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PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO.
MESTRADO EM EDUCAÇÃO
A INSERÇÃO DA DANÇA ESCOLAR COMO POSSIBILIDADE DE
EDUCAÇÃO INTEGRAL
DULCE MARIA ROSA CINTRA
Presidente Prudente (SP)
2007
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PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
MESTRADO EM EDUCAÇÃO
A INSERÇÃO DA DANÇA ESCOLAR COMO POSSIBILIDADE DE
EDUCAÇÃO INTEGRAL
DULCE MARIA ROSA CINTRA
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação Stricto Sensu - Mestrado em
Educação, como parte dos requisitos para
obtenção do título de Mestre em Educação.
Área de Concentração: Instituição Educacional
e Formação do Educador. Linha de Pesquisa:
Formação e Prática Pedagógica do Pro-
fissional Docente
Orientadora: Profª Drª Lucia H.Tiosso Moretti.
Presidente Prudente (SP)
2007
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372 Cintra , Dulce Maria Rosa.
C575i A inserção da dança escolar como
possibilidade de educação integral / Dulce Maria
Rosa Cintra. – Presidente Prudente: [s.n.], 2007.
107 f. : il.
Dissertação (Mestrado em Educação) –
Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE:
Presidente Prudente – SP, 2007.
Bibliografia
1. Dança educação. 2. Educação. 3.
Educação Física. Título.
DULCE MARIA ROSA CINTRA
A Inserção da Dança Escolar como Possibilidade de Educação Integral
Dissertação apresentada a Pró-Reitoria de
Pesquisa e Pós-Graduação, Universidade
do Oeste Paulista, como parte dos
requisitos obtenção do título de Mestre em
Educação.
Presidente Prudente, de de 2007.
BANCA EXAMINADORA
____________________________________
Profª. Drª. Lúcia Helena Tiosso Moretti
Universidade do Oeste Paulista - Unoeste
____________________________________
Profª. Drª. Sonia Maria Vicente Cardoso
Universidade do Oeste Paulista - Unoeste
____________________________________
Prof. Dr. Ismael Fortes Freitas Júnior
Universidade Estadual Paulista – Unesp
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a meus pais, irmãos, sobrinhos, cunhados e minha
única e especial filha que são minha família, portanto participaram de minha
formação e acompanharam minha trajetória nestes três anos sempre com muito
interesse e atenção. Estas pessoas são extensão de meu ser, que dependo
indispensavelmente da aprovação, compreensão e amor destas pessoas pra
continuar tentando novos caminhos e possibilidades de conhecimento e seguir em
frente com coragem.
Aos meus amigos, que sempre mostraram participantes em meus estudos,
isso é uma força estimulante que nos faz sentir importante.
Também, a todos os professores que proporcionaram reflexões e
questionamentos contribuindo para o meu crescimento holístico. Meus respeitos,
admiração e eterna gratidão. Vocês estão “tatuados nas paredes da minha
memória”, com muito carinho.
AGRADECIMENTOS
Agradeço as oportunidades que a vida tem me dado e o discernimento em
minhas trajetórias, e principalmente a intuição que é um dom divino e aprendemos a
sensibilizar com pensamentos puros e isso só o criador nos concede.
“Eu não acredito em um Deus que não saiba dançar” (Nietzsche).
Quero inserir meus agradecimentos aos meus familiares, que não posso
deixar de citar novamente que sempre estão prontos pra quebrar todos os galhos,
principalmente a meus pais Dino e Elfrida, dois polos opostos que me colocam em
meu centro, em meu eixo, que elevo minhas mãos aos céus todos os dias pelo
presente de tê-los como pais, pessoas com tanta sabedoria e bondade. E aos céus
também agradeço pelo presente que convive comigo aa 18 anos e me completa
tanto, Marcela, minha filha.
Agradeço a todos os professores por terem compartilhado um pouco de seu
saber conosco nos orientando e estimulando neste percurso, e fazendo-nos
entender que as dificuldades fazem parte de um processo gerador de soluções que
nos trazem sabedoria, em especial a Prof. Raimunda que sugeriu o título do
trabalho, e a Prof Ivone que me orientava em 2005.
Colegas de curso, que através de seminários, debates e discussões nos
ajudaram a pensar sobre coisas ainda inexploradas, e até mudar alguns
paradigmas. Foi muito bom ouvi-los e conhecer as diversas experiências.
Colegas de trabalho, colegas do CPD, pessoal da biblioteca, secretárias,
sempre muito solícitos a nos atender e tirar dúvidas e ajudar no possível, quero citar
a Ina com sua gentileza e nos atende. È indispensável a amabilidade de vocês para
a tranqüilidade de nosso trajeto.
A minha orientadora Lúcia Moretti, que esteve sempre contagiando com sua
alegria de viver e trabalhar sério ao mesmo tempo, apesar de..., cativou- me com
seu jeito engraçado de me puxar as orelhas algumas vezes, e dizer para seguir com
calma e paciência. “Calma Bella”, e fez de suas aulas um encontro até social.
Professora a senhora é demais.... Muito obrigada!.
PRECE
Eu louvo a dança, pois ela liberta as pessoas das coisas, unindo os dispersos em
comunidade.
Eu louvo a dança que requer muito empenho, que fortalece a saúde, o espírito
iluminado e transmite uma alma alada.
Dança é mudança do espaço, do tempo, do perigo contínuo de dissolver-se em
sentimentos.
A dança requer o homem libertado, ondulado no equilíbrio das coisas.
Por isso eu louvo a dança.
A dança exige o homem todo ancorado em seu centro para que não se torne pelos
desejos desregrados, possesso em pessoas e coisas, e arranca-o da de viver
trancado em si mesmo.
Oh! homem , aprende a dançar!
Caso contrário, os anjos não saberão o que fazer contigo.
SANTO AGOSTINHO
RESUMO
A Inserção da Dança Escolar como Possibilidade de Educação Integral
Esta pesquisa aborda a dança como possibilidade de educação integral, visto que
ela está inserida no contexto escolar como um instrumento lúdico - conduzindo e
mediando ações entre professor/aluno e este meio da expressividade humana
contribui beneficamente para estimular o aprendizado geral da criança,
despertando-lhe a curiosidade pelo saber, que aparece de forma prazerosa e
motivadora. Os objetivos do estudo foram relacionar os temas da dança com os
conteúdos desenvolvidos em sala de aula, analisar, junto à professora, os
benefícios da dança no desenvolvimento global da criança, e examinar a formação
do professor de educação física na educação infantil. Trata-se de uma pesquisa
descritiva, qualitativa, inserida na metodologia de pesquisa-ação, assentada nos
pressupostos de Rudolf Laban e Lê Bouch e outros estudiosos do tema em questão.
Compuseram a amostra 20 crianças, sendo 10 meninos e 10 meninas, com idade
de 6 anos, matriculadas no Pré-III. O estudo foi realizado na Casa da Criança e
Centro Social São José da cidade de Presidente Prudente (SP). As atividades foram
desenvolvidas no pátio da escola. Foram utilizados nas aulas, lenços, bolas,
bambolês e pinturas de “amarelinha” no chão, como recurso espacial e limites. Além
disso, foram selecionadas músicas de MPB, folclóricas, cantigas de roda e
parlendas para estimular a linguagem falada e a acuidade auditiva e desenvolver o
pensamento lógico matemático pelas brincadeiras rítmicas e jogos calmantes que
trabalham a inteligência cinestésica corporal. Foi aplicado um questionário à
professora das crianças com objetivo de investigar a performance dos alunos após
as atividades desenvolvidas, bem como preencher uma ficha de observação de
cada criança. Todos os dados foram analisados qualitativamente e os resultados
apontaram a emergência de entendermos num contexto holístico, pessoas,
enquanto formadores do pensamento, e que estas, farão uso de sua cidadania
como profissionais responsáveis por sua sabedoria prática sob influência direta do
“feedback” escolar. Constatamos que as crianças de modo geral obtiveram um
relevante e significativo empenho nos itens socialização, cooperação, disciplina e
percepção auditiva
Palavras-chave: dança escolar; desenvolvimento humano e aprendizagem; formação
de professor; educação integral.
ABSTRACT
The Insert of School Dance how a possibility of Integral Education
This research approaches the dance as possibility of integral education, considering
it is inserted in the school context as an instrument of recreation - leading and
mediating actions between teacher/student and this middle of the human
expressiveness contributes positively to stimulate the child's general learning, waking
up him/her the curiosity for the knowledge, that appears in a pleased and motivating
form. The objectives of the study were: to relate the themes related to dance with the
contents developed in the class room; to analyze, close to the teacher, the benefits of
the dance in the child's global development; and to examine the physical education
teacher's formation in the infant education. It is a descriptive and qualitative research,
inserted in the research-action methodology, seated in Rudolf Laban's, Le Boulch,
and other specialists presuppositions of the theme in subject. The sample was
composed by 20 children, being 10 boys and 10 girls, with 6 year-old age, enrolled in
Pré-III. The study was accomplished in the Child's House and Social Center São
José of the city of Presidente Prudente (SP). The activities were developed at the
patio of the school. They were used in the classes, handkerchiefs, balls, hula hoops
and " paintings in the ground”, as space resource and limit. Besides, music of BPM
(Brazilian popular music) were selected, folkloric, music for children and rhythmics
poems, to stimulate the spoken language and the auditory sharpness and to develop
the mathematical logical thought for the rhythmic games and soothing games that
work the kinestesic body intelligence. It was applied a questionnaire to the children's
teacher with objective of investigating the students' performance after the developed
activities, as well as to fill out a record of each child's observation. All the data were
analyzed qualitatively and the results pointed the emergency of we understand in a
holistic context, people, while builders of the thought, and that these, will make use of
your citizenship as responsible professionals for your practical wisdom under direct
influence of the “school feedback". We verified that the children in general obtained
an important and significant pledge in the items socialization, cooperation, followed
by discipline and auditory perception.
Key-words: dances in school; human development and learning; teacher’s formation;
integral education.
12
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - A canoa virou .....................................................................................73
FIGURA 2 - A canoa virou (com laçada)............................................................. ..73
FIGURA 3 - Chep Chep.........................................................................................74
FIGURA 4 - Entrar na roda seu sabiá....................................................................74
FIGURA 5 - A serpente..........................................................................................75
FIGURA 6 - Meu burro...........................................................................................76
FIGURA 7 - Refeitório............................................................................................77
FIGURA 8 - Pátio.................................................................................................79
FIGURA 9 – Desenho pelo aluno de sua auto-imagem (março)...........................86
FIGURA 10 - Desenho pelo aluno de sua auto-imagem (março)..........................86
FIGURA 11 - Desenho pelo aluno de sua auto-imagem (março)..........................87
FIGURA 12 - Desenho pelo aluno com a mesma orientação (novembro)...........87
13
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................11
1.1 Problema............................................................................................................ 16
1.2 Hipótese.............................................................................................................. 16
1.3 Objetivos............................................................................................................. 17
1.3.1 Geral................................................................................................................ 16
1.3.2 Específico........................................................................................................ 17
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...........................................................................19
2.1 Educação Integral: uma visão holística de inter e transdisciplinaridade.............19
2.2 Paradigmas da Educação Física: Enfoque Pedagógico.................................. 23
2.3 Sobre A Dança Escolar...................................................................................... 27
2.4 Dança: Visão Pedagógica do Movimento........................................................... 38
2.5 A Questão da Corporeidade: Alfabetizando pelo Movimento.............................44
2.6 A Estruturação do Esquema Corporal na Fase da Alfabetização das
Letras...................................................................................................................48
2.7 Conceituando Desenvolvimento e Fases do desenvolvimento motor............... .50
2.8 A Tridimensionalidade do Comportamento Humano....................................... ..52
2.9 As Inteligências Múltiplas: Uma Ótica Interdisciplinar em Busca da
Transdisciplinariedade...................................................................................... 53
2.10 Sobre a Formação do professor........................................................................56
2.11 Os Paramêtros Curriculares Nacionais (PCNS) e o Ensino das Artes..............60
3
4
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...........................................................63
3.1 A Amostra........................................................................................................... 64
3.2 Local das Atividades........................................................................................... 64
3.3 Procedimentos de Coletas de Dados................................................................ 65
3.4 Percurso da Pesquisa..........................................................................................67
3.5 Dados sobre a professora................................................................................. 79
RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 82
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 88
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................93
BIBLIOGRAFIAS CONSULTADAS..........................................................................98
APENDICES:............................................................................................................ 99
Apêndice A - Solicitação de Autorização à Direção da Casa da Criança ..............100
Apêndice B - Solicitação de autorização aos pais doas crianças .......................... 101
Apêndice C - Questionário aplicado à professora..................................................103
ANEXO....................................................................................................................105
Anexo 1 - Ficha de Observação da professora.......................................................106
11
1 INTRODUÇÃO
Pensando nas crianças e sua formação, remetemo-nos a relembrar
alguns detalhes que passaram na trajetória da minha vida e abriram a mente para
pensamentos e questionamentos, que amadureceram, mas desde muito cedo na
vida, me acompanharam.
Uma propaganda de Televisão em meados dos anos 60, me chamou a
atenção para a indagação. Aparecia um porquinho perguntando ao coleguinha então
porquinho também:
_ “O que você quer ser quando crescer?”
_ “Salsicha”, respondia o outro. E seguiu-se a propaganda das
salsichas.
Na época estava com 2 ou 3 anos de idade e eu brincava com aquela
pergunta imitando a propaganda, sem imaginar que aquilo ficaria internalizado para
sempre, pois é uma questão que todos os pais e educadores nos farão no decorrer
da nossa vida.
Vinda de uma formação Beneditina (calcada na Ordem de São Bento,
que tem como princípio a Organização como base para a vida), que inicia com o
ingresso no jardim de infância, começa também o desenvolvimento de outros
pensamentos filosóficos, mas logo definiria esta questão... de ser ou não ser quando
crescer. Pensava em ser boa. E a partir desta conclusão surge a noção da amplitude
desta palavra e as várias formas de fazer-se bom e as ramificações que partem dela.
O tempo, ou a relação com ele, é diferente com o da infância, onde um
ano é sentido passar muito lento, e é marcado simbolicamente pelas datas
comemorativas que seguem no decorrer de cada mês do ano, mas é melhor
percebida pelo crescimento corpóreo, que demonstra que este tempo não é estático
e o movimento o acompanha esta transição temporal em seu desenvolvimento.
A relação de sujeito objeto de causa e efeito do mundo e no mundo
como parte de um sistema integrado e em movimentos constantes, e diretamente
ligados ao universo corpóreo através de neurônios motores e estas sinapses serão
transmitidas em ondas ao nosso cérebro que nos conecta neste mundo de
constantes mudanças, na qual fazemos parte integrante é que nos faz buscar uma
12
visão holística do sentido da vida. No sentido Beneditino, a vida é auto-organizadora,
que interage com o universo através dos constantes movimentos que integram um
sistema, atualmente globalizado, ciclicamente num ritmo altamente apressado, onde
Dança será papel da educação para conter controlando, regulando, e
conscientizando para esta aceleração num rumo crescente ao caos, como nos
propõe Nietzsche (1987).
Aqui neste trabalho, julgamos ser primordial alguns questionamentos,
principalmente por abordarmos e tratarmos o ser humano dentro de uma totalidade
corporal, por isso não queremos fragmentá-lo em objeto do mundo onde ele não
participa de sua construção, apenas assisti com a um programa de Tv.
Na infância, desde o nascimento, assimilamos e acomodamos novas
posturas corporais, de acordo com Piaget, e é através do movimento que
percebemos e nos relacionamos com o mundo das pessoas. Não importa a forma de
pensar o movimento, o importante é pensá-lo e reconhecê-lo diante de nós mesmos,
o mundo dos seres vivos e de um Universo temporal, rítmico, e este trabalho quer
nos fazer pensar o movimento contido até em nossos pensamentos e construção
deles.
A dança aparece de forma casual em nossa vida, numa pequena
cidade, Pirapozinho (SP), onde ao ver um ensaio de uma garota que dançava no
palco, hipnotizou os pensamentos de “vir a ser”, e naquele momento a resposta já
havia chegado. A experimentação através da observação torna-se latente em nosso
desenvolvimento que decorre através dos muitos movimentos corporais que
possibilitam realizar e improvisar para conhecer os próprios limites.
O contexto geral da história de vida de cada pessoa faz parte de sua
formação geral e cada instante deve ser um ingrediente acrescentado nesta história,
mas cada um é responsável pelo seu próprio percurso, por isso é de grande
relevância neste trabalho explicitar toda esta trajetória para transmitir a importância
no contexto atual da educação que vislumbra um mundo holístico e uma formação
estabelecida por uma filosofia holística, onde as transformações se processam pelo
movimento que a própria visão holística trás na sua terminologia, conforme Weil
(2004).
O pensamento infantil é lúdico por si só, e tem uma lógica de raciocínio
que também deve amadurecer e mudar conforme os estímulos recebidos em seu
desenvolvimento, que nos acompanha em nosso raciocínio intelectual, que quando
13
exercitado estará em constante movimento de renovação, por isso formando novas
conexões neurais que contribuem para formar novas inteligências, segundo a visão
trans-disciplinar abordado por Gardner (1995).
A visão Holística contrapõe a visão Cartesiana do Século XVII que não
cabe mais nas ações do século XX, que se apropria de uma maneira mecanicista de
encaminhar a vida, rejeitando até por conveniência do comodismo capitalista que
rege nossa história, que caberia em outra tese.
Vemos que se torna urgente acabar com dicotomias mundanas e
estabelecer novas relações com ele, e a dança escolar deverá trazer o
conhecimento da realidade social, individual em suas atividades de conteúdos, e aí
começa uma discussão intrínseca e extrínseca pelo contexto acadêmico que
professores e membros das escolas, aceitem as formas de movimentos corporais
como manifestações de uma linguagem em formação e transformação, a linguagem
corporal que nos remete a ser ou não ser ativo diante ao mundo, e educamos para o
melhor convívio neste mundo, para exercitarmos no dia a dia e obtermos o bem
estar próprio, par somente assim entrar em equilíbrio.
Através da Dança, é possível valorizar e celebrar a vida e suas
manifestações que nos liga ao Cosmos, micro ou macrocosmos.
Após alguns anos de trabalho, com dança infantil, sentimos a
necessidade de realizar um estudo teórico que, associado à prática até então
estabelecida, pudesse ampliar e aprofundar o conhecimento na área, e também
efetivar algumas mudanças no processo ensino-aprendizagem que até então vem se
desenvolvendo nas escolas e especialmente as pré-escolas particulares, que muitas
vezes contratam estagiárias de escolas ou academias de dança, com vivência
apenas nos conteúdos de dança, porém sem conhecer as questões pedagógicas e
psicológicas que afetam o aprendizado, para respeitar as fases de desenvolvimento
as crianças encontram-se, e quais atenções devem ser dadas a elas, a dança que
normalmente se desenvolve nas escolas e/ou academias, parece não se preocupar
em valorizar o aspecto educativo e do desenvolvimento infantil, buscando apenas
performances em festividades escolares que não tem um caráter educacional para
crianças.
Escolhemos o movimento como tema da Educação Física Geral e ao
mesmo tempo em que é um comportamento que pode ser observado, ele é o
resultado de um processo interno do indivíduo, que ocorre ao nível do sistema
14
nervoso e neste estudo falaremos da psique envolvida no movimento humano e os
benefícios da dança como expressão artística no que refere-se ao extravasar
emoções, uma vez que exercita através da consciência corporal e de si, inserido no
contexto familiar e escolar .
A dança na escola tem um papel essencial enquanto atividade
pedagógica e favorece o despertar de um vínculo concreto de sujeito-mundo nas
crianças, permite o desenvolvimento de atividades que motivam a produção de ação
e compreensão, beneficiando o estímulo para ação e decisão no desenrolar das
mesmas, fortalecendo a auto-estima, a auto-imagem, a autoconfiança e o auto-
conceito da criança.
Ao longo das atividades de dança, espera-se que a criança progrida
em relação ao domínio de seu corpo, que tenha condições para enfrentar novos
desafios quanto aos aspectos motores afetivos, cognitivos e sociais; que
desenvolvam e aperfeiçoem suas possibilidades de movimentação, percebendo
novos espaços, novas formas e superação de seus limites.
A diversidade das ações que a dança oferece proporciona absoluta
integração com os processos de ensino-aprendizagem, visando alcançar aos
objetivos propostos, possibilitando oportunidades para a criança se expressar, se
mover, ser criativa, espontânea e conviver consigo mesma e com os colegas,
conforme Miranda (1979).
Ao ingressar na escola a criança já traz consigo um conhecimento
amplo a respeito de seu corpo, que na maioria das vezes não o foi despertado. Uma
das tarefas do professor será aproveitar tais saberes e a partir deles, viabilizar novas
experiências. A criança pequena (em fase pré-escolar), precisa de ações que
promovam o aprimoramento de sua criatividade e interpretatividade, de envolver-se
em atividades que a motivem, que lhe dêem prazer, visando a ludicidade, e a partir
destas vivências, ela possa canalizar suas emoções frente à liberdade de movimento
e livre expressão, seu aprendizado é corporal, segundo Santos (1997).
Descobrindo seu corpo a criança se movimenta, atua, interage com
seus se pares em uma constante descoberta psíquico-social; ela descobre o próprio
corpo, desenvolve a coordenação motora, obtém maior a segurança e tonicidade
através da de visualização do seu corpo e de s seus colegas.
Levin, psicomotricista e educador físico argentino, sugere que os
movimentos corporais sejam incluídos em todas as disciplinas:
15
O corpo ajuda o aluno a aprender. Incentivar uma relação saudável com o
próprio corpo e o uso dele na aprendizagem são práticas que deveriam ser
cultivadas por toda a escolaridade. Mas até o início da puberdade, por volta
dos 12 ou 13 anos, elas são determinantes. Até essa fase a criança vive
pela primeira vez as mais diversas experiências: ela vai conhecer os
números, a regra de três, a leitura, a escrita, o ensino de História... Quando
alguma coisa acontece pela primeira vez, precisa ser marcante e positiva,
para deixar boas recordações, ainda que inconscientes. O uso do corpo
permitirá que essas lembranças sejam prazerosas e a pessoa vai associar o
aprendizado a sensações gostosas. (LEVIN, 2005).
