Download PDF
ads:
ADILSON LONGEN
LIVROS DIDÁTICOS DE ALGACYR MUNHOZ MAEDER SOB UM OLHAR
DA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
Trabalho de Tese de Doutorado apresentado na
Universidade Federal do Paraná, no Setor de
Educação, linha de pesquisa em Educação
Matemática.
Orientador: Dr. Carlos Roberto Vianna
CURITIBA
2007
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
ads:
Dedico esta pesquisa a três personagens
importantes da minha história de vida: NAIA,
JOÃO VICTOR e LAÍS. Sem vocês não teria
nem a motivação e tão pouco objetivo
necessários para contar a história da produção
intelectual de Maeder. Com vocês muitas
outras poderei contar.
SUMÁRIO
LISTA DE ILUSTRAÇÕES.....................................................................................v
LISTA DE TABELAS...............................................................................................viii
LISTA DE QUADROS..............................................................................................ix
LISTA DE GRÁFICOS ............................................................................................x
RESUMO....................................................................................................................xi
ABSTRACT ...............................................................................................................xii
RESUMEN .................................................................................................................xiii
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................1
1.1 MOTIVOS E DÚVIDAS............................................................................2
1.2 DO COMPÊNDIO AO LIVRO DIDÁTICO? ...........................................7
1.3 TRÊS ENSAIOS A PARTIR DE LIVROS DE MATEMÁTICA.............19
2 UMA LEITURA DOS LIVROS ESCRITOS POR MAEDER ..........................26
2.1 PRELIMINARES DE UMA LEITURA ....................................................27
2.2 ÁLGEBRA ELEMENTAR........................................................................35
2.2.l Álgebra elementar – 2ª. parte ........................................................36
2.2.2 Álgebra elementar – 1ª. parte .......................................................50
2.2.3 Álgebra elementar – 3ª. edição.....................................................58
2.3 LIÇÕES DE MATEMÁTICA....................................................................65
2.3.1 Lições de Matemática – 1º. ano (1ª. série)....................................68
2.3.2 Lições de Matemática – 2º. ano (2ª. série)....................................79
2.3.3 Lições de Matemática – 3º. ano (3ª. série)....................................90
2.3.4 Lições de Matemática – 4º. ano (4ª. série)....................................101
2.3.5 Lições de Matemática – 5º. ano (5ª. série)....................................113
2.4 CURSO DE MATEMÁTICA – CURSO GINASIAL...............................121
2.4.1 Curso de Matemática – 1ª. série – ginásio....................................124
2.4.2 Curso de Matemática – 2ª. série – ginásio....................................138
2.4.3 Curso de Matemática – 3ª. série – ginásio....................................148
2.4.4 Curso de Matemática – 4ª. série – ginásio....................................156
ii
2.5 CURSO DE MATEMÁTICA – CICLO COLEGIAL ...............................171
2.5.1 Curso de Matemática – 1º. livro – colégio ...................................172
2.5.2 Curso de Matemática – 2º. livro – colégio ...................................183
2.5.3 Curso de Matemática – 3º. livro – colégio ...................................193
2.6 MATEMÁTICA – CURSO COMERCIAL BÁSICO ...............................207
2.6.1 Matemática – 1ª. série – ensino comercial ...................................209
2.6.2 Matemática – 2ª. série – ensino comercial ...................................216
2.6.3 Matemática – 3ª. série – ensino comercial ...................................221
2.6.4 Matemática – 4ª. série – ensino comercial ...................................226
2.7 CONCLUSÕES DE UMA LEITURA .......................................................234
3 TRIBUNAS DE EDUCADORES .........................................................................237
3.1 TRIBUNA 1: REVISTA BRASILEIRA DE MATEMÁTICA .................241
3.2 TRIBUNA 2: GAZETA DO POVO...........................................................248
3.2.1 Pobre Matemática! – 16/07/1933 .................................................248
3.2.2 Pobre Matemática! – 21/07/1933 .................................................254
3.2.3 Pobre Matemática! – 29/07/1933 .................................................259
3.2.4 Pobre Matemática! – 06/08/1933 .................................................263
3.2.5 Pobre Matemática! – 20/08/1933 .................................................268
3.2.6 Conterrâneos na tribuna................................................................271
3.3 TRIBUNA 3: COMPANHIA EDITORA NACIONAL ............................288
3.4 SEREBRENICK VERSUS MAEDER........................................................289
3.5 CONCLUSÕES DE DISCUSSÕES EM TRIBUNAS ..............................304
4 ILUSTRAÇÕES EM LIVROS DIDÁTICOS DE MATEMÁTICA..................307
4.1 ILUSTRAÇÕES EM LIÇÕES DE MATEMÁTICA: 1ª. SÉRIE ..............315
4.2 ILUSTRAÇÕES EM LIÇÕES DE MATEMÁTICA: 2ª. SÉRIE ..............330
4.3 ILUSTRAÇÕES EM LIÇÕES DE MATEMÁTICA: 3ª. SÉRIE ..............339
4.4 ILUSTRAÇÕES EM LIÇÕES DE MATEMÁTICA: 4ª. SÉRIE ..............347
4.5 ILUSTRAÇÕES EM LIÇÕES DE MATEMÁTICA: 5ª. SÉRIE ..............356
4.6 CONCLUSÕES SOBRE O USO DE ILUSTRAÇÕES.............................363
iii
5 LIVROS DIDÁTICOS DE ALGACYR MUNHOZ MAEDER SOB UM
OLHAR DA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA..........................................................367
REFERÊNCIAS ........................................................................................................379
ANEXO I – CURRICULUM VITAE DE MAEDER FORNECIDO PELA FAMÍLIA
E ELABORADO POR ALGACYR MUNHOZ MAEDER EM 1969 .......................388
ANEXO II – LIVROS DE MATEMÁTICA QUE ESTÃO NO ACERVO DA
FAMÍLIA E QUE PERTENCERAM ALGACYR MUNHOZ MAEDER. ...............392
ANEXO III – LOCALIZAÇÃO DAS ILUSTRAÇÕES NA COLEÇÃO LIÇÕES
DE MATEMÁTICA....................................................................................................395
ANEXO IV – INFORMAÇÕES SOBRE OS LIVROS DE MAEDER QUE FORAM
FORNECIDAS PELA EDIÇÕES MELHORAMENTOS..........................................400
iv
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1 – FOTOGRAFIAS DE MAEDER EM CINCO MOMENTOS ...................................... 4
FIGURA 2 – CAPAS DOS LIVROS ESCRITOS POR MAEDER .................................................. 11
FIGURA 3 – ESQUEMA EMISSOR-RECEPTOR........................................................................... 16
FIGURA 4 – ESQUEMA CIRCULAR ............................................................................................. 17
FIGURA 5 – ÁLGEBRA ELEMENTAR – 3ª. EDIÇÃO.................................................................. 21
FIGURA 6 – COLEÇÃO LIÇÕES DE MATEMÁTICA.................................................................. 23
FIGURA 7 – TESE CONFORME ESCOLHA.................................................................................. 29
FIGURA 8 – TESE CONFORME SORTEIO ................................................................................... 30
FIGURA 9 – REFERÊNCIAS NA TESE DE MAEDER.................................................................. 32
FIGURA 10 – ANOTAÇÕES DE MAEDER.................................................................................... 34
FIGURA 11 – CAPAS DOS LIVROS ÁLGEBRA ELEMENTAR.................................................. 35
FIGURA 12 – CAPA DO LIVRO ÁLGEBRA ELEMENTAR - 2ª. PARTE ................................... 37
FIGURA 13 – PÁGINA INICIAL DO LIVRO ÁLGEBRA ELEMENTAR – 2ª. PARTE .............. 38
FIGURA 14 – PARECER PUBLICADO EM JORNAL................................................................... 39
FIGURA 15 – FÓRMULAS PARA PROGRESSÃO ARITMÉTICA .............................................. 48
FIGURA 16 – CAPA DO LIVRO ÁLGEBRA ELEMENTAR – 1ª. PARTE................................... 51
FIGURA 17 – PÁGINA INICIAL DO LIVRO ÁLGEBRA ELEMENTAR – 1ª. PARTE .............. 52
FIGURA 18 – MULTIPLICAÇÃO DE POLINÔMIOS ................................................................... 57
FIGURA 19 – EXEMPLOS DE SÉRIES .......................................................................................... 57
FIGURA 20 – APRESENTAÇÃO DA 3ª. EDIÇÃO DE ÁLGEBRA ELEMENTAR ..................... 58
FIGURA 21 – CAPA DO LIVRO ÁLGEBRA ELEMENTAR – 3ª. EDIÇÃO ................................ 59
FIGURA 22 – PÁGINA INICIAL DO LIVRO ÁLGEBRA ELEMENTAR – 3ª. EDIÇÃO ............ 60
FIGURA 23 – RECORTE DO DIÁRIO DE SÃO PAULO .............................................................. 65
FIGURA 24 – COLEÇÃO LIÇÕES DE MATEMÁTICA E DATAS .............................................. 66
FIGURA 25 – CAPA DE LIÇÕES DE MATEMÁTICA – 1º. ANO................................................ 70
FIGURA 26 – PÁGINA INICIAL DE LIÇÕES DE MATEMÁTICA – 1º. ANO............................ 71
FIGURA 27 – NOTA SOBRE ILUSTRAÇÃO................................................................................. 79
FIGURA 28 – CAPA DE LIÇÕES DE MATEMÁTICA – 2º. ANO................................................ 82
FIGURA 29 – PÁGINA INICIAL DE LIÇÕES DE MATEMÁTICA – 2º. ANO............................ 83
FIGURA 30 – MOEDAS ................................................................................................................... 88
FIGURA 31 – UMA DEMONSTRAÇÃO ........................................................................................ 89
FIGURA 32 – CAPA DE LIÇÕES DE MATEMÁTICA – 3º. ANO................................................ 91
FIGURA 33 PÁGINA INICIAL DE LIÇÕES DE MATEMÁTICA – 3º. ANO ........................... 92
FIGURA 34 – REGRA DE RADICIAÇÃO ...................................................................................... 100
FIGURA 35 – CAPA DE LIÇÕES DE MATEMÁTICA – 4º. ANO................................................ 102
FIGURA 36 – PÁGINA INICIAL DE LIÇÕES DE MATEMÁTICA – 4º. ANO............................ 103
FIGURA 37 – TEOREMA DE PITÁGORAS................................................................................... 109
FIGURA 38 – GENERALIZAÇÃO DO TEOREMA DE PITÁGORAS.......................................... 110
FIGURA 39 –
CAPA DE LIÇÕES DE MATEMÁTICA – 5º. ANO................................................ 113
FIGURA 40 PÁGINA INICIAL DE LIÇÕES DE MATEMÁTICA – 5º. ANO........................... 114
FIGURA 41 – PRODUTO DE BINÔMIOS ...................................................................................... 119
FIGURA 42 – COLEÇÃO PARA O GINÁSIO ................................................................................ 122
FIGURA 43 – CAPA DA 1ª. SÉRIE DO CURSO GINASIAL: 1962 .............................................. 124
FIGURA 44 – PÁGINA INICIAL DA 1ª. SÉRIE DO CURSO GINASIAL: 1962 .......................... 125
FIGURA 45 – CAPA DA 1ª. SÉRIE DO CURSO GINASIAL: 1943 .............................................. 126
FIGURA 46 – PÁGINA INICIAL DA 1ª. SÉRIE DO CURSO GINASIAL: 1943 .......................... 127
FIGURA 47 – O METRO .................................................................................................................. 133
FIGURA 48 – MÚLTIPLOS E SUBMÚLTIPLOS DO METRO ..................................................... 134
FIGURA 49 – MÚLTIPLOS E SUBMÚLTIPLOS DO QUILOGRAMA........................................ 135
v
FIGURA 50 – DIVISORES ............................................................................................................... 136
FIGURA 51 – ALGORITMO DE EUCLIDES ................................................................................. 136
FIGURA 52 – UNIDADE DE VELOCIDADE................................................................................. 137
FIGURA 53 – CAPA DA 2ª. SÉRIE DO CURSO GINASIAL: 1952 .............................................. 138
FIGURA 54 – PÁGINA INICIAL DA 2ª. SÉRIE DO CURSO GINASIAL: 1952 .......................... 139
FIGURA 55 – CAPA DA 2ª. SÉRIE DO CURSO GINASIAL: 1961 .............................................. 140
FIGURA 56 – PÁGINA INICIAL DA 2ª. SÉRIE DO CURSO GINASIAL: 1961 .......................... 141
FIGURA 57 – REGRA PARA RAIZ QUADRADA......................................................................... 146
FIGURA 58 – CUBO DE BINÔMIO................................................................................................ 147
FIGURA 59 – CAPA DA 3ª. SÉRIE DO CURSO GINASIAL: 1962 .............................................. 148
FIGURA 60 – PÁGINA INICIAL DA 3ª. SÉRIE DO CURSO GINASIAL: 1962 .......................... 149
FIGURA 61 – CAPA DA 3ª. SÉRIE DO CURSO GINASIAL: 1944 .............................................. 150
FIGURA 62 – PÁGINA INICIAL DA 3ª. SÉRIE DO CURSO GINASIAL: 1944 .......................... 151
FIGURA 63 – CAPA DA 4ª. SÉRIE DO CURSO GINASIAL: 1962 .............................................. 156
FIGURA 64 – PÁGINA INICIAL DA 4ª. SÉRIE DO CURSO GINASIAL: 1962 .......................... 157
FIGURA 65 – CAPA DA 4ª. SÉRIE DO CURSO GINASIAL: 1945 .............................................. 158
FIGURA 66 – PÁGINA INICIAL DA 4ª. SÉRIE DO CURSO GINASIAL: 1945 .......................... 159
FIGURA 67 – TEOREMA DE PITOT .............................................................................................. 162
FIGURA 68 – CÁLCULO DO
π
..................................................................................................... 163
FIGURA 69 – PRIMEIRA COLEÇÃO PARA O GINÁSIO ............................................................ 166
FIGURA 70 – SEGUNDA COLEÇÃO PARA O GINÁSIO ............................................................ 169
FIGURA 71 – COLEÇÃO PARA O COLÉGIO ............................................................................... 171
FIGURA 72 – REGRA PARA APROXIMAÇÕES .......................................................................... 175
FIGURA 73 – CAPA DA 1ª. SÉRIE DO CURSO COLEGIAL: 1961 ............................................. 177
FIGURA 74 – PÁGINA INICIAL DA 1ª. SÉRIE DO CURSO COLEGIAL: 1961 ......................... 178
FIGURA 75 – CAPA DA 1ª. SÉRIE DO CURSO COLEGIAL: 1946 ............................................. 179
FIGURA 76 – PÁGINA INICIAL DA 1ª. SÉRIE DO CURSO COLEGIAL: 1946 ......................... 180
FIGURA 77 – CAPA DA 2ª. SÉRIE DO CURSO COLEGIAL: 1951 ............................................. 183
FIGURA 78 – PÁGINA INICIAL DA 2ª. SÉRIE DO CURSO COLEGIAL: 1951 ......................... 184
FIGURA 79 – CAPA 2ª. SÉRIE DO CURSO COLEGIAL: 1955 .................................................... 185
FIGURA 80 – PÁGINA INICIAL DA 2ª. SÉRIE DO CURSO COLEGIAL: 1955 ......................... 186
FIGURA 81 – CAPA DA 3ª. SÉRIE DO CURSO COLEGIAL: 1948 ............................................. 193
FIGURA 82 – PÁGINA INICIAL DA 3ª. SÉRIE DO CURSO COLEGIAL: 1948 ......................... 194
FIGURA 83 – CAPA DA 3ª. SÉRIE DO CURSO COLEGIAL: 1959 ............................................. 195
FIGURA 84 – PÁGINA INICIAL DA 3ª. SÉRIE DO CURSO COLEGIAL: 1959 ......................... 196
FIGURA 85 – GRÁFICO DE FUNÇÃO LOGARÍTMICA.............................................................. 202
FIGURA 86 – RELAÇÃO ENTRE VARIÁVEIS............................................................................. 203
FIGURA 87 – LIMITE TRIGONOMÉTRICO.................................................................................. 203
FIGURA 88 – DUAS COLEÇÕES PARA O COLÉGIO ................................................................. 205
FIGURA 89 – COLEÇÃO PARA O CURSO COMERCIAL BÁSICO ........................................... 207
FIGURA 90 – CAPA DA 1ª. SÉRIE DO CURSO COMERCIAL BÁSICO .................................... 211
FIGURA 91 – PÁGINA INICIAL DA 1ª. SÉRIE DO CURSO COMERCIAL BÁSICO................ 212
FIGURA 92 – ENCAMINHAMENTO DE FRAÇÕES ................................................................... 214
FIGURA 93 – POTÊNCIA DE UMA SOMA .................................................................................. 215
FIGURA 94 – CAPA 2ª. SÉRIE DO CURSO COMERCIAL BÁSICO........................................... 216
FIGURA 95 – PÁGINA INICIAL DA 2ª. SÉRIE DO CURSO COMERCIAL BÁSICO................ 217
FIGURA 96 – CORPOS REDONDOS.............................................................................................. 219
FIGURA 97 – CAPA DA 3ª. SÉRIE DO CURSO COMERCIAL BÁSICO .................................... 221
FIGURA 98 – PÁGINA INICIAL DA 3ª. SÉRIE DO CURSO COMERCIAL BÁSICO................ 222
FIGURA 99 – REPRESENTAÇÃO CARTESIANA........................................................................ 224
FIGURA 100 – CAPA 4ª. SÉRIE DO CURSO COMERCIAL BÁSICO......................................... 226
FIGURA 101 – PÁGINA INICIAL DA 4ª. SÉRIE DO CURSO COMERCIAL BÁSICO.............. 227
FIGURA 102 – ENCAMINHAMENTO DE PROPORÇÃO ............................................................ 229
vi
FIGURA 103 – EIXO DE SIMETRIA NUMA CONCHA ............................................................... 231
FIGURA 104 – ÁLGEBRA ELEMENTAR DE MAEDER.............................................................. 239
FIGURA 105 – CONTRA CAPA DA REVISTA BRASILEIRA DE MATEMÁTICA................... 242
FIGURA 106 – ALGUNS ANUNCIANTES DA REVISTA BRASILEIRA DE MATEMÁTICA . 243
FIGURA 107 – POBRE MATEMÁTICA – MAEDER (1): 16/07/1933 .......................................... 252
FIGURA 108 – POBRE MATEMÁTICA – MAEDER (2): 21/07/1933 .......................................... 257
FIGURA 109 – POBRE MATEMÁTICA – MAEDER (3): 29/07/1933 .......................................... 261
FIGURA 110 – CAPA DO LIVRO DE CECIL THIRÉ E MELLO E SOUZA................................ 264
FIGURA 111 – POBRE MATEMÁTICA – MAEDER (4): 06/08/1933 .......................................... 266
FIGURA 112 – POBRE MATEMÁTICA – MAEDER (5): 20/08/1933 .......................................... 270
FIGURA 113 – ARTIGO DE COBBE (1): 25/07/1933 .................................................................... 273
FIGURA 114 – ARTIGO DE COBBE (2): 02/08/1933 .................................................................... 277
FIGURA 115 – ARTIGO DE COBBE (3): 10/08/1933 .................................................................... 281
FIGURA 116 – ARTIGO DE PIMPÃO (1): 28/07/1933................................................................... 284
FIGURA 117 – ARTIGO DE PIMPÃO (2): 04/08/1933................................................................... 286
FIGURA 118 – EXEMPLO DE ILUSTRAÇÃO – CATEGORIA 1................................................. 311
FIGURA 119 – EXEMPLO DE ILUSTRAÇÃO – CATEGORIA 2................................................. 312
FIGURA 120 – EXEMPLO DE ILUSTRAÇÃO – CATEGORIA 3................................................. 312
FIGURA 121 – EXEMPLO DE ILUSTRAÇÃO – CATEGORIA 4................................................. 313
FIGURA 122 – EXEMPLO DE ILUSTRAÇÃO – CATEGORIA 5................................................. 313
FIGURA 123 – ADIÇÃO DE NÚMEROS........................................................................................ 317
FIGURA 124 – DIVISORES DE UM NÚMERO ............................................................................. 317
FIGURA 125 – EXTRAÇÃO DA RAIZ QUADRADA ................................................................... 318
FIGURA 126 – DIVISÃO DE NÚMEROS....................................................................................... 318
FIGURA 127 – MEDIDAS DE SUPERFÍCIE .................................................................................. 319
FIGURA 128 – MEDIDAS DE COMPRIMENTO........................................................................... 319
FIGURA 129 – O METRO EM PLATINA IRIDIADA.................................................................... 320
FIGURA 130 – RÉGUA .................................................................................................................... 321
FIGURA 131 – O METRO NA CONSTRUÇÃO ............................................................................. 321
FIGURA 132 – CORRENTES DE MEDIR ...................................................................................... 321
FIGURA 133 – TRENA..................................................................................................................... 321
FIGURA 134 – MEDIDA DE LENHA ............................................................................................. 322
FIGURA 135 – BALANÇA............................................................................................................... 322
FIGURA 136 – TIPOS DE PESOS UTILIZADOS PARA MEDIR ................................................. 323
FIGURA 137 – FIGURAS GEOMÉTRIACAS VERSUS TEXTO ................................................... 324
FIGURA 138 – QUADRADO NO PLANO CARTESIANO ........................................................... 325
FIGURA 139 – GRÁFICO EXPORTAÇÃO BRASILEIRA ............................................................ 326
FIGURA 140 – FRANCO FRANCÊS VERSUS RÉIS...................................................................... 326
FIGURA 141 – SAFRA DE CAFÉ 1933-1934 ................................................................................. 327
FIGURA 142 – GRÁFICO DE BARRAS E A ERVA-MATE ......................................................... 328
FIGURA 143 – A EXTENSÃO DA REDE FERROVIÁRIA ........................................................... 328
FIGURA 144 – RECENSEAMENTO DE CAFEEIROS DE 1929................................................... 329
FIGURA 145 – EXEMPLOS DE DESENHOS DE CONSTRUÇÃO .............................................. 332
FIGURA 146 – GEOMETRIA E DESENHO GEOMÉTRICO ........................................................ 332
FIGURA 147 – CRISTO REDENTOR E ESCALA.......................................................................... 333
FIGURA 148 – A CAPITAL BRASILEIRA E TRIÂNGULOS....................................................... 334
FIGURA 149 – TRIGONOMETRIA E PINHEIRO.......................................................................... 335
FIGURA 150 – O TRANSFERIDOR................................................................................................ 336
FIGURA 151 – TRAÇANDO UMA PERPENDICULAR................................................................ 336
FIGURA 152 – RELAÇÃO ENTRE GRANDEZAS ........................................................................ 337
FIGURA 153 – MOEDAS ESTRANGEIRAS .................................................................................. 337
FIGURA 154 – GRÁFICO DE FUNÇÃO......................................................................................... 339
FIGURA 155 – PROBLEMAS CLÁSSICOS ................................................................................... 341
vii
FIGURA 156 – TRANSLAÇÃO ....................................................................................................... 342
FIGURA 157 – ROTAÇÃO............................................................................................................... 342
FIGURA 158 – ROTAÇÃO EM TORNO DE UM CENTRO .......................................................... 343
FIGURA 159 – SIMETRIA NO PLANO.......................................................................................... 343
FIGURA 160 – HIPÉRBOLE............................................................................................................ 344
FIGURA 161 – DEMONSTRAÇÃO NO TRIÂNGULO.................................................................. 345
FIGURA 162 – FUNÇÃO CÚBICA ................................................................................................. 345
FIGURA 163 – PARÁBOLA E FUNÇÃO........................................................................................ 346
FIGURA 164 – COMPASSO ESFÉRICO......................................................................................... 349
FIGURA 165 – POLÍGONO ESTRELADO ..................................................................................... 349
FIGURA 166 – CONSTRUÇÕES DE ENEÁGONOS ..................................................................... 350
FIGURA 167 – PROBLEMA GEOMÉTRICO ................................................................................. 350
FIGURA 168 – TRIÂNGULO E HEXÁGONO................................................................................ 351
FIGURA 169 – LÚNULAS DE HIPÓCRATES ............................................................................... 351
FIGURA 170 – ICOSAEDRO ........................................................................................................... 352
FIGURA 171 – ESFERA INSCRITA NO HEXAEDRO.................................................................. 352
FIGURA 172 – TABUA DE LOGARITMOS................................................................................... 353
FIGURA 173 – RAZÕES TRIGONOMÉTRICAS ........................................................................... 354
FIGURA 174 – PROBLEMA DAS LUZES...................................................................................... 355
FIGURA 175 – FUNÇÃO SENO ...................................................................................................... 355
FIGURA 176 – INTERPRETAÇÃO DE DERIVADAS................................................................... 357
FIGURA 177 – INTEGRAL DEFINIDA .......................................................................................... 358
FIGURA 178 – LUGAR GEOMÉTRICO......................................................................................... 358
FIGURA 179 – FAROL..................................................................................................................... 359
FIGURA 180 – SECÇÕES CÔNICAS.............................................................................................. 360
FIGURA 181 – EQUIVALÊNCIA DE PIRÂMIDES ....................................................................... 361
FIGURA 182 – TÁBUA REPRODUZIDA DA F.T.D...................................................................... 362
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – EDIÇÕES DE LIÇÕES DE MATEMÁTICA: 1º. ANO............................................. 74
TABELA 2 – EDIÇÕES DE LIÇÕES DE MATEMÁTICA: 2º. ANO............................................. 80
TABELA 3 –
EDIÇÕES DE LIÇÕES DE MATEMÁTICA: 3º. ANO ............................................ 93
TABELA 4 –
EDIÇÕES DE LIÇÕES DE MATEMÁTICA: 4º. ANO ............................................ 101
TABELA 5 – FÓRMULAS PARA RAZÕES TRIGONOMÉTRICAS ............................................ 112
TABELA 6 –
EDIÇÕES DE LIÇÕES DE MATEMÁTICA: 5º. ANO ............................................ 115
TABELA 7
EDIÇÕES DO 1º. ANO GINASIAL .......................................................................... 128
TABELA 8 – EDIÇÕES DO 2º. ANO GINASIAL........................................................................... 142
TABELA 9 – EDIÇÕES DO 3º. ANO GINASIAL........................................................................... 153
TABELA 10 – EDIÇÕES DO 4º. ANO GINASIAL......................................................................... 160
TABELA 11 – EDIÇÕES DO 1º. ANO COLEGIAL........................................................................ 172
TABELA 12 – EDIÇÕES DO 2º. ANO COLEGIAL........................................................................ 188
TABELA 13
EDIÇÕES DO 3º. ANO COLEGIAL ....................................................................... 197
TABELA 14 EDIÇÕES DA 1ª. SÉRIE DO CURSO COMERCIAL BÁSICO............................. 210
TABELA 15
EDIÇÕES DA 2ª. SÉRIE DO CURSO COMERCIAL BÁSICO............................. 220
TABELA 16
EDIÇÕES DA 3ª. SÉRIE DO CURSO COMERCIAL BÁSICO............................. 223
TABELA 17 EDIÇÕES DA 4ª. SÉRIE DO CURSO COMERCIAL BÁSICO............................. 231
TABELA 18 – NÚMERO DE ILUSTRAÇÕES POR CATEGORIA: 1ª. SÉRIE ............................ 315
viii
TABELA 19 – NÚMERO DE ILUSTRAÇÕES POR CATEGORIA: 2ª. SÉRIE ............................ 330
TABELA 20 – NÚMERO DE ILUSTRAÇÕES POR CATEGORIA: 3ª. SÉRIE ............................ 339
TABELA 21 – NÚMERO DE ILUSTRAÇÕES POR CATEGORIA: 4ª. SÉRIE ............................ 347
TABELA 22 – NÚMERO DE ILUSTRAÇÕES POR CATEGORIA: 5ª. SÉRIE ............................ 356
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 – LISTA DOS LIVROS ESCRITOS POR MAEDER.................................................. 10
QUADRO 2 – ESQUEMA SUBDIVISÕES DA MATEMÁTICA................................................... 32
QUADRO 3 – ASSUNTOS DE ÁLGEBRA ELEMENTAR – 2ª. PARTE ...................................... 40
QUADRO 4 – ASSUNTOS DE ÁLGEBRA ELEMENTAR – 2ª. PARTE – 2ª. EDIÇÃO .............. 44
QUADRO 5 – FÓRMULAS DE PROGRESSÃO ARITMÉTICA ................................................... 48
QUADRO 6 – ASSUNTOS DE ÁLGEBRA ELEMENTAR – 1ª. PARTE – 1ª. EDIÇÃO .............. 50
QUADRO 7 – ASSUNTOS DE ÁLGEBRA ELEMENTAR – 3ª. EDIÇÃO.................................... 62
QUADRO 8 – PROGRAMAS PARA O 1º. ANO ............................................................................ 75
QUADRO 9 –
PROGRAMAS PARA O 2º. ANO ............................................................................ 84
QUADRO 10 – PROGRAMAS PARA O 3º. ANO .......................................................................... 95
QUADRO 11 – PROGRAMAS PARA O 4º. ANO .......................................................................... 104
QUADRO 12 – RELAÇÕES TRIGONOMÉTRICAS...................................................................... 111
QUADRO 13 –
PROGRAMAS PARA O 5º. ANO .......................................................................... 115
QUADRO 14 – COMPARAÇÃO ENTRE EDIÇÕES: 1ª. SÉRIE DO GINÁSIO .......................... 131
QUADRO 15 – COMPARAÇÃO ENTRE EDIÇÕES: 2ª. SÉRIE DO GINÁSIO ........................... 143
QUADRO 16 – COMPARAÇÃO ENTRE EDIÇÕES: 3ª. SÉRIE DO GINÁSIO ........................... 154
QUADRO 17 – COMPARAÇÃO ENTRE EDIÇÕES: 4ª. SÉRIE DO GINÁSIO ........................... 165
QUADRO 18 – PROGRAMA OFICIAL PARA O GINÁSIO: 1942 – 1ª. SÉRIE ........................... 166
QUADRO 19 – PROGRAMA OFICIAL PARA O GINÁSIO: 1942 – 2ª. SÉRIE ........................... 166
QUADRO 20 – PROGRAMA OFICIAL PARA O GINÁSIO: 1942 – 3ª. SÉRIE ........................... 167
QUADRO 21 – PROGRAMA OFICIAL PARA O GINÁSIO: 1942 – 4ª. SÉRIE ........................... 167
QUADRO 22 – PROGRAMA OFICIAL PARA O GINÁSIO: 1951 ............................................... 170
QUADRO 23 – COMPARAÇÃO ENTRE ÍNDICES DA 1ª. SÉRIE (1946 E 1961) ....................... 176
QUADRO 24 – PROGRAMA OFICIAL PARA O COLÉGIO – 1ª. SÉRIE: 1946 .......................... 181
QUADRO 25 – PROGRAMA OFICIAL PARA O COLÉGIO – 1ª. SÉRIE: 1951 .......................... 182
QUADRO 26 – COMPARAÇÃO ENTRE INDICES DA 2ª. SÉRIE (1951 E 1955) ....................... 187
QUADRO 27 – 2ª. SÉRIE – 1951 – CLÁSSICO E CIENTÍFICO.................................................... 190
QUADRO 28 – COMPARAÇÃO ENTRE ÍNDICES DA 3ª. SÉRIE (1948 E 1959) ....................... 200
QUADRO 29 – PROGRAMA OFICIAL – 3ª. SÉRIE: 1942 ............................................................ 201
QUADRO 30 – PROGRAMA OFICIAL – 3ª. SÉRIE: 1951 ............................................................ 202
QUADRO 31 – CAPÍTULOS DA 2ª. SÉRIE DO CURSO COMERCIAL BÁSICO....................... 218
QUADRO 32 – ELEMENTOS DE UMA DISCUSSÃO .................................................................. 240
QUADRO 33 – FORMATO DOS QUADROS SEREBRENICK VERSUS MAEDER.................... 290
QUADRO 34 – SOBRE A UTILIZAÇÃO DE LETRAS REPETIDAS........................................... 291
QUADRO 35 – SOBRE A ORDEM NA SOMA DE NÚMEROS ALGÉBRICOS.......................... 292
QUADRO 36 – SOBRE A DEFINIÇÃO DE EXPOENTE............................................................... 293
QUADRO 37 – SOBRE A EQUIVALÊNCIA DE FRAÇÕES......................................................... 294
QUADRO 38 – SOBRE EQUAÇÕES COMPLETAS E INCOMPLETAS...................................... 295
QUADRO 39 – SOBRE POTENCIAÇÃO........................................................................................ 296
QUADRO 40 – SOBRE VALOR NUMÉRICO DE EXPRESSÃO ALGÉBRICA.......................... 297
QUADRO 41 – SOBRE A FÓRMULA DA PROGRESSÃO ARITMÉTICA ................................. 298
QUADRO 42 – SOBRE A UTILIZAÇÃO DE LETRAS ................................................................. 299
ix
QUADRO 43 – SOBRE POTÊNCIA PAR E POTÊNCIA ÍMPAR.................................................. 300
QUADRO 44 – SOBRE PROGRESSÃO GEOMÉTRICA............................................................... 301
QUADRO 45 – SOBRE EQUAÇÕES BIQUADRADAS................................................................. 301
QUADRO 46 – SOBRE DISCUSSÕES DE EQUAÇÕES DO 2º. GRAU ....................................... 302
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 – SOBRE A QUANTIDADE DE IMPRESSÕES – 1ª. SÉRIE.................................... 173
GRÁFICO 2 – SOBRE A QUANTIDADE DE IMPRESSÕES – 2ª. SÉRIE.................................... 189
GRÁFICO 3 – SOBRE A QUANTIDADE DE IMPRESSÕES – 3ª. SÉRIE.................................... 197
GRÁFICO 4 – SOBRE IMPRESSÕES – 1ª. SÉRIE – COMERCIAL ............................................. 210
GRÁFICO 5 – SOBRE IMPRESSÕES – 2ª. SÉRIE – COMERCIAL.............................................. 220
GRÁFICO 6 – COMPARAÇÃO ENTRE AS ILUSTRAÇÕES: 1ª. SÉRIE..................................... 316
GRÁFICO 7 – COMPARAÇÃO ENTRE AS ILUSTRAÇÕES: 2ª. SÉRIE..................................... 331
GRÁFICO 8 – COMPARAÇÃO ENTRE AS ILUSTRAÇÕES: 3ª. SÉRIE..................................... 340
GRÁFICO 9 – COMPARAÇÃO ENTRE AS ILUSTRAÇÕES: 4ª. SÉRIE..................................... 348
GRÁFICO 10 – COMPARAÇÃO ENTRE AS ILUSTRAÇÕES: 5ª. SÉRIE................................... 357
GRÁFICO 11 – ILUSTRAÇÕES CONFORME CATEGORIAS E SÉRIES ................................... 363
GRÁFICO 12 – UTILIZAÇÃO DE ILUSTRAÇÕES – CATEGORIA 3......................................... 365
x
RESUMO
Algacyr Munhoz Maeder foi autor de 28 livros de Matemática para o ensino escolar
brasileiro. Iniciando em 1928, ainda na época dos compêndios, publicou quatro
coleções voltadas ao ensino dessa disciplina que foram editadas até o ano de 1962.
Esses livros testemunham a transição entre compêndio e livro didático, além de serem
registros do nascimento da disciplina de Matemática como unificação de seus ramos.
Foram escritos em meio a reformas, decretos e portarias de ensino ocorridas no Brasil
e, nesse sentido, são documentos de como o ensino de Matemática sofreu alterações ao
longo de algumas décadas. Este trabalho, na área da História da Educação Matemática,
recupera a história da produção didática desse autor na forma de três ensaios: 1) Uma
leitura dos livros escritos por Maeder – buscando observar os saberes escolares
presentes e como esses livros foram elaborados em meio a referências decorrentes de
reformas educacionais; 2) Tribunas de educadores – evidenciando a presença do autor
Maeder numa discussão ocorrida em 1933 pela crítica de um de seus livros em uma
revista dirigida a professores de Matemática; 3) Ilustrações em livros didáticos de
Matemática – que, por meio de categorias elaboradas nesse estudo, aborda a utilização
desse importante componente didático numa coleção escrita ainda na primeira metade
do século XX.
Palavras-chaves:
Educação Matemática – Livro didático – Ilustrações – História da Educação
Matemática – Saberes escolares
xi
A B S T R A C T
Algacyr Munhoz Maeder was the author of 28 Mathematics books for Brazilian
schools. He started in 1928, still a compendium time, and published four collections
which were edited until 1962, all aimed at the teaching of that subject.
These books represent the transition between a compendium and a didactic book,
besides registering the birth of Mathematics as a unification of its branches.
They were written among teaching amendments, decrees and regulations which
occurred in Brazil, and being so, their meaning is that of documents that show the
changes which Mathematics has been through along the last decades. This work, in
the History area of Mathematics Education, brings back the history of the didactic
production of the author in three essays: 1) a reading of Maeder´s books trying to
observe the current school knowledge and how these books were elaborated among
references resulting from educational reformulations; 2) Educators Gallery: -
showing Maeder´s presence in a discussion occurred in 1933, because of the criticism
about one of his books, in a magazine specially aimed at Mathematics teachers; 3)
Illustrations in Mathematics didactic books - which through elaborated categories in
this study, approach the utilization of this very important didactic component in a
collection already written in the first half of the twentieth century.
Key-words:
Mathematics Teaching – Didactic Book – Illustrations – Mathematics History – School
Book
xii
RESUMEN
Algacyr Munhoz Maeder fue autor de 28 libros de matemáticas para la enseñanza
escolar brasileña. Su trabajo empezó en 1928, todavía en la época de los compendios,
publicó cuatro colecciones relacionadas a la enseñanza de esta asignatura, que fueron
editadas hasta el año 1962. Estos libros son el testigo de la transición entre compendio
y libro didáctico, además, son el registro del nacimiento de la asignatura de
Matemáticas como unificación de sus partes. Los mismos fueron escritos en medio a
reformas, decretos y porterías de enseñanza ocurridos en Brasil y, en este sentido, son
documentos de cómo la enseñanza de Matemáticas sufrió alteraciones a lo largo de
algunas décadas.
Este trabajo, en el área de Historia en Educación Matemática, recupera la historia de la
producción didáctica de este autor en forma de tres ensayos: 1) Una lectura de los
libros escritos por Maeder – buscando observar los saberes escolares presentes y cómo
esos libros fueron elaborados en medio a referencias decurrentes de reformas
educacionales; 2) Tribunas de educadores - evidenciando la presencia del autor
Maeder en una discusión ocurrida en 1933 por la crítica de uno de sus libros en una
revista dirigida a profesores de Matemáticas; 3) Ilustraciones en libros didácticos de
Matemáticas – que, por medio de categorías elaboradas en este estudio plantea la
utilización de este importante componente didáctico en una colección escrita todavía
en la primera mitad del siglo XX.
Palabras-clave:
Educación Matemática – Libro didáctico – Ilustración – Historia en Educación
Matemática – Saberes Escolares
xiii
PREFÁCIO
Uma tese de doutorado não tem “prefácio”.
Um pouco por acaso, e muito por determinação de alguns amigos, tive a
felicidade de contar com hospedagem, apoio, desafios e propostas de trabalho em um
período um tanto conturbado para mim. Nessa ocasião tive que abandonar, quase ao
final de percurso, três turmas de alunos do Curso de Matemática; e passei
sucessivamente por Rio Claro, Bauru e Campinas. Foi quando tivemos a primeira
reunião do GHOEM, Grupo de Pesquisa em História Oral e Educação Matemática; e,
também foi quando fiz, junto aos programas de Educação Matemática ou alunos dos
meus colegas professores, uma série de aulas experimentais que tinham como título
geral “como preparo minhas aulas”.
Um dos segmentos daquela aula remetia a uma imagem cuja impressão, para
mim, ainda é muito forte, e que descrevo em seguida. Trata-se de uma cena do filme
“parque dos dinossauros”, uma cena em que um Tiranossauro Rex espreita um
automóvel parado e com pessoas dentro. Um dos personagens havia deixado claro para
os demais que o T. Rex não conseguiria visualizá-los, a não ser que se colocassem em
movimento. A imagem é a do predador praticamente encostando-se ao carro, enquanto
que as pessoas dentro dele, apavoradas, lutavam para se manter imóveis, apesar do
pânico. Essa imagem motivou-me a tentar escrever um artigo, jamais concluído,
intitulado: “A educação matemática sob o olhar do tiranossauro”. O que seria, então,
esse artigo? Nele, a Educação Matemática invadia as fronteiras, adentrava em
territórios demarcados, e punha-se – apavoradamente – na condição de ficar paralisada
ou correr; e os tiranossauros seriam as normas acadêmicas, os guardiões dos sistemas
de avaliação, das demarcações disciplinares, e todas essas coisas que embora não
sejam tiranossauros “reais”, constituem-se, a meu ver, como predadores das condições
de possibilidade da instituição de novas práticas e olhares.
Todo esse preâmbulo é para chegarmos ao título desta tese, que coloca “sob o
olhar da Educação Matemática” livros didáticos produzidos por certo professor do
Estado do Paraná. Agora, então, a imagem parece se inverter, e a Educação
Matemática alça-se, por analogia, à condição de predadora, e a vítima é alguém que
em dado momento ousou se movimentar através de campos cujas demarcações ele
parecia não conhecer previamente. Ora, sabemos que este professor do Estado do
Paraná não era um “educador matemático” e que chamar os seus livros de “didáticos”
pode atiçar o paladar de outros tipos de predador no interior da floresta acadêmica...
Mas, e se cogitarmos que o título foi escolhido exatamente por essa razão?
Este trabalho é uma tese de doutorado, e desde o seu título ela especifica uma
condição: olha-se um determinado objeto desde certa perspectiva, ou desde certo
lugar. Situa-se este lugar como sendo a “educação matemática”, mas não se diz
exatamente o que ela é... Um exercício para o leitor consiste em situar o movimento:
xiv
um autor, um orientador, um programa de pós-graduação em educação; e uma tese
produzida dentro desse programa. Um dos exercícios, para o autor da tese, foi o de
situar uma obra, a autoria daquela obra e o lugar de sua produção, bem como algumas
das formas como ela foi recebida.
Uma vez que uma tese de doutorado não pode ter um prefácio, isso não é um
prefácio; e eu não me ponho a falar do que está feito mais adiante. Falo da condição de
orientador de um trabalho que poderia ter sido outro, ou infinitos outros... e de como,
em algum momento dos nossos encontros de orientação acabamos concordando em
seguir por esse caminho... e como pude observar, ao longo do tempo, a crescente
empolgação de Adilson com o que estava por fazer, ainda que ambos nos perdêssemos
ante o leque das possibilidades. Devo registrar o meu agradecimento aos professores
que compuseram a banca de qualificação; e que nos ajudaram de modo decisivo a
escolher uma configuração que permitiu chegarmos ao material apresentado hoje para
a avaliação.
Agora o trabalho está pronto. A tese realiza apenas uma das configurações que
vislumbramos, e – acredito - abre perspectivas para infindáveis outros trabalhos. A
tese convida à leitura, e a leitura convida à crítica, às sugestões e à abertura de novos
territórios.
Carlos Roberto Vianna
Curitiba, julho de 2007.
xv
1 INTRODUÇÃO
Para uma sociedade que está cheia de confusão em relação
ao presente e perdeu a fé no futuro, a história do passado
parecerá uma mistura sem sentido de acontecimentos sem
relação. Se nossa sociedade recuperar seu domínio do
presente e sua visão do futuro, ela também, em virtude do
mesmo processo, renovará sua compreensão do passado.
Edward Hallet Carr
As recomendações para escrita de um trabalho científico, conforme
normalmente se divulgam, orientam o autor para a utilização da forma impessoal dos
verbos. Também, conforme essas mesmas “normas” há ainda a possibilidade da
utilização da forma pessoal na escrita de teses e dissertações que são apresentadas à
Academia. Nessas, a primeira pessoa do singular se apresenta no sentido de assumir a
produção científica correspondente. Ao lermos trabalhos apresentados com essa
conjugação verbal, podemos ter mais clareza dos posicionamentos dos pesquisadores,
observando-se ainda de forma direta o debate entre quem produz o texto e as fontes
que são utilizadas. Enfim, o autor se apresenta dando ao trabalho o tom pessoal,
assumindo de forma decisiva suas posições, suas verdades, mesmo sabendo que
possam ser transitórias. Não importa se suas verdades não são irrefutáveis. O que
interessa é o seu posicionamento, pois é a sua pesquisa.
A partir desse ponto, utilizo no presente trabalho a primeira pessoa do singular.
Acredito que, ao proceder dessa maneira, assumo responsabilidades ainda maiores
perante a comunidade acadêmica quanto ao posicionamento que faço como
pesquisador na elaboração deste texto. Uma justificativa de tal posicionamento refere-
se à ligação existente entre a minha atual ocupação profissional
1
e o objeto de minha
pesquisa: sou autor de livros didáticos de Matemática e falarei de livros didáticos de
Matemática, daí a utilização da primeira pessoa ao “ouvir as vozes do passado”,
descrevendo, comentando, posicionando e questionando uma parte da história do livro
didático de Matemática produzido no Brasil ao longo de aproximadamente quatro
1
Não acredito que a ocupação profissional seja relevante para que a pesquisa seja mais bem
considerada. Considero que tal ocupação tenha sido um dos fatores que motivaram o presente trabalho
e, sendo assim, compartilho com o leitor.
1
décadas do século XX. Essa fração de nossa história tem início em finais dos anos
1920, vê passar toda a era Getúlio Vargas e termina às portas do golpe de 1964.
No presente capítulo, pondero sobre os motivos que me conduziram a esta
pesquisa, além de evidenciar o tema deste trabalho, o objeto do trabalho, as fontes que
utilizarei para compor o estudo, as minhas hipóteses e questões que coloco como
principais motivadoras, bem como as dificuldades observadas que vão desde a escolha
do tema até a elaboração do trabalho como um todo.
1.1 MOTIVOS E DÚVIDAS
A escolha de um tema de pesquisa e sua justificação, como indicam CARDOSO
e BRIGNOLI (2002)
2
, pode ter diversos critérios, entre os quais o interesse pessoal
pelo tema, a importância do tema, a originalidade e a presença de uma documentação
disponível a ser utilizada como fonte para o desenvolvimento da pesquisa. Acredito
que, quando um pesquisador decide qual será o seu tema, certamente há, inicialmente,
uma motivação pessoal. Com o avançar da pesquisa, outras motivações acabam
surgindo. A necessidade de delimitação do problema, as diversas leituras que são feitas
a respeito do tema, o contato com as fontes e o estudo a respeito do objeto da pesquisa
acabam conduzindo o pesquisador a outras motivações e, muitas vezes, alterando o
caminho antes esboçado.
A escolha do tema desta pesquisa surgiu em uma conversa com o meu
orientador Carlos Roberto Vianna: “Já que você é um autor de livros de Matemática,
por que não pesquisar sobre eles? Há um autor paranaense de livros didáticos de
Matemática chamado Algacyr Munhoz Maeder, você conhece?” Essas teriam sido
algumas perguntas que acabaram me conduzindo à investigação sobre quais seriam
esses livros didáticos de Matemática e quem de fato teria sido esse autor paranaense.
Assim, após algumas incursões em bibliotecas e sebos existentes, descobri que já
2
Autores do livro Os métodos da história – introdução aos problemas, métodos e técnicas da história
demográfica, econômica e social, editora Graal, 2002.
2
estava envolvido com o tema, mesmo que ainda não tivesse clareza sobre o que
exatamente pesquisar.
O conhecimento a respeito de Maeder
3
que acabei tendo, conforme a
necessidade de pesquisar sobre os seus livros, conduziu-me a uma grande curiosidade
sobre a sua história de vida. É um personagem intrigante pela capacidade de gerenciar
diversas atividades quase que simultaneamente e pelo interesse que teve em sua vida
com relação a conhecimentos diversos (assim como escrevia livros de Matemática,
proferia palestras sobre a Teoria da Relatividade, conforme arquivos pessoais da
família). Além de participações em congressos, exerceu diversas funções, entre as
quais destaco: diretor do Gymnasio Paranaense (atual Colégio Estadual do Paraná) de
1928 a 1930, prefeito de Curitiba
4
em 1946 (ficou aproximadamente um ano no
cargo), reitor da Universidade Federal do Paraná de 1971 a 1972 e membro
5
do
Conselho Federal de Educação.
Considero que o fato de conhecer um pouco mais sobre a trajetória
6
de Maeder
acabou motivando muito o presente trabalho, além de proporcionar um emaranhado de
dúvidas a respeito do que, de fato, seria a minha pesquisa. Em determinado momento,
confesso, a motivação pessoal pela pesquisa sobre o livro didático produzido por
Maeder cedeu lugar a uma curiosidade em querer contar a história do autor,
principalmente pela quantidade de funções que exerceu, títulos conquistados e
palestras proferidas não apenas sobre Matemática, mas sobre Física e Educação, de um
3
Passo a designar como Maeder o autor Algacyr Munhoz Mäder. Observo que, na certidão de
nascimento há trema na escrita de seu sobrenome. Nos livros didáticos escritos por ele pela Tipografia
João Haupt e Cia., de Curitiba, o nome completo aparece conforme a certidão de nascimento. Já nos
livros produzidos pela Edições Melhoramentos, de São Paulo, o sobrenome aparece como Maeder. Ao
questionar a filha de Maeder sobre esse fato, ela diz se tratar de um erro cometido pela editora em São
Paulo e que, como saiu dessa forma nos primeiros volumes, preferiram (autor e editora) não alterar em
livros posteriores.
4
Durante seu mandato de prefeito houve a doação de uma grande área, por parte da prefeitura de
Curitiba, para a construção do atual Centro Politécnico da Universidade Federal do Paraná. Conforme
decreto-lei número 134 de 21/06/1946: “Fica a Prefeitura Municipal de Curitiba autorizada a doar um
terreno com a área de 500.000 (quinhentos mil) metros quadrados, no Cajuru, a Universidade Federal
do Paraná”.
5
Maeder estava em Brasília, exercendo a sua função de conselheiro no Conselho Federal de Educação,
quando não passou bem de saúde. Foi transportado para Curitiba, aonde veio a falecer no dia 29 de
dezembro de 1975.
6
A família de Maeder forneceu uma cópia do currículum vitae do “Prof. Algacyr Munhoz Maeder”,
que faço constar do ANEXO I desta pesquisa.
3
modo geral. O foco da pesquisa começou a ficar difuso. Comento isso, pois assim
como Bloch
7
, acredito que todo o pesquisador em História deva ter uma preocupação
em falar de suas fraquezas, suas dificuldades e suas dúvidas quando na construção do
texto de sua pesquisa.
FIGURA 1 – FOTOGRAFIAS DE MAEDER EM CINCO MOMENTOS
Idade: 10 anos Idade: 14 anos Idade: 22 anos
Idade: 43 anos Idade: 68 anos
7
Marc Bloch é autor de Apologia da história ou o ofício de historiador. É desse livro que tiro a
seguinte lição:
Todo livro de história digno desse nome deveria incluir um capítulo ou, caso se prefira, inserir
nos pontos de reviravolta do desenvolvimento, uma seqüência de parágrafos que se intitularia
algo como: ‘Como posso saber o que vou dizer?’. Estou convencido de que, ao tomar
conhecimento dessas confissões, mesmo os leitores que não são do ramo sentiriam um
verdadeiro prazer intelectual. O espetáculo da busca, com seus sucessos e reveses, raramente
entedia. É o tudo pronto que espalha o gelo e o tédio. (BLOCH, 2001, p. 83).
4
Um outro ponto que considero como fator de motivação para o presente
trabalho foi a busca dos livros didáticos produzidos por Maeder. Como um garimpeiro
em busca de suas preciosidades, encontrar os livros desse autor representou uma
ocupação que alternava momentos de otimismos com outros de pessimismos. Por mais
que existam pessoas exemplarmente preocupadas com a preservação da memória,
particularmente aquelas que trabalham em bibliotecas, isso não me parece ser
suficiente. Encontrar páginas de livros do início do século passado, rasuradas e
cortadas, é algo comum e, em minha opinião, só não é pior do que observar que
páginas inteiras foram arrancadas. Esses são os momentos em que o pessimismo
aparece na pesquisa. Já o otimismo surge quando nos deparamos com pessoas que não
só auxiliam na busca de nossas fontes e objetos, como também consideram ser
relevante o estudo a respeito da história da produção intelectual brasileira, a nossa
história cultural.
Hoje, quando lembro das várias etapas de na construção do presente trabalho,
observo que a maior dificuldade sempre esteve presente: saber o que exatamente
pesquisar diante de tantas opções que se mostraram. A delimitação do que vem a ser o
objeto da pesquisa, o que olhar neste objeto, e como olhar, representam, no meu ponto
de vista, os grandes obstáculos a serem enfrentados em um trabalho que pretende dar
alguma contribuição à comunidade acadêmica. Ao contrário de considerar tudo isso
como fatores negativos, acredito serem pontos que acabam motivando e conduzindo o
pesquisador a mergulhar cada vez mais em suas fontes. Aí tem início, internamente,
um verdadeiro debate de idéias que acabam exigindo dele amadurecimento, definição
do que é sua busca e, tão importante quanto, exigem dele a tão difícil, mas necessária e
aguardada delimitação do seu problema de pesquisa.
Aqueles que elaboram estudos em História possam talvez compartilhar de um
momento extremamente importante para o pesquisador: encontrar o objeto de sua
pesquisa. Na minha, era um objeto físico: o livro didático de Matemática de Maeder.
Após visitar diversas bibliotecas e casas de livros usados, acabei encontrando alguns
volumes desse autor, porém, na maioria das vezes, em “estado crítico”.
5
Numa dessas incursões me ocorreu verificar a existência de parentes próximos e
a possibilidade de alguém ter guardado mais alguns dos livros do autor paranaense.
Maeder teve um filho de nome Jordão Maeder Filho, porém falecido. Quem me disse
isso foi Cláudio Mäder, primo de Maeder. Alguns dias depois recebi um telefonema de
uma senhora de nome Clotilde, isto é, Clotilde Francisca Guimarães Mäder.
Apresentou-se como filha de Algacyr Munhoz Maeder e, sabendo de minha pesquisa
por intermédio de um encontro que acabou tendo com Cláudio, colocava-se, a partir
daquele momento, inteiramente à disposição. Ela havia guardado em sua residência
parte do acervo do pai: uma estante repleta de vários livros, entre os quais os de sua
autoria. Tinha em mãos uma boa parte do objeto de pesquisa e indícios sobre suas
prováveis influências como autor (os demais livros de seu acervo particular, ou o que
sobrou deles).
Além dos livros de sua autoria, também encontrei diversas outras obras.
Aquelas voltadas à Matemática menciono no ANEXO II. Essas obras, de alguma
maneira, representaram possíveis influências na formação de Algacyr Munhoz
Maeder, não apenas como autor, mas também em seus estudos de Engenharia.
Ainda em relação às justificativas e motivações para essa pesquisa, devo
observar a relevância do tema. As práticas educativas brasileiras estão fortemente
atreladas ao livro texto
8
, ou, como também é conhecido, livro didático. Freitag (1993)
comenta, utilizando apenas o ponto de vista de utilização do livro didático, que
existem três categorias de usuários. A primeira refere-se ao Estado, que gerencia a
compra e a distribuição do livro. A segunda categoria pertence ao professor que,
conforme sua preferência e critérios geralmente pessoais, escolhe e utiliza o livro
didático como um de seus principais instrumentos de trabalho. Quanto à terceira
categoria de usuários, encontra-se o aluno. Esse “tem no livro o material considerado
indispensável para seu aprendizado nesta ou naquela área do conhecimento, num ou
noutro nível e formação”.
8
Mais adiante, neste trabalho, discuto o que são os livros didáticos, compêndios, manuais, livros
textos.
6
Assim, voltando àquilo que é interesse nesta pesquisa, entendo que observar
como os livros didáticos são produzidos, como os conteúdos são abordados e contar a
história de sua evolução constituem temas de pesquisas que são relevantes. Para
SILVA (2000, p. 109) o papel do livro didático na Educação Matemática “é merecedor
de uma análise cuidadosa”, embora, acrescente a seguir, “há poucos estudos
sistemáticos sobre a história do livro didático” em nosso país.
Situo a presente pesquisa, conforme tema e delimitação a seguir, numa área
conhecida como História da Educação Matemática. Justifico tal localização
apropriando-me de palavras daqueles pesquisadores que a um bom tempo têm aberto
trilhas imensas nesse campo, deixando caminhos fecundos para novas produções e
pesquisas. Miguel e Miorim em História na Educação Matemática – propostas e
desafios destacam três campos de investigação a partir da História da Matemática:
Entretanto, o movimento em torno da História da Matemática já é tão amplo e diversificado
que poderíamos acusar a constituição, em seu interior, de vários campos de pesquisa
autônomos, que, no entanto, mantêm, em comum, a preocupação de natureza histórica
incidindo em uma das múltiplas relações que poderiam ser estabelecidas entre a História, a
Matemática, a Educação. Dentre tais campos de investigação, três deles se destacam: o da
História da Matemática propriamente dita, o da História da Educação Matemática e o da
História na Educação Matemática. (MIGUEL; MIORIN, 2004, p. 11).
Para esses autores, pesquisas que tomam, entre outros, os livros de Matemática
“que são destinados ao ensino em qualquer nível e época” como objeto de investigação
estão situados no campo da História da Educação Matemática. É nesse campo que o
presente trabalho procura dar a sua contribuição.
1.2 DO COMPÊNDIO AO LIVRO DIDÁTICO?
Neste tópico, procuro caracterizar a minha investigação, levantando o tema a
ser abordado, o objeto da pesquisa, as hipóteses e questões que conduzem o presente
trabalho e as fontes que utilizo.
Como apontei anteriormente, esta é uma pesquisa que deve ser situada no
campo da investigação denominado História da Educação Matemática. Assim,
7
considero necessário explicitar as fontes históricas e a historiografia a serem utilizadas.
Concordo com D’AMBRÓSIO (2000, p. 242):
Uma vez identificados os objetos do estudo, a relação de fatos, datas e nomes depende de
registros, que podem ser de natureza muito diversa: memórias, práticas, monumentos e
artefatos, escritos e documentos. Essas são as chamadas fontes históricas.
A interpretação das chamadas fontes históricas depende muito de uma ideologia e de uma
metodologia de análise dessas fontes. O conjunto dessas metodologias, não só na análise mas
também na identificação das fontes, é o que se chama historiografia.
Embora esse autor refira-se a História da Matemática, entendo que tais
preocupações devam ser estendidas para as pesquisas em História da Educação
Matemática, uma vez que essa pode ser considerada como um campo de investigação
daquela.
O título em forma de questão para a presente seção representa um amontoado
de dúvidas que existiram desde o primeiro instante da decisão tomada sobre a história
dos livros didáticos de Maeder. São dúvidas que serviram de condutores da minha
pesquisa e que considero, como apontou o historiador Bloch, importante compartilhar
com o leitor:
O que devo dizer do personagem Algacyr Munhoz Maeder?
Devo observar os livros didáticos sem levar em conta o autor?
É necessário entrar na discussão da concepção do livro didático?
Preciso discutir as diferenças e as semelhanças entre as diversas
concepções dos livros didáticos e os nomes dados a eles ao longo da
História da Educação em nosso país? O que é um compêndio? O que é
um livro didático?
Nesta pesquisa, os livros didáticos de Maeder são objetos, fontes ou
podem ser considerados como fontes e/ou objetos?
Essas são apenas algumas dúvidas que me acompanharam no processo de
definição de objetivos e, confesso, até mesmo em boa parte da escrita deste trabalho.
Não acredito ser possível responder a todas de forma convincente, porém as utilizo
como referências para conduzir a delimitação deste estudo. Assim, por exemplo, as
duas primeiras questões me conduziram à decisão de discorrer, sempre que possível,
sobre o personagem Maeder, porém deixando claro que esse não é o objeto de
8
pesquisa e sim os livros didáticos de sua autoria. Isso não elimina a necessidade de
discorrer, mesmo que sucintamente, sobre parte de sua vida, de sua trajetória. Optei
por não destinar capítulo específico para tal, mas fornecer dados que julguei
necessários no sentido de informar o leitor sobre o contexto de vida do autor cuja
produção didática é o foco principal aqui. Faço isso, por exemplo, a seguir.
Algacyr Munhoz Maeder nasceu em Curitiba, capital do Paraná, no dia 22 de
abril de 1903. Seus primeiros anos escolares foram nessa cidade, passando, alguns
anos depois, a estudar no Colégio São Bento, na capital de São Paulo. Voltando a
Curitiba, terminou os ciclos secundários para então ingressar na Faculdade de
Engenharia da Universidade Federal do Paraná, formando-se Engenheiro Civil.
Observo que, de um modo geral, os professores e autores de livros didáticos de
Matemática, nas primeiras décadas do século XX, eram formados em Engenharia.
Maeder foi autor de livros didáticos de Matemática editados por duas editoras:
Typ. João Haupt e Cia. (em Curitiba - PR) e Edições Melhoramentos (em São Paulo -
SP). Essas obras têm publicações que vão desde o ano de 1928 até o ano de 1962
(observar QUADRO 1). Nesse quadro, relaciono os títulos dos livros de Maeder com
as correspondentes datas de suas publicações em primeira edição
9
, editora e local de
publicação.
São 19 livros
10
de autoria de Maeder publicados
11
em duas editoras, que
compreendem o período de 1928 até 1962 (observar FIGURA 2 contendo as capas
desses livros). Esses livros de Matemática, além de objetos materiais, são objetos
culturais e entendidos aqui como fontes privilegiadas para a presente pesquisa,
9
Como detalharei mais adiante, ao descrever cada um desses livros, as datas de publicações de alguns
deles não aparecem nas páginas iniciais. Para chegar a essas datas consultei os arquivos existentes na
Edições Melhoramentos em São Paulo. Mesmo assim, os dados não são completos. Também
encontrei uma referência do Museu Paranaense publicado pela Imprensa Oficial do Estado (em
Curitiba) de autoria de Júlio Estrella Moreira. Nessa publicação de Moreira há referência aos trabalhos
publicados no Paraná, trabalhos de autores paranaenses e trabalhos relativos ao Paraná.
10
Ao final de um dos ensaios que compõem a presente pesquisa, evidenciarei que Maeder escreveu
um número maior de livros.
11
Maeder publicou também um livro contendo tabelas de logaritmos pela Edições Melhoramentos em
1937, com uma nova edição em 1943: Tábua de logaritmos e formulário de Matemática. Tal
publicação, acredito, destinava-se a ser utilizada como complemento da coleção Lições de
Matemática.
9
conforme estudos que explicitarei mais adiante. Além disso, em determinado momento
esses mesmos livros também serão abordados como fontes de consulta. Compreendo
que um livro didático, em qualquer disciplina escolar, muito além de ser um suporte
material utilizado para o ensino, pode também ser considerado como um objeto
cultural. Da mesma forma, ele também representa uma fonte privilegiada de pesquisas
que pretendem buscar a compreensão de componentes de currículos escolares.
QUADRO 1 – LISTA DOS LIVROS ESCRITOS POR MAEDER
1. Álgebra elementar – 2ª. parte
1928 - Editora: Typ. João Haupt e Cia.; Curitiba – PR
2. Álgebra elementar – 1ª. parte
1931 - Editora: Typ. João Haupt e Cia.; Curitiba – PR
3. Álgebra elementar – 3ª. edição
1933 - Editora: Typ. João Haupt e Cia.; Curitiba – PR
4. Lições de Matemática – 1º. ano (1ª. série)
1934 - Editora: Edições Melhoramentos; São Paulo – SP
5. Lições de Matemática – 2º. ano (2ª. série)
1935 - Editora: Edições Melhoramentos; São Paulo – SP
6. Lições de Matemática – 3º. ano (3ª. série)
1936 - Editora: Edições Melhoramentos; São Paulo – SP
7. Lições de Matemática – 4ª . ano (4ª. série)
1937 - Editora: Edições Melhoramentos; São Paulo – SP
8. Lições de Matemática – 5º. ano (5ª. série)
1938 - Editora: Edições Melhoramentos; São Paulo – SP
9. Curso de Matemática – 1ª. série – curso ginasial
1943 - Editora: Edições Melhoramentos; São Paulo – SP
10. Curso de Matemática – 2ª. série – curso ginasial
1943 - Editora: Edições Melhoramentos; São Paulo – SP
11. Curso de Matemática – 3ª. série – curso ginasial
1944 - Editora: Edições Melhoramentos; São Paulo – SP
12. Curso de Matemática – 4ª. série – curso ginasial
1945 - Editora: Edições Melhoramentos; São Paulo – SP
13. Curso de Matemática – 1ª. série – ciclo colegial
1946 - Editora: Edições Melhoramentos; São Paulo – SP
14. Curso de Matemática – 2ª. série – ciclo colegial
1947 - Editora: Edições Melhoramentos; São Paulo – SP
15. Curso de Matemática – 3ª. série – ciclo colegial
1948 - Editora: Edições Melhoramentos; São Paulo – SP
16. Matemática – 1ª. série – curso comercial básico
1952 - Editora: Edições Melhoramentos; São Paulo – SP
17. Matemática – 2ª. série – curso comercial básico
1954 - Editora: Edições Melhoramentos; São Paulo – SP
18. Matemática – 3ª. série – curso comercial básico
1958 - Editora: Edições Melhoramentos; São Paulo – SP
19. Matemática – 4ª. série – curso comercial básico
1960 - Editora: Edições Melhoramentos; São Paulo – SP
10
FIGURA 2 – CAPAS DOS LIVROS ESCRITOS POR MAEDER
11
Neste ponto, senti a necessidade de examinar um pouco mais a respeito das
concepções existentes sobre o livro didático, buscando assim uma melhor
compreensão a respeito do objeto desta pesquisa.
CHOPPIN (2007, p.4) assim se posiciona em relação à definição de livro
didático:
Se hoje consideramos o livro didático como um objeto banal, um objeto tão familiar que
parece inútil tentar defini-lo, o historiador que se interessa pela evolução dos livros escolares
se depara, logo de início, com um problema de definição. A natureza da literatura escolar é
complexa porque ela se situa no cruzamento de três gêneros que participam, cada um em seu
próprio meio, do processo educativo: de início, a literatura religiosa de onde se origina a
literatura escolar, da qual são exemplos, no Ocidente cristão, os livros escolares laicos “por
pergunta e resposta”, que retomam o método e a estrutura familiar aos catecismos; em seguida,
a literatura didática, técnica ou profissional que se apossou progressivamente da instituição
escolar, em épocas variadas – entre os anos 1760 e 1830, na Europa -, de acordo com o lugar e
o tipo de ensino; enfim, a literatura de “lazer”, tanto a de caráter moral quanto a de recreação
ou de vulgarização, que inicialmente se manteve separada do universo escolar, mas à qual os
livros didáticos mais recentes e em vários países incorporam seu dinamismo e características
essenciais.
Para esse mesmo pesquisador, o estudo histórico a respeito dos livros didáticos
evidencia que eles exercem quatro funções consideradas essenciais: função referencial
(quando da existência de programas de ensino os livros didáticos representam a “fiel
tradução do programa”); função instrumental (“põem em prática métodos de
aprendizagem”); função ideológica e cultural; função documental (os livros didáticos
podem fornecer um conjunto de documentos “textuais ou icônicos”).
Mas o que é um livro didático? Na tentativa de elaborar uma resposta objetiva
para essa questão deparei-me com uma outra necessidade relacionada ao campo
histórico do livro didático. A denominação “livro didático”, conforme é atualmente
conhecida, sofreu alterações que passam, pelo menos, por seis outras: compêndio,
compêndio escolar, manual
12
, livro escolar, livro de classe e livro texto. Uma outra
dificuldade é apontada por trabalhos produzidos dentro dessa área do conhecimento:
“No Brasil existem poucos estudos sobre a história do livro didático. Em alguns casos
aparecem como introduções para outros temas ou surgem como fonte para estudos da
evolução de conceitos em trabalhos sobre a história de uma determinada disciplina”.
12
Fraçois-Marie Gerard e Xavier Roegiers utilizam também a denominação manual escolar no livro
escrito por eles, Conceber e avaliar manuais escolares, publicado em 1998 pela Porto Editora Ltda.
12
(BITTENCOURT, 1993, p. 4). Compartilho com Bittencourt, quando me coloco como
pesquisador, essa dificuldade apontada em sua tese de doutoramento. Também
concordo com essa autora na importância de existirem pesquisas sobre o livro didático
que auxiliariam a compreensão da história do saber escolar em qualquer das
disciplinas escolares.
Voltando à questão sobre o que compreendo como livro didático e suas diversas
denominações, que vão desde o compêndio até o livro didático como atualmente
referenciamos, postulo a existência de eventuais e significativas diferenças quanto a
algumas dessas denominações. Da mesma forma, me parece claro que algumas delas,
pelo uso, são apenas sinônimas. Um exemplo disso constatei no trabalho de
Bittencourt mencionado acima. “Livro didático”, “livro escolar” e até mesmo “manual
escolar” são empregados pela autora como denominações sem aparentes distinções.
Embora não tenha como objetivo analisar cada uma dessas denominações,
apenas como exemplo, já na criação de um órgão responsável pela análise do livro
didático, na época em que Algacyr Munhoz Maeder escrevia seus livros, percebe-se
uma diferença entre alguns desses termos. Assim, no decreto-lei n
o
. 1006 de
30/12/1938, em que é criada a Comissão Nacional do Livro Didático (CNLD), é
possível observar uma qualificação para o termo livro didático:
1º. - Compêndios são livros que exponham total ou parcialmente a matéria das disciplinas
constantes dos programas escolares;
2º. - Livros de leitura de classe são os livros usados para leitura dos alunos em aula; tais livros
também são chamados de livros de texto, livro-texto, compêndio escolar, livro escolar, livro de
classe, manual, livro didático.
No decreto mencionado, há uma diferença nas concepções de “compêndios” e
“livro didático”, que também é apontado como “compêndio escolar”. Essa diferença
interpreto como estando ligada, por um lado, à utilização, isto é, enquanto
“compêndio” expõe total ou parcialmente os conteúdos das disciplinas conforme os
correspondentes programas (talvez como consulta ou utilização de referência por parte
do professor), o “livro didático” é dirigido ao aluno (para seu uso em sala e/ou
consulta). Por outro lado, acredito que há uma separação entre o livro que contém “o
13
conhecimento científico” (compêndio) e aquele outro livro que é responsável por
difundir “o conhecimento escolar” (compêndio escolar ou livro didático)
13
.
Entre todos os termos citados aqui, entendo que existem mais semelhanças
(digo mais, sou favorável até a aceitar como sinônimos) entre “livro-texto”, “livro
didático”, “manual escolar” (ou simplesmente “manual”), “livro escolar”, “livro de
classe” do que qualquer um desses termos quando comparados com “compêndio”. Aí
as semelhanças parecem estar ligadas apenas à utilização em sala de aula. As
diferenças aparecem principalmente na forma (considero a linguagem) como os textos
e os conteúdos são elaborados e apresentados. Enquanto os compêndios representam
resumos de conteúdos numa linguagem que está voltada às definições, os demais
procuram externar, mesmo que muitas vezes de forma tímida, preocupações voltadas
principalmente a exemplificar e a esclarecer até mesmo o leigo. Para resumir essas
minhas considerações, que acredito estarem sujeitas as críticas, faço a leitura de que o
termo “compêndio” parece, em algum momento da história, ceder seu lugar ao livro
didático ou a outra denominação correspondente. Também acredito que houve
inicialmente um compêndio não utilizado pelo professor em sala de aula, mas que
passou a ser a sua referência e, num momento mais adiante, tornou-se um instrumento
auxiliar durante suas exposições para alunos passivos, onde as “lições” eram ditadas. É
aí que surge o compêndio escolar, que foi designado simplesmente como
“compêndio”.
Mas a preocupação, por ora, está ligada à compreensão e a uma possível
qualificação do que se pode entender como livro didático, principal objeto desta
investigação.
SILVA (2000, p. 110), além de citar o decreto-lei mencionado anteriormente,
expõe a posição defendida por SCHUBRING (2003), em que o livro-texto,
particularmente o de Matemática, pode ser compreendido como uma “materialização”
da Matemática Escolar e, ainda, conclui dizendo que “uma das características dos
livros-textos é fornecer um conjunto de conhecimentos sistematizados de uma
13
SCHUBRING (2003, p. 12) levanta uma questão voltada ao que denomina de “status” do livro
texto. “Um problema se refere ao status epistemológico dos livros-texto: são eles talvez apenas uma
versão expurgada, uma mera caricatura da ciência?”.
14
determinada época bem precisa, numa linguagem simples, sem um rigor excessivo e
de fácil compreensão ao estudante”. Acredito que outra característica dos livros-textos,
que chamarei de livro didático
14
, refere-se ao direcionamento que acaba conduzindo o
trabalho do professor no desenvolvimento do saber escolar. Nesse sentido, sou
favorável a aceitar que além de ser considerada uma referência, o livro didático
condiciona e até, em algumas vezes, limita a geração de novos conhecimentos.
Bittencourt, além de observar as características do livro didático, também
aponta concepções relacionadas, por exemplo, à produção, isto é, “o livro didático é,
antes de tudo, uma mercadoria, um produto do mundo da edição que obedece à
evolução das técnicas de fabricação e comercialização pertencentes à lógica do
mercado” (2005, p. 71). Menciona também a sua função como veículo de transmissão
de conteúdos:
Mas o livro didático é também um depositário dos conteúdos escolares, suporte básico e
sistematizador privilegiado dos conteúdos elencados pelas propostas curriculares; é por seu
intermédio que são passados os conhecimentos e técnicas considerados fundamentais de uma
sociedade em determinada época. O livro didático realiza uma transposição do saber
acadêmico para o saber escolar no processo de explicitação curricular. Nesse processo, ele cria
padrões lingüísticos e formas de comunicação específicas ao elaborar textos com vocabulário
próprio, ordenando capítulos e conceitos, selecionando ilustrações, fazendo resumos etc.
(BITTENCOURT, 2005, p. 72).
Como “instrumento pedagógico”, o livro didático atual (contendo o manual do
professor ou, como foi dito anteriormente, o também conhecido livro do professor)
acaba elaborando condições e também estruturas do ensino para que o professor
desenvolva a sua função, isto é, apresenta “não apenas os conteúdos das disciplinas,
mas como esse conteúdo deve ser ensinado”. Um outro ponto abordado por
Bittencourt refere-se ao livro didático com um “veículo portador de um sistema de
14
Atualmente o termo livro didático é o mais utilizado. Além disso, é importante observar que o termo
“manual”, apontado do decreto de 30/12/1938, sofreu transformações. Hoje quando as editoras e os
autores falam em livro didático, é possível perceber a existência do livro do aluno e do livro do
professor. Esse, além de conter tudo o que há no livro do aluno, aborda questões metodológicas,
sugestões de leituras para o professor, respostas das atividades que são propostas e possíveis
encaminhamentos de conteúdos (é o chamado manual do professor). Utilizo nesta pesquisa a
denominação livro didático, compreendendo que, na época de Maeder, tal denominação não era tão
abrangente como a atual. Basta, por exemplo, observar que naquela época não existia fisicamente o
manual do professor.
15
valores, de uma ideologia, de uma cultura”. Há também um outro elemento importante
a ser observado sobre a utilização do livro didático. Se por um lado ele é portador de
uma cultura, ao difundir ideologia, também se constituiu, ao longo de sua história, um
instrumento de “controle estatal sobre o ensino e aprendizado dos diferentes níveis
escolares”. (BITTENCOURT, 1993, p. 17).
GÉRARD e ROEGIERS (1998, p. 19), ao elaborarem uma definição para livro
didático, utilizam a denominação “manual escolar”. Além disso, apontam suas
principais características que estão diretamente ligadas à sua utilização:
Um manual escolar pode ser definido como um instrumento
15
impresso, intencionalmente
estruturado para se inscrever num processo de aprendizagem, com o fim de lhe melhorar a
eficácia.
Um manual escolar possui várias características:
- pode preencher diferentes funções associadas à aprendizagem;
- pode incidir em diferentes objetos de aprendizagem;
- pode propor diferentes tipos de atividades suscetíveis de favorecer essa mesma aprendizagem.
Mesmo que se possa fornecer uma definição de livro didático (manual escolar)
ela não será completa enquanto for incapaz de envolver todos os atores envolvidos na
elaboração, na confecção, na divulgação, na escolha, na orientação e na utilização.
Assim, por exemplo, Gerard e Roegiers, ao descreverem o processo de elaboração do
livro didático, o fazem por meio de um esquema, que reproduzo a seguir:
FIGURA 3 – ESQUEMA EMISSOR-RECEPTOR
15
CHOPPIN (in BITTENCOURT, 2005) afirma que o livro didático não é apenas um instrumento
pedagógico, isto é: “Os livros didáticos não são apenas instrumentos pedagógicos: são também
produtos de grupos sociais que procuram, por intermédio deles, perpetuar suas identidades, seus
valores, suas tradições, suas culturas”.
16
Mesmo que esse esquema clássico emissor-receptor se refira a alguns atores do
processo de elaboração-utilização, em que o “manual escolar é o meio pelo qual um
autor transmite uma informação aos seus utilizadores, os alunos e os professores”, ele
não contempla outros personagens que certamente estão envolvidos em todas as etapas
da elaboração-produção-divulgação-avaliação-utilização. Aqui compreendo “avaliação”
não apenas no sentido da etapa que antecede a escolha do livro didático (como
atualmente se dá no Brasil), como também no “retorno” após a utilização em sala de
aula como um instrumento auxiliar de aprendizagem. É aí que o outro esquema
elaborado por Gérard e Roegiers me parece mais completo, considerando que o termo
“edição”, por eles utilizados, se refira às etapas intermediárias existentes na editora, que
também geralmente se responsabiliza pela divulgação.
FIGURA 4 – ESQUEMA CIRCULAR
Esses autores afirmam que “a função de edição está situada no disco central do
esquema, uma vez que não só assegura a articulação entre as outras funções, como é,
paralelamente, responsável pelo sucesso técnico e financeiro do projeto de manual”
(GÉRARD; ROEGIERS, 1998, p. 22). Como se sabe, cabe ao editor assumir não
17
apenas o fabrico do livro, como também seu financiamento e a outra etapa denominada
divulgação.
Manguel, em seu livro Uma história da leitura
16
, mesmo não se referindo ao
livro didático em particular, mas ao livro de um modo geral, menciona um aspecto
para a reflexão sobre a existência de uma etapa importante – a geração de um livro –
ao dizer que “cada livro foi gerado por uma longa sucessão de outros livros cujas
capas talvez jamais tenhamos visto e cujos autores talvez jamais conheçamos, mas que
ressoa naquele que temos em mãos” (MANGUEL, 2006, p. 299). São as referências
diretas ou indiretas que um autor utiliza ao elaborar um livro.
Não adoto nenhuma definição em particular de livro didático e nem acredito, na
visão autor de livros didáticos que me coloco, ser possível elaborar uma definição que
contemple satisfatoriamente, na sua totalidade, o que é uma obra didática. Prefiro,
assim como os pesquisadores aqui citados dizer que é um “instrumento pedagógico”,
um “veículo transmissor de saberes transmitido”, um “veículo portador de valores e
ideologias” e, acima de tudo, emprestando as palavras de CHERVEL (1990, p. 202),
um dos diversos componentes de uma disciplina escolar:
Dos diversos componentes de uma disciplina escolar, o primeiro na ordem cronológica, senão
na ordem de importância, é a exposição pelo professor ou pelo manual de um conteúdo de
conhecimentos. É esse componente que chama prioritariamente a atenção, pois é ele que a
distingue de todas as modalidades não escolares de aprendizagem, as da família ou da
sociedade. Para cada uma das disciplinas, o peso específico desse conteúdo explícito constitui
uma variável histórica cujo estudo deve ter um papel privilegiado na história das disciplinas
escolares. É uma variável que, em geral, põe em evidência algumas grandes tendências:
evolução que vai do curso ditado para a lição aprendida no livro, da formulação estrita, até
mesmo lapidar, para as exposições mais flexíveis, da recitação para a impregnação, da
exaustividade para a seleção das linhas principais.
É uma parte da história brasileira de livros didáticos que pretendo contar. É uma
parte daquela história que tem pouco mais de 500 anos
17
que aqui será abordada. Ela
16
Uma história da leitura é um livro escrito pelo argentino Alberto Manguel. A tradução brasileira é
feita por Pedro Maia Soares. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.
17
Refiro-me ao que disse Schubring, conforme abordei no início deste tópico, sobre a existência do
livro impresso, que teria cerca de 500 anos de existência.
18
contempla particularmente a disciplina
18
de Matemática e, mais especificamente, os
livros de autoria de Maeder. A razão de ter procurado, nas páginas anteriores, uma
compreensão do que é um livro didático, iniciando até com os chamados compêndios,
é pelos indícios que me influenciam a postular que esse autor não apenas foi autor de
livros didáticos de Matemática, como também postulo ter sido no início de sua
produção cultural, autor de compêndios escolares. Isso ocorreu em finais dos anos
1920 e início dos anos 1930 com três obras de Álgebra elementar, conforme mais
adiante pretendo observar e analisar.
1.3 TRÊS ENSAIOS A PARTIR DE LIVROS DE MATEMÁTICA
Os livros didáticos de Matemática escritos por Maeder, como já foi dito
anteriormente, se fizeram presentes no cenário educacional brasileiro num período que
vai de 1928 até 1962, isto é, atravessaram momentos diferentes de reformas
educacionais promovidas por mudanças sociais no Brasil. Compartilharam também
momentos importantes de criação e desenvolvimento do segmento editorial de livros
didáticos. Além de tudo isso, considerando a disciplina de Matemática, são
documentos históricos de como e que tipo de conhecimento matemático foi
“transmitido”. Alguns desses livros são contemporâneos do nascimento da disciplina
de Matemática, contendo elementos que permitem entender como isso ocorreu, isto é,
como alguns ramos da Matemática (conforme atualmente se concebe) foram fundidos.
Compreendendo que o foco da presente pesquisa são os livros de Matemática
escritos por Maeder, a decisão de como abordar a história dessa produção recaiu sobre
três perspectivas diferentes que passo a denominar de ensaios. Cada um desses ensaios
foi construído tendo como linha condutora questões elaboradas a partir de uma leitura
do trabalho escrito por esse autor paranaense. Essa leitura de todos os livros de Maeder
18
Um estudo interessante sobre o que é disciplina pode ser encontrado no trabalho de André Chervel,
História das disciplinas escolares: reflexões sobre um campo de pesquisa. Esse trabalho foi publicado
em 1990 pelo periódico Teoria & Educação.
19
é feita paralelamente ao primeiro ensaio. As questões norteadoras desses ensaios e
também a forma como eles serão elaborados aqui observo a seguir.
Primeiro ensaio: Uma leitura dos livros escritos por Maeder
Os livros escritos por Maeder contêm saberes escolares que foram elaborados
utilizando referências. É possível determinar, a partir das obras de Maeder, quais são
essas referências? Os conteúdos presentes nesses livros didáticos estavam de acordo
com os programas oficiais definidos na época? Há diferenças?
A minha hipótese, nesse ensaio, é a de que Maeder, ao elaborar os chamados
programas de Matemática constantes em seus livros, estava de acordo com os
programas oficiais ditados pelas reformas do ensino. Embora essa minha hipótese de
estudo já tenha sido observada
19
, esse ensaio permitirá, é o que acredito, verificar em
que medida isso ocorreu. Considerando, então, que isso é verificável e que
corresponde à verdade, esses livros representam documentos que foram produzidos
como resultados de reformas pelas quais o ensino dessa disciplina passou durante a
nossa história recente. A obra de Maeder pode, então, ser considerada como um
veículo transmissor dessas mudanças.
Neste ensaio, considero necessário um exame dos conteúdos matemáticos
existentes na obra de Maeder à luz dos programas de ensino de Matemática da época.
Dessa forma, descrevo os livros didáticos de Maeder e examino como fonte de
pesquisa os correspondentes programas elaborados a partir das reformas existentes.
Faço assim uma comparação entre os conteúdos presentes nos livros de autoria de
Maeder e aqueles “sugeridos” pelos órgãos oficiais. Também pontuo quais as
possíveis referências utilizadas por Maeder a partir da análise de seus livros.
19
No capítulo 2 do livro Euclides Roxo e a modernização do ensino de Matemática no Brasil,
Pitombeira de Carvalho afirma que as coleções de livros didáticos de matemática, ao longo de três
décadas do século XX, eram semelhantes e seguiam os programas oficiais:
A comparação das várias coleções das décadas de 30, 40 e 50 do século XX mostra a grande
uniformidade dos livros-texto de Matemática para a escola secundária. Malgrado diferenças de
qualidade e de metodologia, seguem eles o mesmo padrão fixado nas reformas instituídas por
Campos e Capanema. A comparação das coleções, escritas por Munhoz Maeder, Stavale,
Manuel Jairo Bezerra, entre outros, respeitam todas elas os programas oficiais. (CARVALHO,
2003, p. 151).
20
Segundo ensaio: Tribunas de educadores
O livro Álgebra elementar – 3ª. edição, escrito por Maeder, em 1933, e
publicado pela Typ. João Haupt e Cia., foi objeto de uma acalorada discussão via
jornais e periódicos. Quais as razões de tais discussões? Quais os personagens
envolvidos? Quais as críticas que são levantadas? Que possíveis interesses estavam
endossando as críticas do trabalho de Maeder?
A minha hipótese sobre a razão de tais discussões está ligada à preocupação
existente na época com a correção de conceitos, com as formas de encaminhamentos e
abordagens dos conteúdos de Matemática presentes no livro Álgebra elementar – 3ª.
edição (ver capa na FIGURA 5). Porém, acredito numa outra preocupação que vai
além dos conteúdos e formas de abordá-los e não pode deixar de ser observada: a
questão de ocupação de mercado editorial.
FIGURA 5 – ÁLGEBRA ELEMENTAR – 3ª. EDIÇÃO
Neste segundo ensaio, utilizo como fonte de pesquisa alguns artigos de jornais
produzidos por Maeder, dois conterrâneos seus, uma editora de São Paulo, além de
uma publicação da Revista Brasileira de Matemática que teria sido o estopim de tal
polêmica. Todas as referências aqui utilizadas foram produzidas durante o ano de 1933
21
e evidenciam um cenário em que os veículos de comunicação eram utilizados como
locais de debates sobre questões voltadas também à educação brasileira.
Observo, ainda, que algumas polêmicas entre autores de livros didáticos e entre
educadores, de um modo geral, já foram motivo de outras pesquisas. As páginas dos
jornais representavam as tribunas dos educadores, isto é, locais em que as principais
questões sobre educação eram discutidas. Um exemplo, na Matemática, desse tipo de
polêmica é levantada por Carvalho
20
a respeito da modernização do ensino da
Matemática. Tal discussão teve alguns personagens, entre os quais, de lados opostos,
Euclides Roxo e Almeida Lisboa. Também Valente (2004) observa a existência de
uma controvérsia acalorada no início dos anos 1930 entre Malba Tahan e Jacomo
Stávale, dois autores de livros didáticos de Matemática.
Entendo que o fato de Maeder e seu livro serem alvos de críticas representa que
autor e obra marcaram participação ativa em uma comunidade de educadores que
fizeram dos jornais e revistas suas tribunas, em que idéias voltadas às questões
educacionais eram discutidas (como pretendo evidenciar neste ensaio). É nesse sentido
que postulo estarem Maeder e sua obra inseridos numa tradição discursiva de uma
época.
Terceiro ensaio: Ilustrações em livros didáticos de Matemática
Na obra de Maeder em parceria com a Edições Melhoramentos, assim como
em tantas outras obras didáticas contemporâneas, é possível perceber preocupações
de editoras e autores em relação à utilização e ao tratamento dado às ilustrações.
Como as ilustrações marcam presença nos livros de Maeder? São meras ilustrações
ou foram produzidas com finalidades pedagógicas? É possível perceber alguma
evolução técnica e quantitativa do emprego dessas ilustrações? Quais os tipos de
ilustrações que eram empregadas para o encaminhamento de conteúdos de
Matemática?
Tenho como hipótese que, no trabalho de Maeder, as ilustrações, de um modo
geral, tinham a finalidade pedagógica, isto é, não eram produzidas sem haver alguma
20
Ver artigo Euclides Roxo e as polêmicas sobre a modernização do ensino de Matemática, escrito
por João Bosco Pitombeira de Carvalho no livro Euclides Roxo e a modernização do ensino de
Matemática no Brasil, organizado por VALENTE (2003).
22
conotação didática. Havia, sim, alguma relação direta com os conteúdos em que eram
inseridas: não eram meras ilustrações decorativas.
Nesta investigação, examino a forma de utilização das ilustrações em uma de
suas coleções publicadas pela Edições Melhoramentos. Por ser a mais antiga em
parceria com essa editora, optei pela coleção Lições de Matemática, composta de cinco
livros (ver FIGURA 6). À luz de cinco categorias de ilustrações, procuro evidenciar
parte da história da utilização desse recurso em livros didáticos de Matemática. Assim,
examino os cinco livros produzidos por Maeder nessa coleção cuja escrita teve início
em meados dos anos 1930. Embora não faça confrontos com outros livros didáticos, o
ensaio permite descrever e analisar a utilização de ilustrações em livros de Matemática
de um mesmo autor e de uma mesma editora.
FIGURA 6 – COLEÇÃO LIÇÕES DE MATEMÁTICA
23
Observo, ainda, que essa coleção de livros possui, segundo uma leitura que faço
da obra completa desse autor, um trabalho cuidadoso com as ilustrações. Isso talvez se
deva ao fato de haver um profissional (às vezes até mais de um) responsável por essa
parte editorial, conforme apontarei neste ensaio. Seria talvez o início de uma
preocupação das editoras da época com o tratamento das imagens presentes em um
livro didático? Acredito que também outras editoras, e até mesmo outras obras
anteriores a essa época (início dos anos 1930), tinham essa preocupação e,
provavelmente, algum profissional responsável por essa parte importante da
elaboração de um livro. O que chama atenção aqui, no caso do autor paranaense e da
editora de São Paulo, é que o profissional (ou os profissionais) encarregado das
ilustrações é apresentado como professor. Deixo, assim, um caminho aberto para
outras pesquisas relacionadas ao trabalho com as ilustrações em livros didáticos de
Matemática.
