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PATRÍCIA FREITAS MARTINS
ABSENTEÍSMO POR DOENÇA EM TRABALHADORES DE SAÚDE
EM UM HOSPITAL PÚBLICO DO ESTADO DA BAHIA, 2005-2006
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
graduação em Saúde Coletiva do Departamento
de Saúde da Universidade Estadual de Feira de
Santana, como pré-requisito obrigatório para a
obtenção do título de Mestre em Saúde
Coletiva.
Orientador: Prof. Dr. Carlito Lopes Nascimento
Sobrinho.
FEIRA DE SANTANA
2008
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Ficha Catalografica
Martins, Patrícia Freitas
M345a Absenteísmo por doenças em trabalhadores de saúde em
um hospital público do Estado da Bahia, 2005-2006 / Patrícia
Freitas Martins. – Feira de Santana, 2008.
110 f. : il.
Orientador: Carlito Lopes Nascimento Sobrinho
Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva)– Programa de
Pós-graduação em Saúde Coletiva, Departamento de Saúde,
Universidade Estadual de Feira de Santana, 2008.
1. Trabalho. 2. Saúde. 3. Afastamento por doença. I.
Nascimento Sobrinho, Carlito Lopes. II. Universidade Estadual
de Feira de Santana. III. Título.
CDU: 331.316:616
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TERMO DE APROVAÇÃO
PATRÍCIA FREITAS MARTINS
ABSENTEÍSMO POR DOENÇA EM TRABALHADORES DE SAÚDE
EM UM HOSPITAL PÚBLICO DO ESTADO DA BAHIA, 2005-2006
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva do Departamento
de Saúde da Universidade Estadual de Feira de Santana, como pré-requisito obrigatório para
a obtenção do título de Mestre em Saúde Coletiva.
Prof. Dr. Carlito Lopes Nascimento Sobrinho (Orientador).
Prof. Dr. Eduardo F. Reis - Examinador.
Profa. Dra. Maslowa Islanowa C. Freitas – Examinador.
Feira de Santana, 10 de Janeiro de 2008.
4
Dedico mais esta vitória na minha vida à minha mãe
modelo de profissional e pessoa, ao meu pai pelo apoio e
carinho e, sobretudo, à minha filha Mayana, que se
conformou com as longas ausências da mamãe.
5
AGRADECIMENTOS
A DEUS, nosso Senhor, que tantas bênçãos e graças tem concedido à minha vida, nas
alegrias me mostrando a beleza de viver e ser feliz e nas dificuldades, me confortando, “Isto é
uma ordem: firme e corajoso. Não te atemorizes, não tenhas medo, porque o Senhor está
contigo em qualquer parte para onde fores” (Livro de Josué, 1; 9).
Aos Diretores do Hospital, nas pessoas de Dra. Márcia Suely Amaral, Dra. Carmem
Silvana, Dr. Wagner Bonfim e Dr. Eduardo Leite, pois todos autorizaram a realização da
Pesquisa, bem como concederam liberação de parte de minha carga horária para que fosse
possível conciliar trabalho e estudo.
Às Assistentes Sociais, colegas e companheiras de trabalho pela compreensão e apoio.
À Enfª. Eva Carvalho por ter me apresentado a lei que assegura participação dos
servidores de saúde em pós-graduações, mestrados e doutorados sem prejuízo salarial.
Às estudantes do curso de medicina, Bárbara, Cicília, Karina, Luana, Marina e Nara,
que participaram como membros da equipe de pesquisa, as “Patricinhas” como se
autonomearam.
À FAN, onde iniciei minha carreira acadêmica, e fez aumentar a vontade e
necessidade de realizar o mestrado acadêmico e, especialmente, à Coordenadora do Curso de
Serviço Social, Profª. Cristina Casali pelo apoio e incentivo.
Aos Professores do PPGSC que dividiram seu saber com dedicação e compromisso,
sem nomeá-los para não cometer injustiças.
Aos funcionários do PPGSC pela presteza, dedicação e compromisso, especialmente,
Gorete Pinho que me dedicou todo seu profissionalismo com carinho, respeito e zelo.
Aos colegas da Turma 2006 por dividirmos o aprendizado, as lutas, as conquistas e,
principalmente, as dificuldades e desafios, sobretudo, Lavínia, Leonor, Márcia, Elaine,
Marcos, Tatiane e Mônica.
Aos colegas das outras turmas, em especial Paloma Pinho, hoje minha prima, sempre
prestativa e solícita.
À Profª. Dra. Maria da Luz Silva pela orientação na construção do Projeto da Seleção
do Mestrado e pela co-orientação na Análise e Discussão dos Resultados, que acompanha
mais de dez anos minha jornada profissional desde a Especialização em Saúde Pública na
UEFS.
6
Aos Professores, Dr.Eduardo Reis e Dra. Maslowa Islanowa que participaram das
Bancas de Qualificação e Defesa, que com muita competência e sensibilidade trouxeram
importantes contribuições.
Ao Setor de Pessoal do Hospital, principalmente nas pessoas de suas funcionárias Ana
Meire, Mércia e Carmem.
E, muito especialmente ao meu querido orientador, Prof. Dr. Carlito Sobrinho, que não
apenas orientou, mas acalmou, aliviou, amenizou, alegrou e iluminou, meu muito obrigada!
Por fim, meu agradecimento, também muito especial, aos Trabalhadores da Equipe de
Saúde deste Hospital Público, que concordaram em participar desta pesquisa, uma equipe
aguerrida que, mesmo diante de tantos obstáculos no cotidiano profissional, continuam
prestando uma assistência humanizada, sacrificando, muitas vezes, sua saúde, sua qualidade
de vida, sua família, seu lazer, em função da belíssima missão de servir.
7
Talvez seja este o aprendizado mais difícil: manter o
movimento permanente, a renovação constante, a vida
vivida como caminho e mudança. (Maria Helena Kuhner)
8
RESUMO
Os trabalhadores de saúde que atuam na assistência à saúde estão expostos ao risco de
adoecer, em função das jornadas de trabalho extensas, trabalho em regime de plantão,
trabalho noturno, sobrecarga física e emocional e especificidades do trabalho em saúde como,
assistir o sofrimento, a doença e a morte cotidianamente. Este trabalho teve como objetivo
conhecer o absenteísmo por doença em trabalhadores de saúde de um Hospital Público do
Estado da Bahia. Realizou-se um estudo epidemiológico descritivo e exploratório, tendo como
objeto de estudo todos os atestados médicos emitidos como justificativa para o afastamento
do trabalho de profissionais de saúde que atuavam na assistência, em um Hospital Público do
Estado da Bahia, no período de julho de 2005 a 30 de junho de 2006. A coleta ocorreu nos
meses de março a agosto de 2006, sendo realizada no Setor de Pessoal através das pastas
cadastrais dos trabalhadores, dos atestados médicos e de documento da Secretaria de Saúde do
Estado da Bahia. Para a coleta de dados foi utilizada uma Ficha contendo as seguintes
variáveis: (Tempo de Afastamento e Doença que motivou o Afastamento); Sócio-
Demográficas (Idade, Sexo, Situação Conjugal e Número de Filhos do Profissional);
Características de Trabalho (Categoria Profissional a que pertence o trabalhador, Setor de
trabalho, Tipo do Contrato, Carga Horária de Trabalho Semanal e Tempo de Trabalho no
Hospital). O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UEFS. Observou-se
uma média de 2,31 atestados médicos por trabalhador afastado por doença no período
estudado e do total de trabalhadores do hospital estudados 31,9% (267) afastaram-se por
doença no período, representando uma elevada freqüência de adoecimento. Os resultados
apontaram que os trabalhadores de saúde afastados por doença são predominantemente do
sexo feminino, apresentavam idade igual e superior a 40 anos, como, também, apresentavam
tempo de serviço no hospital igual e superior a 12,5 anos. Houve predomínio do Tipo de
Contrato Estatutário, com jornada de trabalho de 40 horas semanais. Entre os setores de
trabalho destacaram-se Emergência e UTI e com relação ao grupo profissional, os resultados
apontaram à predominância dos profissionais de Enfermagem dentre aqueles que se afastaram
por doença no período estudado. Os resultados apontaram ainda, que o grupo de Enfermagem
apresentou a segunda maior incidência de afastamento por doença. O tempo médio de
afastamento por doença foi de 4,5 ± 4,4 dias. As doenças osteomusculares e respiratórias
foram as que mais motivaram o afastamento dos trabalhadores de saúde do hospital estudado,
seguidas de fatores que influenciam o estado de saúde e o contato com os serviços de saúde.
Este trabalho pode inaugurar novas discussões sobre as características do trabalho do setor
saúde, especialmente, em hospitais, e como estas afetam a saúde do trabalhador. Espera-se,
também, que os resultados desse estudo estimulem a criação e implantação de um Serviço de
Atendimento à Saúde do Trabalhador.
Palavras - Chave: Trabalho, Saúde, Afastamentos por Doença.
9
ABSTRACT
The health workers who act in the assistance to the health are displayed to the risk of
adducers, in function of the extensive work, hours of working in regimen of plantain,
nocturnal work, physical and emotional overload and specificities of the work in health as, to
attend the suffering, the illness and the death daily. This work had as objective to know the
absenteeism for illness in workers of health of a Public Hospital of the State of the Bahia. So,
a descriptive, exploring and epidemiological study was done, considering health workers on
sick leave, as the object of study, as well as the medical certificates from the Personal
Department at a public hospital of the State of Bahia from July 1st, 2005 to June 30th, 2006.
The collection occurred in the March months the August of 2006, being carried through in the
Sector of Staff through the folders registers in cadastre of the workers, the certified doctors
and document of the Secretariat of Health of the State of the Bahia. For the collection, some
forms, with distinct variables, were filled out: the principal form absence for sickness ( time
of absence and disease); the social demographic form ( age, sex, married status, number of
children’s) and the characteristics of work form ( profession, department, type of contract,
weekly work hours, time of work at the hospital). At first, it was observed that health workers
on sick leave completed a mean of 2,31% of medical certificates, and it was also observed
that 31,9% (267) of professionals got sick during the studied period, which represented a high
index of illness. The results pointed out that health workers on sick leave were predominantly
women, with the age of 40 (forty) or superior to it. It also pointed out that those people have
worked at the hospital for 12, 5 years or more. Most types of workers had a statutary contract
with 40 (forty) hours per week. Among the work departments, UTI Unidade de Terapia
Intensiva” (Intensive Therapy Unit), and First-aid station were stood out, and among the
workers, most on sick leave were nurses. The average time on sick leave was 4.5 within 4.4
days. Respiratory and musculoskeletal diseases were most common, followed by factors that
have influenced health and the contact with health services. This work can begin new
dialogues on characteristics affect the workers health. We hope the results from study can
stimulate the creation and implementation of a “Serviço de Atendimento à Saúde do
Trabalhador” (an Organ which can take care of health workers).
Key-Words: Work, Health, Removals for Illness
10
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Características Sociodemográficas dos profissionais de saúde afastados por
doença em um Hospital Público do Estado da Bahia, entre 2005/2006...............55
Tabela 2 Sexo e variáveis sociodemográficas dos profissionais de saúde afastados
por doença em um Hospital Público do Estado da Bahia, entre 2005/2006........56
Tabela 3 Categoria Profissional dos trabalhadores de saúde afastados por doença
em um Hospital Público do Estado da Bahia, entre 2005/2006............................59
Tabela 4 Setor de Trabalho dos profissionais de saúde afastados por doença em um
Hospital Público do Estado da Bahia, entre 2005/2006.........................................60
Tabela 5 Atividade profissional e setor onde atuava no Hospital, dos profissionais de
saúde afastados por doença em um Hospital Público do Estado da Bahia,
2005/2006...................................................................................................................63
Tabela 6 Sexo e Categoria Profissional dos trabalhadores de saúde afastados por
doença em um Hospital Público do Estado da Bahia, entre 2005/2006...............65
Tabela 7 Setor de Trabalho segundo sexo dos profissionais de saúde afastados por
doença em um Hospital Público do Estado da Bahia, entre 2005/2006...............65
Tabela 8 Sexo, a atividade profissional e o setor onde atuava dos profissionais de
saúde afastados por doença um Hospital Público do Estado da Bahia,
2005/2006...................................................................................................................66
Tabela 9 Idade, atividade profissional e setor onde atua no hospital dos profissionais
de saúde afastados por doença em um Hospital Público do Estado da
Bahia, 2005/2006.......................................................................................................68
Tabela 10 Freqüência da variável característica do trabalho, Carga horária de
trabalho e tempo de trabalho no hospital, dos profissionais de saúde
afastados por doença em um Hospital Público do Estado da Bahia, entre
2005/2006...................................................................................................................70
Tabela 11 Tipo de contrato, carga horária semanal e tempo de serviço dos
profissionais afastados por doença em um Hospital Público do Estado da
Bahia, 2005/2006.......................................................................................................71
Tabela 12 Tipo de Contrato e variáveis sócio-demográficas dos trabalhadores de
saúde afastados por doença de um Hospital Público do Estado da Bahia,
entre 2005/2006. ........................................................................................................73
Tabela 13 Sexo, carga horária e tempo de trabalho dos profissionais de saúde
afastados por doença em um Hospital Público do Estado da Bahia, entre
2005/2006...................................................................................................................74
11
Tabela 14 Tipo de Contrato e Categoria Profissional dos profissionais de saúde
afastados por doença em um Hospital blico do Estado da Bahia,
2005/2006...................................................................................................................75
Tabela 15 Categoria Profissional dos profissionais de saúde afastados por doença e
Tipo de Contrato em um Hospital Público do Estado da Bahia, 2005/2006 .......76
Tabela 16 Tipo de Contrato e Setor de Trabalho dos profissionais de saúde
afastados por doença em um Hospital Público do Estado da Bahia, entre
2005/2006...................................................................................................................77
Tabela 17 Dias de afastamentos por doença dos profissionais de saúde de um
Hospital Público do Estado da Bahia, entre 2005/2006.........................................79
Tabela 18 Doenças que motivaram o afastamento nos profissionais de saúde de um
Hospital Público do Estado da Bahia, 2005/2006...................................................80
Tabela 19 Doenças e Dias de afastamentos dos profissionais de saúde de um Hospital
Público do Estado da Bahia, entre 2005/2006........................................................82
Tabela 20 Categoria Profissional e Doenças que motivaram o absenteísmo dos
Profissionais de Saúde em um Hospital Público do Estado da Bahia,
2005/2006...................................................................................................................84
Tabela 21 Setor de Trabalho e as doenças que motivaram o absenteísmo dos
Profissionais de Saúde em um Hospital Público do Estado da Bahia,
2005/2006 ..................................................................................................................85
Tabela 22 Tipo de contrato e doenças que motivaram o absenteísmo na equipe de
saúde em um Hospital Público do Estado da Bahia, 2005/2006...........................86
Tabela 23 Carga horária semanal trabalhada e as doenças que motivaram o
absenteísmo dos profissionais de saúde em um Hospital Público do Estado
da Bahia, 2005/2006..................................................................................................87
Tabela 24 Tempo de trabalho no hospital e as doenças que motivaram o
afastamento dos profissionais de saúde em um Hospital Público do Estado
da Bahia, 2005/2006..................................................................................................88
Tabela 25 Idade dos profissionais afastados por doença e as doenças que mais
motivaram absenteísmos em um Hospital Público do Estado da Bahia,
2005/2006...................................................................................................................89
Tabela 26 Dias de afastamento por doença segundo sexo dos profissionais de saúde
de um Hospital Público do Estado da Bahia, entre 2005/2006.............................91
Tabela 27 Doenças que motivaram o absenteísmo segundo sexo dos profissionais de
saúde de um Hospital Público do Estado da Bahia, entre 2005/2006 ..................92
12
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 Principais Categorias Profissionais dos Trabalhadores de Saúde
Afastados por Doença em um Hospital Público do Estado da Bahia,
entre 2005/2006 .................................................................................................59
Gráfico 2 Principais Setores de Trabalho dos Profissionais de Saúde afastados por
doença de um Hospital Público do Estado da Bahia, entre 2005/2006........61
Gráfico 3 Tipos de Contrato de Trabalho predominantes entre os Profissionais de
Saúde afastados por doença de um Hospital Público do Estado da
Bahia, entre 2005/2006 .....................................................................................70
13
14
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................17
2 OBJETIVOS ......................................................................................................................222
2.1 GERAL.............................................................................................................................222
2.2 ESPECÍFICOS ...................................................................................................................22
3 REVISÃO DE LITERATURA...........................................................................................23
3.1 TRABALHO E PROCESSO DE TRABALHO.................................................................23
3.2 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO – HISTÓRIA E CONTEMPORANEIDADE.........27
3.3 TRABALHO E SAÚDE.....................................................................................................29
3.4 TRABALHO EM SAÚDE E NOS HOSPITAIS ...............................................................32
3.5 ABSENTEÍSMO POR DOENÇA......................................................................................38
4 METODOLOGIA................................................................................................................45
4.1 TIPO DE ESTUDO ............................................................................................................46
4.2 POPULAÇÃO DE ESTUDO.............................................................................................47
4.3 FONTES DE DADOS........................................................................................................48
4.4 INSTRUMENTOS DE COLETA ......................................................................................48
4.5 VARIÁVEIS.......................................................................................................................48
4. 6 COLETA ...........................................................................................................................49
4.7 ANÁLISE DOS DADOS ...................................................................................................51
4.8 ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA ..............................................................................51
5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ............................................................53
5.1 PERFIL SÓCIO-DEMOGRÁFICO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE
AFASTADOS POR DOENÇA .......................................................................................54
5.2 CATEGORIAS PROFISSIONAIS E OS SETORES DE TRABALHO SEGUNDO
OS PROFISSIONAIS AFASTADOS POR DOENÇA...................................................57
5.2.1 PROFISSIONAIS AFASTADOS POR DOENÇA POR SEXO, CATEGORIA
PROFISSIONAL E SETOR DE TRABALHO...............................................................64
15
5.2.2 CARACTERÍSTICA DE IDADE, CATEGORIA PROFISSIONAL E SETOR DE
TRABALHO ENTRE OS PROFISSIONAIS AFASTADOS POR DOENÇA..............67
5.3 CARACTERÍSTICAS DE TRABALHO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE
AFASTADOS POR DOENÇA NO HOSPITAL PÚBLICO DO ESTADO DA
BAHIA ............................................................................................................................69
5.3.1 CARACTERÍSTICA DE TIPO DE CONTRATO E A RELAÇÃO COM AS
CARACTERÍSTICAS SÓCIO-DEMOGRÁFICAS DOS PROFISSIONAIS
AFASTADOS POR DOENÇA .......................................................................................72
5.3.2 SEXO E CARACTERÍSTICAS DE TRABALHO DOS PROFISSIONAIS
AFASTADOS POR DOENÇA .......................................................................................73
5.3.3 CARACTERÍSTICA DE TIPO DE CONTRATO, CATEGORIA
PROFISSIONAL E SETOR DE TRABALHO DOS PROFISSIONAIS DE
SAÚDE AFASTADOS POR DOENÇA.........................................................................75
5.4 CARACTERÍSTICAS DOS ATESTADOS MÉDICOS DOS PROFISSIONAIS DE
SAÚDE AFASTADOS POR DOENÇA.........................................................................78
5.4.1CARACTERÍSTICA DOS ATESTADOS MÉDICOS, CATEGORIA
PROFISSIONAL E SETOR DE TRABALHO DOS PROFISSIONAIS DE
SAÚDE AFASTADOS POR DOENÇA.........................................................................82
5.4.2 CARACTERÍSTICA DOS ATESTADOS MÉDICOS E AS
CARACTERÍSTICAS DE TRABALHO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE
AFASTADOS POR DOENÇA .......................................................................................85
5.4.3 CARACTERÍSTICA DOS ATESTADOS MÉDICOS E A RELAÇÃO COM A
IDADE DOS PROFISSIONAIS AFASTADOS POR DOENÇA ..................................88
5.4.4 CARACTERÍSTICA DE SEXO E OS ATESTADOS MÉDICOS DOS
PROFISSIONAIS AFASTADOS POR DOENÇA.........................................................90
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................96
REFERÊNCIAS .....................................................................................................................98
APÊNDICE A .......................................................................................................................105
APÊNDICE B........................................................................................................................106
ANEXO A..............................................................................................................................107
16
ANEXO B..............................................................................................................................108
ANEXO C..............................................................................................................................109
17
Sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo
nem ensino. (Paulo Freire)
1 INTRODUÇÃO
Absenteísmo no sentido restrito é a falta do empregado ao trabalho, podendo ser
classificado em: absenteísmo doença (ausência justificada por licença saúde); absenteísmo
por patologia profissional (acidente de trabalho e/ou doença profissional); absenteísmo legal
(amparado por lei, como gestação, nojo, gala, doação de sangue e serviço militar), entre
outros (QUICK; LAPERTOSA, 1982).
A precarização do trabalho vivida na atualidade no Brasil, como no resto do mundo,
tem trazido como conseqüências imediatas os acidentes de trabalho, assim como o
agravamento das doenças profissionais, percebidas em qualquer tipo de organização, como os
hospitais. Esta precarização, portanto, tem impacto sobre as características e condições de
trabalho e, sobretudo, sobre a saúde do trabalhador, que tem como uma de suas conseqüências
o absenteísmo por doença (ABRAMIDES; CABRAL, 2003; ANTUNES, 2000; GRAVE,
2002; MARZIALE; ROBAZZI, 2000; TAVARES, 2002; OUTROS).
Os impactos sobre a saúde dos trabalhadores são sentidos, principalmente,
com a mudança do perfil de morbidade. Além dos quadros epidêmicos,
conhecidos de longa data, de silicose, acidentes fatais, amputações de
membros superiores, que ainda persistem nos setores produtivos mais
atrasados, hoje convivem com o crescimento de casos de LER (Lesões por
Esforços Repetitivos), síndrome dolorosa e incapacitante, nem sempre
reversível, que acomete, principalmente, os membros superiores..., são hoje
as maiores responsáveis pelos afastamentos do trabalho entre a população
com menos de 40 anos e, em particular, as mulheres, embora não
exclusivamente (GIANNASI, 1997, p. 82).
Esse agravamento da situação de saúde dos trabalhadores tem acontecido em função
da intensificação dos ritmos e do conteúdo do trabalho, da racionalização da força produtiva,
da busca exacerbada pela excelência, qualidade total e produtividade, em detrimento das
condições de trabalho e de saúde do trabalhador, isto é, pouco importa se haverá perda para o
trabalhador, desde que não haja perda de lucro. (ANTUNES, 2000; GRAVE, 2002).
18
No contexto hospitalar, além dessa situação ora descrita, os profissionais de equipes de
saúde formam um grupo especial de trabalhadores, que juntos detêm características
semelhantes como nero: a maioria das categorias é composta do sexo feminino, e, até entre
médicos, se observa o fenômeno da feminização; hierarquia, por divisão fragmentada de
tarefas, rígida estrutura hierárquica para o cumprimento de rotinas, normas e regulamentos; e
sobrecarga, tanto física como emocional, muitas vezes favorecida pelo número insuficiente de
trabalhadores (REIS; COLABORADORES, 2003)
Todavia, os profissionais de equipes de saúde se constituem em grupo de
trabalhadores que detém uma autonomia relativa no processo de trabalho, embora
necessariamente isto não se reverta em qualidade de vida e de saúde, apontado pelo alto
índice de absenteísmo por doenças, observado em alguns estudos, como de Silva e Marziale
(2006), Barboza e Soler (2003), Faria e Colaboradores (2005), entre outros.
No estudo de Reis e Colaboradores (2003), identificou-se que as características
especiais supracitadas se acentuam na categoria de enfermagem por estes estudada, todavia o
presente estudo se propõe a descrever o absenteísmo dos trabalhadores de saúde de um
hospital público, e não apenas numa categoria específica.
