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UFRRJ
INSTITUTO DE FLORESTAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS
AMBIENTAIS E FLORESTAIS
DISSERTAÇÃO
Classificação de estágios sucessionais florestais por
meio de imagens de alta resolução (IKONOS) no
Parque Estadual da Pedra Branca, RJ.
Danielle Pereira Cintra
2007
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ii
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE FLORESTAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS E
FLORESTAIS
CLASSIFICAÇÃO DE ESTÁGIOS SUCESSIONAIS FLORESTAIS POR
MEIO DE IMAGENS DE ALTA RESOLUÇÃO (IKONOS) NO PARQUE
ESTADUAL DA PEDRA BRANCA, RJ.
DANIELLE PEREIRA CINTRA
Sob Orientação do Professor
Dr. Rogério Ribeiro de Oliveira
e Co-orientação do Professor
Dr. Luiz Felipe Guanaes Rego
Dissertação submetida como requisito
parcial para obtenção do grau de Mestre
em Ciências, no Curso de Pós-
Graduação em Ciências Ambientais e
Florestais, Área de Concentração em
Conservação da Natureza
Seropédica, RJ
Agosto de 2007
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iii
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE FLORESTAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS E
FLORESTAIS
DANIELLE PEREIRA CINTRA
Dissertação submetida como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Ciências
no Curso de Pós-Graduação em Ciências Ambientais e Florestais, área de Concentração em
Conservação da Natureza.
DISSERTAÇÃO APROVADA EM ____/____/____
___________________________________________________
Rogério Ribeiro de Oliveira. Prof. Dr. PUC-Rio
(Orientador)
___________________________________________________
Márcio Rocha Francelino. Prof. Dr. UFRRJ
___________________________________________________
Rita de Cássia Martins Montezuma. Profª. Drª. PUC - Rio
iv
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador Rogério Oliveira, por sempre me lembrar que devo seguir minha
formação básica, a Biologia, permitindo um olhar mais crítico sobre meu objeto de estudo e
por me ajudar a enxergar as limitações da tecnologia, sempre me indicando o melhor
caminho.
Ao meu co-orientador Felipe Guanaes, por me mostrar o lado prático das coisas, por
me ensinar a ser mais concisa, pela visão interdisciplinar e pelos ensinamentos na área de
sensoriamento remoto.
A ambos, por acreditarem na idéia do projeto, mesmo quando passamos por momentos
difíceis, e por me acolherem na PUC-Rio, em seus laboratórios, permitindo o
desenvolvimento desta pesquisa.
Aos membros da banca por aceitarem o convite e dar sua contribuição para o
aprimoramento deste estudo.
À Rita Montezuma, minha amiga, professora e atual vizinha, por todas as opiniões que
me foram essenciais para realização deste trabalho.
Ao Kenny Tanizaki pelos ensinamentos iniciais sobre floresta, ainda na graduação, e
por me estimular a trilhar este caminho profissional tão amplo e gratificante para mim.
Ao Prof. Marcio Francelino pela clareza com que expõe suas idéias nas aulas de
Geoprocessamento, o que me ajudou a enxergar exatamente o que precisava ser feito para
completar este trabalho.
Ao Prof. Lelis, coordenador da Pós-graduação em Ciências Ambientais e Florestais da
UFRRJ, por sua disponibilidade e contribuição.
A todos os professores do Programa de Pós-graduação da UFRRJ.
À CAPES pelo apoio financeiro.
Aos meus amigos de laboratório na PUC-Rio, Marlene, Álvaro e Ricardo pela amizade
e por me auxiliarem na compreensão do conhecimento geográfico.
Ao Prof. José Araruna e ao MSc. Patrício Pires, Engenharia Civil, PUC-Rio, pelo
empréstimo do GPS e por ter me auxiliado nos trabalhos de campo e no processamento dos
dados do GPS.
Ao Prof. Raul Feitosa, Engenharia Elétrica, PUC-Rio, por sua disponibilidade e
contribuição, e aos MSc. Vanessa, Thiago e Maria Clara, por me auxiliarem com as questões
matemáticas do sensoriamento remoto.
v
Às secretárias Edna (Departamento de Geografia, PUC-Rio), Daise (NIMA, PUC-Rio)
e Lenice (Instituto de Florestas, UFRRJ) por estarem sempre dispostas a me auxiliar.
Ao meu marido Renza pelo estímulo, pelo apoio, pelos “puxões de orelha”, pelo
carinho, atenção e disposição: de ir a campo comigo, ler e reler a dissertação, cuidar de mim e
da casa, quando eu não agüentava mais, e ainda arranjar tempo de trabalhar, publicar, tomar
cerveja, etc. Enfim, por me ajudar nesta fase tão importante da minha vida. Te amo muito.
À minha família querida, meu pai e meu irmão que sempre me apoiaram e que se
dispuseram a ir a campo comigo, para que eu pudesse concluir esta fase. Amo vocês.
À minha querida mãe que se foi há incríveis 4 anos e meio, por me fazer chegar até
aqui com sucesso. Saudades inesgotáveis. Certeza que está sempre de olho em mim, onde
quer que esteja.
À Izolina, que trabalha na casa dos meus pais a tantos anos, que me viu crescer e
sempre cuidou de mim como se fosse uma mãe.
À minha Tia Cláudia, bióloga, a quem admiro e sempre me espelhei
profissionalmente. Obrigada por ser essa pessoa incrível e me apoiar nos momentos difíceis,
quando preciso de uma companhia feminina.
A toda minha família (a maior), principalmente minha avó Dayse, minha madrinha
Claudete e minha prima-irmã Cris, por terem auxiliado na minha formação pessoal. E a todos
os meus primos pela companhia e amizade Priscilla, Tiça, Kiko, Guto, Juliana e Ana Paula.
À minha amiga Maíra, por me apoiar em minhas decisões, por me aconselhar e por me
colocar pra cima quando estou precisando.
À Júlia, minha amiga desde a faculdade que está sempre pronta para me ajudar e me
salvar quando tudo está dando errado.
À Rita Svorc, Heloiza Morelli e Rodrigo Câmara pela amizade e pelas gargalhadas
durante todo o curso e até hoje.
Aos meus amigos, Lu, Pablo, Sheila, Tatá, Fausto, Ivan, Sophie, que também me
aturaram, principalmente nesta fase final e souberam dar um jeitinho de sempre me ter por
perto. Salve o bar do Seu Manuel e Loreninha!
vi
RESUMO
CINTRA, Danielle Pereira. Classificação de estágios sucessionais florestais por meio de
imagens de alta resolução (Ikonos) no Parque Estadual da Pedra Branca, RJ. 2007. 87 p.
Dissertação (Mestrado em Ciências Ambientais e Florestais). Instituto de Florestas,
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, 2007.
A tecnologia de geração de imagens obtidas por sensores remotos instalados em satélites
artificiais foi essencial para evolução dos estudos ambientais. No caso do monitoramento de
florestas esta tecnologia é de grande importância para avaliar a cobertura e dinâmica da
floresta e a detecção de alterações ambientais causadas por fatores naturais ou de origem
antrópica. Este trabalho se concentra na bacia do rio Camorim, parte meridional do Parque
Estadual da Pedra Branca, que se encontra na Região Metropolitana do Município do Rio de
Janeiro. O objetivo do estudo foi diferenciar estágios sucessionais florestais através de uma
classificação baseada em interpretação visual de uma imagem orbital de alta resolução. A
classificação da imagem obedeceu a uma hierarquia de classes do nível geral (Nível I) para o
específico (Nível II). As formações florestais foram classificadas de acordo com a resolução
CONAMA nº. 06 de 04/05/1994 em diferentes estágios de sucessão secundária (estágio
inicial, estágio médio, estágio avançado e floresta primária). Cada uma dessas classes teve
suas coordenadas obtidas em campo através de GPS. A partir dos dados coletados em campo
e a transferência dos dados obtidos com o GPS à imagem, foi definida uma chave de
interpretação. Verificou-se que 85% da área total da bacia do rio Camorim é ocupada por
floresta em diferentes estágios de sucessão ecológica. As áreas em estágio mais avançado de
sucessão (estágio avançado e floresta primária) se equiparam em extensão às áreas em
estágios mais iniciais (estágio médio e inicial), ocupando 336 ha (42%) e 328 ha (41%),
respectivamente. Isso significa que apesar da grande pressão antrópica que sofre em seu
entorno, a bacia do rio Camorim ainda mantém remanescentes importantes para conservação
da Mata Atlântica. A estratégia de classificação por hierarquia de classes se mostrou um bom
método para interpretação visual das classes, que por ser sistemática diminui um pouco da
subjetividade do processo. A metodologia aplicada permitiu a diferenciação dos estágios
sucessionais. O resultado, no entanto representa uma estimativa, muito útil principalmente
para melhorar a atuação dos órgãos fiscalizadores e gestores da região.
Palavras chave: sensoriamento remoto, sucessão ecológica, Floresta Atlântica
vii
ABSTRACT
CINTRA, Danielle Pereira. Classifying successional forests using high resolution image
(Ikonos), in Pedra Branca State Park, RJ. 2007. 87 p. Dissertation (Master in
Environmental and Forest Sciences) Instituto de Florestas, Universidade Federal Rural do Rio
de Janeiro, Seropédica, RJ, 2007.
The technology of image generation by remote sensing was extremely important for the
environmental studies evolution. In the case of forest monitoring, this technology is important
to evaluate forest cover and dynamics and detection of environmental changes from natural or
human causes. This work concentrates on the basin of the river Camorim, it leaves southern of
the Pedra Branca State Park, metropolitan area of the municipal district of Rio de Janeiro. The
goal of the study was to differentiate forest succession stages through visual interpretation of
a high resolution orbital image. The image classification obeys a hierarchy of classes from a
general level (Level I) to a specific level (Level II). The forest formations were classified
according to CONAMA resolution nº. 06 de 04/05/1994 in different secondary successional
stages as initial, medium, advanced stage and primary forest. Each of them had geographic
coordinate acquired in the field by GPS. From the data collected in field in the area of study
and the transference of the data acquired with the GPS to the image, an interpretation key was
defined. In the case of this work the color tonality and texture aspects had been taken in
consideration, for distinction of the different sucessionais stages. It was verified that 85% of
the total area of the basin of the river Camorim are covered by forest in different stages of
ecological succession. The areas in more advanced stage of succession (advanced stage and
primary forest) had equalized in extension to the areas in initial stage (average and initial
stages), occupying 336 ha (42%) and 328 ha (41%), respectively. This means that although
the great human pressure that suffers in its neighborhood, the basin of the river Camorim still
keeps important remainders for conservation of Atlantic Forest. The strategy of classification
for hierarchy of classes was a good method for visual interpretation. That diminishes a little of
the subjectivity of the process for being systematic. The applied methodology allowed the
differentiation of the sucessionais stages. The result however represents an estimate, very
useful mainly to improve the performance of the environmental control agencies and
managers of the region.
Keywords: remote sensing, forest succession, Atlantic tropical forest
viii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Localização do PEPB no município do Rio de Janeiro. ......................................... 12
Figura 2: Diagrama das classes de uso do solo a serem reconhecidas na imagem. Em negrito o
detalhamento da classe floresta de acordo com critérios sucessionais da resolução nº 06 de
1994 do CONAMA. ...........................................................................................................16
Figura 3: Estrutura diamétrica em floresta primária localizada na bacia do rio Camorim, PEPB, RJ.
............................................................................................................................................ 23
Figura 4: Estrutura diamétrica de floresta em estágio médio de sucessão localizada na bacia do rio
Grande, PEPB, RJ. ............................................................................................................ 25
Figura 5: Mapa hisométrico da bacia do rio Camorim, PEPB, RJ, com faixas de altitude em intervalo
regular de 82 m. ................................................................................................................. 31
Figura 6: Modelo digital de elevação (MDE) da bacia do rio Camorim, PEPB, RJ, com faixas de
altitude em intervalo regular de 82 m. .............................................................................. 33
Figura 7: Porcentagem de área ocupada pelas classes de declividade na bacia do rio Camorim, PEPB,
RJ. ...................................................................................................................................... 34
Figura 8: Mapa de declividade da bacia do rio Camorim, PEPB, RJ. ................................... 35
Figura 9: Variação da orientação das encostas na bacia do rio Camorim, PEPB, RJ. ........................ 36
Figura 10: Faces de orientação presentes na bacia do rio Camorim localizada no PEPB, RJ.
............................................................................................................................................ 37
Figura 11: Classificação do uso do solo, Nível I, do PEPB, RJ .......................................................... 39
Figura 12: Área em hectares ocupada pelas classes do Nível I presentes no PEPB, RJ. .................... 40
Figura 13: Classificação do uso do solo, Nível I, da bacia do rio Camorim, PEPB, RJ
............................................................................................................................................ 41
Figura 14: Área em hectares ocupada pelas classes de Nível I presentes na bacia do rio Camorim,
PEPB, RJ. .......................................................................................................................... 42
Figura 15: Classificação do uso do solo, Nível II, da bacia do rio Camorim, PEPB, RJ
............................................................................................................................................ 43
Figura 16: Área em hectares ocupada pelas classes de Nível II, presentes na bacia do rio Camorim,
PEPB, RJ. .......................................................................................................................... 44
Figura 17: Porcentagem de área ocupada pelos estágios sucessionais florestais na bacia do rio
Camorim, PEPB, RJ. ......................................................................................................... 46
ix
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Lista de imagens utilizadas na interpretação visual, onde IPP – Instituto Pereira Passos. .. 14
Tabela 2: Lista de dados vetoriais utilizados na elaboração do banco de dados espaciais, onde IPP -
Instituto Pereira Passos. .................................................................................................... 14
Tabela 3: Classes de declividade utilizadas na execução do mapa de declividade da bacia do rio
Camorim, Parque Estadual da Pedra Branca (PEPB), RJ. ................................................ 19
Tabela 4: Classificação das faces de orientação das encostas utilizadas na execução do mapa de face
de orientação de encosta da bacia do rio Camorim, Parque Estadual da Pedra Branca
(PEPB), RJ. ....................................................................................................................... 19
Tabela 5: Descritores quantitativos de trecho de floresta primária na bacia do rio Camorim localizada
no PEPB, RJ. ..................................................................................................................... 21
Tabela 6: Análise qualitativa da floresta primária na bacia do rio Camorim localizada no PEPB, RJ
........................................................................................................................................... 22
Tabela 7: Comparação da análise estrutural da floresta primária estudada através da retirada de um
indivíduo da espécie Fícus gomelleira. O parâmetro que apresentou diferença significativa
encontra-se em negrito. ..................................................................................................... 22
Tabela 8: Descritores quantitativos de estrutura da floresta em estágio médio de sucessão na bacia do
rio Grande, localizada no PEPB, RJ. ................................................................................. 24
Tabela 9: Análise qualitativa da floresta em estágio médio de sucessão da bacia do rio Grande,
localizada no PEPB, RJ. .................................................................................................... 24
Tabela 10: Chave de interpretação com os padrões espectrais utilizados na interpretação visual das
imagens Ikonos, no PEPB, RJ. (continua). ....................................................................... 26
Tabela 11: Chave de interpretação com os padrões espectrais utilizados na interpretação visual das
outras classes de uso do solo das imagens Ikonos, no PEPB, RJ. ..................................... 28
Tabela12: Classes de altitude encontradas na bacia do rio Camorim, PEPB, RJ. ............................... 33
Tabela 13: Classificação da declividade na bacia do rio Camorim localizada no PEPB, RJ. ............. 35
Tabela 14: Classificação da face de orientação das encostas na bacia do rio Camorim localizada no
PEPB, RJ. .......................................................................................................................... 37
Tabela 15: Área ocupada pelas classes de uso do solo, Nível I, no PEPB, RJ. ................................... 41
Tabela 16: Área ocupada pelas classes de uso do solo, Nível I, na bacia do rio Camorim, PEPB, RJ.
