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FICHA CATALOGRÁFICA
O48 Oliveira, Rejane Nunes Lopes de.
REJANE NUNES LOPES DE OLIVEIRA
Tratamento Restaurador Atraumático (ART): Avaliação de um protocolo de
atendimento em gestantes da rede pública do município de Feira de Santana-BA
Dissertação apresentada ao Programa de Pós -
Graduação em Saúde Coletiva, como parte
integrante dos requisitos para obtenção do título de
Mestre pela Universidade Estadual de Feira de
Santana.
Área de concentração: Epidemiologia
Feira de Santana,______/______/______
Prof.ª Dr.ª Denise Cerqueira Oliveira
(Universidade Estadual de Feira de Santana)
Profª. Dr.ª Regina Cerqueira Wanderley Cruz
( Universidade Federal da Bahia)
Prof. Dr. Isaac Suzart Gomes Filho
(Universidade Estadual de Feira de Santana)
Dedico este trabalho a
o meu esposo
Enoque
EnoqueEnoque
Enoque
caminhar comigo nessa jornada e a Raissa
RaissaRaissa
Raissa, minha
querida filha, por ter sido muito forte em alguns
momentos, obrigada por seus poemas!
Crítica (In) Exata
Inexata
Exatidão
De exaltar
O exato
E não exaltar
O insensato
Na sua exata
Insensatez
Raissa Oliveira
AGRADECIMENTOS
A Deus pelo dom da vida, por ser Senhor, Pai e Amigo.
À Profª Drª Denise Cerqueira Oliveira, por orientar essa pesquisa
com dedicação e profissionalismo, pela calma e serenidade de cada encontro.
Obrigada pela acolhida e pela confiança.
Aos meus pais Kyume e Vileide, por todos os legados, pela paz e
amizade em vários momentos. As queridas irmãs Morgana, Liliane, Kelma e seus
familiares, meu eterno carinho.
A toda equipe do NUPPIM que me acolheu durante a coleta de dados. Ao
Prof° Isaac por ter aberto esse importande espaço. A Simone e Camila pela
parceria simpática e pela tolerância. A Gil pelo apoio no transporte das gestantes.
A Tânia, pelo auxilío no atendimento, pela alegria contagiante, pelo afeto
com as gestantes.
A Myria, Michelle e Carla, pela observação dos resultados da pesquisa,
sem vocês eu não teria conseguido.
A todas as gestantes participantes desta pesquisa, pelo aprendizado
proporcionado sobre o ART e muito além do ART. Não esquecerei dos dias de
atendimento, a história de vida, o olhar de cada uma, a dor e a alegria, foram
momentos preciosos.
A todos os professores do mestrado, por cada conteúdo dividido. A
Tereza e Judith pela docência amiga e compreensiva. A Marluce e Maria Ângela
pelos ensinamentos compartilhados na disciplina de Estado, População e Políticas
Públicas. A Técia, pela oportunidade do estágio em docência.
À disciplina de Bioética, pelos importantes ensinamentos. À professora
Eliane pelo convite para continuar essa caminhada no Núcleo de estudos de
Bioética.
Aos colegas do mestrado Turmas 02/2004, 01/2005, por cada dia de
convivência. Especialmente a Jair e Joseli pelo carinho de toda hora. Paloma (pela
alegria), Johelle (pela serenidade), Michelle (pela surpresa) e Kionna (pela paz).
Amigas, todos esses tributos, e muito mais, foram deixados por vocês.
A “Kiuí”, obrigada por todo o seu carinho, zelo e amizade.
A 3M-ESPE pela doação dos cimentos de ionômeros de vidro,
elementares para a execução da pesquisa.
À Profª Márcia Noya pela colaboração no prontuário odontológico.
A Goreth, Lícia e Rosane, por todo apoio administrativo durante o curso,
obrigada pela acolhida desde os primeiros passos.
A todos os amigos que entenderam e aos que estranharam cada
ausência. Vocês foram em algumas semanas, o único porto de descanso. A Magna,
que me incentivou nessa caminhada. Obrigada pelas orações.
A todos que direta ou indiretamente contribuíram para este momento, o
meu muito obrigada.
RESUMO
A cárie dentária constitui-se em um grave problema de saúde pública, com alta
prevalência em diversas populações. O Tratamento Restaurador Atraumático (ART)
é uma alternativa de intervenção para esta patologia, consiste na remoção do tecido
cariado com instrumentos manuais e posterior fechamento das cavidades com
cimento de ionômero de vidro (CIV). Aliado ao procedimento clínico, é importante se
desenvolver um programa de promoção de saúde. A Organização Mundial de Saúde
(OMS) recomenda a utilização do ART para diversos grupos, entre eles, as
gestantes. Este ensaio clínico teve como objetivo avaliar um protocolo de
Tratamento Restaurador Atraumático em gestantes da rede blica de Feira de
Santana - BA. A amostra consistiu de 35 gestantes, nas quais foram realizados 84
restaurações e 71 selantes com CIV Ketac Molar Easymix. Após anamnese e exame
clínico, foi aplicado um formulário semi-estruturado sobre as práticas de higiene
bucal e dieta, e sobre o grau de aceitação da técnica. Esse grupo foi inserido em um
programa educativo-preventivo de saúde, com palestras, escovação supervisionada
e coleta de índice de placa. Após seis meses, a avaliação clínica das restaurações e
dos selantes foi realizada por um examinador. As restaurações foram analisadas
pelos escores padronizados (0-9) que posteriormente foram transformados em
sucesso (0, 1 e 7) e insucesso (2, 3, 4, 5, 6 e 8). Para os selantes utilizou-se o
critério sucesso (presente ou perda parcial) e insucesso (perda total). Após a
sistematização dos dados coletados observou-se sucesso de 90,5% para ART e
85,9% para selantes. Em relação ao programa, 71,4% das gestantes referiu
mudanças de hábitos na higiene bucal e 54,3% mudaram hábitos na dieta. Ocorreu
uma diferença significativa entre as médias dos índices de placa inicial e final, sendo
essa redução em média de 17,71%. O grau de aceitação da técnica foi de 100%.
Concluiu-se que o ART é uma alternativa de tratamento viável para cárie em
gestantes, inseridas em um programa educativo preventivo. Este estudo aponta para
a necessidade de mais pesquisas que fomentem o desenvolvimento de políticas
públicas e ampliem a utilização do ART em gestantes.
Palavras-chave: cárie, gestante, tratamento restaurador atraumático.
ABSTRACT
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 01 - Fluxograma de seleção da amostra.................................................... 52
FIGURA 02 - Critérios para avaliação de ART..........................................................56
FIGURA 03 - Escores de sucesso e insucesso das ART aplicados nas gestantes da
Pesquisa em Feira de Santana-BA, 2006............................................64
FIGURA 04 - Distribuição de sucessos e insucessos do ART de acordo com a renda
das gestantes, Feira de Santana-BA,2006..........................................66
FIGURA 05 - Distribuição de sucessos e insucessos dos selantes de acordo com a
renda das gestantes, Feira de Santana-BA, 2006...............................67
FIGURA 06 - Distribuição de sucesso e insucesso dos ART de acordo com a
escolaridade das gestantes, Feira de Santana-BA, 2006....................67
FIGURA 07 - Distribuição de sucessos e insucessos dos selantes de acordo com a
escolaridade das gestantes, Feira de Santana-BA, 2006....................68
FIGURA 08 - Percentual médio do Índice de Placa Inicial e Final das gestantes,
Feira de Santana-BA, 2006.................................................................69
FIGURA 09 - Distribuição percentual das gestantes quanto à freqüência de
escovação diária ao início e ao final do tratamento, Feira de Santana-
BA,2006...............................................................................................72
FIGURA 10 - Distribuição percentual das gestantes quanto à escovação noturna ao
início e ao final do tratamento, Feira de Santana-BA,
2006.....................................................................................................72
FIGURA 11- Distribuição percentual das gestantes segundo o uso diário do fio
dental ao início e ao final do tratamento, Feira de Santana-BA,
2006.....................................................................................................73
FIGURA 12 - Distribuição percentual das gestantes segundo o uso de outros
recursos ao início e ao final do tratamento, Feira de Santana-BA,
2006.....................................................................................................73
FIGURA 13 - Distribuição percentual das gestantes que fizeram uso de flúor ao início
e ao final do tratamento, Feira de Santana-BA,
2006.....................................................................................................74
FIGURA 14 - Distribuição percentual das gestantes que enjoam com freqüência ao
início e ao final do tratamento, Feira de Santana-BA,
2006.....................................................................................................75
FIGURA 15 - Distribuição percentual das gestantes que acordam à noite para se
alimentar ao início e ao final do tratamento, Feira de Santana-BA,
2006.....................................................................................................76
FIGURA 16 - Distribuição percentual das gestantes que ingerem carboidratos
fermentáveis até 5 vezes ao dia ao início e ao final do tratamento,
Feira de Santana-BA, 2006.................................................................76
FIGURA 17 - Distribuição percentual das gestantes de acordo com o risco à cárie ao
início e ao fim do tratamento, Feira de Santana-BA, 2006..................77
LISTA DE TABELAS
TABELA 01 - Distribuição do número e percentual das gestantes segundo alguns
aspectos sócio-demográficos, Feira de Santana-BA, 2006.................61
TABELA 02 - Distribuição do número e percentual de gestantes quanto à presença
ou ausência de doença periodontal em Feira de Santana-BA,
2006.....................................................................................................62
TABELA 03 - Distribuição do número e percentual de aplicações de ART e selantes
nas gestantes, Feira de Santana-BA, 2006 ........................................62
TABELA 04 - Distribuição do número e percentual de escores de sucesso e
insucesso das ART das gestantes, Feira de Santana-BA,
2006.....................................................................................................63
TABELA 05 - Distribuição do número e percentual de sucesso e insucesso dos
selantes, Feira de Santana-BA, 2006..................................................64
TABELA 06 - Distribuição do número e percentual de sucesso e insucesso de
acordo com o tipo de aplicação das técnicas, Feira de Santana-BA,
2006.....................................................................................................65
TABELA 07 - Distribuição dos índices de placa inicial e final das gestantes, Feira de
Santana-BA, 2006................................................................................70
TABELA 08 - Distribuição do número e percentual das gestantes em relação ao
risco de cárie (escovação, fio dental e flúor) Feira de Santana - BA,
2006.....................................................................................................71
TABELA 09 - Distribuição do número e percentual das gestantes em relação ao
risco de cárie (dieta) – Feira de Santana-BA, 2006.............................75
TABELA 10 - Distribuição das gestantes segundo o risco à cárie – Feira de Santana-
BA, 2006..............................................................................................77
TABELA 11 - Distribuição das gestantes quanto às questões relacionadas ao
tratamento odontológico utilizado no início do programa, Feira de
Santana-BA, 2006................................................................................79
TABELA 12 - Distribuição das gestantes quanto às questões relacionadas ao
tratamento odontológico utilizado durante e no final do programa, Feira
de Santana-BA, 2006...........................................................................80
LISTA DE SIGLAS
ART Tratamento Restaurador Atraumático, do inglês Atraumatic Restorative
Treatment.
BP – baixo peso.
CD – Cirurgião-dentista.
ceo – Índice de dentes decíduos cariados, extraídos e obturados.
CIV – Cimento(s) de ionômero de vidro.
CPOD – Índice de Dentes permanentes cariados, perdidos e obturados.
CPOS – Índice de superfícies dentárias cariadas, perdidas e obturadas.
DP – doença periodontal.
FIX – Fuji IX (GC), cimentos de ionômero de vidro de alta viscosidade.
IPV – Índice de Placa Visível.
ISG – Índice de sangramento gengival.
KM Ketac Molar EasyMix (3M ESPE), cimento de ionômero de vidro de alta
viscosidade.
OMS – Organização Mundial da Saúde.
SUS - Sistema Único de Saúde.
THD – Técnica em higiene dental.
USPHS Índice de avaliação clínica de restaurações adotado pelo Serviço público
de Saúde dos Estados Unidos (United States Public Health Service).
UBS – Unidades Básicas de Saúde
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...............................................................................................18
2 OBJETIVOS...................................................................................................22
2.1 Objetivo geral ...............................................................................................22
2.2 Objetivos específicos ..................................................................................22
3 REVISÃO DE LITERATURA .........................................................................24
3.1 Cárie dentária, uma abordagem na perspectiva biopsicossocial............24
3.2 Tratamento Restaurador Atraumático........................................................29
3.3 Cimentos de ionômero de vidro .................................................................42
4 METODOLOGIA ............................................................................................50
4.1 Tipo de estudo..............................................................................................50
4.2 Campo de estudo .........................................................................................50
4.3 População de estudo ...................................................................................50
4.3.1 Seleção da amostra......................................................................................51
4.4 Procedimentos de coleta de dados ............................................................53
4.4.1 Estudo piloto ................................................................................................53
4.4.2 Coleta de dados ...........................................................................................53
4.4.3 Tratamento restaurador e realização dos selantes...................................54
4.4.4 Programa educativo-preventivo .................................................................55
4.4.5 Avaliação das restaurações e dos selantes ..............................................55
4.4.5.1 Observação das restaurações e dos selantes..........................................56
4.5 Análise de dados..........................................................................................57
4.6 Limites do estudo ........................................................................................57
5 RESULTADOS ..............................................................................................60
5.1 Caracterização da população......................................................................60
5.2 Avaliação do ART e dos Selantes...............................................................62
5.3 Avaliação do programa educativo-preventivo...........................................68
6 DISCUSSÃO..................................................................................................82
7 CONCLUSÕES..............................................................................................94
REFERÊNCIAS.........................................................................................................96
ANEXO A.................................................................................................................105
ANEXO B............. ...................................................................................................108
ANEXO C............. ...................................................................................................111
ANEXO D............. ...................................................................................................112
APÊNDICE A......... .................................................................................................114
APÊNDICE B........ ..................................................................................................117
APÊNDICE C................ ..........................................................................................118
APÊNDICE D................. .........................................................................................119
APÊNDICE E............ ..............................................................................................120
1
1 1
1 -
--
-
Introdução
IntroduçãoIntrodução
Introdução
18
1 INTRODUÇÃO
A preocupação dos homens com a saúde bucal remonta a épocas muito
antigas. Registros históricos e achados arqueológicos evidenciaram práticas e rituais
com enfoque na saúde bucal (FIGUEIREDO et al., 1999). Neste sentido, a cárie
dentária se configura como a mais prevalente das doenças crônicas do homem
civilizado, apesar de afetá-lo desde a pré-história (AGUIAR et al., 1998).
A cárie é uma doença bacteriana infecto-contagiosa de etiologia multi-
fatorial, manifesta-se com grande polimorfismo clínico, caracterizada quase sempre
por destruição progressiva e centrípeta dos tecidos mineralizados dos dentes. Essa
patologia vem sendo analisada por levantamentos epidemiológicos, possibilitando o
conhecimento do seu comportamento ao longo do tempo (LOESCHE, 1993).
É importante ressaltar que a cárie tem sofrido uma redução significativa
em países industrializados. Contudo, é inegável que nos países subdesenvolvidos e
em desenvolvimento se observam ainda populações remanescentes com alta
incidência desta doença.
A diminuição na prevalência de cárie verificada nas últimas décadas, no
Brasil e no mundo, tem refletido na velocidade e morfologia da lesão cariosa, o que
repercute no diagnóstico e nas decisões de tratamento. O conhecimento, a respeito
da natureza dinâmica do processo de cárie, cuja reversibilidade da doença é
possível, tem influenciado a filosofia de tratamento desta patologia (AGUIAR et al.,
1998; MALTZ; CARVALHO, 1999; ROETERS et al., 1994; SANT’ANNA, 2001).
No Brasil contemplamos grande desigualdade social, sendo que 80 % da
população não recebem tratamento odontológico (BAÍA; SALGUEIRO, 2000). No
município de Feira de Santana, na Bahia, uma enorme parcela da população não
tem acesso e nem recursos para tratamentos restauradores convencionais (ALVES,
2003; QUINTELLA, 2004). A cárie dentária ainda é um problema de saúde pública,
principalmente nas populações mais carentes que não têm acesso a programas
curativos e de promoção de saúde.
No seu primórdio, a ciência odontológica esteve voltada apenas para a
prática de extração dentária e para o alívio da dor. Com o tempo, passou a ser uma
odontologia cirúrgico-restauradora, repetitiva e ineficaz, tratando apenas as seqüelas
da doença. Surgiu então, a odontologia preventiva, na qual, o profissional buscava
19
controlar a progressão da doença ao mesmo tempo em que tratava seus sintomas.
No início da década de 90, a odontologia passou por outra mudança no objeto de
sua atenção, evoluindo de uma abordagem restauradora e preventiva para a
abordagem hoje conhecida como Promoção de Saúde (FIGUEIREDO et al., 2004).
O relatório final da I Conferência Nacional da Saúde Bucal salientou que a
saúde bucal é parte integrante e inseparável da saúde geral dos indivíduos, estando
relacionada com as condições de alimentação, moradia, trabalho, renda, meio-
ambiente, transporte, lazer, liberdade, acesso e posse da terra, acesso aos serviços
de saúde e à informação (WHO, 1986). A Promoção de Saúde privilegia, além da
prevenção das doenças bucais, a manutenção do estado de saúde, obtido através
do esforço conjunto do profissional e do paciente (BUISCHI, 2000; MALTZ;
CARVALHO, 1999; SANT’ANNA, 2001).
Esta visão da Odontologia tem determinado novas perspectivas no
sentido de desenvolver técnicas restauradoras mais preventivas e menos invasivas.
Na prática da odontologia contemporânea, diversos métodos de tratamento são
indicados com o objetivo de controlar e erradicar a cárie, visando diminuir sua
prevalência e incidência. Neste contexto, alguns métodos de tratamento têm sido
propostos, entre eles o Tratamento Restaurador Atraumático (ART), representando
uma abordagem de atenção odontológica que alia a intervenção minimamente
invasiva, aos métodos educativos-preventivos no controle da cárie dentária.
Esta alternativa de tratamento para controle da cárie foi recomendada
pela Organização Mundial de Saúde (OMS), em 1994. O ART tem também o apoio
da Federação Dentária Internacional (FDI), como parte de programas mais amplos
de promoção de saúde bucal em países em desenvolvimento (FRENCKEN et al.,
1994; FRENCKEN; HOLMGREN, 2001).