Silva e Marziale (2006) ressaltam, também, que um aspecto importante sobre as
causas do absenteísmo, é que nem sempre estas se encontram no trabalhador, mas na empresa,
como organização e supervisão deficientes, através da repetitividade de tarefas, da
desmotivação, das condições desfavoráveis de ambiente e de trabalho, da precária integração
entre os empregados e dos impactos psicológicos de uma direção deficiente.
Não é diferente nos hospitais, onde o modelo de organização do trabalho também
pouco oferece aos trabalhadores possibilidade de diversificar suas tarefas; existindo normas e
rotinas institucionais inflexíveis, que se refletem sobre as atribuições que cada profissional
deve executar, configurando um quadro muito bem determinado e delimitado de tarefas.
Em relação aos hospitais públicos, o estudo de Cecílio (2002, p. 297), propondo a
qualificação do atendimento prestado nestas instituições, questiona as formas gerenciais atuais
e reforça a necessidade de “transformação do atual modelo de administração burocrático-
cartorialista, na direção de modelos mias gerenciais, comprometidos com a qualidade do
atendimento, com a melhor utilização possível dos recursos e centrado no paciente”.
Com relação às características de sexo, hierarquia e sobrecarga, física e emocional,
Reis e outros (2003) sugerem que estas necessitam serem estudadas conjuntamente uma vez
que constituem importante papel para o absenteísmo por doença do profissional de saúde,
19
principalmente num contexto hospitalar, dada às condições inadequadas de trabalho vigentes
em quase todo país, conforme complementam Barboza e Soler (2003).
Ainda segundo Reis e Colaboradores (2003), são incipientes as investigações sobre o
perfil de absenteísmo por doença dos trabalhadores de enfermagem no Brasil, como são
poucos os estudos também sobre os demais profissionais de saúde, enquanto equipe
multiprofissional e multidisciplinar, submetida a condições semelhantes de trabalho, uma vez
que, na revisão de literatura realizada, os estudos identificados descrevem o absenteísmo
apenas em profissionais de enfermagem.
Este trabalho teve como objeto de estudo conhecer o absenteísmo por doença em
trabalhadores de saúde em um Hospital Público do Estado da Bahia, porque se acredita que os
profissionais que atuam na assistência à saúde estão mais vulneráveis ao risco de adoecer, em
função das jornadas extensas, trabalho em regime de plantão, trabalho em plantão noturno,
sobrecarga física e emocional e especificidades do trabalho em saúde como assistir o
sofrimento, a doença e a morte cotidianamente, dentre outros, como sugere a literatura
consultada (SILVA; MARZIALE, 2000; BARBOZA; SOLER, 2003; REIS E
COLABORADORES, 2003).
Para estudar o absenteísmo em trabalhadores de saúde num hospital público foi
realizado estudo das características cio-demográficas dos profissionais de saúde afastados
por doença, como também das características do trabalho que é feito por estes, o tipo de
contrato, a categoria profissional, o setor de trabalho, a carga horária semanal de trabalho,
entre outros.
Daí a relevância desse estudo, pois acreditamos ser um dos primeiros, a investigar o
absenteísmo por doença de todos os trabalhadores da equipe de saúde, e não apenas da
categoria de enfermagem, em um Hospital Público do Estado da Bahia.
Convém ressaltar que o absenteísmo foi delimitado como ausência ao trabalho por
doença, registrada em atestado médico por período inferior e igual há quinze dias, visto que a
partir daí, o trabalhador fica de licença-médica sob responsabilidade da Previdência Social,
conforme preconiza a legislação trabalhista brasileira.
A escolha por estudar os afastamentos de curta duração se deu porque Reis e
Colaboradores (2003) apontam que estes podem fornecer informações importantes sobre o
estado de saúde de determinada categoria de trabalhadores, como podem possibilitar a
investigação da relação destes com a organização do trabalho, a exemplo de duração de
jornada, turnos, cargas, demandas e controles, isto é, autonomia dos trabalhadores na
realização de suas tarefas.
20
No hospital público, cenário do estudo em tela, vêm ocorrendo profundas alterações
no sistema de contratação e gestão do trabalho. Os trabalhadores que, no passado recente,
eram contratados por concurso público, vêm sendo admitidos mediante contratos por tempo
determinado, que dificultam a formação de quadros permanentes, fragilizando os
trabalhadores, agravando a elevada sobrecarga física e psíquica.
Assim, aos funcionários permanentes, de vínculo efetivo, deste hospital, resta a
convivência com uma equipe flutuante, o que implica em assumir a responsabilidade pelo
trabalho, com aumento de sobrecarga, física e emocional, pelo número reduzido de
trabalhadores, além de conviver com baixos salários e aceitar as condições de trabalho, já que
se constituem na equipe fixa.
Não especificamente sobre vínculo, mas discutindo as condições de trabalho de
enfermagem em hospitais e que, de modo geral, refletem as condições de todos os
trabalhadores de saúde, Barboza e Soler (2003, p. 178) apontam que:
Como conseqüência das condições inseguras de trabalho em instituições
hospitalares, no caso da equipe de enfermagem, têm sido freqüentes os
acidentes de trabalho, o absenteísmo e os afastamentos por doenças, o que
tem dificultado a organização do trabalho em diversos setores e,
conseqüentemente, a qualidade da assistência de enfermagem prestada.
Vale salientar que este estudo se voltará para o absenteísmo dos profissionais que
compõem a equipe de saúde
1
tanto do quadro permanente como os de contratos temporários,
excluindo-se, assim, os do grupo administrativo, pois os profissionais de saúde estão mais
vulneráveis ao risco de adoecer neste tipo de instituição.
Portanto, foi investigado, neste estudo, o absenteísmo por doença dos trabalhadores da
equipe de saúde de um Hospital Público do Estado da Bahia. No Plano Diretor de
Regionalização do Estado da Bahia (PDR/BA), o Hospital estudado encontra-se na
Macrorregião Centro-Leste, formada por 89 municípios, com uma população total de
2.124.553 habitantes, correspondendo a 15,9% da população do Estado.
Na observação da Agenda de Saúde (BAHIA, 2004), da Secretaria de Saúde do Estado
da Bahia (SESAB), no Compromisso V - Implementação da Política de Gestão do Trabalho
na SESAB e de Desenvolvimento do Trabalhador do Setor Saúde, em seus cinco objetivos,
não foi encontrada política de assistência a esse trabalhador e não se percebe uma
1
Equipe de Saúde Trabalhadores que direta ou indiretamente ocupam-se da assistência à saúde dos pacientes
que procuram o referido hospital.
21
sensibilidade no que diz respeito ao “cuidado com o cuidador”
2
. Desses objetivos, somente
dois estão voltados para a capacitação do trabalhador, os outros três envolvem gestão e infra-
estrutura.
No que se refere aos benefícios do investimento na saúde do trabalhador, esta
Instituição não realiza exames periódicos de saúde, exigindo apenas os exames admissionais,
ficando o cuidado com a saúde do cuidador ao encargo destes.
1.1 PROBLEMA
Quais as doenças que acometem os profissionais de saúde levando-os ao afastamento
do trabalho em um Hospital Público do estado da Bahia?
2
Grifo nosso.
22
2 OBJETIVOS
2.1 GERAL:
Investigar a ocorrência de doenças que motivaram o absenteísmo dos trabalhadores da
equipe de saúde em um Hospital Público do estado da Bahia, 2005-2006.
2.2 ESPECÍFICOS:
1 Levantar a ocorrência de doenças classificadas pelo CID 10
3
. que motivaram o
afastamento entre os trabalhadores da equipe de saúde.
2
23
A mais bela teoria só tem valor através das obras que realiza. (Romain Rolland)
3 REVISÃO DE LITERATURA
3.1 TRABALHO E PROCESSO DE TRABALHO
O Trabalho, segundo Marx (1996), é um processo entre o homem e a natureza,
processo esse em que o homem, em sua própria ação, media, regula e controla seu
metabolismo com a natureza. Nesse sentido, ele pressupõe o trabalho numa forma que
pertence ao homem.
Somente o pensamento humano, por meio do trabalho, é capaz de reorganizar as
propriedades imanentes ao ser da natureza, em condições totalmente novas, de modo a
conferir-lhe uma objetividade distinta daquela até então existente, sem que este processo seja
determinado de forma biológica.
Os atos do trabalho, contudo, apenas podem vir a ser e se desenvolver tendo por
mediação dois complexos sociais fundamentais. De um lado, só ocorrem no interior das
relações sociais e, por outro lado, até para acontecer no interior das relações sociais dependem
da linguagem. Portanto, o ser social comparece como um complexo constituído, pelo menos
de três categorias primordiais: a sociedade, a linguagem e o trabalho (LESSA, 1996).
O Processo de Trabalho é atividade orientada a um fim para produzir valores de uso,
apropriação do natural para satisfazer as necessidades humanas, condição universal do
metabolismo entre o homem e a Natureza, condição natural eterna da vida humana e,
portanto, independente de qualquer forma dessa vida, sendo antes igualmente comum a todas
as suas formas sociais (MARX, 1996).
Os elementos constitutivos do processo de trabalho são a atividade orientada a um fim
ou o trabalho propriamente dito, o objeto e os meios de trabalho. Esses elementos
constitutivos do processo de trabalho constituem as forças produtivas (SANTOS, 1986).
O objeto de trabalho (recursos naturais; como o couro) constitui-se em componente
que, pela mediação com os demais componentes das forças produtivas (meios e força de
trabalho) é gradativamente transformado em bens e serviços de utilidade, seja de uso direto ou
indireto em um mercado em contínua expansão (MARX, 1996).
24
Para Marx (1996), existem duas dimensões no trabalho humano; o “trabalho abstrato”
ou quantitativo, dispêndio de força de trabalho do homem no sentido fisiológico, e nessa
qualidade de trabalho humano abstrato produz mercadoria; e o “trabalho concreto” ou
qualitativo, dispêndio de força de trabalho humano sob forma especificamente adequada a um
fim e nessa qualidade de trabalho concreto produz valor de uso (GARCIA, 1984; MARX,
1996). O trabalhador apropria-se do trabalho abstrato através da remuneração paga pelo
capitalista, que troca a mercadoria trabalho pela mercadoria dinheiro, necessário para a
aquisição dos meios de manutenção material do trabalho (alimentação, repouso, lazer etc.). O
segundo é apropriado pelo capitalista, o valor de uso específico do trabalho, orientado para
um fim, gerador de mais valor para o capitalista, sendo este o serviço que o capitalista dele
espera.
Nas sociedades modernas, principalmente nas ditas capitalistas, o trabalho está sendo
cada vez mais estranhado pelo trabalhador, pois não mais se realiza um trabalho concreto, na
relação homem e natureza, ao contrário, vem sendo crescente a sua forma abstrata, de
exploração do homem pelo homem.
No sistema de produção capitalista o “trabalho concreto” é apropriado pelo capitalista
que remunera o produtor do trabalho (trabalhador), para que o mesmo possa recuperar a
energia física utilizada para a sua execução - “trabalho abstrato”. Dessa forma, o trabalho é
desintegrado em seus componentes e assim é coisificado, transformando-se em mercadoria.
Com isso, o capitalista retira o sentido do trabalho para o trabalhador, a identidade do
produtor, que não mais se identifica no objeto do seu trabalho (produto), gerando alienação do
trabalho (MARX, 1996; SANTOS, 1986).
Portanto, alienação é a dissociação entre atividade e sujeito imposta pelo modo de
produção capitalista. O produtor não mais se identifica no produto do seu trabalho, agora o
produtor transforma-se em objeto, é coisificado. O trabalhador passa a identificar a sua
atividade como estranha que não pertence a ele.
Esse sistema mantém domínio e primazia sobre a totalidade dos seres sociais, sendo
que suas mais profundas determinações estão orientadas para a expansão e impelidas pela
acumulação. Sobrepõe-se às mediações de primeira ordem, em que os indivíduos
relacionavam-se com a natureza e com os seres sociais dotados de algum grau de
autodeterminação. Nesse processo de alienação, o capital degrada o sujeito real da produção,
o trabalho, à condição de uma objetividade reificada - um mero fator material de produção
(BARBOSA E COLABORADORES, 2001).
25
O capitalismo inaugurou e extremou a razão social do trabalho abstrato.
Voltado à produção de valores-de-troca, esse processo ocupou o lugar que
antes pertencia àquela relação metabólica homem-natureza que primava e
findava na satisfação das necessidades dos seres conscientes (RIBEIRO;
THOMAZ JÚNIOR, 2002)
4
Todavia, coloca Antunes (2000), que ainda assim não perda total de sentido e de
significado do trabalho, na sua forma contemporânea, pois enquanto expressão do trabalho
social está mais complexificada, socialmente mais combinada e ainda mais intensificada em
seus ritmos e processos. O trabalho não deixou de produzir valor, é que hoje a sociedade do
capital necessita cada vez menos do trabalho estável e cada vez mais do trabalho parcial.
Ainda segundo Antunes, o capital não pode eliminar o trabalho vivo do processo de
criação de valores. O que se é um aumento da utilização da produtividade do trabalho, de
modo a intensificar as formas de extração das horas trabalhadas e não pagas ao trabalhador,
em tempo cada vez mais reduzido. Não há possibilidade do fim do trabalho, que sem este o
capital não pode continuar se reproduzindo.
Houve uma diminuição do proletariado estável, porém ampliou-se o trabalho
imaterial/intelectual, a exemplo de escritórios, bancos, serviços, como saúde e educação, e
ampliou-se, significativamente, o trabalho informal, autônomo, entre outros (GRAVE, 2002).
Ao invés de estar acabando, o trabalho está se diversificando e ampliando. A
capacidade dos trabalhadores de ampliarem seus saberes torna-se uma característica decisiva
de capacidade de trabalho em geral. Todavia, tanto o trabalho material, como o imaterial,
estão subordinados à lógica de produção de mercadorias e do capital. Assim, Antunes (2000)
conclui que não está havendo nenhuma substituição do trabalho, quer seja pela ciência,
informação, comunicação e sim uma maior interação e interpenetração.
Na atualidade, um grande número de trabalhadores desempregados e
subempregados, fragilizados, desregulamentados e precarizados, segundo diversos autores
como, Castel (1998), Druck (1999), Antunes (2000), Grave (2002), Montaño (2005). Essas
condições afetam a saúde do trabalhador, posto que, “A intensidade e ritmo acelerado no
trabalho e o número excessivo de horas na jornada são decisivos na precarização da saúde do
trabalhador”, Abramides e Cabral (2003, p. 7).
Os países capitalistas e, também, o Brasil, progressivamente, vem destituindo o
trabalhador do seu trabalho, que não mais se reconhece no seu processo de produção, e está
responsabilizado por sua empregabilidade, transformado em polivalente, heterogêneo,
4
A citação consta apenas do ano, porque na consulta eletrônica não foi disponibilizada a página.
26
fragmentado, desregulamentado. O sofrimento de milhares de trabalhadores tem sido relegado
ao lugar comum, sem o amparo legal e institucional do Estado, minimizado para atender aos
interesses do capital, Montaño (2005).
Para Grave (2002), aos trabalhadores restam mais incertezas do que possibilidades;
assim, a autora prevê um panorama de informalidade, desemprego, violência e até de
mendicância para os trabalhadores. As perspectivas, portanto, são sombrias; talvez tão graves
quanto às vividas no século XIX, conhecido como século da “miséria operária”.
As condições de trabalho, apesar das normatizações de controle vigentes no Brasil,
submetem os trabalhadores, em geral, a exaustivas jornadas, horas extras não pagas, baixos
salários, contratos temporários, facilmente canceláveis, Tavares (2004). Situações essas que
desgastam a saúde do trabalhador, não atingindo seu corpo físico, bem como seu aparelho
psíquico, Dejours (1992).
O Brasil, dentro do contexto capitalista e neoliberal, passa por todas as metamorfoses
do mundo do trabalho, impondo uma reestruturação produtiva e uma desestruturação social
extremamente impactante para a vida dos trabalhadores, tanto do ponto de vista da
precarização das condições de trabalho, da sua fragmentação e heterogenização, bem como da
sua desregulamentação, que retira dos trabalhadores direitos sociais (LARANJEIRA, 1999).
Também nesse contexto, outras situações difíceis vividas pela classe trabalhadora
podem ser identificadas, correspondendo ao estímulo à competitividade, à busca de
resultados, à exclusão social, principalmente, dos menos qualificados. O mercado tem hoje
um trabalho extremamente qualificado em termos de tecnologia, com uma gama de
trabalhadores sem qualificação.
Segundo Antunes (2000, p. 49), “o mais brutal resultado dessas transformações é a
expansão, sem precedentes na era moderna, do desemprego, que atinge o mundo em escala
global”. São milhões de pessoas desempregadas ou subempregadas, através de contratos
temporários, estágios, terceirizações, biscates, prestações de serviço, entre outros. Estes
trabalhos, em geral, não asseguram ao trabalhador nem a continuidade do vínculo, ou seja, do
trabalho, e nem as proteções sociais e trabalhistas.
Todas estas transformações repercutem significativamente na subjetividade do
trabalhador, causando-lhe estranhamento do processo de trabalho e sofrimento, na medida em
que, além do não reconhecimento do que se faz, o trabalhador não pode fazer nenhuma
modificação na sua tarefa para torná-la mais adequada às suas necessidades fisiológicas e aos
seus desejos e motivações. Segundo Dejours (1992), quando isso ocorre, diz-se que a relação
homem-trabalho está bloqueada.
27
Com respeito aos trabalhadores que mesmo inseridos formalmente no mercado, apesar
do enfrentamento das referidas características de trabalho, vivenciam a incerteza da
permanência, materializando o que alguns teóricos chamam de a síndrome da sobrevivência,
temendo a freqüente ameaça do desemprego, além da incidência de horas trabalhadas a mais,
sem receber por estas, assumindo tarefas de outros que já saíram, enfim, se submetendo a todo
tipo de pressão da organização do trabalho como estratégia para não virem a ficar na condição
de desempregados, aponta Laranjeira (1999).
3.2 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO – HISTÓRIA E CONTEMPORANEIDADE
Neste estudo, semelhante ao de Nascimento Sobrinho (2005), optou-se por usar o
conceito de organização do trabalho como conjunto de normas e regras que definem o modo
como se executa o trabalho num ambiente de produção de bens materiais ou de serviços. A
organização do trabalho refere-se à divisão técnica e social do trabalho, o conteúdo da tarefa,
ou seja, à hierarquia interna dos trabalhadores, ao controle por parte da empresa do ritmo e
pausas de trabalho.
No modo de produção capitalista, a organização do trabalho humano é importante
instrumento para a racionalização e maximização da utilização da força de trabalho, no
sentido da produção de mercadorias e serviços. Transformações substanciais ocorreram na
organização do trabalho humano nos últimos tempos, em decorrência do grande
desenvolvimento científico-tecnológico e da concentração em um mesmo espaço (fábrica) de
força de trabalho e equipamentos, Druck (1999).
Essa forma de organização do trabalho denominada taylorismo/fordismo presente
em grande parte do desenvolvimento do capitalismo, conformou um padrão de organização do
trabalho caracterizado pela produção e consumo de massa. Esse modelo impôs ao trabalhador
um rigoroso sistema de controle e avaliação de desempenho, pautado em critérios de
produtividade individual e coletiva, Dejours (1986).
Como características desta forma de organização, têm-se: concentração de recursos no
interior de uma mesma organização; separação entre trabalho intelectual (planejamento) e
trabalho físico (execução), sendo o controle e a fiscalização das atividades realizadas pelos
planejadores; estímulo à divisão de saberes e práticas no interior das organizações
28
(especialização); divisão da organização em setores com objetivos comuns (departamentos)
com comando único; e adequação do trabalhador à tarefa executada, para garantir maior
eficiência e produtividade, Antunes (2000).
Na década de 1980, foram intensas as modificações no mundo do trabalho, de grande
salto tecnológico, automação, robótica e a microeletrônica, que invadiram o universo fabril,
inserindo-se e desenvolvendo-se nas relações de trabalho e de produção do capital. O
Fordismo e o Taylorismo não são únicos e mesclam-se com outros processos produtivos,
sendo em alguns casos até substituído, pela experiência japonesa, pelo modelo denominado de
Toyotismo (ANTUNES, 2000; GRAVE, 2002; TAVARES, 2004).
Com o Toyotismo, novos processos de trabalho emergem, onde o cronômetro e a
produção em série e de massa são “substituídos” pela flexibilização da produção, pela
“especialização flexível”, por novas formas de adequação da produção à lógica do mercado.
Ensaiam-se modalidades de desconcentração industrial, buscando novos padrões de gestão da
força de trabalho, dos quais os Círculos de Controle de Qualidade (CCQs), a gestão
participativa”, a busca da “qualidade total”, são expressões visíveis já na maioria dos países, e
não mais só no Japão, (GRAVE, 2002).
É o Toyotismo, portanto, que maior impacto tem causado, tanto pela revolução
técnica, quanto pela potencialidade de propagação, expansão hoje que atinge uma escala
mundial. Este modelo se firmou na necessidade de o trabalhador operar simultaneamente
várias máquinas, o dito trabalhador polivalente, na necessidade da empresa aumentar a
produção sem aumentar o número de trabalhadores e na importação das técnicas dos
supermercados, baseando-se na reposição dos produtos somente depois de sua venda.
A Especialização Flexível é uma nova forma produtiva que articula, de um lado, um
significativo desenvolvimento tecnológico e, de outro, uma desconcentração produtiva
baseada em empresas médias e pequenas, “artesanais”. Recusa a produção em massa, e
recupera uma concepção de trabalho que, sendo mais flexível, estaria isenta da alienação do
trabalho, intrínseca à acumulação de base fordista. Um processo “artesanal”, mais
desconcentrado e tecnologicamente desenvolvido, produzindo para um mercado mais
localizado regional, que extingue a produção em série (ANTUNES, 2000; GRAVE, 2002;
TAVARES, 2004).
Entretanto, a característica mais marcante da flexibilização do mundo do trabalho na
contemporaneidade, acontece com impacto, sobretudo para o trabalhador, onde os direitos do
trabalho são desregulamentados, são flexibilizados, de modo a dotar o capital do instrumento
29
necessário para adequar-se à sua nova fase. Direitos e conquistas históricas dos trabalhadores
são substituídos e eliminados do mundo da produção.
Os trabalhadores estão convivendo com salários baixos, horas-extras não pagas,
vínculos temporários, perdas de direitos, para terem trabalho e não ficarem desempregados,
mas como colocam Maslach e Leiter (1999), mais grave será o impacto duradouro que se dará
sobre a qualidade da própria vida profissional.
Após a Acumulação Flexível no mundo do trabalho, portanto, o trabalho organizado
foi solapado, ocorrendo altos níveis de desemprego e retrocesso da ação sindical (ANTUNES,
2002; GRAVE, 2002). E sem uma coletividade, antes representada pelos sindicatos, os
trabalhadores, de modo geral, pouco se comprometem na luta em defesa de suas vidas e de
seus trabalhos, temendo represálias e perda do emprego, tornando-se passivos, desmotivados
e infelizes. (MASLACH; LEITER, 1999).
3.3 TRABALHO E SAÚDE
Elegeu-se a organização e gestão do trabalho como categoria central para o
entendimento do controle e consumo da força de trabalho e da relação trabalho-saúde. Para
isso, conceituou-se organização como o conjunto de normas e regras que definem o modo
como se executa o trabalho num ambiente de produção de bens materiais ou de serviços. E a
organização do trabalho como a divisão técnica e social do trabalho, ou seja, refere-se à
hierarquia interna dos trabalhadores, ao controle por parte da empresa do ritmo e pausas de
trabalho.
No sistema de produção capitalista como “trabalho abstrato” é apropriado pelo
capitalista há que se remunerar monetariamente o trabalhador (assalariamento), para que
assim, o trabalhador possa recuperar a energia física utilizada na execução do trabalho
(trabalho abstrato).
Assim sendo, no campo da saúde, o trabalho humano possui um duplo caráter, de um
30
psíquica da saúde do trabalhador, estudar as repercussões psicopatológicas geradas pela
organização do trabalho, constitui-se como categoria central para a psicodinâmica do trabalho.
