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PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
MESTRADO EM EDUCAÇÃO
GESTÃO DA EDUCAÇÃO DOS PRESBÍTEROS: A EXPERIÊNCIA DE
FORMAÇÃO NUM SEMINÁRIO DIOCESANO.
DIRCEU MONTOVANI
Presidente Prudente – SP
2007
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PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
MESTRADO EM EDUCAÇÃO
A GESTÃO DA EDUCAÇÃO DOS PRESBÍTEROS: A EXPERIÊNCIA
DE FORMAÇÃO NUM SEMINÁRIO DIOCESANO.
DIRCEU MONTOVANI
Dissertação apresentada a Pró-Reitoria de
Pesquisa e Pós-Graduação, Universidade do
Oeste Paulista, como parte dos requisitos
obtenção do título de Mestre em Educação.
Área de Concentração: Práxis Pedagógicas
e Gestão de Ambientes Educacionais.
Orientadora: Profª Dra. Lucia Maria Gomes
Corrêa Ferri
Presidente Prudente – SP
2007
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372.01 Montovani, Dirceu
M798g A gestão da educação dos presbíteros: a
experiência de formação num Seminário
Diocesano / Dirceu Montovani. – Presidente
Prudente : [s. n.], 2007.
157 f. : il.
Dissertação (Mestrado em Educação) –
Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE:
Presidente Prudente – SP, 2007.
Bibliografia
1. Elders (Church officers). 2. Dioceses--.
Presidente Prudente. 2. Currículo - mudança. 4.
Educação cristã. I. Título.
DIRCEU MONTOVANI
A GESTÃO DA EDUCAÇÃO DOS PRESBÍTEROS: A EXPERIÊNCIA DE
FORMAÇÃO NUM SEMINÁRIO DIOCESANO.
Dissertação apresentada a Pró-Reitoria de
Pesquisa e Pós-Graduação, Universidade do
Oeste Paulista, como parte dos requisitos
obtenção do título de Mestre em Educação.
Presidente Prudente, 25 de abril de 2007.
BANCA EXAMINADORA
____________________________________
Prof. Dra. Lucia Maria Gomes Corrêa Ferri
Universidade do Oeste Paulista - Unoeste
____________________________________
Prof. Dra. Helena Faria de Barros
Universidade do Oeste Paulista - Unoeste
____________________________________
Prof. Dr. Cláudio Edward dos Reis
Universidade Estadual Paulista - Unesp –
Assis - SP
FICHA CATALOGRÁFICA
DEDICATÓRIA
Aos meus familiares e amigos, onde experienciei que o amor faz ultrapassar
os próprios limites.
A Profª Dr
a
. Lucia pela amizade, pela paciência, pela orientação e incentivo
para a realização desta pesquisa.
AGRADECIMENTOS
A Deus, que me deu o dom da vida e do discernimento. Ao Mons. Jésus, sem cuja
compreensão e encorajamento não teria tido condições de me dedicar aos estudos.
Ao Mons. José Antonio pela valiosa colaboração. À Lucia Pessoa pela partilha. Aos
seminaristas, professores e formadores do Seminário Diocesano que muito
contribuíram para a realização deste trabalho.
“Os meus pensamentos não são vossos pensamentos, e vossos caminhos não são
os meus caminhos. Quanto os céus estão acima da terra, tanto meus caminhos estão
acima dos vossos caminhos, e os meus pensamentos estão acima dos vossos
pensamentos.”
Isaías, 55, 8-9
RESUMO
A pesquisa teve a intenção de verificar as mudanças ocorridas na formação dos
seminaristas, candidatos ao sacerdócio católico, num seminário diocesano, através
da verificação das mudanças ocorridas após o Concílio Vaticano II (1962-1965), que
serviu de inspiração para uma renovada presença na sociedade. Para tanto foi
analisada a proposta curricular e as mudanças sofridas nos decorrer do tempo para
constatar sua adequação às exigências da formação presbiteral eficiente hoje. As
instituições adequadas para este trabalho de formação são os seminários. A
formação inicial do candidato ao sacerdócio passa pelo Seminário Menor, onde se
realiza os estudos do Ensino Médio e Propedêutico. A metodologia utilizada foi quali-
quantitativa. Os resultados coletados através de: questionários e entrevistas
favoreceram a análise teórico-reflexiva crítica sobre o tema. Os dados quantitativos
foram transformados em tabelas para facilitar a leitura e interpretação dos dados. Os
resultados obtidos indicaram, que as mudanças devem ocorrer sempre que se
fizerem necessárias, para que o processo ensino-aprendizagem seja mais eficiente e
a preparação do seminarista para o futuro exercício sacerdotal. Na realidade da
evolução da formação sacerdotal emergiu a proposta de renovação do método
formativo dado pelo Vaticano II. Este método formativo visa uma formação como
forma de seminário inserido na realidade atual que responde à exigência de formar
um sacerdote, homem de comunhão. Trata-se de formar sacerdotes que vivem e que
formam o povo de Deus para a cultura da comunhão, da partilha, da justiça social.
Trata-se de formar para a descoberta da alegria de viver a comunhão como modo de
realização.
Palavras-chave: Gestão da Educação. Formação de Presbíteros. Seminário
Diocesano. Currículo.
ABSTRACT
The research had the intention to verify the occurred changes in the formation of the
seminaristas, candidates to the priesthood catholic, in a seminary diocesan, through
the verification of the occurred changes after Vatican Concílio II (1962-1965), that
served of inspiration for a renewed presence in the society. For the reason it
analyzed the proposal curricular and the changes suffered during the time to evidence
its adequacy to the requirements of efficient the presbiteral formation. The institutions
adjusted for this work of formation are the seminaries. The initial formation of the
candidate to the priesthood passes for the Lesser Seminary, where it develop the
studies of Ensino Médio and Propedêutico. The used methodology was quali-
quantitative. The results collected through: questionnaires and interviews had favored
the critical analysis theoretician-reflexive on the subject. The quantitative data had
been transformed into tables to facilitate to the reading and interpretation of the data.
The gotten results had indicated, that the changes must occur whenever to become
necessary, so that the process teach-learning is more efficient and the preparation of
the seminarista for the future sacerdotal exercise. In the reality of the evolution of the
sacerdotal formation was emerged the proposal of renewal of the formative method
given by the Vatican II. This formative method aims at a formation as form of inserted
seminary in the everyday reality that answers to the requirement to form a priest,
communion man . The aim of this work is to form priests who live and that form the
people of God for the culture of the communion, the allotment, social justice. The aim
of this work is to form the discovery of the joy of living the communion as an
accomplishment way.
Key-words: Management of the Education. Formation of Ministers. Seminary
Diocesan and Resume.
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 - Número de Alunos do Seminário – Ano 2006 ................................ 21
QUADRO 2 - Número de Docentes – Ano 2006.................................................. 22
QUADRO 3 – Grade Curricular – 1º grau – 1979................................................ 77
QUADRO 4 – Grade Curricular – 1º grau – 1982................................................ 80
QUADRO 5 – Grade Curricular – 2º grau – 1979................................................ 82
QUADRO 6 – Grade Curricular – 2º grau – 1982................................................ 83
QUADRO 7 – Grade Curricular – 2º grau – 1996................................................ 84
LISTA DAS TABELAS
TABELA 01 – Idade dos alunos ......................................................................... 87
TABELA 02 – Série em que o aluno está cursando ........................................... 87
TABELA 03 - Onde o aluno passou a maior parte da infância .......................... 88
TABELA 04 – Rendimento familiar .................................................................... 89
TABELA 05 – Atividade religiosa ....................................................................... 89
TABELA 06 – Relacionamento .......................................................................... 89
TABELA 07 – Atividade profissional .................................................................. 90
TABELA 08 – Onde o aluno cursou o ensino fundamental................................ 91
TABELA 09 – Onde o aluno cursou o ensino médio.......................................... 91
TABELA 10 – Residência .................................................................................. 91
TABELA 11 – Idade vocacional ........................................................................ 92
TABELA 12 – Idade ao ingressar no seminário.................................................. 92
TABELA 13 – Influência familiar......................................................................... 93
TABELA 14 – Influência positiva na vocação .................................................... 94
TABELA 15 – Descoberta da vocação .............................................................. 94
TABELA 16 – Veículo de informação................................................................. 95
TABELA 17 – Tipo de leitura.............................................................................. 95
TABELA 18 – Ensino de idiomas........................................................................ 96
TABELA 19 – Tipos de amizades....................................................................... 97
TABELA 20 – Avaliação do relacionamento interpessoal................................... 98
TABELA 21 – Tipo de lazer................................................................................. 98
TABELA 22 – Relações interpessoais................................................................. 99
TABELA 23 – Dificuldades na vida afetiva.......................................................... 99
TABELA 24 – Idade dos docentes...................................................................... 100
TABELA 25 – Formação acadêmica.................................................................. 101
TABELA 26 – Vida espiritual.............................................................................. 102
TABELA 27 – Tipo de leitura.............................................................................. 103
TABELA 28 – Qualidade de formação no seminário.......................................... 103
TABELA 29 – Plano de ensino e metodologia.................................................... 104
TABELA 30 – Avaliação do relacionamento interpessoal.................................. 105
TABELA 31 – Relações interpessoais................................................................ 105
TABELA 32 – Dificuldades na vida afetiva......................................................... 106
ABREVIATURAS
CEBs – Comunidade Eclesial de Base
CEE – Conselho Estadual de Educação
CFE – Conselho Federal de Educação
CEI – Coordenadoria de Ensino do Interior
CGC – Comunidade de garotos cristãos
CJC – Comunidade de jovens cristãos
CELAM – Conferência episcopal latino-americano
CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
CNC – Comissão Nacional do clero
DGAE – Diretrizes gerais da ação evangelizadora da Igreja no Brasil
DREPP – Delegacia regional de ensino de Presidente Prudente
GS – Gaudim et Spes
LG – Lumen Gentium
MEDELILN – 2ª Conferência Geral do Episcopado Latino-americano
OT – Optatam Totius
PDV – Pastores dabus vobis
PUEBLA - 3ª Conferência Geral do Episcopado Latino-americano
SE – Secretaria da Educação
SynEp – Synodus Episcoporum
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 15
2 METODOLOGIA DA PESQUISA................................................................. 20
2.1 Amostra da Pesquisa................................................................................ 21
2.2 Coleta de Dados....................................................................................... 22
2.3 Análise dos Dados.................................................................................... 23
3 TRAGETÓRIA HISTÓRICA – SOCIAL DA IGREJA CATÓLICA................. 25
3.1 A Formação sacerdotal no Concílio de Trento......................................... 25
3.2 Os Seminários e a Formação do Clero no Brasil Colônia até O Concílio
Vaticano II................................................................................................ 29
4 CONCÍLIO ECUMÊNICO VATICANO II – ABERTURA DE NOVOS
CAMINHOS PARA A IGREJA E PARA A SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA 37
4.1 Mudanças Sócios-Culturais..................................................................... 37
4.2 Os Principais Traços da Teologia do Vaticano II..................................... 40
4.3 O Reflexo da teologia Conciliar nas Conferências Latino-Americanas e
no Episcopado Brasileiro......................................................................... 44
4.4 A Crise Pós – Conciliares........................................................................ 45
4.4.1 A Crise nos seminários......................................................................... 48
4.4.2 A Crise no presbitério............................................................................ 50
4.4.3 O Caminho para superar a Crise.......................................................... 54
5 DESAFIOS DA REALIDADE BRASILEIRA NESTES ÚLTIMOS 40 ANOS 58
5.1 O Concílio Vaticano II e o nosso Sistema de Referência........................ 60
6 SEMINÁRIO DIOCESANO DE PRESIDENTE PRUDENTE....................... 64
6.1 Apresentação e uma Retrospectiva Histórica ......................................... 64
6.2 Bases Conceituais de Currículo para Análise da Organização do
Processo Formativo de Presbíteros........................................................ 70
6.3 Análise do Currículo dos Cursos Ensino Fundamental e Médio do
Seminário Diocesano............................................................................... 75
6.3.1 Currículo do 1º grau (Ensino Fundamental).......................................... 76
6.3.2 Currículo do 2º grau (Ensino Médio)..................................................... 81
7 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS...................................... 86
7.1 Dados Fornecidos pelo Questionário: Seminaristas................................ 86
7.1.1 Aspectos Pessoais e Familiares............................................................ 86
7.1.2 Atividades Anteriores ao Ingresso no Seminário Menor....................... 90
7.1.3 Vida Acadêmica.................................................................................... 95
7.1.4 Integração Psicoafetiva......................................................................... 97
7.2 Dados fornecidos pelo questionário: Docentes....................................... 100
7.2.1 Aspectos Pessoais e Familiares........................................................... 100
7.2.2 Atividades Anteriores ao Ingresso no Seminário Menor........................ 101
7.2.3 Vida Acadêmica...................................................................................... 102
7.2.4 Integração Psicoafetiva......................................................................... 104
7.3 Análise das Entrevistas............................................................................ 107
8 CONCLUSÃO................................................................................................. 113
REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA.................................................................... 122
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA................................................................. 126
ANEXOS........................................................................................................ 128
APÊNDICE..................................................................................................... 154
15
1 INTRODUÇÃO
“Ensinar é tentar fazer com o aluno
uma jornada que lhe fique,
de uma forma positiva, inesquecível”.
Regis de Moraes
A Igreja no Brasil conheceu uma ampla renovação pastoral após o
Concílio Vaticano II (1962-1965), que serviu de inspiração para uma renovada
presença na sociedade, confrontada também pelas Conferências Episcopais latino-
americana de Medellín, Puebla e Santo Domingo.
Pode-se enumerar rapidamente algumas das iniciativas mais
significativas desse período: a reforma litúrgica; a valorização de formas de
expressão da fé mais articuladas com a liturgia; a difusão da Bíblia e a multiplicação
dos círculos bíblicos, sementes da multiplicação das comunidades eclesiais de base
(CEBs); a criação de novos ministérios e a multiplicação dos agentes de pastoral,
especialmente na área catequética e social; a dinamização da pastoral vocacional,
com a superação da fase mais crítica dos seminários desde o final dos anos 70; a
extensão da ação pastoral a categorias e ambientes até então pouco assistidos
(índios, negros, posseiros, pescadores, menores abandonados, mulheres
marginalizadas, famílias incompletas); a articulação da pastoral de conjunto e o
planejamento pastoral; a defesa dos Direitos Humanos, mesmo a preço de grandes
sacrifícios e do risco da vida; a promoção de muitos organismos de participação e
corresponsabilidade; a solidariedade entre Igrejas-Irmãs; os novos empreendimentos
missionários; o ensinamento episcopal, com pronunciamentos oportunos sobre os
grandes temas nacionais.
Este quadro, do recente passado, no conjunto fortemente positivo, não
deve esconder as fraquezas do presente e, principalmente os desafios do próximo
futuro. As transformações recentes da sociedade não deixaram de repercutir no
interior da Igreja e do povo cristão. A fragmentariedade, o pluralismo, o subjetivismo
penetraram também na pastoral. Visões diferentes de eclesiologia, trazidas às vezes
por algumas pastorais ou movimentos transnacionais, que não conheceram a
experiência pastoral brasileira, trouxeram polarizações e conflitos, junto com
16
elementos que poderão ajudar a enfrentar as novas situações emergentes. Outras
dificuldades surgiram no interior de experiências bem sucedidas num recente
passado, mas que começam a se revelar menos preparadas às novas condições
sociais e culturais. Estas, dificuldades, geram tendências divergentes na sociedade e
no âmbito religioso: individualismo, de um lado; tradicionalismo, do outro. O
empobrecimento contínuo e generalizado criou outras dificuldades, tornando mais
árduo o trabalho dos presbíteros, cujo número não acompanhou proporcionalmente o
aumento da população. Em alguns casos, houve comunidades descuidando da
Pastoral Vocacional ou aceitando uma formação precária e uma seleção nada
rigorosa dos candidatos.
O recente florescimento do número das vocações sacerdotais continua
mantendo-se relativamente elevado, não somente em comparação com o início dos
anos 70, mas mesmo com os períodos mais favoráveis do começo dos anos 60 ou
dos anos 80. Mesmo assim, o aumento das ordenações não conseguiu repor as
perdas num passado recente, e o número de padres não acompanhou o crescimento
demográfico.
A procedência social das vocações é substancialmente a mesma da
última década: jovens nascidos no meio rural ou em cidades pequenas e médias,
geralmente de classe média-baixa ou pobre; aumentam, porém, as vocações da
periferia das grandes cidades. Raras são as vocações procedentes dos dois
extremos da escala social: ricos e miseráveis, sem acesso à escola.
A idade dos vocacionados tende a aumentar. Há menos crianças e
adolescentes, mais jovens - adultos. De conseqüência, muitos seminaristas trazem
consigo uma bagagem de experiências de trabalho e também de experiências
afetivas e sexuais. Está em aumento o número dos vocacionados que procedem de
famílias disfuncionais ou incompletas.
Jovens e adolescentes, que apresentam um desejo sincero de abraçar
o sacerdócio como opção de vida, precisam de instituições adequadas para ajudá-los
no reto discernimento da própria vocação e no desenvolvimento das qualidades e
aptidões humanas e cristãs necessárias para a opção pelo ministério presbiteral.
As instituições adequadas a cada diocese são determinadas e
organizadas pelo bispo. A formação inicial do candidato ao sacerdócio passa pelo
Seminário Menor, em que se realizam os estudos do ensino médio e propedêutico.
Numa definição, Seminário Menor:
17
É uma comunidade voltada ao aprofundamento da vocação cristã e,
especificamente, ao discernimento da vocação presbiteral, à formação
inicial e aos estudos preparatórios ao Seminário Maior. No Seminário
Menor, haja verdadeira condição para o discernimento pessoal da vocação;
propiciem-se, igualmente, contatos regulares com a família e com a
comunidade de origem. Tenha-se presente que enquanto alguns alunos
aspirem claramente ao ministério, outros só o consideram possível ou até
mesmo duvidam ou hesitam em sua escolha. Receba especialmente o
jovem vocacionado do curso secundário, que não encontra condições
adequadas, de estudo e formação, no seu ambiente. (CNBB, Formação...
1995, p. 34-5).
O período denominado Propedêutico é o tempo de preparação humana,
cristã, intelectual e espiritual para os candidatos ao Seminário Maior (Filosofia e
Teologia) em vista de um discernimento vocacional. Participam do propedêutico os
candidatos ao sacerdócio que já concluíram o segundo grau (ensino médio), sem
passar pelo Seminário Menor.
O problema que se coloca neste trabalho de pesquisa é:
Como o Concílio Vaticano II influenciou a formação dos
seminaristas, candidatos ao sacerdócio no primeiro período de
formação (Seminário Menor)?
Quais as mudanças curriculares que ocorreram neste período
histórico e suas repercussões na educação eclesiástica dos jovens?
Enfim, a pesquisa pretendeu realizar-se no Seminário Diocesano Nossa
Senhora Mãe da Igreja (Seminário Menor e Propedêutico) – Presidente Prudente-SP.
O pesquisador procurou conhecer as reais motivações ao ingresso no seminário, pelo
levantamento histórico pessoal, ou seja, o conhecimento da vida do jovem nos
seguintes níveis: familiar, comunitário-eclesial, afetivo-sexual, sócio-econômico,
intelecto-cultural.
O tema tem relevância sócio-econômica-educacional-cultural e
histórica, porque o sacerdote tem participação ativa na sociedade numa íntima
relação com a vida do povo. Trata-se do resgate de uma formação ao longo de anos
na região do oeste do Estado de São Paulo. O sacerdote tendo como base a sua
família, a cultura regional, importante para sua missão de transformação, atitudes e
representações sociais.
Para facilitar a trajetória investigativa, foram propostos os seguintes
objetivos:
18
Objetivo Geral:
Compreender quais são os elementos fundamentais que configuram a
vocação sacerdotal no primeiro estágio de formação, seminário menor.
Objetivos Específicos:
Resgatar pela análise reflexivo-crítico a influência da pedagogia jesuítica no
seminário e do Concílio Vaticano II.
Verificar as alterações curriculares e práticas pedagógicas ocorridas, após o
Concílio Vaticano II e a legislação vigente do país;
Compreer as causas do ingresso e desistências apontando possíveis
soluções.
As fases da pesquisa de campo foram:
Após a definição do problema a ser pesquisado foi feito um levantamento
bibliográfico que possibilitou a sua delimitação, levantamento dos objetivos,
oferecendo, ainda, condições para selecionar os procedimentos. O desenvolvimento
da pesquisa seguiu o seguinte roteiro:
a) Fase Inicial: a preocupação foi estabelecer contato com a instituição onde foi
realizada a pesquisa a fim de obter a autorização para realizar o trabalho;
autorização para pesquisar os arquivos da secretaria; solicitação da grade
curricular do curso do Ensino Médio; elaboração do roteiro do questionário e
da entrevista.
b) Fase de Realização: compreendeu a pesquisa de campo propriamente dita. O
envio do questionário ao ex-alunos; aplicação do questionário aos professores
e alunos; realização da entrevista com o grupo de alunos selecionados;
analise do currículo do curso do Ensino Médio. O curso propedêutico não tem
uma grade curricular, funciona, na maior parte como mini-cursos e varia a
cada ano, de acordo com a possibilidade de tempo dos professores
convidados.
c) Sistematização: envolveu a organização e tabulação dos dados; elaboração
das tabelas para facilitar a visualização do conjunto dos resultados obtidos.
d) Análise e Discussão dos dados levantados.
Esta dissertação ficou assim estruturada, após o item I – Introdução:
19
Segundo capítulo, foi apresentada a Metodologia da pesquisa.
Terceiro capítulo, reflexão sobre a Trajetória Histórico-social da Igreja
Católica, tendo como ponto de partida o Concílio de Trento até o advento
do Concílio Vaticano II;
Quarto capítulo, uma análise do conteúdo do Concílio Ecumênico Vaticano
II – Abertura de Novos Caminhos para a Igreja e para a Sociedade
Contemporânea.
Quinto capítulo, desafios da realidade brasileira nos últimos quarenta anos;
Sexto capítulo, foram apresentados de modo sucinto, os quarenta anos de
História do Seminário Diocesano de Presidente Prudente.
Sétimo capítulo, a apresentação e a discussão dos dados.
Na conclusão o enfoque é dado às contribuições para um efetivo trabalho
de formação sacerdotal, com base na proposta de renovação do método
formativo dada pelo Vaticano II e pelas Diretrizes Curriculares Nacionais
para o Ensino Médio. Considerando a realidade hoje, trata-se de formar
pessoas que sejam capazes de viver como bons pastores. Pessoas
disponíveis e capazes de dialogar com o mundo, com as exigências de
transformação das estruturas sociais injustas.
20
2 METODOLOGIA DA PESQUISA
Segundo Alves (1989, p.97-8), “todo ato de pesquisa é um ato político”,
não havendo, portanto, condições de se estabelecer uma separação nítida e
asséptica entre o pesquisador e o seu trabalho de pesquisa, nem tampouco quanto
aos objetivos almejados.
Para Lüdke (1986, p.1) realizar uma pesquisa é, senão, promover o
confronto entre os dados, as evidências, as informações coletadas sobre certo
assunto e o conhecimento teórico acumulado a respeito dele.
Nesta pesquisa, o autor, pretendeu seguir a abordagem quali-
quantitativa, em que a problemática levantada referiu-se à formação oferecida aos
seminaristas, candidatos ao sacerdócio no primeiro período de formação, ou seja, no
seminário menor, em que se realizam o Ensino Médio e o Curso Propedêutico.
Bogdan e Bicklen (1994 p.47-51), apresentam cinco características
básicas que servem de referencial para realizar a pesquisa qualitativa. São elas:
1. A pesquisa qualitativa tem o seu ambiente natural como fonte direta de
dados e o pesquisador como seu principal instrumento,
consequentemente, o contato direto e prolongado do pesquisador com
a justificativa de que os fenômenos são muito influenciados pelo seu
contexto, sendo tratados em seu ambiente natural;
2. Os dados coletados são predominantemente descritivos. Encontram-se
descrições de entrevistas, depoimentos, fotografias, desenhos e
extratos de documentos. Sendo considerados importantes todos os
dados da realidade, o pesquisador deve atentar para o maior número
possível de elementos presentes na situação estudada;
3. A preocupação com o processo é muito maior do que com o produto. O
pesquisador deve verificar como um determinado problema se
manifesta, nas atividades, nos procedimentos e nas situações
cotidianas;
4. O “significado” que as pessoas dão às coisas e à sua vida são focos de
atenção especial pelo pesquisador. Deve haver a tentativa de captar a
“perspectiva dos participantes”, ou seja, a maneira como estes encaram
as questões que estão sendo enfocadas;
21
5. A análise dos dados tende a seguir um processo indutivo. Não é
preocupação dos pesquisadores buscarem evidências que comprovem
hipóteses definidas a priori. As abstrações se formam ou se consolidam
a partir da inspeção de dados, num processo de baixo para cima. Essa
não colocação de questões formuladas antecipadamente, não significa
a inexistência de um quadro teórico que oriente a coleta e a análise de
dados. O processo é como um funil: no início, questões ou focos de
interesses amplos, que no final se tornam diretos e específicos.
A escolha do método quali-quantitativo possibilitou contato direto e
prolongado do pesquisador com a situação que estava sendo investigada e a
possibilidade de fácil acesso aos dados necessários à realização da mesma.
2.1 Amostra da Pesquisa
Os dados foram coletados durante o segundo semestre do ano letivo de
2006, (agosto a dezembro) e analisados em seguida, sendo tabulados por agrupamento
de respostas coincidentes e comparando-as entre si.
Inicialmente optou-se pela divisão do contingente em dois grupos
distintos: alunos e professores. O número de alunos que respondeu ao questionário
corresponde a vinte e três (23), ou seja, a totalidade e sete (07) ex-alunos.
Quadro 01 – Número de Alunos do Seminário – Ano 2006
Alunos: Ensino Médio 12
Alunos: Propedêutico 11
Ex-alunos 07
Número de sujeitos participantes da pesquis
a
30
Fonte: Pesquisa realizada - Presidente Prudente, 2006.
Os professores que participaram da pesquisa foram no total dezessete
(17) que estavam atuando no segundo semestre de 2006. Não foi possível a
22
participação de todos os professores, pois alguns são convidados que ministram mini-
cursos no para os alunos do propedêutico, não havendo uma lista fixa dos mesmos.
Quadro 02 – Número de Docentes – Ano 2006
Docentes: Ensino Médio e Propedêutico 23
Número de sujeitos participantes da pesquisa
17
Fonte: Pesquisa realizada - Presidente Prudente, 2006.
2.2 Coleta de Dados
Foram utilizados, na pesquisa, os seguintes procedimentos:
1. Questionário: com questões abertas e fechadas para levantar dados
referentes aos aspectos pessoais e familiares, atividades anteriores ao ingresso no
seminário, vida acadêmica e integração psicoafetiva. Foram elaborados dois tipos de
questionários seguindo basicamente a mesma organização, sendo um aplicado aos
Alunos e outro aplicado aos Professores. (Anexo -1)
Em seu conjunto, as perguntas foram distribuídas da seguinte maneira:
a. Bloco I: Dados Pessoais e Familiares, contendo vinte questões para os
alunos e dezesseis questões para os professores.
b. Bloco II: Atividades Anteriores ao Ingresso no Seminário, contendo vinte
questões para os alunos. Atividades no Seminário Menor, para os professores,
contendo duas questões.
c. Bloco III: Vida Acadêmica, contendo quarenta e quatro questões para os
alunos e quarenta e duas questões para os professores.
d. Bloco IV: Integração Psicoafetiva, contendo nove questões para os alunos e
professores.
O questionário feito aos alunos foi aplicado por uma profissional da área
de Assistência Social, uma pessoa neutra, para que não houvesse interferência nas
respostas dos entrevistados. Todos os alunos foram reunidos numa sala da instituição
e, após a explicação do questionário, todos concordaram em participar respondendo o
mesmo.
23
O questionário aplicado aos ex-alunos foi enviado através de
correspondência postal e todos foram devolvidos devidamente respondidos.
2. Entrevistas: do total dos alunos participantes na pesquisa, foram
escolhidos dez (entre as séries do ensino médio e propedêutico) para serem
entrevistados, correspondendo a 43,5% do total dos alunos. As entrevistas permitiram o
aprofundamento de pontos levantados pelo questionário. A importância da entrevista
em comparação a outras técnicas é a possibilidade de obter informações imediatas.
Durante as entrevistas os alunos foram informados que as mesmas seriam
gravadas e anotadas junto aos entrevistados. Foram também informados sobre os
objetivos da pesquisa, que a identidade dos mesmos estaria protegida pelo sigilo da
pesquisa científica e que os dados seriam utilizados, somente, na pesquisa. O roteiro foi
muito simples e suficientemente abrangente, numa tentativa de preservar a
espontaneidade do entrevistado e captar as informações desejadas. Basicamente foi
pedido que cada entrevistado falasse, em linhas gerais, sobre a formação recebida no
seminário, contendo as seguintes informações: metodologia das aulas, relação
professor/aluno, conteúdo das disciplinas, avaliação e falha que percebe na formação.
3. Leitura dos Documentos: a pesquisa desenvolveu-se num longo tempo
de leitura dos arquivos do seminário em busca de elementos que favorecesse a
redação da história do mesmo e também a composição curricular. Também, buscou-se
neste período as informações contidas nos processos e resoluções sobre o
reconhecimento do curso junto aos órgãos competentes Conselho Estadual de
Educação e Delegacia Regional de Ensino de Presidente Prudente (CEE, DREPP), com
a finalidade de verificação da criação do curso e do currículo oferecido para a formação
dos seminaristas.
2.3 Análise dos Dados
Bogdan e Bicklen (1994, p. 205) sugerem que o pesquisador se utilize
de uma série de estratégias, a fim de que não termine a coleta de dados com uma
série de informações difusas e irrelevantes. Afirma ainda que a apresentação dos
dados deve ser colocada de forma clara e coerente, necessitando de uma revisão
24
das idéias iniciais, repensando-as, reavaliando-as, e novas idéias poderão então
surgir.
A leitura dos dados foi feita cuidadosamente no sentido de compreender
bem os desafios da instituição religiosa (seminário) de lidar com questões
contemporâneas bem concretas, dentre elas: a formação dos jovens em suas várias
instâncias (espiritual, intelectual, afetiva, comunitária, etc.).
Os dados obtidos através dos questionários foram contados, tabulados
e organizados em tabelas separando-os em duas classes: Alunos e Professores.
25
3 TRAJETÓRIA HISTÓRICO-SOCIAL DA IGREJA CATÓLICA
A história contribui de modo excelente a entender a necessidade e o
limite da formação eclesial. Refletir a luz da história humana, a trajetória da Igreja
Católica, no que tange à formação clerical, é sem dúvida um desafio.
O percurso histórico propicia um esclarecimento recíproco do passado
pelo presente e do presente pelo passado: se o presente nos auxilia a discernir o que
esteve em jogo no passado, o passado nos permite também uma verificação sobre o
presente e perceber aquilo que, nos seus desenvolvimentos, pertence à
homogeneidade estrutural de uma função e que obedece a certas variações
históricas.
A reconstrução do passado no presente constitui uma forma de
alicerçar o futuro. A Trajetória Histórica da Igreja Católica iniciará com uma breve
reflexão sobre as conclusões do Concílio de Trento na tentativa de discernir com
maior profundidade certas evoluções atuais.
3.1 A Formação Sacerdotal no Concílio de Trento
O grande Cisma do Ocidente deixou profundas marcas no clero e foi,
provavelmente, a semente provocadora da Reforma de Lutero. Também o estudo
apaixonado de autores gregos e latinos, ou seja, autores pagãos, marcaram a época
do Renascimento e preparou o afastamento da verdadeira piedade, isto é, ensejou o
ambiente propício à Reforma de Lutero. Muitos padres “progressistas” da época, com
libertinagem que caracterizava sua vida, podem ser considerados os precursores da
Reforma. A verdade é que na primeira metade do século XVI foi a Igreja abalada
seriamente pela revolução conhecida na História com o nome de Reforma. Um
conjunto de circunstâncias conhecidas fez o protestantismo espalhar-se pela
Alemanha, Inglaterra, etc.
O Concílio de Trento, convocado pela primeira vez pelo Papa Paulo II
em 1536, que só se iniciou em 1545, tendo sido interrompido váriasvezes, teve seus
trabalhos concluídos sob o pontificado de Pio IV em 1563,
1
com a aprovação do
1
Cinco Papas se sucederam, na Cátedra de São Pedro, durante o tempo que durou o Concílio, que foi de 1545 a
1563: Paulo III (1534 – 1549); Julio III (1550-1555); Marcelo II (1555, cujo pontificado durou apenas 21 dias),
Paulo IV (1555-1559), Pio IV (1559-1565).
26
esquema geral “De Reformatione”, com 42 artigos, que pode ser considerado como a
essência da reforma tridentina.
Segundo Dué (1999, p. 214-215), o Concílio de Trento consolidou a
doutrina, o culto, o direito canônico, sobre as bases inabaláveis da Sagrada Escritura
e Tradição. A verdade surgiu em todo o seu esplendor e consolidou a posição da
Igreja. O problema central da reforma foi o clero diocesano e regular, isto é, a
formação, purificação e ação pastoral de um clero reformado, baseado no princípio: o
bispo e o pároco são os responsáveis pelo cuidado pastoral das almas e para este
objetivo devem dedicar sua formação e sua ação. Exigiu a coerência entre o que era
e como se vivia. Isto implicava numa boa formação, numa vida moral digna e numa
dedicação total à função sacerdotal.
O seminário do Concílio de Trento nasceu a partir de circunstâncias
históricas, estruturais e conjunturais daquele tempo. E foi criado porque já havia todo
um clima, e uma série de experimentos já estava em curso. Quando foi decretada a
criação dos seminários, já havia um referencial no qual basear-se.
Mesmo assim, a palavra seminário não foi muito usada no início.
Usava-se mais a palavra “collegium” ao lado da palavra seminário que, pouco a
pouco, foi fazendo estrada, mesmo porque a instituição a que se queria dar vida era
algo de novo. (JEDIN, 1975, p. 77-5).
Depois que Trento chegou à criação dos seminários, ficou famosa a
frase – se Trento não tivesse outro proveito que aquele de criação dos seminários,
este teria bastado para compensar todas as fadigas que enfrentou. O seminário
fundado pelo Concílio de Trento era, em geral,
Construído ao lado da catedral e do bispado, e o bispo participava
ativamente da vida dos seus seminaristas. Era, além disso, aberto à cidade
que o considerava um centro de cultura e de religiosidade. Os alunos
podiam ser internos (especialmente aqueles que provinham de paróquias
distantes), ou externos (aqueles que habitavam na cidade). Esses
participavam da vida religiosa e social da cidade e os cidadãos, às
atividades recreativas e culturais do seminário. Tudo isso era facilitado pelo
fato que a cidade era ainda uma cidade-Igreja e a sua cultura não era hostil
à religião (PEPE, 1989, p. 95-96).
Este seminário inserido no meio da comunidade citadina, com o passar do
tempo, lentamente sofreu profundas transformações influenciadas pelas mudanças
históricas, tais como, a revolução francesa, a queda do Estado Pontifício e o diálogo
sempre mais difícil entre os homens de Igreja e a nova cultura.
27
Estes desafios e acontecimentos históricos fizeram com que, segundo
Gaudrini, (1974, p. 231), o seminário, de aberto que era na sua constituição
originária, se fechasse, apartando-se da vida da sociedade, tornando-se o lugar que
preserva os candidatos ao sacerdócio dos influxos negativos do mundo. O seminário
separou-se da vida da cidade, muitas vezes também geograficamente. Nestes
ambientes retirados, os alunos eram formados numa sólida disciplina que nem
sempre conseguia valorizar a iniciativa pessoal, numa teologia neo-escolástica que
achava difícil o diálogo com a cultura corrente e em uma religiosidade sincera, mas
frequentemente individualista. Os seminários assim entraram em certa estaticidade
defronte à história que evoluía sempre com maior rapidez.
