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ESTUDO CLÍNICO DOS NEVOS MELANOCÍTICOS
CONGÊNITOS NA CRIANÇA E ADOLESCENTE
José Leonardo Rodrigues Machado
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Medicina
(Dermatologia), Faculdade de Medicina, da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como
parte dos requisitos necessários à obtenção do
título de Mestre em Medicina (Dermatologia).
Orientadora: Profª. Drª. Nurimar Conceição Fernandes
Rio de Janeiro
2008
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Machado, José Leonardo Rodrigues
Estudo clínico dos nevos melanocíticos congênitos
na criança e adolescente / José Leonardo Rodrigues
Machado. – Rio de Janeiro: UFRJ / Faculdade de
Medicina, 2008.
xiii, 80 f. : il. ; 29,7 cm.
Orientador: Nurimar Conceição Fernandes.
Dissertação (Mestrado) UFRJ / Faculdade de
Medicina / Dermatologia, 2008.
Referências : f. 66-72
1. nevo pigmentado. 2. nevo melanocítico. 3. nevo
melanocítico congênito. 4. melanoma. 5. criança. 6.
adolescente – Tese. I. Fernandes, Nurimar Conceição.
II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade
de Medicina. III. Título.
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ESTUDO CLÍNICO DOS NEVOS MELANOCÍTICOS CONGÊNITOS
NA CRIANÇA E ADOLESCENTE
José Leonardo Rodrigues Machado
Orientadora: Profª. Drª. Nurimar Conceição Fernandes
Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação em
Medicina (Dermatologia), Faculdade de Medicina, da Universidade Federal do Rio
de Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de
Mestre em Medicina (Dermatologia).
Aprovada por:
__________________________________________
Presidente, Profª. Drª. Lúcia Maria Soares de Azevedo
_________________________________________
Profª. Drª. Beatriz Moritz Trope
_________________________________________
Profª.Drª. Ana Lúcia Ferreira
Rio de Janeiro
Fevereiro/2008
iii
A Deus pela oportunidade de aprimorar minha
formação.
Aos meus pais, Mercês e Antônio, que sempre me
apoiaram, principalmente nos momentos mais difíceis,
fazendo com que a caminhada parecesse mais leve.
Mãe, obrigado por ser o meu grandioso exemplo de
vida!
A minha noiva Ana Paula, pela compreensão, carinho,
atenção e incentivo dados a cada passo de minha
carreira. O seu amor se faz presente e necessário a
cada dia.
Dedico este trabalho a vocês, que são as pessoas mais
importantes da minha vida e que eu tanto amo!
iv
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos que de certa forma contribuíram na realização deste
trabalho, em especial:
À orientadora e Profª. Nurimar C. Fernandes por aceitar que eu fizesse
parte deste projeto. Sua conduta como profissional teve uma grande importância
na minha formação e escolha pela Dermatologia. Obrigado por não somente
participar ativamente em todos os momentos deste trabalho de maneira
incansável, mas também por estar sempre disponível para ensinar. A senhora é
uma grande mestra.
Às professoras Lúcia Maria Soares de Azevedo, Ana Lúcia Ferreira e
Beatriz Moritz Trope por aceitarem fazer parte da banca examinadora
À Professora Iara Vieira Porto de Souza, pela revisão feita com o mesmo
entusiasmo, competência e carinho com que dedicou sua vida a lecionar a língua
portuguesa.
Ao Dr. Benjamim Baptista de Almeida que com o seu trabalho,
determinação e competência provou ser um verdadeiro mestre na arte de ensinar
Dermatologia aos jovens residentes do HGB.
À Dra. Angélica de Oliveira Gonçalves pela ajuda inestimável, que tornou
possível esta caminhada.
À estatística Rosângela, pela enorme ajuda na análise dos resultados.
Às minhas sobrinhas Louísie e Caroline que sempre se dispuseram a
ajudar nos pequenos detalhes tão importantes para o acabamento final.
Às crianças, aos adolescentes e seus responsáveis por tornarem possível
a realização desta dissertação.
v
RESUMO
ESTUDO CLÍNICO DOS NEVOS MELANOCÍTICOS CONGÊNITOS NA
CRIANÇA E ADOLESCNTE
Dr. José Leonardo Rodrigues Machado
Orientadora: Profª. Drª Nurimar Conceição Fernandes
Resumo da Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-
Graduação em Medicina (Dermatologia), Faculdade de Medicina, da Universidade
Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos necessários à
obtenção do título de Mestre em Medicina (Dermatologia).
Fundamentos: O risco de malignização de um nevo melanocítico congênito
(NMC) é maior nos gigantes, durante a infância e adolescência. A raridade dos
NMC e a diversidade de classificações contribuem para a indefinição da
magnitude do risco de malignização nestas lesões. Sabe-se, entretanto, que este
risco é maior nos NMC grandes e gigantes durante a infância. A decisão
terapêutica leva em consideração a idade, tamanho, risco de malignização,
complexidade cirúrgica, risco da anestesia e aspectos estéticos, sendo polêmica a
busca da abordagem adequada. Objetivos: Analisar o perfil clínico dos NMC em
crianças e adolescentes no Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira
segundo sexo, cor, idade atual, tipo clínico, localização, evolução, tempo de
acompanhamento clínico e conduta. Material e métodos: Estudo de coorte
prospectivo e retrospectivo através do exame dermatológico de crianças (0 – 9
anos) e adolescentes (10 – 19 anos) com nevo melanocítico congênito no período
de janeiro de 1994 até janeiro de 2007. A amostra foi aleatória e definida por
demanda espontânea e referida de nevos detectados ao nascimento ou até dois
anos de idade. O diagnóstico foi clínico, predominantemente, e a inclusão na
investigação foi realizada após consentimento escrito e assinado. Os pacientes
foram acompanhados e revistos ambulatorialmente com intervalo médio de 6
meses. Resultados: A amostra constituiu-se de 60 crianças e adolescentes,
sendo 10 (16,7%) brancos do sexo masculino, 15 (25%) não brancos do sexo
masculino, 15 (25%) brancas e 20 (33,3%) não brancas. Foram observados no
total 74 nevos: 45 NMCs pequenos (60,8%), 20 NMC médios (27,1%), 4 NMCs
grandes (5,4%) e 5 NMC gigantes (6,7%), sendo que 33 (44,7%) no sexo
masculino, 41 (55,3%) no sexo feminino, 34 (45,8%) em brancos e 40 (54,2%) em
não brancos. As variáveis sexo e cor não influíram no tipo clínico. Dentre os
nevos pequenos e médios, 18 (27, 7%) se localizaram no tórax, 15 (23%) na
cabeça e pescoço, 12 (18,4%) no abdômen e virilha, 11 (17%) no membro
inferior, 8 (12,4%) no membro superior e 1 (1,5%) na genitália. Dos NMC grandes,
3 tinham como localização a coxa e um apresentava-se na mão e membro
superior. Em relação aos NMCs gigantes encontramos: calção de banho; membro
inferior; dorso, peitoral e ombro; couro cabeludo; couro cabeludo, pescoço e parte
vi
superior do dorso. Dentre os 74 nevos estudados, 21 (28,3%), foram seguidos por
mais de 10 anos, 35 (47,3%) entre 3 e 9 anos e 18 (24,4%) por tempo inferior a 3
anos Dos 74 nevos observados 17 (23%) foram submetidos à exérese e 57
(77%) à conduta expectante. Não foi encontrado nenhum caso de melanoma. Nos
17 NMCs médios, 16 mantiveram-se inalterados e um regrediu totalmente,
localizado no couro cabeludo. O clareamento da lesão foi observado em 1 NMC
grande e 2 NMC gigantes Conclusão: O perfil dos NMCs estudados revelou
distribuição homogênea entre brancos/não brancos e sexos masculinos/feminino.
O sexo e a cor não influenciaram o tipo clínico. Os NMCs pequenos
predominaram com localização preferencial no tronco e não foi observado
nenhum caso de melanoma no tempo de acompanhamento. Mais estudos e um
protocolo de atendimento ao portador de NMC é fundamental e necessário para a
melhor definição do risco de malignização e conduta terapêutica.
Palavras-chave: nevo pigmentado, nevo melanocítico, nevo melanocítico
congênito, melanoma, criança e adolescente
Rio de Janeiro
2007
vii
ABSTRACT
CLINICAL STUDY OF THE CONGENITAL MELANOCYTIC NEVUS IN THE
CHILD AND TEENAGER
Dr. José Leonardo Rodrigues Machado
Orientadora: Profª. Drª Nurimar Conceição Fernandes
Resumo da Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-
Graduação em Medicina (Dermatologia), Faculdade de Medicina, da Universidade
Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos necessários à
obtenção do título de Mestre em Medicina (Dermatologia).
Theoretical Basis: The risk of malignancy on congenital melanocytic nevus
(CMN) is greater during childhood and adolescence in the giant ones. The precise
magnitude of this risk is unknown and the data are controversial as well as the
classification. The therapeutic decision takes into consideration the age, the size,
the risk of malignization and anesthesia, surgical approach and aesthetic features.
The management controversy of congenital melanocytic nevus is a classical
problem. Objectives: To analyse the clinical profile of the congenital melanocytic
nevus in children and teenagers at Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão
Gesteira, according to sex, ethnic group, age, clinical type, distribution, follow-up
and management. Methodology: Prospective and retrospective cohort study
through dermatological exam of children (0 – 9 years old) and teenagers (10 – 19
years old) from January 1994 to January 2007. The sample was defined by
spontaneous and referal demand of patients with a nevus already observed by
birth or until two years old. The diagnosis was mainly clinical and the investigation
was carried out after written and signed consent. The patients are reviewed at 6
months intervals. Results: 10 (16,7%) white male, 15 (25%) non-white male, 15
(25%) white female and 20 (33,3%) non-white female; 45 small CMN (60,8%), 20
medium CMN (27,1%), 4 large CMN (5,4%) and 5 giant CMN (6,7%), being 33
(44,7%) in the male and 41 (55,3%) in the female. There were 34 nevi (45,8%) in
white and 40 nevi (54,2%) in non-white. Sex and ethnic group didn’t influence the
clinical type. Among the small and medium nevi, 18 (27,7%) were in the trunk, 15
(23%) in the head and neck, 12 (18,4%) in the abdomen and groin, 11(17%) in the
leg, 8 (12,4%) in the arm and 1 (1,5%) in the genitals. Three large CMN were in
the thigh and one on the hand and arm. The areas of the 5 giant CMN were:
bathing trunk, leg, back, pectoral and shoulder; scalp, neck and superior part of
the back. The follow-up of the 74 nevi was variable: 21 ( 28,3%) more than 10
years; 35 ( 47,3%) between 3 and 9 years and 18 ( 24,4%) less than 3 years. Out
of 74 nevi, 17 (23%) were submitted to ressection and 57 (77%) to observation.
No cases of melanoma were found; 16 medium CMN are unchanged and one on
the scalp showed complete involution. The fading of the lesion was observed in
viii
one large CMN and in 2 giant ones. Conclusion: The CMN profile revealed an
homogeneous distribution among white/ non-white and male/ female. The sex and
the ethnic group didn’t influence the clinical type. The small CMN was the most
frequent clinical type mainly in the trunk. One protocol of attendance to these
pacients are fundamental and necessary to the definition of the risk of
malignization and therapeutic management.
