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JULIMAR DO SACRAMENTO RIBEIRO
CONSUMO E DESEMPENHO DE GRUPOS
GENÉTICOS ZEBUÍNOS CONFINADOS
Dissertação apresentada à Universidade
Federal de Lavras como parte das
exigências do Curso de Mestrado em
Zootecnia, área de concentração em
Nutrição e Produção de Ruminantes,
para a obtenção do título de “Mestre”.
Orientador
Prof. Dr. Márcio Machado Ladeira
LAVRAS
MINAS GERAIS - BRASIL
2008
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Ficha Catalográfica Preparada pela Divisão de Processos Técnicos da
Biblioteca Central da UFLA
Ribeiro, Julimar do Sacramento.
Consumo e desempenho de grupos genéticos zebuínos confinados /
Julimar do Sacramento Ribeiro. – Lavras : UFLA, 2008.
92 p. : il.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Lavras, 2008.
Orientador: Márcio Machado Ladeira.
Bibliografia.
1. Confinamento. 2. Guzerá. 3. Indicadores. 4. Nelore. 5. Exigências
nutricionais. 6. Tabapuã. I. Universidade Federal de Lavras. II. Título.
CDD - 636.213
- 636.208557
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JULIMAR DO SACRAMENTO RIBEIRO
CONSUMO E DESEMPENHO DE GRUPOS
GENÉTICOS ZEBUÍNOS CONFINADOS
Dissertação apresentada à Universidade
Federal de Lavras como parte das
exigências do Curso de Mestrado em
Zootecnia, área de concentração em
Nutrição e Produção de Ruminantes,
para a obtenção do título de “Mestre”.
APROVADA em 4 de março de 2008.
Profa. Dra.
Nadja Gomes Alves - UFLA
Prof. Dr. Tarcisio Moraes Gonçalves - UFLA
Prof. Dr. Raimundo Vicente de Sousa - UFLA
Prof. Dr. Márcio Machado Ladeira
UFLA
(Orientador)
LAVRAS
MINAS GERAIS - BRASIL
2008
Aos meus pais,
Antonio Aleixo e Maria de Assis,
símbolos de amor e cumplicidade,
por fazerem de meus sonhos os
seus sonhos...........
DEDICO
A DEUS,
porque dEle, e por meio dEle, e
para Ele são todas as coisas; glória,
pois, a Ele, eternamente. Amém.
Romanos 11:33
OFEREÇO
AGRADECIMENTOS
Àquele que me deu a vida, DEUS o Ser Supremo, por estar presente em
todos os momentos.
Aos meus amados pais, pelo exemplo de amor, carinho, apoio e
dedicação.
À Universidade Federal de Lavras e ao Departamento de Zootecnia, pela
oportunidade da realização deste trabalho.
Ao CNPq, pela concessão da bolsa de estudos.
Ao professor Dr. Márcio Machado Ladeira, pela orientação, pela
amizade e pelos conhecimentos transmitidos.
Ao professor Dr. Tarcisio de Moraes Gonçalves, pelos conhecimentos
transmitidos, pela orientação nas análises estatísticas e pela amizade.
Aos membros da banca, pela disponibilidade e dedicação.
Aos produtores que consentiram que utilizássemos seus animais em
nossos experimentos.
Aos familiares que estiveram comigo, principalmente Gorete, Terezinha
e seus familiares.
A minha namorada, Marcela, por estar presente durante esse período.
Aos estagiários Marcelo (Nani), Marcelo (Magal), Marcelo (Harry),
Rogerinho e todos aqueles que contribuíram para realização deste experimento.
Aos amigos do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da UFLA e a
todos que me presentearam com sua amizade.
Aos amigos das repúblicas Bixo de Pé e Frei Caneco, pela acolhida.
Aos companheiros de república, André, Felipe, Luca, Ricardo e Roger,
obrigado pelo convívio.
À Sara, pela dedicação e pela amizade.
Aos professores UFVJM, pelo incentivo e pela amizade demonstrada
nas horas mais difíceis.
À dona Aparecida e família, pessoas importantes nesta conquista.
A todos os irmãos (Obra em Restauração, DEUS é Amor, Rosa de
Sarom) que, em suas orações, pediram a proteção e a direção de DEUS para a
minha vida.
Ao doutor Cláudio, pela decisão que possibilitou que eu estivesse aqui
desde o início.
Aos amigos de Diamantina, amizade sincera a distância não corrompe.
Aos companheiros de curso, pelas idéias, pelas diversões e pela ajuda
nos momentos precisos.
Aos professores do Departamento de Zootecnia e da Universidade
Federal de Lavras que, de uma forma ou de outra, contribuíram para o meu
crescimento profissional.
À Coordenação do Programa de Pós-Graduação, ao Carlos e a Kátia,
pela atenção dispensada.
Aos funcionários do Laboratório de Pesquisa Animal da UFLA, pelas
instruções e pela ajuda, imprescindível para a conclusão deste trabalho.
Aos funcionários do Departamento de Zootecnia, que auxiliaram durante
toda a condução do experimento.
A todas as pessoas que, direta ou indiretamente, participaram deste
trabalho
BIOGRAFIA
JULIMAR DO SACRAMENTO RIBEIRO, filho de Antonio Aleixo
Ribeiro e Maria de Assis Ribeiro, nasceu em Couto de Magalhães, Minas
Gerais, em 18 de janeiro de 1983. Iniciou o curso de Zootecnia na Universidade
Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) em fevereiro de 2002,
concluindo-o em julho de 2006. Durante a graduação, iniciou as atividades de
pesquisa, trabalhando como bolsista de iniciação científica no período de maio
de 2003 a fevereiro de 2005. Em agosto de 2006, iniciou o curso de pós-
graduação em Zootecnia na Universidade Federal de Lavras (UFLA), em nível
de mestrado, na área de Nutrição e Produção de Ruminantes, submetendo-se à
defesa em março de 2008.
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS.......................... ................................................ i
LISTA DE FIGURAS......................... ................................................. ii
RESUMO............................................................................................... iii
ABSTRACT........................................................................................... v
CAPÍTULO 1......................................................................................... 1
1 INTRODUÇÃO.................................................................................. 2
2 REFERENCIAL TEÓRICO............................................................. 5
2.1 Consumo............................ .............................................................. 5
2.2 Confinamento............................ ....................................................... 8
2.3 Raças zebuínas.............................. ................................................... 10
2.3.1 Desempenho de zebuínos em confinamento.................................. 12
2.4 Características de carcaça e a Ultra-sonografia................................ 13
2.5 Sistemas de Exigências Nutricionais.......................................... ..... 16
2.5.1 Nutrient Requeriments of Beef Cattle (NRC, 2000)................. ..... 16
2.5.2 Cornell Net Carbohydrate and Protein System (CNCPS 5.0)....... 23
2.5.3 Exigências Nutricionais de Zebuínos e Tabelas de Composição
de Alimentos (BR-CORTE, 2006)................................................
26
2.5.4 Comparação entre os Sistemas.................................................... .. 29
3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................... .. 31
CAPÍTULO II: CONSUMO ALIMENTAR E AVALIAÇÕES
DESTA CARACTERÍSTICA PELOS SISTEMAS NRC,
CNCPS E BR-CORTE, EM GRUPOS GENÉTICOS
ZEBUÍNOS CONFINADOS.........................................................
41
RESUMO............................................................................................ .. 42
ABSTRACT................................ .......................................................... 44
1 INTRODUÇÃO................................... .............................................. 46
2 MATERIAL E MÉTODOS............................................................... 49
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................... 53
4 CONCLUSÕES........................ ......................................................... 63
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................. 64
CAPÍTULO 3: DESEMPENHO E CARACTERÍSTICAS DE
CARCAÇA DE GRUPOS GENÉTICOS ZEBUÍNOS
CONFINADOS E AVALIAÇÃO DE SISTEMAS DE
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS..................................................
69
RESUMO............................................................................................... 70
ABSTRACT........................................................................................... 72
1 INTRODUÇÃO.................................................................................. 74
2 MATERIAL E MÉTODOS............................................................... 76
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................... 80
4 CONCLUSÕES.................... ............................................................ 88
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................. 89
i
LISTA DE TABELAS
TABELA - 1
Composição percentual de ingredientes e
bromatológica da dieta experimental
50
TABELA - 2
Médias dos mínimos quadrados e respectivos erros
padrões do CMS apresentados por grupos genéticos
zebuínos confinados
56
TABELA - 3
Médias dos mínimos quadrados e respectivos erros
padrões do consumo, em kg/dia, %PV e g/kg PV
0,75
de
proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro
(FDNcp) e extrato etéreo (EE), apresentadas por
grupos genéticos zebuínos confinados
58
TABELA - 4
Avaliações dos consumos de matéria seca médios e
respectivos erros padrões (CMS) observados e
preditos pelos sistemas BR-CORTE (2006), CNCPS
5.0 e NRC (2000)
60
TABELA - 5
Composição percentual de ingredientes e
bromatológica da dieta fornecida a novilhos zebuínos
confinados
77
TABELA - 6
Teores de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO),
proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro
corrigido para cinzas e proteína (FDNcp), carboidratos
não-fibrosos (CNF) e extrato etéreo (EE) da silagem
de milho e dos ingredientes do concentrado.
79
TABELA - 7
Médias dos quadrados mínimos e respectivos erros
padrões de peso inicial, peso final, ganho de peso
diário (GPD), espessura de gordura (EG), área de olho
de lombo (AOL) e espessura de gordura, na picanha
(P8), de grupos genéticos zebuínos confinados
81
TABELA - 8
Ganho de peso médio diário, em cada intervalo de
avaliação, apresentado por grupos genéticos zebuínos
confinados
83
TABELA - 9
Valores de GPD observados nos dois últimos períodos
experimentais e os preditos pelas equações do BR-
CORTE, CNCPS e NRC apresentado pelos diferentes
genótipos zebuínos
84
ii
LISTA DE FIGURAS
FIGURA - 1
Comparação de três períodos de coletas de fezes para
estimação fecal por meio do indicador LIPE®
54
FIGURA - 2
Distribuição dos dados de consumo preditos pelo
sistema BR-CORTE
62
FIGURA - 3
Distribuição dos dados de consumo preditos pelo
sistema CNCPS
62
FIGURA - 4
Distribuição dos dados de consumo preditos pelo
sistema NRC
63
FIGURA - 5
Distribuição dos dados de GPD preditos pelo sistema
BR-CORTE
87
FIGURA - 6
Distribuição dos dados de GPD preditos pelo sistema
CNCPS
87
FIGURA - 7
Distribuição dos dados de GPD preditos pelo sistema
NRC
88
_______________
1
Comitê Orientador: Márcio Machado Ladeira – UFLA (Orientador),
Tarcísio Moraes Gonçalves– UFLA e Ivo Francisco Andrade-UFLA
iii
RESUMO
RIBEIRO, Julimar do Sacramento. Consumo e desempenho de grupos
genéticos zebuínos confinados. 2008. 92 p. (Dissertação – Mestrado em
Zootecnia) - Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG
1
.
As raças zebuínas, por apresentarem grande capacidade de adaptação,
representam grande parte do rebanho nacional. Porém, dados relacionados ao
consumo e ao desempenho dessas raças, quando mantidas em confinamento,
bem como a comparação destes parâmetros entre elas, são escassos na literatura.
Este trabalho foi realizado com o objetivo de determinar o consumo alimentar e
o desempenho de animais Nelore PO, Nelore LA, Tabapuã PO e Guzerá PO,
mantidos em confinamento e avaliar os sistemas BR-CORTE (2006), CNCPS
5.0 e NRC (2000), para a predição destas variáveis. O experimento foi
conduzido no Centro de Avaliação de Desempenho de Ruminantes, no
Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Lavras, utilizando-se 44
novilhos, sendo 19 Nelore PO, 7 Nelore LA, 10 Tabapuã PO e 8 Guzerá PO,
com peso vivo inicial médio de 243+
37kg. A duração do experimento foi de 168
dias, com 56 dias de adaptação e 112 dias experimentais, divididos em quatro
períodos de 28 dias. As pesagens foram realizadas ao final de cada período, após
jejum alimentar de 16 horas. Ao final dos 112 dias, foram tomadas as medidas
de área de olho de lombo (AOL), espessura de gordura (EG) e espessura de
gordura na garupa (P8) por meio de ultra-sonografia. Os animais receberam
ração ad libitum, com relação volumoso:concentrado de 30:70. O consumo de
matéria seca (CMS) foi estimado por meio dos indicadores LIPE®, óxido
crômico e FDAi (fibra em detergente ácido indigestível). Os grupos Nelore PO,
Tabapuã PO e Guzerá PO não apresentaram diferença no consumo de matéria
seca (CMS), que foi de 8,74, 9,61 e 8,87 kg/dia, respectivamente. Entretanto,
estes valores foram diferentes do apresentado pelo Nelore LA, que foi 7,51
kg/dia. Houve variação nos resultados quando o CMS foi comparado em outras
unidades, % do peso vivo (%PV) e em gramas por quilo de peso vivo
metabólico (g/kg PV
0,75
). A eficiência alimentar encontrada foi de 0,106; 0,133;
0,095 e 0,107, para os novilhos Nelore PO, Nelore LA, Tabapuã PO e Guzerá
PO, respectivamente. Os valores de ganho de peso médio diário (GPD) foram
semelhantes entre os grupos genéticos (1,075, 1,038, 1,061, 1,042 kg/dia), não
apresentando diferença também nas características de carcaça AOL (78,5, 75,8,
76,2 e 80,7 cm
2
), EG (5,0, 4,4, 4,8 e 3,9 mm) e P8 (6,3, 5,5, 7,0 e 6,8 mm), nos
grupos Nelore PO, Nelore LA, Tabapuã PO e Guzerá PO, respectivamente. As
estimativas de CMS e GPD, com base na energia disponível, feitas por meio dos
sistemas CNCPS 5.0 e NRC (2000) foram semelhantes ao observado nos grupos
_______________
1
Comitê Orientador: Márcio Machado Ladeira – UFLA (Orientador),
Tarcísio Moraes Gonçalves– UFLA e Ivo Francisco Andrade-UFLA
iv
Nelore PO e Nelore LA. As estimativas de CMS feitas por meio do BR-CORTE
foram semelhantes às observadas nos animais Nelore PO e LA e Guzerá. Isto
também ocorreu quando foram agrupados todos os animais. Porém, por meio do
BR-CORTE, superestimou-se o GPD com base na energia disponível, em todos
os grupos. Os grupos genéticos zebuínos apresentaram diferença no consumo,
indicando exigências nutricionais diferenciadas entre si. Entretanto, os diferentes
grupos genéticos não apresentaram diferenças no desempenho final e nas
características de carcaça, quando submetidos ao regime de confinamento. Os
sistemas NRC (2000) e CNCPS 5.0 são eficientes para a predição de CMS e
GPD, apenas para animais Nelore. O BR-CORTE (2006) é eficiente para
predizer o consumo de zebuínos, mas não se mostrou adequado para predizer
desempenho.
_______________
1
Guindance Committee: Márcio Machado Ladeira – UFLA (Advisor),
Tarcísio Moraes Gonçalves–UFLA and Ivo Francisco Andrade-
UFLA
v
ABSTRACT
RIBEIRO, Julimar do Sacramento. Intake and performance of Bos indicus
genetics groups, kept in feedlot. 2008. 92 p. (Dissertation - Master Program in
Animal Science) – Federal University of Lavras, Lavras, MG.
