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1
ANA CRISTINA POSCH MACHADO
BIOCOMPATIBILIDADE in vivo DE IMPLANTES DE
TITÂNIO SUBMETIDOS AO PROCESSO
BIOMIMÉTICO
Tese apresentada à Faculdade de Odontologia de São José dos Campos,
Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para a
obtenção do título de DOUTOR, pelo Programa de Pós-Graduação em
BIOPATOLOGIA BUCAL, Área Biopatologia Bucal.
Orientadora: Prof
a
. Adjunta Yasmin Rodarte Carvalho
Co-Orientadora: Dra. Marize Varella de Oliveira
São José dos Campos
2008
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2
FOLHA DE APROVAÇÃO
MACHADO ACP. Biocompatilibidade in vivo de implantes de titânio
submetidos ao processo biomimético [tese]. São José dos Campos:
Faculdade de Odontologia de São José dos Campos, UNESP; 2008.
São José dos Campos. 13 de fevereiro de 2008.
Banca Examinadora
1 - Profa. Adj. Yasmin Rodarte Carvalho
Faculdade de Odontologia de São José dos Campos
Universidade Estadual Paulista – UNESP.
2 - Dra. Luana Marotta Reis de Vasconcellos
Faculdade de Odontologia de São José dos Campos
Unversidade Estadual Paulista - UNESP.
3 - Prof. Dr. Paulo Tambasco de Oliveira
Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto
Universidade de São Paulo - USP.
4 - Prof. Dr. Carlos Alberto Alves Cairo
Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA)
Comando Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA).
5 - Profa. Dra. Monica Calixto Andrade
Instituto Politécnico do Rio de Janeiro
Universidade Estadual do Rio de Janeiro - UERJ.
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3
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho
Aos meus pais, Ana Maria e Celso, por tudo o que consegui
nesta vida. Sem vocês todas estas conquistas não teriam
sentido. Muito obrigado por todo amor e sacrifício dedicado em
minha formação.
Ao meu companheiro, Jessen, pelo carinho, compreensão e
paciência. Amo você.
4
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
À Profa. Dra. Yasmim Rodarte Carvalho, Professora
Adjunta da área de Biopatologia Bucal, pelo voto de confiança ao me
aceitar como orientada na pós-graduação, pela amizade e firme
orientação na formação científica e na realização deste trabalho. Que a
nossa amizade permaneça sempre a mesma.
Meu sincero agradecimento e respeito.
À pesquisadora Dra. Marize Varella de Oliveira, do
Instituto Nacional de Tecnologia do Rio de Janeiro, pela sua atenção,
disponibilidade e por sua ajuda indispensável principalmente durante as
análises do material realizadas neste estudo. Obrigado por tudo isto e ,
sobretudo, pela nossa amizade.
5
AGRADECIMENTOS
À Faculdade de Odontologia de São José dos Campos –
UNESP – juntamente com a Divisão de Materiais do Comando-Geral de
Tecnologia Aeroespacial (IAE/AMR - CTA) e com Instituto Nacional de
Tecnologia do Rio de Janeiro (INT) por oferecerem a base e a estrutura
para a realização deste estudo.
À Direção da Faculdade de Odontologia de São José dos
Campos – UNESP – na pessoa do digníssimo diretor Prof José Roberto
Rodrigues por ter oferecido todas as condições para a realização do
curso de pós-graduação
Ao pesquisador Carlos Alberto Alves Cairo, da Divisão
de Materiais do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE/AMR) no (CTA)
pela orientação, atenção disponibilizada, amizade, confiança, incentivo e
exemplo.
Aos Professores do Departamento de Biociências e
Diagnóstico Bucal, à Profa. Adj. Rosilene Fernandes da Rocha, ao Prof.
Adj. Luiz Eduardo Blummer Rosa e à Prof. Dra. Adriana Aigotti
Haberbeck Brandão, por toda ajuda e compreensão.
Ao pesquisador Dr. Mário Lima de Alencastro Graça,
pelo auxílio durante este estudo sempre que foi preciso.
6
À amiga e pesquisadora Dra. Luana Marotta Reis de
Vasconcellos pela inestimável ajuda prestada em todas as fases deste
trabalho.
À pesquisadora Elizabeth Godoy César Salgado pela
ajuda durante a fase de análise topográfica e química dos implantes.
À amiga Cristina Werkman, por toda amizade e valiosa
ajuda na realização deste trabalho, inclusive aos sábados, domingos e
feriados.
À aluna de iniciação científica Danielle Riera Paschotto
pela ajuda durante a fase experimental deste estudo
À pesquisadora Waléria Medeiros pelo auxílio no
desenvolvimento do processo biomimético
Ao colega farmacêutico Thiago Figueiredo pela grande
ajuda na confecção do fluido corpóreo simulado
À pesquisadora Neila de Almeida Braga e ao INPE pelas
contribuições na espectroscopia Raman
Ao Prof Dr. Ivan Balducci, pela análise estatística deste
trabalho.
7
Aos funcionários do IAE/AMR e da Faculdade de
Odontologia, em especial, João Bernardes, Gil, Fábio, Lourival,
Antônio Domingos, pela colaboração em todos os momentos deste
trabalho.
Às secretárias do Programa de Pós-Graduação, Erena
Michie Hasegawa, Rosemery de Fátima Salgado, Maria Aparecida
Consiglio de Souza e Lílian Faria das Graças pela ajuda sempre que
solicitadas
Aos amigos do Curso de Pós-Graduação, pela
colaboração e convívio durante este período.
À minha família, bem como meus amigos queridos, de
São José dos Campos, Guaratinguetá, São Caetano do Sul, e a todos
que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho.
8
SUMÁRIO
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS........................................................ 10
RESUMO....................................................................................................... 12
1 INTRODUÇÃO........................................................................................... 13
2 REVISÃO DA LITERATURA...................................................................... 16
2.1 Osseointegração..................................................................................... 16
2.2 Biomateriais............................................................................................. 19
2.3 Topografia dos implantes........................................................................ 23
2.4 Recobrimento da superfície de implantes metálicos............................... 31
2.5 Processo biomimético............................................................................. 39
2.6 Caracterização do recobrimento............................................................. 47
3 PROPOSIÇÃO.......................................................................................... 50
4 MATERIAL E MÉTODOS.......................................................................... 51
4.1 Obtenção e caracterização dos implantes.............................................. 51
4.2 Processo biomimético e análise da superfície....................................... 56
4.3.Instrumentação Raman........................................................................... 59
4.4 Procedimento cirúrgico............................................................................ 60
4.5 Análise histológica e histomorfometridoa................................................ 71
4.6 Teste mecânico....................................................................................... 72
4.7 Análise estatística................................................................................... 76
9
5 RESULTADOS........................................................................................... 77
5.1 Caracterização dos implantes - Análise metalográfica........................... 77
5.2 Caracterização do revestimento – MEV, EDS e Raman........................ 79
5.2.1. EDS e MEV......................................................................................... 79
5.2.2 Espectroscopia Raman........................................................................ 83
5.3 Análise qualitativa da neoformação óssea.............................................. 84
5.4 Análise quantitativa da neoformação óssea............................................ 98
5.5 Teste mecânico....................................................................................... 101
6 DISCUSSÃO.............................................................................................. 104
7 CONCLUSÃO............................................................................................. 119
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................... 120
ANEXOS...................................................................................................... 135
APÊNDICES ............................................................................................... 136
ABSTRACT.................................................................................................. 138
10
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ANOVA = análise de variância
AR = alta rugosidade
BR = baixa rugosidade
Ca
5
(PO
4
)
3
(OH),= fórmula da hidroxiapatita
Ca
5
(PO
4
)3F = fórmula da fluorapatita
CaP= fosfato de cálcio
cm
-1
= comprimento de onda
DEXA = Raios X por absortiometria
EDS = energia por dispersão de raios X
FCSm = fluido corpóreo simulado modificado
FHA = fluorhidroxiapatita
FT-IR = espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier
GC = grupo controle
GPa = giga Pascal
GT = grupo teste
HA = hidroxiapatita
INT = Instituto Nacional de Tecnologia
IR = infravermelho
Kg = kilograma
Md = mandíbula
MEV = microscopia eletrônica de varredura
Mg = Magnésio
mg = miligrama
mL = mililitro
MO = microscopia de luz
MPa = mega Pascal
11
μm= micrometro
N = newton
Ni = níquel
o
C = graus Celsius
RFA = freqüência de ressonância
SBF = do inglês simulated body fluid traduzido para fluido corpóreo simulado
Ti = titânio
Ti6Al7Nb = liga titânio alumínio nióbio
TOF – SIMS = espectrometria de massa por íon secundário
TPS = do inglês titanium plasma sprayed, traduzido pra jateamento com
plasma de titânio
TS = tempo de sacrifício
12
MACHADO ACP. Biocompatilibidade in vivo de implantes de titânio submetidos
ao processo biomimético [tese]. São José dos Campos: Faculdade de
Odontologia de São José dos Campos, Universidade Estadual Paulista. São
José dos Campos; 2008.
RESUMO
Propõe-se neste estudo avaliar a neoformação óssea no interior dos poros e ao
redor de implantes porosos de titânio, submetidos ao processo biomimético
modificado, inseridos em tíbias de coelhos. Foram confeccionados 180 implantes
de titânio puro grau 2, com porosidade controlada, obtidos por meio da
metalurgia do pó. Noventa implantes foram pré-tratados com solução de NaOH à
130ºC/1h, submetidos à temperatura de 200ºC/1h e posteriormente imersos em
fluido corpóreo simulado modificado por 14 dias. Os implantes foram inseridos
em 30 coelhos sendo que cada um recebeu 3 implantes tratados na tíbia
esquerda e 3 sem tratamento na tíbia direita. Os animais foram sacrificados em
15, 30 e 45 dias após a cirurgia e os fragmentos das tíbias contendo os
implantes foram submetidos à análise histológica, histomorfométrica e teste
mecânico de cisalhamento. A análise microestrutural das amostras foi realizada
por microscopia eletrônica de varredura (MEV), espectrometria por energia
dispersiva de raios X (EDS) e espectroscopia Raman e a avaliação da
neoformação óssea por microscopia de luz (MO) e MEV, comparando implantes
sem tratamento com aqueles submetidos ao tratamento biomimético. O EDS
indicou que a superfície do implante após o tratamento biomimético continha
principalmente cálcio (Ca) e fósforo (P) além da presença de titânio. A
Espectroscopia Raman do implante de titânio, após o tratamento biomimético,
indicou pico característico e de grande magnitude a 960cm
-1
devido à formação
de uma camada de hidroxiapatita. As imagens ao MO e MEV demonstraram que
houve neoformação óssea na interface osso-implante e no interior dos poros,
inclusive naqueles mais centrais. Observou–se que a porcentagem média de
neoformação óssea nos implantes tratados nos três tempos de sacrifício foi
maior do que nos implantes não tratados, sendo observada diferença
significativa no período de 15 dias. O teste mecânico mostrou que implantes com
recobrimento foram deslocados com maior tensão do que os implantes sem
recobrimento, diferença esta significativa. Conclui-se, portanto, que o tratamento
biomimético induziu a formação de hidroxiapatita sobre a superfície dos
implantes e em relação à osseointegração estes apresentaram melhor
desempenho que os implantes sem recobrimento.
Palavras-chaves: Próteses e implantes; titânio; porosidade; materiais
biomiméticos; osseointegração
13
1 INTRODUÇÃO
A substituição de partes perdidas do corpo humano por
materiais sintéticos tem sido uma grande preocupação da humanidade. A
implantodontia dos anos 50, 60 e 70 caracterizou-se por experiências,
falhas e controvérsias no que diz respeito aos princípios biológicos. A
obtenção de uma interface fibrosa perimplantar era almejada por
numerosos autores e a anquilose era considerada um fator negativo para
o prognóstico do implante. No início dos anos 80, Per-Ingvar Bränemark
19
trabalhando com materiais à base de titânio comercialmente puro, notou
que o organismo não rejeitava a presença deste material em sua
proximidade, gerando uma adesão ao metal de maneira íntima, desta
forma iniciou-se a chamada era da osseointegração na implantodontia.
A osseointegração é definida como uma união anatômica
e funcional direta entre o osso remodelado e a superfície do implante
19
sendo que a eficácia do implante depende essencialmente da bioatividade
do material, ou seja, da sua capacidade de estabelecer uma interface
mecanicamente sólida, sem a presença de tecido fibroso, com a completa
união entre a superfície do material e o tecido ósseo
6,64
.
Dentre os materiais, o titânio comercialmente puro e suas
ligas, apresentam excelentes propriedades mecânicas e boa resistência à
corrosão, o que tem motivado seu uso em diversos procedimentos
médicos e odontológicos
118
. A camada de óxido de titânio formada na
superfície do implante, aderente e estável ao ambiente corporal, confere
uma excelente biocompatibilidade ao material
92
. As observações ao
microscópio eletrônico de varredura e de transmissão mostraram que a
interface osso-implante é isenta de tecido fibroso, garantindo assim a
osseointegração
118,120
.
14
A geometria e a topografia da superfície são importantes
para o sucesso da integração osso-implante a curto e a longo prazo. A
quantidade e a qualidade da osseointegração estão relacionadas às
propriedades superficiais dos biomateriais. Tanto a composição química,
a capacidade hidrofílica quanto à rugosidade são parâmetros importantes
no aumento da união mecânica do implante ao osso
12,34,91,103
.
A superfície do implante, pelo seu íntimo contato celular, é
a região principalmente associada com o processo de osseointegração,
sobre a qual ocorre a diferenciação de células não osteogênicas em
osteoblastos com conseqüente proliferação e morfogênese óssea
43
. A
modificação mecânica da superfície do implante tem sido interesse de
várias investigações na literatura
17,84,136
. Entretanto, o aparecimento de
uma superfície bioativa para a melhora da osseointegração não é obtida
somente por meio de alterações mecânicas.
Diversas técnicas, físicas e químicas, vêm sendo
propostas para o tratamento da superfície do titânio visando aumentar a
sua biocompatibilidade e o desenvolvimento da osseointegração. A
pulverização com plasma de titânio (plasma spraying – TPS)
91
, o
tratamento térmico
98
, o recobrimento com materiais osteocondutores
como a hidroxiapatita
32,33,67,131
, o fostato de cálcio
96,135
ou a fluorapatita
43
são alternativas avaliadas nos estudos demonstrando resultados
divergentes.
O método denominado biomimético e introduzido por Abe
et al.
1
é uma das técnicas mais promissoras para a produção de
biomateriais sob condições ambientes. Este método consiste na imersão
do substrato em uma solução sintética de composição química e pH
semelhante aos do plasma sangüíneo e temperatura similar à do corpo
humano. Devido a essas condições é possível recobrir materiais de
formas complexas, como materiais porosos, e também materiais sensíveis
a altas temperaturas, como é o caso dos polímeros. Além disso, com esta
técnica pode-se recobrir implantes com diferentes fases de fosfatos de
15
cálcio, as quais possuem características benéficas para a formação
óssea
11
.
Por isso, pesquisas complementares são necessárias
para aprofundar o conhecimento sobre a superfície do implante
modificada quimicamente e suas conseqüências para a osseointegração,
desenvolvendo, finalmente, um modelo de implante que promova atração,
adaptação e condução das células ósseas com mais rapidez.
Assim, o objetivo deste estudo será analisar as
características da reparação óssea ao redor de implantes porosos,
confeccionados com titânio puro grau 2 e submetidos ao tratamento
biomimético.
16
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Osseointegração
A necessidade de substituir o tecido ósseo perdido ou
mesmo dentes com outros materiais é evidenciada desde os tempos pré-
históricos. Achados arqueológicos mostram que corais, conchas, madeira,
metais, como o ouro e a prata, entre outros, são alguns dos diversos
materiais utilizados para a substituição principalmente dos dentes
82
.
Nos dias atuais, para a correção da grande maioria dos
defeitos e substituições do tecido ósseo utiliza-se o osso autógeno obtido
do próprio indivíduo de sítios diferentes, ou alógeno obtido de outros
indivíduos da mesma espécie. Entretanto, diversas complicações e
desvantagens acompanham o uso destes procedimentos, no caso do
autógeno há extenso trauma para o paciente, possibilidade de morbidade
da área doadora e disponibilidade limitada. Quanto ao alógeno, além de
limitado suplemento e altos custos, a transmissão viral e a reação
imunológica são complicações pertinentes
80,101
.
Portanto, existe um crescente interesse em desenvolver
materiais sintéticos com propriedades e composição semelhantes ao osso
para substituir o tecido perdido, sem reações adversas ou complicações.
Geralmente, materiais artificiais implantados em defeitos
ósseos são encapsulados por um tecido fibroso. Entretanto, em 1972,
Hench et al.
60
mostraram que alguns vidros, chamados bioglass, uniam-
se expontaneamente ao tecido ósseo sem a formação de tecido fibroso.
Desde então, vários tipos de materiais têm sido utilizados clinicamente
para substituição do tecido ósseo
72
.
17
Dentre os materiais, comerciais e experimentais,
utilizados recentemente, incluem-se metais, polímeros, fosfatos de cálcio
de origem natural e sintética, hidroxiapatita sintética, vidros bioativos,
entre outros
30, 31,60,101
.
O objetivo principal é a obtenção da osseointegração,
caracterizada por uma conexão estrutural e funcional direta entre o osso e
a superfície de um implante
88
. Essa adesão, também conhecida como
”anquilose funcional”
116
pode ser comparada com uma regeneração
direta, onde o tecido ósseo é depositado diretamente sobre o tecido de
granulação formado na região da fratura, sem a formação de um tecido
fibroso ou fibrocartilaginoso intermediário
115
.
Após a implantação no organismo humano, o implante é
recoberto primeiramente por neutrófilos e macrófagos podendo ocorrer a
formação de células gigantes a partir de macrófagos ativados, o que pode
levar a uma reação de corpo estranho. Além disso, a liberação de
citocinas pelos macrófagos atrai fibroblastos que realizam a encapsulação
do processo
89
. Simultaneamente, células osteoprogenitoras migram para
o sítio de implantação e se diferenciam em osteoblastos produzindo osso.
