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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
AS TIC NO AMBIENTE ESCOLAR: TRANSMITIR
INFORMAÇÃO OU PRODUZIR CONHECIMENTO?
(Um estudo de caso numa instituição de ensino particular
em Aracaju-SE)
Ucineide Rodrigues Rocha Moreira
São Cristóvão - SE
2007
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II
UCINEIDE RODRIGUES ROCHA MOREIRA
AS TIC NO AMBIENTE ESCOLAR: TRANSMITIR
INFORMAÇÃO OU PRODUZIR CONHECIMENTO?
(Um estudo de caso numa instituição de ensino particular
em Aracaju-SE)
Dissertação submetida ao Colegiado do Curso de
Mestrado em Educação da Universidade Federal de
Sergipe, em cumprimento de um dos pré-requisitos
para título de Mestre em Educação.
Orientador: Prof. Dr. Henrique Nou Schneider
São Cristóvão - SE
2007
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III
Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca da Universidade Federal de Sergipe
MOREIRA, Ucineide
L... As TIC no ambiente escolar: transmitir informação ou produzir conhecimento?
(Um estudo de caso numa Instituição de Ensino Particular em Aracaju-SE.
Universidade Federal de Sergipe, 2007.
97 p:.il
Dissertação apresentada como requisito de avaliação final para título de mestre em
Educação do Núcleo de Pós-graduação em educação.
Orientador: Prof. Dr. Henrique Nou Schneider
1. TIC. 2. ambiente escolar. I Título.
CDU (...)
IV
UCINEIDE RODRIGUES ROCHA MOREIRA
AS TIC NO AMBIENTE ESCOLAR: TRANSMITIR INFORMAÇÃO OU PRODUZIR
CONHECIMENTO? (UM ESTUDO DE CASO NUMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO
PARTICULAR EM ARACAJU-SE)
Dissertação submetida ao Colegiado do Curso de
Mestrado em Educação da Universidade Federal de
Sergipe, em cumprimento de um dos pré-requisitos
para título de Mestre em Educação.
BANCA EXAMINADORA
________________________________________
Orientador: Prof. Dr. Henrique Nou Schneider
(1º Examinador)
_______________________________________
Prof. Dr. João Batista Carvalho Nunes
(2º Examinador)
________________________________________
Profª. Drª. Maria Helena Santana da Cruz
(3º Examinador)
V
A Luiz Eloy de Souza Moreira Neto e João Victor
Rodrigues Rocha Moreira, presentes Divino em
minha vida.
VI
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela Sua fidelidade nas promessas para a minha vida.
A minha mãe, Rosemary, pela sua garra, força e sabedoria, que me servem de
exemplo sempre. Agradeço por ter me escolhido como filha e me orientado a estar sempre
andando pelos melhores caminhos.
Ao meu orientador, querido professor Dr. Henrique Nou Schneider por todo o
carinho, seriedade e confiança diante das discussões acerca deste estudo. Agradeço também
pelas contribuições que vieram enriquecer nossas idéias e argumentos.
A minha eterna professora Dra. Maria de Fátima Monte Lima, por ter despertado
em mim o interesse pela pesquisa nos meus primeiros momentos na graduação. Obrigada,
professora, por ter marcado de forma tão significativa minha vida acadêmica.
À Professora Maria Aparecida Santos Nunes por ter disponibilizado a sua
instituição de ensino como o campo empírico desta pesquisa.
Aos meus professores da Universidade Federal de Sergipe, pessoas pelas quais
sempre tive grande admiração, sem exceção.
À professora Elizabete Silva pela forma eficiente e ao mesmo tempo dedicada em
revisar este trabalho. Obrigada, também, pela atenção e apoio.
Aos meus filhos pela compreensão em todas as vezes que não pude estar presente
e pelos silêncios realizados nos meus momentos de estudo.
Aos meus grandes amigos, em especial Profª. Maria José Costa Lima, Dra. Clara
Chapperman, Imaculada Prata, Drª. Karla Ribeiro e Dr. Reinaldo Nascimento por estarem
presentes desde o compartilhamento dos meus sonhos acerca desta etapa acadêmica até a fase
final. Obrigada pelo carinho, amizade e apoio.
As minhas irmãs, Beatriz Amora, Roberta Amora, Natália Rocha, Uilma Rocha e
Uranilde Rocha por compartilharem e acreditarem na possibilidade da realização dos meus
objetivos.
Aos amigos e amigas que fiz durante esta etapa de vida acadêmica, em especial
Mônica Machado, Josivan Moura, Silmere Alves e Roselange Holanda.
Aos professores e alunos do COESI que se disponibilizaram a responder aos
questionários e entrevistas.
VII
SUMÁRIO
1
10
16
23
26
31
36
41
47
53
58
58
62
71
76
84
89
92
VIII
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 01 - Laboratório de Informática 01..........................................................................64
FIGURA 02 - Laboratório de Informática 02..........................................................................65
FIGURA 03 - Professor utilizando quadro digital...................................................................67
FIGURA 04 - Auditório da escola um espaço onde uma das lousas está instalada.................68
FIGURA 05 - Imagens do site da escola..................................................................................69
FIGURA 06 - Imagem do site onde os alunos podem fazer download das aulas....................69
FIGURA 07 - Aluno chegando na escola e se identificando através da digital na catraca
eletrônica......................................................................................................... 70
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - Como utiliza a internet.......................................................................................72
TABELA 2 - Aulas com recursos tecnológicos ......................................................................73
TABELA 3 - Como se comunicam virtualmente.....................................................................74
TABELA 4 - Freqüência de utilização das TIC.......................................................................76
TABELA 5 - Tempo para preparação de aula com recurso tecnológico.................................77
TABELA 6 - Necessidade de uma preparação para lidar com as TIC em sala de aula .........78
TABELA 7 - Como as TIC são utilizadas...............................................................................80
IX
RESUMO
A nossa realidade se caracteriza pelas rápidas transformações. O mundo não é o mesmo e o
cotidiano humano é marcado pelo acesso demasiado de informações. Em meio a essa
realidade, o processo de Globalização e a presença das Tecnologias da Informação e
Comunicação (TIC) tornam cada vez mais curta toda e qualquer distância entre os homens.
Os setores sociais são atingidos por essas mudanças e atuam numa realidade específica de
modernidade. O setor Educacional, assim como todos os outros, está inserido nesse processo.
Portanto, este estudo teve como objetivo saber de que forma a Educação lida com essas
mudanças e inovações, especificamente, como as TIC estão sendo trabalhadas no ambiente
escolar. Trata de um estudo de caso realizado numa instituição de Ensino Particular de
Aracaju-SE, onde se pesquisou entre os professores, os alunos e a equipe pedagógica em geral
a contribuição das TIC no processo de ensino e aprendizagem.
Palavras-Chave: Educação - Formação de Professor - Globalização - Sociedade do
Conhecimento - Tecnologias Digitais
X
ABSTRACT
The reality in which we live is characteristically marked by fast changes. The world is no
longer the same and daily life implies exceedingly high access to information. Amidst all of
this, globalization as well as information and communication technologies (ICT) tend to
make increasingly shorter the distance which puts men apart. Social sectors are influenced by
such changes and play their role in a typically modern scene. Education, just like all other
segments of society, has also a part to perform in this process. This academic work thus aims
to investigate how education has dealt with these changes and innovations and more precisely
the manner ICT are being used in schools. It is a case study carried out in an Aracaju-SE
private school about the contributions to the teaching/learning process offered by ICT to
teachers, students and pedagogical staff.
Key words: Education; Formation as of Teacher; Globalization; association from the
Knowledge; Tecnology Digital
1
INTRODUÇÃO
As nomenclaturas encontradas para caracterizar a sociedade atual, são muitas,
dentre elas, Pós-modernidade, Sociedade do Conhecimento, Revolução da Informática,
Terceira Revolução Industrial, porém, independente desses títulos, sabe-se que a base das
mudanças atuais está na evolução da microeletrônica, e num novo processo, em que o homem
é ao mesmo tempo criador e controlador.
O espaço tempo da modernidade situa-se na Europa no século XVIII. Porém, para
identificar e caracterizar todas as transformações pelas quais esse período passou e vem
passando, há a necessidade de uma reflexão maior.
Hoje, nomenclaturas referentes ao período atual surgem a todo instante. Parece
que já se está colhendo frutos da modernidade num período taxado de pós-moderno. Tem-se a
sensação que a modernidade teve o seu fim, período vivido e acabado. Mas como em toda a
história da humanidade, busca-se determinantes para mostrar o final de um período e início
de outro. Para Giddens (1999), a passagem da modernidade para a pós-modernidade acontece
na medida em que há um deslocamento de um sistema baseado na manufatura de bens
materiais para outro relacionado com a informação.
Nesse contexto, concorda-se com ele por se compreender a ênfase dada a
informação atualmente e além disso, a rapidez com que tudo acontece paralelamente tornando
difícil a compreensão da realidade.
A verdade, baseada na ciência, não é totalmente confiável e longânime como
antes. O conhecimento científico pode ser refutado num período muito curto desde o seu
estabelecimento, fato importante para refletir sobre o que o próprio Giddens(1999) chama de
“Descontinuidade da Modernidade”.
As transformações ocorrem a todo momento, sejam elas referentes ao plano global
ou ao cotidiano humano, o que Giddens(1999) caracteriza, respectivamente, de
transformações extensionais e intencionais.
Por conta disso, pode-se identificar também as descontinuidades que separam
instituições sociais. Isso pode ocorrer a partir de três características: ritmo de mudança, o
escopo da mudança e a natureza intrínseca das instituições modernas. Cada uma dessas
2
características relaciona-se respectivamente a presença da tecnologia, espaço geográfico
interconectado e a ordem social.
Para se tratar ainda de algumas outras características da sociedade atual, esse
estudo leva em consideração algumas contribuições de Zygmunt Baumam (2001).
Um ponto importante a verificar é a analogia que este faz à sociedade moderna.
Diz que hoje vive-se numa sociedade líquida, até por que, assim como os líquidos, essa
sociedade tem a característica de ser fluida e se “arrumar” dentro do espaço ao qual poderá ser
inserida. Essa fluidez confirma a facilidade de mudanças que ocorrem ao longo do tempo, e
para Baumann (2001) se mudança do “frasco” a sociedade moderna se adequa, tomando
nova forma.
Pode-se inferir que o fato da sociedade moderna, diferentemente de antes, estar
preocupada com o individual, é pós-panóptica, pois “são vários vigiando o comportamento de
um”. Não há mais tanto engajamento e, portanto, tanta confrontação. A fuga está presente e se
evita os compromissos sendo isso um dos princípios que regem a modernidade líquida.
Segundo Baumann (2001) o que importava naquilo que ele chamou de panóptico era a
proximidade com aqueles que estavam no controle, ou seja, estavam imbricados, líderes e
seguidores, supervisores e supervisados, capital e trabalho. O fim do panóptico se caracteriza
justamente pela falta desse engajamento, o destino dos parceiros de trabalho pode estar fora
do alcance daqueles que lideram, ou seja, dos que operam a alavanca do poder.
Para complementar as características da modernidade líquida, o autor fala da
anomia, conceito que traduz a falta de clareza, ou seja, a pior ausência. A modernidade nos
prometeu democracia e igualdade, é como se essa democratização desse o direito de todos
terem o que quiser. Nesse contexto, a Educação ganha uma nova função, pois o que se faz
necessário diante dessa realidade é a aprendizagem do “ter”, a escola e demais instituições
responsáveis pela formação do homem, podem contribuir muito para isso.
A sociedade moderna vai tomando corpos diferentes e se moldando na medida em
que o tempo transcorre, porém a forma como se dispõe ou se molda leva a descaracterizar a
base formativa do homem como a religião, família, educação, cultura e outros, nesse sentido,
suas contribuições diferem das do passado.
Hoje, o cotidiano do homem é marcado pela tecnociência, porém ele fica sem
saber se todas essas transformações que vão dos alimentos processados até os
microcomputadores significam decadência ou renascimento cultural.
3
O fato é que hoje se vive novos paradigmas e nesse sentido, segundo Castells
(1999) alguns eventos importantes acontecem como intervalos na história da vida humana
para estabelecer uma próxima era estável. Dentre esses eventos está a transformação cultural
material pelos mecanismos de um novo paradigma tecnológico. Para este autor vive-se,
atualmente, uma revolução tecnológica caracterizada não pela centralidade de conhecimentos
e informações, mas pela aplicação do conhecimento e da informação para a geração de novos
conhecimentos e de dispositivos de processamento/comunicação da informação, em um ciclo
de realimentação cumulativo entre a inovação e seu uso. Castells (1999) utiliza das palavras
de Christopher Freeman para entender o significado dessa mudança de paradigma, que a
conceitua como uma transferência de uma tecnologia baseada principalmente em insumos
baratos de energia para uma outra baseada em insumos baratos de informação derivados do
avanço das tecnologias da microeletrônica e de telecomunicações.
Para caracterizar essa nova realidade baseada na revolução tecnológica, Castells
(1999) utiliza de cinco pontos importantes que são: informação como matéria-prima desse
novo contexto, a atividade humana sendo moldada pelo novo meio tecnológico, a interação
realizada através da lógica de redes, a fluidez organizacional, que significa uma
reconfiguração em uma sociedade que muda constantemente.
Pode-se identificar diante dessa realidade a forte presença das Tecnologias da
Informação e da Comunicação (TIC)
1
, que vêm transformando não as maneiras do homem
se comunicar, mas também, trabalhar, decidir, pensar e se divertir.
Acredita-se que há uma relação muito estreita entre essa nova realidade e a
Educação, por isso, entende-se que se há mudanças em um, há no outro, respectivamente.
Sendo assim, todas as inovações presentes hoje na sociedade e no seu modus vivendi
implicam diretamente na Educação Escolar e na formação do ser humano como um todo.
Enquanto Castells (1999) fala de uma revolução tecnológica no âmbito social,
Perrenoud et al (2002) se refere a um paradigma baseado numa revolução referente a
Educação, em especial ao desenvolvimento profissional do professor. Para ela as reformas
atuais o confrontam em dois desafios. O primeiro seria reinventar a sua escola enquanto local
de trabalho e o outro, reinventar a si próprio enquanto pessoa e membro de uma profissão.
1
Conjunto de tecnologias microeletrônicas, informáticas e de telecomunicações que permitem a aquisição,
produção, armazenamento, processamento e transmissão de dados na forma de imagem, vídeo, texto ou áudio.
Chamaremos novas tecnologias da informação e comunicação às tecnologias de redes informáticas, aos
dispositivos que interagem com elas e a seus recursos.
4
Isso se dá por causa da introdução de novas metodologias e novos objetivos de aprendizagem
que impulsionam a uma nova organização de ensino por parte do professor no intuito de
responder as heterogeneidades de necessidades de seus alunos. Nesse sentido o professor deve
ser visto como ator que contribui para a transformação do seu contexto através de suas
competências.
Segundo Perrenoud (2002) formar o professor é fazer escolhas ideológicas. Para
ele duas deveriam ser, as posturas fundamentais do professor atual: uma se refere à prática
reflexiva e, a outra, à implicação crítica. Essas posturas estão diretamente relacionadas à
capacidade de inovar, negociar e regular a prática. A segunda, particularmente, está voltada
para o envolvimento do professor no debate político sobre educação que vai além do
sindicato. Envolve a sua participação e entendimento dos programas escolares,
democratização da cultura, gestão do sistema educacional e o entendimento de todas essas
mudanças na sociedade refletida em sua prática.
Depois dessa análise conjuntural faz-se mister informar que este estudo foi
embasado na seguinte problemática: de que forma as TIC aplicadas no ambiente escolar
funcionam como simples recursos de transmissão de informação ou como instrumentos
indutores de produção de conhecimento no processo de ensino e aprendizagem?
Sendo assim apresentam-se as seguintes hipóteses orientadoras: o computador,
dentro de uma realidade social específica, vem timidamente surgindo no ambiente escolar e o
professor, mesmo com uma realidade de vida cotidiana marcada por essas Tecnologias da
Informação e Comunicação, ainda sente dificuldade em usá-las como recurso pedagógico em
sua prática na sala de aula; em contrapartida, o aluno, por sua vez, leva para a escola uma
gama de informações adquiridas através das TIC, em especial a Internet, por tornar esses
elementos, hoje, muitas vezes, primordiais na sua relação com o outro. Por conta disso,
independente do seu nível social, ele faz parte de comunidades virtuais se apropria da rede
mundial de computadores de forma muito mais hábil que o professor.
Entende-se que aproveitar essa realidade e transformá-la em meio de se trabalhar
conhecimentos específicos de sala de aula, facilitaria não a aprendizagem do aluno como
ajudaria na prática do professor no seu dia-a-dia.
Por fim, acredita-se que as TIC dependendo da forma como são utilizadas, podem
ser meras transmissoras de informação ou serem elementos importantes na produção de
conhecimento. A prática do professor é quem decidirá.
5
Este estudo teve como objetivo geral verificar de que forma se a utilização das
TIC no ambiente escolar como recursos auxiliares no acesso às informações e/ou na produção
de conhecimento, com turmas de a série do ensino fundamental de uma Instituição de
Ensino Particular de Aracaju-SE. Especificamente, teve-se como objetivos.
- Conhecer de que forma os professores da instituição vêem as TIC em sua
prática educacional.
- Verificar como os estudantes de a série utilizam as TIC, em especial a
internet.
- Registrar em que momento as TIC são utilizadas como recurso na produção de
conhecimento e quando são utilizadas, apenas, como meras transmissoras de
informação.
O interesse de se envolver com o tema dessa pesquisa nasceu de uma experiência
pessoal em meados da década de 90, precisamente em 1995, na situação de estudante de
graduação em Pedagogia da Universidade Federal de Sergipe. Foi nesse período que
aconteceu a minha primeira experiência com a Informática Educativa, realizada através de um
estágio de um ano letivo numa franquia de ensino norte-americana chamada Futurekids, cuja
função era desenvolver, junto com alunos, projetos educacionais que chegavam da sede, nos
Estados Unidos, para a utilização de computadores e softwares educativos.
De 1997 a 2003, dando continuidade a essa experiência em Manaus, passei a
atuar como Consultora de Ensino coordenando atividades dos alunos e professores na
franquia e em escolas conveniadas com a mesma.
Foram muito importantes esses anos trabalhando exclusivamente numa empresa
de caráter educacional que tinha como objetivo proporcionar, através de novas tecnologias,
em especial o computador, uma forma diferente dos alunos compreenderem e estruturarem o
pensamento diante de desafios propostos.
Pôde-se detectar, durante esses anos, que muitos foram os elementos, produtos da
tecnologia, que surgiram como instrumento fundamental na realização dos projetos que
vinham encaminhados à Futurekids brasileira. Entre eles, scanner, web cam, palm top,
celular, instrumentos relacionados à fotografia digital, vídeo e à própria internet. Grande parte
dos membros que atuou nessa instituição passou a refletir que quando se trata de tecnologia
somos todos aprendizes, pois era sempre um desafio estudar o manuseio desses instrumentos
e descobrir a sua finalidade para o desenvolvimento e inovação das aulas.
6
Na função de coordenadora, havia um outro caso que chamava atenção, ao
impacto dos professores em relação à presença do computador na sala de aula. Muitos não
entendiam de que forma essas novidades poderiam auxiliar a sua prática pedagógica; alguns,
por sua vez, não aceitavam e outros até rejeitavam, baseados no mito de que o computador
poderia vir a substituir o professor.
Outra experiência que contribuiu para o interesse desse estudo aconteceu numa
escola particular de Aracaju, onde se verificou que, gradativamente, o uso das TIC na escola,
principalmente o acesso à internet, vem surgindo em atividades docentes e levam a
compreensão de que os seus diferentes usos contribuem para expandir o acesso à informação
atualizada, permitindo estabelecer novas relações com o saber.
Saber esse, que segundo Almeida (2003), ultrapassa os limites dos materiais
instrucionais tradicionais, favorece a criação de comunidades colaborativas que privilegiam a
comunicação e permite eliminar os muros que separam a instituição da sociedade.
Dessa forma, as TIC no ambiente escolar ganham novos espaços e vão dando
suporte a diversas áreas. Pode-se verificar ainda, segundo Simião (2002), um novo cenário
educacional, que exige uma nova postura dos profissionais do ensino, e que também é
necessário repensar sobre as questões relacionadas à educação como o papel da escola, dos
alunos e da formação de professores frente a esses desafios.
Portanto, as exigências reais de uma nova sociedade implicam em novas
habilidades e quando se trata de ambiente escolar, a necessidade de uma formação continuada
do professor deveria estar assegurada, no mínimo, pelas políticas públicas de Estado.
Além disso, o diálogo do professor com o aluno mudou. Verifica-se que o
conhecimento não está mais centrado no seu falar-ditar. Com as TIC, os atores da
comunicação dispõem da interatividade e não há mais a separação entre a emissão e recepção.
O aluno aprende com os softwares, utilizam o mouse, vídeo game, a rede mundial de
computadores de forma muito natural.
São essas algumas das grandes características presentes na sociedade vigente, ou
seja, os alunos podem ter acesso aos mais diferentes tipos de informação independente do
ambiente escolar ao qual está inserido. Por isso, as TIC, presentes no contexto educacional ou
pessoal podem contribuir para a formação do docente. Nessa sociedade, segundo Lima (2002)
o uso da internet na formação dos educandos enquanto aprendizes e produtores de
conhecimento, pode quebrar o silêncio escolar.
7
Assim, muitos questionamentos surgem a respeito dessa nova realidade e a sua
relação com a educação, pois a incorporação das TIC na escola, segundo Hildebrand (2004),
ajustada ao nível e realidade de cada aluno, requer tempo de estudo e vontade de aprender por
parte daqueles que formam a comunidade escolar, em especial, os mediadores do processo de
ensino e aprendizagem. Sem tempo e sem interesse, as tecnologias digitais até podem estar
presentes, mas não estarão inseridas, de fato, como elementos mediadores da compreensão da
realidade em que vivemos.
Este estudo é caracterizado pela pesquisa denominada Estudo de Caso. Para
Triviños, esse tipo de estudo “é uma categoria de pesquisa cujo objeto é uma unidade que se
analisa com aprofundamento.” (TRIVIÑOS, 1987, p.133).
Possui, assim, duas características: por um lado trata da natureza e abrangência da
unidade e, por outro, a sua complexidade sendo determinada pelos suportes teóricos que
servem de orientação em seu trabalho investigador. Para esse autor, são três as características
de categorias de pesquisa: estudo de caso histórico-organizacional, estudo de caso
observacional e o estudo de caso denominado História de Vida. Dentre eles, o estudo de caso
observacional foi eleito como o melhor adequado para este estudo.
Para CarmoNeto (2000), os estudos de casos são concretos. Ao invés de casos
hipotéticos, possuem a finalidade de permitir que, através da maior convivência com o
problema o estudante aprenda a diagnosticar e prognosticar a situação, indicar a terapia e os
medicamentos que lhe parecem adequados.
Segundo Carlos Gil, o Estudo de Caso é caracterizado por um estudo exaustivo.
Em se tratando desta pesquisa, utiliza-se uma exploração de situações da vida real e se
descreve o contexto de onde se investigou. Os detalhes também são levados em consideração
para se delinear o entorno da pesquisa. Para Yin(1981), o Estudo de Caso é um estudo
empírico que investiga um fenômeno atual dentro do seu contexto de realidade, quando as
fronteiras entre o fenômeno e o contexto não são claramente definidas e no qual são utilizadas
várias fontes de evidência.
O campo empírico deste estudo foi uma instituição de ensino particular de
Aracaju, COESI - Colégio de Orientação e Estudos Integrados. O motivo da escolha dessa
instituição como o campo de investigação deste estudo se deu em primeiro lugar, por esta
escola apresentar um histórico significativo quanto à utilização de tecnologias. Desde 1995
que esta instituição vem se organizando em suas estruturas físicas e profissionais com o
8
objetivo de inserir as TIC como recurso pedagógico em sala de aula. Ainda hoje uma
continuidade de interesse neste aspecto, ou seja, a escola em estudo continua investindo em
equipamentos, remuneração e aperfeiçoamento de docentes.
Outra razão da escolha do COESI foi o fato desta pesquisadora ter trabalhado e
participado ativamente de todas as propostas de inovações e mudanças.
O universo da pesquisa foi constituído por alunos e professores do ensino
fundamental de a série, uma coordenadora pedagógica de 5
a
a série, uma
coordenadora da área de tecnologias e educação e a sua diretora. Assim, a amostra foi
constituída por 22 alunos, 16 professores, duas coordenadoras e uma diretora.
Os professores foram selecionados por disciplinas e pelo tempo de trabalho na
instituição e eram responsáveis pelas seguintes disciplinas: Língua Portuguesa, Redação,
Artes, Inglês, Espanhol, Matemática, Ciências, Química, Física, História e Geografia. Todos
esses professores responderam ao questionário, porém, em relação às entrevistas, aconteceram
de acordo com a disponibilidade de cada um.