A técnica consiste na remoção do tecido cariado com instrumentos
manuais e preenchimento da cavidade com material adesivo que libera flúor, o
cimento de ionômero de vidro. Esta se encontra descrita no manual produzido pela
OMS e traduzido em diversas línguas (BAÍA; SALGUEIRO, 2000; FRENCKEN et al.,
1996; FRENCKEN et al., 1998).
As indicações do Tratamento Restaurador Atraumático são diversas,
entre elas, bebês, crianças não cooperativas, pacientes especiais, idosos, pacientes
que possuem contra-indicação à anestesia local, institucionalizados, hospitalizados,
e gestantes.
20
A gestante configura-se neste grupo como um indivíduo importante na
recepção de práticas odontológicas diferenciadas, não pelo seu estado fisiológico
especial, mas principalmente pela relevância de seu papel como futura promotora de
saúde para o bebê. No estado gestacional, algumas mulheres ficam mais
susceptíveis ao risco de desenvolver cárie, devido à deficiência de higienização
bucal, além das regurgitações que podem ocorrer nesse período. O controle da
cárie para esse grupo continua sendo um grande problema de saúde coletiva.
Um crescente número de ensaios clínicos tem sido realizado em várias
regiões do mundo, desde o início dos anos 90, com o objetivo de verificar a
aceitação e a eficácia do ART em grupos específicos (FRENCKEN et al., 1996;
FRENCKEN; HOLMGREN, 2001; HU, 2004; YU, 2004). Diversos estudos
desenvolvidos no Brasil têm demonstrado altos índices de sucesso na aplicação da
técnica (BRESCIANI, 2003; FIGUEIREDO et al., 2004; FREIRE et al., 2003).
Os princípios do ART são: mínima intervenção operatória, preservação da
estrutura dentária sadia, redução da necessidade de tratamento endodôntico e de
extrações, ausência de sintomatologia dolorosa, tornando-se, por isso, menos
desconfortável ao paciente (BRESCIANI et al. 2002; SCHRIKS; AMERONGEN,
2003; PHANTUMVANIT et al. 1996). Esses aspectos fazem do ART uma opção de
tratamento da cárie para as gestantes.
Assim sendo, os pressupostos teóricos que fundamentam o ART,
reforçam a necessidade de serem desenvolvidos mais estudos para implementar
programas de saúde bucal, contribuindo para a qualidade de atenção de diversos
grupos populacionais, entre eles, as gestantes. Cientes das novas propostas que
buscam oferecer uma saúde coletiva digna, promovendo o cidadão autônomo,
participativo e receptor destas transformações iniciadas nas esferas sociais e
científicas, justifica-se a necessidade de realizar no município de Feira de Santana,
na Bahia, uma pesquisa sobre o uso do ART em gestantes.
Diante do exposto, intencionou-se avaliar um protocolo de Tratamento
Restaurador Atraumático em gestantes atendidas das Unidades Básicas de Saúde
desta cidade, com o objetivo de analisar a aceitação e o desempenho clínico do
tratamento.
21
2
22
2-
--
- OBJETIVOS
OBJETIVOS OBJETIVOS
OBJETIVOS
22
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Avaliar o Protocolo de Tratamento Restaurador Atraumático em gestantes
atendidas na rede pública de Feira de Santana-BA, em 2006.
2.2 Objetivos específicos
Com o intuito de atingir o objetivo geral, este estudo pretendeu instituir e
avaliar um protocolo de atendimento em gestantes descrito nos seguintes tópicos:
a - realizar restaurações e selantes nas gestantes inseridas em um
programa educativo-preventivo;
b - avaliar após 6 meses, o sucesso e ou insucesso de restaurações e
dos selantes realizados;
c - identificar a aceitação da técnica;
d - descrever o grau de sensibilidade operatória e pós-operatória na
aplicação do ART;
e - observar se ocorreu mudança de hábitos de higiene bucal e dieta das
gestantes;
f - avaliar a condição de higiene bucal inicial e final das gestantes através
do índice de placa.
23
3
33
3-
--
-REVISÃO DE
REVISÃO DE REVISÃO DE
REVISÃO DE
LITERATURA
LITERATURALITERATURA
LITERATURA
24
3 REVISÃO DE LITERATURA
A revisão de literatura foi dividida em três seções com o intuito de facilitar
a apresentação do tema. Inicialmente foi realizada uma abordagem sobre a cárie
com um enfoque biopsicossocial. A segunda seção tratou sobre o ART, suas bases
históricas, aspectos gerais e ensaios clínicos. E a última, abordou sobre os cimentos
de ionômero de vidro.
3.1 Cárie dentária,uma abordagem na perspectiva biopsicossocial
A cárie dentária continua sendo a doença crônica mais prevalente na
humanidade, apesar de ser comprovada a diminuição na sua prevalência nas
últimas décadas, no Brasil e no mundo (ROETERS et al., 1994; MALTZ;
CARVALHO, 1999; FIGUEIREDO et al., 2004; MASUDA; BUSSADORI, 2005). A
etiologia e os fatores que contribuem para a origem e desenvolvimento da doença
cárie são amplamente conhecidos e divulgados. Contudo, Frencken e Holmegren
(2001) afirmaram que, dois terços da população mundial ainda apresentam sinais e
sintomas desta doença, principalmente nos países em desenvolvimento.
No Brasil, os indicadores sócio-econômicos apontam para um panorama
de desenvolvimento com acentuadas diferenças. Neste contexto, marcado por
grandes discrepâncias nas condições matérias de vida, se reflete a situação precária
de saúde oral dos indivíduos (FIGUEIREDO et al., 2003).
Entre os principais desafios que o setor odontológico público vem
enfrentando em nosso país, para o controle da doença cárie, está a cristalização de
políticas de saúde com limites impostos pela sociedade, onde a tradição de
apropriação privada dos direitos públicos. Convive-se com uma odontologia pública
que trata a cárie de forma mutiladora, sucateando o atendimento clínico, muitas
vezes permeado por clientelismo e discriminações (BAÍA; SALGUEIRO, 2000).
Reconstruir ou reformar uma estrutura sanitária, um modelo de serviço
não é tarefa fácil em qualquer espaço político-social, concluiu Córdon, em 1997,
após visitar quatorze cidades do Brasil, que tentaram implementar a construção
25
participativa de uma agenda de Saúde Bucal Coletiva, pautada nos princípios
do Sistema Único de Saúde (SUS). O autor destacou o papel fundamental da
mediação que os trabalhadores de saúde poderiam realizar neste projeto para a
redução da cárie no país.
Córdon, em 1997, relatou ainda, que é necessário se passar do modelo
assistencial vigente para um modelo de atenção à saúde com co-responsabilidade,
que apreenda a realidade de cada espaço social, compreendendo o indivíduo, o
cidadão e as redes sociais que se constroem. Interferir no complexo tecido social
brasileiro para definir as necessidades individuais e coletivas.
Figueiredo e colaboradores (2003) sinalizaram que para a construção de
ações efetivas de saúde bucal é premente a participação de todos os atores sociais,
com autodeterminação e co-responsabilidade, na identificação, prevenção e solução
dos problemas bucais. Os autores indicaram ser necessário construir uma ação
dialógica e de intercâmbio de saberes para superar as dicotomias entre o público e o
privado, rompendo assim, a histórica clivagem social instaurada no país.
Avaliar a saúde bucal ampliando a sua abordagem para a produção social
da saúde tem sido uma tendência contemporânea. Ao longo de muitos anos, os
estudos sobre a cárie analisavam apenas a vertente biológica desta doença
(CONSOLARO, 1996; KRASSE, 1986; NEWBRUN 1989; THYLSTRUP;
FEJERSKOV, 1995), recentemente a concepção do processo saúde-doença
incorporou determinantes sociais como uma categoria relevante na abordagem de
seu entendimento. (AGUIAR et al., 1998; IMPARATO et al., 2005; MALTZ;
CARVALHO, 1999; MASUDA; BUSSADORI, 2005; ROETERS et al., 1994; WATT e
SHEIHAN, 1999).
Para Thylstrup e Fejerskov (1995) a cárie era considerada uma doença
infecciosa que causava destruição localizada dos tecidos dentais duros por ácidos
presentes nos depósitos aderidos aos dentes. Estes consideravam que, além de
poder afetar o esmalte, a dentina e o cemento em diversos graus perda mineral, a
cárie era mediada por diversos fatores biológicos nos processos de des-
remineralização.
Segundo Sant’anna e colaboradores (2001), a cárie dentária foi descrita
como um processo dinâmico, que ocorre nos depósitos-
26
que o entendimento da cárie como uma doença, que não reflete apenas a presença
de microorganismos, dieta e higiene oral era essencial para a saúde dos indivíduos.
Salientaram que a dieta e a higiene oral são questões intrinsecamente ligadas ao
comportamento e a aspectos culturais dos indivíduos, de forma que, esses aspectos
não podem ser abandonados ao se discutir a etiologia da cárie.
Elderton (1999) afirmou que a atuação odontológica baseada apenas nos
sinais e seqüelas da cárie, não contribuiu para uma melhora efetiva nos padrões da
doença, apenas favoreceu o ciclo restaurador repetitivo, aumentando o número de
dentes restaurados. O autor concluiu que quando a prevenção não acontece se faz
necessário o reparo das perdas minerais dentárias através de tratamentos
restauradores.
Um crescente número de estudos tem sido realizado com o objetivo de
analisar a cárie numa perspectiva biopsicossocial, enfocando a análise de condições
socioeconômicas, classe social, desigualdades, iniqüidades, entre outros fatores
(CHEVITARESE et al., 2002; FREIRE et al., 2003; FIGUEIREDO et al., 2003;
FRENCKEN; HARATA et al., 2005; HOLMGREN, 2001; LOCKER, 2000;).
Alguns autores confirmaram a associação entre cárie e indicadores de
condições socioeconômicas (PINTO,2000; WEYNE,2003). A análise destes
estudos apontaram para uma polarização da cárie dentária, havendo maior
acometimento em indivíduos menos favorecidos economicamente, estando a
doença mais presente entre os mais pobres.
Locker (2000) enunciou que o nível sócio-econômico, os hábitos de
vida e outros parâmetros sociológicos e psicossociais podem ser potencialmente
importantes na determinação de como o comportamento da cárie pode ser
modificado. Gesser e colaboradores (2001) confirmaram que as variáveis renda e
escolaridade associam-se a cárie e a gengivite, de maneira estatisticamente
significativa. Em geral, os indivíduos com nível sócio-econômico baixo sofrem de
mais doenças de vários tipos, inclusive a cárie dentária ( WATT, 2002). Essas
27
pesquisas indicaram que maiores prevalências de algumas doenças bucais
concentram-se em populações de menores rendas
Segundo Newton e Bower (2005) uma pluralidade de modelos
explicativos, em debate no campo da Saúde Coletiva, que avaliam a cárie a partir do
impacto das desigualdades socioeconômicas. A maioria das pesquisas avaliou essa
doença tendo como foco o conceito de estratificação social, sendo esse uma
determinante chave das condições de saúde das populações (BOING et al. 2005).
Esses mesmos autores reafirmaram que apesar da expressiva heterogeneidade nos
índices e indicadores utilizados nesses estudos, os três mais recorrentes o,
ocupação, escolaridade e renda.
Maltz e Silva (2001) avaliaram mil escolares da rede particular e pública
de ensino e verificaram, observando o nível de educação dos pais, que havia uma
associação entre os escolares que apresentaram um índice CPO-D maior que 4 e
pais que tinham até o primeiro grau incompleto. As crianças foram divididas em dois
grupos, as que estudavam na rede pública e as que estudavam na rede privada. As
autoras verificaram que o índice CPO-D médio das crianças que freqüentavam as
escolas públicas era de 2,48 , enquanto que o das crianças que freqüentavam a
rede particular era de l,54.
Peres e colaboradores (2000) procurando associar fatores de risco para
alta severidade de cárie dentária em crianças na faixa etária de 12 anos de idade,
observaram que, em relação à renda familiar, crianças que pertenciam a famílias
que recebiam menos de cinco salários mínimos apresentavam 4,18 vezes mais
chances de desenvolverem lesões de cáries em relação àquelas cujas famílias
recebiam mais de 15 salários mínimos.
Diehnelt e Kiyak (2001) observaram que na etilogia da cárie, além dos
aspectos econômicos, é possível destacar ainda, os fatores psicossociais tais como
o estresse, a motivação, a baixa auto-estima, a ansiedade, entre outros. O estresse
é apontado como um fator predisponente de uma série de doenças, também é um
fator modificador associado à cárie, podendo interferir nos hábitos alimentares, nos
cuidados com o corpo, repercutindo em maior risco para o desenvolvimento da
doença( HARATA et al., 2005).
Esta evolução na abordagem da cárie pode ser observada em algumas
pesquisas epidemiológicas, onde modelos explicativos sobre sua etiologia o
28
descritos de diversas formas, com a incorporação de variáveis sociais para seu
melhor entendimento. Os diagramas do ANEXO A (FIGURAS 1, 2, 3, 4 e 5),
elucidam de forma clara esta mudança de compreensão da cárie (PEREIRA et al.,
2003).
Para Gesser e colaboradores (2001) estudos epidemiológicos com
enfoque na produção social das doenças e condições bucais são importantes, pois
podem subsidiar o planejamento de políticas preventivas e assistenciais visando
reverter o impacto das desigualdades na manifestação das doenças bucais.
A Organização Mundial de Saúde define a Promoção de Saúde como um
conceito unificado para aqueles que reconhecem a necessidade de mudança nos
modos e condições de vida para promover saúde. Ela representa uma estratégia
mediadora entre pessoas e ambientes, sintetizando escolha pessoal e
responsabilidade social em saúde, com o objetivo de criar um futuro mais saudável
(WHO, 1996). A participação ativa na promoção da saúde envolve a elaboração de
políticas públicas e criação de ambientes favoráveis, no esforço de uma ação
comunitária para o desenvolvimento de aptidões pessoais e reorganização dos
serviços de saúde, superando assim, as desigualdades sociais.
Tavares et al.(2001) reforçou que o cirurgião-dentista que deseja se
inserir no contexto social como promotor de saúde bucal precisa exercer o seu
papel de maneira mais abrangente, ou seja, além de possuir conhecimentos
técnicos específicos, deverá levar em consideração todos os aspectos que
permeiam o processo saúde-doença. Entre elas as condições socio-econômicas e
culturais do indivíduo e da comunidade com a qual deseja trabalhar.
Pautado neste paradigma, o restabelecimento de perdas teciduais
dentárias deve ser baseado nos preceitos de mínima intervenção possível,
preservando-se ao máximo a estrutura dental remanescente (IMPARATO, 2005;
FRENCKEN; HOLMEGREN, 2001). Este novo enfoque da odontologia tem
determinado novas perspectivas no sentido de desenvolver tratamentos
restauradores mais preventivas e menos invasivos às estruturas dentárias .
Nesse contexto, da perspectiva biopsicossocial da cárie com enfoque na
promoção de saúde, o Tratamento Restaurador Atraumático surgiu como, uma
opção para o tratamento da rie dentária, já que aborda a doença com intervenção
29
minimamente invasiva e associa métodos educativos preventivos. Além de ser uma
alternativa de tratamento viável sócio-economicamente (FRENCKEN et al., 1996).
3.2 Tratamento Restaurador Atraumático
O Tratamento Restaurador Atraumático foi desenvolvido por Jo Frencken,
na cada de 80, na Faculdade de Odontologia de Dar es Salaam na Tanzânia,
oeste da África. Este tratamento fazia parte de um programa de atenção à saúde
bucal de refugiados de guerra, sendo introduzido em
30
em que a orientação de higiene bucal foi realizada, reforçaram ainda, a relevância
do ART como alternativa de tratamento no serviço público.
As primeiras experiências com ART foram realizadas em campos de
refugiados na fronteira entre Tailândia e o Camboja no início da década de 90,
dentro do Projeto “Cuidados Primários à Saúde Bucal de Refugiados”. O Tratamento
Restaurador Atraumático teve como base os estudos preconizados por Smith et al .
(1990), surgiu de análises realizadas em crianças durante um programa de
prevenção realizado na Tailândia. Os autores observaram que durante anos
aumentavam as necessidades curativas dos participantes e nenhuma intervenção
curativa era realizada, então, com a necessidade da realização de restaurações,
resolveram escavar as lesões com instrumentos manuais e restauraram as
cavidades resultantes com um cimento de policarboxilato. Depois de nove meses ,
todas as restaurações estavam presentes, com graus variados de desgaste, e
somente um dente foi extraído. Esses resultados satisfatórios estimularam o
aprimoramento da técnica, sendo com o tempo substituido o cimento de
policarboxilato pelo cimento de ionômero de vidro ( FRENCKEN et al., 1994).
A literatura sobre ART começou com Frencken et al. em 1994, relatando a
aceitabilidade da técnica e a longevidade de restaurações e selantes. Foram
selecionados três vilarejos, um recebeu a técnica convencional, outro o ART e o
último foi o grupo controle. Foram realizadas 529 restaurações e 148 selantes em
277 indivíduos. Utilizaram um CIV convencional, Chemfil (De Trey - Dentsply), em
sessenta e três crianças que foram questionadas sobre a aceitabilidade da técnica.
Apenas 5 crianças (7,9%) relataram que o tratamento tinha sido doloroso e um
(1,6%) relatou sensibilidade pós-operatória. Após um ano, observou-se 79 e 55% de
sucesso, respectivamente, em cavidades de uma e mais superfícies em dentes
decíduos. Na dentição permanente, o índice de sucesso foi maior, sendo de 93%
para cavidades de uma superfície e 67% para cavidades de mais de uma superfície .
Phantumvanit e colaboradores (1996), na Tailândia, avaliaram o ART
comparando com o tratamento convencional. Restauraram 205 unidades com
amálgama e 241 com o CIV Chemfil ( De Tray-Dentisply). Após um, dois e três
anos, os índices de sucesso observados foram 98%, 94% e 85% para amálgama e
93%, 83% e 71% para ART respectivamente. Apesar dos resultados encontrados
para o amálgama terem sido melhores , citaram que os índices de sucesso do ART
foram promissores e encorajadores para o aprimoramento da técnica.
