Download PDF
ads:
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
MESTRADO EM EDUCAÇÃO
A UTILIZAÇÃO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E
COMUNICAÇÃO NO COTIDIANO DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO
FÍSICA NO ENSINO MÉDIO
ARIOVALDO DE SOUZA RIBEIRO
Presidente Prudente – SP
2007
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
MESTRADO EM EDUCAÇÃO
A UTILIZAÇÃO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E
COMUNICAÇÃO NO COTIDIANO DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO
FÍSICA NO ENSINO MÉDIO
ARIOVALDO DE SOUZA RIBEIRO
Dissertação apresentada a Pró-Reitoria de
Pesquisa e Pós-Graduação, Universidade do
Oeste Paulista, como parte dos requisitos de
defesa para obtenção do título de Mestre em
Educação.
Área de Concentração: Práxis Pedagógica e
Gestão de Ambientes Educacionais
Orientador: Prof. Dr. Adriano Rodrigues
Ruiz
Presidente Prudente – SP
2007
ads:
FICHA CLOGRÁFICA
796.07 Ribeiro, Ariovaldo de Souza.
R484u A utilização das tecnologias da informação e
comunicação no cotidiano do professor de
Educação Física no ensino médio/ Ariovaldo de
Souza Ribeiro – Presidente Prudente: [s. n.],
2007.
104 f.: il.
Dissertação (Mestrado em Educação) –
Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE:
Presidente Prudente – SP, 2007.
Bibliografia
1. Educação física – Estudo ensino. 2.
Tecnologia educacional. 3. Professor de
Educação física. I. Título.
ARIOVALDO DE SOUZA RIBEIRO
A UTILIZAÇÃO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NO
COTIDIANO DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO MÉDIO
Dissertação apresentada a Pró-Reitoria de
Pesquisa e Pós-Graduação, Universidade
do Oeste Paulista, como parte dos
requisitos de defesa para obtenção do
título de Mestre em Educação.
Presidente Prudente, 31 outubro de 2007.
BANCA EXAMINADORA
____________________________________
Professor Dr. Adriano Rodrigues Ruiz
Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE
Presidente Prudente - SP
____________________________________
Professora Drª Raimunda Abou Gebran
Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE
Presidente Prudente - SP
____________________________________
Professor Dr. Nelson Nardo Junior
Universidade Estadual de Maringá – UEM
Maringá - PR
DEDICATÓRIA
Dedico aos meus pais Agnaldo de Souza Ribeiro e Francisca
de Souza Ribeiro por todo o carinho, dedicação, amor e luta na
valorização da educação de seu filho.
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Agnaldo e Francisca, presentes em minha memória e
guardados no meu coração, pela educação proporcionada, pelos valores e princípios
que fizeram com que eu construísse minha história de vida.
A minha querida esposa Isabela Monteiro Ribeiro, pela compreensão e
amor sem limite auxiliando minha caminhada acadêmica.
Aos meus filhos, Adler Monteiro Ribeiro e Dilber Monteiro Ribeiro, que
estudaram, lado a lado, comigo cumprindo suas tarefas escolares e me
proporcionando momentos de intensa felicidade.
Ao Professor Dr. Adriano Rodrigues Ruiz pela orientação científica.
A Direção, Professores, Alunos e Pais da Escola Estadual João Gomes
Martins que possibilitaram a realização desta pesquisa.
Aos Professores e Secretaria do Curso de Mestrado da UNOESTE pela
cooperação e amizade.
Ao amigo Carlos Augusto de Carvalho Filho, pela ajuda e amizade.
Ao amigo Manoel Carlos Spiguel Lima pela amizade e incentivo em
todas as horas.
“Chamemos comunidade de saber uma coleção de
indivíduos que faz crescer sua árvore de
conhecimento. Ora, a maioria dos grupos humanos
são parcialmente constituídos pelas relações que
colocam em jogo competências e conhecimentos, em
sentido amplo. Todo coletivo humano é, pois,
virtualmente, uma comunidade de saber, mas apenas
virtualmente.” (Pierre Levy, 2000 p. 118)
RESUMO
A UTILIZAÇÃO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NO
COTIDIANO DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO MÉDIO
O desenvolvimento de projetos no ensino médio com a utilização de tecnologias,
principalmente informática nas aulas de educação física, evidencia uma trajetória
diferenciada teórico-metodológica na ação docente. Nesse quadro questionamos as
possibilidades relativas à ação docente quanto ao uso das tecnologias de
informação e comunicação e suas implicações na prática pedagógica do professor.
Assim, identificamos e analisamos a ação docente quanto ao uso de dois ambientes
de ensino diferenciados. Compreendo e estruturando a relação de diferentes
ambientes de ensino com a prática pedagógica do professor de Educação Física
escolar no ensino médio. O estudo foi elaborado em dois ambientes; a sala de
informática e quadra para prática corporal. Com suporte em uma metodologia quanti-
qualitativa as observações foram avaliadas por meio de análise do tempo de aula
envolvendo a amostragem de tempo em minutos (min.) no qual o professor
desenvolve a aula. As atividades do professor durante este período de tempo são
codificadas considerando a gestão do tempo de aula (min.) subdividido em instrução,
desenvolvimento da tarefa e feedback. Foram analisados nos dois ambientes 7
grupos pertencentes ao ensino médio. Os dados foram tratados com programa
statistica 6.0 por meio de estatística descritiva, redução percentual, teste observado
versus esperado (qui-quadrado). Os resultados da ação pedagógica real mostraram
24% ± 5% de instrução, 51% ± 6% do desenvolvimento da tarefa e 14% ± 7% de
feedback. O teste do observado versus esperado mostrou o valor de qui-quadrado
de 18,5 p<0,05 caracterizando a influencia da quantidade de tempo na ação
pedagógica do professor. Consideramos que o uso das tecnologias de comunicação
e informação nos dois ambientes permite ao professor estruturar um contexto de
diferentes estilos de ensino e aprendizagem.
Palavras-chave: Ensino Médio, Educação Física, Prática Pedagógica, Tecnologia da
Informação e Comunicação
ABSTRACT
THE INFORMATION AND COMMUNICATION TECHNOLOGY IN THE DAILY LIFE
OF THE TEACHER OF PHYSICAL EDUCATION IN HIGH SCHOOL
The development of projects with the use of technology in high school teaching,
mainly, computer science in the classes of Physical Education, evidences a different
theoric-methodologic trajectory in the teaching action. In this perspective it was
questioned the possibilities related to the teaching action about the use of information
and communication technology and its implications in the pedagogical work of the
teacher. So, we identify and analyze the teaching action about the use of two
different environmental teaching methods. The study was elaborated in two
environments; the computer science room and the body practical court. Based on a
quanti-qualitative methodology the comments had been evaluated by the analysis of
the classes time involving the sampling of the time in minutes (min.), which the
teacher develop the class. The teacher activities during this period of time are
codified considering the management of the class time (min) subdivided in
instruction, task development and feedback. Seven pertaining groups from high
school were analyzed in two environments. The data has been dealt with statistics
program 6.0 by means of descriptive statistics, percentile reduction, test observed
versus spectead (qui-square). The real results of the pedagogical action have shown
24.0 ± 5.0 % of instruction, 51.0 ± 6.0 % of the task development and 14.0 ± 7.0 of
feedback. The X
2
test of showed the value of 18.5 (P < 0.05) characterizing
influences of the amount of time in the pedagogical action of the teacher. We
consider that the use of technologies as communication and information in two
environments allows the teacher to structuralize a context of different styles of
education and learning.
Key-words: Physical Education. High school teaching. Practical education
Pedagogical. Information communication technology
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - Estimativa de horas para observação da prática
pedagógica total e por subgrupos .................................................... 49
TABELA 2 - Valores em minuto da observação das aulas................................... 72
TABELA 3 - Tempo de instrução das aulas valores em minutos ......................... 76
TABELA 4 - Percentual do tempo de instrução das aulas ................................... 77
TABELA 5 - Tempo e percentual do desenvolvimento da tarefa ......................... 79
TABELA 6 - Tempo de feedback (min) ................................................................ 82
TABELA 7 - Percentual de feedback.................................................................... 84
TABELA 8 - Média e desvio padrão dos itens observados: instrução,
tarefa, feedback............................................................................... 87
TABELA 9 - Cálculo do teste observado versus esperado .................................. 90
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 01 - Conhecimento dos programas de computador ........................... 68
GRÁFICO 02 - Conhecimento por programa do computador.............................. 68
GRÁFICO 03 - Nível de conhecimento dos programas....................................... 69
GRÁFICO 04 - Computador pessoal ................................................................... 70
GRÁFICO 05 - Computador ferramenta de aprendizagem.................................. 71
GRÁFICO 06 - Gestão do tempo de aula em minutos ........................................ 74
GRÁFICO 07 - Tempo de instrução (min.) .......................................................... 75
GRÁFICO 08 - Percentual real de instrução........................................................ 77
GRÁFICO 09 - Relevância da prática corporal no desenvolvimento da tarefa.... 80
GRÁFICO 10 - Percentual real de feedback........................................................ 85
GRÁFICO 11 - Percentual global ensino/aprendizagem ..................................... 89
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 13
2 DESAFIOS DO PROFESSOR NO DESENVOLVIMENTO DA
PRÁTICA PEDAGÓGICA.................................................................................. 18
2.1Inquietações sobre a Ação Docente na “Tarefa” de Educar............................. 18
2.2 O Ensino da Educação Física: Retrospectiva e Situação Atual ...................... 24
2.3 A Prática de Ensino da Educação Física em uma Perspectiva
Crítico-Reflexiva .............................................................................................. 28
2.4 Possibilidades que se Abrem com as Tecnologias da Informação
e Comunicação (TICs)..................................................................................... 36
3 PERCURSO METODOLÓGICO ....................................................................... 40
3.1 Objetivos ......................................................................................................... 41
3.2 Metodologia..................................................................................................... 42
3.3 Seleção da Escola Pesquisada....................................................................... 43
3.4 Considerações da Escola e Sujeitos Pesquisados.......................................... 45
3.5 Coleta de Dados.............................................................................................. 47
4 REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA PEDAGÓGICA ......................................... 53
4.1 Os Bastidores da Prática Pedagógica............................................................. 53
4.2 Análise Documental: Aspectos Políticos-Pedagógicos ................................... 55
4.3 Projeto de Ensino de Educação Física 2005................................................... 60
4.3.1. Conteúdos Utilizados para Aula de Educação Física do
2º Ano Ensino Médio (A/B/C/D)................................................................... 62
4.3.2. Conteúdos Utilizados para Aula de Educação Física do
3º Ano Ensino Médio (A/B/C) ..................................................................... 63
4.4 A Produção do Vídeo no Ambiente de Aula .................................................... 64
5 RESULTADOS E ANÁLISE DA PESQUISA .................................................... 67
5.1 Construção da Prática Pedagógica Relação Aluno/Professor......................... 67
5.2 Resultados e Análise da Prática Pedagógica do Professor ............................ 86
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................... 92
REFERÊNCIAS..................................................................................................... 95
ANEXO A .............................................................................................................. 99
ANEXO B .............................................................................................................. 101
APÊNDICE A......................................................................................................... 102
APÊNDICE B......................................................................................................... 103
APÊNDICE C ........................................................................................................ 104
13
1 INTRODUÇÃO
No contexto educacional a disciplina Educação Física está conectada à
área de conhecimento de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias. Essa área
envolve também as disciplinas de arte, língua portuguesa e língua estrangeira
moderna. A disciplina Educação Física trata essencialmente da dimensão que a
cultura corporal assume na vida do cidadão enfatizando a tríade dos aspectos
biológicos, comportamentais e sociais.