Pica in Cintra (1999), comenta que a criança vive e cresce em torno do
mundo exterior do qual depende estreitamente do mundo dos objetos e das
pessoas. Ela percebe esse mundo através de seu corpo e se relaciona com ele.
Todas as formas de relação e o conhecimento num aspecto de relação estão
ligados à ação corporal.
Bambirra (1993), afirma que a dança é uma das formas mais ricas de
se educar, promover e desenvolver o ser integral. Através dela é possível
desenvolver a criatividade além de proporcionar inúmeras alternativas para serem
vivenciadas, a medida em que o professor oportuniza a expe-rimentação e criação
de movimentos, deslocando-se no espaço com atenção no caminho de seus
movimentos e respeitando o espaço alheio, de acordo com os princípios básicos do
método de Laban, e a utilização dos temas que são os quatro fatores do
movimento: peso, fluência, tempo e espaço, é que procede também a percepção
geral de mundo.
As atividades lúdicas devem ser utilizadas amplamente para atuar no
desenvolvimento das crianças, visto que é através delas que as crianças expressam
suas criações e emoções, refletem medos e alegrias, desenvolvem características
importantes para a vida adulta. O lúdico é um dos recursos mais agradáveis,
interessantes, atraentes e de resultado imediato para no auxílio à aprendizagem. É
através do lúdico que a criança vive seu próprio corpo, se relaciona com o outro e o
mundo ao seu redor, por isso a dança é uma atividade puramente lúdica.
De acordo com Santos (1997), a utilização do lúdico na escola, de
forma geral, e principalmente na Educação Infantil é um recurso pedagógico
riquíssimo na busca da valorização do movimento, das relações, é uma
necessidade humana e proporciona a integração da criança com o ambiente onde
vive, sendo considerado como meio de expressão e aprendizado.
16
Além do mais, as atividades lúdicas proporcionam internalização de
valores, desenvolvimento cultural, assimilação de novos conhecimentos,
desenvolvimento da sociabilidade e da criatividade. Por intermédio do lúdico, a
criança encontra o equilíbrio entre o real e o imaginário, oferece a oportunidade de
desenvolvimento de maneira prazerosa.
Abordar sobre o tema – “A inserção da dança escolar como
possibilidade de educação integral”, nos permite versar sobre outras proposições
inter-relacionadas com a dança, tais como as possibilidades, limites e desafios da
educação física no contexto escolar da educação infantil, os Parâmetros
Curriculares que nortearam a inserção da Educação Física nas escolas; a formação
e capacitação de professores na área em pauta, Educação Psicomotora, entre
outros. Desta forma, ao pensarmos na organização da formulação do problema, das
hipóteses e dos objetivos, o fizemos segundo a contextualização dos temas
vinculados à dança.
1.1 O Problema
¾ Os professores estão preparados e capacitados para ministrarem as
aulas de dança, uma vez que esta foi inserida nos Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCNs) em 1996, e estão nos conteúdos programados para os
concursos públicos?
1.2 Hipóteses
¾ A experiência variada com elementos rítmicos e propostas temáticas
de movimentos corporais vivenciados pelas crianças, contribui em seu
desenvolvimento global.
¾ O professor percebe as diferenças no viver cotidiano das crianças
como interferência na aprendizagem e interesse pelos conteúdos.
17
1.3 Objetivos
1.3.1 Geral
¾Analisar a educadora, e seus conceitos sobre a importância do
movimento infantil, como fator integrador da expressão e comunicação, contribuindo
para o aprendizado e uma ferramenta a mais uma vez que temos a condição
corporal de cidadania.
1.3.2 Específicos
¾ Contextualizar a dança como recurso pedagógico que pode
beneficiar a criança de 6 anos em sua alfabetização corporal, confrontando com
temas propostos pelos conteúdos da Metodologia Laban e ações corporais básicas
de Lê Bouch.
¾ Introduzir no Projeto Pedagógico da Escola, os conteúdos da Dança
com as temáticas disciplinares desenvolvidas na sala de aula, como mais uma
estratégia de motivação ao aprendizado.
¾ Abordar conteúdos sobre a Dança no planejamento da professora,
os quais pretende-se contribuir para o desenvolvimento global da criança e os
aspectos cognitivos, psicomotores e afetivo-social.
Delineadas as questões iniciais da presente pesquisa, descreveremos,
a seguir, como o estudo foi esboçado.
Como o tema é bastante amplo e atualmente encontramos uma
literatura considerável que apresenta as mudanças nas diretrizes das aulas da
Educação Física, incluindo a Dança, nos Currículos do Ensino Fundamental,
conforme determinam os Parâmetros Curriculares Nacionais/Educação
Física/ARTE, bem como artigos que revelam a importância da dança escolar no
desenvolvimento infantil. Outros textos fazem uma apreciação crítica de como os
18
professores de Educação Física ministram suas aulas no Ensino Fundamental, sem
levar em consideração as Diretrizes dos Projetos pedagógicos de suas escolas.
Na Fundamentação Teórica encontram-se os estudos de
pesquisadores da educação física, abordando especificamente sobre a Educação
Física e as observações sobre o que dizem a LDB e os PCns/ARTE em relação às
aulas e formação docente; a dança escolar e sua expressividade no
desenvolvimento integral da criança e na formação do cidadão e as contribuições de
Laban e Lê Bouch sobre a dança.
Nos Procedimentos Metodológicos estão descritas todas as etapas de
desenvolvimento da pesquisa. Os Resultados e Discussão apresentam as análises
qualitativas dos dados coletados no presente estudo. As Referências Bibliográficas
indicam toda a literatura de norteou esse trabalho e em seguida, encontram-se os
Apêndices e Anexos.
19
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Educação Integral: Uma Visão Holística de Inter e Transdisciplinaridade.
O mundo atual é um sistema de significados já estabelecidos por
outros, de modo que, ao nascer, a criança encontra o mundo de valores já
estabelecidos, onde ela vai situar-se. A língua que aprende, a maneira de alimentar-
se, o jeito de sentar, correr, brincar, o tom da voz nas conversas, as relações
familiares; tudo enfim, acha-se codificado. Até na emoção, que nos parece uma
manifestação espontânea, ficamos à mercê de regras que educam desde a infância
a nossa expressão.
Todas as diferenças existentes no comportamento modelado em
sociedade resultam da maneira pela qual são organizadas as relações entre os
indivíduos. É por meio delas que se estabelecem os valores e as regras de conduta
que nortearão a construção da vida social, econômica e política.A educação atual
carrega em si a emergência de reconhecer-se como componente participante e
modificador de um todo que não cabe mais ser visto em parte desconectadas, como
é comum dizer hoje em dia, o famoso e tão falado por nós e nossos alunos “nada a
ver”. Hoje é tempo do tudo a ver. Devemos olhar e ver o mundo com outros olhos,
mas para vermos, é preciso olhar e este olhar deverá ter propostas geradoras de
modificações, e não dá para pensar em mudanças sem que elas partam de si, e
com consciência e é esta que queremos abordar aos ensinamentos escolares sejam
estes quaisquer que sejam. Devemos procurar a nossa consciência e ensinar
nossos alunos a encontrá-la, é um vir a ser constante.
Para Bertan, (apud FERRI, 2002, p 25):
Educar é um processo pessoal em que cada homem vai tirando de dentro de
si e colocando em plena atuação, com a ajuda dos outros, as
potencialidades. É o que se pode chamar de amadurecimento pessoal, de
acesso ao discernimento próprio, à capacidade de julgar, decidir e escolher.
Neste processo, o homem vai desenvolvendo suas potencialidades e
capacidades, realizando sua vida como projeto pessoal.
20
Hoje se torna urgente educar para a autonomia e liberdade, que não
queremos pensar em excluir a razão da liberdade, ou excluir o juízo da existência
aquilo mesmo que faz o homem existir a partir de si próprio, e esta liberdade só é
possível a medida em que pensamos em um diálogo com o mundo das pessoas,
uma vez que reconheçamos que estas são diferenças e similaridades, e isto não
deve ser motivo de discórdias, mas sim de tentar compreender o outro no outro com
auto consciência da importância do outro em situações concretas.
De acordo com Jaspers, (apud BERTAN, 2002): “As potencialidades
do homem permanecem ocultas em sua liberdade. Não cessarão de manifestar-se
pelas conseqüências dessa liberdade”.
Fica perigoso falar e agir com liberdade se não fizemo-nos pessoas
humanas, gente, se não humanizamos o homem contemporâneo tão mecanizado,
ou seja fruto do sonho de uma época em que a realidade do mundo industrializado
estava por chegar, a época Cartesiana, onde os pensamentos eram construídos
nesta dualidade. Neste novo século que está iniciando, o mundo das pessoas
deverá tentar expandir no sentido em desacelerar com resultados avassaladores
deste capitalismo desenfreado que senão forem contidas imediatamente, as futuras
gerações poderão nem existir.
Cabe a nós educadores e formadores de pensamentos, estarmos
atentos e reflexivos para as questões atuais emergentes dentro da educação, como
valores que queremos despertar em nossos alunos, através de questionamentos
que permeiam as atividades do cotidiano escolar. As dúvidas nem sempre podem
ser sanadas de imediato, mas ajudamos nossos educandos à procurar em lugares
certos seus caminhos. É dentro de cada um que está a consciência e reconhecê-la
é um trabalho individual que podemos exercitar todo tempo em cada minuto de
nossas vidas, devendo tomar cuidado com escolhas que não poderemos reverter, e
respeitar a vida torna-se básico.
Num conceito ontológico de observar o mundo seria relacionar-se
dialeticamente no contexto, onde sempre uma afirmação é seguida de uma negação
a fim de encontrar um “eu” que precede logicamente as questões da existência.
Baseando-se nas leituras de Rogers e Bertan (2002), expõe que para
o indivíduo “tornar-se pessoa” é preciso que procure sua unidade interior e exterior,
o seu equilíbrio e a sua maturidade. Esta inspeção é uma busca espontânea do
homem em desejar tornar-se pessoa. Seu processo educacional deve ser
21
assentado na aprendizagem do uso da liberdade humana – ao se conhecer e
apropriar-se de si mesmo, o indivíduo evolui, floresce.
Faz-se necessário enfatizar aqui o conceito da perspectiva ontológica
de liberdade ligada à existência pessoal concreta. Para Ricoeur (1978, p. 349),
"Trata-se de uma liberdade efetiva, uma liberdade que pode é uma liberdade que
tem uma realidade objetiva", não abstrata, propugnada por toda uma tradição
metafísica. e nesta razão prática, que postula a liberdade na sua existência, como
sendo "a de uma real causalidade”, ou seja aquela que se encontra em casa, a
própria liberdade concreta.
Propor também o pensamento de que “o corpo é nossa primeira casa”,
que nos projeta de uma ou outra forma numa pátria que o próprio contexto social
que as escolas estão inseridas deverão reconhecer também o aluno que nós
educadores temos a responsabilidade de esculpir, lapidar, organizar, e ajudá-lo a
construir seu próprio corpo com liberdade em suas escolhas, pois serão auto-
suficientes nas tomadas de decisões no confronto do cotidiano em busca de uma
identidade.
E daqui partem os conceitos filosóficos a respeito de organização e
auto-organização, como seres que operam neste mundo, onde autores
mencionados concordam que a vida é auto-constituída e surgem teorias das
informações e dos sistemas que acabam por ter um caracter de criticidade auto-
organizada nas próprias teorias que complementam-se, portanto, dialogam com as
representações mentais do homem sujeito do processo contemporâneo deste novo
século, onde as mudança deverão ser rápidas e emergentes, pela própria dimensão
de mundo, onde o futuro ou a relação com ele é muito próximo ao presente, onde o
tempo está sempre sendo dividido em frações cada vez mais menores dos
segundos, devido a velocidade do ritmo de vida que adotamos em que muitos
processos devem ser revertidos neste tempo, para não atropelarmos a própria vida.
O importante é manter viva a dialética, a contradição fecunda de dois
pólos que se opõem, mas não se separam. Ou seja, ao mesmo tempo em que nos
reconhecemos como seres sociais, também somos pessoas, temos uma
individualidade que nos distingue dos demais, mas quando nos posicionamos
holísticos em relação ao mundo, devemos pensar num holismo pessoal, também.
22
Chauí (1994), nos fala da concepção de um corpo holístico. O homem
é entendido como um ser total. A palavra holístico vem do grego holos, que significa
todo, ou seja, mente, corpo e energia. O homem não é visto mais em partes.
Para Bertazzo (1998, p. 22) “O corpo funciona como um todo: cada
unidade de coordenação tem um movimento indissociável da unidade de
coordenação vizinha. É uma ciência do gesto humano e suas qualidades”.
Weil (2004), conceitua e aponta esse conceito contemporâneo desta
palavra que reintegra o ser humano a repensar o contexto atual. Para ele, a visão
holística lança mão do que ensina a ciência, mais particularmente a física quântica e
a psicologia trans-pessoal, de um lado e de outro as grandes tradições espirituais.
Dessa síntese holística, resulta também a visão relativa em dois
níveis. De um lado a visão relativa, em que existe um observador e um objeto
observado, ambos concretos e palpáveis. Este nível relativo se traduz pela
existência de um estado densificado de energia. No segundo nível, o nível absoluto,
o observador e objeto observado são ambos constituídos de espaço-luz-
consciência.
No processo educativo Weil (2004), nos mostra a formação e
educação da pessoa como processo da harmonização e de pleno desenvolvimento
da sensação, do sentimento, da razão e da intuição. Segundo ele, o conceito de
estudante é aquele aluno considerado como sujeito estudando, como participante
ativo do processo educativo. O campo de ação inclui a transformação da
personalidade em seu conjunto, troca de opiniões, de atitude e de comportamento
afetivo.
O agente educativo seria a família, a escola e a sociedade num
esforço concentrado. O educador como animador, facilitador, focalizador, ou mesmo
catalisador de evolução – que continua na idade adulta. A maturidade é vista como
um estado de consciência ampliado, harmonia, plenitude e paz, de natureza pessoal
e trans-pessoal.
23
2.2 Paradigmas da Educação Física: Enfoque Pedagógico
Segundo Soares et al. (1992), a Educação Física emerge segundo as
necessidades sociais concretas, identificadas em diferentes momentos históricos,
originando diferentes compreensões. No contexto escolar, os jogos, as danças a
ginástica e a equitação afloraram na Europa no final do século XVIII e princípio do
século XIX, orientados para a alta sociedade, onde os exercícios físicos tornaram-
se necessários com objetivo tornar o homem mais vigoroso, ágil e empreendedor.
Os movimentos renovadores que surgiram na Educação Física,
definidos como "humanistas", se distinguiam pela presença de princípios filosóficos
em torno do ser humano, de sua identidade e de seus valores. (SOARES et
al.,1992).
A partir desta época novas pesquisas e estudos foram realizados
permitindo trabalhos diferenciados em Educação Física no Brasil. A inter-relação
entre a Educação Física e a sociedade começou a ser amplamente debatidas
discutidas sob a égide das teorias críticas da educação; sucederam-se mudanças
de enfoques quanto aos objetivos, conteúdos e pressupostos pedagógicos de
ensino e aprendizagem.
Tani (2001), apresenta, de forma bastante didática, as propostas das
teorias que sustentam os vários pressupostos da Educação Física, todas com a
intenção de promover uma nova fase da educação física escolar brasileira. Entre
elas: a Humanista, de Oliveira (1985), a Psicomotricista, de Negrine (1983), a
Desenvolvimentista, elaborada por Tani, Manoel, Kokubun e Proença (1988), a
Construtivista, Freire (1989), a Fenomenológica, proposta por Moreira (1991), a
Sociológica, de Betti (1991), a Histórico- Crítica de Soares, Taffarel, Varjal,
Castellani Filho, Escobar; Bracht (1992) e a Antropológica, elaborada por Daólio
(1995).
Ainda que a Educação Física já seja identificada como fundamental na
formação das pessoas (para as Leis de Diretrizes e Bases- LDB-9394/96, ela deve
ser exercida em toda escolaridade básica do indivíduo), muitas instituições de
ensino e até mesmo alguns profissionais da área educacional consideram-na
somente como um momento em que os alunos praticam esportes e atividades
lúdicas.
24
De acordo com Tani (2001, p. 110):
A educação física escolar foi colocada na ordem do dia das discussões
como objeto de estudos e reflexões acadêmicas, o que resultou na
proposição de uma variedade de abordagens para o seu desenvolvimento,
particularmente em forma de livros. Isso representou algo inimaginável até
aquele momento, pois as elaborações teóricas sobre a educação física
escolar eram muito incipientes e as publicações limitavam-se,
basicamente, às coletâneas de atividades e exercícios, de jogos infantis a
fundamentos técnicos de modalidades esportivas tradicionais. Em outras
palavras, o que era disponível eram obras genéricas para a educação
física como um todo, sem uma base teórica sólida que as pudessem
caracterizar como abordagens específicas para o desenvolvimento da
educação física escolar.
Com todas esses sistemas teóricos disponíveis, como apontamos
acima, era de esperar mudanças expressivas nas ações pedagógicas da educação
física escolar, visto que cada um desses postulados recomendava olhares
diferenciados no desenvolvimento da educação física no contexto escolar – uma
forma alternativa àquela tradicional assentada somente nas habilidades físicas e
nos esportes. Porém, as mudanças concretas foram insignificantes ao se deparar
com dia-a-dia da prática pedagógica dos professores, conforme os estudos de Mariz
de Oliveira (1991), Betti (1991, 1992), Guerra de Resende (1995) e Tani (1996).
Em seu artigo a LDB e as instituições de educação infantil: desafios e
perspectivas, Kishimoto (2001), coloca que a Educação infantil, enquanto a fase
inicial da educação básica, visa o desenvolvimento global da criança até seis anos
de vida, em todas as esferas bio-psico-social, considerando a participação da
família e da escola, elementos imprescindíveis na formação da criança. Para que
isso ocorra é preciso que a criança disponha de espaços para a aprendizagem se
processar – ambiente esse que não deve ser restrito somente às salas de aulas,
mas sim em outros meios propícios para que todos possam participar desse
processo educativo.
A despeito de a Leis de Diretrizes e Bases, LDB 9394/96 assegurar o
ensino de Arte como fator curricular obrigatório da Educação Básica, figurado pela
música, dança, teatro e artes visuais, esporadicamente tais linguagens são
interpeladas bordados devido à falta de especialistas neste campo do
conhecimento nas instituições escolares. (STRAZZACAPPA, 2001).
De acordo com as competências essenciais dos Programas Nacionais
de Educação Física, este campo do conhecimento, enquanto área curricular, propõe
25
um quadro de relações compartilhando as contribuições essenciais para a formação
dos alunos ao longo da escolaridade dos mesmos. O mérito pedagógico destas
ações fundamenta-se nas especificidades da área, consubstanciado no conjunto de
contributos particulares que não podem ser fomentados por outra área ou disciplina
do currículo escolar. As competências em Educação Física são alcançadas
mediante os exercícios físicos a nível quantitativo e qualitativo, compatíveis às
várias faixas etárias dos alunos e com objetivo de melhorar seu desenvolvimento
em todos os seus aspectos, principalmente no processo ensino
Oliveira (2002), comenta a publicação de um ensaio (1992), que
versava sobre a análise da prática pedagógica da Educação Física, no qual ele
relatou algumas ponderações sobre como a Educação Física Escolar se
apresentava naquela época e que era imprescindível algumas transformações em
seu aspecto global,principalmente em relação à ação docente e sua formação.
Todavia, segundo o autor, o progresso foi considerado ínfimo,
considerando-se que os profissionais da área, além de perceber como o sistema
educacional é moroso quando se trata de mudanças na área escolar, conhecem
colegas muito relutantes frente às novas propostas de metodologias de ensino.
A Educação Física Escolar está em um período de provação e seus
profissionais estão totalmente dependentes de um desempenho mais sério
e consistente. Afirmar, nos dias de hoje, que o espaço profissional está
garantido na rede escolar é falso. A necessidade de comprovação diária
dos sentidos e objetivos da área tem feito com que muitos profissionais se
apresentem com trabalhos mais sólidos e integrados a projetos
pedagógicos fundamentados teoricamente. (OLIVEIRA, 2002, p. 05).
De acordo com Soares (2002, p. 17), a Educação Física deve estar
vinculada ao projeto pedagógico da instituição de ensino imbuída de valores,
concepções e dificuldades, que lhes são próprios, levando em conta seu contexto
sociocultural. Toda proposta curricular deve estar sempre coligada à orientação
política, ideológica e metodológica dos profissionais que a organiza. Logo, pensar
um projeto pedagógico para a Educação Física na Educação Infantil, no ensino
Fundamental e Médio é cogitar uma escola com possibilidades de consenso, com
propostas e ações pedagógicas elaboradas e compatíveis com seus alunos e
professores com certo domínio na disciplina.
A Educação Física pode ser considerada como uma das áreas do
conhecimento que tem por objeto de estudo o movimento; mudou seus enfoques e
26
conceitos ao longo dos últimos 20 anos. Vimo-la passar do enfoque tecnicista para o
humanista, encarar o homem como máquina, como ser determinado geneticamente
para, deste conceito, voltar-se a uma concepção de homem uno, pleno, total; porém,
nos dias atuais ela é considerada a Ciência da Motricidade Humana, como bem se a
denomina. O fato é que em qualquer visão que se adote, é ela uma atividade
humana, porque nasce de homens que, plenamente, a ela se entregam e a fazem
crescer e humana portanto a homem se dirige, no esforço de humanamente formá-
los para a vida, para Rizzo Pinto (apud ROCHA, 1997).
O homem depende, em grande medida, da estimulação do mundo
externo para seu crescimento e desenvolvimento e a Dança Escolar, proposta pelos
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) é possibilitar ao aluno experimentar o
movimento corporal também como linguagem expressiva, onde descobre através
dela suas capacidades corporais individuais . E neste trabalho pretendemos
responder alguns dos muitos questionamentos que tivemos e pensamos e que
outros professores também possam ter.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs de
Educação Física (1997) - a perspectiva corporal é a mais salientada e facilmente
notada em uma aula de Educação física. Apesar de a aprendizagem estar
relacionada à experiência prática, é preciso que os alunos sejam vistos como um
todo – que as esferas afetiva, emocional, cognitiva e corporal estejam concatenados
em todas as situações. É importante que os alunos se apropriem do processo de
construção de conhecimentos pertinentes ao seu corpo e ao movimento trabalhado,
e, em seguida, organizem progressivamente sua autonomia gestual e a busca da
reflexão e conscientização sobre as atividades vivenciadas.
