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LUÍS FELIPE SPERRY BRATTI
COMPORTAMENTO INGESTIVO DE CAPRINOS EM PASTAGEM DE AZEVÉM E
AVEIA PRETA EM CULTIVO PURO E CONSORCIADO
CURITIBA
2007
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LUÍS FELIPE SPERRY BRATTI
COMPORTAMENTO INGESTIVO DE CAPRINOS EM PASTAGEM DE AZEVÉM E
AVEIA PRETA EM CULTIVO PURO E CONSORCIADO
CURITIBA
2007
Dissertação apresentada ao curso de Pós-
Graduação de Ciências Veterinárias, área de
concentração em Produç
ão Animal, Setor de
Ciências Agrárias, Universidade Federal do Paraná,
como parte dos requisitos para a
obtenção do título
de Mestre em Ciências Veterinárias.
Orientador: Prof. Dr. João Ricardo Dittrich
Co-orientadora: Profª. Drª. Alda Lúcia G. Monteiro
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Às minhas irmãs
ALESSANDRA e CASSANDRA,
ofereço
Aos meus amáveis pais,
SANDRA PILAR SPERRY e JOÃO BRATTI,
por permitirem alcançar tudo que almejo,
agradeço eternamente todos os dias de minha vida.
dedico
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. João Ricardo Dittrich, pela especial orientação, amizade, incentivo
e, principalmente, compreensão durante o curso;
A Profª. Drª. Alda Lúcia Gomes Monteiro pela co-orientação neste trabalho;
Ao Prof. Dr. Amadeu Bona Filho e Profª. Drª. Ana Luisa Palhano Silva pela
colaboração nas correções deste trabalho;
Ao Prof. Ítalo Minardi pelo incentivo;
Ao Dr. Edilson Batista de Oliveira pela orientação estatística;
Ao Sr. Júlio Cézar de Oliveira por ter aberto as portas de seu Capril para a
realização deste trabalho;
Aos estagiários Caio Lovato, Eliezer Pegoraro, Ana Paula Miyagi Fabiana
Marinelli Pontes da Rocha e Chayane da Rocha, pela colaboração inestimável durante
os trabalhos de campo;
Em especial aos amigos Cláudio José Araújo da Silva e Carina Simionato de
Barros pelo apoio e dedicação em todas as etapas deste trabalho. A vocês minha
eterna gratidão;
Aos amigos Clemilson Sombrio Gomes, Edson Radunz e Rafael Augusto
Duarte pelo apoio e amizade;
A Pós-Graduação de Ciências Veterinárias pela oportunidade em realizar o
curso;
A Universidade Federal do Paraná;
Aos professores da s-Graduação em Ciências Veterinárias e da Pós-
Graduação em Agronomia da UFPR pelos conhecimentos transmitidos;
Aos funcionários dos cursos, em especial a Lucimara, Maria Emília e Maria
José pela colaboração nas diferentes etapas do curso;
A todos aqueles que de maneira direta ou indireta participaram, incentivaram e
torceram durante toda a execução do projeto pela conclusão deste trabalho;
A Deus pelo dom da vida.
BIOGRAFIA DO AUTOR
LUÍS FELIPE SPERRY BRATTI, nascido em 10 de novembro de 1979, em
Barra do Garças, Mato Grosso, filho de João Bratti e de Sandra Pilar Sperry.
Cursou ensino de primeiro e segundo grau em Goiânia e Maca
respectivamente, concluindo em Curitiba em 1997.
Graduado em Medicina Veterinária no ano de 2003, pela Universidade Tuiuti do
Paraná, na cidade de Curitiba.
Em maio de 2004 concluiu a Especialização em Produção de Bovinos de Corte,
pelas Faculdades Integradas Espíritas, e em agosto do mesmo ano concluiu a
Especialização em Higiene e Inspeção de Produtos de Origem Animal, pela
Universidade Tuiuti do Paraná.
Em setembro de 2003 iniciou o curso de Pós-Graduação em Ciências
Veterinárias, como aluno ouvinte, área de concentração em Produção Animal da
Universidade Federal do Paraná, tornando-se aluno regular em março de 2005.
Em março de 2006, iniciou trabalho em Defesa Sanitária Animal através de um
convênio de cooperação técnica entre a Secretaria da Agricultura e Desenvolvimento
Rural - SAR, a Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina -
CIDASC e, a iniciativa privada, representada pelo Instituto Catarinense de Sanidade
Agropecuária – ICASA.
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS.................................................................................................
IX
LISTA DE TABELAS................................................................................................
X
RESUMO.................................................................................................................. VII
ABSTRACT.............................................................................................................. VIII
1
INTRODUÇÃO..................................................................................................... 01
2
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................................ 03
2.1 O MERCADO DA CAPRINOCULTURA NO PARANÁ................................... 03
2.2 A UTILIZAÇÃO DE FORRAGEIRAS DE INVERNO NA ALIMENTAÇÃO
ANIMAL................................................................................................................
04
2.3 COMPORTAMENTO INGESTIVO DOS CAPRINOS.....................................
05
2.3.1 A estrutura da pastagem e o consumo de forragem................................... 07
2.3.2 PREFERÊNCIA........................................................................................... 08
2.3.3 Velocidade de ingestão e profundidade do bocado.....................................
10
2.3.4 Tempo de pastejo........................................................................................ 11
2.3.5 O processo de procura por forragem...........................................................
12
3
METODOLOGIA...................................................................................................
15
3.1 LOCAL............................................................................................................ 15
3.2 AMBIENTE EXPERIMENTAL.........................................................................
15
3.2.1 Área experimental........................................................................................
15
3.2.2 Área de adaptação...................................................................................... 16
3.2.3 Implantação da área experimental.............................................................. 17
3.2.4 Tratamentos.................................................................................................
17
3.3 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL...............................................................
18
3.4 ANIMAIS EXPERIMENTAIS...........................................................................
18
3.4.1 Adaptação e manejo dos animais................................................................
18
3.5 PERÍODO DE REALIZAÇÃO DO EXPERIMENTO........................................
19
3.6 AVALIAÇÕES................................................................................................. 19
3.6.1 Avaliações para caracterização da pastagem............................................. 19
3.6.1.1 Altura do dossel forrageiro........................................................................
19
3.6.1.2 Estratificação para obtenção da massa total............................................
20
3.6.2 Avaliação com os animais...........................................................................
22
3.6.2.1 Identificação da preferência......................................................................
22
3.6.2.2 Avaliação da velocidade de ingestão....................................................... 23
3.6.2.3 Avaliação da profundidade do bocado .................................................... 23
3.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA................................................................................ 25
4
RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................... 26
4.1 CARACTERIZAÇÃO DA PASTAGEM............................................................
26
4.1.1 Altura da pastagem..................................................................................... 26
4.1.2 Massa da pastagem e componentes lâminas foliares e colmo................... 27
4.1.3 Oferta...........................................................................................................
28
4.1.4 Distribuição vertical dos estratos das pastagens.........................................
30
4.2 CARACTERÍSTICAS COMPORTAMENTAIS DOS ANIMAIS........................
35
4.2.1 Preferência.................................................................................................. 35
4.2.2 Velocidade de ingestão............................................................................... 36
4.2.3 Profundidade do bocado..............................................................................
37
5
CONCLUSÕES.................................................................................................... 41
6
CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................. 42
7
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................... 43
ANEXOS................................................................................................................... 51
COMPORTAMENTO INGESTIVO DE CAPRINOS
EM PASTAGEM DE AZEVÉM E
AVEIA PRETA EM CULTIVO PURO E CONSORCIADO
RESUMO -
O experimento foi realizado em Campo Largo PR, onde se avaliou o
comportamento ingestivo de caprinos frente às espécies forrageiras azevém e aveia
preta em cultivo puro e consorciado, no período de 4 julho a 5 de agosto de 2004. As
forrageiras foram estabelecidas em piquetes com 630 m
2
cada, alocadas em faixas num
delineamento experimental em blocos ao acaso com três tratamentos e três repetições.
Foram utilizadas doze cabras, distribuídas em três piquetes experimentais com quatro
animais cada. Previamente ao pastejo, foram realizadas medições na pastagem, as
quais incluíram altura, massa total e dos componentes lâmina foliar e colmo com
bainha. Nos animais foi avaliada preferência, velocidade de ingestão e profundidade do
bocado. Os resultados revelaram que os tratamentos azevém e consorciado foram
superiores (p<0,05) à aveia preta com relação a altura média da pastagem, sendo que
nas demais avaliações da pastagem o azevém foi superior (p<0,05) aos demais
tratamentos. O tempo de pastejo dos caprinos no tratamento azevém e aveia preta foi
superior (p<0,05) ao consorciado. A velocidade de ingestão foi maior (p<0,05) no
tratamento aveia preta. Os caprinos apresentaram preferência pelos tratamentos
azevém e aveia preta em cultivo puro. Observou-se relação linear e positiva entre a
altura do perfilho estendido e a profundidade do bocado nos tratamentos.
Palavras-chave
Avena strigosa
Schreb, bocado, caprinos,
Lolium multiflorum
Lam,
preferência.
INGESTIVE BEHAVIOR OF GOATS IN RYEGRASS AND BLACK OAT PASTURES IN
PURE OR MIXTURE CULTURE
ABSTRACT -
The experiment was carried out in Campo Largo PR. The purpose was
to evaluate the ingestive behavior of goats under ryegrass (
Lolium multiflorum Lam
.) and
black oat (
Avena strigosa Schreb
) pastures in pure or mixture culture, between
04/07/2004 and 05/08/2004. The grasses were applied in poles with 630 m² each,
placed in stripes in an experimental area, in random blocks with three treatments and
three repetitions. Twelve female goats were distributed in three experimental poles with
four goats each for grazing evaluations. Previously to the evaluations of the animals the
measurements of the pasture were obtained, which included height, total mass of forage
and the compounds of leaf and steam. The goats were evaluated by preference,
ingestion rate and depths bite. The averages of pastures height was higher (p>0.05) in
ryegrass and mixture, and in other pastures evaluations ryegrass was superior (p<0.05)
to the others treatments. The grazing time of goats in ryegrass and black oat was
superior (p<0.05) to the mixture. The bite rate per minute was higher (p<0.05) in black
oat. The goats demonstrated preference for ryegrass and black oat in pure culture.
Linear and positive relation between extended tiller and depth bite in treatments was
observed.