O estudo do processo de trabalho / saúde do trabalhador deve levar em conta três
condicionantes básicos deste processo: as condições gerais de vida, as relações de trabalho o
processo de trabalho propriamente dito. As condições gerais de vida devem ser entendidas em
duas dimensões distintas; através das condições propiciadas pelo padrão e volume dos bens de
consumo coletivo oferecido pelo Estado (água, transporte coletivo, segurança etc.) e pelas
condições que incidem sobre o consumo individualizado, que é obtido através do salário (bens
de consumo e serviços individualizados). Esta segunda dimensão pressupõe a forma de
inserção no mercado de trabalho (PICALUGA, 1990; SILVA, 1986, 1987).
As relações de trabalho podem ser percebidas pela jornada de trabalho (número de
horas trabalhadas, obrigatoriedade de cumprir horas extras, etc.); o tipo de contrato de
trabalho (carteira assinada, prestação de serviços, etc.); a forma de pagamento (por mês,
semana, dia, tarefa, etc.); o horário de trabalho (diurno, noturno, por turnos, etc.); a exigência
de conhecimentos técnicos; sistema de ascensão previsto; forma de controle sobre os
trabalhadores (no horário de trabalho, nos intervalos, na utilização dos banheiros, na hora das
refeições, etc.) tempo de folga (cumprimento, ou não, da legislação); local para refeições e
condições ambientais; existência de banheiros (quantidade e qualidade); serviços médicos e
refeição são aceitos como determinantes da qualidade de vida e condições de saúde do
trabalhador (PICALUGA, 1990; SILVA, 1986, 1987).
O processo de trabalho propriamente dito, refere-se à especificidade de uma dada
categoria profissional, ao esclarecer como se dá o processo de trabalho. Nesse condicionante
inclui-se à exposição a agentes nocivos à saúde durante o desempenho da atividade laboral.
Este é o caso mais facilmente reconhecido e diz respeito a agentes físicos (luz, ruído,
temperatura, umidade, radiações), químicos (substâncias inorgânicas, substâncias orgânicas) e
biológicos (vírus, bactérias, protozoários) (PICALUGA, 1990; SILVA, 1986, 1987).
Nos últimos anos os profissionais de saúde, vêm apresentando significativa
deterioração nas suas condições gerais de vida, fruto da redução da remuneração, e da
minimização das ações sociais desenvolvidas pelo Estado. Este fator afeta estes trabalhadores
duplamente, como usuários e como prestadores de serviços estatais (NASCIMENTO
SOBRINHO, 2005). Essas transformações vêm, nos últimos anos, alterando o sistema de
remuneração que de um modelo de assalariamento, vem-se constituindo em um modelo de
remuneração por procedimento, gerando redução dos salários e instabilidade.
31
Nos ambientes hospitalares, sobretudo, nas Emergências, ocorrem situações
dramáticas que não se fazem presentes em nenhum outro campo de atividades humanas em
tempos de paz; exposição íntima à dor, ao sofrimento, ao adoecer, à emoção do outro e ao
morrer. Transformações importantes ocorreram nos processos de trabalho, com incorporação
de novas tecnologias na área de diagnóstico e tratamento, que devem ser estudadas.
Dejours (1992) declara que o sofrimento mental do trabalhador resulta da organização
do trabalho, na sua divisão do trabalho, nos conteúdos das tarefas, no sistema hierárquico
imposto, muitas vezes bastante rígido, nas modalidades de comando, nas questões de poder,
enfim em tudo que implica a organização do trabalho. E, que por condições de trabalho é
preciso entender como ambiente físico, ambiente químico, ambiente biológico, condições de
higiene, segurança, e as características antropomédicas do posto de trabalho.
A organização do trabalho influencia o planejamento, a execução e a
avaliação, permeando todas as etapas do processo produtivo. Ela prescreve
normas e parâmetros que determinam quem vai fazer, o que vai ser feito,
como, quando e com que equipamentos/instrumentos; em que tempo, com
que prazos, em que quantidade, com que qualidade, enfim, a organização do
trabalho constitui a "viga central" da produção. Considerando as tantas
transformações ocorridas é normal também esperar que a organização do
trabalho tenha se transformado. Afinal, desde a Organização Científica do
Trabalho - OCT, de Taylor, muitas outras escolas despontaram. No entanto,
quase todas elas guardam, nos seus princípios, resquícios da OCT. O que se
questiona hoje é se os modelos vigentes são compatíveis com as exigências
das novas configurações do mundo do trabalho (ABRAHÃO; TORRES,
2004, p. 68).
Buscando na literatura vigente, encontraremos diversas tendências e opiniões sobre
organização do trabalho. Entretanto, ainda se faz necessária muita reflexão sobre sua
importância tanto na saúde do trabalhador como no desenvolvimento da humanidade.
Segundo Maslach e Leiter (1999), um grave problema da atualidade é que as
organizações não existem para possibilitar a capacidade dos trabalhadores de ganhar a vida e
poderem realizar conquistas significativas, o que há são pessoas sacrificando as próprias
vidas, os sonhos, os desejos, pelo bem das empresas, tornando o trabalho uma obrigação e não
um recurso ou realização.
Assim, diante desse quadro, os trabalhadores estão vivendo um total desgaste físico e
mental, beirando a exaustão, sobrecarregados, desanimados, esgotados e sentindo-se
32
incapazes de relaxar e de se recuperar, faltando-lhes energia para enfrentar outro projeto de
vida, completam os autores.
3.4 TRABALHO EM SAÚDE E NOS HOSPITAIS
O trabalho em saúde e, particularmente os hospitais, oferece, além da mesma situação
vivenciada no mundo do trabalho pelos trabalhadores (precarização, terceirização,
desregulamentação, etc.), características de trabalho bastante peculiares, como exposição a
diversas condições ambientais e à reconhecida sobrecarga física e emocional, que demandam
esforço, abnegação, dedicação e compromisso dos profissionais que atuam, especialmente
dos profissionais da assistência.
Implica exposição a diversas cargas laborais por parte dos profissionais (...),
tais como: agentes infecciosos biológicos, anestésicos, produtos químicos,
radiações, fatores psicossociais, dentre outros. Além disso, esse tipo de
atividade laboral distingue-se de outros tipos de trabalho por estar
relacionado a elevados valores morais (a defesa da vida, por exemplo)
(SANTOS; ARAÚJO, 2003, p.156).
Os hospitais, antes uma comunidade vibrante e estimuladora, são hoje cenários de
intrigas políticas intermináveis, conseqüência da redução de pessoal e dos constantes rumores
de fechamento e de reorganização, realidade norte-americana apontada por Maslach e Leiter
(1999), porém também uma realidade brasileira.
Como toda e qualquer organização do trabalho, os hospitais passam também por
processos de transformações, na medida em que intensificam o uso de alta tecnologia,
flexibilizam os direitos trabalhistas, precarizam os vínculos, constituem o trabalhador
polivalente, entre outras. Entretanto, ainda mantém uma padronização de tarefas impostas por
rígidas estruturas hierárquicas (NASCIMENTO SOBRINHO, 2005).
Santos e Araújo (2003) apontam que o trabalho em saúde e em hospitais, mesmo não
fazendo parte diretamente da estrutura produtiva de sociedades capitalistas, é do setor
terciário, de serviços e ainda assim reproduz as relações sociais próprias desse sistema,
oferecendo as mesmas cargas de trabalho aos trabalhadores, muito embora com grau de
complexidade específico, um campo de prática bastante singular. E sobre o hospital moderno
33
colocam que vigora os princípios da Administração Científica, com uma organização
piramidal.
As tarefas auxiliares são, em geral, as mais intensivas, repetitivas, social e
financeiramente aquelas menos reconhecidas. Essas tarefas mantêm a
divisão sociotécnica do trabalho típica do capitalismo, por meio da qual se
processa a separação entre o trabalho de concepção e o de execução de
tarefas. Além destes aspectos, acrescenta-se a necessidade de funcionamento
diuturno, o que leva ao regime de plantões, fator já amplamente discutido
como fonte de muitos problemas de saúde para os trabalhadores (Idem,
p.157).
Marziale e Robazzi (2000, p. 124) discorrem sobre a preocupação da Organização
Internacional do Trabalho - OIT diante das inadequadas condições de trabalho oferecidas aos
trabalhadores nos hospitais de muitos países, que desde a década de 40, considera o problema
como tema de discussão e tem feito recomendações referentes à higiene e segurança com a
finalidade da adequação das condições de trabalho desses profissionais.
Uma descrição detalhada dos fatores que interferem nas condições de
trabalho hospitalar é encontrada no livro “Travailler à l’hospital” de autoria
de ESTRYN-BEHAR & POINSIGNON (1989). As referidas autoras
mencionam o desenvolvimento rápido e contínuo da tecnologia médica, a
grande variedade de procedimentos e exames realizados, o aumento
constante do conhecimento teórico e prático exigido na área da saúde, a
especialidade do trabalho, a hierarquização e a dificuldade de circulação de
informação, o ritmo e o ambiente físico, o estresse e o contato com o
paciente, a dor e a morte como elementos que potencializam a carga de
trabalho, ocasionando riscos à saúde física e mental dos trabalhadores do
hospital (Idem, p. 124).
Faria e Colaboradores (2005, p. 15) colocam que muito se tem falado sobre o
ambiente hospitalar, como existem inúmeras publicações a respeito das condições de trabalho
vigente em grande parte dessas instituições, constituídas freqüentemente por uma estrutura
formal e burocrática, que dificulta a comunicação entre as pessoas, além de expor seus
trabalhadores a riscos de ordem biológica, física, química, ergonômica, mecânica, psicológica
e social. Trazem ainda que,
A organização hospitalar tem como principais objetivos a satisfação do
trabalhador e a atenção personalizada ao paciente, no entanto muitas
instituições são extremamente burocráticas e a gerência de enfermagem o
tem participação efetiva na formulação dos planos institucionais, piorando a
34
situação do trabalhador de enfermagem favorecendo a sobrecarga de
trabalho, e por sua vez desencadeando o risco para o estresse.
Não obstante toda essa discussão sobre o ambiente hospitalar e sobre as condições de
trabalho, é importante discutir sobre a missão de cuidar dos profissionais da assistência, pois
estão expostos a um elevado nível de desgaste, estresse, cuidando de outros seres humanos.
Pitta (2003, g. 19) coloca que o maior de todos os sofrimentos de quem trabalha num
hospital está no seu “próprio objeto de trabalho, ou seja, a dor, o sofrimento e a morte do
outro”, como também está presente na organização do trabalho, essencial e diuturno.
Foucault (1981) aponta que a medicina e suas técnicas foram determinantes na
estruturação dos hospitais, na medida em que preenchiam espaços e determinavam como
deveriam ser as novas formas de relação e de divisão do trabalho no interior destas
organizações. E Nogueira apud Pitta (2003) aponta que o processo de trabalho decomposto
em tarefas isoladas foi acompanhado da hierarquização dos profissionais e do incremento
tecnológico, mas que ainda assim o setor depende essencialmente do trabalho humano e
intensivo.
Refletindo acerca da dificuldade em qualificar os serviços prestados pelos hospitais
públicos brasileiros, Cecílio (2002, p. 293), considera que “imensas têm sido as dificuldades
para a implementação de projetos de melhoria da qualidade do atendimento prestado à
população pelos hospitais públicos no Brasil”.
Ainda segundo o referido autor, muitas experiências brasileiras têm procurado
aperfeiçoar e, ao mesmo tempo, superar práticas consideradas inadequadas ou incompletas
dos hospitais públicos, ocorrendo uma intensa discussão em torno da definição da missão do
hospital como de cada uma de suas equipes visando à humanização e ao melhor atendimento
possível aos seus usuários.
A discussão a respeito da missão, principalmente em relação ao perfil
assistencial do hospital, tem sido muito incompleta na experiência brasileira,
no campo do setor público, nos últimos anos. Na prática, o perfil assistencial
do hospital acaba sendo modelado sob a ação de duas “forças” principais: de
um lado, pela “demanda” que, como água de chuva, vai erodindo seus
caminhos pelas áreas de menor resistência e, por outro, pelos saberes em
particular o do médico existentes na organização. (CECÍLIO, 2002, p.
299).
35
Os hospitais públicos, no sistema de saúde, ocupam um lugar estratégico de
intervenção, tal a legitimidade que lhes é conferida pela população, ainda que com dificuldade
de humanizar o atendimento na defesa da vida.
Avaliando os hospitais como organizações rígidas, tem-se que,
Prevalece [...] a centralização na tomada das decisões. A representação
sindical é frágil e não é substituída ou complementada por outras formas de
organização. uma descrença acentuada na influência que os coletivos de
trabalho podem exercer sobre a organização de suas próprias atividades,
observando-se atitudes predominantemente defensivas frente às exigências
da organização do trabalho (OSÓRIO E COLABORADORES, 2005, p.
518).
Silva e Marziale (2006) encontraram resultados que corroboram sobre os riscos para a
saúde, relacionados com o trabalho, que dependem do tipo de atividade profissional e das
condições em que a mesma é desempenhada, além de reforçarem a corrente de que os
serviços de saúde, em particular, os hospitais, proporcionam aos seus trabalhadores condições
de trabalho reconhecidamente piores em relação aos demais serviços.
Também sobre este aspecto, Barboza e Soler (2003, p.178) consideram que,
Tratando-se especificamente do ambiente hospitalar, muito se tem falado e
publicado a respeito das condições inadequadas de trabalho vigentes em
grande parte dessas instituições, expondo seus trabalhadores a riscos de
ordem biológica, física, química, ergonômica, mecânica, psicológica e
social. Os hospitais constituem-se em locais de aglutinação de
pacientes/clientes acometidos por diferentes problemas de saúde, assistidos
por trabalhadores diversos, da área da saúde ou técnico-administrativas, e
vários estudos têm apontado que os serviços de saúde, em particular os
hospitais, geralmente proporcionam aos seus trabalhadores [...] piores
condições de trabalho em relação a outros serviços.
O hospital é uma instituição pertencente ao setor terciário da economia, com grau de
risco três, em conseqüência das operações insalubres ali realizadas e da presença de agentes
biológicos responsáveis pelas infecções causadas por rus, fungos e bactérias (MARZIALE;
CARVALHO, 1998). O ambiente hospitalar, além destes riscos, possui os decorrentes de
fatores físicos, químicos, psicossociais e ergonômicos, que “podem ser prejudiciais à saúde
dos trabalhadores e por isso, devem ser analisados para que se possam caracterizar as
condições de trabalho em cada instituição.” (p. 99).
36
Todavia, o trabalho em saúde ainda assegura alguma autonomia por parte dos
profissionais, em especial dos médicos, o que para Cecílio (2002), é uma característica muito
presente nos hospitais públicos, pois essa categoria profissional pouco se submete às
determinações de diretorias ou chefias superiores.
Mas, ainda, que os trabalhadores de saúde tenham um relativo domínio do processo de
trabalho em ato, pois diferentemente de outros trabalhos como o fabril, um trabalho de
serviço, como o trabalho em saúde, a relação com o consumidor de seu serviço se dá no ato de
produção do produto junto ao consumo, ou seja, acontecem ao mesmo tempo, Merhy (2002).
Por conta disto, o capital se empenha em descentrar o trabalho humano na saúde,
numa tentativa, ainda segundo Merhy (2002, p. 31), “de atingir o núcleo tecnológico do
trabalho vivo em ato na sua capacidade de produzir novas conformações dos atos de saúde e o
seu lugar na construção de processos produtivos”.
Como declaram Osório e outros (2005), no trabalho em saúde, além dos trabalhadores,
seu objeto do trabalho também são humanos. Os instrumentos de trabalho podem ser simples
ou complexos, e são também valorizados na recriação dos acontecimentos. A hierarquização
dos diferentes componentes da rede configura-se conforme as situações singulares analisadas.
Ainda de acordo com os referidos autores, os trabalhadores têm que ser protagonistas
das mudanças, devem ser sujeitos capazes de enfrentar todos os conflitos postos, criando
novas alternativas para enfrentar velhas situações, pois, de outra forma, não terão a tão
desejada ampliação do poder de ação.
Todavia, o trabalhador do hospital público brasileiro encontra-se pouco disposto a se
auto-observar, a se reconhecer enquanto sujeito, a provocar as mudanças, adotando a
tendência de desenvolver atitudes defensivas de alheamento e descrédito na sua própria
capacidade de interferência.
Independente de o hospital ser público ou privado Pitta (2003, p.12) coloca a
importância da tomada de consciência por parte dos trabalhadores pela busca de uma
organização de trabalho saudável, que pode, nas palavras da autora, incrementar “o
desenvolvimento de um estilo de vida saudável, favorecendo elevação de auto-estima e
protagonismos positivos no processo de cuidado melhorando níveis de saúde física e mental
dos técnicos e seus pacientes”.
Paralelo a essa tomada de consciência pelos profissionais que atuam nos hospitais e,
essencialmente, nos públicos é também transformar a imagem negativa dos hospitais públicos
brasileiros junto à sociedade, oferecendo serviços qualificados e humanizados.
Para Rollo (2002, p. 321),
37
Quando falamos de hospital público, hoje, vem à nossa mente a imagem
negativa de um serviço no qual impera a prática profissional impessoal,
fragmentada, o não-envolvimento com os pacientes e familiares, a
combinação excesso de demanda com ociosidade, o sucateamento material e
humano, a não-integração com o sistema loco - regional de atenção à saúde,
o descaso, o desrespeito, o não-cumprimento de contratos e de normas
técnicas, a não-motivação dos trabalhadores, tudo isto permeado pelo
desespero dos que necessitam de cuidados hospitalares.
Segundo Cecílio, (2002, p. 305) “o ponto mais difícil de ser trabalhado, no que se
refere à autonomia de gestão
5
, neste desafio de qualificar o atendimento prestado pelos
hospitais públicos é, sem dúvida, aquele que se refere a sua política de pessoal”.
Deste modo, urgem ões de reestruturação o apenas dos hospitais públicos
brasileiros, de toda a oferta de serviços do Sistema Único de Saúde SUS, que assim poderá
“minimizar desigualdades [...], promover a melhoria das condições de vida da maioria
desassistida e transformar o sistema de atenção básica com ênfase na promoção de saúde,
prevenção de riscos e envolvimento da participação dos cidadãos”, Marziale e Mendes (1997,
Pág. 97).
Ênfase também que deve ser dada na promoção de saúde do trabalhador,
especialmente do trabalhador de saúde e dos hospitais, por razões aqui apresentadas, tendo em
vista que na atualidade uma das mais graves repercussões, provocadas por todas as
transformações do mundo do trabalho, está nos danos e agravos à saúde do trabalhador, as
quais vêm provocando o adoecimento e morte desse grupo populacional, mesmo na ausência
de nocividade dos ambientes de trabalho.
A organização do trabalho exerce, sobre o homem, uma ação específica, cujo
impacto é o aparelho psíquico. Em certas condições, emerge um sofrimento
que pode ser atribuído ao choque entre uma história individual, portadora de
projetos, de esperanças e de desejos, e uma organização do trabalho que os
ignora. (DEJOURS, 1992, p. 133).
Segundo a Gestão do Trabalho no SUS o trabalhador é percebido como sujeito e
agente transformador e não um mero recurso. Assim, para assistir melhor à saúde do
trabalhador e para reverter a subnotificação dos acidentes de trabalho no Brasil, o Ministério
da Saúde lançou em Abril de 2007 seis protocolos de atenção integral à saúde do trabalhador,
com o objetivo de orientar os profissionais do Sistema Único de Saúde no diagnóstico,
5
Para gerenciar recursos financeiros, materiais e humanos, centrados nas Secretarias Estaduais e no Ministério
da Saúde.
38
tratamento e notificação de acidentes de trabalho. Espera-se que os profissionais de saúde
sejam capazes de reconhecer as doenças e os agravos causados durante o trabalho (BRASIL,
2007).
Sobre os trabalhadores da saúde o Ministério coloca que devem ser a razão principal
na adoção de políticas que valorizem e qualifiquem o trabalho. Considerando que a saúde é
um bem público, direito do cidadão, é imprescindível que o Estado retome seu papel de gestor
e regulador do trabalho em saúde, adequando o interesse particular ao interesse público, nesse
sentido, o Ministério da Saúde constituiu a Câmara de Regulação do Trabalho na Saúde
(CRTS), através da Portaria 827/GM de 05/05/2004 (BRASIL, 2007).
Embora o setor saúde tenha um significativo contingente de trabalhadores, conforme
aponta o próprio Ministério da Saúde (BRASIL, 2007), o local de trabalho, hoje, e o hospital
por excelência, é um ambiente frio, hostil, que exige muito psicologicamente. As pessoas
estão emocional, física e espiritualmente exaustas. “As exigências diárias do trabalho, da
família e de tudo o que se encontra entre eles corroem a energia e o entusiasmo dos
indivíduos.” (MASLACH; LEITER 1999, p. 13).
Segundo reforça Giannasi (1997), o agravamento da situação de saúde dos
trabalhadores tem acontecido em função das transformações do mundo do trabalho a favor do
capital, que deterioram as condições de trabalho e de saúde do trabalhador. Limitando e
incapacitando não para o trabalho como também para a vida privada, homens e,
especialmente, as mulheres.
Entretanto, no setor saúde, conforme citado nesta introdução, a questão de gênero é
bastante reveladora tanto das características desse grupo de trabalhadores, essencialmente do
sexo feminino, como também do adoecimento, especialmente, das mulheres, em função das
condições de trabalho e da dupla jornada assumida por estas.
3.5 ABSENTEÍSMO POR DOENÇA
Absenteísmo é a falta do empregado ao trabalho, e como visto anteriormente neste
trabalho, pode ser classificado em: absenteísmo por doença; absenteísmo legal, definido em
lei (licença maternidade, paternidade, etc.); e absenteísmo voluntário (razões particulares não
justificadas). O trabalhador ainda pode faltar ao trabalho por motivos de cunho familiar, de
força maior, por dificuldades ou problemas financeiros, por problemas de transporte; por
39
supervisão precária de chefia e políticas inadequadas de organização, segundo Quick e
Lapertosa (1982).
A existência de funcionários num setor de trabalho não significa tê-los trabalhando
durante todos os momentos do horário de trabalho, visto que as ausências acontecem com
certa constância por diversos motivos e provocam certas distorções quando se refere ao
volume e disponibilidade da força de trabalho.
As ausências são faltas ou atrasos ao trabalho e o absenteísmo é a sua principal
conseqüência. O oposto do absenteísmo é a presença, que se refere ao tempo em que o
funcionário está disponível para o trabalho, conforme Chiavenato (2005), e ainda para este,
absenteísmo ou ausentísmo é a freqüência e/ou duração de tempo de trabalho perdido quando
os empregados não comparecem ao trabalho. O absenteísmo constitui a soma dos períodos em
que os funcionários se encontram ausentes do trabalho, seja por falta, atraso ou algum motivo
interveniente.
O absenteísmo, portanto, genericamente se refere à ausência do trabalhador no local de
trabalho. Dentre os denominados fatores humanos no processo de trabalho, que incluem as
chamadas doenças ocupacionais e a rotatividade, o absenteísmo se situa entre os efeitos mais
danosos ao processo de trabalho, ao suporte social do trabalhador. Segundo Matos (2003) o
absenteísmo se caracteriza, nesse sentido, como tendo um duplo efeito: do ponto de vista do
trabalhador, a possibilidade de desconto no salário, de demissão ou de outros problemas
correlatos; do ponto de vista da organização do trabalho, a dificuldade de realização do
trabalho previsto e os prejuízos por ventura decorrentes.
Alves apud Matos (2003) sugere que o absenteísmo tem a sua gênese em dois fatores
interdependentes: alteração das condições sociais e das condições do ambiente de trabalho,
ambos sinalizando uma situação de descontrole do processo de inserção dos trabalhadores no
mercado de trabalho. As taxas particularmente altas de absenteísmo estão relacionadas
principalmente às síndromes psicológicas resultantes do processo de trabalho, notadamente
verificadas nas atividades onde as exigências estão ligadas ao desgaste pessoal por excesso de
responsabilidades ou a precarização da sobrevivência no trabalho (MENDES, 1995;
GIANNASI, 1997).
