Download PDF
ads:
ESTUDO DA MUCOSA NASAL DE CONTATOS DE HANSENÍASE, COM
POSITIVIDADE PARA O ANTÍGENO GLICOLÍPIDE FENÓLICO 1.
Ana Cristina da Costa Martins
Tese de Doutorado apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Dermatologia, Faculdade de
Medicina, da Universidade Federal do Rio de
Janeiro, como parte dos requisitos necessários à
obtenção do Título de Doutor em Dermatologia.
Orientadoras: Prof.
a
Dra. Maria Leide Wand Del Rey de Oliveira
Prof.
a
Dra. Alice de Miranda Machado
Rio de janeiro
Dezembro / 2006
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
ii
ESTUDO DA MUCOSA NASAL DE CONTATOS DE HANSENÍASE, COM
POSITIVIDADE PARA O ANTÍGENO GLICOLÍPIDE FENÓLICO 1.
Ana Cristina da Costa Martins
Orientadoras: Prof.
a
Dra. Maria Leide Wand Del Rey de Oliveira
Prof.
a
Dra. Alice de Miranda Machado
Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Dermatologia,
Faculdade de Medicina, da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, como parte dos
requisitos necessários à obtenção do Título de Doutor em Dermatologia.
Aprovada por :
Cláudia Maria Valete-Rosalino, Doutora, Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Jair de Carvalho e Castro, Doutor, Universidade Federal do Rio de Janeiro.
José Augusto da Costa Nery, Doutor, Fundação Oswaldo Cruz.
Maria Kátia Gomes, Doutora, Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Sueli Coelho da Silva Carneiro, Doutora, Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Rio de janeiro
Dezembro / 2006
ads:
iii
FICHA CATALOGRÁFICA
MARTINS, ANA CRISTINA DA COSTA
Estudo da mucosa nasal de contatos de hanseníase, com sorologia positiva para o antígeno glicolípide
fenólico 1. Rio de Janeiro: UFRJ / Faculdade de Medicina, 2006.
xvii, 107p.
Orientadores: Prof.
a
Dra. Maria Leide Wand Del Rey de Oliveira e Prof.
a
Dra.Alice de Miranda Machado
Dissertação (Doutorado) – UFRJ / Faculdade de Medicina / Dermatologia, 2006.
Referências bibliográficas: p. 93 - 104
1. Hanseníase – epidemiologia. 2. Mycobacterium leprae – imunologia. 3. Glicolipídeos – imunologia. 4.
Testes imunológicos. 5. Imunoglobulina M. 6. Reação em cadeia da polimerase – biologia molecular.7.
Endoscopia. 8. Busca de comunicante. 9. Humano. 10. Dermatologia – Tese. I – Oliveira, Maria
Wand-Del-Rey. II. Machado, Alice de Miranda. III. Universidade Federal do Rio do Janeiro, Faculdade
de Medicina, Dermatologia. IV. Título.
iv
DEDICATÓRIA
Dedico esta obra, sobretudo a Deus, aos meus pais, Adilson de Oliveira Martins e
Maria Inês da Costa Martins e a Antonio Carlos Abi Haya, pelo exemplo de vida e amor,
por acreditarem na minha capacidade e por sempre terem oferecido força e incentivo para
superar os momentos mais difíceis ao longo da minha vida profissional.
v
AGRADECIMENTOS
As Professoras e Doutoras Maria Leide Wan Del Rey de Oliveira e Alice de
Miranda Machado, pela indispensável orientação, ensinamentos, ajuda, carinho, dedicação,
paciência e tamanha atenção, bem como o interesse pela hanseníase. Ao Curso de Pós-
Graduação em Dermatologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, sob coordenação
do Professor Titular Absalom Lima Filgueira, por terem me recebido na Instituição para a
realização do Doutorado e contribuído para o desenvolvimento deste trabalho, pelo apoio e
atenção por mim dispensado.
Aos participantes da Banca examinadora, Dr. José Augusto da Costa Nery, Dra.
Sueli Coelho da Silva Carneiro, Dra. Maria Kátia Gomes, Dr. Jair de Carvalho e Castro e
Dra. Cláudia Maria Valete-Rosalino, por me honrarem com a vossa ilustre presença.
Ao Mestre e amigo Dr. João Soares Moreira, da Fundação Oswaldo Cruz, tendo
contribuído diretamente para a minha formação profissional, com incentivo à pesquisa e à
docência, e para formação pessoal, por meio do trato com os pacientes e entre os
profissionais da área de Saúde. Devo ao referido Mestre o conhecimento da verdadeira
Medicina, o que sei e o amor à profissão.
Ao Professor e Doutor Jair de Carvalho e Castro, pelo exemplo de
comportamento, postura, ética, confiança, carinho, incentivo à carreira docente e por
acreditar em mim, minha dedicação e sincero respeito.
Aos amigos, Professores e Doutores, Armando Schubach e Cáudia Maria Valete-
Rosalino e as amigas Ana Cristina Ruas, Marli Blois da Silva e Rosane Blois pelo apoio,
ajuda, compreensão, minha admiração e amizade.
vi
À Fundação Oswaldo Cruz, em particular ao Instituto de Pesquisa Evandro
Chagas, minha vida, minha paixão, por ter tão bem me acolhido, pelos novos amigos e
orientação à pesquisa.
A atenção e intensa dedicação de todos do Laboratório de Micobacterioses do
Instituto Oswaldo Cruz, em especial a Alejandra Nóbrega Martinez, que muito me ajudou e
contribuiu para a realização deste trabalho.
Ao Serviço de Bacteriologia, chefiado pela Dra Maria Cristina S. Lourenço.
A Antonio Carlos Abi Haya e a toda a sua família, que sempre estiveram ao meu
lado, mesmo nos momentos mais árduos desta minha jornada, meu amor eterno e
admiração por terem conseguido a serenidade e paciência para me apoiarem e superarem
este momento.
Aos meus amigos André de Paula Fernandes, Ivan de Castro, Sra Tília Maria de
Castro, Elaine Amaral, Martha Mendes de Moraes, Denise Cavalcanti, Denise Arruda, Ruth
Carneiro, Célia da Silva, Lina Macedo, Cláudio Roberto da Costa Martins, Leila Baptista
Moreira, Eduardo Alves, Adriana Gomes e meus avós, obrigada pela força, admiração,
incentivo, confiança, carinho e amizade de vocês.
A Sandra Durães, articuladores, agentes de saúde, contatos e a todos que, de
forma direta ou indireta, contribuíram para o desenvolvimento deste trabalho, o meu muito
obrigado.
vii
RESUMO
ESTUDO DA MUCOSA NASAL DE CONTATOS DE HANSENÍASE, COM
POSITIVIDADE PARA O ANTÍGENO GLICOLÍPIDE FENÓLICO 1.
Ana Cristina da Costa Martins
Orientadoras: Prof.
a
Dra. Maria Leide Wand Del Rey de Oliveira
Prof.
a
Dra. Alice de Miranda Machado
Resumo da Tese de Doutorado submetida ao Programa de Pós-Graduação em
Dermatologia, Faculdade de Medicina, da Universidade Federal do Rio de Janeiro -UFRJ,
como parte dos requisitos necessários à obtenção do Título de Doutor em Dermatologia.
Rio de janeiro, 2006.
Introdução: A hanseníase é uma doença infecciosa, de evolução crônica, causada pelo
Mycobacterium leprae, que acomete, com maior freqüência, a mucosa das cavidades
nasais. Esse acometimento é independente da forma clínica, e pode ocorrer mesmo antes do
aparecimento de lesões na pele ou em outras partes do corpo. Os contatos de casos novos
de hanseníase estão sujeitos à vigilância epidemiológica visando o diagnóstico precoce da
doença.
Objetivos: Identificar lesões específicas e precoces de hanseníase por meio de exame
endoscópico, baciloscópico, histopatológico e da reação em cadeia da polimerase em
Tempo Real, da mucosa das cavidades nasais de contatos domiciliares e peridomiciliares,
com sorologia positiva para o antígeno glicolípide fenólico 1. Metodologia: Realizou-se
um estudo transversal em 31 contatos de pacientes de hanseníase com sorologia positiva
contra o PGL-1 e 06 controles, no período de 2003 à 2006. As famílias vêm sendo
acompanhadas em estudo de coorte prospectivo – projeto vinculado ao programa de Pós-
Graduação em Dermatologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de
Janeiro. A endoscopia nasal, coleta de material e a PCR, foram realizadas no Serviço de
Otorrinolaringologia do Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas – FIOCRUZ.
Resultados: Entre os contatos soropositivos, a PCR em Tempo Real foi positiva para a
presença de DNA de M. leprae em 06 (19,35%) destes e o maior número de cópias do
genoma do bacilo foi encontrado no contato que adoeceu. Nenhum dos contatos apresentou
lesões dérmato-neurológicas, alterações endoscópicas e histopatológicas específicas de
viii
hanseníase ou exame bacteriológico da mucosa positivo para bacilos álcool-ácido
resistentes. Conclusão: Isoladamente, os exames da mucosa nasal não permitiram o
diagnóstico precoce da hanseníase, mas, através da combinação de vários métodos, o
exame dos contatos pode ajudar na identificação da infecção subclínica e no monitoramento
daqueles que poderiam ter papel importante na transmissão da doença.
Palavras-chaves: glicolipídeo fenólico – 1 (PGL-1); Reação em cadeia da polimerase;
soropositividade; endoscopia; Mycobacterium leprae; comunicantes; mucosa nasal.
ix
ABSTRACT
ESTUDO DA MUCOSA NASAL DE CONTATOS DE HANSENÍASE, COM
POSITIVIDADE PARA O ANTÍGENO GLICOLÍPIDE FENÓLICO 1.
Ana Cristina da Costa Martins
Orientadoras: Prof.
a
Dra. Maria Leide Wand Del Rey de Oliveira
Prof.
a
Dra. Alice de Miranda Machado
Abstract da Tese de Doutorado submetida ao Programa de Pós-Graduação em
Dermatologia, Faculdade de Medicina, da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ,
como parte dos requisitos necessários à obtenção do Título de Doutor em Dermatologia,
Rio de Janeiro, 2006.
Introduction: Leprosy is a chronic infectious disease caused by Mycobacterium leprae.
The disease more frequently affects the mucosa of nasal cavity, and can occur
independently of its clinical form or even before lesions on skin or on other parts of the
body present. The households contacts of new leprosy cases are submitted by
epidemiological vigilance for precocious diagnosis of the disease.
Objectives: The objective of this study is to identify specific and precocious leprosy
lesions through endoscopic, baciloscopic and histopathologic exams, and real time
polymerase chain reaction of the nasal cavity mucosa on household and peri-domicile
contacts with positive serology for the antigen phenolic glycolipid 1. Methodology:
Between 2003 at 2006 there was a transversal clinic study with 31 contacts with patients
with leprosy with positive serology against PGL-1 and 06 controls. The families have a
continuous follow-up by prospective researches on the Dermatology post graduation
program at Federal University of Rio de Janeiro. Nasal endoscopy, material collection, and
PCR were performed at the Otorhinolaryngology Services of the Institute of Clinical
Research Evandro Chagas – FIOCRUZ. Results: Between seropositive contacts the real
time PCR for M.leprae DNA became positive in 06 (19,35%) of them and the higher
number of genome copies were found in contact that became sick. None of the contacts
showed dermatological and neural lesions, endoscopic and histopathological for specific
changes of leprosy or bacteriologic exam of the mucosa positive for alcohol-acid resistant
bacillus. Conclusion: Isolatedly nasal mucosa exams didn’t allow precocious diagnosis of
x
Leprosy. However, through the combination of various methods, exams on the contacts can
help to identify subclinical infection and to monitor the contacts that could be responsible
for spreading the disease.
Key-Words: phenólic glycolipid – 1 (PGL-1); real time polimerase chain reaction; positive
serology; endoscopy; Mycobacterium leprae; contacts; nose mucosal.
xi
SUMÁRIO
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS -------------------------------------
LISTA DE TABELAS E QUADROS -------------------------------------------
LISTA DE ILUSTRAÇÕES -----------------------------------------------------
1. INTRODUÇÃO -----------------------------------------------------------------
xiii
xv
xvi
18
2. OBJETIVOS --------------------------------------------------------------------
2.1.Geral ---------------------------------------------------------------------
2.2.Específicos --------------------------------------------------------------
20
20
20
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA -------------------------------------------------------- 21
3.1. Epidemiologia da hanseníase ---------------------------------------- 21
3.2. Etiologia --------------------------------------------------------------- 25
3.3. Imunopatologia --------------------------------------------------------
3.4. Manifestações clínicas da doença -----------------------------------
3.5. A Mucosa Nasal -------------------------------------------------------
26
32
34
4.MÉTODOS DIAGNÓSTICOS UTILIZADOS NO ESTUDO ------------ 40
4.1.Endoscopia nasal -------------------------------------------------------
4.2.Baciloscopia do muco -------------------------------------------------
4.3.Histopatologia ---------------------------------------------------------
4.4.Sorologia ---------------------------------------------------------------
4.5.Reação em cadeia da polimerase em Tempo Real ------------------
40
40
41
43
45
5. MATERIAIS E MÉTODOS --------------------------------------------------------------- 47
5.1. Tipo de estudo ---------------------------------------------------------------------- 47
5.2. Área do estudo --------------------------------------------------------- 47
5.3. Detalhamento da casuística ------------------------------------------ 47
5.4. Critérios de inclusão -------------------------------------------------- 48
5.5. Critérios de exclusão -------------------------------------------------- 48
5.6. Controles --------------------------------------------------------------- 48
5.7. Descrição do teste para detecção do anticorpo Anti-PGL-1----- 49
5.8. Interpretação do teste ------------------------------------------------- 50
5.9. Endoscopia nasal e detalhamento da coleta do material ---------- 51
xii
5.10. Histopatologia --------------------------------------------------------
5.11. PCR em Tempo Real ------------------------------------------------
5.11.1. Descrição das reações -----------------------------------------
5.11.2. Extração do DNA ----------------------------------------------
5.11.3. PCR em Tempo Real utilizando o sistema TaqMan -----------------
5. 11.4. Esquema da PCR em Tempo Real --------------------------------------
52
53
54
54
55
56
5.12. Coleta dos dados -----------------------------------------------------------------
5.13.Aspectos Éticos -------------------------------------------------------
57
58
6. RESULTADOS ----------------------------------------------------------------------------
6.1. Análise estatística ------------------------------------------------------------------
6.2. Endoscopia nasal --------------------------------------------------------------------
6.3. Histologia ----------------------------------------------------------------------------
6.3.1. Histologia (Lâminas) ----------------------------------------------------------
6.4. Resultados dos métodos utilizados no estudo ----------------------------------
59
59
62
63
65
69
7. DISCUSSÃO -------------------------------------------------------------------------------
7.1. Contatos e sorologia: discussões sobre a importância e aplicabilidade -----
sorológica
7.2. Métodos diagnósticos para a identificação do M.Leprae ---------------------
7.3. O papel da quimioprofilaxia ------------------------------------------------------
7.4. Considerações finais---------------------------------------------------------------
72
78
86
89
91
8. CONCLUSÕES --------------------------------------------------------------- 92
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ------------------------------------- 93
10.ANEXOS
105
10.1. Termo de consentimento livre e esclarecido
10.2. Ficha de atendimento dos contatos
xiii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
B - Bacilos
BAAR - Bacilo Álcool-Ácido-Resistente
BCG - Bacilo de Calmette-Guérin
BGG – ID - Bacilo de Calmette-Guérin intradérmico
CD4 - Linfócitos T CD4 +
CD8 - Linfócitos T CD8 +
CI - Caso índice
Ct - Threshold cycle
D-BSA - Dissacarídeo ligado a soroalbumina humana
DC - Duque de Caxias
DDS - Dapsona
DNA - Ácido Desoxirribonucléico
E - Eosinófilos
BI - Índice Baciloscópico
ELISA - Enzyme Linked Immunosorbent Assay
HD - Hanseníase Dimorfa
HE – Hematoxilina-Eosina
HI - Hanseníase Indeterminada
HIV-1 - Vírus da Imunodeficiência Humana
HLA - Antígeno Leucocitário Humano
HS - Hialinização subepitelial
HT - Hanseníase Tuberculóide
HV - Hanseníase Virchowiana
IF – Incapacidade física
IFN-γ - Interferon gama
Ig – Imunoglobulina
IgG- Imunoglobulina G
IgM - Imunoglobulina M
IL - Interleucina
IM - Índice Morfológico.
xiv
KDa - Quilodaltons
LAM - Lipoarabinomanana
L - Linfócitos
Log - Logaritmo
MB - Multibacilares
MHC - Complexo Principal de Histocompatibilidade
MHV - Hanseníase Virchowiana
M. leprae - Mycobacterium leprae
ML Flow -Teste de fluxo lateral
M - Macrófagos
MET - Metaplasia epitelial
MT - Mastócitos
MTX - Metrotrexate
ng- nanograma
NT-P-BSA- Antígeno trissacarídeo natural-phenyl-BSA
NK - Natural Killer
OMS - Organização Mundial da Saúde
PB - Paucibacilares
PGL-1 - Glicolipídeo Fenólico 1
PCR - Reação em cadeia da polimerase
PL - Plasmócitos
PMN - Polimorfonucleares
PQT - Poliquimioterapia
Primer - Iniciadores
RT-PCR - Reação em cadeia da polimerase em Tempo Real
sMLIgA - IgA anti-M. leprae na saliva
Taq DNA polimerase - Polimerase termoestável
TNF-α - Fator de Necrose Tumoral alfa
UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro
Wade - Coloração de Ziehl-Wade-Klingmuller
WHO - World Health Organization
xv
LISTA DE TABELAS E QUADROS
TABELAS
Tabela 1. Situação global da hanseníase – 2005 ----------------------------------------------------- 21
Tabela 2. Indicadores Operacionais e Epidemiológicos do Programa de Eliminação
da hanseníase no Município de Duque de Caxias (DC) -2003 ----------------------------------- 23
Tabela 3. Relação da RT- PCR com a classificação do caso índice e queixas nasais----------- 59
Tabela 4. Relação da sorologia com sexo, idade, classificação do caso índice, tipo de contato e
convívio com o CI e a RT-PCR com intervalo de confiança (IC) de 95%------------------------ 60
Tabela 5. Queixas otorrinolaringológicas dos contatos do estudo--------------------------------- 61
QUADROS
Quadro 1. Classificação clínica e histológica da mucosa nasal dos contatos de hanseníase-- 53
Quadro 2. Achados histológicos da mucosa nasal dos contatos ---------------------------------- 63
Quadro 3. Achados histológicos da mucosa nasal do controle positivo ----------------------- 65
Quadro 4. Resultados dos métodos laboratoriais utilizados em contatos de hanseníase------ 69
Quadro 5. Resultados dos métodos laboratoriais utilizados no controle positivo-------------- 70
Quadro 6. Resultados de contatos com a PCR em Tempo Real positiva-------------------------71
xvi
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Ilustração 1. Espectro clínico e imunológico da hanseníase ---------------------------------------28
Ilustração 2. Teste de fluxo lateral / ML Flow -------------------------------------------------------50
Ilustração 3. Interpretação do teste de fluxo lateral -------------------------------------------------50
Ilustração 4. Endoscopia Nasal ------------------------------------------------------------------------52
Ilustração 5. Material utilizado para biópsia ---------------------------------------------------------52
Ilustração 6. Esquema da PCR em Tempo Real: Amplificação com fases distintas -----------56
Ilustração 7. Esquema da PCR em Tempo Real: Amplificação e Ct -----------------------------57
Ilustração 8. Endoscopia nasal -------------------------------------------------------------------------62
Ilustração 9. Endoscopia nasal -------------------------------------------------------------------------62
Ilustração 10. Endoscopia nasal do controle positivo ---------------------------------------------- 63
Ilustração 11. Endoscopia nasal do controle positivo ---------------------------------------------- 63
Ilustração 12. Histologia: Rinite crônica leve ------------------------------------------------------- 65
Ilustração 13. Histologia: Rinite crônica moderada ------------------------------------------------ 66
Ilustração 14. Histologia: Rinite crônica moderada ------------------------------------------------ 66
Ilustração 15. Histologia: Rinite crônica intensa---------------------------------------------------- 66
Ilustração 16. Histologia: Rinite crônica intensa---------------------------------------------------- 66
Ilustração 17. Histologia: Rinite crônica agudizada ------------------------------------------------67
Ilustração 18. Histologia: Rinite crônica agudizada ------------------------------------------------67
Ilustração 19. Histologia: Rinite crônica agudizada (caso) ----------------------------------------67
Ilustração 20. Histologia: Rinite crônica agudizada (caso) ----------------------------------------67
Ilustração 21. Histologia: Rinite hansênica / HE ----------------------------------------------------68
xvii
Ilustração 22. Histologia: Rinite hansênica / HE ----------------------------------------------------68
Ilustração 23. Histologia: Rinite hansênica / Wade -------------------------------------------------68
Ilustração 24. Histologia: Rinite hansênica / Wade -------------------------------------------------68
Ilustração 25. Gráfico da curva padrão da RT-PCR-------------------------------------------------71
18
1. INTRODUÇÃO
A hanseníase ainda é considerada um problema de saúde pública, principalmente
pela capacidade de gerar deformidade física em uma faixa da população economicamente
ativa. Muito embora a detecção precoce dos casos tenha contribuído para a redução desta
inabilidade física, a doença ainda representa estigma social.
Desde a introdução da poliquimioterapia (PQT/OMS), no início da década de 80,
buscam-se novas ferramentas diagnósticas que possibilitem a detecção precoce dos contatos
de hanseníase. Foram criadas estratégias dentro de programas de eliminação que causem
impacto na redução da incidência da doença. A identificação precoce dos grupos de risco
em áreas de alta endemicidade ampliada e extrapolada para o extradomicílio, aliada à
vacinação dos contatos, são medidas que parecem contribuir efetivamente para a redução
deste coeficiente.