Key-words: Avena strigosa
Schreb
,
bite
,
goats
, Lolium multiflorum
Lam
,
preference
.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - Planta do ambiente experimental mostrando os três piquetes
experimentais, resultando em nove faixas por piquete, totalizando
em 27 faixas.........................................................................................
16
FIGURA 2 -
Visualização do tratamento Azevém (
Lolium multiflorum
Lam.), Aveia
Preta
(
Avena strigosa
Schreb) e consorciado......................................
17
FIGURA 3 -
Visualização dos animais nas áreas experimentais............................. 19
FIGURA 4 -
Sward Stick
Equipamento utilizado para medir a altura das
forrageiras............................................................................................
20
FIGURA 5 - Estratificador Equipamento utilizado para efetuar cortes
segmentados das forragens, ao longo do perfil vertical do dossel, a
cada 10 cm...........................................................................................
21
FIGURA 6 - Visualização da separação botânica realizada no laboratório de
Fitotecnia da Universidade Federal do Paraná....................................
22
FIGURA 7 - Visualização da área experimental em dia de avaliação de
pastejo..................................................................................................
23
FIGURA 8 -
Transecta formada por fios coloridos e pregos para fixação no
solo
contendo numeração plástica esquerda). Perfilho de capim aveia
preta marcado com fio colorido (à direita).............................................
24
FIGURA 9 - Planta experimental com a distribuição das “transectas” na escala de
1 a 4. Nos retângulos marcados foi o local onde foram distribuídas
as “transectas”......................................................................................
25
FIGURA10 -
Distribuição da massa de folha e colmo (kg de MS.ha
-1
)
ao longo do
perfil do dossel forrageiro do tratamento Azevém duarante os dias
de avaliação.........................................................................................
32
FIGURA11 -
Distribuição da massa de folha e colmo (kg de MS.ha
-1
)
ao longo do
perfil do dossel forrageiro do tratamento Aveia Preta duarante os
dias de avaliação..................................................................................
33
FIGURA12 -
Distribuição da massa de folha e colmo (kg de MS.ha
-1
)
ao longo do
perfil do dossel forrageiro do tratamento Consorciado duarante os
dias de avaliação..................................................................................
34
FIGURA13 -
Estimativa da profundidade do bocado (cm) de caprinos em pastejo,
em função da altura do perfilho estendido (cm), em pastagens de
azevém e aveia preta em cultivo puro e consorciado..........................
39
FIGURA14 -
Estimativa da profundidade do bocado (cm) de caprinos em pastejo
em função da altura do perfilho estendido (cm), nos tratamentos
azevém, aveia preta e consorciado......................................................
40
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 -
Altura média em centímetros dos tratamentos azevém (
Lolium
multiflorum
Lam.) e aveia preta (
Avena strigosa
Schreb) em cultivo
puro e consorciado em cada avaliação................................................
27
TABELA 2 -
Disponibilidade de matéria seca de lâminas foliares e de colmo com
bainha, em kg de matéria seca por hectare (kg.MS.ha
-1
), e relação
folha:colmo dos tratamentos azevém (
Lolium multiflorum
Lam.) e
aveia preta (
Avena strigosa
Schreb) em cultivo puro e
consorciado..........................................................................................
29
TABELA 3 -
Oferta de matéria seca de lâminas foliares e de colmo com bainha
nos tratamentos de azevém, aveia preta em cultivo puro e
consorciado..........................................................................................
30
TABELA 4 -
Tempo de pastejo (%) de caprinos em cada dia de avaliação em
áreas de azevém, aveia preta em cultivo puro e consorciado.............
35
TABELA 5 - Taxa de bocados por minuto de caprinos nos tratamentos azevém e
aveia preta em cultivo puro e consorciado...........................................
37
TABELA 6 -
Percentual de perfilhos pastejados entre os tratamentos azevém,
aveia preta e consorciado, e o percentual de perfilhos pastejados de
azevém e aveia preta no tratamento consorciado................................
40
1 INTRODUÇÃO
Em 2005, o Brasil possuía um rebanho caprino composto de 10,3 milhões de
cabeças, sendo que 93,0% encontrava-se na região Nordeste, 5,0% nas regiões
Centro-oeste e Norte e 2,0% na região Sul do país (FAEP/SENAR-PR, 2006). No
Estado do Paraná, observou-se aumento no mero de caprinos, entre 2003 e 2004,
quando o rebanho de 92.390 cabeças passou para 96.731 cabeças (IBGE, 2004).
Atualmente, com o Programa de Apoio à Estruturação das Cadeias Produtivas de
Ovinos e Caprinos espera-se maior investimento dos produtores e conseqüente
crescimento do rebanho no Estado.
Desde que foi reconhecida a necessidade de se estudar as pastagens e o
comportamento dos animais em pastejo para obter melhor produtividade (Bignoli,
1971), experimentos nessa área vêm se intensificando para diversas espécies de
herbívoros. No entanto, os estudos de comportamento ingestivo dos caprinos em
pastejo ainda são escassos no Brasil, e pouco estudados com forrageiras de clima
temperado, uma vez que o rebanho caprino está concentrado na região Nordeste.
Embora os caprinos sejam considerados de extrema importância econômica e
social, o sistema de criação adotado é rudimentar e baseado em princípios de
extrativismo. Os animais são manejados de forma extensiva e utiliza-se como recurso
forrageiro a vegetação nativa. Com isso, os níveis de produtividade dos rebanhos
caprinos são baixos, mas podem ser modificados com o uso de pastagens cultivadas e
bem adaptadas às mais diversas regiões.
Na região Sul do Brasil, durante o período do inverno, as baixas temperaturas e
as geadas reduzem a disponibilidade e a qualidade da pastagem nativa, e com o intuito
de suprir essa deficiência são utilizadas pastagens de clima temperado, sendo que a
aveia preta e o azevém, em cultivos puros ou consorciados, são amplamente utilizados.
As espécies forrageiras azevém e aveia preta tornam-se importante estratégia
na alimentação dos caprinos por garantir alimento de ótima qualidade no período de
outono e inverno. O entendimento dos hábitos de pastejo dos caprinos, das suas
relações com a forragem e das suas preferências, auxiliam na escolha e manejo das
espécies forrageiras adequadas.
A hipótese do presente trabalho foi de que, se diferença nos componentes
estruturais das forrageiras anuais de inverno azevém
e aveia preta, então essas,
ofertadas individualmente ou em consórcio, poderão alterar as estratégias de colheita
de forragem por caprinos.
Nesse contexto, o objetivo deste experimento foi avaliar o comportamento
ingestivo dos caprinos e a sua preferência entre as espécies azevém e aveia preta, em
cultivo puro e consorciado.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 O MERCADO DA CAPRINOCULTURA NO PARANÁ
A região Sul do Brasil caracteriza-se por sua alta densidade populacional, e
apresenta, conseqüentemente, elevada potencialidade em termos de mercado
consumidor, com posvel demanda por diferentes produtos alimentícios (Siqueira,
2000).
Segundo Silva (2003), no Estado do Paraná a caprinocultura experimentou
pelo menos duas fases distintas, uma com venda de reprodutores leiteiros,
principalmente
das
raças Saanen, Toggenburg e Alpina, e outras mistas, como a
Mambrina e Anglo Nubiano, e outra fase, com ênfase na produção de leite e
derivados. Atualmente, a caprinocultura paranaense está voltada para o mercado da
carne, ocupando o nono lugar no rebanho nacional (ANUALPEC, 2005).
Dados do IBGE (1996) mostram que as microrregiões geográficas do Paraná
com os maiores plantéis de caprinos o: Guarapuava (13,8%); Pitanga (7,7%);
Prudentópolis (6,4%); Francisco Beltrão (5,7%); Telêmaco Borba (4,9%); Cascavel
(4,3%); Ivaipo(3,6%); União da Vitória, Pato Branco e Irati (3,5%) e Curitiba (3,7%).
As raças mais criadas no Estado o: er e Anglo Nubiano (produção de carne),
Saanen, Alpina e Toggenburg (produção de leite) e Anglo Nubiano e Mambrina
(produção de leite e carne).
O Estado do Paraná tem amplo mercado para produção de carne caprina,
podendo ser desenvolvido consumo de carne em ampla escala, a partir da produção
dos criatórios existentes, bastando, para tanto, o produtor organizar-se e produzir com
orientação técnica.
A caprinocultura paranaense encontra-se em fase de desenvolvimento, volta-
se para a produção de carne, embora com mercado pouco organizado. De um lado é
grande a falta de produto no mercado, inviabilizando uma ação mais enfática por parte
dos sistemas de comercialização, enquanto do outro lado, observa-se lentio no
crescimento tecnificado do segmento produtor, por o vislumbrar uma estrutura
comercial concreta, devido à desarticulação dos elos da cadeia produtiva, por
exemplo, a falta de abatedouros e frigoríficos específicos para caprinos.
A maioria dos grandes produtores está mais preocupada com a venda de
animais para aqueles pequenos criadores interessados em iniciar a caprinocultura, a
propriamente melhorar a sua produção, com aumento de produtividade e qualidade da
carne. Pontes
et al
., (2002) citam que o alcance dos objetivos da cadeia produtiva
nordestina passa por questões inerentes à competitividade, associada aos aspectos
vocacionais. No caso da cadeia produtiva da carne caprina, optou-se pelo produto
saudável e especial, quando a opção correta deveria ter sido por um produto popular.
No Paraná, é importante definir qual é a vocação, para que ações objetivas e
embasadas tecnicamente, tais como a organização dos produtores, da cadeia
produtiva, bem como oferta constante do produto com melhor qualidade sejam
implantadas.
2.2 A UTILIZAÇÃO DE FORRAGEIRAS DE INVERNO NA ALIMENTAÇÃO ANIMAL
A estacionalidade da produção das pastagens observadas no Sul do Brasil,
devido às baixas temperaturas e, no centro do país pela deficiência hídrica, causando a
falta de alimentos para os animais, se reflete diretamente nos índices produtivos tanto
da exploração de leite como de carne.
Alguns agropecuaristas têm superado esta deficiência da pastagem, recorrendo
ao uso de concentrados em maior quantidade. Essa prática, no entanto, tem sua
viabilidade econômica questionada, principalmente para a produção de carne (Alves
et
al
., 2006).
Entre as várias alternativas de forrageiras de estação fria disponíveis para
amenizar a grave situação de deficiência alimentar no inverno, está o cultivo da aveia
preta (
Avena strigosa
Schreb). É uma gramínea que apresenta hábito de crescimento
ereto, com época de semeadura de março a junho sendo uma das espécies que
apresenta maior potencial para produção de forragem, contribuindo significativamente
para a produção animal na região Sul do Brasil (Postiglioni, 1996).