Segundo Rohr (2001), absenteísmo é a falta de assiduidade ao trabalho. O absenteísmo
é um dos problemas mais complexos do comportamento humano a ser enfrentado pelas
organizações, com altos custos operacionais resultantes da perda de tempo. De outra forma, o
absenteísmo pode ser configurado também como uma das clássicas formas de resistência
individual e coletiva no trabalho. Os estudos de Dejours (1992), Silva e Marziale (2006) e
40
Sato (2002), relacionaram as faltas no trabalho ao desgaste ou ao limite de tolerância frente às
condições de trabalho.
Lee e Eriksen apud Matos (2003) indicam que o absenteísmo é inversamente
proporcional à satisfação no trabalho, e a ausência pode ser considerada uma forma de se
afastar de pequenas situações indesejáveis. A observação de fatores como condições de
trabalho, natureza da supervisão, estilos de liderança, participação na tomada de decisões e
relacionamentos profissionais podem ajudar a entender o impacto do absenteísmo nas
organizações.
De uma forma mais específica, considera-se que as causas mais conhecidas do
absenteísmo são as posições forçadas, os movimentos de força exigidos pelo trabalho, a
pressão psicológica, a tensão e o medo da perda do emprego. Considera-se, também, que o
absenteísmo não está associado à negligência e à preguiça, e sim a problemas, em grande
parte, relacionados ao trabalho (GIANNASI, 1997).
Segundo Matos (2003), o medo de ficar doente e desempregado, a dificuldade de
adaptação a mudanças, as tarefas repetitivas com postura estática por longos períodos,
equipamentos inadequados e incapacidade de comunicar as suas insatisfações, são ocorrências
que predispõem a pequenos acidentes quase imperceptíveis, mas cujas conseqüências podem
ser graves, gerando doenças profissionais e acidentes de trabalho que invariavelmente
ocasionam um alto índice de absenteísmo.
A freqüência de pequenos acidentes provocados pela sobrecarga de rotina, excesso
de horas extras, impropriedade de horários que geram distúrbios do sono, bem como, as metas
difíceis de alcançar, a insatisfação gerada pela exigência das chefias e as altas rotatividades
nas empresas são também consideradas fatores desencadeantes do absenteísmo.
No Brasil, além de toda precarização do trabalho, das gidas hierarquias, tem-se a
inadequação dos postos de trabalho, a falta de pausas para descanso, a redução de intervalos
de refeição/banheiro/banho, as longas jornadas de trabalho, o excesso de horas extras, o
repouso insuficiente, o desrespeito às recomendações da ergonomia, as múltiplas jornadas,
entre outros, apontam Giannasi (1997), Grave (2002), Andrade (1997), Scavone (1997) e
Osório e outros (2005).
As novas tecnologias, automação, informatização e formas gerenciais de
organização do trabalho, principalmente os modelos japoneses de
administração, só tem agravado essas condições. As novas práticas de gestão
ou organização do trabalho estão sustentadas na quebra de direitos daqueles
41
que já tinham alguns e na construção de um indivíduo-trabalhador sem
qualquer cidadania. (GIANNASI, 1997, p. 82).
Tanto o absenteísmo, como a situação de precarização e adoecimento do trabalhador
brasileiro, ora discutidos, estão presentes no cotidiano dos profissionais de saúde, classe
trabalhadora que detém características especiais como sexo, maioria feminina, portanto com a
típica dupla jornada feminina brasileira, trabalho nos serviços de saúde e trabalho doméstico;
hierarquia, por divisão fragmentada de tarefas, rígida estrutura hierárquica para o
cumprimento de rotinas, normas e regulamentos; e sobrecarga, tanto física como emocional,
muitas vezes favorecida pelo número insuficiente de trabalhadores.
Sobre sexo, Andrade (1997) sugere que para estudar condições de trabalho, perfis de
morbi-mortalidade de homens e mulheres, implica fazer referência à questão de gênero, por
ser esta uma categoria que permite explicar situações específicas da vida laboral. A
incorporação no mercado de trabalho, a discriminação, dupla jornada – trabalhos remunerados
e domésticos – são mais bem compreendidos sob a ótica de gênero.
Esses aspectos citados pela autora influem na saúde dos trabalhadores, nos homens,
gerando acidentes e alterações músculo-esqueléticas e nas mulheres, provocando maior
número de enfermidades. Demonstram que as diferenças socialmente impostas às identidades
femininas e masculinas corroboram na estruturação de um mercado de trabalho discriminado,
causando impactos negativos na saúde e na vida de homens e mulheres.
Na pesquisa de Silva e Marziale (2006), as autoras citando Robazzi e outros (1990),
discorrem que o absenteísmo de funcionários de enfermagem desorganiza o trabalho de
equipe, podendo modificar, de forma significante, a qualidade e quantidade do atendimento
prestado ao paciente, suscitando problemas também aos enfermeiros em cargos de chefia, pois
têm sob sua responsabilidade a resolução de todos os problemas administrativos que
acontecem nas unidades de saúde.
Mas, destacam as autoras supracitadas que as condições de trabalho e vida dos
trabalhadores de enfermagem, e reiteramos aqui, não só esta categoria, mas de todos os
profissionais de saúde, estão sendo colocados à mercê de riscos provenientes de condições
precárias de trabalho, os quais são responsáveis pelo aparecimento de doenças, e, por
conseguinte, do absenteísmo.
Os trabalhadores de saúde estão constantemente expostos aos riscos ocupacionais,
relacionados aos agentes físicos, químicos e biológicos e a fatores ergonômicos e
psicossociais. Segundo GASPAR (1997), os serviços de saúde, em particular, os hospitais,
42
proporcionam aos seus trabalhadores condições de trabalho reconhecidamente piores em
relação aos demais serviços de saúde.
As condições de trabalho na saúde e, principalmente, nos hospitais, implicam em
longas jornadas, no trabalho diuturno (plantões diurnos e noturnos, como plantões nos finais
de semana e feriados), nos rodízios, em multiplicidade de funções, repetitividade e
monotonia, ritmo excessivo de trabalho, ansiedade, esforços físicos, posições incômodas, na
separação do trabalho intelectual e manual, no controle das chefias, desencadeando acidentes
e doenças, situações de precarização do trabalho comuns a toda classe trabalhadora brasileira,
mas que se acentuam no setor saúde (ALVES apud SILVA; MARZIALE (2006).
Sobre isso, Barboza e Soler (2003, p. 178) apontam que:
Como conseqüência das condições inseguras de trabalho em instituições
hospitalares, no caso da equipe de enfermagem, têm sido freqüentes os
acidentes de trabalho, o absenteísmo e os afastamentos por doenças, o que
tem dificultado a organização do trabalho em diversos setores e,
conseqüentemente, a qualidade da assistência de enfermagem prestada.
Silva e Marziale (2006) concluíram em seu estudo que os índices de absenteísmo por
doença entre os trabalhadores de enfermagem na instituição pesquisada apresentam-se
elevados, apontando a necessidade de mais estudos em cada local de trabalho, para detectar
problemas causais específicos de cada setor e planejar melhor as soluções. Destacam,
também, a importância da criação de um banco de dados a fim de otimizar o registro das
faltas, facilitar seu controle e possibilitar futuras pesquisas.
Osório e outros (2005, p. 519) sugerem que,
O conflito entre cuidar de si ou do doente se torna freqüente com a
progressiva intensificação do trabalho, a superposição de tarefas, as
interferências repetidas no curso das mesmas e outras características da
organização do trabalho que poderiam ser identificadas num enfrentamento
coletivo das dificuldades atuais.
A gestão do trabalho considera, em geral, o adoecimento do trabalhador, seu
afastamento do trabalho, como um motivo para não trabalhar, isto é, o se acredita que o
trabalhador esteja realmente doente, tanto que para se proteger de possíveis sanções, os
trabalhadores tentam não adoecer, como se fosse possível esse controle pelos mesmos;
43
costumam, inclusive, referir à doença como preguiça, vagabundagem, para não se assumirem
enquanto doentes (BRANT, MINAYO, 2006).
44
nas economias menos desenvolvidas, como o Brasil. Privilegiam a eficiência, a produtividade,
reduzem os direitos sociais e trabalhistas e agravam a saúde do trabalhador. Uma
conseqüência esperada dessa situação é o aumento perigoso do stress e de doenças a ele
associadas.
As formas de trabalho precário não são mais graves que a ausência completa de
trabalho, isto é, o desemprego, mas, os trabalhadores submetidos às relações impostas pela
flexibilização do mundo do trabalho, como a informalidade, os vínculos temporários, e outros,
passam a viver apenas para o trabalho, Tavares (2004).
Além de necessários, a discussão e os estudos sobre Saúde do Trabalhador no Brasil,
requerem todo cuidado, pois é zona de conflito de interesses, do que decorre a importância do
Estado exercer seu papel de regulador do Mercado. Além do preocupante quadro de morbi-
mortalidade da classe trabalhadora brasileira apontado na literatura. A lógica prevalecente no
país, como na Bahia, na prática ainda não é de prevenir, promover e cuidar do trabalhador,
mas de afastá-lo quando adoece, quando incapacitado para o trabalho.
No texto de Oliveira e Vasconcelos (1992), identifica-se a crítica à Política Nacional
de Saúde do Trabalhador, considerada como expressão do descaso do país frente a essa cruel
realidade de morbi-mortalidade da classe trabalhadora brasileira, destacando que essa parte da
política, contida na Política de Saúde, também está submetida aos movimentos, embates,
tensões e interesses presentes na sociedade. Entretanto, mudanças estão sendo percebidas,
inclusive no próprio Ministério da Saúde que definiu como uma de suas prioridades estruturar
e executar a Política Nacional de Gestão do Trabalho no SUS, visando democratizar as
relações de trabalho, seja no setor público como no setor privado, de modo a garantir
efetivamente o exercício dos direitos de cidadania (BRASIL, 2007).
Contudo, como qualquer política, sofre as influências do contexto socioeconômico,
ideológico e político da atualidade, como sofre a forte pressão do Projeto Neoliberal, para
minimizar o Estado e ampliar o mercado, diminuir e negar direitos, reduzir custos. Deste
modo, pensar e estudar a Saúde do Trabalhador requer a compreensão dos conflitos de
interesses vigentes, para ser possível o entendimento da precarização que tão fortemente tem
caracterizado a saúde dos trabalhadores brasileiros.
45
Para escrever só existem duas regras: ter algo a dizer e a coragem de dizê-lo. (Oscar Wide)
4 METODOLOGIA
O presente trabalho foi idealizado na perspectiva de construir conhecimento,
decifrando realidades, criando e reinventando, na perspectiva de se fazer sujeito ativo,
reflexivo e propositivo, para poder colaborar no ideal de (re) construção de uma sociedade
mais justa e mais igual, extrapolando e extravasando todo nosso potencial criativo de
conhecer. Especialmente, com o conhecimento produzido por este estudo, para abrir mais um
espaço de reflexão sobre as mudanças que se fazem necessárias em organizações do trabalho,
especificamente, os hospitais, a fim de que nestes, os profissionais da assistência tenham
condições de exercer suas atividades cuidando da saúde do outro, sem ter a sua descuidada.
Reconhecemos que a construção do conhecimento requer todo um labor científico,
rígidas e importantes regras, principalmente quando se trata de pesquisas com seres humanos,
entretanto, isso não implica, necessariamente, no distanciamento do pesquisador, posto que,
desde sempre, o homem usou a própria natureza para satisfação de suas necessidades de uso, e
sobre isso, Luckesi e outros (1998, p. 48-54) apontam que,
Estamos no mundo e enfrentamos os seus desafios. Ao nascermos, somos
dados num mundo e submetidos às suas leis, ao mesmo tempo em que, ao
longo da duração, o enfrentamos e com ele fazemos muitas coisas.
Transformamo-lo, segundo nossas necessidades, tornando-o ‘dócil’ aos
nossos anseios.
Concordando ainda com o autor, entende-se que o conhecimento retira o sujeito da
ignorância. O conhecimento é resultado de uma produção social e histórica, e como, tal, não é
definitivo; ao contrário, é constantemente reinventado, reconstruído, acompanhando a
dinâmica própria do tempo, o que traz luz aos caminhos do indivíduo, possibilitando o
exercício efetivo de ser sujeito, com a compreensão do que seja ser um sujeito social e não
apenas indivíduo isolado.
De acordo com Minayo (1994), é inerente ao ser humano a necessidade de
conhecimento da realidade, e que desde as tribos mais primitivas até os dias atuais essa
necessidade impulsiona a humanidade a patamares cada vez mais desenvolvidos, ainda que
considere que a ciência represente uma das formas de expressão desta busca, não sendo
exclusiva, nem conclusiva, portanto, não definitiva.
46
Assim, procurou-se trilhar um caminho metodológico que articulasse conteúdos,
pensamentos e existência, considerando a abordagem da mesma autora que define a
metodologia como conjunto de técnicas que assegura a possibilidade de elaboração da
realidade e do potencial criativo do pesquisador.
4.1 TIPO DE ESTUDO
Trata-se de um Estudo Epidemiológico Descritivo. Foram estudadas as Fichas
Cadastrais e Atestados Médicos de todos os profissionais de saúde afastados por doença, de
um Hospital Público do Estado da Bahia, no período de de julho de 2005 a 30 de junho de
2006. Almeida e Rouquayrol (1993, p.181), dizem que:
[...] a pesquisa epidemiológica se realiza através da produção de dados
decorrentes da observação e eventual quantificação da doença (ou eventos
relacionados à saúde) e os fenômenos correlatos, com os possíveis
determinantes ou efeitos dos processos saúde/doença.
Ainda conforme os mesmos autores,
[...] uma boa interpretação de achados científicos deverá levantar mais
questões a partir das respostas provisórias que porventura haja produzido,
mapeando as lacunas do conhecimento e propondo novas perspectivas de
investigação. (Idem, p.182).
Trata-se também de um estudo exploratório, dado que pretende criar as condições
específicas para caracterizar um problema, tornando-o mais explícito, em função da natureza
de sua ocorrência. Posto que realizar a exploração de um tema é a primeira aproximação com
o mesmo, para possibilitar maior familiaridade em relação a um fato ou fenômeno.
Deste modo, com a sua realização, constrói-se um novo conhecimento que, por certo,
estabelecerá novas possibilidades de pesquisa, como se espera que possibilite reorganização
dos serviços para os profissionais de saúde e se estabeleçam as bases para a consolidação de
um serviço de assistência à saúde desses trabalhadores (ALMEIDA FILHO;
ROUQUAYROL, 1993).
Este estudo, portanto, se mostrou pertinente pela sua relevância social; foi um dos
primeiros a estudar absenteísmo por doença de trabalhadores de saúde e não apenas de uma
47
categoria, como também porque, consultando uma vasta literatura sobre o tema, foi observada
a parca realização de estudos sobre este grupo específico de trabalhadores no Brasil, quiçá na
Bahia, como também porque descrevendo o perfil de morbidade possibilitará a organização
dos serviços não apenas para melhorar as características do trabalho na saúde e em hospitais,
como possibilitará a prevenção de doenças e a promoção da saúde. Foi também factível,
apresentou baixo custo e possibilidade concreta de sua realização.
4.2 POPULAÇÃO DE ESTUDO
Todos os trabalhadores da equipe de saúde afastados por doença, lotados em um
Hospital Público do Estado da Bahia, que estavam efetivamente trabalhando de 1º de Julho de
2005 a 30 de junho de 2006. O referido hospital, no período estudado, apresentava 837
profissionais de saúde, segundo informações do Setor de Pessoal.
Foram estudados apenas aqueles indivíduos afastados por doença, levantados no
Livro de Protocolos de Atestados Médicos no Setor de Pessoal da Instituição.
O período de estudo foi definido em função da existência do Livro de Protocolos, o
que possibilitou levantar todos os profissionais de saúde que entregaram, pelo menos, um
atestado médico, entre 1º de Julho de 2005 a 30 de junho de 2006.
O acesso ao livro de protocolo foi possível após a autorização pela Diretoria da
Instituição e da aprovação do Protocolo de Pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP)
da Universidade Estadual de Feira de Santana. Foram, inicialmente, relacionados 473
profissionais que entregaram, pelo menos, um atestado médico, mas após diversas revisões
com os funcionários do Setor de Pessoal, com as Coordenações dos Setores de Trabalho das
Equipes de Saúde e com os próprios funcionários, este número foi reduzido para 267
profissionais afastados por doença, que geraram 617 atestados médicos, utilizados como
justificativa para ausência ao trabalho.
Dessa forma, 206 Fichas de trabalhadores afastados por doença não foram estudadas,
pelas seguintes razões: alguns eram funcionários administrativos (critério de exclusão), outros
eram aposentados e de contratos cancelados, e, nessas duas situações, as pastas cadastrais o
ficavam mais no Setor de Pessoal, eram encaminhadas para o arquivo morto do hospital, sem
possibilidade de localização; alguns estavam com nomes repetidos no livro de protocolo
porque entregaram mais de um atestado; como também alguns não tinham atestado médico no
48
período estudado, representando um erro de notificação; e alguns poucos se recusaram a
participar do estudo, não devolvendo o TCLE.
4.3 FONTES DE DADOS
Pasta Cadastral dos profissionais de saúde afastados por doença, lotados no hospital
estudado, no período de de Julho de 2005 a 30 de junho de 2006, arquivadas no Setor de
Pessoal, porque neste hospital não havia um Serviço de Saúde Ocupacional, semelhante aos
pesquisados por Barboza e Soler (2003), Reis e Colaboradores (2003) e Faria e Colaboradores
(2005).
Livro de Protocolo deste mesmo setor do hospital, onde são registrados os dias de
afastamento ao trabalho, com o arquivamento dos respectivos atestados médicos.
O Atestado Médico, de até 15 dias, emitido como justificativa para o afastamento ao
trabalho.
Entretanto, como essas fontes se mostraram insuficientes para obtenção de todas as
informações, utilizamos, também, um Documento denominado “ALFA”, de edição anual, que
a Secretaria do Estado da Bahia - SESAB envia ao Setor de Pessoal.
4.4 INSTRUMENTOS DE COLETA
A escolha da estratégia metodológica levou em consideração as recomendações de
Santana (2006), que orienta o pesquisador a observar as condições práticas, econômicas,
sociais, psicológicas e operacionais, assegurando a realização da pesquisa.
Deste modo, a coleta dos dados foi de fonte secundária, que tem baixo custo e fácil
aplicabilidade, utilizando uma Ficha de Coleta de Dados (Apêndice A) contendo as variáveis
de interesse do estudo, que foi aplicada em todas as fontes anteriormente descritas.
4.5 VARIÁVEIS
Com relação às variáveis, escolheu-se aquelas que possibilitariam a realização dos
objetivos propostos. Para Couto apud Silva e Marziale (2000), o absenteísmo decorre de um
ou mais fatores causais, tais como: características de trabalho, fatores sociais, culturais, da
49
personalidade e de doenças. Destaca, também, que não parece existir uma relação precisa de
causa e efeito, mas sim, um conjunto de variáveis que pode levar ao absenteísmo.
Desse modo, as variáveis avaliadas nesse estudo foram:
VARIÁVEL PRINCIPAL:
Absenteísmo por doença (Tempo de Afastamento e Doença que motivou o
Afastamento).
VARIÁVEIS SÓCIO-DEMOGRÁFICAS:
Idade do profissional.
Sexo do profissional.
Situação Conjugal.
Número de Filhos.
VARIÁVEIS RELACIONADAS AO TRABALHO:
Categoria profissional a que pertence o trabalhador.
Tipo do contrato de trabalho.
Carga horária de trabalho semanal.
Setor de trabalho.
Tempo de trabalho no hospital.
4.6 COLETA
Em Abril do corrente ano, iniciou-se o contato com o Livro de Protocolo para fazer a
relação dos sujeitos a serem pesquisados, que passou por várias revisões, já discorrido, até ser
possível ir à busca do consentimento dos profissionais de saúde.
Do final de Abril e em todo o mês de Maio, foram colocadas pastas com listas dos
sujeitos a serem pesquisados com o número de cópias necessárias de TCLE, em todos os
50
Setores de Trabalho da equipe de saúde, porque em todos se encontrou afastamento conforme
livro de protocolo, sob a responsabilidade dos respectivos coordenadores.
Ao final de Maio, no recolhimento das pastas, foi observado que em alguns setores, a
exemplo das Clínicas, Cirúrgica e Médica, do Ambulatório, da Emergência, entre outros,
nenhum TCLE foi assinado, em alguns foi por não envolvimento dos coordenadores e em
outros porque os funcionários declararam que assinariam após esclarecimentos da própria
pesquisadora.
Assim, no mês de Junho foi iniciado um percurso exaustivo pela pesquisadora, indo ao
hospital diariamente, de segunda a segunda, incluindo-se feriados e finais de semana, além de
ir aos períodos diurnos e noturnos, a fim de encontrar os sujeitos que, como profissionais de
saúde, trabalham, principalmente, em regime de plantão, com alguns trabalhando no
noturno e outros nos finais de semana, escala comum aos hospitais de emergência de
grande porte, também apontado na literatura pesquisada (SILVA; MARZIALE, 2000;
BARBOZA; SOLER, 2003; REIS E COLABORADORES, 2003; FARIA E
COLABORADORES, 2005).
Entretanto, como estava sendo difícil, e, portanto, demorado, encontrar os sujeitos,
optamos por dividir a coleta. Em Junho, aconteceu a coleta dos que tínhamos o TCLE. Em
Julho, continuamos com a busca da assinatura dos termos, e de posse dos novos
consentimentos, realizamos a segunda coleta, o mesmo ocorrendo no último mês, Agosto.
Destacamos que em Agosto, foram coletados tanto os que tínhamos obtido o
consentimento, como o daqueles afastados temporariamente do hospital, para os quais valeria
a autorização da Direção do Hospital. Também é importante destacar que os funcionários, na
sua maioria, recusavam consentir se não fossem orientados pela própria pesquisadora, o que
frustrou a iniciativa de colocar outros colaboradores nesta pesquisa para ir à busca dos
consentimentos.
Paralelo à coleta de Agosto, a fim de não mais atrasar o cronograma da pesquisa,
iniciamos a construção do Banco de Dados. Mas, é importante também frisar que como as
fontes previstas estavam sendo insuficientes e prejudicando a coleta, solicitamos as
informações constantes no ALFA. O Setor de Pessoal escalou uma de suas funcionárias para
copiar esse documento, o que provocou mais atraso na coleta, pois a funcionária, que tinha
outras atribuições para realizar, levou aproximadamente 02 meses para realizar a tarefa. Após
novos diálogos com a coordenação do setor, foi obtido acesso ao documento.
51
4.7 ANÁLISE DOS DADOS
Este momento do estudo aconteceu tão logo se encerrou o levantamento de dados, com
a construção de tabelas, as quais possibilitaram uma leitura clara da situação encontrada.
Na descrição dos dados, foram calculadas as freqüências absolutas e relativas das
variáveis categóricas, a média e o desvio padrão das variáveis numéricas, utilizando para
ordenação dos dados o Programa SPSS Base 11.0 (SPSSINC, 1991). Deste modo,
possibilitou-se medir a magnitude destas variáveis para o Absenteísmo por Doença dos
Trabalhadores de Saúde de um Hospital Público do Estado da Bahia.
4.8 ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA
Ao estudar o absenteísmo por doença dos trabalhadores de saúde de um Hospital
Público do Estado da Bahia, esse processo se deu respeitando os referenciais básicos da
bioética: autonomia, não maleficência, beneficência e justiça, norteadores de trabalhos
científicos, conforme observação das diretrizes e normas traçadas pelo Conselho Nacional de
Saúde da Lei n.196/96, Brasil (1996), que regulamenta pesquisas envolvendo seres humanos.