Uma reflexão mais detalhada que o Concílio de Trento determinou para
a vida nos seminários encontra-se registrado no Código de Direito Canônico. O
Código de Direito Canônico promulgado em 1917, pelo Papa Bento XV, nos cânones
1352–1371, reproduz com fidelidade as conclusões reformistas do clero no Concílio
de Trento.
Quanto à organização dos seminários compete à Igreja acolher aqueles
que se mostrarem intencionados à vida sacerdotal. O Cânone 1352 diz que compete
à Igreja esse direito próprio e exclusivo de formar a quem deseja consagrar-se aos
ministérios eclesiásticos.
As instituições (seminários) sejam organizadas pelo bispo, segundo as
condições de cada lugar, bem como o grau de formação: seminário menor e
seminário maior. “Todas as dioceses devem ter um lugar conveniente, escolhido pelo
bispo, seu seminário ou colégio, no qual, conforme as possibilidades e tamanho da
diocese se formem certo número de jovens para o estado clerical.” (CÓDIGO, 1978,
p. 527). Conforme citado acima, nas dioceses maiores é necessário se estabelecer
dois seminários: o menor, para instruir os meninos na “ciência das letras”, ou seja, as
primeiras séries escolares (primeiro e segundo graus); e maior para os cursos de
filosofia e teologia. Caso a diocese não dispõe de recursos necessários para fornecer
tal formação deverá enviar os alunos (maiores) para um seminário interdiocesano ou
regional.
Quanto à manutenção dos seminários, o Código de Direito Canônico,
determina a autoridade de o bispo providenciar o necessário propondo: primeiro que
os padres façam campanhas ou coletas em dinheiro ou espécie (alimentos) em
tempos determinados para o sustento do seminário; segundo, prescrever uma taxa
28
nas paróquias de sua diocese; terceiro, se isto não basta aplicar ao seminário alguns
benefícios simples.
Quanto às qualidades de admissão do candidato o Código prescreve:
O ordinário (bispo) não admitirá no seminário senão os filhos legítimos cuja
índole e vontade em fundadas esperanças de que sempre exercerão com
fruto os ministérios eclesiásticos. Antes de ser admitidos devem apresentar
atestado de seu legítimo nascimento, de ter recebido o batismo e a
confirmação (crisma) e de sua vida e suas condutas. Não se admitirá os que
forem expulsos de outros seminários ou de alguma religião sem que antes o
bispo tenha pedido informações, ainda secretas, aos superiores ou a outros
acerca do motivo porque foram expulsos, e acerca dos costumes, índole e
talento, e tenham averiguado com certeza não encontrar-se nada neles que
os desabone do estado sacerdotal; os superiores têm obrigação de facilitar
estas informações, que devem ajustar-se à verdade, sem prejudicar
gravemente sua consciência. (CÓDIGO, 1978, p. 530).
Quanto à prática religiosa aplicada nos seminários é função do bispo
proporcionar aos alunos que participem todos os dias das orações da manhã, da
tarde e dediquem algum tempo à meditação e principalmente, “assistam ao sacrifício
da missa”. Além dessas práticas diárias, é necessário que se confessem pelo menos
uma vez por semana. Aos domingos e dias festivos assistam à missa e a oração da
véspera solene, de preferência na Catedral. Tenham todos os anos, exercícios
espirituais (retiros), de alguns dias seguidos. É necessário ainda, assistir,
semanalmente instruções sobre temas espirituais com finalidade piedosa. (CÓDIGO,
1978, p. 533).
Determina o Código que os alunos que estiverem fora do seminário
sejam cuidadosamente acompanhados por um sacerdote piedoso e idôneo, que vigie
e os guie pelos caminhos da piedade. Mas é preferível que os aspirantes às
sagradas ordens sejam recebidos no seminário desde seus primeiros anos.
(CÓDIGO, 1978, p. 369. 534).
Ainda dentro do esquema disciplinar, o reitor do seminário e outros
diretores devem cuidar que os alunos observem as normas aprovadas pelo bispo.
Devem cuidar dos preceitos de higiene, limpeza da roupa e do corpo e portar-se com
suavidade, serenidade e modéstia. (CODIGO, 1978, p. 534).
Finalmente o Código se refere à expulsão daqueles que por motivo ou
outros não forem idôneos ao ministério sacerdotal. Devem ser expulsos os
agressores, os dissidentes, incorrigíveis, sediciosos, os que por seus costumes e por
sua índole não sejam considerados idôneos para o estado eclesiástico. Também
aqueles que são fracos nos estudos, que não dão esperança de chegar a adquirir
29
suficiente conhecimento. Sejam expulsos os que caírem em faltas graves contra a fé
e aos bons costumes. (CODIGO, 1978, p. 534).
Resumidamente foi apresentado acima o modelo de seminário
concebido pelo Concílio de Trento, que vigorou na Igreja por mais de quatrocentos
anos e chegou até quase os dias atuais, quando passou por uma nova reformulação
com o Concílio Vaticano II. Porém, antes de analisar pormenorizadamente a
formação sacerdotal a partir do Concilio Vaticano II, convém um olhar sobre a história
da Igreja no Brasil e ressaltar, sobretudo, a influência Jesuítica na formação do clero
diocesano.
3.2 Os Seminários e a Formação do Clero no Brasil Colônia até o Concílio
Vaticano II
Para uma melhor compreensão da formação do clero no Brasil Colônia
convém buscar uma reflexão mais profunda da organização eclesiástica neste tempo.
Com a Reforma Tridentina no século XVI, se oficializa a mentalidade de
considerar a Igreja como “a sociedade dos fiéis cristãos, que vivem sob a autoridade
do papa”, espalhados pelas diversas nações. Com certa analogia pode se falar de
sociedade religiosa dentro da sociedade civil.
A Igreja tridentina deu uma grande importância aos aspectos visíveis da
fé. Por essa razão, a implantação e a organização da Igreja colonial terá como
característica uma Igreja marcada pelo culto exterior, pelas festas, procissões e
romarias.
Dominam no Brasil Colônia as manifestações públicas da fé. Os
nascimentos, os casamentos, os enterros, as recepções e os festejos estão sempre
marcados pelas cerimônias cristãs. Qualquer outra manifestação religiosa será
reprimida energicamente. A inquisição, que surge neste período se converterá no
instrumento de defesa do catolicismo contra qualquer possível contaminação da fé,
cuja ortodoxia é regida pela sede romana.
Um dos aspectos mais evidentes do espírito tridentino é o clericalismo.
O clericalismo é entendido como uma concepção da Igreja fundamentada
principalmente na instituição clerical, ou seja, na pessoa do padre onde se concentra
30
todo o poder religioso em detrimento ao povo, em oposição à reforma protestante
que defende uma visão eclesial mais ampla, envolvendo a participação do povo fiel, e
colocando em xeque a própria constituição do sacerdócio hierárquico.
Quando se analisa a formação sacerdotal neste período, é dentro desta
mentalidade que se preocupam em formar os candidatos ao sacerdócio. Ou seja,
uma formação teológica bastante limitada, visando o exercício do poder clerical, sem
considerar a realidade histórica e crítica da sociedade. Mesmo os que tinham
oportunidade de receber formação mais cuidada nos colégios dos jesuítas não
tinham posteriormente oportunidade de se atualizar, dadas às distâncias e
dificuldades de se ter em mãos qualquer tipo de literatura durante o período colonial.
No sertão, por exemplo, numerosos clérigos apenas sabiam o essencial para a
administração dos ritos litúrgicos da fé católica. Muitos viviam completamente alheios
a qualquer atualização eclesiástica, conservando apenas o pouco que havia
aprendido na recepção das ordens sagradas.
Escreve Prado Junior,
O que ocorreu na Europa medieval se repetiria na colonização do Brasil: a
batina se tornaria o refúgio da inteligência e da cultura; e isto porque é,
sobretudo em tal base que se faria a seleção para o clero. Ele foi assim,
durante a nossa fase colonial, a carreira intelectual por excelência, e a única
de perspectivas amplas e gerais; e quando, realizada a Independência, se
teve de recorrer aos nacionais para preencher os cargos políticos do país, é,
sobretudo nele que se recrutarão os candidatos. (PRADO JUNIOR, 1961, p.
356):
A formação dos candidatos ao sacerdócio durante o período colonial
coube aos jesuítas. Do final do século XVI até meados do século XVIII os colégios
dos Jesuítas tornaram-se os centros de formação da maior parte do clero brasileiro.
O quadro geral dos estudos consistia em três níveis: curso elementar, curso de letras
humanas, correspondendo ao curso médio, curso de artes, equivalente a um curso
de nível superior. Os candidatos ao sacerdócio recebiam um curso de teologia,
abrangendo a teologia moral e a teologia especulativa. Importância teve para o Brasil
os colégios fundados em Belém (1653), Recife (1677), Maranhão (1688). Em 1722 os
jesuítas fundaram, em Paranaguá, outro colégio. O ouvidor Rafael Pardinho dá a El-
Rei a seguinte informação:
Não pode deixar de representar a Vossa Majestade quão útil a fundação do
colégio dos ditos religiosos nesta vila, tanto para o aumento espiritual dela e
das mais circunvizinhas, como para o acrescentamento das suas
povoações... nas de Iguape e Cananéia, que ficam para o norte desta, e nas
do rio de São Francisco, Ilha de Santa Catarina e Laguna, que ficam para o
sul, e na de Curitiba... com muita comodidade os mandarão estudar para
31
poderem ordenar e que deste colégio sairão com freqüência em missão os
ditos padres para estas últimas vilas, e com elas se morigerarão melhor os
homens e deixarão a ferocidade com que vivem, o que evidentemente se vê
nesta, onde depois da assistência dos padres têm estudo, ordenando-se
alguns moços [...]. (LEITE, 1942, p. 448).
Os jesuítas significaram um primeiro ensaio para a solução do problema
das vocações sacerdotais no Brasil. Com a expulsão dos jesuítas do Brasil, em 1759,
os dezessete colégios e seminários dirigidos por essa ordem religiosa foram
fechados, criando-se um vazio em toda a estrutura educacional na colônia durante
cinqüenta anos, atingindo também diretamente a formação sacerdotal. A maioria
desses seminários só foi reaberta no século XIX, enquanto que as iniciativas
diocesanas de criação de novos seminários durante este período, não foram bem
sucedidas em sua maioria.
A fundação dos seminários, no século XIX, tem como principal objetivo
a reforma do clero, que vivia de maneira muito distante do modelo tridentino,
especialmente no que concerne a questão do celibato. Muitos a exemplo do Padre
Feijó e outros sacerdotes paulistas desejavam um clero não-celibatário e pouco
distinto dos leigos, enquanto que outros, liderados pelo arcebispo da Bahia, Dom
Romualdo de Seixas, desejavam uma reforma do clero brasileiro nos padrões
tridentinos.
Somente após 1853, quando a direção do seminário de Mariana-MG é
confiada à ordem dos lazaristas, é que será realmente alcançado o propósito da
reforma do clero dentro dos padrões propostos por Roma. Os lazaristas impõem à
formação do clero inicialmente em Minas Gerais e mais tarde em outros estados do
sul do país, um padrão de austeridade e decoro. Até este momento, a instrução dada
aos futuros sacerdotes era baseada em textos do jansenismo, movimento condenado
pela cúpula da Igreja na Europa. No ano de 1959, foi fundado o Colégio Pio Latino
Americano em Roma, para onde se encaminhavam muitos dos jovens que mais tarde
influenciaram na reforma da Igreja. (HAUCK, 1980, p. 90).
Por causa do descrédito dos sacerdotes e da côngrua, considerada
“mesquinha”, que muitas vezes relegava o padre à miséria, o número de sacerdotes
no Brasil, no século XIX, se reduz paulatinamente a ponto de serem constantes as
lamentações da falta de padres. Na época, a maioria dos sacerdotes ainda era
estrangeira.
32
No final do século XIX, já funcionavam seminários em todas as
dioceses existentes dentro dos padrões tridentinos, porém, como o número de
dioceses brasileiras se limitava a nove, o número de seminários continuava muito
restrito. Os candidatos ingressavam geralmente entre as idades de 10 e 15 anos e
freqüentavam o Seminário Menor durante cinco anos. Neste curso constavam, em
geral, as seguintes disciplinas: Português, Latim, Grego, Francês, Inglês, História
Sagrada, Retórica, Geografia, História do Brasil, História Universal, Geometria,
Instrução Religiosa e Filosofia. Em seguida, cursavam a teologia no seminário maior,
por quatro anos, com as disciplinas: História Eclesiástica e Sagrada, Teologia
Exegética, Direito Eclesiástico, Eloqüência Sagrada, Liturgia, Canto Gregoriano. Além
das disciplinas regulares, muita importância era dada à formação espiritual dos
seminaristas. (HAUCK, 1980, p. 95-8).
Estes seminários se encontravam sob o controle das dioceses, mesmo
que muitas vezes sob a direção de ordens religiosas e de professores estrangeiros,
vindos para esta finalidade. As ordens religiosas mais antigas do Brasil estavam em
decadência, uma vez que, em 1855, o governo brasileiro decretou que nenhuma
ordem monástica poderia receber noviços brasileiros. Esta lei perdurou até a
proclamação da República e a separação entre Igreja e Estado, causando a quase
destruição destas ordens no Brasil.
Com a proclamação da República e a conseqüente separação entre
Igreja e Estado, a Igreja Católica enfrentou muitas dificuldades, mas ao mesmo
tempo, se viu finalmente livre da intervenção do Estado que sofrera durante
quatrocentos anos de colonização e Império. Esta liberdade permitiu uma reforma
interna de suas estruturas, o que significou, de forma concreta, o que é chamado de
“romanização” da Igreja brasileira. E somente neste momento da história da Igreja no
Brasil que os preceitos traçados no Concílio de Trento, em 1565, foram implantados a
sua totalidade no Brasil.
Esta reforma seguiu basicamente três linhas que foram: uma
centralização do poder religioso na Santa Sé (Roma), a substituição de um clero
primordialmente ibérico por um clero de formação mais condizente com os preceitos
romanos e, finalmente, a implantação de seminários mais restritivos. (OLIVEIRA,
1980, p. 168).
Neste momento, foi fortalecido o modelo de estudo seminarístico
existente hoje, em que o jovem seminarista freqüenta, em fase inicial, o seminário
33
menor, em nível de ensino fundamental e médio, e posteriormente um curso em nível
superior, denominado Filosofia, para então fazer o curso de Teologia. Já era comum
o pensamento de que nem todas as dioceses podiam sustentar um seminário maior,
os seminaristas das dioceses eram enviados a outras cidades para cursarem a
Filosofia e a Teologia. Os alunos mais promissores eram enviados à Roma para
completarem seus estudos no Colégio Pio-Brasileiro, fundada em 1929.
A Igreja se “europiza” cada vez mais a partir do início do século XX com
a vinda de aproximadamente cento e cinqüenta novas ordens e congregações num
período de trinta anos. Ocorre uma “desnacionalização” do clero, ou seja, um
distanciamento do clero dos problemas nacionais, e é pequeno o número de
vocações. (AZEVEDO, 1963, p. 86).
Após a Primeira Guerra Mundial, com a falência do mito do progresso e
do capitalismo liberal, a Igreja reconquista alguns de seus espaços aliando-se às
elites, principalmente no combate ao comunismo. Este processo se acirra após a
Segunda Guerra e, neste momento, há um crescimento no número de vocações.
O maior número de vocações advém dos estados de Santa Catarina e
do Rio Grande do Sul, entre os filhos de imigrantes italianos, alemães e poloneses.
Uma das explicações para esta situação é que nestas regiões a Igreja se aliou aos
pequenos proprietários e não às elites.
Na década de 1950 e início de 1960, a euforia pelo crescimento das
vocações levou a Igreja a construir, em todo o território nacional, grandes seminários
(chamados de centrais). Muitas destas construções foram imediatamente
abandonadas durante a crise que acompanhou e seguiu o Concílio Vaticano II.
Alguns não chegaram a ser terminados, e outros foram aproveitados de forma
parcial.
Até a década de 60, a maioria dos seminários poderia ser enquadrada
no conceito, criado por Erving Goffmann, (1996, p. 17) de “instituição total”. Os
seminaristas viviam em grandes prédios, em grande número (às vezes, centenas),
isolados do restante da sociedade. Todas as atividades eram realizadas nos limites
do seminário: estudos, alimentação, rezas, diversões, descanso, e outras.
Porém, é importante frisar que apesar das semelhanças com o conceito
de “instituição total”, o seminário possui, mesmo neste período, uma natureza
especial, porque se trata de uma instituição de inclusão voluntária, diferente dos
34
quartéis, das prisões e dos hospitais psiquiátricos que servem de modelos para
Goffmann.
Com as mudanças generalizadas que ocorreram dentro da Igreja
Católica, a partir do final dos anos 50 e que culminaram com o Concílio Vaticano II,
foram afetadas também as estruturas dos seminários.
A primeira mudança foi quanto ao estudo secular, que se desvinculou
do seminário propriamente dito. Os seminaristas menores passaram a cursar o
primeiro e segundo graus junto às escolas públicas ou, às vezes, em escolas
particulares confessionais. Os cursos de Filosofia e Teologia transformaram-se em
“institutos”, onde estudavam seminaristas de diversas dioceses, congregações e até
leigos. Serbin, 1989 (apud REILY ROCHA, 1991, p. 34-5). Foram introduzidas
disciplinas ligadas às Ciências Sociais e à Psicologia, ampliando mais o escopo dos
estudos.
Num segundo momento, foram feitas experiências de moradias em
pequenas comunidades, muitas vezes nos bairros mais pobres das cidades,
abandonando os grandes prédios construídos em quase todos os pontos do país. Os
seminaristas passaram a fazer trabalho pastoral, deixando assim o seu caráter de
isolamento e adquirindo uma convivência mais direta com a população. Ocorreu
assim uma diferenciação na utilização do termo seminário, ora empregado para
significar a moradia ou a casa de formação ora para significar o local de ensino,
principalmente os cursos de Filosofia e Teologia.
A respeito dessas Casas de Formação, Celito Moro escreve afirmando
que este tipo de moradia
aparece como o tipo de seminário que melhor responde à problemática
humana que vive o homem da modernidade. A formação em comunhão
para a comunhão foi a proposta pedagógica que apresentamos como
caminho formativo no seminário inserido que forma um presbítero-pastor.
(MORO, 1997, p. 431-32).
Concluído o Concílio Vaticano II, vê-se proliferar em muitas dioceses a
formação a partir do modelo proposto pelo Decreto Optatam Totius (OT), que prevê o
funcionamento das Casas de Formação. O Decreto procurou dar à formação
presbiteral um novo impulso, abrindo a possibilidade de uma formação que levasse
em conta a realidade de cada região. O decreto
se inscreve numa perspectiva renovada da Igreja e numa linha generosa de
abertura, seja quanto aos dispositivos jurídicos que devem de agora em
diante reger os seminários, seja quanto às possibilidades de experiências
35
novas e multiformes a se efetuarem nos seminários de hoje. (CAVALHEIRA,
1966, p. 802-3).
O Concílio tem em vista uma formação que responda mais às
exigências de cada realidade. Trata-se de uma formação mais inculturada, o que nos
dias atuais tem grande ressonância e urgência.
A partir das sugestões do Concílio, a história dos seminários registrou
muitas mudanças. Por isso, “em nível de conteúdos de formação do futuro presbítero
se conjugou a unidade com o pluralismo. Em nível de método, no desenvolvimento
do magistério pós-conciliar, realizou-se um fecundo movimento de comunhão e
participação”. (MASSERONI, 1987, p. 75). Falando em método, o que está em jogo é
o como formar e onde formar, e isto terá incidência no tipo de presbítero que se quer
formar. Esta realidade tem a ver com o tipo de pedagogia a ser usada, e em que tipo
de seminário se usará tal pedagogia.
Após o Vaticano II, muitos se perguntavam: se seria possível um novo
método de formação com uma nova pedagogia e se esse método não pedirá uma
estruturação diferente do seminário. Quando o Concílio afirmou: “Nos seminários
onde é elevado o número de alunos, para melhor atender à formação individual,
sejam eles convenientemente divididos em grupos menores, sem quebra de unidade
de direção e de formação científica”. (CONCÍLIO, 1969, p. 513). O Decreto Optatam
Totius respondeu a um problema imediato, isto é, procurou resolver o problema da
personalização da formação no grande seminário, deixando aberta a possibilidade a
outras experiências que buscassem uma formação mais personalizada e mais
próxima do povo.
Este modelo de formação, é claro que não agradou a todos. A partir da
década de 80, com a “restauração conservadora”, houve certa retomada do antigo
modelo relativo às ”instituições totais”, com a volta aos grandes prédios de
seminários que haviam sido abandonados em décadas passadas, tanto como local
de moradia quanto de estudos, principalmente para os seminários diocesanos.
Não obstante todo o questionamento que as casas de formação
receberam no decorrer destes anos, elas são uma realidade que vai se consolidando
sempre mais como forma de seminário inserido como modo de formação da Igreja no
Brasil.
Desde o início dos anos 80, entre muitos formadores do Brasil, há a
convicção de que [...] o meio mais eficaz para a formação presbiteral hoje é
a metodologia das pequenas comunidades, pois possibilita um contato mais
36
humano, mais familiar, tanto para os formandos entre si, como entre estes e
os formadores. (SCHMID, 1990, p. 166).
Enfim, o que caracterizou o Concílio Vaticano II foi a proposta de atualização e
de renovação do método formativo dos futuros presbíteros. Tal formação inserida na
vida do povo atendendo aos apelos da realidade social, econômica, política e cultural
em que a Igreja está inserida no mundo.
37
4 CONCÍLIO ECUMÊNICO VATICANO II – ABERTURA DE NOVOS CAMINHOS
PARA A IGREJA E PARA A SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
4.1 Mudanças Sócio-Culturais
Um dos temas na pauta das grandes e inadiáveis discussões da
modernidade é, sem dúvida, o da educação. Certamente por ser essa uma função
essencial e ínsita à sobrevivência das sociedades humanas, desde as mais primitivas
até as mais tecnológicas.
Ocorre que as sociedades contemporâneas, diversamente das de
séculos anteriores, são marcadas por um processo de mudanças célebres, que, por
este fato, ocorrem em espaços de tempo cada vez menores e em quantidade cada
vez maior.
Por conseguinte, a realidade que se vive hoje exige sempre maior
qualificação para o exercício de qualquer serviço em qualquer setor. Tal exigência se
verifica no campo dos sistemas educacionais que se revelam quase sempre
incapazes de estabelecerem uma sincronia entre problemas e soluções. Isso se
verifica também no campo eclesial, em que os desafios pastorais se fazem sempre
maior, justamente pelo surgimento de sempre novos problemas. Tudo isso requer do
presbítero uma adequada atualização teológico-pastoral, em que o próprio
conhecimento das ciências sociais e humanas é condição imprescindível.
As mudanças aceleradas provocaram descompassos, vacilações e
dúvidas quanto à vida cristã e sacerdotal. (CNBB, Vida... 1981, p. 9). Muitos padres
hoje podem experimentar a desagradável sensação de terem sido educados para um
mundo que já desapareceu e de não terem condições de se adaptarem ativamente
às novas formas de exercício do ministério, de prática de relacionamento humano, de
comportamento ético, de vivência religiosa, de exercício de cidadania e de educação
política (CNP, 2001, p. 50).
Esta necessidade de atualização, de renovação, de estar aberto aos
sinais dos tempos, foi o que caracterizou o Concílio Ecumênico Vaticano II. O
Concílio foi um evento histórico datado. Teve início a 11 de outubro de 1962 e
concluiu a oito de dezembro de 1965.
38
Surpreendentemente, o Concílio realizou-se no final de uma época
histórica. Dois anos depois da conclusão do Concílio, explodiram as revoltas dos
estudantes nos principais centros do mundo, e essas revoltas eram os primeiros
sinais de uma imensa revolução cultural que ia começar nos anos 70 do século XX.
Tratava-se de uma nova economia, inspirada numa globalização imperial nas quais
as multinacionais se tornariam, em menos de quarenta anos, as donas do mundo; um
movimento de mudança cultural cujo sinal mais evidente era a emancipação das
mulheres. Realizou-se a desconstrução de todas as culturas tradicionais, e a TV
construiu uma nova cultura de massas que conquistou grande parte do mundo. Tudo
isso não foi, nem podia ser, imaginado pelos Padres do Concílio.
Como já foi mencionado acima, a sociedade atual se caracteriza por
mudanças rápidas e profundas. E não é fácil descrever de modo conciso e objetivo o
conjunto dessas mudanças sociais e culturais que levaram à alteração profunda as
sociedades ocidentais e os países católicos. Portanto, agora serão descritas as
mudanças e tendências da sociedade que, aquilo que mais concerne, ao papel do
presbítero, sobretudo na realidade brasileira.
Sabe-se que a análise desses fenômenos não está isenta de
condicionamentos ligados ao ponto de vista dos observadores e às ideologias que
predominam hoje. Esta análise histórica não significa um juízo de valor, baseado em
critérios filosóficos ou teológicos, que avalia positivamente todo o passado e
negativamente todo o presente e vise-versa. A análise procura, constatar,
compreender, estabelecer relações; não aprovar ou desaprovar.
Para compreender as atuais mudanças do mundo, e, sobretudo do
Brasil, e suas perspectivas para o futuro próximo, é preciso relacioná-las com um
longo e amplo processo de transformação das sociedades ocidentais modernas que
coincide com o desenvolvimento do capitalismo.
O capitalismo subtrai a economia ao domínio de outras esferas da
sociedade e a torna um fim em si mesma. Contribui, com isso, para acabar com a
sociedade tradicional, que tinha como eixo a religião. A sociedade moderna pode ser
vista como sujeita a um processo progressivo de “secularização”, isto é, de
autonomização de esferas da sociedade anteriormente subordinadas à religião.
Após a economia, é o pensamento filosófico que se torna autônomo
(com o Iluminismo ou Racionalismo do século XVIII). No século XIX, é a estrutura
política, o Estado, que se seculariza e se separa da Igreja. Finalmente, no século XX,
39
mais acentuadamente nas últimas décadas, é o próprio costume, o comportamento
do povo, que se seculariza e se torna independente das normas religiosas.
No contexto de mudanças sociais e culturais tem-se acentuado e
difundido uma mentalidade individualista que parece ser, de um lado, o
prolongamento ou o resultado de uma ideologia liberal que acompanha a formação
do mundo moderno desde a sua origem e que, de outro lado, está estritamente ligada
ao dinamismo característico do estágio atual da economia capitalista.
O predomínio do consumo certamente, apresenta aspectos fortemente
negativos, do ponto de vista ético, psicológico e social, não deixa, contudo, de
reforçar uma exigência positiva em si mesma: a valorização da pessoa, a busca de
“realização pessoal”. Esta exigência também questionou agudamente, talvez mais
clamorosamente nos anos imediatamente posteriores ao Concílio (1966-1969), e
questiona hoje, talvez mais sutil e difusamente, o presbítero, por muito tempo
determinado pelo seu papel social e pelas exigências da instituição eclesiástica, que
descobre a dimensão da sua liberdade e da sua realização pessoal.
Pode-se dizer que a sociedade brasileira atual continua sendo
bombardeada pela gritante desigualdade, pelos contrastes e conflitos. De um lado,
vemos uma economia capitalista bastante desenvolvida; de outro, há um fraquíssimo
desenvolvimento social. Isto sugeriu a imagem de dois países, um de capitalismo
avançado e outro de miséria e subdesenvolvimento.
Do ponto de vista do regime político, a recente mudança política deixa
dramaticamente aberta a questão de conquistar realmente um novo espaço
democrático e encaminhar reformas sociais profundas ou continuar, sob nova
roupagem, velhas práticas.
Em conexão com todas estas mudanças, mencionadas acima,
intensificou-se nos últimos anos não apenas o processo de urbanização, mas a
difusão da cultura urbana em toda a sociedade brasileira. O processo de urbanização
facilita a difusão da “secularização” e do individualismo, solapando as estruturas
sociais e comunitárias da sociedade tradicional.
As recentes mudanças sociais e culturais contribuíram também para
revelar em sua complexidade e pluralismo o campo religioso brasileiro, já marcado
pela presença de tradições diferentes (catolicismo, protestantismo, espiritismo, cultos
afro-brasileiros, religiões orientais...) e mudanças profundas da própria Igreja católica.
(CNP, 2001, p. 57).
40
No contexto dessas mudanças, convém ressaltar o lugar do presbítero
na sociedade e na Igreja. Segundo esquema tradicional, de fato prevalece na época
tridentina e até o início dos anos 60 do século XX, o presbítero era, antes de tudo, o
sacerdote, o liturgo que celebrava os ritos sagrados, que a instituição eclesiástica
procurava distinguir e até separar visivelmente da comunidade dos fiéis. Agora,
sempre mais, a exigência da evangelização, numa sociedade em mudança, onde fica
a fé deve ser novamente inculturada, pede ao presbítero que se insira profundamente
nas condições de vida dos homens do seu tempo e desempenhe o papel de anunciar
o Evangelho e edificar uma comunidade cristã em formas inéditas, em continuidade
com as raízes do passado, mas sem modelos preestabelecidos.
4.2 Os Principais Traços da Teologia do Vaticano II
O Concílio de Trento e a teologia que se inspirou em sua doutrina
desenvolveram de forma coerente uma concepção do ministério presbiteral que se
revelou firme e eficaz durante quatro séculos. O que não se pode ignorar é o
contexto histórico que tornou possível a realização do ideal tridentino do sacerdócio
católico.
A marca inovadora do Concílio convocado pelo Papa João XXIII era a
visão de colegialidade das responsabilidades pastorais do bispo e do Papa. Todo o
corpo cristão, leigos e leigas, sacerdotes, religiosos e religiosas, de diferentes
maneiras, era chamado a participar e colaborar ativamente na vida da Igreja e na
busca de soluções para os problemas existentes na época.
Outra marca inovadora do Concílio era o seu caráter “pastoral”. No
discurso de abertura, João XXIII (1960) colocou logo em evidência seu objetivo e
orientação: “Será um Concílio pastoral; não temos em mira condenar ninguém,
queremos ajudar a construir um mundo melhor”. Com isso o que pretendia o Papa
era buscar, pelo diálogo, remédios pastorais para as aflições e indagações dos fiéis e
da humanidade. Dizia o Papa João XXIII:
Os Concílios Ecumênicos do passado responderam, sobretudo a
preocupações de ordem doutrinária [...] à medida que heresias e erros
tentavam penetrar a Igreja antiga, no Oriente e no Ocidente [...] Na época
moderna, num mundo de fisionomia profundamente mudada [...], mais do
que de tal ou qual ponto de doutrina ou de disciplina que será preciso
41
reconduzir às fontes puras da Revelação e da Tradição, trata-se de repor
em valor e em toda a sua luz a substância do pensamento e da vida
humana e cristã, de que a Igreja é depositária e mestra pelos séculos.
(JOÃO XXIII, 1960, apud BEOZZO, 2005, p. 3).
O Concílio significou um momento de fundamental importância para
refletir e aperfeiçoar melhor toda uma caminhada da Igreja que já estava em
andamento nos anos que antecederam. Refletir para chegar à consciência de si,
refletir para que os outros a descubram em toda sua autenticidade, eis uma das
grandes metas conciliares, inculcada por Paulo VI na abertura da segunda sessão:
[...] as finalidades principais deste Concílio são: o conhecimento, ou se se
preferir, a consciência da Igreja, sua renovação [...]. A ninguém escapará a
importância dessa missão doutrinal, que é confiada ao Concílio, e da qual
pode a Igreja auferir uma consciência de si luminosa, exaltadora,
santificadora. (Paulo VI, 1969, p. 173)
O Vaticano II introduziu um novo modo de fazer e pensar teologia. Na
teologia anterior, que era a Escolástica e a neo-Escolástica, o modo de fazer e
pensar teologia era mais o raciocínio, figurando a revelação sempre como premissa
maior da qual, por meio de silogismos, iam se deduzindo novos aspectos da
revelação. Era assim que se via a evolução homogênea dos dogmas. Com o
Vaticano II, a revelação passou a ser a fonte dinamizadora e esclarecedora dos
acontecimentos mundiais.
O termo “situação” ou “realidade”, ligado à revelação, dá outra
perspectiva. Faz com que a Igreja seja vista na história como presença sempre viva e
atuante de Jesus Cristo pelo Espírito Santo. Era já antes do Vaticano II a idéia da
Theologie Nouvelle de Daniélou, De Lubac, Ives Congar, Chenu, Bruno de Solages –
uma teologia mais em contato com as fontes; uma teologia mais aberta ao
pensamento contemporâneo, em que pontificam três grandes categorias: a
comunidade, a historicidade e a subjetividade; uma teologia com respostas às
situações humanas concretas do aqui e do agora (teologia engajada), teologia luz
das ações do ser humano. (LORSCHEIDER, 2005, p. 14).
Para que se possa compreender bem a pastoral e a eclesiologia do
Vaticano II, é necessário buscar o sentido de duas palavras: aggiornamento e
diálogo. Aggionamento, é escutar, ir ao encontro, abrir-se às justas (legítimas)
exigências do mundo de hoje, em suas profundas mudanças de estruturas, de modos
de ser (culturas), inserindo-se nelas para ajudá-los, sempre no respeito à sua
autonomia relativa (secularização), num espírito de doação, de caridade total, de
42
diaconia, a serviço dos pobres. Considerar a maneira de pensar do ser humano de
hoje, a sua linguagem, o seu modo de ser, para apresentar o Evangelho como única
mensagem capaz de salvar o homem. Em síntese, aggiornamento, significa uma
abertura crítica ao mundo de hoje (o critério é o Evangelho). (LORSCHEIDER, 2005,
p. 13).
Diálogo é, concretamente, sentarem-se juntos e dizer como se entende
o Evangelho para os dias de hoje. Trata-se no diálogo de descobrir o que Deus
realmente disse por seu Filho no Espírito Santo. Diálogo com o mundo e a
recuperação das origens; ou melhor, o diálogo com o mundo moderno a partir do
resgate daqueles elementos dados no nascer e no primeiro constituir-se histórico da
Igreja, como se manifestam no Novo Testamento e na Patrística. Em linhas gerais
pode-se dizer que diálogo é o diálogo da Igreja consigo mesma, com as outras
Igrejas e mesmo com as outras religiões e o mundo dos não-crentes. Sinônimo do
diálogo: comunhão, participação, co-respopnsabilidade.
Numa visão rápida da eclesiologia conciliar, podem-se destacar alguns
aspectos básicos:
1 Igreja Povo de Deus: - com esta expressão os padres conciliares, na
Constituição Dogmática “Lumen Gentium” (LG), queriam destacar o lugar da Igreja no
nosso tempo. A eclesiologia tradicional definia a Igreja pela sua estrutura hierárquica.
A Igreja definia-se pelos seus poderes. Os leigos eram simplesmente receptivos,
passivos. O seu papel consistia em receber o que a hierarquia lhe dava – os
chamados meios da salvação – e em obedecer. A hierarquia era a forma e os leigos
eram a matéria.
O Concílio quis explicitamente corrigir essa eclesiologia. Pela expressão
“Povo de Deus”, os Padres conciliares queriam afirmar o papel ativo de todos os
leigos. Os leigos têm participação ativa em todas as obras de evangelização da Igreja
e têm formas de participação nos ministérios da hierarquia.
2 A Igreja em Relação com o Mundo: - A Constituição Dogmática
“Gaudium et Spes” (GS) exprime esta dimensão do vínculo que liga a Igreja ao
mundo. Trata da condição do ser humano no mundo de hoje. As situações estão
profundamente mudadas, tanto nas pessoas quanto na sociedade: são mudanças
psicológicas, morais e religiosas; desequilíbrios do mundo moderno; aspirações mais
universais por parte de todos; interrogações mais profundas do coração humano.
43
As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angustias do homem hoje,
sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem, são também as alegrias e as
esperanças, as tristezas e angústias dos discípulos de Cristo. Não se
encontra nada verdadeiramente humano que não lhe ressoe no coração.