............................................................................................................................................ 43
Tabela 17: Classificação do uso do solo, Nível II, na bacia do rio Camorim, PEPB, RJ. ................... 46
Tabela 18: Comparação da área basal entre diferentes estudos em áreas de floresta primária
(climáxica). .................................................................................................................... 51
Tabela 19: Áreas basais de diferentes estudos em áreas de floresta em estágio médio de sucessão. .. 53
x
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1. Sucessão Ecológica
2.1.1. Tipologias sucessionais
2.2. Avaliação da Cobertura Vegetal
2.3. Sensoriamento Remoto
2.3.1. Satélites e Sensores
2.4. Imagens de satélite
2.4.1. Processamento da Imagem
2.4.2. Classificação da Imagem
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Área de Estudo
3.2. Materiais
3.3. Processamento da Imagem
3.4. Classes
3.5. Inventários de Campo
3.6. Classificação da imagem
3.6.1. Dados auxiliares
3.6.2. Interpretação Visual
4. RESULTADOS
4.1. Inventários de campo
4.2. Chave de Interpretação
4.3. Classificação da Imagem
4.3.1. Dados auxiliares
4.3.2. Interpretação visual
5. DISCUSSÃO
5.1. Avaliação das Propostas de Classificação dos Estágios Sucessionais
5.2. Inventários de Campo
5.3. Classificação da Imagem
5.3.1. Dados auxiliares
5.3.2. Interpretação visual
6. CONCLUSÕES
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANEXOS
A – Resolução CONAMA n° 10 de 01 de outubro de 1993.
B – Decreto nº 750 de 10 de fevereiro de1993.
C – Resolução CONAMA n° 06 de 04 de maio de 1994.
1
4
4
4
5
6
7
7
9
9
11
11
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54
55
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59
60
67
68
72
75
1
1. INTRODUÇÃO
A Floresta Tropical Atlântica, mais conhecida como Mata Atlântica, representa um
dos cinco mais importantes “hotspots” em termos de biodiversidade do planeta (MYERS et
al., 2000). Apresentava originalmente uma área de 1.100.000 km
2
, que se estendiam da região
nordeste até o sul do Brasil, com diferentes e amplas extensões para o interior. Está associada
a outros ecossistemas como manguezais, restingas, florestas de pinheiros e campos de altitude
(TANIZAKI & MOULTON, 2000). Esta floresta tem sido drasticamente reduzida desde a
chegada dos europeus, devido aos diversos ciclos econômicos, destacando-se a exploração do
pau-brasil e a substituição das matas por atividades agrícolas, como o café e a cana-de-açúcar
(DEAN, 1997). Atualmente, soma-se a estes fatores a grande expansão dos centros urbanos e
industriais (KURTZ, 1995), com aproximadamente 70% da população brasileira vivendo em
seu entorno (R. R. OLIVEIRA, 2005). Como resultado disso tem-se uma floresta altamente
fragmentada, com perda de serviços ambientais, como regulação dos mananciais hídricos;
retenção de solo e sua fertilidade; fornecimento de recursos florestais diversos, como madeira,
alimentos e medicamentos; melhoria das condições climáticas, a nível regional, por
influenciar o ciclo hidrológico (PIELKE et al., 1997) e global, estocando também carbono em
sua biomassa (SCHNEIDER, 1995); além do grande risco de extinção de espécies.
De acordo com projeções históricas, o estado do Rio de Janeiro era quase totalmente
coberto por floresta de Mata Atlântica — aproximadamente 97% de sua área — o que
significa cerca de 44.000 km
2
de florestas (FUNDAÇÃO S.O.S. MATA ATLÂNTICA/INPE,
2002). Porém, com as transformações no uso do solo nos últimos 400-500 anos, sua área de
cobertura florestal foi reduzida a menos de 20% em relação àquela existente originalmente
(CIDE, 2003). Este nível de devastação pode ser explicado tanto pelo valor econômico de
suas espécies florestais, como pela intensa ocupação humana, o que implica em todo tipo de
pressão antrópica (THOMAS et al., 1998; SIPS, 1999).
Dentre as Unidades de Conservação presentes no município do Rio de Janeiro
destacam-se por sua extensão o Parque Municipal do Mendanha, o Parque Nacional da Tijuca
e o Parque Estadual da Pedra Branca. Estes abrigam importantes remanescentes florestais de
Mata Atlântica, sendo responsáveis por absorver e amortecer a poluição da cidade e melhorar
a qualidade de vida da população, dando oportunidades de lazer agradáveis e de graça, como
cachoeiras e caminhadas pela mata.
A ocupação do Maciço da Pedra Branca data do final do século XVI, quando Salvador
Correia de Sá doou, em 1594, todas as terras existentes entre a restinga da Tijuca e Guaratiba
2
a seus dois filhos, Gonçalo e Martim de Sá. No início do século XVII, os franceses tentaram
dominar o Rio de Janeiro, aportando em Guaratiba e utilizando a Baixada de Jacarepaguá
como passagem. O fato despertou a atenção das autoridades para a necessidade de
povoamento da região. Foi então aberto o Caminho da Grota Funda, no Maciço da Pedra
Branca, que deu origem a mais importante ligação entre as Baixadas de Jacarepaguá e de
Sepetiba (SMAC, 1998; ARAÚJO, 1995).
No entanto, não foram apenas razões estratégicas que potencializaram a ocupação da
área. Dadas as características fisiográficas, o potencial hídrico do Maciço sempre foi notável,
tanto que, tal como o Maciço da Tijuca, a história de proteção de suas florestas sempre esteve
associada à preservação deste potencial. A devastação que ocorreu no Estado para dar lugar às
diversas culturas também se alastrou na região. Durante o século XIX, quando o café tornou-
se o principal suporte da economia fluminense, várias fazendas prosperaram no Maciço
(SMAC, 1998). O eventual comprometimento de tais recursos impulsionou a primeira
iniciativa de proteção em 1908, quando o governo federal adquiriu as áreas dos mananciais do
Rio Grande e do Rio Camorim, visando o aprimoramento dos sistemas de captação e
distribuição de água potável, que havia sido represada desde o século XIX para o
abastecimento das populações vizinhas (SEA, 2006).
Na primeira metade do século XX, com o crescimento populacional do entorno e dos
subúrbios cariocas, não havia garantias de que importantes áreas de floresta iriam ser
preservadas. Por isso, o governo federal instituiu, nessa época, as Florestas Protetoras da
União do Camorim, Rio Grande, Caboclos, Batalha, Guaratiba, Quininha, Engenho Novo de
Guaratiba, Colônia, Piraquara e Curicica, com o objetivo de proteger os recursos naturais.
Apesar desta proteção, ocorreu, com o avanço da urbanização, uma intensa subdivisão das
fazendas e iniciou-se o plantio da banana (SMAC, 1998), que recobre até hoje os flancos do
Maciço até altitudes superiores a 400 m. Nas encostas, a exploração das capoeiras para lenha
e carvão teve grande importância para o abastecimento dos fogões domésticos do Rio de
Janeiro até 1940 (R. R. OLIVEIRA, 2005).
O processo de criação do Parque Estadual da Pedra Branca (PEPB) foi iniciado em
abril de 1963, pelo Decreto nº 1.634, que declarou a área de utilidade pública para fins de
desapropriação. Somente em 1974, após longa fase de estudos, o mesmo foi criado, por meio
da Lei Estadual nº. 2.377, de 28 de junho de 1974, cujos limites atuais englobam, inclusive, as
Florestas Protetoras da União (SEA, 2006). Com isso, a lavoura feita no sistema de
derrubada-pousio foi praticamente extinta na vertente sul do maciço e, com o tempo a
sucessão ecológica promoveu a cicatrização dessas clareiras (R. R. OLIVEIRA, 2005).
3
A região do entorno do maciço da Pedra Branca se encontra em plena expansão
urbana, não somente por parte da cidade formal, mas principalmente pela chamada cidade
informal, através da proliferação de favelas e loteamentos irregulares. Tanto uma forma de
urbanização como outra, avança sobre a área do PEPB, ameaçando a conservação da
biodiversidade local, seja pela supressão da floresta, seja pela contaminação de rios e lençóis
freáticos devido à falta de saneamento básico. A presença do PEPB não é suficiente para
impedir o avanço de favelas ou residências de luxo sobre as encostas de Mata Atlântica do
maciço (R. R. OLIVEIRA, 2005).
Desta forma, os objetivos gerais deste trabalho visam utilizar o geoprocessamento e o
sensoriamento remoto como ferramenta para estudos ambientais de análise de cobertura
vegetal; fazer um cruzamento de informações entre os levantamentos fitossociológicos
realizados em campo e as análises das imagens de satélite a fim de estabelecer as
possibilidades e limitações na determinação dos estágios sucessionais através da imagem de
satélite; além de gerar informações importantes para área de gerenciamento estratégico e
gestão ambiental de unidades de conservação.
Já os objetivos específicos são diferenciar estágios sucessionais florestais através de
uma classificação baseada em interpretação visual; definir que estágios sucessionais
identificados em campo são visíveis nas imagens de satélite de alta resolução (IKONOS); e
definir conhecimentos geográficos (MDT, declividade, face de orientação) que permitam a
melhor discriminação de classes na classificação visual.
4
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1. Sucessão Ecológica
A sucessão ecológica pode ser dividida em dois tipos, primária e secundária. A
sucessão primária ocorre em áreas onde não havia vegetação presente e a secundária é
derivada de um distúrbio, como por exemplo, em áreas desmatadas para cultivo (FINEGAN,
1984).
De acordo com BUDOWSKI (1963), sucessão florestal é o processo que envolve a
substituição ordenada de uma comunidade de plantas por outra ao longo do tempo. Isto
implica em mudanças na composição florística, na fisionomia e na estrutura da comunidade.
FINEGAN (1984) afirma que o termo sucessão é utilizado para descrever vários tipos
de mudanças na vegetação em diferentes escalas extremamente abrangentes tanto em espaço
quanto em tempo. Dessa forma, o autor define que sucessão é a mudança direcional da
composição de espécies e da fisionomia da vegetação, ao longo do tempo, em um local onde o
clima permanece efetivamente constante. Para EWEL (1980), a sucessão tropical apresenta
uma grande variabilidade causada tanto pelas condições de umidade quanto pelas mudanças
de temperatura associada à altitude. O autor também considera dois fatores importantes que
podem dar início ao processo de sucessão em uma área perturbada. Uma é a presença de
sementes no solo que foram dispersas antes do distúrbio, formando o banco de sementes, e a
outra é a fonte de sementes dispersas a partir de fragmentos adjacentes para área perturbada
após a retirada da vegetação original.
2.1.1. Tipologias sucessionais
A fim de estabelecer relação entre o padrão sucessional e a distribuição das florestas
tropicais, BUDOWSKI (1965) fez uma ampla análise, em florestas de diferentes idades, sob
diversos parâmetros como altura, composição florística, presença de epífitas, dentre outros,
em áreas cuja idade e a intervenção pretérita eram conhecidas (BUDOWSKI, 1961, 1963). O
resultado deste estudo foi a definição dos diferentes estágios sucessionais em pioneira,
secundária inicial, secundária tardia e climáxica. Esta classificação é comumente utilizada por
botânicos e ecólogos até os dias de hoje (GANDOLFI et al., 1995; TABARELLI &
MANTOVANI, 1999; R. J. OLIVEIRA et al., 2001; R. R. OLIVEIRA, 2002) que
consideram, principalmente, o comportamento das espécies em relação à tolerância ou não a
luminosidade.
5
Com o objetivo de proteger os remanescentes florestais de Mata Atlântica do
desmatamento, o Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), através da resolução n°
10 de 01/10/93, (BRASIL, 1993a) (Anexo A) estabeleceu parâmetros básicos para análise dos
estágios de sucessão secundária deste bioma, visto que o decreto nº 750 de 10/02/93
(BRASIL, 1993b) (Anexo B) dispôs no Art. 1° que “ficam proibidos o corte, a exploração e a
supressão de vegetação primária ou nos estágios avançado e médio de regeneração da Mata
Atlântica”. Daí decorre a necessidade da regulamentação e descrição dos estágios
sucessionais ao longo do bioma.
Em 04 de maio de 1994, o CONAMA, através da resolução n° 06 descreveu os
parâmetros básicos dos estágios sucessionais para o estado do Rio de Janeiro (BRASIL, 1994)
(Anexo C). Esta inclui DAP (diâmetro à altura do peito) e altura, além de área basal e espécies
indicadoras, para cada estágio de sucessão secundária, neste caso, definidos como estágio
inicial, médio e avançado. Os parâmetros definidos na resolução são mais concisos, ou seja,
levam mais em consideração a estrutura (DAP, altura e área basal) e a composição florística
(espécies indicadoras) do que outros fatores, como tamanho de sementes e regeneração. Esta
classificação tem sido mais utilizada por pesquisadores que trabalham na área de
sensoriamento remoto (KONRATH et al, 2003; VIEIRA et al, 2003; SILVA & FERREIRA,
2004), por ser de aplicação mais rápida e prática.
2.2. Avaliação da Cobertura Vegetal
A intensa pressão antrópica sobre as áreas florestais ao longo do tempo, além de sua
própria dinâmica natural de clareiras, resultou em diversas transformações dessa paisagem,
formando um mosaico de diferentes estágios sucessionais. É importante que estas áreas
remanescentes sejam monitoradas com o mínimo de periodicidade, já que as florestas
secundárias podem ser extremamente importantes como reserva da diversidade genética,
estoque de carbono e nutrientes e reguladoras do ciclo hidrológico (VIEIRA et al., 2003).
Desta forma, se fizeram necessários estudos sobre a estrutura, distribuição e evolução
temporal de seus remanescentes. Primeiramente, estes estudos eram inteiramente baseados em
extensivos trabalhos de campo. Com o avanço tecnológico começaram a ser utilizadas fotos
aéreas e imagens de satélite, que permitem uma avaliação mais rápida, necessária para ações
de fiscalização e tomadas de decisão, principalmente no âmbito da legislação ambiental. Além
disso, esses dados podem servir de base para uma atuação mais específica, a fim de aprimorar
a localização, distribuição e a área de abrangência dos trabalhos de campo.
6
2.3. Sensoriamento Remoto
Segundo LILLESAND & KIEFER (2000), sensoriamento remoto é a ciência e a arte
de obter informação sobre objetos, áreas ou fenômenos através da análise de dados adquiridos
por um dispositivo que não está em contato com os próprios. Estes objetos de interesse, como
vegetação, culturas agrícolas, solos, formações rochosas, corpos de água, além de outros, são
em seu conjunto genericamente denominados de alvos (ERBERT, 2001). As informações
geradas são obtidas através da interação da radiação eletromagnética emitida por fontes
naturais (Sol) ou artificiais (Radar) com estes alvos. Para o sensoriamento remoto, a energia
solar é base de todos os princípios em que se fundamenta essa tecnologia (MOREIRA, 2005).
Desta forma, a função de um sensor remoto consiste em captar e medir a quantidade de
energia refletida e/ou emitida por alvos, e assim obter informações sobre a natureza e/ou
condições destes alvos, de maneira a associá-los com o mundo real (CENTENO, 2004).
Independente de sua fonte, toda a radiação detectada por sensores remotos passa
através da atmosfera. Porém, a extensão percorrida através das camadas pode variar bastante.
Assim, o efeito da atmosfera no sensoriamento remoto pode ser diferenciado dependendo das
variações de extensão percorrida pela radiação, bem como das condições atmosféricas
presentes e dos comprimentos de onda envolvidos no processo (LILLESAND & KIEFER,
2000).
Quando se pretende utilizar o sensoriamento remoto para obtenção de informações da
cobertura vegetal de uma região, deve-se levar em consideração a interação da energia solar
com a comunidade de plantas. Esta interação se dá principalmente através dos pigmentos
contidos nas folhas. A clorofila, por exemplo, absorve bem a energia na faixa de comprimento
de onda entre 0,45 e 0,67 µm. Porém, há uma diferenciação de absorção entre a clorofila ‘a’ e
‘b’, apesar de sua estrutura ser basicamente a mesma. A clorofila ‘a’ não absorve a luz na
região do verde, enquanto a curva de absorção da clorofila ‘b’ é deslocada em direção à luz
verde, mais ou menos até 0,53 µm (MOREIRA, 2005).
Conforme o espectro eletromagnético se direciona do visível ao infravermelho
próximo, próximo a 0,7 µm, a reflectância da vegetação saudável aumenta fortemente. A
reflectância captada da vegetação entre 0,7 e 1,3 µm é resultado da estrutura interna das
folhas (LILLESAND & KIEFER, 2000). Por isso, sensores que trabalham nesta faixa de
comprimento de onda, conseguem captar alterações ocasionadas por algum tipo de estresse.
Outro dado interessante é que a reflectância no infravermelho próximo aumenta com o
número de camadas de folhas em uma copa (BAUER et al., 1986 apud MOREIRA, 2005),
podendo servir de identificação do estágio de desenvolvimento da vegetação.
7
2.3.1 Satélites e Sensores
De origem latina (satelles, satellitis), a palavra satélite é empregada, na literatura
portuguesa, com vários significados. Segundo FLORENZANO (2002), um satélite é um
objeto que se desloca em círculos em torno de um outro objeto, podendo ser natural ou
artificial. Em sensoriamento remoto, satélite artificial é definido como um engenho colocado
em órbita pelo homem à volta de um planeta ou até mesmo de um satélite natural
(MOREIRA, 2005).