Foi solicitada a autorização da Direção da Instituição para a realização desta pesquisa,
como foi solicitada também autorização ao CEP da UEFS, cuja liberação final, conforme
Ofício nº. 090/2007, aconteceu em 28 de Março de 2007, sob Protocolo Nº. 035/2007 (CAAE
0038.0.059.000-07). O CEP orientou a utilização do TCLE (Apêndice B), apenas para os
profissionais afastados por doença (sujeitos da pesquisa), pois entendeu como necessário
porque segundo este, as pastas cadastrais e os atestados médicos pertencem aos servidores,
ainda que sob a guarda do Hospital. Só dispensou o consentimento dos que estivessem
temporariamente afastados, valendo para estes a autorização da Direção.
Deste modo, para atender solicitação do CEP e evitar constrangimento entre os
profissionais pesquisados, lhes foi solicitada a autorização individual com assinatura em
TCLE, ao tempo em que lhes era explicado os objetivos da pesquisa.
As informações coletadas na pesquisa serão mantidas em sigilo em relação à
identidade dos pesquisados, assegurando-lhes o anonimato, de modo que as mesmas não
sejam utilizadas para prejuízo em ambiente de trabalho.
52
Os resultados serão utilizados para publicação científica e serão encaminhados à
Direção do Hospital, à SESAB, ao Ministério da Saúde e ao Sindicato dos Trabalhadores em
Saúde do Estado da Bahia. Espera-se, desta forma, fomentar a discussão entre os
trabalhadores de saúde do referido hospital sobre as suas condições de trabalho e possíveis
fatores de risco associados às doenças que motivam o afastamento ao trabalho. Portanto, os
benefícios esperados para os profissionais de saúde são o de estimular a reflexão e o debate
sobre as suas condições de trabalho e saúde, inclusive não apenas desta unidade, mas quiçá de
toda rede pública do Estado da Bahia.
Quanto aos riscos que poderão ocorrer para os profissionais de saúde deste hospital,
foram tomados os devidos cuidados para garantir o sigilo e a confidencialidade dos dados
coletados, impedindo-se desta forma, que os sujeitos da pesquisa possam ser identificados,
evitando-se que os mesmos venham ser constrangidos ou molestados no seu ambiente de
trabalho.
53
Tudo que é realmente grandioso e inspirador, é criado pelo indivíduo
que trabalha em liberdade. (Einstein)
5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Os resultados apresentados neste trabalho se referem à descrição de 267 profissionais
de saúde, que apresentaram pelo menos um atestado médico por doença e à descrição dos 617
atestados médicos usados como justificativa para o afastamento, arquivados nas pastas
cadastrais no Setor de Pessoal, em um Hospital Público do Estado da Bahia, no período de
de julho de 2005 a 30 de junho de 2006.
Observou-se que entre os profissionais de saúde afastados por doença no período
estudado, obteve-se uma média de 2,31 atestados por trabalhador, com 2746 dias de
afastamentos, excluídas as perdas, pois um atestado médico não detalhava os dias de
afastamento. No de Silva e Marziale (2006), foram encontrados 1212 dias perdidos de 199
trabalhadores do grupo de enfermagem estudado. No de Reis e colaboradores (2003), foram
5279 dias de ausência de 965 trabalhadores, também de enfermagem.
Vale destacar que o hospital apresentava 837 trabalhadores compondo a equipe de
saúde, entre os de nível médio e os de vel universitário. Obteve-se que 31,9% (267) dos
profissionais adoeceram no período estudado, representando um elevado índice de
adoecimento.
Entre os trabalhadores de saúde afastados por doença no grupo de enfermagem,
composto de 420 auxiliares de enfermagem e 97 enfermeiros, encontrou-se uma incidência de
41,2 % de afastamento. No estudo de Silva e Marziale (2000) dos 199 trabalhadores do grupo
de enfermagem, observou-se uma elevada incidência de 75,4 % de afastamentos por doença..
Entretanto, no de Barboza e Soler (2003), foi encontrada uma incidência de 47,6 % de
afastamentos por doença no grupo de enfermagem, semelhante a este estudo. No de Reis e
colaboradores (2003), houve uma incidência de 57,6 % de afastamentos no grupo de
enfermagem, nestes últimos a coleta aconteceu no Centro de Assistência ao Trabalhador dos
próprios hospitais.
Contudo, observou-se que entre os trabalhadores afastados por doença, para os
técnicos de laboratório houve uma incidência de 43% de afastamentos por doença, num grupo
de apenas 44 profissionais com 19 afastados, no período estudado, mas não foi encontrado
nenhum outro estudo que possa ser confrontado com estes achados.
54
Inicialmente, apresentaremos o perfil sócio-demográfico dos profissionais de saúde
afastados por doença no período estudado, cujos dados se referem ao total dos 267
profissionais. Em relação a esses resultados, foram observadas as seguintes perdas: para idade
foram registradas 98,1% (262) casos com 5 perdas; para situação conjugal 95,5% (255) casos
com 12 perdas; para o número de filhos 42,7% (114) casos com 153 perdas; para sexo não
houve perdas (Figura 1).
Quadro 1 Respostas Válidas e Perdas apresentadas nas variáveis Sociodemográficas dos
profissionais de saúde afastados por doença em um Hospital Público do Estado da
Bahia, 2005-2006
Variável Sexo Idade Situação Conjugal N. de Filhos
N
267 262 255 114
Perdas
- 05 12 153
Com relação às perdas encontradas, os resultados sugerem que o Setor de Pessoal do
referido hospital necessita otimizar suas atividades, melhorando o registro de dados referentes
aos trabalhadores de saúde da Instituição.
5.1 PERFIL SÓCIO-DEMOGRÁFICO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE AFASTADOS
POR DOENÇA
Dos 267 profissionais de saúde afastados por doença, a grande maioria, 91,0% (243)
são do sexo feminino e apenas 9,0% (24) do sexo masculino. Em relação à situação conjugal,
52,2% (133) eram casados e 42,7% (109) solteiros. Também entre os estudados 88,6% (101)
tinham pelo menos dois filhos e 11,4% (13) possuíam mais de dois filhos. Convém apontar
que a variável número de filhos é a que apresentou a maior freqüência de perdas. Sobre a
idade, foi observado que 39,3% (103) dos estudados tinham menos de 40 anos e 60,7% (159)
apresentavam idade igual ou superior a 40 anos (Tabela 1). A idade média foi de 41,6 ± 9,7
anos, com mínima de 21 e máxima de 70 anos.
55
Tabela 1 Características Sociodemográficas dos profissionais de saúde afastados por doença em
um Hospital Público do Estado da Bahia, entre 2005/2006
Variável N* %
Sexo
267 100,0
Masculino
24 9,0
Feminino
243 91,0
Situação conjugal
255 100,0
Solteiro
109 42,7
Casado
133 52,2
Viúvo
04 1,6
Outros
09 3,5
Idade
262 100,0
< 40 anos
103 39,3
40 anos
159 60,7
Número de Filhos
114 100,0
2
101 88,6
> 2
13
11,4
N* Resultados válidos, excluídas as perdas.
Sabendo-se do predomínio do sexo feminino entre os profissionais de saúde, conforme
apontado na literatura pesquisada e como se observou nesse estudo, serão descritas também as
características sócio-demográficas dos profissionais que se afastaram por doença, segundo o
sexo - masculino e feminino. Em relação à situação conjugal, entre os profissionais do sexo
masculino, observou-se a mesma freqüência entre casados e solteiros ambos com 45,8% (11).
Entre os profissionais do sexo feminino, 52,8% (122) eram casadas e 42,4% (98) eram
solteiras (Tabela 2). Houve predominância de casadas entre o sexo feminino.
Quanto ao número de filhos, obteve-se que 81,8% (09) dos homens tiveram até 02
filhos e entre as mulheres 89,3% (92) com mesmo número de filhos (Tabela 2). Sobre a idade
de homens e mulheres, entre os profissionais de saúde estudados, observou-se que 75,0% (18)
dos homens tinham idade igual ou superior a 40 anos. Entre as mulheres, observou-se que
59,2% (141) tinham idade igual ou superior a 40 anos (Tabela 2). Entretanto, entre os
56
homens, a média de idade foi 45,0 ± 9,7 anos, com idade mínima de 27 e máxima de 59 anos,
e entre as mulheres a média de idade foi 41,0 ± 9,7 anos, com idade mínima de 21 e máxima
de 70 anos.
Esses resultados sobre as características sócio-demográficas corroboram com outros
estudos, embora sejam observadas algumas diferenças. Barboza e Soler (2003) encontraram
predominância do sexo feminino, mas a idade ficou entre 21 a 40 anos, faixa etária encontrada
nos estudos de Pitta (2003), Bulhões (1998), Silva (1999) e Silva e Marziale (2006).
Entretanto, nos estudos de Bittencourt (1993), Reis e colaboradores (2003) e Raffone e
Hennington (2005) os resultados foram semelhantes para sexo, com predomínio do feminino,
e na idade, que foi igual e superior a 39 anos, mas, apenas no de Raffone e Hennington foi
citada a situação conjugal, também com maior ocorrência para casados. Nenhum desses
estudos abordou o número de filhos dos profissionais de saúde que se afastaram por doença.
Tabela 2 Sexo e variáveis sociodemográficas dos profissionais de saúde afastados por doença em
um Hospital Público do Estado da Bahia, entre 2005/2006
Masculino Feminino
Variáveis
N* % N* %
Situação conjugal 24 100,0 231 100,0
Solteiro 11 45,8 98 42,5
Casado 11 45,8 122 52,8
Viúvo - - 04 1,7
Outros 02 8,4 07 3,0
Idade 24 100,0 238 100,0
< 40 anos 16 75,0 97 40,8
40 anos 08 25,0 141 59,2
Número de Filhos 11 100,0 103 100,0
2 09 81,8 92 89,3
> 2 02 18,2 11 10,7
N* Resultados válidos, excluídas as perdas.
Portanto, em relação à variável sexo, os resultados encontrados confirmaram o
predomínio feminino entre as categorias profissionais estudadas, resultados semelhantes
foram verificados na literatura consultada, nos estudos de Andrade (1997) e segundo Scavone
(1997, p. 41)
57
Em relação ao trabalho na saúde, foi observado o fato de as mulheres
serem as principais produtoras de cuidados sanitários, tanto
profissionalmente como em suas vidas privadas... Esses cuidados
consistiriam numa dimensão do trabalho doméstico que, tanto na família
quanto nas instituições de saúde, é atribuído às mulheres.
Entre os profissionais do sexo feminino afastados por doença, 52,8% (122) eram
casados, 59,2% (141) apresentavam idade igual ou superior a 40 anos e 89,3% (92) e destes
tinham até 02 filhos. Os estudos sobre gênero destacam que as trabalhadoras mulheres com
filhos possuem dupla jornada de trabalho, quando não tripla, porque os salários baixos as
levam a assumirem dois ou mais vínculos empregatícios, mais os cuidados com filhos,
marido, casa e família (ANDRADE, 1997; GIANNASI, 1997; SCAVONE, 1997). Sobre isto,
a Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE (BRASIL, 2006) revelou que a mulher responsável
pelo domicílio encontra-se na faixa etária de idade igual ou superior a 40 anos,
A maior concentração das trabalhadoras principais responsáveis nos
domicílios nos grupos de idades mais altas justifica a idade média de sua
população, estimada em agosto de 2006 em 43,5 anos, sendo, portanto,
superior à idade média das trabalhadoras em outras condições no domicílio
(34,6 anos) e da população feminina ocupada (37,2 anos).
Os profissionais homens apresentaram resultados semelhantes, 45,8% (11) deles eram
casados, 75,0% (18) com idade igual ou superior a 40 anos e 81,8% (09) com até dois filhos.
Porém, segundo, também, os estudos de gênero, os trabalhadores homens não possuem, em
geral, a dupla jornada (FUCS, 1993), mas têm, entretanto, também pelos baixos salários,
outros vínculos empregatícios, que lhes agravam a sobrecarga física e o adoecimento
(NASCIMENTO SOBRINHO, 2006 a, 2006 b; SILVA; MARZIALE, 2006; GIANNASI,
1997).
5.2 CATEGORIAS PROFISSIONAIS E OS SETORES DE TRABALHO SEGUNDO OS
PROFISSIONAIS AFASTADOS POR DOENÇA
Em relação à Categoria Profissional dos 267 profissionais afastados por doença, o
maior percentual, com 64,0% (171) foi dos trabalhadores do grupo de enfermagem, de nível
médio e fundamental, neste estudo, denominados de Auxiliares de Enfermagem, conforme
denominação constante em Documento do Setor de Pessoal (Anexo A), seguidos de 15,7%
58
(42) dos Enfermeiros, de Nível Universitário, e 7,1% (19) dos Técnicos de Patologia Clínica,
aqui denominados de Técnicos de Laboratório (Gráfico 1)
O afastamento por doença foi pouco expressivo em outras categorias, observando-se
entre os profissionais afastados, 3,4% (09) de Médicos e 3,0% (08) de Fisioterapeutas (Tabela
3). Quanto à classe médica, que no período estudado representava a segunda maior categoria
profissional de saúde do hospital com 22,2% (186) de médicos, ter apresentado
percentualmente um baixo número de afastamentos por doença pode ser em função da
autonomia que estes possuem sobre seu processo de trabalho (MERHY, 2002).
Os médicos como profissionais de saúde têm a mesma sobrecarga física e emocional
típica dos trabalhadores de saúde, portanto, devem adoecer tanto quanto todos os
trabalhadores. Pesquisas identificaram, por exemplo, Prevalência de Distúrbios Psíquicos
Menores (DPM) mais elevada entre médicos do que em outras categorias profissionais como
as desenvolvidas em indústrias e siderúrgicas (NASCIMENTO SOBRINHO E
COLABORADORES, 2006 a).
Os outros trabalhos referidos, que pesquisaram o afastamento por doença em
profissionais de saúde, na sua maioria, observaram o fenômeno na categoria de enfermagem.
Já o estudo em tela, pretendeu conhecer o absenteísmo por doença entre todos os profissionais
de saúde e não de uma categoria em especial.
Nesse trabalho, entretanto, encontrou-se que entre os trabalhadores de saúde afastados
por doença destacaram-se o Grupo de Enfermagem, como a categoria que mais se afastou no
hospital estudado, seja porque tivesse o maior número de trabalhadores, dos 837 profissionais
de saúde 61,8% (517) são desta categoria (Anexo A), seja porque toda literatura os refere,
como os mais submetidos a precárias condições de trabalho no setor saúde como um todo,
especialmente nos hospitais (SILVA; MARZIALE, 2006; BARBOZA; SOLER, 2003; REIS
E COLABORADORES, 2003).
59
Tabela 3 Categoria Profissional dos trabalhadores de saúde afastados por doença em um
Hospital Público do Estado da Bahia, entre 2005/2006
Absenteísmo por Doença
Categoria Profissional
N %
Auxiliar de Enfermagem
171 64,0
Enfermeiro
42 15,7
Técnico de Laboratório
19 7,1
Médico
9 3,4
Fisioterapia
8 3,0
Outras
18 6,8
Total
267 100,0
N* Resultados válidos, excluídas as perdas.
Gráfico 1. Principais Categorias Profissionais dos Trabalhadores de Saúde Afastados por
Doença em um Hospital Público do Estado da Bahia, entre 2005/2006
Técnico de Laboratório
Enfermeiro
Auxiliar de Enfermagem
Os profissionais de saúde afastados por doença atuavam nos seguintes setores:
Emergência, 30,0% (80); seguida da UTI – Adulto, 9,4% (25); Laboratório, 6,7% (18) (Tabela
4 / Gráfico 2). Em seguida, apareceram Ambulatório com 5,2% (32), Clínica Cirúrgica com
5,6% (15) e Clínica Médica, Central Material de Esterilização - CME e Centro Obstétrico – C.
O., todos três com os mesmos percentuais de 4,5% (12) (Tabela 4). De modo geral, todos os
setores do hospital tiveram profissionais afastados por doença no período estudado, porém
nem todos foram quantitativamente expressivos.
Emergências hospitalares são setores de trabalho que, além de promoverem diversas
situações de estresse, convivência com dor, sofrimento, morte, acidentes, entre outros, de alta
60
sobrecarga emocional, também têm como características longas jornadas, trabalho em turnos,
plantões, trabalhos manuais pesados e repetitivos, falta de equipamentos, quadro reduzido de
trabalhadores, entre outros problemas, realidade também do hospital estudado (GASPAR,
1997; SATO, 2002; ROLLO, 2002; OSÓRIO E COLABORADORES 2005; NASCIMENTO
SOBRINHO, 2005).
As UTIs também foram encontradas nos outros estudos como setor de elevado índice
de absenteísmo por doença. São reconhecidas também como locais de alta sobrecarga física e
emocional, tendo como principais características desencadeadoras de adoecimento a alta
exigência de qualificação profissional para manusear equipamentos tecnológicos sofisticados,
acompanhamento ininterrupto dos pacientes, num ambiente, em geral, frio e isolado, sem
contato com o restante da equipe do hospital e de acesso restrito aos familiares que, por isso
mesmo, cobram mais cuidados desses profissionais (SILVA; MARZIALE, 2006;
BARBOZA; SOLER, 2003; REIS E COLABORADORES, 2003; FARIA E
COLABORADORES, 2005).
Em relação aos Laboratórios, os estudos sobre absenteísmo por doença em hospitais
não fizeram nenhuma referência a esse setor, mas como se encontra dentro de um hospital
público pode, portanto, oferecer precárias condições de trabalho identificadas nestas
organizações (SATO, 2002; CECÍLIO, 2002; ROLLO, 2002).
Tabela 4 Setor de Trabalho dos profissionais de saúde afastados por doença em um Hospital
Público do Estado da Bahia, entre 2005/2006
Variável N
%
Setor de Trabalho 267 100,0
Emergência 80 30,0
UTI – Adulto 25 9,4
Laboratório 18 6,7
Clínica Cirúrgica 15 5,6
Clínica Médica 12 4,5
CME 12 4,5
C. O. 12 4,5
Outros 93 34,8
N* Resultados válidos, excluídas as perdas.
61
Gráfico 2. Principais Setores de Trabalho dos Profissionais de Saúde afastados por doença de
um Hospital Público do Estado da Bahia, entre 2005/2006
62
Portanto, quando ocorre a impossibilidade de autonomia e de operacionalizar
mudanças, através de processos de trabalho que atuam no sentido de bloquear o
comportamento livre, ocorre uma mudança no significado do trabalho dos indivíduos. Ou
seja, na medida em que o processo de trabalho é menos livre e mais controlado, por modos
operatórios rígidos e padronizados, menos o trabalho representará para o indivíduo a
possibilidade de equilíbrio mental, de realização, de satisfação, estará, ao contrário, mais
próximo de constituir-se em fonte de sofrimento e adoecimento (DEJOURS, 1992).
Semelhante aos estudos consultados entre os profissionais afastados por doença, os
Enfermeiros atuavam nos mesmos setores encontrados no grupo das auxiliares. Esse resultado
pode estar ligado ao fato de serem os Enfermeiros os responsáveis pela organização dos
serviços, ou seja, à medida que o grupo de nível médio falta ao trabalho por adoecimento ou
outro motivo, cabe ao Enfermeiro reestruturar a equipe e garantir a qualidade da assistência
(SILVA; MARZIALE, 2006; BARBOZA; SOLER, 2003; REIS E COLABORADORES,
2003).
Faria e colaboradores (2005), em estudo sobre o absenteísmo por transtornos mentais
na enfermagem, observaram irregularidades na relação setor de trabalho e grupo de
enfermagem, excluindo-se os Enfermeiros, também apontados pelos outros estudos voltados a
essa categoria.
Na análise dos afastamentos, verificou-se o exercício ilegal dos atendentes,
em especial daqueles que atuavam em unidades mais complexas, revelando
ser necessário o redimensionamento do pessoal de enfermagem, assim como
uma investigação mais profunda sobre as condições de trabalho e a
organização do trabalho de enfermagem (pág.19).
63
Tabela 5 Atividade profissional e setor onde atuava no Hospital, dos profissionais de saúde
afastados por doença em um Hospital Público do Estado da Bahia, 2005/2006
Auxiliar de
Enfermagem
Enfermeiro
Técnico de
Laboratório
Setor de Trabalho / Categoria
Profissional
N % N % N %
Emergência
59
34,5
14
33,3
-
-
UTI - Adulto
14
8,2
10
23,8
-
-
Laboratório
-
-
-
-
14 73,7
Clínica Cirúrgica
-
-
5
11,9
-
-
Clínica Médica
-
-
-
-
-
-
CME
12
7,0
-
-
-
-
CCIH
-
-
-
-
1 5,3
Banco de Sangue
-
-
-
-
4 21,1
Total
171
100,0
42
100,0
19 100,0
N* Resultados válidos, excluídas as perdas.
Com relação à variável categoria profissional e setor de trabalho, não ocorreu perda de
informação, pois os dados referentes a essas variáveis são encontrados no documento que o
Setor de Pessoal recebe da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (SESAB) (Quadro 2).
Caso não existisse esse documento, essas variáveis teriam uma elevada subnotificação, pois
em muitas pastas (fichas) de cadastro dos funcionários também não constavam a categoria
profissional e, principalmente, o setor de trabalho onde atuavam, assim, graças ao registro da
SESAB, o hospital consegue ter informações importantes de seu quadro de pessoal.
Quadro 2 Respostas Válidas e Perdas apresentadas para a variável Categoria Profissional e
Setor de Trabalho onde atua dos profissionais de saúde afastados por doença em um
Hospital Público do Estado da Bahia, 2005-2006
Variáveis Categoria Profissional Setor de Trabalho
N 267 267
Perdas - -
64
5.2.1 PROFISSIONAIS AFASTADOS POR DOENÇA POR SEXO, CATEGORIA
PROFISSIONAL E SETOR DE TRABALHO
Ainda que tenha sido encontrada neste estudo a predominância do sexo feminino entre
os profissionais de saúde afastados por doença, procurou-se observar a distribuição das
categorias profissionais por sexo a fim de verificar o fenômeno da feminização entre os
profissionais de saúde.
Assim, entre os profissionais de saúde afastados por doença observando a variável
sexo e a categoria profissional, obteve-se que no sexo feminino, os destaques foram 68,3%
(166) de Auxiliares de Enfermagem, 17,3% (42) de Enfermeiras; 4,9% (12) de Técnicas de
Laboratório; 2,5% (6) de Fisioterapeutas e 2,1% (5) de Médicas (Tabela 6).
No sexo masculino, predominaram 05 categorias, destacando-se com 29,2% (7) os
Técnicos de Laboratório, 20,8% (5) de Auxiliares de Enfermagem; 16,7% (4) de Técnico de
RX, 16,7% (4) de Médicos e 8,3% (2) de Fisioterapeutas e Farmacêuticos, com mesmo
percentual (Tabela 6).
Convém destacar que 100,0% (42) dos Enfermeiros que se afastaram por doença no
período estudado são do sexo feminino (Tabela 6). Entre os médicos que adoeceram também
se observou que na sua maioria são do sexo feminino. A literatura consultada vem apontando
a feminização entre a classe médica (REIS E COLABORADORES, 2003; NASCIMENTO
SOBRINHO, 2006 a, 2006 b).
65
Tabela 6 Sexo e Categoria Profissional dos trabalhadores de saúde afastados por doença em um
Hospital Público do Estado da Bahia, entre 2005/2006
Masculino Feminino
Sexo/Categoria Profissional
N % N %
Auxiliar de Enfermagem 05 20,8 166 68,3
Enfermeiro - - 42 17,3
Técnico de Laboratório 07 29,2 12 4,9
Fisioterapeuta 02 8,3 6 2,5
Técnico de RX 04 16,7 - -
Médico 04 16,7 5 2,1
Farmacêutico 02 8,3 - -
Outras - - 12 4,9
Total
24 100,0 243 100,0
N* Resultados válidos, excluídas as perdas.