Os aspectos comportamentais caracterizam a Educação Física como
linguagem por meio da competência de representação e comunicação, onde a
disciplina permite ao aluno desenvolver a capacidade de demonstrar autonomia
modificando regras e reunindo elementos de várias manifestações de movimentos
sobre a cultura corporal. Os aspectos biológicos estão ligados a competência de
investigar e compreender o funcionamento do organismo humano utilizando as
atividades corporais para melhoria de sua aptidão física. A contextualização sócio-
cultural possibilita o reconhecimento das diferentes manifestações da cultura
corporal valorizando a linguagem e expressão.
Portanto, as aulas de Educação Física são significativas para formação
do aluno. O docente em sua prática pedagógica contribui para que o aluno tenha
uma apropriação crítica da cultura corporal, despertando sua cidadania. A Educação
Física introduz o estudante no universo da cultura corporal, exigindo do professor um
posicionamento político e uma prática pedagógica contextualizada.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº 9.394/96,
determina a disciplina Educação Física como um componente curricular integrado ao
processo educacional, e não mais uma atividade paralela dentro da estrutura
curricular da escola. O fortalecimento da disciplina produz novas exigências políticas
aumentando a responsabilidade e uma atuação coerente do profissional de
Educação Física no atendimento à sociedade.
Nesse quadro de preocupação, o objetivo desta investigação é analisar
as possibilidades relativas à ação docente quanto ao uso das tecnologias de
comunicação e informação e suas implicações na prática pedagógica do professor.
Busca explorar o desenvolvimento da aula de Educação Física, no ensino médio,
14
sob uma ótica que permite a estruturação de informações que ocorrem sem a
percepção do professor e que assim não são valorizadas no cotidiano do docente.
As experiências inovadoras permitem uma valoração da área de
conhecimento Educação Física diante das exigências sociais referentes à função da
escola. A perspectiva de mudanças no caráter qualitativo ultrapassa as visões
limitadas que seguem um modelo técnico de aplicação dos conhecimentos. Esse
modelo técnico tem uma tendência à estagnação quando compreendido como
vitalício, promovendo a acomodação do docente na situação de reprodutor de
informações interpretadas como determinantes da prática profissional.
O professor tem relação privilegiada com a sociedade do
conhecimento. As tecnologias e o processamento de informações no mundo não se
explicam em si mesmas; devem ser organizadas e compreendidas para transformar-
se em conteúdo que atenda às necessidades dos alunos.
A demanda social expressa no mundo do trabalho provoca a
necessidade de modificações na escola e, principalmente, na ação docente, o que
exige uma postura de construção e globalização do conhecimento.
A Educação Física contemporânea começa alcançar um status que
condiz com sua realidade e não deve aceitar que o professor se limite ao tecnicismo
e à reprodução de conhecimentos mas sim à construção do conhecimento
permitindo erros e acertos, entretanto com uma atitude de agente de transformação.
A legitimação da Educação Física na escola, com base nos
documentos de referência a esta disciplina, gera uma perspectiva crítica de
educação que ocorre por intervenção do professor no âmbito político valorizando e
justificando a profissão.
Assim, a utilização das novas tecnologias e sua influência na prática
pedagógica do professor de Educação Física fundamenta nosso questionamento e
nossas reflexões sobre o campo de atuação do profissional de Educação Física que
atende a escola pública de ensino médio.
O desenvolvimento de um trabalho de estudo e projetos para a
utilização de tecnologias dentro da escola para o ensino médio, principalmente
informática nas aulas de Educação Física, evidencia uma trajetória diferenciada do
ponto de vista teórico-metodológico que explicita uma nova possibilidade e produz
uma influência positiva em relação aos alunos e à ação docente.
15
Esta investigação evidencia uma tendência importante da Educação
Física que é a apreciação da vivência profissional do professor entendida como sua
prática pedagógica com possibilidades de reflexão e o desenvolvimento de novas
estruturas que permite o incremento das atividades em conexão com os objetivos
educacionais.
A consolidação da pesquisa transparece na prática do docente no
momento da aula com estabilidade e flexibilidade nos diferentes ambientes em que
ocorre. Desse modo, a elaboração de material em integração com os alunos aponta
realmente as necessidades educativas possibilitando solucionar os problemas do
cotidiano em sala de aula.
Durante a investigação procuramos adotar um enfoque holístico com o
significado de ter consciência da existência de uma dialética entre as partes e o
todo. O produto resultante deste enfoque nunca está completamente pronto e
acabado, determinando a incompletude, mas passa por um movimento permanente
de vir a ser constituído de ondas de reflexão que se desdobram em ações e que
dobram e se concretizam em novos processos de reflexão sobre a ação.
O envolvimento do aluno na pesquisa possibilitou uma nova
consciência, a de que ele participa de uma sociedade comunitária e também global.
Assim, ocorre uma reciprocidade na capacitação para compreensão das novas
necessidades de um ambiente global, caracterizando o ensino e a aprendizagem na
diversidade, no respeito da relação professor e aluno.
A pesquisa estabeleceu um marco na trajetória escolar dos alunos
ensinando a viver na mudança adaptando a nossa forma de educar às rápidas e
aceleradas transformações presentes no mundo.
Em relação à prática pedagógica do profissional de Educação Física
não devemos apenas contar com a sensibilidade característica de destaque do
professor, pois requer uma relação abrangente em que a inteligência, a consciência
e o pensamento, assim como o conhecimento, sejam visto como processos, em
continuidade.
A prática pedagógica do professor possibilita que o aluno compreenda
que é parte de um todo, parte integrante de uma comunidade, de uma sociedade, de
uma nação ou de um planeta.
16
O professor em sua ação docente apresentou atitude de
questionamento crítico e reflexivo, pois, exigiu a tomada de decisão percebendo as
diferentes alternativas para compreensão e construção do caminho pesquisado.
A apresentação do conteúdo possibilitou uma aproximação com a
realidade do aluno, pressupondo a compreensão do evento como um processo
dinâmico, flexível, criativo, interdependente. Esse processo individual e coletivo
lembra que nossos pensamentos e nossas ações repercutem não apenas no
contexto em que vivemos, mas numa dimensão mais ampla do que possamos
imaginar.
A relação entre teoria e prática conduziu à elaboração de uma ação em
uma perspectiva de produção do conhecimento científico visando a formação
humana, na probabilidade de ampliar a consciência do docente visto a sua atuação
profissional.
A escola é um espaço que possibilita a articulação e inter-relações
entre a educação e a sociedade. Como prova dessa possibilidade analisamos por
meio do processo de trabalho pedagógico o professor de Educação Física o
desenvolvimento da prática pedagógica, a produção, socialização e elaboração de
conhecimentos na ação docente em aulas ministradas ao ensino médio.
Ao longo da pesquisa, a experiência elaborada difere o docente
daqueles que atendem apenas a formação visualizando a reprodução de saberes
técnicos. A experiência pedagógica desenvolvida nesta pesquisa permitiu-nos
caracterizar um processo de produção de conhecimento despertando um
pensamento educacional reflexivo. Para tanto, organizamos o estudo considerando
a seguinte seqüência.
Uma abordagem dos desafios do professor no desenvolvimento da
prática pedagógica, onde, procuramos explorar o contexto de prática pedagógica e
as inferências causadas, na atuação do docente, na relação teoria e prática. As
inquietações em relação à educação possibilitam um olhar amplo e dinâmico do
contexto educacional do Brasil com referência aos estudos de renomados autores. A
Educação Física na atualidade traz um retrato histórico e a visão de especialistas na
área sobre a Educação Física escolar. As possibilidades que se abrem com as
novas tecnologias da informação retratam uma prévia inserção dos conteúdos que
compõem a pesquisa, ressaltando a prática pedagógica e valorizando a experiência
desenvolvida.
17
O percurso metodológico representa a nossa proposta de trabalho e
delineamento da pesquisa baseado no estudo caso avaliativo caracterizado em um
modelo de pesquisa educacional quantitativo-qualitativo. Os objetivos da pesquisa
são explicitados em tópicos procurando a articulação de sentido para composição do
discurso que permite teorizar a experiência. A metodologia esclarece os
procedimentos e instrumentos utilizados na pesquisa e enaltece o caráter
fenomenológico-hermenêutico do trabalho. A seleção da escola pesquisada permite
a especificação do local onde foi desenvolvido o trabalho. As considerações da
escola e sujeitos pesquisados aproximam a dinâmica da prática, quando
caminhamos em função do seu significado no contexto das relações entre os atores
envolvidos na pesquisa. A coleta de dados intensifica os modelos de observação e
instrumentos de medidas que constituíram a base de informações do trabalho.
Os resultados e a análise da pesquisa conduziram à sistematização e
organização das respostas encontradas por meio do tratamento estatístico como
parte da metodologia proposta, possibilitando a análise aprofundada do trabalho
disposto em partes que individualmente possuem observações próprias como
variável dependente do processo global. As reflexões sobre a prática pedagógica
compuseram o ato de desenvolvimento da pesquisa em sua parte inicial. Os
resultados e análises da construção da prática pedagógica conduzem a relação
instituída entre professor e alunos na constituição dos conteúdos para
desenvolvimento do trabalho. O resultado e análise da prática pedagógica do
professor permitiram uma exploração do campo profissional e da atuação do mesmo
em um trabalho longo que visou avaliar o professor em vários âmbitos.
As considerações finais são o desfecho da reflexão sobre a experiência
construída, tanto na prática como na teoria, e que nos leva a compreensão do
potencial e necessidade de exploração de pesquisa no campo pedagógico.
Acreditamos que as reflexões suscitadas contribuirão para formação de novos
horizontes na prática pedagógica configurando, realmente, a ação docente de
qualidade.
18
2 DESAFIOS DO PROFESSOR NO DESENVOLVIMENTO DA PRÁTICA
PEDAGÓGICA
2.1 Inquietações Sobre a Ação Docente na “Tarefa” de Educar
O professor precisa otimizar a sua prática educativa na escola
utilizando todos os meios para sua realização profissional. Os Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCNs) apresentam um caminho a ser trilhado pela escola
atual e, portanto, pelo professor para que se torne um mediador entre o
conhecimento e o aluno. (BRASIL, 1997).
O professor contemporâneo não deve ser tecnicista ou apegar-se a um
modelo de sua formação inicial como referencial para sua ação docente; deve sim
buscar novas formas de evidenciar o seu trabalho por meio dos recursos da escola,
tanto materiais quanto humanos. O sistema educacional brasileiro representa essa
ruptura na ação docente que traz à tona a necessidade de modificação na
construção do conhecimento junto com o aluno e na utilização dos mais diversos
meios para essa construção.
Segundo Imbernón (2001), a profissão deve abandonar a concepção
de mera transmissão de conhecimento acadêmico, de onde de fato provém, e que
se tornou inteiramente obsoleta para educação dos futuros cidadãos em uma
sociedade democrática.
Para ser um profissional é preciso ter autonomia, ou seja, poder tomar
decisões sobre os problemas profissionais da prática. A especificidade dos contextos
em que trabalha, em que educa, adquire cada vez mais importância, sem a visão de
um ensino não técnico e com a transmissão de um conhecimento acabado e formal,
e sim como um conhecimento em construção e não imutável, que analisa a
educação como um compromisso político de valores éticos.
Chakur (2002) indica que a profissionalidade docente, tomada em seus
três eixos – prática pedagógica, autonomia e identidade profissional –, desenvolve-
se em níveis distintos de equilíbrio, que denominamos níveis de construção da
profissão docente.