31
Em um estudo realizado por Frencken, Makoni e Sithole, em 1996, o
índice de sucesso de restaurações de cavidades de classe l, após um ano de sua
realização foi de 93,4% quando da utilização de um CIV convencional, o Chemfil
Superior (De Trey - Dentsply). Após um período de avaliação de 3 anos, o índice de
sucesso observado foi de 85,3%, para as restaurações de uma superfície, e de
50,1% de retenção total ou parcial de selantes. Os autores concluiram que, apesar
do material não apresentar resistência ao desgaste semelhante à resina e ao
amálgama, os resultados foram satisfatórios.
A relação custo/beneficio do uso do ART é superior à do tratamento
clínico convencional, que o primeiro requer tecnologia simplificada e tem
possibilidade de realização por outros profissionais da saúde que não sejam os
cirurgiões-dentistas. O ART, em alguns países, devido à falta de cirurgiões-dentistas
e a facilidade de execução, pode ser realizado por enfermeiros, agentes de saúde,
técnicos em higiene dental, além de estudantes de odontologia (FRENCKEN et al.,
1996; PHANTUMVANIT et al., 1996).
Em 1998, Frencken et al., realizaram um estudo no Zimbábue em 618
escolares de idade média de 14 anos . O Fuji IX ( GC) foi usado como selante e
material restaurador, perfazendo um total de 297 retaurações classe I e 95 selantes.
Após três anos , os índices de sucesso obtidos para restaurações foi de 88,3% e
para selante foi de 71,4%. Concluiram que o ART se tornou mais uma das
modalidades de tratamento disponíveis para os profissionais de odontologia.
Baía; Salgueiro (2000) desenvolveram um programa pela Universidade
Federal de Alagoas, associado a atividades educativas preventivas, foi realizado
ART em dentes decíduos e permanentes em 30 crianças de ambos os sexos , com
idades de 4 a 7 anos. Os autores tinham o objetivo de avaliar o grau de aceitação
da técnica pelos pacientes, além de observarem as alterações ocorridas na
microbiota oral pós-tratamento. De acordo com os resultados, ocorreu uma redução
de 23,96% de microorganismos presentes na saliva apenas nas primeiras 24 horas,
retornado aos números inicias ao final de 28 dias. Em relação ao programa
educativo foram obtidos excelentes resultados quanto à participação, motivação e
grau de aceitação (98%) dos mesmos.
Frencken e Holmgren (2001) apresentaram diversas vantagens para o
uso do ART, entre elas citaram: ser uma abordagem favoravelmente biológica,
envolvendo apenas a remoção dos tecidos dentários amolecidos, desmineralizados,
32
isto resulta em preparos cavitários mínimos, conservando o máximo de tecido
dentário; não apenas a cavidade é preenchida, mas também a restauração e as
fóssulas e fissuras adjacentes são preenchidas com o mesmo material, gerando
assim, uma associação de procedimentos restauradores e preventivos; pouco
desconforto é sentido com esta abordagem, portanto reduzindo, ao máximo, a
necessidade de anestesia local; a ansiedade, freqüentemente, encontrada nos
procedimentos restauradores tradicionais, não é induzida; são usados apenas
instrumentos manuais facilmente disponíveis e com custo reduzido ao invés de
equipamentos odontológicos caros; além do procedimento ser de custo
relativamente baixo.
Chevitarese et al. (2002) desenvolveram um programa de promoção de
saúde intitulado “Sorrindo com Saúde” em Apuiarés CE, atenderam 235
moradores deste município, com faixa etária de 12 e 21 anos, realizando 1812
procedimentos de ART (1549 selantes e 263 restaurações). Durante um ano, os
pacientes participaram de um programa com palestras, escovação supervisionada e
diversas atividades voltadas para educação em saúde bucal. Apenas 50% dos
moradores retornaram para a avaliação final. Os autores concluíram que
necessidade de mais estudos utilizando ART como programa, de modo a ajustá-lo
as necessidades da população brasileira, que se torna indiscutível a sua
importância no Brasil, onde a maioria da populacional não conta com assistência
odontológica.
Outra pesquisa realizada por Bresciani , em 2003, avaliou o Tratamento
Restaurador Atraumático em pacientes com altos índices de CPOD e com baixas
condições sócio-econômicas. O autor aplicou o ART em 155 molares permanentes
em 96 pacientes com faixa etária de 7 a 12 anos, da rede pública de ensino. Dois
operadores realizaram os ART em três meses, seguindo a técnica descrita no
manual da OMS, foi utiliado o CIV convencional de alta viscosidade Ketac Molar
( 3M ESPE). As restaurações foram avaliadas com 6, 12 e 24 meses sendo também
realizadas documentação fotográfica. O sucesso das restaurações para esses
períodos foi de 97,3%, 93,7% e 89,6% respectivamente. Quatro pacientes relataram
dor pós-operatória , o grau de aceitação da técnica foi de 100%. O autor conclui que
o alto índice de cárie parece exercer um papel negativo no sucesso das
restaurações, devido ao grande percentual, 43%, de recidivas de cárie encontrado.
33
No Manual de ART, confeccionado com o apoio da Organização Mundial
de Saúde, está detalhado cada passo para a realização da técnica, além da
descrição de todos os instrumentos e materiais necessários para o tratamento
(FRENCKEN et al., 1994; PILOT, 1999).
Os passos sugeridos de forma sintética são: isolamento relativo; profilaxia
do dente, remoção de placa bacteriana com algodão umedecido; uso de cinzéis para
ampliar as margens da cavidade, quando for necessário; remoção parcial de dentina
cariada utilizando colheres de dentina, da periferia para o centro da cavidade;
condicionamento da cavidade com uma bolinha de algodão umedecida no líquido do
material; lavagem com uma bolinha de algodão umedecida com água, passando três
vezes pela cavidade; secagem com bolinhas de algodão; espatulação do material
segundo as instruções do fabricante; inserção do material na cavidade com auxilio
de uma espátula de inserção; adaptação do material; após a perda de brilho da
superfície, fazer compressão digital do mesmo por trinta segundos; remoção do
excesso do material e proteção da restauração com o verniz próprio do material
(FRENCKEN et al., 1996).
Os instrumentais indicados para a realização do ART foram: para o
exame sonda exploradora, pinça clínica, espelho e sonda periodontal; para o
preparo cavitário - machado para esmalte e curetas dentinárias de vários tamanhos.;
na inserção do material - curetas dentinárias; para a remoção de excessos - lâmina
de bisturi e Hollenback 3S; tesoura e pedra de afiação (NAVARRO et al., 2004).
A S.S.WHITE lançou um kit específico para o ART, neste kit além dos
instrumentais já citados anteriormente, há colheres de dentina específicas para
utilização na junção amelo-dentinária, que esta região é de grande importância
para a técnica, além de ser muitas vezes difícil a remoção de tecido cariado neste
local (NAVARRO et al., 2004).
Ainda sobre os cuidados com os instrumentais para o sucesso do
tratamento, Navarro e colaboradores (2004) reforçaram que , o ART está baseado
na remoção mecânica da dentina cariada por meio de instrumentos manuais
cortantes. Estes instrumentos devem ser afiados periodicamente para que possam
ser efetivos na remoção do tecido cariado. Uma remoção de tecido cariado
favorável, bem como uma boa adesão do material podem estar associadas a
adequada afiação e utilização do instrumental. Os autores indicam que se segure
o instrumento que será afiado com a mão esquerda, visualizando a lâmina cortante
34
e suas laterais, e com a mão direita apoia-se a pedra de afiação lubrificada,
posicionada em contato com as paredes circundantes da lâmina e assim inicia-se o
movimento de afiação.
A avaliação o Tratamento Restaurador Atraumático não se restringe
somente a observação de restaurações, é relevante analisar o programa de
promoção de saúde bucal como um todo. A cada exame, deve se verificar as
condições de higiene bucal e a presença de novas lesões. A avaliação das
restaurações se faz necessária para um controle do tratamento curativo, alguns
critérios foram desenvolvidos especificamente para essa finalidade (NAVARRO et
al., 2004; PHANTUMVANIT et al.,1996).
A OMS descreveu os critérios para avaliação da eficácia clínica do ART,
categorizados em 10 escores (de zero a nove). Os critérios foram estabelecidos
quanto à necessidade de reparo, aspectos clínicos, presença ou não da restauração.
Os critérios foram: 0. presente, bom; 1. presente, pequeno defeito por qualquer
razão, em qualquer zona, menos que 0,5 mm de profundidade, não requer reparo; 2.
presente, defeito marginal por qualquer razão, em qualquer zona, mais que 0,5 mm
de profundidade e menos que 1,0 mm, requer reparo; 3. presente, defeito grosseiro
com mais de 1,0 mm de profundidade, requer reparo; 4. ausente, a restauração
desapareceu (quase) completamente, requer tratamento; 5. ausente outro tipo de
restauração foi feito; 6. ausente dente foi extraído; 7. presente, desgaste e fendas
gradualmente alargaram partes da restauração, mas é menor que 0,5 mm no ponto
mais profundo, não requer tratamento; 8. presente, desgaste e fendas gradualmente
alargaram partes da restauração, com mais de 0,5 mm de profundidade, requer
reparo; 9. sem diagnóstico (FRENCKEN et al., 1994).
trabalhos que comparam os critérios de avaliação desenvolvidos pela
OMS com os critérios consagrados do Serviço Nacional de Saúde (USPHS - United
States Public Health Service). NAVARRO e colaboradores (2004) sugeriram que
quando se deseja comparar o ART com tratamentos convencionais seria
interessante a utilização do USPHS, pois esse critério avalia diferentes
aspectos do material restaurador.
Holmgren e colaboradores (2000) realizaram um estudo de ART na
China com o objetivo de verificar os critérios de avaliação clínica do ART. Foram
selecionadas crianças de 4 escolas, com idade de 12 a 13 anos e CPOD médio de
35
0,6. Cinco dentistas realizaram 294 restaurações e 191 selantes em 197 e 140
crianças, respectivamente, com o CIV Ketac-Molar (3M-ESPE). As restaurações e
os selantes foram avaliados anualmente e após três anos, o índice de sucesso das
restaurações variou de 92% a 77% para cavidades de classe I, dependendo do
tamanho, se grande ou pequena e 61% para as cavidades de classe II . Em relação
aos selantes encontraram 72% de retenção. Concluíram que tantos os escores
USPHS quanto os da OMS podem ser utilizados para avaliação de ART.
Honkala e colaboradores, em 2003, no Kuwait compararam restaurações
convencionais com ART em dentição decídua, em primeiros molares. Após dois
anos de acompanhamento utilizaram os critérios da OMS e USPHS para avaliar os
procedimentos e acharam 89,6% de sucesso para ART, não havendo diferença
significativa em relação às restaurações de amalgama. Concluíram ser satisfatórios
os resultados de ART para a dentição decídua.
Hu e colaboradores (2004) fizeram um estudo longitudinal com 6 anos de
acompanhamento em 197 escolares. Cinco dentistas realizaram tratamento
restaurador atraumático em 294 dentes permanentes do tipo classe I. Um
examinador avaliou as restaurações, a cada ano, pelos critérios USPHS. Após cinco
anos, encontraram 93% de sucesso para restaurações pequenas e 80% para
restaurações extensas. No sexto ano de observação estes índices eram de 75% e
61%, respectivamente. Os autores concluiram que o ART nos escolares foi efetivo,
com altos índices de sucesso.
Em 2003, Schriks e Ameromgen, realizaram uma pesquisa na Indonésia
sobre os aspectos psicológicos do ART enfocando alguns grupos que poderiam se
beneficiar do conforto que o ART proporciona. Realizaram em 403 pacientes
pediátricos de ambos os sexos, com idade média de 6 anos, restaurações classe II
em molares decíduos. Foram divididos aleatoriamente dois grupos, um grupo de
201 crianças que receberam tratamento convencional ( anestesia e alta rotação) e
o outro grupo de 202 receberam o ART. Todas as unidades dentárias foram
restauradas com ionômero de vidro. Em vários momentos do estudo foram avaliados
o grau de conforto e aceitação das técnicas. Os autores concluíram que o grupo
que recebeu o ART demonstrou maiores escores de conforto físico e psicológico do
que o segundo grupo avaliado.
Foram indicados critérios de inclusão e exclusão para a seleção dos
casos para aplicação do ART. Navarro e colaboradores (2004) afirmaram que além
36
dos critérios de inclusão e exclusão para a realização de selantes e restaurações,
ainda peculiaridades na técnica em relação ao tratamento de dentes decíduos e
permanentes que devem ser observados. Antes de se iniciar o tratamento
restaurador propriamente dito, deve-se fazer um exame clínico detalhado para se
observar adequadamente estes critérios a fim de se obter melhores resultados com
a técnica, aplicando-a adequadamente.
Para que a restauração esteja indicada necessidade de: presença de
lesão cariosa em dentina, abertura suficiente da cavidade para correta utilização de
instrumentos manuais, ausência de dor espontânea e ausência de fístula. O ART
está contra-indicado quando: há falta de acesso à cavidade e impossibilidade de
remoção do esmalte para acesso, presença de dor espontânea, presença de fístula
e possibilidade de exposição pulpar em cavidades muito profundas. Deve-se ter
parâmetros para não sub-estimar nem superestimar a técnica, gerando
consequências deletérias em ambos os extremos (NAVARRO et al., 2004;
FRENCKEN, 1999; IMPARATO, 2005).
Estudos realizados em vários países têm demonstrado que o tratamento
pode ser considerado atraumático para o dente e para o paciente e apresenta boa
aceitação pelos usuários. É uma técnica simples, de baixo custo operacional, o que
possibilita a sua utilização em populações menos favorecidas e sem acesso à
atenção odontológica. Embora o ART tenha sido originalmente proposto para países
pobres economicamente, sua aplicação tem sido sugerida também para países mais
afluentes, sendo indicado para qualquer pessoa de todos os níveis socio-
econômicos (IMPARATO,2005).
Sobre as indicações do ART, Figueiredo e colaboradores, em 2004,
sugeriram que esse tratamento tem indicações sociais, psicológicas e clínicas. As
indicações sociais citadas foram : em situações onde não existem consultórios
odontológicos e os cirurgiões dentistas não tenham possibilidade de restaurar
dentes cariados pelos métodos convencionais habituais, incluem-se nesta situação
as comunidades rurais e os excluídos sociais; quando existir dor e impossibilidade
de conseguir outro tipo de atendimento, restando a exodontia como alternativa;
em escolas da rede pública, onde poderia ser feito o tratamento de crianças na
própria escola.
A respeito das indicações psicológicas, esses mesmos autores, sugeriram
que o ART está indicado para pessoas que não permitem o atendimento clínico, por
37
não suportar o ruído da alta rotação, nem da vibração do micro motor, e naquelas
pessoas que temem a agulha ou a sensação da anestesia. Para os pacientes que
abominam o uso do isolamento absoluto, por terem sensação de muito desconforto.
Esses autores ainda relataram algumas indicações clínicas, entre elas, quandort alomv(p)2.80892(o)2.80892(c)-62.426(d)13.4472(on)13.4472( )-253.915(e)2.81021(l)-1.48se
38
Corporation) em 54 cavidades oclusais, proximais e cervicais. Os resultados
encontrados demonstraram um sucesso de 61,5%, sem necessidade de reparo e
23,1%, estavam presentes, porém, necessitavam de reparo, indicando um total de
84,6% de sucesso. Concluíram ser o ART uma ótima alternativa de tratamento para
os bebês e pontuaram que a reabilitação bucal integral do paciente, exige do
profissional, não apenas a escolha da melhor opção de material restaurador, mas
também, a instituição de métodos educativos e preventivos que possam restabelecer
o equilíbrio e a saúde bucal (FIGUEIREDO et al.,1999).
O Tratamento Restaurador Atraumático para Pacientes Especiais foi
avaliado em um estudo realizado na APAE de Anápolis-GO. Os autores
selecionaram dentro do grupor
39
De todos os períodos do ciclo vital, a gravidez é um dos mais críticos e,
por seu critério ímpar, tem importância social e de saúde para as famílias e a
sociedade (BIJELA; MENINO,1995). A gravidez é um processo que envolve
mudanças fisiológicas e psicológicas complexas que afetam de maneira significativa
a saúde da mulher (LIVINGSTON et al.,1998), sendo necessário uma abordagem
diferenciada durante o atendimento odontológico. Com o objetivo de avaliar a
percepção das gestantes em relação ao atendimento e tratamento pessoal , Garbin
et al., em 2005, realizou um estudo na Clínica de Gestantes da Faculdade de
Odontologia de Araçatuba-UNESP. Concluiram que apesar dos resultados
favoráveis em relação a satisfação das gestantes, cuidados especiais são
necessários para um melhor atendimento a essas pacientes.
Alguns autores salientaram a importância de se conhecer as
características inerentes a gestação, para melhor qualidade de atendimento neste
período. Fourniol (1998) afirmou que os aspectos apontados como relevantes para
o atendimento das gestantes podem ser estendidos a quaisquer pacientes, mas
tratando-se deste grupo, a adoção dos mesmos torna-se um instrumento de grande
valia para o estabelecimento de uma relação profissional- paciente que favoreça
suas atitudes em direção a saúde. Assim como, propicia a redução ou a eliminação
de medos, da ansiedades, de apreensões ou de angústias, conduzindo as pacientes
às melhores condições psicológicas.
Segundo Cozzupoli, (1981), Dualibi e Dualibi (1985) e Elias (1997), as
várias alterações psíquicas somadas às tensões do meio ambiente, conduzem as
gestantes a graus variados de medo e ansiedade. A excitação do estado emocional
é um dos fatores mais delicados no atendimento das grávidas, o estresse provoca
um reflexo, que excita as glândulas adrenais, levando a uma maior concentração de
adrenalina e corticosteróide na corrente circulatória.
Em gestantes, e em especial as oriundas das camadas sócio-econômicas
menos favorecidas, observa-se ainda muitas crendices relacionandas ao
tratamento odontológico e anestesia, associadas com patologias no bebê. O ART,
pelo fato de não se utilizar anestesia deve ser um aliado para o tratamento na
gestação, eliminando algumas incertezas e propiciando um atendimento eficiente
(NAVARRO et al., 2004).
Rocha, em 1993, avaliando o conhecimento e as práticas de saúde bucal
em gestantes, ressaltou a relação negativa entre gravidez e odontologia, sendo o
40
medo de prejuízos para o feto e para a mãe, o motivo apontado para justificar essa
relação. Observou que a maior dificuldade na implantação de serviços de
odontologia no pré-natal advém das crenças que decorrem da associação entre a
gestação e a Odontologia.