Mesmo tendo funções semelhantes, os satélites artificiais são agrupados em categorias,
de acordo com os objetivos para os quais foram criados, sendo eles militares, científicos, de
comunicação, meteorológicos e os de recursos naturais ou de observação da Terra
(MOREIRA, 2005).
Existem diversos tipos de sensores; dependendo de sua aplicação são gerados distintos
produtos com diferentes qualidades. Os satélites da série Landsat, por exemplo, possuem os
sensores MSS e TM. O sensor MSS opera com quatro bandas, duas na região do visível, uma
na região do infravermelho próximo e uma na região termal, e o sensor TM opera com sete
bandas, três na região do visível, três na região do infravermelho refletido e uma na região do
termal (MOREIRA, 2005). Já o Ikonos possui um sensor de alta resolução espacial e opera
em cinco faixas espectrais, gerando dois tipos de imagem. A imagem multiespectral é uma
composição colorida, possui quatro bandas, três na região do visível e uma na região do
infravermelho próximo. Já a imagem pancromática é uma composição em preto e branco
(níveis de cinza) e possui uma única banda, mas que opera com uma resolução espectral que
vai desde o visível ao infravermelho próximo.
2.4. Imagens de satélite
O uso de satélites voltado para recursos naturais da Terra teve início na década de 70
(MOREIRA, 2005). As primeiras imagens foram geradas pela NASA através do programa
LANDSAT, fornecendo imagens contínuas da superfície terrestre. Isto permitiu que fossem
feitos estudos sobre planejamento de áreas urbanas, padrão de cobertura vegetal, delimitação
de terras, além de se obter informações meteorológicas mais precisas.
Por serem imagens de média resolução, as imagens LANDSAT possibilitam ter uma
visão geral da superfície, podendo-se gerar mapeamentos de cobertura vegetal compatíveis
com a escala de 1:50.000 (LILLESAND & KIEFER, 2000). Porém, nesta escala, é dificultada
a definição mais precisa dos limites do processo de mudança, e conseqüentemente, a definição
8
de parâmetros operacionais que permitam ações objetivas na solução de problema locais
(SMAC, 2000).
No final da década de 90, um novo sensor orbital foi desenvolvido produzindo
imagens de alta resolução. Apesar deste tipo de resolução já estar disponível há muitos anos
na forma de fotografia aérea, o lançamento do IKONOS-2 iniciou uma nova era em
sensoriamento remoto (SAWAYA et al., 2003), devido à constância de captação de dados, em
escala global e a baixo custo. As imagens IKONOS possibilitam a produção de mapeamentos
em escalas maiores, como 1:10.000, que permitem uma compreensão detalhada tanto do
padrão de cobertura do espaço como, com o passar do tempo, do nível de alteração deste
padrão (ANTUNES, 2003). Este tipo de imagem é indicado para estudos a nível local, como é
o caso deste trabalho, oferecendo um alto nível de detalhe e acurácia.
Junto a isso, o processo de classificação também teve que evoluir. Simples análises
baseadas em pixel não eram mais adequadas para classificar imagens de alta resolução, onde
cada pixel está relacionado não com a característica de um objeto ou a uma área como um
todo, mas com partes destes (BLASCHKE & STROBL, 2001). Por outro lado, a classificação
espectral de imagens de alta resolução não leva, automaticamente a uma classificação mais
detalhada (EHLERS et al., 2003; REGO, 2003).
Foram desenvolvidas então estratégias de classificação baseada em objetos, no qual as
unidades básicas de análise da imagem são segmentos (“image objects”) e não simples pixels
(BENZ et al., 2004). O software Ecognition foi o primeiro lançado no mercado com essa
característica. Isto permitiu o mapeamento de cobertura vegetal e usos do solo em escala local
de maneira mais eficiente (REGO & KOCH, 2003; SAWAYA et al., 2003; BENZ et al.,
2004).
As imagens de satélite, para gerar informações úteis na compreensão do espaço
geográfico, necessitam ser classificadas em diferentes técnicas. A técnica da interpretação
visual é comumente utilizada para classificação de imagens de satélite, pois possui uma alta
precisão, contudo o processo é mais lento e subjetivo, por depender da análise do intérprete.
Em busca de análises e resultados mais rápidos e objetivos esta vem sendo substituída por
métodos de classificação automática que permitem em poucas semanas, realizar um trabalho
que demandaria alguns meses (REGO, 2005), porém com menor precisão.
A tecnologia de geração de imagens obtidas por sensores remotos instalados em
satélites artificiais foi essencial para os estudos ambientais, já que as imagens de satélites
proporcionam uma visão sinóptica (de conjunto) e multitemporal (em diferentes datas) de
extensas áreas da superfície terrestre (FLORENZANO, 2002). Num país de dimensão
9
continental como o Brasil, com uma grande carência de informações adequadas para a tomada
de decisões sobre problemas urbanos, rurais e ambientais (CÂMARA & MEDEIROS, 1997),
essas tecnologias representam uma importante ferramenta.
Atualmente pode-se destacar a utilização das imagens na área ambiental para previsão
do tempo, detecção e monitoramento de focos de incêndios e áreas queimadas, desmatamento,
erosão, dentre outros. No caso do monitoramento de florestas, por exemplo, esta tecnologia é
de grande importância para avaliar a cobertura e dinâmica da floresta e a detecção de
alterações ambientais causadas por fatores naturais ou de origem antrópica. A análise da
distribuição das florestas tropicais é importante para estudos sobre estoque de carbono,
conservação da biodiversidade e para prover informações básicas para o manejo sustentável
(MAYAUX et al., 1998).
Levantamentos de cobertura e uso do solo são fundamentais para realização de
inventários sobre flora e fauna de regiões desconhecidas, e podem ser obtidos a partir da
interpretação de imagens aéreas ou orbitais (KONRATH et al., 2003).
2.4.1. Processamento da Imagem
As imagens de satélite ao expressar a realidade de uma região montanhosa muitas
vezes o fazem de forma plana, o que causa algumas distorções. Estas podem ser retificadas
por um processo que envolve a inserção de informação de relevo, quando o processo de
geocodificação é acompanhado por informação altimétrica normalmente chamado
ortorretificação (REGO, 2003). A ortofoto equivale geometricamente ao mapa de traço, onde
todos os pontos se apresentam na mesma escala, permitindo que seus elementos sejam
medidos e vetorizados com precisão (INFOGEO, 2000). A vantagem é a possibilidade de
medir distâncias, posições, ângulos e áreas diretamente, como em um mapa. Devido a essas
características, a ortofoto tem sido amplamente utilizada.
2.4.2. Classificação da Imagem
O objetivo geral do procedimento de classificação de imagem é categorizar todos os
pixels da imagem em classes ou temas (LILLESAND & KIEFER, 2000). Uma maneira de
tornar a interpretação de imagens mais simples consiste em separar grupos de pixels com
características espectrais similares em classes de uso e cobertura do solo (CENTENO, 2004).
Existem dois métodos possíveis para classificação de imagens orbitais. O primeiro,
denominado classificação automática, se fundamenta em algoritmos que matematicamente
10
definem padrões que caracterizam classes de cobertura na imagem. É muito utilizado quando
o objetivo é classificar grandes áreas com poucas classes, pois o processo é mais rápido.
No segundo método, denominado interpretação visual, são identificados, na imagem,
padrões de cor, textura, estrutura, forma, além de informações auxiliares de cunho espacial.
Esses padrões definem as características das classes de cobertura que, então, são digitalizadas
diretamente sobre a imagem em meio digital (AVERY & BERLIN, 1985). Este tipo de
classificação é geralmente utilizado quando o objetivo é classificar uma área menor com
maior precisão.
Muitos trabalhos utilizam a interpretação visual como método de classificação
(FOODY & CURRAN, 1994; KONRATH et al., 2003; THENKABAIL et al., 2003; VIEIRA
et al., 2003; SILVA & FERREIRA, 2004; ARAÚJO, 2007; CRUZ et al., 2007). Alguns
parâmetros como cor, textura e tonalidade aparecem como prioritários para separação das
classes (SILVA & FERREIRA, 2004; ARAÚJO, 2007). Outro elemento amplamente
empregado na divisão das classes de vegetação são as bandas do vermelho e infravermelho
próximo, pois é a faixa do espectro em que a vegetação reflete melhor. Neste tipo de
classificação é importante o uso de uma chave de interpretação a fim de determinar
exatamente os parâmetros utilizados e guiar melhor o trabalho do intérprete. Essa metodologia
é ainda pouco utilizada na literatura, tais como KONRATH et al. (2003) e ARAÚJO (2007).
11
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Área de Estudo
Este trabalho foi realizado no Parque Estadual da Pedra Branca (PEPB) com ênfase na
bacia do rio Camorim (Figura 1), localizada na parte meridional do parque. O PEPB se
encontra na zona oeste da Região Metropolitana do Município do Rio de Janeiro. Esta
unidade de conservação distribui-se por 12.500 ha, compreendendo todas as encostas
localizadas acima da cota de 100 m de altitude (SMAC, 1998), entre as coordenadas 22
o
50’ e
23
o
15’S, 43
o
20’ e 43
o
40’W (COSTA & SILVA, 2004). O parque é circundado pelos bairros
de Guaratiba a oeste, Bangu e Realengo ao norte, Jacarepaguá a leste, Barra da Tijuca a
sudoeste e ao sul, Recreio dos Bandeirantes e Grumari ao sul e Campo Grande a noroeste. Em
seu interior encontra-se o ponto culminante do município, o Pico da Pedra Branca, com 1.024
m de altitude.
12
Figura 1: Localização do PEPB no município do Rio de Janeiro.
13
A geologia do local se destaca por apresentar corpo ígneo (batólito da Pedra Branca)
de composição granodiorítica/tonalítica a tipos ácidos de composição granítica, com marcante
estrutura fluidal proporcionada pelos cristais de feldspato (PENHA, 1984). Segundo R. R.
OLIVEIRA (2005), a bacia do rio Camorim é caracterizada, nas partes mais baixas, pela
presença de gnaisse melanocrático enquanto, nas porções mais elevadas, por granitos de
diversos tipos. O autor também ressalta a presença desses granitos sob a forma de matacões,
nos trechos de baixa encosta e fundos de vale, oriundos de desabamentos ocorridos em épocas
pretéritas.
O clima da região, segundo o Mapa de Clima do Brasil (IBGE, 2006) é do tipo
Tropical quente e superúmido, com a estação chuvosa no verão. Apresenta temperatura média
anual inferior a 18° C, que no verão varia de 30° a 32° C. O inverno é ameno, com médias
acima de 18° C. A pluviosidade varia de 1.500 a 2.500 mm. Segundo a estação meteorológica
do autódromo de Jacarepaguá, localizado nas proximidades da área de estudos, o tipo
climático da região do Camorim é subúmido, com pouco ou nenhum déficit hídrico,
megatérmico, com calor distribuído pelo ano todo (R. R. OLIVEIRA, 2005).
A vegetação predominante no Maciço da Pedra Branca pode ser classificada como
Floresta Ombrófila Densa (IBGE, 1992). Na caracterização fisionômico-florística desta
cobertura vegetal, SOLÓRZANO & R. R. OLIVEIRA (2003) destacam que podem ser
reconhecidas a Floresta Ombrófila sub-montana e montana. Usos anteriores da floresta,
principalmente o consumo de recursos florestais no período colonial e a agricultura de
subsistência, foram responsáveis pela transformação da sua paisagem, favorecendo o
estabelecimento de uma grande variabilidade sucessional. Considerando que a área de estudos
possui predominantemente vertentes orientadas para o sul, recebe mais umidade proveniente
dos ventos convectivos do mar e das frentes frias. Ao mesmo tempo, recebe uma incidência
menor de insolação do que a vertente norte, devido à posição no hemisfério sul e, por este
motivo, a recomposição da floresta geralmente se dá em tempo relativamente curto, além de
ser menos susceptível a incêndios florestais do que a vertente norte (R. R. OLIVEIRA et al.,
1995).
A escolha do PEPB para o presente trabalho se deve aos enormes problemas
ambientais que esta Unidade de Conservação enfrenta, principalmente, por sua inserção na
cidade do Rio de Janeiro, com múltiplas frentes de contato, como a expansão urbana irregular,
áreas agrícolas na área do parque e constantes problemas com incêndios. Isto fundamenta a
necessidade de se produzir mapeamentos de cobertura que reflitam, de maneira acurada, estas
pressões. Em função da existência de pesquisas anteriores (R. R. OLIVEIRA & COSTA,
14
1985; FIRME et al., 2001; COSTA, 2002; FIRME et al., 2005; R. R. OLIVEIRA, 2005;
SOLÓRZANO, 2006), a bacia do rio Camorim se presta à caracterização e determinação de
padrões espectrais dos estágios de sucessão a seguir descritos, visando a co-validação de
dados obtidos por sensoriamento remoto.
3.2. Materiais
Para a análise da cobertura vegetal e auxílio na classificação visual foram utilizadas
duas imagens IKONOS, livres de nuvens de 16 de fevereiro de 2001, com uma resolução
radiométrica de 11 bits e uma foto aérea ortoretificada da área de estudo de 1999, além de
dados vetoriais cedidos pelo Instituto Pereira Passos (IPP) como, hidrografia, localização de
afloramentos rochosos, dados topográficos, dentre outros (Tabelas 1 e 2).
Os softwares que foram utilizados para a manipulação e classificação da imagem são
Arcview 3.2, ArcGis 9.0 e Erdas Imagine 8.4. Em todos os trabalhos de produção das
chamadas verdades de campo e pontos de referência houve suporte de um aparelho GPS
(Sistema de Posicionamento Global) Promark 2.0.
Tabela 1. Lista de imagens utilizadas na interpretação visual.
Imagens Detalhes Fonte
Ikonos Multiespectral Resolução 4 m. Space Imaging Co.
Ikonos Pancromática Resolução 1 m. Space Imaging Co.
Foto aérea Resolução 1 m. Instituto Pereira Passos
Tabela 2: Lista de dados vetoriais utilizados na elaboração do banco de dados espaciais.
Dados vetoriais Fonte
Limite Municipal Instituto Pereira Passos
Delimitação da área (Parque Estadual da Pedra Branca) Instituto Pereira Passos
Hidrografia Instituto Pereira Passos
Bacias Hidrográficas Instituto Pereira Passos
Topografia Instituto Pereira Passos
15
3.3. Processamento da Imagem
As imagens foram georeferenciadas ao sistema de projeção cartográfica Transversal
Universal de Mercator (UTM), coordenadas planas e reprojetadas no Datum América do Sul
1969 (SAD 69), Zona 23 S.
As imagens foram ortoretificadas a partir das bases topográficas (curvas de nível, 25
m), cedidas pelo Instituto Pereira Passos (IPP) com os pacotes dos softwares ER Mapper e
Orthowarp. O processo de ortoretificação da imagem pancromática, baseado em um modelo
digital de elevação, tem uma acurácia geral de menos de dois pixels. Já a acurácia da
ortoretificação da imagem multiespectral é de cerca de 0,5 pixels e se encaixa bem com a
banda pancromática retificada. Após a retificação da imagem as bandas multiespectrais foram
topograficamente normalizadas com método C-factor do pacote do software Silvics a fim de
reduzir os efeitos causados pela alta energia do relevo na área de estudo (REGO, 2003).
3.4. Classes
A classificação da imagem obedeceu a uma hierarquia de classes do nível geral (Nível
I) para o específico (Nível II). As classes de Nível I representam tipos gerais de uso do solo e
foram mantidas na classificação de Nível II, com exceção das classes ‘Floresta’ e
‘Afloramento rochoso’ que foram detalhadas. As formações florestais (Nível II) foram
classificadas segundo a resolução CONAMA n° 06 como estágio inicial, estágio médio,
estágio avançado e floresta primária (BRASIL, 1994). A íntegra desta resolução encontra-se
no Anexo C. Em função desta não abranger todas as tipologias vegetais existentes na área, a
vegetação presente em afloramento rochoso (Nível I) foi classificada, de acordo com FIRME
et al. (2001), em vegetação rupícola e saxícola (Nível II). Além disso, foi criada a partir da
classe ‘Floresta’ (Nível I), uma classe ‘Eucaliptal’ (Nível II), já que a imagem de alta
resolução permitiu esta diferenciação. Tanto no Nível I quanto no Nível II foram classificadas
outros tipos de uso do solo presentes na região, campo, ocupação urbana, atividade antrópica,
água e linha de transmissão. Também foram inseridas as classes denominadas ‘Sombra’ como
indicação de sombra de relevo e ‘Não classificado’. Ambas as classes representam situações,
nas quais não foi possível determinar o tipo de uso do solo (Figura 2).