Entretanto, as taxas de prevalência não refletem a real situação epidemiológica da
hanseníase, em todos os países endêmicos, inclusive o Brasil, que ainda conserva
característica de endemia elevada.
Fatores de risco como alta endemicidade e baixa condição sócio-econômica,
associadas à intensa exposição bacilar, estão fortemente condicionados ao maior risco de
adoecimento. Mais recentemente, a investigação científica tem convergido para a
soropositividade contra o antígeno glicolípide fenólico 1 (PGL-1), e genes-alvo para
determinação da susceptibilidade genética, provavelmente definidora da resposta
imunológica.
19
Há anos discute-se serem as vias aéreas superiores, principalmente o nariz, a rota de
entrada e provável eliminação do Mycobacterium leprae. Inúmeros trabalhos de coorte
como de Pattyn (1993), Van Beers (1994), Guerrero (2002), Torres (2003), Almeida (2004)
e Patrocínio (2005) baseados na soropositividade (Anti-PGL-1) e pesquisa de bacilos na
mucosa nasal por meio da reação em cadeia da polimerase, corroboram para persistência de
infecção subclínica, principalmente em áreas com elevados níveis endêmicos. Estes fatos
motivaram o estudo endoscópico da mucosa das cavidades nasais e a participação desta
dentro do contexto de infecção subclínica, em contatos soropositivos de uma área endêmica
do Rio de Janeiro com as justificativas:
1. Constata-se que existe uma escassez de trabalhos publicados na literatura sobre o
estudo endoscópico das mucosas das cavidades nasais em pacientes com hanseníase
e em contatos. Através da utilização de fibra ótica rígida, esse tipo de abordagem
possibilitaria elevar o êxito na localização e identificação de alterações mucosas
precoces, em contatos com sorologia Anti-PGL-1 positiva.
2. Considerando que a sorologia positiva é decorrente de carga bacilar expressiva
(presente apenas nos casos multibacilares), o achado de lesões nasais específicas
nos contatos destes pacientes poderia possibilitar o diagnóstico precoce e a
confirmação de doença ativa.
3. A identificação de lesões mucosas, observada em pacientes sem tratamento prévio
conduziu ao seguimento desta linha de pesquisa (MARTINS, 2002).
20
2.OBJETIVOS
2.1. Objetivo geral :
Identificar lesões específicas e precoces de hanseníase por meio de exame
endoscópico e histopatológico, da mucosa das cavidades nasais de contatos
domiciliares e peridomiciliares, com Anti-PGL-1 positiva em 2, 3 e 4 + , residentes
no 2º Distrito de Duque de Caxias, Rio de Janeiro.
2.2.Objetivos Específicos:
Identificar lesões precoces nas mucosas das cavidades nasais pelos exames
endoscópico, histopatológico, bacteriológico e amplificação do DNA através da
técnica da reação em cadeia da polimerase (PCR) em Tempo Real.
Correlacionar os achados acima com a positividade sorológica Anti-PGL-1, sexo,
idade, forma clínica do caso índice, tipo de relação (grau de parentesco), tipo de
convívio e tipo de contato com o caso índice.
21
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3.1 Epidemiologia da hanseníase:
A hanseníase persiste como problema de saúde pública, concentrando a endemia na
África, Ásia e América Latina, mesmo com a intensificação das ações de controle da
doença, alguns países como Angola, Brasil, República Africana Central, República
Democrática do Congo, Índia, Madagascar, Moçambique, Nepal e República Unida da
Tanzânia. No ano de 2005 o número total de casos no mundo foi de 296.499 (Tabela 1),
onde o Brasil figura em segundo lugar em número de casos novos detectados (38.410)
perdendo apenas para a Índia. A partir da década de 80, com a introdução da PQT/OMS,
observou-se declínio importante nas taxas de prevalência em todos os países endêmicos. No
Brasil, no ano de 2005, a taxa de prevalência foi de 1,5 casos por 10.000 habitantes
(WHO,2006). No entanto, as taxas de incidência permanecem elevadas, indicando que a
transmissão da infecção pelo M. leprae, não foi interrompida. (WHO, 2000; LOCKWOOD,
2002).
Tabela 1- Situação Global da hanseníase – 2005.
Detecção de Casos Novos de Hanseníase no mundo
Número de casos e Taxa de detecção por 100.000 habitantes/2005
África 42.814 (5,992)
Américas 41.780 (4.98)
Ásia 201.635 (12.17)
Mediterrâneo 3.133 (0.67)
Pacífico 7.137 (0.41)
Total 296.499
Fonte: WHO, 2006.
22
Assim, no Brasil, se faz necessário um programa de vigilância resolutiva. As
estratégias de controle da doença partiram do pressuposto que a introdução da
poliquimioterapia em 1982, seria efetiva para frear a transmissão da doença. Entretanto, a
efetividade dessas estratégias em alcançar a meta de eliminação da hanseníase, definida
como Taxa de prevalência Nacional abaixo de um caso por 10 mil habitantes, parece não
ter sido atingida, já que a incidência não vem diminuindo como esperado, indicando que a
transmissão continua ativa. Tomar como base a redução do indicador de prevalência para
avaliar a endemia hansênica pode resultar em imprecisão de dados e ocasionar com isso
dificuldades para a eliminação da doença (TALHARI, 2005). Ressalta-se que há um
aspecto tendencioso das curvas de detecção ultrapassarem as de prevalência e este fato
pode ser observado tanto no Brasil quanto no Mundo, indicando menor número de casos
prevalentes do que de casos incidentes e diante disto, questiona-se a utilização da
prevalência pontual, como indicador de eliminação (FINE, 1992; MARTELLI, 2002;
KERR-PONTES, 2004; LOCKWOOD, 2005). Esta prevalência é conhecida como
instantânea ou momentânea e é medida pela freqüência da doença ou por sua taxa em um
ponto definido no tempo. No entanto, excluem-se os casos que evoluíram para a cura, para
o óbito ou que migraram e, conseqüentemente, é afetada por aspectos operacionais não
parecendo refletir a real situação epidemiológica. Entre os fatores que configuram este
efeito está a duração do tratamento em casos MB. Metade dos casos PB em esquemas de 6
meses de duração e somente os casos PB com lesão única em esquemas de dose única
detectados até o dia 31 de dezembro são registrados na prevalência pontual (ANDRADE,
1998; LOCKWOOD, 2005).
Os dados epidemiológicos do Município de Duque de Caxias no ano de 2003
demonstram altos parâmetros endêmicos, relacionados à incidência e à prevalência
23
respectivamente. Esse quadro torna-se mais evidente no 2º distrito onde a incidência é de
5,04 e o coeficiente de prevalência de 7,29 por 10 mil habitantes, valores estes indicativos
de alta endemicidade. Observa-se o crescente acometimento de casos novos em menores de
5 anos com taxa em torno de 11.57%, fato que reflete transmissibilidade ativa da doença
nesta área. Esse incremento da detecção de casos novos entre os mais jovens também é
evidenciado em vários estudos (FINE, 1982; LOMBARDI, 1990; TALHARI, 1997;
FERREIRA, 2005). Ressalta-se o alto percentual de casos novos com deformidade no ano
de 2003, especialmente no 1º e mais populoso distrito (10,7%), com 75,7% dos casos
avaliados (Tabela 2).
Tabela 2 – Indicadores Operacionais e Epidemiológicos do Programa de Eliminação da
hanseníase no Município de Duque de Caxias (DC) -2003.
Indicadores Operacionais e Epidemiológicos do Programa de Eliminação da Hanseníase /
DC
2003
distrito
distrito
distrito
distrito
Total
População total
396.221 240.158 122.909 49.326 808.614
População < 15 anos
114.456 69.374 35.505 14.249 233.583
Nº de casos novos PB
69 70 44 11 194
Nº de casos novos MB
79 51 33 9 172
Nº total de casos novos
148 121 77 20 366
Taxa de detecção de casos novos
3,74 5,04 6,26 4,05 4,53
Nº de casos novos em < 15 anos
12 14 4 1 31
% de casos novos em < 15 anos
8,11 11,57 5,19 5,00 8,47
Taxa de detecção de casos novos em < 15 anos
1,05 2,02 1,13 0,70 1,33
Nº de casos em registro ativo
174 175 112 26 487
Taxa de Prevalência
4,39 7,29 9,11 5,27 6,02
Razão casos prevalentes / casos novos detectados
1,18 1,45 1,45 1,30 1,33
Nº de casos novos com grau de IF avaliado no
diagnóstico
112 89 62 16 279
% de casos novos com grau de IF avaliado no
diagnóstico
75,7 73,6 80,5 80,0 76,2
Nº de casos novos com grau II de IF
12 5 1 0 18
% de casos novos com grau II de IF
10,7 5,6 1,6 0,0 6,5
Nº de casos novos PB em abandono
2 3 2 0 7
Nº de casos novos MB em abandono
2 1 2 0 5
24
% de casos novos PB em abandono
2,9 4,3 4,5 0,0 3,6
% de casos novos MB em abandono
2,5 2,0 6,1 0,0 2,9
% de casos novos PB curados (coorte de 2000)
90,7 94,8 90,9 75 91,8
% de casos novos MB curados (coorte de 2000)
86,8 71,4 84 88,9 82,8
Fonte – SMS/DC, 2003. Legenda: IF – Incapacidade física.
O Município de Duque de Caxias, área foco desse estudo, com seus 442 Km
2
de
extensão territorial, está localizado na região metropolitana do Estado do Rio de Janeiro
fazendo parte da Baixada Fluminense. Seu território é dividido em quatro Distritos, onde o
1º e 2º distritos têm características urbanas, enquanto o 3º e 4º distritos apresentam
características predominantemente rurais. Duque de Caxias apresenta uma população
estimada de 808.614 habitantes. Aproximadamente 99% da população vive em área urbana
e na sua maioria domiciliada no 1º e 2º distritos. Este último, objetivo deste estudo, ocupa
22% do território municipal e abriga uma população que corresponde a 30% de todo o
município.
Observa-se que a manutenção da cadeia epidemiológica da hanseníase parece estar
relacionada à probabilidade de ocorrer infecção subclínica, localizada na cavidade nasal,
como foco transitório de disseminação bacilar (KLATSER, 1993; VAN BEERS, 1994;
JADHAV, 2001; BRITON, 2004). A prevalência da infecção seria maior do que a
prevalência da doença, reforçando a importância dos contatos como fatores de risco na
transmissão da doença. A redução da prevalência é um indicador importante para monitorar
a eliminação da doença e, sua queda é influenciada por vários fatores, como a introdução da
poliquimioterapia (CUNHA, 2004). A prevalência é a incidência multiplicada pelo tempo.
No caso da hanseníase, a prevalência é em geral dez a quinze vezes a incidência e está
relacionada diretamente à longa duração da doença (conceito epidemiológico de
25
prevalência). Este fato contribui substancialmente para o aumento da infecção na
comunidade e conseqüente manutenção da transmissão (ULRICH, 1991; NORDEEN,
1993).
A norma de vigilância dos contatos considera como contato intradomiciliar toda e
qualquer pessoa que resida ou tenha residido com o doente nos últimos cinco anos. Esta
vigilância consiste no exame dérmato-neurológico dos contatos e obedece aos seguintes
critérios: exame de todos os contatos intradomiciliares dos casos novos de todas as formas
clínicas e orientação quanto ao período de incubação, transmissão, sinais e sintomas da
hanseníase e aplicação de uma dose de reforço da vacina BCG-ID (Bacilo de Calmette-
Guérin intradérmico) Na dúvida quanto à presença de cicatriz anterior, aplicam-se duas
doses da vacina (BRASIL, 2000). O intervalo mínimo recomendado para a 2ª dose de
BCG-ID é de seis meses a partir da 1ª dose (considerada a cicatriz por BCG-ID prévia
como 1ª dose, independente do tempo de aplicação). A vacinação com BCG teve início em
1921 e, em 1939 foi observado que esta vacina poderia induzir uma reação de Mitsuda
positiva. Mesmo com a possibilidade de que ocorram variabilidades em relação à eficácia
vacinal de 20-80% (VAN BEERS, 1996), esta medida vem sendo adotada nos contatos de
hanseníase em países como o Brasil e a Venezuela, visando a proteção contra as formas
MB entre os contatos vacinados (MATOS, 1999).
3.2 – Etiologia :
A hanseníase é uma doença infecto-contagiosa crônica, causada pelo
Mycobacterium leprae (M.leprae). Em 1873, Gerhard Henrik Armauer Hansen identificou
o bacilo em lesão de pele de paciente multibacilar (MB), mas, segundo Birch (1973), a
26
etiologia da hanseníase só seria divulgada para a Sociedade Médica de Christiania (Oslo)
em 1874, pelo próprio Hansen (BIRCH, 1973). O bacilo de Hansen tem afinidade pelo
sistema nervoso periférico e pela pele, podendo afetar outros órgãos, especialmente nas
formas multibacilares (MB). O M.leprae é de alta infecciosidade, ou seja, é capaz de
acometer vários indivíduos. O bacilo é relativamente pouco patogênico e somente 5% a
10% dos infectados adoecem. Essa propriedade não é função apenas de suas características
intrínsecas, mas, depende, sobretudo, de sua relação com o sistema imunológico do
hospedeiro (FINE, 1997).
3.3 – Imunopatologia:
A hanseníase foi classificada por Rabello em 1948 como uma doença polar com
duas formas opostas (HT e HV) baseando-se na resposta do organismo hospedeiro à
infecção, a partir de uma apresentação inicial indeterminada (HI). Essa classificação polar
recebeu a inclusão de novas formas clínicas denominadas “dimorfas” a partir do VI
Congresso Internacional de Leprologia realizado, em 1953, em Madri (TALHARI, 1997).
Estas novas classificações, foram usadas para designar pacientes que evoluíam da forma
indeterminada (HI) para aspectos clínicos não característicos das formas polares
tuberculóide (HT), com baixa carga bacilar e alta resposta imunológica celular e
virchowiana (HV), com alta carga bacilar e baixa resposta imunológica celular. Na década
seguinte, Ridley e Jopling (1966) sugeriram a modificação nesta classificação, subdividindo
as formas dimorfas (HD), denominadas pelos autores ingleses de “boderlines”, em
boderline-tuberculóide (HBT), boderline-boderline (HBB) e boderline-virchowiano (HBV),
27
conhecida como espectral. Diante deste conhecimento, observam-se variações nos quadros
clínicos (Ilustração 1).
Ilustração 1: Espectro clínico e imunológico da hanseníase.
TT DT DD DV VV
Imunidade
mediada
por
Células
Imunidade
mediada
por
Anticorpos
Expressão Tecidual de Citocinas
IL
-
2, IFN
γ
IL
-
4, IL
-
10
Episódios Reacionais
Reação Reversa
Lesão Neurológica
ENL
M. Leprae nos tecidos
Fonte: Adaptado de The Lancet, 2004
.
Nos extremos da ilustração estão os pacientes virchowianos (HV) e os tuberculóides
(HT) polares. Entre estes dois pólos, estão os pacientes clinicamente intermediários,
chamados de dimorfos ou boderlines. Neles, estão incluídos os dimorfos-virchowianos
(HDV), dimorfos-dimorfos (HDD) e alguns casos dimorfos-tuberculóides (HDT)
(RIDLEY, 1966). Nos pacientes com a forma HV a derme contém macrófagos vacuolados
com muitos bacilos, porém poucos linfócitos T CD4 e T CD8 positivos; o quadro clínico é
bem exuberante, onde os linfócitos e macrófagos não são capazes de se organizarem para a
formação de granulomas. Por sua vez, os pacientes com a forma HT, apresentam eficiente
resposta imunológica impedindo a multiplicação bacilar. Nas lesões há formação de
granulomas e infiltração por linfócitos T CD4 positivos secretando IFNγ, e um número
maior de lesões nervosas associadas (BRITTON, 2004).
28
A partir do conhecimento da apresentação espectral da hanseníase (Ridley e Jopling,
1966), estudos de infecção intracelular em modelos murinos evidenciaram que a resistência
ou susceptibilidade eram reguladas por duas subpopulações de linfócitos T: Th1 e Th2
produtores de citocinas potencializadoras da resposta imunológica (MOSMANN,
1986). A partir disto, as células T que produzem interleucina 2 (IL-2) e interferon gama
(IFN-γ), seriam chamadas de Th1 e mediadoras da resposta imune celular (CHER, 1987) já
que, o IFN-γ ativaria macrófagos e a IL-2 estimularia a proliferação de células T antígeno-
específicas, resultando nas formas mais brandas da doença.
Os macrófagos produzem citocinas como IL-1, Fator de Necrose Tumoral alfa
(TNF- α), IL-6 e IL-12, atuando sobre linfócitos T, geralmente a população de fenótipo
CD4+ (auxiliares), os quais produzem suas próprias citocinas. A IL-12 estimula
diretamente a célula natural killer (NK) e induz a produção de Interferon gama (IFN-γ),
com a função de potencializar a ativação macrofágica (MANETTI, 1993).
A subpopulação Th2 produz as interleucinas IL-4 e IL-10, que são supressoras da
atividade macrofágica e bloqueiam a estimulação de macrófagos, com desvio da resposta
imunológica para a resposta humoral. A IL-4 estimula os linfócitos B, que passam a
produzir imunoglobulinas e os mastócitos, que secretam mais IL-4 potencializando a
resposta supressora macrofágica. Assim, dependendo da subpopulação de células T em
atividade, durante o processo inflamatório, haverá predominância da resposta.imunológica
celular ou da resposta humoral. (FOSS, 1997).
Apesar da exacerbação e especificidade, a resposta humoral que ocorre na
hanseníase virchowiana é ineficaz para a eliminação dos bacilos. Torna-se a defesa eficaz,
quando efetuada por células capazes de fagocitar a bactéria (células apresentadoras de
29
antígenos, macrófagos e outras) ou destruí-la, apresentando às células T auxiliares apenas a
sua fração antigênica em associação com complexo de histocompatibilidade principal
(MHC: major histocompatibility complex). Nesta fase, há interação entre o macrófago e os
linfócitos T que reconhecem o antígeno através de receptores de superfície e desencadeiam
a resposta imune celular, mediada por diversos fatores, entre eles as interleucinas (IL) ou
citocinas (FOSS, 1997). O complexo MHC representa a região gênica que codifica as
moléculas de histocompatibilidade responsáveis pela apresentação de antígenos ao sistema
imune. Na espécie humana, o MHC está localizado no braço curto do cromossomo 6, sendo
denominado sistema HLA (human leukocyte antigens). A forma HT parece estar
relacionada com os alelos HLA-DR2 e HLA-DR3 e, o alelo HLA-DQ1, à forma HV.
Recentemente, sugere-se o envolvimento de outros genes não relacionados ao MHC, tais
como o NRAMP1 (gene da proteína 1 do macrófago associado à resistência natural)
localizado no cromossomo 2 e o gene receptor de vitamina D (VDR) no cromossomo 12
(ROY, 1999; ALVES, 2006).
O M.leprae apresenta em sua parede o antígeno glicolípideo fenólico-1 (PGL-1). O
PGL-1 é específico deste bacilo e constitui cerca de 2% da massa total bacteriana e pode ser
encontrado nos tecidos, no sangue circulante e na urina de doentes multibacilares. A
estrutura deste antígeno é composta de um trissacarídeo, fenol, fitiocerol e de ácido
micosídico (HUNTER, 1981) cuja fórmula é 3,6-di-O-metil-β-D-glicopiranosil-2-3-di-O-
metil-α-L-ramnopiranosil-3-O-metil- α−L-ramnopiranosil, insolúvel em meio aquoso. Em
pessoas infectadas pelo bacilo, este antígeno é o alvo para produção de anticorpos IgM e
IgG (HUNTER, 1982) e tem a característica de não apresentar reação cruzada com M.
tuberculosis ou outras micobactérias. Os teste sorológicos permitem a detecção de
30
anticorpos Anti-PGL-1, contudo, observa-se que os diferentes antígenos utilizados,
diluições e pontos de corte podem modificar os resultados. Quanto maior a diluição (maior
que 1/300), menor a detecção dos anticorpos e sensibilidade do teste. O antígeno
dissacarídeo quando ligado a soroalbumina bovina (D-BSA), apresenta alta solubilidade em
soluções aquosas e oferece linearidade das ligações dos anticorpos com conseqüente
melhor reprodutibilidade (BRETT, 1983; CHANTEU, 1988).
Ressalva-se que a produção dos antígenos, PGL-1 e LAM (lipoarabinomanana)
pelo M. leprae (HUNTER, 1986), geram mecanismo de supressão e escape à oxigenação
dos macrófagos e parecem desempenhar ação na patogenicidade da doença, pois os
mecanismos de supressão mediados por diferentes antígenos do M.leprae ocorrem a partir
da identificação do terminal dissacarídeo fenólico glicolipídeo 1 e a fração protéica
antigênica 36 KDa (KiloDaltons) (ROACH, 1993; FOSS, 1997).
A detecção sorológica de anticorpos Anti-PGL-1 através do teste de ELISA
(Enzyme Linked Immunosorbent Assay) pode ser utilizada para análises epidemiológicas em
áreas onde a população é endêmica. Um outro teste é o Dipstick, o qual possibilita a
detecção de anticorpos Anti-PGL-1 no sangue de pacientes com hanseníase (BÜHRER-
SÉKULA, 1998) e apresenta alta concordância com o teste de ELISA. Ambas as técnicas
(ELISA ou Dipstick), alternativas ao diagnóstico clínico convencional, mostram-se
específicas para a detecção de anticorpos contra essa molécula que representa o contato
com o bacilo em amostras de sangue desses pacientes (BÜHRER-SÉKULA, 1998;
BARROS, 2000).