Esses são os três ensaios, aqui apenas apresentados, que constituem a minha
contribuição para a História na Educação Matemática. Acredito que o termo
“ensaio” que utilizei para denominar essas três perspectivas de “olhar” a produção
cultural de Algacyr Munhoz Maeder poderia ser substituído por “estudo”. Porém,
compreendo que o termo “estudo” está mais fortemente ligado ao ato de aplicar
para adquirir um conhecimento previamente determinado, conforme certas normas
rígidas e formais. Por outro lado, o termo “ensaio”, mesmo tendo, na minha forma
de ver, muito daquilo que está relacionado com “estudo”, está mais próximo da
apreciação e da interpretação de um determinado assunto. Assumo essa forma de
“olhar” o trabalho escrito por Maeder.
Ainda nesta introdução, considero oportuno observar que as figuras estão
colocadas em um número que pode ser considerado excessivo ou, às vezes, até
repetidas excessivamente num trabalho que pretende contar a história dos livros
escritos por um determinado autor. Assim, procedo no sentido de facilitar futuras
leituras. Outra justificativa desse procedimento se deve à dificuldade existente em
encontrar esses livros escritos no século passado. São documentos que, mesmo
sendo parcialmente reproduzidos digitalmente, terão mais chance de sobreviver ao
24
tempo constando também do presente trabalho. Algumas vezes, ao longo dos
ensaios a seguir, procuro até reproduzir as capas e páginas de apresentação desses
livros em tamanhos originais (sempre que possível), o que representa uma
dimensão física de tais livros.
As citações tiradas dos livros de Maeder são aqui destacadas em “negrito” e
transcritas sem alterações, a menos daquelas que considerei necessárias, devida à
mudança na forma de escrita. Palavras como “these” passaram a ser escrita como
“tese”. São capas, imagens e detalhes visuais que acredito acabam enriquecendo os
trabalhos voltados à nossa história, valorizando a memória da produção cultural.
25
2 UMA LEITURA DOS LIVROS ESCRITOS POR MAEDER
Jamais voltamos ao mesmo livro e nem à mesma página,
porque na luz vária nós mudamos e o livro muda, e nossas
lembranças ficam claras e vagas e de novo claras, e jamais
sabemos exatamente o que aprendemos e esquecemos, e o que
lembramos. O que é certo é que o ato de ler, que resgata
tantas vozes do passado, preserva-as às vezes muito adiante
no futuro, onde talvez possamos usá-las de forma corajosa e
inesperada.
Alberto Manguel
.
Manguel
21
parece concordar com Heráclito, segundo o qual não ser possível
banhar-se duas vezes na mesma água de um rio. A primeira leitura de uma obra não é
igual a uma nova leitura da mesma obra efetuada pelo mesmo leitor. Interpretações
outras são feitas, tendo como base um novo olhar. Nesse sentido, a leitura de uma obra
produzida numa outra época não pode ser pretensiosa o suficiente para querer
descrever sem equívocos a produção intelectual de um autor, seu contexto, sua
objetividade. O que se pode, de fato, fazer é uma leitura com interpretações que
certamente estão carregadas da fragilidade do tempo e contaminadas pelo contexto em
que o leitor está inserido:
Assim, nem todos os poderes do leitor são iluminadores. O mesmo ato que pode dar vida ao
texto, extrair suas revelações, multiplicar seus significados, espelhar nele o passado, o presente
e as possibilidades do futuro pode também destruir ou tentar destruir a página viva. Todo leitor
inventa leituras, o que não é a mesma coisa que mentir; mas todo leitor também pode mentir,
declarando obstinadamente que o texto serve a uma doutrina, a uma lei arbitrária, a uma
vantagem particular, aos direitos dos donos de escravos ou à autoridade de tiranos.
(MANGUEL, 2006, p. 323).
Pretendo efetuar uma leitura do trabalho didático de Matemática escrito por
Maeder sem querer “destruí-lo”, como nas palavras de Manguel. Almejo antes “ouvir
as vozes do passado”, minimizando, no que for possível, a contaminação de meu
contexto como leitor da obra de Maeder.
21
Manguel é o autor do livro Uma história da leitura, traduzido por Pedro Maia Soares e publicado
pela Companhia das Letras, em 2006. Utilizo o trabalho de Manguel nesta tese não como uma
referência direta, mas como um importante trabalho que auxilia na forma de efetuar uma leitura.
26
Dois são os objetivos que pretendo alcançar no presente capítulo: 1) descrever
os livros didáticos escritos por Maeder (datas de publicações, edições, séries da
escolarização a que se destinaram e conteúdos contemplados); 2) observar possíveis
referências utilizadas por Maeder na elaboração de seus livros didáticos (programas de
Matemática, métodos utilizados no desenvolvimento dos conteúdos e outros autores).
Justifico a existência deste capítulo como o resultado da pesquisa feita no sentido de
buscar uma descrição mais fiel possível dos livros produzidos por Maeder. Talvez
somente os que já trilharam os caminhos de uma pesquisa em História sabem que as
fontes e os objetos nem sempre estão guardados numa mesma estante de uma única
biblioteca, numa única cidade. Embora os livros produzidos por Maeder sejam de
algumas décadas do século XX, o trabalho com a memória dos acervos culturais
referentes a esse autor (e provavelmente tantos outros) não mereceu o cuidado devido.
Assim, o curto espaço dessas décadas produziu um emaranhado de peças que pretendo
juntar, mesmo com possíveis enganos, no presente capítulo.
2.1 PRELIMINARES DE UMA LEITURA
Alguns dos livros de Maeder tiveram mais de uma dezena de edições, algumas
das quais não foi possível encontrar. Essas edições, por sua vez, nem sempre foram
apenas tiragens: algumas foram verdadeiras reformulações, isto é, praticamente novos
livros. Outras representaram pequenos ajustes. Como saber tudo isso? Aí entra a
montagem de um quebra-cabeça com inferências diversas, mas necessárias. Acredito
ser também essa a função de todo aquele que pretende, de alguma forma, “contar” um
pedaço da história daqueles que nos antecederam
22
, ou melhor, do que, nesse caso,
produziram.
22
As observações a respeito dos conteúdos que fazem parte de cada um desses livros, o contexto em
que eles foram elaborados, representam o ponto de partida para que se possa esboçar a história dos
livros didáticos de Matemática de autoria de um autor que, postulo, pode também ser considerado,
assim como tantos outros autores, referência de estudo sobre o desenvolvimento dos saberes escolares
no Brasil.
27
A obra didática de Maeder é dividida, neste estudo, em cinco partes distintas,
das quais as quatro últimas referem-se a coleções. São elas: Álgebra elementar, Lições
de Matemática, Curso de Matemática – curso ginasial, Curso de Matemática – curso
colegial; e Matemática – curso comercial básico.
Após o contato e o manuseio desses livros escritos pelo autor paranaense, foi
possível observar que, mesmo antes de Maeder ter iniciado a sua carreira de autor de
Matemática, houve um momento a partir do qual, provavelmente, ele foi atraído para a
escrita em Aritmética e Álgebra. Ao se submeter ao concurso como “lente catedrático”
de Aritmética e Álgebra no Externato do Ginásio Paranaense, em Curitiba, Maeder
teve de elaborar, como exigência, dois trabalhos. Um, por conta do regimento do
Ginásio Paranaense, era de livre escolha do candidato, enquanto o outro era decorrente
de sorteio realizado. Tais conclusões retiro das apresentações feitas pelo próprio
Algacyr Munhoz Maeder em 1927:
Tenho a honra de apresentar á egregia Congregração do Gymnasio o presente trabalho
“O Conceito do Numero”, que constitue a these de minha escolha ao concurso para lente
cathedratico de Arithmetica e Algebra.
Curityba, Outubro de 1927.
Algacyr Munhoz Mäder.
Tenho a honra de submetter á apreciação da douta Congregação do Gymnasio
Paranaense o presente trabalho “RESOLUÇÃO E DISCUSSÃO DAS EQUAÇÕES DOS
PRIMEIRO E SEGUNDO GRÁOS A UMA INCOGNITA”, correspondente ao ponto
n.21, sorteado, de accordo com as disposições regulamentares, em 23 de Abril de 1927,
commum e obrigatório a todos os candidatos ao concurso para lente cathedratico de
Arithmetica e Algebra.
Curityba, Outubro de 1927.
Algacyr Munhoz Mäder
O primeiro desses dois trabalhos (ver FIGURA 7), O conceito do número, é
composto de 31 páginas em que Maeder discute a posição da Matemática perante as
Ciências e da Aritmética perante a Matemática. Aborda a “origem do número” e a
“introdução do número no campo matemático”. Além disso, nessas páginas podem-se
observar as referências utilizadas em tal estudo. Gauss, Felix Klein, Kant, Emile
Picard, Henri Poincaré, Augusto Baillot, Jules Tannery, E. Mach, Ferdinand Hoefer,
A. Comte, Edmond Bouty, e W. Ostwald são personagens e trabalhos citados por
28
Maeder. É possível também observar certo conhecimento a respeito dos movimentos
internacionais sobre as questões do ensino de Matemática:
Reconhecida a preponderância do seu papel, diversos estudos tem sido feitos nos últimos
tempos no sentido de aperfeiçoá-lo, indicando-lhe a norma que deve seguir para que seja
diminuída a descontinuidade atual entre o ensino da Matemática Elementar e o da
Superior. Haja vista os resultados a que se chegou nos trabalhos do Congresso de
Naturalistas, reunido em Dresde, em 1907 e aos do Congresso de filólogos e professores
alemães realizado, proximamente na mesma época, em Basiléia, nos quais o professor
Felix Klein apresentou importantíssimas comunicações sobre as necessidades da reforma
no ensino da Matemática, tendo publicado, sobre a palpitante questão, trabalhos de
grande valor, dedicados aos professores, onde o ilustre cientista alemão expõe o
verdadeiro método para o ensino da ciência básica dos conhecimentos humanos.
(MAEDER, 1927, p. 7).
FIGURA 7 – TESE CONFORME ESCOLHA
Presente no texto de Maeder, já nas últimas páginas, há uma evidência sobre o
contexto da época a respeito da teoria dos números, da lógica e da utilização da teoria
dos conjuntos como meio de compreender o número. Neste ponto, Cantor também é
referenciado:
29
Outros matemáticos, impulsionados pelas novas tendências, de ordem lógica, pretendem
fundamentar a teoria dos números finitos nos números cardinais transfinitos de Cantor.
O ilustre filósofo de Halle procura introduzir na Matemática o infinito atual, quantidade
que supõe, não só suscetível de ultrapassar a todos os limites, como já os tendo
ultrapassado, destinando-se, a presente ampliação, a servir de base à sua teoria dos
conjuntos. (MAEDER, 1927, p. 30)
Um pouco mais adiante, Maeder conclui seu trabalho posicionando-se como
contrário à introdução puramente formal do número. Coloca-se favorável a Bouty
23
,
concordando que “as Matemáticas procedem essencialmente por abstração, a partir de
realidades concretas”.
Quanto ao trabalho Resolução e discussão das equações dos primeiro e
segundo graus a uma incógnita (ver FIGURA 8), já é possível observar que o autor
utiliza-se de um encaminhamento dos conteúdos que seguem de forma similar aos
livros didáticos de Matemática da época.
FIGURA 8 – TESE CONFORME SORTEIO
30
23
Maeder, no trabalho aqui citado, não menciona uma bibliografia. Quanto a Bouty, faz apenas uma
nota de rodapé dizendo: “Edmond Bouty – La Verité Scientifique (pág. 125)”.
Esse trabalho foi produzido em 110 páginas mais outras três páginas com
bibliografia e índice. O assunto abordado está dividido da seguinte forma:
Introdução
Equações
Princípios gerais que presidem à resolução das equações
Equações do primeiro grau a uma incógnita
Equações do segundo grau a uma incógnita e problemas.
Na introdução, Maeder aborda a discussão, como fez no trabalho anterior, da
Matemática perante a Ciência. Busca classificações das ciências citando Bacon (1605),
modificada por d’Alembert, de Hobbes (1651), de Locke (1690), de Bentham (1816),
de Comte (1830), de Ampére (1834), de Spencer (1854), de Cournot (1861) e de
Wundt (1889). Entretanto, parece inclinado a aceitar a posição de Comte:
Embora sendo trabalhos de valor, todas perdem sua importância em comparação com a
de Comte e de Spencer, principalmente com a do primeiro que é universalmente
consagrada.
Comte, em sua classificação, contrariamente a opinião posterior de Spencer, dispôs as
ciências em ordem seriaria, segundo a generalidade decrescente e complexidade crescente
dos fenômenos considerados, da seguinte forma: Matemática, Astronomia, Física,
Química, Biologia, Sociologia e Moral.
A Matemática, compreendendo os fenômenos numéricos, geométricos e mecânicos, é a
mais geral e menos complexa, pois que todos os corpos lhes são sujeitos, ajustando-se,
perfeitamente, no ponto inicial da disposição hierárquica do ilustre filósofo. (MAEDER,
1927, p. 8)
Maeder aponta esse como critério semelhante ao analisar a Matemática e suas
subdivisões. Reproduz um esquema extraído da Geometria algébrica, de autoria de
Samuel de Oliveira e Liberato Bittencourt, editado em 1896. Neste esquema (ver
QUADRO 2), é possível observar as subdivisões da Matemática.
Observo, neste trabalho de Maeder, não apenas posições que assume em relação
ao ensino de Matemática, como também da Matemática como ciência, suas
subdivisões. Mais adiante descrevo os livros didáticos de Matemática escritos por esse
autor e observo indícios que apontam claramente para as influências que ele sofreu na
elaboração de suas obras. Tais indícios estão presentes no segundo trabalho
apresentado ao então Ginásio Paranaense (Resolução e discussão das equações dos
primeiro e segundo graus a uma incógnita). Dois pontos são importantes destacar
31
aqui. O primeiro diz respeito à bibliografia apontada no fim do trabalho, conforme
reprodução a seguir (ver FIGURA 9).
QUADRO 2 – ESQUEMA SUBDIVISÕES DA MATEMÁTICA
mecânica
geometria
concreta
ntetranscendecálculo
elementarebraá
funçõesdascálculo
valoresdoscálculo
abstrata
Matemática
.
lg
..
..
FIGURA 9 – REFERÊNCIAS NA TESE DE MAEDER
32
Sobre essa bibliografia, observo que esses livros (em sua maioria) fazem
parte do acervo particular de Clotilde Munhoz Valente Maeder. Conforme a
própria filha conta, ele fez várias viagens à França, Itália, Espanha, Argentina,
Uruguai e Alemanha, onde provavelmente teria adquirido alguns desses livros.
(ver ANEXO II)
Embora essas duas teses não representem aquilo que havia definido como
objeto de estudo, os comentários colocados até aqui são importantes não apenas
por observar referências utilizadas pelo autor paranaense, como também por
revelarem um fato que considero interessante abordar: são indícios de que esses
dois trabalhos publicados por Maeder teriam sido utilizados para a escrita dos três
livros didáticos de Matemática, denominados Matemática elementar, que
descrevo mais adiante. Além de reproduzir grande parte de seu trabalho
apresentado no Ginásio Paranaense, como constatei, também há anotações
diversas feitas a lápis no trabalho Resolução e discussão das equações dos
primeiro e segundo graus a uma incógnita. Tais anotações, feitas por Maeder
24
,
são correções e ampliações que aparecem no livro Álgebra elementar, em 3ª.
edição de 1933. Um exemplo disso é a página 21 reproduzida logo a seguir (ver
FIGURA 10).
As anotações feitas por Maeder, além de representarem alterações e
correções a respeito da resolução de equações e dos princípios matemáticos
utilizados para tanto, também evidenciam estudos a respeito de concepções de
pensadores. Assim, por exemplo, na página da introdução ao trabalho de Maeder
foram feitas anotações diversas sobre Hobes, Locke, Comte, Bacon, Bentham e
Ampére.
24
Há uma dedicatória na apresentação desta Resolução e discussão das equações dos primeiro e
segundo graus a uma incógnita dirigida a filha de Maeder e assinada por ele. Comparando essas
anotações com a dedicatória, não tenho dúvidas quanto à autoria de tais observações.
33
FIGURA 10 – ANOTAÇÕES DE MAEDER
34
2.2 ÁLGEBRA ELEMENTAR
Com a denominação Álgebra elementar, três livros foram escritos por Maeder e
publicados pela Typ. João Haupt e Cia., na cidade de Curitiba. As informações a
respeito de tiragens, edições e até mesmo de algumas das datas de publicação são
imprecisas. Além disso, as denominações “edições” e “tiragens”, na época em que
Maeder escreveu seus livros, às vezes podem ser consideradas como sinônimos.
Quando, atualmente, utiliza-se a expressão uma “nova edição” de um livro, entende-se
que houve uma reformulação, possíveis correções e até mesmo mudanças mais amplas
no sentido de “melhorar” o livro. Da mesma forma a expressão “tiragem” parece estar
mais próxima ao aspecto da editora responsável pela publicação efetuar graficamente a
reprodução, sem nenhuma alteração, do livro. Tal reprodução, nesse sentido, é ligada
ao aspecto comercial devido, por exemplo, às solicitações de aquisição do livro.
Assim, voltando aos livros do autor paranaense faço, sempre que necessário, a
explicação do significado de “edição”, isto é, se o termo está sendo empregado no
sentido de reformulação (com possíveis alterações) ou simplesmente como reprodução
(ligado à tiragem). Nos três tópicos a seguir, passo a fazer uma leitura dos três livros
de Álgebra elementar.
FIGURA 11 – CAPAS DOS LIVROS ALGEBRA ELEMENTAR
35
2.2.l Álgebra elementar – 2ª. parte
Publicado em sua primeira edição no ano 1928, o livro Álgebra elementar –
2ª. parte: equações e problemas algébricos contém 182 páginas e foi editado pela
Typ. João Haupt e Cia. O prefácio foi assinado por Arnaldo I. Beckert
25
, conforme
abaixo:
As dificuldades de toda a ordem que se apresentam às publicações que abordam
assuntos científicos, principalmente no domínio matemático, justificam o reduzido
número em que aparecem as obras desse gênero.
Por esse motivo, grande foi a satisfação que senti ao ler o trabalho: Álgebra
Elementar: Equações e problemas algébricos, de autoria do ilustre colega e particular
amigo Dr. Algacyr Munhoz Mäder, a ser divulgado por estes dias.
A obra citada virá facilitar eficazmente o estudo da Álgebra aos alunos ginasiais, por
conter grande parte dos pontos exigidos pelos programas oficiais e também a teoria
dos determinantes e sua aplicação à resolução dos sistemas de equações, que a
maioria dos livros desse gênero deixa de trazer.
Sob o ponto de vista, didático apresenta ainda outras vantagens, como sejam: a
profusão de exemplos de equações simultâneas, cuidadosamente escolhidos e
resolvidos pelos diferentes processos empregados; os exemplos de sistemas de
equações resolvidos por artifícios de cálculo, mostrando a vantagem que acarreta sua
aplicação à resolução dos sistemas em que podem ser empregados; a série de
problemas resolvidos; a discussão dos problemas clássicos dos trens e das luzes, com
um desenvolvimento invejável.
Na introdução ao estudo das equações, define-as com todo rigor, mostrando bem
claramente a única que satisfaz plenamente. Na demonstração dos teoremas em que se
baseia a resolução das equações, que alguns autores dão como axiomas, emprega a
representação simbólica, em vez da convenção F(x,y,...)=0, sempre usada,
procurando, assim, talvez facilitar a compreensão da demonstração dada, aos alunos
que não poderão ainda estar familiarizados com esse meio de representação.
Não é apenas sob o ponto de vista didático que o trabalho do Dr. Mäder apresenta
valor e interesse, como também em geral a todos que se dedicam ao estudo da
Matemática, trazendo na parte relativa à resolução das equações do 2º grau, não só os
processos dos Árabes e de Viète, como também o de Dühring, o trigonométrico e
outros pouco divulgados em tratados elementares de Álgebra.
Em resumo, é uma obra de real valor, que vem, ainda mais, enriquecer a bibliografia
nacional neste ramo.
Curitiba, Setembro de 1928
.
A FIGURA 12, a seguir, representa uma reprodução eletrônica da capa desse livro.
Observo que Maeder se apresenta como engenheiro civil, catedrático e diretor do
Ginásio Paranaense. A FIGURA 13 refere-se à página inicial desse mesmo livro.
25
Ele assina como: Lente catedrático da Faculdade de Engenharia do Paraná.
36
FIGURA 12 – CAPA DO LIVRO ÁLGEBRA ELEMENTAR – 2ª. PARTE
37
FIGURA 13 – PÁGINA INICIAL DO LIVRO ÁLGEBRA ELEMENTAR – 2ª. PARTE
38
Já no século XIX, muitos livros-texto apresentam, logo após a folha de rosto,
pareceres no sentido de dar mais legitimidade à obra (SILVA, 2000, p. 129). No livro
de Maeder, o “parecer” (ver citação anterior) é dado por um amigo e catedrático de
Engenharia. Nesse parecer, é possível perceber algumas preocupações em relação aos
métodos escolhidos, aos conteúdos abordados e também ao cuidado de estar adequado
ao aluno que irá utilizar. Além desse parecer, observo ainda a existência de um outro,
publicado em 2 de novembro de 1928 no jornal Gazeta do Povo, assinado por F. Z.
F.
26
, escrito em 25 de outubro de 1928 conforme reprodução abaixo:
FIGURA 14 – PARECER PUBLICADO EM JORNAL
26
As iniciais F.Z.F. são do autor de tal artigo. Embora uma cópia desse artigo tenha sido encontrada
em meio aos acervos da família de Maeder, a autoria é desconhecida, mas acredito ser de alguém do
círculo de amizades de Algacyr.
39
Aqui, neste artigo, é importante observar que o livro de Maeder é chamado de
“compêndio” e, nas palavras do autor do artigo, é destinado ao estudante como algo
“indispensável”. Essa observação me chamou a atenção pelo fato de, até aqui,
interpretar a utilização de um compêndio mais restrita ao professor. Isso parece ser
ampliado para aluno, conforme as palavras presentes no artigo. Seria já a transição de
compêndio para compêndio escolar?
Voltando ao livro Álgebra elementar – 2ª. parte: equações e problemas
algébricos, não há sumário ou índice. Entretanto, é possível perceber uma divisão em
oito assuntos, conforme quadro a seguir.
QUADRO 3 – ASSUNTOS DE ÁLGEBRA ELEMENTAR – 2ª. PARTE
Introdução (páginas: 5 a 13)
Equações (páginas: 14 a 19)
Princípios gerais que presidem à resolução das equações (páginas: 20 a 28)
Equações do primeiro grau a uma incógnita (páginas: 29 a 41)
Sistemas de equações (páginas: 42 a 99)
Determinantes (páginas: 100 a 108)
Equações do segundo grau a uma incógnita (páginas: 109 a 149)
Problemas (páginas: 150 a 182)
Desses oito tópicos, apenas dois não estão presentes no trabalho Resolução e
discussão das equações dos primeiro e segundo graus a uma incógnita de Maeder.
São eles: “Sistemas de equações e determinantes”. Em relação aos demais tópicos,
posso afirmar que foram extraídos com mínimas alterações desse trabalho apresentado
no Ginásio Paranaense, como já tinha sido observado anteriormente. Assim,
menciono a seguir algumas alterações que foram feitas no trabalho publicado em
1927
27
e no livro que descrevemos neste tópico, publicado em 1928.
No tópico “Introdução”, de 1927, página 8, há uma nota de rodapé que não
aparece no livro de 1928: “O presente esquema foi extraído da Geometria Algébrica,
redigida segundo o plano de ensino das Escolas Militares, por Samuel de Oliveira e
27
Refiro-me ao trabalho Resolução e discussão das equações dos primeiro e segundo graus a uma
incógnita, apresentado por Maeder em 1927 para o concurso de lente catedrático de Aritmética e
Álgebra no Ginásio Paranaense, citado anteriormente.
40
Liberato Bittencourt, bacharéis formados pela Escola Militar do Rio. Ed. em 1896”.
Um pouco mais adiante, há uma diferença em relação ao conceito de função.
Restringindo a definição geral de função ao caso das funções algébricas, podemos defini-
las nestes termos:
Chama-se função de uma ou mais quantidades variáveis, toda expressão algébrica na
qual estas quantidades entram de um modo qualquer, combinadas ou não com outras
quantidades constantes. Tal é, um pouco modificada, a definição de Lagrange
28
.
(MAEDER, 1927, p. 10)
Quanto ao livro de 1928, uma outra forma de abordar o conceito de função é
encaminhada por Maeder, isto é:
As funções constituem, pois, a expressão de dependência entre quantidades, podendo ser
representadas, simbolicamente, da maneira seguinte:
)(xfy
=
.
Para a sua constituição, costuma-se representar as quantidades pelas letras do alfabeto,
adotando-se as primeiras para as conhecidas e as últimas para as desconhecidas e
exprimindo-se as relações entre elas pelos sinais seguintes:
.,,,,,,,, <>=÷×+
(MAEDER, 1928, p. 10).
O assunto “função”, historicamente, representou no início do século XX o
tópico por meio do qual seria possível a unificação dos vários ramos da Matemática.
Era a idéia de que o conceito de função
29
poderia estar presente nas várias partes do
currículo de Matemática.
Quanto ao segundo tópico (Equações), as seis páginas que compõe o livro de
1928 são exatamente iguais às seis páginas do trabalho de 1927. No tópico seguinte,
28
Maeder escreve uma nota de rodapé observando referência utilizada para dar tal conceito. Observo
ainda que essa citação não aparece no livro de 1928: “Teoria elementar das funções para servir de
introdução ao estudo da Álgebra por Licinio Athanasio Cardoso, engenheiro militar, professor
adjunto do curso preparatório, da Escola Militar, Ed. em 1885. Rio de Janeiro”.
29
Euclides de Medeiros Guimarães Roxo iria evidenciar a importância da noção de função, no ano de
1937, em seu trabalho A matemática e o curso secundário. Esse trabalho de Roxo foi reproduzido pela
Sociedade Brasileira de Matemática em 2003. Nele, Roxo explica como Félix Klein encontrou a
solução para utilizar a noção de função como elemento unificador na Matemática. Diz ROXO:
A noção de função deve, na sua opinião, ser adotada como idéia axial no ensino da matemática,
capaz de estabelecer o elo unificador dos vários assuntos tratados na escola secundária de
modo a ser a alma do corpo em que se organiza a matéria.
Além da aptidão para ligar todos os assuntos em um todo, a educação do pensamento funcional
merece ser feita na escola secundária, não só tendo em vista as exigências práticas e culturais
da vida moderna, como pela sua aptidão para constituir um meio altamente educativo do
pensamento lógico e um verdadeiro método de estudo.
A idéia de função vem ainda dar ao ensino da matemática secundária mais vida e mais
interesse, permitindo não só tratar de questões de maior realidade para o aluno, como
estabelecer conexões a outras matérias mais concretas. (ROXO in VALENTE, 2003, p. 180).
41
“Princípios gerais que presidem à resolução das equações”, apenas uma citação feita
na publicação de 1927 foi suprimida para compor o livro de 1928. Tal citação, no
rodapé da página 25, é uma referência utilizada por Maeder: “Curso elementar de
Matemática Álgebra (cálculo das formações diretas) 1º. vol. Álgebra fundamental,
pelo Dr. Aarão Reis, professor da Escola Politécnica do Rio de Janeiro. Ed. 1902.”
No tópico “Equações do primeiro grau a uma incógnita”, do livro de 1928,
houve um acréscimo de oito exercícios resolvidos e de outros 32 propostos. Além
disso, observo a supressão de duas referências feitas em rodapé no trabalho de
1927, uma na página 34 e outra na página 35: “Álgebra Elementar, por Francisco
Sebastião Alves, professor do Colégio Militar. Ed. no Rio de Janeiro em 1914”,
e, “Élements d’Algèbre, par M. Bourdon, inspecteur général émérite de
l’Université, ancien examinateur d’admission a l’Ecole Polytechnique. Ed. em
1907 em Paris”. Embora tenham sido retirados para a elaboração do livro de 1928,
são indicativos diretos de referências utilizadas por Maeder, como autor de livros
didáticos de Matemática. Ainda no mesmo tópico, é possível constatar pequenas
alterações de frases que não mudam o desenvolvimento do encaminhamento do
assunto abordado.
Como foi dito anteriormente, dois novos tópicos foram acrescentados no livro de
1928: “Sistemas de equações” e “Determinantes”. O primeiro tópico apresenta quatro
processos de resolução de sistemas de equações do primeiro grau a duas incógnitas.
Maeder denomina esses procedimentos de “processos de eliminação”, isto é:
Eliminação por redução ao mesmo coeficiente
Eliminação por substituição
Eliminação por comparação
Eliminação pelos fatores indeterminados (Bezout
30
)
Passa, então, a discutir cada um desses processos para a resolução de sistemas
de equações do primeiro grau com duas incógnitas. Somente mais ao final do tópico
aborda sistemas de equações com mais de duas incógnitas. Maeder cita então a
30
O processo de eliminação atribuído a Bezout, isto é, a Étienne Bezout, matemático francês do século
XVIII.
42
conhecida “Regra de Cramer” para a resolução de sistema, sem, no entanto falar de
“Determinantes”. Deixa tal assunto para o próximo tópico. Quanto ao assunto
“Determinantes”, Maeder o apresenta direcionado à resolução de sistemas de equações
com duas e com três incógnitas: é a conhecida “regra de Sarrus
31
”.
Os dois últimos tópicos em que o livro de 1928 foi dividido foram reproduções
do trabalho de 1927, com pequenas alterações. Entre as alterações é possível observar
a supressão de três notas de rodapé com indicações de referências utilizadas por
Maeder no trabalho de 1927: “Lições de Álgebra por André Perez y Marin, lente
cathedratico de Arithmetica e Álgebra do Gymnasio do Estado em Campinas.
Editado em São Paulo em 1918” (MAEDER, 1927, p. 71); “Nociones de Álgebra
Elemental (1ª. parte) por Fidencio de Alzáa, professor de Matemáticas y Física en
el Instituto Nacional Del Profesorado Secundário y en el Colégio Nacional ‘Bmé-
Mitre’ de Buenos Aires. Edição de 1926” (MAEDER, 1927, p. 79); “Lecciones de
Matemáticas-Aritmética y Álgebra (2º vol.) por Eduardo Monteverde, catedrático
de esas asignaturas en la Universidad. (Uruguay). Ed. de 1924 (Montevidéo)
(MAEDER, 1927, p. 81).
Há também um acréscimo de um problema relacionado aos ponteiros de um
relógio. Tal problema consiste em determinar a hora em que os dois ponteiros de um
relógio devem coincidir pela primeira vez após as doze horas. Esse problema é
resolvido por meio de uma equação do primeiro grau. O autor discute tal resolução em
cinco páginas.
Por fim, observo que a importante referência bibliográfica
32
apontada no
trabalho de 1927 foi totalmente excluída no livro publicado por Maeder em 1928.
Para descrever o trabalho de Maeder, considero relevante a observação da
existência da 2ª edição de Álgebra elementar – 2ª. parte, publicada também pela
Typ. João Haupt e Cia., no ano 1931. São 217 páginas nessa 2ª. edição “revista e
31
Comenta que Sarrus foi professor da Universidade de Strassburgo. Ele teria sido o responsável pelo
estabelecimento de “uma regra prática” para o desenvolvimento dos determinantes, conforme cita
Maeder, de “3º grau”.
32
Essa bibliografia foi apresentada anteriormente.
43
ampliada”, que apresenta um índice cujos tópicos principais podem ser observados
no quadro a seguir.
QUADRO 4 – ASSUNTOS DE ÁLGEBRA ELEMENTAR – 2ª. PARTE – 2ª. EDIÇÃO
Prefácio
Parecer da Congregação
Equações
Equações do 1º. grau a uma incógnita
Sistemas de equações
Sistemas do 1º. grau a duas incógnitas
Sistemas do 1º. grau a várias incógnitas
Sistemas que se resolvem por artifícios
Determinantes
Equações do 2º. grau
Problemas
Séries elementares
Logaritmos
Uma comparação simples a partir dos títulos das partes que compõem o livro da
2ª. edição com o da 1ª. edição, comprova-se que houve uma ampliação e uma
reformulação
33
. Ampliação pelo acréscimo de assuntos antes não abordados e
reformulação pelo fato de alguns encaminhamentos de conteúdos terem sido alterados
em relação à edição anterior. Algo que é importante observar está no prefácio que,
além de repetir aquele escrito para a 1ª. edição (assinado por Arnaldo I. Beckert
34
),
também há um de autoria de Maeder destinado, pelo menos a princípio, a falar sobre a
2ª. edição:
Uma dificuldade, aliás bem séria, se apresenta em prejuízo da boa divulgação das teorias
científicas, especialmente em relação as do domínio matemático.
É que os autores, em sua maioria, escrevendo para o grande público, onde se encontram
culturas de todos os graus e a mais completa diversidade de inteligências, preocupam-se
em tornar o assunto que explanam francamente acessível, pecando, quase sempre, por
certa prolixidade e por um elementarismo de exagero nocivo.
Sob esse particular, especializando para a Matemática, que é de entre todas as ciências a
de maior importância e que mais de perto nos interessa, parece não haver dúvida que a
Álgebra tem sido a parte mais prejudicada.
33
Entendo por reformulação a simples não reprodução, isto é, denomino aqui reformulação a
observação de que houve alguma alteração, mesmo que pequena. Caso não haja alteração, denomino o
trabalho como uma nova tiragem.
34
Ver o que foi comentado na 1ª. edição.
44
Os livros de que geralmente dispomos, onde se procura insinuar os reflexos do caráter
prático da tendência moderna, preconizado por Klein, são prodigamente reproduzidos,
distinguindo-se pelo excessivo desenvolvimento da parte consagrada aos exercícios, em
flagrante prejuízo das impensáveis noções teóricas comumente exploradas com visível
imperfeição.
Essa forma de encarar a questão por parte dos tratadistas, defeituosa sob todos os pontos
de vista, é de completa desvantagem para os iniciandos, que se vêm prejudicados pela
falta de orientação em que são desenvolvidos os seus estudos, trazendo geralmente, como
resultado, a aquisição de idéias bem falhas da Ciência a que se dedicam.
Em campo bem diverso, outros compêndios aparecem, em número mais reduzido, onde
as diferentes teorias encontram amplo desenvolvimento, encaradas com maior rigor, por
uma face mais elevada.
A sua exposição, todavia, feita em linguagem científica, a que não estão habituados os
interessados, é dificilmente acessível.
Esse o principal obstáculo que se antepõe ao estudo da Matemática Elementar, que exige
por parte dos professores e alunos um trabalho insano de escolha, entre os estilos opostos
dos compêndios vulgares, do indispensável meio termo, onde se encontre, ao lado da
exposição teórica, simples e rigorosa, aplicações práticas cuidadosamente graduadas.
Essa circunstância é precisamente o meu estímulo na publicação deste meu livro, em que
pretendo ter conseguido expor a matéria de maneira completa e simples.
Algacyr Munhoz Mäder
Curitiba, 1931.
Maeder não comenta a sua proposta em relação à 2ª. edição. O que observo é
uma crítica severa a outros “compêndios”, ao tratamento simplista e sem rigor,
segundo ele, dado à Álgebra. Comenta ainda a existência de livros que são
reproduzidos seguindo uma tendência moderna, defendida por Félix Klein, porém com
um exagero em relação aos exercícios. Nesse sentido, Maeder considera que há um
desequilíbrio, ocasionando uma imperfeição nas noções teóricas que são desenvolvidas
nesses livros. Além desse prefácio escrito por Maeder, há um “Parecer da Comissão de
Ensino do Ginásio Paranaense” recomendando a adoção do livro Álgebra elementar,
2ª. parte – equações e problemas algébricos, 1ª. edição
35
de autoria do Dr. Algacyr Munhoz Mäder, professor catedrático de Álgebra e Aritmética
e, atualmente, Diretor deste Estabelecimento, tendo procedido a uma análise atenta sob
os pontos de vista didático e matemático concordou, por unanimidade de votos, com a
redação final do presente.
A obra “Álgebra Elementar”, parte correspondente às equações e problemas algébricos,
tendo por autor Dr. Algacyr Munhoz Mäder, é um trabalho que se recomenda pelo seu
caráter especialmente didático – exigência esta indispensável e de todo necessária nos
livros que se destinam a ser manuseados por principiantes.
De fato, exposição metódica, dedução rigorosa, ambas em uma linguagem clara são os
três degraus que elevam bem alto o trabalho do esforçado e ilustre catedrático.
35
Observo que esse é um parecer datado de 9 de novembro de 1929 sobre a 1ª. edição. Esse parecer
foi assinado por Guido Straube, Jeronymo G. Mazzarotto e Francisco José Gomes Ribeiro. Essa era a
comissão do Ginásio Paranaense.
45
Disposição material do assunto perfeitamente pedagógica, a impressão nítida e
caprichosa vem ainda realçar mais o valor didático da obra em apreço.
Há mais. – Na resolução das equações, além dos processos clássicos, o autor não descura
os modernos.
É raro encontrarem-se, entre outros, os problemas dos correios e das luzes tão
claramente explanados e completamente solucionados bem como a teoria dos
determinantes aplicada à resolução das equações – questão, geralmente, esquecida ou
demasiado sumária na maioria dos autores.
Este trabalho com a sua copiosa intercalação de exercícios vários e perfeitamente
enquadrada na orientação do programa de Matemática oficial é uma eloqüente
recomendação do seu autor que, com real aproveitamento de seus alunos, o vem
adotando em sua classe.
Ademais, o veredictum dos especialistas, o lisonjeiro acolhimento por parte da imprensa e
a sua franca aceitação em geral já consagraram o mérito de seu autor.
Nestas condições esta Comissão é de parecer que a obra em apreço não só satisfaz
cabalmente as exigências estabelecidas pela Congregação deste Estabelecimento de
Ensino Secundário como ainda vem contribuir, eficazmente, para consolidar o alto
conceito deste Ginásio e proclamar o renome o que faz jus o emérito professor.
No sentido de legitimar a obra, esses pareceres constavam nas páginas iniciais
dos livros didáticos e tinham a força de uma avaliação da obra apresentada. Em
particular, o parecer acima estava restrito ao Ginásio Paranaense, em que Maeder era
então diretor e, além disso, a comissão era formada por catedráticos na própria
instituição.
Comparando a 1ª. edição de 1928 com essa 2ª. edição de 1931, faço a seguir
algumas observações com o objetivo de descrever o trabalho de Maeder.
Na 1ª. edição, havia um tópico denominado “Introdução” que, na 2ª. edição, foi
totalmente excluído. Esse tópico procurava situar o leitor em relação a concepções
sobre ciência e suas classificações. Em relação à Matemática e suas subdivisões (ver
QUADRO 2), mencionado na 1ª. edição, Maeder repete na 2ª. edição.
Quanto ao item “Equações”, houve uma alteração já no início. Além da
retirada de duas referências presentes na 1ª. edição, houve uma troca. Maeder
substitui a frase
A hipótese da equação (1) ter uma raiz é perfeitamente legítima. Com efeito, sabido que a
equação de um fenômeno é a expressão algébrica da relação invariável entre a
quantidade desconhecida e as quantidades conhecidas que esse fenômeno apresenta,
nenhuma dúvida podemos ter sobre a existência de uma valor (raiz), próprio a satisfazer
a equação.
(Cel. Roberto Trompowsky Leitão de Almeida – Álgebra Superior)
46
pelas três frases seguintes, que me levam a observar uma simplificação de linguagem
36
do conceito de equação, isto é, Maeder externa uma preocupação em esclarecer o leitor
aluno sobre o que vem a ser uma equação:
Para resolvermos algebricamente uma questão qualquer, representamos os dados e as
incógnitas por meio dos símbolos algébricos e procuramos distinguir as relações
existentes entre eles.
Conhecidas as relações, devemos representá-las abreviadamente pelos sinais indicativos
das operações.
Dessa apresentação simbólica dos enunciados das questões, originam-se as equações.
(MAEDER, 1931, p. 14).
Procedendo com uma comparação das duas edições, da página 15 até a página
182 (até a numeração das páginas é a mesma) nenhuma alteração foi por mim
observada, o que me leva a afirmar que, graficamente, foi utilizada a mesma “matriz”
para essas páginas.
A ampliação é por conta dos conteúdos acrescentados nas páginas 183 a 217.
São dois tópicos: “Séries elementares” (especificamente Progressão aritmética e
Progressão geométrica) e “Logaritmos”.
Ao abordar o assunto “Progressão aritmética”, Maeder define e classifica uma
progressão aritmética (crescente ou decrescente, mas não fala em constante), trata da
representação e dos elementos de tal seqüência, realiza o cálculo de um termo qualquer
(é o termo geral de uma progressão aritmética), o cálculo da razão, o cálculo do
número de termos, o cálculo do 1º. termo, a soma dos termos de uma progressão
aritmética e, finalmente, interpolação diferencial (interpolação aritmética). Trata cada
um desses itens como problemas a serem resolvidos ou “pontos
37
” a serem estudados.
Isso pode ser observado no quadro a seguir, presente na página 190 dessa 2ª. edição,
quando Maeder apresenta 20 fórmulas que são derivadas de duas fórmulas que
atualmente um aluno do Ensino Médio utiliza ao estudar progressão aritmética:
36
Entendo aqui o termo “simplificação de linguagem”, feita no conceito de equação, como uma
alteração visando um esclarecimento em palavras mais simples da frase atribuída ao Cel. Roberto
Trompowsky Leitão de Almeida, citado por Maeder na 1ª. edição. Tal alteração também exclui os
termos hipótese e fenômeno.
37
A idéia de “pontos” a serem estudados está ligada à questão muito comum, na época, de que numa
avaliação caberia por sorteio um determinado tema que o aluno deveria descrever, responder quer
numa prova escrita ou oral.
47
QUADRO 5 – FÓRMULAS DE PROGRESSÃO ARITMÉTICA
a rna
n
+= )1(
1
e n
aa
S
n
n
+
=
2
1
.
FIGURA 15 – FÓRMULAS PARA PROGRESSÃO ARITMÉTICA
Note que, ao todo, são sempre cinco elementos que aparecem nessas fórmulas
em relação ao estudo de progressão aritmética: o primeiro termo (a), o último termo
(l), o número de termos (n), a razão da progressão (r) e a soma dos termos (S). A
tabela, então, indica a existência dos problemas que podem ser resolvidos por meio das
fórmulas. Assim, dados três dos cinco elementos, para calcular os outros dois
elementos desconhecidos duas fórmulas são fornecidas.
48
Quanto ao assunto “Progressão geométrica”, Maeder procede da mesma forma que
“Progressão aritmética”, isto é, divide-o em “pontos” e busca, para cada um deles,
encaminhar procedimentos de como calcular um termo qualquer, o 1º. termo, a razão, o
produto dos termos e a soma dos termos. Não menciona o cálculo do limite da soma dos
termos de uma progressão geométrica decrescente com infinitos termos. Faz uma
observação, ao final do tópico “Séries elementares”, dando uma justificativa para essa
ausência: “Com as fórmulas obtidas, poderemos sempre calcular, entre os elementos
a, l, q, n, S e P, três deles, sendo conhecidos os outros três. Entretanto, alguns
problemas que se podem apresentar nesse sentido exigem conhecimentos superiores,
motivo pelo qual deixamos de resolvê-los aqui.”(MAEDER, 1931, p. 197)
Acredito que tal ausência deva-se aos assuntos “Limites” e “Derivadas” que
eram então estudados apenas em Curso Superior. Esses dois assuntos, na mesma
época, começam a fazer parte da disciplina de Matemática, no Colégio Pedro II.
O último tópico que compõe o livro em sua 2ª. edição é o estudo de
“Logaritmos”. Maeder apresenta tal assunto mencionando que logaritmo tem duas
origens distintas, isto é, uma ligada à Aritmética (origem aritmética) e a outra a
Álgebra (origem algébrica):
É que eles podem resultar da comparação de duas progressões, uma aritmética e outra
geométrica (origem aritmética) ou da função exponencial que é a inversa à função
logarítmica (origem algébrica).
Historicamente a primeira precede à segunda.
Consideremos uma progressão aritmética iniciada por 0 e outra geométrica iniciada por
1:
....5.4.3.2..0
.
.
...::::::1
..
..
5432
rrrrr
qqqqq
A progressão geométrica contém todas as potências da razão e a aritmética todos os
múltiplos da razão. Os expoentes dos termos da progressão geométrica correspondem,
respectivamente, aos coeficientes da progressão aritmética. Da comparação dessas duas
progressões resulta a definição seguinte:
Logaritmos são os termos de uma progressão aritmética que correspondem aos termos de
uma progressão geométrica, consideradas ambas indefinidas. (MAEDER, 1931, p. 198)
Utiliza ainda no estudo de logaritmos a denominação “logaritmos vulgares” ou
“sistema de Briggs” para “logaritmos decimais”. Embora Maeder faça observações
49
sobre a utilização de tabelas para calcular logaritmos na base dez (trabalho com
característica e mantissa de logaritmos decimais), não apresenta nenhuma tabela ao
final do livro. Também aborda os logaritmos neperianos referindo-se a eles como
“sistema de logaritmos hiperbólicos”.
2.2.2 Álgebra elementar – 1ª. parte
Embora tenha reunido todas as edições de Álgebra elementar, tanto da 2ª. parte
como também da 1ª. parte, não consegui responder à questão: Qual o motivo de
Maeder ter publicado a Álgebra elementar – 2ª. parte antes de publicar Álgebra
elementar – 1ª. parte? Acredito que esse procedimento resultou da separação, e
conseqüente denominação, da Álgebra em dois níveis distintos de escolarização. A 1ª.
edição de Álgebra elementar – 1ª. parte é de 1931 e foi publicada pela Typ. João
Haupt e Cia. São 129 páginas e outras duas contendo o índice que indica a seguinte
divisão de seus tópicos principais, conforme o quadro a seguir:
QUADRO 6 – ASSUNTOS DE ÁLGEBRA ELEMENTAR – 1ª. PARTE – 1ª. EDIÇÃO
Introdução (objeto da Álgebra, funções algébricas, símbolos e sinais algébricos).
Números algébricos (noções gerais, segmentos, adição, subtração, soma
algébrica, multiplicação, potências, raízes, divisão, frações).
Expressões algébricas (definição, classificação, valor numérico, elementos de
um monômio, termos semelhantes, polinômios ordenados).
Operações sobre as expressões algébricas (adição, subtração, multiplicação,
produtos notáveis, divisão, expoente zero, expoente negativo, fatores em
evidência, divisão inexata, divisão por
a
x
±
, fatoração, máximo divisor comum,
mínimo múltiplo comum).
Frações (definição, simplificação, redução ao mesmo denominador, adição,
subtração, multiplicação, divisão, cálculo de expressões fracionárias).
50
FIGURA 16 – CAPA DO LIVRO ÁLGEBRA ELEMENTAR – 1ª. PARTE
51
FIGURA 17 – PÁGINA INICIAL DO LIVRO ÁLGEBRA ELEMENTAR – 1ª. PARTE
52
Com relação a esse livro, faço aqui algumas observações para melhor descrevê-lo.
Constato já na capa a existência da menção “rigorosamente adaptada aos programas
oficiais dos cursos secundários”. Além disso, há uma frase
38
na capa e na primeira página
sobre a adoção do livro pelo Ginásio Paranaense. O prefácio (MAEDER, 1931, p. 3) foi
elaborado por Waldemiro Teixeira de Freitas
39
e está datado de 11 de maio de 1931:
Uma primeira leitura da presente obra, de autoria do prezado e distinto colega Dr.
Algacyr Munhoz Mäder, convenceu-me de que o esforço despendido na sua elaboração
não foi improficuo. O competente catedrático do tradicional Ginásio Paranaense
produziu um trabalho que, ao meu ver, prestará reais serviços a nossa mocidade
estudiosa.
É um erro muito generalizado o pensar-se que poucos são os indivíduos propensos ao
estudo da Matemática. Não passa tal opinião de enganadora aparência, originada, por via
de regra, de um iniciação tardia e descuidada na ciência da quantidade. Uma boa parte
da culpa por semelhante estado de coisas deve ser atribuída a deficiência de muitos
compêndios em uso nos nossos estabelecimentos de ensino. Dentre os principais defeitos
que se observam nesses manuais das ciências exatas, mormente nos de Álgebra, julgo
oportuno apontar aqui os que se seguem.
Numerosos autores, aliás donos incontestes de elevada cultura Matemática, não sabem
baixar ao nível intelectual dos jovens principiantes. Outros, não menos ilustres, cometem
a lamentável incúria de omitir, no início, o desenvolvimento de certas noções geométricas,
absolutamente necessárias. Querem, desde logo, apresentar as demonstrações
Matemáticas, quando a imaginativa Matemática do aluno ainda se encontra no seu
estado embrionário, só evoluindo lentamente, com o poderoso concurso das noções
geométricas a que vimos de aludir. Em certos compêndios ressalta ainda uma tal ou qual
negligência nas definições, o que constitui sério inconveniente, porquanto, como sabemos,
a definição Matemática é formulada, não mediante a pura observação, como nas ciências
naturais, mas por construção, indicando-se a origem do objeto ideado que se trata de
estudar. Daí se infere que, sendo o objeto definido uma forma construída pelo espírito
sobre os dados da experiência, e da qual se derivam, como conseqüências, por via de
análise, as propriedades que possui, deve a respectiva definição ser dada em termos de
máxima clareza. Não menos dificultante do estudo da Matemática é a linguagem
inadequada a mentalidade juvenil de que se servem em suas obras alguns autores.
Ora, parece-me que o distinto colega Dr. Algacyr soube habilmente evitar os escolhos a
que vimos de fazer referência. Em seu belo trabalho não se nota a preocupação em
mostrar conhecimentos que o aluno ainda não está em condições de assimilar. O Capítulo
intitulado “Números Algébricos” revela nitidamente que o A. mui sabiamente recorreu às
noções geométricas aptas a desenvolver a faculdade imaginativa do aluno. As definições e
a linguagem sóbria, em que está vasado
40
o livro, merecedor de ser classificado entre os
melhores no gênero, recomendam-se por si mesmos. Ainda merece especial menção os
exercícios criteriosamente escolhidos e graduados.
38
A frase que menciono não está impressa no livro. Ela foi colocada por meio de um carimbo na capa
e também na primeira página interna: “Officialmente adoptado pela Congregação do Gymnasio
Paranense para o corrente ano”.
39
Waldemiro Teixeira de Freitas era Catedrático da Faculdade de Engenharia do Paraná e também
catedrático do então Ginásio Paranaense.
40
A palavra “vasado” parece ter sido colocada no lugar da palavra “embasado”. Trata-se de um
provável erro de impressão.
53
Em conclusão, recomendo com empenho o ótimo volume de 130 páginas, otimamente
impressas, aos estudiosos paranaenses, que só terão a lucrar no seu manuseio.
Ao bondoso colega deixo consignado o meu vivo agradecimento pela honrosa
incumbência me conferida de professor o valioso trabalho, certamente digno dos
melhores encômios.
Esse prefácio fornece indícios (é assim que interpreto) sobre a adoção restrita ao
ensino de Matemática no estado do Paraná. Também é possível observar uma
preocupação externada por Waldemiro Teixeira de Freitas em relação à linguagem a
ser utilizada em um compêndio, no sentido de estar ou não adequada ao aluno. Outro
ponto que extraio de tal prefácio diz respeito à recomendação do método a seguir no
ensino de Matemática. Segundo Waldemiro, a construção dos conceitos deve substituir
as apresentações de demonstrações matemáticas que não levam em consideração o
estado embrionário em que se encontra o aluno em relação ao entendimento de tais
conceitos. Nesse prefácio, a “recomendação” ou “parecer” é claramente feita por um
amigo. Um elemento forte das idéias modernizadoras defendidas mundialmente por
Félix Klein se faz presente nesse prefácio: a construção do conhecimento a partir da
intuição.
Maeder extrai do seu livro Álgebra elementar – 2ª. parte, na sua primeira
edição de 1928, o tópico “Introdução” que aborda a classificação das Ciências, a
divisão da Matemática, a definição da Matemática, o objeto da Álgebra, as idéias
referentes às funções, a concepção de equação e os símbolos algébricos
41
.
Apenas para esclarecer sobre os tópicos em que os livros estão divididos, é
possível observar que os conteúdos abordam alguns assuntos que atualmente podem
ser encontrados em alguns livros didáticos de Matemática da 6ª. e da 7ª. séries do
Ensino Fundamental. O tópico “Números algébricos” corresponde ao estudo dos
números inteiros e é apresentado por Maeder como uma ampliação dos números
naturais:
Os números negativos são introduzidos na Matemática como primeira ampliação do
campo numérico, designando oposição de sentido.
E essa ampliação é necessária, por isso que há grandezas suscetíveis de avaliação em dois
sentidos opostos.
41
Ao abordar o livro Álgebra elementar – 2ª. parte, no presente trabalho, já foi comentado o texto
correspondente de Maeder.
54
Para as grandezas dessa natureza, tomadas em seu conceito geral nas questões
pertencentes ao domínio algébrico, os números naturais que exprimem a sua medida, são
insuficientes para determiná-las.
Por esse motivo tais números devem ser completados com a indicação do sentido em que
são tomados. (MAEDER, 1931, p. 14).
Temperaturas medidas em termômetros, abaixo ou acima de zero, são exemplos
empregados para utilização de números negativos. Também as transações comerciais
(lucros e perdas), intervalos de tempo (positivos os posteriores a um determinado
acontecimento e negativos os anteriores) e as coordenadas geográficas (às orientais
contados à direita do meridiano são positivas e às ocidentais, contadas à esquerda, são
negativas).
Maeder fez uma opção de desenvolver os números inteiros associados às
medidas e também à idéia de segmento orientado. Para explicar a multiplicação entre
dois números inteiros, positivos e/ou negativos, divide em quatro casos, em que utiliza
um exemplo de movimento. “1º. caso: Admitamos que um móvel percorra 3 metros
no sentido direto (da esquerda para a direita) em 1 segundo e vejamos onde se
encontrará no fim de 4 segundos.”(MAEDER, 1931, p. 28). Explica que a
velocidade é de + 3 e o tempo gasto no percurso é + 4. Assim, o percurso total será,
aritmeticamente, igual a (+ 3) x (+4) = (+12). Já no “2º. caso: Consideremos o
móvel percorrendo 3 metros em 1 segundo, da esquerda para a direita e vejamos
onde se encontrará no fim de 4 segundos”. Nesse caso, a velocidade é (-3) e o tempo
(+4), o que resulta no espaço percorrido igual a (-3) x (+4) = - 12. No 3º. caso,
Maeder comenta que o primeiro fator será positivo e o segundo fator negativo, o que
resulta (+3) x (-4) = -12. No “4º. caso: Sendo negativos ambos os fatores,
enunciaremos o 4º. caso como segue: O móvel, que se encontra atualmente na
origem (O), tendo percorrido 3 metros por segundo da direita para a esquerda, a
que distância desse ponto estaria a 4 segundos?” (MAEDER, 1931, p. 30). Nesse
caso, conclui que (-3) x (-4) = (+12). Ao colocar esse exemplo de encaminhamento de
conteúdo feito por Maeder, a idéia é observar que há uma preocupação em dar
significado, para o aluno, das regras de sinais explicadas na multiplicação de números
inteiros. Maeder fez uma opção pelo contexto de movimentos ao longo de uma reta
orientada.
55
“Expressões algébricas”, tópico seguinte do livro, é desenvolvido inicialmente
com base na idéia do que vem a ser uma expressão algébrica, a classificação existente
(expressões algébricas racionais, irracionais, inteiras e fracionárias), valor numérico de
uma expressão algébrica e prossegue com a apresentação do índice. Há, entretanto,
uma observação de rodapé de página feita por Maeder ao discutir exemplos de
coeficientes associados a monômios:
Muitos autores, nas definições que adotam sobre os elementos dos monômios, incidem em
erros grosseiros, generalizando em falso definições particularíssimas. É Assim que
chegam a dizer que o coeficiente indica o número de vezes que a parte literal de um
monômio deve ser repetida como parcela...
É preciso ter-se uma noção muito acanhada das expressões algébricas para assim definir
o coeficiente.
Com efeito, quando os coeficientes são fracionários ou irracionais, absolutamente não
representam repetição de parcelas iguais à parte literal.
Então nesse caso, por exemplo, os monômios
3
2a
e
2
3
2
x
. Os coeficientes
2
e
3
2
poderão indicar repetição de parcelas iguais? Certo que não!
Sebastião Alves, em seu ótimo livro “Algebra Elementar”, expende brilhante
argumentação a respeito das definições de expoente e coeficiente, indicando as únicas
verdadeiras.
As definições aceitas pelo eminente patrício são precisamente as que adotamos.
(MAEDER, 1931, p. 46)
Observo, aqui, uma possível referência utilizada por Maeder para elaboração de
seus livros didáticos de Matemática e, também, uma discussão crítica a respeito de
uma definição do que vem a ser um coeficiente numérico associado a uma expressão
algébrica.
O tópico “Expressões algébricas” contém um procedimento curioso da
disposição de dois polinômios para a multiplicação. Maeder chama tal procedimento
de “Indicação prática: A fim de facilitar a multiplicação de polinômios, deve-se
sempre ordená-los previamente segundo as potências crescentes ou decrescentes
de uma mesma letra e dispor a operação na ordem seguinte:” (MAEDER, 1931, p.
68). Observe os três exemplos na FIGURA 18.
No texto, Maeder aborda a seguir a divisão envolvendo polinômios. Divide tal
assunto em divisão de monômios, divisão de um polinômio por um monômio, divisão
de polinômios e divisão de um monômio por um polinômio. Neste caso, utiliza dois
exemplos e, dá um passo importante (embora nada comente) para observar a
56
construção de algumas séries de potências que, atualmente são estudadas somente nos
curso de graduação na disciplina “Cálculo”. Observo, a seguir, um exemplo da divisão
seguido pelo desenvolvimento de quatro séries (FIGURA 19).
FIG
URA 18 – MULTIPLICAÇÃO DE POLINÔMIOS
FIGURA 19 – EXEMPLOS DE SÉRIES
57
Quanto ao tópico “Casos especiais da divisão”, o livro contém o teorema do
esto da divisão de um polinômio X por um binômio da forma R
.a
x
±
desenvolvido no sentido de simplificação de frações algébricas, observando
casos especiais de fatoração.
2.2.3 Álgebra elementar – 3ª.
Maeder
presenta o teorema e, após enunciá-lo, procede com a demonstração. O restante do
livro é
edição
Se os livros anteriores publicados por Maeder estavam restritos à utilização no
tras escolas paranaenses, isso não ocorre com o
lgebra elementar – 3ª. edição, publicado pela Typ. João Haupt e Cia., no ano de
1933.
a
Ginásio Paranaense e em algumas ou
Á
Este foi um livro de projeção nacional, conforme a própria apresentação feita
por Maeder em suas 337 páginas mais uma dezena delas com tábuas de logaritmos e
razões trigonométricas:
FIGURA 20 – APRESENTAÇÃO DA 3ª. EDIÇÃO DE ÁLGEBRA ELEMENTAR
58
FIGURA 21 – CAPA DO LIVRO ÁLGEBRA ELEMENTAR – 3ª. EDIÇÃO
59
FIGURA 22 – PÁGINA INICAL DO LIVRO ÁLGEBRA ELEMENTAR – 3ª. EDIÇÃO
J
60
Na segunda folha depois da capa
42
é possível observar uma consonância com os
programas oficiais: “Curso completo, contendo toda a matéria de álgebra das diversas
séries do curso Secundário, de acordo com os novos programas oficiais, com
numerosos exercícios e uma tábua de logaritmos a 5 decimais dos 10000 primeiros
números e uma de linhas trigonométricas naturais.” Além disso, Maeder se apresenta
como “Engenheiro Civil, Catedrático e Ex-Diretor do Ginásio Paranaense,
Corre stério da Educação e Saúde Pública no Estado do Paraná”.
livro apresenta, já nas páginas inicias, um índice dos assuntos abordados.
Assim Maeder elabora o seu trabalho didático Álgebra elementar dividindo-o em
tópicos, conforme QUADRO 7.
s dois livros anteriores de Maeder tiveram, cada um deles, duas edições.
Álgebra elementar – 2ª. parte foi publicado em 1928 (1ª. edição) e em 1931 (2ª.
edição). Quanto a Álgebra elementar – 1ª. parte, as publicações foram em 1931 (1ª.
edição) e em 1932 (2ª. edição
43
). Ao fazer esse comentário a respeito dos dois livros
anteriores busco justificar que o livro Álgebra elementar de 1933 é denominado como
de 3ª. edição no sentido de ser uma junção, com alguns acréscimos, dos dois livros
anteriores, cada um deles com duas edições. Maeder, partindo dos dois livros
anteriores com vários ajustes publica esse livro que, na época, foi motivo de uma
verdadeira pendenga entre catedráticos dos anos 30. De um lado a Revista Brasileira
de Matemática, cujos diretores eram J. C. Mello e Souza (o Malba Tahan) e Salomão
Serebrenick; de outro lado Algacyr Munhoz Maeder, auxiliado por Jacomo Stávale, e
spondente do Mini
O
,
O
42
Não poderia deixar de observar que, neste livro, é visível a melhoria do trabalho gráfico feito pela
Typ. João Haupt e Cia., não apenas em relação à capa do livro, como também parece claro o
investimento dessa tipografia no ramo editorial. Um exemplo disso está na própria produção da capa
do livro de Maeder elaborada pelo professor Hermes Cardoso, isto é, há um profissional responsável
pela criação da capa. No verso da capa, no fim do livro, há menção de outras “Edições da Casa”. São
elas: Te grafia, Noções Práticas por Livio G. Moreira (2ª. edição); Patologia Geral do Dr. Nilo Cairo
(3ª. edição) e Anatomia e Fisiologia Humanas – Sinopse da História Natural por Guido Straube (2ª.
edição) mente os dados existentes sobre a Typ. João Haupt e Cia. não são suficientes para
descrev etória dessa iniciativa de uma editora do Estado do Paraná. Por essa época existiam
pelo Brasil diversas tipografias. Algumas, pelo crescimento editorial, passaram a se constituir como
editoras. Outras não conseguiram o devido espaço e desapareceram do mercado editorial. A Typ. João
Haupt e Cia., dividiu-se em papelaria e tipografia. Atualmente ainda existe a papelaria em Curitiba.
43
Não consegui encontrar nenhum volume deste livro publicado em 2ª. edição. O fato de ter
mencionado a existência dessa edição está baseado no Dicionário Bibliográfico do Paraná, de autoria
de Júlio Moreira. Nele, há a referência dessa 2ª. edição.
le
. Infeliz
er a traj
61
dois outros personagens paranaenses. A discussão pode ter sido motivada por uma
disputa no mercado editorial brasileiro e representa, no presente trabalho de pesquisa,
o capítulo 3 que denomino Tribunas de Educadores.
QUADRO 7 – ASSUNTOS DE ÁLGEBRA ELEMENTAR – 3ª. EDIÇÃO
Introdução (objeto da Álgebra, Funções elementares, Símbolos e sinais algébricos)
Números algébricos (noções gerais, segmentos, adição, subtração, soma algébrica,
multiplicação, potências, raízes, divisão, frações)
Expressões algébricas (definição, classificação, valor numérico, elementos de um monômio,
termos semelhantes, polinômios ordenados)
Operações sobre as expressões algébricas (adição, subtração, multiplicação, produtos
notáveis, divisão, expoente zero, expoente negativo, fatores em evidência, divisão inexata,
divisão por
a
x
±
, fatoração, máximo divisor comum, mínimo múltiplo comum)
Frações (definição, simplificação, redução ao mesmo denominador, adição, subtração,
multiplicação, divisão, cálculo de expressões fracionárias)
Potências e raízes (definição, princípios gerais, regra dos sinais, quadrado de polinômios,
cubo de polinômios, raízes, princípios gerais, regra dos sinais, raiz quadrada de polinômios,
raiz cúbica de polinômios)
Radicais (definição, princípio fundamental, simplificação de radicais, redução de radicais ao
raízes de radicais)
Equações (definição, número de raízes, classificação, princípios gerais)
Equações do 1º. grau a uma incógnita (resolução, discussão)
Problemas do 1º. grau a uma incógnita (definição, classificação, resolução de problemas
diversos)
Sistemas de equações (definição, classificação, princípios gerais, sistemas do 1º. grau a duas
incógnitas, processos de resolução, redução ao mesmo coeficiente, substituição, comparação,
método de Bezout, discussão, sistemas do 1º. grau a várias incógnitas, Regra de Cramer,
sistemas que se resolvem por artifícios de cálculo)
Problemas do 1º. grau a várias incógnitas (exemplos)
mesmo índice, adição e subtração de radicais, multiplicação e divisão de radicais, potências e
gerais, problema das idades, problema dos correios, problema das tangentes, problemas
Determinantes (generalidades, regra de Sarrus, resolução dos sistemas de duas incógnitas,
resolução dos sistemas de três incógnitas)
Equações do 2º. grau (generalidades, equações incompletas, número de raízes, processos para
a resolução da equação completa, árabes, árabes modificado, Viéte, processo brasileiro,
Dühring, fórmula simétrica, fórmula fracionária, fórmula trigonométrica, discussão,
propriedades das raízes)
Problemas do 2º. grau (resolução de problemas gerais, problemas das luzes, resolução de
problemas particulares)
Equações biquadradas (generalidades, resolução)
Séries elementares (progressões aritméticas, progressões geométricas)
Logaritmos (generalidades, propriedades, logaritmos vulgares, logaritmos negativos,
cologaritmo, logaritmos neperianos, tábuas de logaritmos, operações sobre logaritmos,
questões diversas)
Juros compostos e anuidades (generalidades, problema fundamental, capitalização não anual,
anuidades, capitalização, amortização)
Tábuas de logaritmos a cinco decimais dos 10000 primeiros números.
62
Ao afirmar anteriormente que o livro de 1933 foi compilado por uma junção
dos dois anteriores, justifico tal afirmação por uma comparação entre as publicações.
Nessa comparação observo, por exemplo, que os tópicos da publicação de Álgebra
elementar – 2ª. parte estão presentes no livro Álgebra elementar – 3ª. edição. Os
assuntos são: Equações, Equações do primeiro grau a uma incógnita
, Problemas
45
,
Sistemas de equações
46
, Determinantes
47
, Equações do 2º. grau a uma incógnita
48
,
Pro e
Ele n
elemen , Expressões algébricas, Operações sobre
expres
div r
relação
ele n
novos es: Potências e raízes (páginas: 108 a 131), Radicais (páginas:
132 240 a 246), Juros
com
trigono (são 22 páginas).
outros
44
bl mas do 2º. grau a uma incógnita
49
. Quanto aos tópicos presentes em Álgebra
me tar-1ª. parte, verifiquei que todos estão também presentes no livro Álgebra
tar – 3ª. edição: Números algébricos
sões algébricas
50
, Casos especiais da divisão, Fatoração de polinômios, Máximo
iso comum e mínimo múltiplo comum e, por último, Frações
51
.
Além do acréscimo de exercícios e de pequenas alterações mencionadas em
aos tópicos constantes nos dois livros anteriores, o que torna o Álgebra
me tar – 3ª edição diferente em relação à junção dos outros dois é a inclusão de
assuntos. São el
a 152), Problemas do 1º. grau a várias incógnitas (páginas:
postos e anuidades (páginas: 329 a 337), Tábuas de logaritmos e de linhas
métricas
O livro denominado Álgebra elementar – 3ª. edição, resultado da junção dos
dois com alguns acréscimos, acabou tendo uma projeção além da cidade do
44
In r
element
45
M d
incógni
46
Acres
47
Acres relação a resposta de um exercício resolvido, conforme página 253
dest ª
48
Este ado de “Equações do 2º. grau”. Além da mudança de nome, outras
alte õ das propriedades entre as raízes de uma
equ o centados.
49
O p
do 2º. g
respeito de “resolução de problemas particulares”, conforme constatei na página 298.
50
Há u
quando ros 27, 47 e 60, o que foi devidamente corrigido na
pub ç
51
Mudou a ordem dos exercícios e a quantidade desses.
se iu, na página 163 do livro de 1933, um exemplo de equação que não havia no livro Álgebra
ar – 2ª. parte.
u ou o título do tópico, passando a ser identificado como “Problemas do 1º. grau a uma
ta” e acrescentou diversos problemas que não haviam no volume anterior.
centou novos exercícios, mantendo toda a teoria em relação ao volume anterior.
centou uma conclusão em
a 3 . edição.
tópico passou a ser cham
raç es podem ser percebidas. Uma delas é a inclusão
açã do 2º. grau e os coeficientes dessa equação. Novos exercícios são acres
ico fazia parte de “Problemas”. Nesta 3ª. edição, ele passa a ser designado como “Problemas
rau”. Todo o assunto é mantido com o acréscimo de novos exercícios e uma introdução a
ma pequena diferença: na publicação da Álgebra elementar – 1ª. parte estavam faltando,
da numeração, os exercícios de núme
lica ão de Álgebra elementar – 3ª. edição.
63
autor.
pansão do ensino.
a unificação de seus vários ramos. Os compêndios,
que at
não apenas estava mudando de tipografia para editora, mas também iniciava a sua
d
r de livros
sciplina de Matemática.
Comento isso não apenas pelo fato de ter sido citado na Revista Brasileira de
Matemática de 1933, como também para observar sua existência em diversas
bibliotecas espalhadas pelo território nacional
52
. Mas a parceria com a Typ. João
Haupt e Cia., em Curitiba, encerrou com esse livro, que não teve outras edições. Os
anos 30, como aponta ROMANELLI (2005, p. 60), foram marcados por uma
revolução, “resultado de uma crise que vinha longe destruindo o monopólio do poder
pelas velhas oligarquias, favorecendo a criação de algumas condições básicas para a
implantação definitiva do capitalismo industrial no Brasil, acabou, portanto, criando
também condições para que se modificassem o horizonte cultural e o nível de
aspirações de parte da população brasileira”. É nesse contexto que a demanda social de
educação tem um crescimento levando a uma necessidade pela ex
Reformas na educação surgem e Maeder recebe um convite para escrever uma coleção
de livros didáticos de Matemática pela Edições Melhoramentos em São Paulo. É o
autor paranaense fazendo parte de uma editora que se lança na publicação de livros
didáticos.
Os três livros Álgebra elementar foram escritos numa época de transição
daquilo que era ensinado no país a respeito de Matemática. A disciplina Matemática
está sendo construída no Brasil pel
é então representavam a grande referência de professores e alunos, aos poucos
foram cedendo o lugar para os livros-texto (os livros didáticos). Maeder, como autor,
participação ativa em um grupo formado por poucos autores que iriam iniciar a escrita
a disciplina de Matemática. Começava para Maeder o tempo das Lições de
Matemática. De autor de compêndios, passa a ser aqui considerado auto
didáticos da di
52
Fiz uma pesquisa, via internet, em bibliotecas públicas e particulares sobre os livros de Maeder.
Queria com isso ter uma idéia sobre a abrangência de sua obra. Para surpresa, em diversos lugares
havia ainda em arquivos o livro de 1933. Esses dados representam indícios dessa abrangência, porém
não utilizo essas informações aqui.
64
2.3 LIÇÕES DE MATEMÁTICA
No jornal Diário de São Paulo, mês de abril de 1934, uma nota encontrada no
arquivo da família de Maeder, conforme abaixo, indica o início de uma parceria desse
autor com a Edições Melhoramentos. É a divulgação via imprensa do lançamento de
uma coleção composta de cinco livros de Matemática cujo título é Lições de
Matemática. As publicações desses livros com edições (e/ou tiragens) compreenderam
o período que vai de 1934 a 1942, conforme dados que levantei com a própria editora
e detalharei mais adiante (ver ANEXO IV).
FIGURA 23 – RECORTE DO DIÁRIO DE SÃO PAULO
65
Observo que esses cinco volumes de Lições de Matemática foram escritos para
erem utilizados no ensino de Matemática no então denominado ginásio, composto de
cinco anos. O contexto educacional da época é observado por VALENTE (2004, p. 15):
encontrada na década de 1930, quando se organiza o sistema nacional de ensino. Com a
. A figura a seguir contém as capas desses
inco livros e também o ano referente a 1ª. edição de cada um deles.
s
A referência histórica primeira, para o estudo da constituição desse nível escolar, pode ser
Reforma “Francisco Campos”, o ensino secundário ficou dividido em dois: um curso
fundamental, de cinco anos; e, um curso complementar, de dois. O primeiro, comum a todos os
alunos; o segundo, dividido em três ramos que contemplavam os candidatos às carreiras
universitárias das áreas médicas, exatas e humanas.
É para o ensino da disciplina de Matemática correspondente à primeira dessas
duas partes que Maeder escreve sua coleção
c
FIGURA 24 – COLEÇÃO LIÇÕES DE MATEMÁTICA E DATAS
2º. ano – 1935
4º. ano – 1937 5º. ano – 1938
1º. ano – 1934 3º. ano – 1936
66
Nesses livros, observo a referência, já na página seguinte à capa, ao programa
elaborado: “De acordo com o programa oficial do Colégio Pedro II”. Esse colégio do
Rio de Janeiro era o responsável por ditar o programa de Matemática da época seguido
omo referência para o resto do país. O personagem principal era Euclides Roxo, que,
como
pelo e
fazer p
projeto de reforma do ensino brasileiro. Era a chamada Reforma Francisco Campos
53
.
ser mais recente
uando comparada com a de autor pela Typ. João Haupt e Cia.), permite um estudo
mais detalhado no que diz respeito a edições (tiragens) dos livros. Em duas visitas
feitas a essa editora, a primeira em julho de 2005 e a segunda em julho de 2006, foi
possível levantar alguns dados a respeito das publicações. Embora existam lacunas a
serem preenchidas, é possível descrever de forma mais organizada não só as datas de
publicações, como também, em alguns volumes publicados, a quantidade de livros em
cada tiragem. As edições com alterações só podem ser observadas fazendo-se
comparações livro a livro, edição a edição.
c
diretor do Colégio Pedro II (tomou posse em dezembro de 1930), foi convidado
ntão Ministro Francisco Campos (Ministro da Educação e Saúde Pública) para
arte de um grupo de pessoas que ficaram incumbidas da elaboração de um
Euclides Roxo, a partir de idéias vindas de seu trabalho no Colégio Pedro II, teria
elaborado o programa
54
de Matemática a ser implantado a seguir em todo o país.
A fase de autor da Edições Melhoramentos
55
, talvez por
(q
53
“Em 1931, a reforma Campos, promulgada pelo Decreto Lei n. 19890, de 18 de abril de 1931, fixou
a duração de sete anos para o ensino secundário, cinco dos quais constituíam o ciclo fundamental e os
dois últimos o complementar, de preparação para os cursos superiores, com 3 subdivisões, de acordo
com a futura área profissional do aluno (decreto 19890 de 18/04/1931).” (CARVALHO, 2003, p. 123)
54
Examino, a seguir, série por série, se os programas utilizados em Lições de Matemática seguiam
aqueles adotados no Colégio Pedro II e que foram propostos na Reforma Campos.
55
Antonio Prost Rodovalho cria em 1890 a Companhia de Melhoramentos de São Paulo. Em 1905
nasce também em São Paulo a sociedade Weiszflog Irmãos – Estabelecimento Gráfico. Por sugestão
de Arnaldo de Oliveira Barreto essa sociedade passa à editora. O marco é o ano de 1915 com o livro O
patinho feio de Hans Christian Andersen (conhecido como o primeiro livro editado a quatro cores).
Em 1920, os irmãos Weiszflog compram a s. Nasce assim a Edições Melhoramentos
d ra não está mais
Melhoramento
itoque mais tarde passou a se denominar Editora Melhoramentos. Atualmente, essa e
no ramo de produção editorial de livros didáticos.
67
2.3.1 L
o
De acordo com o que mais recentemente se há publicado sobre o assunto e sempre em
resolução dos respectivos problemas.
adquiridas pelo estudante em outras disciplinas do curso, especialmente na de Ciências
Em tratando de quocientes aproximados, é que surge a primeira noção de aproximação
no cálculo, noção essa devidamente desenvolvida ao diante, quando se considera a divisão
dos números decimais e a raiz quadrada dos inteiros e fracionários.
Em harmonia com o critério adotado, a par das noções teóricas, que julgamos por bem
não abandonar de todo, encontra-se farta e original exemplificação nos demais capítulos
referentes à parte do programa dedicada à aritmética, com que procuramos despertar a
atenção do aluno para as vantagens das aplicações concretas da matéria, mas dentro do
ições de Matemática – 1º. ano (1ª. série)
O livro Lições de Matemática – 1º. ano (1ª. série) teve ao todo 10 edições, ou
melhor, 10 tiragens
56
, compreendendo o período que vai de 1934 a 1942. Entre essas
10 tiragens pude observar duas alterações importantes: a primeira refere-se à mudança
de ortografia a partir da 5ª. edição
57
e, a segunda, ocorrida na 7ª. edição, refere-se de
fato a uma nova edição com alterações, correções e ampliações. O que ocorre após a
7ª. edição desse livro representa apenas tiragens sem qualquer alteração de conteúd .
Observo, a seguir, o prefácio apresentado por Maeder na 7ª. edição e que é repetido até
a última edição no ano de 1942:
Com as nossas sinceras homenagens aos colegas do curso secundário que nos vêm
honrando com o seu estímulo, voltamos a público para oferecer a sétima edição das
nossas “Lições de Matemática”, 1ª série.
obediência ao atual programa do Colégio “Pedro II”, procuramos expor a matéria com
clareza e sem o exagerado formalismo que a pedagogia condena como absolutamente
inócuo no curso elementar de Matemática para alunos da primeira série.
Mereceram-nos especial cuidado as operações fundamentais, desde a noção concreta
inicial até à sua prática e interpretação geométrica, e assim procuramos desenvolver
minuciosamente a parte concernente ao cálculo mental, aos processos de abreviação e à
Quanto aos problemas, tivemos a preocupação de relacioná-los a certas noções
Físicas e Naturais.
tolerável limite de simplicidade que deve caracterizar as exposições didáticas. É isso, a
nosso ver, coisa interessante e indispensável, de que se colhem excelentes frutos.
Usando de linguagem adaptada à compreensão do aluno, pusemos ainda todo o cuidado
nas modificações que sofreu o sistema métrico decimal, não só definindo os padrões, as
56
A conclusão sobre o total de tiragens é baseada no Dicionário Bibliográfico do Paraná escrito por
Júlio Moreira. Os dados da editora Edições Melhoramentos em relação a esse livro são incompletos,
pois referem-se apenas a algumas edições.
57
Em setembro de 2006 fui pesquisar os livros de autoria de Maeder existentes na Biblioteca Nacional
no Rio de Janeiro. Pude observar que até a 4ª. edição ainda estava vigorando a grafia antiga com a
denominação de Lições de Mathematica. Somente a partir da 5ª. edição houve a mudança para Lições
de Matemática, agora com a nova ortografia.
68
unidades principais e secundárias, senão também empregando a grafia e as abreviaturas
adotadas pela recente publicação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio.
onforme as exigências da orientação metodológica moderna, só se vão calculando áreas
e volumes de formas geométricas adrede definidas em capítulos anteriores, sempre que se
sistema de pesos e medidas.
noção de equação.
plificação com que fechamos este capítulo que nos permite
s principais transformações empregadas na resolução dos
tipos simples.
por nós considerados e todos atinentes ao nosso
o, deve o ensino
envolva o senso de estimativa das grandezas e de
a do discípulo em si mesmo”. (MAEDER, prefácio da 7ª. edição)
ver, uma distância
muito
preocu
nessa
estava
disso
desenvolvimento intuitivo “no espírito do estudante” das primeiras noções de funções.
chamada Matemática, conforme já observei
ondente a 7ª. edição.
C
nos depara a oportunidade de exercitar o aluno em operações com as unidades do nosso
Justificando objetivamente, como ampliação do campo numérico, a introdução dos
números algébricos ou qualificados, demoramo-nos bastante nas operações fundamentais
que com eles se podem efetuar, todas referidas, é claro, às construções gráficas
correspondentes.
A essa altura, não é ocioso advertirmos que depois de estudar as expressões algébricas,
sua classificação, valor numérico, adição e subtração, dedicamos um capítulo especial à
A nós, mas aos nossos brilhantes colegas, não nos cabe ajuizar do mérito do nosso
trabalho, mas verá o leitor que, empregando exemplos simplicíssimos, procuramos fazer
surgir automaticamente a idéia de equação como tradução algébrica do enunciado de um
problema. E ampla é a exem
considerar elementarmente a
No capítulo seguinte, além de estudarmos elementarmente os eixos coordenados,
desenvolvemos a representação gráfica das variações sucessivas de grandeza dos dados
geográficos, estatísticos e meteorológicos
País, procurando assim formar intuitivamente no espírito do estudante a noção primeira de
função.
Pensamos assim, que as nossas “Lições de Matemática” – 1ª. série – satisfazem ao espírito
do programa do Colégio “Pedro II”, em cuja introdução se lê: “A princípi
de Matemática acostumar o aluno à prática dos cálculos mentais, tornando-o seguro e
desembaraçado nas operações numéricas. É, pois, necessário que ele compreenda bem o
alcance e a natureza das operações elementares e adquira habilidade crescente no modo
de aplicá-las. Convém ainda que des
apreciação do grau de exatidão dos cálculos sobre valores aproximados. Enfim, pela
prática freqüente das verificações dos exercícios numéricos, cumpre ao professor
estimular a confianç
O prefácio apresentado para a 7ª. edição representa, a meu
grande em relação aos trabalhos anteriores de Maeder. Observo maiores
pações em relação ao encaminhamento de conteúdos, à linguagem adotada
escrita e a consonância com o movimento de reforma que, de alguma forma
“influenciado” a elaboração dos livros didáticos de Matemática. Um exemplo
pode ser constatado acima, quando Maeder destaca a preocupação com o
É a idéia de “função” como articuladora de Aritmética, de Geometria e de Álgebra
para formar uma única disciplina
anteriormente. As duas figuras seguintes são cópias reproduzidas eletronicamente da
capa e da página inicial do livro corresp
69
FIGURA 25 – CAPA DE LIÇÕES DE MATEMÁTICA – 1º. ANO
70
FIGURA 26 – PÁGINA INICIAL DE LIÇÕES DE MATEMÁTICA – 1º. ANO
71
Um outro ponto a observar está relacionado ao que o autor paranaense chama de
de
“obediência” do programa ditado pelo Colégio Pedro II. O autor não apenas se posiciona
favoravelmente a essa obediência no que se refere ao programa, como também parece
concordar com a necessidade, defendida pelos autores desse programa, de não haver no
ensino de Matemática um exagero na utilização do formalismo para os alunos do 1º. ano.
Quanto aos conteúdos da disciplina Matemática, considero que estão seguindo a
tendência preconizada por Félix Klein no sentido de enfocar Aritmética, Álgebra e
Geometria juntas, na mesma série. De fato, no livro de Maeder esses ramos da
Matemática estão juntos, porém em capítulos bem delimitados.
Nos capítulos destinados à Aritmética, há um outro elemento que situa o trabalho
do autor paranaense em consonância com as idéias modernizadoras que começam a ser
difundida nas escolas Brasil afora: a valorização do cálculo mental
58
diante de operações
aritméticas. Maeder, já no sumário desse livro, falava a esse respeito.
Falando em operações aritméticas, há um ponto de interesse para a história dos
saberes escolares, particularmente aqueles que o tempo encarregou de transformar,
chegando praticamente a desaparecer: a prova dos nove
59
. Esse procedimento, presente
no livro de Maeder, atualmente não é encaminhado em livros didáticos com o status
método de verificação das operações aritméticas. Quando muito se faz presente em
livros paradidáticos como uma “curiosidade Matemática”. Outro procedimento que
também desapareceu dos livros didáticos de Matemática é o cálculo da raiz quadrada
de números naturais. Maeder não apenas detalha como calcular a raiz quadrada, como
também exemplifica com aproximações de até três casas decimais.
Lições de Matemática – 1ª. série registra como conteúdo o tema “Sistema inglês
de pesos e medidas”. São três páginas com várias tabelas de transformações de unidades
e sem quaisquer aplicações ou exercícios. A justificativa dada para esse tratamento ou
mesmo o fato de constar de seu livro tal tema é dado por MAEDER (1942, p. 242):
58
No livro de Maeder (10ª. edição) as referências para levar o aluno ao procedimento do cálculo
mental podem ser encontradas nas páginas 22, 23, 24 (adição de números), 37, 38, 49, 40 (subtração
de números), 62, 63, 64, 65 (multiplicação de números), 83, 84 e 85 (divisão de números).
A chamada prova dos nove é desenvolvida por Maeder no correspondente livro em praticamente três
páginas: 112, 113 e 114.
59
72
A situação econômica que a Inglaterra e os Estados Unidos ocupam em face do Mundo,
exige dos estudantes o conhecimento do sistema inglês de pesos e medidas, o qual é assaz
bases dessas medidas.
como sejam, peças de maquinaria, óleos, combustíveis líquidos, etc., são referidos às
Historicamente, temos que a utilização do sistema inglês de medidas era de
alguma forma “imposta” pela relação comercial existente entre o Brasil e a
Inglaterra
, além também da relação entre Brasil e Estados Unidos.
Outras unidades de medidas que aparecem neste livro, a título de exemplo,
mas sem muita ênfase, também acabaram praticamente perecendo e atualmente não
constam de livros didáticos de Matemática. Como exemplo apenas, observo as
seguintes unidades de medidas: ário e centrio (are e centiare – relativos a hectare),
estério, duplo-decilitro e duplo-litro.
Quanto às referências a outras obras, apenas uma foi encontrada neste volume
de Maeder. Trata-se do livro Álgebra elementar, de Sebastião Alves. Essa referência
aparece no rodapé quando da explicação dada por Maeder em relação aos conceitos
dados de expoente e coeficiente de expressões algébricas.
Se, por um lado, alguns tópicos de Matemática aparecem no livro Lições de
Matemática – 1º. ano e o tempo e as circunstâncias fizeram com que fossem
deixados ao largo da escola, por outro lado um tema aparece de forma tímida nesse
mesmo livro e, atualmente, com o surgimento dos Parâmetros Curriculares
Nacionais, toma não apenas o status de conteúdo, como também de bloco de
conteúdos: é o que hoje se denomina tratamento da informação. Evidentemente não
com essa denominação. Maeder destina uma dezena de páginas para falar de gráficos
empíricos. São os atuais gráficos presentes em Estatística. Disse acima que esse tema
aparece de forma tímida, pois, apesar de utilizar uma dezena de exemplos e
usado. Adotam-no, além das nações industriais já citadas, as colônias e os protetorados
do Império Britânico, a China e a minúscula república Dominicana.
O comércio internacional, em que predomina hoje a língua inglesa, se faz, em regra, sob
Assim é que, mesmo em países, onde se adotou o sistema métrico decimal, muitos artigos,
unidades inglesas de pesos e medidas
.
60
60
Uma referência sobre as relações comerciais entre o Brasil e Inglaterra ou Brasil e Estados Unidos é
a obra História Econômica do Brasil de autoria de Caio Prado Júnior, Editora Brasiliense.
73
explicações sobre a utilização de tipos diferentes de gráficos
61
, nenhuma atividade ou
proposta de construção de gráfico é encaminhada.
que as
IÇÕES DE LIÇÕES DE MATEMÁTICA: 1º. ANO
As dez edições/tiragens desse livro podem ser observadas na tabela a seguir, em
datas de publicações aparecem com algumas imprecisões:
TABELA 1 – ED
Edição/tiragem Data de publicação
1ª. 1934
2ª. 1935
3ª. 19--
4ª. 19--
5ª. 1938
6ª. 19--
7ª. 19--
8ª. 19--
9ª. 1940
10ª. 1942
O Lições de Matemática – 1º. ano (1ª. série), em sua 10ª. edição, contém 362
páginas e está dividido em 24 capítulos
62
que são numerados com algarismos romanos
um ae pêndice contendo tabelas de números primos compreendidos entre 1 e 10 000,
além da tabela referente às raízes quadradas de 1 a 1 000. Uma comparação entre os
títulos dos capítulos do livro de Maeder e o programa de ensino de Matemática para o
ano de 1931 (inicia-se nessa data e vai até a reforma de 1942), conforme artigo 10 do
Decreto número 19890 de 18 de abril de 1931, permite afirmar que de fato o presente
livro de Maeder segue os programas oficiais. Apenas para uma possível comparação,
elaborei o seguinte quadro com duas colunas. Na primeira coluna, reproduzo o
Os gráficos utilizados como exemplos são apresentados a partir de situações reais de comércio, de
produção de café, e outros. Essas ilustrações fazem parte do ensaio Ilustrações em livros didáticos de
61
Matemática, capítulo 4 desta pesquisa.
62
Os livros publicados por Maeder pela Typ. João Haupt e Cia., anteriormente observados aqui, não
tinham a divisão em “capítulos”, pelo menos não essa denominação.