Os PCNs de Educação Física salientam que na prática da Educação
Física os professores devem desenvolver competências em seus alunos no
sentido de os mesmos passem a refletir sobre suas expectativas corporais e
exercê-las com independência . Capacitar-se para o movimento corporal não
significa para os PCNs (1997), aprender o ao movimento pelo movimento,porém
"planejar, experimentar, avaliar, optar entre alternativas, coordenar ações do corpo
com objetos no tempo e no espaço, interagir com outras pessoas". O agir e o
entender são sistemáticas inter-relacionadas, "mas muitas vezes a ação se
processa em frações de segundo, parecendo imperceptível, ao próprio sujeito, que
houve processamento mental".
27
Conforme mostra Neira (2003), cujo trabalho se fundamenta nos
pressupostos teóricos de Jean Piaget – biólogo e psicólogo suiço, quando o
professor leva para a sala de aula novidades em relação ao conteúdo programado
(novos objetos), é natural que seus alunos analisem e pesquisem bastante esses
materiais, com objetivo de promover o que Piaget denomina de acomodação de
seus esquemas aos objetos, ou seja, a construção do conhecimento ocorre quando
acontecem ações físicas ou mentais sobre objetos que, provocando o desequilíbrio,
resultam em assimilação ou, acomodação e assimilação dessas ações e, assim, em
construção de esquemas ou conhecimento. Em relação à aquisição do
conhecimento, os PCNs (1997), expõem que as atividades lúdicas, são os
elementos mais benéficos à aprendizagem, uma vez que possibilitam muitos
movimentos que exigem a atenção dos alunos para a realização dos mesmos,
pretendendo sempre, alcançar o sucesso desejado.
Nesta perspectiva de atuação e contextualizada em nossos objetivos
de trabalho, é nossa intenção exprimir nesta pesquisa, a importância de um trabalho
pedagógico e educacional de dança nas aulas de Educação Física escolar, que
possa contribuir de maneira expressiva para o desenvolvimento das habilidades
mentais dos alunos, sobretudo subsidiar, através da relação corpo e movimento,
uma melhor qualidade de vida, bem como a fixação de aspectos importantes das
áreas afetivo-emocional e cognitiva em sala de aula.
Há necessidade de caminhar rumo a uma postura mais crítica frente a
todo poder econômico e social que impera na sociedade como menciona Foucault
(1987). O poder se instala como uma forma de dominação de classes Não se deve,
com esta fala esquecer o velho, mas uni-lo ao presente, na busca do novo.
2.3 Sobre a Dança Escolar
Gostaria de apresentar, como palavras introdutórias nesse capítulo, as
observações de Scarpatto (2001), ao se referir ao tema dança educativa.
Por muito tempo, a Dança e a Educação mostraram-se pertencentes a
universos antagônicos, diferentes, distantes e isolados, a ponto de Fontanella
(1985) afirmar que uma nega a outra, não podendo estar aliadas porque a dança
28
unifica o homem, a educação precisa dividi-lo; a dança une os homens, a educação
os separa; a dança não visa à produção, a educação visa primeiramente e
fundamentalmente à produção; etc. Já é chegada a hora da desmistificação de tal
concepção e apresentar o elo Dança- Educação, diante das contribuições que traz
para a formação crítica e para o desenvolvimento integral do ser
humano.(SCARPATTO, 2001, p. 84).
A dança - educação pode ser considerada como a base que norteia as
questões que permeiam a educação nos dias de hoje, demonstra novas
apreciações para o ser humano, indicando-lhe suas possibilidades de criar, de se
expressar, de aprender, de socializar e de cooperar.
A dança escolar prioriza uma educação motora consciente e global do
ser humano, a qual envolve, além da ação pedagógica, uma dinâmica psicológica,
com o objetivo de desenvolver de forma salutar o comportamento da criança.
Permite ainda, resgatar valores culturais, a estética, sobretudo o prazer da atividade
lúdica para o desenvolvimento físico, cognitivo, emocional e intelectual.
Esse capítulo, assentado nos vários artigos sobre o tema em pauta,
abordará as questões relativas à dança escolar, dança educativa, como
possibilidades de inserção escolar, na promoção de elementos saudáveis na vida
escolar da criança, bem como apontar a importância de professores qualificados
para o exercício da disciplina nas instituições escolares. A tentativa é de apresentar
os artigos pesquisados em ordem cronológica, pois nos permite apreciar a evolução
ou involução da dança enquanto conteúdo curricular e tudo mais que a envolve.
O artigo de Marques (1997, p. 21), Dançando na escola, aponta os
elementos epistemológicos, sociológicos, educacionais e artísticos da dança
enquanto disciplina escolar.
Observa o interesse dos gestores e professores em inserir a dança em
seus projetos e planejamentos pedagógicos, a partir de 1992, quando a dança foi
inserida no Regimento da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo como
expressão linguagem artística. Analisa também 3 razões pelas quais a dança não se
encontrava estruturada na organização curricular das escolas brasileiras até aquela
época.
Inicialmente, através das publicações anuais sobre o tema, observou-
se que a dança permanecia incógnita nos planejamentos curriculares das escolas,
pois dava a entender que tal conteúdo – que deveria trabalhar os aspectos criativos
29
dos alunos, causava um certo temor aos professores que ainda estavam atuando de
acordo com a didática tradicional. (MARQUES, 1997, p. 22).
Uma outra razão pela qual a dança ainda não estava devidamente
alicerçada nos currículos escolares era porque as atividades que envolviam
expressão corporal provocavam um certo desconforto naqueles que tinham que lidar
com tal conteúdo/atividade - a dança - isto é, ao se fazer uma alusão à formação de
professores que atuam na área de dança, percebe-se, sem dúvida, que se trata de
um dos pontos mais críticos. O pensamento ambíguo de que dançar (atuar com o
corpo de maneira artística), era entendido como “acessar o inconsciente”, de forma
descontrolada.
Com terceiro motivo, são alvos o artista e a sua arte, pro-priamente
dita. A arte, até então, simbolizava o exótico, o bizarro, extra-vagância. Vinculado à
essa percepção está o senso comum sobre a relação "corpo-eu" que traz a idéia de
que, através da expressão corporal, todos segredos, traumas, perversões e
manchas negras de nossas vidas seriam obrigatória e incondicionalmente
desnudados . (MARQUES, 1997, p. 23).
A proposta de Marques (1997), para o ensino de dança nas escolas,
está assentada nos estudos de Capra (1982), denominado de "eco-ação" - um estilo
diversificado de vincular conhecimento e pessoas nos âmbitos sócio-político-
cultural. Esta ação possibilita a participação e inter-relacionamento pessoal.
Os estudos de Freire (2001), discutem os motivos pelos quais nossos
alunos não aprendem dança enquanto área do conhecimento na escola. O artigo
aborda as questões inter-culturais de experiências com a dança em escolas
inglesas e brasileiras, enfatizando o ensino e a formação de professores,
respectivamente.
Além disso, Freire examina também o quanto o emprego do vídeo
como uma estratégia para ensino de dança-educação é um recurso fundamental no
ensino em pauta.
A pesquisa de Peres et al. (2001), examinou a percepção dos
professores de Educação Física sobre a dança escolar de 1ª a 4ª série, nas escolas
estaduais. Segundo os autores, os professores apontaram que a dança na escola
tinha, como objetivo principal, promover a consciência corporal e incentivar o
movimento das crianças.
30
Strazzacappa, em seu artigo intitulado A educação e a fábrica de
corpos: a dança na escola (2001, p. 72), apresenta algumas reflexões sobre a
dança no espaço escolar, aludindo à atuação do ser humano através de seu corpo -
canal através do qual o homem se expressa por meio de uma série de movimentos
, os quais possibilitam o convívio, um entrosamento, uma aprendizagem, a
percepção de sensações... No entanto, essa expressão corporal, o movimento,
permanece ainda reservada nos âmbitos das aulas de educação física e durante o
intervalo dos alunos em algumas instituições de ensino.
Porém, o importante é que aos poucos, as atitudes dos gestores e dos
professores em relação a isso foram remodeladas. Nas escolas onde a dança
começou a ser desenvolvida, os professores perceberam grandes mudanças de
comportamento em seus alunos: as faltas às aulas foram reduzindo e houve maior
envolvimento destes nas demais atividades patrocinadas pela escola. Concluíram
que os alunos demonstraram estar mais motivados para permanecer na escola.
De acordo com Guimarães (2003, p. 25), embora percebamos um
saber originado sobre a dança no campo da arte, projetos sobre esse conteúdo que
possibilitam encadeamentos com as demais temáticas ministradas nas aulas de
Educação Física numa estrutura curricular através de ciclos de aprendizagem.
No que tange à dança ser trabalhada nas séries iniciais do ensino
fundamental, Xarez et al. (1992), norteado pelos estudos de Laban em seu livro
Dança educativa moderna, estruturaram a dança segundo três eixos: a
forma/constituição (elementos técnicos e passos padronizados); a expressão
(oposição ao tecnicismo) e as ações/ a s dinâmicas (análise do movimento como
essência da dança). Essa organização permite melhor aprendizagem nos ciclos de
escolarização dos alunos. (GUIMARÃES, 2003, p. 106).
Em outro artigo, Strazzacappa (2003, p. 73), examina a forma pela
qual a dança foi implantada no ensino fundamental e médio. Faz alusões a respeito
de conteúdos semelhantes entre a dança e outras temáticas relacionadas à arte, de
forma geral, tais como o trabalho com o corpo e o movimento da pessoa, o ritmo,
tornar mais acuradas as relações espaciais dos escolares; melhorar a expressão
corporal, a educação estética, etc. No entanto, ressalta a necessidade de se
verificar, além da integração desses conteúdos às demais disciplinas escolares,a
compatibilidade entre o conteúdo proposto, o período de escolaridade e a faixa
etária dos alunos.
31
Os projetos pedagógicos das instituições de ensino devem ser
constituídos de propostas metodológicas nas quais estão inseridos os conteúdos de
dança, pois possibilitam aos escolares novas formas de se expressar
corporalmente, aprender inúmeros tipos de dança, bem como desenvolver
habilidades para apreciar e contextualizar a dança em seu meio.
Neste caso, são sugeridas algumas competências a serem
observadas nos alunos; entre elas, a aquisição de aptidões básicas para
desenvolver e interpretar a dança (incluindo aqui os saberes teórico-práticos sobre
os elementos da dança), a consciência corporal, com ênfase na percepção, no
esquema e na imagem corporal devem ser aprimorados; assimilação das relações
que são construídas entre a dança, o corpo, a cultura e a sociedade.
O artigo de Fiamoncini, intitulado Dança na educação: a busca de
elementos na arte e na estética (2003, p. 59), estabelece as relações entre dança,
arte e estética na educação, com objetivo de sedimentar os postulados teóricos do
trabalho com a dança, principalmente nas instituições escolares.
O estudo também faz uma apreciação sobre o modo pelo qual a dança
expressiva nas escolas denota uma visão instrumental dela, ou seja, o que se
precisa conhecer: a história da dança, seus vários estilos e a técnicas utilizadas.
Que impulso irresistível leva o homem a dançar ? Sem dúvida, por uma
necessidade interior, muito mais próximo do campo espiritual do que físico.
Seus movimentos, que progressivamente vão coordenando-se em tempo e
espaço, vão a válvula de liberação de uma tumultuosa vida interior que
ainda escapa à análise. Em definitivo, constituem formas de expressar
sentimentos. (OSSONA, 1988, p. 19).
Embora tais temáticas sejam, sem sombra de dúvida, essenciais ao
ensino da dança, não podem ser restritos. A explicação para isso ter acontecido é o
fato de a produção científica neste campo do conhecimento ter se reduzido aos
livros de história, biografias e manuais da dança, limitando-se somente aos
aspectos técnicos com demonstração de passos através de imagens ilustrativas.
Brasileiro (2003, p. 57), faz uma análise crítica sobre o tema dança
enquanto conteúdo nas aulas de Educação Física escolar por entender a escassez
de pesquisas e discussões sobre o objeto em pauta, sobretudo pelo fato de a
mesma estar descontextualizada nos projetos pedagógicos das escolas. Em sua
pesquisa, os dados mostraram que a dança ocupa um lugar de inexpressividade na
32
disciplina de educação física, ainda que faça parte do currículo e apresente-se no
interior do projeto escolar. As observações de Strazzacappa (2003, p. 75), são
compatíveis com os achados de Brasileiro (2003).
A dança na escola deve ter o papel de proporcionar a consciência
corporal como auto-conhecimento e resgate da atenção em si quanto movimento
que requer um aprendizado de padrões perdidos, como propõe Borgea (apud
BERTAZZO, 2004). A dança deve ter uma visão humanista, onde cada pessoa deve
estar presente em seu corpo, em seus gestos, ter seu corpo presente para si.
Considerando a Educação como evolução e transformação do
indivíduo, tendo em vista que a dança como conteúdo da Educação Física,
expressão da corporeidade, e levando em conta o meio para visualizar a
corporeidade de nossos alunos, a dança na escola deve proporcionar oportunidades
para que o aluno possa desenvolver todos os seus domínios do comportamento
humano através de diversificações e complexidades, o professor possa contribuir
para a formação de estruturas corporais mais complexas. (BERTAZZO, 2004,p. 32-
33).
Shigunov e Pereira (1993), afirmam que sem estimulação psicomotora
e a oportunidade de um desenvolvimento racional das capacidades físicas e
intelectuais que emergem principalmente entre os 6 aos 11 anos, a criança poderá
sofrer perdas que diminuem a sua potencialidade e até possibilidade de superação,
a partir dos 12 anos de idade. Na escola, as atividades desportivas e físicas deverão
ser consideradas instrumento e meio assim como a matemática, a escrita, a
linguagem, entre outras.
Acreditando na importância da aprendizagem do movimento e da
exploração da capacidade de se movimentar, a dança na escola está totalmente
voltada para este aspecto. As atividades e propostas de trabalho de dança na
escola são elaboradas e fundamentadas exclusivamente no movimento e nas
possibilidades da variação do mesmo e também nas informações concretas que
esse movimento poderá fornecer para o aluno, quando estivermos falando em
educação nas demais disciplinas.
"A dança se faz não apenas dançando, mas também pensando e
sentindo: dançar é estar inteiro". (VIANNA, 2006).
33
Para Santos et al. (2006), as novas propostas curriculares da
educação infantil estão inserindo a dança nos planejamentos das aulas. É através
da dança que as crianças aprendem a se expressar corporalmente, permitindo-lhes
atuar de forma autônoma no meio em que vivem. A dança, enquanto uma atividade
que privilegia a educação motora consciente e global, é uma ação pedagógica, bem
como psicológica.
Como pudemos perceber durante a apresentação dos artigos que
discutem amplamente o tema “dança escolar”, as análises vão desde críticas aos
profissionais da educação física que devem ministrar conteúdo específico do objeto
dança, às instituições escolares que não dão conta de inserir adequadamente tal
conteúdo em seus projetos pedagógicos, bem como a apreciação de que
atualmente, esta visão tem se modificado. Gestores e professores escolares tem
demonstrado mais interesse na dança escolar como conteúdo das aulas de
Educação Física porque perceberam que se trata de algo que motiva e interessa
aos alunos.
Marques (1999, p. 8), pensava na dança escolar como um novo
treinamento que encorajasse o desenvolvimento de uma consciência clara e precisa
dos vários esforços do movimento, garantindo, assim, apreciação e desfrute de
qualquer, até mesmo das mais simples ações de movimento.
Considerando a Educação como evolução e transformação do
indivíduo, considerando a dança como conteúdo da Educação Física, expressão da
corporeidade, e considerando o meio para visualizar a corporeidade de nossos
alunos, a dança na escola deve proporcionar oportunidades para que o aluno possa
desenvolver todos os seus domínios do comportamento humano através de
diversificações e complexidades, o professor possa contribuir para a formação de
estruturas corporais mais complexas (BERTAZZO, 2004, p. 32-33).
Acreditando na importância da aprendizagem do movimento e da
exploração da capacidade de se movimentar, a dança na escola está totalmente
voltada para este aspecto. As atividades e propostas de trabalho de dança na
escola são elaboradas e fundamentadas exclusivamente no movimento e nas
possibilidades da variação do mesmo e também nas informações concretas que
esse movimento poderá fornecer para o aluno, quando estivermos falando em
educação nas demais disciplinas.
34
A linguagem corporal é a forma de comunicação com elementos
essenciais para a formação dos alunos, e a Dança e Educação Física têm um papel
importante pois o movimento é a forma de expressão fundamental para o
desenvolvimento infantil como fonte de aprendizagem em quaisquer disciplinas que
adentrarão os currículos nas séries subseqüentes, respeitando as fases de
desenvolvimento em que cada criança está naquele momento.
A Educação Física, Artística e a Dança têm sua função de inter-
disciplinadora, pois tem a liberdade de passear e estabelecer pontes de conexões
com os vários saberes de forma lúdica e o corpo com seus movimentos faz esta
função de brinquedo, para as crianças, portanto faz-se necessário a inclusão de
todos os alunos nestas aulas, mas ainda pensamos que em todos os conteúdos o
corpo e seus movimentos estarão presentes todo o tempo.
Tendo em vista o contexto escolar, onde abriga diferenças culturais
significativas, é fundamental incentivar a participação de todos os alunos bem como
reconhecê-los como sujeitos de todo o processo educativo, criando lhes
oportunidades através das atividades propostas e sobretudo respeitando suas
experiências e vivências fora da escola. Ao se perceberem importantes e que suas
opiniões são consideradas, os alunos sentem-se motivados a participar das
propostas educacionais da escola.
Weil (2004), afirma que as atividades proporcionam a comunicação
por meio da linguagem corporal e constituem elementos essenciais para a formação
dos alunos, principalmente quando relacionam conteúdos do contexto sócio-cultural
em que estão inseridos.
A propósito, os objetivos e conteúdos do processo ensino-
aprendizagem, na Educação Física ou Dança não se deve restringir a exercícios de
habilidades e grandes performances, mas ter a preocupação em levar o aluno a
refletir sobre suas possibilidades corporais com autonomia e exercê-los de maneira
sócio-culturalmente significativas. Por isso é fundamental que esta disciplina seja
oferecida desde muito cedo à criança.
A Dança na escola, deve fornecer a aprendizagem das mani-festações
corporais de modo a atingir as metas globais do ensino-aprendizagem, nesse
sentido ela deve oportunizar meios para um desenvolvimento integral de todos os
alunos, de forma que seja possível vivenciar práticas coletivas, regras, atitudes e
valores elaborados e estabelecidos socialmente.
35
A Dança pensada desta forma exige um comprometimento por parte
dos educadores pois atenderá satisfatoriamente as situações do cotidiano que
emanam do contexto escolar.
A escola é o espaço central desta concepção, afinal é ela o
microcosmo, o retrato e a recorrência da sociedade, ou seja, cada escola contém
em si parcelas ou segmentos da sociedade na qual está inserida. Construir valores
na escola e na sociedade é o reflexo desse compromisso e o qual se espera
consolidar práticas pedagógicas que conduzam a liberdade, convivência social,
solidariedade humana, inclusão social e cidadania.
Essas atividades e valores precisam ser aprendidos, desenvolvidos e
incorporados pelos alunos, portanto podem e devem ser ensinados na escola
também.
Educando com prática corporal sendo respaldada em seu componente
curricular reconhecerá em valores e princípios que ocorrem historicamente em
nossa sociedade.
A escola tem o dever de respeitar as características psicofísicas das
crianças na idade em que ela se encontra, a fim de proporcionar atividades que não
pequem neste sentido, a fim de não deixar os alunos desmotivados.
Apontaremos algumas destas características que devemos levar em
consideração para compreendermos melhor o universo infantil da criança de 6 à 7
anos de idade, apontadas por Marrazzo e Marrazzo (1999):
-Avidez de experiências e gosto pela vida.
-Coordenação motora ainda insegura.
-Cansa rapidamente.
-Gostam de atividades generalizadas.
-São animados e alegres.
-Gostam de corridas e percussão.
-Atenção instável.
-Gostam de repetir jogos.
-Aceitam regras simples.
-Curtem a personificação de animais e objetos sobrenaturais.
-Gostam de jogos imaginativos.
-Sensíveis ao elogio.
-Gostam de trabalhos livres.
-Já apresenta senso estético.
36
De acordo com Piaget (1978, p. 52), o conhecimento é essencialmente
ativo. Conhecer o objetivo é agir sobre ele e transformá-lo. O professor desempenha
um papel importante, ao provocar situações desequilibradoras para o aluno, que
contribuem para que eles aprendam por si próprio ao conquistar e transpor
obstáculos. O sistema escolar deveria possibilitar a autonomia pois é o espaço de
formação, cuja abordagem poderia oferecer as crianças liberdade de ação e ao
mesmo tempo propor trabalhos com conceitos, com níveis operatórios conforme o
estágio de desenvolvimento em que o aluno encontra-se. A ênfase não deveria ser
colocada em conteúdos, mas sim em atividades. A inteligência, segundo Piaget, é o
instrumento de aprendizagem mais necessário, onde nessa abordagem o ensino é
baseado em proposições de problemas, levando em conta os métodos onde
observar, descobrir e o inventar devem ser enfatizados.
É preciso rever o conceito de corpo considerando - a dimensão cultural
simbólico, inerente conteúdos que promovam a consciência corporal além de
desenvolvimento da capacidade de compreensão do contexto histórico, bem como a
ação na sociedade.
A função social da educação nas Diretrizes Curriculares Nacionais, a-
ponta nos para uma formação holística no processo ensino-aprendizagem.
Marques (2004), fala das possibilidades do pensamento en-quanto
dançamos, e poderemos até introduzir um pouco das teorias de Gardner fazendo
uma ponte na construção dos raciocínios a serem desenvolvidos através de
movimentos cinestésicos, e até mesmo Lê Bouch (apud PAIVA, 2001, p. 12 ),
quando afirma: “Agilidade de movimentos para agilidade de pensamentos.”