The Bos indicus breeds, for having good adaptation capacity, represent great part
of the national herd. However, information about the intake and performance of
these breeds in feedlot and the comparison of these parameters among them is
scarce in the literature. This work has as objective determines the alimentary
intake and the performance of Nelore PO, Nelore LA, Tabapuã PO and Guzerá
PO animals in feedlot and to evaluate the BR-CORTE, CNCPS 5.0 and NRC
(2000) systems for prediction of these variables. The experiment was carried out
in the Center of Performance Evaluation of Ruminant at Department of Animal
Science of the Universidade Federal de Lavras. Forty four growing bulls: 19
Nelore PO, 7 Nelore LA, 10 Tabapuã PO and 8 Guzerá PO, with initial live
weight of 243 +
37 Kg were used. The duration of the experiment was of 168
days, with 56 adaptation days and 112 experimental days, divided in four
periods of 28 days. The animals were weighed in the end of each period after
alimentary fasting of 16 hours. At the end of the 112 days, loin muscle area,
(LMA), fat thickness (FT) and fat thickness in the croup (P8) were taken through
ultrasonography. Forage:concentrate, with relationship of 30:70, was offered ad
libitum. The dry matter intake (DMI) was dear through the LIPE®, oxide
chromic and ADFi (indigestible acid detergent fiber) indicators. There were not
(P>0.10) differences for the
groups Nelore PO, Tabapuã PO and Guzerá PO in
the DMI ranged from 8.74, 9.61 and 8.87 kg/day, respectively. However, these
values were different for Nelore LA (7.51 kg/day). There was variation in the
results when the DMI were compared in other units, % of the live weight (%PV)
and in grams for kg of metabolic live weight (g/kg PV
0,75
). The alimentary
efficiency ranged from: 0,106; 0,133; 0,095 and 0,107 for the bulls Nelore PO,
Nelore LA, Tabapuã PO and Guzerá PO, respectively. The average daily gain
(ADG) were similar among the genetic groups (1,075, 1,038, 1,061, 1,042
kg/day), there were not differentiates in the carcass characteristics LMA (78,5,
75,8, 76,2 and 80,7 cm2), FT (5,0, 4,4, 4,8 and 3,9 mm) and P8 (6,3, 5,5, 7,0 and
6,8 mm) in the Nelore PO, Nelore LA, Tabapuã PO and Guzerá PO, respectively
as well. The DMI and ADG estimated with base in the available energy, through
the systems CNCPS 5.0 and NRC (2000), were similar to the observed for the
Nelore PO and Nelore LA groups. The DMI estimated through the BR-CORTE
were similar for Nelore PO and LA and Guzerá. This same happened when
grouped all of the animals. However, through the BR-CORTE, the ADG with
_______________
1
Guindance Committee: Márcio Machado Ladeira – UFLA (Advisor),
Tarcísio Moraes Gonçalves–UFLA and Ivo Francisco Andrade-
UFLA
vi
base in the available energy was overestimated, for all of the groups. The groups
Bos indicus presented difference in the intake, indicating different exigency to
each other, but the different genetic groups didn't present differences in the end
performance and in the carcass traits, when kept in feedlot. The systems NRC
(2000) and CNCPS 5.0 are efficient for the prediction of DMI and ADG for
Nelore animals. The BR-CORTE it is efficient to predict the Bos indicus intake,
but, was not appropriate to predict performance.
Keywords: feedlot, guzerá, indicators, nelore, exigency systems, tabapuã
1
CAPÍTULO I
2
1 INTRODUÇÃO GERAL
Nos últimos anos, o Brasil vem se destacando no cenário mundial como
um dos grandes produtores e exportadores de carne. Todavia, o aumento da
competitividade com outras carnes, bem como com outros mercados, desafia a
bovinocultura de corte a produzir de forma eficiente.
Com o cenário futuro indicando avanço nos sistemas de produção em
direção à intensificação, a pecuária de corte deve ser encarada como atividade
empresarial e, como tal, seus objetivos serão a maximização do lucro. Apesar de
essa visão exigir que se dê atenção a todos os segmentos da cadeia produtiva e
suas inter-relações, ela, sem dúvida, sinaliza para a importância de identificar e
incorporar, aos sistemas de produção, estratégias que resultem em aumento de
eficiência.
Esta eficiência pode ser alcançada por meio de melhorias nos índices
zootécnicos, avaliação e utilização de raças mais produtivas aos diferentes
sistemas utilizados no Brasil e, ainda, em processos de melhoramento que
permitam selecionar animais mais eficientes no aproveitamento dos alimentos.
A interação entre o animal e o ambiente é responsável pelas diferenças
no consumo de alimento, no ganho de peso vivo e na eficiência alimentar dos
bovinos. Dessa forma, estimativas de consumo da dieta em bovinos de corte são
vitais para a predição do ganho de peso, assim como para o estabelecimento das
exigências nutricionais dos animais, necessárias à formulação das dietas.
Devido à importância das estimativas de consumo dentro dos sistemas
de produção, devem-se buscar métodos que sejam capazes de estimá-lo sem,
contudo, alterar o comportamento animal. Como o método de determinação
direta de consumo é impraticável em alguns casos, como, por exemplo, animais
a pasto ou em grupos muito grandes, estimar o consumo por meio de indicadores
é uma das alternativas viáveis.
3
Os indicadores usados nas metodologias para predição de consumo
podem ser internos, ou seja, aqueles que ocorrem naturalmente nos alimentos, ou
externos, que são adicionados na ração ou administrados via oral ou intra-
ruminalmente. Contudo, independente do tipo de indicador usado, deve-se
buscar aquele que prediz com maior exatidão e apresenta menor custo.
Após a obtenção dos dados de consumo, deve-se avaliar, nos animais, a
eficiência alimentar, pois a seleção para animais mais eficientes acarretará em
sistemas produtivos mais lucrativos.
Na pecuária de corte brasileira, as raças zebuínas, juntamente com seus
cruzamentos, têm participação em cerca de 80% de todo o rebanho nacional. Em
vista disso, é necessário maximizar o desempenho e o melhoramento desses
animais, buscando torná-los mais eficientes em conversão de alimentos, já que a
produtividade do rebanho brasileiro ainda é baixa, se comparada a de outros
países.
Das raças zebuínas utilizadas no Brasil, destacam-se a Nelore, a Guzerá
e a Tabapuã, cada qual com suas particularidades, que podem ser exploradas a
fim de alcançar melhor eficiência do sistema produtivo.
Dados relacionados ao consumo e ao desempenho das raças Nelore,
Tabapuã e Guzerá, mantidas em confinamento, bem como a comparação destas
características entre estas raças são escassos na literatura. Entretanto, é
extremamente importante a realização de trabalhos que possam avaliar estes
animais e que busquem detectar aqueles mais produtivos para o sistema de
criação ao qual se destinam, selecionando, dentro e entre as raças, aqueles
animais geneticamente superiores.
Assim como o crescimento dos bovinos, o rendimento de carcaça e a
qualidade da carne dependem da combinação de fatores como raça e dieta. Neste
contexto, o confinamento se apresenta como uma ferramenta que possibilita o
abate de animais jovens e bem acabados, proporcionando, em geral, carcaças e
4
carne de melhor qualidade. Ademais, este sistema proporciona lotação por área
mais elevada que os regimes de pastejo, aumenta a taxa de desfrute e
proporciona maior giro de capital.
Os fatores que interferem no consumo e no desempenho animal são
tratados de diferentes formas pelos sistemas de exigências nutricionais, o que
ocasiona estimativas de consumo e de desempenho diferentes.
Dentre os principais sistemas de exigências nutricionais, que também
são utilizados para a avaliação de dietas no Brasil, destacam-se o Nutrient
requeriments of beef cattle (NRC, 2000), o Cornell net carbohydrate and
protein system (CNCPS 5.0) e o BR-CORTE (Exigências nutricionais de
zebuínos e tabelas de composição de alimentos).
Nesses sistemas, apenas o BR-CORTE traz, em seu banco de dados,
informações sobre animais, alimentos e manejo condizentes com as condições
brasileiras, pois o NRC e o CNCPS foram desenvolvidos em países de clima
temperado, com forragens e clima diferentes das condições tropicais e,
principalmente, animais de raças taurinas. Portanto, torna-se necessário avaliar
estes sistemas, no intuito de definir aquele com maior precisão nas estimativas
de desempenho animal.
O presente trabalho teve como objetivos:
estimar o consumo de matéria seca (CMS) e determinar o desempenho
de animais Nelore PO, Nelore LA, Tabapuã e Guzerá confinados, e
avaliar se os sistemas de exigências nutricionais NRC (2000), CNCPS
5.0 e BR-CORTE apresentam precisão na predição do consumo e
desempenho de novilhos de grupos genéticos zebuínos confinados.
5
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Consumo
Informações sobre o CMS, pelos animais, são de extrema importância
em todo o processo produtivo, já que, segundo Mertens (1994), o desempenho
animal é função direta do consumo de matéria seca digestível. Isso porque ele
influencia diretamente o ingresso de nutrientes, principalmente energia e
proteína, necessários ao atendimento das exigências de mantença e de produção
(Noller et al.,1996).
Os fatores que influenciam o consumo podem ser inerentes ao animal e
ao alimento. Os fatores relacionados ao animal incluem idade, sexo, peso vivo,
estádio fisiológico e condições corporais. Já os relativos ao alimento incluem a
composição química e o tipo (fibroso ou não fibroso) (San Thiago, 1984). Além
disso, fatores ambientais (disponibilidade de alimento, espaço no cocho, tempo
de acesso ao alimento), fatores comportamentais e as condições climáticas
também exercem influência (Mertens, 1992).
Dentre os fatores que estimulam o consumo de alimentos estão: a
demanda de nutrientes, o balanço de nutrientes absorvidos pelos
microorganismos, a queda na produção de ácidos graxos voláteis (AGVs), bem
como a palatabilidade dos alimentos. Dentre os fatores relacionados à inibição
da ingestão estão o estresse calórico, a fadiga, a distenção ruminal (devido ao
efeito da fibra ou da pressão de gases), bem como a maior produção de AGVs
(Forbes, 1995).
Os mecanismos de controle da ingestão de alimentos (físicos e
metabólicos), apesar de serem complexos, envolvendo interações entre o animal
(por meio do sistema nervoso central), o ambiente e o alimento, são ditados,
principalmente, pelo teor de energia do alimento (Coelho da Silva, 2006).
6
Porém, quando se tratam de diferentes categorias ou raças de animais, o
controle ou a regulação do consumo estão diretamente ligados à resposta do
hipotálamo a alguns fatores (IGF-I, insulina, leptina e cortisol), e o mecanismo
de resposta está diretamente ligado ao animal (Carstens, 2002, Johnston et al.,
2002; Moore et al., 2005).
Os fatores ligados à regulação do consumo levam ao surgimento de
diversas teorias e, de acordo com Forbes (1995), essas teorias sugerem que a
ingestão de alimentos ocasiona mudanças no organismo do animal, sendo estas
monitoradas pelo cérebro. Em resumo, as teorias são:
- a teoria termostática: considera que o aumento pós-ingesta da
temperatura corporal atua como um mecanismo em curto prazo, inibindo a
ingestão;
- a teoria quimiostática: o aumento da concentração sanguínea de
metabólitos estimula receptores químicos, que ativam o centro da saciedade,
ocasionando inibição da ingestão de alimentos.
- a teoria lipostática: a quantidade de gordura corporal se correlaciona
negativamente com a ingestão de alimento, atuando como um mecanismo de
longo prazo e
- a teoria hormonal: os estrógenos, em baixos níveis, podem estimular a
ingestão, enquanto que níveis elevados têm efeito depressor da mesma.
A respeito dos hormônios gastrintestinais, a colecistoquinina tem um
claro efeito depressor da ingestão em ruminantes, que é mais intenso quando o
hormônio é administrado diretamente no sistema nervoso central (Carvajal,
1990; Church, 1993; Borges, 1999).
Entretanto, o comportamento de alimentação dos bovinos não é
explicado apenas por fatores biológicos, já que é fortemente influenciado, tanto
positiva quanto negativamente, pelas características do alimento, pelas
associações sociais e pelas características do meio (Fraser & Broom, 1990).
7
Dessa forma, deve-se levar em consideração o comportamento social
que influencia a ingestão, já que, quando os animais alimentam-se em grupos,
dois tipos de influência social podem acontecer: facilitação social e
comportamento antagonista. A facilitação social aumenta a alimentação,
enquanto o comportamento agonista, provavelmente, reduz a ingestão dos
animais subordinados. Situações de alimentação que impossibilitem alguns
indivíduos de chegar à fonte de alimentos, como brigas e ameaças dos animais
na hora da alimentação em grupo, seja por causa de cocho mal desenhado ou
espaço insuficiente, resultarão na diminuição do consumo devido ao
comportamento de sincronização de alimentação dos bovinos (Fraser & Broom,
1990).
As interações entre o animal, o alimento e o meio fazem com que o
comportamento alimentar se torne altamente estereotipado, podendo ser
modificado pela experiência passada e atual, estresse, doença e muitos outros
fatores, em adição à intensidade da necessidade fisiológica, que determinarão os
padrões, a duração e as quantidades ingeridas e a qualidade do que é selecionado
para ser ingerido (Hatton, 1975).
De acordo com Forbes (2003), os fatores que influenciam a ingestão
individual de alimentos de animais variam consideravelmente a cada dia. No
entanto, esta ingestão pode ser organizada durante períodos de 3 a 4 dias. Nesse
intervalo, o organismo do animal tenta estabilizar a ingestão.
Apesar da complexidade e de todos os fatores envolvidos, o consumo de
alimentos está correlacionado com a regulação da energia corporal, que mantém
um balanço entre a ingestão e a saída de energia do corpo (Coelho da Silva,
2006). Essa é uma das explicações mais simples referentes às diferenças no
consumo apresentado por animais de uma mesma categoria, o que leva ao
aparecimento de animais mais e menos eficientes (NRC, 1987).
8
Alguns trabalhos vêm sendo desenvolvidos no Brasil, comparando-se as
diferenças no consumo de alimentos entre animais Bos taurus, Bos indicus e
seus mestiços (Gonçalves et al., 1991; Euclides Filho et al., 2003). Os padrões
distintos de consumo entre estes animais, mantidos em confinamento, foram
evidenciados por Almeida & Lanna (2003), que encontraram valores mais
baixos de consumo em animais zebuínos, comparados aos taurinos.
Em relação à interação social, ocorre diferença no CMS entre animais
alimentados em baias individuais e os alimentados em grupo, havendo também
diferença no consumo dentro do mesmo grupo (Valadares Filho et al., 2006a).
No entanto, estes autores ressaltam que é possível estimar o consumo individual
de animais alimentados em grupo, com o uso de indicadores.
Contudo, apesar da importância das informações sobre o consumo de
alimento pelo animal, quase não se encontram, na literatura, trabalhos que
avaliaram o consumo individual de diferentes raças zebuínas.
2.2 Confinamento
As mudanças ocorridas, nos últimos anos, na atividade agropecuária
nacional, principalmente aquelas relacionadas à redução da área disponível para
a bovinocultura de corte, têm levado à busca constante em eficiência, tanto em
quantidade, quanto em qualidade.
O desempenho de bovinos na fase de terminação, o rendimento de
carcaça e a qualidade da carne dependem da combinação de fatores, como raça e
alimentação, que afetam ainda a precocidade no acabamento do animal (Nardon,
1998). Neste aspecto, o confinamento é ferramenta que possibilita o abate de
animais jovens e bem acabados, proporcionando, em geral, carcaças e carne de
melhor qualidade (Costa et al., 2005). Além disso, o confinamento permite
9
maior giro de capital e melhor aproveitamento das áreas de pastagens para outras
categorias animais.
No entanto, apesar das vantagens mencionadas, a atividade de
confinamento apresenta custo mais elevado de produção, sendo esse acréscimo
diretamente relacionado com a dieta. Segundo Restle & Vaz (1999), no processo
de terminação de bovinos de corte em confinamento, a alimentação representa
mais de 70% do custo total de produção. Desses 70%, aproximadamente 2/3 são
representados pela fração concentrado. Com isso, alternativas visando à redução
nos custos destes componentes aumentariam a lucratividade da atividade.
Para a otimização da exploração de bovinos em confinamento, torna-se
necessário o conhecimento de variáveis que afetam a eficiência de exploração do
sistema e, dentre estas variáveis, encontram-se as características do animal.
Características importantes de animais em confinamento são o tipo e a
conformação, as quais indicarão a capacidade ingestiva e a maior deposição
muscular desses animais (Peixoto, 1999). De acordo com esse autor, dentro das
varaiações de cada raça, indivíduos mais altos e de corpo mais alongado tendem
a ser mais eficientes. Outros parâmetros importantes são o peso e a idade, pois o
peso associado à idade e à estrutura corporal é considerado o mais importante
fator que influencia a proporção de músculos, ossos e gordura no organismo
animal, bem como a distribuição e a localização da gordura. Segundo Lopes &
Sampaio (1999), a idade recomendada para iniciar o confinamento é de 12 a 26
meses, devendo-se optar por animais com peso compatível ao tempo
programado de confinamento.
Diferenças genéticas em características relacionadas à eficiência de
utilização de alimentos para a produção de carne bovina podem se expressar de
várias maneiras. Uma importante fonte de diferenças entre animais quanto à
eficiência de produção está na capacidade de ingestão de alimentos, em níveis
10
acima das exigências de manutenção, durante a fase de crescimento (Ledger et
al., 1970; Gonçalves et al., 1991; e Oliveira et al., 1994).
Igualmente importantes para a determinação da eficiência de produção
de carne bovina são as diferenças entre animais e entre raças, quanto à taxa de
conversão do alimento em peso vivo ou em componentes da carcaça (ARS-
USDA, 1974). Geralmente, animais de raças mais pesadas, com maior
velocidade de ganho de peso na fase de crescimento, demandam menos alimento
por quilograma de peso ganho que os de raças menores, quando avaliados em
faixas de idade e de peso comparáveis (Mason, 1971).
Devido aos vários fatores que influenciam o desempenho de
animais em confinamento e a variabilidade dessas características dentre
os vários genótipos, é necessário avaliar aquele que mais se adapte ao
confinamento, possibilitando aumento na lucratividade.