O exercício profissional refletido mostra-se, também, na análise de
como e porque as condições presentes se constituem em barreiras à autonomia do
19
professor. Em situações de possível confronto interpessoal, o conflito na verdade
deixa de existir, desde que assimilado a uma visão integrada do contexto, na qual se
salientam não apenas o direito do outro, como também o direito e a legitimidade da
ação profissional.
Torna-se fundamental a capacidade reflexiva em grupo, como processo
coletivo para regular as ações, os juízos, as decisões, já que o mundo tornou-se
mais complexo, e as incertezas, as dúvidas, as divergências são aspectos com que
o profissional convive.
De acordo com Imbernón (2001), a formação transcende o ensino que
pretende uma mera atualização cientifica, pedagógica e didática; a formação
transforma-se na possibilidade de criar espaços de participação, reflexão para que
as pessoas aprendam e se adaptem para poder conviver com a mudança e a
incerteza.
A formação deve servir de estímulo para superar a alienação, as
condições de trabalho, a estrutura hierárquica. E isso implica ruptura de tradições,
inércias e ideologias impostas.
Imbernón (2001) argumenta que a profissão docente, nas próximas
décadas, deverá desenvolver-se em uma sociedade em mudança, com alto nível
tecnológico e um vertiginoso avanço do conhecimento.
Isso implica não apenas na preparação disciplinar, curricular,
mediadora, ética, institucional, coletiva, mas também uma importante bagagem
sociocultural e outros elementos que, até o momento, não pertenciam à profissão,
como intercâmbios internacionais, as relações com a comunidade e as relações com
a assistência social.
Dias-da-Silva (1998) propõe a idéia de que os professores aprimoram
seu trabalho ao longo da carreira, ou que a experiência prática confere à prática
pedagógica uma qualidade potencialmente superior e que é primordial como variável
importante para compreensão do trabalho educativo e para a ação e formação dos
professores.
O professor como sujeito da prática pedagógica é o elemento que
desencadeia os processos de elaboração crítica (ou a-crítica) do saber na escola,
que mediatiza a relação do aluno com o sistema social. O docente executa um
trabalho prático permeado por significações ainda que concretizado numa rotina
fragmentada.
20
Segundo Dias-da-Silva (1998), um mecanismo básico para o
enfrentamento das dificuldades e dos desafios colocados para os professores é, sem
dúvida, seu desenvolvimento profissional, processo que se prolonga por todos os
momentos de exercício profissional ao longo da carreira.
A formação de professores críticos e reflexivos, de intelectuais
engajados e capacitados para a construção da cidadania na sala de aula é desafio
emergente e imprescindível em qualquer tentativa conseqüente de transformação da
escola.
A atuação do professor imerso na sociedade globalizada exige que ele
seja reflexivo, unindo seus suportes pedagógicos, cognitivos e afetivos, tornando-se
flexível e construtor de ações que permitam o melhor desempenho da profissão.
Segundo Vademarin (1998), a ação docente é construída por meio de
conhecimentos científicos e deve apontar para uma diferença significativa em
relação ao saber escolar. Por meio da especialização, a ciência constrói e refina
seus conceitos que, ao serem transmitidos pela escola, vão sofrer um processo
inverso, isto é, devem novamente adquirir referências com a realidade, a fim de
serem compreendidos e traduzidos numa linguagem cotidiana. A transmissão da
ciência pela escola centra-se na questão dos princípios fundadores de cada área do
conhecimento, ou nos processos metodológicos e intelectuais que lhes são próprios.
O saber escolar é sempre balizado e mediatizado pela idade do aluno,
diferenciando, a partir da possibilidade de compreensão e elaboração dos dados
informados, as fases caracterizadoras do processo cognitivo.
O saber escolar está, então, intimamente ligado à atividade de construir
significados assimiláveis pelo aluno, fazendo uso da razão, do raciocínio
normalizado, organizando o conhecimento numa seqüência compreensível, que
deverá ser assimilada por meio de exercícios que visem estimular e favorecer a
aprendizagem.
Na visão de Arroyo (2000), a nova figura do docente, além de ser um
bom transmissor do conhecimento, deve ter esse conhecimento relacionado com
uma visão histórica, com a dinâmica social e a estrutura do poder. Os Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCNs,1997) revelam esse percurso.
Os PCNs não são uma listagem de conteúdos. Cada área é conectada
com a formação cognitiva e social dos alunos. É dada uma nova ênfase ao
desenvolvimento das pessoas, das sociedades, na formação de cidadãos.
21
Arroyo (2000) define o novo papel da escola que é o de ser uma
comunidade de aprendizes que se apóiam uns aos outros com o professor, como
mediador, operacionalizando procedimentos. Insistir em recuperá-la como um
coletivo de aprendizes mútuos é reafirmar o insubstituível papel de sujeitos nos
processos de aprendizagem.
De acordo com Alarcão (2003), o docente deve ter em mente que a
escola é um todo que faz a ponte entre o professor, aluno e conhecimento. A
formação de um profissional reflexivo implica incluir a intenção de conhecer o mundo
que o cerca. Seu trabalho não é isolado e está em parceria com a escola e a
comunidade, de forma a se observarem, se analisarem e se desenvolverem;
lembrando que o conhecimento é resultado da compreensão das informações.
Pimenta (2000) salienta que o conhecimento do professor não pode ser
desvinculado da relação entre teoria e prática, nem de sua função de analista de
problemas morais, sociais e políticos da educação, nem tampouco de um contexto
concreto. É num contexto específico que o conhecimento profissional se converte
em um conhecimento experimentado por meio da prática, ou seja, por meio do
trabalho, intervindo nos diversos quadros educativos e sociais em que se produz a
docência.
Essa reflexão e análise reforçam a idéia de que precisamos fortalecer
cada professor possibilitando-lhe se instituir como elemento produtor de cultura e
conhecimento, e não como simples consumidor de informações.
Giovani (1998) ressalta a importância do debate teórico, do
aprofundamento de estudos e das melhorias e adequações não só na formação
inicial dos diferentes agentes educacionais, mas também nas oportunidades de
continuidade e aprofundamento dessa formação ao longo da vida profissional.
A formação de professores e especialistas de ensino não se constrói
por acumulação de informações, cursos, técnicas, mas pelo aprendizado e exercício,
individual e coletivo, da reflexão crítica sobre as práticas e os contextos de trabalho,
oportunizando reconstrução da identidade profissional e pessoal.
As práticas tradicionais de pesquisa em educação e as diferentes
formas coletivas de pesquisa sobre ensino, com participação direta e efetiva dos
professores possibilitam alternativas de ação promissoras.
A ação na pesquisa tem como opção metodológica fecunda a
compreensão e as mudanças do processo pedagógico, uma vez que tais práticas
22
podem levar pesquisadores e professores a estreitar a lacuna entre a realização das
pesquisas sobre ensino e a implementação de seus resultados.
Segundo Tedesco (2002), as modificações nas atividades educativas
assustam o docente. O monopólio do docente sofre uma concorrência entendida
como desleal por conta do sentimento de estabilidade que imobiliza o professor e
anula a dinâmica de sua prática profissional.
As mudanças são percebidas como ameaça e não como oportunidade
pelo docente, daí a característica defensiva utilizada como um escudo de proteção
que não permite o contato com o diferente mantendo o status do professor intocável.
As novas tecnologias, as novas faces do docente diante das decisões
da escola, as novas estratégias de mudança fugindo do tradicional causam uma
desarmonia na estrutura profissional, pois incomodam e exigem que novas atitudes
sejam tomadas frente ao novo desafio.
Dois aspectos são relevantes na questão da profissionalização da
atividade docente na compreensão dos autores Tedesco (2002), Savater (1998),
Arroyo (2000). O primeiro diz respeito ao processo de profissionalização baseado na
melhoria das condições de trabalho. Melhoria entendida como plano de carreira, piso
salarial, condições de infra-estrutura, jornada única.
O segundo, a profissionalização baseada no desenvolvimento da
capacidade profissional, isto é, das aptidões necessárias ao desenvolvimento das
atividades. Induzir o professor a manter um aprimoramento de conhecimentos por
interesse em ampliar sua capacidade intelectual como elemento primordial de sua
profissão e construtor ativo do sistema educacional.
Como em todas a profissões, é oportuno identificar as principais
características do trabalho docente no quadro dos novos desafios educacionais.
A necessidade de agir em equipe, tomar decisões e responsabilizar-se
por elas é primordial para educação; o docente isolado restringe-se ao tradicional. A
equipe docente é a base forte da estrutura da profissão.
Tedesco (2002) indica que o rompimento do imobilismo dos sistemas
educativos, em particular do setor público da educação, é outro desafio importante
que uma política democrática tem que enfrentar. A generalização da capacidade de
inovar é indispensável para evitar que a inovação se concentre em poucos lugares e
torne-se patrimônio de um único setor.
23
A postura política do professor reflete seu posicionamento profissional
e compromisso com a educação em duas situações. Os docentes básicos serão
encarregados da formação do núcleo duro da estrutura cognitiva e pessoal
atendendo a escola de ensino fundamental e médio, permitindo ao aluno
desenvolver sua criatividade e criticidade. Os docentes especializados, responsáveis
pela formação em determinados campos específicos da atividade profissional como
continuação e pesquisa de novos elementos que complementem a vida profissional
e intelectual do professor.
A atividade docente não permite neutralidade em relação aos
problemas e temas que são apresentados e debatidos na escola. A neutralidade e
indiferença não fazem parte do contexto do professor, é preciso assumir posições e,
com cautela discuti-las e modificá-las privilegiando momentos de exposição em
grupo.
Savater (1998) acredita que o professor necessita ser fomentador,
mostrando ao grupo como participar de controvérsias e como buscar posições que
otimizem sua prática profissional e bem estar do grupo.
Essa cobrança feita sobre o professor indica uma situação inusitada do
cotidiano, pois as crianças que questionam o professor em aula tipicamente são
consideradas indisciplinadas, arrogantes, em determinados momentos mal-
educadas.
Como gestores do processo de aprendizagem este deveria ser o
acontecimento ideal de todos os nossos dias, pois só quem tem o espírito critico é
que não toma tudo como verdade, que desconfia de posições e procura estabelecer
relações para constituir uma opinião satisfatória momentânea (GAMBOA, 2001).
O professor é responsabilizado a assumir parte da formação dos
alunos no que tange a valores pessoais. Junto com a escola, ele é hoje o
encarregado de formar a consciência social e moral das crianças, tarefa antes de
responsabilidade da família. E aí tudo fica mais complexo, porque os valores já não
são únicos. A sociedade não tem certeza sobre o modelo que quer para essa
formação. A educação deve, portanto, reforçar algumas qualidades sem as quais
não se sobrevive no mundo contemporâneo, como a autonomia pessoal, a busca do
conhecimento verdadeiro, a generosidade e a coragem. (SAVATER, 1998).
24
2.2 O Ensino da Educação Física: Retrospectiva e Situação Atual
A prática pedagógica reflete o desenvolvimento da aprendizagem do
professor desde a graduação e, em contínuo, no seu fazer profissional. As mudanças
pelas quais passa o modelo educacional exigem um contexto crítico e uma reflexão
sobre a realidade do espaço escolar, seja na área da Educação, ou especificamente
na Educação Física.