Com o objetivo de simplificar a técnica operacional e atingir resultados em tempo
mais rápido, recentemente foi introduzido o teste de fluxo lateral (ML Flow),
imunocromatográfico com utilização do antígeno semi-sintético NT-P-BSA (trissacarídeo
31
natural-phenyl-BSA) e detecção de IgM específicos contra o glicolipídeo fenólico-1
(BÜHRER-SÉKULA, 1998). Entre o teste PGL-1 ELISA e o ML Flow há concordância de
91%. Em contrapartida, a sensibilidade deste último para a classificação correta de
pacientes no pólo virchowiano é de 97,4 % e a especificidade em torno de 98%, enquanto
que, no pólo tuberculóide, que apresentam baixos níveis de detecção de imunoglobulina
específica do tipo IgM, a sensibilidade é de 30-60% (BÜHRER-SÉKULA, 1998). Nos
pacientes PB, essa percentagem é ainda maior quando o método do ML Flow é associado à
contagem do número de lesões na pele, chegando a 93% e, nos pacientes MB, 94%
(BÜHRER-SÉKULA, 2000).
Níveis elevados do anticorpo (Ac) contra o PGL-1 são encontrados nos pacientes
com as formas MB. A ativação da resposta humoral e envolvimento sistêmico estão
associados com a carga bacilar (ROCHE, 1990; DOUGLAS, 1988; CELLONA, 1993). A
positividade sorológica é mais elevada entre os mais jovens, sem que haja explicação para
este achado. Por outro lado, estes níveis são decrescentes à medida que caminhamos para o
espectro imunológico oposto (DOUGLAS, 1984; KLATSER, 1989; ULRICH, 1991;
CELLONA, 1993; VAN BEERS, 1994; CHANTEU, 1988; MATOS, 1999; TORRES,
2003; DOUGLAS, 2004; CALADO, 2005). A redução dos níveis de Anti-PGL-1 também
ocorre com a introdução da poliquimioterapia, e é acompanhada de redução de IL-4 e
aumento de TNF-α.
Os anticorpos contra o PGL-1 estão presentes em 90% dos pacientes multibacilares
(MB) não tratados. Nos pacientes paucibacilares (PB) e controles saudáveis, a sorologia
encontra-se positiva em torno de 40 a 50% e 1 a 5% respectivamente (CHO, 2001).
32
Este estudo utilizou o teste de fluxo lateral (Ml Flow) para avaliar a positividade
sorológica entre contatos de pacientes de hanseníase.
3.4. Manifestações clínicas da doença:
A hanseníase é uma doença dermatológica, com sinais e sintomas expressos na pele
e possui características infecciosa, imunológica e neurológica com possibilidade de gerar
problemas relativos a incapacidade funcional do paciente economicamente ativo. Com
finalidade terapêutica, pode ser utilizada a classificação operacional baseada no número de
lesões cutâneas e de nervos acometidos proposta pela Organização Mundial de Saúde: até
cinco lesões o paciente é classificado como PB e, mais de cinco lesões, MB. Soma-se a este
critério, independente do número de lesões, a baciloscopia, que classifica o paciente como
MB quando positiva (BRASIL, 2001).
Em todas as formas clínicas da doença são observadas manifestações neurológicas,
no entanto, na hanseníase indeterminada, clinicamente não há comprometimento de troncos
nervosos. Já na hanseníase tuberculóide, o acometimento neural ocorre com maior
precocidade e intensidade. A forma disseminada da doença com acometimento da pele,
mucosa e órgãos pode ser observada na hanseníase virchowiana (OLIVEIRA, 1989). A
manifestação mucosa mais freqüente ocorre nas cavidades nasais, possível sítio primário de
infecção e, pode ocasionar em geral, congestão nasal, rinorréia, ressecamento com
eliminação de crostas, atrofia, alteração do olfato e epistaxe (MARTINS, 2005).
A extensão das manifestações clínicas é dependente da interação imunológica do
indivíduo com o bacilo ou restos bacilares. Alguns pacientes desenvolvem episódios
reacionais antes, durante ou após o tratamento. As reações são denominadas tipo 1 ou
33
reação reversa (RR) e tipo II ou reação de eritema nodoso (ENH). As reações reversas
ocorrem com maior freqüência nos pacientes tuberculóides e dimorfos com eritema, edema
das lesões, espessamento neural e neurite silenciosa. As lesões preexistentes tornam-se
eritematovioláceas, sensíveis, intumescidas, elevadas e as máculas tornam-se placas.
Ocorre, também, elevação e melhor definição dos limites das lesões e podem evoluir para
descamação e ulceração. Há tendência de surgimento de novas lesões, em áreas adjacentes,
semelhantes às lesões preexistentes, e podem ser numerosas, pequenas e esparsas. A reação
tipo 2 é caracterizada pela presença do eritema nodoso hansênico (ENH) e os pacientes
virchowianos são os mais acometidos. Manifesta-se com queda do estado geral, prostração
pela dor, anorexia, febre, insônia e depressão. A face, mãos e pés tornam-se edemaciados,
assim como o fígado, baço e linfonodos podem aumentar de volume. O freqüente
comprometimento de nervos, olhos e testículos, torna importante a reavaliação destes, nos
episódios reacionais, já que a intervenção terapêutica precoce auxilia na prevenção de
seqüelas. No episódio de reação tipo eritema nodoso, quando há erupção cutânea, a pele,
aparentemente normal, é acometida com surgimento súbito, de pápulas, nódulos e placas,
dolorosos e tensos, ao toque, de coloração rósea a eritematoviolácea, com margens não
definidas, que evoluem com descamação central e podem tornar-se hemorrágicas e vesico-
bolhosas, podendo evoluir para ulceração.
A utilização de métodos diagnósticos complementares como testes sorológicos, a
endoscopia nasal, a baciloscopia do muco, o exame histopatológico e a reação em cadeia da
polimerase (PCR) são poderosas ferramentas que aliadas ao exame dérmato-neurológico
contribuem efetivamente para a detecção precoce dos pacientes.
34
3.5- A mucosa nasal:
Em relação à transmissão da doença, vários autores descrevem a importância da
mucosa nasal como provável via de entrada e saída para o M.leprae, apontando o nariz
como sede inicial das lesões lepróticas e seu papel primordial na disseminação da
hanseníase (LELOIR, 1886; CERRUTI, 1945; JOB, 1966; BARTON, 1973, PEDLEY,
1973; BARTON, 1974; DAVEY, 1974; BARTON, 1975; PEDLEY, 1975; WARREN,
1975; BARTON 1976a, 1976b; CHACKO, 1979; BARTON, 1982; FINE, 1982; GREEN,
1983; KLATSER, 1993; NOORDEEN, 1993; PATTYN, 1993; VAN BEERS, 1994;
RAMAPRASAD, 1997; HUGHES, 2001; NAAFS, 2001; PINTO-NETO, 2002; TORRES,
2003, BRITTON, 2004). Admite-se que a inoculação ocorra principalmente pela mucosa
nasal e/ou através de soluções de continuidade como lesões ulceradas, cortes e rachaduras
na pele dos doentes, caso o contactante também apresente solução de continuidade na pele.
No que diz respeito à eliminação de bacilos através da secreção nasal, alguns
autores chamam a atenção quanto à semelhança entre a tuberculose e a hanseníase. Na
primeira, a transmissão da doença está relacionada à eliminação de gotículas de 1 a 3 micra
de diâmetro, contaminadas por bacilos e exaladas pelo doente com tuberculose
predominantemente pulmonar (GOMES, 2000). Na hanseníase, a quantidade de bacilos
eliminada por pacientes bacilíferos é de até 10
5
a 10
7
, diariamente, sugerindo serem as vias
aéreas superiores responsáveis pela transmissão de bacilos e sítio primário de infecção.
Apesar disso, somente na tuberculose há o desenvolvimento de lesões pulmonares
(SHEPARD, 1965; REES, 1974; BARTON, 1975; MCDOUGALL, 1978; CHACKO,
1979; DYSSANAYAKE, 2004). Uma outra diferença é que poucos contatos de pacientes
com tuberculose apresentam bacilos no muco nasal (WARNDORFF, 1996) e, apesar da
35
exposição, o índice de doença entre esses contatos é muito baixo. Em contraste, um número
significativo de contatos de hanseníase desenvolve a doença (DISSANAYAKE, 2004). A
incidência também é diferente entre essas duas doenças. A estimativa global de tuberculose
no ano de 2004 foi de 8.918 milhões com 1,7 milhões de mortes e declínio de 1 a 2% ao
ano, principalmente após a introdução da quimioterapia (WHO, 2006). Por outro lado, a
hanseníase continua sendo um problema de saúde pública, mesmo após a introdução da
poliquimioterapia. Um outro dado interessante é que na tuberculose a maioria dos pacientes
está na faixa de idade acima dos vinte anos, com sinais e sintomas mais tardios, enquanto
que, na hanseníase, encontram-se pacientes abaixo desta faixa etária e já com alterações
dérmato-neurológicas que caracterizam a doença (DISSANAYAKE, 2004).
Depois de Shepard, outros estudiosos também encontraram bacilos no muco nasal,
principalmente nos pacientes com a forma clínica MHV e mais raramente com formas
dimorfas MB (BARTON, 1973; PEDLEY, 1973; DAVEY, 1974; BARTON, 1975).
A pele adjacente ao nariz ou de áreas próximas tocadas repetidamente pelos dedos
das mãos poderia ser contaminada e conter em sua superfície numerosos bacilos. A
presença destes no muco nasal poderia ser um sinal indicativo de infecção. O exame
microscópico da mucosa revela aparência normal, mesmo quando se acham bacilos
adjacentes à superfície mucosa. Isso ocorre nas fases mais iniciais sem que haja quebra da
integridade da superfície, tal como erosão ou ulceração (PEDLEY, 1973). Acredita-se que
95% dos pacientes MHV terão envolvimento nasal precoce. Mesmo sem lesões mucosas
visíveis é possível encontrar alterações histopatológicas específicas da doença (BARTON,
1974).
36
Comparando pacientes não tratados com pacientes em tratamento com PQT/OMS, é
admissível determinar, ou melhor, quantificar o número de bacilos exalados na respiração
nasal. Em pacientes não tratados, com formas clínicas MB, o número de bacilos exalados
pelo nariz é em torno de 3,8x10
4
; nos casos em tratamento por um mês, de 2,9x10
4
e em um
grupo em tratamento por 3 meses, de 2,8x10
4
bacilos (GREEN, 1983).
A baixa temperatura da mucosa nasal, entre 20
0
C e 30
0
C, poderia facilitar o
crescimento do M.leprae, que pode ser encontrado em partes menos aquecidas da superfície
do corpo, como a pele das extremidades; os lobos, a hélix, a anti-hélix o tragus das orelhas;
a cartilagem alar e o septo nasal e nos testículos (SHEPARD, 1965; BARTON, 1974;
CHACKO, 1979; JOB, 1966; MC DOUGALL, 1978). O clima, também, pode alterar o
padrão de carreamento bacilar. Durante as monções Indianas, a taxa de indivíduos com a
PCR positiva para o M.Leprae aumenta quando comparados às estações secas (SMITH,
2004). Além da temperatura, a poeira e fômites de casas pouco arejadas poderiam favorecer
a viabilidade bacilar (KERR-PONTES, 2004). A persistência de bacilos viáveis é de dois a
sete dias e destruídos quando expostos à luz solar (DAVEY, 1974; REES, 1974; NAAFS,
2001).
Supõe-se a existência de infecção subclínica transitória em contatos e que esta,
possa ser conseqüência da descarga nasal de pacientes bacilíferos, com desenvolvimento ou
não da doença. Tal fato sugere ser a mucosa nasal, o provável sítio inicial da resposta
imunológica (DAVEY, 1974; REES, 1974; NOORDEEN, 1993; PATTYN, 1993; VAN
BEERS, 1994; RAMAPRASAD, 1997; FOKKENS, 1998; SCOLLARD, 1999; MATOS,
2000; JADHAV, 2001; TORRES, 2003; AZULAY, 2004; BRITTON, 2004;
PATROCÍNIO, 2005). A grande maioria dos autores concorda que o nariz seja uma
importante via de saída do M.leprae do organismo infectado, invadindo-o depois da
37
deposição na mucosa nasal (BARTON, 1974; PATTYN, 1993; BRITTON, 2004). Ainda é
discutível a disseminação linfo-hematogênica a partir das vias aéreas superiores como porta
de entrada do bacilo. Isto poderia ser explicado pela ausência de lesões ou infiltrado
inflamatório, a partir da análise do lavado bronco-alveolar em camundongos suíços por
meio da inoculação única do M.leprae via intranasal (VILANI-MORENO, 1999).
Em relação às manifestações da doença, atenta-se para o acometimento das mucosas
do nariz, da boca, da garganta, da laringe e dos olhos, as quais seriam invadidas desde o
início da erupção tuberosa da pele, sobretudo à do nariz (LELOIR, 1886). Nos casos mais
avançados da doença, como nos pacientes MB, quando já houver lesões típicas, ou mesmo
nos casos iniciais e suspeitos, o exame das cavidades nasais pode adquirir valor especial, já
que o acometimento da parte ântero-inferior do septo nasal e conchas inferiores ocorre com
maior freqüência (CERRUTI, 1945; PEDDLEY, 1973; BARTON, 1974; DAVEY, 1974;
BARTON, 1976a; BARTON, 1976b; MONTSERRAT, 1985; CRISTOFOLIN, 1988;
CRISTOFOLINI, 1991). Apesar da maior freqüência de acometimento ser anterior, é
possível encontrar alterações mucosas na parte posterior do nariz, ou seja, as alterações
começariam na parte anterior e depois se disseminariam para a região posterior (BARTON,
1974, 1976, 1982). Diante disso, a endoscopia das cavidades nasais torna-se mandatória
para o exame otorrinolaringológico do paciente (SONI, 1977, 1995).
Considera-se a mucosa nasal comprometida quando nela se evidencia, na rinoscopia
anterior e posterior, lesões típicas e individualizadas da rinite hanseniana como infiltração,
lepromas, ulcerações e perfuração. Outros aspectos observados, não exclusivos da rinite
hanseniana, como descoramento ou palidez da mucosa, congestão, ectasias, crostas, atrofia,
ressecamento e presença de sangue, também podem ser encontrados. Em muitos pacientes,
38
esses achados foram determinados pela infecção hanseniana, conforme demonstrado
através da bacterioscopia e da histopatologia com infiltração perivascular e neural
específicas da hanseníase (CERRUTI, 1945; BARTON, 1974, 1976; SONI, 1988). É
possível identificar alterações histopatológicas compatíveis com hanseníase em pacientes
com a mucosa aparentemente normal nos quais, mesmo após o tratamento monoterápico
(Dapsona – DDS), esquema terapêutico predominante na década de 70, alguns bacilos
foram encontrados na mucosa nasal apesar da ausência de sinais clínicos ou evidência
histológica da doença ativa na pele (BARTON, 1974; DAVEY, 1974; BARTON, 1982). As
alterações endonasais presentes nos pacientes MHV, poderiam ser constatadas também nas
formas tuberculóide e dimorfas. Com isso, foi proposta a divisão das lesões encontradas nas
mucosas das cavidades nasais em quatro estágios: estágio I, da invasão bacilar; estágio II,
de proliferação; estágio III, de destruição e ulceração; estágio IV, de resolução e fibrose
(JOB, 1966).
Não somente os pacientes com hanseníase, mas também, contatos saudáveis, podem
carrear o M.leprae na mucosa nasal e constituir os chamados carreadores assintomáticos. O
método de amplificação do DNA pela técnica da PCR parece ser o mais específico e
sensível para a detecção do bacilo nessa região (DE WIT, 1993; KLATSER,
1993; PATTYN, 1993; VAN BEERS, 1994; CHAN, 1997; VAN BEERS, 1999; JADHAV,
2001; GUERRERO, 2002; TORRES, 2003; ALMEIDA, 2004; PATROCÍNIO, 2005;
MARTINEZ, 2006). É admissível encontrar positividade no swab nasal com a técnica da
PCR nos contatos dos casos tratados e curados com as formas MB e PB. Apesar da
prevalência ser maior entre os homens, fato não relevante em relação à positividade da
técnica da PCR, esse achado parece sugerir suscetibilidade aumentada dos homens por
39
maior exposição ao bacilo (KLATSER, 1993; PATTYN, 1993).
A positividade da técnica da PCR obtida pela biópsia da mucosa nasal, mesmo em
contatos de casos índice PB, constitui esta forma como relevante na cadeia de transmissão
da doença e aponta mais uma vez a mucosa nasal como sítio primário de infecção e com
importante papel como barreira imunológica (PATROCÍNIO, 2005).
Vários estudos indicam que não há diferença significativa na positividade da técnica
da PCR entre os contatos e não contatos. Nesse sentido, pressupõe-se que nas áreas onde a
hanseníase é endêmica o risco de exposição ao M.leprae é similar aos estudos sorológicos,
onde a prevalência da positividade dos anticorpos a determinado antígeno pode ser
considerada como um sintoma de envolvimento sistêmico por exposição contínua
(NOORDEEN, 1993; PATTYN, 1993; KLATSER, 1993; VAN BEERS, 1999).
Para alguns autores os inquéritos populacionais para detecção ativa de casos não são
efetivos e identificam poucos casos da doença, mesmo quando em regiões de alta
endemicidade. Os programas de controle e eliminação da hanseníase baseiam-se na
detecção passiva e, em situações especiais, na busca ativa dos contatos. Mesmo com maior
risco de adoecimento entre os contatos domiciliares de pacientes MB, o percentual de casos
incidentes gerados por estes contatos é de apenas 15% a 30% (FINE, 1982; MATOS,
1999). O exame do contato mesmo quando ampliado para além dos contatos
intradomiciliares, não garante a detecção da maioria dos casos incidentes (MARTELLI,
2002). A utilização de novas técnicas para o diagnóstico, mesmo que onerosas,
possivelmente poderão contribuir para a identificação precoce da doença e auxiliar com
isso a interrupção da cadeia epidemiológica da hanseníase.
40
4-MÉTODOS DIAGNÓSTICOS UTILIZADOS NO ESTUDO
4.1- Endoscopia nasal:
O exame endoscópico nasal realizado com fibra ótica permite o estudo de toda a
cavidade nasal e oferece melhor acurácia na identificação de lesões antes não visualizadas à
rinoscopia anterior. Esta última, além de requerer fonte luminosa indireta, se limita à região
anterior das cavidades nasais. A endoscopia nasal pode auxiliar o diagnóstico em
associação à história clínica e o registro das lesões, bem como ser utilizada para o
acompanhamento dos pacientes com o objetivo de se evitarem seqüelas para os mesmos
(PRADES, 1970; SONI, 1977; BELAL, 1978; SONI, 1995).
4.2-Baciloscopia do muco:
Vários outros autores são unânimes quanto à presença de bacilos no muco nasal e
ressaltam a importância desse achado quando associado ao exame clínico e à baciloscopia
das lesões cutâneas (BARTON, 1974; DAVEY, 1974; BARTON, 1982; GREEN, 1983;
KLATSER, 1993; VAN BEERS, 1998; RAMAPRASAD, 1997; NAAFS, 2001). O muco
encontra-se positivo em elevada percentagem nos doentes virchowianos e dimorfos,
exigindo que se façam exames repetidos nos indivíduos suspeitos na ausência de lesão
dérmato-neurológica ou positividade laboratorial (CERRUTI, 1945; BARTON, 1974).
Os valores dos índices: baciloscópico (B.I - carga bacilar) e morfológico (M.I. -
número de bacilos nas formas sólida fragmentada e granulosa. Inviáveis se, após a
coloração com carbo-fucsina, apresentarem uma coloração não sólida), quando aumentados
no nariz e comparados à pele, estão relacionados à disseminação sistêmica da doença. O
41
envolvimento do endotélio e o infiltrado perivascular dos vasos sangüíneos do nariz
parecem influenciar a contínua bacilinemia, expressando disseminação hematogênica da
infecção, característica dos pacientes não tratados com a forma MHV (PEDLEY, 1973;
DAVEY, 1974; REES, 1974; MCDOUGALL, 1978; SUNEETHA, 1998; FOKKENS,
1998).
Entretanto, o exame do muco não permite o diagnóstico precoce, uma vez que a
positividade deste método só ocorre após a evidência clínica de outros sintomas, sejam eles
dermatológicos ou neurológicos, os quais já são suficientes para permitir o diagnóstico
(CERRUTI, 1945).
A baciloscopia do muco nasal pode estar associada a bactérias saprófitas, além de
ocasionar traumatismo da mucosa com fácil sangramento nasal, razões porque a mesma foi
excluída da rotina diagnóstica e hoje indicada apenas em protocolos rigorosos de
investigação científica. A eliminação dos bacilos mortos é de 0,6 a 1,0 unidade do índice
baciloscópico por ano, não havendo modificação com a poliquimioterapia. Isto explica
porque o tempo de tratamento não deve ser continuado até a negativação da baciloscopia
(BRASIL, 1994; TALHARI, 1997).
4.3-Histopatologia:
A utilização do exame histopatológico é de grande valor na confirmação e
classificação das formas clínicas de hanseníase, especialmente nos casos MHI, pois este
exame poderá mostrar precocemente a tendência para um ou outro tipo polar (tuberculóide ou
virchowiano). A biópsia deve ser processada e fixada em formol a 10% ou Millonig (formol
42
tamponado), sendo utilizadas as colorações de Hematoxilina-Eosina, Ziehl-Wade-
Klingmuller ou Fite Faraco.
O epitélio nasal é do tipo pseudoestratificado cilíndrico ciliado com células
caliciformes e, por sofrer múltiplas agressões, dificilmente se mantém normal. Entre os
fatores agressores temos: temperaturas extremas, processos infecciosos, poluição e traumas.
Esse contínuo ataque leva à diminuição dos cílios onde há impacto do ar, além do aumento
do número de células caliciformes e de células inflamatórias. O caráter progressivo da
metaplasia escamosa encontrada nesses casos desde a infância, consiste em um fenômeno
normal como resposta protetora às influências externas e pode ser observado com
freqüência nas rinopatias alérgicas (CAMPOS, 1994).
Acredita-se que 95% dos pacientes MHV terão envolvimento nasal precoce.