2.3 Raças zebuínas
O rebanho brasileiro de bovinos zebuínos é composto por diversas raças
puras e compostas, cada uma com suas particularidades e que se adaptam aos
diversos sistemas de produção encontrados no país.
A maior parte do rebanho é denominada rebanho comercial, que são os
animais destinados ao abate, seguido pelo rebanho multiplicador. No topo da
pirâmide se encontram os animais geneticamente superiores, responsáveis por
transmitir as características desejáveis dentro de um sistema de produção.
O rebanho elite pode ser formado por animais PO (puro de origem) que
são aqueles que possuem genealogia ascendente conhecida, no mínimo de três
gerações, tanto do lado paterno como materno. Também fazem parte desse
rebanho os animais LA (livro aberto) que são aqueles que apresentam
características da raça, porém, se desconhece a origem. Estes, na terceira
11
geração, poderão passar para a categoria PO, desde que sejam utilizados nas
matrizes touros PO como reprodutores (ABCZ, 2000). Observa-se que, de
acordo com a descrição, animais PO são animais que sofreram maior processo
de seleção, quando comparados aos animais LA.
Das raças de bovinos de corte encontradas no Brasil, destacam-se a
Nelore, a Guzerá e a Tabapuã. A raça Guzerá foi uma das primeiras a chegar ao
Brasil e tem apresentado bom desempenho zootécnico, visto que um mesmo
animal consegue ser pesado, leiteiro, precoce e fértil (Campos, 1998).
A raça Nelore tem características produtivas marcantes, com grande
capacidade de adaptação às condições tropicais brasileiras. Esta raça é
responsável por 80% do rebanho zebuíno do país (Magnabosco, 1997) sendo,
dessa forma, uma das raças mais importantes na cadeia produtiva da carne no
Brasil.
A raça Tabapuã foi a primeira raça de zebu mocho formada no Brasil. É
basicamente constituída de animais da raça Nelore e também Guzerá e traços de
sangue Gir. O Tabapuã tem características físicas que oferecem vantagens
frigoríficas em relação a outros zebuínos, como cabeça e pescoço menores, patas
curtas e carcaça cilíndrica, o que faz com que o aproveitamento de carne seja
acima de 50% (Santiago, 1986). De acordo com este autor, o fator mocho vem
do gado mestiço, descendente de bovinos de origem européia. Seu livro de
registros foi aberto em 1971 e, atualmente, a raça tem papel de destaque na
pecuária de corte nacional (ABCZ, 2000).
Cada raça apresenta particularidades que podem ser aproveitadas de
acordo com o sistema de criação e a finalidade a que se destina, porém, o
número reduzido de estudos comparativos sobre o desempenho entre as raças
zebuínas existentes em escala comercial no país é um dos motivos que fazem
com que o produtor não tenha embasamento científico na escolha de uma raça.
12
2.3.1 Desempenho de zebuínos em confinamento
Na seleção de bovinos de corte são necessárias estratégias para aumentar
a eficiência alimentar, mas sem prejudicar características de desempenho,
reprodução ou comprometer a qualidade da carne (Lanna & Almeida, 2004).
Neste contexto, Vittori et al. (2006), ao compararem animais Gir, Guzerá
e Nelore selecionados com animais Nelore não selecionados, concluíram que os
animais selecionados produziram carcaças mais pesadas. Por outro lado, Junior
et al. (2006), avaliando o desempenho de animais Nelore selecionados e não
selecionados, em confinamento, encontraram ganhos médios diários de peso
vivo semelhantes (0,841 vs. 0,885 kg/dia, respectivamente). Nessa pesquisa, os
animais Nelore não-selecionados apresentaram melhor eficiência alimentar e
menor custo de produção, em relação aos Nelore selecionados.
Em trabalhos distintos, Resende et al. (1999) e Razook et al. (2001), com
animais Nelore selecionados, Guzerá selecionados, Gir selecionados e Nelore
não selecionados, observaram que os Nelore selecionados obtiveram ganhos
superiores aos outros grupamentos genéticos, o que indica maior efeito da
seleção sofrida por este grupamento.
Nardon et al. (2000), no intuito de verificarem diferenças nas
características quali-quantitativas de carcaças, abateram 48 animais de três
grupos genéticos (Nelore Seleção, Nelore não selecionados e Guzerá), em três
diferentes períodos de confinamento (3, 6 e 9 meses). Os autores observaram
que os zebuínos apresentaram semelhança em todas as características, exceto
quanto ao peso vivo ao abate, que foi menor para o Nelore não selecionado.
Trabalhando com animais Gir, Guzerá, Tabapuã e Nelore, Jorge et al.
(1998) avaliaram o desempenho produtivo e concluíram que os animais da raça
Nelore apresentaram GPD e de carcaça superiores aos demais, que não se
diferenciaram entre si. Quanto à eficiência alimentar, não houve diferença entre
13
as quatro raças. Em uma prova de ganho de peso, Razook et al. (2003),
trabalhando com animais Nelore, Guzerá e Tabapuã, que receberam dieta com
relação volumoso:concentrado de 50:50, também observaram ganho de peso
semelhante, com ganhos médios diários de 1,008, 1,068 e 1,112 kg/dia,
respectivamente.
Portanto, os valores encontrados na literatura, sobre o desempenho dos
animais zebuínos em confinamento, apresentam divergências, principalmente
em relação a qual genótipo responde melhor ao sistema de confinamento.
2.4 Características de carcaça e a ultra-sonografia
O monitoramento de características de carcaça, tais como área de olho
de lombo (AOL), espessura da camada de gordura subcutânea (EG) no músculo
Longissimus dorsi (contrafilé) e espessura da camada de gordura no músculo
Bíceps femuris (P8) (picanha), além de auxiliar a escolha de animais a serem
abatidos (aqueles que tenham atingido o mínimo de 3 mm sobre a AOL),
também fornece informações úteis para serem incorporadas tanto a modelos de
crescimento, como de seleção animal (Bergen et al., 1996). Segundo Frost et al.
(1997), a avaliação de carcaça por predições in vivo pode garantir a
economicidade do processo produtivo, uma vez que possibilita determinar o
grau de terminação e de desenvolvimento muscular dos animais. De acordo com
Wilson (1992), a utilização da ultra-sonografia para estimar a proporção de
músculo e quantidade de gordura é mais acurada do que o peso vivo e outras
características facilmente medidas.
Waldner et al. (1992) afirmam que diferenças devido a instrumentos,
operadores, espessura do couro, comprimento do pêlo, nível de acabamento e
corte da carcaça contribuem para a variação nos resultados. Entretanto, as
diferenças atribuídas a equipamentos e a operadores são mais importantes em se
14
tratando de medidas de gordura intramuscular, com menor influência nas
medidas de AOL e EG.
Silva et al. (2003) estimaram correlações entre medidas in vivo obtidas
por ultra-som (US) e algumas características de carcaça. Foram utilizados 22
novilhos Nelore, com peso vivo e idade médios de 279 kg e 24 meses,
respectivamente, confinados por 98 dias e alimentados com dietas com elevada
proporção de concentrado. O autor concluiu que o ultra-som mostrou-se acurado
para estimar a área de olho de lombo no momento do abate e também para
classificar os animais.
Segundo Nardon et al. (1998), a seleção praticada no Brasil visa ao
maior peso do animal em determinada idade, o que tem refletido em uma série
de transformações na bioquímica, fisiologia e endocrinologia do animal,
determinando a divisão dos nutrientes entre mantença e produção. Desse modo,
o potencial para o desenvolvimento pode ser alterado e o suprimento de
nutrientes deve ser adequado a este processo para a manutenção de uma taxa
ótima de crescimento.
Animais com maior crescimento de tecido adiposo são menos eficientes
quanto à conversão alimentar (Rattray & Joyce, 1976). Isso ocorre porque os
tecidos adiposos, que são responsáveis por parte do aumento do peso vivo,
contêm teores mais elevados de matéria seca que os músculos (Lana et al.,
1992).
Cruz et al. (2004) encontraram valores de AOL variando de 60,8 a 63,7
cm
2
, em animais Nelore, com peso de abate de 380 e 440 kg, respectivamente.
Gesualdi Jr. et al. (2006) avaliaram as características de carcaça de
bovinos machos não-castrados de dois grupos genéticos alimentados em
confinamento. Utilizaram-se 28 novilhos com idade média de 18 meses (16
Nelore selecionados e 12 Nelore não-selecionados, com 345 e 434 kg de peso
vivo, respectivamente). A dieta foi formulada com silagem de milho como
15
volumoso e apresentou relação volumoso:concentrado de 50:50. O abate foi
realizado quando os animais atingiram 4 mm de gordura subcutânea, medida por
ultra-som. Os pesquisadores concluíram que a espessura de gordura subcutânea
real e a porcentagem de tecido adiposo foram maiores nos animais Nelore não-
selecionados.
Comparando-se a disponibilidade de alimento, Gesualdi Jr et al. (2006)
encontraram valores diferenciados de AOL (73 e 65 cm
2
), para animais
recebendo alimentação ad libitum e restrita, respectivamente. Avaliando-se os
grupos genéticos, constata-se que os valores de AOL de 65,25 e 65,66 cm
2
, para
Nelore selecionados e Nelore não-selecionados, respectivamente, foram
próximos aos encontrados por Nardon et al. (1998), de 68,2 e 65,9, em bovinos
Nelore selecionados e não selecionados, respectivamente. Todavia, estes foram
superiores aos obtidos por Jorge et al. (1999), que encontraram 57,95 cm
2
, ao
abaterem animais zebuínos com 450 kg de peso vivo.
Vittori et al. (2007), trabalhando com animais com peso inicial de 329
kg, encontraram valores semelhantes de AOL nos animais Guzerá e Nelore não
selecionados (59,18 e 61,78 cm
2
, respectivamente) sendo estes diferentes dos
valores apresentados pelos Nelore selecionados, que foi de 66,04 cm
2
.
Dode & Jardim (1986) utilizaram a AOL para estimar o peso e a
porcentagem dos cortes e da porção comestível da carcaça e verificaram que este
é um parâmetro de baixo valor. Contudo, Müller (1987) afirma que a AOL,
utilizada em conjunto com outros parâmetros, auxilia na avaliação do grau de
rendimento em cortes desossados da carcaça. A AOL deve ser utilizada em
associação à espessura de gordura subcutânea, para melhorar a confiabilidade
das estimativas do grau de musculosidade dos bovinos (Priyanto et al., 1993).
16
2.5 Sistemas de exigências nutricionais
Dentre os principais sistemas de exigências nutricionais, que também
são utilizados para avaliação de dietas no Brasil, destacam-se o Nutrient
Requeriments of Beef Cattle (NRC 2000), o Cornell Net Carbohydrate and
Protein System - CNCPS 5.0 (Fox, 2003) e o BR-CORTE - Exigências
nutricionais de zebuínos e tabelas de composição de alimentos (Valadares Filho,
2006b).
Devido à importância do consumo de alimentos sobre o desempenho
animal e ao fato de a alimentação corresponder à maior porcentagem dos gastos
do sistema produtivo (Lopes, 2002), ajustes nessas estimativas são necessários
para determinar a viabilidade econômica da bovinocultura de corte. Isso é
importante, sobretudo, sabendo que os principais sistemas de predição utilizados
foram desenvolvidos em países de clima temperado, com forragens e clima
diferentes das condições tropicais e com os dados oriundos, basicamente, de
animais taurinos.
2.5.1 Nutrient requeriments of beef cattle (NRC, 2000)
Animais zebuínos apresentam depósito de gordura periférica mais
pronunciado, em detrimento do depósito de gordura intra e itermuscular (Peron
et al., 1993) e menor tamanho de órgãos internos (Jorge et al., 1999) em relação
aos taurinos, apresentando, dessa forma, exigências de energia para mantença
inferiores.
O NRC (2000) recomenda descontar 10% da exigência de energia
líquida de mantença para machos inteiros, castrados e novilhas de raças zebuínas
em relação às taurinas. Outros sistemas de exigências nutricionais também
17
recomendam descontos na exigência de energia líquida de mantença para
animais zebuínos, como o AFRC (1993) e o Cornell (CNCPS).
A) Energia para mantença
Segundo o método fatorial, utilizado atualmente pelos diversos sistemas,
a energia de mantença deve ser apresentada separadamente da energia necessária
para produção. A energia metabolizável (EM) necessária para a mantença
representa 70% da EM total requerida para fêmeas de corte e mais de 90% para
touros reprodutores (Ferrel & Jenkins, 1987). Isso demonstra a importância
dessa exigência para os rebanhos de cria (Valadares Filho et al., 2006b)
Basicamente, três métodos têm sido usados para determinar a exigência
energética de mantença:
- experimentos que determinam a quantidade de alimento necessária
para manter o peso corporal ou determinam o peso corporal mantido obtido por
uma mesma alimentação freqüente (Taylor et al., 1981, 1986);
- métodos calorimétricos (Agricultural Research Council, 1965, 1980);
- abates comparativos (Lofgreen, 1965; Lofgreen & Garrett, 1968).
O NRC (2000) utiliza o método de abates comparativos. Ao contrário do
método calorimétrico, no qual se determina a energia retida (ER) pela diferença
entre a EM ingerida e a produção de calor (PC) obtida, o método de abates
comparativos determina a PC pela diferença entre EM ingerida e ER no corpo
do animal. A ER, por definição, equivale à energia de mantença requerida em
animais em crescimento.
A partir destes dados, chegou-se à equação para a determinação da
exigência de energia líquida de mantença (El
mantença
) para gado de corte:
El
mantença
= 0,077 Mcal/PCVZ
0,75
/dia,
18
em que: PCVZ = peso vivo de corpo vazio
PCVZ = PV x 0,891
Nesta equação existe variação de acordo com a raça, até 20% a mais de
energia para algumas raças Bos taurus e média de 10% a menos para Bos
indicus. Além disso, animais castrados e fêmeas possuem exigência semelhante
apresentando exigência de El
mantença
15% menor do que animais não castrados
(NRC, 2000).
A El
mantença
também pode variar por razões como peso, idade,
sazonalidade, temperatura ambiental, estádio fisiológico e atividade física (NRC,
2000).
B) Proteína para mantença
A unidade utilizada para expressar a exigência em proteína é a proteína
metabolizável (PM), que considera a degradação ruminal da proteína e separa as
exigências dos microrganismos ruminais e a exigência do animal. A PM é o total
de proteína absorvida no intestino, composta por proteína microbiana (Pmic)
digestível e a proteína não degradável no rúmen (PNDR) digestível.
A PM substituiu a proteína bruta (PB) por existirem mais informações
sobre a síntese de Pmic e PNDR que permitem melhor predição dessas fontes no
intestino e também porque o conceito de PB considera que os alimentos têm
degradação ruminal de proteína equivalente, toda ela sendo convertida em PM
com mesma eficiência, o que não é verdade.
Para a exigência PM de mantença, nesse sistema utiliza-se a equação:
PM
mantença
= 3,8 g/kg PV
0,75
/dia
19
C) Síntese de proteína microbiana
A Pmic pode atender de 50%a 100% da exigência de PM para gado de
corte, dependendo da PNDR contida na dieta. No sistema NRC (2000) há duas
equações para predizer a síntese de Pmic. Uma é para dietas contendo menos do
que 40% de volumoso, sendo o consumo de volumoso e de concentrado, em
porcentagem do peso vivo, necessários:
Pmic (g/dia) = 6,25 NDT (kg ingeridos/dia) (8,63 + 14,6 x consumo forragem
– 5,18 consumo forragem
2
+ 0,59 consumo concentrado)
A outra equação é para dietas com mais de 40% de volumoso:
Pmic (g/dia) = 6,25 (-31,86 + 26,12 NDT (kg ingeridos/dia))
Com dietas de baixa qualidade, a síntese de Pmic é reduzida e a lenta
taxa de passagem causada por essa dieta faz com que a quantidade de energia
necessária para a mantença da microbiota ruminal aumente.
A quantidade, em média, de Pmic produzida é de 13 g/100 g NDT, valor
este usado para a equação de dietas com mais de 40% de volumoso. Para dietas
contendo menos de 40% de volumoso, a equação acima é utilizada, porém,
ocorre redução de 2,2% de Pmic sintetizada para cada ponto percentual a menos
de FDNe da forragem, desde que a dieta apresente valores de FDN inferior a
20%. Dessa forma, considera-se que dietas com menos de 40% de volumoso e
que apresentem teor de FDN menor do que 20% propiciam menor eficiência de
síntese de proteína microbiana.
A síntese de Pmic é influenciada por vários fatores, como presença de
amônia, aminoácidos ruminais e peptídeos. O tipo de CHO (fibroso ou não)
20
também influencia essa síntese, alterando a exigência de mantença da
microbiota, devido às diferentes taxas de passagem e de crescimento microbiano
e por alterações do pH ruminal. Lipídeos praticamente não oferecem energia
para a microbiota (NRC, 2000).