A dança na escola deve ser aplicada como uma atividade lúdica,
funcionando como ferramenta importante na alfabetização e aquisição da linguagem
escrita.
Rosa (1999), comenta que a escola deveria aproveitar as mani-
festações de alegria da criança e canalizá-la emocionalmente através de atividades
lúdicas educativas, as brincadeiras favorecem ainda a formação da personalidade,
agindo na cooperação do grupo, sem contar o entusiasmo que contribuirá para o
engajamento com o conteúdo proposto.
Pinto (2003), explica também a questão da importância do lúdico para
crianças e adolescentes e até adultos, em seus vários ambientes, não apenas na
37
escola, aborda também sua necessidade em hospitais, auxiliando para recuperação
de doentes.
Para que se possa compreender e desfrutar estética e artisticamente a
dança, é necessário que nossos corpos estejam engajados de forma integrada com
seu fazer pensar. Essa é uma das grandes contribuições da dança para a educação
do ser humano - educar corpos que sejam capazes de criar pensando e re-significar
o mundo em forma de arte.
A dança como forma de arte está engajada com o sentimento cognitivo
e não somente com o sentimento afetivo ou liberar de emoções (REICH, 1986). È o
meio de nossos corpos, dançando, que os sentimentos cognitivos se integram aos
processos mentais e que podemos compreender o mundo de forma diferenciada, ou
seja, artística e estética. É assim que a dança e o corpo na dança tornam-se fonte
de conhecimento sistematizado e transformador.
Nossos alunos não mais aprendem o mundo somente das imagens e
dos movimentos. A dança, portanto, como uma das vias de educação do corpo
criador e crítico, torna-se praticamente indispensável para vivermos presentes,
críticos e participantes na sociedade atual.
As aulas de dança podem-se tornar um verdadeiro campo de
concentração, para aqueles que não atendem as expectativas (mesmo que
inconscientes) dos professores de dança em relação ao corpo “apto” para esta
disciplina. O recurso da moeda, no entanto, pode ser trabalhado por meio das aulas
de dança: uma visão crítica, experimentada e vivida sobre o corpo em sociedade e
suas relações com a moda, a mídia, a medicina.
Quebrando-se o tabu de que “conversar não é dançar”, poderíamos
introduzir em nossas aulas momentos de reflexão, pesquisa, comparação de
construção das danças de que gostamos ou não e, assim podemos agir e
corporalmente em função da compreensão, dês-construção, e transformação de
nossa sociedade.
Devemos nos preocupar fundamentalmente com o aluno vivo, inquieto
e participante; com o professor que não tema suas próprias dúvidas e com uma
escola aberta, viva, posta no mundo e este mundo sempre aberto às mudanças.
Devemos sempre repensar o processo educacional, preparar o indivíduo para a vida
e não para mero acúmulo de informações, portanto é fundamental que se questione
mais sobre educação. A postura acadêmica do professor não está garantindo maior
38
mobilidade à agilidade do aluno (tenha ele a idade que tiver). Assim, é preciso
trabalhar com a pessoa inteira, com sua afetividade, suas expressão, suas
percepções, seus sentidos, sua critica, sua criatividade...
Deve-se fazer algo para que o aluno possa ampliar seus referenciais,
do mundo e trabalhar, simultaneamente com as linguagens (escrita, sonora,
dramática, cinematográfica, corporal, etc...). A escola derrubará muros, onde poderá
integrar a educação ao mundo e ajudando a aluno a construir sua própria visão do
universo.
Freire (1991, p. 63), nos fala que a motricidade e a corporeidade são a
síntese. Isso é o que tem embaraçado a ciência que procura investigá-la.
Descrever o homem movimentando é esboçar sua inteligência. Retratá-lo em ato é
traçar seus sentimentos e assim por diante, explicar um sistema em funcionamento.
Trata-se na verdade de expor a única realidade visível do ser humano. Com isso
surgem as perguntas: como se apresentam no homem o sensível e o inteligível?
Será que vivem separados, cada qual no seu canto, por fronteiras intransponíveis?
Será que o inteligível mora no espírito e o sensível no corpo?
É muito difícil ver o corpo no pensamento; é muito difícil ver o
pensamento no corpo, mas estes dualismos estão rompendo-se num processo onde
eles completam-se e integram-se. A corporeidade lhe dá o testemunho, a condição
material, de sua condição. Essa separação corpo e mente nos dá a impressão do
patrão sobre o trabalhador.
2.4 Dança: Visão Pedagógica do Movimento
A arte do movimento é a definição que mais gostamos ao nos
referirmos à dança, expressão tão antiga quanto a história da humanidade dos
primórdios até os tempos atuais.
O homem contemporâneo livrou-se de amarras, os bebês já não usam
mais cueiros, o que prendia seus movimentos e os deixavam totalmente
mumificados, portanto se observarmos as pernas de um bebê recém nascido,
deitado em seu berço, ele estará movimentando-as se estiver acordado, e o
movimento é seu primeiro contato com o mundo interno e externo.
39
O movimento vem a ser um meio para o aluno aprender sobre si
mesmo, sobre o ambiente e o mundo em geral. Podemos ajudar os alunos a obter
domínio sobre seu corpo e até mesmo ampliar seu repertório de movimentos. O
papel da escola é o de possibilitar ao educando experimentar em si mesmo seus
potenciais e limitações como forma de auto-conhecimento e descobertas do mundo
e sociedade em que está inserido.
O corpo humano é dirigido por leis físicas que afetam todas as coisas
do mundo.
De acordo com Souchard (1988), convém observar que o equilíbrio, no
homem, não pode ser totalmente inerte, já que, mesmo na ausência de força
desequilibrante exterior, ele está em constante movimento, no mínimo pelo efeito da
respiração. Assim, a linha da gravidade está em contínua oscilação, e todos
Sistemas do nosso corpo em constante movimentação para cumprir suas funções.
-Padrões de movimento é o termo usado para qualquer atividade, seja
ela simples, como uma criança chupar o dedo, ou uma atividade espantosamente
complexa como jogar bola, onde o corpo todo está envolvido. Todas as atividades
se misturam entre movimentos reflexos e voluntários. (MITCHELL E DALE ,1980).
Bertazzo (1998, p. 21), faz um alerta em relação aos nossos gestos do
cotidiano, cujas tensões devem ser redistribuídas e também às expressões que
podem acordar sensações prazerosas, livres de automatismos.
O movimento é algo que se pode ser observado logo ao nascimento e
mesmo antes dele. Essas ações são denominadas filogenéticas, ou seja, essenciais
para sobrevivência da própria espécie. São determinados geneticamente e comuns
a todas as pessoas, independente de raça e cultura. Porém, o indivíduo não
apresenta somente este tipo de movimento, pois existe também o movimento dito
ontogenético, que emerge durante toda vida, conforme as necessidades de
adaptação do ser humano ao meio em que vive.
Inicia-se desde a vida intra-uterina. A primeira sensação que a futura
mamãe tem de seu é o famoso “pontapé”, movimento que a criança faz dentro de
seu útero. O movimento é a base da dança. É o elenco principal a ser trabalhado,
lapidado e aperfeiçoado. Movimento este que posteriormente será responsável pela
transmissão de sentimentos.
Quanto ao lado emocional do movimento, Reich (apud MIRANDA,
1979), nos fala da função movimento no comportamento do ser humano. Através de
40
observações diretas de seus pacientes, como eles andavam, gesticulavam, falavam
e demonstravam suas expressões faciais, suas áreas de rigidez, etc, ele procurava
o modo de reagir de cada um, que traduzia as formas individuais de lidar com a
ansiedade a raiva, o sexo, o medo, e a isso ele denominou de “couraça do ego”.
Soares (2004, p. 111), argumenta sobre a força reveladora de um
poder de persuasão contido nos gesto, impossível para a palavra. O gesto põe em
jogo todos os sentidos não só de quem o executa, mas de quem o observa. Eles
nos permitem um reconhecimento da pessoa em suas dimensões moral e
psicológica, pois, sendo signos podem-se se organizar numa linguagem.
Pensa-se em uma educação dos corpos e uma educação dos
movimentos corporais de seu gestual. Assim, o simples bocejar, assoar o nariz,
caminhar ou participar de jogos são atos que irão sujeitar-se a uma intervenção
dirigida, orientada, materializada por diferentes pedagogias cuja finalidade é o corpo
educado. Executa, mas de quem o observa um poder de persuasão de tipos de
alimentos.
Miranda (1979), nos lembra que o denominador comum de qualquer
atividade humana é o movimento, e que este é um processo ligado não apenas às
ações externas mas também ao pensamento e ao sentimento, por isso todo
movimento é expressivo, sendo por sua vez importante analisar e descrever sua
aplicação do campo da Educação.
Ao abordar o tema movimento, optamos por fazê-lo segundo os
postulados de Laban, visto que as dinâmicas do movimento são descritas com
ênfase em seus aspectos qualitativos. Laban (1990), explica que os movimentos
devem incluir todo o corpo e cabe ao professor observar a criança abordando os
fatores de fluxo de movimento que são o peso, o tempo, o espaço e o fluxo.
Estes conceitos básicos deveriam estar bem definidos para qualquer
adulto, porém não são mencionados corporalmente em sala de aula através de
conteúdos que poderiam ser estudados e abordados dentro destes temas de
movimentos propostos por Laban, que acredita ser o ponto para o conhecimento de
si e dos demais pela noção de suas dimensões de movimentos corporais que
podem ter intensidades diferentes, conforme a estrutura de cada um. Possibilitar a
descoberta de individuo que se move. Ele criou vários centros de pesquisa
buscando retorno aos movimentos naturais na sua espontaneidade rica, e na plena
41
vivência consciente de cada um deles, a acarretar um desenvolvimento amplo e
profundo de quem o pratica.
O homem se movimenta a fim de satisfazer uma necessidade. Com
sua movimentação, tem por objetivo atingir algo que lhe é valioso. É fácil perceber o
objetivo do movimento de uma pessoa, se é dirigido para algum objeto tangível.
Entretanto, há também valores intangíveis que inspiram o movimento.
Contudo durante um longo período o homem não foi capaz de
descobrir a conexão entre seu pensamento-movimento e sua palavra-movimento.
As descrições verbais do pensamento-movimento encontram sua possibilidade de
expressão apenas na simbologia poética.
A fluência do movimento é francamente influenciada pela ordem em
que são acionadas as diferentes partes do corpo. Podemos distinguir uma “fluência
desembaraçada ou livre” de uma “fluência embaraçada e controlada”. O controle da
fluência do movimento portanto, está relacionada ao controle dos movimentos das
partes deste corpo, que podem ser divididos em passos, gestos dos braços e mãos
e expressões faciais: os passos abrangem, pulos, corridas, andares e giros; os
gestos, as extremidades da parte superior do corpo compreendem movimentos de
esvaziar, de recolher, de espalhar e dispersar; e as expressões faciais, os
movimentos da cabeça, que servem para dirigir os olhos, ouvidos, boca e narinas na
direção dos objetos dos quais espera-se ter impressões sensoriais. A coluna, os
braços e as pernas são articulados, isto é, subdivididos em juntas articuladas; a
coluna é a mais complexa que a dos braços e pernas devido ao fato de nela
atravessar a medula oblonga que leva e trás estímulos neurais.
É relativamente fácil observar um movimento fluindo livremente em
uma direção exterior, a partir do centro do corpo em direção das articulações. A
fluência é controlada quando um sentido dele toma um novo rumo para dentro, que
se inicia nas terminações das extremidades, progredindo em direção ao centro do
corpo, porém, todo um labirinto de combinações que não podem ser demonstrado
em poucas palavras, tornando-se, portanto, necessário efetuarmos um exame
sistemático dos principais tipos de ações corporais. O ligar e desligar da corrente
energética e a regulação da fluência do movimento, segundo a intensidade do
instinto de preservação de vida, também poderá ser meramente mecânico, mas aqui
ocorre que o problema na nossa perspectiva racionalista.
42
Ossona (1988), comenta que há duas grandes tentações no trabalho
do professor: uma consiste em pretender a perfeição de cada um dos movimentos,
a qual é impossível nos primeiros tempos, e segundo a repetição exaustiva de um
gesto em lugar de contribuir para sua melhora que faz perder a visão de conjunto e
chega a aborrecer o aluno, que acaba por executar movimentos diluídos e vazios,
provocando também desgaste na vontade do educador. O professor deve ser
categórico e absoluto em sua disciplina, produto de uma autocrítica escrita de um
constante esforço de aperfeiçoamento, deve trazer sempre dentro de si o artista;
caso contrário, só ensinará (no caso da dança) esquemas de movimentos como
cascas vazias. O professor que uma vez foi artista é ainda melhor e mais completo,
e ainda exerce um ofício de encontrá-la em condições ideais, por sua atualização e
contato com os mutantes ainda que eternos problemas do ofício. Para ser professor
são necessários dotes naturais, vocação e conhecimentos especializados.
A oportunidade de reter essa alegria espontânea em explorar novos
movimentos, combinada a um fortalecimento de seus poderes de expressão através
de ações corporais, fatores essenciais para um desenvolvimento harmônico e
saudável, devem ser os objetivos da educação pelo movimento.
Como afirmou Laban (1986, p. 104): “Não é a perfeição artística, ou a
criação e execução de danças sensacionais que temos como finalidade primordial,
mas sim os efeitos benéficos que a atividade criativa do movimento exerce sobre o
aluno.
Todo movimento humano pode ser convenientemente classificado
como sendo pertencente a um dos três domínios: cognitivo, afetivo e motor,
segundo Tani (1988). Sabemos que ele está presente em todas as atividades
humanas: no quotidiano, no trabalho, no lazer e no desporto, portanto, é de grande
importância biológica, psicológica, sócio-cultural e evolutiva, desde que é através de
movimentos que o indivíduo interage com o meio ambiente.
Correa et al. (1977), comentam que o movimento é algo que se pode
ser observado logo ao nascimento e mesmo antes dele. Esses movimentos são
denominados filogenéticos, ou seja, essenciais para sobrevivência da própria
espécie. São determinados geneticamente e comuns a todas as pessoas,
independente de raça e cultura. Porém, o indivíduo não apresenta somente este tipo
de movimento, pois existe também o movimento dito ontogenético, que emerge
43
durante toda vida, conforme as necessidades de adaptação do ser humano ao meio
em que vive. (TANI et al., 1988)
Sobre o controle nervoso do movimento, Mitchel e Dale (1980), nos
lembram que a atividade muscular voluntária, começa na área motora do cérebro.
Sabe-se que o córtex cerebral controla a atividade, pois nossos centros nervosos
nada sabem de músculos, só de movimentos.
O aspecto interno de movimento não é considerado, justamente
porque este não pode ser pesquisado de forma empírico-analítca, por causa da falta
da objetividade da pesquisa de movimento, segundo Gamboa e Santos Filho (2002).
Dentro deste paradigma a pergunta do significado do movimento como
um significado configurado pelos homens não é discutido.
Com quais argumentos pedagógicos legitima-se o uso de pesquisas
empírico-analíticas?
Quem entende movimento como um comportamento pré-determinado
e imposto, tem que construir situações como estímulos, que trazem seus alunos do
estado de repouso para o movimento. Conhecemos as teorias da senso-motricidade
ou as teorias da informática, que são os fundamentos teóricos do tipo de ensino
fundado no monólogo.
Seres humanos se movimentando. Sujeito, que se movimenta, em um
mundo. Gordijn, um pedagogo holandês, diz: “O movimento humano é um diálogo
entre homem e mundo. Cada homem conversa com seu mundo , mas neste caso a
língua é seu movimento”.
Movimentar-se, para Chaves (2004), significa sempre estar cheio de
intenção, é só uma forma da interação do homem com seu mundo pelo qual ele
recebe os significados. Movimento é um meio de conhecimento e, com isso, pode-
se identificar o significado de movimento.
A forma especial de movimento configura-se somente no processo
dialógico com as coisas do mundo. Nunca a forma já esta presente, mas resulta do
processo desse diálogo. Nós, professores de Educação Física, temos a tarefa de
tornar nossos estudantes e nossos alunos responsáveis pela procura de
informações, que só podem ser encontradas pela experimentação. Eles devem
buscar características de movimento que são determinadas pelas sensações.
Aprendizagem motora, teoria da Gestalt ou na teoria da percepção. Merleau-Ponty
(1975), chama “estar para o mundo”.
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A teoria de Gestalt não fala em contexto casual do sistema sensitivo e
do sistema motor, mas de uma coincidência. E isso é o que caracteriza – que o
perceber acontece ao mesmo tempo em que ocorre o movimentar e vice-versa. O
perceber influência o movimentar e vice-versa.
O problema de aprendizagem motora consiste em aprender a sentir-se
crescentemente na execução de movimento, de forma mais diferenciada e, em
relação a situação, em iniciar o processo de movimentação de modo que o excesso
e a falta de energia possam ser equilibrados passo a passo. Importante no ensino
são períodos de procura autônoma do aluno.
Princípio é o da totalidade. A teoria Gestalt “Centralização de atenção”
ou “centralização da percepção”. Homens se movimentando, nunca formas de
movimento.
Temas e fatores de movimento uma forma lúdica de ensinar.
Santos (1997, p. 14), apontam que a ludicidade é importante em
qualquer fase e idade do indivíduo:
Educar não se limita a repassar informações ou mostrar apenas um
caminho, aquele caminho que o professor considera o mais correto, mas é
ajudar a pessoa a tomar consciência de si mesma, dos outros e da
sociedade. É aceitar-se como pessoa e saber aceitar os outros. É oferecer
varias ferramentas para que a pessoa possa escolher entre muitos
caminhos, aquele que lhe for compatível com seus valores, sua visão de
mundo e com as circunstâncias adversas que cada um irá encontrar.
Educar é preparar para a vida.
2.5 A Questão da Corporeidade: Alfabetizando pelo Movimento
O erro de Descartes foi não englobar a mente como parte corpórea do
indivíduo, da pessoa, e este erro repete-se até hoje quando ainda fala-se em “mente
sã em corpo são”. O cérebro tem uma massa encefálica, bulbo, medula oblonga, e
milhões de neurônios estabelecendo sinapses e novas conexões de células todo o
tempo, ou seja isto é corpóreo também, assim nos fala Lentin (1996, p. 95).
Território construído por liberdades e interdições e revelador de
sociedades inteiras, o corpo é a primeira forma de visibilidade humana.
45
Inúmeras culturas do passado trataram o corpo doente com chás
caseiros, alimentação considerada natural e medicamentos não-industrializados.
Para elas, a natureza deveria ser uma referência essencial ao conhecimento e ao
cuidado dos corpos, a medicina misturava-se à astrologia, enquanto a saúde
dependia de fatores externos. Na medicina hipocrática, havia diversas
correspondências entre o corpo e a natureza direcionava o diagnóstico, onde os
pacientes relatavam fatos de seu cotidiano como tipo de alimentação, qualidade do
sono e outras atividades diárias.
Para Hipócrates, o corpo humano é considerado um microcosmo
vivendo no seio do macrocosmo, é o que Vigarello (1978), nos ressalta.
O corpo é o primeiro lugar onde a mão do adulto marca a criança, ele é o
primeiro espaço onde se impõem os limites sociais, psicológicos que foram
dados à conduta, ele é emblema aonde a cultura vem inscrever seus
signos como também seus brasões. (SOARES, 2002, p. 17).
O homem seguiu o racionalismo até um ponto em que ele se
transformou em completa irracionalidade. Em Descartes, o homem vem separando
sempre mais o pensamento do afeto. Só o pensamento se considera racional – o
afeto, pela própria natureza, irracional; a pessoa eu, foi decomposta num intelecto,
que constitui o meu ser, e que deve controlar-me a mim como deve controlar a
natureza. O domínio da natureza pelo intelecto e a produção de mais coisas
tornaram-se as metas supremas da vida. (FROMM, 1960, p. 94).
Queremos abordar a corporeidade citando Sócrates (Conhece a ti
mesmo), mas como aborda Weil (2004), “Conheçamos a nós mesmos, que nos
parece mais abrangente e nos convida a pensar coletivamente nestes tempos de
globalização em que vivemos é a decisão mais acertada, consideramos...”.
Nós enquanto corpos integrais não devemos separar o que é mental e
o que não é..., como algo não sendo importante, ou sendo sub-julgado pela mente.
Mas pensarmos na integridade deste todo deveria ser papel principal para o
educador que recebe o aluno corporalmente, mas desejam estátuas não
ambulantes.
É um erro deceparmos a totalidade corporal a supremacia do mental
cerebral ou nossa parte elétrica e energética que contribui para o funcionamento
deste todo, porém, é uma parte importante que aciona outras funções corporais não
46
menos importantes, por assim dizer, neste início de século onde tantos pensadores
já contribuíram com nossa existência terrestre, pensarmos que este corpo nos
carrega por lugares e deslocamos todo tempo e nosso corpo astral nos transporta
para além dos limites que o corpo físico poderá alcançar (aí entraríamos em
questões religiosas para falar de vida após a morte, que fica pra outro assunto).
Queremos citar aqui, uma frase que Soares (2004 p. 112), inseriu em
citação de Revel: “Se o corpo diz tudo sobre o homem profundo, deve ser possível
formar ou reformar suas disposições regularmente correntemente as manifestações
do corpo.”
A linguagem corporal não mente. O corpo fala sem palavras. Basta
observarmos esta linguagem universal de expressão.
A imagem é importante para o relato deste tema, onde a visualização
do comportamento é importante para a analise das pessoas, tanto quanto o tom da
voz quando se fala, para formar uma unidade de comunicação.
Levin, psicomotricista argentino, insere o movimento corporal como
forma de aprendizagem, pois está presente em todas as disciplinas onde o papel do
professor é também de coordenar as descobertas corporais. Queremos citar um
trecho de uma entrevista, onde ele diz:
É muito mais fácil para os pequenos aprender, por exemplo, as letras A, B
ou C brincando com o corpo, representando-as, deitados no chão em
grupos de dois ou três, do que sentados em frente ao quadro-negro.E isso
é possível acontecer com palavras, conceitos, teorias... Em Matemática,
por que o professor não propõe brincadeiras do tipo caça ao tesouro ou
esconde-esconde de folhas? Com elas, a criança vai ter de encontrar as
plantas escondidas na escola, enumerá-las, manipulá-las e classificá-las.