O azevém (
Lolium multiflorium
Lam) é uma gramínea anual de ciclo hibernal,
cespitosa que produz muitos perfilhos, com época de semeadura em março ou abril,
cujo rendimento varia de sete a nove toneladas de matéria seca por hectare ano ou 40
a 50 toneladas de matéria verde por hectare ano (Keplin, 1996).
Em função do desenvolvimento inicial lento do azevém e da precocidade da
aveia preta,
a consorciação dessas gramíneas forrageiras de inverno é muito utilizada
por apresentarem nesse período alta produção de forragem (Soares e Restle, 2002), e
os r
esultados de pesquisas (Lesama, 1997; e Roso, 1998) demonstram que essa
consorciação apresenta elevado potencial de uso na produção animal (Keplin, 1996)
.
A introdução de pastagens de clima temperado em sistemas agrícolas da região
Sul do Paraná possibilita uma série de vantagens, uma vez que o uso dessas
gramíneas em sistemas de pastejo permite a terminação de animais com baixo custo,
sendo observadas melhorias nas propriedades químicas, físicas e biológicas dos
diferentes solos, além do fato de promover cobertura contínua do solo (Alves
et al
.,
2006).
2.3 COMPORTAMENTO INGESTIVO DOS CAPRINOS
Na alimentação de caprinos é básico lembrar que eles são ruminantes e
devem ter na forragem volumosa a parte principal da dieta, sob pena de perda da
eficiência na utilização dos nutrientes ingeridos, elevação acentuada do custo da
alimentação, bem como a possibilidade de ocorrência de distúrbios fisiológicos, em
caso de baixa ingestão de fibras (Van Soest, 1982).
Em comparação com outros ruminantes, o comportamento alimentar do
caprino apre
senta algumas peculiaridades que devem ser levadas em conta na sua
alimentação, seja em condições de pastoreio em áreas de vegetação nativa e de
composição heterogênea, seja em pastagens cultivadas, ou mesmo na determinação
da dieta de animais confinados
(Morand-Fehr, 1981).
O caprino apresenta os lábios extremamente móveis, a língua prensil, uma
grande agilidade e curiosidade, permitindo que a seleção do alimento seja mais cil.
São hábeis em ingerir alimentos na posição bipedal, às vezes alcançando até dois
metros de altura. O caprino seleciona intensamente o alimento a ser ingerido, e
mostra-se extremamente hábil nessa atividade, escolhe partes mais tenras e
palatáveis da planta, e rejeita partes mais fibrosas. Em razão disso, o valor nutritivo da
parcela de alimento ingerida pelo animal normalmente é superior ao valor do alimento
oferecido, sendo a diferença entre o
oferecido e o ingerido tanto maior quanto o
menor a qualidade do alimento (Morand-Fehr, 1981).
Essa habilidade de seleção é
observada o em animais de pastoreio, mas também naqueles em confinamento,
sendo mais ou menos intensa conforme a disponibili
dade, a forma (inteiro, picado,
desintegrado, peletizado) e freqüência de fornecimento,
bem como a qualidade do
alimento (Santos, 1994).
Esse comportamento do caprino, selecionando cuidadosamente partes
específicas de plantas, resulta em uma dieta bastante variada e possibilita a
manutenção de um balanço de nutrientes interessante ao animal.
O sentido gustativo dos caprinos é bem desenvolvido, o que faz com que
tenham preferência por alimentos arbustivos, de terrenos secos e montanhosos.
Preferem leguminosas;
portanto, os caprinos podem ser usados beneficamente em
pastoreio misto com outra espécie animal que prefira as graneas, pois io
apresentar pouca ou nenhuma sobreposão de dieta se estiverem presentes na
pastagem vegetações arbustivas e arbóreas
(Carvalho
et al
., 2002). Na região
nordeste do Brasil, quando os caprinos nativos tiveram os dois tipos de vegetação
disponível, 83% da ingesta foi de arbustos e diversas plantas herbáceas, e 17% de
gramíneas.
Porém, apesar da preferência por folhas largas às graneas, o caprino
caracteriza-se por grande flexibilidade do comportamento alimentar, aceitando os mais
diversos tipos de vegetais como forragem, incluindo gramíneas
, ervas de folhas largas;
folhas, ramos e gemas de arbustos e árvores; flores, frutos, sementes e mesmo casca
de ramos de diversos
vegetais (Morand-Fehr, 1981). Isso permite também uma
capacidade de adaptação às variações na quantidade e variedade de forragem
dispovel, passando a ingerir quantidades significativas de uma forragem antes
rejeitada, em resposta à diminuição na disponibilidade de outras mais aceitas. Tal
característica é evidenciada quando da mudança das estações climáticas, que
acarretam alterações na disponibilidade das diversas forrageiras e causam mudanças
no hábito de pastoreio dos caprinos (Santos, 1994).
O consumo de alimentos ou ingestão de matéria seca (MS) varia
acentuadamente
com diversos fatores ligados ao animal e ao meio ambiente, em
especial ao alimento oferecido. A ingestão pode variar de 1,5 a 2% do peso vivo (PV)
em animais de baixa exigência nutricional, até 5% em animais de alta produção, com
citações de valores de até 8% de PV (Ribeiro, 1997).
2.3.1 A estrutura da pastagem e o consumo de forragem
A estrutura da pastagem refere-se à morfologia e arquitetura em termos de
arranjo espacial de folhas e hastes, densidade de folhas verdes, relação material
morto/vivo, relação haste/folha, palatabilidade (Stuth, 1991), massa e altura da
forragem (Hodgson, 1982). Essas características podem facilitar a apreensão de
forragem pelos animais (Stobbs, 1973), pois a insuficiência ou a inacessibilidade de
forragem pode restringir o consumo em estádios inciais ou posteriores do crescimento
da pastagem, respectivamente.
Diferenças podem existir entre espécies temperadas e tropicais quanto à
estrutura da pastagem (Hodgson, 1982), e mesmo uma mesma espécie pode variar sua
estrutura à medida que passa de uma fase fenológica à outra.
O ecossistema do pastejo é caracterizado por uma rie de inter-relações, e
uma delas compreende a interface planta-animal, regida por relações causa efeito na
qual diferentes estruturas de dossel forrageiro determinam padrões distintos de
comportamento animal (Sarmento, 2003).
A estrutura da pastagem pode ser alterada pelo manejo imposto à mesma, e as
plantas podem apresentar diferentes formas de crescimento, em resposta aos
diferentes regimes de utilização. A essa capacidade adaptativa dá-se o nome de
plasticidade fenotípica (Briske, 1996).
No caso de espécies forrageiras temperadas, a altura das plantas parece
apresentar resposta maior em termos do consumo de forragem que a densidade. Essa
relação existente entre a taxa de consumo e a abundância de forragem, ou a altura das
plantas recebe o nome de resposta funcional (Demment e Laca, 1994).
A distribuição horizontal de diferentes espécies forrageiras em uma pastagem
heterogênea pode ser considerada como parte da estrutura da mesma, influenciando
todo o processo de procura e seleção de forragem e consumo de matéria seca
(Carvalho
et al
., 2001).
2.3.2 Preferência
De acordo com Dumont (1997), a preferência é a discriminação entre pastagens
quando é dada ao animal a livre escolha. a seleção é a remoção de certos
componentes da pastagem em detrimento a outro (Hodgson, 1979). A seleção é função
da preferência, mas é claramente afetada pela abundância ou pela disponibilidade de
uma forrageira preferida e pela sua distribuição espacial. Além disso, a seleção é
influenciada por algumas habilidades de pastejo do animal, como sua capacidade de
caminhar longas distâncias e sua habilidade de aprender e relembrar a localização de
certas estações alimentares.
A decisão alimentar dos herbívoros é parcialmente ditada pela necessidade em
maximizar o balanço energético, mas como a quantidade de vegetação é extremamente
variável, pode ser necessário selecionar nutrientes específicos ou evitar toxinas. Como
os componentes químicos das plantas não podem ser distinguidos visualmente, os
sentidos gustativos e olfativos dos herbívoros e a sua capacidade de aprender sobre as
conseqüências de escolhas prévias são muito importantes na aquisição de um hábito
alimentar apropriado (Dumont, 1997).
A gama de plantas que o caprino consome como forragem é maior que a aceita
por ovinos e bovinos, resultando na possibilidade de uma exploração mais ampla de
área de pastagem com essa espécie do que com outros ruminantes. Outro ponto é que
o caprino, por natureza, o gosta de se alimentar exclusivamente com uma
forrageira, preferindo alternar a alimentação entre diferentes tipos de vegetais, e
selecionar intensivamente partes mais nutritivas das plantas (Gall, 1981; De Simiane
et
al
, 1984).
Ramos e Tennessen (1992) demonstraram que as experiências prévias de
pastejo podem afetar a preferência de herbívoros. Por outro lado, experiências de
pastejos recentes com forragens conhecidas podem afetar temporariamente a escolha
de animais adultos (Newman
et al
, 1994; Parsons
et al
., 1994a).
De acordo com os hábitos alimentares dos caprinos, com sua preferência por
forrageiras de folhas largas, as leguminosas serão, por exemplo, mais consumidas que
as gramíneas (Botha, 2000).
A qualidade da forragem é também fator determinante da ingestão. A grande
capacidade da seleção dos caprinos permite que possam escolher o estágio de
crescimento da planta a ser ingerida. As plantas antes da floração apresentam melhor
valor nutritivo com teores mais baixos de fibra bruta e mais altos de proteína bruta.
Assim, há uma maior ingestão de forrageiras tenras, antes da floração (Botha, 2000).
Helguero e Correa (2005) citam que ocorre nos caprinos importante
participação dos sentidos de paladar e ollfato no processo de seleção de dietas, sendo
o paladar o sentido de maior influência, podendo diferenciar os sabores amargos,
salgados, ácidos e doces. Essa característica confere ao caprino maior tolerância aos
sabores amargos e salgados, consumindo vegetais com altos conteúdos de taninos,
fenóis e cinzas, podendo consumir água com conteúdo salino mais elevado que o
tolerado por bovinos e ovinos.