Em determinados momentos históricos, a escola esteve voltada para o
professor como elemento central da educação. Este preestabelecia os caminhos a
seguir e o nível de conhecimento que os alunos deveriam atingir. Essa função de
tutor definia a execução de atividades impostas pelo professor e executadas pelos
alunos com destreza. O ato de educar era um momento de ensino rigoroso no
atendimento das expectativas do docente, não sendo permitida ao aluno qualquer
possibilidade de intervenção. Assim, a aquisição de conhecimento e o sucesso do
aluno estavam garantidos.
Essa perspectiva conduz ao entendimento de que o conteúdo global
sistematizado garantia a educação. O acesso a esse conteúdo global sistematizado
indicaria a necessidade do aluno acompanhar todas as etapas utilizadas pelo
professor em sua metodologia de ensino.
Na vida acadêmica dos graduandos em Educação Física é
determinada uma formação generalista e humanista contemplando a construção de
um educador nos moldes exigidos pela sociedade atual. Essa exigência social é
constituída em um projeto político pedagógico que atente para uma formação
pessoal e profissional de acordo com as necessidades a serem supridas na
sociedade.
Ruiz (2000, p. 04) destaca que na educação a busca por receitas que
garantam o sucesso da ação docente faz do caderno, xerox e mais xerox um
emaranhado de informações que não são utilizadas com qualidade. O fato de lançar
uma gama de conteúdo da qual se entende necessária para formação do
profissional individualiza as disciplinas sobrecarregando o aluno na situação de
receptor dessas informações.
A quantidade de material vislumbra um manancial de informações que
em, inúmeras vezes, não permite ou não existe auxílio para uma reflexão do
graduando sobre o que marcará intrinsecamente seu futuro profissional. O
25
entendimento do momento como parte de um todo desperta a assimilação dos
conteúdos, com vista, para usufruto destes subsídios no futuro.
Segundo Ruiz (2000, p. 04), nessa trilha, forma-se um profissional que,
mesmo sem conhecer a história, a epistemologia e a própria ciência, sente-se
competente para ensiná-la.
Em relação à Educação Física especificamente Darido (2003) descreve
o percurso histórico da disciplina no Brasil organizando os fatos históricos
marcantes; iniciando por sua inclusão no âmbito escolar no século XIX, com a
reforma Couto Ferraz em 1851. Em 1882, com o surgimento de uma nova reforma
com Rui Barbosa que recomendou a obrigatoriedade da ginástica para ambos os
sexos e principalmente para as escolas normais. A partir de 1920, vários estados da
federação começaram a realizar reformas educacionais, incluindo a Educação
Física. Em meados de 1930, a concepção dominante é calcada na perspectiva
higienista preocupada com a saúde, hábitos de higiene e desenvolvendo o físico e a
moral do cidadão. O modelo militarista, década de 70, surge preocupando-se em
selecionar indivíduos perfeitos fisicamente para contribuir com a nação e seu
progresso. O modelo esportivista, na década de 80, foi caracterizado pela formação
de atletas na escola.
As informações sobre a história da Educação Física comportam uma
observação coerente em relação à construção da área de conhecimento e objetivos
da disciplina no atendimento a sociedade. Assim, na década de 90 as
discussões sobre a Educação Física são intensificadas no campo científico com a
realização de congressos, seminários, encontros.
Ainda com resquícios das vertentes tecnicista, esportivista e biologista
na atuação dos professores da área de Educação Física escolar surgem novas
abordagens que constituem o aspecto pedagógico como essência da ação docente.
Darido (2003) apresenta as concepções de Educação Física que
procuram romper com o modelo tradicional e mecanicista. As abordagens são
desenvolvimentista, construtivista-interacionista, crítico-superadora, sistêmica,
psicomotricidade, crítico-emancipatória, jogos cooperativos, saúde renovada. As
abordagens possibilitam ao professor uma visão diferente da aula de Educação
Física escolar. Nesse trabalho as abordagens não são o foco principal mas,
permitem uma visão superficial da ação docente na disciplina Educação Física
escolar.
26
Os conhecimentos transmitidos na Educação Física escolar, no
currículo atual de grande parte das escolas de ensino médio, são formatados por um
modelo tecnicista e conteúdos pré-selecionados não condizentes com a realidade do
professor, o que torna a prática pedagógica não contextualizada e sem significado.
O modelo tecnicista é caracterizado pelo desenvolvimento das
qualidades físicas na Educação Física e nos desportos durante toda a vida escolar.
O professor deve preocupar-se com a eficiência técnica e esportivização do aluno.
Portanto, o conteúdo da aula é estruturado com atividades físicas e esportes de
maneira diretiva baseado na prática sistemática dos exercícios com vista à
mensuração da performance alcançada.
As demais abordagens citadas parecem contribuir de maneira mais
efetiva para marcar a identidade da Educação Física escolar subsidiando o trabalho
do professor com um material pedagógico de qualidade. A abordagem construtivista-
interacionista possibilita uma maior integração com uma proposta pedagógica ampla
e integrada a educação Física nos primeiros anos de educação formal (FREIRE,
1989).
Guedes e Guedes (1995), Nahas (1997) com a abordagem da saúde
renovada apresenta a Educação Física dentro de uma matriz temática referente à
saúde e qualidade de vida. O professor estrutura as aulas com práticas de atividades
físicas vivenciadas durante a infância e adolescência que influenciam o
desenvolvimento de atitudes, habilidades e hábitos que podem auxiliar na adoção de
um estilo de vida ativo na idade adulta.
Os PCNs – Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio ainda
são entendidos como receituários a serem seguidos sem reflexão e apresentados
como eixo salvador do professor que precisa reproduzi-lo. (BRASIL, 1999).
De acordo com o Soares (2005, p. 28), “o ensino é compreendido como
atividade docente que sistematiza as explicações pedagógicas a partir do
desenvolvimento simultâneo de uma lógica, de uma pedagogia e da apresentação
de um conhecimento científico.”
As explicações pedagógicas sistematizadas a partir de uma lógica
formal, sem proposição crítica e valorizando o conhecimento técnico, não
disponibiliza uma leitura real da sociedade e não possibilita uma reflexão
pedagógica coerente com a realidade social.
27
Neira (2003) caracteriza que a Educação Física escolar é elaborada
com um recorte de conteúdos considerados adequados a cada ciclo por meio dos
esportes, dos fundamentos, das teorias do conjunto, deixando ao professor como
único modo de transmitir tais conteúdos, a valorização da memória e a adição de
conhecimentos fragmentados e específicos por disciplina.
A idéia de modelo estratificado interfere na postura do professor
mediante a sobreposição da teoria sem uma prática contextualizada.
Shigunov (2002, p. 31) afirma que a aula de Educação Física “na
perspectiva exclusiva do ensino ou modelo de ensino ao qual estamos atrelados,
mostra-se insuficiente, incipiente e fragmentada para o desenvolvimento de uma
prática pedagógica que contemple realmente a tão discutida relação teoria-prática.”
Segundo Gebara et al. (1992, p. 201), a Educação Física traduz os
caminhos da educação pois:
atenta para posse hoje de uma educação que prepara os alunos para
assimilar um conceito de vida advogado pela ciência natural. Isso se
consegue através da utilização pragmática da linguagem lógico-formal,
pelas quais as definições conceituais são passadas para serem assumidas
sem questionamento. O que é comprovado só é válido se for
quantitativamente significante, e as investigações rigorosas não necessitam
estar contextualizadas. Tem-se, portanto, uma seqüência cronológica de
ensino acrítico a ser vivenciada, mas não se processa o ato educativo.
Portanto, a necessidade de que a Educação Física tenha caracterizado
sua identidade na escola exige uma visão diferenciada que possibilite uma ação
docente que conduza a uma formação de um indivíduo crítico capaz de
desempenhar um papel social de qualidade. A seguir discutiremos a Educação física
escolar em uma perspectiva crítico-reflexiva.
28
2.3 A Prática de Ensino da Educação Física em uma Perspectiva Crítico-
Reflexiva
A escola deveria entender o aluno como elemento central na educação
escolar. A observação e consideração feitas sobre a realidade do aluno deveriam ser
orientadas em direção à sua autonomia. Aprender a priorizar os elementos inerentes
ao aluno garantiria a educação. O respeito aos conhecimentos prévios e à realidade
cotidiana deste aluno determinariam a organização do processo educacional,
considerando educação como aprendizagem.
De acordo com os PCNs – Parâmetros Curriculares Nacionais para o
Ensino Médio (BRASIL, 1999, p. 84):
Na sala de aula, a autonomia tem como pressuposto, além da capacidade
didática do professor, seu compromisso e, ...cumplicidade com os alunos,
que fazem do trabalho cotidiano de ensinar um permanente voto de
confiança na capacidade de todos para aprender. O professor como
profissional construirá sua identidade com ética e autonomia se, inspirado
na estética da sensibilidade, buscando a qualidade e o aprimoramento da
aprendizagem dos alunos, e, inspirado na política da igualdade, desenvolver
um esforço continuado para garantir a todos oportunidades iguais de
aprendizagem e tratamento adequado as suas características pessoais.
A escola passa a acreditar que alunos e professor são igualmente
importantes na educação, constituindo um novo elemento para construção do saber
na escola. O conteúdo sistematizado deve ser um construto elaborado por alunos e
professores. Essa ação recíproca é entendida como ensino/aprendizagem.
A relação entre docente e discente caracterizaria um maior
envolvimento no processo para ampliação de aquisição e produção de
conhecimento.
A intenção é de que o professor possa selecionar e organizar os
conteúdos diante da realidade e expectativas dos alunos, utilizando metodologias
pautadas em categorias que considerem a função da escola, a relação estreita com
a proposta pedagógica da escola e a realidade do aluno atendido.
Guarín (2000, p. 01) pondera que:
A carência de articulação entre o conhecimento escolar e o conhecimento
comum, evidencia uma profunda brecha entre o aprendido dentro e fora do
espaço escolar, se transforma em uma luta entre a teoria e a pré-teoria, o
qual se manifesta em um conhecimento desde o discurso, desde o saber
acumulado, desde de arte de ensinar com habilidade e experiência.
29
Shigunov (2002, p. 30) indica “a necessidade de se pensar na
formação de professores articulada à pesquisa, pois esta é fundamental na
construção do saber-fazer docente”. O professor como gestor do ensino deve gerar
conhecimento novo sobre sua prática docente. O que alguns determinam como
vivência precisa transformar-se em estudos científicos sobre a ação docente
construindo uma base estrutural da Educação Física. Base esta utilizada para
subsidiar o futuro do professor e uma reflexão conjunta sobre a área de
conhecimento Educação Física.
A participação eminente do professor em cursos, congressos,
simpósios que tratem de assuntos pertinentes à Educação Física desperta o ímpeto
em gerar conhecimento. Esse conhecimento novo exige um estudo aprofundado do
objeto pesquisado e é indispensável que o professor investigue o próprio fazer e
desenvolva ações que também envolvam os seus alunos nessa direção formativa.
Caparroz (1996) sugere que em relação ao professor de Educação
Física, novos conhecimentos são recebidos a cada dia não permitindo a estagnação
do profissional, jamais o limitando aos estreitos quadros de sua formação
profissional. O profissional de educação física possui fundamentos pedagógicos, em
assuntos biomédicos e técnicas de ginásticas e desportos, tornando-o assim um dos
profissionais com campo de especialização amplo e repleto de modificações.