D) Exigência protéica e energética para ganho de peso
A energia necessária para ganho de peso é definida como a energia
contida no tecido depositado. A equação adotada por esse sistema relaciona a
energia para crescimento (energia para ganho: El
ganho
) com o ganho de peso de
corpo vazio (GPCVZ), para um determinado peso de corpo vazio (PCVZ):
El
ganho
= 0,0635 x PCVZ
0,75
x GPCVZ
1,097
(Mcal/dia),
em que PCVZ = PV x 0,891
GPCVZ = GPD x 0,956
Essa equação é utilizada, pelo NRC (2000), como referência para
determinar as exigências de energia líquida para GPD para vários estádios de
crescimento e todas as taxas de ganho. Para corrigir a equação para um bovino
mais próximo de nossa realidade, utiliza-se a fórmula:
EQPVJ = PVJ (PVP / PVFJ)
em que: EQPVJ é o peso equivalente a um macho bovino de tamanho
médio castrado; PVJ = PV x 0,96 é o peso inicial em jejum, de 14 a 16 horas;
PVP é o peso padrão de referência 435, 462 e 478 kg para teor de gordura final
no corpo de 25,2%, 26,8% e 27,8%, que corresponde a marmoreio traço, leve e
pequeno, respectivamente e PVFJ é o peso final em jejum.
21
O NRC (2000) também indica a correção para El
ganho
de machos não
castrados, 18% menos energia e fêmeas, 18% mais energia.
Para converter as exigências de energia líquida de mantença (El
mantença
) e
de ganho de peso (El
ganho
) para exigências de energia metabolizável (EM), o
NRC (2000) utiliza as seguintes equações (expressas em Mcal/kg MS):
El
mantença
= 1,37 EM – 0,138 EM
2
+ 0,0105 EM
3
– 1,12
El
ganho
= 1,42 EM – 0,174 EM
2
+ 0,0122 EM
3
-1,65
em que EM é o valor da EM contida na dieta dos animais. A partir disso,
obtém-se a eficiência de utilização da EM para mantença (Km) e ganho (Kf),
dividindo-se o valor encontrado nas equações de El
mantença
e El
ganho
pelo valor da
EM contida na dieta. Para encontrar a exigência de EM, dividem-se as
exigências de energia líquida (mantença e ganho) pelas respectivas eficiências e,
somando-as, se determina a exigência de EM.
Determinada a exigência energética em EM, pode-se converter para
exigência de NDT, já que os valores energéticos dos alimentos são encontrados,
com maior disponibilidade, expressos em NDT. O sistema assume que: EM =
0,82 ED e que 1 kg de NDT = 4,409 Mcal de ED.
Quanto mais energia for consumida além da mantença, a taxa de síntese
protéica se torna limitante e o excesso de energia é depositado como gordura, o
que dilui a concentração protéica, de cinzas e de água no corpo do animal. O
peso em que a composição corporal fica semelhante entre os animais depende do
sexo e do tamanho à maturidade. Por isso essa composição difere, mesmo em
pesos iguais (NRC, 2000).
O ganho de peso diário de proteína é calculado pela massa corpórea sem
gordura, a qual varia muito pouco dentre os tipos de animais, taxa de
crescimento ou tipo de alimentação. Considerando a relação entre El
ganho
22
(Mcal/dia) e proteína contida no ganho, acha-se a proteína líquida exigida para o
ganho (Pl
ganho
):
Pl
ganho
= GPVJ x (268 – (29,4 x (El
ganho
/ GPVJ))) (g/dia)
em que GPVJ: ganho de peso vivo em jejum.
A proteína retida para ganho (PR
ganho
) também é convertida em proteína
metabolizável (PM), pela equação:
Eficiência = 83,4 – (0,114 x EQPVJ)
sendo esta equação é usada para EQPVJ300kg.
Para EQPVJ>300kg, utiliza-se um valor fixo de 49,2% de eficiência.
Assim, dividindo-se o valor de Pl
ganho
pela eficiência, obtém-se o valor da
exigência de PM em g/dia, expresso nas tabelas do NRC (2000).
E) Consumo de matéria seca (CMS)
Para a determinação da equação de predição do CMS foram utilizados
dados de experimentos envolvendo animais em crescimento e terminação.
Trabalhos com diversos tratamentos, diferentes períodos de experimento,
tamanho de animais, sexo, idade e pesos iniciais diferentes foram aproveitados.
Com essa variação dos animais, com pesos em jejum ou não, o NRC (2000)
assumiu o peso em jejum na equação.
Como o CMS pode variar muito por causas ambientais, diferentes
manejos e por fatores dietéticos, os valores de CMS preditos pelas equações não
devem ser utilizados como uma estimação exata, mas devem ser considerados
como um valor aproximado (NRC, 2000).
23
A equação para se estimar o CMS que foi obtida e revisada por meio de
análise de dados registrados na literatura e também de rebanhos, levando-se em
conta o peso vivo inicial, é:
CMS = 4,54 + 0,0125 x PV
Outra equação de predição de CMS, levando-se em conta a El
mantença
(Mcal/kg MS da dieta) é:
CMS = PVJ
0,75
x (0,2435 x El
mantença
– 0,0466 x El
mantença
2
– 0,01128)
2.5.2 Cornell net carbohydrate and protein system (CNCPS 5.0)
O CNCPS é um modelo matemático que permite formular dietas para
bovinos baseadas na cinética da digestão, por meio da avaliação das frações
protéicas e de carboidratos dos alimentos. Nele são utilizadas equações que
estimam a digestão (taxa e potencialidade) e a passagem dessas frações, o que
resulta em rações mais eficientes, em termos de fermentação ruminal e de
nutrientes metabolizáveis (Bacha, 2006).
Neste sistema há equações para fracionamento de carboidratos e de
proteínas, buscando simular o mais próximo possível a dinâmica ruminal, a fim
de obter uma base melhor para a predição de EM e de absorção protéica (Van
Soest et. al., 1984; Sniffen et al., 1992). Dessa forma, proteína e carboidrato são
subdivididos em composição química, características fisícas, degradação
ruminal e digestibilidade pós-ruminal (Sniffen et al., 1992).
A proteína dietética é fracionada em nitrogênio não protéico (NNP),
proteína verdadeira e nitrogênio indisponível (Van Soest et al., 1981), as quais
foram descritas como fração A (NNP), B (proteína verdadeira) e C (proteína
indisponível). Além disso, a proteína verdadeira é fracionada em outras três
24
frações (B1, B2, B3), baseadas em suas taxas de degradação ruminal (Van Soest
et al., 1981). A fração B1 é rapidamente degradada no rúmen e representa a
maior parte da proteína solúvel em forragem fresca (Van Soest, 1982).
Já a fração B3 é degradada lentamente no rúmen porque é associada à
parede celular. Alta porcentagem dessa fração escapa da degradação ruminal. Já
a fração B2 é pouco fermentada no rúmen e também é degradada no intestino.
A fração C (proteína indisponível) contém proteína associada com
lignina, complexos proteína-tanino e produtos de Maillard, que são muito
resistentes às enzimas dos microrganismos ruminais. Essa fração não é
degradada pela microbiota ruminal e não fornece aminoácidos na digestão pós-
ruminal (Krishnamoorthy et al., 1982).
Os CHOs também podem ser classificados de acordo com sua taxa de
degradação. A fração A é de degradação rápida e é composta por açúcares
(CHO’s não fibrosos) e ácidos orgânicos. A fração B1 é de degradação
intermediária e composta por amido e pectina (também CHOs não fibrosos). A
fração B2 é de lenta degradação e representa a porção da parede celular que é
degradada por microrganismos ruminais. Já a fração C representa a parte da
parede celular que não é degradada, ou seja, a FDAi (Sniffen et.al., 1992).
A) Energia
A exigência líquida de mantença (El
mantença
) é determinada ajustando-se
as exigências do metabolismo basal para raça, peso metabólico, estádio
fisiológico, atividade física, excreção de uréia, condições climáticas e estresse
térmico por calor ou frio (CNCPS 5.0).
As exigências de metabolismo basal (kcal/PV
0,75
) foram calculadas para
várias raças. Para bovinos em crescimento, esta necessidade basal é ajustada em
5% por escore de condição corporal abaixo ou acima de 5 (escore corporal de 1
25
a 9). Às exigências do metabolismo basal são somados os gastos para atividade e
para a manutenção da temperatura corporal. Para calcular a energia requerida
para manter normal a temperatura do corpo, a produção de calor da dieta e do
animal é computada como energia metabolizável menos energia líquida (CNCPS
5.0).
B) Proteína
No sistema CNCPS 5.0 é adotada a seguinte equação para a
determinação da exigência protéica:
PM
mantença
(g/dia) = SPA + UPA + FPN
em que: SPA é a proteína de descamação da epiderme (g/dia); SPA = 0,20 x
PVJ
0,6
/0,67 (PVJ = peso vivo do animal em jejum, sendo 96% do PV);
UPA é a proteína urinaria (g/dia): UPA = 2,75 x PVJ
0,5
/0,67;
FPN é a proteína fecal metabólica (g/dia): FPN = 0,09 x CMS (MS (g/dia)).
C) Exigência protéica e energética para ganho de peso
Também no CNCPS 5.0, o peso vivo em jejum (PVJ) é ajustado a um
peso padrão do animal no mesmo estádio de crescimento. Para se estimar a
El
ganho
e a Pl
ganho
, nesse sistema usam-se, portanto, as mesmas equações do NRC
(2000).
26
D) Consumo de matéria seca (CMS)
No CNCPS 5.0 é utilizada uma equação semelhante ao NRC (2000) para
a predição do CMS, sendo:
CMS = PVJ
0,75
x (0,2435 x El
mantença
– 0,0466 x El
mantença
2
– 0,01128)
2.5.3 Exigências nutricionais de zebuínos e tabelas de composição de
alimentos (BR-CORTE)
O sistema brasileiro, desenvolvido pela Universidade Federal de Viçosa,
foi feito de forma semelhante aos sistemas americanos. Fracionaram-se as
frações dos alimentos, mas somente com dados e trabalhos brasileiros, de várias
instituições, pelos quais foram desenvolvidas novas equações para se estimar as
exigências nutricionais de animais em condições brasileiras.
A) Energia
Levando-se em conta a exigência de energia de mantença encontrada no
NRC (2000) de 0,077Mcal/PV
0,75
e desconto de 10% para animais zebuínos (Bos
indicus), tem-se a exigência de 0,069 Mcal/PV
0,75
, não tendo nenhum trabalho
sido desenvolvido com a raça Nelore (BR-CORTE, 2006).
Já num trabalho brasileiro (Paulino et al., 2004), o valor encontrado para
exigência de energia de mantença, após experimentos com animais Nelore, foi
de 0,07592 Mcal/PCVZ
0,75
. Como as dietas utilizadas não foram uniformes,
tendo variado de 5% a 80% de concentrado da matéria seca total, o método para
a obtenção desse valor não pôde ser o mesmo usado no sistema americano, que
utiliza dietas com a mesma relação volumoso:concentrado. Por isso, foi
determinado o valor de energia metabolizável por meio da energia retida e do
27
consumo de energia metabolizável (EM), chegando-se ao valor de EM
mantença =
0,100 Mcal/PV
0,75
para animais zebuínos.
Comparando-se com o sistema NRC, as exigências estão próximas,
sendo 10% a menos para machos castrados e fêmeas. Para machos inteiros, o
valor encontrado no sistema brasileiro (0,1084 Mcal/PCVZ
0,75
/dia) está 20%
abaixo do predito pelo sistema NRC (0,136 Mcal/PCVZ
0,75
/dia).
Para a energia requerida para ganho de peso, o sistema utiliza três
fórmulas, dependendo da categoria animal:
- macho inteiro: El
ganho
= 0,0529 x PCVZ
0,75
x GPCVZ
1,0996
;
- macho castrado: El
ganho
= 0,0608 x PCVZ
0,75
x GPCVZ
1,0996
;
- fêmea: El
ganho
= 0,0735 x PCVZ
0,75
x GPCVZ
1,0996
em que: PCVZ é o peso de corpo vazio e GPCVZ é o ganho de peso de corpo
vazio.
Recomenda-se, para a conversão de PCVZ em peso vivo (PV), a relação
PCVZ/PV = 0,896 e de GPCVZ, em ganho de peso vivo (GPV), a relação
GPCVZ/GPV = 0,933.
Deve-se lembrar que o NRC (2000) indica 18% a menos de El
ganho
para
machos não castrados e 18% a mais de El
ganho
para fêmeas. O BR-CORTE
encontrou valores um pouco diferentes, de 13% a menos de El
ganho
para machos
não castrados e de 17,3% de El
ganho
para fêmeas.
Para converter a energia líquida em EM, divide-se o valor da El
ganho
por
0,35 (para GPV < 1,00 kg) ou por 0,47 (para GPV > 1,00 kg).
28
B) Proteína
A proteína, em geral, está envolvida em diversas funções vitais do
organismo animal, como crescimento (aumento e reparo dos tecidos), transporte
e armazenamento, proteção imunológica e geração e transmissão de impulsos
nervosos (Leningher, 1995). Por isso, o suprimento protéico equilibrado é
indispensável para se ter boa produção de carne.
A exigência protéica para mantença vem das perdas metabólicas
ocorridas nas fezes e na urina, além de descamações (BR-CORTE, 2006).
Há poucos resultados brasileiros para se estimar exigência protéica de
mantença de zebuínos. Considerando-se o valor de 2,69 g de proteína/PV
0,75
(Véras, 2006) e o fator 0,667 (BR-CORTE) para converter a exigência líquida de
proteína para exigência de PM, obtém-se o valor de 4,03 g/kg
0,75
, muito próximo
ao valor indicado pelo NRC, de 3,8 g PM/kg PV
0,75
/dia. No final, é indicado,
pelo sistema BR-CORTE, o valor de PM
mantença
de 4,0 g/kg
0,75
,
para atender à
exigência de proteína metabolizável de mantença para animais zebuínos.
Para ganho de peso, a exigência líquida de proteína depende da
quantidade de tecido ganho sem gordura. Por isso, depende da composição
corporal, que varia com o peso, raça, sexo e manejo nutricional. Sabendo disso,
conclui-se que os animais inteiros têm maior exigência do que castrados e os
animais que têm a maturidade tardia também têm exigências maiores que
aqueles com maturidade precoce.
As exigências líquidas de proteína para ganho são calculadas a partir da
proteína retida, assim como no NRC, por meio de três equações, dependendo da
categoria animal:
- macho inteiro: Pl
ganho
= 26,46 – 9,38 x El
ganho
+ 183,49 x GPVJ;
- macho castrado: Pl
ganho
= 1,42 – 12,29 x El
ganho
+ 180,03 x GPVJ;
- fêmeas: Pl
ganho
= 26,81 – 16,48 x El
ganho
+ 163,87 x GPVJ.
29
Para transformar a exigência de proteína retida em PM, utiliza-se a
eficiência de 49,2% para animais com mais de 300 kg de PCVZ e, para animais
com menos de 300 kg de PCVZ, utiliza-se a fórmula 83,4 – (0,411 x PCVZ).
Esse método foi adotado pelo sistema BR-CORTE, com base nos valores
utilizados pelo NRC (2000) por não haver trabalhos nacionais avaliando a
eficiência de PM para ganho de peso. Assim sendo, somando com a exigência de
PM para mantença, chega-se ao valor da exigência total de PM do animal, ao
peso e ao ganho específico.
C) Consumo de matéria seca (CMS)
Por meio de análises de dados nacionais de Nelore e mestiços,
considerando-se as variáveis PV, PV
0,75
e GPD, deduziram-se equações para
predição do CMS para Nelore, mestiços e conjunta (nelore e mestiço). A
equação para Nelore é:
CMS = -2,40011 + 0,02006 x PV + 4,81946 x GPD – 1,51758 x GPD
2
2.5.4 Comparação entre os sistemas
Nos sistemas NRC (2000) e CNCPS 5.0, as fórmulas são usadas pelo
programa computacional específico do sistema e, ao entrar com os dados
referentes ao animal e dieta, obtêm-se todas as informações a respeito da
interação dieta-animal. Dessa forma, o sistema fornece os consumos e os ganhos
de pesos estimados. O sistema BR-CORTE não possui programa computacional
específico, sendo necessário, nesse caso, o uso de planilhas eletrônicas.
30
Considere-se, por exemplo, um novilho da raça Nelore na fase de
crescimento/terminação com idade inicial de 15 meses, peso vivo de 368 kg,
com peso à maturidade de 540 kg e apresentando um escore corporal de 6
(escala de 1-9). Segundo o sistema NRC (2000), o consumo predito seria de 7,95
kg/dia, o que propiciaria energia metabolizável disponível para ganho de peso de
1,01 kg/dia e proteína metabolizável disponivel para ganho de 1,53 kg/dia
No sistema CNCPS 5.0, o consumo predito seria de 7,8 kg/dia, o que
propiciaria energia metabolizável disponvíel para ganho de peso de 0,99 kg/dia e
proteína metabolizável disponível para ganho de 1,72 kg/dia.