(COMPÊNDIO, 1969, p. 143).
Enfim, o mundo são os seres humanos. No Vaticano II ainda não
apareceram os problemas ecológicos e o mundo significa a humanidade com toda
sua complexidade, com todos os aspectos da vida humana.
3 Igreja e sua relação com a Missão: - Não se trata apenas do
desenvolvimento de atividades missionárias. Isto a Igreja sempre realizou. Antes do
Concílio a obra missionária da Igreja consistia em reproduzir em todos os territórios
do mundo a estrutura do catolicismo europeu. A idéia era salvar as almas. Ao lado
dessa finalidade principal havia também a finalidade de civilizar. Nisso as missões se
integravam na empresa colonial, que se justificava pela tarefa de “civilizar” os povos
não europeus.
A Constituição “Ad Gentes” destaca a necessidade de desenvolver uma
evangelização inculturada. Ou seja, respeitando cada povo, cada cultura,
convocando todos os católicos para que se tornem missionários. Assim, os
documentos conciliares aludem à necessidade de adaptação da Igreja à diversidade
dos povos, às diferenças de culturas.
A eclesiologia do Vaticano II foi assumida e contextualizada na América
Latina pela assembléia de Medellín (1968) na Igreja dos pobres. A Igreja dos pobres
não designa uma parte da Igreja em relação à totalidade. Não significa simplesmente
uma Igreja voltada eticamente para os pobres, no sentido de assisti-los e promovê-
los. Isso a Igreja sempre realizou. Igreja dos pobres significa que, a partir dos pobres,
da totalidade de sua vida, a Igreja pode ter uma visão profunda da sua origem e
natureza, do seu lugar no mundo e de sua missão.
Neste contexto, as comunidades eclesiais de base são a expressão
mais significativa deste modo de ser Igreja. Os presbíteros têm a missão de continuar
assumindo e estimulando este processo e este projeto de Igreja postos oficialmente
em movimento pelo Vaticano II e por Medellín-Puebla.
44
4.3 O Reflexo da Teologia Conciliar nas Conferências Latino-americanas e no
Episcopado Brasileiro
A Conferência Latino-americana de Medellín (1968) assumiu como
concretização do modelo de Igreja comunhão a partir dos pobres, as Comunidades
Eclesiais de Base (CEBs). Em Medellin emerge a imagem de uma Igreja militante
profética.
O modelo de Igreja, proposto pela Assembléia de Medellín foi em
seguida desenvolvido pela Conferência Latino-americana de Puebla (1978), que teve
a intenção clara de continuar a tradição de Medellín. Aí ficou consagrado o binômio
comunhão e participação e reforçada a opção preferencial pelos jovens e pelos
pobres. (CONFERÊNCIA, Puebla, 1980, p. 181-196).
Mais de uma década depois, a Conferência Latino-americana de Santo
Domingo (1990), não conseguiu reeditar o mesmo espírito e dinamismo das
Conferências anteriores, mas deu duas contribuições significativas que permanecem
como desafios para todos: a questão da inculturação e do protagonismo laical.
Quanto à formação sacerdotal a Conferência ressalta que o “sinal de alegria e de
esperança é o nascimento de seminários maiores em todo continente e o aumento do
número de alunos neles”. (CONFERÊNCIA, Santo Domingo, 1993, p. 65).
O episcopado brasileiro, por meio das Diretrizes Gerais da Ação
Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE), apontou princípios básicos para a
articulação pastoral, visando programar metodologicamente a eclesiologia conciliar
nas Dioceses:
a) O da variedade-complementariedade das vocações e condições de vida, dos
ministérios, carismas e responsabilidades, como num corpo vivo, onde se realiza a
comunhão orgânica entre seus membros;
b) o da autonomia, que garante a cada um dos membros do corpo eclesial o direito a
cultivar a própria identidade e o próprio carisma, evitando o nivelamento;
c) o da subsidiariedade, que atribui às pessoas e às comunidades intermédias a
maior autonomia possível, em tudo o que elas podem fazer sem recurso a níveis
superiores a não ser quando necessário;
45
d) o da participação responsável, que pretende envolver o maior número possível de
interessados na reflexão, decisão, execução e avaliação. (CNBB, Diretrizes, 2002, p.
99-102).
A rica eclesiologia conciliar supõe uma Igreja descentralizada, com uma
ampla redistribuição de tarefas e responsabilidades. Em uma expressão, costuma-se
evocar a Igreja toda ministerial capaz de programar o modelo de comunhão presente
no Concílio Vaticano II, onde o sujeito da ação eclesial é verdadeiramente o conjunto
do Povo de Deus.
A realidade acima acenada de modo rápido coloca a questão de
perceber que, nos dias atuais, muitos se perguntam qual é a verdadeira fisionomia da
Igreja. A sugestão dos bispos é a de cada comunidade aprofunde a realidade da
Igreja enquanto mistério, comunhão e missão. Daqui nasce a urgência e a
necessidade de aprofundar esta realidade no seminário, enquanto lugar de formação
daqueles que animarão as comunidade do povo de Deus. Por isso, a seguir, será
aprofundado um estudo sobre a crise que se efetivou nos seminários e no clero, bem
como a necessidade de uma boa formação teológico-pastoral para enfrentar os
desafios da Igreja e do mundo como sugere o Concílio Vaticano II e as Conferências
Episcopais Latino-americanas, bem como os bispos do Brasil.
4.4 As Crises pós-conciliares
Vive-se hoje tempos de mudanças, tempos de crise, tempos de
desafios. Com a crise da modernidade, ou período pós-moderno, marcado por
processos que se interpenetram – globalização, neo-liberalismo, crise do sujeito,
pluralismo em todos os campos (religioso, cultural, étnico) – a ousadia de abraçar as
novas perguntas e o desafio de respondê-las não com os velhos paradigmas, mas a
partir da construção de novas perspectivas e possibilidades de ação, está colocada
para as instituições.
A crise, como afirma Gilddens (2002, p. 162) é constitutiva da própria
modernidade, entendida não como uma mera interrupção, mas como um estado de
coisas mais ou menos permanente. Esta crise afeta as instituições sociais e, numa
46
relação direta, os indivíduos, já que as transformações introduzidas pelas instituições
modernas se entrelaçam de maneira direta com a vida individual.
O Concílio Vaticano II foi o marco da ampla entrada dos princípios
modernos no interior da Igreja católica, um processo que alguns autores preferem
chamar de “aggiornamento” e/ou de “abertura das janelas da Igreja à modernidade”.
Desde aí vêm ocorrendo mudanças na compreensão e vivência da missão.
Atualmente, com as transformações ocorridas no cenário sociorreligioso, a
consciência da necessidade de responder às interpelações postas por essa realidade
torna-se mais intensa.
A crise denuncia de imediato, a existência na Igreja, de três correntes
praticamente irreconciliáveis entre os padres conciliares:
1ª A dos conservadores, preocupados em salvaguardar a perenidade
da instituição vista como rocha imutável de verdade, e em assegurar a intangibilidade
dos ritos, das fórmulas dogmáticas e das normas disciplinares;
2ª. A dos reformadores, empenhados na transformação das estruturas
eclesiásticas de maneira evolutiva, sem radicalismos e rupturas;
3ª. A dos contestadores, que exigem a efetivação de reformas radicais
e imediatas, no intuito de um retorno as origens. Será sobretudo esta terceira
corrente, com sua extensão e virulência, a que irá evidenciar a amplitude da crise
existente na Igreja. Devido às múltiplas tendências que a compõem – às vezes
ambíguas e contraditórias, mas todas convergentes na crítica à hierarquia – torna-se
difícil determinar com fidelidade as fases do seu desenvolvimento, bem como colher
e analisar as nuances com que se nos apresenta diferentes países.
A hierarquia pareceu compreender todo o alcance da crise que se
abatera sobre a Igreja. A Igreja – dirá Paulo VI:
[...] encontra-se numa hora de inquietude, de autocrítica, dir-se-ia mesmo de
auto-demolição. É uma reviravolta interior aguda e complexa que ninguém
teria podido esperar após o Concílio. [...] a Igreja como que chega a ferir-se a
si mesma. (PAULO VI: 1969, p. 175),
Para o Papa, a crise pode ser sintetizada numa única palavra:
desconfiança. Desconfiança por parte da ala dos contestadores, que se
destemperam em atitudes corrosivas; mas também por parte dos conservadores, cujo
posicionamento frente às mudanças promovidas pelo Concílio é de indiferença. Uma
tentação de desconfiança – afirma ele – percorre a alma de não poucos ambientes
eclesiásticos. Desconfiança na doutrina e na tradição e se torna crise de fé.
47
Desconfiança nas estruturas e nos métodos e se torna crítica corrosiva e
desobediência. Desconfiança nos próprios atos de renovação da Igreja e se torna
resistência em alguns, indiferença em outros.
Embora as atitudes tomadas pelos contestadores produzam maior
impacto, devido ao inusitado dos seus gestos, Paulo VI sabe que, ao arrumar a casa,
não pode esquecer os que pretendem condenar a Igreja ao imobilismo. E se
pronuncia resolutamente contra os dois. A uns censura-os porque
[...] não vêem senão culpas e defeitos, incapacidade e ineficiência nas
expressões da vida católica do passado; a outros porque, achando que o
Concílio deve ser considerado como acontecimento do passado, se
recusam a admitir qualquer mudança na tradição e polemizam com os
amigos de casa, como se estes fossem ainda mais infiéis e perigosos aos
de fora. (PAULO IV, 1970, p. 158).
A fim de neutralizar as duas correntes, e, assim, preservar a coesão do
bloco católico, o Papa coloca em ato mecanismos paralelos destinados, de um lado a
promover algumas aberturas e mudanças estruturais, de outro, a reafirmar a doutrina
e a disciplina eclesiásticas.
Fiel a esta estratégia, de um lado dá andamento a mudanças na liturgia,
continua a reforma do Código de Direito Canônico iniciada por João XXIII,
internacionaliza a Cúria Romana, oficializa o diálogo com outras religiões, toma
posição em favor dos povos do terceiro mundo, incentiva o pluralismo teológico,
promete outras reformas “graduais, mas audaciosas” e uma era de maior liberdade.
Será reduzida a disciplina formal, abolida toda intolerância arbitrária,
todo absolutismo; será simplificada a lei positiva, suavizado o exercício da
autoridade. De outro lado, exige retificações no Catecismo Holandês, reafirma a
obrigatoriedade do celibato eclesiástico, confirma a doutrina tradicional católica sobre
o uso dos meios contraceptivos, interfere nas Conferências Episcopais, condena toda
e qualquer forma de violência, reafirma o valor da tradição, das estruturas e da
disciplina eclesiásticas, admoesta canonistas, teólogos e pastoralistas, e, para
reagrupar e fortalecer os quadros hierárquicos reúne em Roma dois Sínodos
Mundiais, um para estudar o relacionamento Papa-Bispos, e o outro para solucionar
a crise do clero.
Nesse processo, encontram-se a identidade, a vivência e a missão dos
presbíteros sendo checadas, revisadas e em processo de transformação. Para
Cozzens, (2001, p. 21-7), a grande transformação no presbiterato ocorreu
sobremaneira com o Vaticano II, através da passagem do modelo cultural ao modelo
48
de servo-líder (possibilitado pela compreensão da pessoa do presbítero como
membro do Povo de Deus). Para ele, ocorreram, pelo menos, quatro mudanças de
paradigma na vivência presbiteral:
1. do púlpito à participação;
2. de pregador clássico a portador do mistério;
3. do estilo solitário ao ministério colaborativo;
4. de uma espiritualidade monástica a uma espiritualidade secular.
Frente a este panorama, cabe uma breve exposição da crise do
presbítero pós conciliar, partindo da crise formativa no seminário e a crise do
presbítero.
4.4.1 A crise nos seminários
Já bem antes da realização do Concílio Vaticano II, o Papa Pio XII, com
a exortação ao clero Menti Nostrae, chamava a atenção para a necessidade de uma
virada nos seminários, procurando abri-los aos sinais dos tempos. O documento de
Pio XII provavelmente não foi entendido e acolhido em todo o seu alcance e aspecto
de atualização dos seminários, e por, isso, quando chegamos ao Concílio Vaticano II,
a crise dos seminários já estava em andamento, não sendo um fato ocasional, ou
local, mas sim estrutural, difundindo-se em todo o mundo.
A crise dos seminários é velha. Já em 1910 o Papa Pio X viu-se
constrangido a fazer limpeza em seminários da Itália onde seu número era enorme,
mas a disciplina e o espírito deixavam a desejar. Na realidade o que estava
ocorrendo era à abertura que se fazia nos seminários, cujos frutos, o Papa Pio X não
se mostrava satisfeito.
Quanto ao Brasil, a crise dos seminários,
é como um fio vermelho a perpassar-lhe toda história da religião, sendo sua
fase mais periclitante não de hoje, mas a que se verificou por ocasião da
passagem do Império para a República. Naquele tempo os seminários eram
poucos e diversos deles contaminados de josefinos, com acentuada nota de
hostilidade contra o Santo Padre. Fora alguns oásis, era geral e crassa a
ignorância religiosa. O catolicismo estava superficializado, dirigido por um
clero em boa parte filiado à maçonaria. O padre perdera o conceito, de sorte
que as famílias já não se honravam com terem um filho sacerdote.
(LOOCKS, 1972, p. 937).
49
Com a queda do Império, e a Proclamação da República, ocorre a
separação entre Igreja e Estado, o qual ficava proibido de prestar colaboração ou
apoio a qualquer credo religioso. A igreja, ante o Estado, achava-se degradada ao
nível de qualquer sociedade particular. Fato que causou muita dor de cabeça aos
bispos. Mas por outro lado, os novos bispos não seriam mais indicados pelo governo.
Eles teriam também mais liberdade para transferir os vigários e outras formas de
atuação que lhe proporcionaram novas iniciativas. E, vendo-se assim livres, os bispos
fixaram como uma das metas prioritárias a reforma dos seminários, e a criação de
novas casas e com outro espírito.
Foi um esforço que logo se percebeu através dos números. Em 1910
existiam nos três Estados do sul (RS, SC, PR) somente três seminários e nos,
cinqüenta anos seguintes, esse número subiu para aproximadamente quarenta.
“Foram se construindo seminários por todo o Brasil, em tal proporção que, ao
irromper a presente crise, os bispos puderam dar-se ao melancólico luxo de fechar
mais de cem seminários ainda com sobra de outros que continuaram funcionando.”
(LOCKS, 1972, p. 937).
Após o Vaticano II, com a necessidade de renovação a crise acentuou-
se ainda mais nos seminários. A crise levou os seminaristas maiores (filosofia e
teologia), na sua maioria, a desistirem “antes de chegarem à ordenação e os
seminários maiores ficaram quase vazios: muitos fecharam as portas na América
Latina.” (COMBLIN, 1971, p. 320). O mesmo ocorre no Brasil, “pois os seminários,
construídos com tanta esperança e sacrifícios ao longo das décadas anteriores, se
esvaziavam, restando imensas construções sem destinação imediata”. (CNBB,
Vida...1981, p. 7).
O documento N. 20 da CNBB - que trata da Vida e Ministério do
Presbítero, Pastoral Vocacional, (1981), fala da dificuldade de cultivo de novas
vocações, devido ao descrédito e falta de motivação, em muitos lugares do Brasil. O
que condicionou negativamente a evolução do clero, abrindo flancos, até hoje
irreparados, em suas já reduzidas fileiras, causando sofrimento moral a inúmeros
seminaristas e sacerdotes, e privando o Povo de Deus dos Pastores a que tem
direito. São questões ainda vivas que se põem à consciência da Igreja do Brasil.
50
4.4.2 A crise no presbitério
Dentro da nova realidade trazida pelo Concílio Vaticano II, ou seja, a
abertura ao pluralismo que existe na sociedade, um pluralismo ecumênico, pluralismo
eclesiológico, teológico e pastoral, desencadeou um processo de renovação do
ministério presbiteral. Esta renovação provocou uma profunda crise que já estava em
andamento antes mesmo da realização do próprio Concílio. Trata-se de uma crise da
própria sociedade.
O Concílio Vaticano II, sem dúvida alguma, despontou como evento
mais importante relacionado às transformações porque passou a cultura
contemporânea na segunda metade do século XX. O Concílio trouxe consigo uma
nova concepção eclesiológica e um novo modo de se relacionar com o mundo.
As mudanças muito rápidas provocaram descompassos, vacilações e
dúvidas quanto à vida cristã e sacerdotal. De seu lado, as novas correntes
teológicas traziam consigo um certo relativismo, facilitando a crítica às
instituições, à pastoral, à vida interna e à função da Igreja na sociedade. O
protesto contra o autoritarismo, a rigidez, lentidão e inadequação das
estruturas, pessoas e organismos eclesiásticos passou a ser lugar comum,
originando crises de autoridade, geradoras de tensões e atritos entre Bispos
e Presbíteros. (CNBB, Vida... 1981, p. 9).
A referência à maneira como deve ser o padre se justifica porque
influencia, significativamente, a forma como a formação sacerdotal será concebida e
realizada. Esta preocupação se evidencia pelo decreto conciliar Opitatam Totius. Este
decreto trata da organização dos seminários e de quais preceitos devem seguir para
o adequado cumprimento de suas funções. Um de seus propósitos diz respeito à
adequada preocupação dos futuros presbíteros para com a realidade de seu tempo:
A desejada renovação de toda a Igreja depende em grande parte do
ministério dos sacerdotes, vivificado pelo Espírito de Cristo. Por isso o
sagrado Sínodo proclama a suma importância da formação sacerdotal e
declara alguns de seus princípios básicos. Por meio deles confirmem-se as
leis que a experiência dos séculos aprovou e ao mesmo tempo nelas se
introduzam os novos elementos que correspondem às Constituições e
Decretos deste Santo Concílio e às novas condições dos tempos.
(COMPÊNDIO,1969, p. 507).
Essa crise que marcou profundamente a Igreja atingiu também os
presbíteros, levando um grande número a laicizar-se. Já no Sínodo de 1971, que
trata do sacerdócio ministerial, o Cardeal Avelar Brandão Vilela, primaz do Brasil,
refere-se à evidência de uma crise do ministério presbiteral, a qual estava ligada a
problemas tanto da Igreja quanto do mundo. Acena ao fato de que, na atividade
51
pastoral, existem os que prescindem do Concílio, outros não sabem como aplicá-lo e,
enfim, outros o tomam como ponto de partida e vão muito mais além, especialmente
em matéria social e política.
Existe o problema do relacionamento da Igreja com o mundo. E,
finalmente, o problema da identidade presbiteral que coloca problemas espirituais,
psicológicos e sociais ao presbítero na América Latina.
Os problemas do sacerdócio ministerial são mais de natureza pastoral e
missionária do que dogmática, concernentes sobretudo ao modo concreto
de adaptar o ministério dos presbíteros ao mundo moderno, superando uma
figura de presbítero muito rígida. A nova realidade latino-americana coloca
ao presbítero novos e gravíssimos problemas, especialmente sobre a justiça
social e o bem comum: solicita da Igreja a imagem diaconal e profética do
serviço, especialmente aos pobres. (CAPRILE, 1972, p. 219).
A Conferência de Medellín, realizada em 1968, apenas três anos depois
da conclusão do Vaticano II, faz referências às grandes mudanças por que passa
este continente, afirmando que tais mudanças afetam os presbíteros em sua vida e
em seu ministério. Os bispos apontam para a existência de um perigo para a fé do
presbítero de hoje. Falam de certa superficialidade na formação mental e
insegurança doutrinária causada por um relativismo ideológico e por certa
desorientação teológica. Afirmam que tal insegurança é causada também pelo
progresso das ciências antropológicas e da revelação e que, de tais ciências, os
presbíteros não possuem o necessário esclarecimento, ou não as assimilaram
suficientemente.
Além do mais, a exigência de uma nova espiritualidade, mais vivencial e
encarnada, leva muitos presbíteros a abandonarem a espiritualidade tradicional, sem
terem adquirido, de forma consistente, o novo modo de viver a espiritualidade,
trazendo, em decorrência disto, um enfraquecimento da espiritualidade, em que o
presbítero transfere facilmente à comunidade a crise que está vivendo.
Medellín acena também para as dificuldades em relação ao celibato.
Fala de uma crise de obediência. Refere uma crise relacionada à própria vocação
sacerdotal, motivada pela valorização crescente do papel do leigo, pela discussão
sobre a figura e o papel do presbítero na sociedade. Há uma crise que atinge certos
sacerdotes que, por sua idade e formação, se sentem incapazes de assumir a
renovação proposta pelo Concílio. O Sínodo de 1971 afirma que muitas vezes “Os
problemas e as perturbações dos presbíteros provêm do fato que, na sua solicitude
52
pastoral e missionária, devem ir ao encontro da mentalidade hodierna com métodos
talvez já obsoletos” (SYNEP, De Sacerdotio, n. 1141, apud MORO, 1997, p. 36).
Porém, a grande crise que o clero enfrentou no pós-concílio foi uma
“Crise de Identidade.” (SMHMIDT, 1986, p. 33). O Documento da Conferência Latino-
americana: Puebla, falando da situação dos presbíteros da América Latina, acena à
sua falta de suficiente atualização pastoral, espiritual e doutrinal, a qual causa
insegurança diante dos progressos teológicos e das doutrinas errôneas, provocando
“sentimento de frustração pastoral e até certas crises de identidade.”
(CONFERÊNCIA, Puebla, 1980, p. 201).
O episcopado brasileiro é quem melhor faz referência a esta crise
afirmando que depois do Concílio, entre os sacerdotes diocesanos e religiosos,
cresceu uma onda generalizada de mal-estar e questionamentos, com sérias
repercussões, que se sentem ainda hoje na Igreja do Brasil. Falava-se de uma crise
de identidade .Foi uma crise muito séria, quantitativa e qualitativamente, levando à
desistência um grande numero de presbíteros, dos quais a maioria eram os que
tinham a melhor preparação. (CNBB, Vida...1981, p. 7).
José Comblin (1981, p. 337-341) apresenta como causa da crise e
desistência de grande número de presbíteros e da grande maioria dos seminaristas a
cultura moderna de classe média, da qual os presbíteros e seminaristas faziam parte.
Segundo este autor, a cultura da classe média é uma cultura do espectador e não de
alguém que se compromete, cultura de informação e não de formação para a vida e a
ação. E, diante da evolução histórica e renovadora do Vaticano II, alguns destes
presbíteros e seminaristas não tiveram nem a preparação e nem a coragem de
assumir o novo e desistiram, assumindo uma posição muito cômoda dentro da
sociedade.
Tal crise apresentava aspectos e buscas, tais como: a procura de
profissionalização que garantisse ao presbítero a subsistência e o status social que a
condição de clérigo não lhe dava; questionamento da função específica do presbítero
numa igreja missionária e ministerial; o papel concreto que cabe ao presbítero numa
sociedade de injustiça e desigualdade; a desestruturação de estilos e formas de vida
tradicionais de organização eclesiástica; questionamento do celibato, juntamente com
o problema da realização humana e afetiva do sacerdote. Houve e ainda há certa
confusão no que concerne às atividades específicas dos presbíteros e dos leigos.
53
Os bispos do Brasil fazem referência à crise acenando a um horizonte
mais amplo, afirmando que à:
Crise de identidade somavam-se duas outras, uma relacionada com a
postura e a vivência da fé e outra nascida da crítica às estruturas e às
práticas da autoridade na Igreja. Muitos começaram a sentir-se abalados
não só quanto às suas opções pessoais ou às maneiras de encarar e viver o
sacerdócio, mas também em relação à espiritualidade e à fé. (CNNB,
Vida...1981, p. 9).
Eles acenam também ao fato de que a crise dos sacerdotes e o
esvaziamento dos seminários, mais do que uma identificação de indivíduos, era a
expressão de toda a complexa problemática da Igreja em transição.
Um outro fator de suma importância que acentuou consideravelmente a
crise dos presbíteros está relacionado à realidade de injustiça e opressão que a
Igreja quer enfrentar com a opção pelos pobres. Isso irá abrir uma série de
questionamentos. Todas as novas opções pastorais da Igreja colocam o presbítero
diante de um confronto para o qual muitas vezes não se sente preparado. Falta a ele
uma visão teológica e pastoral que lhe permita anunciar o evangelho de modo
fundamentado, em que a dimensão social e política são elementos integrantes. Daí
decorre também a necessidade de trabalhar melhor a relação pastoral e política,
permitindo ao presbítero manter-se no seu específico, como evangelizador. (CNBB,
Vida... 1981, p.19. 24).
Um outro problema da realidade presbiteral, sobretudo, da América
Latina, é a “falta de unidade nos critérios básicos de pastoral, com as conseqüentes
‘tensões’ na obediência e sérias repercussões na ‘pastoral de conjunto.”
(CONFERÊNCIA, Puebla, 1980, p. 200).
Isto também acontece porque o mundo moderno tende a setorizar tudo,
ao ponto de que a Igreja também se ressente desta realidade. Este fato repercute
também no presbitério, porque
[...] as relações entre os bispos e os presbíteros e dos mesmos
presbíteros uns com os outros vão se tornando sempre mais difíceis, à
medida que o exercício do ministério se diversifica. [...] exigem-se
competências várias e formas apostólicas diferentes. Daqui se originam
os problemas relativos à fraternidade, à unidade e à coerência no
ministério sacerdotal.” (CNBB, Vida...1981, p. 8).
No Brasil, a emergência das CEBs e outras realidade eclesiais exigem
do presbítero novo tipo de presença e de serviço, e a vitalidade de tais comunidades
revela certa insuficiência “[...] da única modalidade de formação e atuação da atual
54
figura do presbítero, como resposta pastoral à sede de Deus presente no povo.
(CNBB, Vida...1981, p. 71)
Nesta visão o presbítero será o líder da comunidade e o evangelizador,
seu ministério é o transbordar de suas atitudes pessoais e de suas opções profundas
de uma fé viva encarnada. O Papa João Paulo II afirma “[...] que o acento deslocou-
se do problema da identidade do presbítero para os problemas relacionados com o
itinerário formativo ao presbiterato e com a qualidade de vida dos sacerdotes.” (JOÃO
PAULO II, 1992, p. 10).
Uma constatação que atualmente chama muito a atenção é o fato de a
maioria dos jovens recém-ordenados que deixaram o ministério, nos últimos tempos,
apresentam como causa não o celibato, e sim o impacto com a realidade e a
incapacidade de trabalhar em equipe. Constata-se que as jovens gerações de
presbíteros não estão muito preparadas para enfrentar e viver positivamente as
tensões e os conflitos que fazem parte da vida pessoal, pastoral, eclesial e de
inserção no mundo.
4.4.3 O caminho para superar a crise
Frente aos desafios levantados pela crise emergente na Igreja,
sobretudo, na vida e ministério dos presbíteros, várias atitudes foram tomadas. São
inúmeros os documentos existentes a respeito desse tema. Para efeito deste trabalho
de pesquisa, citam-se aqueles que parecem emblemáticos de como a Igreja encarou,
nestas últimas décadas, a crise do clero.
Na realidade brasileira o esforço de acompanhamento na área dos
presbíteros era então coordenado pelo Secretariado Nacional do Ministério
Hierárquico, que publicou em julho de 1969, uma coletânea de documentos,
elaborados pelos presbíteros dos diversos regionais da CNBB, não na forma de
estudo científico, mas de reflexão comunitária, motivada por um documento aos
presbíteros, elaborado e enviado pelo Secretariado Nacional. Este documento
sugeria um roteiro, cujos temas eram basicamente os seguintes: inserção dos
presbíteros na realidade; relacionamento inter-eclesial; crises e tensões existentes no
clero; propostas. É notável o esforço de recepção da teologia conciliar que aparece
55
em vários passos do documento em relação à teologia da Igreja e do sacerdócio,
bem como a precisão e liberdade com que são indicados traços comuns da crise dos
presbíteros apontados naquele momento.
Outro documento é elaborado no Sínodo Mundial dos Bispos, realizado
em Roma no ano de 1971. Convocado por Paulo VI no ano de 1970 para tratar o
tema: O Sacerdócio Ministerial, o Sínodo abriu seus trabalhos no dia 30 de setembro
do ano seguinte. Os objetivos do referido Sínodo foram apresentados pelo Cardeal
Teracón: - promover formas novas de vida e existência sacerdotal que responda às
exigências do mundo de hoje, às inquietações das comunidades em relação aos
seus pastores, aos problemas vividos pelos padres em quase todas as partes do
mundo, às exigências de uma Igreja em renovação.
As pesquisas feitas junto aos padres a nível diocesano, nacional e
internacional, forneceram aos membros do Sínodo uma documentação
impressionante sobre a situação do clero no mundo. Algumas dessas pesquisas
haviam sido conduzidas com rigor científico, como a da Espanha (com 4,5 milhões de
dados), dos EUA, e da Conferência Episcopal Latino Americana (CELAM) sobre o
clero da América Latina. Baseado em tais dados, o documento de trabalho entregue
aos Padres Sinodais revelava a existência, entre o clero, de uma verdadeira crise,
evidenciada: a) pelo abandono do ministério por parte de um número expressivo de
sacerdotes; b) pela diminuição das vocações; c) pelo conflito entre bispos e padres;
d) pelo fenômeno da marginalização (aparecimento de numerosos grupos
contestatórios, com tendência à formação de “igrejas paralelas”). Caberia, agora, aos
Padres Sinodais descobrir as causas do problema para, em seguida, apontar
soluções. O documento final – votado ao cabo de mais de um mês de reuniões,
discussões e debates – revela que esse objetivo não foi plenamente alcançado.
O Sínodo de 1971 afirma que os presbíteros
Encontram a sua identidade, na medida em que vivem plenamente a missão
da Igreja e a exercem, de diversas maneiras, em comunhão com todo o
povo de Deus, como pastores e ministros do Senhor, no Espírito, para
atuarem com a sua obra no plano da salvação na história (SYNEP, De
Sacerdotio, n. 1178; J. B. SCHIMIDT – O. J. COLLINGO.C. Apud MORO,
1997, p. 44).
O fato da clareza da identidade sacerdotal resultou em renovada
afirmação da vida espiritual do ministério hierárquico e num serviço preferencial aos
pobres (CONFERÊNCIA, Puebla, 1980, p. 67).
56
Para os bispos do Brasil, o caminho para superar a crise, sobretudo, da
sobrecarga de trabalho pastoral é a “diversificação no exercício do ministério e a
maior atenção à pessoa do presbítero.” (CNBB, Vida... 1981, p. 15-6). A proposta da
CNBB acena à necessidade de repartir as tarefas entre presbíteros, agentes de
pastoral e comunidade. Para sugerir isto, usa como fundamento a vocação apostólica
de todo o povo cristão e a realidade atual da complexidade do ministério pastoral.
Sugere que os presbíteros atuem em áreas específicas, e para tal atuação, após a
formação básica, busquem uma formação adequada a estes campos específicos de
ação. As áreas rural, suburbana e os centros urbanos são as que exigem a atenção
do ministério presbiteral.
A maioria dos presbíteros leva uma vida evangelicamente pobre e em
muitos lugares os presbíteros buscam novas maneiras de partilhar os bens materiais
como modo de viver a pobreza. O presbítero sente a necessidade de cultivar de
modo mais específico sua espiritualidade pessoal e esclesial.
O Documento Pastores Dabus Vobis – Exortação Apostólica pós-
sinodal do Papa João Paulo II, sobre a formação dos sacerdotes nas circunstâncias
atuais, de 25 de março de 1992, faz uma imagem do padre, baseada nas duas
polarizações que acompanham o debate teológico, nas últimas décadas: os padres
Alter Christus e o padre vinculado à vivência eclesial. Na realidade, os dois pólos
estão presentes sem muita articulação, mas justapostos. Porém, o que mais se
destaca na (Pastores Dabus VobisPDV) é todo o processo formativo, com suas
dimensões, que começa no despertar da vocação e vai até o processo de formação
permanente.
O documento parte de uma constatação de que já não é mais a questão
da identidade do padre a que mais ocupa a atenção de todos na Igreja, mas as
circunstâncias em que o padre vive, com as mais variadas influências do meio social,
cultural e político.
Por isso, o itinerário formativo presente na Pastores Dabus Vobis parte
da pessoa do padre, de sua natureza humana, como alicerce sobre o qual se erguerá
todo o edifício de sua formação e realização como presbítero. “Sem uma oportuna
formação humana, toda a formação sacerdotal fica privada de seu necessário
fundamento.” (JOÃO PAULO II, 1992, p. 116).
João Paulo II indica que o processo de formação permanente deverá
abranger todas as dimensões da vida presbiteral, desde a área humano-afetiva até
57
aquela que nos prepara para o encontro definitivo com o Pai. Lembra, ainda, o Papa,
que a formação permanente deverá ser pensada sistematicamente e não se reduzir a
momentos episódicos, tais como um prêmio para aquele que perseverou na vida
presbiteral.
João Paulo II destaca brilhantemente que o exercício do ministério
presbiteral, tendo em Cristo a sua referência absoluta, tem na Igreja e na forma
comunitária de vivê-lo a sua exata concepção, pois “não se deve, pensar no
sacerdócio ordenado como se fosse anterior à própria Igreja, porque ele existe
totalmente em função do serviço da mesma Igreja.” (JOÃO PAULO II, 1992, p. 43).
João Paulo II também alerta que não é possível conceber a Igreja
independentemente do sacerdócio. Há entre eles uma relação profunda, que faz do
presbítero “[...] um ministro-servo de Cristo presente na Igreja mistério, comunhão e
missão”. (JOÃO PAULO II, 1992, p. 44)
58
5 DESAFIOS DA REALIDADE BRASILEIRA NESTES ÚLTIMOS 40 ANOS
Segundo Uchôa, (2006), a tarefa de tentar avaliar a identidade da Igreja
Católica em relação à sua presença na sociedade brasileira é bastante complexa. As
grandes mudanças ocorridas em plano mundial e no país criaram muitos conflitos
dentro da Igreja, com repercussão na sua maneira de agir diante da sociedade.
Há mudanças culturais significativas em curso. Algumas afetam o
relacionamento homem e mulher, outras atingem a estrutura familiar tradicional e
ganham espaços as ideologias liberais.
Do ponto de vista do regime político, a recente mudança da
mentalidade social, deixa dramaticamente aberta a questão de conquistar realmente
um novo espaço democrático e encaminhar reformas sociais profundas ou continuar,
sob nova roupagem, velhas práticas. O que muda é o esquema de sustentação das
minorias poderosas: antes, através de um aparato militar e do autoritarismo político.
Hoje, muito mais pela forte influência dos meios de comunicação, continua pesando
sobre a vida pública a intervenção de grupos economicamente fortes, com interesses
corporativos e restritos, que usam intensamente esses meios para influenciar a
opinião pública, aproveitando-se da crise de credibilidade do sistema político
tradicional. O cidadão, nestas circunstâncias, tende a virar mero espectador,
enquanto os meios de comunicação apresentam sempre mais a vida pública de
forma sensacionalista e espetacular, esvaziando ou escondendo as questões de real
interesse.
A cultura do consumismo abarca quase tudo, favorece a busca do
prazer sem limites e responsabilidade, potencializa o consumo das drogas
“alimentado por um comércio criminoso”, favorece uma nova forma de alienação.
Além disso, gera uma grave questão ecológica, pois as reservas naturais,
especialmente as não renováveis, podem se esgotar e comprometer o meio ambiente
e a sobrevivência das gerações futuras. (CNBB, Diretrizes... 1999, p. 90-1).
Olhando a história nestes últimos 40 anos percebe-se que o Concílio
Vaticano II trouxe à prática pastoral da Igreja no Brasil importante referência,
marcada por uma forte presença de compromisso com a vida do povo, compromisso
que se traduzia pelo exercício da participação mais ativa na vida e nos rumos da
sociedade brasileira.
59
As Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) tiveram e têm papel
fundamental neste processo. Elas caracterizam-se por serem o espaço de formação
da consciência crítica e política das novas lideranças populares. A prática da pastoral
libertadora antecipa a reflexão teológica sobre a libertação.