Se a turma gosta de futebol, por que não formar times para disputar um
torneio, fazer tabelas, calcular resultados, ler e escrever histórias
interessantes sobre esse esporte? (LEVIN, 2004).
Em “O corpo fala”, Weil (1986), nos mostra uma ótica simples de nos
conhecermos e reconhecermos as outras pessoas, onde nos faz um convite para um
passeio num dirigível ou balão, onde quer passar o método global que fala do corpo.
Weil (1986, p. 27), nos mostra a figura do boi, do leão e da águia, ou
seja, a esfinge - corpo de boi, tórax de leão e asas da águia, com cabeça de homem,
que na psicologia moderna abrange a totalidade do homem neste conjunto, que
compreende a vida subdividida em instintiva-vegetativa, emocional e mental
(intelectual-espiritual), onde o homem conjunto seria capaz de dominar
47
conscientemente os três seres que habitam seu inconsciente.e fala nos também,
sobre coisas básicas que o cotidiano acaba massacrando, como, perceber em vez
de olhar, analisar um sorriso, harmonia e desarmonia (Harmonia= disposição bem
ordenada entre as partes de um todo), e o comportamento interpessoal. Origens
antigas para os gestos de hoje.
Freire (1991), enfatiza que antes de falarmos em movimento devemos
falar do corpo, como sendo abrigo de nossa alma. “A alma habita o corpo, mas não é
o corpo e pode seguir vivendo quando ele perece”. Negar o corpo é como negar a
vida, contestar a conviver com vida e morte ao mesmo tempo, pois nossa realidade
corporal, que é nossa realidade mortal.
Laban (1978), comenta que se torna necessário, então, alguns
comentários sobre o significados da postura corporal, na medida em que ao alternar-
se as atitudes externas podemos detectar características fundamentais. Um corpo
esticado para cima oferece uma impressão diferente de um curvado para baixo. O
estado de ânimo da pessoa que se move nestas duas direções contrastantes,
independe de se esticar ou curvar, pode ser a mesma. É comum na arte da dança,
desenvolver-se a consciência e a sensação para a postura corporal típica.
Aqui, a informação a respeito do corpo e da psiquê humana se confinou ao
jargão científico e aos anais da elite médica, o que acabou por provocar a
profunda ignorância do homem comum em relação às suas próprias
estruturas. Quando delega à autoridade médica responsabilidade sobre
seus músculos, ossos, vísceras e mente, o indivíduo se desapropria do
próprio corpo. (BERTAZZO, 1998, p. 17).
Bertazzo (1998, p. 9), fala da diversidade do corpo como ex-pressão
concreta da diversidade de gestos traduzidos na multiplicidade de pensares,
imagens, sonhos e desejos, com sua particularidade, autonomia e com integridade
respeitada. Os movimentos são construídos na harmonia da prática do improvável
nas diferenças corporais.
Não se pode esquecer de citar a importância da palavra chave que é o
respeito e lembro que o respeito pelo próprio corpo e seus limites é imprescindível
para conhecer também o corpo de seus colegas de aulas. Segundo ele, “no corpo se
operam sempre nossas transformações. O corpo é nosso primeiro limite, e nos
ensina o senso primário de organização e desorganização” (p. 10).
48
Foucaut (1987), propõe que a modernidade é caracterizada por uma
“anátomo política de corpo” e uma “biopoçítica da população”, onde a primeira está
ligada com as “disciplinas”, os procedimentos do poder que a partir do corpo como
máquina incumbe-se ao adestramento, ampliação das aptidões, extorsão de suas
forças, sistemas econômicos, onde os impulsos aparecem reprimidos e ao analisar
os tempos modernos ressalta-nos numa ótica positiva, investindo num corpo vivo.
Freire (1991 apud CINTRA, 1998), enfatiza que antes de falarmos em
movimento devemos falar do corpo, como sendo abrigo de nossa alma. “A alma
habita o corpo, mas não é o corpo e pode seguir vivendo quando ele perece”. Negar
o corpo é como negar a vida, negar a conviver com vida e morte ao mesmo tempo,
pois nossa realidade corporal, que é nossa realidade mortal.
Sampaio (1996 apud CINTRA, 1998), diz que somos o que parecemos
ser; nosso corpo somos nós. O modo de parecer é o modo de ser. Por isso é tão
fácil conhecer o íntimo dos bailarinos, é só observar seus corpos. Tem a
preocupação com o aluno que se distancia de seu corpo, quando corpo e mente se
acham em sentidos opostos. Nada será natural então, nenhum sentimento será
honesto.
Para aqueles que pretendem seguir uma carreira artística
profissionalmente tanto para o bailarino, quanto para o professor, Sampaio (1996
apud CINTRA, 1999, p. 69), comenta:
A dança do século XXI exigirá uma perfeita execução dos movimentos e
dos passos, será ima dança eficiente nos impulsos, clara na execução e
firme nas terminações, exigindo do bailarino um total domínio e
conhecimento do seu corpo.
2.6 A Estruturação do Esquema Corporal na Fase da Alfabetização das Letras
O corpo funciona como um todo, o corpo é um todo constituído por
partes:
Pelo movimento, percebo a estrutura do corpo no espaço;com base nessa
estruturação, chego a mobilidade desejada. A construção de uma imagem
chave do gesto e do caminho do movimento, auxilia no entendimento da
estrutura corporal, do volume e do espaço. Pelo movimento, chega-se a
estrutura, e a estrutura nos dá a liberdade de deslocamento. A postura
49
corporal surge naturalmente, como resultado de Uma sucessão de
movimentos que se encadeiam e desencadeiam e do equilíbrio das
tensões corporais. (BERTAZZO, 2004, p. 31).
Lê Bouch (1982) esclarece como acontece o desenvolvimento do
esquema corporal, na criança, o qual consiste na progressiva representação mental
do próprio corpo, seus segmentos, suas possibilidades de movimento, suas
limitações espaciais. Isto só será possível através de experiências motrizes,
acompanhadas de informações fornecidas pelos órgãos dos sentidos e todas as
sensações que surgem nos movimentos corporais.
O esquema corporal - imagem do corpo - pode definir-se como intuição
global o conhecimento imediato do nosso corpo, seja em estado de repouso ou em
movimento, em função da inter-relação de suas partes e, sobretudo de sua relação
com o espaço e os objetos que nos rodeiam. A noção é o núcleo da sensação de
disponibilidade do nosso corpo e é também o centro de nossa vivência da relação
sujeito-universo.
A conseqüência do esquema corporal mal estruturado causa déficit
sujeito-mundo externo, que se traduz no plano:
-Da percepção: déficit da estrutura espaço-temporal.
-Do movimento: indiferença e des-coordenação, e má postura.
-Das relações com os demais: insegurança com este universo de
movimentos que origina perturbações afetivas, nas quais, por sua vez, perturbam as
relações com os demais.
No plano da percepção ocorrem confusões entre as letras com
inversão de orientação do tipo: b e d, p e q, d e p, n e u...(dislexia visual), ao citar a
importância da psicomotricidade. (FONSECA, 2004)
No plano motor as dificuldades na aprendizagem da leitura
acompanhadas de problemas de escrita, com letras mal formadas, desalinhadas,
papel que se rompe, borrões. No plano das relações com os demais, a criança
apresenta dificuldades de relacionamento no meio em que está exposto, e poderá
viver um drama em sua vida escolar.
A linguagem corporal é a forma de comunicação com elementos
essenciais para a formação dos alunos, e a Dança e Educação Física têm um papel
importante pois o movimento é a forma de expressão fundamental para o
desenvolvimento infantil como fonte de aprendizagem em quaisquer disciplinas que
50
adentrarão os currículos nas séries subseqüentes, respeitando as fases de
desenvolvimento em que cada criança está naquele momento.
2.7 Conceituando Desenvolvimento
O organismo vivo depende, em grande medida da estimulação do
mundo externo para seu crescimento e desenvolvimento.
Desenvolvimento motor, segundo Guiselini, (apud CINTRA, 1999), é o
desenvolvimento da capacidade de exercer o controle sobre o movimento.
Scheflen (apud MIRANDA, 1979, p.100-101), diz que em termos de
desenvolvimento humano e mesmo em termos da evolução do homem, o movimento
aparece anteriormente à linguagem falada, provavelmente, se uma estrutura
seguisse a outra, seria a fala que seguiria a estrutura do movimento, e não ao
contrário.
Piaget (1978), nos fala da utilização dos conhecimentos psi-cológicos
adquiridos a cerca do desenvolvimento da criança e do adolescente e o caráter
interdisciplinar necessário nas iniciações, isto em todos os níveis, em oposição ao
fracionamento que ainda vigora de forma tão habitual não só nas universidades mas
nos níveis secundário. Em pesquisas sobre o desenvolvimento do julgamento moral
das crianças, realizadas por Piaget, analisa os conflitos afetivos entre filhos e pais,
ou do papel do “superego”, isto é, da persistência inconsciente da autoridade
parental, etc. Os resultados desta investigação, se revelaram convergentes; a
disciplina imposta de fora o sufoca toda personalidade moral, ou então, pelo
contrário, a prejudica mais do que lhe favorece a formação; produz uma espécie de
compromisso entre a camada exterior dos deveres ou das condutas conformistas e
um “eu” sempre centralizado em si mesmo, porque nenhuma atividade livre e
construtiva lhe facultou fazer uma experiência de reciprocidade com os outros.
O desenvolvimento do ser humano está subordinado a dois fatores: os
fatores da hereditariedade e adaptação biológicas, dos quais depende a
evolução do sistema nervoso e dos mecanismos psíquicos elementares, e
os fatores de transmissão ou de integração sociais, que intervém desde o
berço e desempenham um papel de progressiva importância, durante todo
51
o crescimento, na constituição dos comportamentos e da vida mental.
(PIAGET, 1978, p. 29).
Fases do Desenvolvimento Motor.
O comportamento do indivíduo encontra-se arraigado no cérebro e nos
sistemas sensorial e motor. O bebê com córtex cerebral intacto continuará a se
desenvolver de forma salutar, desde que não haja qualquer interferência de
elementos nocivos, seja ele orgânico, psicológico ou social. (KNOBLOCH;
PASSAMANICK, 1987)
O ser humano é um sistema de ação altamente complexo, tendo em
vista a importância de se observar adequadamente os cinco campos principais do
desenvolvimento: o comportamento adaptativo – o motor grosseiro, o motor
delicado, a linguagem e o comportamento pessoal- social.
Gesell (1987), comenta que a mente desperta para a compreensão do
mundo das coisas e pessoas, com a organização mental que se revela por si
mesma, ou seja em sua maturidade estará pronta para determinada compreensão,
onde o tempo é individual e não pertence a realidade cronológica.
A exploração motora contribui notoreamente para o desenvolvimento
mental, a partir das percepções que vão se elaborando e formando conceitos
teóricos.
A passagem dos 5 anos e meio para os 6 anos da criança é
caracterizada através das mudanças no comportamento motor. Essas alterações
acontecem mediante a faixa etária que corresponde ao grau de desenvolvimento
taxado de normal, ou adequado. Em Laban (1990), vemos o arranjo das fases em
que as crianças se encontram e o período de desenvolvimento e o estágio de
desenvolvimento motor: São quatro as fases do desenvolvimento, mas
destacaremos apenas esta que cabe em nosso estudo que é a fase dos
Movimentos Básicos Fundamentais (2 a 3, 4 a 5, 6 a 7 anos), que deve uma
atenção especial das crianças pois estaremos preparando o aluno para que este
descubra por si através da atividade, suas habilidades naturais, o professor contribui
para canalizar uma diversidade de atividades onde eles sejam capazes de
exteriorizar e vivenciar corporalmente movimentos significativos para cada um.
52
Movimentos Básicos - o desenvolvimento processa-se do inicial, elementar e
maduro - estágios adequados, experiências, oportunidades e instrução são
providenciados;
a)
b)
c)
Locomoção: - andar, correr, saltar, saltitar, etc.
Manipulação: - rolar, arremessar, segurar, chutar, etc.
Estabilidade: - flexionar, estender, girar, balançar, etc.
Habilidades Motoras Esportivas - São aplicadas em geral nos esportes e na
dança, ou seja em uma atividade específica definida. As habilidades motoras podem
ser específicas e especializadas, quando o indivíduo apresenta certa aptidão para
algo já definido, depende da boa formação anterior. É necessário para chegar ao
êxito nesta etapa, que as fases anteriores tenham sido vencidas e definidas, para
valorizar e constatar a importância dos movimentos físicos para o individuo.
2.8 A Tridimensionalidade do Comportamento Humano
De acordo com Berger (2003), o desenvolvimento humano é analisado
em três grandes domínios: 1) o biossocial – o qual inclui o cérebro e o corpo, além
das modificações que neles ocorrem e as influências sociais que as direcionam; 2) o
cognitivo – onde estão inseridos os processos de pensamento, as aptidões de
percepção e o domínio da linguagem, além da atuação do processo ensino-
aprendizagem na educação formal, principalmente. O domínio psico-social envolve
as emoções, a personalidade e as relações inter-pessoais com os membros da
família, com os amigos e comunidade em geral.Todos são de extrema importância
em todo o ciclo vital dos seres humanos.
Para atender as necessidades desenvolvimentistas das crianças, os
professores devem estar sempre atentos aos aspectos a serem desenvolvidos
interativamente.
Na busca de um equilíbrio, esta proposta metodológica acredita na
eficácia de um planejamento de atividades integradas, assentado numa organização
estrutural no nível de objetivos e áreas do desenvolvimento que deverão ser
53
estimuladas, como notaremos em Bambirra (1993), os três aspectos que devem
relacionar-se.
a- Cognitivos:
-Interagir com o ambiente, estruturando o conhecimento físico, o
conhecimento lógico-matemático e o conhecimento social;
-Ampliar a capacidade de comunicação de pensamentos e de
sentimentos, através diferentes formas de expressão simbólica.
b- Afetivos:
-Interagir, empaticamente, com os pares e com os adultos;
-Desenvolver as atitudes de autoconfiança, iniciativa, responsabilidade
e independência.
-Incorporar normas de conduta social.
c- Motores:
-Coordenar inteligentemente a ação corporal, percebendo as suas
possibilidades e limitações;
-Utilizar o corpo como elemento de comunicação.
2.9 As Inteligências Múltiplas: Uma Ótica Interdisciplinar em Busca da
Transdisciplinaridade
Foram aspectos como esse, da personalidade humana, que motivaram
o americano Howard Gardner a pesquisar anos a fio. Ele queria saber porque os
testes de QI (quociente de inteligência), usado quase que exclusivamente, até
então, para descobrir se um indivíduo era ou não inteligente, prediziam com
considerável exatidão o desempenho escolar, mas não mostrava de maneira
satisfatória seu sucesso numa profissão depois de uma instrução formal.
E indagava ainda: "será que um jogador de xadrez, um violinista ou um
atleta que se destacam são inteligentes nessas atividades? Se eles são, então
porque os testes de inteligência não conseguem identificá-los? Se não são, o que
lhes permitem conseguir esses feitos espantosos ?"
O cientista encontrou uma resposta satisfatória: a das inteligências
múltiplas. A inteligência seria um potencial bio-psicológico, combinando, portanto,
54
herança genética e propriedades psicológicas. O talento seria um sinal desse
potencial, fazendo com que ela se desenvolvesse mais rapidamente. Gardner
comprovou sua teoria de forma empírica e catalogou sete inteligências que
considerou principais. São elas:
-Lógico-matemática: é a inteligência que determina a habilidade para raciocínio
dedutivo, além da capacidade para solucionar problemas envolvendo números e
demais elementos matemáticos. É a competência mais diretamente associada ao
pensamento cientifico, portanto, à idéias tradicional de inteligência.
-Pictórica: é a faculdade de reproduzir, pelo desenho, objetivos e situações reais ou
mentais. E também de organizar elementos visuais de forma harmônica,
estabelecendo relações estéticas entre elas. Trata-se de uma inteligência que se
destaca em pintores, artistas plásticos, ilustradores e chargistas.
-Musical: a inteligência que permite a alguém organizar sons de maneira criativa, a
partir da discriminação de elementos como tons, timbres e temas. As pessoas
dotadas desse tipo de inteligência geralmente não precisam de aprendizado formal
para exercê-la, como é o caso de muitos famosos da música popular brasileira.
-Intrapessoal: é a competência de uma pessoa para conhecer-se e estar bem
consigo mesma. Administrando seus sentimentos e emoções a favor de seus
projetos. Enfim, é a capacidade de formar um modelo real de si e utilizá-lo para se
conduzir proveitosamente na vida, característica dos indivíduos "bem resolvidos",
como se diz na linguagem popular.
-Interpessoal: é a capacidade de uma pessoa dar-se bem com as demais,
compreendendo-as, percebendo suas motivações e sabendo como satisfazer suas
expectativas emocionais. Esse tipo de inteligência ressalta nos indivíduos de fácil
relacionamento pessoal, como lideres de grupos, políticos, terapeutas, professores
e animadores de espetáculos.
-Espacial: é a capacidade de formar um modelo mental preciso de uma situação
espacial e utilizar esse modelo para orientar-se entre objetos ou transformar as
55
características de um determinado espaço. Ela é especialmente desenvolvida, por
exemplo, em arquitetos, navegadores, pilotos, cirurgiões,
-Lingüística: manifesta-se na habilidade para lidar criativamente com as palavras
nos diferentes níveis da linguagem (semântica, sintaxe), tanto na formal como na
escrita, no caso de sociedades letradas. Particularmente notável nos poetas e
escritores, é desenvolvida também por oradores, jornalistas, publicitários e
vendedores, por exemplo.
-Corporal-cinestésica: é a inteligência que se revela como uma especial habilidade
para utilizar o próprio corpo de diversas maneiras. Envolve tanto o autocontrole
corporal quanto a destreza para manipular objetos (cinestesia é o sentido pelo qual
percebemos os movimentos musculares, o peso e aposição dos membros). Atletas,
dançarinos, malabaristas e mímicos têm essa inteligência desenvolvida.
Sempre envolvemos mais de uma habilidade na solução de problemas,
embora existam predominâncias. Portanto as inteligências se integram.
Nessas relações complementares entre as inteligências é que está a
possibilidade de se explorar uma em favor da outra. É o uso da chamada rota
secundária para se alcançar a rota principal de uma determinada inteligência. Por
exemplo: se uma criança tem dificuldade para memorizar números, mas é musical,
pode-se usar a música como rota secundária para ajudá-la na memorização
matemática.
Segundo Gardner, excetuando-se os casos de lesões, todos nascem
com o potencial das várias inteligências. A partir das relações como o ambiente,
incluindo os estímulos culturais, desenvolvemos mais algumas e deixamos de
aprimorar outras. Isso dá a cada pessoa um perfil particular de inteligências, o
"espectro".
Por isso a nossa teoria da inteligência renega a possibilidade de medi-
la pelos métodos convencionais, principalmente com os famosos testes de Q.I.
(quociente de inteligência). É que eles mediram apenas as manifestações das
competências lógico-matemático e lingüística, não dando conta de avaliar todo o
espectro da inteligência. Diversificando as atividades para integrar as inteligências,
você dá oportunidade ao aluno de olhar várias vezes uma mesma idéia.
56
2.10 Sobre a Formação do Professor
Neste novo século, é necessário refletir sobre a carreira do professor e
resgatar experiências profissionais e fatores que interferem na práxis ao investigar o
crescimento do professor de Educação Física frente às questões que norteiam a
escola.
Nascimento (1998), apud Shigunov e Shigunov (2001), aponta alguns
problemas na formação inicial dos professores de Educação Física como:
* A falta de convívio intelectual e isolamento das disciplinas
* O freqüente mal-estar no ambiente acadêmico
* A formação diferenciada para a atuação em etapas ou níveis
distintos do ensino da disciplina de Educação Física.
* A questão da qualidade na formação inicial.
* A fragmentação disciplinar na formação inicial.
* A heterogeneidade dos programas de formação.
De acordo com as várias abordagens que a Educação Física adotou
durante períodos diferenciado, Soares, apud Shigunov e Shigunov (2001, p. 92),
contextualiza, afirmando que:
Parece claro que a incorporação aleatória de alguns termos serviu apenas
para diluir, na aparência, a opção por uma única abordagem teórica, aliás
absolutamente explicita quando se abordam concepções de ensino,
conteúdos e na sua relevância social.
Para aliar várias estratégias contidas nas abordagens, é preciso que
sejam atendidas de acordo com a necessidade diária, seria a postura que
deveríamos adotar, uma mescla de pensamentos que se agrupam devendo resolver
os percalços do cotidiano em sala de aula, mas este jogo de cintura verifica que é
adquirida na prática docente, ou seja no próprio cotidiano.
Consideramos que a formação inicial de professores não pode ficar
restrita apenas ao campo de ensino, mas deve também estar voltada para uma
preparação profissional que dê subsídios teórico-prático para atuar dentro das reais
necessidades da educação brasileira atual.
57
O estágio de observação precisa, portanto, ser transformado em um
momento de destaque na Prática de Ensino, onde os acadêmicos possam, de fato,
conhecer a realidade escolar, observar as diferentes e muitas vezes contraditórias
situações presentes na sala de aula, discutir com o professor orientador de estágio,
objetivando refletir sobre dados coletados, por meio de investigação.
Nossa experiência de sala de aula precisa ser registrada e analisada, é
preciso deixar de ser uma ação mecânica, sem sentidos e sem objetivos claros. O
estágio é um especial momento pedagógico para estudar e compreender a
complexa realidade escolar, de uma outra perspectiva, uma vez que a maioria dos
acadêmicos do curso de Pedagogia ainda não experienciaram a sala de aula
enquanto professores.
Barbosa (1997), relata que o problema da formação profissional já vem
dos próprios professores que ministram aulas nos cursos de graduação de
Educação Física, pois estudaram num momento em que o papel da Educação Física
estava voltado para a tendência desportiva e sendo assim, existe um conflito interno
entre formar o técnico desportivo ou formar o educador. Existindo o problema em
sua formação, este futuro professor, em seu trabalho docente poderá sofrer crises
de identidade em relação ao verdadeiro papel a ser exercido.