Guarin (2000, p. 01) considera que:
Ao plantar uma nova retórica na realidade do profissional de educação
física, é preciso que no saber e no que fazer pedagógico, seja princípio a
demonstração e a execução sobre a argumentação; todavia a educação
segue plantando verdades absolutas aceitas sem reflexão e com teorias
que não atendem as expectativas da sociedade. Falta todavia, de maneira
concisa e profunda, uma visão que quebre paradigmas e busque na
racionalidade prática fazer a justificativa das novas ações, novas formas de
pensamento para uma filosofia com mais sentido e autêntica, capaz de
revelar o espírito pelo verdadeiro juízo e a deliberação faça a interpretação
que produza a convergência intelectual e não produção mecânica, refletindo
uma evolução que antes de recrear os aprendizes se queira interrogar por
resposta pré-estabelecidas em examinar estilos de respostas (formas) e não
as mesmas expressões e atitudes, em reclamar gestos e movimentos
precisos, milimétricos e quantitativos. Se trata de reconhecer nas crianças,
nos adultos suas reações, suas necessidades e seus saberes, promover
sua autonomia, possibilitar espaços de criatividade e autenticidade.
A Educação Física é constituída a partir de idéias fundamentadas e
estabelecidas em sua própria práxis. Os discursos que legitimam a Educação Física
30
área de conhecimento cientifico, têm utilizado como referência biologia, saúde,
política, economia. A carência de produção no âmbito pedagógico parece distanciar
o professor da essência de seu oficio, desvalorizando o seu potencial como agente
de mudança social. (ROZENGARDT, 1999).
O estudo sistematizado na área da Educação Física ficou fortalecido,
frente à preocupação de um grande número de professores, fazendo com que
novos projetos fossem propostos e, conseqüentemente, novos avanços fossem
alcançados, ampliando a discussão sobre a Educação Física escolar e a
necessidade de repensar a atuação cotidiana do professor a todo instante.
Para Shigunov (2002, p. 34) na Educação Física:
esse novo que se abre, como um leque de possibilidades na formação
inicial e continuada de professores, é a ruptura com a prática repetitiva e
rotineira, é o estrangulamento da aparente competência técnica, marcada
pela usura de tempo, é a demonstração da capacidade de voltar a
estabelecer diálogos e realizar leituras do complexo contexto da sala de
aula, é a revalorização do pensamento prático do professor para
compreender os processos de ensino e aprendizagem, é repensar o papel
do professor como profissional da educação em sua acepção maior.
Neira (2003, p. 22) admite que “as novas tendências investigativas
sobre formação de professores valorizam o que se tem denominado professor
reflexivo”. O tecnicismo que marcou o trabalho e a formação de professores no
século XX e início do século XXI transferem, paulatinamente, seu lugar para um
novo tipo de professor. O educador agora é entendido como um intelectual em
processo contínuo de formação. A reelaboração dos saberes iniciais junto com uma
análise das experiências práticas vivenciadas no cotidiano escolar configura um
processo coletivo de troca de ações reais.
Guarin (2000, p. 02) afirma que “a produção de conhecimentos, faz
com que na Educação Física as ações sentidas e valorizadas sejam consolidadas
como espaço lúdico que possibilitem novos significados nos objetivos
epistemológicos.”
O surgimento de novas práticas e possibilidades que reconheçam a
subjetividade da natureza humana, a fomentem, valorizem a simbolização que tem
31
suas experiências e interpretem sua realidade (GUARIN, 2000; MORIN 2000,
TEDESCO 2002).
A importância está em decodificar o saber científico, reconhecer o
saber popular, validar o sentido e saberes diferentes no que a metodologia e os
instrumentos estão em constante renovação para dar a luz ao tipo de problemática
de autêntico contexto real no que deve mover-se o processo educativo. (GUARÍN,
2000).
Neira (2003, p. 22) destaca “a importância da adoção de uma postura
reflexiva em relação ao ensino e as condições sociais que influenciam e eleva o
professor a perspectiva de prático reflexivo.”
A análise das reformas educativas deve possibilitar um posicionamento
crítico do professor atuando como responsável pela elaboração do plano
educacional e não como ator coadjuvante que copia e aplica sem distinção planos
desenvolvidos por outros atores sociais, institucionais e/ou políticos.
A formação reflexiva caracteriza a formação de um novo professor,
aumentando a sua capacidade de encarar a complexidade. O profissional precisa
observar as incertezas e as injustiças no meio escolar e social como ferramentas
para reconstrução de conceitos e uma reestruturação crítica da realidade.
De acordo com Neira (2003), “entender a rotina do dia a dia com todas
as suas dificuldades como algo que merece a atenção e buscar caminhos melhores
são os primeiros passos na mudança educacional que pretende gerar o cidadão
novo.”
Segundo Gebara et al. (1992, p. 235), “a formação geral prepara o
profissional, proporcionando-lhe, as condições de ultrapassá-la mediante o exercício
de uma consciência reflexiva e crítica que lhe faculte a formação de seu próprio
projeto.”
A prática desenvolvida pelo professor em seu projeto relaciona o saber
fazer e as técnicas determinando o ser humano como receptor e sujeito de toda
ação. Essa formação do profissional resulta na elaboração de um contexto histórico
e social real com o objetivo definido.
32
Gebara et al. (1992, p. 212) sustentam que o contexto histórico e
social exige que:
O conhecimento deve ser entendido como a reprodução da realidade na
consciência do homem, nela não se encontram as próprias coisas, suas
propriedades e relações, mas as imagens mentais, ideais, que transmitem
os esboços dos projetos conhecidos e que por isso são semelhantes a eles.
Não é possível conhecer imediatamente as coisas mas sim mediante uma
determinada atividade que estabelece o acesso a uma possível
compreensão. Essas atividades são, portanto, os vários aspectos ou modos
de apropriação da realidade. Podem ser objeto do conhecimento não
somente as coisas materiais, mas também os fenômenos espirituais e
psíquicos. No entanto, isso não modifica a natureza do conhecimento, já
que todos esses fenômenos representam o reflexo da realidade objetiva que
se encontra fora da consciência.
Gebara et al. (1992, p. 235) consideram que “uma formação generalista
supõe domínio de teorias, que permita ao profissional atuar tanto na educação física
escolar, quanto na não escolar.”
O domínio de teorias é imprescindível no campo acadêmico para vida
profissional, pois, permite ao profissional analisar a realidade em que vai atuar. O
conhecimento de teorias sociológicas permite interpretar como a sociedade funciona
e qual sua posição política e visão social da realidade que o rodeia.
Aspectos do próprio conceito de desporto variam segundo cada teoria
motivando uma atuação definida de acordo com a necessidade de utilização. O
desporto educacional infere objetivos que estão ligados ao atender com qualidade a
sociedade ou futura sociedade edificando valores e conceitos. As teorias da
aprendizagem motora permitem entender a questão da aprendizagem
independentemente da idade subsidiando elementos para compreensão dos
aspectos morfofuncionais e de desenvolvimento gradual do indivíduo.
Há um movimento de atualização ou renovação do paradigma da
aptidão física, levado a efeito com base no mote da promoção da saúde.
Considerando os avanços do conhecimento biológico acerca das repercussões da
atividade física sobre a saúde dos indivíduos e as novas condições urbanas de vida
que levam ao sedentarismo, essa proposta revitaliza a idéia de que a principal tarefa
da Educação Física é a educação para a saúde ou, em termos mais genéricos, a
promoção da saúde (GUEDES; GUEDES, 1995, NAHAS, 1997).
Bracht (1999, p. 78) afirma que “toda a discussão realizada no campo
da pedagogia sobre o caráter reprodutor da escola e sobre as possibilidades de sua
33
contribuição para uma transformação radical da sociedade capitalista foi absorvida
pela Educação Física”.
Souza Junior (2001, p. 4) considera que “o termo Prática Pedagógica
surge na educação, na intenção de desmistificar e esclarecer os níveis necessários
para que se alcance uma educação comprometida com a transformação da
sociedade.”
A prática pedagógica tem forte relação com a didática utilizada pelo
docente e se essa tiver característica acrítica e repetitiva produz estagnação do
conhecimento mas, ao constituir uma ferramenta que possibilita a organização e
reflexão sobre as ações efetuadas contribui para a modificação da ação docente.
Guarín (2000, p. 1) pondera que:
A constante construção do ato pedagógico, diante do panorama desolador
do sistema educativo, sinônimo de quietude, que revela, esconde,
dissimula, regulariza com um poderoso processo de cultura afirmativa, com
um potencial humano imerso em uma rede anacrônica em uma sociedade
que reclama mais compromisso das comunidades intelectuais.
A educação convive com algumas dualidades e dicotomias como:
ensino x aprendizagem, teoria e prática, nesse momento a prática pedagógica insere
um novo contexto de reducionismo que infere uma visão de resolução de problemas
e aproximação das relações existentes.
Medina (2002, p. 67) salienta que “toda atividade será mais ou menos
humana na medida em que se vincula ou desvincula a ação à reflexão”.
As possibilidades de desenvolvimento e processamento das atitudes
são inúmeras, tendo em vista uma produção consciente. Assim configura-se a
relação teoria e prática.
Na relação teoria e prática é indispensável revisar com profundidade as
aplicações dos diagnósticos nas etapas formativas dos docentes considerando
fundamentalmente a contextualização da prática.
Deve-se oferecer ao docente maior participação na elaboração de
planos e programas, demonstrando que as práticas favorecem sua formação e do
grupo do qual faz parte. Essa atitude pode resultar em caminhos que ajudem a
conhecer com maior profundidade ao aluno como ser social, a indagar sobre sua
vida extra-escolar, a história familiar.
De acordo com Komar (2001), aos docentes cabe humanizar as
práticas construindo um marco referencial real formado pela soma das histórias do
34
grupo, descobrindo relações mais funcionais entre a escola e as necessidades de
interesse apreciadas diariamente nos livros. A Educação Física pode atender
pedagógica e afetivamente o significado social e a demanda cultural do meio onde
se desenvolve.
Neira (2003, p. 24), entende “a prática pedagógica como referência que
configura a prática como ação gerando o desenrolar de um processo sistematizado
com objetivos claros para atender o ser humano”. Os processos educativos são
suficientemente complexos para que não seja fácil reconhecer todos os fatores que
o definem ou que não atendam a realidade social do país.
Segundo Neira (2003, p. 23), a prática pedagógica infere em que:
a estrutura da prática obedece múltiplos determinantes, tem suas
justificativas em parâmetros institucionais, organizativos, tradições
metodológicas, possibilidades reais dos professores, dos meios e das
condições físicas existentes. Mas a prática é algo fluido, fugidio, difícil de
limitar com coordenadas simples e, além, do mais, é complexa, já que nelas
se expressam um universo de fatores, idéias, hábitos pedagógicos e etc.
Para Medina (2002, p. 68), “o professor de Educação Física tem como
função essencial promover como agente transformador e renovador a cultura em
que vive”. A prática é uma constante na vida deste profissional, mas sem a
permissividade de ações incoerentes e incompletas.
As ações devem efetuar mudanças individuais ou coletivas em
determinada situação dinamizando a realidade e partindo de uma estruturação da
teoria que funcione como suporte unilateral para explicar o produto.
O professor de educação física deve refletir sobre sua prática cotidiana
para compreender as características particulares do processo de ensino
aprendizagem e o contexto onde este se desenvolve.
Segundo Komar (2001, p. 1) “o programa de estudo contempla, por um
lado, disciplinas humanas para examinar as questões sociais e, por outro lado,
matérias específicas que deveriam fortalecer uma reflexão crítica sobre a prática.”
O envolvimento dos docentes na construção da capacidade necessária
para estudar e interpretar os possíveis marcos socioculturais que influenciam a
educação física como prática social configuram a essência da profissão.
A prática pedagógica tem relação estreita com a prática social que
infere em sintonia entre teoria-prática e que é sustentada por objetivos, idealizando e
35
formulando questões em que estão presentes a subjetividade humana materializada
pelo conjunto de meios e instrumentos com os quais se exerce a ação.