Segundo Dumont (1997), tanto a espécie forrageira quanto a estrutura da planta
afetam a preferência alimentar de herbívoros em pastejo. A espécie animal geralmente
difere em sua preferência e em cada espécie a permanência e as experiências de
pastejo têm um efeito adicional. Os fatores que afetam a preferência estão relacionados
às características da forragem (espécie, estado fenológico, composição química,
acessibilidade, disponibilidade e distribuição), ao clima e ao manejo do sistema solo-
planta-animal (Ramírez, 1989).
Os resultados de um estudo realizado por Parsons
et al
. (1994b) demonstram
com clareza que a abundância de forragem pode afetar a preferência. De acordo com
Milne
et al
, (1982); Clark e Harris (1985), a disponibilidade de certos componentes da
pastagem pode limitar a expressão da preferência. Quanto menos disponível for um
componente, menos ele entra na dieta animal. Também a distribuição da fonte de
alimento pode afetar a seleção alimentar (Edwards
et al
.,1995).
Um melhor conhecimento sobre as preferências entre diferentes tipos de
animais como, espécie, raça, indivíduo, idade e estado corporal podem ajudar a
entender e predeterminar a dieta que eles irão selecionar nas várias condições de
pastagens (Dumont, 1997) e, dessa forma, permitir ofertar ao animal alimentos que
resultem em maior produtividade.
2.3.3 Velocidade de ingestão e a profundidade do bocado
A freqüência de bocado está relacionada com a velocidade de ingestão, que
também é definida como taxa de consumo e se relaciona diretamente à estrutura da
pastagem (Carvalho, 1997). Recentemente, a freqüência de bocado foi redefinida como
sendo função do tempo envolvido na procura e localização do bocado (Laca e
Demment, 1992) e na sua manipulação (Newman
et al
., 1994b). O tempo de procura
inclui a movimentação do animal ao longo da pastagem e todos os processos cognitivos
envolvidos na decisão de se colher aquele bocado dentre outros (Ungar, 1996). A
manipulação do bocado compreende o ato de apreender a forragem trazendo-a para
dentro da boca cortando-a com movimentos de cabeça, bios e língua, além dos
movimentos de mastigação e deglutição do bolo alimentar (Laca e Demment, 1992). O
resultado da associação do tempo destinado às atividades de procura e manipulação
do bocado é o tempo necessário à formação do bocado (Prache
et al
., 1997).
A profundidade do bocado corresponde à diferença entre a altura inicial do
perfilho estendido e à média da menor altura pastejada. A área média do bocado
corresponde a área total pastejada dividida pelo número de bocados observados
(Ungar, 1996).
Segundo Edwards
et al
. (1995) as dimensões do bocado de animais em pastejo
(área e profundidade) são importantes tanto para a planta quanto para o animal. Na
planta elas definem a profundidade e a área da forragem removida, e definem
intensidade e padrão espacial da desfolhação. Para o animal, a dimensão do bocado e
a densidade do estrato pastejado definem a massa do bocado, sendo essa a variável
determinante do consumo animal (Coleman, 1992).
Vários estudos concluíram que a profundidade do bocado guarda uma relação
positiva com a altura da pastagem e negativa em relação à densidade (Gordon e
Lascano, 1993).
Segundo Illius e Gordon (1990), enfatizar a importância relativa do tamanho
corporal e da estrutura da pastagem é necessário, pois o tamanho corporal afeta todas
as variáveis relacionadas ao consumo de forragem: profundidade de bocado, taxa de
consumo em pastagem baixa e taxa de manipulação de forragem, e resulta em maior
profundidade de bocado e menor taxa de bocado para animais de grande porte. Assim,
em pastagens baixas, animais maiores necessitam pastejar por mais tempo para obter
a mesma fração de sua exigência metabólica do que animais pequenos. Os caprinos
são animais de pequeno porte apresentam profundidade de bocado menor e a taxa de
bocado maior.
2.3.4 Tempo de pastejo
O tempo de pastejo representa o tempo que o animal apreende e mastiga a
forragem, além do tempo em que o animal move-se ao longo da pastagem com a
cabeça baixa, ou seja, à procura de forragem (Carvalho, 1997).
A espécie caprina apresenta maior atividade de pastoreio no período da manhã
e final da tarde, com ingestão rápida de alimentos e com remastigação mais demorada
(Ribeiro, 1997). Quando comparado a outras espécies, mostra maior atividade
relacionada à alimentação e tende a apresentar maior extensão de caminhada, o que
resulta em exploração de uma área maior em busca de alimento.
Segundo Prache e Peyraund (1997), algumas características associadas à
planta relacionadas à facilidade de colheita da forragem pelo animal são: a altura do
dossel forrageiro, a massa de forragem, a baixa fibrosidade das lâminas foliares, a
disposição espacial dos tecidos vegetais preferidos, a presença de barreiras à
desfolhação, tais como bainhas e colmos, e o seu teor de matéria seca. Características
essas inerentes à estrutura do dossel forrageiro, que determinam as estratégias e
mecanismos utilizados pelos animais durante o pastejo.
Em pastagens cujo valor nutritivo e disponibilidade o são limitantes, assume-
se muitas vezes que o tempo de procura possa ser insignificante, pois o animal mastiga
a forragem enquanto se movimenta de uma estação alimentar para outra (Laca e
Demment, 1992). De forma geral, quanto maior a altura do dossel forrageiro e maior a
massa de forragem, menor o número de movimentos de apreensão e maior os de
mastigação (Penning
et al
., 1994). Em contrapartida, quanto menor a altura das plantas,
mais densa é a forragem e menos efetiva é a capacidade dos animais em ampliar a
quantidade de forragem trazida até a boca (Laca
et al
., 1992). O consumo diário estaria,
então, na dependência do tempo de pastejo, que é função de uma série de fatores,
dentre os quais a taxa de passagem e a relação consumo/requerimento animal
(Carvalho, 1997).
O tempo de pastejo é normalmente de oito horas, podendo atingir até 16 horas
em situações extremas (Hodgson
et al
., 1994), sendo que nesses casos o processo de
ingestão da forragem passaria a ter caráter mais importante (Laca e Demment, 1992).
Isso ocorre porque a cada dia o animal distribui o seu tempo entre as atividades de
pastejo, ruminação e ócio, sendo observados de três a cinco picos de pastejo no
decorrer do dia, os mais intensos ocorrendo no início da manhã e no final da tarde
(Cosgrove, 1997). Segundo Krysl e Hess (1993), os ruminantes realizam 65 a 100% de
sua atividade de pastejo entre as 6:00 e 19:00 horas do dia.
2.3.5 O processo de procura por forragem
O processo de pastejo inclui a procura e a manipulação da forragem a ser
ingerida, mecanismos esses muito importantes à medida que o animal em pastejo
apresenta uma determinada demanda nutricional a ser atendida, associada à limitação
de tempo em atendê-la (Carvalho, 1999). Portanto, quanto maior a qualidade do
material consumido, mais facilmente o animal poderá garantir o atendimento de suas
exigências nutricionais.
O processo de procura por forragem envolve mover a cabeça para locar novos
bocados potenciais dentro de uma estação alimentar ou andar para locar uma nova
estação alimentar (Cosgrove, 1997). Tal processo determinaa taxa de encontro do
animal com o alimento e, portanto, influenciará não apenas a resposta funcional, mas
também a percepção do animal quanto à qualidade e disponibilidade do alimento no
ambiente como um todo (Spalinger
et al
., 1988; Ungar, 1996).
Laca e Demment (1993), comparando herbívoros e predadores, observaram
que, como para os primeiros o alimento faz parte de um sistema contínuo, o tempo de
procura por forragem não é totalmente determinado pelo esforço do animal em alcançar
a forragem e, que um fator mais relevante é o grau de seletividade do animal em
pastejo, determinado pela diferença entre a composição de sua dieta e a da forragem
disponível.
Trabalhos que visam o entendimento do processo de procura por forragem têm
se restringido às pastagens nativas, com maior nível de heterogeneidade, uma vez que,
em pastagens cultivadas, o animal pode, em condições de adequada pressão de
pastejo, ter acesso rápido a novos locais que lhe permitam garantir um bom consumo
de forragem, sem obrigá-lo a um maior deslocamento.
Cosgrove (1997) considera que, em pastagens homogêneas, é o tempo de
manipulação do bocado que pode limitar o consumo de forragem e que, em pastagens
menos densas, como é o caso das espécies tropicais, o tempo de procura parece ser o
processo mais limitante, levando o animal a aumentar as distâncias percorridas em
busca do alimento (Stuth, 1991).
O animal ao iniciar o pastejo em uma determinada área realiza, inicialmente,
uma avaliação visual da mesma, estabelecendo referências sobre a forragem
disponível, tanto em termos qualitativos como quantitativos. Assim, ao alocar uma dada
estação alimentar, ele ali permanece até que o consumo de forragem diminua abaixo
da média estabelecida. A partir desse momento, ele passa a deslocar-se em busca de
um local que lhe garanta um melhor consumo de forragem. Esse comportamento dos
herbívoros é predito pelo Teorema do Valor Marginal (Charnov 1976), citado por
O’Reagain e Schwartz (1995).
Em relação a esse aspecto, os mesmos autores consideram que, devido à
complexidade espaço-temporal das pastagens, principalmente as nativas, o animal
identifica e localiza os “patchesde maior disponibilidade e qualidade através de três
mecanismos: 1) monitoramento constante do ambiente, através de amostragens, 2)
utilização de memória espacial de longo prazo, o que os permite recordar tanto a
localização como a qualidade do alimento presente no ambiente e 3) transferência de
informações entre indivíduos sobre a localização do alimento.
Assim, a própria velocidade de pastejo e procura por forragem pode variar entre
diferentes regiões da pastagem sendo que, em áreas de maior abundância de
nutrientes, os animais tendem a despender mais tempo em pastejo (Bailey
et al
., 1996).
3 METODOLOGIA
3.1 LOCAL
O experimento foi realizado no Capril Campo Largo, de propriedade do Sr. Júlio
César de Oliveira, no município de Campo Largo - PR. Com coordenadas de 25° 27’
34’’ de latitude Sul, 431’ 40’’ de longitude oeste e 956 m (acima do nível do mar) de
altitude (Prefeitura municipal de Campo Largo). O solo local é mapeado como
Cambissolo, no qual a heterogeneidade do material de origem, das formas de relevo e
das condições climáticas fazem com que as características desse solo variem muito de
um local para outro. Os solos dessa classe são eutrófico, distrófico e álico, na maioria
pouco profundos com 0,50 a 1,30 m de espessura (EMBRAPA, 1999). No Anexo 1 são
apresentados os dados de composição química média do solo na área experimental.