Santos (1997), faz uma análise crítica à respeito o despreparo de
egressos de cursos de graduação direcionados ao trabalho educacional.
Sabemos que os cursos de licenciaturas têm recebido inúmeras críticas,
especialmente no que se refere à sua ineficiência quanto à formação dos
profissionais de educação. É, hoje, questão de consenso que os egressos
dos cursos de graduação não estão suficientemente preparados para
atender as necessidades das escolas, principalmente no que se refere à
compreensão da criança como ser histórico-social, capaz de construir seu
próprio conhecimento. (SANTOS, 1997, p. 12)
Santos, recomenda um novo princípio na formação de educadores -
seria necessário, além da formação teórica e pedagógica, uma formação pessoal, ao
qual ela se refere como "formação lúdica". Isto quer dizer que o professor se
beneficiaria com a qualidade, bem como com as experiências lúdicas e corporais
que estimulam a ação, o pensamento e linguagem - quanto mais vivências nessas
atividades, a qualificação do profissional seria ideal e adequada.
Nos dias atuais, nos deparamos com cursos de formação de
educadores nos quais a ludicidade é expressiva. Todavia, percebe-se que em
58
termos gerais, a organização desta disciplina, deixa a desejar,visto que a carga
horária destinada às atividades propostas é baixa ou destinada como disciplina
optativa. Assim, a formação do educador infantil apresentará problemas quanto à
qualidade, consistência e credibilidade em sua formação profissional.
Durante o processo de formação docente algumas questões são
demasiadamente relevantes de serem feitas pelo profissional que está em vias de
tornar-se professor – é importante a reflexão sobre a prática docente? Quais os
requisitos profissionais requeridos no início da formação docente? A dimensão
reflexiva da prática do professor, decisiva para a qualidade do trabalho docente, não
tem merecido a atenção devida dos cursos formadores. Dessa forma, tal negligência
é observada na práxis educacional.
A abordagem de Marques (1997, p. 23), em relação aos docentes de
educação física, de educação infantil, de 1ª. a 4ª séries e de educação artística, é a
discussão sobre o fato de que estes vêm desenvolvendo conteúdos sobre a dança
nas escolas sem a formação e trabalho didático-técnico para isso. O fato de existir
incompatibilidade entre os fatores artístico e educativo (fundamental na formação do
professor nos cursos de licenciatura/pedagogia/magistério), tem prejudicado
sobremaneira o desenvolvimento dos processos criativo e crítico que poderiam estar
fluindo no ensino fundamental.
Os gestores dos cursos de Graduação em Educação Física encontram-
se mais interessados na formação técnica oriunda do conhecimento científico, do
que na formação intelectual crítica. Tais conhecimentos técnicos são exíguos para o
docente entender o real, o efetivo no qual ele está inserido e o permite absorver a
inúmeras situações que as relações professor-aluno, professor-escola e professor-
sociedade lhe exigem. (SOARES, 1997).
Strazzacappa (2001), ao explanar sobre a formação docente, comenta
que os projetos pedagógicos dos cursos de graduação/formação de professores,
deveriam conter disciplinas de cunho artístico corporal, entendendo ainda que a
dança, a expressão e a educação corporal não são de responsabilidade exclusiva
das aulas de Educação Física.
Ao abordar o tema formação de professores, Carvalho (2001, p. 49),
explica que:
59
Não podemos correr o risco de vermos na escola de hoje a simples
‘degeneração’ da escola de 30 ou 40 anos atrás. Trata-se, na verdade, de
uma outra instituição social que exige de nossa sociedade a formulação
de diretrizes e políticas públicas capazes de enfrentar um desafio até
agora sem precedentes na história da educação brasileira, que é o de criar
uma escola de “qualidade” para todos, vinculando, portanto, a excelência
de seu desempenho a um determinado tipo de relação entre a instituição
escolar e seu entorno social e não a um conjunto fixo de informações ou
capacidades.
Conforme a exposição de Betti (2001, p. 83), refletir sobre as formas de
intervenção na prática pedagógica de professores é pensar em levar um
conhecimento pronto e esperar que os professores o aproveitem em sala de aula no
seu cotidiano. Mas, não se trata disso, e sim possibilitar o desenvolvimento de
pesquisa na área da educação física envolvendo todos os professores.As pesquisas
educacionais permitem melhorar a qualidade do ensino e da formação docente,
sobretudo as ações pedagógicas necessárias à formação integral do aluno.
Segundo Peres et al. (2001), a principal razão pela qual dificulta os
professores desenvolver a dança nas escolas ainda é a falta de conhecimento,
combinada à ausência de instalações e de materiais adequados.
Galvão, (apud DARIDO, 2002), explica que dois tipos de projetos
pedagógicos curriculares na formação do professor de Educação Física são
oferecidos: o currículo tradicional, cuja formação profissional acentua
demasiadamente a prática esportiva, a competição e a performance e um segundo –
o currículo científico - alicerçado na produção de conhecimento.
Neira (2003), em sua proposta de trabalho para o desenvolvimento de
competências na Educação Física, aponta para o fato de que com uma formação
tecnicista dos educadores da área, já apontada por outros estudiosos, é
imprescindível a reorganização estrutural e funcional na formação pedagógica.
O referencial que tem norteado a atuação pedagógica na atualidade é outro,
bem diversificado daquele que tivemos acesso nos anos de formação.
Podemos dizer que o mesmo deve ter ocorrido com a maioria dos nossos
colegas por esse Brasil. A educação visa o desenvolvimento das múltiplas
potencialidades humanas, em sua riqueza e diversidade, para o acesso às
condições de produção do conhecimento e da cultura. (NEIRA, 2003)
Marques (1999, p. 93-94) aborda a transdisciplinaridade comparando
com rede que tecemos quando comenta que a dança tem a possibilidade de deixar
de ser uma disciplina escolar pré-moldada, isolada. Ela passará a fazer parte dos
60
conteúdos curriculares que se multiplicam e tecem redes com outras disciplinas, com
os alunos, a escola, a cultura e a sociedade, de modo a desconstruí-los e
transformá-los; poderia passar a ter espaço próprio nessa rede de comunicações
entre o real e o imaginário na contemporaneidade.
A transdisciplinaridade, vem mostrar a inconclusão do ser humano,
rejeita a arrogância do saber acabado e das certezas convencionais e propõe a
humildade permanente.
Esta rede de dança e educação, baseada nos relacionamentos entre
conteúdos da dança, os alunos e a sociedade, absolutamente não ignora os
relacionamentos/sentimentos/sensibilidade “humanos”. Ao contrário, a formação
desta rede possibilita o aumento de nossa capacidade de encontrar novos e
diferentes modos de construir/reconstruir um mundo mais significativo para o próprio
indivíduo, fala Marques. (1999, p 94)
Nicolescu ( apud BARROS, 2004, p. 42 ), coloca que:
Tal como toda ciência, a nova transdisciplinaridade jamais irá veicular
certezas absolutas, mas, através de um permanente questionamento do
‘real’, levará à elaboração de um enfoque aberto, em permanente evolução,
nutrindo-se de todos os conhecimentos humanos recolocando o homem no
centro das preocupações do homem.
2.11 Os Paramêtros Curriculares Nacionais (Pcns) e o Ensino das Artes
A dança, ao ser inserida nos Parâmetros Curriculares Nacionais
(Pcns), deve ser abordada levando em consideração as temáticas que permeiam os
conteúdos aplicados de acordo com a série em que o aluno encontra-se.
Na Leis de Diretrizes e Bases (LDB) no. 9394/96, a Arte é reconhecida
como disciplina obrigatória no currículo, e indicada como linguagem artística
diferenciada a ser trabalhada pelas escolas, e é tarefa do educador colocá-la em
prática nas escolas como maneira crítica, fundamentada e significativa.
Marques (1999 apud MARIAZINHA FUSARI) fazendo um alerta aos
educadores:
61
É difícil alguns estudiosos e gestores de cursos de Pedagogia
compreenderem que os alunos da Educação Básica, precisam que seus
educadores atuem melhor na formação também nessas áreas da cultura
humana: arte, educação física, cultura do movimento corporal. Continua de
pé a luta para que os pedagogos/alunos tenham acesso à compreensão do
ensino e aprendizagem também nessas áreas
.
Auxiliar a compreensão dos temas como importante fator da interdis-
ciplinaridade, integrando conhecimentos como uma teia relacionadas nas atividades
propostas, é uma particularidade das artes em geral na tentativa de desfragmentar
este conhecimento interligados até nos hemisférios cerebrais, ligando e conectando
um todo.
Instaura-se, no campo da arte, aquilo que na área de educação, Paulo
Freire chamou de dialogicidade, que Ana Mãe Barbosa propôs como releitura da
obra, que psico-pedagogos entenderam como construção do conhecimento e que o
próprio universo da escola ainda não conseguiu absorver completamente na prática
do dia-a-dia.
Através de temáticas lúdicas, a Dança contribui para a construção do
pensamento intelectual de maneira prazerosa e interativa, onde as formas de
interação devem percorrer as estratégias metodológicas do professor.
Barbosa, 1991 (apud MARQUES 1999, p. 37), argumenta:
Por que arte-educação? Porque sem ela a maior parte das crianças não
vai ter acesso à arte e ao desenvolvimento de habilidades que ela
possibilita. Podemos alijar nossas crianças de seu legado cultural ou
podemos torná-las participantes do nosso processo artístico e cultural.
Que crianças e que cultura queremos?
A cultura é um processo que caracteriza o ser humano como ser de
mutação, de projeto que se faz à medida que transcende, que ultrapassa a própria
experiência
A trajetória do ensino da dança escolar, não pode ignorar e/ou
idealizar as grandes transformações nos conceitos de tempo, espaço, corpo, e arte
por que vimos passando e que já são parte efetiva da vida não somente de nossos
alunos “porque são jovens”, mas também de nossas próprias vivências adultas em
sociedade.
De acordo com Babin e Kouloumdjian (1989), em vez de continuarmos
tentando fazer com que nossos alunos “nos entendam” porque “sabemos o que é
62
melhor para eles” ou ainda porque no passado era diferente” (isto é, “melhor”),
poderíamos tentar “nos entender”, estabelecendo vias de comunicação entre estas
duas culturas do mundo contemporâneo: a cultura do livro , mais presente entre as
gerações adultas, e a cultura audio-visual-tecnológica, na qual já nasceram e estão
inseridas as gerações jovens. (MARQUES, 1999, p. 65-66)
Apresentados os pressupostos teóricos que fundamentaram as
questões relativas à dança escolar, apresentaremos os procedimentos
metodológicos, a seguir.
63
3- PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Este trabalho foi desenvolvido segundo uma metodologia de pesquisa-
ação qualitativa. Para Thiollent (2004, p. 15), uma pesquisa é denominada de
pesquisa-ação quando existir uma ação por parte das pessoas e/ou grupos
envolvidos no fenômeno em observação. Os pesquisadores têm uma participação
ativa na harmonização dos elementos encontrados- existe um inter-relacionamento
ativo entre pesquisador e pesquisados.
De acordo com Gil (2004, p. 146):
A pesquisa-ação concretiza-se com o planejamento de uma ação
destinada a enfrentar os problemas que foi objeto de investigação,
implicando na elaboração de um plano que sinalize os objetivos que
deverão ser alcançados, a população a ser beneficiada, definir a natureza
da relação da amostra com as instituições que serão afetadas, examinar
as medidas que poderão ser tomadas para contribuir no estudo, assegurar
a participação da população segundo os procedimentos selecionados
e,finalmente, determinar as formas de controle do processo de avaliação
de seus resultados.
Concordamos com os comentários de Pimenta (2006, p. 69), no qual
afirma, que na Educação realizamos pesquisas não somente quantitativas, mas
qualitativas, essencialmente falando. A pesquisa do tipo qualitativa mostra, como
particularidade a discrepância metodológica, a tal ponto que possibilita coletar
dados da realidade, visando comparações de acordo com o método utilizado (p. 70).
Na pesquisa qualitativa observa-se a relação ente fatos e valores;
valores e interesse do pesquisador que moldam sua visão da realidade. O foco na
pesquisa qualitativa é a experiência individual, o senso comum, o processo, o
“como”. O método considerado é o indutivo, com definições que envolvem o
processo. Neste caso, o papel do pesquisador será sua imersão no fenômeno
pesquisado. O critério principal neste tipo de pesquisa qualitativa será a validade da
mesma. (GAMBOA; SANTOS FILHO, 2002)Na organização desse estudo,
elegemos a pesquisa-ação qualitativa por entendermos que nossa investigação
sobre a dança no contexto escolar, fosse orientada para as nossas crianças da
Educação Infantil e demais ciclos de escolarização, visando o reconhecimento e
64
assimilação do fato pesquisado e que pudesse contribuir nos estudos teóricos-
técnicos dos colegas da Educação Física e áreas correlatas.
3.1. A Amostra
A população pesquisada contou com a participação de vinte crianças,
10 meninos e 10 meninas, com idade de 6 anos, que cursam o Pré - III na Casa da
Criança e Centro Social São José, de Presidente Prudente. As crianças participaram
das atividades da pesquisa que foram desenvolvidas às segundas feiras, durante o
período matutino.
Tendo em vista a necessidade de uma alfabetização global e a
carência de atividades que desenvolvam as capacidades físicas básicas no Bairro,
concordamos com os autores citados, ser indispensável os elementos educativos
que compõem os brinquedos cantados e atividades que proponham um aprendizado
via corpo todo estimulado despertando os interesses aos educandos, nos novos
conhecimentos, uma vez que as crianças encontravam-se na fase escolar inicial.
3.2.Local de Realização
Todas as atividades foram realizadas na Casa da Criança e Centro
Social São José da cidade de Presidente Prudente (SP), no período letivo de 2006.
Caracterização do local de realização da pesquisa
A Casa da Criança e Centro Social São José é um Projeto Social
idealizado pela irmã Irene Paggi desde 1996, com o intuito de abrigar as crianças do
bairro enquanto seus pais estão trabalhando e tirá-las das ruas. Portanto, as
crianças participantes, em torno de 150, executam as tarefas da escola, bem como
participam de atividades teatrais, dança, artesanato e aulas de pintura, coral e
atividades extras como apresentações em festas juninas, bazar beneficente e
passeios. Há também acompanhamento psicológico semanalmente.
65
Em 2001 iniciamos as atividades de dança como voluntária, uma vez
que o ano tinha esta proposta - “Ano Internacional do Voluntário” e, em 2003 a
entidade inseriu uma classe de Pré III, com mesma metodologia e didática
empregada no Colégio Cristo Rei, escola particular de elite e considerada uma das
melhores em formação estudantil da cidade e região.
Assim como o Colégio Cristo Rei é dirigido e mantido pelas Irmãs
Beneditinas, a Casa da Criança também é mantida pela instituição citada, porém
agora a coordenação passou para outra irmã, recém chegada na cidade, devido a
transferência da irmã idealizadora para outra localidade.
O bairro onde se localiza a instituição fica na região norte, periferia da
cidade, e é ainda muito novo, estando em formação. Na frente da Casa da Criança
existe uma área de lazer com campo de futebol, quadra poli-esportiva, parque de
diversão e pista para skate, e desde então observamos o movimento corporal
dessas crianças como seu principal brinquedo.
3.3. Procedimentos de Coleta e Analise dos Dados
Essa pesquisa foi desenvolvida mediante algumas fases, as quais
passamos a descrição abaixo:
1- Organização do referencial teórico que norteou a presente
pesquisa, foi organizado junto com as alunas estagiárias do curso de graduação em
Educação Física da Unoeste, SP.
2- Solicitação de autorização ao Diretor da Instituição onde foi
desenvolvida a pesquisa (Apêndice A);
3- Autorização dos pais das crianças envolvidas na pesquisa –
Assinatura do Termo de Livre Consentimento
1
para a participação na pesquisa
(Apêndice B);
4- Elaboração da ficha de observação do professor. Nessa Ficha a
professora registrou as comparações do comportamento dos alunos que praticam a
1
Todas as autorizações permanecerão arquivadas na sala da Direção da Instituição.
66
dança e seu desempenho escolar, como sua atenção, disciplina, socialização e
outros que foram modificados a partir do preenchimento das fichas de atividades,
pela professora (Anexo 1), e tudo o que esteve envolvido e contido na dança
(apresentações públicas, temas para montagem de coreografias, figurinos e
adereços cênicos necessários).
5- Elaboração e aplicação de um questionário à professora da sala de
aula da referida Instituição de ensino (Apêndice C);
A pesquisa de campo foi qualitativa, sob a forma de pesquisa-ação,
como descrevemos acima, onde utilizamos a observação do desenvolvimento global
da criança que é a principal proposta dos estudos com a dança, que pretende ser
intervencionista quanto as mudanças de paradigmas e novos olhares a esta
linguagem que é o universo da dança.
Os conteúdos aplicados nas atividades obedeceram aos pressupostos
metodológicos de Laban, criador da Dança Educativa e associando com autores
específicos da Educação, para contextualizar os benefícios da dança como forma
lúdica e mais uma ferramenta para o aprendizado e alfabetização geral, que
trabalha as inteligências múltiplas na formação do ser integral, sem dicotomias ou
estereotipias.
6- Utilização de desenhos realizados pelas crianças sobre si mesma,
no início (primeiro dia, como tarefa) e no último dia, ou seja ao final das atividades,
visando observar sua auto-imagem e socialização com os demais.
7- Foram utilizadas músicas da MPB, selecionadas pela pesquisadora
e direcionadas para crianças, bem como foram escolhidas cantigas de roda e
folclore.
As Parlendas também foram usadas com objetivo de amplificar a
acuidade auditiva e a curiosidade pelo significado das palavras, e ainda para auxiliar
na melhora fala por trabalhar com palavras e rimas e a métrica das frases com um
ritmo onde otimiza também o raciocínio lógico matemático.
Para Klaus Viana, (apud BAMBIRRA, 1993, p 183-84)
O que importa, sempre, é levar a consciência corporal até os alunos
porque penso que bem mais importante do que conhecer o espírito é
saber que o corpo existe, está comigo e dependo dele para viver. Cada um
começa a descobrir o próprio corpo, seu ritmo, e somente ao esse corpo
pode começar a dançar, interpretar e se expressar. Nisso não há nada de
esotérico, divino ou coisa assim: quero apenas recuperar o lado lúdico do
movimento.
67
A analise das relações entre os autores nos mostra uma coerência de
pensamentos que escolhemos para nortear este trabalho, e embasarmos a esta
observação que teve também uma dinâmica estrutural, para que pudéssemos
participar do processo notando as modificações comportamentais geradas por ele (o
processo das aulas).
As atividades executadas foram fotografadas, segundo os padrões
éticos requeridos pela pesquisa.
Todos os dados coletados foram analisados quantitativamente
segundo o referencial selecionado para subsidiar a pesquisa desenvolvida.
8. Propostas de ação serão efetivadas à Direção e a professora, a
partir das necessidades das mesmas para atuar em conjunto, visando o processo
ensino aprendizagem das crianças, ou seja as características gerais para melhores
condições de trabalho no que refere-se aos espaços utilizados para as atividades ou
em materiais didáticos e recursos audio-visuais para o enriquecimento das aulas e
motivação das crianças.
3.4. O Percurso da Pesquisa
Pensar em pesquisar sobre movimentos e sua importância no período
de alfabetização das crianças neste caso é questionar os procedimentos dos
professores e como estes reconhecem também isto em si mesmo.
O primeiro contato com as crianças foi uma apresentação pessoal e
dos conteúdos que seriam aplicados, que serviu de termômetro para sentirmos e
percebermos a disponibilidade delas para as atividades e aprovação das mesmas.
Num primeiro momento conversamos com crianças e um garoto relatou
sobre a visão de seu pai sobre a dança, ainda com uma pitada de preconceitos que
a criança não compreende, pois disse ao filho que “dança não é coisa de homem”,
porém o menino estava ávido por movimentos e chacoalhava o tempo todo junto
com as músicas e reconheci sua ritmicidade natural. A espontaneidade infantil tomou
conta e as crianças reconheciam as músicas e acompanhavam com palmas e
balançavam seus corpinhos. Neste dia também, haviam muitas crianças resfriadas,
68
e notamos a necessidade de uma orientação minuciosa no reconhecimento do nariz,
então levamos todas ao banheiro em fila, para mostrá-las como assoar as narinas e
limpá-las interiormente. Na prática de limpar para respirar melhor percebe-se a
aquisição desta percepção corporal específica. Essa é uma prática de yoga, que tem
como um dos princípios básicos, a respiração e para que esta proceda fluentemente,
sem obstruções, por isso as narinas devem estar bem limpas, e quando há
secreções deve-se retirá-las. Mostramos como deveriam colocar água nas mãos,
para depois introduzi-la nas narinas cuidadosamente para não perder a atenção e
errar os canais, e sucessivamente assoprar o ar e a água para fora, até estejam
completamente livre das obstruções para aqueles que mostraram-se resfriados.
Acompanhamos cada criança e conversando com cada uma explicando o processo.
As crianças ainda estão um pouco tímidas, pois ainda estão na fase de socialização
com os colegas, mas algumas delas, apresentam-se mais soltam e falam
espontaneamente e até perguntam se está correto o modo como fazem.
Em seguida, pedimos uma tarefa que a professora ficou encarregada
de aplicar e recolher para analisarmos e compararmos a noção da auto-imagem das
crianças, e se esta relação mudou no decorrer do ano e se as atividades propostas
contribuíram para a socialização, coordenação, ritmo e consciência corporal: Cada
aluno deveria desenhar-se. Ao recolher os desenhos, constatamos que as crianças
foram fiéis ao que havia sido pedido, e todos foram bem objetivos ao desenharem-
se, o que notamos no final, onde as crianças inseriram objetos, pessoas e animais
que aponta para uma melhor socialização de acordo com Costallat, (1998).
Temas e Fatores de Movimentos:
Uma Forma Lúdica de Ensinar o Método de Laban
De acordo com os pressupostos de Laban (1986), o educador deve
relacionar a temática a ser desenvolvida em atividades com os fatores de movimento
que destacou como sendo imprescindível para o desenvolvimento até dos
raciocínios, pois a relação sujeito-mundo que faz-se através do corpo e estes fatores
são básicos ao posicionamento pessoal do cotidiano. Torna-se uma multiplicação
em progressão aritimética do corpo com o espaço, tempo, peso e fluência do
movimento que contribui para a consciência corporal, onde quase não há repetição e
sim experimentação de possibilidades.