16
Figura 2: Diagrama das classes de uso do solo a serem reconhecidas na imagem. Em negrito o
detalhamento da classe floresta de acordo com critérios sucessionais da resolução CONAMA nº 06.
Nível I Nível II
Campo
Massa de água
Ocupação urbana
Sombra
Atividade antrópica
Linha de transmissão
Não classificado
Vegetação rupícola
Vegetação saxícola
Afloramento Rochoso
Afloramento Rochoso
Campo
Massa de água
Ocupação urbana
Sombra
Atividade antrópica
Linha de transmissão
Não classificado
Floresta
Estágio Inicial
Estágio Médio
Estágio Avançado
Primária
Eucaliptal
17
3.5. Inventários de Campo
A partir da aplicação dos critérios listados na resolução CONAMA nº 06 – feitas as
adaptações necessárias às particularidades locais da bacia do rio Camorim - foram escolhidas
áreas típicas de ocorrência de cada um dos estágios sucessionais (estágio inicial, médio,
avançado e primário). No entanto, já existiam dados referentes à florística e fitossociologia de
duas áreas na bacia do Camorim gerados estudo anterior (SOLÓRZANO, 2006). Estes dados
foram analisados de acordo com a resolução CONAMA supracitada e conclui-se que se
caracterizavam em estágio avançado e estágio médio de sucessão.
A área de estágio inicial foi identificada em campo. Além dos parâmetros presentes na
resolução CONAMA nº 06, como fisionomia arbóreo-arbustiva, foram utilizados também
como indicação deste estágio a presença de espécies pioneiras como embaúba (Cecropia sp.)
e quaresmeira (Tibouchina sp.).
Para realização do inventário de campo adotou-se uma avaliação quali-quantitativa,
que utiliza tanto parâmetros presentes na legislação (BRASIL, 1994) como no estudo de
BUDOWSKI (1965). Foi escolhida, então uma área de floresta primária na bacia do rio
Camorim. Como esta possui suas vertentes predominantemente voltadas para sul, foi
escolhida também uma área em estágio médio de sucessão, presente na vertente norte na bacia
do rio Grande. Nessas áreas foram feitos transectos para se estimar a estrutura da floresta.
Cada transecto possuía 50 m x 6,66 m (333 m
2
), sendo repetido três vezes em cada área, o que
perfazia ~ 1.000 m
2
. O critério de inclusão utilizado foi DAP (diâmetro à altura do peito – ou
a 1,3 m do solo) superior a 5 cm, o que significa um perímetro (circunferência) maior ou igual
a 15 cm. Árvores com caules ramificados e árvores mortas em pé também foram registradas,
seguindo o critério de inclusão. Os caules foram considerados ramificados quando a
ramificação ocorria abaixo de 1,3 m. Os parâmetros obtidos em campo foram: área basal total;
diâmetro médio; maior diâmetro; coeficiente de variação do diâmetro; altura média; maior
altura; coeficiente de variação da altura; árvores mortas em pé; troncos múltiplos; e densidade
total. Para a obtenção desses dados foram observadas as recomendações contidas em VUONO
(2002). A distribuição diamétrica percentual de todos os exemplares amostrados foi feita com
uso de histogramas com classes definidas a cada 5 cm.
A separação entre as classes ‘estágio avançado’ e ‘floresta primária’ feita em campo
apresenta algumas dificuldades, pois nem sempre a diferença é evidente. Para definir a
floresta primaria foram feitas diversas incursões em campo onde se procurou delimitar a
mesma através dos seguintes parâmetros: 1) inexistência de vestígios de utilização pretérita
(ruínas de baldrames de casas e de fogões e vestígios de carvão no solo); 2) inexistência de
(a)
jaqueira, Artocarpus heterophyllus Lam.; laranja-da-terra, Citrus aurantium L.
(b)
chuchu, Sechium edule (Jacq.) Sw.; café, Coffea arábica L.
(c)
rituais: espada-de-são-jorge, Sansevieria trifasciata Hort. & Prain.; comigo-ninguém-pode, Dieffenbachia
picta Schott.; utilitárias: cabaceira Crescentia cujete L.
18
espécies exóticas, especialmente as frutíferas
(a)
, escapadas de cultivo
(b)
ou de uso ritual e/ou
utilitárias
(c)
. Além desses critérios, as florestas primárias (ou climáxicas locais) caracterizam-
se pela biomassa significativamente mais elevada do que a do estágio anterior (avançado) e
principalmente pela elevada carga (diversidade de espécies e números de indivíduos) de
epífitos, particularmente bromélias e orquídeas. Observações de campo comprovaram que nos
trechos avançados dificilmente encontra-se outra espécie de Bromeliaceae além de Aechmea
nudicaulis (L.) Griseb., de ampla distribuição. Ao contrário, nos trechos climáxicos
numerosas espécies e gêneros dessa família encontram-se presentes.
Todas as classes de floresta (Nível II) e as classes ‘Campo’ e ‘Massa de água’(Nível I)
tiveram suas coordenadas obtidas na área de realização do trabalho de campo no PEPB,
através do uso de um GPS Promark 2.0 com antena externa. Somente pontos com valores de
Position Dilution of Precision (PDOP) menores que 6.00 foram aceitos (THENKABAIL et
al., 2003). As áreas amostradas serviram como padrão para classificação de outras áreas na
imagem.
3.6. Classificação da imagem
3.6.1. Dados auxiliares
Foram confeccionados, a partir das curvas de nível eqüidistantes 5 m, mapas de
altitude (hipsométrico), de declividade e face de orientação. Primeiro foi gerado um TIN
(Triangular Irregular Network), representação vetorial da superfície através de um conjunto
de faces triangulares interligadas (CALDAS, 2006), e então o modelo digital de elevação
(MDE). Para o mapa hipsométrico e o MDE, o número de classes foi determinado segundo a
fórmula:
k = 1 + 3,222
.
logn,
onde k é o número de classes e n é o número de curvas de nível na área de estudo (VIEIRA,
1980). A partir do MDE foi criado o mapa de declividade através do menu Surface e da
função Derive slope. A declividade foi classificada de acordo com EMBRAPA (1999) apud
CALDAS (2006) (Tabela 3).
19
Tabela 3: Classes de declividade utilizadas na execução do mapa de declividade da bacia do rio
Camorim, Parque Estadual da Pedra Branca (PEPB), RJ.
Declividade (graus) * Descrição
0 – 1,7 Plano
1,7 – 4,6 Suave ondulado
4,6 – 11,3 Ondulado
11,3 – 24,2 Forte ondulado
24,2 – 37 Montanhoso
> 37 Escarpado
*Modificado de CALDAS, 2006.
Já o mapa de orientação de encostas foi criado através do mesmo menu, mas da
função Derive Aspect, ambos no Arcview 3.2. Considerando que as faces norte e sul são as
que apresentam maior diferença estrutural em termos de vegetação, devido às diferenças de
insolação, os dados foram reclassificados em norte, sul, leste e oeste (Tabela 4). Além disso,
torna o mapa mais limpo, e permite a melhor visualização dos dados.
Tabela 4: Classificação das faces de orientação das encostas utilizadas na execução do mapa de face
de orientação de encosta da bacia do rio Camorim, Parque Estadual da Pedra Branca (PEPB), RJ.
Face de orientação da encosta Descrição (graus)
Norte 0 – 67,5; 292,5 – 360
Leste 67,5 – 112,5
Sul 112,5 – 247,5
Oeste 247,5 – 292,5
Plano -1
3.6.2. Interpretação visual
Para classificação das tipologias de uso do solo foi utilizado o método de interpretação
visual. Primeiramente foram definidas classes gerais (Nível I) que englobassem todos os tipos
de uso do solo presentes no Parque Estadual da Pedra Branca. As classes de Nível II foram
definidas por meio da aplicação da resolução CONAMA n° 06, para formações florestais. A
partir dos dados coletados em campo na área de estudo e a transferência dos dados obtidos
com o GPS à imagem, foi definida uma chave de interpretação, que são informações visuais
sobre as classes que permitem o usuário classificá-la. Estas informações servem como padrão
20
para uma posterior classificação, seja visual ou automática, de outras áreas da imagem. No
caso deste trabalho foram levados em consideração os aspectos de cor, tonalidade e textura
para distinção dos diferentes estágios sucessionais, e também das outras classes de uso do
solo. Além disso, os dados vetoriais de declividade, face de orientação e hidrografia
supracitados também serviram no auxílio da classificação. A imagem foi classificada na
composição NRG (bandas 4-1-2), pois é a composição que mais evidencia as diferenças na
vegetação.
21
4. RESULTADOS
4.1. Inventários de Campo
Foram feitos transectos em duas áreas diferentes a fim de se verificar a estrutura da
floresta a partir dos parâmetros quantitativos e qualitativos determinados pela resolução
CONAMA nº 06 e adaptados de BUDOWSKI (1965), respectivamente.
A primeira área é considerada floresta primária, hipótese corroborada tanto pelos
resultados quantitativos (Tabela 5) que apresentaram um valor de área basal bem superior
àqueles estabelecido para um estágio avançado de sucessão, quanto pelas observações de
campo (Tabela 6).
Tabela 5: Descritores quantitativos de trecho de floresta primária na bacia do rio Camorim localizada
no PEPB, RJ.
Floresta Primária
Parâmetros Valores encontrados Padrão*
Indivíduos amostrados 182
Área amostrada (m
2
) 1.000
Idade estimada Sem evidências de corte anterior > 25 anos
Área basal total (m
2
/ha) 90,1 > 28
Diâmetro médio (cm) 16,9 20
Maior diâmetro (cm) 121
Coeficiente de variação do diâmetro (%) 111,9
Altura média (m) 10,9 20
Maior altura (m) 38
Coeficiente de variação da altura (%) 71,7
Árvores mortas em pé (%) 2,2
Troncos múltiplos (%) 0 (zero)
Densidade total (nº ind./ha) 1.820
* De acordo com a resolução CONAMA nº 06.
22
Tabela 6: Análise qualitativa da floresta primária na bacia do rio Camorim localizada no PEPB, RJ.
Floresta Primária
Parâmetros Resultados encontrados Padrão*
Fitofisionomia
1
Arbórea, cobertura fechada
Arbórea, cobertura fechada
Serapilheira
2
Presente, intensa decomposição
Presente, intensa decomposição
Dossel
3
Árvores emergentes
Árvores emergentes
Sub-bosque
4
Esparso, presença de espécies
tolerantes
Esparso, presença de espécies
tolerantes
Epífitas
5
Presentes Muitas espécies e formas de vida
Trepadeiras
6
Presentes Abundantes, muitas espécies lenhosas
Gramíneas
7
Ausentes Raras
* De
1 a 3
de acordo com a resolução CONAMA nº 06; de
4 a 7
de acordo com BUDOWSKI (1965).
O maior diâmetro encontrado no transecto foi de um exemplar de Ficus gomelleira
Kunth & Bouché. Foi feita uma simulação a fim de avaliar qual fator quantitativo era mais
influenciado pela eliminação da figueira do transecto. Somente a área basal apresentou
mudança significativa, reduzindo para um valor bem próximo daquele encontrado por
ENGEMANN et al., 2005 (Tabela 7).
Tabela 7: Comparação da análise estrutural da floresta primária estudada através da retirada de um
indivíduo da espécie Fícus gomelleira. O parâmetro que apresentou diferença significativa encontra-se
em negrito.
Parâmetro
Com Ficus
gomelleira Sem Ficus gomelleira
Diâmetro médio (cm) 16,9 16,3
Altura média (m) 10,9 10,8
Área basal (m
2
/ha)
90,1 78,8
Através da análise das classes de DAP (Figura 3) podemos verificar a presença de
alguns indivíduos com DAP > 40 cm, que representam 9% do total amostrado. Estes
apresentam distribuição aleatória, característica de florestas mais conservadas (ODUM,
1988).
23
42
25
9
66
1
2
9
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
5 - 10 10 - 15 15 - 20 20 - 25 25 - 30 30 - 35 35 - 40 40
Cl a sse s de DAP (cm)
Frequência (%)
Figura 3: Estrutura diamétrica em floresta primária localizada na bacia do rio Camorim, PEPB, RJ.
A segunda área amostrada foi considerada como uma floresta em estágio médio de
sucessão e está localizada na bacia do rio Grande. Tanto os dados quantitativos (Tabela 8)
quanto os dados qualitativos (Tabela 9) indicam que a floresta pertence a este estágio
sucessional.
24
Tabela 8: Descritores quantitativos de estrutura da floresta em estágio médio de sucessão na bacia do
rio Grande, localizada no PEPB, RJ.
Estágio Médio
Parâmetros Valores encontrados Padrão*
Indivíduos amostrados 159
Área amostrada (m
2
) 666
Idade estimada 30 anos Entre 11 e 25 anos
Área basal total (m
2
/ha) 22,75 Entre 10 e 28
Diâmetro médio (cm) 11 Entre 10 e 20
Maior diâmetro (cm) 37
Coeficiente de variação do diâmetro (%) 55,4
Altura média (m) 6 Entre 5 e 12
Maior altura (m) 18
Coeficiente de variação da altura (%) 50,2
Árvores mortas (%) 5,7
Troncos múltiplos (%) 13,2
Densidade total (nº ind./ha) 2.387
*De acordo com a resolução CONAMA nº 06.
Tabela 9: Análise qualitativa da floresta em estágio médio de sucessão da bacia do rio Grande,
localizada no PEPB, RJ.
Estágio Médio
Parâmetros Resultados encontrados Padrão*
Fitofisionomia
1
Arbórea, cobertura fechada Arbustiva/Arbórea, cobertura fechada
Serapilheira
2
Presente Presente, com muitas plântulas
Dossel
3
Homogêneo Homogêneo
Sub-bosque
4
Denso Denso
Epífitas
5
Ausentes Poucas
Trepadeiras
6
Presentes Abundantes
Gramíneas
7
Presentes Abundantes ou Raras
* De
1 a 3
baseado na resolução CONAMA nº 06; de
4 a 7
baseado em Budowski (1965).
A análise das classes de DAP demonstra a ausência de indivíduos maiores que 40 cm
(Figura 4) e uma predominância dos indivíduos menores, pertencentes às classes de 5 a 10
cm e de 11 a 20 cm, bastante característico desse estágio de sucessão.
25
50
30
11
6
2
1
1
0
10
20
30
40
50
60
5 - 10 10 - 15 15 - 20 20 - 25 25 - 30 30 - 35 > 35
Cla sse s de DAP (cm)
Frequência (%)
Figura 4: Estrutura de DAP da floresta em estágio médio de sucessão na bacia do rio Grande, PEPB,
RJ.
4.2. Chave de Interpretação
Após os trabalhos de campo feitos na área de estudo e a transferência dos dados
coletados do GPS à imagem, foi possível criar a chave de interpretação (Tabelas 10 e 11) com
os padrões espectrais, de cor e textura de cada uma das classes visitadas em campo.
26
Tabela 10: Chave de interpretação com os padrões espectrais utilizados na interpretação visual dos estágios sucessionais das imagens Ikonos, no PEPB, RJ.
(continua).
Classes Características predominantes
RGB (visível) NRG (Infravermelho)
Floresta
Estágio
Inicial de
Sucessão
Descrição
Fisionomia herbáceo-arbustiva com cobertura aberta ou fechada. Geralmente apresenta dominância de uma única espécie observada por uma textura e um
padrão espectral (cor) mais homogêneos. Além disso, a espécie dominante apresenta uma distribuição agregada, o que também pode ser observado,
através da textura e reflectância semelhantes.
Estágio
Médio de
Sucessão
Descrição
Fisionomia arbustivo-arbórea com cobertura fechada. Há início de diferenciação em estratos, observada nas diferenças de altura das árvores em diferentes
pontos da imagem. Ainda são observadas algumas espécies com distribuição agregada, porém a textura revela um início de heterogeneidade.
27
Tabela 10: Continuação.
Classes Características predominantes
RGB (visível) NRG (Infravermelho)
Floresta
Estágio
Avançado de
Sucessão
Descrição
Fisionomia arbórea com cobertura fechada formando um dossel relativamente uniforme no porte. A textura se torna mais rugosa e não há mais sinais de
dominância de espécies com distribuição agregada. Ou seja, a textura é heterogênea, com padrão espectral (cor) mais diversificado, o que revela um
aumento na diversidade.
Floresta
Primária
Descrição
Floresta sem sinal de alteração antrópica, ou alteração antrópica mínima. Grande diversidade refletida pela textura bastante rugosa. Máxima diversidade
de padrão espectral.