O clima predominante segundo Köppen é do tipo Cfb (Maak, 1968), o qual
abrange o primeiro planalto do Paraná. Apresenta como particularidade ser subtropical
úmido mesotérmico. Essa região está sujeita a precipitações regulares todos os meses
do ano, a geadas severas e não apresenta estação seca. A temperatura média do mês
mais frio fica entre (-)3°C e 18°C, enquanto no s mais quente a temperatura média
mantém-se acima de 10°C e abaixo de 22°C. A temperatura pode apresentar extremos
de 35°C, no verão, e (-)6°C, no inverno, sendo considerada média anual de 16°C. A
maior precipitação ocorre no mês de janeiro e a menor em agosto. Todo o período é
úmido e possui precipitação média anual de 1.500 mm (Plano diretor do município de
Campo Largo, 2005).
3.2 AMBIENTE EXPERIMENTAL
3.2.1 Área experimental
A área total utilizada para o período experimental foi de 0,5 ha, porém a área
utilizada para as avaliações foi de 0,189 ha divididos em três blocos de 630 m
2
. A área
excedente foi utilizada para adaptação dos animais.
A área experimental foi delimitada por cerca elétrica com 80 cm de altura com
quatros fios de arame liso com corrente elétrica nos três primeiros fios de cima para
baixo, nas alturas de 80 cm, 60 cm, 40 cm e 20 cm respectivamente. Dividida em 27
faixas de 3,50 m de largura por 20 m de comprimento, sendo nove por piquete ou bloco
experimental com três faixas de cada tratamento distribuídas aleatoriamente nos blocos
experimentais (Figura 1).
Após a implantação das culturas experimentais foram realizados controle de
plantas invasoras e da invasão das próprias espécies experimentais nas faixas onde
não devia haver ocorrência.
FIGURA 1 – Planta do ambiente experimental mostrando os três piquetes experimentais, resultando em
nove faixas por piquete, totalizando em 27 faixas.
3.2.2 Área de adaptação
A propriedade onde foi realizado o experimento, não fazia uso das espécies
temperadas aveia preta e azevém para pastejo, por este motivo foi necessária a
realização da adaptação dos animais as essas gramíneas.
Este procedimento foi realizado na área excedente do piquete experimental,
sendo implantada o consórcio das duas espécies na densidade de 100 kg de
semente/ha, sendo 40% de azevém e 60% de aveia preta.
3.2.3 Implantação da área experimental
As culturas de azevém e aveia preta foram implantadas no piquete experimental
nos dias 12 de abril e 10 de maio de 2004, com densidade de 40 quilogramas de
semente/ha de azevém e 80 quilogramas de semente/ha de aveia preta nos
tratamentos puro e consorciado, sendo a semeadura realizada a lanço no sistema de
plantio convencional. O plantio nos tratamentos consorciados, o azevém foi sub-dividido
com o auxílio de uma enxada em 10 sub-faixas a cada 30 cm, sendo assim a aveia
preta semeada. Fato esse justificado, por se tratarem de espécies com fenologia
diferente e evitar a predominância de uma espécie sobre a outra no tratamento
consorciado.
3.2.4 Tratamentos
Os tratamentos utilizados no experimento foram: puro de azevém, o puro de
aveia preta e consorciado de azevém e aveia preta (Figura 2).
FIGURA 2 – Visualização do tratamento Azevém (Lolium multiflorum Lam.), Aveia Preta (Avena strigosa
Schreb) e Consorciado.
Aveia Preta
Consorciado
Azevém
3.3 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL
Utilizou-se um delineamento experimental em blocos ao acaso, no qual foram
testados três tratamentos com três repetições. Os tratamentos representam duas
espécies de gramíneas, azevém e aveia preta em cultivo puro e o consórcio das duas
forrageiras.
3.4 ANIMAIS EXPERIMENTAIS
Para avaliar a interferência da estrutura de espécies forrageiras de clima
temperado no comportamento ingestivo dos caprinos, foram utilizadas 12 cabras da
raça Anglo Nubiano, aptidão para corte, vazias, e peso médio de 28 kg divididas em
três grupos homogêneos de quatro animais por piquete experimental.
3.4.1 Adaptação e manejo dos animais
O manejo dos animais seguiu o padrão da propriedade, no qual os animais
permanecem nos piquetes em pastejo das 8:00 às 18:00, diariamente.
Nas duas semanas que antecederam o experimento as cabras passaram por
um período de adaptação com as espécies forrageiras azevém e aveia preta nas áreas
excedentes do experimento. Nestas áreas foram feitos piquetes escola para que os
animais se habituassem ao sistema de cerca elétrica, e também foram realizadas
simulações dos procedimentos realizados durante o pastejo e do uso dos equipamentos
utilizados para avaliações das forrageiras. Essas simulações permitiram aos animais
habituarem-se às espécies forrageiras, aos equipamentos utilizados e à presença dos
avaliadores (Figura 3).
Os animais passaram por uma avaliação clínica, de forma a não permitir a
entrada de cabras com problemas que pudessem comprometer os resultados em
pastejo. Elas tiveram livre acesso às forrageiras, àgua e sal mineral nos piquetes
experimentais durante o período das avaliações e coleta de dados.
FIGURA 3 – Visualização dos animais nas áreas experimentais.
3.5 PERÍODO DE REALIZAÇÃO DO EXPERIMENTO
Após o preparo do solo e plantio, o estabelecimento dos tratamentos ocorreu no
período de abril a junho de 2004. O período experimental foi de 04 de julho a 05 de
agosto de 2004, no qual realizou
-se quatro avaliações de dois dias cada, sendo que o
primeiro dia foi destinado a caracterização da forragem por meio da altura,
disponibilidade de matéria seca total, lâminas foliares e colmo com bainha e o segundo
dia, às avaliações dos animais para verificar a preferência, velocidade de ingestão e
profundidade de bocado nos tratamentos. A primeira (1ª) avaliação foi realizada nos
dias 04 e 05 de julho; a segunda (2ª) nos dias 20 e 21 de julho; a terceira (3ª) nos dias
27 e 28 de julho e a quarta (4ª) nos dias 04 e 05 de agosto.
3.6 AVALIAÇÕES
3.6.1 Avaliações para caracterização da pastagem
3.6.1.1 Altura do dossel forrageiro
As aferições das alturas dos dosséis foram realizadas com o uso de um
equipamento denominado
Sward Stick,
baseado na metodologia de Barthram (1985),
adaptada para este estudo. Este equipamento é constituído por uma haste de madeira
graduada até uma altura de 1,50m na qual um suporte de acrílico foi acoplado
perpendicularmente (Figura 4). A leitura foi realizada da seguinte forma: posicionava-se
a haste graduada junto ao pé do avaliador, deslizava-se o suporte acrílico,
verticalmente, de cima para baixo, até que este tocasse a primeira folha do relvado. A
seguir, anotava-se a leitura correspondente observada na haste. O avaliador realizou
vinte leituras, de modo aleatório, em cada faixa, que somou 60 medidas por tratamento,
em cada piquete, num total de 540 medidas na área experimental. As leituras foram
feitas em quatro datas: 04, 20 e 27 de julho e 04 de agosto de 2004. Isso permitiu o
monitoramento da altura do dossel forrageiro durante o período experimental.
FIGURA 4 - Sward Stick – Equipamento utilizado para medir a altura das forrageiras.
3.6.1.2 Estratificação para obtenção da massa total
A obtenção da matéria seca total de forragem foi realizada com um aparelho
denominado estratificador (Martinichen, 2002) (Figura 5). Esse equipamento, todo em
ferro, tem por base a estrutura de um paralelepípedo. Sua altura está segmentada a
cada dez centímetros, por ganchos. Nesses ganchos, um quadro vel é apoiado e
serve de base para o corte dos estratos. Apresenta área de 0,10 m
2
e 1,20 m de altura,
foi utilizado na colheita de amostras por estrato da pastagem, para descrição
quantitativa.
FIGURA 5 - Estratificador – Equipamento utilizado para efetuar cortes segmentados das forragens, ao
longo do perfil vertical do dossel, a cada 10 cm.
Na área experimental foram colhidas nove amostras de cada espécie, sendo
três em cada bloco. Para coleta foi considerado o seguinte critério: por meio de avalição
visual das alturas e massa de forragem dos tratamentos eram escolhidas as áreas,
atribuindo-se nota crescente de um a nove. A nota um representou menor altura com
menor massa e a nota nove, o oposto. A atribuição de notas foi realizada em avaliação
dos três blocos em conjunto. Antes da colheita da amostra da pastagem com o
Sward-
Stick,
foram medidos cinco pontos no interior do estratificador para a obtenção da altura
média. No primeiro corte da amostra foi retirada à porção superior da pastagem,
seguindo com cortes de dez centímetros até o último rente ao solo.
As amostras colhidas foram separadas nas frações lâminas foliares, colmo com
bainha e material senescente, e em seguida, foram pesadas e secas em estufa de
circulação forçada de ar numa temperatura de 65ºC até peso constante, sendo
novamente pesadas para a obtenção da massa seca de cada componente, expressas
em kg de MS.ha
-1
. A média de matéria seca dos componentes da pastagem (lâminas
foliares, colmo com bainha) dos tratamentos foi somada para obtenção da matéria seca
total de cada amostra colhida, portanto, obteve-se a média de matéria seca total e de
cada fração para cada tratamento. A quantificação desses componentes foi extrapolada
para cada estrato coletado, e permitiu a visualização gráfica do perfil das pastagens
para cada tratamento.
Equações de regressão obtidas da correlação entre a altura média e a
quantidade de matéria seca dentro do estratificador, permitiram o cálculo da massa de
forragem por substituição na equação da média de altura do tratamento obtida com o
Sward
-
Stick
.
A relação folha/colmo foi obtida pela divisão da massa de lâminas foliares pela
massa de colmo com bainha de cada amostra, sendo posteriormente calculada a média
por tratamento.
FIGURA 6 - Visualização da separação botânica realizada no laboratório de Fitotecnia da Universidade
Federal do Paraná.
3.6.2 Avaliação com os animais
3.6.2.1 Identificação da preferência
A verificação da preferência dos caprinos nos tratamentos foi realizada por três
avaliadores, sendo cada um responsável por quatro animais que permaneciam em
pastejo no mesmo piquete, onde esses eram observados a cada dez minutos, e
identificava-se individualmente em quais tratamentos os mesmos permaneciam em
pastejo conforme metodologia proposta por Jamieson e Hodgson, 1979.