O sistema CNCPS 5.0 é bem mais complexo que o sistema NRC
(2000), porém, essa complexidade não reflete em estimativas de consumo e
desempenho diferenciadas.
Analisando-se o mesmo animal no sistema BR-CORTE, o consumo
predito seria de 7,95 kg/dia, o que propiciaria energia metabolizável disponível
para ganho de peso de 1,38 kg/dia e proteína metabolizável disponível para
ganho de 1,45 kg/dia.
Os valores mais altos encontrados no sistema BR-CORTE estão ligados
à menor exigencia de mantença considerada por este sistema.
Nestas simulações, a dieta utilizada foi à base de silagem de milho,
milho moído, polpa cítrica, farelo de soja, fosfato bicálcico e premix mineral-
vitaminico, contendo 13,3% de PB e 72% de NDT.
31
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41
CAPÍTULO II: CONSUMO ALIMENTAR E AVALIAÇÕES DAS
PREDIÇÕES DESTA CARACTERÍSTICA PELOS SISTEMAS NRC,
CNCPS E BR-CORTE, EM GRUPOS GENÉTICOS ZEBUÍNOS
CONFINADOS
42
RESUMO
RIBEIRO, Julimar do Sacramento. Consumo alimentar e avaliações das
predições desta característica pelos sistemas NRC, CNCPS e BR-CORTE, em
grupos genéticos zebuínos confinados. In: ____ Consumo e desempenho de
grupos genéticos zebuínos confinados. LAVRAS: UFLA, 2008. p. 41-68.
Este trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar o consumo de
matéria seca (CMS) e dos nutrientes da dieta em grupos genéticos zebuínos e
comparar os valores observados com os preditos por meio dos sistemas NRC
(2000), CNCPS 5.0 e BR-CORTE. Utilizaram-se 44 novilhos de quatro grupos
genéticos, sendo: 19 Nelore PO, 7 Nelore LA, 10 Tabapuã PO e 8 Guzerá PO,
com peso vivo inicial médio e desvio padrão de 394(39), 348(33), 346(28) e
340(30) kg, respectivamente, e idade inicial média e desvio padrão de 13(1),
13(0,7), 12(0,8) e 12(1) meses, respectivamente. No início do período de
adaptação, com duração de 28 dias, os animais foram pesados após jejum
alimentar de 16 horas e tratados contra ecto e endoparasitas. O período
experimental teve duração de 56 dias e, além das pesagens, nestes períodos,
foram obtidos os dados de consumo individual, por meio do uso dos indicadores
LIPE®, óxido crômico e FDAi (fibra em detergente ácido indigestível). A
comparação entre os dados de consumo observados com aqueles preditos por
meio dos sistemas NRC (2000), CNCPS 5.0 e BR-CORTE foi feita por meio do
teste de qui-quadrado. Houve diferença no CMS em quilograma por dia, pois os
animais Nelore LA apresentaram valores menores que os demais. Quando o
consumo foi expresso em porcentagem do peso vivo (%PV), também houve
diferença, tendo os maiores valores sido observados nos animais Tabapuã PO e
Guzerá PO, o que também ocorreu quando o CMS foi expresso em gramas por
quilo de peso vivo metabólico (g/kg PV
0,75
). Mesmo tendo os animais Nelore LA
apresentado CMS menor que os animais Nelore PO (7,51 e 8,54 kg,
respectivamente), os consumos, em %PV e g/kg PV
0,75
, foram semelhantes. Isso
ocorreu devido ao peso vivo médio de cada grupo, 375 e 419 kg, nos grupos
Nelore LA e Nelore PO, respectivamente. O consumo observado dos animais
Tabapuã PO foi superior ao consumo estimado por meio de todos os sistemas.
Estimaram-se valores de CMS semelhante ao observado, por meio do sistema
CNCPS, para animais Nelore. Dentre os sistemas avaliados, o CNCPS 5.0 foi o
que apresentou as menores predições de consumo. O valor de CMS estimado por
meio do sistema NRC (2000) não foi diferente do observado nos grupos Nelore.
Ao utilizar o sistema BR-CORTE não foi encontrada diferença entre o consumo
observado e o predito para os animais Nelore LA e PO e para o Guzerá PO. Ao
se agrupar todos os animais, o consumo observado foi semelhante ao predito
43
quando se utilizou apenas o sistema BR-CORTE, sendo subestimado pelos
demais. Os grupos genéticos zebuínos apresentaram diferença no consumo, o
que indica exigências nutricionais diferenciadas entre si. A precisão das
estimativas de consumo variou de acordo com o sistema e com o grupo de
animais avaliados. Para o CMS, o sistema brasileiro BR-CORTE foi mais
eficiente nas predições por raça e para os zebuínos como um todo. Os sistemas
norte-americanos CNCPS 5.0 e NRC (2000) estimaram com precisão apenas
para a raça Nelore.
Palavras chaves: guzerá, indicador, LIPE®, nelore, tabapuã
44
ABSTRACT
RIBEIRO, Julimar do Sacramento. Feed intake and evaluations of the
predictions of this characteristic for the systems NRC, CNCPS and BR-CORTE,
in Bos indicus groups in feedlot. In ____ Intake and performance of Bos
indicus genetics groups, kept in feedlot. LAVRAS: UFLA, 2008. p. 41-68.
This work had as objective evaluates the dry matter intake and of the
nutrients of the diet in Bos indicus genetic groups, and to compare the values
observed with predicted through NRC (2000), CNCPS 5.0 and BR-CORTE. It
was used forty four growing bulls of four genetic groups: 19 Nelore PO, 7
Nelore LA, 10 Tabapuã PO and 8 Guzerá PO, with initial live weight of
394(39), 348(33), 346(28) and 340(30) kg respectively and initial age of 13(1),
13(0,7), 12(0,8) and 12(1) months, respectively. In the beginning of the
adaptation period, with duration of 28 days, the animals were weighty after
fasting of 16 hours and treated against ecto and endoparasites. The experimental
period had duration of 56 days, besides the weight, in these periods they were
obtained the individual intake, through the use of the indicators LIPE®, oxide
chromic and ADFi (indigestible acid detergent fiber). The comparison of the
intake data observed with those predicted through the systems NRC, CNCPS 5.0
and BR-CORTE, it was done through the test of Qui-Square. There was
difference for the DMI in kilogram day (kg/day), because the animals Nelore LA
presented smaller values than the others. When the intake was expressed in
percentage of the live weight (%PV) was also difference, where the largest
values were found for the animals Tabapuã PO and Guzerá PO, what also
happened when the DMI were expressed in grams by kilo of metabolic live
weight (g/kg PV
0,75
). Even the animals Nelore LA showing smaller DMI than
the animals Nelore PO (7,51 and 8,54 kg, respectively), the intake in %PV and
g/kg PV
0,75
were similar. That occurred due to the medium live weight of each
group, 375 and 419 kg, for Nelore LA and PO, respectively. The intake observed
for the animals Tabapuã PO it was higher to the estimated intake through all the
systems. It was esteemed values DMI similar to the observed, through the
system CNCPS for animals Nellore. Among the evaluated systems, CNCPS 5.0
was it that presented the smallest intake predictions. The value of DMI esteemed
through the system NRC (2000) it was not different from the observed for the
groups Nelore. The system BR-CORTE didn't present difference among the
observed intake and predicted for the animals Nelore LA and PO and for Guzerá
PO. When grouping all the animals, the observed intake was similar to the just
predicted by the system BR-CORTE, being underestimated by the others. The
groups Bos indicus presented difference in the intake, what indicates demands
differentiated to each other. The precision of the intake estimates varied in
45
agreement with the system and with the group of appraised animals. For the
DMI the system Brazilian BR-CORTE it was shown more efficient in the
predictions for breed and for the all group. The North American systems CNCPS
5.0 and NRC (2000) they esteemed accurately just for the race Nelore.
Keywords: guzerá, indicator, LIPE®, nelore, tabapuã
46
1 INTRODUÇÃO
O consumo voluntário de matéria seca é determinante para o
balanceamento de rações e para o estabelecimento de estratégias de alimentação
que permitam maior desempenho de bovinos (Van Soest, 1994; NRC, 1996).
Informações sobre o consumo de matéria seca (CMS) pelos animais são de
extrema importância em todo o processo produtivo, já que, segundo Mertens
(1994), o desempenho animal é função direta do consumo de matéria seca
digestível. Isso ocorre pela influência direta no ingresso de nutrientes,
principalmente energia e proteína, necessários ao atendimento das exigências de
mantença e produção (Noller et al., 1996).
O consumo de alimentos está em função do animal (peso, raça, estádio
fisiológico etc.), das condições de alimentação (disponibilidade de alimento,
qualidade dos alimentos, espaço no cocho, tempo de acesso ao alimento) e das
condições climáticas.
Os pontos críticos para se determinar o consumo são as interações
existentes entre os animais, o alimento fornecido e as condições de alimentação.
Basicamente, em rações formuladas com elevado teor de fibra, ou baixa
densidade energética em relação às exigências, o consumo será limitado pelo
efeito de "enchimento" do rúmen-retículo. Se a concentração de fibra for baixa,
ou a densidade energética for elevada em relação às exigências, a ingestão passa
a ser limitada pela demanda fisiológica de energia (Van Soest & Mertens, 1984;
Mertens, 1994).
Vários estudos têm apresentado relatos sobre diferenças do
comportamento ingestivo entre espécies e raças de animais domésticos
(Hohenboken, 1987). Por isso, ao se estudar o CMS entre diferentes grupos
genéticos, é necessário que as dietas, além de não propiciarem regulação física
de consumo, sejam oferecidas sob as mesmas condições para todos os animais.
47
Avaliar os animais em grupo é também um fator importante, já que o
comportamento, que envolve a resposta animal a fatores inibidores ou
estimuladores, relacionados ao alimento e ao ambiente, atua no controle da
ingestão em bovinos (Sniffen et al. 1993; Mertens, 1994).
Como visto, o tamanho e a condição corporal, a raça e o estádio
fisiológico, além das características da dieta, são fatores universalmente aceitos
como determinantes do consumo voluntário. De acordo com Eggert & Nielsen
(2006), após serem descontadas as possíveis diferenças decorrentes da taxa e da
composição do ganho de peso, a variação genética no CMS parece ser devido,
basicamente, às diferenças nos gastos energéticos relacionados à mantença. Por
isso, pesquisas foram desenvolvidas, no Brasil, comparando-se as diferenças no
consumo de alimentos entre animais Bos taurus, Bos indicus e seus mestiços
(Gonçalves et al., 1991; Euclides Filho et al., 2003). Padrões distintos de
consumo entre estes animais, mantidos em confinamento, foram bem
evidenciados por Almeida & Lanna (2003), que encontraram valores mais
baixos de consumo em zebuínos comparados aos taurinos.
Devido à interação entre o comportamento animal e o CMS, torna-se
necessário estudar o comportamento ingestivo em condições semelhantes
àquelas de campo. Para isso, é necessária a utilização de técnicas que
possibilitem determinar esses valores de forma precisa, pois o grau de exatidão
de suas estimativas possui importância capital (Mertens, 1992; NRC, 2001).
Metodologias de estimação de consumo por meio do uso de indicadores
vêm sendo utilizadas, tanto pela facilidade de aplicação destas quanto pela
precisão nas estimativas (Piaggio et al., 1991; Berchielli, 2006; Valadares Filho,
2006a). Entretanto, apesar de sua eficiência, esse método se torna oneroso,
principalmente quando se trabalha com número elevado de animais, devido à
quantidade de indicador necessária. A redução dos custos é ferramenta
importante em todos os protocolos utilizados na pesquisa animal, portanto,
48
quanto menor o período de utilização dos indicadores, menores serão o custo e a
manipulação dos animais. Todavia, esse tempo menor não pode prejudicar as
estimativas de CMS.
Como o consumo de alimentos afeta diretamente o desempenho animal e
a alimentação corresponde à maior porcentagem dos custos do sistema
produtivo, ajustes nessas estimativas são necessários para aumentar a
lucratividade da bovinocultura de corte.
Os fatores que interferem no CMS pelos animais são tratados de forma
diferente pelos diferentes sistemas de exigências nutricionais, que também são
utilizados para avaliação de dietas, o que gera predições de consumo
diferenciadas.
Dentre os principais sistemas estão o Nutrient requeriments of beef
cattle (NRC, 2000) e o Cornell net carbohydrate and protein system - CNCPS
5.0 (Fox et al., 2003), ambos desenvolvidos sob condições ambientais, de
manejo, alimentar e genética diferentes das encontrados no Brasil. Outro
sistema, o BR-CORTE - Exigências nutricionais de zebuínos e tabelas de
composição de alimentos (Valadares Filho, 2006b), desenvolvido pela
Universidade Federal de Viçosa, usa bancos de dados e materiais genéticos
representativos das condições brasileiras, visando estimar de forma mais precisa
os valores de consumo.
Todavia, apesar da importância das informações sobre o consumo de
alimento pelo animal, quase não são encontrados, na literatura, trabalhos que
avaliaram o consumo individual de diferentes raças zebuínas, bem como que
comparem as predições de consumo, feitas pelos diferentes sistemas, para esses
animais mantidos em confinamento.
Portanto, este trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar o
consumo de matéria seca e dos nutrientes da dieta em grupos genéticos zebuínos
49
e comparar os valores observados com os preditos pelo NRC (2000), pelo
CNCPS 5.0 e pelo BR-CORTE.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Centro de Avaliação de Desempenho de
Ruminantes, no Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Lavras.
Utilizaram-se 44 novilhos de quatro grupos genéticos, sendo: 19 novilhos Nelore
PO, 7 novilhos Nelore LA, 10 novilhos Tabapuã PO e 8 novilhos Guzerá PO,
com peso vivo inicial médio e desvio padrão de 394(39), 348(33), 346(28) e
340(30) kg, respectivamente e idade inicial média e desvio padrão de 13(1),
13(0,7), 12(0,8) e 12(1) meses, respectivamente. Os animais foram confinados
em curraletes com área de 30 m
2
por animal. A instalação de confinamento era
de piso de chão batido e com área próxima ao comedouro concretada. Os
bebedouros coletivos localizavam-se na divisória entre dois curraletes e o
comedouro utilizado foi do tipo vinilona, disposto transversalmente na parte
superior do curralete, com 70 cm para cada animal.
Os animais receberam a mesma dieta e manejo, por um período de 28 dias,
sendo esse considerado o período de adaptação. O período experimental foi
composto por dois períodos de 28 dias, tendo, ao final de cada período, sido
realizada a pesagem dos animais após jejum alimentar de 16 horas.
A ração foi balanceada para atender às exigências de ganho de 1,34 kg/dia
de acordo com o NRC (2000), com uma relação volumoso:concentrado de 30:70
(Tabela 1).
50
TABELA 1. Composição percentual de ingredientes e bromatológica da dieta
experimental
Ingredientes Composição (%MS)
Silagem de milho 30,0
Milho integral moído 25,2
Polpa cítrica 25,2
Farelo de soja 16,1
Fosfato bicálcico 0,5
Bicarbonato de sódio 0,9
Núcleo mineral* 2,1
Nutrientes
Matéria seca (MS)
1
71,7
Proteína bruta (PB)
2
13,0
Fibra em detergente neutro (FDN)
2
33,2
CNF
2
48,0
EE
2
3,3
NDT
2,3
72,0
1
% na matéria natural;
2
% na matéria seca;
3
calculado segundo o NRC (2001)
*Níveis de garantia por quilo do produto: Ca: 235g; P 45g; S 23g; Na: 80,18g; Zn: 2,38 mg; Cu:
625 mg; Fe: 1,18 mg; Mn: 312 mg: Co: 32 mg; I: 41,6 mg; Se:11,25mg; Vit.A: 70.000 UI;Vit. D3:
5.000 UI; Vit. E: 15 UI; Niacina: 3,33 mg.
A dieta, em forma de ração total, foi fornecida ad libitum aos animais às
8h00 e às 15h00, sendo as sobras coletadas na manhã seguinte. A quantidade de
ração fornecida foi ajustada para permitir sobras de, no mínimo, 5%. A cada 14
dias, foram coletadas amostras da dieta fornecida, do concentrado, da silagem,
dos ingredientes e das sobras, das quais foram realizadas as análises
bromatológicas segundo Silva & Queiroz (2002).
Para a estimação da excreção de matéria seca fecal (EF), foi utilizado o
indicador LIPE®, numa posologia de uma cápsula de 0,5 g/animal/dia (Saliba,
2005), durante os dias 24, 25 e 26 de cada período experimental.