28
Tabela 11: Chave de interpretação com os padrões espectrais utilizados na interpretação visual das
outras classes de uso do solo das imagens Ikonos, no PEPB, RJ. (continua).
Classes Características predominantes
RGB (visível) NRG (Infravermelho)
Floresta
Eucaliptal
Descrição
Aglomerado de árvores pertencentes ao gênero Eucaliptus spp, com textura
homogênea e, geralmente, com altura diferenciada das demais. Textura
marcantemente diferenciada por não apresentar rugosidade.
Massa de água
Descrição Inclui lagos e açudes.
Campo
Descrição
Inclui campos antrópicos dominados por gramíneas, vegetação esparsa ou solo
exposto.
Afloramento
Rochoso
Descrição Rocha exposta.
29
Tabela 11: Continuação (continua).
Classes Características predominantes
RGB (visível) NRG (Infravermelho)
Vegetação
rupícola
Descrição Vegetação que se desenvolve diretamente sobre a rocha.
Vegetação
saxícola
Descrição Vegetação que se desenvolve sobre fendas e cavidades onde se acumula o solo.
Ocupação
Urbana
Descrição Quaisquer tipos de edificação presente seja urbana formal ou informal (favela).
Atividade
antrópica
Descrição Inclui atividades como exploração de pedreiras e agricultura.
30
Tabela 11: Continuação.
Classes Características predominantes
RGB (visível) NRG (Infravermelho)
Linha de
transmissão
Descrição Inclui corredores e torres de transmissão de energia elétrica.
Sombra
Descrição Foram identificadas somente aquelas provocadas pelo relevo.
Não Classificado
Descrição
Áreas nas quais ou não foi possível identificar a classe ou não foi possível
separar as diferentes classes, pois havia uma mistura de diferentes tipos de uso
do solo.
31
4.3. Classificação da Imagem
4.3.1. Dados auxiliares
Como foi mencionado na metodologia, alguns dados vetoriais foram obtidos para
auxiliar na diferenciação dos estágios sucessionais. A partir destes dados foram gerados
alguns mapas, como o mapa hipsométrico (Figura 5) e o modelo digital de elevação (MDE)
(Figura 6). Estes dados são importantes para saber a altitude em que a vegetação se encontra a
fim de se avaliar possíveis diferenças espectrais que possam refletir mudanças estruturais
relativas a um possível gradiente altitudinal.
32
Figura 5: Mapa hipsométrico da bacia do rio Camorim, PEPB, RJ, com faixas de altitude em intervalo regular de 82 m.
33
O MDE (Figura 6) foi elaborado a partir das curvas de nível (eqüidistantes 5 m) da
bacia do rio Camorim. Segundo os dados analisados (Tabela 12), a maior parte da área, 162,3
ha, está na faixa de altitude de 428 m a 510 m, o que representa cerca de 20% da área total da
bacia, pertencente ao Parque Estadual da Pedra Branca. Não foi observada mudança
significativa de estrutura nas formações florestais analisadas na bacia do rio Camorim de
acordo com a altitude. Apesar da amplitude de altitude no parque ser significativa, 924 m (100
m a 1024 m), na bacia do rio Camorim, a amplitude é bem menor, 650 m (100 m a 750 m).
Tabela 12: Classes de altitude encontradas na bacia do rio Camorim, PEPB, RJ.
Classes de altitude (m) Área (ha) Área (%)
100 - 182 102,2 12,9
182 - 264 106,2 13,5
264 - 346 93,3 11,8
346 - 428 76,9 9,7
428 - 510 162,3 20,6
510 - 592 157,4 19,9
592 - 674 77,7 9,8
674 - 756 13,5 1,7
Total
789,6 100,0
34
Figura 6: Modelo digital de elevação (MDE) da bacia do rio Camorim, PEPB, RJ, com faixas de altitude em intervalo regular de 82 m.
35
A região apresenta 93,6 % de sua área com declividade superior a 11,3°, o que
caracteriza a área predominantemente com relevo forte ondulado (30,1%) e montanhoso
(47,7%). Apenas 15,8% da mesma se apresenta na forma de relevo escarpado, com
declividade acima de 36,9° (Tabela 13, Figura 7). O mapa de declividade (Figura 8) foi
executado a partir do MDE e, da mesma forma que o mapa hipsométrico, também auxilia na
classificação visual da imagem.
Tabela 13: Classificação da declividade na bacia do rio Camorim localizada no PEPB, RJ.
Declividade (graus) Descrição Área (ha) Área (%)
0 – 1,7 Plano
18,7 2,4
1,7 – 4,6 Suave ondulado
3,0 0,4
4,6 – 11,3 Ondulado
28,5 3,6
11,3 – 24,2 Forte ondulado
237,7 30,1
24,2 – 36,9 Montanhoso
376,7 47,7
> 36,9 Escarpado
125,0 15,8
Total
789,6 100,0
Área ocupada pelas classes de declividade (%)
2,4
0,4
3,6
30,1
47,7
15,8
0 - 1,7
1,7 - 4,6
4,6 - 11,3
11,3 - 24,2
24,2 - 36,9
> 36,9
Figura 7: Porcentagem de área ocupada pelas classes de declividade na bacia do rio Camorim, PEPB,
RJ.
36
Figura 8: Mapa de declividade da bacia do rio Camorim, PEPB, RJ.
37
Verificou-se um predomínio de vertentes voltadas para o sul, 22% (Figura 9, tabela
14) através da análise do mapa de orientação das encostas (Figura 10), confeccionado a partir
dos dados hipsométricos e de declividade. A partir destes dados é possível verificar se as
diferenças estruturais observadas em campo geram consequentemente, diferenças espectrais
detectáveis pelo sensor do satélite Ikonos.
Tabela 14: Classificação da face de orientação das encostas na bacia do rio Camorim localizada no
PEPB, RJ.
Orientação da encosta Descrição (graus) Área (ha) Área (%)
Norte 0 - 67,5; 292,5 - 360 200,0 25,3
Sul 112,5 – 247,5 410,2 51,9
Leste 67,5 – 112,5 108,1 13,7
Oeste 247,5 – 292,5 56,0 7,1
Plano -1 15,4 1,9
Total 789,6 100,0
Área ocupada pelas diferentes vertentes (%)
25,3
51,9
13,7
7,1
1,9
Norte
Sul
Leste
Oeste
Plano
Figura 9: Variação da orientação das encostas na bacia do rio Camorim, PEPB, RJ.
38
Figura 10: Faces de orientação presentes na bacia do rio Camorim localizada no PEPB, RJ.
39
4.3.2. Interpretação visual
O trabalho de classificação da imagem por interpretação visual utiliza as informações
coletadas em campo e aquelas geradas a partir das classes discriminadas no diagrama (ver
Figura 2, p. 16) e na chave de interpretação (ver Tabelas 10 e 11, p. 26 a 30). A partir desses
dados foram gerados mapas de uso e cobertura do solo, com a classificação geral, Nível I, do
PEPB (Figura 11) e da bacia do rio Camorim (Figura 13), além de outro com a classificação
específica, Nível II, somente da bacia do rio Camorim (Figura 15).
40
Figura 11: Classificação do uso do solo, Nível I, do PEPB, RJ, onde Afl. Rochoso – afloramento rochoso, Ocup. Urbana – ocupação urbana, Ativ. Antrópica
– atividade antrópica, L. transmissão – linha de transmissão.
41
Através da análise do mapa gerado (Figura 11), verificou-se que as classes mais
expressivas foram a de Floresta, com 65% (5.217,8 ha) da área analisada e Campo com 27,2%
(2.182,8 ha). As outras classes ocupam menos de 1% da área, cada, exceto por Afloramento
Rochoso (3,2%) e Não Classificado (2,86%) (Figura 12, Tabela 15).
229,70
8,00
33,90
35,50
59,50
3,90
2182,80
257,50
5214,80
0,00 1000,00 2000,00 3000,00 4000,00 5000,00 6000,00
(Não classificado)
(Sombra)
L. transmissão
Ativ. antrópica
Ocup. Urbana
Água
Campo
Afl. Rochoso
Floresta
Classes
Área total ocupada pela classe (ha)
Figura 12: Área em hectares ocupada pelas classes do Nível I presentes no PEPB, RJ.
Tabela 15: Área ocupada pelas classes de uso do solo, Nível I, no PEPB, RJ.
Classes de uso do solo Área ocupada (ha) Área ocupada (%)
Floresta 5.214,8 65,0
Afloramento Rochoso 257,5 3,20
Campo 2.182,8 27,2
Água 3,9 0,05
Ocupação Urbana 59,5 0,74
Atividade Antrópica 35,5 0,44
Linha de Transmissão 33,9 0,42
(Sombra) 8,0 0,10
(Não Classificado) 229,7 2,86
Total 8.025,6 100,0
42
Figura 13: Classificação do uso do solo, Nível I, da bacia do rio Camorim, PEPB, RJ, onde Afl. Rochoso – afloramento rochoso.
43
De acordo com a classificação de Nível I na bacia do rio Camorim (Figura 13), a
região apresenta 85,1% da área com formação florestal, em diferentes estágios sucessionais.
Posteriormente, neste estudo, esta informação será detalhada. Outra classe que apresentou
destaque foi a de Afloramento Rochoso, que superou a classe Campo em mais de 10 hectares
(Figura 14, Tabela 16).
1,9
10,0
3,9
42,6
676,4
60,4
0,0 100,0 200,0 300,0 400,0 500,0 600,0 700,0 800,0
(Sombra)
Ocup. Urbana
Água
Campo
Floresta
Afl. Rochoso
Classes
Área total (hectares)
Figura 14: Área em hectares ocupada pelas classes de Nível I presentes na bacia do rio Camorim,
PEPB, RJ.
Tabela 16: Área ocupada pelas classes de uso do solo, Nível I, na bacia do rio Camorim, PEPB, RJ.
Classes de uso do solo Área ocupada (ha) Área ocupada (%)
Afloramento Rochoso 60,4 7,6
Floresta 676,4 85,1
Campo 42,6 5,4
Água 3,9 0,5
Ocupação Urbana 10,0 1,3
(Sombra) 1,9 0,2
Total 795,1 100,0
44
Figura 15: Classificação do uso do solo, Nível II, da bacia do rio Camorim, PEPB, RJ, onde Afl. Rochoso – afloramento rochoso, Veg. Rupícola – vegetação
rupícola, Veg. Saxícola – vegetação saxícola, Fl. Primária – floresta primária. Ocup. Urbana – ocupação urbana.
45
Analisando o mapa de classificação do uso do solo, Nível II, da bacia do rio Camorim,
pôde-se verificar que a floresta em estágio médio de sucessão ocupa a maior parte da área
28,4% (225,9 ha), seguida por estágio avançado, 26,2% (208,1 ha) e floresta primária, 15,1%
(119,8 ha) (Figura 16, Tabela 17).
1,9
10,0
3,9
46,7
28,8
8,4
30,5
1,4
119,8
208,1
225,9
109,8
0,0 50,0 100,0 150,0 200,0 250,0
(Sombra)
Ocup. Urbana
Água
Campo
Veg. sacola
Veg. rupícola
Afl. Rochoso
Eucaliptal
Fl. Primária
Estágio Avançado
Estágio Médio
Estágio Inicial
Classes
Área (ha)
Figura 16: Área em hectares ocupada pelas classes de Nível II, presentes na bacia do rio Camorim,
PEPB, RJ.
46
Tabela 17: Classificação do uso do solo, Nível II, na bacia do rio Camorim, PEPB, RJ.
Classes de uso do solo Área ocupada (ha) Área ocupada (%)
Estágio Inicial 109,8 13,8
Estágio Médio 225,9 28,4
Estágio Avançado 208,1 26,2
Floresta Primária 119,8 15,1
Eucaliptal 1,4 0,2
Afloramento Rochoso 30,5 3,8
Vegetação rupícola 8,4 1,1
Vegetação saxícola 28,8 3,6
Campo 46,7 5,9
Água 3,9 0,5
Ocupação Urbana 10,0 1,3
(Sombra) 1,9 0,2
Total 795,1 100,0
Entretanto, quando é feita somente a análise dos dados da classe de floresta pode-se
observar que as áreas em estágio mais avançado de sucessão (estágio avançado e floresta
primária) se equiparam em extensão às áreas em estágios mais iniciais (estágio médio e
inicial), conjuntamente (Figura 17). Isso significa que apesar da grande pressão antrópica que
sofre em seu entorno, a bacia do rio Camorim ainda mantém remanescentes significativos
para conservação da Mata Atlântica. A classe de uso do solo Eucaliptal foi excluída desta
análise por apresentar um valor percentual desprezível em relação à área ocupada (0,2%),
além de não ser o foco deste estudo.
47
18,1
31,4
34,0
16,5
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
Fl. Primária
Estágio Avançado
Estágio Médio
Estágio Inicial
Estágio Sucesional
Área (%)
Figura 17: Porcentagem de área de floresta ocupada pelos estágios sucessionais na bacia do rio
Camorim, PEPB, RJ.
48
5. DISCUSSÃO
5.1. Avaliação das Propostas de Classificação dos Estágios Sucessionais
A definição das classes dos estágios sucessionais utilizadas na interpretação visual da
imagem Ikonos foi resultado de pesquisas bibliográficas. A nomenclatura proposta
inicialmente estava de acordo com BUDOWSKI (1965), que divide os estágios sucessionais
florestais em pioneira, secundária inicial, secundária tardia e clímax. Os parâmetros
estruturais seguiram a resolução CONAMA nº 06. Entretanto, uma modificação se mostrou
necessária, face à revisão de literatura, onde se pôde observar a diferença na utilização da
nomenclatura (BUDOWSKI, 1963, 1965; BRASIL, 1994; GANDOLFI et al., 1995; R. J.
OLIVEIRA et al., 2001; KONRATH et al., 2003; VIEIRA et al., 2003; SILVA &
FERREIRA, 2004). Desta forma, a nomenclatura foi substituída pela adotada pelo CONAMA
na resolução supracitada, que define os estágios sucessionais em inicial, médio, avançado e
floresta primária. E para análise dos parâmetros estruturais da floresta adotou-se uma
avaliação quali-quantitativa, que utiliza tanto parâmetros presentes na legislação (BRASIL,
1994) como no estudo de BUDOWSKI (1965).
A descrição dos diferentes estágios sucessionais feita por BUDOWSKI (1965) é
consistente e detalhada. É muito utilizada por biólogos que trabalham direta e principalmente
em campo e foi adotada pela maioria dos pesquisadores, em todo o mundo. Possui parâmetros
que levam algum tempo para serem analisados, mas que geram um resultado mais detalhado.
Este tipo de estudo é feito com objetivo de analisar a situação ecológica de um determinado
fragmento florestal e geralmente reflete uma realidade local. No entanto, em função de
diferentes históricos de distúrbios, pode-se pensar que diferenças locais podem impedir ou
dificultar o seu uso.
As resoluções do CONAMA possuem um caráter específico, já que foram
desenvolvidas para o bioma Mata Atlântica, tendo sido criada uma resolução para cada estado
brasileiro pertencente ao bioma. Apesar da aparente simplicidade, a resolução relativa ao
Estado do Rio de Janeiro apresenta alguns parâmetros metodológicos confusos, que
dificultam sua aplicação. Um exemplo é a determinação do critério de inclusão, que especifica
um DAP médio como parâmetro de inclusão de indivíduos no inventário, quando
normalmente só se utiliza médias após o inventário ter sido concluído. Segundo H. B.
AMORIM (comunicação pessoal), a área basal é o parâmetro quantitativo que melhor se
aplica na resolução, pois outros como o DAP e a altura são muito variáveis.
49
Outro parâmetro de difícil utilização é a lista de espécies indicadoras de cada estágio
sucessional. A resolução foi criada para o Estado do Rio de Janeiro, que apresenta duas
grandes formações florestais predominantes, Floresta Ombrófila Densa e Floresta Estacional
Semidecidual. Contudo, a lista apresentada é incompleta e não está dividida entre as duas
formações que possuem diferenciações de estrutura e florística significativas. Isto impede sua
utilização para a determinação dos estágios sucessionais, fazendo com que o pesquisador
tenha que procurar esta informação em publicações científicas, o que nem sempre está
disponível.
Em seu Art. 3º, a resolução ressalta que a classificação dos estágios sucessionais deve
levar em consideração as variações ocorridas de uma região geográfica para outra, as
diferentes condições topográficas, edáficas, climáticas, assim como o uso pretérito que teve a
área onde se situa uma determinada formação florestal. Desta forma, ressalta ao leitor que
estes fatores devem ser levados em consideração. Ainda no Art. 3º, ressalta que “(...) os casos
de dúvida ou aqueles não previstos nesta Resolução devem ser analisados e definidos pelo
Órgão competente”. Ou seja, devem ser observadas as particularidades locais, principalmente
em relação à florística.