FIGURA 7 – Visualização da área experimental em dia de avaliação dos animais em pastejo.
As avaliações foram realizadas durante os dias 05, 21 e 28 de julho e 05 de
agosto de 2004, onde o tempo destinado para verificar a preferência dos animais foi de
960 minutos, no período das 10:00 às 14:00. Estas avaliações permitiram determinar a
preferência dos caprinos entre os tratamentos que compunham o ambiente
experimental.
3.6.2.2 Avaliação da velocidade de ingestão
Para velocidade de ingestão, utilizou-se a taxa de bocado, que é feita por meio
da visualização individual de cada animal anotando-se o tempo gasto para realizar vinte
bocados (Hodgson, 1982), e em qual tratamento eram realizados esses bocados. Outro
grupo de três avaliadores realizou com o uso de contadores e cronômetros a contagem
dos bocados
. As datas e horários de realização das avaliações foram às mesmas da
identificação da preferência (3.6.1.1).
Essa avaliação identificou se as diferentes
características estruturais das espécies forrageiras interferiram na taxa de bocados, e
conseqüentemente na velocidade instantânea de manipulação e ingestão da forragem.
3.6.2.3 Avaliação da profundidade do bocado
A profundidade do bocado foi obtida pela medição de perfilhos marcados,
metodologia descrita por Carvalho (1997), na qual são utilizadas linhas de orientação
denominadas transectas dispostas no solo presas a pregos enterrados. O início e o final
de cada transecta ficou a uma distância mínima de um metro e meio das cercas, sendo
colocadas no campo 15 dias antes do inicio das avaliações de pastejo.
FIGURA 8 - Transecta formada por fios coloridos e pregos para fixação no solo contendo numeração
plástica (à esquerda). Perfilho de capim aveia preta marcado com fio colorido (à direita).
As transectas foram formadas em função do tamanho das faixas, com o objetivo
de distribuir as unidades vegetativas por toda a área. Em cada faixa foi colocada uma
transecta para marcar dez perfilhos com distância entre eles de 20 cm. Nas faixas dos
tratamentos de azevém e aveia preta em cultivo puro foram marcados dez periflhos em
cada um, e cinco perfilhos de azevém e cinco de aveia preta intercalados no tratamento
consorciado.
A distribuição das transectas foi realizada de forma a abranger toda a área
experimental, e para facilitar a localização foi utilizado um croqui de campo com os
pontos de colocação tendo como critério uma divisão de cada faixa em áreas iguais,
que foram numeradas e em seguida foi realizado o sorteio para aplicação das
transectas (Figura 9).
Os perfilhos marcados foram estendidos e medidos com o auxílio de uma régua
graduada em centímetros, antes e após as avaliações do pastejo, sendo que no perfilho
pastejado, identificou-se e mediu-se a menor altura em que ocorreu a desfolha. A
profundidade de bocado foi calculada pela diferença da medida do periflho marcado
estendido antes do pastejo subtraída da medida da menor altura pastejada.
A
V
A
V
A
Z
A
Z
A
V
A
Z
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Z
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V
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Z
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A
V
A
Z
A
Z
FIGURA 9 - Planta experimental com a distribuição das “transectas” na escala de 1 a 4. Nos retângulos
marcados foi o local onde foram distribuídas as “transectas”.
3.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Para o comportamento dos animais em pastejo, bem como para a análise de
regressão utilizou-se o programa estatístico Statística versão 5.0. As dias dos
tratamentos foram comparadas pelo teste de Duncan e as análises de regressão
testadas a
5% e 1% de siginificância.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 CARACTERIZAÇÃO DA PASTAGEM
4.1.1 Altura da pastagem
Os animais iniciaram o pastejo nas áreas experimentais quando a aveia preta
estava com 56 dias decorridos do plantio, e o azevém com 85 dias, idade na qual a
altura dia foi de 39,93 centímetros para o azevém, 32,86 centímetros para a aveia
preta e 39,95 centímetros para o consorciado.
Observa-se na Tabela 1 que a altura dia do tratamento azevém e do
consorciado foi superior (p<0,05) à dia da altura da aveia preta, sendo que essa
diferença foi observada em todas as avaliações, inclusive na média do período
avaliado. As maiores médias de altura foram observadas no dia 20 de julho, que
correspondeu ao segundo dia de avaliação, o que demonstrou que o crescimento das
forragens foi maior que o consumo pelos animais nesse período. No último dia de
avaliação, 04 de agosto, foram observadas menores médias de altura para todos os
tratamentos. Os dados obtidos mostram que os caprinos apresentaram um pastejo
uniforme, o que indicou que os animais o concentraram o pastejo em uma área,
fato esse que pode ser explicado pelas variações semelhantes nas alturas dos
tratamentos durante o período experimental, o que também foi relatado por Pozo &
Osoro (1997).
Tabela 1 - Altura média em centímetros dos tratamentos azevém (
Lolium multiflorum
Lam.) e aveia preta (
Avena strigosa
Schreb) em cultivo puro e consorciado
em cada avaliação.
Médias na mesma linha seguidas de letras maiúsculas iguais não diferem pelo teste de Duncan (p<0,05)
Médias na mesma coluna seguidas de letras minúsculas iguais não diferem pelo teste de Duncan (p<0,05)
4.1.2 Massa da pastagem e componentes lâminas foliares e colmo
As equações de regressão para determinação da massa de forragem
apresentaram coeficientes de determinação R
2
> 0,8.
A massa de lâminas foliares e de colmo com bainha (Tabela 2) das espécies foi
menor (p<0,05) para aveia preta na primeira e na terceira avaliação quando comparada
com o azevém e o consorciado; porém, na dia do período avaliado, o azevém foi
superior (p<0,05) ao consorciado e a aveia preta. A massa de lâminas foliares entre as
espécies apresentou diferença (p<0,05) na primeira avaliação, quando o tratamento
aveia preta apresentou o menor valor. Na média do período experimental, a massa de
lâminas foliares
do azevém foi superior (p<0,05) aos demais tratamentos. A massa de
colmo com bainha apresentou diferença (p<0,05) entre as espécies no terceiro dia de
avaliação, quando os tratamentos azevém e consorciado foram superiores ao
tratamento aveia preta, resultado também observado na média do período avaliado.
A relação folha colmo não diferiu (p>0,05) entre as espécies e entre as
avaliações (Tabela 2). Observou-se que na primeira avaliação a relação folha colmo foi
maior que nos demais dias, pois ao longo do tempo a massa de lâminas foliares tendeu
a diminuir enquanto que, a massa de colmo com bainha, a aumentar. Esse fato pode ter
sido provocado pela ação de dois fatores: o estádio de crescimento das forrageiras e a
Tratamentos
Média do
período
Altura (cm)
Azevém
39,93 ª
B
44,11 ª
A
41,37 ª
B
34,92 ª
C
40,51 ª ± 10,73
Aveia Preta
32,86
bC
40,53
bA
37,31
bB
31,53
bC
35,84
b
± 9,81
Consorciado
39,95 ª
B
42,85 ª
A
40,84 ª
A
36,14
aB
40,26 ª ± 10,26
preferência dos caprinos por lâminas foliares. Blaser (1994) afirmou em seu trabalho
que as gramíneas quando passam do estádio vegetativo a estádios morfológicos
avançados apresentam acúmulo acelerado de colmos em relação a folhas. Silva (2006)
trabalhou com caprinos em pastagem de
Panicum Maximum
Jacq. cv. Aruana e
Hemarthria altissima
cv. Flórida e observou que a desfolha pelos animais não foi
realizada de forma indiferente à estrutura e as maiores variações ocorreram na massa
de folha, fato esses que em conjunto estão em concordância com os dados aqui
encontrados.
4.1.3 Oferta
Os valores de oferta de matéria seca variaram de 10,56% a 32,15% (Tabela 3).
Paulino (2005) recomenda oferta de 6% do peso corporal dos animais em matéria seca
total de forragem para aveia e azevém, e Restle
et al
. (2000) recomendam 10%.
Durante o período experimental observou-se que não houve restrição ao
consumo de forragem, pois os valores de oferta de matéria seca foram superiores aos
recomendados, o que poderia interferir no comportamento ingestivo dos caprinos. De
modo geral, apesar da diferença de oferta, em cada dia avaliado os tratamentos
azevém e o consorciado apresentaram os maiores percentuais de oferta e aveia preta
os menores, com exceção da segunda avaliação, na qual os tratamentos não diferiram
(p>0,05).
Embora tenha sido observada diferença na oferta de matéria seca durante o
período das avaliações, o azevém foi superior (p<0,05) aos demais tratamentos para
essa variável.
Tabela 2 - Disponibilidade de matéria seca de lâminas foliares e de colmo com bainha,
em kg de matéria seca por hectare (kg.MS.ha
-1
), e relação folha:colmo dos
tratamentos azevém (
Lolium multiflorum
Lam.) e aveia preta (
Avena strigosa
Schreb) em cultivo puro e consorciado.
Médias na mesma linha seguidas de letras maiúsculas iguais não diferem pelo teste de Duncan (p<0,05)
Médias na mesma coluna seguidas de letras minúsculas iguais não diferem pelo teste de Duncan(p<0,05)
Tratamentos
Média do
Período
Matéria Seca Total (kg.MS.ha
-1
)
Azevém
2909
aA
2883 ª
A
3600 ª
A
3338 ª
A
3125 ª ± 1125
Aveia Preta
1182
bA
1605
aA
2124
bA
1995
aA
1660
c
± 896
Consorciado
2156
aA
2205
aA
3354
aA
2610
aA
2501
b
± 1291
Lâminas Foliares (kg.MS.ha
-1
)
Azevém
1945 ª
A
1438
aA
1594
aA
1642 ª
A
1662 ª ± 654
Aveia Preta
858
bA
881
aA
1059
aA
975
aA
928
c
± 442
Consorciado
1478
aA
1119
aA
1618
aA
1101
aA
1323
b
± 629
Colmo + Bainha (kg.MS.ha
-1
)
Azevém
963
Ab
1445 ª
A
2006 ª
A
1696 ª
A
1463 ª ± 788
Aveia Preta
324
aA
724
aA
1065
bA
1020
aA
731
b
± 523
Consorciado
678
aB
1086
aA
1736
aA
1508
Aa
1178 ª ± 761
Relação Folha:Colmo
Azevém
2,28
aA
1,34
bB
0,87
bB
1,16
bB
1,49 ª ± 0,81
Aveia Preta
3,09
aA
1,48
bB
1,17
bB
1,03
bB
1,81 ª ± 1,12
Consorciado
2,37
aA
1,08
bB
0,98
bB
0,74
bB
1,37 ª ± 0,73
Tabela 3 - Oferta de matéria seca de lâminas foliares e de colmo com bainha nos
tratamentos de azevém, aveia preta em cultivo puro e consorciado.
