(2000:141) chama nossa atenção, mostrando-nos que esse tipo de oração também pode ser
subordinada adverbial, além de parecer superficialmente com as relativas (ou adjetivas)
.
De acordo com o autor (2000:142), os itens que funcionam como marcas de
interrogativas indiretas
são: o que, quem, onde, quando, quanto(s), como, qual. Todos eles,
segundo sua análise, têm função dentro da subordinada e, portanto, fazem parte dela.
Vejamos alguns exemplos fornecidos pelo autor:
( 67 ) Não sei que roupa você vai usar.
( 68 ) Não imagino como você vai conseguir esse emprego.
( 69 ) Não imagino como você vai sair dessa arapuca
Ao analisar o exemplo (67), Perini (2000:158) afirma que o segmento destacado
funciona como objeto direto, ou seja, um sintagma nominal. Já quanto ao exemplo (69), cuja
estrutura sintática é análoga à de (68), o autor assevera que a interrogativa indireta “como
você vai sair dessa arapuca” funciona como um atributo ou sintagma adverbial.
A partir do exposto, podemos extrair a seguinte conclusão: as orações subordinadas
oriundas de interrogações indiretas, segundo Perini (2000), podem ser classificadas em
determinados contextos como substantivas (67) e, em outros, como adverbiais (68) e (69).
Em ambos os casos os articuladores dessas orações devem ser considerados como
conjunções
.
Essa conclusão, entretanto, está longe de encontrar consenso entre os autores. Mateus
et alii (2003:597-599), por exemplo, apesar de não relacionar o como entre os introdutores de
subordinadas completivas, afirmam que uma das características destas orações é a
Segundo Perini (2000:157), “à primeira vista, a estrutura (das interrogativas indiretas) parece semelhante à das
relativas, principalmente por causa da presença de um elemento „Q‟ e do transporte do sintagma que o contém
para o início da oração. No entanto, as diferenças são mais impressionantes: primeiro, os elementos
interrogativos não são exatamente os mesmos que ocorrem como relativos; o sintagma interrogado não se reduz
necessariamente ao elemento „Q‟; e, principalmente, o sintagma complexo é um SN ou um „sintagma adverbial‟
(ao contrário da construção relativa, que como vimos é um SAdj)”. Perini (2000:158) acrescenta também que o
interrogativo nunca requer um antecedente (como é o caso, em geral, dos relativos). Com relação ao como, o
autor afirma que nunca pode introduzir uma relativa (cf. Perini, 2000:157).
Perini (2000) relaciona, algumas páginas adiante, apenas quatro elementos introdutores de interrogativas
indiretas: que, qual, como, o que.
Segundo Perini (2000:334), existe um grupo de conectivos subordinativos “constituído de palavras que se
acrescentam a orações, igualmente formando constituintes maiores de classe distinta: a seqüência forma um
SAdv ou um SN”. A esse grupo, o autor chama conjunções. Vejamos: “Conjunção é a palavra que precede uma
oração, formando o conjunto um SAdv ou um SN.” (Perini, 2000:334)