Key-words: pigmented naevi, melanocytic nevus, congenital melanocytic nevus,
melanoma, child and teenager.
Rio de Janeiro
2007
ix
SUMÁRIO
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS.............................................XI
LISTA DE ILUSTRAÇÕES E DE TABELAS .....................................XII
1 INTRODUÇÃO.............................................................................14
2 OBJETIVOS.................................................................................16
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...................................................17
3.1 HISTOGÊNESE.............................................................................................17
3.2 APRESENTAÇÃO CLÍNICA ..............................................................................18
3.3 APRESENTAÇÃO HISTOLÓGICA ......................................................................21
3.4 NEVO MELANOCÍTICO CONGÊNITO E MORBIDADES ASSOCIADAS........................23
3.4.1 Acometimento neurológico..................................................................23
3.4.2 Da possibilidade de transformação maligna........................................25
3.4.3 Anormalidades associadas:.................................................................33
3.4.4 Implicações relacionadas ao aspecto estético.....................................34
3.5 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ..........................................................................34
3.5.1 Mancha mongólica: .............................................................................34
3.5.2 Mancha café-com-leite: .......................................................................35
3.5.3 Lentigo simples:...................................................................................35
3.5.4 Nevo epidérmico:.................................................................................35
3.5.5 Nevo sebáceo:.....................................................................................36
3.5.6 Nevo de Becker congênito:..................................................................36
3.6 TERAPÊUTICA..............................................................................................37
3.6.1 NMC grande e gigante.........................................................................37
3.6.1.1 Remoção cirúrgica profilática...........................................................37
3.6.1.2 Curetagem .......................................................................................38
3.6.1.3 Dermabrasão ...................................................................................38
3.6.1.4 Laser................................................................................................39
x
3.6.2 NMC médio..........................................................................................39
3.6.3 NMC pequeno .....................................................................................39
3.6.4 Conduta expectante. ...........................................................................40
4 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................41
4.1 FORMA DE APRESENTAÇÃO...........................................................................41
4.2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..............................................................................41
4.3 APROVAÇÃO DO PROJETO ............................................................................42
4.4 L
OCAL DO ESTUDO.......................................................................................42
4.5 N
ATUREZA DO ESTUDO.................................................................................42
4.6 DESENHO DO ESTUDO E AMOSTRAGEM..........................................................42
4.7 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO ..............................................................................43
4.8 MÉTODOS...................................................................................................43
4.9 DADOS DE IDENTIFICAÇÃO E VARIÁVEIS COLETADAS ATRAVÉS DA FICHA
DE PROTOCOLO
:..........................................................................................44
4.10 ANÁLISE ESTATÍSTICA...................................................................................44
5 RESULTADOS.............................................................................45
6 DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA...........................................51
7 DISCUSSÃO................................................................................56
8 CONCLUSÃO ..............................................................................65
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA ....................................................66
ANEXOS.............................................................................................73
Anexo 1 Termo de consentimento ................................................................73
Anexo 2 Ficha protocolo ...............................................................................74
Anexo 3 Planilha dos casos estudados segundo as variáveis .......................77
xi
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ABNT
Associação Brasileira de Normas Técnicas
CEP
Comitê de Ética e Pesquisa
CEPG
Conselho de Ensino para Graduados
Ex
Exemplo
HUCFF
Hospital Universitário Clementino Fraga Filho
IBGE
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IPPMG
Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira
NMC
Nevo melanocítico congênito
OMS
Organização Mundial de Saúde
RN
Recém-nascido
SiBI
Sistema de Biblioteca e Informação
SUS
Sistema Único de Saúde
UFRJ
Universidade Federal do Rio de Janeiro
xii
LISTA DE ILUSTRAÇÕES E DE TABELAS
Figura 1 Distribuição dos nevos segundo tipo clínico........................................46
Fotografia 1 NMC pequeno (paciente 3 ).............................................................51
Fotografia 2 NMC médio (paciente32) .................................................................51
Fotografia 3 NMC médio com área de vitiligo (paciente 33).................................52
Fotografia 4 NMC grande (paciente 55)...............................................................52
Fotografia 5 NMC grande (paciente 53)...............................................................53
Fotografia 6 NMC gigante com áreas de clareamento (paciente 57)...................53
Fotografia 7 NMC gigante em calção de banho (paciente 56) .............................54
Fotografia 8 NMC gigante (paciente 60) ..............................................................54
Fotografia 9 MC gigante com áreas de clareamento (paciente 58)......................55
Tabela 1 Classificações adotadas para NMC grande /gigante
segundo autor e ano de publicação .................................................19
Tabela 2 Percentual de malignização dos NMC grande/gigante
segundo autor e ano de publicação: ................................................28
Tabela 3 Distribuição do número de casos segundo a faixa etária.................45
Tabela 4 Distribuição do número de casos segundo cor e sexo.....................45
Tabela 5 Distribuição do número de nevos segundo sexo e tipo
clínico...............................................................................................46
xiii
Tabela 6 Distribuição do número de nevos segundo cor e tipo clínico ...........47
Tabela 7 Distribuição dos nevos pequenos e médios segundo
localização .......................................................................................48
Tabela 8 Distribuição dos nevos segundo tempo de acompanhamento
clínico...............................................................................................49
Tabela 9 Distribuição dos nevos segundo conduta.........................................49
Tabela 10 Distribuição dos NMC em relação ao desfecho no período
de observação no IPPMG................................................................50
Tabela 11 Número de nevos estudados por autor e ano de publicação
com metodologia semelhante à desta investigação.........................56
Tabela 12 Estudos de prevalência de melanoma em NMC ..............................64
1 INTRODUÇÃO
O nevo melanocítico congênito ocorre na maioria das vezes de modo
esporádico na população e trata-se de uma proliferação nevomelanocítica
benigna presente ao nascimento. Pode não estar aparente ao exame clínico do
recém-nascido devido à falta de pigmento visível (NMC tardio). Este nevo tardio
desenvolve pigmento de forma lenta e com o tempo, se torna visível, na maioria
das vezes, durante os dois primeiros anos de vida. Suas características clinicas e
histológicas são indistinguíveis do nevo melanocítico congênito típico.
Aproximadamente 1% dos neonatos tem NMC e destes 1/20.000 tem
nevo maior que 10 cm em estudo com 500.000 neonatos (TANNOUS, 2005;
GRICHNIK, 2003). No NMC do tipo calção de banho a incidência é de 1 para
cada 500.000 recém-nascidos (MENDES, 2003).
As estimativas sobre a magnitude do risco de transformação em
melanoma variam muito. O risco de melanoma depende do tamanho do nevo e é
maior nos gigantes durante a infância e adolescência (CASTILHA, 1981).
Considerando a escassez das publicações sobre nevo melanocítico
congênito em nosso meio, o percentual de transformação maligna ainda não estar
definitivamente estabelecido e a abordagem ótima ser controversa, elaboramos
este projeto que teve como objetivo analisar o perfil clínico dos nevos
melanocíticos congênitos na criança e adolescência no Instituto de Puericultura e
Pediatria Martagão Gesteira (UFRJ). É uma instituição acadêmica voltada ao
atendimento especializado dos problemas de saúde na infância, tendo-se
15
moldado, ao longo do tempo, em hospital de referência para atendimento de
condições clínicas complexas e menos freqüentes, sem contudo perder de vista a
importância e a necessidade de desenvolver atividades assistenciais ligadas à
atenção primária.
Mensalmente são realizados no IPPMG aproximadamente nove mil
atendimentos de crianças e adolescentes em regime ambulatorial e, grande parte
destes por problemas cutâneos. Desde 1994, a professora Nurimar C. Fernandes
implementou um protocolo de atendimento para os NMC em crianças e
adolescentes (demanda referida e espontânea) em duas sessões semanais no
ambulatório de Dermatologia Pediátrica. A média anual de consultas nestes
ambulatórios é de 1400 pacientes. Portanto, ao longo dos anos, o IPPMG
acumulou uma casuística de pacientes portadores de NMCs, incluindo os grandes
e gigantes tão raros na população. Este fato mereceu nossa especial atenção e
veio de encontro ao nosso interesse de estudar os nevos melanocíticos
congênitos.
2 OBJETIVOS
Analisar o perfil clínico dos nevos melanocíticos congênitos na criança e
adolescente matriculados no Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão
Gesteira (UFRJ) segundo: sexo, cor, idade, tipo clínico pela classificação de Ruiz-
Maldonado (2004), localização, tempo de acompanhamento clínico, conduta e
evolução.
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3.1 Histogênese
Devido à natureza contígua dos nevos melanocíticos congênitos que
atingem pálpebra superior e inferior, pode-se concluir que o nevo já estaria
presente antes da abertura das pálpebras. As pálpebras se formam em 5-6
semanas, se fundem na oitava semana e reabrem durante o sexto mês uterino.
Os melanócitos aparecem na pele fetal por volta de 40 dias. O NMC forma-se,
portanto, após este período e antes do sexto mês uterino, ou seja, entre a nona e
vigésima semana (TANNOUS, 2005).
Durante a embriogênese, um erro morfogênico no neuroectoderma
resultaria em crescimento desordenado dos melanoblastos (precursores dos
melanócitos). Aliado a este fato, os melanoblastos migrariam da crista neural para
as leptomeninges e tegumento com padrão desordenado. Uma mutação no gene
N-ras pode ser responsável por esta proliferação anormal. Os melanoblastos
chegam à epiderme por volta da sexta à décima semana de vida fetal. Eles se
diferenciam em melanócitos maduros na junção dermo-epidérmica. Se esta
proliferação anormal ocorrer cedo na embriogênese, a distribuição dos
melanoblastos mutados irá cobrir grandes áreas, produzindo uma lesão bem larga
e profunda. Os componentes dérmicos e subcutâneos deste nevo congênito
grande são formados pelo excesso de melanócitos da crista neural. (TOSHIAKI,
2006; KRENGEL, 2005; BOISSY, 1988). Se a proliferação anormal começar em
18
momentos mais tardios do desenvolvimento embriogênico, ou seja, depois deles
alcançarem à junção, a lesão resultante será de tamanho moderado a pequeno.
Quanto mais tarde a proliferação começar, menor será o tamanho do nevo. O
tamanho do nevo será bem pequeno se a proliferação começar logo após o
nascimento, assim como no nevo melanocítico adquirido que se desenvolve após
o nascimento. Tal patogênese comum do nevo melanocítico congênito pequeno e
do nevo adquirido poderia explicar sua similaridade clínica e histopatológica.
Ambos são causados por proliferação temporariamente acelerada de melanócitos
epidérmicos situados na junção dermo-epidérmica pouco antes ou depois do
nascimento. Até mesmo no NMC de tamanho grande, o evento essencial é a
proliferação acelerada, mas limitada dos melanoblastos (TOSHIAKI, 2006).