Quanto aos alunos, responderam ao questionário dois alunos de cada série e
turma, totalizando 22 alunos, correspondentes a três turmas de série, três de 6ª série, três da
e duas da 8ª. A seleção foi baseada no seguinte critério: alunos que vivenciaram a
aplicação das TIC nesta instituição em anos anteriores. Sendo assim, a amostragem é do tipo
não-probabilística.
Os questionários foram comparados às entrevistas e compostos de questões
abertas e fechadas. Não foi realizado um pré-teste por conta desta pesquisadora conhecer
previamente o público entrevistado, bem como, ter clareza do seu objeto de estudo. Antes de
entregá-los a coordenadora autorizou uma conversa desta pesquisadora com os pesquisados
para que se sanasse qualquer possibilidade de dúvida.
Para realizar as entrevistas foi solicitada a participação da Diretora Administrativa
e da Coordenadora Pedagógica de e série da instituição. O objetivo de entrevistá-las foi
saber do aspecto histórico da inserção das TIC na escola, uma vez que a coordenadora a quem
nos referimos foi a maior responsável pela inserção das TIC no primeiro momento na
instituição.
Além dos questionários e entrevistas, esta pesquisa contou com observações
constantes. Para Gil(1999) essa observação constitui elemento fundamental para a pesquisa,
pois desde a formulação do problema, passando pela construção de hipóteses, coleta, análise
9
e interpretação dos dados, a observação desempenha papel imprescindível no processo de
pesquisa. É todavia, na fase de coleta de dados que o seu papel se torna mais evidente. A
observação é sempre utilizada nessa etapa, conjugada a outras técnicas ou utilizada de forma
exclusiva. Por ser utilizada, exclusivamente, para a obtenção de dados em muitas pesquisas, e
por estar presente também em outros momentos da pesquisa, a observação chega mesmo a ser
considerada como método de investigação.(GIL, 1999, p. 110).
O tipo de observação que se utilizou foi inicialmente a participante, por ser esta
pesquisadora, num primeiro momento, membro ativo da instituição. Segundo este autor, a
observação participante, ou observação ativa consiste na participação real do conhecimento na
vida da comunidade, do grupo ou de uma situação determinada. Neste caso, o observador
assume, pelo menos até certo ponto, o papel de um membro do grupo. Daí por que se pode
definir observação participante como a técnica pela qual se chega ao conhecimento da vida de
um grupo a partir do interior dele mesmo. (iden, p. 113).
Num momento final, utilizou-se da observação simples, onde se permaneceu
alheia à comunidade, ficando a pesquisadora apenas como mera expectadora.
Este trabalho é constituído por quatro capítulos, sendo que o primeiro discute as
categorias de Conhecimento e Informação na sociedade contemporânea; o segundo trata das
perspectivas da Educação, enfatizando os elementos envolvidos no processo de educação
formal, em especial o professor; o terceiro apresenta o campo de estudo levando em
consideração o histórico da inserção das tecnologias como recurso pedagógico, habilidades
dos alunos e as competências exigidas do professor frente ao uso das TIC em sua praxis
docente. Por fim, tem-se as considerações finais.
10
CAPÍTULO I
Informação e Conhecimento na Contemporaneidade
Uma das contribuições importantes deste estudo está na definição das categorias
de Informação, Conhecimento, TIC, Educação, formação do Professor e na maneira como se
relacionam. Este capítulo se direciona, em especial, para a discussão dos dois primeiros
elementos deixando para enfatizar os demais nos capítulos seguintes.
Analisando o significado de cada um deles, pode-se afirmar dizendo que
Informação está diretamente relacionada com dados, é algo mais direto e que não merece
muito esforço para recebê-los e compreendê-los, uma vez que se tem num momento imediato.
De maneira bastante livre, podemos definir informação como um valor, ou
dado, que possa ser útil para alguma aplicação ou pessoa. Nessa singela
definição, que reflete o senso comum sobre o assunto, podemos divisar dois
conceitos relacionados de grande importância para a completa definição de
informação: dado e utilidade (FOINA, 2001, p.17).
Conhecer a realidade é possibilitar a apropriação de um novo saber e este, de
acordo com o grau de elaboração utilizado para se apreender, está baseado em três níveis:
Dado, Informação e Conhecimento. O primeiro pode ser considerado como registro imediato.
A informação, por sua vez, é a leitura de um conjunto de dados que se leva a produzir
deduções e inferências lógicas confiáveis. Por fim, o conhecimento refere-se argumentos e
explicações que interpretam um conjunto de informações.
O processo de construção de conhecimento científico envolve os dados, os quais
representam a “matéria-prima” bruta, a partir dos quais as operações lógicas criam
informações e, finalmente, estas últimas são interpretadas para gerar conhecimento. Este, por
sua vez, requer um esforço de pensamento, não é algo que se de imediato. Conhecer vai
muito além da relação simples entre sujeito e objeto, está relacionado também ao processo de
formação de conceitos.
Para melhor se tratar desse aspecto de conhecimento e aprendizado, bem como da
associação e formação de conceitos, tem-se como base teórica desse estudo as contribuições
de Vigotsky (1993) por ser ele um dos principais teóricos referenciais para os autores
contemporâneos .
11
Assim, segundo este teórico, inicialmente foram feitos vários experimentos para
observar a dinâmica interna do processo de formação de conceitos. Alguns métodos
tradicionais tentavam explicar que eles estavam formados quando eram demonstrados pela
fala, outros, quando havia processo psíquico independente da fala, ou seja, em alguns testes
bastava a criança apontar alguns objetos que se entendia a sua construção do conceito. Porém,
ambos os métodos separavam a palavra do material de percepção. O ideal, segundo Vigostsky
(1993), é centrar a investigação nas condições funcionais
2
da formação de conceitos, uma vez
que esse é um processo criativo e não mecânico e passivo.
Hoje, muitos professores acreditam que seus alunos estão realmente aprendendo
quando eles verbalizam conceitos importantes de uma determinada disciplina. Não
conseguem, no entanto, perceber que essa verbalização, muitas vezes, pode ser algo
memorizado e não de fato construído e compreendido. Para que haja compreensão de um
determinado assunto e dele uma formação de conceito adequado, as funções intelectuais
básicas devem se apresentar em conjunto.
A formação de conceitos é o resultado de uma atividade complexa, em que
todas as funções intelectuais básicas tomam parte. No entanto, o processo
não pode ser reduzido à associação, à atenção, à formação de imagens, à
inferência ou às tendências determinantes. Todas são indispensáveis, porém
insuficientes sem o uso do signo, ou palavra, como meio pelo qual
conduzimos as nossas operações mentais, controlamos o seu curso e as
canalizamos em direção à solução do problema que enfrentamos.
(VIGOSTSKY, 1993, p.50).
Outro fator importante para ser levado em consideração em relação a formação de
conceitos está na presença de um problema. Este, independente do seu grau de complexidade
exige do sujeito uma certa formação. Sabe-se que as tarefas do mundo cultural, profissional e
cívico, segundo Vigotsky, são fatores que influenciam o intelecto e se essas tarefas não são
apresentadas, em especial aos adolescentes, o seu raciocínio não conseguirá atingir os estágios
mais elevados, ou só os alcançará tardiamente.
Dentro de um contexto atual, deparar-se com situações-problema, típicas do
cotidiano, faz com que crianças e adolescentes, ao vivenciarem essas situações, formulem e
organizem a sua estrutura de pensamento, relacionando aprendizado e desenvolvimento,
paralelamente. Este é outro ponto de grande importância dentro dos estudos do teórico em
questão: ele não concebe a idéia de que o aprendizado numa área particular do conhecimento
2
Percepção, atenção, memorização e pensamento.
12
influencie o desenvolvimento como um todo. Para ele, uma relação geral entre
desenvolvimento e aprendizado, ao mesmo tempo em que há aspectos específicos dessa
relação. Nesse sentido, a criança possui um certo aprendizado antes mesmo de chegar à
escola e a partir dela, poderá vir a ter aprendizado e desenvolvimento num outro nível.
Vigotsky (1993) formulou a teoria das Zonas de Desenvolvimento para retratar as
fases de evolução do conhecimento na criança. Falar sobre elas faz-se necessário para pautar
toda a idéia de conhecimento numa perspectiva da psicologia num âmbito geral. Nesse
sentido, uma criança possui três níveis de conhecimento: zona de desenvolvimento real, zona
de desenvolvimento potencial e zona de desenvolvimento proximal. Na primeira, a pessoa
(criança/adolescente) possui soluções inteligentes para um problema; na segunda, a solução
surge, porém com a ajuda de outra pessoa; por fim, a terceira que indica o momento de
transição da zona de desenvolvimento potencial para a real. É nesse momento que acontece o
processo de maturação do conhecimento, o qual também, é chamado de broto.
Acredita-se que nesse processo a utilização de um recurso utilizado por um adulto
mediador do processo de ensino e aprendizagem, pode contribuir para uma aceleração da
Zona de Desenvolvimento Potencial para a Real. E nesse sentido, ao se tratar de um contexto
social com ênfase na informação mediadas pelas TIC, essas podem servir como grande
recurso, uma vez utilizadas com finalidades educacionais.
Conhecer significativamente é, de acordo com Vigotsky (1993), conhecer o objeto
de forma real, utilizar-se das funções intelectuais básicas em conjunto e, não apenas, da
memorização. É vivenciar situações-problema do cotidiano ao mesmo tempo em que se
estrutura o pensamento e se amplia o desenvolvimento, concomitantemente.
Na medida em que o homem conhece, começa a explicar e dar sentido às suas
ações e inteligibilidade ao mundo. Esse é, segundo Ribeiro (2004) o objetivo do
conhecimento humano. Sabe-se que o que diferencia o ser humano dos outros animais é
a sua capacidade de produzir cultura que, por sua vez, está imbricada com um conhecimento
específico e necessário para ele mesmo.
Diante dessa discussão, hoje, muito se tem falado sobre o aspecto de transmissão
e construção de conhecimento no ambiente escolar, é como se o segundo estivesse superado,
ou tentando superar o primeiro. Fala-se da importância do conhecimento construído de forma
contextualizada, diferente da absorção mecânica de conceitos, como assim se fazia e ainda se
faz no método tradicional de ensino. Segundo Fernando Becker (2004) a prática de
13
transmissão de conhecimento impõe o aluno à repetição como forma aceitável de
aprendizagem. Para fundamentar essa discussão, este autor diz ser importante analisar duas
concepções epistemológicas concebidas principalmente por docentes. A primeira, é a
concepção empirista.
Uma concepção de conhecimento empirista está alicerçada no pressuposto
de que o conhecimento dá-se pela força das sensações; considera-se que a
criança ao nascer é tabula rasa, ou seja, “algo vazio”, sem coordenação, uma
folha de papel em branco que necessita ser preenchida. Mas considera-se que
o sujeito (epistêmico), não importando a idade do indivíduo(sujeito
psicológico), é tábula rasa ao deparar-se com cada novo conhecimento;
portanto, é o mundo do objeto (meio físico ou social) que vai determinar o
sujeito, isto é, seu conhecimento como forma ou estrutura e como
conteúdo. Essa relação pode ser representada como S ß O (BECKER, 2004,
p. 28).
Por outro lado, tem-se a concepção apriorista.
A concepção apriorista explica o conhecimento como sendo dado por
estruturas prévias a qualquer experiência: pela bagagem hereditária, de
forma maturacional ou mesmo inata. A visão apriorista opõe-se à empirista
porque anula a experiência e torna absoluto o sujeito; pode ser representada
da seguinte maneira S à O. (idem).
Diante desses conceitos pode-se concluir que tanto o primeiro quanto o segundo
têm o sujeito numa posição passiva na determinação cognitiva própria e por isso, muitos são
os elementos determinantes apontados por docentes, no processo de ensino e aprendizagem. É
como se esse sujeito atuasse de forma a responder apenas aquilo que lhe foi estimulado. Mais
ainda, o ensino é visto como condição suficiente da aprendizagem.
Para este trabalho importa uma análise de construção de conhecimento numa
concepção padrão apriorista na verificação da realidade que se propõe, levando-se portanto,
em consideração que antes do discente ter seu primeiro contato com determinado tipo de
conteúdo escolar já traz em sua mente um conhecimento prévio.
Os recursos utilizados na prática do professor podem vir a facilitar ou dificultar o
processo de conhecimento. Concorda-se com Becker (2004) quando este enfatiza a
importância de se trabalhar as estruturas
3
do aluno ao invés de se preocupar exclusivamente
com os conteúdos. Isso significa desenvolver um trabalho docente centrado numa
3
Aprendizagem no sentido amplo.
14
aprendizagem de sentido amplo. É importante que o professor leve em consideração as
estruturas previamente construídas pelos alunos e não as condições necessárias para a sua
aprendizagem.
Sendo assim, construir conhecimento, compreender conceitos e relacioná-los é
completamente diferente do processo de transmissão de informações. Este processo, ainda
segundo Becker (2004), é um caminho insuficiente e equivocado. Construção, por sua vez,
exclui a transmissão como instância única de aprendizagem e exclui também o exercício
como repetição.
As estruturas que possibilitam a assimilação de conteúdos de certa
complexidade são construídas e não aprendidas no sentido estrito por
abstração reflexionante que se a partir das coordenações das ações e não
do ensino de conteúdos. Por isso acreditamos que o ensino de conteúdos,
embora a relativa importância destes não deva monopolizar o trabalho
escolar; deve ser pensado como instância de construção de estruturas e não
como finalidade em si mesma. Essa mudança significativa que a escola
deverá optar por pedagogias e didáticas ativas e não por metodologias de
ensino assentadas na repetição-inevitável instância metodológica para
assimilação de conteúdos que imobiliza o aluno relegando-o à passividade.
(BECKER, 2004, p.39).
Baseado nessa discussão, este estudo ratifica a importância do conhecimento
trabalhado, em sala de aula, de forma interativa e significativa, tendo o aluno como sujeito
capaz de construir o seu caminho da aprendizagem por meio das suas estruturas trabalhadas.
no mundo real as incertezas próprias da vida em que o homem presencia,
complexidades à medida em que descobre a si e aos outros. Conhecer parece, muitas vezes,
que acontece de forma linear, causal simples e lógica, porém, para alcançar o conhecimento é
necessário aprender e gerenciar seus sentidos e intelecto.
No mundo atual, o conhecimento vem recebendo um valor diferente do passado.
As escolas vêm se organizando de forma especial frente ao ato de conhecer. Nesse contexto,
todos os sujeitos que constituem uma comunidade escolar, em especial o professor e o
estudante, possuem um modo específico de lidar com o saber. O primeiro, em sua maioria,
acredita que e o conhecimento se dá de forma linear e o segundo, diante de uma complexidade
e insegurança típico do seu estado humano, apresenta-se mais passivo. Para haver uma
interação de conhecimento na relação entre professor e aluno, onde a confiabilidade esteja
presente, faz-se necessário uma inovação de experiências e motivação.
15
Aprender é o resultado de um processo que pressupõe interação entre razão e
emoção. É preciso estar emocionalmente comprometido para aprender. Assim, o professor
deve cuidar para que a motivação inicial dos alunos permaneça durante todo o curso.
(RIBEIRO, 2004, p.102).
Quando o conhecimento é encarado como desafio e transforma aquele que o
buscou, pode-se dizer que houve aprendizagem, no entanto deve-se levar em consideração
que para se conhecer deve-se respeitar as etapas e o amadurecimento cognitivo daquele que
deseja. Por exemplo: não se pode falar das quatro operações para um estudante que não
conheceu ainda os signos numéricos. As etapas devem ser respeitadas e cada experiência
avaliada.
Entender que o conhecimento se de forma linear e gica, por exemplo, é não
estar a par do processo necessário da produção de conhecimento, e isso é algo preocupante,
principalmente quando parte de um mediador do processo de aprendizagem. Portanto, é
necessário que o professor seja conhecedor deste fato.
O papel da escola como mediadora do conhecimento é fundamental para se obter
um homem em condições de conhecer o seu mundo e suas próprias possibilidades e limites.
Dentro dela, a figura do professor é imprescindível, na medida em que este é um dos grandes
responsáveis em apresentar o objeto de estudo aos seus discentes e deles perceber como se
deu o processo de ensino e aprendizagem.
O conhecimento é definido como a apreensão de um objeto pelo sujeito, isto é, o
sujeito cognoscitivo, a consciência, tem como função a apreensão do objeto. Para Kant (1992,
p.50), existe uma dupla relação, primeiro a relação entre sujeito e objeto e, segundo, a relação
com a consciência, sendo esta uma representação de que uma outra representação está no
sujeito (DOMINGOS, 1998, p.31).
Mas, o que se nos tempos atuais, na sociedade dita como sociedade da
informação, é que nem sempre a escola é a responsável em transmitir todo o conhecimento
sistematizado, e muito menos, o professor é considerado o maior responsável em apresentar
determinados objetos de estudo. Isso por conta do acesso que as crianças, jovens, adolescentes
e pré-adolescentes, possuem às Tecnologias da Informação e da Comunicação.
Dessa forma, e agora especificando esses jovens que pertencem a um grau de
estudo de a série do ensino fundamental, pode-se observar o grande número de
16
informações e dados que estes adquirem utilizando as tecnologias digitais e, em especial, a
internet.
Grupos virtuais
4
são formados e neles estão contidos a discussão de assuntos, os
mais diversos possíveis. Hoje, as comunidades virtuais presentes na Rede Mundial de
Computadores, permitem não a comunicação entre as pessoas, mas o compartilhamento de
informações e aprendizagens de um aprendiz com o outro, propiciando dessa forma, a
possível produção de conhecimento, caso se volte para essa finalidade.
Essa forma de conhecer o novo faz-se necessário mediante a todas as mudanças
recorrentes nesse atual paradigma de modernidade.
1.1 Globalização e a Sociedade da Informação
Sabe-se que, muito pouco tempo, viveu-se um período de finalizações.
Termina-se um século, entra-se em outro; aquilo que antes era moderno, hoje já não o é mais.
Segundo Giddens (1999) a sociedade moderna não tem sido pós-tradicional, para ele a
modernidade reconstrói a tradição ao mesmo tempo em que a dissolve. É geralmente em
nome dessa modernidade que advém muitas preocupações referentes a própria sobrevivência
humana. Nietzshe já disse uma vez que a modernidade tem sido obrigada a tomar juízo.
Pode-se perceber que gradativamente as pessoas tomam consciência da influência
de suas ações. Muitas vezes, influências que até são determinadas por acontecimentos
distantes, como reflete Giddens (1999). O fato de comprar um objeto, um alimento, tem
muitas implicações globais. O mais curioso de tudo isso é que a humanidade experimenta a
modernidade como numa aventura perigosa, todos são resultados de sua própria ação. Sabe-
se, também, que todos são vítimas de suas próprias experiências, descobertas e invenções.
Uma dessas experiências é a experiência de globalização que influencia nas mais
simples atividades da vida cotidiana. Os processos de mudanças também são intencionais
como o abandono, a desincorporação e a problematização da tradição. O homem não é
cuidado da mesma forma pelas tradicionais instituições de antes. Estado, Família e Igreja, por
exemplo, sofreram ao longo do tempo significativas mudanças.
4
Reunião de pessoas com o intuito de discutir assuntos comuns na internet.
17
O Estado, segundo Santos (2003) age como provedor e não mais mantenedor dos
direitos de seus cidadãos, ora é mínimo e ora é máximo. Mínimo quando não consegue
conta de suas obrigações como por exemplo garantir saúde, educação e moradia, se não para
todos, pelo menos para os menos favorecidos social e economicamente. O Estado é máximo
quando age com autoritarismo diante das obrigações dos cidadãos, mesmo que de forma
camuflada.
A Família e a Igreja se configuram diante das mudanças reais na forma de ser e
pensar do homem contemporâneo. Ambas se complementavam na formação ética, moral,
espiritual do homem, mas desde as reformas e contra-reformas, e também desde a necessidade
da mulher sair de casa para atender ao contexto capitalista industrial da época, que ambas
instituições não são mais as mesmas. Vale ressaltar que vários outros motivos, além destes,
contribuíram para uma nova interface dessas instituições, mas não é propósito deste estudo
discriminá-las e analisá-las neste momento. O fato é que Igreja, Estado e Família não
possuem as mesmas forças diante da formação humana.
Um grande elemento importante a ser destacado nesse contexto de mudanças é o
acesso à informação que se passou a ter dos mundos social e natural. Para muitos iluministas,
segundo Giddens (1999) essa informação traria um certo controle sobre esses mundos.
Para os pensadores do Iluminismo e muitos de seus sucessores - , pareceu
que a crescente informação sobre os mundos social e natural traria um
controle cada vez maior sobre eles. Para muitos, esse controle era a chave
para a felicidade humana; quanto mais estivermos como humanidade
coletiva em uma posição ativa para fazer história, mais podemos orientar a
história rumo aos nossos ideais (GIDDENS, 1999, p.84).
O que vale ressaltar diante dessa realidade é que por mais que se tenha
informações sobre esses mudos.
[...] nenhuma imagem chega a capturar o mundo da alta modernidade, que é
muito mais aberto e contingente do que sugere qualquer imagem, e isso
acontece exatamente por causa e não apesar do conhecimento que
acumulamos de nós mesmos e sobre o ambiente material. É um mundo em
que a oportunidade e o perigo estão equilibrados em igual medida. (idem,
74).
Segundo este teórico, a tecnologia é um exemplo de sistema abstrato que penetra e
invade o cotidiano que diz respeito ao eu e à identidade, mas também envolve uma
multiplicidade de mudanças e adaptações na vida das pessoas.
18
Dessa forma, não se pode falar de informação nos tempos atuais sem relacionar o
processo de Globalização e situar a sua importância dentro do contexto em que vivemos.
Assim, os recursos baseados nas Tecnologias da Informação e Comunicação caracterizam
muito as transformações existentes, hoje, na nova ordem mundial. É dentro desta revolução
que um deslocamento da área do trabalho humano antes baseado na força muscular e nas
máquinas para a área do tratamento da informação.
Vale ressaltar que segundo Lastres (1999),
esse deslocamento acontece até por conta do processo de esgotamento da
matéria-prima de um sistema de produção anterior diferente do da
atualidade. Nesse caso a informação e o conhecimento passam a se constituir
nos recursos básicos do crescimento econômico (em lugar dos tradicionais
insumos energéticos e materiais) e tais recursos (não-materiais e, portanto,
inatingíveis) não serem esgotáveis. Além disso, o consumo dos mesmos não
os destrói, e seu descarte geralmente não deixa vestígios físicos (LASTRES,
1999, p.02).
Este momento é marcado pela revolução tecnológica e segundo Castells (1999) o
que a caracteriza não é a centralidade do conhecimento e da informação, mas a aplicação dos
mesmos para a geração de conhecimento e de dispositivo de processamento/comunicação da
informação, em um ciclo de realimentação cumulativo entre a inovação e seu uso.
Por conta disso, e de diversos outros fatores picos dessa nova realidade, que
muitos afirmam estar se vivendo um paradigma tecnológico. Paradigma por quê? Porque
outro modelo de vida vem impactando a sociedade através do desenvolvimento das
tecnologias, conforme este estudo vem discutindo. Dessa forma o próprio ato de conhecer se
diferencia de tempos outrora.
Para situar essa realidade busca-se o conceito de alguns elementos básicos para
esse estudo, começando pela Tecnologia que, para Castells (1999), significa o uso de
conhecimentos científicos para especificar as vias de se realizar as coisas de uma maneira
reproduzível. A revolução tecnológica, por sua vez, é caracterizada por sua penetrabilidade,
ou seja, sua inserção em todos os domínios da atividade humana, não como frente exógena de
impacto, mas como o tecido em que essa atividade é exercida.
Após a definição desses conceitos básicos presentes no cotidiano atual, passa-se a
uma análise mais aprofundada e necessária de outros elementos diretamente relacionados com
19
o processo de globalização. Essa análise é fundamental para que se possa situar o processo
educacional dentro dos novos paradigmas.
Situado num mundo em que as transformações são instantâneas, e onde se
caracteriza a emergência de um novo mundo, na mente humana um grande clima de
incertezas. O planeta está cada vez mais povoado e o crescimento demográfico é assustador.
Diante deste cenário, a globalização tem se firmado e se estruturado de forma bastante
característica. De acordo com o Relatório para a Unesco da Comissão Internacional sobre
Educação para o culo XXI
5
, a Globalização é base para constituição de redes científicas e
tecnológicas e abrange igualmente as atividades utilitárias e criminalistas e, também, traçou
um novo mapa econômico, separando os países que ganham e os que perdem,
Hoje, tem-se uma interdependência planetária e a inter-relação mundial das ações
públicas e privadas, invadem outras áreas da atividade humana. Os problemas da
globalização, segundo a Comissão Internacional, afetam diretamente os sistemas educativos.