As ações pedagógicas dos professores (fazer pedagógico), cuja
finalidade é a transformação do ser humano deve ser reflexiva, crítica e criativa. A
prática é a própria ação guiada e mediada pela teoria. A prática vale como
compreensão teórica respondendo às inquietações, indagações da ação.
Segundo Souza Junior (2001, p. 5) “a prática pedagógica não deve
esquecer a realidade concreta da escola e os determinantes sociais que a
circundam”. A teoria e a prática não existem isoladas, encontram-se configuradas
para um acontecimento único onde por necessidade pode preponderar a influência
de uma ou outra, mas mantendo uma característica primordial de unidade.
A noção de prática pedagógica pode ser ressignificada em sua
especificidade e reconceituada a partir de sua identidade epistemológica,
fundamentada em elaborações e iniciativas que busquem uma educação
comprometida com a transformação da sociedade, reconhecendo e defendendo a
Educação Escolar.
Nesse sentido, a Educação Física deve apresentar uma relação
coerente entre educação e sociedade, caracterizando o papel do professor e
servindo de justificativa para sua prática pedagógica.
O fazer pedagógico é representado por momentos complementares e
interligado a concepções, realizações, avaliações e relações pedagógicas. As
relações pedagógicas compreendem o vínculo estabelecido entre professor, aluno e
saber nos níveis afetivo, social e político. (VEIGA, 2003).
Um saber pedagógico permite contextualizar as práticas docentes e
inclui um saber sobre o ensinar e aprender em educação física. Uma fundamentação
específica propõe uma intervenção pedagógica desde a própria vivência pessoal
transformada em contexto sociocultural determinado. (KOMAR, 2001).
A prática pedagógica traduz uma situação em que há, sistemática e
intencionalmente, uma estreita relação entre o processo e produto da formação
humana, no que concerne à apropriação do saber.
De acordo com Souza Júnior (2001, p. 13-14) “numa área de
conhecimento e intervenção reconhecida como prática pedagógica, o objeto de ação
e reflexão é o próprio sujeito, implicando numa relação de reciprocidade entre a
ação inter e intra sujeitos.”
36
Assim, a ação pedagógica está continuamente em movimento
acompanhando o desenvolvimento da sociedade, por exemplo, exigindo do docente
conhecimento e intervenção sobre as tecnologias da informação e comunicação. A
utilização do computador como ferramenta para construção do saber e reflexão na
busca da autonomia.
2.4 Possibilidades que se Abrem com as Tecnologias da Informação e
Comunicação (TICs)
As tecnologias da informação e da comunicação produzem a
necessidade de que a escola inove com uma nova disciplina que trate de aproximar
o aluno do mundo tecnológico. O professor deve propiciar ao aluno está
aproximação explicitando o como usar a tecnologia a disposição como instrumento
educacional.
O contato externo com as ferramentas tecnológicas caracteriza a
escola como uma instituição ultrapassada na visão do aluno, pois o conhecimento
parece letárgico e incipiente.
Postman (2002, p.184), afirma que “trata-se de saber como os
significados de informação e educação se modificam quando novas tecnologias se
impõem sobre uma cultura.”
A educação é um processo flexível e com modificações a todo
instante. O professor gestor do processo educacional deve estruturar as diferenças
entre as culturas orais, escritas, impressas e eletrônicas e determinar o efeito de
conjunto ou a possível sobreposição de uma e outra. A proposta de uma Educação
tecnológica não é a introdução de uma disciplina técnica.
A abordagem construtivista-interacionista possibilita uma análise da
educação tecnológica aparentemente mais eficiente, já que a preocupação do
construtivismo é com a intenção da construção do conhecimento a partir da
interação do sujeito com o mundo, respeitando o universo cultural do aluno.
(FREIRE, 1989).
Portanto, há necessidade de exploração de diversas possibilidades
educativas com a proposição de tarefas cada vez mais complexas e desafiadoras
com vistas à construção do conhecimento individual e coletivo. A proposta
37
construtivista parece propor alternativas aos métodos diretivos, alicerçados na
prática da Educação Física.
De acordo com Postman (2002), Levy (1996), Savater (1998), Tedesco
(2002), Morin (2000) em relação à educação, o conhecimento técnico pode ser útil,
entretanto, o sentimento e a compreensão para agir em situações que exijam uma
postura reflexiva na análise dos efeitos sociais e políticos da sociedade deve ser
prioridade.
Postman (2002, p.185) afirma que “toda mudança tecnológica traz
vantagem e desvantagem em equivalência; por força da acessibilidade e velocidade
de sua informação diferentes tecnologias tem diferentes preferências intelectuais e
emocionais.”
A escola é a instituição que demarca um campo de atuação para
formação da sociedade e que de maneira bem elaborada ou não sofre a ação
política e intencional em relação ao desenvolvimento tecnológico.
Postman (2002, p.189), afirma que “a escola resistirá já que ninguém
inventou um modo melhor de introduzir os jovens no mundo da aprendizagem”. O
professor deve tomar posse desse desafio e aguçar as crianças no desejo de
conhecer mais e aprender trilhando os caminhos que estruturam a sociedade e com
perspectivas de mudanças a cada década.
O uso de recursos tecnológicos significa uma ferramenta para
aproximação do professor e aluno no acesso ao conhecimento. As novas
tecnologias ou as tecnologias disponíveis para essa tarefa contribuem como material
a disposição do docente para sua prática pedagógica. Mas indubitavelmente exige
um domínio do professor sobre o conteúdo abordado e que este mantenha sua
condição de mediador no processo de ensino/aprendizagem.
Essa mediação conduz a um caminho de mão dupla em que o
professor também aprende. Caracteriza-se assim, como aprendizagem colaborativa
que destaca a participação ativa e a interação, tanto dos alunos como dos
professores.
O conhecimento é visto como uma construção social e, por isso, o
processo educativo é favorecido pela participação social em ambientes que
propiciem a interação, a colaboração e a avaliação. Pretende-se que os ambientes
de aprendizagem colaborativos sejam ricos em possibilidades e propiciem o
crescimento do grupo.
38
As tecnologias permitem ao professor obter um leque de material
amplo e se bem estruturado torna a aula, o conteúdo e o aluno muito mais
envolvidos, não dispensando o norteador dessa situação que é o professor, principal
elemento para que se mantenha o objetivo do que se busca.
Arroyo (2000), esclarece que as novas tecnologias poderão transmitir
competências e informações com maior rapidez e eficiência que o professor. Não
darão, porém, conta do papel de socializador da escola, do encontro de gerações,
do aprendizado humano que se dá no convívio direto com as pessoas.
Segundo Moran, Masetto e Behrens (2003), a sociedade do
conhecimento provoca mudanças profundas em todos os setores da atividade
humana e nos leva a pensar seriamente na chamada educação continuada, pois o
que o aluno aprende na universidade só vai servir para, no máximo, um ano de
atividade profissional. Neste novo tipo de educação, a informática tem forte
participação, gerando informações mais rapidamente. A escola será o local aonde o
aluno vai “aprender a aprender”.
Levy (1996), determina a existência de três eras do conhecimento: o
oral, a escrita e a digital, sendo que esta última se apresenta com a velocidade da
comunicação. A linguagem digital está presente em todo o nosso mundo
contemporâneo. Assim a escola mudou a relação professor aluno, antes
individualista, para interdependência e a inter-relação dos seres humanos visando
uma vida melhor.
Perrenoud (2000) admite que a escola não pode ignorar o que se
passa no mundo. As novas tecnologias da informação e da comunicação
transformam as maneiras de se comunicar, de trabalhar, de decidir e de pensar.
Cabe ao professor utilizar a ferramenta multimídia no ensino, sem desconsiderar a
questão de saber que formação em informática deve dar aos alunos.
Tedesco (2002), considera que as novas tecnologias estão, acima de
tudo, recuperando o valor da leitura e da escrita. Na internet, não é a imagem que
predomina. É preciso manejar o código da leitura e da escrita de forma intensa. Há
várias linhas de análise a respeito do impacto dos computadores: para alguns
autores, as novas tecnologias representam um progresso importante por permitirem
combinar textos, passar de um a outro, construí-los com grande facilidade; para
outros, mais céticos, elas significam um retrocesso ao tempo dos pergaminhos e
papiros.
39
O professor necessita utilizar as novas tecnologias ativamente. Mas é
preciso distinguir a necessidade de transmitir a todos o domínio e acreditar que nem
tudo deva ser ensinado com elas. Há momentos nos quais, o professor com um livro
é insubstituível.
Em específico, na Educação Física escolar para o ensino médio, a
utilização da sala de informática depende da formação continuada do professor em
relação às tecnologias da informação e comunicação, bem como, no atendimento a
sua disciplina e estruturação dos objetivos que atendam aos alunos.
As possibilidades que se abrem com as tecnologias da informação e
comunicação estão relacionadas ao desenvolvimento do docente na utilização de
uma ferramenta indispensável a sociedade e ao crescimento intelectual do aluno
que percebe a importância para sua vida social e profissional do domínio básico das
ferramentas tecnológicas.
40
3 PERCURSO METODOLÓGICO
O caminho desenvolvido na pesquisa ressalta aspectos importantes da
investigação na Educação Física escolar. A necessidade de tornar explícito o passo
a passo epistemológico conduz a uma ação comunicativa que transforma em um
discurso coerente as informações sistematizadas pelo pesquisador como mediador
do processo.
A metodologia permite elencar minuciosamente os procedimentos e
instrumentos de coleta e análise sobre a situação problema observada que envolve
a prática pedagógica do professor de Educação Física em ambientes diferenciados
de ensino.
A essência deste capítulo é a caracterização da ótica sob a qual está
estruturada a pesquisa, apresentando as tendências predominantes da investigação,
considerando a discussão como empírico – analítica.
De acordo com Sánchez Gamboa (2001), devemos admitir a
pluralidade de abordagens e a diversidade de possibilidades de estudar um
problema, desmistificando assim a hegemonia de alguns métodos impostos pela
tradição em pesquisa. A relação lógica entre os passos metodológicos e referenciais
teóricos edifica conceitos epistemológicos que servem de subsídios para
estruturação da pesquisa.
A articulação lógica dos elementos que constituem a pesquisa exige
uma seqüência de relações entre a escola, o professor de educação física, os
alunos do ensino médio e o processo de elaboração da prática pedagógica que deve
gerar um conhecimento científico de qualidade sem comprometer a eficiência ou
mascarar o trabalho desenvolvido no ambiente educacional.
O plano de ensino da disciplina Educação Física Escolar pressupõe
uma relação de troca no ambiente educacional, agilizando o desenvolvimento dos
conteúdos atendendo as necessidades dos alunos e escola. A prática pedagógica
do professor toma forma como documento que prevê os acontecimentos durante o
cronograma escolar e assim conduz uma visão do futuro possibilitando a flexibilidade
do plano para adequação ou novas tomadas de decisão.
41
Assim, uma produção concreta do material permite realizar uma análise
profunda, identificar dificuldades e também sugerir alternativas de superação.
As diferentes formas e procedimentos de abordagem da realidade do
professor de Educação Física escolar têm implícitos diferentes pressupostos a
serem desvelados. Ao tratar da prática pedagógica adquire importância um estudo
de caráter qualitativo otimizando a utilização do material coletado com significado
para os atores da pesquisa e sociedade.
