Ciclos de Aprendizagem Ciclos de Formação
(...) tem seu eixo organizador situado
preponderantemente em torno dos resultados
esperados. É necessário que o aluno adquira
certos conhecimentos e desenvolva certas
competências, estabelecidas como mínimos
essenciais e, portanto, se constituem como
condição ou pré-requisito para a progressão a um
nível superior no que tange a graus de
aprofundamento e complexidade do conteúdo.
Neste caso a flexibilização recai nos tempos
despendidos pelo estudante, pois, dependendo de
suas capacidades pessoais, poderá progredir de
um grau para outro ao seu próprio ritmo, em
tempos diferentes de seus pares. É o que ocorre
com alguns programas de jovens e adultos, por
exemplo, onde se exige que comprove domínio
acadêmico (a partir de um programa proposto)
sem necessariamente freqüentar (todas) as aulas,
enfim sem cumprir a mesma carga horária de
estudos presenciais. (NEDBAJLUK, 2002, p.
120)
Nos ciclos de aprendizagem a organização dos
grupos e a promoção dos alunos baseiam-se na
idade dos alunos. Ao final de dois ou três anos
de duração, os alunos que não atingiram os
objetivos do ciclo podem ser reprovados.
Geralmente, os programas de ciclos de
aprendizagem propõem rupturas menos radicais
no que se refere ao currículo, avaliação,
metodologia e organização. Inicialmente, a
principal referência para a formulação de
programas de ciclos de aprendizagem foi a
experiência da rede municipal de São Paulo. A
partir do final dos anos 90, os textos de Phillipe
Perrenoud têm sido as principais referências para
as experiências de ciclos de aprendizagem. No
entanto, não há um tipo puro de ciclos de
aprendizagem. As formulações de programas de
ciclos desta natureza, em nível locais, têm levado
em conta algumas características, medidas e
estratégias utilizadas em diferentes lugares,
incluindo programas denominados ciclos de
formação. (MAINARDES, 2005, p. 19)
Os ciclos de formação humana (ou de
desenvolvimento) têm seu eixo estruturador
orientado nas fases do desenvolvimento humano.
A ênfase recai no aluno, suas características bio-
psico-sociais. Neste caso, os programas
subordinam-se (ou deveriam) às características
das fases de desenvolvimento, que por sua vez,
mantém certa relação com as faixas etárias e
características culturais. A flexibilização recai no
programa e nos resultados, exigindo-se grande
capacidade de adequação dos mesmos aos
grupos de alunos de modo que, ao mesmo tempo
que se respeite as características e conquistas
cognitivas dos alunos ou de grupos de alunos,
promova novas conquistas pela via das
transmissões sociais (o ensino escolar neste
caso) a partir dos conceitos já desenvolvidos.
Admitem-se diferentes resultados no final do
processo. (NEDBAJLUK, 2002, p. 120)
Os ciclos de formação baseiam-se nos ciclos de
desenvolvimento humano (infância, puberdade,
adolescência) e propõem mudanças mais radicais
no sistema de ensino e de organização escolar.
Nos ciclos de formação geralmente não há
reprovação de alunos ao longo do ensino
fundamental. A reestruturação curricular é mais
profunda e, em algumas experiências,
metodologias específicas são definidas ( no
Projeto Escola Plural, projetos de trabalho; na
Escola Cidadã, complexos temáticos). A base
teórica dos ciclos de formação é mais marcada
pela psicologia e pelas etapas do
desenvolvimento humano. Os textos de Miguel
Arroyo, Elvira Lima e Andréa Krug, (bem como
a experiência e publicações da Escola Plural de
Belo horizonte) e da Escola cidadã (Porto alegre)
têm sido as principais referências para a
formulação dos ciclos de formação.
(MAINARDES, 2005, p. 14).
Apesar dos fundamentos teóricos diferenciados, é importante destacar que
ambas as denominações são utilizadas tanto por governos que centram sua
preocupação nos resultados educacionais, evidenciados principalmente nas
estatísticas de aprovação/reprovação, em detrimento do processo e permanência