As coletas de fezes foram feitas de acordo com o seguinte procedimento:
às 10h00 e 18h00 do dia 25; às 08h00 e 16h00 do dia 26 e às 06h00 e 14h00 do
dia 27 (Ladeira et al., 2001). Estas amostras foram pré-secas em estufa com
ventilação forçada, a 65°C, por 72 horas e moídas em moinho tipo Willey, com
51
peneira de malha de 1 mm. Posteriormente, foi elaborada uma amostra composta
por animal para cada período, com base no peso pré-seco, para determinar a
produção fecal média.
Para avaliar a estabilização da excreção do indicador nas fezes, também
foram criadas amostras compostas, correspondendo aos períodos de 24, 48 e 72
horas após o fornecimento do LIPE®.
As amostras de fezes foram enviadas à Escola de Veterinária da
Universidade Federal de Minas Gerais, para que fossem realizadas as análises do
LIPE® pelo método de Sarkanen & Ludwing (1971).
O consumo de MS do concentrado foi determinado utilizando-se o óxido
crômico misturado à dieta, na proporção de 10 g/animal/dia e fornecido aos
animais entre o 17
o
e 27
o
dia de cada período, sendo 7 dias de adaptação e 3 dias
de coleta.
As análises do cromo foram determinadas pela espectroscopia de
reflectância no infravermelho proximal (NIRS), utilizando comprimento de onda
de 1.300 a 2.235 nm (Marten et al., 1985).
O consumo individual de MS do concentrado foi calculado utilizando-se
a fórmula:
CMSC = EF * [Cr] fecal
[Cr] concentrado
em que: CMSC = consumo de MS do concentrado; EF = excreção de MS fecal;
[Cr] fecal = concentração de Cr nas fezes e [Cr] concentrado = concentração de
Cr no concentrado
Para a obtenção da FDAi utilizou-se a técnica in situ, de acordo com
Mouro (2002), na qual as amostras do concentrado, da silagem e de fezes de
cada animal foram incubadas em três vacas Jersey, que receberam a mesma dieta
usada no experimento.
52
Sacos de monofilamento de poliéster, fabricados em náilon, foram
utilizados para a incubação ruminal. As dimensões dos sacos foram de 8 x 15
cm, com diâmetro de poros de 53 micra. Foram incubadas amostras que
forneciam uma relação de 20 miligramas de amostra por cm
2
, dessa forma, 2 g
de amostra (base na MS) foram colocados em cada saco, fechando-os e atando-
os com uma argola de metal fixada com borracha. Os sacos foram presos, em
duplicata, aos aros de uma corrente de ferro inoxidável, ligada a uma âncora
(600 g) em sua extremidade, a qual permaneceu suspensa por um fio de náilon
de 60 cm de comprimento, preso à fístula ruminal. Após 144 horas de incubação,
procedeu-se à retirada das amostras. Depois da remoção, os sacos foram lavados
em água corrente e, posteriormente, em máquina de lavar, em cinco ciclos de 10
minutos cada (Mouro, 2002). Após serem lavados, os sacos foram submetidos à
secagem em estufa de ventilação forçada, a 65ºC, por 72 horas.
Para determinação do consumo de MS do volumoso foi utilizada a fibra
em detergente ácido indigestivel (FDAi) analisada por meio do método
gravimétrico, descrito por Marais (2001).
Para o cálculo do consumo individual de MS da forragem utilizou-se a
fórmula:
CMSF = (EF * [FDAi] fecal) - (CMSC * [FDAi]concentrado)
[FDAi]silagem
em que: CMSF = consumo de MS de forragem; EF = estimativa da excreção de
MS fecal; [FDAi] fecal = concentração de FDAi nas fezes; CMSC = consumo de
MS do concentrado; [FDAi]concentrado= concentração de FDAi no concentrado
e [FDAi]silagem= concentração de FDAi na silagem
Dessa forma, o consumo de matéria seca total (CMST) foi obtido
mediante o somatório: CMST= CMSC+ CMSF.
53
Os dados referentes às predições de consumo de matéria seca nos
sistemas NRC (2000) e CNCPS 5.0 foram obtidos por meio do programa
computacional específico de cada sistema. Adicionaram-se os dados referentes
ao ambiente e ao animal e a dieta avaliada foi aquela obtida por meio da
estimação do consumo de forragem e concentrado apresentado por cada animal.
Para a obtenção das predições de consumo, referentes ao sistema BR-
CORTE (2006), foram utilizadas as equações para estimar consumo, presentes
no material impresso.
Os dados de consumo foram analisados utilizando-se o PROCGLM do
pacote estatístico SAS (1999), por meio do teste Scott & Knott, sendo usado o
peso inicial dos animais como co-variável.
A comparação dos dados de consumo observados com aqueles preditos
pelos sistemas NRC, CNCPS e BR-CORTE foi feita por meio do teste de qui-
quadrado utilizando o pacote estatístico SAS (1999).
Para avaliar a estabilização na excreção do indicador, os valores de
estimação da produção fecal encontrados, para 24, 48 e 72 horas após o
fornecimento do LIPE®, foram comparados entre si. O delineamento estatístico
utilizado foi em blocos ao acaso e as análises também feitas por meio do
PROCGLM do SAS (1999). As médias foram comparadas por meio do teste
Scott & Knott.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Não houve diferença (P>0,05) na estimativa de produção fecal entre os
intervalos de coleta de fezes, 24, 48 e 72 horas após o fornecimento do LIPE®
(Figura 1), o que sugere a estabilização da excreção do indicador LIPE® a partir
de 24 horas.
54
Marcondes et al. (2006) estimaram a produção fecal usando os
indicadores LIPE® e óxido crômico e compararam seus resultados com a coleta
total de fezes realizada em dois intervalos, três e cinco dias. Os autores não
encontraram diferenças entre os indicadores e a coleta total, além de também
não terem verificado diferenças entre os intervalos de coletas.
Neste experimento, o período de coleta de fezes foi de três dias.
Entretanto, os resultados encontrados podem ser indicativos da possibilidade de
fornecimento do LIPE® por período mais curto, sem prejudicar a estimativa de
produção fecal. Isso pode ser importante para a estimativa do CMS em
condições de campo, seja para animais confinados ou a pasto.
3,773,70
3,64
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
T24 T48 T72
Período de coleta (horas)
Estimativa da produção de MS fecal
(Kg/dia)
a a a
FIGURA 1: Comparação de três períodos de coletas de fezes para estimar a
produção fecal por meio do indicador LIPE®
Este resultado, além de mostrar a estabilização do indicador já nas
primeiras 24 horas, pois, a produção fecal manteve-se semelhante durante os
dias das coletas, é um indicativo de que a estimativa do consumo de matéria seca
não foi influenciado pelo manejo dos animais, já que os mesmo eram levados
duas vezes por dia ao curral de manejo.
55
Houve diferença (P<0,05) no CMS, em quilogramas por dia, pois os
animais Nelore LA apresentaram valores menores que os demais (Tabela 2).
Quando o consumo foi expresso em porcentagem do peso vivo (%PV), também
houve diferença (P<0,05), tendo os maiores valores sido observados nos animais
Tabapuã PO e Guzerá PO. O mesmo ocorreu quando o CMS foi expresso em
gramas por quilo de peso vivo metabólico (g/kg PV
0,75
), mesmo tendo os
animais Nelore LA apresentado CMS menor que os animais Nelore PO (7,51 e
8,74 kg, respectivamente). Os valores de CMS encontrados também são
próximos aos relatados por Véras (2000) (8,22 kg/dia), ao trabalhar com uma
relação volumoso:concentrado de 25:75 e por Leme (2000) (8,70 kg/dia).
Ambos os trabalhos foram realizados com animais Nelore.
Os consumos, em %PV e g/kg PV
0,75
, foram semelhantes. Isso ocorreu
devido à diferença no peso vivo médio de cada grupo, 375 e 419 kg, nos Nelore
LA e Nelore PO, respectivamente.
Apesar da diferença observada entre os grupos genéticos, o valor médio do
CMS, em %PV (2,28), levando em consideração todos os animais do
experimento, foi próximo ao descrito por Valadares Filho (2006b), de 2,20%
PV.
Os animais Nelore PO, Nelore LA, Tabapuã PO e Guzerá PO
apresentaram peso vivo médio incial de 394, 348, 346 e 340 kg, respectivamente
e peso vivo médio final médio de 445, 402, 397 e 393 kg, respectivamente. Estes
valores foram utilizados para calcular o peso médio de cada grupo genético no
período experimental.
A eficiência alimentar encontrada foi de: 0,106; 0,122; 0,095 e 0,103, para
os novilhos Nelore PO, Nelore LA, Tabapuã PO e Guzerá PO, respectivamente.
Isso ocorreu porque não houve diferença no ganho de peso diário médio (GPD)
que foi, em média, de 0,92 kg/dia.
56
P
0,01
<0,01
<0,01
0,01
0,15
0,03
0,05
E P
0,45
0,12
5,13
0,48
0,21
3,41
2,73
Guzerá
8,87a
2,44a
103,47a
5,96b
2,91
67,18b
32,82a
E P
0,40
0,11
4,59
0,43
0,19
3,05
2,44
Tabapuã
9,61a
2,60a
110,43a
7,32a
2,29
75,50a
24,50b
E P
0,48
0,13
5,49
0,51
0,23
3,64
2,92
Nelore
LA
7,51b
2,01b
85,40b
5,03b
2,47
67,41b
32,59a
E P
0,29
0,08
3,33
0,31
0,14
2,21
1,77
Raças
Nelore
PO
8,74a
2,09b
92,37b
5,93b
2,81
67,51b
31,49a
TABELA 2. Médias dos mínimos quadrados e respectivos erros padrões do CMS apresentados por
grupos genéticos zebuínos confinados
Item
CMS (kg/dia)
CMS %PV
CMS g/kg PV
0,75
CMSconc kg/dia)
CMS forr (kg/dia)
CMS conc (%MS)
CMS forr (%MS)
Os valores nas linhas, seguidos de mesma letra, não apresentam diferença significativa, pelo teste de Tukey (P > 0,05)
CMS (kg/dia): consumo de matéria seca, em quilos por dia. CMS %PV: CMS, em porcentagem do peso vivo.
CMS g/kg PV
0,75
: CMS, em gramas por quilo de peso vivo metabólico. CMS conc (kg/dia): CMS de concentrado, em quilos por dia.
CMS forr (kg/dia): CMS de forragem, em quilos por dia. CMS conc (%/MS): CMS de concentrado, em porcentagem da MS.
CMS forr (%/MS): CMS de forragem, em porcentagem da MS. EP: erro padrão da média.
57
Quando se comparam os animais que tiveram CMS em kg/dia semelhantes
(Nelores PO, Tabapuã PO e Guzerá PO), observa-se que o grupo Nelore PO
apresentou consumo, em gramas por quilo de peso vivo metabólico (g/kg
PV
0,75
), menor que os demais (Tabela 2), o que ocorreu devido ao maior peso
vivo apresentado por esses animais. Esses valores podem indicar que animais
Nelore PO apresentam menor gasto com energia de mantença, quando
comparados aos Tabapuã PO e Guzerá PO, para uma mesma idade.
Apesar de a dieta ter sido oferecida aos animais em forma de ração
completa, observou-se que houve seleção da dieta, já que animais Tabapuã
apresentaram consumo maior de concentrado, em porcentagem da matéria seca
ingerida, quando comparados aos outros grupos. Esse resultado corrobora com o
apresentado por Provenza (1995), de que pode haver seleção de partículas da
dieta, mesmo quando os animais são alimentados sob a mesma condição. Apesar
disso, a relação volumoso:concentrado da matéria seca ingerida permaneceu
próximo de 30:70, que foi a relação da dieta fornecida.
Na Tabela 3 são apresentados os valores de consumo de proteína bruta
(CPB), extrato etéreo (CEE) e fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e
proteína (CFDN).
O CPB seguiu o comportamento de ingestão de matéria seca, ou seja, o
Tabapuã apresentou consumo mais alto de PB, em kg/dia, %PV e g/kg PV
0,75
,
quando comparado aos demais grupos. O CPB, no geral, foi pouco acima dos
valores estimados por Valadares Filho (2001) e por Silva (2002) (0,95 e 0,94
kg/dia, respectivamente). De acordo com Valadares Filho (2006b), o CPB
apresentado por todos os grupos seria suficiente para garantir um GPD em torno
de 1,25 kg/dia.
58
P
0,01
<0,01
<0,01
0,13
0,27
0,35
0,02
<0,01
<0,01
E P
0,08
0,02
0,96
0,09
0,04
0,91
0,02
0,004
0,19
Guzerá
1,16b
0,32b
13,97b
2,38
0,65
28,67
0,27b
0,075b
3,29b
E P
0,07
0,02
0,86
0,08
0,03
0,89
0,01
0,004
0,17
Tabapuã
1,42a
0,38a
16,86a
2,58
0,70
30,54
0,32a
0,087a
3,80a
E P
0,08
0,02
1,03
0,13
0,04
0,98
0,02
0,005
0,20
Nelore
LA
1,03b
0,28b
12,15b
2,27
0,60
26,67
0,25b
0,067b
2,94b
E P
0,05
0,01
0,62
0,08
0,02
0,8
0,01
0,003
0,12
Raças
Nelore
PO
1,21b
0,29b
13,06b
2,62
0,63
28,30
0,29a
0,069b
3,14b
TABELA 3. Médias dos mínimos quadrados e respectivos erros padrões do consumo, em kg/dia, %PV e g/kg PV
0,75
de
proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDNcp) e extrato etéreo (EE), apresentadas por grupos
genéticos zebuínos confinados
Item
CPB (kg/dia)
CPB (%PV)
CPB (g/kg PV
0,75
)
CFDN (kg/dia
CFDN (%PV)
CFDN (g/kgPV
0,75
)
CEE (kg/dia)
CEE (%PV)
CEE (g/kg PV
0,75
)
Os valores nas linhas, seguidos de mesma letra, não apresentam diferença significativa, pelo teste de Scott Knott (P>0,05) kg/dia: consumo, e
quilo por dia. %PV: consumo, em porcentagem do peso vivo. g/kg PV
0,75
: consumo, em gramas por quilo de peso vivo metabólico
59
De acordo com a equação proposta por Detmann (2003), para animais
em confinamento, que leva em consideração a proporção de volumoso na dieta
(30% da matéria seca), os animais deste experimento deveriam ter um CFDN
médio igual a 2,55 kg, valor este bem próximo ao observado (2,46 kg).
Entretanto, os valores aqui observados ficaram abaixo do proposto por Mertens
(1992), que estabeleceu um valor máximo de CFDN de 1,2% do peso vivo, o
que representaria nas condições do experimento 4,80 kg. Isso indica que a dieta
não proporcionou limitação física ao CMS. Pelo contrário, como a dieta
apresentava 70% de concentrado, o mecanismo de regulação energética de
consumo, provavelmente, deveria estar atuando. Nessa situação, de acordo com
Coelho da Silva (2006), um aporte maior de metabólitos estaria chegando à
corrente sanguínea, principalmente o proprionato, exercendo um controle
químico sobre o sistema nervoso central (SNC), inibindo o consumo.
O consumo de extrato etéreo apresentado por estes animais, que foi, em
média, de 0,28 kg/dia, pode ser considerado como quantidade suficiente para
suprir as necessidades de ácidos graxos essenciais.
Avaliaram-se os valores de CMS preditos pelos sistemas BR-CORTE,
CNCPS 5.0 e pelo NRC (2000), em relação aos valores observados (Tabela 4).
Nos animais Nelore PO e Nelore LA, o consumo predito pelos sistemas BR-
CORTE, CNCPS 5.0 e NRC (2000) não diferiram (P<0,05) do observado.
60
TABELA 4. Avaliações dos consumos de matéria seca médios e respectivos
erros padrões (CMS) observados e preditos pelos sistemas BR-
CORTE, CNCPS 5.0 e NRC (2000)
Média : média de consumo observado ao se agruparem todos os animais.
* valores não diferem estatisticamente do observado (P<0,05)
Trabalhando com novilhos Nelore, Galvão (1991) e Jorge (1993)
encontraram consumos observados superiores (31% e 17,4%, respectivamente)
ao predito pelo CNCPS 5.0.
O consumo médio observado nos animais Tabapuã PO foi superior ao
consumo estimado por todos os sistemas. Este comportamento foi observado por
Jorge (1997) que, ao trabalhar com o CNCPS 5.0, encontrou valores
subestimados em 25% para animais Tabapuã, próximo ao encontrado neste
trabalho, no qual o CNCPS 5.0 subestimou o CMS em 21%.
O sistema CNCPS predisse valores de CMS semelhantes aos observados
para animais Nelore, porém, os valores preditos foram diferentes dos observados
para as demais raças. Apesar desses resultados, Capelle et al. (2001), ao
realizarem uma revisão, concluíram que o CNCPS é adequado para se estimar o
consumo. Por outro lado, Véras et al. (2000) encontraram consumos observados
maiores que os preditos, concluindo que o CNCPS não é adequado para predizer
o CMS. Dentre os sistemas avaliados, o CNCPS 5.0 foi o que apresentou as
menores predições de consumo.