A ação promovida no desenvolvimento de uma aula gera um
comportamento ao qual estão agregados significados intelectuais e sociais. O
consenso em torno de um conteúdo estabelece o respeito à posição dos colegas e
delimita o ponto comum no atendimento ao coletivo. O comportamento meramente
reativo não é a preocupação principal da pesquisa.
Nesse sentido, os resultados e análises de relevância desempenham a
base estrutural dentro do processo de pesquisa, valorizando a construção do modelo
educacional.
3.1 Objetivos
O objetivo geral deste estudo é analisar a ação docente quanto ao uso
das novas tecnologias e observar suas implicações nas práticas pedagógicas do
professor, no ensino de Educação Física para o Ensino Médio.
Os objetivos específicos pretendem aprofundar o nosso conhecimento
sobre a prática pedagógica do professor de Educação Física no que segue.
Analisar e categorizar o tempo de gestão de aula como
elemento crucial para desenvolvimento da prática pedagógica
do professor de Educação Física.
Interpretar e organizar os dados referentes à aprendizagem de
cada subgrupo possibilitando uma visão individual dos
resultados.
42
Identificar o tempo não utilizado na prática pedagógica
tratando-o como resíduos na condição temporal explicando os
acontecimentos de ordem técnica, institucional e eventos
adversos.
Analisar a utilização do computador como ferramenta de
reflexão pedagógica e alternativa de modificação do ensino-
aprendizagem.
Compreender e estruturar a relação de diferentes ambientes
de ensino com prática pedagógica do professor de Educação
Física escolar no ensino médio.
3.2 Metodologia
A pesquisa tem como característica uma abordagem fenomenológica-
hermenêutica. A investigação foi de caráter qualitativo, pelo fato do interesse
centrar-se na prática do professor de Educação Física no ensino médio, no seu local
de trabalho, e nas condições que o rodeiam.
Santos e Gamboa (2002) caracterizam a abordagem fenomenológica-
hermenêutica como um processo que se vale da parte (o símbolo, o gesto, a
expressão, o texto, a manifestação do fenômeno), e caminha em direção do todo,
recuperando o contexto de significação (método compreensivo).
Santos e Gamboa (2002, p. 95) destacam que na abordagem
fenomenológica-hermenêutica “o conhecimento acontece quando captamos o
significado dos fenômenos e desvendamos seu verdadeiro sentido, recuperando os
contextos, com base nas manifestações empíricas (variantes).”
Assim, apoiado em um estudo de caso avaliativo, envolvendo a
descrição e interpretação, tive o propósito de utilizar os dados para avaliar a prática
pedagógica do professor de Educação Física na elaboração de um programa de
aulas para o ensino médio, utilizando novas tecnologias. Entendendo que esta
abordagem de estudo de caso permite uma visão profunda e holística do problema,
com referência a servir como modelo e marco de mudança na prática do trabalho
realizado pelo professor em sala de aula. (THOMAS; NELSON, 2002).
43
A história da Educação Física no Brasil é cercada de momentos que se
traduzem pela trajetória política do país e onde é caracterizada como um
instrumento de controle ou escape para situações de manutenção da ordem e da
massa popular em acordo com o governo.
Segundo Castellani Filho (1991), a história da Educação Física não
deve ser vista como verdade absoluta, mas como processo sujeito a constantes
reinterpretações.
Nesse panorama, reflete-se a falta de identidade da Educação Física
que desperta nos profissionais da área nos últimos dez anos inúmeras discussões
na procura de uma base comum para nortear as ações que promoverão a Educação
Física a um crescimento qualitativo principalmente na educação escolar em que, de
fato, ocorre o maior contato com os alunos em número e gênero, sendo possível
reconstruir culturalmente a visão escolar das aulas de Educação Física.
A necessidade compreender a disciplina Educação Física no ensino
médio foi pautada em documentos pertinentes ao desenvolvimento da pesquisa
como modo de garantia de fidedignidade, controle da validade interna e validade
externa, explorando um estudo de documentos oficiais a respeito do tema. Neste
momento utilizei o Projeto Político Pedagógico da Escola (2005) (Anexo A), Plano de
Ensino para Educação Física no Ensino Médio (2005).
Atrelados a estes documentos e aos documentos da Secretaria da
Educação do Estado de São Paulo, construí a primeira parte do caminho
desbravado.
3.3 Seleção da Escola Pesquisada
Como Professor de Educação Básica da Secretaria da Educação do
Estado de São Paulo (PEB II), tive meu ingresso no ano de 2001 na cidade de São
Paulo, região norte, bairro de Perus parte da Delegacia de Ensino Norte 1 de onde
no ano de 2003 consegui a remoção para Delegacia de Ensino de Mirante do
Paranapanema, transferindo minha sede para cidade de Euclides da Cunha Paulista
e, posteriormente, chegando no ano de 2004 à Delegacia de Ensino de Presidente
Prudente, tendo como sede uma escola da cidade de Martinópolis.
44
Decidido a pesquisar a prática pedagógica do professor de Educação
Física com a utilização das tecnologias da informação e comunicação (TICs) tive o
respaldo do meu orientador Professor Dr. Adriano que apontou os limites para
controle das variáveis e que em comum acordamos que esta pesquisa deveria
contemplar o ensino médio por se tratar de uma faixa etária na qual é bastante
comum a busca de perspectivas para um futuro como cidadão crítico e responsável
pelas mudanças na sociedade.
A quantidade de professores como amostra independente na pesquisa
também foi assunto já que uma única escola possibilitaria uma inclusão de
subgrupos relacionados ao número de salas de aulas a serem pesquisadas. A
decisão foi que um professor a ser observado contribuiria com êxito para o estudo
aprofundado da ação docente e uma estruturação de modelo de aulas de Educação
Física para o ensino médio.
Como professor efetivo da escola EE Cel. João Gomes Martins optei
por pesquisar minha própria prática. A Diretora da Escola foi comunicada e com
perspectivas de atendimento aos alunos exigiu que tal estudo constasse do Plano de
Ensino de Educação Física e também como Projeto da Escola para utilização da
sala de informática.
Em um primeiro momento observei a postura da diretora quando falou
sobre seu conceito de Educação Física gerando um receio em disponibilizar a infra-
estrutura necessária, bem como a dúvida sobre qual a qualificação do professor para
um empreendimento deste porte.
A imagem do professor de Educação Física escolar é maculada por
uma idéia de que tem a função de recrear, divertir, dispor um tempo de lazer para o
aluno em meio às disciplinas intelectuais. Entre nossos colegas de outras áreas este
discurso é o mesmo. Assim, a maneira que se encontra de desfazer ou de
desmistificar este conceito é utilizar ferramentas que sejam comum a todas as áreas
como apresentação de projetos em HTPC (Horário de Trabalho Pedagógico
Coletivo) e participação na tomada de decisão de assuntos pertinentes à escola e
aos professores.
Ultrapassada a primeira barreira, apresentei os dispositivos
necessários ao desenrolar da pesquisa reedificando junto à diretora, a coordenadora
e o corpo docente o contexto de realização do meu trabalho e a expectativa dos
frutos a serem colhidos. Consegui assim a liberação da infra-estrutura (sala de
45
informática, retro-projetor, sala de vídeo, sistema de som) e todo auxílio de recursos
humanos que fosse necessário.
Iniciei o trabalho no primeiro semestre de 2005 com intuito de perdurar
até o primeiro semestre de 2006.
A opção foi de efetuar a pesquisa nos segundos e terceiros anos do
ensino médio, contando com uma carga horária de duas horas semanais no
atendimento individual a cada sala. O horário era referente ao posicionamento da
disciplina Educação Física constando na grade oficial de horários da escola e
certificado pela Diretoria de Ensino de Presidente Prudente (DEPP). A composição
do objeto de estudo foi de quatro turmas do segundo ano do ensino médio
caracterizadas como 2ºA, 2ºB, 2ºC, 2ºD; e três turmas do terceiro ano do ensino
médio caracterizadas como 3ºA, 3ºB, 3ºC. A aplicação e observação da pesquisa
foram distribuídas pelos dois semestres de 2005 e, por segurança, com uma
margem de tempo para possível reestruturação no primeiro semestre de 2006.
Oportunamente não necessitamos de tal prorrogação para execução da pesquisa.
As turmas a serem observadas foram escolhidas aleatoriamente
considerando igualdade em relação ao desempenho escolar e caracterizando que o
objetivo é a análise da prática pedagógica do professor. Assim, um grupo
randomizado traduz a validade interna da pesquisa.
3.4 Considerações Sobre a Escola e os Sujeitos Pesquisados
A pesquisa foi realizada em uma escola estadual localizada na região
central da cidade de Martinópolis. A escola funciona com o Ensino Fundamental que
atende o Ciclo II regular e o Ensino Médio regular.
Nas proximidades da escola encontra-se uma escola de educação
municipal que atende o Ciclo I regular do Ensino Fundamental, ao fundo uma escola
particular que atende o Ensino Fundamental em sua totalidade e o Ensino Médio.
Ainda nas imediações uma escola de línguas, diversos estabelecimentos comerciais
e residências de classe média.
De acordo com as informações do Projeto Político Pedagógico (2005)
os alunos que estudam na escola vieram em sua maioria de outras escolas públicas
e poucos moram no mesmo bairro da unidade escolar. Os alunos são caracterizados
46
pelo seu local de origem destacando quatro possibilidades em relação a distância da
escola: os alunos do assentamento, os alunos do sem terra, os alunos da Grevilha e
alunos dos bairros adjacentes.
Os alunos do assentamento, sem terra e Grevilha dependem do
transporte escolar para ir e voltar da escola. Os moradores dos bairros adjacentes
fazem o trajeto até a escola com uma caminhada que leva em média vinte minutos.
Segundo as informações da Coordenação Pedagógica da Escola em
sua minoria eles possuem hábitos regulares de estudo, destacamos poucos que
usufruem cursos gratuitos de informática, oficinas de artesanato, cursos de línguas,
oferecidos pela prefeitura, bolsas particulares e projetos extra-sala de aula da
escola.
O prédio escolar é composto por três blocos. O primeiro tem dois
pavimentos. No pavimento superior há quatro salas de aulas, banheiro masculino e
feminino, biblioteca, sala de informática, arquivo morto. No pavimento inferior há
quatro salas de aula, diretoria, secretaria, banheiro masculino e feminino, sala da
coordenação. O segundo bloco possui três salas de aula e refeitório. O terceiro bloco
tem três salas de aula. O pátio amplo e coberto conta com a cantina, banheiro
masculino e feminino.
A escola possui, também, uma quadra coberta, uma quadra
descoberta, um campo de areia e uma área verde de porte médio.
No ano de 2005, a escola contava com cerca de 1300 alunos de quinto
ano Ensino Fundamental a terceiro ano do Ensino Médio, as quais eram distribuídos
nas quatorze salas do período diurno. O Ensino Médio em maior parte concentra-se
no período da manhã.
O horário de aulas do período da manhã tem início às sete horas e dez
minutos e término às doze horas e vinte minutos. O portão da escola permanecia
aberto até as sete horas e vinte minutos para que o aluno chegasse à sala de aula,
após o portão era fechado permitindo-se o acesso pela porta principal com ressalva
de entrar na sala de aula às oito horas, segunda aula. Questão de organização da
clientela escolar para o bom desempenho do aluno e da escola como um todo e uma
situação muito bem aceita por pais, professores e alunos em comum acordo.
47
3.5 Coleta de Dados
A coleta de dados ocorreu na escola EE Cel. João Gomes Martins
durante o ano de 2005.