Inicialmente, após o implante ser exposto à matriz óssea e ao fluido
extracelular, ocorre a interação com a água e íons, e a partir desta
reação, há adsorção de proteínas não-específicas
89
. Posteriormente
proteínas não-colagenosas e fatores de crescimento são ativados e
liberados, vindos primeiramente da circulação sangüínea e fluidos
teciduais e tardiamente da atividade celular da região, sendo
responsáveis pela reparação. As células da medula óssea e do periósteo
são atraídas para o local, onde se diferenciam em osteoblastos e se
multiplicam, interagindo com o material inorgânico do implante
22,69
.
A osseointegração desenvolve-se através de três estágios
programados. Primeiramente é depositado um tecido ósseo imaturo que
usualmente se origina do tecido adjacente em direção à superfície do
implante; a partir do 2
o
mês inicia-se o depósito de um tecido ósseo
18
lamelar e, dentro de um mês, o estágio de remodelação óssea se inicia
com eventos simultâneos de reabsorção óssea pelos osteoclastos e de
formação através dos osteoblastos. Os eventos deste último estágio se
mantêm ao longo da vida, sendo assim importantes para a longevidade
do implante
115
.
As primeiras fases da osseointegração estão diretamente
relacionadas com a adesão e o espalhamento das células. A adesão
depende de eventos que ocorrem a curto prazo, como as ligações físico-
químicas entre as células e o material (forças iônicas, forças de Van der
Wals) e, além disto, depende de eventos a longo prazo, envolvendo
moléculas biológicas como células, proteínas, entre outras. A qualidade
destes eventos irá influenciar a capacidade de proliferação das células em
contato com o implante
6,64
.
Schenk e Buser
115
relataram que a estrutura do osso
adjacente é responsável por modificações na resposta tecidual aos
diferentes tipos de implantes dentários, principalmente no que diz respeito
à estabilidade primária. O osso compacto, cujo volume da densidade da
matriz óssea é de aproximadamente 80 a 90%, é o tecido que mais
contribui para a estabilidade primária. Nas regiões corticais a estabilidade
é obtida pela fixação direta do implante ao osso, porém, a pressão
exercida pela colocação do implante promove deformação plástica das
lamelas, compressão e ruptura de vasos sanguíneos com conseqüente
necrose de algumas áreas. Por isso ocorre a formação de espaços,
porém, mesmo assim, a estabilidade ainda permanece. Por meio da
remodelação óssea as áreas avasculares são substituídas por tecido
ósseo maduro. Por outro lado, o osso esponjoso que apresenta um
volume da densidade da matriz óssea de somente 20 a 25%, contribui
muito pouco para a estabilidade primária. Em contrapartida, uma grande
área da superfície do implante fica exposta à medula óssea, na qual
existe ampla vascularização e muitas células precursoras de osteoblastos.
No primeiro contato as trabéculas ósseas livres servem como âncoras
19
ósseas de suporte para o implante e, posteriormente, os espaços são
recobertos por osso lamelar e finalmente sujeitos à contínua remodelação,
promovendo não só uma qualidade óssea desejável como também a
dimensão e orientação dos elementos de suporte.
De acordo com Kasemo e Lausmaa
68
a interação de um
material inorgânico com o sistema biológico ocorre em nível molecular, e,
a partir desta, desenvolvem-se as reações biológicas celulares. O material
é recoberto por uma mistura de lipídeos, açúcares, íons e proteínas,
sendo que a topografia, a densidade da carga e a composição química da
superfície do implante vão determinar qual tipo de molécula vai adsorver e
de que forma será esta adesão
15
. Geralmente o implante é separado do
tecido ósseo por uma fina camada de material não mineral e a
osseointegração é atribuída a rugosidades da superfície e a presença de
poros
89
.
Portanto, três estruturas precisam ser consideradas no
desenvolvimento da osseointegração: a superfície óssea preexistente, o
tecido ósseo neoformado na interface implante-osso e a superfície do
implante
115
. A formação óssea ao redor do implante é um processo
complexo e ainda pouco compreendido.
Vários fatores como metabolismo do hospedeiro,
características químicas e topográficas da superfície são importantes na
otimização da osseointegração
125
.
2.2 Biomateriais
Os biomateriais são substâncias de origem natural ou
sintética que podem ser utilizadas por tempo indeterminado na
substituição total, parcial ou reparação de tecidos vivos danificados. Os
20
biomateriais possuem a característica fundamental da biocompatibilidade,
ou seja, são inertes biologicamente, não causando nenhum efeito nocivo
ao organismo. Eles atendem ao requisito de funcionalidade para o qual
foram desenvolvidos, provocando, assim, o mínimo de reações alérgicas
ou inflamatórias, quando em contato com tecidos vivos ou fluidos
orgânicos não sendo rejeitados quando implantados
51
.
Do ponto de vista clínico, um biomaterial sintético ideal
como substituto ósseo, além de provocar uma reação fibrosa mínima,
deve ser bioativo, capaz de levar à neoformação óssea e troca de íons
com o tecido ósseo. Mecanicamente, o material deve apresentar
resistência similar ao tecido cortical ou trabecular que está sendo
substituído
51
. Além disto, deve possuir características de superfície
favoráveis para o depósito de tecido ósseo, ao que chamamos de
osseocondutividade
47,122
.
Bioatividade é definida como a propriedade do material de
desenvolver uma união direta, firme e forte com o tecido ósseo,
observada primeiramente com as cerâmicas de vidro
106
. Estudos in vitro
demonstraram que esta propriedade é atribuída a materiais que têm a
habilidade de formar na sua superfície carbonato-hidroxiapatita
(Ca
5
(PO
4
,CO
3
)3(OH)), principal componente presente na fase mineral ou
inorgânica do osso
60,76
. A HA - Ca
10
(PO
4
)
6
(OH)
2
- apresenta alta
bioatividade, biocompatibilidade e uma grande integração ao tecido ósseo
vivo
1
.
Segundo Ilan e Ladd
62
, a osseocondutividade é um
processo pelo qual o material se comporta como um arcabouço onde se
dá o crescimento ósseo, sem atuar na neoformação óssea. É a
propriedade do material de suportar o crescimento do tecido ósseo e o
desenvolvimento das células osteogenitoras, facilitar e orientar a
neoformação vascular e a criação de novos sistemas haversianos para
ocorrer a neoformação óssea
51
. Tanto a composição química quanto a
arquitetura geométrica do material determinam esta propriedade que
21
permite o encaixe, proliferação, migração e expressão fenotípica de
células ósseas para neoformação e aposição direta do tecido ósseo ao
material
17
.
Por outro lado, a osseoindução é a habilidade de um
material estimular ou promover a formação óssea no local onde é
implantado. Constitui um mecanismo que não só recruta como também
induz células mesenquimais a se diferenciarem em células osteoblásticas
que darão origem à neoformação óssea
137
. Fujibayashi et al.
47
relataram
que os biomateriais podem ser osteoindutores na presença adicional de
agentes como as proteínas ósseas morfogênicas e fatores de
crescimento.
Estas são características que evidenciam a
biocompatibilidade dos biomateriais, pois aumentam a capacidade de
adesão e espalhamento das células na sua superfície, com conseqüente
melhora na interação do tecido com o material do implante
6
.
Como o sistema imunológico humano pode rejeitar
materiais estranhos encontrados no corpo, várias pesquisas têm sido
desenvolvidas com o objetivo de tornar possível e eficaz o uso de
materiais sintéticos para substituição do tecido ósseo perdido
51
.
Dentre os materiais empregados, o titânio comercialmente
puro e suas ligas vêm sendo utilizados como material de escolha, não só
pela sua excelente biocompatibilidade, mas também pelas suas
propriedades de alta resistência mecânica, ductilidade, baixo módulo de
elasticidade, alta resistência à fadiga e à corrosão
59,89,97
. Além disto, é
considerado um material inerte, não desenvolvendo reações imunológicas
celulares adversas no tecido adjacente e sua toxicidade nos tecidos
humanos é observada apenas em concentrações acima de 2000 ppm
59
.
Quanto à superfície do implante, a sua composição
química e a sua microestrutura parecem exercer um papel importante nas
reações celulares na interface osso-implante, levando a uma união íntima
ou até mesmo a estimulação do crescimento ósseo
37,39
. Atualmente,
22
investiga-se muito a influência da composição química e elétrica, da
estrutura e microestrutura, da contaminação e esterilização dos implantes
sobre as respostas teciduais.
Uma característica inerente do titânio é a capacidade de
formar espontaneamente, quando exposto ao ar, uma camada de óxido
estável e protetora contra a dissolução do material
89,120
. A propriedade de
oxidação da superfície dos implantes de titânio é responsável pelo seu
alto grau de biocompatibilidade, interação química e melhora da ligação
com a matriz extracelular, fatores importantes na dinâmica do processo de
osseointegração
69,92, 118,120
.
A superfície do titânio não é suficientemente bioativa para
induzir o crescimento de tecido ósseo e a boa fixação óssea leva
normalmente vários meses, por isso, modificações na superfície
melhoram o controle das interações osso-implante e diminuem o tempo
para se obter a estabilidade
105
.
Por outro lado, as apatitas, conhecidas por sua grande
bioatividade e capacidade de união direta ao tecido ósseo apresentam
limitações quanto à aplicação clínica por apresentarem propriedades
mecânicas diferentes das do tecido osso. Estes materiais normalmente
apresentam alto módulo de elasticidade o que causa estresse, bem como
fratura do material quando utilizados para substituição óssea
101
.
Portanto, a bioatividade do titânio pode ser incrementada
por meio de tratamentos químicos e térmicos específicos capazes de
formar na sua superfície fosfatos de cálcio in vitro, como a hidroxiapatita
(
Ca
5
(PO
4
)
3
(OH), que poderá se ligar diretamente ao osso quando
implantado, sem perder suas propriedades mecânicas similares àquelas
do tecido ósseo
47,101,132
.
23
2.3 Topografia dos implantes
Albrektsson et al.
2
sugerem que para o sucesso da
osseointegração são importantes seis fatores: material do implante,
formato, condições da superfície, qualidade do osso, técnica cirúrgica e
carga do implante.
Os métodos mecânicos para a modificação da superfície
dos implantes, como polimento, usinagem, pulverização, jateamento,
entre outros, têm como objetivo obter diferentes topografias e rugosidades
superficiais, remover a contaminação e melhorar a fixação do material e a
resposta osteogênica
89
. Diversos estudos mostraram um aumento na
fixação do osso ao implante de superfície rugosa ou porosa, em
comparação com amostras de superfície lisa
14,34,35,42,46
.
Brunette et al.
21
avaliaram a influência da superfície do
implante, lisa ou porosa, de diferentes marcas comerciais na orientação e
proliferação celular. Os resultados demonstraram que as células epiteliais
foram mais aderentes às ranhuras do que às regiões lisas adjacentes.
Kasemo e Lausmaa
68
demonstraram que variando a
superfície do implante entre liso e rugoso, ocorreram diferentes tipos de
contato e adesão celular, concluindo, portanto, que as reações biológicas
do tecido vivo estão diretamente relacionadas com as propriedades da
superfície do implante.
A revisão realizada por Pilliar
110
em 1998 comparou a
reparação óssea por meio do MEV, de diversos formatos e superfície de
implantes metálicos endósseos: rosqueados, colocados sob pressão, com
superfície modificada quimicamente, com superfície submetida a
tratamento de plasma spray e porosa. Este estudo demonstrou que os
implantes com superfície porosa e irregular são mais efetivos para a
fixação ao osso.
24
Nishiguchi et al.
98
, e Jonásová et al.
63
mostraram que os
implantes de titânio com superfície lisa quando não submetidos a
solicitações mecânicas, durante um certo período, possuem a tendência
de serem encapsulados por tecido fibroso e apresentam força de ligação
óssea reduzida.
Contrariando vários estudos, Hallgren et al.
58
compararam implantes com superfícies de diferentes texturas: rugoso e
liso, quanto à integração dos implantes ao osso. Os implantes foram
inseridos em tíbias de coelhos e após o sacrifício, o material foi submetido
à análise de freqüência de ressonância e análise de torque. Este estudo
demonstrou que não houve influência da textura da superfície no
processo de osseointegração.
O aumento da rugosidade também pode ser obtido por
meio do ataque ácido
78,163
ou o tratamento com plasma spray
67,91
. As
melhores propriedades, no caso de implantes com superfície rugosa,
estão relacionadas com o crescimento ósseo na direção das pequenas
reentrâncias, promovendo uma forte ligação e boa resistência da interface
osso-implante
64
.
Por outro lado, o desenvolvimento de uma microestrutura
composta por uma rede tridimensional de poros em toda a sua espessura,
vem sendo interesse de uma série de pesquisas
13,78,103
. Os poros e suas
interconexões tridimensionais proporcionam uma via de acesso para o
crescimento ósseo, conhecido como bone ingrowth
34,35
, melhorando o
imbricamento mecânico, a interdigitação do tecido ósseo com o implante e
evitando a sua mobilidade
10,103,117
. O tempo para a fixação mecânica do
implante neste caso é reduzido, assim como o período de imobilização da
área reabilitada
71,87,113
.
O tamanho mínimo dos poros necessário para o
crescimento ósseo deve ser suficiente para evitar a formação de tecidos
moles entre o implante e o tecido ósseo e a interconectividade entre os
poros deve permitir a penetração óssea e a sua vascularização
15,22,117
.
25
Desta forma a qualidade do tecido ósseo proliferado para o interior dos
poros está diretamente relacionado como tamanho dos poros
interligados
24
.
Embora o crescimento ósseo possa ocorrer dentro de
poros muito pequenos, com 30 μm de diâmetro, é recomendável o
tamanho de aproximadamente 100 μm, para que ocorra um forte
entrelaçamento do implante com o osso com expressivo crescimento
ósseo
42
. Pilliar
,
et al.
111
indicam o tamanho de 50 a 400 μm dos poros e,
em contrapartida, Kusakabe et al.
79
consideram o diâmetro adequado dos
poros entre 500 e 1000 μm. Um material poroso ideal deve ser composto
por meso ou microporos para promover a adesão e adsorção de
metabólitos biológicos e macroporos possibilitando um meio de aceso
para o crescimento ósseo interno e fornecimento de nutrientes
possibilitando a regeneração tecidual nas regiões mais internas
54,118
.
Portanto, a alta porosidade e a presença de poros amplos
são propriedades morfológicas importantes para a reparação óssea pois
contribuem para a proliferação e osseointegração do material implantado.
Além disto, há uma redução na diferença do módulo de elasticidade entre
o titânio e o osso, diminuindo o estresse na interface
127
.
Wen et al.
132
utilizaram o titânio comercialmente puro,
com grânulos de 45 μm, associado a partículas de carboreto de
hidrogênio-amônia que funcionavam como espaçadores, sob a forma de
grânulos de 200 a 600 μm, para desenvolver um modelo de titânio poroso,
por meio da metalurgia do pó. Utilizaram prensagem isostática com 200
MPa e tratamento térmico em duas fases de 200°C/ 5 horas e 1200°C/ 2
horas. A avaliação foi feita por meio de microscopia de luz (MO),
microscopia eletrônica de varredura (MEV), metalografia e ensaio de
compressão. As imagens ao MEV mostraram dois tipos de poros,
macroporos interligados e com tamanho variando de 200 a 500 μm e
microporos com diâmetro em torno de 12 μm. A porcentagem de todos os
poros da amostra foi de 80%. No ensaio de compressão o valor de
26
resistência obtido foi de 40 MPa. Os autores concluíram que esta
amostra pode ser fabricada com sucesso pela técnica de metalurgia do pó
e preenche todos os requisitos para ser utilizada clinicamente. A técnica
permite o controle da forma, tamanho e porcentagem de poros, tornando
o material biocompatível e osseocondutor.
Keller e Young
70
avaliaram, por meio de análise
histomorfométrica, a quantidade de crescimento ósseo para o interior dos
poros de implantes inseridos em mandíbulas de macacos. Os resultados
mostraram que cerca de 65% dos poros foram preenchidos por osso e
não ocorreu a formação de tecido fibroso na interface osso-implante.
Frosch et al.
46
pesquisaram o crescimento, mineralização
e formação de osso sobre corpos de prova de titânio apresentando poros
com diâmetro de 300, 400, 500, 600 e 1000 μm. Para o estudo, os
autores utilizaram cultura de células osteoblásticas de humanos e os
resultados formam avaliados por meio de MEV, microscópio de
transmissão, imunofluorescência, histologia, radiografias de alta
resolução, teste enzimático para fosfatase alcalina e microscópio de força
atômica. Concluíram que a osseointegração se inicia por células
precursoras de osteoblastos e é influenciada pelo diâmetro dos poros,
sendo que aqueles com 600 μm de diâmetro exibiram maior proliferação
celular. Em continuidade, os mesmos autores, Frosch et al.
45
, incubaram
com osteoblastos os implantes e posteriormente implantaram em fêmur
de coelhos, observando acelerada formação de tecido ósseo e contato
significantemente maior entre osso-implante.
A resposta da reparação óssea dos tecidos circunjacentes
a implantes de liga de titânio com superfície porosa inseridos em
mandíbula de cães foi avaliada por Deporter et al.
37
por meio de análise
histológica e histomorfométrica. Os autores analisaram o tempo mínimo
requerido para o crescimento de osso para o interior dos poros, cujo
diâmetro variava entre 50 e 200 µm. Um grupo de animais foi sacrificado
com quatro semanas e o outro com oito semanas. Os resultados
27
apresentados sugerem que o período de cicatrização não deve passar por
mais de quatro semanas, uma vez que não houve diferença entre os
grupos, com relação à quantidade de tecido ósseo presente na superfície
do implante.
Bobyn et al.
12
fabricaram, por meio da metalurgia,
implantes porosos caracterizados com porosidade de 35 a 40% e poros
com o diâmetro de 200 a 250 µm. Estes implantes foram colocados em 12
cães e 11 em humanos. Após um período de cicatrização que variou de
quatro semanas a sete anos foram realizadas análises histológica e
radiográfica. A partir dessas análises foi verificado que todos os implantes
exibiram crescimento ósseo para dentro dos poros, com variação de 30 a
50% de preenchimento. Porém, a análise radiográfica não foi bom
indicador do grau de formação óssea.