Surgem posteriormente movimentos novos para diferentes situações
pastorais, especialmente de leigos e leigas empenhados em desenvolver carismas
pessoais, com relativa autonomia e sem muita motivação pelo social. Trazem para
dentro da Igreja, principalmente para as ações litúrgicas, apelos de renovação
espiritual e novas formas de expressão mais emocionais e menos intelectualizadas.
Surge um novo tipo de padre no cenário da Igreja denominado por
Clodovis Boff de padre “midiático-carismático”, ou “pop star”. Trata-se do tipo de
padre que adota novas formas – dir-se-ia carismáticas – de anunciar Cristo e que,
para isso, ocupa os areópagos modernos da mídia. (CNP, 2001, p. 440-2)
A imagem pública desses presbíteros “pop star” vem influenciando
fortemente a formação de muitos seminaristas e os induz à imitação. A própria
comunidade cristã, fascinada por esse tipo de culto e de linguagem, vividos com alta
intensidade emocional, passam a cobrar dos outros presbíteros mudanças na
maneira de celebrar e de se comunicar. E assim, novo processo parece penetrar pelo
corpo inteiro da igreja, causando naturalmente perplexidades.
O modelo político e social também é questionado quando surgem os
serviços pastorais que dão especial atenção aos excluídos neste país. Esses
serviços contrapõem-se à opressão imposta aos sem-terra, aos desempregados, aos
índios e suas nações, às crianças, mulheres, negros, jovens, homossexuais, aos
migrantes, entre outros. Cresce assim a possibilidade de a Igreja ampliar sua
presença como serviço, apta para ajudar a construir um projeto de nação mais justa e
fraterna. “Participar da construção de uma sociedade justa e solidária constitui um
dos objetivos da ação evangelizadora da Igreja no Brasil.” (CNBB, Diretrizes, 2003, p.
95).
Estes e muitos aspectos desafiantes são hoje marcas profundas de
uma Igreja comprometida com a vida e a história de seu povo. É evidente que o
balanço da caminhada coloca a Igreja diante de muitos dilemas e questionamentos.
Estes requerem uma análise mais profunda na sua estrutura e na sua identidade.
60
5.1 O Concílio Vaticano II e o nosso Sistema de Referência
Segundo Cipriani, (2006), nada existe de mais resistente às mudanças
do que a mentalidade. A mentalidade é um sistema complexo de pensamento, de
atitudes, de comportamento. As experiências, a assimilação das formas culturais
sociais e religiosas e as instituições contribuem para construir sistemas de referência
que facilitam a nossa compreensão e a relação do homem com o mundo e com
Deus. As instituições monopolizam esses sistemas e os tornam garantia de valores,
crenças, convicções e regras de conduta aceita consensualmente por uma
sociedade. Mexer com o sistema institucional é difícil e, às vezes, perigoso, porque
exige o confronto com o poder formal de códigos e leis ou com a força moral da
autoridade que usa a censura ou mesmo incita o repúdio da própria comunidade. O
Concílio Vaticano II e suas reformas tornaram-se difíceis justamente por atingirem um
velho sistema cultural e institucional de referência e por exigirem mudança de
mentalidade.
A realização do Vaticano II não foi, nem poderia ter sido, um Concílio
tranqüilo. Ele provocou posicionamentos diferentes, reformas, mudanças de
comportamento, renovação espiritual, censuras e até heresias e excomunhões.
A história eclesial dos quarenta anos após o Vaticano II registra a força
crítica e dinâmica da proposta conciliar e sua tendência a modificar o sistema eclesial
anterior. Pode-se recordar aqui as transformações ocorridas na Igreja Católica no
Brasil a partir de Medellín (1968). Transformações que mudaram as feições desta
Igreja e não se compara a nenhum outro período histórico. A CNBB, exortada pelos
papas João XXIII e Paulo VI, aprovou o Plano de Pastoral de Conjunto (1966-1970).
Na apresentação, afirmou contundente: “Este Plano visa criar meios e condições para
que a Igreja se ajuste o mais rápida e plenamente possível, à imagem da Igreja do
Vaticano II” (CNBB, Plano..., 1966, p. 13).
A reflexão teológica e a prática pastoral da Igreja Católica no Brasil se
tornaram referência de renovação, reforma e profetismo para toda a Igreja no período
que se prolongou até o fim dos anos 1980. As Comunidades Eclesiais de base
chamaram a atenção de estudiosos de eclesiologia e inspiraram a pastoral e a
missão em muitos países. Foram anos de muito entusiasmo, muito vigor, muita
doação, que marcaram definitivamente a vida daqueles e daquelas que o viveram
61
intensamente e que hoje, embora não mais se reconhecendo na Igreja que vêm, não
mais se identificando com ela, buscam, nas experiências vividas naquele período,
forças para alimentar a própria fé e continuar a caminhada.
O Vaticano II se achou diante da concepção tridentina do sacerdócio e
procurou assumi-la e transformá-la, numa perspectiva inovadora. Mas o sistema
eclesial que vigorara até os anos 1960, ainda que em grande parte enfraquecido, não
podia ser apagado por declarações ou documentos, nem pelo trabalho pastoral de
alguns anos. Ele continuava sendo o referencial de muitos católicos, pastores e fiéis.
A capacidade de resistência e a solidez daquele sistema oficialmente estabelecido,
estruturalmente solidificado e encarnado há séculos na mentalidade do povo católico,
tornam ainda hoje difícil, complexa e conflitiva toda reforma.
Os anos de 1984-86 marcam o início de uma ação do Vaticano
direcionada a reverter o curso das mudanças iniciadas pelo Plano de Pastoral de
Conjunto. A suspeita lançada sobre a Teologia da Libertação e as censuras aos
teólogos, os discursos de João Paulo II aos bispos na visita ad Limina de 1985 e o
perfil das novas nomeações episcopais, começaram a surtir efeito no início dos anos
noventa.
Hoje, testemunha-se a nova visibilidade da onda pastoral de volta aos
anos 1950 e ao século XIX. Os chamados novos movimentos e novas comunidades,
nos quais muitos parecem apostar, na maioria dos casos são pré-conciliares por data
de nascimento e, mais ainda, pelo perfil espiritual e eclesial. Os textos conciliares
favoreceram o crescimento dessas experiências e abriram portas para novas. Isso
está explícito na Constituição Dogmática Lúmen Gentium, na Gaudium et Spes, na
Presbyterorum Ordinis e, sobretudo, no decreto sobre o apostolado dos leigos,
Apostolicam Actuositatem. (CNBB, Igreja..., 2005, p. 5).
Essa ruptura de um processo de renovação, que teve, sem dúvida, seus
limites e é desafiado a enfrentar novos fenômenos e novas situações sociais e
políticas, criaram as condições propícias para que se instalasse uma crise de visão e
de rumos na ação pastoral e evangelizadora.
Há, porém, quem continue comprometido com uma recepção fiel,
paciente e criativa das indicações do Vaticano II. A vitalidade das Comunidades
Eclesiais de Base, às quais se deve o mérito principal da renovação da Igreja no
Brasil, os Planos da CNBB, até o Plano “Rumo ao novo Milênio” e “Ser Igreja no novo
Milênio”, têm conseguido prolongar nos anos a força renovadora do Concílio.
62
Mas são numerosos também os que optam por esquecer o Concílio,
tentando deslocar a Igreja Católica para uma época superada que nunca mais vai
voltar. A estes últimos basta lembrar que o Vaticano II aconteceu, como a Revolução
Francesa aconteceu como a II Guerra Mundial aconteceu e tais fatos, que marcaram
definitivamente a história da humanidade, ainda que se queira, não podem ser
ignorados, esquecidos, minimizados. Não se deveria pensar e agir como se o
Concílio não tivesse acontecido e não é legítimo fazer dele o que não foi: um Concílio
que não quis mudar nada, que confirmou tudo o que tinha sido estabelecido antes e,
pior ainda, um Concílio inferior aos concílios teológicos e dogmáticos porque de
cunho pastoral.
A reação católica à Teologia da Libertação de um lado e ao crescimento
pentecostal do outro, esquecendo o Concílio e preocupada com abandono massivo
de fiéis, aposta no reavivamento de um antigo sistema pastoral: as devoções (terço
em família, novenas, romarias e bênçãos), contam-se com os movimentos familiares,
o crescimento da Renovação Carismática e o incentivo de setores do episcopado
brasileiro às missões populares para reconquista dos católicos afastados.
Mas os ouvintes mudaram, eles não são mais os ouvintes do passado:
atraídos que são pela idolatria do dinheiro entram na cultura do consumismo; vazios
pela perda de interioridade, impotentes e angustiados diante dos acontecimentos,
buscam refúgio no subjetivismo e na indiferença e o número dos que se declaram
sem religião cresce no mesmo ritmo da adesão aos movimentos pentecostais.
Porém, o perigo de confundir os sintomas com a doença, dá-se como
explicação justamente o que deve ser explicado, condenando a missão à permanente
ineficácia. Em um mundo pluricultural, continua-se querendo atingir as massas,
enquanto a tradição mais recente das CEBs havia aberto um caminho novo para a
missão: a fundação de comunidades de base. A Europa é prova do êxito desastroso
de uma pastoral que pouco ou nada mudou depois do Concílio.
Talvez o caminho seria recuperar e retomar o exemplo dos apóstolos e
sair da administração rotineira da paróquia para fundar novas comunidades ao redor
da Palavra, dialogando com mais firmeza sobre a eucaristia que é um dom de Cristo
à sua Igreja e não é propriedade dos ministros.
Há, enfim, quem considere o Concílio Vaticano II já superado pelos
novos e grandes desafios que a cultura moderna e pós-moderna apresenta à Igreja.
Muitos problemas vieram à tona depois do Concílio. O Sínodo dos Bispos da Holanda
63
apontou as temáticas emergentes que teriam interessado a toda a Igreja Católica até
hoje: a autoridade na Igreja, a liturgia, o sacerdócio ministerial em relação ao
sacerdócio comum, o celibato, a posição da mulher na Igreja, o ecumenismo, a moral
sexual.
A palavra e a realidade da Igreja caíram em descrédito. A saída de fiéis
da Igreja Católica, que assumiu as características de um verdadeiro êxodo, não tem
precedentes no Brasil. Tudo indica que esse clima desfavorável não será superado
em breve espaço de tempo. Na incerteza dos caminhos a percorrer, a Igreja Católica
parece estacionar, como que paralisada pelas rápidas mudanças que vão redefinindo
o perfil das culturas nas sociedades contemporâneas.
A recepção conflitiva do Concílio trouxe como conseqüência, variadas
formas de impostações pastorais sem a possibilidade de uma verdadeira
coordenação. É esta a situação atual. Para correr aos reparos, volta-se a um
gerenciamento autoritário que, além de reduzir o crédito da autoridade, cria uma nova
competição que substitui a riqueza da complementariedade e marginaliza forças
importantes para a vida eclesial e a missão.
Tendo como base a eclesiologia do Vaticano II e aplicando-a mais
sistematicamente à compreensão do sacerdócio é um imperativo da consciência
cristã e da missão de presbíteros desafiados a dar respostas proféticas às demandas
da humanidade. Tem-se a obrigação de dar conta do empreendimento histórico e da
gravidade da tarefa a que são chamados. Sem uma recepção significativa do Concílio
Vaticano II, a Igreja Católica corre o risco de perder o maior referencial para a sua
missão no mundo de hoje.
O que deve ser valorizado são os elementos teológicos que sustentam
o contínuo processo de conversão dos que crêem e renovam também as estruturas
de um sistema há tempos envelhecido e incapaz de retomar o diálogo de salvação da
Igreja com o mundo contemporâneo. A arte pastoral e evangelizadora é profética na
medida em que bispos e presbíteros vão testemunhando e construindo criativamente
no tempo presente, a situação futura da comunidade eclesial inserida na história da
sociedade contemporânea.
64
6 SEMINÁRIO DIOCESANO DE PRESIDENTE PRUDENTE
6.1 Apresentação e uma Retrospectiva Histórica
Tendo já discorrido sobre a história da formação sacerdotal no Brasil,
convém agora, de forma sucinta uma definição do espaço formativo que
convencionalmente chama-se: SEMINÁRIO. Seminário, hoje, é entendido como uma
casa de formação que recebem adolescentes e jovens que querem ser padres, em
regime de internato.
A organização e manutenção dos seminários são de responsabilidade do
Superior da Congregação Religiosa (para formar padres religiosos) ou do Bispo
Diocesano (para formar padres diocesanos).
Para ser admitido no seminário, o candidato deverá preencher uma série
de exigências, a primeira dentre as quais é ter vocação. Segundo as Diretrizes
Básicas da Formação dos Presbíteros na Igreja do Brasil, ter vocação
é condição para assumir o ministério presbiteral. Isto significa que ninguém
pode arrogar-se o direito de escolher o ministério de presbítero, com base
unicamente em suas aspirações. Mas é dever da comunidade cristã
discernir o chamado de Deus nas pessoas que Deus convoca e dota dos
dons ou auxílios sobrenaturais necessários ao desempenho do ministério.
(CNBB, Formação... 1984, p. 18)
Uma outra condição indispensável é levar em conta o desenvolvimento
da personalidade e o amadurecimento da opção pessoal do vocacionado. A
adolescência é de modo especial, o momento de elaboração do projeto de opção de
vida. Essa elaboração ou opção pode ser sentida também na juventude. Porém, é
sempre importante que se dedique um cuidado pedagógico em qualquer fase em que
a vocação é sentida.
Dentre muitas exigências, antes da admissão de um candidato ao
seminário, a equipe de formação deverá estar atenta se o candidato encontra-se num
processo de amadurecimento humano; se está vivendo uma profunda experiência de
fé, no seguimento de Jesus Cristo; se está inserido e comprometido com uma
comunidade cristã; se tem espírito apostólico e se tem consciência de ter sido
escolhido por Deus para um ministério especial.
65
O seminário é a instituição que sustenta e orienta o processo pedagógico
de discernimento e formação. Desse modo, a partir do momento em que a vocação
ao ministério sacerdotal se manifesta de modo claro e suficientemente amadurecido,
é necessário não apenas conservá-la passivamente, mas oferecer-lhe ambiente e
meio para se desenvolver adequadamente. Esse ambiente próprio para o cultivo da
vocação e o desenvolvimento sistemático das capacidades do formando é o
seminário.
Como espaço prioritário de uma diocese para a formação sacerdotal, o
seminário deve oferecer ao candidato ao sacerdócio as bases estruturais de uma
formação humana, espiritual, pastoral, intelectual. Não podendo perder de vista o que
concerne o equilíbrio e a integração entre os diversos aspectos da formação.
O tipo de padre que a Igreja do Brasil precisa está definido em diversos
documentos, começando pelo Concílio Vaticano II, passando pelas Conferências
Episcopais Latino Americanas e das Diretrizes da CNBB (Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil). Estes documentos acentuam o papel específico do padre, no
contexto de uma Igreja “toda ministerial”, que se constrói pela participação ativa de
toda comunidade, animada, coordenada e presidida, em nome de Cristo, pelos
ministros ordenados.
Esta figura de padre, já acenada pelo Concílio Vaticano II, difere da
perspectiva tridentina, e exige uma nova formação. O padre, no Brasil hoje, é
chamado, antes de tudo, a um trabalho de evangelização.
Benedetti (1999, p. 116), ao falar do perfil do “novo clero” afirma que ele
se forja no seminário como instituição social total – lugar do controle e tempo da
prova. “O primeiro passo do seminário é afastar do mundo do trabalho, um aspecto
definidor do homem moderno e, mais especificamente ainda, do homem urbano. A
primeira condição para ser padre é ‘largar tudo’...”. De acordo com o autor, tudo muito
distante do mundo urbano. Mais, tudo isso é visto como renúncia, sacrifício,
desapego, dom de si.
Reily Rocha (1991, p. 91), afirma que a Igreja como instituição,
reconhece que nem todos os jovens que expressam o desejo de se tornarem padres
realmente são vocacionados. No passado o ingresso no seminário e a respectiva
eliminação dos indesejáveis ocorriam principalmente no período do seminário menor.
Hoje a visão da Igreja mudou muito neste sentido. Assim, “[...] a
presença de elementos não-vocacionados dentro do seminário passou a ser vista
66
como influência negativa [...]. A eliminação dos candidatos que dificilmente teriam
condições de acompanhar o processo de formação se dá antes mesmo do ingresso
desses candidatos ao seminário.” (BENEDETTI, 1999, p.116).
O seminário é o tempo de preparação, o tempo da passagem, tempo
também marcado por fases ou ritos. Assim, podem-se distinguir duas etapas da
formação bem distintas: a primeira é a fase do Seminário Menor, que compreende
basicamente o Ensino Médio, Fundamental e Propedêutico. A segunda fase é do
Seminário Maior, compreendendo os cursos de Filosofia e Teologia. Tendo concluído
estas fases, o candidato ao sacerdócio começa os ritos de ordenação: Diaconato e
Presbiterato.
A Diocese de Presidente Prudente foi criada no ano de 1960, com a
Bula “Cum Venerabilis”, do Papa João XXIII, que trazia como recomendação a
“criação de um Seminário para a formação dos candidatos ao sacerdócio”.
O primeiro Bispo Dom José de Aquino Pereira, ao tomar posse da nova
Diocese, teve como prioridade, a construção do Seminário, comprar um terreno que
se adequasse a construção e, a imediata execução da mesma. Que foi inaugurado
aos 19 de março de 1966, e recebeu o nome de: Seminário Diocesano Nossa
Senhora Mãe da Igreja.
O Seminário teve como primeiro reitor, o recém ordenado, Pe. João
Raphael M. Goetz, que exerceu o cargo durante vinte e um anos (de 19/03/1966 ao
início do ano de 1988). Depois do Pe. João Goetz assume a reitoria o Pe. Expedito
Pereira Cavalcante, que antes era Diretor Espiritual e fica à frente do Seminário até
julho de 2002. Desta data até hoje o reitor é o Mons. Miguel Valdrighi.
Quando inaugurado em 1966, o Seminário Diocesano de Presidente
Prudente iniciou suas atividades com cinqüenta e dois seminaristas sendo que, uma
grande parte deles, procedia do Seminário São José da Diocese de Assis, da qual foi
desmembrada totalmente a Diocese de presidente Prudente em 1960.
Até a inauguração do Seminário, os seminaristas de Presidente
Prudente, estudavam em Assis. Na época, o Seminário contava com alunos do 1º e
2º graus, a partir da 5ª série do 1º grau. Isto é, recebiam meninos com a idade de dez
e onze anos em diante.
Os respectivos pavilhões que hoje formam o corpo do Seminário ainda
não estavam prontos. Havia apenas o primeiro deles e a área que hoje é o refeitório
e cozinha; e, esta última parte, não estava concluída.
67
Não havia ainda energia elétrica e nem água do poço semi-artesiano. A
parte onde agora funciona a Casa de Retiro estava em projeto a começar
brevemente. No entanto, a construção desses locais foi se realizando até com certa
rapidez, de modo que, quando em setembro de 1967 uma tempestade de vento
destelhou todo o primeiro pavilhão, não demorou muito para os seminaristas
pudessem ocupar (1968 – 1969), o pavilhão, hoje reservado aos encontros e retiros.
Enquanto se fazia a total reforma do pavilhão mais antigo, principalmente uma nova
cobertura e não mais com beirais expostos ao vento.
Em 1968, com a transferência de Dom José de Aquino Pereira para São
José do Rio Preto, as obras de acabamento do Seminário, inclusive a capela que
hoje é a Igreja Matriz Nossa Senhora Mãe da Igreja, sofreram certa estagnação,
embora não paralisando totalmente.
Nos inícios de 1970, tomou posse o segundo Bispo Diocesano, Dom
José Gonçalves da Costa. Durante o exercício de Dom José Gonçalves, o seminário
sofreu poucas modificações. O referido bispo deu impulso ao término da Igreja;
pretendia desvinculá-la do Seminário com o nome de “Igreja das Almas”, por estar,
segundo ele, nas proximidades do Cemitério. Porém, tal nome não se impôs.
A transferência de Dom José Gonçalves como arcebispo de Niterói-RJ,
após cinco anos, não permitiu que as obras de acabamento da capela fossem
terminadas em todo.
Da posse do terceiro Bispo Diocesano, Dom Antonio Agostinho
Marochi, dia 02 de abril de 1976, o Seminário (prédio), passou por várias e
significativas reformas, tais como: substituição das paredes de “elemento vazado” por
paredes fechadas dos corredores térreos para melhor conservação, segurança e
aproveitamento dos espaços e isso tanto na ala em que funciona o Seminário e que
funciona a Casa de Encontros, salvo pequena parte do Seminário onde este trabalho
já tinha sido feito em gestão anterior. Além disso, foi realizado o asfaltamento das
vias de acesso ao Seminário, e à Casa de Encontros, arborização dos pátios,
construção de quadras de desportos e campo de futebol, muros em torno do
Seminário em face do loteamento e urbanização do terreno que antes era parte das
dependências do Seminário, que era completamente aberto.
Terminada a construção vieram mais duas preocupações: Adequar o
espaço físico para que pudesse vir funcionar, oferecendo qualidade de acolhida e
moradia aos futuros seminaristas. Sem medir esforços diante de todas as
68
dificuldades no inicio de um trabalho tão importante, procurou-se mobilhar o prédio
com o mínimo necessário para que fosse possível receber os primeiros candidatos ao
Seminário.
Outra grande preocupação foi formar o corpo docente, com alguns
padres para a formação e orientação espiritual e religiosa dos alunos. E leigos que se
destacassem por uma formação acadêmica, e religiosa e de bons costumes. Foi o
que nunca faltou ao Seminário, estes abnegados mestres que até os dias de hoje,
voluntariamente ministram aulas no Seminário. Entre eles, estão os pioneiros: Pe.
João Goetz, Dona Maria Aparecida Sillos; Irmã Elfrida Decker; Mme. Thérese Richard
de Góis; Pe. Carmelo Mercieca, Pe. Expedito e outros.
Com o correr do tempo veio a preocupação em adequar a escola nos
moldes do ensino fundamental, porque até então a sua grade curricular era própria,
e o seminarista que deixava o Seminário, embora saísse com uma boa bagagem de
conhecimento encontrava dificuldade em continuar seus estudos numa Escola Oficial.
O Seminário passa então por uma reforma da Grade Curricular
adaptando e adequando o Curso conforme as exigências da Secretaria de Educação
e as Leis de Diretrizes de Bases.
A partir do fim da década de 70, foi feito o reconhecimento oficial do
Currículo Escolar do Seminário.
Tornando-se hoje uma Escola Oficial embora sem perder o seu caráter
confessional e doutrinário, que é a formação para a vida Sacerdotal.
A Direção do Seminário, sempre primou pela disciplina séria na
formação intelectual e espiritual dos seminaristas, além das matérias da Grade
Curricular, foram incrementadas outras disciplinas exigindo dos seminaristas um
passo além. Isto foi muito bom, pois, os seminaristas ao saírem do Seminário são
recebidos em outras escolas quando transferidos e apresentam um melhor plantel
nos vestibulares sobressaindo a muitos outros.
A vida no seminário está assentada no Tripé: Formação Religiosa,
Formação Acadêmica e Trabalho, não faltando o lazer com outras atividades
formativas e esportivas.
No início do Seminário foi cultivado o Escudismo, uma forma
diferenciada do Escotismo despertando o espírito de Cidadania e uma Educação
Ambiental Ecológica, a convivência em grupos e trabalho em equipes e outros dois
movimentos juvenis chamados: CGC (Comunidade de Garotos Cristão) e CJC
69
(Comunidades de Jovens Cristãos) com as suas respectivas etapas; para aqueles
que não adaptasse ao escudismo. As datas celebrativas, religiosas e cívicas eram
comemoradas com encenações teatrais, esquetes e outras apresentações culturais.
O local onde o Seminário está localizado foi se transformando. Aquele
local calmo bucólico se transformou numa cidade, e o agito do tempo presente
inevitavelmente foi chegando, naquele local de formação específica. Acelerando o
perfil e o lastro cultural daquele logradouro, tomando rumos diferentes, atendendo as
características próprias da modernidade.
A partir de 1982, os seminaristas do ensino médio e propedêutico
passaram a fazer uma experiência pastoral nos bairros, acompanhados e orientados
pelos padres formadores, inspirados nos documentos da Santa Sé, e da Igreja da
América Latina que falam da formação do padre especialmente a pastoral.
O Seminário Diocesano Nossa Senhoras Mãe da Igreja, embora se
tratando de um Seminário Menor com curso Médio e Propedêutico sempre entendeu
a necessidade de uma formação pastoral, e nada melhor que sendo bem
acompanhados, os seminaristas sejam exercitados para este fim, uma vez que, padre
não se improvisa e, quando isso acontece, presenciam-se os conseqüentes
desastres.
Vive-se um tempo de grandes mudanças, onde se requer do padre,
entre outras, uma grande capacidade de amar a Deus e ao Povo e por conta disso
ter uma grande capacidade de fervor e eficiência, superar problemas novos diante da
mobilidade de nosso tempo e ser formado para enfrentar, eficientemente também as
sutilezas de tais mudanças.
No inicio da década de 70, com o 2º Bispo Diocesano, Dom José
Gonçalves da Costa houve uma tentativa, que não teve sucesso, de se criar o Curso
de Filosofia e Teologia nas mesmas dependências do Seminário, o referido curso não
teve a duração de um semestre, pois faltavam professores.
A manutenção do Seminário, além dos cuidados direto do bispo
diocesano, tornou-se tradição as paróquias ajudarem com campanhas beneficentes.
Também é de se ressaltar o valioso trabalho das Obras das Vocações. Além desse
trabalho feito junto às comunidades paroquiais, é importante também citar certos
benfeitores especiais como médicos, farmacêuticos, pessoas anônimas, entre outros.
70
Nestes quarenta anos de funcionamento do Seminário na Diocese de
Presidente Prudente já passaram mais de novecentos e trinta alunos. Dos quais
contam hoje com quarenta e três padres ordenados para o serviço da Igreja de
Presidente Prudente e alguns das outras dioceses que para cá enviaram seus
seminaristas.
O seminário serviu também para formar seminaristas vindos de outras
dioceses, como por exemplo: Arquidiocese de Campo Grande - MS, Diocese de
Coxim – MS, Diocese de Barra do Graças – MT.
Atualmente o Seminário conta com vinte e três seminaristas menores,
no Ensino Médio e Propedêutico. No início recebia-se alunos a partir de dez e onze
anos de idade para cursar o Ensino Fundamental (a partir da 5ª série). Hoje somente
no 1º ano do Ensino Médio, com aproximadamente quatorze e quinze anos de idade,
por acreditar que já estão mais maduros para assumir sua vocação.
6.2 Bases Conceituais de Currículo para Análise da Organização do Processo
Formativo de Presbíteros
O universo desta pesquisa refere-se à formação sacerdotal em vistas
das profundas mudanças ocorridas na sociedade e na Igreja, com a realização do
Concílio Vaticano II. O ambiente educacional é o seminário, concebido como uma
instituição que sustenta e orienta o processo pedagógico de discernimento
vocacional e formação, enraizado na comunidade eclesial.
A finalidade dos estudos no seminário é formar padres católicos.
Portanto, o caminho percorrido neste processo formativo proporcionará ao futuro
sacerdote os meios para compreender a sociedade contemporânea e as diversas
condições sociais e culturais do homem de hoje, ao qual deve anunciar o Evangelho
e indicar ao povo cristão os caminhos de uma vida de fé.
Assim, o presente capítulo procurou refletir sobre algumas noções de
currículo, para melhor proceder a análise da organização do curso do Ensino Médio
oferecido pelo seminário em questão nesta pesquisa.
Ao procurar as bases conceituais de currículo, percorrendo a visão de
vários autores pode-se perceber, num primeiro momento, que a noção de currículo
71
transcende a idéia de um mero elenco de disciplinas ou grade curricular. É preciso ter
bem claro a noção de educação inserida na sociedade e seu fim no processo de
ensino-aprendizagem.
Segundo Sacristán (1998, p. 17) os currículos são a expressões do
equilíbrio de interesses e forças que gravitam sobre o sistema educativo num
determinado momento, enquanto que através deles se realizam os fins da educação
no ensino escolarizado.
O currículo visto a partir de seu conteúdo precisa estar intensamente
voltado à concepção histórica que se configura dentro de uma determinada trama
cultural política, social e escolar. Nesse sentido a organização curricular compreende
a definição de espaços, tempos de ações educativas para que a escola cumpra seus
propósitos e finalidades. Na organização curricular deve ficar claro o compromisso
com a formação do cidadão inserido na sociedade e vivendo num tempo específico.
Nessa perspectiva, é importante compreender a realidade social em que
se vive, porém, na elaboração curricular devem-se propiciar as condições que lhes
forneçam conhecimentos e habilidades para exercer esse papel, neste sentido,
afirma Ribeiro:
O currículo é entendido como um instrumento orientador da ação educativa
em sua totalidade. A sua elaboração, por ser um trabalho partilhado, envolve
crenças, princípios, valores, convicções, conhecimentos sobre a comunidade
acadêmica, sobre o contexto científico e social e constitui um compromisso
político e pedagógico coletivo (RIBEIRO, 2000, p. 9).
Assim, dentre as várias possibilidades de organização curricular a
autora acima citada enfatiza que é fundamental compreender a diferença entre grade
curricular e currículo. O currículo extrapola a definição burocrática do conteúdo do
curso e envolve o esforço permanente e complexo do grupo na elaboração de
significados sociais, culturais e políticos sobre o fenômeno educativo e a sujeitos
sociais.
Desse modo, a organização de um currículo demanda constituição de
visões de mundo e de conhecimentos, de identidades, de subjetividades que
envolvem relações de poder, respeito às diferenças sociais, de gênero, de credo e de
posturas políticas. Envolve de certa maneira a pessoa humana em sua totalidade e
das relações que esta estabelece com a realidade, com a natureza e seus
semelhantes.
72
Conteúdos curriculares não são fins, são apenas instrumentos para
educação de qualidade por melhores que sejam. A escola hoje precisa organizar-se
em torno de poucos, mas significativos “eixos temáticos” em torno dos quais giram as
atenções na busca de conteúdos necessários. Eixos que não podem estar alheios
num projeto político-pedagógico da escola hoje: o cotidiano da educação para uma
cidadania efetiva, a construção de uma prática dialógica e a afirmação incondicional
da dignidade humana.
Doll (1997) para enfatizar a natureza construtiva e não linear de um
currículo pós-moderno fala da construção de uma matriz curricular. Para este autor,
“um currículo construtivo é aquele que emerge através da ação e interação dos
participantes, ele não é estabelecido antecipadamente”. O currículo pós-moderno é
entendido como um sistema aberto que não se encerra em si mesmo. Por isso Doll
fala em matriz que “não tem nem início nem fim; ela tem fronteiras e pontos de
interseção ou focos”. Assim um currículo modelado em uma matriz também é não
linear e não seqüencial, mas limitado e cheio de focos que se interseccionam, e uma
rede relacionada de significados. (DOLL, 1997, p. 178).
Esta visão pós-modernista do currículo apresentada por Doll tem sua
marca característica na teoria dos “quatro Rs”. O currículo será “Rico, Recursivo,
Relacional e Rigoroso”. Sua riqueza procede do seu caráter aberto e experimental. O
que favorecerá inúmeras áreas disponíveis para a exploração dialógica e
cooperativa. Sua recursividade tem sua importância porque, um currículo rico
aumenta em riqueza e sofisticação ao refletir-se em si mesmo e ao oferecer
oportunidades, para a reorganização, reconstrução e transformação reflexivas da
experiência. Será relacional porque busca relações entre idéias e significados é a
consideração da relação entre os conteúdos históricos e cultural, bem como das
maneiras pelas quais as relações são percebidas. E finalmente, o rigor torna-se a
busca intencional de relações e conexões alternativas. (DOLL, 1997, p. 190-99).
Desta perspectiva, Doll imagina um currículo pós-moderno que permite
um processo educativo aberto, flexível e focado no desenrolar do processo, ou seja,
no planejamento e avaliação, não simplesmente no produto.
Atualmente a educação vem deparando-se com um fenômeno explosivo
nas escolas, a alienação do aluno. Muitos elementos em um ambiente social
contribuem para esse sentimento de alienação que deixa o aluno em seu papel
passivo.
73
Para Neil Postman (2002, p. 63) o sistema educacional nos Estados
Unidos serve a três deuses: a tecnocracia, o utilitarismo e o consumismo. Afirma que
por temor ou incapacidade a escola renunciou a buscar respostas para todas as
perguntas que se seguem a uma primeira e fundamental questão: o que torna as
pessoas seres humanos.
Afirma Postman (2002) que só o enfrentamento radical da realidade
através de uma revisão filosófica e curricular, que subverta prioridades e sepulte
velhos dogmas, devolverá à escola a vitalidade necessária para sobreviver aos novos
tempos.
Cumpre-me acrescentar que entre as ‘novas’ idéias hoje correntes em
diversos lugares está a organização da escolaridade em torno de
temas. Esta é uma idéia progressista, que aponta para a necessidade
de assegurar sentido à educação (POSTMAN, 2002, p. 100).
Também rejeita explicitamente o postulado comum de que as matérias
de um currículo não têm nada a ver umas com as outras. Mas há temas triviais,
temas que estão na moda, mas que, no fim, nada explicam e não levam a lugar
algum.
A educação, na visão de Postman é entendida como algo bem superior.
Ela deve propiciar à juventude o conhecimento e a vontade de participar do grande
experimento; ensinar-lhe a arte de argumentar e ajudá-la a descobrir que questões
são dignas de debate; e, naturalmente, assegurar-se de que ela sabe o que ocorre
quando cessam as argumentações.
A partir dessas breves considerações sobre a educação integrada à
realidade que dê respostas aos anseios de uma aprendizagem voltada para vida da
pessoa em seu contexto vital, é que se faz necessário a organização do currículo.
Segundo Sergiovanni e Starratt,
currículo humano é aquele que tenta corresponder aos padrões de
desenvolvimento do crescimento pessoal, ao mesmo tempo que
introduz os alunos no universo humano, um universo que eles não
podem manipular à vontade, mas que os desafia a humanizá-los mais.
(SERGIOVANNI E STARRATT, 1978, p. 250).
Muitos escritores que falam sobre educação nos dias atuais destacam a
explosão do conhecimento, ou seja, de informações. Existem informações demais
veiculando nos meios de comunicação que torna difícil saber qual é o de maior valor
em escala de importância.
Partindo de uma perspectiva para um plano de currículo humanístico o
que precisa ser focalizado são as condições que estimulem o desenvolvimento de
74
seres humanos. Sergiovanni e Starratt (1978) enumeram alguns princípios para
desenvolver este tipo de plano:
1. Dedicar certo tempo para atividades em ambientes completamente
livres de avaliação onde se possa verificar como o conhecimento
está integrado na vida real da comunidade;
2. O tema central deve ser o estudo do homem como cientista, como
organismo, como pessoa, como desempenhador de papeis, como
sonhador. O tema central não deve ser o produto da ciência, as
relações sociais e coisas semelhantes, mas o processo humano;
3. Os programas devem ser estruturados de modo que as qualidades
do homem sejam continuamente enfatizadas na ação;
4. As experiências curriculares e de ensino devem levar o aluno a uma
conscientização de seu potencial para transcender à situação
pessoal e social imediata;
5. Todas as disciplinas devem ser ensinadas à luz de sua perspectiva
histórica e cultural a fim de dar aos alunos oportunidades de
visualizar uma variedade de padrões culturais e históricos;
6. O currículo deve oferecer todas as oportunidades possíveis de
educação e expressão não-verbal;
7. Todo ensino deve fazer provisões para reconhecer o processo
simbólico como técnica ou meio de concretização, e ao como fim em
si mesmo (SERGIOVANNI E STARRATT, 1978, p. 337-8).
O enfoque principal é o crescimento da pessoa. Essa posição coloca
todos os outros objetivos da escolaridade, tais como servir às necessidades da
sociedade ou promover a competência nas disciplinas acadêmicas, em uma posição
subsidiária, embora complementar.