Consumo de matéria seca (CMS kg/dia)
Observado
Predito
G. genético
EP n BR-
CORTE
CNCPS NRC
Nelore PO
8,74* 0,19 19 9,07* 8,18* 8,60*
Nelore LA
7,50* 0,34 7 8,32* 7,91* 8,10*
Tabapuã PO
9,61 0,24 10 8,17 7,60 7,99
Guzerá PO
8,87* 0,30 8 8,07* 7,28 7,97
Média
8,77* 0,13 47 8,57* 7,84 8,27
61
O valor de CMS estimado pelo sistema NRC (2000) não foi diferente
(P>0,05) do observado nos grupos Nelore. Diferentemente, Gesualdi Jr. et al.
(2005) encontraram predição de CMS 11% menor em animais Nelore. Nas raças
Tabapuã e Guzerá, o NRC (2000) subestimou o consumo (17% e 11%,
respectivamente), valores estes próximos aos relatados por Gesualdi Jr. et al.
(2005).
O sistema BR-CORTE não apresentou diferença (P>0,05) entre o
consumo observado e o predito para os grupos Nelore LA e PO e o Guzerá PO.
Ao serem agrupados todos os animais, observou-se que o consumo
observado foi semelhante ao predito apenas pelo sistema BR-CORTE, sendo
subestimado pelos demais. Acredita-se que um dos fatores que causaram
variação nos resultados sejam as observações referentes ao consumo dos animais
Tabapuã. Outro fator que, provavelmente, pode ter afetado os resultados é o
número de observações (n) de algumas raças.
Os resultados indicam boa adequação do modelo proposto pelo BR-
CORTE, o que não se deve, simplesmente à base de dados em que foi gerado.
Isso porque Gesualdi Jr. et al. (2005), trabalhando com um sistema gerado
também com dados brasileiros (Lana, 2000), encontraram valores
superestimados de CMS em 12%, para animais Nelore.
Para uma melhor compreensão dos dados apresentados na Tabela 4, nas
Figuras 2, 3 e 4 são apresentados os dados de consumo predito, evidenciando
seu comportamento em relação aos dados observados.
62
-5,00
-4,00
-3,00
-2,00
-1,00
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
Raças
Resíduo CMS
NEL PO*
NEL LA*
TAB PO
GUZ PO*
FIGURA 2. Distribuição dos dados de consumo preditos pelo sistema BR-
CORTE
* Grupo genético em que o CMS predito médio foi semelhante ao observado (P<0,05)
-5,00
-4,00
-3,00
-2,00
-1,00
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
Raças
Resíduo CMS
NEL PO*
NEL LA*
TAB PO
GUZ PO
FIGURA 3. Distribuição dos dados de consumo preditos pelo sistema CNCPS
* Grupo genético em que o CMS predito médio foi semelhante ao observado (P<0,05)
63
-5,00
-4,00
-3,00
-2,00
-1,00
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
Raças
Resíduo CMS
NEL PO*
NEL LA*
TAB PO
GUZ PO
FIGURA 4. Distribuição dos dados de consumo preditos pelo sistema NRC
* Grupo genético em que o CMS predito médio foi semelhante ao observado (P<0,05)
4 CONCLUSÕES
O sistema brasileiro BR-CORTE mostrou-se mais eficiente nas
predições de consumo de matéria seca, por raça e para os zebuínos como um
todo. Os sistemas norte-americanos CNCPS 5.0 e NRC (2000) predisseram
valores semelhantes ao observados apenas para a raça Nelore.
64
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69
CAPÍTULO III: DESEMPENHO E CARACTERÍSTICAS DE CARCAÇA
DE GRUPOS GENÉTICOS ZEBUÍNOS CONFINADOS E AVALIAÇÃO
DE SISTEMAS DE EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS
70
RESUMO
RIBEIRO, Julimar do Sacramento. Desempenho e características de carcaça de
grupos genéticos zebuínos confinados e avaliação de sistemas de exigências
nutricionais. In: ____ Consumo e desempenho de grupos genéticos zebuínos
confinados. LAVRAS: UFLA, 2008. p. 69-92.
Objetivou-se, com a realização deste trabalho, avaliar o ganho de peso
médio diário (GPD) e as características de carcaça em animais Nelore LA,
Nelore PO, Tabapuã PO e Guzerá PO e avaliar os sistemas CNCPS 5.0, NRC
(2000) e o BR-CORTE 2006 para a predição de desempenho. Utilizaram-se 44
novilhos de quatro grupos genéticos, sendo: 19 Nelore PO, 7 Nelore LA, 10
Tabapuã PO e 8 Guzerá PO, com peso vivo inicial médio e desvio padrão de
266(38), 236(31), 222(17) e 219(25) kg, respectivamente e idade inicial média e
desvio padrão de 9(1), 10(0,7), 8(0,8) e 8(1) meses, respectivamente. No início
do período de adaptação, com duração de 56 dias, os animais foram pesados
após jejum de 16 horas. O período experimental para avaliação do desempenho
foi composto por quatro períodos de 28 dias. Ao final de cada período, realizou-
se a pesagem dos animais, também após jejum alimentar de 16 horas. A dieta foi
formulada de acordo com o NRC (2000), objetivando GPD de 1,34 kg/dia. O
período experimental para a avaliação dos sistemas teve duração de 56 dias, o
que correspondeu aos dois últimos períodos. Além das pesagens, nestes períodos
foram obtidos os dados de consumo individual, por meio do uso de indicadores
LIPE®, óxido crômico e FDAi. As informações de área de olho de lombo
(AOL), espessura de gordura (EG) e espessura de gordura na garupa (picanha)
(P8) foram determinadas em animais vivos, por meio de ultra-sonografia. Foi
calculada a predição de ganho de peso em função da energia e da proteína
disponíveis, por meio dos programas computacionais específicos de cada
sistema. Para estimar o GPD predito pelo BR-CORTE, foram utilizadas as
equações existentes na própria publicação. Nas análises estatísticas para
desempenho, foi considerado o peso inicial como co-variância. Para comparação
dos valores preditos por meio dos sistemas NRC, CNCPS e BR-CORTE com os
observados, foi utilizado o teste de qui-quadrado. Não houve diferença para as
características GPD, AOL, EG e P8, entre os grupos genéticos zebuínos. A
inexistência de diferença nas características EG e P8 indica que esses animais
nessa idade, provavelmente, possuem exigências parecidas e que sua
composição corporal é semelhante, não apresentando precocidade diferenciada
entre as raças. Houve comportamento diferenciado, quanto ao ganho de peso
entre os grupos genéticos, apenas durante o período inicial (0 a 28 dias). Ao
utilizar os sistemas CNCPS 5.0 e NRC (2000), os menores valores foram
71
estimados com base na disponibilidade de energia. Utilizando-se o sistema BR-
CORTE, os menores ganhos preditos foram baseados na disponibilidade de
proteína. Utilizando-se os sistemas CNCPS e NRC (2000), foi estimado o ganho
de peso, com base na energia disponível, semelhante ao observado nos grupos
Nelore PO, Nelore LA e superestimados em 35% os ganhos para o grupo
Tabapuã PO. Ao utilizar-se o sistema BR-CORTE, superestimou-se o ganho de
peso com base na energia disponível para todos os grupos genéticos, com
variação de 32% a 53%, em comparação com os dados observados. Quando
foram agrupados todos os animais, o uso de nenhum dos sistemas permitiu
estimar com precisão, em relação ao observado, o desempenho com base na
energia e na proteína disponível. Os diferentes grupos genéticos não
apresentaram diferenças no desempenho final e nas características de carcaça,
quando submetidos ao regime de confinamento. Os sistemas NRC (2000) e
CNCPS 5.0 são eficientes para a predição de GPD apenas para animais Nelore.
Sob estas condições, o BR-CORTE não se mostrou adequado para predizer
desempenho.
Palavras chaves: guzerá, indicadores, nelore, tabapuã, ultra-sonografia
72
ABSTRACT
RIBEIRO, Julimar do Sacramento. Performance, characteristics of carcass
evaluation of systems of exigencies nutricional, in Bos indicus groups in
feedlot.. In ____ Intake and performance of Bos indicus genetics groups,
kept in feedlot. LAVRAS: UFLA, 2008. p. 69-92 .
It aimed with this work to evaluate the average daily gain (ADG) and
the carcass characteristics in animals Nelore LA, Nelore PO, Tabapuã PO and
Guzerá PO. Besides, to evaluate the systems CNCPS 5.0, NRC (2000) and the
BR-CORTE 2006 in the performance prediction. It were used forty four growing
bulls of four genetic groups: 19 Nelore PO, 7 Nelore LA, 10 Tabapuã PO and 8
Guzerá PO, with initial live weight of 266(38), 236(31), 222(17) and 219(25) kg
respectively, and age initial of 9(1), 10(0,7), 8(0,8) e 8(1) months, respectively.
In the beginning of the adaptation period, with duration of 56 days, the animals
were weighty after alimentary fast of 16 hours. The experimental period for
evaluation of the performance was composed by four periods of 28 days, and, at
the end of each period place the weigthy of the animals, also after fasting of 16
hours. The diet was formulated in agreement with NRC (2000), aiming at ADG
of 1,34 kg/dia. The experimental period for evaluation of the systems had
duration of 56 days, what corresponded to the last two periods. Besides the
weigthy, in these periods they were obtained the individual intake, through the
use of indicators LIPE®, oxide chromic and ADFi (indigestible acid detergent
fiber). The information of loin muscle area (LMA), fat thickness (FT) and fat
thickness in the croup (P8) they were certain in live animals through
ultrasonography measures. The prediction of weight gain was estimated in
function of the available energy and protein, through the programs specific of
each system. To esteem ADG predicted by the BR-CORTE the existent
equations were used in the own publication. In the statistical analyses was
considering the initial weight as covariância. For evaluation of the values
predicted through the systems NRC, CNCPS and BR-CORTE with observed it
was them used the test of Qui-Square. There was not difference for the
characteristics ADG, LMA, FT and P8 among the groups Bos indicus. The
inexistence of significant difference in the characteristic FT and P8 indicates that
those animal in this age, probably, they possess similar demands and that your
corporal composition is similar, not presenting precocity differentiated among
the races. There was behavior just differentiated for weight gain among the
genetic groups during the initial period (0 to 28 days). In the systems CNCPS
5.0 and NRC (2000), the smallest dear values were with base in the available
energy. For the system BR-CORTE the smallest predicted gain were based on
73
the protein available. The systems CNCPS and NRC (2000) they esteemed
weight gain, with base in the available energy, similar to the observed for the
groups Nelore PO, Nelore LA, and it overestimated in 35% the gain for the
group Tabapuã PO. The system BR-CORTE (2006) it overestimated the weight
gain with base in the available energy for all the genetic groups, with variation
from 32 to 53%. When grouped all the animals none of the systems it esteemed
the performance accurately with base in the energy and available protein. The
different genetic groups didn't present differences in the final performance and
in the carcass characteristics, when submitted to the confinement regime. The
systems NRC (2000) and CNCPS 5.0 are just efficient for the prediction of ADG
for animals Nelore. Under these conditions the BR-CORTE (2006) was not
shown appropriate to predict performance.
Keywords: guzerá, indicator, nelore, tabapua, ultrasonography
74
1 INTRODUÇÃO
Com a necessidade de intensificar o sistema de pecuária de corte, visando
à redução da idade de abate e à maior eficiência biológica e econômica, a
pesquisa avança para melhorar a renda do produtor, auxiliar toda cadeia
produtiva e também atender ao consumidor, pois gera tecnologia para a
produção de carne de melhor qualidade.
Neste aspecto, o confinamento é ferramenta que possibilita o abate de
animais jovens e bem acabados, proporcionando, em geral, carcaças e carne de
melhor qualidade (Costa et al., 2005).
Além de alavancar os índices de produtividade da pecuária de corte, o
confinamento pode apresentar reflexos positivos sobre a qualidade da carcaça e
a oferta de carne na entressafra (Jorge, 1999). Todavia, um dos fatores
importantes a serem considerados no sistema de confinamento é o genótipo a ser
utilizado, visto que existem diferenças acentuadas no desempenho entre raças,
bem como na qualidade de carne e da carcaça (Restle et al., 2000).
O desempenho dos bovinos, o rendimento de carcaça e a qualidade da
carne dependem da combinação de fatores, como raça e alimentação, que afetam
ainda a precocidade no acabamento do animal (Nardon, 1998).
Como a maior parte do rebanho nacional, algo em torno de 80%, é
composta de animais zebuínos e seus mestiços (Valadares Filho, 2006a), o
estudo destas raças, no que se refere ao desempenho e às características de
carcaça de animais confinados, é subsídio importante para a melhoria na
produção da pecuária brasileira. Além disso, de acordo com Jorge (1997), estes
estudos podem propiciar a criação de planos nutricionais compatíveis com esses
grupos genéticos, além de servir para estabelecer pontos de abate que
75
proporcionem maiores eficiências de ganho e características desejáveis de
carcaça.
Segundo Suguisawa (2002), a determinação do ponto ideal de abate dos
animais de diferentes grupos genéticos, em cada um dos diversos sistemas de
produção disponíveis, é uma ferramenta importante para determinar a qualidade
do produto.
O monitoramento de características de carcaça, tais como área de olho de
lombo (AOL) e espessura da camada de gordura subcutânea (EG) no músculo
Longissimus dorsi (contrafilé), além de auxiliar a escolha dos animais a serem
abatidos (aqueles que tenham atingido o mínimo de 3 mm), também fornece
informações úteis para serem incorporados, tanto em modelos de crescimento,
como de seleção animal (Bergen et al., 1996).
A curva de crescimento e, conseqüentemente, o desempenho dos animais
são tratados de diferentes formas pelos sistemas de exigências nutricionais, o
que pode ocasionar estimativas de consumo e desempenho diferentes.
Dentre os principais sistemas de exigências nutricionais, que também
são utilizados para avaliação de dietas no Brasil, destacam-se o Nutrient
requeriments of beef cattle (NRC 2000), o Cornell net carbohydrate and protein
system - CNCPS 5.0 (Fox et al., 2003) e o BR-CORTE - Exigências nutricionais
de zebuínos e tabelas de composição de alimentos (Valadares Filho, 2006a).
Destes, apenas o BR-CORTE traz, em seu banco de dados, informações
de animais, alimentos e manejo condizentes com as condições brasileiras, pois o
NRC (2000) e o CNCPS 5.0 foram desenvolvidos em países de clima temperado
e com animais de raças taurinas. Portanto, torna-se necessário avaliar estes
sistemas com a finalidade de definir aquele com maior precisão nas prediçoes do
desempenho animal.
Os objetivos deste trabalho foram avaliar o ganho de peso médio diário
(GPD) e as características de carcaça em animais Nelore LA, Nelore PO,
76
Tabapuã PO e Guzerá PO. Além disso, buscou-se avaliar os sistemas CNCPS
5.0, NRC (2000) e o BR-CORTE na predição de desempenho.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Centro de Avaliação de Desempenho
de Ruminantes, no Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de
Lavras. Utilizaram-se 44 novilhos de quatro grupos genéticos, sendo 19 novilhos
Nelore PO, 7 novilhos Nelore LA, 10 novilhos Tabapuã PO e 8 novilhos Guzerá
PO, com peso vivo inicial médio e desvio padrão de 266(38), 236(31), 222(17) e
219(25) kg, respectivamente e idade inicial média e desvio padrão de 9(1),
10(0,7), 8(0,8) e 8(1) meses, respectivamente.
No início do período de adaptação, com duração de 56 dias, os animais
foram pesados após jejum alimentar de 16 horas e tratados contra ecto e
endoparasitas. Durante a adaptação, estes foram alimentados à vontade com a
mesma dieta do período experimental. O período experimental para avaliação do
desempenho foi composto por quatro períodos de 28 dias, tendo, ao final de cada
período, sido realizada a pesagem dos animais, também após jejum alimentar de
16 horas.
A dieta foi formulada de acordo com o NRC (2000), objetivando GPD de
1,34 kg/dia. O volumoso utilizado foi a silagem de milho, sendo mantida relação
volumoso:concentrado de 30:70 (Tabela 5).
77
TABELA 5. Composição percentual de ingredientes e bromatológica da dieta
fornecida a novilhos zebuínos confinados
Ingredientes Composição (%MS)
Silagem de milho 30,0
Milho integral moído 25,2
Polpa cítrica 25,2
Farelo de soja 16,1
Fosfato bicalcico 0,5
Bicarbonato de sódio 0,9
Núcleo mineral* 2,1
Nutrientes
Matéria seca (MS)
1
71,7
Proteína bruta (PB)
2
13,0
Fibra em detergente neutro (FDN)
2
33,2
CNF
2
48,0
EE
2
3,3
NDT
2,3
72,0
1
% na matéria natural;
2
% na matéria seca;
3
calculado segundo o NRC (2001)
*Níveis de garantia por quilo do produto: Ca: 235g; P 45g; S 23g; Na: 80,18g; Zn: 2,38 mg; Cu:
625 mg; Fe: 1,18 mg; Mn: 312 mg: Co: 32 mg; I: 41,6 mg; Se: 11,25mg; Vit.A: 70.000 UI;Vit.
