somente as melhores serão levadas para a etapa de célula em suspensão (BOURGAUD,
et al., 2001).
Comparado ao crescimento cinético da célula, o qual é usualmente uma curva
exponencial, muitos metabólitos secundários são produzidos durante a fase de platô, ou
seja, quando o crescimento fica constante. Esta falta de produção durante os estágios
anteriores pode ser explicada pela alocação do carbono principalmente distribuído pelo
metabolismo primário (construção das estruturas da célula e respiração) quando o
crescimento é muito ativo. Por outro lado, quando o crescimento pára, o carbono não é
mais requerido em grandes quantidades para o metabolismo primário e as substâncias
especiais são mais ativamente sintetizadas. Isto pode ser freqüentemente observado em
muitas novas atividades enzimáticas, aparecendo durante a fase de platô. Isto tem
levado muitos autores a explicar a possível diferenciação bioquímica das células quando
a fase de crescimento termina (PAYNE et al., 1991). No entanto, alguns produtos
secundários são conhecidos por ter um crescimento associado com células
indiferenciadas, como é o caso das betalaínas e dos carotenóides.
Células em suspensão constituem um bom material biológico para o estudo das
vias biossintéticas. Realmente, comparado com culturas de calos, a suspensão permite a
recuperação de grandes quantidades de células a partir de enzimas que podem ser mais
facilmente isoladas (DOUGALL, 1981). Muitas estratégias podem ser usadas para
aumentar a produção de metabólitos secundários, mas a elicitação é usualmente uma das
mais sucedidas. Isto consiste em aplicar estresse físico ou químico na cultura de célula
em suspensão que dará início a produção de metabólitos secundários que não são
produzidos normalmente. Isto é feito com ativadores bióticos (micélio de fungo
patogênico, extratos de proteínas, entre outros) ou abióticos (temperatura, luz UV,
metais pesados, pH, etc.) (BOURGAUD, et al., 2001).
Suspensão celular tem sido também adotada como uma ferramenta no estudo da
fisiologia de todos os tipos de outros processos celulares, por exemplo, divisão celular,
respiração, sinalização hormonal, armazenamento, e transporte (LEGUAY & GUERN,
1975; NISHINARI & YAMAKI, 1976; VOGEL & BRODELIUS, 1984; SNAPE, et al.,
1989; NEUMAN & ZENK, 1986; DEUS-WINK & MENDE, 1987; BLOM, et al.,
1991; HOEFNAGEL, et al., 1993).
Após serem formados, os calos são transferidos para o meio MS líquido para
iniciação de cultura em suspensão (MURASHIGE & SKOOG, 1962). Durante o
processo de formação de calos e células em suspensão, os metabólitos primários e
secundários são formados e muitas vezes excretados ao meio de crescimento. Essa
técnica permite o desenvolvimento de experimentos in vitro para sanar algumas
questões relacionadas ao sistema de polimerização das ligninas e a participação das
proteínas estruturais neste processo.
Independentemente da espécie a ser utilizada é essencial que as células da
suspensão se dividam e se multipliquem ativamente. A divisão celular é um componente
do ciclo celular, e possui as seguintes fases: G1, S, G2, M e citocinese (STREET &
OPIK, 1970).
Este processo é utilizado para a obtenção e proliferação de células em meio
líquido, sob condição de agitação contínua, para evitar possíveis gradientes nutricionais
e gasosos no meio de cultura, além de ser uma técnica eficiente de multiplicação rápida.
As suspensões celulares têm uma grande aplicação para os estudos de bioquímica,
genética, citologia, fisiologia vegetal e fitopatologia, também sendo um tipo de cultivo
empregado na produção de metabólitos secundários ou material clonal em escala
comercial pela utilização de biorreatores (PEREIRA & MELO, 2004).