* Oferta = percentual do peso vivo do animal ofertado em matéria seca total.
Médias na mesma linha seguidas de letras maiúsculas iguais não diferem pelo teste de Duncan (p<0,05)
Médias na mesma coluna seguidas de letras minúsculas iguais não diferem pelo teste de Duncan (p<0,05)
4.1.4 Distribuição vertical dos estratos das pastagens
Observando graficamente a distribuição vertical dos componentes da pastagem,
folha e colmo, ao longo dos estratos, que foram cortados a cada 10 cm (Figuras 10, 11,
12), foi verificada maior ocorrência de colmo nos estratos de 0-10 e 10-20 cm, enquanto
que nos estratos superiores houve predominância de folhas. Acima dos 20 cm a
quantidade inicial disponível de folhas foi de aproximadamente 1300; 300; 955 kg de
MS.ha
-1
, respectivamente para o azevém, a aveia preta e o consorciado, observando
um decréscimo de 433 e 136 % e em relação a massa de folhas entre os tratamentos
azevém e aveia preta e o consorciado, e ainda de 318 % entre o consorciado e a aveia
preta. Entre as espécies forrageiras nos tratamentos que apresentaram maior altura
houve uma superioridade de 136 % na massa de folha do azevém em relação ao
consorciado.
Na última avaliação observou-se que acima dos 20 cm a quantidade disponível
de folhas foi de 540; 560 e 410 kg de MS.ha
-1
, respectivamente para azevém, aveia
preta e consorciado. A diferença na massa de folhas entre a primeira e a última
avaliação, mostra um decréscimo nos tratamentos com maior altura (azevém e
consorciado), indicando um maior consumo de folhas nesses tratamentos. Martinichen
(2002) trabalhando com bovinos (capim-Mombaça) e Silva (2006) trabalhando com
Tratamentos
Média do
Período
Oferta (%)
Azevém
25,97
aA
25,74
aA
32,15
aA
29,81
aA
27,91
a
± 11,21
Aveia Preta
10,56
bA
14,33
aA
18,97
bA
17,81
bA
14,83
c
± 8,00
Consorciado
19,25
aA
19,69
aA
29,95
aA
23,30
aA
22,34
b
± 11,53
caprinos (Aruana e Hemartria) também observaram maior consumo de folhas em
pastagens que possuíam maior altura, relacionando isso com maior profundidade do
bocado.
Alguns autores afirmam que a ingestão, principalmente de folhas, ocorre dos
estratos superiores em direção aos inferiores (Chacon e Stobbs, 1976; Chacon
et al.
1978; Zimmer, 1999). Silva (2006) descreveu que o incremento na altura da pastagem
propocionou um horizonte mais profundo de folhas, fato esse que propicia aos animais
oportunidade de alta ingestão de forragem à medida que a altura potencializa a
profundidade do bocado, que por sua vez é a principal determinante da massa do
bocado (Burlingson
et al
., 1991; Carvalho
et al
., 2001).
Com relação à fração colmos mais bainhas, que correspondeu aos estratos 0-
10 cm a 20-30 cm, 49,25% da massa total de colmo concentrou-se no estrato médio
inferior. nos estratos de 30-40 cm até 60-70 cm, as lâminas foliares estavam
presentes em proporção de 87% da massa de forragem existente na metade superior
do dossel.
Os animais tendem a selecionar as folhas dos estratos superiores do dossel
(Chacon e Stobbs, 1976; Hodgson, 1990; Prache
et al
.,1998), concentrando os bocados
no horizonte acima do pseudocolmo (Hodgson, 1990) em busca de melhor qualidade de
forragem. Dessa maneira, a estrutura de dossel disponível e apresentada aos animais
seria capaz de proporcionar uma dieta quase que exclusiva de lâminas foliares aos
mesmos durante as avaliações de pastejo.
No final do experimento, observa-se que nos estratos superiores a quantidade
de folhas reduziu, especialmente nos tratamentos de maior altura, o que confirma o
maior consumo de folhas.
Segundo Flores
et al
. (1993) e Arias
et al
. (1999) os colmos podem ser barreira
à profundidade do bocado. Entretanto, este tende a ser de 50% da altura da pastagem
(Laca
et al
., 1992; Carvalho, 1997). Portanto, os colmos reduziriam a profundidade do
bocado somente quando estivessem mais altos que a altura potencial do pastejo dos
animais (Demment e Laca, 1993), deixando de ser um impedimento ao consumo na
medida em que a altura da pastagem permita uma profundidade de bocado inferior à
altura dos colmos (Burlingson
et al
., 1991; Laca
et al
., 1992).
Azem 1ª avaliação
0 500 1000 1500
0-10
10-20
20-30
30-40
40-50
50-60
60-70
Estratos da pastagem
(cm)
Massa seca por fração (Kg MS.ha
-1
)
Folha Colmo
Azem 2ª avaliação
0 500 1000 1500
0-10
10-20
20-30
30-40
40-50
50-60
Estratos da pastagem
(cm)
Massa seca por fração (Kg MS.ha-¹)
Folha Colmo
Azem 3ª avaliação
0 500 1000 1500 2000 2500
0-10
10-20
20-30
30-40
40-50
50-60
Estratos da pastagem
(cm)
Massa seca por fração (Kg MS.ha-¹)
Folha Colmo
Azem 4ª avaliação
0 500 1000 1500 2000 2500
0-10
10-20
20-30
30-40
40-50
50-60
Estratos da pastagem
(cm)
Massa seca por fração (Kg MS.ha-¹)
Folha Colmo
FIGURA 10 - Distribuição da massa de folha e colmo (kg de MS.ha
-1
)
ao longo do perfil do dossel forrageiro
do tratamento Azevém duarante os dias de avaliação.
Aveia preta 1ª avaliação
0 500 1000
0-10
10-20
20-30
30-40
40-50
50-60
Estratos da pastagem
(cm)
Massa seca por fração (kg de MS.ha-¹)
Folha Colmo
Aveia preta 2ª avaliação
0 500 1000
0-10
10-20
20-30
30-40
40-50
Estratos da pastagem
(cm)
Massa seca por fração (kg de MS.ha-¹)
Folha Colmo
Aveia preta 3ª avaliação
0 500 1000 1500
0-10
10-20
20-30
30-40
40-50
Estratos da pastagem
(cm)
Massa seca por fração (kg de MS.ha-¹)
Folha Colmo
Aveia preta 4ª avaliação
0 500 1000 1500
0-10
10-20
20-30
30-40
40-50
Estratos da pastagem
(cm)
Massa seca por fração (kg de MS.ha-¹)
Folha Colmo
FIGURA 11 - Distribuição da massa de folha e colmo (kg de MS.ha
-1
)
ao longo do perfil do dossel forrageiro
do tratamento Aveia Preta duarante os dias de avaliação.
Consorciado 1ª avaliação
0 500 1000 1500
0-10
10-20
20-30
30-40
40-50
50-60
Estratos da pastagem
(cm)
Massa seca por fração (kg de MS.ha-¹)
Folha Colmo
Consorciado 2ª avaliação
0 500 1000 1500
0-10
10-20
20-30
30-40
40-50
50-60
Estratos da pastagem
(cm)
Massa seca por fração (kg de MS.ha-¹)
Folha Colmo
Consorciado 3ª avaliação
0 500 1000 1500 2000
0-10
10-20
20-30
30-40
40-50
50-60
Estratos da pastagem
(cm)
Massa seca por fração (kg de MS.ha-¹)
Folha Colmo
Consorciado 4ª avaliação
0 500 1000 1500 2000
0-10
10-20
20-30
30-40
40-50
50-60
60-70
Estratos da pastagem
(cm)
Massa seca por fração (kg de MS.ha-¹)
Folha Colmo
FIGURA 12 - Distribuição da massa de folha e colmo (kg de MS.ha
-1
)
ao longo do perfil do dossel forrageiro
do tratamento Consorciado duarante os dias de avaliação.
4.2 CARACTERÍSTICAS COMPORTAMENTAIS DOS ANIMAIS
4.2.1 Preferência
O percentual do tempo de pastejo entre os tratamentos foi semelhante durante
todas as avaliações, com exceção da segunda avaliação, na qual o percentual de
pastejo no azevém e na aveia preta foram superiores (p<0,05) ao consorciado;
comportamento esse também observado nas médias do período avaliado, o que não
indica preferência dos caprinos pelas forrageiras azevém e aveia preta em cultivo puro
ou consorciado (Tabela 4). Estudos de Pozo & Osoro (1997) com caprinos também não
identificaram diferenças na preferência dos animais por azevém ou trevo branco.
Tabela 4 - Tempo de pastejo (%) de caprinos em cada dia de avaliação em áreas de
azevém, aveia preta em cultivo puro e consorciado.
Médias na mesma linha seguidas de letras maiúsculas iguais não diferem pelo teste de Duncan (p<0,05)
Médias na mesma coluna seguidas de letras minúsculas iguais não diferem pelo teste de Duncan (p<0,05)
A altura não interferiu na preferência, pois a aveia preta possuía, em média, a
menor altura entre os tratamentos, e isso o representou menor tempo de pastejo
nesse tratamento. Os animais selecionam os alimentos pela facilidade de mastigação e
ingestão, com preferência por forragens que podem ser ingeridas mais rapidamente
(Kenney
et al.
, 1984), o que ocorre quando mais folhas que colmos. Em pastagens,
ao aumentar a quantidade de colmo, ocorre uma diminuição da digestibilidade de
matéria seca, e essa afeta diretamente o tempo de pastejo e o consumo (Cangiano,
1996). A dieta selecionada por animais na pastagem, geralmente, contêm maior
quantidade de folhas e menor quantidade de colmos, quando comparada às
Tratamentos
Média do
Período
Percentual do Tempo de Pastejo
Azevém
30,33 ª
A
36,00
aA
25,00
aB
16,50
aB
28,20 ª ± 13,88
Aveia Preta
20,67 ª
A
28,33 ª
A
22,00
aA
20,00
aA
23,10 ª ± 9,56
Consorciado
25,00
aA
19,33
bA
13,07 ª
A
22,00
aA
20,30
b
± 12,88
quantidades totais existentes nas pastagens (Illius
et al.