D3: 5.000 UI; Vit. E: 15 UI; Niacina: 3,33 mg.
A dieta, em forma de ração completa, foi fornecida ad libitum aos animais
às 8h00 e 15h00, sendo as sobras coletadas na manhã seguinte e a quantidade de
ração fornecida ajustada a cada dia, para permitir sobras de, no mínimo, 5%.
Com os valores da dieta fornecida e das sobras, ambos em kg/dia,
coletados diariamente, o valor médio do CMS, para os 112 dias experimentais,
foi obtido dividindo-se a diferença entre o fornecido e as sobras diárias pelo
numero total de animais.
O período experimental para avaliação dos sistemas CNCPS 5.0, NRC
(2000) e o BR-CORTE teve duração de 56 dias, o que correspondeu aos dois
últimos períodos. Além das pesagens, nestes períodos foram obtidos os dados de
consumo individual, por meio do uso de indicadores.
78
Para a estimação da produção fecal foi utilizado o indicador LIPE®,
numa posologia de uma cápsula de 0,5 g/animal/dia (Saliba, 2005), durante os
dias 24, 25 e 26 de cada período experimental.
O consumo de MS do concentrado foi determinado utilizando-se o óxido
crômico misturado à dieta, na proporção de 10 g/animal/dia e fornecido aos
animais entre o 17
o
e 27
o
dia de cada período, sendo 7 dias de adaptação e 3 dias
de coleta (Valadares Filho, 2006b).
Para a determinação do consumo de MS do volumoso, foi utilizada a
fibra em detergente ácido indigestivel (FDAi) (Berchielli, 2005).
A cada 14 dias foram coletadas amostras dos ingredientes do
concentrado, do concentrado e da silagem, procedendo-se análises de matéria
seca (MS), de matéria orgânica (MO), de proteína bruta (PB), de fibra em
detergente neutro corrigida para cinza e proteína (FDNcp) e de extrato etéreo
(EE), segundo Silva & Queiroz (2002).
O carboidrato não fibroso (CNF) foi calculado por meio da equação:
CNF = 100 – [%PB + %FDNcp + %EE + %Cinzas].
A composição bromatológica dos ingredientes da dieta se encontra na
Tabela 6. As frações de proteína e carboidratos utilizadas pelo sistema CNCPS
5.0 foram obtidas do banco de dados da Tabela Brasileira de Composição de
Alimentos para Bovinos (Valadares Filho, 2006a).
79
TABELA 6. Teores de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína
bruta (PB), fibra em detergente neutro corrigido para cinzas e
proteína (FDNcp), carboidratos não-fibrosos (CNF) e extrato
etéreo (EE) da silagem de milho e dos ingredientes do
concentrado.
1
% na MS.
As informações de área de olho de lombo (AOL), espessura de gordura
(EG) e espessura de gordura na garupa (picanha) (P8) foram determinadas em
animais vivos, por meio do aparelho Aloka 500V (Corometrics Medical System,
Wallingford, CT), com um transdutor linear de 3,5 MHz. As medidas para AOL
e espessura de gordura ocorreram entre a 12
a
e 13
a
costelas. A espessura de
gordura na garupa (P8) foi mensurada na junção do músculo Bíceps femoris e
Gluteus medium, entre o ísquio e o íleo, paralelo à vértebra como descrito por
Greiner (2003).
As imagens foram digitalizadas e armazenadas por meio de um sistema
de captura de imagem (Blackbox, Biotronics, Ames, IA, USA). A digitalização
foi feita por meio do programa Image-J (National Institutes of Health, USA).
Para a entrada dos dados de cada animal nos sistemas CNCPS 5.0 e
NRC (2000), adotaram-se, como peso à maturidade 540 kg, condição corporal 6,
temperatura 25ºC e umidade relativa de 50%.
De acordo com esses dados e a dieta fornecida, foi feita a predição de
ganho de peso em função da energia e proteína disponíveis, por meio dos
programas computacionais específicos de cada sistema. Para estimar o GPD
Nutrientes Silagem de
Milho
Milho Integral
Moído
Polpa
Cítrica
Farelo de
Soja
MS (%)
27,87 90,50 87,43 91,94
MO
1
94,57 98,75 94,10 93,87
PB
1
6,09 8,55 6,70 48,52
FDNcp
1
55,73 13,78 18,79 15,54
CNF
1
29,45 71,82 63,55 27,78
EE
1
3,30 4,6 3,36 2,03
80
predito com o uso do BR-CORTE, foram utilizadas as equações existentes na
própria publicação.
As análises estatísticas foram realizadas utilizando-se o PROC GLM do
pacote estatístico SAS (1999), considerando o peso inicial como co-variância e
utilizando o teste Scott & Knott.
Para a avaliação dos valores preditos pelos sistemas NRC, CNCPS e
BR-CORTE com os observados, foi utilizado o teste de qui-quadrado utilizando
o pacote estatístico SAS (1999).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Não houve diferença (P>0,05) nas características GPD, AOL, EG e P8
entre os grupos genéticos zebuínos, sejam estes grupos raças ou animais
considerados mais selecionados dentro de uma mesma raça (Nelore PO vs.
Nelore LA) (Tabela 7). Durante os 112 dias experimentais, com os valores da
dieta fornecida e das sobras, obteve-se o consumo médio diário apresentado
pelos animais que foi de 8,91 kg, resultando em uma eficiência alimentar de
0,118.
Os resultados encontrados diferem dos obtidos por outros autores, nos
quais animais Nelore de maior seleção (NeS) apresentaram GPD superior aos
Nelore de menor seleção (NeN) (Rezende 1999; Junior, 2006). A superioridade
do NeS pode ter ocorrido, segundo os autores, devido ao maior progresso
genético destes animais. Razook et al. (2001), com animais confinados em uma
prova de ganho de peso, encontraram ganhos semelhantes aos observados neste
trabalho em animais Nelore PO (1,002 kg/dia) e Guzerá PO (0,993 kg/dia). Estes
autores também observaram que os animais Nelore selecionados foram
superiores aos Nelore controle (0,816 kg/dia). Em outro trabalho, Jorge et al.
81
(1999) verificaram que animais Nelore apresentaram GPD e carcaça superiores
em relação aos animais Guzerá e Tabapuã, que não diferiram entre si.
A inexistência de diferença entre os animais Nelore PO e Nelore LA
indica uma proximidade destes animais no que diz respeito ao processo de
seleção, justificando a ação da ABCZ em considerar que animais da terceira
geração, oriundos de cruzamento entre animais LA e PO, sejam considerados
como animais PO.
TABELA 7. Médias dos quadrados mínimos e respectivos erros padrões
de peso inicial, peso final, ganho de peso diário (GPD),
espessura de gordura (EG), área de olho de lombo (AOL) e
espessura de gordura, na picanha (P8), de grupos
genéticos zebuínos confinados
Médias seguidas de letras diferentes, nas linhas, diferem estatisticamente, pelo teste Scott & Knott
(P>0,05)
EP: Erro padrão
A inexistência de diferença significativa na característica EG e P8 indica
que esses animais, provavelmente, possuem exigências parecidas e que sua
composição corporal é semelhante, não apresentando precocidade diferenciada
entre as raças. Os valores de EG observados permitem concluir que os animais já
teriam adquirido quantidade mínima de gordura subcutânea necessária para uma
Raças
Variáveis Nelore
PO
EP Nelore
LA
EP Tabapuã EP Guzerá EP P
Peso inicial
(kg)
302 3,65 292 5,40 298 4,72 298 5,30 0,50
Peso final
(kg)
421 3,94 415 5,83 417 5,03 415 5,63 0,83
GPD
(kg/dia)
1,075 0,03 1,038 0,05 1,061 0,04 1,042 0,05 0,90
AOL (cm
2
)
78,5 2,45 75,8 3,92 76,2 3,28 80,7 3,67 0,74
EG (mm)
5,0 0,29 4,4 0,47 4,8 0,39 3,9 0,44 0,24
P8 (mm)
6,3 0,33 5,5 0,53 7,0 0,47 6,8 0,50 0,15
82
boa qualidade de carcaça ao abate, mesmo estando com 14,6 meses de idade e
peso final médio de 418 kg. Portanto, a preocupação dos frigoríficos com a
espessura mínima de gordura para animais zebuínos não está relacionada com a
ineficiência destes em depositar gordura, já que animais que recebem plano
nutricional adequado atingem esse limite antes mesmo de alcançar o peso
mínimo de abate.
Houve comportamento diferenciado para ganho de peso entre os grupos
genéticos apenas durante o período inicial (0 a 28 dias), como apresentado na
Tabela 8. Uma possível explicação para essa diferença seria um efeito maior de
ganho compensatório para esse grupo, já que havia animais provenientes de
criação a pasto e que causou uma desuniformidade no lote. Apesar do período de
adaptação ter sido de 56 dias, como preconizado pela ABCZ (2006), acredita-se
que o ganho compensatorio tenha deixado de ocorrer apenas no segundo período
experimental, quando os animais já estavam sendo alimentados por um periodo
de 112 dias (sendo 56 dias de adaptação e 56 experimentais), sob as mesmas
condições.
83
TABELA 8. Ganho de peso médio diário, em cada intervalo de avaliação,
apresentado por grupos genéticos zebuínos confinados
Item
Raças
Nelore
PO
E P Nelore
LA
E P Tabapuã E P Guzerá E P P
GPD 0 a 28
dias
1,592a 0,06 1,229b 0,10 1,367b 0,09 1,303b 0,10 0,01
GPD 0 a 56
dias
1,236 0,04 1,117 0,07 1,207 0,05 1,149 0,06 0,39
GPD 0 a 84
dias
1,117 0,03 1,151 0,05 1,192 0,05 1,119 0,05 0,58
GPD 0 a
112 dias
1,075 0,03 1,038 0,05 1,060 0,04 1,042 0,05 0,90
Médias seguidas de mesma letra minúscula, nas linhas, não diferem estatisticamente pelo teste
Scott & Knott (P<0,05),
EP: Erro padrão
A partir do segundo período, os animais apresentaram ganho de peso
semelhante, à medida que avançou o experimento, o que levou a um ganho
médio diário semelhante para todos os grupos, ao final dos 112 dias
experimentais.
Na Tabela 9 são apresentados os valores de ganho de peso observados
nos dois últimos períodos e os preditos pelos sistemas CNCPS 5.0, NRC (2000)
e BR-CORTE, para os quatro grupos genéticos separados e em conjunto.
84
TABELA 9. Valores de GPD observados nos dois últimos períodos
experimentais e os preditos pelas equações do BR-CORTE,
CNCPS e NRC, apresentados pelos diferentes genótipos
zebuínos
* Valores não diferem estatisticamente entre si (P<0,05).
E
disponive
: energia disponível para ganho
P
disponivel
: proteína disponível para ganho
Nos sistemas CNCPS 5.0 e NRC (2000), os menores valores foram
preditos com base na disponibilidade de energia. Para o sistema BR-CORTE, os
menores ganhos preditos foram baseados na disponibilidade de proteína. Esta
inversão nos valores de predição de desempenho se deve, basicamente, ao fato
BR-CORTE
Grupo
genético
GPD observado
(kg/dia)
GPD predito (kg/dia)
N P
disponível
Nelore PO 0,91 19 1,31
Nelore LA 0,96* 7 1,13*
Tabapuã PO 0,91 10 1,85
Guzerá PO 0,94 8 1,52
Agrupados 0,92 44 1,44
CNCPS
Grupo
genético
GPD observado
(kg/dia)
GPD predito (kg/dia)
N E
disponível
Nelore PO 0,91* 19 1,00*
Nelore LA 0,96* 7 0,98*
Tabapuã PO 0,91 10 1,41
Guzerá PO 0,94* 8 1,24*
Agrupados 0,92 44 1,13
NRC
Grupo
genético
GPD observado
(kg/dia)
GPD predito (kg/dia)
N E
disponível
Nelore PO 0,91* 19 1,04*
Nelore LA 0,96* 7 1,02*
Tabapuã PO 0,91 10 1,52
Guzerá PO 0,94 8 1,32
Agrupados 0,92 44 1,20
85
de o sistema BR-CORTE considerar uma necessidade de energia líquida para
mantença 20% menor para zebuínos do que aquela preconizada para taurinos.
Isso porque, para os sistemas americanos (NRC e CNCPS), essa exigência
energética de mantença é apenas 10% menor para zebuínos. Dessa forma, a dieta
consumida promoveria maior disponibilidade de energia para ganho, segundo o
BR-CORTE.
O sistema CNCPS predisse ganho de peso, com base na energia
disponível, semelhante ao observado nos grupos Nelore PO, Nelore LA e
Guzerá PO, e superestimou em 35% os ganhos para o grupo Tabapuã PO. Estes
resultados são diferentes dos encontrados por Galvão (1991), Jorge (1993) e
Jorge (1997), segundo os quais todos os valores preditos por esse sistema foram
superiores aos observados para animais com peso de abate de 500 kg, com
variação de 17% a 31%. Quando se agruparam os animais, este sistema
superestimou o ganho, com base na energia disponível, em 19%, com relação ao
observado.
O sistema NRC (2000) predisse o ganho de peso com base na energia
disponível, semelhante ao observado nos grupos Nelore PO e Nelore LA, o que
foi diferente do encontrado por Gesualdi Jr. et al. (2005), que encontraram
valores superestimados para animais Nelore. Este sistema superestimou os
ganhos com base no observado, para os grupos Guzerá PO e Tabapuã PO, em
40% e 29%, respectivamente.
Portanto, pode-se inferir, com base na disponibilidade de energia, que os
sistemas norte-americanos apresentam boa predição para ganho, para a raça
Nelore.
Para predizer o desempenho, foi usado o CMS observado. Isto explica
os altos valores de desempenho preditos pelos sistemas CNCPS 5.0 e NRC
(2000), para a raça Tabapuã PO, pois estes animais tiveram o maior CMS.
86
O sistema BR-CORTE superestimou o ganho de peso com base na
energia disponível, para todos os grupos genéticos, com variação de 32% a 53%.
Esse resultado difere do observado por Gesualdi Jr. et al. (2005), que
encontraram valores preditos satisfatórios para o ganho de peso obtido pelo
sistema VIÇOSA (Lana, 2000), sistema este também baseado em dados
brasileiros.
Este sistema estimou com precisão o ganho de peso com base na
proteína disponível, somente para o grupo Nelore LA. De acordo com estes
resultados, acredita-se que o sistema BR-CORTE ainda precisa ser melhorado
para a predição de desempenho.
Quando se agruparam todos os animais, nenhum dos sistemas predisse
com precisão o desempenho com base na energia e na proteína disponível.
Acredita-se que isso ocorra porque os sistemas americanos apresentam boa
predição apenas para a raça Nelore e também porque ainda há necessidade de
melhorar o sistema BR-CORTE para a predição de ganho de peso.
Para melhor compreensão dos dados apresentados na Tabela 9, nas
Figuras 6, 7 e 8, são apresentados os dados de GPD preditos, evidenciando seu
comportamento em relação aos dados observados.
87
-2,00
-1,50
-1,00
-0,50
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
Raças
Resíduo GPDproteina
NEL PO
NEL LA*
TAB PO
GUZ PO
FIGURA 5. Distribuição dos dados de GPD preditos pelo sistema BR-CORTE
* Grupo genético em que o GPD predito médio foi semelhante ao observado (P<0,05)
-2,00
-1,50
-1,00
-0,50
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
Raças
Resíduo GPD energia
NEL PO*
NEL LA*
TAB PO
GUZ PO
FIGURA 6. Distribuição dos dados de GPD preditos pelo sistema CNCPS
* Grupo genético em que o GPD predito médio foi semelhante ao observado (P<0,05)
88
-2,00
-1,50
-1,00
-0,50
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
Raças
Resíduo GPDenergia
NEL PO*
NEL LA*
TAB PO
GUZ PO
FIGURA 7. Distribuição dos dados de GPD preditos pelo sistema NRC
* Grupo genético em que o GPD predito médio foi semelhante ao observado (P<0,05)
4 CONCLUSÕES
Os diferentes grupos genéticos não apresentaram diferenças no
desempenho final e nas características de carcaça, quando submetidos ao regime
de confinamento. Os sistemas NRC (2000) e CNCPS 5.0 são eficientes para a
predição de GPD apenas para animais Nelore. O BR-CORTE não se mostrou
adequado para predizer desempenho.
89
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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URL:http://www.abcz.org.br/site/tecnica/racas/index.php
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