Lesões em nervos periféricos são comuns e ocorrem mais frequentemente
como resultado de traumatismo, tais como contusões, fraturas, ferimentos por
projéteis, mordidas, lacerações e injeção de agentes no interior ou arredores de um
determinado nervo (RODKEY, 1998; NELSON & COUTO, 2001; SEIM III, 2005).
Os nervos radial e ciático, por exemplo, são as estruturas mais comumente
lesionadas resultando em disfunção bastante significativa de extremidades. As
causas mais comuns de lesão ao nervo ciático, e por conseqüência suas
ramificações, são as fraturas do corpo ilíaco, as lesões iatrogênicas decorrentes da
cirurgia do fêmur proximal, do quadril, reparo de hérnia perineal e o aprisionamento
nervoso secundário à aplicação de pino intramedular como método de fixação de
fraturas femorais (SEIM III, 2005).
Experimentalmente, diversos procedimentos vêm sendo usados para estudar
a regeneração nervosa periférica do nervo ciático e suas ramificações. Dentre estes
se ressaltam as lesões por esmagamento através de compressão, transecção,
ressecção, estiramento e congelamento (BLOCH, 2001; PACHIONI, 2006). A
ocorrência de lesão de um nervo periférico resulta em alterações significantes e
complexas nos segmentos proximal e distal do nervo periférico, no corpo celular, no
local de lesão, bem como no órgão-alvo (ROWSHAN et al., 2004; MARTINS et al.,
2005).
Dourado et al. (2003) classificaram as lesões nervosas periféricas em três
tipos principais. Desta forma, existe neuropraxia quando há interrupção da condução
nervosa devido à lesão da bainha de mielina do nervo. Já a axonotmese, é
caracterizada pela perda de continuidade do axônio, porém com a membrana
epineural intacta. Finalmente, neurotmese ocorre quando há o rompimento completo
do nervo, sendo este o tipo mais grave de lesão.
Os distúrbios dos nervos periféricos caracterizam-se clinicamente por um
grupo de sinais conhecidos como síndrome neuropática. Esses sinais são
comumente observados na prática clínica veterinária e estão frequentemente
associados ao traumatismo de nervos periféricos. Fazem parte desta síndrome, os
reflexos reduzidos ou ausentes (hiporreflexia ou arreflexia), tono muscular reduzido
ou ausente (hipotonia, atonia ou flacidez) debilidade (paresia) ou paralisia dos
músculos dos membros e ou cabeça e, após uma a duas semanas, atrofia muscular