74
sumário do livro de Maeder e, na segunda coluna, o programa
63
para o ensino de
Matemática a partir do ano 1931 no Colégio Pedro II:
QUADRO 8 – PROGRAMAS PARA O 1º. ANO
o público Lições de Matemática – 1º. ano Programas para o ensin
Capítulo I: Numeração (n eros e
comparação de coleções, os, símbolos
sinais de relação, representação gráfica, números concretos e
abstratos, numeração falada, num o escrita, numeração
romana, exercícios);
Capítulo II: Adição (noção de adição e definição, princípios
relativos à adição, prática da operação, indicações práticas,
interpretação geometria – prova, cálculo abreviado e exercícios de
cálculo mental, resolução de problem ercícios);
Capítulo III: Subtração (noção btração e definição,
princípios relativos à subtração, prática da operação, interpretação
geométrica – prova, princípios relativos às somas e diferenças,
cálculo abreviado e exercícios de cálculo mental, complemento
aritmético dos números, resolução de problemas, exercícios)
Capítulo IV: Multiplicação (noção ltiplicação e definição,
produto de dois fatores, prática da operação, interpretação
geométrica, produto de vários fatores, princípios relativos às
somas, diferenças e produtos, cálculo abreviado e exercícios de
cálculo mental, resolução de problem ercícios)
Capítulo V: Divisão (noção de divisão exata e de divisão inexata,
definição, divisor de um número, pr divisão, interpretação
geométrica – prova, princípios relativos à divisão, cálculo
abreviado e exercícios de cálculo mental, resolução de problemas,
exercícios)
Capítulo VI: Exercícios de recapitulação (resolvidos, propostos)
pítulo VII: Potenciação (noção de potência e definição,
adrado e cubo de um número, interpretação geométrica,
ncípios
pítulo
oção de grandeza, noção de núm
série natural dos númer
,
I – Iniciação geométrica
eraçã
as, ex
de su
de mu
as, ex
ática da
reas do
iângulo e
olumes
risma tr
etos). Fó
itmética
ivisibilid
ecompos
rações or
Ca
qu
pri relativos às potências)
Ca VIII: Divisibilidade (noção de múltiplo e divisor,
princípios fundamentais, caracteres de divisibilidade, exercícios,
prova das operações fundamentais)
princípios relativos ao m.d.c. de dois números, exercícios sobre o
cálculo mental do m.d.c., exercícios sobre o m.d.c. de vários
Capítulo X: Números primos (noção – definição e princípios
Principais noções sobre as formas geométricas.
Á quadrado, retângulo, paralelogramo,
tr trapézio; circunferência e área do círculo.
V do paralelepípedo retângulo, do cubo, do
p iangular, do cilindro e do cone circular
(r rmulas.
II – Ar
Prática das operações fundamentais. Cálculo
abreviado. Exercício de cálculo mental.
Noção de múltiplo e de divisor. Caracteres de
d ade.
D ição em fatores primos; aplicação ao
m.d.c. e ao m.m.c.
F dinárias e decimais. Operações com as
frações. Explicação objetiva pelo fracionamento de
objetos ou de grandezas geométricas
decimais; aproximação no cálculo da raiz.
Capítulo IX: Máximo divisor comum (noção – definição e
abreviatura, pesquisa do m.d.c. de dois números, simplificações,
m.d.c. de dois números, pesquisa do m.d.c. de vários números,
números)
gerais, tábua de números primos, reconhecimento dos números
primos, propriedades dos números primos, decomposição em
fatores primos, decomposição abreviada, divisores de um número,
determinação do m.d.c., exercícios)
Capítulo XI: Mínimo múltiplo comum (noção – definição e
abreviatura, pesquisa do m.m.c. de vários números, pesquisa do
m.m.c. com auxílio do m.d.c., propriedades do m.m.c., cálculo
mental m.m.c., exercícios)
Sistema métrico decimal. Prática das medidas de
comprimento, superfície, volume e peso.
Operações com os números complexos: unidades de
tempo e de ângulo.
Sistema inglês de pesos e medidas.
Quadrado e raiz quadrada de números inteiros e
Traçado de gráficos.
III – Álgebra
Símbolos algébricos; fórmulas; noção de expoente.
Números relativos ou qualificados. Operações.
evantamento de fontes históricas. Tal trabalho é apresentado a
63
Esse programa foi extraído do livro Programa de Ensino da Escola Secundária Brasileira: 1850-
1951, organizado por Ariclê Vechia e Karl Michael Lorenz. Esses dois professores editaram esse livro
a partir do resultado de um trabalho de l
partir da coletânea dos programas do Colégio Pedro II que, como esses próprios autores mencionam,
“por muito tempo, foi colégio padrão no Brasil”.
75
QUADRO 8 – PROGRAMAS PARA O 1º. ANO
definição, comparação de uma fração com a unidade, propriedade
fundamental, simplificação, redução ao mesmo denominador,
Cálcul
Capítulo XII: Frações ordinárias (noção de número fracionário e
mparação, números mistos, divisões inexatas, adição, subtração,
ultiplicação, elevação à potenci
fracionárias, exercícios e problem
apítulo XIII: Frações decimais – números decimais (fração
ecimal, número decimal, propriedades, adição, subtração,
multiplicaçã versão de
frações ordinárias em número decimais, frações geratrizes das
nferência e círculo, prisma, paralelepípedo,
a do tempo,
idas,
rias, medidas
área dos polígonos irregulares, área dos polígonos
,
polinômios, indicação prática, subtração de monômios,
Capítulo XXIII: Multiplicação algébrica (prática da operação,
indicação prática, quadrado de um binômio, cubo de um binômio,
Explicação objetiva das regras dos sinais.
o do valor numérico de monômios e
polinômios. Redução de termos semelhantes; adição
Multiplicação de monômios e polinômios, em casos
si o de
áreas.
Potências de monômios. Quadrado de um binômio.
nita;
(VECHIA e LORENZ, 1998, p. 336)
co
m a, divisão, cálculo de expressões
as)
e subtração.
C
d
o, divisão, quocientes aproximados, con
dízimas periódicas, exercícios)
Capítulo XIV: Noções sobre as principais formas geométricas
(preliminares, pontos-linhas-superfícies, segmentos, retas entre si,
retas e planos, planos entre si, polígonos, triângulos, quadriláteros,
paralelogramos, circu
pirâmide-tronco de pirâmide, cilindro, cone e tronco de cone,
esfera)
Capítulo XV: Números complexos. Sistema inglês de pesos e
medidas (números complexos e incomplexos, medid
medida dos arcos e dos ângulos, moeda inglesa, redução de
complexo a incomplexo, redução de incomplexo a complexo,
exercícios, adição, exercícios e problemas, subtração, exercícios e
problemas, multiplicação, exercícios e problemas, divisão,
exercícios e problemas, sistema inglês de pesos e med
medidas de comprimento, medidas de superfície, medidas de
volume, medidas de capacidade, medidas de peso)
Capítulo XVI: Sistema métrico decimal (preliminares e histórico,
unidades principais e secundárias, medidas efetivas, medidas de
comprimento, medidas de superfície, medidas agrá
de volume, medidas de massa, medidas de capacidade, densidade)
Capítulo XVII: Determinação de áreas e volumes (noção de
medida indireta, medidas de circunferência, área do retângulo,
área do quadrado, área do paralelogramo, área do triângulo, área
do trapézio,
regulares, área do círculo, volume do paralelepípedo retângulo
volume do cubo, volume do prisma reto, volume da pirâmide,
volume do cilindro reto, volume do cone reto, volume da esfera,
exercícios)
Capítulo XVIII: Números relativos ou qualificados (noções gerais,
segmentos, adição, subtração, soma algébrica, multiplicação,
potências, raízes, divisão, frações)
Capítulo XIX: Expressões algébricas (símbolos algébricos e
fórmulas, classificação das expressões algébricas, valor numérico
de monômios e polinômios, exercícios, elementos de monômio –
noção de expoente, redução de termos semelhantes, exercícios)
Capítulo XX: Adição e subtração algébrica (adição de monômios,
adição de
subtração de polinômios, indicação prática, exercícios)
Capítulo XXI: Equações do 1º. grau (primeira noção de equação
com uma incógnita, equações equivalentes, resolução de equações
do 1º. grau de uma incógnita, exercícios, resolução de problemas
numéricos simples, problemas)
Capítulo XXII: Eixos coordenados – representação gráfica
(preliminares, coordenadas de um ponto, determinação de um
ponto, exercícios, espécies de gráficos, gráficos empíricos,
gráficos matemáticos)
mples. Explicação objetiva pela consideraçã
Primeira noção de equação com uma incóg
resolução de problemas numéricos simples.
exercícios)
Capítulo XXIV: Raiz quadrada (noção e definição de raiz, raiz
quadrada, raízes quadradas inteiras, prática da operação, raízes
quadradas fracionárias, extração de raízes aproximadas, radiciação
de frações ordinárias, radiciação de números decimais, exercícios)
76
Ao observar c deste livro do autor
n ia
I a X
oficial denominada “Aritmética”. Já os
ciaç
X, XXI e XXIII contemplam nteúdo de “Álgebra” previsto no
e e
ma Geometria,
ética e Álgebra), o livro de Maeder acaba apresentando e encaminhando os assuntos
metria”, voltando a “Aritmética” (quando
tá no bloco de “Aritmética”), retorna a
ritmética” e termina na “Álgebra”.
ulos dos capítulos e de suas correspondentes divisões
relação ao novo ensino de Matemática
os internacionalmente, nos primeiros anos
ática numa única disciplina, chamada de
ivro de Maeder, como já foi dito aqui.
o observados em Lições de Matemática –
rem. Um exemplo diz respeito às
assuntos diversos. O termo “prova” aparece algumas vezes. O
a resposta é dada:
a operação que se faz para verificar a exatidão
uma operação não nos pode dar a segurança
as apenas uma probabilidade de que assim
z que, tanto na operação direta como na prova, podem ser cometidos erros
ara verificação de resultado em operações
m resultado de uma adição (e vice-versa),
vice-versa).
om certo cuidado os títulos dos capítulos
paranaense, é possível constatar a correspondê
proposto para o ensino público. Os capítulos de
c de assuntos com o programa oficial
III mais os capítulos XV, XVI, XXII
e XXIV correspondem à parte do programa
capítulos XIV e XVII constituem o tópico “Ini
isto é, XVIII, XXIX, X
ão geométrica”. Os demais capítulos,
o co
programa oficial. O que constato de difer
apresentação dos conteúdos. Enquanto o progra
Aritm
nt nessa comparação diz respeito à
oficial divide em blocos (
iniciando pela “Aritmética”, passando pela “Geo
aborda os chamados “Números complexos” que es
“Geometria”, passa pela “Álgebra”, volta para “A
Um olhar mais atento aos tít
evidencia uma mudança muita acentuada em
defendido pela tão discutida reforma, pelo men
do século XX. A junção dos ramos de Matem
Matemática, já pode ser observada no presente l
Nesse mesmo olhar para os temas que sã
1º. ano (1ª. série), possibilidades de pesquisas se ab
denominações dadas aos
que será que Maeder concebia como prova? Um
Denominamos prova de uma operação a outr
do resultado obtido na operação já efetuada.
Devemos notar, entretanto, que a prova de
completa da exatidão da operação efetuada, m
aconteça, uma ve
que se compensem. (MAEDER, 1942, p. 22)
Assim, Maeder utiliza o termo “prova” p
aritméticas. Utiliza a subtração para verificar u
uma multiplicação para verificar uma divisão (e
77
Outro exemplo está no capítulo XVI, no estudo de sistema métrico decimal, no qual
há um tópico denominado “medidas efetivas”. Esse tópico é apenas uma frase colocada com
o intuito de esclarecer o leitor sobre a utilização na prática de certas medidas: “Empregam-se
no comércio várias medidas, denominadas reais ou efetivas, construídas de ferro,
chumbo, madeira, ou qualquer outra matéria, medidas essas de formas reguladas por
lei e sujeitas às verificações pelo Governo”. (MAEDER, 1942, p. 247)
“Números complexos” e “números incomplexos” também são denominações
utilizadas por Maeder e que chamam a atenção. Para ele, os números concretos (aí está
outra denominação não muito comum, cujo significado não é dado pelo autor) podem
ser complexos ou incomplexos. Explica a seguir que os chamados números incomplexos
são aqueles utilizados para representar uma única unidade concreta. Cita o exemplo do
número 15 para designar 15 dias. Os números complexos, por sua vez, são aqueles
utilizad
ão
dec a
.
Quando apresenta seu prefácio no início do livro, Maeder evidencia que em seu
trabalh o”. Era um posicionamento do autor em
relação
acentu
aeder faz uma opção de apresentar inicialmente algumas noções sobre entes
rimiti
e nenhuma demonstração
Matemática é utilizada para justificar fórmulas que são apresentadas após exemplos
os para representar duas ou mais unidades da mesma espécie, porém não com a
utilização de relações decimais. Como exemplo utiliza “6 meses 7 dias 4 horas” e indica
que o emprego desses chamados números complexos podem ser observados na medida
de algumas grandezas, como tempo, arcos e ângulos, isto é, Maeder utiliza a
denominação de “números complexos” no sentido da utilização de medidas n
im is, entre elas o que atualmente é empregado no estudo das medidas sexagesimais.
A denominação “números complexos”, com o passar dos anos, sofreu modificações na
disciplina de Matemática. Assim, atualmente utilizam-se “números complexos” para
designar números que não são reais (imaginários) ou que são reais
o não haverá um “exagerado formalism
ao movimento que havia para não exigir dos estudantes um formalismo
ado e prematuro. Observando os capítulos XIV e XVI, é possível entender que
M
p vos da Geometria, sobre as formas planas e não planas (capítulo XIV) para
então abordar o lado prático do cálculo de áreas e volumes (capítulo XVI). Nenhum
teorema é abordado, nenhum postulado é encaminhado
78
numér
da capa e também
das div
Observo que a figura na capa do livro também está no seu interior, precisamente
na página 326. Mais adiante, abordarei as ilustrações na obra de Maeder, observando
como esse autor utiliza-se de tal recurso ao escrever seus livros.
icos. Será que isso ocorre apenas no livro de Maeder ou é uma opção da época e
dos autores contemporâneos que estavam em consonância com a defesa de um ensino
de Matemática sem “exageros” de quaisquer formalismos?
Uma observação que não poderia deixar de fazer em relação ao livro de
Maeder, destinado a 1ª. série do secundário, diz respeito à existência de uma nota, logo
após o índice, mencionando a responsabilidade quanto à elaboração
ersas ilustrações.
FIGURA 27 – NOTA SOBRE ILUSTRAÇÃO
2.3.2 Lições de Matemática – 2º. ano (2ª. série)
A coleção Lições de Matemática foi escrita para ser adotada gradativamente,
isto é, a cada ano Maeder e a Edições Melhoramentos lançavam a série seguinte. A
primeira edição da 2ª. série, que passo a descrever, foi escrita em 1935. Ao todo, foram
nove edições/tiragens, conforme quadro a seguir, que, da mesma forma como ocorreu
no livro do 1º. ano, contém imprecisões quanto às datas de publicações. Essas
79
imprecisões não representam apenas falta desses dados nos livros, mas algumas vezes
são decorrentes do fato de eu não ter encontrado tais obras.
TABELA 2 – EDIÇÕES DE LIÇÕES DE MATEMÁTICA: 2º ANO
Edição/tiragem Data de publicação
1ª. 1935
2ª. 19--
3ª. 19--
4ª. 19--
5ª. 19--
6ª. 19--
7ª. 19--
8ª. 1942
9ª. 1942
O Lições de Matemática – 2º. ano (2ª. série), correspondente a 9ª. edição
64
, é
composto de 356 páginas e um apêndice sobre as linhas trigonométricas naturais
abela com os valores das razões trigonométricas seno, co-seno, tangente e co-
tangente dos arcos dados em graus de 30 em 30 minutos, começando em zero e
terminando em 90 graus). Maeder inicia com o seguinte prefácio:
justado à disposição técnica do programa da 2ª. série do curso secundário, acomoda-se
ste livro perfeitamente às necessidades atuais dos estudantes que a freqüentam.
estudiosos possam colher, na sua linguagem simples e na clara sistematização da matéria, o
(t
A
e
Ao prepararmo-lo, interessou-nos, sobretudo, o seu aspecto didático, de modo que todos os
conjunto de noções necessárias.
Cumpre-nos advertir não serem estas “Lições de Matemática” fruto de mal orientada
compilação, haurida em fontes antiquadas ou duvidosas, mas o resultado não só do que tem
sido apurado pelos melhores especialistas, como também das nossas observações pessoais.
64
Na capa do livro há uma indicação que esse seria correspondente a 9ª. edição, porém, internamente,
já nas páginas iniciais a referência existente indica ser a 8ª. edição.
80
Julgamos dever incutir no espírito do aluno, logo de começo, as primeiras noções e
geometria dedutiva, a que terá de aplicar-se mais tarde.
principais propriedades dos tipos geométricos elementares, predispondo-o para o estudo da
o tocante à álgebra, não nos limitamos às respectivas operações e transformações, senão
inda tocamos ao de leve nas funções simples. Estamos que, assim, ficará o aluno
bseqüentes. Como
as noções de medida indireta das distâncias constituem seguros elementos para melhor
rientar os iniciados nas finalidades da matéria, esforçamo-nos por deixar bem claro o
assunto. Nas suas aplicações incidimos já no domínio da semelhança de triângulos, e das
relações entr étricas n
Mereceram-nos, outrossim, especial cuidado os capítulos atinentes à parte fundamental
da aritmética e que stam do programa. Assi e demos amplo desenvolvimento
ao estudo das razões e proporções, conservando a necessária correlação entre os
pontos de vista aritmético, algébrico e geométr este respeito aduzimos muitos
exercícios, entre os quais não poucos se relacionam com o programa de outras
disciplinas da mesma série.
No expor os pontos vitais da matéria, máxime os que se não repetem em séries
posteriores, não pu os deixar de incluir alg noções teóricas indispensáveis.
Usamos até de certo rigor nas definições e nas demonstrações mais importantes,
convencidos de que são sobremaneira prejudiciais as noções incompletas ou falsas,
dadas a título provi . É o que nô-lo ensina a experiência.
Outros pontos, além s exigidos pelo program al, nós os incluímos neste livro,
por julgarmos não s ortunos como úteis aos estudiosos da Matemática elementar.
Quanto aos demais pontos, ampliamos algun mpanhamos de exemplos mais
outros, de modo ao estudante se oferecerão realmente muitos frutos das
investigações nossas, colhidos na prática do magistério.
iferentemente do livro destinado a 1ª. série, aqui Maeder é favorável à
utilização de um “certo rigor nas definições e nas demonstrações” que ele
consid
que se refere à
rigon
real ob
destin
progra
Maeder segue rigorosamente aquilo que foi proposto para o ensino de Matemática
no decreto n
o
. 19890 em abril de 1931. O QUADRO 9 pode confirmar esse fato.
N
a
habilitado a continuar o estudo deste ramo da Matemática nas séries su
o
e as linhas trigonom aturais.
con m é qu
sempre
ico. A
dem umas
sório
do a ofici
ó op
s; aco
que
D
era mais importantes. Justifica tal procedimento de acordo com a sua
experiência” da prática do magistério. Neste prefácio, aborda o aspecto dedutivo
do ensino da Geometria como necessário “incutir no espírito do aluno”, além de
comentar também o tratamento dado ao ensino da Álgebra no sentido de construir
as primeiras noções a respeito do estudo de funções. No
T ometria, externa a concepção, ligada ao cálculo de medidas indiretas, do
jetivo dessa parte da Matemática.
o ao todo 28 capítulos nos quais Maeder desenvolve os conteúdos
ados ao 2º. ano. Assim como no livro anterior, pela comparação entre os
mas de seu livro e o utilizado no Colégio Pedro II, posso afirmar que
81
FIGURA 28 – CAPA DE LIÇÕES DE MATEMÁTICA – 2º. ANO
82
FIGURA 29 – PÁGINA INICIAL DE LIÇÕES DE MATEMÁTICA – 2º. ANO
83
QUADRO 9 – PROGRAMAS PARA O 2º. ANO
Lições de Matemática – 2º. ano
Programas propostos para o ensino público
Capítulo I: Ângulos e rotações (definição e notação – ângulos
iguais, ângulos adjacentes, ângulo reto, ângulos salientes e
reentrantes, adição e subtração de ângulos, multiplicação e
divisão de ângulo por número natural, bissetrizes – unidade
angular, ângulos complementares e suplementares, ângulos
opostos pelo vértice, rotações, medida dos ângulos e
transferidores, problemas e exercícios)
Capítulo II: Perpendiculares e oblíquas (retas - semi retas e
segmentos perpendiculares, perpendiculares a uma reta,
perpendiculares e oblíquas, oblíquas iguais e oblíquas desiguais,
mediatrizes – noções de simetria, emprego dos esquadros –
problemas)
Capítulo III: Retas paralelas (Retas – semi retas e segmentos
paralelos, paralelas a uma reta, ângulos formados por duas retas
cortadas por uma terceira, retas paralelas cortadas por
transversal, problemas e exercícios)
Capítulo IV: Triângulos (definição – notação e classificação,
alturas – medianas e bissetrizes, perímetros e relação entre os
lados do triângulo, soma dos ângulos de um triângulo,
propriedade dos triângulos isósceles, problemas e exercícios)
Capítulo V: Quadriláteros convexos (definição e notação,
quadriláteros planos e reversos, quadriláteros côncavos e
convexos, relação entre os lados de um quadrilátero, soma dos
ângulos internos – classificação, paralelogramos e trapézios,
propriedades dos paralelogramos, problemas e exercícios)
Capítulo VI: Razões e proporções (medida das grandezas,
grandezas comensuráveis e incomensuráveis, razão de duas
grandezas, razão de dois números, operações sobre razões,
propriedades das razões iguais, exercícios, proporções –
propriedade fundamental, aplicações da propriedade
fundamental, propriedades das proporções, exercícios)
Capitulo VII: Médias (média aritmética, média aritmética
ponderada, média geométrica, média harmônica, exercícios)
Capítulo VIII: Grandezas e números proporcionais (grandezas
diretamente proporcionais, grandezas inversamente
proporcionais, números proporcionais, coeficiente de
proporcionalidade, números inversamente proporcionais,
exercícios).
Capítulo IX: Regra de três (definição, regra de três simples e
direta, método das proporções e da redução à unidade, regra de
três simples e inversa, método das proporções e da redução à
unidade, regra de três composta, método das proporções e da
redução à unidade, método prático, exercícios)
Capítulo X: Regra conjunta (definição, resolução pela regra de
três, método prático, exercícios)
Capítulo XI: Percentagem (definição, determinação da
percentagem, determinação da taxa de percentagem,
determinação do principal, exercícios)
Capítulo XII: Juros simples (noção de juro – definições,
problema geral, tempo expresso em anos, determinação de j – de
c – de i e de t, tempo expresso em meses, determinação de j – de
c – de i e de t, tempo expresso em dias, determinação de j – de c
– de i e de t, capital reunido ao juro, determinação de C – de c –
de i e de t, método dos divisores fixos, tabela dos divisores fixos,
exercícios)
Capítulo XIII: Desconto (preliminares e definições, desconto
comercial, determinação de D – de N – de d e de i, valor
I – Iniciação geométrica
Noção de ângulo e de rotação; ângulos adjacente
complementares, suplementares, opostos pelo
vértice.
Medida dos ângulos. Uso do transferidor.
Paralelas e perpendiculares; problemas gráfic
sobre seu traçado.
Triângulos: alturas, medianas, e bissetrizes; som
dos ângulos internos e externos.
Estudo sucinto dos quadriláteros.
Noções sobre figuras semelhantes; escala.
Medida indireta das distâncias.
Razões entre lados de um triângulo retângu
Seno, co-seno e tangente de ângulo agudo. Uso de
tabelas de senos, co-senos e tangentes naturais.
II – Aritmética e Álgebra
Noção de função de uma variável independente.
Representação gráfica.
Estudo das funções
axy =
e
x
a
y =
exemplos.
Proporções e suas principais propriedades.
Resolução de problema sobre grandezas
proporcionais. Porcentagens, juros, desconto
(comercial), divisão proporcional, câmbio.
Equações do 1º grau com uma incógnita.
Problemas.
Representação gráfica da função linear de uma
variável. Resolução gráfica de um sistema de du
equações com duas incógnitas.
Divisão algébrica. Expoente zero. Expoente
negativo.
Decomposição em fatores.
Frações algébricas. Simplificações. (VECHIA &
LORENZ, 1998, p. 336)
nominal deduzido do valor atual, valor atual deduzido do valor
nominal, desconto racional, determinação de D – de N – de t e
i, valor atual deduzido do valor nominal, valor nominal
s,
os
a
lo.
;
as
de
84
QUADRO 9 – PROGRAMAS PARA O 2º. ANO
deduzido do valor atual, relação entre os descontos, vencimento
médio e com
apítulo XIV: Divisão proporcional (preliminares e definição,
um, exercícios)
C
divisão em partes diretamente proporcionais, divisão em partes
inversamente proporcionais, regra de sociedade, exercícios)
Capítulo XV: Mistura e liga (misturas, problema direto –
problema inverso, ligas, título de uma liga, problema direto –
problema inverso, exercícios)
Capítulo XVI: Câmbio (moedas, moeda-papel e papel-moeda,
câmbio, determinação do câmbio ao par, câmbio entre o Brasil e
a Inglaterra, câmbio entre o Brasil e outros países, câmbio
indireto, exercícios)
Capítulo XVII: Figuras semelhantes e escalas (noção de
semelhança – definições, triângulos semelhantes, escalas,
escalas de redução e de ampliação)
Capítulo XVIII: Funções trigonométricas (seno de um ângulo,
cosseno de um ângulo, tangente de um ângulo, tábua das linhas
trigonométricas naturais, aplicações, resolução de triângulos
retângulos, exercícios)
Capítulo XIX: Medida indireta das distâncias (medida indireta,
aplicação da semelhança de triângulos, aplicação das razões
trigonométricas, exercícios)
Capítulo XX: Divisão algébrica (divisão de monômios, expoente
0, expoente negativo, divisão de polinômio por monômio,
divisão de polinômios, caso geral, divisão de monômio por
polinômio, exercícios)
Capítulo XXI: Casos especiais da divisão (Divisão por
a
x
+
,
determinação do quociente – regra de Ruffini, determinação do
resto, divisão de
mm
ax ±
por
a
x
±
, exercícios)
Capítulo XXII: Fatoração de expressões algébricas (fator
comum, decomposição em grupos, trinômio quadrado perfeito,
trinômio do 2º. grau, diferença de quadrados, soma ou diferença
de cubos, soma ou diferença de potências do mesmo grau,
exercícios)
Capítulo XXIV: Expressões algébricas fracionárias (definições
– propriedade fundamental, simplificação de frações, redução de
ma geral, resolução das equações do 1º. grau de 1
s, métodos de
o, exercícios)
funções crescentes e
frações ao mesmo denominador, redução de frações ao mínimo
denominador comum, operações, exercícios sobre operações
combinadas, simplificação de expressões fracionárias)
Capítulo XXV: Equações do 1º. grau (Equações numéricas e
literais – for
incógnita, exercícios)
Capítulo XXVI: (definição e resolução, generalização de
problemas, interpretação de soluções, exercícios)
Capítulo XXVII: Sistemas de equações do 1º grau (noção de
sistema de equações, sistemas equivalente
eliminação, eliminação por substituição, eliminação por
comparação, eliminação por adiçã
Capítulo XXVIII: Representação gráfica de funções (constantes
e variáveis, variáveis dependentes e independentes, constantes
arbitrárias e absolutas, funções,
decrescentes, função linear, coordenadas cartesianas ortogonais,
representação gráfica da função linear, gráfico da função
ax
y
= , gráfico da função
x
a
y =
, representação gráfica de
equações do 1º. grau de duas incógnitas, resolução gráfica de um
sistema de duas equações do 1º. grau de duas incógnitas)
85
Não posso deixar de observar que Maeder tinha uma preocupação muito grande
estudados em cada um dos
ito extenso. Logo após o índice, há uma
smos responsáveis pelas ilustrações do
e ficaram encarregados da elaboração da capa e também dos
não são profissionais específicos como
nte compõem o quadro de uma editora, são professores provavelmente
o da 1ª. série dessa coleção, considero
var se, de fato, o livro da 2ª. série segue o programa oficial. Enquanto
stá dividido em dois blocos (“Iniciação
ica e Álgebra”) o livro de Maeder não
étrica” do programa oficial, existe oito
XVII a X. E ao bloco “Aritmética e Álgebra” são nove itens
s demais capítulos do livro de Maeder,
XX a XXVIII. Assim, é possível afirmar
nstituição, o programa de Matemática
deste livro
66
, em alguns momentos, há
ão de levar o aluno ao trabalho com instrumentos geométricos e
or exemplo, já no capítulo I há uma explicação do
como utilizá-lo (o livro contém uma
):
ticamente nos servimos a fim de medir os
ua medida.
celulóide, apresenta o transferidor a forma
de um círculo, graduado de 0 a 360º, ou de um semicírculo, graduado de 0 a 180º.
em relação a descrever de forma detalhada os itens a serem
capítulos. Desde modo, o índice do livro é mu
nota a respeito dos profissionais (são os me
livro da 1ª. série) qu
desenhos que aparecem no livro. Observo que
os que atualme
contratados com esse objetivo.
Novamente, como havia feito no livr
necessário obser
o programa proposto para o ensino público e
geométrica”
65
e, o segundo bloco, “Aritmét
segue essa ordem. No bloco “Iniciação geom
itens que aparecem no livro de Maeder distribuídos nos capítulos de I a V mais os
capítulos de XI m relação
no programa oficial que estão distribuídos no
isto é, os capítulos VI a XVI mais o capítulos
que este livro de Maeder segue, em sua co
elaborado para o ensino público.
É interessante observar que, ao longo
uma preocupaç
instrumentos de medida. Assim, p
que é um transferidor, além de instruções de
67
figura ilustrativa
que auxilia essas instruções
O transferidor é o instrumento de que pra
ângulos ou para os traçar quando é dada a s
Construído geralmente de madeira, metal ou
65
Curiosamente o programa de Matemática para esta 2ª
geométrica” o estudo de assuntos que atualment
66
. série considera dentro do bloco “Iniciação
e consideramos como pertencentes à trigonometria.
O livro que analiso corresponde a 9ª. edição (na capa) e 8ª. edição (já na primeira página de
resen ção do livro) datada de 1942.
No ensaio sobre a utilização das ilustrações nos livros didáticos, ainda na presente pesquisa,
reproduzo essa figura.
ap
67
ta
86
Para medir ângulo com transferidor circular, de que damos na página seguinte a figura,
centro com o vértice.
Em seguida, lê-se, na graduação da circunferência externa do transferidor, o número de
graus que coincide com o outro lado do ângulo. (MAEDER, 1942, p. 24)
Um pouco mais adiante (MAEDER, 1942, p. 37-38), os instrumentos descritos
no livro são os esquadros. Além de descrevê-los procura também conduzir o leitor à
construção de um ângulo reto:
Esquadro é um instrumento construído geralmente de madeira, metal ou celulóide, de
que praticamente nos servim
colocamos este sobre aquele de modo que coincida o diâmetro com um dos lados e o
os para o traçado de perpendiculares e paralelas.
Apresentam os esquadros a forma de triângulos retângulos isósceles ou escalenos.
esquadro com a reta, de maneira que o vértice do ângulo reto caia sobre o ponto
a a atenção particular o trabalho com assuntos que
atualm
do cotidiano, além de fornecer dados
sobre
disso e
is
lina equivale a 20 chelins, e o chelim a 12 dinheiros (ou
Nos esquadros isósceles, figura abaixo, são iguais os catetos e os ângulos agudos, medindo
cada um destes 45º.
Nos esquadros escalenos, figura da página 38, são desiguais os catetos e os ângulos
agudos, medindo o menor destes 30º e o maior 60º.
Dada uma reta e sobre ela um ponto, se deste quisermos levantar àquela uma semi-reta
perpendicular, com auxílio do esquadro, deve-se fazer coincidir um dos catetos do
considerado, e fazer deslizar depois o lápis ao longo do outro cateto.
Nesse ponto, também há uma preocupação em ilustrar não apenas os esquadros,
como também o procedimento (ou um indicativo) de como o aluno poderá traçar um
ângulo reto. Em outros momentos deste mesmo livro, é possível perceber
encaminhamentos feitos no sentido de uma valorização de construções geométricas
com instrumentos de desenho geométrico.
Quanto aos conteúdos, cham
ente estão inseridos em Matemática Comercial e/ou Matemática Financeira. São
destinados seis longos capítulos a esse tema: capítulo XI – Percentagem; capítulo XII –
Juros simples; capítulo XIII – Desconto; capítulo XIV – Divisão proporcional; capítulo
XV – Mistura e liga; capítulo XVI – Câmbio. Esses conteúdos eram abordados com o
cuidado de evidenciar as aplicações em situações
o contexto social-histórico relacionado ao comércio, às moedas. Um exemplo
stá na forma de abordar o câmbio entre Brasil e a Inglaterra:
Como vimos, no câmbio entre o Brasil e a Inglaterra, esta dá o incerto e o nosso país o
certo. Diz-se, por exemplo, que o câmbio sobre Londres está a 6 quando o nosso mil ré
vale 6 dinheiros, a 7 quando vale 7 dinheiros etc.
Recordando que a libra ester
pense), isto é,... (MAEDER, 1942, p. 204)
87
moedas de alguns países com os correspondentes valores na nossa moeda (o nosso
mil ré
s práticos. Assim, por exemplo, ele pede para que
seja determinado “o preço médio da mistura feita com 15 litros de vinho a 1$800
o litr diz que
fund
restan
ostra do que disse,
go após enunciar que “Duas retas paralelas e cortadas por transversal formam ângulos
alterno
Apresenta ainda, nessa mesma página, um quadro com os nomes das
is), que reproduzo a seguir (FIGURA 30).
O Capítulo XV – Mistura e liga não é um assunto que consta no programa
oficial, como afirma MAEDER (1942, p. 191) em nota de rodapé. Desenvolve o
assunto abordando problema
o, 20 litros a 1$500 e 25 litros a $900”. Outro exemplo, ele
iram-se 128 gramas de ouro com 8 de cobre. Qual é o título da liga
te?”. (MAEDER, 1942, p. 197)
FIGURA 30 MOEDAS
Mesmo que o autor procure deixar para a série seguinte o tratamento mais formal
que dará à Geometria, não deixa de fazer no livro da 2ª. série uma abordagem axiomática
em alguns momentos, porém tomando o cuidado com o encaminhamento que dá para
certas demonstrações
68
, por exemplo. Assim, apenas como uma am
lo
s internos iguais”, procede com a seguinte demonstração:
68
O ter
signific do que esse termo utilizado pelo autor paranaense
em seus livros está mais próximo de “justificativa” ou de “verificação”.
mo “demonstração” utilizado pelo autor Maeder não deve ser interpretado rigorosamente como
ando uma demonstração matemática. Enten
88
FIGURA 31 – UMA DEMONSTRAÇÃO
Embor o núm
ão feitas com cla de desenhos ou
squemas. Além tico, com
listas de teorem aeder ser
refere ao term ivro da
ático no
encam hame
m
em ios do
rimeiro grau da forma
a ero de demonstrações presentes neste livro seja reduzido, elas
reza e, na maioria das vezes, com o auxílio
disso, não há um exagero do formalismo do método axiomá
as, postulados e definições. A propósito, a única vez que M
o “postulado” é quando enuncia o postulado de Euclides. Já no l
série seguinte a esta, o autor discute e, aí sim, aborda o método axiom
nto de sua Geometria.
assunto que é desenvolvido de uma forma bem diferente como se apresenta
livros didáticos atuais é o relacionado à divisão de polinômios por binôm
s
e
in
U
p
a
x
±
. Se hoje há o trabalho com o que é denominado
Para se obter o quociente da divisão de certo polinômio inteiro em x por um binômio
“Dispositivo prático de Briot-Ruffini”, no livro de MAEDER (1942, p. 256) é visto
apenas com a denominação de “Regra de Ruffini” assim enunciada:
do tipo
a
x
+ , forma-se outro polinômio de grau menor de uma unidade que o
dividendo, em que o coeficiente do primeiro termo é igual ao do primeiro do
dividendo e o coeficiente do outro termo qualquer é igual à soma algébrica do
coeficiente de mesma ordem do dividendo com o produto
anterior do quociente por
a
, com o sinal trocado. O re
do coeficiente do termo
sto da divisão se obtém
somando, ao mo termo do dividendo, o produto do último coeficiente do quociente últi
por
a
, com o sinal trocado.
89
Novamente apare ser ar na obra desse
utor para
i dito aq
ários ram ao ensino. O último
apítulo d
Represent
as idéias ode ser constatada
ela utiliz
e funçõe
endo utili plos que indicam,
elo menos de forma tímida ainda, a preocupação de encaminhar o assunto
nçõe
e-clara, na qual a Edições Melhoramentos reproduz um
plano cartesiano com uma parábola (ver FIGURA 32).
O livro Lições de Matemática 3º. ano (3ª. série), que passo a observar,
refere-se a 7ª. edição, publicada em 1942 pela Edições Melhoramentos. O livro
tem ao todo 341 páginas e é apresentada como uma edição “cuidadosamente
revista”. Ao todo, esse livro destinado a 3ª. série teve sete edições, conforme
TABELA 3. Embora as datas dessas não sejam totalmente conhecidas, pode-se
afirmar que houve, praticamente, uma edição por ano no intervalo de 1936 a 1942.
ce um elemento importante para ob v
a naense, isto é, constatar que seus livros foram veículos portadores de
idéias resultantes da busca pela modernização no ensino de Matemática. Como já
ui, o assunto funções representava papel importante na unificação dos
os da Matemática em uma só disciplina destinada
e Lições de Matemática – 2º. ano é inteiramente dedicado à
ação gráfica de funções”. A afirmação de que esse livro é um portador
defendidas por Félix Klein e outros personagens p
ação de exemplos de funções com elementos da Geometria, exemplos
s contendo partes de Aritmética, tópicos de Matemática Comercial
zados como aplicação de funções. Esses são exem
fo
v
c
d
p
d
s
p
fu s como um elo entre os ramos da Matemática.
2.3.3 Lições de Matemática – 3º. ano (3ª. série)
As capas dos livros da coleção Lições de Matemática são todas coloridas. A
da Nesta 3ª. série é verd
90
FIGURA 32 CAPA DE LIÇÕES DE MATEMÁTICA – 3º. ANO
91
FIGURA 33 PÁGINA INICIAL DE LIÇÕES DE MATEMÁTICA – 3º. ANO
92
TABELA 3 EDIÇÕES DE LIÇÕES DE MATEMÁTICA: 3º. ANO
Edição/Tiragem Data de Publicação
1ª. 1936
2ª. 1937
3ª. 19--
4ª. 19--
5ª. 19--
6ª. 1940
7ª. 1942
No prefácio, Maeder expõe algumas idéias gerais sobre o programa de
Matemática destinado a 3ª. série, além de se posicionar em relação a autores ditos
“modernos” e à metodologia que utiliza:
Pertence este livro à série das nossas “Lições de Matemática” destinadas ao curso
secundário.
Como os que o precederam, adapta-se rigorosamente ao programa oficial do Colégio
Pedro II, contendo toda a matéria que se deve ministrar na terceira série, exposta em
linguagem adequada ao desenvolvimento mental do estudante, e convenientemente
orientada, segundo as novas diretrizes didáticas dessa disciplina, e as nossas observações
pessoais colhidas no exercício do magistério.
Acentuemos, que, conjugando sempre as partes da Matemática, demos a cada capítulo
um desenvolvimento correspondente à sua importância, e que o ilustramos, quando se fez
mister, de longa e cuidadosa exemplificação original.
A primeira parte do livro, dedicada ao estudo da Álgebra, mereceu-nos todo o cuidado,
assim no tocante ao complemento de noções dadas anteriormente, como na exposição de
questões ainda não ventiladas nas séries anteriores.
Passamos, depois, ao estudo da Geometria dedutiva.
Desde logo, vários fatores ponderáveis se nos apresentam à consideração, e entre eles
avulta a condição didática do livro e o seu valor pedagógico.
A nosso ver, aos primeiros contatos de estudantes inexperientes com as deduções
geométricas, não se deve adotar, em sua disposição científica e sistemática, a exposição
puramente formal. Seria ministrar-lhes prematuramente o alimento indigesto de que nos
fala Severi, e aguardar as funestas conseqüências que dele decorreriam.
Preferimos, pois, evitar os excessos formalísticos que, exercendo tanta influência em
autores modernos, não enquadram todavia em um livro como este, destinado a alunos da
terceira série dos cursos secundários.
Mas, nem por isso, deixamos à margem o rigor indispensável com que devem ser tratados
os elementos da Geometria dedutiva. Dedicamos um capítulo às proposições
fundamentais, onde se procura incutir no espírito dos estudantes noções exatas sobre os
fundamentos da Geometria, dando-lhe a significação legítima dos métodos dedutivos e o
conceito em que, no campo matemático, são tomados os axiomas, postulados, definições e
teoremas.
93
Passamos, em seguida, a estudar a simetria axial e central, os deslocamentos elementares
no plano, completando o preâmbulo indispensável ao estudo dos pontos atinentes à
Geometria dedutiva, constantes do programa.
Sem insistir demasiadamente na função puramente lógica dos postulados fundamentais
das demonstrações, julgamos mais acertado fazer que o aluno os adquira intuitivamente,
pela observação.
Aliás, não é outro o espírito do programa oficial, uma vez que se dedicam, nas duas séries
anteriores do curso, muitas páginas a essas observações intuitivas.
Assim preparado o espírito do estudante, iniciamos as nossas demonstrações, partindo
das propriedades dos triângulos. Em todas elas, tivemos preocupação de seguir um
raciocínio claro e sucinto, de molde que revelasse a justeza do método dedutivo e
conduzisse com firmeza o pensamento do leitor, desde o enunciado claramente proposto à
tese bem definida das proposições.
Estabelecidas as proposições, cuidamos, ainda, das suas aplicações imediatas e mediatas,
com o que se deixam entrever as finalidades práticas do estudo teórico realizado.
Na esperança de termos oferecido um livro útil aos estudantes que freqüentam a terceira
série do curso secundário, confiamos no generoso acolhimento com que nos têm
desvanecido eminentes colegas. (MAEDER, 1942, p. III)
Vários pontos chamam a atenção neste prefácio. No movimento modernizador
dos anos 30, que foi implementado no Brasil pelas reformas do ensino, a idéia de
utilizar e valorizar a intuição do aluno por meio da descoberta e da observação é aqui
confirmada por Maeder. Ao citar Severi em seu prefácio, o autor paranaense dá
indícios de estar bem informado acerca do desenvolvimento da Matemática de sua
época. Francesco Severi
69
(1879-1961) foi um matemático italiano que se tornou uma
das figuras-chave da Matemática italiana entre as duas guerras mundiais. Além disso,
ao dizer que procura “evitar os excessos formalísticos” se posiciona contrário aos
autores que, conforme retiro do texto, defendiam o rigor do ensino da Matemática que
levava ao formalismo “exagerado”.
Se no livro destinado à 2ª. série Maeder prioriza um pouco mais a intuição no
encaminhamento de tópicos da Geometria (como observei anteriormente), nesta série
ele retoma tais tópicos, mas inicia um trabalho que visa ao desenvolvimento do
método axiomático, como observo um pouco mais adiante neste texto.
Quanto aos temas abordados nesta série do ensino secundário, o livro de
Maeder está divido em 28 capítulos e, por uma comparação com o correspondente
69
Em 1904, Fra or que seja, de
uma circunferência e seu centro, a fim de levar a termo todas as construções euclidianas com régua
apenas”. (EVES, 1997, p. 588)
ncesco Severi mostrou “que tudo de que se precisa é um arco, por men
94
programa de ensin decreto n 31, posso afirmar
que Lições de Matemática – 3º. ano também está em nância com a Matemática
trabalhada no Colégio Pedro II.
QUADRO 10 PROGRAMAS PARA ANO
Lições de Matemática para o 3º. ano
Programas propostos para o ensino público
o difundido pelo . 19890 de abril de 19
conso
O 3º.
Capítulo I: Equações (igualdades – identidades, equações –
classificação, resolução de equações)
Capítulo II: Equações de 1º. grau de uma incógnita (resolução,
exercícios, discussão, exercícios)
Capítulo III: Problemas do 1º. grau de uma incógnita (definição,
problemas particulares e gerais, resolução de problemas gerais,
re lução de problemas particulares, exercícios)
C ítulo I
si emas d
sistemas)
C
duas equações, métodos de eliminação, eliminação por substituição,
e cícios,
discussão, sistemas de três equações, eliminação por substituição,
eliminação
Cramer, ex s de cálculo, exercícios)
Capítulo
(preliminar
Capítulo V
propriedad
inequações
Capítulo V
sistemas d
exercícios)
Capítulo IX
sinais, pote
radiciação,
quadradas d
Capítulo X
so
ap V: Sistemas de equações (Equações indeterminadas,
st e equações, sistemas equivalentes – resolução de
apítulo V: Sistemas do 1º. grau de várias incógnitas (sistemas de
liminação por comparação, eliminação por adição, exer
Estudos das funções
x
my =
,
x
m
y
1
=
e
por comparação, eliminação por adição, regra de
ercícios, artifício
Cálculo com radicais. Expoentes fracionários.
VI: Problemas do 1º. grau de várias incógnitas
es, resolução, exercícios)
II: Desigualdades (definições, sentido das desigualdades,
es das desigualdades, desigualdades condicionais,
, classificação – resolução)
III: Inequações do 1º. grau (resolução, exercícios,
Equação do 2º. grau. Resolução gráfica; resolução
analítica. Discussão: propriedades das raízes.
Desigualdade do 2º. grau.
e inequações, exercícios, inequações incompatíveis,
: Potências e raízes (potências, potenciação, regra dos
nciação de monômios, quadrado de polinômios, raízes,
II – Geometria
Conju
regra dos sinais, radiciação de monômios, raízes
e polinômios, exercícios)
: Estudo de algumas funções (função
2
xy = , função
de base à Geometria dedutiva. Noções sobre
deslocamentos elementares no plano; translação e
3
xy = ,
função
y =
Vxy
=
; representação
Trinômio do 2º. grau.
nto de proposições fundamentais que servem
ão de figuras. Simetria.
lígonos; soma dos ângulos internos e
os e cordas. Tangente
Relações métricas no círculo. Média proporcional.
gráfica.
função xy = , função
x
y
=
, função
2
x
y =
,
Estudo de triângulos.
Estudo dos po
m
1 1
rotaç
m
x
1
, função
xy =
)
I: Radicais (Definições, simplificação de radicais,
de fatores sob radical, radicais de forma fracionária,
redução de radicais ao mesmo índice, exercícios, adição
externos.
Noção e exemplos de lugar geométrico.
Círculo; propriedades dos arc
Capítulo X
introdução
exercícios,
e subtraçã
exercícios,
Capítulo rações,
expoentes f
Capítulo X
resolução
incompleta
aplicações,
da equaçã
exercícios)
Capítulo XIV: Trinômio do 2º. grau (definição, raízes do trinômio,
decomposi
trinômio, e
gráfica)
I – Aritmética e Álgebra
Equações e problemas de 1º. grau com uma ou
mais incógnitas.
Desigualdade do 1º. grau.
Potencias e raízes.
o de radicais, multiplicação e divisão de radicais,
potências e raízes de radicais, exercícios)
XII: Expoente fracionário (convenção, ope
e normal.
Medidas dos ângulos.
racionários negativos, exercícios)
III: Equações do 2º. grau de uma incógnita (definições,
das equações incompletas, resolução da equação
, método dos árabes, aplicações, método de Viéte,
propriedades das raízes, aplicações, discussão das raízes
o completa, aplicações, exercícios, resolução gráfica,
Linhas proporcionais; linhas proporcionais no
triângulo.
Semelhança; homotetia.
Relações métricas no triângulo.
ção do trinômio, exercícios, variações de sinais do
xercícios, variações de valor do trinômio, representação
(VECHIA & LORENZ, 1998, p. 337)
95
QUADRO 10 PROGRAMAS PARA O 3º. ANO
V: Inequações do 2ºCapítulo X . grau (definição, forma geral,
resolução,
Capítulo X
(preliminare
tese, hipóte
proposições
Capítulo X
invariáveis
retilínea, ro
Capítulo X ia central,
figuras sim
figura, sim
figura simé
simétrica d
iguais)
Capítulo
externos, alturas-medianas e bissetrizes – perímetro, soma dos
ângulos de um triângulo, grandeza relativa dos lados, triângulos
iguais, igualdade de triângulos, igualdade de triângulos retângulos,
a cações,
re ectivam
C
p
d
in
p
Capítulo XXI: Quadriláteros convexos (definições – propriedades,
c
propriedades do retângulo, propriedades do losango, propriedades
d
Capítulo XXII: Lugares geométricos (noções preliminares –
d
c
C
c
c
c
e o, tangente e
n ormal a uma
curva, tangentes à circunferência, normal à circunferência, distância
de um po
circunferências, circunferências secantes e tangentes, posições
re
Capítulo XXIV: Medida de ângulos (definições – ângulos no
c
â
e
c
C tulo X
g dezas,
d
C
semelhança, triângulos semelhantes, semelhança de triângulos,
se
noções preliminares, homotetia direta e inversa, simetria e
homotetia, semelhança e homotetia)
Capítulo XXVII: Relações métricas no triângulo (projeção, relações
métricas nos triângulos retângulos, teorema de Pitágoras, aplicações,
exercícios, relações métricas nos triângulos quaisquer, exercícios)
C
fu
e
exercícios)
VI: Proposições fundamentais da geometria dedutiva
s, axiomas – postulados, definições – teoremas, hipótese e
ses simultâneas – corolários, proposições recíprocas –
contrárias, dependência de proposições, métodos)
VII: Deslocamentos elementares no plano (figuras
, deslocamentos, deslocamentos elementares, translação
tação em torno de um ponto)
VIII: Simetria plana (simetria plana-simetr
étricas em relação a um ponto, centro de simetria de uma
etria axial, figuras simétricas em relação a uma reta,
trica de uma reta, figura simétrica de um ângulo, figura
e um polígono, eixo de simetria de uma figura, figuras
XIX: Triângulos (definições, classificação, ângulos
pli comparação de triângulos com dois lados
sp ente iguais, teorema recíproco, propriedades das alturas
medianas – bissetrizes e mediatrizes)
apítulo XX: Polígonos (linhas poligonais, classificação das linhas
oligonais, polígonos – classificação dos polígonos, classificação
os polígonos simples, polígonos regulares, soma dos ângulos
ternos, soma dos ângulos externos, número de diagonais de um
olígono, exercícios)
lassificação, paralelogramos, propriedades dos paralelogramos,
o quadrado, trapézios – definições – classificação)
efinição, exemplos, a mediatriz como lugar geométrico, a bissetriz
omo lugar geométrico)
apítulo XXIII: Circunferência e círculo (Definições,
ircunferências iguais – arcos iguais – arcos desiguais, arcos
onsecutivos – soma e diferença de arcos, determinação da
ircunferência por três pontos, propriedades do diâmetro, relações
ntre arcos e cordas, distância de cordas ao centr
ormal – tangente a uma curva, curvas tangentes – n
nto à circunferência, posições relativas de retas e
lativas de duas circunferências)
írculo, ângulos centrais, medida do ângulo central, medida do
ngulo inscrito, medida do ângulo de segmento, medida do ângulo
xcêntrico interior, medida do ângulo excêntrico exterior, segmento
apaz de um ângulo dado, quadriláteros inscritos)
apí XV: Linhas proporcionais (preliminares, razão entre duas
ran razões positivas e negativas, segmentos proporcionais,
ivisão harmônica, exercícios, linhas proporcionais no triângulo)
apítulo XXVI: Semelhança e Homotetia (definições, condições de
melhança de polígonos, feixe de concorrentes, Homotetia –
apítulo XXVIII: Relações métricas no círculo (proposições
ndamentais, potência de um ponto em relação a um círculo,
xercícios)
96
Assim, conforme esse quadro, enquanto o programa proposto para o ensino
público é apresentado em dois grandes blocos (“Aritmética e Álgebra” e “Geometria”),
o livro está d pondem ao primeiro
desses blocos, enquanto os capítulos de XVI a XXVIII são destinados ao bloco
“Geometria”. Uma diferença em relação a essa correspondência entre livro e programa
s duas séries anteriores, é que o autor aqui segue (de forma
m dos assuntos listados no programa: primeiro “Aritmética e
ma no de Matemática na
em se prefáci
lo XVI – P mentais da
im o
enas em relação ao método dedutivo,
to d s
70
a 3ª. série):
os geométricos elementares e
tes à Geometria.
v d
m o auxílio de exemplificação concreta que se chegou, além de
a e cie,
proposições geométricas.
entidades não foram definidas e forma demonstradas.
Estudou-se, portanto, apenas a parte funda
intui
Cumpre-nos iniciar, agora, o estudo da Geometria a. (MAEDER, 1942, p. 202)
o
intuitiva, tais como ponto, linha e superfície, e
grupo de proposi e
ividido em capítulos. Os capítulos de I a XV corres
oficial, não observada na
muito próxima) a orde
Álgebra” e, após, “Geometria”.
Pela própria discussão a respeito do for lismo no ensi
época em que Maeder escreve seus livros (com
faço algumas observações a respeito do Capítu
geometria dedutiva. Ao iniciar o capítulo (Pr
o ele mesmo aponta u o)
roposições funda
el inares) é interessante observar
posicionamento assumido por esse autor não ap
como também em relação ao desenvolvimen
(1ª. série, 2ª. série e este, d
ado ao longo de seus três livro
Nas séries anteriores do nosso curso, estudamos alguns tip
enunciamos certo número de proposições atin
Esse estudo, entretanto, foi de caráter intuiti
observações experimentais.
Efetivamente, foi co
en
o, e vez que se fundou exclusivamente em
e se conceberam abstratamente certas outras, às noções de ponto, linh superfí
Essas , porém,
tivo.
, n m as proposições
mental da Geometria, sob o seu aspecto
dedutiv
A seguir, Maeder explica o que conceb
com noções adquiridas de forma
e c mo Geometria dedutiva: iniciando
considerando um determinado çõ s aceitas como verdadeiras, “pode-
70
O autor paranaense utiliza ao longo dos cinco liv
expediente de fazer diversos comentários com o auxílio
ros que compõem Lições de Matemática um
no livro
E
rmin terminada
m questão ou de série
or) para uma retomada de um conceito. Também utiliza tais notas para informar que determinado
assunto será a o, utiliza nota para às
vezes justificar a ausência de uma determinada demonstração.
de notas de rodapé. Por exemplo, só
da 3ª. série são aproximadamente trinta notas de roda
(professor e aluno) no sentido não apenas sobre um dete
referência (raramente), mas de remeter esse leitor a um outro capítulo (da série e
anteri
pé. sses comentários são dirigidos ao leitor
ado conceito, ou ainda, uma de
inda aprofundado. No caso do estudo de Geometria, por exempl
97
se chegar, por meio de um encadeamento lógico do nosso raciocínio, ao
rocesso de raciocínio utilizado para o
, o fato de demonstrar uma proposição,
edutivo”. Ao falar das proposições
stinção, por exemplo, entre axioma e
emonstrável que se impõe por si
uela proposição que afirma que duas
iguais entre si, já os “postulados são
e servem de ponto de partida para a
plo de postulado cita, entre outros dois
reta”. (MAEDER, 1942, p. 203) Além
e denominações pertinentes ao método
der utiliza todo o capítulo XVI para esclarecer, além dos elementos que
teoremas
71
, hipótese e tese, hipóteses
, proposições contrárias, dependência
métodos.
ua
se deve seguir para a demonstração
lassifica esses métodos em “gerais” e
io sobre o que considera métodos
sobre os “gerais”, dividindo-os em
onto de partida a proposição que se quer demonstrar,
posições, até chegar-se a uma conhecida.
escolhidas de tal maneira que, cada uma,
o. Parte-se de uma proposição conhecida,
posições, até chegar-se à que se quer
ão tomadas em ordem inversa à que se
estabelecimento de novas proposições”. Ao p
estabelecimento de uma nova proposição, isto é
é considerado por Maeder como “método d
fundamentais, o autor paranaense faz uma di
postulado: “Axioma é uma proposição ind
mesma”. Cita como exemplo de axioma aq
quantidades iguais a uma terceira também são
proposições admitidas sem demonstração qu
dedução de novas proposições”. Como exem
exemplos, que “dois pontos determinam uma
disso, outras explicações são dadas a respeito d
dedutivo. Mae
já mencionei acima, os seguintes: definições,
simultâneas, corolários, proposições recíprocas
de proposições e
Com relação a “métodos”, já no final do capítulo citado, Maeder expõe s
concepção quanto à utilização “na marcha que
dos teoremas” (MAEDER, 1942, p. 209). C
“particulares”. Sem fazer qualquer comentár
“particulares”, escreve da seguinte maneira
“análise” e “síntese”:
Na análise, toma-se como p
estabelecendo-se uma série de outras pro
Essas proposições intermediárias devem ser
decorra da que se lhe segue.
A síntese segue exatamente o caminho opost
estabelecendo-se uma série de outras pro
demonstrar. As proposições intermediárias s
adota na síntese.
71
Uma curiosidade é a utilização de um teorema no encam
fracionár
inhamento no estudo de expoentes
ios. O teorema utilizado por MAEDER (1942, p. 150) tem o seguinte enunciado: “As
operações com quantidades afectas de expoentes fracionários efetuam-se segundo as mesmas
regras estabelecidas para as que têm expoentes inteiros”.
98
Novamente é possível perceber em MAEDER (1942, p. 203) um autor
preocupado com os rumos da Matemática e seu ensino. Ao falar das deduções de
novas proposições, faz uma menção importante sobre um matemático brasileiro e sua
obra de 1929 (contemporâneo seu). É uma nota explicativa que fornece ao leitor sobre
um conceito utilizado por Amoroso Costa
72
:
“A condição de evidência deve desaparecer por completo do processo dedutivo. Dizendo
tem a ver com a teoria a construir. Pouco importa que os postulados apresentem aspecto
artificial, obscuro ou mesm
Matemática, 1929, página 37)
que um certo postulado é evidente ou não-evidente emitiremos uma afirmação que nada
o paradoxal”. (Amoroso Costa, As idéias fundamentais da
.
a
esclarecer a utilização de corolário a partir de
teorem
a defin
Em Amoroso Costa, mais uma evidência das influências que, de certa forma,
auxiliaram nas concepções de Maeder com relação aos conteúdos e métodos presentes
em sua obra. Além desse matemático brasileiro, quatro outros matemáticos, esses
estrangeiros, aparecem ao longo deste livro de Maeder. Pierre F. Pécaut e seu livro
Elementos de Filosofia científica (tradução de Benedito Costa) são citados para
diferenciar axioma de postulado. Francesco Severi e sua obra Elementos de Geometri
(tradução de T. Martin Escobar) para
a. P. Filipe e M. Froumenty e a obra Comp. de Geometrie como referência para
ição que Maeder fornece sobre figuras homotéticas.
72
Man
matemá
D’AMBROSIO (1999, Saber y Tiempo, vol. 2, n°. 8, Julio-Deciembre 1999; pp. 7-37):
Otto de Alencar preocupou-se com questões de Análise Matemática. Particularmente
século XX no Brasil [23]. Seu discípulo Manuel de Amoroso Costa fez alguns trabalhos sobre
Ciências, que em 1921 se transforma na Academia Brasileira de Ciências. Em
1922, Émile Borel visitou o Brasil como membro da delegação francesa que
uel de Amoroso Costa (1885-1928) e Otto de Alencar Silva (1874-1928) foram dois
ticos brasileiros de destaque no final do século XIX e início do século XX, conforme
importante foi sua crítica à matemática de Auguste Comte, que ainda dominava o início do
astronomia, fundamentos e convergência de séries [24].
Em 1916, Amoroso Costa fundou, no Rio de Janeiro, a Sociedade Brasileira de
participou das comemorações do centenário da independência. Nessa
oportunidade, pronunciou uma conferência na Academia Brasileira de Ciências.
Seu principal interlocutor foi Amoroso Costa, que inclusive publicou uma nota
científica sobre o trabalho de Borel [25]. Possivelmente por indicação do próprio
Borel, ele visitou Paris em 1928, onde ministrou quatro conferencias na Sorbonne
sobre "Les géométries non archimédiennes" [26].
99
Não poderia deixar de comentar aqui uma curiosa regra que Maeder utiliza para
a extração da raiz quadrada de um polinômio. Esse “processo” está presente no
Capítulo IX
Potências e raízes. O autor trabalha tanto potenciação quanto radiciação
mesclando Aritmética com Álgebra. A curiosa regra (FIGURA 34) é apresentada após
alguns exemplos. Além disso, ao final do capítulo o autor fornece 12 polinômios para
que os alunos extraiam as raízes quadradas.
Quanto aos métodos abordados pelo autor paranaense no desenvolvimento de
um assunto, observo que ele procura (às vezes de forma exagerada) encaminhar não
apenas um. Exemplo disso pode ser encontrado da apresentação da fórmula resolutiva
de uma equação do 2º. grau. Apresenta três métodos: “método dos árabes” (atualmente
nos livros didáticos aparece como “fórmula de Báskara”), “método de Viéte” (esse
método consiste em reduzir uma equação completa do 2º. grau a uma incompleta) e
um outro método sem qualquer denominação que é encaminhado como uma
observação (esse método consiste em tornar unitário o coeficiente do termo em
2
x
e
proceder a seguir completando o trinômio até chegar a um trinômio quadrado
perfeito).
FIGURA 34 – REGRA DE RADICIAÇÃO
100
Ainda em relação ao trinômio do 2º. grau, ao discutir sobre a existência ou não de
raízes reais, Maeder não utiliza a denominação “discriminante” ou mesmo o símbolo “
”,
como atualmente aparecem nos livros didáticos de Matemática, simplesmente menciona
acb 4
2
. Observo que somente no início da chamada Matemática Moderna (anos 1960 em
diante) essas denominações começam a aparecer nos didáticos. Além disso, ao discu o tir
caso em
utiliza
que
acb 4
2
é negativo, já fala em raízes imaginárias. Para unidade imaginária,
simplesmente
1
sem mencionar, como nos dias atuais, a letra i.
2.3.4 Lições de Matemática – 4º. ano (4ª. série)
Ao contrário dos três livros anteriores da coleção Lições de Matemática, neste,
destinado a 4ª. série (ou 4º. ano), Maeder não apresenta o livro. Não há prefácio do autor.
Também não há no livro destinado a 4ª. edição (a partir do qual faço a presente “leitura”) o
ano dessa publicação. São 344 páginas, e o correspondente livro teve um total de cinco
edições:
TABELA 4 – EDIÇÕES DE LIÇÕES DE MATEMÁTICA: 4º. ANO
Edição/tiragem
Data de publicação
2ª. 19--
m
p
e
nte no presente livr
1ª. 1937
3ª. 19--
4ª. 19--
5ª. 1942
ário é apresentado nessas páginas iniciais e divide o conteúdo de
ara a 4ª. série em 20 capítulos. Maeder mostra-se fiel ao programa de
laborado no Colégio Pedro II, conforme é possível observar a seguir
1), confrontando o programa oficial e o consta
O su
Matemática
Matemática
(QUADRO 1 o. A única
101
observação refere-se ao item “Régua logarítmica”, presente no programa oficial e ausente
no livro de Maeder, sem qualquer comentário do autor.
FIGURA 35 - CAPA DE LIÇÕES DE MATEMÁTICA – 4º. ANO
102
FI
GURA 36 – PÁGINA INICIAL DE LIÇÕES DE MATEMÁTICA – 4º. ANO
103
QUADRO 11 – PROGRAMAS PARA O 4º. ANO
Lições de Matemática – 4º. ano
Program
as propostos para o ensino público
Capítulo I: Equações biquadradas (definição – resolução,
discussão, decomposição do trinômio biquadrado, composição da
equação biquadrada, exercícios)
Capítulo II: Equações irracionais (definição – resolução,
exercícios)
Capítulo III: Problemas do 2º. grau (definição, resolução de
problemas particulares, problemas gerais – discussão, exercícios)
Capítulo IV: Progressões aritméticas (definições, relações entre os
elementos da progressão, propriedade, cálculo da soma dos termos,
interpolação aritmética, os dez problemas, exercícios)
Capítulo V: Progressões geométricas (definições, relações entre os
elementos da progressão, propriedade, cálculo do produto dos
termos, cálculo da soma dos termos, progressões decrescentes
ilimitadas, interpolação geométrica, problemas, exercícios)
Capítulo VI: Função exponencial (definição – natureza do expoente,
princípios fundamentais, propriedades, representação gráfica,
variações da função)
Capítulo VII: Logaritmos (definições, logaritmos vulgares e
neperianos, propriedades, logaritmos decimais, cologaritmos, tábuas
de logaritmos, operações com logaritmos, aplicações, resolução das
equações exponenciais, exercícios)
Capítulo VIII: Juros compostos – Anuidades (definições
capitalização anual, determinação do montante, determinação do
capital inicial, determinação do tempo, determinação da taxa,
capitalização não anual, anuidades – capitalização, amortização,
exercícios)
Capítulo IX: Polígonos inscritos e circunscritos à circunferência
(definições, triângulos inscritos e circunscritos, quadriláteros
inscritos – teorema de Ptolomeu, quadriláteros circunscritos)
Capítulo X: Polígonos regulares (definições, polígonos inscritos e
circunscritos, elementos dos polígonos regulares, polígonos
regulares semelhantes, polígonos regulares estrelados, relações
métricas nos polígonos regulares, expressão do lado do quadrado
inscrito, apótema do quadrado inscrito, lado do hexágono regular
inscrito, lado do triângulo regular inscrito, apótema do triângulo
regular inscrito, apótema do hexágono regular inscrito, apótema dos
polígonos regulares, lados dos polígonos regulares de 2n lados, lado
do octógono regular convexo, lado do dodecágono regular convexo,
lado do decágono regular convexo, lado do pentágono regular
convexo, problemas, exercícios)
Capítulo XI: Medida da circunferência (preliminares – definição,
razão de duas circunferências, o número
π
, cálculo de
π
- método
dos perímetros, natureza do número
π
, comprimento d um arco
de circunferência, o radiano, arcos semelhantes)
Capítulo XII: Áreas – Comparação de áreas (definições, área do
retângulo, área do quadrado, área do paralelogramo, área do
triângulo, área do triângulo eqüilátero, área do triângulo em função
do perímetro e do raio do círculo inscrito, área do triângulo em
função dos lados, área do trapézio, área de um polígono qualquer,
área dos polígonos regulares convexos, exercícios, área do círculo,
área do setor circular, área do segmento circular, área da coroa
circular, comparação de áreas, teorema de Pitágoras, lúnulas de
Hipócrates, exercícios)
Capítulo XIII: Retas e planos no espaço (definições, determinação
do plano, geração do plano, posições relativas de uma reta e um
plano, posições relativas de duas retas, posições relativas de dois
planos, retas e planos perpendiculares, retas e planos paralelos,
ângulos diedros, propriedades dos diedros, planos perpendiculares,
projeções)
I – Aritmética e Álgebra
Equações biquadradas e equações irracionais.
Problemas do 2º. grau; discussão.
Progressão aritmética. Propriedades. Interpolação.
Progressão geométrica. Propriedades. Interpolação.
Estudo da função exponencial.
Logaritmos; propriedades. Uso das tábuas.
Régua logarítmica.
Juros compostos; anuidades.
II – Geometria
Polígonos regulares; relações métricas nos polígonos
regulares.
Medida da circunferência; cálculo de pi (método dos
perímetros).
Áreas equivalentes; relação entre áreas de figuras
semelhantes.
Retas e planos no espaço.
Ângulos poliedros. Triedros suplementares.
Prisma e pirâmides.
Cilindro e cone.
Esfera. Secções planas. Pólos; plano tangente; cone e
cilindro circunscritos.
Noção sobre geração e classificação das superfícies;
superfícies regradas, de revolução, desenvolvíveis.
As funções circulares; relações entre essas funções.
Gráficos.
Expressões da tangente, cotangente, secante e co-secante
em função do seno e co-seno. Seno, co-seno e tangente da
soma de dois ângulos, do dobro de um ângulo, da metade
de um ângulo. (VECHIA & LORENZ, 1998, p. 337)
e
104
Capítulo
faces de
QUADRO 11 – PROGRAMAS PARA O 4º. ANO
XIV: Ângulos poliédricos (definições, relações entre as
um triedro, soma das faces de um ângulo poliédrico,
ângulos poliédricos iguais, ângulos poliédricos simétricos,
igualdade de triedro, triedros suplementares, propriedades)
Capítulo XV: Poliedros – Prismas – Pirâmides (definições, prisma,
paralelepípedo, propriedades do paralelepípedo, área lateral do
prisma, área total do prisma, área total do paralelepípedo retângulo,
pirâmide, propriedade, área lateral da pirâmide regular, área total da
pirâmide regular, poliedros regulares, relações entre os elementos de
um poliedro convexo, elementos dos poliedros regulares, áreas dos
poliedros regulares, exercícios)
Capítulo XVI: Geração e classificação das superfícies (geração das
superfícies, superfícies geométricas, classificação das superfícies,
superfícies desenvolvíveis, superfícies de revolução)
Capítulo XVII: Cilindro e cone (definições, propriedades do
cilindro, área lateral do cilindro, área total do cilindro, tronco do
cilindro, cone, propriedades do cone, área lateral do cone, área total
do cone, tronco de cone, exercícios)
Capítulo XVIII: Esfera (definições, secções planas da esfera,
posições relativas de retas e esferas, posições relativas de planos e
esferas, planos tangentes à esfera, posições relativas de duas esferas,
pólos de um círculo da esfera, traçados sobre a esfera, cilindro
circunscrito à esfera, cone circunscrito à esfera, área da zona, área
da calota esférica, área da esfera, área do fuso esférico, exercícios)
Capítulo XIX – Linhas trigonométricas (definições, plano orientado,
origem dos arcos, disposição e sentido das linhas trigonométricas,
quadrantes, sinais das linhas dos quadrantes, arcos maiores que 360º
, linhas trigonométricas dos arcos congruentes, variação das linhas
trigonométricas, redução ao primeiro quadrante, arcos de uma linha
trigonométrica dada)
Capítulo XX – Funções circulares (linhas trigonométricas de um
ângulo, relações entre as funções circulares, determinação de uma
linha trigonométrica em função das demais, aplicações, soma e
diferença de arcos, linhas dos arcos duplos, aplicações, linhas dos
arcos submúltiplos, exercícios)
Observando o quadro anterior com os programas para o 4º. ano, novamente
constato a divisão do programa oficial em dois blocos: “Aritmética e Álgebra” e
“Geometria”. Enquanto o primeiro desses blocos está dividido em oito itens, no livro de
Maeder eles correspondem aos capítulos de I a VIII, seguindo a mesma ordem presente no
programa oficial (exceção por conta da ausência de “régua logarítmica”). Os capítulos de
IX a XX correspondem aos 11 itens do programa oficial, na mesma ordem. Novamente os
tópicos relativos à trigonometria, conforme se observa atualmente nos livros didáticos de
Matemática, estão contidos no programa oficial no bloco “Geometria”.
Nesta leitura do livro de Maeder observo mais uma vez orientações explícitas
desse autor no sentido de esclarecer, localizar e alertar o leitor (aluno e professor)
quanto ao desenvolvimento de conteúdos. Assim, por exemplo, em relação à resoluçã
o
e equações irracionais, capítulo II, encontra-se as seguintes orientações: d
105
Para resolver uma equação irracional, é preciso transformá-la em outra racional, entre
ação das equações, cujo
estudo não cabe neste curso, cuidemos, apenas, do que diz respeito à eliminação dos
pelos seus respectivos índices.
sformação, e que o
ntra aplicação vantajosa em certos casos
los laboriosos ou inexeqüíveis, em que a
eliminação de um radical dá lugar ao aparec e
o ações
a e a ndo.
emas relacionados à
m cada um, ao final, faz comentários no
evidas precauções com relação aos
s, pois, segundo ele, “podem figurar
uação dada”.
o
ob no início do capítulo III,
d ses que
l ma: “estabelecimento da equação,
-,
dessas fases, em cada exemplo que
essa das.
eme o método difundido como
emas”, que tem em Geo e
apr
ropostas e disc ssões a respeito dos assuntos ligados
cenário mundial.
cujas raízes se encontrem as que convêm à equação dada.
Deixando à margem o processo geral empregado na racionaliz
radicais pela elevação sucessiva de ambos os membros da equação às potências indicadas
Devemos, porém, advertir que nem semp
processo de que nos iremos ocupar só en
re é possível essa tran
co
particulares, pois pode conduzir-nos a cálcu
im nto de outros.
Trataremos, por isso, somente da resolu
irracionais, que se reduzem facilmente
çã de alguns tipos simples de equ
qu ções de grau não superior ao segu
(MAEDER, 19--, p. 10)
A seguir, Maeder apresenta e discute três casos de probl
resolução de equações irracionais. E
sentido de levar o aluno leitor a tomar as d
resultados obtidos, que devem ser verificado
raízes estranhas à eq
Um outro exemplo da preocupação
desenvolvimento de um conteúdo pode ser
d autor paranaense em relação ao
servado
quando do estudo de “Problemas do segun o grau”. Ele enuncia três fa
fazem parte da resolução de qualquer prob
resolução desta e discussão” (MAEDER, 1
concebe exatamente como sendo cada uma
utiliza para desenvolver o presente capítulo,
Além disso, é possível observar aqui el
“resolução de probl
e
9- p. 22). Embora não discuta o que
s fases aparecem bem demarca
ntos d
rg Polya
73
, conhecido como o grande
endizagem de Matemática. Maeder defensor desse procedimento para o ensino e
dá indícios de estar atento às p u
ao ensino e aprendizagem da Matemática no
73
George Polya foi professor da Universidade de Stanf
a new aspect of m
ord e em 1944 publicou o livro How to Solve it:
athematical method, traduzido como a Arte de resolver problemas: um novo aspecto
Interciência Ltda. Já nas páginas iniciais desse
esolução de um problema: a compreensão
blema e a incógnita, a execução de um plano de
do método matemático, no Rio de Janeiro pela Editora
trabalho de Polya, é possível observar as quatros etapas da r
do problema, a busca da conexão entre os dados do pro
resolução e o exame da solução obtida.
106
Mais uma vez observo que o aspecto intuitivo no enca inhamento dos assuntos
exemplo disso pode ser
ida do comprimento da circunferência,
o de comprimento de arco, diz-se que o
ite comum para o qual tendem os perímetros
scritos e circunscritos, quando o número de
to de uma circunferência é maior que o
nela inscrito, e menor que o de qualquer
MAEDER, 19--, p. 157)
lecer o comprimento da circunferência
o número
m
que compõem o trabalho de Maeder é valorizado. Um
observado quando do estabelecimento da med
capítulo XI:
Estendendo, à circunferência, a definiçã
comprimento de uma circunferência é o lim
dos polígonos regulares convexos, a ela in
lados aumenta indefinidamente.
Acrescentemos, ainda, que o comprimen
perímetro de qualquer polígono convexo
polígono regular circunscrito. (
Um pouco mais adiante, após estabe
como o produto da medida de seu diâmetro pel
Assim, o cálculo de
π
, pelo método de
comprimento da semi-circunferência de raio
Conforme a definição de comprimento
que nos ocupamos, reduz-se ao cálculo do
igual à unidade.
de uma circunferência, os perímetros dos
s são valores aproximados de C, os primeiros
ção essa que aumenta à medida que cresce o
s.
olígono regular inscrito na circunferência, os
licando sucessivamente o número de lados do
a vez mais aproximados para C, e,
polígonos regulares inscritos e circunscrito
por falta e os últimos por excesso, aproxima
número de lados dos polígonos considerado
Portanto, se calcularmos, a partir de um p
perímetros dos polígonos que se obtém, dup
interior, iremos obtendo valores cad
conseqüentemente, para
π
.
Ademais, notemos que, em cada caso, o
semiperímetros dos polígonos regulares
π
, complementa:
π
valor de
estará compreendido entre os
inscrito e circunscrito à circunferência.
(MAEDER, 19--, p. 159)
Outro aspecto a observar aqui está relacionado à demonstração. Em diversos
momentos as demonstrações de teoremas e do estabelecimento de fórmulas resolutivas se
fazem presentes no livro de Maeder. Assim, por exemplo, é possível observar a obtenção
da fórmula que fornece a soma dos termos de uma progressão aritmética em função do
primeiro termo, do último termo e do número de termos. Também a relação Matemática
que permite calcular a área de um triângulo qualquer em função das medidas de seus
lados
74
. Outras fórmulas e relações Matemáticas são apresentadas e demonstradas.
ula atribuída a Herão de Alexandria, que teria vivido, segundo estimativas, entre 150 a.C. e
250 d.C. “Seus trabalhos sobre matemática e física são tão numerosos e variados que é costume
com formação grega. De qualquer maneira, seus escritos, que com tanta freqüência enfatizam mais as
aplicações práticas do que o acabamento teórico, mostram uma fusão curiosa do
oriental.” (EVES, 1997, p. 205)
74
Fórm
apresentá-lo como um razões para se supor que Herão era um egípcio
grego com o
enciclopedista destas áreas. Há
107
obras.
das tá
primei
F.I.C.
7
está re
. 244 eio de uma nota de rodapé, para um estudo mais completo,
os q
do correspondente livro a que se refere, isto é,
ágina
nometria retilínea é a
obra citada em sua 2ª. edição, porém sem datar o ano correspondente a essa edição.
Nesse livro, são observadas também algumas referências a outros autores e suas
Ao desenvolver o assunto logaritmos”, particularmente ao abordar a utilização
buas de logaritmos, Maeder menciona que Schrön e Callet foram autores das
ras de tábuas logarítmicas. Também menciona as tábuas feitas por Dupuis, por
5
, por Hoüell e também por A.L.C.M. Observa, finalmente, que, em seu livro,
produzindo uma das páginas da tábua de F.I.C.
Quando do desenvolvimento do assunto “Poliedros Regulares” (MAEDER, 19--,
), remete o leitor, por mp
a ue quiserem”, a obra Elementos de Geometria. Essa obra tem dois volumes e foi
escrita por Francesco Severi com a tradução espanhola da 2ª. edição, feita por T. Martín
Escobar, editora Labor, no ano de 1931. Essa é uma referência utilizada por Maeder.
A obra Elementos de Geometria Descritiva, escrita por F.I.C. (não encontrei
nenhum dado a mais além da página
p 158), é mencionada também em nota de rodapé. Entretanto, o autor menciona
essa obra apenas para explicar que dela foi extraído um exemplo sobre a obtenção de
um plano por meio da geração de uma reta, deslocando-se paralelamente sobre si
mesma e “constantemente apoiada numa reta fixa dada” (MAEDER, 19--, p. 250).
Observo que essa obra aparece mais algumas vezes em citações feitas ao longo do
estudo de Geometria. Outra referência também é empregada, logo a seguir, ainda no
assunto sobre a obtenção de sólidos geométricos por meio de rotações. Agora é a obra
Tratado metódico de matemáticas elementares, de autoria do alemão G. Holzmueller.
Essa obra, traduzida para o espanhol por E. Latzina, é de 1926, da editora Labor.
A última menção a outra obra é feita no capítulo que estabelece as relações
trigonométricas para um mesmo ângulo, numa circunferência. É o livro dos autores
André Perez y Marin e Carlos F. de Paula. Elementos de Trigo
A fórmula mencionada é
))()(( cpbpappS =
, em que p representa o semi-perímetro do
triângulo de lados com medidas a, b e c. S é a área do correspondente triângulo.
75
F.I.C. são as iniciais das escolas da Congregação dos Frères de l’Instruction Chrétienne.
108
Ao desenvolver o assunto “Comparação de Áreas”, precisamente no que se
refere ao conhecido Teorema de Pitágoras, encaminha uma demonstração clássica que
é atribuída a Euclides
76
. Nessa demonstração, Maeder (19--, p. 188) emprega o mesmo
diagrama (FIGURA 37) que teria origem na obra de Euclides de Alexandria.
áreas,
equiva
assunto
até na denominação que se dá ao assunto em meio ao qual é enunciado o Teorema de
Pitágoras, isto é, relações métricas num triângulo retângulo. Como interpreto, isso
evidencia um conteúdo de Matemática que, com o tempo, sofreu transformações,
passan
medida
Além disso, observo também uma preocupação de Maeder em generalizar esse
teorema, não apenas para os “quadrados” construídos a partir dos três lados, mas também
Ainda a respeito desse teorema, o enunciado é feito utilizando-se a equivalência de
isto é: “O quadrado construído sobre a hipotenusa de um triângulo é
lente à soma dos quadrados construídos sobre os catetos”. Atualmente, esse
não é desenvolvido no contexto sobre o estudo de áreas. Isso pode ser observado
do do contexto do estudo de áreas de figuras planas para o de relações entre
s de comprimento dos lados de um retângulo.
FIGURA 37 – TEOREMA DE PITÁGORAS
para polígonos semelhantes (FIGURA 38, reproduzida do livro de Maeder, p. 204).
76
A demonstração atribuída a Euclides é a partir de um diagrama. Ver Introdução à História da
Matemática, de Howard Eves, editora da Unicamp, 2ª. edição, 1997, p. 182.
109
FIGURA 38 – GENERALIZAÇÃO DO TEOREMA DE PITÁGORAS
O teorema é apresentado como corolário e tem o seguinte enunciado: “Se
construirmos, sobre os lados de um triângulo retângulo, três polígonos
semelhantes, a área do polígono construído sobre a hipotenusa é equivalente
à soma das áreas dos polígonos construídos sobre os catetos”. Após fazer a
demonstração desse corolário, Maeder avança um pouco mais, agora se referindo
a respeito das “Lúnulas de Hipócrates”, que são construídas também a partir dos
catetos de um triângulo retângulo. Novamente há um tratamento de equivalência
sobre áreas que normalmente não estão presentes nos atuais livros didáticos de
Matemática.
Os capítulos XIII e XIV – “Retas e Planos no Espaço” e “Ângulos
Poliedros” – ocupam, ao todo, 35 páginas com definições, teoremas, corolários,
as
e refeitas em sala de aula? Algumas demonstrações dos teoremas ou dos
corolários são omitidas. Em nota, Maeder (19--, p. 203) justifica tal ausência:
prejuízo da feição didática deste livro, examinar todas as
demonstrações, propriedades e algo que chama a atenção, nenhum exemplo ou
atividade. Daí é possível observar que o tratamento dado para tal assunto é
informativo. Cabem as questões: Como era elaborada a avaliação de tal
conhecimento? O aluno deveria memorizar? E as demonstrações, eram discutid
Não é possível, sem
110
propo
exemplo
que c
sições relativas às retas e planos no espaço, bem como imprimir às
demonstrações correspondentes rigor excessivo”.
Ainda observando o encaminhamento dado a determinados conteúdos de
Matemática, o capítulo XX, destinado às “Funções Circulares”, dá um
onsidero importante destacar. No estudo de trigonometria, como é visto
atualmente no Ensino Médio, as relações trigonométricas para um mesmo arco
são demonstradas. Assim, dado, por exemplo, o valor do seno de um arco, pede-se
uma outra razão trigonométrica entre co-seno, tangente, secante, co-secante e co-
tangente. Assim, normalmente, são obtidas sete relações (conforme QUADRO
12), isto é:
QUADRO 12 – RELAÇÕES TRIGONOMÉTRICAS
22
aga
atga
sena
a
a
a
tgasena
a
a
a
aasen
22
22
cot1seccos
1sec
1
seccos
cos
1
sec
1cos
cot
cos
1cos
+=
+=
=
=
==
=+
sena
tga
=
No livro de Maeder, essas relações trigonométricas estão presentes.
ntretanto, um quadro sugere a utilização de fórmulas, decorrentes dessas sete,
aluno
consultar a tabela da página 327 desse livro, olhar para a primeira coluna e efetuar
E
porém apresentadas como receitas [grifo meu] a serem seguidas (ver TABELA 5
reproduzida do livro de Maeder). Por exemplo, se é conhecido o valor do seno de
um arco
a
para obter as outras cinco razões trigonométricas, bastaria o
as correspondentes substituições para o valor do seno desse arco.
111
RICAS
TABELA 5 – FÓRMULAS PARA RAZÕES TRIGONOMÉT
112
2.3.5 Lições de Matemática – 5º. ano (5ª. série)
FIGURA 39 - CAPA DE LIÇÕES DE MATEMÁTICA – 5º. ANO
113
FIGURA 40 PÁGINA INICIAL DE LIÇÕES DE MATEMÁTICA – 5º. ANO
114
O último livro dessa coleção de Maeder, Lições de Matemática 5.º ano (5ª.
série) da Edições Melhoramentos, conforme 4ª. edição, de 1942, tem, ao todo, 315
TABELA 6), e
da mesma forma que o da 4ª. série dessa coleção, não contém qualquer apresentação
ou prefácio do autor. Essa série contém vários capítulos, que são destinados a tópicos
do que atualmente é desenvolvido geralmente em cursos superiores na disciplina de
Cálculo Diferencial e Integral.
TABELA 6 EDIÇÕES DE LIÇÕES DE MATEMÁTICA: 5º. ANO
Edição/tiragem Data de publicação
ginas, divididas em 22 capítulos. Esse livro teve quatro edições (ver
1ª. 1938
2ª. 19--
3ª. 19--
4ª. 1942
No QUADRO 13 há um comparativo que contém o sumário do livro de Maeder
para a 5ª. série e o programa oficial (Colégio Pedro II) para o ensino de Matemática.
Nele, é possível perceber que, de fato, o autor paranaense seguia o programa elaborado
pelos seus contemporâneos cariocas. Aqui observo que o programa para o ensino
público é apresentado por meio de 12 tópicos, num único bloco denominado
“Aritmética, Álgebra e Geometria”. Esses tópicos estão relacionados com os 22
capítulos em que o livro está dividido.
QUADRO 13 – PROGRAMAS PARA O 5º. ANO
Lições de Matemática – 5ª. série
Programas propostos para o ensino público
Capítulo I: Logaritmos das funções trigonométricas (tábuas de
logaritmos, descrição das tábuas, uso das tábuas, problema direto,
partes proporcionais, caso especial, problema inverso, exercícios)
Capítulo II: Resolução de triângulos (resolução de triângulos,
relação entre os elementos dos triângulos retângulos, resumo, casos
clássicos – 1º caso, 2º caso, 3º caso, 4º caso, exercícios, triângulos
obliquângulos, teorema dos senos, teorema dos cossenos, teorema
das tangentes, casos clássicos – 1º caso, 2º caso, 3º caso, 4º caso,
discussão do 4º caso, resumo da discussão, aplicações, exercícios)
Capítulo III: Análise combinatória (coordenações, arranjos simples,
cálculo de número de arranjos, permutações simples, cálculo do
número de permutações, combinações simples, cálculo do número
de combinações, exercícios)
Aritmética, Álgebra e Geometria
Resolução de triângulos retângulos, prática das
tábuas de logaritmos.
Casos simples de resolução de triângulos
obliquângulos.
Noções de análise combinatória.
Binômio de Newton (caso de expoente inteiro e
positivo).
Derivada de um polinômio inteiro em x.
Noção de limite. Derivada de
x . Derivada
de seno de x, co-seno de x, tangente de x e
cotangente de x.
115
QUADRO 13 – PROGRAMAS PARA O 5º. ANO
Capítulo IV: Binômio de Newton (potenciação de binômios, produto de
binômios com um termo comum, desenvolvimento do binômio de
Newton, análise da fórmula, termo geral, termos eqüidistantes dos
extremos, desenvolvimento de
m
ax )( , propriedade dos
coeficientes, triângulo de Pascal, potenciação de polinômios, exercícios)
Capítulo V: Noções de limite (noção de limite – exemplos,
observações, infinitamente pequenos, infinitamente grandes,
proposições relativas aos limites, passagem ao limite,
indeterminações aparentes, cálculo de alguns limites, exercícios)
Capítulo VI: Continuidade de uma função (funções unívocas e
plurívocas, funções definidas num intervalo dado, acréscimo de
uma função, representação gráfica, funções crescentes e
decrescentes, continuidade de uma função)
Capítulo VII: Derivadas – Interpretação geométrica da noção de
derivada (noção de derivada, definição, exemplos, interpretação
geométrica, exemplo)
Capítulo VIII: Derivadas das funções elementares (derivada de uma
função – regra de derivação, derivada de uma soma, derivada de um
produto de duas funções, derivada de um produto de várias funções,
derivada da função
m
xy = , derivada de um quociente, derivada
de um polinômio inteiro em x, derivada de uma função de função,
derivada de uma potência, derivada de
x , derivada de uma raiz,
diferencial, diferenciação, exercícios)
Capítulo IX: Derivadas das funções trigonométricas (derivada de
senx
, derivada do seno de uma função de x, derivada de
xcos
,
derivada do cosseno de uma função de x, derivada de
tgx
,
derivada da tangente de uma função de x, derivada de
gxcot ,
derivada da cotangente de uma função de x, derivada de
xsec
,
derivada da secante de uma função de x, derivada de
xseccos
,
derivada da cossecante de uma função de x, exercícios)
Capítulo X: Derivadas sucessivas (definição – notações, exemplos,
exercícios)
Capítulo XI: Aplicação das derivadas ao estudo da variação de
algumas funções simples (variação de uma função, máximo e mínimo,
exemplo, determinação de máximos e mínimos, aplicações, problemas,
estudo das variações de uma função, exercícios)
Capítulo XII: Noções sobre séries (definições, termo geral da série,
séries positivas e alternadas, séries uniformes, soma da série, séries
convergentes, séries divergentes, séries indeterminadas, condição de
convergência, série harmônica, séries de comparação, séries hiper-
harmônicas, critério de d’Alembert, critério de Cauchy,
convergência nas séries alternadas, resto de uma série, exercícios)
Capítulo XIII: Processos elementares de desenvolvimento em série
(desenvolvimento em série, desenvolvimento pela divisão, desenvolvimento
pela radiciação, desenvolvimento pela lei binomial, método dos coeficientes
a determinar, aplicações, desenvolvimento das funções circulares,
desenvolvimento da função
s
enx
y
= , desenvolvimento da função
x
y cos=
, desenvolvimento da função
tgxy =
, exercícios)
Capítulo XIV: Diferenciação de funções (definição, notação de
Leibniz, significação geométrica da diferencial, diferenciação de
funções, exercícios, diferenciais de algumas funções)
Capítulo XV: Problema inverso da derivação (funções primitivas,
integrais indefinidas, diferenciação e integração, constante de
integração, primitivas imediatas, propriedades, exercícios,
significação geométrica da constante de integração, exercícios)
Capítulo XVI: Integral defi aplicação ao cálculo de certas
Interpretação geométrica da noção de derivada.