, 1992). Neste experimento, os
diferentes tratamentos ofertados não possuíam diferenças (p>0,05) na relação folha
colmo. Observou-se maior consumo de lâminas foliares pelos animais, o que pode ser
notado pela diminuição da relação folha colmo da primeira para as demais avaliações
(Tabela 2).
Em termos gerais, ao estabelecer uma relação entre a preferência dos
animais e a estrutura da pastagem, observa-se que os animais preferiram o tratamento
com maior massa de lâminas foliares. Entretanto, mesmo quando a preferência não
tenha sido pela forrageira de maior massa de lâminas foliares, como no caso da aveia
preta, havia nesse tratamento quantidade inferior de colmo com bainha, o que
demonstra que, embora estatisticamente a média da relação folha colmo não tenha
apresentado diferença, os animais permaneceram por mais tempo nos tratamentos de
maior relação folha colmo. Essas diferenças numéricas, provavelmente, explicam a
preferência dos animais.
4.2.2 Velocidade de ingestão
A velocidade de ingestão praticada pelos animais diferiu (P<0,05) entre os
tratamentos na primeira e na terceira avaliação (Tabela 5). Nesses dias, a taxa de
bocados estava relacionada com a espécie forrageira, sendo observado que a menor
altura determinou a maior taxa de bocados no tratamento aveia preta e o inverso, a
maior altura determinou a menor taxa de bocados nos tratamentos azevém e
consorciado. Quando a altura e a massa de lâminas foliares da pastagem são menores,
conseqüentemente, a massa do bocado do animal é menor e requer menor tempo de
mastigação (Ungar, 1996), e isso leva a maior taxa de bocados para compensar a
ingestão de forragem. Carvalho (1997) observou que para os herbívoros em geral, a
taxa de bocados varia de 30 a 70 bocados por minuto.
Silva (2006) relatou taxa de bocados entre 21,28 e 26,84 bocados por minuto
para caprinos em gramíneas tropicais aruana e hemártria,
e encontrou correlação
negativa entre a altura da pastagem e a taxa de bocados. Barros
et al
. (2006)
descreveram taxa de bocados variando de 21 a 29 bocados por minuto para caprinos
em pastejo de
Brachiaria híbrida
cv. MULATO. Ribeiro
et al.
(2000) observaram taxa de
bocados para caprinos em pastagem de
Cynodon nlemfluensis
de 20 bocados por
minuto.
Os valores da taxa de bocados encontrados no presente experimento foram
superiores aos relatados anteriormente para gramíneas de clima tropical, isso pode ser
explicado devido à facilidade de apreensão e manipulação de pastagens de clima
temperado quando comparada com pastagens tropicais.
Tabela 5 - Taxa de bocados por minuto de caprinos nos tratamentos azevém e aveia
preta em cultivo puro e consorciado.
Médias na mesma linha seguidas de letras maiúsculas iguais não diferem pelo teste de Duncan (p<0,05)
Médias na mesma coluna seguidas de letras minúsculas iguais não diferem pelo teste de Duncan (p<0,05)
4.2.3 Profundidade do bocado
A avaliação da profundidade de bocado permitiu a comparação do
comportamento seletivo dos caprinos diante dos tratamentos estudados, sendo possível
identificar os padrões de desfolha pelos animais.
A desfolha dos perfilhos pastejados apresentou relação linear positiva (p<0,01)
entre a altura do perfilho estendido e a profundidade do bocado (Figura 13). A análise
de variância para os coeficientes de regressão e interceptas da profundidade do bocado
revelou não haver diferenças significativas (p>0,05) entre os tratamentos, alturas ou sua
interação.
Os coeficientes de regressão para o azevém, a aveia preta e o consorciado
indicaram uma constante de proporcionalidade de remoção em relação à altura dos
perfilhos estendidos de 51%, 43% e 44%, respectivamente (Figura 14). Entretanto,
Tratamentos
Média do
Período
Bocados por Minuto
Azevém
25,19
bA
26,84 ª
A
29,50
Ba
26,64 ª
A
27,13
b
± 8,26
Aveia Preta
32,62
aA
28,66 ª
B
34,06 ª
A
29,02 ª
B
30,78 ª ± 9,87
Consorciado
27,44
bB
25,45 ª
B
30,92 ª
A
29,01 ª
A
28,00
b
± 9,45
percebeu-se que, independente da planta ou da altura escolhida, o padrão de desfolha
permaneceu constante, o que demonstra a homogeneidade da profundidade de bocado
(Figura 14). Assim, como não houve diferença (p>0,05) entre os tratamentos para
profundidade do bocado dos caprinos, essa remoção foi de aproximadamente 48% da
altura dos perfilhos estendidos a cada bocado, valores próximos aos encontrados com
outras espécies de herbívoros, 52% para bovinos (Laca
et al.
, 1993), 55% e 43% para
ovinos (Carvalho,1997; Betteridge,
et al
., (1994) e 51% para eqüinos (Dittrich, 2001).
Trabalho de Betteridge
et al
. (1994) com caprinos encontraram relação linear entre a
altura do perfilho estendido e a profundidade do bocado, sendo o coeficiente de
regressão 45%. Mais recentemente, Silva (2006) trabalhou com gramíneas tropicais
Panicum Maximum
Jacq. cv. Aruana e
Hemarthria altissima
cv. Flórida e encontrou
coeficientes de regressão entre 42% e 55%, respectivamente; valores semelhantes aos
encontrados neste experimento. Os dados obtidos no presente trabalho demonstraram
que os caprinos em pastejo apresentam padrão no processo de desfolha semelhante
ao de outros herbívoros, de acordo com o conceito da proporcionalidade de remoção da
forragem citado por Hodgson
et al
. (1994).
Em relação ao percentual do total dos perfilhos marcados os quais foram
pastejados (Tabela 6), verificou-se que os caprinos pastejaram 28 perfilhos no
tratamento azevém, 43 perfilhos no tratamento aveia preta e 27 perfilhos no tratamento
consorciado o que correspondeu a 31%, 48% e 30% respectivamente. No tratamento
consorciado, quando somados os perfilhos marcados de azevém e aveia preta, não
houve diferença (p>0,05) se comparando ao número de perfilhos pastejados no
tratamento azevém. Entretanto, foi observado no tratamento aveia preta uma
superioridade (p<0,05) em relação aos perfilhos marcados pastejados quando
comparado com os demais tratamentos, fato que pode ser justificado devido esse
tratamento apresentar numericamente uma maior relação folha colmo na média do
período avaliado, evidenciando a preferência dos caprinos por lâminas foliares.
Azem
y = 0,5185x + 0,0855
R
2
= 0,706
0
10
20
30
40
50
60
0 20 40 60 80 100
Altura do perfilho estendido (cm)
Profundidade
do bocado (cm)
Aveia Preta
y = 0,4325x + 1,848
R
2
= 0,8159
0
10
20
30
40
50
60
0 20 40 60 80 100
Altura do perfilho estendido (cm)
Profundidade do
bocado (cm)
Consorciado
y = 0,444x + 2,1074
R
2
= 0,7006
0
10
20
30
40
50
60
0 20 40 60 80 100
Altura do perfilho estendido (cm)
Profundidade do
bocado (cm)
FIGURA 13 - Estimativa da profundidade do bocado (cm) de caprinos em pastejo, em função da
altura do perfilho estendido (cm), em pastagens de azevém e aveia preta em cultivo
puro e consorciado.
y = 0,4813x + 0,4954
R
2
= 0,7813
0
10
20
30
40
50
0 20 40 60 80 100
Altura do perfilho estendido (cm)
Profundidade
do bocado (cm)
FIGURA 14 - Estimativa da profundidade do bocado (cm) de caprinos em pastejo em função da altura do
perfilho estendido (cm), nos tratamentos azevém, aveia preta e consorciado.
Tabela 6 Percentual de perfilhos pastejados nos tratamentos azevém, aveia preta e
consorciado, e o percentual de perfilhos pastejados de azevém e aveia
preta no tratamento consorciado.
Médias na mesma coluna seguidas de letras minúsculas iguais não diferem pelo teste de Duncan (p<0,05)
Tratamentos
% de Perfilhos
Pastejados
Espécies em
Consórcio
Azevém
31
b
Aveia Preta
48ª
Consorciado
30
b
Azevém 51ª
Aveia Preta 4
5 CONCLUSÕES
Os caprinos preferem o azevém e a aveia preta em cultivo puro ao cultivo
consorciado.
As características estruturais, como a massa de lâmina foliar e de colmo com
bainha, bem como a relação entre elas é fator fundamental para a preferência dos
animais em pastejo.
A taxa de ingestão dos caprinos foi influenciada pela altura da pastagem e pela
massa de lâminas foliares disponíveis.
Os caprinos apresentam, em relação à profundidade de bocado, uma proporção
constante de remoção dos perfilhos, o que indicou a possibilidade da predição da
intensidade de desfolha.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os estudos sobre comportamento ingestivo dos caprinos em pastejo ainda são
ecassos na região Sul do Brasil, principalmente quando se trata de forrageiras de clima
temperado, havendo a necessidade da realização de novas pesquisas para que se
possam validar algumas das informações aqui apresentadas.
Aliada a preocupação em sanar os problemas de produção, estacionalidade e
persistência forrageira, a forma com que os caprinos obtêm seu sustento (o pastejo)
deve ser motivo de estudos e, perspectivas de melhorias na produção animal e renda
ao pecuarista.
A desfolhação é o evento máximo resultante de todas as inter-relações vigentes
na interface planta-animal. Portanto, é necessário avançar na descrição da pastagem,
explorando a distribuição da matéria seca ao longo do seu perfil, mais que,
simplesmente quantificar uma biomassa de forragem por unidade de área.
Finda-se que, ao considerar os aspectos produtivos em sistemas de produção
em pasto, é necessário entender os fatores do meio como sua estrutura, agentes
diretos que afetam a obtenção dos nutrientes atraves do comportamento ingestivo dos
animais.
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ANEXOS
ANEXO 1Composição química média do solo na área experimental.
Profundidade
(cm)
pH
CaCl
2
Al
+3
H+Al
Ca
+2
+Mg
+2
Cmolc/dm
3
Ca
+2
K
+
T P
Mgdm
+3
C
g/dm
3
pH
SMP
V
%
0-20 4,95 0,76
5,19 5,49 3,57
0,26
10,93
16,59 32,76 5,96
52,25
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