A gestante pode ser atendida em qualquer período da gravidez, para
qualquer procedimento, sendo preferido o segundo semestre , pelos menores riscos
de aborto, além de ser o periodo mais estabilidade psicológica. Deve-se observar o
menor tempo de atendimento possível e a posição da gestante na cadeira,também
sendo recomendado evitar a posição de decúbito dorsal. A posição semi-sentada ou
em decubito lateral esquerdo são as mais adequadas, principalmente para as
gestantes que se encontram nos últimos meses da gravidez ( SILVA, 2002;
GARBIN et al.,2005).
Quando a mulher está grávida é um momento muito propício para
aprendizado de novas informações, sendo interessante que as gestantes recebam
orientações sobre a saúde bucal e dieta . A construção da saúde começa antes do
nascimento, o período gestacional revela-se numa oportunidade única e especial
para a prevenção de problemas e para a educação em saúde. Os hábitos de higiene
bucal nas crianças se estabelecem através da observação das práticas realizadas
pelas mães, tornando esta paciente uma importante transmissora de ações de
promoção de saúde ( BUISCHI,2000).
Boaventura (2001) realizou uma revisão de literatura sobre o Tratamento
Restaurador Atraumático, salientando a importância deste, como estratégia de
promoção de saúde, reforçando a relevância de sua utilização em saúde pública.
Diversos autores enfocaram que primariamente, este tratamento foi preconizado
para países em desenvolvimento e locais sem infra-estrutura, porém, afirmaram que
este pode ser utilizado em qualquer local, inclusive em consultórios particulares,
sendo uma alternativa viável para todas as pessoas (COLARES et al. 1999;
IMPARATO et al. 2005; MÔNICO; TOSTES, 1998; PARAJARA; LEAL, 2002;
RAGGIO et al., 2002).
Tourinho e colaboradores (2002), após realizarem vasta revisão de
literatura, concluíram que o ensinamento sobre o ART deveria ser introduzido nos
currículos das Escolas de Odontologia brasileiras e os serviços de saúde pública
deveriam adotar este tratamento em suas rotinas. Os autores ainda revelaram sobre
41
a necessidade de se desenvolver atividades de prevenção e educação associadas
ao tratamento, criando programas de saúde bucal em diversos setores.
Freire e colaboradores, em 2003, também realizaram uma revisão da
literatura sobre o estágio atual e novas perspectivas do ART pontuaram sobre a alta
aceitação pelos usuários referidos nas pesquisas sugerindo que estudos sejam
acompanhados por períodos mais longos do que três anos.
Quintella (2004) realizou uma pesquisa em Feira de Santana-BA com o
objetivo de avaliar o conhecimento dos cirurgiões-dentistas das Unidades Básicas
de Saúde sobre o conhecimento e utilização deste tratamento. A autora entrevistou
48 profissionais em 27 UBS, concluiu que esses profissionais demonstraram
desconhecer o protocolo de atendimento de ART além utilizarem pouco esse
procedimento em suas práticas, apenas 35,7% dos entrevistados referiram executar
o ART.
Em 2004, Mickenautsch e Grossman, durante o INTERNATIONAL
SYMPOSIUM OF ATRAUMATIC RESTORATIVE TREATMENT, apresentaram os
resultados de uma pesquisa realizada África do Sul com o objetivo de avaliar a
utilização do ART no serviço público. Os autores concluíram que apesar de vários
dentistas terem sidos treinados para este objetivo, a sua utilização continuava baixa,
sendo necessárias ações mais efetivas para que o ART se consolide nos serviços
públicos.
uma tendência de se utilizar o ART modificado, principalmente em
consultórios. Navarro e colaboradores (2004) comentaram que os princípios do ART
estão fundamentados na Intervenção Mínima e este pode ser desenvolvido, como foi
proposta inicialmente, em áreas de campo, escolas e também em consultório. Neste
último pode-se empregar a técnica propriamente dita, ou simplesmente lançar mão
dos princípios e realizá-la modificada, com auxílio de instrumentos rotatórios, para
facilitar a instrumentação da lesão, principalmente na remoção de esmalte socavado
e limpeza da junção amelo-dentinária.
Embora pareça simples, Imparato et al. (2005), afirmaram que o ART
segue os rumos de uma filosofia de tratamento baseada em vasta evidência
científica acumulada ao longo de aproximadamente quinze anos de pesquisas.
Frencken e Holmgren ,em 1999, publicaram um quadro síntese com os principais
estudos sobre o ART, Navarro et al. (2004) atualizaram esta compilação de estudos
trazendo o país de origem, o tipo de ionômero de vidro empregado, o número de
42
restaurações, a classe, o sucesso e o grau de aceitação e sensibilidade pós-
operatória (ANEXO B, QUADROS 1, 2,3 e 4).
O programa do Tratamento Restaurador Atraumático é recente, quando
se avalia a história das pesquisas que consolidam e estruturam as práticas
odontológicas. Diversos estudos mostraram que o ART representa uma abordagem
viável e perfeitamente exeqüível como opção no tratamento restaurador de lesões
de cárie. Além de ser uma estratégia de atuação educativa, preservativa e
restauradora, convergindo para promover, recuperar e manter a saúde bucal e geral
dos indivíduos portadores de doença cárie (IMPARATO et al., 2005).
3.3 Cimentos de ionômero de vidro
Os cimentos de ionômero de vidro ocupam um papel de destaque na
Odontologia moderna e oferecem consideráveis vantagens em relação a outros
materiais. Os CIV são os materiais de escolha para o uso no Tratamento
Restaurador Atraumático, devido às suas propriedades, tais como, adesividade
química à estrutura dentária, compatibilidade biológica, estética, coeficiente da
expansão térmica linear semelhante ao do dente e liberação de flúor
(CHEVITARESE et al., 2002; FREIRE et al., 2003; FRENCKEN; HOLMGREN, 2001;
MASUDA; BUSSADORI, 2005; MASSARA et al. 2002; TEN CATE; VAN DUINEN,
1995).
O cimento de ionômero de vidro (cimento ionomérico ou cimento de
polialcenoato de vidro) foi desenvolvido por Alan Wilson e Brian Kent , em 1972, na
Inglaterra e vêm ao longo dos anos, sendo modificado em sua formulação com o
intento de aprimorar suas propriedades físicas e mecânicas para alcançar melhores
resultados clínicos (RAGGIO, 2004).
Esse material é constituído basicamente de um e um líquido. O pó
contém alumínio (ALO3), fluoreto de cálcio (CaF2) e sílica (SiO2), e o líquido é
composto de ácido polialquenóico, ácido maléico, ácido itacônico e água. O material
apresenta como característica principal a reação química de presa do tipo ácido-
base que ocorre entre as partículas de vidro do e a solução aquosa do ácido
(principalmente do ácido poliacrílico) (NAVARRO, 2004).
43
A palavra “ionômero” foi criada pela Du Pont Company, para indicar a
presença de polímeros que continham uma pequena proporção, 5% a 10%, de
grupos ionizáveis (BUISCHI, 2000; BAÍA; SALGUEIRO, 2000; CHEVITARESE et al.,
2002; IMPARATO et al., 2005; NAVARRO; PASCOTTO, 1998). O CIV foi
primeiramente comercializado na Europa em 1975. O primeiro CIV produzido
comercialmente foi chamado de ASPA (De Trey Dentsplay International Inc.,
Weybridge, England), por causa de seus ingredientes básicos: Alumínio Silicato
Poliacrilato. Representam uma evolução dos cimentos de silicato e de
policarboxilato, sendo que do cimento de silicato foi aproveitado a capacidade de
liberar flúor e do policarboxilato a adesividade a estrutura dentária e a
biocompatibilidade (NAVARRO; PASCOTTO, 1998).
Os ionômeros são classificados quanto ao tipo de material ou em relação
ao seu uso clínico. De acordo com sua composição (tipo de material) podem ser:
convencionais (pó de partículas vítreas e líquido contendo ácido poliacrílico);
cermets (reforçados por metais); modificados por resina composta (substituição de
parte do ácido poliacrílico por hidroxietilmetacrilato) e anídros (parte do ácido
encontra-se liofilizada do pó), (NAVARRO; PASCOTTO, 1998; RAGGIO, 2004).
Em relação ao uso clínico, quatro tipos são citados: tipo I - para
cimentação de coroas, próteses e bandas ortodônticas; tipo II - utilizado para
restauração, sendo ainda subdivididos em A e B, no qual A, compreendem materiais
que não são submetidos a esforços mastigatórios, e B para área de esforços
mastigatórios intensos; tipo III para forramento, base e selante de fossas e fissuras
e, tipo IV modificados por resina, que abrangem todas as indicações (RAGGIO,
2004).
Diversos CIV foram desenvolvidos visando à implementação do ART, na
tentativa de diminuir o tempo de presa e melhorar algumas de suas propriedades.
Esses cimentos de ionômero de vidro são convencionais, do tipo II B, são
conhecidos como de alta viscosidade ou de grande proporção pó-líquido. o
exemplos destes: Fugi IX (GCCo), Ketac™ Molar (3M ESPE), Ketac™ Molar
EasyMix (3M ESPE), Chem Flex (Dentsply), Vitro Molar (DFL) e Easy Mix (FGM)
( MASUDA ; BUSSARORI, 2005; IMPARATO, 2005). A grande diferença desse tipo
de ionômero para os clássicos convencionais é que podem ser empregados em
locais com cargas mastigatórias, havendo redução do desgaste superficial, assim
com do tempo de presa.
44
O cuidado com alguns passos técnicos é relevante para o sucesso do
ART. A conservação, a dosagem, a manipulação e a inserção no tempo correto têm
implicação direta nas propriedades do material e, consequëntemente, na
longevidade das restaurações (IMPARATO, 2005).
O líquido do cimento ionomérico não deve ser guardado na geladeira,
pois devido à presença do ácido poliacrílico, ficaria muito viscoso, podendo ocorrer a
gelificação (NAVARRO et al. 2004). A dosagem e manipulação no tempo correto
devem ser seguidas criteriosamente, pois elas influenciam na performance dos
materiais, indicando-se a observação correta das recomendações dos fabricantes
(RAGGIO, 2004). Cuidados como homogeneização do antes de usar e o
posicionamento vertical do frasco do quido na hora da dosagem, interferem
também, na manipulação do material. A inserção do CIV deve ser feita quando ainda
apresentar brilho e a proteção do CIV, o aspectos importantes para o sucesso da
técnica (NAVARRO; PASCOTTO, 1998).
Preocupados com os problemas de padronização na dosagem, uma nova
modalidade de material foi lançada no comércio, o Ketac Molar Easy Mix, material
do tipo anidro, e segundo o fabricante (3M ESPE) realizaram-se modificações
importantes na sua estrutura. Entre as modificações, as partículas de vidro que
compõem o pó, em geral dispersas, foram agregadas umas às outras com um
agente de união, fazendo com que, formem uma esfera. Esta esfera auxilia a
penetração do líquido no seu interior, por capilaridade, ajudando na mistura dos
componentes, facilitando assim, a manipulação do CIV (RAGGIO, 2004).
Ainda sobre os cuidados para o desempenho de uma boa técnica, Raggio
e colaboradores (2002) destacam que a reação de presa dos CIV ocorre nas
primeiras vinte e quatro horas, período no qual o material ainda o apresenta
propriedades mecânicas de maneira integral. Por esse motivo, o material precisa ser
recoberto com algum agente protetor, podendo ser utilizado verniz do próprio kit do
material, esmalte de unha, verniz copal ou adesivos fotopolimerizáveis.
Bresciani e colaboradores, em 2002, reafirmaram que, os CIV
convencionais se caracterizam pela presença de uma reação do tipo ácido-base que
se inicia á partir da mistura do e do líquido, formando assim, um sal de hidrogel,
que atua como matriz de ligação. A reação de presa ocorre em três estágios; estágio
de deslocamento de íons, formação da matriz de poliácidos e formação do gel de
sílica e incorporação do vidro a matriz. Esses autores pontuaram que a introdução
45
de ionômeros de vidro de alta viscosidade no início da década de 90, constituiu-se
em importante contribuição ao ART, graças à melhoria nas propriedades desses
materiais em comparação com as dos CIV convencionais, salientaram a redução do
tempo de presa dos novos CIV.
A otimização da concentração e do peso molecular do poliácido, aliado a
diminuição no tamanho médio das partículas de vidro, possibilitou o aumento da
proporção pó/líquido, o que permitiu o melhoramento das propriedades físicas dos
CIV de alta viscosidade. A resistência ao desgaste, à compressão e resistência
flexural, assim como a dureza superficial e a solubilidade são algumas das
características que foram aperfeiçoadas nesses ionômeros (BRESCIANI et al. 2002).
Em 1995, Ten Cate e Van Duinen, realizaram uma investigação com o
objetivo de avaliar se os cimentos de ionômero de vidro poderiam contribuir para a
remineralização de lesões de cárie, comprovaram ao fim do estudo o potencial dos
CIV para evitar cáries recidivantes ao redor das restaurações.
Em 1998, na zona rural do Camboja, Mallow e colaboradores realizaram
um estudo em 53 pessoas entre 12 e 17 anos de idade, foram aplicados ART com
cimento ionomérico FUJI II (GIC) em 89 dentes e acompanhados por três anos. O
sucesso encontrado com um ano foi de 76,3% e com três anos foi de 57,9%, os
autores sugeriram que melhores resultados poderiam ser encontrados com a
utilização de ionômeros mais resistentes.
Um estudo realizado in vitro sobre a liberação de flúor dos cimentos de
ionômero, comparou o Fuji IX(G.C. Comp.), o Ketac Molar (3M ESPE) e o Chelon Fil
(3M ESPE). Foram preparados três corpos de prova com área de 1,64cm, os CIV
foram manipulados seguindo-se as recomendações dos fabricantes e inseridos em
matrizes metálicas nos corpos de prova. Esses corpos permaneceram durante 24
horas em estufa a 37ºC, a cada 24 horas durante 28 dias os procedimentos eram
repetidos. Para medir a quantidade de flúor foi utilizado um eletrodo específico para
flúor (Orion 9606) acoplado ao potenciômetro ProCyon S A 720. Todos os materiais
avaliados, liberaram na fase inicial e após o tratamento com NaF a 2%, quantidades
relevantes de flúor. Os autores reforçaram a importância clínica desses achados em
relação à utilização desse material na paralisação e prevenção da cárie
(UEMATSU,1999).
Souza e colaboradores (1999) avaliaram a eficácia do tratamento
restaurador atraumático como alternativa de tratamento no serviço de Saúde
46
Pública. Utilizaram o CIV FUJI IX e selecionaram 11 crianças entre 6 e 10 anos que
nunca tinham ido a um consultório odontológico e nem haviam recebido nenhum tipo
de tratamento dentário. Inicialmente, foram feitos o exame clínico e teste
bacteriológico (CARISTEST-SM), posteriormente, foram realizadas restaurações
atraumátícas e um mês depois, um segundo teste bacteriológico. Foi constatado
pelos pesquisadores que ocorreu redução nos níveis de Streptococus mutans após
a utilização do ART com o FUJI IX.
Raggio e colaboradores (2002) avaliaram a microinfiltração de cinco
cimentos de ionômero de vidro utilizados para o Tratamento Restaurador
Atraumático. Estes autores observaram nas faces vestibulares de 50 caninos
decíduos o comportamento dos seguintes ionômeros, Fuji IX (G.C. Corp.), Vidrion N
(S.S.White), Chen Flex( Dentsplay), Vidrion R ( S.S White) e Ketac Molar ART
(ESPE). As restaurações foram feitas seguindo-se as recomendações dos
fabricantes e foram submetidas à termociclagem (700 ciclos a temperaturas de 5ºC e
55ºC), impermeabilização e imersão em corante azul de metileno, por 4 horas. Após
a secção dos dentes, três examinadores atribuíram escores quanto ao grau de
microinfiltração. Todos os CIV apresentaram comportamento semelhante exceto o
Ketac Molar ART, no qual a microinfiltração foi maior.
Uma pesquisa realizada por Bresciani e colaboradores (2002) verificou a
influência do isolamento absoluto sobre o sucesso ou insucesso do Tratamento
Restaurador Atraumático, em cavidades de Classe II, de dentes decíduos. Foram
realizadas por dois operadores, 59 restaurações de Classe II em 38 pré-escolares
na faixa etária entre 4 e 6 anos e utilizaram o cimento de ionômero de vidro Ketac-
Molar- ESPE segundo orientações do manual do fabricante , exceto por terem
utilizado matrizes de aço pré-soldadas e isolamento absoluto. Foram realizadas 45
restaurações sob isolamento absoluto e 14 com o relativo. Após seis meses os
resultados foram analisados utilizando o teste estatístico qui-quadrado, p<0.5. Os
referidos autores encontraram índices de sucesso de 74,35% para isolamento
absoluto e 66,66% para isolamento relativo. Os pesquisadores concluíram que o
emprego do isolamento absoluto não foi estatisticamente diferente do relativo e que
o uso de uma técnica mais simples de isolamento não inviabiliza o tratamento.
Um outro estudo foi realizado com o objetivo de avaliar a quantificação do
Streptococus mutans na saliva antes e após a utilização de ART. A amostra
consistiu de 16 crianças de 5 a 7 anos, foram realizadas ART com FUJI IX. A coleta
47
de saliva foi realizada antes do ART, com uma semana, um mês e um ano. A
quantificação microbiológica foi realizada como o Kit Caritest MS seguindo as
instruções do fabricante para incubação, armazenaemento e leitura comparativa das
salivas coletadas. Os resultados demonstraram uma redução significativa nos níveis
de Streptococus mutans após o tratamento (CARVALHO; BEZERRA,2003).
Carel (2004) durante o INTERNATIONAL SYMPOSIUM OF
ATRAUMATIC RESTORATIVE TREATMENT, relatou que com avanço técnico-
científico corrido nos últimos anos na odontologia , existe uma busca constante por
inovações das técnicas e materiais aplicadas na dentística. Essas mudanças
tiverem fortes repercussões , entre elas, a rápida transformação das percepções
profissionais e das demandas dos pacientes. O autor sinalizou que uma das
caracteríticas da dentística atual é a redução no uso dos metais além do
incremento da utilização de materiais mais estéticos, mais biocompatíveis e de
custos mais baixos. O mesmos autores sugeriram que o CIV, devido a suas
características, tinha um grande potencial para se tornar o material de primeira
escolha nas práticas clínicas.
