112
A idéia de cidade
32
não é recente. Surgiu com civilizações antigas, como a grega
e a romana e evoluiu até chegar aos dias atuais. Porém, o seu significado nesse
trabalho, assim como o de urbano, é de interpretações contemporâneas e, representa
um conjunto de formas justapostas entre si. O urbano representa a articulação das
partes que compõe a cidade, pela sociedade. Desse modo, Capinzal é a base para a
compreensão do que a cidade e o urbano e suas interligações representam para a
sociedade como agentes promotoras de mudanças das formas espaciais.
Diversos estudiosos como historiadores, sociólogos, antropólogos, urbanistas,
economistas, arquitetos, geógrafos, assim como políticos, planejadores e, até mesmo,
os que possuem alguma fração do capital financeiro, industrial, comercial, imobiliário
e/ou fundiário e os próprios citadinos se interessam em entender e conhecer o processo
e a dinâmica da cidade, devido aos muitos significados que ela tem. Porém, cada um
tem percepção e interpretação diferentes dessa representação, segundo os seus
interesses. Para os geógrafos, essa percepção está vinculada às relações sócio-
espaciais. A cidade representa, simultaneamente, uma região e um lugar, pois resulta
por sua produção contínua, uma totalidade do espaço geográfico, pois é nela que o
urbano se manifesta pelas inúmeras atividades desempenhadas pela sociedade
(SANTOS, 1996).
O interesse pelo estudo da cidade pode se manifestar pela sua complexidade,
pois ela representa, sobretudo, uma ação concreta e efetiva da sociedade que nela
vive, pelo sistema de habitação, de transportes, do urbanismo e seu processo, de infra-
estruturas como redes de energia elétrica, água, esgoto, drenagem pluvial e
arruamento.
32
Para os gregos, segundo Harouel (1990), a cidade era antes de tudo uma comunidade de cidadãos,
uma associação de caráter religioso, político e moral. A idéia de cidade surgiu numa sociedade rural com
habitações dispersas e, com associações políticas que se formaram independente de qualquer idéia
urbana. Para os romanos, fundar uma cidade era um ato sagrado, marcado pela observação de um ritual,
principalmente religioso. Tanto para os gregos quanto para os romanos a noção de cidade expressava
um caráter de religiosidade, além de político.
No “curso natural da gênese e evolução das cidades, o papel desempenhado pela religião foi essencial”
(ROSENDAHL, 1999, p. 17), mas não determinante, pois o caráter político e econômico também
favoreceram ao seu surgimento, mesmo que atrelado à religião. É necessário salientar de que a gênese
das primeiras cidades está, também, vinculada à apropriação de um excedente de produção agrícola,
propiciando quase que simultaneamente o aparecimento do Estado. O Estado, juntamente com a religião,
foram elementos de controle efetivo político, militar, ideológico e institucional, assegurando e justificando
a dominação e poder de um determinado território e, da sociedade nele vinculado.