A organização curricular, não é uma tarefa fácil. Ela precisa estar
configurada ao conjunto de atividades desenvolvidas pela escola, na organização do
trabalho pedagógico e, principalmente, centrado no saber escolar, organizado e
disposto para atender os fins de ensino-aprendizagem, ligados aos procedimentos
metodológicos.
De acordo com Sacristán (1998), o currículo deve ser visto em seu
conteúdo e nas formas através das quais se apresenta aos professores e aos alunos,
75
que se sedimenta dentro de uma trama cultural, política social e escolar. Portanto,
carregado de valores e pressupostos que é preciso decifrar.
6.3 Análise do Currículo dos Cursos Ensino Fundamental e Médio do Seminário
Seminário Diocesano Nossa Senhora Mãe da Igreja iniciou suas
atividades no ano de 1966, oferecendo o curso ginasial de 1ª a 4ª séries e o curso
colegial de 1ª a 3ª séries. Neste período os alunos entravam para o seminário com a
idade de dez e onze anos, visto que o sistema de ensino era independente (primário,
ginasial e colegial).
Os Seminários com a finalidade de formar padres não foram
contemplados, ou melhor, ficaram desconhecidos das Leis 4024/61 e 5692/71.
Até a implantação da Lei 5692/71, o seminário diocesano gozou dos
benefícios da Lei Federal 1821 de 12 de março de 1953, lei esta regulamentada pelo
Decreto-lei 34-330 de 21 de outubro de 1953 que estabelece a equivalência com os
cursos dos sistemas estaduais.
Com isso, o egresso do seminário não encontrava dificuldades de
transferência para escolas estaduais, municipais e particulares, uma vez que o
currículo era uniforme.
Essa realidade permaneceu até 1978 quando, para que pudessem
continuar usufruindo dos benefícios de transferência e prosseguimento de estudos, o
seminário precisou adequar-se a Lei maior 5692/71 e implantar o ensino de 1º e 2º
graus.
O seminário diocesano vincula-se ao sistema de Ensino do Estado de
São Paulo obedecendo às resoluções, pareceres, deliberações e indicações
normativas do CEE e CFE e segue os princípios estabelecidos pela mantenedora
Mitra Diocesana Presidente Prudente, como instituição voltada para a formação do
futuro sacerdote.
O Seminário não é instituição que visa fins lucrativos, não recebendo
qualquer mensalidade, e oferece ensino fundamental e médio gratuito aos jovens que
o freqüentam.
76
Os alunos residem nas dependências do próprio seminário e recebem
material escolar, livros, assistência alimentar, médico-hospitalar e odontológico
totalmente inserido dentro de um nível econômico-financeiro-satisfatório.
O Seminário é uma escola que se firmou positivamente no conceito da
comunidade educacional, fato este, amplamente demonstrado não somente pelos
sacerdotes que nele estudaram e perseveraram na vocação, bem como pelos ex-
alunos que, em virtude de decisão pessoal, transferiram-se para outras escolas,
sendo muito bem sucedidos. Mercê não só do alto nível de instrução sistemática
recebida, mas também pelo caráter formativo-moral e espiritual de que se revestem
as orientações dadas, visando à formação integral da personalidade.
Tal nível de eficiência se faz possível em decorrência da carga horária
de estudos, pois além do nível do cumprimento fiel do disposto na grade curricular
homologada, destinam-se em períodos diversos do horário das aulas regulares,
tempo para desenvolvimento de atividades extracurriculares, sessões de estudos
dirigidos, orientação de pesquisa, aulas de reforço, monitoria e outras atividades.
Segundo Sacristán (1998, p.16), analisar currículos concretos significa
estudá-los no contexto em que se configuram e através do qual se expressam em
práticas educativas e em resultados.
Para a análise do currículo do Ensino Fundamental e Médio do
Seminário Diocesano Nossa Senhora Mãe da Igreja torna-se necessário, como ponto
de partida, um ofício datado de outubro de 1978 requerendo à luz do parecer CEE
915/15 autorização para instalação e funcionamento a título precário
2
, vinculado ao
Sistema Estadual de Ensino do Estado de São Paulo, o ensino de primeiro e
segundo graus com habilitação plena de técnico tradutor e intérprete.
6.3.1 Currículo do primeiro grau (Ensino Fundamental)
Não foi possível encontrar nos arquivos do seminário a grade curricular
organizada e homologada do 1º grau de 1966 até 1978. As disciplinas que constam
nos livros de resultado final são:
2
Título Precário: o funcionamento escolar a título precário era porque o seminário não atendia as exigências do
Parecer 915/75 quanto aos recursos físicos, humanos, materiais e financeiros para a implantação dos referidos
cursos.
77
- De 1966–1971: Português, Matemática, História, Geografia, Francês,
Ciências;
- De 1972-1978: já aparecem nos documentários, ainda que informal. A
nomenclatura de 1º grau com as seguintes disciplinas: Português, Matemática,
História, Geografia, Ciências, Latim, Francês e OSPB.
A partir de 1979 pode-se observar uma grade elaborada a partir da
legislação vigente no qual consta 1º grau completo, mas analisando os documentos
pode-se observar que o seminário só atendeu alunos a partir da 5ª série do 1º grau.
Quadro 03: Grade Curricular do 1º Grau – 1979
MATÉRIAS
Conteúdo Específico
Tratamento
Núcleo comum – Art. 7 da Lei 5692/71,
Parecer CFE 853/71 e Resolução CFE
8/71
Comunicação e Expressão
Língua Portuguesa
Educação Artística
Educação Física
Língua Portuguesa
Língua Estrangeira Moderna
(Francês)
Educação Artística
Atividade
Área Est.
Disciplina
Disciplina
Atividade
11
-
-
-
-
11
-
-
-
-
-
10
-
-
-
-
10
-
-
-
-
-
6
2
2
-
-
5
2
2
-
-
5
2
2
-
-
2
2
2
Estudos
sociais
Interação Social
História e Geografia
História e Geografia
História e Geografia
Educação Moral e Cívica
OSPB
Atividade
Disciplina
Área Est.
Disciplina
Disciplina
4
-
-
-
-
4
-
-
-
-
-
-
4
-
-
-
-
4
-
-
-
-
4
-
-
-
-
4
2
-
-
2
-
2
-
-
2
-
-
2
Ciências
Iniciação às Ciências
Ciências Físicas e Biol.
Matemática
Atividade
Área Est
Disciplina
6
-
-
6
-
-
-
3
4
-
3
4
-
4
5
-
4
4
-
2
4
-
2
3
Forma
ç.
Especi
al
Latim Disciplina - - - - - - 3 3
Ensino Religioso (Apologética)
Disciplina 1 1 1 1 2 2 2 2
Total 22 22 22 22 27 27 26 26
Fonte: Instalação e Funcionamento de 1º e 2º - Habilitação Plena de Técnico, Tradutor e
Intérprete (Seminário – Presidente Prudente)
78
Para o primeiro grau, o seminário adotou o regime de entrosagem
3
, com
convênio de vigência de cinco anos a partir de 01 de janeiro de 1986, para
cumprimento dos preceitos de integração vertical, convênio esse firmado de comum
acordo com a mantenedora Colégio Joaquim Murtinho – Sociedade Civil – CGC
55350/630.0001-86, que mantinha a escola de primeiro e segundo graus “Joaquim
Murtinho”, localizada à Rua XV de Novembro, 1146, em Presidente Prudente,
autorizada a funcionar pela portaria ministerial 413, de 12/08/1948 e reconhecida
conforme Portaria CEI de 09/05/1979 (Anexo - 2).
A forma de convênio proposta atenda às condições de especificidade
de que se reveste o seminário, não ferindo em momento algum os princípios
filosófico-administrativo-legais e o espírito que emanam da Lei Federal 5.692/71.
O seminário poderia até cogitar em implantar gradativamente as séries
faltantes de 1ª e 4ª séries, para completar o ensino de primeiro grau, contando
inclusive com disponibilidade física, mas não o fez pelas seguintes razões: o
seminário situa-se num bairro de Presidente Prudente, sobejamente servido por duas
escolas estaduais (Escola Professora Maria Luiza Bastos e Escola Professora Norma
Clarinda Pereira Carvalhares) e uma creche (Creche Mei-mei), que oferecem
educação maternal, pré-escola e ensino de primeiro grau.
O seminário oferecendo ensino de primeiro grau, frente à situação
configurada, incorreria no tão condenado princípio de duplicidade de recursos e
meios para fins idênticos. Recursos estes, que possibilitam à Mitra Diocesana
desenvolver atividades assistenciais e culturais em outros setores carentes da
comunidade, contribuindo para sua humanização.
Leve-se ainda em conta, que o seminário objetiva atender pré-
adolescentes e adolescentes, e o atendimento a crianças de menor faixa etária (1ª a
4ª séries), poderia ocasionar em condicionamento vocacional dissimulado e
emocional, o que não é o objetivo de formação, pois fere frontalmente os princípios
filosófico-religiosos que direcionam a formação dos jovens para o sacerdócio.
3
Regime de Entrosagem: A escola não tinha condições de implantar o primeiro grau completo desde a 1ª série, o
fez a partir da 5ª série. Para ser reconhecida usou o regime de entrosagem com outra unidade escolar garantindo
assim a seriação completa do 1º grau conforme parecer CEE n. 1124/79 relatado pela conselheira Maria
Aparecida Tamaso Garcia.
79
A manutenção do ensino de primeiro grau do seminário assume
questões de relevância e interesse, não só para esta diocese de Presidente
Prudente, mas também para as dioceses circunvizinhas que não possuem seminário
menor, atendendo inclusive alunos vocacionados de dioceses distantes: Campo
Grande – MS, Coxim – MS, Barra do Garça – MT e Sinop – MT.
O seminário ao elaborar o currículo do primeiro grau o fez à luz da
Resolução SE 139, de 24/08/1977, e dos diplomas legais da Lei Federal 5692/71,
Resolução SE CFE 8/71, indicação CEE 8/71 e 1/72, incluindo na formação especial
o componente curricular “Latim”, ao invés da Educação para o Trabalho, na 7ª e 8ª
séries. Diante do exposto oferece ensino de primeiro grau a partir da 5ª série.
Em 1982 a grade curricular foi adequada à Lei 7044/82. A seguir, está
representado o quadro que compõe a grade curricular do primeiro grau de acordo
com a lei acima citada:
80
Quadro 04: Grade Curricular do 1º Grau - 1982
Grade Curricular 1º Grau
Fundamentação: Lei 5.692/71 – Lei 7044/82 – Parecer CFE 339/72 – Deliberação CEE
29/82 - Módulo: 34 semanas: 5ª a 8ª série - 36 semanas: 1ª a 4ª série.
Séries
Componentes
Curriculares
PARTE COMUM
Núcleo comum – Art. 7 da Lei 5692/71, Parecer
CFE 853/71 e Resolução CFE 8/71
Língua Portuguesa
Educação Artística
Educação Física
Estudos Sociais
História
Geografia
Educação Moral e Cívica
Matemática
Ciências Físicas, Biológicas e
Programa de Saúde
OSPB
7
1
3
3
-
-
-
3
3
-
7
1
3
3
-
-
-
3
3
-
7
1
3
3
-
-
-
3
3
-
7
1
3
3
-
-
-
3
3
-
6
2
3
-
3
3
-
5
3
-
5
2
3
-
3
3
2
5
3
-
5
2
3
-
3
3
-
5
3
-
5
2
3
-
3
2
-
5
3
2
PARTE
DIVERSIFIC
Deliberação CEE
10/72 e Parecer
CEE 656/80
Língua Estrangeira Moderna:
Francês
Latim
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
2
-
2
2
2
2
Sub total de aulas semanais 20 20 20 20 25 28 28 29
Ensino Religioso 1 1 1 1 2 2 2 2
Total de aulas semanais 21 21 21 21 27 30 30 31
Número de dias letivos: 180
Carga horária: de 1ª a 4ª série: 720 horas
Carga horária: 5ª série: 918 horas
Carga horária: 6ª e 7ª séries: 980 horas
Carga horária: 8ª série: 1054 horas
Fonte: Instalação e Funcionamento de 1º e 2º - (Seminário – Presidente Prudente)
A suspensão gradativa das atividades do curso de primeiro grau
ocorreu nos termos da deliberação CEE 15/80 tendo em vista o número reduzido de
matrículas a partir de 1988. Diante dessa situação a Delegacia de Ensino assegurou
a continuidade de estudos dos alunos em unidade estaduais próximas: EEPSG
81
Professora Maria Luiza Bastos, EEPG Professora Norma Clarinda Carvalhares, e,
outras unidades escolares de Presidente Prudente.
6.3.2 Currículo do Segundo Grau (Ensino Médio)
De 1966 a 1971 o seminário mantinha o curso colegial com três séries.
Eram ministrados as seguintes disciplinas: Português, Latim, Grego, Francês,
História, Matemática, Geografia.
De 1972 a 1978, já aparece a nomenclatura de 2º grau básico com as
disciplinas: Português, Matemática, História, Geografia, Francês, Latim, Grego,
OSPB, Biologia, Química, Física e Psicologia. A exemplo do que dito acima (1º grau),
também não foi encontrado a grade curricular homologada. As informações foram
obtidas a partir dos registros nos livros de atas finais.
A justificativa para a implantação da habilitação de Técnico Tradutor e
Intérprete era porque a legislação não previa nenhuma habilitação básica em
Ciências Religiosas, então o seminário optou pela habilitação em pauta que parecia
dar um bom suporte cultural aos seminaristas. Haja vista que ela facilitava a inclusão
de componentes curriculares próprios da cultura clássica humanística, isto é, grego e
latim.
A referida habilitação foi implantada a partir de 1979 conferindo ao
concluinte o diploma de Técnico Tradutor e Intérprete, com pleno curso e regimento
escolar adequado mantendo a denominação de Seminário Diocesano Nossa
Senhora Mãe da Igreja, conforme deliberação 15/73.
82
Quadro 05: Grade Curricular do 2º Grau – 1979
Grade Curricular do 2º Grau – 1979
Legislação Matérias Conteúdo Específico Séries
1ª 2ª
Carga
horária
Comunicação e
Expressão
Língua Portuguesa e
Literatura Brasileira
Língua Estrang.
Moderna: Inglês
Educação Artística
4
3
2
3
-
-
-
-
-
238
102
60
Estudos Sociais
História
Geografia
OSPB
Educação Moral e Cívica
1
1
-
-
1
1
-
2
1
1
2
-
102
102
68
68
Núcleo Comum Art. 7º da Lei 5692/71
. Res. CFE 8/71 58/76
EDUCAÇÃO GERAL
Ciências
Matemática
Ciências Físicas e
Biológicas:
Física
Química
Biologia
Programas de Saúde
2
2
1
2
-
2
-
-
-
2
-
-
-
-
-
136
68
34
68
68
TOTAL 10 10 4 1122
Parte
Diversifica
da Del.
CEE 18/72
Grego
Francês
2
2
2
2
2
2
204
204
SUB TOTAL 4 4 4 408
Mínimo
Profissionalizante
Par. CFE 45/72
EDUCAÇÃO
ESPECIAL
Sistema fonético
Lingüística
Morfologia, Sintaxe e
Estilística
Língua Estrang: Latim
Literatura
-
-
-
4
-
2
2
2
4
-
-
2
2
4
4
68
136
136
408
136
SUB TOTAL
4 10 12 884
TOTAL
8 14 16 1292
Educação Física
2 2 2 204
TOTAL GERAL
28 26 22 2618
Ensino Religioso
2 2 2 204
Fonte: Instalação e Funcionamento de 1º e 2º - (Seminário – Presidente Prudente)
83
Para adequação deste seminário ao disposto na Lei 7.044/82 e a
Deliberação CEE 29/82, providenciaram-se as necessárias alterações regimentais e
outras relacionadas aos planos de curso, optando-se pela transformação gradual da
habilitação de segundo grau acima mencionada, para a modalidade prevista no
Inciso III do artigo 7º da Deliberação CEE n. 29/82, medida esta agasalhada na
Portaria da Diretoria Técnica da Divisão Regional de ensino de Presidente Prudente,
de 14/08/1984, publicada no Diário Oficial de 22/08/1984 – Proc. 6670/84 – DREPP.
Quadro 06: Grade Curricular do 2º Grau - 1982
Grade Curricular 2º Grau
Artigo 7º, inciso III da Deliberação CEE 29/82 – Lei 5692/71 – 7044/82 – Módulo 34 semanas
Parte Comum Séries Total CHa.
I. Comunicação e Expressão
Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
Língua Estrangeira Moderna: Francês
Educação Artística
Educação Física
II. Estudos Sociais
História
Geografia
Educação Moral e Cívica
OSPB
III. Ciências
Matemática
Ciências Físicas e Biológicas:
- Física
- Química
- Biologia
- Programa de Saúde
4
2
2
3
3
2
-
-
4
4
4
4
-
4
2
-
3
3
2
2
-
4
4
4
4
2
4
2
-
3
2
2
-
2
4
4
4
4
2
12
6
2
9
8
6
2
2
12
12
12
12
4
408
204
68
306
272
204
68
68
408
408
408
408
136
Sub Total 32 34 33 99 3.366
Parte Diversificada
Grego
Latim
Introdução à filosofia
2
3
-
2
3
2
2
3
2
6
9
4
204
306
136
Sub Total 5 7 7 19 646
Total 37 41 40 118 4.012
Fonte: Instalação e Funcionamento de 1º e 2º - (Seminário – Presidente Prudente)
84
A atual grade curricular foi elaborada conforme o disposto na Lei 9394,
de 20 de dezembro de 1996. O currículo mínimo do curso apresenta uma base
comum e uma parte diversificada.
Quadro 07: Grade Curricular do Ensino Médio – 1996.
Grade Curricular - Ensino Médio
Elaborada conforme disposto na Lei n. 9394, de 20 de Dezembro de 1996.
Módulo: 34 semanas (6 dias letivos semanais)
Componentes Curriculares Séries
I. Base Comum
Língua Portuguesa e Literatura
História
Geografia
Física
Química
Biologia e Programa de Saúde
Matemática
Educação Artística
Educação Física
1ª série
4
3
2
2
2
2
4
2
2
2ª série
4
4
3
2
2
4
3
-
2
3ª série
4
4
3
2
2
2
3
-
2
Total da Base Comum 23 24 22
Total Anual da Base Comum 782 816 748
II. Parte Diversificada
Língua Estrangeira Moderna: Francês
Língua Estrangeira Moderna: Inglês
Língua Estrangeira: Latim
Introdução à Filosofia
2
2
4
-
2
2
3
2
2
2
3
2
Total da Parte Diversificada 08 09 09
Total Anual da Parte Diversificada 272 306 306
Total Geral 31 33 31
Carga Horária Total 1120 1188 1120
Ensino Religioso 02 02 02
Fonte: Instalação e Funcionamento de 1º e 2º - (Seminário – Presidente Prudente)
85
Na base comum a distribuição dos conteúdos observa-se o seguinte:
Educação Artística, figura apenas na primeira série. Os componentes curriculares
Programas de Saúde está integrado em Ciências Físicas e Biológicas em todas as
séries.
O Ensino Religioso, com duas aulas semanais, em todas as séries, é
disciplina obrigatória para o aluno, considerando a formação do futuro sacerdote.
Contrariando o que o art. 33 das Leis de Diretrizes Básicas que coloca o Ensino
Religioso como obrigatório para a escola e facultativo para o aluno.
A parte diversificada tem como objetivo específico à sondagem de
aptidões e preparação para o trabalho sacerdotal e integrará o currículo no seu todo,
com predomínio das disciplinas de línguas como destaque para o Latim, essencial na
formação sacerdotal. A disciplina Introdução à Filosofia aparece em duas séries
como pré-requisito para a seqüência do processo formativo, ou seja, para o curso
superior de Filosofia, obrigatório para o posterior ingresso no curso de Teologia.
Com exceção do estudo de línguas, não há outras disciplinas
específicas incluídas para a formação do futuro sacerdote. Elas existem, mas não
aparecem na grade. O Ensino Médio é em horário integral, portanto, apresentando
uma carga horária muito maior do que apresentada na grade.
86
7 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS
Este capítulo é dedicado à apresentação e discussão dos dados
colhidos durante a pesquisa, assim organizados: informações obtidas com os
questionários aplicados aos alunos, ex-alunos e professores; informações advindas
das entrevistas com alunos selecionados previamente e análise da estrutura
curricular do curso do Ensino Médio.
Os dados são apresentados na mesma ordem em que se encontram no
Questionário, divididos em quatro blocos principais. Os dados são fornecidos por
meio de tabelas. Em alguns casos foi necessário agrupar dados numa mesma tabela
para facilitar a visualização da mesma. Também se fez necessário aproximar dados
obtidos no questionário dos alunos com os dados dos professores, com a mesma
intenção de melhor visualização e compreensão.
Antes de cada tabela apresentada há pequenos comentários cujo
objetivo é facilitar a compreensão estatística dos resultados. Evitam-se comentários
interpretativos, sendo esta uma praxe em estudos de natureza positiva, para
distinguir o que resulta da pesquisa como tal. O que se busca é escapar ao
subjetivismo, tentando ser mais rigoroso no levantamento dos fatos para melhor
distinguir o que é opinião e o que se alicerça em realidades constatáveis.
7.1 Dados Fornecidos pelo Questionário: Seminaristas:
7.1.1 Aspectos pessoais e familiares
No que se refere à distribuição etária, o levantamento aponta que a
média de idade dos seminaristas neste período de formação está entre quinze a
dezenove anos e idade, ou seja, estão em plena adolescência. Outro pormenor é que
estão ingressando no seminário mais tarde do que se costumavam em épocas
anteriores. Muitos estudiosos pedagogos e psicólogos, afirmam que a adolescência
está atualmente na faixa entre onze e vinte anos. Ou seja, um período mais longo do
87
que convencionalmente se costumava caracterizar (treze e dezoito anos). Também
se pode verificar que hoje os adolescentes ficam mais tempo na casa dos pais,
devido à dificuldade de ingressarem no mercado de trabalho, sem qualificação para
tal. A diversão e o entretenimento se resumem em músicas, TV, Videogames,
computador, Internet, produzindo um grande vazio na vida dos adolescentes e jovens
hoje. Entre os professores, por sua vez, a média de idade está acima de cinqüenta
anos; sendo um percentual de 68,4% com esta faixa etária. Trata-se de uma geração
bem formada, madura e responsável.
TABELA 01 - Idade dos alunos.
1. Qual a sua idade?
Taxa de resposta: 100.0%
Média = 18.77 Desvio-padrão = 5.51
Mediana = 18.00
Repartição em 6 categorias de mesma amplitude
Menos de 15 1 3.3%
De 15 a 19 21 70.0%
De 20 a 24 6 20.0%
De 25 a 29 1 3.3%
De 30 a 34 0 0.0%
35 e mais 1 3.3%
Total 30 100.0%
3.3%
70.0%
20.0%
3.3%
0.0%
3.3%
Fonte: Dados coletados na pesquisa - Presidente Prudente, 2006
Quanto ao número de alunos cursando o Ensino Médio e o
Propedêutico quase se equivalem.
TABELA 02 - Série em que o aluno está cursando.
3. Você está cursando:
Taxa de resposta: 100.0%
Propedêutico 10 33.3%
2o ano do Ensino Médio10 33.3%
Ex-aluno 7 23.3%
3o ano do Ensino Médio 2 6.7%
1o ano do Ensino Médio 1 3.3%
Total 30 100.0%
33.3
%
33.3
%
23.3%
6.7%
3.3%
Fonte: Dados coletados na pesquisa - Presidente Prudente, 2006
Percebe-se hoje que a maioria dos seminaristas procede mais da
cidade do que da zona rural; apenas 13,3% ainda residem na zona rural.
Historicamente o que atrai na cidade é uma vida melhor e a liberdade.
88
Segundo José Comblin,
Ainda é ilusão dos filhos das famílias rurais que são fascinados pela cidade
vista de longe como o lugar da realização como pessoa. O que atrai na
cidade é a esperança de um pouco de dinheiro para comer, de um meio de
subsistência longe de uma vida rural que o sistema tornou inviável. O ideal
da cidade, o deus que ela venera atualmente, é o dinheiro. Porém, esse
dinheiro está somente ao alcance de uma minoria
. (COMBLIN, 2002, p.7).
TABELA 03 - Onde o aluno passou a maior parte da infância.
Fonte: Dados coletados na pesquisa - Presidente Prudente, 2006
A respeito da ocupação dos pais a maior concentração está em outras
atividades apontadas além das apresentadas (comércio, indústria e agricultura). A
maioria dos pais exerce profissões autônomas (pintor, pedreiro, motorista, eletricista,
cabeleireiro); profissões procuradas por muitos daqueles que deixaram o campo e
não têm outra formação. Em sua grande maioria, pode-se verificar que esses pais
estão trabalhando em setores que exigem pouca ou nenhuma formação profissional.
O mesmo ocorre com as mães. Pode–se verificar que estão trabalhando em setores
que exigem pouca formação profissional, com raras exceções, professora,
enfermeira, secretária. Constata-se que a grande maioria desenvolve tarefas
domésticas na própria casa ou na casa de outrem. A ocupação que vem em segundo
lugar, com grande distância da primeira, é de trabalhadora rural.
Sendo as ocupações dos pais/mães, profissões que não exigem
qualificação profissional, consequentemente os rendimentos familiares são
geralmente baixos, 90,1% estão abaixo de cinco salários mínimos.
5. Onde passou a MAIOR PARTE de sua infância?
Taxa de resposta:
100.0%
Numa cidade de 20.000 a 100.000
10 33.3%
Numa cidade com mais de 100.000 habitantes
6 20.0%
Numa cidade com menos de 20.000 habitantes
6 20.0%
Numa vila/cidade com menos de 10.000 habitantes
4 13.3%
Na Zona Rural
4 13.3%
Total 30 100.0%
33.3%
20.0%
20.0%
13.3%
13.3%
89
TABELA 04 - Rendimento familiar.
Fonte: Dados coletados na pesquisa - Presidente Prudente, 2006
Quanto à religiosidade familiar os dados deixam claro que a grande
maioria vem de família católica com alguma prática religiosa. Sendo que essa prática
religiosa é mais presente nas mães.
TABELA 05 - Atividade religiosa.
Fonte: Dados coletados na pesquisa - Presidente Prudente, 2006
No item com que se relaciona melhor, a preferência materna recebe
maior destaque 50%. Por sua vez, somente com o Pai o relacionamento é de apenas
6,7%. Compreende-se esta maior relação com a mãe, porque geralmente é ela quem
fica a maior parte do tempo com o filho. Também é a mãe que se manifesta mais
afetuosa.
TABELA 06 - Relacionamento.
Fonte: Dados coletados na pesquisa - Presidente Prudente, 2006
10. O total de rendimentos familiares é da ordem de:
Taxa de resposta: 100.0%
Média = 2.43 'Mais de 1 até 3 salários mínimos'
Valorização dos itens de escala: de 1 (Até 1 salário mínimo) a 5 (Mais de 10 salários mínimos)
Até 1 salário mínimo 5 16.7%
Mais de 1 até 3 salários mínimos 11 36.7%
Mais de 3 até 5 salários mínimos 11 36.7%
Mais de 5 até 10 salários mínimos 2 6.7%
Mais de 10 salários mínimos 1 3.3%
Total 30 100.0%
16.7%
36.7%
36.7%
6.7%
3.3%
atividade religiosa do pai
atividade religiosa da mãe
Conjunto
Engajado na
Pastoral
E
ngajado a algu
m
Movimento ou
Associação da
igreja
Apenas católico
praticante
Católico
não-praticante
De outra religião Sem religião
TOTAL
20.0% ( 6) 3.3% ( 1) 26.7% ( 8) 43.3% (13) 0.0% ( 0) 6.7% ( 2)
100% (30)
23.3% ( 7) 3.3% ( 1) 46.7% (14) 20.0% ( 6) 3.3% ( 1) 3.3% ( 1)
100% (30)
21.7% (13) 3.3% ( 2) 36.7% (22) 31.7% (19) 1.7% ( 1) 5.0% ( 3) 100% (60)
17. Com quem você se relaciona melhor?
Taxa de resposta: 100.0%
Com a mãe 15 50.0%
Com os dois 13 43.3%
Com o pai 2 6.7%
Nenhum dos dois 0 0.0%
Total 30 100.0%
50.0
%
43.3%
6.7%
0.0%
90
A vida profissional dos seminaristas anterior ao ingresso no seminário
menor, contribui para clarear a situação econômica da família, já que o trabalho, até
mesmo em idade precoce, significa mais uma pessoa para ajudar nas despesas da
casa. Quando perguntados se trabalharam antes de ingressarem no seminário, 60%
responderam que só estudavam. Portanto, não exerciam nenhuma atividade
remunerada.
TABELA 07 - Atividade profissional.
Fonte: Dados coletados na pesquisa - Presidente Prudente, 2006
Esses dados parecem indicar uma configuração sócio-econômica
característica de famílias pertencentes às classes mais empobrecidas da sociedade.
Somando-se a isto, verifica-se que 96,6% dos seminaristas que cursam o Ensino
Médio, fizeram a maior parte do Ensino Fundamental em escola pública. Dos que
estão no Propedêutico nenhum cursou o Ensino Médio em escola particular.
7.1.2 Atividades anteriores ao ingresso no Seminário Menor
A presente tabela confirma a origem humilde dos atuais candidatos ao
sacerdócio, sendo que 96,6% freqüentaram o ensino fundamental em escolas
públicas. Há uma pequena alteração quando se trata do ensino médio. Um
quantitativo um pouco maior passou a estudar no seminário conforme mostra a tabela
abaixo. Isso se justifica porque atualmente o ingresso no seminário de Pres. Prudente
ocorre a partir do 1º ano do Ensino Médio.
21. Antes de entrar no Seminário Menor você:
Taxa de resposta: 100.0%
Somente estudou 18 60.0%
Trabalhou sem carteira assinada8 26.7%
Trabalhou com carteira assinada4 13.3%
Total 30 100.0%
60.0
%
26.7%
13.3%
91
TABELA 08 - Onde o aluno cursou o ensino fundamental.
Fonte: Dados coletados na pesquisa - Presidente Prudente, 2006
TABELA 09 - Onde o aluno cursou o ensino médio.
23. Se você está no Propedêutico, onde cursou a maior parte do Ensino Médio?
Taxa de resposta:
56.7%
Escola Pública
10 58.8%
No Seminário
7 41.2%
Colégio Católico Particular
0 0.0%
Outras Escolas Particulares
0 0.0%
Total 17 100.0%
58.8%
41.2%
0.0%
0.0%
Fonte: Dados coletados na pesquisa - Presidente Prudente, 2006
Enquanto cursava o ensino fundamental 96,7% ou praticamente a
totalidade dos entrevistados residiam na casa dos pais.
TABELA 10 - Residência
Fonte: Dados coletados na pesquisa - Presidente Prudente, 2006
Foi perguntado aos entrevistados com que idade sentiram a vontade de
ser padre. Em outras palavras, quando “sentiram o chamado” para o sacerdócio. A
opção vocacional é um ato eminentemente pessoal. Deste ponto de vista, existem os
que vivem uma opção definida, os que não chegaram a poder optar por idade, ou
seja, as crianças, ou ainda por imaturidade na fé. Existem aqueles que estão no
processo de opção. Geralmente a juventude encontra-se neste processo, diante da
necessidade de optar no campo da profissão, do amor, da afirmação social e também
da fé. Porém, o que determina um estado é a opção assumida de uma maneira
definida, livre e responsável.
22. Cursou a maior parte do Ensino Fundamental em:
Taxa de resposta:
96.7%
Escola Pública
28 96.6%
Outras Escolas Particulares
1 3.4%
Colégio Católico Particular
0 0.0%
Total 29 100.0%
96.6
%
3.4%
0.0%
26. Enquanto cursava o Ensino Fundamental residia em:
Taxa de resposta:
100.0%
Casa dos pais
29 96.7%
Outro
1 3.3%
Casa de parentes
0 0.0%
Total 30 100.0%
96.7
%
3.3%
0.0%
92
TABELA 11 - Idade vocacional.
Fonte: Dados coletados na pesquisa - Presidente Prudente, 2006
A idade em que os meninos ingressam no seminário está entre
quatorze e dezessete anos. Idade que corresponde ao início do Ensino Médio. Hoje é
norma que para ingressar no seminário o aluno já tenha concluído o ensino
fundamental, mas na origem do seminário de Pres. Prudente (em 1966) eles
ingressavam mais cedo, com dez e onze anos para iniciar o (ginasial) que hoje
corresponde ao ensino fundamental. Naquele tempo prevalecia a idéia de que quanto
mais cedo se ingressasse no seminário, melhor seria para o seu amadurecimento
vocacional. Uma vocação, segundo a tradição da Igreja, progride no tempo, ela
supõe que se cuide dela, portanto, quanto mais cedo ela despontar menos influência
do meio ela sofreria. Hoje se busca uma maturidade pessoal na opção de vida que
exige um acompanhamento pessoal e comunitário, não no sentido de uma influência
sobre a opção que se deva fazer, mas no de uma educação que permita a cada
pessoa descobrir, mais claramente, o dom e responder ao mesmo com maior
liberdade. Tratando-se de jovens as opções vocacionais são deixadas para mais
tarde não só no que diz respeito à fé, mas também ao amor e ao trabalho, por causa
das condições complexas de nosso tempo.
TABELA 12 - Idade ao ingressar no seminário.
Fonte: Dados coletados na pesquisa - Presidente Prudente, 2006
30. Com que idade sentiu a vontade de ser padre?
Taxa de resposta: 100.0%
Dos 11 aos 15 anos 16 53.3%
Antes dos 11 anos 8 26.7%
Dos 16 aos 20 anos 4 13.3%
Com mais de 20 anos 2 6.7%
Total 30 100.0%
53.3%
26.7%
13.3%
6.7%
31. Qual era sua idade ao entrar no seminário?
Taxa de resposta: 100.0%
Média = 16.20 Desvio-padrão = 3.54
Mediana = 15.00
Repartição em 6 categorias de mesma amplitude
Menos de 15 14 46.7%
De 15 a 17 10 33.3%
De 18 a 20 3 10.0%
De 21 a 23 2 6.7%
27 e mais 1 3.3%
De 24 a 26 0 0.0%
Total 30 100.0%
46.7%
33.3%
10.0%
6.7%
3.3%
0.0%
93
A influência da família na vocação do jovem é bastante forte, 86,7%
afirmam positivamente este “apoio” familiar. Isto se deve também pela prática
religiosa dos pais, que além do apoio ajudam os filhos a tomar consciência da própria
vocação. Também a influência da família ocorre porque no seminário é oferecido um
estudo de qualidade, praticamente sem custo algum para a família. Então,
interessados em proporcionar aos filhos uma educação diferenciada, estes pais
incentivam seus filhos a ingressarem no seminário.
TABELA 13 - Influência familiar
Fonte: Dados coletados na pesquisa - Presidente Prudente, 2006
Antes de entrar para o seminário 90% dos entrevistados tinham alguma
prática pastoral. Toda vida cristã necessita, para se expandir, de uma comunidade de
fé, qualquer que seja ela. Para isso é necessário que o candidato ao sacerdócio
encontre a comunidade que lhe convém. Os entrevistados vieram dos mais diversos
movimentos e pastorais: Renovação Carismática Católica, Pastoral da Juventude,
Pastoral dos Adolescentes, Catequese, Coroinhas, Infância Missionária e outros.
Quem mais influenciou na vocação além da família (pai e mãe), um
padre também exerceu certa influência. Na adolescência há uma forte tendência à
procura de um “ídolo” que possa ser imitado ou buscado como modelo.
32. A influência da sua família na sua vocação:
Taxa de resposta:
100.0%
Muito positiva
26 86.7%
Pouco positiva
3 10.0%
Sem influência
1 3.3%
Negativa
0 0.0%
Total 30 100.0%
86.7
%
10.0%
3.3%
0.0%
94
TABELA 14 - Influência positiva na vocação.