Mesmo sem lesões mucosas visíveis é possível encontrar alterações histopatológicas
específicas da doença (BARTON, 1974). Nestes pacientes MHV, no estágio de invasão
bacilar, observa-se um grande número de células produtoras de muco, edema e aumento da
vascularização da submucosa, infiltrada por plasmócitos e linfócitos. Esta grande
quantidade de muco, explicaria a congestão nasal e rinorréia característicos neste estágio.
Posteriormente, no estágio de proliferação, ocorre uma exacerbação dos achados anteriores,
conferindo à mucosa, aspecto granuloso; neste estágio, a presença de macrófagos no
infiltrado inflamatório é predominante. O estágio a seguir é o de destruição e ulceração da
mucosa, com infiltrado inflamatório constituído por macrófagos com numerosos bacilos,
além de linfócitos e plasmócitos. Já o ultimo estágio, o de resolução e fibrose, a fibrose é
marcante e raramente são encontrados bacilos (JOB, 1966).
43
4.4-Sorologia:
Tomando como base os estudos recentes utilizando-se a técnica da PCR e a
sorologia Anti-PGL-1, é possível estabelecer um estadiamento para a transmissão da
hanseníase. O estágio um estaria relacionado à exposição, incluindo os casos com a PCR
positiva e sorologia ainda negativa. Nesse estágio, seria provável a destruição do M.leprae
sem a ocorrência da interação macrófago-linfócito e conseqüente produção de anticorpos
detectáveis. A infecção subclínica estaria presente no estágio dois, já com a detecção de
anticorpos Anti-PGL-1. A doença propriamente dita, acompanhada de manifestações
clínicas ou dérmato-neurológicas, estaria representada no estágio três (MATOS, 2000).
A detecção de anticorpos Anti-PGL-1 pode auxiliar na classificação da doença
porque expressa a carga bacilar e corrobora o diagnóstico dos pacientes MB podendo
também, identificar os contatos infectados (ROCHE, 1990; BÜHRER-SÉKULA, 1998,
2000). Entretanto, as pesquisas sorológicas não refletem infecção em todos os indivíduos,
já que a maioria dos pacientes PB apresenta baixos níveis de imunoglobulina do tipo IgM
reagindo contra o PGL-1 (BRETT, 1983; DOUGLAS, 1984; KLATSER, 1989; ROCHE,
1990). Discute-se ainda, a aplicabilidade do teste sorológico como diagnóstico da infecção
clínica, já que nem toda infecção gera resposta sorológica, além de não permitir a distinção
entre infecção pregressa ou presente. A pesquisa sorológica estaria relacionada com a
extensão e transmissão da infecção em uma população, ou melhor, refletiria a exposição
versus infecção (VAN BEERS, 1994; MOET, 2004).
Quando se avalia a exposição versus infecção, um fator determinante para a
transmissão é a proximidade do contato com os doentes de hanseníase (MENZEL, 1987). O
risco relativo de desenvolver hanseníase foi demonstrado ser em torno
44
de 7,2 vezes maior nos contatos soropositivos de pacientes MB, comparado aos contatos
soronegativos, e de 3,8 vezes maior para os contatos soropositivos de PB. O risco de
desenvolver a forma multibacilar é 24 vezes maior entre os contatos soropositivos do que
nos contatos soronegativos (DOUGLAS, 2004). Existem evidências de maior
soropositividade entre os doentes do que entre os não doentes, mas não de maior
soropositividade entre os contatos domiciliares ao serem comparados a indivíduos que não
residem na mesma casa que o caso índice (ULRICH, 1991; FINE, 1997; DOUGLAS,
2004). No entanto, estima-se um risco de 5 a 8 vezes maior de desenvolver doença entre os
contatos de doentes MB em relação aos sem contato intradomiciliar (FINE, 1997).
Quando o conceito de contato é ampliado, incluindo os contatos extradomiciliares,
observa-se que o risco é 9 vezes maior entre os contatos que convivem diretamente com os
doentes de hanseníase e 4 vezes maior entre os vizinhos diretos quando comparado com os
indivíduos sem contato com os doentes (VAN BEERS, 1999).
Para Van Beers (1996), o contato constitui fator determinante na incidência da
hanseníase, subdividindo-o em contato intradomiciliar, contato de vizinhança e contato
social. Em outras palavras, o risco de adquirir a doença encontra-se mais alto nos contatos
de doentes MB, enquanto que para os contatos de doentes PB é semelhante ao risco dos
vizinhos diretos de casos MB. Isso parece indicar que tanto a forma clínica da doença como
a distância do caso índice são fatores determinantes para o risco de adoecer (VAN BEERS,
1996). Tais resultados apontam para a importância da vigilância dos contatos dentro do
programa de controle e eliminação da hanseníase. Paralelamente, o aumento do nível de
anticorpos em testes repetidos nos contatos soropositivos poderia indicar o
45
desenvolvimento precoce da doença clínica e contribuir para a prevenção da transmissão
(BÜHRER-SÉKULA, 2003).
A positividade entre os contatos domiciliares parece estar relacionada com o tempo
de exposição ao caso índice, sendo semelhante aos não contatos. Este fato pode sugerir
risco uniforme de exposição em uma população hiperendêmica (BAGSHAVE, 1989;
KLATSER, 1993; VAN BEERS, 1994; MATOS, 1999; VAN BEERS, 1999; DOUGLAS,
2004). Entretanto, nas áreas de baixa endemicidade esta similaridade sorológica apresenta
variações significativas (MENZEL, 1987; CELLONA, 1993). Mesmo nos países
endêmicos, onde a maioria da população é presumidamente exposta ao M.leprae, o risco de
desenvolver sintomas clínicos da hanseníase, varia de 1 (JADHAV, 2001; TORRES, 2003)
a 5% (SARNO, 2003) segundo os autores, até 10% (Guia de controle da Hanseníase na
Atenção básica Ministério da Saúde, 2001).
4.5-Reação em cadeia da polimerase (PCR):
Com o advento da reação em cadeia da polimerase (PCR) é possível detectarmos
quantidades mínimas de DNA, equivalente a menos do que o DNA contido em 20 células,
sendo um método específico e sensível. O alto potencial de risco em grupos de contatos
com hanseníase, sem sintomas ou sinais de atividade clínica poderia estar relacionado com
a infecção subclínica. A detecção, mesmo nos casos com número reduzidos de bacilos pela
técnica da PCR na mucosa nasal, reforça a hipótese da ocorrência da disseminação do M.
leprae ocorrer na população procedente de áreas endêmicas (KLATSER, 1993; PATTYN,
1993; VAN BEERS, 1999; JADHAV, 2001; GUERRERO, 2002; TORRES, 2003).
46
A utilização de novas técnicas como a PCR em Tempo Real, vem contribuir para a
detecção do M.leprae e auxiliar os métodos tradicionais de diagnóstico da doença, como a
baciloscopia e histopatologia, constituindo um grande avanço em relação ao diagnóstico
clínico. Esta técnica permite gerar resultados quantitativos e conseqüentemente, mais
precisos. Como a doença pode estar relacionada à associação de fatores genéticos e
ambientais, além da exposição ao bacilo, a positividade da PCR em amostras de sangue e
secreção nasal de contatos não caracteriza obrigatoriamente o adoecimento (ALMEIDA,
2004).
47
5. MATERIAIS E MÉTODOS
5.1-Tipo de estudo:
Estudo transversal, com amostra intencional de contatos domiciliares e
peridomiciliares de pacientes com hanseníase diagnosticados entre 1998 a 2002, positivos
para o ML Flow (= e > 2+) no ano de 2003.
5.2- Área do estudo:
O distrito de DC ocupa 22% do território municipal e abriga uma população que
corresponde a 30% de todo o município. Apresentando características predominantemente
urbanas, compreende 71 bairros, sendo que apenas 06, com maior prevalência de
hanseníase com predomínio de acometimento maior entre as mulheres (51,5%).
5.3-Detalhamento da casuística
Foram submetidos ao exame otorrinolaringológico, 31 contatos domiciliares e
peridomiciliares de pacientes de hanseníase, com resultados sorológicos de 2+, 3+ e 4+ ao
teste de fluxo lateral (ML Flow) e avaliados clinicamente para afastar hanseníase (exame
dérmato-neurológico).
Trata-se de um subprojeto do inquérito soro-epidemiológico de contatos
domiciliares e peridomiciliares, de todos os casos novos notificados pela Secretaria
Municipal de Saúde (SMS) com hanseníase, no período de 1998 a 2002 e residentes no
segundo distrito sanitário de Duque de Caxias. O projeto é vinculado à Linha de pesquisa –
Hanseníase- do programa de Pós-Graduação em Dermatologia da UFRJ. A partir da
identificação do caso índice, a equipe composta de médicos dermatologistas, acadêmicos de
48
medicina e pessoal de enfermagem, realiza visitas domiciliares anuais, para teste sorológico
e exame dérmato-neurológico. No inquérito, foram avaliados 390 domicílios de casos de
hanseníase e identificados 2130 contatos. Destes, 1886 foram submetidos ao teste
sorológico (87,6%) com uma perda de 264 contatos (12,4%) devido à mudança de
domicílio, óbitos, ausência no momento do exame e recusa.
5.4-Critérios de inclusão:
Contatos domiciliares e peridomiciliares de hanseníase no período de 1998 a 2002,
com sorologia positiva em 2, 3 e 4 + para o antígeno PGL-1 e (Ml Flow) no ano de 2003,
maiores de 15 anos e que aceitaram participar do estudo.
5.5-Critérios de exclusão:
Contatos com sorologias negativas, duvidosas ou 1 +, os menores de 15 de idade e
os que apresentaram lesões clínicas (cutâneas e neurológicas) de hanseníase, além daqueles
que não aceitaram participar do estudo.
5.6-Controles para a RT-PCR e para o exame histopatológico :
Realizou-se a coleta de fragmento da mucosa nasal, mais especificamente, da
concha inferior direita sob anestesia local para amplificação do DNA para a RT-PCR de 05
controles saudáveis, profissionais da área de saúde, e de 01 paciente diagnosticado como
MHV.
49
5.7-Descrição do teste para detecção do Ac Anti-PGL-1:
O ML Flow é um método simples para detectar anticorpos contra o PGL-1 do M.
leprae com a utilização do antígeno semi-sintético, trissacarídeo natural ligado à albumina
de soro bovino (NT-P-BSA). O teste é composto de um cartucho plástico retangular,
achatado, com cerca de 8,0 cm de comprimento, 1,5 cm de largura e 0,5 cm de espessura.
Em uma das extremidades apresenta um receptáculo redondo, onde se coloca o soro ou
sangue do paciente. No centro do cartucho encontra-se uma abertura chamada de zona de
teste e identificada com as letras T (teste) e C (controle). Na área onde se coloca a amostra,
há o anticorpo marcado pelo reagente de detecção que é feito de partículas móveis de ouro
coloidal vermelho rotuladas com IgM Anti-humana. Na outra extremidade da fita de
nitrocelulose, os líquidos são absorvidos devido à presença de um papel de filtro, que
facilita o fluxo do teste. O teste consiste em se adicionar 5ml de amostra de soro ou sangue
completo a 130 ml de solução tampão, em um receptáculo para amostras. O líquido é
absorvido, passando pelas linhas do antígeno e do controle negativo. O reagente de
detecção se ligará aos anticorpos IgM na amostra e se deslocarão da membrana porosa até a
zona do teste. Como o resultado leva 3 horas para ser lido, foi adaptado utilizando-se um
sistema rápido que é o teste ML Flow de fluxo lateral. Com este, ao utilizarmos soro, o
resultado pode ser lido depois de 10 minutos e, quando utilizado sangue total deve-se ler o
resultado no máximo até 5 minutos, pois as células vermelhas podem atrapalhar um pouco
a leitura já que a pigmentação do reagente tem a coloração avermelhada (Ilustração 2).
50
Ilustração 2: Teste de fluxo lateral / ML Flow (Royal Tropical Institute
Kit de Amsterdã).
5.8-Interpretação do teste:
Nos casos positivos, o anticorpo se ligará ao antígeno e uma segunda linha
aparecerá na zona de teste. Nos casos negativos, na ausência de anticorpo IgM específico
ao M. leprae, não será observado a segunda linha na zona de teste. De acordo com a
intensidade da pigmentação na linha de teste é que se quantifica a positividade em 1+, 2+,
3+ e 4+ (Ilustração 3).
Negativo 1+ 2+ 3+ 4+
Linha de controle
Linha de teste
Ilustração 3: Da esquerda para direita: Os dois pri-
meiros são negativos e os restantes positivos. Notar
as linhas de teste e de controle.
51
5.9-Endoscopia nasal e detalhamento da coleta do material:
No serviço de Otorrinolaringologia do Instituto de Pesquisa Clínica Evandro
Chagas-FIOCRUZ, os contatos foram submetidos à endoscopia das cavidades nasais,
realizada com o endoscópio rígido de 30º, sem a necessidade do emprego de anestesia
tópica (Ilustração 4). Nos contatos, mesmo com a mucosa aparentemente normal, foi
realizada a curetagem da mucosa para coleta de muco de ambas as cavidades nasais para o
esfregaço em 02 lâminas que foram enviadas para o Serviço de Bacteriologia do Instituto
de Pesquisa Clínica Evandro Chagas, chefiado pela Dra Maria Cristina S. Lourenço.
Prosseguiu-se com coleta de material de 02 fragmentos da concha inferior direita:
01 para o histopatológico fixado em formol tamponado (solução de Millonig), e
posteriormente corado pela Hematoxilina-Eosina e pelo método de Wade para a
identificação dos bacilos e 01 para a técnica da RT-PCR (Ilustração 5). Estes
procedimentos foram realizados no Laboratório de Anatomia Patológica e no Laboratório
de Biologia Molecular do Departamento de Micobacterioses da Fundação Oswaldo Cruz.
No referido laboratório, contou-se com a participação do Dr. Milton Ozório Moraes e
Alejandra Nóbrega Martinez, responsáveis pela amplificação do DNA para a técnica da
PCR em Tempo Real.
Os procedimentos acima descritos referentes à biópsia, foram feitos após anestesia
local com infiltração de cloridrato de lidocaína `a 2 % na concha inferior da cavidade nasal
direita. Não houve complicações em relação a sangramento.
Todos os contatos mantiveram acompanhamento otorrinolaringológico no Serviço,
enquanto necessário, independentemente da inclusão na pesquisa.
52
Ilustração 4 Ilustração 5
As ilustrações 4 e 5 mostram respectivamente, a realização da endoscopia nasal com a imagem gerada
no monitor mais à direita (seta branca) e o instrumental utilizado para coleta de material: Pinça,
cureta, lâminas, tubo para a PCR e frasco com solução de Millonig.
5.10 - Histopatologia:
Diante da escassa literatura referente aos achados histopatológicos da mucosa nasal
em contatos de hanseníase, foi elaborado um critério semiquantitativo para melhor
classificar as alterações observadas nestes indivíduos. Este arranjo consistiu em: Normal,
Rinite crônica leve, Rinite crônica moderada, Rinite crônica intensa e Rinite crônica
agudizada. Os achados que nortearam esta classificação foram: presença de hialinização
subepitelial, dilatação glandular, congestão vascular, presença de infiltrado inflamatório
mononuclear e/ou misto com graus de intensidade variável, córion mais ou menos fibrótico
e a degranulação de mastócitos e eosinófilos (Quadro 1).
53
Quadro 1.Classificação clínica e histológica da mucosa nasal dos contatos de hanseníase
Classificação Alterações histológicas
Normal
(N)
Ausência de alterações inflamatórias específicas.
Rinite crônica
leve
(RCL)
Infiltrado inflamatório discreto, mononuclear, com raros
polimorfonucleares, sem alterações glandulares e/ou vasculares
expressivas.
Rinite crônica
moderada
(RCM)
Acentuação dos achados referentes a RCL, com moderada fibrose em
córion, hialinização subepitelial, dilatação glandular e congestão
vascular moderada.
Rinite crônica
intensa
(RCI)
Infiltrado inflamatório intenso com padrão celular misto (plasmócitos,
polimorfonucleares e degranulação de mastócitos) e acentuação da
fibrose em córion.
Rinite crônica
agudizada
(RCA)
Infiltrado inflamatório exibindo grande quantidade de
polimorfonucleares (neutrófilos e eosinófilos), dilatação glandular,
congestão vascular e córion fibrótico.
5.11 - PCR em Tempo Real (RT-PCR):
Esta reação baseia-se na amplificação de regiões específicas do ácido
desoxirribonucleico (DNA) do organismo em questão. Desta forma, o DNA total extraído a
partir da amostra clínica é então colocado, junto com o primer ou iniciador, em uma
solução contendo uma polimerase termoestável, a Taq DNA polimerase. Esta enzima
54
sintetiza uma seqüência complementar de DNA, desde que um pequeno fragmento (primer)
já esteja ligado a uma das cadeias do DNA no ponto escolhido pra o início da síntese. Os
iniciadores definem a seqüência a ser replicada e o resultado obtido é a amplificação
exponencial de uma determinada seqüência do DNA.
A reação da PCR em Tempo Real consiste na detecção de um sinal de fluorescência
produzido proporcionalmente durante a amplificação de um produto da PCR que, por sua
vez, é captado através da fibra do sistema ótico do dispositivo (termociclador). Os
resultados são analisados por algoritmos do software e emitidos subseqüentemente ao
computador. As emissões são medidas a cada 7 segundos totalizando 40 ciclos. A
intensidade da emissão da luz é proporcional à quantidade de produto formado. Assim, a
técnica da PCR em Tempo Real apresenta como vantagens sensibilidade e precisão devido
à quantificação do produto formado. Nesse sentido para cada uma das amostras
amplificadas é obtido um valor de Ct (Threshold cycle, ou ciclo a partir do qual a
fluorescência é detectada). A partir desse valor, é possível determinar a quantificação exata
e reprodutível de um determinado gene ou região, calculada durante a fase exponencial da
reação. Além disso, por se tratar de um sistema fechado o risco de contaminação é baixo se
comparado a PCR convencional. As Ilustrações 6 e 7 representam um esquema da curva de
amplificação gerada após o término da ciclagem da PCR em Tempo Real.
5.11.1-Descrição das reações:
5.11.2-Extração do DNA:
A partir do fragmento de mucosa removido da concha inferior, o DNA foi extraído
utilizando-se um protocolo baseado na digestão com proteinase K. As amostras foram
descongeladas e fragmentadas com estilete estéril. Em seguida, para a digestão foram
55
adicionados 300 μg/mL de proteinase K por 12 horas, a 60
o
C em solução (400μL) contendo
Tris-HCl 100 mM (pH 7,4), NaCl 150 mM e EDTA 10 mM (pH 8,0). A proteinase K foi
inativada pelo calor a 95
o
C por 10 minutos e o homogeneizado extraído com igual volume de
fenol-clorofórmio-álcool isoamílico (25:24:1). O DNA foi precipitado com isopropanol,
lavado com etanol a 70% e ressuspenso em 30 µL de H
2
O RF (RNase Free).
5.11.3- PCR em Tempo Real utilizando o sistema TaqMan:
A sonda TaqMan marcada com o fluoróforo FAM (5´-CTC GGC CCT AAT ACT GG-
3´) juntamente ao par de primers (senso 5´- GTG GTC GGC CTC TCG AT-3´ e antisenso
5´-CGA GCC AGC ATA GAT GAA CTG ATC-3´) (Applied Biosystems) foram projetados
para amplificar um fragmento de 80 bp para uma região do gene do Ag 85 B específica do M.
leprae. Assim, para a reação da PCR 2 μL da amostra clínica processada (geralmente 50 –
200 ng) foram utilizados em um volume total de 10 μL da reação. Os reagentes para a reação
incluíram: 1X Tampão TaqMan, 5 mM MgCl
2
, 400 μM dUTP, 200 μM dATP, dCTP, dGTP
(cada), 8% de glicerol, Taq Gold polimerase (0.025 U/μL), Amperase UNG (0.01 U/μL), 300
nM de cada primer (senso e antisenso) e 100 nM da sonda.
Para a ciclagem foi utilizada uma máquina de PCR em Tempo Real da marca Applied
Biosystems modelo 7000 com a seguinte programação: 50
o
C por 2 minutos para a ativação
da uracil DNA glicosilase (Amperase UNG), 95
o
C por 10 minutos para a ativação da Taq
Gold polimerase, seguida de 40 ciclos de amplificação (95
o
C por 15s, 60
o
C por 60s). Os
valores desconhecidos foram interpolados automaticamente a partir da curva de DNA padrão.
Os resultados foram determinados a partir dos valores obtidos pelo Ct, sendo considerados
56
aqueles com valores de Ct abaixo de 39 (valor estabelecido como cut-off) (MARTINEZ,
2006).
5.11.4 - Esquema do PCR em Tempo Real:
- Amplificação com fases distintas:
Fluorescência proporcional à quantidade de
DNA
FASE
LOG
FASE
PLATÔ
FASE LINEAR
LINHA BASAL
Números de ciclos
Ilustração 6:
Curva típica da amplificação da PCR com 3 fases distintas: Fase
linear / linha basal - não houve clivagem suficiente do corante-repórter para
que se possa detectar a fluorescência, Fase log - a quantidade de amplificação
dobra a cada ciclo e Fase platô - não há mais aumento no número de
amplificação.
As curvas são obtidas a partir de cada amostra e uma linha de base é definida. O Ct
corresponde à intercessão da linha de base e da curva de amplificação da PCR. A linha de
base é definida pela interpolação de todas as curvas de amplificação da PCR durante a fase
exponencial, estando todas paralelas entre si.
57
- PCR em Tempo Real – amplificação e Ct:
Ilustração 7: amplificação e Ct.
Ct Ct
O valor de Ct é inversamente proporcional ao logaritmo do número de moléculas do
alvo inicial. No ponto referido como Ct a fluorescência aumenta acima da linha basal, de
forma exponencial. As amostras mais concentradas (com maior número de moléculas
iniciais) mostram valores menores de Ct. É avaliado o momento do aparecimento do sinal,
e não quanto de sinal é gerado após um dado número de ciclos (Ilustração 7).