Wang et al. (2004), realizaram um estudo com a intenção de avaliar o
resultado clínico dos novos ionômeros convencionais, mais viscosos, selecionaram o
Ketac Molar (3M ESPE) para restaurar 150 cavidades classe I em 118 escolares da
rede pública. Após 6 meses e 3 anos, avaliaram as restaurações pelos critérios da
OMS e realizaram fotografias das unidades. O sucesso encontrado após 6 meses foi
de 71,8% e após 3 anos 21% destas restaurações foram ditas aceitáveis.
Em 2004, foi implementada uma pesquisa em crianças chinesas com
idade média de 7 anos, comparando a duração de restaurações de cimento de
ionômero de vidro com o amálgama. Foram restaurados 82 preparos de classe I e
53 de classe II com Fuji IX (GP) e Ketac-Molar Aplicap (3M-ESPE), comparados com
32 preparos de classe I que foram restaurados com amálgama encapsulado (GK
Amalgam). Após dois anos de acompanhamento, não foram encontradas diferenças
significantes entre os grupos, porém o Fuji IX(GP) e o Ketac Molar Aplicap (3M-
ESPE) demonstraram maior desgaste (YU, 2004).
Raggio (2004) realizou um estudo com o objetivo de avaliar a dureza
Knoop de CIV indicados para o ART. Os ionômeros selecionados foram o Ketac
molar (3M-ESPE), o Ketac molar Easy Mix (3M-ESPE), o Magic Glass (Vigodent).
Variaram também a técnica utilizada, sendo inserção com espátula, com seringa
48
comercial (CENTRIX) e com seringa de baixo custo (INJEX insulina). Os materiais
foram dosados e manipulados de acordo com as instruções dos fabricantes, sendo
realizados dez corpos de prova para cada grupo. O teste de dureza foi realizado
com 25g de carga e 30 s, com penetrador tipo Knoop, em cada amostra foram
realizadas cinco indentações e repetidas após 1 e 2 semanas nas mesmas
condições. Após avaliar a dureza Knoop de cada grupo, os autores concluíram que
em relação aos meios de inserção não houve diferença estatística, e sobre a dureza
dos ionômeros, o material Magic Glass apresentou menor média de dureza em
relação aos demais.
Silva e colaboradores (2005) , realizaram um programa de saúde bucal e
utilizaram tratamento restaurador atraumático em uma entidade filantrópica no morro
de São Benedito, Vitória, ES. Um total de 56 escolares (crianças e adolescentes de
6 a 14 anos) receberam o ART (restauração classe I ou selante) em dentes
decíduos e permanentes com o ionômero de vidro Ketac Molar (3M ESPE). Além
das restaurações participaram de um programa educativo-preventivo mensal com
palestras, revelação de placa e escovação supervisioada. Após quatro meses, os
procedimentos foram avaliados e os resultados encontrados revelaram um total
geral de sucesso de 71%. Quando analisados separadamente, os pesquisadores
encontraram 81% de sucesso para restaurações e 66% para selantes. Os
procedimentos realizados na dentição decídua apresentaram 100% de sucesso
contra 64% na dentição permanente, sendo estatisticamente significante no teste de
Fisher (p=0,023). Concluíram que o ART obteve um alto índice de aceitação pelas
crianças atendidas e que o material utilizado, Ketac Molar (ESPE), provou ser
bastante eficiente na realização da técnica.
49
4
44
4-
--
-METODOLOGIA
METODOLOGIAMETODOLOGIA
METODOLOGIA
50
4 METODOLOGIA
4.1 Tipo de estudo
Foi realizado um estudo de intervenção através de um ensaio clínico do
tipo “Grupo Único” comparando “antes” e “depois” (ROUQUAYROL et al. 2003), para
avaliar um protocolo de Tratamento Restaurador Atraumático em gestantes
assistidas nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) do município de Feira de Santana-
BA.
4.2 Campo de estudo
A pesquisa foi realizada em Feira de Santana, cidade localizada na
Região Nordeste e situada ao leste do estado da Bahia. É o segundo maior
município deste estado, com uma população estimada de 519.173 habitantes (IBGE
- Censo 2003) e área territorial de 1363 km
2
.
Está localizada numa zona de transição entre a zona da mata e o sertão,
numa área denominada agreste baiano, caracterizada por ser um importante
entroncamento rodoviário do Norte-Nordeste do Brasil.
4.3 População de estudo
A Pesquisa foi realizada em um grupo de gestantes das Unidades Básicas
de Saúde do município de Feira de Santana vinculadas à Secretaria Municipal de
Saúde.
51
4.3.1 Seleção da amostra
A partir de um grupo de 200 gestantes escolhidas aleatoriamente nas
UBS para participarem de uma pesquisa que investigava a possível associação
entre a doença periodontal (DP) e a prematuridade (PBPN), foi composta uma
amostra de conveniência que constou de 50 gestantes. Para garantir a
homogeneidade da amostra foram examinadas 25 gestantes com doença
periodontal diagnosticada previamente e 25 sem doença periodontal. A amostra foi
submetida a critérios de inclusão e exclusão para a realização dos Tratamentos
Restauradores Atraumáticos e dos selantes.
Os critérios de inclusão adotados para as restaurações foram: presença
de uma ou mais cavidades de classe I envolvendo esmalte e/ ou dentina, com
profundidade de rasa à média e abertura suficiente para a introdução de uma cureta
dentinária pequena. Os critérios de exclusão foram: exposições pulpares, história de
dor, presença de fístulas e edemas (BRESCIANI, 2002). Para os selantes os
critérios de inclusão foram: sulcos pigmentados e/ou com manchas brancas.
Após a utilização dos critérios de inclusão e exclusão selecionou-se 35
gestantes, nas quais, realizou-se 86 Tratamentos Restauradores Atraumáticos e 71
selantes (FIGURA 1).
52
FIGURA 1- Fluxograma de seleção da amostra.
População
(gestantes das UBS)
Critérios de inclusão e
exclusão
200 gestantes da
pesquisa DP/BP
Seleção das 50 gestantes
com DP e sem DP
3
5 gestantes
86
ART /
71
selantes
53
4.4 Procedimentos de coleta de dados
4.4.1 Estudo piloto
Foi feito um estudo piloto com 10 gestantes para calibração do
pesquisador e da auxiliar, orientado por um profissional capacitado, que realizou
treinamento para a execução da técnica e manipulação do material,
respectivamente.
Fez parte deste treinamento, um curso em multimídia (ART Training
Course, OMS, 2000), em 11 módulos, desenvolvido pelo precursor da técnica, Dr.
Frenken e colaboradores. Além da técnica, foram testados e ajustados os
prontuários odontológicos e os formulários semi-estruturados utilizados no protocolo
de atendimento.
4.4.2 Coleta de dados
Para coleta de dados foram realizados anamn0 Td[(r)3.21279(e)2.9.23319(d)1reritpant o
54
4.4.3 Tratamento restaurador e realização dos selantes.
As restaurações e os selantes foram realizados pela pesquisadora
durante um período de dois meses. A cnica restauradora utilizada seguiu as
recomendações do guia prático para a utilização do Tratamento Restaurador
Atraumático da OMS (FRENCKEN et al., 1994). Para o conforto das gestantes a
técnica foi adaptada, utilizando-se cadeira odontológica e quando a cavidade não
permitia o acesso com cureta, foram utilizadas brocas de baixa rotação para realizar
o acesso livre com cureta.
Os principais instrumentos utilizados para a realização da técnica foram:
espelho clínico; sonda exploradora; pinça; curetas dentinárias pequenas, médias e
grandes; brocas de baixa rotação de tamanhos diversos; espátula de manipulação;
espátula de inserção; esculpidor de Hollemback; pinça para carbono; placa de vidro
e pote dappen.
Os materiais selecionados para realização das restaurações e dos
selantes incluíram: kit de cimento de ionômero de vidro Ketac Molar Easymix (3M
ESPE), rolinho de algodão, bolinhas de algodão de diversos tamanhos, vaselina,
papel carbono e esmalte de unha incolor.
A técnica foi seqüenciada da seguinte forma: polimento do dente;
isolamento relativo; uso de cinzéis e/ ou brocas de baixa rotação para ampliação das
margens da cavidade, quando necessário; remoção parcial de dentina cariada
utilizando curetas dentinárias, da periferia para o centro; condicionamento com o
líquido do material; lavagem com água; secagem suave; espatulação segundo as
instruções do fabricante; inserção do material na cavidade; adaptação com
compressão digital após a perda de brilho da superfície; remoção do excesso;
proteção da restauração com esmalte de unha incolor (COLORAMA, BRASIL);
orientação das pacientes para não se alimentarem durante 1 hora.
Os mesmos passos cnicos foram seguidos para os selantes, exceto as
etapas referentes à abertura e remoção de tecido cariado.
As gestantes que tinham cárie e que não se enquadraram nos critérios de
inclusão da pesquisa receberam o devido tratamento dentário.
55
4.4.4 Programa educativo-preventivo
Durante os seis meses de acompanhamento das gestantes, foi realizado
um programa educativo-preventivo com freqüência bimensal. Neste programa foram
desenvolvidas as seguintes atividades: palestras sobre higiene bucal e dieta,
utilização de macro-modelos educativos sobre saúde oral, escovação
supervisionada, doação de escovas e fio dental para cada gestante e aplicação de
flúor. A evidenciação de placa bacteriana e aplicação de formulários sobre hábitos
de higiene bucal e dieta, foram realizadas no início e no fim do programa.
Em relação ao risco de cárie, as gestantes foram classificadas em risco
identificado e risco não identificado, sendo considerado o número de três ou mais
respostas negativas para risco identificado (APÊNDICE C).
A condição da higiene bucal foi avaliada pelo registro do índice de placa.
A presença ou ausência de biofilme dental supragengival, corado por revelador de
placa, foi analisada nas faces mesial, distal, vestibular e lingual de cada dente.
Depois de anotadas as medidas nos quatro sítios foi calculado o percentual de
superfícies com placa em relação ao número total de superfícies examinadas,
determinando assim o índice de placa.
4.4.5 Avaliação das restaurações e dos selantes
4.4.5.1 Calibração do examinador
Após seis meses as restaurações e os selantes foram avaliados por um
examinador calibrado. A calibração foi realizada entre dois examinadores
especialistas na área que observaram as mesmas restaurações em um grupo
composto por 10 gestantes que receberam escores de 0-9. O teste de Kappa inter-
examinadores foi aplicado com objetivo de se observar o grau de concordância.
Após constatar-se um alto grau, seguiu-se a observação com um só examinador.
56
4.4.5.2 Observação das restaurações e dos selantes
As restaurações foram avaliadas de acordo com os critérios descritos na
FIGURA 2 (FRENCKEN et al., 1994). Considerou-se sucesso quando os escores
foram 0, 1 e 7 e insucesso para os escores 2, 3, 4, 5, 6 e 8.
Escore
Critérios de avaliação do ART
0 Presente, bom.
1
Presente, pequeno defeito marginal por qualquer razão, em qualquer
zona, menos que 0,5 mm de profundidade. Não requer reparo.
2 Presente, defeito marginal por qualquer razão, em qualquer zona, mais
que 0,5 mm de profundidade e menos que 1,0 mm. Requer reparo.
3
Presente, defeito grosseiro com mais de 1,0 mm de profundidade.
Requer reparo.
4
Ausente, a restauração desapareceu (quase) completamente. Requer
tratamento.
5 Ausente, outro tipo de restauração foi feito.
6 Ausente, dente foi extraído.
7
Presente, desgaste e fendas gradualmente alargaram partes da
restauração, mas é menor que 0,5 mm no ponto mais profundo. Não
Requer tratamento.
8 Presente, desgaste e fendas gradualmente alargaram partes da
restauração, com mais de 0,5 mm de profundidade. Requer reparo.
9 Sem diagnóstico.
FIGURA 2 – Critérios de avaliação para ART (FRENCKEN et al., 1994).
Para a avaliação dos selantes utilizou-se o critério sucesso (presente ou
perda parcial) e insucesso (perda total). (FRENCKEN et al., 1994).
57
4.5 Análise de dados
Inicialmente foi realizada a distribuição das freqüências das variáveis,
idade, escolaridade, renda, presença ou não de doença periodontal e identificação
do risco de cárie.
Os resultados do sucesso e insucesso das restaurações e dos selantes
foram avaliados utilizando o teste estatístico Qui-quadrado de Pearson, para verificar
a associação existente entre eles ou se existiu homogeneidade nas categorias das
variáveis. O teste Exato de Fisher foi utilizado quando se registrou freqüências
menores do que 5 nas caselas avaliadas. O critério de significância estatística dos
testes foi estabelecido com um p-valor menor ou igual a 5% (MARTINS, 2001;
SOARES, 1999).
Através destes testes foram avaliadas também as respostas dos
formulários iniciais e finais sobre hábitos de higiene bucal e dieta, a aceitação da
técnica e a presença de dor durante e após o ART.
O Teste t para observações pareadas foi realizado para avaliar o índice
de placa inicial e final, com finalidade de observar a diferença entre as médias das
proporções avaliadas.
Utilizou-se o programa SPSS (Statistical Package for the Social Science)
9.0 e o Microsoft Excel 2000 para aplicação dos testes estatísticos.
4.6 Limites do estudo
A literatura relata alguns estudos com acompanhamento de ART por 6
meses, semelhantes a esta pesquisa. Porém, os estudos mais consistentes sobre a
efetividade do tratamento o observados por um período de um a três anos. Foi
necessário um limite de tempo nesse estudo, devido a questões dos prazos das
atividades do mestrado; no entanto, intenciona-se continuar as observações por um
período de tempo maior.
Pelas mesmas razões temporais, o tamanho da amostra ficou reduzido,
embora a literatura relate diversos estudos com números semelhantes.
58
4.7 Aspectos éticos da pesquisa
Foram observadas durante toda a pesquisa as recomendações previstas
na Resolução nº. 196/96 da legislação brasileira editada pelo Ministério da Saúde
(BRASIL, 1996), que regulamenta pesquisas envolvendo seres humanos. Buscou-se
respeitar a autonomia, a justiça, a beneficência e a não maleficência a cada
participante.
Foi solicitada a inclusão deste estudo em uma pesquisa aprovada pelo
Comitê de Ética em Pesquisa da UEFS (protocolo n° 020/2002), que contemplava
tratamento restaurador em gestantes. A solicitação foi encaminhada para apreciação
do CEP (ANEXO C) e só teve início após o parecer de aprovação (Ofício n°
039/2006 ANEXO D). As gestantes convidadas e que aceitaram participar da
pesquisa assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (APÊNDICE B) e
foram informadas sobre os riscos e benefícios do estudo.
59
5
55
5-
--
-RESULTADOS
RESULTADOSRESULTADOS
RESULTADOS
60
5 RESULTADOS
5.1 Caracterização da população
Ao avaliar o grupo de gestantes atendidas nas UBS de Feira de Santana-
BA, foram verificadas as prevalências das variáveis: estado civil, renda, idade e grau
de escolaridade.
Em relação ao perfil das gestantes, constatou-se que 82,9% delas eram
casadas, enquanto 17,1% eram solteiras. Quanto à renda, 71,4% das entrevistadas
recebiam um salário mínimo e 28,6% recebiam dois ou três salários. A idade média
foi de 25 anos (+7). Foi verificado também que 11,4% das gestantes eram menores
de 21 anos, 40% com 21 a 25 anos e 48,6% com mais de 25 anos.
Quanto à escolaridade, percebeu-se que 40,0% possuíam o grau
completo e 8,6% incompleto, 42,9% tinham o grau completo e 8,6%
incompletos (TABELA 1).
61
TABELA 1 Distribuição do número e percentual das gestantes segundo alguns
aspectos sócio-demográficos, Feira de Santana-BA, 2006.
VARIÁVEIS n %
Estado Civil
Casada
Solteira
Renda
1 Salário mínimo
2 Salários mínimos
3 Salários mínimos
Idade (em anos)
Menos de 21 anos
De 21 a 25 anos
Acima de 25 anos
Grau de
Escolaridade
1º grau incompleto
1º grau completo
2º grau incompleto
2º grau completo
29
6
25
7
3
4
14
17
3
14
3
15
82,9%
17,1%
71,4%
20,0%
8,6%
11,4%
40%
48,6%
8,6%
40,0%
8,6%
42,9%
Total*
35
100%
* Total por variável.
Para se obter uma homogeneidade na amostra foram selecionadas
gestantes com doença e sem doença periodontal. Em relação à doença periodontal,
constatou-se que em 51,4% das gestantes, a doença estava presente e em 48,6%
delas, ausente. Não foi observada maior concentração em nenhum dos estratos,
62
pois o p-valor foi de 0,866 (TABELA 2), mostrando-se, esta variável, estatisticamente
não significante.
TABELA 2 - Distribuição do número e percentual de gestantes quanto à presença ou
ausência de doença periodontal, Feira de Santana-BA, 2006.
Doença Periodontal Freqüência %
P-valor*
Presente 18 51,4% 0,866
Ausente 17 48,6%
Total 35 100,0%
* Teste de Pearson, p < 0,05
5.2 Avaliação do ART e dos Selantes
O ensaio clínico foi realizado com 35 gestantes, sendo aplicados
restaurações de ART (Tratamento Restaurador Atraumático), e selantes nos dentes.
Quanto à aplicação das técnicas, constatou-se que no total de dentes registrados na
avaliação inicial e final, em 84 deles (54,2%) aplicou-se o ART e nos outros 71
(45,8%) aplicou-se selantes. Os resultados podem ser visualizados na TABELA 3.
TABELA 3 - Distribuição do número e percentual de aplicações de ART e selante nas
gestantes, Feira de Santana-BA, 2006.
Aplicação n %
ART 84 54,2%
Selante 71 45,8%
Total 155 100%
63
Ao realizar a calibração do examinador, constatou-se um índice de Kappa
de 0,808 (p-valor = 0,000), assegurando um alto grau de concordância Inter-
examinadores.
Ao avaliar os 84 procedimentos de ART, constatou-se que, houve
diferença significativa na proporção de sucessos e insucessos (p = 0,00), onde
90,5% dos resultados foram considerados sucesso. As unidades dentárias que
receberam o Tratamento Restaurador Atraumático, na observação clínica foram
classificadas segundo 10 escores, cuja distribuição está demonstrada na TABELA-4.