Como o termo “Globalização” é utilizado para caracterizar o período
contemporâneo, ou como causa/conseqüência de muitas transformações pelas quais estamos
passando, o seu entendimento ainda é preciso ser feito diante das inúmeras interpretações.
Assim, segundo Otávio Ianni (1992), a Globalização, tendo o capitalismo como
modo de produção, propicia o desenvolvimento de relações, processos e estruturas de
dominação política e apropriação econômica de alcance mundial. É ainda, segundo ele, que
no seu bojo se desenvolvem as tecnologias eletrônicas e informáticas que agilizam as
articulações e integração pelos quatro cantos do mundo.
Vale ressaltar que através das TIC se intensificam as relações sociais mundiais, a
distância geográfica não é problema para a comunicação entre muitos povos e nações uma
vez que essas mesmas Tecnologias da Informação e Comunicação promovem o processo de
desterritorialização, que está diretamente relacionada com o virtual e o ciberespaço.
Segundo Santos (2003) esse processo é uma das perplexidades, e ao mesmo
tempo, um desafio típico que a sociedade contemporânea apresenta. A intensificação da
interdependência entre as nações e a interação global contribuem cada vez mais para as
relações sociais. Estas, por sua vez, estão mais desterritorializadas e ultrapassam os limites da
língua, costumes, nacionalismo e etc.
5
Há um subcapítulo, neste estudo, específico para a apresentação deste relatório.
20
A intensificação da interdependência transnacional e das interações globais,
referida, faz com que as relações sociais pareçam hoje cada vez mais
desterritorializadas, ultrapassando as fronteiras a agora policiadas pelos
costumes, o nacionalismo, a língua, a ideologia e muitas vezes, por tudo isto
ao mesmo tempo. (idem, p.22).
O que não se pode deixar de enfatizar na compreensão da Globalização é que esta
não pode ser encarada como um processo linear e consensual. Para Santos (2003) isso é uma
idéia falsa, embora Castells (1999) acredite que a nova economia seja informacional
6
e
global
7
. A falácia consiste em transformar as causas da globalização em efeitos da
globalização.
A globalização resulta, de fato, de um conjunto de decisões políticas identificadas
no tempo e na autoria. O consenso de Washington é uma das decisões políticas dos Estados
centrais como são políticas as decisões dos Estados que o adotaram com mais ou menos
autonomia, com mais ou menos seletividade. (SANTOS, 2001, p.56).
A globalização também não é consensual porque na verdade, ela é um intenso e
vasto campo de conflitos entre grupos sociais, estados e interesses diferenciados,
hegemônicos de um lado e subalternos de outro. Portanto, Globalização é muito mais que um
processo de inter-relações entre Estados mediados pelas Tecnologias da Informação e
Comunicação.
Esse tipo de conhecimento, essa reflexão, é imprescindível para todos os agentes
sociais pertencentes a esse momento histórico. Em relação à Educação, os professores, por
exemplo, ao utilizar as TIC em seu ambiente de trabalho deveriam, no mínimo, saber o
porquê do seu uso, a favor de quem e de que forma utiliza as TIC para a contribuição da
produção de saber do seu aluno.
Nessas relações sociais predominam, através das TIC, o ciberespaço e o virtual,
dois elementos que também precisam ser entendidos para que se tenha uma melhor
compreensão sobre a globalização. Assim, virtual, para Levy (1999), significa aquilo que
existe, apenas em potência e não em ato, encontra-se antes da concretização efetiva ou formal
(a árvore está virtualmente presente no grão). Virtual, também, muitas vezes pode ser
empregado para significar a irrealidade. (Levy, 1999, p.17). Comunidade virtual, por sua vez,
6
Informacional porque a produtividade e competitividade assentam na capacidade para gerar e aplicar
eficientemente informação baseada em conhecimento.
7
Global porque as atividades centrais da produção, da distribuição e do consumo são organizadas à escala
mundial (CASTELLS,1999:66)
21
é um grupo de pessoas que se correspondem mutuamente por meio de computadores
interconectados em rede.
o ciberespaço, que o próprio Levy (1999) chama de rede, é o novo meio de
comunicação que surge da interconexão mundial de computadores.” (LEVY,1999,p.17). Vale
ressaltar que o ciberespaço cresce com o suporte da inteligência coletiva ao mesmo tempo que
a oferece um ambiente propício. Surge nessa órbita de redes digitais, novas formas de
isolamento e sobrecarga cognitiva; nova forma de dependência, de exploração e até de
bobagem coletiva.
Dessa forma, para se fazer parte desse processo são exigidos novos
conhecimentos dos agentes sociais atuais. Afinal de contas, muitas são as mudanças
aceleradas na base da sociedade, o que leva o homem também a ter um outro tipo de atitude e
consciência do seu entorno.
De acordo com essas mudanças, Castells (1999) afirma que as relações entre
família, mulheres, homens, não são mais as mesmas. Por conta de tudo isso, pode-se
relacionar o vínculo estreito entre globalização e um novo paradigma tecnológico que nos faz
detectar o conjunto de inovações tecnológicas e a transferência de uma tecnologia antes
baseada em “insumos baratos de energia pra uma outra que se baseia predominantemente em
insumos baratos de informação derivadas do avanço da tecnologia da microeletrônica e
telecomunicações” (Freeman apud Castells,1999, p.85)
Dentro desse novo modelo, pode-se destacar ainda algumas de suas características
importantes para uma análise da realidade. Assim, Castells (1999) informa que nesse
paradigma a informação é a matéria-prima; há uma penetrabilidade dos efeitos das novas
tecnologias; existe uma lógica de redes, há flexibilidade e também, convergência de
tecnologias específicas para um sistema altamente integrado.
Pode-se observar diante de todos esses aspectos uma economia global
independente, uma reestrutura do capitalismo e a descentralização das empresas acontecendo
muitas vezes por conta do importante papel das TIC no meio social, econômico, político e
demais outros já citados neste estudo.
Um novo sistema de comunicação que fala cada vez mais uma língua
universal digital tanto está promovendo a integração global da produção e
distribuição de palavras, sons e imagens de nossa cultura como
personalizando-os ao gosto das identidades e humores dos indivíduos. As
redes interativas de computadores estão crescendo espontaneamente, criando
22
novas formas e canais de comunicação, moldando a vida e, ao mesmo
tempo, sendo moldadas por ela. (CASTELLS, 1999, p.40)
Assim, a Educação surge nesse processo como a responsável em preparar as
pessoas para uma nova realidade e lhes dar condição de interação e sobrevivência. Portanto, a
escola ao se vestir de acordo com as exigências do seu modo de produção, adquire um novo
discurso de preparação para a cidadania. Deveria então, assumir na prática outros
compromissos, outras funções. Ao invés de transmissão de conteúdo, passar também a
desenvolver habilidades e competências em seus discentes, promover momentos para
discernir, analisar situações, interpretá-las e decidir.
Nesse contexto é imprescindível, por exemplo, o conhecimento e domínio de uma
outra língua e da utilização das novas tecnologias. Vale ressaltar que a consciência crítica
acerca dessas novas exigências faz-se também importante, porque mais do que preparar para
uma necessidade do trabalho de forma alienante, a Educação também pode contribuir para
uma “transformação social ampla emancipadora” como diz (MEZÁROS, 2005, p.23).
Por conta disso, acredita-se que não basta cuidar só da formação desse novo
cidadão, é preciso refletir sobre o papel e responsabilidade social da escola e do professor de
acordo com essas novas exigências da sociedade.
A formação de educadores somente ganha sentido se encarada dentro de uma
perspectiva de mudança na escola, e para tanto, o processo de formação não pode prescindir
da contribuição das modernas TIC como instrumentos potencializadores de transformação da
prática.
Falar de globalização, ciberespaço, virtualidade e relacioná-los à Educação, traz a
reflexão que a escola não pode se passar como uma instituição neutra diante de todas essas
mudanças, muito menos que ela seja apenas um objeto de reprodução social. Com os novos
recursos tecnológicos, e em especial com a internet, concordamos com Lima (2002), quando
esta nos leva a refletir que os muros escolares podem ser quebrados, o se aprende hoje,
portanto, no espaço geográfico da escola, a rede mundial de computadores é um exemplo
típico dessa nova situação.
23
1.1.2 Modernidade e Identidade
Sabe-se que todas as mudanças recorrentes da modernidade implicam direta e
indiretamente no comportamento humano. Muitas são as influências que, ao longo do tempo,
têm tornado flexível o modo do homem ver e viver o mundo. Assim como foi citado
Baumann (2001) quando esse se refere a uma modernidade líquida, o homem é um sujeito que
está imbricado nesta realidade, apresentando-se ao mesmo tempo, de forma ativa e passiva
diante dessas mudanças.
O que se quer discutir, a partir dessa situação são os mais diversos elementos
influenciadores do homem e de seu modus vivendi. Segundo Ianni(2003), O Príncipe de
Maquiavel, por exemplo, no século XVI foi inspiração para muitos pensadores e governantes
da época. Esse príncipe que representava alguém que governa, estava preparado para decidir e
negociar pelos seus.
Em todos os casos, estão em causa as figuras e as figurações possíveis e
impossíveis do príncipe, como dirigente, governante, tirano, presidente,
monarca ou patriarca. Na medida em que se realiza como príncipe, este se
mostra preparado para pensar e decidir, negociar e dirigir, administrar e agir,
conciliar e dividir, premiar e punir, constituindo-se simultaneamente como
mbolo ou emblema, para uns e outros indivíduos e coletividades,
população e povo, setores sociais e sociedade, nacionais e estrangeiros
(IANNI 2003, p.142).
No início do século XX, IANNI refere-se a Gramisci, quando esse formula a
teoria do modelo príncipe. Para ele, o partido político surge como elemento que vem ter as
mesmas funções e caracterísiticas do Príncipe de Maquiavel. Dessa forma, tem-se um tipo de
moderno, intérprete e condutor de indivíduos, coletividades, grupos e classes sociais. Tanto o
Príncipe de Maquiavel como o Príncipe Moderno de Gramisci são capazes de contribuir e
consolidar hegemonias e ressaltar a soberania.
Numa perspectiva histórica, tem-se ao final do século XX um certo
envelhecimento de ambos os príncipes. Com o processo de globalização, destacam-se
algumas alterações nas formas de sociabilidade e jogos das forças sociais.
Todas as esferas da sociedade impregnam-se de tecnologias eletrônicas e dão
força ao surgimento de mais um príncipe, dessa vez, o Príncipe Eletrônico.
24
Nessa época, as tecnologias eletrônicas, informáticas e cibernéticas
impregnam crescente e generalizadamente todas as esferas da sociedade
nacional e mundial; e de modo particularmente acentuado as estruturas de
poder, as tecnoestruturas, os think-tanks, os lobbies, as organizações
multilaterais e as corporações transnacionais, sem esquecer as corporações
da mídia. Esse pode ser o clima em que se forma, impõe e sobrepõe o
Príncipe Eletrônico, sem o qual seria difícil compreender a teoria e a prática
da política na época da globalização (IANNI, 2003, p.143).
Enquanto que, para Maquiavel o príncipe é uma pessoa, uma figura política, líder
ou condotierre, para Gramisci, o moderno príncipe é uma organização, mais especificamente
o partido político, Ianni (2003) informa que o Príncipe Eletônico ultrapassa os descortinos e
atividades dessas figuras clássicas da política.
... é uma entidade nebulosa e ativa, presente e invisível, predominante e
ubíqua, permeando continuamente todos os níveis a sociedade, em âmbito
local, nacional, regional e mundial. É o intelectual coletivo e orgânico das
estruturas e blocos de poder presentes, predominantes e atuantes em escala
nacional, regional e mundial, sempre em conformidade com os diferentes
contextos socioculturais e político-econômicos desenhados no novo mapa do
mundo (Idem, 2003, p.148).
A dia é um dos elementos que permeia os diversos setores da sociedade e
retrata o que acontece no mundo. Este é exposto, constantemente, através de intelectuais
como jornalistas, fotógrafos, cineastas entre outros, que enriquecem e democratizam o espaço
midiático. Não se pode deixar de enfatizar o papel que a mídia tem de manipulação da
consciência, portanto, os meios técnicos como rádio, cinema, televisão, disco, CD, fax,
internet e outros, também podem ser chamados de técnicas sociais.
Faz-se necessário discutir essa temática para apresentar as diferentes faces da
tecnologia na sociedade vigente. Esses meios técnicos também impregnaram, organizaram e
dinamizaram o século XX. Estão inseridos nas relações sociais e promovem a comunicação
de indivíduos. O Príncipe eletrônico é o arquiteto da “ágora eletrônica” na qual todos estão
representados, refletidos, defletidos ou figurados, sem o risco da convivência nem da
experiência. (IANNI, 2003, p.155)
Todos os elementos que compõem essa nova realidade tecnológica influenciam da
mesma forma que os príncipes de Gramisci e Maquiavel influenciaram. É através dessas
tecnologias que os líderes políticos, a religião, os indivíduos, passam a atuar além dos
partidos , sindicatos e outros. O ouvinte o expectador recebem as informações de forma
25
passiva e quando se trata do meio virtual podem interagir, e navegar no ciberespaço sideral,
levitando aquém e além da realidade.
Pode-se a partir dessa discussão tratar da questão da identidade do homem que
passa a ser criada de todas as influências presentes na modernidade. De acordo com
Giddens(1991) nota-se que as sociedades industriais comprometem cada vez mais as pessoas
a situações de estress, doenças crônicas, divórcios e outros. Tensões que se apresentam tanto
para o conjunto social, como para o eu. Vale ainda ressaltar, que muitas delas são
incorporadas e apresentadas pelos diversos meios de comunicação. Percebe-se uma busca
constante de novas identidades e um “eu”, segundo Giddens (1991) repleto de tensões. Para
ele, hoje, embora se cultive as potencialidades do indivíduo, um empobrecimento moral e
uma certa crise de valores. Além disso, quando se trata de um meio virtual, homens,
mulheres, crianças, jovens e adolescentes, buscam, diante de uma necessidade de inserção em
grupos, formar uma identidade para uma possível aceitação.
Diante desse contexto, faz-se necessário apresentar o crescimento, na rede
mundial de computadores, de grupos e comunidades virtuais que surgem com o intuito de
agregar membros de opiniões e comportamentos comuns. Vale tomar como exemplo os sites
de relacionamentos e as salas de bate-papo virtual que agregam as mais diferentes pessoas de
diferentes lugares e etnias.
Segundo a Revista época de setembro de 2007, as conversas no chat se realizam
não com adulto, mas também com crianças e mais, desenvolvem o raciocínio crítico e
melhoram a argumentação das mesmas. Numa matéria que trata da relação de jovens e
crianças com o computador, e autoria de Kátia Melo e Luciana Vicária, muitos são os
exemplos de como a internet faz parte ativamente da vida das pessoas desde a mais tenra
idade. Para uma geração que nasce com o computador em casa, o termo utilizado para os
mesmos é de nativos digitais.
O termo foi cunhado pelo educador americano Marc Prensky, autor do artigo
“Digital natives, “digital imigrants” (Nativos digitais, imigrantes digitais),
em que faz uma divisão entre aqueles que vêem o computador como
novidade e os que não imaginam a vida antes dele. O artigo, de 2001, é um
dos mais citados em publicações da área de educação, de acordo com o
Instituto para a Informação Científica dos Estados Unidos (REVISTA
ÈPOCA, 2007, p.84).
26
O que se pode refletir através desse contexto onde se discute a presença do
Príncipe Eletrônico, sua influência na identidade das pessoas e sua apropriação das
Tecnologias da Informação e Comunicação é o quanto essa realidade se faz crescente. O
quanto também, a Educação, como todos os outros setores da sociedade vêem-se obrigados a
se modificarem por conta da presença dessas tecnologias.
Se realidade se apresenta desta forma e a modernidade traz consigo conseqüências
impossíveis de serem previstas, a Educação, pode ser considerada um elemento importante
quanto a conscientização e criticidade na utilização de certas tecnologias da informação e
comunicação. Pode também, assim como a religião, partidos políticos e outros, apropriar-se
das mesmas para atuar na formação de opiniões.
1. 2 As TIC no contexto educacional
É quase impossível de ver os diversos aspectos da vida humana como a cultura,
saúde, economia, educação formal, sem o auxílio das Tecnologias da Informação e
Comunicação. Por exemplo, a Indústria e a Medicina contam com elementos como a
robótica frente a um papel fundamental em muitas de suas atividades. Assim, pode-se
observar cada vez mais a necessidade do homem em interagir com todos esses novos recursos,
tão fortemente impostos pelo nosso modo de produção capitalista.
Dessa forma, nasce um novo perfil humano, produto de uma nova sociedade:
Estamos vivendo em uma sociedade em plena transformação em relação às
suas formas de organizar-se, de produzir, de relacionar-se econômica, social
e politicamente, de divertir-se, de comunicar-se de ensinar e de aprender.
Não se trata apenas de uma modernização ou revolução tecnológica, mas sim
de um conjunto de avanços científicos e tecnológicos que estão
transformando as relações de trabalho e de poder na sociedade (SIMIÃO,
2002, p.58).
Acredita-se que a Educação, e nela, o papel do professor é fundamental em meio a
tantas transformações, isso porque:
Com as novas tecnologias, novas formas de aprender, novas competências
são exigidas, novas formas de se realizar o trabalho são necessárias e
fundamentalmente, é necessário formar continuamente o novo professor para
27
atuar neste ambiente telemático, em que a tecnologia serve como mediador
do processo ensino-aprendizagem. (MERCADO,1999, p.15)
Baseado nessa realidade é fundamental o surgimento de programas educativos que
preparem o professor para esse novo desafio, como o PROINFO - Programa de Informática na
Educação. Ele tem como um de seus objetivos, oportunizar aos docentes o uso dos
instrumentos tecnológicos, da ecologia cognitiva e cidadania, desenvolvimento científico e
tecnológico, tão importantes na formação continuada de professores exigida por esse novo
perfil social.
Sendo assim, é notória a influência e a presença dos elementos das TIC no mundo
do trabalho, da sociedade em geral e da educação, que diariamente se inovam e se inserem,
através da globalização e das exigências do modo de produção capitalista, no mundo
contemporâneo. O ideal é refletir a sua importância, pois ao mesmo tempo que fazem bem,
podem fazer mal; que incluem, mas que podem excluir; que libertam, mas que podem
prender.
Pode-se observar ao longo do tempo, um grande crescimento de produtos da
tecnologia ganhando espaço nas atividades escolares de alguns professores.
A televisão, o vídeo, o rádio, o computador e a internet são importantes
recursos auxiliares no processo de ensino-aprendizagem que, de uma forma
ou de outra, já estão presentes no dia-a-dia dos alunos, mas que devem ser
trazidos para dentro da escola sendo utilizados de forma crítica e criativa,
aproximando o processo educativo da realidade dos alunos, tornando-o mais
dinâmico, rico e contextualizado.”
8
Dessa forma utilizadas, essas tecnologias fazem bem, incluem e libertam. Mas,
Lima (2002) questiona “como garantir o sucesso de projetos sem infra-estrutura adequada
para tal empreendimento e sem a compreensão teórica do uso das TIC no cotidiano escolar?”
Por isso não basta falar da relação da Educação e Tecnologia para se ter garantida
uma educação em processo de ascensão. É necessário muito mais que isso. É necessário saber
quais, porque e principalmente como se usa determinada tecnologia como ferramenta no
processo de ensino-aprendizagem.
8
Ministério da Educação e do Desporto Secretaria Nacional de Educação Média Tecnológica
www.mec.gov.br/semtec/ensmed/ftp/ArtEns/Conversas1.rtf
28
Segundo Schneider (2002) a tecnologia pode enriquecer o processo ensino-
aprendizagem, servindo como suporte para um novo modelo educacional. Para este autor os
modelos pedagógicos ainda são orientados para o simples repasse de informação e lidam com
o conhecimento de forma estanque. É necessário, portanto, que um novo modelo desenvolva
no aprendiz a sua capacidade de construção de conhecimento de forma reflexiva e mediada
por um facilitador.
Porém, é importante frisar que não basta se apropriar de pedagogias e
didáticas adequadas. Para quebrar o modelo de relacionamento um para
muitos ( o professor fala aos estudantes) e passar para um relacionamento de
muitos para muitos ( todos participam do processo de aprendizagem de
todos) onde haja condições plenas de interação, faz-se necessário possuir a
tecnologia certa e fornecer bons programas de ensino-aprendizagem que
utilizem essa tecnologia (SCHNEIDER, 2002 , p.48).
Sendo assim, apresenta também a necessidade de se estabelecer estratégias de uso
da mesma, e da capacitação adequada aos usuários a fim de que estes se sintam à vontade com
o uso da tecnologia. Nesse sentido também se faz necessário levar em consideração os
aspectos ergonômicos, que em poucas palavras é algo que se refere ao bem estar do usuário
diante de qualquer tipo de tecnologia.
Assim, compreende-se que este estudo é relevante na medida em que pretende
esclarecer de que forma vem se trabalhando esses novos recursos em sala de aula. Oferece,
nesse contexto, uma contribuição significativa para a sociedade, na medida em que será
registrado a forma de como essas novas tecnologias são utilizadas, seja como meras
transmissoras de informação ou como elementos mediadores da produção de conhecimento.
Independente de a escola assumir um papel de reprodução ou emancipação do
indivíduo na sociedade, cabe a este trabalho saber como as TIC contribuem para a transmissão
de informação e/ou produção de conhecimento no processo de ensino e aprendizagem.
A literatura disponibiliza alguns trabalhos acadêmicos (dissertações,
monografias, teses, artigos, entre outros) que tratam da problemática do uso das TIC na
Educação. Esta dissertação, por sua vez, pretende complementar os temas já discutidos,
partindo da realidade de que o computador tem estado presente na vida de muitos, embora
não seja a maioria.
29
A escola, muitas delas, recebem apoio e incentivo quanto ao uso dessas novas
tecnologias. O professor precisou e precisa inovar a sua prática quanto a utilização de novos
recursos tecnológicos. O aluno, por sua vez, traz no seu cotidiano uma prática comum de
utilização destes, em especial a internet, principalmente para entretenimento.
Não é objetivo desse estudo aprofundar o surgimento do computador nem mesmo
o que o PROINFO(programa de informática educativa) fez para contribuir com a presença do
mesmo na escola. Parte-se do princípio de que ele se faz presente, assim como vários outros
elementos responsáveis, a princípio, pela transmissão de informação como a TV, o DVD, o
Vídeo Cassete, o Rádio que contribuem na prática educacional de hoje.
Também é de extrema importância deixar claro que uma consciência crítica
acerca desse aspecto, isto é, tem-se o conhecimento da importância da educação, mas sabe-se
que ela não pode ser tomada como responsável por tudo, até por que a complexidade da
realidade humana não pode ser reduzida a uma única dimensão, como diz Demo(2005). Sendo
assim, não é qualquer educação que se pode encaminhar para o futuro. Números de
alfabetizados, matrículas do Ensino Médio, aumento de creches e atendimentos na Educação
Infantil podem significar avanços quantitativos, mas ainda se distancia de uma qualidade que
se pretende chamar de Educação de qualidade.
Frente a essa realidade, inserir tecnologia na escola, por si também não é sinal
de qualidade educacional, como se discute neste estudo a posteriori.
Sabe-se que numa política neoliberal ao qual se está inserido, o Estado, cada vez
mais reduz, o seu papel, dando espaço ao mercado e ao interesse financeiro do indivíduo. Por
isso, tecnologia inserida na educação, pode muitas vezes, ao invés de significar progresso
educacional, ser sinônimo de resposta aos interesses do Banco Mundial. Para que essa nova
categoria de recurso pedagógico tenha realmente significado evolutivo no contexto
educacional e não no mercadológico, é preciso consciência daqueles que compram e as
utilizam no ambiente escolar.
O futuro será mesmo melhor inventado se elevar a qualidade da educação
populacional. Lidar com a realidade das TIC também exige outro nível de conhecimento para
atender a outras demandas, como diz Lima (2002).
a participação da sociedade nos assuntos que envolvem questões mais
complexas como as TIC, que reformulam o trabalho e o conhecimento em
todos os setores da sociedade contemporânea, conferindo um sentido novo
ao mundo e aos processos, demandam habilidades mais complexas na
30
compreensão das dinâmicas relacionadas aos diferentes setores sociais e as
suas respectivas políticas . A política educacional e o uso da internet na
escola fica de mais difícil compreensão, por demandar um conhecimento das
políticas de comunicação , de Informática e de Ciência e Tecnologia além da
própria política da Educação. Fato que requer um nível de conhecimento
mais abrangente e abstrato, exigindo uma capacidade de organização como
força social incisiva, mobilizando-se em torno da questão da Educação e
Comunicação que passa, necessariamente, pelo acesso e domínio de
informações sobre outros setores básicos de desenvolvimento do país e pelos
limites impostos pelo aparelho político de expressão dos seus anseios (idem,
p.126).