5.12- Coleta dos dados:
Foi procedida à construção de um novo banco de dados (SPSS for Windows) com a
inclusão, além dos dados contidos no banco de dados do Inquérito sorológico (Ml Flow) –
EPIINFO/OMS, as seguintes informações:
58
1. Sexo.
2. Idade.
3. Resultado do Anti-PGL-1.
4. Forma clínica do caso índice (MB ou PB).
5. Tipo de relação (parentesco ou social) com o caso índice.
6. Tipo de contato (domiciliar ou peridomiciliar) com o caso índice.
7. Tipo de convívio (exposição: diária, semanal ou quinzenal) com o caso índice.
8. Queixas otorrinolaringológicas.
9. PCR em Tempo Real.
5.13-Aspectos éticos:
O projeto relativo ao Inquérito sorológico inicial no 2 º Distrito de D. Caxias, foi
aprovado no CEP/HUCFF/UFRJ, conforme MEMO-nº 146/03 e este projeto específico foi
aprovado no CEP/FIOCRUZ conforme MEMO-n
0
0015.0.009.000-04. Após aceitação e
assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido, os contatos com teste positivo,
maiores de 15 anos, foram submetidos à avaliação clínica no Serviço de
Otorrinolaringologia do Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas da Fundação
Oswaldo Cruz, sendo assegurados aos mesmos todos os cuidados referentes às normas de
biossegurança.
59
6. RESULTADOS
6.1. Análise estatística:
Utilizando-se o programa estatístico referido (SPSS), para o cruzamento das variáveis de
interesse, foram elaboradas tabelas que demonstram a relação dos níveis sorológicos com o sexo
do contato, idade, forma clínica do caso índice do contato, tipo de contato com o caso índice,
tipo de convívio com o caso índice e a positividade da RT-PCR (Tabela 3). A média das idades
foi de 33,32; a mediana 32,00 e a moda 32,00. O cruzamento da idade com a soropositividade
evidenciou que 54,8% dos contatos soropositivos apresentavam idade abaixo dos 32 anos e
45,2% dos contatos soropositivos tinham idade acima dos 32 anos.
Tabela 3. Relação da sorologia com sexo, idade, classificação do caso índice, tipo de
contato e de convívio com o caso índice e a RT-PCR com intervalo de confiança (IC) de
95%.
2+
(n = 24)
3+
(n = 6)
4+
(n = 1)
Total Variáveis
% % % %
p
masculino 12 70,6 5 29,4 100 0,182
feminino 12 85,7 1 7,1 1 7,1 100 0,182
> 32 9 64,3 4 28,6 1 7,1 100 0,234
< 32 15 88,2 2 11,8 100 0,234
CI-MB 18 75 5 20,8 1 4,2 100 0,782
CI-PB 6 85,7 1 14,3 100 0,782
domiciliar 16 66,7 1 16,7 1 100 58,1
0,059
peridomiciliar 8 33,3 5 83,3 41,9
0,059
diário 18 75 5 20,8 1 4,2 100 0,197
+1x /sem. 1 100 100 0,197
1x /sem. 6 100 100 0,197
1
0
grau 11 91,7 1 8,3 100 0,069
2
0
grau 7 58,3 5 41,7 100 0,069
3
0
grau
3 75,0 1 25 100 0,069
4
0
grau 3 100 100 0,069
RT-PCR pos. 5 83,3 1 16,7 100
0,060
RT-PCR neg. 19 76,0 6 24 100
0,060
Legenda: n = total; > 32 – idade maior que 32 anos; < 32 – idade menor que 32 anos; CI = caso índice do contato; 1
0
grau = pais, filhos, irmãos; 2
0
grau = tios, primos, avós, netos, sobrinhos; 3
0
grau = cônjuge, genro, nora, padrasto,
enteado; 4
0
grau = amigo, namorado, inquilino; RT-PCR pos. = PCR em Tempo Real positiva e RT-PCR neg. = PCR
em Tempo Real negativa; p= p valor.
60
Entre os contatos com a RT-PCR positiva, a maioria apresentava sorologia em 2+. Em
todos os contatos com sorologia positiva em 3+, a RT-PCR foi negativa. Note-se que apenas 01
paciente apresentava sorologia positiva em 4+ e a PCR positiva (Tabela 3).
Dos contatos com caso índice MB ou PB, a maioria apresentava sorologia positiva em
2+ enquanto que, a maior parte dos contatos soropositivos em 3+ e o contato com 4+, tiveram
contato com caso índice MB. Mesmo diante da preponderância da forma clínica MB entre os
contatos, em 07 destes, o caso índice era PB (Tabela 3).
Correlacionou-se do mesmo modo, o tipo de contato com o caso índice e a
soropositividade, obtendo-se resultados significativos. Entre os contatos soropositivos em 2+, o
tipo de contato predominante foi o domiciliar. Em contrapartida, o tipo de contato predominante
entre os soropositivos em 3+, foi o peridomiciliar (Tabela 3). Ressalta-se ainda que o convívio
diário e a relação de 1
0
e 2
0
graus foram dominantes entre os contatos soropositivos em 2+,
enquanto que nos contatos com sorologia positiva em 3+, o tipo de relação mais prevalente foi a
de 2
0
grau.
Relacionou-se ainda, a forma clínica do caso índice ao qual o contato foi exposto e a
presença ou não de queixas referentes ao nariz com a RT-PCR (Tabela 4).
Tabela 4. Relação da RT- PCR com a classificação do caso índice e as queixas nasais.
RT-PCR
(n = 31)
Positivo
(n = 6)
Negativo
(n = 25)
Variáveis
n
0
% n
0
%
p
MB 4 16,7 20 83,3 0,483
PB 2 28,6 5 71,4 0,483
Com queixas 4 26,7 11 73,3 0,318
Sem queixas 2 12,5 14 87,5 0,318
Legenda: p = p valor com intervalo de confiança de 95%.
61
Não houve diferença estatística entre a forma clínica do CI com a positividade da RT-
PCR. Mesmo assim, a maioria dos contatos com a RT-PCR positiva ou negativa tinha como
caso índice a forma clínica MB (Tabela 4).
Além disso, buscou-se relacionar a positividade da RT-PCR com as queixas
otorrinolaringológicas, as quais não foram determinantes para a positividade deste método
(Tabela 4).
Tabela 5 – Queixas otorrinolaringológicas dos contatos do estudo.
Queixa Percentagem Total (n = 31)
Anosmia 0 0
Cascosmia 0 0
Crostas 0 0
Dor nasal 0 0
Espirros 9,7% 3
Epistaxe 0 0
Hiposmia 0 0
Obstrução nasal 35,5% 11
Prurido 25,8% 8
Ressecamento 0 0
Rinorréia 29% 9
Realizou-se o estudo em 31 contatos de hanseníase com sorologia para o Anti-PGL-1
positiva em 2, 3 e 4+ (Quadro 4). Ao exame endoscópico não se observou lesão específica da
rinite hansênica e as alterações encontradas condiziam com a queixa clínica predominante de
alergia respiratória (Tabela 5 e Ilustrações 8 e 9).
62
No controle positivo, as alterações endoscópicas permitiram, entre os diagnósticos
diferenciais, sugerir rinite hansênica (Ilustrações 10 e 11). Dos 31 contatos soropositivos, seis
(06) apresentaram positividade no método da PCR em Tempo Real (RT-PCR) (Quadro 6). No
entanto, curiosamente todas as baciloscopias do muco nasal foram negativas. No exame
histopatológico, com exceção do controle positivo (Quadros 3 e 5), não foram encontrados
elementos específicos que pudessem caracterizar a hanseníase (Quadro 2). Diante dos achados,
compatíveis com processos inflamatórios inespecíficos, optou-se em classificar as alterações
encontradas como rinopatia alérgica com graus variáveis de intensidade (Quadro 4).
6.2.Endoscopia nasal:
H
CI
E
Ilustrações 8 e 9: As ilustrações mostram a endoscopia nasal em dois contatos, evidenciando mucosa nasal
com discreta hiperemia, ectasia (E), hipertrofia leve das conchas inferiores (CI) e secreção hialina (H).
63
CH
AS
CH
S
S
Ilustrações 10 e 11: Endoscopia nasal do controle positivo: mucosa nasal típica da rinite hansênica, onde
se evidenciam infiltração difusa da mucosa, ressecamento, áreas de ulceração superficial, crostas hemáticas
(CH), ectasias e áreas de sangramento (AS). S – septo nasal.
6.3.Histologia:
Quadro 2. Achados histológicos da mucosa nasal dos contatos.
C
HS MET I.I E M MT PL PMN L DG CF CV
1
+ + ++ ++ ++ ++ ++
2
+++ ++++ ++++ +++ ++++ +++ ++ ++
3
+++ ++++ + + + + + +++
4
++ +++ + +++ +++ + +++
5
+ ++ ++ + +
6
+ + + +
7
++ +++ ++ +++ +++
8
+ ++ + + ++
9
++++ ++ +++ +++
10
+ +++ ++++ + ++ +++ + +++ ++
64
11
+++ +++ +++ + ++ ++ ++ ++
12
++ ++ ++ + ++ ++++
13
+ + + +
14
+ ++ + + ++ ++ ++
15
++ +++ + + ++ +++ ++++
16
+ ++ + + + +++
17
+ ++++ + + +++
18
+ + ++ + +
19
+ ++ ++++ ++ + ++ +++ +
20
+ ++++ + ++ ++ +++ +++ ++
21
+ ++ + + +++ + +
22
+++ + + + ++ ++
23
+ +++ ++ ++ + ++ ++
24
++ ++++ + + + + ++++ + +++
25
+ + +++ + ++ ++
26
+ ++ + +++ + +++
27
+++ ++ ++ + + + ++ +
28
+++ +++ ++++ ++ +++ + ++ +
29
+ ++ + ++++ + +++ +++
30
+ + + +
31
++ ++++ ++ ++++
Legenda: C Contato; HS hialinização subepitelial; MET metaplasia epitelial; I.I infiltrado
inflamatório; E – eosinófilos; M – macrófagos; PL – plasmócitos; PMN – polimorfonucleares; L –
linfócitos; DG – dilatação glandular; CF – córion fibrótico; CV – congestão vascular. As caselas
vazias correspondem a achados inexpressivos. + raros, ++ poucos, +++ moderado, ++++ intenso.
= contatos com a PCR positiva.
65
Quadro 3: Achados histológicos da mucosa nasal do controle positivo.
HS MET I.I E M MT PL PMN L DG CF B
+++
+
++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++ ++++ +++
+++
+
Legenda: HS – hialinização subepitelial; MET- metaplasia epitelial; I.I - infiltrado inflamatório; E -
eosinófilos; M – macrófagos; MT- mastócitos; PL – plasmócitos; PMN - polimorfonucleares; L – linfócitos;
DG - dilatação glandular; CF- córion fibrótico e B - bacilos. + raros, ++ poucos, +++ moderado, ++++
intenso.
6.3.1.Histologia (lâminas).
Foi realizada a análise semi-quantitativa das alterações histopatológicas encontradas nos
contatos, porém, não específicas de hanseníase e estas foram classificadas como rinopatia alérgica
com diferentes graus de intensidade (Ilustrações 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19 e 20) .
EP
II
DG
Ilustração 12: RCL. HE 200x - Contato número 18.
Dilatação glandular (DG) e infiltrado inflamatório (II)
discretos. Epitélio (EP) sem metaplasia e ausência de
hialinização subepitelial.
66
PMN
MET
PMN
HS
PL
EH II
MET
PL
PL
CF
CF
Ilustrações 13 e 14: RCM. HE 400x - Contatos números 21 e 29 respectivamente.
IL. 13. Exocitose por PMN, plasmócitos (PL), metaplasia epitelial (MET), PMN saindo pelo epitélio e córion
com edema e fibrose (CF). IL. 14. Extravasamento de hemácias (EH), infiltrado linfo-plasmocitário (II),
metaplasia epitelial, hialinização subepitelial e córion com edema e fibrose.
ES
MET
ES MET
II
II
CV
EH
Ilustrações 15 e 16: RCI. HE 200x - Contatos números 24 e 3 respectivamente.
IL. 15. Infiltrado predominantemente linfocitário (II) denso + plasmócitos, edema subepitelial (ES)
e metaplasia epitelial (MET). IL. 16. Infiltrado inflamatório com plasmócitos, edema subepitelial,
metaplasia epitelial, congestão vascular (CV), extravasamento de hemácias (EH) e córion com fibrose.
67
MET
PMN
E
PL
E
PL
E
PMN
HS PL
PMN
CV
Ilustrações 17 e 18: RCA. HE 400x e spot imersão 1000x - Contato número 9.
IL. 17. Infiltrado inflamatório com eosinófilos (E), PMN no córion e no epitélio, plasmócitos (PL), hialinização
subepitelial intensa (HS) + edema, metaplasia epitelial (MET), congestão vascular (CV) e córion fibrótico. IL.
18. Eosinófilos e plasmócitos.
HS
E
E
HS
DE
DE
DG
E
PL
DE
PL
DE
DG
Ilustrações 19 e 20: RCA. HE 400x - Contato número 19 (contato que adoeceu).
IL. 19. Intensa hialinização subepitelial (HS), infiltrado inflamatório com degranulação de eosinófilos (DE),
plasmócitos e dilatação glandular. IL. 20. Intensa hialinização subepitelial (HS), infiltrado inflamatório com
vários eosinófilos (E), plasmócitos (PL), córion com edema e fibrose e dilatação glandular (DG).
68
Realizou-se ainda a análise histológica do controle positivo, o qual apresentou alterações
típicas de hanseníase na mucosa nasal (Ilustrações 21, 22, 23 e 24).
Ilustrações 21 e 22: Rinite hansênica. HE 200x. Controle positivo.
MV
EH
II
U
II
EH
IL. 21. Infiltrado inflamatório intenso: com muitos plasmócitos, polimorfonucleares, mastócitos, linfócitos,
macrófagos vacuolados (MV) e córion com intensa fibrose. IL. 22. Infiltrado inflamatório denso com áreas de
ulceração (U) e extravasamento de hemácias (EH).
B
B
B
B
B
B
B
B
C
Ilustrações 23 e 24: Rinite hansênica. Wade 1000x Controle positivo.
IL. 23. Numerosos bacilos (B) dispostos em globias e macrófagos vacuolados. IL. 24. Bacilos em globias e isolados
dispersos no muco nasal associados à presença de cocos (C).
69
6.4.Resultados dos métodos laboratoriais utilizados no estudo:
Quadro 4. Resultados dos métodos laboratoriais utilizados em contatos de hanseníase.
N SEXO IDADE CI EX. BAAR MN Anti-PGL-1 RT-PCR HISTO
1
F 70 MB NEG 4+ POS RCM
2
F 53 MB NEG 2+ NEG RCA
3
F 50 MB NEG 3+ NEG RCI
4
F 49 MB NEG 2+ NEG RCM
5
M 48 PB NEG 3+ NEG RCL
6
M 45 MB NEG 2+ NEG RCL
7
M 41 MB NEG 2+ NEG RCM
8
M 40 PB NEG 2+ POS RCL
9
M 40 MB NEG 3+ NEG RCA
10
M 38 MB NEG 2+ NEG RCA
11
M 37 MB NEG 2+ POS RCA
12
F 35 PB NEG 2+ NEG RCL
13
F 35 MB NEG 3+ NEG RCL
14 F 32 MB NEG 2+ NEG RCL
15 F 32 PB NEG 2+ NEG RCA
16 M 32 MB NEG 3+ NEG RCM
17 M 32 MB NEG 2+ NEG RCA
18 M 31 PB NEG 2+ NEG RCL
19 F 30 PB NEG 2+ POS RCA
20 M 29 MB NEG 2+ NEG RCI
21 M 28 PB NEG 2+ NEG RCM
22 F 27 MB NEG 2+ NEG RCM
70
23 F 26 MB NEG 2+ NEG RCM
24 F 26 MB NEG 2+ NEG RCI
25 M 24 MB NEG 2+ NEG RCM
26 F 21 MB NEG 2+ POS RCA
27 M 20 MB NEG 2+ NEG RCL
28 F 19 MB NEG 2+ NEG RCA
29 F 16 MB NEG 2+ POS RCM
30 M 16 MB NEG 2+ NEG RCL
31 M 15 MB NEG 3+ NEG RCL
Legenda: N - contato; CI – caso índice do contato; EX. BAAR MN - exame baciloscópico do muco nasal; Anti –
PGL-1 - Ml Flow; RT-PCR - PCR em Tempo Real; Histo – histopatológico; MB – multibacilar; PB- paucibaci-
lar; NEG - negativo; POS - positivo; RCL - rinite crônica leve; RCM - rinite crônica moderada; RCI-rinite crô-
nica intensa; RCA - rinite crônica agudizada. = contatos com a PCR positiva.
Quadro 5. Resultados dos métodos laboratoriais utilizados no controle positivo.
N SEXO IDADE CI
EX. BAAR
MN
Anti-
PGL-1
PCR
HISTOPATOLÓGICO
1 M 26 NC NEG 2+ POS
Macrófagos vacuolados com numerosos
bacilos dispostos em globias e com
infiltrado inflamatório intenso.
Legenda: NC (não conhecido).
Foram encontrados ao todo, 06 contatos com sorologia positiva e positividade na
amplificação do DNA pela reação da RT-PCR. Destes, 04 tinham como casos índice, pacientes
MB e 02 com casos índice PB. Observa-se que entre os 06 contatos, 05 tinham sorologia
positiva em 2+ e somente um com 4+. As idades variaram desde os 16 anos aos 70 anos, sendo
04 mulheres e 02 homens.
71
Quadro 6. Resultados de contatos com a PCR em Tempo Real positiva e contato que
adoeceu.
N Idade CI
Anti-
PGL-1
PCR Ct Log da massa massa Cópias do genoma
1 70 MB 4+ Pos 35,27 0,782178218 0,165128 41,28210089
8 40 PB 2+ Pos 35,62 0,897689769 0,126564 31,64100284
11 37 MB 2+ Pos 35,34 0,805280528 0,156574 39,14348425
19 30 PB 2+ Pos 28 1,6117161716 41,41539 10353,84657
26 21 MB 2+ Pos 35,02 0,699669967 0,199678 49,91947873
29 16 MB 2+ Pos 35,11 0,729372937 0,186478 46,61944204
Legenda: Ct – número de ciclos; Log da massa - massa de DNA encontrada expressa em logaritmo; massa -
massa de DNA referente ao M. leprae e número de cópias do genoma. – contato que adoeceu: contato
com o caso índice PB, PGL-1 2+, com maior massa, maior número de cópias do genoma e menor Ct.
A análise dos resultados positivos constatou que a massa depende do Ct e esta é
calculada utilizando-se uma equação logarítmica, com regressão linear simples: y = ax + b, onde
y é o Ct, a é a inclinação da reta e b, o valor em que a reta corta o eixo y. Com estes resultados,
cria-se um gráfico onde é obtida a curva padrão (Ilustração 25). Quanto menor o Ct maior é o
número de cópias (contato de número 19/Quadro 6).
y = ax + b
Ilustração 25: Gráfico da curva padrão.
72
7- DISCUSSÃO
A biópsia da mucosa nasal e a utilização da amplificação do DNA, principalmente pela
técnica da PCR em Tempo Real, permitiram encontrar entre os contatos estudados, uma
positividade para presença de M.leprae de 19,35%. A integração das especialidades de
Otorrinolaringologia e Dermatologia possibilitou não só o estudo em questão, mas também
ampliar horizontes. A literatura indica a importante participação da mucosa nasal na transmissão
da hanseníase, apesar de ainda não ter sido possível desvendar o papel dos contatos e da
infecção subclínica na cadeia epidemiológica da doença.
A ausência de lesões específicas de hanseníase na mucosa nasal dos contatos, tanto
macroscopicamente via endoscopia nasal quanto histologicamente, não exclui a chance de
sintomatologia futura como: epistaxe, rinorréia, obstrução nasal, eliminação de crostas ou
ressecamento. Tais queixas, quando associadas às alterações da mucosa nasal como infiltração e
ulcerações superficiais poderiam indicar um caso de hanseníase. Faz-se ressalva ao fato de que a
maioria dos contatos referiu queixas inespecíficas, porém sugestivas de rinopatia alérgica como
obstrução nasal – 35,5%, prurido – 25,8%, rinorréia – 29% e espirros – 9,7%. Associa-se a estas
queixas a presença de fatores como: ambientes poucos ventilados, úmidos, ruas sem
asfaltamento e calçamento e poeira. Ambiente propício para a viabilidade do M.leprae e a sua
deposição na mucosa nasal que pode desencadear, na fase inicial da doença, sintomas como
congestão nasal e rinorréia, muitas vezes confundidos com estado gripal. Mesmo assim,
ressalta-se que não foi encontrada associação entre a presença de queixas otorrinolaringológicas
com a positividade do método da PCR em Tempo Real (p = 0,318 / Tabela 4).
A constante agressão externa explica as alterações histológicas encontradas em todos
os contatos. No contato que evoluiu para caso (Quadro 6), um ano após o exame da mucosa
73
nasal, foram encontradas características histológicas na mucosa nasal que permitiram classificá-
lo como um quadro de rinite alérgica crônica agudizada. Esse achado poderia reforçar a hipótese
da rinite hansênica que ocorre na fase inicial da infecção onde há deposição do bacilo na
mucosa nasal (JOB, 1966). Nesta fase, os sinais e sintomas clássicos como obstrução nasal e
rinorréia seriam desencadeados. Ressalta-se que esta análise foi semiquantitativa e que melhores
resultados podem ser obtidos com a análise morfométrica (quantitativa) do exame
histopatológico da mucosa destes contatos, exigindo mais estudos nessa área.
Para Fokkens (1998), baseado em análise histopatológica, a lesão na mucosa nasal de
pacientes virchovianos estava presente em 70%, nos dimorfos 60% e no pólo tuberculóide 50%.