Deporter et al.
36
compararam, por meio de análise
histológica, dois tipos de implantes porosos e rosqueados lisos. Para o
estudo foram utilizados seis cães, cada um recebeu dois implantes na
região de terceiro e quarto pré-molar inferior esquerdo e direito. Após seis
semanas foi colocado o cicatrizador após reabertura do local dos
implantes. Após 18 meses os animais foram sacrificados para a
realização das análises. Os resultados mostraram que o implante poroso
permite osseointegração mais efetiva, uma vez que a área de contato do
implante está aumentada devido a presença de poros.
Vasconcellos
128
avaliou a reparação óssea ao redor de
implantes de titânio puro grau 2, porosos e densos, confecionados via
metalurgia do pó. Os implantes foram inseridos em tíbias de coelhos, e
após 4 e 8 semanas os animais foram sacrificados. Os resultados foram
obtidos por meio de análise histológica, histomorfométrica e pelo ensaio
de cisalhamento, concluindo-se que os implantes porosos apresentaram
maior contado na área de interface osso-implante e maior adesão ao
osso, melhorando a osseointegração.
Eriksson et al.
40
avaliaram o grau de mineralização do
28
tecido ósseo ao redor de implantes de titânio poroso implantados em
tíbias de ratos. Após uma semana foi realizada espectrometria de massa
por íon secundário (TOF-SIMS). Após esta análise, concluiu-se que a
porosidade apresentou uma leve correlação positiva com relação à
mineralização.
A influência da porosidade sobre a neoformação óssea em
4 diferentes estruturas porosas, utilizando algorítmos específicos para
análise tri-dimensional de interligação baseada no sistema de tomografia
computadorizada foi avaliada por Ohtsuki et al.
101
As análises
histomorfométricas foram realizadas in vivo após os períodos de 6 e 12
semanas de implantação das estruturas em fêmur de coelhos. Os
resultados revelaram que os poros com “pescoço” fino, isto é, via de
vascularização estreita eram preenchidos com tecido ósseo pouco
diferenciado. Os autores concluíram que o número de interligações entre
os poros é mais importante do que o diâmetro das interligações para a
boa circulação dos fatores de crescimento.
Dentre os diversos processos aplicados para a confecção
de implantes porosos, as técnicas de metalurgia do pó vêm sendo cada
vez mais usadas na fabricação de implantes cirúrgicos e revestimentos
porosos à base de titânio e suas ligas, em substituição aos processos
metalúrgicos convencionais. Os primeiros revestimentos porosos
metálicos produzidos por metalurgia do pó foram desenvolvidos em 1963
por Welsh, que utilizando esta metodologia fabricou peças metálicas com
a mistura de dois ou mais pós, seguida da compactação (uniaxial e
isostática) da mistura e posterior sinterização do material. A produção de
uma estrutura porosa por meio deste método é resultado da utilização de
materiais orgânicos, denominados espaçadores, que são removidos por
meio da evaporação em baixas temperaturas (200
0
C a 500
0
C),
anteriormente ou durante a sinterização
14,20,103
.
Bram et al.
18
produziram amostras de titânio, ligas de
níquel (Ni) e aço inoxidável com alta porosidade a partir da utilização de
29
carbamida (uréia). Primeiramente foram selecionadas partículas esféricas
do aditivo orgânico que tivessem diâmetro entre 0,8 mm e 6 mm. A
quantidade de uréia variou de acordo com a porcentagem de porosidade
exigida após a sinterização (60, 70 ou 80%). Em seguida, foi realizado
uma mistura do pó do metal com este aditivo orgânico e compactação em
uma matriz cilíndrica em uma prensa uniaxial. Posteriormente, realizou-se
a prensagem isostática com 166 MPa. A uréia então foi removida à
200°C em estufa e o processamento foi finalizado com sinterização de
1200°C no forno a vácuo. As amostras foram avaliadas em microscópio
óptico (MO) e microscópio eletrônico de varredura (MEV). Os resultados
demonstraram que a adição de um aditivo orgânico, utilizando a técnica
de metalurgia do pó, produzia uma porosidade adequada de 60 a 80%,
poros de diâmetros entre 0,1 a 2,5mm e distribuição homogênea dos
mesmos. Os autores concluíram que a técnica de metalurgia do pó
produziu porosidade adequada quando associada a um aditivo orgânico.
No estudo de Wen et al.
132
para a confecção de amostras
com poros medindo entre 200 μm e 500 μm, os autores utilizaram pós de
titânio (Ti) e de Magnésio (Mg) associados às partículas de carboreto de
hidrogênio amônia e de carbamida e prensagem isostática de 100 MPa. A
porosidade final da amostra de Ti foi de 78% e da amostra de Mg foi de
50%, sendo que ambos resistiram à implantação e à aplicação de carga in
vivo. Observou-se dois tipos de poros: os microporos isolados, pequenos
e distribuídos nas paredes dos macroporos que se tornaram abertos e
interligados. De acordo com os autores estes microporos provavelmente
foram resultantes do volume de contração que ocorreu nas amostras
durante o processo de sinterização.
A metalurgia do pó, segundo German
50
, apresenta
diversas vantagens: alta produtividade, fácil automação, baixo custo,
controle exato da composição química do material, possível fabricação de
peças com alta pureza, utilização de 100% das matérias primas,
homogeneidade estrutural e das propriedades, produção de peças com
30
formas complexas e definitivas sem a necessidade de usinagem posterior,
obtenção de uma porosidade controlada e melhor acabamento superficial
das peças.
O processamento dos implantes via metalurgia do pó
realizado em baixas temperaturas, possibilita economia de matéria prima,
redução do número de etapas complementares, refinamento da
microestrutura e, como conseqüência, a otimização simultânea das
propriedades de ductilidade e resistência à corrosão
37
. Por meio da
metalurgia do pó, a configuração, o diâmetro e a porosidade dos metais
podem ser controlados
18,102,103
.
Diversos fatores podem influenciar na morfologia dos
poros, desta forma, Oliveira et al.
104
avaliaram a superfície de quatro
diferentes amostras confeccionadas variando dois tipos de substrato e a
pressão isostática (200 e 300 MPa). Os resultados, obtidos por meio do
MEV e metalografia, demonstraram que a distribuição dos poros ao longo
das amostras foi heterogênea variando de acordo com os diferentes
valores da pressão isostática. As características morfológicas foram
melhores naquelas submetidas à pressão isostática de 200 MPa, pois
apresentou 24% de porosidade com poros de 119 µm.
Oliveira et al.
103
avaliaram o tamanho dos poros e os
níveis de porosidade adequada de implantes utilizando revestimento de
pó de titânio puro com tamanho de 30 a 70 µm ou de 80 a 100µm, e ainda
a adição de um aglomerante (pó de naftaleno). A compactação isostática
a frio foi realizada com 300 MPa e a sinterização à 1200
o
C. A análise
metalográfica quantitativa e ao MEV permitiram aos autores concluir que o
tamanho das partículas de titânio e o uso de aglomerante influenciaram
no controle da porosidade nestas condições.
31
2.4 Recobrimento da superfície de implantes metálicos
Geralmente os materiais artificiais implantados em
defeitos ósseos são encapsulados por tecido fibroso isolando-os do tecido
ósseo ao redor
72
. Porém, diversos tipos de cerâmicas, utilizadas nos
últimos 25 anos, vêm demonstrando uma união direta ao osso sem a
formação de qualquer tecido fibroso. Esta propriedade é dada pela
capacidade destes materiais formar na superfície uma camada de apatita
semelhante ao osso
73,77
.
Dentro deste contexto, metais revestidos com fosfatos de
cálcio tornaram-se de grande interesse. O resultado destes produtos é um
material com boas propriedades mecânicas e boa biocompatibilidade,
devido, respectivamente, ao substrato metálico ao revestimento de fosfato
de cálcio
5
.
Apesar de ser um metal bioinerte, o titânio e suas ligas
não se aderem quimicamente ao osso, exceto em condições específicas.
Por este motivo, pode ocorrer a formação de um tecido fibroso ao redor
do implante e novas técnicas de recobrimento da superfície estão sendo
desenvolvidas para resolver este problema
87
. O objetivo do revestimento
de fosfato de cálcio nos implantes de titânio é aumentar a bioatividade,
associando-a à sua resistência à fratura e, baixo módulo de elasticidade
76
.
Segundo Wen et al.
133
, diversas técnicas químicas e
físicas têm sido aplicadas na deposição de finos revestimentos,
realizadas, em geral, a altas temperaturas e resultando na formação de
uma apatita quimicamente diferente da apatita óssea, com baixa
aderência ao substrato metálico e ao tecido ósseo adjacente, degradação
em curto período de tempo após a implantação e deterioração do
substrato metálico.
32
Os métodos químicos para o tratamento do titânio e suas
ligas incluem reações químicas e/ou eletroquímicas entre o substrato com
uma solução ácida, alcalina, ou com peróxido de hidrogênio. Outro
tratamento químico consiste na deposição de vapor por meio de uma
reação entre uma substância na forma de gás com o substrato, resultando
na deposição de componentes não voláveis sobre o mesmo. Finalmente,
o tratamento sol-gel, consiste em uma reação química entre a superfície
do material e partículas sólidas em um líquido (sol) ou gel, dentro de uma
solução
89
.
Os métodos físicos, onde não ocorrem reações químicas,
produzem recobrimento da superfície por meio de energia térmica,
cinética e elétrica. Entre eles se incluem o spray térmico (plasma spray) e
deposição física de vapor (processo de evaporação, sputtering,
implantação de íons)
89
.
Utilizando a técnica de plasma spray em implantes
porosos, Kim et al.
71
verificaram que este tratamento proporcionou a
formação de uma camada de titanato de sódio e de apatita na superfície
do titânio o que aumentou, não só o crescimento ósseo para o interior dos
poros, mas também a interação química. Entretanto, esta técnica não
permite controle preciso da composição química e da estrutura dos
cristais do recobrimento. Como resultado, a camada de apatita é
mecanicamente e quimicamente instável, constituída por uma mistura de
componentes cristalinos e não-cristalinos ou fosfatos de cálcio amorfos, o
que torna fraca a união ao substrato metálico
25,55,83
.
Pilliar et al.
111
estudaram a influência do recobrimento de
HA obtido por meio do plasma spray em implantes porosos colocados em
mandíbula de cães. Após 72 semanas, os animais foram sacrificados e o
exame histológico das peças demonstrou que o grupo com recobrimento
obteve maior ganho de formação de osso comparado com o grupo sem o
recobrimento. Adicionalmente os autores verificaram uma reabsorção do
revestimento de cerda de 20 a 50 μm num período 18 meses.
33
Em contrapartida, o estudo de Cook e Rust-Dawicki
28
não
encontrou diferenças significativas na adesão dos implantes porosos
comparados com aqueles com recobrimento de HA inseridos em
mandíbula de cães, avaliando a cicatrização em 2, 4, 8, 12 semanas. Os
autores também avaliaram estas características de implantes inseridos no
fêmur destes cães e após 2, 4, 8, 12, 16, 24, e 34 semanas de
implantação observaram um crescimento ósseo significantemente maior
principalmente no período de 12 semanas nos implantes sem o
recobrimento.
Vidigal Jr et al.
131
compararam implantes com e sem
recobrimento com HA e observaram, por meio de análise histológica, que
aqueles recobertos apresentavam uma interface osso-implante mais
integrada. Porém, os autores evidenciaram a perda da cobertura com HA
em alguns implantes, fato também verificado no estudo de Karabuda et
al.
67
.
Svehla et al.
121
estudaram as modificações da resposta
osteogênica em contato com superfícies de titânio, comparando amostras
porosas, rugosas, lisas e recobertas com HA com espessura de 50 μm.
Para o estudo os autores implantaram as amostras na tíbia de cinco
cabras que foram sacrificados nos períodos de 4, 8 e 12 semanas. Os
melhores resultados de cicatrização óssea bem como de fixação
mecânica foram encontrados entre os implantes com superfícies porosa e
porosa recoberta com HA.
Peng et al.
109
verificaram por meio do MEV e difração de
raios X a deposição de uma fina camada de fosfato de cálcio sob
substrato de titânio, utilizando uma reação eletroquímica em um fluido
corpóreo simulado à 37
0
C.
O estudo de Costa et al.
29
avaliou in vivo o desempenho
de implantes dentários rosqueados, de titânio comercialmente puro, com e
sem recobrimento de HA sintética obtido por meio do processo de
eletroforese. Este método de acordo com os autores apresenta algumas
34
vantagens sobre outras técnicas como período curto de execução (2 a 3
min) e grande reprodutibilidade. Os revestimentos foram caracterizados
por meio do MEV, EDS e espectroscopia de infravermelho com
transformada de Fourier (FT-IR), demonstrando uma camada de 4 a 8 ųm
de carbonato-apatita bem aderida ao substrato metálico. Após 8 e 12
semanas da colocação dos implantes em tíbias de coelhos, estes foram
sacrificados. A análise histomorfométrica mostrou uma porcentagem de
contato osso-implante significantemente maior nos implantes recobertos
com HA. Concluiu-se que os implantes recobertos tiveram melhor
desempenho que aqueles sem recobrimento e que o processo de
eletroforese parece ser uma alternativa simples e viável para se recobrir
implantes de titânio com material ossecondutivo, como a hidroxiapatita.
Takemoto et al.
123
analisaram o efeito do tratamento
químico e térmico na capacidade de osteocondução de implantes com
estrutura porosa, inseridos em tíbias de coelhos, e as suas propriedades
mecânicas. A porosidade foi produzida pela técnica plasma spray e
perfaziam 40% da amostra, que apresentou resistência à compressão de
80 MPa. Os resultados, observados após o período de sacrifício de 2, 4, 8
e 16 semanas, demonstraram que a porcentagem de contato osso-
implante foi estatisticamente maior nos implantes porosos tratados do que
nos não tratados.
Tavares et al.
124
realizaram um estudo in vivo utilizando
cães e analisaram a influência do tratamento químico na neoformação
óssea. Oito cães tiveram os pré-molares extraídos e após 3 meses
receberam, em cada lado, um implante controle e um implante
experimental, os quais foram tratados com ataque ácido (H
2
SO
4
/H
2
O
2
)
durante 4 horas. Após 3 e 8 meses da cirurgia os animais foram
sacrificados e as peças avaliadas histológica e histomorfometricamente.
Os resultados demonstraram que independente do período avaliado, os
implantes de superfície tratada exibiram maior contato com o tecido
ósseo, sendo observada diferença estatisticamente significante. Estes
35
dados indicam que os implantes com superfície tratada quimicamente
aumenta o contato para a osteogênese, aspecto que pode ser benéfico
para a colocação de carga imediata nestes implantes.
O recobrimento com fluorhidroxiapatita (FHA)
(Ca
5
(PO
4
)3F) tem sido investigado como uma alternativa porque suas
propriedades de osseointegração são similares àquelas da HA e com
maior bioestabilidade comparada com outros tipos de revestimento
94
. A
análise histológica de implantes com diferentes características
superficiais: lisos, rugosos e recobertos com fluorhidroxiapatita realizada
por Moroni et al.
95
, demonstrou maior ganho de tecido ósseo na interface
dos implantes recobertos com FHA, sem diferenças estatísticas quanto à
força de torque para a extração.
Fini et al.
43
investigaram a influência do revestimento de
FHA em implantes de uma liga de titânio comparando dois tipos, baixa e
alta rugosidade superficial, inseridos na tíbia de oito carneiros e
sacrificados após 12 semanas, concluindo que, pelos resultados do
exame histológico, histomorfométrico e força de torque para remoção, a
melhor osseointegração foi obtida pelos implantes com baixa rugosidade
independente do recobrimento com FHA.
Visando melhorar a biocompatibilidade dos implantes de
titânio, além do recobrimento com HA e FHA, outros métodos de
tratamento alternativos da superfície do material vêm sendo propostos,
entre eles, a ionização da superfície
17
, a estimulação térmica e alcalina
99
e a deposição eletroquímica de fosfato de octacálcio
55
.
As características gerais de diversos estudos que
comparam diferentes tratamentos da superfície estão descritas no Quadro
1.
36
37
38
Dentre as diferentes técnicas, o revestimento por meio do
plasma spray é a mais usada comercialmente, apesar das desvantagens
no controle da composição e estrutura do fosfato de cálcio formado sobre
o metal
4,129
. Em geral, não há uniformidade da espessura da camada
depositada e, além disso, não há controle sobre a integridade estrutural e
a cristalinidade do revestimento
136
o que pode afetar negativamente a
adesão dos osteoblastos
9
. Adicionalmente, Yan et al.
134
, Kim et al.
71
e
Nishiguchi et al.
99
, demonstraram que esta técnica, em implantes
porosos, leva à redução do volume disponível do poro para o crescimento
do tecido ósseo, devido à presença do revestimento. Além disso, há
dificuldade em recobrir materiais com superfícies irregulares, resultando
na degradação do recobrimento. Por fim, os autores mostraram que in
vivo a hidroxiapatita se desprende do substrato, mesmo no período inicial
de implantação, e o tecido fibroso pode se estender para baixo dessa
camada.
A perda progressiva da camada de hidroxiapatita leva
com o tempo à reabsorção óssea (osteólise) e conseqüente perda do
implante
134
. Segundo Nishiguchi et al.
99
, quando o revestimento de
hidroxiapatita está completamente degradado, a interface entre o osso e a
superfície do implante fica instável.
Em virtude da necessidade de um revestimento bioativo
com maior aderência, uniformidade e alta resistência mecânica, Kokubo et
al.
76
estudaram um método de revestimento biomimético de hidroxiapatita
através de fluido corpóreo simulado (FCS) para a produção de
revestimentos bioativos em implantes metálicos, conhecido como
processo biomimético
134
.
