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Desenvolveram-se na escolástica inúmeros sistemas que se definem, do ponto de
vista estritamente filosófico, pela posição adotada quanto ao problema dos
universais, e dos quais se destacam os sistemas de Santo Anselmo (anselmiano), de
São Tomás (tomismo) e de Guilherme de Ockham (ockhamismo).
Eclesiologia: Como parte da Teologia (entenda-se aqui católica) que estuda a Igreja,
é disciplina que se desenvolveu sobretudo a partir da Reforma protestante (séc. XVI),
com acentuado aspecto apologético, apresentando a Igreja como sociedade perfeita,
quase identificada com a hierarquia, detentora de toda a verdade e via única e
necessária de salvação. Desta visão reducionista, predominante até ao séc. XIX, já o
Concílio Vaticano I (1869-1870) deu sinais de libertação, mas estava reservado ao
Concílio Vaticano II (1962-1965), reunido para repensar a Igreja, a visão renovada
que é costume designar por eclesiologia do Vaticano II. Nela se completa a dimensão
institucional, humana, visível da Igreja com a dimensão de mistério, divina e invisível;
nela se apresenta a Igreja como povo de Deus e corpo místico de Cristo, de
membros configurados com Cristo pelo Batismo e templos do Espírito Santo, todos
responsáveis pela própria santificação e pela salvação do mundo, entre eles se di-
ferenciando os chamados aos ministérios ordenados ou ao exercício de especiais
carismas; nela a dupla dimensão humana e divina da Igreja, à semelhança de Jesus
Cristo, Deus-feito-Homem, faz da Igreja sacramento, isto é, sinal e instrumento eficaz
da íntima união com Deus, da unidade do gênero humano (LG 1) e da presença e
atuação de Jesus Cristo ressuscitado e subido ao Céu, cumprindo a derradeira pro-
messa dele continuar conosco até ao fim dos tempos (cf. Mt 28,20).
Gaudium et spes (GS): Constituição pastoral do Concílio Vaticano II sobre “a Igreja
no mundo atual” (7.12.1965). A primeira parte é predominantemente doutrinal sobre a
condição do homem no mundo de hoje, e a segunda é de feição mais pastoral sobre
questões e problemas especialmente candentes: matrimônio e família, progresso
cultural, vida econômica e social, comunidade política, e paz na comunidade
internacional. Numa nota ao próprio título de Constituição “pastoral”, diz-se que,
sobretudo na segunda parte, além dos princípios imutáveis, há referências a
elementos transitórios, o que deve ser tido em conta na interpretação do texto.
Inculturação: O Concílio Vaticano II, reunindo em reflexão conjunta, durante quatro
anos, bispos de todo o mundo, mostrou-se naturalmente muito sensível à neces-
sidade de enraizar a mensagem evangélica e a celebração da fé (liturgia) nas
diversas culturas dos povos que acederam ou venham a aceder à fé católica (cf. SC
37-40).
Jansenismo: Surgido no contexto das controvérsias protestantes (sobretudo de
Calvino) sobre a graça e a liberdade, o Jansenismo foi teologicamente proposto no
Augustinus (1640), obra póstuma de Jansênio (1585-1638), que interpretou erro-
neamente certas afirmações de Santo Agostinho sobre o Pelagianismo. Segundo o
Jansenismo, a graça de Deus determina irresistivelmente a liberdade humana, a qual,
sem ela, não pode guardar os mandamentos (negando-se a moral natural). Apesar
deste fatalismo, o Jansenismo foi a expressão mais viva do rigorismo moral nos sécs.
XVII-XVIII, sobretudo na vida sacramental (adiando a absolvição aos penitentes e
reduzindo o acesso à Comunhão). Condenado pelo Santo Ofício (1665-1669), foi
combatido pelos Jesuítas e especialmente por São Vicente de Paulo (França) e
Santo Afonso Maria de Ligório (Itália). Grande antídoto contra o Jansenismo foi a
devoção ao Coração de Jesus, que experimentou grande incremento nos sécs. XVII-
XVIII.
Lazaristas: Nome dado aos membros da Congregação da Missão (ou Vicentinos),
pelo fato da sua primeira casa ter sido o priorado de S. Lázaro, em Paris. É uma