A presença do Estado, já na gravidez da mãe, prolongar-se-á por toda a vida.
Mais do que um indivíduo, a criança insere-se na dicotomia mundo
privado/mundo público por um processo rígido de autoridade em que vai
assimilar formas de comportamento, normas sociais, uma ordem que garanta a
reprodução ampliada de valores dominantes. (NUNES, 2003, p. 96)
Esse fato não dá conta de toda a sociedade chinesa, pois conforme Stearns (2006) existem
evidências de que “Algumas famílias podem ter sido menos obstinadas do que a norma confuciana,
expressando afeição [às crianças] de maneira mais aberta.” (p. 46) A China é um dos exemplos
sobre o trato com a infância, entretanto outras civilizações como Grécia, Roma e Índia, também
tiveram crianças e com elas distinções de compreensão e interação.
Na Grécia e em Roma, as crianças tinham maior ligação com as mães do que com os pais. Isto
se deve provavelmente, segundo Stearns (2006) ao fato de ser numerosa a quantidade de adultos em
volta da criança, além de não haver estabilidade nas famílias, pois os divórcios eram freqüentes.
Muitas delas sequer chegavam a andar, pois após o nascimento eram mortas, fazendo com que as
taxas de mortalidade fossem bem altas. “O infanticídio feminino era amplamente adotado. Segundo
estimativas, 20% das meninas nascidas em Atenas foram eliminadas. Roma pode ter sido um pouco
mais condescendente, mas também se descartou de alguns meninos.” (p. 49).
As que tinham a sorte de não serem mortas, após oito dias de nascidas, passavam por uma
cerimônia para selar o nascimento. Nesse ritual recebiam um colar, chamado de bulla, que os
protegia dos maus espíritos. Assim como no nascimento, a passagem para a fase adulta, também era
marcada por um ritual, que acontecia em torno dos 15 anos de idade. No caso dos romanos, o
menino deixava de usar o colar e passava a usar roupa de adulto, chamada de toga. (Stearns, 2006).
Meninos e meninas recebiam atendimento diferente no que se refere ao acesso à educação.
Como já exposto anteriormente, aos meninos era hábito ter acesso aos ensinamentos escolares e às
meninas, se pertencente à classe alta, poderiam ser favorecidas com professores destinados a elas.
“Nas sociedades clássicas, o que não é de causar surpresa, o acesso à escolaridade distinguia a classe
alta das classes baixas, embora de certa forma, a escolaridade, como forma de promover futuros
avanços para os filhos, se estendesse às camadas inferiores e às da elite.” (p. 50)
Segundo Berger & Berger (1980), ainda é importante perceber, na Grécia, a diferença no trato
com a infância, entre as suas duas cidades mais importantes, Atenas e Esparta. Dizem eles que,
Os atenienses estavam empenhados em que seus jovens, ao crescerem, se
transformassem em indivíduos bem formados, habilitados tanto para a poesia e a