Fonte: Dados coletados na pesquisa - Presidente Prudente, 2006
Os seminaristas foram solicitados a assinalar a principal motivação que
os levou à opção sacerdotal, a partir de um rol de dezenove opções. A grande
maioria assinalou a opção n.1 ”o serviço a Deus e aos irmãos” (18,3%), seguidos por
“o testemunho de algum padre” (12,2%) e “o amor aos pobres” (11,5%). Todas as
demais opções tiveram índices abaixo de 10%. As opções “a possibilidade de ampliar
seus conhecimentos” e o “desejo de atender ao sonho de sua família”, tiveram
índices baixos, iguais a 1,5%.
TABELA 15 - Descoberta da vocação.
Fonte: Dados coletados na pesquisa - Presidente Prudente, 2006
37. Indique quem mais o influenciou poistivamente (apoiou) para sua vocação:
Taxa de resposta:
100.0%
Mãe
18 27.3%
Pai
13 19.7%
Um padre
12 18.2%
Outro
8 12.1%
Um religioso(a)
6 9.1%
Um leigo(a)
5 7.6%
Um missionário
2 3.0%
Um Papa
2 3.0%
Professor(a)
0 0.0%
Um Bispo
0 0.0%
Nenhum
0 0.0%
Total 66 100.0%
27.3%
19.7%
18.2%
12.1%
9.1%
7.6%
3.0%
3.0%
0.0%
0.0%
0.0%
39. Escolha a(s) opção(ões) abaixo que mais ajudou(aram) na descoberta de sua vocação:
Taxa de resposta:
100.0%
O serviço a Deus e aos irmãos
24 18.3%
O testemunho de algum padre
16 12.2%
O amor aos pobres
15 11.5%
O testemunho da igreja
11 8.4%
O desejo de lutar contra as injustiças sociais
10 7.6%
O desejo de viver uma vida santa
10 7.6%
Encontros vocacionais
8 6.1%
A realização de um desejo de infância
8 6.1%
Retiro de jovens
6 4.6%
O exercício de um ministério
5 3.8%
Encontro de adolescentes
5 3.8%
Freqüência aos sacramentos
5 3.8%
A pastoral vocacional da sua paróquia
4 3.1%
A possibilidade de ampliar seus conhecimentos
2 1.5%
O desejo de atender ao sonho de sua família
2 1.5%
Total 131 100.0%
18.3
%
12.2%
11.5%
8.4%
7.6%
7.6%
6.1%
6.1%
4.6%
3.8%
3.8%
3.8%
3.1%
1.5%
1.5%
95
7.1.3 Vida Acadêmica
No que se refere à vida acadêmica dos seminaristas pode-se verificar
que o veículo de informação que mais utiliza está concentrado nos meios escritos
(29,6% jornais; 13% livros; 9,3% jornais religiosos; 7,4% revista semanal); em
detrimento à Televisão, que no seminário menor o uso é restrito a alguns programas
educativos, sendo vedado o uso da TV para novelas, esportes e outros programas.
TABELA 16 - Veículos de informação.
Fonte: Dados coletados na pesquisa - Presidente Prudente, 2006
Quando perguntados sobre o tipo de leitura que mais gosta de fazer, a
resposta, em primeiro lugar no total geral, está literatura, seguido por espiritualidade
e assuntos religiosos. São tipos de leituras mais incentivados pelos formadores.
TABELA 17 - Tipo de leitura.
Fonte: Dados coletados na pesquisa - Presidente Prudente, 2006
41. Qual os dois veículos de informação que você mais utiliza?
Taxa de resposta: 100.0%
Jornais 16 29.6%
Televisão 10 18.5%
Livros 7 13.0%
Internet 6 11.1%
Rádio 6 11.1%
Jornais religiosos 5 9.3%
Revista Semanal 4 7.4%
Outros 0 0.0%
Total 54 100.0%
29.6%
18.5%
13.0%
11.1%
11.1%
9.3%
7.4%
0.0%
50. Qual tipo de leitura você mais gosta de fazer?
Taxa de resposta:
100.0%
Literatura
17 22.4%
Espiritualidade
14 18.4%
Religiosas
9 11.8%
Informativas/atualidades
9 11.8%
Entretenimento (Música, história em quadrinho, etc.)
8 10.5%
Auto-ajuda
5 6.6%
Esportes
5 6.6%
Ciências/descobertas
4 5.3%
Política
4 5.3%
Novela
1 1.3%
Psicologia
0 0.0%
Total 76 100.0%
22.4%
18.4%
11.8%
11.8%
10.5%
6.6%
6.6%
5.3%
5.3%
1.3%
0.0%
96
Há um grande incentivo dos professores para que os alunos freqüentem
a biblioteca. Somando-se os que a freqüentam pelo menos uma vez por semana com
os que vão duas ou mais vezes por semana, encontra-se uma porcentagem que se
aproxima de 100%.
Quanto ao uso do laboratório de informática, este fica restrito aos
alunos do propedêutico. Os alunos do Ensino Médio não podem utilizar, mas
consideram importante o uso como meio de informação e para a execução de seus
trabalhos escolares. A este respeito os seminaristas fizeram as seguintes
considerações: “para um bom desenvolvimento há uma necessidade de liberdade,
nem sentido de comunicação. A rigidez de certos instrumentos atrapalham ou inibem
um desenvolvimento de comunicação inter-humana”; “o uso do laboratório de
informática nos aproxima da tecnologia que encontramos hoje em todo lugar”; “é um
ótimo veículo que nos leva a pesquisas e nos faz participar, também da tecnologia”;
“a utilização da sala de informática auxilia-nos em pesquisas, para saber o que se
passa na atualidade, e é claro para acompanharmos o avanço da tecnologia”.
Com relação ao ensino de idiomas 73,3% dos alunos consideram o
material disponível para o ensino de idiomas é suficiente. Aqueles que responderam
de forma negativa 26,7% fizeram as seguintes considerações: - faltam livros didáticos
em maior número disponível, um laboratório específico que auxiliaria na conversação.
TABELA 18 - Ensino de idiomas.
Fonte: Dados coletados na pesquisa - Presidente Prudente, 2006
Foi perguntado se os alunos fazem uso de algum material extra para o
aprendizado de idiomas. Os mesmos responderam que além do material proposto
pelo professor utilizam ainda, dicionários, fitas K7, fitas de vídeo e consulta na
internet. Para melhorar o ensino de línguas sugerem: mais conversação, aumento do
80. Você acha que o material disponível para o ensino de idiomas é suficiente?
Taxa de resposta:
100.0%
Sim
22 73.3%
Não
8 26.7%
Total 30 100.0%
73.3
%
26.7%
97
número de aulas semanais, diversificar mais a aula com o ensino da gramática e
conversação.
Foi pedido aos seminaristas que avaliassem os professores quanto à
pontualidade (início e fim de aulas); conteúdo utilizado, metodologia de ensino,
aplicação e resolução de exercícios em sala, critérios de avaliação, didática,
disposição para esclarecer dúvidas durante as aulas, material didático utilizado,
explicações práticas das teorias; encontram-se dentro dos padrões excelentes.
Quando se pede sugestão para melhorar o desempenho do professor e
o ensino das disciplinas, os alunos apontam para a necessidade de elaboração de
um material didático (apostilas). Outros afirmam que o desempenho do professor
poderia melhorar se eles (alunos) assumissem o compromisso de prestar mais
atenção, mais dedicação e responsabilidade, pois acreditam que o ensino não
depende só do professor mais também do aluno.
7.1.4 Integração Psicoafetiva
Nesta quarta fase da entrevista procurou-se verificar a Integração
Psicoafetiva do seminarista. A Integração Psicoafetiva não é algo dado à pessoa,
mas é sempre uma busca cotidiana de manutenção do equilíbrio a fim de se obter a
integridade da identidade. Por sua vez, a identidade é uma construção psicossocial,
uma realidade em contínua formação.
A metade dos alunos (50%) afirma que possuem poucos amigos, mas
verdadeiros; 30% avaliam que possuem muitos amigos verdadeiros; dados que
evidenciam que os seminaristas percebem-se como pessoas que possuem amizades
e as valorizam.
TABELA 19 - Tipos de amizades
Fonte: Dados coletados na pesquisa - Presidente Prudente, 2006
85. Você se considera uma pessoa:
Taxa de resposta:
100.0%
Que possui poucos amigos, mas estes são verdadeiros
15 50.0%
Que possui muitos amigos verdadeiros
9 30.0%
Que possui muitos conhecidos, mas não tem amigos verdadeiros
4 13.3%
Que tem dificuldade para relacionar-se (Que não cultiva amizades)
2 6.7%
Total 30 100.0%
50.0
%
30.0%
13.3%
6.7%
98
Questionados sobre o relacionamento com a maioria dos colegas do
seminário, responderam 46,7% razoavelmente amigável e 36,7% muito amigável. Ou
seja, estabelecem um clima muito próximo de amizade entre si, o que proporciona
uma característica de vida comunitária sem problemas indisciplinares.
TABELA 20 - Avaliação do relacionamento interpessoal.
Fonte: Dados coletados na pesquisa - Presidente Prudente, 2006
Todos os seminaristas têm o hábito de cultivar tempo para o lazer.
Sendo as atividades preferidas: filmes (19,8%), ouvir músicas (18,9), esportes
(17,9%), leitura (17,9%), tocar instrumentos musicais (15, 1%), assistir TV (8,5%) e
outras atividades (1,9%). Como é restrito o uso de TV no seminário, este tipo de lazer
é pouco praticado, do mesmo modo a Internet, cuja utilização é somente para uma
parcela dos alunos.
TABELA 21 - Tipo de lazer.
Fonte: Dados coletados na pesquisa - Presidente Prudente, 2006
86. Como é seu relacionamento com a maioria dos colegas do seminário?
Taxa de resposta:
100.0%
Razoavelmente amigável
14 46.7%
Muito amigável
11 36.7%
Pouco amigável
5 16.7%
Nada amigável
0 0.0%
Total 30 100.0%
46.7
%
36.7%
16.7%
0.0%
88. Se sim, quais atividades pratica?
Taxa de resposta:
100.0%
Filmes
21 19.8%
Ouvir músicas
20 18.9%
Esportes
19 17.9%
Leitura
19 17.9%
Tocar instrumentos musicais
16 15.1%
Assistir televisão
9 8.5%
Outro
2 1.9%
Total 106 100.0%
19.8
%
18.9%
17.9%
17.9%
15.1%
8.5%
1.9%
99
Na avaliação das relações interpessoais, os seminaristas ficam bem
divididos entre aqueles que fazem uma avaliação positiva, aproximadamente 58,5%
(comunicativo, atencioso, espontâneo, próximo afetivo). Cerca de 41,5% definem-se
com sentimentos que caracterizam uma certa dificuldade no convívio (tímido,
cauteloso e inseguro); aspectos que merecem atenção, já que a vivência do
sacerdócio é eminentemente relacional.
TABELA 22- Relações interpessoais.
Fonte: Dados coletados na pesquisa - Presidente Prudente, 2006
Quando os seminaristas passam por alguma dificuldade no campo
afetivo (crise vocacional, sexualidade, relações interpessoais, etc.), recorrem
geralmente ao diretor espiritual (29,5%) ou a Deus (29,5%). Há outros que recorrem
ainda a um padre, amigo (leigo) ou alguém da família.
TABELA 23 - Dificuldades na vida afetiva.
Fonte: Dados coletados na pesquisa - Presidente Prudente, 2006
90. Nas relações interpessoais você se considera:
Taxa de resposta:
100.0%
Comunicativo
13 24.5%
Cauteloso
10 18.9%
Atencioso
8 15.1%
Tímido
8 15.1%
Espontâneo
6 11.3%
Inseguro
4 7.5%
Próximo a afetivo
4 7.5%
Total 53 100.0%
24.5
%
18.9%
15.1%
15.1%
11.3%
7.5%
7.5%
91. Ao vivenciar dificuldades no campo afetivo (crise vocacional, sexualidade, relações interpessoais, etc.) v
o
vezes a:
Taxa de resposta:
100.0%
Diretor Espiritual
13 29.5%
Deus
13 29.5%
Padre
7 15.9%
Amigos (leigos)
5 11.4%
Alguém da família
3 6.8%
Reitor
2 4.5%
Ninguém
1 2.3%
Seu confessor
0 0.0%
Nunca passou por dificuldades nesse campo
0 0.0%
Total 44 100.0%
29.5
%
29.5
%
15.9%
11.4%
6.8%
4.5%
2.3%
0.0%
0.0%
100
Foi perguntado aos seminaristas o significado de ter vocação
sacerdotal. De acordo com as respostas pode-se resumir que ter uma vocação
sacerdotal significa responder ao chamado de Deus, estar a serviço da Igreja,
atender os pobres em suas necessidades, realização pessoal, trabalhar na
evangelização.
Finalizando o questionário foi pedido aos alunos para tecer algum
comentário adicional além daquilo que já foi dito. Os que responderam esta pergunta
falaram do aspecto positivo da pesquisa, do seminário como um excelente local de
estudos; local que oferece bases humanas e espirituais para a formação sacerdotal e
exaltaram a figura de Cristo.
7.2 Dados Fornecidos pelo Questionário: Docentes:
7.2.1 Dados Pessoais e Familiares
A grande maioria dos professores está na faixa etária acima de
cinqüenta anos de idade. Isto evidencia certa maturidade, condição para
compreender os adolescentes e ajudá-los neste processo de formação. A grande
maioria é casada, pais e mães de família (63,2%).
TABELA 24 - Idade dos docentes.
Fonte: Dados coletados na pesquisa - Presidente Prudente, 2006.
Além da prática docente no seminário 84,2% dos entrevistados,
exercem outra atividade em outras escolas. O que não exercem função fora é porque
já se aposentaram.
1. Qual a sua idade?
Taxa de resposta:
100.0%
Média =
53.63
Desvio-padrão =
11.24
Mediana =
55.00
Repartição em 6 categorias de mesma amplitude
Menos de 42
4 21.1%
De 42 a 48
2 10.5%
De 49 a 55
6 31.6%
De 56 a 62
3 15.8%
De 63 a 69
2 10.5%
70 e mais
2 10.5%
Total 19 100.0%
21.1%
10.5%
31.6%
15.8%
10.5%
10.5%
101
Os professores informam onde trabalham: “Professora efetiva da rede
pública estadual E.E. Monsenhor Sarrion; professora do Colégio Anglo; professora de
matemática no Anglo; professora de Inglês no CCBEU; professora de geografia E.E.
Monsenhor Sarrion; professora partícular/revisora de teses, artigos; professora na
rede pública e particular; professora do ensino médio – Colégio Átomo; professor de
educação física do município de Presidente Prudente; PE II – E.E. Francisco Pessoa;
Estado, diretor de escola E.E. Francisco Pessoa; Escola Específica de Inglês;
Colégio Cristo Rei e Colégio Átomo; aulas particulares para concurso e vestibular/
aulas particulares em casa; assistente técnico jurídico – Diretoria de Ensino de
Presidente Prudente.”
Quase 80% dos professores têm experiência de mais de vinte anos
como docente. Na tabela abaixo, a respeito do nível de formação encontra-se com
formação de pós-graduação 47,4% - especialistas,10,5% - mestres 5,3% e
graduados 36,8%.
TABELA 25 - Formação Acadêmica.
Fonte: Dados coletados na pesquisa - Presidente Prudente, 2006
7.2.2 Atividades no Seminário Menor
Nesta parte foi pedido somente que indiquem as opções que fazem
parte da prática espiritual do professor. Quanto à opção religiosa dos professores,
percebe-se que os mesmos têm alguma prática religiosa. Quando perguntado sobre
as opções que compõem sua prática espiritual, responderam que além de
participarem semanalmente das missas, fazem outro tipo de oração, tais como
oração da manhã, oração da noite leitura bíblica, reza do terço, entre outras.
10. Nível de formação:
Taxa de resposta: 100.0%
Especialização 9 47.4%
Graduação 7 36.8%
Mestrado 2 10.5%
Doutorado 1 5.3%
Total 19 100.0%
47.4%
36.8%
10.5%
5.3%
102
TABELA 26 - Vida espiritual.
Fonte: Dados coletados na pesquisa - Presidente Prudente, 2006
7.2.3 Vida Acadêmica
Uma primeira questão colocada refere-se aos dois veículos de
informação que os professores mais utilizam. Percebe-se que utilizam tanto a TV
como os meios escritos como meios mais apropriados.
Com relação ao uso de computador 89,5% dos professores sabem usar
e aproveitam bem para desenvolver suas atividades acadêmicas.
A pergunta seguinte solicitou que os professores selecionassem o tipo de
leitura que mais gosta de fazer. Em primeiro lugar, aparece leitura de cunho
Informativas/atualidades 26%, seguida por ciências/descobertas e literatura 16%.
Leitura de cunho religioso (espiritualidade e religião) aparece com 18%. Pela prática
docente realizada no seminário com objetivo de formar padres este tipo de leitura
favorece o processo formativo, com debates e discussões.
15. Indique as opções que fazem parte de sua prática espiritual:
Taxa de resposta:
89.5%
Celebração da Missa
15 25.0%
Oração da noite
10 16.7%
Oração da manhã
9 15.0%
Leitura da palavra de Deus
8 13.3%
Oração do terço
7 11.7%
Leitura do cultivo espiritual
5 8.3%
Meditação
4 6.7%
Adoração do Santíssimo
2 3.3%
Outro
0 0.0%
Total 60 100.0%
25.0
%
16.7%
15.0%
13.3%
11.7%
8.3%
6.7%
3.3%
0.0%
103
TABELA 27 - Tipo de leitura.
Fonte: Dados coletados na pesquisa - Presidente Prudente, 2006
Quanto à avaliação a respeito da formação oferecida no seminário, as
respostas dos professores, como podem observar na tabela abaixo, bastante positiva
ficando entre os critérios excelente e boa qualidade. Uma das condições para a
avaliação positiva, é devido ao pequeno número de alunos por sala de aula. A sala
mais numerosa no momento é do 2º ano do Ensino Médio com dez alunos. O terceiro
ano do ensino médio tem dois alunos e o primeiro ano, apenas um aluno. Nestes
casos o acompanhamento do professor é mais personalizado. Diferente de uma sala
de escola da rede estadual, onde o número de alunos excede quarenta alunos por
sala.
TABELA 28 - Qualidade da formação no seminário.
Fonte: Dados coletados na pesquisa - Presidente Prudente, 2006
24. Qual tipo de leitura você mais gosta de fazer?
Taxa de resposta:
100.0%
Informativas/atualidades
13 26.0%
Ciências/descobertas
8 16.0%
Literatura
8 16.0%
Espiritualidade
6 12.0%
Política
6 12.0%
Religiosas
3 6.0%
Entretenimento (Música, história em quadrinho, etc.)
3 6.0%
Psicologia
1 2.0%
Esportes
1 2.0%
Novela
1 2.0%
Auto-ajuda
0 0.0%
Total 50 100.0%
26.0%
16.0%
16.0%
12.0%
12.0%
6.0%
6.0%
2.0%
2.0%
2.0%
0.0%
Como você avalia a formação oferecida no seminário, quanto a(o):
Excelente
N%
Boa
N%
Regular
N%
Insatisfatória
N%
Sem condições de
responder
N%
Total
N%
Humano afetiva
Espiritual
Comunitária
Intelectual
Pastoral
Total
9 50.0% 8 44.4% 0 0.0% 0 0.0% 1 5.6%
11 64.7% 3 17.6% 0 0.0% 0 0.0% 3 17.6%
7 41.2% 7 41.2% 0 0.0% 0 0.0% 3 17.6%
7 38.9% 7 38.9% 2 11.1% 0 0.0% 2 11.1%
6 35.3% 3 17.6% 1 5.9% 0 0.0% 7 41.2%
18 100.0%
17 100.0%
17 100.0%
18 100.0%
17 100.0%
40 46.0% 28 32.2% 3 3.4% 0 0.0% 16 18.4% 87 100.0%
p =
11.9%
; chi2 =
17.91
; ddl =
12
(
PS
)
104
Foi perguntado aos professores se apresentam o plano de ensino
(conteúdo, metodologia, avaliação, etc.), das disciplinas no início do semestre. 41,2%
nunca apresentam; 35,3% apresentam, na maioria das vezes e 17,6% apresentam
sempre. Na minoria das vezes apresentam apenas 5,9%.
TABELA 29 - Plano de ensino e metodologia
Fonte: Dados coletados na pesquisa - Presidente Prudente, 2006
A avaliação que os professores fazem de seus alunos do Ensino Médio,
o que chama a atenção é com referência à formação com que chegam ao seminário.
Como a origem dos alunos é quase na sua totalidade de escolas da rede pública
64,7% são considerados alunos de formação regular, 17,6% estão na faixa de
formação ruim.
Para melhorar o desempenho dos alunos, tanto do Ensino Médio como
do Propedêutico, os professores deram as seguintes sugestões: que houvesse um
estágio para os alunos antes de seu ingresso no Ensino Médio, ou um estudo
paralelo à série, de disciplinas que mais lhe possam causar dificuldades; que
houvesse monitores da mesma série para apoiar os que se encontra em dificuldades;
participação em palestras; maior uso da biblioteca, vídeos e sala de informática.
7.2.4 Integração Psicoafetiva
Com relação à avaliação de si os professores se consideram pessoas
que cultivam amizades verdadeiras (94,7%). O modo como os professores vivem
suas relações humanas afetivas é parte importante da pesquisa. Um educador, por
43. Você apresenta o plano de ensino (conteúdo, metodologia, avaliações, etc) das disciplinas no iníc
i
Taxa de resposta: 89.5%
Nunca apresento 7 41.2%
Sim, na maioria das vezes6 35.3%
Sim, sempre 3 17.6%
Sim, na minoria das vezes1 5.9%
Total 17 100.0%
41.2
%
35.3%
17.6%
5.9%
105
sua vocação, é uma pessoa que deve estar constantemente em relação com os
outros, principalmente com seus educandos.
TABELA 30 - Avaliação do relacionamento interpessoal.
Fonte: Dados coletados na pesquisa - Presidente Prudente, 2006
Isto fica bem evidente quando perguntados sobre o relacionamento com
os seminaristas 89,5% têm um relacionamento muito amigável e 10,5%
razoavelmente amigável.
Assim como os alunos, os professores também costumam cultivar
tempo para o lazer. Sendo o tempo ocupado na sua maior parte com leituras,
seguidos de assistir filmes e TV. Na verdade são atividades muito ligadas à
informação e formação intelectual. Ou seja, ler obras literárias é mergulhar em
mundos ricos de experiências que possibilita realizar.
Os professores fazem uma avaliação bem positiva de si. Quando
questionados sobre suas relações interpessoais se consideram 32,4% comunicativos;
29,4% atenciosos; 8,8% próximos e afetivos e espontâneos. Em torno de 20,5%
definem-se com tímidos, cautelosos e inseguros nas relações interpessoais, que
revelam um grau de alguma dificuldade no convívio.
TABELA 31 - Relações interpessoais.
Fonte: Dados coletados na pesquisa - Presidente Prudente, 2006
59. Você se considera uma pessoa:
Taxa de resposta: 94.7%
Que possui poucos amigos, mas estes são verdadeiros 11 61.1%
Que possui muitos amigos verdadeiros 7 38.9%
Que tem dificuldade para relacionar-se (Que não cultiva amizades)0 0.0%
Que possui muitos conhecidos, mas não tem amigos verdadeiros0 0.0%
Total 18 100.0%
61.1
%
38.9%
0.0%
0.0%
64. Nas relações interpessoais você se considera:
Taxa de resposta: 100.0%
Comunicativo 11 32.4%
Atencioso 10 29.4%
Cauteloso 3 8.8%
Próximo a afetivo 3 8.8%
Espontâneo 3 8.8%
Tímido 3 8.8%
Inseguro 1 2.9%
Total 34 100.0%
32.4
%
29.4%
8.8%
8.8%
8.8%
8.8%
2.9%
106
Quando perguntados sobre a vivência de dificuldades no campo afetivo (crise
vocacional, sexualidade, relações interpessoais, etc.), 37% recorrem a Deus quando
se vêem nestas situações difíceis. Outros procuram ajuda da própria família (22,2%).
Mas há aqueles que procuram ajuda a um amigo ou religioso.
TABELA 32 - Dificuldades na vida afetiva.
Fonte: Dados coletados na pesquisa - Presidente Prudente, 2006
Um outro elemento importante nesta pesquisa foi buscar entre os
professores a opinião sobre o significado de uma pessoa ter vocação sacerdotal.
Aqui revela a opinião do professor a respeito daqueles que estão contribuindo para a
formação. Também revela o tipo de padre que esperam formar. As respostas dadas
pelos professores sobre vocação sacerdotal, em síntese, foram as seguintes: -
serviço a Deus, serviço aos homens, opção de vida, trabalho missionário.
Foi pedido aos professores que comentassem sobre os principais
motivos pelos quais ocorrem as desistências dos alunos no seminário. As respostas
foram resumidas em cinco categorias:
1. Falta de vocação;
2. Dificuldades em viver longe da família;
3. Dificuldades em acompanhar as aulas;
4. Outras motivações: incertezas, inseguranças.
5. Os professores também puderam emitir um comentário geral sobre os
seminaristas, ou seja, como os vê. Assim os definiram:
a. Como pessoas bem educadas e integradas;
b. Pessoas equivocadas quanto à vocação sacerdotal e sobre o futuro.
65. Ao vivenciar dificuldades no campo afetivo (crise vocacional, sexualidade, relações interpessoais, etc.) você recorre, na maioria
d
vezes a:
Taxa de resposta: 89.5%
Deus 10 37.0%
Alguém da família 6 22.2%
Amigos (leigos) 4 14.8%
Padre 3 11.1%
Diretor Espiritual 2 7.4%
Nunca passou por dificuldades nesse campo 1 3.7%
Ninguém 1 3.7%
Seu confessor 0 0.0%
Reitor 0 0.0%
Total 27 100.0%
37.0%
22.2%
14.8%
11.1%
7.4%
3.7%
3.7%
0.0%
0.0%
107
7.3 Análise das Entrevistas
Foram realizadas entrevistas com dez alunos do seminário em questão
(43,5%) do total dos alunos. Não foi possível entrevistar os demais, em virtude da
indisponibilidade de horário dos próprios alunos, pois os mesmos estavam em
período de provas e outras atividades. Pois, quando se propôs a realização das
entrevistas os alunos já estavam nos últimos dias do ano letivo. Alguns estavam
ocupados na organização interna dos trabalhos da casa, outros na preparação para o
vestibular (Filosofia), e outros ainda, se preparando para a mudança para outro
seminário.
As entrevistas tiveram como finalidade a obtenção de informações
sobre o cotidiano na sala de aula; como os seminaristas vêem sua formação
acadêmica, sua relação com os professores e, enfim, com o processo formativo.
(Anexo – 3)
Os entrevistados foram unânimes em afirmar que a formação oferecida
no seminário é de excelente qualidade. Comparada com as escolas públicas e com
as escolas particulares, eles destacaram a relação professor-aluno, o número
pequeno de alunos por sala de aula, a qualificação dos docentes, o incentivo ao
estudo e à leitura, o sistema de avaliação e outros pontos relevantes para a formação
da pessoa para a vida cristã e cidadania.
Um seminarista assim se expressa:
“Coisas que aprendi aqui nunca aprenderia lá fora. Vim de outro
seminário, mas aqui é bem melhor.”
Outro se expressa assim:
“Aqui no seminário é completamente diferente da escola pública. Na
minha sala, por exemplo, são dez alunos. Dá pra pegar tudo aquilo que os
professores passam. Os professores são altamente qualificados. Alguns são
aposentados, têm uma bagagem imensa. Vieram das melhores escolas de
Presidente Prudente.”
Mais adiante o mesmo aluno diz:
“Vim de uma escola pública e lá não havia nenhuma cobrança e muito
menos incentivo à leitura. A leitura nos abre um horizonte, nos faz enxergar melhor o
mundo. Nos faz entender bem o nosso papel de cidadão. Ajuda até a entender as
disciplinas na área de exatas.”
108
Outro ainda diz:
“Quando cheguei ao seminário tive uma grande surpresa, eu era o único
aluno do 1º ano do ensino médio. Num primeiro momento fiquei bastante
preocupado, pois vim de uma escola pública com mais de quarenta alunos numa
sala. De repente me vi só em uma sala com diversos professores ensinando só para
mim. Me sentia mal no início, não estava acostumado a ter aulas particulares. Pensei
até em sair.”
Mais um exemplo:
“Posso dizer que é a melhor escola que existe em Pres. Prudente,
apesar de não conhecer as outras escolas. Digo isto pela qualidade de ensino, pelo
corpo docente, pelo ambiente, tamanho das salas e pelo objetivo que os alunos estão
aqui. Pois todos, ou quase todos, que estão aqui sabem que é para estudar mesmo.”
Com relação à metodologia de ensino utilizada pelos professores
agrada muito aos alunos, pois estes mencionam como ponto alto na transmissão dos
conteúdos e assimilação dos mesmos. É sabido que o ensino secundário é o lugar da
verdadeira cultura geral, que estabelece o diálogo entre a cultura das humanidades e
a cultura científica. Portanto, o educador é aquele permite que o aluno se insira no
processo de abertura ao mundo com toda sua complexidade e ali se veja como
protagonista de sua história. Desse modo, será capaz de refletir criticamente sobre o
seu saber e dirimir as dúvidas que eventualmente aparecem.
Algumas falas dos seminaristas apontam para a qualidade da relação
professor-aluno, bem como sua maneira de transmitir conhecimento:
- “Bom! Quanto à formação recebida aqui não há que se reclamar. A
didática dos professores é excelente. Posso dizer que 99% são pessoas que
ensinam aquilo que vivem. São amantes da educação.”
- “Eles nos proporcionam tanto um bom aprendizado como uma grande
amizade. São dinâmicos em suas aulas, não brincam não. O professor, aqui dá uma
aula que entrosa”.
-O método das aulas é bem diversificado, nos ajuda muito até mesmo
a lidar com nossas dificuldades.”
- “Quanto ao ensino, os professores conseguem trabalhar legal. Não
são atrapalhados por bagunça, isso ajuda muito na transmissão dos conteúdos, bem
como no nosso aprendizado. A didática é bem diversificada. Alguns professores
gostam de aulas expositivas, outros gostam de encher a lousa, outros aulas práticas,
109
métodos bem diversificados. Alguns exigem a nossa participação, querem que a
gente fale para perder a timidez. Querem que aprendamos a nos comunicar.”
Os conteúdos curriculares são programados de acordo com o interesse
dos alunos, sendo que muitas vezes sugeridos temas ou assuntos pelos próprios
alunos. Não se reduz a uma mera lista de assuntos pré-determinados e que precisam
ser rigorosamente passados. Há certa abertura para a participação responsável onde
se articulam os saberes, com a didática, com as técnicas e os recursos utilizados no
processo ensino-aprendizagem.
Os seminaristas entrevistados falam de sua participação e interesse:
- “A gente consegue abrir uma visão para o mundo. A biologia, por
exemplo, a gente consegue ver o outro lado da disciplina. Onde se apresenta uma
supervalorização da vida e não apenas conteúdo curricular.”
- “É legal, porque a gente sugere para o professor alguns conteúdos de
nosso interesse e eles trazem para a sala de aula. Algumas vezes são temas da
atualidade. A aula fica bem mais dinâmica porque a gente participa da escolha dos
assuntos.”
- “As disciplinas do propedêutico são mini-cursos. A gente vê sobre
tudo: Família, História da Arte, História Geral, Informática, Ecologia, etc. É legal
porque nós opinamos sobre os assuntos, ou seja, a gente escolhe o que quer
estudar.”
De acordo com a Lei de Diretrizes Básicas da Educação Nacional n.
9394/96, sobre a avaliação escolar, nota-se que se trata de um processo pelo qual se
observa, se verifica, se analisa, se interpreta um determinado fenômeno (construção
do conhecimento), situando-o concretamente quanto aos dados relevantes,
objetivando uma tomada de decisão em busca da produção humana. Neste sentido,
avaliar um aluno consiste basicamente conhecer o nível de desempenho em forma
de constatação da realidade provocando o desenvolvimento do educando.
Com relação ao método de avaliação aplicado no seminário em
questão, assim se expressam os alunos:
- “A avaliação é de fato um processo legal de medir nossos
conhecimentos. Não ficam com dó da gente não. Querem o nosso bem e a nota é
sempre o jeito de nos avaliar e também eles.”
- “O sistema de avaliação é legal. Alguns professores exageram
exigindo mesmo porque querem o máximo da gente. Alguns dão provas sem a gente
110
conseguir entender tudo. Por isso, não dá para perder tempo. Há aqueles que não
dão provas, avaliam a gente de muitas outras formas: participação na sala, trabalhos,
etc. Eu não estava acostumado a isto não! Mais acho legal.”
- “Somos avaliados constantemente. Não tem moleza não. Somos
avaliados de diversos modos. Alguns professores preferem a tradicional prova
escrita. Outros, chamada oral, outros diversificam entre trabalhos escritos, orais,
apresentação de seminário e discussão de temas. Outros avaliam o nosso
desempenho a cada aula. Eu gosto, porque a gente aprende muito assim.”
- “O professor espera que a gente aprenda mesmo o conteúdo. O
professor de Filosofia, por exemplo, percebeu que os alunos não foram bem na
avaliação, e daí sua cara de decepção.”
- “Tem professor que fica triste quando os alunos não vão bem em sua
disciplina. A avaliação é sempre uma prática daquilo que exercitamos em sala.”
Ser professor é ser amigo dos alunos. É percebê-los como pessoas que
estão construindo identidade. Principalmente no ambiente de seminário, onde se
processa diariamente o discernimento vocacional. É indispensável ter consciência de
que o aluno vai ser aquilo que o docente ajudar a edificar. O sentimento não se
sobrepõe à razão, mas complementa, torna-a eficaz, consistente.
Na presente pesquisa fica evidente a relação professor-aluno no campo
afetivo que se estabelece na relação paterna-materna.
- “Há uma relação paterna e materna com os professores. Eles são
compreensivos e carinhosos, se ligam muito com a nossa vida.”
- “Encontrei aqui verdadeiros pais. Os professores são atenciosos com
a gente. Não são estressados e nem grosseiros, parecem que estão sempre de bem
com a vida. Em casa, meus pais se separaram e eu nem sei muito bem o que é ter
uma verdadeira família. Mas aqui encontrei nos professores um carinho, um diálogo,
um conselheiro que em casa não tive.”
- “Na relação com a gente não é só trabalho, e nem professor e aluno,
mais amigos mesmo.”
- “A relação com eles é tão bacana que não dá nem para chamá-los de
professor. É mais fácil chamar de pai, mãe irmão... “
Um dos maiores incentivadores da formação do aluno-leitor é o
professor. Seu papel, enquanto sujeito/agente de transformação social é o de
contribuir, decisivamente, para que as práticas de leitura estejam voltadas para
111
temáticas de interesse do aluno. O caminho é através do seu testemunho vivo e
pelos comentários em relação às leituras que fez e faz.
Alguns seminaristas destacaram a importância do hábito de leitura que
adquiriram no seminário:
- “Vim de uma escola pública e lá não havia nenhuma cobrança e muito
menos incentivo à leitura. A leitura nos abre um horizonte, nos faz enxergar melhor o
mundo. Nos faz entender bem o nosso papel de cidadão. Ajuda até a entender as
disciplinas na área de exatas.”
- “Aqui eu aprendi a estudar. Antes não tinha hábito de leitura, passava
longe de jornais e revistas, aliás, nem tinha condições de comprar. Aqui me delicio
com as notícias dos jornais. Como a TV é restrita, não temos muito acesso, o jeito é
partir para a leitura dos jornais e revistas para estar bem informado.”
A escola promove o desenvolvimento humano quando garante a
qualidade da aprendizagem não em nível quantitativo mas, sobretudo, na sua
qualidade de formação de valores humanos.