Já os controles apresentaram a mucosa normal ou exibiram somente alterações mínimas de dano
epitelial.
No controle positivo a sorologia foi de +2, resultado que poderia ser mascarado pelo
uso de corticoesteróide há um ano, e ainda Metrotrexate (MTX). Após a retirada do MTX e
redução do corticoesteróide, o paciente apresentou acrocianose e hipoestesia em membros
inferiores. O exame histopatológico da pele realizado no ambulatório de dermatologia (UFRJ)
foi compatível com MHV e a RT-PCR da biópsia da mucosa nasal foi positiva para o M.leprae.
No paciente em questão, além das alterações identificadas na mucosa conseqüentes da
exposição infecciosa, foi evidenciado no exame histopatológico da mucosa, muitos
macrófagos vacuolados com numerosos bacilos dispostos em globias, correspondente ao estágio
de proliferação descrito por Job (1966). Estes resultados ratificaram o diagnóstico
dermatológico. Entretanto, a baciloscopia do muco nasal foi negativa.
Ao se comparar os resultados obtidos com outros que utilizam a técnica da PCR
(PATTYN, 1993 – 9,8%; VAN BEERS, 1994 – 7,8%; GUERRERO, 2002 – 12,8%; TORRES,
2003 – 4,6%; ALMEIDA, 2004 – 1,7%; PATROCÍNIO, 2005 – 10,1%) observa-se que houve
74
variações entre o material examinado (swab do muco ou mucosa) e o teste da PCR adotado
(método convencional em placa de gel agarose), variações essas que podem ter influenciado
esses resultados. Neste estudo a amostra utilizada foi a menor (n = 31), o que pode ter
contribuído para o incremento da positividade entre os contatos soropositivos. Mesmo assim, a
percentagem obtida (19,35%) se deve ao material adquirido pela biópsia da mucosa e o emprego
do método da PCR em Tempo Real, o qual, por sua alta especificidade e sensibilidade é adotado
como padrão no laboratório que analisou estas amostras. Sugere-se mais estudos nessa área
além da utilização de uma amostra maior requerida para melhor análise.
A ausência de positividade nos controles negativos comprovou a especificidade do
teste e a alta sensibilidade da PCR em Tempo Real nos contatos positivos. O teste da PCR não
só identifica o M.leprae, mas também, possibilita a quantificação do DNA que poderia ajudar na
elucidação dos casos suspeitos de doença. O contato que adoeceu no ano subseqüente ao estudo
da mucosa apresentou maior número de cópias do genoma do M.Leprae, com posterior
soroconversão de 2+ para 4+. Para Ramaprasad (1997), o aumento dos níveis sorológicos ocorre
após a infecção nasal (PCR +) com posterior disseminação sistêmica e resposta imunológica.
No futuro, em trabalhos com tamanho da amostra e tempo de “follow up maiores, talvez seja
possível determinar um valor que indique doença, a partir da quantificação do DNA dos
contatos com maior risco.
Apesar do estudo referente ao inquérito sorológico não ter observado diferença
estatisticamente significativa na soropositividade, quando relacionada ao sexo (CALADO,
2005), a predominância do sexo feminino também foi encontrada na maioria dos estudos que
utilizaram metodologia semelhante em contatos (FINE, 1988; ULRICH, 1991; CHANTEAU,
1993; MATOS, 2000; BRASIL, 2003; DOUGLAS, 2004). A preponderância feminina pode ser
conseqüência da alta concentração de anticorpos em relação ao hematócrito, mais baixo entre as
75
mulheres (MENZEL, 1987; FINE, 1988). Fine (1988) entretanto, não observou diferenças
significativas entre os indivíduos soropositivos com ou sem cicatriz de BCG.
A casuística deste estudo é pequena em relação à amostra total de 1886 contatos, não
apenas pela exclusão dos casos negativos, dos duvidosos e os com Anti-PGL-1 positivo em 1+,
mas também, devido às inúmeras dificuldades para a vinda destas pessoas à FIOCRUZ:
resistência dos que eram assintomáticos; o problema da distância e locomoção para outra
instituição, já que o exame otorrinolaringológico era realizado na FIOCRUZ; pessoas com
condição sócio-econômica e grau de instrução baixa; o fato de serem submetidas a um
procedimento invasivo, como a biópsia nasal. Desta forma, para fins de segurança e aspectos
operacionais, o estudo restringiu-se aos maiores de 15 anos. No inquérito sorológico foi
observado que 31% dos contatos soropositivos eram menores de 15 anos, conseqüentemente
excluídos deste estudo.
O conhecimento da história natural da doença poderia ter implicações importantes dentro
do contexto de eliminação e controle da hanseníase e, a partir deste conhecimento permitir o
tratamento profilático. Os testes sorológicos têm servido como monitoramento da infecção nas
populações procedentes de áreas endêmicas, onde a alta sensibilidade poderia ser indicadora de
infecção pelo M.leprae (FINE, 1988; BÜHRER-SÉKULA, 1998). A elevação dos níveis
sorológicos é comum em áreas endêmicas, particularmente nos indivíduos mais jovens, fato que
sugere alta incidência de infecção subclínica (BAGSHAVE, 1989). Para Fine (1988), existem
quatro circunstâncias que poderiam levar ao aumento e subseqüente queda da titulação com a
idade. Se houvesse permanente soropositividade, a idade poderia refletir a distribuição da
exposição. Não obstante, é evidente que a doença está presente nesta população no mínimo há
décadas. Um outro fator seria se a população estivesse exposta a infecção há anos e, se a
soropositividade adquirida fosse permanente, então, o aumento e a queda da titulação poderiam
76
indicar seleção dos positivos em relação à mortalidade ou mesmo um efeito de coorte entre as
pessoas de 15 a 30 anos os quais seriam mais expostos. Entretanto, o autor não vê razão para tal
fenômeno já que a soropositividade não é tempo limitada. Os indivíduos que reverteram para
soropositivos foram uma vez soronegativos, assim como, os indivíduos que passaram a ser
positivos e que nunca tinham sido positivos. Logo, o aumento e queda da soropositividade com
a idade poderiam refletir as diferenças de risco entre as idades quando relacionadas a
soroconversão. Isso explicaria a maior exposição nos grupos entre 15 e 30 anos. Por último, o
autor sugere que a prevalência feminina não está relacionada ao maior risco de soroconversão e
que a maior probabilidade de sororeversão ocorre entre os homens soropositivos (FINE, 1988).
Destaca-se na literatura que a positividade ao Anti-PGL-1 está relacionada à exposição
bacilar, ou melhor, à carga bacilar dos contatos com pacientes com hanseníase (DOUGLAS,
1988; ROCHE, 1990; CELLONA, 1993). No estudo referente ao inquérito sorológico, a
soropositividade encontrada ao ML Flow foi de 15,7% e não foram encontradas diferenças
estatísticas ao comparar a soropositividade entre os tipos de contatos, sendo de 15,8% entre os
contatos domiciliares (162/1023) e de 15,6% entre os que convivem em peridomicílio
(129/826), num total de 1886 contatos (CALADO, 2005).
Sob o ponto de vista epidemiológico, observa-se a importância da vigilância dos
contatos para fora do limite domiciliar. É possível identificar fontes de transmissão e,
provavelmente, infecção subclínica em contatos peridomiciliares e, sobretudo entender o real
papel da mucosa nasal neste contexto. A percentagem encontrada neste estudo entre os
soropositivos, foi de 58,1% para os contatos domiciliares e de 41,9% para os peridomiciliares.
Entre estes últimos, a maioria apresentou sorologia positiva em 3+ (83,3%) e, entre os contatos
domiciliares, a soropositividade predominante foi a de 2+ (66,7%). A moradia no mesmo
quintal que o caso índice é um hábito comum no Município de Duque de Caxias e caracteriza o
77
conceito de peridomicílio. O convívio diário com parentes de 1
0
e 2
0
graus foi mais evidente
entre os soropositivos em 2+ e, entre os contatos com 3+ a relação prevalente foi a de 2
0
grau
(Tabela 3). Questiona-se a possibilidade da existência de infecção subclínica a partir dos
resultados obtidos, já que a extrapolação do limite domiciliar foi significativa dentro do
contexto sorológico (p = 0,059 / Tabela 3).
Neste estudo não foram encontrados percentuais significativos ao se correlacionar a
soropositividade do contato com a forma clínica do caso índice. Muito embora, haja uma
tendência de maior preponderância dos casos índices MB. Quando confrontado a
soropositividade com a forma do caso índice no estudo relativo ao inquérito sorológico, esta foi
maior entre os contatos de pacientes MB representando 58,85% (1014/1723) e entre os PB de
41,14% (709/1723), sendo 2 vezes maior nos contatos de caso índice MB (69,1% = 190/275)
quando comparado aos contatos de caso índice PB (30,9% = 85/275) com p = 0,0013. Esta
evidência é concordante com outros estudos (MENZEL, 1987; ULRICH, 1991; CHANTEAU,
1993; VAN BEERS, 1994; MATOS, 1999; VAN BEERS, 1999; MATOS, 2000; BRASIL,
2003; BÜHRER-SÉKULA, 2003), já que a classificação operacional dos pacientes MB no
campo, inclui casos dimorfos tuberculóides (DT) e tuberculóide subpolar (TTs) como MB, fato
que contribui para o incremento dessa forma desde a introdução da poliquimioterapia (MATOS,
1999). A forma clínica do caso índice não está relacionada a soropositividade de seus contatos e
chama-se atenção para o fato de que esse caso índice não seja o caso primário, nem mesmo a
fonte de transmissão para o caso secundário (CALADO, 2005).
Ao se cruzar a sorologia (Anti-PGL-1) com a RT-PCR, os percentuais obtidos foram
muito próximos da significância estatística (p = 0,060/Tabela 3). Este achado reforça a
importância da exposição bacilar e conseqüente influência desta na resposta sorológica, mesmo
em contatos com níveis sorológicos mais baixos. Entretanto, a forma clínica do CI não foi
78
determinante para a positividade da PCR. Apesar do aparente predomínio da forma clínica MB,
neste estudo não se observou diferença estatística quando comparada aos contatos expostos à
forma clínica PB. Embora este resultado aponte a importância e a inclusão da forma clínica PB
como fonte transmissora. Para Van Beers (1999) e Moet (2004), os contatos de pacientes PB
também parecem apresentar maior risco de adoecer em relação à população geral.
Neste estudo, dentro do contexto da transmissão, foram encontrados sete contatos de
casos índice PB. Destes, dois com sorologia e RT-PCR positivas e cinco com positividade
apenas sorológica. Dos dois, com positividade sorológica e da PCR, um apresentou aumento da
sorologia após o estudo da mucosa, passando de 2+ para 4+ com posterior adoecimento e o
outro, não apresentou aumento da sorologia nem adoecimento. O contato que virou caso não
tinha história de caso co-prevalente MB e, com isso, cria-se dúvida quanto a real fonte
transmissora. Este achado desempenha importância na cadeia epidemiológica da doença quando
são considerados como transmissores exclusivos os pacientes MB. Em concordância com a
maioria dos autores (CHANTEAU, 1993; PATTYN, 1993; VAN-BEERS, 1994, 1999;
MATOS, 2000; GUERRERO, 2002; BRASIL, 2003; BÜHRER-SÉKULA, 2003; TORRES,
2003; ALMEIDA, 2004; PATROCÍNIO, 2005), obteve-se 24 contatos cujos casos índice eram
MB.
7.1. Contatos e sorologia: discussões sobre a importância sorológica e aplicabilidade.
É indiscutível que os contatos intradomiciliares constituam um grupo de risco, uma vez
que a transmissão do M.leprae ocorre de indivíduo para indivíduo. Em um estudo de coorte de
1201 contatos durante dez anos, Chanteu (1993), encontrou um risco relativo de 30,8 para o
aparecimento de hanseníase entre os contatos familiares quando comparados aos não-contatos.
79
Muito embora essa coorte representasse um grupo de risco, um percentual relativamente
pequeno dos contatos tornou-se doente em um período de cinco anos, com taxas de incidência
em torno de 1 a 2% (CHANTEAU, 1993).
Com objetivo cada vez maior de se identificar os contatos com maior risco de adoecer e
com isso frear a transmissão da doença, vários estudos vem sendo feitos, principalmente com a
utilização de testes sorológicos. Para demonstrar a aplicabilidade desses testes, em estudos
recentes com a utilização do teste rápido Ml Flow para detecção de imunoglobulina M (IgM)
contra o antígeno PGL-1, Bührer-Sékula (2003) obteve 97,4% de sensibilidade em pacientes
MB, 40 % nos PB e 28,6% nos contatos domiciliares em 561 amostras coletadas de três áreas de
alta endemicidade (Manaus-Brazil, Sulawesi-Indonésia e Cebu-Filipinas) e 20 amostras em
Ghana, região de baixa endemicidade. A especificidade ao teste foi de 90,2% no grupo controle
composto de 234 amostras de uma área não endêmica da Holanda. Esses achados permitiram
concluir que o teste rápido é um método confiável para a identificação do M.leprae, com técnica
simples quanto à elaboração, sendo o resultado reproduzido em cinco a dez minutos e sem
reação cruzada com outro tipo de doença (BÜHRER-SÉKULA, 2003).
Contudo, alguns autores, como Chanteau (1993) e Brasil (2003), não vêem a sorologia
contra o antígeno PGL-1 como um indicador seguro de infecção subclínica com um valor
preditivo positivo baixo para o desenvolvimento futuro de hanseníase. Embora citem a
necessidade de testes para a detecção de infecção pelo M.leprae ainda mostram-se céticos
quanto à utilidade deles em programas de controle da doença (CHANTEAU, 1993; BRASIL,
2003). No entanto, a existência de portadores assintomáticos na hanseníase e que os mesmos
possam ser fonte de infecção para contatos intradomiciliares, não pode ser descartada pelo fato
de não se possuir um indicador seguro, sendo de suma importância a investigação dessas
80
possibilidades como medidas de controle (KLATSER, 1993; VAN BEERS, 1994, MATOS,
1999, BÜHRER-SÉKULA, 2003).
Para Brasil (2003) ainda restam dúvidas em relação à aplicabilidade do teste ELISA
Anti-PGL-1. No estudo realizado com 6520 pessoas em uma área endêmica de São Paulo, por
um período de 4 anos, a positividade ao teste foi de 8,6 vezes o risco de hanseníase entre os
contatos e de 4,4 vezes entre os não contatos. O risco de adoecimento elevou-se 1,9 vezes pelo
contato com doentes PB e 5,7 vezes entre os contatos MB. Ressalta-se que 50 % dos casos
novos surgiram entre os não contatos (soronegativos) sem fonte de infecção conhecida.
Entretanto, para a autora, mesmo com maior risco de adoecimento entre os contatos, a
ocorrência de casos na população geral por si só, constitui fator determinante para a manutenção
dos altos níveis de transmissão da doença e ratifica a necessidade da ampliação da cobertura
vigilância epidemiológica dentro do contexto de eliminação e controle da hanseníase (BRASIL,
2003).
Chanteau (1993) não vê diferenças entre os contatos soropositivos ou soronegativos
quanto ao risco de adoecer em áreas de alta endemicidade e, com isso, questiona a efetividade
do teste sorológico para o diagnóstico precoce de hanseníase em áreas de risco após ter
acompanhado uma coorte de contatos na Polinésia Francesa por 10 anos. A explicação para o
baixo valor preditivo do teste (p = 0,2), poderia estar relacionado à vacinação com BCG dos
contatos que, apesar de não prevenir a infecção, gera resposta imunológica capaz de eliminar as
micobactérias. Para a autora, grande parte dos infectados com sorologia positiva contra o
antígeno PGL-1 poderia regredir para o estágio de eliminação ou neutralização da infecção, não
evoluindo para o estágio doença. (CHANTEU, 1993).
81
Destaca-se a importância da proximidade da convivência familiar no mesmo quintal, que
apesar de não ter sido encontrada expressão estatística em relação aos diferentes tipos de
convivência, reforça a necessidade de maior abrangência de vigilância dos contatos, já que a
intensidade de exposição com o caso índice estaria relacionada ao maior risco de adoecimento
(BRASIL, 2003; CALADO, 2005).
A forma clínica MB poderia ser vista como variável de risco, a partir do conhecimento
da forma de transmissão individual de hanseníase (NOORDEEN, 1993; VAN BEERS, 1994;
MATOS, 1999). Matos (1999), no entanto, não considera esta forma clínica como fator
suficiente e exclusivo para o aparecimento da doença, parecendo depender de fatores
imunológicos e individuais ligados ao seu desenvolvimento. Questiona-se por quê uma grande
parte dos contatos intradomiciliares de casos primários MB, ou até a totalidade, se infecta mas
não desenvolve a doença. Para Matos (1999), mesmo sem ser determinante para o adoecimento,
a maior probabilidade desse risco ocorre entre os contatos de pacientes MB. A questão em
relação à ocorrência de portadores assintomáticos explicaria a razão da transmissibilidade da
doença e a sua detecção poder contribuir para o controle da hanseníase, particularmente entre os
contatos intradomiciliares. Esse mesmo autor encontrou entre 670 contatos intradomiciliares,
oriundos de 152 casos primários, que 72% e 27,8% eram derivados de casos MB e PB
respectivamente. O autor enfatiza a importância da vigilância dos contatos a partir da detecção
de 23 casos secundários durante os 5 anos de acompanhamento da coorte: 02 MB, 11 PB e 10
com a forma indeterminada. No entanto, dificuldades como tempo de doença, período de
permanência de alguns indivíduos na família e estabelecimento do fim de risco para os contatos
após o final de tratamento do caso primário são alguns fatores práticos que podem gerar
diferenças quanto aos resultados.
82
A teoria do papel imunológico da mucosa nasal e de fatores genéticos é defendida como
influenciadores diretos da doença, onde a capacidade lisadora dos macrófagos em relação à
fagocitose do M.leprae, poderia estar relacionada a um caráter genético e com expressão clínica
dependente de fatores ambientais associados à exposição ao patógeno (BEIGUELMAN, 2002).
Por isso, mesmo com o elevado risco de adoecer entre os contatos de pacientes MB, os autores
observam que vasta maioria desses contatos nunca manifestou a doença (CHANTEAU, 1993;
KLATSER, 1993; NOORDEEN, 1993; RAMAPRASAD, 1997; VAN BEERS, 1998; BRASIL,
2003; TORRES, 2003; ALMEIDA, 2004). O ambiente social parece ter importância na
transmissão da doença, não deixando dúvidas quanto à relação entre pobreza e o risco de
contrair hanseníase (KERR-PONTES, 2004). De acordo com os autores é clara a delimitação de
um grupo mais susceptível nas classes sociais mais inferiores, sem afirmar se este fator está
ligado ao estado nutricional, à aglomeração domiciliar ou à presença de doenças concomitantes
(LOMBARDI, 1990; FACHINI, 1995; MARTELLI, 2002; KERR-PONTES, 2006).
Embora discordante, os resultados sobre as taxas de incidência de hanseníase entre os
contatos intradomiciliares parecem indicar que a vigilância de contatos não é uma medida
importante em regiões de alta endemicidade (CHANTEAU, 1993), onde o risco de infecção
seria semelhante entre os contatos e não-contatos (FINE, 1988; BAGSHAVE,1989). Mesmo
assim, a condição de soropositividade isolada quando relacionada ao risco de adoecimento entre
contatos e não contatos proporciona maior poder de risco entre os que representam a condição
de contato intradomiciliar (BRASIL, 2003). Considerando as taxas de incidência na população
geral (1,42 por 1000 hab.), taxa de incidência média para o Brasil em 1987 (BRASIL, 1989),
Matos (1999) concluiu que as taxas dos contatos são pelo menos 12 vezes maiores, o que indica
um Risco Relativo de 12. Em regiões de alta endemicidade o Risco Relativo é de 30
(CHANTEAU, 1993). Com base nesses resultados Chanteau (1993) e Matos (1999) admitiram
83
que a vigilância de contatos, mesmo que árdua, oferece subsídios que possam trazer resultados
coerentes para não só o controle, mas também para a eliminação da hanseníase nas áreas de alta
endemicidade.
Apesar das controvérsias, o contato constitui fator determinante na incidência da
hanseníase. Destaca-se a importância do conceito de contato subdividindo-o em contato
intradomiciliar, contato de vizinhança e contato social. Fazendo uma intercessão com o tempo
de exposição é questionável se os pacientes MB e, em menor grau os PB possam ser infectantes
sem que haja uma manifestação clínica da doença, reforçando a hipótese da existência de
portadores sãos. Nesse estudo, Van Beers (1999) deixa claro que o risco extrapola o limite
domiciliar, pois encontrou 101 casos de hanseníase em um período de 25 anos na Indonésia,
sendo o risco de adoecer 9 vezes maior entre os contatos que conviveram com doentes e 4 vezes
mais alto entre os vizinhos diretos do que nos indivíduos que não haviam tido contato com
doentes de hanseníase. Esse resultado reforça a vigilância não somente dos contatos, mas
também a necessidade da ampliação dessa medida pelo menos para os vizinhos diretos dentro
nos programas de controle e campanhas de eliminação da hanseníase (VAN BEERS, 1999).
Ambas, a infecção pelo M.leprae e a resistência imunológica, parecem ser determinantes
para a ocorrência da doença. Na província de Shandong (China) após 40 anos de esforço, a
hanseníase está sob controle, com somente 50 a 70 casos novos detectados a cada ano nos
últimos 10 anos. O exame dos contatos nessa região é compulsório. Shumin (2003) realizou
uma análise dos casos diagnosticados no período 1990 a 2001, tendo como definição de contato
toda pessoa que tivesse história de contato com um paciente com hanseníase por quaisquer
razões, incluindo parentes de primeiro, segundo e terceiro graus, contatos esses não hereditários,
como vizinhos e co-aldeões e contatos sociais, como amigos ou associados de fora da vila. Dos
547 casos novos diagnosticados, 295 casos (53,9%) não tinham conhecimento sobre seu
84
contato, 90 (16,5%) tinham tido contato familiar e 162 (29,6%) referiram contato com vizinhos
ou amigos com hanseníase. A maioria dos casos novos era do sexo masculino e MB (70%).