39
2.5 Processo biomimético
Muitas pesquisas têm sido focadas no desenvolvimento
de revestimentos bioativos especialmente com HA, proporcionando assim
uma osseocondução mais rápida do osso adjacente ao implante e união
química ao novo osso formado
4,5,25,71,76,99,114,132,137
.
O tratamento da superfície dos implantes de titânio com a
utilização de soluções que contenham diversos íons capazes de precipitar
heterogeneamente fosfatos de cálcio em substratos metálicos é
conhecido como processo biomimético
25,71,76,99,114
. Este tratamento visa
obter uma camada de apatita na superfície dos implantes de titânio
aumentando a sua osseocondutividade e trazendo benefícios para a
osseointegração
134
.
Estudos anteriores demonstraram que uma camada de
apatita é formada por meio de uma reação química quando um vidro
bioativo é implantado em um defeito ósseo e fica em contato com fluidos
corpóreos
60
. Esta apatita também pode ser observada em condições
experimentais, quando colocado em fluido corpóreo simulado
77
e consiste
de carbonato-apatita com pequenos cristais e baixa cristalinidade,
características similares à apatita do tecido ósseo.
A solução proposta por Kokubo
76
chamada de SBF
(simulated body fluid) contém concentrações de íons semelhantes aos
dos fluidos extracelulares sem a presença de células ou proteínas.
Segundo Andrade et al.
5
métodos biomiméticos de
revestimento de hidroxiapatita sobre o titânio baseiam – se na nucleação
e crescimento do fosfato de cálcio em FCS a 37° C. Associa-se também o
pré-tratamento térmico-químico da amostra metálica para aumentar
significativamente a adesão química da apatita nucleada e crescida na
superfície do titânio. Este método biomimético estimula o crescimento
ósseo na superfície de implantes de titânio por meio do revestimento de
40
fosfato de cálcio, pois forma materiais híbridos com propriedades
similares as do tecido ósseo utilizando equipamentos de baixo custo e
sob condições simples de confecção
101
.
O processo biomimético apresenta quatro principais
vantagens: processamento a baixas temperaturas, podendo ser aplicado
a qualquer substrato com sensibilidade térmica, como os polímeros;
formação de cristais de hidroxiapatita similares ao tecido ósseo contendo
características de alta bioatividade e boa reabsorção para sua
substituição; deposição sobre e dentro dos poros em implantes com
geometria mais complexa; incorporação de fatores estimulantes de
crescimento ósseo
55
.
A adesão química também ocorre entre o fosfato de cálcio
e o substrato no processamento biomimético de implantes de titânio
resultando na manutenção do revestimento com adequada fixação ao
implante
74
.
Segundo Habibovic et al.
55
, o processo biomimético é
uma das técnicas mais promissoras para a produção de fosfato de cálcio,
pois imita o processo de mineralização óssea. Os implantes metálicos são
imersos no fluido corpóreo simulado (FCS) à temperatura e pH
fisiológicos. Apesar do fluido corpóreo simular apenas a composição
inorgânica, o pH e a temperatura do plasma humano sangüíneo, não se
sabe se somente estas são condições ideais para o processo de
revestimento. A dificuldade é a estabilidade do FCS que exige a constante
manutenção do pH para o crescimento dos cristais de fosfato de cálcio.
O processo de formação de precipitados sólidos a partir
de FCS possui três etapas: a) interação química da superfície do implante
com a solução e formação heterogênea de núcleos de sólido amorfo; b)
lenta transformação dos núcleos em apatita cristalina e, c) crescimento do
cristal de apatita
7
.
41
Kokubo
76
propôs um método de processamento
biomimético para implantes de titânio, cujas principais etapas são
detalhadas a seguir:
a) pré-tratamento químico e térmico: a superfície
metálica do titânio é recoberta espontaneamente
com uma fina camada de óxido de titânio (TiO
2
),
tornando-se assim quimicamente estável. Quando
os implantes são imersos em solução alcalina
(OH
-
) há a dissolução da camada de óxido
podendo promover a corrosão e formação de
grandes poros na superfície do material, por meio
da reação: TiO
2
+ OH
-
Æ HTiO
3
-
. Assim, quando o
titânio e suas ligas são submersos e reagem com
solução aquosa NaOH durante o pré-tratamento
proposto, ocorre incorporação dos íons sódio aos
íons HTiO
3
-
formando um gel mecanicamente e
quimicamente instável, chamado de titanato de
sódio - Na
2
TiO
3
75
. Para a estabilização deste gel,
o titânio é submetido a tratamento térmico ao redor
de 600°C, ocorrendo a desidratação da camada de
titanato de sódio. Esta camada se estabiliza como
uma camada de titanato de sódio amorfo contendo
pequenas quantidades de titanato de sódio
cristalino (Na
2
Ti
5
O
11
) e rutilo (TiO
2
)
75
;
b) formação de fosfato de cálcio em FCS: Após o
tratamento alcalino e térmico, os implantes de
titânio são submersos em fluido corpóreo simulado
à 37
o
C, para a formação de uma camada densa e
uniforme de apatita na superfície. Primeiramente
os íons sódio (Na
-2
) da camada de titanato
42
formados com o pré-tratamento são substituídos
por íons H
3
O
+
do interior do FCS formando grupos
Ti-OH
-
na superfície, esta reação induz a formação
de apatita da seguinte forma: a superfície do metal
tratado é inicialmente carregada negativamente (Ti-
OH
-
) o que atrai íons Ca
+2
positivos, do fluido
formando assim titanato de cálcio (CaTiO
3
) amorfo.
Simultaneamente, há o acúmulo de íons Ca
+2
,
tornando a superfície levemente positiva, o que
atrai íons fosfato (PO4
-2
), negativos, para formar o
fosfato de cálcio (Ca
3
(PO
4
)
2
) amorfo. Esta camada
é então cristalinizada e muitos núcleos de apatita
são formados na superfície e crescem
espontaneamente através do consumo de íons
cálcio e íons de fosfato do FCS
44
. A camada de
apatita resultante é fortemente ligada ao substrato
já que se integra ao titânio através do óxido de
titânio
74,99,126,132
.
A Figura 1 ilustra as mudanças na superfície do titânio
quando submetido ao tratamento com NaOH com conseqüente formação
da camada de hidrogel de titanato de sódio e após o tratamento térmico a
600
o
C com a formação da camada de titanato de sódio amorfo e/ou
cristalino (a), posteriormente a imersão em FCS demonstrando a
formação da camada de apatita (a, b e c)
89
.
43
FIGURA 1 – Esquema demonstrando as etapas da formação de apatita por meio
das modificações na superfície de implantes de titânio imersos em
fluido corpóreo simulado (LIU et al.
89
, 2004).
Após a implantação, o implante possui uma energia de
superfície reduzida, permitindo a adesão, proliferação e diferenciação de
osteoblastos, estes produzem fibras colágenas as quais constituem a fase
orgânica do tecido ósseo
44
. Este colágeno é mineralizado e ocorre a
neoformação óssea. Assim, o osso ao redor pode entrar em contato direto
com a superfície do implante sem a intervenção do tecido fibroso
74
.
Diversas modificações foram propostas e vários pré-
tratamentos foram usados desde a primeira composição de FCS criada
por Kokubo
76
, a fim de acelerar o recobrimento com HA sobre implantes
de titânio e otimizar o processo para melhorar a bioatividade
44
.
44
O experimento de Stoch et al.
119
demonstrou que o pré-
tratamento de imersão em solução gel de óxido de cálcio e sílica e
tratamento térmico, a 400ºC por 30 minutos, ativam a superfície de
implantes de titânio para a nucleação e o crescimento de carbonato -
apatita. A concentração do FCS influenciou na quantidade de fosfato
precipitado sobre o titânio, e a apatita formada após a imersão no FCS
por 20 dias foi biologicamente semelhante à natural, um importante passo
para a união direta do implante com o osso. A técnica de espectroscopia
de infravermelho com transformada de Fourier (FT-IR) usada no estudo
permitiu verificar a composição molecular e a estrutura dos precipitados
de fosfato no metal produzido durante o tratamento do metal.
O tratamento térmico (600
o
C/1h) associado ou não ao
tratamento alcalino (NaOH) de amostras de titânio com 40% de
porosidade preparadas por meio de processo metalúrgico, e posterior
imersão em FCS no estudo de Liang et al.
87
não levou à nucleação de
apatita, apenas quando se usou 0,5 ou 1,0M de NaOH nas amostras. Os
autores atribuíram a falha à estrutura superficial do implante, formada por
poros muitos pequenos.
Vercik et al.
130
verificaram a influência do tratamento
térmico em diferentes temperaturas (400, 500, 600, 700 e 800
o
C) e
posterior depósito da camada de apatita sobre implantes de titânio pelo
método biomimético. Comprovaram, por meio de difração de raios X e
microscopia eletrônica de varredura (MEV), a presença da hidroxiapatita
nos revestimentos em qualquer condição experimental, sendo menos
cristalina quando submetida a temperaturas entre 400 e 600
o
C.
Recentemente, conseguiu-se acelerar o processo
biomimético clássico de 7-14 dias para 01 dia por meio da imersão do
substrato em FCS supersaturado (5xFCS). Mostrou-se a interdependência
da força iônica, pH, concentração de carbonato, e a influência coletiva
deles na formação do fosfato de cálcio. O pH da solução afeta a cinética
da formação da apatita. Uma solução com pH baixo é importante para o
45
aumento da solubilidade iônica necessária para o FCS supersaturado se
as técnicas de aceleramento são aplicadas. Mas, no processo de
mineralização, o efeito do pH na apatita é desconhecido
26
.
Baker et al.
9
avaliaram o crescimento, caracterização e
biocompatibilidade da camada de apatita formada em biomateriais
metálicos produzida por meio de imersão em solução química por tempo
reduzido. Inicialmente as amostras foram imersas em uma solução de
Ca(OH)
2
para alimentar e favorecer as trocas iônicas durante as imersões.
Posteriormente à imersão, na solução química, foi produzido um
revestimento de fosfato de cálcio com espessura de 20 - 30 µm e cristais
de 1 a 2 µm de diâmetro em 3 dias. Este estudo sugere que a imersão em
uma solução química é um método industrial viável e que um simples pré-
tratamento pode produzir revestimento de fosfato de cálcio favorecendo
as interações biológicas conduzindo a osseointegração.
O estudo de Forsgren et al.
44
avaliou a bioatividade do
rutilo e o depósito de HA em amostras de titânio após tratamento térmico
e processo biomimético. As amostras de titânio foram submetidas à
temperatura de 800
0
C para a produção de TiO
2
(rutilo) e depois imersas
numa solução salina rica em fosfato por 7 dias. Os autores verificaram
que houve o depósito de HA por meio da difração de raios X. Foi
realizado também um teste da força de adesão substrato-recobrimento
sendo a pressão crítica encontrada de 2,4 ± 0,1 GPa.
O depósito de apatita hidrocarbonatada em substrato de
Ti6Al4V por meio de eletroforese foi avaliado por Guo et al.
54
. Eles
utilizaram uma solução rica em fosfato. Teste in vitro revelou aumento da
bioatividade após 9 dias de imersão em FCS.
Alguns estudos in vivo avaliaram a osseointegração de
implantes de titânio submetidos ao processo biomimético, como o estudo
de Yan et al
134
. Os autores caracterizaram os revestimentos por meio da
difração de raios X, MEV e EDS e após 6, 10 e 25 semanas da
implantação em tíbias de 8 coelhos foi realizado o exame histológico e o
46
teste mecânico. Os resultados demonstraram que o método biomimético
foi eficiente para a produção de implantes com uma superfície bioativa e
aumentou significantemente a união ao tecido ósseo adjacente, sem a
interferência de qualquer tecido fibroso o que não foi observado nos
implantes sem tratamento da superfície.
Nishiguchi et al.
99
mostraram que implantes de titânio
submetidos apenas a tratamento alcalino e térmico proporcionaram união
47
crescimento e a porcentagem de aposição por meio dos dados
histomorfométricos das imagens obtidas pelo MEV e pela análise
radiográfica. O experimento demonstrou que sob condições controladas, a
apatita do recobrimento dos implantes parece ser absorvida em 8
semanas após a implantação, mas estimula a osseointegração e reduz a
formação de tecido fibroso.
Chiesa et al.
23
desenvolveram um tratamento biomimético
para melhora da osseointegração de implantes de titânio. Os implantes
foram inseridos na cabeça do côndilo do fêmur de 12 carneiros. Os testes
in vitro confirmaram o potencial biomimético e a análise histomorfométrica
indicou uma rápida e boa qualidade de osseointegração.
O baixo custo e efeitos inclusive sobre as irregularidades
da superfície dos implantes tornam os processos biomiméticos uma
técnica superior ao plasma spray. Além disto, notou-se que o tratamento
não reduz o espaço da porosidade disponível ao crescimento ósseo, pois
causa pouca mudança na morfologia superficial do implante, afetando
cerca de 1 µm da superfície
98-99
. O controle da composição e crescimento
do filme de apatita por meio de alterações na composição do FCS, a
incorporação de proteínas sem alteração de suas funções e sem a
necessidade do tratamento térmico, são outras vantagens desta técnica
promissora
101
.
2.6 Caracterização dos recobrimentos
Diversas técnicas vêm sendo utilizadas para caracterizar
a topografia do recobrimento sobre a superfície de materiais após o
processo biomimético. Entre elas o MEV para observação das
características morfológicas produzidas pelos diversos tipos de tratamento
da superfície é o método utilizado em todos os estudos
48
encontrados
23,25,54,85,110,114,130,137
. Trata-se de um mecanismo de emissão
de elétrons, gerado por um filamento aquecido de tungstênio, em
ambiente de vácuo, que varre a superfície das amostras gerando imagens
características.
A análise química das amostras pode ser feita por meio
do EDS (espectroscopia por dispersão de energia). É um método
realizado em atmosfera de ultra-vácuo, que impede a contaminação das
amostras durante as análises e revela os níveis de energia dos elétrons
liberados pelos elementos presentes na superfície dos implantes no
momento que fótons de raios X são aplicados sobre as
amostras
23,88,110,130,137
.
Outro método utilizado para determinar a cristalinidade da
camada de apatita formada sobre o biomaterial é a difração de raios X
utilizada por vários autores
11,54,61,137
.
A análise que vem emergindo recentemente é a
espectroscopia vibracional Raman e de Infravermelho (IR) utilizada a fim
de verificar a fase de fosfato de cálcio formada sobre o biomaterial
57
.
O sistema Raman é uma técnica usada para determinar a
estrutura molecular de uma substância. É uma análise rápida, não-
destrutiva, sem a necessidade de contato, muito sensível a qualquer
alteração na composição química e resolução espacial do material,
podendo ser usada na caracterização da camada de hidroxiapatita
formada pelo processo biomimético
54, 57,108
.
Quando uma luz incide sobre uma substância qualquer,
ela pode ser absorvida ou espalhada elasticamente. Assim há uma troca
de energia entre as moléculas, resultante da luz espalhada e da luz
incidente o que é denominado de efeito Raman. Em outras palavras, é a
transição de uma molécula do seu estado fundamental para uma estado
vibracional, acompanhada por uma absorção de um fóton incidente
simultaneamente a uma emissão de um fóton espalhado. Este é o
princípio da espectroscopia Raman.
49
O efeito Raman pode ocorrer com luz visível
(Espectroscopia Raman), por meio de infravermelho (Espectroscopia de
infravermelho - IF) ou usando radiação de laser com energia próxima ao
infravermelho (Espectroscopia Raman com transformada de Fourier).
A espectroscopia Raman utiliza um aparelho onde a luz
Raman espalhada pode ser coletada por um espectrômetro, no qual a
intensidade é mostrada em função de sua mudança de freqüência,
chamada de deslocamento Raman e medida em comprimento de onda
(cm
-1
), unidade conveniente para relacionar a mudança de freqüência da
luz espalhada em relação à freqüência de luz incidente
119
.
Visto que cada amostra possui seu conjunto vibracional
molecular, o espectro Raman consistirá de uma série de picos, cada um
deslocado pela sua freqüência vibracional característica da ligação
química da molécula presente na amostra, fornecendo assim a sua
identificação. Desta forma, a camada de apatita formada após a imersão
em FCS pode ser identificada pelo espectro Raman com um pico
característico a 960 cm
-1
que é devido à ligação fosfato PO
4
-3
da molécula
de hidroxiapatita
53,57,100,108
.
50
3 PROPOSIÇÃO
Este trabalho se propõe:
a) avaliar qualitativa e quantitativamente a reparação
óssea ao redor de implantes porosos confeccionados
com titânio puro grau 2 por meio da metalurgia do pó,
submetidos ou não ao tratamento biomimético, e
inseridos em tíbias de coelhos;
b) correlacionar os valores da porcentagem de
neoformação óssea com o tipo de implante e o tempo
de reparação;
c) correlacionar os valores obtidos da força de remoção
com tipo de implante e o tempo de reparação.
51
4 MATERIAL E MÉTODO
O estudo foi desenvolvido em 3 etapas: processamento
de pós de titânio puro para obtenção dos implantes, processo biomimético
e implantação em tíbias de coelhos.
O projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética
em Pesquisa da Faculdade de Odontologia de São José dos Campos –
UNESP, Protocolo n
o
043/2004-PA/CEP. (Anexo A)
4.1 Obtenção e caracterização dos implantes
Por meio da técnica da metalurgia do pó foram
confeccionados implantes cilíndricos de titânio puro grau 2, sendo estes
com porosidade controlada. Os implantes foram confeccionados na
Divisão de Materiais do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE/AMR) no
Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA).