Entretanto, apesar de alguns problemas, por ser mais prática para trabalhar, e
possibilitar uma geração de resultados mais rápidos, a maioria dos pesquisadores que
trabalham com imagens de satélite utiliza seus parâmetros.
5.2. Inventários de Campo
Segundo LILLESAND & KIEFER (2000), os dados de referência ou sobre o objeto de
estudo, seja solo, água ou vegetação, são importantes para auxiliar na posterior análise de
dados. O processo de aquisição dos dados de referência envolve medir ou observar os objetos,
áreas ou fenômenos que estão sendo analisados. Este procedimento é comumente chamado de
verdade de campo, porém os autores indicam que não pode ser interpretado literalmente, já
que os dados de referência podem ser coletados sem necessariamente ir a campo. Por
exemplo, os dados podem ser adquiridos a partir de uma imagem aérea, de um mapa de solos
ou de um laboratório de análises químicas. No entanto, o termo verdade de campo é
amplamente utilizado pela comunidade científica (DORREN et al., 2003; SONG &
WOODCOCK, 2003; KUX & PINHEIRO, 2005; GUO et al., 2006). Os dados de referência
podem ser úteis no auxílio da análise e interpretação das imagens, para calibrar um sensor ou
para verificar informações extraídas das imagens.
50
Através dos trabalhos de campo realizados na área de estudos (Maciço da Pedra
Branca) foram coletados pontos através do GPS, que foram posteriormente transferidos à
imagem Ikonos. Estas áreas foram definidas como padrão para classificação de outras regiões
da imagem, a partir da criação de uma chave de interpretação, ou seja, serviram como dados
de referência para a interpretação visual. Isto significa que a classificação do restante da
imagem depende destes padrões, e consequentemente a acurácia final desta classificação
também. Por este motivo é importante o trabalho de amostragem dessas áreas para que elas
possam representar bem as classes que se quer identificar na imagem. Contudo, há uma
dificuldade de utilização do GPS no interior da floresta, já que o aparelho não capta sinal dos
satélites por causa da cobertura vegetal. No caso deste estudo, a antena externa do GPS
Promark 2 (Ashtech) foi adaptada a um podão. Mesmo assim o PDOP (Position Dilution of
Precision) variava muito e se mantinha sempre superior a 6.00. Além disso, havia a
dificuldade de transporte e manipulação do equipamento. Por isso, este método foi descartado
e os pontos passaram a ser coletados em clareiras próximas a área que se desejava identificar
ou em algum ponto de referência visível na imagem. READ et al. (2003) descrevem em seu
trabalho o mesmo tipo de problema e também solucionaram com a utilização de clareiras
como ponto de referência para algumas áreas. O autor ainda destaca que com o
desenvolvimento de tecnologias para a obtenção de dados de GPS no interior da floresta irá
melhorar significativamente as possibilidades de utilização das imagens Ikonos no estudo de
florestas tropicais.
Na caracterização da área de floresta primária na bacia do rio Camorim os valores
encontrados não variaram muito em relação a outros trabalhos. R. R. OLIVEIRA (2002), no
estudo de uma floresta climáxica na Ilha Grande, RJ, encontrou uma densidade de 1.996
ind./ha e uma porcentagem de indivíduos mortos em pé de 1,5%, enquanto o presente estudo
verificou uma densidade de 1.820 ind./ha e 2,2 % de indivíduos mortos em pé. A área basal
apresentou um valor elevado (90,1 m
2
/ha), quando comparado ao estudo de ENGEMANN et
al. (2005) em uma mata climáxica na mesma região (Maciço da Pedra Branca), que encontrou
79,8 m
2
/ha. Já o trabalho feito pelo Laboratório de Geohidroecologia da UFRJ (GEOHECO,
2000) na Mata do Pai Ricardo, Maciço da Tijuca, RJ, encontrou valor superior, 97,3 m
2
/ha.
(Tabela 18).
51
Tabela 18: Comparação da área basal entre diferentes estudos em áreas de floresta primária
(climáxica).
Local Critério de inclusão
(DAP em cm)
Área basal
(m
2
/ha)
Fonte
Maciço da Tijuca, RJ
1
2,5 68,7 R. R. OLIVEIRA et al.,
1995.
Guapimirim, RJ 5,0 57,2 KURTZ & ARAÚJO,
2000.
Maciço da Tijuca, RJ
2
2,5 97,3 GEOHECO, 2000.
Ilha Grande, RJ 2,5 57,9 R. R. OLIVEIRA, 2002.
Maciço da Pedra Branca, RJ 5,0 79,3 ENGEMANN et al., 2005.
Maciço da Pedra Branca, RJ 5,0 90,1
Este estudo
1
Vertente Sul.
2
Mata do Pai Ricardo.
O valor apresentado pela área basal neste estudo também foi ampliado por conta da
presença de um indivíduo do gênero Ficus encontrada no transecto (Ficus gomelleira), de
grandes proporções. Nas regiões de ocupação caiçara, como é o caso do PEPB, quando os
camponeses abriam a mata para instalar uma roça de subsistência eles derrubavam todas as
árvores presentes, preservando apenas os indivíduos do gênero Ficus (FONSECA, 2005). Em
seu trabalho na região sul do estado do Rio de Janeiro, R. C. SVORC (comunicação pessoal)
também verificou este padrão, já que a estrutura da mata desenvolvida ao redor dessas
espécies não condizia com a estrutura das figueiras, constatando que elas são
consideravelmente anteriores à mata que regenerou em volta delas. Entretanto, este não
parece ser o caso da área analisada na bacia do rio Camorim (PEPB), pois a mata se encontra
em estágio de floresta primária, com várias árvores de mesmo porte que o indivíduo de Ficus
gomelleira. Além disso, há de se considerar seu histórico de conservação, já que não há
registro de intervenção antrópica por mais de um século, pois ali há a captação de água do rio
Camorim que abastece a região. A floresta, portanto desempenha um importante papel na
conservação dos recursos hídricos da região. Igualmente, inexistem vestígios quer no solo,
quer na biota, de utilização anterior da mesma.
Em relação à análise do DAP, foram encontrados numerosos indivíduos com
diâmetros acima de 40 cm (ver Figura 3, p. 23) e que apresentam claramente uma distribuição
aleatória, característica de florestas mais conservadas. De acordo com R. J. OLIVEIRA et al.
(2001), em seu estudo de uma floresta de encosta em Peruíbe, SP, espécies classificadas como
52
secundárias tardias-climáxicas apresentam padrão de distribuição agregado quando plântulas,
mas tendem a distribuição aleatória conforme há o aumento da classe de tamanho diamétrico.
Segundo KURTZ & ARAÚJO (2000), a presença de regeneração das espécies
arbóreas dominantes pode indicar a maturidade de uma floresta. Acredita-se que a taxa de
recrutamento deve ser alta na floresta primária analisada neste estudo devido ao alto número
de indivíduos das primeiras classes, entre 5 e 10 cm e entre 11 e 20 cm. Por outro lado,
segundo PESSOA & R. R. OLIVEIRA (2006), uma curva de distribuição diamétrica em
forma de J invertido representa uma estabilidade da comunidade, ainda mais se esta se der nas
espécies mais bem colocadas em termos de valor de importância ou de cobertura.
A outra floresta analisada, em estágio médio de sucessão, abrange uma área próxima a
uma residência rural, o sítio Bela Vista. Seu histórico de uso, informado pelo proprietário
João Corrêa, foi a agricultura há cerca de 30 anos. A floresta apresenta um intenso efeito de
borda e está a 500 m de altitude, voltada para face norte, que recebe o sol à tarde e, portanto
mais intenso. A região, em altitudes mais baixas é ocupada por bananais e bambuzais,
pertencentes às propriedades rurais remanescentes no parque. A partir deste ponto (500 m) a
declividade aumenta, dificultando o acesso e, por isso, a formação florestal é predominante,
bem como afloramentos rochosos.
R. R. OLIVEIRA (2002) em seu estudo numa área de floresta de 25 anos, estágio
médio, na Reserva Biológica da Praia do Sul, Ilha Grande, RJ, obteve densidade de 2.784
ind./ha, uma área basal de 26,3 m
2
/ha e uma porcentagem de indivíduos mortos em pé de
7,8%. LOPES et al. (2002), em floresta de mesmo estágio sucessional, encontrou área basal
de 25,78 m
2
/ha. Este estudo apresentou área basal de 22,75 m
2
/ha e uma densidade total de
2.387 ind./ha.
Além disso, foi verificada uma alta porcentagem de troncos múltiplos (13,2%),
que pode ser atribuída à extração de lenha para subsistência, já que a área é próxima à
propriedade supracitada.
PEIXOTO et al. (2005), na APA da Serra da Capoeira Grande, RJ, obteve 1.558,5
ind./ha e uma área basal de apenas 12,06 78 m
2
/ha. Além disso, 5,75% dos indivíduos
estavam mortos em pé. O autor atribuiu o alto valor de indivíduos mortos às perturbações
como fogo e efeito de borda, bastante intensos na área de estudos. Em relação à reduzida área
basal obtida, o autor cita como principais limitações a pouca profundidade do solo e a
presença de afloramentos rochosos, que naturalmente restringem o desenvolvimento das
árvores. No caso, a floresta estudada também sofre intenso efeito de borda, por estar próxima
de uma área aberta, contudo a área basal apresentou números compatíveis com outros estudos
(Tabela 19).
53
Tabela 19: Áreas basais de diferentes estudos em áreas de floresta em estágio médio de sucessão.
Local Critério de inclusão
(DAP em cm)
Área basal
(m
2
/ha)
Fonte
Simão Dias (RBEPS)
1
, Ilha Grande,
RJ
2
2,5 26,3 R. R. OLIVEIRA,
2002
Parque Estadual do Rio Doce, MG 5,0 25,78 LOPES et al. 2002
APA da Serra da Capoeira Grande,
RJ
5,0 12,06 PEIXOTO et al.
2005
Maciço da Pedra Branca, RJ 5,0 22,75
Este estudo
1
Reserva Biológica Estadual da Praia do Sul.
De acordo com HEINSDIJK (1965) apud KURTZ & ARAÚJO (2000), a distribuição
dos diâmetros dos troncos das árvores das florestas tropicais apresenta aproximadamente a
forma de um ‘J’ invertido. Segundo PEIXOTO et al. (2005), este padrão representa uma
grande quantidade de indivíduos recrutados, em relação a uma quantidade menor de
indivíduos adultos, sugerindo uma ausência de problemas de regeneração natural. LOPES et
al. (2002) acrescenta que um decréscimo acentuado no número de indivíduos, no sentido das
menores para as maiores classes diamétricas pode significar que a fisionomia florestal
encontra-se em pleno desenvolvimento em direção a estádios mais avançados, uma vez que
existe um contingente de indivíduos jovens que irão suceder àqueles que já se encontram
senis ou em decrepitude.
Porém, este tipo de resultado não significa que a distribuição esteja balanceada, ou
seja, que o fator de redução do número de indivíduos de uma classe para a seguinte seja
constante (KURTZ & ARAÚJO, 2000). SILVA & NASCIMENTO (2001) afirmam que este
padrão em forma de ‘J’ invertido não necessariamente indica ausência de problemas de
regeneração, devendo ser considerado com cautela. A análise mais detalhada de seus
resultados, em nível específico indicou que algumas espécies possuíam padrões distintos de
distribuição.
54
5.3. Classificação da Imagem
5.3.1. Dados auxiliares
A partir dos dados de hipsometria da área foi possível efetuar um modelo digital de
elevação, um mapa de declividade e outro de faces de orientação que juntos tiveram um papel
essencial na classificação por interpretação visual. A região apresenta relevo
predominantemente ondulado e montanhoso, com cerca de 16% de suas encostas com mais de
36,9°. Mais de 50% de suas encostas está voltada para o sul (51,9%). Estes fatores conjugados
provavelmente contribuem significativamente para preservação das florestas na bacia do rio
Camorim, já que a declividade representa um empecilho a possíveis atividades antrópicas e a
predominância das encostas voltadas para o sul favorece a regeneração, devido à maior
umidade e menor insolação, reduzindo o risco de incêndios. Estes fatos foram confirmados
pela classificação dos estágios sucessionais na bacia do rio Camorim, que identificou uma
porcentagem significativa de florestas em estágio avançado de sucessão e floresta primária.
Conforme aumenta o gradiente de declividade, ocorrem significativas mudanças na
estrutura e florística da mata. Isto se dá principalmente, devido a pouca profundidade do solo
e à maior entrada de luz, o que permite a germinação e o crescimento de espécies adaptadas a
essas condições. Assim, a inexistência de dossel fechado, por ação de declividade acentuada,
deve ser observada no momento de se classificar o estágio de desenvolvimento da fitocenose
estudada (PAULA et al., 2004). Apesar deste fator ter sido considerado por ocasião da
classificação, muitas vezes se tornou difícil decidir o que era mais importante, a declividade
ou a reflectância da região, por exemplo. Por isso, uma ampliação dos trabalhos de campo em
áreas com diferentes declividades seria uma contribuição significativa para a precisão da
classificação dos estágios sucessionais.
A bacia do Camorim possui suas vertentes predominantemente voltadas para Sul. Isto
significa que a maioria das encostas recebe mais umidade proveniente dos ventos convectivos
do mar e das frentes frias. Ao mesmo tempo, recebe uma incidência menor de insolação do
que a vertente norte, devido à posição no hemisfério sul e, por este motivo, a recomposição da
floresta geralmente se dá em tempo relativamente curto (R. R. OLIVEIRA et al., 1995), o que
justifica a grande presença de florestas conservadas (50% da área) na região da bacia do rio
Camorim. Ao mesmo tempo, o fator orientação de encostas é relevante no que se refere à
susceptibilidade a incêndios florestais. As diferenças entre as vertentes são mais nítidas e de
melhor visualização do que as diferenças de declividade. Desta forma, este parâmetro se
mostrou um significativo recurso no auxílio ao intérprete da imagem de satélite.
55
5.3.2. Interpretação visual
A estratégia de classificação obedeceu a uma hierarquia de classes do nível geral
(Nível I) para o específico (Nível II). Primeiro foram classificadas as classes gerais no Parque
Estadual da Pedra Branca (PEPB). Foi feito então um corte desta classificação somente para
bacia do rio Camorim, na qual se verificou que 85% da área dentro do PEPB era ocupada pela
classe ‘Floresta’. A partir daí, somente foram desmembradas as classes ‘Floresta’ e
‘Afloramento Rochoso’. Isso permitiu uma sistematização da classificação, o que contribui
para uma melhor interpretação das classes, já que possibilita que o intérprete se concentre no
desmembramento de uma classe de cada vez, evitando, assim possíveis confusões.
Dependendo do tipo de alvo na superfície terrestre que o sensor remoto atinge
observa-se que há variação da curva espectral, ou seja, objetos presentes na superfície
terrestre refletem de forma diferente. Porém, alguns alvos, como a vegetação, por exemplo,
podem variar de acordo com a quantidade de água, presença de pigmentos e espessura da
folha. Além disso, uma mesma classe pode possuir um padrão de reflectância diferente,
dependendo de sua localização na encosta, da declividade, das condições do solo ou da época
do ano. Desta forma, como já explicitado anteriormente, a chave de interpretação foi
extremamente importante para o analista da imagem, pois ela possui a maioria das formas
possíveis de uma determinada classe se apresentar, o que minimiza a confusão entre classes e,
consequentemente, aumenta a precisão da classificação. Além disso, cria uma padronização
para as classes, facilitando o trabalho do intérprete.
Na fase de classificação de Nível I, com exceção da classe ‘Ocupação urbana’, todas
as outras foram bem diferenciadas. Isto ocorreu porque havia muita vegetação no entorno das
edificações, que acabou por ser parcialmente incorporada à classe.
No Nível II de classificação, foram desmembradas as classes ‘Afloramento Rochoso’ e
‘Floresta’ (Nível I). No caso, a classe ‘Afloramento Rochoso’ foi detalhada em ‘Vegetação
saxícola’ e ‘Vegetação rupícola’ (Nível II). Estas classes apresentaram alguma dificuldade em
sua delimitação, pois estão sobre afloramento rochoso, mas este margeia áreas de floresta.
Então é possível confundir a vegetação de afloramento rochoso com a vegetação de floresta,
já que estas possuem algumas vezes aspecto semelhante. Um fator que auxiliou nesta fase do
processo foi a camada de declividade, com a qual foi possível diferenciar, sobre onde
efetivamente estava a vegetação.