Diante dessa realidade a Educação passa, sim, por mudanças como todas as outras
áreas que constituem uma sociedade contemporânea. Essa reestrutura atrelada a novos
conhecimentos, novas posturas profissionais, reavaliação das políticas pública em seus mais e
diversos setores sociais, trazem uma reflexão e ação de todos os agentes sociais pertencentes a
essa realidade.
Sendo assim, cúpulas, encontros, simpósios, seminários e demais eventos
acontecem para discutir os fatos presentes nesta nova realidade. Fatos relacionados à presença
das Tecnologias da Informação e Comunicação bem como o papel da Educação.
No capítulo seguinte será discutido o papel da Educação diante de tudo que foi
apresentado, à luz do Relatório da Comissão Internacional sobre Educação para o século
XXI/UNESCO.
31
Capítulo II
As Perspectivas da Educação na Sociedade do Conhecimento
Este capítulo se propõe a discutir Educação e formação de professores para situar
suas posições em relação ao contexto social, educacional e respectivas relações com as
Tecnologias da Informação e Comunicação.
Baseado em todas as mudanças e discussões acerca das transformações da vida
humana nos seus diferentes aspectos, não seria possível falar de perspectivas educacionais
sem citar um fato importante para o mundo que foi a Conferência Geral da UNESCO ocorrido
em 1991. Apresentado hoje, em forma de relatório da Comissão Internacional sobre Educação
para o século XXI, esse evento retrata a preocupação da necessidade de uma nova maneira de
formar o homem contemporâneo e, por isso, o papel da Educação se amplia
consideravelmente. Esse relatório foi organizado por Jaques Delors (2004) tendo iniciado em
março de 1993 e sendo concluído em 1996. Os especialistas de todo o mundo contribuíram
conscientes de que “hoje se vive numa arena global onde é jogado o destino de cada um,
sendo a Educação um instrumento importantíssimo na orientação dessa realidade.“
Esse relatório surge exatamente num momento muito delicado na história da
humanidade em que as guerras, criminalidades, o subdesenvolvimento causam desgraças que
atingem a todos. A comissão responsável pela elaboração conhece as limitações e fracassos de
países subdesenvolvidos e está consciente das missões que cabem à Educação no papel de
mediadora na construção dessa nova sociedade.
Um elemento importante apresentado neste documento e que merece discussão
nesse estudo, está na afirmação de que para criar esta nova sociedade, a imaginação humana
devia ser capaz de se adiantar aos avanços tecnológicos, isso para evitar o aumento do
desemprego, a exclusão social ou as desigualdades de desenvolvimento. Vale ressaltar que
tanto para o relatório como para este estudo, as tecnologias, em especial as da informação e
comunicação não são vistas como elementos situados num primeiro grau de importância
frente a evolução humana, até se discute o seu papel ora de inclusão, ora de exclusão. Nesse
sentido, mais importante que isso, está a necessidade de se caminhar para uma sociedade,
mesmo que utópica, caracterizada pela Comissão como sociedade educativa.
32
A Comissão fala ainda de uma outra utopia: a sociedade educativa baseada
na aquisição, atualização e utilização dos conhecimentos. São estas três
funções relevantes no processo educativo. Com o desenvolvimento da
sociedade da informação, em que se multiplicam as possibilidades de acesso
a dados e a fatos, a educação deve permitir que todos possam recolher,
selecionar, ordenar, gerir e utilizar as mesmas informações (DELORS, 2004,
p.20).
Dessa forma a escola torna-se um elemento indispensável para essa realização,
afinal de contas concebe-se esta como espaço onde se deve transmitir o gosto e o prazer em
aprender, em aprender a aprender e que desperte a curiosidade intelectual.
Sabe-se que, ainda, se está distante dessa realidade e que toda a discussão feita
baseada nesta idéia é de suma importância para uma nova consciência de educação. Educação,
esta, que, de acordo com o relatório deve acontecer ao longo de toda a vida no coração da
sociedade. Isso significa ultrapassar a distinção tradicional entre educação inicial e educação
permanente.
Hoje, o mundo exige espírito novo que conduz à realização de projetos comuns,
por isso a compreensão mútua, a entre-ajuda e a harmonia demanda o aprender a viver junto,
um dos pilares da educação apresentado no relatório e discutido logo à frente nesse estudo.
Dentre as características da realidade educacional atual está a dificuldade de
qualquer reforma adotar políticas em relação aos jovens que terminam o ensino primário.
Diante dessa situação a Comissão tem consciência das realidades educacionais concretas e
insiste muito na necessidade de meios, em quantidade e qualidade, quer clássicos como os
livros quer modernos como as tecnologias de informações.
Mesmo sabendo que nem todas as crianças aproveitam as mesmas vantagens dos
recursos educativos comuns, a Educação pode e deve ser utilizada como um instrumento de
inclusão. Por isso, a Comissão leva em consideração o respeito ao pluralismo e promove uma
educação intercultural que seja verdadeiramente um fator de coesão e de paz.
Embora se privilegie, num contexto educacional, o desenvolvimento do
conhecimento abstrato em detrimento de outras qualidades humanas, acredita-se que a
necessidade de se levar em consideração todas as formas de saber são cada vez mais
emergentes na sociedade. Para isso, o reconhecimento da importância da participação
democrática é fundamental. Os direitos e deveres e a participação ativa enquanto cidadão é
algo necessário a ser aprendido pelo ser humano desde a mais tenra idade.
33
A Comissão também discute com relevância o papel dos professores e os
caracteriza como agentes de mudanças, formadores de caráter e espírito das novas gerações.
Como já foi dito, criança e o adolescente foram para esse relatório, elementos de reflexão e de
preocupação relacionadas ao acolhimento das mesmas nas sociedades. A Educação, nesse
sentido, tem uma participação efetiva e para identificar o conjunto das suas missões,
organizou-se em quatro aprendizagens fundamentais que servirão de base para os indivíduos.
Portanto, aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser,
trazem em suas bases uma regra geral de orientação para o ensino formal. O objetivo de se
destacar esses quatro “pilares” da Educação para a comissão, é que possam pelos menos, ser
objeto de atenção igualmente por parte do ensino e referencial para o mundo.
Começando pelo aprender a conhecer, tem-se como principal característica o
domínio do conhecimento, não só aquele pertencente a um repertório de saberes, mas também
os que são considerados meio ou finalidade de vida. Segundo o relatório o conhecimento sem
utilidade imediata desaparece em detrimento do conhecimento dos saberes utilitários, isso
significa que uma tendência ao prolongamento na escolaridade, ao mesmo tempo que os
adultos podem apreciar melhor, em seu tempo livre as alegrias do conhecimento e da
pesquisa individual.
O que se deve enfatizar nesse pilar é que numa multiplicidade de conhecimentos
da sociedade atual, é inútil tentar conhecer tudo, mas a especialização, também não pode
excluir a cultura geral.
Um espírito verdadeiramente formado, hoje em dia, tem necessidade de uma
cultura geral vasta e da possibilidade de trabalhar em profundidade determinado número de
assuntos. Deve-se, do princípio ao fim do ensino, cultivar, simultaneamente, estas duas
tendências” (DELORS, 2004, p.47).
O especialista pode correr o risco de se fechar para os demais conhecimentos e
também sentir dificuldades em cooperar diante de algumas situações que lhes solicitem. No
entanto, quando o conhecimento cultural ocorre, abrindo espaço para a inserção dos diversos
saberes, pode-se encontrar pontos de encontro de diversas áreas disciplinares.
Aprender a conhecer está diretamente relacionado ao exercício da atenção,
memória e pensamento, cada uma dessas funções tem as suas devidas importância na vida do
homem desde a infância. Assim, a atenção ao jovem condições de descobrir, levando ao
aprofundamento da apreensão de forma duradoura. A memória, por sua vez, deve ser
34
cultivada, cuidadosamente, para não ser submergida pelas informações instantâneas
difundidas pelos meios de comunicação social. Por fim, deve-se priorizar o exercício do
pensamento, que segundo o relatório, inicia-se na criança pelos pais, em seguida pelos
professores.
O processo de aprendizagem não deve ser interpretado como algo que se encerra,
pois o homem aprende durante toda a vida, desde a mais tenra idade.
O segundo pilar trata do aprender a fazer, algo que está associado ao aprender a
conhecer. Esse saber está diretamente relacionado a formação profissional, pois é com a
aprendizagem no fazer que o aluno pode colocar em prática seus conhecimentos.
Vale ressaltar que esse pilar não pode continuar a ter um significado simples de
preparar alguém para uma tarefa material. Vive-se numa sociedade assalariada, onde o
trabalho manual vem cada vez mais sendo substituído pela máquina acentuando-se o caráter
cognitivo. Assim, o futuro dessa economia depende da capacidade de transformar o progresso
dos conhecimentos em inovações geradoras de novas empresas e empregos. Cada vez mais as
exigências aumentam em matéria de qualificação, as tarefas de produção mais intelectuais,
que exigem mais da mente humana são essenciais para o controle das máquinas.
Uma das missões da Educação, baseada na discussão da Comissão “é a
transmissão do conhecimento sobre a diversidade da espécie humana, e por outro, levar as
pessoas a tomar consciência das semelhanças e da interdependência entre todos os seres
humanos do planeta.” (p. 102) Diante dessa afirmação o pilar do “aprender a viver juntos,” é
um grande desafio, pois é diante de um mundo competitivo e baseado numa atividade
econômica no interior de cada país que se manifesta o sucesso individual.
Para a Comissão não seria uma solução adequada, apenas, pôr em contato
membros de grupos diferentes, o ideal é promover a esses grupos um ambiente de contexto
igualitário com objetivos de trabalho e projetos comuns, a fim de dar lugar a cooperação e,
até, a amizade.
Quanto ao pilar aprender a ser o relatório de Delors afirma que: desde a primeira
reunião, a Comissão reafirmou, energicamente, um princípio fundamental: a educação deve
contribuir para o desenvolvimento total da pessoa espírito e corpo, inteligência,
sensibilidade, sentido estético, responsabilidade pessoal, espiritualidade (UNESCO, 2004,
p.99).
35
O que mais importa neste pilar é preparar o aprendiz não para sociedade, mas dar-
lhe referências intelectuais para lhe ajudar na compreensão do mundo que o rodeia e como
comportar-se nele.
Para tanto é de fundamental importância que todos esses tipos de aprendizagem
sugeridas pelo relatório tenham como base uma aprendizagem significativa.
Nesse sentido vale retomar, em especial, o pilar do aprender a fazer, na medida
em que este estudo se refere às Tecnologias da Informação e Comunicação como recursos
utilizados no processo de aprendizagem. Relacionado a este pilar, a Educação se apresenta
diante de um desafio quando professores e alunos precisam aprender a fazer e a conhecer
esses novos elementos que se inserem no processo educativo. Assim, transformar as
informações, que adentram o cotidiano das pessoas, em conhecimento útil, é de extrema
necessidade nos dias atuais. Aprender a fazer, é nesse sentido, para a Educação, usar da
melhor forma as tecnologias digitais tornando-as em ricos recursos no ambiente escolar.
Professores, alunos e demais sujeitos envolvidos neste contexto, quando aprendem a fazer e a
conhecer, tornam seu aprendizado significativo.
Para tanto, todos os pilares anteriormente apresentados, não podem estar
desvinculados desse tipo de aprendizagem, elemento de grande relevância para discussão
neste estudo.
David Ausubel (1980) contribui positivamente ao tratar da categoria de
aprendizagem significativa, que acontece quando a aprendizagem faz sentido para o aluno.
Assim, são duas as condições básicas para que ela ocorra: disposição do discente para
aprender e o material didático de cunho significativo.
Para mostrar de forma detalhada o processo de como a aprendizagem significativa
ocorre, Ausubel (1980) fala da importância da estrutura cognitiva, “conjunto de resultados das
experiências da aprendizagem de uma pessoa, que se organizam num conglomerado
hierárquico de conhecimento”. Assim, quando se tem acesso a uma nova informação, esta se
soma a um conhecimento prévio, estabelecendo assim a aprendizagem.
O aprendizado significativo acontece quando uma informação nova é adquirida
mediante um esforço deliberado por parte do aprendiz em ligar a informação nova com
conceitos ou proposições relevantes preexistentes em sua estrutura cognitiva. (AUSUBEL et
al., 1978, p. 159).
36
Esse ponto de junção entre o novo conhecimento e o velho, Ausubel chama de
âncora ou de conceito subsunçor.
Essa teoria é relevante para esta dissertação, por se considerar as TIC, dentre
muitas das suas possibilidades, ser um meio de apresentar o novo conhecimento de forma
ampla, denominado por Ausubel como Organizadores Prévios.
Organizadores prévios são materiais introdutórios apresentados antes do
material a ser aprendido em si. Sua principal função é de servir de ponte
entre o que o aprendiz já sabe e o que ele deve saber a fim de que o material
possa ser aprendido de forma significativa. Facilitam a aprendizagem na
medida em que funcionam como "pontes cognitivas" (AUSUBEL, 1978,
p.41).
É importante destacar as TIC nesse momento, por que as imagens, hipertextos,
sons, elementos da multimídia em geral, e a rede mundial de computadores, podem
perfeitamente, incrementar o primeiro momento da aprendizagem por parte do aluno.
Desta forma, aprender significativamente necessita de uma contextualização do
conhecimento a ser trabalhado e a verificação da estrutura cognitiva dos discentes referente a
esse conhecimento.
Quando o aluno se depara diante de uma informação que o impossibilita de fazer
relação com o conhecimento prévio que possui, esta informação pode ser aprendida de forma
mecânica, o que caracteriza as memorizações e prática de exercícios repetitivos.
O que se almeja, diante desse fato, na escola tida como moderna, é que a
aprendizagem significativa prepondere a aprendizagem mecânica. Pois, somente a primeira,
poderá dar condição ao aluno de refletir sobre suas ações e conhecimentos adquiridos.
Nesse sentido faz-se necessário uma ação consciente da realidade atual, que
questione de fato a necessidade real de um determinado conhecimento bem como, dos
objetivos que se almeja.
2.1 O Relatório da UNESCO e o impacto das novas tecnologias
As Tecnologias da Informação e Comunicação foram tema de reflexão para a
Comissão Internacional sobre a Educação para o século XXI. Visto que boa parte dos
sistemas tecnológicos como: televisão, gravação audiovisual, informática, transmissão de
37
sinais eletrônicos invadem parte dos lares do mundo industrializado, as pessoas, cada vez
mais, se apoderam desses recursos independente do tipo de país que habitam.
A vantagem que o relatório vislumbra em relação a utilização das TIC no contexto
educacional está em assegurar uma melhor difusão de saberes e aumentar a igualdade de
oportunidades. Recursos como o computador e sistemas multimídias permitem traçar percurso
individualizados em que cada aluno pode progredir de acordo com o seu ritmo. Para a
Comissão a interatividade auxilia o aluno no aprofundamento de alguns aspectos de assuntos
tratados na aula.
Nesse sentido, sabe-se que para essa realidade ser vivenciada por grande parte da
humanidade, o aspecto financeiro, social e político deve ser uma das principais preocupações
do Estado e das Organizações Internacionais. Vale ressaltar as desvantagens dos países
subdesenvolvidos por possuírem menos recurso financeiro e capacidade tecnológica.
Uma espécie de “compreensão” tecnológica parece ser a solução em muitos casos:
não é necessário que os países em desenvolvimento passem, sucessivamente, por todas as
etapas percorridas pelos países desenvolvidos e terão, muitas vezes, vantagem em optar logo
pelas tecnologias mais inovadoras. A formulação de políticas de difusão nos países em
desenvolvimento representa, pois, um desafio para a educação e exige estreita cooperação
entre empresas, governos e organizações internacionais.
Assim, a comissão atribui à Educação um papel significativo no desenvolvimento
dos indivíduos e da sociedade. Pode-se destacar nessa atribuição, também, o papel importante
do professor que segundo a discussão, é crucial para preparar o jovem a construir o seu futuro.
Além disso, o professor tem um papel determinante na formação de atitudes, sejam elas
positivas ou não, perante o estudo. Professor é agente de mudança e elemento importante para
melhorar a qualidade da educação, pois, segundo a Comissão, é preciso melhorar a sua
formação para que a mudança ocorra.
Para melhorar a qualidade da educação é preciso, antes de mais nada,
melhorar o recrutamento, a formação, o estatuto social e as condições de
trabalho dos professores, pois estes poderão responder ao que deles se
espera se possuírem os conhecimentos e as competências, as qualidades
pessoais, as possibilidades profissionais e a motivação requeridas
(UNESCO,2004,p.153).
Não é diferente quando se trata do uso das TIC. Para a Comissão, a formação
contínua de professores é quem poderá dar-lhe verdadeiro domínio destes novos instrumentos
38
pedagógicos. Os professores devem ser sensíveis às mudanças que as TIC provocam, também,
nos processos cognitivos.
se faz necessário uma nova forma de alfabetização, chamada de “Alfabetização
informática” necessária para se chegar a uma verdadeira compreensão do real.
Fala-se atualmente, num novo compromisso educacional, onde a frase mais
comum é formar para a cidadania. Cidadania esta que envolve os mais diversos aspectos da
vida humana, social e principalmente aponta para o aspecto do trabalho. Sabe-se ainda, que
quando se trata de uma sociedade em que o modo de produção é o capitalismo, muitas são as
atividades, intenções e programas especiais educacionais que contribuem para atender a
realidade de uma sociedade pós-industrial. Por conta disso, pode-se verificar uma estreita
relação entre Trabalho e Educação. Não se aprofundará essa discussão por fugir do escopo
desta dissertação.
Para quem deseja discutir a utilização das Tecnologias da Informação e
Comunicação no ambiente escolar, faz-se necessário identificar o meio social em que esses
novos recursos tecnológicos se inserem para poder entender sua importância no aspecto
educacional. Portanto, quando se observa esse poder de auto transformação característico da
sociedade industrial, pode-se identificar as tecnologias como produto humano de trabalho e
conhecimento favorecendo a essas modificações. Aqui, também é imprescindível chamar
atenção para o tipo de apropriação de tecnologia que se quer discutir.
Segundo Álvaro Pinto (2005) a tecnologia possui duas noções atuais, uma
essencial e outra confusa. Mais do que aparatos tecnológicos, mais do que evolução da
técnica, a tecnologia deveria ser compreendida de forma única tanto para estudiosos, filósofos
quanto para o técnico. Para este estudo, essa compreensão é indispensável, uma vez que ao
lidar com tecnologias em sala de aula e fazer dela um uso significativo na produção de
conhecimento, é necessário olhar a tecnologia de um ângulo no nimo, capaz de se entender
o porquê e como se apropriar desses recursos na realidade social atual. Entender a tecnologia
diferente de sinônimo de técnica é ir além do sentido mais freqüente e popular da palavra.
Ao analisá-la, de acordo com Álvaro Pinto (2005), a técnica como ato produtivo é
quem origem as considerações teóricas. Na ciência tecnológica, ela é o seu objeto de
estudo. E nesse caso a técnica é a responsável em configurar um dado que é produto da
percepção humana. Esse mesmo dado se materializa em forma de instrumentos e máquinas,
volta ao mundo em forma de ação e entregue à transmissão cultural.
39
Assim, é necessário a consciência crítica e perceber a tecnologia em sua
totalidade.
A consciência crítica é aquela que toma consciência de seus determinantes no
processo histórico da realidade, sempre, porém apreendendo o processo em totalidade e não
considerando determinantes os fatores correspondentes aos interesses individuais privados
(PINTO, 2005, p. 222).
Por conta disso não se pode visualizar a tecnologia e muito menos o processo de
explosão tecnológica de forma ingênua. Para Álvaro Pinto (2005) as deficiências dessa
percepção do mundo é a ausência de sensibilidade histórica, aliada à impressão, à primeira
vista, levada a absolutizar o presente. No caso do Brasil, país caracterizado como periférico,
segundo Santos (2003), a sua dependência no âmbito econômico, cultural, político, social em
meio ao processo de globalização e a sua relação com outras nações, mostra-nos quão grande
é a aceitabilidade de novas tecnologias nos diversos setores constituintes do nosso país. Aqui,
a tecnologia (refiro-me a produtos eletrônicos e maquinarias em geral) chega como algo que
vem amenizar o atraso tecnológico da nação. Como diz Álvaro Pinto (2005) ao receber um
produto de exportação, este passa, imediatamente, a ser incorporado ao processo nacional.
O que se desconhece, ou pelo menos não se faz questão de discutir é que o país
acaba chamando para si uma força de exploração e se submete a perda ou diminuição de sua
soberania.
Acontecerá então que, em vez do desejado e fecundo fator incentivador de
potencialidades internas, chamará sobre si,como rãs que outrora pediram um
rei a Júpiter, uma força de exploração e drenagem dos recursos, dando em
resultados a diminuição, quando não a completa perda da sua
soberania.(PINTO, 2005, p.269).
O fato é que antes de aceitar instantaneamente as inovações tecnológicas dos
países centrais, o ideal seria que os países dependentes tivessem o poder de escolha e
analisassem de forma clara onde e por que incorporar determinadas tecnologias em seu meio
social.
O poder de decisão na escolha, manutenção e direção da tecnologia, não
quanto à origem, mas igualmente quanto à natureza dela, constitui o traço
mais significativo para comprovar a posse da autoconsciência pelo país
subdesenvolvido. Não é qualquer tecnologia, identificada à técnica que lhe
convém, nem mesmo aquela representativa do grau mais elevado do
40
desenvolvimento produtivo do momento. Compreender este primeiro axioma
constitui o passo inicial da transformação da consciência dirigente dos povos
por ora menos avançados (idem).
Como exemplo prático de uma situação como essa podemos trazer a cidade de
Bangalore na Índia, descrita pelo jornalista Friedman (2005) em seu livro O Mundo é Plano.
Dentre suas narrativas, apresenta como o povo da Índia trabalha para as multinacionais
norte-americanas, funcionários de call centers. É claro que o intuito deste jornalista é
descrever a inserção das tecnologias da informação e comunicação pelo mundo demonstrando
o “achatamento do planeta”.
Sabe-se que não é sua intenção fazer nenhuma análise sociológica, porém, ao
deparar-se com situações como essa da relação de um país de tecnologia mais avançada com
um país em desenvolvimento, pode-se observar que se este, tivesse incentivo do seu próprio
governo e preparação adequada para atender a demanda social, haveria uma situação
favorável e de incremento nos vários setores do país.
O que se quer chamar atenção diante desses relatos é que a visão crítica de
inserção de certas tecnologias por parte dos países periféricos é de extrema importância, uma
vez que o aspecto educacional do mesmo será diretamente atingido.
Ao se fazer um paralelo dessa discussão com a Educação, pode-se perceber que da
mesma forma que os países em desenvolvimento absorvem tecnologias de outros países sem
um senso crítico e sem uma avaliação adequada para a sua realidade, a Educação, a escola
propriamente dita, investe em tecnologia sem, no entanto ter consciência adequada para o uso
da mesma.
Nasce dessa discussão um questionamento sobre o que de fato as Tecnologias da
Informação e Comunicação podem contribuir no processo de ensino e aprendizagem. Brunner
(2004) fala que da relação Educação e TIC nascem esperanças misturadas às frustrações. O
que se pode observar diante disso é que o Governo mede a sua sintonia com a sociedade da
informação de acordo com o número de escolas com internet e quantidade de computadores
por alunos. Nesse contexto os professores precisam cada vez mais se adaptar às novas
exigências, os empresários oferecem produtos, serviços, marcas, experiências e ilusões sendo
todos esses fatores grande contribuição para o fortalecimento da indústria educacional.
(BRUNNER, 2004, p.18).
41
Numa nova perspectiva de educação, sabe-se que os elementos diretamente
responsáveis pela formação do homem e da mulher, passam, ou pelo menos precisam passar,
por adaptações e mudanças coerentes com a realidade, e por conta disso, a escola, o professor
e o estudante devem adquirir um novo perfil. Sendo assim, setores governamentais, também
precisam proporcionar condições de mudanças.
Estabelecer políticas nacionais para o planejamento e a aplicação de
programas de integração das TIC na educação pública é uma
responsabilidade que envolve não o setor educativo como também outros
setores governamentais. Por esse motivo, é preciso uma organização
interdisciplinar em nível nacional que tome decisões, planifique e coordene
sua instrumentação (MARTINEZ, 2004, p.99).
Como o objeto de estudo desta discussão se dá numa realidade educacional
particular, tem-se como reflexão que o gestor, juntamente com sua equipe de professores,
possam ter discernimento da necessidade de se utilizar determinados recursos tecnológicos,
afim de não correr o risco de se submeter ao modismo de época sem conhecimento crítico
acerca do que usam.
O ideal, seria que gestor, professores, pais e estudantes tivessem em seu projeto
pedagógico a especificação da necessidade e utilidade de determinados recursos referentes às
TIC no processo de ensino e aprendizagem. Enquanto que na rede pública um
envolvimento de vários setores, inclusive os agentes educacionais responsáveis diretamente
pelo processo de ensino, na rede particular o envolvimento dos principais responsáveis e a
decisão da utilização das TIC é determinado, quase sempre, pela condição financeira do
gestor.
2.2 O Computador no ambiente escolar
Desde a década de 80 que os computadores pessoais passaram a ser
comercializados. Num primeiro momento eram utilizados apenas com a função de processar
informações. Com o passar do tempo, em se tratando de ambiente escolar, o computador além
de outras inúmeras funções passou a ser discutido como um auxiliar no processo ensino-
aprendizagem.
Muitas escolas particulares na cada de 80 e 90 passavam a ganhar título de
escola moderna por apresentar, em seu currículo, aulas de Introdução a Informática. Nesse
42
contexto os estudantes, principalmente os de ensino fundamental usavam os computadores em
aulas extras. Após essa nomenclatura surge a Informática na Educação com um outro
propósito, uma outra concepção. Nesta, o professor da disciplina era capaz de alternar suas
atividades tradicionais e atividades que utilizavam o computador (VALENTE, 2002).
Pode-se destacar que, neste momento, começam os primeiros contatos de
professores e estudantes com as TIC. O computador passa a ser um dos primeiros
instrumentos da Tecnologia da Informação e Comunicação no ambiente escolar, exigindo
novos conhecimentos e se apresentando como um grande desafio para todos.
O Brasil sofria influência principalmente da França e dos Estados Unidos,
conforme afirma Valente:
A informática na Educação, no Brasil, nasceu a partir do interesse de
educadores de algumas universidades brasileiras motivados pelo que já vinha
acontecendo em outros países como Estados Unidos da América e França.
Em 1971, a Primeira Conferência Nacional de Tecnologia em Educação
Aplicada ao Ensino Superior (I CONTECE), realizado no Rio de Janeiro, E.
Huggins, especialista da Universidade de Dartmouth, EUA, ministrou um
seminário intensivo sobre o uso de computadores no ensino de Física
(Souza, 1983). Em 1982, no I Seminário Nacional de Informática na
Educação, realizado em Brasília, Mme. Françoise Faure, encarregada da
Área Internacional da França, ministrou uma das duas palestras técnicas do
evento, - a outra foi ministrada por Flix Kierbel, Diretor do Centro e
Educação da Argentina (Seminário Nacional de Informática na Educação 1 e
2, 1982). (VALENTE, 2002, p.5).
Pode-se refletir neste momento acerca do que se vem discutindo sobre a
inserção de tecnologias em países subdesenvolvidos. Conforme se falou anteriormente, eis
aqui mais um exemplo. O da Índia, que estava relacionado exclusivamente no aspecto de
trabalho e financeiro com o surgimento de call centers, enquanto que no Brasil, tem-se o
exemplo de inserção de novas tecnologias no âmbito educacional. Acredita-se que numa
extensão geográfica significativa do território brasileiro, onde dificuldade até de se chegar
à escola, caso pico das comunidades ribeirinhas do Amazonas, muitas outras coisas ainda
eram prioritárias na educação brasileira antes do computador.
A necessidade do computador na escola como meio de auxiliar o aprendizado nos
Estados Unidos era diferente da França. O Brasil, como em outros tempos, traz para a sua
realidade uma necessidade que não era diretamente sua e nem tão imediata como a dos países
citados. O fato é que ao incorporar uma nova realidade, acredita-se que não houve toda uma
reflexão precisa e crítica como sugere Álvaro Pinto (2005) e, em muito pouco tempo, o
43
computador veio fazer parte da realidade de uma nação que ainda caminhava a passos lentos
para uma Educação dita moderna.
Por outro lado, sob à luz da discussão de Beck(1997), a reincorporação e
desincorporação de formas sociais características da sociedade industrial influenciam
diretamente a Educação. Portanto, identificar historicamente a chegada do computador no
ambiente educacional brasileiro, permite, no mínimo, conhecer a origem da influência no País
e refletir sobre a realidade da época e as intenções dos países influenciadores de um novo
aspecto educacional.
Hoje, a realidade nos permite verificar como computadores, internet, quadros
digitais, retroprojetores multimídias, DVDs, vídeos, softwares educativos e demais elementos,
embora ainda pertencentes a uma realidade educacional pequena em nosso país, vêm fazendo
parte do cotidiano escolar de muitas escolas sejam elas particulares ou públicas.
No caso das escolas particulares, pode-se detectar o investimento cada vez maior
em tecnologias específicas para o ambiente escolar. Por isso, computadores, softwares
educativos e demais elementos ganham espaço na escola, nas salas de aula e no cotidiano de
professores e alunos.
Uma vez presente na escola, o computador passa a ser instrumento de transmissão
de informação que segundo Valente se quando:O computador assume o papel de máquina
de ensinar e a abordagem pedagógica é a instrução auxiliada por ele. Essa abordagem tem
suas raízes nos métodos tradicionais de ensino, porém em vez da folha de instrução ou do
livro de instrução, é usado o computador (VALENTE, 2002, p.2).
Observa-se que o fato de se inserir computador na escola não é suficiente para
caracterizá-la como moderna, isso se estiver se tratando de modernidade frente a novas
concepções de Educação. Diferente do modelo tradicional de ensino, o computador pode ser,
ainda, auxiliar na produção de conhecimento que também, de acordo com Valente, se
quando! O computador passa a ser uma máquina para ser ensinada, propiciando condições
para o aluno descrever a resolução de problemas, usando linguagens de programação, refletir
sobre resultados obtidos e depurar suas idéias por intermédio da busca de novos conteúdos e
novas estratégias(idem).
Há, segundo Valente, desafios a serem superados quanto ao uso do computador
em sala de aula. Um é referente à forma como se e utiliza o computador no processo de
44
ensino e aprendizagem, um outro está voltado à forma de como o professor deve atuar e um
terceiro, ainda, em relação ao papel da informática.
No primeiro, o computador deve ser visto como uma nova forma de representar o
conhecimento, possibilitando a busca e compreensão de novas idéias e valores. No segundo,
não deveria fazer mais parte da formação do professor a preocupação de apenas passar
informação, mas, propiciar a vivência de uma experiência que contextualiza o conhecimento
que ele constrói. Por último, a Informática deveria atuar como auxiliar no processo de
construção do conhecimento. Como se pode verificar, a Informática na Educação está muito
além do que montar laboratório de informática na escola.
Em relação a formação do professor, cabe neste momento, falar da importância de
uma formação ampla e profunda. Infelizmente sua formação não tem acompanhado a
evolução tecnológica. Isso se devido à dificuldade das mudanças pedagógicas assimilarem
e serem implantadas na escola; e outro fator está na velocidade das mudanças tecnológicas, no
caso do conhecimento técnico propriamente dito, que cria uma gama de possibilidades de uso
do computador, exigindo muito mais dessa formação do professor, o que acaba paralisando
o (VALENTE 2002).
O que se sabe é que a Educação vem enfrentando em escala mundial um período
de mudanças, e que nos países subdesenvolvidos alguns desafios a serem superados. Para
Martinez (2004), um deles é responder à demanda de acesso universal à Educação, também
oferecer uma educação que considere a diversidade cultural e as necessidades de
desenvolvimento das comunidades. Nesse sentido, as TIC vêm adquirindo um papel
relevante, porém, é importante frisar que as mesmas não equacionam os problemas estruturais
da Educação.
A introdução de novas tecnologias no campo da educação não pode
pretender resolver e acabar de uma vez por todas com os problemas
educativos de sempre, mas pode introduzir melhorias no âmbito de uma
reforma educacional completa e de uma política nacional que as integre de
forma pertinente (MARTINEZ, 2004, p.96).
Não se pode deixar de frisar que as TIC não são a internet, mas que essas,
juntamente, com as tecnologias convencionais se completam. Cada recurso possui uma função
específica, que segundo Martinez (2004), devem ser avaliadas pelos docentes.
45
Dessa maneira, pode-se concluir que qualquer experiência com o uso das TIC na
Educação devem ser criticamente analisada porque cada sociedade, cada escola possui uma
realidade específica. Mesmo assim, ainda há pouca discussão acerca do impacto que as
tecnologias vêm causando na educação.
Conforme se relatou, o propósito desse estudo é mostrar a realidade de uma
escola particular de Aracaju-SE, que vem investindo anualmente em diversos recursos
tecnológicos com o objetivo de enriquecer o processo de ensino e aprendizagem.
O importante a destacar nesta discussão é que, embora haja um grande interesse
em investir em tecnologia educacional, os agentes envolvidos diretamente no processo de
aprendizagem, devem pelo menos saber qual a sua necessidade e como atendê-la.
Não podemos esquecer os fins últimos a que a escola serve nem o papel que
desempenham na construção da sociedade. Infelizmente, durante anos
estivemos introduzindo tecnologias na sala de aula num processo que
primeiro identifica aquelas que estão disponíveis e então tenta definir
como podem ser utilizadas na prática escolar. No entanto, para obter
resultados ótimos, é necessário inverter essa operação, ou seja, determinar
primeiro o que queremos que aconteça na sala de aula e depois identificar as
tecnologias que sejam mais pertinentes para potencializar, simplificar e
melhorar os processos de ensino e aprendizagem. Dessa maneira os docentes
e estudantes ficam situados no centro do processo e a tecnologia como
recurso coadjuvante (MARTINEZ,2004, p.97).
Como se pode observar a utilização das TIC num ambiente escolar significa muito
mais que a presença de certos elementos de hardware e produtos de software ocupando
espaço em ambientes de aprendizagem. Também, como diz Martinez (2004), o problema não
está no suporte da informação, mas no modelo de sociedade em que essa informação circula e
o serviço da qual se coloca.
Para que a inserção das TIC aconteça da forma como se vem falando desde o
início deste capítulo, ou seja, de forma crítica, consciente e com a devida identificação da sua
necessidade, alguns programas para a incorporação das TIC devem ser elaborados com a
participação de no mínimo, o(s) professor (es), gestor (es) administrativo(s) e pedagógico(s),
embora o ideal fosse que pais e estudantes também participassem de decisões importantes
como essa no ambiente escolar.
Uma vez decidida que as TIC devem fazer parte do processo educacional, alguns
elementos também devem ser levados em consideração na hora da elaboração desses
programas, dentre eles: equipamentos, conectividade, desenvolvimento profissional docente,
46
conteúdos digitais e novas práticas educativas. Concordando com o Martinez (2004), isso é
imprescindível.
Para se entender a importância de cada elemento desse faz-se necessário uma
discussão pontual, para que assim seja possível, mais à frente, identificar no campo de estudo
dessa pesquisa, todos esses elementos em destaque. Vale relembrar que o campo de estudo
acontece numa escola da rede particular de ensino na cidade de Aracaju-SE.
Um dos fatores determinantes para a inserção das TIC no ambiente escolar é de
ordem financeira. Teoricamente, após a discussão da verdadeira necessidade de inserção das
TIC, parte-se para a aquisição das mesmas e a questão financeira torna-se também,
determinante. Sendo assim, o aparelhamento dos espaços físicos, a aquisição de tecnologias,
operação e manutenção fazem parte do setor de equipamentos de um programa para o uso das
TIC.
Quanto à conectividade, Martinez(2004) enfatiza que seja por linha telefônica
banda larga, satélite ou outras alternativas, pois a conexão de qualidade à Internet é
fundamental na introdução das TIC na escola. Sabe-se que isso gera custo, e muito alto, no
investimento de eletricidade e telecomunicações, portanto, a escola, seja ela pública ou
particular, deve levar em consideração que uma nova realidade financeira também se faz
presente no momento em que se decide conectar-se à rede mundial de computadores. Cabe,
então, desenvolver um bom programa de informatização.
Vale ressaltar que se houver desfalque na utilização de pelo menos um desses
elementos, se pode observar alguma deficiência uma vez que eles são diretamente
dependentes um dos outros.
Assim, falar de conteúdos digitais segundo Martinez(2004) representa um desafio
para a imaginação, uma vez que suas possibilidades parecem infinitas.
Os softwares educativos, sites e portais educacionais a cada dia recebem
inovações e possibilidades específicas de acesso e utilização. Selecionar aquilo que é
adequado para uma determinada atividade e promover a aprendizagem significativa com
conteúdos digitais, necessita de, no mínimo, conhecimento da técnica didática por parte do
professor que planeja suas aulas com esses recursos e, no máximo, o seu saber crítico e
previamente selecionado de acordo com a necessidade da inserção de tais elementos em sua
didática.
47
Essa condição está diretamente relacionada à discussão dos dois últimos
elementos necessários em um programa de inserção das TIC no ambiente escolar: o
desenvolvimento de uma prática docente e as novas práticas educativas. Ambas serão
discutidas à luz das teorias educacionais de Perrenoud (2002) e Morin (2003) num tópico
específico a seguir.
2.3 O Professor e o ideal de professor
Diante de uma sociedade caracterizada pelo excesso de informação, que o acesso
a ela se de forma dinâmica através das tecnologias digitais, e que a tendência é que esse
acesso aumente cada vez mais, pergunta-se: ainda é importante buscar o saber de um
professor quando se tem disponível diversos saberes do mundo inteiro através das TIC?
Selma Garrido Pimenta (1999) faz um questionamento similar a este em um artigo
de título Formação de professores: identidade e saberes da docência. Segundo esta autora é
necessário sim a presença do professor nesta sociedade contemporânea para mediar os
processos constitutivos da cidadania dos alunos, auxiliando-os na superação do fracasso e das
desigualdades escolares.
Para Schneider (2002), e de acordo com esse estudo, esse professor deve possuir
uma nova postura inteligente de ensinar, para isso deve estimular os alunos a questionar e a
pesquisar. Dessa forma, rompe com as fórmulas prontas e cria situações onde a sala de aula
passa a ser um espaço de desequilibração do aprendiz. (pág. 94) Deve também, levar em
consideração no processo de ensino e aprendizagem o desenvolvimento cognitivo e humano,
levando em consideração as diferenças.
Diante dessa realidade é preciso repensar a formação do professor.
Seguindo essa mesma linha de pensamento, autores como Perrenoud(2002),
Antonio Nóvoa(2000), Donald Schön(2000) m discutindo sobre essa questão. Todos
apresentam em comum a real necessidade de um professor capaz de responder à atual
demanda da Educacão.
48
Sabe-se que no Brasil, nas décadas de 70 e 80 as teorias da reprodução
explicavam o fracasso escolar. Em paralelo a essa realidade, emergem as teorias referentes ao
construtivismo e ao professor reflexivo.
O que consta é que na prática se usam outras teorias diferentes das recentes
investigações escolares. Isso se dá, segundo Pimenta (1999) pela insuficiência teórica e
prática na formação do professor, seja ela inicial ou contínua. Na primeira fase de formação,
dentre os problemas encontrados estão a distância entre o currículo e a realidade, e a
impossibilidade de se dar conta de perceber a contradição presente na prática social de educar.
Na formação contínua acontecem cursos de suplência/atualização de conteúdos e programas
poucos eficientes para alterar a prática docente.
Acredita-se que seja normal e comum todo esse processo de transformação em
relação ao perfil do professor, afinal de contas, são conseqüências das transformações sociais.
Sabe-se que em termos de profissões, muitas ao longo do tempo sumiram, outras nasceram e
outras se transformaram. É nesse último contexto que está a situação do professor.
De acordo com a realidade é necessário trabalhar a identidade do professor e para
Pimenta(1999) isso implica em problematizá-la diante da realidade do ensino nas escolas.
Para tanto é de fundamental importância que os professores passem por cursos que colaborem
para a sua atividade docente. Nesse sentido espera-se dos cursos de licenciatura que sejam
desenvolvidos nos alunos conhecimentos e habilidades, atitudes e valores que possibilitem
construir o seu saber-fazer no cotidiano e a partir de uma prática reflexiva.
Um dos autores conhecidos que defendem essa teoria de prática e professor
reflexivo é Donald Schön (2000), inclusive diferencia conhecimento tácito de conhecimento
escolar relacionando-os a ação do docente. Para Schön (2000) o conhecer-na-ação está
relacionado ao conhecimento automático, rotineiro e espontâneo, o que ele chama de
conhecimento tácito. O conhecimento escolar esrelacionado a todo o conhecimento que é
aprendido na escola, conteúdos teóricos, acadêmicos, científicos.
Vale ressaltar que embora essas discussões, atualmente, realizadas sofram críticas
de outros autores, por estes interpretarem uma desvalorização do conhecimento escolar em
detrimento do conhecer-na-ação, esta pesquisadora acredita que ambos os tipos de
conhecimento são fundamentais para a formação do professor e para a formação do aluno.
Portanto, a reflexão da prática docente se faz tão necessária quanto o conhecimento
teórico/científico/metodológico, sem que nenhum se sobreponha a outro.
49
As nomenclaturas também se diferenciam de acordo com as atitudes do docente.
Perrenoud (2002) faz uma distinção entre o professor e o formador, da seguinte forma:
O professor prioridade aos conhecimentos, já o formador dá prioridade às
competências; o professor concebe a aprendizagem como assimilação de
conhecimentos, o formador concebe a aprendizagem como transformação
de pessoa; o professor adota uma postura de sábio que compartilha seu
saber; já o formador adota uma postura de treinador que orienta com firmeza
uma autoformação; o professor parte de um programa , ao passo que o
formador parte das necessidades, práticas e problemas encontrados (idem,
p.187)
Pode-se dizer que essas concepções sobre o professor e a Educação, em geral,
baseiam-se nas teorias que buscam retratar e analisar a nova realidade frente aos desafios
pedagógicos. Dentre esses desafios, cabe a todos aqueles que formam a comunidade escolar a
perspectiva de uma mudança que atenda a novas demandas sociais.
A escola talvez não tenha mudado muito nos últimos cem anos, porém,
professores e alunos tiveram mudanças um tanto significativas. Hoje, no discurso
educacional a necessidade de preparar professores para utilização das TIC, algo que
caracteriza mais um esforço de formação do que qualificação. É imprescindível, segundo
muitos teóricos modernos, que todos possuam condições em lidar com as TIC, até por conta
das próprias necessidades cotidianas e pessoais.
O fato é que poucos professores conseguem acompanhar essas mudanças, uma
vez que, segundo Ribeiro (2004), sofreram um brutal empobrecimento material e social.
Antes, até meados do século passado, professor era uma figura social de prestígio, sempre
presente em eventos importantes nas comunidades. Hoje, a grande maioria, encontra-se
desprovida de acesso a bens culturais que deveriam fazer parte do seu cotidiano.
Acrescenta-se, a partir da reflexão de Ribeiro (2004), que além dos bens culturais,
a maioria dos professores brasileiros são desprovidos de bens materiais que proporcionam
acesso a informações e conhecimento como o próprio computador. Suas condições financeiras
de comprar, até por conta do arrocho salarial que sofreu desde os anos 80 do século passado,
já não são mais as mesmas.
Portanto, para falar de formação de professor, perspectivas para a Educação e
Práticas Pedagógicas, não se pode ignorar a situação de vida atual dos profissionais da
Educação. Refletir sobre a sua formação para uma escola ideal significa, hoje algo
50
fundamental. Muitos são os teóricos que se envolvem em temas de discussão sobre a prática
do professor moderno, sem, no entanto, conhecer o cotidiano do mesmo. Acredita-se que seja
necessário observar, de forma empírica e metodologicamente, a sua prática.
Edgar Morin (2003) propõe sete saberes importantes que a escola tenha como
missão ensinar. O que mais chama atenção nesta proposta é o fato da necessidade de
surgimento da preocupação do homem com o seu planeta. Assim, o conhecimento, a sua
validade, suas incertezas, pode-se assim analisar, contribuem positiva e negativamente para o
nascimento de um novo homem. Além disso, novas atitudes, posturas em relação ao outro e à
natureza em geral, o posicionamento crítico, preocupação com a ética e a moral, são
elementos de discussão e assuntos presentes na formação de um homem que se almeja. Nesse
contexto, o professor, uma vez disposto a lidar com essas novas necessidades e características
educacionais, necessita relacioná-los com outros elementos importantes, conforme nos diz
Perrenoud (2002).
Parece-nos que os professores capazes de ensinar esses saberes devem, além
de aderir aos valores e à filosofia subjacentes, dispor da relação com o saber,
da cultura, da pedagogia e da didática sem os quais esse belo programa
continuaria sendo apenas letra morta. Quando esse tipo de proposta é
apresentado no contexto da UNESCO, podemos convidar os Estados a se
inspirarem neles, embora saibamos que eles farão o que quiserem...(idem,
p.13)
Sabe-se que propostas como essas, para que sejam colocadas em prática, depende
da luta política e dos recursos econômicos. Faz-se compreender que existe uma gama de
exigências necessárias para basear as mudanças. Assim, professor, estudante, escola, governo
e programas educacionais devem estar imbricados em um mesmo propósito. Não haverá
sucesso se apenas o professor se envolver, mesmo sabendo que ele é uma chave fundamental
no processo de mudanças. Da mesma forma, muita coisa não modificará, se somente a escola
buscar inovar e os demais agentes pedagógicos não se envolverem com novas propostas.
Outro ponto importante a ser refletido sobre as práticas educativas está na
influência que se recebe de outros países, conforme foi citado anteriormente. Seja em
teorias educacionais, seja em tecnologias, uma vez inseridos em território brasileiro, as
influências estrangeiras sofrem uma adaptação para a demanda no país. O que vale questionar
é se essa adaptação é feita de forma crítica ou não. Portanto, os brasileiros, de acordo com
Perrenoud (2002), é que definirão os objetivos da escola no Brasil e formação que se pretende
dar...
51
O pensamento e as idéias podem atravessar fronteiras, mas os brasileiros é
que definirão as finalidades da escola no Brasil e, conseqüentemente,
formarão seus professores. A questão é saber se o farão de forma
democrática ou se a educação continuará sendo, como na maioria dos países,
um instrumento de reprodução das desigualdades e de sujeição das massas
ao pensamento dominante (idem, p.11).
Pode-se questionar, nesse momento, qual o professor ideal que possa atender a
demanda social, educacional e pessoal. Para Perrenoud (2002) seria um professor no duplo
registro de cidadania e da construção de competências. Um professor, que diante de muitas
características como confiável, organizador, mediador, transmissor cultural, intelectual, fosse
também crítico e reflexivo.
Mas, onde estão as Instituições de Ensino Superior responsáveis por formar tais
professores? Essa questão deixa claro que para que essa nova formação se concretize além do
envolvimento de todos os elementos diretamente relacionados à educação formal, o fator
tempo também é importante e necessário. Até por que a Educação anda a passos lentos e, a
título de ilustração, recebe-se freqüentemente histórias pela Internet, como as da adaptação
do personagem Aristarco do livro “O Atheneu de Raul Pompéia.”
9
As reformas escolares deveriam responder e atender a pelo menos uma parte das
necessidades da educação, porém, muitas vezes fracassam e os programas que deveriam ser
aplicados de forma viável, são apenas prescritos sem o conhecimento e condições efetivas do
trabalho do professor. Infelizmente, dessa forma o risco do sucesso é quase nulo.
A situação torna-se mais preocupante quando os alunos que pretendem se tornar
professores, têm em sua concepção que basta dominar o saber e transmiti-lo. O que favorece
a uma formação quebrada, incompleta. Bom professor, não é aquele que apenas identifica e
controla situações problemas em sala de aula; ele precisa, segundo Perrenoud (2002) de uma
prática reflexiva, crítica e de apropriação de saberes teóricos e metodológicos.
O reconhecimento de uma competência não passa apenas pela identificação
de situações a serem controladas, de problemas a serem resolvidos, de
decisões a serem tomadas, mas, também, pela explicação dos saberes, das
capacidades, dos esquemas de pensamento e das orientações éticas
necessárias. Atualmente, define-se uma competência como aptidão para
enfrentar uma família de situações análogas, mobilizando de uma forma
9
Na paródia que circula pela Internet, Aristarco, um professor do período imperial no Brasil volta ao mundo
muito tempo depois e se surpreende com muitas mudanças, exceto com a escola que permanece a mesma e onde
ele finalmente se sente mais à vontade.
52
correta, rápida, pertinente e criativa, múltiplos recursos cognitivos: saberes,
capacidades, microcompetências, informações, valores, atitudes, esquemas
de percepção, de avaliação e de raciocínio (idem, 2002, p.19).
Como se sabe o domínio dos saberes disciplinares não dispensam saberes
pedagógicos e didáticos. Sendo a didática, segundo Damis (2004) considerada a arte de
ensinar que engloba em sua totalidade praticas sociais mais amplas, é claro, que somente
dominar conteúdos, não favorecerá uma boa prática pedagógica. O professor também
fundamenta o seu trabalho em outras relações, por isso deve ir além da transmissão de
conteúdos, deve estimular e permitir uma relação ativa com os alunos.
Estimular e permitir a participação ativa dos alunos em experiências de
aprendizagem que enfatizam a construção de conhecimentos, desenvolver
projetos adequados aos interesses dos alunos, da comunidade escolar e da
sociedade, utilizar novas tecnologias de informação e comunicação,
organizar trabalhos interdisciplinares e coletivos, são algumas das dimensões
enfatizadas pelo conteúdo da didática, visando à transformação da prática
educativa desenvolvida pela escola (DAMIS, 2004, p.14).
Dewey (1964) criticou em sua época a relação professor-aluno, onde o ensino
estava centralizado no professor e na transmissão de conhecimento. Para ele, a concepção de
ensino está baseada no principio de que a mente humana e a inteligência evoluem de acordo
com as situações práticas e sociais da vida. É preciso, portanto, levar em consideração os
diversos níveis de compreensão da disciplina em estudo, cabendo ao professor focalizar sua
atenção na atitude mental e nas relações dos alunos, em suas necessidades e aptidões.
Nesse caso, utilizar as TIC podem contribuir, positivamente, na didática do
professor, quando este possui um diagnóstico prévio de seus alunos em relação à sua
disciplina curricular.
Quando as TIC chegam em sala de aula e penetram na prática do professor sem a
sua consciência do porquê, o seu preparo se compara a uma aprendizagem por problemas, um
procedimento clínico em sua formação.
A formação dos professores deveria ser orientada para uma aprendizagem
por problemas para que os estudantes se confrontassem com a experiência da
sala de aula e trabalhassem a partir de suas observações, surpresas, sucessos
e fracasso, medos e alegrias, bem como de suas dificuldades para controlar
os processos de aprendizagens e as dinâmicas de grupos ou os
comportamentos de alguns alunos (PERRENOULD, 2002, p.22).
53
É sugerido, quando se trata de formação de professor, que as atividades de campo
venham trazer experiências da prática cotidiana. Assim, no seu processo formativo, o
professor aprendiz terá contato desde cedo com os problemas do cotidiano escolar. Caso se
depare com situações idênticas saberá conduzi-las ou tomar decisões para supostas
soluções.
Vale ressaltar que mesmo sendo situações vistas em período de experiências, cada
momento tem sua especificidade, e quanto a isso o professor deverá ter discernimento. Isso
pode ser comparado, por exemplo, ao período de residência médica, em que segundo
Perrenoud (2002), os residentes deparam-se com situações problemas desde o início do curso
onde são confrontados com casos clínicos. Diante dessas situações problemas, o médico em
formação toma consciência de seus recursos metodológico e teórico, estímulo para se buscar
novas teorias e práticas.
2.4 As transformações na formação docente
Segundo Ribeiro (2004) o processo de ensino e aprendizagem vem recebendo
contribuição das pesquisas de História, Filosofia, Sociologia, Psicologia e de outras áreas do
conhecimento. Porém, apesar de tanta contribuição tem mudado muito pouco a sua realidade.
Sabe-se que o ambiente escolar permanece e, embora se fale tão pouco de mudanças obtidas,
pode-se identificar no estudante e no professor algumas alterações significativas.
Quanto ao professor, como foi citado, este perdeu ao longo dos anos, recentes,
seu prestígio social. Seu salário sofreu tanta mudança a ponto de ser uma profissão que hoje
está mais voltada para o aspecto romântico do que profissional. Neste caso, observa-se até em
notícias de televisão a professora que em atitude filantrópica conseguiu arrecadar roupas,
alimentos e utensílios domésticos para a sua turma de alunos carentes.
Diante dessas alterações, refletir sobre a sua prática e formação, é fundamental
para situar a sua verdadeira missão. O estudante, por sua vez, também sofreu e vem sofrendo
metamorfoses. Uma delas está na ampliação das fontes de informação. Nos tempos atuais,
com a presença das mais diversas tecnologias presentes no cotidiano, o professor, não pode
ser considerado o dono do saber. Seja o aluno de escola pública ou particular, o acesso às
informações atualmente, acontece, na maioria das vezes independe da sua classe social. O
contato com o computador e, através dele, a internet, a própria televisão que também nos
54
favorece ao processo de desterritorialização e demais elementos contribuem para os mais
diversos contatos com informações, algo quase impossível antigamente. Outro fato
característico, ainda segundo Ribeiro(2004) é, hoje, o aluno se apropriar dos processos de
socialização num espaço diferente do familiar.
Pode se dizer que, em meio a essas mudanças e neste contexto, aumenta a
responsabilidade do professor. De repente, essas responsabilidades podem explicar um pouco
do que se apresentou acima, sobre as características de filantropia no perfil de alguns. O que
se pode afirmar é que na maioria dos casos não podem ser identificados como os-que-
transmitem-conhecimento, mas, os que ainda, muito lentamente, buscam ser os-que-
constroem-conhecimento numa relação harmoniosa ideal entre docentes e discentes.
Para Ribeiro(2004) é possível que os professores transformem o seu próprio
processo de mudança e aceitabilidade da diversidade.
Podemos ocupar-nos positivamente de resolver esse que pode ser um
dilema e olhar para a nossa própria prática como professores (futuros ou
atuais, em formação continuada) como inspiração e modelo; podemos
transformar o nosso próprio processo e viver a busca da diversidade e do
respeito à pluralidade na nossa prática docente, na forma como pensamos as
nossas aulas, os nossos procedimentos avaliativos, os nossos paradigmas e
tabus com relação à realidade de dinâmica, viva e mutuamente que é a escola
(idem, p.119).
Ser maleável e flexível é, portanto uma característica indispensável para o perfil
de um professor que atue nos tempos modernos, contemporâneos e atuais. Para essa formação
são necessários novos modelos e propostas educativas, que partam da situação efetiva diária
do professor, que possam receber apoio das políticas públicas que cheguem na escola de
forma democrática e não num sentido vertical de cima para baixo.
É preciso, como assim diz Ribeiro (2004) que as reformas educacionais possuam
princípios de sustentação, ou seja, que parta da realidade da prática de ensino da forma mais
concreta possível.
Esses princípios estão diretamente relacionados às competências para ensinar no
século XXI. Assim, o conhecimento está pautado em sua ação pedagógica apoiada de acordo
com Ribeiro (2004), na observação sistemática de como seus educandos modificam o que os
agentes da sua educação quiserem-ensinar-lhes.
Se a escola precisa mudar, o professor é o eixo central dessa transformação, ele é
o protagonista dessas alterações que se pretende fazer e portanto, não é uma mudança que a
55
necessidade social impõe, mas uma mudança primeiramente individual, interna, para se
atender a necessidade social. Dessa forma, o professor precisa ser mais que um pesquisador e
articular as pesquisas produzidas com a sua prática pedagógica na realidade. Para Ribeiro
(2004), e com total concordância para este estudo, esses são requisitos importantes para o
caminho da autonomia.
Outro fator relevante desses princípios está na possibilidade da troca de
informações e experiências entre educandos. Uma das sugestões para aplicação desse
princípio é disponibilizar na escola espaços adequados para esse contato entre professores,
veteranos, novatos e em formação. Mais do que troca de experiências, possivelmente haverá
troca de conhecimento, elemento indispensável para o professor nos seus mais diversos
aspectos.
O professor forma-se durante a vida, inclusive nos cursos de formação. Ribeiro
(2004) ao afirmar esse princípio de sustentação para a formação do professor, faz uma
analogia com um atleta remador, que tem em suas mãos o instrumento de mudança de
percurso, basta saber para onde e quando chegar.
Se o professor se forma durante a vida, é por que se permite aprender diante das
inúmeras situações ocorrentes ao longo da sua vida profissional. Acredita-se que o mesmo
ocorra para aqueles que não estão dispostos às mudanças e, ainda, se fecham às alterações
corriqueiras e naturais da sociedade. Vale ressaltar que ter lemes nas mãos é usufruir de
condições que lhes permitem agir e transformar. Uma vez professor responsável em formar
professor, é muito importante ter em mente que o aluno ensinará como seu professor o
ensinou.
A formação de professores passa necessariamente por uma revisão da nossa
própria prática docente. Somos referência para nossos alunos não nos
conteúdos que administramos com competência e habilidade diante deles;
não nos assuntos que nos empolgam e dos quais dizem sermos
“especialistas”. Somos referência para nosso alunos na forma de ensinar e de
estar diante de alunos, na forma de avaliar, na forma de tratar iguais diversos
dialogando com sabedoria com a pluralidade, que nos coloca o desafio de
tratar em de igualdade seres que são, por definição, indivíduos
únicos.(RIBEIRO,2004, p.123).
Nesse sentido, muitos são os testemunhos de discípulos que se destacaram a partir
da observação da prática do seu professor. Sócrates, Platão, Aristóteles servem de ilustração.
Mesmo que as palavras independência, autonomia e liberdade, em alguns momentos
56
caracterizem chavões de discurso ideológico e utópico para determinadas realidades, podem
fazer um efeito significativo na prática daqueles que se pretende formar. Basta relacioná-los
aos objetivos de ser professor, ou seja, formador de opiniões, (mesmo que tenha que dividir
com outros elementos formadores), profissional capaz de estar em construção constante de
conhecimento e promover a busca da autonomia do seu educando.
Jovens que possam se formar em cursos que motivem o pensar próprio, que
motivem a busca própria de soluções e inovações, terão com certeza mais
chance de alcançar a felicidade e a realização nas suas salas de aula e na
vida. Como o alcance da nossa atuação como formadores de professores
atinge, indiretamente, outros alunos (crianças e jovens, na maioria das
vezes), podemos imaginar que essas sementes de independência, autonomia e
libertação cresçam e frutifiquem entre aqueles que poderão ser nossos alunos
daqui a dez, quinze anos. (idem,p.124)
Para contribuir na transformação da realidade educacional, o papel do professor é
fundamental , eles devem atuar como atores plenos dessas mudanças e terem consciência da
sua grande importância para o estudante, para a família, para a escola e principalmente para
ele mesmo. Continuar estudando pode ser ainda uma boa solução, pois como diz Demo
(2005)
Na sociedade aprendente possivelmente os diplomas se tornarão provisórios,
no sentido de terem prazos de validade. A atualização permanente fará parte
da vida das pessoas, já que é impensável manter-se profissional sem refazer
o exercício profissional e que, por vezes, poderá incluir mudanças pura e
simples de profissão. Profissional acabado desaparece e entra em cena o
profissional sempre a caminho (idem, p, 36).
Pode-se concluir este capítulo falando da educação que se pretende ou do
professor que se deseja. Mas, refletir sobre ambos, nos traz condições de identificar aquilo
que não se quer como modelo ou paradigma educacional.
Que o professor é importante, isto não se pode negar; que o aluno não é o
mesmo, também. O que se precisa é de condições políticas, pedagógicas que assegurem a
formação de um bom professor que se baseie numa mudança significativa na Educação.
Diante dessa discussão, segundo Bettega (2004),
deve-se atentar para o fato de que crianças estão aprendendo a escrever
primeiro no computador antes de escrever com lápis e papel. Essa é uma
situação a qual a escola não pode ignorar, uma vez que, operar um
microcomputador hoje é condição de empregabilidade. Como se discutiu
57
anteriormente, a profissão de professor foi modificada ao longo do tempo,
portanto, trabalhar com tecnologias também é elemento importante a ser
apresentado não no currículo profissional do docente como também na
sua prática.
Nesse sentido, apropriar-se das tecnologias significa enriquecer o ambiente
educacional e a praxis do professor. Vale ressaltar que elas, por si só, não garantem qualidade
de ensino, é necessário por parte do docente, a sua flexibilidade e entendimento sobre o que
utiliza como recurso. Para Schön (2000) agir com flexibilidade é saber lidar com situações
instáveis e indeterminadas com um saber fazer inteligente.
Sabe-se que as tecnologias digitais adentraram a escola, possibilitando a criação
de ambientes de aprendizagem que, segundo os PCN (1998), os alunos pesquisam, fazem
antecipações e simulações, confirmam idéias prévias, experimentam, criam soluções e
constroem novas formas de representação mental. Dessa forma, as TIC, em especial o
computador, deve ser utilizado para além da aplicação de técnicas por meio de máquinas,
embora possa limitar-se a isso, caso não haja reflexão sobre a finalidade da utilização de
recursos tecnológicos nas atividades de ensino. (BETTEGA, 2004, p.17)
Uma das vantagens para o professor quando se utilizar desses recursos modernos,
é segundo Schaff apud Bettega(2004), a possibilidade de desenvolver uma independência de
pensamento, pois teria mais tempo, e não precisaria memorizar tantas informações, que
isso seria feito pela máquina. Schaff porém ressalta que não se pretende que a máquina apenas
armazene informações, mas que a escola utiliza as tecnologias de forma reflexiva.
Assim, as tecnologias podem ser utilizadas pelo professor de forma a contribuir
positivamente não só em sua prática pedagógica, como também no que diz respeito ao
processo de aprendizagem por parte do aluno.
Para que isso ocorra de forma significativa dentro de uma periodicidade em sala e
aula, é necessário que o professor esteja em constante formação, atualizando-se e descobrindo
através das TIC sempre a melhor maneira de enriquecer o seu trabalho.
58
Capítulo III
A Realidade da Instituição em Estudo
3.1 A Instituição em estudo e suas estruturas
A orientação pedagógica de uma instituição de ensino está inserida no seu PPP
10
.
Este, é elaborado com o propósito de tornar explícitas intenções e opiniões que, balizam as
ações, fatos e processos pedagógicos desejáveis.
Dentre os itens presentes e constituintes do projeto político pedagógico está a
missão que aparece como função específica que se auto-confere e se auto-impõe à escola e ao
sistema de ensino.
O COESI, (Colégio de Orientação e Estudos Integrados - campo empírico deste
estudo) tem por sua vez, a missão de:
Educar pessoas que sejam capazes de analisar, compreender e intervir na
realidade, visando ao desenvolvimento do ser criativo e ético na formação integral das
potencialidades humanas.”.
Atualmente, esta escola possui uma equipe pedagógica formada por um grupo de
coordenadores que atuam na Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio, uma
coordenadora na área de Tecnologias e Educação e um também na área Esportiva. Além deles
a escola conta ainda com a participação de uma bibliotecária, uma psicopedagoga, uma
auxiliar de Coordenação da Educação Infantil, e dois auxiliares do Ensino médio, resultando
num total de 11 profissionais da Educação que lideram as atividades docentes e discentes
como um todo.
A escola em tela envolve uma equipe significativa de professores . Na Educação
Infantil, um total de 8 professores que atendem do ao período nos turnos matutino e
vespertino. Além delas, 5 profissionais são distribuídas na função de auxiliar de ensino e
monitoria. Nesta função, as profissionais atuam nos serviços gerais e apoio no que diz
respeito ao cuidar das crianças menores. O grau de formação dessa equipe vai da graduação à
especialização lato sensu em áreas voltadas para a Educação Infantil.
10
Projeto Político Pedagógico.
59
No Ensino Fundamental de 1ª a 4ª série, a escola possui, também, um total de 8
professoras, sendo que delas, 50 % são especialistas e, as demais, estão cursando uma
especialização.
Os professores de a série possuem especialização, sendo que alguns já
estão cursando mestrado nas suas áreas específicas de ensino, perfazendo um total de 16
professores distribuídos em 11 turmas e 12 disciplinas. A escola dispõe ainda de uma equipe
de professores do Ensino Médio que é completada ainda por alguns professores que atuam no
ensino fundamental de 5ª a 8ª série.
A proposta pedagógica está baseada na teoria de Lev. Semenovich Vigotsky, por
isso, a instituição acredita que o desenvolvimento de seus educandos resulta de um processo
sócio-histórico do indivíduo e que o conhecimento é adquirido pela interação do sujeito com o
meio social.
Como se viu anteriormente, Vygotysky (1993) importância a essa interação,
além de enfatizar, também, a união entre linguagem e pensamento. Para ele estas duas
funções das áreas da psicologia e da psicolingüística se inter-relacionam, portanto, devem ser
levadas em consideração desde o início do processo de aprendizagem no indivíduo. A
linguagem é resultado do pensamento e o pensamento se estrutura, se reorganiza, também,
através da linguagem. Nesse sentido, o COESI valoriza a transmissão intencional de
experiências e pensamentos dos alunos aos outros envolvidos no processo social, através da
comunicação, seja ela através da fala ou de qualquer outra forma
11
.
Um terceiro ponto a ser destacado na teoria de Vigotsky e que também é de
extrema relevância para a escola em questão é o conceito de Zona de Desenvolvimento
Proximal, que já foi apresentado no Capítulo 1 desta dissertação.
Vigotsky afirma que, em qualquer pessoa, existem dois veis de
desenvolvimento: um nível de desenvolvimento efetivo, indicado pelo que o
sujeito pode realizar sozinho e um nível de desenvolvimento potencial,
indicado pelo que o indivíduo pode realizar com ajuda de outra pessoa mais
velha ou mais experiente. As teorias de desenvolvimento, em geral, estudam
somente o desenvolvimento efetivo, isto é, aquele que já ocorreu. A Zona de
Desenvolvimento Proximal (ZDP) mede exatamente a distância entre esses
dois veis, o efetivo e o potencial. É, portanto, um guia para indicar como
podemos interferir no desenvolvimento proximal. (Construir, 06/2002).
11
A escola possui alunos portadores de necessidades especiais no aspecto auditivo, sendo que alguns deles ainda
se comunicam através de gestos e/ou libras. Essa comunicação, também, é extremamente válida para a
certificação da aprendizagem.
60
Esse conhecimento é a base do Projeto Político Pedagógico do COESI, ao mesmo
tempo que estrutura a prática dos seus docentes. Estes, utilizam-se de inúmeros recursos
didático-pedagógicos oferecidos pela escola, para o desenvolvimento do processo de ensino e
aprendizagem. Sendo assim, professores e alunos se envolvem ao realizarem as atividades
pedagógicas propostas tendo como elementos imprescindíveis os primeiros, como mediadores
do conhecimento e o recurso didático utilizado por eles para facilitar a transferir o
conhecimento da zona de desenvolvimento potencial para o efetivo.
Em entrevista com a diretora pedagógica do COESI, a mesma afirmou que:
Para dar início a um determinado conteúdo em sala de aula, é preciso que em
primeiro lugar o professor faça uma sondagem daquilo que os alunos
possuem de experiência sobre o que se vai tratar. Em uma conversa
informal, o professor detecta em que nível de conhecimento os alunos estão
e somente a partir daí começa a exposição do assunto de uma forma
interativa. Nesse sentido e com o apoio de algum recurso utilizado pelo
próprio professor, ora ele emite e ora ele recebe as experiências vivenciadas.
Dessa forma professor e aluno alternam seu papel de emissor e receptor ao
longo do desenvolvimento da aula (Diretora).
De acordo com essa entrevista, e com as observações realizadas nota-se que esta é
a forma como professores e estudantes se envolvem na construção de muitas das atividades
pedagógicas realizadas. Se um bom desenvolvimento acontece através da interação do sujeito
com o meio e com o outro, a instituição, segundo a diretora administrativa, se preocupa com
essa interação e possibilita ao educando a sua participação efetiva, desde cedo, em diversos
ambientes educacionais. Por isso, verificou-se a valorização de visitas em campo, as aulas
extra-sala, o contato com outros sujeitos que possuem atuação em diversos setores da
sociedade.
Ainda segundo a diretora, os eventos realizados pela instituição como Mostras de
Ciências, (tanto em língua inglesa
12
como em portuguesa), workshops, culminância de
projetos, visitas em campo e seus respectivos relatos são formas de se apresentar o
conhecimento elaborado e construído. Nesse sentido, os estudantes, não tem acesso ao
conhecimento de forma global, como específica. Além do mais, podem construir, reconstruir
seu pensamento e através das diversas formas de demonstrações, como essas apresentadas,
são também avaliados.
12
A escola possui parceria com uma instituição de Ensino de Língua Inglesa que realiza todos os anos uma
mostra de ciências onde os alunos se apresentam falando em inglês.
61
Como se pode analisar a importância dada a essa comunicação está baseada na
teoria de Vigotsky, quando ele afirma que: “O uso de instrumentos e a fala afetam várias
funções psicológicas, em particular a percepção, as operações sensório-motoras e a atenção”
(VIGOTSKY,1993, p.28). Nessa direção é que o COESI desenvolve as suas aulas e
atividades.
Outro ponto importante a ser destacado na fala da diretora é o fato do professor ter
que, em primeiro lugar, averiguar o que o aluno traz de conhecimento prévio, é o que
Schön (2000) define como conhecimento tácito, importante elemento presente na postura de
um professor reflexivo. Observou-se também, que uma programação seguida, ou seja,
um plano de aula a ser cumprido e que não é o conhecimento tácito ou a reflexão-na-ação
que vai determinar o processo de ensino e aprendizagem daquele momento.
Outro elemento importante destacado na fala da diretora está no investimento dos
recursos, pois segundo ela: A escola investe em recursos pedagógicos que vão desde brinquedos de
encaixe aos aparelhos de multimídia e telemática”.
Os recursos materiais de acordo com a teoria de Vigotsky são tão importantes
quanto os signos, principalmente quando se trata do contato com um conhecimento
específico.
A função do instrumento (recurso) é servir como condutor da influência humana
sobre o objeto da atividade; ele é orientado externamente; deve necessariamente levar a
mudanças nos objetos. Constitui um meio da atividade interna dirigida para o controle e
domínio da natureza (VIGOTSKY, 1991, p. 62).
A diretora fala sobre o investimento realizado, mas não fica claro se os
professores foram questionados quanto à necessidade de utilizá-los. No caso das TIC, pode-se
caracterizar o que Álvaro Pinto (2005) chama de concepções ingênuas da tecnologia, ou seja,
adquirir instrumentos produtos da técnica sem uma consciência crítica acerca dos mesmos,
sem entender o seu aspecto histórico e (como complemento paralelo dessa análise), sem o
conhecimento da necessidade dos professores frente a essa realidade.
Para saber de que forma a utilização das TIC pelos professores em questão se
realiza, é que se propõe o subtema a seguir.
62
3.2 As TIC na instituição em estudo
Para falar do histórico da inserção de tecnologia na escola, é que se entrevistou a
atual coordenadora de 5ª e 6ª série, por ter sido a mesma, a primeira responsável por essa ação
na instituição.
A escola vem investindo em tecnologia como recurso pedagógico desde
1992. Foi neste ano que demos início às aulas de informática, trabalhando
exclusivamente com conteúdos da área. Assim, os alunos tinham aula de
informática propriamente dita, trabalhavam aplicativos como o Word, Excel
e também aprendiam a lidar com sistema operacional, inicialmente o MS-
DOS e logo em seguida o Windows. As aulas eram preparadas e ministradas
por mim, na época estudante de Pedagogia e de Processamento de Dados. As
escolas, nesse período, buscavam se modernizar inserindo esse novo
elemento no contexto escolar. No nosso caso, um profissional nos dava
assessoria na compra de máquinas e manutenção. As aulas aconteciam uma
vez por semana e atendiam somente aos alunos de a
série.(Coordenadora Pedagógica)
Pode-se perceber que o COESI estava exatamente no momento histórico em que
os computadores começaram a adentrar as escolas.
A proliferação dos microcomputadores, no início da década de 90, permitiu
o uso do computador em todos os níveis da educação americana, sendo
largamente utilizado na maioria das escolas de ensino fundamental e ensino
médio e universidades. Nas escolas de ensino fundamental e ensino médio, é
amplamente empregado para ensinar conceitos de informática ou para
automação da instrução por intermédio de software educacionais tipo
tutoriais, exercício-e-prática, simulação simples, jogos, livros animados
(VALENTE, 2002, p.7).
Nesse período a instituição abriu um espaço físico para atender a essa nova
realidade e introduziu 15 máquinas funcionando em rede, atendendo ao mesmo tempo 30
alunos, sendo dois por cada máquina.
Em 1995 o COESI recebeu a visita de uma representante da Futurekids, franquia
norte americana que assessorava as escolas particulares e públicas quanto ao uso do
computador em sala de aula. Após um treinamento com dois profissionais da instituição em
estudo, a parceria foi firmada e em 1996 a escola começou a trabalhar com a informática
aplicada a Educação.
63
A informática na educação enfatiza o fato de o professor da disciplina curricular
ter conhecimento sobre os potenciais educacionais do computador e ser capaz de alternar
adequadamente atividades tradicionais de ensino-aprendizagem e atividades que usam o
computador (VALENTE, 2002, p.2).
Embora seja esta a proposta da informática na educação, o professor de sala de
aula na instituição, segundo a coordenadora, não acompanhava os alunos até o laboratório de
informática. A professora que recebeu o treinamento da Futurekids em trabalho conjunto com
uma estagiária de Pedagogia também treinada pela franquia, eram quem acompanhavam os
alunos de Educação Infantil à série nas aulas de informática educativa. Vale ressaltar que
nessas aulas eram apresentados projetos semi-estruturados pela Futurekids que tinham
conteúdos interdisciplinares relacionados aos softwares utilizados, como relata a
coordenadora.
As aulas sempre tinham dois objetivos gerais: um, era ensinar a finalidade e
manuseio de um determinado aplicativo da informática e outro, desenvolver
atividades relacionadas a uma determinada disciplina. Por exemplo: certa vez os
alunos da 7ª série fizeram uma organização de informações em um banco de dados.
Criaram campos relacionados a uma determinada região da história antiga, como
Egito, Mesopotâmia, Grécia, Roma, caracterizando seus povos, tipo de governo,
religião, economia e outros. Assim, reforçavam o conteúdo de História Antiga e
ainda utilizavam um banco de dados para organizar essas informações. O melhor de
tudo é que ainda levavam a utilização desse aplicativo para necessidades cotidianas
deles, como agendar telefones e endereços de amigos (Coordenadora Pedagógica).
Durante três anos o COESI manteve a parceria com a Futurekids e, a partir de
1998, passou a desenvolver o seu trabalho independente, contando, apenas, com o apoio dos
professores no que diz respeito a disciplina a ser trabalhada no laboratório de informática.
Assim, havia uma pessoa que gerenciava o laboratório e preparava antecipadamente as aulas
que deveriam acontecer, mas contava, raramente, com a presença do professor. É importante
destacar que as aulas eram preparadas pela gerente do laboratório e as turmas eram dividas em
dois grupos, uma vez que a quantidade de computadores não comportava o total da turma.
O COESI trabalhou dessa forma até janeiro de 2004, quando instituiu uma
Coordenação em Tecnologias e Educação. Para dirigir esta coordenação a instituição
promoveu a gerente de laboratório da época, que não era a mesma do início. Agora, sua
função era orientar os professores da Educação Infantil ao Ensino Médio a utilizar os recursos
tecnológicos para incrementar e enriquecer as suas aulas. Dentre os recursos que a escola
dispunha tinha-se computadores atualizados e um retroprojetor multimídia. Nesse momento já
se utilizava a internet em grande intensidade e periodicidade e o uso de softwares educativos
64
ia, gradativamente, dividindo espaço com a rede mundial de computadores nas atividades
educacionais.
Essa relação com a tecnologia na escola também se intensificou em 2002 quando
a escola fez parceria com uma determinada faculdade que veio dividir com ela sua estrutura
física. Por conta dessa nova realidade, essa instituição ficou responsável pela instalação e
manutenção de novos computadores e o laboratório de informática foi implantado para
atender tanto aos alunos da escola quanto aos alunos da Faculdade. Nesse momento, o
laboratório passa a atender uma turma num horário, e não mais dividida como antes. Isso
porque, ao invés de 15 computadores, tem-se agora um total de 50, divididos em dois
laboratórios disponíveis para todos os estudantes, funcionando em rede local e conectados à
internet.
As figuras a seguir mostram os dois laboratórios atuais do COESI.
Figura 01 - Laboratório de Informática
Foto: Vagner Rodrigues
65
Figura 02 - Laboratório de Informática 02.
Foto: Marcos Rodrigues
Em relação a utilização deste espaço na instituição, pôde-se observar uma certa
carência de orientação quanto a ergonomia, uma vez que ambos laboratórios são utilizados
pelos alunos da Educação Infantil ao Ensino Médio. Sabe-se que para efeitos ergonômicos a
bibliografia disponibiliza as recomendações necessárias para utilização das TIC. Por exemplo,
a norma ISO 9241 tem como objetivo promover a saúde e a segurança de usuários de
computadores e garantir que eles possam operar estes equipamentos com eficiência e
conforto. (...). As considerações da ergonomia são importantes no projeto de qualquer
equipamento usado por seres humanos, mais especialmente quando este uso é intensivo ou se
a precisão e a velocidade forem fatos críticos (Apud, CYBIS, 2003, p.131).
A ISO 9241 especifica o conjunto de 17 itens, cada uma lidando com diferentes
aspectos de uso das TIC. Em particular a parte 5 trata dos requisitos posturais e do posto de
trabalho.
Levando em consideração as observações realizadas neste estudo, tem-se, segundo
depoimento da diretora administrativa, como projeto de estrutura física para 2008 a
construção de um laboratório de informática exclusivo para as crianças da Educação infantil,
para atender cada vez melhor os usuários das tecnologias na escola.
66
Além dos computadores, os recursos tecnológicos, em geral, começaram a ser
ampliados e diversificados nesta instituição em 2004 quando a mesma adquiriu dois quadros
digitais, também conhecidos como lousa interativa
13
.
Esse recurso é caracterizado da seguinte forma: um quadro branco que possui em
sua extremidade superior esquerda um sensor infra vermelho e ultra som, acompanhado
também de uma caneta interativa parecida com um pincel comum de quadro branco,
constituída de uma ponta em teflon e dois botões em sua superfície que representam o botão
direito do mouse, e o outro, o menu de acesso a ferramenta interatividade. Esse quadro
funciona com o auxílio de um computador e de um retroprojetor multimídia. Através desses
elementos pode-se controlar o computador pela área projetada, utilizando a caneta interativa.
Dessa forma professores e alunos interagem com slides, programas, CD-ROM e a internet.
Com essa tecnologia, pode-se fazer anotações sobre qualquer imagem projetada,
estimulando a criatividade tanto do professor quanto do aluno.
De acordo com a Hetchtec
14
, pode-se destacar textos de uma leitura em grupo,
desenhar sobre um mapa e ainda salvar as apresentações e aulas com suas devidas
observações no quadro e transmiti-las, revisá-las, publicá-las na web, imprimi-las e distribuí-
las.
Assim, analisa-se que é possível desenvolver várias atividades, obtendo-se
eficiência no uso do tempo de classe; enriquecimento do processo de ensino-aprendizagem,
tornando-o mais atraente; além de uma aprendizagem interativa e participação motivacional
por parte do professor e do aluno.
Atenção para a figura a seguir:
13
Lousa do tipo HB 80 com as seguintes dimensões: área útil (diagonal) de 2.006 mm, Altura Total de 1.703
mm, Largura Total de 1.286 mm, altura útil de 1.617mm e largura útil de 1.200 mm.
14
Empresa responsável pela fabricação e distribuição da Lousa Interativa no Brasil. www.hetchtech.com.br
67
Figura 03 - Professora utilizando o quadro digital.
Foto: Marcos Rodrigues
De acordo com a professora as aulas são preparadas com no máximo uma semana
de antecedência, quando o professor define a tecnologia que gostaria de usar e o espaço físico
onde vai acontecer a sua aula.
Assim, ele pode optar pelo laboratório de informática para utilizar os
computadores, o mini-auditório para usar a lousa interativa wide screen
15
, a própria sala de
aula para usar o retroprojetor multimídia ou as salas especializadas onde estão fixadas outras
três lousas interativas do tipo HB 60.
15
Lousa mais moderna, que possui dimensões e características de uma tela de cinema do tipo HB 96W área
útil (diagonal de 2438mm, Altura total de 2.258mm, Largura total de 1.286mm, altura útil 2.172mm e largura
útil de 1.200 mm)
68
Figura 04 - Auditório da escola - um espaço onde uma das lousas está instalada.
Foto: Marcos Rodrigues
Sendo assim, a escola dispõe num total de quatro lousas interativas, dois
retroprojetores multimídias, (um volante que atende as três lousas instaladas em três salas de
aula diferentes e um retroprojetor mais sofisticado e fixo no mini auditório específico para a
lousa interativa wide screen.).
Além disso, possui outros recursos tecnológicos que não fazem parte
especialmente dessas novas tecnologias, porém são de grande importância na utilização das
aulas como aparelhos de vídeo cassete, DVD, TV de 29 polegadas e aparelho de som.
Dispondo desses recursos o COESI também possui em seu site
16
um tópico
entitulado aula virtual onde os alunos e professores podem fazer download
17
das aulas
realizadas na lousa interativa e também das aulas que foram realizadas com apresentações
multimídias. A responsabilidade de orientar, avaliar e disponibilizar essas aulas na internet é
da coordenadora em Tecnologias e Educação da instituição.
As figuras a seguir apresentam algumas interfaces do site da escola.
16
www.coesi.com.br
17
Baixar arquivos da internet para o computador pessoal.
69
Figura 05 - Imagem da interface do site da escola.
.
Figura 06: Imagem do site onde os alunos podem fazer downloads das aulas.
70
A tecnologia é, também, utilizada nesta escola para auxiliar a relação escola-
família. Dessa forma, além da comunicação através de e-mails, a instituição dispõe de
catracas eletrônicas dispostas numa das entradas do prédio, em que os alunos são
identificados pelas suas digitais. Logo que o sistema reconhece a identificação do aluno, uma
mensagem SMS (torpedo) é automaticamente enviado para o celular do responsável pelo
estudante, informando o horário que ele entrou na escola.
Figura 07 - Aluno chegando na escola e se identificando através da sua digital na
catraca eletrônica.
Quanto a essa tecnologia de segurança existente na instituição em estudo, vale
uma observação em relação ao papel da TIC no sentido de que essas ao mesmo tempo que
libertam, escravizam.
Pode-se relacionar esse tipo de controle realizado pelas tecnologias como algo
característico das técnicas sociais
18
. Nesse sentido, concorda-se com IANNI(2003) acerca da
18
Práticas que têm como objetivo principal modelar o comportamento humano e as relações sociais.(IANNI,
2003,pág.157)
71
implicação das tecnologias em se articular sistematicamente devido a maneira como se
inserem no jogo das forças sociais.
É necessário, segundo Ianni (2003), que para compreendermos a crescente
importância das TIC no mundo social e também na mídia, é preciso reconhecer que o século
XX está “impregnado, organizado e dinamizado por técnicas sociais.”
Assim, o que parece neutro, útil, positivo, logo se revela eficiente, influente ou
mesmo decisivo, no modo pelo qual se insere nas relações, processos e estruturas que
articulam e dinamizam as diferentes esferas da sociedade, em âmbito local, nacional, regional
e mundial.(IANNI,2003, p.155).
Este autor refere-se em particular ao mundo virtual ostentado pelas Tecnologias
da Informação e Comunicação enfatizando o poder da mídia. Em relação a este estudo, tem-se
como paralelo a compreensão de Ianni (2003) o crescente poder de controle sobre o indivíduo
a partir da utilização dessas tecnologias.O individual já não possui a mesma liberdade de antes
e esse controle, disfarçado de modernidade progressiva, vem cada vez mais adentrando os
mais diferentes setores sociais. Essa tecnologia agora apresentada é apenas um dos exemplos.
A seguir, serão apresentados os resultados obtidos na aplicação dos questionários
junto aos professores e alunos da instituição, acompanhados de uma análise fundamentada no
referencial teórico utilizado.
3.3 Utilização das TIC: Professores x Alunos
Diante das observações realizadas na instituição em estudo e após a aplicação de
questionários a professores e alunos, será apresentado neste tópico o que eles responderam
acerca da utilização das TIC no processo de ensino e aprendizagem.
Para identificar o grupo de ambas categorias, padronizou-se como GA o grupo de
alunos e GP para grupo de professores. Cada membro é identificado por um número, a fim de
preservar a sua identidade.
Sabe-se que as TIC fazem parte do cotidiano do homem contemporâneo e muitas
são as utilidades das mesmas em sua vida. Quando se trata, porém de adolescentes, pode-se
perceber quão grande é a sua facilidade de manuseá-las e incorporá-las nas suas atividades
72
diárias. No questionário aplicado a um grupo de alunos sobre a utilização da internet, obteve-
se os seguintes resultados.
Tabela 1: Como utiliza a internet
Categoria
Alunos
%
Bater-papo
9
40,9
Estudar/pesquisar
7
31,8
Sites de relacionamentos
5
22,7
Jogar
1
4,6
Total
22
100
Numa reunião com esse grupo de estudantes pôde-se verificar que todos, sem
exceção, utilizam a internet diariamente. Além dessas utilizações apresentadas na tabela
anterior, alguns depoimentos foram importantes para se analisar como esses alunos se
apropriam da rede mundial de computadores.
Eu uso a internet diariamente para me comunicar. Gosto muito de bater-papo
com os meu amigos da escola e de outros lugares. Também gosto de jogar e
fazer pesquisas para os meus trabalhos; participo de muitas comunidades no
Orkut e acho esse site muito legal por que nele reencontro amigos, mando e
recebo scraps e ainda posso ver as fotos que ficam disponíveis no álbum das
pessoas de quem gosto e não posso -las diariamente. Visito também os
blogs dos meus amigos e atualizo o meu sempre que preciso (GA,1).
Pôde-se verificar que a utilização da internet por parte dos muitos alunos que se
entrevistou se dá primeiro pela necessidade de se relacionar com o outro, sendo que as demais
utilidades vem em segundo plano como, por exemplo, as pesquisas. Segundo Bettega:
Os instrumentos tecnológicos de comunicação se desenvolvem e se
diversificam sem parar. Eles se impõem a todos na vida diária e não podem
ser ignorados nem considerados com desprezo. Podemos ensinar e aprender
sem eles, porém a sua apropriação é importante tanto ao estudante como ao
professor, mais a este, pois os computadores com seus aplicativos podem ser
“próteses” maravilhosas para o cérebro humano em suas funções tanto de
aprendizagem como de produção. Segundo os Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN, 1999), utilizar as informações através da linguagem digital,
73
tem transformado o cotidiano da sociedade não como mundo globalizado
(BETTEGA, 2004, p.15).
Num dos questionamentos feitos em relação a utilização das TIC em sala de aula
tivemos as seguintes respostas:
Tabela 2 - Aulas com recursos tecnológicos
Categoria
Alunos
%
Facilita o entendimento
12
54,5
Melhora a explicação do professor
6
27,2
Riqueza gráfica
4
18,3
Total
22
100
Pôde-se verificar que a maioria dos alunos questionados afirma ter um melhor
entendimento quando assistem aulas com a utilização dos recursos tecnológicos.
Para exemplificar de forma prática um momento em que o professor utilizou uma
tecnologia como recurso obteve-se o seguinte depoimento.
Certa vez o professor de História deu uma aula no quadro digital sobre as
grandes navegações. Pude compreender tudo verificando através de mapas o
porquê de alguns países como Portugal, terem sido os primeiros a se
tornarem grandes navegadores. E as imagens em movimentos nos mostraram
tudo como se fosse um filme e ficou muito mais fácil de entender o assunto.
(GA, 2).
A forma como o aluno relatou esse fato demonstrava empolgação e pôde-se
verificar que ele explicaria de forma muito tranqüila aquela aula, caso fosse solicitado.
Reportou-se no momento à memória do dia da aula, porém, demonstrou compreensão sobre o
que viu. Nesse sentido, as TIC, naquele momento, propiciaram a um ensino diferenciado e à
uma aprendizagem significativa.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN,1998), a incorporação
das inovações tecnológicas tem sentido se contribuir para a melhoria da
74
qualidade do ensino. A simples presença de novas tecnologias na escola não
é garantia, por si só, de maior qualidade na educação, pois a aparente
modernidade pode esconder um ensino tradicional baseado na recepção e na
memorização de informações.(BETTEGA, 2004, p.16)
Quando se questionou se contato dos alunos com os seus professores fora da
escola todos demonstraram usar a Internet para esse fim.
Tabela 3: Como se comunicam virtualmente
Categoria
F
%
orkut
19
e msn
20
13
59,0
somente orkut
somente msn
3
2
13,6
9,0
e-mail
4
18,1
Total
22
100
A análise desse fato é importante, porque havendo essa possibilidade de
comunicação virtual entre alunos e professores também condição de se aprender fora do
espaço escolar utilizando a rede mundial de computadores. Professores podem continuar a
interação de forma virtual e proporcionar no ciberespaço
21
um espaço de aprendizagem, como
fóruns e grupos de discussão, entre outros.
19
O Orkut é uma rede social filiada ao Google, criada em 19 de Janeiro de 2004 com o objetivo de ajudar seus
membros a criar novas amizades e manter relacionamentos. Seu nome é originado no projetista chefe, Orkut
Büyükkokten, engenheiro turco do Google. Tais sistemas, como esse adotado pelo projetista, também são
chamados de rede social. Disponível em http://www.biologo.com.br/orkut/sobre_o_orkut.html, acesso em
12/10/2006.
20 MSN Messenger, ou apenas MSN, é um programa de mensagens instantâneas criado pela Microsoft
Corporation. O programa permite que um usuário da Internet se comunique com outro que tenha o mesmo
programa em tempo real, podendo ter uma lista de amigos "virtuais" e acompanhar quando eles entram e saem
da rede. O pioneiro nesse tipo de aplicação foi o ICQ que em 1997 revolucionou o conceito de mensagens
instantâneas online. Porém nos últimos anos o MSN tem conquistado cada vez mais adeptos em Portugal
(embora na Europa o mensageiro mais utilizado continue a ser o ICQ) e se tornou líder do segmento no Brasil,
onde é consistentemente um dos programas mais baixados nos sites de downloads locais.
O sucesso do MSN Messenger pode ser explicado por ele ser integrado ao serviço de e-mail Hotmail, por ser
incluso com o Windows XP e por ter uma intensa publicidade junto ao público jovem. Também tem como
concorrente o Yahoo! Messenger, outro serviço igualmente integrado a e-mail. Disponível em
http://pt.wikipedia.org/wiki/MSN_Messenger acesso em 12/10/2006.
21 "espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial dos computadores e das memórias dos
computadores" onde inclui o conjunto dos sistemas de comunicação eletrônicos na medida em que transmitem
75
Professores e alunos podem se conectar a uma fonte inesgotável de
informação e lhes dar acesso a um enorme arquivo de conhecimentos. Os
professores em particular deveriam se beneficiar dessa plataforma de
conhecimento , podendo ter acesso na Rede a planejamentos de aulas ou
unidades didáticas , assim como materiais digitais.
Teriam também um meio de comunicar-se entre si e superar o habitual
isolamento de sua prática profissional, podendo criar grupos virtuais de
trabalho, baseados em interesses comuns ou em torno de temas e disciplinas
(TEDESCO, 2005, p.56).
Num depoimento de um dos alunos quando se questionou acerca das TIC como
um elemento que pode propiciar aprendizado, o mesmo ressaltou uma preocupação frente a
seguinte realidade: Em algumas circunstâncias as tecnologias melhoram o meu aprendizado,
em outros, não. Por exemplo, a professora pede uma pesquisa sobre educação, com isso o
aluno olha na internet, nem e tira cópia. Em outra circunstância a pessoa pode tirar dúvida
em um assunto só olhando nos sites (GA, 4)”.
Essa questão foi levada para um dos professores entrevistados e ele respondeu o
seguinte:
Essa preocupação é uma realidade em todas as categorias de ensino. não
é novidade saber que em algum lugar alguém plagiou algo na internet,
contudo, cabe ao professor conhecer seu aluno e saber se ele é ou não capaz
de escrever, ou dispor de idéias da forma como lhe foi apresentado no
trabalho. Em último caso, faz-se ao aluno questionamentos do tipo: o que
você quis dizer com isso....para saber se de fato ele saberá responder. Não é
difícil identificar se a autoria do trabalho é ou não do aluno.(GP, 3).
A análise feita por esse professor demonstra duas realidades: uma é que
possibilidade sim, de algum aluno entregar material retirado diretamente da internet e entregá-
lo sem nenhuma modificação; a outra é da importância que o professor deve dar ao avaliar o
trabalho , o exercício, a atividade entregue, partindo do conhecimento que ele tem do seu
aluno. Nesse sentido, a utilização das TIC em meio ao processo de ensino, deve também ser
sensivelmente analisada, quando for colocada como meio de pesquisa para a realização de um
determinado objetivo acadêmico.
informações provenientes de fontes digitais ou destinadas à digitalização pois a codificação digital é que
condiciona, no que diz respeito à informação, seu caráter virtual, plástico, hipertextual, interativo e tratável em
tempo real (Lévy, 1999, pág. 92-93).
76
Em relação a essa atividade Moran (2004) diz que numa atividade de pesquisa o
professor pode orientar seus alunos a fazer pesquisa na internet, a encontrar os materiais mais
significativos para a área de conhecimento que ele vai trabalhar com os alunos, e que
aprendam a distinguir informações relevantes de informações sem referência. Quando se
ajuda a pesquisar na WEB
22
os alunos sentir-se-ão mais seguro quando precisarem realizar
essa atividade novamente em grupo ou individual.
Para conhecer o que os professores pensam sobre a utilização das TIC em suas
aulas, é que apresenta-se o tópico a seguir.
3.3.1 Professores e as TIC
Dentre alguns questionamentos feitos aos professores do Ensino Fundamental da
a série referente ao uso das TIC em suas aulas, um estava relacionado à freqüência com
que as utilizam.
Tabela 4: Freqüência de utilização das TIC
Categoria
Professores
%
Uma vez por semana
10
62,5
Duas vezes ao mês
3
18,75
Raramente
3
18,75
Total
16
100
22 Uma página web, também conhecida pelo equivalente inglês webpage, é uma "página" na world wide web,
geralmente em formato HTML e com ligações de hipertexto que permitem a navegação de uma página, ou
secção, para outra. As páginas web usam com freqüência ficheiros gráficos associados para fins de ilustração, e
também estes ficheiros podem ser ligações clicáveis. Uma página web é apresentada com o recurso a um
navegador, ou browser, e pode ser construída por forma a recorrer a applets (subprogramas que correm dentro da
página), que muitas vezes fornecem gráficos em movimento, interacção com o utilizador e som. Disponível em
http://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%A1gina_Web acesso em 12/10/2006.
77
Pôde-se verificar que embora a escola possua uma quantidade significativa de
recursos tecnológicos ainda não atinge uma utilização freqüente dos mesmos por parte de
todos os professores. Os que foram questionados falaram acerca de uma relação direta com as
TIC, mas, como se pôde verificar, não são todos que possuem uma periodicidade na sua
utilização. Apesar do investimento da escola, os professores usam com pouca freqüência de
maneira um tanto limitada, principalmente os computadores. Uma parte dos que utilizam
continuam com suas práticas de costume, sem alterá-las de maneira substancial, como se pôde
observar. Um fator que foi colocado por um dos professores como elemento que impossibilita
o uso das TIC de forma freqüente é a quantidade de tecnologia disponível, como por exemplo
o retroprojetor multimídia, ou Datashow. Todos esses recurso são agendados previamente
para sua utilização e as vezes um professor até se utiliza mais deles que outros, o que não
significa necessariamente que reflita mais sobre o uso das TIC.
É necessário criar condições para os professores aplicarem seus
conhecimentos com os seus alunos, como parte do processo de formação.
Isso implica em propiciar as condições para o professor agir, refletir e
depurar o seu conhecimento em todas as fases pelas quais ele deverá passar
na implantação dessas tecnologias em sua aula. (VALENTE, 2002, p.141)
A resposta da maior parte dos professores questionados acerca do tempo que se
precisa para preparar uma aula com uso de um recurso tecnológico, apresentou-se da seguinte
forma:
Tabela 5: Tempo para preparação de aula com recurso tecnológico
Categoria
Professores
%
Maior que uma aula convencional
8
62,5
Mesmo que uma aula convencional
2
18,75
Depende da tecnologia
6
18,75
Total
16
100
78
Esse questionamento é importante para poder avaliar de que forma o professor
lida com esses novos recursos, mais ainda, se o fator tempo é um elemento que o impede de
utilizá-las.
Transformar a prática profissional docente é uma tarefa difícil, e toma
tempo. A experiência em capacitação de professores no uso das TIC
demonstra que um ou dois cursos não são suficientes. Com efeito, os
professores levam de três a quatro anos para desenvolver os conhecimentos
necessários para integrar, de maneira proveitosa, as tecnologias a suas
tarefas docentes, especialmente quando não têm acesso contínuo à prática.
(TEDESCO, 2004, p.106).
Sabe-se ainda que, é de grande importância avaliar se a falta de conhecimento
específico em relação a tecnologia é algo que limita a sua utilização. Como já se verificou
que mais de 70% dos professores entrevistados não tiveram em sua graduação ou até mesmo
especialização alguma disciplina que tratasse da utilização das TIC em sua prática docente,
questionou-se a necessidade que os mesmos possuem de receberem da escola uma formação à
parte, até porque as TIC que a escola dispõe são modernas e inéditas para o contexto
educacional. Sendo assim:
Tabela 6: Necessidade de uma preparação para lidar com as TIC em sala de aula
Categoria
Professores
%
Sim
8
50
Não
1
6,25
Depende da tecnologia
7
43,75
Total
16
100
Em entrevista com alguns professores pôde-se avaliar que somente 3 dos 16
entrevistados tiveram em suas graduações uma disciplina que tratasse do uso de tecnologias,
fator determinante para a escola no que diz respeito a proporcionar momentos de formação
continuada à utilização das TIC.
Sabe-se que essa utilização ainda é um desafio, para Tedesco (2004), os conteúdos
digitais são exemplos, pois suas possibilidades parecem infinitas.
79
Na sua opinião os vários meios tecnológicos não competem entre si, mas se
complementam.
Uma vez que os professores dominem os conhecimentos técnicos e
pedagógicos necessários para a utilização das TIC, os programas de
capacitação ou formação contínua se transformarão efetivamente em
esforços de atualização, em que será possível aperfeiçoar habilidades, entrar
em contato com novos aplicativos e desenvolver projetos relacionados com o
uso pedagógico da diversas tecnologias disponíveis na sala de aula.
(TEDESCO, 2004, p.106)
Vale ressaltar que a escola em estudo realiza mensalmente um encontro com esses
professores em um momento denominado Projeto de Qualificação Continuada (PQC). Nestes
momentos acontecem os grupos de estudos, seminários e apresentações dos professores e/ou
especialistas convidados para debaterem sobre diversos assuntos, dentre eles, as TIC.
Num depoimento desses professores, temos a seguinte opinião acerca das TIC em
sua prática docente:
O uso das TIC contribui bastante para a melhoria da aula. Os alunos
assimilam melhor o conteúdo por causa da visualização. Sempre que usados
os recursos tecnológicos os alunos ficam mais empolgados.
[...] Certa vez dei uma aula sobre bulling no auditório utilizando apenas o
data show e a atenção e empolgação dos alunos foi muito boa. Durante as
explanações os recursos tecnológicos foram de grande ajuda (GP,3)
De fato observou-se que durante as aulas com recursos multimídias os alunos
eram tomados de atenção e envolvimento com o que lhes eram apresentados. Dessa forma,
concorda-se com Tedesco (2004), quando este chama atenção para a seguinte observação:
Não devemos entender a multimídia simplesmente como uma tecnologia,
mas de preferência como uma nova forma de apresentar conteúdos e
conhecimentos. Nova forma que terá conseqüências tão determinantes como
o desenvolvimento do alfabeto ou do livro portátil. [...] A multimídia
comunica conhecimentos e mensagens de uma maneira sintética, sensual e
mais natural, utilizando imagens, sons, textos, gráficos e animações. Nesse
sentido, os materiais didáticos que operam com a linguagem da multimídia
se aproximam mais da experiência da cotidianidade, o que traz um aumento
na capacidade de retenção da informação e uma melhoria nos resultados
pedagógicos (idem,p.117).
Em entrevista com a coordenadora em Tecnologias e Educação, esta aponta que é
imprescindível que a escola prepare esses professores para a utilização das TIC.
80
O professor encontra aqui muitas novidades em termo de tecnologias. Refiro-
me, atualmente, ao quadro digital, ou lousa interativa que oferece grandes
possibilidades de se trabalhar diversos tipos de conhecimento . Para tanto, é
necessário que a instituição apresente essa tecnologia a todos os professores
gradativamente. Por isso, um acompanhamento dos mesmos por um
profissional que possui conhecimento técnico e pedagógico é de extrema
importância. Essa é a maior função da coordenação da qual sou responsável.
(Coordenadora em Tecnologias e Educação)
Para demonstrar na prática essa realidade, os 16 professores responderam que já
receberam aulas demonstrativas e práticas para a utilização das TIC na instituição.
Segundo o depoimento de uma outra professora, tem-se:
A tecnologia mais significativa utilizada durante as minhas aulas, foi o
computador com Datashow. Com esse aparelho é possível mexer ao mesmo
tempo com imagens e textos de uma forma muito dinâmica.Numa das
minhas aulas expositivas explorei imagens e sons. Pude, em um tempo mais
curto estabelecer comparações entre diversos tipos de fontes históricas. Os
alunos interagiram e ficaram mais atentos ao assunto. Depois da aula foi
feita uma avaliação, que se processou através de um relatório daquilo que foi
visto, comentado e ensinado. Os relatórios escritos pelos alunos mostravam
um grau muito bom de aprendizagem significativa. Essa foi uma experiência
bastante positiva, porém requer um tempo maior para a preparação da aula e,
também, temos que contar com a disponibilidade do aparelho em sala.(GP,
4)
Para o professor 5, suas experiências com as tecnologias na instituição se da
seguinte forma:
Um dos recursos utilizados em minha aula é o quadro digital. Essa
utilização ajuda muito para que os alunos visualizem de forma mais
dinâmica o conteúdo ministrado, proporcionando, assim, maior descontração
em sala.O quadro digital é um recurso muito bem-vindo para a prática
docente, porém é necessário uma maior orientação para a sua utilização.
(GP,5)
Diante de todos esses depoimentos, pôde-se verificar que a maior parte do
universo de professores pesquisados da instituição utiliza as TIC, recebe orientações
pedagógicas e técnicas de um setor exclusivo. Pôde-se, também, analisar que são consideradas
recursos que facilitam o desenvolvimento da aula para um entendimento mais rápido e eficaz
do aluno. Quando questionados a respeito da finalidade das TIC, enquanto meros recursos
transmissores de informação, ou recursos influenciadores na produção de conhecimento
obteve-se o seguinte resultado:
81
Tabela 7: Como as TIC são utilizadas
Categoria
Professores
%
Transmissoras de informação
2
12,5
Auxiliares na produção de conhecimento
1
6,25
Depende da didática do professor
13
81,25
Total
16
100
Observou-se que a maioria colocou a didática como o fator determinante de como
as TIC podem enriquecer o processo de ensino e aprendizagem. Que elas, por si só, são
apenas recursos e que depende de quem as utiliza a definição do nível de efetividade.
Segundo entrevista realizada, obteve-se o seguinte depoimento:
As TIC são caracterizadas como mera transmissoras de informação a partir
do momento em que são utilizadas sem que o assunto exposto seja
contextualizado, mostrando a aplicação do assunto na vida prática e cotidiana
do aluno. (GP, 11).
Dessa forma ficou claro diante das observações e entrevistas que a preocupação
em se desenvolver o conteúdo escolar é o maior objetivo dos professores. A maioria parte
realmente de uma discussão inicial para conhecer o universo do aluno antes de adentrar num
conhecimento específico, característica comum na didática de todos os professores.
Num outro depoimento aponta a seguinte questão:
O uso das TIC vai depender de quem a conduz. Ela será mera transmissora
de informação a partir do momento que o professor apenas utilizá-las como
transmissoras de conteúdo. O educador deve utilizá-la como pesquisa,
novidade, sendo um novo método de ensino (GP, 15).
Nota-se neste depoimento que o professor conhece algumas finalidades das TIC,
enfatiza que a forma do uso das mesmas depende da utilização que o professor faz delas e
deixa subentendido que se precisa de um novo método no processo de ensino e aprendizagem,
quando se utiliza essas tecnologias.
Os professores, segundo Becker (2004), num contexto maior, estão mais
preocupados em passar conteúdos do que com as condições prévias de conhecimento do
aluno, o que PIAGET chama de estrutura.
82
As estruturas que possibilitam a assimilação de conteúdos de certas
complexidades são constituídos e não aprendidas no sentido estrito por
abstração reflexionante que se a partir das coordenações das ações e não
do ensino de conteúdos. Por isso acreditamos que o ensino de conteúdos,
embora a relativa importância destes, não deve monopolizar o trabalho
escolar; deve ser pensado como instância de construção de estruturas e não
como finalidade em si mesma. Essa mudança significa que a escola deverá
optar por pedagogias e didáticas ativas e não por metodologias de ensino
assentadas na repetição inevitável instância metodológica para assimilação
de conteúdos que imobiliza o aluno relegando-o à passividade (BECKER,
2004, p.39).
Como se apresentou, para Shön (2000), esse conhecimento prévio, chamado de
conhecimento tácito é de extrema relevância na construção do conhecimento tendo um
professor reflexivo como mediador do processo. Sendo assim, é necessário, sim, rever
métodos, didáticas de ensino para que a incorporação de novos recursos tecnológicos possam
agregar valor ao processo de ensino e aprendizagem.
Pôde-se constatar que nem sempre esses recursos garantem produção de
conhecimento, apesar de estarem cada vez mais presentes no cotidiano humano. Sabe-se
porém que uma vez que se está envolvido na sociedade contemporânea da informação e do
conhecimento é necessário, cada vez mais, formação continuada de qualidade por parte dos
docentes, para que estes possam atuar na realidade que tende a emergir em sala de aula.
Na verdade, urge uma reformulação da prática educacional, tanto em nível de
infra-estrutura (espaços e tecnologias) como em nível do processo ensino e aprendizagem.
Vale ressaltar, que uma escola não pode ser considerada moderna apenas por se
preocupar com o conhecimento tácito do aluno, nem tão pouco, por que possui em suas
estruturas físicas espaços ocupados por recursos tecnológicos atuais.
Parte-se da concepção de que não valor algum tantas tecnologias numa
instituição de ensino se o corpo docente não estiver preparado ou preparando-se para atender
seus alunos numa nova realidade. Caso o professor não tenha sido formado para esse
contexto, o que de fato se observou, a instituição que se preocupa com essa formação
continuada tem no mínimo consciência de que está fazendo parte de um momento
intermediário de mudanças paradigmáticas.
As Tecnologias da Informação e Comunicação têm num primeiro momento a
intenção de transmitir informações, a forma como elas são utilizadas em sala de aula, como
83
recurso moderno e até mesmo como responsáveis em possibilitar a produção do conhecimento
depende mesmo da forma como o professor as utiliza.
O COESI dentro de um contexto discutido do início ao fim nesta pesquisa deixa-
se mostrar como uma instituição que vem buscando estar coerente com as demandas sociais.
Esta escola tem conhecimento do seu papel social e aplica a sua linha teórico-metodológica
consciente de sua realidade. As atividades observadas desenvolvidas pelo corpo docente deixa
claro a consciência que todos têm das mudanças que ocorrem no contexto escolar e da
influência que essas exercem na prática. Por isso a preocupação em preparar constantemente
um professor que atue de forma reflexiva e ativa numa nova perspectiva de Educação.
Espera-se que esta dissertação de Mestrado possa servir de elemento balizador
para ação educacional às novas tecnologias digitais que fazem parte do cotidiano dos
cidadãos da Era do Conhecimento e/ou que seja base para futuras pesquisas, objetivando as
discussões sobre a problemática tratada.
84
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante de toda a problemática apresentada, sabe-se que as mudanças ocorrem, que
novos paradigmas emergem e cobram do homem uma nova postura, um novo modo de agir e
pensar.
A Globalização e as Tecnologias da Informação e Comunicação estão imbricadas
nesse contexto de mudanças e revoluções nas mais diversas áreas da atuação humana. A
sociedade atual se reconstrói a partir do momento que destrói as tradições, como diz Giddens
(1991). Também tem característica fluida, como compara Baumann (2001). Assim, o que se
conclui diante do que foi discutido e independente de como a realidade vem sendo
interpretada, é que se esvivendo um momento de rápidas transformações, mas que exigem
uma nova consciência e reflexão do homem.
Nesse sentido, a Educação tem um papel muito importante para a preparação
desse novo ser que a sociedade demanda. Ela, pode não ser considerada a grande resolução
dos problemas sociais, mas, como disse Demo(2005), é uma das estruturas fundamentais na
construção de um futuro melhor. Nessa perspectiva, o papel do professor, do aluno e da escola
também tomam outros parâmetros de atuação e as modificações são inevitáveis. Donald Shön
(2000) fala da necessidade de um professor reflexivo, relata a importância do conhecimento
tácito, o que para Vigotsky (1991) significa um conhecimento prévio. Fernando
Becker(2004) fala da importância das estruturas que Piaget defende na construção do
conhecimento, e que estas são tão importantes quanto os conteúdos que a grande maioria dos
professores tendem a se preocupar em primeira instância. Ausubel(1980), por sua vez,
enfatiza a importância da aprendizagem significativa por parte do professor e aluno,
característica importante de uma escola reflexiva, de acordo com Isabel Alarcão (1996).
Diante desse cenário, ainda se traz a inserção das Tecnologias da Informação e
Comunicação no ambiente escolar, pois são elementos que fazem parte do cotidiano de
jovens e adolescentes e timidamente vem surgindo como um recurso importante no processo
de ensino e aprendizagem.
Apesar de ainda ser uma realidade presente num pequeno contexto social, as TIC
vêm gerando discussão e são objetos de interesse para muitos estudiosos, dentre eles,
Valente(2002). Segundo ele, as TIC, em especial o computador, vêm revolucionando a sala de
aula, a escola e o perfil do professor. Porém, utilizar o computador no ambiente escolar não
85
pode acontecer através de um método inadequado, sair de um livro para uma tela de
computador não vai gerar uma mudança significativa no processo de ensino. Para que o
computador e demais recursos tecnológicos tenham, realmente, sentido é preciso uma nova
consciência, nova didática e performance por parte do professor. Nesse contexto, faz-se
necessário a formação continuada por parte desse profissional.
Álvaro Pinto (2005), comentado sobre a utilização das Tecnologias da Informação
e Comunicação no contexto social, diz que elas realmente adentraram nos diversos setores
sociais, cabendo ao homem utilizá-las de forma consciente e crítica.
Vale ressaltar que diante dessa conjuntura, esta pesquisadora entende
perfeitamente todas as intenções mercadológicas que existem por trás da globalização, da
inserção dessas tecnologias e do discursos neoliberal. Porém, não se pode ir contra o fato que
as TIC fazem parte do dia-a-dia do homem contemporâneo e está tornando, cada vez mais, o
computador ubíquo.
Como se viu, este estudo foi embasado no seguinte problema: de que forma as
TIC no ambiente escolar funcionam como recursos auxiliares para a transmissão de
informação ou produção de conhecimento no processo de ensino e aprendizagem?
Nesse sentido, teve-se como objetivo geral verificar de que forma se a
utilização das TIC no ambiente escolar como recursos auxiliares no acesso às informações ou
na produção de conhecimento, com turmas de a série do ensino fundamental de uma
instituição de ensino particular em Aracaju.
Especificamente, procurou-se conhecer de que forma os professores da instituição
de ensino pesquisada em as TIC em sua prática educacional; verificar também, como os
estudantes de 5ª a 8ª série utilizam as TIC, em especial a Internet; e registrar em que momento
as TIC são utilizadas como recurso na produção de conhecimento ou quando utilizadas apenas
como meras transmissoras de informação.
Portanto, para se estabelecer o referencial para a discussão foram levantadas as
seguinte hipóteses orientadoras:
- O computador, dentro de uma realidade social específica, vem timidamente
surgindo no ambiente escolar e, o professor, mesmo com uma realidade de vida cotidiana
marcada pelas Tecnologias da Informação e Comunicação, ainda sente dificuldade em usá-las
como recurso pedagógico em sua prática na sala de aula.
86
- O aluno, por sua vez, leva para a escola uma gama de informações adquiridas
através das Tecnologias da Informação e Comunicação, em especial a Internet, por tornar
esses elementos, hoje, muitas vezes, primordiais na sua relação com o outro. Por conta disso,
independente do seu nível social, eles fazem parte de comunidades virtuais e participam da
rede mundial de computadores de forma muito mais hábil que o professor.
- Partiu-se do pressuposto que se apropriar da TIC para se trabalhar
conhecimentos específicos de sala de aula, facilitaria não a aprendizagem do aluno como
ajudaria na prática do professor no seu dia-a-dia.
- Por fim, conjecturou-se que as TIC, dependendo da forma como são utilizadas,
podem ser meras transmissoras de informação ou serem elementos importantes na produção
de conhecimento, o que vai estar claro na prática do professor.
Fizeram parte do universo desta pesquisa 16 professores e 22 alunos do Ensino
Fundamental de 5ª a 8ª série de uma escola particular de Aracaju-SE.
Constatou-se diante da realidade pesquisada que os alunos possuem um maior
contato com as TIC, fazem delas, em especial, da internet, um meio de se relacionar com o
outro. Utilizam-nas mais para a comunicação com demais colegas do que para atividades
escolares. O professor, por sua vez, percebe que as TIC facilitam o seu trabalho e a
compreensão do aluno na exposição de suas aulas, mas informa que é preciso tempo e estudo
para utilizá-las diuturnamente.
De acordo com as entrevistas realizadas com as coordenadoras, pôde-se verificar
que a instituição de ensino pesquisada se preocupa com a formação continuada do seu
professor, por isso disponibilizava uma coordenação específica na área de tecnologias digitais.
Os docentes são orientados quanto ao uso pedagógico e técnico dos recursos tecnológicos
presentes na escola.
Vale ressaltar que no decorrer desta pesquisa a escola passou a não contar mais
com a coordenação em tecnologias e educação. Frente a essa nova realidade da instituição,
sugere-se uma retomada das atividades referentes a esse setor. Sabe-se que a escola tinha
como um dos seus diferenciais essa atitude de acompanhamento e orientação dos professores
em relação as TIC. Portanto é de extrema importância que esse trabalho continue, que os
dados levantados apontam a importância do apoio ao docente.
Outro fator importante analisado é a importância da retomada de uma proposta de
atuação a ser desenvolvida com todos os professores da instituição em estudo, para que a
87
partir dela, venha-se complementar o trabalho que a escola vem desenvolvendo ao longo
desse tempo, visando a atender efetivamente às necessidades de alunos, professores e a
comunidade escolar em geral.
Quanto às TIC servirem como meio de transmissão de informação ou produção de
conhecimento, grande parte dos professores entrevistados apontam a didática como o fator
determinante nessa questão, o que ratifica uma das hipóteses apresentadas.
Para muitos deles é a postura e didática do professor que vai determinar o
produto da aula. É Importante destacar que embora a escola deixe bem claro em seu projeto
político pedagógico que a linha teórica seguida é da Pedagogia sócio-interacionista, ainda
assim, alguns professores sentem dificuldade em compreender e desenvolver a sua prática
totalmente ancorada nessa teoria. O que leva a esta pesquisadora afirmar a necessidade de
discussões da teoria pedagógica do COESI em reuniões de formação continuada.
Deve-se, também, destacar que diante do que se foi observado, a escola em estudo
promove eventos que valorizam a comunicação e especificamente a linguagem e o
pensamento de seus discentes. Verificou-se a importância que esta ao conhecimento
contextualizado e estimulador na construção das estruturas de cada discente.
O COESI se enquadra num perfil de escola moderna e que busca responder a
todas as transformações as quais está inserida de forma crítica. Vale ressaltar que a inserção
das mais modernas tecnologias na escola, nascem primeiro de uma necessidade social, em que
a pressão do mercado e a competitividade com outras instituições particulares impulsionam a
tais inovações. Porém, após inseridas no âmbito educacional, um acompanhamento
visando uma utilização significativa dentro do contexto escolar.
Segundo Tedesco (2005), num nível mais específico, o desenvolvimento
tecnológico coloca para as escolas a necessidade de ensinar novas habilidades básicas.
Portanto, a digitação, o acesso a internet, o uso de planilha eletrônica e de sistemas de banco
de dados, softwares de apresentação multimídia e outros, já se tornaram indispensáveis.
Constatou-se diante das observações que a instituição em tela utiliza-se de todos
esses aplicativos, seja para a execução de projetos interdisciplinares ou como auxiliares nas
disciplinas específicas dos professores.
Constatou-se, também, que a coordenação pedagógica e a direção fazem um
acompanhamento dessa ação na escola e durante as reuniões de estudo detectam as
dificuldades e vantagens quanto à utilização das TIC.
88
Por fim, este estudo possibilita a continuidade de outras pesquisas por apresentar
diversos elementos de interesse. Verifica-se, portanto, a partir desta pesquisa, que a escola não
pode ficar à margem dessas transformações, independente das intenções com que as TIC
estejam adentrando o setor educacional. Assim, cabe a professores, gestores e alunos a
flexibilidade e o entendimento de usá-las de forma que venham enriquecer o processo de
ensino-aprendizagem.
Acredita-se, com a conclusão deste estudo que, quando compromisso
verdadeiro com a Educação, é possível se fazer um trabalho diferente, que possibilite
preparar, positivamente, o futuro daqueles que estão sendo formados. Basta, para isso, que os
profissionais envolvidos nesse processo entendam qual a sua função no meio social e tornem-
se atores de suas ações. Que o conhecimento permeie suas atitudes e os leve sempre a uma
reflexão acerca do resultado de suas ações e intenções.
89
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1993.
92
APÊNDICES
93
1 - QUESTIONÁRIOS APLICADOS AOS PROFESSORES
Prezado(a) Professor(a),
Solicito de Vossa Senhoria o preenchimento do questionário abaixo para atender à minha
pesquisa de campo referente à minha dissertação de mestrado em educação em
desenvolvimento na //universidade Federal de Sergipe.
O COESI é o meu campo de estudo e aproveitamos este momento juntamente com a
instituição para avaliarmos o nosso trabalho referente ao uso das tecnologias no ambiente
escolar. Não precisa se identificar. O máximo que preciso é saber qual a sua disciplina, uma
vez que solicito uma experiência realizada com o uso das tecnologias.
Obrigada,
Ucineide Moreira
Coordenação em Tecnologias e Educação
TIC Tecnologias da Informação e Comunicação
Conjunto de tecnologias microeletrônicas, informáticas e de telecomunicações que permitem a aquisição,
produção, armazenamento,processamento e transmissão de dados na forma de imagem, vídeo, texto ou áudio.
...chamaremos novas tecnologias da informação e comunicação às tecnologias de redes informáticas, aos
dispositivos que interagem com elas e a seus recursos. (MARTINEZ, 2004)
Questionário
1 Qual a sua relação com as TIC no COESI?
a- Direta
b- Indireta
c- Nenhuma
2 Em que freqüência você as utiliza?
a- Uma vez por semana
b- Duas vezes ao mês
c- Raramente
d- Não tenho uma freqüência definida
3 Você acha que precisa de maior conhecimento de informática para utilizar essas
tecnologias?
a- sim
b- não
c- depende da tecnologia
4 Você acredita que para usar as tecnologias é preciso um tempo maior para preparar a sua
aula?
a- sem dúvida que sim
b- depende da tecnologia
c- não o tempo é mesmo que uma aula convencional
5 Você já recebeu suporte para utilizar essas tecnologias que a escola oferece?
a- sim
b- poucas vezes
c- não
94
6 Caso já tenha utilizado uma das tecnologias que a escola dispõe, em suas aulas, solicito
que comente alguma experiência sua, sem deixar de levar em consideração as seguintes
situações:
a Em que ela ajudou?
b Como foi o desenvolvimento da aula com os alunos?
c Você percebeu empolgação por parte dos mesmos?
d Você se empolgou ?
e Que tecnologia usou ?
f Ela se faz necessária durante as suas explanações?
7 Você acredita que as TIC agregam valores ao processo de ensino e aprendizagem. Por
favor, comente sua resposta.
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
95
2 - QUESTÕES NORTEADORAS DA ENTREVISTA COM OS PROFESSORES
1 - Qual a Tecnologia que você mais utiliza(ou) nesta instituição?
2 - Como as tecnologias do COESI são apresentadas a você?
3 - Você possui dificuldade para inserir as TIC em suas aulas? Descreva-as.
4 - Você acha que é possível utilizar as TIC como recurso facilitador no processo de ensino?
5 - Em que momento elas podem ser caracterizadas apenas como mera transmissoras de
informação? Dê exemplo.
6 - O que essa instituição oferece para que você tenha acesso a essas tecnologias?
7 - Qual a sua formação? Instituição de ensino particular ou pública?
8 - Você obteve em seu currículo acadêmico alguma disciplina relacionada ao uso das TIC?
9 - Há quanto tempo você está nesta instituição?
96
3 - QUESTIONÁRIO APLICADO AOS ALUNOS
Prezado(a) Estudante,
Sou Ucineide R. Rocha Moreira, aluna de Mestrado em Educação na Universidade
Federal de Sergipe e venho solicitar de V. Sra. o preenchimento deste questionário para
análise do meu objeto de estudo relacionado ao uso das TIC nesta instituição de ensino.
Não é necessário sua identificação e estamos aproveitando essa oportunidade para
analisarmos e avaliarmos esse setor importante da escola que é a utilização das TIC no
ambiente escolar.
Obrigada
1 - Com que freqüência você usa as Tecnologias da Informação e Comunicação?
2 - Quais as tecnologias que você mais utiliza?
3 - Você acha que as TIC melhoram o seu aprendizado? Por quê?
4 - Relate uma aula que você considerou interessante realizada com o auxílio de alguma
tecnologia.
5 - Você já fez download de alguma aula pelo site da escola? Comente.
6 - Quais as disciplinas que você observa que acontecem com um uso mais freqüente de
tecnologia?
7 - Como você utiliza as TIC no seu dia-a-dia?
8 - Relate o que mais você faz ao utilizar o computador e a internet.
9 - Participa de alguma comunidade virtual?
10 - Você mantém contato com o(a) seu(ua) professor no mundo virtual? Como?
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