Durante as pesquisas realizadas não foi possível confirmar se o hino do EAB era
comum para todos os colégios batistas do Brasil. No entanto, encontrei no Colégio Americano
Batista de Recife o mesmo hino do Educandário Americano Batista de Aracaju.
Sobre esse hino um ex-aluno de Recife revelou sua emoção. Ariano Suassuna
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, que
estudou alguns anos nessa instituição, onde viveu sua infância e parte da sua adolescência,
fala da grande emoção que ainda sente quando ouve a música ser cantada ou tocada. Mesmo
sem considerar os elementos que compõem o hino ele reflete e considera impossível não se
render as felizes lembranças da sua adolescência naquele internato. Assim ele se expressa:
Não posso ouvir, sem profunda emoção, o hino do Colégio Americano
Batista. Não que ele seja bonito. Pelo contrário: a música é apenas razoável
e a letra é muito ruim. Mas isso não é característica exclusiva sua. Parece
que é, mesmo, da natureza dos hinos. A letra da “marselhesa” por exemplo,
é feíssima. Acontece que seu valor, para os franceses, vem de outras coisas,
como acontece com o hino do CAB em relação a mim. Eu não saberia
escrever nada sobre ele, nem sobre o colégio a quem tanto devo. Mas um
grande poeta do Nordeste e do Brasil. Marcos Accioly, foi, como eu, aluno
do CAB. E a direção do Colégio sabiamente, confiou a Marcos Accioly a
tarefa de dizer o que todos nós sentimos, sem saber expressar. E Marcos
Accioly soube corresponder a essa confiança: é que certamente ele também
como eu quando ouve as primeiras estrofes do hino, “Para frente, ó
mocidade” sente o cheiro da grama cortada, revive a atmosfera meio escura
e cheirando a madeira das escadas que levavam à rouparia e ao dormitório e
sente voltar todo o tempo dos 12 ou 13 anos, a época atormentada, bela,
cheia de cruel alegria e sofrimento que é a adolescência
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.
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Ariano Suassuna nasceu em 16 de junho de 1927, na Paraíba, filho de João Urbano Pessoa de Vasconcellos
Suassuna e Rita de Cássia Dantas Villar. No fim de 1928, tendo João Suassuna deixado o governo da Paraíba, a
família volta ao sertão, para a fazenda “Acauhan”. Em 9 de outubro de 1930, João Suassuna é assassinado, no
Rio, deixando dona Rita viúva com nove filhos, dos quais Ariano é o oitavo. Em 1932, a família muda-se para
Taperoá. Aí, Ariano faz seus primeiros estudos em escola. Em 1942, nova mudança: desta vez para o Recife,
onde a família se fixou. No Recife, três são os Colégios nos quais Ariano Suassuna estudou: Colégio Americano
Batista, Oswaldo Cruz e Ginásio Pernambucano. Em 1945, estudando no Oswaldo Cruz, escreve “Noturno”,
primeiro poema seu a ser publicado: A publicação foi feita em 7 de outubro por intermédio de Tadeu Rocha, que
então era seu professor. Em 1946, entra para a Faculdade de Direito do Recife, concluindo o curso em 1950. Dez
anos depois, concluiu o de Filosofia, na Universidade Católica de Pernambuco. Na faculdade de Direito, sob a
liderança de Hermilo Borba Filho, funda-se o Teatro do Estudante de Pernambuco, para o qual Suassuna escreve
suas primeiras peças. Entre 1946-1948, publica ele diversos poemas ligados ao Romanceiro Popular do Nordeste
e em 1947 escreveu sua primeira peça, uma “Mulher Vestida de Sol”. No ano seguinte, pela primeira vez uma
peça sua é encenada, na “Barraca” que o TEP erguera no Parque 13 de maio, Recife. Em 1957, Suassuna casa-se
tem seis filhos: Joaquim, Maria, Manuel, Isabel, Mariana e Ana. E até agora, onze netos. Outra data inicial
importante; lançamento no Recife do Movimento Armorial, o que aconteceu juntamente com a conclusão de seu
Romance D’ A Pedra do Remo, em 1970. SUASSUNA, Ariano. A História do amor de Fernando e Isaura.
Recife: Bagaço, 1996.
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Depoimento retirado da capa do disco “Eternamente o Nosso Bem”. Fábrica de Discos Rozemblit LTDA
Recife- PE. Acervo: Arquivo do Colégio Americano Batista, Recife – PE, em 13/1/2006. Esse disco contou com
a participação da Banda do Corpo de Fuzileiros Navais do Recife, sob a regência de Elias Moreira da Silva.
Marcos Accioly e Nestor Accioly foram os intérpretes.