As etapas para o processamento dos implantes porosos
foram desenvolvidas da seguinte forma:
a) mistura dos pós: a proporção de 80% do titânio puro
grau 2 com granulometria na faixa de 149-177 µm foi
misturada com 20% de aditivo orgânico que consistiu
de uréia (J.T. Baker – CO(NH
2
)
2
) em grânulos de 250 a
297 µm, obtidos pela técnica de peneiramento, e à
mistura, foi adicionado o solvente (éter de petróleo)
para melhoria da união (Figura 2a);
52
b) preenchimento de moldes: os componentes foram
compactados em uma matriz cilíndrica medindo 3 mm
x 6 mm (Figuras 2b e 2c), com a utilização de uma
prensa hidráulica uniaxial, com pressão de 70 MPa
(Figura 2d);
c) compactação isostática a frio dos implantes com
pressão de 200 MPa (Figura 3a);
d) evaporação do aditivo (uréia) em estufa a 200
o
C
durante 2 horas, aquecendo lentamente, obtendo
assim espaços entre os grãos do pó de titânio e
tornando a amostra porosa;
e) sinterização: tratamento que consiste na consolidação
física dos implantes colocando-os em forno a vácuo
(Thermal Technology, modelo ASTRO) a 1200
o
C
durante uma hora com aquecimento de 10
o
C/minuto e
resfriamento lento das mesmas (Figuras 3b, 3c e 3d);
f) limpeza dos implantes com escova, usando detergente
neutro e água destilada, além disto, os mesmos foram
colocados em um recipiente contendo 20 mL de água
destilada com 10% de detergente neutro e submetidos
à ação de ultra-som por 10 minutos, em seguida, os
implantes foram imersos novamente numa solução de
50ml de água destilada por mais 10 minutos sob a
ação do ultra-som para remover os resíduos de
detergente, e foram colocados, por fim, em etanol a
99% por mais 10 minutos em ultra-som.
53
FIGURA 2 – Obtenção dos implantes: a) titânio () e uréia (); b) componentes da
matriz; c) esquema da montagem da matriz; d) prensa hidráulica
uniaxial;
d
c
b
a
54
FIGURA 3 – Obtenção dos implantes: Prensa isostática (a); forno a vácuo –
Thermal Technology – modelo ASTRO (b); imagem dos
implantes sem tratamento, com estrutura porosa observada à luz
visível (c) e ao microscópio eletrônico de varredura (d).
c
b
a
d
55
Após a confecção, seis implantes foram mensurados
utilizando um paquímetro digital (Mitutoyo) para a obtenção dos valores
de diâmetro e comprimento final médio. Foram utilizados seis implantes,
que foram mensurados em três pontos, obtendo-se em média 5,3 mm de
comprimento, por 2,5 mm de diâmetro.
Os implantes porosos foram submetidos à análise do
volume, porcentagem, morfologia e conectividade dos poros.
Para a análise metalográfica foram utilizados 3 implantes
que inicialmente foram incluídos em resina poliéster orto cristal T 208
utilizando um molde de silicona. Posteriormente, os implantes foram
cortados em seção transversal e os cortes polidos com lixas d´água 800 e
1200. Após o preparo metalográfico foi realizada análise em MEV, com
aumento de 100X, para a caracterização microestrutural. Foram obtidas
dez secções de cada implante, totalizando 30 imagens. Para a
observação das características microtopografiais (morfologia e
conectividade) foi utilizado o microscópio de luz e MEV onde foram
obtidas as imagens e, utilizando o programa de análise de imagens -
Image Pro Plus 4.0, analisou-se a porcentagem dos poros.
56
4.2 Processamento biomimético e análise da superfície
Noventa implantes confeccionados foram submetidos ao
tratamento das superfícies, visando obter um revestimento bioativo por
meio do processo biomimético.
As etapas listadas a seguir foram desenvolvidas com o
apoio do Laboratório de Recobrimentos Biocerâmicos do Programa de
Engenharia Metalúrgica e de Materiais da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (PEMM/UFRJ) e do Instituto de Tecnologia do Rio de Janeiro
(INT):
a) tratamento alcalino dos implantes porosos com
solução aquosa de NaOH 1M em autoclave vertical –
Fanem (São Paulo/SP) à 130
o
C por 60 minutos,
depois secos em temperatura ambiente;
b) tratamento térmico das amostras em forno tubular
EDG 3P-S – 1800 (São Carlos/SP) a 200
o
C por 1 hora
com aquecimento de 10
o
C/min;
c) imersão dos implantes em 5 mL de fluido corpóreo
simulado modificado (FCSm), a 37
o
C, trocado a cada 2
dias, retirados após um período de 14 dias. Após a
retirada da solução, os implantes foram mantidos em
dessecador para evitar contaminação e lavados com
água destilada.
A preparação da solução (FCSm) foi realizada através
dos procedimentos listados a seguir:
a) lavagem de todo material utilizado com água destilada.
Posteriormente, a solução de HCl 1M foi usada na
lavagem e o material enxaguado cinco vezes com
57
água deionizada pura. Em seguida, secagem do
material em estufa;
b) dissolução dos reagentes em recipiente de boca larga
e usando agitação moderada. Um terço de água
deionizada pré-aquecida a 37°C em estufa foi
colocada no frasco para dissolução. Os reagentes
foram pesados em balança analítica e transferidos ao
frasco um a um de acordo com a composição e massa
do FCS modificado por Andrade et al.
5
(Quadro 2). A
solução então foi agitada por 10 a 15 minutos para
homogeneização;
c) ajuste de pH fazendo a transferência da solução à
37
o
C para um béquer sob agitação moderada e
adicionando água pré-aquecida até o volume da
solução ser de pelo menos três quartos do volume
final. O pH da solução ficou na faixa de 7,5 – 8,0
sendo controlado com a adição de sulfato de cálcio;
d) aferição do volume final feita após a solução ter sido
colocada num balão volumétrico. O volume final de um
litro foi completado com água deionizada. Após a
aferição, o balão foi tampado e a solução
homogeneizada agitando-a por quarenta vezes;
e) armazenagem da solução em frasco de polietileno
previamente limpo que permaneceu em geladeira.
O FCSm foi utilizado para a obtenção de uma camada de
apatita na superfície do implante, seus constituintes e suas concentrações
estão listados no Quadro 2 (Andrade et al.
5
, 2002).
58
Quadro 2 - Tipo e quantidade dos constituintes do FCS modificado
FCS quantidade (g)
NaCl 7,94
NaHCO
3
0,353
NaHPO
4
.7H
2
O 0,245
MgCl
2
.6H
2
O 0,3051
KCl 0,372
CaSO
4
.2H
2
O 0,086
CaCl
2
0,200
Vf = 1000mL
As alterações estruturais na superfície de doze implantes
foram caracterizadas após o pré-tratamento térmico-alcalino e
subseqüente imersão no FCSm, por meio da Microscopia Eletrônica de
Varredura (MEV) acoplada a um analisador de espectroscopia por
espalhamento de energia dispersiva dos raios X (EDS) (Figura 4). O EDS
foi realizado para determinar qualitativamente os elementos presentes em
três implantes após o processo biomimético.
Os implantes recobertos foram submetidos também à
Espectroscopia Raman.
59
FIGURA 4 - Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV) acoplado a um
analisador de espectroscopia por espalhamento de energia
dispersiva dos raios X (EDS).
4.3 Instrumentação Raman
O experimento foi realizado no Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (INPE) utilizando um sistema Raman dispersível no
visível.
A espectroscopia das amostras foi obtida por meio de um
equipamento Raman fabricado pela Renishaw, modelo 2000, equipado
com laser de argônio com 514,5 nm de comprimento de onda (Figura 5).
As amostras foram estudadas sem qualquer tipo de preparação. Um
microscópio com aumento de 500X foi usado para focalizar o laser no
ponto desejado e para coletar a radiação espalhada.
O espectrômetro foi calibrado usando amostra de silício
(Si) com pico característico a 520 cm
-1
.
60
Como parâmetro para a aquisição dos espectros
selecionou-se a região de 300-1200 cm
-1
, com 10 acumulações em 30
segundos totalizando 300 segundos de exposição das amostras.
FIGURA 5 - Equipamento Raman fabricado pela Renishaw, modelo 2000,
equipado com laser de argônio com 514,5nm de comprimento
de onda.
4.4 Procedimento cirúrgico
No desenvolvimento deste estudo foram utilizados trinta
coelhos albinos da raça Nova Zelândia com peso variável entre 3,3 kg e
4,65 kg (média 3,9 kg), fornecidos pelo Biotério da Faculdade de
Odontologia de São José dos Campos, mantidos em gaiolas individuais e
alimentados com ração comercial e água ad libitum.
Cada animal recebeu, de forma padronizada, três
implantes de titânio poroso (grupo controle), implantados na tíbia direita e
três implantes de titânio poroso submetidos ao processo biomimético
(grupo teste), na tíbia esquerda.
61
Os procedimentos que foram realizados até o momento
do sacrifício dos animais são detalhados a seguir:
a) embalagem e esterilização dos implantes por meio de
irradiação gama, com cobalto 60 (20 Kgy), pela
empresa EMBRARAD (Cotia/SP);
b) preparação da mesa operatória utilizando álcool 70%
e esterilização do material cirúrgico
c) tratamento pré-cirúrgico: pesagem e anestesia via
intramuscular dos animais com uma mistura de 13
mg/kg de sedativo, analgésico e relaxante muscular a
base de cloridrato de xilazina (Rompum® a 2% –
Bayer) com anestésico geral na dose de 33 mg/kg de
cloridrato de ketamina (Dopalen® – Agibrands do
Brasil Ltda). Depois foi realizada a tricotomia e anti-
sepsia com álcool iodado dos locais cirúrgicos das
tíbias direita e esquerda;
d) procedimento cirúrgico: os locais cirúrgicos foram
anestesiados localmente utilizando 3% de octapressin
associado a cloridrato de prilocaína e felipressina
(Citanest a 3%® - Dentsply) para que se conseguisse
uma hemostasia e anestesia local mais efetiva durante
o procedimento cirúrgico. Em seguida foi realizada a
incisão com lâmina de bisturi n
o
15 (Figuras 6a e 6b) na
face medial da tíbia em seu terço proximal, em sentido
longitudinal à tíbia, divulsão do tecido muscular (Figura
6c) e periósteo para a exposição do tecido ósseo
cortical da tíbia (Figura 6d). Neste leito de tecido ósseo
foram realizadas três perfurações (Figura 7a) com
brocas cilíndricas medindo 2,6mm de diâmetro,
utilizando um motor portátil Minimite em regiões
eqüidistantes, sob irrigação abundante com cloreto de
62
sódio a 0,9%, evitando o aquecimento decorrente do
atrito da broca com o osso (Figura 7b). As esquírolas
ósseas foram removidas com cloreto de sódio a 0,9%.
Os implantes foram colocados (Figura 8a), seguindo a
padronização citada, com posterior irrigação da ferida,
sutura e anti-sepsia do local (Figura 8b);
e) tratamento pós-cirúrgico: foi administrado aos animais
uma dose única de antibiótico benzilpenicilina
benzatina, benzilpenicilina procaína, benzilpenicilina
potássica e diidroestreptomicina base sulfato em
ampola de 6.000.000UI (Pentabiótico – Fort Dodge),
por via intramuscular na dose de 0,5 mL. Os animais
foram mantidos em gaiolas individuais com ração e
água ad libitum e sob monitoramento constante.
63
FIGURA 6 - Procedimento cirúrgico nas tíbias dos coelhos: incisão na face
medial da tíbia (a) e (b); divulsão do plano muscular (c);
afastamento do periósteo (d).
c
b
a
d
64
FIGURA 7 - Procedimento cirúrgico: perfuração da tíbia (a); lojas ósseas
preparadas para a colocação dos implantes (b).
b
a
65
FIGURA 8 - Procedimento cirúrgico: colocação dos implantes (a); sutura (b).
b
a
66
Os animais, em grupos de dez, foram sacrificados de
forma aleatória em três tempos, 15, 30 e 45 dias após o procedimento
cirúrgico, utilizando-se uma dose excessiva de anestésico cloridrato de
ketamina (Dopalen® – Agibrands do Brasil Ltda) de 2 mg/kg de peso
corpóreo com administração intramuscular.
A metodologia utilizada com relação ao tempo de
sacrifício é mostrada no Quadro 3 a seguir:
Quadro 3 - Divisão dos animais com relação ao tempo de sacrifício no
grupo de implantes de titânio poroso (controle) e no grupo de
implantes de titânio poroso submetidos ao processo
biomimético (teste).
TS* (dias)
N
#
Grupo controle
Grupo teste
15
10 30 implantes
30 implantes
30
10 30 implantes
30 implantes
45
10 30 implantes
30 implantes
* TS: tempo de sacrifício
#
N: número de animais
Após o sacrifício, em todas as tíbias removidas (Figura
9a) foi realizada uma incisão através da pele e da camada muscular para
a exposição dos implantes e estes testados quanto à mobilidade
utilizando uma pinça clínica. Trinta amostras de cada grupo, sendo 10
para cada tempo de sacrifício, foram acondicionados imediatamente em
água destilada e colocados em freezer a – 20
o
C, para o teste mecânico.
As demais amostras (n=120), 60 de cada grupo, sendo 20
para cada tempo de sacrifício, foram fixadas em solução de formol a 10%
por no mínimo 48 horas. Após a remoção das estruturas musculares, as
peças foram seccionadas com um disco de diamante para processamento
para análise histológica e histomorfométrica em MEV e MO (Figuras 9b e
9c).
67
FIGURA 9 – Etapas para o processamento histológico das amostras: tíbia removida (a);
osteotomia e separação dos implantes (b) e (c).
b
a
c
68
Quadro 4 – Metodologia do experimento
* TS: tempo de sacrifício;
#
I: implantes; ´GT: grupo teste;
´´GC grupo controle
4.5 Processamento laboratorial dos implantes para análise
histológica e histomorfométrica.
As etapas do preparo histológico foram realizadas
utilizando a técnica de desgaste adaptada por Momose
93
, descritas a
seguir:
a) lavagem dos espécimes e imersão em soluções de
concentrações crescentes de álcool (60 a 100%) para
a desidratação, com tempo de aproximadamente 24
horas para cada concentração;
(30)
GT
30 I
GC
30 I
15 dias
60 I
45 dias
60 I
30 dias
60 I
GT
30 I
GC
30 I
GT
30 I
GC
30 I
Histológica/Morfométrica/MEV
n=120 (60 T e 60 C)
Mecânico
n=60 (30 T e 30 C)
(180 I)
69
b) inclusão das amostras em solução de 20% de
monômero de metil-metacrilato com 79% de resina
poliéster orto cristal T 208 e 1% de catalisador em um
molde de silicone sextavado ou retangulares para fixar
e facilitar o corte das amostras (Figuras 10a e 10c);
c) fixação do material obtido da inclusão na morsa do
aparelho de corte Labcut 1010 (EXTEC) (Figura 10 d)
para a realização dos cortes com disco diamantado
obtendo em média 3 cortes por peça;
d) reinclusão dos cortes obtidos na mesma resina com os
moldes de silicone acima citados para serem
desgastados;
e) desgaste realizado com a politriz Labpol 8-12 (EXTEC)
(Figura 10e) usando seqüência crescente de lixas
d´água (400, 600 e 1200) ;
f) coloração das amostras com azul de toluidina (Figura
10b) ;
g) análise ao microscópio de luz e ao MEV.
70
FIGURA 10 - Processamento laboratorial dos implantes: fragmento ósseo com o
implante incluído em resina (a e c); cortes realizados, corados com
azul de toluídina (b); aparelho de corte Labcut 1010 (EXTEC) (d);
politriz Labpol 8-12 (EXTEC) para realização dos desgastes (e).
b
a
d
e
c
71
4.5 Análise histológica e histomorfométrica da neoformação óssea
A análise qualitativa ou morfológica foi realizada por meio
do microscópio de luz Zeiss Axiophot 2 (Carl Zeiss, Oberköchen,
Alemanha) e de microscópio eletrônico de varredura (MEV), em que foram
observadas a neoformação óssea na interface osso-implante e o seu
crescimento para o interior dos poros.
A porcentagem de tecido ósseo neoformado na interface
e no interior dor poros dos cortes obtidos dos implantes teste e controle
foram analisadas por meio do microscópio de luz com ocular de aumento
de 10X e objetivas planapo de 20X, sob um foco fixo. Foram selecionadas
imagens da interface osso-implante para a análise quantitativa.
Para padronizar, as imagens foram captadas sempre na
mesma posição, com a interface osso-implante posicionada 2cm do
monitor do lado direito e 2cm do monitor do lado esquerdo, sendo a área
inferior delimitada pela face interna da cortical óssea neoformada.
Portanto, foram obtidas 2 imagens de cada corte,
digitalizadas por meio da câmera digital Sony (DSC-S85, Cyber-shot) e
transferidas para um microcomputador através da conexão USB, para a
análise morfométrica das estruturas, utilizando programa NIH Image-J.
Com este programa as imagens foram selecionadas e foi sobreposto à
elas um retículo de 300 pontos de interseção (15 linhas horizontais e 20
verticais), denominado de grade de intersecção, na qual os pontos que
recaíam sobre áreas de neoformação óssea, eram contadas para a
análise histomorfométrica, o que é denominado de planimetria por
contagem de pontos (Figura 11)
72
FIGURA 11 – Retículo de 300 pontos sobreposto à imagem histológica
Para cada implante, a média de contagem de pontos foi
obtida por meio da contagem dos pontos com neoformação óssea do lado
esquerdo e do lado direito, dos 3 cortes, dividida por 6. Como cada tíbia
possuía 3 implantes a média para cada animal considerando o tipo do
implante era a média de três implantes.
Após a obtenção da quantidade de pontos de intersecção
a porcentagem de neoformação óssea foi calculada por meio da fórmula:
Neoformação óssea (%) = Pontos sobre o tecido ósseo X 100
por corte histológico Total de pontos de intersecção
4.6 Teste mecânico – ensaio de cisalhamento
As tíbias mantidas em freezer a -20
o
C, ao todo 10
implantes de cada grupo nos 3 tempos de sacrifício, foram utilizadas,
73
após cortadas, para o teste mecânico de remoção do implante em
temperatura ambiente.
Para a realização deste teste cada espécime de osso
contendo o implante foi necessário estar apoiado em um plano paralelo,
sem qualquer interferência de tal forma que suporte o osso e permita o
deslocamento do implante quando for pressionado.
A seqüência do preparo das tíbias está listada a seguir:
a) remoção do tecido ósseo cortical oposto àquele
que o implante foi inserido, expondo o corpo e a
outra extremidade do implante (Figura 14 a);
b) apreensão do corpo do implante em um mandril
fixo garantindo uma posição vertical, necessária
para a aplicação da uma força paralela ao longo
eixo do implante;
c) adaptação de uma matriz cilíndrica de silicone,
idealizada no AMR/IAE, próxima ao mandril com o
implante apreendido e preenchimento desta com
resina acrílica ativada quimicamente. Na região
central desta matriz foi colocado um pino que
coincidia com o diâmetro do implante da cortical e
era removido após o tempo de presa da resina com
a função de manter um espaço para o
deslocamento do implante durante o teste;
d) remoção da peça obtida da matriz e do mandril
obtendo uma peça com posicionamento vertical do
implante e via de escape para o mesmo durante a
sua remoção da tíbia (Figura 14b).
O ensaio de cisalhamento foi realizado por meio da
máquina de ensaios Universal Instron (modelo 2301) (Figura 14c) onde foi
aplicada uma força pelo lado medular, paralela ao longo eixo do implante
74
e com velocidade constante de 0,5mm/min para remoção dos mesmos.
Foi obtido a força necessária para deslocar o implante da tíbia.
Para se obter a tensão final do deslocamento foi
necessário determinar a área ou espessura da cortical óssea que
continha o implante, então, as peças das tíbias sem os implantes foram
hemisseccionadas no aparelho de corte Labcut 1010 (EXTEC) e
observadas em esteroscópio Stemi SV11 (ZEISS) com ocular de aumento
de 10X e objetiva de 1,6X. As imagens foram padronizadas, captadas na
mesma posição, transferidas para um computador e, para análise
morfométrica, foram obtidas quatro medidas lineares, a partir delas
calculada a espessura média da cortical óssea utilizando o programa de
imagem Image J.
Finalmente o valor da força de deslocamento (tensão)
desejada foi obtida utilizando as fórmulas subseqüentes (Figura 12 e 13):
Área = 2πr
*
x altura média
r* = raio do implante
FIGURA 12 – Fórmula utilizada para calcular a área da cortical óssea na qual os
implantes estavam inseridos
Tensão média = força (N)
Área
FIGURA 13 – Fórmula utilizada para calcular força de deslocamento (tensão
final) para a remoção dos implantes
75
FIGURA 14 - Teste mecânico: preparo da tíbia para embutimento (a); embutimento
do implante com a tíbia em resina (b); máquina de ensaios Universal
INSTRON modelo 2301 (c).
b
a
a
c
76
4.8 Análise estatística
Neste experimento foi analisada a quantidade de
neoformação óssea (variável dependente) em duas situações (variáveis
independentes): de acordo com os tempos de sacrifício 15, 30 e 45 dias e
também de acordo com os 2 tipos de implantes porosos, com e sem
tratamento da superfície.
A neoformação óssea foi medida por meio da
porcentagem de crescimento ósseo na interface com o osso-implante e no
interior dos poros dos implantes, comparando-as nas condições
experimentais acima citadas.
Os principais objetivos foram: a) investigar se os
implantes com recobrimento da superfície (teste) apresentaram maior o
crescimento ósseo quando comparados com implantes sem recobrimento
(controle); b) verificar se houve diferenças na neoformação óssea obtida
nos 3 tempos de sacrifício.
Para a análise estatística dos valores obtidos no teste
mecânico de cisalhamento e histomorfometria foi utilizada a análise de
variância (ANOVA) e teste de T-Student. A análise estatística foi realizada
por meio do programa NINITAB ® Release 14, sendo o nível de
significância assumido no estudo de 5% (p 0,05) em todos os testes
realizados.
77
5 RESULTADOS
5.1 Caracterização dos implantes – análise metalográfica
A análise metalográfica dos implantes, realizada por meio
do MEV, demonstrou a presença de poros de diferentes formatos e com
tamanho variado (Figura 15). Verificou-se também a presença de
microporos e macroporos. Os microporos (10 - 40 μm), poros residuais do
processo de sinterização, apresentavam-se isolados, enquanto que os
macroporos (200 – 500 μm) resultantes da remoção da uréia eram
abertos e interligados. Esta interligação entre os poros permitiu o
crescimento de tecido ósseo nas diversas regiões dos implantes, inclusive
nas áreas mais centrais.
A porosidade variou entre 59,9 a 81,5%, os dados obtidos
estão apresentados na Tabela 1:
Tabela 1 – Média da fração de poros obtida de 10 secções das amostras
porosas do estudo
Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3
fotos Fração de poros fotos fração de poros fotos Fração de poros
1 73,41 1 71,45 1 80,66
2 77,87 2 66,63 2 74,74
3 78,42 3 62,45 3 75,44
4 81,45 4 66,34 4 74,75
5 75,04 5 67,34 5 78,01
6 72,25 6 71,35 6 75,05
7 72,00 7 71,81 7 73,51
8 66,90 8 59,90 8 74,35
9 70,40 9 61,28 9 71,91
10 77,27 10 68,06 10 77,45
Média 75,01 Média 66,67 Média 75,58
78
FIGURA 15 – Análise metalográfica dos implantes: aumento de 100X (a) e 200X
(b): implante poroso exibindo poros fechados com diâmetro pequeno
e isolados (Î) e macroporos, abertos e interligados ()
Î
Ð
Ï
Î
Ð
Ï
Ð
b
a
79
5.2 Caracterização do revestimento – MEV, EDS e Raman
5.2.1 Microscopia Eletrônica de Varredura e EDS
O pré-tratamento térmico e químico possibilitou o
recobrimento uniforme da superfície das amostras, anteriormente lisas
(Figura 17), com titanato de sódio sob a forma de agulhas (Figura 18).
Após a imersão em fluido corpóreo simulado modificado, por 14 dias, as
superfícies ficaram recobertas por formações globulares de diversos
tamanhos, inclusive no interior dos poros, o que pôde ser visualizado por
meio do MEV (Figura 19).
A análise por meio de EDS mostrou, nos três implantes
analisados que estas estruturas formadas eram constituídas
principalmente por cálcio (Ca) e fósf
80
FIGURA 17 – Fotomicrografia do implante sem tratamento obtida por meio de MEV,
mostrando a morfologia da superfície isenta de qualquer recobrimento,
em aumento de 50X (a), 100X(b) e 200X (c)
a
b
c
81
FIGURA 18 – Fotomicrografia, por meio de MEV, do implante após o pré-tratamento
térmico-químico, mostrando a morfologia da superfície recoberta por
titanato de sódio na forma de agulhas, em aumento de 100X(b) e 200X
(c).
a
b
82
FIGURA 19 – Fotomicrografia, por meio de MEV, do implante após o tratamento
biomimético. mostrando a morfologia da superfície recoberta por
formações globulares (a), inclusive no interior dos porosÎ(b), em
aumento de 100X e 200X respectivamente.
a
b
Î
Î
83
5.2.2 Espectroscopia Raman
Para a identificação das estruturas formadas sobre a
superfície da amostra com tratamento biomimético foi usada a
espectroscopia Raman.
A Figura 20 mostra o comportamento do material ao ser
submetido à espectroscopia Raman. Seus pontos foram obtidos com a
deconvolução dos espectros, utilizando Lorentzianas, com auxílio do
programa Microcal Origin 5.0.
A análise dos espectros permitiu observar a presença
nítida e de grande magnitude do pico de hidroxiapatita, aproximadamente
a 960 cm
-1
, correspondente ao grupo funcional fosfato (PO
3
-4
).
FIGURA 20 – Espectroscopia Raman dos implantes após imersão em FCSm
por 14 dias apresentando pico característico e de grande
magnitude a 960 cm
-1
, correspondente a hidroxiapatita.
200 400 600 800 1000 1200
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
18000
578,4
1068,9
445,0
959,9
Ti Tratado
Intensity (a.u.)
Raman shift (cm
-1
)
Raman (cm
-1
)
Intensidade
(
u.a.
)
Titânio tratado
84
5.3 Análise qualitativa da neoformação óssea – MEV e MO
Os animais apresentaram resultados pós-operatórios
satisfatórios, sem qualquer evidência de inflamação ou infecção no sítio
cirúrgico. Porém, um animal, previsto para ser sacrificado após 45 dias,
apresentou reação adversa antes do tempo de sacrifício, sendo incluído
no grupo de animais sacrificados em 15 dias após o procedimento
cirúrgico.
Na avaliação clínica realizada por meio de pinça clínica,
nenhum implante apresentou mobilidade.
Macroscopicamente todos os implantes, nos 3 tempos de
sacrifício, exibiram crescimento ósseo ao redor de toda sua superfície em
contato com a cortical da tíbia, muitas vezes até mesmo acima da sua
parte superior exposta. Foi observada também a neoformação óssea na
região inferior de diversos implantes que estavam em contato com a
cortical oposta. Além disto, em alguns implantes, em áreas sem qualquer
contato, também foi possível verificar neoformação óssea, na região da
medula óssea, partindo da face interna da cortical lateral e/ou inferior da
tíbia em direção ao implante, formando uma trave de tecido ósseo (Figura
21).
FIGURA 21 – Fotografias de tíbias seccionadas contendo o implante
onde se observa neoformação óssea na região medular
85
A tíbia foi seccionada para o processamento histológico e
pôde-se observar remanescentes do tecido medular bem como espaços
vazios devido à sua remoção.
As imagens ao MEV (Figuras 22 a 27) demonstraram
neoformação óssea na superfície da interface osso-implante, nos dois
grupos estudados e nos três tempos de sacrifício. O crescimento ósseo foi
observado também para o interior dos poros de diversos tamanhos, tanto
periféricos quanto centrais. Observou-se ainda neoformação óssea a
partir da região do endósteo da cortical da tíbia em direção ao implante.
Por fim, a presença de poros vazios completa as características
analisadas ao MEV.
86
FIGURA 22 – Imagem ao MEV da interface osso()/implante() - grupo
controle (15 dias) em aumento de 20X (a) e 30X (b).
Observa-se depósito de tecido ósseo (Î) diretamente sobre
a superfície do implante e no interior dos poros (¾) além de
áreas sem tecido ósseo, preenchidas com resina ()
a
b
½
½
¾
Î
Î
¾
¾
¿
Î
Î
¾
87
FIGURA 23 – Imagem ao MEV da interface osso()/implante() - grupo teste
(15 dias) em aumento de 10X (a), 20X (b) e 30X (c). Observa-se
depósito de tecido ósseo (Î) diretamente sobre a superfície
lateral e superior do implante e no interior dos poros (¾) bem
como poros vazios ()
Î
Í
½
Í
½
Í
a
b
c
88
FIGURA 24 – Imagem ao MEV do corte da tíbia - grupo controle (30 dias) em
aumento de 10X (a), 20X (b) e 10X (c). Visão panorâmica do
implante() na tíbia(). Neoformação óssea (Î) diretamente
sobre a superfície lateral e superior (a e b) e inferior do implante
(c). Crescimento ósseo para o interior dos poros (¾) e presença
de poros vazios() completam o quadro
½
Ô
Ñ
a
b
c
Í
89
FIGURA 25 – Imagem ao MEV da interface osso()–implante() - grupo teste
(30 dias) em aumento de 10X (a), 20X (b) e 30X (c). Observa-se
depósito de tecido ósseo (Î) diretamente sobre a superfície
lateral e superior do implante e no interior dos poros (¾) e
também poros vazios ()
Î
b
¾
¾
c
¾
Î
a
Î
Í
¾
Î
90
FIGURA 26 – Imagem ao MEV da interface osso ()–implante () - grupo
controle (45 dias) em aumento de 10X (a), 20X (b) e 30X (c).
Observa-se depósito de tecido ósseo (Î) diretamente sobre a
superfície do implante e preenchimento parcial por tecido ósseo
no interior dos poros (¾)
a
b
c
Í
½
¾
Í
¾
Í
91
FIGURA 27 – Imagem ao MEV da interface osso()–implante() - grupo teste
(45 dias) em aumento de 10X (a), 20X (b) e 30X (c). Observa-se
neoformação óssea (Î) na superfície, em direção apical (Ö) e no
interior dos poros superficiais e mais centrais (¾), nota-se o limite
entre o osso preexitente e o neofomado (Æ), bem como poros
vazios ()
Í
a
b
c
Í
Í
Å
¿
¾
Ý
Ý
¿
¾
¿
92
Microscopicamente, os espécimes avaliados eram
constituídos por osso compacto que formava as paredes da tíbia onde
foram posicionados os implantes (Figuras 28 a e 28 b). O osso cortical
pré-existente apresentou-se com aspecto compacto com numerosos
sistemas de Havers com lamelas concêntricas e matriz óssea de
coloração uniforme (Figura 31 b). Estas lamelas continham lacunas de
osteócitos, também dispostas em anéis concêntricos.
Nas tíbias dos animais, independente do tipo de implante
avaliado e o tempo de sacríficio, foi observada neoformação óssea na
interface osso-implante e para o interior dos poros superficiais (Figuras 29
a, 29 b, 30 a, 30 b, 30 c, 32 a e 32 b), bem como nos mais centrais
(Figura 31c). Em alguns cortes, principalmente dos animais sacrificados
após 15 dias, o osso neoformado era imaturo e continha áreas com
preenchimento parcial de resina, mas mesmo assim exibia crescimento
para o interior dos poros (Figura 32).
O limite entre o osso cortical pré-existente e o osso
neoformado era nítido e apresentou diferença na coloração de suas
matrizes ósseas (Figura 31 a).
Notou-se ainda, áreas de trabéculas delicadas, formadas
por material de aspecto osteóide (Figura 32).
A partir da região do endósteo, foi observada a presença
de tecido ósseo neoformado (Figura 28 b) com crescimento em direção
apical do implante. Na região inferior do implante observou-se algumas
áreas de formação óssea, constituindo pontes ósseas a partir da região
cortical em direção ao implante. Os poros presentes nesta área também
foram preenchidos por tecido ósseo.
93
FIGURA 28 – Tíbias dos coelhos do grupo tratado no período de 30 dias,
observados em MO: visão panorâmica do implante poroso,
inserido na tíbia do coelho () (a); interface cortical óssea com o
implante demonstrando a neoformação óssea (Î) no limite
inferior da cortical em direção ao implante (b).
Ô
Ó
a
b
94
FIGURA 29 – Coloração de azul de toluidina de implantes sem
tratamento (período de 30 dias): íntimo contato na
interface osso () – implante () e a presença de
poros preenchidos por tecido ósseo (Î).
Ó

Ð
Ó
Î
a
b
95
FIGURA 30 – Coloração de azul de toluidina de implantes tratados
(período de 30 dias) íntimo contato na interface osso-
implante (Î) (a, b e c), detalhe da neoformação óssea
no interior de porros (Ö) (c).
Ò
Ñ
Ø
Ö
b
a
c
Î
Ø
96
FIGURA 31 – Limite entre osso cortical pré-existente (), osso neoformado na
interface (Î) e implante () (a e d). Detalhe do osso da tíbia:
aspecto compacto com poucas lacunas, numerosos sistemas de
Havers e lamelas concêntricas (b), Neoformação óssea (Ö) no
interior de um poro central, parcialmente preenchido com resina
() (c).
Ó
Í
Ö
a
b
d
c
97
FIGURA 32 - Osso neoformado () na interface e no interior dos poros
(Î) de implante () sem tratamento (período de 15
dias), áreas com preenchimento parcial de resina () (a e
b)
Í
Ï
Î
Î
b
a
Î
Í
98
5.4 Análise quantitativa da neoformação óssea – MO
Para a análise foram utilizadas médias de apenas 18
coelhos, devido à perda de um coelho. Para os grupos não ficarem
numericamente diferentes, excluiu-se um coelho de 15 e outro de 30 dias.
A porcentagem de neoformação óssea de implantes, nos
três tempos de sacrifício, está descrita no Quadro 5 do Apêndice A. A
análise descritiva dos resultados de acordo o tipo de implante e com o
tempo pode ser verificada na Tabela 2, representada pelas Figuras 33 e
34.
Os dados obtidos permitem concluir que os valores
médios de neoformação óssea dos implantes tratados (37,45%; 37,91%;
38,37%) nos tempos de sacrifício de 15, 30 e 45 dias, respectivamente
são superiores aos valores obtidos naqueles do grupo controle (32,26%;
37,13%; 37,18% respectivamente), porém, esta diferença é mais
expressiva entre os grupos de implantes com tempo de 15 dias.
Foi efetuada a comparação entre dois grupos em cada
tempo de sacrifício, por meio do teste T-Student de amostras pareadas. A
análise revelou que no tempo de 15 dias houve diferença estatisticamente
significativa, ou seja, o grupo teste superou a porcentagem de formação
óssea do grupo controle (p=0.004).
99
Tabela 2 – Análise descritiva dos valores de neoformação óssea (%)
obtidos em 18 coelhos nos dois grupos de estudo e nos três
tempos de sacrifício.
Sumário da % de neoformação óssea dos coelhos
Grupo teste Grupo controle
Tempo N Min-max
Me±DP
Min-max
Me±DP
15 6 35,41-40,58
37,45 ±2,26*
28,33-38,00
32,26 ±3,18*
30 6 29,94-46,66
37,91±5,44
33,20-43,24
37,13±3,57
45 6 32,16-48,20
38,37±6,32
31,25-45,8
37,18±6,05
*Médias diferentes entre si pela análise T Student (p<0,05)
C 15d T 15d C 30d T 30d C 45d T 45d
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
%
FIGURA 33 - Gráfico de colunas (média±desvio padrão) dos valores médios de
% de neoformação óssea obtidos nos coelhos (N=18) segundo as
condições experimentais (C: controle;T: teste).
TEMPO DE SACRIFÍCIO (dias)
100
FIGURA 34 - Gráfico de linhas dos valores de % de neoformação óssea obtidos
nos coelhos (N=18) ao longo dos três tempos de sacrifício e
segundo as condições experimentais (C: controle;T: teste)
.
A análise de variância de medidas repetidas (ANOVA) foi
aplicada para determinar a influência das variáveis: tipo de implante e
tempo de sacrifício, levando em consideração a porcentagem de tecido
ósseo neoformado nos coelhos. Verificou-se que não houve influência
dessas duas variáveis principais, tipo de implante e tempo, isoladamente,
e da interação delas sobre a formação óssea entre os grupos
pesquisados. Os valores de p estão descritos na Tabela 3.
101
Tabela 3 – Análise estatística (ANOVA) para os valores médios de
neoformação óssea (%) obtidos em 18 coelhos nos dois
grupos de estudo e nos três tempos de sacrifício.
Fator de variação DS SS MS F p
Tempo 2 0.00627 0.00313 1.08
0.3662
Grupos 1 0.00512 0.00512 3.29
0.0899
TempoXGrupos 2 0.00357 0.00178 1.15
0.3444
DS = grau de liberdade; SS=soma do quadrado; MS= quadrado médio;
F=razão F.
5.5 Ensaio mecânico de cisalhamento
Devido à perda de implantes durante o processamento
das amostras, para a análise foram utilizadas as médias de 36 implantes.
Os dados da tensão final obtida pelo teste de
cisalhamento de 36 implantes nos três tempos de sacrifício estão
apresentados no Quadro 6 do Apêndice B. A análise descritiva dos
resultados de acordo o tipo de implantes e com o tempo pode ser
verificada na Tabela 4, representada pela Figura 35.
A análise descritiva revelou que os valores de resistência
à remoção dos implantes porosos tratados (7,30 MPa, 19,24 MPa, 19,48
MPa) nos tempos de sacrifício de 15, 30 e 45 dias, respectivamente,
superaram os do grupo controle (6,36 MPa, 12,88 MPa, 15,65 MPa,
respectivamente).
Foi efetuada a comparação dos grupos em cada tempo
por meio do teste T-Student de amostras pareadas. Diferença
estatisticamente significante entre os grupos foi observada nos períodos
de 30 e 45 dias.
102
Tabela 4 – Análise descritiva dos valores da força de remoção (MPa)
obtidos em 36 implantes nos dois grupos de estudo e nos três
tempos de sacrifício.
Sumário da tensão (MPa) do ensaio de cisalhamento dos implantes
Grupo teste Grupo controle
Tempo N Min-max
Me±DP
Min-max
Me±DP
15 6 5,1-9,19 7,3 ±1,63 2,7-11,74 6,36 ±3,48
30 6 15,97-22,59
19,24±2,89*
9,7-15,27
12,88±2,51*
45 6 15,74-25,21
19,48±3,35*
7,72-22,7
15,65±3,32*
*Médias diferentes entre si pela análise T Student (p<0,05)
T
ens
ã
o
(
M
P
a
)
tempo 453015
TesteControleTesteControleTesteControle
20
15
10
5
0
FIGURA 35 - Média dos valores da força de remoção dos implantes nos três
tempos de sacrifício, segundo as condições experimentais.
TENSÃO (MPa)
TEMPO DE SACRIFÍCIO (dias)
103
A análise de variância de medidas repetidas (ANOVA) foi
aplicada para determinar a influência das variáveis: tipo de implante e
tempo de sacrifício levando em consideração a tensão de remoção.
Verificou-se que houve influência dessas duas variáveis principais, tipo de
implante e tempo, isoladamente, e não da interação delas sobre a força
de remoção entre os grupos pesquisados. Os valores de p estão descritos
na Tabela 5.
Tabela 5 – Análise estatística (ANOVA) para os valores médios da força
de remoção (MPa) obtidos em 36 implantes nos dois grupos
de estudo e nos três tempos de sacrifício
.
DS SS MS F
p
Tempo 2 810,71 405,36 32,25
0.000
Grupos 1 123,58 123,58 8,82
0.009
TempoXGrupos 2 44,07 22,04 1.70
0.216
DS = grau de liberdade; SS=soma do quadrado; MS= quadrado médio;
F=razão F
104
6 DISCUSSÃO
A utilização dos implantes como forma de reabilitação de
perdas ósseas apresentou notáveis avanços nos últimos anos. Entretanto,
os pesquisadores ainda tentam elucidar e, ao mesmo tempo, aprimorar os
sistemas de implantes buscando otimização de suas características para
que possam obter a melhor resposta possível do tecido ósseo na
integração osso-implante, bem como uma formação óssea cada vez mais
intensa. Atualmente, o alvo principal dos estudos é o desenvolvimento de
um modelo de implante com superfície bioativa e osseocondutora e até
mesmo osseoindutora, a fim de promover adaptação e condução de
células ósseas com mais rapidez.
Como a fixação biológica é influenciada por
características da superfície, como a composição química, energia,
topografia, condições da interface osso-implante, além da estabilidade
inicial, presença de espaços e carga
79,124
, o desenvolvimento de implantes
com superfícies porosas e modificadas quimicamente tem sido um dos
fatores mais intensamente pesquisados
8,43,52,54,55,87,98,99,110,130
.
Entretanto, pesquisas básicas devem continuar na busca
de implantes que proporcionem, por meio de tratamentos adequados e
simplificados, uma reparação óssea mais rápida e eficiente.
O titânio comercialmente puro, metal reativo que
apresenta alto grau de biocompatibilidade, permite a reparação óssea
sem a ocorrência de cápsula fibrosa, ou seja, o contato direto com o osso,
processo chamado de osseointegração
41,71,102,123
. Por outro lado, o
tratamento biomimético da superfície do implante tem potencial de
produzir recobrimentos de fosfato de cálcio sobre o titânio
8,53,114
. Por fim,
as diversas teorias sobre que tipo de superfície modificada quimicamente
105
pode promover melhor e mais rápida osseointegração pelo tecido ósseo
adjacente, pode ser avaliada por meio de estudos in vivo em animais
como ratos, coelhos, cabras, ovelhas, cães entre
outros
23,43,56,65,67,79,99,124,132
.
Deste modo, o objetivo deste estudo foi avaliar
qualitativamente e quantitativamente o tecido ósseo neoformado na
interface osso-implante e no interior dos poros de implantes cilíndricos
porosos de titânio puro grau 2, submetidos ao tratamento biomimético,
assim como identificar e caracterizar a composição química e a topografia
presentes, decorrentes do tratamento da superfície empregado.
No presente estudo os implantes de titânio foram
colocados bilateralmente na tíbia de 30 coelhos. Os animais foram
sacrificados no tempo de 15, 30 e 45 dias. Observou–se que a
porcentagem média de neoformação óssea nos implantes tratados nos
três tempos de sacrifício foi maior (37,45%; 37,91%; 38,37%
respectivamente) do que nos implantes não tratados (32,26%; 37,13%;
37,18% respectivamente).
O titânio e suas ligas são materiais usados com
freqüência na implantodontia. As excelentes propriedades físicas e
mecânicas como: baixa densidade, alta resistência à corrosão, boa
resistência mecânica
69,102
, além da sua natureza inerte, fazem deste um
material com características adequadas para estabelecer a integridade
estrutural do tecido ósseo perdido
9
. Este material não induz resposta
imunológica, apresenta pouca incidência de toxidade e rejeição
39,87
.
Diversos fatores relacionados à superfície dos implantes,
sua topografia e composição química estão sendo estudados por diversos
autores com o objetivo de favorecer a
osseointegração
6,8,43,52,69,71,98,99,111,130
. Com relação a superfície do titânio,
a camada de óxido de titânio, que se forma sobre a sua superfície em
análise ultra-estrutural é coberta por um leito de substância amorfa
representada por macromoléculas de proteoglicanas e
106
glicosaminoglicanas aderidas ao ácido hialurônico. As proteoglicanas
formam uma “cola” biológica responsável pela adesão entre células,
fibrilas e outras estruturas Esta estrutura é aparentemente responsável
pela união estreita entre tecido ósseo e superfície metálica
2
.
Nos últimos anos, têm surgido evidências cada vez mais
claras que o processo de osseintegração é facilitado pela interação entre
uma superfície rugosa e o tecido ósseo em reparação. Por isso, diversos
sistemas de implantes utilizam de metodologias variadas para que uma
superfície constituída por sulcos ou poros seja obtida
17,56,65,67,81,142
.
Trabalhos recentes apresentados na literatura
demonstram que a maior rugosidade superficial leva à ocorrência de uma
maior osseointegração ao redor dos implantes. Tal fato pode ser
observado quando implantes com várias configurações e diferentes
rugosidades foram implantados em animais
56,67
. A importância de se
confeccionar implantes com superfície rugosa reside no aumento da área
de contato com o tecido ósseo, favorecendo a adesão e aposição tecidual
e promovendo a osseointegração com mais rapidez. Este fato tem sido
afirmado por vários autores nos diversos trabalhos de pesquisa que visam
o conhecimento do complexo processo da
osseointegração
6,17,39,56,65,67,81,115,142
.
Em contrapartida, a superfície porosa está ainda mais
apta a estabelecer uma ligação biomecânica mais forte com o tecido
ósseo adjacente do que um implante de superfície polida ou rugosa.
Diversos trabalhos indicam que sistema de implantes com superfície
porosa podem ter melhores resultados para a integração osso-
implante
45,46,65,71,124,131,141,142
.
Uma superfície porosa ou rugosa pode ser produzida por
diversos tratamentos como plasma spray
8,139
, oxidação anódica da
superfície
141
, sistema APS
71
, ataque ácido
29
, entre outros.
Além da superfície porosa usada em vários trabalhos,
topografias mais complexas, com estrutura totalmente porosa e poros
107
interligados vêm sendo desenvolvidas com o objetivo de promover uma
união ainda mais forte na interface osso-implante e maior resistência
mecânica à remoção. Estudos prévios in vitro e in vivo demonstram
melhora com o uso destes implantes no processo da osseointegração
17,27,65,96,123,138,141
.
Este modelo de implante não só aumenta a área de
contato, mas também possibilita o crescimento do tecido ósseo para o
interior dos poros, produzindo uma rede tridimensional, aumentando o
imbricamento mecânico e a interdigitação do tecido ósseo com o
implante
102,103,131
. Tal característica foi observada no presente estudo,
onde as imagens obtidas ao MEV e ao MO revelaram neoformação óssea
na superfície da interface osso-implante e no interior dos poros tanto
periféricos quanto centrais.
Uma das técnicas para se confeccionar implantes com
estrutura porosa é a metalurgia do pó, utilizada no presente estudo. É
uma técnica capaz de produzir amostras complexas com formato de rede,
com interligação dos poros. Apresenta diversas vantagens, entre elas:
permite o controle da composição química, otimiza as propriedades
mecânicas das amostras, economiza matéria-prima, diminui o custo de
fabricação e reduz as etapas de confecção
103,111,131
.
Além disto, esta técnica permite o controle da porosidade
produzida nas amostras, produzindo um modelo mais apropriado quanto
ao diâmetro, configuração e porcentagem de poros. Os poros interligados
são produzidos pela adição de materiais, que funcionam como
espaçadores, os quais uma vez removidos tornam a amostra
porosa
18,86,102,111,131,136
.
Na técnica da metalurgia do pó, as amostras são obtidas
pela mistura de pós que posteriormente é compactada Neste trabalho foi
utilizado o pó de titânio puro grau 2 com 149-177 μm, associado com
grânulos de uréia. A metodologia empregada para a fabricação dos
implantes foi a metalurgia do pó, baseada nos melhores resultados
108
prévios obtidos pelo estudo de Oliveira et al.
102,103
e Vasconcellos
131
. De
acordo com os estudos citados, o aditivo orgânico utilizado foi a uréia com
granulometria entre 250-297 μm, na porcentagem de 20% por ser um
material que não reage com o metal, fácilmente removido pelo calor e
que, nesta granulometria e porcentagem, produziu poros de diâmetros
adequados e distribuição homogênea.
Para a compactação da mistura, a pressão isostática a frio
utilizada foi de 200 MPa que promoveu, de acordo com o estudo de
Oliveira et al.
104
o desenvolvimento de uma amostra com porosidade alta
e distribuição adequada dos poros.
Tamanho e fração de poros adequados permitem boa
maturação óssea, além de trabéculas ósseas no interior dos poros com
adequada espessura e comprimento. Também auxiliam na prevenção da
obstrução dos poros pelo recobrimento com apatita
79
. A estrutura porosa
ideal deve ser composta por meso e microporos para promover adesão
celular, adsorção de metabólitos biológicos e reabsorção controlada e
macroporos para crescimento ósseo e adequado fornecimento de
nutrientes
54,60,118
.
A metodologia utilizada produziu implantes com poros de
diâmetro entre 200 a 500 μm e 60 a 80% de porosidade.
Os estudos neste sentido são controversos, a maioria
relatou que o diâmetro ideal dos poros varia entre 100 μm a 500
μm
27,34,66,99,111,124
. Por outro lado, os estudos de Nguyen et al.
96
, Frosch
et al.
46
e Kusakabe et al.
79
demonstraram que tanto poros pequenos (45
um) quanto macroporos de 1000 μm promovem um bom crescimento
ósseo para o seu interior.
Quanto à fração de poros, os estudos relataram que a
porosidade ideal deve variar entre 25 a 66%
27,66,78,86,99,104
. Por outro lado,
o estudo de Wen et al.
132
demonstrou que a porosidade pequena (5%)
promoveu bons resultados quanto ao crescimento ósseo, resultado
também observado por Kim et al.
71
utilizando amostras com porosidade
109
elevada (80%). A alta porosidade seria um fator benéfico por permitir
adequado espaço para a adesão e proliferação do osso neoformado
90,136
.
Este aspecto foi confirmado no presente estudo, onde os implantes com
alta porosidade apresentaram neoformação óssea em grande parte dos
poros, periféricos e centrais.
Sem dúvida, para melhoria dos resultados clínicos,
especialmente em áreas de pouca densidade óssea, a chave para
maiores índices de sucesso talvez seja a busca de tratamentos da
superfície que permitam melhora na neoformação de tecido ósseo,
inclusive em áreas de qualidade óssea deficiente.
Neste sentido, diferentes técnicas de recobrimento da
superfície de implantes têm sido empregadas devido à importância de se
promover interações da composição química dos recobrimentos obtidos
com os tecidos biológicos
38,42,54,61,99,113,130,138,139
. A hidroxiapatita tem sido
o revestimento ideal para implantes metálicos pela sua excelente
biocompatibilidade, bioatividade, bioafinidade, osseocondução e
dissolução lenta permitindo a sua substituição por tecido ósseo. Além
disto, o osso neoformado é resultado da adesão direta de osteoblastos,
sem a presença de nenhum tecido fibroso entre o osso e o recobrimento
com HA
79
.
O recobrimento com HA em contato com os tecidos leva à
liberação de íons Ca e P, seguida pela precipitação da camada de apatita
que desencadeia a diferenciação celular e conseqüente formação óssea
(apatita + osteoblastos), isto pode explicar porque implantes recobertos
com HA tendem a exibir uma osseointegração mais rápida do que
implantes sem recobrimento
29
.
Dentre os métodos para obter revestimentos de HA
incluem-se: deposição por vapor, precipitação por eletrólise, precipitação
por eletroforese, recobrimento sol-gel, plasma spray, entre
outras
25,38,43,49,66,79,113,130,138,139
.
A técnica conhecida como tratamento biomimético
110
promove o recobrimento do metal por hidroxiapatita simplesmente pela
sua imersão em FCS com Ca e P. O processo biomimético é um método
simples e econômico, que apresenta efetividade mesmo em implantes
com estrutura porosa, não reduz a porosidade porque causa pequena
alteração morfológica dos poros. É um método viável comercialmente em
substituição à técnica por plasma spray mais utilizada
9
, mas que
apresenta diversas desvantagens como a produção de recobrimentos não
homogêneos, alteração da morfologia e da estrutura do filme depositado,
por ser executado em altas temperaturas, podendo afetar a adesão de
osteoblastos
76,87
.
Diversos estudos in vitro e in vivo demonstram o
recobrimento de materiais com uma substância bioativa por meio do
processo biomimético
4,5,9,23,25,29,41,49,55,61,63,100,114,130,133,137
.
Neste sentido, este trabalho avaliou implantes endósseos
de titânio com estrutura porosa, recobertos com hidroxiapatita por meio do
processo biomimético.
A metodologia utilizada para o desenvolvimento do
processo biomimético deste trabalho foi baseada nos estudos prévios de
Andrade et al.
4
. O pré-tratamento químico com NaOH 1M foi realizado em
autoclave a 130
0
C/1 hora. Com este tratamento, o óxido de titânio da
superfície é transformado em hidrogel de titanato de sódio. Após isto, foi
feito o tratamento térmico a 200
0
C por mais uma hora, desta forma o gel
foi desidratado e estabilizado sob a forma de titanato de sódio cristalino e
rutilo. O objetivo do pré-tratamento foi produzir sobre a camada passiva
do oxido de titânio uma superfície mais favorável e ativa para induzir a
precipitação de apatita. Posteriormente as amostras foram imersas em
FCSm por 14 dias onde ocorreu a nucleação e crescimento de uma
camada de fosfato de Ca
+2
densa e homogênea, pelo consumo de Ca e P
da solução.
Quanto aos métodos de análise foi empregado neste
estudo o MEV, EDS e a espectroscopia Raman, para caracterização do
111
recobrimento obtido após o tratamento biomimético proposto.
O método de análise química utilizado neste estudo foi
similar aos de outros trabalhos
4,5,25,87
que utilizaram o EDS como método
de escolha para identificação dos elementos presentes na superfície dos
implantes. Os espectros EDS do presente estudo revelaram picos de Ca,
P e Ti, confirmando a presença de fosfato de cálcio na superfície do
substrato.
O MEV foi o método escolhido para caracterizar a
topografia da superfície dos implantes deste trabalho, por ser considerado
um método de visualização direta das características de superfície das
amostras, tendo-se a opção de se escolher o aumento mais adequado
para cada imagem gerada. Este método tem sido utilizado pelos autores
com a mesma finalidade
4,5,9,23,25,41,44,56,87,130,133
.