64
64,3%
21,4%
6,0%
1,2%
0% 0% 0%
4,8%
2,4%
0%
0,0%
20,0%
40,0%
60,0%
80,0%
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
FIGURA 3 - Escores de sucesso e insucesso dos ART aplicados nas gestantes da
pesquisa em Feira de Santana-BA, 2006 (n =84).
Ao avaliar a técnica do selante, observou-se que 78,9% dos resultados
foram considerados sucesso (presença total), 7% dos casos foram avaliados como
sucesso (perda parcial), perfazendo um total geral de sucesso de 85,9% e apenas
14,1%, foram considerados insucesso (TABELA 5).
TABELA 5 - Distribuição do número e percentual de sucesso e insucesso, dos
selantes, Feira de Santana-BA, 2006.
Resultados
n %
P-valor
א ²
Presença parcial - Sucesso 5 7,0%
Presença total - Sucesso 56 78,9% 0,00
Perda total - Insucesso 10 14,1%
Total 71 100,0
65
Ao observar os critérios de sucesso e insucesso na aplicação das
técnicas, constatou-se que ART obteve 90,5% de sucesso e selantes 85,9%
(TABELA 6).
TABELA 6 – Distribuição do número e percentual de sucesso e insucesso de acordo
com o tipo de aplicação das técnicas, Feira de Santana-BA, 2006.
p-valor א ² = 0,625.
Quando se comparou o grau de sucesso do ART em relação aos selantes
observou-se que, tanto na aplicação do ART, quanto na aplicação dos selantes os
percentuais de sucesso foram de 90,5% e 85,9% respectivamente, e os de
insucesso foram 9,5% para ART e 14,1% para o selante, o que demonstrou não
haver diferença significativa (p = 0,625) entre as proporções avaliadas (TABELA 6).
Em relação as variáveis renda e escolaridade e seus estratos, quando
se avaliou a proporção de sucesso e insucesso para ART e selantes, não se
observou correlação estatisticamente significativa. Estas distribuições podem ser
observadas nas FIGURAS 4, 5, 6 e 7.
76
61
137
90,5%
85,9%
88,4%
8
10
18
9,5%
14,1%
11,6%
84
71
155
100,0%
100,0%
100,0%
Classificação
Sucesso
Insucesso
Total
ART
Selante
Aplicação
Total
66
85,70%
100,00%
14,30%
0,00%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
120%
1 Salário Mais de 1 Salário
Sucesso Insucesso
FIGURA 4 - Distribuição de sucessos e insucessos do ART de acordo com a renda
das gestantes, Feira de Santana-BA, 2006.
De acordo com a distribuição do sucesso e insucesso do ART em relação
à renda, não foi constatada uma relação entre as variáveis avaliadas (p = 0,104). É
válido ressaltar que entre as gestantes que possuíam apenas 1 salário a proporção
de insucesso foi de 14,3% e entre aquelas que possuíam mais de 1 salário o foi
registrado insucesso.
Comportamento semelhante foi observado de acordo com a distribuição
de sucesso e insucesso dos selantes em relação à renda salarial. Não foi constatada
uma relação entre as variáveis avaliadas, o que apontou a ausência de significância
estatística (p = 0,311), mesmo verificando que aquelas com renda de 1 salário, o
percentual de insucessos foi de 18,9% enquanto que aquelas com renda de 2 ou 3
salários, este percentual foi de 8,8% (FIGURA 5).
67
81,10%
91,20%
18,90%
8,80%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
1 Salário Mais de 1 Salário
Sucesso Insucesso
FIGURA 5 - Distribuição de sucessos e insucessos dos selantes de acordo com a
renda das gestantes, Feira de Santana-BA, 2006.
Quanto à distribuição do sucesso e do insucesso do ART de acordo com
o grau de escolaridade, constatou-se que este não é um fator que influenciou no
resultado da técnica aplicada (p = 1,00), pois em ambos, os graus de escolaridade
avaliados registrou-se em torno de 10,5% de insucessos (FIGURA 6).
89,50%
89,10%
10,50%
10,90%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
1º Grau (com pleto ou Incom pleto) 2º Grau (Completo ou Incompleto)
Sucesso Insucesso
FIGURA 6 - Distribuição de sucesso e insucesso dos ART de acordo com a
escolaridade das gestantes,Feira de Santana-BA, 2006.
68
De acordo com a distribuição do sucesso e do insucesso de selantes e o
grau de escolaridade, observou-se que este último o foi um fator que influenciou
no resultado da técnica aplicada (p = 0,733), pois em ambos os graus de
escolaridade avaliados registraram-se percentuais de insucessos em torno de 16,7%
para aqueles com grau completo ou incompleto e de 12,2% para aqueles com
grau completo ou incompleto. Os resultados podem ser visualizados na FIGURA 7.
83,30%
87,80%
16,70%
12,20%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
1º Grau (completo ou Incompleto) 2º Grau (Completo ou Incompleto)
Sucesso Insucesso
FIGURA 7 - Distribuição de sucessos e insucessos dos selantes de acordo com a
escolaridade das gestantes, Feira de Santana-BA, 2006.
5.3 Avaliação do programa educativo-preventivo
Foi calculada a média dos índices de placa inicial e final de cada
gestante. Em seguida aplicou-se o Teste t para observações pareadas (p-valor =
0,00). Ao avaliar estes resultados observou-se que existiu uma diferença significativa
entre as médias (p = 0,00), portanto, ocorreu uma redução significativa no percentual
do índice de placa, de 17,71% em média (TABELA 7, FIGURA 8).
69
49,84
32,13
0
10
20
30
40
50
60
Inicial Final
Percentual
FIGURA 8 - Percentual médio do Índice de Placa Inicial e Final das gestantes, Feira
de Santana-BA, 2006.
70
TABELA 7 Distribuição dos índices de placa inicial e final das gestantes, Feira de
Santana-BA, 2006.
Índice de Placa (%) Gestante
Inicial Final Variação
1 39,51 65,32 25,81
2 49,19 32,25 -16,94
3 38,79 21,55 -17,24
4 25,00 43,96 18,96
5 66,40 28,90 -37,50
6 28,70 32,41 3,71
7 35,34 16,38 -18,96
8 39,06 36,72 -2,34
9 44,44 15,70 -28,74
10 55,17 24,15 -31,02
11 53,90 33,59 -20,31
12 48,38 15,32 -33,06
13 67,59 24,07 -43,52
14 69,00 44,17 -24,83
15 38,82 13,88 -24,94
16 59,78 28,17 -31,61
17 52,34 42,18 -10,16
18 42,97 42,18 -0,79
19 57,25 36,29 -20,96
20 22,98 66,93 43,95
21 50,78 40,62 -10,16
22 48,43 40,62 -7,81
23 17,18 37,50 20,32
24 50,00 28,90 -21,10
25 53,90 31,25 -22,65
26 68,00 17,09 -50,91
27 68,75 14,78 -53,97
28 39,58 54,38 14,80
29 60,93 9,68 -51,25
30 52,34 29,68 -22,66
31 60,93 10,15 -50,78
32 52,42 39,50 -12,92
33 70,69 23,70 -46,99
34 63,33 42,50 -20,83
35 52,67 40,17 -12,50
Média 49,84 32,13 -17,71
p-valor teste t pareado = 0,00.
71
Os resultados das questões sobre hábitos de higiene bucal e dieta das
gestantes avaliadas no início e no final do programa (APÊNDICE C), foram
agrupados em questões sobre higiene bucal e flúor (TABELA 8) e questões sobre a
dieta (TABELA 9).
TABELA 8 Distribuição do número e percentual das gestantes em relação ao risco
de cárie (escovação, fio dental e flúor), Feira de Santana-BA, 2006.
Inicial Final
Questões
n % n %
Escova 3 ou mais vezes ao
dia
Sim
21 60,0 32 91,4
Não
14 40,0 3 8,6
Escova antes de dormir
Sim 29 82,9 32 91,4
Não 6 17,1 3 8,6
Usa fio dental diariamente
Sim 7 20,0 25 71,4
Não 28 80,0 10 28,6
Usa outros recursos para
higiene bucal
Sim 4 11,4 17 48,6
Não 31 88,6 18 51,4
Aplicou flúor nos últimos 6
meses
Sim 8 22,9 34 97,1
Não 26 74,3 0 0
Não responderam 1 2,9 1 2,9
72
Em relação à freqüência de escovação diária das gestantes, percebeu-se
que no início do tratamento, 60% afirmaram escovar 3 ou mais vezes ao dia,
apresentando uma melhora para 91,4% no final do tratamento, onde apenas 8,6%
das gestantes relataram escovar menos de 3 vezes ao dia. Os resultados podem ser
visualizados na FIGURA 9.
60
40
91,4
8,6
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Sim Não
%
Inicial Final
FIGURA 9 - Distribuição percentual das gestantes quanto à freqüência de escovação
diária ao início e ao final do tratamento, Feira de Santana-BA, 2006.
Quanto à escovação noturna das gestantes, constatou-se que no início do
tratamento, 82,9% delas afirmaram escovar antes de dormir, e ao final do tratamento
esse percentual aumentou para 91,4% (FIGURA 10).
82,9
17,1
91,4
8,6
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Sim Não
%
Inicial Final
FIGURA 10 - Distribuição percentual das gestantes quanto à escovação noturna ao
início e ao final do tratamento, Feira de Santana-BA, 2006.
73
Observou-se que no início do tratamento, apenas 20% afirmaram utilizar
fio dental e outros 80% não utilizavam. Após o tratamento, verificou-se que apenas
28,6% das gestantes continuaram sem usar o fio dental (FIGURA 11).
20
80
71,4
28,6
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Sim Não
%
Inicial Final
FIGURA 11 - Distribuição percentual das gestantes segundo o uso diário do fio
dental ao início e ao final do tratamento, Feira de Santana-BA, 2006.
Verificou-se que em relação ao uso de outros recursos para higiene bucal,
no início do tratamento, 11,4% das entrevistadas afirmaram utilizar outros recursos e
88,6% não utilizavam; por outro lado ao final do tratamento, o percentual de
gestantes que fazia uso de outros recursos aumentou para 48,6% (FIGURA 12).
11,4
88,6
48,6
51,4
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Sim Não
%
Inicial Final
FIGURA 12 - Distribuição percentual das gestantes segundo o uso de outros
recursos ao início e ao final do tratamento, Feira de Santana-BA, 2006.
74
Segundo a distribuição das gestantes que fizeram uso de flúor nos últimos
6 meses, observou-se que ao início do tratamento essa era de 22,9%, passando
para 97,1% ao final do tratamento. Foi registrado também que 2,9% das
entrevistadas não responderam a este questionamento (FIGURA 13).
22,9
74,3
2,9
97,1
0
2,9
0
20
40
60
80
100
120
Sim Não Não responderam
%
Inicial Final
FIGURA 13 - Distribuição percentual das gestantes que fizeram uso de flúor ao início
e ao final do tratamento, Feira de Santana-BA, 2006.
75
TABELA 9 Distribuição do número e percentual das gestantes em relação ao risco
de cárie (dieta) - Feira de Santana-BA, 2006.
Inicial Final
Questões
n % n %
Enjoa com Freqüência
Sim
24 68,6 9 25,7
Não
11 31,4 26 74,3
Acorda a noite para se
alimentar
Sim
9 25,7 22 62,9
Não
26 74,3 13 37,1
Ingere até 5 vezes por dia
carboidratos fermentáveis
Sim
24 68,6 27 77,1
Não
11 31,4 8 22,9
Quanto ao fato de enjoar com freqüência, verificou-se que ao início do
tratamento esse percentual era de 66,8% passando para 25,7% ao final do
tratamento. Os resultados podem ser visualizados na FIGURA 14.
68,6
31,4
25,7
74,3
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Sim Não
%
Inicial Final
FIGURA 14 - Distribuição percentual das gestantes que enjoam com freqüência ao
início e ao final do tratamento, Feira de Santana-BA, 2006.
76
Em relação ao fato de acordar à noite para se alimentar, percebeu-se que
no início do tratamento 25,7% afirmaram acordar e 74,3% não acordavam. Os
resultados podem ser visualizados na FIGURA 15.
25,7
74,3
62,9
37,1
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Sim Não
%
Inicial Final
FIGURA 15 - Distribuição percentual das gestantes que acordam à noite para se
alimentar ao início e ao final do tratamento, Feira de Santana-BA,
2006.
Verificou-se que quanto à ingestão de carboidratos fermentáveis (até 5
vezes por dia), ao início do tratamento, o percentual de gestantes que afirmaram
ingerir era de 68,6% aumentando para 77,1% ao final do tratamento (FIGURA 16).
68,6
31,4
77,1
22,9
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Sim Não
%
Inicial Final
FIGURA 16 - Distribuição percentual das gestantes que ingerem carboidratos
fermentáveis até 5 vezes ao dia, ao início e ao final do tratamento, Feira
de Santana-BA, 2006.
77
Quanto à classificação do risco de cárie, constatou-se que o percentual de
risco identificado nas gestantes era de 65,7% que foi reduzido para 22,9% ao final
do tratamento (TABELA 10, FIGURA 17).
TABELA 10 - Distribuição das gestantes segundo o risco à cárie, Feira de Santana-
BA, 2006.
Inicial Final Classificação do risco
n % n %
Risco identificado 23 65,7 8 22,9
Risco não identificado 12 34,3 27 77,1
Total 35 100,0 35 100,0
65,7
34,3
22,9
77,1
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Risco identificado Risco não identificado
%
Inicial Final
FIGURA 17 - Distribuição percentual das gestantes de acordo com o risco à cárie ao
início e ao fim do tratamento, Feira de Santana-BA, 2006.
O formulário inicial aplicado (APÊNDICE D) revelou que quanto ao último
tratamento odontológico realizado houve uma diferença significativa (p = 0,004), pois
enquanto que 17,1% tinham apenas meses da realização do tratamento, outras
51,4% tinham mais de um ano e 20% delas nunca tinham realizado (TABELA 11).
78
Quanto à orientação sobre higiene bucal, constatou-se que 68,6% delas
não receberam orientação, enquanto que 31,4% afirmaram ter recebido. Na
orientação do uso do fio dental e sobre dieta também foram encontradas diferenças
significativas entre os resultados. Em relação ao uso do fio dental (p = 0,011), 71,4%
das gestantes relataram não ter recebido orientação, enquanto que 28,6% afirmaram
ter recebido orientação quanto a dieta (p = 0,000). 85,7% das gestantes não
receberam a orientação e apenas 14,3% afirmaram tê-la recebido (TABELA 11).
Constatou-se após o Tratamento Restaurador Atraumático, que a grande
maioria (82,9%) não relatou sentir dor durante o tratamento, enquanto que apenas
17,1% afirmaram sentir dor, o que indicou uma diferença estatisticamente
significante nos resultados. Outro dado importante foi que das gestantes que
relataram dor durante o tratamento, esta dor foi referida como suportável. Um
grande percentual delas (65,7%) também relatou que o tratamento foi rápido, 22,9%
acharam o tempo normal e apenas 2,9% classificaram como demorado, registrando
também que 8,6% delas não responderam sobre o que achou do tratamento. Foi
constatada uma diferença estatisticamente significativa nos resultados encontrados
(TABELA 12).
Em relação à mudança de hábito, foi encontrada diferença
estatisticamente significativa para higiene bucal, onde 71,4% das gestantes
relataram ter mudado o hábito durante o tratamento, enquanto que em relação à
dieta não foi encontrada diferença com significância estatística (p = 0,626); 54,3%
citaram ter mudado de hábito de dieta, enquanto que 45,7% não mudaram (TABELA
12).
79
TABELA 11 Distribuição das gestantes quanto a questões relacionadas ao
tratamento odontológico utilizado no início do programa, Feira de
Santana-BA, 2006.
Variáveis
n % p-valor
Último tratamento odontológico.
Meses 6 17,1 0,004
1 Ano 4 11,4
Mais de 1 ano 18 51,4
Nunca 7 20,0
Recebeu orientação sobre higiene bucal
Não 24 68,6 0,028
Sim 11 31,4
Recebeu orientação sobre o uso do fio
dental
Não 25 71,4 0,011
Sim 10 28,6
Recebeu orientação sobre dieta
Não 30 85,7 0,000
Sim 5 14,3
80
TABELA 12 - Distribuição das gestantes quanto às questões relacionadas ao
tratamento odontológico utilizado durante e no final do programa.
Feira de Santana-BA, 2006.
Variáveis n % p-valor
Sentiu Dor durante ART
Não 29 82,9 0,000
Sim 6 17,1
Como foi a dor
Suportável 6 17,1 0,000
Não se aplica 29 82,9
O que achou do tratamento
Rápido 23 65,7 0,000
Demorado 1 2,9
Normal 8 22,9
Não responderam 3 8,6
Mudou hábito de higiene bucal durante o
tratamento
Não 10 28,6 0,011
Sim 25 71,4
Mudou hábito de dieta durante tratamento.
Não 16 45,7 0,626
Sim 19 54,3
81
6
66
6-
--
-DISCUSSÃO
DISCUSSÃODISCUSSÃO
DISCUSSÃO
82
6 DISCUSSÃO
Uma das grandes preocupações da Odontologia contemporânea é a
redução da doença cárie nas populações de países desenvolvidos e em
desenvolvimento. Muitos países desenvolvidos nas décadas de 70 e 80, conscientes
dessa problemática, passaram a adotar políticas públicas norteadoras de promoção
de saúde bucal, envolvendo a educação da população e a utilização de métodos
preventivos de alta resolução (BAÍA; SALGUEIRO, 2000). No entanto, ainda
percebe-se uma distribuição bastante polarizada da doença cárie, principalmente
ocorrendo grandes prevalências em populações de condições sócio-econômicas
menos favorecidas (MALTZ; CARVALHO, 1999; PINTO, 2000; WEYNE, 2003).
O grande avanço técnico-científico ocorrido nos últimos 20 anos, na área
de saúde, e em destaque, nas técnicas de tratamento odontológico, contrapõe-se a
resolutibilidade necessária para o tratamento das lesões de cárie em indivíduos de
baixa renda. A Odontologia moderna conta com técnicas e materiais restauradores
dispendiosos, o que invibializa, muitas vezes, o acesso ao tratamento desta
patologia.
A saúde bucal como fenômeno social, extremamente complexo, tem
suscitado muitas reflexões e debates. Para que aconteça a superação do biologismo
dominante na abordagem da cárie, é importante que se relevo às dimensões
objetivas e subjetivas no campo social da saúde ( HARATA et al., 2005; IMPARATO
et al., 2005; MALTZ; CARVALHO, 1999; MASUDA; BUSSADORI, 2005;
MENDONÇA et al., 2002; TAVARES et al. 2001; WATT, 2002).
No Brasil, observam-se poucas ações de políticas públicas dirigidas à
saúde geral e bucal dos indivíduos, o que torna mais crítica ainda as medidas de
atenção à cárie dentária. Os indicadores de saúde bucal do país compõem uma
realidade alarmante, produto do modelo de desenvolvimento neoliberal, hegemônico
e excludente. Essa situação se traduz na ineficiência das políticas públicas no setor
odontológico, tornando relevante que a odontologia seja inserida em programas
efetivos de Saúde Coletiva (CHEVITARESE et al. 2002; BRASIL, 2006; IMPARATO
et al. 2005).
Em Feira de Santana, alguns estudos (ALVES, 2003; QUINTELLA, 2005;
SCAVUZZI, 2002) sinalizaram esta mesma realidade. Apesar de consagradas na
83
Constituição de 1988 como princípios sicos do Sistema Único de Saúde (SUS), a
universalidade, a integralidade e a eqüidade ainda não se traduzem em políticas
públicas reais na saúde bucal da população deste município. Para Mendes (2000) o
SUS é um processo em construção permanente que visa uma mudança do
paradigma de atenção à saúde, buscando um sistema mais eficaz, eqüitativo e de
qualidade. No entanto, a crise da saúde bucal tem caráter universal e deriva do
esgotamento do modelo de atenção que vigora nas práticas odontológicas não
de Feira de Santana, mas em diversos outros municípios nacionais.
A incongruência entre a consolidação dos direitos nacionais assegurados
na constituição e o cenário do caos em que se encontra a saúde bucal do cidadão
brasileiro, reflete todo um processo histórico sócio-econômico e cultural instaurado
no país. O desenho constitucional proporciona um Sistema de Saúde que enseja a
cobertura de atenção odontológica eqüitativa, sendo esta, um direito de todos e
dever do Estado. Esse sistema carece de condições e tempo para se afirmar
socialmente (HARATA et al., 2005; MENDES, 2000).
Neste contexto, em um país onde apenas 30,7% das pessoas têm
cobertura de assistência odontológica no serviço blico e 31% da população com
renda mensal familiar de até um salário mínimo, nunca havia visitado um dentista
(IBRASIL, 2006), a saúde coletiva necessita dar visibilidade aos enfoques de
tratamento da cárie que atinjam esses cidadãos. Na tentativa de mudanças deste
cenário, o Tratamento Restaurador Atraumático poderia ser uma alternativa
favorável para o enfrentamento desta doença.
A cárie dentária abordada na dinâmica global do processo saúde-doença
se apresenta de diversas formas na população, sendo influenciada por fatores como
renda, classe social, escolaridade, auto-estima, estresse, estilo de vida, entre outros
fatores sócio-econômicos e culturais. Assim sendo, é necessário se avaliar a saúde
bucal como um processo de significado individual e coletivo para a vida das
pessoas.
O perfil sócio-demográfico da população estudada foi representado por
gestantes com idade média de 25 anos, 82,9% casadas, 48,6% possuíam primeiro
grau e 71,4% recebiam um salário mínimo.
Diversos estudos observaram uma maior prevalência de lesões cariosas
em populações de indivíduos menos favorecidos em relação aos níveis
socioeconômicos e culturais (BOING et al., 2005; HARATA et al., 2005; LOCKER,
84
2000; PERES et al., 2000; TRAD; BASTOS, 1998; WATT, 2002). No entanto, apesar
de muitos estudos epidemiológicos avaliarem a associação entre saúde bucal e
desenvolvimento social e apesar da relevância da utilização dos indicadores que
categorizem as desigualdades sociais, todos eles apresentam limitações em sua
expressividade analítica, levando à necessidade de mais estudos que avaliem esta
inter-relação.
Nos estudos sobre o sucesso do ART e essas variáveis há uma grande
lacuna teórica, reforçando a necessidade de mais investigações sobre essa
abordagem. Nesta pesquisa não se encontrou uma correlação, com significância
estatística, entre as variáveis renda e escolaridade e o sucesso e insucesso do ART.
Provavelmente, este fato se deva ao número de gestantes avaliadas, além da pouca
estratificação destas variáveis, que todas elas pertenciam à classe social baixa e
tinham, em sua maioria, baixo nível de escolaridade.
Desde que o Tratamento Restaurador Atraumático foi indicado pela OMS
(1996), pesquisas apontam para esta intervenção, como bastante promissora.
Contudo, quando observadas as práticas de atendimento públicas e privadas, o ART
ainda é pouco empregado. Quintella (2004) avaliou a necessidade de maior
utilização deste tratamento e relatou que, além da classe odontológica desconhecer
o ART, poucos profissionais o utilizam na rotina clínica. Esta mesma observação foi
feita por pesquisadores africanos, quando avaliaram a pouca aplicação do ART
(MICKENAUTSCH; GROSSMAN, 2004).
No início de sua indicação o tratamento era realizado em comunidades
carentes, em paises subdesenvolvidos (FRENCKEN et al., 1998; ISMAIL, 1996). No
entanto, atualmente, observa-se grande aceitação da classe odontológica quanto ao
seu uso em consultórios particulares, demonstrando que o tratamento é eficaz para
todas as pessoas, de qualquer nível sócio-econômico (IMPARATO et al., 2005).
Desta forma, muitas pesquisas têm sido realizadas com ART, em grupos
específicos corroborando com as metas da OMS de reduzir os índices de cárie, ao
mesmo tempo em que inserem esses grupos em programas que visam reduzir as
necessidades de tratamento e promover saúde.
Apesar de o Tratamento Restaurador Atraumático estar indicado para
todas as pessoas, alguns grupos têm sido citados como foco de utilização desta
abordagem, entre eles, os bebês, as crianças não colaboradoras, os pacientes
especiais, incluindo os idosos e as gestantes (COLARES et al. 1999; FIGUEIREDO
85
et al. 2004; GOMES et al. 2003; IMPARATO et al., 2005; MÔNICO e TOSTES; 1998;
PARAJARA e LEAL, 2002; NAVARRO et al., 2004; UEMATSU et al. 1999). Dentro
destes grupos, optou-se, nesta pesquisa, por aplicar o ART em gestantes, pela
relevância de seu papel como promotora de saúde para o seu futuro bebê, além do
conforto que este tratamento poderia proporcioná-las.
Poucos estudos foram publicados na literatura sobre a utilização de ART
em gestantes. O estudo de Barata e colaboradores (2003) sobre ART associado ao
Carisolv
TM
reforçou a necessidade de mais pesquisas com este grupo.
Recentemente, Zanata (2006) divulgou resultados bastante promissores abordando
o ART no estado gestacional.
Sobre os aspectos gerais e cuidados no atendimento odontológico em
gestantes, a literatura é unânime em afirmar que no período de gravidez deve-se
observar a redução máxima de estresse durante o atendimento, diminuindo o tempo
de cadeira e evitando procedimentos prolongados na mesma sessão. Todos os
procedimentos odontológicos podem ser realizados em qualquer mês da gestação,
preferindo-se, o segundo trimestre, pelos menores riscos de aborto deste período.
(BIJELA.; MENINO, 1995; COZZUPOLI, 1981; DUALIBI; DUALIBI, 1985; ELIAS,
1997; FOURNIOL, 1998; GARBIN, et al. 2005; LIVINGSTON et al. 1998; MUGAYAR,
2000; ROCHA, 1993; SILVA, 2002).
Desde 1994, quando o manual da técnica foi traduzido para vários países,
muitos pesquisadores avaliaram o sucesso e o insucesso do ART, com achados de
altos percentuais de sucesso dos tratamentos (IMPARATO et al., 2005; UEMATSU
et al. 1999; SCHRIKS; AMERONGEN, 2003; PHANTUMVANIT et al. 1996). Nesta
investigação foram realizados 84 Tratamentos Restauradores Atraumáticos em 35
gestantes e os resultados encontrados indicaram também um alto percentual de
sucesso, 90,5 %, o que está de acordo com a maioria dos autores pesquisados.
Quando analisado o sucesso em dentes permanentes, em relação a
dentes decíduos, nos primeiros, concentram-se os maiores índices de sucesso.
Essa diferença também é comprovada por diversos autores em relação ao tipo de
cavidade. Nos estudos que acompanharam ART em classe I e classe II (BRESCIANI
et al. 2002; FRENCKEN et al. 1994; HOLMGREN et al. 2000), os percentuais de
sucesso foram maiores em cavidades de classe I.
Holmgren e colaboradores (2000) encontraram índices de sucesso
variando de 77% até 92% (cavidade profunda e rasa, respectivamente) para classe I
86
e 61% para classe II. Esses achados corroboram com os resultados encontrados por
Bresciani e colaboradores (2002). Os autores pontuaram que a justificativa para esta
constatação, poderia estar na insatisfatória remoção de tecido cariado ou na
contaminação cavitária durante o procedimento restaurador, comprometendo assim
as características dos ionômeros.
Na avaliação do índice de sucesso da ART na dentição decídua, após um
ano de acompanhamento, os achados de Figueiredo e colaboradores (1999), foram
de 84,6%, e são semelhantes aos encontrados por Phamtuvanit et al. (1993), que
obtiveram 79%. Em pacientes especiais, Carvalho e colaboradores (2001)
encontraram baixos escores de sucesso, contudo, justificaram que a falta de
colaboração dos pacientes contribuiu para esses resultados.
Quanto ao sucesso encontrado por alguns autores em relação às
restaurações de classe I, Bresciani e colaboradores (2002) encontraram 74,35% de
sucesso em 1 ano de avaliação, no estudo de Holmgren e colaboradores (2000)
os índices variaram de 92% até 77% dependendo da profundidade da restauração.
Esses índices de sucesso são menores que os encontrados na atual investigação,
provavelmente pela diferença de tempo de acompanhamento (6 meses).
Já em outro estudo realizado por Bresciani (2003) foi encontrado um
índice de sucesso de 97,3% em seis meses de observação, sendo esse bem mais
elevado dos que os desta pesquisa que foi de 90,5 %. Outro estudo encontrou após
4 meses de observação 81% de sucesso para restaurações com ART (SILVA et al.,
2005) e uma pesquisa realizada em escolares da rede pública brasileira encontrou
um sucesso de 71,8%, após 6 meses de acompanhamento (WANG et al. 2004).
Todos os resultados de sucesso encontrados foram satisfatórios, sinalizando bons
resultados para o uso do ART.
No presente estudo, o sucesso para os 71 selantes realizados foi de
85,9%, sendo este percentual considerado alto comparado a outros resultados.
Holmgren e colaboradores (2000) encontraram 72,0%, Silva e colaboradores (2005)
encontraram um baixo índice, 66% de sucesso para 4 meses de observação. Os
maiores índices de sucesso para selantes na literatura consultada foram
encontrados por Frencken et al. (1998) com 71,4% de sucesso, após três anos de
acompanhamento.
Em relação à utilização dos critérios de avaliação clínica das restaurações
de ART, a padronização facilitaria as comparações, porque embora diversos
87
pesquisadores (FRENKEN et al.,1998; SILVA, et al., 2005; BRESCIANI, 2003) e
também este estudo, utilizaram os escores preconizados pela OMS alguns trabalhos
utilizaram o USPHS (HOLMGREN et al. 2000; HU et al. 2004). A distribuição
percentual para os escores encontrados nesta pesquisa foi: 64,3% - escore 0; 21,4%
- escore 1; 6,0% escore 2; 1,2% escore 3; 4,8% escore 7; 2,4% escore 8; os demais
escores (4, 5, 6 e 9) tiveram 0%.
A respeito dos cimentos de ionômero de vidro, muito se tem pesquisado e
os primeiros achados de insucessos em ART foram atribuídos às falhas neste
material. Desde a sua descoberta, mais de trinta anos, os CIV têm-se modificado
e acompanhado a evolução da Odontologia, sem perder, no entanto, suas
características desejáveis. A literatura científica comprovou diversas vantagens na
utilização dos ionômeros, que são: biocompatibilidade, coeficiente de expansão
térmica semelhante à do dente e liberação de flúor. Essas características fazem dos
CIV a melhor indicação para o fechamento de cavidades no Tratamento Restaurador
Atraumático (AMORE et al., 2003; CARVALHO; BEZERRA, 2003; FRENCKEN et al.,
1997; FIGUEIREDO et al. 2004; HOLMGREN et al. 2000; MALLOW et al., 1998;
PHANTUMVANIT et al. 1996; RAGGIO et al. 2002; YU, 2004; TEN CATE; VAN
DUINEM, 1995; WANG et al. 2004).
Recentemente, alguns CIV foram desenvolvidos com o objetivo de
melhorar suas características mecânicas. Assim, surgiram os CIV convencionais
com alta viscosidade. Alguns autores utilizaram o CIV Ketac Molar (ESPE) em seus
ensaios clínicos (BRESCIANI et al. 2002; BRESCIANI, 2003; HOLMGREN et al.
2000; SILVA et al. 2005; YU et al. 2004). Grande parte dos pesquisadores apontou
satisfação nos resultados clínicos obtidos. Contudo, Holmgren e colaboradores,
salientaram a necessidade de mais pesquisas que comprovem ao longo dos anos a
efetividade destes ionômeros. Yu e colaboradores (2004) acharam menor resistência
para o Ketac Molar Aplicap e Fuji IX quando comparados ao GK Amálgama, em dois
anos de acompanhamento.
O cimento de ionômero de vidro selecionado para este estudo foi o Ketac
Molar EasyMix (ESPE). Esse ionômero é classificado como convencional e de alta
viscosidade. Os CIV convencionais apresentam como vantagem a liberação de uma
maior quantidade de flúor para o meio bucal quando comparados aos outros tipos de
ionômeros. Agregando ainda a característica de acumular uma maior recarga de
flúor na presença de creme dental e enxaguatórios bucais que contenham esse
88
elemento. A alta viscosidade confere a este CIV grande resistência mecânica
durante os esforços mastigatórios, resultando em maior durabilidade das
restaurações e selantes realizados.
Foi encontrada divergência na literatura em relação aos resultados
laboratoriais de CIV semelhantes ao utilizados nesta pesquisa. Raggio e
colaboradores, em 2002, avaliando cinco ionômeros, encontraram maior
microinfiltração do Ketac Molar ART em região cervical. Esses mesmos autores, em
2004, avaliando a dureza dos CIV Ketac Molar Easy Mix (ESPE), Ketac Molar
(ESPE) e Magic Glass (Vigodent) concluíram que o material Magic Glass foi o que
apresentou menor média de dureza em relação aos demais.
no trabalho de Souza, em 2000, o Ketac Molar (ESPE) apresentou
comportamento superior quando comparado ao Fuji IX (G. C. Corp.). Outro estudo
rean s
89
pacientes de seus estudos não apresentou sensibilidade pós–operatória. Na atual
pesquisa, 6 gestantes relataram dor trans-operatória, vale ressaltar que quando essa
dor era referida pelas gestantes, havia uma relação direta com restaurações em
cavidades maiores e mais profundas. Nenhuma gestante referiu dor pós-operatória.
Sobre o tempo de tratamento, apenas 2,9% das gestantes referiram achar
demorado.
Ainda em relação à aceitação da técnica, outros autores encontraram
resultados bastante favoráveis em relação a descritores de estresse durante o ART
quando comparado com o tratamento convencional (BAÍA; SALGUEIRO, 2000;
SCHRIKS; AMERONGEN, 2003; FREIRE et al., 2003). Esses achados permitem
inferir que o ART no estado gestacional deveria ser mais utilizado, por todas as
vantagens que ele oferece a este grupo.
O Tratamento Restaurador Atraumático não engloba somente a
realização da técnica, mas, também compreende todo um programa preventivo e
educativo, através de palestras, escovações supervisionadas e aplicação de
selantes, tanto em dentes recém–erupcionados quanto em dentes com lesões
iniciais de cárie (mancha branca), incluindo também os sulcos e fissuras adjacentes,
além de restaurações de ART (IMPARATO et al., 2005; NAVARRO et al., 2004;
MASUDA; BUSSADORI, 2005; SOUZA, 2000; TOURINHO et al. 2002).
Ao se realizar Tratamento Restaurador Atraumático a literatura é bem
enfática sobre a importância de se desenvolver um programa educativo-preventivo
associado ao passo clínico da execução de restaurações. Desde a sua
apresentação a comunidade científica na década de 90 seus precursores indicavam
esta necessidade. No entanto, ao revisar os artigos sobre essa temática percebe-se
ainda nas metodologias apresentadas um tendência de execução do ART como
técnica, inclusive alguns títulos são assim descritos, Técnica de Restauração
Atraumática. Poucos autores avaliaram o ART num contexto de tratamento,
incluindo a análise de um programa de promoção de saúde.
Entre os autores que desenvolveram um programa integral de saúde
bucal (educativo-preventivo-curativo) os resultados de Silva e colaboradores (2005)
de Souza e colaboradores (1999) e Baía e Salgueiro (2000) foram bastante
satisfatórios. Figueiredo e colaboradores (1999) avaliando um programa com bebês
consideraram a realização de ações de promoção de saúde bucal associadas a
90
tratamento, inevitável para obter-se saúde nos indivíduos. Chevitarese e
colaboradores, em 2002, concluíram após a aplicação de um programa no Ceará
que mais estudos deveriam ser realizados fortalecendo esta iniciativa em todo o
país.
Em relação ao programa educativo preventivo realizado com as
gestantes deste estudo foram obtidos excelentes resultados quanto à participação,
motivação e aceitação das mesmas. Apesar desses resultados, sabe-se da
relevância de ações muito mais efetivas nesta direção, principalmente, no
incremento de políticas públicas mais abrangentes.
É inegável o impacto do comportamento social, cultural e econômico no
que concerne a saúde bucal, embora a maioria das pesquisas nesta área esteja
limitada pelo modelo epidemiológico tradicional (DIEHNELT; KIYAK, 2001; WATT,
2002; NEWTON; BOWER, 2005). Assim sendo, Harata et al. (2005) reafirmam que
não é suficiente que se atue apenas sobre alguns fatores biológicos determinantes
da cárie, é necessário um esforço no sentido de controlar as interferências
representadas pelo complexo embricamento de fatores sociais. O sucesso do ART
está vinculado a ações coletivas mais eficazes.