A classe ‘Floresta’ foi detalhada nos estágios sucessionais definidos pela resolução
CONAMA n° 06. Além disso, foi adicionada a classe ‘Eucaliptal’ (Nível II), já que a imagem
de alta resolução permitiu esta diferenciação. A classe ‘Estágio inicial’ foi facilmente
56
distinguida das outras por sua uniformidade de textura, que geralmente reflete a dominância
de poucas espécies. Algumas vezes pôde ser confundida com vegetação rupícola, quando esta
cobria totalmente o afloramento rochoso. Nestes casos, a imagem pancromática e/ou a
camada de declividade foram essenciais para decidir a que tipo de classe de uso do solo
pertencia a área. É importante destacar que esta classe é a que apresenta maior variabilidade
no tempo, pois é onde a sucessão ecológica ocorre com maior velocidade alterando a
fitofisionomia da mesma. A classe ‘Estágio Médio’ foi diferenciada das outras classes,
principalmente através da observação de um início de heterogeneidade de textura. Entretanto,
ainda se percebe a dominância de algumas espécies visivelmente com distribuição agregada.
Este aspecto pode ser observado através da semelhança de arquitetura e textura da copa de
algumas espécies. Dentre estas, na região estudada destaca-se o guapuruvú Schizolobium
parahyba (Vell.) Blake, cuja arquitetura de copa é inconfundível em exame de imagens. A
classe ‘Estágio Avançado’ foi melhor diferenciada dos estágios inicial e médio e mais
confundido com a Floresta Primária. Esta classe foi caracterizada por ausência de
homogeneidade de textura. Foi possível perceber a diferenciação da floresta em estratos pela
diferença entre as alturas das árvores e o aumento da diversidade pela heterogeneidade das
arquiteturas de copa das árvores. A ‘Floresta Primária’ foi diferenciada dos demais estágios e,
principalmente do estágio avançado porque foi definido um padrão em campo que teve uma
boa correspondência com o padrão observado na imagem. Ficou definido, então que aquele
padrão espectral e, principalmente de textura (heterogeneidade), era o padrão máximo que
poderia ser alcançado. A parte mais difícil foi identificar as regiões onde existiam florestas em
clímax local, pois geralmente possuíam padrões espectrais de estágios sucessionais mais
iniciais. Isto pode ter causado algumas confusões na aplicação da interpretação visual e,
possivelmente, subestimado a área de florestas mais conservadas na região. Finalmente há que
se destacar que o padrão de referência utilizado no presente trabalho para a classe ‘Floresta
Primária’ dizia respeito a uma única posição topográfica (fundo de vale). Certamente em
áreas mais declivosas ou em topo de serranias, o padrão deve se alterar.
57
6. CONCLUSÕES
A utilização dos parâmetros da resolução CONAMA n° 06 se mostrou bastante prática
tanto nos parâmetros quantitativos quanto qualitativos. Porém, a determinação dos critérios de
inclusão para trabalho no campo e a lista de espécies indicadoras devem ficar a cargo do
pesquisador. Estes fatores são de extrema importância para o inventário de campo e para uma
boa avaliação dos estágios sucessionais. Portanto, a resolução não é uma boa ferramenta para
ser utilizada isoladamente. A classificação da resolução associada a alguns parâmetros
qualitativos de BUDOWSKI (1965) como, por exemplo, presença de epífitas e gramíneas
mostrou-se eficiente, sendo capaz de gerar melhores resultados para uma avaliação rápida da
vegetação. Desta forma, recomenda-se a utilização da resolução com cautela e sempre
associada a trabalhos de campo que referenciem melhor a realidade da área de estudo,
principalmente em relação às espécies vegetais.
Apesar de algumas dificuldades, o trabalho com o GPS foi importante na
determinação dos padrões espectrais das classes de uso do solo a serem classificadas na
imagem e sua alta precisão levou a obtenção de uma maior acurácia no resultado final.
Em relação aos transectos, pode-se afirmar, pelos resultados quantitativos, que
apresentam valores bastante superiores àqueles estabelecidos para um estágio avançado de
sucessão, e pelo seu histórico de conservação, que a área analisada na bacia do rio Camorim é
uma floresta primária de acordo com o disposto no Art. 1º da resolução CONAMA nº 06. A
presença de um indivíduo do gênero Ficus nesta área afetou significativamente o cálculo da
área basal, porém mesmo retirando seus dados dos cálculos a região ainda apresenta um valor
elevado de área basal e compatível com o seu estágio sucessional. A segunda área está em
estágio médio de sucessão, de acordo com os parâmetros quantitativos e qualitativos
analisados, segundo o Art. 2º, §2º da resolução supracitada. Mesmo estando próxima a uma
área aberta, sofrendo o efeito de borda, a floresta apresenta bom estado de regeneração.
As técnicas de geoprocessamento e sensoriamento remoto se mostraram muito úteis na
análise e avaliação da cobertura vegetal. Como análise geral da estrutura da Unidade de
Conservação e das condições dos fragmentos de floresta presentes, é uma ferramenta bastante
útil, que permite melhorar a atuação dos órgãos fiscalizadores e gestores da região.
A estratégia de classificação por hierarquia de classes se mostrou um método
adequado para interpretação visual das classes que, por ser sistemática, diminui um pouco da
subjetividade do processo.
58
Dentre os conhecimentos geográficos analisados a face de orientação da encosta e a
declividade se mostraram ótimos parâmetros no auxílio da determinação dos estágios
sucessionais por imagem de satélite.
Foi possível relacionar os dados coletados em campo, com os dados observados nas
imagens de satélite, sendo possível estimar a estrutura da floresta. Porém, as variáveis que
determinam o estágio sucessional de uma floresta são muitos e só através de um amplo estudo
em campo seriam obtidos dados mais representativos da variabilidade local. Os estágios
sucessionais, mesmo com algumas dificuldades, foram diferenciados entre si. O resultado, no
entanto, representa uma boa estimativa, visto que não seria possível, em tempo hábil, realizar
um inventário de campo que representasse toda a bacia hidrográfica.
59
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A resolução CONAMA nº 06 não atende às exigências científicas para determinação
de estágios sucessionais, principalmente pela falta de um critério de inclusão claro e uma lista
de espécies incompleta e sem embasamento dentro da ampla variedade das formações
florestais do Estado do Rio de Janeiro. Desta forma, dificilmente poderia ser utilizada como
um parâmetro legal face à grande variabilidade dos padrões sucessionais. A resolução,
portanto, deveria ser revista e reformulada, a fim de atender aos propósitos que se presta.
Apesar de todas as dificuldades apresentadas, o estudo conseguiu cumprir com seus
objetivos. A ampliação e sistematização futura dos inventários de campo feitos neste trabalho
se mostram necessárias visto a complexidade da determinação dos estágios sucessionais.
60
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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67
ANEXOS
A – Resolução CONAMA n° 10 de 01 de outubro de 1993.
B – Decreto nº 750 de 10 de fevereiro de1993.
C – Resolução CONAMA n° 06 de 04 de maio de 1994.
68
ANEXO A
RESOLUÇÃO Nº 10, DE 1º DE OUTUBRO DE 1993
O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA, no uso das atribuições que lhe são
conferidas pela Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, com as alterações introduzidas pela Lei nº
8.028, de 12 de abril de 1990, Lei nº 8.490, de 19 de novembro de 1992, e pela Medida Provisória nº
350, de 14 de setembro de 1993, e com base no Decreto nº 99.274, de 06 de junho de 1990, e no
Regimento Interno aprovado pela Resolução/conama/nº 025, de 03 de dezembro de 1986,
Considerando a deliberação contida na Resolução/conama/nº 003, de 15 de junho de 1993, resolve:
Art. 1º Para efeito desta Resolução e considerando o que dispõem os artigos 3º, 6º e 7º do Decreto nº
750, de 10 de fevereiro de 1993, são estabelecidos os seguintes parâmetros básicos para análise dos
estágios de sucessão da Mata Atlântica:
I - fisionomia;
II - estratos predominantes;
III - distribuição diamétrica e altura;
IV - existência, diversidade e quantidade de epífitas;
V - existência, diversidade e quantidade de trepadeiras;
VI - presença, ausência e características da serapilheira;
VII - subosque;
VIII - diversidade e dominância de espécies;
IX - espécies vegetais indicadoras.
§ 1º O detalhamento dos parâmetros estabelecidos neste artigo, bem como a definição dos valores
mensuráveis, tais como altura e diâmetro, serão definidos pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA e pelo Órgão estadual integrante do SISNAMA, no prazo
de 30 dias, contados da publicação desta Resolução e submetidos à aprovação do Presidente do
CONAMA, "ad referendum" do Plenário que se pronunciará na reunião ordinária subseqüente.
§ 2º Poderão também ser estabelecidos parâmetros complementares aos definidos neste artigo,
notadamente a área basal e outros, desde que justificados técnica e cientificamente.
Art. 2º Com base nos parâmetros indicados no artigo 1º desta Resolução, ficam definidos os
seguintes conceitos:
I - Vegetação Primária - vegetação de máxima expressão local, com grande diversidade biológica,
sendo os efeitos das ações antrópicas mínimos, a ponto de não afetar significativamente suas
características originais de estrutura e de espécies.
II - Vegetação Secundária ou em Regeneração - vegetação resultante dos processos naturais de
sucessão, após supressão total ou parcial da vegetação primária por ações antrópicas ou causas
naturais, podendo ocorrer árvores remanescentes da vegetação primária.
69
Art. 3º Os estágios de regeneração da vegetação secundária a que se refere o artigo 6º do Decreto
750/93, passam a ser assim definidos:
s, predominando em clima subtropical ou temperado. Caracteriza-se por uma ruptura na seqüência
natural das espécies presentes nas formações fisionômicas circunvizinhas. As cI - Estágio Inicial:
a) fisionomia herbáceo/arbustiva de porte baixo, com cobertura vegetal variando de fechada a aberta;
b) espécies lenhosas com distribuição diamétrica de pequena amplitude;
c) epífitas, se existentes, são representadas principalmente por líquenes, briófitas e pteridófitas, com
baixa diversidade;
d) trepadeiras, se presentes, são geralmente herbáceas;
e) serapilheira, quando existente, forma uma camada fina pouco decomposta, contínua ou não;
f) diversidade biológica variável com poucas espécies arbóreas ou arborescentes, podendo
apresentar plântulas de espécies características de outros estágios;
g) espécies pioneiras abundantes;
h) ausência de subosque.
II - Estágio Médio:
a) fisionomia arbórea e/ou arbustiva, predominando sobre a herbácea, podendo constituir estratos
diferenciados;
b) cobertura arbórea, variando de aberta a fechada, com a ocorrência eventual de indivíduos
emergentes;
c) distribuição diamétrica apresentando amplitude moderada, com predomínio de pequenos
diâmetros;
d) epífitas aparecendo com maior número de indivíduos e espécies em relação ao estágio inicial,
sendo mais abundantes na floresta ombrófila;
e) trepadeiras, quando presentes são predominantemente lenhosas;
f) serapilheira presente, variando de espessura de acordo com as estações do ano e a localização;
g) diversidade biológica significativa;
h) subosque presente.
III - Estágio Avançado:
a) fisionomia arbórea, dominante sobre as demais, formando um dossel fechado e relativamente
uniforme no porte, podendo apresentar árvores emergentes;
b) espécies emergentes, ocorrendo com diferentes graus de intensidade;
c) copas superiores, horizontalmente amplas;
70
d) distribuição diamétrica de grande amplitude;
e) epífitas, presentes em grande número de espécies e com grande abundância, principalmente na
floresta ombrófila;
f) trepadeiras, geralmente lenhosas, sendo mais abundantes e ricas em espécies na floresta
estacional;
g) serapilheira abundante;
h) diversidade biológica muito grande devido à complexidade estrutural;
i) estratos herbáceo, arbustivo e um notadamente arbóreo;
j) florestas neste estágio podem apresentar fisionomia semelhante à vegetação primária;
l) subosque normalmente menos expressivo do que no estágio médio;
m) dependendo da formação florestal, pode haver espécies dominantes.
Art. 4º A caracterização dos estágios de regeneração da vegetação, definidos no artigo 3º, desta
Resolução, não é aplicável aos ecossistemas associados às formações vegetais do domínio da Mata
Atlântica, tais como manguezal, restinga, campo de altitude, brejo interiorano e encrave florestal do
nordeste.
Parágrafo único. Para as formações vegetais, referidas no "caput" deste artigo, à exceção de
manguezal, aplicam-se as disposições contidas nos parágrafos 1º e 2º do artigo 1º desta Resolução,
respeitada a legislação protetora pertinente em especial a Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, a
Lei nº 5.197, de 03 de janeiro de 1967, a Lei 6.902, de 27 de abril de 1981, a Lei nº 6.938, de
31/08/81, e a Resolução/conama/nº 004, de 18 de setembro de 1985.
Art. 5º As definições adotadas para as formações vegetais de que trata o artigo 4º, para efeito desta
Resolução, são as seguintes:
I - Manguezal - vegetação com influência flúvio-marinha, típica de solos limosos de regiões estuarinas
e dispersão descontínua ao longo da costa brasileira, entre os Estados do Amapá e Santa Catarina.
Nesse ambiente halófito, desenvolve-se uma flora especializada, ora dominada por gramíneas
(Spartina) e amarilidáceas (Crinum), que lhe conferem uma fisionomia herbácea, ora dominada por
espécies arbóreas dos gêneros Rhizophora, Laguncularia e Avicennia. De acordo com a dominância
de cada gênero, o manguezal pode ser classificado em mangue vermelho (Rhizophora), mangue
branco (Laguncularia) e mangue siriúba (Avicennia), os dois primeiros colonizando os locais mais
baixos e o terceiro os locais mais altos e mais afastados da influência das marés. Quando o mangue
penetra em locais arenosos denomina-se mangue seco.
II - Restinga - vegetação que recebe influência marinha, presente ao longo do litoral brasileiro,
também considerada comunidade edáfica, por depender mais da natureza do solo do que do clima.
Ocorre em mosaico e encontra-se em praias, cordões arenosos, dunas e depressões, apresentando
de acordo com o estágio sucessional, estrato herbáceo, arbustivo e arbóreo, este último mais
interiorizado.
III - Campo de altitude - vegetação típica de ambientes montano e alto-montano, com estrutura
arbustiva e/ou herbácea, que ocorre geralmente nos cumes litólicos das serras com altitudes
elevadaomunidades florísticas próprias dessa vegetação são caracterizadas por endemismos.
IV - Brejo Interiorano - mancha de floresta que ocorre no nordeste do País, em elevações e platôs
onde ventos úmidos condensam o excesso de vapor e criam um ambiente de maior umidade. É
também chamado de brejo de altitude.
71
V - Encrave Florestal do Nordeste - floresta tropical baixa, xerófita, latifoliada e decídua, que ocorre
em caatinga florestal, ou mata semi-úmida decídua, higrófila e mesófila com camada arbórea
fechada, constituída devido à maior umidade do ar e à maior quantidade de chuvas nas encostas das
montanhas. Constitui uma transição para o agreste. No ecótono com a caatinga são encontradas com
mais freqüência palmeiras e algumas cactáceas arbóreas.
Art. 6º Para efeito desta Resolução, e tendo em vista o disposto nos artigos 5º e 7º do Decreto
750/93, são definidos:
I - Flora e Fauna Silvestres Ameaçadas de Extinção - espécies constantes das listas oficiais do
IBAMA, acrescidas de outras indicadas nas listas eventualmente elaboradas pelos órgãos ambientais
dos Estados, referentes as suas respectivas biotas.
II - Vegetação de Excepcional Valor Paisagístico - vegetação existente nos sítios considerados de
excepcional valor paisagístico em legislação do Poder Público Federal, Estadual ou Municipal.
III - Corredor entre Remanescentes - faixa de cobertura vegetal existente entre remanescentes de
vegetação primária ou em estágio médio e avançado de regeneração, capaz de propiciar habitat ou
servir de área de trânsito para a fauna residente nos remanescentes, sendo que a largura do corredor
e suas demais características, serão estudadas pela Câmara Técnica Temporária para Assuntos de
Mata Atlântica e sua definição se dará no prazo de 90 (noventa) dias.
IV - Entorno de Unidades de Conservação - área de cobertura vegetal contígua aos limites de
Unidade de Conservação, que for proposta em seu respectivo Plano de Manejo, Zoneamento
Ecológico/Econômico ou Plano Diretor de acordo com as categorias de manejo. Inexistindo estes
instrumentos legais ou deles não constando a área de entorno, o licenciamento se dará sem prejuízo
da aplicação do disposto no artigo 2º da Resolução/conama/nº 013/90.
Art. 7º As áreas rurais cobertas por vegetação primária ou nos estágios avançados e médios de
regeneração da Mata Atlântica, que não forem objeto de exploração seletiva, conforme previsto no
artigo 2º do Decreto nº 750/93, são consideradas de interesse ecológico para a proteção dos
ecossistemas.
Art. 8º A Câmara Técnica Temporária para Assuntos de Mata Atlântica, instituída pela
Resolução/conama/nº 003/93, editará um glossário dos termos técnicos citados nesta Resolução.
Art. 9º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 10 Ficam revogadas as disposições em contrário, especialmente as alíneas "n" e "o" do artigo 2º
da Resolução/conama/nº 004/85.
72
ANEXO B
DECRETO N° 750, DE 10 DE FEVEREIRO DE 1993
Dispõe sobre o corte, a exploração e a supressão de vegetação primária ou nos estágios
avançado e médio de regeneração da Mata Atlântica, e dá outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, e
tendo em vista o disposto no art. 225, § 4°, da Constituição, e de acordo com o disposto no art. 14,
alíneas "a" e "b", da Lei n° 4.771, de 15 de setembro de 1965, no Decreto-Lei n° 289, de 28 de
fevereiro de 1967, e na Lei n° 6.938, de 31 de agosto de 1981,
DECRETA:
Art. 1° Ficam proibidos o corte, a exploração e a supressão de vegetação primária ou nos estágios
avançado e médio de regeneração da Mata Atlântica.
Parágrafo único. Excepcionalmente, a supressão da vegetação primária ou em estágio avançado e
médio de regeneração da Mata Atlântica poderá ser autorizada, mediante decisão motivada do órgão
estadual competente, com anuência prévia do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis IBAMA, informando-se ao Conselho Nacional do Meio Ambiente CONAMA,
quando necessária à execução de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pública ou
interesse social, mediante aprovação de estudo e relatório de impacto ambiental.
Art. 2° A explotação seletiva de determinadas espécies nativas nas áreas cobertas por vegetação
primária ou nos estágios avançado e médio de regeneração da Mata Atlântica poderá ser efetuada
desde que observados os seguintes requisitos:
I - não promova a supressão de espécies distintas das autorizadas através de práticas de roçadas,
bosqueamento e similares;
II - elaboração de projetos, fundamentados, entre outros aspectos, em estudos prévios técnico-
científicos de estoques e de garantia de capacidade de manutenção da espécie;
III - estabelecimento de área e de retiradas máximas anuais;
IV - prévia autorização do órgão estadual competente, de acordo com as diretrizes e critérios
técnicos por ele estabelecidos.
Parágrafo único. Os requisitos deste artigo não se aplicam à explotação eventual de espécies da
flora, utilizadas para consumo nas propriedades ou posses das populações tradicionais, mas ficará
sujeita à autorização pelo órgão estadual competente.
Art. 3º Para os efeitos deste Decreto, considera-se Mata Atlântica as formações florestais e
ecossistemas associados inseridos no domínio Mata Atlântica, com as respectivas delimitações
estabelecidas pelo Mapa de Vegetação do Brasil, IBGE 1988: Floresta Ombrófila Densa Atlântica,
Floresta Ombrófila Mista, Floresta Ombrófila Aberta, Floresta Estacional Semidecidual, Floresta
Estacional Decidual, manguezais restingas campos de altitude, brejos interioranos e encraves
florestais do Nordeste.
Art. 4º A supressão e a exploração da vegetação secundária, em estágio inicial de regeneração da
Mata Atlântica, serão regulamentadas por ato do Ibama, ouvidos o órgão estadual competente e o
Conselho Estadual do Meio Ambiente respectivo, informando-se ao C.
73
Parágrafo único. A supressão ou exploração de que trata este artigo, nos Estados em que a
vegetação remanescente da Mata Atlântica seja inferior a cinco por cento da área original, obedecerá
ao que estabelece o parágrafo único do art. 1° deste decreto.
Art. 5º Nos casos de vegetação secundária nos estágios médio e avançado de regeneração da
Mata Atlântica, o parcelamento do solo ou qualquer edificação para fins urbanos só serão admitidos
quando de conformidade com o plano-diretor do Município e demais legislações de proteção
ambiental, mediante prévia autorização dos órgãos estaduais competentes e desde que a vegetação
não apresente qualquer das seguintes características:
I - ser abrigo de espécies da flora e fauna silvestres ameaçadas de extinção;
II - exercer função de proteção de mananciais ou de prevenção e controle de erosão;
III - ter excepcional valor paisagístico.
Art. 6° A definição de vegetação primária e secundária nos estágios avançado, médio e inicial de
regeneração da Mata Atlântica será de iniciativa do IBAMA, ouvido o órgão competente, aprovado
pelo CONAMA.
Parágrafo único. Qualquer intervenção na Mata Atlântica primária ou nos estágios avançado e
médio de regeneração só poderá ocorrer após o atendimento do disposto no caput deste artigo.
Art. 7º Fica proibida a exploração de vegetação que tenha a função de proteger espécies da flora e
fauna silvestres ameaçadas de extinção, formar corredores entre remanescentes de vegetação
primária ou em estágio avançado e médio de regeneração, ou ainda de proteger o entorno de
unidades de conservação, bem como a utilização das áreas de preservação permanente, de que
tratam os arts. 2º e 3º da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965.
Art. 8º A floresta primária ou em estágio avançado e médio de regeneração não perderá esta
classificação nos casos de incêndio e/ou desmatamento não licenciados a partir da vigência deste
Decreto.
Art. 9º 0 CONAMA será a instância de recurso administrativo sobre as decisões decorrentes do
disposto neste decreto, nos termos do art. 8º, inciso III, da Lei n° 6.938, de 31 de agosto de 1981.
Art. 10. São nulos de pleno direito os atos praticados em desconformidade com as disposições do
presente Decreto.
§ 1º Os empreendimentos ou atividades iniciados ou sendo executados em desconformidade com
o disposto neste decreto deverão adaptar-se às suas disposições, no prazo determinado pela
autoridade competente.
§ 2° Para os fins previstos no parágrafo anterior, os interessados darão ciência do
empreendimento ou da atividade ao órgão de fiscalização local, no prazo de cinco dias, que fará as
exigências pertinentes.
Art. 11. 0 IBAMA, em articulação com autoridades estaduais competentes, coordenará rigorosa
fiscalização dos projetos existentes em área da Mata Atlântica.
Parágrafo único. Incumbe aos órgãos do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama), nos
casos de infrações às disposições deste Decreto:
a) aplicar as sanções administrativas cabíveis;
b) informar imediatamente ao Ministério Público, para fins de requisição de inquérito policial,
instauração de inquérito civil e propositura de ação penal e civil pública;
74
c) representar aos conselhos profissionais competentes em que inscrito o responsável técnico pelo
projeto, para apuração de sua responsabilidade, consoante a legislação específica.
Art. 12. 0 Ministério do Meio Ambiente adotará as providências visando ao rigoroso e fiel
cumprimento do presente Decreto, e estimulará estudos técnicos e científicos visando à conservação
e o manejo racional da Mata Atlântica e sua biodiversidade.
Art. 13. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 14. Revoga-se o Decreto n° 99.547, de 25 de setembro de 1990.
Brasília, 10 de fevereiro de 1993; 172° da Independência e 105° da República.
ITAMAR FRANCO
Fernando Coutinho Jorge
75
ANEXO C
RESOLUÇÃO Nº 6, DE 04 DE MAIO DE 1994
O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA, no uso das atribuições que lhe são
conferidas pela Lei no. 6.938, de 31 de agosto de 1981, alterada pela Lei no. 8.028, de 12 de abril de
1990, regulamentadas pelo Decreto no. 99.274, de 06 de junho de 1990, e Lei no. 8.746, de 09 de
dezembro de 1993, considerando o disposto na Lei no. 8.490, de 19 de novembro de 1992, e tendo
em vista o disposto em seu Regimento Interno, e;
Considerando o disposto no §1º, do artigo 1º, da Resolução/conama/Nº 10, de 01 de outubro de
1993, publicada no D.O.U. de 03/11/93, que determina a apresentação de parâmetros mensuráveis
para análise dos estágios de sucessão ecológica da Mata Atlântica, resolve:
Art. 1º Considera-se vegetação florestal primária no Estado do Rio de Janeiro a forma de vegetação
de máxima expressão local, com grande diversidade biológica, sendo os efeitos das ações antrópicas
mínimos, a ponto de não afetar significativamente suas características originais de estrutura e de
espécies.
Art. 2º As formações florestais abrangidas pela Mata Atlântica, no Estado do Rio de Janeiro,
compreendem a Floresta Ombrófila Densa e a Floresta Estacional Semidecidual que, em seus
estágios sucessionais secundários, apresentam os seguintes parâmetros estipulados com base em
amostragens que consideraram indivíduos arbóreos com DAP médio de 10 centímetros.
§1º. Estágio Inicial:
a) fisionomia herbáceo/arbustiva, cobertura aberta ou fechada, com a presença de espécies
predominantemente heliófitas; plantas lenhosas, quando ocorrem, apresentam DAP médio de 5
centímetros e altura média de até 5 metros;
b) os indivíduos lenhosos ocorrentes pertencem a, no máximo, 20 espécies botânicas por hectare;
c) as espécies são de crescimento rápido e ciclo biológico curto;
d) a idade da comunidade varia de 0 a 10 anos;
e) a área basal média é de 0 a 10 metros quadrados/hectare;
f) epífitas raras, podendo ocorrer trepadeiras;
g) ausência de sub-bosque;
h) serapilheira, quando existente, forma uma camada fina pouco decomposta, contínua ou não;
i) as espécies herbáceas ou de pequeno porte mais comuns e indicadoras desse estágio são:
alecrim-do-campo - Baccharis dracunculifolia (Compositae)
assa-peixe - Vernonia polyanthes (Compositae)
cambará - Lantana camara (Verbenaceae)
guaximba - Urena lobata (Malvaceae)
guizo-de-cascavel - Crotalaria mucronata (Leguminosae)
erva-colégio - Elephantopus mollis (Compositae)
juá - Solanum aculeatissimum (Solanaceae)
jurubeba - Solanum paniculatum (Solanaceae)
pindoba - Attalea humilis (Palmae)
pixirica - Clidemia hirta (Melastomataceae)
sapê - Imperata brasiliensis (Gramineae)
samambaia-das-taperas - Pteridium aquilinum (Polypodiaceae)
oficial-de-sala - Asclepias curassavica (Asclepiadaceae)
vassourinha - Sida spp. (Malvaceae)
falsa-poaia - Borreria verticillata (Rubiaceae)
cipó-cabeludo - Mikania spp. (Compositae)
j) as espécies lenhosas mais freqüentes e indicadoras desse estágio são:
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angico - Aradenanthera colubrina (Leguminosae)
araçá - Psidium cattleyanum (Myrtaceae)
aroeira - Schinus terebinthifolius (Anacardiaceae)
crindiúva - Trema micrantha (Ulmaceae)
embaúbas - Cecropia spp. (Moraceae)
esperta - Peschiera laeta (Apoynaceae)
goiabeira - Psidium guajava (Myrtaceae)
maricá - Mimosa bimucronata (leguminosae)
candeia - Vanillosmopsis erythropappa (Compositae)
tapiá - Alchornea iricurana (Euphorbiacea)
sangue-de-drago - Croton urucurana (Euphorbiacea)
§2º. Estágio Médio:
a) fisionomia arbustiva / arbórea, cobertura fechada com início de diferenciação em estratos e
surgimento de espécies de sombra;
b) as espécies lenhosas, por sombreamento, eliminam as componentes herbáceas ou de pequeno
porte do estágio inicial;
c) as árvores têm DAP médio variando de 10 a 20 centímetros, altura média variando de 5 até 12
metros e idade entre 11 e 25 anos;
d) sempre existe uma serapilheira, na qual há sempre muitas plântulas;
e) a área basal média varia de 10 a 28 metros quadrados/hectare;
f) muitas das árvores do estágio inicial podem permanecer, porém mais grossas e mais altas;
g) sub-bosque presente;
h) trepadeiras, quando presentes são predominantemente lenhosas;
i) outras espécies arbóreas surgem nesse estágio sendo dele indicadoras:
açoita-cavalo - Luethea grandiflora (Tiliaceae)
carrapeta - Guarea guidonia (Meliaceae)
maminha-de-porca - Zanthoxylon rhoifolium (Rutaceae)
jacatirão - Miconia fairchildiana (Melastomataceae)
guaraperê - Lamanonia ternata (Cunoniaceae)
ipê-amarelo - Tabebuia chrysotricha (Bignoniaceae)
cinco-folhas - Sparattosperma leucanthum (Bignoniaceae)
caroba - Cybistax antisyphilitica (Bignoniaceae)
guapuruvu - Schizolobium parahiba (Leguminosae)
aleluia - Senna multijuga (Leguminosae)
canudeiro - Senna macranthera (Leguminosae)
pindaíba - Xylopia brasiliensis (Annonaceae)
camboatá - Cupania oblongifolia (Sapindaceae)
j) as espécies mais freqüentes que estruturam o sub-bosque são:
aperta-ruão, jaborandi - Piper spp. (Piperaceae)
caapeba - Potomorphe spp. (Piperaceae)
fumo-bravo - Solanum sp. (Soloanaceae)
grandiúva-d'anta - Pshychotria leiocarpa (Rubiaceae)
sonhos-d'ouro - Pshychotria nuda (Rubiaceae)
caeté - Maranta spp. Ctenanthe spp. (Marantaceae)
pacová - Helioconia spp. (Musaceae)
§3º. Estágio Avançado:
a) fisionomia arbórea, cobertura fechada formando um dossel relativamente uniforme no porte,
podendo apresentar árvores emergentes com sub-bosque já diferenciado em um ou mais estratos
formados por espécies esciófilas;
b) grande variedade de espécies lenhosas com DAP médio 20 centímetros e altura superior a 20
metros;
c) comunidade com idade acima de 25 anos;
d) há cipós, trepadeiras e abundância de epífitas;
77
e) a área basal média é superior a 28 metros quadrados/hectare;
f) serapilheira sempre presente, com intensa decomposição;
g) as espécies arbóreas podem ser remanescentes do estágio médio acrescidas de outras que
caracterizam esse estágio, como:
canela-santa - Vochysia laurifolia (Vochysiaceae)
araribá - Centrolobium robustum (Leguminosae)
canela - Ocotea, Nectandra, Cryptocarya (Lauraceae)
canjerana - Cabralea canjerana (Meliaceae)
cedro - Cedrela fissilis (Meliaceae)
xixá - Sterculia chicha (Sterculiaceae)
sapucaia - Lecythis pisonis (Lecythidaceae)
cotieira - Johannesia princeps (Euphorbiaceae)
garapa - Apuleia leiocarpa (Leguminosae)
figueira - Ficus spp. (Moraceae)
jequitibá-branco - Cariniana legalis (Lecythidaceae)
jequitibá-rosa - Cariniana estrellensis
jequitibá-rosa - Couratari pyramidata (Lecythidaceae)
bicuíba - Virola oleifera (Miristicaceae)
vinhático - Plathymenia foliolosa (Leguminosae)
perobas - Aspidosperma spp. (Apocynaceae)
guapeba - Pouteria sp. (Sapotaceae)
pau-d'alho - Gallezia integrifolia (Phyttolaccaceae)
airi - Astrocaryum aculeatissimum (Palmae)
aricanga - Geonoma spp. (Palmae)
palmito - Euterpe edulis (Palmae)
pindobuçu - Attalea dubia (Palmae)
h) o sub-bosque é menos expressivo que no estágio médio e geralmente muito rico em espécies
esciofilas; aumenta o número de espécies de rubiácas e de marantáceas, principalmente, surgindo,
ainda criciúma Olyra spp (Gramineae), Leandra spp (melastomataceae), e muitas espécies e famílias
de Pteridophyta.
§4º. Os parâmetros definidos neste artigo não são aplicáveis para restingas que serão objeto
de regulamentação específica.
Art. 3º Os parâmetros apresentados para tipificar os diferentes estágios de sucessão
ecológica secundária variam de uma região geográfica para outra e dependem das condições
topográficas, edáficas, climáticas, assim como do uso pretérito que teve a área onde se situa
uma determinada formação florestal, devendo os casos de dúvida ou aqueles não previstos
nesta Resolução serem analisados e definidos pelo Órgão competente.
Art. 4º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições
em contrário.
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