Os espectros Ramam detalhados mostram que o
recobrimento da superfície do implante de titânio é composta por
hidroxiapatita, identificada pelo maior pico de energia a 960 cm
-1
,
correspondente ao modo de vibração simétrica do grupo P- O (ν
1
), que
também pôde ser verificado em outros estudos. A camada de apatita
formada sobre as amostras após imersão em FCS pode ser identificada
por outras três freqüências diferentes correspondentes aos outros modos
de ligações do grupo fosfato (PO
4
-3
): os picos que aparecem em torno de
430 - 450 cm
-1
que correspondem a união simétrica O-P-O (ν
1
), os picos
a 580 - 630 cm
-1
são da união assimétrica O-P-O (ν
4
)
e, por fim, o modo ν
3
observado em torno de 1050 cm
-1
, visíveis na camada de apatita formada
in vivo ou in vitro
100,108
.
Neste estudo foram observados os picos de 445,0 cm
-1
e
959,9 cm
-1
, situados nos intervalos acima, e dois picos de 579,4 cm
-1
e
1068,9 cm
-1
muito próximos destes intervalos.
Gu et al.
53
encontrou os mesmos espectros em ligas de
NiTi submetida ao tratamento térmico de 600
0
C e imersas em FCS por 28
dias.
112
O estudo de Notingher et al.
100
comparou por meio da
espectroscopia Raman os picos de energia no interior dos poros e na
superfície de amostras de vidro 58S imersas por 3 dias em FCS. Os
espectros demonstraram que a HA não se desenvolveu uniformemente,
sendo uma reação mais rápida na superfície externa e mais lenta na
parede dos poros. Os autores também concluíram que a quantidade de
hidroxiapatita em uma amostra pode ser estimada usando o pico
característico a 960 cm
-1
.
A espectroscopia Raman provou, no presente estudo, ser
uma técnica sensível para caracterização in vitro do recobrimento de HA
em implantes com estruturas porosas, o que está de acordo com outros
estudos
,100,108
.
A caracterização do recobrimento pela espectroscopia
Raman e EDS indicou que a camada de apatita formada com o
tratamento biomimético foi similar ao osso natural em termos de
composição química. Portanto, o tratamento biomimético proporcionou o
recobrimento com uma camada de apatita semelhante à hidroxiapatita
biológica.
Neste trabalho, todos os implantes inseridos
osseointegraram, como se atestou pela força necessária para remoção
dos implantes no ensaio de cisalhamento e pelo fato de que ao redor
destes implantes, histologicamente, pôde ser observado contato direto do
tecido ósseo na interface osso-implante e crescimento para o interior dos
poros.
Por meio de microscopia de luz, foi visto tecido ósseo
neoformado em contato direto com os implantes e no interior dos poros
nos dois grupos e nos três tempos de sacrifício após a implantação na
tíbia dos coelhos. O resultado histológico indica boas respostas teciduais,
pois houve o estabelecimento, na grande maioria dos cortes observados,
do contato ósseo direto. Ainda, a neoformação óssea ocorreu para o
interior dos poros e inclusive, em algumas lâminas, na superfície do
113
implante na região medular. Um outro resultado interessante é que
também houve, em alguns casos, formação óssea cobrindo toda a região
superior do implante, na região periosteal avaliada.
Neste estudo, implantes de titânio cilíndricos, sinterizados
com estrutura porosa, obtida via metalurgia do pó, foram colocados
bilateralmente na tíbia de coelhos (n=30), sendo implantes tratados na
tíbia esquerda e não tratados na direita. Os animais foram sacrificados
nos períodos de 15, 30 e 45 dias. A fração de neoformação óssea de
acordo com os 3 tempos foi maior nos implantes tratados (37,45%;
37,91%; 38,37%, respectivamente) do que nos implantes não tratados
(32,26%; 37,13%; 37,18%, respectivamente), dados estes avaliados pela
análise histomorfométrica. Diferença estatisticamente significante foi
encontrada apenas entre os grupos teste e controle no período de 15
dias.
Houve aposição óssea na interface osso-implante e no
interior dos poros de ambos os tipos de implantes. No entanto, verificou-
se uma pequena tendência dos implantes do grupo teste de formarem
maior quantidade de tecido ósseo, mas sem apresentar diferença
estatisticamente significante. Além disto, estes implantes teste resistiram
com mais sucesso às forças de cisalhamento quando comparados aos [(3385 0m-.0002 T6 -1.725 TD0 Tc0 Tw(dia6(. )Tjnte7 -1.Concluímm)-,37%m)-TD-.0001ralmente43 0 TD0 Tc0 w(. )Tj.76 -1.7 deliminnte-.00getes umndric
114
Os poucos estudos in vivo que avaliaram a
osseointegração de implantes porosos com recobrimento obtido por
tratamento biomimético, apresentam resultados variados, semelhantes
aos nossos, bem como resultados divergentes.
Chiesa et al.
23
desenvolveram um experimento com
metodologia diferente, mas concluíram que o recobrimento obtido
proporcionou maior crescimento ósseo e união osso-implante em
períodos pós operatórios curtos do que em períodos longos, nos quais
onde não foi observada diferença significativa, concordando com nossos
resultados.
Com o uso de implantes comerciais recobertos pelo
método biomimético e inseridos em tíbia de 8 coelhos, Yan
134
avaliou a
neoformação óssea nos períodos de 6, 10 e 25 semanas e observou
diferenças significativas com relação ao teste mecânico e à porcentagem
de neoformação óssea, sendo melhores no grupo com recobrimento,
independente do intervalo de tempo.
Yang et al.
135
utilizaram implantes com superfície porosa
com e sem recobrimento de fosfato de cálcio, porém, este foi obtido por
meio de sol-gel. Os implantes foram inseridos em 16 coelhos, sacrificados
após 2 semanas. Os autores encontraram diferenças significativas entre
os grupos, com maior crescimento ósseo em determinadas regiões dos
implantes com recobrimento.
Rigo et al.
113
utilizaram implantes de titânio em 8 coelhos
por 8 semanas. Os implantes não foram detalhados quanto à topografia,
mas foram submetidos ao tratamento biomimético modificado. Este
estudo determinou apenas as características químicas da superfície e
morfológicas da neoformação óssea, demonstrando que os implantes
tratados foram recobertos por tecido ósseo, com poucas áreas de tecido
fibroso.
Vasudev et al.
129
utilizaram um sistema de implante com
diversos canais e com recobrimento obtido pelo processo biomimético,
115
comparando com aqueles sem recobrimento e inseridos no fêmur de 8
cães. Eles demonstraram que a porcentagem de crescimento e aposição
óssea foi significantemente maior nos dispositivos tratados nos 3 tempos
de sacrifício (6,8,12 semanas), concluindo que o recobrimento de apatita
por meio do processo biomimético pode estimular o crescimento ósseo
precoce e otimizar a fixação do implante ao osso.
Contrariando outros estudos, Costa
29
et al. demonstraram
que os implantes recobertos com hidroxiapatita, obtida por meio de
eletroforese e inseridos em tíbias de 8 coelhos, apresentaram resultados
melhores e significativos em relação a implantes sem recobrimento,
apenas na porcentagem de contato ósseo. Por outro lado, comparando a
quantidade de osso formado não houve diferenças significativas entre os
grupos, e ainda neste estudo os valores de porcentagem do grupo de
implantes sem recobrimento foram numericamente maiores. Os autores
sugerem que a eficácia do recobrimento com HA é restrita à área do
implante em contato com o tecido sem qualquer efeito a longa distância.
O resultado histomorfométrico deste estudo foi melhor,
em ambos os períodos avaliados, para os implantes submetidos ao
tratamento biomimético. Apesar de melhores resultados para esta
superfície, estatisticamente não houve diferenças na interação dos dois
tipo de superfície e o tempo avaliado. Isto pode ser entendido, ao nosso
ver, pelo fato de que algumas características da superfície do implante
tais como composição e topografia são fundamentais e torna-se difícil
diferenciar os efeitos individuais de cada fator. Inicialmente todos estes
fatores influenciarão a reparação, determinando quais proteínas serão
adsorvidas sobre a superfície do implante, assim como as células que
sofrerão ou não adesão.
Neste sentido a presença de estrutura porosa, com poros
interligados, por si só, parece ser osseocondutora, isto é, promove a
migração de células osteoprogenitoras para sua superfície e aceleração
da osteogênese, um fator decisivo para a osseointegração, com influência
116
pouco significativa do recobrimento.
O estudo de Carlsson et al.
27
comparou implantes com
topografias semelhantes, mas quimicamente diferentes. Eles não
encontraram diferença significativa na reação tecidual e na força de
fixação entre implantes com e sem recobrimento e implantados em
joelhos de humanos com artrite. Estes resultados confirmam a teoria que
a topografia do implante pode ser mais importante para a osseointegração
do que a composição química. Os resultados do estudo de Hacking et al.
56
que compara implantes rugosos com e sem recobrimento também
reforça a hipótese que a topografia é fator dominante.
Outro questionamento sobre o recobrimento foi em
relação a sua degradação demonstrada por alguns estudos in vivo,
tornando a superfície osso-implante instável
99
. Como a estrutura porosa
promoveu um verdadeiro efeito de ancoragem pelas interdigitações do
tecido ósseo para o interior dos poros, a forte fixação manteve-se, mesmo
com a dissolução do revestimento de hidroxiapatita, o que pode ter
ocorrido no decorrer do estudo.
Apesar de ocorrer aumento na neoformação óssea ao
longo do tempo, tanto no grupo tratado quando no grupo não tratado, a
análise estatística intra-grupos experimentais mostrou que este aumento
não foi estatisticamente significante.
Os resultados histomorfométricos mostraram que nos
implantes tratados a porcentagem média de tecido ósseo formado foi
maior do que nos implantes não tratados. Houve maior quantidade de
tecido ósseo na interface osso-implante e no interior dos poros dos
implantes tratados, no período de 15 dias, com significância estatística em
relação ao grupo de implantes não tratados no mesmo período. A análise
estatística entre os grupos experimentais revela que a fração de tecido
ósseo neoformado nos períodos de 30 e 45 dias permaneceu constante,
sem diferença estatisticamente significante.
Este resultado foi interessante devido à possibilidade de
117
existir uma redução do tempo de reparação quando o tratamento
biomimético é empregado.
O teste mecânico de remoção por cisalhamento realizado
neste estudo mostrou que implantes porosos tratados, nos três tempos
experimentais 15, 30 e 45 dias, apresentaram valores médios da tensão
de remoção de 7,3 MPa, 19,2 MPa e 19,48 MPa, respectivamente. Estes
resultados foram maiores do que os dos implantes não tratados, cujos
resultados foram, respectivamente, 6,36 MPa, 12,88 MPa e 15,65 MPa.
Foi possível observar que houve um aumento da tensão de acordo com o
tempo nos dois grupos, evidente entre os períodos de 30 e 45 dias, em
ambos os tipos de implante.
Quanto ao tipo de implante foi observado que houve
diferença estatisticamente significante nos períodos de 30 e 45 dias, nos
quais o grupo teste apresentou melhores resultados. Outros trabalhos na
literatura também observaram valores similares aos deste estudo, uma
vez que a resistência ao deslocamento foi maior nos implantes com
recobrimento
29,132,137,138
.
É importante salientar que os resultados da neoformação
óssea são influenciados pela anatomia do osso adjacente ao implante.
Neste modelo usado – tíbia de coelho – o embricamento mecânico se deu
pela colocação e estabilização dos implantes em tecido cortical. Nestas
regiões, o contato direto favoreceu a neoformação óssea. O tratamento
superficial, como o recobrimento com hidroxiapatita pelo tratamento
biomimético proposto, pôde tornar o implante capaz de gerar estímulo à
atividade óssea, ou seja, promoveu a proliferação celular na superfície do
implante na região medular a partir do endósteo, que pôde ser observado
em alguns cortes histológicos.
Os achados deste estudo levam à conclusão que os
implantes com recobrimento tiveram melhor desempenho em relação à
porcentagem de neoformação óssea que os implantes sem recobrimento.
O processo biomimético parece ser uma alternativa simples e viável para
118
se obter recobrimentos osseocondutivos, como a hidroxiapatita, sobre
superfícies porosas de titânio.
Em relação à porcentagem de neoformação óssea, nas
condições experimentais deste estudo e com o tipo de
implante utilizado evidenciou que houve diferença significativa apenas no
período mais curto avaliado.
Finalmente, podemos concluir que a geometria da
superfície é um importante fator para o processo osseocondutivo. O
recobrimento influenciou a osseointegração apenas no período curto de
tempo, na metodologia apresentada. Contudo, o recobrimento dos
implantes parece ter influenciado de maneira significativa a força
necessária para a remoção dos implantes, observada no ensaio mecânico
de remoção.
119
7 CONCLUSÃO
Dentro das condições experimentais empregadas, foi
possível concluir que:
a) independente do tipo de implante, com ou sem
tratamento da superfície, houve osseointegração nos
três tempos de sacrifício (15, 30 e 45 dias);
b) no período de 15 dias, o grupo de implantes com
superfície tratada apresentou os melhores resultados
de neoformação óssea, estatísticamente diferentes,
quando comparados aos implantes sem tratamento.
c) implantes submetidos ao tratamento biomimético
apresentaram maior resistência ao deslocamento do
tecido ósseo do que os implantes apenas
sinterizados, quando avaliados pelo ensaio mecânico
de cisalhamento, independente do tempo de
sacrifício.
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Anexo A – Certificado do Comitê de Ética em Pesquisa.
136
Apêndice A - Dados da porcentagem de neofomação óssea
Quadro 5 – Valores médios da porcentagem de neoformação óssea em
18 coelhos, de acordo com os grupos (teste e controle) para
cada período de sacrifício.
Quantidade Dados Tempo(dias) Grupos
1 35.52 15 Teste
2 35.47 15 Teste
3 35.41 15 Teste
4 39.00 15 Teste
5 40.58 15 Teste
6 38.74 15 Teste
7 31.42 15 Controle
8 31.02 15 Controle
9 28.33 15 Controle
10 38.00 15 Controle
11 32.34 15 Controle
12 32.47 15 Controle
13 39.49 30 Teste
14 29.94 30 Teste
15 35.80 30 Teste
16 37.02 30 Teste
17 38.53 30 Teste
18 46.66 30 Teste
19 35.83 30 Controle
20 43.24 30 Controle
21 34.40 30 Controle
22 37.80 30 Controle
23 33.20 30 Controle
24 38.33 30 Controle
25 34.16 45 Teste
26 32.16 45 Teste
27 33.24 45 Teste
28 39.88 45 Teste
29 48.20 45 Teste
30 42.60 45 Teste
31 31.41 45 Controle
32 41.50 45 Controle
33 31.25 45 Controle
34 33.33 45 Controle
35 45.80 45 Controle
36 39.80 45 Controle
137
Apêndice B - Dados do ensaio de cisalhamento
Quadro 6 – Valores médios da tensão (MPa) em 18 implantes, de acordo
com os grupos (teste e controle) para cada período de
sacrifício
Quantidade Dados Tempo(dias) Grupos
1 8,95 15 Teste
2 7,66 15 Teste
3 9,19 15 Teste
4 5,1 15 Teste
5 5,91 15 Teste
6 6,99 15 Teste
7 5,42 15 Controle
8 9,03 15 Controle
9 6,13 15 Controle
10 11,74 15 Controle
11 3,15 15 Controle
12 2,7 15 Controle
13 22,59 30 Teste
14 21,6 30 Teste
15 17,16 30 Teste
16 16,84 30 Teste
17 21,27 30 Teste
18 15,97 30 Teste
19 9,7 30 Controle
20 15,27 30 Controle
21 11,91 30 Controle
22 15,11 30 Controle
23 14,84 30 Controle
24 10,47 30 Controle
25 18,8 45 Teste
26 16,86 45 Teste
27 25,21 45 Teste
28 15,74 45 Teste
29 20,14 45 Teste
30 20,11 45 Teste
31 22,7 45 Controle
32 21,8 45 Controle
33 14,8 45 Controle
34 7,72 45 Controle
35 10,3 45 Controle
36 16,6 45 Controle
138
MACHADO, ACP. In vivo biocompatibility of titanium implants submitted to
biomimetic process [thesis] – São José dos Campos: São José dos Campos
Dental School, São Paulo State University; 2008.
ABSTRACT
The purpose of this study is to define the coating on porous titanium implants
submitted to modified biomimetic process and to evaluate bone neoformation
inside the porous and around these implants when inserted in tibiae of rabbits.
One hundred and eighty pure titanium implants, fabricated by powder metallurgy,
were made. Ninety implants were pretreated with NaOH solution at 130ºC/1h and
submitted to the temperature of 200ºC/1h and immersed in modified simulated
body fluid for 14 days. The implants were inserted in 30 rabbits; each rabbit
received 3 treated implants in the left tibia and 3 untreated implants in the right
tibia. The animals were sacrificed after 15, 30, and 45 days of surgery and the
tibia fragments containing the implants were submitted to histological and
histomorphometric analyses and shear strength test. The microstructure analysis
of the samples was performed by scanning electron microscope (SEM), energy
dispersive spectrometry (EDS) and Raman spectroscopy; the bone neoformation
was evaluated by light microscopy (MO) and SEM comparing only sinterized
implants with those submitted to biomimetic treatment. The EDS indicated that
the implant surface after biomimetic treatment contained mainly calcium (Ca) and
phosphorous (P) in addition to the presence of titanium. The Raman
spectroscopy of the titanium implant, after biomimetic treatment, indicated the
formation of a hydroxyapatite layer due to the characteristic peak and of great
magnitude at 960cm
-1
. The MO and SEM images showed bone neoformation on
the interface bone-implant and inside the porous, including the most internal
ones. It was observed that the mean percentage of bone neoformation in the
treated implants for the three sacrifice periods were higher than the untreated
implants, statistically significant for the 15-day period. The mechanical test
showed that the coated implants were dislodged with higher tension than the
implants without coatings, this difference was significant. Therefore, it can be
concluded that the biomimetic treatment induced the formation of hydroxyapatite
on the implant surfaces and in relation to osseointegration, they presented better
performance then the implants without coating.
Key-words: titanium implant; porosity; biomimetric coatings; osseointegration.
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