3.2 Apresentação clínica
Durante a revisão da literatura, observamos muitas controvérsias na
classificação dos nevos melanocíticos congênitos ao longo do tempo. Podem ser
classificados segundo o diâmetro alcançado ou previsto para a idade adulta, em
relação percentual ao tamanho do corpo, ou ainda pela ressecabilidade cirúrgica
(ZAAL, 2004). (Tabela 1)
19
Tabela 1 Classificações adotadas para NMC grande /gigante segundo autor e
ano de publicação
Autor, Ano Classificação
Greeley, 1965 Maior ou igual a 900 cm2 no tronco ou extremidade; lesões
menores que envolvam totalmente a órbita ou a maior parte
da face ou mão.
Zitelli, 1984 Maior ou igual a 120 cm2
Quaba, 1986 Maior ou igual a 2% da área de superfície corporal
Swerdlow, 1995 Maior ou igual a 5% da área de superfície corporal
Barnhill, 1995 Maior do que 10 cm
DeDavid, 1997 Aquele que seria esperado ter um diâmetro maior que 20 cm
na idade adulta
Egan, 1998 Maior ou igual a 5% da área de superfície corporal em
lactentes e crianças; maior ou igual a 20 cm de diâmetro em
adolescentes e adultos.
Bittencourt, 2000 Maior ou igual a 20 cm no maior diâmetro em adultos ou
lesão na criança em que prevemos atingir este tamanho na
idade adulta.
Bohn, 2000 Maior ou igual a 5% da área de superfície corporal
Grichnik, 2003 Maior ou igual a 20 cm
Mendes, 2003 Maior ou igual a 20 cm; 30% ou mais da superfície corpórea.
A classificação que nos parece melhor por ser mais fácil de ser usada
clinicamente e que a maioria dos trabalhos adota é a seguinte (RUIZ-
MALDONADO, 2004):
NMC pequeno – se menor que 1,5 cm.
NMC médio – 1,5 até 10 cm.
20
NMC grande – 11 até 20 cm
Os maiores de 20 cm podem ser classificados em gigantes ou muito
grandes.
Devemos sempre levar em consideração que vários sítios anatômicos
aumentam em proios 1Uc2 ç
21
Outra característica notada mais recentemente é o desenvolvimento de
erosões ou ulcerações nos NMC grandes ou gigantes de recém-nascidos. Apesar
de o desenvolvimento destas erosões ou ulcerações significarem possível
transformação maligna em crianças mais velhas e em adultos, nenhuma delas
costuma corresponder a melanomas nos recém-nascidos. (MAKKAR, 2002).
O NMC grande ou gigante ocorre esporadicamente e parece mais comum
em meninas. Quase sempre ocorre na parte posterior do tronco e em raros casos
pode ocupar mais de 50% da superfície corporal (MAKKAR, 2002).
Recentemente, foi proposto que o nevus spilus integrasse o espectro dos
NMCs e pode ser congênito ou adquirido. Quase sempre uma mácula café-com-
leite é evidenciada ao nascimento ou na infância e os nevos característicos nesta
área aparecem mais tarde. Este fato explica a prevalência do nevus spilus nos
adultos ser 2,3%, enquanto a prevalência em recém-nascidos ser de 0,2%.
Exceto durante as fases iniciais da infância, quando alguns nevos melanocíticos
congênitos podem crescer rapidamente, a maioria deles cresce na proporção do
crescimento da criança. (TOSHIAKI, 2006)
3.3 Apresentação histológica
Foram observados alguns detalhes na histopatologia do nevo
melanocítico congênito que ajudariam a diferenciá-lo do nevo melanocítico
adquirido, mas que devem ser utilizados sempre associados ao tempo de
aparecimento do nevo, pois as características histológicas de ambos são muito
parecidas. O nevo melanocítico congênito é primariamente um diagnóstico clínico
22
e a sua presença ao nascimento ou imediatamente após, conclui o diagnóstico
(TANNOUS, 2005; CLEMMENSEN, 1988):
1. Nevomelanócitos entre as fibras colágenas da derme reticular.
2. Nevomelanócitos nos 2/3 inferiores da derme e dentro do tecido
subcutâneo.
3. Nevomelanócitos ao redor e dentro dos folículos pilosos, glândulas
sebáceas, aparato écrino, parede de vasos e nervos.
4. Distribuição perivascular e perifolicular de nevomelanócitos
simulando reação inflamatória como eritema figurado
5. Arrector pilli, que pode estar alargado, distorcido e infiltrado.
6. Maior variedade na arquitetura e morfologia celular.
Tanto o NMC quanto o adquirido consistem de melanócitos, que
proliferam, inicialmente na junção dermoepidérmica, onde as células se
acumulam, podendo atingir até a derme superficial. Com menor frequência, as
células névicas também proliferam no tecido dérmico mais profundo. Este aspecto
é geralmente ausente ou muito limitado no nevo adquirido e mais pronunciado no
congênito, no qual as células permeiam a derme profunda podendo se estender
ao subcutâneo e tecidos mais profundos do corpo. O tamanho do nevo é
geralmente proporcional à profundidade de penetração das células e ao numero
total de nevomelanócitos presentes. Com a passagem do tempo, a parte juncional
da lesão gradualmente desaparece e forma-se um nevo dérmico. Porém, nem
todos os NMC se comportam desta forma na histologia. A maior parte dos NMC
grandes ou gigantes apresenta estas características em algumas áreas e os
pequenos não necessariamente. (TROMBERG, 2005; ZAAL, 2004; DAVID, 2004;
PASCHOAL, 2002).
23
3.4 Nevo melanocítico congênito e morbidades associadas.
Pode-se afirmar que os quatro principais problemas relacionados com o
nevo melanocítico congênito, sobretudo o nevo gigante são: o acometimento
neurológico, a possibilidade de transformação maligna, as anormalidades
associadas e as implicações relacionadas ao aspecto estético.
3.4.1 Acometimento neurológico
A melanose neurocutânea é uma desordem congênita rara, também
chamada de melanocitose de leptomeninge, na qual a leptomeninge contém
montantes excessivos de melanócitos e melanina. Embriologicamente representa
uma morfogênese aberrante do neuroectoderma embrionário.
Pacientes com NMC grande/gigante ou múltiplos (três ou mais nevos
maiores que 2 cm, mesmo na ausência de um NMC grande dominante) no
pescoço, cabeça ou linha média posterior estão em risco aumentado para o
desenvolvimento da doença. Pesquisas recentes sugerem que outro fator de risco
importante seria a presença de mais de 20 lesões satélites (BETT, 2006;
MARGHOOB, 2004).
Quanto ao quadro clínico, a melanose neurocutânea pode ser sintomática
ou assintomática. Quando sintomática, o prognóstico é muito pior, pois as
manifestações neurológicas aparecem geralmente antes dos dois anos, incluindo
letargia, irritabilidade, vômitos, crises convulsivas generalizadas e fotofobia.
Hidrocefalia foi descrita em 64% dos casos, ocorrendo como resultado de uma
obstrução do fluxo do fluido cérebro-espinhal pelo acúmulo de células
24
melanocíticas nas cisternas subaracnóideas basais (RICHARDSON, 2002).
Portanto, sinais e sintomas de aumento da pressão intracraniana podem ou não
estar relacionados à presença de malignidades. Complicações iniciadas na
segunda ou terceira décadas de vida também foram descritas e incluem: sinais de
lesões expansivas, aumento de pressão intra-craniana e compressão medular
(BITTENCOURT, 2000)
Estudos podem ser feitos com citologia do líquor e RNM. A RNM deve ser
feita nas primeiras 4 a 6 semanas de vida antes que a mielinização normal do
cérebro obscureça os depósitos de melanina (MARGHOOB, 2002). Pacientes
com melanocitose sintomática, devem ser submetidos à RNM para determinar se
são candidatos à intervenção médica (isto é, colocação de “shunt”
ventriculoperitoneal, excisão cirúrgica, radioterapia, interferon, quimioterapia, ou
retinóides) para aliviar os sintomas. (MARGHOOB, 2002).
Melanoma primário do SNC é o resultado da degeneração maligna destes
melanócitos. A estimativa é de que 40 a 62% dos pacientes poderão desenvolver
melanoma em leptomeninge, portanto naqueles pacientes com melanocitose, o
risco de desenvolvimento de melanoma é maior no SNC do que na pele.
Embora melanocitose neurocutânea sintomática seja rara, só
recentemente ficou claro que a forma assintomática é mais comum do que se
imaginava ou se diagnosticava. Através da ressonância magnética, percebeu-se
que 25% das crianças com NMC grande e neurologicamente assintomáticas
tinham sinais focais na ressonância magnética atribuíveis à melanina em
leptomeninges ou parênquima cerebral. O prognóstico destes pacientes ainda não
é sabido, mas seguimento de cinco anos evidenciou que a maioria se mantém
assintomática. (FOSTER, 2001; RUIZ-MALDONADO, 1997; FRIEDEN, 1994).
25
Portanto, na prática, uma RNM positiva não excluiria uma cirurgia
profilática de exérese do NMC, exceto quando se desenvolvem sintomas
neurológicos ou haja envolvimento extenso do SNC. Não se faz cirurgia profilática
nos nevos de crianças sintomáticas devido ao seu prognóstico pobre. (MAKKAR,
2002).
Foster (2001) estudou 46 NMC grandes de localização em cabeça e
pescoço e 11% evidenciaram RNM positiva para melanocitose sendo
assintomáticos no momento do estudo. Hale (2005) observou 205 pacientes com
NMC grande/gigante sendo 17 (8,3%) portadores de melanocitose, 9 (4,4%)
sintomáticos e 8 (3,9%) assintomáticos.
Os pacientes com melanocitose assintomática devem ser monitorados
para quaisquer sinais ou sintomas de aumento de PA intracraniana, lesão de
massa ou compressão de medula e se possível, RNM semestrais ou anuais. Não
se sabe o prognóstico em longo prazo destes pacientes.
3.4.2 Da possibilidade de transformação maligna
Um dos problemas mais temidos ocasionados pelo nevo melanocítico
congênito é sua transformação maligna para melanoma. O prognóstico de um
caso de melanoma é grave e não há predileção racial. Outras malignidades
incluindo rabdomiossarcoma e lipossarcoma foram relatados. (JERDAN, 1985)
A ocorrência de melanoma (não somente relacionado ao NMC), antes da
puberdade corresponde a 1-3% do total de malignidades pediátricas e a 0,3-0,4%
do total de casos de melanoma em seres humanos. Em relação ao sexo, o
26
melanoma pré-puberal mostra-se mais comum em meninos (3:1) (MENDES,
2003; RICHARDSON, 2002).
O melanoma pré-puberal pode ser classificado segundo sua origem em:
1. Oriundo do NMC
2. De lesão cutânea outra além do NMC (casos em que não se
conseguiu definir ou caracterizar a lesão inicial como NMC através
da anamnese, síndrome dos nevos displásicos, xeroderma
pigmentoso)
3. De novo (oriundo de pele sem lesão)
4. Transplacentário (Doença materna transmitida para o feto relatada
em 3 casos na literatura).
A localização anatômica de lesões cutâneas diagnosticadas como
melanoma pré-puberal se distribuem principalmente em cabeça e pescoço e
estima-se que 20 – 40% são oriundos do NMC grande ou gigante (MENDES,
2003; GRICHNIK, 2003; RICHARDSON, 2002), pela grande probabilidade de
desenvolvimento da doença nestas lesões extensas, pois há maior número
absoluto de melanócitos. Em metade dos casos a transformação maligna ocorre
nos primeiros 3 anos e 60% durante a primeira década. Segundo Krengel (2006)
a idade média do diagnóstico de melanoma oriundo de um nevo congênito
grande/gigante foi de 7 anos, confirmando o risco máximo de transformação
maligna na infância e adolescência. (RICHARDSON, 2002).
Trozak (1999) mostrou que estes casos de melanoma oriundo dos NMC
grandes ou gigantes são caracterizados por metastatização rápida e disseminada,
com óbito ocorrendo em 2 a 3 anos após o diagnóstico. Segundo Krengel (2006)
a proporção de casos fatais de melanomas orindos de NMC grandes/gigantes é
27
maior nos nevos em calção de banho. (MARGHOOB, 1996; GARI, 1988;
HENDRICKSON, 1981).
Porém, estudos têm mostrado um declínio progressivo na transformação
maligna dos NMCs. Entre os fatores relacionados destacam-se o maior uso de
protetores solares, visto que as queimaduras solares aumentam o risco de
transformação maligna dos nevos e a melhora nas técnicas anestésicas e
cirúrgicas, que levou um maior número de pacientes a exérese profilática.
(MARGHOOB, 1996; GARI, 1988; HENDRICKSON, 1981)
O risco de transformação maligna nos nevos melanocíticos congênitos, de
um modo geral, varia de 5 – 40% (TANNOUS, 2005) e 4,5 – 10 % (MARGHOOB,
2002).
Há muitas controvérsias sobre o percentual de malignização dos nevos
melanocíticos congênitos grandes/gigantes e são mostradas na tabela que segue:
28
Tabela 2 Percentual de malignização dos NMC grande/gigante segundo autor
e ano de publicação:
Autor, ano %
Tromberg, 2005. 4,5 - 10%
Zaal, 2004. 1 – 31%
Leech, 2004. 4 - 42%
Makkar, 2003. 5 -15%
Grichnik, 2003 6,3%
Maia, 2003 6,3%
Mendes, 2003. 2 – 13%
Bittencourt, 2000 2,3%
Egan, 1998 4,3%
DeDavid, 1997 12%
Barnhill, 1995. 6,3 – 14%
Hori, 1989 4,5%
Gari, 1988 2%
Quaba e Wallace, 1986. 8,52%
Arons , 1983 0%
Kopf , 1979 12%
Lorentzen, 1977 2%
Greeley, 1965 11%
Conway, 1939 10%
Estes melanomas primários podem ocorrer no NMC ou dentro do SNC
(decorrentes da melanocitose). Apesar de a maioria dos pacientes com NMC
29
grande apresentar muitas lesões satélites, não foi descrito nenhum melanoma
nestes sítios. Quando o melanoma se desenvolve dentro de um NMC grande,
geralmente ocorre naqueles nevos de localização axial. A ausência de casos de
melanoma em NMC grandes localizados em extremidades sugere que tal nevo
representa lesão de baixo risco (WATT, 2004).
Estima-se que 23% dos pacientes com NMC grande e melanoma
metastático, teria o próprio nevo como sítio primário (MARGHOOB, 2002).
A literatura sobre a malignização de NMC pequenos e médios é escassa
e controversa, mostrando a necessidade de mais pesquisas nesta área. Kopf
(2000)
e Illig (1985) consideram rara a transformação de nevo congênito pequeno
e recomendam a observação contínua como medida suficiente. Entretanto,
Rhodes (1982)
avaliou extensa casuística de melanoma cutâneo e demostrou que
o nevo melanocítico congênito pequeno foi causa de transformação em 8,1% dos
casos, com comprovação histológica, e em 14,9% deles com história clínica.
Esses dados permitiram aos autores estimar o risco cumulativo para melanoma
entre 2,6% e 4,9% para pessoas com nevo melanocítico congênito pequeno que
vivam até a idade de 60 anos. O fato de o nevo melanocítico congênito pequeno
ser muito mais freqüente do que o gigante e muitas vezes múltiplo permite
concluir que seu potencial de malignidade deve ser de maior importância prática
do que o do nevo gigante. Maia (2003) estudou 204 pacientes com melanoma e
44 (21,6%) resultaram da transformação de um NMC pequeno. Nenhum caso
ocorreu antes dos vinte anos e não houve uma faixa etária preferencial de
transformação. Mackie (1991) estudou 95 pacientes com melanoma na idade de
30 anos, encontrou quarenta e dois (44%) oriundos de nevos pequenos presentes
ao nascimento ou antes dos 2 anos de idade. Sahin (1998) avaliou o risco de
30
ocorrência de melanoma nos nevos melanocíticos congênitos de tamanho médio:
230 nevos em 227 pacientes, acompanhados durante 6-7 anos ( média 5,8 anos)
até a idade de 25,5 anos ( média 19,1 anos), não mostraram evolução para
melanoma. Nos estudos de Berg e Lindelof (2003) 3922 nevos menores que 10
cm (pequenos e médios) foram acompanhados por 10 anos e nenhum melanoma
foram detectados.
No período 1993/2003, 65 casos de melanoma cutâneo foram estudados
no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho e em oito casos houve relato de
nevos melanocíticos desde a infância precedendo a lesão maligna. Não foi
possível avaliar se eram congênitos ou adquiridos. Os tipos histológicos foram
definidos como nodular (2), expansivo superficial (3), desmoplásico (1), restos de
nevo melanocítico (1), não classificado (1). (Fernandes, 2005)
Diferentemente do desenvolvimento de melanoma no NMC grande, que
ocorre antes da puberdade, melanoma em nevos pequenos e médios geralmente
se desenvolve após a puberdade (HORI, 1989; ILLIG, 1985; HENDRICKSON,
1981).
A origem do melanoma pode ser nos melanócitos localizados em
qualquer nível entre a junção dermo-epidérmica e as meninges. Os nevos
melanocíticos pequenos e médios apresentam células névicas confinadas às
camadas superiores da derme, originando melanomas na junção dermo-
epidérmica ou na periferia do nevo. Os melanomas que vem da junção dermo-
epidérmica são mais facilmente reconhecidos ao exame clinico, pois qualquer
modificação é mais facilmente percebida. Em contrapartida, mais de dois terços
dos melanomas oriundos do nevo gigante se desenvolvem a partir da derme, isto
é, de componentes mais profundos e as alterações na superfície podem ser mais
31
tardias e, geralmente, quando a doença está mais avançada. A superfície
lobulada e verrucosa do NMC gigante também tornam difícil a detecção precoce
do melanoma.
A malignização se apresenta com assimetria, bordas irregulares, relato de
crescimento (devemos levar em consideração que o nevo melanocítico congênito
grande acompanha o crescimento da criança), alteração de cor, ulceração,
sangramento, aparecimento de nódulos, prurido e dor. Portanto, qualquer
alteração suspeita deve ser biopsiada para evitarmos o diagnóstico falso-positivo
de melanoma e o material deve ser analisado por patologistas experientes, devido
à dificuldade diagnóstica.
Nos estudos observados, é notória a dificuldade diagnóstica do melanoma
em crianças, especialmente neonatos, porque os indicadores clínicos tal como
mudança de cor, tamanho, formato, rápida taxa de crescimento, nodularidade e
até mesmo ulceração podem ocorrer durante a evolução benigna de um nevo
melanocítico congênito grande ou gigante nestas primeiras fases da vida. Muitas
das características histológicas aceitas como evidência de malignidades em
adultos podem também estar presentes em lesões benignas em crianças, como
atividade mitótica, pleomorfismo nuclear, entre outras (LEECH, 2004;
MARGHOOB, 1996).
Alguns critérios histológicos foram propostos para o diagnóstico
histopatológico do melanoma na infância :
Epidermotropismo de células isoladas na periferia da lesão
Número elevado de mitoses e de atipias citonucleares
Ausência de maturação das células névicas
Presença de invasão vascular
32
Na maioria dos casos este diagnóstico acaba sendo de probabilidade, só
podendo ser afirmado com certeza quando associado à metástase (WATT, 2004)
A descoberta de um nódulo dentro de um NMC congênito gigante em um
recém nascido, a princípio merece grande consideração. O quadro clínico destas
lesões podem ser representadas por dois padrões: (1) NMC grande/gigante
apresentando lesões nodulares menores de um centímetro em diâmetro. Quase
sempre aparecem ao nascimento, mas também podem aparecer ao longo da
vida, com seu maior desenvolvimento quando criança. Eles variam do marrom
claro até o marrom escuro e geralmente tem uma epiderme intacta. (2) Com
menor freqüência podem se apresentar como nódulos dérmicos grandes com
mais de 1 cm de diâmetro. Eles podem crescer rápido inicialmente,
ocasionalmente ulcerar, e são sempre muito pigmentados. Se não tratados, vão
se tornando menores, macios e não exibem fenótipo maligno. Leech (2004) e
Vooght (2003) verificaram através de estudos histopatológicos que inicialmente
mostram alta celularidade, com picnose, anisocariose e contornos irregulares. As
células do nódulo se pareciam com as do nevo dérmico (leve transição entre as
células do nódulo e do nevo adjacente), mas com grande pleomorfismo e alto
número de mitoses. Com o tempo, os autores verificaram que grandes
modificações ocorrem nestas lesões que agora passam a evidenciar tecido
conjuntivo com densidade moderada de células e quase nenhuma atipia ou
mitose. Há regressão espontânea da atividade celular no nódulo. A área de
transição entre nevo e nódulo sugere um processo de diferenciação diferente de
uma verdadeira neoplasia. Portanto, uma alta atividade mitótica em um nódulo
não deve ser confundida com o diagnóstico de melanoma, pois a celularidade
regride com o tempo. Entretanto, mais tempo de acompanhamento clínico ainda é
33
necessário para ficarmos totalmente seguros, segundo os próprios autores.
(TANNOUS, 2005)
É muito comum que as lesões melanocíticas congênitas tenham aumento
de pêlos, mas a presença de um ou mais pêlos numa lesão pigmentada não
garante que ela seja benigna. Marghoob (2007) buscou desfazer o mito do “sinal
benigno do pêlo”, publicando três casos de lesões melanocíticas que mostravam
pêlos terminais na avaliação clínica, mas nas quais o diagnóstico final foi de
melanoma invasivo. Em todos os 3 casos, as hastes capilares terminais podiam
ser claramente vistas fazendo protrusão do tumor.
Recentes estudos sugerem que a ativação de ponto de mutação no
“oncogene N-ras”, que também é encontrado em melanomas cutâneos humanos,
pode constituir um fator de risco potencial para formação de melanoma no NMC
grande. (MAKKAR, 2002; BASTIAN, 2002).
3.4.3 Anormalidades associadas:
Muitas anormalidades são associadas ao NMC, principalmente o gigante.
Incluem escoliose, espinha bífida, atrofia, assimetria, pé torto congênito,
elefantíase e hipertrofia de ossos do crânio. A neurofibromatose também é uma
outra associação possível. (TANNOUS, 2005; PASCHOAL, 2002; MARGHOOB,
1993).
O NMC grande envolvendo um membro pode estar associado com baixo
desenvolvimento ipsilateral do mesmo.
34
3.4.4 Implicações relacionadas ao aspecto estético
As razões estéticas para o tratamento do nevo congênito dependem em
grande parte, do tamanho e localização da lesão. Há uma correlação direta entre
estas duas características e a inclinação do paciente a fazer a cirurgia.
Aproximadamente 70% das mulheres e 30% dos homens com NMC grande
acham que a lesão causa um impacto negativo no seu desenvolvimento pessoal.
Mais de 30% dos pacientes com NMC grande relatam problemas sociais,
comportamentais e emocionais graves e a maioria deles, incluindo crianças,
preferem ficar com a cicatriz cirúrgica a portarem o nevo. A cicatriz seria
socialmente mais aceita (MARGHOOB, 2002).
3.5 Diagnóstico diferencial
3.5.1 Mancha mongólica:
Ocorre na região lombo-sacra, de tamanho e formas variáveis, de cor
azul-acinzentada. É observada mais comumente em indivíduos de raça amarela
ou negra. Está presente ao nascimento e esmaece gradualmente desaparecendo
quase sempre com a idade. É devida à presença de melanócitos na porção média
da derme. Não necessita tratamento e não sofre transformação maligna.
(GRICHNIK, 2003)
35
3.5.2 Mancha café-com-leite:
Mancha discreta, de cor marrom claro uniforme, circunscrita, podendo ter
alguns centímetros de largura. Possui margens serrilhadas ou irregulares.
Aparece ao nascimento ou logo depois e tende à involução. Podem ocorrer de
forma isolada ou ser marcadores de doença multisistêmica, em particular a
neurofibromatose. (GRICHNIK, 2003)
3.5.3 Lentigo simples:
São máculas pontuadas ou gotadas de cor castanha escura a preta, que
surgem nos primeiros anos de vida e continuam a aparecer na infância,
adolescência e no adulto, em qualquer região cutânea, inclusive em áreas não
expostas ao sol. Lentigos podem surgir após queimadura solar. O lentigo é
facilmente diferenciável da melanose solar que se localiza sempre em áreas
expostas e tem diâmetro maior. Em relação ao nevo juncional, a diferenciação é
feita com base histológica, podendo ocorrer associação de lentigo com nevo
juncional. Eles aumentam com a idade, não necessitam de tratamento e
raramente sofrem transformação maligna. (GRICHNIK, 2003)
3.5.4 Nevo epidérmico:
É má-formação congênita epidérmica, caracterizada por hiperplasia das
estruturas epidérmicas. Caracteriza-se por lesão verrucosa de coloração marrom
claro a tonalidades mais escuras, com tendência a distribuição linear. Pode atingir
36
qualquer região, ser único ou múltiplo. Quando as lesões se distribuem
exclusivamente de modo hemicorpóreo, é chamado de nevus unius lateralis.
Quando generalizado, constitui a ictiose histrix. Além dos problemas estéticos que
acarretam, podem ocorrer, nas localizações flexurais, maceração, edema,
eczematização e infecção secundária das lesões. Ocasionalmente, os nevos
verrucosos podem ser acompanhados de hipoplasia das estruturas mais
profundas das regiões afetadas ou de outras malformações orgânicas,
esqueléticas, oculares, nervosas, cardiovasculares, urológicas e angiomatosas,
constituindo a Síndrome do Nevo Epitelial. (GRICHNIK, 2003)
3.5.5 Nevo sebáceo:
É formação névica com aumento de glândulas sebáceas. Caracteriza-se
por placa papulosa, amarelada, ligeiramente elevada com sulcos na superfície. A
lesão é geralmente única e localizada quase sempre no couro cabeludo. É
observado desde o nascimento, aumentando lentamente e tornando-se, na
puberdade, espessado e verrucoso com aspecto papilomatoso. Tem sido
assinalado em lesões tardias, o desenvolvimento de tumores anexiais,
particularmente o siringocistoadenoma papilífero e epiteliomas basocelulares.
(GRICHNIK, 2003)
3.5.6 Nevo de Becker congênito:
Mais comum em homens, e, embora o tórax, ombro e braços sejam os
locais usuais de comprometimento, pode surgir em qualquer lugar.
37
Ocasionalmente, ocorrem casos múltiplos ou familiais, e uma associação com
outras anomalias do desenvolvimento (espinha bífida e hipoplasia mamária) foi
registrada. A lesão que aparece geralmente durante a adolescência, é plana
inicialmente, mas pode tornar-se elevada. É pigmentada e subsequentemente
desenvolve pêlos espessos e grosseiros. (GRICHNIK, 2003)
3.6 Terapêutica
A decisão terapêutica do NMC leva em consideração: idade, tamanho,
risco de transformação para melanoma, complexidade cirúrgica, risco do
procedimento anestésico e aspectos estéticos.
3.6.1 NMC grande e gigante
3.6.1.1 Remoção cirúrgica profilática
Dentre as técnicas cirúrgicas de remoção e reconstrução estão: exérese
parcelada (mais comum quando as lesões estão nas extremidades), reconstrução
com expansores teciduais (principalmente para o seguimento cefálico) e enxerto
livre (BAUER, 2005).
Indicações
A excisão cirúrgica é o método mais utilizado para o tratamento. A
decisão cirúrgica leva em consideração o elevado risco de desenvolvimento de
melanoma, presença de nódulos, vegetações, lesões espessas, rugosas e
heterogêneas, que tornam difícil o diagnóstico de melanoma, o impacto negativo
38
no desenvolvimento pessoal do paciente bem como a problemática social,
comportamental e emocional trazida pela presença de tais lesões.
Riscos
Como o risco de melanoma em pacientes com NMC grande/gigante é
maior no primeiro ano de vida, e o risco de morte relacionado à anestesia geral
possivelmente diminui depois do sexto mês de vida, a excisão profilática deveria
ser feita entre seis e nove meses. Mas o ato não deve ser aguardado se houver
suspeita de transformação maligna na lesão.
3.6.1.2 Curetagem
Este procedimento remove a epiderme e parte da derme, resultando na
redução da pigmentação pela eliminação das células névicas superficiais. Há uma
grande melhora na qualidade estética.
Deveria ser realizado nas primeiras semanas de vida quando existe um
plano de clivagem natural entre a derme normal e a derme contendo
nevomelanócitos; a derme superior está cheia de nevomelanócitos e na profunda
são escassos; há, portanto uma potencial redução do risco de melanoma e um
bom resultado cosmético (TROMBERG, 2005; DeDAVID, 1997).
3.6.1.3 Dermabrasão
O resultado estético é bom e a redução da pigmentação pode em alguns
casos facilitar a detecção do melanoma (TROMBERG, 2005).
39
3.6.1.4 Laser
Usando uma combinação de diferentes lasers podemos melhorar
significativamente a lesão com pós-operatório bem melhor (TROMBERG, 2005).
3.6.2 NMC médio
A questão mais controversa e difícil no manejo dos nevos melanocíticos
se refere aos de tamanho médio, pois não há dados suficientes na literatura para
definir uma conduta. É provável que o NMC de tamanho médio esteja associado
com algum aumento de risco para melanoma e esta associação aumenta com o
início da puberdade. Portanto, a excisão é recomendada entre 10 e 14 anos, onde
o risco da anestesia é menor (TANNOUS, 2005).
3.6.3 NMC pequeno
Não há consenso no tratamento dos nevos melanocíticos congênitos
pequenos. A quase totalidade dos melanomas originados dos nevos congênitos
pequenos é epidérmica e, portanto, mais facilmente detectada. Como a incidência
de degeneração é extremamente baixa, a remoção profilática destes nevos pode
não ser considerada essencial e a observação clínica pode ser suficiente para
detectar a malignização. Podemos então optar pela retirada apenas de lesões de
difícil acompanhamento (por exemplo, no couro cabeludo, na genitália), na
puberdade ou aquelas de alteração suspeita.
40
3.6.4 Conduta expectante.
Nos NMCs que decidirmos pela conduta expectante devemos
acompanhar clinicamente com inspeção, palpação da lesão, exame físico
completo do paciente e fotografias seriadas. Dermatoscopia pode também ajudar
a identificar pequeno foco de melanoma no NMC e assim direcionar a biópsia.
Porém, a análise se limita até a derme papilar. Esta técnica pode dar uma boa
ajuda quando estamos avaliando lesões pequenas, porque a maioria dos
melanomas que se desenvolvem nestes nevos pequenos, como já foi citado,
ocorre na junção dermo-epidérmica. Por outro lado, fica difícil analisar as
alterações que ocorrem na derme de um NMC grande .
Muitos nevos e cicatrizes podem ser abordados com produtos cosméticos
que podem conter fatores de proteção solar e servem como camuflagem.
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Forma de apresentação
A apresentação foi realizada seguindo a terceira edição do “Manual para
elaboração e normatização de Dissertações e Teses” de 2004, do Comitê Técnico
de Editoração do Sistema de Biblioteca e Informação (SiBI), totalmente revista e
atualizada de acordo com as alterações ocorridas nas normas da Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e a aprovação da Resolução do Conselho
de Ensino para graduados (CEPG) 02/2002, que “ Dispõe sobre a formatação e
demais procedimentos para preparação de dissertações de Mestrado e teses de
Doutorado na UFRJ” (PAULA, 2004).
4.2 Revisão bibliográfica
A revisão bibliogáfica do tema foi realizada através do sistema Medline
(Literatura Internacional em Ciências da Saúde) na busca de artigos em inglês,
português e espanhol e preferentemente dos últimos 10 anos (1997 a 2007),
porém artigos mais antigos não deixaram de ser usados. Informações de livros
texto e artigos, também foram coletados, fornecendo mais detalhes a respeito do
tema.
42
4.3 Aprovação do projeto
O projeto de pesquisa número 039/00 foi aprovado pelo Comitê de Ética
em Pesquisa HUCFF/UFRJ em trinta de março de 2000.
4.4 Local do estudo
O estudo foi desenvolvido no ambulatório de dermatologia pediátrica do
Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da Universidade Federal
do Rio de Janeiro.
4.5 Natureza do estudo
Dissertação de mestrado (Programa de Pós-Graduação em Medicina –
área de concentração: Dermatologia)
4.6 Desenho do estudo e amostragem
Trata-se de um estudo longitudinal, de coorte retrospectiva e prospectiva;
realizados através do exame dermatológico de uma amostra, por conveniência
aleatória, de 60 pacientes (crianças e adolescentes) com nevo melanocítico
congênito cadastradas no Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira
no período de janeiro de 1994 até janeiro de 2007. Em 40% das consultas o
motivo principal foi o NMC e em 60% o nevo foi detectado durante o exame
dermatológico por outras queixas
43
4.7 Critérios de inclusão
Crianças (0 – 9 anos)
Adolescentes (10 – 19 anos)
Nevo melanocíticitico detectado ao nascimento
Nevo melanocítico detectado até 2 anos de idade
Assinatura do TCLE
A classificação etária adotada segue as normas da OMS
4.8 Métodos
A amostra contém pacientes de demanda espontânea e referida captados
durante o período de estudo (2005-2007) somado aos pacientes registrados e
acompanhados pelo ambulatório desde 1994 pela professora Nurimar, que foram
convocados por telegrama e/ou telefonema. Destes previamente registrados, 70%
atenderam à convocação e os 30% restantes não compareceram e portanto foram
excluídos do estudo. Os participantes foram submetidos a exame dermatológico
de toda a superfície cutânea, sob a luz natural e em local com boa iluminação. Os
nevos congênitos encontrados foram classificados segundo Ruiz-Maldonado,
fotografados e descritos na ficha protocolo. O diagnóstico foi baseado
principalmente nas características clínicas observadas. Os pacientes foram
acompanhados e revistos no ambulatório com um intervalo médio de 6 meses.