Aplicação da noção de derivada ao estudo da
variação de algumas funções simples.
Processos elementares de desenvolvimento em
série; convergência de uma série.
Desenvolvimento em série do seno, co-seno e
tangente.
Problema inverso da derivação. Primitivas
imediatas. Aplicação ao cálculo de certas áreas.
Volumes do prisma e do cilindro; da pirâmide,
do cone e dos respectivos troncos. Volume da
esfera e suas partes.
Estudo sucinto das secções cônicas.(VECHIA
& LORENZ, 1998, p. 337-338)
nida
s (diferencial de uma área, integral definida, cálculo da integral área
definida, exercícios, integral definida como limite de soma,
aplicação ao cálculo de certas áreas, exercícios)
116
QUADRO 13 – PROGRAMAS PARA O 5º. ANO
Capítulo XVII: Volume do prisma (medida dos volumes, volume do
paralelepípedo retângulo, volume do cubo, volume do
paralelepípedo reto, volume do paralelepípedo oblíquo, volume do
prisma, exercícios)
pirâmide, volume do tronco de pirâmide, exercícios)
volume do tetraedro regular, volume do hexaedro regular, volume
icosaedro regular, exercícios)
Capítulo XX: Volumes do cilindro e cone (volume do cilindro,
volume do cone, volume do tronco de cone, ex
Capítulo XXI: Volume da esfera (proposições
Capítulo XVIII: Volume da pirâmide (preliminares, volume da
Capítulo XIX: Volumes dos poliedros regulares (preliminares,
do octaedro regular, volume do dodecaedro regular, volume do
ercícios)
fundamentais, volume
do setor esférico, v
volume do anel es
volumes de duas esferas, ex
Capítulo XXII: Estudo s as (secçõe
cônicas, curvas do 2º grau, elipses – eixos e centro, relação entre os
eixos e a distância focal, excentricid culos da elipse, valores
dos raios vetores, equação da elipse, área da elipse, hipérbole, eixos
e centro da hipérbole, relação entre os eixos e a distância focal,
hipérbole eqüilátera, valores dos raios res, equação da hipérbole
assíntotas da hipérbole, parábola, arábola,
subtangente e subnormal, equação da la)
olume da esfera, volume da cunha esférica,
férico, segmento esférico, relação entre os
ercícios)
ucinto das secções cônic s
ade, cír
veto
eixo e vértice da p
parábo
O conteúdo de Matemática do presente livro destinado ao 5º. ano, excetuando-
se os c
em nosso país nos anos de 1930. O maior
defensor da inclusão das noções referentes ao cálculo infinitesimal é Euclides Roxo
(do Colégio Pedro I a argumentos de
Jules Ta que pod
equ o
o
am in temática secundária.
a u s de cálculo
d q
ra oc e, diz
histórico a fim de mostrar quanto eram
s ã
apítulos II, III, IV, XVII, XVIII, XIX, XX e XXI, tinha a conotação do que seria
atualmente estudo do primeiro ano da disciplina de Cálculo Diferencial e Integral,
como já mencionei anteriormente. O livro é dividido em 24 capítulos, e cerca de 2/3
destinados a esse assunto. Esses 16 capítulos destinados ao estudo de “limites”,
“derivadas” e “noções de integrais” representam um elemento importante para situar
Maeder e sua coleção Lições de Matemática em consonância com os movimentos da
renovação do ensino de Matemática
I, da época). Nas palavras de Roxo, citando aind
nnery, para responder àqueles iam dizer que esse assunto seria de
grande dificuldade para os alunos naquele estágio
Ora, desde que sejam apresentadas de modo ad
da escolarização:
ad e sem a excessiva preocupação de rigor
e formalismo, as noções de cálculo infinitesimal
do que muitos outros pontos que sempre se achar
JULES TANNERY demonstra, com brilhante
infinitesimal são mais fáceis e mais simples
elementar, para a determinação de volumes,
mais fáceis de compreender e assimilar
cluídos na Ma
rg mentação, que os processo
o ue os artifícios usados, em geometria
ci ínios muito engenhosos mas qu
TANNERY, “convém guardar em um museu
inteligentes nossos antepassados; o lugar dele
VALENTE, 2003, p. 181)
n o é no ensino elementar”. (ROXO in
117
e
stro objeto
te e funções
bjet cipal dado em torno de dois
em
om
” que, conhecido
lo correspondente. O motivo do
lares poderia, conforme observado no
ação? Nenhuma é mencionada no livro.
de logaritmos de F.I.C.
77
(também havia
roduz a tábua de F.T.D.
78
que contém as
reendidos entre 0
o
e 3º e entre 87º e 90º.
ais podem ser observadas no livro
bra Elemental, segunda parte, em sua 5ª.
da pela editora A. García Santos, Buenos Aires, é
da em nota de roda (MAEDER, 1942, p. 66). Essa obra é mencionada em um
is adiante, no mesmo assunto, o nome
ndo o autor da notação m! (indicação do produto dos m
da unidade). EVES (1997, p. 365), em
foi introduzido em 1808 por Christian
aeder, de personagens da História da
vezes ao longo dos cinco livros que compõem Lições de Matemática
emplo). Em relação a Newton, há um
Considerando a história dos saberes esco
capítulo I desse livro de Maeder representa um regi
de estudo nas aulas de Matemática e que atualmen
lar s da disciplina de Matemática, o
de determinado tema que era
não é mais: logaritmos d
trigonométricas. São, ao todo, 20 páginas com o o
problemas. O chamado “problema direto” consiste
ivo prin
calcular, como o auxílio de tábuas
trigonométricas, o logaritmo de uma razão trigon
denominado “problema inverso
étrica de um ângulo. O segundo é
o valor do logaritmo de uma razão
trigonométrica, deve-se obter o valor do ângu
desaparecimento desse assunto dos bancos esco
próprio livro de Maeder, estar ligado à falta de aplic
Nesse capítulo, Maeder faz menção à tábua
mencionado no livro do 4º. ano) como também rep
funções trigonométricas naturais dos ângulos comp
Além da referência à tábua de logaritmos, outras m
de Maeder destinado ao 5º. ano: Nociones de Álge
edição, escrita por F. de Alzáa, e publica
menciona
exemplo de análise combinatória. Um pouco ma
Kramp aparece no texto como se
primeiros números naturais consecutivos a partir
uma nota de rodapé, menciona que o símbolo m!
Kramp (1760-1820).
Em relação à utilização, por parte de M
Matemática, poucas
passaram de citação de nomes (Pitágoras, por ex
pequeno trecho:
77
“No final do século XIX, surge no Brasil uma literatura didática, marcada sempre pela sigla FIC.
s de Geometria por F.I.C. etc.” (VALENTE,
ra de livros didáticos foi fundada no Brasil
em 1902 pelos irmãos Andrônico e Isidoro Dumont.
São os Elementos de Arithmetica por F.I.C., os Elemento
1999, p. 176).
78
F.T.D. é a sigla de Frère Théophane Durant. Essa edito
118
Coube a Newto lei que preside a
e lei cuja aplicação permite, como adiante se
binômio, sem as passagens sucessivas pelas
a demonstração de Newton, a lei teve outras demonstrações. Cuidaremos, entretanto,
ombinatória. (MAEDER, 1942, p. 75)
do binômio de Newton, não poderia
m “procedimento” (talvez a denominação pudesse ser “dispositivo”)
ios com um termo em comum”, isto é,
41 reproduzida do livro de MAEDER,
do
n, o grande matemático inglês do século XVII, estabelecer a
composição das potências de um binômio qualqu
verá, formar diretamente qualquer potência de um
potências anteriores.
Depois d
r,
apenas da demonstração que se funda na análise c
No capítulo destinado ao desenvolvimento
deixar de mencionar u
para a obtenção dos termos do produto de “binôm
))...()()()(( lxdxcxbxax +++++
. (ver FIGURA
1942, p. 77). É a partir desse procedimento, fazen
autor apresenta o desenvolvimento do binômio de N
FIGURA 41 – PRODUTO
ldcba =
=
=
=
=
...
wton para
m
ax )( + .
, que, a seguir, o
e
DE BINÔMIOS
119
e Calcule integral facile et attrayant é a obra citada por Maeder no capítulo
sobre aplicações de derivadas ao estudo da variação de algumas funções. O autor é
Gustave Bessière e a editora Dunod de Paris. Não há referência à data dessa
publicação. Aparentemente, essa citação (também em nota de rodapé) é utilizada para
mencionar o problema do raio luminoso refratado de Fermat. “Entre os problemas
mais interessantes que se podem citar a respeito de máximos e mínimos destaca-
se, seguramente, o resolvido por Fermat para explicar a lei de refração,
estabelecida por Descartes”. (MAEDER, 1942, p. 167)
Outra obra citada é Lezioni di analisi algebrica e infinitesimale, de Tonolo. A
citação dessa obra é incompleta. Está também inserida como nota de rodapé e é
utilizada para referenciar a notação dada por Leibniz para indicar a derivada da função
L
y em relação a x, isto é,
dx
.
Outro autor utilizado por Maeder, pelo menos citado, é mais conhecido no
dy
Brasil.
apresenta e justifica (demonstra) as fórmulas para o cálculo dos
volum
respectivamente,
Trata-se de Granville, autor de livros de cálculo. A obra em questão é Elements
de Calcule Differentiel et Integral. A citação dessa obra está no capítulo XV, quando
do desenvolvimento do assunto “Problema inverso da derivação”. Aparentemente, o
autor paranaense a utiliza para falar do significado geométrico que se dá à constante de
integração quando do cálculo de uma integral indefinida.
No estudo de Geometria, também observo que algumas “fórmulas” presentes
em Lições de Matemática – 5º. ano não são mais motivo de preocupação dos
estudantes do Ensino Médio. Como exemplo, Maeder, no capítulo sobre “Volumes dos
poliedros regulares”,
es do dodecaedro regular e do icosaedro regular. As fórmulas são,
4
1
3
12
5
3
A leitura
5210470 += aV )53( += aV
e .
dos cinco livros que formam a coleção Lições de Matemática, mesmo
deslocada do contexto histórico do autor, da obra e de quem a empregou de alguma forma
e a disciplina de matemática estava sendo constituída representava uma
para a aprendizagem de matemática, traz lições. Escrever uma coleção de livros numa
época em qu
dificuldade muito grande. Elaborar, encaminhar e distribuir os assuntos seguindo um
120
progra
detalhe
seguiu
e ma s, por
emp
autor paranaense valoriza esse asp
idáticos de Matemática, deu uma
importante contribuição ao trabalho editorial, extremamente cuidadoso, observável nos
detalhes de diagramação. Parceria com a Edições Melhoramentos que, após as
“lições”, parte para os “cursos”. São os tempos do “colégio” e do “ginásio”. Novas
coleções estão por vir.
2.4 CURS
Após
livros destinada ao c . Com a
denominação
todo, 22 edições.
Na FIG
prim
pequeno in bas
foram
nistério
o
número
ma de matemática ditado por tópicos presentes nos programas oficiais, porém sem
s maiores, representou também obstáculos a serem superados. Maeder não apenas
os programas oficiais, como também mostrou estar atento às mudanças do ensino
temática conforme se evidencia no trabalho destinado ao ensino de funçõed
ex lo, que representa o elo que acabou unificando vários ramos para constituir a
disciplina de Matemática. Por outro lado, um outro elemento que contribuiu para essa
minha hipótese foi a “valorização” da intuição. Em diversos momentos em seus livros, o
ecto importante no ensino de Matemática.
Maeder, saindo dos compêndios para os d
O DE MATEMÁTICA – CURSO GINASIAL
Lições de Matemática, Maeder escreveu uma coleção composta de quatro
urso ginasial criado a partir da Reforma Capanema
Curso de Matemática, essa coleção repetiu a parceria com a Edições
Melhoramentos. O que chama a atenção nessa coleção é a quantidade de
edições/tiragens feitas; o livro destinado a 1ª. série do ginásio, por exemplo, teve, ao
URA 42, que traz as capas dos quatro livros e as respectivas datas das
eiras edições de cada um deles, é possível perceber outro fato interessante: o
tervalo de tempo entre a publicação da 1ª. série e da 2ª. série, isto é, am
editadas no mesmo ano de 1943.
Em todos os volumes do Curso de Matemática há referência ao então Mi
da Educação e Cultura, autorizando o uso, conforme consta nas capas dos livros: “Us
autorizado pelo Ministério da Educação e Cultura”. Após essa “inscrição”, há um
121
que indica o correspondente registro. Seria interessante observar como essa autorização
era concedida, pois não havia, como atualmente, a avaliação dos livros didáticos. Como
hipótese, acredito que a editora solicitava essa autorização ao Ministério da Educação e
Cultura, o qual, após constatar que de fato se tratava de um livro escolar, fazia algum
registro e autorizava a comercialização e o uso.
FIGURA 42 – COLEÇÃO PARA O GINÁSIO
1ª. série – mar./1943 2ª. série – out./1943
3ª. série – fev./1944 4ª. série – jan./1945
Essa coleção de Maeder destinada ao curso ginasial, além dos eventuais ajustes
e correções, também teve edições novas com mudanças mais profundas, conseqüência
122
de reformas educacionais. Enquanto algumas edições seguiam o programa ditado pela
portaria ministerial n
o
.170 de 11 de julho de 1942, outras acabaram sendo baseadas na
portaria ministerial n
o
. 996 de 2 de outubro de 1951. É o que pode ser observado em
cada livro a seguir, onde faço constar alguns quadros comparativos que permitem
observar como os conteúdos de Matemática sofreram mudanças nos níveis de
escolarização ao longo de nossa história.
Antes, porém, considero importante situar essa obra no contexto educacional da
época. Enquanto a coleção Lições de Matemática foi elaborada em consonância com
as idéi
Paraná. Nesse trabalho, o autor propõe um levantamento
órico dos 147 anos (de 1846 a 1993) de atividade do estabelecimento de ensino que
mbém foi denominado de Ginásio Paranaense, época em que Maeder era catedrático
o
79
a Maeder, o trabalho de
Straube, educador paranaense, assim se posiciona em relação à Reforma Capanema:
pelo Decreto-Lei n
4244, de 9 de abril de 1942, modificou o ensino, cuja reforma ficou sendo
o
Científico e o Clássico.
rio só admitia duas designações para os
as presentes na Reforma Francisco Campos, a coleção Curso de Matemática foi
destinada ao ginásio e escrita com base nas propostas e resultados da chamada
Reforma Capanema, como já citado anteriormente.
Ernani Costa Straube publicou no ano de 1993 o livro Do Licêo de Coritiba ao
Colégio Estadual do
hist
ta
e seu diretor. No sentido de dar um contexto mais próxim
Apesar das angústias provocadas pela guerra, que atingiu todos os setores, o Governo Federal,
o
conhecida como Reforma Capanema (Gustavo Capanema – Ministro da Educação e Saúde),
complementado pelo Decreto-Lei n
4245, da mesma data. A referida reforma foi
caracterizada por ser impositiva e altamente centralizadora. Tudo era feito, resolvido e
determinado pelo Governo Federal através dos órgãos do Ministério da Educação. O antigo
Curso Fundamental de 5 anos passou para 4, com a denominação de Curso Ginasial, e o Curso
Complementar, de 2 anos para 3 anos, chamado de Curso Colegial, compreendendo o
A referida Lei Orgânica do Ensino Secundá
estabelecimentos: a de Ginásio, oferecendo apenas o curso de primeiro ciclo ginasial e o de
Colégio, destinado a ministrar, além do Curso Ginasial, o de segundo ciclo-colegial.
(STRAUBE, 1993, p. 95)
79
Na época em que Maeder era diretor do en
corpo docente (de 1932 a 1937 Guido Straub
tão Ginásio Paranaense, Guido Straube fazia parte do
e também foi diretor do Ginásio Paranaense). Era o
respons
Straube que no período de 1966 a 1969 foi diretor do Colégio Estadual do Paraná, antigo Ginásio
10 de julho de 1942, quando, em virtude do Decreto Estadual n
o
. 614, foi denominado Colégio
Estadual do Paraná, continuando equiparado ao Colégio Pedro II”.
ável pela cadeira de História Natural. Nessa mesma época (ano de 1929) nascia Ernani Costa
Paranaense. MARTINS (1984, p. 182) menciona que o “Ginásio Paranaense conservou esse nome até
Paranaense. No ano seguinte, no dia 25 de março, pelo Decreto n
o
. 1859, passou a chamar-se Colégio
123
2.4.1 Curso de Matemática – 1ª. série – ginásio
FIGURA 43 – CAPA DA 1ª. SÉRIE DO CURSO GINASIAL: 1962
124
FIGURA 44 – PÁGINA INICIAL DA 1ª. SÉRIE DO CURSO GINASIAL: 1962
125
FIGURA 45 – CAPA DA 1ª. SÉRIE DO CURSO GINASIAL: 1943
126
FIG
URA 46 – PÁGINA INICIAL DA 1ª. SÉRIE DO CURSO GINASIAL: 1943
127
O grande número de tiragens acentua também a dificuldade de obter todas as
o de edições para observar alterações de uma para outra edição. As 22 edições do Curs
Matemática – 1ª. série, destinada ao curso ginasial estão divididas conforme TABELA 7.
TABELA 7 – EDIÇÕES DO 1º. ANO GINASIAL
Edição/tiragem Data de publicação
1ª. Mar./1943
2ª. Fev./1944
3ª. Jun./1944
4ª. Mar./1945
5ª. Fev./1946
6ª. Dez./1946
7ª. Fev./1948
8ª. Dez./1949
9ª. Dez./1949
10ª. Out./1950
11ª. Mar./1952
12ª. Dez./1952
13ª. Abr./1953
14ª. Fev./1954
15ª. Jan./1955
16ª. Jan./1956
17ª. Fev./1957
18ª. Nov./1957
19ª. Fev./1959
20ª. Fev./1960
21ª. Nov./1960
22ª. Jan./1962
128
s edições
m a
ue a
róxi
nte à
de São Pa
obra, um
a de
Matem
o prim posto de
e
listados:
400). Q , temos
os m
outro
isto é:
o
dos
2. Adição. Propriedades. Prova. Complemento aritmético de um número.
3. Subtração. Propriedades. Processos de abreviação. Prova. Potência de um número.
Produto e quociente de potências da mesma base.
Embora não tenha sido possível obter todos os volumes, algumas dessa
s datas de publicação informadas pela Edições Melhoramentos. A observação de
lgumas dessas edições foram feitas, conforme a tabela anterior, em datas muito
mas, reforça a idéia de tiragem no lugar de edição.
As observações que apresento a seguir referem-se ao volume corresponde
22ª. edição de 1962, que tem “todos os direitos reservados pela Comp. Melhoramentos
ulo, Indústria de Papel”. Quanto aos conteúdos desenvolvidos na presente
a observação que considero relevante nessa “leitura” do trabalho de Maeder
está na existência de dois tópicos, apresentados antes mesmo do índice: “Program
ática” e “Plano de desenvolvimento do programa mínimo”. Observo ainda que
eiro desses tópicos refere-se ao que seria o programa mínimo, com
quatro linhas em que os tópicos correspondentes aos conteúdos são simplesment
PROGRAMA DE MATEMÁTICA
1ª. Série – Curso Ginasial
Números inteiros; operações fundamentais; números relativos.
Divisibilidade aritmética; números primos.
Números fracionários.
Sistema legal de unidades de medir; unidades e medidas usuais.
(MAEDER, 1962, p. 3)
Esse “Programa de Matemática” é uma cópia fiel do programa presente na
Portaria Ministerial n
o
. 996 de 2 de outubro de 1951 (VECHIA e LORENZ, 1998, p.
uanto ao tópico sobre o plano de desenvolvimento do programa mínimo
esmos quatro tópicos apontados no programa acima, porém subdivididos em
s itens, em que o autor procura detalhar o programa para o 1º. ano do Ginásio,
PLANO DE DESENVOLVIMENTO DO PROGRAMA MÍNIMO
I – Números inteiros; operações fundamentais; números relativos.
1. Noção de número natural, grandeza, unidade, medida. Numeração; numeraçã
falada; numeração escrita. Sistema decimal. Valor absoluto e valor relativo
algarismos.
q
p
129
4. Multiplicação. Propriedades. Processos de abreviação. Prova. Potência de um número.
5. Divisão. Divisão aproximada. Propriedades. Processos de abreviação. Prova.
6. Números relativos; interpretações. Adição, subtração, multiplicação, divisão e
potenciação dos números relativos; regras práticas.
Produto e quociente de potências da mesma base.
– Divisibilidade aritmética; números primos.
. Múltipl ais. Caracteres de
divisibilida por 3 e 9; por 11.
Propriedades elementares dos restos. Provas das operações por um divisor.
2. Números primos e números compostos; números primos entre si. Crivo de
Eratóstenes. Reconhecimento de um número prim ição de um número em
fatores primos. Cálculo dos divisores de um número. Número divisível por dois ou mais
primos entre si dois a do licação à divisibilidade
3. Máximo divisor comu lgoritmo de Euclides; s . Propriedades. Máximo
divisor comum pela deco sição em fatores primo
4. Mínimo múltiplo comum. Relação entre o máximo um e o mínimo múltiplo
comum. Propriedades.
III – Números fracionári
1. Frações. Fração ordinária e fração decimal. Comparação de frações; simplificação;
redução ao mesmo deno m fra ias.
2. Frações decimais; números decimais. Propriedades dos números decimais; operações.
Conversão de fração ordinária em número deci ersa. Número decimal
periódico.
IV – Sistema legal de uni de medir; unidades e m s.
1. Unidade legal de com ento; múltiplos e submúltiplos usuais. Área; unidade de
área; unidade legal; múltiplos e submúltiplos usuais. Área do retângulo, do
paralelogramo, do triâ o trapézio e do círculo; fórmulas. Volume; unidade de
volume; unidades legais; múltiplos e submúltiplos usuais. Volume do paralelepípedo, do
prisma, da pirâmide, d ro, do cone e da esfe Peso e massa; unidade
legal; múltiplos e submúltiplos usuais. Densidade; aplicações.
2. Unidade de ângulo e po. Unidades inglesas e norte-americanas mais conhecidas
no Brasil. Números com ; operações; conversõ
3. Unidade de velocidade. Velocidade angular.
(MAEDER, 1962, p. 5)
Optei por apresentar aqui esse “plano de desenvolvimento do programa
mínimo” por considerá-lo u rencial em relação ivros publicados pelo
autor paranaense. A prop oro aqui la comparativa dos
programas presente no livro aeder (como fiz em atemática) e aquele
ditado pela Portaria, pois são idênticos. Uma pergun e: Havia de fato uma
orientação do Ministério da ação sobre um prog uir, ou um programa
considerado mínimo no cas isciplina de Matemática? Ao que tudo indica, com
base no livro de Maeder, é autoria do chamado “Plano de desenvolvimento do
programa mínimo” não parece ser do autor paranaense, uma vez que logo após a
apresentação desse “plano” há um extenso índice que reproduz o tal “plano”,
II
1 os e divisores. Divisibilidade. Princípios fundament
de por 10 e suas potências; por 2, 4 e 8; por 5 e 25;
o. Decompos
is; ap .
m. A
mpo
implificações
s.
divisor com
os.
minador. Operações co ções ordinár
mal e vice-v
dades edidas usuai
prim
ngulo, d
o cilind ra; fórmulas.
de tem
plexos es.
m dife aos outros l
ósito, não elab uma tabe
de M Lições de M
ta me ocorr
Educ rama a seg
o da d
que a
130
detalhando-o ainda mais. Ora, apresentar um “programa”, um “plano de
desenvolvimento mínimo” e ainda um extenso índice não seria econômico em termos
de gasto editorial por causa do acréscimo de páginas. Lembro que o índice contém o
“Plano de desenvolvimento mínimo”, porém mais detalhado.
ograma da 1ª. edição: 1943
Programa da 22ª. edição: 1962
Como havia observado, esse livro e seu programa podem ser divididos em duas
etapas: a primeira, que compreende as 10 primeiras edições (de mar./1943 a out./1950)
e a segunda que contém as 12 últimas edições (de mar./1952 a jan./1962). Houve
mudanças profundas nos programas dessas duas fases? Que mudanças foram essas?
Ora, essas questões podem ser respondidas fazendo-se uma comparação entre os
programas presentes no livro de Maeder.
QUADRO 14 – COMPARAÇÃO ENTRE EDIÇÕES: 1ª. SÉRIE DO GINÁSIO
Pr
C I: Sólidos geométricos, superfícies, linhas,
Capítulo I: Noção de número
apítulo
p
.
medi
Capít
onto.
Capítulo II: Plano, reta, semi-reta, segmento
apítuloC III: Ângulos.
etas e planos;
decimal.
Capítulo III: Adição de núme
C IV: Posições relativas de r
; perpendiculares e oblíqua
apítulo
p
C
aralelas s.
apítulo V: Polígonos; triângulos e quadriláteros.
pítuloCa VI: Círculo.
Ca VII: Poliedros; corpos redondos.pítulo
Capítulo VIII: Noção de número, grandeza,
unidade, medida.
Capítulo IX: Numeração.
Capítulo X: Adição de inteiros.
Capítulo XI: Subtração de inteiros.
Capítulo XII: Multiplicação de inteiros.
Capítulo XIII: Divisão de inteiros.
Capítulo XIV: Múltiplos e divisores.
Capítulo X
fatores pri
potências.
Capítulo VI: Divisão de números inteiros.
Capítulo VII: Números relativos.
Capítulo VIII: Múltiplos e divisores; divisibilidade.
Capítulo IX: Números primos e números compostos.
Capítulo X: Máximo divisor comum.
Capítulo XI: Mínimo múltiplo comum.
Capítulo XII: Frações ordinárias: comparação,
simplificação, redução ao mesmo denominador.
Capítulo XIII: Operações fundamentais com frações
V: Números primos; decomposição em
mos.
apítulo XVI: Parte alíquota de duas grandezas;
.d.c. e m.m.c.
Capítulo
Capítulo
ângulo e
de comp
Capítulo es com os números
complex
Capítulo
Apêndic
10 000.
natural, grandeza, unidade,
da.
ulo II: Numeração falada e escrita; sistema
ros inteiros.
Capítulo IV: Subtração de números inteiros.
Capítulo V: Multiplicação de números inteiros;
ordinárias.
Capítulo XIV: Problemas sobre frações.
Capítulo XV: Frações decimais: noção de fração e de
número decimal; operações fundamentais.
ões ordinárias em
Unidades inglesas e norte-americanas.
C
m
XVII: Frações ordinárias.
Capítulo XVI: Conversão de fraç
XVIII: Números complexos: unidades de
decimais e vice-versa.
de tempo. Moeda inglesa e unidades usuais
rimento.
XIX: Operaçõ
Capítulo XVII: Sistema legal de unidades de medir.
Capítulo XVIII: Unidade de ângulo e de tempo.
os.
Capítulo XIX: Números complexos: operações,
XX: Frações decimais.
e: números primos compreendidos entre 1 e
conversões.
Capítulo XX: Unidade de velocidade. Velocidade
angular.
131
Comparando os dois programas
80
, constato imediatamente que a mudança maior
se refe de 1943
que nã sentido, uma simplificação no
progra
conteú
1962 f
um ca
Interpr
edição o de 1962.
ases as alterações tenham sido efetuadas mais em relação
aos co
edição
de 194
mática – 1ª. série
(do gin
de con
por M
conteú ial. O capítulo XVII, por exemplo,
a Legal de Unidades de Medir”. Menciona o sistema legal de
unidad
re aos conteúdos de Geometria. São sete capítulos inteiros da edição
o aparecem na edição de 1962. Houve, nesse
ma destinado a 1ª série. Essa simplificação foi efetuada pela diminuição de
dos. Embora as duas edições contenham 20 capítulos cada uma, na edição de
oi retirado o conteúdo de Geometria, presente da edição de 1943, e acrescentado
pítulo destinado aos assuntos unidades de velocidade e velocidade angular.
eto que, para deixar o mesmo número de capítulos, Maeder reestruturou a
de 1943, dividindo-a em 19 capítulos para a ediçã
Embora nessas duas f
nteúdos voltados à Geometria, considero que a mudança foi acentuada, pois a
de 1962 ficou restrita ao estudo de conteúdos de Aritmética, enquanto à edição
3 há um equilíbrio entre Geometria e Aritmética.
Após essa comparação entre as duas fases do Curso de Mate
ásio), retomo as observações diversas sobre procedimentos no desenvolvimento
teúdos, elementos do contexto histórico e outras possíveis referências utilizadas
aeder. A “leitura” que faço é da edição de 1962.
Observo a existência de alguns elementos do contexto histórico presentes nos
dos abordados na presente série do coleg
refere-se ao “Sistem
es de medir “atualmente em uso no Brasil” que fora instituído pelo “Decreto-
Lei 4259 de 16 de junho de 1939”. Maeder cita que “todas as definições do presente
capítulo, bem como a nomenclatura das unidades e a respectiva grafia foram
tiradas do Regulamento aprovado pelo referido Decreto-Lei”. (MAEDER, 1962, p.
179). Observo ainda que há uma definição da unidade legal de comprimento, isto é, o
metro: “O metro é a distância, à temperatura de zero graus centígrados, dos eixos
dos dois traços médios gravados sobre a barra de platina iridiada depositada na
Repartição Internacional de Pesos e Medidas e considerada como protótipo do
80
retirados ou incluídos. Já os demais assuntos permaneceram com alterações na distribuição em mais
Observe que no QUADRO 14 os assuntos que estão sublinhados representam conteúdos que foram
capítulos para a edição de 1962.
132
metro”. (MAEDER, 1962, p. 180). A seguir, ilustração do que seria esse “protótipo”
do metro, acompanhada de uma explicação:
FIGURA 47 – O METRO
”,
itando como exemplos: decímetro e duplo decímetro, metro e duplo metro, decâmetro e
duplo decâmetro. Quanto ao metro e ao duplo metro, comenta que são utilizadas como
orma de “réguas rijas” ou sob a form de “réguas articuladas”. Em relação ao
etro e duplo decâmetro, o autor diz que seu uso prático é feito pelos agrimensores
renos. Além disso, menciona que os instrumentos usados para tais
metálicas o as hastes
por anéis”). Há uma imagem a esse respeito que observo no ensaio
o autor
apítulo, a respeito de de
”. É, como o p metro cúbico
da lenha. Ex cebe a
a olo “st” e admite como submúltiplo
ima o
pondente a 10
o das
almente “legal
to às unidades d e área,
al de
Ainda em relação ao metro, Maeder fala do que seriam “medidas efetivas
c
f a
decâm
na medição de ter
medições são as trenas (“fitas u de pano”) e as correntes (“pequen
metálicas ligadas
destinado as ilustrações dos livros d paranaense.
O presente c medidas, guarda uma curiosa unidade
medida de “volume de lenha róprio autor diz, a utilização do
para a medição “aparente” plica que tal unidade de medida re
denominação de “estéreo”, é representad pelo símb
o “decistéreo” (correspondente à déc parte do metro cúbico) e como múltiplo
“decastéreo” (medida corres metros cúbicos).
Ainda em relação a medidas, duas utras unidades de medidas são encaminha
de uma forma diferente do que atu se apresentam: uma se refere à unidade
de área”, outra diz respei e “peso e massa”. Quanto à medida d
MAEDER (1962, p. 183) apresenta o metro quadrado como sendo a unidade leg
133
medid
Observo que as medidas “hectare, are e centiare” são apresentadas como
múltiplos do metro quadrado e não como atualmente aparecem nos livros didáticos de
Matemática fazendo parte de medidas de grandes superfícies rurais. Quando comento
isso, refiro-me particularmente ao “hectare”, pois as outras duas
“are” e “centiare”
nem são citadas atualmente.
Quanto a “peso e massa”, há uma preocupação do autor em fazer constar do
livro uma diferença entre essas duas medidas, conforme seu texto:
O peso de um corpo não é o mesmo em dois lugares diferentes, variando do equador ao
nos livros do Ensino Fundamental, quando o termo “peso” é utilizado, muitas vezes,
p
a de área. A seguir, apresenta um quadro dos múltiplos e submúltiplos usuais do
metro quadrado (FIGURA 48).
FIGURA 48 – MÚLTIPLOS E SUBMÚLTIPLOS DO METRO
A massa de um corpo é a quantidade de matéria nele contida; é sempre a mesma seja
qual for o lugar da Terra em que se encontre o corpo.
O peso de um corpo é a resultante das ações da força que o atrai para o centro da Terra
sobre as suas moléculas; depende não só do corpo como também do lugar da Terra em
que se encontra.
A força que atrai os corpos para o centro da Terra chama-se gravidade.
pólo, do nível do mar às grandes altitudes. (MAEDER, 1962, p. 196)
Não é comum encontrar em livros didáticos de Matemática a preocupação de
diferenciar “peso” de “massa”, pelo menos não como atualmente é possível observar
ara designar o que deveria ser “massa”. Embora não esteja aqui comparando o livro
134
de Maeder com os atuais livros didáticos, evidencio que a forma de encaminhar dado
conteúdo, com o passar dos anos, modificou-se. Apenas para reforçar essa idéia, já na
página seguinte a essa citada, o autor paranaense faz constar um quadro (FIGURA 49)
de múltiplos e submúltiplos da unidade legal de massa (o quilograma).
ceram dos bancos escolares, ou
números compostos”, um
proced
FIGURA 49 – MÚLTIPLOS E SUBMÚLTIPLOS DO QUILOGRAMA
O que há de diferente nesse quadro apresentado por Maeder? A unidade
“quilate” não é encaminhada apenas como uma curiosidade, mas como um
submúltiplo do quilograma.
Em se tratando de encaminhamentos de conteúdos que hoje podem ser
considerados como aqueles que praticamente desapare
que perderam seu status no ensino e aprendizagem de Matemática, ou ainda que
sofreram modificações na forma de abordagem (alguns pontos podem ser encontrados
no livro da 1ª. série do curso colegial). O capítulo VIII sobre “Múltiplos e divisores;
divisibilidade”, traz critérios de divisibilidade de um número natural por 2, por 3, por
5, por 4, por 25, por 8, por 9 e por 11, além de evidenciar as “propriedades elementares
dos restos”. No capítulo seguinte, “Números primos e
imento (poderia ser também chamado de dispositivo) para a obtenção dos
divisores de um número natural (ver FIGURA 50). Os divisores de 180, por exemplo,
eram os números que estavam à direita do último traço vertical do dispositivo. Esses
eram obtidos por meio da divisão do número 180 pelos seus fatores primos os quais
135
eram sucessivamente multiplicados, a partir do número 1, pelos números que estavam
à direita dos fatores primos e acima deles.
e
uclide
ispos
m.d.c. de dois números divide-se o maior pelo menor; se o resto
s; se não o for,
al a zero. O último
divisor, neste caso, é o m.d.c. procurado. (MAEDER, 1962, p. 111)
FIGURA 50 – DIVISORES
Já no capítulo X sobre “Máximo divisor comum”, Maeder cita o “Algoritmo d
s” para a obtenção do máximo divisor comum entre dois números naturais. Esse
E
d itivo consiste de divisões sucessivas até se chegar ao resto zero (ver exemplo do
cálculo do máximo divisor comum dos números 180 e 30 na FIGURA 51).
FIGURA 51 – ALGORITMO DE EUCLIDES
Esse processo é explicitado por meio de uma regra:
Para obter-se o
encontrado for zero, o menor dos números dados é o m.d.c. de ambo
divide-se o divisor pelo resto, procedendo-se nessa divisão como na primeira. Continua-
se a operação, do mesmo modo, até que se chegue a um resto igu
Um conteúdo que certamente migrou da Matemática (pelo menos não
aparece nos atuais livros didáticos de Matemática) para a atual disciplina de Física
pode ser observado no capítulo que encerra o presente livro: “Unidade de
velocidade” e “velocidade angular”. Embora o capítulo seja bem curto, em
136
comparação com outros (são apenas sete páginas) dois pontos do próprio autor
(além da presença do conteúdo em Matemática), merecem destaque para a história
dos saberes escolares dessa disciplina. O primeiro diz respeito ao quadro (ver
FIGURA 52) sobre os submúltiplos do “metro por segundo”, considerado aqui
omo a unidade legal de velocidades. Nesse quadro, além de apresentar metro por
segund hora, há a
medida da
velocidade de em internacional” por
idade angular” para
no. As outras duas
unidades de m
c
o, metro por minuto, centímetro por segundo e quilômetro por
presença da unidade inglesa “nó”. Essa unidade é apresentada como
barcações. Corresponde a “uma milha marítima
hora. O outro ponto é o contexto utilizado do estudo de “veloc
abordar “a terceira unidade legal” da medida de ângulo: o radia
edida de ângulo são o grau e o grado. Atualmente, esse assunto da
Matemática é abordado no Ensino Médio, e a unidade “grado” não é utilizada.
FIGURA 52 – UNIDADE DE VELOCIDADE
137
2.4.2 Curso de Matemática – 2ª. série – ginásio
FIGURA 53 – CAPA DA 2ª. SÉRIE DO CURSO GINASIAL: 1952
138
FIGURA 54 – PÁGINA INICIAL DA 2ª. SÉRIE DO CURSO GINASIAL: 1952
139
FIGURA 55 – CAPA DA 2ª. SÉRIE DO CURSO GINASIAL: 1961
140
FIGURA 56 – PÁGINA INICIAL DA 2ª. SÉRIE DO CURSO GINASIAL: 1961
141
O livro Curso de Matemática – 2ª. série, destinado ao curso ginasial, de acordo com
as ilustrações anteriores (FIGURAS 53 e 55) correspondem, respectivamente, a 10ª. e 20ª.
edições, publicadas conforme datas mencionadas. Da 1ª. até a 10ª. edição o livro
destinado a 2ª. série do então curso ginasial seguia um programa (ver QUADRO 15)
base o na Portaria Ministerial n
o
. 170 de 11 de julho de 1942. A partir da 11ª. edição até
a 21ª. (última edição), a referência foi à Portaria Ministerial n
o
. 996 de 2 de outubro de
1951. Embora não tenha sido possível reunir todas as edições do livro referente ao 1º. ano
ginasial, informações fornecidas pela Edições Melhoramentos dão conta de que foram, ao
todo, 21 edições (conforme TABELA 8).
TABELA 8 – EDIÇÕES DO 2º. ANO GINASIAL
Edição/tiragem
Data de publicação
ad
1ª. Out./1943
2ª. Abr./1944
3ª. Mar./1945
4ª. Abr./1946
5ª. Dez./1946
6ª. Abr./1948
7ª. Abr./1949
8ª. Mar./1950
9ª. Fev./1951
10ª. Fev./1952
11ª. Jan./1953
12ª. Mar./1953
13ª. Fev./1954
14ª. Jan./1955
15ª. Mar./1956
16ª. Jan./1957
17ª. Jan./1958
18ª. Jan./1959
19ª. Fev./1960
20ª. Dez./1960
81
21ª. Jan./1962
81
A data fornecida pela editora é de dezembro/1960, porém no respectivo livro a edição é do ano
1961.
142
Com
livro .
ente alterados
raízes
s capítulos da
Uma observação, no que diz respeito à comercialização, pode ser encontrada já
na primeira página da 20ª. edição do livro: a Edições Melhoramentos estava utilizando a
anhia Editora Nacional como empresa responsável pela distribuição dos seus
Uma comparação entre os conteúdos, a partir dos índices dos livros de Maeder
(ver QUADRO 15), permite observar alterações profundas nos conteúdos dessas duas
edições. Os conteúdos presentes na edição de 1952 foram substancialm
para a edição de 1961. A exceção está nos capítulos sobre potências e
(sublinhados no quadro a seguir), que permaneceram nas duas edições (doi
edição de 1952 e três capítulos na edição de 1961).
QUADRO 15 – COMPARAÇÃO ENTRE EDIÇÕES: 2ª. SÉRIE DO GINÁSIO
Programa da 10ª. edição: 1952
Programa da 20ª. edição: 1961
reas
Volumes
Sistema métrico
Capítulo IV: Problemas e exercícios sobre o
a métrico
otências
Raízes
Capítulo VII: Razões e proporções
Capítulo VIII: Médias
Grandezas proporcionais
Divisão proporcional
Regra de três
Capítulo XII: Percentagem
Capítulo XIII: Juros simples
Capítulo XIV: Juros simples
Quadrados e raízes quadradas dos números 1
a 1 000
e raízes cúbicas dos números de 1 a
Capítulo I: Potências
Capítulo II: Raiz quadrada
Capítulo III: Raiz cúbica
Capítulo IV: Números irracionais;
expoentes fracionários
Capítulo V: Expressões algébricas
Capítulo VI: Adição e subtração de mo
polinômios
Capítulo VII: Multiplicação de monôm
polinômios
Capítulo VIII: Divisão de monômios; di
polinômios com uma variável
Capítulo IX: Casos simples de fatoração
Capítulo X: Frações algébricas
Capítulo XI: Equações
Capítulo XII: Resolução e discussão de u
equação com uma variável
Capítulo XIII: Desigualdades
Capítulo XIV: Inequações
Capítulo XV: Equações do primeiro
duas incógnitas
p
s
Capítulo I: Á
Capítulo II:
Capítulo III:
sistem
Capítulo V: P
Capítulo VI:
Capítulo IX:
Capítulo X:
Capítulo XI:
Apêndice:
Cubos
1 000.
radicais,
nômios e
ios e
visão de
ma
grau com
Capítulo XVI: Problemas do primeiro grau
143
Observo uma alteração profunda de blocos de conhecimento matemático:
s.
ca.
.
.
.
e
II – Cálculo literal; polinômios.
1. Expressão algébrica. Valor numérico. Classificação das expressões algébricas.
Monômios e polinômios; ordenação.
2. Adição. Redução de termos semelhantes. Adição e subtração de polinômios.
3. Multiplicação de monômios e polinômios. Produtos notáveis.
4. Divisão de monômios; divisão de polinômios com uma variável.
assuntos geométricos e aritméticos da edição de 1952 cedem lugar à concentração
algébrica na edição de 1961. Por isso interpreto que são duas fases completamente
diferentes do ensino da matemática ginasial para a 2ª. série.
Considero, como hipótese dessa minha “leitura” do Curso de Matemática
para o ginásio, que os mesmos conteúdos foram abordados ao longo dos quatro
anos nas duas fases, porém com remanejamentos de séries.
Procedo agora com observações que visam evidenciar o trabalho de Maeder.
Assim, todos os comentários que se seguem referem-se a 20ª. edição do livro
publicado no ano de 1961.
Quanto aos conteúdos que figuravam no livro, além do índice dividido em 16
capítulos (conforme QUADRO 15), Maeder também faz constar o seu “Plano de
desenvolvimento do programa mínimo”, como ocorreu também na 1ª. série dessa
coleção. Esse “plano” estava assim dividido:
PLANO DE DESENVOLVIMENTO DO PROGRAMA MÍNIMO
I – Potências e raízes; expressões irracionais.
1. Potência de um número; quadrado e cubo. Operações com potências de mesma
base e potências semelhantes. Expoente zero; expoente negativo. Potência das fraçõe
Potência de um número decimal.
2. Expressão do quadrado da soma indicada de dois números e do produto da soma
indicada pela diferença indicada de dois números; interpretação geométri
Diferença entre os quadrados de dois números inteiros consecutivos.
3. Raiz quadrada. Regra prática para a extração da raiz quadrada dos números
inteiros. Limite do resto na extração da raiz quadrada. Prova. Raiz quadrada de um
produto. Aproximação decimal no cálculo da raiz quadrada. Raiz quadrada dos
números decimais. Raiz quadrada dos números decimais. Raiz quadrada das frações.
4. Raiz cúbica. Regra prática para a extração da raiz cúbica dos números inteiros
Prova. Raiz cúbica de um produto. Aproximação decimal no cálculo da raiz cúbica
Raiz cúbica dos números decimais. Raiz cúbica das frações.
5. Grandezas comensuráveis e grandezas incomensuráveis. Números racionais e
números irracionais. Radicais. Valor aritmético de um radical. Transformação do
índice e do expoente; redução de radicais ao mesmo índice; comparação de radicais;
redução de um radical à expressão mais simples. Operações com radicais
Potenciação e radiciação de potências; expoentes fracionários. Exemplos simples d
racionalização de denominadores.
144
5. Casos simples de fatoração; identidades.
6. Frações literais; propriedades; operações fundamentais.
as
es.
is.
r;
des;
a
es
e
o;
ante m
vari
as
part
o
o “ po,
pres da
e 15 a
processo da extração da raiz quadrada de número inteiro a partir de uma regra
(MAEDER, 1961, p. 20), conforme a seguir:
III – Binômio linear; equações e inequações do 1º. grau com uma incógnita; sistem
lineares com duas incógnitas.
1. Igualdade, identidade, equação, classificação das equações. Equações equivalent
Resolução de uma equação do primeiro grau com uma incógnita; equações litera
Discussão de uma equação do primeiro grau com uma incógnita. Binômio linea
decomposição em fatores; variação do sinal e do valor.
2. Desigualdade. Comparação de números relativos. Propriedades das desigualda
operações. Inequação. Resolução das inequações do primeiro grau com um
incógnita.
3. Equações do primeiro grau com duas incógnitas; sistemas de equaçõ
simultâneas. Resolução de um sistema linear com duas incógnitas pelos métodos d
eliminação por substituição, por adição e por comparação. Discussão de um sistema
linear de duas equações com incógnitas.
4. Problemas do primeiro grau com uma e com duas incógnitas; generalizaçã
discussão. (MAEDER, 1961, p. 3)
No capítulo XVI sobre problemas do 1º. grau, assim como ocorreu no livro
rior, também existe uma preocupação em encaminhar problemas diversos co
ados contextos. Maeder faz, por exemplo, uma breve discussão sobre o que é um
problema em Matemática, o que significa a solução de um problema, quais são as
fases da resolução de um problema, além de falar da existência de problem
iculares e gerais. Ao desenvolver a resolução de alguns problemas, apresenta um
problema ainda presente nos livros de Matemática do Ensino Médio atual, quando da
obtenção de ângulo entre os ponteiros de um relógio (MAEDER, 1961, p. 210). Um
pouco mais adiante, o autor discorre sobre outro problema clássico, conhecido com
problema dos correios”, para o qual faz observações sobre velocidade, tem
além de discutir sobre soluções indeterminadas, soluções impossíveis. Não poderia
deixar de observar também a presença do problema das idades, que ainda se faz
ente em livros didáticos de Matemática do século XXI:Eu tenho o dobro
idade que tu tinhas quando eu tinha a idade que tu tens; quando tiveres a idade
que eu tenho, a soma das nossas idades será 45 anos. Quais são as idades? R. 20
”. (MAEDER, 1961, p. 228).
No capítulo II, “Raiz Quadrada”, pode-se observar a valorização dada ao
145
FIGURA 57 – REGRA PARA RAIZ QUADRADA
Os exemplos apresen s não ficam apenas no cálculo de raízes exatas. Um
pouco mais adiante é dado o plo do cálculo da r a do número 17, com
a aproximação de um milés Atualmente, nos livr de Matemática, esse
procedimento de obtenção da raiz quadrada não é ma omo saber escolar.
Tal fato se deve muito provavelmente à utilização da calculadora. O curioso é que
além desse procedimento d lculo, Maeder encam m a extração da raiz
cúbica no capítulo III.
No capítulo VII, ao desenvolver a “Multiplicação de monômios e polinômios”,
há um procedimento (um esquema) diferente do que é empregado atualmente para a
obtenção do cubo de um bin . Posso afirmar que representa algo que também ficou
para a história (ver FIGURA 58). Esse é um procedim mbém é adotado para
o desenvolvimento do quadrado de um binômio.
tado
exem aiz quadrad
imo. os didáticos
is encontrado c
e inha també
ômio
ento que ta
146
FIGURA 58 – CUBO DE BINÔMIO
Ainda em relação aos conteúdos e seus desenvolvimentos, observo que, ao
ropor a resolução de sistemas com duas eq . grau e com duas incógnitas,
AEDER (1961, p. 201) utiliza como “procedimento” o que atualmente seria a
er”. Entretanto, o autor p ona tal regra, apenas
mas para, a partir d
p uações do 1º
M
“Regra de Cram aranaense não menci
com equivalência de siste o sistema
= 'cy
= c
chegar à solução, isto é:
e
''
''
baab
caac
y
=
. Aproveita, então, esse
procedimento para discutir a existência de s eterminação ou
olução de um sistema e a d
indeterminação.
+
+
'' bxa
byax
''
''
baab
bccb
x
=
147
2. urso de Matemática – 3ª. série – ginásio
FIGURA 59 – CAPA DA 3ª. SÉRIE DO CURSO GINASIAL: 1962
4.3 C
148
E DO CURSO GINASIAL: 1962
FIGURA 60 – PÁGINA INICIAL DA 3ª. SÉRI
149
: 1944
FIGURA 61 – CAPA DA 3ª. SÉRIE DO CURSO GINASIAL
150
FIGURA 62 SO GINASIAL: 1944
– PÁGINA INICIAL DA 3ª. SÉRIE DO CUR
151
Uma pequena alteração, quando comparado aos dois livros anteriores dessa coleção,
diz respeito à apresentação do programa. Não há menção à denominação de programa
mínimo 3ª. série –
Curso Ginas
;
em
sal;
dos
e dos
to
sendo dado o seno, o co-seno ou a tangente.
, porém Maeder menciona o “Programa para o curso de Matemática,
ial” (conforme edição de 1962), assim apresentado:
I – Razões e proporções; aplicações aritméticas.
. Razão de dois segmentos; razão de duas grandezas. Propriedades das razões. Razões iguais;
ropriedade.
Proporção. Propriedade fundamental; recíproca. Transformações. Quarta proporcional.
álculo de um termo qualquer de uma proporção. Proporção contínua; média proporcional;
terceira proporcional. Propriedades mais empregadas das proporções. Idéia geral da média
édia geométrica e média harmônica. Média ponderada.
úmeros proporcionais; propriedades. Divisão em partes diretamente proporcionais e
partes inversamente proporcionais.
3. Regra de três. Resolução de problemas de regra de três simples e composta.
4. Porcentagem; problemas. Taxa milesimal.
5. Juros simples; problemas.
II – Figuras geométricas planas; retas e círculo.
1. Figuras geométricas; ponto, linha superfície, reta e plano. Congruência.
2. Ângulos; definições; classificação e propriedades.
3. Linha poligonal; classificação. Número de diagonais de um polígono.
4. Triângulos; definições, classificação. Grandeza relativa dos lados. Triângulo isósceles;
propriedades. Casos clássicos de congruência de triângulos. Correspondência, na desigualdade,
entre os lados e os ângulos. Comparação entre linhas de mesmas extremidades.
5. Perpendiculares e oblíquas. Mediatriz e bissetriz como lugares geométricos.
6. Paralelas. Ângulos formados por duas retas quando cortadas por uma transver
propriedades. Propriedades de duas retas perpendiculares a uma terceira. Postulados de
Euclides; conseqüências. Propriedades de ângulos de lados paralelos ou de la
perpendiculares.
7. Soma dos ângulos internos de um triângulo, conseqüências. Soma dos ângulos internos
ângulos externos de um polígono.
8. Quadriláteros; classificação dos quadriláteros convexos: classificação dos paralelogramos e
dos trapézios. Propriedades do paralelogramo e do trapézio. Translação. Retas concorrentes
no triângulo.
9. Circunferência e círculo; definições. Propriedades do diâmetro. Arcos e cordas;
propriedades. Distância de um ponto a uma circunferência. Tangente e normal. Posições
relativas de dois círculos. Rotação.
10. Correspondência de arcos e ângulos. Medida do ângulo central, do ângulo inscrito, do
ângulo de segmento, do ângulo excêntrico interior, do ângulo excêntrico exterior. Segmen
capaz de um ângulo dado.
III – Linhas proporcionais: semelhança de polígonos.
1. Pontos que dividem um segmento numa razão dada. Divisão harmônica; proporção
harmônica.
2. Segmentos determinados sobre transversais por um feixe de paralelas.
3. Linhas proporcionais no triângulo; propriedades das bissetrizes de um triângulo; lugar
geométrico dos pontos cuja razão das distâncias a dois pontos fixos é constante.
4. Semelhança de triângulos; casos clássicos. Semelhança de polígonos.
IV – Relações trigonométricas no triângulo retângulo. Tábuas naturais.
1. Definição do seno, do co-seno e da tangente de um ângulo dado. Construção de um ângulo
1
p
C
média aritmética, m
2. N
152
2. Uso das tábuas naturais. Cálculo dos lados de um triângulo retângulo; projeção de um
segmento. (MAEDER, 1962, p. V).
tos, 18
edição. Tal
divisã nte neste
estudo.
O índice desse volume é apresentado em 22 capítulos.
Ao todo, foram, de acordo com dados fornecidos pela Edições Melhoramen
edições que compreendem o período de 1944 até 1962 (conforme TABELA 9). Essas
edições podem ser divididas, quanto aos conteúdos presentes, em duas partes. A primeira,
que vai da 1ª. até a 8ª. edição, e a segunda que se inicia na 9ª. e termina na 18ª.
o se refere à mudança de programa conforme já apontado anteriorme
TABELA 9 – EDIÇÕES DO 3º. ANO GINASIAL
Edições/tiragens
Data de publicação
1ª. Fev./1944
2ª. Ago./1944
3ª. Mar./1946
4ª. Mar./1947
5ª. Fev./1949
6ª. Jan./1950
7ª. Set./1950
8ª. Jan./1952
9ª. Jan./1953
10ª. Abr./1953
11ª. Fev./1954
12ª. Out./1954
13ª. Nov./1955
14ª. Mar./1957
15ª. Fev./1958
16ª. Fev./1959
17ª. Dez./1960
18ª. Jan./1962
153
Faço, a seguir, uma comparação entre os índices de cada uma dessas partes. Observo
que as m
é, núm
udanças efetuadas de um para outro foram acentuadas. Enquanto na edição de 1944
os conteúdos eram distribuídos em dois grandes blocos de conhecimentos de matemática,
Álgebra e Geometria (a exceção é o primeiro capítulo destinado ao estudo de Aritmética, isto
eros relativos), na edição de 1962 foram distribuídos em Aritmética e Geometria. A
edição de 1962 apresenta, no último capítulo, o estudo da Trigonometria no triângulo
retângulo, e, ao final, uma tabela de razões trigonométricas de ângulos de zero a 90º.
QUADRO 16 – COMPARAÇÃO ENTRE EDIÇÕES: 3ª. SÉRIE DO GINÁSIO
Programa da 1ª. edição: 1944
Programa da 18ª. edição: 1962
ítulo I: Números relativos.
ítulo II: Expressões algébricas.
ítulo III: Adição e subtração de monômios e
mios.
ítulo IV: Multiplicação de monômios e
mios.
ítulo V: Divisão de monômios e polinômios
onômios.
ítulo VI: Casos simples de fatoração.
pítulo VII: Frações algébricas.
ítulo VIII: Equações do 1º. grau.
ítulo IX: Resolução e discussão de uma
equação com uma incógnita.
ítulo X: Introdução à Geometria dedutiva.
ítulo XI: Ângulos.
ítulo XII: Triângulos; igualdade de triângulos.
ítulo XIII: Perpendiculares e oblíquas
ulo XIV: Teoria das paralelas.
ítulo XV: Soma dos ângulos de um triângulo e
polígono convexo.
ítulo XVI: Quadriláteros.
ulo XVII: Construções geométricas.
ítulo XVIII: O círculo.
ítulo XIX: Correspondência entre arcos e
s.
ítulo XX: Construções geométricas.
Capítulo I: Razões e proporções.
Capítulo II: Médias.
Capítulo III: Números proporcionais.
Capítulo IV: Divisão em partes proporcionais.
Capítulo V: Regra de três.
Capítulo VI: Percentagem.
Capítulo VII: Juros simples.
Capítulo VIII: Figuras geométricas.
Capítulo IX: Ângulos.
Capítulo X: Linha poligonal; polígonos.
Capítulo XI: Triângulos; propriedades;
congruência.
Capítulo XII: Perpendiculares e oblíquas.
Capítulo XIII: Paralelas.
Capítulo XIV: Soma dos ângulos de um triângu
de um polígono.
Capítulo XV: Quadriláteros.
Capítulo XVI: Translação – retas concorrentes
triângulo.
Capítulo XVII: Circunferência e círculo.
Capítulo XVIII: Correspondência de arcos e
ângulos.
Capítulo XIX: Linhas proporcionais.
Capítulo XX: Linhas proporcionais no triângul
Capítulo XXI: Semelhança de triângulos e de
polígonos.
Capítulo XXII: Relações trigonométricas no
triângulo retângulo – tábuas naturais.
Cap
Cap
Cap
polinô
Cap
polinô
Cap
por m
Cap
Ca
Cap
Cap
Cap
Cap
lo e
Cap
Cap
Capít
no
Cap
de um
Cap
Capít
Cap
Cap
ângulo
Cap
o.
Novamente observo, assim como nos dois livros anteriores da coleção Curso de
atemática para o Ginásio, a existência de duas fases diferentes do ensino de Matemática M
154
para o iste em
omu
de
aed
ate
nca
ginásio (no QUADRO 16 os capítulos sublinhados representam o que ex
c m nesses programas)
A seguir, alguns comentários relacionados aos conteúdos que estão no livro
er em sua 18ª. edição.
Uma referência dá indícios da transformação de notações empregadas em
mática. MAEDER (1962, p. 7) utiliza uma nota de rodapé para falar de uma notação
minhada para representar uma proporção da forma
d
c
b
a
=
: “Caiu em desuso
ção antiga
dcba ::::
, mas ela é que justifica assim os nomes de meios
(b
mos
),( da
, antecedentes
),( ca
e conseqüentes
),( db
, como os de primeiro
do, terceiro e quarto termos, todos ainda hoje de uso geral”.
Observando que a 3ª. série do antigo ginásio corresponde ao que seria atualmente a
rie do Ensino Fundamental, não poderia deixar de chamar a atenção para o formalismo
uado que pode ser constatado no encaminhamento dado aos tópicos de Geometria
(assuntos: figuras geométricas, ângulos, linha poligonal-polígonos, triângulos-
iedades-congruência, perpendiculares e oblíquas, paralelas, soma dos ângulos
ulo e de um polígono, quadriláteros, translação-retas concorrentes no triângul
nferência e círculo, correspondência de arcos e ângulos, linhas proporcionais, linhas
rcionais no triângulo, semelhança de triângulos e de polígonos). Esses assuntos estão
buídos em 14 extensos capítulos. Justifico esse formalismo pelo fato de que em
nas dessa 2ª. série (o livro, ao todo, tem 267 páginas) encontro, além de postulados,
ções, propriedades, corolários e, apenas para exemplificar, 86 teoremas. Além disso,
s atividades são encaminhadas no sentido de levar o aluno a trabalhar com mai
plos ou mesmo aplicações da Geometria Plana. A questão que não posso deixar de
, e que distante do contexto dos livros de Maeder não tenho uma resposta, é a
nte: Que procedimento era adotado pelo professor (e também pelo aluno) quanto
o (e a aprendizagem, respectivamente) desses conteúdos? Uma hipótese que tenho é
durante as aulas o professor simplesmente comentava cada uma dessas definições,
M
M
e
a
ota
,
xtre ,
gun
ª. sé
cent
lana
ropr de um
iâng o,
ircu
ropo
istri 166
ági
efini
ouca s
xem
xpor
gui ao
nsin de
ue
iscutia um ou outro postulado, e provavelmente efetuava algumas demonstrações. Ao
luno era, segundo essa hipótese, deixado o papel de observador ou leitor passivo.
n
),c
e
se
7
a
P
p
tr
c
p
d
p
d
p
e
e
se
e
q
d
a
155
2.4.4 C
SIAL: 1962
urso de Matemática – 4ª. série – ginásio
FIGURA 63 – CAPA DA 4ª. SÉRIE DO CURSO GINA
156
FIGURA 64 – PÁGINA INICIAL DA 4ª. SÉRIE DO CURSO GINASIAL: 1962
157
FIGURA 65 – CAPA DA 4ª. SÉRIE DO CURSO GINASIAL: 1945
158
FIGURA 66 – PÁGINA INICIAL
82
DA 4ª. SÉRIE DO CURSO GINASIAL: 1945
82
Aqui, nesta ilustração, um exemplo das péssimas condições em que alguns dos livros de Maeder
foram encontrados em bibliotecas. A página em questão foi recortada e amassada.
159
O livro, conforme FIGURA 63, refere-se a 14ª. edição de 1962 e contém, ao
do, 233 páginas. No total, foram 14 edições, que compreendem o período de 1945
até o ano de 1962, conforme datas abaixo:
to
TABELA 10 – EDIÇÕES DO 4º. ANO GINASIAL
Edição/tiragem
Data de publicação
1ª. Jan./1945
2ª. Mar./1946
3ª. Mar./1947
4ª. Ago./1948
5ª. Fev./1950
6ª. Fev./1951
7ª. Abr./1953
8ª. Abr./1954
9ª. Fev./1955
10ª. Jan./1956
11ª. Fev./1957
12ª. Jan./1958
13ª. Fev./1959
14ª. Fev./1962
Em relação ao volume destinado a 3ª. série, o livro correspondente a 4ª. série
representa uma continuação do estudo de Geometria Plana. É possível observar uma
upação do autor no sentido de valorizar o trabalho com as construções
geométricas. Ele destina o último capítulo do livro para “Construções geométricas –
problemas de equivalência”. Há um trabalho muito acentuado a respeito de tópicos de
etria Plana, o que pode ser constatado pela quantidade de capítulos destinada a
esse assunto. Dos 18 capítulos existentes no livro, 11 são voltados ao assunt
Geometria Plana. Os demais capítulos são destinados ao estudo de “Equações do
preoc
Geom
o
160
segund mação de
a
os
o grau”, “Equações biquadradas”, “Equações irracionais” e “Transfor
expressões” envolvendo radicais.
O “Programa de Matemática” presente no livro é assim apresentado:
I – Trinômio do segundo grau: equações e inequações do segundo grau com uma incógnita:
1. Equações do segundo grau. Resolução das equações incompletas; resolução d
equação completa; estabelecimento da fórmula de resolução por um dos métod
clássicos; fórmulas simplificadas. Discussão das raízes; casos de raízes diferentes, de
raízes iguais e de não existência de raízes. Relações entre os coeficientes e as raízes.
Composição da equação dadas as raízes.
2. Trinômio do segundo grau; decomposição em fatores; sinais do trinômio; forma
canônica. Variação em sinal e em valor. Posição de um número em relação às raízes do
trinômio. Valor máximo ou mínimo do trinômio do segundo grau. Inequações do
segundo grau; tipos. Resolução de inequações do segundo grau: equações biquadradas;
equações irracionais. Transformação das expressões da forma:
BA ± .
II – Relações métricas nos polígonos e no círculo; cálculo de
π
:
1. Relações métricas no triângulo retângulo. Teorema de Pitágoras, triângul
pitagóricos.
2. Relações métricas num triângulo qualquer; relação dos co-senos.
3. Cálculo das medianas, das alturas e das bissetrizes de um triângulo.
4. Relações métricas no círculo. Corda e diâmetro que partem de um mesmo pont
Ordenada de um ponto da circunferência. Cordas que se cortam. Potência de um ponto
em relação a um círculo; expressões da potência. Construções geométricas elementares.
5. Polígonos inscritíveis e circunscritíveis. Teorema de Hiparco. Teorema de Pitot.
6. Polígonos regulares; propriedades.
7. Construção e cálculo do lado do quadrado, do hexágono regular, do triângu
eqüilátero e do decágono regular convexos. Cálculo dos apótemas.
8. Lado do polígono regular convexo de 2n lados em função do de n lados.
9. Medição da circunferência. Comprimento de um arco de curva. Razão
circunferência para o diâmetro. Expressões do comprimento da circunferência e de
arco qualquer.
10. Cálculo de
π
pelo método dos perímetros.
III – Áreas das figuras planas:
1. Medição das áreas das principais figuras planas. Área do triângulo eqüilátero
função do lado; área de um triângulo em função dos três lados, em função do raio do
círculo circunscrito e em função do raio do círculo inscrito.
2. Relações métricas entre áreas; áreas dos polígonos semelhantes; teorema de Pitágor
Construções geométricas. Problemas de equivalências. (MAEDER, 1962, p. III)
Outro ponto a destacar, como já disse em relação aos outros volumes, o
programa mescla Geometria e Álgebra, embora apresente primeiro a Álgebra e depois
a Geometria. Não há, nesse sentido, alternâncias, apesar de em vários problem
geométricos Maeder propor situações em que os cálculos de medidas exigem
os
o.
lo
da
um
em
as.
as
o
conhecimento de fatos algébricos como a resolução de equações do 2º. grau. Os
oremas apresentados são demonstrados logo após seus enunciados. Um exemplo te
161
disso is e dos lados
é o Teorema de Pitot sobre a relação entre as medidas das diagona
de um quadrilátero inscritível numa circunferência: “Em todo quadrilátero
inscritível a razão das diagonais é igual à razão das somas dos produtos dos lados
que partem de suas extremidades” (MAEDER, 1962, p. 150). A demonstração desse
teorema é exposta em meio a comentários explicativos do autor e com uma ilustração
que auxilia a compreensão (FIGURA 67). Ao final da demonstração a relação métrica
apresentada é
D
C
DA
B
A
BC
ADABCDBC
B
D
AC
+
+
=
.
FIGURA 67 – TEOREMA DE PITOT
Não poderia deixar de observar, sem querer fazer comparação entre o atual
programa de Matemática presente nos livros didáticos e aqueles da época de Maeder,
que determinados tópicos antes estudados não são mais abordados nas salas de aula.
Apenas para esclarecer essa afirmação, o livro do 4º. ano do ginásio corresponde ao
seria atualmente a 8ª. série do Ensino Fundamental. Assim, “Teorema de Pitot”,
exemplo, não é motivo de estudo na atual escolarização. Quando muito é
inhado como observação no estudo da Geometria do atual Ensino Mé
o exemplo de conteúdos de Matemática que também não são mais objetos
ensino de Matemática pode ser encontrado no capítulo X do livro de Maeder. É o
que
por
encam dio. Um
outr do
Cálculo das medianas, das alturas e das bissetrizes de um triângulo”. São 13 páginas
om teoremas, demonstrações e exercícios que buscam calcular, a partir das medidas
os lados de um triângulo, as medidas da mediana, da altura e da bissetriz do
c
d
162
corresp ometria
Plana em Maeder, que o tempo, as reformas e os autores de livros de Matemática
acabaram deixando de lado, é o cálculo do “lado do polígono regular de
lados” em
função da medida do raio da circunferência circunscrita ao polígono.
FIGURA 68 – CÁLCULO DO
ondente triângulo. Uma outra relação métrica presente no estudo de Ge
n2
π
No capítulo XIV, Maeder apresenta um teorema sobre a medição da
circunferência, referente aos comprimentos de duas circunferências e de seus raios,
sem, no entanto, considerar o número
π
, isto é: “Teorema – A razão de duas
circunferências é igual à dos seus raio . Ele demonstra esse teorema utilizando
como definição de circunferência “o limite comum para o qual tendem os
perímetros dos polígonos regulares convexos, a ela inscritos e circunscritos,
quando o número de lados aumenta indefinidamente”. (MAEDER, 1962, p.
184-185). Observo aqui fortes indícios da utilização da intuição Matemática
presente no desenvolvimento étricas. Isso fica muito mais
evidente logo a seguir, quando o autor, após dizer que a razão entre o comprimento
s”
de questões geom
e o diâmetro da circunferência pode ser representada “pela letra grega
π
(e o
163
comprimento da circunferência é igual ao produto do diâmetro pelo número
π
),
chama a atenção para uma forma de se obter o número irracional
π
. O
procedimento é o cálculo dos perímetros dos polígonos regulares inscritos e
circunscritos na circunferência de raio unitário. Esses polígonos são obtidos
duplicando-se sucessivamente o número de lados (ver FIGURA 68). Assim, o valor
para o número irracional
π
estará compreendido entre os semi-perím
polígonos regulares inscritos e circunscritos à circunferência.
Mantendo-se coerente com esse procedimento intuitivo de encaminhar fatos
geométricos, no capítulo XVI, referente a áreas das figuras circulares, o autor
paranaense apresenta a área do círculo como “o limite para o qual tende a área de
um polígono regular convexo nele inscrito cujo número de lados aumenta
indefinidamente”. (MAEDER, 1962, p. 213)
O livro da 4ª. série termina com construções geométricas de figuras planas
equivalentes que são apresentadas em oito problemas de construção. Como
exemplo, o problema II refere-se à construção de um quadrado equivalente à soma
de dois outros iguais. Duas questões a respeito desse último capítulo
época a disciplina étrico? Desde quando a disciplina Matemática
preocupa-se com as c étricas?
Assim como ocorreu nos três livros anteriores dessa coleção para
esse 4º. livro de Maeder pode ser dividido em duas partes: da 1ª. a 6ª. edição
corresponde à primeira fase, enquanto da 7ª. a 14ª. edição a segunda fase. São dois
programas diferentes que evidenciam mudanças estruturais em relação aos
conteúdos de Matemática ensinados no ginásio. No quadro a seguir, podem se
observar tais mudanças. Apenas seis capítulos (dos 15 capítulos) da edição de 1945
foram mantidos na edição de 1962 (eles aparecem sublinhados no QUADRO 17).
Embora essas duas edições apresentem a mesma concentração de conteúdos, em
dois blocos de conhecimentos matemáticos (Álgebra e Geometria), uma análise dos
títulos dos capítulos perm me dizer que são edições com diferenças acentuadas.
etros dos
: Existia na
o ginásio,
desenho geom
onstruções geom
ite-
-
164
AÇÃO ENTRE EDIÇÕES: 4ª. SÉRIE DO GINÁSIO
a da 1ª. edição: 1945
Programa da 14ª. edição: 1962
QUADRO 17 – COMPAR
Program
Capítulo I: Coordenadas cartesianas no plano;
representações gráficas.
Capítulo II: Resolução e discussão de um
sistem de duas equações com duas
incógnitas.
Capítulo III: Resolução de desigualdades do
1º. grau com uma ou duas incógnitas.
Capítulo IV: Problemas do 1º. grau.
Capítulo V: Números irracionais – radicais –
frações irracionais.
Capítulo VI: Equações do 2º. grau.
a
Capítulo VII: Problemas do 2º. grau.
Capítulo VIII: Linhas proporcionais.
Capítulo IX: Semelhança de triângulos e de
polígonos.
Capítulo X: Relações métricas nos triângulos.
Capítulo XI: Relações métricas no círculo.
Capítulo XII: Polígonos regulares.
Capítulo XIII: Medição da circunferência.
Capítulo XIV: Áreas planas.
Capítulo I: Equações do 2º. grau.
Capítulo II: Trinômio do segundo grau.
Capítulo III: Inequações do segundo grau.
Capítulo IV: Problemas do segundo grau.
Capítulo V: Equações redutíveis ao segundo grau;
equações biquadradas.
Capítulo VI: Equações irracionais.
Capítulo VII: Transformação das expressões da
forma
BA ± .
Capítulo VIII: Relações métricas no triângulo
retângulo.
Capítulo IX: Relações métricas no triângulo
qualquer.
Capítulo X: Cálculo das medianas, das alturas e das
bissetrizes de um triângulo.
Capítulo XI: Relações métricas no círculo.
Capítulo XII: Polígonos inscritíveis e
circunscritíveis.
Capítulo XIII: Polígonos regulares.
Capítulo XIV: Medição da circunferência.
Capítulo XV: Medição das áreas das principais
figuras planas.
Capítulo XVI: Áreas das figuras circulares.
Capítulo XVII: Relações métricas entre áreas.
Capítulo XVIII: Construções geométricas –
problemas de equivalência.
Após essa leitura da coleção Curso de Matemática, escrita para o curso ginasial,
algum
capítulos nos livros de Maeder, nas duas
fases m ncionadas para o ensino de Matemática no ginásio, e confrontando-os com os
programas oficiais, conforme estudo de Vechia e Lorenz.
Maeder não escr coleção p duas coleções
completamente diferentes. A primeira (ver FIGURA 69) tem duração aproximada a do
as conclusões posso extrair para o presente ensaio. Os livros do autor paranaense
seguem o programa oficial. Afirmo isso com base na observação dos quadros
comparativos dos conteúdos divididos por
e
eveu apenas uma ara o ginásio. Foram
165
tempo em que vigorou a portaria ministerial n
o
. 170 pub 1 de julho de 1942,
isto é, até a outra portaria n
o
. 996 de 2 de outubro d a coleção segue o
programa oficial, conforme qua s 18, 19, 20 e 21.
FIGURA 69 – PRIMEIRA COLEÇÃO PARA O GINÁSIO
. SÉRIE
Geometria intuitiva
Unidade I – Noções fundamentais reta, semi-reta, segmento. 3.
Ângulos. 4. Posições relativas de
Unidade II – Figuras geométricas Poliedros; corpos redondos.
Aritmética prática
Unidade III – Operações fundamentais edida. 2. Numeração. 3. Adição,
subtração, multiplicação e divisão de int
Unidade IV – Múltiplos e divisores tores primos. 2. Parte alíquota de duas
grandezas; m.d.c. e m.m.c.
Unidade V – Frações ordinárias: 1. Frações de grandezas; noção de fração. 2. Comparação, simplificação ao mesmo
denominador. 3. Operações fundamentais. 4. Problemas sobre as frações de grandezas.
Unidade VI – Números complexos: 1. Unidades de ângulo e de tempo. 2. Moeda inglesa e unidades inglesas usuais de
comprimento. 3. Operações com os números complexos.
Unidade VII – Frações decimais: 1. Noção de fração e de número decimal. 2. Operações fundamentais. 3. Conversão de
fração ordinária em decimal e vice-versa. (VECHIA e LORENZ, 1998, p. 355)
licada em 1
e 1951. Ess
dro
QUADRO 18 – PROGRAMA OFICIAL PARA O GINÁSIO: 1942 – 1ª
: 1. Sólidos geométricos, superfícies, linhas, ponto. 2. Plano,
retas e planos; paralelas; perpendiculares e oblíquas.
: 1. Polígonos; triângulos e quadriláteros. 2. Círculo. 3.
: 1. Noção de número inteiro; grandeza; unidade; m
eiros. 4. Cálculo mental e cálculo abreviado.
: 1. Números primos; decomposição em fa
e área. 2. As unidades legais brasileiras e as inglesas mais usuais. 3.
mais usuais.
Aritméti
Unidade
unidades
velocidad
Unidade
Potências
obtenção
Unidade 2. Proporções; médias. 3. Grandezas proporcionais.
Unidade
simples.
QUADRO 19 – PROGRAMA OFICIAL PARA O GINÁSIO: 1942 – 2ª. SÉRIE
Geometria intuitiva
Unidade I – Áreas: Área de uma figura plana; unidade d
Áreas das principais figuras planas; fórmulas.
Unidade II – Volumes: 1. Noção de volume; unidade de volume. 2. As unidades legais brasileiras e as inglesas
3. Volumes dos principais sólidos geométricos; fórmulas.
ca prática
III – Sistema métrico: 1. Diferentes espécies de grandeza; medição direta e indireta. 2. Grandezas elementares;
fundamentais; noção de grandeza composta. 3. Unidades legais de comprimento, área, volume, ângulo, tempo,
e, massa, densidade; múltiplos e submúltiplos.
IV – Potências e raízes: 1. Definições. 2. Operações com potências. 3. Quadrado da soma de dois números. 4.
das frações. 5. Regra prática para extração da raiz quadrada; aproximação no cálculo da raiz. 6. Uso de tábuas para
do quadrado, do cubo, da raiz quadrada e da raiz cúbica dos números inteiros e decimais.
V – Razões e proporções: 1. Razão de duas grandezas.
VI – Problemas sobre grandezas proporcionais: 1. Divisão proporcional. 2. Regra de três. 3. Porcentagem. 4. Juros
(VECHIA e LORENZ, 1998, p. 355-356)
166
QUADRO 20 – PROGRAMA OFICIAL PARA O GINÁSIO: 1942 – 3ª. SÉRIE
Álgebra
Unidade es
Unidade
polinômi dução de termos semelhantes.
Unidade odutos notáveis; potência
inteira de
Unidade
denomina
Unidade
com uma
Geometr
Unidade Ponto,
linha, sup
Unidade
como lug convexo.
Quadrilát
Unidade
posições
Deslocam
capaz; quadrilátero inscritível.
I – Números relativos: 1. Noções concretas; segmentos orientados. 2. Operaçõ .
II – Expressões algébricas: 1. Valor numérico e classificação das expressões algébricas. 2. Monômios e
os; ordenação e re
III – Operações algébricas: 1. Adição, subtração e multiplicação de polinômios. 2. Pr
um monômio. 3. Divisão por um monômio. 4. Casos simples de fatoração.
IV – Frações algébricas: Definição, propriedades. 2. Frações racionais: simplificação, redução ao mesmo
dor, operações fundamentais.
V – Equações do 1º grau: 1. Equação: identidade; equações equivalentes. 2. Resolução e discussão de uma equação
incógnita.
ia Dedutiva
ições geométricas; hipótese, conclusão; demonstração. 2. VI – Introdução à geometria dedutiva: 1. Propos
erfície, reta, plano. 3. Figuras geométricas; lugares geométricos.
de um polígono
6. Construções geométricas. (VECHIA & LORENZ, 1998, p. 356)
esigualdades do 1º grau: Coordenadas cartesianas no plano; representações gráficas
sistema de duas equações com duas incógnitas. 3. Resolução gráfica de um sistema de duas equ
tação gráfica da discussão. 4. Resolução de desigualdades do 1º. grau com um
VII – A reta: 1. Ângulos. 2. Triângulos; igualdade de triângulos. 3. Perpendiculares e oblíquas; mediatriz e bissetriz
ares geométricos. 4. Teoria das paralelas. 5. Soma dos ângulos de um triângulo e
eros; propriedades do paralelogramo, translação; trapézio. 7. Construções geométricas.
VIII – O círculo: 1. Determinação do círculo; posições relativas de uma reta e um círculo. 2. Diâmetros do círculo;
relativas de uma reta e um círculo. 2. Diâmetros e cordas. 3. Tangentes: posição relativa de dois círculos. 4.
entos no plano. 5. Correspondência entre arcos e ângulos; ângulos inscritos, interiores e exteriores; segmento
Álgebra
nidade I – Equações e d . 2. Resolução
discussão de um ações com
as incógnitas; interpre a ou duas incógnitas.
5. Proble
Unidade
2º. grau.
Unidade IV – Linhas proporcionais; semelhança: 1. Pontos que dividem um segmento numa razão dada; definição de
no triângulo; propriedades das bissetrizes de um triângulo; lugar geométrico dos pontos cuja razão das distâncias a dois
mprimento de um arco de círculo. 2. Razão da circunferência para o
Unidade IX – Áreas planas: 1. Medição das áreas das principais figuras planas. 2. Relações métricas entre as áreas; áreas de
QUADRO 21 – PROGRAMA OFICIAL PARA O GINÁSIO: 1942 – 4ª. SÉRIE
U
e
du
mas do 1º. grau: fases da resolução de um problema; generalização: discussão das soluções.
II – Números irracionais: 1. Grandezas incomensuráveis; noção de número irracional; operações. 2. Raiz m-ésima
de um número; radicais; valor aritmético de um radical. 3. Cálculo aritmético dos radicais. 4. Frações irracionais; casos
simples de racionalização de denominadores.
Unidade III – Equações do 2º. grau: 1. Existência das raízes no campo real; resolução. 2. Relações entre os coeficientes e as
raízes; sinal das raízes. 3. Composição da equação dada às raízes; aplicação a sistemas simples do 2º. grau. 4. Problemas do
Geometria Dedutiva
divisão harmônica. 2. Segmentos determinados sobre transversais por um feixe de retas paralelas. 3. Linhas proporcionais
pontos fixos é constante. 4. Semelhança de triângulos; semelhança de polígonos. 5. Construções geométricas.
Unidade V – Relações métricas nos triângulos: 1.Relações métricas no triângulo retângulo. 2. Altura de um triângulo
eqüilátero e diagonal do quadrado.
Unidade VI – Relações métricas no círculo: 1. Linhas proporcionais no círculo. 2. Construções geométricas.
Unidade VII – Polígonos regulares: 1. Propriedades dos polígonos regulares; expressão do ângulo interno. 2. Construção e
cálculo do lado do quadrado, do hexágono regular, do triângulo eqüilátero e do decágono regular convexo. 3. Cálculo dos
apótemas dos mesmos polígonos. 4. Lado do polígono de 2n lados em função do de n lados. 5. Semelhança dos polígonos
regulares. 6. Construções geométricas.
Unidade VIII – Medição da circunferência: 1. Co
diâmetro. 3. Expressões do comprimento da circunferência e de um arco; o radiano.
polígonos semelhantes. Teorema de Pitágoras. (VECHIA & LORENZ, 1998, p. 356)
Ministro da Ed ha
Essa primeira coleção corresponde à fase que tem Gustavo Capanema como
ucação. É a época das c madas Leis Orgânicas, dos decretos-lei; como
167
diz MARCÍLIO (2005, p. 82) “reformavam-se alguns ramos do ensino abrangendo o
ensino primário e s r nos adolescentes uma
sólida cultura geral, a consciência patrióti
respeito ao ensino da Matemática, o prefác
83
fornece o
contexto de tal reforma:
As diretrizes ada pela nova lei orgânica do Ensino Secundário, no que dizem
respeito às ci cias ificam sensivelmente os pr pios pedagógicos em que
sempre se apoiou o Matemática nos ginásios
Com efeito, na expo o da matéria atinente as duas pri séries, determinam os
respectivos program abandono do método dedut ra se ministrarem, de
modo elementar, ntos intuitivos e práticos.
A dedução, co o é outros tipos de
raciocínio, estabelecendo-se as proposições mediante rigoroso encadeamento lógico, a
partir de anteriores, já demonstrados ou admitidas por postulados.
O novo rumo a seguir exige cuidados especiais. Não se deve perder de vista a
orientação que se deve dar ao ensino da Matemática no primeiro ciclo do Curso
“Ao estudo das ciências, num e noutro caso, orientará sempre o princípio de que
verdade, a compreensão da utilidade dos conhecimentos científicos e a
Está claro que será mais difícil a tarefa de ensinar desse modo as ciências”.
do
“Reforma”, e satisfazem perfeitamente às exigências de um bom e proveitoso ensino
ão programas que, de fato, podem ser cumpridos integralmente com a desejada
ficiência. Todos os que labutam no ensino o reconhecem.
ecundário, este com a função de forma
ca e a consciência humanística”. No que diz
io apresentado por Maeder
incí
do país.
meiras
ivo pa
ac
firm
ên
s
, mod
ensino de
siçã
as o
ensiname
m sabido, se faz por silogismos e de ordo com
No ensino prático, a orientação a seguir é bem diversa: enunciam-se definições,
propriedades, regras, procurando-se aplicá-las de modo conveniente.
Mas não é só.
necessidade de estimular o adolescente em seu desejo natural de bem interpretar as
proposições que lhe são dadas a conhecer.
Não basta enunciar uma regra; deve-se explicar, elementarmente é claro, a sua razão
de ser.
Aliás, o Sr. Ministro da Educação, na brilhante exposição de motivos que apresentou
ao Exmo. Sr. Presidente da República, traça, com toda precisão e justeza, a
Secundário:
não é papel do ensino secundário formar extensos conhecimentos, de leis e
hipóteses, de nomenclaturas e classificações, ou ficar na superficialidade, na
mera memorização de regras, teorias e denominações, mas cumpre-lhe
essencialmente formar o espírito científico, isto é, a curiosidade e o desejo da
capacidade da aquisição desses conhecimentos.
Temos para nós que proceder de outro modo seria comprometer a eficiência do
ensino, seria contribuir para que falhasse irremediavelmente uma das finalidades
precípuas da Matemática nos primeiros anos: a da preparação ao estudo do método
dedutivo que se faz mais tarde.
Os programas expedidos e postos em execução pela Portaria ministerial n. 170, de 11
de julho de 1942, a nosso ver, foram elaborados com critério, dentro espírito da
da Matemática.
S
e
83
Reproduzo na íntegra o pr da coleção. Entendo
que o autor fo apenas as diretrizes de como seu livro foi escrito, mas também subsídios de
como a Reform ma interferiu no ensino de Matemática.
rnece não
a Capane
efácio de Maeder do livro destinado à primeira série
168
Nessa afirmativa, estamos com aqueles que opinam por experiência p mas que
não menosprezam, antes acatam, os frutos da teoria e da experiência al
eves comentários explicam o critério que seguimos na organi ção do nosso
“Curso de Matemática”, integralmente moldado dentro dos princípi tabelecidos
pela nova lei e rigorosamente de acordo com o programa oficial.
Destina-se este volume à primeira série do curso ginasial, abrangen duas partes:
Geometria intuitiva e Aritmética prática.
Na primeira parte, estudam-se intuitivamente noções fundamen figuras
geométricas; na segunda parte, estudam-se praticamente operaçõe mentais da
Aritmética, múltiplos e divisores, frações ordinárias, números compl s e frações
decimais, tudo acompanhado de exercícios cuidadosamente escolhidos
Com as nossas homenagens, oferecemos este “Curso de Matemátic ” a todos os
colegas que nos honraram pela atenção dispensada à série anterior ções de
Matemática”.
Algacyr Mu z Maeder.
Embora esse prefácio tenha sido elaborado para o livro da 1ª. série, ele serve
como registro da forma como o autor recebeu as modificações no ensino da
tor deixa claro que
s mudanças são benéficas e os programas elaborados “podem ser cumpridos”.
rópria,
heia.
za
os es
do
tais e
s funda
exo
.
a
das “Li
nho
Estes br
Matemática “ditadas” pela portaria ministerial correspondente. O au
a
Quanto à segunda coleção (ver FIGURA 70), ela é escrita a partir da portaria
editada em 1951 e tem a duração de praticamente uma década. Uma comparação
entre os programas existentes nesses livros e os programas oficiais constata que
Maeder é fiel a eles (ver QUADRO 22). Observo que o programa oficial, conforme
Vechia e Lorenz é apresentado de forma muito resumida, diferentemente do
programa constante da portaria de 1942.
FIGURA 70 – SEGUNDA COLEÇÃO PARA O GINÁSIO
169
QUADRO 22 – PROGRAMA OFICIAL
84
PARA O GINÁSIO: 1951
Primeira Série
Números inteiros; operações fundamentais; números relativos.
Números fracionários.
Divisibilidade aritmética; números primos.
Sistema legal de unidades de medir; unidades e medidas usuais.
Segunda Série
Potências e raízes; expressões irracionais.
Cálculo literal; polinômios.
Binômio linear: equações e inequações do 1º. grau com uma incógnita; sistemas
lineares com duas incógnitas.
Terceira Série
Razões e proporções; aplicações aritméticas.
Figuras geométricas planas; reta e círculo.
Linhas proporcionais; semelhança de polígonos.
Relações trigonométricas no triângulo retângulo. Tábuas naturais.
Quarta Série
Trinômio do 2º. grau; equações e inequações do 2º. grau com uma incógnita.
Relações métricas nos polígonos e no círculo; cálculo de
π
.
Áreas das figuras planas.
Já mencionei anteriormente o número de edições que, se comparadas com a
coleção anterior de Maeder, Lições de Matemática, é elevado. Além disso, ou melhor, se
apenas isso não representasse indícios suficientes para destacar o alcance dessa obra,
foram 20 anos de existência da coleção. São duas décadas da história dos conhecimentos
scolares, particularmente dos saberes escolares de Matemática, sendo difundidos e
ocumentados. Seus livros podem ser considerados registros desses saberes no então
hamado ginásio. Mas, quase paralelamente a essa coleção, Maeder também produziu,
colégio.
ovos documentos foram então produzidos por Algacyr Munhoz Maeder, iniciados em
1 46 e 2.
e
d
c
com a mesma editora paulista, o Curso de Matemática para as três séries do
N
9 perdurando até o ano de 196
4
Este quadro foi elaborado a partir do trabalho
8
de VECHIA e LORENZ (1998, p. 400).
170
2 EMÁTICA – CICLO
istério ura”. A frase pode ser
o am clo
C or Maeder, inicialment inal da quarta década do século XX.
C e seguem s de
1 ont ndem
à d
q o: d ado no
c o na
FIGURA 71 – COLEÇÃ
.5 CURSO DE MAT COLEGIAL
“Uso autorizado pelo Min da Educação e Cult
bservada nos três volumes que form
olegial, escrita p
a coleção Curso de Matemática – Ci
e, no f
omo observo nas páginas que s , os três volumes tiveram várias ediçõe
946 até 1962. De modo geral, os c eúdos abordados na coleção correspo
queles atualmente presentes nos livros idáticos de Matemática do Ensino Médio, o
ue me motiva a fazer uma observaçã écadas se passaram e pouco foi mud
onteúdo de Matemática a ser ensinad s escolas brasileiras.