Nesse trabalho são notáveis a baixa percentagem domiciliar e a presença de casos novos fora
desse universo. Para os autores, a presença da doença estaria fortemente relacionada ao status
imunológico. Esse resultado poderia ser explicado pelo longo período de incubação da doença,
com tempo médio de 23 anos em meio aos 252 casos detectados entre os contatos estudados.
Com isso, enfatizam a manutenção da vigilância dos contatos mesmo em áreas de baixa
endemicidade (SHUMIN, 2003).
Cardona-Castro (2005) em pesquisa recente numa área de controle para eliminação de
hanseníase na Colômbia encontrou entre os contatos de 56 pacientes com a forma MHV, 02
casos novos, multibacilares, os quais já tinham sido avaliados há 1 ano. No entanto, naquela
época, não foram diagnosticados como doentes, provavelmente porque as lesões de pele não
foram detectadas ou não atribuídas à hanseníase. Nesse estudo foi utilizado o exame clínico dos
contatos (n = 248), a baciloscopia do muco nasal e linfa, sorologia para o Anti-PGL-1 e o teste
cutâneo com lepromina A (teste de Mitsuda). Os dois casos positivos apresentaram positividade
em todos os testes. O restante dos contatos apresentou: 59% com teste de Mitsuda positivo
(reação maior que 4 mm), 13% de positividade para o Anti-PGL-1 e baciloscopia negativa.
Estes dois últimos resultados, segundo o autor, denotam que a infecção continua a ocorrer
mesmo nas áreas consideradas em fase de “pós-eliminação” da hanseníase. O grupo com
positividade para o Anti-PGL-1 e com Mitsuda negativo (n = 15) e o grupo com sorologia e
Mitsuda positivos (n = 13) são considerados, para o autor, de alto risco. A explicação para este
maior risco relaciona-se ao fato de que, o primeiro grupo caso venha a adoecer, irá desenvolver
a hanseníase virchowiana. Já o segundo grupo, também infectado, tenderá para o pólo
tuberculóide. Para Cardona-Castro (2005) os grupos soronegativos mas com positividade ao
85
Mitsuda devem apresentar boa resposta imunológica em caso de futura infecção e os grupos
com resposta ausente nesses dois testes não estariam infectados. Entretanto, caso adoeçam,
tenderão para o pólo virchowiano. Confirma-se com isso a necessidade do seguimento desses
contatos para a eliminação da hanseníase. O autor é enfático em relação ao uso de medidas
como a utilização do teste sorológico e a reação de Mitsuda para a detecção precoce dos
contatos de alto risco durante o período de “follow-up” (CARDONA-CASTRO, 2005). Nesse
estudo foram avaliados os contatos por um período de 4 anos, cuja definição de contato incluía
apenas as pessoas que moravam na mesma casa que o caso índice por um período maior que 2
anos.
Reforçando a teoria dos contatos com maior risco de adoecimento, para Matos (1999), os
que apresentam Mitsuda inicial negativo, não vacinados com BCG e os com casos índice MB
seriam os mais predispostos a tornarem-se doentes, estando o Mitsuda relacionado à
susceptibilidade para a hanseníase e esta associada à influência do HLA. O autor chama atenção
em relação à positividade ao Mitsuda no contato sem relação com a forma clínica do caso índice
ou história pregressa de vacinação pela BCG. Para Saad (1991), a detecção de Anti-PGL-1
associado ao Mitsuda negativo representa maior risco de adoecimento entre os contatos.
Neste levantamento geral observa-se que os estudos, mesmo que algumas vezes
contraditórios, indicam o valor da identificação precoce dos contatos com maior risco de
adoecer. As diferenças relativas aos estudos podem estar relacionadas à áreas com diferentes
prevalências, ambientes geográficos diversos, populações e tamanho amostral variados, e
métodos de analise distintos que influenciam os resultados.
86
7.2.Métodos diagnósticos para a identificação do M. leprae:
Além dos testes sorológicos, a biologia molecular vem contribuindo cada vez mais a
partir da introdução de métodos diagnósticos alternativos como a PCR. Em um trabalho atual
com amostras de sangue e secreção nasal de 125 contatos de hanseníase, Almeida (2004),
obteve positividade ao teste da PCR tradicional em 4 amostras (3,4%) – 02 de sangue e 02 de
muco nasal, cujos contatos tinham como casos índice 03 MB e 01 PB. A ausência de
desenvolvimento de doença após o acompanhamento dos contatos por 1 ano, levou a autora a
concluir que, apesar da sensibilidade da técnica da PCR em detectar o DNA do M.leprae em
estágios subclínicos, esta não deve ser visto como única na detecção de contatos, mas,
complementar a outros métodos diagnósticos como evolução clínica, exame histopatológico e
testes sorológicos. Provavelmente, reforça-se a teoria da associação de fatores genéticos a
ambientais, determinantes no desenvolvimento da doença (ALMEIDA, 2004). A PCR do swab
do muco nasal mostra-se altamente específica frente à ausência de M.leprae em pessoas
saudáveis. Em um trabalho duplo cego, de 219 amostras de swab nasal de pessoas saudáveis em
uma área não endêmica, a PCR foi negativa em todos, com baixo índice de falso positivo e com
isso, confirma-se a sua utilização em escala epidemiológica (JADHAV, 2001).
A introdução da técnica da PCR veio contribuir como método alternativo para o
diagnóstico em casos onde o bacilo não era encontrado por meios convencionais. A detecção do
M.leprae por meio da PCR do muco nasal, colhido por swab e da presença de IgA anti-M.
leprae (sMLIgA) na saliva, por meio do teste ELISA poderia sugerir baixa imunidade quando
ocorre à conversão de sMLIgA (+) em sMLIgA (-) na saliva, parecendo ser inversamente
proporcional ao risco de desenvolver a doença. Ramaprasad (1997) tinha como objetivo
estabelecer relação entre a infecção com o M.leprae e o desenvolvimento de imunidade,
87
principalmente em áreas de alta endemicidade e com cobertura poliquimioterápica como a Índia
e a Etiópia. Esse poderia ser um método adicional para o controle da transmissão da doença. A
técnica da PCR do muco nasal é sensível para detectar o M.leprae quando está em pequeno
número e positivo nos contatos sem doença clínica, mostrando infecção nasal subclínica
transitória. A mucosa nasal poderia ser considerada fonte inicial de infecção e primeira linha de
defesa contra a hanseníase no que diz respeito ao desenvolvimento da resposta imunológica
(RAMAPRASAD, 1997).
Normalmente encontra-se na mucosa nasal um número considerável de células CD8+
com função citotóxica que constituem a primeira linha de defesa. Sua diminuição na mucosa
contribui para o aumento de células CD4+ e granulócitos, como observado nos pacientes MHV.
Contudo, ainda não está estabelecido se a redução do número de células CD8+ ocorre durante a
infecção ou se as pessoas com número reduzido dessas apresentam maior risco de adquirir a
doença (FOKKENS, 1998).
A identificação de bacilos no muco com a técnica da PCR não permite a distinção entre
infecção e contaminação, assim como, não distingue os bacilos mortos dos vivos
(RAMAPRASAD, 1997; NAAFS, 2001). Considera-se que a prevalência de indivíduos
infectados excede a de doentes. Isso provavelmente estaria relacionado a fatores imunológicos.
Presume-se que o M. leprae possa ser encontrado no muco nasal em 5 a 8% da população, como
já detectado por Klatser (1993), através da reação da PCR, em uma área endêmica da Indonésia.
No entanto, grande parte desse grupo nunca adoeceu (KLATSER, 1993). Apesar da presença do
bacilo não indicar necessariamente infecção, o achado deste sugere a hipótese da disseminação
ocorrer entre populações onde a endemicidade é alta (VAN BEERS, 1994; RAMAPRASAD,
1997). Diante de tal fato, o exame do muco nasal (PCR), mesmo em pessoas sadias, poderia ter
implicação no controle da doença (VAN BEERS, 1994).
88
Com o objetivo de avaliar a manutenção do reservatório de infecção e transmissão da
doença, Torres (2003), efetuou uma pesquisa em um grupo de 60 pacientes com hanseníase,
sendo: a) 20 MB/BI positiva; b) 30 MB/BI negativa; com 2 a 8 anos de tratamento e c) 10 PB
de 6 meses a 8 anos de tratamento, e 43 contatos, 12 domiciliares e 31 ocupacionais. Além
desses, utilizou-se um grupo controle formado por 40 pessoas saudáveis, 04 sem hanseníase
com PCR negativa e 10 com tuberculose. Nesse trabalho, encontrou-se positividade em dois
casos entre os 43 contatos, com risco em potencial de infecção com positividade para a PCR (M.
leprae DNA), e para os antígenos, PGL-1+ e D-BSA IgM+ sem sintomas ou atividade clínica
da doença. Esse resultado reforça a hipótese do papel imunológico representado pela mucosa
nasal, provável porta de entrada e defesa contra os bacilos. No entanto, esta barreira falha
permitindo que ocorra o estágio transitório de carreador e posterior infecção. Esses estágios
poderiam estar relacionados diretamente com a positividade sorológica, como sinal de
envolvimento sistêmico devido à contínua exposição em áreas endêmicas (TORRES, 2003).
Vários outros autores concordam que o nariz seja uma importante via de saída do M.
leprae do organismo invadido a partir da mucosa nasal. A baciloscopia do muco nasal muito
utilizada no passado para a detecção do bacilo foi substituída pela PCR do muco nasal. A
técnica de coleta do swab apresenta baixa especificidade, já que não é possível padronizá-la,
alem de permitir confusão com bactérias saprófitas. Para identificar o bacilo, é preferível o
método de amplificação do DNA pelo teste da PCR por ser espécie-específico (PATTYN, 1993;
TALHARI, 1997).
Ainda dentro do argumento da disseminação sistêmica, a partir da avaliação da mucosa
nasal de pacientes com hanseníase e seus contatos, Patrocínio (2005), defende a hipótese de que
o M.leprae poderia colonizar a concha nasal inferior, com posterior passagem para o sangue
89
periférico e desenvolvimento da doença. No estudo, mesmo com o resultado negativo do índice
baciloscópico na pele e na biópsia da mucosa nasal, foi possível encontrar a presença de bacilos
em 10 dos 99 contatos com a amplificação do DNA para a PCR. Entretanto, em 52 pacientes,
dos quais 03 com a forma PB, a PCR da mucosa nasal foi o único teste positivo. Com esse
resultado, incluem-se as formas PB na transmissão da doença e aponta-se a importância da
mucosa nasal como sítio primário de infecção (PATROCÍNIO, 2005).
7.3.O papel da quimioprofilaxia:
Ressalta-se que diminuição da incidência da hanseníase em alguns países se deve
inicialmente a introdução da poliquimioterapia em 1982, a melhores condições sócio-
econômicas e à imunização com (BCG), que oferece proteção em torno de 50 % com aumento
para até 75 % após a repetição da vacina (FINE, 1988). A utilização da BCG neonatal pode ter
tido implicação direta na redução de casos novos e sua maior efetividade poderia estar
relacionada à ampliação da cobertura vacinal (CUNHA, 2004). Entretanto, sua indicação é
limitada e contra-indicada em pacientes com Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA),
já que o uso de vacinas com agentes biológicos vivos ou atenuados, particularmente em
pacientes com imunodeficiência clínica e ou laboratorial grave (baixa contagem de linfócitos
CD4+) deve ser evitado e, utilizado somente quando houver melhora imunológica, avaliando-se
os riscos de complicações pós-vacinais (BRASIL, 2001).
Objetivando cessar a transmissão da infecção e, por conseguinte, reduzir a incidência,
entram em debate questões sobre medidas quimioprofiláticas em programas de eliminação e
controle da hanseníase (CONVIT, 1983; LECHAT, 1999; SMITH, 2000; CUNHA, 2004). A
estratégia de intervenção terapêutica em contatos de pacientes MB ou mesmo em grupos
90
populacionais sob risco, não era considerada viável pelos organismos internacionais (WHO)
anteriormente à década de 90, tendo em vista o grande número de pacientes existentes e casos
de hanseníase sem tratamento satisfatório ou mesmo sem tratamento algum. No entanto, após a
experiência de introdução, em larga escala, da quimioterapia e da cura de grande número de
pacientes, esta possibilidade vem sendo estudada em vários lugares. Waters (1993) aconselha
que a quimioprofilaxia deveria ser considerada, após exame clínico e teste sorológico Anti-
PGL-1, para as crianças com alto risco, principalmente contatos de hanseníase (WATERS,
1993). Nos estados federados da Micronésia, no Hawaí, foi introduzido a partir de 1996 dentro
do programa de controle da hanseníase a quimioprofilaxia da população inteira com esquema
ROM, constituído de 600 mg rifampicina, 400 mg ofloxacina e 100 mg minociclina em uma
dose única. Porém, a implementação deste mesmo modelo em áreas com grande população
como o Brasil, se apresenta inviável devido a dificuldades operacionais (DILETTO, 2000).
Discute-se ainda o verdadeiro papel e impacto da quimioprofilaxia contra a hanseníase
assim como a pesquisa de novas drogas. Apesar disso, sabe-se que a mesma poderia reduzir a
incidência da doença, com uma proteção em torno de 60%, particularmente em contatos
peridomiciliares. Considerando a identificação dos contatos com maior risco de adoecimento,
principalmente em áreas onde a doença é endêmica, poderia ser justificada a implementação da
quimioprofilaxia em associação a poliquimioterapia, como medida de controle da doença
(SMITH, 2000, CUNHA, 2004). Outra tentativa de profilaxia, dessa vez na Índia, foi com a
implementação da dose única de rifampicina na dose de 10 mg/kg em contatos domiciliares de
pacientes com hanseníase. A despeito dos contatos constituírem um pequeno grupo de casos
incidentes, o elevado risco desses reforça a reavaliação do efeito protetor da quimioprofilaxia
dentro dos programas de controle da doença e relação custo-efetividade. Nesse estudo,
91
observou-se eficácia de proteção em torno de 50% após 5 anos de estudo com incidência anual
de 2 casos novos em 1000 contatos (VIJAYAKUMARAN, 2000).
7.4.Considerações finais:
A demonstração de bacilo M.leprae nas cavidades nasais é relativamente comum,
principalmente nas áreas onde a endemicidade é alta. Mesmo assim, a positividade da PCR não
difere entre contatos e não contatos como citado anteriormente. Acredita-se ainda, que os
bacilos não estejam de forma contínua na mucosa nasal e que, a maioria das infecções
subclínicas, poderiam desaparecer espontaneamente não evoluindo para o estágio de doença. As
armas metodológicas atuais como a sorologia, aliada a biologia molecular, têm contribuído para
o esclarecimento da epidemiologia da hanseníase, principalmente com o objetivo de interromper
a cadeia de transmissão do bacilo. A busca e utilização de novas ferramentas imunológicas
poderão auxiliar e predizer as pessoas com maior risco de adoecimento, assim como instigar
novos questionamentos quanto à implementação da quimioprofilaxia da doença.
92
8. CONCLUSÕES
8.1 - Nenhum dos contatos apresentou alterações endoscópicas e histopatológicas
específicas de hanseníase ou exame bacteriológico da mucosa positivo para bacilos álcool-
ácido-resistentes que permitissem o diagnóstico precoce da doença.
8.2 - Entre os contatos soropositivos a PCR em Tempo Real foi positiva para a
presença de DNA do M.leprae em 19,35% destes. A maioria apresentou sorologia em 2+ e, em
todos os contatos com sorologia positiva em 3+, a RT-PCR foi negativa. O contato que adoeceu
apresentou maior número de cópias do genoma do M. Leprae antes da soroconversão de 2+ para
4 +.
8.3 - Não houve diferença estatística entre a forma clínica do CI com a positividade da
RT-PCR, assim como, a relação da soropositividade com o CI ao qual o contato foi exposto,
apesar da maioria dos contatos com a RT-PCR positiva ou negativa ter como CI a forma clínica
MB.
8.4 - A positividade da PCR em Tempo Real não apresentou relação com as queixas
otorrinolaringológicas, idade, sexo do contato ou com o tipo de relação e convívio com o CI.
8.5 - Isoladamente os exames da mucosa não permitiram o diagnóstico precoce de
hanseníase, mas a combinação de vários métodos associada com o exame dos contatos pode
ajudar a identificar infecção subclínica e permitir o monitoramento daqueles com maior risco de
transmissão da doença.
93
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS*:
ALMEIDA, E.C. et al. Detection of Mycobacterium leprae DNA by polymerase chain
reaction in the blood and nasal secretion of Brazilian household contacts. Mem Inst
Oswaldo Cruz. 2004; v.99.n.5, p.509-511.
ALVES, C. et al. Antígenos de histocompatibilidade humanos e dermatologia: da pesquisa
para a prática clínica. An Bras Dermatol. 2006; v.81, n.1, p.65-73.
ANDRADE, V.L.G. et al. Monitoring the elimination of leprosy in Brazil. Int J Lepr
1998; v.66.n.4, p. 457-463.
AZULAY E AZULAY. Dermatologia. 3ª ed. Guanabara Koogan. Rio de Janeiro (RJ), p.
223-233; 2004.
BARTON, R.P.E. The Management of Leprous Rhinitis. Lepr Rev 1973; v.44, p.186-191.
BARTON, R.P.E .A clinical study of the nose lepromatous leprosy. Lepr Rev 1974; v.45,
p.135-144.
BARTON, R.P.E Importance of nasal lesions in early lepromatous leprosy.
Ann R Coll Surg Engl. 1975; v.57, n.6, p.309-312.
BARTON, R.P.E.a Clinical manifestation of leprous rhinitis.
Ann Otol Rhinol Laryngol. 1976 ; v.85, p.74-82.
BARTON, R.P.E.; DAVEY, T.F.b. Early leprosy of the nose and throat. J Laryngol Otol
1976; v.90, n.10, p.953-961.
BARTON, R.P.E. et al. The nose in lepromatous leprosy; bacteriological and
histopatologic studies of patients treated with dapsone monotherapy for varying periods of
time. Int J Lepr Other Mycobact Dis 1982; v.50, n.1, p.58-67.
1
1
* PAULA, E.B.M. et al. Manual para Elaboração e Normalização de Dissertações e Teses. Universidade
Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: 3
a
ed. 2004. 95 p.
94
BAGSSHAVE, A.F. et al. IgM Serum Antibodies to Phenolic Glycolipid- 1 and Clinical
Leprosy: Two Years Observation in a Community with Hiperendemic Leprosy. Int J Lepr
1989; v.58, n.1, p.25-30.
BARROS, R.P.C.; OLIVEIRA, M.L.W. Detecção de Anticorpos Específicos para o
Antígeno Glicolípide Fenólico-1 do M. leprae (Anti-PGL-1): aplicações e limitações. An
Bras Dematol, Rio de Janeiro, 2000; v.75, n.6, p.745-753.
BEIGUELMAN, B. Genética e hanseníase. Ciênc Saúde Coletiva 2002, v.7, n.1.
BELAL, A. Surgical microscopy of the nose. New frontiers in nasal diagnosis and
treatment J Laryngol Otol 1978; v.92 p.197-207.
BIRCH, C.A. Hansen’s Bacilus.Gerhard Armauer Hansen. Practitioner 1973; v.210,
n.257, p.443-444.
BRASIL. Ministério da Saúde. Guia de controle da Hanseníase. Fundação Nacional de
Saúde. Brasília; 1994.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Política da Saúde. Departamento de atenção
básica. Área Técnica de Dermatologia Sanitária. Hanseníase, atividade de controle e
manual de procedimentos. Brasília; 2001.
BRASIL. Ministério da Saúde. Boletim epidemiológico AIDS: Recomendação para
imunização de pessoas infectadas pelo HIV. Julho a Setembro, 2001. Disponível em http://
www.aids.gov.br Acesso em janeiro de 2006.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n
o
1073/GM em 26 de Setembro de 2000. Brasília;
2000.
BRASIL, M.T.L.R.F. et al. Sorologia Anti-PGL-1 e risco de ocorrência da hanseníase em
área de alta endemicidade do Estado de São Paulo: quatro anos de seguimento. Epidemiol
Rev Bras 2003; v.6, n.3, p.262-271.
95
BRETT, S.J. et al. Serological activity of a characteristic phenolic glycolipid from
Mycobacterium leprae in sera from patients with leprosy and tuberculosis. Clin Exp
Immunol 1983; v.52, n.2, p.271-279.
BRITTON, W.J., LOCKWOOD, D.N.J. Leprosy. Lancet 2004; v. 363. p.1209–1219.
BUHRER-SEKULA, S. et al. The use of whole blood in a dipstick assay for detection of
antibodies to Mycobacterium leprae: a field evaluation FEMS Immunol Med Microbiol
1998; v.21, p. 197-201.
BUHRER-SEKULA, S. et al. Use of ML dipstick as a tool to classify Leprosy patients. Int
J Lepr Other Mycobact Dis 2000; v. 68, n.4, p.456-463.
BUHRER-SEKULA, S. et al. Simple and fast lateral flow test for classification of leprosy
patients and identification of contacts with high risk of developing leprosy. J Clin
Microbiol 2003; v.41, n.5, p.1991-1995.
CALADO, K.L.S. Inquérito sorológico com Ml Flow em contatos de pacientes de
hanseníase no Município de Duque de Caxias/ RJ. 2005. 92p. Dissertação (Mestrado em
Dermatologia) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2005.
CAMPOS, C. A. H. Da histoarquitetura da mucosa respiratória nasal em indivíduos
normais ou com rinite alérgica. 1994. 96p. Dissertação (Doutorado) - Escola Paulista de
Medicina, São Paulo, 1994.
CARDONA-CASTRO, N. M. et al. Infection by Mycobacterium leprae of household
contacts of lepromatous leprosy patients from a post-elimination leprosy region of
Colômbia. Mem Inst Oswaldo Cruz 2005; v.100, n.7, p.703-707.