69
Estes fatores podem ainda ser inter-relacionados com os conteúdos
aplicados em cada série fazendo entender a geografia, com medidas que podem ser
feitas com o corpo (pernas e braços por exemplo), e também história, português com
a lingüística interpretando canções, regras; a física que está presente nos
movimentos articulares das alavancas a química que compõe este corpo e assim por
diante, de acordo com a criatividade do professor.
Fatores de movimento e elementos do esforço
QUADRO 1 - O domínio do movimento
Elemento do esforço Fatores de
movimento
(latentes) (complacentes)
Aspectos
mensuráveis
(funções objetivas)
Aspectos
classificáveis
(sensação do
movim,ento)
Peso firme suave Resistência forte( ou
graus menores até
fraco
Leveza leve (ou
graus menores até
pesado)
Tempo súbito sustentado Velocidade rápida (ou
graus menores)
Duração (longo ou
graus menores até
curto)
Espaço direto flexível Direção direta (ou
graus menores)
Expansão Flexível
(ou graus menores
até filiforme)
Fluência controlada livre Controle parado
(ou graus menores até
liberado
Fluência fluída (ou
graus menores até
parado)
Fonte: LABAN, (1978, p. 126)
Para esclarecer o quadro 1, queremos salientar a coluna da esquerda
onde encontram-se os itens de fatores de movimento: peso, tempo, espaço e
fluência onde são propostos a partir destes quatro temas uma multiplicação de
possibilidades de movimentos que combinam variando nos quatro itens e ações
corporais básicas de esforço, que citamos no item seguinte como referência desta
progressão geométrica de movimentos buscam novos caminhos para experimentar
sensações dançantes que o corpo possibilita. È um pequeno resumo da metodologia
Laban, e “como?” aplicá-la dentro da escola.
No quadro 2, queremos mostrar ações de movimentos, que
possibilitam trabalhar as questões de peso e fluência de movimento ao mesmo
70
tempo e espaço. As combinações, conforme mostram os quadros, serão inúmeras
uma vez que combinamos cada item dos fatores com novos elementos fazendo
ligações trans-disciplinares de movimentos.
Ações básicas do esforço
Laban (apud NANNI, 2000), afirma a respeito das ações
experimentadas através do uso do corpo e a utilização da energia como o todo ou
as partes, tensionando com maior ou menor intensidade sobre o solo, coisas ou até
pessoas, pontuando as ações de esforço a serem educadas, questionadas, sentidas
e sensibilizadas.
Os movimentos são executados associando uma ou mais qualidades
em dimensões, proporções e combinações, variando a intensidade, tempo de reação
e duração. O peso que contém cada ação e percebida com as ações de esforço.
Ações Básicas Ações Derivadas
socar enpurrar, chutar, batucar
talhar bater, atirar, chicotear, atacar
pontuar palmilhar, abanar
sacudir socar, agitar, chacoalhar
pressionar prensar, partir, apertar
torcer arranhar, colher, esticar
deslizar alisar, lambuzar
flutuar espalhar, mexer
A noção do espaço, consiste em uma ação de esforço onde pode ser
indireta, flexível ou direta percorrendo um caminho em linha reta, refere-se à direção
do movimento em expansão ou plasticidade.
As atividades exploradas deverão ser criadas evitando imitações ou
movimentos estereotipados e deverão conter variações nas direções do movimento,
que podem alterar conforme desloca-se para frente, atrás, direita, esquerda e
diagonais.
Os níveis de movimento oscilam percorrendo desde o alto, aqueles na
posição em pé, ou em saltos; o médio, que varia entre ajoelhar e posição de
71
cócoras; e o nível baixo onde os movimentos acontecem no chão, podendo alternar
entre sentar, deitar e rolar. Denominou-se as extensões como sendo perto, longe e
normal e os caminhos que o movimento percorre que podem ser direto, angular e
curvo.
A Fluência, consiste na expressão do movimento que estabelece
relação entre o esforço da corrente interna do movimento e sua execução externa;
está em relação direta com o grau de liberação produzido pelo movimento
considerado, sob o ponto de vista de sua dualidade subjetiva ou dos contrastes de
ser livre na e da fluência do movimento, resulta do fluxo livre e contido.O fluxo livre
fluente, incontrolável é reconhecido em uma ação difícil de ser interrompida e o fluxo
contido, de fluência controlada, organiza-se numa prontidão interna para parar a
ação a qualquer movimento.
Formas de execução
QUADRO 2- Dança Educação
Tipos de
movimentos
Variáveis Intensidade Acento
inicial
Acento
Intermediário
Acento
final
Ação
resultante
Balanceado
Constante e
suave
Suave suave suave pendular
Ondulante
Constante e
suave
Suave Contínuo Sustentado contínuo
Percurtido
forte Preciso e
vigoroso
imperceptível Parada
brusca
precisa
Pendular
constante Forte Contínuo marcado contínuo
Conduzido
suave suave Contínuo sustentado contínua
Vibratório
Variação do
percurtido
Rápido Rápido rápido trêmula
Sustentado
Variação do
conduzido
suave mais suave marcado flutuada
Lançado
Variação do
balanceado
forte Necessário dinâmico acentuada
Fonte: (NANNI, 1992; p. 188)
Descrição das atividades:
Dentre as atividades propostas, optamos por brinquedos cantados,
parlendas e brincadeiras calmantes, com a temática atividade rítmica, mímica,
72
coordenação motora, esquema corporal, formação de hábitos, natureza, animais,
músicas folclóricas, juninas e natalinas.
Iniciamos as atividades com as Parlendas que contribuem no ritmo:
Atenção, concentração: Atenção (3 palmas ritmadas), concentração
(3 palmas), o nome é (3 palmas); de fruta, animais, cores, nome de pessoas e
objetos e letras do alfabeto (as crianças ainda em sala de aula em suas carteiras
repetiam a frase com acompanhamento de palmas ou batidas no corpo ou na
própria mesinha, para marcar um ritmo e mantermos um andamento constante no
grupo).
Um, dois, feijão com arroz: As atividades ritmadas foram
desenvolvidas com músicas cantadas, ensinávamos a letra da música dizendo as
palavras e pedindo que as crianças repetirem após ouvirem a frase, depois
colocamos o Cd para ouvir e ver o gesto. Para cada música um gestual que
descreveremos com maior ênfase de detalhes abaixo, mas queremos ressaltar aqui
esta ordem pedagógica para melhor entendimento e assimilação pelas crianças.
Esta música era usada para organizarmos as saídas da classe em disciplina e
ordem.
Brinquedos Cantados
A Canoa virou: em círculo concêntrico, as crianças de mãos dadas
giram a roda para a direita cantando junto com o som: A canoa virou, foi deixar ela
virar, foi por causa do (nome da criança), que não pode remar. A criança
mencionada faz meia volta ficando de costas para o centro da roda. E assim segue
até que todos fiquem de costas. Daí canta-se a segunda parte da música: Se eu
fosse um peixinho, e soubesse nadar, eu tirava a (nome da criança), do fundo do
mar, e as crianças vão voltando para frente para o centro da roda.
Nesta atividade giramos ora para a direita e ora para a esquerda
tentando discriminar os lados, ou a noção dos lados do corpo e percebendo a
lateralidade e o conceito que alguns já tem e outros não.
73
FIGURA 1 – A Canoa virou (simples)
FIGURA 2 – A Canoa virou (giro com laçada)
Nesta foto acima mostra a variação da Canoa virou, com a execução
de uma laçada de braços no giro excêntrico e voltando em seguida para o centro
quando é citado o nome.
Chep Chep: Execução: roda com uma criança ao centro, e esta da
voltas dentro da roda procurando escolher uma colega na qual para em sua frente e
saltita. Quando a letra diz chep chep, a criança do centro faz gestos que devem ser
imitados pela criança escolhida. Inicia tudo novamente e a criança escolhida agora
segue puxando a fila até uma nova criança que deverá escolher, e segue até todos
serem escolhidos.
74
FIGURA 3 - Chep chep
Entrar na Roda seu Sabiá: Crianças organizadas em duas fileiras
frente à frente, uma diante da outra e confrontam-se avançando e afastando
executando o gestual pedido. Enquanto uma avança cantando a frase a outra
permanece em seu lugar fazendo o gestual, quando canta laialaia, recua para a
posição inicial afastando pro lugar. Depois inverte as fileiras, repetindo o gestual.
FIGURA 4 - Entrar na roda seu sabiá
O Jipe do Padre: Cantando a melodia, as crianças fazem os gestos.
Pode-se cantar omitindo algumas palavras, até ficar somente cantando a melodia,
sem a letra. Pode ser dado como jogo calmante ao final da aula.
Quando Eu era Nenê: Atividades ritmadas desenvolvem também a
lateralidade e noção espacial.
75
As próximas atividades contribuem na corporeidade e desenvolvem o
esquema corporal.
Pra Entrar na Casa do Zé: Em pares, um de frente para o outro.
Pode-se colocar em duas fileiras,ou em círculo.
No início da melodia, batem um pé no chão, adiante do pé de seu par.
Repete com o outro pé quando muda o verso. Na segunda estrofe, dão a mão direita
para o par e dão uma volta completa em torno de si. Repete para o outro lado com a
outra mão.
Debulha este amendoim: Tema folclórico (junino) e desenvolve a
lateralidade
Alecrim: Natureza e animais:
As crianças podem estar dispostas em duas fileiras frente a frente uma
para a outra e o professor entre as fileiras, ou em círculo concêntrico com o
professor circulando dentro ou fora do círculo, mas também podem estar dispostas
em fileiras intercaladas voltadas para uma frente que o professor determina.
Executam saltitos com alternância de pernas na primeira estrofe, e na
segunda executam gestos condizentes com a letra da música.
A Serpente: Tema animais: Cada dia era escolhido uma criança para
puxar a fila e esta escolhia o próximo para ir atrás, formando uma coluna, até todos
estarem enfileirados.
Nesta música, normalmente, as crianças voltavam para a sala de aula,
e o objetivo dela era ordenar as crianças com uma certa disciplina, uma vez que
deveríamos subir escadas até a classe.
FIGURA 5- A serpente
76
A Barata : Podem executar também em duas fileiras frente a frente,
ou movimento para frente e para trás para não ficar sempre igual. Esta atividade
despertou uma espontaneidade incomum, onde parecia que todos identificavam-se
com ela.
Meu Burro (trabalha também esquema corporal): Cada vez que
aumenta a letra as crianças repetem os gestos anteriores.
FIGURA 6– Meu burro (sentados no chão)
Pombinha Branca: Também desenvolve as questões como a
formação de hábitos,ritmo e expressão corporal.
Auni cuniti auni e Indiozinhos: Visa apresentar um outro modo de
vida e cultura, junto com um linguajar adaptado para caracterizar a fala do indígena
seus costumes em geral, sua forma de reverenciar o mundo e seus rituais.
Eu Perdi o Dó da Minha Viola: Formação de Hábitos e expressão
corporal: Os alunos devem repetir os gestos aprendidos na letra da música mudando
a cada estrofe.
Estas atividades descritas anteriormente foram adaptadas baseadas
em Verderi e Paiva (2000), e ensinávamos a letra da música, dizendo pausadamente
frase pro frase para que fosse repetida seguidamente pelos alunos para que desde
então já fosse introduzido um ritmo grupal que contribuísse para o ritmo individual
das crianças. A seguir entoávamos a melodia vagarosamente pedindo que os alunos
tentassem acompanhar e por último juntávamos letra e melodia. Só então
passávamos para o gestual que deveria ter ritmo e participação espontânea, para
que os alunos não sintam-se acuados e desencorajados na execução dos
movimentos.
77
No decorrer do ano houveram algumas festividades onde as crianças
participaram junto com as demais crianças da entidade, onde colaboramos com
ensaios e elaboração.
Essas festividades foram realizadas no salão onde também é refeitório
e sala de aula, portanto, é bem grande.
FIGURA 7- Salão e refeitório
As professoras fizeram um painel correspondente ao Tema em que foi
festejado e apresentado.
Em abril houve a festa de comemoração da Páscoa, eles cantaram
uma musica do coelhinho, elaborada pela professora de sala.
Em setembro aconteceu a festa da Primavera e as crianças ensaiaram
previamente para desfilar, o percurso em que eles deveriam andar, e sucesso
absoluto no dia da apresentação, onde as crianças curtiam e andavam com a maior
soltura, até aqueles mais tímidos estiveram ótimos e com desenvoltura.
Em outubro, na Semana da Criança, cada dia era realizada uma
atividade diferente, e na segunda feira abrimos com uma gincana entre meninos
contra meninas, onde as crianças participaram interagindo com os maiores, e foi
muito boa esta experiência, pensando na sociabilidade, cooperação que dominou a
briga pela vitória das equipes, a equipe mais unida, vencia a prova, então o lema da
gincana ficou sendo união entre as equipes.
Em dezembro ocorreu a festinha de formatura da sala do Pré - III, onde
foi mais restrito só para os formandos e pais e familiares, e com a participação da
família, fica claro e dá pra perceber os relacionamentos de afetividade bem definido
78
nesta primeira fase que as crianças acabam de ultrapassar e fica latente a
importância de estímulos básicos.
A criança que pratica uma atividade física, seja ela qual for, desde que
bem orientada, tem uma vida mais saudável. A dança, particularmente, é
rica em estímulos os mais variados, estes atuam diretamente no
organismo infantil, promovem respostas de desenvolvimento físico e
psicossocial. ( BAMBIRRA, 1993, p. 22).
Algumas atividades também foram aplicadas no pátio aberto, onde há
um espaço lúdico com desenhos pintados nas paredes e amarelinhas no chão, e
encorajamos a livre movimentação. Aplicamos atividades como “estátua”, onde
propúnhamos que as crianças usassem os níveis de movimento, e a utilização
espacial (som alto, movimentos rápidos, som baixo, em câmera lenta e estáticos
quando o som parava); a “dança das cadeiras” (andam em torno de cadeira
dispostas em círculo ao som da música, e sentam quando a música para), para
trabalhar desenvolvendo a noção espacial, cooperação, ritmo e acuidade auditiva,
especialmente.
Foram usadas músicas da MPB, apenas instrumentais, onde as
crianças reconheciam a melodia acompanhavam cantando junto com a as letras. As
músicas selecionadas foram: “Peixinhos do Mar”, “Atirei o pau no gato”, “Flor da
China”, Boi da cara preta”, “Se esta rua fosse minha”, “Canção do aconchego”, “Pai
Francisco”, “Carneirinho Carneirão” e “Tutu marambá.
Quando Bambirra fala em estímulos na dança, ela quer dizer referir-se
a estímulos táteis, sentir os movimentos; visuais, ver os movimentos; auditivo,
escutar a música; cognitivo, o raciocínio, motor, esquema corporal e afetivo; as
emoções.
79
FIGURA 8- Pátio aberto
Notou-se no decorrer deste processo, a importância do
reconhecimento do lúdico como prática pedagógica, e o papel do professor em
estabelecer relação através das atividades, e como aplicá-las de forma a agilizar a
compreensão dos conteúdos que foram utilizados no processo de alfabetização - um
embutir raízes sólidas na construção do saber infantil, reconhecendo em seu próprio
corpo o caminho de estar no mundo e a importância do brincar como consciência de
si manifesta-se corporalmente, onde o movimento é o veículo condutor na
construção do conhecimento, conforme fundamentamos em alguns autores
abordados.
A participação espontânea nas atividades, vale a pena ressaltar,
principalmente quando eram inseridos em festividades geral da Casa da criança e
todos as outras crianças, mais velhas participavam, elas estavam prontas a
participar.
3.5 Dados sobre a Professora
A professora é casada, tem 43 anos de idade, é graduada em
Pedagogia com habilitação em Administração Escolar, Orientação Pedagógica e
80
Supervisão de Ensino, e 16 anos de experiência no magistério. Está na instituição
há 10 meses apenas, e reside em uma pequena cidade vizinha aqui da região.
Gosta muito da profissão e está sempre refletindo e questionando sua
prática, onde acredita que o movimento e a ação lúdica são indispensáveis na vida
infantil que aprende muito com o ato de brincar.
Anualmente participa de Congressos Educacionais e subsidia suas
atividades nos Pcns como referencial curricular, além de livros e revistas de
educação infantil e geral.
Participa também de projetos pedagógicos e trabalha diariamente as
atividades físicas, tentando contribuir com a formação do pensamento de seus
alunos, pois sempre problematiza e os faz pensar através do diálogo, combinado
com regras que coloca para a classe.
Acredita que as artes são importantes ferramentas que auxiliam o
professor e as festividades devem ter participação espontânea.
Semanalmente conta estórias e leva as crianças a outros espaços
dentro da instituição, percebendo a importância desta variante para motivar e
disciplinar as crianças nestas mudanças locais.
Incentiva a leitura e respeita o ritmo de cada um, uma vez que este é
individual, e com a prática cada vez tenderá a melhorar, sempre que for acatado.
Utiliza recursos lúdicos para desenvolver seu conteúdos como rodas
cantadas, músicas, desenhos, brincadeiras, filmes e oração, como pedidos e
agradecimentos, uma vez que a entidade é da Ordem Beneditina.
As conversas com a professora nos ajudaram a ver e observar mais as
diferenças entre meninas e meninos como fatores que evidenciam as normas e
formas de condutas de comportamentos, percebendo que as meninas nesta fase
estão mais adeptas e atentas as regras de jogos e mais suscetíveis a ouvir o que
está sendo dito, e que os meninos, mais inquietos corporalmente que por sua vez
estão mais abertos a experimentação de movimentos sem pudor de ousar e testar
seus limites, eixos, posturas e expressões que casam com a rítmica das músicas
usadas, sem temer o senso do ridículo e sem perder a espontaneidade.
As meninas também são mais atentas ás criticas, e seguem mais
fielmente as regras colocadas, o que mostra mais controle e limites em seus gestos,
e mais atentas na forma correta de executar, mas a forma ainda não faz parte deste
processo, pois testamos as capacidades físicas básicas que deverão continuar em
81
processo de desenvolvimento contínuo em sua existência, que deverão ser cada vez
mais despertadas daí por diante como reconhecimento de um ser corpóreo que vive
em movimentos.
Contatamos o incomodo da professora quanto a inquietude das
crianças, onde ela sempre queixava-se o fato delas circularem na sala não
conseguindo manter-se todo tempo sentados em seus lugares o que melhorou
significativamente quando passamos a mudar a disposição das carteiras
periodicamente, onde algumas vezes eram unidas as carteiras em duplas, ou
quartetos, ora trocava por duas fileiras, mas sempre agrupando as crianças, que de
acordo com as suas necessidades principais, que é o bem estar com as demais,
conforme citaremos a seguir.
A exploração dos meios que propiciam uma melhor preparação das
crianças, para agirem com independência e para se integrarem
equilibradamente na sociedade, tem sido objeto de muitos estudos
realizados pela maioria dos autores ligados a educação do Movimento,
que procuram definir formas mais eficientes para a atuação do docente e
discente, logo a partir da primeira fase escolar. (SHIGUNOV; PEREIRA,
1993, p, 17)
Passamos, a seguir, a apresentação dos Resultados e Discussão de
trabalho realizado junto às crianças.
82
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os itens colocamos na ficha de observação da professora que
julgamos ser essencial para serem desenvolvidos e trabalhados nesta etapa, e
comparamos a sucessão dos meses observados e dentre os resultados obtidos na
média mensal, atribuímos na somatória do resultados de todos os demais meses e
tiramos uma média geral final que resultou em uma tabela gráfica que serve para
constatar os parâmetros norteadores desta pesquisa e quesitos a serem analisados.
Em reuniões pedagógicas em que participamos, geralmente é citado
a questão do “déficit de atenção” das crianças, como uma barreira para o
aprendizado, mas aqui defendemos o uso de criar situações lúdicas que permitam
uma manifestação corporal adentrando os conteúdos a serem estudados, devendo-
se resgatar sempre propostas de brincadeiras educativas que eduquem na
concentração, características reconhecida melhor nas meninas desta idade, do que
nos meninos.
Percebemos e contatamos em um mesmo patamar, atenção,
concentração e memorização, pois consideramos serem interdependentes e
resultantes um do outro, bem como um a discriminação visual e participação que
devido as diferenças individuais, mostram-se em nivelamento, não tendo grandes
alterações na observação durante os meses anteriores, pois havia dias em que
algumas crianças estavam mais atentas, outro dia outra criança era mais
concentrada, não teve muita relevância no decorrer do ano, mas a constatação de
uma melhor percepção auditiva ter sido melhorada, já nos aponta para que as
crianças, que sendo motivadas tem a possibilidade de reter mais atenção e também
com a crescente socialização e senso de cooperação que foi gerado neste tempo,
são fatores que formam a base firme e confiante pela grande auto-estima e
consideração por estes valores que devem ser trabalhados em sala de aula,
questionando as crianças para um pensar coletivo com cooperativismo incentivado e
constatado como fundamental para a formação dos alicerces infantis, que estão
associados com a formação de sua psique e por isto ligados diretamente com as
formas de conhecimento e construções de saberes.
Também foi resgatado uma noção de ordem e disciplina, uma vez que
regras foram colocadas e seguidas com bom senso, pois devido a localização dos
83
espaços onde aconteciam as atividades, havia um pouco de agitação devido a
presença de outras crianças que freqüentam a Casa da Criança, mas contornamos e
os próprios alunos, lembrando as regras a serem cumpridas que fazem parte das
responsabilidades tão necessárias à vida.
Na parte de socialização e cooperação, percebemos que a medida em
que estamos querendo socializar-nos, também queremos cooperar, são itens que
consideramos inseparáveis por si só.
A disciplina é um exercício diário, como qualquer um dos itens
selecionados para observarmos, mas é ela também que levam a uma ação auto-
reguladora e voltada para si e regulando-se com este mundo que nos permeia,
auxiliando em nosso auto-controle, e hábitos disciplinares, também podem ser
cultivados na escola, através das exigências da escola. A família é indispensável
neste processo e interfere diretamente na aquisição dela (a disciplina).