O PARA O COLÉGIO
Essa coleção destinada ao ensino de Matemática no “colégio”, ao longo de suas
ediçõe
1943”, que expedia então os
“programas de Matemática dos cursos clássico e científico do ensino secundário”
(VECHIA e LORENZ, 1998, p. 365). Essa referência foi alterada em 1951, obrigando
s/tiragens, pode ser também dividida em duas partes, da mesma forma que
ocorreu para o “ginásio”, como havia comentado anteriormente. Poderia até afirmar
que Maeder acabou escrevendo duas coleções distintas para o ciclo colegial. No caso
da Matemática para o colégio a coleção Curso de Matemática tem como referência a
“Portaria Ministerial n
o
. 177, de 16 de março de
171
Maeder e a Edições M
temática conform
ei a comentar, s
de Matemática pa
elho r a
e Ma e
. 996 de 2 de outubr 1951. Um
oltar érie s m
nsino
2.5.1 C rso de Matemática – 1º. livro – colégio
As observações que faço aqui se referem ao livro publicado no ano de 1961 pela
ramentos a elabo
Portaria n
o
por série, essa
ra o “colegial”.
arem uma nova coleç
o de
odificações no pr
ão. Era o program
pouco adiante
ograma destinado ao
d
v
e
u
Edições Melhoramentos, correspondente a 14ª. edição. São 280 páginas e, conforme
destacado já na abertura do livro, está “de acordo com os programas oficiais”.
TABELA 11 EDIÇÕES DO 1º. ANO COLEGIAL
Edição Data da publicação Quantidade
1ª. Mai./1946 3 000
2ª. Mar./1947 5 000
3ª. Mar./1948 5 000
4ª. Mar./1949 6 000
5ª. Mar./1950 10 000
6ª. Mar./1951 10 000
7ª. Mar./1953 10 000
8ª. Dez./1953 10 000
9ª. Jul./1954 12 000
10ª. Jan./1954 6 000
11ª. Dez./1956 12 000
12ª. Jan./1958 12 000
13ª. Mar./1959 10 000
14ª. Nov./1960
85
5 000
15ª. Fev./1962 4 000
85
Essa edição aparece com a data de 1961.
172
A partir dos dados fornecidos pela Edições Melhoramentos, elaborei o quadro
livro teve, ao todo, 15 edições, no período de 1946 a 1962.
es dados, foi possível acrescentar à tabela (ver TABELA 11) uma coluna
itora em cada uma das edições.
antiveram, em um patamar que pode ser considerado elevado para a época. O gráfico de
olunas (ver GRÁFICO 1) ilustra esse “desempenho” quanto à quantidade de tiragens
desse livro ao longo de todas as suas edições
anterior, observando que esse
Em relação a ess
contendo a quantidade de tiragens feitas pela ed
Observando na tabela o período que vai da 4ª. edição (Mar./1949) até a 13ª. edição
(Mar./1959), os números que correspondem às tiragens dão indícios da aceitação da obra
de Maeder. Foram 10 anos em que as tiragens feitas pela editora praticamente se
m
c
.
GRÁFICO 1 – SOBRE A QUANTIDADE DE IMPRESSÕES: 1ª. SÉRIE
0
. 2ª. 3ª.
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
. 5ª. . 7ª. 8ª. . 10ª. 11ª. 12ª. 13ª. 14ª. 15ª.
Conforme pode ser observado no programa que transcrevo mais adiante, os assuntos
abordados se referem aos conteúdos que atualmente estão presentes no Ensino Médio,
alguns da 1ª. série, outros da 2ª. série e ainda o caso das cônicas que, normalmente, são
estudadas ao longo da 3ª. série, com uma pequena diferença dada ao tratamento geométrico
no livro de Maeder. Nos livros atuais, a abordagem para cônicas é via Geometria Analítica,
em que o destaque é dado às equações dessas curvas em um plano cartesiano.
173
Algo que chama a atenção na leitura que faço do programa do primeiro livro
(utilizo como referência a 14ª. edição de 1961) é a ênfase dada à Geometria. Isso também
pode ser constatado pelo número de páginas destinadas ao estudo dela: são 186 páginas ao
todo. O
conteú
tratam
estes d
ditado Matemática, de
um mo
ade é o nome do teorema que se refere à secção determinada numa
superfí
revolu
uma h
quand
presente no livro de Maeder que não é normalmente encontrado em
livros didático
o primeiro ca
aproximações
com as opera rros pode ser encontrado nos
livros
da disc
“divisã
aritmé
de algarismos do quociente; toma-se no divisor, a partir do primeiro
garismos tal que contenha o
do divisor
aluno, ao entrar na 1ª. série do curso colegial da época, deparava-se com um
do fortemente ligado à Geometria na disciplina de Matemática. Com isso, havia um
ento acentuadamente axiomático, em que definições eram seguidas de postulados e
e teoremas e suas demonstrações. Observo apenas que esse era um procedimento
pelo programa de Matemática. Atualmente os livros didáticos de
do geral, procuram deixar o estudo da Geometria para a 2ª. série do Ensino Médio.
Uma curiosid
cie cônica de duas folhas: Teorema de Dandelin
86
. “A seção de um cone de
ção por um plano é uma elipse, quando o plano corta todas as geratrizes; é
ipérbole, quando o plano corta as duas folhas da superfície; é uma parábola,
o o plano secante é paralelo a uma geratriz.” (MAEDER, 1961, p. 267)
Um assunto
s de Matemática no Ensino Médio, nos dias atuais, refere-se ao que compõe
pítulo: noções sobre o cálculo aritmético aproximado. É um estudo sobre
e erros. Esse assunto também aparece no capítulo seguinte, relacionado
ções. Observo que o conteúdo referente a e
atuais de Física, no Ensino Médio, o que indica uma migração ocorrida de assunto
iplina de Matemática para a disciplina de Física. O autor paranaense, ao falar de
o abreviada” relacionada à aproximação, enuncia uma regra para essa operação
tica:
Procura-se o número
algarismo significativo à esquerda, tantos algarismos quantos são o do quociente, mais dois;
toma-se no dividendo e na mesma ordem, um número de al
divisor modificado pelo menos uma vez e menos de dez vezes.
Efetuam-se as divisões parciais, suprimindo-se sucessivamente o último algarismo
em vez de se considerar um algarismo do dividendo à direita de cada resto; assim prossegue-
se, até que se obtenham todos os algarismos que deve ter o quociente. (MAEDER, 1961, p. 27)
86
EVES (1997, p. 218) menciona que esse teorema na verdade tem dois autores, Adolphe Quetelet
(1796-1874) e Germinal Dandelin (1794-1847).
174
FIGUR
ação extraio do
vro de Maeder. Se atualmente nos livros didáticos a opção na ordem desses assuntos
normalmente é iniciar com equações exponenciais e só então abordar o assunto
logaritmos, o livro da 1ª. série do ciclo colegial segue exatamente o inverso. Somente
após o estudo de logaritmos é que o autor propõe o desenvolvimento de procedimentos
de resolução de equações exponenciais. Isso evidencia, em relação à história dos
saberes escolares, uma mudança que suscita questões como, por exemplo: qual
encaminhamento é mais adequado?, ou aind que se deve essa dança?
Assim como ocorreu com as quatro séries do ciclo ginasial, Maeder também
ve de escrever duas diferentes coleções de matemática para o ensino colegial. O
QUAD udanças
acentuadas no programa.
Para, talvez, esclarecer tal “regra”, Maeder apresenta um exemplo (ver
A 72).
FIGURA 72 – REGRA PARA APROXIMAÇÕES
Ao tratar dos assuntos logaritmos e exponenciais, outra observ
li
a, a mu
te
RO 23, elaborado a partir de duas edições da 1ª. série, evidenciam m
175
QUADRO 23 – COMPARAÇÃO ENTRE ÍNDICES DA 1ª. SÉRIE (1946 E 1961)
Programa: 1ª. edição – 1946
Programa: 14ª. edição – 1961
Aritmética Te
Capítulo I: Ad
Capítulo II: Su
Capítulo III: Multiplicação de números inteiros.
Capítulo IV: Divisão de números inteiros.
Capítulo V: Potenciação de números inteiros.
Capítulo VI: Radiciação de números inteiros.
Capítulo VII: Sistemas de numeração.
Capítulo VIII:
Capítulo IX: M
Capítulo X: M
Capítulo XI: N
Capítulo XII: Os números fracionários.
Capítulo XIII: Números decimais.
Capítulo XIV: Noções sobre cálculo numérico
aproximado.
Álgebra - Uni
Capítulo XV:
algébricas sob
Capítulo XVI:
Capítulo XVII: Identidade de polinômios.
Capítulo XVIII: Divisão por
órica - Unidade I
ição de números inteiros
btração de números inteiros.
A divisibilidade numérica.
áximo divisor comum.
ínimo múltiplo comum.
úmeros primos.
dade II
Os polinômios – operações
re polinômios
Divisão de polinômios.
O trinômio do 2º. grau –
em fatores – sinais.
Inequações do 2º. grau.
N
Capítulo I: Noções sobre o cálculo aritmético
aproximado.
números aproximados.
Capítulo III: Progressões aritméticas.
Capítulo IV: Progressões geométricas.
ogaritmos.
Capítulo VI: Equações exponenciais simples.
Capítulo VII: Reta e plano.
Capítulo II: Operações com
Capítulo V: L
Capítu
Capítulo X: Prismas.
geral.
Capítulo XIII:
Capítulo
Capítu
Capítulo X
Capítulo XVIII: Parábola.
a
x
±
Unidade III
Capítulo XIX:
decomposição
Capítulo XX:
Capítulo XXI: oção de variável e de função.
Capítulo XXII: Variação do trinômio do 2º. grau;
representação gráfica.
Capít
contin
ulo XXIII: Noções elementares sobre
uidade e sobre máximos e mínimos.
Geometria - Unidade IV
Capítulo XXIV: O plano e a reta no espaço.
Capítulo XXV: Diedros. Planos perpendiculares
entre si.
Capítulo XXVI: Ângulos poliédricos.
Capítulo XXVII: Os poliedros.
Capítulo XXVIII: Volumes dos poliedros.
Capítulo XXIX: Poliedros regulares.
Enquanto na edição de 1946 os conteúdos eram distribuídos em três blocos de
conhecimentos matemáticos (Aritmética, Álgebra e Geometria), a edição de 1961
distribui seus temas em Álgebra e Geometria, propondo ainda o estudo de Geometria
Analítica. Apenas alguns capítulos s
lo VIII: Diedros e triedros. Ângulos sólidos.
Capítulo IX: Os poliedros.
Capítulo XI: Pirâmides.
Capítulo XII: Estudo sucinto das superfícies em
Cilindros.
Capítulo XIV: Cones.
XV: Esfera.
lo XVI: Elipse.
VII: Hipérbole.
Capítulo XIX: As seções cônicas.
ão comuns nessas duas edições (ver capítulos
, XXVI e XVII da edição de
1946 (ver capa do livro na FIGURA 75) são apresentados nos capítulos VII, VIII e IX
da edição de 1961 (ver capa do livro na FIGURA 73).
sublinhados no QUADRO 23): os capítulos XXIV, XXV
176
FIGURA 73 – CAPA DA 1ª. SÉRIE DO CURSO COLEGIAL: 1961
177
FIGURA 74 – PÁGINA INICIAL DA 1ª. SÉRIE DO CURSO COLEGIAL: 1961
178
FIGURA 75 – CAPA DA 1ª. SÉRIE DO CURSO COLEGIAL: 1946
179
FIGURA 76 – PÁGINA INICIAL DA 1ª. SÉRIE DO CURSO COLEGIAL: 1946
180
tica para a 1ª. série do
iclo colegial,
artir da com autor paranaense
UADRO 2
echia e Lore
Nesses dois momentos distintos do ensino de Matemá
Maeder se mantém fiel ao programa oficial. Isso pode ser constatado a
paração entre os programas existentes nos livros do
3) e os presentes no QUADRO 24, elaborados a partir do trabalho de
nz (1998).
ADRO 24 – PROGRAMA OFICIAL PARA O COLÉGIO – 1ª. SÉRIE: 1946
Curso Clássico
Curso Científico
tica Teórica
divisibilidade numérica: 1. Teoremas
ivisibilidade. 2. Caracteres de
. Teorias do m.m.c. e m.d.c. 4.
os; aplicações.
a
– Os polinômios: 1. Operações
e polinômios. 2. Teoria da divisão de
Divisão de um polinômio inteiro em
Aritmética Teórica
Unidade I – As operações aritmétic
1. Teoria da adição, da subtração, da m
da divisão, da potenciação e da ra
2. Sistemas de numeração.
Unidade II – A divisibilidade numérica
gerais sobre divisibilidade. 2.
divisibilidade. 3. Teorias do m.d.c. e
Teoria dos números primos: aplicações.
c
p
(Q
V
QU
Aritmé
Unidade I – A
gerais sobre d
divisi ade. 3
Teoria dos números prim
Álgebr
Unidade II
algébricas sobr
polinômios. 3.
x por
bilid
a
x
±
;
a
x
±
regra e dispositivo prático de Briot-
Ruffini.
Unid
Decomposição em fatores de 1º. grau; sinal do
variável e de função; variação do trinômio do 2º.
Geometria
tronc
as fundamentais:
ultiplicação,
diciação de inteiros.
ade III - O trinômio do 2º. grau: 1.
trinômio; desigualdade do 2º. grau. 2. Noção de
grau; representação gráfica.
Unidade IV – O plano e a reta no espaço: 1.
Determinação de um plano. 2. Intersecção de planos
e retas. 3. Paralelismo de retas e planos. 4. Reta e
plano perpendiculares. 5. Perpendiculares e oblíquas
de um ponto a um plano. 6. Diedros; planos
perpendiculares entre si. 7. Noções sobre ângulos
poliedros.
Unidade V – Os poliedros: 1. Noções gerais. 2.
Estudo dos prismas e pirâmides e respectivos
2. Noções sobre cálculo numérico aproximado. Erros.
Álgebra
algébricas sobre polinômios. 2. Teoria da divisão de
dos coeficientes a determinar identidades clássicas. 4.
Divisão de um polinômio inteiro em x por ;
regra e dispositivo prático de Briot-Ruffini.
Unidade V – O trinômio do 2º. grau: 1.
Decomposição em fatores do 1º. grau; sinais do
trinômio, inequações do 2º. grau. 2. Noção de
variável e de função; variação do trinômio do 2º.
grau; representação gráfica. 3. Noções elementares
sobre continuidade e sobre máximos e mí
: 1. Teoremas
Caracteres de
do m.m.c. 4.
Unidade III – Os números fracionários: 1. Teoria
das operações aritméticas sobre números fracionários.
Operações, abreviaturas.
Unidade IV – Os polinômios: 1. Operações
polinômios. 3. Identidade de polinômios; métodos
os; áreas e volumes desses sólidos.
Geometria
Unidade VI – O plano e a reta no espaço: 1.
Determinação de um plano. 2. Intersecção de planos e
retas. 3. Paralelismo de retas e planos. 4. Reta e plano
perpendiculares. 5. Perpendiculares e oblíquas de um
ponto a um plano. 6. Diedros; planos perpendiculares
nimos.
entre si. 7. Ângulos poliedros; estudo especial dos
triedros.
Unidade VII – Os poliedros: 1. Noções gerais. 2.
Estudos dos prismas e pirâmides e respectivos
Teorema troncos; áreas e volumes desses sólidos. 3.
de Euler; noções sobre os poliedros regulares.
181
a escrita havia ainda uma preocupação maior por parte do
au ão do livro. A Portaria Ministerial de 1946 previa
do ensino de Matemática: o clássico e o científico.
C ra o programa do clássico adicionando-se alguns
or em, que a parte sublinhada traz os tópicos do
pr não estavam no programa do clássico), Maeder
simplesmente escrevia de acordo com a modalidade do curso científico. Assim seu
liv odalidades
87
. Faço tal afirmação com base na
comparação entre os conteúdos que estão no livro de Maeder e aqueles que estão
in ficial.
OGR MA OFICIAL PARA O COLÉGIO – 1ª. SÉRIE: 1951
aritmético aproximado; erros.
ros em geral; corpos redondos usuais;
es.
s; definições e propriedades fundamentais.
Na primeira fase dess
tor paranaense quando da elaboraç
is programas diferentes para o
omo o programa para o científico e
picos (observar o quadro anteri
ograma do científico que
ro poderia ser utilizado nas duas m
dicados no programa o
QUADRO 25 – PR A
Noções sobre cálculo
Progressões.
Logaritmos.
Retas e planos; superfícies e polied
definições
e propriedades; áreas e volum
Seções cônica
Já na segunda fase
resenta-se de forma sucinta o
da 1ª. série para o colégio conforme portaria de 1951,
ap programa para o ensino de Matemática (ver QUADRO
25). Assim como ocorreu na primeira fase do colégio, Maeder também segue o
programa, embora a comparação fique um pouco prejudicada pelo fato do programa
oficial ser muito resumido. Observo, no entanto, que nessa última fase do colégio não
há qualquer menção de programas para o clássico e o científico.
87
Para diferenciar as duas modalidades de ensino no mesmo livro, Maeder destacava, no índice, em
negrito, os assuntos de Matemática que eram destinados somente para o curso científico.
182
2.5.2 Curso de Matemática – 2º. livro – colégio
FIGURA 77 – CAPA DA 2ª. SÉRIE DO CURSO COLEGIAL: 1951
183
FIGURA 78 – PÁGINA INICIAL DA 2ª. SÉRIE DO CURSO COLEGIAL: 1951
184
FIGURA 79 – CAPA DA 2ª. SÉRIE DO CURSO COLEGIAL: 1955
185
FIGURA 80 – PÁGINA INICIAL DA 2ª. SÉRIE DO CURSO COLEGIAL: 1955
186
As duas capas dos livros destinados à segunda série (ver FIGURAS 77 e 79)
representam não apenas duas edições (4ª. edição de 1951 e 6ª. edição de 1955,
respectivamente) que são diferentes apenas no tom de azul. São dois livros diferentes
no que se refere aos conteúdos de Matemática que eram encaminhados para a 2ª. série
do ensino colegial.
2ª. série – 1ª. a 4ª. edição
0ª. edição
lo I: Progressões aritméticas
lo II cas
s
I T
X: Ap
uações lineares
lo X
o
lo XXIII: Resolução de triângulos retângulos
lo XXIV: Resolução de triângulos
ngulos
lo XXV: Aplicações imediatas à topografia
Capítulo I: Análise combinatória simples
Capítulo
C
C
C
C
d
C
d
ométricas dos arcos
métricas
C
t
C
s
C
Assuntos que antes eram destinados
QUADRO 26 – COMPARAÇÃO ENTRE INDICES DA 2ª. SÉRIE (1951 E 1955)
2ª. série – 5ª. a 1
: Progressões geométri
pítulo III: Noção de função exponencial e de sua
ção inversa
pítulo IV: Teoria dos logaritmos
pítulo V: Resolução de algumas equaçõe
ponenciais
pítulo VI: Noções sobre análise combinatória
pítulo VII: Binômio de Newton
pítulo VII : eoria dos determinantes
pítulo I licação dos determinantes aos
temas de eq
pítulo X: Noções sobre frações contínuas
pítulo XI: Noções sobre geração e classificação
s superfícies
pítulo XII: Estudo do cilindro e do cone
pítulo XIII: Estudo da esfera
IV: Vetores
pítulo XV: Projeções
pítulo XVI: Generalização das noções de arco e de
gulo
pítulo XVII: Funções circulares ou trigonométricas
pítulo XVIII: Redução ao primeiro quadrante
pítulo XIX: Relações entre as funções circulares de
mesmo arc
pítulo XX: Transformações trigonométricas
pítulo XXI: Uso das tábuas trigonométricas
pítulo XXII: Equações trigonométricas
p
II: Binômio de Newton
apítulo III: Determinantes
apítulo IV: Sistemas de equações lineares
apítulo V: Noções sobre vetores
apítulo VI: Projeções
C
C
apítulo VII: Generalização dos conceitos de arco e
e ângulo
apítulo VIII: Linhas e funções trigonométricas
iretas
d
apítulo IX: Relações entre as linhas trigonométricas
e um mesmo arco
apítulo X: Redução ao primeiro quadrante
apítulo XI: Linhas trigon
C
C
Capítulo XII: Transformações trigono
apítulo XIII: Disposição e uso das tábuas
rigonométricas
apítulo XIV: Equações trigonométricas simples
apítulo XV: Resolução de triângulos retângulo
apítulo XVI: Resolução de triângulos quaisque
C
ao ensino de Matemática na 2ª. série,
utra série. Exemplo disso pode ser
Capítu
Capítu
Ca
fun
Ca
Ca
ex
Ca
Ca
Ca
Ca
sis
Ca
Ca
da
Ca
Ca
Capítu
Ca
Ca
ân
Ca
Ca
Ca
um
Ca
Ca
Ca
Ca ítu
Capítu
obliquâ
Capítu
r.
conforme edição de 1951, migraram para o visto
comparando-se os títulos dos capítulos nessas duas edições. Assim, desapareceram
dessa série os assuntos “progressões aritméticas”, “progressões geométricas”, “noção
187
sobre função exponencial e sua inversa”, “teoria dos logaritmos”, “resolução de
algumas equações exponenciais”, “estudo do cilindro e do cone”, “estudo da esfera” e
“aplicações imediatas à topografia” (ver capítulos sublinhados no QUADRO 26).
Nenhum outro assunto que antes estava em outras séries migrou para a nova 2ª. série
do ciclo colegial. Observando o quadro anterior, é possível concluir que todos os
assuntos que estão na edição de 1955 também estão na edição de 1951. Houve, nesse
sentido, uma simplificação, melhor dizendo, uma redução de conteúdos. Fisicamente,
as duas fases produziram livros também diferentes no tocante ao número de páginas.
Enquanto o da 4ª. edição tem 413 páginas, o da 6ª. edição tem apenas 245 páginas.
Os dados abaixo (ver TABELA 12 e GRÁFICO 2) mostram a extensã
trabalho de Maeder, principalmente no período que vai de 1949 até 1959, conf
d iv
em duas partes. A primeira compreende as quatro primeiras edições e estão em
ormida rtaria Ministerial n
. 177 de 16 de março de 1943, que expedia
ogram ecundá
segunda pa dições e seguiam o programa de Mate
orme P
TABELA 12 – EDIÇÕES DO 2º. ANO COLEGIAL
0
6ª. Fev./1955 10 000
7ª. Nov./1956 8 000
8ª. Jan./1958 10 000
o do
orme já
observa ididas
conf
os pr rio. A
mática
conf
o anteriormente no livro da 1ª. série. São dez edições que podem ser d
de com a Po
o
as de Matemática dos cursos clássico e científico do ensino s
rte compreende as demais e
ortaria n
o
. 996 de 2 de outubro de 1951.
Edição Data de publicação Tiragem
1ª. Abr./1947 5 000
2ª. Mai./1948 5 000
3ª. Jun./1949 10 000
4ª. Mar./1951 10 000
5ª. Dez./1953 10 00
9ª. Fev./1959 8 000
10ª. Fev./1962 3 000
188
GRÁFICO 2 – SOBRE A QUANTIDADE DE IMPRESSÕES – 2ª. SÉRIE
2ª. série colegial
0
5000
10000
15000
. . . . . . . . . 10ª.
A partir da obra de Maeder, postulo ser possível compreender como eram os
conteúdos de Matemática da 2ª. série, no tocante às duas modalidades de colégio existentes
na época: os chamados “curso clássico” e o “curso científico”. Como disse anteriormente,
foram duas fases. A partir de uma transcrição do livro correspondente a 4ª. edição desses
programas apresentados por Maeder já nas páginas iniciais, podem-se observar diferenças e
semelhanças no quadro comparativo (ver QUADRO 27).
Esses dois programas são transcrições fiéis dos programas de Matemática para essas
duas modalidades do ciclo colegial conforme comparação com o que diz o trabalho de
VECHIA e LORENZ (1998, p. 365-367). Isso evidencia que o livro de Maeder segue o
programa oficial.
A comparação entre esses dois programas permite observar diferenças e
semelhanças. De modo geral, o programa destinado ao ensino clássico está presente naquele
que corresponde ao ensino científico, com ampliações. Em relação ao que concerne à
“Álgebra”, as diferenças são constatadas no aumento de conteúdos para o “curso científico”.
Há o acréscimo de duas unidades, isto é, de “determinantes” e “frações contínuas”. Além
disso, um tópico é acrescentado na “unidade I”, ou seja, “noção de função exponencial”.
Em “Geometria”, os dois programas não mostram qualquer diferença. Já no que diz respeito
Quantidade de Impressões
189
a “Tr de duas
uni
igonometria”, duas grandes alterações são constatadas pelo acréscimo
dades inteiras: “transformações trigonométricas” e “equações trigonométricas”.
QUADRO 27 – 2ª SÉRIE – 1951 – CLÁSSICO E CIENTÍFICO
Curso Clássico Curso Científico
EBRA
I: Progressões e logaritmos – 1.Estudo das
ssões aritméticas e geométricas. 2. Teoria dos
os; uso das tábuas; aplicações. 3. Resolução
mas equações exponenciais simples.
II: O binômio de Newton – 1. Noções sobre
combinatória. 2. Binômio de Newton.
GEOMETRIA
III: Os corpos redondos – 1. Noções sobre
o e classificação das superfícies. 2. Estudo do
o e do cone; áreas e volumes desses sólidos. 3.
da esfera; área da esfera, da zona e do fuso
os; volume da esfera.
ONOMETRIA
IV: Vetor – 1.Grandezas escalares e vetoriais.
ção de vetor. 3. Resultante ou soma geométrica
res. 4. Vetores deslizantes sobre um eixo;
da algébrica; teorema de Chasles.
V: Projeções – 1. Projeção ortogonal de um
obre um eixo. 2. Teorema de Carnot. 3. Valor
eção de um vetor.
VI: Funções circulares – 1.Generalização
noções de arco e de ângulo; arcos côngruos; arcos
ma origem e extremidades associadas. 2.
s circulares ou trigonométricas: definições,
o, redução ao 1º. quadrante. 3. Relações entre
ões circulares de um mesmo arco. 4. Cálculo
nções circulares dos arcos de 30º , 45º e 60º .
VII: Resolução de triângulos – 1.Relações
os elementos de um triângulo. 2. Uso das tábuas
métricas. 3. Resolução de triângulos
os.
ÁLGEBRA
Unidade I: A função exponencial – 1.Estudo das
progressões aritméticas e geométricas. 2.Noção
função exponencial e de sua função inversa. 3.Te
dos logaritmos; uso das tábuas; aplicações.
4.Resolução de algumas equações exponenciais.
Unidade II: O binômio de Newton – 1.Noções so
análise combinatória. 2.Binômio de Newton.
Unidade III: Determinantes – 1.Teoria dos
determinantes. 2. Aplicação aos sistemas de equaç
lineares; regras de Cramer; teorema de Rouché.
Unidade IV: Frações contínuas – Noções sobre
frações contínuas.
GEOMETRIA
Unidade V: Os corpos redondos – 1.Noções sob
geração e classificação das superfícies. 2.Estudo
cilindro e do cone; áreas e volumes desses sólid
3.Estudo da esfera, área da esfera, da zona e do f
esférico; volume da esfera.
TRIGONOMETRIA
Unidade VI: Vetor – 1.Grandezas escalares e
2.Noção de vetor; eqüipolência. 3. Resultante ou
geométrica de vetores. 4.Vetores deslizantes sob
eixo; medida algébrica; teorema de Chasles.
Unidade VII: Projeções – 1.Projeção ortogonal
vetor sobre um eixo. 2.Teorema de Carnot. 3. Val
projeção de um vetor.
Unidade VIII: Funções circulares – 1.Generalização
das noções de arco e de ângulo; arcos côngruos;
de mesma origem e extremidades associadas.
2.Funções circulares ou trigonométricas: defini
variação, redução ao primeiro quadrante. 3.Relações
entre as funções circulares de um mesmo arco.
4.Cálculo das funções circulares dos arcos
n
p
π
Unidade IX: Transformações trigonométricas
1.Fórmulas de adição, subtração, multiplicação e
divisão de arcos: aplicações. 2.Transformação de
somas em produtos; aplicação ao cálculo numérico.
Uso das tábuas trigonométricas.
Unidade X: Equações trigonométricas – Resolu
discussão de algumas equações trigonométricas
simples.
Unidade XI: Resolução de triângulos - 1.Relações
Á
U
LG
nidade
rogre
logaritm
e algu
Unidade
álise
nidade
geraçã
lindr
Estudo
féric
RIG
nidade
. No
e veto
edi
nidade
etor s
a proj
nidade
as
e mes
unçõe
ariaçã
funç
as fu
nidade
tre
igono
tângul
de p
oria
d
bre
ões
re
do
os.
uso
vetoriais.
soma
re um
de um
or da
arcos
ções,
an
U
ci
es
T
U
2
d
m
U
v
d
U
d
d
F
v
as
d
U
en
tr
re
.
3.
ção e
entre os elementos de um triângulo. 2.Resolução de
triângulos retângulos. 3.Resolução de triângulos
obliquângulos. 4.Aplicações imediatas à topografia.
190
A portaria n
o
. 996 de 2 de outubro de 1951, que só seria encampada na
programação de Matemática dos livros de Maeder a partir da 5ª. edição, em 1954
(dez./1953), nada menciona sobre a existência do curso clássico ou do curso científico.
Simplesmente passa a ser considerado curso colegial.
Os conteúdos presentes nos livros de Maeder estão de acordo com os chamados
programas oficiais, evidenciam diversas mudanças. Essas mudanças, às vezes, podem
representar simplesmente a exclusão de determinados assuntos, outras, acréscimos.
Observo, por exemplo, a partir do programa para o ensino clássico (ver QUADRO 27),
a subordinação do assunto “vetor” ao tema “trigonometria”. Outro exemplo de
subordinação é o estudo das “progressões aritméticas e geométricas” em relação à
“função exponencial”. A propósito, não deixa de ser interessante observar, com um
olhar nos dias atuais, que o assunto “vetor” não aparece em Matemática até o final do
Ensino Médio. Esse é um conteúdo que, devido provavelmente às aplicações, migrou
para a disciplina de Física. Em que momento da história da disciplina de Matemática
isso ocorreu?
Um outro ponto, ainda observando a atualidade, diz respeito também ao assunto
“vetor”. Publicado pela Sociedade Brasileira de Matemática, em fevereiro de 2001, o
livro Exame de textos: análise de livros de Matemática para o Ensino Médio
88
apresenta em seu posfácio uma observação sobre alguns aspectos do encaminhamento
em livros didáticos a respeito dos temas matrizes, sistemas lineares e determinantes,
isto é:
Álgebra Linear. Enquadramos sob esta epígrafe os capítulos matrizes, determinantes e sistemas
lineares. O tratamento deste tópico no livro genérico
89
é provavelmente o mais anacrônico e
mal concebido de todo o programa de Matemática do Ensino Médio. A noção de vetor que,
como já dissemos acima, seria o elemento unificador, esclarecedor e simplificador, não é
mencionada, embora esteja presente nas linhas e colunas das matrizes e nas soluções dos
sistemas.
Os conceitos de combinação e dependência linear também não são mencionados, embora sejam
indispensáveis para explicar os fatos e enunciar as conclusões. Com efeito, uma matriz é
invertível se, e somente se, nenhuma de suas linhas (ou colunas) é combinação linear das
88
Este livro foi organizado por Elon Lages Lima.
89
A denominação dada é referente ao livro, de um modo geral, utilizado no Ensino Médio, mais
precisamente em relação aos livros que foram analisados por uma comissão formada por: Augusto
César Morgado, Edson Durão Júdice, Eduardo Wagner, João Bosco Pitombeira de Carvalho, José
Paulo Quinhões Carneiro, Maria Laura Magalhães Gomes, Paulo Cezar Pinto Carvalho e Elon Lages
Lima.
191
outras. Um sistema linear possui solução se, e somente se, a coluna dos termos independentes é
ombinação linear das colunas da matriz do sistema. Um determinante se anula quando, e
somente quando, uma de suas linhas (ou colunas) é combinação linear das demais. Esta
injustificável omissão evidência a falta de preparo de nossos autores. (LIMA, 2001, p. 465)
Embora possa haver uma discordância, ainda que, em relação à crítica sobre
ausência do assunto “vetores” nos livros didáticos de Matemática (atuais) do
nsino Médio, não deixa de ser importante e pertinente a observação na citação
cima. Compartilho aqui da minha surpresa (devido ao desconhecimento do
ssunto) ao encontrar no livro de Maeder dois capítulos destinados ao estudo de
lgumas noções sobre vetores. Mesmo que o autor não tenha aproveitado tal
ssunto para o encaminhamento de matrizes, determinantes e sistemas lineares, é
portuno observar que, em uma época do ensino de Matemática, houve na
scolarização básica o estudo de vetores. Cabe então a questão: Como ele
esapareceu dos livros didáticos de Matemática? Como hipótese, observo que a
isciplina de Física, em determinado momento de sua história, incluiu em seu
rograma o estudo de vetores. Acredito que isso tenha ocorrido pela utilização
uito mais acentuada nessa disciplina do que na Matemática. Assim, com o passar
o tempo, “vetores” migrou para a disciplina de Física.
Ainda em relação a conteúdos que ao longo da história do saber escolar
ram eliminados no ensino de Matemática, temos presente no livro de Maeder o
eorema de Rouché sobre a discussão de soluções de um sistema de equações
neares, via determinantes. Como hipótese, ouso dizer que a resolução de sistemas
e equações lineares mostrou-se mais simples e prática, sem exageros de regras,
elo método do escalonamento. Dessa forma, o teorema de Rouché desapareceu dos
vros escolares de Matemática.
c
a
E
a
a
a
a
o
e
d
d
p
m
d
fo
T
li
d
p
li
192
2.5.3 C
urso de Matemática – 3º. livro – colégio
FIGURA 81 – CAPA DA 3ª. SÉRIE DO CURSO COLEGIAL: 1948
193
FIGURA 82 – PÁGINA INICAL DA 3ª. SÉRIE DO CURSO COLEGIAL: 1948
194
FIGURA 83 – CAPA DA 3ª. SÉRIE DO CURSO COLEGIAL: 1959
195
FIGURA 84 – PÁGINA INICAL DA 3ª. SÉRIE DO CURSO COLEGIAL: 1959
196
“De acordo com os programas oficiais”, o livro correspondente a 3ª. série do
ciclo colegial teve sua primeira edição em agosto de 1948 (ver FIGURA 81), conforme
dados apresentados pela Edições Melhoramentos, resumidos a seguir (ver TABELA
13). Ao todo, esse volume teve oito edições. Assim como ocorreu nos livros dessa
ma
Edição Data de publicação Tiragem
1ª. Ago./1948 5 000
4ª. Abr./1954 8 000
GRÁFICO 3 – SOBRE A QUANTIDADE DE IMPRESSÕES – 3ª. SÉRIE
6000
000
mes coleção para as duas séries anteriores, também na 3ª. série as edições podem
ser divididas em dois momentos: da 1ª. a 3ª. edição as publicações seguiam a Portaria
Ministerial n
o
. 177, de 16 de março de 1943 e, a partir da. edição, a referência para o
programa, Portaria n
o
. 996 de 2 de outubro de 1951.
TABELA 13 – EDIÇÕES DO 3º. ANO COLEGIAL
2ª. Abr./1949 6 000
3ª. Fev./1951 6 000
5ª. Abr./1955 10 500
6ª. Abr./1957 6 000
7ª. Mar./1959 8 000
8ª. Fev./1962 3 000
Quantidade de Impressões
3ª. série colegial
12
8000
10000
4000
0
2000
. . 3ª. 4ª. . 6ª. 7ª. .
197
relacio
bordados no Ensino Médio, noções de limites, noções também de derivadas, de
convergência.
o de uma função num ponto;
nação da tangente.
Exemplos elementares de descontinuidade de uma função em um ponto. Descontinuidade
5. A equação geral do 2º. grau com duas variáveis e a circunferência de círculo em
Intersecção de retas e circunferências.
rimitivas; interpretações; aplicações.
1. Definição da derivada em um ponto; notações; derivada infinita. Interpretação
geométrica e cinemática da derivada. Diferença e diferencial; interpretação geométrica.
Funções derivadas. Derivada sucessiva.
2. Regras de derivação; derivada de uma constante; de uma função de função; de
funções inversas; da soma, do produto, e do quociente de funções. Aplicação à derivação
de funções elementares.
3. Aplicação da teoria das derivadas ao estudo da variação de uma função. Funções
crescentes e funções decrescentes; máximos e mínimos relativos; interpretação
geométrica.
4. Funções primitivas; integral indefinida; constante de integração. Primitivas imediatas;
regras simples de integração.
Maeder elaborou um livro didático de Matemática formado pelos conteúdos
nados ao estudo de funções, tópicos de Geometria Analítica, que atualmente são
a
integrais, além de conter o estudo de equações algébricas e polinômios. Há uma
novidade em relação à apresentação dos conteúdos. Antes do índice, o autor indica o
que ele chama de “Plano de desenvolvimento dos programas mínimos do ensino
secundário”, conforme discriminado a seguir. Uma outra observação que julgo
interessante para a história dos saberes escolares é a referência aos conteúdos
destinados, por um lado, ao “curso clássico” e, por outro, ao denominado “científico”,
conforme a seguir:
3ª Série – Ciclo Colegial
I – Conceito de função; representação cartesiana; reta e círculo; noção intuitiva de limite e
de continuidade.
1. Conceito elementar de variável e de função. Variável progressiva e variável contínua;
intervalos. Noção intuitiva de limite de uma sucessão; exemplos clássicos elementares;
2. Funções elementares; classificação. Representação cartesiana de uma função e
equação de uma curva. Curvas geométricas e curvas empíricas; noção intuitiva de
continuidade. Representação gráfica de funções usuais; função exponencial, função
logarítmica e funções trigonométricas diretas. Acréscim
funções crescentes e funções decrescentes. Tangente; incli
3. Limite de variáveis e de funções; limites infinitos. Propriedades fundamentais.
das funções racionais fracionárias.
4. A função linear e a linha reta em coordenadas cartesianas. Parâmetro angular e
parâmetro linear. Formas diversas da equação da linha reta. Representação
paramétrica; área de um triângulo em função das coordenadas dos vértices. Os
problemas clássicos de inclinação, intersecção, passagem e distância, relativos à linha
reta.
coordenadas cartesianas. Formas diversas da equação da circunferência de círculo.
II – Noções sobre derivadas e p
198
5. Integral definida. Aplicação ao cálculo de áreas e de volumes; exemplos elementares.
III – Introdução à teoria das equações; polinômios; propriedades; divisibilidade por
a
x
±
;
roblemas de composição, transformação e pesquisa de raízes; equações de tipos especiais.
coeficientes a
p
1. Polinômios de uma variável; identidade. Aplicação ao método dos
eterminar. Divisibilidade de um polinômio inteiro em x por
a
x
± ; regr
d
p
a e dispositivo
rático de Ruffini. Fórmula de Taylor para os polinômios; algoritmo de Ruffini-Horner.
. Polinômios e equações algébricas em geral; raízes ou zeros. Conceito elementar de
número complexo; forma binomial; complexos conjugados; módulo; representação
eométrica. Operações racionais. Decomposição de um polinômio em fatores binômios;
número de raízes de uma equação; raízes múltiplas e raízes nulas. Raízes complexas
onjugadas. Indicação sobre o número de raízes reais contidas em um dado intervalo;
orema de Bolzano; conseqüências.
. Relações entre os coeficientes e as raízes de uma equação; aplicação à composição das
quações. Propriedades das raízes racionais inteiras e fracionárias.
. Transformação das equações, transformações de primeira ordem; aditivas,
ultiplicativas e recíprocas.
5. Equações recíprocas; classificação; forma normal; abaixamento do grau.
. Cálculo das raízes inteiras. Determinação das cotas pelo método de Laguerre-Tibault.
egras de exclusão de Newton. Algoritmo de Peletarius.
bservação – Os parágrafos em negrito destinam-se somente ao curso científico; os
emais são comuns ao curso clássico e ao científico. (MAEDER, 1959, p. 4-6)
observação feita ao final da citação evidencia o procedimento de Maeder e
sua editora de fazer um mesmo livro para ser utilizado tanto no “curso clássico”
quanto no “curso científico” para o ciclo colegial. A diferença entre essas duas
modalidades está (é o que posso inferir a partir da programação acima) na existência
de mais conteúdos para o “científico”.
ssim como foi feito para o livro da 2ª. série, procedo com um quadro
comparativo entre os conteúdos, observando os índices de duas edições: 1ª. e 7ª. (ver
QUADRO 28); como já afirmei edições pertencentes a dois diferentes momentos da
escolarização de nosso país na disciplina de Matemática.
essas duas edições, algumas alterações são quase imperceptíveis. Um exemplo
disso é o tratamento dado ao assunto “limites”, que foi mudado da 1ª. para a 7ª. edição
(conforme QUADRO 28) no sentido de evidenciar esse estudo na última dessas
edições, situando-o mais em funções do que em séries. Também pode ser observada
uma valorização no estudo de funções, como pode ser visto na preocupação de Maeder
em destinar os cinco primeiros capítulos da 7ª. edição para abordar “funções” e “limite
de fun eiros capítulos eram destinados ao estudo de
séries e limites de “séries” e, somente no terceiro capítulo que se aborda “funções”.
2
g
c
te
3
e
4
m
6
R
O
d
A
A
N
ções”. Já na 1ª. edição, os dois prim
199
Nesse havia sido capítulo é que Maeder aborda, após uma retomada de “funções” (já
estudada na 1ª. série do colegial), “limites de funções”.
QUADRO 28 – COMPARAÇÃO ENTRE ÍNDICES DA 3ª. SÉRIE (1948 E 1959)
1ª. edição – 1948 7ª. edição – 1959
ítulo I: Sucessões: cálculo aritmético dos limites.
Capítulo II: Séries numéricas
pítulo III: Função de uma variável real
ítulo IV: Derivadas: interpretação geométrica e
cinemática
pítulo V: Cálculo das derivadas
pítulo VI: Derivação das funções elementares
pítulo VII: Derivadas sucessivas
Capítulo VIII: Aplicação das derivadas ao estudo da
ação de algumas funções simples
ítulo IX: Números complexos
ítulo X: Operações sobre números complexos
ítulo XI: Representação trigonométrica e
exponencial dos números complexos. Aplicação
ítulo XII: Propriedades gerais dos polinômios.
Equações algébricas
ítulo XIII: Noções sobre transformações das
equações
ítulo XIV: Equações recíprocas
ítulo XV: Equações de raízes iguais
ítulo XVI: Relações métricas
pítulo XVII: Potência de um ponto; eixos radicais;
anos radicais
Capítulo XVIII: Deslocamentos; translação; rotação;
metria
ítulo XIX: Homotetia e semelhança
pítulo XX: Inversão pelos raios vetores recíprocos
ítulo XXI: Curvas usuais
ítulo XXII: As seções cônicas
pítulo XXIII: Definição e propriedades
fundamentais da hélice cilíndrica
ítulo XXIV: Noções fundamentais de Geometria
alítica
pítulo XXV: Distância de dois pontos. Ponto que
divide um segmento numa razão dada
Capítulo XXVI: Determinação de uma direção.
ngulo de duas direções
pítulo XXVII: Lugares geométricos. Equação dada
ítulo XXVIII: Equação do círculo
pítulo XXIX: Equações reduzidas da elipse, da
pérbole e da parábola.
Capítulo I: Conceito elementar de variável e de
– Limite de uma sucessão
Capítulo II: Funções elementares – representação
cartesiana
Capítulo III: Representação gráfica de funções us
Capítulo IV: Acréscimo de uma função – funções
crescentes e funções decrescentes
Capítulo V: Limite de variáveis e de funções
Capítulo VI: A função linear a linha reta em
coordenadas cartesianas
Capítulo VII: Representação paramétrica – área de um
triângulo em função das coordenadas dos vértices
Capítulo VIII: Problemas relativos à linha reta
Capítulo IX: A equação geral do 2º. grau com dua
variáveis e a circunferência de círculo
Capítulo X: Noções sobre derivadas
Capítulo XI: Regras de derivação
Capítulo XII: Derivação das funções elementares
Capítulo XIII: Aplicações da teoria das derivadas
estudo da variação de uma função
Capítulo XIV: Funções primitivas; integral indefi
Capítulo XV: Integral definida; aplicação ao cálculo
de área e volumes
Capítulo XVI: Polinômios de uma variável
Capítulo XVII: Divisibilidade de um polinômio in
em x por x+a
Capítulo XVIII: Propriedades dos polinômios;
fórmula de Taylor; Algoritmo de Ruffini-Horner
Capítulo XIX: Polinômios e equações em geral;
números complexos
Capítulo XX: Decomposição de um polinômio;
de uma equação
Capítulo XXI: Relações entre os coeficientes e as
raízes de uma equação
Capítulo XXII: Transformação das equações
Capítulo XXIII: Equações recíprocas
Capítulo XXIV: Cálculo das raízes inteiras
Algumas mudanças são significativas (no QUADRO 28 os capít
Cap
Ca
Cap
Ca
Ca
Ca
vari
Cap
Cap
Cap
Cap
Cap
Cap
Cap
Cap
função
uais
n
s
ao
ida
Ca
pl
tesi
Cap
Ca
Cap
Cap
Ca
Cap
an
Ca
Â
Ca
Cap
Ca
hi
iro
raízes
los
ublinhados representam assuntos não comuns a essas duas edições). Uma delas diz
speito ao assunto “cônicas”. Enquanto na 1ª. edição o autor destina os capítulos XXI
u
s
re
200
e XX ado. Outra
mudança, também da 1ª. para a 7ª. edição é a exclusão de outros capítulos inteiros.
Nesse caso, desaparecem os seguintes: capítulo XVI - Relações métricas; capítulo
XVII - Potência de um ponto; eixos radicais; planos radicais; capítulo XVIII -
Deslocamentos; translação; rotação; simetria; capítulo XIX-Homotetia e semelhança;
capítulo XX - Inversão pelos raios vetores recíprocos. Alguns assuntos, embora com
títulos diferentes no quadro anterior, sofreram pequenas transformações. Um exemplo
disso pode ser observado no tratamento dado ao estudo de “limites”, outro exemplo é a
forma como foi encaminhado nos dois livros o assunto “números complexos”:
enquanto na edição de 1948 são destinados três capítulos inteiros ao assunto, na edição
de 1959 o mesmo assunto aparece subordinado ao estudo de “polinômios” e “equações
algébricas”, em um único capítulo.
Quanto ao programa oficial, será que os livros de Maeder seguem fielmente?
Nos dois momentos (ver os dois próximos quadros elaborados com base no trabalho de
VECHIA e LORENZ, 1998), o autor paranaense escreve conforme os programas
oficiais, mesmo não fazendo as mesmas divisões “ditadas” por eles.
QUADRO 29 – PROGRAMA OFICIAL – 3ª. SÉRIE : 1942
Curso Clássico
Curso Científico
IX (ao todo são 38 páginas), na 7ª. edição esse assunto não é abord
Álgebra
Unidade I – Funções: 1. Noção de função de variável
real. 2. Representação cartesiana. 3. Noção de limite e
de continuidade.
Unidade II – Derivadas: 1. Definição: interpretação
geométrica e cinemática. 2. Cálculo das derivadas. 3.
Derivação das funções elementares. 4. Aplicação à
determinação dos máximos e mínimos e ao estudo da
variação de algumas funções simples.
Geometria
Unidade III – Curvas usuais: 1. Definição e
propriedades fundamentais da elipse, da hipérbole e da
parábola. 2. As seções cônicas. 3. Definição e
propriedades fundamentais da hélice cilíndrica.
Geometria Analítica
Unidade IV – Noções fundamentais: 1. Concepção de
Descarte 2. Coordenadas: abscissas sobre a reta;
coorden as retilíneas no plano. 3. Distância de dois
pontos; nto que divide um segmento numa razão
dada. 4. Determinação de uma direção; ângulos de
uas direções.
Álgebra
Unidade I – Séries: 1. Sucessões. 2. Cálculo
aritmético dos limites. 3. Séries numéricas. 4.
Principais caracteres de convergências.
Unidade II – Funções: 1. Função de uma variável real.
2. Representação cartesiana. 3. Continuidade; pontos
de descontinuidade de uma função racional.
Unidade III – Derivadas: 1. Definição; interpretação
geométrica e cinemática. 2. Cálculo das derivadas. 3.
Derivação das funções elementares. 4. Aplicação à
determinação dos máximos e mínimos e ao estudo da
variação de algumas funções simples.
Unidade IV – Números complexos: Definição;
operações fundamentais. 2. Representação
trigonométrica e exponencial. 3. Aplicação à
resolução das equações binômias.
Unidade V – Equações algébricas: 1. Propriedades
gerais dos polinômios. 2. Relações entre os
coeficientes e as raízes de uma equação algébrica;
aplicação à composição das equações. 3.
Noções sobre transformações das equações recíprocas;
equações de raízes iguais.
s.
ad
po
d
201
QUADRO 29 – PROGRAMA OFICIAL – 3ª. SÉRIE : 1942
Unidade V – Lugares geométricos: 1. Equação natural
de um lugar geométrico; sua interpretação. 2.
Passagem da equação natural para a equação retilínea
retangular. 3. Equação da reta. 4. Equação do círculo.
5. Equações reduzidas da elipse, da hipérbole e da
parábola.
QUADRO 30 - PROGRAMA OFICIAL – 3ª SÉRIE: 1951
Conceito de função; representação cartesiana; reta e círculo; noção intuitiva de limite e de continuidade.
Noções sobre derivadas e primitivas; interpretações; aplicações.
Introdução à teoria das equações; polinômios; propriedades; divisibilidade por
a
x
± ; problemas de
composição, transformação e pesquisa de raízes; equações de tipos especiais.
Após observar, de forma descritiva, esses dois momentos do livro de Maeder em
suas duas edições e efetuar uma comparação entre os programas, a seguir faço alguns
comentários da “leitura” do livro correspondente a 7ª. edição, publicada em 1959.
São, ao todo, 362 páginas de um programa muito extenso conforme pode ser
observado no QUADRO 28, onde detalho o índice desse livro. O programa pode ser
entendido como uma iniciação ao que hoje denominamos cálculo diferencial e integral. O
trabalho com funções é iniciado com seqüências numéricas, mas objetiva o trabalho com
crescimento e decrescimento de funções, de observações gráficas, uma preparação para as
noções de “continuidade” e de “limites”. Isto pode ser constatado, por exemplo, na
representação gráfica da função logarítmica definida por
xy
a
log
=
, conforme gráfico
(ver FIGURA 85) extraído do livro de MAEDER (1959, p. 50).
FIGURA 85 – GRÁFICO DE FUNÇÃO LOGARÍTMICA
202
Após apresentar a função logarítmica, o autor prossegue fornecendo “um
quadro de valores correspondentes das variáveis x e y e a imagem gráfica da função”.
O quadro de valores (ver FIGURA 86) relaciona essas duas variáveis.
FIGURA 86 – RELAÇÃO ENTRE VARIÁVEIS
Quando Maeder trabalha com no capítulo V, há um cuidado em
apresentar os limite ndo os re exemplo dis ratamento dado ao
limite trigonométri
“limites”,
s justifica sultados. Um so é o t
co
s
os, p ilmente lev efeito,
co de circu raio
da da
enx
x
te pr
, quando x tende a zero. (MAEDER, 1959, p. 82-83): “À
primeira vista, o limi ocurado se apresenta sob a forma de indeterminação
0
0
do
idad
etri
, a
qual, como verem oderá ser fac antada. Com representan a
variável o comprimento de um ar nferência de igual à un e,
podemos estabelecer a dupla desigualdade, já conheci Trigonom a,
203
tgx
x
senx pp
, de onde se deduz”:
FIGURA 87 – LIMITE TRIGONOMÉTRICO
Um outro aspecto que observo é o tratamento dado ao estudo de números
complexos que é apresentado com um propósito bem definido: resolução de equações
algébricas. Não é considerado um capítulo à parte como nos atuais livros didáticos de
Matemática do Ensino Médio.
Uma pesquisa que pretende contar parte da história dos livros didáticos de
Matemática busca, entre outras coisas, encontrar elementos que permitam situar o
objeto de pesquisa em relação a fatos históricos, documentos que foram produzidos,
programas das disciplinas que evidenciem e indiquem possíveis alterações que são
perceptíveis. Às vezes, os elementos encontrados são pequenas notas de rodapé.
Outras representam alterações mais profundas e saltam aos olhos do leitor, como
xclusões ou inclusões de assuntos inteiros. O que dizer, então, de encontrar algo que
não se procura e que, certamente, da história da disciplina de
Matemática (ou outra disciplina), passou a constituir elemento constante nos livros
didátic
observ
destina
escola
chama
Engen
Univer
São Pa
Engen Escola Politécnica da Pontifícia Universidade Católica do Rio
de Jan
São Pa ivros tais questões?
Seria a
preparo dos alunos que desejavam ingressar nessas instituições? Outras questões
poderi
em to
Matem
e
em algum momento
os? Pois bem, o elemento encontrado na edição sobre a qual estou aqui fazendo
ações está no final de quatro capítulos, mais precisamente na lista de exercícios
dos aos alunos: questões referenciadas como pertencentes ao ingresso nas
s de Engenharia. Maeder propõe 12 dessas questões que atualmente são
das questões de vestibular. Entre elas aparecem questões da Escola de
haria da Universidade do Paraná (de 1958), Escola de Minas e Metalurgia da
sidade do Brasil – Ouro Preto (de 1955), Escola Politécnica da Universidade de
ulo (de 1955), Escola Nacional de Engenharia (de 1958), Escola Fluminense de
haria (de 1958),
eiro (de 1958) e Faculdade de Engenharia Industrial da Universidade Católica de
ulo (de 1958). Qual o motivo de Maeder incluir em seus l
preocupação de tornar seu livro atraente a tal ponto de ser escolhido para o
am ser levantadas, além da objetividade do autor. Questões que poderiam girar
rno da mudança ou não na forma como um autor conduz os conteúdos de
ática pela inclusão de questões de escolas superiores.
204
o
elabor
(direta e
modifi
Minist
conteú
para a
mudan
colegia
1951. a disciplina
nas es utor escreveu duas coleções
didátic
s gráficos e tabelas apresentados anteriormente dão conta da extensão do
alcance dos livros escritos por Maeder, não apenas em relação às diversas edições,
como também aos números de volumes de cada tiragem. Para se ter uma idéia, basta
calcular a soma das quantidades apresentadas. São 120 000 exemplares da 1ª. série,
79 000 da 2ª. série e 52 500 da 3ª. série; ao todo 251 500 livros apenas dessa coleção.
FIGURA 88 – DUAS COLEÇÕES PARA O COLÉGIO
Dessa “leitura” da coleção Curso de Matemática para o ciclo colegial, poss
ar algumas conclusões. Além de as comparações feitas entre programas
mente dos índices dos livros, por exemplo) evid nciarem profundas
cações ocasionadas pelas alterações “ditadas” por meio das Portarias
eriais, é possível também observar historicamente o desaparecimento de
dos de Matemática como saber escolar, ou até mesmo a migração de conteúdos
disciplina de Física. Os livros de Maeder são documentos que comprovam
ças acentuadas nos conteúdos de Matemática ao longo das três séries do curso
l, principalmente a partir da Portaria Ministerial n
o
. 996 de 2 de outubro de
Essas mudanças mostram dois momentos diferentes do ensino dess
colas brasileiras, o que me leva a afirmar que o a
as diferentes para o colégio, como também já havia feito para o ginásio.
O
1ª. COLEÇÃO PARA O COLÉGIO
205
FIGURA 88 – DUAS COLEÇÕES PARA O COLÉGIO
2ª. COLEÇÃO PARA O COLÉGIO
Após escrever para o “colégi aeder e a editora de São
Melhoramentos) produzem um eção de livros de Matemática. Agora,
objetivo era uma nova modalida omercial básico.
o” M Paulo (Edições
a nova col o
de: ensino c
206
2.6 MATEMÁTICA – CURSO COMERCIAL BÁSICO
o
o
Quase dois anos após a edição do decreto n . 4244 sobre o ensino secundário é a
vez do decreto n
. 6141, que cria o ensino comercial no Brasil. Maeder e a Edições
Melhoramentos publicam, a partir de 1952, uma coleção visando a essa nova
modalidade de ensino. Ver capas dessa nova coleção:
FIGURA 89 – COLEÇÃO PARA O CURSO COMERCIAL BÁSICO
O ensino comercial foi criado
Capanema.
governo de Getúlio Vargas, na Refor
943 é baixado o decreto-lei n
o.
6141,
no ma
Em 28 de dezembro de 1
207
regula ial, no capítulo I
, iz:
ganização e de regime do ensino comercial, que é o
o às seguintes finalidades:
ício de atividades específicas no comércio e bem assim
funções auxiliares de caráter administrativo nos negócios públicos e privados.
2. Dar a candidatos ao exercício das mais simples ou correntes atividades no comércio e na
administração uma sumária preparação profissional.
3. Aperfeiçoar os conhecimentos e capacidades técnicas de profissionais diplomados na forma
desta lei. (Decreto-Lei n
o
6141, 28/12/1943)
Já no capítulo II dessa lei era mencionado que o ensino comercial seria
conduzido em dois ciclos, desdobrando-se em três categorias: cursos de formação,
cursos de continuação e cursos de aperfeiçoamento. O chamado Curso Comercial
Básico estava situado na primeira das três categorias. Configurava-se como o único
curso de formação e teria a duração de quatro anos, destinando-se a “ministrar os
elementos gerais e fundamentais do ensino comercial”, conforme o próprio decreto-lei.
Importante observar que esse curso estava articulado com o então “ensino primário”.
A coleção do autor paranaense para essa modalidade de ensino recebe o título
de Curso Comercial Básico e está dividida em quatro volumes, da 1ª. série a 4ª. série.
Lançada pela Edições Melhoramentos, é a última coleção escrita por Maeder. A 1ª.
série foi publicada, conforme dados da própria editora, em abril de 1952 (1ª. edição)
enquanto a 4ª. série apenas em março de 1959, esse também em sua 1ª. edição.
No volume correspondente a 1ª. série, observei a existência de uma
apresentação a respeito da coleção. Nessa apresentação, o autor procura evidenciar os
objetivos da coleção, o que aparece indicado por “Instruções Metodológicas”. Maeder
divide essas instruções em eiro, fala sobre o ensino de
Matemática e seus doi ial, enquanto no
segundo procura situar eiras séries, observando
como será o desenvolvim as operações elementares e também da
Geometria dedutiva:
I – O ensino de Matemáti
a) atender ao interes es domínios da vida prática,
em particular Curso atinja a finalidade
profissional da formação de auxiliares de escritório;
mentando o ensino comercial. A lei orgânica do ensino comerc
sobre as “finalidades do ensino comercial”
Art. 1º Esta lei estabelece as bases de or
ramo de ensino de segundo grau, destinad
1. Formar profissionais aptos ao exerc
de
d
dois tópicos. No prim
s objetivos para a modalidade do curso comerc
esse ensino ao longo das duas prim
ento das chamad
ca no Curso Comercial Básico terá dois objetivos:
se imediato de sua aplicação nos diferent
aos atinentes à atividade comercial, para que o
208
b) como disciplina da cultura geral, atender ao desenvolvimento espiritual do aluno,
linguagem concisa e precisa.
II – Primeira e segunda séries:
Considerando o grau de desenvolvimento mental do aluno, o ensino na
habituando-o ao rigor do raciocínio dedutivo e à explicação clara do pensamento em
s duas primeiras
ries dará preferência às exigências pedagógicas, sem desprezar, no entanto, os
rincípios lógic desperte em seu espírito a
curiosidade da aplicadas e adquira a
o do alcance e natureza das
operações el
Na segunda lhe os conhecimentos
necessários o, o estudo e medida das
grandezas ge o da geometria dedutiva.
(MAEDER, 1962,
e da coleção,
mos aqui uma preocupação do autor em se dirigir aos alunos e professores sobre as
ece ser o grande objetivo da coleção como um todo: o ensino da
Matemática com a finalidade prática e profissional (“auxiliar de escritório”). Mais uma
vez também observo a preocupação com o ensino da geometria via intuição visando a
um estudo posterior da Geometria dedutiva.
2.6.1 Matemática – 1ª. série – ensino comercial
O livro destinado a teve, ao todo, sete
dos fornecidos pela
os em cada tiragem
manteve-se numa m RÁFICO 4), o que
pode denotar um
p os. Assim é que, nessas séries, far-se-á com que
justificação lógica dos princípios e regras
mobilidade do cálculo abreviado e mental pela compreensã
ementares.
série, o ensino da geometria intuitiva terá por fim dar-
para que possa compreender, no sistema métric
ométricas, bem como sirva de base ao futuro estud
p. 1)
Embora essas “instruções” apareçam apenas no prim eiro volum
te
finalidades da coleção para o Curso Comercial Básico. Também é importante observar
o posicionamento do autor em relação às questões de cunho pragmático da
Matemática, o que par
1ª. série do Curso Comercial Básico
edições (ver TABELA 14) no período de 1952 a 1962, conforme da
Edições Melhoramentos. Nessas sete edições, o número de livr
édia muito próxima de 4 500 livros (observe G
a regularidade na vendagem desse volume.
209
GRÁFICO 4 – SOBRE IMPRESSÕES – 1ª SÉRIE – COMERCIAL
Quantida de Impressões 1
a
. série
Ensino Comercial
6000
5000
0
1000
2000
3000
4000
1a 2a 3a 4a 5a 6a 7a
Edição
Data de publicação
Tiragem
3ª. Fev./1957 5 000
4ª. Abr./1958 5 000
5ª. Jun./1959 5 000
6ª. Dez./1960 5 000
7ª. Fev./1962 4 000
Aparentemente
90
, as sete edições da 1ª. série referem-se a tiragens, isto é, não
sofreram alterações nos conteúdos. Faço essa afirmação pela observação de algumas
edições (encontrei as seguintes edições: 1ª., 3ª., 6ª. e 7ª.) com as quais fiz uma
confrontação entre os conteúdos.
As observações a seguir correspondem a 7ª. edição de 1962 que, como disse
anteriormente, apresenta uma breve “instrução metodológica”. São 190 páginas divididas
em 18 capítulos. Ao final do livro, Maeder apresenta uma “tábua” de valores de dos
quadrados dos números naturais de 1 a 1 000 e das raízes quadradas dos números naturais
90
Faço uso do termo “aparentemente” porque as comparações feitas p
TABELA 14
- EDIÇÕES DA 1ª. SÉRIE DO CURSO COMERCIAL BÁSICO
1ª. Abr./1952 3 000
2ª. Fev./1954 4 000
or mim nessas edições dizem
respeito à observação dos conteúdos, quantidades de exercícios, número de páginas de cada edição.
Com isso, não descarto a possibilidade de Maeder ter feito eventuais correções de termos, frases,
respostas que, somente numa confrontação mais rigorosa seria possível detectar.
210
de 1 a 1 000 também, com aproximação de quatro casas decimais. Além disso, apresenta
também os cubos desses números naturais, bem como as raízes cúbicas, com aproximação
de quatro casas decimais.
FIGURA 90 – CAPA DA 1ª. SÉRIE DO CURSO COMERCIAL BÁSICO
211
FIGURA 91 – PÁGINA INICIAL DA 1ª. SÉRIE DO CURSO COMERCIAL BÁSICO
212
Há, além do índice detalhado dos conteúdos, um “Programa de Matemática” o
ual não faz referência a programas oficiais. O programa é o seguinte:
. 2. Números primos; decomposição
em fatores primos. 3. Maior divisor comum. 4. Menor múltiplo comum.
Unidade IV – Frações ordinárias: 1. Fração de grandeza; noção de fração. 2.
Com 3. Operações
fund
Unidade V – Frações decimais: 1. Noção de número decimal e de fração decimal. 2.
Operações fundamentais. 3. Conversão de frações ordinárias em decimais e vice-versa.
Unidade VI – Potências e raízes: 1. Definições. 2. Operações com potências. 3. Quadrado
da soma de dois números. 4. Potências das frações. 5. Regra prática para extração da
raiz quadrada; aproximação no cálculo da raiz. 6. Uso das tábuas para obtenção do
quadrado, do cubo, da raiz quadrada e da raiz cúbica dos números inteiros e decimais.
(MAEDER, 1962, p. 3)
No capítulo III, observo a preocupação do autor em posicionar o leitor
historicamente em relação a um determinado conteúdo. Já que o capítulo se refere
à moeda, um texto de meia página é construído nesse sentido:
Os povos primitivos praticavam usualmente a troca de objetos de natureza distinta, a fim
overem suas necessidades ess o alimentação e vestiário.
Com efeito, o meio que dispunham para obter determinada mercadoria era a entrega de
outra que já possuíam, seja por produção própria ou aquisição anterior.
Entretanto, como é fácil imaginar, esse gênero de transações apresentava sérias
dificuldades, pois nem sempre coincidiam as conveniências dos interessados.
Para evitar tais embaraços, prejudiciais ao desenvolvimento natural do comércio,
procurou-se adotar uma só espécie de mercadoria que, sendo aceita indistintamente por
todos, viesse facilitar as trocas das demais. Assim surgiu a moeda. (MAEDER, 1962, p. 20)
Considerando que o ensino de Matemática aqui visa ao Curso Comercial
Básico, temos nesse pequeno esboço da história da moeda uma diferenciação
entre o ensino da correspondente Matemática para o curso ginasial. Na seqüência,
Maeder explica o que é preço de um objeto e passa a falar da moeda brasileira da
ruzeiro) citando até o dec e n
o
. 4791 de 5 de outubro de 1942,
uando da criação do cruzeiro.
q
Primeira Série: Parte única – aritmética prática
Unidade I – 1. Noção de número inteiro; grandeza; unidade; medida. 2. Numeração
falada e escrita. 3. Numeração romana. 4. Moeda: cruzeiro e sua subdivisão: símbolos.
Unidade II – Operações fundamentais: 1. Adição. 2. Subtração. 3. Multiplicação. 4.
Símbolo das potências. 5. Divisão. 6. Cálculo mental e cálculo abreviado.
Unidade III – Múltiplos e divisores: 1. Divisibilidade
paração, simplificação, redução ao mesmo denominador.
amentais. 4. Problema sobre frações.
de pr enciais, com
época (o c reto-lei d
q
De um modo geral, posso afirmar que o livro de Maeder cumpre com a proposta
de buscar preparar o aluno para atividades profissionais. Suas explicações são voltadas
213
à utilização da Matemática do comércio, da vida prática. Os “exercícios” apresentam
esse encaminhamento. Algo que chama a atenção é a preocupação em estimular o
cálculo
o curs
inteiro
trata d
divisor autor propõe momentos específicos que
consid
o duas
FIGURA 92 – ENCAMINHAMENTO DE FRAÇÕES
mental (o que também já havia observado na “leitura” do livro de Maeder para
o ginasial): assim, por exemplo, no capítulo IV, referente à adição de números
s, no capítulo V, sobre a subtração de números inteiros, no capítulo VII, que
a divisão de números inteiros, e também no capítulo X, a respeito de maior
comum e menor múltiplo comum, o
tratam do cálculo mental.
As frações são apresentadas inicialmente a partir de medidas. “Consideremos a
régua de madeira vista na figura a seguir (observe a FIGURA 92). Imaginando-a
cortada em duas, em três, em quatro, ... partes iguais, poderemos dar a cada uma
delas denominação especial, metade, um terço, um quarto, etc.” (MAEDER, 1962,
p. 87). Esse tratamento dado às frações é utilizado também para comparar frações nas
situações apresentadas pelo autor. Por exemplo, para comparar 4/5 com 4/7, ele
era um segmento unitário que é dividido em cinco partes e a partir dele constrói
um outro segmento correspondente a quatro dessas cinco partes. Logo a seguir, ele
divide o mesmo segmento unitário em sete partes e constrói um outro correspondente a
quatro dessas sete partes. Os dois segmentos são comparados, visualmente, para levar
o leitor a perceber que 4/5 é maior que 4/7. Conclui dizendo que “quand
frações têm o mesmo numerador, a maior é a que tem o menor denominador”.
(MAEDER, 1962, p. 95)
214
No capítulo XVI, que trata do assunto potências, há uma interessante ilustração
xilia na compreensão do quque au adrado da soma de dois números. É a relação entre o
estudo
Geome
medin
dois re unidades por 3 unidades. Nesse item, o autor utiliza o
cálculo
dois n
primeiro pelo segundo, mais o quadrado do segundo” (MAEDER, 1962, p. 147).
Essa conclusão vem após esse trabalho com a área.
FIGURA 93 – POTÊNCIA DE UMA SOMA
de potência (situado no assunto “aritmética”) e cálculo de área (estudo de
tria). A ilustração (ver FIGURA 93) é formada por um quadrado de lado
do 9 unidades, dividida em dois quadrados de lados 6 unidades e 3 unidades e
tângulos de lados 6
de área de retângulo e quadrados para concluir que “o quadrado da soma de
úmeros é igual ao quadrado do primeiro, mais duas vezes o produto do
215
2.6.2 Matem
FIGURA 94 – CAPA DA 2ª. SÉRIE DO CURSO COMERCIAL BÁSICO
ática – 2ª. série – ensino comercial
216
FIGURA 95 – PÁGINA INICIAL DA 2ª. SÉRIE DO CURSO COMERCIAL BÁSICO
217
217
Maeder escreve o livro da 2ª. série sem fazer menção ao programa, como, por
exemplo, fez na 1ª. série. O volume, sobre o qual passo agora a fazer alguns
comentários, corresponde a 6ª. edição, de 1962, com 210 páginas ao todo. Apesar de
não ter o programa, entendo que acaba cumprindo com os objetivos apontados no livro
da 1ª. série. Faço essa observação considerando que os assuntos presentes no livro da
2ª. série estão voltados à Matemática comercial. Sendo assim, o livro é destinado a
preparar os alunos para o mercado do trabalho, conforme a apresentação do próprio
autor no livro da 1ª. série. É claro que além desses assuntos também estão presentes
nessa série os assuntos voltados à Geometria e também ao sistema métrico, conforme
quadro a seguir, formado com base no índice da 2ª. série.
QUADRO 31 – CAPÍTULOS DA 2ª. SÉRIE DO CURSO COMERCIAL BÁSICO
Capítulo I: Sólidos geométricos, superfície, linha, ponto.
Capítulo II: Plano, reta, semi-reta, segmento.
Capítulo III: Ângulos.
Capítulo IV: Posições relativas de retas e planos; paralelas; perpendiculares e
oblíquas.
Capítulo V: Polígonos; triângulos e quadriláteros.
Capítulo VI: Círculo.
Capítulo VII: Poliedros; corpos redondos.
Capítulo VIII: Sistema métrico.
Capítulo IX: Problemas e exercícios sobre o sistema métrico.
Capítulo X: Números complexos: unidades de ângulo e de tempo. Sistema inglês de
pesos e medidas. Moeda inglesa.
Capítulo XI: Operações com números complexos.
Capítulo XII: Razões e proporções
Capítulo XIII: Médias.
Capítulo XIV: Grandezas proporcionais.
Capítulo XV: Divisão proporcional.
218
Capítulo XVI: Regra de três.
Capítulo XVII: Percentagem.
Capítulo XVIII: Juro simples.
Um olhar mais atento para o índice (ou o resumo desse índice, conforme
UADRO 31) é suficiente para perceber que vários dos termos que são utilizados por
aeder não são mais utilizados nos livros didáticos de Matemática de nossos dias.
ssim, por exemplo, a denominação “números complexos” para representar medidas
exagesimais como o tempo e o ângulo não são mais designados dessa forma. Um
outro exemplo é o estudo das unidades inglesas de medidas que também não é mais
abordado como um conteúdo específico.
este volume, o assunto inicial é o trabalho com tópicos da Geometria espacial,
seguid Geometria de posição (planos, retas e posições relativas), passando para a
Geometria plana e, antes de entrar no sistema métrico, retorna ao estudo de Geometria
espacial. Só então Maeder desenvolve os tópicos referentes a proporções, porcentagem
e juro simples. Em relação ao encaminhamento dado à Geometria espacial, o autor
destina um capítulo inteiro (capítulo VII) para descrever os poliedros e os corpos
redondos e seus elementos (ver FIGURA 96). No capítulo seguinte, destinado ao
assunto “Sistema métrico”, o autor apresenta, por exemplo, sem justificar, as fórmulas
que permitem obter o volume de alguns desses sólidos.
FIGURA 96 – CORPOS REDONDOS
Q
M
A
s
N
a de
219
Ao todo, o livro destinado a 2ª. série do Curso Comercial Básico teve seis
edições, a primeira em 1954 e a última edição em 1962 (ver TABELA 15). Assim
o ocorreu no volume destinado a 1ª. série, uma regularidade no número de tiragens
dá indícios da aceitação e utilização da obra de Maeder. Essa regularidade pode ser
ais bem observada a partir de um gráfico de colunas (ver GRÁFICO 5) em que o
ero de tiragens ao longo dessas edições está muito próximo de 4 000 por edição.
TABELA 15 - EDIÇÕES DA 2ª. SÉRIE DO CURSO COMERCIAL BÁSICO
Edição Data de publicação Tiragem
1ª. Dez./1954 3 000
2ª. Mar./1957 5 000
3ª. Out./1958 5 000
4ª. Nov./1959 5 000
5ª. Dez./1960 4 000
6ª. Fev./1962 3 000
GRÁFICO 5 – SOBRE IMPRESSÕES – 2ª. SÉRIE – COMERCIAL
Quantidade de Impressões
2ª. série Ensino Comercial
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
. 2ª. . . . .
com
m
núm
220
2.6.3 M
atemática – 3ª. série – ensino comercial
FIGURA 97 – CAPA DA 3ª. SÉRIE DO CURSO COMERCIAL BÁSICO
221
FIGURA 98 – PÁGINA INICIAL DA 3ª. SÉRIE DO CURSO COMERCIAL BÁSICO
222
A 3ª. série do Curso Comercial Básico, diferente dos dois volumes anteriores,
não apresenta diretamente conteúdos de Matemática comercial ou Matemática
financeira, como atualmente concebemos. Observo que os conteúdos presentes nesse
livro correspondem àqueles tópicos que hoje são normalmente estudados, em sua
maioria, na 7ª. série e na 8ª. série do Ensino Fundamental. Uma exceção apenas são os
“números relativos” que, geralmente, é abordado na 6ª. série.
Conforme dados fornecidos pela editora, o livro destinado a 3ª. série do Curso
Comercial Básico teve, ao todo, três edições:
TABELA 16 AL BÁSICO
Edição
EDIÇÕES DA 3ª. SÉRIE DO CURS
Data de publicação
Dez./1958
Nov./1959
3ª. Fev./1962
O livro que investiguei corresponde a
ão 252 página
O COMERCI
Tiragem
5 000
5 000
1ª.
2ª.
3 000
3ª. edição, publicada pela Edições
Melhoramentos no ano de 1962. S s e contém já em seu início (diferente
do volume anterior) o “programa de Matemática” para a 3ª. série é assim dividido:
Parte única – Álgebra
nidade I – Números relativos: 1. Noções concretas; 2. Operações.
nidade II – Expressões algébricas: 1. Classificação e valor numérico das expressões
algébricas; 2. Monômios e polinômios; 3. Ordenação e redução de termos semelhantes.
nidade III – Operações algébricas: 1. Adição, subtração e multiplicação de polinômios;
2. Potência inteira de um monômio; produtos notáveis; 3. Divisão por um monômio; 4.
asos simples de fatoração. Aplicações.
nidade IV – Frações algébricas: 1. Definição; propriedades; 2. Frações racionais;
mplificação, redução ao mesmo denominador, operações fundamentais.
nidade V – Equações do primeiro grau: 1. Equação, identidade; equações equivalentes;
2. Resolução e discussão de uma equação com uma incógnita; 3. Resolução e discussão de
m sistema de duas equações com duas incógnitas; 4. Resolução de sistema de três
equações com três incógnitas; 5. Problemas do primeiro grau.
Coordenadas cartesianas no plano; 2.
primeiro grau com duas incógnitas; 3.
Resolução gráfica de um sistema de duas equações com duas incógnitas; interpretação
gráfica da discussão.
U
U
U
C
U
si
U
u
Unidade VI – Representações gráficas: 1.
Representação gráfica de uma equação do
223
224
o
3.
4.
Com o pretexto de dar uma representação gráfica da solução (ver FIGURA 99),
ou das possibilidades de solução, de um sistema formado por duas equações do 1º.
grau nas incógnitas x e y, o autor fornece uma noção do conceito de função no capítulo
Unidade VII – Desigualdades do primeiro grau: 1. Resolução de desigualdades do
primeiro grau com uma incógnita; 2. Sistemas de desigualdades com uma ou duas
cógnitas.
nidade VIII – Números irracionais: 1. Grandezas incomensuráveis; noção de númer
racional; 2. Raiz enésima de um número; radicais; valor aritmético de um radical;
álculo aritmético dos radicais; 4. Frações irracionais; casos simples de racionalização
e denominadores.
nidade IX – Equações do segundo grau: 1. Resolução; 2. Discussão; existência das
raízes no campo real; 3. Relações entre as raízes e os coeficientes; aplicações simples;
omposição da equação do segundo grau; 5. Resolução de sistemas simples do segundo
grau; 6. Problemas do segundo grau. (MAEDER, 1962, p. 3)
o programa, o autor deixa claro que nesta série o estudo de Matemática fica
restrito ao estudo da “Álgebra”, embora o primeiro capítulo aborde os números
inteiros, positivos e negativos. O índice é extenso e detalhado, mantendo-se coerente
com os anteriores nesse aspecto.
FIGURA 99 – REPRESENTAÇÃO CARTESIANA
in
U
ir
C
d
U
C
N
XIII. que
R,
t
Assim, apenas como exemplo, afirma que “toda expressão algébrica
contém uma ou diversas variáveis é função dessa ou dessas variáveis” (MAEDE
1962, p. 171). Em nota de rodapé, o autor acrescenta que “a noção aqui dada é muito
elementar”: para exemplificar tal noção, comenta que “o salário de um operário é
função da duração do seu trabalho”, provavelmente porque no contexto da época
havia uma relação direta do salário com o número de horas trabalhadas. Isso é possível
observar pelo comentário que o autor faz logo após, ao generalizar a situação de um
operário que recebe 15 cruzeiros por hora de trabalho; sendo assim, se trabalhar
horas, receberá um salário s correspondente a 15.t, isto é, s = 15t.
No capítulo XV, sobre números irracionais e radicais, há uma discussão sobre
grandezas comensuráveis e grandezas incomensuráveis sob o pretexto de uma
ampliação de noções de medição de grandezas. Maeder cita três possibilidades quanto
a duas grandezas quaisquer que ele representa pelas letras A e B. Na primeira
possibilidade, a grandeza B está contida em A n vezes, resultando que
n
B
A
=
sendo que n é um número natural. Já no segundo caso, “pode suceder que A nã
contenha um número exato de vezes B, mas sim certo número de partes em que se
pode dividir a grandeza B”. Neste caso, a medida A será, segundo o autor, expressa
por um número fracionário, ou seja,
n
m
B
A
=
.
Nesses dois casos, em que as grandezas admitem medida comum, elas são
apresentadas como grandezas comensuráveis. O terceiro caso, citando ainda as
grandezas representadas por A e B, o autor observa que “pode suceder ainda que
uma delas não contenha um número exato de vezes a outra, nem as partes em que
esta se divida”, sendo então grandezas que não admitem medida comum, isto é,
grandezas incomensuráveis. (MAEDER, 1962, p. 199)
o
225
2.6.4 M
FIGURA 100 – CAPA DA 4ª. SÉRIE DO CURSO COMERCIAL BÁSICO
atemática – 4ª. série – ensino comercial
226
227
FIGURA 101 – PÁGINA INICIAL DA 4ª. SÉRIE DO CURSO COMERCIAL BÁSICO
A coleção Curso Comercial Básico, de Maeder, editado pela Edições
Melhoramentos, finaliza com o volume destinado a 4ª. série. São 296 páginas
divididas, no programa, em duas partes. Na primeira parte o autor trabalha com o
assunto denominado “Aritmética comercial”, enquanto na outra parte, aborda os
conteúdos tradicionalmente conhecidos como propedêuticos.
O índice é muito detalhado, pois são apresentados os assuntos abordados ao
longo de praticamente dez páginas. O volume sobre o qual passo agora a fazer
algumas ob é assim
apresentado nas p e 4:
PRIMEIRA PARTE
ARITMÉTICA COMERCIAL
Unidade I: 1 oporções – 2 proporcionais Divisão em partes
proporcionais. Regra de Sociedade. – 4. Percentagem.
Unidade II: Operações sobre me 1. Preço de venda. – 2. Lucro e
prejuízo. – 3. Problemas de deter usto, venda, l a de percentagem. –
4. Abatimentos sucessivos.
SEGUNDA PARTE
GEOMETRIA IVA
Unidade 1: Conceito de geometria dedutiva. – 1. Proposições, definições, teoremas – 2.
Noções primárias; postulados. – e, tese, demonstração. – 4. Métodos de
emonstração.
nidade II: Ângulos e triângulos. – 1. Definições. – 2. Propriedades dos ângulos. – 3.
efinições sobre
triângulos. – 5. Propriedades do triângulo isósceles. – 6. Igualdade de triângulos. – 7.
Aplicações.
Unidade III: Perpendiculares e oblíquas. – 1. Definições. – 2. Teoremas. – 3. Aplicações:
lugares geométricos; igualdade de triângulos retângulos. – 4. Simetria axial e central.
Unidade IV: Paralelas. – 1. Definições. – 2. Teoremas. – 3. Aplicações aos ângulos e
triângulos.
Unidade V: Polígonos. – 1. Decomposição em triângulos. – 2. Soma dos ângulos internos e
externos. – 3. Diagonais. – 4. Estudo especial dos quadriláteros.
Unidade VI: Círculo. – 1. Determinação do círculo. – 2. O ponto em relação ao círculo;
distância de um ponto a uma circunferência. – 3. A reta em relação ao círculo; tangentes
e secantes; propriedades das tangentes, dos diâmetros e das cordas. – 4. O ângulo em
relação ao círculo: correspondência entre arcos e ângulos. – 5. Posições relativas de duas
circunferências.
Unidade VII: Linhas proporcionais. Semelhança. – 1. Segmentos determinados sobre
transversais por um feixe de paralelas. – 2. Linhas proporcionais no triângulo;
propriedades das bissetrizes de um triângulo. – 3. Divisão harmônica. – 4. Semelhança de
gulos; semelhança de polígonos. – 5. Aplicações: Construções geométricas
ade VIII: Relações métricas. – 1. Definições. – 2. Relações métricas no triângulo
retângulo. – 3. Relações métricas nos triângulos obliquângulos. – 4. Cálculo da altura de
um triângulo. – 5. Relações métricas no círculo. – 6. Divisão em média e extrema razão. –
7. Construções geométricas.
Unidade IX: Polígonos regulares convexos. – 1. Definições. – 2. Propriedades. – 3.
Construção e cálculo do lado do quadrado, do hexágono regular, do triângulo eqüilátero
servações é o da 2ª. edição, de 1962, cujo programa de Matemática
áginas 3
. Pr . Números . – 3.
rcadorias. –
minação de c
custo e
ucro, tax
DEDUT
3. Hipótes
d
U
Aplicações; medida dos ângulos, unidade. Sistemas de medida. – 4. D
triân .
Unid
228
e do decágono regular. – 4. Cálculo dos apótemas dos mesmos polígonos. – 5. Lado do
polígono de 2n lados em função de n lados. – 6. Semelhança dos polígonos regulares.
Unidade X: Medição da circunferência. – 1. Definições. – 2. Razão da circunferência para
o diâmetro; cálculo de
π
. – 3. Expressões de comprimento da circunferência e de um
arco; o radiano.
ras planas.
um
s
obser
ropr
transform
Unidade XI: Áreas planas – 1. Definições. – 2. Medição das áreas das principais figu
– 3. Relações métricas entre áreas. – 4. Teorema de Pitágoras. (MAEDER, 1962, p.3-4)
No capítulo I, a respeito do estudo das proporções (conforme FIGURA 102) há
item sobre as transformações de uma proporção. Nele, o autor escreve que,
trocando convenientemente a posição dos termos de uma proporção, podemo
escrevê-la de oito maneiras diferentes” (MAEDER, 1962, p. 19). As mudanças
v das pelo autor são de “alternar” os meios ou os extremos da proporção,
“inverter” os termos considerados meios com os extremos e “transpor”, isto é, mudar a
“colocação das razões”. Apesar de parecer, num primeiro olhar, um item
desnecessário, observo que a idéia do autor é chamar a atenção do leitor para as
possíveis transformações de uma mesma proporção. Comento isso devido ao cuidado
tal assunto é apresentado nas páginas seguintes, quando da discussão das
iedades diversas de uma proporção. Não são apresentadas como formulário, isto
é, como algo a ser memorizado. Ao contrário, são devidamente justificadas a partir de
ações que não alteram a veracidade de uma dada igualdade.
FIGURA 102 – ENCAMINHAMENTO DE PROPORÇÃO
a
com que
p
229
Não poderia deixar de observar um tópico abordado no capítulo III sobre
os
nto do
ciedade
(prim eles
pótese”,
etria
Como o raciocínio logicamente desenvolvido não pode conduzir de uma premissa
verdadeira a uma conclusão falsa, concluímos que a negativa da tese é falsa, e portanto,
que a tese é verdadeira. (MAEDER, 1962, p. 80)
divisão em partes proporcionais e regra de sociedade. Ao discorrer sobre a regra de
sociedade, o autor, antes de dar uma definição, escreve que “os lucros ou prejuíz
que se podem verificar nos empreendimentos comerciais devem ser distribuídos
aos que dele participam segundo um critério determinado”. (MAEDER, 1962, p.
46) Ele acrescenta tal critério, de um modo geral, levando em conta dois aspectos:
capital investido e o tempo de participação na sociedade. Menciono isso por considerar
a preocupação do autor em apresentar um contexto para o encaminhame
conteúdo. Ele considera como “regra de sociedade simples” aquela em que os sócios
participam com capitais diferentes, mas permanecem o mesmo tempo na so
eiro caso), ou aquela em que os capitais dos sócios são iguais, porém
permanecem tempos diferentes na sociedade (segundo caso); denomina “regra de
sociedade composta” aquela em que os sócios permanecem tempos diferentes com
capitais diferentes.
Quanto à segunda parte do programa de Matemática do volume destinado a 4ª.
série do Curso Comercial Básico, é possível constatar a preocupação de Maeder
quanto à explicação dos termos utilizados na “Geometria dedutiva”, o que também já
havia ocorrido nas outras obras, já comentadas anteriormente nessa “leitura”. Assim,
nas páginas 78, 79 e 80 termos como “proposição”, “proposições fundamentais”,
“proposições deduzidas”, “teoremas”, “entes abstratos”, “postulados”, “hi
“tese”, “demonstração” e até “corolários” são explicados pelo autor. Ele chama a
atenção para um item sobre os métodos de demonstração existentes na Geom
dedutiva:
Os métodos de demonstração mais usuais em Geometria são os seguintes:
a) Demonstração direta, segundo a qual, partindo da hipótese, mediante raciocínio
rigoroso chega-se à conclusão de que é verdadeiro o que afirma a tese.
b) Demonstração indireta ou pela redução ao absurdo, a qual consiste em se provar que o
contrário do que afirma a tese é absurdo.
Para isto, admite-se inicialmente a negativa da tese; depois, partindo dessa hipótese,
deduzem-se outras afirmações, até chegar-se a uma que seja falsa.
230
Uma outra observação sobre este livro do autor paranaense é a presença do
conceito de simetria. Embora no livro tenham sido destinados apenas três páginas a
esse assunto e haja a preocupação voltada a figuras geométricas que são simétricas,
Maeder finaliza o assunto dando um exemplo de simetria presente na natureza. “Entre
a variedade enorme de figuras simétricas que nos oferece a natureza, damos um
exemplo na figura abaixo”, isto é, exibe uma ilustração (FIGURA 103) que representa
uma co
FIGURA 103 – EIXO DE SIMETRIA NUMA CONCHA
O livro correspondente a 4ª. série do Curso Comercial Básico teve apenas duas
ediçõe quanto a 2ª. edição
ocorre
Maede
ncha.
s (ver TABELA 17). A 1ª. edição é de dezembro/1960, en
u em fevereiro/1962. Esse livro é o último livro de Matemática escrito por
r.
TABELA 17 EDIÇÕES DA 4ª. SÉRIE DO CURSO COMERCIAL BÁSICO
Edição Data de publicação Tiragem
1ª. Dez./1960 5 000
2ª. Fev./1962 3 000
231
Não acredito que esse número reduzido de edições possa dar indicativos do
insucesso dessa obra. Antes, prefiro aceitar que simplesmente houve a interrupção
dessas
Será q
ensino
ensino
ublicação dos livros de Maeder resolveu simplesmente deixar de lado essa
odal
ue o movimento gerado em torno da chamada
atemática Moderna também influenciou na extinção, pelo menos em parte,
dessa modal
s acima me conduziu inicialmente a
rocurar entender um
ARTINS (1984 niversidade
ederal do Paran
gressei como e
ue aconteceu em no estado do Paraná, ao longo de
lgumas décadas crita de Maeder. Assim, foi possível
ompreender que, qua o secundário (pela
eforma Capane rso ginasial, podia
gressar no segu a das modalidades do
enominado “ensi
s opções? Essas modalidades
stavam divi ial, agrícola, normal e o
ecundário. Apen is o que era esse Ensino
ecundário originado a partir do decreto-lei n
o
. 4244 de 9 de abril de 1942,
tiragens por conta da extinção dessa modalidade de ensino em nosso país.
ue a reforma do ensino que ocorreu alguns anos após o decreto que criara o
comercial viria para encerrá-lo? Quais foram os reais motivos do fim do
comercial nas escolas brasileiras? Será que a editora responsável pela
p
m idade de ensino por não representar um mercado comercial lucrativo? O
fato é que a última edição do Curso Comercial Básico, de Maeder, ocorreu na
mesma época das demais edições tanto para o ginásio quanto para o colégio;
assim, tenho como hipótese q
M
idade de ensino.
A busca de respostas para as questõe
pouco mais a estrutura do ensino brasileiro da época.
) foi um dos primeiros trabalhos produzidos na U
á, no setor de Educação, com o qual tive contato quando
studante. Sua leitura me proporcionou traçar um panorama do
nosso país, em particular
que abrangem toda a es
ndo o estudante terminava o primeiro cicl
ma), isto é, concluía os quatro anos do cu
ndo ciclo secundário, em qualquer um
no médio
91
”. Mas quais eram essa
didas em cursos: comercial, industr
as para compreender um pouco ma
p
M
F
in
q
a
c
R
in
d
e
s
S
232
acredito que assim pode ser interpretado:
91
Esta denominação de “ensino médio” pode ser encontrada no trabalho de MARTINS (1984, p. 175).
Ensino Secundário
Científico Curso
Colegial Cursoanos) (3 ciclo
Ginasial Curso anos) (4 ciclo
Maeder escreveu livros, como já mostrado aqui, para os dois ciclos do Ensino
Secundário (Curso de Matemática para o ginásio e Curso de
Clássico Curso
Matemática para o
documento: “o
primeiro ciclo do ensino comercial compreenderá um só curso de formação: o curso
comercial básico”. Dessa forma, pode-se concluir que ou o estudante ia para o ginásio
(duração de quatro anos) ou optava pelo ensino comercial (também de duração de
quatro anos).
Essa foi a última obra editada pela Edições Melhoramentos tendo como autor o
paranaense Algacyr Munhoz Maeder.
colégio). E o chamado Curso Comercial Básico, onde se enquadrava?
Segundo a Lei Orgânica do Ensino Comercial, apresentada sob o decreto-lei n
o
.
6141de 28 de dezembro de 1943 em seu Artigo 2º., esclarece que essa modalidade de
ensino “será ministrada em dois ciclos”. É no primeiro desses ciclos que se enquadra a
coleção escrita por Maeder, conforme o Artigo 4º. desse mesmo
233
2.7 CONCLUSÕES DE UMA LEITURA
lexão sobre a
a área de
arães
tor de
s idéias
e
história.
to. Digo
a parte
a
dática
i
A “leitura” da obra produzida por Maeder me permitiu uma ref
difusão, nos meios acadêmicos, de alguns personagens em detrimento de tantos outros.
Isso é muito mais forte quando se está diante de um artigo, de uma publicação a
respeito da nossa história.
Em se tratando da história daquilo que hoje é reconhecido como um
estudo denominada Educação Matemática, isso também se faz presente.
Evidentemente que alguns estudiosos se notabilizaram por suas realizações, suas
produções e posicionamentos, tomados de forma corajosa diante de propostas que
acenavam por mudanças radicais no ensino da Matemática, muitas vezes tomando
posições contrárias àquelas desejadas pela elite dominante, outras vezes simplesmente
aceitando que as mudanças eram necessárias.
Temos, entre alguns personagens, o nome Euclides de Medeiros Guim
Roxo, que teve papel importantíssimo nas reformas promovidas no nosso país na
época em que Maeder era autor. É inegável também o papel de Roxo como au
livros didáticos de Matemática. É extraordinário saber, por exemplo, que “dua
defendidas por Euclides Roxo perduram até hoje: o estudo simultâneo – e
preferencialmente integrado – das várias áreas da Matemática elementar, e a presença
da Matemática em todas as séries do currículo” (CARVALHO, 2003, p. 150).
Agora, essa “leitura” sobre o trabalho produzido por Maeder como autor m
leva a tomar um cuidado maior em não ser levado a querer idolatrar esse ou aquele
personagem de forma isolada, sem considerar que estou diante de parte da
Muitos outros ajudaram a construir a nossa história e continuam no anonima
isso, porque, ao me envolver numa pesquisa de cunho histórico e que aborda um
da produção cultural de nosso país, fiquei, de certa forma, “envolvido” com
capacidade de Maeder como autor. Num primeiro momento, Maeder incitou-me a
querer colocá-lo como “o grande personagem” da história recente da produção di
de nosso país. Talvez isso se deva ao fato de não ter sido dado o destaque que julgue
necessário ao trabalho desse autor.
234
a de
eram ou
com
o
com
e Matemática foi encaminhado nas escolas brasileiras desde o início dos anos de
940 até o início dos anos de 1960. Além disso, esclarecem como as mudanças
Postulo, nessa parte da história aqui contada sobre os livros de Matemátic
autores brasileiros, que Maeder teve sua contribuição. As referências observadas em
seus livros, os métodos utilizados nos encaminhamentos de diversos conteúdos e os
programas propostos para o desenvolvimento da disciplina de Matemática, me levam a
considerá-lo um personagem de relevância para todos aqueles que desejam conhecer a
história da Matemática a partir da produção de livros de Matemática. Seus livros foram
publicados em uma época de intensa discussão sobre a modernização do ensino da
Matemática. Acompanharam também reformas importantes de nosso ensino, a
começar por aquelas da Era Getúlio Vargas. Seus livros ainda estavam sendo
utilizados nos bancos escolares (pelo menos como fontes de consulta por parte de
professores e alunos) quando nas ruas brasileiras os exércitos conduziam pessoas para
o exílio durante o Golpe de 1964.
Os livros de Maeder podem ser considerados documentos da história dos
saberes escolares, não apenas por mostrarem os saberes ensinados ou o modo como
ensinados, mas porque são registros de diversos conteúdos que desapareceram
perderam importância na disciplina de Matemática.
Em relação à coleção Lições de Matemática, esse “documento” registra, assim
o outros livros didáticos contemporâneos, como se formou a disciplina de
Matemática unificada pela junção de ramos como Aritmética, Álgebra e Geometria.
Essa coleção evidencia que as idéias de Félix Klein, defendidas pelo brasileiro
Euclides Roxo, rebatida por diversos personagens brasileiros, foram implantadas no
ensino de Matemática. Certamente não na amplitude que inicialmente foi preconizada,
mas com idéias que melhoraram o aprendizado. A idéia de função permeando os
diversos ramos, servindo, mesmo que timidamente, como um elo unificador. A
intuição apareceu como um procedimento que, aos poucos, se fez presente no ensino
da Matemática, derrubando boa parte do formalismo exagerado que havia.
Observando os Cursos de Matemática, escritos por Maeder, tanto para o ginási
o para o colégio, observo nesses livros documentos que evidenciam como o ensino
d
1
235
ocorre
para a formação dos
é assim que interpreto) da escola brasileira em preparar
a juventude para o in de trabalho.
ram a partir de reformas e documentados por meio de Portarias que emergiram
durante todo esse período. Representam documentos também porque detalham os
conteúdos que num momento eram objetos de estudo e em outro simplesmente
desapareciam da disciplina de Matemática, chegando até a migrar para outra disciplina
ou mesmo deixar de ser considerados como necessários
estudantes.
E o que dizer da modalidade voltada ao ensino comercial básico? Apesar da
curta existência, conforme edições, Maeder e a Edições Melhoramentos deram a sua
contribuição numa “tentativa” (
gresso no mercado
236
3 TRIBUNAS DE EDUCADORES
(...), mas não devia renunciar àquilo a que Alfonso Reyes na
Homilia por la cultura chamou a “profissão do homem”, isto
é, o sentimento do humano, os estudos desinteressados e o
culto pelas idéias gerais, que são o que há de
verdadeiramente humano em nós e são em nós o que há de
verdadeiramente social.
Fernando de Azevedo
Fernando de Azevedo escreve a frase acima em seu livro A cultura brasileira.
Ele chama a atenção para aquilo que considera fundamental no aspecto humano e
social. Também nessa mesma obra é possível se ter uma idéia da atmosfera existente
no Brasil durante a década de 1920, onde os movimentos em prol de uma educação
cada vez melhor são descritos não por alguém distante, como um ator coadjuvante.
Fernando de Azevedo é um personagem da época que se fez presente de forma ativa.
Como redator do jornal O Estado de São Paulo, em 1926, o próprio AZEVEDO
(1971, p. 655) assim se refere ao seu trabalho:
organizou e dirigiu, nesse grande diário o maior inquérito que se promoveu entre
professores, sobre o ensino de todos os graus, orientando os debates nos seus artigos de
introdução e nos seus questionários, comentando os depoimentos nos seus artigos finais,
levantando as questões educacionais de maior interesse e encarando-as, como o fizeram alguns
professores interrogados, não somente de ponto de vista pedagógico, mas ainda sob seus
aspectos filosóficos e sociais”. (AZEVEDO, 1971, p. 655)
É um período de verdadeira ebulição de idéias relacionadas às questões
educacionais situado em um movimento renovador análogo ao que ocorreu um pouco
depois com a arte e a literatura na denominada Semana da Arte Moderna.
A Associação Brasileira de Educação
1
desempenhou um papel muito
importante para a discussão de idéias, congregando inicialmente os educadores do Rio
1
A Associação Brasileira de Educação foi fundada em 1924 por Heitor Lira. A esse respeito, o
próprio Azevedo diz se tratar de uma sociedade de educadores. Sendo a “primeira que se instituiu no
Brasil, com caráter nacional, foi, sem dúvida, um dos instrumentos mais eficazes de difusão do
pensamento pedagógico europeu e norte-americano, e um dos mais importantes, se não o maior centro
de coordenação e de debates para o estudo e solução dos problemas educacionais, ventilados por todas
as formas, em inquéritos, em comunicados à imprensa, em cursos de férias e nos congressos que
promoveu nas capitais dos Estados”. (AZEVEDO, 1971, p. 655).
237
de Janeiro para, a seguir, colocá-los em contato com outros pelo país por meio da
convocação de congressos ou conferências de educação. Como conta Azevedo, três
desses congressos foram realizados “antes do advento da Revolução”: 1927 (em
Curitiba); 1928 (em Belo Horizonte) e 1929 (em São Paulo).
Em artigos de jornais da época, a partir dos chamados inquéritos promovidos
por Azevedo, esses veículos de comunicação passaram a ser considerados como
verdadeiras tribunas dos educadores. Mas, muitas vezes, o que se viu não foram
apenas discussões a respeito de programas educacionais, mas entusiasmados debates
que acabaram sendo desviados, algumas vezes, para questões pessoais. Exemplo disso
é citado por CARVALHO (in VALENTE, 2003, p. 114) quando da “violenta polêmica
travada” entre Almeida Lisboa e Euclides Roxo. Tal polêmica, que envolveu dois
professores de Matemática do Colégio Pedro II, teve como tribuna o Jornal do
Commercio do Rio de Janeiro e, como objeto principal (ou inicial) de discussão, um
livro didático de Matemática de Euclides Roxo: O Curso de Matemática Elementar.
Algacyr Munhoz Maeder, em 1933, lança em Curitiba o seu livro Álgebra elementar
– 3ª. edição, publicado pela Typ. João Haupt e Cia., conforme citado (ver FIGURA 104).
Seria esse o primeiro livro de Maeder que alcançaria outras fronteiras além do Estado do
Paraná e também o início de uma polêmica que envolveria alguns personagens e veículos
de comunicação. Entre as personalidades principais dessa discussão
2
estão, de um lado,
Salomão Serebrenick e, de outro, Algacyr Munhoz Maeder; outra personalidade envolvida
é J. C. Mello e Souza (o Malba Tahan). A chamada tribuna do educador é dividida em duas
publicações de destaque: a Revista Brasileira de Matemática e o jornal Gazeta do Povo, de
Curitiba. Uma terceira tribuna é utilizada em defesa do autor paranaense e ataque à Revista
Brasileira de Matemática: um “folheto” publicado em maio de 1933 pelo professor Jacomo
Stávale, em São Paulo, pela Companhia Editora Nacional. O jornal Gazeta do Povo
também foi novamente palco, assim que vou considerar aqui, de uma tribuna formada por
conterrâneos e amigos de Maeder que vieram em sua defesa, levantando questões que vão
2
No QUADRO 32 – ELEMENTOS DE UMA DISCUSSÃO (um pouco mais adiante) procuro, por
meio de uma ilustração, evidenciar os elementos que fizeram parte de toda essa discussão.
238
muito além de uma discussão sobre eventuais erros em um livro didático de Matemática.
Foram dois conterrâneos de Maeder que escreveram ao todo cinco artigos.
FIGURA 104 – ÁLGEBRA ELEMENTAR DE MAEDER
VALENTE
3
(2004) cita a Revista Brasileira de Matemática sendo utilizada por
Júlio César de Mello e Souza como porta-voz das críticas aos livros didáticos de
Matemática que foram lançados na época da Reforma Francisco Campos. Entre os
didáticos criticados estão os de autoria de Miguel Milano, Jácomo Stávale e de
Algacyr Munhoz Maeder.
O fato de a obra didática de Maeder ser também pivô de discussões permite-me
considerá-la como um elemento inserido numa comunidade formada por livros
didáticos de Matemática que, de alguma forma, tiveram que passar pelo crivo dos
diretores da Revista Brasileira de Matemática da época. Esse crivo naturalmente foi
contestado pelos autores, que se consideraram vítimas de outros interesses advindos da
capital do Brasil, além daqueles externados pelos diretores (considerados pelos autores
criticados como algozes).
239
3
VALENTE é autor do artigo Malba Tahan e a crítica dos livros didáticos para a disciplina
matemática: conteúdos e contexto.
QUADRO 32 – ELEMENTOS DE UMA DISCUSSÃO
versus
GAZETA DO POVO:
Artigo de 16/07/1933 – Algacyr Munhoz Maeder
Artigo de 21/07/1933 – Algacyr Munhoz Maeder
Artigo de 25/07/1933 – Léo Cobbe
Artigo de 28/07/1933 – Hirosê Pimpão
Artigo de 29/07/1933 – Algacyr Munhoz Maeder
Artigo de 02/08/1933 – Léo Cobbe
Artigo de 04/08/1933 – Hirosê Pimpão
Artigo de 06/08/1933 – Algacyr Munhoz Maeder
Artigo de 10/08/1933 – Léo Cobbe
Artigo de 20/08/1933 – Algacyr Munhoz Maeder
240
3.1 TRIBUNA 1: REVISTA BRASILEIRA DE MATEMÁTICA
Clóvis Pereira da Silva publica, em 2001, um artigo a respeito das diversas
sociedades e revistas que foram fundadas num período de 100 anos, a começar por
1889. Nele, é possível observar a origem da Revista Brasileira de Matemática, que
ganhou essa denominação somente em 1930, pois, inicialmente, foi fundada como
Revista Brasileira de Matemática Elementar:
No período de 1929 a 1934, foi editada a “Revista Brasileira de Matemática Elementar”, uma
publicação mensal dedicada à Matemática elementar, cujo diretor foi Salomão Serebrenick,
graduado em engenharia em 1930, pela Escola Politécnica da Bahia. Inicialmente, essa revista
foi editada em Salvador. A partir de 1931 ela passou a ser editada na cidade do Rio de Janeiro,
pois seu diretor, docente da Escola Politécnica da Bahia, transferiu-se em 1931 para a cidade
do Rio de Janeiro para trabalhar no Instituto de Metereologia. (SILVA, 2001, p. 4)
Já no Rio de Janeiro a Revista Brasileira de Matemática, conforme dados da
publicação de 1933, tem como editor Calvino Filho e como endereço a Rua Senador
Dantas, n
o
. 48 (ver FIGURA 105). Na edição de abril-junho do ano 1933, a revista
traz, em sua contra capa, os títulos dos principais artigos publicados nos três primeiros
anos de sua existência. Não foi possível observar, apenas analisando os títulos desses
artigos, se essa revista publicou nesses três anos artigos destinados às críticas de livros
didáticos. No número mencionado acima há uma seção denominada Livros e Revistas,
que contém três artigos voltados exclusivamente, segundo minha leitura, a pulverizar,
de forma dura e irônica, três publicações de livros didáticos. No primeiro artigo, Erros
de Matemática, assinado por J. C. Mello e Souza, a vítima é o livro Curso de
Matemática, do professor Miguel Milano, o segundo é escrito por Salomão
Serebrenick tendo como réu o livro Álgebra elementar, de Algacyr Munhoz Maeder. O
título desse artigo é Pobre Matemática. Mello e Souza também é autor do terceiro
artigo. Agora o foco das atenções tem a denominação Álgebra sem dívidas..., de
autoria do professor Jacomo Stávale. Tanto Mello e Souza como Salomão Serebrenick
são não apenas responsáveis por esses artigos como também os diretores da Revista
Brasileira de Matemática.
241
FIGURA 105 – CONTRA CAPA DA REVISTA BRASILEIRA DE MATEMÁTICA
Embora a intenção aqui seja analisar o artigo que critica o trabalho publicado
por Maeder, não posso deixar de mencionar, mesmo que distante do tempo e do
contexto da publicação da revista, algumas características que saltam aos olhos.
Considerando capa e contracapa, o livro tem, ao todo, 92 páginas, das quais 80 são de
artigos, três estão preenchidas com dados da revista, como capa e sumário. As demais
páginas podem ser consideradas destinadas aos patrocinadores (ver FIGURA 106).
Evidentemente, isso não seria nada extraordinário se cinco dessas páginas inteiras e
ainda outra meia página não fossem destinadas a destacar obras escritas apenas por
242
Mello e Souza (um dos dois diretores da revista) ou em parceria ora com Cecil Thiré,
ora com Cecil Thiré e Euclides Roxo e, num outro momento, com Nicanor Lemgurber
e também novamente com Cecil Thiré.
FIGURA 106 – ALGUNS ANUNCIANTES DA REVISTA BRASILEIRA DE MATEMÁTICA
Valente assim se refere a esses artigos destinados a comentários sobre livros
didáticos de Matemática:
A crítica aos livros didáticos de Matemática feita por Mello e Souza e Serebrenick seguia
a mesma estrutura para diferentes obras. Depois de um preâmbulo, que continha elementos
irônicos e ofensivos, os críticos separavam trechos das obras em que os autores não teriam
243
sido precisos, rigorosos ou que tivessem cometido gafes Matemáticas ou, ainda, não
tivessem levado em conta as novas orientações para o ensino de Matemática. Por fim, a
conclusão da avaliação retomava o preâmbulo pedindo ao leitor que descartasse a obra.
(VALENTE, 2004, p.?).
A interpretação imediata do expediente utilizado pelos diretores da Revista
Brasileira de Matemática é o de, ao mesmo tempo, divulgar determinadas obras
didáticas, recomendando claramente sua adoção, e, por outro lado, utilizando-se de
pesadas críticas, sugerir ao professor leitor que as outras obras não eram adequadas e
deveriam ser abandonadas.
Mesmo que essa interpretação que faço possa ser considerada bem próxima da
real intenção dos autores desses artigos (que aqui não cabe julgar), as críticas
apresentadas na época também podem representar procedimentos que, de alguma
forma (talvez não recomendável pelo tom agressivo e irônico com que desmereceram
o trabalho de um autor), contribuíram para o desenvolvimento da disciplina de
Matemática. Principalmente observando que essa tribuna do educador deflagrou outras
tribunas, com críticas diversas e tons nada fraternos, conforme mencionarei um pouco
mais adiante. Por ora, passo a observar as críticas levantadas por Salomão Serebrenick
em seu artigo Pobre Matemática a respeito do livro de Maeder Álgebra elementar – 3ª.
edição, 1933.
Assumindo ter utilizado tom irônico, Serebrenick inicia assim as nove páginas
de seu artigo:
Diziam-no os sábios hebreus:
“Não olhe para o vaso, senão para o que há no seu interior. Há vasos novos cheios de
vinho velho, como também há, por outro lado, vasos velhos que nem vinho novo
contém”.
O curso de Álgebra do Prof. Mäder constitui uma terceira categoria a ser acrescentada a
essa classificação incompleta dos hebreus. É um verdadeiro vaso novo, tal o acabamento
de sua capa. No seu interior, porém, nem vinho velho, nem novo; e sim – vinho ruim.
O tom irônico, em que parecem vasadas estas linhas introdutivas, é antes o reflexo
sincero, e uma séria preocupação que constantemente nos persegue indignando: a
arbitrariedade criminosa com que entre nós se “fabricam” livros literários e científicos
(?) em geral, e didáticos – em particular.
Os resultados de tal arbitrariedade são os mais nefastos: péssima educação científica de
nossa mocidade; impossibilidade de formação de cientistas e técnicos sérios, merecedores
deste qualificativo; desprestigio, perante o exterior, de nossa produção científica
incipiente. (SEREBRENICK, 1933, p. 67)
244
O ponto de interrogação colocado entre parênteses parece indicar que a obra de
Maeder está longe, segundo Serebrenick, de ser considerada como científica e em nada
contribui para a educação científica da mocidade. Porém não há qualquer outra frase
que mencione ou dê algum indicativo do que possa ser a concepção de “científico”
para Serebrenick. As próximas palavras indicam a posição que a Revista Brasileira de
Matemática assume em relação à produção não apenas dos livros de Matemática:
Já que não possuímos organizações oficiais destinadas à extirpação desse mal, a
repressão deverá ser feita particularmente, por todos aqueles que têm consciência de seu
próprio mérito e da relevância do serviço assim prestado. A “Revista Brasileira de
Matemática” conta, entre seus propósitos, o de controlar zelosamente toda a produção
científica, em especial Matemática, do país.
É, realmente, uma necessidade encarecer-se aos editores, ou pelo menos aos autores, a
responsabilidade inerente à publicação de livros errados. Não basta que o livro se venda.
O fato de um professor conseguir tornar-se dono de uma cadeira e, desse modo, obter
um “eleitorado” garantido (como são considerados os alunos) não justifica que esse
professor publique maus compêndios, envenenando, assim, gerações de moços com
conhecimentos negativos.
Essa verdade constitui um problema sério e a sua resolução é dever de patriotismo, dos
mais elevados. (SEREBRENICK, 1933, p. 66)
Aqui Serebrenick levanta um ponto importante a ser considerado no contexto da
época. De fato, não havia nenhum órgão oficial
4
responsável pela análise da produção
dos chamados compêndios. Embora considere os termos utilizados por ele como
autoritários e repressivos, é importante entender que a atmosfera da época em questão
estava carregada de movimentos que exigiam mudanças sociais e políticas, como
evidencia Fernando de Azevedo em A Cultura Brasileira. Nessa introdução,
Serebrenick situa a Revista Brasileira de Matemática em relação não apenas aos livros
didáticos (compêndios) produzidos, como também evidencia uma necessidade, devido
provavelmente a um crescimento do mercado editorial, que haja “certa avaliação”
desses materiais didáticos a serem utilizados, como ele mesmo diz, na “formação de
cientistas e técnicos sérios”.
Logo a seguir, o objeto de crítica é o livro de Maeder:
O livro do Prof. Mäder, que faz jus a um dos primeiros lugares entre os piores livros já
publicados entre nós, apresenta a agravante de se destinar, como é pretensão do autor,
4
No ano de 1938, foi criada no Brasil, a Comissão Nacional do Livro Didático. Essa comissão ficou
responsável pela avaliação oficial dos livros didáticos que seriam adotados nas escolas brasileiras.
245
aos que desejem “especializar-se no estudo da Matemática Elementar”. Declara, ainda, o
autor que “seu curso é completo e em perfeita harmonia com os processos modernos de
exposição”. Finalmente, que “acredita haver contribuído para o desenvolvimento da
cultura Matemática do país – sua finalidade única”.
O ridículo dessas declarações, agravado com a rubrica do autor “reservando todos os
direitos” sobre essa obra, ficará patente pela breve “apreciação” que dela passamos a
fazer.
O curso do Prof. Mäder é feito segundo os métodos antigos, é sobremodo anti-didático e
muito incompleto, já para os alunos do curso secundário, quanto mais para os que
desejam “especializar-se”. Para dedução de uma fórmula trivial, o autor apresenta três
ou quatro processos diferentes acompanhados de longas exemplificações desnecessárias
(v. equações do 2º g.). Em compensação (triste “compensação”), deixa de dar capítulos
dos mais importantes da Álgebra. O autor enche as trezentas páginas de seu livro de
muitas coisas completamente inúteis (raiz cúbica de polinômios, regra de Cramer,
método de Dühring, método de Viéte, exemplificações das deduções das fórmulas
relativas às equações do 2º grau etc.), e não faz a menor referência a inúmeros assuntos,
alguns de importância capital, como: Números imaginários, números complexos, formas
indeterminadas, frações irracionais, análise indeterminada, desigualdades, variação das
funções, equações irracionais, máxima e mínima, progressões ilimitadas, trinômio do 2º
grau, trinômio biquadrado, binômio de Newton, radicais de índices fracionários e
negativos, e muitos assuntos outros.
O mais triste é que o pouco de que o Prof. Mäder trata (contrastando com a
voluminosidade do livro), fá-lo com uma deficiência flagrante, tanto no que se refere à
forma, como à exposição, como principalmente à exatidão.
Os poucos exemplos que vamos citar confirmarão nossas asserções precedentes.
(SEREBRENICK, 1933, p. 68)
Deixando de lado a classificação, ou melhor, a desclassificação dada ao livro de
Maeder, pode-se observar na crítica de Serebrenick alguns elementos importantes
ligados aos conteúdos e métodos empregados. Considerando a história das disciplinas
escolares, precisamente a de Matemática
5
, os dizeres de Serebrenick evidenciam uma
concepção de Matemática ligada à escola positivista. Isso pode ser observado nos
termos ligados ao ensino voltado à especialização e também no que ele se refere a
exatidão necessária. Outro elemento importante se refere aos (alguns) conteúdos de
Matemática, ainda presentes no livro do autor paranaense, mas que devido às reformas
no ensino que estavam sendo elaboradas e vieram a ser consolidada nos anos que se
sucederam, desapareceram ou sofreram modificações dos livros didáticos de
5
É importante observar que o livro de Maeder foi escrito numa época de transição, isto é, a disciplina
de Matemática estava sendo construída como fusão de Aritmética, Álgebra e Geometria. Mesmo após
a criação da disciplina de Matemática, durante algum tempo os professores de Matemática utilizavam-
se em suas aulas de compêndios de Aritmética, de compêndios de Álgebra, ocorrendo o mesmo com
os de Geometria e Trigonometria. Eles retiravam os conteúdos desses compêndios para as aulas de
Matemática. Um exemplo disso pode ser observado em Martins (1984) em Estudo da evolução do
ensino secundário no Brasil e no Estado do Paraná com ênfase na disciplina de Matemática, p. 168.
246
Matemática. Um exemplo disso é, como bem aponta Serebrenick, raiz cúbica de
polinômios, ou ainda, o método de Dühring.
Serebrenick, em sua crítica, enumera então algumas páginas dos livros de
Maeder que contêm “erros”. Ao todo, 15 páginas são citadas. O procedimento adotado
por ele é reproduzir o que Maeder escreve (frases ou sentenças Matemáticas) e, a
seguir, fazer o comentário apontando o que, em sua opinião, não está correto. Um
pouco mais adiante, ainda neste capítulo, passo a citar tais críticas confrontando-as
com o que Maeder responde via jornal.
Ao terminar o artigo, Serebrenick dá a sentença a respeito de Álgebra
Elementar – 3ª. edição, mas sem também deixar de se referir ao autor Algacyr
Munhoz Maeder:
Com esses comentários ao livro do Prof. Mäder, não visamos naturalmente a sua
pessoa nem tampouco é nosso intuito desanimar ou diminuir o valor de quem se
dedique a estudos de Matemática. Muito ao contrário, é nossa principal finalidade
estimular o interesse por tais estudos. Mas, justamente porque achamos o livro do
Prof. Mäder nocivo para a boa disseminação da Matemática entre nós, é que
insistimos em mostrar a sua enorme deficiência sob todos os pontos de vista. Tanto
assim que, se o Prof. Mäder procurar retificar os erros de seu livro, para o que terá
de refundir todo o trabalho, a nova edição merecerá por certo nossas melhores
referências. (SEREBRENICK, 1933, p. 75)
Dizer que a principal função é “estimular” e não “desanimar ou diminuir o
valor” de um autor e sua obra parece-me (pelo menos é essa leitura que faço das
palavras de Serebrenick) entrar em choque com o veredicto “achamos o livro do Prof.
Maeder nocivo”. Maeder não aceita as críticas de Serebrenick e muito menos
reformula seu livro. Ao contrário, passa a escrever artigos no jornal Gazeta do Povo,
de Curitiba, ora se defendendo, ora atacando Serebrenick, Mello e Souza e também a
Revista Brasileira de Matemática. É a “Tribuna 2: Gazeta do Povo”, a seguir.
247
3.2 TRIBUNA 2: GAZETA DO POVO
O jornal Gazeta do Povo, com sede em Curitiba/Paraná, foi fundado em 03 de
fevereiro de 1919 por Benjamin Lins. No ano de 1933, foi porta-voz de Algacyr
Munhoz Maeder e alguns outros personagens que publicaram artigos, ora rebatendo as
críticas de Salomão Serebrenick ao livro de Maeder, ora mencionando a existência de
um “complô” contra tudo aquilo que não era feito na capital brasileira, então situada
no Rio de Janeiro, sede da Revista Brasileira de Matemática. Essa é a Tribuna 2.
No acervo da família de Maeder foi possível encontrar esse número da revista.
Além disso, foi também em meio aos documentos guardados que me deparei com
vários recortes de jornais
6
, entre eles os cinco do jornal Gazeta do Povo, escritos por
Maeder no mesmo ano da publicação anteriormente assinalada da Revista Brasileira
de Matemática. Todos esses artigos recebem a mesma denominação: Pobre
Matemática!
O tom irônico de Serebrenick ao criticar o livro aparece também nas palavras de
Maeder.
3.2.1 Pobre Matemática! – 16/07/1933
O título dado a essa série de artigos escritos por Maeder é justificado pelo autor,
quando situa Salomão Serebrenick como o orientador daquilo que será ensinado ao
país em termos de Matemática:
Já dizia o grande Rui, repetindo Sêneca: a pior espécie de ignorância é cuidar uma
pessoa que sabe o que não sabe.
Que profunda verdade encerra esse conceito genial.
Quanta comiseração infunde o ridículo papel dos falsos-sábios...
Pobre Matemática, cujos destinos no nosso País pretende orientar o Sr. Salomão
Serebrenick.
6
Esses artigos, encontrados no acervo da família de Maeder, me remeteram a uma busca na Biblioteca
Pública do Paraná e também no jornal Gazeta do Povo (de Curitiba) a fim de obter cópias. Após
conseguir tais cópias de microfilmes, procedi a digitalização eletrônica e também as montagens
necessárias para fazer constar aqui, conforme ilustrações que apresento nas páginas seguintes.
248
Sim, pasmem todos. O homem que sabe de cor a taboada e que dirige sem saber porque
a Revista de Matemática resolveu abandonar o seu papel apagado de diferencial de
segunda ordem para lançar-se pelo mundo afora, com a sofreguidão de D. Quixote, a fim
de combater todas as obras – boas e más – que apareçam no Brasil e que não sejam de
autoria dos seus patrões.
Poderá o Sr. Serebrenick medir o ridículo dessa pretensão?
O autor da humorística “Relatividade do rigor científico” e habilíssimo adivinhador de
perturbações meteorológicas já teria esquecido as asneiras que escreve e que escreveram
os seus mandatários, os homens que puseram Arquimedes no Egito e Salomão no
hospício?... (MAEDER, 1933, p. 6)
MATTEDI DIAS
7
(2000, p. 37) comenta sobre as ocupações profissionais de
Serebrenick e também sobre sua formação: “Salomão Serebrenick também foi
professor em instituições de ensino superior. Lecionou Hidrologia e Meteorologia na
Universidade Rural do Rio de Janeiro; Matemática Superior na Escola Livre de
Engenharia do Rio de Janeiro e Literatura Judaica na Universidade Federal do Rio de
Janeiro”. Quando Maeder se refere a ele como “habilíssimo adivinhador de
perturbações meteorológicas” o faz no sentido, possivelmente, de desqualificar a
posição de crítico de livros de Matemática alguém que ocupe essa função. Quanto
aos “seus mandatários”, interpreto como os anunciantes, no caso os editores dos
livros que aparecem no espaço destinado às divulgações. Mas, aparentemente, esse
comentário de Maeder acaba indo em direção de outro diretor da Revista Brasileira
de Matemática, isto é, J. C. Mello e Souza, quando cita “os homens que puseram
Arquimedes no Egito”. Há no livro Mathematica – 1º. anno
8
, escrito por Cecil Thiré
em parceria com J. C. Mello e Souza, um texto sobre Arquimedes (autoria de J. C.
Mello e Souza) onde se encontra referência a uma viagem de Arquimedes
9
ao Egito.
Nos outros artigos que analiso a seguir os comentários feitos por Maeder são mais
diretos, com claras denominações a quem se destinam. Ainda sobre a frase em que
Maeder menciona o autor de “Relatividade do rigor científico”, ele está se referindo
ao primeiro artigo deste número da Revista Brasileira de Matemática, assinado por
7
André Luís Mattedi Dias escreveu o artigo A Revista Brasileira de Mathematica (1929-193?) na
revista Episteme, Porto Alegre, n.11, p.37-56, jul./dez. 2000.
8
Para futuras outras pesquisas feitas a respeito de livros didáticos e, sabendo da grande dificuldade de
localizá-los, menciono que possuo esse livro de Mello e Souza em parceria com Cecil Thiré.
9
Ver página 278-279 de Mathematica – 1
o
anno publicado pela Livraria Francisco Alves, 4
a
. edição,
1933.
249
Salomão Serebrenick, que acaba mencionando a “Geometria de Euclides e
Mecânica de Newton – às Geometrias não-euclidianas e Mecânica moderna
(Serebrenick, p. 1, 1933).
Nesse artigo, Maeder acaba levantando e, pondo em xeque, a existência de
outros interesses que estão muito além de uma crítica qualquer a conceitos
matemáticos:
Surja de onde surgir, da aldeia ou da cidade, que a cultura das ciências abstratas não é
privilégio de ninguém, mas venha de gente séria, venha de gente especializada, venha de
quem não traga, em caso algum e sob disfarce algum, a intenção inconfessável do interesse
comercial.
E eu me proponho a atirar as primeiras pedras nos ídolos de barro.
Outros me seguirão naturalmente, até a destruição completa da panelinha de fundo gasto e
muito conhecida no País inteiro.
Não é vingança, mas defesa.
Defesa leal, não de meus interesses materiais, eu que não vivo do comércio do livro, mas da
mentalidade juvenil de minha Terra, que não pode mais continuar a mercê da orientação
venenosa de autores sem escrúpulos.
Pois é isso mesmo, Sr. Serebrenick, essas palavras que acabo de escrever constituem o início
da série de artigos que divulgarei na imprensa brasileira, revelando, aos que acaso ainda não
saibam o que valem os livros da quadra de azes de que participa e que de nada valem os
reclames de estilo cinematográfico que imprime sua revista. (MAEDER, p. 6, 1933)
Considero relevantes dois pontos já no primeiro parágrafo de Maeder. O
primeiro se refere à busca de valorização não apenas daquilo que, em termos
editoriais, é produzido na capital brasileira da época, mas também de outras “aldeias
ou cidades”. O segundo ponto diz respeito ao interesse comercial. MATTEDI DIAS
(2000, p. 51), ao abordar pontos da historiografia da Revista Brasileira de Matemática,
acaba fazendo um alerta sobre a cultura de valorização de determinados centros de
nosso país quando diz:
De fato, a historiografia nas ciências no Brasil contemporâneo ainda está, por várias razões,
centrada nas coisas, acontecimentos, narrativas e interpretações que emanam dessas
metrópoles. Muito pouco é dito sobre as coisas e acontecimentos de outros locais, segundo a
perspectiva que lhes é própria. Todavia, direi o óbvio, vida havia em outras cidades, e havendo
vida também haviam pessoas pensantes, intelectuais, que, além de viver, também produziam
cultura, inclusive cultura científica!
Quanto à existência do velado “interesse comercial” por trás das críticas feitas
às produções didáticas que emanavam do Rio de Janeiro, outras discussões nesse
250
mesmo sentido já foram motivo de estudo
10
. Uma delas também tem origem na mesma
Revista Brasileira de Matemática, no mesmo número em que o livro de Maeder é
criticado. Os pólos dessa discussão são J. C. Mello e Souza e o autor Jacomo Stávale.
Voltando ao artigo de Maeder, um pouco mais adiante, observo que as palavras
acabam por enfatizar ainda mais a existência de uma crítica não apenas ao livro, mas à
produção feita em um Estado que não a Capital Brasileira. O tom utilizado parece
levar o leitor paranaense a aceitar a existência de um sentimento em defesa e
valorização daquilo que é produzido no Paraná, ao mesmo tempo em que desqualifica
a crítica de Serebrenick.
O primeiro da série, que é precisamente este, em homenagem a cultura do meu Estado,
que consagrou unanimemente o meu livro não posso deixar de empregá-lo na refutação
das ingenuidades do Sr. Serebrenick, embora a sua opinião seja para mim, como para
qualquer analfabeto, absolutamente indiferente.
(...)
No Paraná, Sr. Serebrenick vive uma plêiade de matemáticos puros, comparável a de
maior renome no Brasil, que conhece os autores clássicos e modernos, que possui o
espírito da mais simples e menos complexa ciência de Comte, que discute Klein e
Poincaré, Lobachewski, Rieman e Minkowski, que lê Trompowsky, Amoroso Costa e
Eulálio, que interpreta Einstein e sabe o que sejam a lógica formal e a intuição pura.
E quando o que acima afirmo não bastasse, senhor das chuvas, para mostrar a
significação da mentalidade paranaense, eu diria ainda que meus alunos do Ginásio
colaboram assiduamente em sua revista (consulte-se números atrasados).
Enfim, o Paraná não é terra de cegos, Sr. Salomão. (MAEDER, 1933, p. 6)
Aqui é possível observar, além da discussão comercial, indícios sobre possíveis
influências de Maeder em seu trabalho. O positivismo de Comte, aos poucos, parece
ceder lugar para as discussões propostas por Klein. É a época dos movimentos em prol
de mudanças sócio-educacionais no Brasil, conforme já aqui citado por Fernando de
Azevedo. Além disso, temos a valorização de matemáticos brasileiros como Amoroso
Costa.
Ainda nesse artigo publicado no jornal Gazeta do Povo, Maeder começa a
rebater de forma pontual (no que se refere aos conteúdos de Matemática) as críticas
feitas por Serebrenick, conforme será ainda abordado.
10
Ver Valente (2003) no artigo Controvérsias sobre educação matemática no Brasil: Malba Tahan
versus Jacomo Stávale.
251
FIGURA 107 – POBRE MATEMÁTICA – MAEDER (1): 16/07/1933
252
FIGURA 107 – POBRE MATEMÁTICA – MAEDER (1): 16/07/1933
253
3.2.2 Pobre Matemática! – 21/07/1933
Cinco dias após o primeiro artigo, Maeder repete o procedimento de rebater
a Revista Brasileira de Matemática, em particular Salomão Serebrenick. Nesse
retorno à tribuna, Maeder inicia com um tom mais ameno em relação àquele
utilizado anteriormente levantando questões sobre o prosseguimento em escrever
artigos para rebater as críticas que sofreu. Mas isso foi apenas o início de uma
clara “repugnância” à suposta intenção velada do crítico da revista em questão.
Assim começa o artigo:
Devo confessar, por um dever de lealdade, que, em aqui chegado, hesitei um
momento.
Receei, mesmo, ser arrastado ao abismo de ridículo onde se encontra o meu
agressor.
Valeria a pena continuar, ocupando preciosas colunas da Imprensa, nesta hora
palpitante da vida nacional, e abusando da paciência do próximo, naturalmente
limitada, eu, um professor de Matemática que se presa a examinar os absurdos que
afirma enfaticamente um anormal?
Respondam-me os leitores que me honram com a sua atenção: pode merecer
consideração quem entende que a ordem das parcelas altera a soma? (página 69 da
Revista, citada em meu artigo anterior).
Poderá ser levado a sério quem escreve sobre rigor matemático e desconhece a
significação do termo “absurdo”?
Por outro lado, custa-me tanto dominar a minha repugnância pela má fé do Sr.
Serebrenick...
Mas tenho que prosseguir, uma vez que não viso a personalidade do meu agressor
anão e sim uma tarefa de expurgo de ordem intelectual.
Sem receio algum das conseqüências, eu direi tudo, aconteça o que acontecer, custe
o que custar, porque lutarei, estimulado pelo amor que tenho pela verdade
científica, até atingir, em golpe profundo e mortal, o coração da hidra estrábica,
que é essa panelinha de impostores que pretende monopolizar uma ciência para
comerciar.
A minha repugnância pela má fé do Sr. Serebrenick é mesmo muito grande.
(MAEDER, 1933, p.6)
Maeder confirma o que aqui foi dito anteriormente sobre o contexto da
época em que escreveu. Era o ar da atmosfera da Revolução de 30 que se
respirava. Ele enfatizou também, como já havia feito no outro artigo, a suposta
existência de intenções comerciais por parte dos diretores da revista. Porém, desta
vez, Maeder vai um pouco mais além e menciona diretamente Thiré e Mello e
Souza, utilizando as seguintes palavras:
254
Imaginem os leitores que o homem que acha o compêndio de Matemática do 1º ano
dos professores Thiré e Mello e Souza um “livro perfeito”, “admirável”, “que
excede em clareza e precisão aos melhores compêndios americanos e alemães” (sic),
tem a suprema malícia e a criminosa audácia de criticar algumas definições minhas,
que são as “mesmíssimas” que trazem os livros dos autores citados (refiro-me as
definições certas, que constituem dolorosa exceção nesses compêndios)
Não é preciso ser matemático, Senhor reformador-mirim do Mundo, para chegar às
conclusões a que conduzem as premissas acima.
Ou o livro do professor Mader é um compêndio “admirável”, etc, etc, ou os livros
dos professores Thiré e Souza não “nocivos”, etc. etc.
E não pensem que seja blague essa minha afirmativa, pois ela decorre das próprias
páginas da Revista infeliz. (MAEDER, 1933, p. 6)
É importante observar que nas páginas introdutórias da Revista Brasileira
de Matemática o espaço destinado ao “patrocinador” para divulgar os livros já
mencionados há as seguintes frases: “São os livros mais interessantes publicados
até hoje. Excedem em clareza e precisão aos melhores compêndios americanos e
alemães” – “É um livro perfeito, no qual a clareza de linguagem aparece aliada à
precisão dos conceitos” – “É um dos livros didáticos mais completos e mais bem
feitos até hoje publicados”. Maeder, observando tais frases, usa de um tom irônico
para, mais uma vez, desqualificar as críticas da revista.
Maeder utiliza-se então de um outro personagem, melhor dizendo, um outro
autor de compêndios que também foi vítima das críticas da revista, para continuar
o seu texto:
É que o Sr. Mello e Souza, também dirigente da Revista, criticando a definição
dada pelo prof. Jacomo Stávale para a multiplicação (página 79) apresenta uma
emenda. Pois bem, lendo a definição e a emenda, ter-se-á a minha definição, sim a
minha definição acremente criticada à página 71...
Ora, isso é sério, Senhores da Revista de Matemática?
Teria enlouquecido o homem dos “conceitos antagônicos”?
Conhece o Sr. Serebrenick a Salomé de Wilde?
Não leve assim tão longe, Sr. Salomão, o seu malfadado “brotneid”.
E não é esse o único exemplo que se pode citar para demonstrar à evidência as
incoerências da Revista de Matemática e as verdadeiras intenções de suas críticas.
Ela procura criticar, às cegas é verdade – porque às cegas andam os medíocres – a
tudo que esteja certo ou errado, muito embora a maioria de suas críticas venham
recair diretamente nos seus próprios signatários, pelas afirmações contidas em
artigos insertos no mesmo número da mesma Revista.
255
Neste artigo, que me foi cedido pela família de Maeder, ao citar Jacomo
Stávale, escrito a lápis pelo autor paranaense, há duas setas que são puxadas do
nome Stávale. Na ponta de uma delas, pode-se ler “eminente” enquanto na outra
“um dos padrões de glória do magistério nacional”. Como citarei mais adiante
(ver Tribuna 3) também Stávale utiliza as críticas feitas a Maeder para se defender
das críticas que a revista, na mesma edição, também dirige a ele e a sua obra.
O restante do artigo de Maeder trata de questões pontuais sobre os
conteúdos que foram criticados por Serebrenick, que aqui ainda serão abordadas.
256
FIGURA 108 – POBRE MATEMÁTICA – MAEDER (2): 21/07/1933
257
FIGURA 108 – POBRE MATEMÁTICA – MAEDER (2): 21/07/1933
258
3.2.3 Pobre Matemática! – 29/07/1933
Maeder, como havia prometido no primeiro artigo, continua a comentar as
críticas à sua obra. O tom do discurso é o mesmo e assim começa:
A calúnia é uma arma deselegante, Sr. Serebrenick.
Pena é que, antes de usá-la não tivesse lido a sentença do nosso grande Rui:
“O caluniai, caluniai continua a ter adeptos; mas o seu comércio é cada vez mais
desprestigiado, mais ignóbil e mais inofensivo”.
Sem ter a pretensão de estender esse pensamento, eu direi que a calúnia é uma
arma que já saiu da moda.
Nos nossos dias, não basta alguém afirmar alguma coisa para que se acredite de
mão beijada.
O povo culto quer ver, quer verificar pessoalmente se o autor disse ou não disse o
que se afirma ter ele dito.
E é só isso que eu desejo, Sr. Salomão...
Após fazer várias observações a respeito de alguns conteúdos existentes no
livro, os quais foram criticados, Maeder enfatiza novamente o real motivo do
procedimento da Revista Brasileira de Matemática:
Reduzida, assim, ao seu verdadeiro valor, a crítica “Caipora”, como disse alguém,
do Sr. Serebrenick, resta-me responder a interrogativa que imagino pairar nos
espíritos de alguns leitores menos versados em questões de concorrência comercial.
Quais foram os motivos determinantes da traiçoeira agressão do crítico de revista?
A resposta é muito simples e posso resumi-la em poucas palavras.
É que a aceitação que o meu livro vem alcançando nos centros grandes do país,
inclusive o Rio de Janeiro, vai perturbando “o negócio” que vem fazendo certos
autores muito conhecidos do Sr. Salomão...
Mas, posso afirmar, sem falsa modéstia, que eu levo alguma vantagem sobre esses
autores uma vez que não faço – porque não preciso e não quero fazer – o comércio
da literatura didática.
E a prova disso é que o meu livro não se restringe, apenas, ao desenvolvimento dos
pontos dos programas da duração das rosas de Malherbe, que se adotam
presentemente.
O seu texto é mais amplo e a sua finalidade é mais nobre.
É um livro que representa um esforço maior do que qualquer vantagem material
que me possa trazer.
E, por isso mesmo, é um livro exato. Escrito com longa meditação, não tem os erros
que constituem, por assim dizer, a regra geral de certos compêndios atuais, escritos
e impressos em 24 horas.
Os meus exercícios, aliás em grande número, são todos de minha autoria pessoal e
exclusiva. Não os copiei de ninguém, como faz muita gente boa...
Repetindo a opinião de todos que conhecem o meu livro, posso dizer ainda que ele
representa a maior negação do “livro comercial”.
259
E o Sr. Salomão sabe disso muito bem, porque sabe como se fazem os livros
didáticos comerciais.
Deveria ter observado a apresentação luxuosa da minha “Álgebra Elementar”, o
exímio trabalho tipográfico dos meus editores, que honram as artes gráficas
nacionais, para depois falar em interesses comerciais...
Fortes palavras são aqui dirigidas e envolvem não apenas as questões
ligadas ao comércio editorial como também apontam a prática, por parte de alguns
autores, da apropriação de textos. Em relação a isso, Maeder não diz de forma
direta a quem se refere ou se pode comprovar esse tipo de expediente, mas o
“endereço do destinatário aparece nas entrelinhas”. Observo nesta parte do texto
que Maeder aproveita a oportunidade para valorizar seu próprio trabalho ao falar
da boa aceitação de seu livro nos grandes centros do país.
Finalizando o presente artigo publicado na Gazeta do Povo, Maeder
promete continuar, porém parece estar disposto a usar uma outra maneira de
conduzir sua defesa:
Mas já que falou, apresentou-me a oportunidade de falar eu também, o que farei
com grande minúcia e toda a franqueza nesse assunto melindroso para muita gente.
E o resultado fatal da minha crítica será o que todos já prevêm, será a dissecação
dos erros imperdoáveis que se encontram nos “livros expressos”, onde as definições
se deveriam chamar, estendendo o conceito do termo de semi-definições, dada a
pressa formidável com que foram redigidas.
E depois é tão fácil verificar, folheando os próprios livros que serão alvejados, uma
vez que os erros que mostrarei estão à altura da mentalidade infantil dos iniciandos
no estudo da Matemática.
Serão, por exemplo, como estes:
“V significa 5000”
“XII V significa 12005”
(Matemática do 1º ano de Cecil Thiré e Mello e Souza, 4ª edição, página 42).
(Continua)
A observação final relacionada a algarismos romanos que Maeder atribuiu a
esses dois autores do Rio de Janeiro pode ser encontrada no correspondente livro,
porém à página 24 e não na 42, como escrito no jornal.
260
FIGURA 109 – POBRE MATEMÁTICA – MAEDER (3): 29/07/1933
261
FIGURA 109 – POBRE MATEMÁTICA – MADER (3): 29/07/1933
262
3.2.4 Pobre Matemática! – 06/08/1933
O mês de julho de 1933 termina, mas os artigos escritos por Maeder parecem
não ter fim. O fato de Maeder ser conhecido na cidade de Curitiba na época em
questão pode ter colaborado para incentivá-lo a dar prosseguimento à “sua defesa”.
Acredito nisso pelo fato de ter me deparado com outros artigos
11
também publicados
no mesmo jornal, mas com outras autorias.
Segue a defesa de Maeder:
Lendo, dias passados, o “Pássaro Azul” de Maeterlink, afim de distrair pouco, se acaso
possível fosse, o meu espírito, fatigado e irritadíssimo, da leitura de trinta páginas de
Matemática do 1º ano de Cecil Thiré e Mello e Souza, demorei-me por um momento,
meditando um pouco, na página maravilhosa de observação, em que o criador imortal da
inteligência das flores lança os personagens mais bizarros do seu livro: “O GOZO DE
NÃO SABER NADA” e o “GOZO DE NÃO COMPREENDER NADA”.
Personagens bizarros mas humanos, profundamente humanos personagens em que as
dimensões dos estômagos gigantescos ultrapassam assustadoramente a dos demais
órgãos, de nobreza maior ou menor, que constituem, no indivíduo normal, o conjunto
maravilhoso que impulsiona os seres animais.
Estômago maior que a cabeça!
Estômago maior que o coração!
E lembrei-me, então, do Sr. Serebrenick.
Como esse manejador banal do pluviômetro e especialista em classificação de vinhos
encarna com perfeição absoluta, na comédia estupenda do escritor extraordinário, o
duplo papel desses “GOZOS GROTESCOS DA TERRA”!
Como és grande, Maeterlink!
Como és ridículo, Salomão!
Nesse texto, Maeder acena uma leve mudança no rumo de seus discursos nessa
tribuna, mas mantém a idéia de desqualificar Salomão Serebrenick e sua crítica
utilizando a ocupação desse em relação ao trabalho voltado à meteorologia. Quanto à
citação sobre o conhecimento de vinhos a que se refere Maeder é uma ironia ao que
disse Serebrenick no começo de sua crítica. A mudança de foco que observo no artigo
de Maeder vai para o livro Matemática do 1º. ano, dos autores Cecil Thiré e Mello e
Souza (ver FIGURA 110).
Maeder continua na sua defesa/ataque:
11
Esses outros artigos foram escritos também durante os meses de julho e agosto de 1933, conforme já
citei anteriormente e abordarei um pouco mais adiante.
263
E, como gosto muito de ser franco, passo a justificar a irritação que sofreu o meu espírito
pela leitura da obra em apreço.
Os professores de Matemática do Colégio Pedro 2º assumem uma responsabilidade
muito grande na publicação dos seus compêndios, decorrente da natureza mesma dos
cargos que desempenham e que mais ainda se avoluma quando dizem, com uma
arrogância inédita, serem “perfeitos” os seus livros.
O emprego do termo “perfeito” pelo matemático, no rigorismo atual da escola moderna,
é bastante grave.
E lamentavelmente Cecil Thiré e Mello e Souza não refletiram bem quando – juízes em
causa própria – afirmam categoricamente no prefácio da sua Matemática do 2º ano: “E é
evidente, porém, que num livro perfeito os conceitos devem ser apresentados com rigor,
impecáveis as definições e as teorias desenvolvidas com a máxima precisão e clareza”.
Ora, verifica-se facilmente, como aliás já demonstraram vários críticos eminentes, que os
citados compêndios constituem a mais completa negação dessas qualidades que
apregoam os autores possuir.
Como blague, a piada dos professores Thiré e Souza é finíssima não há dúvida...
FIGURA 110 – CAPA DO LIVRO DE CECIL THIRÉ E MELLO E SOUZA
264
Como já disse anteriormente, o contexto em que esses artigos escritos por
Maeder e as críticas veiculadas pela Revista Brasileira de Matemática era o das
tribunas, onde as discussões visavam também a melhorias na educação brasileira,
conforme aborda Azevedo. Ao citar o Colégio Pedro II e os professores Cecil Thiré e
Mello e Souza, acredito que Maeder estava externalizando o fato de essa instituição e
seus professores terem sido referência no ensino brasileiro durante muito tempo.
MIORIM (1998, p. 87) aborda essa referência em Matemática ao dizer que em “todas
as várias reformas pelas quais passariam os planos de estudo do Colégio Pedro II,
durante o período imperial, ora predominando o ensino clássico, ora o científico, as
Matemáticas – com a inclusão da trigonometria – estiveram sempre presentes,
variando apenas a quantidade de horas destinadas ao seu ensino e, em alguns
momentos, a profundidade de seus conteúdos”.
O que vem a seguir neste artigo de Maeder e, também no próximo, pouco tem
com Salomão Serebrenick, pois o livro de Cecil Thiré e Mello e Souza são os alvos
das críticas do autor paranaense. Embora não tenha como objeto o estudo dessas
críticas, menciono apenas parcialmente. Continua Maeder:
Mas, como eu não aceito nem ninguém tão pouco aceita a hipótese da blague, por ser
inócua na literatura didática da Matemática Elementar, é preciso que se diga que é
muito grande mesmo a deficiência e maior ainda a imperfeição de tais compêndios.
Com efeito, redigidos que são em péssima linguagem, com erros grosseiros de português,
alguns até de concordância, encerrando contradições monstruosas, definições erradas,
conceitos absurdos, afirmações ridículas, sem nenhuma clareza na exposição, sem a
menor precisão no desenvolvimento das teorias, os compêndios de Thiré e Souza não
seriam toleráveis, como já se escreveu, ainda que se tivesse apresentado com modéstia...
Senão, vejamos.
De fato, o que Maeder faz a seguir é levantar, como ele mesmo diz,
imperfeições e termina o artigo apontando alguns pontos dos livros desses autores e
prometendo continuar.
265
FIGURA 111 – POBRE MATEMÁTICA – MAEDER (4): 06/08/1933
266
FIGURA 111 – POBRE MATEMÁTICA – MAEDER (4): 06/08/1933
267
3.2.5 Pobre Matemática! – 20/08/1933
A “Pobre Matemática” agora inicia com uma frase a respeito de número,
atribuída a Tannery: “A noção do número foi tirada da idéia de coleção de objetos
distintos”. Jules Tannery é autor do livro Leçons d’Arithmétique théorique et pratique,
publicado na França em 1894. Valente (2003, p. 67) fala da importância do livro de
Tannery considerando como “ponto de vista do ensino de Matemática, o cálculo
aproximado, o cálculo dos erros”. Em relação a isso, Tannery, isto é, sua obra, “traz
para o ensino de aritmética destaque ao raciocínio indutivo, uma das bandeiras da
modernização da Matemática escolar”. O conhecimento do autor paranaense a respeito
de Tannery não pode evidentemente ser dimensionado, mas é possível observar
indícios disso.
Assim tem início o artigo de Maeder:
As definições desempenham, como se sabe, um papel preponderante em toda a ciência,
por serem um dos processos do conhecimento.
E por isso mesmo, a maiêutica de Sócrates marca época na história da Filosofia.
É que, por meio desse processo de perguntas e respostas, o filósofo definia e pela
definição revelava aos discípulos a essência das coisas.
Em Matemática, tratando-se de noções ideais, é o espírito que deve criá-las e o faz por
intermédio da definição.
Se as definições em geral são cópias, as da Matemática são modelos, aos quais os objetos
estão necessariamente conformes.
Daí a qualificação de CONSTRUTIVAS que se soe dar as definições da Matemática,
porque elas indicam como se origina o objeto ideal que se trata de estudar.
Sim, as definições da Matemática são construtivas.
Meditava eu em tudo isto e tinha diante da vista esse colosso (12):
Neste artigo, Maeder elabora um texto introdutório observando idéias a respeito
do que considera ser uma definição em Matemática e de sua importância. Assim,
prepara o terreno para fazer críticas (continuação do artigo anterior) ao livro
Matemática – 1º. ano de Thiré e Mello e Souza. O número 12 entre parênteses,
conforme acima, indica que é a 12ª. crítica que faz sobre o livro dos dois autores do
Rio de Janeiro. Ao todo, juntando os artigos publicados no jornal Gazeta do Povo em
06/08/1933 e 20/08/1933, são 14 críticas, as quais não apresento aqui. Maeder encerra
seu artigo, após observar todas essas críticas, da seguinte forma:
268
14 erros nas 13 primeiras páginas é realmente uma boa média para um “livro perfeito”,
“que excede em clareza e precisão aos melhores compêndios americanos e alemães” e
cuja edição deveria ser incinerada a bem da nossa cultura
. (a parte assinalada da
sentença é dos próprios autores e a final grifada é de todos os que leram a Matemática do
1º ano de Cecil Thiré e Mello e Souza).
E eu, então, fico no meu canto a cismar no triste papel dos alto-falantes ridículos, nos
probres-diabos serebreniques, que vivem a cantar ingenuamente a glória negativa de
inteligências fracassadas.
(segue)
Algacyr Munhoz Maeder
Maeder encerra associando Serebrenick a um alto-falante. Apesar da palavra
“segue”, não foi possível encontrar qualquer outro artigo sobre essa continuação. Nos
arquivos da Biblioteca Pública do Paraná, onde esses artigos escritos por Maeder
podem ser encontrados, vasculhei todos os jornais da Gazeta do Povo, de 20/08/1933
até o início do ano de 1934, e nada encontrei. No acervo particular da família, somente
os cinco artigos que acima citei foram guardados.
269
FIGURA 112 – POBRE MATEMÁTICA – MAEDER (5): 20/08/1933
270
FIGURA 112 – POBRE MATEMÁTICA – MAEDER (5): 20/08/1933
3.2.6 Conterrâneos na tribuna
Em 1933, Maeder era um personagem de destaque na cidade de Curitiba, pois já
havia sido diretor do Ginásio Paranaense e, no final de 1931, foi um dos
representantes (delegados) do Estado do Paraná na IV Conferência Nacional da
Educação
12
realizada no Rio de Janeiro. O fato de ter sido criticado pela Revista
Brasileira de Matemática certamente foi conhecido por boa parte da população da
capital paranaense, pois se tratava de um “ilustre paranaense” sendo “atacado” por
12
A respeito da IV Conferência Nacional da Educação, no jornal Correio da Manhã de 24/12/1931 do
Rio de Janeiro, Maeder concede uma entrevista. Essa mesma entrevista é reproduzida nos jornais do
Paraná.
271
uma revista do Rio de Janeiro; além do mais, houve uma divulgação desse fato
principalmente a partir dos artigos escritos por Maeder no jornal Gazeta do Povo.
Assim, o que aconteceu a seguir foi a publicação de outros artigos, no mesmo jornal,
de autoria de conhecidos de Maeder, que vieram em seu apoio. Ao todo, encontrei
cinco artigos de autoria de dois autores que, conforme a filha de Algacyr Munhoz
Maeder diz, foram amigos do autor paranaense: Léo Cobbe (escreveu em 25/07/1933,
em 02/08/1933 e em 10/08/1933) e Hirosê Pimpão (escreveu em 28/07/1933 e
04/08/1933).
A seguir, passo a observar o teor dos artigos publicados por esses dois
personagens contemporâneos e conterrâneos de Maeder, provavelmente amigos
13
ou
conhecidos do autor paranaense. As palavras presentes ao longo desses textos oscilam
entre alguns pontos principais: a falta de valorização de tudo aquilo que é produzido
fora da Capital Brasileira da época; o desconhecimento do Estado do Paraná no
cenário brasileiro de então; o desprezo dado à produção cultural paranaense (exemplo
disso: o livro de Maeder) e a crítica ao que foi produzido na capital brasileira dos anos
de 1930.
13
Embora os nomes desses personagens sejam do conhecimento da filha de Maeder, não foi possível
precisar informações mais específicas do relacionamento deles com o autor paranaense.
272
FIGURA 113 – ARTIGO DE COBBE (1): 25/07/1933
273
FIGURA 113 – ARTIGO DE COBBE (1): 25/07/1933
274
Em seu primeiro artigo, que recebe o nome de Má fé ou ignorância?, Cobbe
mostra ter conhecimento de matemáticos famosos, preparando o terreno para, logo em
seguida, desferir ataques. Ele começa assim:
Depois de, sobre os fundamentos lançados por Abel e Cauchy, uma plêiade de cérebros
imensos e elegantes que, partindo de Riemann, culminou com Amoroso Costa –
construiu esse maravilhoso edifício chamado Matemática Moderna, uma anciã incontida
de rigores formais tem tomado conta de muitos cérebros de matemáticos. E na altura das
lucubrações de Lobatchevski, Cantor, Poincaré... têm sonhado pairar também as,
puramente fisiológicas, atividades cerebrais de mentalidades infra-cretinianas.
Daí essa série de livros, conferências, artigos de revista e artigos de jornais que,
abordando assuntos os mais meta-cósmicos e abordados por inteligências de décima
oitava categoria, por inteligências que a custa de imensos esforços conseguiram aprender
a resolverem suas equaçõesinhas, por inteligências que favorecidas por essa excessiva e
injustificada democracia intelectual conseguiram freqüentar uma ou outra reunião nos
salões de Wierstrass, Beltrami... só duas coisas conseguem:
1º: - Poluir aquele maravilhoso edifício;
2º: - Tornarem ridículos seus autores, aos olhos daqueles que vieram, de longe e com o
devido respeito, as brilhantes quão fecundas páginas da Matemática Moderna.
Mas além das produções obscenas acima citas, outra espécie de produções, ainda
obscenas, resulta da ância incontida de rigores formais:
Cobbe acaba falando de uma “Matemática Moderna” referindo-se aos
movimentos surgidos na época e não ao Movimento Matemática Moderna da década
de 1960. Ele defende esse “edifício” e considera obsceno o que vai contra. Mais, o
artigo escrito por Cobbe acrescenta um personagem às críticas feitas por Maeder a
Thiré, Mello e Souza e Serebrenick: Euclides Roxo. Assim, Cobbe elabora um
“tetrálogo de 5 pessoas” utilizando-se de um tom também irônico para tentar explicar
ao leitor do jornal paranaense como teria sido engendrado um plano para desqualificar
o trabalho publicado por Maeder:
Tetrálogo de 5 pessoas
- Roxo: - O livro do professor Mader está entrando no mercado...
- Thiré: - É verdade. Precisamos por um paradeiro nisso...
- Souza : - O dividendo deste mês será fraquíssimo...
- O senhor Salomão (dando um pulo ao ouvir falar em dividendo fraquíssimo): - Deixa-o
comigo. Eu tenho consciência do meu próprio mérito. Nada mais fácil, para mim, do que
achar erros no tal livro. Ontem jantei com Pash.
- Tartarin de Taracon: - Eu também cantei hoje o “Roberto Diabo”, em casa dos
Bezilquet.
E foi assim que o Senhor Salomão, brandindo um bacamarte poli-euclidianíssimo e
invocando a décima irmã de Euterpe (os trinta por cento, e desprezando a observação de
275
Tartarin) entrou pelas páginas da álgebra do professor Mader, a caçar ausências de
rigores formais.
Neste ponto, sob o título “Das diversas maneiras de ser caipora”, vem o ataque
direto a Serebrenick e os três autores do Rio de Janeiro:
Imaginem um amigo de peito de Ivan, o terrível, que saísse repentinamente pelos
caminhos a pregar as doutrinas de Tolstoi sem ter, previamente e logicamente, rompido
com o tal Ivan. Seriam, é obvio, desastrosas as conseqüências.
Pois o senhor Salomão, não somente não rompeu com a Souza, Thiré e Roxo, como,
ainda por cima, a tem como aliada.
Ora, os livros de Souza, Thiré and Roxo são o que se pode chamar de verdadeiro telhado
de vidro para quem, morando-lhe por baixo, queira atirar pedras formas nas obras
alheias. E o desastre é mais completo quando o próprio crítico comete, durante sua
crítica, erros de rigores formais e o desastre é mais completo ainda quando a “obras
alheias” é um livro honestíssimo e, por várias qualidades, capaz de honrar a didática
algébrica como o é o do professor Mäder; e o desastre é mais completíssimo ainda
quando se notar que muitas das coisas criticadas pelo senhor peso-pesado Salomão são
adotadas pela maioria dos mestres imortais da didática Matemática e, também, pelos
ultra-mortalíssimos ana-mestres seus sócios.
Aqui o senhor Salomão gritará:
Mas eu não cometi, durante a minha crítica, erros de rigores formais. Mostre-os se for
capaz!
Eu que sou muito calmo e que não gosto de gritos responder-lhe-ei, a mezza você:
276
FIGURA 114 – ARTIGO DE COBBE (2): 02/08/1933
277
FIGURA 114 – ARTIGO DE COBBE (2): 02/08/1933
278
FIGURA 114 – ARTIGO DE COBBE (2): 02/08/1933
279
Em 02/08/1933, Cobbe volta a utilizar o jornal Gazeta do Povo para continuar
sua defesa ao ilustre paranaense que havia sido alvo de crítica pela Revista Brasileira
de Matemática. Ele inicia seu segundo artigo com o mesmo título: Má fé ou
ignorância?. O alvo são os autores Souza, Thiré e Roxo, referindo-se a eles como
sócios de uma empresa. Com uma linguagem rebuscada, Cobbe escreve a história de
um rei, um boneco e o ouro sobre azul e de uma determinada trama. Na verdade, o que
se observa no texto é uma forma de levar o leitor a conhecer uma “firma” que ele
denomina “Souza, Thiré and Roxo”.
Estavam os sócios nessa busca de novas atividades quando, um belo dia, entra-lhes pelos
escritórios a dentro o senhor Salomão a fazer uma proposta.
- Meus queridos senhores. Uma longa prática das coisas do comércio aliada à falta, no
momento, de capital me faz trazer minha presença diante de vossas augustas presenças.
Conheço-vos a obra a fundo pois foi nela que hauri a minha alta capacidade super-
Beltramica e não-Lorentziana. Sobram por este mundo livros eivados do mais puro e
crasso erro. Sei que pretendeis ampliar vossos negócios invadindo novos ramos de
indústria. Vim portanto trazer à apreciação de vossas eminentes apreciabilidades a
minha idéia.
A IDÉIA
- Sois o rei do mercado do livro, mas não sois o único: tendes concorrentes.
Ora cada um dos vossos concorrentes, sosinhamente considerado seria uma gota d’água
diante de vossa oceânica obra. Mas é que eles são inúmeros e somados, igualam-vos, em
quantidade é claro. Porque pois não tentar o trust do livro?
- Já pensamos nisso, mas você compreende que, conquanto imensos, nossos capitais
enfraqueceriam se fôssemos comprar todos os concorrentes...
- Duas são, meus nobres fidalgos, as maneiras principais de trustificar uma indústria:
Uma, a geralmente usada pelos que não dispõem de grandes recursos de inteligência, é a
que pretendíeis adotar... Outr. ...
(Aqui ia havendo um incidente que quase põem a perder os futuros entendimentos e
talvez com isso eu, o Boileau-sinho, não tivesse vindo a este mundo de perfídias. É que os
senhores sócios ficaram melindrados com a gafe do senhor Salomão ao afirmar que eles
não tinham grandes recursos de inteligência. Mas o senhor Salomão explicou que não era
bem isso que ele queria dizer, que se referia unicamente a inteligência comercial a qual,
como ilustríssimos senhores sabiam, não era unívoca nem distributiva nem comutativa e
sim unicamente apenas somente privativa. E os ânimos se acomodaram.)
Com esse de texto, o autor insinua a existência de um verdadeiro complô para
desqualificar o trabalho de autoria de Maeder. Segundo Cobbe, o crítico Salomão
Serebrenick teria inventado uma máquina, mas não uma máquina qualquer. Teria
criado uma “máquina de atirar pedras no telhado do vizinho”. Refere-se, dessa forma,
à Revista Brasileira de Matemática. A empresa Souza, Thiré and Roxo teria agora no
senhor Salomão um sócio-gerente.
280
FIGURA 115 – ARTIGO DE COBBE (3): 10/08/1933
281
FIGURA 115 – ARTIGO DE COBBE (3): 10/08/1933
282
Alguns dias depois desse segundo artigo, Cobbe publica um novo artigo com o título
Má fé ou ignorância. O jornal Gazeta do Povo de 10/08/1933 novamente é a tribuna
utilizada por Cobbe para desqualificar quaisquer críticas feitas ao livro de Maeder, ao
mesmo tempo em que também procura pulverizar a obra de outros concorrentes. Cobbe
inicia assim o terceiro artigo:
Expliquei, na aula passada, as razões que trouxeram a este mundo, e, em seguida, os motivos
de minha tragédia subjetiva que findou com o eu me dedicar, de molas e alma, ao alçamento
dos erros contidos no LIVRO PERFEITO. E entraria hoje na exposição dos ditos erros, sem
mais preâmbulos, se contingências psico-didáticas não exigissem mais um detalhe.
É que a prata que colabora na minha anatomia tem também a sua – curta porém – história, e
essa mui concorrerá para os esclareceres do assunto.
Denominando de A história da prata, Cobbe cria um texto para mostrar, segundo
ele, o que teria levado Salomão Serebrenick a ser o crítico de Maeder. Para Cobbe, são três
os motivos. No primeiro deles, insinua que Serebrenick jamais havia produzido qualquer
obra. O segundo Serebrenick sabia que não tinha capacidade para tanto. O terceiro conta
que esse crítico já havia encontrado erros em todas as obras que lera. Sendo assim, não teria
problemas também para encontrá-los no trabalho de Maeder.
Nesse terceiro artigo, Cobbe prossegue fazendo comentários que procuram
desqualificar os supostos erros apontados por Serebrenick e termina o artigo prometendo
uma continuação:
Na próxima aula, ainda presidido pela noção de rigorismos formais, continuaremos, se esta
micelânea ainda interessar aos alunos, a traduzir – já em prosa já em verso já em música, as
perturbações que sente um boneco de prata e de mola quando guiado pela má fé, se põem cheio
de intransigências a ler um livro que auto-ego-sui-a si mesmo se intitulou PERFEITO, como o
fez o 1º ano de Matemática de Cecil Thiré e Mello e Souza.
Ironicamente, assina essa publicação como Léo Cobbe, “especialista em moléstias
de crianças”. A continuação prometida, porém, parece não ter ocorrido, pelo menos não foi
possível encontrar nos arquivos da Biblioteca Pública do Paraná qualquer outro artigo de
Léo Cobbe. Mas Maeder não teve apenas o apoio escrito de Léo Cobbe. Outros dois artigos
foram publicados por outro autor, também paranaense. Nos dois artigos, o título utilizado
foi Um grande paranaense atacado por um seu colega do Rio de Janeiro. O autor de tais
artigos é Hirosê Pimpão.
283
FIGURA 116 – ARTIGO DE PIMPÃO (1): 28/07/1933
284
O primeiro artigo, publicado na Gazeta do Povo em 28/07/1933, procura mais
observar “a injustiça” desse ataque injustificável a um personagem muito importante
do Estado do Paraná. Observo que as palavras de Pimpão não são agressivas, mas
buscam levar o leitor ao estranhamento e incompreensão dessas críticas.
Os diversos artigos publicados ultimamente em defesa da “Álgebra Elementar” do
professor Mäder, despertaram em mim o desejo de saber a causa de tão simpático quão
justo efeito.
Recorri as fontes necessárias, e lá me inteirei do assunto que me faz escrever, para
externar a minha revolta íntima.
Trata-se, como o leitor já sabe do improcedente ataque do sr. Serebrenick ao mais digno,
ao mais merecedor e ao mais esperançoso dos moços do Paraná.
Não são elogios que eu estou a fazer, porque aos brios e à dignidade de um estudante
repudiam tão baixos sentimentos quais sejam os bajulo. É apenas a verdade visível por
todo aquele que, em comunhão com a consciência da inveja ao ver no dr. Mäder aquelas
verdades que expus.
Pois bem. Provada como já está a ambição do comércio do livro que animou o sr.
Serebrenick a mostrar ao culto público brasileiro a sua, ou ignorância, ou má fé com que
agiu na questão eu vou dizer o que me vai no coração.
Embora o autor do artigo acima não utilize em momento algum os nomes de
Thiré, Mello e Souza ou ainda de Roxo, parece acreditar que o motivo da crítica ao
livro de Maeder tenha origem na disputa do mercado editorial e também na vontade de
Serebrenick de divulgar seu nome. E continua Pimpão:
Eu tenho para mim que, em virtude do sr. Serebrenick ser um nome muito desconhecido
no Brasil, e como o inclito mestre dr. Mader é, apesar da sua pouca idade, um vulto de
projeção nos meios intelectuais brasileiros, o sr. Serebrenick começou de pensar: - esse
dr. Mader é um professor lá no Paraná, estado quase sem influência. E concluiu: - eu vou
criticar a “Álgebra Elementar”, e como ela está tendo entrada em todos os estados do
Brasil, o rumor será grande, e o meu nome ficará conhecido de todos. Veja o leitor
amigo, se não foi mesmo a ambição da publicidade e o medo da concorrência e que
levaram o sr. Salomão a dar tão cabal, quanto triste amostra do mal-agourado plano por
ele arquitetado. Veja o que pode acontecer a um triste ambicioso.
O tal Paraná que o sr. Salomão julgou sem influência, é a terra daqueles que sabem
discernir o bom do ruim, que sabem fazer justiça aos que a merecem, que sabem não
admitir que um seu conterrâneo tão útil, seja o alvo das risíveis e tristes brincadeiras de
um sr., que pelo simples gosto de sentir as cócegas da popularidade, se apega a pequenos
descuidos da tipografia que comete os chamados “erros de imprensa”.
É a prova sr. Serebrenick, de que o Paraná sabe ter amor aos filhos que merecem, aí
tem-na o sr. nos vibrantes artigos de matemáticos e jornalistas nossos.
É importante observar que Pimpão fala da existência, no livro de Maeder, dos
chamados “erros de imprensa”, o que não ocorre nos artigos publicados por Cobbe,
conforme abordados anteriormente.
285
FIGURA 117 – ARTIGO DE PIMPÃO (2): 04/08/1933
286
No segundo artigo, publicado em 04/08/1933, Pimpão inicia comentando que
Serebrenick não tem capacidade na “mais positiva das ciências” para ter a posição de
crítico do livro em questão. Porém, nesse artigo há menção a Thiré e Mello e Souza:
Coitado. Teve ele capacidade para se julgar crítico justo da Álgebra Elementar, mas a sua
capacidade não lhe permitiu calcular, nem por uma progressão aritmética, em que águas
se ia banhar.
E hoje, eis o pobre do sr. Salomão a correr da casa de Thiré para de Souza, em busca do
refrigério para o mal por ele procurado. Mas agora que o sr. Serebrenick se acha em
meio a sua queda, não há uma consciência, mesmo corrompida como a dos seus sócios
que lhe queira dar a mão. E o pobre do sr. Salomão acocorado ao canto do
arrependimento, espezinhado pelas verdades que tem recebido dos paranaenses, em
cujas veias corre o sangue, primeiro da fraternidade e depois o da amizade, há de se ter
persignado mil vezes para se livrar do demônio da tentação, que o tentou a ambicionar o
ápice da glória, que lhe havia de vir, criticando o que está certo.
Um pouco mais adiante, Pimpão levanta a hipótese da existência de um complô
montado por Thiré, Mello e Souza e Roxo. Tal complô teria novamente, como já foi
aqui apontada, uma finalidade comercial.
É nos permitido fazer a hipótese de que, os lucros que a trindade perfeita reunida na
sociedade de Souza, Thiré e Roxo, sendo bem apetitosos, chamaram a eles a cobiça do Sr.
Serebrenick. Este após dizer publicamente que o melhor livro de Matemática era o
daquela trindade, foi admitido a tomar parte na repartição dos mesmos lucros. Mas,
como há certos indivíduos perseguidos pelo infortúnio, apenas o Sr. Salomão entrou para
a sociedade, apareceu a Álgebra Elementar, que, pela perfeita interpretação dos
programas do curso secundário, e pelo valor da matéria que encerra, como pelos
exemplos felizes feitos pelo próprio autor, foi aceita por todos os estabelecimentos
ginasiais do Brasil e mais pelo Colégio Militar, causando assim um forte abalo nos lucros
daqueles comerciantes srs. Então o Sr. Salomão mais atrevido que os outros, e fazendo
uma idéia de que o povo não fosse verificar o que ele ia fazer, escreveu a já tão
comentada crítica.
Foi só a cobiça da popularidade e mais a do dinheiro que levaram o Sr. Salomão a dar
derradeiro passo para o precipício.
Infelizmente, não foi possível determinar o alcance da obra de Maeder. Os
dados a esse respeito são inexistentes embora haja indícios que apontem para certa
projeção nacional do nome de Maeder. Saber onde a Álgebra elementar – 3ª. edição
foi adotada não me foi possível pela precariedade dos dados existentes em arquivos,
pasmem, até de bibliotecas públicas espalhadas pelo Brasil. Embora tenha,
eletronicamente, observado o acervo de algumas bibliotecas brasileiras e constatado
que em algumas delas havia o livro de Maeder, não considerei tal pesquisa conclusiva.
287
Assim não é possível confirmar a afirmação anterior de que teria sido adotada por
todos os estabelecimentos ginasiais existentes no Brasil, na época.
3.3 TRIBUNA 3: COMPANHIA EDITORA NACIONAL
Como já foi dito aqui anteriormente, a Revista Brasileira de Matemática, no
número já mencionado, não teve como foco de críticas apenas o trabalho publicado
pelo autor paranaense. Jacomo Stávale e seu livro destinado ao primeiro ano também
foram duramente criticados. O autor das críticas foi J. C. Mello e Souza.
Apoiado pela editora em que Stávale publica suas obras, a Companhia Editora
Nacional, com sede na cidade de São Paulo, um “folheto” (em forma de revista, assim
como a Revista Brasileira de Matemática) com 32 páginas foi publicado e, de alguma
forma, chegou às mãos
14
de Algacyr Munhoz Maeder. O título do folheto é Coisas da
Matemática... – Resposta ao Professor Júlio Cesar Mello e Souza...
Encontra-se o “folheto” dividido, após uma advertência escrita por Stávale, em
três partes. Na primeira, publicou-se o artigo escrito pelo Professor de Matemática
André Rocha da cidade de Corumbá, que explica os motivos de terem adotado o
compêndio de Stávale. Além disso, procura rebater as críticas levantadas por Mello e
Souza. Para a segunda parte, o próprio Stávale escreve um artigo de título Aos
professores e estudantes do Brasil, no qual pondera e rebate os “erros” apontados por
Mello e Souza. A terceira parte também é assinada por Stávale, sob o título Revista
Brasileira de Mathematica. Assim como Maeder, também Stávale pondera sobre a
existência de uma intenção clara de utilizar tal revista para os interesses comerciais
dos autores do Colégio Pedro II. “Porque, não há negar, a R.B.M. reapareceu sob a
direção do fulgurante binômio Mello e Souza – Salomão, exclusivamente para arrasar
todos os compêndios de Matemática que se destinam ao curso secundário”. É nessa
14
Tal afirmação que faço baseia-se no simples fato de ter encontrado esse “folheto” em meio aos
diversos documentos de Maeder pertencentes à sua família.
288
parte que se encontra um trecho em que Stávale fala do trabalho publicado por
Maeder.
E continua a ronda sinistra. Agora é o cadáver do professor Algacyr Munhoz Mäder,
catedrático do Ginásio Paranaense, que passa completamente estraçalhado pela crítica
fulgurante e implacável do prof. Salomão Serebrenick, ajudante de ordens do prof. J. C.
Mello e Souza na arrancada alucinante de pulverizar todos os compêndios de
Matemática que não sejam aqueles que excedem em clareza e precisão aos melhores
compêndios americanos e alemães. Que troça!
A seguir, Stávale cita e desqualifica dois comentários de Serebrenick sobre a
obra de Maeder, termina dizendo que deixará para o prof. Maeder “a tarefa de rebater
todas as absurdezas do seu ilustre crítico”. Embora não tenha sido possível verificar se
Maeder e Stávale, por ocasião das críticas às suas publicações, mantiveram algum
diálogo, estabelecendo possíveis estratégias de procedimentos em relação aos seus
críticos; é possível observar que existiram idéias comuns como a de desqualificar a
revista em questão, associar às críticas interesses comerciais editoriais e, de certa
forma, também criticar os livros de autoria de Mello e Souza. São Paulo e Paraná
estavam, assim interpreto com base nas palavras de Maeder e Stávale, tirando do Rio
de Janeiro o lugar de destaque na produção de obras de Matemática.
3.4 SEREBRENICK versus MAEDER
Pretendo, neste tópico pontuar os conteúdos na obra de Maeder que Salomão
Serebrenick criticou, utilizando como tribuna a Revista Brasileira de Matemática. Por
outro lado, observo o que Maeder teria dito em sua defesa nos artigos que publicou no
jornal paranaense Gazeta do Povo. Não cabe aqui o juízo de verdade, mas o de fazer
uma leitura crítica do que esses dois personagens disseram, considerando o contexto
da época.
Para que essas idéias possam ser mais bem observadas e confrontadas,
coloquei-as em forma quadros que contemplam o texto do livro Álgebra elementar –
289
3ª. edição, a correspondente crítica na Revista Brasileira de Matemática e a defesa
publicada no jornal Gazeta do Povo. Cada um dos quadros que apresento a seguir é
composto, sempre que possível
15
, de três informações. Na parte superior do quadro
retiro do livro Álgebra elementar – 3ª. edição a parte do texto que foi comentado por
Serebrenick na Revista Brasileira de Matemática. Numa segunda parte do quadro,
abaixo e à esquerda, observo o que disse exatamente Serebrenick, isto é, a crítica em
si. Na parte inferior do quadro e à direita, transcrevo a defesa de Maeder presente nos
artigos publicados no jornal Gazeta do Povo:
QUADRO 33 – FORMATO DOS QUADROS SEREBRENICK VERSUS MAEDER
Álgebra elementar. edição, 1933.
Texto, ou parte do texto, do livro de Maeder que foi criticado.
Revista Brasileira de Matemática
Crítica extraída da Revista Brasileira de
Matemática cuja autoria é de Salomão
Serebrenick.
Gazeta do Povo
Defesa extraída de artigo publicado no jornal
Gazeta do Povo e escrita por Algacyr
Munhoz Maeder.
A primeira rusga observada tem início já na introdução do livro de Maeder. Ao
posicionar o leitor sobre, entre outras coisas, a Matemática (sua classificação em
abstrata e concreta, conforme já foi anteriormente observado), Maeder procura ater-se
a Álgebra, fazendo observações diversas sobre funções, equações e símbolos
algébricos. É exatamente em relação à utilização dos símbolos algébricos (ver
QUADRO 34) que Serebrenick faz a primeira crítica pontual, chegando até a apontar
uma contradição no que escreve Maeder.
15
Nem todas as críticas feitas por Serebrenick, em relação aos conteúdos próprios da Matemática,
foram comentadas ou mesmo rebatidas por Maeder. Observando que no último artigo escrito por
Maeder (no jornal Gazeta do Povo) ele havia dito que continuaria, presumo que pudesse ter deixado
tais críticas para um outro momento. O que não ocorreu, conforme já disse anteriormente.
290
QUADRO 34 – SOBRE A UTILIZAÇÃO DE LETRAS REPETIDAS
Muitas vezes, nas expressões em que aparece grande número de letras, temos necessidade
de repetir uma ou mais dentre elas, o que nos obriga acentuá-las com uma, duas ou mais
linhas para a indispensável distinção.
É muito comum encontrar-se, nos cálculos, as letras, assim assinaladas:
a’, b’, c’...a”, b”, c”...x’, y’, z’...x”, y”, z”...” (MAEDER, 1933, p. 5)
Não é verdade. Empregam-se letras
idênticas diversamente acentuadas, não
porque faltem letras no alfabeto, senão por
uma questão de conveniência devida a
alguma analogia que apresentam as
quantidades por elas representadas. Aliás, é
o próprio autor quem se desmente: os
inúmeros exemplos de letras acentuadas
contidos no seu livro são devidos a analogias.
Assim, tirando, ao acaso, o sistema
apresentado à pág. 214:
,''' cybxa
cbyax
=+
=+
será o prof. Maeder capaz de afirmar que
acentuou as letras a, b e c da segunda
equação porque verificasse falta de outras
letras? (SEREBRENICK, 1933, p. 69)
A primeira afirmativa do crítico de oferta,
que se refere ao emprego das letras
acentuadas no cálculo (página 5 do meu
livro), é digna de uma imensa gargalhada de
Aretino.
É que o Sr. Serebrenick entende que as
letras do alfabeto bastam para representar
todos os elementos que possam interessar
uma questão complexa qualquer.
Já teria o Sr. Serebrenick ouvido falar, por
exemplo, na equação de uma super-esfera a
28 dimensões?
(MAEDER, Gazeta do Povo, 16 jul. 1933, p. 6)
Maeder, por sua vez, aproveita para chamar Salomão de “crítico de oferta” e,
além de se defender, procura mostrar um conhecimento matemático a respeito da
super-esfera, com 28 dimensões. Com isso, ele pretendia dizer que somente as letras
de nosso alfabeto são insuficientes para representar, por exemplo, cada uma das
dimensões, reforçando a notação de letras com um ou dois tracinhos.
No capítulo destinado ao estudo dos “Números Algébricos” do livro de Maeder
surge a segunda crítica presente na Revista Brasileira de Matemática. Nesta,
Serebrenick toma apenas a frase final de uma observação, isto é, “pode-se, pois, alterar
a ordem dos termos de uma soma de números algébricos sem alterar o seu valor
absoluto”. No QUADRO 35, faço constar que tal frase faz parte de uma observação
feita após um exemplo numérico.
291
QUADRO 35 – SOBRE A ORDEM NA SOMA DE NÚMEROS ALGÉBRICOS
Observação: É evidente que o resultado a que acima chegamos será o mesmo se o móvel
percorrer os mesmos segmentos, mas em ordem diversa.
Assim:
(+6) + (-8) + (-3) + (+7) = +2
(+6) + (+7) + (-8) + (-3) = +2
Pode-se, pois, alterar a ordem dos termos de uma soma de números algébricos sem alterar o seu
valor absoluto. (MAEDER, 1933, p. 13)
Afirmação absurda. E o valor relativo de
uma soma de números algébricos fica
alterado quando se altera a ordem de seus
termos? (SEREBRENICK, 1933, p. 69)
Mesmo admitindo “ab-infinito” o axioma da
ignorância absoluta do Sr. Salomão, custa-
me a crer que uma revista de Matemática
pudesse inserir a barbaridade que
representa a sua segunda observação sobre o
meu livro.
Será possível que alguém ignore neste
mundo de Deus, mesmo sendo candidato a
exame de admissão ou diretor de revista,
que “pode-se, pois, alterar a ordem dos
termos algébricos sem alterar o seu valor
absoluto”? (textual do meu livro, página 13).
Pois bem, muita coragem leitores, o Sr.
Serebrenick, transcrevendo, a página 69 de
sua revista, essa minha afirmativa, acha-a
absurda... (Sem comentários).
Será possível que a ignorância do Sr.
Serebrenick seja patológica. (MAEDER,
Gazeta do Povo, 16 jul. 1933, p. 6)
Sobre a ordem na soma de números algébricos, a crítica parece estar assentada
exclusivamente numa frase, sem tomar conhecimento de que se referia a um exemplo,
isto é, a um contexto. Maeder, por sua vez, não perdoa e conclama os leitores a ter
coragem de ler a crítica de Serebrenick e, questiona sobre uma possível ignorância do
crítico da Revista Brasileira de Matemática, mas como decorrente de uma doença.
292
QUADRO 36 – SOBRE A DEFINIÇÃO DE EXPOENTE
Em relação ao expoente, encontram-se freqüentemente definições muito falhas, como o é a que
diz ser o expoente uma indicação de produto de fatores iguais. Tal definição só é aceitável no
caso particularíssimo dos expoentes inteiros e positivos. (MAEDER, 1933, p. 33)
Ridículo e errado. Ridículo, porque o autor
acha particularíssimo o caso dos expoentes
inteiros e positivos, e em todo o seu livro de
mais de 300 páginas não se encontra um só
caso (ao menos um só) de expoentes que não
sejam inteiros e positivos. Errado, porque o
número 1 é inteiro e positivo, e, no entanto,
sendo expoente, não indica, absolutamente,
um produto de fatores iguais, como deveria
ser segundo o prof. Maeder. É inconcebível
um produto de um único fator.
(SEREBRENICK, 1933, p. 69)
A definição a que me refiro, transcrita à
página 71 da Revista: “Considerando o
expoente inteiro e positivo, pode-se definir a
potência como um produto de fatores iguais à
base. O expoente indica, nesse caso, o número
de vezes que a base deve ser repetida como
fator” (meu livro, página 109) está
absolutamente certa, Sr. Serebrenick.
Aliás, devo dizer que ela não foi inventada por
mim. Encontro-a em 47 autores, que poderia
citar, se não bastasse o grande Sebastião
Alves, meu insigne mestre. Leia-se o que diz
esse eminente professor em sua “Álgebra
Elementar”, que é, sem favor algum, um dos
livros mais exatos que se conhece: “... como
uma potência inteira e positiva de uma
quantidade qualquer é o produto de tantos
fatores iguais a essa quantidade quantas forem
as unidades do expoente da potência
considerada...” (página 69).
Ousará o Sr. Serebrenick atribuir ao
professor Sebastião Alves os qualificativos que
me oferece gratuitamente?... (MAEDER,
Gazeta do Povo, 21 jul. 1933)
O QUADRO 36 apresenta a outra crítica. Essa diz respeito ao significado dado
ao expoente. Novamente, Serebrenick limita a sua observação a uma frase isolada, sem
levar em conta o que vem imediatamente antes e depois. Por exemplo, um pouco mais
adiante, mas ainda na mesma página do livro de Maeder, existem exemplos de
expoentes que não são inteiros (
2
c e
2
1
d ). Ao comentar a crítica feita por Serebrenick,
o autor paranaense cita como referência a obra de Sebastião Alves e menciona que
existem outros 47 autores que também utilizam tal procedimento de definir o expoente
de uma potência.
293
QUADRO 37 – SOBRE A EQUIVALÊNCIA DE FRAÇÕES
Princípio fundamental: Multiplicando-se ou dividindo-se os dois termos de uma fração por uma
mesma expressão algébrica, forma-se uma fração equivalente. (MAEDER, 1933, p. 88)
Princípio falso. Há certas expressões
algébricas pelas quais não podemos
multiplicar ou dividir ambos os termos de
uma fração, sem perder a equivalência.
Servindo-se do próprio exemplo do autor
23
12
+
a
a
(1)
multipliquemos ambos os termos por
2
a
;
obteremos a fração
483
232
2
2
+
aa
aa
(2)
Calculemos, agora, o valor numérico de cada
uma das frações (1) e (2), para
2
=
a
, como
faz o autor. Obteremos, respectivamente, os
valores
4
5
e
0
0
. Bela equivalência!
(SEREBRENICK, 1933, p. 70)
A próxima crítica observada por Salomão Serebrenick na Revista Brasileira de
Matemática diz respeito à equivalência de frações algébricas (ver QUADRO 37). No
livro de Maeder, a fração exemplificada
23
12
+
a
a
tem o numerador e o denominador
multiplicados pela expressão
1
a , resultando na fração
253
12
2
2
+
aa
aa
. Maeder calcula,
então, o valor numérico de cada uma das frações, substituindo a letra
pelo número 2
obtendo em cada uma o mesmo valor numérico. Já Serebrenick utiliza o artifício de
multiplicar a fração dada por
a
2
a
e substituir
a
pelo número 2, isto é, multiplica e
divide a fração dada por zero, obtendo, assim,
0
0
. Ora, se, por um lado, o autor
paranaense não foi rigoroso a ponto de fazer comentários sobre a restrição de não
substituir por valores que anulassem os termos da fração, Serebrenick poderia
294
perfeitamente ter observado que havia apenas esse senão em relação à restrição.
Maeder simplesmente não responde a essa crítica na Gazeta do Povo.
QUADRO 38 – SOBRE EQUAÇÕES COMPLETAS E INCOMPLETAS
Completas, quando contêm todas as potências da variável, desde a mais elevada, que caracteriza
a equação, até zero, no termo independente.
Incompletas, quando falta algum termo de grau intermediário entre aqueles extremos.
(MAEDER, 1933, p. 155)
Esta última definição está errada. Segundo
ela, uma equação do 2º. grau, p.ex., só seria
incompleta quando faltasse o termo de grau
intermediário entre os graus extremos: 2 e 0;
i.é, quando faltasse o termo contendo a
variável no grau 1. Isto não é verdade, porque
a equação
0
2
=+ bxax
não falta o termo do 1º. grau e, contudo, essa
equação é incompleta.
Além disso, parece, pela definição do autor,
que nas equações incompletas só pode faltar
um termo (“algum termo”), quando o certo é
que podem faltar um ou mais termos – e
quaisquer (não somente “intermediários”;
claro está que não pode faltar o termo do grau
mais elevado). (SEREBRENICK, 1933, p.70)
A crítica agora é a respeito da definição de equação completa ou incompleta do
2º. grau ser completa. Em seu livro, Maeder encaminha as duas definições (ver
QUADRO 38). A definição a respeito de equações incompletas é criticada e, de fato,
penso que a crítica procede. Observo que o autor paranaense não faz em nenhum de
seus artigos comentários a esse respeito. Faz comentários diversos sobre as equações
do 2º. grau, mas nada com relação a essa crítica pontual presente na Revista Brasileira
de Matemática.
O assunto potenciação é motivo de nova crítica (ver QUADRO 39).
Novamente observo que se, por um lado, há um descuido na utilização de uma palavra
(no caso, “repetida”), por outro, não posso deixar de constatar o que pode ser
considerado “excesso de rigor”. Serebrenick não reproduz na íntegra o que está no
295
livro de Maeder (ver o que está no livro de Maeder, início do QUADRO 39). Salomão
“reproduz” do livro: “Considerando o expoente inteiro e positivo, pode-se definir a
potência como um produto de fatores iguais à base. O expoente indica, nesse caso, o
número de vezes que a base deve ser repetida como fator”.
QUADRO 39 – SOBRE POTENCIAÇÃO
Considerando m inteiro e positivo, pode-se definir a potência como um produto de fatores
iguais à base. Assim:
b
)...(
2222
5
3
mvezesaxaxaxa
bxbxbxbxb
xx
m
=
=
=
O expoente indica, nesse caso, o número de vezes que a base deve ser repetida como fator.
(MAEDER, 1933, p. 108)
Afirmações erradas. Já vimos que a primeira é
falha porque o número 1 é inteiro e positivo e,
todavia, sendo expoente, não indica um
produto de fatores. A segunda é falsa,
porquanto, o que o expoente indica, não é o
número de vezes que a base dever ser repetida
como fator e sim – esse número de vezes mais
um.
Assim, na potência
, a base
a
só se
repete uma vez e não duas; na potência
, repete-se duas vezes e não três.
(SEREBRENICK, 1933, p. 71)
aaa =
2
aaaa =
3
A defesa de Maeder a respeito dessa crítica já foi comentada, quando menciono
uma outra crítica do texto do livro Álgebra elementar (ver QUADRO 36). O
comentário que Maeder faz lá também inclui a crítica aqui mencionada. Acredito que
essa crítica é pertinente e poderia ser superada trocando-se “a base deve ser repetida”
por “número de vezes em que a base aparece”.
O QUADRO 40 contém uma nova crítica feita por Serebrenick, ou seja, uma
“definição defeituosa”. Agora a questão levantada diz respeito ao valor numérico que
uma expressão algébrica assume. Aqui o crítico da Revista Brasileira de Matemática
desconsidera totalmente o contexto numérico em que o autor paranaense dá à
296
definição. Além disso, no rodapé da página mencionada do livro de Maeder, há uma
nota deixando claro que o campo numérico considerado é conjunto dos números
racionais. Ao colocar
2
, como um contra-exemplo, Serebrenick deixa de
considerar a restrição feita por Maeder.
QUADRO 40 – SOBRE VALOR NUMÉRICO DE EXPRESSÃO ALGÉBRICA
Valor numérico de uma expressão algébrica é o número algébrico que se obtém substituindo as
letras que nela figuram pelos números que representam e efetuando as operações indicadas
pelos respectivos sinais. (MAEDER, 1933, p. 27)
Definição defeituosa. Seja, efetivamente, a
expressão
ba
2
3 . Determinemos o seu valor
numérico para
1
=
a
, ; isto é,
vejamos o número que se obtém substituindo
na expressão dada as letras
e pelos
valores
e respectivamente e efetuando
as operações. Teremos:
2=b
a b
1 2
.232132)1(3
2
==
Ora,
23
não é o valor numérico
procurado; é impossível efetuar a operação
.2
O autor deveria ter completado sua definição
acrescentando que se supõe sempre que as
letras a serem substituídas só representam
números que permitam as operações, i. é tais
que os denominadores sejam diferentes de
zero e as quantidades debaixo do radical
sejam positivas. (SEREBRENICK, 1933, p. 71)
Não foi possível encontrar qualquer comentário de Maeder sobre essa última
crítica feita por Salomão Serebrenick. Também não encontrei qualquer comentário
sobre a crítica observada no QUADRO 41. Maeder, em seu livro, menciona duas
fórmulas para obter o termo geral de uma progressão aritmética a partir do primeiro
termo, da razão da progressão e da ordem do termo na correspondente seqüência.
Observando as palavras de Serebrenick, não há o que contestar (bastaria, sem
anacronismos, considerar, por exemplo, a forma como atualmente se procede no
Ensino Médio quando no encaminhamento de tal assunto). Teria sentido a existência
297
dessa segunda fórmula (para a progressão aritmética decrescente) se Maeder
comentasse que a razão r da progressão aritmética seria tomada sempre em valor
absoluto. Isso, entretanto, não aparece no correspondente livro.
QUADRO 41 – SOBRE A FÓRMULA DA PROGRESSÃO ARITMÉTICA
Generalizando, diremos que um termo qualquer de uma progressão se obtém somando
algebricamente ao primeiro tantas vezes a razão quantos forem os termos que o precedem.
O valor de um termo qualquer será, portanto, dado pela seguinte fórmula:
l .)1( rna +=
A progressão sendo decrescente, a fórmula acima passará a ser:
l
(MAEDER, 1933, p. 305)
.)1( rna =
Estudando a relação entre os elementos de
uma progressão aritmética, o autor obtém
duas fórmulas (que absurdo!) para cálculo de
um termo qualquer
rnal )1( +=
e
,)1( rnal
=
a primeira para as progressões crescentes, a
segunda para as decrescentes.
Dessas duas fórmulas podemos tirar outras
duas dando o valor da razão para cada um dos
casos. Teremos, respectivamente:
1
=
n
al
r
(cresc.) e
n
al
r
=
1
(descresc.).
Apliquemos esta última à progressão
decrescente
.46810
÷
Teremos:
.2
3
6
41
104
+=
=
=r
Ora, não é isso um absurdo? A razão da
progressão dada é
e não .
2 2+
(SEREBRENICK, 1933, p. 71)
As críticas continuam, mas são repetitivas. No QUADRO 42 novamente, como
já ocorrera anteriormente, o crítico da Revista Brasileira de Matemática retoma a
utilização de letras na representação, porém agora de termos de uma progressão
aritmética. Aqui são abordados dois pontos: um diz respeito à ordem alfabética das
298
letras que são colocadas (observe que as letras p e l utilizadas por Maeder para
representar os termos da progressão aritmética estão completamente fora de ordem), e
o outro ponto diz respeito às reticências colocadas pelo autor paranaense após a letra z.
Serebrenick, conforme o quadro, não perdoa. Maeder, por sua vez, nada responde.
Apenas menciona que, quando as letras são insuficientes para a representação de
termos desconhecidos, utiliza-se um tracinho ou dois tracinhos acima das letras do
nosso alfabeto.
QUADRO 42 – SOBRE A UTILIZAÇÃO DE LETRAS
Em geral, costuma-se representar os elementos conhecidos pelas primeiras letras, enquanto os
desconhecidos o são pelas últimas.
Assim:
a, b, c, d, ... A, B, C, D,... representam quantidades conhecidas, enquanto:
v, x, y, z,... V, X, Y, Z,... representam incógnitas. (MAEDER, 1933, p. 5)
Consideremos a progressão:
::a.b.c.d.........m.n.p.l (MAEDER, 1933, p. 306)
É deveras interessante a representação que o
autor faz das progressões aritméticas:
lpnmdcba
÷ .....
.
Que transtorno da ordem alfabética!
Chocante e ilógico.
Aliás, logo no início do livro, o autor mostra
desconhecer o alfabeto. Na pág. 5 encontramos
realmente:
“a, b, c, d, ... A, B, C, D, ... representam
quantidades conhecidas, enquanto:
v, x, y, z,... V, X, Y, Z,... representam
incógnitas”.
Quais são as letras, para designação de
incógnitas, que se seguem a letra z,
representadas pela reticência?
(SEREBRENICK, 1933, p. 72)
O QUADRO 43 contém mais uma crítica. Agora, o ponto levantado enfoca a
questão da utilização dos termos “potência” e “expoente”. Observando o que está
escrito no livro de Maeder, conforme o quadro mencionado, o autor paranaense utiliza
o termo “potência” de forma indevida quando deveria ser “expoente”. Na mesma
299
página, há uma frase em que o termo “potência” está sendo utilizado para designar
corretamente o que seria o resultado de uma potenciação: “Considerando a potência
como um produto de fatores iguais, vemos que o sinal de uma potência será positivo se
a base o for ou se a base for negativa e o índice for par”. Maeder, porém, nada
comenta a esse respeito em seus cinco artigos publicados no jornal Gazeta do Povo.
QUADRO 43 – SOBRE POTÊNCIA PAR E POTÊNCIA ÍMPAR
Toda a potência de um número positivo é positiva. Exemplo:
, ( e ( . 9)3(
2
+=+ 125)5
3
+=+ 59049)9
5
=+
Toda a potência par de um número negativo é positiva e toda a potência ímpar de um número
negativo é negativa.
. (MAEDER, 1933, p. 22) ,9)3(
2
+= 8)2(
3
=
No parágrafo 68, o autor mostra não ter noção
do que seja potência par e potência ímpar. Diz
ele:
Toda a potência par de um número negativo é
positiva e toda a potência ímpar de um número
negativo é negativa. Exs:
,9)3(
2
+= . 8)2(
3
=
Exatamente o contrário. Para o autor,
é potência par, quando, na verdade,
é ímpar; e
é potência ímpar,
quando, de fato, é par. (SEREBRENICK, 1933,
p. 72)
2
)3(9 =
3
)2(8 =
A crítica de Serebrenick a respeito do que diz Maeder sobre progressão
geométrica decrescente (ver QUADRO 44) é pertinente, porém, ao mesmo tempo,
considerando o argumento utilizado, errada. Vou considerar como exemplo, a
progressão geométrica (-16, - 8, - 4, - 2, - 1). A razão da progressão é
2
1
, portanto menor
que a unidade, mas a progressão geométrica é crescente. O exemplo utilizado pelo
crítico da Revista Brasileira de Matemática não é uma progressão geométrica crescente,
mas oscilante. Se, por um lado, Maeder foi incompleto na classificação de progressão
geométrica decrescente, Serebrenick utilizou-se de um exemplo completamente
equivocado em seu argumento.
300
QUADRO 44 – SOBRE PROGRESSÃO GEOMÉTRICA
Progressões geométricas: Denominamos progressão geométrica a uma série de números tais que
em cada um se forma pelo produto do anterior com uma quantidade constante, denominada
razão.
A razão sendo maior que a unidade, a progressão é crescente. Assim:
:: 1:2:4:8:16:32:64:..
é uma progressão geométrica crescente cuja razão é 2.
A razão sendo menor do que a unidade a progressão é decrescente. Assim:
::9:3:1:
3
1
:
9
1
:
81
1
:
27
1
é uma progressão geométrica decrescente cuja razão é
3
1
. (MAEDER, 1993, p. 309)
Errado.
A progressão
...,168421
++
÷
tem
para razão
, portanto menor que a
unidade, e, no entanto, é crescente.
(SEREBRENICK, 1933, p. 73)
2
(...) o criador do maior monstrengo do século –
a sua progressão geométrica de termos
negativos – atirada, como um escárnio, à
página 73 de sua revista.
A sua progressão geométrica, Sr. Salomão, é o
seu próprio atestado de óbito e deverá
também ser o seu epitáfio, em doloroso
contraste com o epitáfio de Newton.
(MAEDER, Gazeta do Povo, 21 jul. 1933, p.6)
QUADRO 45 – SOBRE EQUAÇÕES BIQUADRADAS
Equações biquadradas: Damos a denominação de biquadradas às equações incompletas do 4º
grau, que só contém as potências pares da incógnita.
A sua forma geral é a seguinte:
ax . (MAEDER, 1933, p. 301) 0
24
=++ cbx
Uma das inovações mais interessantes do
Prof. Maeder é que as equações biquadradas
constituem um problema (!) do 2º grau.
Veja-se o capítulo em que o assunto é
estudado: Problemas do 2º grau (pág. 191).
(SEREBRENICK, 1933, p. 73)
Onde descobriu, em meu livro, “a inovação
interessante” que me atribui de serem as
equações biquadradas um problema do 2º
grau?
Isso é calúnia, senhor Serebrenick.
(MAEDER, Gazeta do Povo, 21 jul.1933, p. 6)
301
QUADRO 46 – SOBRE DISCUSSÕES DE EQUAÇÕES DO 2º. GRAU
2º caso: - Supondo
b
, as raízes serão ambas reais; tomando valores diversos, conforme
se tenha:
positivo ou
c
negativo.
ac4
2
=
c
Evidentemente, para
c
positivo, a expressão
acb 4
2
será nula, resultando, para ambas,
valores iguais, pois teremos:
a
b
a
b
x
22
0
' =
+
=
e
a
b
a
b
x
22
0
" =
=
Supondo, agora, que c seja negativo, concluiremos que as raízes são incomensuráveis.
Com efeito, teremos:
"
2
2
22
2
2
"
2
2
22
2
2
'
222
222
a
b
a
b
a
bb
a
bbb
x
a
b
a
b
a
bb
a
bbb
x
=
=
+
=
+=
+
=
++
=
(MAEDER, 1933, p. 280)
Maior ofensa à verdade Matemática é
impossível. Repare-se bem: o autor supõe
, ou , e diz logo em
seguida que
só será nulo para c
positivo. Como qualquer valor de c (tanto
que o considera sucessivamente positivo e
negativo), essa hipótese deixe de se verificar
para c negativo?
acb 4
2
= 04
2
= acb
acb 4
2
Mas isso é pouco. A própria consideração de
c poder ser positivo ou negativo é
eminentemente absurda, sobretudo em face
da declaração inicial do autor: “Supondo
, as raízes serão ambas reais...”
acb 4
2
=
Efetivamente, se c é negativo, a igualdade da
hipótese
b
mostra que
4
é também
negativo (
é sempre positivo) e, por
conseguinte, também deverá ser negativo o
primeiro membro
b
. Assim sendo,
b
será
imaginário!
ac4
2
=
a
ac
2
E as duas raízes a que o autor chega no final
do trecho acima citado (por meio de
igualdades incompreensíveis) também serão
necessariamente imaginárias. O autor
afirmara, no entanto, que as raízes eram
ambas reais... (SEREBRENICK, 1933, p. 73)
Passando agora à discussão das equações do
2º grau, digo simplesmente que o meu
agressor deverá matricular-se em um curso
qualquer de Matemática para estudar o
assunto e depois dirigir a sua crítica a todos
os autores de compêndios de Álgebra
Elementar que existem no Mundo, uma vez
que a minha discussão é a de todos, é a
clássica e é a única exata que se conhece.
Eu não tenho a honra de ter inventado essa
matéria e de nada valem as objeções do Sr.
Salomão a respeito, por que são ridículas,
erradas, absurdas, monstruosas e sobretudo
ingênuas.
A discussão das equações do 2º grau, como
todas as discussões de assuntos matemáticos,
não é questão de gramática, Sr. Salomão.
Não é possível haver duas opiniões diversas
a respeito: ou b ao quadrado é igual a 4ac ou
não é; se for, e b não for nulo, c não poderá
ser nulo, nem que o novo Salomão queira e
nem que minha cozinheira também queira...
(o meu agressor gratuito nega esse meu
conceito, dado à página 280 do meu livro, à
página 73 da sua Revista). (MAEDER,
Gazeta do Povo, 29 jul. 1933, p. 3)
302
O comentário feito por Serebrenick quanto ao fato de Maeder considerar que
uma equação biquadrada constitui um problema do 2º. grau está baseado na
constatação de que, em meio ao assunto destinado à resolução de problemas que
recaiam em equações do 2º. grau (ao final do assunto), o autor paranaense apenas
aproveitou o tema para dizer que, em outras palavras, as equações biquadradas, por
meio de uma substituição (
por ) recairiam em equações do 2º. grau.
2
x y
Certamente a última crítica sobre conteúdos de Matemática feita por Salomão
Serebrenick na Revista Brasileira de Matemática pela “análise” do livro de Maeder é a
mais longa e, assim considero como leitor distante no tempo, a mais confusa. (ver
QUADRO 46)
Essa crítica sobre o encaminhamento dado por Maeder a respeito de equações
do 2º. grau continua por mais uma página na Revista Brasileira de Matemática.
Reproduzo a seguir apenas um comentário um pouco mais geral (além daquilo que
apresento no QUADRO 46) feito por Serebrenick:
Se os erros até agora apontados mostram bastante a deficiência do livro do Prof.
Maeder, estes outros, com que vamos concluir os nossos comentários, e dos quais se acha
eivado o capítulo referente à discussão das equações do 2º grau, constituem uma
verdadeira monstruosidade.
Passaremos em silêncio as falhas de menor gravidade, como o que encontramos à pág.
279, onde o autor diz que, ‘as raízes serão comensuráveis ou incomensuráveis, conforme
acb 4
2
for ou não quadrado’, ou à pág. 280, onde diz que ‘o caso
b
não
comporta a hipótese
’.
ac4
2
=
0=c
Insistiremos, sim, nos erros de maior monta, imperdoáveis até a um aluno do primeiro
ano. (SEREBRENICK, 1933, p. 73-74)
Uma leitura um pouco detalhada da crítica feita por Serebrenick, conforme
colocado acima, concluirá que a crítica procede, isto é, essa discussão quanto à
existência ou não de raízes reais, além de dizer comensuráveis ou não, é confusa no
livro de Maeder. Mas também se mostra confusa a argumentação do crítico da Revista
Brasileira de Matemática.
Esses foram os pontos do livro Álgebra elementar – 3ª. edição de 1933,
publicado pela Typ. João Haupt e Cia., alvos das críticas apresentadas por Salomão
Serebrenick na Revista Brasileira de Matemática, também de 1933. Sem fazer o juízo
303
do lado para o qual pende a balança da verdade, posso dizer que os dois lados tiveram
momentos de acertos e de erros. Algumas questões criticadas por Serebrenick,
conforme quadros anteriores parecem ser pertinentes, assim como algumas das
observações feitas por Maeder. A leitura que faço dessa discussão, totalmente afastado
do tempo e do contexto em que ela ocorreu, é a grande polêmica em virtude da forma e
da linguagem com que se dirigiram um ao outro. O “tom” beira à agressividade, que
por sua vez remete a outras questões até de cunho geográfico.
3.5 CONCLUSÕES DE DISCUSSÕES EM TRIBUNAS
Como já afirmei anteriormente, não cabe aqui o veredicto de uma verdade
como resultado de uma discussão acalorada situada num contexto de época em que
os jornais e as revistas foram utilizados por diversos educadores brasileiros como
tribunas para gerar polêmicas e se posicionar sobre questões educacionais. Não é o
julgamento de Salomão Serebrenick pelas suas críticas, algumas podendo ser
interpretadas como irônicas e infundadas e outras como corretas, porém grosseiras
na forma de serem ditas. Também não é o local e o momento adequados, cerca de
75 anos depois, de questionar o papel da Revista Brasileira de Matemática. Será
que esse veículo de comunicação que chegou às mãos de tantos professores de
Matemática foi utilizado como instrumento principal de propaganda de uma
determinada obra em detrimento de outras? Mesmo que os indícios aqui observados
possam evidenciar isso, qualquer julgamento mostra-se inócuo e deslocado no
tempo. Da mesma forma, a defesa ferrenha e agressiva de Maeder tendo como
tribuna o jornal de sua cidade parece ter sido moldada, na maioria das vezes,
também com ironia e ataques que foram direcionados à revista, ao autor da crítica
e, por vezes, J. C. Mello e Souza e os livros didáticos que tiveram sua assinatura.
É possível, então, tirar alguma conclusão dessas discussões em tribunas? Em
que sentido tais tribunas podem ser utilizadas nos estudos voltados a contar parte da
304
história dos livros didáticos de Matemática produzidos em nosso país? Inserida a
presente pesquisa numa área denominada História da Educação Matemática, que
possíveis conclusões podem ser tiradas? São algumas questões que coloco para
reflexão na presente pesquisa. Talvez não possa dar respostas específicas a cada
uma delas, mas são questões que naturalmente apareceram e podem admitir
respostas variadas.
Acredito que a maior conclusão que posso tirar de toda essa polêmica está
ligada à divulgação de uma parte da história da disciplina de Matemática, contada a
partir de uma produção didática. Numa época em que não havia ainda qualquer
órgão governamental responsável pela análise crítica dos livros a serem utilizados
nas escolas, uma revista toma essa iniciativa, mesmo correndo o risco de ser
considerada como que assumindo um papel que não era o seu, conforme autores
que se consideraram “algozes” dela assim puderam considerar. Por trás disso, havia
evidentemente um enorme interesse ditado pelo crescimento do mercado editorial.
Essa parte da história é contada também por meio de debates em torno do
conhecimento matemático presente nos chamados compêndios, mas acabam sendo
desviadas e envolvendo questões políticas, pessoais, financeiras e também
geográficas.
Por um lado, observo Salomão Serebrenick alertando e até conclamando os
leitores da Revista Brasileira de Matemática a uma real necessidade de sua época
com relação aos livros didáticos que começam a ser publicados em diversos lugares
de nosso território: a necessidade da criação de um órgão responsável pela
verificação da produção cultural (ele, morando então na capital brasileira, pólo de
onde emanavam as grandes decisões em relação ao modo como o ensino se daria
por todo o território nacional). De outro, encontro Algacyr Munhoz Maeder no
início de uma carreira como autor de livros para o ensino de Matemática, morando
mais ao sul do país. Ao defender-se, questiona também a hegemonia do mercado
editorial. Ao insistir em manter-se como autor, apesar das duras críticas, participa
de um momento histórico da educação Matemática brasileira. Ambos acabam
contribuindo de forma significativa, não apenas pelas funções que exerceram
305
(diretor de uma revista de Matemática e autor de livro escolar, respectivamente),
mas pela participação do debate em torno também das questões relacionadas ao
ensino de Matemática, à aprendizagem e aos movimentos da época que exigiam
mudanças em favor de uma política educacional. Ambos participaram de tribunas
de educadores. Se as contribuições de Salomão Serebrenick já foram objetos de
estudo por outros pesquisadores, Maeder precisa ser relacionado também como
personagem ativo da história do saber escolar, particularmente da construção da
disciplina de Matemática. Sendo assim, Maeder e sua obra podem, é o que postulo,
serem considerados como referência, pois esse personagem paranaense também se
posicionou não apenas na defesa de suas definições e concepções de conteúdos de
Matemática, presentes em seu livro, como também em relação à necessidade de
rever essa centralização das decisões tomadas na capital brasileira sobre o ensino
de Matemática.
306
4 ILUSTRAÇÕES EM LIVROS DIDÁTICOS DE MATEMÁTICA
Por um lado, as crianças de nossa geração vivem em um meio
de imagens coloridas: revistas, publicidade, cinema,
televisão; meios tão familiares e tão impositivos, que
dificilmente aceitariam “regressar” na escola, ao aceno de
um meio desprovido destes signos ilustrados. Por outro lado,
subsistem sólidos argumentos psicológicos e pedagógicos em
favor da imagem.
François Richaudeau
RICHAUDEAU
16
(1981, p. 88-90), ao abordar a utilização de ilustrações
17
na
elaboração de livros didáticos, pondera a respeito de nove preceitos operacionais desse
recurso. Entre esses preceitos, que não abordarei na totalidade aqui, ele menciona, por
exemplo, a escolha de uma ilustração que fará parte do livro. Para esse autor, a escolha
de cada uma das ilustrações que farão parte de um livro didático deve estar vinculada à
existência anterior de um projeto pedagógico. Assim, descarta nesse preceito a
utilização de uma imagem somente pela sua estética ou outra qualidade própria dessa
mesma imagem. É fundamental considerar que a escolha da imagem jamais poderá ser
gratuita. A imagem deve possuir uma relação direta com o assunto em que está
inserida no texto. Richaudeau, nesse ponto, defende a existência do par “texto-
imagem” no sentido de unidade. A seguir, entre outros aspectos a respeito das
ilustrações, esse autor chama a atenção sobre a força de atração (impacto no leitor)
presente numa ilustração. Para ele, essa força é “proporcional” às dimensões e ao
número de cores empregadas na ilustração. Mas alerta também sobre um cuidado em
relação à sobriedade visual, talvez no sentido de, por exemplo, não levar ao pé da letra
a proporcionalidade da quantidade de cores. Confirma ainda que o autor de livro
didático, sem qualquer dúvida, deve utilizar a ilustração, porém com sensatez e
moderação. Um aumento abusivo do número de ilustrações não aumenta
16
François Richaudeau autor do livro Concepción y producción de manuales escolares: guia práctico
publicado pela Unesco, 1981. Esse guia, como sugere o próprio título, foi elaborado para auxiliar a
criação, a elaboração e também a avaliação de manuais escolares (os livros didáticos).
17
No presente trabalho, considero o termo ilustração como sinônimo de imagem. Faço tal opção pelo
fato de ter esse estudo voltado à presença das ilustrações (ou imagens) presentes nos livros didáticos
de Matemática escritos por Maeder.
307
necessariamente a eficácia do livro, além de, como alerta Richaudeau, seguramente
aumentar o seu custo.
No capítulo destinado especificamente a detalhar sobre a utilização de
ilustração, Richaudeau aborda a evolução desse recurso em livros didáticos (manuais
escolares)
Entre todos los factores que han concurrido desde hace unas tres décadas a la evolución del
libro escolar, el más importante há sido – incuestionablemente – la utilización intensiva de la
ilustración y el color. La comparación entre obras salidas de dos “generaciones” editoriales, es
impresionante. Los productos de la nueva generación nos parecen muchísimo más seductores y
más eficaces; más aptos para despertar el interes del joven lector y suscitar un mejor
aprendizaje. (RICHAUDEAU, 1981, p. 157)
Não tenho dúvidas que um leitor sentirá maior atração por uma página de um
livro que contenha ilustrações pertinentes do que outra sem. Quando falo pertinentes,
penso que a ilustração deva também levar o leitor a produzir uma leitura, uma
interpretação em consonância com o texto onde está inserida.
Em 1998, o Ministério da Educação e do Desporto (MEC), após a avaliação dos
livros didáticos destinados ao Ensino Fundamental (5ª a 8ª série), lançou o chamado
Guia de Livros Didáticos, contendo os livros aprovados para serem utilizados nas
escolas brasileiras. Nesse guia, é possível observar a existência de diversos critérios
utilizados para a avaliação dos livros didáticos. Em relação às ilustrações, dizia:
As ilustrações são elementos da maior importância, auxiliando na compreensão e
enriquecendo a leitura do texto. Principalmente, não poderão expressar, induzir ou reforçar
preconceitos e estereótipos. Devem ser adequadas à finalidade para as quais foram elaboradas
e, dependendo do objetivo, claras, precisas, de fácil compreensão; mas, podem também
intrigar, problematizar, convidar a pensar, despertar a curiosidade.
É importante que o livro recorra a diferentes linguagens visuais; que as ilustrações de caráter
científico indiquem a proporção dos objetos ou seres representados; que os mapas tragam
legenda dentro das convenções cartográficas, indiquem orientação e escala e apresentem
limites definidos. (MEC, 1998, p. 17)
Esses critérios apresentados referem-se a critérios comuns a todas as disciplinas
escolares. Observo que tais critérios parecem deixar clara a preocupação da utilização
das ilustrações como recurso auxiliar vinculado ao conteúdo a ser desenvolvido, e não
como algo totalmente distante da proposta. Em relação à disciplina de Matemática, o
mesmo guia apresentava, no item Critérios classificatórios, uma orientação aos
chamados Aspectos visuais:
308
As ilustrações devem contribuir para a compreensão dos conceitos matemáticos e explicitar
articulações destes com o mundo cotidiano. Especial cuidado deve ser tomado com a realidade
de formas e tamanhos, na ilustração de unidades de medida, e, se possível, deve ser explicitada
a escala.
É interessante que o livro cuide da apresentação da dimensão real das unidades, em especial as
réguas graduadas, e use referenciais que possam dar idéia da dimensão real de objetos, quando
se fala na medida de certas grandezas – associar, por exemplo, comprimentos a pessoas, torres,
casas térreas ou prédios; e pesos a objetos de uso cotidiano. (MEC, 1998, p. 242)
Três pontos chamam a atenção quando o critério apresentado refere-se à
disciplina de Matemática: o primeiro, no sentido da utilização das ilustrações como
auxiliar na compreensão dos conceitos matemáticos em meio aos quais estão
inseridas; o segundo aspecto, que interpreto, diz respeito a um objetivo da
utilização das ilustrações como um recurso articulador dos conceitos matemáticos
com o mundo, com a realidade; em relação ao terceiro ponto, observo a questão da
escala utilizada na produção da ilustração. A ilustração deve ser utilizada no livro
didático com a preocupação da dimensão real daquilo que representa.
Dalcin (2002), em sua pesquisa, organizou as ilustrações “a partir da
articulação que elas estabelecem com a simbologia matemática, a linguagem verbal
escrita ou mesmo com ambas”, dividindo-as nas seguintes categorias: as ilustrações
imbricadas (nessa categoria a autora considera aquelas ilustrações que estão
totalmente articuladas não apenas com a simbologia matemática, como também
com o que denomina texto em linguagem verbal escrita); as ilustrações ornamentais
(aqui considera aquelas ilustrações que estariam “totalmente desarticuladas em
relação ao texto escrito ou à simbologia matemática”); as ilustrações de
visualização (são aquelas que teriam alguma articulação com a simbologia e as
representações matemáticas); as ilustrações de contextualização (são aquelas
ilustrações que teriam alguma articulação direta com o texto escrito, mas no sentido
de complementá-lo).
Embora esse trabalho de Dalcin esteja voltado aos considerados livros
paradidáticos de Matemática, particularmente ao emprego das ilustrações nesses
livros, ele representa uma referência para pesquisas nessa área. Evidente que se
deve observar que as categorias observadas nesse estudo foram para a análise dos
309
paradidáticos e procuram analisar, sob essa ótica, o modo como as ilustrações
aparecem articuladas com o texto escrito.
O presente estudo segue um outro caminho, embora em alguns momentos
acabe também analisando o emprego das ilustrações, mas por meio de outras
categorias de análise. Assim, o objetivo aqui é observar criticamente a utilização de
ilustrações nos livros didáticos produzidos por Maeder. Dessa forma, acredito estar
também contando uma parte da história das ilustrações dos livros didáticos de
Matemática, além de contar parte da produção de Maeder por meio das ilustrações
presentes. Escolhi uma das coleções
18
desse autor paranaense, a mais antiga
produzida pela Edições Melhoramentos. A principal motivação para esse estudo foi
o trabalho de Bittencourt (2005) Livros didáticos entre textos e imagens. Embora
tenha sido produzido para o estudo na disciplina de História, a sua referência chama
a atenção sobre alguns aspectos que são comuns a outras disciplinas:
Questões como essas precisam ser levantadas considerando que pouco se conhece sobre as
formas de leitura de imagens utilizadas em sala de aula, independentemente do suporte didático
em que elas são apresentadas.
No sentido de refletir sobre parte dessas questões, este texto apresenta algumas considerações
sobre o conjunto de imagens mais comuns no cotidiano escolar e as de mais fácil acesso por
alunos e professores: as ilustrações dos livros didáticos.
A reflexão sobre as diversas ilustrações dos livros didáticos impõe-se como uma questão
importante no ensino das disciplinas escolares pelo papel que elas têm desempenhado no
processo pedagógico, surgindo indagações constantes quando se aprofundam as análises
educacionais. Como são realizadas as leituras de imagens nos livros didáticos? As imagens
complementam os textos dos livros ou servem apenas como ilustrações que visam tornar as
páginas mais atrativas para os jovens leitores? (BITTENCOURT, 2005, p. 70)
Considerando o livro didático de Matemática para buscar respostas às questões
levantadas acima, torna-se necessário antes discutir a concepção de ilustração,
concepção essa referente à disciplina de Matemática, pois possui algumas
18
A coleção de Maeder escolhida para o estudo das ilustrações é Lições de Matemática. Observo que
essa escolha se deve à constatação de que várias ilustrações presentes nessa coleção foram repetidas
nas outras coleções escritas posteriormente por Maeder. Por esse motivo acredito que essa coleção,
formada por cinco livros, dará uma boa abrangência da forma como as ilustrações eram abordadas por
esse autor.
310
características próprias. Nesse sentido, entendo ilustração
19
como abrangendo
fotografias, desenhos que interpretam o real, desenhos que representam abstrações,
os esquemas e, por último, os gráficos. Assim, estou no presente estudo considerando
cinco categorias de ilustrações, conforme cada especificidade que procuro abordar a
seguir:
Categoria 1: Fotografias
Incluo nessa categoria não apenas as fotografias de pessoas, fotografias de
objetos quaisquer, de instrumentos, de animais ou paisagens quaisquer, mas também
fotografias de desenhos ou mesmo de esquema.
FIGURA 118 – EXEMPLO DE ILUSTRAÇÃO – CATEGORIA 1
Categoria 2: Desenhos que interpretam o real
Entendo como ilustrações pertencentes a essa categoria aquelas que são
desenhos feitos no sentido de representar algo que é real. Assim, por exemplo, incluo
19
O próprio Richaudeau, em seu trabalho produzido para a Unesco, cita que um autor de livros
didáticos pode escolher entre três tipos de ilustrações: 1) Fotografias; 2) Dibujos, producidos com afán
de realismo; 3) Dibujos com alto grado de abstracción, del tipo esquema. No presente estudo sobre as
ilustrações em livros didáticos de Matemática, optei por modificar um pouco essa tipologia e
acrescentar dois tipos diferentes à classificação do pesquisador francês.
311
aqui o desenho de uma ponte, de um rio, o desenho de uma pessoa, o desenho de um
objeto qualquer, o desenho de um instrumento de medida.
FIGURA 119 – EXEMPLO DE ILUSTRAÇÃO – CATEGORIA 2
Categoria 3: Desenhos que representam abstrações
Todos os desenhos geométricos planos ou não planos estão incluídos na
presente categoria. Assim, um quadrado, um retângulo, um cubo, um cilindro são
exemplos de desenhos que representam formas geométricas abstratas.
FIGURA 120 – EXEMPLO DE ILUSTRAÇÃO – CATEGORIA 3
Categoria 4: Esquemas
Incluo nesta categoria as representações esquemáticas que auxiliam a
explicação de um procedimento matemático de cunho aritmético, algébrico ou até
mesmo geométrico, e também quadros ou tabelas com valores diversos.
312
FIGURA 121 – EXEMPLO DE ILUSTRAÇÃO – CATEGORIA 4
Categoria 5: Gráficos
A essa categoria de ilustrações pertencem os gráficos estatísticos, os gráficos
produzidos no plano cartesiano presente em geometria analítica ou no estudo de
funções.
FIGURA 122 – EXEMPLO DE ILUSTRAÇÃO – CATEGORIA 5
Considero aqui algumas observações necessárias. Uma delas é a subjetividade
existente em destinar uma ilustração para uma ou outra categoria. Assim, apenas como
exemplo disso, a ilustração utilizada para exemplificar a categoria 4 poderia estar na
categoria 3, formada por desenhos geométricos. Entretanto, observo que essa
ilustração é feita de dois triângulos e esquematiza um movimento, isto é, ela está sendo
empregada com o objetivo de explicar como é o movimento de translação de um
triângulo. Optei por classificá-la como ilustração do tipo “esquemas”. Uma segunda
313
observação diz respeito a incluir, também nessa categoria de “esquemas”, as tabelas.
Entendo que uma tabela contendo dados poderia ser perfeitamente interpretada como
fazendo parte da categoria 5, formada por ilustrações do tipo “gráfico”. Entretanto,
interpreto aqui as tabelas como esquemas que são utilizados para, de um modo geral,
dispor de forma organizada dados numéricos.
Utilizo essas categorias nesse estudo a respeito das ilustrações
20
presentes nos
livros didáticos de Matemática de autoria de Maeder. É por meio delas que pretendo
também contar um pouco da história do livro de Matemática brasileira.
Bittencourt (1993) chama a atenção de que o “mundo das imagens” presente em
livros didáticos não tem sido muito enfocado em trabalhos científicos. Comenta, entre
outros pontos, que até o final do século XIX os livros didáticos utilizados no Brasil
tinham suas ilustrações em preto e branco. Existiam exceções protagonizadas por
obras que eram publicadas fora do país. Dentro de concepções de aprendizado, as
ilustrações presentes nos manuais escolares tornaram-se uma “forma do aluno ter
contato com situações mais concretas”. Ainda nesse sentido, Bittencourt afirma que,
“com a divulgação dos métodos intuitivos, os livros foram se transformando
visualmente, buscando, autores e editores, através de uma linguagem mais adequada e,
principalmente, pelas imagens, aproximar-se dos alunos e motivá-los no domínio da
cultura escrita”. É nesse sentido que justifico aqui o estudo das ilustrações presentes
nos livros didáticos de Matemática, em especial parte da produção didática de Maeder.
Optei por analisar as ilustrações da coleção Lições de Matemática sob o olhar
das categorias observadas anteriormente para este ensaio, considerando, ainda, que a
coleção foi escrita inicialmente no fim dos anos 1930 e início dos anos 1940. A editora
que produziu a coleção encarregou quatro personagens da época (professores) para a
elaboração dessas ilustrações: Orlando de Freitas, Murat Guimarães, Hermes Cardoso
e David Azambuja – conforme nota presente logo após o índice de cada um desses
cinco componentes da coleção. Observo, ainda, que nem todos esses professores
20
Elaborei essas categorias para observar as ilustrações independentemente dos livros de Algacyr
Munhoz Maeder. Faço essa observação, pois, como será possível verificar mais adiante, em nenhum
livro produzido pelo autor paranaense há a utilização da categoria referente a “fotografias”. Esse tipo
de ilustração em livros didáticos de Matemática ainda era pouco empregado, provavelmente pelo
pouco desenvolvimento, na época, da tecnologia gráfica.
314
aparecem como responsáveis pelas ilustrações nos cinco livros. Alguns têm seus
nomes em dois deles, outros em um apenas, conforme observo a seguir ao abordar
separadamente cada um desses volumes.
Passo a examinar as ilustrações dessa coleção separando-as por livro. Em cada
livro, tabulo pela observação e contagem direta as ilustrações de acordo com as
categorias elaboradas anteriormente. Esse procedimento que adoto objetiva traçar um
panorama da utilização das ilustrações e, também, fazer uma outra “leitura” dessa obra
de Maeder, sob ponto de vista “visual”.
4.1 ILUSTRAÇÕES EM LIÇÕES DE MATEMÁTICA: 1ª SÉRIE
A 1ª. série de Lições de Matemática que analisei corresponde a 10ª. edição de
1942. Observando as edições anteriores (as que consegui encontrar) e as posteriores a
essa, as ilustrações não foram alteradas. Uma característica geral das ilustrações
presentes nesse livro de Maeder diz respeito à forma como são inseridas nas páginas:
geralmente dentro de um retângulo, com algumas exceções.
O professor Hermes Cardoso desenha a capa, enquanto os professores Murat
Guimarães e David Azambuja se encarregam das “figuras do texto”. Essas figuras
compõem as ilustrações presentes no livro destinado a 1ª. série.
Analisando essas “figuras do texto” deparei-me com um total de 208 ilustrações
distribuídas em torno de quatro categorias, conforme TABELA 18 a seguir.
TABELA 18 – NÚMERO DE ILUSTRAÇÕES POR CATEGORIA: 1ª SÉRIE
Categoria Especificação Quantidade
2 Desenhos que interpretam o real 10
3 Desenhos que representam abstrações 68
4 Esquemas 110
5 Gráficos 20
315
Um primeiro olhar para essa distribuição pode chamar a atenção particular para
a ausência da categoria referente a fotografias, conforme já havia comentado.
Observando livros de Matemática contemporâneos aos de Maeder, constata-se que
esse recurso de ilustração não era utilizado ou, quando era utilizado (em reduzido
número), limitava-se a fotografias de locais ou de personagens
21
, que de alguma
maneira estavam relacionados à história da Matemática.
A partir da tabela, é possível construir um gráfico que permite observar de
forma visual a distribuição quanto à utilização das ilustrações conforme suas
categorias, isto é, da categoria 2 até a categoria 6 (ver GRÁFICO 6). É imediata a
constatação da utilização muito mais acentuada nas categorias 3 e 4.
GRÁFICO 6 – COMPARAÇÃO ENTRE AS ILUSTRAÇÕES: 1ª. SÉRIE
Distribuição das Ilustrações por Categoria:
1
a
série
Categoria 4:
52%
Categoria 3:
33%
Categoria 5:
10%
Categoria2:
5%
Quanto ao número acentuado de ilustrações que enquadrei na categoria 4,
referente aos esquemas, interpreto como sendo um recurso auxiliar às explicações de
21
No livro de Cecil Thiré & Mello e Souza (Mathematica – 1
o
. ano, em sua 4ª. edição, de 1933,
publicado pela Livraria Francisco Alves, Rio de Janeiro), há nas 394 páginas exatamente 3 fotografias.
Essas fotografias foram colocadas nas páginas 234 e 235 em meio a um texto elaborado sobre a
determinação do metro. Uma fotografia é de Méchain, outra de Delambre e a terceira fotografia é do
Pavilhão de Breteuil (situado em Sévres, local onde em 1875 tinha sido criado e instalado a Bureau
Internacional de Pesos e Medidas)
316
procedimentos existentes no encaminhamento dos conteúdos. Esses procedimentos
variam de uma interpretação geométrica da adição de três números, por exemplo, (ver
FIGURA 123), como também pode referir-se à determinação dos divisores de um
número (ver FIGURA 124). No caso da interpretação geométrica feita para a adição
dos números 3, 4 e 5, Maeder conduz o leitor a observar a figura em meio ao seu texto.
Nesse sentido, a visualização da adição é imediata quando associa a cada número uma
medida de comprimento em uma reta.
FIGURA 123 – ADIÇÃO DE NÚMEROS
FIGURA 124 – DIVISORES DE UM NÚMERO
Também no caso da utilização do “esquema” presente na obtenção dos
divisores naturais do número 180 (ver FIGURA 124) o leitor é remetido ao quadro
antes mesmo da observação do procedimento em si, isto é: “Decompõe-se o número
dado em seus fatores primos, tirando-se um traço vertical à direita desses fatores.
À direita desse traço, escrevem-se os divisores, a partir de 1 que se coloca um
pouco acima do primeiro fator primo. Sob o divisor 1, escrevem-se as potências
sucessivas do 1º. fator (2), obtendo-se, desse modo, o 1º. grupo de divisores 1, 2,
4.” (MAEDER, 1942, p. 135)
317
FIGURA 125 – EXTRAÇÃO DA RAIZ QUADRADA
O procedimento utilizado para extração da raiz quadrada de números é o
mencionado a partir de uma regra (passo a passo) e exemplificado com a utilização de
esquemas (ver FIGURA 125). Nesse caso, o autor utiliza essa categoria de ilustração
como um recurso necessário à compreensão da regra que enuncia. A própria divisão de
dois números naturais (ver na FIGURA 126 a divisão do número 24281 por 43) é
ilustrada por um esquema presente em meio a um texto:
FIGURA 126 – DIVISÃO DE NÚMEROS
Afim de melhor compreender a série de operações efetuadas para a procura do
quociente, dispusemos a divisão da maneira indicada no quadro ao lado, por onde se
pode observar que o primeiro dividendo considerado (242) é constituído de tantos
algarismos quantos os necessários, separados da esquerda para a direita do dividendo
completo (24281), para formarem um número que possa conter o divisor (43) pelo menos
uma vez; e por tudo se vê que o segundo dividendo parcial considerado é o resto
proveniente da subtração do produto do divisor (43) pelas centenas do quociente (5) do
dividendo anterior, etc. (MAEDER, 1942, p. 77)
318
Ainda nessa mesma categoria de ilustração, diversas tabelas são utilizadas. Assim,
por exemplo, ao abordar as medidas de superfície (ver FIGURA 127) após observar as
unidades de área relacionadas ao metro quadrado, Maeder menciona as chamadas
medidas agrárias: hectário, ário e centiário. Essas mesmas medidas sofreram alterações na
escrita de seus nomes passando a ser escritas como hectare, are e centiare.
FIGURA 127 – MEDIDAS DE SUPERFÍCIE
FIGURA 128 – MEDIDAS DE COMPRIMENTO
Um outro exemplo da utilização de tabelas refere-se às medidas de comprimento
(ver FIGURA 128). Além de conter uma coluna destinada à conversão para metros, essa
tabela também menciona os correspondentes nomes na língua inglesa. Nesses dois
exemplos que citei sobre a utilização de tabelas, o texto presente no livro de Maeder remete
o leitor diretamente às tabelas sem nenhum comentário, por exemplo, no sentido de como as
medidas se relacionam, pois as tabelas acabam proporcionando tais interpretações pelo
319
quadro de valores que contém. Não poderia deixar de observar que, no capítulo destinado às
medidas de comprimento o autor paranaense coloca uma explicação, na forma de nota de
rodapé, que evidencia a referência utilizada para tal capítulo:
Todas as definições do presente capítulo, bem como a nomenclatura das diversas
unidades adotadas em nosso País, a grafia respectiva, etc. foram tiradas do “Projeto de
decreto que amplia a execução da lei n. 1157, de 26 de junho de 1862, cria o Instituto
Nacional de Padrões e dá outras providências”, publicado pelo Ministério do Trabalho,
Indústria e Comércio, em o Diário Oficial de 12 de dezembro de 1933. (MAEDER, 1942,
p. 248)
A categoria 2 de ilustrações (desenhos que interpretam o real) no presente livro do
autor paranaense é pouco utilizada. São desenhos construídos com detalhes, o que interpreto
como sendo o desenho substituindo uma fotografia. Aí pode ter entrado a questão do custo
editorial da época, isto é, a produção envolvendo um desenho para ser colocado nas páginas
de um livro tinha o preço mais reduzido do que aquele que teria a de uma fotografia. O
número de ilustrações dessa categoria é reduzido no livro Lições de Matemática – 1ª. série,
tendo, entretanto, todas elas um objetivo em comum: foram produzidas para ilustrar
instrumentos de medidas (ou referências de medidas) utilizados na época.
A ilustração referente ao metro, isto é, a barra de platina iridiada (FIGURA
129), está colocada no livro de Maeder em meio a um texto de cunho histórico:
FIGURA 129 – O METRO EM PLATINA IRIDIADA
Depois de muito hesitar, a comissão encarregada pela Academia, da qual faziam parte
Borda, Lagrange, Laplace, Monge e Condorcet, decidiu adotar, como unidade
fundamental, uma fração do comprimento do meridiano terrestre.
Logo depois, Delambre e Mechain mediram, em toesas, o arco do meridiano
compreendido entre Barcelona e Dunquerque. Do resultado obtido, deduziram o
comprimento do quadrante do meridiano, encontrando 5.130.740 toesas. À décima-
milionésima parte desse comprimento chamou-se metro, unidade fundamental do novo
sistema de medidas.
320
Fixado o valor do metro, construiu-se um tipo padrão em platina iridiada, com a forma
da figura ao lado, e outro padrão também da mesma liga para a unidade de massa,
denominado quilograma, correspondente ao peso dum decímetro cúbico de água
destilada no seu máximo de densidade, no vácuo. (MAEDER, 1942, p. 246)
A partir da explicação de como teria surgido o metro, Maeder passa a abordar
as unidades de medida relacionadas ao metro. Depois aborda instrumentos utilizados
para medir. Menciona a existência de réguas (FIGURA 130) feitas de metal ou de
madeira geralmente utilizadas por estudantes e desenhistas. Tais réguas, como diz, são
geralmente graduadas em milímetros”.
FIGURA 130 – RÉGUA FIGURA 131 – O METRO NA CONSTRUÇÃO
Outro tipo de instrumento de medida de comprimento citado por Maeder são as
réguas articuladas (FIGURA 131) utilizadas na construção por operários. Já os
agrimensores” utilizam uma espécie de corrente que é formada “de pequenas hastes
metálicas (FIGURA 132) ligadas por anéis”. (MAEDER, 1942, p. 250)
FIGURA 132 – CORRENTES DE MEDIR FIGURA 133 – TRENA
321
O desenho utilizado para representar a forma como era medida a lenha (ver
FIGURA 134), além dos detalhes a respeito dos pedaços de madeira empilhados,
contém também a armação, feita em madeira, com a qual se obtinha a medida chamada
“estéreo” que correspondia ao volume de lenha equivalente a um metro cúbico.
FIGURA 134 – MEDIDA DE LENHA
FIGURA 135 – BALANÇA
O desenho correspondente à FIGURA 135 é de uma balança. Numa
extremidade da figura (extremidade superior) há uma argola de uma corrente que
sugere um possível local para fixação, enquanto na extremidade oposta existe um
peso. Um pouco mais adiante, referindo-se ainda a medidas de massa, uma
ilustração representa três tipos diferentes de pesos utilizados (conforme FIGURA
136). MAEDER (1942, p. 256) menciona a existência de três grupos diferentes de
“medidas efetivas” utilizadas para avaliar massas:
322
FIGURA 136 – TIPOS DE PESOS UTILIZADOS PARA MEDIR
O 1º grupo, destinado às grandes pesadas, consta de 10 pesos fundidos, providos de anéis,
que vão de 50 quilogramas a 50 gramas. Os dois primeiros do grupo têm a forma de
tronco de pirâmide de base hexagonal.
O 2º grupo, empregado nas pesadas médias, consta de 13 pesos de cobre ou latão,
distribuídos de 10 quilogramas a 1 grama. Todos eles têm a forma cilíndrica, de altura
igual ao diâmetro, e são providos de botões de altura igual à metade da do corpo.
O 3º grupo, usado geralmente nos laboratórios, para pesadas de precisão, consta de 9
pesos, em lâminas de cobre ou alumínio, que vão de 0,5 gramas até o miligrama.
Em relação a essa categoria de ilustrações (desenhos que interpretam o
real), existe ainda no livro de Maeder o desenho de dois recipientes em forma de
cilindro que se referem às medidas de capacidade.
O assunto Geometria, presente ao longo do livro de Maeder, justifica o
acentuado número de ilustrações que aqui situo na categoria 3 (formada por
desenhos que representam abstrações). Essas ilustrações foram produzidas para a
exemplificação das formas geométricas planas e não-planas. Um aspecto que
considero relevante observar, na utilização dessa categoria de ilustração, é o
tamanho de cada um desses desenhos: são pequenos, quando comparados com
outras ilustrações. Um exemplo do que estou dizendo pode ser encontrado ao
observar que o retângulo correspondente a uma página do livro de Maeder tem 14
cm por 20 cm. Considerando apenas o retângulo (também conhecido atualmente
com “mancha” onde o texto é inserido) em que o texto é diagramado, essas
medidas são 10,3 cm por 16,3 cm (ver FIGURA 137, que representa uma
reprodução eletrônica em tamanho real da página 228). Assim, por exemplo,
numa mesma página são colocados seis desenhos que representam figuras
geométricas não-planas. Mesmo com esse tamanho reduzido, constato a
323
preocupação do desenhista em dar o efeito de três dimensões, o que pode ser
observado com as sombras e o plano representado abaixo de cada uma dessas
figuras.
FIGURA 137 – FIGURAS GEOMÉTRIACAS VERSUS TEXTO
324
Quanto à categoria 5 de ilustrações, denominada aqui de gráficos, são, ao todo,
20 desenhos, dos quais 11 referem-se ao plano cartesiano, à localização de pontos
nesse plano e até mesmo de formas geométricas planas construídas a partir de
coordenadas de pontos. Um exemplo disso é a FIGURA 138, em que o autor
paranaense observa a construção de um quadrado com base nas coordenadas de seus
vértices.
FIGURA 138 – QUADRADO NO PLANO CARTESIANO
As demais ilustrações que completam essa categoria são os chamados gráficos
estatísticos. É o “tratamento da informação”, conforme atualmente presente nos livros
didáticos de Matemática. Esses gráficos revelam, historicamente, situações relacionadas à
exportação, importação, relação de moedas entre Brasil e França, produção de café e outros
elementos situados no contexto em que Maeder escreveu seus livros. Assim, considero
oportuno observar alguns desses gráficos. Inicio com o gráfico que aparece não só
internamente no livro (ver FIGURA 139) como também na capa
22
. Esse gráfico é
apresentado como um exemplo diferente da utilização de tal recurso. Nas palavras do autor:
Outro tipo de gráfico, de interessante efeito, é o que segue, no qual se representa o valor
da exportação brasileira em milhões de contos de réis. A unidade tomada é de meio
milhão de contos. Faz-se a variação segundo o raio dos círculos concêntricos,
aumentando-se o raio dos círculos de meia unidade, que é o segmento correspondente a
meio milhão de contos.
22
Cada uma das cinco capas dos livros de Maeder que compõem a coleção Lições de Matemática
contém uma ilustração que também aparece internamente. Isso pode ser observado no primeiro estudo
desta pesquisa, quando eletronicamente fiz constar essas capas.
325
E conhecidos os dados numéricos, obtém-se o valor da exportação por ano servindo-se da
marcação feita sobre os raios correspondentes aos anos e relativa ao segmento
equivalente ao valor numérico da exportação atinente aquele espaço de tempo.
(MAEDER, 1942, p. 326)
FIGURA 139 – GRÁFICO EXPORTAÇÃO BRASILEIRA
O que segue a essa apresentação do gráfico é uma análise das informações presentes
nele. O autor paranaense, em nove tópicos, interpreta o que ocorreu com as nossas
exportações no período de 1906 a 1929. Assim, por exemplo, comenta que “nos 24 anos
considerados, em 1909 atingimos pela primeira vez à cifra de um milhão de contos”,
de 1915 a 1919 manteve-se acima de um milhão, tendo ultrapassado dois milhões em
1919” (MAEDER, 1942, p. 327). O presente gráfico indica que, nos períodos de 1924 a
1925 e de 1928 a 1929, houve um acentuado crescimento nas exportações brasileiras.
FIGURA 140 – FRANCO FRANCÊS X RÉIS
326
Maeder denomina de empíricos esses gráficos estatísticos. Ao iniciar tal
assunto, o primeiro exemplo dado de gráfico, ou de como construir um gráfico
refere-se ao “valor médio anual de um franco francês em réis, papel” (ver
FIGURA 140). Nesse exemplo utilizado (ano a ano), de 1913 a 1932 é possível
observar a relação entre a moeda brasileira e a francesa. Ao dar um exemplo de
gráfico de barras (vertical), menciona uma estimativa (ver FIGURA 141) da
produção de café no Brasil para 1933-1934. Uma leitura dos dados presentes no
gráfico evidencia a produção de café brasileira, com destaque (mesmo sendo uma
estimativa) à produção do estado de São Paulo.
FIGURA 141 – SAFRA DE CAFÉ 1933-1934
O gráfico de barras (horizontal) é exemplificado neste livro de Maeder pelo
consumo mundial da erva mate no ano de 1932 (ver FIGURA 142). Situa, no texto,
que a erva-mate
23
é a principal produção do Estado do Paraná.
23
A família de Algacyr Munhoz Maeder, já na década de 1920, estava relacionada com a produção e a
comercialização da erva-mate. O próprio Algacyr ocupou um cargo importante nas negociações que
eram feitas entre Brasil e os outros países da América do Sul, conforme arquivos de recortes de jornais
da família de Maeder.
327
FIGURA 142 – GRÁFICO DE BARRAS E A ERVA-MATE
FIGURA 143 – A EXTENSÃO DA REDE FERROVIÁRIA
Um exemplo do que atualmente pode ser chamado de gráfico pictórico é
apresentado por Maeder como gráfico “com figuras”. O exemplo utilizado (ver
FIGURA 143) dá um esboço da situação histórica da época em relação à extensão da
rede ferroviária brasileira. Esse gráfico vem ao lado do seguinte texto:
Os gráficos com figuras, como já dissemos, são os mais diversos. Em relação à extensão
quilométrica da rede ferroviária, nos quatro Estados brasileiros em que há maior
quilometragem, o gráfico com figuras de locomotivas dá uma idéia clara desse
desenvolvimento. Ele indica, para o ano de 1932, os totais de 7.946 km para Minas
328
Gerais; 7.144 km para São Paulo; 3.138 km para o Rio Grande do Sul; e 2.723 km para o
Estado do Rio de Janeiro.
No conjunto de suas proporções, as figuras representam, segundo a unidade gráfica
adotada, a quilometragem correspondente a cada um dos Estados considerados, segundo
é fácil verificar. (MAEDER, 1942, p. 325)
No exemplo a seguir, é possível também situar historicamente a produção de
café no ano de 1929 no Brasil. Por meio de um recenseamento feito em 1929 sobre a
quantidade de cafeeiros existentes no Brasil, Maeder dá um exemplo da utilização do
chamado gráfico de setores. Mas o gráfico não aparece isolado como um exemplo
simples do tratamento de informações. O autor procura não apenas explicar como
obter o gráfico, como também faz análise dos dados presentes:
FIGURA 144 – RECENSEAMENTO DE CAFEEIROS DE 1929
Um gráfico de forma circular, como o que segue, poderá permitir, a um simples lance de
vista, a compreensão nítida da situação da lavoura de café, quanto ao número de
cafeeiros existentes no Brasil em 1929.
Uma tabela de convenções, correspondendo ao nome de cada Estado produtor, indica a
quantidade gráfica que a este corresponde como setor no círculo.
A análise do gráfico mostra-nos que São Paulo tem mais de metade do número total de
pés de café do Brasil, Minas tem mais de um sexto e assim por diante. As áreas dos
setores revelam de modo claro, a diferença existente entre as lavouras consideradas.
(MAEDER, 1942, p. 326)
O autor paranaense faz uma diferenciação entre gráficos. Em seu livro,
onsidera dois tipos de gráficos: os empíricos e os matemáticos. Os empíricos são
aquele
anterio
c
s relacionados de alguma forma aos trabalhos estatísticos, como os apresentados
rmente. Já os chamados gráficos matemáticos estão inseridos no estudo de
329
funçõe
gráfico
ILU
Assim como ocorreu no livro da 1ª. série, o professor Hermes Cardoso desenha
São ao todo 171 ilustrações existentes no livro Lições de Matemática – 2ª.
série
24
(ou também chamado de 2º. ano) com um acentuado número para a categoria 3
A distribuição dos
assuntos de “Geometria plana”, de “Trigonometria” (estudo particular dos triângulos
ria Especificação Quantidade
s. Embora dê apenas um exemplo desse tipo, encerra o capítulo dizendo que tais
s serão estudados oportunamente.
4.2 STRAÇÕES EM LIÇÕES DE MATEMÁTICA: 2ª. SÉRIE
a capa, enquanto os professores Murat Guimarães e Orlando de Freitas se encarregam
das “figuras do texto”. Essas figuras compõem as ilustrações presentes no livro
destinado a 2ª série.
(ver TABELA 19), ou seja, desenhos que representam abstrações.
retângulos) e de “construções” ligadas ao “desenho geométrico” neste acaba, de certa
forma, justificando a quantidade de ilustrações dessa categoria.
TABELA 19 – NÚMERO DE ILUSTRAÇÕES POR CATEGORIA: 2ª SÉRIE
Catego
2 Desenhos que interpretam o real 13
3 Desenhos que representam abstrações 119
4 Esquemas 30
5 Gráficos 9
Para melhor observar essa distribuição quanto à utilização das ilustrações
onforme as ra os
desenhos que representam abstrações é evidente em comparação co tra
categoria de ilustr o. Ne vidente o reduzido número
dos demais tipos de ilus fere às orias 2
c quatro últimas categorias, inseri o gráfico a seguir. A supremacia pa
m qualquer ou
açã sse mesmo gráfico também fica e
trações, principalmente no que se re categ
24
O livro que utilizei aqui neste ensaio corresponde a 8ª. Edição, de 1942.
330
(desenhos que int retam 5 (gráficos). Esse desequilíbrio é justificado (é
assim que interpreto) pela distribuição dos conteúdos, conforme comentado
anteriormente.
GRÁFICO 7 – COMPARAÇÃO ENTRE AS ILUSTRAÇÕES: 2ª. SÉRIE
Assim ométricos
plo, com
os de outra orra,
são claras e precisas
-se a
problema
dado
sobre uma reta, levantar perpendicular a essa reta” e “por um ponto tomado fora
de uma reta, baixar perpendicular a essa reta” (MAEDER, 1942, p. 38-39).
Observo ainda que tais construções são acompanhadas de instruções passo a passo.
erp o real) e
como ocorreu no livro da 1ª. série, aqui os desenhos ge
existentes no livro são de tamanhos reduzidos quando comparados, por exem
categoria ou observando a diagramação das páginas. Embora isso oc
posso afirmar que as ilustrações (ver exemplo na FIGURA 145)
no que diz respeito aos objetivos a que estão relacionados.
Os três desenhos geométricos (ilustrados na FIGURA 145) referem
s de construções com régua e compasso que são propostos por Maeder:
levantar perpendicular ao meio de um segmento dado”, “por um ponto
Categoria 3:
69%
Distribuição
2
série
18%
das Ilustrações por Categoria:
a
Categoria 5:
5%
Categoria 2:
8%
Categoria 4:
331
iâng étricas para falar d
iâng
onstr
me
FIGURA 145 – EXEMPLOS DE DESENHOS DE CONSTRUÇÃO
FIGURA 146 – GEOMÉTRICO GEOMETRIA E DESENHO
Um pouco mais adiante, no capítulo seguinte, que se refere ao estudo de
tr ulos, Maeder utiliza construções ge
ulo (ver FIGURA 146). Pr
ução de um triângul
dida de um
om
opõe seis construç
o eqüilátero até a construção
lado e de dois de seus ângulos.
as propriedades do
ões geométricas que vão desde a
de um triângulo, conhecendo-se
tr
c
a
332
As ilustrações que se referem aos desenhos que interpretam o real (categoria 2)
epresentam abstrações, porém considero como ilustrações atraentes ao leitor. Inserida
me
são em número reduzido quando comparadas, por exemplo, aos desenhos que
r
em io ao estudo de escala (ver FIGURA 147) está a imagem conhecida do Cristo
Redentor.
FIGURA 147 – CRISTO REDENTOR E ESCALA
333
Considero necessário efetuar duas importantes observações. A primeira é que
aeder escreve pela Edições Melhoramentos, de São Paulo, e que, nessa época,
isputa o mercado das publicações didáticas diretamente com o Rio de Janeiro, capital
rasileira da época. Colocar em um livro didático a imagem que destaca a capital
ertamente colabora para a aceitação da obra. Maeder e sua editora, mesmo que
diretamente, de alguma forma buscavam assim uma valorização na capital brasileira.
A segunda, como disse anteriormente, é o fato de os desenhos que representam
bstrações serem feitos em tamanhos reduzidos, enquanto o desenho do Cristo
edentor, que representa o real, ocupa boa parte da página (FIGURA 147). Observo
ue o desenho feito está inserido no texto e, caso o leitor queira, poderá fazer a medida
a altura e verificar que é aproximadamente 0,076 m, isto é, 7,6 cm, como sugere o
xto. Mas o Rio de Janeiro não é lembrado apenas no Cristo Redentor. Um outro
esenho (ver FIGURA 148) dá uma visão panorâmica da capital brasileira. Agora essa
ustração aparece após um enunciado de um exemplo sobre aplicação de semelhança
e triângulos, conforme MAEDER (1942, p. 235):
FIGURA 148 – A CAPITAL BRASILEIRA E TRIÂNGULOS
“Estando sobre o Pão de Açúcar e olhando por cima do Morro da Viúva,
certo observador não pode ver uma distância oculta x. Determinar essa distância,
sabendo que a altura do primeiro morro é 390 m, a do segundo 60 m, e que a
distância entre ambos é de 1980 m”. Essa ilustração aparece na capa do livro. Nesse
M
d
b
c
in
a
R
q
d
te
d
il
d
334
mesmo capítulo, o autor paranaense exemplifica a aplicação de triângulos para o
cálculo da largura de um rio e insere também um desenho representativo da situação.
Ao falar de aplicação das razões trigonométricas, um pouco mais adiante, mas ainda
no mesmo capítulo, um outro desenho (ver FIGURA 149), de algum modo, faz
ferência a alguma cidade. Agora é a cidade do autor, Curitiba, que também durante
algum tempo era conhecida como a terra dos pinheirais.
50), como também explica o
que entende por esse instrumento e como deve ser utilizado:
O transferidor é o instrumento de que praticamente nos servimos a fim de medir os
ângulos ou para os traçar quando é dada a sua medida.
Construído geralmente de madeira, metal ou celulóide, apresenta o transferidor a forma
de um círculo, graduado de 0 a 360º, ou de um semicírculo, graduado de 0 a 180º.
re
FIGURA 149 – TRIGONOMETRIA E PINHEIRO
Observando ainda desenhos que representam o real, algumas delas produzidas
para evidenciar instrumentos ligados ao desenho geométrico. Maeder não apenas
apresenta o desenho de um transferidor (ver FIGURA 1
335
Para medir ângu gina seguinte a figura,
colocamos e e aquele de modo que coincida o diâmet m dos lados e o
centro com o (MAEDER, 1942, p. 23)
FIGURA 150 – O TRANSFERIDOR
Apen , não poderia deixar
de mencionar a ilustração de uma concha (ver FIGURA 103, que está presente também
lo com transferidor circular, de que damos na pá
ste sobr
vértice.
ro com u
Utilizando-se também de uma ilustração, Maeder observa como é possível
traçar, com o auxílio de um esquadro e de uma régua, uma reta perpendicular a outra
reta dada (ver FIGURA 151).
FIGURA 151 – TRAÇANDO UMA PERPENDICULAR
as para finalizar os desenhos que representam o real
336
na coleção Curso de Matemática para o colegial). Esse desenho é colocado em meio
o texto em que Maeder aborda a questão da simetria de uma figura. Comenta que, na
atureza, existem tais exemplos. É aí que insere a concha.
A categoria 4, esquemas, segue a mesma característica observada anteriormente
o livro da 1ª. série, isto é, são ilustrações que auxiliam a compreensão de um
rocedimento matemático relacionado a medidas, a operações entre números e
mbém, a algumas tabelas.
FIGURA 152 – RELAÇÃO ENTRE GRANDEZAS
No capítu proporcionais”,
AEDER (
videnciar u a
azão dos temp ”. Outras
ustrações se
a
n
n
p
ta
lo VIII, referente ao estudo de “Grandezas e números
M 1942, p. 106) utiliza-se de uma ilustração (ver FIGURA 152) para
m exemplo de proporção existente entre duas grandezas. No caso, “
os gastos nos percursos e a razão dos espaços percorridos
melhantes aparecem relacionadas também às questões de medidas.
FIGURA 153 – MOEDAS ESTRANGEIRAS
e
r
il
337
Ainda nessa categoria de esquemas, a utilização de tabelas, embora em
número reduzido se confrontado ao livro anterior, evidencia elementos históricos
sobre o valor das moedas de alguns países (ver FIGURA 153) se comparadas à
moeda brasileira da época, ou seja, o “réis”.
Observo que nessa tabela não aparece a moeda inglesa. Enquanto os países e
suas moedas, presentes na tabela, são apenas exemplos ilustrativos de moedas
estrangeiras (o autor paranaense não utiliza nada dessa tabela ao longo do capítulo,
a não ser em poucos exercícios no fim do capítulo), a moeda inglesa, logo após essa
tabela, é mencionada repetidas vezes no texto. É o contexto decorrente ainda de
uma época em que Brasil e Inglaterra tinham ligações comerciais mais estreitas.
Na mesma página em que está essa tabela, MAEDER (1942, p. 204) faz uma
observação, em forma de nota de rodapé, que evidencia não apenas a referência por
“Quando era de 4$000 por oitava o nosso preço legal do ouro, dava-se o nome de
de 1$000) por 0,03328354 (peso de 1 penny), o quociente é 26,9, número que, na
926,
quebrado pela terceira vez esse padrão, o peso do 1$000 ficou sendo apenas de 200
miligramas, ao título de 0,900, ou gr 0,180 de ouro fino. Dividindo 0,180 por
0,030509, o qu .” (J. Papaterra Limongi
“Economi
Quanto à categoria 5, -se ao estudo de
nções. Essas ilus no cartesiano (ver FIGURA 154)
om malhas quadriculadas nho (a unidade considerada
ara a corresponde ER (1942, p. 353), para construir o
ráfico da funçã
ele utilizada no assunto “câmbio” (título do capítulo), como também o contexto de
nossa moeda em relação à inglesa:
1$000 a gr 0,8965 desse metal. Este era, pois, o peso do 1$000. Dividindo 0,8965 (peso
prática, se arredondava para 27. O nosso padrão era de 27 dinheiros”. “Em 1
ociente é 5,899 ou, em número mixto, 5115/128
a Política e Finanças”, - 1934 – página 299).
gráficos, todas as ilustrações referem
trações são construídas em pla
representando cada quadradi
nte representação). MAED
o definida por
x
y
3
=
, elabora um
x e a y. Atribui ao todo 13 valores
fu
c
p
g
a tabela com valores
orrespondentes a para a variável independente x
(valor
c
es inteiros de -6 até 6). Após obter os correspondentes valores para a variável
dependente y, esboça o gráfico conforme figura a seguir.
338
FIGURA 154 – GRÁFICO DE FUNÇÃO
4.3 ILU
repete
s pro carregam das “figuras do
xto”. Essas figuras c
O livro . edição, de 1942,
contém ao todo 201 il es do que o livro da série
anterior, a 3ª. série é marcada desenhos que interpretam o
real, conforme
TABELA 20 – CATEGORIA: 3ª. SÉRIE
STRAÇÕES EM LIÇÕES DE MATEMÁTICA: 3ª. SÉRIE
A parceria de “profissionais” utilizados para a elaboração do livro da 3ª. série
o da 2ª. série. Enquanto o professor Hermes Cardoso também desenha a capa,
fessores Murat Guimarães e Orlando de Freitas seo en
ompõem as ilustrações do livro destinado a 3ª. série.
Lições de Matemática – 3ª. série, correspondente a 7ª
ustrações. Embora com mais ilustraçõ
pela ausência completa de
pode ser constatado na TABELA 20, logo abaixo.
NÚMERO DE ILUSTRAÇÕES POR
te
Categoria Especificação Quantidade
2 Desenhos que interpretam o real -
3 Desenhos que representam abstrações 152
4 35 Esquemas
5 Gráficos 14
339
Assim como ocorreu com os dois livros anteriores, elaborei o gráfico a seguir
o sentido de fornecer visualmente uma comparação da distribuição da utilização das
ustrações no livro de Maeder. A ênfase dada para a categoria 3 (desenhos que
epresentam abstrações) pode aqui ser compreendida como um acentuado grau de
bstração dos conteúdos matemáticos que constituem a 3ª. série de Lições de
atemática. Contribui para essa análise, também, como dito anteriormente, a falta de
ualquer ilustração que pertença à categoria 2 (dos desenhos que interpretam o real).
GRÁFICO 8 – COMPARAÇÃO ENTRE AS ILUSTRAÇÕES: 3ª. SÉRIE
n
il
r
a
M
q
Distribuição das Ilustrações por Categoria:
3
a
série
Categoria 4:
17%
Categoria 3:
7%
Categoria 5:
76%
Uma análise dos conteúdos do livro da 3ª. série dá ind
25
ícios, assim como a
bela acima, do acentuado grau de abstração do programa de Matemática destinado a
páginas
iciais desse livro de Maeder, apenas 12 ilustrações aparecem, 11 das quais podem ser
enquadrados na categoria “esquemas”. Nessa categoria, existem duas ilustrações (ver
FIGURA 162) que são inseridas no texto em que o autor menciona dois problemas
ta
esse nível de escolarização. Apenas para se ter uma idéia disso, nas 120
in
25
Os conteúdos que compõem esse livro destinado a 3ª. série podem ser observados com mais detalhes
no primeiro ensaio presente nesta pesquisa.
340
clássic
s
ircunferências encontra a linha dos centros. (Problema das tangentes)”.
FIGURA 155 – PROBLEMAS CLÁSSICOS
As ilustrações pertencentes à categoria 4 ou de esquemas (o mesmo ocorre com
as ilustrações que se referem à categoria 3 ou dos desenhos que representam
abstrações) aparecem no livro de Maeder sempre dentro de um retângulo e, em sua
maioria, com os tamanhos muito reduzidos, conforme observado anteriorme te nos
outros dois livros da mesma coleção. Classifiquei dentro da categoria 4 algumas
por um triângulo (ver FIGURA 156). Nessa translação, “todos os pontos de uma
os da Matemática: o problema dos correios
26
e o problema das tangentes. O
primeiro problema é assim enunciado por MAEDER (1942, p. 27): “Determinar a
hora e o ponto de encontro de dois móveis que partem no mesmo instante dos
pontos A e B, separados da distância d, dirigidos para o mesmo sentido e
animados de movimento uniforme respectivamente com as velocidades v e
v’.(Problema dos correios)”. O segundo problema (MAEDER, 1942, p. 32) é assim
enunciado: “Determinar o ponto em que uma tangente comum exterior a dua
c
n
ilustrações que se referem a “deslocamentos elementares no plano”. Entendo que,
embora tais desenhos possam também pertencer a categoria 4 por representarem
abstrações, essas ilustrações indicam procedimentos de como as figuras podem ser
movimentadas, isto é, são esquemas. Utilizando-se de linhas tracejadas e algumas
setas, é possível observar indicativos de figuras geométricas planas sofrendo
movimentos. Assim, por exemplo, a chamada “translação retilínea” é exemplificada
26
O autor paranaense justifica a presença do problema dos correios: “O clássico problema dos correios
é sempre citado como exemplo pela maioria dos autores, pela ampla discussão que comporta.”
(MAEDER, 1942, p. 27)
341
figura invariável descrevem segmentos iguais, paralelos e de mesmo sentido
(MAEDER, 1942, p. 211).
FIGURA 156 – TRANSLAÇÃO
exem
o fixo
p. 213)
Menciona, ainda, duas propriedades da rotação: “Na rotação em torno de um centro,
todos os pontos de uma figura invariável descrevem arcos de circunferência
concêntricos, de mesma amplitude e de mesmo sentido” e “Na rotação em torno
de um centro, todas as retas, semi-retas e segmentos de uma figura invariável,
que po
um centro, no caso a r
Quando cita o movimento de rotação,
plo de um triângulo (FIGURA 157): “
figuras invariáveis. Rotação de uma figura
é o movimento em que todos os pont
circunferência, tendo aquele ponto como centro
o autor paranaense também utiliza o
Consideremos, agora, a rotação das
invariável em torno de um pont
os da figura descrevem arcos de
”. (MAEDER, 1942,
r ele passam, giram, no mesmo sentido, e de um mesmo ângulo”.
FIGURA 157 – ROTAÇÃO
A FIGURA 158, seguir, também é utilizada para ilustrar a rotação em torno de
otação de um triângulo.
342
FIGURA 158 – ROTAÇÃO EM TORNO DE UM CENTRO
Quanto às ilustrações do livro de Maeder que classifico como pertencentes à
ategoria 3, desenhos que representam abstrações, o acentuado número delas refere-se
desenhos de figuras geométricas, particularmente de figuras planas que são utilizadas
ara os assuntos: “Proposições fundamentais da geometria dedutiva”, “Simetria
lana”, “Triângulos”, “Polígonos”, “Quadriláteros convexos”, “Lugares geométricos”,
Circunferência e círculo”, “Medida dos ângulos”, “Linhas proporcionais”,
eme
1
2
O assunto “cônicas” é trata
penas como lugar g entos. São cinco
c
a
p
p
“S lhança e homotetia”, “Relações métricas no triângulo” e “Relações métricas no
círculo”. São, ao todo, 12 capítulos dedicados a esses assuntos.
Na FIGURA 159, observo uma ilustração utilizada por Maeder (categoria 3)
que exemplifica um tipo de simetria: “É bem de ver que, para se obter a
coincidência das figuras F e F’, é preciso fazer girar o semi-plano P
, em torno de
XY, até a sua justaposição com o semi-plano P
, isto é, fazer o rebatimento de um
semi-plano sobre o outro.” (MAEDER, 1942, p. 218)
FIGURA 159 – SIMETRIA NO PLANO
do também no livro da 3ª. série, porém apresentado
eométrico, sem entrar em detalhes sobre os elem
a
343
desenhos sobre lugares geométricos, entre os quais a elipse, a circunferência, a
ipérb
FIGURA 160 – HIPÉRBOLE
o também de suas
as paralelas aos lados
postos. Formam rtices do triângulo
primitivo são, re lados”. Assim, o leitor é
vado a observar
h ole (ver FIGURA 160) e a parábola.
Não poderia deixar de mencionar que a ilustração referente à hipérbole contém
elementos que auxiliam o entendimento da definição de cônica dada pelo autor. Assim,
o desenho está sendo utilizado como um auxiliar no entendimento do conceito de
hipérbole. O autor observa que esse assunto ainda será estudado nessa mesma coleção.
Maeder utiliza ilustrações (nessa categoria 3) como importantes meios
auxiliares ao entendimento não apenas de teoremas, com
correspondentes demonstrações. Um exemplo disso está na FIGURA 161 extraída do
livro da 3ª. série (1942, p. 240). Ela é empregada pelo autor ao apresentar o teorema
que afirma que as três alturas de um triângulo concorrem em um ponto e, também, é
utilizada no sentido de levar o leitor a compreender a demonstração apresentada:
Pelos vértices, A, B e C, do triângulo dado, tiremos ret
os, dessarte o triângulo DEF, no qual os vé
spe s
a figura em meio à leitura da demonstração do teorema.
o
ctivamente, os pontos médios dos seu
le
344
FIGURA 161 – DEMONSTRAÇÃO NO TRIÂNGULO
As 14 ilustrações referentes à categoria gráficos são exclusivas do estudo de
nções, com destaque para funções do 2º. grau, em que oito desenhos são produzidos.
s demais se referem à função definida por
(ver FIGURA 162),
fu
3
xy =
2
1
x
y = ,
x
y
1
=
m
x
y
1
=
O
e
(para m número par). Esses gráficos geralmente são apresentados em uma
malha quadriculada, sendo a medida de cada um dos lados desses quadradinhos a
unidade adotada para localizar os pontos correspondentes.
FIGURA 162 – FUNÇÃO CÚBICA
345
A ilustração da página 129 do livro da 3ª. série chamou minha atenção para dois
pontos: primeiro por estar também na capa do livro desta série e, segundo, por estar se
ferindo ao estudo de funções (ver FIGURA 163).
FIGURA 163 – PARÁBOLA E FUNÇÃO
Observo que essa ilustração é utilizada pelo autor como um esboço do gráfico
a função
re
d
= xy
Preliminarmente, devemos notar que apenas se podem dar a x valores positivos, por isso
Entretanto, como y se anula para x = 0 rva procurada passa p
a valor positivo de x correspondem dois simétricos de y.
Infere-se daí que os pontos da curva são simétricos em relação ao eixo XX’.
Cuidemos agora de construir o gráfico da função. (MAEDER, 1942, p. 129)
da seguinte forma:
que, para os valores negativos dessa variável, resultam valores imaginários para y.
, a cu ela origem das
coordenadas.
Por outro lado, como as raízes de índice par dos números positivos têm sinal duplo, a
cad
Com efeito, para x = 9, por exemplo, temos y = + 3 ou y = - 3.
Após esse comentário, há uma tabela com dois valores simétricos de y para cada
valor positivo de x o o gráfico de uma função,
gorosamente só pode x em função de y, isto é,
a interpretação feita, por exemplo, para raiz
uadrada de um número ndo formada por dois
alores opostos.
. O que o autor interpreta com
ria ser considerado como tal se fosse
. O que observo aqui é
positivo. Maeder interpreta como se
ri
2
)( yyf ==x
q
v
346
4.4 ILUSTRAÇÕES EM LIÇÕES DE MATEMÁTICA: 4ª. SÉRIE
Uma pequena alteração pode ser observada em relação aos “profissionais”
ncarregados para a elaboração do livro da 4ª. série, em comparação com os da 2ª.
o livro destinado a 4ª. série.
O livro destinado a 4ª série da coleção Lições de Matemática, em sua 4ª.
edição, de 19--, tem ao todo 240 ilustrações, com um número acentuado para a
ategoria referente (ver TABELA 21), o
ue pode ser “just ometria
lana e não-plan
nhas trigonom
Categoria Especificação
Quantidade
e
série. Enquanto o professor Hermes Cardoso novamente é o responsável pelo
desenho da capa, apenas o professor Orlando de Freitas se encarrega das “figuras
do texto”. Essas figuras compõem as ilustrações d
c aos desenhos que representam abstrações
ificado” pelos conteúdos voltados para o estudo de “Ge
a”, além de alguns tópicos a respeito de “Trigonometria” (das
étricas).
TABELA 21 – NÚMERO DE ILUSTRAÇÕES POR CATEGORIA: 4ª SÉRIE
q
p
li
2 Desenhos que interpretam o real 1
3 Desenhos que representam abstrações 209
4 Esquemas 25
5 Gráficos 5
penas para
videnciar a distribuição das ilustrações, conforme categorias, ao longo desse livro.
A partir dos dados dessa tabela, elaboro o gráfico a seguir a
e
347
G
por duas hastes curvas e é utilizado “quando a distância
polar da circunferência que se quer traçar é conhecida, basta aplicar uma das
pontas do c uma
abertura igu l à distância polar” (MAEDER, 19--, p. 280). Embora tais instruções
evidenciem como se deva utilizar o com em nenhum out o
livro isso é utilizado, nem mesmo em exemplos que normalmente são propostos ao
final de cada capít . Alé es sobre a forma de traçar
circunferências e supe acrescent lguma
ilustração no senti de ev e traçado de circunferências. Daí essa ilustração,
mesmo tendo alguma relação com o texto, ser apresentada mais como uma
curiosidade.
RÁFICO 9 – COMPARAÇÃO ENTRE AS ILUSTRAÇÕES: 4ª. SÉRIE
0,5%
Categoria 4:
10,5%
87%
Distribuição das Ilustrações por Categoria:
4
a
série
Categoria 5:
2%
Categoria 2:;
Categoria 3:
A única ilustração desse livro de Maeder (19--, p. 280) que tem alguma ligação
com a realidade é um desenho que representa um compasso (FIGURA 164). Trata-se
de um compasso esférico, que, como diz o autor, é “o instrumento de que nos
servimos, na prática, para traçar circunferências sobre uma superfície esférica”.
Esse compasso é formado
ompasso sobre a superfície esférica, e deslizar a outra, com
a
passo esférico, ro momento d
ulo m disso, logo após as tais instruçõ
m rfícies esféricas, Maeder deixa de ar a
do idenciar ess
348
FIGURA 164 – COMPASSO ESFÉRICO
Analisando a categoria 3 de ilustrações, formada por desenhos que re
ões, embora haja um número acentuado de figuras planas e não-planas, como já
tato nos livros anteriores, aqui é possível constatar um outro as
o desses desenhos. Se por um lado um desenho pode apenas estar
tando a construção de um polígono estrelado (ver FIGURA 165)
partir de uma circunferência, por um outro lado é possível encam
s que sugerem, em parceria com o próprio texto ao qual estão inseridos,
s ligados à intuição geométrica de construções sucessivas (ver FIGUR
ntido, MAEDER (19--, p. 135) observa que, dividindo uma circunferência em
presentam
bstraç
i cons pecto da
tilizaçã
presen de oito
ontas a inhar
esenho
lemento A 166).
esse se
a
fo
u
re
p
d
e
N
nove arcos iguais, e “ligando os pontos obtidos, de um em um, de dois em dois e de
quatro em quatro, obtém-se três eneágonos regulares, o primeiro dos quais é convexo e
os demais estrelados”.
FIGURA 165 – POLÍGONO ESTRELADO
349
FIGURA 166 – CONSTRUÇÕES DE ENEÁGONOS
Na FIGURA 166, p=1 esentando) a construção de
ordas consecutivas na circunfe rtir dos nove vértices marcados. Para p=2,
ugere-se a construção de cordas l pre “pulando” um). Na
ltima parte da ilustração, p=4 cordas são traçadas ligando os vértices 4
4 (o primeiro liga com o quarto, o oitavo, etc.)
Algumas ilustrações pertencentes à categoria dos desenhos que representam
representa (ou pode estar repr
rência a pa
igando os vértices 2 a 2 (sem
indica que as
o quarto com
c
s
ú
a
abstrações, neste livro do autor paranaense, são utilizadas no encaminhamento de
problemas abordados e resolvidos. Assim, por exemplo, um problema é “exprimir o
lado do triângulo circunscrito a um círculo em função do lado do triângulo
regular inscrito”. Tal problema é apresentado ao lado de uma ilustração (FIGURA
167) e, após, resolvido por MAEDER (19--, p. 150) com passagens matemáticas que
levam o leitor constantemente a buscar elementos presentes no desenho.
FIGURA 167 – PROBLEMA GEOMÉTRICO
350
Outro exemplo está no problema seguinte: “Determinar a natureza do polígono
ue se obtém, prolongando, dois a dois, os lados de um hexágono regular, e exprimir
lado deste em função do lado do primitivo”. (MAEDER, 19--, p. 151). Nesse
xemplo, o desenho deixa claro para o leitor qual será a resposta: um triângulo. Porém, a
tenção do autor ao encaminhar tal ilustração (ver FIGURA 168) parece estar ligada às
stificativas matemáticas que apresenta logo a seguir, no sentido de convencer o leitor de
que de fato
o Ensino Fundamental
mo
q
o
e
in
ju
esse será o resultado.
FIGURA 168 – TRIÂNGULO E HEXÁGONO
Um fato pertencente à História da Matemática e que não representa nos dias
atuais um assunto presente no ensino da Matemática, tanto n
co no Médio, é abordado por Maeder nesse livro. Trata-se da equivalência de áreas,
conhecida como as “lúnulas de Hipócrates” (ver FIGURA 169). Essa equivalência,
conforme desenho, refere-se à área de um triângulo retângulo e à soma das áreas das
lúnulas construídas por semicircunferências a partir dos três lados desse triângulo.