Observou-se também entre os profissionais afastados por doença que no sexo
masculino trabalhavam predominantemente com 20,8% (5) no Laboratório, seguidos de
16,7% (4) da Emergência e Bio Imagem, ambos com o mesmo percentual. Entre o sexo
feminino, os profissionais trabalhavam com 31,3% (76) no setor de Emergência, 10,3% (25)
na UTI – Adulto, 5,8% (14) na Clínica Cirúrgica e 5,3% (13) no Laboratório (Tabela 7).
Tabela 7 Setor de Trabalho segundo sexo dos profissionais de saúde afastados por doença em
um Hospital Público do Estado da Bahia, entre 2005/2006
Masculino Feminino
Sexo /Setor de Trabalho
N % N %
Emergência 4
*
16,7 76 31,3
UTI - Adulto - - 25 10,3
Laboratório 5 20,8 13
**
5,3
Outros 15 62,5 129 53,1
Total
24 100,0 243 100,0
N* Resultados válidos, excluídas as perdas.
* Mesmo valor encontrado de sexo masculino no Setor de Bio - Imagem
** Na Clínica cirúrgica houve predomínio maior do sexo feminino que no Laboratório com 5,8% (14) dos casos
66
Com relação à Categoria Profissional dos profissionais afastados por doença em
relação ao Sexo e ao Setor de Trabalho no Hospital, observou-se que entre os Auxiliares de
Enfermagem tanto do sexo masculino como do feminino, o Setor de Trabalho mais freqüente
foi a Emergência, com 40,0% (2) e 34,3% (57), respectivamente (Tabela 8).
Entre os trabalhadores afastados por doença do grupo de Enfermeiros, no período
estudado, foram observados profissionais do sexo feminino. E, entre esses o Setor de
Trabalho mais freqüente foi a Emergência e UTI - Adulto, com 33,3% (14) e 23,8% (10),
respectivamente (Tabelas 5,6 e 8).
Dos trabalhadores afastados por doença entre os Técnicos de Laboratório do sexo
masculino, no período estudado, o Setor de Trabalho mais freqüente com 57,1% (4) foi o
Laboratório. Entre os Técnicos de laboratório do sexo feminino que se afastaram por doença,
também foi o Laboratório que apresentou a maior freqüência com 83,3% (10). Afinal, trata-se,
especificamente, do local de trabalho desta categoria (Tabela 8).
Deste modo, portanto, foi possível observar que a característica de sexo parece pouco
influenciar na relação categoria profissional e setor de trabalho, quando observados
simultaneamente.
Tabela 8. Sexo, a atividade profissional e o setor onde atuava dos profissionais de saúde
afastados por doença um Hospital Público do Estado da Bahia, 2005/2006.
Auxiliar de Enfermagem Enfermeiro Técnico Laboratório
Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino
Categoria
Profissional/Setor de
Trabalho
N % N % N % N % N % N %
Emergência 2
40,0
57
34,3
-
-
14
33,3
-
-
-
-
UTI – Adulto -
-
14
8,4
-
-
10
23,8
-
-
-
-
Laboratório -
-
-
-
-
-
-
-
4
57,1
10
83,3
Outros 3
60,0
95
57,3
-
-
18
42,9
3
42,9
2
16,7
Total
5
100,0
166
100,0
-
-
42
100,0
7
100,0
12
100,0
N* Resultados válidos, excluídas as perdas.
67
5.2.2 CARACTERÍSTICA DE IDADE, CATEGORIA PROFISSIONAL E SETOR DE
TRABALHO ENTRE OS PROFISSIONAIS AFASTADOS POR DOENÇA
Observando idade, categoria profissional e setor de trabalho dos profissionais
afastados por doença, observou-se entre os Auxiliares de Enfermagem com idade igual e
superior a 40 anos que, dos 73,7% (59) que atuavam na Emergência, 48,7% (39) deles
estavam nessa faixa etária, como dos 56,0% (14) que atuavam na UTI Adulto, 44,0% (11)
desses auxiliares tinham idade igual e superior a 40 anos (Tabela 9).
A distribuição dos profissionais afastados por doença pertencentes ao grupo dos
Auxiliares não segue o mesmo padrão nas idades estudadas. Entre os Auxiliares com idade
inferior a 40 anos, observou-se um predomínio dos que atuavam nas Clínicas Cirúrgica,
Médica e Materno Infantil, como foi possível observar que os de idade igual e maior de 40
anos atuavam mais na Emergência e UTI Adulto, talvez porque estes setores necessitem de
um maior contingente de auxiliares de enfermagem, com maior qualificação profissional
(SILVA; MARZIALE, 2006; BARBOZA; SOLER, 2003; REIS E COLABORADORES,
2003). De uma maneira geral, uma maior qualificação profissional é encontrada nos
trabalhadores com idade superior a 45 anos, embora seja idade discriminada pelo mercado
formal de trabalho (ANTUNES, 2000; GRAVE, 2002; TAVARES, 2004 E OUTROS).
Entre os Enfermeiros afastados por doença com idade inferior a 40 anos, dos 40,0%
(10) que atuavam na UTI Adulto 28,0% (7) se encontravam nessa faixa etária na, enquanto
que entre os 17,7% (14) que atuavam na Emergência, 5,1% (4) deles tinham idade inferior a
40 anos. Entre os Enfermeiros com idade igual e superior a 40 anos, dos que atuavam na UTI
Adulto 12,0% (3) tinham essa faixa etária, na Emergência 12,6% (10) tinham idade igual
e superior a 40 anos. Portanto, os Enfermeiros afastados por doença de idade inferior a 40
anos atuavam mais na UTI Adulto, enquanto que os de idade igual e superior a 40 anos
atuavam mais na Emergência.
Entre estes profissionais, pode-se apontar que a maior especialização para o trabalho
em Unidades de Terapia Intensiva ocorre entre os mais novos do que entre os mais antigos no
mercado de trabalho, visto que essa é uma especialidade recente. As primeiras pós-graduações
na área de enfermagem iniciaram-se em 1972 em São Paulo, tendo a inserção nas UTIs destes
profissionais ocorrido na década de 70 (DUCCI E COLABORADORES, 2007).
68
Dos 77,8% (14) Técnicos de Laboratório afastados por doença que atuavam no
Laboratório, setor próprio de trabalho dessa categoria, observou-se que 33,3% (6) tinham
idade inferior a 40 anos e 44,5% (8) tinham idade igual e superior a 40 anos (Tabela 9).
A Emergência, por exemplo, é um setor de trabalho que, pelas suas características,
deveria evitar a presença de trabalhadores com idade mais avançada. Entretanto, neste
hospital, a equipe que atuava neste setor apresentava idade igual ou superior a 40 anos. É
importante destacar que os profissionais fazem a opção de trabalhar neste local, pois, ao
salário é acrescida gratificação por serviço em emergência, elevando a remuneração
profissional.
Porém, convém ressaltar, que essa gratificação é adicionada em mais alguns setores do
mesmo hospital, entretanto, para recebê-la, os profissionais de saúde devem trabalhar nos
turnos diurnos e noturnos, feriados e finais de semana.
Tabela 9 Idade, atividade profissional e setor onde atua no hospital dos profissionais de saúde
afastados por doença em um Hospital Público do Estado da Bahia, 2005/2006
Emergência UTI – Adulto Laboratório Setor de Trabalho/ Categoria
Profissional
N % N % N %
Auxiliar de Enfermagem
59 73,7 14 56,0 - -
< 40*
20 25,0 03 12,0 - -
40
39 48,7 11 44,0 01 5,6
Enfermeiro
14 17,5 10 40,0
< 40
04 5,0 07 28,0 - -
40
10 12,5 03 12,0 - -
Técnico de Laboratório
14 77,8
< 40
- - - - 06 33,3
40
- - - - 08 44,4
Outras
07 8,8 01 04,0 03 16,6
Total 80 100,0 25 100,0 18 100,0
N* Resultados válidos, excluídas as perdas.
* Os Aux. De Enfermagem de idade inferior a 40 anos se distribuíram principalmente entre as Clínicas Cirúrgica, Médica e Materno
– Infantil.
69
5.3 CARACTERÍSTICAS DE TRABALHO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE
AFASTADOS POR DOENÇA NO HOSPITAL PÚBLICO DO ESTADO DA BAHIA
Em relação à forma de contratação, encontrou-se que 70,0% (187) dos profissionais
estudados tinham contrato de trabalho permanente (Estável-Estatutário) e 30,0% (80) tinham
contrato de trabalho temporário, denominado Regime de Direito Administrativo REDA.
Não foram encontrados profissionais cooperados afastados por doença (Tabela 10 e Gráfico
3). O mesmo resultado foi encontrado nos estudos de Reis e Colaboradores (2003) e de
Nascimento Sobrinho (2006 a).
Outros estudos consultados não fizeram referência ao tipo de contrato, questão que
merece maior detalhamento, dada à precarização dos vínculos na atualidade, estimulada pelo
setor privado e pelo setor público, que desregulamenta direitos sociais e trabalhistas
arduamente conquistados (ANTUNES, 2000; GRAVE, 2002; TAVARES, 2004).
A carga horária de trabalho semanal mais freqüente entre os profissionais de saúde
afastados por doença foi de 59,5% (159) para 40 h semanais, 36,0% (96) para 30 h e 4,5%
(12) para 20 h semanais (Tabela 10). Estudos consultados apontam que, quanto maior as horas
trabalhadas, maior o desgaste e o adoecimento (RAFFONE; HENNINGTON, 2005;
NASCIMENTO SOBRINHO, 2006 a, 2006 b).
Com relação ao tempo de trabalho, menor que 12,5 anos e maior ou igual a 12,5 anos
entre os profissionais afastados por doença no hospital estudado , observou-se que 60,0%
(159) tinham mais ou até 12,5 anos ( 150 meses) e 40,0% (106) tinham menos de 12,5 anos
(< 150 meses) de serviço (Tabela 10). Esses resultados apontam que os profissionais afastados
por doença no hospital estudado possuem um elevado tempo de serviço no hospital, com uma
média de 12,7 ± 8,9 anos.
70
Tabela 10 Freqüência da variável característica do trabalho, Carga horária de trabalho e tempo
de trabalho no hospital, dos profissionais de saúde afastados por doença em um
Hospital Público do Estado da Bahia, entre 2005/2006
Variável N* %
Tipo de Contrato
267 100,0
Estável – Estatutário
187 70,0
Temporário – REDA
80 30,0
Carga Horária de Trabalho
267 100,0
120 h mês/ 20 h semanais
12 4,5
180 h mês/ 30 h semanais
96 36,0
240 h mês/ 40 h semanais
159 59,5
Tempo de Trabalho no Hospital
265 100,0
< 12,5 anos
106 40,0
12,5 anos
159 60,0
N* Resultados válidos, excluídas as perdas.
Gráfico 3. Tipos de Contrato de Trabalho predominantes entre os Profissionais de Saúde
afastados por doença de um Hospital Público do Estado da Bahia, entre 2005/2006
Temporários
Estatutários
Com relação aos profissionais de saúde que se afastaram por doença entre os
estatutários, 85,9% (159) apresentavam tempo de serviço igual ou superior a 12,5 anos (150
meses). A média do Tempo de Serviço no hospital entre os profissionais afastados por doença
71
e estatutários foi de 17,5 ± 5,9 anos. Com relação à carga horária de trabalho 85,0 % (159)
dos estatutários apresentavam 40 h semanais de trabalho (Tabela 11).
Entre os profissionais afastados por doença com contrato temporário - REDA, 100,0%
(80) apresentavam tempo de serviço inferior a 12,5 anos, isto porque o contrato tem prazo
estipulado de até 04 anos de vigência, não podendo ultrapassar esse período, com média de
1,4 ± 1,0 anos, como também sobre carga horária, nenhum apresentou a de 40 horas porque o
contrato estabelece 30 horas, deste modo 95,0% (76) apresentavam carga horária de 30 h
semanais de trabalho (Tabela 11).
Como em geral, os permanentes são em maior número, é esperado um percentual
maior de adoecimento entre os mesmos. Sobre isto, Reis e colaboradores (2003), discutem
que os estatutários, justamente por serem trabalhadores permanentes, terem a estabilidade no
emprego, se sintam mais seguros em se afastar do trabalho, em entregar um atestado médico,
contudo, como são mais velhos em tempo de serviço no hospital, estes autores concordem na
redução da capacidade para o trabalho e no adoecimento nesse grupo de trabalhadores.
Entretanto, ainda que neste estudo tenha havido o predomínio do vínculo permanente,
estáveis, com uma inserção do trabalho desejável para todos os trabalhadores, é
imprescindível atentar para as iniqüidades em saúde a partir tanto do trabalho como da
inserção, concluem Giatti e Barreto (2006), posto que para os com inserção precária haja uma
perda de proteção social e trabalhista.
Tabela 11. Tipo de contrato, carga horária semanal e tempo de serviço dos profissionais
afastados por doença em um Hospital Público do Estado da Bahia, 2005/2006.
Estatutário Temporário
Tipo de Contrato
N % N
*
%
Carga Horária de Trabalho
120 h mês/ 20 h semanais
08 4,3 04 5,0
180 h mês/ 30 h semanais
20 10,7 76 95,0
240 h mês/ 40 h semanais
159 85,0 - -
Total
187 100,0 80 100,0
Tempo de Trabalho no Hospital
< 12,5 anos
26 14,1 80 100,0
12,5 anos
159 85,9 - -
Total
185 100,0 80 100,0
N* Resultados válidos, excluídas as perdas.
72
5.3.1 CARACTERÍSTICA DE TIPO DE CONTRATO E AS CARACTERÍSTICAS SÓCIO-
DEMOGRÁFICAS DOS PROFISSIONAIS AFASTADOS POR DOENÇA
Os profissionais que se afastaram por doença eram predominantemente estatutários,
apresentavam vínculo permanente com o hospital, maior tempo de serviço no hospital e uma
maior carga horária de trabalho semanal (40 horas semanais).
Entre os trabalhadores estatutários, afastados por doença, 90,4% (169) são do sexo
feminino e entre os temporários 92,5% (74). Em relação à situação conjugal, dos
trabalhadores afastados por doença estatutários, 53,6% (96) eram casados, entre os
trabalhadores temporários observou-se a mesma freqüência entre casados e solteiros 48,7%
(37) respectivamente. Com relação à idade dos trabalhadores estatutários, afastados por
doença, 78,8% (145) tinham idade igual ou superior a 40 anos, corroborando com o tempo de
serviço, que na sua maioria era superior a 12 anos (Tabela 11). Entre os temporários 82,1%
(64) tinham idade inferior a 40 anos. Em relação ao número de filhos, dos trabalhadores
afastados por doença, observou-se a predominância de até dois filhos entre os Estatutários e
os Temporários com freqüências de 88,2 % (82) e 90,5% (19) respectivamente (Tabela 12).
Assim, sobre o perfil sócio-demográfico dos profissionais afastados por doença no
período estudado, relacionado ao tipo de contrato, o que diferenciou basicamente o
profissional de saúde estatutário do temporário foi a faixa etária, os primeiros no ápice da
maturidade, com idade igual e superior a 40 anos, com idade mínima de 27 e máxima de 70,
média de 46 ± 7,6 anos, envelhecendo na Instituição, conforme anteriormente observado, “[...]
trabalhamos e envelhecemos, ou melhor, envelhecemos enquanto trabalhamos, muitas vezes
sem a consciência do processo” (BRÊTAS, 1997, p. 62).
Segundo Raffone e Hennington (2005), existe a possibilidade de redução da
capacidade para o trabalho à medida que o indivíduo envelhece exercendo suas atividades.
Esse processo pode agravar-se no ambiente hospitalar em virtude das suas particularidades e
das precárias condições de trabalho a que são submetidos os profissionais de saúde,
especialmente na rede pública.
Os trabalhadores afastados por doença com contrato temporário apresentavam
predominantemente idade inferior a 40 anos, com mínima de 21 e máxima de 54, média de 32
± 7,4 anos, faixa etária usualmente contratada, absorvida pelo mercado formal de trabalho
sem as discriminações impostas àqueles com mais de 40 anos (ANTUNES, 2000; CASTEL,
1998; GRAVE, 2002; TAVARES, 2004).
73
Tabela 12. Tipo de Contrato e variáveis sócio-demográficas dos trabalhadores de saúde
afastados por doença de um Hospital Público do Estado da Bahia, entre 2005/2006.
Estatutário Temporário
Variáveis
N* % N* %
Sexo 187 100,0 80 100,0
Masculino 18 9,6 06 7,5
Feminino 169 90,4 74 92,5
Situação conjugal 179 100,0 76 100,0
Solteiro 72 40,2 37 48,7
Casado 96 53,6 37 48,7
Viúvo 04 2,2 - -
Outros 07 3,9 02 2,6
Idade 184 100,0 78 100,0
< 40 anos 39 21,2 64 82,1
40 anos 145 78,8 16 17,9
Número de Filhos 93 100,0 21 100,0
2 82 88,2 19 90,5
> 2 11 11,8 02 9,5
N* Resultados válidos, excluídas as perdas.
5.3.2 SEXO E CARACTERÍSTICAS DE TRABALHO DOS PROFISSIONAIS
AFASTADOS POR DOENÇA
Entre os trabalhadores afastados por doença, tanto nos estatutários como nos
temporários, o sexo feminino apresentou-se predominante (Tabela 12).
Em relação à carga horária semanal de trabalho observou-se pequena diferença entre
os sexos. Entre os trabalhadores do sexo masculino, 45,9% (11) dos profissionais estudados
trabalhavam 40 h semanais, 33,3% (8) trabalhavam 30 h semanais e 20,8 (5) 20 horas
semanais. Entre os trabalhadores do sexo feminino 60,9% (148) das profissionais trabalhavam
40 h semanais, 36,2% (88) 30 h e apenas 2,9% (7) com 20 horas semanais (Tabela 13).
74
Neste hospital, portanto, entre os profissionais afastados por doença estudados,
observou-se que as mulheres trabalhavam mais horas no hospital, aumentando o volume de
trabalho, a sobrecarga física, que é reconhecidamente pesada neste tipo de instituição e para
este grupo de trabalhadores, predominantemente feminino e pertencente à categoria de
enfermagem (Tabela 13) (SILVA; MARZIALE, 2006; BARBOZA; SOLER, 2003; REIS E
COLABORADORES, 2003).
Na sociedade ocidental, as mulheres são destinadas às atividades consideradas de
menor risco, com menos chances de promoção e com baixos salários. Espera-se das mulheres
que sejam meigas, devotadas, responsáveis e passivas, perfil adequado ao profissional de
saúde e que sejam capazes de realizar duplas jornadas e vários tipos de tarefas
simultaneamente, com uma extensa e extenuante jornada sem queixar-se, o que por certo
levará a um desgaste prolongado e danos à sua saúde (ANDRADE, 1997; ROMITO, 1997)
Entre os profissionais afastados por doença em relação ao tempo de serviço no
hospital, não foi observada diferença entre os sexos. O tempo de trabalho predominante foi
superior a 12,5 anos (150 meses) de atividade, com 60,9% (14) dos homens e 59,1% (145)
das mulheres (Tabela 13).
Tabela 13. Sexo, carga horária e tempo de trabalho dos profissionais de saúde afastados por
doença em um Hospital Público do Estado da Bahia, entre 2005/2006.
Masculino Feminino
Variável
N % N* %
Carga Horária de Trabalho
24 100,0 243 100,0
120 h mês/ 20 h semanais
05 20,8 07 2,9
180 h mês/ 30 h semanais
08 33,3 88 36,2
240 h mês/ 40 h semanais
11 45,9 148 60,9
Tempo de Trabalho no Hospital
23 100,0 242 100,0
Menos de 12,5 anos
09 39,1 97 40,1
Mais de 12,5 anos
14 60,9 145 59,9
N* Resultados válidos, excluídas as perdas.
75
5.3.3 CARACTERÍSTICA DE TIPO DE CONTRATO, CATEGORIA PROFISSIONAL E
SETOR DE TRABALHO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE AFASTADOS POR
DOENÇA.
Considerando ainda os profissionais afastados por doença segundo o tipo de contrato,
estatutário e temporário, encontrou-se entre os estatutários uma freqüência de 67,4% (126) de
Auxiliares de Enfermagem, 12,3% (23) de Enfermeiros, 8,0% (15) de técnicos de Laboratório,
4,8% (9) de médicos e 2,1% (4) de Técnicos de RX (Tabela 14).
Entre os trabalhadores afastados por doença de contrato temporário, encontrou-se uma
freqüência de 56,3% (45) de Auxiliares de Enfermagem, 23,8% (19) de Enfermeiros, 6,3% (5)
de Fisioterapeutas, 5,0% (4) de Técnicos de Laboratório e de Técnicos de RX e Psicólogos,
ambos, com 3,8% (3) dos casos (Tabela 14).
Esse resultado revelou que entre os trabalhadores afastados por doença, os Auxiliares
de Enfermagem e Enfermeiros foram as categorias profissionais mais afastadas neste hospital
no período estudado, sejam eles do quadro permanente ou do grupo de trabalhadores com
contratos temporários.
Tabela 14 Tipo de Contrato e Categoria Profissional dos profissionais de saúde afastados por
doença em um Hospital Público do Estado da Bahia, 2005/2006
Estatutário Temporário
Categoria Profissional
N % N %
Auxiliar de enfermagem
126 67,4 45 56,2
Enfermeiro
23 12,3 19 23,7
Técnico de Laboratório
15 8,4 04 5,0
Médico
09 4,8 - -
Técnico de RX
04 2,1 03 3,8
Fisioterapeuta
- - 05 6,3
Psicólogo
- - 03 3,8
Outras
10 5,3 01 1,2
Total
187 100,0 80 100,0
N* Resultados válidos, excluídas as perdas.
76
Agora observando a categoria profissional dos trabalhadores de saúde afastados por
doença segundo tipo de contrato, encontrou-se que 73,7 % (126) dos auxiliares de
enfermagem apresentavam tipo de contrato Estatutário, o mesmo ocorrendo com os
enfermeiros e com os técnicos de laboratório, com 54,8 % (23) e 78,9 % (15) respectivamente
(Tabela 15). Portanto, como do quadro permanente, trabalhadores que mais facilmente
entregam atestado médico para justificar afastamento.
Tabela 15 Categoria Profissional dos profissionais de saúde afastados por doença e Tipo de
Contrato em um Hospital Público do Estado da Bahia, 2005/2006
Auxiliar de
Enfermagem
Enfermeiro
Técnico de
Laboratório
Tipo de Contrato
N % N % N %
Estatutário 126 73,7 23 54,8 15 78,9
Temporário 45 26,3 19 45,2 04 21,1
Total
171 100,0 42 100,0 19 100,0
N* Resultados válidos, excluídas as perdas.
Sobre o Setor de Trabalho, observou-se que entre os profissionais afastados por
doença, com tipo de contrato Estatutário, 32,6% (61) trabalhavam na Emergência, 7,5% (14)
na UTI Adulto, 7,0% (13) Laboratório, 6,4% (12) no CME e C.O., ambos com os mesmos
percentuais. Entre os trabalhadores afastados por doença de contrato Temporário, destacou-se
que 23,7% (19) trabalhavam na Emergência, 13,8% (11) na UTI Adulto, 13,8% (11) na
Clínica Cirúrgica, 12,5% (10) na Clínica Médica e 6,3% (5) na Clínica Pediátrica e
Laboratório os dois com a mesma freqüência (Tabela 16).
Portanto, observou-se que entre os trabalhadores afastados por doença no período
estudado, tanto entre os Estatutários como os temporários, predominou o adoecimento no
setor de Emergência e na UTI, setores com carga de trabalho em regime de plantão, que
demandam maior concentração, esforço e qualificação dos trabalhadores. Entretanto, foi
observado entre os trabalhadores afastados por doença, no grupo de contrato temporário, uma
freqüência elevada de adoecimento nos setores de clínica cirúrgica, médica e pediátrica, para
onde são deslocados os profissionais com menor experiência, como os auxiliares de
enfermagem e enfermeiros (SILVA; MARZIALE, 2006; BARBOZA; SOLER, 2003; REIS E
COLABORADORES, 2003; FARIA E COLABORADORES, 2005).
77
Tabela 16 Tipo de Contrato e Setor de Trabalho dos profissionais de saúde afastados por doença
em um Hospital Público do Estado da Bahia, entre 2005/2006
Estatutário Temporário
Setor de Trabalho
N % N %
Emergência
61 32,6 19 23,7
UTI – Adulto
14 7,5 11 13,8
Laboratório
13 7,0 05 6,3
CME
12 6,4 - -
C. O.
12 6,4 - -
Clínica Cirúrgica
04 2,1 11 13,8
Clínica Médica
02 1,1 10 12,5
Clínica Pediátrica
06 3,2 05 6,2
Outros
63 33,7 19 23,7
Total
187 100,0 80 100,0
N* Resultados válidos, excluídas as perdas.
Em relação às perdas observadas neste estudo, sobre as características de trabalho não
foram expressivas, houve perdas na variável Tempo de Trabalho no Hospital. O Tipo de
Contrato e Carga Horária Semanal de Trabalho dos profissionais de saúde que adoeceram a
inexistência de perdas deve-se ao Documento da SESAB (Quadro 3). No Projeto de Pesquisa
estava previsto, junto com as variáveis apresentadas, descrever o número de plantões
trabalhados semanalmente pela equipe de saúde, contudo, o Setor de Pessoal não dispunha
também desses dados, nem nas pastas cadastrais dos servidores como também no documento
que recebe da Secretaria.
Cabe destacar, que a escolha desse setor e seus documentos como fonte de dados para
a pesquisa, se deu em virtude do referido Hospital não dispor de um Serviço de Saúde
Ocupacional. Dessa forma, não havia atendimento médico para os trabalhadores na unidade,
como não havia um Departamento de Recursos Humanos, cujas atividades pertinentes
estavam divididas entre o Setor de Pessoal e de Educação Continuada.
78
Quadro 3: Respostas Válidas e Perdas apresentadas para a variável Características de Trabalho
dos profissionais de saúde afastados por doença em um Hospital Público do Estado da
Bahia, 2005-2006
Variáveis Tipo de Contrato Carga Horária Tempo de Hospital Plantão Semanal
N
267 267 265 -
Perdas
- - 2 267
5.4 CARACTERÍSTICAS DOS ATESTADOS MÉDICOS DOS PROFISSIONAIS DE
SAÚDE AFASTADOS POR DOENÇA
Cabe destacar que esta descrição se refere aos 617 atestados médicos dos profissionais
de saúde afastados por doença, arquivados no Setor de Pessoal do hospital pesquisado. Deve-
se apontar que as perdas de informações observadas se devem aos mesmos motivos
anteriormente expostos neste trabalho.
Na caracterização do absenteísmo por doença, inicialmente, será descrito, o tempo de
afastamento, cuja média encontrada no período estudado foi de 4,5 ± 4,4 dias. Destes 76,2%
(469) foram de afastamentos de até cinco dias, esse número, talvez, se explique pelo fato de
que na Instituição, um Atestado Médico com mais de 05 dias, deve ser entregue junto com um
Relatório Médico, justificando o afastamento. Assim, esse resultado pode indicar, que os
funcionários solicitem ao médico um atestado que não ultrapasse esse período. Também foi
encontrado, com freqüência, de 29,9% (184) atestado para 01 dia; 16,9% (104) para 02 dias e
10,2% (63) de 15 dias. Superior a esse período não foi considerado para essa pesquisa (Tabela
17).
Silva e Marziale (2006) encontraram uma predominância de 01 ou 02 dias e também
apontaram que esse período de afastamento se justifica no hospital estudado por não ser
exigida a perícia médica. No estudo de Barboza e Soler (2003), encontrou-se um período de
01 a 10 dias de afastamento. Pitta (2003) e Silva (1999) encontraram um período de 01 a 14
dias, como o de Bittencourt (1993) que encontrou de até 15 dias.
Reis e Colaboradores (2003) apontam que a curta duração do afastamento pode
informar tanto o estado de saúde de um grupo de trabalhadores, como pode ser relacionado à
79
organização do trabalho, a exemplo da duração de jornada, turnos, autonomia, entre outros,
situações comumente encontradas nos hospitais.
Tabela 17 Dias de afastamentos por doença dos profissionais de saúde de um Hospital Público
do Estado da Bahia, entre 2005/2006
Variável N
*
%
Dias de Afastamento
616 100,0
01 dia
184 29,9
02 dias
104 16,9
03 dias
94 15.3
04 dias
42 6,8
05 dias
45 7,3
15 dias
63 10,2
Outros
84 13,6
N* Resultados válidos, excluídas as perdas.
Com relação às doenças que mais motivaram afastamento nos trabalhadores de saúde,
segundo grupo de causas do CID 10, foi encontrado 20,5% (120) por doenças do sistema
osteomuscular e do tecido conjuntivo (Capítulo XIII), 13,4% (78) de doenças do aparelho
respiratório (Capítulo X), 9,8% (57) de fatores que influenciam o estado de saúde e o contato
com os serviços de saúde (Capítulo XXI), 8,7% (51) de doenças do aparelho geniturinário
(Capítulo XIV), de 6,7% (39) de lesões, envenenamento e algumas outras conseqüências de
causas externas (Capítulo XIX) e 6,2% (36) de sintomas, sinais e achados anormais de
exames clínicos e de laboratório, não classificados em outra parte (Capítulo XVIII) (Tabela
18).
Neste estudo não foi encontrado significativa ocorrência de afastamentos por
manifestações psíquicas, mesmo com profissionais de saúde trabalhando em hospital,
ambiente estressante, doloroso e com muito sofrimento mental (PITTA, 2003), o que pode ser
em função de que essas doenças necessitem de afastamentos de longa duração, não
pesquisados pela opção feita aos afastamentos de curta duração, de até 15 dias.
Vale destacar que 94,4% (584) dos Atestados Médicos emitidos apresentavam o CID
10 e apenas 5,7% (35) não o apresentavam, podendo, nesses casos, corresponder à vontade do
80
trabalhador de não ter sua doença revelada para terceiros, como também o documento ter sido
aceito nesta situação (sem o CID) pelo Setor de Pessoal do Hospital. Silva e Marziale (2006),
também destacaram o fato de alguns atestados sem o CID, sob a alegação de ser um direito do
trabalhador, para não ser exposto.
Tabela 18 Doenças que motivaram o afastamento nos profissionais de saúde de um Hospital
Público do Estado da Bahia, 2005/2006
Variável N* %
Doenças Segundo CID 10 584 100,0
Osteomusculares 120 20,5
Respiratórias 78 13,4
Exames Clínicos 57 9,8
Geniturinárias 51 8,7
Envenenamento/Causas Externas 39 6,7
Fatores Indefinidos 36 6,2
Outros 203 34,7
N* Resultados válidos, excluídas as perdas.
Assim, as principais doenças que mais motivaram o afastamento neste hospital
estudado, foram as do sistema osteomuscular, seguidas de doenças do aparelho respiratório,
de fatores que influenciam o estado de saúde e o contato com os serviços de saúde e
geniturinárias, também encontradas nos estudos de Jorge (1995), de Marziale (1995), de Silva
e Colaboradores (1999), de Bellusci e Fischer (1999), de Silva e Marziale (2006), de Barboza
e Soler (2003), de Reis e outros (2003), de Duran e Cocco (2004), de Raffone e Hennington
(2005).
Mas, em relação às doenças osteomusculares cabe destacar a influência que a
organização do trabalho tem sobre estas, pois são, sobretudo, conseqüência de uma sobrecarga
física e emocional, típicas do setor saúde e, especialmente, dos hospitais. E segundo Assunção
(2003, p. 11)
As características da organização do trabalho, que influenciam a saúde das
pessoas por meio de mecanismos psicofisiológicos conhecidos, são
81
consideradas exigências psicológicas ou fatores psicossociais. Mesmo
referindo-se a diferentes aspectos de situação de trabalho, utilizando-se de
instrumentos particulares a cada estudo, com resultados que compõem um
leque variado de problemas de saúde, está certo haver um efeito direto dos
fatores psicossociais sobre o sistema músculo-esquelético.
Não obstante a sobrecarga física e emocional que corroboram para doenças
osteomusculares, esse estudo encontrou entre os trabalhadores afastados por doença uma
elevada média de idade 41,6 ± 9,7 anos, de tempo de trabalho destes no referido Hospital de
12,7 ± 8,9 anos e de carga horária de trabalho semanal, posto que 59,5% (159) trabalhavam
40 h semanais.
Portanto, como esses profissionais estudados estão envelhecendo, principalmente em
relação ao tempo de serviço, e, segundo Raffone e Hennington (2005), considerando que o
envelhecimento funcional é a perda da capacidade para o trabalho e que, na maioria das vezes,
começa a ser percebida antes do envelhecimento cronológico, a promoção da capacidade para
o trabalho pode diminuir ou até mesmo prevenir o adoecimento e a incapacidade, assim como
a aposentadoria precoce.
Observou-se também entre as principais doenças o número de dias de afastamentos
promovidos pelas mesmas. Para os afastamentos de apenas 01 dia destacaram-se as doenças
respiratórias com 18,3% (31) das ocorrências, seguida de exames clínicos com 15,4% (26).
Nos afastamentos de 02 dias destacaram-se as doenças osteomusculares com 19,0% (19) e
respiratórias com 17,0 (17) das ocorrências. As respiratórias aparecem mais nos curtos
afastamentos de 01 a 03 dias, mas à medida que aumentam os dias de afastamento um
claro predomínio das doenças osteomusculares, em 05 dias de afastamento elas tiveram uma
ocorrência de 22,7 (10) e em 15 dias de afastamento apareceram com 17,9% (10) das
ocorrências (Tabela 19).
Cabe destacar que as maiores freqüências de dias de afastamentos observados foram
de 01 e de 02 dias, com 28,9% (169) e 17,2% (100) respectivamente (Tabela 19). No estudo
de Silva e Marziale (2006), também houve predomínio de 01 a 02 dias de afastamentos,
mesmo observado nos estudos de Barboza e Soler (2003) e de Reis e colaboradores (2003).
82
Tabela 19 Doenças e Dias de afastamentos dos profissionais de saúde de um Hospital Público do
Estado da Bahia, entre 2005/2006
01 dia 02 dias 05 dias 15 dias
Doenças/ Dias de Afastamento
N* % N* N* % % N* %
DSO
11 6,5 19 19,0 10 22,7 10 17,9
DSR
31 18,3 17 17,0 05 11,4 - -
Exames clínicos
26 15,4 14 14,0 06 13,6 - -
DSGUR
25 14,8 06 6,0 02 4,5 05 8,9
Outras
76 45,0 44 44,0 21 47,8 41 73,2
Total
169 100,0 100 100,0 44 100,0 56 100,0
N* Resultados válidos, excluídas as perdas.
DSO = Doenças do Sistema Osteomuscular; DSR = Doenças do Sistema Respiratório; DSGUR = Doenças do Sistema Geniturinário
5.4.1 CARACTERÍSTICA DOS ATESTADOS MÉDICOS, CATEGORIA PROFISSIONAL
E SETOR DE TRABALHO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE AFASTADOS POR
DOENÇA.
Observando os atestados médicos com as três categorias que mais se afastaram,
auxiliar de enfermagem, enfermeiro e técnico de laboratório, com as doenças motivadoras
deste, observou-se que as doenças que mais motivaram o afastamento do trabalho nas três
categorias também foram as osteomusculares e respiratórias, nessa ordem.
Dos atestados médicos estudados dos Auxiliares de Enfermagem, estes apresentaram
freqüência de 22,8% (86) de doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo
(Capítulo XIII), 14,6% (55) de doenças do aparelho respiratório (Capítulo X), 9,5% (36) de
fatores que influenciam o estado de saúde e o contato com os serviços de saúde (Capítulo
XXI), 9,3% (35) de doenças do aparelho geniturinário (Capítulo XIV), 6,9% (26) de sintomas,
sinais e achados anormais de exames clínicos e de laboratório, não classificados em outra
parte (Capítulo XVIII) (Tabela 20).
Dos atestados médicos estudados dos Enfermeiros, foram 15,1% (14) por doenças do
sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo (Capítulo XIII), 12,9% (12) por doenças do
aparelho respiratório (Capítulo X), 10,8% (10) por doenças do aparelho geniturinário
(Capítulo XIV), 9,7% (9) por algumas doenças infecciosas e parasitárias (Capítulo 1) e 9,7%
(9) por fatores que influenciam o estado de saúde e o contato com os serviços de saúde
(Capítulo XXI) (Tabela 20).
83
Sobre as doenças osteomusculares e a categoria de enfermagem, parte da literatura
consultada associa o adoecimento com as condições de trabalho, traduzida nas palavras de
Raffone e Hennington (2005, p.675) quando destacam
O fato da doença músculo-esquelética ter tido uma prevalência maior no
grupo com reduzida capacidade para o trabalho pode ser explicado pelo fato
de que o profissional de enfermagem tem uma sobrecarga tanto física como
emocional no desempenho de suas tarefas.
Dos atestados médicos estudados dos Técnicos de Laboratório, estes apresentaram
15,6% (7) de atestados identificando doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo
(Capítulo XIII), 13,3% (6) de doenças do aparelho respiratório (Capítulo X), 13,3% (6) de
fatores que influenciam o estado de saúde e o contato com os serviços de saúde (Capítulo
XXI), 8,9% (4) de doenças do sistema nervoso (Capítulo VI) e mesmo percentual de
sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos e de laboratório, não classificados em
outra parte (Capítulo XVIII) (Tabela 20).
Sobre o Grupo de Doenças do Sistema Neurológico e Transtornos Mentais é
importante destacar que houve uma baixa ocorrência de afastamentos de 1,1% (04) entre os
Auxiliares de Enfermagem e de 1,1% (01) entre os Enfermeiros, mas entre os Técnicos de
Laboratório observou-se uma ocorrência de 8,9% (04) de afastamentos por doenças desse
grupo. Reitera-se que não foram encontrados estudos sobre esta categoria.
84
Tabela 20 Categoria Profissional e Doenças que motivaram o absenteísmo dos Profissionais de
Saúde em um Hospital Público do Estado da Bahia, 2005/2006.
Auxiliar de
Enfermagem
Enfermeiro
Técnico de
Laboratório
Doenças/ Categoria
Profissional
N* % N* % N* %
DSO
86 22,8 14 15,0 07 15,5
DSR
55 14,6 12 12,9 06 13,3
Exames clínicos
36 9,5 9 9,7 06 13,3
DSGUR
35 9,3 10 10,8 03 6,7
Enven./C. Externas
20 5,3 07 7,5 03 6,7
DMN
26 6,9 04 4,3 04 8,9
DIP 17 4,5 09 9,7 03 6,7
DSNTM
04 1,1 01 1,1 04 8,9
Outras
99 26,0 27 29,0 09 20,0
Total
378 100,0 93 100,0 45 100,0
N* Resultados válidos, excluídas as perdas.
DSO = Doenças do Sistema Osteomuscular; DSR = Doenças do Sistema Respiratório; DSGUR = Doenças do Sistema Geniturinário;
DMN = Doenças Mal Definidas; DIP = Doenças Infecciosas e Parasitárias; DSNTM = Doenças do Sistema Neurológico e Transtornos
Mentais.
Observando os setores de trabalho onde mais ocorreram os afastamentos, como
Emergência, UTI – Adulto e Laboratório, com as doenças mais diagnosticadas como as
osteomusculares, respiratórias, geniturinárias e exames clínicos, verificou-se o predomínio
das doenças osteomusculares na Emergência com 25,5% (41) e das respiratórias com 14,3%
(23) das ocorrências, na UTI Adulto destacaram-se as geniturinárias com 16,9% (10) e
respiratórias com 13,6% (8) e no Laboratório predominaram as osteomusculares e os exames
clínicos, ambas com 16,2% (6) das freqüências (Tabela 21).
A Emergência, por razões apontadas neste estudo, como elevada sobrecarga física e
emocional, precárias condições de trabalho, plantões, falta de material, de pessoal, entre
outras, favorecem, principalmente, o adoecimento dos trabalhadores por doenças
osteomusculares. A UTI Adulto, pelo ambiente frio e isolado, de alta responsabilidade para
a equipe, pode levar, portanto, ao adoecimento por doenças respiratórias e geniturinárias.
E o Laboratório por estar inserido num hospital, devendo apresentar as mesmas
condições de precariedade, falta de pessoal, de material, plantões, entre outros.
85
Tabela 21 Setor de Trabalho e as doenças que motivaram o absenteísmo dos Profissionais de
Saúde em um Hospital Público do Estado da Bahia, 2005/2006.
N* Resultados válidos, excluídas as perdas.
DSO = Doenças do Sistema Osteomuscular; DSR = Doenças do Sistema Respiratório; DSGUR = Doenças do Sistema Geniturinário.
5.4.2 CARACTERÍSTICA DOS ATESTADOS MÉDICOS E AS CARACTERÍSTICAS DE
TRABALHO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE AFASTADOS POR DOENÇA
Em relação ao tipo de contrato e as doenças que motivaram o absenteísmo, obteve-se
que entre os afastamentos por doença ocorridos em profissionais estatutários, 24,0% (101) se
afastaram do trabalho por doenças osteomusculares, 10,0% (42) por doenças respiratórias e
8,8 % (37) para a realização de exames clínicos. Em relação aos afastamentos por doença
entre profissionais de contrato temporário REDA, 22,1% (36) se afastaram por doenças
respiratórias, 12,3% (20) para realização de exames clínicos e 11,7% (19) por doenças
osteomusculares (Tabela 22).
Esse resultado aponta que os estatutários, com maior tempo de serviço, maior média
de idade, da equipe fixa, portanto, constantemente submetidos às precárias condições de
trabalho, e com reconhecida elevada sobrecarga física e emocional, contribuíram com uma
Emergência UTI – Adulto Laboratório
Doenças/Setor de Trabalho
N % N % N %
DSO 41 25,5 05 8,5 06 16,2
DSR 23 14,3 08 13,6 04 10,9
Exames clínicos 09 5,6 07 11,9 06 16,2
DSGUR 13 8,0 10 16,9 03 8,1
Outras 75 46,6 29 49,1 18 48,6
Total
161 100,0 59 100,0 37 100,0
86
freqüência maior de afastamento do trabalho por doenças osteomusculares, apontada pela
literatura consultada como doenças que podem ser relacionadas ao trabalho.
Tabela 22 Tipo de contrato e doenças que motivaram o absenteísmo na equipe de saúde em um
Hospital Público do Estado da Bahia, 2005/2006
N* Resultados válidos, excluídas as perdas.
Observando carga horária semanal trabalhada e as doenças que motivaram os
absenteísmos dos profissionais de saúde estudados, foi encontrado que entre os trabalhadores
com jornada de 40 e 20 h semanais a doença que mais motivou o afastamento foi do grupo
das osteomusculares com 24,9% (91) e 23,8% (5), respectivamente, e na de 30 h com 19,2%
(38) as respiratórias (Tabela 23).
Esses dados corroboram com o encontrado em relação ao tipo de contrato, os
estatutários que, em sua maioria, trabalham 40 h semanais, e nas duas situações
separadamente encontrou-se a freqüência mais elevada das doenças osteomusculares para
estatutários e para jornada de 40 horas.
Estatutário Temporário Doenças/
Tipo de Contrato
N* % N* %
Osteomusculares 101 24,0 19 11,7
Respiratórias 42 10,0 36 22,1
Exames Clínicos 37 8,8 20 12,3
Outras 241 57,2 88 53,9
Total
421 100,0 163 100,0
87
Tabela 23 Carga horária semanal trabalhada e as doenças que motivaram o absenteísmo dos
profissionais de saúde em um Hospital Público do Estado da Bahia, 2005/2006.
20 h 30h 40h
Doenças/ Carga Horária
Semanal
N % N % N %
DSO
05 23,8 24 12,1 91 24,9
DSR
01 4,8 38 19,2 39 10,7
Exames Clínicos
02 9,5 25 12,6 30 8,2
DSGUR
- - 16 8,1 35 9,6
Outras
13 61,9 95 48,0 170 46,6
Total
21 100,0 198 100,0 365 100,0
N* Resultados válidos, excluídas as perdas.
DSO = Doenças do Sistema Osteomuscular; DSR = Doenças do Sistema Respiratório; DSGUR = Doenças do Sistema Geniturinário.
Observando tempo de trabalho no hospital dos profissionais afastados com as doenças
que mais motivaram os afastamentos encontrou-se que entre no tempo igual e superior a 12,5
anos, se destacaram as doenças Osteomusculares com 14,4% (83), seguida das Geniturinárias
com 9,3% (34), Respiratórias com 5,7% (33) e Exames Clínicos com 4,7% (32). Entre o
tempo inferior a 12,5 anos se destacaram as doenças Geniturinárias com 8,0 (17),
Respiratórias com 7,8 % (45) e Osteomusculares com 5,7% (33) (Tabela 24).
Dessa forma, as doenças osteomusculares foram as que mais motivaram afastamentos
e as mais freqüentes entre os profissionais afastados por doença, com regime estatutário, com
mais de 40 horas semanais de trabalho e com mais tempo de serviço no hospital. Entre os
profissionais afastados por doença com contrato temporário e com 30 h semanais de trabalho,
a principal causa de afastamento foram as doenças geniturinárias com 8,0% (17) e
respiratórias com 7,8% (45) das ocorrências.
O adoecimento entre profissionais de saúde que trabalham em hospitais é um
fenômeno muito reconhecido, e neste hospital não foi diferente dado às inúmeras
características ora descritas como o tempo de serviço, a carga horária de trabalho elevada e a
precarização das suas condições, próprias de unidades hospitalares.
Diante das inadequadas condições de trabalho oferecidas aos trabalhadores
nos hospitais de muitos países, a Organização Internacional do Trabalho
(OIT), desde a década de 40, tem considerado o problema como tema de
discussão e tem feito recomendações referentes à higiene e segurança com a
88
finalidade da adequação das condições de trabalho desses profissionais.
Essas condições insatisfatórias estão relacionadas a fatores biológicos,
físicos, químicos, psicossociais e ergonômicos, os quais podem causar danos
à saúde dos profissionais que ali atuam (MARZIALE; ROBAZZI, 2000).
Tabela 24 Tempo de trabalho no hospital e as doenças que motivaram o afastamento dos
profissionais de saúde em um Hospital Público do Estado da Bahia, 2005/2006.
< 12,5 anos 12,5 anos Total
Tempo de Hospital e
Doenças
N* % N* % N %
Osteomusculares 33 5,7 83 14,4 116 20,1
Respiratórias 45 7,8 33 5,7 78 13,5
Exames Clínicos 25 2,1 32 4,7 57 9,9
Geniturinárias 17 8,0 34 9,3 51 8,8
Total
213 39,6 364 63,1 577 100,0
N* Resultados válidos, excluídas as perdas.
5.4.3 CARACTERÍSTICA DOS ATESTADOS MÉDICOS E A IDADE DOS
PROFISSIONAIS AFASTADOS POR DOENÇA
Em relação à idade, entre os profissionais afastados por doença que apresentavam
idade igual ou superior a 40 anos, a principal causa de afastamento do trabalho foram as
doenças osteomusculares com 13,6% (78) e entre os profissionais afastados com idade
inferior a 40 anos apareceram as doenças respiratórias com 8,7% (50) (Tabela 25).
Outra discussão relevante a cerca de idade, servidor público estatutário, tempo de
serviço e adoecimento é a dificuldade de inserção deste trabalhador no mercado privado.
Sobre isso, Rebouças e Colaboradores (2007, p. 249) coloca que “em indivíduos mais velhos
há uma tendência mais acentuada a permanecerem no serviço”, pois reflete que, quanto maior
for a idade e o tempo de serviço, maior a dificuldade de mudar de emprego, como também de
89
desenvolver estratégias para enfrentar os problemas inerentes ao desempenho de suas
atividades.
Tabela 25 Idade dos profissionais afastados por doença e as doenças que mais motivaram
absenteísmos em um Hospital Público do Estado da Bahia, 2005/2006.