Conforme afirma Shigunov e Pereira, sem a educação psicomotora e a
oportunidade de um desenvolvimento racional das capacidades físicas e intelectuais
que emergem principalmente entre os seis e onze anos, a criança poderá sofrer
perdas e diminuem a sua potencialidade e até a possibilidade de recuperação, a
partir dos doze anos de idade.
Na escola, as atividades físicas deverão ser consideradas como um
instrumento e meio, assim como a matemática, a escrita, a linguagem e entre outras:
“Qualquer que seja a capacidade do indivíduo, ela está no domínio da capacidade
motora”. (MALINA, 1987 apud SHIGUNOV; PEREIRA, 1993, p. 56).
O gráfico que mostraremos a seguir é resultante das comparações
entre as fichas de observação apontadas pela professora durante os meses
decorrentes, onde para cada item foram atribuídos valores em uma escala de 0 à 5,
e a partir da média individual obtida no final do ano, comparamos com os demais e
tiramos a média final do desempenho delas, onde verificamos a semelhança entre
alguns itens analisados e constatando a integração positiva entre os alunos, pois
englobava a cooperação.
A formação do professor deve ser questionada constantemente. A
figura 1, aponta a análise das atividades realizadas, onde a média da sala enfatiza
maior desenvoltura no que abrange a percepção auditiva, cooperação e
socialização, o que concorda no que diz respeito aos itens cooperação e
84
socialização, com os desenhos propostos, que Costallat, aborda como um ponto
prioritário na escola, uma vez que é um espaço que aprende-se a conviver.
Conforme apontamos em Marrazzo e Marrazzo (1999), consta-tamos a
veracidade e fidedignidade de suas afirmações no que diz respeito as características
gerais básicas das crianças de 6 anos de idade. Estão em fase de sua primeira
modificação corporal que é notoreamente percebida, a troca da dentição e isso tem
relação ao que diz respeito a atenção instável ainda.
GRÁFICO 1- Desempenho nas atividades propostas na ficha de observação
Também de modo geral observamos que apesar da individualidade, as
crianças revezavam em tais características citadas como relevantes.
Quanto à comparação dos desenhos propostos no primeiro e último dia
de aula, onde as crianças deveriam desenhar-se, percebemos que apesar de ter
sido pedido exatamente a mesma coisa as duas vezes, as crianças mudaram o
contexto geral em que estavam inseridas. No início, elas eram mais objetivas e
colocavam-se a sós sendo fiéis ao que havia sido pedido, com acréscimo de
pequenos elementos, como o chão com graminha, ou o céu,... e ao final elas
estavam mais sociáveis e devido a isto colocavam muitos outros elementos em seu
85
contexto, onde percebemos que uma parte do papel escolar foi cumprido, no que
refere-se a importância do aprender a conviver, que percebemos ser indispensável
para o aprendizado, nesta fase da criança. Elas já colocam um pouco de suas
vontades e desejos em suas tarefas, o que contribui muito para a exteriorização de
seus sentimentos, mostrando-se que já podem administrar independentemente e
espontaneamente sua visão mundo interior.
A analise teve uma leitura critica e interpretativa, pois pretendia
verificar a veracidade dos pressupostos defendidos pelos autores estudados,
avaliando as informações e comparando os fundamentos teóricos com a prática
obtida.
Deste modo, através dos desenhos, comprovamos, conforme afirma
Costallat, a importância para a aprendizagem, antes de mais nada, aprender a
conviver e compreender os demais, e para isto é necessário formar sua auto-
imagem para poder visualizar no outro a inter-dependência social, sendo este um
fator elementar para as formas de construir os saberes, pois a partir de si, a criança
começará a formar sua identidade onde a afetividade interfere diretamente nos
processos intelectuais.
Também é através dos desenhos a criança expõe sua Psiquê,
mostrando a internalização dos fatos e acontecimentos que observa e sente em sua
relação com os demais , mostrando sua visão mental, ideal de mundo.
86
FIGURA 9 - Desenho pelo aluno de sua auto-imagem (março)
FIGURA 10 - Desenho pelo aluno de sua auto-imagem (março)
87
FIGURA 11 - Desenho pelo aluno de sua auto-imagem (março)
FIGURA 12 - Desenho pelo aluno com a mesma orientação (novembro)
88
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nos tempos atuais queremos ressaltar a importância dos trabalhos em
equipe dentro de qualquer instituição de ensino, bem como o diálogo e a
cooperação entre os funcionários, pois a uma inter-dependência legítima entre eles,
onde todos desempenhando seu papel adequadamente contribui e influencia
diretamente o trabalho do outro.
Neste trabalho ficamos a mercê do funcionário da limpeza, pois como
muitas atividades podiam usar o chão ora em exercícios na posição em pé, ora
usávamos sentados e deitados, portanto o asseio do local foi fundamental para que
não tivéssemos receio deste contato.
Os objetivos propostos foram alcançados, e dentre eles houve a
proposta de uma observação do relacionamento do aluno com a família, por isso a
professora esteve sempre em os comunicação com os pais através de reuniões
periódicas e atualizada com as questões pedagógicas relacionando seus conteúdos
e estratégias com os demais professores colegas do Cristo Rei (que tem uma
proposta pedagógica semelhante a adotada pela Casa) e professores de outras
escolas, bem como notamos sua preocupação em estar sempre atualizada no que
diz respeito a participação em eventos e congressos educacionais que discutem
assuntos sobre a Educação e formação do professor atual como agente promotor
de mudanças no pensamento social.
Na fundamentação teórica conferimos com os autores, que a ação
educativa deve-se fazer com lucidez e focalizada em objetivos explícitos para
aperfeiçoar-se consciente e organizadamente tais objetivos para que estes sejam o
motivo principal da transformação no processo se for pertinente, mas sem perder o
foco, que deve ser a proposta de qualquer objetivo descrito.
Cadastramos três alunas estágiarias do curso de Educação Física e
Bailarinas com alguns anos de experiência prática para participar das discussões e
contribuir com a iniciação científica das mesmas, com o intuito de formar um grupo
de estudantes e profissionais críticos para analisar e tentar mensurar as várias
maneiras de estudar o movimento e enfatiza-los dentro do contexto social das
pessoas, e qualidade de vida.
89
Os encontros com as estagiárias, aconteceram as quartas feiras, com
duração de 90 minutos, sendo analisadas os relatos do diário de campo das
crianças e contextualizar teoricamente dentro das referências e autores escolhidos
para estudar e fundamentar-se.
As discussões devem tomar duas posições distintas com questões de
valor inestimável e de alcance inquestionáveis. A primeira está ligada ao conceito e
à extensão de efeito educativo, e a segunda estará ligada às condições
institucionais promotoras de sucesso e satisfação dos educandos e professores.
Por essa dinâmica, as partes envolvidas no processo, principalmente o
professor e os alunos tomariam novos rumos, modificando-se. O professor passaria
de transmissor de conhecimentos, para ser criador e proponente das condições
favoráveis ao desenvolvimento dos alunos. Os alunos mudariam de simples
receptores e digestores dos conhecimentos, participando como co-responsável no
ensino, como afirma Shignov e Pereira (1993)
Percebemos e concluímos que o aprendizado evolui a medida em que
não tememos os erros, mas se pensamos no erro como construção de uma nova
fase que passa pelo desenvolvimento de cada aluno como indivíduo em busca de
uma cidadania autônoma, resgatando valores universais, reconhecendo em si o
ponto de partida, o princípio de transição de um século que está veloz demais e
deverá ser contido com a prática da cidadania fazendo-se presente em sala de aula
na ação mútua de troca e isso é um ato de cumplicidade e parceria que deve-se
imprimir entre professor/aluno.
Para o educador, que pensa que errar é um horror, e o erro acarreta a
vergonha, a punição e finalmente a exclusão deve-se embutir a idéia de que era
preciso fazer justamente o contrário: aproveitar cada erro para refletir com o aluno,
levar até o absurdo seus raciocínios errôneos, para ajudá-lo a encontrar a direção
lógica. Em suma, o erro, ensina a pensar, não reincidir, de acordo com Lentin, 1996.
Estar aberto as mudanças solicitadas pela ampliação dos fatores da
função docente, tornaram o professor um dos elementos essenciais do processo
formativo. Com essa conotação, a prática pedagógica, é um problema central da
ação educativa para todos os contextos sociais e fatores envolvidos, quer em nível
da intervenção pedagógica, quer no de conteúdo e da relação.
Diante desta visão, a verdadeira pedagogia toma contorno de uma
pedagogia respeitadora do direito universal e inalienável que deve assistir as
90
crianças e adolescentes nas capacidades de que são possuidores, levando o
despertar das suas forças latentes para o conhecimento e o desenvolvimento global.
Desta forma, verificamos o entendimento sobre o problema
apresentado neste trabalho é relevante e preocupante ainda, devido ao fato da
motricidade individual como relação sócio-motora continuam não tendo
oportunidades suficientes para serem desenvolvidas em sua plenitude. Neste
sentido, o professor necessita descobrir novos acminhos, fundamentados em
estudos científicos que alterem seus paradigmas e as atuais estruturas de ensino.
As hipóteses abordadas, nos comprova que todo aluno tem
tendências.para gostar de atividades que ele possa executar com êxito, obter
satisfação e realizar-se na sua prática, lembrando que isto envolve pessoas que
estão ao seu redor, como os professores, pais e colegas e também as variáveis
afetivas. Neste contexto e visão, o aluno deve ser sempre o elemento central das
percepções que são desenvolvidas pela análise.
As ações dos alunos baseiam-se em diferentes e complexos fatores
que se conjugam para atuar de variadas formas, principalmente a ação do professor
e suas intervenções em sala de aula.
Deste modo, sentimos ter alcançado nossos objetivos, ao
percebermos uma maior preocupação da professora em sua ação no que diz
respeito à sua prática associada a tridimensionalidade do comportamento humano,
para melhor estudar e compreender os comportamentos manifestos, pois ainda
professores e pessoas trabalham com operacionalização das concepções na
educação fazendo distinções entre pensamento e sentimento, e também entre ação
e pensamento ou sentimento, pois verificamos que a dimensão do domínio afetivo
engloba muitos conceitos, constituídos por atitudes, adaptação, apreciação,
interesses e valores, tendo sempre um componente cognitivo e um psicomotor, para
sua expressão como comportamento.
Acreditamos, de acordo com Shigunov e Pereira, 1993, que o domínio
afetivo continua com graves lacunas, sendo ainda um amontoado de problemas
para a educação, e verificamos os objetivos afetivos deverão ser uma matéria de
educação, com prioridade para diversos estudos.
Fica importante destacarmos aqui que o papel da dança escolar e
principalmente e especialmente educativo. O caráter performático fica como
91
decorrente de um processo de evolução e criação, onde o professor auxilia para
costurar e arrematar as ações propostas e pensadas pelos alunos.
O aluno é parte viva do processo que é construído a cada encontro
através da espontaneidade da participação, que é um fator objetivado neste estudo.
Não há movimentos certos e errados, há vontade de participar dos movimentos
experimenta-los em seu limite corporal que apresenta-se nesta etapa já com
perspectivas de mudanças de paradigmas, uma vez que as dificuldades são
apresentadas com encorajamento no ato de fazer, surge a consciência corporal.
No entanto, a Dança escolar tem maior participação na formação do
indivíduo do que caráter performático que às vezes ao educadores parecem
confundir. Ela participa de festividades contidas nas agendas escolares, mas seu
papel é voltar a criança para si percebendo seu corpo como integrador com a
sociedade que começa a se inserido. Diferenciamos a Dança técnica que é
ministrada em escolas e academias de dança, pois a dança escolar deverá até
descobrir talentos e encaminhá-los para estas escolas específicas, mas com a
preocupação com o movimento corporal que relaciona a pessoa com o mundo. A
Dança deverá contribuir para trabalhar com temas de transversalidade para resgatar
os valores sociais tão necessários no contexto atual, onde objetos são mais
valorizados que pessoas, seres humanos. A proposta é de um re-pensar num modo
de conviver melhor, começando consigo mesmo.
A dança deve caber na escola como integrador das artes que são
tantas, e o que está contido nas entrelinhas que compõem cada obra, sugerindo
opções interdisciplinares adentrarem e contribuindo com destaque nas parcerias.
Lembrar também que as diversas manifestações culturais são
festejadas, através da dança, e as melhores festas tem a preocupação em ter um
espaço para a dança como sendo um componente indispensável para a alegria de
comemorar e celebrar a vida.
Na tentativa de comprovar o quando é bom dançar, nas mais diversas
formas e maneiras tentaremos finalizar tentando deixar um poema que retrata este
prazer de viver a dança.
92
“Não apenas por dançar;
Mas por sentir em cada partícula de meu corpo;
As notas de uma música que nunca para;
Uma música que surge dentro de mim
Cada vez que penso em dança;
Meu corpo ganha uma vida exuberante;
Um brilho que nenhum ser humano tem;
Minhas mãos falam várias línguas;
Que todos conseguem entender;
Meus pés ganham vida como se dançassem sós;
Meu corpo grita;
Todas as palavras do meu espírito;
Como se eu nunca tivesse falado;
Isso é dançar;
Isso é viver a dança;
É senti-la cada vez mais;
Isso é apenas dançar”.
(Mayra Santos)
93
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99
APÊNDICES
100
APÊNDICE A – SOLICITAÇÃO DE AUTORIZAÇÃO À DIREÇÃO ESCOLAR
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO-
MESTRADO EM EDUCAÇÃO
Presidente Prudente, 03 de Abril de 2006.
Ilmº Sr .
Prof. Odir Damasceno.
Prezado Senhor:
Solicitamos a V.Sª, autorização para que minha orientanda, Dulce Maria Rosa Cintra, aluna
regular do curso de Mestrado em Educação da Unoeste, possa desenvolver sua pesquisa
educacional, intitulada A dança escolar como possibilidade de educação integral, junto
a Casa da Criança e Centro Social São José. A pesquisa educacional será realizada com as
crianças matriculadas no Pré-III desta Instituição, a qual envolverá aplicação de atividades
corporais que proporcionam possibilidades de movimentos diferenciados e individualizados
para que haja desenvolvimento global das crianças. Tais atividades serão filmadas e
fotografadas, dentro dos padrões éticos e sigilosos da pesquisa.
Queremos garantir sigilo nos dados coletados e procedimentos utilizados na pesquisa, onde
deverão ser arquivados na instituição a fim de manter a integridade das crianças
participantes, professores e colaboradores da instituição.
No aguardo da atenção de V.Sa., colocamo-nos à disposição para esclarecer quais quer
dúvidas acerca da pesquisa.
Atenciosamente,
Profa. Dra.. Lúcia Helena Tiosso Moretti Dulce Maria Rosa Cintra
Orientadora Mestranda
Ilmº Sr.
Prof. Odir Damasceno
DD.Diretor do Colégio Cristo Rei
Presidente Prudente (SP)
101
APÊNDICE B- SOLICITAÇÃO DE AUTORIZAÇÃO PARA OS PAIS DAS CRIANÇAS
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO-
MESTRADO EM EDUCAÇÃO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Título da Pesquisa: “A inserção da Dança Escolar como possibilidade de Educação
Integral”
Nome do (a) Pesquisador (a): Dulce Maria Rosa Cintra
Nome do (a) Orientador (a): Prof. Dra. Lucia Helena Tiosso Moretti
1. Natureza da pesquisa: O seu filha (o)_________________________, menor
de idade, está sendo convidada (o) a participar desta pesquisa que tem como
finalidade estudar a dança como elemento na formação do indivíduo .
2. Participantes da pesquisa: Estarão também participando deste trabalho as
crianças matriculadas no Pré III da Casa da Criança e Centro Social São José,
perfazendo um total de 20 sendo 10 meninas e 10 meninos.
3. Envolvimento na pesquisa: ao participar deste estudo a sra (sr) permitirá
que o (a) pesquisador (a)ministre aulas de dança educativa as segundas feiras, na
entidade. A sra (sr.) tem liberdade de se recusar a participar e ainda se recusar a
continuar participando em qualquer fase da pesquisa, sem qualquer prejuízo para a
sra (sr.) (...). Sempre que quiser poderá pedir mais informações sobre a pesquisa
através do telefone do (a) pesquisador (a) do projeto e, se necessário através do
telefone do Comitê de Ética em Pesquisa.
4. Sobre as entrevistas: As aulas poderão ser fotografadas ou filmadas, e
terácom questionário aplicado à professora e ficha de observação que será
individual.
5. Riscos e desconforto: a participação nesta pesquisa não traz complicações
legais. (especificar aqui possíveis riscos e desconfortos gerados durante a
pesquisa). Os procedimentos adotados nesta pesquisa obedecem aos Critérios da
Ética em Pesquisa com Seres Humanos conforme Resolução no. 196/96 do
Conselho Nacional de Saúde. Nenhum dos procedimentos usados oferece riscos à
sua dignidade.
102
6. Confidencialidade: todas as informações coletadas neste estudo são
estritamente confidenciais. Somente o (a) pesquisador (a) e o (a) orientador (a) terão
conhecimento dos dados.
7. Benefícios: ao participar desta pesquisa a sra (sr.) não terá nenhum
benefício direto. Entretanto, esperamos que este estudo traga informações
importantes sobre a importância das atividades de dança como contribuição
educacional na formação do aluno, de forma que o conhecimento que será
construído a partir desta pesquisa possa também relatar os fatos constatados, onde
pesquisador se compromete a divulgar os resultados obtidos.
8. Pagamento: a sra (sr.) não terá nenhum tipo de despesa para participar desta
pesquisa, bem como nada será pago por sua participação.
Após estes esclarecimentos, solicitamos o seu consentimento de forma livre para
participar desta pesquisa. Portanto preencha, por favor, os itens que se seguem:
Consentimento Livre e Esclarecido
Tendo em vista os itens acima apresentados, eu, de forma livre e esclarecida,
manifesto meu consentimento em participar da pesquisa
___________________________
Nome do Participante da Pesquisa
______________________________
Assinatura do responsável pelo Participante da Pesquisa
__________________________________
Assinatura do Pesquisador
___________________________________
Assinatura do Orientador
TELEFONES
Pesquisador: ...................
Orientador: .....................
Nome e telefone de um membro da Coordenação do Comitê de Ética em
Pesquisa:.............................................................................................................
Modelo adaptado a partir do TCLE elaborado por KOLLER, S. H. , Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, 2004.
103
APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO APLICADO À PROFESSORA
PARTE A- IDENTIFICAÇÃO
Nome:_______________________________Data de nasc.:___________Idade:___
Estado Civil:__________________Sexo: masc( ) fem.( )
Escola em que atua:________________________Tempo:____________________
Curso de Graduação:______________________Formado há quanto tempo:_______
1- Há quanto tempo você é formado?
2- Qual o curso que fez na Graduação?
3- Em qual Universidade ou Instituição se formou?
PARTE B- QUESTÕES GERAIS:
1- Qual o motivo que te levou a escolher esta profissão?
2- Qual a média de alunos por turma em suas aulas?
3- Em quais espaços são desenvolvidas as suas aulas?
4- Você tem o hábito de observar o desenvolvimento e rendimento dos alunos
nos aspectos motor, cognitivo e afetivo-social?
( ) Sim ( ) Não
5- Você acredita que o movimento pode ser um recurso pedagógico rico para o
desenvolvimento da inteligência na criança?
6- Você se sente melhor desenvolvendo atividades lúdicas, jogos ou outras
atividades nessa faixa etária (0 à 6 anos)? Quais?
7- Você já participou de cursos que abordam a fundamentação da pedagogia do
movimento e importância dos jogos lúdicos no desenvolvimento infantil?
8- Você ministra atividades como brinquedos cantados, ritmos e musicas
educativas? Quais?
9- Você já leu ou costuma ler bibliografias especializadas que apontam o
movimento como componente pedagógico rico no desenvolvimento infantil? Quais?
10- Quais os livros que te auxiliam para no planejamento de suas atividades?
11- Você se atualiza freqüentemente?
12- Você conhece alguns jogos que podem colaborar para o desenvolvimento
cognitivo da criança nessa faixa etária (0 à 6 anos)? Você os aplica em suas aulas?
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13- Você se baseia nos PCNs. da Educação para elaborar seu planejamento
anual ou monta seu próprio planejamento independente de bibliografias?
14- Quais são os objetivos que predominam no seu planejamento? Numere-os
em ordem de prioridade, sendo o nº 1 colocado no que julgar o mais importante.
RESPOSTAS MOTOR AFETIVO SOCIAL COGNITIVO
1º lugar
2º lugar
3º lugar
4º lugar
15- Nas atividades desenvolvidas nas aulas práticas, você procura relacionar o
corpo com as disciplinas (Matemática, Português, etc.)?
( ) Sim ( ) Não
16- Liste os benefícios que você acredita serem adquiridos por seus alunos nas
aulas de Dança
( ) concentração ( ) postura ( ) coordenação motora ( ) ritmo ( ) noção de
espaço/temporal ( ) disciplina ( ) não beneficiou
17- Qual a freqüência com que a Atividade Física é trabalhada?
( ) Diariamente
( ) Semanalmente
( ) Mensalmente
( ) Outra
18. Faça uma listagem das atividades desenvolvidas nas suas aulas de Educação
geral.
105
ANEXOS
]
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ANEXO 1 – FICHA DE OBSERVAÇÃO DO PROFESSOR
Nome do aluno:___________________________________Data de nasc.:__________Idade:____
Professora:_______________________________________Número de participantes:_________
Freqüência de aplicação das atividades:____________Tempo de duração de cada aula:______
ASPECTOS A SEREM OBSERVADOS EM SALA DE AULA
DATAS DE OBSERVAÇÃO
ASPECTOS
abril maio Junho agosto setembro outubro novembro
ATENÇÃO
CONCENTRAÇÃO
MEMORIZAÇÃO
PERCEPÇÃO
AUDITIVA
DISCRIMINAÇÃO
VISUAL
SOCIALIZAÇÃO
COOPERAÇÃO
PARTICIPAÇÃO
DISCIPLINA
RITMO
OBSERVAÇÕES DO(A) PROFESSOR(A): _____________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________
AVALIAÇÃO: códigos/níveis (a partir das atividades gerais trabalhadas em sala de
aula):
(1) Insatisfatório
(2) fraco
(3) Regular
(4) Bom
(5) Ótimo
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