CELLONA, R. V. et al. Cross-sectional assessment of ELISA reactivity in leprosy
patients, contacts, and normal population using the semisynthetic antigen natural
disaccharide octyl bovine serum albumin ( ND-O-BSA) in Cebu, The Philipines. Int J Lepr
1993; v.61, n.2, p.192-197.
CERRUTI, H. et al. Contribuição ao estudo da lepra nasal. Rio de Janeiro, Imprensa
Nacional, 1945.
96
CHACKO, C.J. et al. The significance of changes in the nasal mucosa in indeterminate,
tuberculoid and borderline leprosy. Lepr India 1979; v.51, n.1, p.8-22.
CHAN, G.P. et al. Leprosy Infection And Disease In The National Capital Region. Phil J
Microbiol Infect Dis 1997; v.26, n.4, p.159-162.
CHANTEAU, S. et al. Comparison of synthetic antigens for detecting antibodies to
phenolic glycolipid I in patients with leprosy and their household contacts. J Infect Dis
1988; v.157, p.770-776.
CHANTEAU, S. et al. Low predictive value of PGL-I serology for the early diagnosis of
leprosy in family contacts: Results of a 10-year prospective field study in French Polynesia.
Int J Lepr 1993; v. 61, p.533-541.
CHER, D.J., MOSMANN, T.R. Two types of murine helper T cell clone. II. Delayed-type
hypersensitivity is mediated by Th1 clones. J Immunol 1987; v.138, p.3688-3694.
CHO, S.N. et al. Detection of Phenolic Glycolipid -1 Antigen and Antibody in sera from
new and Relapsed lepromatous Patients Treated with various Drugs Regimens. Int J Lepr
1991; v.59, n.1, p. 25-31.
CONVIT, J. et al. Investigations Related to the development of a Leprosy Vaccine. Int J
Lepr 1983; v.51, n.4, p.531-539.
CRISTOFOLINI, L. Pacientes em quimioterapia anti-hansênica: problemas nasais.
1991. 111p. Dissertação (Doutorado em Enfermagem) - Universidade de São Paulo, São
Paulo, 1991.
CRISTOFOLINI, L., OGUSKU, E.F. Proposta para avaliação e cuidados nasais na
hanseníase. Salusvita 1988; v.7, n.1, p.129-136.
CUNHA, S.S.; RODRIGUES, L.C.; DUPPRE, N.C. Estratégia atual para o controle da
hanseníase no Brasil: hora de perseguir estratégias preventivas alternativas? Rev Pan Am
Salud Pública 2004; v.16, n.5, p. 362-365.
97
DAVEY, T.F. The nose in Leprosy: Steps for a better understanting. Lepr Rev 1974; v.45,
n.2, p.97-103.
DE Wit M.Y. et al. Polymerase chain reaction for detection of Mycobacterium leprae in
nasal sawb specimens. J Clin Microbiol 1993; v.31, n.3, p.502-506.
DILETTO, C., BLANC, L. Leprosy chemoprophylaxis in Micronesia. Lepr Rev 2000;
v.71, p.21-25, Suplemento.
DOUGLAS, J. T.; WORTH, R. M. Field evaluation of an ELISA to detect antibody in
leprosy patients and their contacts. Int J Lepr 1984; v.52, p.26-33.
DOUGLAS, J. T. et al. The effects of chemotherapy on antibody levels in lepromatous
patients. Lepr Rev 1988; v.59, p. 127-135.
DOUGLAS, J. T. et al. Prospective study of serological conversión as a risk for
development of Leprosy among household contacts. Clin diagn Lab Immunol 2004; v.11,
n.5, p. 897-900.
DYSSANAYAKE, S. Relative lack of clinical disease among households contacts of
tuberculosis patients compared to leprosy households. Trans R Soc Trop Med Hyg 2004;
v.98, n.3, p. 156-164.
FACCHINI, L. A. Trabalho Materno e Ganho de Peso Infantil. Pelotas, Editora
Universidade Federal de Pelotas, 1995.
FERREIRA; I.. N.; ALVAREZ, R. R. A. Hanseníase em menores de quinze anos no
município de Paracatu, MG (1994 a 2001). Rev Bras Epidemiol 2005; v.8, n.1.
FINE, P. E. M. Leprosy: The epidemiology of a slow bacterium. Epidemiol Rev 1982; v.4,
p. 161-188.
FINE P. E. M. et al. Seroepidemiological studies of leprosy in northern Malawi based on
an enzyme-linked immunosorbent assay using synthetic glycoconjugate antigen. Int J Lepr
Other Mycobact Dis 1988; v.56, n.2, p.243-254.
98
FINE, P. E. M. Reflections on the elimination of leprosy. Int J Lepr Other Mycobact Dis
1992; v.60, n.1, p.71-80.
FINE P. E. M., et al. Household and dwelling contacts as risk factors for leprosy in
Northeastern Malawi. Am J Epidemiol 1997; v.146, p.91-102.
FOKKENS, W. J., TRENITE, G. J .N., VIRMOND, M. The nose in leprosy:
Immunohistology of the nasal mucosa. Int J Lepr Other Mycobact Dis 1998; v.66, n.3,
p.328-339.
FOSS, N. T. Aspectos imunológicos da hanseníase. Medicina, Ribeirão Preto 1997; v.30,
p.335-339.
GOMES, M. J. M. Tuberculose Nosocomial. Artigo de Revisão. Rev F M L 2000; v.5, n.1,
p.17-22.
GUERRERO, M. I., ARIAS, M.T., GARCES, M. T. Developing and using a PCR test to
detect subclinical Mycobacterium leprae infection. Rev Panam Salud Publica 2002; v.119,
n.40, p.228-234.
GREEN, C. A.,; KATOCH, V. M., DESIKAN, K. V. Quantitative estimation of
Mycobacterium leprae in exhaled nasal breath. Lepr Rev 1983; v.54, p.337-340.
HUGHES, R.G.M.; DRAKE-LEE, A. Nasal manifestations of granulomatous diseases.
Hosp Med Rev 2001; v.62, n.7, p.417-421.
HUNTER, S. W.; BRENNAN, P. J. A novel Phenolic Glycolip from Mycobacterium
lepare Posibily Involved in Immnogenicity and Pathogeniciy. J Bacteriol 1981; v.147, n.3,
p. 728-735.
HUNTER, S.W. ; FUJIWARA, T.; BRENNAN, P. J. Structure and antigenicity of the
major specific glycolipid antigen of Mycobacterium leprae
J Biol Chem 1982; v. 257, n.24,
p.15072-15078.
99
HUNTER, S.W.; GAYLORD, H., BRENNAN, P. J. Structure and antigenicity of the
phosphorylated lipopolysaccharide antigens from the leprosy and tubercle bacilli. J Biol
Chem 1986; v. 261, p.12345–12351.
JADHAV, R. S. et al. Simplified PCR Detection Method for Nasal Mycobacterium leprae.
Int J Lepr 2001; v.69, n.4, p.299-307.
JOB, C. K., KARAT, A. B., KARAT, S. The histopathological appearance of Leprous
rhinitis and pathogenesis of septal perforation in leprosy. J Laryngol Otol 1966; v.80, n.7,
p.718-732.
KERR-PONTES, L. R. S. et al. Inequality and leprosy in Northeast Brazil: an ecological
study Int J Epidemiol 2004; v. 33, n.2, p.262-269.
KERR-PONTES, L. R. S. et al. Socioeconomic, environmental, and behavioural risk
factors for leprosy in North-east Brazil: results of a case-control study
Int J Epidemiol 2006; v.35, n.4, p.994 - 1000.
KLATSER, P. R. et al.. Evaluation of Mycobacterium leprae antigens in the monitoring of
a dapsone-based chemotherapy of previously untreated lepromatous patients in Cebu,
Philippines. Lepr Rev 1989; v.60,p.178-186.
KLATSER, P.R.; VAN BEERS; MADJID, B. Detection of leprae nasal carries in
populations for wich leprosy is endemic. J. Clin Microbiol 1993; .n .31, p.2947-2952.
LECHAT, M. F. Rationale for the preventive treatment of leprosy. Int J Lepr 1999; v.67,
n.4, p. 63-66.
LÉLOIR. Lésions des muqueuses. Traité pratique et theorique de la leper 1886; p.71-87.
LOCKWOOD, D.; SUNEETHA. S. Leprosy: too complex a disease for a simple
elimination paradigm - Bulletin of the World Health Organization, Março 2005.
LOMBARDI, C., FERREIRA, J. História natural da hanseníase. In: LOMBARDI,
FERREIRA, MOTTA e OLIVEIRA, editores. Hanseníase: Epidemiologia e controle. São
Paulo, Imprensa Oficial do Estado: Arquivo do Estado, 1990; p.13-20.
100
MANETTI, R., PARRONCHI, P., GIUDIZI, M.G. Natural killer cell stimulatory factor
(interleukin [IL-12]) induces T helper type 1 (Th1)-specific immune responses and inhibits
the development of IL-4 – producing Th cells. J Exp Med 1993; v.177, p.1199-1204.
MARTELLI, C. M. T. et al. Endemias e Epidemias Brasileira, Desafios e Perspectivas de
Investigação Científica: Hanseníase. Rev Bras Epidemiol, São Paulo, 2002; v.5, n.3, p.273-
285.
MARTINEZ, A. N. et al. Evaluation of real-time and conventional PCR targeting
complex 85 genes for detection of Mycobacterium leprae DNA in skin biopsy samples from
patients diagnosed with leprosy. J Clin Microbiol 2006; v.44, n.9, p.3154-3159.
MARTINS, A.C.C. Estudo retrospectivo de dez anos em endoscopia das cavidades nasais
de pacientes com hanseníase .2002. 124p. Dissertação (Mestrado em Otorrinolaringologia)
– Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2002.
MARTINS, A.C.C.; CASTRO, J.C.; MOREIRA, J.S. Estudo retrospectivo de dez anos
em endoscopia das cavidades nasais de pacientes com hanseníase. Rev Bras
Otorrinolaringol 2005; v.71, n.5, p.609-616.
MATOS, H J., et al. Leprosy epidemiology in a cohort of household contacts in Rio de
Janeiro (1987-1991). Cad Saúde Pública 1999; v.15, n.3, p. 533-542.
MATOS, H. J. Modelagem de Dados Epidemiológicos de Contatos de Hanseníase em uma
Coorte Acompanhada na Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, entre 1987 e 1998.
2000. 99p. Dissertação (Doutorado em Saúde Pública) - Escola Nacional de Saúde Pública,
Rio de Janeiro, 2000.
McDOUGALL, A.C., The nasal excretion of leprosy bacilli. Lepr Ver 1978; v.4, n.49,
p.265-267.
MENZEL, S. et al. Antibodies to a Synthetic Analog of Phenolic Gycolipi-1 of
Mycobacterium leprae in Healthy Household Contacts of patients with Leprosy. Int J Lepr
1987; v.55, n.4, p. 617-625.
MOET, F. J.; et al. Risk Factrors For Development Of Clinical Leprosy Among Contacts
And Their Relevance For Target Interventions. Lepr Rev 2004; v.75, n.4,p.310-326.
101
MONTSERRAT, J. M., PERA, E.; BLAUNSTEIN, A. Rhinitis leprosary. Rhinology
1985; v.23, n.2, p.159-63.
MOSMANN, T. R., H.; CHERWINSKI, M. W. B.; GIEDLIN, M. A. Two types of
murine helper T-cell clone. I. Definition according to profiles of lymphokine activities and
secreted proteins. J Immunol 1986; v.136, p.2348–2357.
NAAFS, B. et al. Factors influencing the development of leprosy. Int J Lepr Other
Mycobact Dis 2001; v.69, n.1, p.26-33.
NOORDEEN, S. K., Leprosy 1962-1992. Epidemiology and Control of Leprosy - A review
of progress over the last 30 years. Trans R Soc Trop Med Hyg 1993; v. 87, p.515-517.
OLIVEIRA, M. L.W., Controle da hanseníase uma proposta de integração ensino-
serviço. Ministério da Saúde (BR), 1989, 120p.
PATROCÍNIO, L.G. et al. Detection of Mycobacterium leprae in nasal mucosa biopsies
by polymerase chain reaction. FEMS Immunol Med Microbiol 2005; v.44, n.3, p.311-316.
PATTYN, S. R.; URSI, D.; LEVEN, M. Detection of Mycobacterium leprae by the
polymerase chain reaction in nasal swabs of leprosy patients and their contacts. Int J Lepr
Other Mycobact Dis 1993; v 61, n.3, p.389-393.
PEDLEY, J. C. The nasal mucus in Leprosy. Lepr Rev 1973; v.44, p.33-35.
________. Letters to editor. Lepr Rev 1975; v.46, p.87-88.
PINTO-NETO, J. M.; VILLA, T. C. S. Considerações Epidemiológicas Referentes Ao
Controle dos Comunicantes de Hanseníase. Hansen Int 2000; v.27, n.1, p.23-28.
PRADES, J.. Endonasal microscopy. Acta ORL Iber-Amer 1970; v.21, p.184-186.
RAMAPRASAD, P. et al. Transmission and protection in leprosy: indications of the role
of mucosal immunity. Lepr Rev 1997; v.68, p.301-315.
102
REES, R. J. W., MEADE, T. W. Comparison of the modes of spread and incidence of
tuberculosis and leprosy. Lancet 1974; p.47-48.
RIDLEY, D. S.; JOPLING, W. H. Classification of leprosy according to immunity; a
five-group system. Int J Lepr 1966; v.34, p.255-273.
ROACH, T.I. et al. Macrophage activation: lipoarabinomannan from avirulent and
virulent strains of Mycobacterium tuberculosis differentially induces the early genes c-fos,
KC, JE, and tumor necrosis factor-alpha. J Immunol 1993; v. 150, n. 5, p. 1886-1896.
ROCHE, P. W. et al. Operational value of serological measurements in multibacillary
leprosy patients: clinical and bacteriological correlates of antibody responses. Int J Lepr
1990; v.58, p.480-490.
ROY, S. et al. Association of Vitamin D Receptor Genotype with Leprosy Type. J Infect
Dis 1999; v.179, p.187-191.
SAAD, M. H. F. et al. Use of the Anti- PGL-1 Antibody Elisa and The Mitsuda Reaction
in Early Diagnosis of Leprosy. Bras J Med Biol Res 1991; v.24, p.801-805.
SARNO, E. N. A hanseníase no laboratorio. Hist Cienc Saúde – Manguinhos 2003; v.10,
Suplemento 1.
SCOLLARD, D. M.; SKINSNES O. K. Oropharyngeal Leprosy In Art, History, And
Medicine. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod 1999; v. 87, n.4, p.463-
470.
SHEPARD, C. C. Stability of Mycobacterium leprae and temperature optimum for growth.
Int J Lepr 1965; v.33, n.3, p.541-50. Suplemento.
SHUMIN, C. et al. Should Household Contact Examination in a Low Endemic Situation of
Leprosy Continue? J Int Lepr Other Mycobact Dis 2003; v.71, n.2, p.95-100.
103
SMITH, C. et al. Chemoprophylaxis is Effective in the Prevention of Leprosy in Endemic
Countries: a Systematic Review and Meta-Analysis. J Infect Dis 2000; v.41, p. 137-142.
SMITH, W.C. et al. An approach to understanding the transmission of Mycobacterium
leprae using molecular and immunological methods: results from the MILEP2 study.Int J
Lepr Other Mycobact Dis 2004; v.72, n.3, p.269-277.
SONI, N. K.. Epistaxis and leprosy. Indian J Lepr 1988; v.60, n.4, p.562-565.
________. Microscopic rhinoscopy in lepromatous leprosy. J Laryngol Otology 1977;
v.111, p. 122-124.
________. Leprosy of the Eustachian tube (Nasopharyngoscopic study). Lepr Rev 1995;
v.66, p.314-317.
________. Epistaxis and leprosy. Indian J Lepr 1988; v.60, n.4, p.562-5.
SUNEETHA, S. et al. Histological studies in primary neuritic leprosy: Changes in the
nasal mucosa. Lepr Rev 1998; v.69, p.358-366.
TORRES, P. et al. Comparison of PCR mediated amplification of DNA and the classical
methods for detection of Mycobacterium leprae in differents types of clinical samples in
leprosy patients and contacts. Lepr Rev 2003; v.74, n.1, p.18-30.
TALHARI, S.; NEVES R. G. Dermatologia tropical: hanseníase, 3ª ed., Gráfica Tropical
Manaus, 1997, p.97-101.
TALHARI, S.; PENNA, G. Reflexões sobre a Política Global de Controle de Hanseníase
Rev Soc Bras Med Trop 2005; v.38, n.4.
ULRICH, M. et al. IgM antibodies to native glycolipi-1 in contacts of Leprosy patients in
Venezuela: epidemiological observations and a prospective study of the risk of Leprosy. Int
J Lepr Other Mycobact Dis 1991; v.59, n.3, p.405-415.
104
VAN BEERS, S. M. et al. An epidemiological study of leprosy infection by serology and
polymerase chain reaction. Int J Lepr Other Mycobact Dis 1994; v 62, n.1, p.1-9.
VAN BEERS, S. M.; MADELEINE, Y. L.; KLASTER, P. R. The epidemiology of
Mycobacterium leprae: Recent insight. Feems Microbiol Letters 1996; v.136, n.3, p.221-
230.
VAN BEERS, S. M., HATTA, M., KLATSER, P. R. Patient contact is the major
determinant in incident leprosy: implications for future control. Int J Lepr 1999a; v.67, p.
119-128.
VILANI-MORENO, R. et al. Hanseníase Experimental Murina: Inoculação do
Mycobacterium Leprae via Intranasal. Hansen Int 1999; v.24 , n.2, p.115-120.
VIJAYAKUMARAN, P., KRISHNAMURTHY, P., RAO, P. Chemoprophylaxis against
leprosy: Expectations and methodology of a trial. Lepr Rev 2000; v.71, p.37-41.
Suplemento.
WARNDORFF, D, K. et al. Polymerase chain reaction of nasal swabs from tuberculosis
patients and their contacts. Int J Lepr Other Mycobact Dis 1996; v.64, n.4, p.404-408.
WATERS, M. F. R. Leprosy 1962-1993. 1. Chemotherapy of leprosy -current status and
future prospects. Trans R Soc Trop Med Hyg 1993; v.87, p. 500-503.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. A guide for leprosy Control. 2
a
Ed, 1989.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Leprosy Today: Leprosy elimination, 2006.
Disponível em
http://.who.int/lep/en. Acesso em 11 de Outubro de 2006.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Tuberculosis. Infection and Transmission Global
and Regional incidence. Disponível em http://.who.int.tuberculosis. Acesso em Setembro
de 2006.
WARREN, G. Letters to editor. Lepr Rev 1975; v.46, p.135-137.
105
ANEXOS
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Como o senhor (a) sabe, o teste do sangue realizado pela equipe do Hospital
Clementino Fraga Filho, foi positivo, isso significa que o senhor (a) entrou em contato com
um paciente com hanseníase. A hanseníase é uma doença causada por um micróbio que
pode acometer com freqüência o nariz causando: sangramento, dor, nariz entupido,
eliminação de casquinhas e secreção. Muitas vezes, estas queixas ocorrem sem que existam
manchas na pele; por isso, será necessário o uso de um aparelho (endoscópio) para
examinarmos cuidadosamente o nariz por dentro.
Caso encontremos algum tipo de lesão, o senhor (a) será orientado a colher sangue
para verificar a coagulação e, depois, faremos a remoção de um pequeno fragmento de
dentro do nariz para estudo (biópsia) que será realizada com anestesia local, para que
possamos ajudar na identificação da doença o mais cedo possível e tratá-la caso encontrada.
O exame será realizado no Serviço de Otorrinolaringologia do Instituto de Pesquisa
Clínica Evandro Chagas da Fundação Oswaldo Cruz, com data marcada, com a Dra Ana
Cristina da Costa Martins.
Nós nos comprometemos a preservar a sua identidade.
Autorizo a realização da pesquisa e conservação do material retirado do nariz para posterior
utilização de outras técnicas para o diagnóstico.
______________________________________________________________________
Assinatura
Para maiores esclarecimentos: Dra Ana Cristina da Costa Martins – telefone: 25984263
ramal (125).
106
FICHA DO PACIENTE (MH EM ORL) N º_________.
Nome:____________________________________________________________.
Sexo: F ( ) M ( ) Profissão: _________________________.
Idade:________________ anos
Raça: B ( ) N ( ) Pd ( )
Data do Diagnóstico : ___________/_________/_________.
PGL-1 ( ) 2+ ( ) 3+ ( ) 4 +
Tipo de relação com o contato: ( ) pais/filhos/irmãos ( )tios/primos/avós/netos/sobrinhos
( )cônjuge/cunhados/genro/nora/padrasto/enteado ( )amigo/namorado/inquilino
Tipo de convívio do contato: ( )diário ( )> 1 vez/sem ( ) 1vez/sem ( )1 vez/quinzena
( ) 1 vez/mês.
Tipo de contato com o caso índice: ( ) domiciliar ( ) peridomiciliar
Forma clínica do caso índice: ( ) MB ( ) PB
QUEIXAS DO PACIENTE :
( ) anosmia ( ) prurido ( ) espirros
( ) cacosmia ( ) rinorréia
( ) hiposmia ( ) ressecamento
( ) eliminação de crostas ( ) epistaxe
( ) obstrução nasal ( ) dor nasal
outras:____________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
107
EXAME OTORRINOLARINGOLÓGICO :
EXAME ENDOSCÓPICO :
ÓTICA RÍGIDA: 30° ( ) 0º ( )
Cavidades nasais:
NORMAL ( ) ALTERADA ( )
BIÓPSIA :
( ) HISTOPATOLÓGICO ( ) BAAR MN ( ) PCR
LOCAL: CONCHA INFERIOR D ( )
Resultados:______________________________________________________________
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo