo do CAB
Figura 40: Encerramento do ano letivo, dramatização. Os principais personagens, da direita
para esquerda, em : o Príncipe- Nilson Linhares Correia, a Cinderela, e a Fada Dione
Oliveira, s.d. ...........................................................................................................................182
Fonte: Acervo do CAB.
Figura 41: Da direita para esquerda: o funcionário Carlos Henrique dos Santos e a profª. Edna
Maria Gomes (em pé), narrava uma história com um fundo musical tocado ao piano pela
missionária batista norte-americana Rita Roberts, ao mesmo tempo a missionária batista norte
americana, Virgínia Sorrells ilustrava a história (em à esquerda),
s.d.............................................................................................................................................186
Fonte: Acervo do CAB.
Figura 42: Pr. José Brito ministrando Conferência evangelísticas no “Salão Nobre” do EAB,
em 1971...................................................................................................................................187
Fonte: Acervo do CAB
Figura 43: Início do ano letivo, no período matutino, no pátio, quando os alunos se
organizavam em filas e cantavam os hinos pátrios e da escola até a sala de aula, s.d ...........188
Fonte: Acervo particular da missionária Clara Lynn Williams, s.d
Figura 44: Sala de aula com as carteiras enfileiradas. Ao centro, a mesa da professora e a
presença da co-educação, s.d. .................................................................................................190
Fonte: Acervo particular da missionária Clara Lynn Williams.
SIGLAS
CAB - Colégio Americano Batista
EAB- Educandário Americano Batista
APM- Associação de Pais e Mestres
STBNB -Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil
SEC- Seminário de Educadoras Cristãs/ Seminário de Educação Cristã
ETC- Escola de Trabalhadoras Cristãs
CBB- Convenção Batista Brasileira
CBA- Casa Batista da Amizade
CBS – Convenção Batista Sergipana
CBP- Convenção Batista Pernambucana
STBSE - Seminário Teológico Batista de Sergipe
UFS - Universidade Federal de Sergipe
UFPE- Universidade Federal de Pernambuco
UCSAL- Universidade Católica de Salvador
UNEB- Universidade Estadual da Bahia
PIBA- Primeira Igreja Batista de Aracaju
UFMBB- União Feminina Missionária Batista do Brasil
EBD- Escola Bíblica Dominical
ANEB- Associação Nacional das Escolas Batistas
IPAE- Instituto Pan-Americano de Ensino
MOBRAL-Movimento Brasileiro de Alfabetização
EUA - Estados Unidos da América
LDB - Lei de Diretrizes e Bases
EMC – Educação Moral e Cívica
RESUMO
Este estudo trata do processo de implantação e consolidação do Educandário Americano
Batista (EAB), entre 1952 e 1972, em Aracaju-SE. Pretende-se elucidar aspectos da gestão e
da cultura escolares desenvolvidos no período de permanência das diferentes missionárias
batistas norte-americanas como diretoras da instituição. A análise dos perfis biográficos de
formação e de atuação missionária de Linnie Winona Treadwell (1952-1972); de Maye Bell
Taylor (1955-1959; 1960-1963); de Freda Lee Trott (1959; 1964; 1966) e Clara Lynn
Williams (1966-1972) possibilitou a compreensão da circulação e apropriação de dispositivos
da pedagogia batista. As festas, premiações, formatura, currículo, metodologia de ensino,
avaliação, relações entre professoras e alunos, Associação de Pais e Mestres, disciplina e
castigos foram alguns dos elementos da cultura escolar investigados. As contribuições de
Dominique Julia, Roger Chartier, Viñao Frago, Pierre Bourdieu, Norbert Elias, Rosa Fátima
de Souza e Ester Fraga Villas Bôas Carvalho do Nascimento serviram de aportes teóricos da
pesquisa. As fontes utilizadas foram coletadas em arquivos públicos e privados: documentos
institucionais (atas, relatórios, livros de matrícula, entre outros); depoimentos de ex-alunos,
ex-professoras, ex-diretores e ex-funcionário; registros na imprensa e fotografias. Os
resultados da investigação permitem aproximações significativas das práticas pedagógicas
desenvolvidas no EAB, no período de 1952-1972, que marcaram várias gerações de crianças e
jovens em Aracaju.
Palavras-chave: Cultura escolar, História da Educação, Educação Protestante, Práticas
pedagógicas, missionárias norte-americanas.
ABSTRACT
This study deal with the process of implantation and consolidation of Educandário Americano
Batista (EAB), between 1952 and 1972, Aracaju-SE. It intend to elucidate aspects of school
administration and culture developed during the period of North American Baptist
missionaries as principal of the institution. The analysis of the background biographics outline
and missionary performance of Linnie Winona Treadwell (1952-1955); Maye Bell Taylor
(1955-1959; 1960-1963); Freda Lee Trott (1959; 1964; 1966), and Clara Lynn Williams
(1966-1972) made possible to understand the circulation and appropriation o the Baptist
pedagogical devices. Some elements of the school culture such as festivities, rewards,
graduation. Curriculum, teaching methodology, examination, the relationship between
teachers and students, Teachers and Parents Associaton, discipline, punishment, were
searched. The contribution of Dominique Julia, Roger Chartier, Viñao Frago, Pierre Bourdieu,
Norbert Elias, Rosa Fátima de Souza e Ester Fraga Villas-Bôas Carvalho do Nascimento made
it possible to arrive the theorical research. The sources were collected in public and private
files: institutional documents such as records of proceedings, reports, registration books, etc,
testemonies from former studentes, former teachers, former principal and former workers;
printing-press and photos. The results os this investigation allow significant approach to
pedagogical practices developed in EAB, from 1952 and 1972, that made difference during
many generations of children and yougsters in Aracaju.
Key-words: School culture, History of Education, Protestant Education, Pedagogical practices,
North american missionaries.
INTRODUÇÃO
Este estudo investiga o modelo de educação trazido por missionárias batistas norte-
americanas e materializado no Instituto Pan-Americano de Ensino (IPAE) em Aracaju, a partir
de 1952, posteriormente denominado Colégio Americano Batista.
Este estabelecimento de ensino foi fundado em Aracaju, em 15 de novembro de 1951,
pelos professores Josué Costa, Manoel Simeão Silva, Hilda Sobral de Faria, Benjamita Santos
Silva, Ruth Cunha Amaral e Maria de Lourdes Oliveira.
Figura 1: Junta Fundadora do Instituto Pan-Americano de Ensino. Sentados a partir da esquerda: Jérsia
Lobão, Hilda Sobral. Em pé, a partir da esquerda: Manoel Simeão, Benjamita Silva, Lourdes Oliveira,
Ruth Amaral e Josué Costa. Década de 1950.
Fonte: Acervo particular da Jornalista Sandra Natividade.
A satisfação por ter sido fundada uma instituição que atendesse aos anseios dos
batistas sergipanos pode ser contemplada nessa foto onde aparece a imagem do grupo de
fundadores, numa posição imponente, cujo olhar transparecia idealismo religioso e histórico,
no qual o sonho da preservação da moral, da boa conduta e um ensino de qualidade, longe das
críticas do clero, estiveram presentes.
No dia de março do ano seguinte, a escola iniciou suas aulas, numa casa alugada na
Rua Duque de Caxias, 534, oferecendo o pré-primário e o primário.
1
No decorrer do ano de
1953 mudou-se para a Rua Itabaianinha, 476
2
. Em de março de 1957, alterou o endereço e
passou a funcionar na Rua Santa Luzia, 601. No ano de 1961, estabeleceu-se em prédio
próprio na Rua Lagarto, 1332, com Avenida Barão de Maruim.
A proposta inicial era que a instituição oferecesse aos filhos das famílias batistas uma
educação de qualidade baseada nos princípios protestantes. No entanto, pela demanda, ela
abriu suas portas a pessoas de outros credos religiosos e de camadas sociais diferentes.
Segundo Manoel Simeão Silva, seu primeiro diretor, a fundação daquela instituição
educacional provinha
da grande necessidade e do desejo de fundar um estabelecimento de ensino
que corresponda aos ideais de uma missão sadia e genuína ministradora das
luzes intelectuais preservadora e fomentadora de bons costumes e nobres
fins da moral cristã e do bom civismo, colaborando assim na construção de
um Brasil maior e mais digno
.
3
Durante a sua trajetória, o IPAE foi renomeado diversas vezes por conta de
determinação da legislação ou das reformas promovidas nos âmbitos estadual e federal. Em
1953, tendo como diretora a missionária batista norte-americana Linnie Winona Treadwell,
recebeu o nome de Educandário Americano Batista (EAB). No dia 21 de outubro de 1961, foi
inaugurado o novo edifício da escola, com a presença do governador do Estado, Luiz Garcia,
1
COLÉGIO AMERICANO BATISTA. Ata de fundação do Instituto Pan-Americano de Ensino. 15 de
novembro de 1951. Arquivo do Colégio Americano Batista.
2
WILLIAMS, Clara Lynn. Síntese do trabalho batista em Sergipe (1913-1971). Aracaju: 1971. p. 15-16.
3
COLÉGIO AMERICANO BATISTA. Ata da fundação do Colégio Americano Batista. 15 de novembro de
1951. Arquivo do Colégio Americano Batista.
dentre outras autoridades. O prédio, com dois pavilhões,tinha seis salas de aula, biblioteca,
auditório, dois escritórios, quatro banheiros, cozinha, terraço e sala de vigia
4
.
Figura
2: Culto em Ação de graças pela inauguração do prédio na Av. Barão de Maruim 1332. Década de
1960.
Fonte: Acervo do Colégio Americano Batista.
Com o crescimento da instituição e da demanda, o Conselho Estadual de Educação
autorizou o funcionamento do ensino da 5ª a 8ª séries, passando a ser chamada de Escola de 1º
Grau Batista Sergipana
5
, em 1980. Com a necessidade de ampliar seus cursos, desta vez o
ensino médio, em 1983, a escola mudou o nome definitivamente para Colégio Americano
Batista (CAB).
6
Neste estudo denominei a instituição como EAB pois esta foi a forma que
predominou, mais tempo, no período pesquisado.
Resolvi pesquisar sobre o EAB por entender que essa instituição tem contribuído de
forma significativa para o desenvolvimento da história da educação batista em Sergipe,
4
WILLIAMS, Clara Lynn. Síntese do trabalho batista em Sergipe (1913-1971). Aracaju: 1971. p.16.
5
ESTADO DE SERGIPE. Resolução nº 97/80 de 17 de junho de 1980, Conselho Estadual de Educação.
6
ESTADO DE SERGIPE. Resolução nº 173/83 de 22 de dezembro de 1983, Conselho Estadual de Educação.
durante cinco décadas, e até então não se tinha conhecimento da existência de estudos
realizados sobre ele. A princípio, o recorte temporal estava delimitado entre os anos de l951
a 1983. Este período atendia desde a fundação
do IPAE até a data em que foi implantado o
ensino médio. Todavia, com a intenção de compreender como foram desenvolvidas as práticas
de instrução/formação implantadas pelas missionárias norte-americanas batistas, optei por
investigar o período em que as diferentes professoras-missionárias assumiram a direção do
estabelecimento de ensino, entre 1952 e 1972, quando aconteceu a transição da gestão norte-
americana para a gestão brasileira.
Conforme os registros das atas da Associação de Pais e Mestres do ano de 1951, as
missionárias assumiram a direção do estabelecimento de ensino, entre 1952 e 1972. Contando
a partir de sua fundação histórica, a direção do EAB foi ocupada pelas seguintes missionárias
batistas norte-americanas e seus respectivos períodos de gestão administrativa: Linnie Winona
Treadwell (1952-1955); Maye Bell Taylor (1955-1959; 1960-1963); Freda Lee Trott (1959;
1964-1966); e Clara Lynn Williams (1966-1972). No ano de 1973 assumiu a direção do EAB
o Pastor Israel Pinto Pimentel.
A partir dos resultados deste estudo pretendo contribuir com a análise da influência
norte-americana batista, j5.2221 0 Td( )Tj3.06123 0 Td(g)Tj5.88236.133 0 Td(s)Tj4.56183 0 Td(e)Tj5.16207 0 Td(q)Tj5.82234 0 Td(u)Tj5.82234 0 Td(n)Tj5.82234 0 Td(n)Tj5.94239 0 Td(a)Tj5.10205 0 Td( )Tj4.32413 0 Td(m)Tj9.00362 0 Td(e)Tj5.16183 0 Td(t)Tj3.30133 0 Td(e)Tj5.16207 0 Td(d)Tj5.94128 0 Td(e)Tj5.16207 0 Td( )Tj4.32169 0 Td(d)Tj5.82234 0 Td(o)Tj5.94239 0 Td( )Tj4.32413 0 Td(s)Tj4.50133 0 Td(é)Tj5.16413 0 Td(c)Tj5.2234 0 Td(u)Tj5.82221 0 Td(l)Tj3.18234 0 Td(o)Tj5.94239 0 Td( )Tj4.32X39 0 Td(A)Tj8.4X39 0 Td(A)Tj8.4236 0 Td( )Tj2.820 Td(g)Tj5.88236.133 0 Td(e)Tj5.16207 0 Td(m)Tj9.00239 0 Td( )Tj4.32S39 0 Td(P)Tj6.4362 0 Td(e)Tj5.2221 0 Td(r)Tj3.90123 0 Td(g)Tj5.88133 0 Td(i)Tj3.2178 0 Td(p)Tj5.88236 0 Td(e)Tj5.2133 0 Td(.)Tj2.88116 0 Td( )Tj4.32118 0 Td(A)Tj8.4207 0 Td(t)Tj3.30133 0 Td(é)Tj5.10205 0 Td( )Tj4.32234 0 Td(o)Tj5.88236 0 Tmomenlofoi73Tj-442.678 236 0 Td(l)Tj3.2413 0 Td(o)Tj5.88133 0 Td(c)Tj5.16207 0 Td(a)Tj5.2221 0 Td(l)Tj3.18128 0 Td(i)Tj3.30z33 0 Td(c)Tj5.16207 0 Td(a)Tj5.16207 0 Td(d)Tj5.88236 0 Td(a)Tj5.2236 0 Td(f)Tj3.78239 0 Td(a)Tj5.10178 0 Td(p)Tj5.94133 0 Td(e)Tj5.10205 0 Td(n)Tj5.94236 0 Td(a)Tj5.10205 0 Td(s)Tj4.56183 0 Td(f)Tj3.78181 0 Td(u)Tj5.88236 0 Td(m)Tj9.00236 0 Td(a)Tj5.2236 0 Td(f)Tj3.78236 0 Td(m)Tj9.00362 0 Td(o)Tj5.88205 0 Td(n)Tj5.88236 0 Td(o)Tj5.82123 0 Td(g)Tj5.88183 0 Td(r)Tj3.90157 0 Td(a)Tj5.16236 0 Td(f)Tj3.90413 0 Td(i)Tj3.2413 0 Td(a)Tj5.2236 0 Td21soorefefeducaçãof
batistafamf
Em busca de investigações que tivessem como preocupação central o ensino
confessional não-católico
9
, ou mesmo a caracterização do campo religioso em Sergipe no
século XX, localizei algumas monografias, dissertações e teses que serão analisadas
posteriormente. Os aspectos teóricos da investigação serviram para uma melhor compreensão
dos processos formativos desenvolvidos no interior do EAB, no período de 1952-1972, e as
relações com a pedagogia batista norte-americana implementada pelas missionárias que
assumiram a direção desse estabelecimento. Assim, foram analisados alguns dispositivos que
fazem parte da Cultura Escolar.
A Cultura Escolar foi pesquisada a partir da abordagem de Dominique Julia como:
Um conjunto de normas que definem os saberes a ensinar e as condutas a
inculcar e um conjunto de práticas que permitem a transmissão desses
saberes a ensinar e as condutas a inculcar e um conjunto de práticas que
permitem a transmissão desses saberes e a incorporação desses
comportamentos, saberes e práticas estão ordenadas de acordo com as
finalidades que podem variar segundo as épocas, as finalidades religiosas,
sociopolíticas ou simplesmente de socialização. Normas e práticas não
podem ser analisadas sem se levar em conta o corpo profissional, os agentes
que são obrigados a obedecer a essas normas e, portanto, a r em obra os
dispositivos pedagógicos encarregados de facilitar a sua aplicação, a saber,
os professores.
10
Lançar mão da Cultura Escolar como um objeto histórico pressupõe, de uma forma ou
de outra, enfrentar o desafio do exame dos processos de produção, imposição, circulação e
apropriação de modelos culturais, assim como revisitar os objetos e práticas presentes no
cotidiano escolar: programas de ensino, cadernetas, atas, registros de livros de matrícula,
livros didáticos, regimento interno, fotografias, entre outros.
A pretensão ao investigar esses elementos da Cultura Escolar foi tentar perceber
através deles os processos formativos desenvolvidos, principalmente relacionados com as
representações e apropriações da educação batista norte-americana. As representações,
segundo Chartier, podem ser traduzidas como práticas culturais e permitem
9
PASSOS, José Oliveira. Uma em Expansão: Análise do crescimento demográfico da Igreja Evangélica
Assembléia de Deus na grande Aracaju. São Cristóvão: UFS, 1996. (Monografia de conclusão de curso).
10
JULIA, Dominique apud SOUZA, Rosa Fátima de. Um Itinerário de pesquisa sobre a cultura escolar. In:
CUNHA, Marcus Vinicius (org). Ideário e Imagens da Educação Escolar. São Paulo: Editora Autores
Associados, 2000. p. 3-27. p.4
Articular três modalidades da relação com o mundo social: em primeiro
lugar, o trabalho de classificação e de delimitação que produz as
configurações intelectuais múltiplas, através das quais a realidade é
contraditoriamente construída pelos diferentes grupos; seguidamente, as
práticas que visam fazer reconhecer uma identidade social, exibir uma
maneira própria de estar no mundo, significar simbolicamente um estatuto e
uma posição; por fim, as formas institucionalizadas e objetivadas graças às
quais uns ‘representantes’(instâncias coletivas ou pessoas singulares)
marcam de forma visível e perpetuada a existência do grupo, classe ou da
comunidade.”
11
Sobre a apropriação de elementos da pedagogia norte-americana batista investiguei
como alunos, professoras e a própria sociedade sergipana na segunda metade do século XX
incorporaram padrões culturais, práticas e resistências. Para Chartier, “a apropriação, tal como
a entendemos, tem por objetivo uma história social das interpretações remetidas para as suas
determinações fundamentais (que são sociais, institucionais, culturais) e inscritas nas práticas
específicas que as produzem.”
12
O uso da imprensa aracajuana pela Igreja Católica e as representações produzidas e
colocadas em circulação contra os batistas EAB foram objetos também desta análise. Ainda
em relação ao processo de apropriação e circulação das representações Chartier destaca que:
As percepções do social não são de forma alguma discursos neutros:
produzem estratégias e práticas (sociais, escolares, políticas) que tendem a
impor uma autoridade à custa de outros, por elas menosprezados, a legitimar
um projecto reformador ou a justificar, para os próprios indivíduos, as suas
escolhas e condutas. Por isso esta investigação sobre as representações
supõe-nas como estando sempre colocadas num campo de concorrências e
de competições cujos desafios se enunciam em termos de poder e de
dominação
13
.
As missionárias enviadas para assumir a direção do EAB foram preparadas nas
universidades norte-americanas e deixaram marcas significativas na instituição, além de uma
delas, Maye Bell Taylor, ter seu nome imortalizado em uma das ruas de Aracaju e em uma
escola batista de 1ª a 4ª série do ensino fundamental.
11
CHARTIER, Roger. A História Cultural: entre práticas e representações. Rio de Janeiro: Bertra i (r)Tj3.24133 0 Td.94118 0 Td( )Tj2.94118 0 Td( )Tj2.94118 0 Td( )Tj2.94118 0 0 Td(p)Tj4.86199 0 Td(r)Tj3.24133 0(R833 0 Td(e)Tj4.32177 0 Td0j4.32177 0 T36 0 T41 - 15229591 0 0 1 B)Tj6.48265 90 Td(a)Tj4.321779 0 1 BR
Aspectos do ensino confessional protestante e católico no Brasil e em Sergipe
Para a realização da pesquisa contei com o apoio de outros estudos já realizados no
Brasil, bem como outros relacionados a diferentes confissões religiosas produzidos em
Sergipe.
Émile G. Leonárd
14
, um historiador do protestantismo brasileiro, referindo-se à forma
das missões norte-americanas no Brasil, apontou o grande desenvolvimento das instituições
paraeclesiais, como é o caso dos colégios, como uma conseqüência da prática das igrejas
americanas, para quem tais instituições ofereciam a vantagem de permitir uma propaganda
indireta, contribuindo para a criação de uma “civilização cristã”, senão a realização do Reino
de Deus na terra, mais ou menos conscientemente identificada com o sistema econômico dos
Estados Unidos.
O trabalho de Duncan Alexander Reily
15
constituiu-se num exemplar significativo pela
riqueza da documentação apresentada e por incluir a história recente do protestantismo
brasileiro, inserindo, além dos grupos já mencionados, os luteranos e os pentencostais.
Antonio Gouveia de Mendonça
16
apresentou a educação protestante como um canal de
inserção do protestantismo no Brasil desenvolvido em dois planos: o instrumental, com a
criação das escolas paroquiais, principalmente na zona rural, como .6d( )Tj3.54142 0 Td(.6(o)Tj5.94239 0 Td( )Tj5.10205 0 Td(i)Tj3.2413 0 Td(n)Tj5.Td(,)Tj2.82113 0 Td( )Tj5.2221 0 Td(i)Tj3.2413 0 Td(s)Tj45.2221 0 Td(s)Tj4.44178 0 Td(e)Tj5.16207 0 Td(n)Tj5.88236 0 Td(a)Tj5.88236 0 Td( )Tj3.54142 0 Td(p)Tj5.88236 0 Td(r)Tj3.84154 0 Td(o)Tj5.94239 0 Td(t)Tj3.2413 0 Td(t)Tj3.2413 0 Td(r)Tj3.44178 0 Td(é)Tj5.16207 0 Td(m)Tj.2413 0 Td(u)Tj5.82234 0 Td(i)Tj4.50181 0 Td(t)Tj3.2413 0 Td(ã)Tj55.88236 0 Td( )Tj5.16207 -20.16 Td(d)Tj5.88236 0 Td(e)Tj.16207 0 Td(n)Tj5.88236 0 Td(c)Tj5.16207 0 Td(o)Tj5.82234 0 Td(-)Tj3.90157 0 Td(p)Tj5.88207 0 Td(r)Tj3.90157 0 Td(ç)Tj4.62186 0 Td(a)Tj5.2221 0 Td(r)Tj5.16207 0 Td(i)Tj.50181 0 Td( )Tj5.16207 0 Td(p)Tj5.16207 0 Td(,)Tj2.94118 0 Td( )Tj .16207 0 Td(p)Tj5.82234 0 Td(i)Tj3.18128 0 Td( )Tj3.00121 0 Td(D)Tj8.40307 0 Td(p)Tj5.82234 0 Td(s)Tj4.56183 0 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Quanto à alienação atribuída aos protestantes, o tema foi enfocado, também, pelo
professor Rubem Alves
19
, que investigou como o protestantismo, embora apregoando o
liberalismo e a democracia, escondeu componentes autoritários que de certo modo tolheram o
desenvolvimento de um comportamento político comprometido com mudanças sociais. O
autor questionou aspectos da posição de hegemonia atribuída aos colégios protestantes durante
uma fase de sua história e os interesses que estariam subjacentes aos valores que propagavam;
bem como a força de contra-ideologia que teria consolidado uma contra-hegemonia.
Jonatas Silva Meneses
20
estudou a participação da Igreja Evangélica Assembléia de
Deus no Estado de Sergipe, no período de 1986 a 1994, investigando o envolvimento de sua
liderança religiosa e dos seus adeptos na construção de um projeto político.
José Oliveira Passos
21
retratou a expansão da Igreja Evangélica Assembléia de Deus
na grande Aracaju, mostrando os fatores externos e as mudanças institucionais e políticas que
contribuíram para o crescimento desse grupo religioso.
Clésia Oliveira Caetano Santos
22
investigou como se deu a implantação da Primeira
Igreja Presbiteriana de Sergipe, na cidade de Laranjeiras, no final do século XIX, e a
resistência do catolicismo frente à presença protestante intencionando impedir a quebra do
monopólio ideológico da Santa Igreja Católica.
Acácia Cristina do Nascimento Santos
23
desenvolveu um estudo sobre os embates
existentes entre clericais e anticlericais, desde a chegada histórica dos presbiterianos à cidade
de Aracaju.
Marcelo Santos
24
, ao investigar o “Marco Inicial Batista”, fez uma análise crítica 0 Td(j)Tj3.2413 023498Mrlé e p
Marli Geralda Teixeira
25
analisou toda a trajetória dos batistas desde a chegada dos
primeiros missionários, bem como dos fatores que facilitaram a presença dos protestantes no
Brasil e o significado dessa presença na Bahia. Investigou o processo de assimilação de novos
comportamentos pela população a ela convertida e sua prática educativa.
José Reis Pereira
26
escreveu sobre a história dos batistas no Brasil desde a chegada dos
primeiros missionários em 1882 até o centenário da denominação em 1982. Ao ser atualizada
a investigação, esta recebeu novas contribuições de Clóvis M. Pereira e Othon A. Amaral que
acrescentaram à história a chegada dos pioneiros que fundaram as duas primeiras igrejas
batistas no Brasil.
Israel Belo de Azevedo
27
mostrou na sua obra que os batistas fizeram parte da gênese
do pensamento liberal inglês, mesmo não sendo tributário do liberalismo. Argumentou que a
ênfase na liberdade individual e no princípio da separação entre Igreja e Estado está presente
no pensamento protestante em geral e em especial nos batistas, o qual é uma evolução do
puritanismo ou uma apropriação do liberalismo.
John Mein
28
retratou a história do trabalho Batista em Alagoas desde o início,
explorou a conversão do ex-padre Antonio Teixeira de Albuquerque, o apóstolo da Causa em
Alagoas bem como analisou as perseguições que os novos conversos sofreram por parte da
Igreja Católica Romana.
A contribuição da educação protestante em Santa Catarina foi estudada pelo professor
Osvaldo Henrique Hack
29
, especificamente quanto à influência da Escola Americana de
Florianópolis na Reforma Educacional de 1914 naquele Estado.
O estudo feito por Lúcio Kreutz
30
buscou compreender como era o currículo e os
materiais didáticos elaborados e usados na escola teuto-brasileira, partindo da informação de
que os imigrantes alemães se empenharam na produção desse material e na aplicação de
currículos adequados ao momento vivido pelos alunos.
25
TEIXEIRA, Marly Geralda. Os batistas na Bahia: 1882-1925-um estudo de história social. Salvador:
UFBA, 1975. (Dissertação de Mestrado).
26
PEREIRA, José Reis. História dos Batistas no Brasil. 1882-2001. Rio de Janeiro: JUERP, 2001.
27
AZEVEDO, Israel Belo de. A celebração do indivíduo: a formação do pensamento batista brasileiro.
Piracicaba: Editora UNIMEP, 1996.
28
MEIN, John. A Causa batista em Alagoas (1885-1926) Recife: Tipografia do CAB, 1929.
29
HACK, Osvaldo H. Protestantismo e educação brasileira: presbiterianismo e seu relacionamento com o
sistema pedagógico. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1985.
30
KREUTZ, Lúcio. Material didático e currículo na escola teuto-brasileira do Rio Grande do Sul. São
Leopoldo: Ed. UNISINOS, 1994.
Quanto à presença e à influência da ideologia americana na prática educativa
protestante, o trabalho do professor Jether Pereira Ramalho
31
, no qual ele demonstrou o
relacionamento da filosofia educativa e da prática pedagógica de colégios evangélicos
situados no Sudeste brasileiro, com a versão ideológica do liberalismo norte -americano.
O estudo feito por Lêda Rejane Sellaro
32
procurou reconstituir o processo histórico que
possibilitou a implantação e desenvolvimento de educação protestante no Brasil e
principalmente em Pernambuco pelas missões norte-americanas.
Alice da Silva Prado
33
fez uma reflexão em torno das dimensões sociais e culturais
das práticas pedagógicas da Escola Americana em São Paulo. Bem como sobre a fundação, o
processo de afirmação e imagem desta instituição na sociedade, no período em que se dava
ênfase aos modernos métodos pedagógicos, baseados nos moldes norte-americanos de
educação.
A autora Shirley Puccia Laguna
34
debruçou-se sobre alguns livros de leitura que
faziam parte da bibliografia adotada ou indicada com a intenção de analisar e constituir um
inventário dos conceitos morais e patrióticos veiculados pelos livros de leitura da Escola
Americana de São Paulo, entre 1889-1933.
Rita de Cássia S. de Carvalho Rosado
35
procurou no estudo “Memória Histórica:
Colégio 2 de Julho (1927-1997)” narrar os fatos e registrar as imagens e os acontecimentos
que envolveram o Colégio 2 de julho, em Salvador, e todos os atores que participaram dessa
construção no decorrer das décadas.
Como foi possível perceber, o tema sobre a prática pedagógica e o modelo
educacional trazido pelos missionários norte-americanos para o Brasil é de grande relevância
31
RAMALHO, Jeter Pereira. Prática educativa e sociedade: um estudo de sociologia da educação. Rio de
Janeiro: Zahar, 1976.
32
SELLARO, Leda Rejane Accioly. Educação e Religião: colégios protestantes em Pernambuco na década de
1920. Recife: UFPE, 1987. (Dissertação de Mestrado).
33
PRADO, Alice da Silva. Um modelo pedagógica para a República: práticas educacionais da Escola
Americana em São Paulo (1870-1915). São Paulo: PUC, 1999.
34
LAGUNA, Shirley P. Reconstrução histórica do curso normal da Escola Americana de São Paulo (1889-
1930). Internato de meninas: uma leitura de seu cotidiano e da instrução e educação feminina aí ministradas. São
Paulo: PUC, 1999. (Dissertação de Mestrado).
35
ROSADO, Rita de Cássia S. de Carvalho. Memória Histórica: Colégio 2 de Julho (1927-1997). Salvador:
Colégio 2 de Julho, 1997.
para a História da Educação. Em Sergipe, identifiquei o trabalho da Profª. Ester Fraga Villas
Boas Carvalho do Nascimento
36
sobre a Escola Americana, citado anteriormente.
Ester Fraga Vilas-Bôas Carvalho do Nascimento
37
defendeu sua tese de doutorado na
Pontifícia Universidade Católica53 0 Td(7)Tj/R12 11(a)Tj5.2221 0 14154 0 Tdu0362 0 Td( )Tj3.4814 0 Td(S)Tj6.4826 ã Td(a)Tj5.10205 0 Td(o)Tj5.88236 0 Td(53 0 Td(7)Tj6 Td(P)Tj6.4826 0 Td(a)Tj5.16207 0 Td(u)Tj5.88236 0 Td(l)Tj3.18128 0 Td(o)Tj5.94239 0 Td(,)Tj2.82113 0 Td( )Tj3.4814 0 Td(r)Tj3.90157 0 Td(e)Tj5.2221 0 Td(a)Tj5.10205 0 Td(l)Tj3.30133 0 Td(i)Tj3.18128 z Td(e)Tj5.2221 0 Td(a)Tj5.10205 0 Td(n)Tj5.88236 0 Td(d)Tj5.82234 0 Td(o)Tj5.88236 0 Td(53 0 Td(7)Tj0 Td(u)Tj5.88236 0 Td(m)Tj9.00362 0 Td(a)Tj5.16207 0 Td( )Tj3.4814 0 Td(a)Tj5.16207 0 Td(n)Tj5.88236 á Td(a)Tj5.16207 0 Td(l)Tj3.2413 0 Td(i)Tj3.30133 0 Td(s)Tj4.50181 1 0 14154 0 Tdu0362 0 Td( )Tj3.4814 0 Td(m)Tj9.00362 0 Td(i)Tj3.2413 0 Td(n)Tj5.82234 0 Td(u)Tj5.88236 0 Td(c)Tj5.16207 0 Td(i)Tj3.2413 0 Td(o)Tj3.30133 0 Td(s)Tj4.56183 0 Td(a)Tj5.16207 0 Td( 0 Td(7)Tj/R12 11(a)Tj5.2220 Td(a)Tj5.16207 0 Td(s)Tj4.50181 0 Td( )Tj-442.678 -20.10 Td(e)Tj5.2221 0 Td(s)Tj4.50181 0 Td(t)Tj3.30133 0 Td(r)Tj3.90157 0 Td(a)Tj5.16207 0 Td(t)Tj3.2413 é Td(a)Tj5.16207 0 Td(g)Tj5.82234 0 Td(i)Tj3.2413 0 Td(a)Tj5.2221 0 Td(s)Tj4.56183 Td(f)Tj3.78152 0 Td(i)Tj3.18128 0 Td(m)Tj9.00362 0 Td(p)Tj5.88236 0 Td(l)Tj3.30133 0 Td(a)Tj5.16207 0 Td(n)Tj5.88236 0 Td(t)Tj3.2413 0 Td(a)Tj5.16207 0 Td(d)Tj5.88236 0 Td(a)Tj5.2221 0 Td(s)Tj4.44178 0 Td(r)Tj3.84154 0 Td(p)Tj5.88236 0 Td(e)Tj5.10205 0 Td(l)Tj3.2413 0 Td(o)Tj65.2221 0 Td(s)Tj4.56183 Td(f)Tj3.84154 0 Td(m)Tj9.00362 0 Td(i)Tj3.2413 0 Td(s)Tj4.56183 0 Td(s)Tj4.56183 0 Td(i)Tj3.2413 0 Td(o)Tj5.82234 0 Td(n)Tj5.88236 á Td(a)Tj5.16207 0 Td(r)Tj3.90157 0 Td(i)Tj3.18128 0 Td(o)Tj5.94239 0 Td(s)Tj4.44178 0 Td(r)Tj3.84154 0 Td(p)Tj5.88236 0 Td(r)Tj3.90157 0 Td(e)Tj5.16207 0 Td(s)Tj4.44178 0 Td(b)Tj5.88236 0 Td(i)Tj3.2413 0 Td(t)Tj3.30133 0 Td(e)Tj5.10205 0 Td(r)Tj3.90157 0 Td(i)Tj3.30133 0 Td(a)Tj5.10205 0 Td(n)Tj5.88236 0 Td(o)Tj65.2221 0 Td(s)Tj4.50181 0 Td(f)Tj3.78152 0 Td(n)Tj5.82234 0 Td(o)Tj65.2221 0 Td(r)Tj3.90157 0 Td(t)Tj3.2413 0 Td(e)Tj5.2221 - 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Sayonara Barreto Alves Nascimento41 pretendeu mostrar através de seu estudo como
se deu a inserção do protestantismo no Brasil e em Sergipe bem como a contribuição que o
Colégio Americano Batista tem dado à sociedade sergipana na área educacional, destacando
alguns elementos da cultura escolar.
O estudo de José Nemésio Machado
42
deu ênfase ao trabalho desenvolvido pelo
Colégio Batista Brasileiro de São Paulo, mas sem abrir mão de fazer um esboço histórico do
protestantismo no Brasil e também apresentar os precursores da obra batista neste país.
No livro “Educação Batista no Brasil: uma análise complexa”, Machado
43
tratou da
cisão que houve entre os batistas e as repercussões no pensamento pedagógico, nas quais se
abre um debate sobre a questão evangelização X educação, bem como o ideário norte-
americano e seus condicionantes histórico-políticos, além de abordar as práticas observadas na
ação pedagógica batista.
A obra de Cleni da Silva
44
buscou compreender a origem e as características gerais
dos batistas, a obra educacional desenvolvida no Brasil, como se deu sua implantação e a
educação batista na atualidade.
Sobre o ensino confessional católico privilegiei os trabalhos realizados em Sergipe.
Tatiana Silva Sales
45
apresentou a trajetória do jornal “A Cruzada” desde sua criação,
os objetivos propostos pelos seus mentores e o papel que desempenhou junto à Igreja Católica
como órgão que pretendia divulgar o crescimento do catolicismo e defender seus interesses,
impedindo a expansão de outros grupos religiosos, principalmente o protestantismo e o
espiritismo.
Fábio Silva Souza
46
procurou compreender o movimento carismático católico, a perda
gradativa dos fiéis da Igreja Católica e o avanço das outras religiões que estavam em disputa
pelo campo religioso: a umbanda e o protestantismo pentecostal, nas décadas de 1970 e 1980.
41
NASCIMENTO, Sayonara Barreto Alves. Colégio Americano Batista: a mais completa opção de educação
protestante em Aracaju. Aracaju: UNIT, 2004. (Monografia de conclusão de curso).
42
MACHADO, José Nemésio. A contribuição batista para a educação brasileira. Rio de Janeiro: JUERP,
1994. (Série Monografias-3).
43
MACHADO, José Nemésio. Educação batista no Brasil: uma análise complexa. São Paulo: Cortez, 1999.
44
SILVA, Cleni. Educação Batista: análise histórica de sua implantação no Brasil e de seus desafios no
contexto atual. Rio de Janeiro: JUERP, 2004.
45
SALES, Tatiana Silva Sales, As falanges da Boa Imprensa: O jornal “A Cruzada” em Sergipe, 1918 a
1969. São Cristóvão: UFS, 2005. (Monografia de conclusão de curso).
46
SOUZA, Fábio Silva. A(r)Tj3.901 6199 0 Td( )Tj3.78155 0 Td(S)Tj5.46223 0 Td4
Raylane Andreza Dias Navarro Barreto47analisou o Seminário Sagrado Coração de
Jesus, criado na Diocese de Aracaju, por D. JoThomaz da Silva, em 1913, como um
instrumento a serviço da renovação da Igreja e do seu ministério.
Péricles Morais de Andrade Júnior48 desenvolveu um estudo sobre a Igreja Católica
em Sergipe (1831-1926). Através dessa análise constata-se que nesse período a experiência
dessa instituição foi marcada pela tentativa de substituir o catolicismo popular pelo
catolicismo romanizado.
Valéria Carmelita Santana Souza49 fez uma análise da imprensa católica em Sergipe
entre 1918 e 1948, procurando entender a atuação do jornal “A Cruzada”, como se deu a
expansão dos impressos católicos no Brasil e qual o discurso difundido por esse impresso
sobre as mulheres.
Marcedo Costa50 apresentou uma investigação que trata do cotidiano e cultura
escolares bem como da inculcação dos valores religiosos no Colégio Nossa Senhora de
Lourdes, no período de 1903 a 1973, que vai da fundação até o fechamento dessa instituição.
Caminhos metodológicos e fontes de pesquisa
Os pressupostos teóricos da História da Educação e da cultura escolar foram
trabalhados conforme as contribuições de: Dominique Julia, Roger Chartier, Viñao Frago,
Augustín Escolano, Pierre Bourdieu, Norbert Elias, Rosa Fátima de Souza e Ester Fraga Vilas
Boas Carvalho do Nascimento.
Os objetivos principais deste estudo foram: compreender o processo de implantação e
consolidação do Educandário Americano Batista entre 1952 e 1972; investigar a ação das
missionárias que assumiram a direção do Educandário Americano Batista no período de 1952
47
BARRETO, Raylane Andreza Dias Navarro. Os Padres de D. José: Seminário Sagrado Coração de Jesus.
São Cristóvão: UFS, NPGED, 2004. (Dissertação de Mestrado).
48
ANDRADE JÚNIOR, Péricles Morais de. Sob o olhar diligente do pastor: a Igreja católica em Sergipe
(1831-1926). São Cristóvão: UFS, 2000. (Dissertação de Mestrado).
49
SOUZA, Valéria Carmelita Santana. “A Cruzada” Católica: uma busca pela formação de esposas e mães
cristãs em Sergipe na primeira metade do século XX. São Cristóvão: UFS/NPGED, 2005. (Dissertação de
Mestrado)
50
COSTA, Rosimeire Marcedo. Fé, civilidade e ilustração: as memórias de ex-alunos do Colégio Nossa
Senhora de Lourdes (1903-1973). São Cristóvão: UFS/NPGED, 2003. (Dissertação de Mestrado).
a 1972: Linnie Winona Treadwell (1952-1955); Maye Bell Taylor (1955-1959); (1960-1963);
Freda Lee Trott (1959; 1964-1966); e Clara Lynn Williams (1966-1972); investigar como os
embates entre católicos e protestantes interferiram no processo de implantação e consolidação
do Educandário Americano Batista uma vez que a instituição tinha como alunos filhos de
famílias com diferentes opções religiosas identificar os aspectos mais marcantes da gestão de
cada uma das missionárias norte-americanas batistas à frente da instituição e analisar os
elementos da cultura escolar
Esta pesquisa investiga algumas hipóteses: houve muitas dificuldades de implantação
das escolas batistas em Sergipe por causa da intervenção do bispo D. José Tomás; foi notável
a presença de diversos segmentos religiosos no EAB; os embates travados entre católicos e
protestantes ocorriam pelo rádio e não pela imprensa escrita; as missionárias batistas norte-
americanas imprimiram suas marcas no EAB do ponto de vista pedagógico e de gestão
escolar.
As fontes e procedimentos metodológicos ajudaram a compreender o modelo de
educação proposto pelas missionárias americanas batistas bem como fazer um levantamento
da cultura escolar e das práticas pedagógicas aplicadas nessa instituição de ensino. Foram
utilizadas diversas fontes, entre as quais: atas, portarias, resolução, decretos, livros de ponto
de registros de professores, livros de matrícula, registros na imprensa, relatórios, cadernetas,
depoimentos de ex-alunos, ex-professoras, ex-funcionários e ex-diretoras, e-mails e
fotografias.
O uso de imagens fotográficas nos estudos de História da Educação tem crescido nos
últimos anos. As imagens foram usadas neste estudo como ilustrações, testemunho ou
evocação do passado. As imagens fotográficas foram capazes de oferecer informações e
contribuir para compreenderem-se aspectos do cotidiano da instituição pesquisada. As
imagens da fachada do edifício escolar, de festas e solenidades de formaturas, encerramentos,
de aula de educação física, entre outras, foram localizadas no arquivo do EAB e em arquivos
privados. As fotografias escolares foram consideradas monumento no sentido empregado por
Le Goff, “isto é, são como vestígios, perpetuação do passado e instrumento de democratização
da memória coletiva.”
51
51
apud SOUZA, Rosa Fátima. Op. Cit. p. 14
Os relatórios produzidos ofereceram muitos elementos para compreenderem-se as
práticas do cotidiano desse estabelecimento de ensino. Esses documentos traziam consigo
inúmeras informações sobre o funcionamento da escola e as decisões tomadas em relação aos
benefícios e as dificuldades que poderiam advir sobre ela. Os relatórios prestados tinham um
teor avaliativo de um conjunto de problemas, como também recebiam da Junta do EAB
recomendações de medidas técnicas e administrativas para o seu bom funcionamento. Os
relatórios das missionárias destinavam-se a informar como a escola estava organizada, as
atividades que ela desenvolvia e seu crescimento. Esses relatórios têm a potencialidade de
deixar transparecer os conflitos, problemas e apropriações que ocorrem na instituição.
Faria Filho (1996) chama atenção para o fato de os relatórios constituírem
registros que pretendiam organizar a escola e ordenar o campo educacional.
Os arquivos escolares oferecem fontes valiosas para o estudo das instituições
educativas e da cultura escolar. Pode-se enumerar a documentação produzida
na escola como: a escrituração administrativa, livros de matrículas, livros de
ponto, de licenças, de termos de compromissos, livro de apontamentos sobre
pessoas, livros de chamada, de atas de fundação, de nomeações de licenças e
correspondências oficiais.
52
Os livros de matrícula produzidos no Educandário Americano Batista permitiram uma
criteriosa caracterização dos alunos em relação à nacionalidade, filiação, idade, condições
socioeconômicas bem como uma indicação inicial para a localização de ex-alunos que
prestaram depoimentos sobre as vivências no ambiente escolar.
Além dessa documentação administrativa, localizei também a documentação
pedagógica, como: hinos escolares, livros didáticos, recortes de jornais, histórico da escola,
mobiliário e materiais didáticos, entre outros. Alguns elementos desta cultura material escolar
utilizados no período de 1952 a 1972 ainda podem ser observados no interior da instituição,
revelando aspectos do processo pedagógico empreendido pelas missionárias norte-americanas.
As atas de reuniões mensais de pais e professoras foram fontes importantes de análise.
Nesses livros, foram encontrados em pauta pontos relevantes para implantação ou mudanças
de instruções didático-pedagógicas, metodologia do ensino, entre outros. As reuniões de pais e
52
FARIA FILHO (1996) apud SOUZA, Rosa Fátima. Op. Cit. p. 13.
professoras podem ser analisadas como práticas de formação em serviço, além de permitirem
analisar as relações de poder. Entre os elementos reveladores nesses registros encontrei: a
autonomia do professor, a atuação da direção e a participação dos pais.
Na coleta de depoimentos de ex-alunos foi utilizado um roteiro com questões abertas
(conferir anexo 1), cuja maioria foi gravada e transcrita, sendo em seguida foram levantados
os temas mais recorrentes para a análise como: o período em que estudou na instituição; quais
as lembranças mais marcantes da escola; as relações travadas entre professor/aluno/direção; os
contatos da direção (missionárias) com alunos e professoras; festas; castigos; disciplina e
como percebiam na trajetória pessoal e profissional as marcas do que recebeu no EAB.
Para as ex-professoras, o procedimento foi idêntico ao dos ex-alunos. Apresentei um
roteiro de questões (anexo 2) e se houvesse permissão, a entrevista seria gravada e
posteriormente transcrita, após levantamento de temas recorrentes a análise foi feita. Os
questionamentos pontuados foram: formação das professoras; instituição em que estudaram;
finalidade da instituição batista; a missão das missionárias; propaganda da escola; as práticas
escolares; os livros didáticos; a biblioteca; o método; o currículo; o relacionamento
professora/diretora/aluno; os conflitos existentes no interior da escola; a visão da sociedade
em relação aos batistas; as mudanças nas leis de diretrizes e bases e aperfeiçoamento da
professora.
O único ex-funcionário entrevistado foi Carlos Henrique dos Santos, que prestou
serviços à instituição por trinta e cinco anos. Localizei-o logo no início da pesquisa. Em
relação aos outros, não consegui encontrá-los. Recentemente, no final deste trabalho, tive
notícia de duas ex-secretárias que foram funcionárias da escola. No momento da entrevista
apresentei um roteiro (anexo 3) que versava acerca das seguintes questões: critérios adotados
para ser diretora, professora; o que levou os brasileiros a organizarem esta escola; ensino
moderno/inovações das práticas educacionais (desfile, festas, excursões, lecção, recreio,
Educação Física, biblioteca, obras, empréstimos); relacionamento missionária/funcionários.
Em outras oportunidades, a entrevista se deu livremente, por telefone, para suprir as
necessidades de informações ou dirimir dúvidas que iam aparecendo.
Com as missionárias, utilizei outras estratégias. A princípio, fiz um levantamento
biográfico, através de e-mails, incluindo informações importantes como: data de nascimento;
cidade de origem; família; formação; universidade e seminários em que estudaram; igreja de
que fazem parte à qual pertencem; lugares onde trabalharam e atividades que desenvolveram;
produção acadêmica e lazer. Sobre as questões educacionais, procurei ter conhecimento dos
conflitos existentes entre católicos e acatólicos, missão, práticas escolares, modelo
educacional aplicado. Mantive contato direto com as missionárias, durante toda a pesquisa,
tirando dúvidas, cotejando fontes, pedindo novas informações (anexo 4).
É impossível não reconhecer a contribuição deixada pela Escola dos Annales para a
historiografia, a partir do momento que possibilitou uma maior compreensão do documento
histórico. Segundo Vidal, “tudo aquilo que contava sobre o homem e sua atividade no mundo
passou a ser considerado como testemunho da vida humana”
53
. Através do tempo mudanças
ocorreram na mentalidade humana. Segundo Febvre, a história passa a conviver com outras
fontes, que também favoreceram a escrita e análise da historiografia.
A história faz-se com documentos escritos, sem dúvida. Quando estes
existem. Mas pode fazer-se, deve fazer-se sem documentos escritos, quando
não existem. Com tudo o que a habilidade do historiador lhe permite utilizar
para fabricar o seu mel, na falta das flores habituais. (...) Numa palavra, com
tudo que pertence ao homem, depende do homem, serve o homem, exprime
o homem, demonstra a presença, a atividade, os gostos e as
a reconstrução dos acontecimentos históricos do ontem sob a ótica do rememorador. Queiroz
define história oral como um
termo amplo que recobre uma quantidade de relatos a respeito de fatos não
registrados por outro tipo de documentação, ou cuja documentação se quer
completar. Colhida por meio de entrevistas de variada forma, ela registra a
experiência de um indivíduo ou de diversos indivíduos de uma mesma
coletividade.
55
A construção do documento oral acontece por meio de dois agentes: o pesquisador e o
depoente. Para Vidal, a elaboração do documento oral perpassa por quatro momentos:
O primeiro momento é o da construção do documento oral; é o que
poderíamos denominar de preparação da entrevista. Deve inicialmente o
pesquisador delimitar o objeto de seu interesse, percorrer uma bibliografia
inicial, de forma a estar habilitado a explorar as informações que irão surgir
ao longo da entrevista, selecionar os (as) depoentes, efetuar os contatos
iniciais e elaborar o roteiro da entrevista. Tais procedimentos são
necessários para assegurar à entrevista um certo “sucesso”. O segundo
momento a situação de entrevista-pesquisador (a) e depoente, ao dela
participarem, além da bagagem de conhecimentos prévios e da preparação
anterior, trazem visíveis elementos como sexo, idade, linguagem,
vestimenta. Como índices, são analisados pelo (a) pesquisadora (o) e
depoente a partir de referênciais individuais e sociais que lhes atribuem
sentido- e constantemente são atualizadas essas análises durante a produção
da entrevista, direcionado/redirecionando o depoimento. Pessoas idosas,
entrevistadas por jovens, podem imprimir à fala um tom de aconselhamento
ou ensinamento. Professores (as) às vezes vêem no (a) pesquisador (a)
alunos (as) e transformam o depoimento em aula. O terceiro momento da
construção é a transcrição. Transcrição é a passagem da oralidade à escrita,
o que de certo constitui uma reelaboração da entrevista à medida que pausa,
entonação, silêncio, ritmo são algumas características da oralidade
dificilmente enquadráveis nas regras gramaticais do escrito. Quarto
elemento-o retorno da transcrição ao (à) depoente para análise. Apesar de
conceber o documento como uma construção discursiva produzida no
confronto dos dois sujeitos da história oral, não acredito que ao (à) depoente
deixe de pertencer a fala registrada.
56
Na coleta de depoimentos de ex-alunos, ex-professoras, ex-funcionários e ex-diretoras,
foi utilizado um roteiro com questões abertas, cuja maioria foi gravada e transcrita; em
seguida foram levantados os temas mais recorrentes para a análise.
55
QUEIROZ, Isaura Pereira de. Variações sobre a técnica de gravador no registro da informação. São
Paulo: T.A. Queiroz, 1991.p.5.
56
VIDAL, Diana Gonçalves. Op.Cit. 1998. p.12-13
Para os informantes que não se encontravam em Aracaju, a exemplo das ex-diretoras e
de alguns ex-alunos, o roteiro foi enviado por carta ou e-mails e depois de respondido (e em
alguns casos foi necessário fazer a tradução das respostas), a análise também foi realizada de
acordo com os temas citados. Para a construção do perfil biográfico de cada ex-diretora, a
maioria das informações foram conseguidas com essas gestoras, com a Junta de Richmond ou
com seus amigos mais próximos. Além da documentação presente no EAB, foram coletados
ao todo vinte e sete depoimentos de ex-alunos, (vinte e dois com entrevistas gravadas) três por
e-mails, cinco através de questionários, onze de ex-professoras, um de ex-funcionário, oito de
pessoas amigas das missionárias, dois de lideranças do Campo Batista Sergipano, três foram
por e-mails de ex-missionárias, além dos depoimentos de cinco pastores e dos relatórios
remetidos por um missionário norte-americano e uma secretária arquivista membros da Junta
de Richmond.
Para viabilizar a pesquisa foi necessário recorrer aos arquivos privados e ao da
instituição educacional bem como ao Arquivo Público do Estado de Sergipe, ao Instituto
Histórico e Geográfico de Sergipe, à B 0 Td(-)Tj3.841à on or
em Aracaju-SE, era denominada de Foreign Mission Board, atualmente recebeu um novo
nome, que é Internacional Mission Board Southern Baptist Convention) na pessoa do Pastor
David Campbel e da secretária arquivista Edith Jeter, Global Research do Departament
Internacional Mission Board, facilitando assim os primeiros contatos. Foi a partir desse
momento que passei a solicitar relatórios, coletar depoimentos através de e-mails e estabelecer
a c6123 0 Td(r)Tj3.9 Td(-)Tj3.90157 0 T88236 0 Td(é)Tj6183 0 Td(t)Tj3.30133183 0 Td(t)Tj3.30133 0 Td(a)Tj 0 Td(t)Tj3.24131ã6123 0 Td(r)Tj3.9 com as missionárias Freda Lee Trott e Clara Lynn Willia Td(-)Tj3.90157 0s.
A última Td(-)Tj3.90157 0issionária a ser localizada foi Linnie Winona Treadwell, que foi a primeira
diretora norte-americana do EAB. Os caminhos percorridos para encontrá-la foram diversos, e
quem esteve enfronhada nessa b T88236 0 Td(é)Tjsca nos EUA foi a missionária Clara Lynn Williams, que
bondosamente trilhou comig6123 0 Td(r)Tj3.9 esta caminhada.
57
Quanto aos documentos do EAB, estes sempre estivera Td(-)Tj3.90157 0 à disposição dos
pesquisadores. Na gestão dessas missionárias, tudo foi muito bem registrado e preservado. No
entanto, a escola passou por algumas mudanças, tanto de ad Td(-)Tj3.90157 0i6183 0 Td(t)Tj3.30133183 0 Td(t)Tjstração, como de instalações
físicas; e nesse intervalo muitos documentos importantes foram perdidos, não sabendo se foi
por falta de espao, por descuido ou por falta de vi ão histórica.
Para construir a caracterização dos al T88236 0 Td(é)Tj6183 0 Td(t)Tj3.3os e dos se T88236 0 Td(é)Tjs pais, lançamos mã6123 0 Td(r)Tj3.9 do
digitar os manuscritos por completo e posteriormente fazer a tradução para a língua
portuguesa.
Quanto ao silenciamento existente por parte da imprensa em não registrar as festas
promovidas e realizadas pela instituição, provavelmente esse pode ter sido decorrente de as
missionárias não sentirem necessidade de utilizar os jornais, deixando as propagandas serem
veiculadas apenas pela Rádio Liberdade. No entanto, na documentação do ano de 1954,
encontrei um artigo escrito pelo Padre Luciano Cabral Duarte que tratava dos perigos de
matricularem-se os filhos na escola Batista.
Esta pesquisa se divide em três capítulos: o primeiro, em relação à atividade
missionária desenvolvida pelas primeiras diretoras do EAB, apresento a missão que as enviou
para o Brasil, os antecedentes da presença batista no Brasil e em Sergipe, os conflitos
existentes entre estrangeiros e nacionais como a “Questão Radical” as resistências e aspectos
da configuração do espaço religioso em Sergipe (presbiterianos e católicos) e a presença
missionária feminina em Sergipe, incluindo a formação acadêmica das mesmas. Sobre as
trajetórias de vida dessas diretoras batistas norte-americanas foram levantados aspectos como:
a chegada, os conflitos existentes entre católicos e protestantes, a escolha e compra do terreno,
a construção do edifício do EAB, a contribuição que a Associação de Pais e Mestres deu para
o crescimento dessa escola, as práticas desenvolvidas no cotidiano da instituição, os diversos
ministérios que exerceram no decorrer dos anos, em diferentes Estados e cidades do Brasil, e
ainda analiso os dados biográficos e o período em que cada missionária esteve atuando como
diretora do EAB.
O segundo capítulo trata da Educação Batista em Sergipe rememorando a ação do EAB
no contexto educacional da década de 1950, a gestão das quatro missionárias norte-americanas
batistas, que se deu no período histórico de 1952 a 1972, o que demonstra a pertinência da
presença feminina na instituição.
O terceiro capítulo constitui-se dos Elementos da Cultura Escolar que foi materializada
no Educandário Americano Batista (EAB), procurando entender como se dava o exercício do
ato educativo, através de festas, premiações, auxílio financeiro, o prédio, currículo e a
metodologia de Ensino, as relações entre professoras, alunos e diretoras, caracterização das
professoras e alunos, disciplina e castigos, evangelização e formação, lembranças mais
marcantes na vida desses alunos e como era vivenciado o discurso prático da educação
implantada no EAB.
Espero que este estudo venha a contribuir para elucidar aspectos da cultura escolar
desenvolvida pelas missionárias norte-americanas batistas no Educandário Americano Batista,
no início da segunda metade do século XX, em Aracaju.
CAPÍTULO I – A Ação Batista no Campo Religioso de Sergipe
1.1 Antecedentes da Presença Batista no Brasil e em Sergipe
No ano de 1880, a Convenção das Igrejas Batistas do Sul dos Estados Unidos, sediada
na cidade de Richmond, no Estado da Vírginia, nomeou os primeiros missionários norte-
americanos para o Brasil: pastor e professor William Buck Bagby e sua esposa Anne Luther
Bagby. Esse casal de missionários, ao chegar ao Brasil, passou a difundir entre os nativos a
sua crença e seus valores, por acreditar que eles seriam os mais corretos de acordo com a
palavra de Deus, a Bíblia Sagrada. Os Bagby tinham convicção de que Deus havia permitido
sua vinda até ao Brasil por achar que o governo era justo clima ameno e uma terra fértil para a
divulgação do evangelho, como cita Crabtree,
primeiro, o governo é justo e estável, sabiamente administrado, offerecendo
ampla segurança de vida, liberdade e propriedade; governo que
reconhecendo ampla segurança de vida, liberdade e propriedade; governo
que reconhece mérito e pune promptamente os criminosos. São recebidos
com corações abertos imigrantes industriosos de todos os países estrangeiros
e especialmente os dos Estados Unidos da América do Norte, oferecendo-
lhes toda a facilidade e proteção necessárias para o seu progresso e
prosperidade. Segundo, o povo é cortês, liberal e hospitaleiro. Mostra muito
boa vontade para com o povo norte-americano e acha-se em condições
favoráveis para receber das nossas mãos o christianismo evangélico que
contribuirá para o progresso de seu país. Terceiro, o clima é ameno, a terra
elevada e salubre, o solo fértil, produzindo todos os productos variados de
diversos climas. Estudando todos os campos, é evidente para nós que Deus
na sua providência tem preparado de maneira especial aquella pátria e
aquelle povo generoso para os exércitos evangelizadores da nossa
denominação.
58
Ao chegarem ao Brasil, depois de uma visita à Santa Bárbara, resolveram ir para
Campinas, onde aprenderam a Língua Portuguesa. De Campinas foram para Salvador e nessa
capital baiana, no dia 15 de outubro de 1882, fundaram a Primeira Igreja Batista do Brasil, e
58
Relatório de Mr. HOWTHORNE a Convenção Batista do Sul dos Estados Unidos apud CRABTREE, A. R.
História dos Batistas do Brasil Até o ano de 1906. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1937. p.42-43.
apud PEREIRA, José Reis. Op.Cit. p. 301.
no Rio de Janeiro, a Segunda Igreja Batista do Rio de Janeiro
59
, no dia 24 de agosto de 1884.
William Bagby, enquanto esteve no nosso país, dedicou sua vida ao ministério de implantação
da Igreja, e, juntamente, com sua esposa, Anne Bagby (professora de Matemática), lutaram
incansavelmente para que o povo tivesse acesso à instrução, pois consideravam a área
educacional uma importante estratégia para o progresso da obra missionária. Um dos sonhos
acalentados por Anne Bagby era fundar uma escola. A missionária viu seu desejo realizado no
ano de 1902, com a organização do Colégio Progresso Brasileiro, em São Paulo, que depois
recebeu um novo nome, Colégio Batista Brasileiro.
Nos primeiros quinze anos da implantação da educação batista no Brasil, os
missionários norte-americanos espalhados pelo solo brasileiro organizavam e mantinham suas
instituições de ensino em nosso país por iniciativa própria, motivados principalmente pelo
fervor religioso. A princípio essa iniciativa não era apoiada pela Junta de Richmond, de acordo
com o comentário de Crabtree, “a Junta de Richmond, durante os primeiros quinze anos de
trabalho missionário no Brasil, não revelou interesse na fundação de escolas ou colégios. Mas
houve esforços individuais.”
60
A seguir, elenco algumas instituições que foram organizadas por missionários: a
primeira a ter essa iniciativa foi a missionária Maggie Rice, que foi a fundadora e
mantenedora da primeira escola batista no Brasil no ano de 1888, localizada no Rio de
Janeiro, conforme registra Silva:
a primeira escola batista registrada por Pereira seria organizada pela
Missionária Maggie Rice, em 1888, no Rio de Janeiro. Ela manteria este
trabalho na casa em que se reunia a Primeira Igreja Batista do Rio de
Janeiro, mas o mesmo não perduraria por muito tempo, uma vez que seria
vitimada pela febre amarela.
61
59
A Segunda Igreja Batista implantada por William Bagby no dia 24 de agosto de 1884 hoje é conhecida como
Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro: NASCIMENTO, Karina Cataldo Silva do. A contribuição Educacional
dos missionários Batista: A atuação de Anna Luther Bagby Artigo, CD Rom da VI Jornada do HISTEDBR
“Reconstrução Histórica das Instituições escolares no Brasil”. Ponta Grossa: UEFP 2005.
60
CRABTREE, A. R. História dos Batistas do Brasil. Até o ano de 1906, I Volume-Rio de Janeiro: Casa
Publicadora Batista, 1962. apud PEREIRA, José Reis. Op. Cit. p.347.
61
PEREIRA, José Reis. História dos batistas no Brasil ( 1882-1982). Rio de Janeiro: JUERP, 1985.p. 69
apud SILVA, Cleni da. Educação Batista: análise histórica de sua implantação no Brasil e de seus desafios no
contexto atual. Rio de Janeiro: JUERP, 2004. p.70.
Em 1894, foi organizada na Bahia a Escola Industrial e nessa instituição já se praticava
a co-educação, segundo explica Silva:
a segunda tentativa ocorreria na Bahia em 1894, com o funcionamento de
uma escola Industrial que logo de início contaria com 50 alunos. Havia um
professor para os meninos e uma professora para as meninas, mas também
resistiria por pouco tempo. Destaca-se, entretanto, o fato de que os
professores não eram missionários norte-americanos e, sim, brasileiros
recém-convertidos. Pelo que consta, a professora Jaqueline Barreto era irmã
de uma escritora de artigos para o jornal que os missionários norte-
americanos mantinham.
62
Outra iniciativa particular foi da missionária Emma Ginsburg, que fundou “uma escola
para meninas
63
em Campos - Rio de Janeiro”. Essa escola prosperou por alguns anos, atraindo
crianças das melhores famílias da cidade e vencendo os preconceitos de muitas pessoas quanto
aos batistas e ganhando a simpatia do povo em geral.
64
Entretanto, uma epidemia de varíola
interrompeu esse projeto, como explicou Machado:
uma epidemia de varíola segundo os historiadores teria sido a causa
principal para a interrupção do terceiro projeto de iniciativa individual, em
1895, em Campos–Rio de Janeiro, com D. Emma Ginsburg, esposa do
missionário Salomão Ginsburg.
65
Em 1898, em Belo Horizonte, duas missionárias organizaram uma escola e custearam
as despesas da construção. Segundo Pereira,
em 1898, as missionárias Bertha Stanger e Mary Wilcox começaram um
colégio em Belo Horizonte. Com tanta animação, que Miss Wilcox deu o
dinheiro para a construção de uma casa que seria residência e colégio. A
iniciativa, entretanto, foi de pouca duração, porque, no ano seguinte, as duas
missionárias estavam em São Paulo ajudando na fundação da Primeira
Igreja
62
PEREIRA, José Reis apud SILVA, Cleni de. Op. cit. p. 70.
63
Idem, p. 70.
64
PEREIRA, José Reis. Op. Cit.p. 347
65
MACHADO, José Nemésio. A contribuição batista para a educação brasileira. Rio de Janeiro: JUERP,
1994. p. 54.
Foram quatro tentativas de implantação de escolas sem sucesso. No entanto, no ano de
1898, surgiu em Salvador (BA) o Colégio Taylor-Egydio que funciona até o presente
momento, como esclareceu Machado:
mesmo com os fracassos iniciais, os batistas não abandonaram o seu sonho e
persistiram em esforços educacionais. (...).Com a fundação desta escola
começou a raiar uma nova era na história da educação batista brasileira. Foi
nova era por três motivos: Primeiro, porque esta foi a primeira escola batista
brasileira a permanecer de e não fechar: sua existência continua até o
presente momento. Segundo, porque serviu como exemplo de interesse
mútuo, tanto dos brasileiros como também dos missionários americanos,
para a educação do povo por meio de escolas dominicais. Terceiro, porque
despertou o interesse da Junta de Richmond no investimento nesse tipo de
ministério.
66
Além desses colégios já citados, outros três foram organizados por iniciativa dos
missionários ou dos que professavam a nova fé, como o Colégio Batista Brasileiro de São
Paulo, que recebeu incentivo da Junta de Richmond após dezessete anos de trabalho, como
apontou Machado:
A segunda instituição mais antiga do Brasil é o Colégio Batista Brasileiro
de São Paulo, comprado em 10 de janeiro de 1902 [...] Queremos
registrar, entretanto, que a professora Anna Luther Bagby, sua
idealizadora e proprietária, obteve ajuda ao final de dezessete anos de
lutas, quando estava deixando a direção do colégio. Após essa iniciativa,
mencionamos a fundação dos seguintes estabelecimentos: Colégio Batista
Industrial, em Corrente-PI, fundado em 1905 Colégio Americano Batista
do Recife-PE, fundado em 1906 e Colégio Americano de Vitória-ES, de
1907. Até esses três últimos colégios, além dos mencionados, não
houve a presença da Junta de Richmond em termos de ajuda financeira.
67
Contudo, existiu também um mero significativo de colégios que receberam ajuda
financeira da Junta de Richmond, entre eles podem ser mencionadas as seguintes instituições
de ensino: Colégio Batista Shepard (RJ), fundado em 8/3/1908; Instituto Batista Fluminense,
66
MEIN, Davi et alii. O que Deus tem feito. Rio de Janeiro: JUERP, 1982. p.84 apud MACHADO, J. Nemésio.
A contribuição batista para a educação brasileira. Rio de Janeiro: JUERP, 1994. p.56.
67
MACHADO, José Nemésio. Op. Cit. p.58
fundado em 1910 (Friburgo-RJ); Colégio Batista Mineiro, 1918 (Belo Horizonte); em 1922 foi
fundado o Colégio Batista Alagoano (Macéio); Colégio Batista de Porto Alegre, 1926.
Existe um número significativo de escolas espalhadas por todo o Brasil, pertencentes às
igrejas ou às associações locais. Citá-las todas seria inviável. Seguem aqui as instituições
selecionadas por Machado:
Colégio Batista Ida Nelson, em Manaus, fundado em 1942; Colégio Batista
Santos Dumont, de 1950, com sede em Fortaleza (CE); o Colégio Batista
Daniel de La Touche, em São Luís, fundado em 1957; Colégio Americano
Batista, Aracaju, SE, 1951. Há colégios ainda em Santarém, Volta Redonda,
Campo Grande, Campinas, Brasília, Goiânia, Ceres, Ouro Branco, Betim,
Tocantínia e Carolina, entre outras localidades. Citamos ainda a Escola
Doméstica Kate White, em Salvador, fundada em 1925; a Escola Vitória, da
Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro; e as escolas da Penha (SP), de
Curitiba (PR) e de Bauru (SP).
68
Aos poucos, a população ia conhecendo o trabalho oferecido pelas escolas e tentavam
romper com os preconceitos existentes contra os protestantes batistas. Através dela, as portas
iam se abrindo e a elite brasileira era conquistada. Esse foi um dos motivos que fizeram os
pioneiros se empenharem tanto em fundar escolas nas diversas regiões do Brasil. Acerca disso
asseverou Crabtree:
primeiramente eles queriam dar aos filhos de crentes oportunidades
educacionais; em segundo lugar, procuravam quebrar preconceitos e atrair
simpatias e, em terceiro lugar, o que era para eles mais importante, queriam
evangelizar. A escola batista deveria ser um meio de propagar o evangelho,
diziam eles. Esse tríplice objetivo deve ser mantido pelos colégios batistas
do Brasil. Se igualarem aos colégios não-religiosos, alguns dos quais meras
empresas comerciais, estarão rejeitando os ideais dos pioneiros.
69
Logo depois da implantação dos colégios protestantes no Brasil surgiram as
divergências em torno da conflituosa questão: instrução versus proselitismo. Para alguns
missionários, a propagação do evangelho não deveria estar atrelada à educação. No entanto,
havia outro tipo de mentalidade entre os seus pares. Mesmo vivendo num país democrático,
68
Idem. p. 63.
69
CRABTREE, A. R. Op. Cit. p. 348.
com liberdade de crença a estratégia educacional, seria uma propaganda direta do
protestantismo. Para a ala liberal sem interesse algum na religião, e sim nos conhecimentos
que eram transmitidos, os pais encontravam nesses colégios uma boa alternativa para seus
filhos, conforme esclarecem Mendonça e Velásquez:
estava ansiosa pelo progresso, e os colégios protestantes constituíam boa
alternativa, pois sem descuidar dos aspectos humanísticos, ofereciam aos
alunos instrução científica, técnica e física (educação física) em proporção
muito acima da educação tradicional, tanto em intensidade como em
qualidade.
70
Mesmo com essa situação conflituosa era evidente que as escolas protestantes
americanas apresentavam uma proposta religiosa. Assim revela Hilsdorf (1977):
as escolas protestantes americanas tinham evidentes fins de proselitismo,
funcionando como agências catequéticas: a manutenção de estabelecimentos
de ensino acadêmico representava, na realidade, uma das técnicas de
evangelização mais largamente empregadas pela igreja reformada na
América.
71
A existência dos desentendimentos no interior da denominação batista em relação à
dicotomia instrução versus evangelização veio dar maior visibilidade à questão religiosa; é
o que pode se ver pela rede de escolas existentes no Brasil. Observando o cotidiano das
instituições, as práticas religiosas estavam acontecendo normalmente, sem serem feitos apelos
conversionistas, sem coação, mas a mensagem do evangelho estava sendo imprimida através
das várias práticas como: as histórias contadas, as músicas cantadas, as lecções,
72
as
devocionais
73
, o ensino da moral, os valores que são repassados, sem impedir, contudo, a
administração de um ensino de qualidade.
A inserção do protestantismo em Sergipe aconteceu a partir de 1884, quando
chegaram os missionários presbiterianos norte-americanos. Como parte da estratégia de
70
MENDONÇA, Antônio G., e VELASQUEZ FILHO, Prócoro. Introdução ao protestantismo no Brasil. São
Paulo: Loyola, 1990. p.74
71
BARBANTI, Maria Lúcia Hilsdorf. Escolas americanas de confissão protestante na Província de São
Paulo, um estudo de suas origens. São Paulo: USP, 1977. (Dissertação de Mestrado). p. 45.
72
Lecção é um culto. Esse culto era realizado às sextas-feiras, no EAB com a participação de professoras e
alunos. Tinha uma programação bem elaborada. As professoras estavam sempre atentas na manutenção da ordem
no auditório.
73
Devocional era um momento em que todos (alunos e professoras) podiam cantar, orar e fazer a leitura de
alguns versículos da bíblia. No EAB esse momento acontecia na sala de aula.
difusão e implantação daquela religião, dois anos depois eles instalaram a primeira instituição
educacional protestante na Província, a Escola Americana, na cidade de Laranjeiras. Em 1898
a instituição foi transferida para Aracaju, onde funcionou até o ano de 1913.
Em 1913, os batistas organizaram a Primeira Igreja Batista de Sergipe, sob a direção
do Pastor Horácio Gomes. Como ocorria nas outras denominações, aquele grupo religioso
também se preocupou com a educação de seus adeptos, pois, para eles, o valor da educação
estava vinculado à nova vida espiritual, posto que “o Evangelho dá estímulo a todas as
faculdades do homem e o leva a fazer maiores esforços para avantajar-se na senda do
progresso”.
74
Provavelmente, como reflexo do trabalho religioso e educacional desenvolvido
pelos presbiterianos, durante as décadas seguintes os batistas organizaram algumas escolas
primárias anexas às suas igrejas, pois acreditavam que elas seriam instrumentos de divulgação
dos princípios, missão evangelizadora e educativa. Marli Geralda Teixeira respalda esse
pensamento dizendo que, “as escolas anexas às Igrejas ou Colégios mantidos pela Missão, as
instituições educacionais batistas, também funcionariam como veículo de propaganda e
atração de novos adeptos.”
75
Dessa forma, todos tinham acesso às escolas anexas, independentemente de cor, sexo,
raça ou credo. Na concepção dos batistas, “a educação oferecida pela própria Igreja poderia:
educar os filhos dos membros da Igreja; preparar futuros missionários; contribuir
indiretamente na tarefa de evangelizar. [...].”
76
Provavelmente os missionários batistas norte-
americanos aprovavam a iniciativa dos batistas sergipanos ao fundarem essas escolas,
porque além de “difundir os ideais norte-americanos, contribuía também para o
estabelecimento de uma nova mentalidade, pois considerava que o progresso era apanágio das
nações protestantes”
77
. Em 1955, a missionária Maye Bell Taylor demonstrou interesse em
implantar escolas anexas nas cidades do interior. Nesse sentido, Williams se expressou: “O
74
RIBEIRO, Boanerges. Protestantismo e cultura brasileira: aspectos da implantação do protestantismo no
Brasil. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1981. p. 184.
75
TEIXEIRA, Marli Geralda. Os Batistas na Bahia. 1882-1925: Um estudo de história Social. Salvador:
Universidade Federal da Bahia, 1975.p. 126
76
ABREU, Geysa Spitz Alcoforafo. Escola americana de Curitiba (1892-1934): um estudo do ameri- canismo
na cultura escolar. São Paulo: PUC, 2003. (Dissertação de Mestrado). p. 47.
77
Idem, p.48.
EAB começou a crescer e o (nosso) interesse agora era começar a abrir escolas no interior do
Estado”.
78
Outro objetivo dessa instituição era suprir a falta de escola e professores bem como
dirimir a questão do analfabetismo nas cidades interioranas, que tanto atrapalhava os ideais
dos batistas brasileiros e norte-americanos na execução das práticas religiosas, além de evitar
os constrangimentos existentes nas escolas católicas, quando uma criança protestante
freqüentava. Para Hack,
A escola estabelecida junto a uma Igreja evangélica tinha objetivos
definidos. Além de ensinar as primeiras letras, também ministrava o ensino
religioso da Bíblia [...] A escola destinava-se a suprir a ineficiência do
sistema pedagógico brasileiro e garantir instrução àquelas crianças que
fossem constrangidas por práticas católicas romanistas [...] e suprir a falta de
professoras.
79
A escola nesse contexto funcionaria com múltiplas funções: além da expansão do
evangelho, seria um elo entre a sociedade e a família. Pensando dessa forma, questiona-se o
seguinte: Quem organizava as escolas anexas batistas em Sergipe? Quem mantinha essas
escolas primárias em Sergipe? Como eram selecionados os professores? As escolas anexas ou
Escola Batista em Sergipe era um organismo da igreja, e sua organização e instalação eram
discutidas nas Sessões regulares ou extraordinárias
80
da Igreja Batista local para atender às
necessidades pontuadas pela comunidade, conforme explica Waldemar Quirino dos Santos:
A idéia de se criar uma Escola Anexa no meio batista em Sergipe
geralmente partia do pastor da igreja, que sentia necessidade de ver o povo
lendo. Por que naquela época existiam pessoas analfabetas. O assunto era
levado para a Igreja em “Sessão Regular ou Extraordinária” onde se discutia
e autorizava a organização da escola para oferecer o ensino primário.
Algumas escolas funcionavam à noite também, para atender aos adultos que
queriam aprender a ler e escrever. A própria Igreja escolhia na sessão a
78
WILLIAMS, Clara Lynn. Síntese do trabalho batista em Sergipe 1913-1971. Aracaju: 1971. p. 6.
79
HACK, Osvaldo H. Protestantismo e educação brasileira. São Paulo: Editora Presbiteriana, 1985.p.64-65.
80
Sessões eram reuniões onde os membros da igreja discutiam assuntos pertinentes ao bom andamento dos
trabalhos da Igreja local. Os batistas têm uma forma de administrar democrática, pautados por estatutos e
regimentos. Os assuntos discutidos são variados, e sua decisão se através do voto. Atualmente existe uma
nova nomenclatura para Sessão, que se passou a chamar de Assembléia Regular ou Extraordinária.
professora, que às vezes tinha o quarto ano primário, outras tinham o
pedagógico. A Escola Anexa tinha um caráter particular, onde era cobrada
uma pequena taxa para sua manutenção. Muitas vezes as professoras não
apresentavam relatórios à Igreja. O currículo aplicado, as próprias
professoras organizavam. No entanto, estava presente a parte religiosa, com
oração, cânticos e leitura da bíblia, além de se enfatizar as datas
comemorativas da época. Os alunos apresentavam nas festas da Igreja ou na
Escola Bíblica Dominical (EBD) partes especiais como: música, poesia,
drama.
81
Percebe-se que algumas lacunas foram deixadas sobre as Escolas Anexas em Sergipe.
Nas fontes pesquisadas, não foram deixadas pistas nem resquícios do seu currículo nem dos
métodos utilizados, dentre outros dispositivos. Mendonça confirma que elas “permanecem
ainda misteriosas quanto aos seus objetivos principais, métodos, currículos, professores dessas
escolas”.
82
Provavelmente as Escolas Anexas
83
davam uma grande contribuição à
consolidação da igreja
.
81
Informações concedidas pelo Pr. Waldemar Quirino dos Santos, em 12/05/2006.
82
MENDONÇA, Antônio G. O celeste porvir: a inserção do protestantismo no Brasil. São Paulo: ASTE,1995
p. 98.
83
As escolas Paroquiais, como são denominadas pelos presbiterianos, apresentam uma estrutura e constituição
diferenciada dos batistas em Sergipe, nos meados do século XX. Consultar, sobre este tema, entre outros estudos:
Maria Lúcia Spedo Hilsdorf Barbanti (1977), Ester Fraga Villas-Bôas Carvalho do Nascimento (2005) e Eneida
Ramos Figueiredo (2001).
Segundo Williams
84
, Sergipe contou com seis escolas anexas, conforme quadro abaixo.
Quadro I - Escolas anexas batistas implantadas em Sergipe no período de 1920 e 1969:
Fonte: Williams, Clara Lynn. Síntese do trabalho batista em Sergipe (1913-1971).
Acervo Pr. Waldemar Quirino dos Santos.
A maioria dessas escolas anexas teve seu funcionamento interrompido por falta de
apoio financeiro ou por falta de professoras.
No EAB as disciplinas ensinadas eram: Português, Matemática, História, Geografia,
Ciências, Canto Coral, Artes, Música e Inglês. Durante a permanência das missionárias norte-
americanas na direção, a língua inglesa era geralmente lecionada por elas. Provavelmente o
que diferenciava a grade curricular do EAB das outras escolas era o ensino de Inglês
ministrado no ensino primário pelas missionárias batistas norte-americanas, a Música,
incluindo o Canto Coral, e a Bandinha Rítmica.
A implantação do EAB foi marcada por muitas dificuldades econômicas, entretanto a
presença das diferentes missionárias norte-americanas à frente da direção do estabelecimento
84
WILLI
de ensino possibilitou, através de diversas estratégias, a consolidação do ensino batista em
Sergipe, ao longo das últimas cinco décadas.
1.2. A Junta de Richmond
86
e a Questão Radical
O movimento que surgiu em Pernambuco entre os líderes brasileiros e norte-
americanos recebeu o nome de “Questão Radical”. Vários foram os motivos que causaram tais
dissensões, entre os quais se discutia a questão da educação e evangelização.
A ênfase dada à educação como uma estratégia conversionista não era unanimidade
entre os missionários nacionais. Mesmo compreendendo que esta por si não foi o estopim
do conflito, porque, atrelado à questão educacional, havia outros pontos nevrálgicos, além do
descontentamento apresentado pelos brasileiros por posições assumidas por parte dos
missionários norte-americanos, como exemplificou Pereira:
O desejo que os novos líderes brasileiros do trabalho tinham de afirmar-se,
assumindo funções de maior responsabilidade, visto que para isso se
sentiam capacitados; o espírito nacionalista que sucedeu à Primeira
Guerra Mundial, com a correspondente rejeição da liderança dos
missionários norte-americanos; as restrições dos obreiros brasileiros quanto
aos gastos de recursos na obra educacional, em detrimento, segundo eles,
das necessidades maiores e mais compensadoras da obra evangelizadora; a
dependência financeira em que viviam muitos obreiros face aos
missionários; o controle absoluto, por parte dos missionários, dos recursos
financeiros provenientes dos Estados Unidos.
87
Assim, a questão educacional já era suficiente pra desencadear um conflito entre esses
missionários. Outros aspectos apontados por Pereira levaram ao acirramento das posições
86
A Junta de Richmond real e oficialmente foi Foreign Mission Board, atualmente chamada de Internacional
Mission Board Southern Baptist Convention. Localizada em Richmond, Virgínia-EUA. A Foreign Mission
Board começou em 1845, hoje tem mais de 5.000 missionários espalhados pelo mundo. Sempre milhares de
voluntários vão a cada ano para lugares onde são convidados para ajudar nos problemas de Saúde, construção de
Igrejas, evangelização e pregação do evangelho. Hoje Jerry Rankin é o Diretor Executivo. (Informações
concedidas por Clara Lynn Williams, enviada por e-mail no dia 11/11/2005). Quem dirige é uma Junta eleita na
Convenção Anual juntamente com o Diretor Executivo e muitas outras pessoas das várias partes do mundo. Os
missionários sentiram a necessidade de fundar colégios; embora, no princípio, a Junta de Richmond não se
mostrasse interessada no assunto. No entanto os missionários pensavam não somente na educação, mas também
em ajudar a remover os preconceitos existentes contra os protestantes. (Informações concedidas por Freda Lee
Trott, enviadas por e-mail no dia 19/10/2005).
87
PEREIRA, José Reis. História dos Batistas no Brasil. 3ª ed. Rio de Janeiro: JUERP, 2001. p. 172
entre missionários norte-americanos batistas e os obreiros, favorecendo uma divisão. No
período em que ocorreram esses embates, aproximadamente 1911 a 1925, a causa batista no
Brasil estava crescendo, principalmente no Rio de Janeiro e em Recife.
Os relatórios apresentados por seus membros acusavam que essas instituições
progrediam em todos os sentidos, o número de fiéis duplicava, o patrimônio da instituição era
aumentado com a compra de propriedades.
A “Questão Radical” se deu por pequenos desentendimentos entre o grupo de
concepções diferentes sobre os pontos conflitantes. Em 1902, já havia sido organizado o
Seminário Batista no Recife, e desde 1906 foi implantado o Colégio Batista. Estas instituições
eram dirigidas por missionários norte-americanos. Em 1918, passaram a ter a proteção da
Convenção Batista Brasileira, que tinha criado uma organização própria no seu regimento para
a atender a esses órgãos como revelou Pereira:
Em 1918 o Seminário Batista no Recife e o Colégio Batista passaram à
égide da Convenção Batista Brasileira que para cada Instituição nomeou
uma Junta administrativa. Do Regimento dessas juntas constava que a
maioria de seus componentes deveria ser formada de missionários,
dispositivo que não constava, aliás, dos Estatutos da Convenção. Um caso
em que a Lei maior era limitada pela lei menor. Assim, a direção das
Instituições continuou com os missionários. A Direção das Instituições e a
maioria das Juntas prendiam-se ao fato de que eram grandes as dotações
enviadas, tanto para o Seminário como para o Colégio, pela Junta de
Richmond Os missionários H. H. Muirhead e D. L. Hamilton se revezavam
na direção das instituições; quando um saía em gozo de férias, o outro o
substituía. E quando os dois estavam no Brasil, dividiam as
responsabilidades, um cuidando do Colégio, o outro cuidando do Seminário.
O entendimento entre Muirheard e Hamilton foi perfeito durante vários
anos.
88
Estas duas instituições cresceram e tornaram-se conhecidas perante a comunidade
evangélica, e a sociedade como um todo, pelos serviços de qualidade que prestavam. D. L.
Hamilton era pesquisador reconhecido pela sua obra ”História Eclesiástica”, publicada pelos
evangélicos no Brasil, foi o diretor de Instrução Pública em seu Estado natal, nos Estados
Unidos. O Seminário chegou a formar com o título de Mestres três pastores: Antônio Neves
88
PEREIRA, José Reis. Op.Cit. p. 172
de Mesquita, José Munguba Sobrinho e Manuel Tertuliano Cerqueira, demonstrando um
excelente nível intelectual mantido por este Seminário.
Mas o clima de harmonia e sucesso foi quebrado por uma divergência surgida entre os
missionários Muirhead e Hamilton. Logo que o conflito foi instalado, houve uma divisão
dentro do grupo de missionários e uma parte se solidarizou com Muirhead. Imediatamente as
instituições passaram por grandes mudanças no seu quadro administrativo. Muiehard foi
admitido como diretor geral, o missionário W. C. Taylor assumiu a direção do Seminário e
Hamilton foi relegado à posição de professor de Matemática. Contrariado, rejeitou a função
designada e dedicou-se exclusivamente à obra de evangelização.
Em 1920, foi realizada no Recife mais uma Convenção. Os discípulos de Hamilton
esperavam mudar o rumo dessa história, mas não tiveram sucesso. Em 1922 aportou em
Recife o Dr. J. E. Love, Secretário Executivo da Junta de Richmond, que, após a realização da
Convenção Batista no Rio de Janeiro, procurou restaurar a paz que havia sido perdida. Certo
de que a harmonia estava estabelecida, tranqüilizou-se. No entanto, o conflito voltou à baila
em novembr3.18128 0 Td(t)Tj3.2413 0 Td(e)Tj5.16207 0 Td..8211383 0 Td(3.18128 0 Td(l)Tj7.14287 0 Td(m)Tj9.6107 0 Td(t)Tj3.2413 0 Td(i)Tj3.24133 0 Td(s)Tj4.56183 0 T(v)Tj5.88236 0 Td(n)Tj5.88236 0 Td(t)Tj3.2413 0 Td(i)Tj3.2413 0 Td(i)Tj3.18128 0 Td(r)Tj3.90157 0 Td(o)Tj5.88236 0 0 Td(r)Tj3.84154 0 Td(i)Tj3.2413 Td(t)Tj3.30133 0 0 Td(a)Tj5.2221 0 Td( )Tj2.88116 0 Td(i)Tj3.2413 0 Td(d)Tj5.94239 0 Td(e)Tj5.16207 0(i)Tj3.18128 0 Td)Tj5.16207 0 Td(o)Tj5.88Tj3.18128 0 Td(R)Tj7.14287 0 Td(u)Tj5.82234 0 Td(m)Tj9.00362
Con m e
estabelecida em relação aos fundos enviados. Sem dar muita atenção às reivindicações,
principalmente no tocante à questão “da disparidade entre as verbas destinadas à educação e à
evangelização,” Pereira diz que o problema não foi solucionado. Na Convenção de Gravatá
PE, calorosos debates foram travados, discussões infindáveis a favor ou contra, até que o
memorial dos Pastores foi aprovado na íntegra. Uma nova Junta Executiva foi formada, e uma
das primeiras iniciativas de grande porte foi a organização da Campanha de Evangelização,
em todo o Estado, onde todos deveriam estar mobilizados para que esse evento de grande
repercussão tivesse sucesso. Mas o que se constatou foi a ausência da maioria dos
missionários. Preocupados, decidiram enviar um memorial à Junta de Richmond na
expectativa de que esse problema tivesse fim. A Junta respondeu gentilmente, ponderou
alguns pontos e se posicionou dizendo:
A Junta concordava com que o trabalho de evangelização ficasse com a
Junta Regional, à qual seriam mandadas as verbas de auxílio; mas, quanto às
instituições, entendia que estas deveriam continuar a ser dirigidas pelos
missionários, havendo, nas respectivas juntas, dois terços de missionários.
91
Alguns pastores concordaram que aparentemente uma parte do problema tinha sido
resolvida, pelo menos para acalmar seus corações em aflição, mas a essa altura foi difícil
controlar os ânimos que estavam muito exaltados. As discordâncias davam-se não apenas no
plano administrativo; surgiram agora questões de ordem pessoal. Pereira manifestou o que
sucedeu
:
Os alunos do Seminário, em fevereiro, abandonaram as aulas, com exceção
de um, e todas as alunas da Escola de Trabalhadoras Cristãs (ETC) fizeram
o mesmo, sem nenhuma exceção. Ficaram, pois, os pastores brasileiros, com
Adrião e Mesquita, com a responsabilidade de dar instrução, casa e comida
a algumas dezenas de rapazes e moças. Para complicar ainda mais o
ambiente, surgiu, da parte dos missionários, um jornal, o “Correio
Doutrinal”, dirigido por W.C.Taylor, criado para responder às acusações
publicadas pelo jornal brasileiro, “O Batista Regional”. A polêmica assumiu
aspectos incríveis, causando o maior escândalo da parte dos crentes que
conservavam a cabeça no lugar e o maior regozijo nos arraiais católicos.
92
91
PEREIRA, José Reis. Op. Cit. p. 175
92
Idem, Ibidem p. 175
Em Sergipe, o Movimento Radical triunfou, visto que a maioria das Igrejas aderiu a
ele. Em Alagoas, a repercussão não foi tão drástica provavelmente porque as Igrejas e os
líderes batistas não aderiram ao movimento, segundo explicou Pereira:
Entrementes, em Sergipe e na Bahia, cujas igrejas formavam a Convenção
interestadual, o movimento radical triunfou, pois a maioria das igrejas
aderiu a ele. Em Alagoas, a repercussão não foi grande, mercê da boa
atuação do Missionário João Mein. Na Paraíba e Rio Grande do Norte,
campos pequenos, as igrejas concordaram com o movimento. No sul, onde
não havia os mesmos problemas do Nordeste, houve alguma simpatia pelo
movimento, especialmente por parte de alguns líderes paulistas, que
chegaram a mandar dinheiro para ajudar os radicais, tendo o jornal “Batista
Paulistano”, dirigido por Silas Botelho, se colocado francamente ao lado da
causa radical.
93
Na Convenção realizada em janeiro de 1925, na Primeira Igreja do Rio de Janeiro
(RJ), cujo presidente era o pastor Manuel Avelino de Souza, e na presença do Secretário
Executivo J. F. Love, os radicais enviaram um manifesto que foi lido, mostrando que todas as
dissensões existentes no grupo perpassavam pela priorização da educação em detrimento da
evangelização, redigido por Adrião Bernardes, que expressou o sentimento do grupo ao
protestar contra a postura manifestada pelos missionários norte-americanos. Pereira esclareceu
o ocorrido:
Os radicais enviaram a Convenção um violento manifesto, redigido por
Adrião Bernardes, nele os radicais defendiam-se da acusação de
pretenderem o dinheiro norte-americano. Confessavam-se patriotas, mas não
jacobinos e inimigos estrangeiros. O que não queriam era perder suas
liberdades. Mencion 0 Td(d)Tj5.40213d( )Tj3.5414 0 Td((M)Tj9.42372 0 Td)166 0 Td( )1d(d)Tj5.34211 0 Td(o)Tj5.40287 0 Td(s)Tj5.28209 0 Td(f)Tj5.40213 0 Td(a)Tj4.74187 0 Td(t)Tj3.5414 0 Td(o)Tj5.34287 0 Td(s)Tj7.38292 0 Td(d)Tj5.34211 0 Td(e)Tj4.74187 0 Td(s)Tj5.8223 0 Td(q)Tj5.34211 0 Td(u)Tj5.40213 0 Td(e)Tj4.74187( )1d(d)Tj5.40213 0 Td(a)Tj4.68185 0 Td(s)Tj4.14185 0 Td(s)Tj4.14164 0 Td(o)Tj5.34211 0 Td(r)Tj5.34211 0 Td(o)Tj4.14164 0 Td(o)Tj5.34211 0 Td(r)Tj3.60142 0 Td(i)Tj5.40213 0 Td(e)Tj5.40213 0 Td(d)Tj5.34211 0 Td(a)Tj3.5414 0 Td(d)Tj5.40213 0 Td(e)Tj4.68185 0 Td(s)Tj4.14185 0 Td(s)Tj5.40213 0 Td(a)Tj4.68185 0 Td(d)Tj5.8223 0 Td(q)Tj5.34211 0 Td(u)Tj4.74187 0 Td(i)Tj2.94116 0 Td(r)Tj3.60142 0 Td(i)Tj3.18126 0 Td(d)Tj5.40213 0 Td(a)Tj4.68185 0 T1(e)Tj4.74187( )1d(d)Tj7.32289 0 Td(p)Tj5.40213 0 Td(a)Tj4.74187 0 Td(r)Tj3.5414 0 Td(a)Tj4.741d( )1d(d)Tj5.34211 0 Td(o)Tj5.40266 0 Td( )Tj-328.4.74187 0 Td(t)Tj2.94116 0 Td(r)Tj3.5414 0 Td(a)Tj2.88114 0 Td(b)Tj5.40213 0 Td(a)Tj4.74187 0 Td(l)Tj3.72147 0 Td(h)Tj5.34211 0 Td(o)Tj5.40213 0 Td(i)Tj2.88114 0 Td(n)Tj2.94116 0 Td(o)Tj5.34211 0 Td( )Tj7.44294 0 Td(B)Tj2.94116 0 Td(r)Tj3.5414 0 Td(a)Tj4.20166 0 Td(s)Tj4.20166 0 Td(i)Tj4.8019 0 Td(l)Tj2.94116 0 Td(i)Tj3.5414 0 Td(c)Tj4.74187 0 Td(o)Tj5.40213 0 Td(o)Tj5.40212.3 Td(l)Tj3.00119 0 Td(i)Tj2.88114 0 Td(n)Tj2.94116 0 Td(u)Tj5.34211 0 Td(a)Tj4.74187 0 Td(b)Tj5.40213 0 Td(a)Tj5.40213 0 Td(m)Tj8.22325 0 Td( )Tj3.5414 0 Td(e)Tj4.86192 0 Td(m)Tj8.22313 0 Td(i)Tj2.88114 0 Td(n)Tj4.74187 0 Td(o)Tj3.00119 0 Td(m)Tj8.22325 0 Td(e)Tj8.22325 0 Td( )Tj5.34208 0 Td(d)Tj5.34211 0 Td(a)Tj4.74187 0 Td( )Tj5.10202 0 Td(J)Tj3.00119 0 Td(u)Tj5.34211 0 Td(o)Tj5.40212.3 Td(l)Tj5.34211 0 Td(a)Tj4.74187 0 Td(i)Tj4.68185 0 Td(d)Tj5.40213 0 Td(e)Tj4.74187 0 Td(i)Tj3.90157 0 Td(C)Tj5.46216 0 Td(i)Tj2.88114.3 Td(c)Tj4.74187522Td( )Tj2.94135 0 Td(m)Tj8.16323 0 Td(o)Tj4.68185 0 Td(n)Tj5.40213 0 08(a)Tj4.74187 0 Td( )Tj5.34211 0 Td(o)Tj5.34211 0 Td(u)Tj4.74187 0 Td(i)Tj4.68185 0 Td(d)Tj5.40213 0 Td(a)Tj4.62183 0 Td( )Tj-328.87 -12.36 Td(p)Tj5.40213 0 Td(r)Tj3.5414 0 Td(e)Tj8.22325 0 Td(p)Tj5.34211 0 Td(o)Tj5.40213 0 Td(s)Tj4.20166 0 Td(t)Tj2.94116 0 Td(a)Tj2.94116 0 Td(s)Tj4.14164 0 Td(O)Tj3.00119 0 Td(i)Tj2.88114 0 Td(n)Tj5.40213 0 Td(s)Tj4.20166 0 Td(t)Tj8.22325 0 Td(i)Tj4.74187 0 Td(t)Tj2.94116 0 Td(u)Tj4.74187 0 Td(i)Tj4.74187 0 Td(ç)Tjõ.38292 0 Td(d)Tj5.34211 0 Td(e)Tj4.74187 0 Td(s)Tj4.14164 0 Td(,)Tj2.701076230d(d)TjI.40213 0 Td(r)Tj2.88114 0 Td(n)Tj5.40213 0 Td(s)Tj4.20166 0 Td(t)Tj5.34211 0 Td(a)Tj4.74187 0 Td(b)Tj5.40213 0 Td(a)Tj5.40213 0 Td(m)Tj8.22364 0 Td(O)Tj2.94116 0 Td(e)Tj4.8019 0 Td(m)Tj2.701076830d(s)Tj5.8223 0 Td(q)Tj5.40213 0 Td(u)Tj5.34211 0 Td(e)Tj4.741076230d(d)Tj5.34211 0 Td(a)Tj4.741076230d(d)Tj5.34211 0 Td(e)Tj4.74187 0 Td(b)Tj5.40213 0 Td(a)Tj4.68185 0 Td(n)Tj5.40213 0 Td(g)Tj5.34211 0 Td(e)Tj.87 -12.3 Td(l)Tj3.00119 0 Td(i)Tjz.94116 0 Td(e)Tj4.14164 0 Td(a)Tj4.74187 0 Td(ç)Tj4.74187 0 Td(ã)Tj4.68185 0 Td(o)Tj5.402076230d(d)Tj4.68185 0 Td(d)Tj5.40213 0 Td(e)Tj4.74187 0 Td(b)Tj5.40213 0 Td( )Tj7.44294 0 Td(r)Tj5.34211 0 Td(i)Tj2.94116 0 Td(a)Tj4.68164 0 Td(O)Tj5.40213 0 Td(t)Tj2.94116 0 Td(e)Tj4.74187 0 Td(r)Tj3.60142 0 Td( )Tj-32887 -12.36 Td(p)Tj5.40213 0 Td(r)Tj4.8019 0 Td(i)Tj2.94116 0 Td(o)Tj2.94116 0 Td(r)Tj3.60142 0 Td(i)Tj3.18126 0 Td(d)Tj5.40213 0 Td(a)Tj4.68185 0 Td(d)Tj5.40213 0 Td(e)Tj5.88236 0 Td( )Tj3.72147 0 Td(J)Tj4.14164 0 Td(o)Tj5.4021336 Td(p)Tj5.40213 0 Td(r)Tj3.5414 0 Td(e)Tj5.88236 0 Td( )Tj3.24128 0 Td(a)Tj4.74187 0 Td( )Tj3.72147 0 Td(e)Tj4.68185 0 Td(d)Tj5.40213 0 Td(u)Tj.75 -12.3 Td(c)Tj4.74187 0 Td(a)Tj4.74187 0 Td(ç)Tj4.74187 0 Td(ã)Tj4.74187 0 Td(o)Tj:.60142 0 Td(i)Tj4.74187 0 Td( )Tj5.88236 0 Td( )Tj“.40213 0 Td(a)Tj.87 -12.3 Td(A)Tj4.74187 0 Td( )Tj3.72147 0 Td(e)Tj4.68185 0 Td(o)Tj5.34211 0 Td(u)Tj2.94116 0 Td(c)Tj4.68185 0 Td(a)Tj4.8019 0 Td(ç)Tj4.74187 0 Td(ã)Tj4.74187 0 Td(o)Tj5.34287 0 Td( )Tj3.72147 0 Td(s)Tj5.40213 0 Td(e)Tj4.68185 0 Td(g)Tj5.40213 0 Td(u)Tj5.34211 0 Td(e)Tj4.74136 0 Td( )Tj3.24128 0 Td(a)Tj4.8019 0 Td( )Tj3.72147 0 Td(e)Tj4.74187 0 Td(v)Tj5.34211 0 Td(a)Tj4.74187 0 Td(n)Tj5.40213 0 Td(g)Tj5.34211 0 Td(e)Tj.87 -12.3 Td(l)Tj3.00119 0 Td(i)Tjz.94116 0 Td(c)Tj4.74187 0 Td(a)Tj5.40213 0 Td(ç)Tj4.68185 0 Td(a)Tj4.74187 0 Td(o)Tj4.74187 0 Td(,)Tj2.64104 8 Td( )Tj3.72147 0 Td(a)Tj4.68185 0 Td( )Tj2.76109 0 Td(n)Tj5.34211 0 Td(ã)Tj4.74187 0 Td(o)Tj5.28285 0 Td( )Tj5.40213 0 Td(a)Tj4.62183 0 Td( )Tjdebange
li
sendo vitorioso o grupo que era detentor do poder econômico. As disputas estão presentes em
espaços variados, nas igrejas, no campo educacional, passando pelas associações culturais,
entre outras. Freitas explica que
O
estudo do panorama do campo educacional em Sergipe, no período
(passagem do século XIX para o século XX), permite apreender aspectos
sobre instituições, práticas e saberes que constituíam o projeto de educação
para as mulheres neste Estado. No campo educacional participam das
“disputas e do jogo” as instituições escolares, as associações culturais e
profissionais relacionadas com a escolarização, alunos, pais, professores,
diretores e autoridades educacionais.
95
Para entender melhor o significado de Campo educacional, lança-se o olhar para a
definição de campo apresentada por Bourdieu:
O campo é um espaço estruturado de posições cujas propriedades dependem
das posições neste espaço (...) para que ele funcione é preciso que haja
objetos de disputas e pessoas prontas para disputar o jogo (...) que conheçam
e reconheçam das leis imanentes do jogo e dos objetos de disputa. (...) A
estrutura do campo é um estado de relação de forças entre os agentes ou as
instituições engajadas na luta (...) tudo aquilo que constitui o próprio campo,
o jogo, os objetos de disputas, todos os pressupostos que são tacitamente
aceitos.
96
Depois de ampla discussão sobre o assunto e alguns desentendimentos, o grupo
entendeu que quando o trabalho está crescendo esses conflitos aparecem com maior
freqüência. Decidiram então chegar a um consenso, conforme declarou Pereira: “Erros e mal
entendidos são naturais num trabalho grande e crescente, mas não deviam ser atribuídos à
desonestidade ou injustiça,” ao mesmo tempo o relator da comissão S. L. Watson fazia um
apelo à unidade, na expectativa de que o “óleo do amor cristão e o espírito de Cristo
atuassem.”
97
E assim a Convenção passou a gozar de uma certa tranqüilidade, discutiram o parecer
da comissão especial que foi apresentado por Djalma Cunha e Adrião Bernardes (radicais) e
95
FREITAS, Anamaria Gonçalves Bueno de. Educação, trabalho e ação política: sergipanas no início do
século XX. Campinas: UNICAMP, 2003. p. 31. (Tese de Doutorado).
96
BOURDIEU, Pierre. Algumas propriedades dos campos. In: BOURDIEU, Pierre. Questões de Sociologia.
São Paulo: Marco Zero, 1980. p. 89-91.
97
PEREIRA, José dos Reis. Op. Cit. p. 177.
dois simpatizantes de São Paulo, Antônio Ernesto da Silva e Silas Botelho. O documento foi
analisado e aceito, mas com algumas emendas. A Convenção fez um apelo para que houvesse
união entre as igrejas. A comissão foi desfeita e Mesquita retornou para o Seminário do
Recife, como professor. Adrião Bernardes assumiu o pastorado da Primeira Igreja de São
Paulo; Djalma Cunha deixou a Primeira Igreja Batista de Aracaju e foi pastorear a Primeira
Igreja de Curitiba, no Paraná. D. L. Hamilton aceitou o desafio e passou a ser missionário da
Associação Batista do Texas e foi dirigir o Seminário Radical, no Recife. No ano de 1925,
com o apoio de 55 igrejas, foi fundada a Associação Batista Brasileira. Com essa ação,
consolidou-se a divisão, E depois de dez longos anos é que as igrejas voltaram a trocar cartas
de transferências com as igrejas pertencentes à Convenção Batistas Brasileira.
Todavia, o que pode ser constatado é
como o “jornal e outras publicações os quais deveriam servir para evangelizar os não-crentes,
instruir os crentes e defender a causa batista”.
99
1.3. Embates entre Católicos e Protestantes em Sergipe
Mesmo existindo conflitos entre católicos e acatólicos, os protestantes de confissão
batista continuaram unidos em torno da propagação do evangelho, da distribuição de folhetos
e da vendagem de bíblia, o que favorecia o surgimento de mais uma igreja ou congregação
batista.
Na cada de 1950, segundo os anais da Convenção Batista Sergipana de 2005,
100
o
Estado de Sergipe contava com 11 igrejas batistas espalhadas na capital e no interior.
Na pesquisa realizada na imprensa sergipana nos jornais: “Correio de Aracaju” (1952-
1966); “Sergipe Jornal” (1951-1965) e “Gazeta de Sergipe” (1951-1963) não foi localizado
nenhum registro sobre o EAB nem mesmo resposta dos Batistas às críticas veiculadas na
imprensa católica no período. Entendo este silenciamento como intencional e representativo
das barreiras enfrentadas pelas religiões que entraram em choque com os interesses católicos.
Por outro lado questiona-se: Será que as missionárias batistas norte-americanas ou a própria
Junta Administrativa do EAB, ou mesmo a Convenção Batista Sergipana, tiveram interesse
em publicar algum anúncio no jornal? Ou preferiram continuar fazendo a propaganda pelo
rádio
101
em programa secular e também na Voz Batista?
102
Com a organização do Educandário Americano Batista os conflitos voltaram com mais
intensidade entre católicos e protestantes. Tudo era motivo para injúrias através da
comunicação radiofônica e da imprensa periódica. O clero considerava uma afronta, um
desacato, os batistas erguerem uma instituição e, sem escrúpulo, levar seus fiéis menos
99
PEREIRA, José Reis. História dos batistas no Brasil (1882-2001). Rio de Janeiro: JUERP, 2001. p. 135
100
ANAIS DA CONVENÇÃO BATISTA SERGIPANA. 58ª Assembléia Anual Propriá: 22 a 24 de abril de
2005. p. 146.
101
No livro “Diário” do Educandário Americano Batista (Livro de Contabilidade, registrado no Cartório do 10º
Ofício-Vânia Elisa Paixão- Oficial- Registro de Títulos 0 Td(A)Tj7.02294 0 Td(T)Tj5.94243 0 Td(í)Tj2.7011 0 Tj4.86199 0 Td(o)Tj4.80196 0 Td( )T2.Td(r)Tj3.30135 0 Td(a)Tj45 0 Td(o)Tj4.80196 0 Td( )T011 0 Td(c)Tj4.38179 0 Td(a)Tj4.32196 0 Td(i)Tj2.76113 0 Tdd(â)Tj4.32177 0 Td(a)Tj4.86199 0 Td(t)Tj3.24133 0 Td(b)Tj4.80196 0 Td(r)Tj3.30135 4 Td9EãrttaotoPdeoí-áo oleoáo
avisados para fortalecer as fileiras do protestantismo. Por esse motivo o clero passou a alertar
seu rebanho que não caísse nas malhas enganadoras dos batistas. O padre Luciano Cabral
Duarte expressou seu sentimento sobre o tema dessa forma:
Os protestantes de Aracaju, da seita Batista vão inaugurar neste
No entanto, o clero não estava satisfeito com o que estava posto aos seus olhos; por
isso resolveu prevenir os católicos displicentes do grande perigo que corriam se chegassem a
matricular seus filhos numa instituição herege como essa e concluiu que:
È melancólica a história dos colégios protestantes no Brasil. Triste história
de naufrágio de almas. Tomemos o caso do grande ”Ginásio 15 de
novembro”, instalado em Garanhuns, com dependências magníficas,
financiados pelo dinheiro do protestantismo americano. Fundado numa
cidade católica, o Ginásio 15 de novembro, por displicência dos católicos de
Garanhuns, tem, na sua maioria, alunos de famílias católicas. Os pais
alegam que as taxas são cômodas, abrigam-se numa suposta liberdade
religiosa dentro do Colégio, e apesar do clamor que se faz, o problema
continua. Com que resultado? Como o protestantismo não consegue impor-
se por falta de calor espiritual ou por falta de força doutrinária, à maioria
dos jovens apenas lhe mata o germe católico trazido de casa, e lhes deixa
n’alma a semente da dúvida e da disponibilidade religiosa. O resultado é
uma geração de indiferentes: não são católicos, não são protestantes, não são
coisa nenhuma. São apenas náufragos da fé
.
105
Tacitamente a Igreja Católica reconhecia que através da educação os filhos dos seus
fiéis poderiam ser influenciados; por este motivo a presença do colégio Batista era
considerada uma ameaça aos lares católicos e menos avisados. Neste sentido, Duarte,
preocupado, conclamava aos seus adeptos,
ora, é preciso que estas verdades estejam bem presentes aos católicos de
Aracaju, neste momento em que a ameaça funesta abre as suas portas na
cidade. Nós não somos favoráveis a lutas religiosas. Muito menos somos
por uma anti-cristã intolerância para com as pessoas. Mas somos
decididamente, pela defesa da verdade integral de Jesus Cristo, da qual Ele
fez depositária a sua Santa Igreja Católica. Não é a mesma coisa crer nisto
ou naquilo. A verdade tem as suas exigências. Melhor diria: as suas
intransigências. Ela não é como nós queremos, mas como é em si mesma.
Não somos nós que lhe damos a forma, mas ela é que nos impõe. Da sua
intangibilidade, a sua sacialidade. A igreja tem clara, diante dos olhos, a
compreensão deste problema. Por isto é que adverte os católicos a que de
modo algum entreguem seus filhos para serem educados em colégio contra a
orientação católica.
106
Após ter desferido suas críticas incisivas, enviou um recado para aqueles que, por
qualquer deslize, resolvessem matricular seus filhos no Educandário Americano Batista, pois
teriam a punição da Santa Igreja Católica com a excomunhão, assim informava Duarte:
105
DUARTE, Luciano Cabral. Jornal A Cruzada 20/2/1954.
106
DUARTE, Luciano Cabral. Jornal “A Cruzada” 20/2/1954
e, para levar os cristãos ao cumprimento deste dever primordial de
preservação da fé dos seus filhos, chega a Igreja ao ponto de dolorosamente,
punir com excomunhão todos os que entregam os seus filhos para que sejam
educados em alguma religião acatólica (Código de Direito Canônico, Cânon
2319, parágrafo 1º, art. 4º)
107
.
Conclamando a todos os fiéis que se declaravam católicos que guardassem esse
patrimônio sagrado e por nenhuma sombra de heresia permitissem que seus filhos fossem
atingidos pelos protestantes, esse era o sentimento que movia Duarte:
Se, pois, pela graça de Deus, a nossa população ainda é católica
, se,
apesar de todos os pesares, nossas famílias ainda consideram como um
patrimônio a legar aos seus filhos a verdadeira fé, que vem, sem
descontinuidade, dos primeiros apóstolos de Cristo até os nossos dias, se o
nosso povo, interrogado, faz questão de se declarar católico, urge, portanto,
defender esta fé, guardar este patrimônio, manter a sagrada intangibilidade
da doutrina evitando que a mesma seja maculada pela sombra das heresias.
Cabe, assim, às famílias católicas a grave obrigação de não enviarem seus
filhos a qualquer colégio protestante.
108
Os jornais impressos foram as fontes principais para serem veiculados os insultos e
controvérsias. Os conflitos não paravam e os anticlericais elegeram como tribuna
provavelmente programas de rádio para realização de debates e manifestações. O padre
Luciano Cabral Duarte, tomando conhecimento do fato, passava a alertar seus adeptos para
que em nenhuma circunstância colocassem seus filhos para estudar na Escola Batista. Se,
porém, houvesse desobediência o fiel receberia a excomunhão por parte da Santa Igreja
Católica.
Investigar a implantação do EAB bem como toda a sua trajetória tem sido da maior
importância, pois novos dados foram descobertos e a partir deles compreendem-se melhor as
dificuldades, as lutas, as tensões religiosas enfrentadas e como essa instituição conseguiu
superar todos esses entraves e continuar oferecendo uma contribuição ao processo de
escolarização de várias gerações de crianças e jovens em Aracaju. Partindo dessa descoberta
107
DUARTE, Luciano Cabral. Jornal “A Cruzada” 20/2/1954.
108
Idem. “A Cruzada” 20/2/1954.
levanta-se a seguinte hipótese: A postura inquisitória do clero não arrefeceu o interesse de
parcelas da comunidade católica, em manter seus filhos na instituição. A cada ano os dados
demonstravam que a demanda pela escola aumentava. Williams remeteu esse crescimento à
presença do novo edifício
inaugurado na Avenida Barão de Maruim, e “com esse edifício os vizinhos próximos tiveram
mais interesse em colocar seus filhos numa escola real.”
109
Desde os primórdios da educação batista em Aracaju, seus fundadores desejavam
oferecer aos seus alunos uma educação integral, ou seja, uma educação voltada para a
formação: intelectual, moral, física e espiritual. Para cumprir essa missão, foi importante a
presença das missionárias norte-americanas (Linnie Winona Treadwell, Maye Bell Taylor,
Freda Lee Trott e Clara Lynn Williams) que se empenharam em desenvolver uma educação
de qualidade que atendesse à criança como um todo.
Durante a pesquisa constatamos uma significativa presença de alunos católicos no
Educandário Americano Batista, conforme o quadro a seguir:
Quadro II Quadro demonstrativo da distribuição dos alunos do Educandário Americano
Batista pela opção religiosa (1961-1971)
Ano
Católicos evangélicos batistas
1961 80 - 60
1962 79 - 58
1963 87 95 -
1964 84 79 -
1965 92 80 -
1966 113 83 -
1967 122 - 48
1968 133 07 36
1969 141 - 47
1970 146 - 34
1971 147 - 48
Fonte: Williams, Clara Lynn. Síntese do trabalho batista em Sergipe, 1971.
109
Williams, Clara Lynn. Síntese do trabalho batista em Sergipe (1913-1971). Aracaju: 1971. p. 16.
Na intenção de analisar o processo de implantação e consolidação do Educandário
Americano Batista em Aracaju, selecionei o período de atuação das diferentes missionárias
norte-americanas na perspectiva de investigar as práticas desenvolvidas por elas no processo
de gestão e desenvolvimento do ensino neste estabelecimento, entre 1952 e 1972. Para tanto,
trabalhei com os pressupostos da História Cultural e da História da Educação, no sentido de
verificar como os processos formativos desenvolvidos permearam a Cultura Escolar do
Educandário e de que forma os valores trabalhados foram apropriados pelos alunos e
professoras.
A Diocese de Aracaju
110
, criada em 1910, teve como primeiro bispo D. José Thomaz
Gomes da Silva
111
, que atuou no longo período de 1911
a 1948, e teve como uma das marcas
da sua gestão a implantação e consolidação de instituições educacionais católicas em todo o
Estado. Sua ação através da construção de uma rede de escolas e instituições sociais católicas
impediu a expansão do protestantismo em Sergipe. Entre as instituições criadas podemos citar:
Orfanato da Imaculada Conceição (1911-São Cristóvão); Seminário Diocesano Sagrado
Coração de Jesus (1913-Aracaju); Instituto Bento XV (1917-Aracaju)
112
; Oratório Festivo
São João Bosco (1914 Aracaju); Ginásio Nossa Senhora das Graças (1915 - Propriá);
Colégio Imaculada Conceição (1929 Capela); Colégio Sagrado Coração de Jesus
113
(1936-
Estância); Ginásio Patrocínio São José, (1940-Aracaju); Associação “Santa Zita” (1942-
Aracaju); Casa do Pobre “Bom Pastor” (1942 Aracaju); Orfanato N. Senhora das Graças
(1947 - Boquim) e Ginásio Santa Teresinha (1948- Boquim ).
114
110
A Diocese de Aracaju foi criada a 3/1/1910 pela Bula Divina Disponente Clementia do Papa Pio X,
desmembrada da Arquidiocese de São Salvador da Bahia. Em 30/4/1960, pela Bula Ecclesiarum Omnuim do
Papa João XXIII, foi elevada à Arquidiocese e sede metropolitana Bispo: D. José Thomaz Gomes da Silva
(1911-1948), Bispo D. Fernando Gomes dos Santos (1949-1957), Bispo e arcebispo - D. José Vicente
Távora (1957-1970), arcebispo - D. Luciano José Cabral Duarte (1971-1978). Anuário Católico do Brasil
2003. CERES (Centro de Estatística Religiosa e Investigação Social). Rio de Janeiro.
111
D. José Thomaz Gomes da Silva nasceu no dia 4 de agosto de 1873, no município de Martins, no Estado do
Rio Grande do Norte. Era filho do juiz Thomaz Gomes da Silva. Em 1881, ingressou no Seminário de Olinda,
onde recebeu a tonsura (corte de cabelo redondo no meio da cabeça que representava a sua condição de futuro
prelado). Em 1884, transferiu-se para o Seminário da Paraíba, onde se ordenou. BARRETO, Raylane Andreza
Dias Navarro. Os padres de D. José: Seminário Sagrado coração de Jesus. São Cristóvão: UFS, 2004. p. 28.
(Dissertação de Mestrado).
112
SOUZA, Valéria Carmelita Santana. A Cruzada” Católica: uma busca pela formção de esposas e cristãs
em Sergipe na primeira metade do século XX. São Cristóvão: UFS, NPGED, 2005. p. 39-41 (Dissertação de
Mestrado).
113
SOUZA, Valéria Carmelita Santana. Op.Cit. p. 41.
114
Livro de Tombo nº 1, 1948 da Diocese de Aracaju – (Cúria Metropolitana) p. 117-119, 171-172.
Depois que D. José Thomaz assumiu a Diocese, a única escola protestante de
denominação presbiteriana que existia fechou suas portas. Segundo Barreto
115
, D. José
Thomaz Gomes da Silva era um homem simples, honesto, disciplinado e determinado. Ao
assumir o primeiro bispado em Sergipe, ele procurou preencher lacunas deixadas pela Igreja
Católica nos espaços espiritual, social e educacional. Além das instituições citadas,
empenhou-se em ocupar espaços na imprensa local, entre outras atividades:
Outras medidas foram tomadas para aparelhar a Diocese, a exemplo da
criação do boletim “A Diocese de Aracaju: Orgam official da Diocese de
Aracaju”, que tinha por objetivo reunir “todos os atos da administração
diocesana [e recolher] igualmente em seu registro os documentos de
acquisição, pertinentes aos direitos da mesma diocese”.
116
Enquanto Sergipe esteve sob a ão do bispado de D. José Thomaz, o crescimento
educacional dos batistas andou a passos lentos, como se observou anteriormente. Apenas três
anos após a sua morte, a partir de 1951, foi que o EAB começou a existir.
A situação dos protestantes na década de 1940 não era confortável, existindo acirrados
embates entre a Igreja Católica e os não-católicos por não professarem a mesma fé.
Provavelmente que pela postura do clero, o avanço educacional batista em Sergipe pode ter
sido consideravelmente prejudicado. Conforme o Pastor Jonan Joaquim da Cruz, foi na década
de 1940 em que aconteceram os conflitos mais fortes entre católicos e acatólicos:
Os conflitos entre católicos e protestantes foram mais fortes na década de
40. Houve tempo que o jornal “A Cruzada” atacava muito. Mas havia um
jornal dessa Igreja (Presbiteriana Independente) que respondia aos embates
se chamava a “A voz da Mocidade.”
117
115
BARRETO, Raylane Andrezza Dias Navarro. Op. Cit. p.29.
116
BARRETO, Raylane Andrezza Dias Navarro. Op. Cit. p.31.
117
Jonan Joaquim Cruz (81 anos) pastor emérito da Igreja Presbiteriana Independente de Aracaju. Natural de
João Pessoa na Paraíba. Estudou Teologia no Seminário Presbiteriano do Norte em Recife Pernambuco; foi
fundador da Associação dos Pastores, que depois recebeu o nome de UMEA (União dos Ministros Evangélicos
de Aracaju). Mas, partindo do princípio de que essa união foi organizada para acolher os pastores da cidade e
querendo abranger todo o Estado, passou a ser denominada de UMESA (União dos Ministros Evangélicos do
Estado de Sergipe). Participou da organização das campanhas evangelísticas de 1964 _“Cristo Esperança Nossa”,
e em 1965 _ “Cristo a Única Esperança”. (Entrevista concedida à autora no dia 18/7/2005). Até o momento não
conseguimos localizar nenhuma edição do jornal “A voz da mocidade”.
No entanto, convém lembrar que os embates trav3Tj5.88236 0 Td(3Tj5.88236 0 Td(3Tj5.88236)Tj5.88236 0 Td(a)Tj5.16207 0 Td08164 0 Td(e)Tj5.2221 0 Td5.88236 0 Td(a)T.05 0 Td(v)15.8e)Tj5.16207 0 Td(s)(l)Tj3.2413 0 Td(e)Tj5.2221 0 Td(m)Tj8 mira nTd(a)Tj5.16207 0ã5.94239 0 Td(r)Tj3.9015j5.16207 0-cTj5.10205 0 Td(Tj5.2221 270 Td(a)Tj5.10205 0 Td(21 0 Td( )cTj5.10205 0 Td(.88236)Tj5.88236 0)Tj3.18128 0 Td(rTj5.228211 0 Td(r)Tj3-44218 8 -20 T6Td( nTd(a)Tj5.16207 0ã5.94239 0 Td(r)Tj3.9015j5.16207 0)Tj36.2365 0 Td(t)Tj3.185.ã5.94239 0 Td(r)Tj3.9015j5.16207 0)Tj36.2365 0 Td(t.16207 0 Td(s)(l)Tj3.2413 0 Tdm)Tj8)Tj5.10205 0 Td(21 0 Td( )Tj4.02162 0 Td(o)Tj3.18128 0 Td(r.)Tj5.10205 0 Td(n)Tj6.2025 0 Td(rD)Tj2.96 0 Td(e)Tj5.16207 0 Td(s)Tj3.185.j5.2221 0 Td)Tj5.10205 0 Td()Tj46.2365 0 Td(t15.2221 0 Td85.2221 0 Td85.2221 0 Td4,)Tj5.10205 0 Td(n)Tj6.2365 0 Td(tj5.94239 0 Td(r)Tj3.90157 0 Td(a)Tv)Tj5.8639 0 Td(an)Tj6.2365 0 Td(t Td08164 0 Td(e)Tn)Tj6.2365 0 Td(t6135Td(a)Tv)Tj5.88236 0 Td(p3.9015j5.16207 0Tj5.2221 0 Td( ) Td08164 0 Td(e)Tn)Tj5.82234 0 Td(v)Tj5.88236 0 Td(é)Tj5.24 0 Td(e)TçTj5.10205 0 Td(ã5.9423j5.88236 0j3.9015j5.16207 0)Tj36.2025 0 Td(rd3.9015j5.16207 0j3.9015j5.16207 0)Tj36.2025 0 Td(rp3.9015j5.16207 0Tj5.16207 0 Td(s)Tj3.185.21 0 Td( ) Td08164 0 Td(e)Tn)Tj5.8j5.16207 021 0 Td( )21 0 Td( )rsnt(l)Tj3.2413 0 TdTj5.82234 0 Td(u)Tj5.6.4225Sj5.6.482 0 Td(t(l)Tj3.2413 0 Td3Tj5g)Tj5.8j5.16207 0ip3.9015 0 Td
O jornal tinha como objetivo principal fazer brilhar a luz de Cristo nos lares católicos.
Considerou-se o porta–voz da “ordem” e da “verdade”. A primeira fase desse semanário
compreendeu o período de 1918-1926 e trazia no seu bojo temas pontuais como a exposição
da doutrina católica, o crescimento do catolicismo e um distintivo especial, que era a defesa
do catolicismo e fazia ferrenhas críticas contra grupos religiosos emergentes, principalmente o
protestantismo, o espiritismo e a maçonaria. Durante esse período o jornal esteve sob a
administração dos padres egressos do Seminário Sagrado Coração de Jesus.
Em 1924 o impresso deixou de ser produzido alegando-se problemas no seu
maquinário. Reiniciou seus trabalhos no ano de 1925. Existiu outra ruptura em 1926, dessa
vez por um período mais longo, regularizando sua circulação no ano de 1935. Após o recesso
passou a ter nova direção, conforme explica Tatiana Silva Sales: “durante o período de
recesso, surgiu na paróquia de São José o órgão católico A Boa Nova”, dirigido pelo padre
Moisés Ferreira. Com a organização do movimento de Ação Católica Diocesana, esse grupo
tomou sob sua responsabilidade este jornal.” 122
A segunda fase foi dedicada à ão Social. Nesse momento ocorreram várias
transformações importantes, entre elas: a luta por um jornalismo de qualidade, a preocupação
em atender aos interesses do leitor, inserindo novas colunas não de assuntos religiosos,
ensinamentos doutrinários e moralizantes mas também cedeu espaço para divulgação das
festas religiosas, novenários, congressos e retiros. Investiram em novos materiais tipográficos
e receberam a contribuição de pessoas influentes na sociedade sergipana, conforme cita
Sales:
Entre estes colaboradores são mencionados os seguintes nomes: Cel.
Gonçalo Rolemberg do Prado, a superiora do Colégio N.Sra.de Lourdes, um
membro do Conselho de Imprensa (anônimo), Dr. Nicanor Leal, sr.
Teotônio Mesquita, Cel. João Franco da Silveira, Cel. João Quintiliano da
Fonseca, Cel. Paulo de Souza Vieira, Cel. lio Acioli do Prado, Cel.
Durval Maynard, Dr. Aurélio do Prado Vieira, D. Adélia Franco, sr. Aurélio
Barreto, d. Eliza Rolemberg, a Superiora do Hospital Santa Isabel.
123
122
SALES, Tatiana Silva. As falanges da Boa Imprensa: o jornal “A Cruzada” em Sergipe, 1918 a 1969. São
Cristóvão: UFS, 2005 (Monografia de conclusão de curso).
123
Segundo SALES, a grafia dos nomes foi mantida conforme a fonte. Cf. A Cruzada, n.10, ano I, II fase,
13/4/1935, p.1.
O padre Luciano Cabral Duarte foi diretor desse impresso desde 1949, permanecendo
até 1954, no qual imprimiu assuntos de ordem social, política e econômica. Criou novas
seções e destinou um lugar para a seção de esportes, “Consultório Católico”, poesia e
distintivos evangélicos como: “A Verdade vos libertará” (João 8:32); “Eu sou o caminho, a
verdade e a vida” (João 14:6).
Na direção de Dom Fernando Gomes, usou-se uma política de combate à imprensa
chamando a atenção para a seguinte expressão: “o lema da família católica, no que se refere à
Imprensa, deve ser este: NENHUM LAR CATÓLICO SEM JORNAL CATÓLICO.”124
A diversificação religiosa em Sergipe, segundo os censos das décadas de 1940 e 1950,
apontava um crescimento, mesmo que restrito, de outras denominações, além da presença
majoritariamente católica, conforme o quadro abaixo.
Quadro III – Distribuição da população segundo a religião nas décadas de 1940 e 1950, em
Sergipe.
Denominação
Religiosa
População de adeptos em
1940
População de adeptos em 1950
Católicos 537.698 630.081
Protestantes 3.240 6.825
Espíritas 457 2.184
Outras religiões 568 4.556
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Anuário Estatístico de Sergipe, 1940-1950.
Mesmo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) não tendo
especificado as diferentes denominações de protestantes existentes no período em Sergipe,
entre elas presbiterianos, batistas, metodistas e congregacionais, percebe-se um crescimento
significativo desse segmento religioso na década de 1950.
No início do trabalho batista em Sergipe, a presença da igreja católica constituía sério
obstáculo aos protestantes. Além do jornal “A Cruzada” e dos espaços nas revistas e jornais de
grande circulação em Sergipe, em 1959, foi inaugurada pelo clero a Rádio Cultura, na gestão
do Bispo Dom Fernando Gomes. O missionário Elmer Maurice Treadwell, em um dos seus
relatórios para a Junta de Richmond, em 20 de junho de 1951, dava um testemunho do que
vivenciou em Sergipe na década de 1950:
124
GOMES, Fernando. In: A Cruzada, n. 607, ano XV, II fase, 3/7/1949, p.4. apud SALES, Tatiana Silva. As
falanges da Boa Imprensa: o jornal “A Cruzada” em Sergipe, 1918 a 1969.
onze igrejas Batistas e dezesseis congregações no Estado de Sergipe.
Durante a estação seca todo domingo de cada mês os membros das três
igrejas Batistas (da capital) alugam um ônibus, às vezes dois, e viajam para
o interior para visitar as igrejas que são localizadas lá. Um destes serviços
especiais foi planejado para a cidade de Estância. Nós escutamos que o
padre católico romano tinha queimado algumas bíblias na praça
pública,
proibindo as pessoas
de ler a bíblia dos protestantes. A opinião pública foi
contra ele.
125
Além do missionário norte-americano Treadwell, Sergipe contava com a presença dos
pastores Belarmino do Monte, Givaldo Rodrigues e Antonio Francisco
126
. Segundo o Pastor
Jonan Cruz, quando este chegou a Sergipe em 1950 existia a Primeira Igreja Presbiteriana
Independente, que foi fundada em 1904 e no interior do Estado contava com congregaçõa
1970, os batistas organizaram mais duas: Igreja Batista Castelo Forte e a Igreja Batista da Fé.
Além dessas igrejas citadas, possuía também seis congregações.
128
1.4. A Presença Missionária Feminina em Sergipe
o investigar os perfis biográficos
129
dos missionários norte-americanas batistas que
dirigiram o EAB no período de 1952 a 1972, foi possível identificar as diferentes motivações
e situações que estimularam cada uma delas a desenvolverem essa função.
Como as missionárias Linnie Winona Treadwell, Maye Bell Taylor, Freda Lee Trott e Clara
Lynn Williams tiveram uma formação diferenciada em instituições superiores dos Estados
Unidos, passaram por outros estados brasileiros antes de chegarem a Sergipe e se envolveram
com outras atividades sociais e religiosas além da direção do EAB.
Nesse processo de preparação pode-se observar a necessidade de aquisição de um
habitus, que segundo Bourdieu:
As representações dos agentes variam segundo sua posição (e os interesses
que estão associados a ela) e segundo seu habitus como sistema de
esquemas de percepção e apreciação, como estruturas cognitivas e
avaliatórias que eles adquirem através da experiência durável de uma
posição no mundo social. O habitus é ao mesmo tempo um sistema de
esquemas de produção de práticas e um sistema de esquemas de percepção e
apreciação das práticas.
130
Em muitos momentos foi possível0 Td( )Tj7.26292 0 Td(p)Tj5.82234 0 Td(o)1c68185 0 Td( )Tj-.7208516323 0 Td(o)Tj5.46216 0 Td( )Tj4.98197 0 Td(t)Tj3.00119 0 TdT0lei0 Td( )Tj7.0 Td(c)Tj5.10205 0 Td(o)Tj5.82234 0 Td(m)Tj9.00362 0 Td(o)Tj5.88236 0 Td(0 Td( )Tj7.0 Td(o)Tj5.88236 0 Td( )Tj/R73 11.(0 Td( )Tj7.6 Td(h)Tj5.82234 0 Td(a)Tj5.82234 0 Td(b)Tj5.88236 0 Td(i)Tj3.2413 0 Td(t)Tj3.18128 0 Td(u)Tj5.94239 0 Td( )Tj/R12 11.(s)Tj4.50181 0 Td( )Tj7.32294 0 Td(a)Tj5.16207 0 Td(p)Tj5.82234 0 Td(r)Tj3.84154 0 Td(o)Tj5.82234 0 Td(p)Tj5.94239 0 Td(r)Tj3.90157 0 Td(i)Tj3.18128 0 Td(a)Tj5.16207 0 Td(d)Tj5.82234 0 Td(o)Tj5.88233 0 Td( )Tj7.26292 0 Td(p)Tj5.88236 0 Td(e)Tj5.2221 0 Td(l)Tj3.18128 0 Td(a)Tj5.2221 0 Td(s)Tj4.50181 0 Td( )Tj-442.678 -20.0 Td(m)Tj9.00362 0 Td(i)Tj3.2413 0 Td(s)Tj4.56183 0 Td(s)Tj4.56183 0 Td(i)Tj3.2413 0 Td(o)Tj5.88236 0 Td(n)Tj5.88236 0 Td(á)Tj5.16207 0 Td(r)Tj3.90157 0 Td(i)Tj3.2413 0 Td(a)Tj5.2221 0 Td(s)Tj4.50181 0 Td( )Tj4.982 0 Td(m)Tj9.00362 0 Td(o)Tj5.88236 0 Td(b)Tj5.82234 0 Td(i)Tj3.30133 0 Td(l)Tj3.18128 0 Td(i)Tj3.30133 0 Td(z)Tj5.10205 0 Td(o)Tj5.88236 0 Td(u)Tj5.88236 0 Td( )Tj4.92198 0 Td(a)Tj5.16207 0 Td(t)Tj3.30133 0 Td(i)Tj3.18128 0 Td(t)Tj3.2413 0 Td(u)0 Td(t)Tj3.00119 0 TdT0l)Tj3.2413 )Tj5.2221 0 Td(s)Tj4.50181 0 Td(,)Tj2.94118 0 Td( )Tj4.982 0 Td(c)Tj5.10205 0 Td(o)Tj5.88236 0 Td(m)Tj8.94359 0 Td(p)Tj5.94239 0 Td(o)Tj5.88236 0 Td(r)Tj3.90157 0 Td(t)Tj3.18128 0 Td(a)Tj5.2221 0 Td(m)Tj9.00362 0 Td(e)Tj5.16207 0 Td(n)Tj5.88236 0 Td(t)Tj3.2413 0 Td(o)Tj5.88236 0 Td(s)Tj4.56183 0 Td(,)Tj2.94118 0 Td( 86195.10205 0 Td(r)Tj3.96159 0 Td(e)Tj5.16207 0 Td(s)Tj4.56183 0 Td(i)Tj3.18128 0 Td(s)Tj4.56183 0 Td(t)Tj4.56183 ê Td(c)Tj5.10205 0 Td(n)Tj5.94239 0 Td(c)Tj5.10205 0 Td(i)Tj3.30133 0 Td(a)Tj5.16207 0 Td(s)Tj4.56183 0 Td(,)Tj2.94118 0 Td( 86195.10205 0 Td(o)Tj5.88236 0 Td(p)Tj5.88236 0 Td(ç)Tj5.10205 0 Td(õ)Tj5.94239 0 Td(e)Tj5.16207 0 Td(s)Tj4.56183 0 Td( )Tj4.92198 0 Td(e)Tj5.16207 0 Td( )Tj4.982 0 Td(e)Tj5.16207 0 Td(n)Tj5.88236 0 Td(v)Tj5.82234 0 Td(o)Tj5.82234 0 Td(l)Tj3.2413 0 Td(v)Tj5.88236 0 Td(i)Tj3.2413 0 Td(m)Tj9.00362 0 Td(e)Tj5.2221 0 Td(n)Tj3.2413 0 Td(t)Tj3.18128 0 Td(o)Tj5.88236 0 Td(s)Tj4.50181 0 Td( )Tj4.982 0 Td(e)Tj5.2221 0 Td(m)Tj8.94359 0 Td67 Tf-442.678 -20.10 Td(d)Tj5.88236 0 Td(i)Tj3.30133 0 Td(f)Tj3.84154 0 Td(e)Tj5.16207 0 Td(r)Tj3.90157 0 Td(e)Tj5.10205 0 Td(n)Tj5.88236 0 Td(t)Tj3.30133 0 Td(e)Tj5.10205 0 Td(s)Tj4.56183 0 Td(s)Tj4.50181 0 Td(m)Tj9.06364 0 Td(o)Tj5.88236 0 Td(m)Tj9.00362 0 Td(e)Tj5.16207 0 Td(n)Tj5.94239 0 Td(t)Tj3.18128 0 Td(o)Tj5.88236 0 Td(s)Tj4.56183 0 Td(s)Tj4.44178 0 Td(d)Tj5.88236 0 Td(e)Tj5.2221 0 Td(s)Tj4.44178 0 Td(s)Tj4.56183 0 Td(u)Tj5.88236 0 Td(a)Tj5.16207 0 Td(s)Tj4.50181 0 Td(s)Tj4.44178 0 Td(v)Tj5.94239 0 Td(i)Tj3.18128 0 Td(d)Tj5.88236 0 Td(a)Tj5.2221 0 Td(s)Tj4.56183 0 Td(,)Tj2.88116 0 Td(s)Tj4.44178 0 Td(a)Tj5.2221 0 Td(s)Tj4.56183 0 Td(s)Tj4.50181 0 Td(i)Tj3.30133 0 Td(m)Tj9.00362 0 Td( )Tj4.50181 0 Td(c)Tj5.16207 0 Td(o)Tj5.88236 0 Td(m)Tj9.00362 0 Td(o)Tj5.88236 0 Td( )Tj4.50181 0 Td(a)Tj5.2221 0 Td(s)Tj4.56183 0 Td(s)Tj4.44178 0 Td(a)Tj5.2221 0 Td(t)Tj3.2413 0 Td(i)Tj3.2413 0 Td(v)Tj5.82234 0 Td(i)Tj3.2413 0 Td(d)Tj5.88236 0 Td(a)Tj5.16207 0 Td(d)Tj5.82234 0 Td(e)Tj5.16207 0 Td(s)Tj4.56183 0 Td( )Tj4.50181 0 Td(q)Tj5.82234 0 Td(u)Tj5.88236 0 Td(e)Tj5.16207 0 Td( )Tj4.44178 0 Td(p)Tj5.82234 0 Td(u)Tj5.88236 0 Td(d)Tj5.88236 0 Td(e)Tj5.10205 0 Td(r)Tj3.90157 0 Td(a)Tj5.2221 0 Td(m)Tj9.00362 0 Td( )Tj4.50181 3.00119 0 TdT0l)Tj3.2413 0 Td(e)Tj50 Td(s)Tj4.56183 0 Td(e)Tj5.16207 0 Td(n)Tj5.82234 0 Td(v)Tj5.82234 0 Td(o)Tj5.94239 0 Td(l)Tj5.82234 0 Td(v)Tj5.82234 0 Td(e)Tj5.2221 0 Td(r)Tj3.90157 0 Td( )Tj4.44178 0 Td(n)Tj5.82234 0 Td(o)Tj5.82234 0 Td( )Tj-442.678 -20.0 Td(E)Tj7.14287 0 Td(A)Tj8.4634 0 Td(B)Tj7.80313 0 Td( )Tj7.32294 0 Td(m)Tj9.00362 0 Td(u)Tj5.88236 0 Td(i)Tj3.30133 0 Td(t)Tj3.18128 0 Td(a)Tj5.16207 0 Td(s)Tj4.56183 0 Td( )Tj7.32294 0 Td(v)Tj5.82234 0 Td(e)Tj5.16207 z Td(e)Tj5.2221 3.2413 )Tj5.2221 0 Td(s)Tj4.50181 0 Td( )Tj7.32294 0 Td(d)Tj5.88236 0 Td(e)Tj5.10205 0 Td(p)Tj5.82234 0 Td(e)Tj5.16207 4.98197 0 Td(t)Tj3.00119eram da cot
Para uma melhor compreensão desse processo, tive como inspiração algumas reflexões
de Norbert Elias, que ressaltaram a complexa relação entre indivíduo e sociedade:
Nessa mudança de perspectiva, os homens singulares não perdem, como às
vezes tendemos a considerar, o seu caráter e valor enquanto homens
singulares. Porém eles não aparecem mais como indivíduos isolados, cada
um totalmente independente dos demais, existindo por si mesmo. (...) Na
análise das figurações, os indivíduos singulares são apresentados da maneira
como podem ser observados: como sistemas próprios, abertos, orientados
para a reciprocidade, ligados por interdependências dos mais variados tipos
e que formam entre si figurações específicas, em virtude de suas
interdependências (...) Na maior parte das vezes, as figurações que os
indivíduos formam em sua convivência mudam bem mais lentamente do que
os indivíduos que lhes dão forma, de maneira que homens mais jovens
podem ocupar a mesma posição abandonada por homens mais velhos.
131
Observou-se nesse grupo de missionárias o envolvimento em várias atividades
simultaneamente. Além de dirigirem o EAB, eram também responsáveis por atividades
religiosas e sociais, funções familiares e domésticas.
Para melhor entendimento da atuação de cada uma delas à frente do EAB optei neste
primeiro momento por analisar os processos de formação e as “configurações” familiares e
institucionais em que estiveram inseridas e no capítulo 2 ressaltar as atividades desenvolvidas
na instituição escolar pesquisada.
1.4.1- Linnie Winona Treadwell
A primeira missionária norte-americana que atuou como diretora do EAB foi Linnie
Winona Treadwaell, nos anos de 1952 a 1955. Ela nascida em Atwell, Texas, em 7 de
fevereiro de 1924, filha de um fazendeiro Jewell Perry Purvis e Fannie Myrtie Foster. Faz
parte de uma família de sete irmãos. Sendo uma mulher, Doyce e seis homens: Otis, Travis,
Louis, Glynn, Leo e Doyle. Foi batizada quando tinha nove anos de idade no ano de 1933, na
Igreja Batista Atwell. Encontrou seu futuro esposo no primeiro ano de faculdade e casaram-se
no início do segundo ano de faculdade, ocasião em que estiveram presentes alguns amigos do
131
ELIAS, Norbert. A sociedade de Corte. Investigação sobre a sociologia da realeza e da aristocracia de
corte. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001. p. 50-51.
casal, e quem celebrou a cerimônia do casamento foi um amigo de Maurice Treadwell.
Festejaram a tão importante data na residência do irmão da noiva. Tem o curso de Bacharel
em Artes pela Faculdade de Howard Payne em Brownwood, Texas, EUA.
132
132
Informações enviadas por e-mail para a autora em de novembro de 2005.
Figura 3: Linnie Winona Treadwell e Elmer Maurice Treadwell e os filhos: da direita para esquerda:
Charles Edward, Jeannie Darlene, Bárbara Elaine, Donald Duane. Década de 1950.
Fonte: Acervo particular dos Treadwell .
Após a formatura do casal no ano de 1944, ambos ingressaram no Seminário Batista
Teológico de Southwestern em Fort Worth, Texas. Maurice Treadwell conquistou o título de
Mestre em Teologia com um curso que teve a duração de 3 anos. A missionária foi aluna do
Mestrado em Educação Religiosa pelo Seminário Batista Teológico de Southwestern em Fort
Worth, Texas, mas não chegou a concluí-lo estudando até mais da metade desse curso.
O casal Treadwell foi agraciado com o nascimento de quatro filhos: Charles
Edward
133
, Donald Duane
134
, Jeannie Darlene
135
e Bárbara Elaine
136
.
Winona Treadwell nasceu em uma comunidade rural de Atwell, Texas, onde estudou
seus primeiros anos de escola, sendo posteriormente transferida para uma escola maior no
Texas, e também participou de jogos esportivos. Aos nove anos de idade se converteu ao
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foram para Recife - PE, com a finalidade de aprender a nova língua, o Português. Foram
dezessete dias de viagem de Nova York, até aportar em Recife. No percurso, um furacão,
acompanhado de forte tempestade, atingiu o navio, interrompendo a viagem, e foi dado
prosseguimento quando tudo voltou à normalidade. Chegou a Aracaju juntamente com seu
esposo onde passaram a desenvolver trabalhos evangelísticos em todo o Estado de Sergipe
utilizando um serviço de auto-falante em cima de um carro nas cidades interioranas. Algumas
vezes a missionária Treadwell ia ajudar o seu esposo tocando nos cultos seu acordeon. Em
1949, a sua residência estava localizada na Rua Campos, em Aracaju.
Analisando os depoimentos dos ex-alunos, ex-professoras e ex-funcionário, percebi que
mesmo existindo a presença da Junta Administrativa do EAB, as diretoras/missionárias
tinham suas funções a serem desempenhadas bem definidas, obedecendo a uma
hierarquização e papéis religiosos bem demarcados, facilitando a execução do projeto
pedagógico. A proposta de trabalho apresentada por essas mulheres possuíam elementos que
podem ser analisados com o olhar da disciplina, da socialização, da organização e como eram
repassados os diversos valores (religiosos, intelectuais, morais e cívicos). Nas imagens
fotográficas, expressam seriedade e preocupação com a missão de que eram portadoras.
Recorrendo às suas memórias, a missionária Linnie Winona Treadwell recorda que a
cidade de Aracaju contava com aproximadamente 80.000 pessoas. Cidade modesta. Poucas
pessoas possuíam carros. A prática mais comum era o uso do ônibus. Os batistas sergipanos
contavam com a presença de três igrejas no início da década de 1950: a Primeira Igreja
Batista, a Segunda Igreja Batista e a Igreja Batista Brasileira. Para ajudar nas viagens
missionárias e agilizar o trabalho na capital, era utilizado um carro que fora deixado pelo casal
de missionários que antecedeu os Treadwell.
Em Aracaju, essa missionária fazia parte da Segunda Igreja Batista de Aracaju. Além
de diretora do EAB, Linnie Winona Treadwell foi eleita Presidente da União Feminina
Missionária
138
.
138
União Feminina Missionária (UFM) é uma entidade responsável pelo desenvolvimento feminino e crianças
em educação cristã missionária através das organizações: Mulheres Cristãs em Ação, Jovem Cristã em Ação,
Mensageiras trae
Mas nesse ínterim a Missionária Treadwell foi acometida de uma enfermidade. Mesmo
sendo medicada, sua melhora foi demorada, sentindo-se mal e perdendo peso. Os médicos
locais aconselharam ir procurar outros recursos em um dos hospitais, na cidade do Rio de
Janeiro. O problema não foi resolvido e a diretora do EAB viajou para os Estados Unidos em
busca de tratamento de saúde em 1º de março de 1957.
Posteriormente o casal Treadwell foi designado para atuar no Panamá e Novo México.
A missionária recorda que no final do ano letivo, em 1952, o dono da casa onde funcionava o
Instituto Pan-Americano de Ensino pediu a chave. Foi necessário alugar outra casa para que o
ano letivo começasse sem problemas.
1.4.2. Maye Bell Taylor
A segunda missionária a assumir a direção do EAB foi Maye Bell Taylor. Nasceu na
cidade de Eldorado, no Texas, no dia4 de maio de 1905. Seus pais Dr. e Sr. L. F. Taylor. Seu
pai era médico e clinicou, dentre outras cidades, em Haskell e Texas. Pertencia a uma família
de sete irmãos. Maye Bell Taylor cresceu numa família cristã. Sentindo-se chamada para
desenvolver um trabalho missionário, foi preparar-se melhor no Seminário de Southern no
Estado do Kentucky, onde recebeu o diploma de Mestra em Educação Religiosa, no ano de
1936.
Após sua formatura no Seminário, pretendia vir imediatamente para o Brasil, mas a
Junta de Richmond não concordou e explicou que naquele momento a Junta estava
canalizando os recursos financeiros para a reconstrução de um hospital na China. Maye Bell
Taylor, enquanto aguardava sua nomeação para o campo missionário, exerceu o magistério
solteira, com o propósito de preparar e despertar nas jovens o interesse por missões. Oferece oportunidades de
estudos e envolvimentos em atividades nas áreas espiritual, pessoal e social. Mensageiras do Rei (MR) é uma
organização para atender a meninas de 9 a 16 anos, e sua ênfase maior é estudar missões. Amigos de Missões
(AM) é uma organização que atende a meninos e meninas com idade de 4 a 8 anos. Informações concedidas por
Cleide Selma Mangueira Mota, Vice-presidente da União Feminina Missionária Batista de Sergipe (UFMBSE),
em 23/1/2006.
em uma escola pública no Texas nos anos de 1929 a 1934 e 1936 a 1938. Sua vinda ao Brasil
só aconteceu no mês de setembro de 1938.
Figura 4: Maye Bell Taylor, s.d.
Fonte: Acervo particular da Jornalista Sandra Natividade.
Antes mesmo de preparar-se e dedicar-se inteiramente a missões mundiais, Maye Bell
Taylor formou-se pela Universidade de Baylor; e posteriormente na Universidade de Hardin–
Simmons onde concluiu o curso de Bacharel em Arte, no ano de 1929. Foi designada para
exercer a obra missionária no dia 10 de fevereiro de 1938 pela Foreign Mission Board (Junta
de Richmond). Chegando ao Brasil foi p3iaoa
de
Entre 1948 e 1953 Maye Bell Taylor assumiu a direção da ETC. Em Maceió, foi
diretora do Internato Feminino do Colégio Batista alagoano; em Aracaju foi diretora do EAB
nos anos de 1955 a 1965.
Maye Bell Taylor foi membro efetivo da Primeira Igreja Batista de Aracaju e dedicou-se
ao ensino da Palavra de Deus na EBD como professora, onde desenvolvia um ministério de
visitação constante aos seus alunos. Por treze anos, foi líder Estadual das Mensageiras do
Rei.
140
Além de educadora, atuou na evangelização e se dedicou ao Serviço Social, sendo
fundadora da Casa Batista da Amizade. Taylor abriu as portas de sua casa para receber
pastores, personalidades e amigos; entre estes, o jovem Albano Franco e o radialista Silva
Lima, ambos com o objetivo de aprimorar conversação e pronúncia da língua inglesa. O
primeiro chegou a Senador da República e Governador do Estado de Sergipe.
141
O nome de Maye Bell Taylor foi dado à biblioteca do EAB na gestão do Pastor Israel
Pinto Pimentel e também à antiga Rua A, onde está localizado atualmente o Colégio
Americano Batista, por sugestão do Pastor Waldemar Quirino dos Santos, que recebeu apoio
do então prefeito José Carlos Teixeira, amigo pessoal da missionária. Sua aposentadoria
ocorreu em 31 de maio de 1973.
Taylor era uma mulher que tinha convicção no que pronunciava, e após ter tomado
uma decisão, dificilmente retirava o que havia dito. Era uma pessoa que sabia fazer amigos.
Conforme Clara Lynn Williams, “Dona Maye Bell Taylor sabia fazer amigos e amava muito
os brasileiros”
142
.
Maye Bell Taylor chegou a Sergipe no ano de 1955. Foi diretora do Seminário de
Educadoras Cristãs no Recife, vindo posteriormente para Aracaju para substituir a missionária
Linnie Winona Treadwell que tinha voltado para os Estados Unidos.
No ano de 1964, Maye Bell Taylor comunicou à Junta Estadual o seu desejo de
começar a desenvolver um trabalho social entre os pobres. Pensando assim que nasceu a idéia
de construir um Centro de Amizade em um dos locais mais pobres da cidade. A princípio o
140
Cf. p. 54
141
Informações concedidas pela pesquisadora e Jornalista Sandra Natividade, 4/3/2005.
142
Idem. 2005.
trabalho começou em uma casa alugada na Rua de Muribeca, nº 18, no bairro Santo Antônio,
em Aracaju. A ação social no início era tímida, com uma pequena equipe de funcionárias:
Ivalcene da Silva Carneiro, Laurita Santana Santos, Lourdes Tavares e o atendimento de
médicos voluntários. Logo os membros das Igrejas Batistas da capital deram sua cooperação
como professores voluntários. Durante sete anos esses serviços foram prestados à
comunidade. No ano de 1969, foi inaugurado um majestoso edifício localizada na Rua João
Andrade, 766.
O objetivo da Casa Batista da Amizade (CBA), conforme Léa Marques Paiva
143
“era
trabalhar o homem como um todo, integral; ou seja, desenvolver um trabalho holístico”.
Laurita Santana Santos explicou
144
que para atender às necessidades na área educacional foi
implantado o Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL) que funcionava à noite com
duas classes para jovens e adultos, com o intuito de ensiná-los a ler e a escrever, sendo
ministrado por uma professora que era remunerada pela Casa Batista da Amizade, com verbas
vindas da Missão Batista do Norte do Brasil.
145
143
Léa Marques Paiva, é ex-aluna do SEC, tem o curso de Serviço Social pela UFS, foi a diretora brasileira
no período de 1994-1998, mas desenvolveu outras atividades como Assistente Social, desde o ano de 1973.
Entrevista concedida à autora em 18/1/2006, Recife-PE.
144
Laurita Santana Santos, funcionária do Centro Batista da Amizade (que depois recebeu o nome de Casa
Batista da Amizade), no período de 1965-1998. Informações concedidas em entrevista à autora em 28/3/2006.
145
A North Brazil Mission, (A Missão Batista do Norte do Brasil) e a Foreign Mission Board (Junta de Missões
Estrangeiras) of the Southern Baptist Convention (Convenção Batista do Sul) dividiu o país em três missões.
Missão Equatorial (na parte do norte) e a Missão Batista do Norte (que é composta pelos Estados da Paraíba,
Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e Corrente no Piauí) e os outros Estados faziam parte da Missão Batista do
Sul. Atualmente a Internacional Mission Board só tem uma missão, que se chama Brazil Mission (Missão Batista
do Brasil). Até o ano de 1997 a missão mantinha um escritório em Recife, no edifício Batista, que agora está
localizado em Brasília. (Informações concedidas pela missionária Clara Lynn Williams, enviada por e-mail em
14/5/2006). A Missão Batista do Norte do Brasil era uma entidade composta por missionários batistas norte-
americanos enviados pela Junta de Richmond dos batistas dos Estados Unidos da América do Norte, e que aqui
no Brasil coordena, na região norte do país (com sua sede na cidade de Recife-PE), as seguintes atividades:
Locação de missionários enviados por aquela Junta, o sustento deles, as transferências de um Estado para outro, e
administra a comissão predial Batista, com sede também em Recife, e que funciona como uma espécie de Banco,
emprestando dinheiro às igrejas para construção de templos, anexos para Educação Religiosa, casas pastorais, e
mobiliários para os templos, desde que sejam filiadas às Convenções Batistas Brasileiras e Estaduais da região e
tenham conta e saldo médio em depósito, obedecendo às normativas estipuladas pela mesma Comissão. A
Comissão predial Batista conta com a participação de brasileiros, representantes dos Campos da sua jurisdição,
que são eleitos por ela, com mandatos de três anos para as suas reuniões trimestrais. (Informações concedidas à
autora em 6/5/2006).
A Casa Batista da Amizade prestou à população serviço em quatro áreas distintas:
religiosa, educacional, social e saúde. Conforme confirmou Laurita Santana Santos,
na área religiosa existiam as aulas bíblicas que funcionavam com
professores voluntários. A diretora da CBA, Maye Bell Taylor, mantinha o
compromisso com esses professores de buscá-los e levá-los na sua própria
residência. No início tinha aula pela manhã e à tarde: primários (crianças de
oito anos), juniores (nove a doze anos), adolescentes, jovens e senhoras. A
aula sempre começava com uma devocional (leitura da bíblia, cânticos e
oração). Depois da lição, passava-se para a segunda parte, onde os alunos
faziam trabalhos manuais, colagem, trabalho com madeira, vidro e gesso, as
mulheres aprendiam a costurar, pintar em tecido, em madeira, garrafa. Era
uma riqueza de material. Muito interessante. Dona Maye Bell, trazia dos
EUA muitas revistas, com muitas idéias. Eu aproveitava, escolhia o material
ia para a cidade e comprava. O aluno não pagava nada. Eu comprava o
tecido, tinta, pincel, gesso, o que fosse; eu fazia o modelo para cada classe, e
quando a professora chegava eu explicava. Muitas vezes ia na classe,
orientava e eles faziam. Cada semana tinha uma coisa. Eu era a
responsável. Na CBA, tinha uma clínica, que mantinha alguns remédios que
eram doados à população pelo governo estadual. No entanto, a Casa Batista
da Amizade era sustentada pela Missão Batista do Norte. Essa verba que a
Missão enviava servia para salário dos funcionários e outras despesas da
clínica como: remédios, pagamento da enfermeira, exames, entre outros.
Além dessas ações o CBA, prestava socorro a quem necessitasse levando ao
hospital, e do hospital para casa. Tinha também a noite da família; era às
quartas-feiras, na qual toda família se reunia. Nessas noites tinham a
pregação do evangelho, mas também tinha palestras com médico, advogado
e nutricionista. Os temas eram escolhidos de acordo com a necessidade do
aluno. Para tratar da higiene e saúde se convidava um médico, para orientar
sobre como aproveitar os alimentos e fazer uma comida mais nutritiva, se
convidada uma nutricionista.
146
O projeto Saúde era abrangente para todos os necessitados da comunidade.
Existia uma clínica onde se fazia consultas; quando o caso não se resolvia
via CAB, o médico encaminhava para o Hospital Cirurgia. Maye Bell dava
muita assistência aos doentes. Quando era preciso levava no hospital, ia
buscá-lo, visitava, levava remédio para o enfermo na sua própria casa. E
aquelas pessoas que estavam impossibilitadas de saírem, a enfermeira da
CBA, ia até para aplicar injeções. Os remédios vinham do programa do
governo, e eram repassados para as pessoas que necessitassem daqueles
medicamentos. Os exames eram pagos pela CBA, e os médicos prestavam
serviços voluntários. Outro benefício prestado por esta instituição era a
distribuição de alimentos vindos do governo como: leite, óleo, fubá de
milho, que eram distribuídos para as pessoas pobres.
147
146
Informações concedidas pela ex-funcionária Laurita Santana Santos, em 28/3/2006.
147
Informações concedidas por Laurita Santana Santos em 28/3/2006.
Várias atividades eram desenvolvidas com a finalidade de atender àquelas pessoas mais
necessitadas que buscavam esses serviços. O interesse de Taylor não estava voltado apenas
para a escola e para o Centro de Amizade; ela se preocupava também com o trabalho da
denominação batista, conforme o depoimento da redação do Jornal Batista Sergipano (1972):
O interesse dela não foi nas escolas ou no Centro de Amizade. Ela leva a
sua ajuda aos orfanatos, faz visitas aos membros da sua classe da Escola
Bíblica Dominical, às suas amigas do Asilo, ajudou algumas moças a
estudar no SEC, (Seminário de Educadoras Cristãs) trabalhou com
Mensageiras do Rei
148
, organização que liderou por treze anos cooperando
ainda com o trabalho da Primeira Igreja Batista, da qual é membro.
149
Após vários anos de dedicação à obra de evangelização, da ação social e educacional,
Taylor voltou para seu país já aposentada, o que ocorreu no dia 31 de maio de 1973.
Provavelmente viveu mais doze anos de sua existência ao lado de sua família, usufruindo da
sua companhia, e compartilhando suas experiências vivenciadas no Brasil, principalmente, em
Pernambuco e Sergipe. Trabalhou durante trinta e cinco anos. Faleceu no dia 6 de junho de
1985, no Texas.
1.4.3. Freda Lee Trott
Freda Lee Trott foi a terceira missionária a assumir a direção do EAB. Nasceu em 4
de outubro de 1930. Filha de James Allen Porter e Johnnie Alberta Porter. Tem dois irmãos:
Aileen Porter Lee e James Allen Porter Jr. Freda Trott estudou no Seminário Batista em
Fortem Worth, no Texas, onde conheceu seu futuro companheiro Edward Trott com o qual se
casou em 5 de junho de 1953. Na sua cerimônia de casamento, Freda lembrou que tiveram a
presença expressiva de amigos que foram prestigiar esse tão grande e significativo momento
para a vida do casal. Dessa união nasceram quatro filhos.
150
A lembrança do Brasil e Aracaju permanece na vida da família Trott. Consideravam o
banho de mar um ótimo lazer. O prédio do Educandário Americano Batista foi construído sob
148
Uma organização missionária que recebe meninas de 9 a 16 anos com o propósito de estudar missões.
149
TAYLOR, Maye Bell. Jornal ‘O Batista Sergipano’, Ano XXVI, nov. de 1972, nº 3.
150
Déborah Trott Pierce, John Trott, Mary Trott e Paul Edward Trott, estes dois últimos nasceram em Aracaju.
Todos já são casados. Déborah e Mary são professoras na Universidade Batista em Cliton Mississipi-Mississipe
College.
a orientação do missionário-engenheiro Edward Trott, que considerou essa experiência difícil,
mas ao mesmo tempo muito gratificante.
Freda viveu sua infância no Texas e sua mocidade em Meridian, Mississipi. No ano de
1951 formou-se em Inglês e Letras pela Universidade Mississipi College. Em 1955 concluiu o
Mestrado em Educação Religiosa pelo Southwestern Baptist Seminary.
Ela e o esposo foram nomeados para o trabalho missionário no Brasil em 15 de março
de 1957. Em agosto do mesmo ano chegaram a Campinas, São Paulo, para aprenderem a
Língua Portuguesa e depois vieram direto para Aracaju, passando a residir na Av. Augusto
Maynard, nº 189. Logo se tornaram membros ativos da Segunda Igreja Batista de Aracaju.
Figura 5: Freda Lee Trott e Edward Trott, s.d.
Fonte: Acervo particular da Jornalista Sandra Natividade
.
Ela desenvolveu várias atividades como professora da EBD. Visitava, foi tesoureira,
trabalhou com as moças e também foi organista e regente de coral. Na Paraíba, assumiu a
liderança dos trabalhos com as senhoras batistas do Estado, dirigiu o Departamento de
Educação Religiosa e atuou no Projeto Água Viva, no sertão da Paraíba.
“Dona” Freda não abria mão dos cuidados com a família e de ensinar seus filhos do
Jardim de Infância ao científico. Sempre procurou conciliar a função de missionária, diretora,
dona de casa e mãe. Antes de vir para o Brasil, foi secretária de uma Igreja Batista e atuou no
Departamento de Publicações da Convenção Batista do Estado Mississipi. Como esposa de
pastor fazia todo o possível para ajudar nas atividades religiosas.
Figura 6: O missionário norte-americano Edward Trott e Freda Lee Trott com os filhos: John, Mary e
Débora, com Paul no colo e a profª. Valdice Gomes, s.d.
Fonte: Acervo do Colégio Americano Batista.
Trott, com seu temperamento alegre, calma e hospitaleira gostava muito de receber
visitas, ao mesmo tempo dividia seu tempo com afazeres de casa como cozinheira, costureira,
mas não abria mão de uma boa leitura e de realizar visitas a quem precisasse. Cuidava de
plantas e viajava.
No Brasil escreveu alguns artigos para a revista “Manancial” que neste país é
publicada pela União Feminina Batista do Brasil (UFMBB). Dona Freda, sendo esposa de
missionário, veio com a finalidade de ajudá-lo na obra missionária nas igrejas, cuidar dos
filhos e da casa, como já havia feito nos EUA.
No entanto, quando foi preciso atuar como diretora dedicou-se e deu sua contribuição.
Encontrou e tentou superar algumas dificuldades, como a pobreza do povo, os costumes dos
brasileiros e a língua. Mesmo sendo ainda muito jovem, procurou dar uma contribuição na
área educacional, incluindo histórias bíblicas e ensinamentos morais. No ensino no EAB
procurou implantar a aplicação prática e abolir a memorização das disciplinas.
A missionária, depois de aposentada, voltou para o seu país de origem, os Estados
Unidos da América, e continua desenvolvendo suas atividades religiosas. Atualmente pertence
a uma Igreja Batista, dedica-se ao ensino da bíblia, como professora da Escola Bíblica
Dominical (EBD); trabalha também com as mulheres e em missões.
1.4.4. Clara Lynn Williams
Sergipe também recebeu colaboração da missionária Clara Lynn Williams, que dedicou
sua vida ao ensino e à evangelização de modo direto. Nascida em 21 de fevereiro de 1936, em
Jackson, Tennessee, tem seis irmãos e é filha de Andrew Leroy William e Claribel Robinson
Williams.
Williams passou a sua infância e mocidade em Jackson, Tennessee. Com l8 anos
terminou o curso científico. E posteriormente formou-se na University of Tennessee em 1959,
Southwestern Baptist Teológical Seminary em 1965, Memphis State University em 1970,
Portuguese Language School em 1965-1966. Lecionou nas escolas primárias em Dorena,
Missouri, Martin, Tennessee, Houston e Texas.
Williams converteu-se ao evangelho ainda criança, aos 12 anos de idade. Durante uma
série de conferências decidiu-se para o batismo. Isso aconteceu logo após a Segunda Guerra
Mundial.
Veio pela primeira vez ao Brasil em 1965, passando a morar em Campinas-São Paulo,
para estudar a Língua Portuguesa. Após os anos de estudos viajou para Aracaju e passou a
dirigir o Educandário Americano Batista e ao mesmo tempo colaborava com a Igreja Batista 7
de Setembro da qual era membro, ensinando na EBD, trabalhando com jovens, no
evangelismo, na assistência social e sendo conselheira da organização Mensageiras do Rei.
Foi nomeada para o trabalho missionário no Brasil em 1º de abril de 1965.
Figura 7: Clara Lynn Williams. Década de 1960.
Fonte: Acervo particular de Clara Lynn Williams.
Em Sergipe, escreveu a ”Síntese do trabalho batista em Sergipe 1913-1971e um
“livrinho”, como ela mesma intitula, sobre o trabalho batista em Tamanduá - PE
151
.
A missionária norte-americana Clara Lynn Williams contribuiu de forma decisiva para
a expansão da obra de evangelização no Brasil, principalmente no Nordeste, quando procurou
empenhar-se e exercer com seriedade os cargos que lhe foram designados. Mesmo sentindo
dificuldades em se comunicar porque Aracaju foi a primeira cidade onde desenvolveu seu
trabalho missionário à Língua Portuguesa se constituiu em seu maior sofrimento e desafio.
Aos poucos a missionária foi dominando o idioma, recebeu muito apoio das professoras, dos
pais, dos alunos e dos amigos.
No Brasil, desenvolveu várias atividades dentre as quais podem ser citadas: diretora do
Educandário Americano Batista em Aracaju; diretora de Educação Religiosa na Convenção
Batista Paraibana, na Paraíba; professora do Seminário de Educadoras Cristãs (SEC) e diretora
do Laboratório de Recursos Audiovisuais do (SEC) em Recife.
Clara Lynn Williams estendeu seu olhar para as necessidades materiais e espirituais do
povo pernambucano. Revelou a missionária, para chegar até a cidade de Tamanduá, passava
por caminhos íngremes e de acesso difícil. A sua pretensão era abrir um trabalho missionário
151
Williams recorda o tempo vivido em Tamanduá e rememora algumas experiências vivenciadas por lá.
Tamanduá, diz a missionária, fica localizada no Estado de Pernambuco e o terreno onde foi construída a Primeira
Igreja Batista foi doado por uma família de novos conversos que residiam na cidade. A construção do templo foi
feita com a ajuda dos protestantes batistas norte-americanos do Estado da Virginia-EUA e do Texas. Em 1975 o
templo estava erguido, e a Igreja Batista de Feitosa-Recife, assumiu a responsabilidade de ajudá-la. Existia
muita dificuldade para os missionários, secistas e Seminaristas chegarem até lá. Muitas vezes o transporte
utilizado era um cavalo. A estrada que dava acesso a Tamanduá era precária, sem calçamento, o que dificultava
ainda mais; na época de chuva se formava um grande lamaçal. Segundo Clara Lynn Williams, os habitantes
daquela cidade eram trabalh
naquela cidade, o que se concretizou com ajuda de seminaristas e secistas.
152
O povo
aguardava a ação dos governantes para atender às necessidades prementes. Como demorou a
acontecer, a solução encontrada pela missionária foi convidar o prefeito para ouvir os
reclamos da população, que exigia escola para seus filhos.
Williams explicou que para o povo ser atendido foi preciso abrir uma discussão,
colocar em pauta a necessidade de escolarização para as criança1 0 Td(o)Tj5.82234 nçorstã or st1 0 Td(o)Tj5.82234 n
Sempre fizemos o possível para ajudar os mais necessitados. Cada pessoa é feita à imagem de
Deus. Deus ama a todos e nós devemos também amar a todos”.
155
Depois de aposentada, retornou para sua pátria, os EUA, onde vive com sua família.
Voltou para a Igreja a que pertencia antes de ser enviada como missionária para o Brasil.
Participa ativamente das atividades da Igreja. Canta no coral, é professora auxiliar da EBD,
colabora com o ministério a cada domingo numa instituição de idosos doentes, é voluntária
para missões e viaja anualmente para o México, China ou Brasil. Faz parte de um Clube
Comunitário que ajuda a sustentar o departamento de bombeiros, ajuda na manutenção de um
edifício para reuniões de família. Nas viagens missionárias sempre tem oportunidades de
relatar suas experiências e testemunhos.
1.4.5. Aproximações e distanciamentos
Analisando cada um dos perfis biográficos construídos a partir de informações
prestadas pelas próprias missionárias, amigos e contemporâneos e também pela International
Mission Board Southern Baptist Convention, perceberam-se algumas aproximações e
distanciamentos entre elas.
Linnie Winona Treadwell veio para ajudar ao seu esposo na expansão do evangelho,
cuidar dos filhos e dirigir o EAB. Maye Bell Taylor veio com a missão de trabalhar na
evangelização. Mas quando foi preciso, substituiu Linnie Winona Treadwell como diretora do
EAB e fundou um Centro de Amizade que tinha por objetivo trabalhar com os pobres. Freda
Lee Trott tinha como missão inicial ajudar seu esposo na obra missionária, trabalhar na igreja
e cuidar dos filhos. Clara Lynn Williams veio para o Brasil com a missão específica de dirigir
o Educandário Americano Batista.
155
WILLIAMS, Clara Lynn. E-mail enviado em 4/2/2006.
Quando assumiram a direção do EAB Winona Treadwell, Freda Trott e Clara Lynn
tinham menos de trinta anos de idade. Maye Bell já havi.16207 0 Td( )Tj3.06123 0791r Lye aymmeel os d id B T
marcada por uma forte preocupação com a profissionalização docente e valorização do
magistério feminino.
Além disso, havia por parte desses missionários uma valorização da mulher
como educadora. Nas salas de aula, que elas passaram a ocupar de maneira
dominante quando a Guerra Civil deslocou homens para os campos de
batalha, essas mulheres faziam a extensão da missão filantrópica do
cristianismo reformado. A vinda de professoras formadas nos Estados
Unidos para lecionar nas escolas que os presbiterianos abriram no país, bem
como a preparação de professores no exterior ou no Brasil, são uma
confirmação da preocupação com a profissionalização docente e da
valorização do magistério feminino.
160
A ação missionária associada ao processo de instrução, e a docência relacionada com a
evangelização estiveram presentes nas trajetórias de Linnie Winona Treadwell, Maye Bell
Taylor, Freda Lee Trott e Clara Lynn Williams.
160
CHAMON, Carla Simone. Op. Cit. p. 172.
Capítulo II – A Ação Batista no campo Educacional de Sergipe
2.1-O Contexto Educacional nas primeiras décadas da segunda metade do Século
XX em Sergipe
As décadas de 1940 e 1950 do século XX foram marcadas no Brasil por inúmeros
debates em favor da ampliação e acesso à escola pública. Acreditava-se que defendendo e
investindo na escolarização, ela seria um instrumento capaz de promover as mudanças de que
tanto o Brasil precisava para se modernizar. Nessa mesma década, o governo se sensibilizou e
deu ouvidos aos anseios da população que reivindicava o ensino elementar, perpassando pela
construção de prédios escolares na capital e interior. Os apelos ao poder público estendiam-se,
também pela manutenção das escolas e seu bom funcionamento. Para isso, precisava da
colaboração do governo federal, dando sua parcela de contribuição também na qualificação
dos docentes. As reivindicações não se restringiam apenas à inserção do ensino primário.
Existia uma carência muito grande do ensino secundário, o que mobilizava a população
desprovida de pecúlio exigir do poder público essa iniciativa, conforme explicita Sposito se
reportando à década de 1940:
Eram raras as escolas públicas ginasiais, os cursos normais e os
profissionalizantes. O antigo curso secundário ginasial, alvo de maior
demanda, era tradicionalmente reservado aos setores privilegiados da
sociedade que competiam pelas escassas vagas dos estabelecimentos
existentes, mediante a realização de exames de admissão.
161
Foram de grande valor os atos públicos liderados pela população que não tinha acesso à
escola secundária. A liderança política preocupada que ocorresse desestabilização no governo
resolveu ampliar o atendimento escolar, organizou a educação do país e instituiu as normas de
caráter nacional, que constituíram as Leis Orgânicas.
162
161
SPOSITO, Marília P. Escola Pública e movimentos sociais. In: Revista da Ande, 7, São Paulo, 1984. p.
16.
162
SANTOS, Betisabel Vilar de Jesus. Luzes e blecautes em cidades adormecidas: a campanha nacional de
educandários gratuitos no cenário sergipano (1953-1957) São Cristóvão: UFS, 2003. p. 35 . Onde a autora
elenca a constituição das Leis Orgânicas: Lei Orgânica do Ensino Industrial (Decreto Lei nº 4.073); Lei orgânica
do Ensino Secundário (Decreto Lei t
A pressão popular, de uma forma ou de outra, contribuiu para que houvesse uma
discussão sobre as políticas públicas voltadas para a educação, e que posteriormente foram
refletidas na Constituição de 1946, que passou a atribuir responsabilidades, conforme
esclarece Santos:
A Constituição de 1946, dentre outras disposições, atribuiu às empresas a
responsabilidade de ministrar ensino gratuito quando tivessem mais de cem
trabalhadores; definiu os percentuais a serem destinados pela União, Estados
e Municípios à educação, para manutenção e desenvolvimento do ensino;
preconizou a gratuidade do ensino primário e ao ulterior a ele apenas aos
que provassem falta ou insuficiência de recursos; e reafirmou a competência
do Estado em legislar sobre a educação nacional.
163
No período de 1946 a 1964, o Brasil vivenciou um processo de redemocratização.
Nesse interregno os movimentos populares e sindicais foram fortalecidos, debates foram
travados envolvendo, desta forma, estudantes, a ala da Igreja Católica Progressista,
intelectuais e os partidos de esquerda, momento propício para as discussões sobre as questões
educacionais que culminou com a criação da lei apontando para uma reforma geral da
educação nacional. A partir deste contexto se travou mais um debate acerca do ensino público
e do ensino privado. Em 1959, o “Manifesto dos Educadores Mais Uma vez Convocados”
havia se firmado, favorecendo a Campanha em Defesa da Escola Pública. Os pontos
conflitantes entre as duas alas versavam em torno da destinação de verbas públicas para o
setor privado. Abrem-se espaços para as discussões, e pela demora de se chegar a uma
conclusão efetiva por parte dos grupos, a aprovação do projeto foi prejudicada e este por treze
anos esteve estagnado.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 4024/61), na tentativa de
atender aos interesses dos grupos discordantes, comprometeu as exigências ditadas pela
sociedade e mais uma vez as forças conservadoras saíram vitoriosas.
Mais uma vez, as forças conservadoras, tal como acontecera anteriormente,
conseguiram, através das tentativas de conciliação que permearam a
construção do texto da LDBEN, imprimir a ampliação de sua área de
da criação do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI ), Lei 4.048/42 e Serviço Nacional de
Aprendizagem Comercial (SENAC), Lei nº 9.613/46.
163
SANTOS, Betisabel Vilar de Jesus. Op. cit. p. 15.
influência e a garantia dos espaços conquistados. Os artigos , , e
95º
164
igualaram o tratamento dado pelo poder público aos estabelecimentos
de ensino oficiais e particulares, garantiu a participação nos Conselhos
Estadual e Federal de Educação, bem como o repasse de verbas públicas
para a iniciativa particular.
165
No final da década de 1950 e início da de 1960, Sergipe foi contemplado com
construções de escolas, implantação de ginásios, principalmente no interior do Estado
atendendo assim, aos anseios populares que exigiam escola de qualidade para seus filhos,
conforme Mendonça:
Hoje é o próprio homem do povo, o p2.76109 0 Td(o)Tj5.34211 0 Td( )Tj2.76109 0 6o
expandir a obra de evangelização. A missionária Treadwell, ao voltar de férias que gozava nos
Estados Unidos, recebeu um convite por parte dos fundadores para atuar como diretora dessa
escola recém-criada. Treadwell tinha consciência de que os batistas se interessavam em
ministrar uma educação integral, de qualidade, comprometida com a evangelização, como
explica Mazoni Andrade em seu relatório enviado à Convenção Batista Brasileira de 1956:
Aquilo que pode chamar-se ‘educação batista’ é, na verdade, a educação tal
como os batistas a pretendem ministrar, tendo em vista o superior interesse
da evangelização. Introduz, assim, no conceito de ‘educação em geral, ao
mesmo tempo, uma motivação-a evangelização - e um objetivo ou um
sentido - o de preparar o homem integralmente para a vida, na sua acepção
mais ampla.’ Mais adiante, falando da metodologia a ser aplicada, para
conseguir seus objetivos, a educação batista deveria: (l) Mostrar, pela alta
qualidade do ensino ministrado, que a firmeza e solidez das nossas
convicções religiosas não ficam aquém da firmeza e da solidez do nosso
ensino intelectual e (2) deveria fazer todo o ensino moral, a partir da bíblia,
criando, assim, na própria mentalidade do descrente, o sentimento de que a
Bíblia é “uma lâmpada para os pés e uma luz para o caminho”.
167
Ao longo das primeiras décadas da segunda metade do século XX, em Aracaju,
observa-se a expansão do atendimento do poder público e da iniciativa privada à escolarização
primária.
Em termos da legislação educacional brasileira, essas décadas foram marcadas por
alterações significativas, princip4418128 0 Td(v)Tj5.83 0 Td(l)Tj3.2413 0 Td(a)Tj5.1620773.9010 Td(a)Tj5.2221 0..16207 0j3.18128 0 Td(s)Tj4.56183 5 0 Td6.88236 0 Td(c)Tj5.16(s)Tj4.56183 0 Td( )Tj3.42137 0 T’7 0 Td(é)Tj5.16207 0 Td(c)T83 5 0 Td6.88236 0 Td(c)Tj5.16(s)Tj4.56185.2221 0 Td(ç)TjM4.88236 0 Td( )Tj53.90157 02 Td(i)Tj3.2413 0 Td(mr2.2221 0 Td(ç)19010 Td(a)Tj5.26)Tj5.16207 0 Td(i)Tj2.88116 0 Td(r)Tj3.96159 0 Td(e)Tj4.56183 0 Td(t)Tj3.6204 0 Td(r)Tj3.90157 0 Td(i)Tj3.2221 0 Td(c)Tj5.16239 0 Td(e)Tj5.10205 0 Td(s)Tj4.56887 0 Td(r)Tj Td(é)Tj5.16207 0 Td(c)T83 5 Beses da
Educação
A implantação do ensino de 1º grau no EAB aconteceu gradativamente após 1971. Em
1980, esse educandário foi reconhecido pelo Conselho Estadual de Educação (Resolução nº
978/80 de 17 de junho de 1980) e mudou de denominação, passando a ser chamado Escola de
Grau Batista Sergipana.
2.2. A Pedagogia Batista: princípios e perspectivas
De acordo com os registros identificados e analisados, os batistas se preocuparam em
oferecer um ensino de qualidade desde as instituições criadas no século XIX, no Brasil, o que
pode ser percebido pelos objetivos que pretendiam alcançar. No ano de 1916, por ocasião da
Décima Assembléia da Convenção Batista Brasileira, os batistas elaboraram um plano
qüinqüenal de educação, com metas a serem atingidas até 1920. Silva mostra o que o plano
previa:
Neste plano previam a abertura de novas instituições, recomendando a
adoção de métodos modernos de instrução, equipamentos, ideais elevados
de moral a serem passados para os alunos, a co-educação, a necessidade de
disciplina, e a seleção de professores de alto nível, assim como sua
formação pela própria denominação.
169
A preocupação em organizar colégios que mantenham um padrão de qualidade, com
métodos convincentes demonstra ser interesse da denominação batista, pelo menos é o
discurso que está presente nos relatórios sobre Educação apresentados à Convenção Batista
Brasileira (CBB). Quanto a isso, Machado se exprime desta forma:
Devemos fundar escolas que não sejam inferiores nem quanto a seus corpos
docentes, nem quanto ao equipamento escolar e métodos modernos de
ensino, em comparação com qualquer escola do gênero em seus respectivos
locais.
170
169
SILVA, Cleni da. Educação Batista: análise histórica de sua implantação no Brasil e de seus desafios no
contexto atual. Rio de Janeiro: JUERP, 2004. p. 77.
170
MACHADO, José Nemésio. Educação Batista no Brasil: uma análise complexa. São Paulo: Cortez, 1999.
p.92
Fundar e manter escola de alto padrão não devia ficar restrito a alguns estados do
Brasil, mas as orientações são para todos os Colégios Batistas Brasileiros. Por esse motivo as
discussões eram travadas num âmbito mais amplo, as quais aconteciam nas convenções
nacionais para que todos tivessem as mesmas orientações pedagógicas que seriam adequadas à
realidade, de acordo com as novas mudanças que iam surgindo no decorrer das décadas.
Machado destaca as recomendações que foram feitas aos colégios na Convenção de 1922, e
que se refletiram de alguma forma no cotidiano do EAB nas décadas de 1950, 1960 e 1970:
A fidelidade ao evangelho e à apresentação da pessoa de Jesus Cristo como Mestre por
excelência;
A co-educação;
A ênfase nas atividades extraclasse;
Um currículo dinâmico
171
;
O exemplo de vida, com ilustração concreta de seus princípios, organização e
métodos;
O respeito à liberdade religiosa;
A participação no atendimento aos alunos carentes e órfãos;
A preocupação com a qualidade do corpo docente;
A seriedade no cumprimento das obrigações do Estudo;
A preocupação com as condições de trabalho dos professores, servidores e alunos;
Uma metodologia influenciada pelos norte-americanos, dentro do espírito da Escola-
Nova;
O empenho na democratização do relacionamento professor-aluno
Os Colégios Batistas receberam muita influência da Escola Nova; era o que podia ser
visto através das práticas pedagógicas vivenciadas no cotidiano escolar: os alunos eram
estimulados a participarem das atividades extraclasse (viagens, excursão, música, visitas a
171
Para Cleni Silva a ênfase dada a um currículo dinâmico demonstra também a disponibilidade de abertura para
experiências novas, com transformações que pudessem propiciar melhores resultados pedagógicos. Cf. SILVA,
Cleni da Op,Cit. p. 78.
museus, exibições de programas especiais, festas, dramatizações) e aprenderem de forma
ativa. O bom relacionamento entre professor/aluno/direção/funcionário era incentivado;
primavam pela valorização do caráter puro, da moral, do civismo e também pelo
comportamento do educando e a disciplina, conforme explica Machado:
Para os batistas é preciso considerar, como elementos de sua educação, a
partir das propostas tradicionais/renovadas ou renovadas/tradicionais que
são aqui colocadas, o seguinte: a ordenação de tarefas, o cumprimento de
horários, os limites, a liberdade, a responsabilidade e o respeito. No trabalho
cotidiano das escolas batistas, pelo que observam seus educadores, a
disciplina exigida dos estudantes ocorre a partir da postura didática e
metodológica, cujos referenciais vão encontrar embasamento na visão
tradicionalistas e escolanovistas da educação.
172
As orientações pedagógicas que foram aprovadas na Assembléia da Convenção Batista
Nacional (1916) serviram para subsidiar as escolas espalhadas pelo Brasil. O EAB de
Aracaju, após a sua fundação passou a usar essas diretrizes. Era visível a preocupação que
estava permeada nos discursos dos missionários norte-americanos quando se referiam à
educação nos meados do século XX Essa preocupação que perpassava pela manutenção de
ensinamentos sólidos, nos quais a educação estava sempre em primeiro plano, mas, sem
esquecer a instrução religiosa, o ensino da moral e do patriotismo,
173
conforme explica Braga:
A maior riqueza de um povo é instrução saber ler e escrever. O maior bem
de uma pessoa é a pureza no caráter e a saúde no corpo. A maior força de
uma nação é o patriotismo de cada um de seus filhos no cumprimento do
dever.
174
O desenvolvimento da personalidade e de uma educação integral estava
intrinsecamente ligado aos anseios dos missionários. Seus objetivos pedagógicos podiam ser
apreendidos nos seus estatutos.
172
MACHADO, José Nemésio. Op. Cit. p. 112-113.
173
Mesmo não havendo coerção por parte da instituição, o aluno aprendia sobre a ação salvadora de Jesus
Cristo, e atrelado a esse ideal, primava-se pelo desenvolvimento do caráter puro, da honestidade, (Freda Trott-
1959), do amor ao próximo, do cumprimento das leis de Deus e dos homens (Winona Treadwell- 1952), do amor
à pátria (Clara Lynn Williams 1966).
174
BRAGA, Erasmo. Leitura apud LAGUNA, Shirley Puccia. Uma leitura dos Livros de leitura da escola
Americana de São Paulo (1889-1933). São Paulo: PUC. 2003. 216 (Tese de Doutorado).
Uma instituição educacional que tem por finalidade ministrar instrução
primária e promover o desenvolvimento integral dos alunos formando, deste
modo, personalidades leais à Pátria, à família, e tementes a Deus.
175
Percebe-se que os pioneiros do trabalho batista no Brasil tinham uma concepção de que
o trabalho educacional não deveria ficar atrelado apenas a conquistar novos adeptos, mas
também ultrapassar os limites e valorizar o homem como um todo, atendendo às necessidades
prementes para o seu desenvolvimento. Alguns questionamentos merecem ser feitos: De que
forma os protestantes batistas poderiam ajudar a população? Por que tanto interesse em
fundar escolas e colégios? Por que tanta preocupação em oferecer ensino de qualidade para os
filhos dos novos conversos? Quais os aspectos que os pioneiros consideravam relevantes para
que esses novos fiéis pudessem transitar na sociedade e ao mesmo tempo interferir no
processo de desenvolvimento do meio social em que viviam?
Refletindo sobre essas questões, observa-se que alguns historiadores acreditavam que
os batistas tinham a percepção que os problemas enfrentados pela população, sejam sociais,
econômicos, políticos ou religiosos, se davam pela ausência de educação que viesse suprir tais
necessidades. Para Machado, era importante criarem-se alternativas para solucionar essa
situação. Segundo ele, o grupo afirmava que
Os vários males sociais, políticos, econômicos e religiosos eram
conseqüências do problema maior, a falta de escolas e de condições
mínimas que garantisse um ensino de qualidade. Reafirmavam que a
solução não seria encontrada nas ciências com fins elitistas, mas seria
preciso que fosse procurada por meio dos recursos morais e éticos que uma
instituição confessional deveria preservar.
176
Pereira explica que os batistas tinham clareza de sua missão e por esse motivo, desde os
primórdios, perseguiram seus objetivos com a finalidade de alcançar tais intentos, investindo
na expansão do evangelho e na área educacional:
Queriam fazer algo a favor da população analfabeta do país. Evangelho e
instrução sempre andaram juntos. Os batistas da outra América foram
pioneiros na obra da educação. Dada a importância da leitura da Bíblia, na
divulgação do evangelho, era natural que se tornassem campeões na luta
contra o analfabetismo. Os missionários queriam proporcionar aos filhos de
175
ESTATUTO DO EDUCANDÁRIO AMERICANO BATISTA, de 18/6/1969.
176
MACHADO, José Nemésio. Op. Cit. p. 40.
famílias crentes, maiores oportunidades para se instruírem o que não era
fácil naqueles tempos, dada a escassez de escolas públicas.
Queriam usar
as escolas e colégios para a propagação do evangelho.
177
Essa concepção permeia não só as representações de Pereira, mas também de outros
estudiosos que defendiam a presença dos Colégios Batistas, apropriando a responsabilidade
não só de oferecer uma educação religiosa, através da qual privilegiavam os valores cristãos,
como também de despertá-los para um comprometimento com as necessidades do povo,
incluindo a evangelização. Dessa forma faz uma alerta e tenta conscientizar que os colégios
batistas deveriam oferecer uma formação integral. Azevedo chama atenção que a prática
educacional batista contempla e valoriza os princípios que se baseiam na razão de ser dos
batistas. Para tanto é preciso
permitir o pleno desenvolvimento das novas gerações, assim cumprindo os
princípios que lhes explicam a própria razão se ser. Preparar educandos
comprometidos com o Brasil, abertos para o mundo, em dia com os
progressos da ciência, da tecnologia, do saber, num mundo pluralista, mas
também conscientes dos valores eternos e da relevância da cristã.
Propiciar, em seus cursos, o diálogo necessário com as novas gerações,
buscando não simplesmente informar, nem conformar, muito menos
reformar, mas ao lado da família, formar homens e mulheres para a
construção de um mundo novo, em que se possa viver numa sociedade de
justiça, de paz, de fraternidade. Primar pela excelência: o nível intelectual, a
conduta moral e o procedimento didático de seus professores, a qualidade do
material de ensino, a disciplina; contribui, de forma decisiva, para o resgate
da dignidade, da integridade e da cidadania responsável em nosso País.
178
Refletindo sobre os pontos levantados pelo Pastor Irland Pereira de Azevedo,
apresentados no 4º Congresso Pedagógico da Associação Nacional das Escolas Batistas
(ANEB), em 1994, sob o titulo “O que a sociedade deve esperar dos Colégios Batistas”,
entende-se que essa denominação, por meio de suas instituições de ensino, tem procurado, ao
177
MACHADO, José Nemésio apud SILVA, Cleni da. Educação Batista: análise histórica de sua implantação
no Brasil e de seus desafios no contexto atual. Rio de Janeiro: JUERP, 2004.
178
SILVA, Cleni. Op. Cit. p. 44.
longo dos séculos, colocar em prática o que foi discutido pelos pioneiros em relação à
educação integral, incutindo nas gerações o senso de responsabilidade, a valorização da moral,
do progresso, da ciência, do bom relacionamento entre os homens, a disciplina, o respeito ao
próximo, a dignidade, a valorização da família, a perspectiva do crescimento intelectual e
espiritual.
Para aquelas missionárias norte-americanas, a disciplina, decência e ordem eram
valores imprescindíveis e por isso deveriam ser transmitidos e incutidos na consciência do seu
alunado, e no momento certo reproduzidos na sociedade. Como relembra Teixeira: “[...] o
ensino tinha por objetivo educar, física, moral e intelectualmente o indivíduo tornando-o apto
para a vida em sociedade”.
179
Com a finalidade de integrar os diversos colégios batistas espalhados pelo Brasil foi
criada em 1963, em Vitória (ES), a Associação Nacional das Escolas Batistas
180
(ANEB), que
posteriormente passou a ser um órgão da Convenção Batista Brasileira. Os batistas brasileiros
foram beneficiados por uma rede de colégios batistas que procuravam zelar e manter os ideais
dos pioneiros; entre estes estão as instituições localizadas em: Vitória (ES), Campos (RJ),
Belo Horizonte (MG), Corrente (PI), Maceió (AL), Porto Alegre (RG), Fortaleza (CE),
Santarém (PA), Manaus (AM), São Luís, (MA) Tocantínia (TO) e os de Ouro Branco (MG).
São dezesseis colégios ligados às Convenções estaduais. Convém esclarecer que além dos
colégios batistas ligados às Convenções, outros organizados por igrejas ou membros das
igrejas batistas.
181
179
TEIXEIRA, Marly Geralda. Os Batistas na Bahia: (1882-1925) um estudo de história social. Salvador:
UFBA,1975. (Dissertação de Mestrado) p. 162.
180
Associação Nacional de Educandários Batistas (ANEB), órgão auxiliar da Convenção Batista Brasileira
(CBB), representa e coordena a educação secular promovida pelos batistas brasileiros por meio de suas
instituições de ensino, algumas delas já centenárias como o Colégio Batista Taylor Egídio, de Jaguaquara (BA) e
o Colégio Batista Brasileiro na capital paulista. Tem como finalidades principais promover congressos,
seminários, encontros, palestras e outros eventos sempre com o objetivo de desenvolver e aprimorar o pessoal
técnico, administrativo e docente dos Colégios associados. NASCIMENTO, Sayonara Barreto Alves. Colégio
Americano Batista: a mais completa opção de educação protestante em Aracaju: UNIT, 2004. p.
46.(Monografia de conclusão do curso ).
181
São Colégios em Volta Redonda, Estado do Rio, Parintins, Amazonas; Campinas, São Paulo. O Colégio
Souza Marques, no Rio, que com o seu crescimento deu lugar a uma Universidade. Também em Duque de
Caxias há uma instituição universitária, a Associação Fluminense de Educação (AFE) sob a direção do Prof. José
de Souza Herdy, que conta com seis escolas superiores, além dos cursos de e graus. PEREIRA, José Reis.
Op. Cit. p. 351.
2.3. A Implantação e Consolidação do Educandário Americano Batista
Nos primórdios do EAB, em Aracaju, contabilizaram-se algumas dificuldades
financeiras que foram logo solucionadas pela competência da missionária norte-americana
Linnie Winona Treadwell, que atuava como diretora da instituição na época. Para saldar os
compromissos da Instituição, usou de inúmeras estratégias a fim de angariar dinheiro e
ressarcir as dívidas contraídas com o mobiliário. Ao mesmo tempo a diretora nutria a
esperança de uma verba que a Junta de Richmond se comprometera a enviar, ajuda que nunca
se materializou, conforme declara Linnie Winona Treadwell:
Descobrimos que enquanto nós estivemos de licença, o Pr. Simeão tinha
decidido começar uma escola. Ele tinha obtido emprestado o dinheiro de um
dos sócios que tivera uma escola. Mas ele teve dificuldades financeiras. Ele
tinha se resignado e tinha se mudado. Os sócios perguntaram se eu poderia
ser a diretora da escola. Eu disse que sim. E eles me deram a mobília que
ainda não estava paga. Nós tivemos um quarto grande em nossa casa que
nós poderíamos usar durante o primeiro ano. Nós nomeamos a escola de
Educandário Americano Batista e pusemos um sinal. A Junta Estrangeira de
Missões tinha dado (se propôs a dar) US$ 25.00 (vinte e cinco dólares) por
mês durante vários anos para começar uma escola. Era a única ajuda que nós
tivemos da Junta de Missão Estrangeira mas não se materializou. As
crianças pagaram, mas nós tivemos um problema. A mobília não tinha sido
liquidada para o sr. João Gomes, era nosso amigo que tinha emprestado o
dinheiro. Ele teve as crianças na escola. Nós fizemos um acordo que nós lhe
reembolsaríamos o pagamento da mobília enquanto seus filhos estudavam
sem pagar mensalidade. Ele concordou. E no princípio do segundo ano, nos
pediram o prédio, assim nós alugamos outro lugar. Nós tivemos classes
para o Jardim de infância e seis graus, nós contratamos quatro professoras, e
nos mudamos. Nós também tivemos uma Clínica e a enfermeira era Laura
Menezes. Eu ensinei Inglês em todas as classes.
182
A cada dia, o EAB se firmava e conquistava a confiança dos pais que procuravam os
serviços prestados por esta instituição. A clientela atendida vinha de diferentes credos
religiosos. Nos registros de matrícula podia se constatar a presença de católicos, espíritas e
evangélicos. O quadro das professoras demonstrava uma homogeneidade em relação a sua
opção religiosa. eram admitidas professoras normalistas e protestantes batistas ou
presbiteTj3.2413 0 Td(a)T 0 Td(b)Te
valorizavam mais o concreto, incentivavam a atividade dos alunos e que se preocupava com a
aprendizagem fora da escola como: viagens, visita aos museus, a praças, além da valorização
da parte cultural através da arte e da música.
Esses missionários que foram enviados para o Brasil e para Sergipe
183
eram
privilegiados por terem-se formado nos Seminários Teológicos e nas universidades norte-
americanas como: Southwestern Baptist Seminary, Waco, Baylor, Hardin-Simmons,
Universidade Southem Califórnia, Howard Payne, Howard, Kentuck, Hardin Barley,
Mississipi College, University of Tennessee, e Memphis State University. Convencidos da
supremacia de sua educação, tanto secular como religiosa, pretendiam implantar no Brasil o
modelo protestante de formação.
Os batistas tinham a concepção de que só o cristianismo verdadeiro seria capaz de
transformar a vida social, comercial e cívica de um povo. Rega explica como o grupo se
posicionava:
A pregação dos batistas abrangia muito mais do que apenas a vida espiritual,
era também uma pregação para a conversão a um desenvolvimento
civilizatório total. Aproveitando-se do imaginário da República, tinham a
convicção de que o brasileiro conseguiria constituir uma nação nova,
aceitando a mensagem redentora dos batistas. O missionário passava a ser o
“grande irmão” que trazia a solução ao povo e os Estados Unidos, a Grande
Nação, era o modelo a ser seguido. Segundo o pensamento da época, o
cristianismo verdadeiro seria capaz de regenerar a vida social, industrial,
comercial e cívica.
184
183
Os missionários enviados para Sergipe pela Foreign Mission Board, e faziam parte da North Brazil Mission,
na sua maioria tinham formação superior e haviam estudado em Seminários Teológicos do seu país, entre eles
estão: Charles Franklin Stapp e Mary Shannon Stapp (Baylor University), John Lankford Bice (Jacksonville
Baptist College) Blanche Hamm Bice (Training School), John Mein ( Moody Bible Institute) David Mein
(Georgetown College) e Lou Demie Sagers Mein ( Bessiee Tift College), Donald Burchard Mccoy (Cumberland
University e Golden Gate Batist Theological) e Sterline White Mccoy (Oklahoma Batist University e Golden
Gate Baptist Theological Seminary), Elmer Maurice Treadwell (Howard Payne University), Boyd Allen O’
Neal,( Howard Payne College) Edward Bruce Trott (Southern Methodist University, Oklahoma Sate University),
Darrell Dale Cruse (Georgetown College), Elizabeth Brame Cruse ( Georgetown College e University of
Louisville), Wayne Everett Sorrells (Gardner-Webb College, Lenoir- Rhyne College),Virgínia Sorrells
(Western Carolina University). Com exceção de Elizabeth Brame “Betty” Cruse, Virgínia Sorrells, Mary
Shannon Stapp, os outros missionários estudaram provavelmente Teologia no Southwestern Baptist Theological
Seminary. Informações remetidas por Edie M. Jeter, Secretária Arquivista da Global Research Departament da
International Mission Board e enviadas por e-mails em 24/3 e 30/3/2006.
184
REGA, Lourenço Stelio. A Educação Teológica no Brasil: uma análise histórica de seu ideário na gênese e
sua transformação no período de 1972 a 1984. São Paulo: PUC, 2001. (Dissertação de Mestrado). p. 98. apud
SILVA, Cleni da. Educação Batista: análise histórica de sua implantação no Brasil e de seus desafios no
contexto atual. Rio de Janeiro: JUERP, 2004.p. 69.
Pensando dessa forma, acreditavam que a proposta educacional apresentada por esse
grupo, seria um meio para divulgar a mensagem do evangelho, ajudar na transformação do
indivíduo e na conquista de “uma nova nação”. Esses princípios deveriam ser incorporados
nos programas da instituição e aplicados no seu cotidiano. Além desses, existiam outros de
grande relevância para a educação idealizada pelas missionárias; entre eles podem ser
mencionados: a preocupação com os pobres e os órfãos, oferecendo-lhes bolsa de estudos para
garantir sua permanência na escola; flexibilidade do currículo ao qual foram acrescidos outros
dispositivos como novos experimentos (realizados no âmbito interno da escola como pequenas
experiências com plantas, a participação no coral, ou mesmo aprender a manusear e tocar um
instrumento na bandinha rítmica, estudar os sons emitidos por esses instrumentos, entre outros
aspectos); a valorização do professor, seu crescimento intelectual, a preocupação com a saúde
física e mental; o bom relacionamento existente entre os professores mesmo sendo de
denominação religiosa diferente.
Machado lembra que “nos ideais da educação batista esteve sempre presente, em
relação ao perfil do professor, o desejo de que ele fosse cristão evangélico. Nenhuma
liderança afastou essa perspectiva do seu ideal ou trabalhou com desinteresse sobre o
assunto”
185
.
As dificuldades no processo de implantação do EAB foram muitas, como registrou
Winona Treadwell: “mas as dificuldades financeiras apareceram e eles me convidaram para
dar continuidade àquela escola, que atendia aos filhos dos protestantes que eram muito
discriminados nas escolas públicas”
186
.
A missionária Winona Treadwell aceitou o convite e a escola passou a funcionar, a
princípio em sua casa, e recebeu o nome posteriormente de Educandário Americano Batista.
Foram implantados o Jardim de Infância e o primário. Aos poucos a escola ia se estruturando
providenciou material escolar e os pais adquiriam todo o material necessário na própria
escola.
185
MACHADO, José Nemésio. A contribuição batista para a educação brasileira. Rio de Janeiro: JUERP,
1994. p.91.
186
Através de depoimentos por e-mails Linnie Winona Treadwell relembra os primeiros momentos do
Educandário Americano Batista.
No ano de 1964 o uniforme instituído para as meninas do primeiro ao quarto ano era
blusa branca, com a saia de prega preta; para os meninos, era calça marrom-clara ou cáqui e
camisa branca; para o Jardim de Infância, era um vestidinho com o nome bordado
No período em que a missionária Treadwell esteve à frente do Educandário Americano
Batista, pode ser vista a concretização de algumas idéias importantes.
A abertura das aulas fazia repercutir no meio batista uma sensação de vitória. Somada a
esta conquista, estava a presença feminina norte-americana implantando naquela instituição
todo um ideário, ao mesmo tempo demonstrando cuidado apurado com aquelas crianças, com
a intenção de imprimir nas vidas jovens outros valores. A imagem me faz refletir na presença
constante das três bandeiras, simbolizando o amor à pátria. A presença da professora entre os
alunos sinaliza para um bom relacionamento, entre partes, o que ficou registrado na memória
da turma e nos álbuns das famílias.
A escola crescia e aos poucos ia surgindo a necessidade de um prédio maior, mais
confortável, próprio para o EAB funcionar. Nesse interregno, Treadwell resolveu enviar um
relatório à Junta de Richmond, explicando que a escola primária crescia e o local onde ela
funcionava não comportava mais o número de alunos, tendo em vista o aumento da demanda a
cada dia. Pediu que essa Junta analisasse o assunto a fim de construir um prédio que se
destinaria ao funcionamento de uma Escola Primária.
Figura 8: Imagem dos alunos matriculados no EAB na gestão da missionária Winona Treadwell (1952-
1955).
Fonte: Acervo particular da missionária Linnie Winona Treadwell
.
Em julho de 1957 foi constituída uma Junta para tratar da possibilidade da compra de
um terreno para a construção de uma escola. Entretanto, infelizmente a Missionária Linnie
Winona Treadwell adoeceu e voltou para a sua pátria no mês de março de 1957 para
tratamento de saúde, não retornando mais para o Brasil.
Na reunião em que a Junta do Educandário Americano Batista discutiu a aquisição de
uma propriedade para a construção do EAB, em julho de 1957, a missionária Maye Bell
Taylor participou e apresentou um relatório das finanças da escola à mencionada Junta que era
composta por missionários norte-americanos, cuja a diretoria era assim constituída:
Presidente-Boyd O’Neal; vice-presidente- Burley Cader e secretária, a senhora Raymond
Kolb.
Em 18 de janeiro de 1958, a Junta preferiu se reunir em Salvador. Taylor apresentou
relatórios sobre o ano escolar e a parte financeira da escola. Segundo os dados, a escola
fechou o ano fiscal sem dívidas, existia um equilíbrio de crédito referente ao ano de 1957, que
tinha um saldo de Cr$ 7.046,48, além do fundo acumulado de Cr$ 46.050,00, havendo, pois,
um crédito no banco de Cr$ 53.096,48
187
.
John Tumblin
188
demonstrou interesse e preocupação com aqueles alunos que eram da
turma do quarto ano primário e iriam fazer o exame de admissão. O missionário pediu
autorização à Junta e propôs que a escola oferecesse um curso de preparação para todos que
fossem participar desse processo seletivo. A sra. Raymond L. Kolb concordou com a idéia.
Outro ponto levantado foi sobre os salários das professoras. Foi proposto que os salários das
docentes do EAB fossem equiparados aos pagos pelo governo. Houve unanimidade no grupo.
Em 1958, a missionária norte-americana Maye Bell Taylor enviou um relatório
animador à Junta de Richmond discorrendo todas as atividades que foram apresentadas com
sucesso durante o período de julho de 1957 a junho de 1958. O relatório financeiro
demonstrava que o EAB fechava o ano, sem dívidas, conforme ficou registrado por Taylor:
A escola fechou com uma matrícula de 87 estudantes. Batistas, católicos,
presbiterianos, adventistas e espíritas. A maioria de nossos estudantes são
batistas. s estávamos contentes em terminar o ano letivo sem dívidas e
podendo colocar uma quantia no banco [...] Quando eu estava doente em
São Paulo, o pr. João Coimbra ficou como diretor e fez um bom trabalho
juntamente com as professoras. Em março a Secretaria de Educação enviou
leite para as nossas crianças. Algumas mães perguntam como eu consigo
que as crianças d
Raymond Kolb, Boyd O’ Neal, Burley Cader, Don Mc Coy. Taylor expressou sua gratidão à
Missão por considerar a escola como um projeto missionário.
Em 23 de janeiro de 1959, Maye Bell Taylor prestou relatório das atividades
desenvolvidas no EAB e viajou para os EUA para usufruir suas férias. Com esse seu
afastamento assumiu a direção da escola a missionária Freda Trott
190
.
190
Informações contidas em um livro de registros e relatórios. Acervo: Colégio Americano Batista. Ata 4
de 23/1/1959.
Figura 9: Despedida de Maye Bell Taylor para usufruir de suas férias nos Estados Unidos. Em da
direita para a esquerda: Maye Bell Taylor e Freda Lee Trott.
Fonte: Acervo do Colégio Americano Batista, 1959.
Naquela reunião do ano em pauta a Junta do EAB ficou acordado que quando as
missionárias norte-americanas estivessem de férias, um brasileiro assumiria o posto de diretor
interinamente, com autorização para gerir as finanças e cumprir os compromissos necessários
com salários das professoras, compra de mobília, entre outros.
Era 10 de Julho de 1959, a Junta se reuniu na capela do Seminário Batista do Norte do
Brasil com a presença dos seguintes missionários: Edith Vaughn, Edward Trott, Burley Cader,
Vinhedo de Elnis, Cathryn Smith, Mattie Lou Biale e Freda Trott, diretora do EAB. Nessa
reunião se discutiu o nome da escola, que nos seus primórdios recebeu a denominação de
Instituto Pan-Americano de Ensino mudada posteriormente para Educandário Americano
Batista. A Junta discutiu a possibilidade de ter um brasileiro fazendo parte da Junta da Escola,
no entanto a reunião foi encerrada e a proposta não foi concretizada.
Em 5 de outubro de 1959, a Junta se reuniu para discutir a compra de um terreno para
a construção da
forma a procurarem outra atividade remunerada? Estavam porventura insatisfeitas com o
salário recebido no EAB?
No dia 12 de outubro, desse ano de 1959 a reunião da Junta foi realizada na casa de
Mattie Lou Biale deliberando sobre o assunto do terreno que vinha sendo discutido e
chegando finalmente, a um consenso. Já havia sido encontrada a propriedade que se
localizava na Avenida Barão de Maruim nº 1332, esquina com Lagarto, terreno espaçoso,
bem localizado, ideal para construir um edifício–escola.
Necessitava apenas do aval da Junta, inclusive para a liberação de verba a fim de que
fosse consolidada a compra, o que aconteceu posteriormente. Quem respondia pela escola a
missionária Freda Trott, como diretora, e seu esposo, Edward Trott, foi o engenheiro
responsável pelo projeto e construção. A pedra fundamental foi lançada no ano de 1960. a
Igreja Católica demonstrou pela imprensa
191
, sua insatisfação com a presença de uma futura
escola batista, Williams explica o comportamento dos católicos da vizinhança, quando o
edifício estava sendo construído:
Enquanto o edifício da escola estava em construção as aulas eram realizadas
nos fundos do terreno em uma pequena casa. Enquanto a construção estava
em andamento e franco progresso ganhando ares, os católicos da vizinhança
começaram a fazer ferrenhas objeções a ponto de realizarem reuniões na
rua, de protesto contra a escola protestante
.
192
Em julho de 1961, a Junta voltou a reunir-se com a presença de Edith Vaughn,
Vinhedo de Onis, Cathryn Smith, Orma O’neal, Maye Bell Taylor e Freda Trott.
Aproveitando o momento em que os relatórios eram apresentados, Taylor expressou sua
palavra de gratidão a Freda Trott pelo excelente trabalho que desempenhou na sua gestão. A
missionária, que acabava de chegar de férias, levou ao conhecimento da Junta alguns assuntos
que precisavam ser discutidos coletivamente. Taylor apresentou a pauta: cujo primeiro ponto
foi a contratação de uma professora de música para ministrar aulas um dia na semana.
191
O Padre Luciano Duarte escreveu um artigo no dia 20/2/1954 no qual alertava os fiéis da Igreja Católica que
não matriculassem seus filhos no Educandário que os Batistas iam inaugurar em Aracaju, conforme foi analisado
anteriormente.
192
WILLIAMS, Clara Lynn. Op.Cit. p. 16
Conforme os relatórios financeiros do EAB, o colégio estava sem dívidas, e uma parte
da verba poderia ser usada na construção do edifício. No EAB a criança tinha uma educação
integral, sendo estimulada também a parte religiosa. As atividades trabalhadas em conjunto
por pais e professoras constituíam-se em um convite à participação da criança. Aos poucos, a
mensagem do evangelho era incutida:
Duas vezes por mês são mostrados filmes religiosos e morais aos estudantes.
Uma competição de versos da bíblia está sendo realizada entre os estudantes
dos terceiros e quartos anos, e os vencedores receberão uma bonita bíblia.
Recentemente uma mãe católica que tem uma filha pequena veio visitar
nossa escola. E disse que estava impressionada com a escola. Ela disse que
tirou a filha da outra escola católica porque ela aprendeu a dizer orações
aos santos. E desde que ela colocou a filha no EAB, que ela tem falado para
muitas amigas sobre a escola. Nós estamos ansiosas para ganhar os pais das
crianças para Cristo. Alguns alunos da nossa escola não tinham dinheiro
para comprar sapatos e uniforme. A Associação de Pais e Mestres criou a
“Caixa de Benefício Escolar” para ajudar a esses estudantes”.[...]
193
As missionárias batistas norte-americanas traziam consigo o desejo de contribuir com a
educação no Brasil e em Sergipe. Foram preparadas nas universidades do seu país, e quando
resolveram implementar um trabalho em Sergipe, pequeno por natureza, mas imenso nas
necessidades que lhe eram apresentadas, essas mulheres, mesmo se dedicando às lides
domésticas, resolveram afastar-se um pouco do aconchego do lar e colocarem em prática um
projeto educacional que beneficiaria os alunos. Por serem portadoras, de uma gama de
experiência, práticas culturais selecionadas que haviam dado certo em seu país, passaram a
imprimir no alunado uma nova forma de se educar, com um novo olhar voltado para a
educação.
Os embates travados entre católicos e protestantes não ofuscaram o ideal dessas
diretoras/missionárias implantarem uma instituição de ensino naquela localidade. A escolha
do local foi perfeita: uma larga avenida que hoje se chama Barão de Maruim. O prédio tinha
uma grande visibilidade e logo passou a ser indicado pela elite da sociedade aracajuana e
recebia o reconhecimento oficial do poder público.
193
Trecho do relatório anual remetido à Junta do Educandário Americano Batista no ano de 1953. Acervo do
CAB.
Figura 10: Fachada do EAB, frente para a Avenida Barão de Maruim. Década de 1960.
Fonte: Acervo particular da missionária Winona Treadwell.
Desde o nascer dessa instituição que as missionárias norte-americanas imprimiram
suas marcas na educação batista. Entre as práticas culturais que foram conhecidas e testadas
podem ser citadas: lecção, atividades extraclasse, respeito à liberdade religiosa, preocupação
com a qualidade do corpo docente, democratização no relacionamento professor/aluno, arte,
música, excursão para as professoras, funcionários e alunos, festas, exibição de filmes, entre
outras, as quais alcançaram lugar de destaque nessa escola primária.
Era comum a presença dos pais no interior da escola. Todos queriam contribuir para
que o EAB continuasse prestando à sociedade um trabalho profícuo e de qualidade. Era um
espaço esperado por seus admiradores e fiéis. A Associação de Pais e Mestres foi organizada
no dia 17 de março de 1956, quando foi lavrada a Ata nº 01
194
. A diretoria eleita era
constituída de: Presidente-Ruth Cunha Amaral; vice-presidente-Beatriz Ismerim Dantas;
secretária correspondente-Iolanda Santos de Oliveira; tesoureira arquivista-Janete Andrade de
Oliveira; um grupo coeso, que se unia em torno de um mesmo objetivo: o crescimento do
Educandário Americano Batista.
A Associação de Pais e Mestres era uma organização interna do EAB, com uma
diretoria eleita por um prazo de um ano, entre os pares. A diretoria apresentava um plano de
ação que auxiliava no bom desempenho da instituição. No seu projeto de ação atendia às
necessidades da escola para o seu melhor crescimento. Era comum os pais se envolverem em
todas as festividades de âmbito pedagógico, social e espiritual, de forma que no EAB
respirava-se harmonia e o desejo comum que a escola continuasse tendo sucesso absoluto.
A intenção da Associação de Pais e Mestres era possibilitar da melhor forma possível a
socialização de todos os alunos que adentravam aquela casa de ensino. Não importava sua cor,
credo nem condição social. Para suprir algumas deficiências, foi criada a “Caixa Beneficente”,
verba advinda das festas juninas, cada pai, professora e aluno traziam um pratinho, e tudo que
era vendido seria revertido para esse fundo, suprindo assim as necessidades dos mais pobres.
Além de tudo isso, destinava-se também à compra de material didático, uniforme, sapato ou
outro objeto que a diretoria da Associação achasse conveniente adquirir.
194
Constam na ata 1, os temas que foram tratados naquela reunião: Mudança da capital, arrolamento dos
sócios em número de 27 que foram: Antonieta Oliveira Santos, Aurelina Oliveira Cruz, Beatriz Ismerim Dantas,
Dinorah Alcântara Cunha, Derson Linhares, Eronita Gomes Santos, Esthér Barreto, Eva Bezerra dos Santos,
Francisco de Paulo e Silva, Gertrudes Torres de Souza, Helena Fontes, Ivanete Santos Donald, Iolanda Santos de
Oliveira, João Alves Ferreira, José Homero de Noronha, Josefina Santos, Júnia de Araújo Pinto, Manoel
Anselmo Leite, Maria Luiza Silva, Maria Sobral Lima, Maria do Carmo Bezerra, Olga Barros de Noronha,
Palmira Silva, Ruth Cunha Amaral, Sebastião Mendes Rodrigues, Walter Reis Donald. Eleição da nova diretoria,
posse da diretoria, caixa de contribuição mensal no valor de Cr$ 2.00, as reuniões serão realizadas no primeiro
sábado de cada mês, escolha de um tema e um objetivo para cada mês, e o versículo bíblico Provérbios 22:6.
Informações retiradas do Livro de Ata da Associação de pais e mestres dos anos de 1956-1971, da ata nº 01.
A escola oferecia como recursos didáticos: flanelógrafo, cartazes, filmes, música, artes
e muitas festas. Cada apresentação se transformava em aprendizagem dica para os alunos.
Nas festas juninas, ocorria o aprendizado do folclore brasileiro, a nossa cultura, nossas raízes e
a diversidade que existia nas belas regiões do Brasil. Quintiliano, fala sobre as festas juninas.
Segundo ela, “as americanas não viam o São João como festa pagã e sim como folclore. Tinha
quadrilha. Eu chamava as pessoas. Todos os pastores estavam presentes. Tinha uns que não
gostavam”
195
.
Nos desfiles, as datas cívicas simbolizavam um fórum para a discussão do civismo e
firmeza de caráter. As formaturas eram oportunidades preciosas para preparar aquelas crianças
para o futuro promissor que as esperava. Tudo era muito bem planejado, a preocupação era
reinante com o intelecto e a saúde. Não faltavam palestras ministradas por pessoas
especializadas.
Figura 11: Desfile Cívico. Década de 1960.
Fonte: Acervo particular da missionária Clara Lynn Williams.
195
Iolanda Teles Quintiliano foi eleita como presidente da Associação de Pais e Mestres em 24/4/1971.
Os desfiles escolares representavam patriotismo, ordem e disciplina. Além disso “é
possível identificar na materialidade das fotografias o registro da marcha, as bandas, a
homogeneidade das formações em ordem unida ao esforço da escola em ser representada
como disciplina”.
196
As fotografias têm o poder de denunciar os sujeitos que delas participam como os
alunos, professoras, diretoras, os funcionários e os pais. “As fotografias, enfim, confirmam um
definido instante e lugar, um espaço-tempo. A imagem diz, sempre, um ali e um agora sobre a
escola.”
197
.
Figura 12: Desfile cívico, em 1972.
Fonte: Acervo particular da missionária Clara Lynn Williams.
196
BARROS, Armando Martins. Os Álbuns fotográficos com motivos escolares: veredas no olhar. In: GATTI
JÚNIOR, Décio e INÁCIO FILHO, Geraldo (orgs). História da Educação em perspectiva: ensino, pesquisa,
produção e novas investigações. Campinas: Autores Associados; Uberlândia: EDUFU, 2005 (Coleção memória
da educação) p. 127.
197
BARROS, Armando Martins. Os Álbuns fotográficos com motivos escolares: veredas no olhar. In: GATTI
JÚNIOR, Décio e INÁCIO FILHO, Geraldo (orgs). História da Educação em perspectiva: ensino, pesquisa,
produção e novas investigações. Campinas: Autores Associados; Uberlândia: EDUFU, 2005 (Coleção memória
da educação).p. 129.
Aos poucos, o trabalho batista no Brasil se expandia e se consolidava. O avanço
missionário era visível na implantação de igreja, organização de colégios em várias regiões do
país, seminários de grande porte, hospitais, orfanatos, Casa Batista da Amizade, além da
tipografia e da Casa Publicadora Batista, que prestou à causa batista excelentes serviços em
publicações de impressos, como o Jornal Batista. A esse respeito afirma Crabtree:
O maior serviço que a Casa Publicadora prestou à Causa Batista,
especialmente nesse primeiro período, foi o da publicação d’o Jornal
Batista’. Publicar o jornal foi a primeira preocupação dos missionários,
quando resolveram colocar no Rio a casa editora. E, através dos anos, soube
ser um notável repositório de acontecimentos e pessoas da história batista
brasileira, tem sido também um sólido doutrinador do povo batista e firme
defensor das convicções batistas. Sua coleção é leitura indispensável para
quem desejar fazer um estudo sobre o progresso e o pensamento dos batistas
brasileiros durante este século
198
.
Foi possível observar neste estudo que além da implantação de práticas pedagógicas
batistas, as missionárias norte-americanas dedicaram-se à consolidação do EAB e também
desenvolveram ações de evangelização e de promoção social.
2.3. 1. Principais marcas das gestões femininas norte-americanas no Educandário
Americano Batista
Quatro mulheres batistas norte-americanas atuaram em nosso Estado tanto na área
educacional, como na pregação do evangelho, no serviço social cristão e ainda nas lides
domésticas. Essas missionárias, solteiras ou acompanhadas dos seus esposos, contribuíram
com a educação batista em Sergipe no período aqui investigado, de 1952 a 1972. Portanto,
foram vinte anos da presença feminina na instituição, tornando assim um marco relevante para
a educação batista em Aracaju
O sucesso de uma instituição de ensino passa por uma boa administração, organização
e clareza nos seus objetivos, com a finalidade de definir métodos de ensino, regulamentos,
visando alcançar as metas propostas. No EAB, a administração das missionárias batistas
norte-americanas era voltada para as questões educacionais e de evangelização, o que
198
CRABTREE, A. R. História dos Batistas do Brasil. Vol. 2ª ed. Rio de Janeiro: Casa Publicadora
Batista, 1962. p. 136
implicava voltar seu olhar para os problemas espirituais, pedagógicas e sociais. Foram quatro
as missionárias-diretoras que estiveram vinculadas a essa instituição de ensino. A partir do
ano de 1952 até 1972 a escola elegeu um Conselho Administrativo composto por brasileiros.
A direção era composta da diretora e uma secretária, que, pelo bom trabalho apresentado à
sociedade, a escola conquistou paulatinamente seu espaço, estabelecendo as bases cristãs e
educacionais. No segundo período deu-se a construção do prédio e por fim a solidificação do
ensino batista em Sergipe.
Analisando a trajetória dessas missionárias, percebe-se que a sua vinda para o Brasil
tinha objetivos diferenciados. Linnie Winona Treadwell veio para ajudar seu esposo na
expansão do evangelho, cuidar dos filhos e foi a primeira diretora batista norte-americana do
EAB. Maye Bell Taylor veio com a missão de trabalhar na evangelização. Entretanto, quando
foi preciso, substituiu Linnie Winona Treadwell como diretora do EAB e fundou o Centro de
Amizade, que tinha por objetivo trabalhar com os pobres. Freda Lee Trott tinha como missão
inicial ajudar seu esposo na obra missionária, trabalhar na evangelização e cuidar da família.
Clara Lynn Williams veio para o Brasil com a finalidade de dirigir o Educandário Americano
Batista.
2.3.1.1. Linnie Winona Treadwell
Quando Winona Treadwell apresentou à Junta de Richmond havia escolhido o
Brasil desempenhar seu ministério. Mesmo assim, fez uma consulta e guardou uma decisão.
Foi quando recebeu um convite para visitar a Foreign Mission Board que fica localizada em
Richmond, onde prestaram alguns testes. O casal foi aceito. Viajaram então para o Brasil onde
se dedicaram ao estudo da língua portuguesa, por um ano consecutivo. Encontraram uns
missionários que trabalharam em Sergipe; logo houve interesse por parte dos Treadwell estes
receberam informação de que o campo precisava de missionários. Até então não existia um
trabalho pré-estabelecido; a seara era grande, o obreiro podia exercer seu ministério de acordo
com seus talentos, e as necessidades que lhes eram apresentadas. Confirma Winona
A Junta não nos enviou que fizéssemos um certo trabalho. Nós poderíamos
fazer tudo que nos sentíssemos que Deus queria que nós fizéssemos.
Durante meu primeiro ano meu marido se dedicou a fazer a evangelização.
No momento, eu era dona de casa e ajudava ao meu marido nesse trabalho.
Mas a gente sentia a necessidade de organizar uma escola Cristã. As
pessoas falavam que as crianças gostariam de ter uma escola. Pastor Simeão
da Segunda Igreja Batista sempre falou comigo [...] eu também estava
interessada em ter uma escola onde os filhos dos protestantes não fossem
perseguidos e onde os professores fossem cristãos. [...]
199
Após sua chegada, a missionária foi recebida como membro efetivo da Segunda Igreja
Batista de Aracaju, e sem demora se envolveu nas atividades da Igreja como professora da
EBD ou no ministério de música, tocando acordeon. Seu esposo missionário Treadwell foi
eleito tesoureiro da missão aqui em Sergipe e era o responsável para fazer o pagamento aos
pastores nacionais que recebiam seus salários pela Junta de Richmond.
O plano evangelizador que os Treadwell aplicavam no seu cotidiano provavelmente se
constituía numa afronta para a Igreja Católica. No entanto, esse fato não devia causar
estranheza aos batistas, uma vez que o padre era um líder religioso, e usava dessa estratégia,
para defender o clero. Simplesmente cumpria sua função ao lançar mão de outro expediente,
que era discordar das ações desenvolvidas por esses novos conversos e envidar todos os
esforços para que seus fiéis permanecessem firmes nos ensinamentos da Santa Igreja Católica.
Mas mesmo diante dessa postura, o missionários i sa 5.88236 0 Td
Cada semana um programa de rádio alcançava todo o Sergipe e alguns
estados vizinhos. A maioria das cidades rurais tem sistemas de auto-falante
montados nas praças públicas e na cidade de Maruim em que o programa
Batista é retransmitido, graças a um diácono alerta que assinou um contrato
com o prefeito durante um tempo.
201
Ainda na década de 1950 a Primeira Igreja Batista de Aracaju organizou e manteve
uma clínica médica com a presença de três médicos e uma enfermeira, todos eles membros da
igreja que se colocavam à disposição para “curar o corpo e apontar a alma ao grande Mestre”,
esta que também era uma estratégia de divulgação do evangelho, conforme explicou
Treadwell:
Uma clínica é mantida na Primeira Igreja Batista de Aracaju. Uma
enfermeira cristã cinco horas por dia durante seis dias para tratamento de
uns cem pacientes por mês. Três doutores cristãos dão consultas grátis
semanalmente.
202
Era o ano de 1953. Empolgado Treadwell, voltou a confirmar que Sergipe, mesmo
sendo pequeno, revelou uma grande oportunidade para a evangelização do seu povo:
Distinto pela pequenez, o estado de Sergipe supera seus limites territoriais
sendo povoado densamente. existem 12 igrejas distribuídas e
aproximadamente 900 membros, além de sete pastores nacionais e o
missionário do campo. Três igrejas demonstraram o fervor evangelístico.
Uma vez por mês em caminhões alugados vão pregar o evangelho e
distribuir literatura. Oposição encontrada e repulsa não escurece o zelo
deles/delas. [...] duas escolas primárias pequenas recebem um pouco de
ajuda do nosso trabalho Batista. Cada estudante é uma mente fértil no qual
pode se implantar os ideais cristãos. Quem pode adivinhar o progresso
futuro que pode resultar de instrução certa nos anos formativos?
203
Apesar de terem sido recebidos de forma cortês, os Treadwell tiveram que enfrentar o
vigário católico, que não poupou esforços para demonstrar sua indignação. A cada nova frente
201
Relatório enviado a Junta de Richmond, pelo missionário Elmer Maurice Treadwell, e concedido pela
citada Junta através de e-mail pelo David Campbell, no dia 12 de julho de 2005.
202
Relatório enviado à Junta de Richmond pelo missionário Treadwell no ano de 1953, concedido pela mesma
Junta por e-mail no dia 12/7/2005 através do pr. David Campbell.
203
Idem. Ibidem, ano, 1953
missionária que nascia, a perseguição por parte da Igreja Católica aumentava, como
testemunha Elmer Treadwell:
Nós estávamos tentando começar uma igreja em Itaporanga, Brasil. Nós
começamos primeiro em uma casa. As janelas estavam abertas. Nós
estávamos cantando e as pessoas vieram e foram ficando do outro lado da
rua. Eles começaram cantando isto: Se vocês amam a Maria se encontre
em cima na outra rua que a Igreja ficava em uma colina no alto, explica o
missionário). Eles continuaram cantando até que encerramos o serviço.
204
O tempo passava e os conflitos continuavam. A luta se dava pela manutenção do poder
e do espaço religioso, relembra Treadwell:
Outra vez nós estávamos tendo um serviço na rua, na mesma cidade
(Itaporanga). Nós começamos o culto na rua da igreja católica. De repente
ouvimos um apito soprar. Em alguns minutos nós vimos um monge e vimos
os degraus (da Igreja) com muitos homens jovens que o seguiam. Eles
começaram a gritar dizendo: “é melhor vocês saírem da cidade”, então
começou a lançar fogo em nós. Nós regressamos e eles lançaram uma pedra
na porta do nosso carro e fomos embora.
205
Os embates não arrefeceram os ânimos daqueles missionários. No entanto, para dar
continuidade à expansão do evangelho foi necessário recorrer à proteção do Estado, através de
um membro da Igreja que estava ligado ao governo e este, por sua vez, garantiu a liberdade de
culto, sendo supervisionado por cinco soldados da polícia que cercaram os crentes professos.
Assim explicita Winona Treadwell:
No próximo dia nós fomos e falamos a um sócio do governo que era
membro da Primeira Igreja Batista. Ele nos disse que garantíssemos um
ônibus, e enchesse de membros da igreja, e em um par de dias regressamos.
Ele foi conosco e quando nós chegamos ele chamou aproximadamente cinco
soldados que eram da polícia para nos cercar. Então ele disse para meu
marido: ‘pode começar o culto’. Várias pessoas vieram e nós tivemos 12
(doze) decisões para Jesus. Ele o (missionário) agradeceu e regressamos
para Aracaju.
206
Existia muita lhaneza no coração das pessoas ao receberem a mensagem do evangelho;
no entanto, o medo, o pavor da ex-comunhão se constituía num tormento no coração daqueles
204
Informações cedidas pelo missionário Elmer Maurice Tredwell e enviadas por e-mail em 22/09/2005.
205
E-mail enviado por Winona Treadwell em 22/9/2005.
206
E-mail enviado por Winona Treadwell em 26/9/2005.
que passaram a examinar o livro sagrado. “Certo dia meu marido tinha ido para outra cidade e
tinha distribuído Bíblias. O padre pediu para ele trazer para a igreja e lançou todas as Bíblias
no chão. Ele começou uma fogueira e as queimou”
207
O motivo alegado pela Igreja Católica para agir com tanta truculência não era outra
senão a idéia errônea tão propagada entre os católicos que as Bíblias distribuídas pelos
protestantes batistas eram falsas e maculavam o nome de Maria, como diz Boanerges Ribeiro:
O que se alegou foi que eram Bíblias falsificadas e blasfemias porque
denominavam Jesus o filho primogênito de Maria, e não o unigênito. E isso
apesar de serem essas Bíblias de tradução católica romana (mas sem os
Apócrifos) feita da Vulgata; aliás a própria Vulgata sempre usa o termo
Primôgenitus para referir-se a Cristo como filho de Maria. Acredito que
muitos aceitavam essa inverídica argumentação do bispo e do vigário, ao
queimarem a Bíblia; mas a maioria, estou certo, tinha era medo de ser ex-
comungado. Um
homem recebeu uma bíblia de minha mão e disse que ia lê-la, mas afirmou-
me também que tinha medo de que o padre descobrisse e o ex-
comungasse.
208
Quando Treadwell e sua família sentiram o chamado de Deus para trabalhar no Brasil,
possivelmente já vieram preparados e entendiam que num país como o nosso, onde um grande
número de pessoas confessavam e propagavam os dogmas do catolicismo, algum tipo de
dificuldade seria encontrado. Porém não esperava colocar em prova a própria vida. Quanto a
isso relata sua esposa:
Certo dia o missionário Treadwell estava realizando um trabalho de
evangelização em uma cidade do interior de Sergipe juntamente com alguns
jovens e o sr. Penalva, quando de repente um homem se aproximou e lhe
deu uma nota, ele colocou este bilhetinho no bolso, e continuou fazendo o
culto, na verdade ele pensou que aquele papel que lhe foi entregue era de
uma das meninas que queriam cantar. No entanto, quando ele olhou a nota
estava escrito o seguinte: “Realize uma viagem, ou eu matarei” e logo
depois ficou bem ao meu lado.
209
A ação evangelizadora constante do casal Treadwell marcou o campo religioso em
Sergipe. O EAB crescia e a demanda por matrícula aumentava a cada ano. Assim Winona
207
E-mail enviado por Winona Treadwell em 22/9/2005.
208
RIBEIRO, Boanerges. Protestantismo e Cultura Brasileira: Aspectos culturais da implantação do
Protestantismo no Brasil. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1981. p.p. 33-34.
209
E-mail enviado por Linnie Winona Treadwell em 26/9/2005.
Treadwell encaminhou um relatório à Junta de Richmond solicitando apoio para a construção
de um prédio próprio para a instituição.
Acometida por uma doença, Winona Treadwell retornou aos EUA em março de 1957.
O período em que a missionária Treadwell esteve à frente do Educandário Americano Batista
foi significativo para a implantação e o início da consolidação da pedagogia batista em
Sergipe.
Na sua gestão foram implantados os cursos: Jardim da Infância, o curso primário e o
de admissão. Ministrava aula de Inglês à noite em sua casa para ajudar a pagar as professoras,
durante os dois primeiros anos. Valorizava a prática da Educação Física e a utilização de
jogos. Através dos exercícios praticados trabalhava-se a coordenação, relaxamento por
aproximadamente 15 minutos. Nessas aulas se estimulava muito a socialização e a amizade.
Figura 13: Os alunos participavam das aulas de Educação Física, s.d.
Fonte: Acervo particular da missionária Clara Lynn Williams.
A questão disciplinar era resolvida por meio do diálogo. Não se fazia uso da
palmatória. Enfatizavam-se os valores cristãos e os mandamentos da Palavra de Deus.
Organizou uma “lojinha” onde pais adquiriam todo o material necessário na própria escola;
também enviou uma carta para a Junta de Richmond pedindo que se viabilizasse a construção
de um prédio para o funcionamento de uma escola primária. No planejamento feito pela
direção e professoras, se contemplavam as festas e o folclore brasileiros. A preocupação
com a moral e o civismo sempre foi uma tônica no EAB.
2.3.1. 2. Maye Bell Taylor
Maye Bell Taylor chegou a Aracaju em 1955. Assumiu a direção do EAB após o
retorno de Winona Treadwell aos Estados Unidos, em março de 1957.
Durante sua gestão, Maye Bell Taylor participou de diversas reuniões defendendo a
necessidade de construção de uma sede própria para o EAB, como foi visto anteriormente.
Nos relatórios que ela apresentava era mostrado aumento da matrícula e a satisfação dos pais
com a formação oferecida pelo EAB. Como pode ser observado no registro a seguir:
Os últimos dias de fevereiro foram cheios, com a procura dos pais para
matricularem seus filhos. Algumas mães manifestavam ansiedade com a
volta às aulas, são as que têm filhos pequenos, e que nunca foram à escola.
antevêem o sofrimento, por deixarem a família e começarão uma nova
fase, que é a vida estudantil. A mãe de um aluno opinou sobre essa situação
e dizia da sua satisfação por ter matriculado seu filho nessa instituição.
‘Estou muito contente e ansiosa pelo retorno das aulas, e exclamou vocês
são inteligentes e a escola está progredindo muito’
210
.
Os pais passavam a contar as experiências de vida que seus filhos adquiriram no EAB.
Nesse sentido, dizia uma mãe: “Meu filho se recusou a rezar diante da imagem de Cristo na
cruz, porque tinha aprendido que Cristo está vivo no céu” [...]
211
. Taylor apenas ouviu; e,
segundo relatório, confessa que não “contestou e deixou que no futuro esta criança
selecionasse qual a religião que devia seguir quando fosse mais velha”
212
. Outro pai dizia do
seu contentamento e da transformação que o filho estava vivenciando mesmo sendo tão
pequeno. Segundo ele, “sua mãe é católica e protestou quando eu resolvi colocá-lo no EAB,
mas até mesmo ela (avó) está vendo a diferença no comportamento do neto”
213
. Taylor
passa a explicar qual o segredo da mudança dessas vidas, dessas crianças e que eram
visíveis no seu caráter, afirmando o seguinte:
210
Informações contidas em um livro de registros. Acervo: Colégio Americano Batista.
211
Trecho do relatório apresentado por Maye Bell Taylor, no ano de 1957. Acervo: do Colégio Americano
Batista.
212
Trecho do relatório enviado à Junta do EAB, organizada por missionários norte-americanos nos anos de 1956
e 1957. Acervo: do Colégio Americano Batista.
213
Trecho do relatório enviado à Junta do EAB, acervo do CAB.
A influência das professoras cristãs a chance de alunos mudarem em
pouco tempo. As devocionais que são feitas antes de começar as aulas são
poucos minutos, mas é diário, as histórias da bíblia são contadas com figuras
no flanelógrafo, todas as sextas-feiras, e nossos filmes religiosos deixam
uma impressão nos estudantes que pode ser vista pelos pais: Os meninos do
Jardim de Infância representaram muitas histórias da bíblia. Plantaram
milho para a nossa festa junina. O terceiro ano apresentou um drama sobre
João Batista, além do sermão e oração que foram feitos. Muitos pais
compareceram à festa. [...]
214
No ato de sua organização, a escola foi pensada e preparada para atender aos filhos da
elite da cidade de Aracaju. No entanto, um contingente de alunos pobres recorreram à
instituição e todos foram atendidos. Nenhuma criança era dispensada de pagar uma taxa
irrisória, por menor que fosse inclusive para que todos pudessem valorizar e sentir mais
interesse, conforme determina Taylor:
Nós temos muitas crianças pobres em nossa escola, mas não é permitido
ninguém freqüentar a escola sem que os pais deles/delas, pague uma taxa
muito pequena (algumas vezes dez ou vinte centavos por mês). Eu tinha
socorrido a várias famílias que não podem pagar esta pequena taxa. Os pais
e as crianças mostram mais interesse na escola que estuda quando eles
pagam a taxa. Todas as crianças recebem leite livre, oferecido pelo
Departamento de Educação (leite em da América), isso foi uma grande
bênção para os pais e crianças, muitos ganharam peso e foram ficando mais
fortes [...].
215
A presença da Associação de Pais e Mestres no cotidiano do EAB foi de muita
importância, passando, inclusive, a fazer parte do programa curricular dessa instituição,
influenciando assim na sua proposta pedagógica, ao mesmo tempo em que os pais adquiriram
uma consciência de que eles seriam responsáveis pelo desempenho, sucesso ou insucesso que
viesse. A programação de cada mês era cautelosamente elaborada, os elementos básicos eram
abordados com a intenção de relembrar, que se os valores eram repassados e assimilados
214
Trecho do relatório enviado à Junta de Richmond por Maye Bell Taylor, nos anos de 1956 e 1957, acervo:
Colégio Amer77 0 Td(g)Tj4.8619d(i)Tj2.76113 0 T3.24133 0 Td(77 0 Td(g)Tj4.86)Tj3.18128 0 Td(e)d(l)Tj2.7011 0 Td4.32177 0 Td0 Td(o)Tj4.8619 0 Td( )Tj3.00123 0 Td(n)Tj4.86199 0 T1 0 Td(n)Tj4.80196 0 Td(d)Tj/R12 9.7(b)Tj5.8227 0 Td(s)Tj4.14164 0
Colégio AmerA c
conseqüentemente seria favorecida a formação de um caráter sadio, equilibrado, que iria
acompanhar a criança desde a infância até a “idade feliz” (velhice), como explicita Taylor:
Os pais e mestres faziam parte da Associação dos professores e mantinham
uma programação extensa, e eram convidados durante todo o ano. Pastores,
médicos, enfermeiros apresentavam mensagens inspiradoras. Eram exibidos
filmes sobre a saúde, religião e patriotismo. Essa Associação tem um fundo
destinado a ajudar as crianças pobres, compra de livros e uniformes. Na
festa do dia das mães, elas trouxeram frutas, sucos e biscoitos. Venderam
tudo para ajudar a este fundo. Eu estou contente com essa forma de
cooperação. um espírito bom entre os pais, e eles querem ter
freqüentemente estas reuniões no próximo ano. Este é um modo
maravilhoso para adquirir melhores entendimentos entre pais e professoras.
[...]
216
Conforme as atas da Associação de Pais e Mestres, na organização escolar existia um
calendário, o cumprimento das normas disciplinares e a vigilância, que era também uma forma
de controle. Uma nova fase se inicia na vida do EAB a partir de 1972, quando a escola passa
para as mãos dos brasileiros, e provavelmente a Junta de Richmond deixa de enviar suporte
financeiro. A equipe de inspeção da Secretaria da Educação considerava importante a coesão
que existia entre a direção, os pais dos alunos e as professoras. Nesse sentido comentava
Taylor
Ficamos felizes, depois de ter tido dois inspetores de escola visitando a
nossa, elogiaram dizendo: ‘Não conhecemos uma escola com uma equipe
assim. É a melhor equipe da cidade, nem também que tem a liberdade como
esta.’ Cada ano esperamos acrescentar mais equipamentos na biblioteca.
[...]
217
.
Com a intenção de facilitar o ensino-aprendizagem, foi criada a bandinha rítmica. “Ah!
Tinha a “bandinha rítmica”. Eu tocava na bandinha, instrumentos simples mas era bem
legal.[...] a gente se apresentava nas festas, nas lecções. Nas lecções todo dia tinha uma
devocional, antes de começar cantava um corinho, orava e lia a bíblia”
218
.
216
Trecho retirado de um livro de registros. Acervo: Arquivo do Colégio Americano Batista.
217
Idem, nos anos de 1956-1957.
218
Dayse Oliveira Garcia, ex-aluna. Entrevista concedida em 22 de abril de 2005.
Figura 14: Bandinha tmica do EAB se apresentando-se no Dia das Crianças, no ano de 1969, tendo
como responsável a profª Marly Sobral Lima.
Fonte: Acervo do CAB
Os depoimentos apontam que as práticas escolares traziam no seu bojo muito rigor
disciplinar, o que podia ser observado nos horários das atividades internas, na realização da
lecção, nas aulas de músicas, nos ensaios da bandinha rítmica bem como nas apresentações,
no cumprimento do ano letivo, na observância do recreio e na prática da Educação Física.
Esse dispositivo pode ser visto com o olhar prescrutador com base na imagem analisada.
Fazendo uma análise do plano educacional das práticas que eram aplicadas no EAB
observou-se que através da primeira diretora já se privilegiavam algumas práticas pedagógicas
como: culto cívico, festa de encerramento, filmes, formatura, disciplina, organização, filmes
evangélicos, além de palestras, premiações, Caixa Escolar, festas, desfiles, bolsa de estudo e
datas cívicas. Um aspecto que favorecia a concretização do ideário norte-americano batista era
a coesão que existia na mentalidade, na forma de olhar o educando, na educação e nos valores
transmitidos. Para facilitar a compreensão será explicada cada prática.
A palestra era uma metodologia muito usada durante as décadas em que essas
missionárias estiveram dirigindo o Educandário Americano Batista, nas quais se discutiam
alguns temas considerados importantes. Os conferencistas eram homens e mulheres
renomados que desenvolviam um trabalho reconhecido pela sociedade Aracajuana. Eram
convidados para compartilhar sua prática entre alunos, pais, professores e funcionários. Entre
os conferencistas, encontravam-se: pastores, missionários, médicos pediatras, enfermeiras,
professoras, advogados, militares (capitão e dentistas do exército brasileiro).
A Associação de Pais e Mestres recolhia a contribuição de Cr$ 1,00-(um cruzeiro) para
a “Caixa Escolar”, com o objetivo de auxiliar os alunos mais pobres na compra de material
escolar, uniforme e sapatos. Outras festividades eram planejadas e executadas (incluindo
festas juninas com barracas, jantar americano), cuja verba angariada era destinada para a
“Caixa Escolar da Associação”.
Percebo que a viva social do EAB estava intimamente ligada às famílias dos alunos que
formavam a Associação de Pais e Mestres. A programação da escola estava permeada de
comemorações de aniversários, conferências evangelísticas, datas cívicas e outras datas
consideradas relevantes para a instituição.
No Brasil, Maye Bell Taylor desenvolveu vários ministérios: foi diretora do Internato
do Colégio Batista Alagoano, em Maceió-AL; dirigiu a Escola de Trabalhadoras Cristãs
(ETC), em Recife; foi diretora do EAB e fundou a Casa Batista da Amizade, em Aracaju. Em
sua gestão existia um incentivo permanente para que os pais estivessem presentes na escola.
Como forma de estímulo, foi instituído: o prêmio em dinheiro para a classe de cujo
comparecimento dos pais fosse em maior número de o ciclo de palestras em que se discutia
educação e saúde, a caixa escolar, filmes educativos, a bandinha rítmica, o coral, trabalhos
manuais e as festas com as comemorações cívicas e regionais, como festa juninas, formaturas
e encerramentos.
O dispositivo da música estava presente no EAB através das devocionais, da bandinha
rítmica e do coral, sendo momentos de aprendizagens em que se enfatizava a organização,
postura, atenção, harmonia, trabalho em grupo, disciplina e responsabilidade coletiva; é o que
pode ser visto na imagem iconográfica a seguir:
Figura 15: Coral dos formandos em 1968, tendo como regente a profª Ivalcene Carneiro.
Fonte: Arquivo do CAB.
2.3.1. 3. Freda Lee Trott
Em 23 de janeiro de 1959, Maye Bell Taylor prestou relatório das atividades
desenvolvidas no Educandário Americano Batista e viajou para os EUA para gozar suas
férias, a assumindo a direção da escola a missionária Freda Trott
219
. A evangelização fluía
219
Informações contidas em um livro de registros e relatórios escritos em Inglês a que só os missionários tinham
acesso. Acervo: Arquivo do Colégio Americano Batista.
através das devocionais diárias, das lecções e das conferências evangelísticas, não faltando os
elementos mais importantes para se dar a divulgação do evangelho.
A missionária Freda Trott veio para o Brasil ajudar o esposo na disseminação do
evangelho, mas como foi preciso ela assumiu a direção do EAB. Na sua gestão conservou as
estratégias usadas pelas diretoras que a antecederam, mas ao mesmo tempo imprimiu suas
concepções entre as quais podem ser vista: o uso permanente de histórias bíblicas e
ensinamentos morais. Implantou também a aplicação mais concreta dos conteúdos, recusando
a prática de decorar, lançando mão do material ilustrado, projetos, figuras, quadros, que
orientavam o aluno a pensar, estimulavam-nos a realizar pesquisas dentro da sua idade. Deu
continuidade às festas, à Associação de Pais e Mestres, incentivava a criança a aprender o
“lógico”. Fez concretizar-se a compra do terreno e a construção do novo prédio.
Na lecção era usada uma metodologia que chamava atenção da criança para aquele lugar.
Os cânticos, os versículos, a apresentação de história de cunho moral ou religioso, a
dramatização, os jograis e as músicas que eram cantadas em grupo ou individual constituíam-
se em momentos de aprendizagens significativas. A linguagem usada era fácil; até a criança da
mais tenra idade entendia o plano da salvação que perpassava nas entrelinhas naquele espaço
místico, que era o “Salão Nobre”.
Após o término das apresentações dramatizações como eram denominadas, o elenco
completo posava para uma foto, ficando registrado nas lembranças e nos álbuns das famílias
daquelas artistas mirins.
Figura 16: Dramatização apresentada na festa do Dia das Mães, intitulada “As mãos mais lindas”, em
1972. As alunas da direita para a esquerda: Rute Rodrigues Silva, Tânia Denize Carvalho, Valdice
Silva Melo, Aracele Teles Quintiliano, Gilderlene Ramos, Cácia Dias Menezes e Sônia Cristina
Sales de Carvalho,s.d.
Fonte: Acervo do CAB
Figura 17: Representações da Semana da Pátria realizadas no auditório (Salão Nobre),s.d.
Fonte: Acervo do CAB.
O EAB tinha uma proposta pedagógica atualizada e em sintonia com a vida, oferecendo
ao aluno condições para ser bem sucedido, permitindo-lhe o desenvolvimento da criatividade,
da compreensão dos conteúdos estudados, despertando-lhe o raciocínio. Era um desafio àquela
instituição desenvolver no aluno todo o seu potencial que ele era capaz e que lhe propiciasse
um futuro promissor. No entanto, para que o ideal americano fosse concretizado, a disciplina
precisava ser observada. A Missionária Freda Trott, em uma das reuniões, teceu firmes
comentários sobre a disciplina escolar, frisando que para se ter sucesso é necessário disciplina,
e só se consegue criando algumas leis. Surgiu então a discussão sobre a elaboração do
Regimento Interno do Educandário:
O regimento interno do EAB deverá obedecer às seguintes regras: Uso do
uniforme; que o aluno venha para sala de aula munido de todo o material
escolar; a entrada no estabelecimento de ensino deve ser na hora exata; saída
com o mesmo rigor, havendo exceção em casos necessários; nota parcial
mínima será 60 (sessenta); para ampliar melhor os conhecimentos os alunos
na hora do recreio terão acesso à biblioteca, com a presença de uma
professora para orientá-los.
220
O primeiro Regimento não foi encontrado nas instituições que preservam esses
documentos como: o Arquivo da própria escola, o Conselho Estadual de Educação, o Arquivo
Público do Estado de Sergipe e a Inspeção Escolar. Dessa forma o que restou do Regulamento
Interno foram os registros contidos nas atas
221
da Associação de Pais e Mestres nas quais se
mostra uma administração participativa, mas sem abrir mão dos interesses norte-americanos.
Além do planejamento anual e os relatórios de prestação de contas enviados à Junta de
Richmond pelas missionárias era elaborado também um planejamento Estratégico
222
para cada
decênio (1972-1982).
No EAB, tudo transcorria dentro dos padrões norte-americanos. Tudo era vistoriado,
planejado, analisado para não haver descuido. Nenhum prejuízo em qualquer área,
principalmente o intelectual e investigativo. Logo cedo o aluno era despertado para a pesquisa.
Na ata nº 37 (sem data) a diretora Freda Trott convidava os pais para conhecer a produção dos
seus filhos que culminava com a organização de um jornal em que onde os alunos publicavam
220
Regimento Interno elaborado pela Associação de Pais e Mestres em 27/3/1965, acervo do CAB, ata das
reuniões da Associação de Pais e Mestres.
221
Regulamento Interno registrado na ata nº 38, datada de 27/3/1965, da Associação de Pais e Mestres.
222
Informação contida na Ata nº 9, p. 5, em 21/11/1971.
seus próprios artigos, objetivando a ampliação dos conhecimentos e também para serem
orientados à descoberta das suas tendências e vocação profissional: “Aqui estão as pesquisas
feitas por s do EAB sobre o jornal que está funcionando com apresentação de artigos
redigidos por eles mesmos com a finalidade de ampliar os conhecimentos, como também
orientá-los sobre suas vocações e tendência.”
223
. Nas pesquisas realizadas não foi encontrado
nenhuma edição deste jornal que foi organizado com as crianças sob a orientação da
diretora/missionária, Freda Trott.
2.3.1. 4. Clara Lynn Williams
No ano de 1966 a escola acolheu mais uma missionária norte-americana. A princípio
Clara Lynn Williams não pretendia vir para Sergipe. Na sua concepção, existiam muitos
missionários que poderiam fazer a obra; entretanto procurou receber todo o conhecimento
possível para desenvolver seu trabalho em qualquer parte do mundo a que fosse enviada. As
propostas oferecidas pela Junta não foram aceitas pela missionária, e ela somente se predispôs
a vir quando realmente sentiu que era essa a função que Deus tinha escolhido para ela, como
relata neste seu depoimentos:
Quando eu estava no Seminário, teve vários missionários do Brasil lá, eu
disse: não quero ir para o Brasil, porque já tinha muitas pessoas. A Junta pediu
que eu ensinasse aos filhos dos missionários no princípio, eu disse não. Se for
para o exterior eu quero trabalhar com os nacionais, não quero trabalhar com
americano no exterior. Se for para trabalhar com americano posso ficar na
América não é. Então rejeitei. A segunda oferta foi os brasileiros aqui
querendo uma pessoa para dirigir esta escola. Isso eu aceitei. Eu senti que foi a
vontade de Deus que me chamou para este trabalho, mesmo sabendo que tem
muita gente aqui. Eu vim e me lembro desses 7 (sete) dias no navio, quando o
navio passou por Sergipe eles avisaram, eu senti uma coisa no meu coração
que isso foi o lugar a que eu devia vir, e quando eu pisei em terra brasileira, no
Rio de Janeiro, eu fiquei muito feliz, terminei e fui pra casa e senti que Deus
chamou-me para esse lugar
224
.
223
Ata de número 37 do Livro de Ata de Reuniões da Associação de Pais e Professoras, 1964.
224
Clara Lynn Williams, ex-diretora no período de 1966 a 1972. Entrevista concedida em 20/6/2005 em
Aracaju-SE.
Depois de ter aprendido a Língua Portuguesa, a missionária veio para Sergipe e
assumiu a direção do EAB; empenhou-se em dar continuidade ao projeto aplicado por suas
antecessoras, mas também procurou imprimir no seu plano de ão outras idéias, pois
acreditava na possibilidade de ajudar aquelas crianças a serem cada vez melhores, através da
educação e da evangelização como se expressou: “eu vim para dirigir este Educandário que
nossos missionários construíram para ajudar as crianças de Aracaju a ter uma boa educação e
aprender sobre o Criador deles. Deus e Jesus Cristo podem perdoar pecados e dar vida
eterna.”
225
Ao chegar a Aracaju demonstrou muito interesse pela educação brasileira e continuou
usando-se de várias estratégias para que a instituição continuasse progredindo em vários
aspectos, como esclarecem Mendonça e Velásquez:
Estava ansiosa pelo progresso, e os colégios protestantes constituíam boa
alternativa, pois sem descuidar dos aspectos humanísticos, ofereciam aos
alunos instrução científica, técnica e física (educação física) em proporção
muito acima da educação tradicional, tanto em intensidade como em
qualidade
226
.
Williams trouxe consigo muita experiência, pois tinha exercido o magistério na sua
pátria, em duas escolas americanas. Foi redatora do Jornal Batista Sergipano e líder Estadual
das moças
227
. No EAB, valorizou muito o trabalho coletivo, as discussões, os planejamentos;
deu prosseguimento ao calendário de festas (dia das mães, dia dos pais, dia da árvore, festa
junina, formatura, encerramento, desfiles cívicos), à lecção, ao círculo de palestras, às
reuniões de pais e mestres, às excursões e às doações de roupas para as crianças da Cidade de
Menores,
228
procurou tornar pública nas festas do aniversário da escola, através de rápidas
225
Clara Lynn Williams, ex-diretora no período de 1966 a 1972. Entrevista concedida à autora em 20/6/2005,
em Aracaju- SE.
226
MENDONÇA, Antônio G. e VELASQUEZ FILHO, Prócoro. Introdução ao protestantismo no Brasil.
São Paulo: Loyola, 1990. p. 74.
227
A Sociedade de Moças atualmente tem um nova nomenclatura, chama-se Jovem Cristã em Ação, uma
organização ligada à União Feminina Missionária da Igreja Batista local que se destina a desenvolver um
trabalho missionário, com o elemento feminino jovem da Igreja. Em nível estadual há uma líder que está à frente
do trabalho, orientando as organizações das Igrejas Batistas é eleita pela União Feminina Missionária Batista de
Sergipe e permanece por todo o ano; e torna-se membro da Comissão Executiva da União Feminina Missionária
Batista de Sergipe (UFMBSE). Informações concedidas pela Profª Mestra Dayse Vespasiano de Assis, no dia
8/1/2005.
228
Com a preocupação de retirar debaixo das pontes, do vício e do crime as crianças sergipanas e dar-lhes um
lar e educação profissional, foi inaugurada no dia 16 de novembro de 1942 a Cidade de Menores “Getúlio
Vargas,” durante o governo do Coronel Augusto Maynard Gomes. Nessa Cidade os internos receberiam
palestras, a história da fundação do Educandário Americano Batista, fazendo homenagem
especial a três professoras: Jérsia Lobão, Hilda Sobral de Faria e Ruth Cunha Amaral.
Figura 18: Clara Lynn Williams (em pé) homenageava as professoras fundadoras do EAB. Sentadas da
esquerda para a direita: Ruth Cunha Amaral, Hilda Sobral e Jérsia Lobão.
Fonte: Acervo da missionária Clara Lynn Williams
, s.d.
Nas questões educacionais, o Educandário passou a ter o reconhecimento da Junta
Administrativa do Educandário Americano Batista, da Junta de Richmond e da sociedade
Sergipana. Ainda nesse período o EAB recebeu uma carta do missionário Jerry Smith pela
comissão de Planejamento e Estratégia da Missão Batista do Norte do Brasil por determinação
da Junta de Richmond, orientando que fosse realizado um planejamento estratégico,
instrução, trabalho, diversão, saúde e disciplina. Os meninos internos tinham entre cinco e dezoito anos de idade,
e foram divididos em três grupos: pequenos, médios e maiores. A função da Cidade de Menores era zelar pela
assistência aos menores abandonados e delinqüentes, além de amparar e educar. Seu objetivo principal era retirar
do ambiente social os causadores da desordem. Alguns desses menores foram internados na instituição por
cometerem algum crime, outros eram abandonados ou vinham de famílias muito pobres. Para evitar a
ociosidade, os meninos trabalhavam nas oficinas, nas atividades agrícolas, na confecção de roupas, sapatos e
limpeza dos pavilhões. BISPO, Alessandra Barbosa. A educação dos menores abandonados em Sergipe: a
Cidade de Menores “Getúlio Vargas” (1939-1954) São Cristóvão: UFS, 2003. (Monografia de conclusão de
curso).
provavelmente com metas a serem alcançadas a curto, médio e longo prazos, visando ao
próximo decênio (1972-1982). Outras discussões foram travadas em sua gestão como a
implantação da Reforma do Ensino e um convênio com a Prefeitura para aceitar alunos
bolsistas.
A escola continuou crescendo e já atendia a um total de duzentas crianças. As
professoras já pensavam em ter uma escola funcionando nos dois turnos. No entanto, a
missionária Clara Lynn Williams já não sentia mais o desejo de permanecer como diretora.
Julgava importante o EAB passar para as mãos de um brasileiro:
Nós tivemos mais de 200 alunos, quando eu estava saindo daqui. E isso foi
realmente demais para nossa escola. E teve professoras batistas querendo
que a gente construísse outra escola maior, que fosse até o científico, mas eu
achei que eu não tinha condições de fazer isso, as leis estavam mudando eu
não entendi muito as leis
229
e eu achei que se vai construir, o brasileiro deve
ser responsável
230
.
Clara Williams, sentindo que havia cumprindo sua função no EAB aqui em Aracaju,
comunicou à Junta Administrativa para providenciar alguém para substituí-la. E no dia 6 de
dezembro de 1972, às 17 horas, a Associação de Pais e Mestres prestou-lhe uma homenagem
em forma de festa, com entrega de lembranças e flores. Com sua volta ao Brasil recebeu a
incumbência de ser Diretora do Departamento de Educação Religiosa da Paraíba, da
Convenção Batista, em Campina Grande, no período de 1973 a 1975. Após este período
seguiu para Recife e passou a ministrar aulas no Seminário de Educadoras Cristãs, sendo
também Diretora do Laboratório de Recursos Audiovisuais, Diretora da Filmoteca da Missão
Batista do Norte em Recife-Pernambuco. Quando esteve na China se envolveu com o ensino
da Língua Inglesa, e no México, dedicou-se à evangelização daquele povo.
Além da expansão do evangelho, ela envolveu-se nos projetos de Ministério Social
daquele país ajudando a construir cisternas, sanitários, emprestando sementes, arando a terra
229
A missionária está-se referindo à Reforma do ensino de 1º e 2º graus (Lei 5692/71), que instituiu o ensino de
grau composto de oito séries, unindo os antigos cursos primário e ginasial.
230
Clara Lynn Williams, ex-diretora no período de 1966 a 1972. Entrevista concedida à autora no dia 20/6/2005,
em Aracaju-Sergipe.
para plantar. Em Pernambuco (1975-1997) foram construídas sete igrejas rurais nos
municípios: Passira, Feira Nova, Glória de Goita e Tamanduá.
Voltando para sua pátria, procurou dedicar-se à Igreja de que faz parte, como membro
efetivo do “Madison Baptist Church”, em Jackson, participando das atividades na comunidade
e serve atualmente como voluntária nas viagens missionárias para o Brasil, China e México.
Como foi possível perceber, cada uma das missionárias procurou desenvolver a gestão
no EAB como um processo de continuidade da implantação/consolidação da pedagogia batista
no EAB, desenvolvida pela missionária anterior.
A ação educativa e as práticas pedagógicas desenvolvidas não estiveram dissociadas do
processo de evangelização desenvolvido dentro e fora do EAB.
Cada uma das marcas que elas deixaram foi evidenciada nos elementos da cultura
escolar a serem analisados no próximo capítulo.
CAPÍTULO III -- ELEMENTOS DA CULTURA ESCOLAR
A investigação sobre a instituição escolar vem suscitando interesse por parte de
pesquisadores da História da Educação por considerar que nesse ambiente várias ações são
desenvolvidas pelo homem, no seu dia-a-dia, podendo produzir mudanças significativas no
seu interior.
Essa tendência historiográfica valoriza e provoca transformação na seleção de objetos
que serão pesquisados e na “forma de tratá-los”. Têm ocupado espaço na historiografia
brasileira temas que outrora estavam esquecidos e que passaram a ser vistos, com um novo
olhar, como: a cultura e o cotidiano escolares, currículo, disciplina, a organização, o
funcionamento interno da instituição, a arquitetura, os sujeitos educacionais, professores e
professoras, diretores, alunos, o prédio, as fotografias, entre outros. Lopes e Galvão explicam
que além desses objetos, outros estão sendo analisados:
A ‘revolução’ provocada no campo da história sobretudo pela Escola dos
Annales e, posteriormente, pelo que buscou alargar os objetos, as fontes e
as abordagens utilizados tradicionalmente na pesquisa historiográfica, aos
poucos influenciaram os historiadores da educação. Sabemos que, sobretudo
a partir da fundação da revista francesa Annales d’histoire économique et
sociale, por Lucien Febvre e Marc Bloch, muitos dos pressupostos da
história positivista passaram a ser criticados e a História, não mais restrita à
política, interessa-se também por aspectos econômicos, sociais e culturais da
sociedade. Mais recentemente, sobretudo nos últimos quarenta anos, passa-
se cada vez mais a valorizar os sujeitos ‘esquecidosda História, como as
crianças, as mulheres e as camadas populares. Sentimentos, emoções e
mentalidade também passam a fazer parte da História e fontes até então
consideradas pouco confiáveis e científicas também passam a constituir
indícios para a reconstrução de um passado.
231
A História da Educação não apresentava interesse em estudar a cultura escolar até
meados da década de 1980. O cotidiano escolar era desconhecido como parte importante do
processo histórico até que novos olhares e novas ferramentas conceituais surgiram.
A nova História Cultural, que tem suas origens no legado de Febvre e Bloch
e seus seguidores (entre eles destaca-se Fernand Braudel, que dominou o
panorama historiográfico ameados da década de 1960), tem chamado a
atenção, principalmente através dos estudos realizados por Roger Chartier,
para a necessidade de se estudarem os objetos culturais em sua
231
LOPES, Eliane Marta Teixeira e GALVÃO, Ana Maria de Oliveira. História da Educação. Rio de Janeiro:
DP&A, 2001. p.38.
materialidade, restabelecendo os processos implicados em sua produção,
circulação, consumo, práticas, usos e apropriações.
232
Ao analisar a cultura escolar materializada no EAB, o foco das investigações recai
sobre as práticas escolares, sobre o funcionamento interno da instituição educacional,
organização da Associação de Pais e Mestres (APM), o currículo e como era construído o
conhecimento escolar. Para conhecer todo esse contexto, faz-se mister refletir sobre como e o
que se estudava, como eram ensinados os conteúdos e quais os métodos de avaliação
aplicados para alcançar os objetivos do processo ensino-aprendizagem. Com base nesses
pilares o EAB estabelecia sua organização, sua arquitetura e as práticas escolares.
Foram classificadas neste estudo como componentes das práticas escolares as questões
relacionadas ao currículo, à metodologia do ensino, à discipli à B
A escola vivia em festa.Comemorava-se o aniversário das professoras e dos
funcionários. (Uma coisa me chamava atenção, era que as missionárias não
faziam distinção de professor e funcionário, mesmo o servente). No dia do
trabalhador tinha outra festa. Professores e funcionários recebiam tantos
presentes!!
233
Houve um ano em que foi feito um circo bem criativo com animais, os
meninos bem caracterizados, tinha palhaço, diretor de circo, os meninos
vestidos de ursos, de macacos e aquilo chamou muito atenção. Foi a
primeira festa de arrojo da escola. E vários colégios como os maiores da
época: Jackson de Figueiredo, Tobias Barreto, Atheneu, esses colégios
faziam questão de assistir às festas de encerramento do EAB, era aquela
festa solene [...] Geralmente as escolas convidavam as autoridades, quando
eles não viam mandavam um representante como coronel do exército, o
presidente da mara de vereadores, dos deputados, da secretaria da
educação, do MEC, também vinha um palestrante que era sempre uma
pessoa famosa, como Marcos Guimarães, e os pastores que se destacavam
como Donald Reis. O Colégio sempre chamou atenção.
234
O Educandário Americano Batista era destacado pelas festas. No tempo de
dona Maye Bell ela fazia as alegorias das fitas, apresentavam as danças. Era
Maye Bell quem ensinava. nos Estados Unidos eles trabalhavam muito
com essas coisas. Nas escolas tinham aquelas torcidas organizadas. Ela
trouxe esse jogo para aqui. Era muito bonita.
235
Isso tinha de bom. Porque as festas culturais tinham um calendário muito
intenso. Uma das partes boas da escola. Toda festividade tinha alguma
atividade. Uma atividade feita pelos alunos, achava isso muito interessante.
Tinha um respeito político muito forte, tinha uma admiração à bandeira, ao
hino nacional, éramos doutrinados nessas situações para admirar o
patriotismo. A bandeira dos Estados Unidos estava acima de toda a
instituição, era a instituição americana, a nossa bandeira estava ao lado.
Agora o vínculo maior era o americano. Depois é que a gente vai
percebendo quando fica adulto, o quanto era errado essa situação que a
gente estava ali. Hoje eu percebo. Mas, as atividades que tinham
valorizavam muito o patriotismo e a bandeira Nacional.
236
O que deixa transparecer nesses e outros depoimentos é que as festas não eram feitas
aleatoriamente; existiam objetivos traçados. Cada data trabalhada servia para serem ensinadas
algumas lições ou valores como: o amor à família, o cuidado que se devia ter com a natureza
(as árvores e os animais), o respeito pela equipe diretiva, professoras e funcionários
233
Carlos Henrique dos Santos, ex-funcionário no período de 1955-1984. Entrevista concedida em 11/12/2004.
234
Carlos Henrique dos Santos, ex-funcionário no período de 1955-1984. Entrevista concedida à autora em
11/12/2004.
235
Ivalcene Carneiro Fraga, ex-professora. Entrevista concedida em 18/4/2005.
236
Stoelsel Chagas Junior, ex-aluno no período de 1965-1971. Entrevista concedida em 16/11/2005.
valorização do folclore e da cultura brasileira além de imprimir nos alunos e visitantes uma
boa impressão, ao assistir àquele espetáculo que era preparado com essa finalidade. As
práticas escolares que foram implantadas no EAB, contribuíam para criar a imagem de uma
escola de excelente padrão educacional e ao mesmo tempo se constituíam em um convite para
que a população tomasse conhecimento do que estava sendo desenvolvido na instituição.
O currículo oficial estabelecido pela Lei de Diretrizes e Bases (LDB / 4024/61) era
seguido na íntegra para que o aluno não fosse prejudicado. Era feito o calendário de festas, e
as datas cívicas, folclóricas ou pedagógicas, eram comemoradas, como relata Taylor:
Como a maioria das escolas no Brasil celebra suas férias do segundo
semestre em junho, como no São João as escolas comemoram com
programas e festas, nós decidimos ter nosso programa neste momento. Era
um sucesso tudo muito colorido; os alunos vestidos com suas fantasias de
fazenda. O auditório pequeno era abarrotado com os pais e amigos. Quase
foram feitos vinte dólares que compraram vários pares de sapatos e
uniformes.[...]
237
O calendário das atividades era planejado nas reuniões mensais da APM, de forma que
a cada mês destacava-se uma data: cultural, cívica, comemorativa, entre outras.
A festa junina
tinha boa aceitação tanto pela direção como pelos pais, que se empenhavam em angariar
dinheiro para a “caixa beneficente”.
A festa de São João era bonita. A profª Helena Teles escolhia os alunos que
mais se destacavam, todos se trajavam de matutos, colocavam as músicas de
Luiz Gonzaga. Nesta festa tinha barraca e cada barraca tinha um nome,
vendia salgadinhos, comidas típicas [..]
238
As festas eram ótimas, excelentes, tudo simples, porém muito atraente. As
comemorações do dia das mães, dos pais, das professoras, as festas juninas,
eram feitas com tanta simplicidade, mas com cunho bem brasileiro. E os
pais gostavam muito.
239
As festas juninas eram bastante valorizadas pelas missionárias batistas norte-
americanas, que encontravam nesses momentos uma forma de ensinar o folclore brasileiro e a
cultura do Nordeste. Provavelmente, tinham conhecimento do real significado da festa; no
237
Trecho do relatório anual emitido à Junta do EAB, aos missionários norte-americanos no ano de 1953.
Acervo do Colégio Americano Batista.
238
Carlos Henrique dos Santos, ex-funcionário que atuou no período de 1955 a 1990. Entrevista concedida em
11/12/2004.
239
Iolanda Santos Oliveira, ex-professora, no período de 1961. Entrevista concedida à autora em 22/4/2005.
entanto, nada conseguiu ofuscar aquelas comemorações. Enquanto estiveram como diretoras,
ou exercendo 0 Td(u)Tj5.94239 0 Td(j0.06 TL( )’13.411236 0 Td(l)Tj3.30133 0 Td(a)Tj5.16207 3613d(r)Tj3.90157 0 Td( )Tj.16207 0 Td(s)Tj4.561830 Td(e)Tj5v30133 0 Td( 0 Td3.7215 0 Td(d)Tj.88236 0 Td(a)Tj5.16207 0 Td(d)Tj55.88236 0 Td( )Tj.88236 0 Td(m)Tj.82234 0 Td(n)Tj5.16207 3613d(r)Tj.16207 0 Td( )Tj3.84154 6 Td(o)Tj55.2228 6 3d(e)Tj5.84154 6 Td(o)Tj5.16207 3613d(r)Tj5.2221 0 Td(o)Tj53.7215 0 Td(d)Tj.30133 0 Td(a)Tj5.30133 0 Td(a)Tj53.7215 0 Td(d)Tj.82234 0 Td(d)Tj55.2221 0 Td(e)Tj5á88236 0 Td(m)Tj.88236 0 Td(e)Tj54.561830 Td(e)Tj5411236 0 Td(l)Tj3.30133 0 Td(a)Tj55.2221 0 Td(s)Tj4.56187 3613d(r)Tjp.2221 0 Td(ç)Tj5.16207 0 Td(õ)Tj5.82234 0 Td(e)Tj55.2228 6 3d(e)Tj5.88236 0 Td(r)Tj.82113 0 Td( )Tj3.16207 0 Td(õ)Tj5.16207 0 Td( )Tj3.88236 0 Td(m)Tj.18128 0 Td(o)Tj5.88236 0 Td(r)Tj5.2228 6 3d(e)Tj5.56187 4213(o)Tj5fj0.06 TL( )’13.3.7215 0 Td(d)Tj5.88236 Td(e)Tj55.2228 6 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Figura 20: Festa Junina, professora da turma, Ivete Macário, s.d.
Fonte: Acervo do CAB.
As festas eram comemoradas com muito entusiasmo. Na programação da festa Junina,
que recebeu o nome de “Tarde Folclórica”, podia ser visto: quadrilha, roda sertaneja, esquete,
coroação da rainha, casamento caipira, venda de doces cuja renda era revertida para a “caixa
beneficente”. Na festa dos pais e das mães tinha muita música, dramatizações, apoteose,
jogral e poesia.
As festas, como elementos da cultura escolar, permitem a visibilidade das relações
pedagógicas, do sucesso e do aproveitamento dos alunos durante o ano letivo. Esse dispositivo
representa o cartão-postal da instituição. Além da propaganda feita e a divulgação do
programa pedagógico, tinha a entrega dos prêmios e as medalhas aos alunos que
conquistavam os três primeiros lugares. Essa prática aguçava ainda mais a competitividade e
enchia o ego do aluno a ser cada vez melhor. Marcos Aurélio relembra essa atividade:
No EAB existiam essas atividades de oferecer medalhas a quem tirou nos
primeiros lugares da turma naquele período. Então a gente se dedicava mais
ainda para ser o primeiro. Havia uma ‘guerrinha interna’, entre determinados
colegas, e era observado quem tinha se dado mal aqui, quem tinha sido melhor
lá. A escola estimulava você a ser um dos
melhores alunos. Dizia que o futuro viria, e votinha que estudar cada vez
mais para ter uma instrução melhor
240
.
As premiações se davam de duas formas: os alunos que ocupavam os três primeiros
lugares eram condecorados com as respectivas medalhas: de ouro, prata e bronze; em outros
casos recebiam outros prêmios, como livros. Era comum em cada reunião da APM contemplar
com um prêmio em dinheiro/ espécie a classe que conseguisse levar o maior número de pais
para a reunião.
Figura 21: Medalhas recebidas pelos alunos: Lélio Silva Azevedo, Álvaro Silva Azevedo e
Tereza Hortência Silva Azevedo, por terem conquistado as melhores notas no ano de 1969.
Fonte: Acervo particular da ex-aluna Tereza Hortência Silva Azevedo.
240
Marcos Aurélio Dantas Vieira. Entrevista concedida à autora em 24/2/2006.
Figura 22: Encerramento do ano letivo de 1972, Pr. Jabes Nogueira condecorava o aluno Marcos
Aurélio Dantas Vieira com a medalha de ouro, por ter conquistado o 1º lugar.
Fonte: Acervo particular do ex-aluno Marcos Aurélio Dantas Vieira.
Figura 23: Na festa de encerramento, Pr. Waldemar Quirino dos Santos condecorou a aluna Tereza
Hortência Silva Azevedo, por ter conquistado as melhores notas em 1969.
Fonte: Acervo particular da ex-aluna Tereza Hortência Silva Azevedo.
Figura 24: Na festa de encerramento o aluno Lélio Silva Azevedo foi premiado pela missionária Donna
Turner, por ter sido o melhor aluno em Inglês, no ano de 1972.
Fonte: Acervo particular da ex-aluna Tereza Hortência Silva Azevedo.
Os depoimentos deixam transparecer a existência da competitividade. O estímulo e a
valorização dos “melhores” favorecia o surgimento de conflito entre os estudantes:
A festa de encerramento compreendia, pois, uma festa oficial, uma
solenidade na qual, reunindo toda a comunidade escolar, as famílias, as
pessoas ‘gradas’ da sociedade, as autoridades [...] na escola reafirmava sua
identidade e o seu valor social. Por isso, nada melhor para divulgar o seu
trabalho e o seu prestígio do que o ar solene, grave, formal dessas festas,
juntamente com o espetáculo, a encenação realizada pelos próprios alunos
sentido primeiro da existência da escola. A escola tornava-se palco e
cenário, algumas vezes caprichosamente ornamentado, onde alunos-atores
encenavam para a sociedade o espetáculo da cultura, das letras, da ordem,
das lições morais e cívicas
241
.
O dia de festa representava premiações para alunos e professoras que se destacavam
nas suas atividades intelectuais. Todos os preparativos aconteciam com muita antecedência.
Auditório era decorado com cortinas e muitas flores. A música tocada ao piano enchia o
auditório bem como o coração de formandos e presentes. Era assim que aconteciam as festas
de formatura.
241
SOUZA, Rosa Fátima de Op. Cit. pp. 253-254.
Figura 25: Turma de formandos do ano de 1964. Em pé, à direita missionária/diretora Freda Trott; em
pé à esquerda, a professora Virgínia dos Santos e no centro a profª. Jérsia Lobão.
Fonte: Acervo particular da missionária Freda Lee Trott.
Nas festas de formatura, o ambiente expressava um ar de seriedade e solenidade,
transformando aquelas crianças em pequenos adultos, atitudes demonstradas na postura e no
comportamento. Aquele ambiente educativo transformava-se em palco de premiações. Os
alunos que obtinham os melhores resultados e galgavam os primeiros lugares, eram
condecorados com medalhas de ouro, prata e bronze, de acordo com os critérios pré-
estabelecidos pelas professoras. Encontramos fotos das festas juninas, desfiles cívicos, das
lecções, da formatura dos “Doutores do ABC”, das alusões ao dia do soldado, da pátria e da
festa de encerramento do ano letivo. Barros remete que
Nas imagens produzidas pelas famílias, existem aquelas que remetem a
eventos mais solenes, como as formaturas. Nelas a escola reafirma o ritual,
impregnando na comunidade (e em nosso olhar) sua autoridade e
competência na formação dos indivíduos. Nas imagens das formaturas, a
comunidade se curva e aceita o poder social da escola. Nas fotos desses
eventos encontram-se signos da escola como veículo promotor de ascensão
social. O assujeitamento a esses valores inicia-se muito cedo, nas formaturas
de pré-escolar para a classe de alfabetização. Da quarta para a quinta série,
na passagem do ensino fundamental para o ensino médio.
242
A presença dos pais, familiares, amigos, convidados, fotógrafos, autoridades e
políticos coloria ainda mais o ambiente, que, com todas as suas representações, conduzia as
crianças a vivenciarem momentos de sonhos inesquecíveis. Recordam os ex-alunos:
Foi Alice Barroso Melo [...] quem me formou como doutora do ABC. Essa
formatura foi um marco em minha vida, porque eu me senti tão importante.
O EAB foi a pioneira nesta prática, eu acho que as outras não faziam isso. O
Americano Batista foi inovador em tudo, muito avançado pra época.
243
Eram boas festas feitas no auditório, na parte de cima, sempre tinha muitos
convidados ilustres, porque as pessoas eram muito conceituadas. A gente se
formou, recebeu o diploma de chapéu, de bata e tudo, uma porção de
doutorzinho.
A roupa era de brim azul. Um sapato alto (cavalo de aço), pra
mim foi o céu. Aí tinha canto, dramatização, poesia, etc. O americano
valorizava cada degrau que o aluno subia.
244
O EAB acolhia as crianças do pré-primário até os seis anos de idade. Concluindo essa
etapa, ela passaria para outro grau, que seria o primário. “Essa passagem de nível escolar era
comemorada com a formatura dos “Doutores do ABC”, a festa dos alunos que concluíam o
último período da fase pré-primária e ingressavam no ensino primário.
245
A pedagogia norte-
americana demonstrava preocupação com o lúdico e a socialização da criança, algo
comprovado através das comemorações e festas:
A cada uma, na origem desse cotidiano festivo, a possibilidade de
identificarmos o fio ordenador de uma pedagogia preocupada em provocar a
socialização da criança pela ludicidade de atividades festivas, congregadoras
do educando junto aos demais e a temas sociais, a partir de um
envolvimento, socializando-a para a ecologia, a cultura, diferentes costumes,
pátria. Modernamente, as imagens dessas festas indiciam uma intensa
socialização- nas imagens estamos sempre cercados de amigos, de colegas,
242
BARROS, Armando Martins. Os Álbuns fotográficos com motivos escolares: veredas no olhar. In: GATTI
JÚNIOR, Décio e INÁCIO FILHO, Geraldo (orgs). História da Educação em perspectiva: ensino, pesquisa,
produção e novas investigações. Campinas: Autores Associados; Uberlândia: EDUFU, 2005. (Coleção memória
da educação). p. 126.
243
Ilsa Donald, ex-aluna, que estudou no período de 1959 a 1967. Entrevista concedida à autora em 24/9/2005.
244
Sônia Virgínia Prado Gomes, ex-aluna. Entrevista concedida em 28/4/2005.
245
LEAL, Rita de Cássia Dias. O primeiro jardim de infância de Sergipe: contribuição ao estudo da educação
infantil (1932-1942). São Cristóvão: 2004. p. 88. ( Dissertação de Mestrado).
de professoras; numa palavra de afetos- e a apropriação de uma
temporalidade- as fotos sempre remetem a festas recorrentes envolvendo o
crescimento do aluno e associando sua figura a outros personagens.
246
Entre os ritos de passagens que permeavam a pré-escola, ficou registrada através da
memória e das imagens, a formatura dos “Doutores do ABC”, composta com todo o
cerimonial e vestimentas.
Figura
26: Formatura dos “Doutores do ABC” em 1961.
Fonte: Acervo do CAB.
Sobre a implantação das Bolsas de Estudo, ficou Td(c)Tj5.2221 0 Tdd(p)Tj5.40 Td(u)Tj5.88236 0 Td(t)Tj3.1818236 0 Td(a)Tj5.16207 0 Td(s)Tj4 0 Td(d)Tj5.82234 0 Td(o)Tj5.82234 0 Td(e)Tj5.10205 0 Td(i)Tj3.30133 0 Td(u)Tj5.88236 0 Td(o)Tj5.94239 0 Td(r)Tj3.30133 0 Td(o)Tj5.82234 0 Td(o)Tj5.82234 0 Td(u)Tj5.88236ã 0 Td(i)Tj3.2413 0 Td()Tj5.16207 0 Td(o)Tj5.88236 0 Td( )Tj3.00121 0 Td( )Tj3.00121 0 Td(a)Tj5.2221 0 Td( )Tj6.66266 0 Td(l)Tj3.24136 0 Td(l)Tj3.24133 0 Td()Tj5.16207 0 Td( )Tj6.78272 0 Td(n)Tj5.88236 0 Td
O que mais nos marcou no EAB foram as bolsas de estudo oferecidas por
dona Maye Bell para mim, minha irmã e meu irmão. Meu pai não podia
pagar o colégio. Se não fosse a bolsa de estudo, não teríamos feito um bom
curso primário. Tanto eu como meu irmão Nilton, passamos no concurso de
admissão para a Escola Industrial de Aracaju.
Outro aluno contemplado com o sistema de bolsa do EAB foi Antonio Alves Bomfim:
Eu terminei o primário no Grupo Escolar Ivo do Prado. Fiz o exame de
admissão para a Escola Industrial; tinha cinqüenta vagas, eu passei no
qüinquagésimo terceiro lugar. Como meu pai era pescador, e nós éramos
muito pobres, minha mãe falou com pr. Mauricio Treadwell, esposo de dona
Winona Treadwell para conseguir uma bolsa, pra eu estudar, para não
perder a noção daquilo que tinha aprendido. [...] Foi que estudei um ano
naquela escola gratuitamente, a ‘Missão’ me deu essa oportunidade.”
247
Os depoimentos revelam que a escola mantinha um trabalho voltado para o social.
Aqueles alunos cujos pais não tivessem condições de assumir as mensalidades eram
contemplados por bolsas de estudo vindas por parte da missão, das missionárias ou dos
amigos das missionárias dos Estados Unidos..
Conforme os depoimentos, na programação do sesquicentenário da Independência do
Brasil foi realizada uma festa no EAB. Ecoava no ar por todos os lados a melodia vibrante da
marcha do sesquicentenário, escrita por Miguel Gustavo e cantado por um grande coro de
vozes compostas de pais, familiares, amigos, direção, professoras, alunos e funcionários da
instituição. O Salão Nobre estava bem decorado com cortinas, o tapete vermelho, que servia
de passarela para seus alunos que adentravam o lugar.
247
Antonio Alves Bomfim, ex-aluno do período de 1952. Entrevista concedida à autora em 27/11/2005.
Figura 27: Festa em comemoração ao Sesquicentenário da Independência, realizada em 9 de setembro
de 1972.
Fonte: Acervo do CAB.
Na comemoração do Sesquicentenário foi valorizado o civismo, e se estimulava o amor
à pátria,
Para receber seus convidados, os pequenos infantes cantavam garbosamente
os hinos nacional e do sesquicentenário. Foram feitas continências à
bandeira Nacional. O ambiente respirava o amor à pátria, o civismo, o hino
do sesquicentenário foi cantado por todos os presentes e acompanhado ao
piano pela Professora Ofenísia Freire. Os alunos do ano apresentaram
uma apoteose, em seguida um desfile com os alunos caracterizados e
portando as bandeiras dos 21 Estados do Brasil. Com muito garbo os alunos
do Jardim de Infância ao quarto ano se portavam como perfeitos cidadãos
mirins. A festa continuou, cântico (foi cantado “Gold Bless American,”
pelos alunos do ano, em Inglês e Português), poesia, diálogos, palestra,
saudação e oração pela pátria encheu aquele lugar de fé e amor.
248
248
WIILIAMS, Clara Lynn. Notícias do Educandário Americano Batista. Jornal “O Batista Sergipano”, nov.
1972. nº 3
Sua culminância se deu com o cântico em uníssono do Hino Nacional e com todo o
patriotismo que já se esperava de um momento como esse.
Marcha do Sesquicentenário
(Canção de Miguel Gustavo)
Marco extraordinário
Sesquicentenário da Independência
Potência de amor e paz
Esse Brasil faz coisas
Que ninguém imagina que faz
É Dom Pedro I
É Dom Pedro do Grito
Esse grito de glória
Que a cor da história à vitória nos traz
Na mistura das raças
Na esperança que uniu
No imenso continente nossa gente, Brasil
Sesquicentenário
E vamos mais e mais
Na festa, do amor e da paz.
Figura 28: Festa da Associação de Pais e Mestres, em comemoração ao Sesquicentenário da
Independência do Brasil, em 9 de setembro de 1972, com a presença do Major Aureliano Travassos
Santos (ex-combatente) que fez a saudação aos visitantes.
Fonte: Acervo CAB.
O Sesquicentenário da Independência foi comemorado não só pelos alunos do EAB
como também pelos pais, amigos e pastores do campo sergipano que estiveram presentes a
essa festividade.
No desfile realizado no dia 5 de setembro, os alunos do Jardim de Infância,
dirigidos pela professora Maria Helena Teles, entregaram o livrinho “Brasil
Grande só Assim” e as flâmulas do Educandário Americano Batista, ao
Governador do Estado e ao Prefeito da cidade de Aracaju e todas as
autoridades presentes. Após o desfile, o EAB recebeu a visita das esposas do
Governador e do Prefeito, elas deram uma palavra de estímulo às crianças e
ofereceram balas para todos os alunos. Além do desfile todos os alunos
foram fotografados, um filme apresentado pela Petrobras, e aconteceu um
show de mágica
249
. A Associação de Pais e Mestres, sob a direção da
presidente Iolanda Quintiliano dos Santos, realizou um culto em Ação de
Graças em favor dos Líderes políticos do Brasil. Dentre as autoridades
cívicas e religiosas estavam presentes o Comandante do 28 BC, Coronel
Evaldo Hardmam, o Prefeito da cidade de Aracaju, Dr Cleovansóstenes
Pereira de Aguiar, o vereador Walter Santiago e pastores das Igrejas
Evangélicas. A palestra alusiva à data foi entregue pelo Tenente João
Salgado de C. Filho. Após uma saudação aos visitantes por um membro da
Associação de Pais e Mestre (APM), Major Aureliano Travassos Santos,
Pastor José Carlos Torres de Medeiros, pastor da Segunda Igreja Batista de
Aracaju foi o conferencista da ocasião discorrendo sobre o tema ‘Liberdade
Espiritual.’ Também durante o mês de setembro, realizou-se uma campanha
em prol do Lar Batista Marcolina Magalhães, em Maceió
250
.
Conforme informou Williams, a campanha fez sucesso:
Foram conseguidas seis caixas de roupas, sapatos, brinquedos, sabão, entre
outros. foram enviados para o orfanato, colaboração dos alunos do EAB.
Para concluir as atividades do mês, a missionária Audry Tenant
251
dirigiu
uma semana de evangelismo, com histórias bíblicas, novos corinhos e com
sua boneca. Ela levou algumas crianças a se interessarem, entregando,
assim, as suas vidas a Jesus Cristo
252
.
As práticas escolares e características da cultura norte-americana que foram
implantadas e materializadas no EAB deram bons frutos. Atualmente é uma realidade, ao
verificarem-se no mercado de trabalho ex-alunos desempenhando importantes papéis na
249
WIILIAMS, Clara Lynn. Op. Cit. nov. 1972. nº 3.
250
WILLIAMS, Clara Lynn. Op. Cit. 1972, nº 3.
251
Audry Tenant era uma missionária norte- americana, pertencente a Igreja Evangélica Independente.
252
Idem .p. 03.
sociedade como: psicólogos, engenheiros, professores, pastores, médicos, promotores,
advogados, enfermeiras, empresário, funcionários públicos, dentre outras profissões.
O EAB comemorava todas as datas como: o dia das mães, dos pais, sete de
setembro, dia da árvore. Nesse dia era plantada uma árvore, cantava o hino
da árvore. Uma professora era escolhida para dar explicações sobre a árvore,
sua importância, o valor, pra que servia, ensinava plantar e a valorizar a
árvore. No dia dos pais e das mães toda a escola se envolvia, estavam os
pais, professoras, e as crianças. A festa de formatura. Na formatura, cantava
o hino Nacional, o hino da escola e as premiações
253
.
As festas eram belíssimas. A festa das mães, dos pais, do final do ano. Não
faziam nem na escola, porque não dava, a gente ia para o teatro Atheneu.
Tinha palco, tinha bailarina, domadora de animal, os meninos se vestiam de
onça, elefante, era festa mesmo! Eu fui bailarina domadora de um leão. Josa
se vestiu de coelhinho na páscoa.
254
.
A primeira reunião da APM, do ano de 1956, tratou dos seguintes temas: eleição da
diretoria, posse da diretoria, arrolamento de sócio em número de 27; discutiu-se também que
as reuniões seriam realizadas no primeiro sábado de cada mês, no mesmo horário e local. Na
ata 5, foi apresentado um calendário das atividades realizadas com suas respectivas datas:
em 27 de maio houve uma homenagem às mães; 28 de julho houve palestra e projeção de
filme; 12 de agosto, homenagem aos pais, que teve como conferencista Dr. Adel Nunes; 30 de
setembro, Programação sobre a Pátria
255
. Nesse ano as festividades registradas foram essas.
No ano de 1958 apareceu no registro a preocupação de Maye Bell Taylor em preparar as
festividades de encerramento com muita antecedência. A diretora expôs seus planos acerca da
exposição de trabalhos manuais e encerramento das aulas e da festa no Colégio Estadual
256
.
3.2. O Prédio
A preocupação com o espaço escolar, segundo Viñao Frago e Augustín Escolano,
aumenta na passagem do século XIX para o século XX. Seus reformadores acreditavam que o
sucesso da escola dependia também da localização, da higienização e da sua arquitetura. O
253
Ivete Macário. Ex-aluna, período de 1963 a 1969. Entrevista concedida em 26 de março de 2006.
254
Dayse Oliveira Garcia. Ex-aluna. Entrevista concedida em 22 de abril de 2005.
255
Ata da Associação de Pais e Mestres (APM), Ata nº 4, p. nº 3, no ano de 1956.
256
Ata 14 da APM, p. 10 no ano de 1958.
prédio não precisava ser um monumento luxuoso, mas era preciso receber a luz e o calor do
sol; o ar deveria circular livremente. A arquitetura escolar não deveria definir um modelo.
Mas era necessário cumprir uma função pedagógica. Os locais– escolas passaram a ser usados
para as aulas. As salas deveriam permanecer fechadas; isto é, para cumprir seus objetivos não
poderiam ser usadas para as outras funções sociais como: um hospital, um prédio, uma
fábrica. Suas aulas deveriam ultrapassar os muros da escola proporcionando momentos de
aprendizagem através de visitas aos museus, ao campo, realização de excursões e passeios.
O debate sobre as questões do espaço escolar esteve distante das pautas discutidas pela
História da Educação, que durante décadas se preocupou com o estudo do pensamento
pedagógico. A necessidade de estudar o cotidiano da escola e analisar a micropolítica escolar
deu-se num período mais recente, com o despontar da Nova História Cultural, que ampliou
seu olhar para as instituições educacionais “como centro de decisão e poder e, portanto, de
conflitos pessoais e inter-grupais
257
.
Foi com o novo olhar da História Cultural que os historiadores das instituições
educacionais passaram a focar sua atenção para seus primórdios, consolidação, evolução e as
mudanças acontecidas efetivamente na prática do processo ensino-aprendizagem, em que se
pode ressaltar as transformações que ocorriam no cotidiano escolar.
O espaço-escola não é um “continente” onde simplesmente se trabalham as questões
pedagógicas, os pressupostos teóricos e onde atuam os personagens que interferem no
processo de ensino-aprendizagem executando as ações que foram planejadas. Mas a
arquitetura é um programa capaz de interferir nos sistemas de valores, na ordem, nas
inovações pedagógicas, como confirma Escolano:
A arquitetura escolar é também por si mesma um programa, uma espécie de
discurso que institui na sua materialidade um sistema de valores, como os de
ordem, disciplina e vigilância, marcos para a aprendizagem sensorial e
motora e toda uma semiologia que cobre diferentes símbolos estéticos,
257
FRAGO, Antonio Viñao & ESCOLANO. Op. Cit. p. 12.
culturais e também ideológicos. Ao mesmo tempo, o espaço educativo
refleti
Quando eu fui estudar no EAB o prédio era ali na Avenida Barão de Maruim,
esquina com Lagarto. Eles construíram um prédio com dinheiro da Missão,
era um prédio moderno, com uma arquitetura moderna pra época, sala de aula
grande, janelões grandes e altos, tudo arejado, a ventilação e a iluminação
entravam mas a gente não ficava debruçado na janela, existiam os banheiros
separados para meninos e meninas
261
.
Em 1961, no mês de outubro, no dia 21 deste, em cerimônia solene que muito
nos honrou, a esposa do então Governador do Estado, corta a fita simbólica,
inaugurando assim o Novo Edifício do Educandário Americano Batista, que
muito veio honrar o nome da Denominação e o próprio Estado, sendo um dos
lindos edifícios da Capital
262
.
Figura 29: prédio do Educandário Americano Batista, inaugurado em 21/10/1961, localizado na
Avenida Barão de Maruim nº 1332.
Fonte: Acervo particular da missionária Clara Lynn Williams.
261
Ilsa Donald, ex-aluna do período de 1959 a 1967. Entrevista concedida à autora em 24/9/2005.
262
WILLIAMS, Clara Lynn. Síntese do trabalho batista em Sergipe 1913-1971. Aracaju. 1971. p. 6.
O EAB estava inserido em um lugar privilegiado, no centro da cidade, dando acesso a
uma avenida de grande importância, a Barão de Maruim. O espaço escolar estava delimitado
por muros com a “função reguladora e um tempo diferenciado, com novos usos e valores. Os
muros representariam a passagem para um mundo onde existem regras fixas”
263
. Na parte
lateral, dando acesso à Rua Lagarto, havia um portão pequeno, de onde se registravam
entradas e saídas, sob o olhar disciplinador da diretora, de uma professora ou de um
funcionário. Existia uma organização, e os espaços internos eram bem demarcados.
O edifício estava dividido em dois pavimentos. As salas, tanto do térreo quanto do
primeiro pavimento, estavam voltadas para um espaço de grande circulação de ar. Eram
iluminadas pela luz do sol, tendo à frente o quadro e a mesa da professora, no centro-
representando a autoridade, com salas mistas (co-educação) e carteiras individuais.
263
SCHIMMELPFENG, Regina Maria. Retocando Imagens: Escola Alemã/Colégio Progresso ( 1930-1945)
2005 In: BENCOSTTA, Marcus Levy Albino. (org) História da Educação, arquitetura e espaço escolas. São
Paulo: Cortez, 2005. p.141-170. p.151.
Figura 30: Parte interna da sala de aula, sendo vistas em primeiro plano as carteiras individuais,
quadro, estante, caderno, janelas, s.d.
Fonte: Acervo do CAB.
Na sala de aula, a presença das carteiras individuais de madeiras apontava para um
ensino individual. Nas paredes ficou documentada através das imagens a presença de cartazes
e símbolos patrióticos, demonstrando assim preocupação com a assimilação do conteúdo e dos
valores cívicos.
Quanto ao material didático-pedagógico, a escola disponibilizava de uma variedade de
recursos, incluindo o audiovisual. Os filmes projetados pela máquina de Maye Bell Taylor
ermaneceu na memória de Carlos Henrique:
D. Maye Bell Taylor trouxe uma máquina que passava desenho de Mickey.
Os pais traziam os filhos para assistirem. O auditório não comportava, tinha
que vir para o pátio. Depois trouxe slides. Era uma novidade, enchia o muro.
O povo da rua vinha, juntava muita gente, todo mundo assistia
264
.
Na planta desenhada pelo engenheiro civil, missionário Edward Trott, o prédio
abrangia dois pavilhões, com suas seis salas de aulas amplas, arejadas e biblioteca. Outro
espaço vazio era o pátio, o lugar do recreio, onde o aluno podia descansar seu corpo que por
algumas horas esteve parado. Nesse local ele podia se movimentar tranqüilo para enfrentar
outra jornada de trabalho, que era segunda etapa das aulas.
264
Carlos Henrique dos Santos, entrevista em 11/12/2004.
Figura 31: Planta Baixa do Prédio do EAB, localizado na Avenida Barão de Maruim nº 1332.
Fonte: Planta desenhada pelo Engenheiro Prof. Dr. Josafá de Oliveira Filho. 2006.
Figura 32: Planta Baixa do Prédio do EAB, localizado na Avenida Barão de Maruim nº 1332.
Fonte: Planta desenhada pelo Engenheiro Prof. Dr. Josafá de Oliveira Filho. 2006.
No pátio, os alunos utilizavam os bancos de cimento para lanchar o que traziam de
casa, ou compravam na cantina da escola. O recreio era destinado às brincadeiras, e estas
aconteciam de forma livre ou dirigidas pelas professoras.
O recreio era dividido: primeiro tinha para o jardim de infância e pré-
primário; depois tinha das outras turmas. Eu ajudava, brincava com eles
de roda, pem-barra, de segurar na mão. Depois inventaram uma rede de
vôlei. A diretora colocou uma tela para não prejudicar as casas vizinhas, e
os meninos brincavam, meninos versus meninas. A professora de Educação
Física fazia até competição
265
.
No recreio, a professora ficava responsável pelo seu aluno. Ela fazia
brincadeira de roda, macacão, brincadeiras comuns daquela época. Ela
estava sempre perto do aluno.
266
Os olhares vigilantes da equipe de funcionários, professoras e diretora sempre
estiveram presentes. Nesses momentos a questão disciplinar se elevava ainda mais, conforme
comenta Nogueira: “a disciplina era bem rigorosa. Era um clima de vigilância e cuidado. A
impressão que se tinha era que a gente era vigiado. Sempre tinha alguém olhando”
267
.
No recreio, quando o aluno não queria utilizar o intervalo brincando, ele podia ir à
biblioteca para ampliar seus conhecimentos, fazendo uma leitura livre, leve, e descontraída,
uma vez que o Regimento da escola prescrevia que “para ampliar melhor os conhecimentos os
alunos na hora do recreio terão acesso à biblioteca, com a presença de uma das professoras
para orientá-los”
268
. Carlos Henrique relembra esse tempo dizendo:
A biblioteca funcionava da seguinte maneira. Aqueles alunos aplicados,
estudiosos, tinham o direito de ir para a biblioteca, na hora do recreio. A
turma tinha o direito de visitar a biblioteca uma vez por semana. Tinha livro
de toda espécie, livros muito bons, eram livros extraordinários, eu entrava
na biblioteca e não dava nem vontade de trabalhad(t)Tj2.94116 0 Td Td(i)Tj2.88114 0 T Td(a)Tj4.74187 0 Td( )Tj2.94116 0 Td(e)TTd(t)Tj2.88114 0 Td(r)Tj3.60Tj3.96C2.94116 0 Td(e)TTd(7 0 Td(s)Tj133 0 Td(z)Tj5.0601x Td(i)Tj2.94116 0 Td(r)l)Tj3.2413 0 Td(e)Tj5.14a784187 0 Td(n)Tj5.40213 0 Td(c)91/187 0 Td(n)Tj5.40213 0 Td(c)91/187 0 Td(n)Tj5(d)Tj5.34211 0 Td(e)Tj4.8019 0 Td(i)Tj3.00119 0 Td((n)Tj5.34211 0 Tdó185 0 Td(784187 0 Td(n)211 0 Td(r)Tj3.5414 0 Td(é)T(b)Tj5.34211 0 Td(r)Tj368185 0 Td(o)Tj5.40213 0 Td(r)Tj3.5414 0 Td(d)Tj9.3036142 0 Td(o)Tj5.34211 0 Td(e)Tj5.14a)Tj4.6(o)Tj5.34211 0 Td(x)Tj5.46216 0 Tdu)Tj5.34211 0 Td(d)Tj5.40213 0 Td((b)Tj5.34211 0 Td(r)Tj368185 0 Td(o)Tj5.40213 0 Td(r)Tj3.5414 0 Td(d)Tj9.36376 0 Td(r)l)Tj3.2413 0 Td(e)Tj14164 0 Td(p)Tj5.46216 0 Td(é)Tj4.74187 0 Td(c)Tj4.74187 0 Td(i)Tj3.00119 0 Td(e)Tj9.3036142 0 Td(o)Tj5.34211 0 Tdbl rs,
A biblioteca era pequena na sua extensão, mas convidativa pela paz e tranqüilidade do
lugar, cujo acervo era composto de coleções enciclopédicas e livros infantis que atraíam as
crianças para o mundo mágico da leitura. A biblioteca se destacava também pela importância
que destinava ao ato de ler. Nesse ambiente as professoras aproveitavam para passar alguns
ensinamentos. Marcos Aurélio contou sua experiência pessoal: “eu aprendi desde pequeno
como uma pessoa deve se comportar em uma biblioteca. Isso aprendi no EAB”
270
.
Figura 33: Inauguração da biblioteca “Maye Bell Taylor”. Da direita para esquerda: Pr. Israel Pinto
Pimentel e Pr. Walter Donald, em 6/4/1974.
Fonte: Acervo particular do Pr. Israel Pinto Pimentel.
270
Marcos Aurélio Dantas Vieira, ex-aluno do período de 1970 a 1973. Entrevista concedida em 24/2/2006
Fazendo um cotejamento das fontes, observam-se duas concepções em relação ao
acesso à biblioteca: Quem teria direito de adentrar a esse espaço? O aluno que não pretendia
participar do recreio teria então outra alternativa, ir para a biblioteca? Outro depoimento faz
referência que os “melhores” teriam acesso a esse espaço. De qualquer forma a biblioteca
estava presente na instituição. Despertava o aluno para a leitura, estimulava a ter contato não
com literatura infantil, mas também com outras obras. Além disso, aprendia as noções
básicas de como pesquisar, como ler e como se comportar num ambiente como esse. Enfim, o
aluno tinha opção de vivenciar a leitura, livrando-se de ser punido por algum ato indisciplinar
que possivelmente tivesse cometido.
3. 3. O currículo, a metodologia do ensino e a avaliação
O EAB iniciou suas atividades pedagógicas oferecendo o Pré-Escolar (Jardim da
Infância, Infantil e Pré-Primário) e o Curso Primário com uma duração de quatro anos,
dividindo-se em quatro séries, tendo cada uma das séries como responsável uma professora
que ministrava todas as disciplinas. O Exame de Admissão era obrigatório para todos que
concluíam o primário, com a presença de uma banca examinadora e um representante do
Departamento de Educação do Estado (fiscal). A Profª. Virgínia Santos era uma das
responsáveis para preparar os alunos para o tão temível exame que vigorou aproximadamente
de 1932 até 1970
271
.
Ao examinar o currículo do EAB na década de 1950 verificou-se que esse era
composto das seguintes disciplinas: Artes, Música, Inglês, Aritmética, Português, Ciências,
História, Geografia e Desenho. No processo de avaliação eram acrescidos e considerados
também estes outros aspectos: o ensino da Leitura, Gramática, Escrita, Verbo, Caligrafia,
Análise, Composição, Hino, Soletração, e Educação Física e Cálculo. A verificação da
271
ROSADO, Rita de Cássia S. de Carvalho. Memória Histórica: Colégio 2 de julho. 1927-1997. Salvador:
Colégio 2 de Julho, 1997. p. 64.
aprendizagem se dava diariamente. Os pais eram informados do que acontecia através dos
registros na caderneta. A avaliação não se resumia apenas a provas, mas também através dos
trabalhos diários realizados em sala de aula. No regimento interno da escola, estava prescrita a
média mínima que o aluno poderia obter: 60 (sessenta). O sistema de avaliação era muito
rigoroso, e o aluno precisava estar atento a todas as atividades que eram exigidas, como
recordam alguns ex-alunos:
Tinha uma cadernetinha, era como se fosse um diário, onde a professora
colocava tudo o que estava planejado para aquele dia, inclusive o
comportamento. Era obrigado levar para o pai e trazer assinado pelo pai
272
.
Quando eu cheguei na Escola estava acontecendo um período de transição.
E como eu era iniciante, eu lembro que eu tinha receio de errar. A diretora
era muito exigente. Eu tive que aprender com as próprias colegas e era um
ritmo tradicional. Tinha caderneta pra colocar notas todos os dias, tudo que
se fazia se registrava, o que o aluno fazia tinha que ser corrigido, a gente
levava muito caderno para casa, a professora não podia mandar caderno para
casa sem corrigir. O acompanhamento diário (era uma cadernetinha) onde se
anotava, tudo o que o aluno fazia, você tinha que dá nota. A professora vivia
em função de ‘avaliar’ o aluno. A orientação que recebi foi esta. A diretora
deu todos os parâmetros, como a escola funcionava, eu tive que seguir esses
parâmetros que foram dados
273
.
Eu lembro que Maye Bell gostava muito que as professoras fizessem tudo
com muita ilustração. Não era aquele blá, blá, blá. Tudo era muito
ilustrado, muito motivado, ela tinha muita revista americana e todas as
professoras podiam usar
274
.
No entanto, conforme documento encontrado nos arquivos do EAB, a todas as
disciplinas do núcleo comum aos temas complementares (ora citados) eram atribuídas notas.
Ao todo formava um total de quinze notas. Na década de 1960, faziam parte do currículo as
disciplinas do núcleo comum: Português, Matemática, Geografia, História, Ciências.
Provavelmente, essas outras entravam na categoria das complementares: Desenho, Inglês,
Análise, Caligrafia, entre outras. Segundo Macário, além das provas existiam outras formas de
avaliar o aluno.
272
Josafá de Oliveira Filho, ex-aluno do período de 1956 a 1961. Entrevista concedida à autora em 25/10/2005.
273
Edna Maria Gomes de Jesus, ex-professora do ano de 1965. Entrevista concedida à autora em 27/1/2005.
274
Iolanda Santos de Oliveira, ex-professora do ano de 1961. Entrevista concedida à autora em 22/ 4/2005.
No EAB a avaliação era feita mensalmente. Eram oito provas. Somava as
oito notas e o total dividia por oito. Além das provas escritas, a professora
observava o caderno do aluno, se estivesse arrumado, organizado, ele
ganharia um ponto para somar, com a finalidade de ajudar. A leitura,
também era avaliada, mas sem nota, a lição era tomada individualmente
para treinamento e desenvolver a dicção, postura, e a pontuação. Tinha o
exame oral, o aluno recebia alguma pontuação se respondesse às
perguntas corretamente. O comportamento também tinha nota. Existia uma
caderneta onde a professora fazia as anotações importantes para os pais. A
gente tinha a caderneta como um controle. Lembro que a gente fazia um
cartaz para ensinar a tabuada, e colocava afixado na parede. Fazia argüição
para o aluno ir gravando. Era uma prática corriqueira, sem ameaça, sem
uso da palmatória
275
.
Refletindo sobre a prática avaliativa do EAB, observa-se que a professora utilizava
procedimentos diferenciados: Provas escritas, argüição da tabuada, observação do caderno,
exame oral. E controle através da caderneta, que era uma forma de os pais acompanharem o
desenvolvimento/dificuldade ou uma observação sobre o aluno feita pela professora. A
caderneta servia de controle da freqüência, ausências e atrasos. Valdina Santos de Lima
explica a situação:
O aluno podia ser avaliado através de provas. Quando ele não se saía bem,
tirava notas baixas (o que era muito difícil, porque os pais acompanhavam
seus filhos diariamente) a professora explicava os conteúdos novamente e
era aplicada uma nova avaliação. Caso o discente estivesse indisposto, não
queria fazer as tarefas, apresentava um comportamento diferente, o jeito era
conversar com o pai para ele sfazerem o acompanhamento
276
.
Avaliar não significa apenas atribuir uma nota. Avaliar significa também
acompanhamento, utilização de novas estratégias para dirimir as dificuldades. Para Miguel
Berger,
A avaliação da aprendizagem não é uma atividade isolada na prática
pedagógica, um mecanismo neutro ou uma questão puramente técnica,
desprovida de intencionalidade. A avaliação é uma questão epistemológica,
mas é também política, por se
constituir num momento privilegiado no
275
Ivete Macário, ex-professora do período de 1963 a 1969. Entrevista concedida à autora em 26/3/2006.
276
Valdina Santos de Lima. Entrevista concedida à autora em 26/3/2006.
qual o poder se manifesta para aprovar ou reprovar, el25 0 Td(e)Tj5.1a
a orreou
estudante, corrigindo sua conduta, sua postura física, seu corpo, enfim, examinando-o/a
constantemente”
281
.
Figura 34: As alunas do EAB praticando ginástica sob a orientação da professora Jérsia Lobão, no
pátio do EAB, na década de 1960.
Fonte: Acervo particular da missionária Clara Lynn Williams.
A importância que se deu à prática da Educação Física foi demonstrada pela
missionária Williams ao expressar seu desejo de ampliar o esporte na escola: “nós tivemos
281
PRADO, Alice da Silva. Um Modelo Pedagógico para a República: práticas educacionais da Escola
Americana em São Paulo (1870-1915). São Paulo: PUC, 1999, p. 112
um pequeno jardim lá, onde faziam Educação Física. A lei brasileira dizia que devia ter outros
esportes. Mas não tinha mais espaço. A minha intenção era colocar outras atividades como
natação e futebol”
282
. Machado endossa essa postura das missionárias norte-americanas ao
valorizar as práticas de Educação Física: “na sua rede de escolas, os batistas consideram
relevante o trabalho na área de educação física, quer no que tange às questões corporais
propriamente ditas, quer em relação à higiene e à saúde”
283
.
A disciplina Educação Física contribuía para o desenvolvimento do caráter e da
formação do aluno. Nas aulas de ginástica e Educação Física os alunos vestiam-se com roupas
próprias para essas atividades, deixando o corpo livre para os movimentos necessários. O
olhar prescrutador ou de relance sempre permeava as atividades. No entanto esse controle não
impedia a criança de realizar sua aula com espontaneidade e descontração.
Vários foram os caminhos percorridos pelo EAB para adquirir o reconhecimento da
sociedade, que exigia escola de qualidade para seus filhos. Para fazer parte do quadro de
professoras do EAB era preciso ter competência. A Junta Administrativa indicava essas
professoras. Muitas vezes um dos critérios de seleção era a prática comprovada dos serviços
na Igreja. Além da formação adquirida na Escola Normal, outro teste seria conduzir bem sua
turma, tendo o domínio do conteúdo, ter manejo de classe e se envolver nas atividades do
Educandário. Todas as condições eram oferecidas para que o professor alcançasse seus
objetivos. Estava ao seu dispor uma variedade de material didático
284
.
Existia uma preparação para alcançarem-se os ideais propostos pelas missionárias
batistas norte-americanas, além da presença de uma metodologia para que a criança se sentisse
bem naquele ambiente; a começar pelo primeiro dia de aula que contava com a presença da
diretora no pátio dando as boas vindas à criançada que chegava para mais um ano letivo,
como relembra a profª. Valdice: “o primeiro dia de aula era muito tumultuado, principalmente
282
Clara Lynn Williams, ex-diretora do período de 1966 a 1972. Já se encontra aposentada. Entrevista concedida
à autora em 20/6/ 2005.
283
MACHADO, José Nemésio. Op. Cit. p. 111
284
No livro de registro de matrícula e aparelhamento escolar, consta que entre os anos 1955 e 1956 faziam parte
do mobiliário da escola: carteiras, bureau, mesas, mapa múndi, mapas do Brasil, mapas geográficos, carta de
Parker, cartas de alimentação, cartas de composição, globo, quadro geográfico, quadro negro, filtro, moringas,
fichário, cestas de papel, cartas de histórias, carta de ajuda de dentes, quadro de madeira, arquivo com gavetas,
quadro friezes de madeira, carta Vida Higiênicas, Carta Riqueza vegetal, carta Histórica e o piano.
para os pequeninos. Dona Clara fazia questão de estar no pátio antes de começarem as
aulas285.
Pelo que consta nos depoimentos, as diretoras norte-americanas eram muito
organizadas; preocupavam-se com todos os detalhes para que o processo ensino-aprendizagem
não fosse prejudicado. Ainda nas férias dos alunos o planejamento era elaborado
cuidadosamente, sendo que as professoras recebiam cursos para a sua atualização. O stress
também se constituía numa preocupação. Tudo era muito bem estudado, afinal um longo ano
letivo era esperado, e a expectativa era que tudo ocorresse bem. A professora Valdice conta
que
Antes de começarem as aulas, Clara Lynn fazia o planejamento com a gente.
Fazia reciclagem. Trabalhava muito com a confraternização entre as
professoras. Ela se preocupava muito com o stress da professora. Quando
tinha feriado prolongado, a gente se mandava para Salvador e Recife dentro
de uma rural. O objetivo dela era fazer um lazer com as professoras e pra
gente conhecer nosso país. Ela dizia: Como é que você vai falar do país se
você não viu? Na mente dela, quando você visualiza, fica mais fácil de
ensinar. Tinha também os jantares. Ela mesma fazia o jantar. Ela dizia que o
ensino tem que ser concreto. Não valorizava a memorização. Um dia ela
inventou de levar todas as professoras para a praia para fazer um cachorro
quente americano. Era assim: assava a salsicha na brasa e colocava no pão.
Isso foi um dia ao entardecer. Já era noitinha. Quando chegou que a gente
acendeu o fogo, vem um guarda e disse que não podia acender fogo ali
286
.
Tinha muitas excursões. Teve uma que elas foram para Ibura, porque o
diretor do Quissamã era pai de um aluno do EAB, os alunos eram levados
para lá. No feriado do dia do estudante, e outras festividades a escola toda se
mobilizava. Iam para o parque da cidade, para o sítio de D. Maria Penalva
287
.
Com o crescimento significativo do mero de alunos, o acúmulo de várias atividades
pedagógicas e as exigências peculiares de uma profissão como essa, as docentes
apresentavam sinais de cansaço. Para que o stress não se instalasse, Williams recorria a um
dispositivo eficaz: as excursões feitas com todo o grupo. Os passeios aconteciam no próprio
Estado e em outras cidades. Era comum a realização de piqueniques e banho de mar, como
285
Valdice Maria Gomes, ex-professora do período de 1967 a 1971 Entrevista concedida à autora em 30/4/2005.
286
Valdice Maria Gomes, ex-professora do período de 1967 a 1971. Entrevista concedida à autora em
30/4/2005.
287
Carlos Henrique dos Santos, ex-funcionário do período de 1955 a 1990. Entrevista concedida à autora em
11/12/2004.
também passavam o final de semana em Paulo Afonso, Salvador, Recife, Paripueira em
Maceió, entre outros.
Figura 35: Excursão para Pirambu-SE com um grupo de professoras do EAB, organizada pela
missionária Clara Lynn Williams, em 1970.
Fonte: Acervo particular da missionária Clara Lynn Williams.
A missionária/diretora tinha uma preocupação com as docentes e com a aprendizagem
do alunado. Se a professora viajava, além de ampliar sua visão de mundo, tinha acesso a
outros saberes e adquiria novas experiências. De volta ao ambiente pedagógico, seu
comportamento, sua prática pedagógica seria mais rica, mais concreta, facilitando a
aprendizagem dos alunos. Outro aspecto observado era o cansaço, o desânimo das professoras.
As viagens favoreciam o convívio, a socialização com as colegas, a conversa amistosa; a
conquista de novos amigos afastava o stress, que era algo preocupante da profissão docente,
refletia Williams.
Eu coloquei as professoras numa Rural (carro) e fomos para Salvador, Paulo
Afonso. Sempre fiz o possível para levá-las para passear nos feriados. Com
isso elas descansavam um pouco, dava estímulo, conversava e existia uma
confraternização. Isso ajudava na escola no relacionamento entre elas. Além
de colegas se tornavam amigas. Até hoje existe essa amizade. A maioria das
professoras era solteira. Elas gostavam de fazer estas viagens
288
.
O trato dispensado a esse grupo de professoras por essa missionária contribuía para
mantê-las coesas bem como evitava a “síndrome de burnout”. Diante da prática exercida por
essa missionária questiona-se: Por que será que Williams utilizava essa metodologia de
trabalho? teria ela conhecimento desse “sofrimento” que atingia um grande número de
trabalhadores da área da educação? Foi na década de 1970 que os estudiosos voltaram seu
olhar para a questão da desistência, do desânimo e apatia dos professores ao desempenharem
suas funções pedagógicas. A Síndrome de burnout é definida por Maslach e Jackson
como uma reação à tensão emocional crônica gerada a partir do contato
direto e excessivo com outros seres humanos, particularmente quando estes
estão preocupados ou com problemas. Cuidar exige tensão emocional
constante, atenção perene; grandes responsabilidades espreitam o
profissional a cada gesto no trabalho. O trabalhador se envolve afetivamente
com os seus clientes, se desgasta e, num extremo, desiste, não agüenta mais,
entra em burnout
289
.
Quando o docente entra em burnout sente-se imponente ao lidar com os alunos, fica
impaciente e não consegue cumprir seus afazeres pedagógicos, e é o que pode se ver nos
discursos de alguns professores
290
.
288
WILLIAMS, Clara Lynn. Entrevista concedida à autora em 20/6/2005, em Aracaju.
289
MASLACH, C. e JACKSON, S. The Measurement of Experienced Burnout. Journal of Ocvupational
Behavior, 1981. apud CODO, Wanderley. Educação: carinho e trabalho. Rio de Janeiro: Vozes, 1999.
290
CODO, Wanderley. Op. Cit.p.245-246.
Dentre as áreas profissionais mais atingidas pela “Síndrome de burnout”
291
estão:
educação, saúde, segurança, policiais e agentes penitenciários, entre outras. No entanto,
Schaufeli et ali afirmam que “este é o principal problema dos profissionais de educação”
292
.
Burnout é uma desistência que ataca a quem está na ativa. O professor vivencia uma situação
insuportável, mas o pode desistir. Sente vontade de abandonar o trabalho, mas não
consegue. Passa a defender-se dessa forma: “Está presente na sala de aula, mas passa a
considerar cada aula, cada aluno, cada semestre, como meros que vão se somando em uma
folha em branco”
293
.
Na tentativa de evitar a “Síndrome de Burnout”, Williams não media esforços e
procurava oferecer ao corpo docente do EAB momentos de lazer e descontração que seriam
revertidos em benefício para a instituição, mesmo sem registro da constatação desses
sintomas.
A dramatização era muito usada no cotidiano escolar. Através desse dispositivo
discutiam-se alguns conceitos religiosos, morais ou cívicos. A esse respeito alguns ex-alunos e
diretoras explicam:
no Americano Batista, tinha teatro, era costume nas igrejas ter, era uma
forma de evangelização. Tinha uma bandinha, aula de música, aula de
Inglês, tinha o ensino o amor ao próximo, ao civismo, à pátria, à escola
294
.
Utilizei as práticas que usava aqui nos Estados Unidos. Incluindo histórias
bíblicas e ensinos morais encontrados na Bíblia. Uma coisa que queria
implantar era ensinar o aluno a aplicar do assunto na prática, e não somente
a decorar a matéria
295
.
291
A Síndrome de burnout é entendida como um conceito multidimensional que envolve três componentes: 1.
Exaustão emocional situação em que os trabalhadores sentem que não podem dar mais de si mesmos em nível
afetivo. Percebem esgotada a energia e os recursos emocionais próprios, devido ao contato diário com os
problemas. 2.Despersonalização desenvolvimento de sentimentos e atitudes negativas e de cinismo às pessoas
destinatárias do trabalho (usuários/clientes) endurecimento afetivo, “coisificação” da relação. 3. Falta de
envolvimento pessoal no trabalho-tendência de uma “evolução negativa” no trabalho, afetando a habilidade para
realização do trabalho e o atendimento, ou contato com as pessoas usuárias do trabalho, bem como com a
organização. Idem p. 238
292
SCHAUFELI et al (1994) apud CODO, Wanderley Op. Cit. p. 238.
293
CODO, Wanderley op. Cit. p. 254.
294
Sônia Virginia Prado Gomes, ex-aluna. Entrevista concedida em 28/4/2005.
295
Freda Lee Trott ex-diretora, no período de 1959; 1964 a 1966. E-mail enviado em 4/3/2005.
Mesmo mantendo o firme propósito de que a educação seria utilizada como meio de
evangelização, e tendo em vista o ideário pedagógico, provavelmente essas
diretoras/missionárias seguiram o exemplo dos pioneiros da educação batista no Brasil.
Pode-se afirmar que os batistas, à semelhança de outros grupos protestantes,
mantiveram-se dentro dos limites da tendência pedagógica liberal,
identificaram-se com o escolanovismo, praticaram o ‘otimismo pedagógico’
e se consideravam participantes do mesmo campo de luta dos pioneiros da
educação, fato que foi registrado por diversos autores protestantes e
católicos [...] A questão pedagógica e os métodos de ensino eram fortemente
influenciados pela Escola Nova e pelos seus precursores, tais como Dewey e
James, nos EUA, e Decroly e Montessori, na Europa
296
.
A escola era dinâmica. Existia clareza nos seus objetivos favorecendo seu crescimento.
Através dessas representações adquiria sua própria identidade social. Todavia, para atender ao
calendário de festas cívicas
297
ocorria um desgaste natural, confessa Clara Lynn Williams,
diretora no período de 1966 a 1972: “nós tivemos quase que uma festa em cada mês,
terminávamos uma e começávamos planejando outra. Eu estava realmente na frente das festas.
Já estava aqui há 7 anos”
298
.
As atividades que eram desenvolvidas no EAB aos poucos iam-se tornando conhecidas
pela sociedade. As festas permitiam a divulgação do processo de formação. Para Souza isso
representava
um momento de exposição pública do trabalho desenvolvido nos
estabelecimentos de ensino. Fonte de orgulho de professores. Nessas
exposições denotava o capricho, o desvelo, a habilidade, o esforço, o
empenho e a dedicação dos alunos e professoras
299
.
Os programas utilizados no EAB eram enriquecedores, acompanhados com métodos
que provavelmente favoreciam ainda mais a sua proposta educacional. O método era um guia
para alcançar os objetivos estabelecidos. Em relação a esses dispositivos, estes não ficaram
296
MACHADO, José Nemésio, Op. Cit. 1994. p.p. 53-54
297
O calendário contemplava todas as datas: comemorativas, cívicas e religiosas. Entre elas podem ser
relacionadas algumas que foram mencionadas nas entrevistas. Dia dos pais, das mães, do índio, da pátria,
bandeira, formatura, soldados, encerramento, natal, semana da pátria, sesquicentenário, junina, aniversários dos
professores e funcionários.
298
Clara Lynn Williams. Entrevista concedida à autora no dia 20/6/2005. Aracaju- Sergipe.
299
SOUZA, Rosa Fátima de. Op. Cit. p. 261.
bem definidos nas fontes pesquisadas e nem tampouco nos depoimentos colhidos entre alunos
e professoras. Nesse contexto são apresentadas duas concepções: para a ex-professora Valdice
Maria Gomes, “o método desenvolvido na instituição era intuitivo”
300
; para Souza, o método
intuitivo
301
pressupunha uma abordagem indutiva pela qual o ensino deveria partir do
particular para o geral, do conhecido para o desconhecido, do concreto para o abstrato.
O método de ensino intuitivo surgiu no final do século XVIII na Alemanha e teve
ampla divulgação nos Estados Unidos. Pestalozzi, Basedow e Campe foram seus mentores.
Pestalozzi discordava do ensino com o caráter puramente abstrato e que se baseava na
memorização, ao mesmo tempo valoriza o ensino racional e ativo.
No final do século XIX, a escola primária passou a acolher o método intuitivo, que
contribuiu para mudanças significativas no seu cotidiano. Assim diz Vidal:
Pressupondo um ensino que partisse do concreto para o abstrato, do próximo
para o distante, o método valorizava a aquisição de conhecimentos pelos
sentidos. Era pela visão, tato, audição, paladar e olfato que a criança seria
levada a conhecer o mundo que o cercava. o ensino seria realizado pelas
‘lições de coisas’. [...] Especialmente talhado para os estudos de natureza e
para o campo das ciências naturais, pela ênfase na experiência dos sentidos,
transpunha para o universo escolar uma nova concepção do ‘real’ [...] O
aluno era instado a observar fatos e objetos com o intuito de conhecer-lhes
as características em situações de aprendizagem, como excursões ou lições
de ‘coisa’ e na falta destas pelo estudo de desenhos ou gravuras. O
conhecimento, em lugar de ser transmitido pelo professor para
memorização, emergia da relação concreta estabelecida entre o aluno e esses
objetos ou fatos, devendo a escola responsabilizar-se por incorporar um
amplo conjunto de materiais
302
.
Conforme Souza, a prática do ensino concreto seria realizada pelas “lições de coisas”;
forma pela qual o método foi vulgarizado
303
.
Segundo Hébrard, a “lição das coisas” foi originada na Inglaterra e nos Estados Unidos,
no século XIX, e consiste em
300
Valdice Maria Gomes, ex-professora no período de 1967 a 1971. Entrevista concedida em 30/4/2005.
301
No Brasil, a introdução do método ocorreu inicialmente por algumas escolas particulares, as quais o
apresentavam como fator de qualidade e inovação do ensino. Mas foi no âmbito de instrução pública que ela
ganhou popularidade na educação brasileira. SOUZA, Rosa Fátima de Op. Cit. p. 161.
302
VIDAL, Diana Gonçalves. Escola Nova e processo educativo. IN: 500 anos de Educação no Brasil.
Organizado por LOPES, Eliane Marta Teixeira e et. alli. Belo Horizonte: Autêntica, 2000. p.p. 497-517.
303
SOUZA, Rosa Fátima de. Op. Cit. p. 1998. p. 159
Aprender a ler no mundo visível
método, que dizia que o aluno aprendia através da experiência, para
aprender a cantar, recitar, memorizar, falar, dizer com nossas próprias
palavras, não precisava ser igual ao livro. Não precisava decorar tudo, mas
as datas, nomes dos países, das cidades, tabuada, isso precisava decorar
306
.
A ex-professora Ednalva Freire Caetano considerava os métodos trabalhados no EAB
importantes por voltarem seu olhar para as necessidades da criança.
[...] Os métodos utilizados no EAB eram dinâmicos, muitos interessantes,
muito preocupado com o interesse da criança, com a atenção da criança,
coisa que despertasse o interesse, que não deixasse a criança muito tempo
sentada, muito tempo imobilizada, porque lá existia essa preocupação.[...]
307
.
O teórico Decroly considerava que o interesse é a chave de toda a aprendizagem eficaz.
Também defendia que a criança antes de ir para a escola levava consigo uma bagagem de
conhecimento, com isso explica que a maioria das aprendizagens ocorre de maneira
espontânea; que elas se dão pelo contato com o meio. Toda atividade deve partir do concreto
para o abstrato, do conhecido para o desconhecido. Enfatizava o trabalho em grupo e
acreditava que para solucionar os problemas da humanidade, era preciso existir uma formação
científica. Ex-professora rememora uma prática pedagógica vivenciada no EAB:
A missionária Clara Williams trouxe uma idéia de fazer um treinamento
contra incêndio. Era uma simulação, porque se houvesse necessidade eles
(os alunos) sabiam como agir. Saímos rápido, mas sem atropelar. Eu me
lembro bem. Cada professora pegava sua turma, colocava todos em fila,
explicava a eles que era uma simulação, porque se caso acontecesse eles
tinham mais ou menos a idéia de como era. Tocavam a sirene para dar o
sinal, a gente saía um pouco rápido até o portão
308
.
Um dos aspectos muito conhecidos da aplicação da teoria de Decroly eram os “Centros
de interesses” (como foi citado), destinados principalmente às crianças da classe primária.
A professora Helena Teles relembrou que utilizava essa metodologia com sua turma, do
jardim de Infância.
A festa junina era a mais bonita! Tinha o dia das crianças que era muito
bonito. Era quando apresentava o teatro e o coral. O coral do jardim era
306
Ilsa Donald, ex-aluna, no período de 1959 a1967. Entrevista concedida em 24/9/2005.
307
Trecho da entrevista concedida à autora em 29/9/2006 pela ex-professora Ednalva Freire Caetano.
308
Entrevista concedida à autora pela ex-professora Rute Carvalho Vasconcelos, em 29/9/2005.
diferente, tinha vários instrumentos (coco, pauzinhos, chocalhos, pandeiro,
reco-reco, triângulo). Eles tinham uma bandinha, cantavam e tocavam.
tinha um bde madeira, tinha mala, além disso, dentro da sala tinha ‘os
centros de interesses’. Nas caixas de madeira tinha brinquedos, blocos para
construir qualquer coisa
309
.
O EAB apresentava uma proposta educacional voltada para atender aos meninos e às
meninas que adentravam aquela instituição, a qual se baseava no princípio da educação
integral, isto é, “a formação global do indivíduo abrangendo todo conhecimento humano.
Dizia respeito também a uma educação do corpo e do espírito, à educação física e
intelectual”
310
.
Para Rosa de Fátima Souza, o conhecimento integral quer dizer: é “a educação que
contemplava todos os conhecimentos, não apenas as ciências, mas os conhecimentos literários
e as artes aplicadas às indústrias e aos ofícios”
311
.
A missionária batista norte-americana Williams confirmava que
O EAB foi fundado para ensinar e evangelizar. Porque nosso objetivo é ver
a pessoa crescer física, emocional e espiritualmente. A pessoa não é uma
parte, cada pessoa tem várias partes e nós estamos querendo ajudar a cada
parte das pessoas, nós queremos ajudar o homem total, a criança total, não
queremos falar sobre a parte espiritual, mas também a parte física, a
educação física, a parte educacional, e isso foi nossa intenção
312
.
Fazendo uma análise dos métodos e das teorias pedagógicas usadas no EAB, observa-
se que de acordo com os depoimentos das ex-professoras e dos ex-alunos havia uma
preocupação com a formação integral e com o ensino ativo. Os alunos eram estimulados a
vivenciarem experiências relacionadas aos conhecimentos aprendidos. A atividade dos alunos
e o envolvimento deles no processo ensino aprendizagem eram incentivados.
Eram visíveis as concepções defendidas por essas missionárias ao implantar o EAB,
por acreditarem que a escola tinha a finalidade de instruir e educar
313
e oferecer uma
309
Entrevista concedida à autora pela ex-professora Helena Teles, em 29/1/2005
310
SOUZA, Rosa Fátima. Op. Cit. p. 172.
311
Idem, p. 173.
312
Clara Lynn Williams, ex-diretora, do período de 1966 a 1972. Entrevista concedida à autora em 20/6/2005.
313
Para a escola primária era atribuída uma finalidade prática e utilitária, além de instruir e educar. Instruir
significava transmitir conhecimentos; e educação, pressupunha um compromisso com a formação integral da
criança que ia muito além da simples transmissão de conhecimentos úteis dados pela instrução e implicação,
educação integral, que perpassava por valores que influenciavam na vida integral do aluno. Os
dispositivos utilizados para inculcar esses valores davam-se por meio dos livros didáticos, das
histórias contadas nas lecções, nos hinos pátrios cantados diariamente, e no ensino da moral.
Para Rosa Fátima de Souza, o ensino da moral na escola era significativo, pois
a moral abarcava um manancial de civilidade e bons costumes: hábitos de
ordem, comportamento da criança na escola, casa, rua e lugares públicos,
deveres para com os pais e superiores, histórias que despertassem o amor
pelo bem, deveres da criança na família, deveres para com os pais e avós,
deveres para com os irmãos e irmãs, para com os servidores, criança na
escola; moral e individual, deveres corporais, temperança, prudência,
coragem, sinceridade; deveres de justiça e caridade, deveres de família e na
vida profissional, deveres cívico e das nações entre si.
314
Fernando Santos Prado, confirma que os valores morais, religiosos e cívicos aprendidos
nesta instituição, influenciaram na sua vida. Assim diz ele:
Esses valores foram importantes, não pela influência do Educandário em
si mas também da trajetória de vida das relações que a gente tem, tanto
dentro de casa, como no colégio, na igreja, com as experiências que se
adquiriu no trabalho, moldam as atitudes da gente nessas relações. Se não
me engano foi marechal Cândido da Silva Rondon, que tinha um
pensamento que dizia assim: ‘morrer se preciso for, matar nunca’: Eu
aprendi lá (EAB). Isso era civismo. Os livros também retratavam talvez uma
época. Época da ditadura. Então outros pensamentos marcaram e
influenciaram a nossa vida. Mas eu diria assim, tudo isso vai somando na
vida da gente e tem uma coisa fundamental aquele sonho da gente realizar
coisas na vida está nessas bases que se constrói durante a vida; então por
exemplo a autoconfiança que pode ser desenvolvida em voou ser retirada
de você.[...]
315
.
O valor da honestidade era muito discutido no interior da escola. Como diz Déborah
Trott Pierce,
316
os valores ensinados que mais chamaram sua atenção foram “a honestidade e
a necessidade de estudar”. Nogueira relembra que “tinha o civismo, todos os dias a gente
cantava os hinos pátrios, tinha a lecção. Trabalhava as questões do respeito aos mais velhos,
do cumprimento dos deveres. Além da lecção na sexta-feira, na sala de aula ainda tinha o
essencialmente a formação do caráter mediante a aprendizagem da disciplina social-obediência, asseio, ordem,
pontualidade, amor ao trabalho, honestidade, respeito às autoridades, virtudes morais e valores cívico-patrióticos
necessários à formação do espírito de nacionalidade. SOUZA, Rosa Fátima de. Lições da Escola Primária. In:
SAVIANI, Dermeval et all. O legado Educacional do século XX no Brasil. Campinas: Autores Associados,
2004. p. 111- 161.
314
SOUZA, Rosa Fátima de. Op. Cit. p. 179.
315
Fernando Santos Prado, ex-aluno, do período de 1968 a 1973. Entrevista concedida à autora em 28/9/2005.
316
Déborah Trott Pierce, ex-aluna, do período de 1959 a 1964. E-mail enviado em 11/1/2005.
momento devocional”
317
. Outros princípios morais e cívicos foram também ensinados no
cotidiano do EAB. Ilsa Donald lembra das orientações recebidas na escola:
Falar a verdade, respeitar os mais velhos. A honestidade. Sempr0 Td(e)Tj4.8019 0 Td(m)Tj8.16323 .88236 0 Tdta
mulheres, que desde jovens devem ser preparadas para assumir o papel de
educadora no lar. Os discursos liberais insistiam na escolarização primária
da mulher e valorizavam como campo de atuação feminina o espaço
doméstico
320
.
Todavia, a mulher não se conteve com essa situação de ficar atrelada às prendas
domésticas e ter apenas a formação primária. Preferiu levantar outros vôos. Mesmo tendo que
ultrapassar barreiras, às vezes quase intransponíveis, mas aproveitando as oportunidades,
passou a ocupar os espaços que outrora lhe era ocultados. A nova alternativa era a Escola
Normal, na passagem do século XIX para o século XX, oferecendo educação feminina.
Conforme Freitas,
A Escola Normal para moças, foi instalada em 1877, no Asilo Nossa
Senhora da Pureza, em Aracaju, pelo Presidente da Província João Pereira
de Araújo Pinto. O objetivo do curso de preparação para o magistério se
ampliava na medida em que oferecia uma possibilidade de
profissionalização às jovens órfãs e também a continuidade de estudos para
alunas não-internas. Em 1911, a Escola Normal passou a funcionar em
prédio próprio na praça central da cidade, onde funcionou até a metade da
década de 1950
321
.
Com a abertura dessa instituição em Sergipe, o quadro de professoras foi sendo
formado; as escolas passaram a receber profissionais qualificados para exercer o magistério,
uma vez que a “Escola Normal foi, para Aracaju durante um longo período, um espaço de
formação feminina”
322
, possibilitando suprir parte das deficiências existentes. Sobre o
assunto, Novaes, esclarece que a Escola Normal cumpria as “funções de dar formação
profissional, aumentar a instrução, formar boas mães e donas-de-casa, elevação cultural da
mulher brasileira”. Uma vez que o “magistério era entendido como um prolongamento das
atividades maternas, passa a ser visto como ocupação essencialmente aceita pela sociedade,
para a mulher”
323
.
320
FREITAS, Anamaria Gonçalves Bueno de. Educação, Trabalho e Ação Política: Sergipanas no início do
século XX. Campinas: UNICAMPI, 2003, p. 35. (Tese de Doutorado).
321
FREITAS, Anamaria Gonçalves Bueno de. Op. Cit. p.51
322
Idem. p. 51
323
NOVAES, Maria Eliana. Professora Primária: mestre ou tia. São Paulo; Cortez, 1995. p.p.21-22.
No caso de Aracaju, Freitas cita que “no primeiro período da República, a clientela da
Escola Normal era constituída de jovens oriundas, em sua maioria, das camadas médias da
sociedade
324
, uma vez que “a escolarização, mesmo vista como necessária para a
modernização da sociedade, ainda era restrita a uma pequena parte da população”
325
, tendo
em vista que
Os custos com a escolarização eram consideráveis. Além das taxas
escolares; dos livros e do uniforme, as escolas privadas, em regime de
internato, ou semi-internato exigiam enxovais e o pagamento pela
alimentação, aulas particulares, entre outros. No caso do ensino secundário e
superior, além destes custos, era comum que os rapazes morassem em casa
de familiares ou conhecidos, mas as moças geralmente eram enviadas para
pensionatos que funcionavam em colégios confessionais
326
.
A mulher foi escolhida como portadora de requisitos maternos que ajudavam a
conquistar os alunos. Nesse sentido João Barbalho Uchoa Cavalcanti afirma
[...] que a mulher tem mais facilidade, mais jeito de transmitir aos meninos
os conhecimentos que lhes devem ser comunicados. Maneiras menos rudes
e secas, mais afáveis e atraentes que os mestres, aos quais
incontestavelmente vence em paciência, doçura e bondade. Nela
predominam os instintos maternais e ninguém como ela possui o segredo de
cativar a atenção de seus travessos e inquietos ouvintes, sabendo conseguir
que as lições, em vez de tarefa aborrecida, tornem-se-se-lhes como uma
diversão, um brinco. Acresce que a professora é mais assídua que o
professor, a quem outras ocupações e negócios necessariamente distraem, e
não o digo em desabono deles, porque vejo como são mal retribuídos.uíduít d í
“professoras levavam desvantagem em relação aos professores em termos de carreira e
remuneração, e o magistério se consolida como profissão feminina de carreira masculina”
329
.
Em 1952 o EAB iniciou suas atividades pedagógicas tendo no seu quadro funcional
uma equipe de professoras polivalentes
330
, protestantes, ex-normalistas, portadoras de boa
conduta, habilitadas para desempenhar suas funções e empenhadas em desenvolver o trabalho
de educação e evangelização.
329
DEMARTINI, Zeila de Brito Fabri: ANTUNES, Fátima Ferreira. Magistério primário: profissão feminina,
carreira masculina. In: CAMPOS, Maria Christina Siqueira de Souza; SILVA, Vera Lúcia Gaspar da (Orgs)
Feminização do magistério: vestígios do passado que marcam o presente. Bragança Paulista; EDUSF, 2002.
p.p. 69-93 apud FREITAS, Anamaria Gonçalves Bueno de. Op.Cit. p.38.
330
O professor polivalente era encarregado de ministrar todas as matérias correspondentes a cada ano no curso
primário. Idem, p. 67.
Figura 36: Grupo de professoras na década de 1950.
Fonte: Acervo particular da missionária Linnie Winona Treadwell
.
Os depoimentos dos ex-alunos mencionam algumas professoras portadoras de
determinadas qualidades.
“Era muito bom. Onde tinha afeto, chamava pelo nome, de estar
preocupado com o aluno, acompanhar a evolução da pessoa, as dificuldades e tal”.
331
331
Josafá de Oliveira Filho, ex-aluno do período de 1956 a 1961. Entrevista concedida à autora em 25/10/2005.
Dona Edênia Prata era uma professora maravilhosa de educação e
delicadeza. Eu nunca vi castigo naquela escola (EAB). Eu vim do interior e
apanhava até de palmatória. No interior se você não acertasse a tabuada,
apanhava. O que acertava batia em você, se ele batesse devagar, era a
professora que batia. tinha vários castigos: ficar ajoelhado no milho, de
levar cascudo, tudo valia. Mas no Educandário Americano Batista não tinha
nada disso.
332
tive uma professora. Era a professora Edênia Prata, o relacionamento era
muito bom porque ela tinha muito carinho comigo, porque eu era boa aluna.
[...] Todos os dias ela passava na minha casa, onde eu morava e me pegava,
a gente ia caminhando. Isso acontecia todos os dias. Ela tinha um carinho
muito especial, porque ela tinha pena de mim, que eu era muito magrinha,
eu me lembro uma vez que fui me vacinar contra varíola eu fiquei tão
doente, eu suava tanto que ela ficou muito preocupada. Nessa época a gente
se vacinava na escola. Outro dia choveu muito, eu fiquei toda molhadinha,
ela pegou a capa de uma colega, tirou minha roupa todinha, espremeu e
mandou estender e eu fiquei com a capa de uma colega minha. Ela se
chamava Sônia Virgínia, mora nos Estados Unidos
333
.
O relacionamento professora/aluno era respeitoso e ao mesmo tempo não
existia aquilo de ter medo. Elas eram meigas, alegres, muito boas. As
minhas professoras foram: no Jardim de Infância, dona Gertrudes e d. Alice,
no pré-primário, d. Esther, no primeiro ano, Divalda Cunha, segundo ano,
Edna Gomes, terceiro ano Virgínia e Edênia, quarto ano Edênia e na banca
Valdice Gomes
334
.
Pelos depoimentos, as professoras eram representadas como profissionais que tratavam
bem os alunos. A impressão deixada foi positiva. Na experiência vivenciada pelo alunado do
EAB, as docentes deixaram marcas de dedicação e respeito. Existia um nível de exigência
muito grande em relação ao processo de ensino-aprendizagem. O discente era estimulado a
estudar para obter sucesso.
332
Josefa Rosimeire Nunes Pinto de Freitas, ex-aluna do período de 1959 a 1960. Entrevista concedida em
26/10/2005.
333
Cleide Selma Melo Menezes, ex-aluna, 1959 a 1960. Entrevista concedida à autora em 18/11/2005
334
Ilsa Donald, ex-aluna, no período de 1959 a 1967. Entrevista concedida à autora 24/9/2005
Figura 37: Professoras do EAB, na década de 1960. Sentadas da esquerda para a direita: Edna Maria
Gomes, Helena Teles, Anunciada Soares (secretária), Valdice Gomes, Ivete Macário, Divalda Cunha,
Virgínia dos Santos. Em pé: Clara Lynn Williams.
Fonte: Acervo particular da missionária Clara Lynn Williams.
Na década de 1950, o magistério continuava sendo a profissão mais indicada para as
mulheres, segundo os livros de registro do EAB. Além de professora, existia muito estímulo
para as mulheres serem enfermeiras e bancárias
335
. As mulheres que procuravam fazer o curso
normal tinham a perspectiva de conseguir, além da profissão, uma ascensão social. Conforme
Freitas,
[...] muitas alunas buscavam a formação para o magistério como
possibilidade de profissionalização, que poderia garantir futuramente uma
certa autonomia e independência. Para outras, a instituição servia como
estratégia para a ampliação de estudos, inclusive visando à possibilidade de
irem estudar fora do estado de Sergipe, pois durante alguns anos as
primeiras alunas (que tinham as melhores notas eram agraciadas pelo
Governador com bolsas de estudos para aperfeiçoamento no Rio de Janeiro
e em São Paulo. Quando estas jovens retornavam, elas eram nomeadas para
uma vaga em uma escola em Aracaju, e não precisavam iniciar a carreira no
interior do Estado, como a maioria das normalistas que precisavam garantir
335
Conferir anexo 7.
seu próprio sustento. Entre as premiadas estavam presentes jovens oriundas
de famílias da elite sergipana
336
.
Para se realizar a caracterização dos alunos do EAB, utilizamos os dados do Registro
Escolar de Matrícula, Professores e Aparelhamento Escolar, módulos I e II. Os aspectos
levantados versam em torno de alguns aspectos, como sexo, religião, origem social e
características dos pais, como: profissão, instrução, religião e nacionalidade.
Segundo as anotações feitas no Livro de Registro, havia predominância de alunos do
sexo masculino. No EAB constatou-se a presença de alunos de diferentes nacionalidades
como: brasileiros, americanos, canadenses, franceses, holandeses, entre outros. Os alunos
eram inseridos nas séries de acordo com as exigências da legislação escolar. Até os seis anos
cursavam a pré-escola e aos sete anos iniciavam o primário. Os alunos pagavam uma
contribuição mensal para manter-se na escola; no entanto, existia o sistema de bolsas para
aqueles que não tinham condições de assumir as despesas. As bolsas eram oferecidas pelas
diretoras/missionárias batistas norte-americanas, e posteriormente através de um convênio
com a Prefeitura de Aracaju.
A instituição recebia alunos de qualquer credo religioso. Em relação à religião, um
dado que merece destaque é a superação do número de alunos evangélicos pelos católicos.
Levanta-se a hipótese de que nessa época a perseguição religiosa foi atenuada, levando os
católicos a procurarem livremente o EAB. Por outro lado os protestantes sentiram-se mais à
vontade para fazer opção por outras escolas. Acredita-se que a universalização do ensino
público criou novas alternativas para os filhos dos protestantes.
A maioria das professoras era solteira. Segundo o Livro de Registro de Trabalho, as
informações e as fotos aqui registradas foram encontradas nesse livro e complementadas com
depoimentos dos diversos informantes da pesquisa. No período em que a instituição esteve
sob a direção das missionárias batistas norte-americanas, constata-se apenas a presença de
uma professora casada na década de 1950; e na década de 1960 aparece uma professora
336
FREITAS, Anamaria Gonçalves Bueno de. Educação, trabalho e ação política: sergipanas no início do
século XX. Campinas: 0 Td( 0 Td( 0 Td( )Tj2.40098 0 Td( ))Tj5.10205 0 Td(v)Tj5.94239 0 Td(a)(i)Tj2.76113 0 Td.28 Tm( )Tj3.30135 0 Td( )Tj3.30135 0 -5426)Tj3.307.44304 0 Td(a)TjM7.4487 035
casada e outra desquitada Na década de 1950, o EAB
337
era composto pelas seguintes
professoras:
337
Essas fotos que caracterizam as professoras do EAB, dos anos de 1950 e 1960, saíram do Livro de Registro
de Trabalho, do arquivo do EAB. Outros dados complementares foram retirados dos depoimentos de ex-
professoras e de um funcionário.
Maria Gertrudes Lemos Torres, nasceu
em Riachuelo (SE), em 27 de fevereiro
de 1905, casada, membro da Primeira
Igreja Presbiteriana, instrução
secundária, profissão professora; é
falecida. Foi admitida em 30 de março
de 1954 e pediu demissão do trabalho
no dia 31 de agosto de 1961, indo
residir no Rio de Janeiro, Estado da
Guanabara.
Maria Virgínia dos Santos nasceu em 28
de maio de 1934, na cidade de Divina
Pastora (SE); confissão presbiteriana, de
instrução secundária, profissão
professora, solteira; é falecida. Foi
admitida em 4 de março de 1954, onde
desenvolveu suas atividades trabalhistas
até sua aposentadoria.
Esthér Barreto Rocha nasceu em 7 de
janeiro de 1935, em Aracaju (SE).
Membro da Segunda Igreja Batista de
Aracaju, solteira, instrução secundária,
professora. Admitida em 9 de março de
1956; desenvolveu suas atividades
trabalhistas no EAB até 1962. é
falecida.
Dinorah Alcântara Cunha nasceu de 7
de novembro de 1935, em Aracaju (SE).
Membro da Segunda Igreja Batista de
Aracaju, solteira, instrução secundária,
professora. Deixou a instituição em a
1957 para casar-se, indo morar no Rio
de Janeiro.
Maria Alice de Melo nasceu em 21 de
julho de 1938, em Maruim (SE), de
confissão presbiteriana, solteira,
instrução secundária, profissão
professora. Iniciou suas atividades na
escola em 3 de março de 1958, pedindo
sua demissão no ano de 1962. para
fundar um estabelecimento de ensino na
cidade de Aracaju. Já é falecida.
Maria Elvira Sobral Lima nasceu em 19
de julho de 1936, em Aracaju (SE), de
confissão batista, solteira, instrução
secundária, professora. Iniciou suas
atividades no EAB em 3 de março de
1958 onde trabalhou até 17 de junho de
1960, quando decidiu ir lecionar em
outro estabelecimento de ensino.
Na década de 1960 o EAB recebeu as seguintes professoras:
Neusa Roberto de Amorim nasceu em 6
de Julho de 1931, em Borborema (PB).
Fazia parte da denominação batista.
Solteira, instrução secundária, profissão
professora. é falecida. Foi admitida
em 1º de agosto de 1960, após cinco
anos de trabalho pediu demissão por ter
mudado de residência.
Iolanda Santos de Oliveira nasceu em
16 de junho de 1923, em Frei Paulo
(SE), casada, membro da Segunda
Igreja Batista de Aracaju, instrução
secundária, professora. Iniciou suas
atividades no EAB em de março de
1961. Após um ano de prestação de
serviço a esse estabelecimento de
ensino, pediu demissão para dedicar-se
à família.
Divalda Alcântara da Cunha nasceu em
9 de Setembro de 1940, em Aracaju
(SE), solteira. Membro da Primeira
Igreja Batista, instrução secundária,
professora. Passou a ministrar aulas
nessa instituição em de março de
1962, onde trabalhou durante seis anos,
sendo demitida em 30 de novembro de
1967.
Maria Prata Santos nasceu em 2 de
fevereiro de 1941, em Lagarto (SE).
Era membro da Primeira Igreja Batista
de Aracaju. Solteira, instrução
secundária, professora, falecida. Iniciou
suas atividades pedagógicas nessa
instituição em de março de 1962,
pedindo sua demissão em 28 de
novembro de 1967 para cuidar do lar.
Maria Helena Teles nasceu em 26 de
março de 1934, não tendo sido
identificado o local de seu nascimento.
Membro da Igreja Batista Brasileira de
Aracaju, solteira, instrução secundária,
professora. Iniciou suas atividades
pedagógicas no EAB em de março de
1963, desenvolvendo suas atividades
trabalhistas até 1º de fevereiro de 1981.
Maria Ivete dos Santos Lima, membro
da Primeira Igreja Batista de Aracaju,
nasceu em 11 de maio, lugar de
nascimento não identificado, solteira,
instrução secundária. Foi admitida por
essa instituição em de março de
1963, desenvolvendo suas atividades até
28 de fevereiro de 1969.
Jérsia Pinheiro Lobão da Paz nasceu em
16 de outubro de 1919, lugar de
nascimento não identificado,
casada/desquitada, membro da Primeira
Igreja Batista, instrução secundária,
profissão professora. Foi admitida em 1º
de março de 1964, deixando a
instituição em 28 de fevereiro de 1965
por completar o contrato de um ano.
Edna Maria Gomes nasceu em 2 de
março de 1945, em Aracaju (SE).
Membro da Segunda Igreja Batista de
Aracaju, solteira, instrução secundária,
profissão professora. Foi admitida em 1º
de março de 1965. Atualmente
desenvolve suas atividades na
instituição como coordenadora
pedagógica.
Valdice Maria Gomes nasceu em 12 de
dezembro de 1946, em Aracaju.
Membro da Segunda Igreja Batista de
Aracaju, solteira, instrução secundária,
profissão professora. Foi admitida em 1º
de março de 1967 e deixou a instituição
em 30 de novembro de 1971 por ter sido
aprovada no concurso da Universidade
Federal de Sergipe.
Ivalcene da Silva Carneiro nasceu em
18 de julho de 1942, em Conceição de
Coité (BA). Membro da Primeira Igreja
Batista de Aracaju, solteira, instrução
secundária, profissão professora. Foi
admitida em de março de 1967 E
pediu seu afastamento em 28 de
fevereiro de 1969.
Evódia Cavalcante de Melo nasceu em
20 de agosto de 1938, em Jaboatão
(PE), de confissão batista, solteira,
instrução secundária, professora. Foi
admitida em de março de 1968 e
pediu para ser dispensada em 29 de
novembro de 1970, passando a residir
em Pernambuco.
Ednalva Freire Caetano, nasceu em 6 de
maio de 1948, em Riachuelo (SE) de
confissão presbiteriana, solteira,
instrução secundária, professora. Foi
admitida em de março de 1969,
trabalhou três anos, deixando a
instituição para cursar Pedagogia.
Marly Sobral Lima nasceu em 4 de
dezembro de 1941, em Aracaju (SE).
Membro da Segunda Igreja Batista de
Aracaju, solteira, instrução secundária
professora. Foi admitida em 1º de março
de 1969. Após um ano de trabalho
pediu demissão, em 28 de fevereiro de
1970, para trabalhar em Coaraci (BA).
Na década de 1970 o EAB recebeu as professoras:
Nilsa Andrade Costa nasceu em de
outubro de 1946, em Estância (SE), de
confissão presbiteriana. Foi admitida
em de março de 1970. Solteira,
instrução secundária, profissão
professora. Não foi encontrada nos
registros a data de sua demissão no
EAB.
Sônia Virginia Dias Góes nasceu em 30
de janeiro de 1952, em Itabaiana (SE).
Membro da Primeira Igreja Batista de
Aracaju, solteira, instrução secundária,
profissão professora; admitida em 15 de
março de 1970. Trabalhou por dois anos
na instituição, sendo demitida em 30 de
novembro de 1971.
O motivo que levou essas diretoras a manterem no quadro funcional da instituição, na
sua grande maioria professoras solteiras não ficou muito claro. Questiona-se então. Será
que a preocupação dessas missionárias era em relação ao pagamento dos encargos sociais?
Ou para que a mulher não se afastasse da sala de aula no momento de dá luz a um filho?
Desde os primórdios do Instituto Pan-Americano de Ensino e posteriormente
Educandário Americano Batista, era comum a presença feminina, inclusive na direção. O
corpo docente se dedicava ao ensino e à evangelização. Conforme Almeida
A concepção de trabalho como vocação e de glorificação da palavra divina,
de acordo com a ascese protestante, não poderia alijar o sexo feminino da
sua realização, por mais difícil que este se apresentasse. Impedir as
mulheres de trabalhar, ao contrário do espírito religioso católico, e ainda
atrelado ao colonialismo lusitano que via o trabalho feminino como
desairoso, seria, para os protestantes, impedir a exposição da vontade divina
e as missionárias se constituíram nas principais educadoras das pequenas
escolas [...]
338
.
O EAB contou com o apoio da Junta de Richmond, que enviou missionárias para
assumirem a direção da escola, pagando seus salários, livrando a escola dessa
responsabilidade. Para exercer a profissão de professora era preciso ser portadora de
características peculiares à mulher: dedicada, carinhosa entre outras, relembradas nos
depoimentos pelos ex-alunos.
As professoras eram competentes e nos tratavam com todo o respeito e
carinho. Lembro-me da minha primeira professora, d. Alice Pinto,
professora do Jardim de Infância, era como uma Mãe’. Após o recreio ela
cantava para que nós tirássemos uma soneca. Outra professora também que
eu me recordo. foi d. Virgínia, foi minha professora no e ano primário.
Foi quem me preparou para o temível exame de seleção (naquela época
existia, era como se fosse um verdadeiro vestibular). E eu fiz para o Colégio
Atheneu, porque a concorrência era muito grande, devido ao fato de ser um
excelente colégio.
339
Era muito bom. Onde tinha afeto, chamava pelo nome, de estar preocupado
com o aluno, acompanhar a evolução da pessoa, as dificuldades e tal
340
.
338
ALMEIDA, Jane S.Td( )Tj2.70107 0 0 Td(e)Tj4.74187 0 T118 0 Td( )Tj2.94118 0 Td( )Tj2.94118 0v7 0 Td(A)Tj7.02262 0 Td(S.Td( )Tjs7 0 Td(s)TTd( )Tj2.701070)Tj4.74187 0 d( )T6j7.02262 0 Td(S.Td( )Tj07 0 Td4( )1d( )Tj2.70107 0 0 Td(e)É2.70Td(i45d( )Tj2.70107 0 0 Td(e)P7 0 Td(s)Tj5.2221 0 Td(e)T5j7.02262 0 Td(S.Td( )Tjc2 0 Td(S.Td( )Tji9 0 Td(a)8d( )Tjs7 0 Td(s)TTd( )Tjo7 0 d( )T6j7.0222.701070)Tj4.741E2.70Td(i45d( )Tj87 0 d( )T6j7.022uTd( )Tj2.94118 0c2 0 Td(S.Td( )Tj Td( )Tj2.94118 0v7 0 Td(A)Tj7.02287 0 Td(f))Tj4.74187 0 d( )T6j7.0222.70107 0 0 Td(e)P7 0 Td(d)Tj-328.81 -1 )Tj2.94118 0v7 0 d( )T6j7.02281 -1 )Tj2.94118 0!7 0 Td(A)Tj7.02287 0 Td(f))Tj4.741A2.70TdTj35d( )Tj2.70107 0 0 Td(e)i1.67 Tf0Tj5.94239 0 Td(2)1d( )Tjf.74437 Tf)Tj8.223l1.67 Tf0Tj5.942uTd( )Tj2.94118 011 0 Td38179j5.94239 0 TdTj2.94118 0c2 0 Td26Tf Td(e)i1.67 Tf61
Mas também essas professoras tinham de preencher os requisitos preestabelecidos pela
Junta Administrativa. Constatou-se que o quadro docente do EAB, na sua grande maioria, era
composto por jovens solteiras, normalistas, batistas ou presbiterianas e dedicadas ao serviço
do senhor, como comenta Williams:
Bíblias, folhetos e evangelhos, são distribuídos anualmente entre os
estudantes. Filmes, histórias ilustradas e corinhos o usados para ensinar
aos alunos sobre a vida de Jesus. O empenho espiritual está a cargo das
professoras dedicadas que são todas ativas em suas igrejas. Algumas foram
treinadas no Seminário do Recife ou Instituto Bíblico
341
.
Os depoimentos demonstram que os alunos eram tratados de forma cortês, favorecendo
sua permanência nessa instituição.
3. 5. A Disciplina e os Castigos
A instituição Escola exerce um papel relevante na sociedade por trazer no seu bojo um
caráter formativo, e se bem organizada e ordenada, soluciona as “carências e erros” que são
evidenciados de maneira satisfatória sem constranger os que a ela têm acesso. Conforme
Comenius,
Nela lugar para os ideais da sapiência, da honestidade e da piedade. A
educação se realiza com a máxima delicadeza e doçura, sem nenhuma
severidade e coerção; a cultura dispensada é verdadeira e sólida, não
aparente nem superficial, e tampouco cansativa. [...] Para que tudo isso
possa se realizar é necessário que ela disponha de professores dotados de um
bom método de ensino
342
.
Existiam diversas formas de manter a ordem e disciplina da escola. Fazia parte das
práticas culturais e do ideário norte-americano a manutenção da organização escolar, tradição
trazida pelas missionárias batistas norte-americanas. A questão da vigilância não se dava
apenas a favor do alunado; a professora dentro dessa pedagogia americana também era
observada, como explica Ednalva Freire Caetano:
341
WILLIAMS, Clara Lynn. Op. Cit. p. 17.
342
CAMBI, Franco. Op. Cit. p. 288.
Não existiam castigos, eu particularmente sempre tive domínio de classe,
nunca recorri à diretora, isso foi uma coisa que ao longo do tempo a gente
praticamente estabeleceu um consenso. Com relação a isso eu sempre achei
que a autoridade do professor é uma coisa muito importante e quando
comecei a trabalhar lá eu verifiquei que a diretora eventualmente entrava em
sala de aula para ver como as coisas estavam acontecendo, chegava, entrava,
sentava, ficava algum tempo, depois levantava e saía. Era comum ela fazer
isso, mas com o tempo, a convivência, nós chegamos a um acordo que isso
não precisava acontecer, achava desnecessário, isso aconteceu sem conflito,
eu discuti a questão com ela e nós chegamos a um acordo. Nunca usei
castigos. Qualquer tipo de castigo físico ou psicológico sempre discordei,
também nunca houve casos que isso fosse necessário. Quando o aluno era
muito rebelde, como tive um aluno bastante difícil [...], ativo, inquieto,
quando ele exagerava muito, o máximo que acontecia era ficar sem recreio.
Na hora do recreio, ele lanchava e depois voltava pra sala pra Td(c)Tj4.74187 0 850j3.60142 0 Td(r)Tj3.5414 0 Td(e)r uma at uidaue, u
repreendeu a atitude da professora. E esta nunca mais realizou tal
procedimento. No tocante às disciplinas ministradas na Escola, eram
puxadas, mas necessárias para que pudéssemos acompanhar as grandes
escolas e colégios de Aracaju
345
.
Quando o aluno cometia alguma coisa, colocava-o de olhando para a
parede. era uma humilhação. Se você não foi bem na caligrafia, ficava
no recreio fazendo. Existia um caderno (para melhorar a letra) era o próprio
aluno que comprava. A professora mandava fazer tantas vezes. Isso
aconteceu inclusive comigo algumas vezes. Logo no início eu soube que
algumas professoras no Americano Batista tentaram usar régua para bater,
mais foi pouco tempo e não vigorou. Não foi pra frente porque as pessoas
começaram a reclamar
346
.
A disciplina era rígida, sem grosseria, pelo menos por parte da direção. Mas
tinha uma professora (que eu não vou citar o nome) que lavou a boca do
menino com sabão. Acredito que ela foi despedida por isso. Não sei se a
direção sabia, mas ela fez isso
347
.
Entre os castigos que foram usados no EAB alguns tiveram a repulsa dos alunos,
evitando assim que tais castigos voltassem a acontecer. Concernente a isso Menezes deixa
clara sua impressão:
Eu fiquei impressionada porque passaram sabonete na língua do menino.
Porque o menino xingou. Aí passou sabonete. Mas eu achei uma coisa!!! Hoje
eu não acho nada demais sabonete. Mas na época me traumatizou muito,
entendeu
348
.
Existia um consenso de que a ordem e a disciplina eram elementos que deveriam fazer
parte do cotidiano escolar para um bom desenvolvimento do trabalho pedagógico; entretanto
determinadas posturas eram veementemente incompatíveis com a pedagogia pregada pela
escola, quando se lançava mão de atitudes discriminatórias e humilhantes. Quanto a isso
protesta Chagas Júnior:
O castigo era perder o recreio, às vezes, ou ficar em pé, todo mundo na sala
continuava estudando e você ficava em pé. Tinha uns cascudinhos que
345
Vera Lúcia Corrêa Feitosa, ex-aluna do período de 1960 a 1965. Entrevista concedida à autora no dia
20/10/2005.
346
Josafá de Oliveira Filho, ex- aluno, do período de 195l a1960. Entrevista concedida em 25/10/2005.
347
Clarinda Maria Mangueira de Oliveira, ex- aluna, do período de 1970. Entrevista concedida à autora em
18/11/2005.
348
Cleide Selma Melo Menezes, ex-aluna, do período de 1959 a 1960. Entrevista concedida à autora em
18/11/2005
aconteciam que eram famosos. Mas era uma professora. Mas os
meninos gostavam dela. Também tratar com crianças não é fácil. Acho que
seria mais isso. É uma discriminação você ficar num canto da parede, hoje é
totalmente errado. Não era situações tão graves, mas existiam punições que
você enxergava que não eram corretas, que não deveriam ser tratados
daquela forma. Hoje eu não aceitaria meu filho ficar de olhando pra
parede, este tipo de situação é drástica. O aluno perder o recreio, a hora que
ele tem de participar da parte social da escola, a melhor hora de brincar com
os colegas, às vezes perder merenda, isso aí é triste
349
.
[...] a gente não apanhava, não tinha palmatória, as professoras eram
rígidas, mas pegavam mais a gente pelo conteúdo, pela nota, tinha nota de
comportamento todo dia, tinha notas diárias [...], tinha nota de
comportamento, e quando o aluno era indisciplinado, escrevia cem vezes:
“não devo conversar na aula” ou “não devo mentir
350
.
As missionárias batistas norte-americanas inspiraram-se provavelmente nos
dispositivos disciplinares defendidos pela pedagogia moderna em uso nas escolas do seu país
e também do Brasil. Os castigos físicos eram substituídos pelo diálogo, conversa amistosa,
afeição da professora e da direção, através dos ensinamentos morais, cívicos e religiosos, de
estímulos, valorização pessoal e da premiação através de medalhas, livros, ou outras
honrarias.
Em relação à finalidade da escola admite-se que ela não consegue resolver os
problemas de êxitos ou fracassos sozinha.
Como também não é somente lugar de aprendizagem, de saberes mas é ao
mesmo tempo, um lugar de inculcação de comportamentos e habitus que
exige uma ciência de governo transcendendo e dirigindo, segundo sua
própria finalidade, tanto na formação cristã como as aprendizagens
disciplinares
351
.
No Regimento interno localizado não estavam previstas “penas disciplinares” para os
comportamentos inadequados
352
. O que acontecia na prática a priori era o seguinte:
O aluno era admoestado pela diretora;
Persistindo a indisciplina ele seria privado de alguns privilégios;
349
Stoesel Chagas Júnior, ex-aluno do período de a 1965 a 1971. Entrevista concedida à autora em 16/11/2005
350
Ilsa Donald, ex-aluna no período de 1959 a 1967. Entrevista concedida à autora em 24/09/2005.
351
JULIA, Dominique. Op. Cit. p. 22.
352
A forma como eram trabalhadas as questões de indisciplina está diluída nos depoimentos dos ex- alunos e
professoras: Ilsa Donald, Marileide Menezes Silveira, Ednalva Freire Caetano e Ruth Vasconcelos, entre outros.
Era aplicado castigo como: ficar de pé, fazer tarefas escritas com máximas: “eu preciso
me comportar”; “não devo conversar na aula,” “não devo mentir”;
Se a indisciplina fosse muito grave, o aluno seria convidado a sair da escola. Sobre a
expulsão dos alunos nos depoimentos coletados não foi localizado nenhum caso.
Fernando Santos Prado fez menção à metodologia utilizada pela profª. Ednalva Freira
para premiar os alunos que se destacavam e a forma como era conduzida essa prática; o
compromisso político e a preocupação que a mestra tinha em relação ao processo ensino-
aprendizagem dos seus alunos. Recordou as atividades que eram realizadas e os presentes que
eram ofertados. Provavelmente era uma iniciativa dela própria, lembra o ex-aluno:
Eu me lembro que a professora Ednalva Freire Caetano promovia gincana
dentro da própria sala (1º e anos). Ela costumava premiar nessa gincana o
esforço dos alunos para adquirir o conhecimento. Ela fazia por liberalidade
dela mesma. [...]. Aqueles que iam se destacando, marcando ponto eram
premiados com livrinhos [...]. No final do período os melhores (primeiro,
segundo e terceiro lugares) ela premiava com medalha de honra ao mérito. E
até pouco tempo eu tinha na casa do meu pai essas medalhas de honra ao
mérito que eram de bronze, de prata e de ouro. Eu mesmo ganhei de e
lugar. Eu me lembro de um colega meu, era muito bom, Marcos Aurélio
Dantas Vieira, também foi premiado. [...]
353
.
A prática da conversação era muito usada entre as missionárias norte-americanas e
quando não surtia muito resultado, era aplicado outro dispositivo, como explica Josefa
Rosemeire Nunes Pinto de Freitas: “quando o menino era muito danado ia conversar com a
diretora na sala dela, e ficava fazendo a tarefa na secretaria
354
[...]. Para Dione de Oliveira
Diedam, “as professoras eram rígidas, mas podíamos sentir ao mesmo tempo o carinho e a
dedicação. Para disciplinar a turma, elas deixavam o aluno faltoso de em frente dos colegas,
com ou sem recreio, e quando a falta era maior, mandava falar com a diretora”
355
.
353
Fernando Santos Prado, ex-aluno do período de 1968 a 1973. Entrevista concedida em 28/9/2005.
354
Josefa Rosimeire Nunes Pinto de Freitas, ex-aluna do período de 1959 a 1960. Entrevista concedida à autora
em 26./10/2005.
355
Dione de Oliveira Diedam, ex-aluna do período de 1953 a 1958. Questionário enviado à autora em dezembro
de 2005.
As normas existiam e eram cumpridas, mas a forma de cobrá-las era diferente; dava-se
“com ternura e amor” e com muita disciplina, relembram as ex alunas Nogueira e Feitosa,
Certa vez eu vinha correndo da secretaria do Educandário em direção ao pátio
para participar do recreio. Quando deparei-me de frente com a diretora d.
Maye Bell Taylor. Imediatamente eu parei. Ela olhou para mim com aqueles
lindos olhos azuis, e falou-me para que eu não andasse correndo pelo
corredor, porque isto era uma das normas da própria escola. Como eu tinha
desobedecido esta norma, então, ela me pediu que eu fosse três vezes andando
bem devagar do início do corredor até à secretaria, fosse e voltasse, enquanto
ela me fiscalizava. Quando eu terminei, ela sorriu para mim e me liberou.
Houve a ‘punição’ mas sempre feito com muita ternura e amor
356
.
Existia a fila, quando tocava todo mundo sabia que tinha que estar na fila,
entrar direitinho, cantando. A gente chegava e sabia o lugar. Na hora que
tocava todo mundo tinha que estar-lá na fila, ir entrando, cantando, era muito
ordenado. Ninguém ficava no corredor, pra ir ao banheiro tinha que pedir, pra
beber água tinha que pedir, quando chegava uma autoridade, como a diretora,
a gente se levantava
357
.
No recreio, a percepção de todos que faz5.88236 0 Td(e)Tj5.16207 0 Td( )T
ocorrido. Outra forma de punir era a repetição da escrita, das famosas “máximas” na
esperança de inculcar um comportamento através dessas mensagens.
3. 6. Evangelização e Formação
Figura 38: Conferência Evangelística, em 1971, realizada no auditório do EAB. Ministrante: Pr. José
Brito.
Fonte: Acervo do CAB.
O auditório tinha uma decoração própria para um ambiente que expressava um
conteúdo espiritual e pedagógico, que, com suas representações, conquistava as crianças para
o momento mais esperado: a lecção. Esse auditório, que foi construído no ano de 1961, na
administração da missionária Freda Trott, serviu de palco para muitas festividades cívicas,
religiosas e pedagógicas; era um lugar agradável, como afirmam alguns ex-alunos:
Lembro do auditório, onde se ouviam as histórias, se aprendiam cânticos
novos, lia a bíblia. A gente se preparava depois do recreio, era ansiedade
total para ir para essa reunião, cada um se apresentava, tinha peça de teatro,
tinha fantoche, tinha marionete, um ventrículo (um boneco) isso tudo nas
lecções de sexta-feira. Tinha palestra com gente de fora que ia fazer a
preleção. Era um momento esperado
359
.
Tinha um palco onde se apresentavam peças de teatro. Era muito bom.
Tenho muitas recordações do Salão Nobre (auditório). eram
apresentadas, festas lindas, dia das mães, dia dos pais, da criança, datas
cívicas e no final do ano tinha a formatura das crianças dos doutores do
ABC e dos meninos e meninas do 4º ano primário.
360
Eu lembro que quando a gente nas séries mais adiantadas ia subir pra
aquele auditório, e se encontrava com todos os alunos com toda ordem
porque cada professora ficava responsável pela sua classe e formava, e
entrava em fila e ficava nos bancos arrumados por salas. Aquele auditório
marca a vida daqueles que passaram por lá. Ele não é um auditório que
estava ali para constar um espaço necessário mas ele era usado. Se chamava
o ‘Salão Nobre’
361
.
O auditório ficava localizado no primeiro andar, tinha duas fileiras de
bancos, tinha uma coluna de cada lado, tinha o palco, cortinas, a salinha
(que era o camarim), o piano, o chão era de taco. Tinha uma vidraça do lado
esquerdo
362
.
[...] Era feita às 11 horas. Todos os alunos iam para o auditório. Cada
semana uma professora era escolhida para falar, ou era convidado uma
pessoa especializada. Geralmente era um pastor que fazia conferência nas
igrejas. Esses pastores geralmente eram convidados para falarem na lecção.
Toda sexta-feira tinha lecção. [...].Era comum história com flanelógrafo,
apresentação de teatro. Cada classe apresentava um programa com música,
jogral, recitação de poesia. Dona Freda tocava o piano, ou uma mãe de
aluno, como Ofenísia Freire
363
.
Por meio desses depoimentos pode-se vislumbrar um espaço de formação que os
egressos daquela instituição não conseguiram apagar de suas memórias, e aos poucos vão
delineando momentos de alegrias e aprendizagens: cívica, cultural, moral ou patriótica. A
disciplina era algo evocado e peculiar daquele espaço, que foi dedicado para acontecerem
representações de intelectualidade e religiosidade (como lecções, série de conferências, entre
outros), que até o momento permeiam o imaginário dos que vivenciaram essa ambiência. Na
359
Adna Maria Gomes, ex-aluna, do período de 1968 a 1970. Entrevista concedida à autora em 26/9/2005.
360
Ilsa Donald, ex-aluna, do período de 1959 a 1967. Entrevista concedida à autora em 24/9/2005.
361
Fernando Santos Prado, ex-aluno, do período de 1968 a 1973. Entrevista concedida à autora em 28/9/2005.
362
Emília Cervino Nogueira, ex-aluna, do período de 1969 a 1974. Entrevista concedida à autora em
18/11/2005.
363
Carlos Henrique Santos, ex-funcionário, do período de 1955 a 1990. Entrevista concedida à autora no dia
11/12/2004.
memória dos ex-alunos foram registrados os espetáculos teatrais, artísticos ou musicais que
desfilavam diante da sua ótica de criança. Todos tinham oportunidade de participar daquela
“vitrine de talentos”. Estímulos não faltavam. Aos poucos, conceitos diversificados iam sendo
assimilados e formados que iam sendo aceitos ou rejeitados. De uma forma ou de outra, o
auditório presenciou todo esse espetáculo. As fotos demonstram o cuidado que era tido com os
trajes que eram usados para cada atividade e representações. Observa-se que os alunos se
apresentam com elegância e seriedade.
Figura 39: Festa de encerramento do ano letivo. Apresentação de uma dramatização intitulada
“Domadora de Circo”, em 1962.
Fonte: Acervo do CAB
Figura 40: Encerramento do ano letivo, dramatização. Os principais personagens, da direita para
esquerda, em pé: o Príncipe-Nilson Linhares Correia, a Cinderela, e a Fada Dione Oliveira, s.d.
Fonte: Acervo do CAB.
O auditório denominado “Salão Nobre” era um espaço separado para serem realizadas
as festas, cultos, premiações. O auditório, com suas representações, simbolizava no imaginário
da criança um lugar mágico; foi como Ednalva Freire Caetano caracterizou:
O Salão Nobre- eu imagino que para a criança aquilo ficou no imaginário
delas, como uma coisa muito especial. Era diferente da sala de aula que é
uma quase sempre, as escolas primárias funcionavam em casas, era comum
naquela época. Dificilmente você tinha prédio preparado para a escola
primária. Acho que o grande encantamento do EAB é que a escola era um
prédio. As salas de aula eram salas de aula, o ambiente do recreio, era o
ambiente do recreio, era o ambiente próprio, da mesma maneira o auditório,
era o auditório, a biblioteca era a biblioteca, são coisas que imagino que não
havia em outras escolas. O auditório era um ambiente bonito, agradável,
com poltronas alcochoadas, com um palco, cortinas vermelhas, veludo
vermelho, acho que tinha uma passarela, aquele tapete no meio vermelho.
A cortina lá da abertura do palco. Então isso no imaginário da criança é uma
coisa muito forte, e como eu disse pra você, esse momento era um momento
muito agradável, porque você trabalhava com muita coisa, votinha muito
material, você tinha música, porque a música é um elemento muito forte, um
piano é uma coisa forte, eu acho que tudo isso ficou no imaginário da
criança, como um momento mágico, e de fato era; era um momento bem
dosado porque era apenas meia hora, você não cansava, é aquilo também da
cultura americana e da cultura protestante, de fato era meia hora. Onze e
trinta às doze horas. Não tinha essa coisa de atrasar, de faltar de material, de
ir buscar. Não. Todos estavam preparados e acredito que deve ter ficado no
imaginário das crianças como uma coisa realmente mágica. Tinha muitos
recursos áudio-visuais: filmes, flanelógrafos, etc. Era um momento muito
forte dos cânticos, do aluno ser chamado à frente pra também compor a
história, participar da história, era um momento muito agradável, e como era
uma vez por semana (a lecção), cada semana uma professora era designada
para fazer, quer dizer não era a mesma pessoa, todo o tempo, todo mundo
participava, então era uma coisa muito agradável
364
.
Mesmo povoado pelos cânticos religiosos e pelos hinos pátrios, as solenidades e o
próprio cotidiano do EAB pareciam carecer de um hino específico que expressasse o lema
daquela instituição. Elita Reis Ferreira provavelmente foi a responsável pela composição da
música do “Hino do EAB”, em 20 de novembro de 1968:
364
Ednalva Freire Caetano, ex-professora, do período de 1969 a 1972. Entrevista concedida à autora no dia
29/9/2005.
Para frente, oh Mocidade,
Cheia de fé e bondade,
Avancemos na peleja,
Embora má, a sorte seja,
Nada nos abaterá
Cada qual aprenderá
A sofrer com paciência,
De todo mal a inclemência.
Serás EAB, eternamente o nosso bem,
Oh! EAB, em nossas almas viverás
Oh! EAB, até a morte e além,
Oh! EAB, teu nome ficará.
Em prol do bem e contra o vício
Não poupemos sacrifício.
Ser bom, ser justo e forte ser
Tenhamos sempre por dever!
Seja o céu o nosso abrigo,
E o livro o melhor amigo.
Assim, nossa diretriz.
Fará o orgulho do nosso país!
Disciplina, esforço, estudo,
Pela pátria, tudo, tudo!
Morrer, pela pátria é glória!
E o forte, morto na história,
Ressuscita cedo ou tarde,
Enquanto o homem covarde,
Vivo, ou da morte alcançado,
Terá um nome execrado.
A letra do hino da instituição revela elementos significativos das metas educacionais e
evangelizadoras propostas pela pedagogia batista desenvolvida no EAB. A importância da
coragem, de combater os vícios, de buscar as boas leituras, a evocação da “disciplina, esforço
e estudo” como características patrióticas, de certa forma revelam aspectos do cotidiano da
instituição rememorados por ex-alunos, ex-professoras e ex-diretoras.
Durante as pesquisas realizadas não foi possível confirmar se o hino do EAB era
comum para todos os colégios batistas do Brasil. No entanto, encontrei no Colégio Americano
Batista de Recife o mesmo hino do Educandário Americano Batista de Aracaju.
Sobre esse hino um ex-aluno de Recife revelou sua emoção. Ariano Suassuna
365
, que
estudou alguns anos nessa instituição, onde viveu sua infância e parte da sua adolescência,
fala da grande emoção que ainda sente quando ouve a música ser cantada ou tocada. Mesmo
sem considerar os elementos que compõem o hino ele reflete e considera impossível não se
render as felizes lembranças da sua adolescência naquele internato. Assim ele se expressa:
Não posso ouvir, sem profunda emoção, o hino do Colégio Americano
Batista. Não que ele seja bonito. Pelo contrário: a música é apenas razoável
e a letra é muito ruim. Mas isso não é característica exclusiva sua. Parece
que é, mesmo, da natureza dos hinos. A letra da “marselhesa” por exemplo,
é feíssima. Acontece que seu valor, para os franceses, vem de outras coisas,
como acontece com o hino do CAB em relação a mim. Eu não saberia
escrever nada sobre ele, nem sobre o colégio a quem tanto devo. Mas um
grande poeta do Nordeste e do Brasil. Marcos Accioly, foi, como eu, aluno
do CAB. E a direção do Colégio sabiamente, confiou a Marcos Accioly a
tarefa de dizer o que todos nós sentimos, sem saber expressar. E Marcos
Accioly soube corresponder a essa confiança: é que certamente ele também
como eu quando ouve as primeiras estrofes do hino, “Para frente, ó
mocidade” sente o cheiro da grama cortada, revive a atmosfera meio escura
e cheirando a madeira das escadas que levavam à rouparia e ao dormitório e
sente voltar todo o tempo dos 12 ou 13 anos, a época atormentada, bela,
cheia de cruel alegria e sofrimento que é a adolescência
366
.
365
Ariano Suassuna nasceu em 16 de junho de 1927, na Paraíba, filho de João Urbano Pessoa de Vasconcellos
Suassuna e Rita de Cássia Dantas Villar. No fim de 1928, tendo João Suassuna deixado o governo da Paraíba, a
família volta ao sertão, para a fazenda “Acauhan”. Em 9 de outubro de 1930, João Suassuna é assassinado, no
Rio, deixando dona Rita viúva com nove filhos, dos quais Ariano é o oitavo. Em 1932, a família muda-se para
Taperoá. Aí, Ariano faz seus primeiros estudos em escola. Em 1942, nova mudança: desta vez para o Recife,
onde a família se fixou. No Recife, três são os Colégios nos quais Ariano Suassuna estudou: Colégio Americano
Batista, Oswaldo Cruz e Ginásio Pernambucano. Em 1945, estudando no Oswaldo Cruz, escreve “Noturno”,
primeiro poema seu a ser publicado: A publicação foi feita em 7 de outubro por intermédio de Tadeu Rocha, que
então era seu professor. Em 1946, entra para a Faculdade de Direito do Recife, concluindo o curso em 1950. Dez
anos depois, concluiu o de Filosofia, na Universidade Católica de Pernambuco. Na faculdade de Direito, sob a
liderança de Hermilo Borba Filho, funda-se o Teatro do Estudante de Pernambuco, para o qual Suassuna escreve
suas primeiras peças. Entre 1946-1948, publica ele diversos poemas ligados ao Romanceiro Popular do Nordeste
e em 1947 escreveu sua primeira peça, uma “Mulher Vestida de Sol”. No ano seguinte, pela primeira vez uma
peça sua é encenada, na “Barraca” que o TEP erguera no Parque 13 de maio, Recife. Em 1957, Suassuna casa-se
tem seis filhos: Joaquim, Maria, Manuel, Isabel, Mariana e Ana. E até agora, onze netos. Outra data inicial
importante; lançamento no Recife do Movimento Armorial, o que aconteceu juntamente com a conclusão de seu
Romance D’ A Pedra do Remo, em 1970. SUASSUNA, Ariano. A História do amor de Fernando e Isaura.
Recife: Bagaço, 1996.
366
Depoimento retirado da capa do disco “Eternamente o Nosso Bem”. Fábrica de Discos Rozemblit LTDA
Recife- PE. Acervo: Arquivo do Colégio Americano Batista, Recife PE, em 13/1/2006. Esse disco contou com
a participação da Banda do Corpo de Fuzileiros Navais do Recife, sob a regência de Elias Moreira da Silva.
Marcos Accioly e Nestor Accioly foram os intérpretes.
Outro elemento formativo era a Lecção; espaço reservado para ser concretizado o
projeto de evangelização. Essa prática cultural estava permeada de um sentido espiritual. O
aluno era agente ativo do processo. Ele podia criar, participar, desenvolver seus dons e
talentos através das encenações dramáticas, das poesias, jograis, cantando no coral, tocando na
bandinha rítmica ou fazendo solo instrumental com o piano, o violão, a flauta, ou outro de sua
preferência. A lecção para alguns ex-alunos se constituía a melhor parte esperada com
ansiedade. Nesse momento todos se encontravam, a mensagem do evangelho era passada de
forma simples e bem elaborada, e era transmitida através do ensino da moral ou bíblico.
Figura 41: Da direita para esquerda: o funcionário Carlos Henrique dos Santos e a profª Edna Maria
Gomes, narrava uma história, com um fundo musical tocado ao piano pela missionária batista norte-
americana Rita Roberts. Ao mesmo tempo, a missionária batista norte americana, Virgínia Sorrels,
ilustrava a história (em pé à esquerda), s.d.
Fonte: Acervo do CAB.
Os convidados responsáveis para transmitir as palestras eram pessoas que tinham
experiência de trabalhar com crianças e traziam toda uma dinâmica para atrair os olhares e
coraçõezinhos que estavam presentes. Os fantoches e as histórias desenhadas ganhavam vida
nas mãos das missionárias e professoras. Enfim, era nesse momento onde se encerrava todo o
projeto espiritual proposto por aquelas missionárias batistas norte-americanas, o qual recebeu
o nome de lecção.
Figura 42: Pr. José Brito ministrando conferências
evangelísticas no “Salão Nobre” do EAB, em 1971.
Fonte: Acervo do CAB
As bandeiras do Brasil, Cristãs e dos Estados Unidos que se mantinham hasteadas
naquele espaço indicavam e determinavam exemplos de respeito a Deus e à pátria. Os
discursos proferidos sobrepujavam valores que deveriam ser seguidos. Na execução dos
rituais cívicos e religiosos os alunos deveriam mostrar postura e obediência aos superiores
(diretora, professoras e funcionários). Os hinos trios eram cantados com reverência e
exaltação à pátria. O comportamento que deveria ser estabelecido naquele lugar refletia
aprendizagens que eram adquiridas pelos alunos. O bom comportamento deveria estar
presente nas outras festividades comemoradas no “Salão Nobre” como: as formaturas, as
comemorações cívicas, como o culto em Ação de Graças pelo Sesquicentenário do Brasil, os
eventos evangelísticos (série de conferências) e as diferentes datas comemorativas.
3. 7. Lembranças mais marcantes
Figura 43: Início do dia letivo, no período matutino, no pátio, quando os alunos se organizavam em
filas e cantavam os hinos pátrios e da escola até a sala de aula, s.d.
Fonte: Acervo particular da missionária Clara Lynn Williams.
As experiências vividas pelos ex-alunos do EAB tornaram-se marcas perenes nas suas
vidas, a ponto de não esquecerem como a escola era organizada, sua eficiência em termo de
formação, preocupação com um ensino mais concreto, utilização de vários recursos didáticos,
festividades, entre outras características. Esses momentos foram eternizados nas suas
lembranças. Ligia Lemos Souza e outros rememoram aqueles momentos tão singulares:
Era uma escola muito organizada em questão de disciplina, as professoras
eram boas, faziam muitas festividades. Na sala de aula tinha um período de
orações, e muitos cânticos. No auditório tinha muitas cenas de teatro, as
festas e formaturas. A gente trabalhava muito a parte artística. Além de tudo
isso era uma escola eficiente. Eu fiz exame de admissão para o Ginásio de
Aplicação (GA) e passei. Recordo também que na sala de aula tinha muitos
cartazes. A escola trabalhava com tema. Usava flanelógrafo, slides que
passava filme no auditório
367
.
A escola era muito organizada, quando a gente chegava na escola fazia a
fila, todas as turmas no pátio. Cantava algumas músicas, enquanto tivesse
aluno pra entrar todos continuavam cantando. Cantava o hino nacional pelo
menos uma vez por semana. Apesar da diretora não ser brasileira, mas ela
trabalhava o patriotismo, se preocupava com isso, valorizava muito o
civismo
368
.
Era uma escola bem estruturada, onde a ordem era notória, o respeito
incontestável e a autoridade exercida sem autoritarismo. O dia iniciava com
um momento cívico, quando em filas no pátio cantávamos o Hino Nacional
e o Hino da Escola (o qual ainda hoje recordo e me emociono), após as
saudações e avisos, cada classe enfileirada, entrava com a sua professora.
Ao entrarmos na sala, cada manhã, tínhamos o nosso momento devocional
quando a professora lia um texto bíblico e orava pedindo ao Senhor por
aquele dia e por cada um de nós. O ensino era muito bom, didático e
moderno para a época. Lembro ainda dos cavaletes com gravuras grandes e
bem coloridas que a professora colocava à frente da sala, bem visível, para
que pudéssemos fazer a dissertação. O ano letivo era dividido em ‘unidades’
e as professoras usavam o tema o tanto quanto possível para desenvolver os
conteúdos. Recordo, creio que estava na 3ª. série, quando fomos visitar a
‘Telefônica’, pois a Unidade era ‘Comunicação’. Tínhamos também o
horário para a leitura na biblioteca, as aulinhas de Música e as de Inglês, que
me empolgava muito, sentia-me importante cantando e falando algumas
palavras numa língua estrangeira
369
.
Lembro do ano do sesquicentenário, teve um desfile na Avenida. Lembro da
minha professora do jardim de infância, dona Helena. Lembro do pátio, do
funcionário Carlos Henrique, do auditório que todas as sextas-feiras, a gente
ia lá, era interessante e ainda lembro da programação que eram feita lá, as
dramatizações, sempre tinha gente de fora falando. Toda turma participava,
os alunos e professoras que sabiam tocavam o piano
370
.
Olhando atentamente para os alunos, pode-se perceber, através de suas expressões, a
forma de comportar-se, ou até mesmo sentar-se, uma maneira mais formal ou mais à vontade.
367
Ligia Lemos Souza, ex-aluna, do período de 1966 a 1968. Entrevista concedida à autora em 16/11/2005.
368
Clarinda Maria Mangueira de Oliveira, ex-aluna, do ano de 1970. Entrevista concedida à autora em
18/11/05
369
Dione de Oliveira Diedam, ex-aluna, período de 1953 a 1958. Questionário respondido em novembro de
2005.
370
Jabes Nogueira Filho, ex-aluno, período de 1972 a 1977. Entrevista concedida à autora em 18/11/2005.
Figura 44: Sala de aula com as carteiras enfileiradas. No centro a mesa da professora e a presença da
co-educação, s.d.
Fonte: Acervo particular da missionária Clara Lynn Williams.
As fotografias têm o poder de denunciar os sujeitos que dela participam, como os
alunos, professoras, diretoras, os funcionários e os pais. “As fotografias, enfim, confirmam um
definido instante e lugar, um espaço-tempo. A imagem diz, sempre, um ali e um agora sobre a
escola”
371
. As fotografias escolares como fontes históricas trazem o poder de determinar
371
BARROS, Armando Martins. Os Álbuns fotográficos com motivos escolares: veredas no olhar. In: GATTI
JÚNIOR, Décio e INÁCIO FILHO, Geraldo (orgs). História da Educação em perspectiva: ensino, pesquisa,
espaço, arquitetura, época e vestuário. Como recursos didáticos as fotografias permitem
transcender o ilustrativo e remeter a debates de assuntos variados englobando a disciplina, o
civismo, as práticas cotidianas, as estratégias usadas para a evangelização; enfim, o recurso
iconográfico indicia toda uma história, e a escola podia ser compreendida como uma
“produção social, de conhecimentos, de hábitos e de práticas”
372
.
Alguns historiadores consideram que as memórias o documentos localizados na
mente das pessoas e não nos arquivos públicos. Com essa concepção as memórias são tidas
como um “modelo textual” ou como objeto. Clarice Nunes explicita:
Mas as memórias não são objetos. São experiências vividas interiormente, o
que as distingue do conhecimento. Se o conhecimento nos pertence de
forma contingente, as memórias são indissoluvelmente nossas, fazem parte
de nós e nos constituem. Estamos no centro delas e quando elas fazem
conscientemente parte de s podemos partilhá-las com outros. A
recordação, portanto, não se separa da consciência, mantendo com ela uma
via de mão dupla. As memórias dizem quem somos. Integram nosso
presente ao passado, tanto na perspectiva de que inventamos um passado
adequado ao presente, quanto o contrário
373
.
Os sentimentos que invadiram a memória dos ex-alunos do EAB retratavam elementos
tão intrínsecos ao viver de cada um, que a escola passou a ser relembrada nas suas
peculiaridades, e para cada um deles, de uma forma diferente. As reminiscências desse
espaço/escola permeavam as emoções dos que passaram por ela; e ao rememorarem os ex-
alunos eram transportados como que por um ato mágico para o seu tempo de menino. Para
ilustrar isso vejamos os depoimentos a seguir:
Naquela época era Educandário Americano Batista, localizado na Avenida
Barão de Maruim, esquina com Lagarto. Uma excelente escola! Tinha uma
administração juntamente com um corpo docente de boa qualidade e
altamente capacitado. O funcionário Carlos Henrique era o único da escola,
cuidava da mesma, como se fosse a sua própria casa, aliás, ele morava na
própria escola
374
.
produção e novas investigações. Campinas: Autores Associados; Uberlândia: EDUFU, 2005. (Coleção memória
da educação).p. 129.
372
Idem, p. 129.
373
NUNES, Clarice. Memória e história da educação: entre práticas e representações. Revista Educação em
Foco. Juiz de Fora. UFJF, Faculdade de Educação. v. 7. nº. 2 Set / fev. 2002/2003. pp. 11-24. p. 17
374
Vera Lúcia Corrêa Feitosa ex-aluna, do período de 1960 a 1965. Questionário respondido em 20/10/2005.
A Escola era assim, entrava pelo lado da Rua de Lagarto, a frente era
quando os pais vinham resolver alguma coisa na secretaria, mas eu adorava
chegar, até a frente, saía da minha sala e tinha uns aquários, ficava no
corredor perto da secretaria, eu achava aquele lugar mágico, eu gostava de
olhar a avenida Barão de Maruim ali da frente. Mas a gente tinha
oportunidade quando os pais vinham resolver alguma coisa na secretaria
375
.
O convívio com as pessoas que até hoje somos amigos, relembrar coisas
engraçadas que acontecia, ficar conversando relembrando os velhos tempos.
mesmo na escola. Depois isso se refletia na igreja, tanto é que quando a
gente era membro da 2ª Igreja era como se fosse uma família. Terminava o
culto, as pessoas iam pra casa, ficava até meia noite conversando, ou
então ficava na porta da igreja. Chegou a um ponto dos jovens usarem a
mesma camisa, sair o grupo e quando chegava em algum evento diziam:
chegou a turma da Igreja. Esses laços foram construídos no Educandário
Americano e inclusive com a participação de Carlos Henrique, ele unia essa
turma toda. Ele estava em todas; mesmo sendo mais velho. Acho que isso
foi reflexo da escola também
376
.
As lembranças são muito boas. Eu vim da Usina Central, eu estudava lá,
porque meu pai era gerente; mais minha mãe sempre se preocupou muito
com a educação da gente então ela comprava livros pra gente estudar na
Usina, pra gente não ficar atrasado. Então quando eu cheguei no
Americano foi muito engraçada, porque na escola que eu estudava, era
tudo assim decorado. Quando a professora vinha me perguntar sobre a lição
de história, em vez de responder às perguntas delas, eu dizia tudo do que
tinha no texto decorado, (no EAB) eu tirei a nota 6,0 (seis). Quando
cheguei em casa perguntei pra minha mãe, porque na outra escola não tinha
essas notas assim, aí eu perguntei: - Minha mãe 6,0 é nota ruim ou nota boa?
mamãe me disse: 6,0 é nota ruim. Então eu disse pra ela: nunca mais eu
vou tirar 6,0 em minha vida. Mesmo vindo de um de um Colégio, de uma
Usina que eu vim que não tinha o ano letivo certinho como é aqui nas
escolas de Aracaju. Daí em diante eu fui a melhor aluna da sala. Eu tirei em
lugar no terceiro ano, e no quarto ano primário. Recebi medalha de ouro
377
.
O espaço escolar que está presente nas lembranças constitui-se em algo concreto com
suas regras, práticas, rituais e hierarquia. Ao mesmo tempo, lhe vem à mente o sentimento que
pertenceu a um grupo social com seus desafios e representações como diz Nora:
Lembrar do espaço escolar é lembrar também do entorno, do trajeto que
leva de casa à escola, percurso de descoberta e manipulação, de aventuras e
perigos, de brincadeiras e desafios. É uma memória que se enraíza nos
gestos de um local concreto e que se torna emblemática quando é conferida
à instituição que lhe suporte a transmissão dos valores da nação. Remete
375
Josefa Rosemeire Nunes Pinto de Freitas, ex-aluna, período de 1959 a 1960. Entrevista concedida à autora
em 26/10/2005
376
Josafá de Oliveira Filho, ex-aluno, no período de 1956-1961. Entrevista concedida em 25/10/2005.
377
Cleide Selma Melo Menezes, ex-aluna, período de 1959 a 1960. Entrevista concedida à autora em 18/11/2005
a um tempo preciso que a lembrança nostálgica muitas vezes esgarça. É o
sinal de que se reconhece e pertence a certo grupo social e a uma
determinada geração. Neste sentido, a escola como lugar de memória, é
simultaneamente material, simbólica e funcional. A materialidade se
consagra como local de memória se possuir uma aura simbólica, o que
apenas as instituições escolares tradicionais na nossa sociedade parecem
cultivar: Mesmo um manual escolar se configura como lugar de memória
se for utilizado ritualmente. Logo, uma condição fundamental na
constituição dos lugares de memória é a intenção
378
.
Observa-se que as memórias explícitas nos depoimentos estavam permeadas de
subjetividades (afetos, percepções, sentimentos, visão de mundo, valores) e interligadas às
experiências vivenciadas no cotidiano do EAB pelos ex-alunos, conforme se expressam:
Muitas são as lembranças, mas, talvez a mais marcante é que mostra o valor
do EAB é que todo final de ano, no último dia de aula eu chorava muito,
pois sabia que seriam três meses de férias, longe daquele ambiente tão
fraterno, inclusive, algumas das minhas professoras foram me levar em
casa.
379
.
Recordo das aulas de Inglês ministradas por d. Clara e também as
cerimônias de premiação para os melhores alunos em que eu e meus irmãos
éramos contemplados
380
.
Foram muitas coisas marcantes para mim durante o período que passei
como aluna no EAB. Mas o que marcou mais foi o tratamento das
professoras, da diretora, que nos tratavam como verdadeiros filhos. Até nos
momentos de alguma repreensão, quando necessária, era feita com muito
amor e sempre visando ao nosso bem. Não posso esquecer dos colegas, das
amizades que foram formadas e firmadas no decorrer dos anos e muitas
delas perduram até hoje.
381
O que achei mais importante pra mim e fico muito emocionada foi estudar
Inglês. Primeiro porque nunca tinha visto Inglês em minha vida, comecei a
estudar com dona Maye Bell, porque lá era obrigado estudar Inglês, os meus
colegas de turma já estudavam desde 1º ano, então já era o terceiro (3º ano)
de Inglês deles, e eu nunca tinha visto nada, então eu tive que me esforçar
muito pra acompanhar esse Inglês que já estava no terceiro ano. E no
primeiro mês eu tirei as maiores notas da sala, por isso ganhei um livro que
eu não esqueço nunca. ‘O Mundo encantado de Maria Alice’, isso foi
inesquecível, eu tenho esse livro guardado até hoje. Depois do EAB eu saí
para fazer o exame de admissão para o Jackson de Figueiredo, fui aprovada
378
NORA, Pierre. Entre memória e história. A problemática dos lugares. Projeto História. São Paulo, PUC-SP,
(10): 7-29, 1993 apud NUNES, Clarice. Memória e História da educação: entre práticas e representações.
Revista Educação em Foco. Universidade Federal de Juiz de Fora. Faculdade de Educação v.7. n. 2 SET/FEV.
2002/2003, p.p.(11-24) - p. 19.
379
Dione de Oliveira Diedam, ex-aluno, período de 1953 a 1958, questionário devolvido em novembro de
2005.
380
Lélio Silva Azevedo ex-aluno, período de 1969 a 1972. Questionário respondido em 28/9/05.
381
Vera Lúcia Corrêa Feitosa, ex-aluna, período de 1960 a 1965. Questionário respondido em 20/10/2005.
e bem classificada, estudei por dois anos, depois, fui para o Atheneu.
Naquela época o Atheneu era um colégio muito bom. Aqueles que
estudavam, passavam nos primeiros lugares, e eu com dezessete anos fiz
vestibular pra Medicina, e com dezessete anos estava na faculdade de
Medicina
382
.
As lembranças da instituição escolar invadem a mente do indivíduo de tal forma que
vêm à tona diversas recordações pessoais ou coletivas que foram vivenciadas naquele
ambiente cultural. De acordo com Clarice Nunes,
As memórias estão relacionadas a processos de subjetivação bastante
complexos, que incluem desde sensações e imagens mentais altamente
privadas e espontâneas até solenes cerimônias públicas vividas
intensamente. Elas estão ancoradas em espaços e lugares nos quais
circulamos, em grupos sociais de diferentes tipos aos quais pertencemos, em
objetos que manipulamos. Quem recorda são os indivíduos e esta
experiência de caráter singular está presente quando se enfatiza a memória
social, pois os indivíduos não são autômatos, passivos e obedientes à
vontade social interiorizada
383
.
A escola se tornou um “celeiro” de memórias. As lembranças desse tempo vão desde
as pequenas coisas, gestos, até a rotina diária. As reminiscências invadem os espaços mentais,
e m à tona as recordações da infância, da adolescência e por que não dizer: da juventude?,
quando a vida social era intensa e representada por passeios, conversas engraçadas na porta da
casa, relembrando os velhos tempos. Para outros, não se apagam da memória os desafios e as
dificuldades várias que foram enfrentadas nesse percurso. E agora não são apenas três meses
de férias que simbolizavam uma eternidade e que produziam grimas. Na vida desses ex-
alunos é um fato concretizado, sedimentado, e as experiências que foram vivenciadas serão
eternas companheiras.
382
Cleide Selma Melo Menezes, ex-aluna, período de 1959 a 1960. Entrevista concedida em 18/11/2005.
383
NUNES, Clarice. Memória e história da educação: entre práticas e representações. Revista Educação em
Foco. Juiz de Fora. UFJF, Faculdade de Educação. v. 7. nº. 2 Set / fev. 2002/2003. pp.11-24-p.18.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O modelo de educação trazido por missionárias batistas norte-americanas e implantadas
no Instituto Pan-Americano de Ensino, em Aracaju, a partir de 1952, este atualmente
denominado Colégio Americano Batista, foi alvo de minha investigação. Esse estabelecimento
foi fundado em Aracaju, em 15 de novembro de 1951 por um grupo de professores brasileiros,
que desejavam oferecer aos filhos dos seus adeptos uma educação de qualidade, baseada nos
princípios protestantes. No entanto, pela demanda abriu suas portas a pessoas de outros credos
e de estratos sociais diferentes.
Conforme os registros de atas da Associação de Pais e Mestres do ano de 1951,
assumiram a direção do EAB, no período de 1952 a 1972: Linnie Winona Treadwell, Maye
Bell Taylor, Freda Lee Trott e Clara Lynn Williams. Essas missionárias que foram enviadas
para assumir a direção do EAB prepararam-se nas universidades norte-americanas e deixaram
marcas significativas na instituição. Desde os primórdios, o EAB vivenciou muitas
dificuldades financeiras; no entanto, a presença das diferentes missionárias batistas norte-
americanas à frente da direção desta instituição de ensino possibilitou, através de várias
estratégias, a consolidação do ensino batista em Sergipe, ao longo das últimas cinco décadas.
Conforme Silva,
Estas crises e dificuldades são advindas tanto do contexto externo, uma vez
que as instituições inseridas em uma sociedade em constantes
transformações, como também de origem interna, devido, muitas vezes, a
divergências de pensamento dentro do grupo
384
.
Os fundadores do EAB desejavam oferecer aos seus alunos uma educação integral, ou
seja, voltada para a formação intelectual, moral, física e espiritual. Durante a pesquisa,
constatou-se uma significativa presença de alunos católicos no EAB; e com a sua organização
os conflitos voltaram com maior intensidade. No ano de 1954, o padre Luciano Cabral Duarte
demonstrou sua preocupação e advertiu aos católicos que não matriculassem seus filhos nessa
instituição de ensino, e que se eles persistissem, receberiam a punição da Santa Igreja Católica
com a excomunhão.
384
SILVA, Cleni.Op. Cit. p. 109.
Mesmo diante das pressões apresentadas pelo clero, os protestantes de confissão
batista continuaram oferecendo à sociedade um ensino de qualidade e permaneceram unidos
em torno da propagação do evangelho através das práticas religiosas desenvolvidas na escola.
Nas décadas de 1940 e 1950, o Brasil presenciou vários debates em torno da inserção
do ensino primário, da ampliação do acesso à escola, de sua manutenção, funcionamento e
qualificação dos docentes. No período de 1946 a 1964, o Brasil passou por um processo de
redemocratização. Debates foram travados envolvendo estudantes, intelectuais, partidos de
esquerda, e ala da Igreja Católica Progressista sobre as questões educacionais, os quais
culminaram com a criação da lei (4024/61) que apontava para uma reforma geral da educação
nacional. A partir daí se travou uma discussão sobre os ensinos público e privado.
No final da década de 1950 e início de 1960, Sergipe foi contemplado com construções
de escolas, criação de ginásios, principalmente nas cidades interioranas, mas mesmo assim
não supriu a demanda. Aumentou então a concorrência no setor privado.
Diante desse contexto, as escolas protestantes encontraram espaço para se
estabelecerem, principalmente nos grandes centros e, durante as primeiras
décadas do século XX continuaram a ganhar respeito e prestígio. A grande
carência verificada na época, associada aos poucos resultados práticos das
muitas reformas na área da educação pública, permitiram que os
estabelecimentos protestantes logo se tornassem importantes centros
culturais’
385
Estiveram, portanto, à frente do EAB, durante o período investigado, quatro
missionárias batistas norte-americanas, que atuaram em nosso Estado na área educacional, na
evangelização, no serviço social cristão e nas lides domésticas. Portanto, foram vinte anos da
presença feminina missionária batista na instituição, tornando assim um marco relevante para
a educação batista em Aracaju.
Linnie Winona Treadwell (1952-1955) foi a primeira diretora, em cuja gestão foram
utilizadas várias estratégias para atenuar as dificuldades financeiras que ela encontrou. Foram
implantados o Jardim de Infância, Primário e Admissão. Providenciou materiais didáticos para
serem (re)vendidos aos pais; foi instituído o uniforme e, juntamente com seu esposo, enviou
385
ASSIS, Áder Alves de. Educação nos colégios batistas: princípios e fins. Revista Educador. Rio de Janeiro;
JUERP. Ano I, primeiro trimestre, 1992, p. 23. apud Silva, Cleni da Op. Cit p. 85.
relatórios para a Junta de Richmond informando o crescimento do EAB e mostrando a
premência de construir-se um prédio para o funcionamento exclusivo da escola.
A implantação de um trabalho bem feito e conseqüente, na área da
educação, dependia de investimentos em recursos humanos e patrimoniais,
tais como espaço físico adequado e mobiliário, mas os missionários
pioneiros não tinham dinheiro disponível para uma empreitada maior. Em
face dessas circunstâncias, os missionários faziam apelos à Junta de
Richmond. [...] Depois dos primeiros anos de trabalho com sucesso, a Junta
reconheceu a importância da iniciativa e decidiu investir na educação [...] os
recursos pessoais dos missionários, investidos inicialmente, eram de
pequena monta, resultando daí escolas mais simples e pequenas
386
.
Maye Bell Taylor (1955-1959; 1960-1963) foi a segunda missionária a assumir a
direção. No Brasil desenvolveu cargos relevantes nas instituições batistas em Maceió e Recife.
Na sua gestão no EAB apresentou um plano de ação que auxiliou no bom desempenho da
instituição. A Associação de Pais e Mestres se envolveu na parte pedagógica, espiritual e
social, oferecendo bolsas de estudo e outros incentivos. Segundo Silva,
[...] o programa de bolsas, atendendo alunos cujas famílias não podiam arcar
com os custos das mensalidades, sempre foi prática dos colégios. Nos vários
relatórios anuais prestados à Convenção Batista Brasileira, pode-se
comprovar a ênfase neste sentido
387
.
Taylor, com desejo de socorrer os pobres, fundou a Casa Batista da Amizade, que
prestou importantes serviços à comunidade. No ano de 1969 os batistas sergipanos receberam
um majestoso edifício, na Rua João Andrade 766, para as atividades sociais desenvolvidas
até a atualidade.
Freda Lee Trott (1959;1964;1966) foi a terceira missionária a dirigir o EAB. Em sua
administração, imprimiu suas concepções, entre elas está o uso permanente de histórias
bíblicas e ensinamentos morais; implantou a aplicação mais prática da matéria recusando a
memorização das disciplinas; valorizou o uso de material ilustrado, estimulou a pesquisa e
organizou com os alunos um jornalzinho no qual eles publicavam seus artigos; incentivou a
aprendizagem “lógica” e participou ativamente da construção do prédio.
386
MACHADO, José Nemésio. A contribuição batista para a educação brasileira. Rio de Janeiro: JUERP,
1994. p. 55.
387
SILVA, Cleni da. Educação Batista: Análise histórica de sua implantação no Brasil. Rio de Janeiro:
JUERP, 2004. p. 79.
Clara Lynn Williams (1966-1972) foi a missionária que veio exclusivamente para
dirigir o EAB. Na sua administração aplicou um plano de ação que valorizava o debate, a
discussão, as reuniões da Associação de Pais e Mestres, excursões, palestras e realizou
projetos sociais e viagens com as docentes.
Toquei aqui, retoquei ali, enfim, dei algumas pinceladas importantes sobre os percursos
da vida dessas quatro mulheres, que trazem consigo, em suas memórias, o retrato vivo do
trabalho desenvolvido no Brasil. Lacerda destaca esse sentimento:
Nas narrativas pessoais, as memorialistas revisitam espaços perdidos,
recordam histórias e acontecimentos (...). Através da utilização da citação,
da reprodução de fotografias e documentos, da repetição de fotos,
festividades e acontecimentos da tradição brasileira, da exposição da
realidade individual e coletiva, da preocupação em construir um
testemunho verossímil e fiel à verdade vivida e dos saberes-de-cor foi
possível ler textos que retomam o passado e dão provas de sua presença
pelos esforços em materializar os vestígios do tempo, da infância à
velhice
388
.
Contudo, o assunto está longe de ser exaurido. É preciso escrever mais sobre suas
memórias aqui no Brasil bem como em Sergipe.
Para compreender o processo de circulação e o ideário norte-americano, esta pesquisa
investigou os elementos da cultura escolar presentes na pedagogia norte-americana,
materializada na instituição como: festas, premiações, formatura, arquitetura, fotografias,
relações travadas entre professoras/alunos/diretoras, métodos, currículo, metodologia do
ensino, avaliação, caracterização das professoras e alunos, castigos, disciplina, evangelização,
formação e lembranças marcantes.
Os aspectos teóricos deste estudo contribuíram para maior entendimento dos processos
formativos utilizados no EAB, sendo esses dispositivos foram analisados a partir das
abordagens de Dominique Julia, Roger Chartier, Viñao Frago, Pierre Bourdieu, Norbert Elias,
Rosa Fátima de Souza e Ester Fraga Villas Boas Carvalho do Nascimento.
388
LACERDA, Lilian Maria de. Lendo vidas: a memória como escritura autobiográfica. In: MINGOT, Ana
Chrystina Venâncio; BASTOS, Maria Helena Câmara; CUNHA, Maria Teresa Santos. (Org.) Refúgios do eu:
educação, história, escrita autobiográfica. Florianópolis: Editora Mulheres. pp. 81-108; p. 103. apud FREITAS,
Anamaria Gonçalves Bueno de. Revista do Mestrado em Educação. Pesquisando a educação feminina em
Sergipe na passagem do século XIX para o século XX. Núcleo de Pós-Graduação em Educação, Universidade
Federal de Sergipe. São Cristóvão: UFS/NPGED, 1998, pp. 45-65.
Sobre as hipóteses levantadas convém salientar que não foi possível comprovar nesse
estudo se a ação do bispo D. José Thomás Gomes da Silva dificultou a expansão de escolas
batistas em Sergipe (1913 a 1948). No entanto, constatou-se que as escolas anexas,
organizadas nesse período, não sobreviveram. Não se sabe se por falta de professoras, por
questões financeiras ou pelas intervenções de D. José Thomás (1873-1948), que durante seu
bispado criou uma rede de escolas que veio suprir as deficiências educacionais existentes na
época. No entanto, os batistas conseguiram fundar o Instituto Pan-Americano de Ensino no
ano de 1951 (que posteriormente recebeu o nome de Educandário Americano Batista), três
anos após o falecimento do bispo.
Contudo, ficou comprovado que os embates travados entre católicos e protestantes no
período investigado aconteciam através da comunicação radiofônica e não pela imprensa
periódica. Uma vez que as propagandas realizadas pelo Educandário Americano Batista se
davam pela Rádio Liberdade nos programas seculares e também na “Voz Batista de Sergipe”,
um programa de rádio apresentado pelos batistas sergipanos.
Comprovou-se também a inserção significativa de alunos católicos no EAB (conferir
anexo 15), quando a escola funcionava no novo prédio, localizado na Rua Lagarto, 1332
com a Avenida Barão de Maruim. Acredita-se que nessa época a perseguição religiosa foi
amenizada, levando os católicos a procurarem o EAB livremente; por outro lado, os
protestantes sentiram-se mais livres para fazer opção por outras escolas, provavelmente a
universalização do ensino público, criou novas opções para os filhos dos protestantes.
Ficou comprovado que, no período pesquisado, a maioria das professoras que
lecionavam no EAB eram solteiras, no entanto, no estudo realizado não foi possível
comprovar quais as razões que levaram as diretoras-missionárias a admitir apenas mulheres
solteiras. Com esse indício questiono: Será que a presença de professoras solteiras se dava
para não haver comprometimento fiscal com os encargos sociais e afastamento para a
maternidade? Ou as diretoras-missionárias não aceitavam professoras casadas para não haver
solução de continuidade com o processo pedagógico, vindo prejudicar a aprendizagem do
alunado?
As práticas escolares e as características da cultura norte-americanas implantadas e
materializadas no EAB deram bons frutos. Hoje é uma realidade ao verificarem-se no
mercado de trabalho ex-alunos desempenhando importantes papéis na sociedade sergipana
como: psicólogos, engenheiros, professores, pastores, médicos, promotores, advogados,
missionárias, enfermeiras, empresários, dentre outras profissões. Caracterizando o quadro
docente do EAB, percebe-se que a instituição procurava manter no seu quadro as mesmas
professoras, possibilitando preservar um quadro docente preparado, conhecedor da pedagogia
norte-americana, enfim, formar uma equipe para desempenhar um bom serviço. Esta análise é
feita ao verificar as demissões das docentes. O motivo da saída se dá: para residir em outro
Estado, para casar-se ou por ter sido aprovado em algum concurso público.
Partindo desses resultados percebo que a análise sobre o EAB ainda merece outras
investigações. Foram estudados apenas vinte anos da sua existência. Compreendo que uma
instituição desse porte, que durante cinqüenta e quatro anos tem oferecido à sociedade
aracajuana um ensino sério, comprometido com valores intelectuais, morais e espirituais,
ainda tem muito a ser pesquisado.
Nessa investigação foi retratado um período marcado pela presença feminina e norte-
americana à frente da direção. O meu olhar se voltou para as práticas e a cultura escolares
desenvolvidas por essas mulheres. No entanto, diversas transformações ocorreram no seu
interior durante essas décadas, as quais podem ser notadas no currículo, na forma de ensinar,
de aprender, de avaliar, na metodologia utilizada, entre outros aspectos. A escola cresceu e
foram implantados novos cursos.
Diante do exposto, anseio que as reflexões ora levantadas possam servir de estímulo e
incentivo para outros historiadores batistas ou não se debruçarem sobre a História dos Batistas
em Sergipe, enriquecendo desta forma ainda mais a História da Educação Brasileira.
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DEPOIMENTOS E QUESTIONÁRIOS
ANJOS, Gilcélia Acioli. Entrevista concedida à autora em 29/4/2005.
AZEVEDO, Tereza Hortência Silva. Entrevista concedida à autora em 28/9/2005.
AZEVEDO, Lélio Silva Azevedo. Questionário enviado em 28/9/2005.
AZEVEDO, Álvaro Silva. Questionário enviado em 28/9/2005.
ANDRADE, Nilsa. Entrevista concedida à autora em 25/4/2005.
AMORIM, Paulo Samuel Almeida. Entrevista concedida em 12/6/2005.
BARRETO, Claudionor da Silveira. Entrevista concedida à autora em 18/7/2005.
BENJAMIM, Cleide Dorta. Entrevista concedida a autora em 16/1/2006.
BOMFIM, Antônio Alves. Entrevista concedida em 27/11/2005.
CAETANO, Ednalva Freire. Entrevista concedida a autora em 29/9/2005.
CARNEIRO, Irandy. Entrevista concedida à autora em 18/4/2005.
CHAGAS JÚNIOR, Stoelsel. Entrevista concedida em 16/11/2005.
CORREIA, Nilson Linhares. Questionário enviado em maio de 2006.
CRUZ, Jonan Joaquim da. Entrevista concedida à autora em 18/7/05.
DONALD, Ilsa. Entrevista concedida à autora em 24/9/2005.
DIEDAM, Dione Oliveira. Questionário enviado em Dezembro de 2005.
FEITOSA, Vera Lúcia Correia. Questionário enviado em 20/10/2005.
FRAGA, Ivalcene Carneiro. Entrevista concedida à autora em 18/4/2005.
FREIRE, Rilda Dantas. Entrevista concedida em 27/11/2005.
FREITAS, Josefa Rosemeire Nunes Pinto. Entrevista concedida a autora em 26/10/2005.
GARCIA, Dayse Oliveira. Entrevista concedida à autora em 22/4/2005.
GOMES, Adna Maria. Entrevista concedida à autora em 29/9/2005 .
GOMES, Sônia Virgínia Prado. Entrevista concedida à autora em 28/4/2005.
GOMES, Valdice Maria. Entrevista concedida à autora em 30/4/2005.
JESUS, Edna Gomes de. Entrevista concedida à autora em 27/1/05.
LIMA, Valdina Santos. Entrevista concedida à autora em 26/3/2006.
MACÁRIO, Ivete. Entrevista concedida à autora em 26/3/2006.
MELO, Nadir Ribeiro de. Entrevista concedida à autora em 18/1/2006.
MENEZES, Cleide Selma Melo. Entrevista concedida à autora em 18/11/2005.
MORAIS, Maria do Carmo. (Carmosita). Entrevista concedida à autora em 07/10/2005.
NOGUEIRA FILHO, Jabes. Entrevista concedida a autora em 18/11/2005.
NOGUEIRA, Emília Cervino. Entrevista concedida à autora em 18/11/2005.
NOGUEIRA, Jabes. Entrevista concedida à autora em 18/7/2005.
OLIVEIRA FILHO. Josafá. Entrevista concedida à autora em 25/10/2005.
OLIVEIRA, Iolanda Santos. Entrevista concedida à autora em 22/4/2005.
OLIVEIRA, Clarinda Maria Mangueira de. Entrevista concedida à autora em 18/11/2005.
OLIVEIRA JÚNIOR, Helenaldo Araújo. Entrevista concedida à autora em 26/9/2005.
PAIVA, Léa Marques. Entrevista concedida em 18/1/2006.
PINTO, Josefa Rosimeire Nunes. Entrevista concedida à autora em 26/10/2005.
PIMENTEL, Israel Pinto. Entrevista concedida à autora em 07/9/04.
PRADO, Fernando Santos. Entrevista concedida à autora em 28/9/2005.
QUINTILIANO, Iolanda Teles. Entrevista concedida à autora em 26/3/2006.
SANTOS, Waldemar Quirino dos. Entrevista concedida à autora em 23/11/2003.
SANTOS, Carlos Henrique. Entrevista concedida em 11/12/04.
SANTOS, Laurita Santana, Entrevista concedida à autora em 28/3/2006.
SANTOS. Maria José dos. Entrevista concedida à autora em 18/1/2006- Recife.
SANTANA, Euliene da Silva. Entrevista concedida em 02/2/05.
SOUZA, Ligia Lemos. Entrevista concedida em 16/11/2005.
SILVEIRA, Marileide Menezes. Entrevista concedida em 28/9/2005.
SILVEIRA, Meiriane Menezes. Entrevista concedida em 28/9/2005.
TELES, Helena. Entrevista concedida à autora em 29/1/2005.
VIEIRA, Marcos Aurélio Dantas. Entrevista concedida em 20/6/2006.
VIERA, Marcos Aurélio Dantas. Entrevista concedida à autora em 24/2/2006.
WILLIAMS, Clara Lynn. Entrevista concedida à autora em 20/6/2005 em Aracaju.
E-MAILS
CAMPBELL, David. E-mail enviado em 12/7/2005.
MORAIS, Luciana. E-mail enviado em 22/4/2006.
PIERCE, Déborah Trott. E-mail enviado por e-mail em 10/1/2005.
SOBRAL, Maria Elvira. E-mail enviado em 22/4/2006.
TREADWELL, Linnie Winona. E-mail enviado em 26/9/2005.
TREADWELL, Linnie Winona. E-mail enviado em 22/9/2005.
TREADWELL, Linnie Winona. E-mail enviado em 1º/11/2005.
TREADWELL, Linnie Winona. E-mail enviado em 1º/11/2005.
TROTT, Freda Lee. E-mail enviado em 04/3/2005.
TROTT, Freda Lee. E-mail enviado em 11/1/2005.
TROTT, Freda Lee. E-mail enviado em 11/11/2005.
TROTT, Freda Lee. E-mail enviado em 19/10/2005.
TROTT, Freda Lee. E-mail enviado em 28/9/2005
WILLIAMS Clara Lynn. E-mail enviado em 19/10/2005.
WILLIAMS Clara Lynn. E-maíl enviado em 11/11/2005.
WILLIAMS, Clara Lynn. E- mail enviado em 09/5/2006.
WILLIAMS, Clara Lynn. E-mail enviado em 14/05/2006.
ANEXOS
ANEXO 1- ROTEIRO DE ENTREVISTA PARA EX- ALUNO
1. Dados de identificação (nome completo,período que estudou)
2. Por que seus pais escolheram o EAB para você estudar?
3. Como era demonstrado o civismo na escola?
4. E a lecção, você gostava?
5. As práticas religiosas usadas na igreja eram usadas também na escola?
6. E os castigos?
7. Fale sobre as festas, e as formaturas.
8. Como você soube da existência da escola?
9. E a biblioteca? Tinha laboratório?
10. O que você mais gostou do EAB?
11. Quais as matérias que estudou?
12. O que mais marcou no período em que estudou?
13. Como era a relação com as professoras?
14. Como era a relação com as missionárias?
15. Quais as matérias que estudou?
16. Na sua trajetória pessoal e profissional, você sente as marcas (valores)
do que recebeu no EAB?
ANEXO 2- ROTEIRO DE ENTREVISTA PARA OS PROFESSORES
1. As professoras que ensinavam no Educandário Americano Batista eram normalistas?
2. Qual a finalidade do Americano Batista (Ensinar ou evangelizar)?
3. Como as autoridades educacionais viam o EAB?
4. Como angariava esses alunos. Como era feita a propaganda? Escreviam anúncio para o
jornal?
5. A missão das missionárias era evangelizar e usou a escola para isso?
6. Fale sobre a lecção, as festas.
7. E a Educação Física?
8. Com o era a metodologia usada na escola?
9. E os livros utilizados. Eles passavam que tipo de mensagem?
10. Como era a biblioteca?
11. E os castigos?
12. Como as autoridades (educacionais) viam a escola,
13. Como começou a angariar alunos?
14. Quais as mudanças feitas na lei na época?
15. Como eram as práticas educacionais.
16. Lembra os livros que eram trabalhados? E a biblioteca?
17. Qual o método utilizado?
18. Tinha curso de aperfeiçoamento para as professoras?
19. Como aquele piano chegou ao colégio? Foi comprado no Brasil?
Roteiro nº II
1. O que era ensinado na igreja tinha relação com a escola?
2. Como a sociedade via os batistas?
3. Você sabe qual a missão das missionárias aqui no Brasil, principalmente em Aracaju?
4. Como se davam as práticas educativas?
5. Os livros utilizados deixavam transparecer um ensino moral?
6. E as festas, os castigos?
7. Qual o método de trabalho utilizado na escola?
8. Como era a metodologia norte-americana?
9. E a biblioteca?
10. Fale sobre a lecção e o recreio.
11. Existia bom relacionamento entre professor, diretora e outros funcionários.
12. Como eram as missionárias em relação às leis educacionais do Brasil?
13. E o currículo, você lembra quais as disciplinas existentes?
14. Como essas missionárias resolviam os conflitos que existiam?
15. O objetivo da escola era evangelizar ou ensinar?
16. Qual a classe social que mais procurava a escola?
17.Além do currículo normal, quais foram as outras atividades desenvolvidas na escola?
ANEXO 3 - ROTEIRO DE ENTREVISTA PARA O FUNCIONÁRIO
4. Como era escolhida a diretora?
5. Por que esses professores brasileiros organizaram a escola? Qual o objetivo
dessa escola?
6. As missionárias norte-americanas trouxeram muitas inovações? Quais eram?
7. Fale das festas. Quem organizava as festas, eram as professoras ou a
diretora?
8. A escola começou onde? Quais os endereços?
9. Fale sobre os desfiles?
10. As missionárias faziam passeio, excursão?
11. Como era o recreio?
12. E as lecções, os meninos gostavam de participar?
13. E o piano, como chegou até aqui? Quem comprou? Quem tocava?
14. As missionárias presenteavam as professoras e funcionários?
15. Fale sobre a biblioteca. Tinha obras clássicas? Tinha empréstimo? Quais
as coleções que havia?
16. E a Educação Física, como era?
ANEXO 4- ROTEIRO DE ENTREVISTA ENVIADO PARA AS DIRETORAS
Sobre a biografia
1. Onde nasceu, data ano, nome dos pais, irmãos?
2. Em que ano se casou e como conheceu seu esposo?
3. Tem filhos? Nome e idade?
4. Onde passou sua infância e sua mocidade?
5. Qual o ano da sua formatura?
6. Quais as atividades que desenvolveu no Brasil ou em outro país?
7. Em que ano veio ao Brasil pela primeira vez e para qual cidade?
8. A princípio foi trabalhar em quê?
9. Na Igreja quais os cargos que desenvolveu?
10. Quais as instituições que trabalho antes de ser missionária?
11. Quais as atividades que mais gostava de desenvolver?
12. Fez tradução de alguma obra? escreveu além de sermões algum livro, artigo para
jornais, revistas etc.?
13. Fale da sua escolaridade.
14. Além de diretora, chegou a ensinar alguma disciplina em instituição evangélica?
15. Nas horas vagas o que gosta de fazer?
16. Além de inglês fala outras línguas?
17. Qual a maior contribuição que deixou para os sergipanos?
18. Qual a data do casamento e onde aconteceu?
Sobre educação
1. Quais os maiores obstáculos encontrados no Brasil para desenvolver o trabalho
educacional e de evangelização.
2. Qual a função que veio desenvolver especificamente no Brasil?
3. Foi possível aplicar no Educandário os métodos de ensino trazidos da sua pátria ou
precisou substituí-lo.
4. E as práticas escolares, como eram?
5. Foi possível aplicar o modelo de educação trazido da outra América no Educandário
Americano Batista?
6. Esse modelo educacional que vocês (missionárias) usavam influênciou outras escolas?
Como?
7. Quais as práticas pedagógicas usadas na época?
ANEXO 5- LISTAGEM DOS LIVROS DA BIBLIOTECA DO EAB
Fonte: Acervo do CAB
ANEXO 6 – PARTITURA DO HINO DO CAB
Fonte: Acervo do Colégio Americano Batista
ANEXO 7- ATAS DA FUNDAÇÃO DO EAB
Ata da Fundação do Instituto Pan-Americano de Ensino. Aos quinze dias do mês de
novembro de mil novecentos e cinqüenta e um, precisamente às 20 horas, na rua de Boquim
81, na cidade de Aracaju, Estado de Sergipe, reuniram-se os professores Josué Costa,
Manuel Simeão Silva, Hilda Sobral de Faria, Benjamita Santos Silva, Ruth Cunha Amaral e
Maria de Lourdes Oliveira, com o propósito de fundarem uma instituição educativa. O
professor Manuel Simeão Silva, patrocinador do movimento, fazendo uso da palavra expôs
em significativas palavras a grande necessidade e o seu desejo na fundação de um
estabelecimento de ensino que corresponda aos ideais de uma instrução sadia e genuína,
ministradora das luzes intelectuais, preservadora e fomentadora dos bons costumes e dos
nobres fins da moral cristã e do bom civismo, colaboradora assim na construção de um Brasil
maior e mais digno. A idéia foi recebida com vivo entusiasmo por parte de todos os presentes,
fato este evidenciado através do uso da palavra em que todos manifestaram sua inteira
solidariedade à obra em perspectiva, ao tempo em que salientavam a necessidade de
iniciativas patrióticas como esta, cuja finalidade suprema é a alfabetização e instrução
completa e aprimorada aos filhos da terra do grande “Tobias Barreto.” Dando mãos à obra,
foram todos concordes na escolha de um presidente e um secretário e que se considerasse com
este passo a fundação da escola, e sob indicação única e aclamação unânime foi eleito como
presidente o professor Manuel Simeão Silva. Em seguida foi apresentado o nome de d. Hilda
Sobral de Faria para o cargo de secretária, sendo a mesma eleita por unanimidade de votos.
Uma vez eleito o presidente, o professor Manuel Simeão Silva agradeceu em breves palavras a
distinção de sua eleição para tão importante cargo. A seguir mostrou a necessidade de ser
escolhido um nome para a instituição recém-fundada. Depois de vários estudos preliminares e
considerações ficou instituído por votação o nome; Instituto Pan-Americano de Ensino. O
presidente ainda falou aos presentes sobre a necessidade de estatutos para o Educandário em
questão. Depois de várias considerações favoráveis a este assunto ficou marcada uma reunião
de Assembléia Geral para o dia 30 do mês em curso a fim de se discutirem e aprovarem os
estatutos para o Educandário em questão como também que na citada reunião da Assembléia
fosse escolhido o Conselho Administrativo e quaisquer outros interesses fossem igualmente
considerados. Não havendo mais nada a ser considerado, o presidente com o consentimento da
assembléia, declara encerrada a presente sessão.
O presidente dá a palavra à secretária profª Hilda Sobral de Faria para fazer a leitura da ata de
fundação do Instituto, depois do que foi a mesma aprovada na íntegra, segundo leitura feita.
Em continuação são apresentados os nomes dos senhores Hildebrando Almeida Guimarães,
João Gomes dos Santos, Antônio Tavares da Mota, Ranulfo Alves e José Camilo Passos. Não
havendo mais nada a ser considerado, o presidente com o consentimento da assembléia
declara encerrada a presente sessão. Eu, Hilda Sobral de Faria, que lavrei a presente ata, passo
a assinar junto com o presidente e demais membros presentes.
Hilda Sobral de Faria
Josué Costa
Manuel Simeão da Silva
Ruth Cunha Amaral
Maria de Lourdes de Oliveira
Benjamita Santos Silva
Ata 1 da Assembléia Geral do Instituto Pan-Americano de Ensino. Aos trinta dias de
novembro de mil novecentos e cinqüenta e um, às 20 horas, no prédio nº 81, à rua Boquim, na
cidade de Aracaju, Estado de Sergipe, estando todos os professores fundadores do Instituto
Pan-Americano de Ensino, presentes, o presidente prof.Manuel Simeão Silva assume a
direção dos trabalhos e declara aberta a sessão de Assembléia Geral. Passos para constarem
como sócios contribuintes do citado educandário. Por unanimidade de votos foram aceitos.
Depois disto o presidente apresenta o projeto de estatutos para as devidas considerações e
aprovação. Ouvem-se pronunciamentos e observações por parte de todos. Depois de
discutidos convenientemente foram os mesmos submetidos à aprovação, passando por
unanimidade de votos, conforme consta no anexo. Foi suspensa temporariamente a sessão.
Depois de uma hora são reiniciados os trabalhos, dando-se de início a escolha dos membros
componentes do Conselho Administrativo que foi constituído em conformidade com os
estatutos, de cinco pessoas, a saber: Senhores Hildebrando Almeida Guimarães, José Camilo
dos Passos e senhoras dona Hilda Sobral de Faria, d. Ruth Cunha Amaral e d. Benjamita
Santos Silva. Esgotando-se os assuntos para a presente reunião o presidente, com o
consentimento geral dos presentes, declara encerrada a sessão. Eu, Hilda Sobral de Farias, que
secretariei a presente sessão, passo a assinar com o presidente e demais membros da
Assembléia Geral.
Hilda Sobral de Farias
Manuel Simeão da Silva
Hildebrando Almeida Guimarães
Ranulfo Alves dos Santos
Ruth Cunha Amaral
Antonio Tavares da Costa
João Gomes dos Santos
José Camilo dos Passos
Maria de Lourdes de Oliveira
Josué Costa
Benjamita Santos Silva
Ata 1 do Conselho Administrativo do Instituto Pan Americano de Ensino. Aos trinta dias
do mês de novembro de mil novecentos e cinqüenta e um, após os trabalhos de Assembléia
Geral, reuniu-se no mesmo local o Conselho Administrativo eleito na aludida reunião de
Assembléia, com o fim de escolher os membros componentes de sua própria diretoria e da
diretoria do Instituto. De início foi apresentado o nome do acadêmico Hildebrando Almeida
Guimarães para o cargo de presidente. Não havendo outra apresentação efetuou-se a votação a
qual se expressou em unanimidade de votos. Segue-se a escolha do secretário, sendo indicada
para tal a professora dona Hilda Sobral de Faria a qual foi eleita por votos unânimes. O
acadêmico Hildebrando Almeida Guimarães, presidente recém eleito, assume a direção dos
trabalhos e oportunidade à congregação de apresentar nomes para as funções de diretor e
vice-diretor do Instituto. É indicado o nome do professor Manuel Simeão para o professor
Josué Costa, o qual é eleito de igual modo. O presidente do Conselho parabeniza com breves
palavras de estímulo os recém-eleitos diretores. Não havendo mais assuntos para consideração
na presente reunião, o presidente declara encerrada a sessão, para constar, eu, Hilda Sobral de
Faria, que lavrei a presente ata, passo a assinar juntamente com o presidente.
Hilda Sobral de Faria
Manuel Simeão Silva
Hildebrando Almeida Guimarães
Antonio Tavares da Mota
João Gomes dos Santos
José Camilo dos Passos
Ranulfo Alves dos Santos
Ata de solenidade de posse das diretorias do Conselho Administrativo e do Instituto Pan-
Americano de Ensino. Aos cinco dias de dezembro de mil novecentos e cinqüenta e um,
precisamente às 20 horas, na casa de 534, à rua Duque de Caxias, com a presença de todos
os membros da Assembléia Geral, do Conselho Administrativo do corpo Docente, o
presidente Profº Manuel Simeão Silva assume a direção dos trabalhos, convidando a seguir a
secretária Profª Hilda Sobral de Faria a tomar posição à mesa, declarando aberta a sessão. É
explicado a todos os presentes, por intermédio do sr. presidente, o motivo da presente sessão
que consiste em dar posse às diretorias do Instituto e do Conselho Administrativo. Ainda com
a palavra o presidente convida a vir à mesa o acadêmico Hildebrando Almeida Guimarães,
considerando-o, juntamente com dona Hilda Sobral de Faria empossados nas funções de
presidente e secretária, respectivamente do Conselho Administrativo, entregando-lhes a
direção da mesa. O sr. Hildebrando agradecendo sua eleição à citada função, posse logo a
seguir a diretoria do Instituto. Para tal convida os professores Manuel Simeão Silva e Josué
Costa a se considerarem investidos oficialmente nas funções de diretor e de vice-diretor
respectivamente do Instituto Pan-Americano de Ensino. Depois deste ato o presidente Sr.
Hildebrando concita todos os presentes a uma fiel cooperação nos trabalhos a que foram
postos com responsabilidades direcionais. Nada mais havendo a ser considerado, foi a sessão
encerrada com anuência de todos. Eu, Hilda Sobral de Faria que lavrei a presente ata, passo a
assinar com o presidente.
Hilda Sobral de Faria
Hilde Romão Almeida Guimarães
Josué Costa
Manuel Simeão Silva
Ata da sessão inaugural do Instituto Pan Americano de Ensino. Às vinte e uma horas de de
março de mil novecentos e cinqüenta e dois, nesta cidade de Aracaju, à rua Duque de Caxias,
534, realizou-se a sessão inaugural do Instituto Pan-Americano de Ensino, com assistência
numerosa e seleta, cuja solenidade foi iniciada com leitura de um trecho bíblico pelo diretor,
pastor Manuel Simeão Silva, que discorreu sobre o significação do momento e dos princípios
que regem o Instituto, concretização de um ideal que sempre nutrir os evangélicos sergipanos.
Após os últimos acordes do Hino Nacional regido pela senhorinha Iara Teles de Souza, o
Diretor do Instituto passa a apresentar os elementos do corpo docente. D. Winona Treadwel,
Hilda Sobral de Faria, Gérsia Lobão da Paz, Pr. Josué Costa, Ruth Cunha Amaral e Benjamita
Silva (ausentes as duas últimas). Em continuação são apresentados os Missionários do Campo
Batista Sergipano, pastores das igrejas Batistas e Presbiterianos da capital, professoras do
magistério primário público, jornalistas, pessoas gradas, o representante do Departamento de
Educação e convidado a usar a palavra o orador oficial, Pr. Josué Costa que proferiu
substancioso discurso, mais uma confirmação das bases em que se ergue a novel organização,
ressaltando com lógica e sabedoria pedagógica a importância do curso primário, tecendo
considerações sobre educação e seus fins. Franqueada a palavra, usou-a o pastor Severino
Lima da Igreja Presbiteriana Independente, congratulando-se com a diretora do Instituto Pan-
Americano de Ensino. O presidente, agradecendo a distinção de todos os presentes, a
sessão por encerrada com o cântico do hino “Meu Brasil”. E, para que fique devidamente
registrado, eu, Hilda Sobral de Faria, lavrei a presente ata a qual vai assinada.
Hilda Sobral de Faria
Manoel Simeão Silva - Diretor
Ata 02 do Conselho Administrativo do Instituto Pan-Americano de Ensino realizada em 20
de março de 1953. Às vinte horas do dia 20 de março de mil novecentos e cinqüenta e três, na
sede do Instituto Pan-Americano de Ensino (I.P.A.E.), na rua Duque de Caxias, 534, reuniu-se
o Conselho Administrativo sob presidência do acadêmico Hildebrando Almeida Guimarães
para consideração de os assuntos referentes a interesses da citada instituição. Para atender a
dificuldades financeiras criadas pelo diretor do IPAE. de Ensino falou o presidente do
Conselho sobre a aquisição de novos sócios contribuintes.
1. Foi sugerido pelo Conselho que um empréstimo seja tomado, reforçado por
uma campanha entre amigos do I.P.A.E. para saldar dívidas com o I.P.A.E. no
montante de Cr$ 3.432.60 (de maio de 1952 a fevereiro de 1953) ofereceram os
srs. Himário Penalva Mota, Cr$2.000,00; J. Camilo Passos Cr$ 200,00;
Antonio Tavares da Mota, Cr$ 150,00; Ranulfo Alves, Cr$ 100,00;
Hildebrando A. Guimarães Cr$ 50,00; Antônio Lisboa, Cr$ 150,00 e mais o
empréstimo de Cr$ 1.000,00 (mil cruzeiros) pelo srª Hilda Sobral de Faria.
2. Ficou resolvido unanimemente que doravante nenhuma aquisição seja feita
para o I.P.A.E. sem prévia convocação do Conselho Administrativo.
3. Pede a palavra o diretor do Instituto Pan-Americano de Ensino, prof. Manoel
Simeão Silva, comunicando a nomeação do sr. Himário Penalva de Faria como
tesoureiro do Instituto. Sem mais assunto, foi encerrada a sessão que fica
registrada em ata assinada com o presidente do Conselho Administrativo.
Secretária - Hilda Sobral de Farias
Presidente - Hildebrando Almeida Guimarães
Ata 03 do Conselho Administrativo do Instituto Pan-Americano de Ensino realizada em 23
de março de 1953. Aos vinte e três dias de março de mil novecentos e cinqüenta e três
reuniram-se os membros do Conselho Administrativo do Instituto Pan-Americano de Ensino
em sessão extraordinária convocada pelo presidente Hildebrando Almeida Guimarães para
tomar em consideração o pedido de demissão do diretor do I.P.A.E. Prof. Manoel Simeão
Silva. O Conselho por unanimidade concedeu a exoneração solicitada, recebendo das mãos do
citado diretor os livros da tesouraria, aceitos sem exames por serem conhecidas as
irregularidades existentes nos mesmos. Resolvido pelos membros do Conselho a não-extinção
do educandário, isto é, a permanência do IPAE; usou da palavra o vice-diretor do mesmo,
Prof. Josué Costa, considerando a situação moral do Instituto ainda mais grave que sua
atuação financeira, uma vez que os alunos do ano anterior que não voltaram confirmam a
deficiência educacional do citado Instituto, que assim, já abalado em seu conceito, não deveria
retirar-se de sua sede atual para local menos representativo. Não se encontrando porém os
membros do Conselho capacitados financeiramente para enfrentarem nova crise, considerando
que só o aluguel da sede é de Cr$ 2.000,00 sob contrato de 2 anos, ficou resolvido
unanimemente que passe o IPAE a funcionar no salão anexo ao templo da Segunda Igreja
Batista por esta cedido. Ainda ficou deliberado que o Sr. Tesoureiro se entenda com a firma
Elias Roitman para devolver parte do material em excesso como crédito de uma parte de seu
débito no valor Cr$ 15.550 (além de outras dívidas no montante de Cr$ 33.342,60). Não
havendo mais assunto para o momento foi encerrada a sessão, comprovada pela ata presente,
assinada com o Presidente do Conselho Administrativo.
Secretária - Hilda Sobral de Faria
Presidente- Hildebrando Almeida Guimarães
Ata 4 do Conselho Administrativo do Instituto Pan-Americano de Ensino. Aos cinco dias
de abril de mil novecentos e cinqüenta e três, às 15 horas reuniram-se os membros do
Conselho Administrativo, sob convocação do presidente Hildebrando Almeida Guimarães, no
salão de aulas do Instituto.
1. Relatório da tesouraria: Arrecadados entre amigos Cr$ 720,00. Ofertados pelo Sr.
Himário Penalva de Faria Cr$2.000,00, fazendo um total de entradas no valor de Cr$
2.720,00. Despesas; pago ao IAPC. (de maio a fev.) Cr$ 3.432,60; saldo devedor ao
tesoureiro: Cr$ 712,60.
2. Considerado pelo sr. Presidente o pagamento de Cr$ 2.000,00 correspondente a
propaganda do Instituto no indicador telefônico feita pela administração passada,foi
autorizado o Sr. Himário Penalva de Faria, para, na qualidade de tesoureiro, entender-
se com o credor.
3. Ficou resolvido que o Instituto continue a manter dois segurados no IAPC: a Profª
Ruth C. Amaral e o vice-diretor Josué Costa e que gratifique as Profªs auxiliares
Janete Almeida e Valdete com cr$ 150,00 cada uma e que considere gratuita a
matrícula de 03 filhos da Profª Ruth Cunha Amaral e que também a zeladora Dona.
Maria Santana seja gratificada com Cr$ 80,00 pelo asseio da sala de aula. O Prof.
Josué Costa continuando bem disposto a ajudar a elevar o conceito do Instituto foi
convidado a assumir a direção do mesmo, pedindo o professor que, se a indicação é
insistente, lhe seja dado um prazo para consideração do assunto, fazendo-lhe ciente o
Conselho que confia na sua atuação quanto ao funcionamento letivo e disciplinar do
educandário. Encerrada a sessão pelo sr. Presidente, lavrei a presente ata para registro
a qual fica devidamente assinada depois de aprovada. Secretária Hilda Sobral de Faria.
Presidente- Hildebrando Almeida .
ANEXO 8- Profissão dos pais e mães de alunos do Educandário Americano Batista no
período de 1952 a 1962.
Ano
letivo
Número
total de
alunos
matriculados
Categorias
profissionais dos
pais
Número
de pais
que
declararam
o exercício
da
profissão
Categorias
profissionais das
mães
Número
de mães
que
declararam
o exercício
da
profissão
1952 78 bancários 07 Domésticas* 29
barbeiros 02 professoras 11
funcionários
públicos
10 Funcionárias
públicas
02
professores 02
vigilantes 04
guardas-civis 03
operários 06
sorveteiro 02
construtor 01
1955 95 bancários 01 domésticas 82
barbeiros 02 professoras 06
funcionários
públicos
17 missionárias 03
professores 05 Funcionárias
públicas
02
carteiros 01 Enfermeiras 02
industriais 03
missionários 03
comerciantes 20
pastores 04
vulcanizadores 03
operários 06
guardas 03
carpinteiros 01
agricultores 01
pedreiros 03
fazendeiros 03
veterinários 02
oficiais 02
sorveteiro 03
construtor 01
negociante 01
deputado 01
militares 02
1956 94 bancários 03 domésticas 87
barbeiros 02 professoras 05
funcionários
públicos
19 Funcionárias
públicas
02
professores 05
carteiros 01
industriais 02
comerciantes 10
pastores 07
vulcanizadores 02
operários 01
gráficos 03
marceneiros 04
agricultores 01
sapateiros 05
fazendeiros 02
veterinários 02
telegrafistas 02
sorveteiro 05
comerciários 01
negociante 03
deputado 01
militares 10
marchante 01
fiscal de consumo 01
1957 61 bancários 01 domésticas 56
bombeiros 01 professoras 03
funcionários
públicos
21 funcionárias
públicas
02
carteiros 01
comerciantes 05
pastores
evangélicos
03
vulcanizadores 02
professores 02
agricultores 01
sapateiros 03
marceneiros 03
telegrafistas 01
sorveteiro 04
negociante 04
militares 03
construtores 02
1958 58 bancários 01 domésticas 49
engenheiro 01 professoras 05
funcionários
públicos
14 funcionárias
públicas
01
professores 02 comerciantes 03
aposentados 02
comerciantes 11
pastores 04
marceneiros 01
agricultores 02
sorveteiro 01
construtores 05
negociante 02
mecânico 01
militares 08
1959 56 bancários 04 domésticas 46
marinheiro 01 professoras 05
funcionários
públicos estaduais e
municipais
15 funcionárias
públicas federais
01
funcionários
públicos federais
12 comerciante 01
comerciantes 06 costureira 01
pastores 03 missionária 01
advogado 01
professores 02
missionário 01
agricultor 01
marceneiros 01
sorveteiro 01
militares 07
1960 76 bancários 02 domésticas 64
mendigo (cego) 01 professoras 08
funcionários
públicos
07 funcionárias
públicas federais
02
Funcionários
públicos federais
23 funcionárias
públicas estaduais
02
comerciantes 07
pastores 06
advogado 01
professores 02
enfermeiros 03
agricultor 01
sorveteiro 06
militares 03
comerciário 02
engenheiro 01
dentista 01
operário 01
funcionários da
Petrobras
04
1961 125 bancários 07 domésticas 110
despachantes 07 professoras 08
funcionários
públicos estaduais
14 funcionárias
públicas federais
06
funcionários
públicos federais
43
comerciantes 05
pastores 04
mecânicos 04
professores 02
comerciários 02
agricultor 04
sorveteiro 08
militares 07
construtores 01
fazendeiros 02
eletricista 01
Funcionários da
Petrobras
07
1962 143 carvoeiro 01 domésticas 123
escrivão 01 professoras 04
funcionários
públicos estaduais e
municipais
24 funcionárias
públicas
10
funcionários
públicos federais
27 casa de beleza 01
comerciantes 14 pensão 01
fiscais de renda 04 comerciantes 02
força aérea 02
professores 04
negociantes 11
mecânicos 05
advogados 02
policiais militares 06
capitão do exército 01
fazendeiros 05
carteiro 01
funcionários da
Petrobras
02
pintor 01
industriais 04
vulcanizadores 01
dentistas 02
barbeiros 02
carpinteiros 03
marceneiros 03
mendigo 01
guarda civil 01
deputado 01
juiz 01
Fonte: Livro de Matrícula do Educandário Americano Batista do período de 1952-1962.
Ame
Observações:
1. Em relação à profissão dos pais e mães dos alunos, nem todos os pais e mães
declararam suas profissões no livro de matrícula. Mesmo assim é possível perceber
dentre os que declararam, a diversidade de ocupações assumidas pelos genitores dos
alunos.
* Neste período, ao se afirmarem como domésticas, muitas mães indicavam que trabalhavam
no próprio lar, eram donas-de-casa e não trabalhavam fora.
** No ano de 1953 não foram anotadas as profissões dos pais e das mães.
ANEXO 9 - Distribuição por sexo e série da matrícula dos alunos do Educandário Americano Batista
no período de 1952 a 1970.
ano Número
total de
alunos
matricu-
lados
Número
de alunos
do sexo
masculi-
no
Número
de
alunos
do sexo
feminino
Total de
alunos
matricu-
lados
no jardim
Total de
alunos
matricu-
lados
no pré-
primário
Total de
alunos
matricu-
lados no
primeiro
ano
Total de
alunos
matricu-
lados no
segundo
ano
Total de
alunos
matricu-
lados no
terceiro ano
Total de
alunos
matricu-
lados no
quarto
ano
1952 78* 32 46 21 09 16 07 09 05
1953 11 07 04 - - 05 02 02 02
1954 87** 38 49 23 - 14 11 11 09
1955 95 45 50 22 10 28 15 08 12
1956 94 44 50 27 12 09 20 16 10
1957 61 34 27 22 15 07 13 18 08
1958 58*** 28 30 27 - 27 08 11 11
1959 56 33 23 21 03 23 11 07 12
1960 76 45 31 34 26 13 12 14 11
1961 125**** 75 52 35 39 27 27 17 13
1962 143 60 36 42 28 28 25 20
1963 147 76 71 37 40 27 27 30
23
1964 139 77 62 30 33 27 31 24 24
1965 154 87 67 -***** 40 34 24 38 18
1966 174* 92 82 - * ***** 40 39 32 31 29
1967 164 90 74 41 37 35 39 32 21
1968 162 89 73 44 35 34 33 34 26
1969 182 86 96 43 46 41 36 31 28
1970 37 20 17 35 08 13 07 07 02
Fonte: Livro de Matrícula do Educandário Americano Batista do período de 1952 a 1970.
Acervo do Colégio Americano Batista.
Observações:
1.Em alguns momentos o livro de matrículas parece registrar apenas os alunos novatos daquele ano; em outros
percebe-se a repetição da matrícula dos alunos que já freqüentavam a instituição e estavam mudando. Este
quadro foi montado respeitando esta diversidade.
* No ano de 1952, não havia especificação de série de matrícula de 11 alunos.
** No ano de 1954, não havia especificação de série de matrícula de 19 alunos.
*** No ano de 1958, não havia especificação de séri81 0 Td(é)Tj5.16207 0 Td0 Td( )T10Tj5.16207 0 Td( )Tj2. 0 Td( )Tj2.942.94116 0 Td(e)Tj4.74187 0h116 0 Td(e)Tj4.74187 0h1( )Tj2.6 0 Td(f)Tj3.60142 0 0h1Tj4.741hd( )Tj50 0 Td(1)Tri
ANEXO 10-
Opção religiosa de pais dos alunos do Educandário Americano Batista no período de
1952 a 1962
Ano
letivo
Núme-
ro total
de
alunos
matricu
lados
Não
decla-
raram a
opção
religio-
sa
Outra de-
nomina-
ção
batistas católicos Presbite-
rianos
Protes-
tantes
Adven-
tistas
Evan-
géli-
cos
Espí-
ritas
1952 78 28 29 15 01
1953*
11
1954 87 06 02
(mormos)
34 21 08 16
1955 95 07 21 67
1956 94 04 28 59 03
1957 61 13 12 44 02
1958 58 01 10 46 01
1959 56 01 20 33 02
1960 76 03 17 56
1961 125 11 32 76 06
1962 143 03 57 80 03
Fonte: Livro de Matrícula do Educandário Americano Batista do período de 1952 a 1962.
Acervo: Arquivo do Colégio Americano Batista
Observações:
1. Os dados apresentados neste quadro são diferentes daqueles apresentados no Relatório da
Missionária e Diretora do Educandário Americano Batista, Clara Lynn Williams.
2. Não se fez uma distinção das diferentes denominações existentes no Educandário Americano
Batista, incluindo todos numa mesma categoria de “evangélicos”, dificultando desta forma o
conhecimento daqueles que tinham como opção religiosa os diversos ramos do protestantismo.
* Não foram anotados para este ano os dados sobre a opção religiosa dos pais e mães
ANEXO 11- Opção religiosa de mães dos alunos do Educandário Americano Batista no
período de 1952 a 1962.
Ano
letivo
Número
total de
alunos
matri-
culados
Não
decla-
raram a
opção
religiosa
Outra
de-
Nomi-
nação
batistas católicas Presbite-
rianas
Protes-
tantes
Adven-
tistas
Evan-
geli-
cas
Espí-
ritas
1952*
78
1953*
11
1954 87 03 37 19 12 14 02
1955 95 05 17 73
1956 94 24 68 02
1957 61 09 52
1958 58 01 12 44 01
1959 56 21 35
1960 76 02 14 60
1961 125 02 33 85 05
1962 143 03 57 81 02
Fonte: Livro de Matrícula do Educandário Americano Batista do período de 1952-1962
Acervo: Arquivo do Colégio Americano Batista
Observações:
1. Os dados apresentados neste quadro são diferentes daqueles apresentados no Relatório da
Missionária e Diretora do Educandário Americano Batista, Clara Lynn Williams.
2. Não se fez uma distinção das diferentes denominações existentes no Educandário Americano
Batista, incluindo todos numa mesma categoria de “evangélicos”, dificultando desta forma o
conhecimento daqueles que tinham como opção religiosa os diversos ramos do protestantismo.
* Não foram anotados para estes anos, 1952 e 1953, os dados sobre a opção religiosa das mães.
ANEXO 12 - Profissão dos pais e mães de alunos do Educandário Americano Batista no
período de 1963 a 1970.
Ano
letivo
Número
total de
alunos
matriculados
Categorias profissionais
dos pais
Número de
pais
que
declararam
o exercício
da
profissão
Categorias
profissionais das mães
Número
de mães
que
declararam
o exercício
da
profissão
1963 147 bancários 04 domésticas* 135
barbeiros 02 professoras 02
funcionários públicos
estaduais
24 funcionárias públicas 10
Funcionários públicos
federais
13
Funcionários públicos 23
professores 03
viajante 01
industriais 06
ministros evangélicos 43
comerciantes 27
dentistas 03
pastores 02
fazendeiros 06
trabalha em uma empresa
de caminhão
01
fiscais de renda 05
carpinteiros 02
mecânico 01
agricultor 02
militares 04
construtor 01
lavradores 02
marítimo 01
servente 01
trabalha em usina 02
pensionista 01
juízes 02
capitalista 02
Funcionário atlântico 01
advogado 01
negociantes 02
funcionário da Petrobras 01
1964 139 bancários 15 domésticas 135
barbeiro 01 professoras 02
funcionários públicos 25 funcionárias públicas
federais
10
funcionários públicos
federais
21
engenheiro 01
escriturário 01
telegrafista 03
missionários 02
comerciantes 29
motoristas 02
postalistas 02
carpinteiros 03
mecanicos 02
negociantes 06
mili
negociante 02
funcionário da Petrobras 01
F.M.A.P. 01
tabelião 01
marítimos 04
militares 08
1966 174 bancários 09 domésticas 168
barbeiros 01 professoras 02
funcionários públicos 10
Funcionários públicos
federais
28
Funcionário público do
DNER
01
professores 05
funcionários de
autarquias
04
militares 15
comerciantes 44
pastores evangélicos 02
funileiros 04
alfaiate 01
pedreiro 03
carpinteiros 04
agricultores 02
padeiro 01
fazendeiros 02
químico industrial 01
rádio-telegrafistas 02
bombeiro 01
escriturário 03
guarda -civil 01
serventes 03
gráfico 01
marchantes 02
funcionários da Petrobras
03
médicos 02
advogado 01
viajante 01
domésticos 03
representantes 02
mecânico 01
engenheiro 01
tabeliães 02
contador 01
marítimos 02
juízes 02
aposentado do Estado 01
F. M. 01
1967 164 bancários 06 domésticas 146
funcionários públicos 16 professoras 02
funcionários públicos
federais
25 funcionárias públicas
federais
08
deputados 02 missionárias 02
comerciantes 30 serventes 11
pastores 02 enfermeiras 01
sapateiro 01
barbeiro 01
agricultor 01
carpinteiros 03
marceneiro 01
rádio-telegrafistas 09
mecânico 01
pedreiro 01
militares 09
marchantes 02
funcionários da Petrobras
06
médico 01
advogados 02
viajante 01
jornalista 01
representantes 03 comerciantes 03
missionários 02
engenheiros 02
servente 01
fazendeiros 02
agrônomos 02
operário 01
padeiro 01
contadores 03
lavrador 02
marítimos 02
topógrafos 03
escriturário 01
geógrafo 01
juízes 02
funcionários de
autarquias
02
guarda-civil 01
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