Quanto à formação humana oferecida no seminário assim se
expressam alguns alunos:
- “A formação pessoal que engloba a vida comunitária, intelectual,
espiritual, só aqui mesmo. Nos mini-cursos temos grandes lições de cidadania, de
justiça, de ética, de muita coisa útil para a vida do ser humano. Tudo aquilo que
proporciona uma relação madura e respeitosa com os outros.”
- “O que mais valorizo no seminário é a formação da pessoa. A reflexão
sobre a vida, sobre o sacerdócio que pretendo para o meu futuro.”
- “A caminhada no seminário me proporcionou um amadurecimento em
todos os sentidos. O fundamental aqui é a formação humana. Dá-se uma importância
muito grande à vivência comunitária. Saber viver com as diferenças do outro e
respeitá-lo.”
As falhas apontadas pelos seminaristas entrevistados são referentes à
vida comunitária. Como o seminário é, geralmente, um local de moradia e estudos, a
vida comunitária torna-se às vezes um desafio para muitos.
Assim apontam as dificuldades:
“Eu pensava que no seminário todos fossem ‘anjinhos’. Mas vi que não
é assim. No começo assustei, mas depois com o tempo e a convivência fui
entendendo que as pessoas têm seus problemas e dificuldades iguais aos meus.
112
Aqui a gente encontra pessoas humanas e alguns bem complicados, difícil de
aceitar.”
- “Com relação à convivência não é tão fácil, pois, são vinte e três
pessoas todo dia, toda hora. Mais no geral o clima é muito bom.”
- “Agora, com relação ao clima aqui da casa é um pouco complicado.
Tem gente aqui que não tem vocação, só quer estudar e às vezes não colaboram
muito com o bom andamento da formação. Muitos vivem mascarados, querem
enganar os formadores.”
Outros apontam falhas na formação pastoral. O despertar vocacional
geralmente acontece na vida comunitária, na relação com as pastorais e movimentos
eclesiais. Depois de um período de entrosamento e participação pastoral, muitos
adolescentes e jovens decidem fazer experiência vocacional ingressando no
seminário. Como o objetivo do seminário menor é voltado para o aprofundamento da
vocação e, especificamente, ao discernimento da vocação sacerdotal, a ênfase recai
na formação espiritual e aos estudos preparatórios ao seminário maior (Filosofia e
Teologia). O exercício pastoral é delegado aos seminaristas maiores.
Neste sentido alguns seminaristas expressam sua vontade de estar
inserido na comunidade exercendo algum trabalho:
- “Só sinto falta de sair mais para a pastoral. Durante o ano letivo a
gente não tem muito contato com a pastoral das paróquias, somente nas férias. Eu
acho muito pouco.”
- “Saí de uma comunidade onde vivia em contato com a pastoral da
comunidade. Foi a partir daí que surgiu a minha vocação. Aqui não podemos fazer
pastoral”
- “Quando comecei a freqüentar a vida da minha paróquia, me envolvi
com as pastorais. Ia às reuniões dos adolescentes, dos jovens, era muito bacana. Foi
lá que comecei o meu discernimento vocacional. Estava apaixonado pela causa da
Igreja. Mais esfriou um pouco aqui, acho que é pela falta de um trabalho pastoral. Sei
lá? Mesmo agora, quando vou de férias eu ajudo na animação das missas, dos
grupos de reflexão, faço um pouco do que posso e gosto.”
A apresentação dos dados acima foi feita de forma descritiva para um
visualização bem clara das informações consideradas relevantes.
113
8 CONCLUSÃO
A presente pesquisa procurou, através de uma experiência de formação
sacerdotal num Seminário Menor Diocesano, detectar a importante influência do
Concílio Vaticano II no processo formativo dos candidatos ao sacerdócio. Preocupou
também em detectar as mudanças curriculares do curso em questão (Ensino Médio)
e as suas repercussões na educação eclesiástica dos jovens seminaristas.
Através da análise realizada nos capítulos anteriores, bem como
instrumentos utilizados: observação, roteiros das entrevistas e questionários, pode se
concluir esta pesquisa com a indicação de algumas orientações para a ação
formativa.
A primeira proposta se refere à Pastoral Vocacional, como serviço de
recrutamento e seleção dos candidatos ao seminário.
Ressalta-se aquilo que os documentos eclesiais (CNBB) falam a
respeito dos candidatos ao seminário. Só podem ser admitidos quem tiver disposição
para ser sacerdote, para dedicar sua vida a essa missão, e para concentrar todas as
suas energias na preparação pessoal ao sacerdócio. O jovem deve sentir claramente
a sua firme motivação para chegar a ser padre. Não sendo isto observado a
formação pode fracassar, pois, nenhum programa pode ter êxito, se o objetivo
primeiro não for levado em consideração. Se o seminarista não estiver motivado a se
formar para ser padre, e ficar sempre numa postura de dúvida, incerteza, indecisão,
não está “maduro” para enfrentar a educação formal. Daí o papel da Pastoral
Vocacional, em acompanhar, orientar e estimular iniciativas que valorizem a decisão
vocacional como serviço à Igreja e não como ascensão social ou busca de uma
posição privilegiada na sociedade e na Igreja.
O período de formação, sobretudo, no Seminário Menor é o momento
do aprimoramento da vocação cristã e, especificamente, ao discernimento da
vocação presbiteral. Por isso, é de fundamental importância que se propiciem no
seminário, contatos regulares com a família e com a comunidade de origem, a fim de
ajudá-los no processo de discernimento e decisão.
114
O Seminário não deve ser concebido como um ambiente fechado sobre
si mesmo, mas como lugar que sustenta e orienta o processo pedagógico de
discernimento e formação enraizado na comunidade eclesial mais ampla.
Este processo pedagógico compreende diversos componentes:
formação humana, psicológica, espiritual, intelectual e pastoral. Portanto, os
formadores devem cuidar de estabelecer critérios formativos que levem ao equilíbrio
e a integração entre os diversos aspectos da formação.
Desde a Idade Média principalmente com as orientações do Concílio de
Trento, os seminários estavam preparados para receber os vocacionados, o mais
cedo possível, afim de “tirá-los” do mundo para melhor formá-los dentro dos critérios
estabelecidos pela Igreja. Deve-se considerar que os jovens que entram hoje no
seminário, já tem sua personalidade formada. Vêem de uma realidade fortemente
influenciada pelos meios de comunicação, criam a partir daí modelos próprios de
vida; alguns já tiveram experiência de trabalho; outros já tiveram experiências
afetivas no namoro.
Para o jovem integrar-se a um ambiente de formação como o seminário,
deve significar uma ruptura com sua vida anterior. Trata-se também de uma ruptura
material: mudanças de lugar, modo de viver, de horário, de estilo de vida, de hábitos.
Enfim, o seminarista, de certa forma abandona sua vida anterior. Imagina chegar ao
seminário e encontrar “anjos” como seus amigos. Na realidade encontra outros
jovens como ele, com suas limitações, pecados, imperfeições. Num primeiro
momento ocorre o choque em deparar-se com o “novo”. O processo de adaptação vai
depender de seu esforço pessoal e meta futura: ser padre.
O ser padre, muitas vezes, se constitui no imaginário do jovem como
algo ilusório. O significado de uma vocação sacerdotal fica na imagem do sagrado:
“viver o dom do chamado de Deus”; “ter uma dádiva de Deus”; “servir a Deus”; “Meu
grande amor a Jesus Cristo que deu a vida por nós”.
Destas considerações decorrem algumas conseqüências práticas que a
experiência recomenda. Muitos que entram no seminário fazem questão de dizer que
sua decisão foi consciente, fruto de uma experiência pastoral e vontade de mudar a
realidade atual da Igreja e sociedade. Por isso, mesmo sujeitam-se a todas as
115
normas disciplinares impostas no período de formação e na vida futura, como por
exemplo, o celibato sacerdotal.
Falando em determinação firme de chegar a ser sacerdote, exige do
seminarista a capacidade de concentrar todas as suas energias para realizar tal
objetivo. Muitas vezes, o candidato não consegue tal decisão por motivos já
mencionados acima, a ruptura.
Além da ruptura com o espaço material, há também a ruptura com as
atividades pastorais anteriores. A grande maioria dos seminaristas já tinha assumido
tarefas pastorais em movimentos de adolescentes, juventude, Renovação
Carismática Católica, e outros. Os mesmos imaginam o seminário como continuação
destas tarefas, na realidade o Seminário Menor em questão não tem nenhuma
iniciativa neste nível. A prioridade está na formação intelectual e cultural.
Em relação à vida acadêmica, o Concilio Vaticano II, recomenda alguns
cuidados quanto à organização dos estudos no seminário. Sugere a reformulação
dos métodos didáticos e a “unidade e solidez” da formação intelectual. Este objetivo
não se alcança somente através de currículos e programas cuidadosamente
elaborados. Mas elaborando um projeto pedagógico que tenha o perfil da Igreja atual
e do padre desejado.
A Interdisciplinaridade e Contextualização formam o eixo organizador
da doutrina curricular expressa na LDB. Para que a prática docente possa ser
realizada com eficiência não pode estar num plano individual e fechada em si. Para
que ocorra a Interdisciplinaridade e Contextualização é necessário que o corpo
docente trabalhe de forma integrada, num processo coletivo e permanente de
planejamento e revisão de ensino de avaliação de seus resultados, de atualização de
métodos e programas. Para dinamizar este processo é indispensável um
coordenador de estudos e reuniões periódicas do corpo docente.
Os professores tenham em conta que também são formadores. Para
isso, não devem se fechar numa mera preocupação acadêmica com sua própria
disciplina, mas viva em espírito eclesial, participando do processo formativo. Isto é,
que estejam engajados nas pastorais e movimentos da Igreja católica.
Com relação à metodologia do trabalho docente no Seminário Menor
pode-se notar que a maioria dos professores apresenta o plano de ensino (conteúdo,
116
metodologia das aulas, avaliação do conteúdo); bem como foi possível observar que
os métodos didáticos utilizados prevêem uma oportuna e equilibrada alternância de
aulas expositivas e de trabalhos dos alunos, em que estes são exercitados
gradativamente no estudo, na pesquisa, no debate das questões intelectuais. Porém,
faltam encontros pedagógicos para que o planejamento escolar contemple um maior
entrosamento entre os conteúdos curriculares. Ou seja, que a Interdisciplinaridade e
Contextualização norteiem toda organização dos conteúdos curriculares num
constante diálogo entre os docentes.
Portanto, se propõem além dos encontros pedagógicos periódicos,
capacitação e atualização do corpo docente que os leve a rever sua prática sobre o
que e como ensinar seus alunos. Alguns eixos temáticos poderão auxiliar neste
processo de capacitação do corpo docente, como por exemplo, Doutrina Social da
Igreja, temas relacionados à Fé e Política, Cidadania, Bioética, entre outros.
Em atividades em outros ambientes educativos, a partir da formação
doutrinária básica (catequese), os estudantes exercitam sua capacidade crítica na
análise de situações e problemas concretos da atualidade, como por exemplo,
questões políticas, econômicas e sociais. São levados à pesquisa e compreensão da
cultura popular, através de celebrações afro-cristãs, por exemplo.
Outro resultado obtido nesta pesquisa se refere ao uso da biblioteca. Os
professores são grandes incentivadores da leitura e a pesquisa. Eles propõem, em
seus planos, diversas atividades que fazem com que os alunos em sua totalidade
freqüentem a biblioteca com certa periodicidade. Neste período de formação o aluno
deve ser educado ao uso da biblioteca e dos acervos de pesquisa científica
adequados ao seu programa de estudos e ao seu futuro ministério.
Através da análise dos dados obtidos na pesquisa, foi possível detectar
algumas falhas: uso do laboratório de Informática e a ausência de um laboratório
para estudo das línguas estrangeiras. Quanto ao uso do laboratório de Informática é
vedado aos alunos do Ensino Médio. Hoje é indispensável na formação acadêmica o
manuseio deste veículo de informação que antes só se encontravam em livros e
enciclopédias, quase sempre acessíveis a poucos, agora podem ser buscados de
forma mais fácil e livre.
117
As tecnologias são boas, dependem apenas do uso que se fazem
delas. Hoje é recomendado que os professores desenvolvam novas competências
quanto ao uso das novas Tecnologias de Comunicação e Informação. Algumas
considerações: O uso das novas tecnologias na escola pode melhorar a didática e
variar as metodologias de ensino; colaborar com os alunos na busca, comparação e
análise da informação disponível na internet e em outras fontes; planejar a inserção
das novas tecnologias como parte do conteúdo programático, não apenas como um
recurso didático, mas também em relação à própria matriz curricular, tendo em vista o
caráter interdisciplinar que a tecnologia assume em relação aos demais campos do
conhecimento; incentivar os alunos a usarem a nova tecnologia na gestão, crítica,
síntese e apresentação dos resultados do processo de aprendizagem.
Diante disso, propõe-se uma reestruturação da parte diversificada da
grade curricular do Ensino Médio do Seminário Diocesano em questão nesta
pesquisa.
Atualmente são oferecidas aos alunos das três séries do Ensino Médio
quatro aulas semanais de Língua Estrangeira Moderna: sendo duas aulas semanais
de Francês e duas aulas semanais de Inglês. Podendo, ser substituído uma delas por
Noções Básicas de Informática. Esta proposta se justifica porque os processos
tecnológicos compõem os temas por excelência que permitem contextualizar os
conhecimentos de todas as áreas e disciplinas no mundo do trabalho.
Com relação ao material disponível para o ensino de idiomas é
deficitário faltando: laboratório de línguas, materiais didáticos como, por exemplo: uso
de internet, tapes e gravador, livros didáticos, textos atuais, filmes, músicas, e outros.
Nas entrevistas, aparecem sempre reclamações a respeito das dificuldades ao
aprendizado, sobretudo da língua latina, língua oficial da Igreja.
Logicamente as falhas apontadas pela pesquisa deverão ser sanadas
para aperfeiçoamento curricular, a fim de proporcionar uma educação para melhor
agir na sociedade em contínua transformação.
Conteúdos curriculares não são fins, são apenas instrumentos para
uma educação de qualidade.
A escola precisa organizar-se em torno de poucos, mas significativos
eixos temáticos em torno dos quais giram as atenções na busca de conteúdos
118
necessários. Eixos que não podem estar alheios num projeto político-pedagógico da
escola hoje: o cotidiano, educação para uma cidadania efetiva, a construção de uma
prática dialógica e a afirmação incondicional da dignidade humana.
Dentro das propostas das Diretrizes Curriculares Nacionais para o
Ensino Médio, há um espaço para engendrar novas propostas pedagógicas levando
em consideração às características dos alunos e de seu ambiente sócio-econômico
recorrendo, entre outros recursos, à interdisciplinaridade e à contextualização como
recursos para lograr esse objetivo. Porém, deve-se ter sempre em mente que a parte
diversificada possibilitando a abertura para estas novas propostas pedagógicas não
pode ser organizada criando divórcio ou dualidade com a base nacional comum.
A parte diversificada poderá ser desenvolvida por meio de projetos e
estudos focalizados em problemas selecionados pela equipe escolar, de forma que
os mesmos sejam organicamente integrados ao currículo, superando definitivamente
a concepção do projeto como atividade “extra” curricular.
Considerando que as atividades desenvolvidas no ambiente
educacional no Seminário funcionam em período integral e excedem o previsto pela
legislação vigente, cabe ainda incorporar à grade curricular Noções de Sociologia,
pois a função do Seminário é formar sacerdotes e homens que irão atuar na
realidade social.
Portanto, se justificam esta proposta de estudos de sociologia,
necessários ao exercício da cidadania, para cumprimento do que manda a letra da
lei. No entanto, é indispensável lembrar que o espírito da LDB é muito mais generoso
com a constituição da cidadania e não a confina a nenhuma disciplina específica,
como poderia dar a entender uma interpretação literal da recomendação do inciso III
do parágrafo primeiro do Artigo 36. Neste sentido, todos os conteúdos curriculares
desta área, embora não exclusivamente dela, deverão contribuir para a constituição
da identidade dos alunos e para o desenvolvimento de um protagonismo social
solidário, responsável e pautado na igualdade política.
Outra proposta de inclusão de disciplinas na parte diversificada da
grade curricular do Seminário é a organização de um Laboratório de Relações
Interpessoais, possibilitando a utilização dos códigos que dão suporte à linguagem.
119
Esta proposta se justifica porque uma das funções do sacerdote é a pregação, ou
seja, a comunicação da doutrina da Igreja e principalmente a proclamação da Palavra
de Deus. Portanto, o uso da linguagem não visa apenas o domínio técnico, mas
principalmente a competência de desempenho. Ou seja, o saber usar a linguagem
em diferentes situações ou contextos, considerando inclusive os interlocutores ou
públicos.
O seminário é uma escola, espaço de conflitos existenciais, onde vidas
humanas se constroem, onde convivem inteligências múltiplas, onde as buscas de
realizações de vidas não podem circunscrever-se em torno de alguns conteúdos pré-
programados.
Além da preocupação com a formação dos seminaristas para o futuro
exercício do sacerdócio, o Concílio Vaticano II, aponta a necessidade de uma
coerente formação dos formadores.
A preparação dos educadores (reitor, diretor espiritual, professores),
exige um investimento, humano e financeiro. Neste sentido, é de fundamental
importância, que se evite a improvisação na escolha de formadores e professores.
Além da capacidade intelectual e domínio do conteúdo a ser ensinado, deve-se levar
em consideração a disposição para trabalhar em equipe; maturidade humana e
equilíbrio psíquico; disponibilidade para ouvir e dialogar; atitude positiva e crítica
diante da cultura atual; espírito de comunhão, etc. (Diretrizes sobre a Preparação dos
Educadores nos Seminários, 1994).
Uma última contribuição que a presente pesquisa pretende oferecer,
quando se pretendeu investigar a influência do Concílio Vaticano II como proposta de
renovação do método formativo dos seminaristas, candidatos ao sacerdócio, refere-
se à formação pastoral.
O Concílio Vaticano II apresentou um modelo de Igreja utilizando os
termos “Povo de Deus” e “Corpo de Cristo”, para fortalecer a concepção de igreja
como comunidade lugar de comunhão. Portanto, trata-se de uma visão de igreja
aberta, voltada para os problemas atuais da pessoa.
Todos os documentos da Igreja que surgiram após o Concílio Vaticano
II sobre a formação sacerdotal, têm como horizonte de fundo um projeto de formação
pastoral. Isto é, trazem implícito o perfil de padre que se quer formar iniciando no
120
seminário menor, chegando ao término de um processo formativo, que acontece nos
anos de Seminário Maior. Uma formação contínua, visando à unidade de formação.
Desse modo a vida do Seminário como uma longa caminhada
formativa, deve levar o futuro sacerdote a encontrar as bases sólidas para a vivência
humana, psicológica, espiritual, intelectual e pastoral.
Todo seminarista deve ser incentivado e encorajado a engajar-se num
trabalho pastoral fora do seminário. Para isto, a formação pastoral deve levar à
identificação com as opções da igreja local, bem como transcender os limites da
própria diocese, nação e rito, realizando o diálogo religioso ou ecumenismo a fim de
ajudar as necessidades próprias da Igreja.
Considerando que a parte diversificada de uma organização curricular
visa à construção da identidade da escola, ou seja, pode ser aquilo que identifica a
“vocação” da escola e a diferenciará entre si, na busca de organizações curriculares
que efetivamente respondam à heterogeineidade dos alunos e às necessidades do
meio social e econômico, é de suma importância que o seminário ofereça aos seus
alunos uma prática pastoral. Neste sentido propõem-se atividades de extensão
relacionadas à Pastoral da Igreja. Estas atividades poderão ser desenvolvidas
principalmente no tempo em que se celebram as festas litúrgicas: Natal, Páscoa,
Pentecostes, Festa dos Santos Padroeiros e outras.
Trata-se de formar homens que sejam pastores. Homens disponíveis a
viver a comunhão, isto é, serem capazes de viver em comunhão de vida, de bens, de
ação pastoral, de ação evangelizadora, com o bispo, com os demais sacerdotes e
também com os agentes de pastoral.
Enfim, o seminarista, durante os anos de formação no seminário precisa
sair apto para assumir a realidade humana com toda sua complexidade. A Igreja
deve estar presente em todos os dramas humanos e tornar-se ativa na vida dos sem
terra, dos sem teto, dos desempregados, dos presidiários, dos hospitais, e outros, na
vida da cidade e do campo, educando o homem para a luz do Evangelho e avaliar
criticamente a sociedade onde está inserida, como sujeito, ator e cidadão e fiel à
Igreja de Cristo.
121
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127
ANEXOS
.
128
: ________
ENSINO - SEM INÁRIO - ALUNOS
DADOS PESSO A IS E FAM ILIARES
1. Qual a sua idade?
2. Naturalidade:
Escreva a cidade e o estado.
3. Você está cursan do:
1o ano do Ensino M édio 2o ano do Ensino M édio
3o ano do Ensino M édio Propedêutico
Ex-aluno
5. Onde passou a MAIOR PARTE de sua infância?
Na Zona Rural Numa vila/cidade com menos de 10.000 habitan te s
Numa cidade com m enos de 20.000 habitantes Numa cidade de 20.000 a 100.000 habitantes
Numa cidade com m ais de 100.000 habitantes
6. Seu pai trab alha (Caso seja falecido ou aposentado, indique onde trabalhava):
Na agricultu ra N o co m é rc io
Na indústriaOutros
7. Se 'Outros', defina:
8. Sua m ãe trabalha (Caso seja fa lecida ou aposentada, indique onde trabalhava):
Na agricultu ra
No comércio
Na indústria
Outros
9. Se 'Outros', defina:
4. Se você é um ex-aluno do sem irio, com ente sobre os principais m otivos que o levaram a desistir:
A questão só é pertinente se cursando = "Ex-aluno"
129
: ________
ENSINO - SEM IRIO - ALUNOS
10. O to ta l de rendimentos fam iliares é da ordem de:
Até 1 salário nimo Mais de 1 até 3 salários nimos
Mais de 3 até 5 salários nimos Mais de 5 até 10 salários nimos
Mais de 10 salários nimos
Considere as rendas de toda a família.
11. Seu pai é (Caso seja falecido, indique qual era sua atividade religiosa):
Engajado na Pastoral Engajado a algum Movimento ou Associão da igreja
Apenas católico praticante Católico o-praticante
De outra re ligião Sem re ligião
12. Nos casos de Engajado na Pastoral, M ovimento ou Associação, diga qual:
13. Sua m ãe é (C aso seja falecida, indique qual era sua atividade religiosa):
Engajada na Pastoral Engajada a algum Movimento ou Associão da igreja
Apenas católica praticante Católica o-praticante
De outra re ligião Sem re ligião
14. Nos casos de Engajada na Pastoral, M ovimento ou Associação, diga qual:
15. Quais os sen timentos de infância que mais lhe m arcaram ?
Relacionam entos conflitu o so s com os paisProblemas financeiros da fam ília
Carência afetiva Falta de educão sexual
Conflituosa por causa de doenças Alcoolism o na fam ília
Problem as com drogas na fam ília Conflito por perda (morte do pai/m ãe)
Brigas na fam ília/pais/irm ãos Pai autoririo
Ausência p ate rn a Trabalho durante a infância
Outros
Por favor, escolha no máximo 3 opções.
16. Se 'Outros', defina:
17. Com quem você se relaciona melhor?
Com o pai Com a e
Com os dois Nenhum dos dois
Quantidade de irm ãos
18. Masculino
19. Fem inino
20. Você é o filho:
Mais novo Do meio
Mais ve lho Único
Adotivo
130
: ________
ENSINO - SEM IRIO - ALUNOS
ATIVIDADES ANTERIORES AO INGRESSO NO SEM INÁRIO MENOR
21. Antes de entrar no Sem irio Menor você:
Trabalhou com carteira assinada Trabalhou sem carteira assinada
Somente estudou
22. Cursou a maior parte do Ensino Fundam ental em :
Escola Pública Colégio Católico Particular
Outras Escolas P articulares
23. Se você está no Propedêutico, onde cursou a maior parte do Ensino dio?
Escola Pública Colégio Católico Particular
Outras Escolas P articulares No Sem irio
24. passou por outro sem irio antes desse?
SimNão
25. Se sim, qual?
26. Enquanto cursava o Ensino Fundam ental residia em :
Casa dos pais Casa de parentes
Outro
27. Se 'Outro', defina:
28. Tem algum parente próximo que freqüentou o sem irio?
SimNão
29. Se sim, qual o grau parentesco?
30. Com que idade sentiu a vontade de ser padre?
Antes dos 11 anos Dos 11 aos 15 anos
Dos 16 aos 20 anos Com mais de 20 anos
31. Qual era sua idade ao entrar no sem irio?
32. A inflncia da sua fam ília na sua vocação:
Muito positiva Pouco positiva
Sem influência Negativa
33. Antes de entrar para o sem irio, participou de algum tipo de pastoral ou movimento?
SimNão
34. Se sim, diga qual:
35. Tem algum a simpatia por algum M ovimento ou Associação da igreja hoje?
SimNão
36. Se sim, qual?
131
: ________
ENSINO - SEM INÁRIO - ALUNOS
37. Indique quem mais o influenciou poistivam ente (ap oiou) para sua vocação:
Pai M ãe
Professor(a) Um religioso(a)
Um leigo(a) Um padre
Um missionárioUm Papa
Um Bispo Nenhum
O u tro
Por favor, escolha até 3 opções.
38. Se 'Outro', defina:
39. Escolha a(s) opção(ões) abaixo que mais ajudou(aram ) na descoberta de sua vocação:
A pasto ral vocacional da sua paróquiaO serviço a Deus e aos irm ãos
O desejo de atender ao sonho de su a fam íliaO desejo de lutar contra as injustiças soc iais
Dificuldades para conseguir em prego O am or aos pobres
O desejo de vive r um a vida santa A p ossibilidade de am pliar seus conhecim entos
A desordem ou falta de estru tu ra fam iliar A re alização de um desejo de infância
Enc o n tro s vocacionais Freqüência aos sacram entos
O teste m unho da igrejaO exercio de um ministério
Retiro de jovens Encontro de adolescentes
Leituras de cunho voc acional O testem u n h o de algum padre
O u tro
Você pode escolher mais de uma opção...
40. Se 'Outro', defina:
VIDA ACADÊMICA
41. Qual os dois veículos de inform ação que você mais utiliza?
dioTelevio
Revista Sem anal Jornais
Jornais religiosos Internet
Livros O u tro s
42. Se 'Outros', defina:
43. Sabe usar o com putador?
SimNão
44. Se sim, utiliza para fazer seus trabalhos escolares?
SimNão
45. Sabe usar a Internet?
SimNão
46. Se sim, para que utiliza a internet?
Trabalhos escolares Com unicar-se por e-mail
Leitura de notícias/atualidades Entretenim ento/Jogos
Esportes M aterial Adulto
O u tro
Você
p
ode escolher mais de uma o
ão.
132
: ________
ENSINO - SEM INÁRIO - ALUNOS
47. Se 'Outro', defina:
48. Com relação aos estudos, onde você encontra maior DIFICULDADE?
O rtografia G ram ática
Memorizaç ão Línguas e strangeiras
Interpretação/Análise de textos Falta de base (conhecimento ante rior)
O rganizaç ão do tempo Concentração
Falta de interesse Ciências Exatas (M atem ática, sica e Química)
Trabalho em grupo M uito so n o
Falta o bito de leitu ra O u tro
Nenhum
Você pode escolher até 3 opções.
49. Se 'Nenhum ', defina:
50. Qual tipo de leitu ra você mais gosta de faz er?
Entre ten imento (sica, histó ria em quadrinho, etc.)Inform ativas/atualidades
Espiritu alidade Ciências/descobertas
Literatu ra Re ligiosas
NovelaPolítica
PsicologiaAuto-ajuda
Espo rtes
Você pode escolher até 3 opções.
Com o você avalia a form ação recebida no sem irio, quanto a(o):
Excelente Boa Regular Insatisfatória
Sem condições de
responder
51. Humano afetiva
52. Espiritu al
53. Com uniria
54. Intelectual
55. Pastoral
56. Com que freqüência você utiliza a biblioteca do sem irio?
Todos os dias Duas ou mais ve zes por se m ana
Uma ve z por se m ana Du as ve ze s por s
Uma ve z por s Dificilmente vo u à biblioteca
Avalie a biblioteca do sem irio quanto a:
Excelente Bom Regular Insatisfatório
57. Estrutu ra física
58. O rganização
59. Acessibilidade
60. Acervo
61. Você utiliza ou utilizou o laboratório de inform ática do sem irio?
SimNão
133
: ________
ENSINO - SEM INÁRIO - ALUNOS
62. Você acha que a utilização deste laboratório pode lhe auxiliar nos estudos do sem irio?
SimNão
63. Caso deseje, com ente sobre a utilização do laboratório de inform ática:
Avalie as salas de aula quanto a(o):
Excelente Bom Regular Ruim Péssimo
64. Assentos/Carteiras
65. Lousa
66. Iluminação
67. Climatização
68. Caso deseje, com ente sobre as salas de aula:
69. Os professores apresentam o plano de ensino (c on te ú d o, metodologia, avaliações, etc) das disciplinas no icio de
cada sem estre?
Sim, todos Sim, a maioria
Sim, a minoria Nenhum apresenta
o se i responder
Avalie seus professores quanto a:
Excelente Bom Regular Ruim Péssimo
70. Pontualidade (icio e fim das aulas)
71. Conteúdo utilizad o
72. Metodologia de ensino
73. Aplicação e reso lução de exercícios em sala
74. Cri rios de avalião
75. Ditica
76. Disposição para esclarecer dúvidas durante as aulas
77. Material ditico utilizad o
78. Explicações práticas das te o rias
134
: ________
ENSINO - SEM INÁRIO - ALUNOS
79. Na sua opinião, o que melhoraria o desem penho dos professores e o ensino das disciplinas?
80. Você acha que o material disponível para o ensino de idiom as é suficiente?
SimNão
81. Se o, com ente:
82. Você utiliza algum material extra para o aprendizado de idiom as?
SimNão
83. Se sim, qual?
84. Faça com etários sobre aquilo que você acha que melhoraria o ensino de idiom as:
INTEGRAÇÃO PSICOAFETIVA
85. Você se considera um a pessoa:
Que p o ssu i muitos am igos ve rd ade iro s Q u e p o ssu i poucos am igos, mas este s o verd ade iro s
Que p o ssu i muitos conhecidos, mas o te m am igos
verdade iros
Que te m dificuldade para relacionar-se (Que o cultiva
am izade s)
Por favor, escolha apenas uma opção.
86. Com o é seu relacionam ento com a maioria dos colegas do sem irio?
Muito am igável Razoavelmente am igável
Pouco am igável Nada am igável
135
: ________
ENSINO - SEM IRIO - ALUNOS
87. Costum a cultivar tem p o para o lazer?
SimNão
88. Se sim, quais atividades pratica?
Film es Esportes
Ouvir sicas Tocar instrumentos musicais
Assistir te levio Leitu ra
Outro
Você pode escolher mais de uma opção.
89. Se 'Outro', defina:
90. Nas relações interpessoais vose considera:
mido Comunicativo
Próximo a afetivo Inseguro
Cauteloso Atencioso
Espontâneo
Você pode assinalar mais de uma opção.
91. Ao vivenciar dificuldades no cam po afetivo (crise vocacional, sexualidade, relações interpessoais, etc.) vo
recorre, na maioria das vezes a:
Ninguém Padre
Deus Amigos (leigos)
Direto r Espiritual Seu confessor
Reito r Alguém da fam ília
Nunca passou por dificuldades nesse cam po
92. Para você o que significa ter um a vocação sacerdotal?
93. Você gostaria de inserir algum com entário adicional?
136
: ________
ENSINO - SEM INÁRIO - PROFESSORES
DADOS PESSOAIS E FAM ILIARES
1. Qual a sua idade?
2. Naturalidade:
Por favor, escreva a cidade e o estado.
3. Estado Civil
Solte iro (a) Casado(a)
Separado(a) Divo rciado(a)
Viúvo(a) O utros
4. Você atua com o professor do:
Ensino dio Propedêutico
Ambos
5. Ano em que iniciou com o professor no sem irio:
6. Exerce outra atividade ligada à área educacional, além do sem irio?
SimNão
7. Se sim, qual/on d e?
por favor, escreva qual atividade e onde é exercida.
8. Tem po de experiência com o docente:
9. Qual é sua áre de form ação profissional?
10. vel de form ação:
Graduação Especializaç ão
M estrado Doutorado
11. Antes de lecionar no sem irio, participou de algum tipo de pastoral ou m ovimento?
SimNão
12. Se sim, qual?
13. Tem algum a simpatia por algum m ovimento ou associação da Igreja hoje?
SimNão
14. Se sim, qual?
137
: ________
ENSINO - SEM IRIO - PROFESSORES
ATIVIDADES NO SEM INÁRIO MENOR
15. Indique as opções que fazem parte de sua prática espiritu al:
Leitu ra do cultivo espiritual Leitu ra da palavra de Deus
M editação Oração do te o
O rão da m anhã Oração da noite
Celebrão da Missa Adoração do Santíssimo
Outro
Por favor, escolha até 3 opções.
16. Se 'Outro', defina:
VIDA ACADÊMICA
17. Qual os dois veículos de inform ação que você mais utiliza?
dio Televio
Revista Sem anal Jornais
Jornais religiosos Internet
Livros O utro s
18. Se 'Outros', defina:
19. Sabe usar o com putador?
SimNão
20. Se sim, utiliza para fazer su as atividades acadêm icas?
SimNão
21. Sabe usar a Internet?
SimNão
22. Se sim, para que utiliza a internet?
Trabalhos escolares Comunicar-se por e-mail
Leitu ra de notícias/atualidades Entretenim ento/Jogos
Esportes M aterial Adulto
Outro
Você pode escolher mais de uma opção.
23. Se 'Outro', defina:
24. Qual tipo de leitu ra você mais gosta de fazer?
Entretenimento (sica, histó ria em quadrinho, etc.)Inform ativas/atu alidades
Espiritualidade Ciências/descobertas
Literatu ra Religiosas
Novela Política
Psicologia Auto-ajuda
Esportes
Você
p
ode escolher até 3 o
ões.
138
: ________
ENSINO - SEM IRIO - PROFESSORES
Com o você avalia a form ação oferecida no sem irio, quanto a(o):
Excelente Boa Regular Insatisfatória
Sem condições de
responder
25. Humano afetiva
26. Espiritual
27. Com uniria
28. Intelectual
29. Pastoral
30. Com que freqüência você utiliza a biblioteca do sem irio?
Todos os dias Duas ou mais vezes por sem ana
Uma ve z por se m an a Du as ve zes por s
Uma ve z por s Dificilmente vou à biblioteca
Avalie a biblioteca do sem irio quanto a:
Excelente Bom Regular Insatisfatório
31. Estrutura física
32. Organização
33. Ac e ssibilidade
34. Ac e rvo
35. Você utiliza ou utilizou o laboratório de inform ática do sem irio com seus alunos?
SimNão
36. Você acha que a utilização deste laboratório pode auxiliar seus alunos nos estudos do sem irio?
SimNão
37. Caso d eseje, com ente sobre a utilização do laboratório de inform ática:
Avalie as salas de aula quanto a(o):
Excelente Bom Regular RuimPéssimo
38. Assen tos/C arteiras
39. Lousa
40. Ilum inação
41. Climatização
42. Caso d eseje, com ente sobre as salas de aula:
139
: ________
ENSINO - SEM IRIO - PROFESSORES
43. Você apresenta o plano de ensino (con te ú d o, metodologia, avaliações, etc) das disciplinas no icio de cada
sem estre?