Dados pessoais do paciente também foram anotados na ficha protocolo e obtidos
por entrevista com responsável. A inclusão do paciente no estudo, as fotografias e
as exéreses foram realizado após consentimento materno escrito e assinado. Os
44
registros fotográficos serão utilizados apenas para fins científicos e os pacientes
não serão identificados.
4.9 Dados de identificação e variáveis coletadas através da ficha de
protocolo:
Nome do paciente, registro no IPPMG, data de nascimento, idade de
entrada no estudo, idade do participante em 2007, sexo (masculino/feminino), cor
(branco/não-branco), nome do responsável, endereço, telefone, exame
dermatológico, por escrito, com a classificação do nevo segundo Ruiz-Maldonado
(2004), realização de fotografias e conduta adotada com respectivos laudos
histopatológicos, quando houve exérese.
4.10 Análise estatística
A análise estatística foi realizada pelo teste qui-quadrado ou pelo teste
exato de Fisher quando o teste qui-quadrado não pôde ser utilizado.
5 RESULTADOS
Foram estudados 60 pacientes no período de 1994 a 2007 (Tabela 3),
distribuídos igualmente entre crianças e adolescentes. No anexo 3 encontram-se
as variáveis estudadas nos 60 casos.
Tabela 3 Distribuição do número de casos segundo a faixa etária
Faixa etária Número de casos Total (%)
Criança 30 50%
Adolescente 30 50%
Total 60 100%
Fonte: IPPMG – UFRJ (1994-2007)
A freqüência no sexo feminino foi discretamente superior a do sexo
masculino e a freqüência em não brancos foi discretamente superior em ambos
os sexos (Tabela 4)
Tabela 4 Distribuição do número de casos segundo cor e sexo
Cor
Sexo
Branco Não Branco
Total
Masculino 10 (16,7%) 15 (25%) 25 (41,7%)
Feminino 15 (25%) 20 (33,3%) 35 (58,3%)
Total 25 (41,7) 35 (58,3%) 60 (100%)
Fonte: IPPMG – UFRJ (1994-2007)
46
Foram observados no total 74 nevos, distribuídos conforme o tipo clínico
na figura 1, sendo que 33 (44,7%) no sexo masculino e 41 (55,3%) no sexo
feminino (Tabela 5)
Figura 1 Distribuição dos nevos segundo tipo clínico
Em relação ao número de nevos melanocíticos pequenos e médios
presentes em cada caso observamos que 2 (3,0%) casos possuíam mais de 3
nevos melanocíticos congênitos pequenos e 1 (1,5%) caso teve 2 nevos
melanocíticos congênitos médios. Em 97% dos pacientes os nevos eram únicos.
Tabela 5 Distribuição do número de nevos segundo sexo e tipo clínico.
Tipo clínico
Sexo
Pequeno Médio Grande Gigante Total
Masculino 19 (25,7%) 11 (15%) 2 (2,7%) 1 (1,3%) 33 (44,7%)
Feminino 25 (35,1%) 9 (12,1%) 2 (2,7%) 4 (5,4%) 41 (55,3%)
Total 45 (60,8%) 20 (27,1%) 4 (5,4%) 5 (6,7%) 74 (100%)
Fonte: IPPMG – UFRJ (1994 – 2007) p = 0,5 p = 0,24
Pequenos
dios
Grandes
Gigantes
6,7% (5) 5,4%(4)
27,1%(20)
60,8%(45)
47
Para fins de análise estatística, primeiramente foram agrupados os nevos
grandes e gigantes e depois numa segunda análise, agruparam-se os números de
nevos médios, grandes e gigantes, pois separadamente seus valores não
permitiram cálculos estatísticos. Os testes mostraram que não há relação entre
sexo e o tipo clínico do NMC. (p = 0,5 p = 0,24)
Foram observados 34 (45,8%) nevos em brancos e 40 (54,2%) nevos em
não brancos (Tabela 6)
Tabela 6 Distribuição do número de nevos segundo cor e tipo clínico
Tipo clínico
Cor
Pequeno Médio Grande Gigante Total
Branco 23 (31%) 6 (8,1%) 1 (1,3%) 4 (5,4%) 34 (45,8%)
NãoBranco 22 (29,9%) 14 (18,9%) 3 (4,1%) 1 (1,3%) 40 (54,2%)
Total 45 (60,9%) 20 (27%) 4 (5,4%) 5 (6,7%) 74 (100%)
Fonte: IPPMG – UFRJ (1994 – 2007) p = 0,23
Para a análise estatística, novamente agrupamos os valores conforme
feito na tabela 5 e não encontramos relação entre a cor e o tipo clínico(p = 0,23).
Em relação a localização, os nevos médios distribuíram-se
homogeneamente em todo o tegumento, enquanto os pequenos predominaram
no tronco, na cabeça e pescoço. (Tabela 7)
48
Tabela 7 Distribuição dos nevos pequenos e médios segundo localização
Tipo clínico
Localização
Pequeno Médio
Total
Torax 15 3 18 (27,7%)
Cabeça e pescoço 11 4 15 (23%)
Abdômen e virilha 6 6 12 (18,4%)
Membro inferior 5 6 11 (17%)
Membro superior 7 1 8 (12,4%)
Genitália 1 0 1 (1,5%)
Total 45 20 65 (100%)
Fonte: IPPMG – UFRJ (1994 – 2007)
Dentre os nevos melanocíticos congênitos classificados como grandes, 3
localizavam-se na coxa e um na mão e membro superior.
Analisando a localização dos 5 nevos melanocíticos congênitos gigantes
encontramos: calção de banho; coxa e membro inferior; dorso, peitoral e ombro;
couro cabeludo; couro cabeludo, pescoço e parte superior do dorso.
Dentre os 74 nevos estudados, a maioria foi acompanhada por mais de 3
anos e quase 1/3 por mais de 10 anos.(Tabela 8)
49
Tabela 8 Distribuição dos nevos segundo tempo de acompanhamento clínico
Follow-up
Nevos
< 3anos 3-9anos >10anos
Total
Pequeno 10 20 15 45 (60,9%)
Médio 5 11 4 20 (27%)
Grande 2 1 1 4 (5,4%)
Gigante 1 3 1 5 (6,7%)
Total 18 (24,4%) 35 (47,3%) 21 (28,3%) 74 (100%)
Fonte: IPPMG – UFRJ (1994 – 2007)
Com relação à idade de entrada no estudo, 6 crianças entraram com 1
ano; 15 com 2 anos; 10 com 3 anos; 9 com 4 anos; 9 com 5 anos; 2 com 6 anos;
4 com 7 anos; 1 com 9 anos; 2 com 10 anos; 1 com 11 anos e 1 com 12 anos. O
anexo 3 apresenta detalhadamente a idade de entrada e a idade atual de cada
caso estudado.
Dos 74 nevos observados 17 (23%, 14 pequenos e 3 médios) foram
submetidos à exérese e 57 (77%) à conduta expectante (Tabela 9)
Tabela 9 Distribuição dos nevos segundo conduta
Tipo clínico
Conduta
Pequeno Médio Grande Gigante
Total
Exérese 14 3 0 0 17 (23%)
Expectante 31 17 4 5 57 (77%)
Total 45 (60,9%) 20 (27%) 4 (5,4%) 5 (6,7%) 74 (100%)
Fonte: IPPMG – UFRJ (1994 – 2007)
50
As condutas foram definidas no protocolo; no grupo expectante estão
incluídos os casos de espera pela faixa etária ideal para exérese, de opção do
responsável e ou paciente e de dificuldade cirúrgica pela localização.
Os NMC pequenos submetidos a exérese tiveram os seguintes laudos
histopatológicos: compostos (4), intradérmicos (4), juncionais (2), epidérmico
verrucoso (1). Seis casos ainda aguardam o laudo histopatológico ou a cirurgia.
Em relação à evolução (tabela10), observamos que dentre os 17 NMCs
médios não excisados, 16 mantiveram-se inalterados e um, localizado no couro
cabeludo, regrediu totalmente. Um dos nevos médios no abdômen apresentava
uma área de vitiligo na borda medial.
Dentre os 4 NMCs grandes, aquele localizado na coxa mostrou
clareamento e os 3 restantes mantiveram-se inalterados.
Nos 5 NMCs gigantes observados, 2 (calção de banho e outro na coxa e
perna) mostraram clareamento, principalmente na borda e 3 mantiveram-se
inalterados.
Tabela 10 Distribuição dos NMC em relação ao desfecho no período de
observação no IPPMG.
Pequenos Médios Grande Gigante
% % % %
Inalterado 31 100% 16 94,1% 3 75% 3 60%
Clareamento 0 _ 0 _ 1 25% 2 40%
Regressão total 0 _ 1 5,9% 0 _ 0 _
Expansão 0 _ 0 _ 0 _ 0 _
Melanoma 0 _ 0 _ 0 _ 0 _
Total 31 100% 17 100% 4 100% 5 100
6 DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA
Fotografia 1 NMC pequeno (paciente 3 )
Fotografia 2 NMC médio (paciente32)
52
Fotografia 3 NMC médio com área de vitiligo (paciente 33)
Fotografia 4 NMC grande (paciente 55)
53
Fotografia 5 NMC grande (paciente 53)
Fotografia 6 NMC gigante com áreas de clareamento (paciente 57)
54
Fotografia 7 NMC gigante em calção de banho (paciente 56)
Fotografia 8 NMC gigante (paciente 60)
55
Fotografia 9 MC gigante com áreas de clareamento (paciente 58)
7 DISCUSSÃO
Na revisão da literatura verificamos que a maioria dos estudos sobre
nevos melanocíticos congênitos aborda os grandes e gigantes apenas. Poucos
utilizaram metodologia semelhante, incluindo todos os tipos clínicos, como esta
investigação (Tabela 11). Percebemos inclusive, que alguns autores discutiram
risco de malignização e conduta dos NMCs baseando-se em casuísticas
exclusivas de NMC grande/gigante (KRENGEL, 2006). Dentre as publicações
brasileiras sobre nevo congênito, não encontramos estudos semelhantes ao
nosso. Os pacientes portadores de NMCs foram apenas abordados em censo
epidemiológico por Bechelli em 1990 (escolares de Ribeirão Preto) e inquérito por
Gonçalves em 2007 (escolas municipais do Rio de Janeiro).
Tabela 11 Número de nevos estudados por autor e ano de publicação com
metodologia semelhante à desta investigação.
Autor, ano Número de nevos
Ingordo, 2007 157
Berg e Lindelof , 2003 3922
Dawson, 1996 133
Swerdlow, 1995 265
Arons e Hurwitz, 1983 46
Castilha, 1981 989
57
A distribuição dos casos foi homogênea entre brancos / não brancos e
sexos masculino / feminino (Tabela 4). No presente estudo, sexo e cor não
mostraram relação com o tipo clínico dos nevos (Tabela 5 e 6).
Dawson (1996) estudou 133 nevos melanocíticos congênitos de
diferentes tamanhos e encontrou uma relação 3:2 em relação a sexo
feminino/masculino, sendo a maioria das crianças caucasianas e apenas um
negro. Nos estudos de Swerdlow (1995) e Castilha (1981) nenhuma diferença
significante foi observada no que diz respeito ao sexo. Arons e Hurwitz (1983)
acompanharam 46 NMCs e dentre eles 29 pacientes eram do sexo feminino e 17
do sexo masculino, sendo a grande maioria (45 pacientes) brancos e 1 não
branco. Os estudos apresentados foram desenvolvidos na Europa e por isso
apresentam um grande número de pacientes brancos em suas casuísticas.
Em nossa casuística encontramos maior prevalência de NMCs pequenos
com 60,8%, seguido dos NMCs médios com 27,1% e os NMCs grandes/gigantes
com 12,1%. Nos estudos de Berg e Lindelof (2003) 7% eram grandes e 93% eram
pequenos. Swerdlow (1995) evidenciou 58% entre 1 e 4,9 cm; 32% entre 5 e
19cm e 10% maior do que 20 cm. Ingordo (2007) evidenciou 80,3% de nevos
pequenos e médios e 19,7% de nevos grandes. Portanto, verificamos que nosso
estudo confirma a soberania dos nevos pequenos encontrada na literatura.
Os NMC pequenos se localizaram mais no tronco, cabeça e pescoço
enquanto os NMC médios se distribuíram anatomicamente de forma mais
homogênea (Tabela 7). Para Swerdlow (1995) as porcentagens de pacientes com
nevos nas diferentes áreas do corpo estudadas foram: cabeça (16%), pescoço
(17%), tronco (50%), membro superior (7%), mãos (4%), dedos (1%), membro
inferior (4%) e pés (1%). Não houve diferenças entre meninos e meninas em
58
nenhuma destas áreas. Ingordo (2007) evidenciou 3 NMC (1,9%) na face, 23
(14,6%) no tórax, 24 (15,2%) no abdômen, 36 (22,9%) no dorso, 48 ( 30,5%) na
área lombar e 15 (9,5%) nos ombros. Nos estudos de Castilha (1981) os nevos
foram preferencialmente encontrados no tronco e abdômen, com baixa
concentração em cabeça e membros superiores. Nenhum foi encontrado nas
regiões palmares ou plantares. Os nevos eram únicos em 90% dos casos. Arons
e Hurwitz (1983) evidenciaram 14 NMCs (30,4%) na cabeça e pescoço; 14
(30,4%) nos membros inferiores; 7 (15,2%) nos membros superiores; 8 (17,4%)
no tronco, 1(2,2%) na axila, 1(2,2%) na virilha; e 1 (2,2%) na aréola mamária.
Verificamos que de acordo com a literatura, nosso trabalho também notou maior
número de nevos na localização axial do corpo. O desenvolvimento do
nevomelanocítico adquirido parece relacionado a alguns fatores, incluindo tipo de
pele, etnia, predisposição genética e exposição à luz ultra-violeta. Costumam ser
mais numerosos em áreas de pele crônicamente expostas ao sol e em crianças
com pele clara, cabelos louros e olhos azuis. Isto não está descrito para os nevos
melanocíticos congênitos. (PALLER, 2006)
Em relação ao tempo de acompanhamento clínico, nosso estudo teve
uma média de 5,7 anos (Tabela 8), semelhante ao encontrado na literatura.
Swerdlow (1995) apresentou um tempo de acompanhamento clínico médio de
23,7 anos. Os estudos de Dawson (1996) tiveram um tempo médio de 3,4 anos,
os de Berg e Lindelof (2003) tiveram 10 anos e a casuística de Arons e Hurwitz
(1983) teve 8,5 anos.
Em nossa casuística, dos 17 NMCs médios, um evidenciou regressão
total e outro apresentava área de vitiligo na borda medial. Dentre os 4 NMC
grandes, um apresentou clareamento parcial e dentre os 5 NMCs gigantes, dois
59
apresentaram clareamento parcial (Tabela 10). Dawson (1996) evidenciou
clareamento em 17% dos NMCs grandes. Lisa (2000) publicou um caso de NMC
gigante com regressão espontânea e Kageshita (2003) publicou dois casos em
nevos médios. Assim como foi apresentado pela literatura, verificamos em nosso
trabalho que o clareamento não é um fato incomum no NMC grande/gigante. A
revisão bibliográfica mostra que o curso dos NMCs é variado: podem demonstrar
regressão pigmentar parcial ou total, ou desenvolver um halo de hipopigmentação
(nevo-halo) com até mesmo regressão espontânea após a formação do halo, ou
desenvolver uma área de vitiligo, podendo esta ser em adição ao aparecimento
do halo. A regressão pigmentar é um processo em que os melanócitos dérmicos
perdem sua capacidade de produzir pigmento, restando apenas a produção de
pigmento dos melanócitos da camada basal. Várias teorias têm sido propostas
para explicar estas alterações de pigmentação: precursores naturais da melanina
seriam inibidores da produção desta e nestes casos, os melanócitos perderiam
seus mecanismos protetores que desabilitam estes precursores; a melanogênese
suprimida por hormônios ou substâncias com efeitos opostos aos dos hormônios
estimuladores (MSH, ACTH, estrogênio e progesterona) agiria em receptores de
certos melanócitos. A teoria imunológica é a mais aceita para a supressão da
produção de pigmento pela ação da imunidade humoral e celular. Outra hipótese
formulada é a de que agentes neurotóxicos seriam liberados próximo ou no
interior dos melanócitos destruindo as células produtoras de melanina ou
simplesmente parando a sua produção. (KAGESHITA, 2003; LISA, 2000). A
eliminação transepidérmica das células névicas e degeneração gordurosa das
mesmas também são citadas (KANZAKI, 1983)
60
A idade média de 7 anos no diagnóstico de melanoma que se desenvolve
sobre o NMC congênito, coloca o risco máximo na infância (NMC grande/gigante)
e na adolescência (NMC médio). O percentual de desenvolvimento de melanoma
no NMC pequeno é apontado para a idade adulta (em torno de 60 anos) (Tabela
12)
Optamos pela conduta espectante no NMC grande e gigante (Anexo 2)
porque os riscos da conduta intervencionista (cirúrgica) são importantes e
incluem: cicatrizes cosmeticamente desfigurantes; a necessidade de anestesia
geral para o procedimento; a possibilidade de melanocitose neurocutânea
concomitante; o procedimento não elimina o potencial de desenvolvimento de
melanoma extracutâneo; as cirurgias realizadas antes de dois anos de idade
poderem resultar em cicatrizes; posteriormente estas desenvolvem pigmentação
como resultado de atividade dos nevomelanócitos residuais.
Outras condutas intervencionistas menos adotadas no NMC
grande/gigante como a curetagem, a dermabrasão e o laser também não estão
isentas de riscos e controvérsias. A curetagem também exige anestesia geral, o
melanoma pode se desenvolver de melanócitos residuais da derme, há
repigmentação da pele curetada e a cicatrização pode tornar difícil a detecção da
malignização . Quanto à dermabrasão, sabe-se que a pele se torna fina, frágil,
dolorosa, com redução de pêlos e há relato de melanoma após o procedimento. O
laser tem um potencial mutagênico desconhecido, pois trabalha com aplicação de
energia nos melanócitos e além disso só é efetivo nas camadas superficiais da
derme e´, portanto, interroga-se a diminuição do risco de melanoma, já que há
possibilidade deste se desenvolver a partir de melanócitos residuais.
61
A nossa conduta em relação ao NMC de tamanho médio (ANEXO 2) foi a
de exérese profilática entre 10 e 14 anos após uma decisão conjunta com
familiares e cirurgião, visto que a revisão bibliográfica mostra que estes nevos não
costumam malignizar antes da puberdade.
Em relação ao tratamento do NMC pequeno, seriam indicações de
exérese profilática (ZAAL, 2004; MARGHOOB, 2002): pacientes de cor branca,
história familial de melanoma, presença de nevos atípicos, a localização em
áreas cobertas (couro cabeludo, sulco interglúteo e genitália), localização em local
de traumas constantes (face, boca, couro cabeludo, pescoço, dedos, virilha e
genitália) e lesões com tonalidades mais escuras e textura desigual em que a
detecção de melanomas pode ser mais difícil.
Os nevos que apresentam os critérios de Friedman (assimetria,
irregularidade de bordas, crescimento, alteração da cor, ulceração e
sangramento) exigem excisão terapêutica.
Levando em consideração que o NMC pequeno não maligniza
comumente antes da puberdade, optamos pela retirada profilática nesta fase,
desde que haja concordância dos responsáveis. (ANEXO 2).
Não evidenciamos nenhum caso de malignização. A literatura consultada
refere que os NMC grande/gigante estão relacionados ao aumento de risco no
desenvolvimento de melanomas e que o risco dos NMCs médios e pequenos
continua controverso, ainda que em duas grandes casuísticas como a de Sahin
(1998) e Swerdlow (1995) a transformação não tenha sido observada (Tabela 12).
Nossa casuística de NMCs grande e gigante é pequena para avaliar
transformação maligna e o tempo de acompanhamento dos nevos médios e
pequenos não é suficiente para avaliação de malignização visto que este fato
62
ocorre após a adolescência. Precisaríamos nos unir a outros pesquisadores para
aumentar a casuística (estudos multicêntricos) e surpreender casos de melanoma
numa proporção significativa, durante a infância e adolescência.
A freqüência de melanoma oriundo de nevo melanocítico congênito
grande/gigante é extremamente variável. As diferenças entre os estudos resultam
dos seguintes fatores: variabilidade no tamanho das amostras e na classificação
dos nevos; realização dos estudos em centros de referência para neoplasias que
acabam superestimando o número de casos de malignização; perdas de
pacientes durante o tempo de acompanhamento clínico; cálculo de incidência de
melanoma em amostras de pacientes mais velhos que poderia subestimar o
achado, já que a malignização dos NMCs grandes ocorre geralmente na primeira
década; e por fim, incidências baseadas exclusivamente no período de tempo de
acompanhamento clínico.
A RNM tem maior sensibilidade na detecção de melanocitose
neurocutânea antes dos quatro meses, o que gera polêmica já que o
procedimento requer anestesia geral. À medida que o lactente cresce, tornam-se
menos evidentes as lesões pigmentadas e pequenas do cérebro, vistas
anteriormente. Estes fatores podem explicar porque pacientes cujas RNM se
normalizaram com o tempo se mantém com sintomas persistentes. Alguns
autores advogam RNM ou exame neurológico seriados para os pacientes
assintomáticos com risco de desenvolverem melanocitose de leptomeninge.
Outros autores questionam a realização de RNM porque não há tratamento para
os casos de melanocitose assintomática. Concordamos com os autores que
questionam a realização da RNM nos pacientes assintomáticos, pois a
63
positividade do exame não alteraria a nossa conduta expectante para nevos
grandes/gigantes.
Dentre os laudos histopatológicos dos nevos excisados, um mostrou
tratar-se de nevo epidérmico verrucoso. A lesão era uma pápula marrom escura,
levemente ceratótica e retro auricular direita que clinicamente sugeria NMC. De
um modo geral, o nevo verrucoso apresenta-se como uma placa elevada, bem
definida, castanha ou amarela, com superfície verrucosa e fissura proeminente.
Na histopatologia é diferenciado facilmente do NMC porque se apresenta sob a
forma de papilomas escamosos simples que mostram hiperceratose,
papilomatose e acantose.
Este trabalho sistematiza , a partir das observações destes pacientes no
IPPMG, e dos dados da literatura, elementos que podem auxiliar dermatologistas
e pediatras no acompanhamento de portadores de NMC. Além disto, recomenda
a classificação de Ruiz-Maldonado pela sua fácil aplicabilidade e orienta as
condutas (expectante x intervencionista) à luz do conhecimento atual. Aponta-se
ainda a necessidade de reunir casuísticas com estudos longitudinais para se
conhecer a magnitude do risco de transformação em melanoma.
64
Tabela 12 Estudos de prevalência de melanoma em NMC
Estudo
Número
de casos
de NMC
Número de
casos de
melanoma (%)
Média do tempo de
acompanhamento clínico
(anos)
NMC grande
Bett, 2005 1008 3,2 5,6
Hale, 2005 170 2,3 5,3
Bittencourt, 2000 160 1,8 5,5
Gari, 1998 47 2,1 4,4
Egan, 1998 46 4,3 8,4
DeDavid, 1997 289 12,4 Não fornecido
Marghoob , 1996 92 3,3 5,4
Swerdlow, 1995 33 6 25
Ruiz-Maldonado, 1992 80 3,8 4,7
Quaba e Wallace, 1986 39 5,1 Primeiros 15 anos de vida
Lorentzen, 1977 151 2 23
NMC médio
Sahin, 1998 227 0 5,8
NMC pequeno
Swerdlow , 1995 164 0 25
8 CONCLUSÃO
O perfil dos NMCs estudados revelou distribuição homogênea entre
brancos/não brancos e sexos masculino/feminino. O sexo e a cor não tiveram
relação com o tipo clínico. Os NMC pequenos predominaram com localização
preferencial no tronco e não foi observado nenhum caso de melanoma no período
de acompanhamento médio de 5,7 anos.
Nesta casuística, a maioria dos NMC grande/gigante ultrapassou a idade
média de aparecimento de melanoma, sem sofrer intervenção ou transformação
maligna.
Concluímos pela necessidade e importância de um protocolo de
atendimento ao paciente portador de NMC, pois falta uniformidade na
metodologia de estudo dos NMCs: classificação, freqüência de malignização e
conduta.
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ANEXOS
ANEXO 1: Termo de consentimento livre e esclarecido
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Faculdade de Medicina - IPPMG
Eu, ____________, autorizo a inclusão de meu (minha) dependente menor, no
projeto de pesquisa “Estudo clínico dos nevos melanocíticos congênitos na
criança e adolescente”. Fui informado(a) que o seu objetivo é verificar a conduta
mais adequada nestas lesões que podem em determinado momento sofrer uma
transformação maligna. Em caso de lesões suspeitas será realizada biópsia de
pele para esclarecimento diagnóstico. Caso se confirme a transformação maligna
a(s) lesão (lesões) serão retiradas cirurgicamente. As fotografias das lesões terão
por finalidade registrar o caso para divulgação em eventos e publicações
científicas da especialidade. As fotografias também permitem observar as
mudanças ocorridas no período. Fui também informado (a) que em qualquer fase
da investigação poderei recusar a participação de meu (minha) dependente
menor, sem penalização alguma e sem prejuízo ao seu cuidado. Fui cientificado
que o projeto foi aprovado pela Comissão de Ética em Pesquisa – CEP da
Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Hospital
Universitário Clementino Fraga Filho e será conduzido em conformidade à
resolução número 196, de 10 de outubro de 1996, Conselho Nacional de Saúde.
Rio de Janeiro, ______ de ________________ de ________
Pesquisador principal: Nurimar C. Fernandes
Responsável maior: __________________________________
Universidade Federal do Rio de Janeiro - Faculdade de Medicina
74
ANEXO 2: Ficha Protocolo
Universidade Federal do Rio de Janeiro
IPPMG
Título: Estudo clínico dos nevos melanocíticos congênitos na criança e
adolescente.
A – Identificação
Nome:
Registro:
Nascimento:
Sexo:
Cor:
Nome do responsável:
Endereço:
Telefone:
B – Exame dermatológico:
C – Classificação (pequeno, médio, grande ou gigante):
C – Fotografia:
D – Conduta:
1 - Nevo melanocítico congênito pequeno (TANNOUS, 2005; MAIA, 2003)
Indicações de exérese imediata: muito preto, nodular, localização
(couro cabeludo, face, boca, pescoço, dedos, artelhos, virilha,
genitália); critérios de malignidade de Friedman preenchidos.
75
Contra-indicações de exérese pela possibilidade de cicatrizes
mutiladoras: pálpebras, asa do nariz, lábio, genitália e ânus.
Avaliação conjunta com a cirurgia plástica para discutir dificuldades
técnicas, risco/benefício, esclarecimento dos responsáveis e
consentimento.
Exérese profilática: Início da puberdade (10 a 14 anos)
Fotoproteção
2 - Nevo melanocítico congênito médio (TANNOUS, 2005; ESTERLY, 1996)
Indicações de exérese imediata: Critérios de malignidade de Friedman,
cor desigual com “ spots” pretos e azuis.
Avaliação conjunta com a cirurgia plástica para discutir dificuldades
técnicas, risco/benefício, esclarecimento dos responsáveis e
consentimento.
Exérese profilática: Idade: 10 a 14 anos
Fotoproteção
3 - Nevo melanocítico congênito grande e gigante (BETT, 2006)
Conduta expectante com acompanhamento de 3/3 meses no primeiro
ano de vida e de 6/6 meses após o primeiro ano até a puberdade;
palpação de fígado, baço, linfonodos; áreas com alterações detectadas
pelo paciente/responsável/médico devem ser biopsiadas.
76
Encaminhamento à cirurgia plástica em caso de suspeita de
transformação, para exérese destas áreas.
Nos casos de distribuição do nevo na cabeça, nuca, coluna vertebral,
com sintomas neurológicos sugestivos de melanocitose de
leptomeninge fazer RNM.
Fotoproteção
E – Exame histopatológico:
77
ANEXO 3: Planilha dos casos estudados segundo as variáveis
Sexo Cor Idade
em
2007
Idade
de
entrada
Tempo de
observação
Tipo clínico Conduta Caso
M F B NB anos <3a 3-
9a
>10a P M G Gi
Localização
Exe Exp
1
ACRB X X 13 11 X X Virilha X
2
AAA X X 2 1 X X Abdômen X
3
ACS X X 9 2 X X X
4
BNRC X X 12 2 X X2 Ombro X2
5
DARM X X 9 4 X X Abdômen X
6
DAS X X 6 4 X X2 Reg. palmar X2
7
DAOS X X 13 2 X X2 Braço e
pescoço
X X
8
DSB X X 19 7 X X Couro
cabeludo
X
9
DMN X X 15 3 X X5 Região dorsal
e região
temporal
X5
10
ECCS X X 12 5 X X Abdômen X
11
FJNO X X 8 3 X X2 Região dorsal X2
12
HCPS X X 17 7 X X Retroauricular X
13
JPAR X X 11 9 X X Pescoço X
14
JSR X X 8 5 X X Mão X
15
JNSL X X 2 1 X X Região dorsal X
16
JASJ X X 10 7 X X Região supra-
clavicular
X
17
KMA X X 13 10 X X Região dorsal X
18
LR X X 8 3 X X2 Perna
(p
anturrilha
)
e
X2
78
Sexo Cor Idade
em
2007
Idade
de
entrada
Tempo de
observação
Tipo clínico Conduta Caso
M F B NB anos <3a 3-
9a
>10a P M G Gi
Localização
Exe Exp
mão
19
LLS X X 15 12 X X Nariz X
20
LLSB X X 15 6 X X4 Região dorsal X4
21
LSOG X X 6 5 X X Braço e
pescoço
X
22
LOS X X 16 4 X X2 Couro
cabeludo e
face
X2
23
MVVS X X 5 2 X X Face X
24
MSN X X 4 2 X X Coxa X
25
MFLO X X 2 1 X X Abdômen X
26
MLT X X 9 2 X X Perna
(panturrilha)
X
27
PMR X X 7 5 X X Planta do pé X
28
RCFS X X 14 5 X X Ante-braço X
29
RSS X X 15 3 X X Região
esternal
X
30
THMP X X 13 2 X X Genitália x
31
VSF X X 8 5 X x Região dorsal x
32
BM X X 9 4 X X Coxa X
33
CMM X X 14 4 X X Abdômen X
34
DAPO X X 4 2 X X Abdômen X
35
GMC X X 16 10 X X Coxa X
36
JOC X X 6 3 X X X Coxa e
abdômen
X Xd
37
KCSA X X 8 4 X Xn Região dorsal X
79
Sexo Cor Idade
em
2007
Idade
de
entrada
Tempo de
observação
Tipo clínico Conduta Caso
M F B NB anos <3a 3-
9a
>10a P M G Gi
Localização
Exe Exp
38
LS X X 7 4 X X Região frontal X
39
MSSM X X 6 4 X X Abdômen X
40
MNO X X 13 6 X X Ombro X
41
MRSS X X 15 3 X X Coxa X
42
MFSA X X 11 4 X X2 Face (nariz) e
região torácica
anterior
X2
43
MGMS X X 2 1 X X Abdômen X
44
MSM X X 6 5 X X X
45
RSN X X 4 2 x X Abdômen X
46
TCS X X 12 2 X X Região dorsal X
47
TFP X X 11 2 X X Braço e
pescoço
X
48
TSR X X 13 5 X X Pescoço X
49
TSDS X X 15 3 X X Abdômen X
50
VML X X 5 2 X X Coxa X
51
VAO X X 10 1 X x Região parietal
esquerda
X
52
AFPC X X 10 2 X X Coxa X
53
LOF X X 6 5 X X Mão e ante-
braço
X
54
MNA X X 9 7 X X Coxa X
55
RSM X X 14 3 X x Coxa X
56
ALS X X 3 1 X X Calção de
banho
X
57
AIN X X 8 3 X X Coxa e perna X
80
Sexo Cor Idade
em
2007
Idade
de
entrada
Tempo de
observação
Tipo clínico Conduta Caso
M F B NB anos <3a 3-
9a
>10a P M G Gi
Localização
Exe Exp
58
MAVD X X 10 2 X X Região dorsal,
peitoral e
ombro
x
59
OGSS X X 14 3 X X Couro
cabeludo
X
60
RMLLOF X X 9 2 X x Couro
cabeludo,
pescoço e
régião dorsal
superior
X
Convenções: P: pequeno; M: médio; G: grande; Gi: gigante; x2: dois nevos; x4: quatro nevos; x5: 5 nevos; xn: nevo epidérmico;
xd: o nevo médio deste paciente
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