FIGURA 169 – LÚNULAS DE HIPÓCRATES
351
Em relação aos desenhos utilizados para
imensões, um cuidado maior aqui é observado no em ras e pequenos
aços (ver FIGURA 170). Embora o desenho do ic esente no livro de
AEDER (19--, p. 227) tenha o contorno feito a partir de uma figura plana
exágono), as sombras empregadas e também os pequenos traços dão a noção de
idimensionalidade desejada
idimensionalidade (o ilustrador do livro utiliza mais) é aquele desenho feito por
e é utilizada na capa do
FIGURA 171 – ES
representar figuras geométricas de três
prego de somb
osaedro pr
pelo autor. Outra maneira de representar essa
d
tr
M
(h
tr
tr
traços e por linhas pontilhadas (ver FIGURA 171, qu
correspondente livro). As linhas pontilhadas são colocadas para dar tal noção.
FIGURA 170 – ICOSAEDRO
FERA INSCRITA NO HEXAEDRO
352
Na categoria 4 de ilustrações (aquelas que se referem a esquemas),
comparando-se com o livro anterior (da 3ª. série), o número é menor. Além disso, tais
ustrações, em sua maioria, referem-se a tabelas de valores que relacionam duas
variáveis utilizadas antes de construção de gráficos no estudo de funções, tabelas com
razões trigonométricas e uma tabela com valores de logaritmos ( 172).
ssa tabela é assim encaminhada no livro de MAEDER (19--, p. 96): “Encontram-se,
essa tábua, três colunas. A primeira, designada pela letra N, encerra os números
m sua ordem natural; a segunda, encimada por L, as mantissas dos respectivos
garitmos; a terceira assinalada pela letra D, as diferenças entre duas mantissas
FIGURA 172 – TABUA DE LOGARITMOS
il
ver FIGURA
E
n
e
lo
consecutivas, ou diferenças tabulares”.
353
Observando detalhadamente a tabela (ou tábua) verifica-se que não são apenas
ês colunas, mas um grupo de quatro vezes três colunas. Além disso, nenhuma das
olunas é mencionada pelas letras N, L ou D, entretanto basta seguir a ordem em que
ão apresentadas para identificá-las. Maeder utiliza essa tabela para encaminhar dois
pos de problemas: problema direto (determinar o logaritmo de um número dado) e
roblema indireto (determinar o número correspondente a um logaritmo dado).
Num outro exemplo de ilustração, também em forma de tabela, é possível
onstatar que, apesar do estudo de Trigonometria ser direcionado para o
stabelecimento das relações trigonométricas que permitem calcular razões
tr
c
s
ti
p
c
e
trigonométricas para o dobro de um arco em função da razão trigonométrica do arco
dado (ou o equivalente para o arco metade), Maeder encaminha uma tabela (ver
FIGURA 173) em que, por exemplo, fornece o valor das razões trigonométricas para o
arco de 15 graus. Outra observação é a presença, nessa tabela, dessas razões para os
arcos de 120 graus e 150 graus. Embora o próprio autor desenvolva o conteúdo
observando as reduções ao 1º. quadrante, menciona esses valores aparentemente para
resumir o trabalho que nas páginas anteriores é feita, isto é, não apresenta no sentido
de levar o aluno/leitor à necessidade de memorização, por exemplo.
FIGURA 173 – RAZÕES TRIGONOMÉTRICAS
354
Uma última ilustração que gostaria de comentar a respeito da categoria
squemas diz respeito ao desenho referente a um problema clássico das luzes (assim
enominado pelo autor à página 32): “Determinar, sobre a reta que une duas fontes
minosas de intensidade diferente, a posição de um ponto igualmente iluminado
or ambas”. Esse é um problema de fotometria, situado, portanto na disciplina de
ísica, o qual Maeder discute em um total de oito páginas. O desenho é utilizado para
estabelecimento de relações matemáticas presentes na resolução e discussão do
roblema.
FIGURA 174 – PROBLEMA DAS LUZES
Observando agora a categoria 5 de ilustrações, isto é, aquela que se refere a
ráficos, são apenas cinco delas construídas para representar funções trigonométricas
o plano cartesiano. Assim, por exemplo, Maeder faz o estudo da função seno (ver
FIGURA 175) e apresenta o correspondente gráfico no plano cartesiano, mencionando
antes u
e
d
lu
p
F
o
p
g
n
ma tabela com valores de alguns arcos em graus e os correspondentes senos.
Nenhuma atividade ou exercício de construção de gráfico é sugerido, o que indica a
utilização do gráfico da função seno apenas para ilustrar comentários feitos
anteriormente pelo autor quanto ao crescimento e sinais do seno nos quadrantes.
FIGURA 175 – FUNÇÃO SENO
355
4.5 ILUSTRAÇÕES EM LIÇÕES DE MATEMÁTICA: 5ª. SÉRIE
Neste último livro da coleção, os professores Hermes Cardoso e Orlando de
Freitas são os responsáveis pelos desenhos da capa e das “figuras do texto”,
respectivamente. Essa parceria já havia ocorrido também no livro da 4ª. série.
O 5º. livro de Lições de Matemática, destinado a 5ª. série, contém ao todo
105 ilustraçõ alquer outro livro da
oleção de Maeder. O conteúdo de Matemática para a 5ª. série é composto de
picos de “Álgebra” com foco em “Noções de limites e derivadas”, além de
bordar “Noções de integrais”. Esse fato parece direcionar o encaminhamento
ado para uma abstração maior, daí o número reduzido de ilustrações. Por outro
do, é nesse livro que observo um número maior de ilustrações (ver TABELA
2) da categ
nções de
TA
Categoria
Especificação
Quantidade
es, um número bem reduzido se comparado a qu
c
a
d
la
2 oria 5 (gráficos). São ilustrações voltadas também ao estudo de
ntro daquelas noções de limites, derivadas e integrais.
BELA 22 – NÚMERO DE ILUSTRAÇÕES POR CATEGORIA: 5ª. SÉRIE
fu
2 Desenhos que interpretam o real 1
3 Desenhos que representam abstrações 73
4 Esquemas 10
5 Gráficos 21
Assim como nos livros anteriores dessa coleção, o gráfico a seguir evidencia a
distribuição dessas ilustrações conforme as categorias elaboradas para este ensaio.
356
GRÁFICO 10 – COMPARAÇÃO ENTRE AS ILUSTRAÇÕES: 5ª. SÉRIE
plano
artesiano, ora relacionadas ao estudo de derivadas (ver FIGURA 176), ora a respeito
do cálculo de área er FIGURA 177) ou, ainda,
gares geométricos definidos por equações (ver FIGURA 178) quando do estudo de
ônicas em geometria analítica. Observo que esses gráficos, produzidos no plano
artesiano, estão inseridos e referenciados nos textos, isto é, o leitor é conduzido a
bservar o gráfico e dele se utilizar como elemento explicativo do conteúdo
orrespondente. Assim, por exemplo, no encaminhamento para o cálculo de área como
FIGURA 176 – INTERPRETAÇÃO DE DERIVADAS
Em relação a categoria gráficos, as ilustrações são de curvas no
Categoria 3:
69%
Categoria 4:
c
por meio de integrais definidas (v
lu
c
c
o
c
limite da soma, Maeder se utiliza da ilustração (FIGURA 177) dizendo:
Distribuição das Ilustrações por Categoria:
5
a
série
Categoria 2:
1%
Categoria 5:
20%
10%
C
357
Dividindo o segmento MN em certo número de partes iguais, tiremos as ordenadas que
paralelas ao eixo x.
Formam-se, dessarte, retângulos inscritos na curva considerada, os quais aparecem
hachurados na figura. Cada um dos n retângulos tem por base
x e por altura a
ordenada tirada pelo ponto de divisão.
Despreende-se facilmente que a soma das áreas dos retângulos aproxima-se da área do
trapézio curvilíneo ABNM. Ademais, a aproximação será tanto maior, quanto maior for
Não apenas nesse livro, como também nos demais, a utilizaçã
correspondem aos pontos de divisão. Depois, pelas extremidades das ordenadas, tiremos
o número de retângulos tomados. (MAEDER, 1942, p. 235)
o das ilustrações
e curvas associadas ao plano cartesiano não é gratuita, isto é, elas são inseridas dentro
FIGURA 177 – INTEGRAL DEFINIDA
FIGURA 178 – LUGAR GEOMÉTRICO
d
do contexto do conteúdo de Matemática cumprindo com uma função auxiliar.
358
Ao evidenciar as aplicações de derivadas ao estudo de máximos e mínimos,
ma única ilustração, que classifico na categoria desenhos que interpretam o real, é
tilizada por Maeder (ver FIGURA 179). Trata-se do desenho de um farol colocado
omo o “problema do raio luminoso refratado de Fermat”, utilizado, na solução
presentada por esse matemático, com base em uma lei de refração que teria sido
Consideran desenhos que representam
bstrações duas partes. Um
número menor de ilustr
isto é, do cálculo de volum regulares, de
cilindr
para a conduzido por MAEDER
(1942,
u
u
c
a
elaborada por outro matemático francês (Descartes). Entendo que essa ilustração
também representa um esquema para indicar a refração da luz produzida por um raio
luminoso. Assim, considero essa ilustração também pertencente à categoria 4
(formada por esquemas), embora tenha sido aqui computada numericamente apenas
na categoria 2.
FIGURA 179 – FAROL
do agora a categoria 3 de ilustrações (
), observo que elas estão distribuídas basicamente em
ações referentes ao estudo de triângulos n
capítulos, e a maioria no final do livro, no estudo métrico de geo
a
o
m
es de prismas, de pirâmides, de poliedros
s dois primeiros
etria não-plana,
os, de cones e de esfera. Há ainda um desenho (ver FIGURA 180) utilizado
introdução do estudo das secções cônicas, assim
p. 295):
359
Interceptando um cone circular reto por um plano, obtemos, segundo a direção do
figuras recebem, por isso, a denominação genérica de secções cônicas.
Ao adiante, definiremos a elipse, hipérbole e parábola como lugares geométri
acordo com uma das propriedades características de cada curva.
plano, figuras geométricas distintas: círculo, elipse, hipérbole, parábola. Estas
cos, de
Limitamo-nos, assim, ao simples enunciado das proposições que seguem, atinentes às
secções cônicas.
FIGURA 180 – SECÇÕES CÔNICAS
O texto descreve, com te cada uma das
curvas que são obtidas a partir de um ndo o cone ou os cones
presentes na ilustração inserida. Um deta que se
refere à sombra projetada no plano por
Essa sombra certamente aux , apesar do desenho estar
forma de um
a utilização de linhas
livros didáticos de Matemática. É um
recurso que visualm itos os exemplos que
podem ser encontrados em Um deles, referente à 5ª. série
equivalência entre
duas pirâmides triangulares (ver FIGURA 181). As linhas tracejadas (ou
pontilhadas) evidenciam prismas triangulares que são construídos dentro das duas
o o próprio autor diz, sucintamen
plano secciona
lhe presente nessa ilustração é o
cada um desses “sólidos” geométricos.
ilia na compreensão de que
idimensionalidade desejada. Uma outra
desenho apresentar essa mesma característica já foi apontada aqui: é
auxiliares pontilhadas. Essas linhas são muito utilizadas nos
no plano da folha do livro, ele indica a tr
livros de Maeder e na maioria dos atuais
ente dá a noção de profundidade. São mu
Lições de Matemática.
dessa coleção, é aquele inserido em meio à demonstração da
360
pirâmides. É a partir desses prismas que MAEDER (1942, p. 257) demonstra em
seu texto o correspondente teorema sobre a equivalência.
FIGURA 181 – EQUIVALÊNCIA DE PIRÂMIDES
tiliz
Ediç
bem p
citado
trigon
leitor consultas aos valores que a compõe.
Ao examinar, nesse livro de Maeder, os aqui denonimados esquemas
(categoria 4), poucas são as ilustrações presentes. Uma delas menciona o
desenvolvimento do produto de binômios que já foi observada anteriormente e as
demais se referem à utilização de tabelas de valores. Outra contém os valores das
razões trigonométricas seno e tangente dos ângulos compreendidos entre 0
e 3º e
também entre 87º e 90º (ver FIGURA 182). MAEDER (1942, p. 9) menciona que
tal tabela (ou, como diz, tábua) foi reproduzida da editora F.T.D. Um olhar mais
atento para a ilu
o
stração é suficiente para constatar essa reprodução: os caracteres
ados na confecção da tabela não seguem o padrão da coleção produzida pela
õe
u
s Melhoramentos; os algarismos presentes na tabela trigonométrica são
equenos e de difícil leitura. O detalhe da tabela está na divisão dos ângulos
s de minuto a minuto para apresentar as correspondentes razões
ométricas. Essa mesma tabela é utilizada ao longo do capítulo, exigindo do
361
FIGURA 182 – TÁBUA REPRODUZIDA DA F.T.D.
362
4.6 CONCLUSÕES SOBRE O USO DE ILUSTRAÇÕES
Uma comparação entre as quantidades totais de ilustrações presentes em
ada um dos cinco livros de Maeder (da coleção Lições de Matemática), acentua o
duzido número existente no último livro (ver GRÁFICO 11 produzido a partir
os dados observados nesses livros, mencionados anteriormente). Essa queda
ode representar indícios do grau de abstração do assunto dominante no livro de
ª. série. Se isso não fosse suficiente, um outro ponto pode favorecer essa
ipótese. É a observação de que a maior parte das ilustrações está na categoria de
esenhos que representam abstrações, isto é, desenhos empregados com o
c
re
d
p
5
h
d
objetivo principal de evidenciar formas geométricas planas e não-planas. Como
tais assuntos são abordados no livro de Maeder distanciados de aplicações
voltadas à prática, ou seja, a utilização real da geometria em situações do dia-a-
dia, o uso dessas ilustrações acaba evidenciando um livro didático de Matemática
com direcionamento para a abstração.
GRÁFICO 11 – ILUSTRAÇÕES CONFORME CATEGORIAS E SÉRIES
208
171
201
240
150
200
250
Número de ilustrações por série
1a série
105
0
50
100
Séries de Lições de Matemática
2a série
3a série
4a série
5a série
363
Analisando isoladamente as cinco categorias de ilustrações, o livro da 1ª.
érie, de
os gráf
vros q
ustraçõ nais ou
vistas)
a époc
bstraç ero de
ezes qu
ategori
xceção
catego esquemas),
exata ito grande,
estoan
utras c
larame esentam
bstraçõ
o grau
ustraçõ
reocupaç ução das imagens
os livr
ssim,
onsegu restrito às capas
os livros de Maeder, internamente o preto e o branco das ilustrações eram
tilizados de forma clara nos diversos tipos de ilustrações. Os desenhos
mpregados para interpretar o real, mesmo em número muito reduzido nesses
s certa forma, destoa dos demais principalmente em relação à utilização
icos estatísticos, conforme categoria gráficos. Aliás, é o único dos cinco
ue apresenta gráficos voltados ao tratamento da informação. Essas
es foram feitas a partir de exemplos (provavelmente tirados de jor
que representam importantes elementos do contexto histórico brasileiro
a voltado ao comércio, importação e produção.
As ilustrações que se referem à categoria 3 (desenhos que representam
ões) aparecem nos cinco livros com uma freqüência absoluta (núm
e aparece) acentuada. Se a comparação for realizada em relação às outras
as e em cada livro, a freqüência relativa também é acentuada. A única
está no livro da 1ª. série, em que a categoria 3 tem freqüência menor que
ria 4 (esquemas). Observando essa categoria 4 de ilustrações (
mente nesse livro da 1ª. série que há uma presença mu
do completamente em relação aos demais livros.
O gráfico a seguir compara as ilustrações referentes à categoria 3 com as
ategorias em cada um dos cinco livros. A leitura do gráfico indica
nte que, excetuando o primeiro livro, os desenhos que repr
es são responsáveis pela maioria das ilustrações. Interpreto como indícios
de abstração do ensino de Matemática na década de 1930, revelados pelas
es no livro de Maeder.
A “leitura” das ilustrações na coleção do autor paranaense indicam
ões por parte da Edições Melhoramentos com a prod
os. A expansão do mercado editorial acirrava a disputa entre as editoras.
livros que continham belas e adequadas ilustrações certamente
iriam sobressair-se dos demais. Embora o colorido fosse
d
li
il
re
d
a
v
c
e
a
é
d
o
c
a
d
il
p
n
A
c
d
u
e
364
livros, foram produzidos com detalhes que, na minha interpretação, contribuíram
para a divulgação do trabalho de Maeder.
GRÁFICO 12 – UTILIZAÇÃO DE ILUSTRAÇÕES – CATEGORIA 3
1
a
série
Categoria 3
(33%)
Outras
categorias
(67%)
Freqüência relativa da categoria 3:
2
a
série
Categoria 3
(70%)
Out ras cat egor ias
(30%)
Freqüência re
Freqüência relativa da categoria 3:
Categoria 3
(76%)
(24%)
Freqüência relativa da categoria 3:
5
a
série
Categoria 3
(70%)
Outras
categorias
(30%)
Freqüência relativa da categoria 3:
4
a
série
Outras
categorias
(13%)
Categoria 3
(87%)
lativa da categoria 3:
3
a
série
categorias
Outras
365
Embora no presente ensaio tenha observado a utilização das ilustrações por
meio de categorias, considero que essa foi apenas uma forma de olhar o trabalho de
Maeder. Evidentemente, outras categorias poderiam ser consideradas e até mesmo
acredito que forneceriam outras interpretações desse importante recurso didático
utilizado nos livros escolares. Também entendo que uma análise comparativa entre
diferentes autores e diferentes obras produzidas numa mesma época, por meio das
mesmas categorias aqui utilizadas, forneceria um quadro mais amplo e detalhado
desse recurso. Esse é um caminho que se abre para outras pesquisas.
366
5 LIVROS DIDÁTICOS DE ALGACYR MUNHOZ MAEDER SOB UM
OLHAR DA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
O estudo dos conteúdos beneficia-se de uma documentação abundante
ue o ensino de uma mesma disciplina, numa determinada época, é praticamente o
mesmo, não im
os conceitos en ítulos, a organização do
corpus de conhecim de exercícios praticados são
idênticos, com que podem justificar a
publicação de is do que desvios mínimos
(CHERVEL, 1990
Em o os livros didáticos de
Maeder com outros livros de au mesma época, as palavras de
Chervel são confirma
ise dos
à base de cursos manuscritos, manuais e periódicos pedagógicos.
o de “vulgata”, o qual parece comum às
sciplinas. Em cada época, o ensino dispensado pelos
é, grosso modo, idêntico, para a mesma disciplina e para
os manuais ou quase todos dizem então a
ou quase isso.
André Chervel
lquer historiador que, de alguma forma,
uma disciplina escolar, é o estudo dos
a. Quando ele se refere, na citação acima, ao fato de
Verifica-se aí um fenômen
diferentes di
professores
o mesmo nível. Todos
mesma coisa,
Para Chervel, a primeira tarefa de qua
tenha em sua pesquisa algo relacionado a
conteúdos explícitos da disciplin
q
portando a escola ou até mesmo o professor, é no sentido de que
sinados, a terminologia adotada, a coleção de rubricas e cap
entos, mesmo os exemplos utilizados ou os tipos
variações aproximadas. São apenas essas variações, aliás,
novos manuais e, de qualquer modo, não apresentam ma
, p. 203).
bora o presente trabalho não tenha confrontad
tores que escreveram na
das por Carvalho
27
(2003, p. 151), inclusive sobre a anál
conteúdos presentes nos livros didáticos de
Maeder se colocou como auto
Roxo em relação à disciplina
coleções produzidas, é possível observa
27
João Bosco Pitombeira de Carvalho escreveu
modernização do ensino de Matemática no Bras
didáticos produzidos numa mesma época, particular
livros, citando até esse autor. Suas palavras: “A co
e 50 do século XX mostra a grande uniform
Matemática em parte do período em que
r. Quando analisa as idéias defendidas por Euclides
de Matemática, Carvalho afirma que, entre as diversas
r certa uniformidade na condução dos
um artigo que compõe o livro Euclides Roxo e a
il. Nesse artigo, ele aborda a comparação de livros
mente a época em que Maeder escreveu seus
mparação das várias coleções das décadas de 30, 40
idade dos livros-texto de Matemática para a escola
secundária. Malgrados diferenças de qualidade e de metodologia eles seguem o mesmo padrão fixado
nas reformas
instituídas por Campos e Capanema. A comparação das coleções, escritas por Munhoz
Maeder, Stávale, Manuel Jairo Bezerra, entre outros, respeitam todas elas os programas oficiais.”
367
conteú
étodos’, ganha
adualmente os setores mais recuados do território, e se impõe. É a ele que doravante
se imita, é ao redor dele que se constitui a nova vulgata”.
Não considero, ao final dos três ensaios a respeito da obra didática de Maeder,
ue ela tenha sido um “manual mais audacioso” ou mesmo se destaque do conjunto de
vros didáticos da época, e também não defendo que sua produção didática possa ser
onsiderada uma vulgata, no sentido técnico atribuído ao termo. Acredito que os livros
e Maeder foram portadores exemplares das transformações e estereótipos que foram
e associando à disciplina de Matemática ao longo de algumas décadas e é justamente
so que os torna exemplares.
Maeder produziu várias coleções que sofreram reformulações, principalmente
quelas resultante de reformas educacionais em cada período que escreveu. Postulo, ao
nal desta minha pesquisa, que o autor paranaense e seus livros devam ser
onsiderados como referências importantes sob diversos aspectos: mercado editorial,
formas educacionais, conteúdos matemáticos que foram objetos de estudos,
odalidades de ensino, comunidade de autores, etc.
Nos aspectos de mercado editorial e reformas educacionais, Maeder não foi
utor apenas de um livro ou de uma coleção. Antes de existir nas escolas brasileiras a
isciplina de Matemática, Maeder já era autor de Álgebra elementar (época dos
enominados compêndios). No período em que Euclides Roxo, Cecil Thiré e Mello e
ouza lançaram uma audaciosa coleção de cinco volumes de livros de Matemática, o
utor paranaense também lançou sua coleção Lições de Matemática também em cinco
olumes. Outras duas coleções também são destacadas nesse período: a coleção escrita
dos que seriam ministrados nas escolas secundárias. Evidente que essa
uniformidade presente nos diversos livros escolares é, em grande parte, decorrente da
existência de um programa oficial a ser seguido em cada disciplina.
Em cada época é possível destacar coleções e autores de Matemática que, de
alguma forma, conseguiram produzir livros que atingiram um grande público ou,
ainda, livros didáticos que, nas palavras de CHERVEL (2003, p. 203) são mais
ousados: “Mas pouco a pouco, um manual mais audacioso, ou mais sistemático, ou
mais simples do que os outros, destaca-se do conjunto, fixa os ‘novos m
gr
q
li
c
d
s
is
a
fi
c
re
m
a
d
d
S
a
v
368
por Agrícola Bethlem e a escrita por Jacomo Stávale. Todas essas coleções foram
escritas na época da Reforma Francisco Campos, em que os programas da disciplina
Matemática eram ditados a partir do Decreto n
o
. 19890 de 18 de abril de 1931.
Já na Reforma Gus
anos). Se por um lado nov
Mello e Souza) novamente
ocorre com os autores Jac
também sua coleção.
Eu poderia continuar aqui observando que Maeder escreveu uma coleção de
ros de
aeder também devem ser considerados registros de como se constituiu o ensino de
Matem
criação
para o a o Ginásio, documentando a reforma substancial dos
algumas reformas, uma guerra mundial, uma revolução e a transformação gradativa do
e
tavo Capanema, cria-se o Ginásio (4 anos) e o Colégio (3
amente o trio de autores do Colégio Pedro II (Roxo, Thiré e
elabora a coleção de Matemática para o Ginásio, o mesmo
omo Stávale e Algacyr Munhoz Maeder. Cada um lança
livros de Matemática para o Colégio, da mesma forma que outros autores. O que
considero importante constatar é que Maeder continuou publicando suas coleções até o
início dos anos 1960. Dessa forma, em relação aos aspectos mercado editorial e
reformas de ensino, o autor paranaense e sua escrita, como interpreto, são referências.
Considerando agora os demais aspectos observados anteriormente, os liv
M
ática desde a época correspondente ao final dos compêndios, passando pela
da disciplina de Matemática, testemunhando a implantação da Matemática
Colégio e também par
conteúdos pela portaria de 1951 nesses dois ciclos do ensino secundário e até
participando da modalidade de ensino denominada Comercial. Se, em cada época
dessas, houve autores e livros didáticos de Matemática (que não Maeder e seus livros)
sendo considerados destaques, não é possível deixar de apontar o autor paranaense e
sua obra como registros e testemunhos do desenvolvimento da Matemática escolar no
Brasil. Maeder e seus livros também podem ser considerados como referência para o
que ocorreu no ensino de Matemática do ano 1928 até o ano 1962. São quatro décadas,
nsino.
Voltando ao início dessa história de produção didática, o autor, ainda como
neófito nessa função, testemunha o nascimento de disputas acirradas travadas em torno
de um mercado editorial que se expandia, já no começo dos anos de 1930.
369
Precisamente em 1933 quando escreve seu terceiro livro de Álgebra elementar, vê sua
obra sendo ferrenhamente criticada pela Revista Brasileira de Matemática, cujos
diretores da época eram Serebrenick e Mello e Souza. Quais as razões dessa revista e
de se
o jornal como uma tribuna
aranaense?
us diretores criticarem de forma grosseira o autor paranaense? Maeder
imediatamente entende que um autor paranaense com um livro escrito em uma
tipografia de seu Estado é criticado por ameaçar a soberania editorial da capital
brasileira, o Rio de Janeiro. Essa parece ser a interpretação e a justificativa para
tamanha crítica direcionada aos professores de Matemática. O que poderia o autor
paranaense fazer a esse respeito? Bem, Maeder resolve rebater as duras críticas por
meio do jornal de sua cidade, a Gazeta do Povo. Utiliza
para expor suas idéias, para rebater as críticas, para desvendar as razões de seus
“algozes” e, também, para criticar as obras didáticas em que um dos diretores da
revista participa como autor.
Maeder não está sozinho nessa crítica. Durante os meses de julho e agosto de
1933, enquanto escreve e publica cinco artigos no jornal paranaense, dois amigos e
conterrâneos seus utilizam o mesmo procedimento e elaboram também cinco artigos
em defesa de Maeder.
As críticas feitas a Maeder são consistentes? Existem erros conceituais no livro
que é objeto das críticas? A Revista Brasileira de Matemática cumpre com uma
função que, então, não era sua: criticar livros didáticos de Matemática? Havia de fato
uma “briga” em torno do espaço do mercado editorial? Maeder e seus dois amigos
conseguem rebater as críticas feitas por Serebrenick? Houve de caso premeditado, um
plano no sentido de descredenciar os livros do autor p
Não considero, ao final deste trabalho, ser possível responder todas essas
perguntas de forma categórica. Entretanto, alguns pontos destacados no ensaio que
denominei “Tribunas de Educadores” devem ser observados para análise. Maeder,
como qualquer autor, comete erros e equívocos que não chega a responder em seus
artigos. O papel da Revista Brasileira de Matemática e de seus diretores pode ser
questionado quando observadas as páginas de “divulgação” das obras de Mello e
Souza (um dos seus diretores). Serebrenick tem razão em alguns pontos, mas não em
370
todos. Maeder, por outro lado, consegue rebater de forma convincente algumas das
críticas, porém não todas. Se não existia um órgão responsável pela análise dos livros
didáticos de Matemática publicados em nosso país, a iniciativa da Revista Brasileira
de Ma
ssão” de Serebrenick até mesmo o seu conhecimento a respeito
de M
despre
educacionais. Longe de considerar categoricamente para que lado da balança
pendeu
temática parece interessante e até mesmo louvável. Porém, o tom com que as
palavras são escritas ao longo das páginas dessa revista não representa o modelo de
crítica que possa ser considerada construtiva. O tom que o autor paranaense utiliza em
sua defesa também não é o recomendável, chegando a ponto de tecer severas críticas
que vão desde a “profi
atemática. Maeder procura descredenciar o diretor da revista. Os dois
personagens desse debate ocorrido no início da terceira década do milênio passado
utilizam textos irônicos que envolvem o leitor no sentido de buscar possíveis
desfechos. Eles não ocorrem.
Considero que a Revista Brasileira de Matemática, mesmo discordando do tom
zível utilizado para desqualificar livros de Matemática e não tendo clareza das
reais intenções, levanta uma importante necessidade que se aflora no país no início dos
anos 1930: o crescente mercado editorial de livros didáticos exigia a criação de um
órgão responsável pelo gerenciamento de um produto que teria como finalidade
principal a educação da jovem população brasileira. Esse órgão, como foi observado
no ensaio “Tribunas de educadores”, viria a ser criado alguns anos depois. Maeder, ao
procurar via jornais defender sua produção intelectual, acabou se inserindo numa
comunidade de educadores que participou (mesmo que de forma particular em defesa
de seu livro) de um intenso debate pela renovação educacional que existiu no país
desde o final dos anos 1920 até meados da década seguinte.
Entendo que toda essa discussão em torno de um livro, de uma revista e de um
mercado editorial em expansão evidencia o papel dado à imprensa de ser portadora de
idéias, de ser tribuna utilizada para debates entre personagens envolvidos com as
questões
tal discussão, prefiro antes destacar a contribuição dada pelos envolvidos na
discussão em defesa de suas idéias e, por outro lado, também enaltecer o papel
importante dos veículos de comunicação da época: tribunas de educadores.
371
Quando já havia terminado minhas pesquisas e também a escrita a respeito
desse segundo ensaio, uma surpresa e uma lição: uma pesquisa, principalmente em
história, não é fechada e nem pode ser considerada como acabada (essa era a lição).
José Carlos Cifuentes, pesquisador em Educação Matemática pela Universidade
Federal do Paraná, mostrou-me uma revista que chegou às suas mãos e teria sido
elaborada em 1933 na cidade de Curitiba com o título Revista de Matemática. Essa era
a surpresa. No mesmo ano da crítica feita à Maeder e seu livro num dos artigos da
Revista Brasileira de Matemática, também a Typ. João Haupt e Cia. resolve criar um
espaço para defesa de seu autor e sua obra, editando a Revista de Matemática. Observo
aqui, que esse expediente também tinha sido adotado pela Companhia Editora
Nacional quando, no mesmo ano, lançou o folheto Coisas da Matemática..., em defesa
de seu autor Jacomo Stávale (conforme já observado na Tribuna 3, do segundo
ensaio).
. Bem, embora o presente capítulo refira-se a conclusão de meu
trabalh
a esse ensaio. Pelas
reaçõe
Voltando a Revista de Matemática editada na capital paranaense, observo que
alguns artigos escritos têm como autores: Algacyr Munhoz Maeder, Nilo do Egito
(pseudônimo adotado provavelmente por Maeder), Léo Cobbe, Hirosê Pimpão, e o
próprio Jacomo Stávale
o, uma nova perspectiva de pesquisa se abre para outras publicações talvez em
forma de artigos. Perguntas precisam ser respondidas: A Revista de Matemática teve
apenas esse número? A Companhia Editora Nacional e a Typ. João Haupt e Cia.
programaram em conjunto tanto o folheto como a revista? Quais as reações a essas
publicações? Quem sabe artigos resultem buscando essas e outras respostas.
Por ora, não poderia deixar de posicionar-me em relação
s observadas não apenas pelo autor paranaense, como também por conterrâneos
seus, pela tipografia que publica sua obra, pelo autor Stávale e pela sua editora,
interpreto que houve uma intenção clara de atacar obras de Matemática que não
pertenciam a um determinado círculo da capital brasileira. Mesmo que essas obras
contivessem erros, os indícios apontam que a Revista Brasileira de Matemática
representou, nesse número de 1933, um instrumento para desqualificar de forma
372
premeditada autores e obras de Matemática e, ao mesmo tempo, difundir aquelas
pertencentes ao círculo carioca.
No último ensaio deste trabalho, observei as ilustrações presentes na primeira
coleção de livros de Maeder (Lições de Matemática). O primeiro volume dessa
coleção foi editado pela Edições Melhoramentos um ano após a discussão em torno do
livro Álgebra elementar. A mudança não é apenas da Typ. João Haupt e Cia. para a
Edições Melhoramentos e também não representa somente o deslocamento do autor de
Curitiba para São Paulo para editar seus livros. Maeder, muito mais do que todas essas
alterações, vê encerrar a era dos chamados compêndios e presencia o nascimento dos
livros didáticos de Matemática. É a unificação da Álgebra, Aritmética e Geometria
para a criação de uma disciplina chamada Matemática. Os livros publicados em
tipografias espalhadas pelos diversos centros brasileiros são aos poucos elaborados
grafica
real, de desenhos que
repres
lizar uma
mente por editoras. Essas, numa disputa de espaço comercial cada vez mais
promissor, começam a formar e a criar profissões relacionadas à edição dos livros. Os
livros de Maeder testemunham a presença de professores como ilustradores. O papel
das ilustrações em livros de Matemática torna-se imprescindível para a divulgação e a
adoção desses livros nos bancos escolares.
Se atualmente as ilustrações dos livros didáticos de Matemática são riquíssimas
em detalhes e cores, na terceira década do milênio passado o preto e o branco eram
suficientes. A minha “leitura” dessa coleção de Maeder, via ilustrações, foi por meio
de cinco categorias elaboradas distantes no tempo. Entretanto, o folhear das páginas
desses cinco livros foi talvez a parte mais empolgante e reveladora desta pesquisa. A
busca, página a página, de desenhos que interpretavam o
entavam abstrações, de esquemas utilizados como explicação de um movimento
ou de um algoritmo, e, por último, de gráficos construídos em plano cartesiano para a
representação de curvas, lugares geométricos e também gráficos utilizados para
ilustrar dados estatísticos mostrou-me o real papel do pesquisador em história. Os
documentos, as fontes e os objetos (físicos ou não) da pesquisa, produzidos em épocas
totalmente distantes não apenas no tempo, mas no contexto, podem estar diante de nós,
em nossas mãos, mas nada revelam se não houver o mínimo desejo de rea
373
viagem
esmo por linhas tracejadas que indicavam profundidade; constatar
trabalho
tenham como objeto a utilização das ilustrações nos livros escolares. Evidente que
imaginária. É uma viagem que tenta buscar no passado as palavras que não
foram escritas, as intenções não reveladas e os indícios de um fato ou de um dado que
os dias e as noites trataram de esconder. Não sabe se, a princípio, o que exatamente se
deseja encontrar, muito menos se vai conseguir, mas essa busca curiosamente se
mostra atraente e acaba fazendo entender o papel do pesquisador como aquele que
interpreta não apenas os resultados encontrados, mas aqueles que também não foram
determinados e permanecem imprecisos.
As ilustrações dos livros de Maeder, mesmo revelando um alto grau de
abstração pela excessiva utilização de desenhos que representam abstrações,
representam documentos que permitem observar a história de um recurso didático
empregado para o ensino de Matemática: observar a forma como os professores
responsáveis pelas ilustrações representavam figuras geométricas não-planas por meio
de sombras, ou m
uma preocupação em detalhar os instrumentos geométricos, as representações dos
lugares geométricos definidos por meio de equações matemáticas; e, em particular,
encontrar o que atualmente é designado como “tratamento da informação”, sendo
representado por belíssimos e diversificados gráficos estatísticos, ou empíricos, como
prefere Maeder assim denominar, é o mesmo que encontrar as palavras não ditas,
como acima expressei. Esses gráficos contêm dados históricos referentes, por
exemplo, à exportação brasileira de 1906 a 1929, à comparação entre a nossa moeda
(réis) e o franco francês, bem como à estimativa da safra de café.
O caminho escolhido para o ensaio sobre as ilustrações presentes no
didático de Maeder poderia ser outro. Entendo que as categorias de ilustrações
elaboradas aqui para analisar e descrever esse importante aspecto de um livro (ou de
uma coleção) possam ser consideradas conflitantes e também acabem evidenciando
um estudo mais descritivo do seu emprego. Entretanto, essa foi a opção adotada como
forma de ensaio, buscando uma maneira de olhar para a presença de ilustrações em
livros didáticos de Matemática que não sofresse quaisquer influências de trabalhos já
realizados. Pesquisadores como Bittencourt evidenciam a falta de trabalhos que
374
outras opções de como “olhar” esse aspecto dos livros poderiam pender não para o
descritivo, mas para a relevância. Também se abrem perspectivas voltadas à análise
iconog
enho como certo que deixei de ver durante
algum
ráfica.
Como autor de livros didáticos, afirmo que as ilustrações que atualmente
adornam as páginas das “lições escolares de matemática” são produzidas por
profissionais, preocupados com os belíssimos efeitos visuais em meio aos números,
fórmulas e textos. O resultado torna a “leitura” menos árida, mais agradável. Não resta
dúvida também que esse é um procedimento orquestrado pelas editoras em “chamar a
atenção” dos professores quando da escolha desses didáticos. Melhor visual e
diagramação feitos a partir de projetos previamente elaborados evidenciam uma
evolução das editoras na confecção de um livro didático. Mas será que as ilustrações
“falam” com o texto onde são inseridas ou “adornam” as páginas como “apelos
atrativos” para os alunos e professores? Novas pesquisas poderão dar respostas?
Ao iniciar a pesquisa, tinha dúvidas se deveria utilizar a primeira pessoa do
singular ou a primeira pessoa do plural. A decisão foi de assumir a autoria utilizando a
primeira pessoa do singular, mesmo correndo o risco de ser considerado arrogante por
essa escolha. Hoje, 31 de julho de 2007, t
tempo o presente para me debruçar sobre o passado. Vivi intensamente a
trajetória de um personagem que, acredito, não tenha sido lembrado como deveria por
toda sua obra didática. Carrego dúvidas como se estivesse no início da pesquisa. Não
tenho certeza das escolhas feitas, dos caminhos trilhados, das palavras escritas, das
leituras carregadas de subjetividades decorrentes de contextos por vezes anacrônicos.
Também possuo dúvidas se essa pesquisa pode ser considerada como tal, se de fato
consegui evidenciar que Algacyr Munhoz Maeder foi um autor de livros de didáticos
de Matemática que deu a sua contribuição para a Educação Matemática no nosso país.
Faço, ao final desse trabalho, um resumo da obra de Maeder. Ele escreveu ao
todo 28 livros, contando aqui as reformulações apontadas no primeiro ensaio (3
compêndios de Álgebra elementar, 5 livros de Lições de Matemática, 4+4 livros do
Curso de Matemática para o Ginásio, 3+3 livros do Curso de Matemática para o
Colégio, 4 livros para o Curso Comercial Básico). Alguns de seus livros tiveram mais
375
de dez edições (um deles apresentou ao todo 22 edições, permanecendo no mercado
editorial de 1943 até 1962). Considero que o autor Maeder faz parte de uma
comunidade de educadores que participaram ativamente do desenvolvimento da
matemática escolar no Brasil. Essa é a sua maior contribuição e seus livros são
documentos disso.
Por fim, pretendo responder uma pergunta que faço ao terminar: Como autor de
livros didáticos de Matemática, situado numa outra época, de que modo avalio a
produç
o de seu livro são
exíguo
ão intelectual de Algacyr Munhoz Maeder?
Atualmente, um autor de livros didáticos de Matemática, embora com todo o
aparato tecnológico que as editoras proporcionam em relação às ilustrações, às
diagramações, à divulgação e à distribuição, está sozinho no momento da escrita. Não
tenho dúvidas de que os livros produzidos algumas décadas depois da época em que
Maeder escreveu contém ilustrações belíssimas. O avanço observado na produção
didática, nesses últimos anos, leva-me a considerar que talvez exista uma necessidade
de acrescentar uma sexta categoria às cinco apresentadas anteriormente, talvez até uma
sétima. Por meio da computação gráfica, é possível alterar profundamente imagens,
mesmo sendo elas obtidas por meio de fotografia. Esse “avanço” acaba transformando
o livro didático num portador de ilustrações que “representam o real”, mas que foram
“maquiadas” com a finalidade de “reparar” possíveis imperfeições. Além disso, na
maioria das vezes, o autor não decide sobre o tipo e o tamanho de ilustração que será
colocada, pois os prazos dados nas diversas etapas da confecçã
s. Assim, as ilustrações são, muitas vezes, “encaixadas” conforme o que a
página permite.
A “leitura” que faço das ilustrações do livro de Maeder é que, se por um lado os
recursos tecnológicos das editoras eram poucos, por outro havia um cuidado muito
grande em sua utilização. Essas imagens eram produzidas por professores que tinham
vínculos com a sala de aula. Mesmo que as ilustrações fossem elaboradas, algumas
vezes, em tamanhos reduzidos, tinham o apelo didático, pois eram inseridas como
importante auxiliar do texto em meio aos conteúdos. Essa produção “manual”, sem
exageros de maquiagem, cumpria o papel esperado das ilustrações.
376
Penso que, nos livros atuais, o “abuso” da utilização das ilustrações acaba
empobrecendo o livro. A poluição visual (não é difícil encontrar livros didáticos com
mais de cinco ilustrações numa mesma página, com cores bem diferentes), tanto em
relação
o
segund
isso fa
às ilustrações em meio aos conteúdos quanto, algumas vezes, considerando os
conteúdos em meio às ilustrações, me conduzem a uma questão: Qual a finalidade das
ilustrações nos livros atuais? Não poderia deixar de levantar uma hipótese
perturbadora: deixar o livro didático com uma bela aparência. Bem, quanto a isso,
nada a criticar. Mas, também sou obrigado a levantar outras questões: essas ilustrações
são utilizadas como recurso didático ou servem como fator importante na escolha dos
livros? Há prejuízo em relação aos conteúdos? Sou favorável a aceitar que a escolha de
um livro didático leva em conta diversos aspectos, entre eles a “aparência”, e isso
acaba, comercialmente, tornando-se um importante fator de decisão.
Na época de Maeder, não havia avaliação dos livros didáticos. Como disse n
o ensaio, talvez a Revista Brasileira de Matemática tenha utilizado uma forma
inadequada para “criticar” livros de Matemática, porém era um começo. Hoje,
passadas algumas décadas, há no Brasil a avaliação do livro didático. São
“especialistas” que, por meio de critérios previamente estabelecidos, “aprovam” ou
“reprovam” os livros. Preciso acreditar, como autor, que há lisura nesse processo.
Porém, falta algo: ouvir o autor na outra ponta. Não precisa ser criada uma tribuna
para autores e avaliadores, mas, simplesmente, oportunizar o direito de ser escutado
sem melindres de nenhuma das partes. É necessário discutir, por exemplo, a razão de
uma determinada obra ser aprovada numa avaliação e reprovada na outra. Será que os
critérios de avaliação são tão subjetivos assim? Respostas precisam ser dadas.
Se em nosso país houve momentos de reformas educacionais em que os
programas de Matemática, por exemplo, eram amplamente divulgados, considero que
z falta para um autor que se propõe a elaborar uma obra didática. Uma discussão
ampla sobre um programa mínimo de Matemática, em todos os níveis de
escolarização, faz-se necessária. Quando me refiro a um programa mínimo, não
considero suficiente apenas uma lista de conteúdos. Mais importante seria o
detalhamento sobre a profundidade e a objetividade em cada assunto. Alguns
377
conteúdos de Matemática (conforme o primeiro ensaio) sofreram mudanças, ao longo
desses anos, enquanto outros desapareceram. Não estaria na hora de rever o que deve
ser objeto de estudo nos bancos escolares? Acredito que o insucesso da educação
brasileira, em comparação a outras nações, deve-se, em grande parte, ao tempo perdido
com inúteis e arcaicos conteúdos que insistem em sobreviver. É necessário que o
ensino
de Matemática entre no século XXI não desconsiderando a sua história, mas se
modernizando. Assim, é possível escrever-se uma nova história.
Maeder e sua obra deixam lições!
As palavras também viajam, emigram frequentemente de um
povo para outro e, quando não ultrapassam as fronteiras de um
Estado ou os limites da língua em que se formaram, atravessam
as classes e os grupos sociais, colorindo-se de “tonalidades
provenientes ou da mentalidade particular dos grupos,
coexistentes no interior de uma sociedade, ou do gênio do povo
a cuja língua se transferiram.
Fernando de Azevedo
distintas que nelas se fixam e acabam por lhes aderir”, e são
378
REFERÊNCIAS
ARÓSTEGUI, Julio. A pesquisa histórica – teoria e método. Tradução: Andréa Dore.
Bauru: Edusc, 2006.
AZEVEDO, Fernando de. A cultura brasileira. 5ª. ed. São Paulo: Melhoramentos,
Editora da USP, 1971.
BLOCH, Marc. Apologia da história, ou, O ofício de historiador. Tradução: Lilia
Moritz Schwarcz. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001.
BITTENCOURT, Circe. Livros didáticos entre textos e imagens. In: BITTENCOURT,
Circe. (Org.). O saber histórico na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2005.
_____. Livro didático e conhecimento histórico: uma história do saber escolar. Tese de
doutorado. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1993.
_____.(Org.). O saber histórico na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2005. Coleção
Repensando Ensino.
CARDOSO, Ciro Flamarion S.; BRIGNOLI, Hector Perez. Os métodos da história.
Tradução: João Maia. Rio de Janeiro: Edições Graal, 2002.
CARR, Edward Hallet. Que é história? Tradução: Lúcia Maurício de Alverga. Rio de
Janeiro: Editora Paz e Terra S.A, 2002.
CARVALHO, João B. P. Euclides Roxo e as polêmicas sobre a modernização do
ensino da Matemática. In: VALENTE, Wagner R. (Org.). Euclides Roxo e a
modernização do ensino de Matemática no Brasil. São Paulo: SBEM, 2003.
CHERVEL, André. História das disciplinas escolares - reflexões sobre um campo de
pesquisa. Teoria & Educação, 2, 1990.
__ . Pasado y presente de los manuales escolares. In BERNO, Júlio Ruiz. La
cultura escolar de Europa - tendências históricas emergentes. Madrid: Biblioteca
Nueva, 2000.
CHOPPIN, Alain. História dos livros e das edições didáticas: sobre o estado da arte.
Revista Pedagógica Histórica, v. 38, n. 1, 2002, p. 21-49. Tradução: Maria Adriana C.
Cappelo. Disponível em:<[email protected]
___
.> . Acesso em: 2007.
COBBE, Leo. Má Fé ou Ignorância? Gazeta do Povo, Curitiba, 25 jul. 1933.
_____. Má Fé ou Ignorância? Gazeta do Povo, Curitiba, 02 ago. 1933.
379
_____. Má Fé ou Ignorância? Gazeta do Povo, Curitiba, 10 ago. 1933.
D’AMBROSIO, Ubiratan. A interface entre história e matemática: uma visão
histórico-pedagógica. In: FOSSA, John A. (org.). Facetas do diamante: ensaios sobre
educação matemática e história da matemática. Rio Claro: Editora da SBHMat, 2000.
DALCIN, Andréia. Um olhar sobre o paradidático de matemática. Dissertação de
Mestrado. São Paulo: Universidade Estadual de Campinas, 2002.
D ETO-LEI nº. 6141. Lei Orgânica
1
ECR do Ensino Comercial, 28 de dezembro de
943.
DECR TO-LEI nº. 4244. Lei Orgânica do Ensino Secundário, 9 de abril de 1942.
EVES, Howard. Introdução à história da matemática. 2ª. ed. Tradução: Hygino H.
Domingues. Campinas: Editora da Unicamp, 1997.
FREITAG, B. et al. O livro didático em questão. São Paulo: Cortez, 1993.
GERARD, François-Marie; ROEGIERS, Xavier. Conceber e avaliar manuais
escolares. Tradutoras: Júlia Ferreira e Helena Peralta. Porto: Porto Editora Ltda., 1998.
Coleção Ciências da Educação.
LIMA, Elon Lages Lima (Org.). Exame de textos: análise de livros de Matemática
para o ensino médio. Rio de Janeiro: SBM, 2001.
MAEDER, Algacyr Munhoz. Pobre Matemática!... Gazeta do Povo, Curitiba, 16 jul.
1933.
_____. Pobre Matemática!... Gazeta do Povo, Curitiba, 21 jul. 1933.
_____. Pobre Matemática!... Gazeta do Povo, Curitiba, 29 jul. 1933.
a do Povo, Curitiba, 06 ago. 1933.
_____. Pobre Matemática!
MANGUEL, Alberto. Um
Paulo: Companhia das Letr
MARCÍLIO, Maria Luiza.
Imprensa Oficial do Estado and Braudel, 2005.
E
_____. Pobre Matemática!... Gazet
... Gazeta do Povo, Curitiba, 20 ago. 1933.
a história da leitura. Tradução: Pedro Maia Soares. São
as, 2006.
História da escola em São Paulo e no Brasil. São Paulo:
de São Paulo/ Instituto Fern
380
MARTINS, Maria Antonieta Meneghini. Estudo da evolução do ensino secundário no
rasil e no Estado do Paraná com ênfase na disciplina de matemática. Dissertação de
estrado. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 1984.
dré. A revista brasileira de mathematica (1929-193?). Episteme.
orto Alegre, n. 11, p. 37-56, jul./dez., 2000.
ucação e do Desporto. Guia de livros didáticos - PNLD 1999:
ª a 8ª séries. Brasília: CENPEC, 1998.
a educação matemática:
ropostas e desafios. Belo Horizonte: Autêntica, 2004.
. São Paulo:
tual, 1998.
Paraná. Curitiba: Imprensa
ficial do Estado, 195-.
m grande paranaense atacado por um seu colega do Rio de
aneiro. Gazeta do Povo, Curitiba, 28 jul. 1933.
Rio de Janeiro. Gazeta do
ovo, Curitiba, 04 ago. 1933.
mica do Brasil. 26ª ed. São Paulo: Brasiliense
/A, 1981.
, 1981.
EREBRENICK, Salomão. Pobre matemática. Revista Brasileira de Matemática. Rio
sil no século XIX.
: FOSSA, John A. (org.). Facetas do diamante - ensaios sobre educação matemática
B
M
MATTEDI DIAS, An
P
MEC, Ministério da Ed
5
MIGUEL, Antonio; MIORIN, Maria Ângela. História n
p
MIORIM, Maria Ângela. Introdução à história da educação matemática
A
MOREIRA, Júlio Estrella. Dicionário bibliográfico do
O
PIMPÃO, Hirosê. U
J
_____. Um grande paranaense atacado por um seu colega do
P
PRADO JÚNIOR, Caio. História econô
S
RICHAUDEAU, François. Concepção y producción de manuales escolares: guia
práctica. Traducción de Radamante Dintrans. Bogotá: Editorial de la Unesco
ROMANELLI, Otaíza de Oliveira. História da educação no Brasil. 29ª. ed. Petrópolis:
Vozes, 2005.
SCHUBRING, Gert. Análise histórica de livros de matemática: notas de aula.
Tradução: Maria Laura Magalhães Gomes. Campinas: Autores Associados, 2003.
S
de Janeiro: Calvino Filho Editor, abr./jun.,1933.
SILVA, Circe Mary Silva da. O livro didático de matemática no Bra
In
e história da matemática. Rio Claro: Editora da SBHMat, 2000.
381
SILVA, Clóvis Pereira da. Sociedades e revistas científicas fundadas no Brasil entre
TRAUBE, Ernani Costa. Do Licêo de Coritiba ao Cogio Estadual do Paraná: 1846
ALENTE, Wagner Rodrigues. Malba Tahan e a crítica dos livros didáticos para a
ão Matemática, 2004, São Paulo. VII EPEM – Resumos. São Paulo: Sociedade
rasileira de Educação Matemática, 2004, v. 1.
mbro/2003.
matemática
scolar. In: VALENTE, Wagner Rodrigues. (Org.). Euclides Roxo e a modernização
a matemática do ginásio. São Paulo: Annablume/
apespe, 2004.
ma de ensino da escola secundária
rasileira: 1850-1951. Curitiba: Edição do Autor, 1998.
, Cecil; SOUZA, Mello e. Mathematica – 1º anno - 4ª. ed. Rio de Janeiro:
ivraria Francisco Alves, 1933.
1889 e 1989. Revista Uniandrade. Curitiba, vol. 02. n. 03/2001.
SILVA, Kalina Vanderlei; SILVA, Maciel Henrique. Dicionário de conceitos
históricos. São Paulo: Contexto, 2005.
S
– 1993. Curitiba: Fundepar, 1993.
V
disciplina matemática: conteúdos e contexto. In: VII EPEM – Encontro Paulista de
Educaç
B
_____. Controvérsias sobre educação matemática no Brasil - Malba Tahan versus
Jacomo Stávale. Cadernos de Pesquisa, n. 120, nove
_____. Euclides Roxo e o movimento de modernização internacional da
e
do ensino de Matemática no Brasil. São Paulo: SBEM, 2003.
_____. (Org.) O nascimento d
F
VECHIA, Ariclê; LORENZ, Karl Michael. Progra
b
THIRÉ
L
Obras de Maeder
AEDER, Algacyr Munhoz. Álgebra elementar – 2ª. parte. Curitiba: Typ. João Haupt
____. Álgebra elementar – 1ª parte. Curitiba: Typ. João Haupt e Cia., 1931.
_____. O conceito do número. These de concurso para lente catedrático de aritmética e
álgebra do Externato do Ginásio Paranaense. Curitiba: Typ. João Haupt e Cia., 1927.
M
e Cia., 1928.
_____. Álgebra elementar – 2ª parte. 2ª ed. Curitiba: Typ. João Haupt e Cia., 1931.
_
_____. Álgebra elementar – 3ª ed. Curitiba: Typ. João Haupt e Cia., 1933.
382
_____. Resolução e discussão das equações dos primeiro e segundo graus a uma
incógnita. Tese de concurso para lente catedrático de aritmética e álgebra do Externato
o Ginásio Paranaense. Curitiba-PR: Typ. João Haupt e Cia., 1927.
rie). São Paulo: Edições Melhoramentos,
934.
o (1ª. série) – 10ª. ed. São Paulo: Edições
elhoramentos, 1942.
aulo: Edições Melhoramentos,
935.
s de matemática – 2º. ano (2ª. série) – 8ª. ed. São Paulo: Edições
elhoramentos, 1942.
tica – 3º. ano (3ª. série). São Paulo: Edições Melhoramentos,
936.
série) – 7ª. ed. São Paulo: Edições
elhoramentos, 1942.
4º. ano (4ª. série). São Paulo: Edições Melhoramentos,
937.
es de matemática – 4º. ano (4ª. série) – 4ª. ed. São Paulo: Edições
elhoramentos, 19--.
s,
938.
de matemática – 5º. ano (5ª. série) – 4ª. ed. São Paulo: Edições
elhoramentos, 1942.
ções
elhoramentos, 1943.
inasial – 10ª. ed. São Paulo: Edições
elhoramentos, 1950.
d
_____. Lições de matemática – 1º. ano (1ª. sé
1
_____. Lições de matemática – 1º. an
M
_____. Lições de matemática – 2º. ano (2ª. série). São P
1
_____. Liçõe
M
_____. Lições de matemá
1
_____. Lições de matemática – 3º. ano (3ª.
M
_____. Lições de matemática –
1
_____. Liçõ
M
_____. Lições de matemática – 5º. ano (5ª. série). São Paulo: Edições Melhoramento
1
_____. Lições
M
_____. Curso de matemática – 1ª. série – curso ginasial. São Paulo: Edi
M
_____. Curso de matemática – 1ª. série – curso g
M
_____. Curso de matemática – 1ª. série – curso ginasial – 11ª. ed. São Paulo: Edições
Melhoramentos, 1952.
383
_____. Curso de matemática – 1ª. série – curso ginasial – 17ª. ed. São Paulo: Edições
Melhoramentos, 1957.
_____. Curso de matemática – 1ª. série – curso ginasial – 18ª. ed. São Paulo: Edições
Melhoramentos, 1958.
_____. Curso de matemática – 1ª. série – curso ginasial – 19ª ed. São Paulo: Edições
Melhoramentos, 19--.
_____. Curso de matemática – 1ª. série – curso ginasial – 20ª. ed. São Paulo: Edições
Melhoramentos, 1960.
_____. Curso de matemática – 1ª. série – curso ginasial – 21ª. ed. São Paulo: Edições
elhoramentos, 1961.
. São Paulo: Edições
elhoramentos, 1962.
1951.
____. Curso de matemática – 2ª. série – curso ginasial - 17ª. ed. São Paulo: Edições
elhoramentos, 1958.
_____. Curso de matemática – 2ª. série – curso ginasial - 18ª. ed. São Paulo: Edições
____. Curso de matemática – 2ª. série – curso ginasial - 19ª. ed. São Paulo: Edições
Edições
elhoramentos, 1961.
o: Edições
elhoramentos, 1944.
M
_____. Curso de matemática – 1ª. série – curso ginasial – 22ª. ed
M
_____.Curso de matemática – 2ª. série – curso ginasial. São Paulo: Edições
Melhoramentos, 1943.
_____. Curso de matemática – 2ª. série – curso ginasial - 9ª. ed. São Paulo: Edições
Melhoramentos,
_____. Curso de matemática – 2ª. série – curso ginasial - 10ª. ed. São Paulo: Edições
Melhoramentos, 1952.
_____. Curso de matemática – 2ª. série – curso ginasial - 15ª. ed. São Paulo: Edições
Melhoramentos, 1956.
_
M
Melhoramentos, 1959.
_
Melhoramentos, 1960.
_____. Curso de matemática – 2ª. série – curso ginasial - 20ª. ed. São Paulo:
M
_____. Curso de matemática – 3ª. série – curso ginasial. São Paul
M
384
_____. Curso de matemática – 3ª. série – curso ginasial – 8ª. ed. São Paulo: Edições
ão Paulo: Edições
elhoramentos, 1953.
Curso de matemática – 3ª. série – curso ginasial – 10ª. ed. São Paulo: Edições
elhoramentos, 1953.
ática – 3ª. série – curso ginasial – 17ª. ed. São Paulo: Edições
elhoramentos, 1961.
Curso de matemática – 3ª. série – curso ginasial – 18ª. ed. São Paulo: Edições
elhoramentos, 1962.
4ª. série – curso ginasial. São Paulo: Edições
elhoramentos, 1945.
Curso de matemática – 4ª. série – curso ginasial – 6ª. ed. São Paulo: Edições
elhoramentos, 1951.
ática – 4ª. série – curso ginasial – 7ª. ed. São Paulo: Edições
elhoramentos, 1953.
Curso de matemática – 4ª. série – curso ginasial – 13ª. ed. São Paulo: Edições
elhoramentos, 1959.
4ª. série – curso ginasial – 14ª .ed. São Paulo: Edições
elhoramentos, 1962.
Curso de matemática – 1ª. série – ciclo colegial. São Paulo: Edições
elhoramentos, 1946.
ática – 1ª. série (1º. livro) – ciclo colegial – 6ª. ed. São Paulo:
dições Melhoramentos, 1951.
ática – 1ª. série (1º. livro) – ciclo colegial – 11ª. ed. São Paulo:
dições Melhoramentos, 1957.
ática – 1ª. série (1º. livro) – ciclo colegial – 14ª. ed. São Paulo:
dições Melhoramentos, 1961.
ática – 1ª. série (1º. livro) – ciclo colegial – 15ª. ed. São Paulo:
dições Melhoramentos, 1962.
Melhoramentos, 1951.
_____. Curso de matemática – 3ª. série – curso ginasial – 9ª. ed. S
M
_____.
M
_____. Curso de matem
M
_____.
M
_____. Curso de matemática –
M
_____.
M
_____. Curso de matem
M
_____.
M
_____. Curso de matemática –
M
_____.
M
_____. Curso de matem
E
_____. Curso de matem
E
_____. Curso de matem
E
_____. Curso de matem
E
385
_____. Curso de matemática – 2ª. série (2.º livro) – ciclo colegial. São Paulo: Edições
Melhoramentos, 1947.
_____. Curso de matemática – 2ª. série (2º. livro) – ciclo colegial – 4ª. ed. São Paulo:
Edições Melhoramentos, 1951.
s, 1955.
, 195-.
, 1959.
, 19--.
, 1959.
ª. série – curso comercial básico – 3ª. ed. São Paulo: Edições
elhoramentos, 1959.
_____. Curso de matemática – 2ª. série (2º. livro) – ciclo colegial – 6ª. ed. São Paulo:
Edições Melhoramento
_____. Curso de matemática – 2ª. série (2º. livro) – ciclo colegial – 8ª ed. São Paulo:
Edições Melhoramentos
_____. Curso de matemática – 2ª. série (2º. livro) – ciclo colegial – 9ª. ed. São Paulo:
Edições Melhoramentos
_____. Curso de matemática – 3ª. série (3º. livro) – ciclo colegial. São Paulo: Edições
Melhoramentos, 1948.
_____. Curso de matemática – 3ª. série (3º. livro) – ciclo colegial – 3ª. ed. São Paulo:
Edições Melhoramentos
_____. Curso de matemática – 3ª. série (3º. livro) – ciclo colegial – 7ª. ed. São Paulo:
Edições Melhoramentos
_____. Matemática – 1ª. série – curso comercial básico. São Paulo: Edições
Melhoramentos, 1952.
_____. Matemática – 1ª. série – curso comercial básico – 3ª. ed. São Paulo: Edições
Melhoramentos, 19--.
_____. Matemática – 1ª. série – curso comercial básico – 6ª. ed. São Paulo: Edições
Melhoramentos, 1961.
_____. Matemática – 1ª. série – curso comercial básico – 7ª. ed. São Paulo: Edições
Melhoramentos, 1962.
_____. Matemática – 2ª. série – curso comercial básico. São Paulo: Edições
Melhoramentos, 1954.
_____. Matemática – 2ª. série – curso comercial básico – 2ª. ed. São Paulo: Edições
Melhoramentos, 195-.
_____. Matemática – 2
M
386
_____. Matemática – 2ª. série – curso comercial básico – 4ª. ed. São Paulo: Edições
Melhoramentos, 1960.
_____. Matemática – 2ª. série – curso comercial básico – 5ª ed. São Paulo: Edições
Melhoramentos, 1961.
_____. Matemática – 2ª. série – curso comercial básico – 6ª. ed. São Paulo: Edições
Melhoramentos, 1962.
_____. Matemática – 3ª. série – curso comercial básico. São Paulo: Edições
Melhoramentos, 1958.
_____. Matemática – 3ª. série – curso comercial básico – 2ª. ed. São Paulo: Edições
Melhoramentos, 1960.
_____. Matemática – 3ª. série – curso comercial básico – 3ª. ed. São Paulo: Edições
Melhoramentos, 1962.
_____. Matemática – 4ª. série – curso comercial básico. São Paulo: Edições
Melhoramentos, 1960.
_____. Matemática – 4ª. série – curso comercial básico – 2ª. ed. São Paulo: Edições
Melhoramentos, 1962.
_____.Tábua de logaritmos e formulário de matemática. São Paulo: Edições
Melhoramentos, 1937.
387
ANEXO I – CURRICULUM VITAE DE MAEDER FORNECIDO PELA FAMILIA
E ELABORADO POR ALGACYR MUNHOZ MAEDER EM 1969
388
389
390
391
ANEXO II – LIVROS DE MATEMÁTICA QUE ESTÃO NO ACERVO DA
AMÍLIA E QUE PERTENCERAM ALGACYR MUNHOZ MAEDER. F
s
refe
.
Esses livros pertencem ao acervo particular da família de Algacyr Munhoz MAEDER. Todas a
rências abaixo foram listadas pelo manuseio de cada um desses livros, porém algumas estão
incompletas.
ALMEIDA, Coronel Roberto Trompowsky Leitão. Licções de Geometria Algébrica
Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1903.
ALVES, Sebastião Francisco. Álgebra Elementar. 5ª edição. Rio de Janeiro: Francisco
Alves, 1924.
ALZÁA, Fidencio de. Nociones de Álgebra Elemental – 1ª. parte – 5ª. edição. Buen
Aires: Libreria de A. Garcia Santos, 1926.
LLOT. Aritmética.
BALLORE, R. de Montessus de. Cours de Mathématiques. Paris: Gauthier-Villars, 1928.
BELL, Clifford & THOMAS, Tracy Y. Essentials of plane and spherical
trigonometry. New York: Henry Hold and Company, 1943.
BERZOLARI, L.; VIVANTI, G e GIGLI, D. Enciclopedia delle Matema
Elementari – volume II – parte 1. Milano: Ulrico Hoepli – Editore Libraio della Real
Casa, 1937.
BERZOLARI, L.; VIVANTI, G e GIGLI, D. Enciclopedia delle Matema
Elementari – volume II – parte 2. Milano: Ulrico Hoepli – Editore Libraio della Real
Casa, 1938.
BESSIÈRE, Gustave. Le Calcul integral facile et attrayant. Paris: Dunod, 1931.
BOARI, Federico. Elementi di Geometria. 2ª edição. Torino: Ditta Fratelli Pozzo,
1950.
BOMFIM, Léo. Mathematica – 5ª série. 2ª edição. São Paulo: Saraiva e Cia, 1937.
BOMFIM, Léo. Mathematica – 2ª série. 2ª edição. São Paulo: Saraiva e Cia, 1937.
BONOLA, Roberto. Geometrias no Euclidianas – Exposición histórico-crítica de su
sarrollo.
os
BAI
tiche
tiche
de Buenos Aires: Sebastián de Amorrotu e hijos, 1945.
BOURLET, Carlo. Leçons d’Algèbre élémentaire. Paris: Librairie Armand Colin, 1927.
392
BRAND, Walther; DEUTSCHBEIN, Marie. Introducción a la filosofia matemática.
Traducción del alemán. Tradução de Ledesma Ramos. Madrid: Revista de Occidente,
1930.
CAMPOU, P. de. Traité D’Algèbre élémentaire. Paris: Armand Colin et Cie, 1895.
CARNEIRO, B. Alves. Curso de Arithmetica Elementar. Rio de Janeiro: Livraria
Garnier, 1---.
COMBEROUSSE, Charles de. Cours D’Algèbre Supérieure. 10a edição. Paris:
Gauthier-Villars, 1890.
COMBEROUSSE, Charles de. Cours D’algèbre supérieure. Paris: Gauthier-Villars, 1904.
COMTE, D’Auguste. La Géométrie de René Descartes. Paris: Louis Bahl, 1894.
CUNHA, Haroldo Lisboa. Pontos de Álgebra complementar – teoria das equações
Rio de Janeiro: tipografia Alba, 1939.
ETCHEGOYEN, Enrique Luis. Derivadas e Integrales. 2ª edição. Buenos Aires:
orial Construcciones, 1951.
F.I.C. Elementos de Geometria Descriptiva com numerosos exercícios. Revistos e
adaptados a instrucção secundaria do Brazil pelo Dr. E. de B. Raja Gabaglia. Rio de
Janeiro: H. Garnier, 1---.
FIC. Elementos de Álgebra com numerosos exercícios. Revistos e adaptados à
instrucção secundaria do Brazil pelo Dr. Eugenio de Barros Raja Gabaglia. Rio de
Janeiro: Livraria Garnier, 1---.
FIC. Elementos de Geometria contendo noções sobre as curvas usuaes. Revistos e
adaptados à instrucção secundaria do Brazil pelo Dr. Eugenio de Barros Raja
Gabaglia. Rio de Janeiro: Livraria Garnier, 1---.
GALIOLI, Carlos; D’AMBROSIO, Nicolau. Matemática – primeira série – 8ª edição.
São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1948.
HESSENBERG, Gerhard. Trigonometría plana y esférica. 3ª edição. Barcelona:
Editorial Labor S/A, 1934.
.
Edit
LACROIX, S. F. Éléments de Géométrie. 26ª edição. Paris: Gauthier-Villars, 1912.
LEMGRUBER, Nicanor; PEIXOTO, Roberto. Matemática – curso ginasial – 1ª série.
Rio de Janeiro: Editora Minerva Ltda, 1944.
393
LISBOA, Almeida. Análise Combinatória.
MEDICI, Héctor J. & CABRERA, Emanuel S. Elementos de Aritmética y Álgebra. 5ª
edição. Buenos Aires: Tomas Palumbo, 1933.
MEDICI, Héctor J. & CABRERA, Emanuel S. Elementos de Geometria. 9ª edição.
uenos AireB s: Libéria de Garcia Santos,1933.
MONTEVERDE, Eduardo. Lecciones de Matemáticas – 3º ano. Montevideo: Librería
e A. Monteverde e Cia, 1923. d
MONTEVERDE, Eduardo. Lecciones de Matemáticas – 1º ano. Montevideo: Librería
e A. Montevd erde e Cia, 1926.
NICOLETTI, O. & SANSONE, G. Aritmetica e Álgebra per lê scuole medie
uperiori. Volume I. Società Editrice Dans te Alighieri. Città di Castello: Tipografia
della Casa Editrice S. Lapi, ????
PASTOR, J. Rey. Curso cíclico de Matemáticas – Cálculo Infinitesimal. 2ª edição.
adrid-Buenos Aires: Talleres Tipográficos, 1933. M
PHILIPPE, P.; DAUCHY, F. Problèmes et Exercices D’Arithmétique avec solutions.
aris: Dunod, 1924. P
PHILIPPE, P.; DAUCHY, F. Éléments d’algèbre. Paris: Dunod, 1925.
UINTELLAQ , Ary. Matemática – 3
o
ano. São Paulo: Companhia Editora Nacional,
1943.
REIS, Aarão. Curso Elementar de Matemática – Álgebra – 2º volume – 2ª edição.
io de JaneirR o: Livraria Garnier, 19--.
EIS, Aarão. Curso Elementar de Matemática – Álgebra – 1º volume – 2ª edR ição.
Rio de Janeiro: Livraria Garnier, 19---.
ÉUNR ION DE PROFESSEURS. Problèmes de Géometrie – Classe de
Mathématiques. Paris: Librairie Générale de L’enseignemente libre, 1---.
ROSATI, C. & BENEDETTI, P. Geometria – volume primo. Società Editrice Dan
lighieri. Città di Castello: Tipografia Leonardo da Vinci, 1948.
te
A
SEIFER, H.; THRELFALL. Lecciones de topologia. Madrid: Instituto Jorge Juan de
atematicas, 1951. M
394
ANEXO III – LOCALIZAÇÃO DAS ILUSTRAÇÕES NA COLEÇÃO LIÇÕES DE
MATEMÁTICA
LIÇÕES DE MATEMÁTICA – 1ª. SÉRIE
e
ela localização nas páginas do correspondente livro.
As ilustrações mencionadas neste trabalho estão abaixo relacionadas por categoria
p
Categoria 2 – Desenhos que interpretam o real
250 250 254 255 256 258 258
Páginas (68 ilustrações):
214 214 215 215 216 216 217 217 217 217
225 225 226 226 226
226 226 227 227 228 228 228 228 228 228
263 263 264 264
3 5 8 14 17 19 21
28 33 34 45 47 48 48 50 50 51
138 141 141 146 146 149
150 150 151 152 158 159 159 161 168 171
67 267 269 270
270 271 271 272 272 273 275 277 278 278
ategoria 5 – Gráficos
15 316 317 317 317 318 318
318 320 322 323 324 324 325 326 326 327
Páginas (10 ilustrações):
246 250 250
Categoria 3 – Desenhos que representam abstrações
92 92 211 211 211 211 212 212 213 213
218 219 220 220 221 221 222 223 223 223
223 224 224 224 225
229 229 229 231 251 253 260 260 261 261
261 262 262 263
Categoria 4 – Esquemas
Páginas (110 ilustrações):
2 3 3
51 53 55 64 75 75 77 77 77 78
78 80 114 117 117 117 120 125 129 130
130 135 136 138
172 190 190 191 191 192 196 197 197 233
234 234 236 237 240 243 243 243 244 244
248 251 253 253 255 257 2
279 279 284 332 345 346 346 346 349 350
C
Páginas (20 ilustrações):
313 314 315 3
395
LIÇÕES DE MATEMÁTICA – 2ª. SÉRIE
livro.
As ilustrações mencionadas neste trabalho estão abaixo relacionadas por categoria e
pela localização nas páginas do correspondente
al
Páginas (13 ilustrações):
:
13 13 14 14 14 15 15 15 16 16
32 33 33 34 34 34
35 35 35 36 36 36 36 38 39 39
51 51 51
51 52 53 54 55 55 56 56 57 57
67 209 209 210 213 213 214
214 219 220 221 221 222 222 223 224 224
Páginas (30 ilustrações):
71 71 72 73 73 74 74 74 106 159
315 346 348 348 353
349 349 350 351 352 353 354 354 355
Categoria 2 – Desenhos que interpretam o re
24 37 37 38 38 45 216 235 235 236
237 238 239
Categoria 3 – Desenhos que representam abstrações
Páginas (119 ilustrações)
17 17 17 18 18 18 19 20 20 20
21 21 21 22 22 23 25 25 25 26
28 31 31 31
39 40 41 41 42 42 43 44 44 45
46 46 49 49 50 50 50
61 61 62 62 63 63 64 64 65 65
66 67 67
224 225 225 226 227 228 229 230 231
Categoria 4 – Esquemas
204 246 247 247 248 248 249 249 250 250
251 251 252 252 255
Categoria 5 - Gráficos
Páginas (9 ilustrações):
396
LIÇÕES DE MATEMÁTICA – 3ª. SÉRIE
As ilustrações mencionadas neste trabalho estão abaixo relacionadas por categoria e
pela localização nas
páginas do correspondente livro.
s
Páginas (152 ilustrações):
34 204 205 206 206 207 207 208 210 215
220 220 221
224 224 226 227 227 228
7 258 259
5 266 267
26 328
30 331 332 333 335 335 336 337 337 338
Categ
eg
Categoria 3 – Desenhos que representam abstraçõe
217 217 217 218 218 219 219
221 222 223 223
229 230 231 231 232 233 234 235 237 238
40 240 241 242 242 243 243 244 245 246 2
252 252 253 254 255 256 257 25
264 264 265 26260 260 261 262
269 270 270 270 271 272 272 273 273 274
275 276 277 277 278 278 278 279 280 281
281 282 283 284 285 285 286 286 286 287
288 289 290 290 291 292 292 293 293 294
294 295 305 306 306 308 309 310 311 311
312 313 314 315 316 318 319 319 320 321
321 322 322 323 324 325 325 326 3
3
339 340
oria 4 – Esquemas
Páginas (35 ilustrações):
27 33 38 39 115 115 116 116 118 118
119 122 123 125 127 129 178 178 211 212
212 213 214 216 216 297 297 298 298 299
300 301 302 303 304
Cat oria 5 – Gráficos
Páginas (14 ilustrações):
121 123 124 124 126 127 128 128 129 177
178 179 194 195
397
LIÇÕES DE MATEMÁTICA – 4ª. SÉRIE
As ilustrações mencionadas neste trabalho estão abaixo relacionadas por categoria e
pela localização nas páginas do correspondente livro.
Categoria 2 – Desenhos que interpretam o real
Página (1 ilustração):
280
Cat ria 3 – Desenhos queg e representam abstrações
1 132 133
47
247 247 250 252 252 253 254 254 254 255
257 257 259 259 260 260 260
264 265 265 266 266 267
18 318 319 319 329 331
Categ
32 74 81 82 83 84 97 102 103 103
104 245 296 298 299 299 300 301 302 303
305 307 317 327 331
ategoria 5 – Gráficos
Páginas (5 ilustrações) :
80 81 299 301 303
o
Páginas (209 ilustrações):
127 128 129 13 124 124 125 125
134 135 136 138 139 140 141 142 142 144
147 148 150 151 157 164 167 168 169 170
170 171 172 173 174 175 176 177 179 182
183 183 185 185 186 188 188 189 189 192
192 193 193 193 193 194 194 195 195 195
196 197 197 198 199 200 200 201 202 202
203 203 204 204 205 206 206 206 207 207
208 208 208 210 211 211 212 212 213 213
214 215 216 216 217 217 217 218 220 220
220 221 223 223 227 228 228 229 230 230
230 231 231 233 235 235 236 236 238 239
240 241 245 245 245 245 245 246 246 2
255 256 256
261 261 262 264
270 271 271 272 273 274 275 276 277 277
277 278 278 279 280 280 281 282 283 283
284 284 285 285 287 289 289 290 290 290
293 293 294 294 294 294 295 293 293 293
3 295 295 296
oria 4 – Esquemas
Páginas (25 ilustrações):
C
398
LIÇÕES DE MATEMÁTICA – 5ª. SÉRIE
xo relacionadas por categoria e
pela localização nas páginas do correspondente livro.
As ilustrações mencionadas neste trabalho estão abai
Categ rpretam o real
eg
eg
ções):
8 10 76 77 78 84 168 174 177
Categ
oria 2 – Desenhos que inte
Página (1 ilustração):
167
Cat oria 3 – Desenhos que representam abstrações
Páginas (73 ilustrações):
22 24 26 27 31 34 35 36 36 39
41 45 52 162 164 166 242 243 243 243
243 243 244 244 245 246 247 248 249 250
253 256 257 258 259 261 263 266 267 268
268 269 272 273 274 275 277 277 278 281
282 283 284 285 287 288 289 291 292 295
296 296 297 298 299 300 302 303 304 305
305 312 314
Cat oria 4 – Esquemas
Páginas (10 ilustra
4
oria 5 – Gráficos
Páginas (21 ilustrações):
110 117 118 156 173 175 178 212 225 228
230 235 238 239 307 309 311 312 313 313
315
399
ANEXO IV – INFO R QUE FORAM
ORNECIDAS PELA EDIÇOES MELHORAMENTOS.
RMAÇÕES SOBRE OS LIVROS DE MAEDE
F
Os dados abaixo foram enviados pela Editora Melhoramentos por e-mail em14 de
Julho de 2006.
BIBLIOTECA
EDITORA MELHORAMENTOS – JUL/2006
RELAÇÃO DAS OBRAS DE ALGACYR MUNHOZ MAEDER
(publicadas pela Melhoramentos)
título: CURSO DE MATEMATICA: 1.LIVRO - CICLO COLEGIAL
edição: 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9; 10; 11; 12; 13; 14; 15
dat mai/1946; mar/1947; mar/1948; mar/1949; mar/1950; mar/1951;
mar 53; dez/1953; jul/1954; jan/1956; dez/1956; jan/1958; mar/1959
nov/1960; fev/1962
título: CURSO DE MATEMATICA: 2.LIVRO - CICLO COLEGIAL
edição: 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9; 10
dat ABR/1947; MAI/1948; JUN/1949; MAR/1951; DEZ/1953; FE
NOV/1956; JAN/1958; FEV/1959; FEV/1962
título: CURSO DE MATEMATICA: 3.LIVRO - CICLO COLEGIAL
edição: 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8
data: ago/1948; abr/1949; fev/1951; abr/1954; abr/1955; abr/1957; ma
fev/1962
título: CURSO DE MATEMATICA: 1.SERIE - CURSO GINASIAL
edi : 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9; 10; 11; 12; 13; 14; 15; 16; 17;
20; 21; 22
data: MAR/1943; FEV/1944; JUN/1944; MAR/1945; FEV/1946; DE
FEV 48; DEZ/1949; DEZ/1949; OUT/1950; MAR/1952; DEZ/
a:
/19 ;
a: V/1955;
r/1959;
ção 18; 19;
Z/1946;
/19 1952; ABR/1953;
EV/1954; JAN/1955; JAN/1956; FEV/1957; NOV/1957; FEV/1959; FEV/1960;
título: CURSO DE MATEMATICA: 2.SERIE - CURSO GINASIAL
edição: 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9; 10; 11; 12; 13; 14; 15; 16; 17; 18; 19;
R/1948;
/19 /1952; JAN/1953; MAR/1953; FEV/1954;
JAN/1955; MAR/1956; JAN/1957; JAN/1958; JAN/1959; FEV/1960; DEZ/1960;
título: CURSO DE MATEMATICA: 3.SERIE - CURSO GINASIAL
edição: 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9; 10; 11; 12; 13; 14; 15; 16; 17; 18
ata: FEV/1944; AGO/1944; MAR/1946; MAR/1947; FEV/1949; JAN/1950;
ET/1950; JAN/1952; JAN/1953; ABR/1953; FEV/1954; OUT/1954; NOV/1955;
MAR/1957; FEV/1958; FEV/1959; DEZ/1960; JAN/1962
F
NOV/1960; JAN/1962
20; 21
data: OUT/1943; ABR/1944; MAR/1945; ABR/1946; DEZ/1946; AB
ABR 49; MAR/1950; FEV/1951; FEV
JAN/1962
d
S
400
título: CURSO DE MATEMATICA: 4.SERIE - CURSO GINASIAL
edição: 1; 2; 3;
data: JAN/19 /1950; FEV/1951;
ABR/1953; ABR/1954; FEV/1955; JAN/1956; FEV/1957; JAN/1958; FEV/1959;
edição: 1
ata: fev/1942
IE
edição
data: mar/1935; ?; 1940; abr/1942
data: fev/1936; 1937; abr/1942
data:
ção 7
data: ABR/1952; FEV/1954; FEV/1957; ABR/1958; JUN/1959; DEZ/1960;
ata: DEZ/1954; MAR/1957; OUT/1958; NOV/1959; DEZ/1960; FEV/1962
- CURSO COMERCIAL BASICO
ata: MAR/1970; FEV/1962
ítulo: TABUAS DE LOGARITIMOS E FORMULARIO DE MATEMATICA
dição: 1; 2
ata: dez/1937; 1943
OTA: O arquivo da Editora não possui todos os exemplares. Os dados das
dições e datas correspondem as informações que estão no nosso sistema.
4; 5; 6; 7; 8; 9; 10; 11; 12; 13; 14
45; MAR/1946; MAR/ 947; AGO/1948; FEV1
FEV/1962
título: LICOES DE MATEMATICA: 1.ANO - 1.SERIE
d
título TICA: 2.ANO - 2.SER: LICOES DE MATEMA
: 1; 2; 6; 8
título: LICOES DE MATEMATICA: 3.ANO - 3.SERIE
edição: 1; 2; 7
título: LICOES DE MATEMATICA: 4.ANO - 4.SERIE
edição: 1; 5
abr/1937; jan/1942
título: LICOES DE MATEMATICA: 5.ANO - 5.SERIE
edição: 1; 4
data: fev/1939; abr/1942
título: MATEMATICA: 1.SERIE - CURSO COMERCIAL BASICO
edi : 1; 2; 3; 4; 5; 6;
FEV/1962
título: MATEMATICA: 2.SERIE - CURSO COMERCIAL BASICO
edição: 1; 2; 3; 4; 5; 6
d
ítulot : MATEMATICA: 3.SERIE
edição: 1; 2; 3
data: DEZ/1958; NOV/1959; FEV/1962
título: MATEMATICA: 4.SERIE - CURSO COMERCIAL BASICO
edição: 1; 2
d
t
e
d
N
e
401
Os dados abaixo foram enviados pela Editora Melhoramentos por e-mail em 2 d
Junho de 2005.
e
RELAÇÃO DAS OBRAS DE ALGACYR MUNHOZ MAEDER
(título, edição, tiragem e data)
ítulo: CURSO DE MATEMÁTICA: 1ª SÉRIE
edição: 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9; 10; 11; 12; 13; 14; 15; 16; 17;
1; 22
ragem: 5000; 5000; 5000; 10000; 12000; 15000; 10000; 16500; 20500;
25000;
5000; 20000; 20000; 20000; 25000; 30000; 20000; 30000; 20000;10000;
10000; 9000
ta/publ.: MAR/1943; FEV/1944; JUN/1944; MAR/1945; FEV/1946; DEZ/1946;
V/1948; DEZ/1949; DEZ/1949; OUT/1950; MAR/1952; DEZ/1952 ;ABR/1953;
V/1954; JAN/1955; JAN/1956; FEV/1957; NOV/1957;
FEV/1959; FEV/1960;
3; 4; 5; 6; 7; 8; 9; 10; 11; 12; 13; 14; 15; 16; 17;
; 19;
20; 21
; 20000; 20000; 20000; 10000;5000;
00
; MAR/1945; ABR/1946; DEZ/1946; ABR/1948;
MAR/1956; JAN/1957; JAN/1958; JAN/1959; FEV/1960; DEZ/1960;
/1962
10000; 5000; 4000
; DEZ/1953; JUL/1954; JAN/1956; DEZ/1956; JAN/1958;
MAR/1959;
ição: 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9; 10
t
18; 19;20; 2
ti
da
FE
FE
NOV/1960; JAN/1962
título: CURSO DE MATEMÁTICA: 2ª SÉRIE
edição: 1; 2;
18
tiragem: 5500; 6000; 10000; 10000; 15000; 15000; 10500; 10000; 15000;
5000;15000; 18000; 20000; 25000; 15000
70
data/publ.: OUT/1943; ABR/1944
ABR/1949; MAR/1950; FEV/1951; FEV/1952; JAN/1953; MAR/1953; FEV/1954;
JAN/1955;
JAN
título: CURSO DE MATEMÁTICA: 1ª SÉRIE CICLO COLEGIAL
edição: 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9; 10; 11; 12; 13; 14; 15
tiragem: 3000; 5000; 5000; 6000; 10000; 10000; 10000; 10000; 12000;
000;
12000; 12000;
6
data/publ.: MAI/1946; MAR/1947; MAR/1948; MAR/1949; MAR/1950; MAR/1951;
MAR/1953
NOV/1960; FEV/1962
título: CURSO DE MATEMÁTICA: 2ª SÉRIE CICLO COLEGIAL
ed
tiragem: 5000; 5000; 10000; 10000; 10000; 10000; 8000; 10000; 8000;
3000
402
data/publ.: ABR/1947; MAI/1948; JUN/1949; MAR/1951; DEZ/1953;
ição: 8
LIVRO - CICLO COLEGIAL
ragem: 5000; 6000; 6000; 8000; 10500; 6000; 8000; 3000
AGO/1948; ABR/1949; FEV/1951; ABR/1954; ABR/1955;
SO GINASIAL
: 1962
IAL
17; 18
; 15000; 6000; 9000;
; 18000; 6000; 5000
FEV/1949; JAN/1950;
1952; JAN/1953; ABR/1953; FEV/1954; OUT/1954; NOV/1955;
DEZ/1960; JAN/1962
5; 6; 7; 8; 9; 10; 11; 12; 13; 14
ragem: 10000; 10000; 11000; 12000; 12000; 20000; 12000; 3000; 20000;
ata/publ.: JAN/1945; MAR/1946; MAR/1947; AGO/1948; FEV/1950;
EV/1951;ABR/1953; ABR/1954; FEV/1955; JAN/1956; FEV/1957;
AN/1958;FEV/1959; FEV/1962
ítulo: LICOES DE MATEMÁTICA
dição: 1; 2; 7
FEV/1955;NOV/1956; JAN/1958; FEV/1959; FEV/1962
título: CURSO DE MATEMÁTICA : 3ª SÉRIE CICLO COLEGIAL
ed
tiragem: 3000
data/publ.: 1962
título: CURSO DE MATEMÁTICA: 3ª
edição: 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8
ti
data/publ.:
ABR/1957;MAR/1959; FEV/1962
título: CURSO DE MATEMÁTICA : 1ª SÉRIE CUR
edição: 22
tiragem: 9000
data/publ.
título: CURSO DE MATEMÁTICA: 3ª SÉRIE CURSO GINAS
edição: 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9; 10; 11; 12; 13; 14; 15; 16;
tiragem: 500
0; 10000; 10000; 15000; 14000; 12000
3000;
20000; 20000; 26000; 15000; 12000
data/publ.: FEV/1944; AGO/1944; MAR/1946; MAR/1947;
SET/1950; JAN/
MAR/1957; FEV/1958; FEV/1959;
título: CURSO DE MATEMÁTICA: 4ª SÉRIE CURSO GINASIAL
edição: 1; 2; 3; 4;
ti
15000; 18000; 10000; 15000; 5000
d
F
J
t
e
403
tiragem: 18000; 3000data/publ.: FEV/1936; 1937; ABR/1942
título: LICOES DE MATEMÁTICA : 1º ANO - 1A SÉRIE
edição: 1
tiragem: 3000
data/publ.: FEV/1942
título: LICOES DE MATEMÁTICA: 2º ANO - 2A SÉRIE
; 6; 8
data/publ.: MAR/1935; 1940; ABR/1942
título: LICOES DE MATEMÁTICA: 5º ANO - 5ª SÉRIE
tiragem: 9000; 3000
título: MATEMÁTICA: 1ª SÉRIE CURSO COMERCIAL BASICO
edição: 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7
tiragem: 3000; 4000; 5000; 5000; 5000; 5000; 4000
FEV/1957; ABR/1958; JUN/1959;
DEZ/1960;FEV/1962
edição: 1; 2; 3; 4; 5; 6
tiragem: 3000; 5000; 5000; 5000; 4000; 3000
data/publ.: DEZ/1954; MAR/1957; OUT/1958; NOV/1959; DEZ/1960; FEV/1962
o: MATEMÁTICA : 3ª SÉRIE CURSO COMERCIAL BASICO
edição: 1; 2
tiragem: 21000; 3000
título: LICOES DE MATEMÁTICA: 4º ANO - 4A SÉRIE
edição: 1; 5
tiragem: 12000; 3000
data/publ.: ABR/1937; JAN/1942
edição: 1; 4
data/publ.: FEV/1939; ABR/1942
data/publ.: ABR/1952; FEV/1954;
título: MATEMÁTICA: 2ª SÉRIE CURSO COMERCIAL BASICO
títul
404
edição: 1; 2; 3
tiragem: 5000; 5000; 3000
data/publ.: DEZ/1958; NOV/1959; FEV/1962
título: MATEMÁTICA : 4ª SÉRIE CURSO COMERCIAL BASICO
edição: 1; 2
tiragem: 5000; 3000
data/publ.: MAR/1970; FEV/1962
título: TABUAS DE LOGARITIMOS E FORMULÁRIO DE MATEMÁTICA
edição: 1; 2
========================================================
================
tiragem: 3000; 3000
data/publ.: DEZ/1937; 1943
=====================
405
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo