29
A ‘mudança de face’ no formato do ensino superior brasileiro é
recebida com otimismo por alguns especialistas como Simon
Schwartzman e analistas como Cláudio de Moura Castro, que
entendem que o novo momento traz o germe da efetiva
transformação [...]. O que não quer dizer livre de riscos e de
retrocessos, dependendo do caminho que venha a ser trilhado no
futuro. (PORTO; RÉGNIER, 2003, p. 67-68).
Ainda no âmbito das mudanças previstas no cenário educacional,
aceleradas pelos processos avaliativos e regulatórios, destacam-se também:
a. Diversificação ampla dos tipos e modalidades de cursos
oferecidos – nos cursos tradicionais de graduação, a eliminação
da rigidez dos currículos mínimos, a implantação de novas
diretrizes curriculares e a redução do tempo mínimo de
integralização para três anos respondem pela diversificação. A
isso acresce as modalidades não convencionais de oferta, tais
como: cursos técnicos, tecnólogos, seqüenciais, educação
continuada, cursos de especialização, pós-graduação lato e
stricto senso - cada qual voltado para um tipo específico de
clientela com necessidades diferenciadas;
b) Profissionalização da gestão das instituições de ensino
superior – as instituições de ensino brasileiras, premidas pela
abertura de novas janelas de oportunidade de um lado e pelo
aumento da concorrência de outro, estão começando a adotar
modelos de gestão que focalizam controle de custos,
diferenciação e atuação profissional – se antes os quadros eram
ocupados exclusivamente por professores com capacidade de
docência mas sem experiência administrativa, hoje o foco
começa a mudar:
c) Atração de novos investimentos para a educação superior –
frente às estimativas de expansão do sistema – tanto nas
atividades finalísticas como nas atividades meio, o setor vem
atraindo investimentos de capital oriundos de outras frentes que
não do campo educacional.
d) Difusão da cultura da avaliação – antes restritos à pós-
graduação, os processos avaliativos reguladores ou a cargo do
governo federal se ampliaram [...] a prática da avaliação pode
ser também percebida pelo desenvolvimento de novos
instrumentos e procedimentos, que operam em paralelo,
contemplando critérios e fórmulas de calculo distintos dos
utilizados pelo MEC, mas que servem de referência para as
instituições – como o sistema de avaliação proposto pelo CRUB
no qual as instituições aderem de forma voluntária – fortalecendo
as bases de uma ‘cultura da avaliação’ que em tese estaria
defendendo a manutenção da qualidade dos cursos. (PORTO;
RÉGNIER, 2003, p. 68-69).