As políticas de prevenção ou curativas isoladas não o efetivas, é
essencial que se observe o complexo macro e micro-contexto social para se inserir
novas ferramentas analíticas na abordagem de tratamento da cárie (FRENCKEN;
HOLMGREN; LOCKER, 2000, WATT, 2002, HARATA et al., 2005, BOWER e
NEWTON, 2005).
A respeito da classificação do risco à cárie, o risco identificado que era de
65,7% foi reduzido para 22,9%. Nesta investigação, observou-se que as mudanças
em relação à higiene bucal foram satisfatórias (71,4%; p-valor = 0,011), porém em
relação à dieta, não se obteve resultados tão promissores (54,3%; p-valor= 0,626).
Este fato tem uma relação direta com as mudanças fisiológicas do estado
gestacional, com episódios de enjôos e useas freqüentes nesse período. Além
disso, muitas gestantes (62,9%) relataram a necessidade de comer mais vezes,
inclusive à noite.
Apesar da redução significativa dos índices de placa inicial e final (49,84%
e 32,13%, respectivamente, Teste t pareado p-valor = 0,00), observou-se índices de
placa iniciais baixos, provavelmente pelo fato destas gestantes saberem que seriam
91
atendidas e assim reforçaram a escovação. Bresciani (2003) observando o ART em
comunidade de alto risco de cárie relatou que a conscientização dos pacientes é de
fundamental importância para o sucesso do tratamento e que, a mudança de hábito,
nestes casos, é o principal desafio para a melhoria da saúde da população.
Rocha (1993), pontuou sobre a relevância que as práticas de higiene
bucal das gestantes têm para a saúde das gerações seguintes. Scavuzzi (1995)
concluiu que a necessidade de um Serviço de Odontologia adequado durante o pré-
natal é imperiosa e deve ser promovida, se objetivarmos um futuro melhor para a
saúde da população.
A participação ativa na promoção de saúde envolve a elaboração de
políticas públicas e criação de ambientes favoráveis, no esforço de uma ação
comunitária no desenvolvimento de aptidões pessoais e reorganização dos serviços
de saúde bucal coletiva.
A magnitude dos problemas abordados neste ensaio, de forma concisa,
desperta para a reflexão sobre o uso do ART, a doença cárie, as desigualdades
sociais e as políticas de saúde na busca de subsídios essenciais para compreender
o passado e o presente da realidade complexa e contraditória que é a questão da
saúde bucal das gestantes na saúde coletiva deste município. Sinalizam também,
que o ART pode ser uma abordagem viável em direção a essa problemática,
corroborando com a meta da busca da integralidade da saúde oral com enfoque na
melhoria das condições de vida da população.
Contemplam-se avanços na discussão desta temática, porém, os estudos
das condições bucais, a partir das determinantes sociais, em relação à saúde das
gestantes, ainda se encontram nos primórdios de uma longa trajetória. Para se
concretizar uma saúde coletiva entendida como o conjunto de saberes que dá
suporte às práticas de distintas categorias e atores sociais, muitas ações de saúde
bucal necessitam ainda serem implementadas.
Boing et al. (2005) pontuaram que as questões sobre esta temática
suscitam mais perguntas do que respostas, indicando a complexidade do tema e a
necessidade do desenvolvimento de mais pesquisas, tanto quantitativas, quanto
qualitativas, para sua adequada abordagem.
A formação de sujeitos sociais engajados na saúde coletiva, percebendo
a cárie na perspectiva biopsicossocial, é premente para o processo de mudanças
92
em direção à saúde bucal das gestantes, dando enfoque a idéias e valores de saúde
centrados na solidariedade, democracia, autonomia e igualdade.
É um desafio contemporâneo no campo da odontologia, oferecer saúde
bucal, reconhecendo os direitos básicos dos cidadãos, rompendo os guetos de
desigualdades, focando o processo saúde-doença na dinâmica social, para tecer
uma odontologia eqüitativa e ética, portanto, o Tratamento Restaurador Atraumático
pode ser uma alternativa adotada nessa direção.
93
7
77
7-
--
-CONCLUSÕES
CONCLUSÕESCONCLUSÕES
CONCLUSÕES
94
7 CONCLUSÕES
Diante das limitações deste estudo e de acordo com os resultados obtidos
com a metodologia empregada, concluiu-se que:
1 - o protocolo utilizado foi satisfatório, sendo o Tratamento Restaurador
Atraumático viável como alternativa de tratamento da cárie em gestantes
da rede pública de Feira de Santana-BA;
2 - foram encontrados índices de sucesso clínico para ART de 90,5% e
para selantes de 85,9%;
3 - todas as gestantes demonstraram aceitação ao tratamento realizado,
referindo baixa sensibilidade trans-operatória e nenhuma sensibilidade
pós-operatória;
4 houve redução significativa do índice de placa do início para o final do
Tratamento Restaurador Atraumático.
5 das gestantes atendidas a maioria referiu mudanças favoráveis de
hábitos de higiene bucal, no entanto, em relação à dieta, as mudanças de
hábitos foram menores, provavelmente em função da situação especial em
que se encontravam.
6 - novas pesquisas são necessárias para fomentar políticas públicas que
ampliem a utilização do ART em gestantes.
95
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REFERÊNCIASREFERÊNCIAS
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104
ANEXOS
105
ANEXO A
Modelos Etiológicos da Cárie Dental
(Fonte:Keyes,1962, Pereira et al.,2003)
FIGURA 1 -Diagrama representando os fatores essenciais
na etiologia da doença cárie
(Fonte: Newbrun,1988, Pereira et al.,2003)
FIGURA 2- Fatores etiológicos da cárie.
106
( Fonte: Weyne, 1992,Pereira et al.,2003)
FIGURA 3- Relação entre os fatores primários e secundários na
etiologia da cárie.
( Fonte: Fejerskov e Manji,1990, Pereira et al.,2003)
FIGURA 4- Relação entre o fator etiológico placa bacteriana e
determinantes e confundidores da doença cárie.
107
(Fonte: Pereira et al.,2003)
FIGURA 5- Principais determinantes da saúde bucal.
108
ANEXO B
AUTOR / ANO / LOCAL DO
ESTUDO
SENSIBILIDADE
PÓS-OPERATÓRIA
GRAU DE
ACEITAÇÃO
Frencken et al., 1994 –
Tailândia
7,93% -
Frencken, Makoni, Sithole,
1996 – Zimbábue
6% 95%
Frencken, Makoni, Sithole,
1998 – Zimbábue
5% -
Holmgren et al., 2000 –
China
5% 90%
Lo Holmgren, 2000 – China 7% 86%
Bresciani et al., 2004 – Brasil
2,7% 100%
FONTE: Navarro et al., 2004.
QUADRO 1 - Sensibilidade pós-operatória e o grau de aceitação da Técnica do
ART.
AUTOR / ANO /
LOCAL DO
ESTUDO
CIV
FAIXA
ETÁRIA
(média/anos)
Nº DE
PACIENTES
Nº DE RESTAU-
RAÇÕES / SE-
LANTES
PERÍO-
DO DE
AVALIA-
ÇÃO
% DE SUCESSO
Frencken et al.,
1994 – Tailândia
Chemfil
(Dentsply)
- 277
529 restaurações
148 selantes
1 ano
Decíduo
1 superfície - 79%
2 ou mais faces - 55%
Permanente
1 superfície - 93%
2 ou mais faces - 67%
Selante
Decíduos - 73%
Permanentes - 78%
Frencken,
Makoni, Sithole,
1996 –
Zimbábue
Chemfil
Superior
(Dentsply)
13,9 569
316 restaurações
1 superfície
511 selantes
1 a 3
anos
Restaurações
1 - ano 93,4%
3 - anos 85,3%
Selantes 1 ano
60,3% - retenção total
13,4% - retenção parcial
0,8% - lesões cariosas
Selantes 3 anos
50,1% - retenção total ou
parcial
Frencken et al.,
1996 – Tailândia
Chemfil
(Dentsply)
- 144
241 restaurações
1 superfície
1, 2 e 3
anos
1 ano – 93,0%
2 anos – 83,0%
3 anos – 71,0%
Mallow et al.,
1998 - Camboja
Fuji II
(GC)
12-17 53
Restaurações:
50 Classes I
33 Classes V
6 Classes III
1 e 3
anos
Classe I – 87,5-60,9%
Classe III – 40,0-25,0%
Classe V – 71,4-66,7%
(FONTE: Navarro et al., 2004)
QUADRO 2 - Avaliação do ART utilizando-se CIV em dentes permanentes
109
AUTOR / ANO /
LOCAL DO
ESTUDO
CIV
FAIXA
ETÁRIA
(média/anos)
Nº DE
PACIENTES
Nº DE
RESTAU-
RAÇÕES
PERÍO-
DO DE
AVALIA-
ÇÃO
% DE SUCESSO
Frencken et al.,
1998 –
Zimbábue
Fuji IX (GC) 14,1 208 297
1, 2 e 3
anos
Classe I
1 ano – 98,6%
2 anos – 93,8%
3 anos – 88,35%
Souza et al.,
2003 – Brasil
Fuji IX (GC)
Fuji Plus
(GC)
7-12 208 473 8 meses
Fuji IX
Classe I – 86,2%
Fuji Plus
Classe I – 88,4%
Classe II – 86,7%
Holmgren et al.,
2000 – China
Ketac-Molar
(3M ESPE)
12-13 337 294
1, 2 e 3
anos
Classe I – Pequenas
1 ano – 99%
2 anos – 96%
3 anos – 92%
Classe I – Extensas
1 ano – 90%
2 anos – 83%
3 anos – 77%
Mickenautsch et
al., 1999 –
África do Sul
Ketac-Molar
(KM)
(3M ESPE)
Fuji IX (F9)
(GC)
10,5 113 163 1 ano
Classe I
F9 – 93,1%
KM – 94,0%
Lo; Holmgren,
2001 – China
Ketac-Molar
(3M ESPE)
5,1 - 170
13 e 30
meses
12 meses
Classe I – 91%
Classe II – 75%
Classe V – 79%
30 meses
Classe I – 79%
Classe V – 70%
Classe II – 51%
Bresciani, 2003
– Brasil
Ketac-Molar
(3M ESPE)
7-12 96 155
6 meses,
1 e 2
anos
Classe I
6 meses – 97,3%
1 ano – 93,7%
2 anos – 89,6%
Cefaly, 2003 –
Brasil
Ketac-Molar
(KM)
(3M ESPE)
Fuji VII (F8)
(GC)
9-16 30 60
6 meses
e 1 ano
Envolvendo 2 ou mais
superfícies KM e F8
6 meses – 98,3%
1 ano – 96,6%
Navarro et al.,
2004 – Brasil
Ketac-Molar
(3M ESPE)
18-54 60 151 3 anos
Classe III e V
90,7%
Wang et al.,
2004 – Brasil
Ketac-Molar
(3M ESPE)
7-12 anos 118 150- 3 anos
Classe I
94,7%
FONTE: Navarro et al., 2004.
QUADRO 3 - Avaliação do ART utilizando-se CIV em permanentes.
110
AUTOR /
ANO / LOCAL
DO ESTUDO
CIV
FAIXA
ETÁRIA
(média/anos)
Nº DE
PACIENTES
Nº DE
RESTAU-
RAÇÕES
PERÍO-
DO DE
AVALIA-
ÇÃO
% DE SUCESSO
França et al.,
1998 – Brasil
Fuji IX (GC) 4-6 137 320 1 ano
Classe I – 75,3%
Classe II – 39,1%
Classe III – 72,9%
Classe IV – 55,6%
Classe V – 90%
Rodrigues et al.,
1998 – Brasil
Fuji IX (GC)
Fuji Plus
(GC)-FP
3-6 - 281 6 meses
Fuji IX
Classe I – 71,7%
Classe II – 55,6%
Fuji Plus
Classe II – 92,9%
Terada et al.,
1998 – Brasil
Fuji IX
(GC)-F9
Fuji Plus
(GC)-FP
3-7 119 525 6 meses
Fuji IX
Classe I – 89,6%
Fuji Plus
Classe I – 90,9%
Classe II – 78,4%
Taifour et al.,
2002 – Síria
Fuji IX
(GC)-F9
Ketac-Molar
(KM)
(3M ESPE)
6-7 835 482 3 anos
1 superfície – 86,1%
111
ANEXO C
112
ANEXO D
113
APÊNDICES
APÊNDICESAPÊNDICES
APÊNDICES
114
APÊNDICE A
PROJETO ART- GESTANTES
PRONTUÁRIO ODONTOLÓGICO
1. IDENTIFICAÇÃO Nº______________
Nome: ___________________________________________________________________
Estado civil:________________________________________________________________
Data de nascimento: ________________________ Idade: ___________________________
Local de nascimento: ______________________ Profissão: _________________________
Local de trabalho____________________________________________________________
Renda_____________________Escolaridade_____________________________________
RG: ____________________________________________________________________
Endereço:_________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
Bairro_________________________________________CEP________________________
_________________________________________________________________________
Cidade ________________________________________Estado______________________
Telefone resid.:_____________ Comercial:____________
FAX:______________________________________________________________________
Celular:___________________________________________________________________
ANAMNESE
2. DOENÇA ATUAL
Queixa principal___________________________________________________________
Dor:__________________________________DPP( )_______DPA ( )________________
3. HISTÓRIA MÉDICA e FAMILIAR
_________________________________________________________________
4. QUESTIONÁRIO GESTACIONAL
1-Idade gestacional ( data da coleta) ____________________________________
2- Número de gestações______________________________________________
3- Unidade Hospitatar prevista para o parto_______________________________
4- Posto de Saúde do pré-natal_________________________________________
115
5-ÍNDICE DE PLACA DENTAL
ODONTOGRAMA INICIAL
ODONTOGRAMA FINAL
6-PLANO DE TRATAMENTO
a) TRATAMENTO RESTAURADOR ATRAUMÁTICO:
__________________________________________________________________________
b) ORIENTAÇÃO DA DIETA, HIGIENE BUCAL
__________________________________________________________________________
c) APLICAÇÃO TÓPICA DE FLÚOR:
__________________________________________________________________________
d) SELANTES:
116
TRATAMENTO RESTAURADOR
unidade procedimento material unidade procedimento
material
CRONOGRAMA DE ATENDIMENTO
1ª SESSÃ0 - DATA: ____/____/____
________________________________________________________________________
2ª SESSÃ0 - DATA: ____/____/____
________________________________________________________________________
3ª SESSÃ0 - DATA: ____/____/____
________________________________________________________________________
4ª SESSÃ0 - DATA: ____/____/____
________________________________________________________________________
________________________________________________________
Assinatura do Paciente
117
APÊNDICE B
Universidade Estadual de Feira de Santana
Consentimento livre e esclarecido
Eu,__________________________________________ abaixo assinado, entendi o
trabalho de pesquisa, da etapa restauradora, que será desenvolvido na clínica da
UEFS, em gestantes portadoras ou não de doença periodontal. Cada participante,
deste trabalho permitirá que sejam realizados questionários sobre a sua saúde,
dieta e higiene da boca. Serão também realizados exames odontológicos, bem
como o Tratamento Restaurador Atraumático. Este tratamento é realizado com
colheres próprias para tirar a rie e é colocado um material restaurador que libera
flúor, não sendo utilizada anestesia. A gestante seconvidada a participar de um
Programa de Educação em Saúde, com palestras que informaram sobre a saúde
bucal, dieta e higiene da boca. Os dados obtidos serviram para esclarecimentos aos
profissionais de saúde para melhor compreender esta técnica, no estado de
gestação. Esses dados serão confidenciais e quando os dados forem publicados as
participantes não serão identificadas. Caso não seja a vontade da voluntária
participar do estudo, a qualquer momento terá liberdade de recusar ou abandonar a
participação, sem qualquer prejuízo para a mesma.
Feira de Santana, _____/______/______
____________________________________________________
Nome da voluntária
Assinatura da voluntária ou responsável
Pesquisador : Rejane Nunes Lopes de Oliveira – (75) 3221-8322
118
APÊNDICE C
AVALIAÇÃO DOS INDICADORES DE RISCO À CÁRIE
Início Final
DATAS __/__/__ __/__/__
1. HIGIENE BUCAL
Escovação (n
o
vezes/dia) a partir de 3 vezes ao dia (+)Não (-)
Escova antes de dormir? Sim (+) Não (-)
Utiliza fio dental diariamente? Sim (+) Não (-)
Uso de outros recursos, quais? Sim (+) Não (-)
2. USO DO FLÚOR
Uso atual - sistêmico, tópico, profissional (data da última
aplicação) Realizada nos últimos 6 meses (+)Não (-)
3. DIETA CARIOGÊNICA
Enjoa muito? Sim (-) Não (+)
Acorda a noite para se alimentar? Sim (-) Não (+)
Frequência diária de ingestão de carboidratos fermentáveis
Até 5 vezes (+)
CLASSIFICAÇÃO DE RISCO
Risco Identificado/ Risco Não Identificado
119
APÊNDICE D
QUESTIONÁRIO INICIAL
1 - Quando foi o seu último tratamento odontológico?
a- meses
b- 1 ano
c- + de 1 ano
d- nunca
OBS.______________________________________________________
2 - Você recebeu alguma orientação sobre higiene bucal?
a- não
b- sim
Se, sim, qual?_________________________________________
3 - Você recebeu alguma orientação sobre o uso do fio dental?
a- não
b- sim
Se, sim, qual?_________________________________________
4 - Você recebeu alguma orientação sobre dieta?
a- não
b- sim
Se, sim, qual?_________________________________________
120
APÊNDICE E
QUESTIONÁRIO FINAL
1 - Sentiu dor durante o Tratamento Restaurador Atraumático?
a - não
b - sim
OBS____________________________________________________
2 - Sentiu dor após o Tratamento Restaurador Atraumático?
a - não
b - sim
OBS____________________________________________________
3 - Essa dor foi:
a – forte
b – suportável
c - não se aplica
OBS____________________________________________________
4 - Você achou que o tratamento foi:
a-rápido
b-demorado
c-normal
OBS____________________________________________________
5 - Você mudou algum hábito de higiene bucal neste período de tratamento?
Em relação à escovação:
a-não
b-sim
OBS____________________________________________________
6 - Em relação ao fio dental:
a-não
b-sim
OBS____________________________________________________
7 - Você mudou algum hábito de dieta neste período de tratamento?
a-não
b-sim
OBS____________________________________________________
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