< 40 anos 40 anos Total
Idade dos Profissionais/
Doenças
N % N % N %
Osteomusculares 39 6,8 78 13,6 117 20,4
Respiratórias 50 8,7 28 4,9 78 13,6
Exames Clínicos 22 3,8 32 5,6 54 9,4
Geniturinárias 17 7,4 34 9,9 51 8,9
N* Resultados válidos, excluídas as perdas.
Os resultados, portanto, apontaram que os profissionais de saúde afastados por doença,
cujo vínculo de contrato é do tipo permanente (estatutários), são mais velhos, 78,2% (145)
com idade igual ou superior a 40 anos, têm mais tempo de serviço, 85,9 (159) igual ou
superior a 12,5 anos, 85,0 % (159) trabalhavam com carga horária de 40 h semanais e foram
mais acometidos das doenças osteomusculares, as doenças causadas, sobretudo, pelo desgaste
e excesso de sobrecarga de trabalho.
Laurell e Noriega (1987 apud CORDEIRO,1993), em estudo também sobre
trabalhadores e saúde, estratificaram os trabalhadores de acordo com o tempo de trabalho na
siderúrgica, observando que os trabalhadores com maior tempo de trabalho apresentavam uma
prevalência significativamente maior de várias patologias, ou seja, ainda que ambientes
diferentes, siderúrgica e hospital, estabelecem-se a relação envelhecimento (idade e tempo de
serviço) e adoecimento. Donde Cordeiro (1993, p. 370), em seu estudo, mesmo não sendo
sobre trabalhador de saúde, mas com semelhanças ao encontrado neste trabalho, conclui que
Firmou-se uma associação positiva entre pressão arterial dia
90
encontrada entre pressão arterial diastólica e tempo acumulado de trabalho,
que chega a ter um caráter dose-resposta. Também importante foi a interação
firmada entre idade e tempo acumulado de trabalho, que modula as duas
associações acima referidas.
Entre os trabalhadores afastados por doença de contrato temporário, 82,1% (64)
tinham menos 40 anos de idade, 100,0% (80) deles tinham tempo de serviço inferior a 12,5
anos, 95,0% (76) trabalhavam 30 h semanais e foram afastados do trabalho, principalmente,
por doenças respiratórias.
5.4.4 CARACTERÍSTICA DE SEXO E OS ATESTADOS MÉDICOS DOS
PROFISSIONAIS AFASTADOS POR DOENÇA
Observando o comportamento da variável sexo, buscou-se observar sua relação com o
tempo de afastamento por doença, não sendo encontradas diferenças entre os trabalhadores
afastados por doença, visto que 69,2% (36) dos homens e 76,8% (433) das mulheres se
afastaram por até 05 dias (Tabela 26). Destacando, novamente, que tempo superior a esse,
nessa instituição, deve ser justificado não apenas por atestado médico, mas tem que ser
também comprovado por Relatório Médico, conforme explicado anteriormente.
91
Tabela 26 Dias de afastamento por doença segundo sexo dos profissionais de saúde de um
Hospital Público do Estado da Bahia, entre 2005/2006.
Masculino Feminino
Dias de Afastamento
N % N
*
%
01 dia 11 21,2 173 30,7
02 dias 10 19,2 94 16,7
03 dias 11 21,2 83 14,7
Até 05 dias 36 69,2 433 76,8
15 dias 08 15,4 55 9,8
Total
52 100,0 564 100,0
N* Resultados válidos, excluídas as perdas.
Observou-se também entre os trabalhadores afastados por doença do sexo masculino e
do feminino, que a principal doença que motivou o afastamento do trabalho foram as do
grupo osteomusculares com 28,0% (14) nos homens e 19,9% (106) nas mulheres. As outras
doenças apresentaram diferenças entre os sexos, com o sexo masculino apresentando 14,0%
(7) das do grupo de envenenamento/causas externas e o sexo feminino apresentando 14,2%
(7¨) das respiratórias (Tabela 27).
É consenso na literatura consultada que os hospitais são caracterizados,
freqüentemente, por uma estrutura formal e burocrática, dificultando a comunicação entre as
pessoas, o trabalho interdisciplinar, além de expor seus trabalhadores a riscos de ordem
biológica, física, ergonômica, mecânica, psicológica e social. Vindo do elevado índice de
afastamentos por doença observados entre os profissionais de saúde, o que, segundo Carvalho
(2001) apud Faria e colaboradores (2005, p. 19) aponta que “os absenteísmos dos funcionários
trazem uma sobrecarga de trabalho aos demais, gerando um ciclo vicioso de desgaste e
desajuste mental”.
92
Tabela 27 Doenças que motivaram o absenteísmo segundo sexo dos profissionais de saúde de um
Hospital Público do Estado da Bahia, entre 2005/2006.
N* Resultados válidos, excluídas as perdas.
Assim, esse estudo revelou significativamente o afastamento por doença no grupo de
enfermagem deste hospital e, especialmente, nos auxiliares, por ser, essencialmente, a maior
equipe, composta de mulheres com idade igual e superior a 40 anos, do quadro permanente,
terem tempo de serviço superior a 12,5 anos, trabalharem 40 horas semanais na Emergência e
UTI de um Hospital Público, com reconhecida sobrecarga física e emocional, executando
trabalhos manuais, pesados e repetitivos, por uma divisão fragmentada de tarefas, impostas
por rígidas estruturas hierárquicas, exaustivamente apontados na literatura.
Deste modo, a existência nos serviços de saúde, no Hospital em particular, de
condições de trabalho desencadeadoras de adoecimento, sofrimento, estresse e ansiedade é
uma realidade não mais contestada (SILVA; MARZIALE, 2006, ROLLO, 2002, SATO,
20002, BARBOZA; SOLER, 2003, OSÓRIO, 2005, BRANT; MINAYO, 2006). No entanto,
as repercussões sobre a saúde dos trabalhadores reconhecidamente expostos a fatores
estressantes e ansiogênicos são ainda pouco conhecidas, razão principal para realização deste
estudo.
Tanto nos hospitais como nas outras organizações do trabalho é indiscutível a
abordagem do processo saúde doença na perspectiva de responsabilização do trabalhador
sobre seu adoecimento, não relacionando com o próprio trabalho. Sobre isso, Assunção (2003,
p. 5) aponta que:
Masculino
Feminino
Doenças
N % N
*
%
Osteomusculares 14 28,0 106 19,9
Respiratórias 04 8,0 76 14,2
Exames Clínicos 04 8,0 53 9,9
Geniturinárias - - 50 9,4
Envenenamento/Causas Externas 07 14,0 - -
Fatores Indefinidos - - 34 6,4
Total
50 100,0 534 100,0
93
No geral, as abordagens dos fenômenos de saúde relacionados ao trabalho
citadas continuam freqüentemente assentadas sobre a idéia de uma
passividade dos trabalhadores face às condições de trabalho adversas. Os
problemas de saúde ocupacional podem, todavia, ser analisados sob um novo
ângulo, se consideramos, como sugerem Assunção & Lima (2003), que, em
uma situação de trabalho, a nocividade está presente quando a organização
do trabalho diminui as possibilidades do trabalhador evitar a exposição ao
fator de risco (formalmente reconhecido ou não), por exemplo, ao impor um
quadro temporal rígido para a realização das tarefas ou negligenciar o
investimento dos trabalhadores para compensar os desequilíbrios das
situações.
Assim posto, concordando com a autora, “freqüentemente, é no imprevisto das
situações de trabalho (pouco conhecidas dos organizadores da produção) que se situa a
explicação dos problemas de saúde” (2003, p. 8). Como é indiscutível que os hospitais,
especificamente, os públicos, foco do estudo, promovam transformações urgentes. Rebouças e
Colaboradores (2007, p. 249) também estudando saúde do trabalhador de saúde em hospital
público, coloca que:
É evidente a necessidade de mudanças por parte do poder público,
especialmente no que diz respeito à ampliação de recursos humanos e
materiais e à reforma das edificações. Outra modificação importante deve ser
realizada na organização do trabalho, com o objetivo de propiciar a todos os
profissionais a oportunidade de se envolverem em atividades de criação e
implementação de projetos novos. As mesmas modificações podem ser
direcionadas à redução do impacto do trabalho sobre a saúde e qualidade de
vida dos pro fissionais.
Na área de Saúde do Trabalhador, predomina como questão norteadora avaliar o
quadro de morbi-mortalidade dos trabalhadores. “Os estudos epidemiológicos que envolvem
populações de trabalhadores têm se ocupado em pesquisar associações plausíveis, do ponto de
vista fisiopatológico, entre patologias e supostos fatores de risco” (CORDEIRO, 1993, p.
363).
O quadro de saúde dos trabalhadores brasileiros revela uma preocupante realidade e há
um consenso entre os estudiosos, da possibilidade de elevada subnotificação das doenças e
agravos que acometem esse grupo populacional. Giannasi (1997) declara que a invisibilidade
nas estatísticas oficiais do país está aumentando por conta da informalidade e precariedade
dos vínculos empregatícios. Giatti e Barreto (2006, p.105) apontam que,
94
Ao considerar, não o trabalho, assim como a inserção diferenciada, o
desemprego e a exclusão do mercado de trabalho para investigar iniqüidade
em saúde, revela-se um importante aspecto das desigualdades pouco
abordado nos estudos de saúde no Brasil. Concluindo, o aumento do
desemprego, o crescimento dos vínculos precários de trabalho e do mercado
informal, onde não proteção previdenciária, nem trabalhista, reforçam a
necessidade de que a situação no mercado de trabalho também seja
considerada nos estudos das desigualdades em saúde.
Essa situação é agravada porque, em geral, a gestão do trabalho considera o
adoecimento do trabalhador, seu afastamento do trabalho, como um motivo para não
trabalhar, isto é, não se acredita que o trabalhador esteja realmente doente. E quando se
constata de fato que o trabalhador está doente, procura-se não associar seu adoecimento com o
trabalho (BRANT; MINAYO, 2006). Inclusive inicia-se um processo de discriminação, dos
colegas de trabalho, dos médicos que encaram as queixas das pacientes com certo descaso, e
até por parte da família (ASSUNÇÃO, 2003).
Segundo Scavone (1997), a doença profissional, portanto, além de todas as alterações
importantes que provoca no trabalhador, na família do trabalhador, principalmente nas
famílias administradas por mulheres, essa não associação ao trabalho, isenta os empregadores
da responsabilidade pela doença do trabalhador, que permanece perigosamente invisível
socialmente e dissipa suas implicações sociais, conclui a autora.
Deste modo, na atualidade, uma das mais graves repercussões provocadas por todas as
transformações do mundo do trabalho, está nos danos e agravos à saúde do trabalhador. Essas
transformações vêm provocando adoecimento e morte desse grupo populacional. A
organização do trabalho é apontada por autores como Dejours (1992), como favorecedora do
surgimento de doenças somáticas e psíquicas, mesmo na ausência de nocividade dos
ambientes de trabalho, o que não é o caso dos hospitais, local reconhecido como uma das
organizações que oferecem uma das piores condições de trabalho (GASPAR, 1997).
Portanto, essa realidade do trabalhador brasileiro não se faz diferente ou minimizada
no setor saúde, ao contrário, para o mesmo autor, essa situação é comum a todos os seus
profissionais, tanto entre os que desempenham cargos administrativos como entre os que
desenvolvem atividades assistenciais.
Sobre esse estudo, convém esclarecer que se a etapa de sensibilização tivesse sido
maior e não tão próxima da etapa de distribuição dos Termos de Consentimento Livre e
Esclarecido – TCLE, a divulgação e aceitação poderiam ser maiores do que foi, porém,
destacando que a pesquisadora sendo também da equipe de saúde do hospital fez diminuir
quase que totalmente as recusas. Entre aqueles que se recusaram, percebeu-se o
95
constrangimento de assumirem que adoeceram e a desconfiança de que a pesquisa fosse
institucional para prejudicá-los, se considerados doentes e faltosos. Nos de vínculo
permanente, supõe-se que seja pelo receio de remanejamento para setores e atividades que
não lhes agradassem. Nos de vínculo temporário, o medo de cancelamento de contrato,
algumas vezes verbalizados pelos próprios funcionários.
O presente trabalho, portanto, discorreu sobre os afastamentos por doença de
Trabalhadores de Saúde em um Hospital Público, agravados pelas características próprias do
ambiente hospitalar. O caminhar pressupõe um processo de construção e reconstrução de
outro modo de vivenciar nas grandes corporações e, entre estas, os hospitais, definindo, assim,
caminhos de futuro a partir da história.
Todos, de uma forma de ou outra, estamos contribuindo para a construção de uma
nova perspectiva e compromisso de que não é necessário adoecer pelo trabalho, muito menos
morrer pelo trabalho, e quiçá nem viver pelo trabalho... Há, sem dúvida, outras formas
prazerosas de viver a vida. Este é o sonho, que podemos começar a transformar em realidade
hoje, e que podemos sonhar juntos.
96
Os homens só podem compreender um livro profundo,
depois de terem vivido pelo menos, uma parte daquilo que
ele contém. (Ezra Pound)
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conforme desenhado nos objetivos desta pesquisa, os resultados revelaram que os
Profissionais de Saúde afastados por doença em um Hospital Público do Estado da Bahia, no
período de de julho de 2005 a 30 de junho de 2006, são predominantemente do sexo
feminino.
Além dessa característica, destacou-se, neste estudo, a faixa etária dos trabalhadores
afastados por doença, que apresentavam idade igual e superior a 40 anos, como, também, o
tempo de serviço no hospital predominantemente com o tempo de trabalho igual e superior a
12,5 anos.
Associado a essas características está o vínculo de trabalho que, neste estudo, apontou
entre os trabalhadores afastados por doença o predomínio do vínculo estatutário e permanente.
Também foi observado o predomínio da jornada de trabalho de 40 horas semanais.
Entre os setores de trabalho destacaram-se Emergência e UTI, como os locais onde
mais atuavam a maioria dos trabalhadores afastados por doença no período estudado.
Com relação ao grupo profissional dos trabalhadores de saúde afastados por doença,
os resultados apontaram a predominância dos profissionais de Enfermagem dentre aqueles
que se afastaram no período estudado. Os resultados apontaram, ainda, que o grupo de
Enfermagem apresentou a segunda maior incidência de afastamento por doença, dentre todos
os grupos que atuavam no hospital estudado. Esse resultado, por fim, indica um maior risco
de afastamento por doença nesse grupo de trabalhadores.
Encontrou-se como tempo médio de afastamento por doença, o período de 4,5 ± 4,4
dias, portanto, um tempo de afastamento muito expressivo.
Sobre as doenças que mais motivaram o afastamento dos trabalhadores de saúde do
hospital público estudado, foram encontradas as do sistema osteomuscular, seguidas de
doenças do aparelho respiratório e de fatores que influenciam o estado de saúde e o contato
com os serviços de saúde.
Os resultados apresentados estimulam os pesquisadores a realizarem novas
investigações para identificar situações de risco, geradoras de doenças entre os trabalhadores
97
de saúde que atuam em ambientes hospitalares, como estimulam, também, propostas novas de
práticas assistenciais para os hospitais, a partir, principalmente, de transformações das
características do trabalho através de negociações cotidianas.
A atenção à saúde dos trabalhadores e, em especial, do trabalhador de saúde, revela-se
em uma questão social importante, a merecer um esforço conjunto de trabalhadores de saúde,
instituições de saúde e gestores públicos e privados.
Transformar, melhorar a qualidade das condições de saúde no trabalho, a partir do
enfoque discutido, acarreta identificar os problemas em cada situação, com a participação
efetiva dos sujeitos do processo de trabalho e replanejá-lo, o que envolve sempre um processo
de negociação. Posto que as mudanças acontecem quando os trabalhadores são
protagonistas das mudanças, sujeitos capazes de enfrentar todos os conflitos postos, criando
novas alternativas para enfrentar velhas situações, no dizer de Iamamoto (1999), é preciso
ousar.
Dessa forma, como afirma Antunes (2005, p.190), “é possível empreender mudanças e
resistências que no plano mediato incorporam as aspirações nascidas no interior da vida
cotidiana da classe-que-vive-do-trabalho”.
Construir um novo paradigma sobre saúde do trabalhador significa, numa perspectiva
sistêmica e integradora, considerar os próprios trabalhadores, assim como o ambiente no qual
estão inseridos, numa busca de melhor qualidade de vida para aqueles que dependem da sua
força de trabalho como a única forma de sobrevivência.
Consideramos que o trabalho apresentado não pode e não tem a pretensão de esgotar a
discussão sobre como as características do trabalho do setor saúde em hospitais afetam a
saúde do trabalhador. O que objetivamos é inaugurar novas discussões a respeito do tema,
onde possamos vislumbrar a possibilidade de encontrar estratégias que promovam um
equilíbrio entre a produção e a qualidade de vida e de saúde para esses trabalhadores.
Espera-se que os resultados desse estudo estimulem para este Hospital Público a criar
e implantar um Serviço de Atendimento à Saúde do Trabalhador, conforme observado em
outros hospitais estudados na literatura consultada, consciente, também, de que este serviço
não acabará com o adoecimento do profissional de saúde, mas irá lhe assegurar um mínimo de
assistência, promovendo ações curativas, de prevenção, promoção, reabilitação e readaptação.
98
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Mestrado]. Ribeirão Preto, São Paulo: Escola de Enfermagem / USP, 1999.
_________; MARZIALE, M. H. P. Absenteísmo de trabalhadores de enfermagem em um
hospital universitário. Revista Latino-Americana de Enfermagem, Ribeirão Preto, SP, v.8,
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SPSSINC. SPSS Base 11.0 – aplicattions guide. Chicago, EUA, 1991.
SILVA, E. S. Crise Econômica, Trabalho e Saúde Mental in: Crise Trabalho e Saúde Mental
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__________. Saúde Mental e Trabalho in: Cidadania e Loucura. Petrópolis, RJ: Editora
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TAVARES, M. A. Os fios (in) visíveis da produção capitalista: informalidade e precarização
do trabalho. São Paulo: Cortez, 2004.
105
APÊNDICE A
Absenteísmo por Doenças em Trabalhadores de Saúde de um Hospital Público do Estado da Bahia no Ano 2005
Pesquisador (s): Carlito Lopes Nascimento Sobrinho e Patrícia Freitas Martins
Ficha de Coleta de dados
CASOS Sexo
Idade
Situação
Conjugal
Número
de Filhos
Categoria
Profissional
Tipo de
Contrato de
Trabalho
Carga
horária
De
trabalho
semanal
Nº. de
Plantões
por turno
semanal
Setor de
trabalho
Tempo de
trabalho
no
Hospital
Dias de
Afastamento
Doenças
CID10
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Universidade Estadual de Feira de Santana
Departamento de Saúde
Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva
106
APÊNDICE B
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Prezado (a) Senhor (a), através deste documento chamado Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido eu, Patrícia Freitas Martins, Coordenadora do Projeto de Pesquisa “Absenteísmo por
doenças em trabalhadores de saúde de um hospital público do estado da Bahia, 2005”, pretendo lhe
explicar com clareza sobre esta pesquisa que será realizada. Caso o (a) senhor (a) concorde em
participar, este documento servirá como comprovante que sua aceitação foi de livre vontade.
Esta pesquisa investigará a ocorrência de doenças que motivaram o afastamento dos
trabalhadores da equipe de saúde de um hospital público do estado da Bahia no ano de 2005,
verificando possíveis associações entre características sócio-demográficas e do trabalho com as
doenças que motivaram afastamento desses trabalhadores.
Os dados serão coletados a partir de sua ficha cadastral, do livro de protocolo do Setor de
Recursos Humanos e do atestado médico emitido como justificativa para o afastamento do trabalho.
Gostaria de deixar bem claro, que as informações serão tratadas com sigilo e
confidencialidade, impossibilitando a sua identificação. Você poderá desistir de participar da pesquisa
em qualquer momento, sem necessidade de explicar a sua desistência, bem como poderá pedir
informações sobre a pesquisa se assim julgar necessário.
Os resultados desta pesquisa estimularão a reflexão e discussão dos trabalhadores de saúde
desse hospital sobre as suas condições de trabalho e saúde, e assim poderão contribuir com a melhoria
da qualidade de vida dos mesmos. Serão divulgados no hospital e para o Sindicato dos Trabalhadores
em Saúde do Estado da Bahia, bem como em congressos e .95667(ã)9.21631(o )-28(s)-2.30474( )-141.36.522(c)-1.65326(o)-8(m)17. 4Tf-0362.16 -icdenti-4.60948(ni)-4.60948(c)9.216348(n)10.8696(s)--2.30348(on)1.65326(s)-2.30341(e)-1.651996(m)17.12493(l)-4.600667(á)-1.6532( )-32.6087(d)-1.65326( )-130.435(s)-2.38.696(e)-1.650 4Tf-50]TJ-329.43(onf)6.9129(i)-4.60882(de)-1.651tqualidade1( )1047j(s)-2.30341(t)-4.60815(a)-1.651(t)-4.60816(e)-1.65193(i)-4.60815(s1( )10474( )-130.435(s)-2.30474(e)-1.65áa)-1.65193(de76.3034s)-2.30474(obr)6.9123(í)-4.60815(v)10.86923(e)-1.65082(d)10.8696(hi)-4.60815(ol)6.26009(76.3034po(s)8.56483(qui)6.651909(76.30348(c)-1.65326(a)9.21631(s76.30341( )-608.696(i)6.26009(nf)-3.95667(o)10.8696(r)-3.95667(m)17.1297(a)-1..1291(ç)-1.65193(õe)-1.65326(s76.3034(ni)-4.609o326(f)6.9129(r)-3.95667(a)9.21631(t)-421( 596( )]TJ327c)-1.65326(a)9.21631(s76.3034c)-1.65193(onf)695667(i)-4.60948(c)-1.6536(e)-1.65326(r)-3.95667(ol)6.26009(76.3034c)-1.6532687(s)8.566157(oo)10.8696ont)-4.60948(a)-1.653[(d)10.8696(a)-1.65326(s)( )1047p6(n)10.8696(hor76.3034(ni)-4.60983(S)12.5228c(r)-3.95667(ã76.30347( )-217.8690(a)-1.653567(a)9.221631(r)( )1047(s)-2.38.6n(a)-1.65193()-32.6086(s)-2.30341( 59650]TJ-318.6n22(d)10.8696U)8.96 Td[4(l)-4.6088 -18.96 Td[(v)10.8696(e)-1.65193(s)-2.30474(s)8.564815(i)6.26141(( )-608.696(d)10.8696do )-206.522e)-1.65193(s)8.56485(i)6.26141(1(s)-2.30474(u)10.8691(a)-1.651932( )-141.304(d)10.869F( )-108.696(S)1.6519(s)8.564833(pa)9.21631(r)-3.956932( )-141.304(d)106.522S))-4.60948((d)10.8696(e)-1.65326(n)10.8698((d)10.86968(c)-1.653 o)-0.002716U)8.96.869Eo )-108.6F))-4.6094Sc
107
ANEXO A
Feira de Santana, 31 de Julho de 2006
CI
Do: Setor Pessoal
Para: Patrícia Freitas Martins
Prezada Senhora,
Atendendo sua solicitação, estamos informando o quantitativo das categorias de Servidores
abaixo relacionados.
Téc. Patologia Clínica -------------------------------------------44
Aux. Enfermagem-----------------------------------------------420
Farmacêutico------------------------------------------------------19
Médicos----------------------------------------------------------186
Enfermeiro--------------------------------------------------------97
Odontólogo-------------------------------------------------------10
Assistente Social-------------------------------------------------09
Fisioterapeuta----------------------------------------------------19
Téc. Radiologia--------------------------------------------------20
Psicólogos--------------------------------------------------------04
Nutricionista-----------------------------------------------------09
TOTAL---------------------------------------------------------837
Coordenação do Setor de Pessoal (Nome da Instituição não será divulgado).
108
ANEXO B
AUTORIZAÇÃO CEP
109
ANEXO C
AUTORIZAÇÃO DO HGCA
110
ANEXO D
RESOLUÇÃO CONSEPE
Livros Grátis
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