Sim, se m p re Sim, na maioria das vezes
Sim, na minoria das vezes Nunca apresento
Avalie seus alunos (EN SINO DIO) quanto a:
Excelente Bom Regular Ruim Péssimo
44. Pontualidade (icio e fim das aulas)
45. Form ão com que chegam ao se m irio
46. Realizaç ão das atividades propostas
47. Interesse, motivação e participação
48. Na sua opinião, o que melhoraria o desem penho dos seus alunos (EN SINO DIO) e o ensino das disciplinas?
Avalie seus alunos (PROPEUTICO) quanto a:
Excelente Bom Regular Ruim Péssimo
49. Pontualidade (icio e fim das aulas)
50. Form ão com que chegam ao se m irio
51. Realizaç ão das atividades propostas
52. Interesse, motivação e participação
53. Na sua opinião, o que melhoraria o desem penho dos seus alunos (PROPEUTICO) e o ensino das disciplinas?
APENAS RESPONDA AOS QUADROS ABAIXO SE VOCÊ É PROFESSOR DO ENSINO MÉDIO.
APENAS RESPONDA AOS QUADROS ABAIXO SE VOCÊ É PROFESSOR DO PROPEDÊUTICO.
140
: ________
ENSINO - SEM IRIO - PROFESSORES
54. Você acha que o material disponível para o ensino de idiom as é suficiente?
SimNão
55. Se não, com ente:
56. Você utiliza algum material extra para o ensino de idiom as?
SimNão
57. Se sim, qual?
58. Faça com etários sobre aquilo que você acha que melhoraria o ensino de idiom as:
INTEGRÃO PSICOAFETIVA
59. Você se considera um a pessoa:
Que possui muitos am igos verdadeiro s Q u e possui poucos am igos, mas estes o ve rd ad e iro s
Que possui muitos conhecidos, mas o te m am igos
verd adeiro s
Que tem dificuldade para relacionar-se (Que o cultiva
am izades)
Por favor, escolha apenas uma opção.
60. Com o é seu relacionam ento com a maioria dos alunos do sem irio?
Muito am igável Razoavelmente am igável
Pouco am igável Nada am igável
61. Costum a cultivar tem p o para o lazer?
SimNão
62. Se sim, quais atividades pratica?
Film es Esportes
Ouvir sicas Tocar instrumentos musicais
Assistir te levio Le itu ra
Outro
Você pode escolher mais de uma opção.
63. Se 'Outro', defina:
141
: ________
ENSINO - SEM IRIO - PROFESSORES
64. Nas relações interpessoais você se considera:
mido Comunicativo
Próximo a afetivo Inseguro
Cauteloso Atencioso
Espontâneo
Você pode assinalar mais de uma opção.
65. Ao vivenciar dificuldades no cam po afetivo (crise vocacional, sexualidade, relações interpessoais, etc.) você
recorre, na maioria das vezes a:
Ninguém Padre
Deus Amigos (leigos)
Diretor Espiritual Seu confe sso r
Reitor Alguém da fam ília
Nunca passou por dificuldades nesse cam po
66. Para você o que significa ter um a vocação sacerdotal?
67. Por favor, com ente sobre os principais motivos pelos quais ocorrem as desistências dos alunos:
142
: ________
ENSINO - SEM IRIO - PROFESSORES
68. Faça um com entário sobre as aulas ministradas no sem irio:
69. Faça um com entário geral sobre os sem inaristas:
70. Você gostaria de inserir algum com entário adicional?
143
Anexo 2 –
Convênio de Entrosagem
CONVÊNIO DE ENTROSAGEM
Termo de Convênio de Entrosagem que entre si fazem a MITRA DIOCESANA
DE PRESIDENTE PRUDENTE, C.G.C 44.859.254/0029-36, pelo Seminário
Diocesano “Nossa Senhora Mãe da Igreja”, localizado à Rua Álvares Machado,
2100, em Presidente Prudente, autorizado a funcionar pela Portaria CEI, de
19/05/80, publicada no D.O. de 20/05/80 e o Colégio Joaquim Murtinho –
Sociedade Civil, - C.G.C 55.350/623.0001-86, pela EPSG “Joaquim Murtinho”,
localizada à Rua XV de Novembro, n. 1146, em Presidente Prudente, autorizada
a funcionar pela Portaria Ministerial 413, de 12/08/48 e reconhecida pela
Portaria CEI, de 09/05/79, objetivando a integração vertical do curso de 1º Grau
do Seminário diocesano “Nossa Senhora Mãe da Igreja.”
A EPSG “Joaquim Murtinho” e o Seminário Diocesano “Nossa Senhora Mãe da Igreja”,
ambos em Presidente Prudente e jurisdicionados à Delegacia de Ensino de Presidente
Prudente, Divisão Regional de Ensino de Presidente Prudente, apresentados respectivamente
pelos professores João Camarini e Áurea Rodrigues da Costa Camarini, Diretores Técnicos da
Mantenedora colégio Joaquim Murtinho e sua Excelência Reverendíssima Dom Antonio
Agostinho Marochi, Bispo Diocesano e Pe. Johann Raphael Maria Goetz, Reitor do Seminário
Diocesano, visando a conjugação de esforços e recursos humanos, para fazerem, através do
sistema de entrosagem, a integração vertical do Ensino de 1º Grau do Seminário Diocesano
“Nossa Senhora Mãe da Igreja”, consoante parceria a Lei Federal n. 5692/71 e de
conformidade com as condições e as seguintes cláusulas, firmam o presente Convênio:
CLAUSULA PRIMEIRA
O presente Convênio celebrado entre Mitra Diocesana de Presidente Prudente e
o Colégio Joaquim Murtinho, ambos de Presidente Prudente, visa verticalização do ensino de
1º Grau, junto ao Seminário Diocesano “Nossa Senhora Mãe da Igreja”, em Presidente
Prudente, em regime de entrosagem, na Forma das condições estabelecidas nas suas cláusulas.
CLÁUSULA SEGUNDA
O presente Convênio terá duração de 5 (cinco) anos, conforme disposição e o
Parecer CEE n. 291/83 – CEPG, com vigência a partir de 01/01/86 e a findar em 31/12/1990,
podendo, entretanto, a critério dos partícipes, ser denunciado por uma das partes, com
antecedência mínima de 1 (um) ano, para efeito de providências, visando assegurar a
conclusão ou continuidade de estudos dos alunos matriculados.
CLÁUSULA TERCEIRA
A EPSG “Joaquim Murtinho” receberá alunos da 1ª à 4ª séries, encaminhados
pelo Seminário Diocesano “Nossa Senhora Mãe da Igreja”, e ou pelas Paróquias da Igreja
Particular de Presidente Prudente.
CLÁUSULA QUARTA
O Seminário Diocesano “Nossa Senhora Mãe da Igreja”, reservará vagas
gratuitas aos alunos do Colégio Joaquim Murtinho, da 5ª à 8ª séries e de todo curso de 2º Grau,
que se manifestarem interessados na vida eclesial.
144
CLÁUSULA QUINTA
Caberá ao Seminário Diocesano oferecer gratuitamente, atividades extra-
curriculares aos alunos da EPSG “Joaquim Murtinho”, interessados em adquirir e ou ampliar
conhecimentos nos seguintes aspectos: Latim, Grego, Alemão, Francês e Catequese
Sistemática.
CLÁUSULA SEXTA
O Seminário Diocesano “Nossa Senhora Mãe da Igreja”, compromete-se ainda
em permitir o uso das instalações de seu prédio escolar pela outra parte convenete para
atividades de caráter esportivo – cultural e religioso.
CLÁUSULA SÉTIMA
As partes convenetes elaborarão anualmente, e em conjunto, Plano Escolar,
com Calendário unificando a organização das reuniões técnico-pedagógicas e administrativas.
CLÁUSULA OITAVA
As dúvidas que surgirem na execução do presente Convênio e os casos omissos
poderão ser resolvidos de comum acordo entre as partes signatários e na hipótese de não serem
dirimidos, fica eleito o Sr. Delegado de Ensino da Delegacia de Ensino de Presidente Prudente,
para solução de quaisquer questões oriundas deste ajuste.
E, por estarem concordes, lavra-se este convênio de entrosagem que vai
assinado pelos convenentes, em 5 (cinco) vias de igual teor, e pelas testemunhas, após a leitura
e conformidade.
Presidente Prudente, 03 de dezembro de 1985.
Áurea Rodrigues da C. Camarini Dom Antonio Agostinho Marochi
RG 1.442.768 Bispo Diocesano
João Camarini Pe. João R. Maria Goetz
Diretor - RG 4.840.185 Reitor do Seminário - RG 7.541.712
TESTEMUNHAS:
Carlos Perucci
Supervisor de Ensino – RG 2.979.397
José Maria Pereira Alves
Supervisor de Ensino – RG 3.208.975
145
Anexo 3
Conteúdo das entrevistas realizadas com os alunos
Entrevista – Nº 1
Já vim para cá sabendo que ia bater um pouco com minhas idéias. A vida lá
fora é completamente diferente daqui. A gente vem com uma idéia de Igreja e aqui
aprendemos outra.
Bom! Quanto à formação recebida aqui não há que se reclamar. A didática dos
professores é excelente. Posso dizer que 99% são pessoas que ensinam aquilo que
vivem. São amantes da educação. É uma realidade completamente diferente de
todas as escolas que já passei. A relação com eles é tão bacana que não dá nem
para chamá-los de professor. É mais fácil chamar de pai, mãe irmão...
A gente consegue abrir uma visão para o mundo. A biologia, por exemplo, a
gente consegue ver o outro lado da disciplina. Onde se apresenta uma
supervalorização da vida e não apenas conteúdo curricular.
O sistema de avaliação é legal. Alguns professores exageram exigindo mesmo
porque querem o máximo da gente. Alguns dão provas sem a gente conseguir
entender tudo. Por isso, não dá para perder tempo. Há aqueles que não dão provas,
avaliam a gente de muitas outras formas: participação na sala, trabalhos, etc. Eu não
estava acostumado a isto não! Mais acho legal.
O professor espera que a gente aprenda mesmo o conteúdo. O professor de
Filosofia, por exemplo, percebeu que os alunos não foram bem na avaliação, e daí
sua cara de decepção.
Entrevista – Nº 2
Quando cheguei aqui há quatro anos atrás, vem praticamente sem nada: não
tinha uma espiritualidade, não tinha uma bagagem intelectual, meu conhecimento era
muito limitado. Hoje percebo que fiz uma caminhada que proporcionou o meu
crescimento. Aprendi a fazer reflexões sérias, a minha espiritualidade mudou muito,
agora sei o que é rezar. Acho que estou preparado para enfrentar a vida.
Eu pensava que no seminário todos fossem “anjinhos”. Mas vi que não é
assim. No começo assustei, mas depois com o tempo e a convivência fui entendendo
146
que as pessoas tem seus problemas e dificuldades iguais aos meus. Aqui a gente
encontra pessoas humanas e alguns bem complicados, difícil de aceitar.
Quanto aos professores, estes são ótimos. Eles nos proporcionam tanto um
bom aprendizado como uma grande amizade. São dinâmicos em suas aulas, não
brincam não. O professor, aqui dá uma aula que entrosa. Na relação com a gente
não é só trabalho, e nem professor e aluno, mais amigos mesmo.
Eu acho que alguns professores têm dó da gente, não sei! Porque vejo que às
vezes eles exigem pouco. Mais tudo é muito sério, trabalham com amor.
É legal, porque a gente sugere para o professor alguns conteúdos de nosso
interesse e eles trazem para a sala de aula. Algumas vezes são temas da atualidade.
A aula fica bem mais dinâmica porque a gente participa da escolha dos assuntos.
Só sinto falta de sair mais para a pastoral. Durante o ano letivo a gente não
tem muito contato com a pastoral das paróquias, somente nas férias. Eu acho muito
pouco.
Entrevista – Nº 3 -
Quando cheguei ao seminário tive uma grande surpresa, eu era o único aluno
do 1º ano do ensino médio. Num primeiro momento fiquei bastante preocupado, pois
vim de uma escola pública com mais de quarenta alunos numa sala. De repente me
vi só em uma sala com diversos professores ensinando só para mim. Me sentia mal
no inicio, não estava acostumado a ter aulas particulares. Pensei até em sair.
Hoje já me acostumei, mas ainda sinto a falta de um amigo para compartilhar
as tarefas, as dificuldades e até mesmo alguém para dialogar na sala.
Isso, porém, me exigiu uma responsabilidade bem maior. Procurei ao máximo
corresponder à dedicação dos professores. Me esforço muito para tirar boas notas.
Tenho aprendido muito. Porém, ressalto ao estudo da língua portuguesa.
Estou aprendendo a falar correto.
Aqui sinto falta de um trabalho pastoral. Na minha comunidade desde muito
cedo acompanhava a catequese, a pastoral dos adolescentes, a infância missionária,
e aqui a gente não sai para a pastoral.
147
Entrevista Nº4 –
Estou no seminário há quatro anos. Fia aqui todo ensino médio e agora estou
no 2º ano propedêutico.
Quando cheguei enfrentei muitas dificuldades. As aulas de língua portuguesa
era um terror para mim. Quanta dificuldade! Fazer interpretação de texto, análise
sintática, era coisa de outro mundo. Demorei mas aprendi a ter um método de
estudos. Aqui a gente aprende ou aprende.
A caminhada no seminário me proporcionou um amadurecimento em todos os
sentidos. O fundamental aqui é a formação humana. Dá-se uma importância muito
grande à vivência comunitária. Saber viver com as diferenças do outro e respeita-lo.
Os professores que tive aqui ficarão marcados pelo resto da minha vida.
Foram verdadeiros mestres na arte de ensinar. O importante é que além dos
conteúdos eles nos passam uma grande experiência de vida.
Entrevista – Nº 5 -
Para fazer um comentário sobre a formação oferecida no Seminário, eu
começo comparando o Seminário com uma escola particular. Posso dizer que é a
melhor escola que existe em Pres. Prudente, apesar de não conhecer as outras
escolas. Digo isto pela qualidade de ensino, pelo corpo docente, pelo ambiente,
tamanho das salas e pelo objetivo que os alunos estão aqui. Pois todos, ou quase
todos, que estão aqui sabem que é para estudar mesmo. Quanto aos professores
não tem enrolação na sala de aula. Desde o primeiro dia de aula ao último a coisa é
muito séria. Tudo muito rígido e correto ao mesmo tempo. Não há o que reclamar. Se
alguém reclama é porque está no lugar errado.
Quanto aos formadores são muito bem preparados, mas percebe-se que falta
às vezes, uma tomada de decisão mais séria, principalmente com relação à
disciplina.
Com relação à convivência não é tão fácil, pois, são vinte e três pessoas todo
dia, toda hora. Mais no geral o clima é muito bom.
Quanto ao ensino, os professores conseguem trabalhar legal. Não são
atrapalhados por bagunça, isso ajuda muito na transmissão dos conteúdos, bem
como no nosso aprendizado.
148
A didática é bem diversificada. Alguns professores gostam de aulas
expositivas, outros gostam de encher a lousa, outros aulas práticas, métodos bem
diversificados. Alguns exigem a nossa participação, querem que a gente fale para
perder a timidez. Querem que aprendamos a nos comunicar.
A avaliação é de fato um processo legal de medir nossos conhecimentos. Não
ficam com dó da gente não. Querem o nosso bem e a nota é sempre o jeito de nos
avaliar e também eles. Tem professor que fica triste quando os alunos não vão bem
em sua disciplina. A avaliação é sempre uma prática daquilo que exercitamos em
sala.
Entrevista – Nº 6 -
Estou no seminário há dois anos, fiz o 1º e o 2º propedêutico. Coisas que
aprendi aqui nunca aprenderia lá fora. Vim de outro seminário, mas aqui é bem
melhor.
O método das aulas é bem diversificado, nos ajuda muito até mesmo a lidar
com nossas dificuldades. As disciplinas do propedêutico são mini-cursos. A gente vê
sobre tudo: Família, História da Arte, História Geral, Informática, Ecologia, etc. É legal
porque nós opinamos sobre os assuntos, ou seja, a gente escolhe o que quer
estudar.
Encontrei aqui verdadeiros pais. Os professores são atenciosos com a gente.
Não são estressados e nem grosseiros, parecem que estão sempre de bem com a
vida. Em casa, meus pais se separam e eu nem sei muito bem o que é ter uma
verdadeira família. Mas aqui encontrei nos professores um carinho, um diálogo, um
conselheiro que em não casa não tive.
Agora, com relação ao clima aqui da casa é um pouco complicado. Tem gente
aqui que não tem vocação, só quer estudar e às vezes não colaboram muito com o
bom andamento da formação. Muitos vivem mascarados, querem enganar os
formadores.
Os padres formadores não nos chamam para conversar periodicamente. Não
há propostas de ajuda nos nossos problemas. Temos uma formação intelectual e
espiritual excelente, mas falta uma ajuda maior na vida comunitária. O meu sonho de
formação é diferente.
Saí de uma comunidade onde vivia em contato com a pastoral da comunidade.
Foi a partir daí que surgiu a minha vocação. Aqui não podemos fazer pastoral.
149
Entrevista – Nº 7 -
Avalio a experiência recebida no seminário como uma experiência
completamente nova em minha vida. Tudo positivo. Os professores não são perfeitos,
mas pela generosidade que vêm dar as aulas, provam que são pessoas que tem
muito amor a oferecer. Há uma grande dedicação por parte deles.
Eu vim de uma escola pública onde a relação professor-aluno era
completamente diferente. Aqui eles confiam na gente, não há barreiras, há muita
liberdade.
A maior falha da formação é minha mesmo. Por não levar a serio quando
deveria, por não me dedicar mais à leitura e outras atividades propostas pelos
professores.
Os professores não se preocupam só com o conteúdo. Há uma relação
paterna e materna com os professores. Eles são compreensivos e carinhosos, se
ligam muito com a nossa vida.
Maior incentivo é a credibilidade dos professores. Eles confiam muito no
trabalho que fazem e na gente também. Somos avaliados constantemente e de
diversos modos.
Somos avaliados constantemente. Não tem moleza não. Somos avaliados de
diversos modos. Alguns professores preferem a tradicional prova escrita. Outros,
chamada oral, outros diversificam entre trabalhos escritos, orais, apresentação de
seminário e discussão de temas. Outros avaliam o nosso desempenho a cada aula.
Eu gosto, porque a gente aprende muito assim.
Entrevista – Nº 8
Aqui no seminário é completamente diferente da escola pública. Na minha
sala, por exemplo, são dez alunos. Dá pra pegar tudo aquilo que os professores
passam. Os professores são altamente qualificados. Alguns são aposentados, têm
uma bagagem imensa. Vieram das melhores escolas de Presidente Prudente.
Depois em casa a gente não tem nenhum incentivo para estudar. A gente não
vê ninguém estudando e daí também não tem vontade de ler nada. Aqui ao ver os
outros sempre lendo, fazendo tarefas, também nos animamos a fazer o mesmo.
Sempre tem alguém que nos ajuda em nossas dificuldades. Os padres também estão
sempre nos incentivando à leitura e aos estudos.
150
Vim de uma escola pública e lá não havia nenhuma cobrança e muito menos
incentivo à leitura. A leitura nos abre um horizonte, nos faz enxergar melhor o mundo.
Nos faz entender bem o nosso papel de cidadão. Ajuda até a entender as disciplinas
na área de exatas.
Muitos seminaristas que já saíram daqui, hoje são bem sucedidos, porque a
gente sai daqui com uma boa bagagem.
A maior dificuldade sentida aqui é na área de convivência. Conviver com vinte
e três pessoas na mesma casa não é fácil, mas aprendi isso muito bem. Acho que
depende de cada um fazer sua parte. Somos adolescentes e o comportamento de
cada um é diferente, a gente tem que entender. É preciso saber partilhar tudo com os
outros, até mesmo o nosso pensamento.
A metodologia das aulas que os professores propõem vão além de ser
profissionais, são pais também. Não dão só matemática, português, biologia, dão
lição de vida também. Ajudam-nos muito nos nossos erros.
Entrevista – Nº 9
Estou chegando ao final deste ano muito contente. Estou terminando o Ensino
Médio, vou iniciar uma nova etapa. Espero poder aproveitar da formação do
Propedêutico tanto quanto do Ensino Médio.
No meio ano passado, quando cursava o 2º ano do Ensino Médio, saí do
seminário. Foi um momento de bobeira, queria ficar mais tempo em casa. Assim que
percebi o erro que estava cometendo, pedi logo para voltar.
Para mim tudo aqui é muito bom. A formação que recebo aqui não seria
possível lá fora. Não se trata somente da qualidade das aulas, dos professores, mas
do ambiente de formação muito rico. Aqui a gente aprende de tudo: trabalho na horta,
na limpeza da casa, na cozinha, o esporte, a espiritualidade, lições de cidadania,
enfim todas as atividades nos levam a um crescimento.
Aqui eu aprendi a estudar. Antes não tinha hábito de leitura, passava longe de
jornais e revistas, aliás, nem tinha condições de comprar. Aqui me delicio com as
notícias dos jornais. Como a TV é restrita, não temos muito acesso, o jeito é partir
para a leitura dos jornais e revistas para estar bem informado.
Poderia ter aproveitado bem mais, de vez em quando bate um certo desânimo,
cansaço, mais no geral tenho aprendido muito. Estou tirando uma grande lição ara a
minha vida.
151
No começo, eu era sozinho na sala de aula. Não tinha nenhum colega para
partilhar as coisas. Era um tanto chato, mas devagar me acostumei. Só que sofri
muito para aprender, principalmente, as línguas estrangeiras. O latim, por exemplo,
foi por um bom tempo um terror. Agora tiro de letra. Latim é muito difícil, mais o
básico eu aprendi.
O que mais valorizo no seminário é a formação da pessoa. A reflexão sobre a
vida, sobre o sacerdócio que pretendo para o meu futuro.
Entrevista – Nº 10
Você me pergunta sobre a formação oferecida no seminário, como avaliar este
processo. Bom, vou relatar um pouco da experiência que estou vivendo no momento,
daí dá pra entender tudo.
A minha intenção aqui não é ir adiante na formação sacerdotal. Não quero ir
para o seminário de Filosofia. Depois de muita reflexão cheguei à conclusão que não
quero ser padre. Tem sido um processo lento de discernimento vocacional. Já há
alguns meses descobri isto, mas nem por isso, deixei o seminário. Tentei de tudo:
procurei viver minha vocação, procurei fazer todos os trabalhos, me dediquei à vida
comunitária, procurei melhorar minha espiritualidade, mais percebi que não quero ser
padre. A minha intenção no momento é terminar o terceiro ano do Ensino Médio e daí
tomar outro rumo na vida.
Eu sei que se eu falar para os formadores, eles não vão entender porque
quero ficar ainda mais um ano e meio aqui. Se já cheguei a conclusão de não quero
ser padre, deveria sair, não é mesmo? Mas se eu sair vou perder a oportunidade que
tenho estudando aqui. É uma escola de excelente qualidade, com professores
altamente qualificados. Sou sincero em dizer que o que me prende aqui é a
qualidade do ensino oferecido.
Se sair agora, tenho que voltar para minha cidade e enfrentar a escola pública,
seria um enorme choque. Falta pouco, um ano e meio passa logo e não será nenhum
sacrifício para mim, pelo contrário, será uma oportunidade que não posso deixar
passar adiante na minha vida.
O objetivo desta casa é formar padres, mas não é o meu objetivo. Faço um
curso de música numa escola particular patrocinado pelo seminário, pois gosto muito
de violão. Se eu sair tudo isso será perdido, não posso sair agora. Esse curso de
violão é fundamental para mim, o seminário me abriu esta porta e eu não posso em
152
hipótese alguma fechá-la. Pois minha família não tem condições de pagar este curso
para mim. Se eu voltar para casa, com certeza devo trabalhar e daí tudo fica muito
mais difícil. Acaba o meu projeto de escola de música que tanto gosto.
Bom! Para mim o mais importante é a formação pessoal. Algo totalmente
diferente que já vi. Acho o seminário uma ótima escola, professores ótimos. Por isso,
a formação pessoal que engloba a vida comunitária, intelectual, espiritual, só aqui
mesmo. Nos mini-cursos temos grandes lições de cidadania, de justiça, de ética, de
muita coisa útil para a vida do ser humano. Tudo aquilo que proporciona uma relação
madura e respeitosa com os outros.
Na minha opinião, a escola pública não é tão ruim assim. São as pessoas que
não levam a sério. O professor chega à sala e encontra bagunça, passa a matéria e
segue adiante, não tem muito que fazer mesmo. Quem se interessa aprende. Lembro
que vi alguns conteúdos lá na escola e aqui eles são passados com mais
profundidade. É uma cobrança maior, principalmente nas avaliações.
Quando comecei a freqüentar a vida da minha paróquia, me envolvi com as
pastorais. Ia às reuniões dos adolescentes, dos jovens, era muito bacana. Foi lá que
comecei o meu discernimento vocacional. Estava apaixonado pela causa da Igreja.
Mais esfriou um pouco aqui, acho que é pela falta de um trabalho pastoral. Sei lá?
Mesmo agora, quando vou de férias eu ajuda na animação das missas, dos grupos
de reflexão, faço um pouco do que posso e gosto.
153
APÊNDICE
154
GLOSSÁRIO
Ad gentes (AG): Decreto do Concílio Vaticano II sobre a atividade missionária da
Igreja (7.12.1965). Em cinco capítulos apresenta os fundamentos doutrinários da
ação missionária, descreve esta ação e a parte que nela têm as Igrejas particulares e
os missionários, concluindo com orientações sobre a organização da atividade
missionária e a cooperação do povo de Deus e em particular dos bispos e dos ins-
titutos de perfeição.
Ad limina: Abreviatura de ad sacra limina Apostolorum (= “aos sagrados túmulos dos
Apóstolos”). Expressão usada para a visita que o bispo diocesano, em espírito de
catolicidade (= de unidade com toda a Igreja), deve fazer de cinco em cinco anos a
Roma, para venerar os túmulos dos Apóstolos Pedro e Paulo, estar com o Santo
Padre e apresentar-lhe o relatório do estado da sua diocese. No seu impedimento,
deve fazer-se representar por um seu delegado (Código de Direito Canônico 400; cf.
395,2). Normalmente, a visita é feita em grupo de bispos do mesmo país ou região. O
Papa recebe cada um individualmente. Na oportunidade, os bispos são convidados a
visitar os dicastérios romanos.
Aggiornamento: (= “estar em dia”). Termo italiano que João XXIII popularizou como
expressão do desejo de que a Igreja saísse atualizada do Vaticano II.
Alter Christus: (= “Outro Cristo”). São Cipriano disse que cada cristão, é «outro
Cristo». É este também o significado mais profundo da vocação ao sacerdócio e da
alegria para todo o novo sacerdote que é ordenado.
Bula Cum Venerabilis: - (Com veneração) Carta patente com decreto Pontifício,
elaborado por ocasião da criação de novas Dioceses.
CEBs: as Comunidades Eclesiais de Base são grupos de cristãos que procuram viver
o cristianismo à imitação das comunidades da Igreja primitiva. Foram promovidas
após o Concílio Vaticano II, principalmente na América Latina.
Côngrua: Nome substantivado para designar, sobretudo no passado, o necessário à
digna (ou “côngrua”) sustentação dos clérigos, por meio do benefício ligado ao
respectivo ofício. Com a supressão do regime beneficial, a sustentação do clero tem
sido assegurada por contribuições do povo de Deus e por outros meios consoantes
às circunstâncias de lugar e tempo.
Collegium: Nome para indicar um colégio destinado à formação do clero.
Experiência que havia no tempo em que se realizou o Concílio de Trento (1545-
1563). A criação do seminário aconteceu no dia 15 de julho de 1563, na sessão 23
deste concílio, e está descrita no cânon 18.
De Reformatione: (Do latim = Sobre a Reforma). Trata-se dos códigos de lei com 42
artigos, que pode ser considerado como a essência da reforma tridentina.
Diaconia: (Do gr. = serviço). Função ou instituição de assistência espiritual e so-
ciocaritativa. O termo aplica-se também a outras formas de serviço na Igreja. Depois
das invasões dos povos bárbaros, o aumento da miséria em Roma levou à
instituição, junto dos mosteiros, de diaconias (séc. VII-IX). Estavam em geral
confiadas a monges e não a diáconos. Evoluíram mais tarde até aos atuais centros
paroquiais.
Escolástica:[Do latim scholastica.] Doutrinas teológico-filosóficas dominantes na
Idade Média, dos sécs. IX ao XVII, caracterizadas sobretudo pelo problema da
relação entre a fé e a razão, problema que se resolve pela dependência do
pensamento filosófico, representado pela filosofia greco-romana, da teologia cristã.
155
Desenvolveram-se na escolástica inúmeros sistemas que se definem, do ponto de
vista estritamente filosófico, pela posição adotada quanto ao problema dos
universais, e dos quais se destacam os sistemas de Santo Anselmo (anselmiano), de
São Tomás (tomismo) e de Guilherme de Ockham (ockhamismo).
Eclesiologia: Como parte da Teologia (entenda-se aqui católica) que estuda a Igreja,
é disciplina que se desenvolveu sobretudo a partir da Reforma protestante (séc. XVI),
com acentuado aspecto apologético, apresentando a Igreja como sociedade perfeita,
quase identificada com a hierarquia, detentora de toda a verdade e via única e
necessária de salvação. Desta visão reducionista, predominante até ao séc. XIX, já o
Concílio Vaticano I (1869-1870) deu sinais de libertação, mas estava reservado ao
Concílio Vaticano II (1962-1965), reunido para repensar a Igreja, a visão renovada
que é costume designar por eclesiologia do Vaticano II. Nela se completa a dimensão
institucional, humana, visível da Igreja com a dimensão de mistério, divina e invisível;
nela se apresenta a Igreja como povo de Deus e corpo místico de Cristo, de
membros configurados com Cristo pelo Batismo e templos do Espírito Santo, todos
responsáveis pela própria santificação e pela salvação do mundo, entre eles se di-
ferenciando os chamados aos ministérios ordenados ou ao exercício de especiais
carismas; nela a dupla dimensão humana e divina da Igreja, à semelhança de Jesus
Cristo, Deus-feito-Homem, faz da Igreja sacramento, isto é, sinal e instrumento eficaz
da íntima união com Deus, da unidade do gênero humano (LG 1) e da presença e
atuação de Jesus Cristo ressuscitado e subido ao Céu, cumprindo a derradeira pro-
messa dele continuar conosco até ao fim dos tempos (cf. Mt 28,20).
Gaudium et spes (GS): Constituição pastoral do Concílio Vaticano II sobre “a Igreja
no mundo atual” (7.12.1965). A primeira parte é predominantemente doutrinal sobre a
condição do homem no mundo de hoje, e a segunda é de feição mais pastoral sobre
questões e problemas especialmente candentes: matrimônio e família, progresso
cultural, vida econômica e social, comunidade política, e paz na comunidade
internacional. Numa nota ao próprio título de Constituição “pastoral”, diz-se que,
sobretudo na segunda parte, além dos princípios imutáveis, há referências a
elementos transitórios, o que deve ser tido em conta na interpretação do texto.
Inculturação: O Concílio Vaticano II, reunindo em reflexão conjunta, durante quatro
anos, bispos de todo o mundo, mostrou-se naturalmente muito sensível à neces-
sidade de enraizar a mensagem evangélica e a celebração da fé (liturgia) nas
diversas culturas dos povos que acederam ou venham a aceder à fé católica (cf. SC
37-40).
Jansenismo: Surgido no contexto das controvérsias protestantes (sobretudo de
Calvino) sobre a graça e a liberdade, o Jansenismo foi teologicamente proposto no
Augustinus (1640), obra póstuma de Jansênio (1585-1638), que interpretou erro-
neamente certas afirmações de Santo Agostinho sobre o Pelagianismo. Segundo o
Jansenismo, a graça de Deus determina irresistivelmente a liberdade humana, a qual,
sem ela, não pode guardar os mandamentos (negando-se a moral natural). Apesar
deste fatalismo, o Jansenismo foi a expressão mais viva do rigorismo moral nos sécs.
XVII-XVIII, sobretudo na vida sacramental (adiando a absolvição aos penitentes e
reduzindo o acesso à Comunhão). Condenado pelo Santo Ofício (1665-1669), foi
combatido pelos Jesuítas e especialmente por São Vicente de Paulo (França) e
Santo Afonso Maria de Ligório (Itália). Grande antídoto contra o Jansenismo foi a
devoção ao Coração de Jesus, que experimentou grande incremento nos sécs. XVII-
XVIII.
Lazaristas: Nome dado aos membros da Congregação da Missão (ou Vicentinos),
pelo fato da sua primeira casa ter sido o priorado de S. Lázaro, em Paris. É uma
156
sociedade de vida apostólica fundada por São Vicente de Paulo, tendo como
finalidades principais as missões populares e a formação de seminaristas.
Lumen gentium (LG): Constituição dogmática do Concílio Vaticano II sobre a Igreja
(21.11.1964). Considerado o mais importante documento conciliar, foi longamente
discutido nas 2.ª e 3.ª sessões, acabando por ser aprovado quase por unanimidade.
Os seus oito capítulos estão associados dois a dois: O mistério da Igreja e a Igreja
povo de Deus; Constituição hierárquica da Igreja (especialmente o Episcopado) e o
Laicato; A vocação universal à santidade e A vida religiosa; O caráter escatológico da
Igreja e A Bem-aventurada Mãe de Deus no mistério de Cristo e da Igreja. Segundo
comunicação do Secretário, esta Constituição não produziu definições dogmáticas,
pelo que a sua doutrina se deve interpretar de acordo com a mente do Concílio e as
regras da interpretação teológica.
Menti Nostrae – Exortação Apostólica do Papa Pio XII ao Clero do mundo católico
sobre a Santidade da vida Sacerdotal . 23/09/950.
Optatam Totius: Decreto do Concílio Vaticano II sobre a formação sacerdotal (28.
10.1965). Partindo da convicção de que a desejada renovação da Igreja depende em
grande parte de um clero bem formado, o Concílio dedicou um dos seus documentos
a este assunto. Depois de apelar ao fomento das vocações sacerdotais, da
responsabilidade de todo o povo de Deus, incide a atenção na formação que lhes
devem assegurar os Seminários maiores, nos seus diversos aspectos, concluindo
pela necessidade de posterior formação permanente.
Pastores Dabo Vobis: (=”Dar-vos-ei pastores segundo o Meu coração” - Jer 3, 15).
– Exortação Apostólica Pós Sinodal de João Paulo II, ao Episcopado ao Clero e aos
Fiéis sobre a Formação dos Sacerdotes nas circunstâncias atuais. – 25/03/1992.
Romanização do catolicismo: A partir do início do segundo reinado, em 1840,
surgiu um movimento dirigido pela hierarquia eclesiástica que visava a desvincular a
igreja da coroa luso-brasileira e colocá-la sob as ordens diretas da Santa Sé. Esse
movimento foi incentivado pelos núncios apostólicos, estabelecidos no Brasil a partir
de 1808, como representantes da Cúria Romana. Três fases caracterizam esse novo
período da história da igreja no Brasil, conhecido como romanização do catolicismo: a
reforma católica, a reorganização eclesiástica e a restauração católica.
Sé Apostólica ou Santa Sé: É a sé (sede) do Bispo de Roma que, na sua qualidade
de sucessor do Príncipe dos Apóstolos, é também o Papa ou Chefe da Igreja
Católica. No Código de Direito Canônico (361), por Santa Sé entende-se, não só o
Romano Pontífice, mas ainda a Cúria Romana, por meio da qual o Papa costuma dar
andamento aos assuntos da Igreja Universal (360), regendo-se pela Constituição
Apostólica Pastor Bonus (28.6.1988).
Teologia da libertação: é uma escola importante e controversa na teologia da Igreja
Católica desenvolvida depois do concílio Vaticano II. Ela dá grande ênfase à situação
social humana. O teólogo peruano Gustavo Gutierrez é um dos mais influentes
proponentes desse movimento. Também o teólogo americano Cornell West e o
brasileiro Leonardo Boff se destacam. O movimento foi forte durante as décadas de
60 e 70, quando se espalhou de forma especial na América Latina e entre os
Jesuítas, sendo uma das orientações para o movimento das Comunidades Eclesiais
de Base (CEBs). Sua influência tem diminuído desde que partes importantes de seu
ensinamento foram rejeitadas pelo Vaticano, e a partir do crescimento do movimento
da Renovação Carismática Católica.
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