Com o objetivo de conseguir material para avaliação da prática
pedagógica do professor de Educação Física ao trabalhar com alunos do segundo e
terceiro ano do ensino médio as seguintes informações foram consideradas:
Exame de documentos da Escola: Proposta Pedagógica, Projetos
desenvolvidos na área de Linguagens e Códigos e suas Tecnologias e Plano
de Ensino de Educação Física (2005).
Observações diretas realizadas com gravação de vídeo, registros em diário
de classe e produção de material didático dos alunos salvos em disco rígido
das aulas de Educação Física em turmas do segundo e terceiro ano do
ensino médio em ambientes diferenciados: sala ambiente de informática e
sala de aula convencional, quadra e pátio para prática corporal.
Aplicação de testes de resistência muscular localizada:
o Teste de abdominal em um minuto
o Teste de apoio de solo (Flexões de braços)
Aplicação de teste de Flexibilidade:
o Sentar e alcançar padronizado pelo MET (Ministério do Esporte e
Turismo).
Avaliação de Massa corporal:
o Estatura
o Avaliação do peso corporal.
o Aferição do percentual de gordura pelo método de dobras cutâneas.
Utilização do computador como ferramenta de aprendizagem – iniciação aos
conceitos de programas operacionais em computadores (Word, Excel, Power
Point).
Utilização da Internet como ferramenta de pesquisa sistemática.
Utilização de questionário diagnóstico, composto de três questões alternativas
e uma questão aberta. Roteiro do questionário (Apêndice B).
48
Entrevista semi estruturada com alunos das turmas focalizadas nos temas
principais por meio de formulação de questões.
Utilização do vídeo para observação da aula.
De acordo com Thomas e Nelson (2002), a flexibilidade em relação a
quantidade e ao tipo de dados que são reunidos, como também os procedimentos
utilizados na coleta de dados advêm de uma variedade de fontes tornando possível
o cruzamento de informações.
Avaliar o mérito de uma prática pedagógica, de um programa de aula
de Educação Física faz indispensável o contato com os possíveis elementos para
estruturação de uma abordagem holística do problema.
A prática pedagógica do professor de Educação Física não pode ser
estudada somente de maneira formal; os dados coletados devem ser classificados,
categorizados e interpretados qualitativamente.
Em contato com os documentos da escola tornou-se possível
diagnosticar qual o intuito da equipe administrativa e docente frente à realidade dos
alunos e quais metas tornavam-se importantes como base para ano de 2005.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio
despertaram o meu interesse em relação aos subsídios e orientação para atuação
do professor na otimização das aulas, em particular Educação Física, visando o
desenvolvimento das capacidades e habilidades do aluno individualmente.
Os alunos das turmas de segundo e terceiro ano do ensino médio
participaram em aulas de Educação Física em ambientes diferenciados como sala
de aula, sala de informática, quadra e pátio utilizando como determinantes de teoria
e prática a linguagem corporal (cultura corporal) e linguagem escrita e falada.
No tratamento de um grupo randômico, o número de observações foi
traçado de acordo com a necessidade dos subgrupos no atendimento as
determinações da escola para o não prejuízo ao aluno e seu desempenho escolar. O
total de duas horas em contato com cada turma por dia letivo foi estimado,
totalizando uma média de seis observações por turma.
Três observações em sala de informática e três observações em sala
de aula (aplicação de testes), todas realizadas pelo mesmo observador. As
observações foram realizadas no período matutino levando em conta os dias letivos
49
do ano de 2005 atendendo o horário das sete horas às doze horas e trinta minutos
restrito a grade de aulas da escola onde constava a disciplina Educação Física.
O total de observações diretas de aulas de Educação Física pode ser verificado na
tabela 1:
TABELA 1 – Estimativa de horas para observação da prática pedagógica total e por
subgrupos
Subgrupos Horas sala de informática Horas prática corporal
3A 6 6
3B 7 7
3C 7 7
2A 7 6
2B 7 6
2C 7 6
2D 6 6
Total 47 44
Fonte: O autor (2005).
As observações foram pontuadas e avaliadas por meio tempo de
aprendizagem acadêmica em Educação Física desenvolvido como instrumento
observacional por Siedentop (1982) e adaptado para utilização no estudo.
(THOMAS; NELSON, 2002).
Esse instrumento envolve a amostragem de tempo na qual um aluno é
observado por um período específico de tempo, e as atividades do aluno durante
aquele período de tempo são codificadas. O sistema de registro abrange:
a) A gestão do tempo de aula - situação ou ambiente de aprendizagem
estabelecido pelo o professor.
b) Conteúdo da instrução.
c) Desenvolvimento da tarefa quando o aprendiz está engajado na atividade.
d) Feedback considerado as respostas do aluno.
Os dados foram tratados com programa statistica 6.0 da statsoft por
meio de estatística descritiva, redução percentual, teste significância para p < 0,05.
Utilizamos análise de medidas estatísticas não paramétricas, composta por um teste
do observado versus o esperado (qui-quadrado) que fornece um teste estatístico
quanto a significância da discrepância entre os resultados observados e esperados.
A aplicação de testes de resistência muscular tomou corpo de
conteúdo pertinente a aula de Educação Física para que aluno pudesse sentir-se
50
como parte integrante do estudo propiciando uma atitude referente a construção da
aula limitado pelo tema principal. Todos os teste foram baseados na cartilha do
governo federal PROESP-BR (2004) - PROJETO ESPORTE BRASIL - Indicadores
de saúde e fatores de prestação esportiva em crianças e jovens. Manual de
Aplicação de Medidas e Testes Somatomotores - Protocolo da Rede Cenesp,
desenvolvido pelo Setor de Pedagogia do Esporte do CENESP/UFRGS. Segue a
descrição dos testes.
O teste abdominal ou teste de força-resistência (abdominal)
Material: Colchonetes de ginástica e cronômetro.
Orientação: O aluno posiciona-se em decúbito dorsal com os joelhos flexionados a
90 graus e com os braços cruzados sobre o tórax. O avaliador fixa os pés do
estudante ao solo. Ao sinal, o aluno inicia os movimentos de flexão do tronco até
tocar com os cotovelos nas coxas, retornando a posição inicial (não é necessário
tocar a cabeça no colchonete a cada execução). O avaliador realiza a contagem em
voz alta. O aluno deverá realizar o maior número de repetições completas em 1
minuto.
Anotação: O resultado é expresso pelo número de movimentos completos realizados
em 1 minuto
.
O teste de flexibilidade corrobora para uma análise das
conseqüências do sedentarismo em populações jovens inativas. Apresentando
resultados consistentes da atual condição de cada aluno se desperta a motivação na
busca de soluções para um problema pessoal envolvendo o coletivo que é a sala de
aula. Desperta o interesse na descoberta de situações que evitem ou previnam este
quadro.
Material: Trena e fita adesiva.
Orientação: Os alunos devem estar descalços. Estenda uma fita métrica no chão. Na
marca de 38,1 cm desta fita coloque um pedaço de fita adesiva de "45,0" cm
atravessada na fita métrica. A fita adesiva deve prender a fita métrica no chão. A
pessoa senta-se com a extremidade "0" da fita métrica entre as pernas. Os
calcanhares devem quase tocar a fita adesiva na marca dos 38,1 cm e estarem
separados cerca de 30,0 cm. Com os joelhos estendidos, a pessoa inclina-se
lentamente e estende as mãos o mais distante possível. A pessoa deve se manter
nesta posição o tempo suficiente para a distância ser marcada.
51
Anotação: O resultado é medido em centímetros a partir da posição mais longínqua
que o aluno pode alcançar na escala com as pontas dos dedos. Registra-se o
melhor resultado entre as duas execuções com anotação em uma casa decimal.
Medida da massa corporal
Material: Uma balança com precisão de até 500 gramas
Orientação: No uso de balanças o avaliador levará em conta sua calibragem. Na
utilização de balanças portáteis, recomenda-se sua calibragem prévia e a cada 8 a
10 medições. Sugere-se a utilização de um peso padrão previamente conhecido
para calibrar a balança.
Anotação: A medida deve ser anotada em quilogramas com a utilização de uma
casa decimal.
Medida da estatura
Material: Estadiômetro ou trena métrica com precisão até 2 mm.
Orientação: Na utilização de trenas métricas, aconselha-se a fixá-la na parede a 1
metro do solo e estendê-la de baixo para cima. Neste caso, o avaliador não poderá
esquecer de acrescentar 1 metro (distância do solo a trena) ao resultado medido na
trena métrica.
Para a leitura da estatura, deve ser utilizado um dispositivo em forma de esquadro.
Deste modo um dos lados do esquadro é fixado à parede e o lado perpendicular
junto à cabeça do estudante. Esse procedimento elimina erros decorrentes da
possível inclinação de instrumentos, tais como réguas ou pranchetas quando
livremente apoiados apenas sobre a cabeça do estudante.
Anotação: A medida da estatura é anotada em centímetros com uma casa decimal.
Avaliação de massa com aferição de dobras cutânea do tríceps e subescapular
dados que possibilitam fracionar o corpo em componentes e abrange aspectos
relacionados à saúde que desperta para a necessidade de adoção de hábitos
saudáveis para aquisição de qualidade de vida.
Na S.A.I. – sala ambiente de informática composta por 20
computadores completos, 2 scaners, tv 29 polegadas, quadro branco, ar
condicionado, mesa central para reuniões e com a presença de um técnico para
auxílio. O objetivo do projeto político pedagógico (2005) foi a integração da S.A.I. ao
cotidiano do aluno no período escolar e extra-escolar. A disciplina Educação Física
acontece no momento determinado para aula cumprindo a grade de horários da
escola.
52
A ação docente foi privilegiada interferindo com austeridade sobre essa
nova situação admitindo a responsabilidade na construção e uso desta nova
linguagem. A sala de informática traz os recursos e a aproximação do aluno ao
computador o conhecimento de uma ferramenta que faz parte do seu cotidiano e
que deve ser manuseada de maneira crítica e reflexiva, além de técnica.
A Internet como ferramenta de aprendizagem sistemática tem como
ponto principal o docente que tem a obrigação de ensinar a pesquisar o aluno do
ensino médio.
Definimos a pesquisa ou ato de pesquisar a restrita coleta de
informações via Internet em sítios especializados para os temas desenvolvidos em
aula, exigindo a formatação da pesquisa em programa Word. O modelo de
formatação consistia do numero de laudas (uma lauda), tamanho da fonte times new
roman 12, margens automáticas, citação de referência, opinião sobre o assunto.
Entrevista semi estruturada com os alunos observados na pesquisa
com flexibilidade na linguagem e na forma de abordar os assuntos de acordo com os
entrevistados o que possibilitou o enriquecimento do assunto para pesquisa. O aluno
sentia-se informal na maneira de abordar o assunto e de tecer críticas e elogios a
atuação do professor com relação à aula. As entrevistas estavam restritas a área
escolar posterior a aplicação da aula (apêndice C).
53
4 REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA PEDAGÓGICA
4.1 Os Bastidores da Prática Pedagógica
O cronograma de aulas foi impactante para os alunos. Aulas de
Educação Física teóricas e com abordagens de assuntos diferentes dos tradicionais
causou um determinado mal estar entre os alunos.
No conceito dos alunos, Educação Física é uma disciplina para
diversão ou descanso durante o período que este fica na escola. O trajeto histórico e
cultural da disciplina corrobora para tal situação.
Desde o quinto ano do ensino fundamental, o aluno tem a aula de
Educação Física como aprendizagem de técnicas esportivas limitadas aos esportes
coletivos mais tradicionais como o voleibol, futsal, basquetebol e handebol.
Uma modificação proposta no ensino médio causa resistência pelos
acontecimentos de sua trajetória escolar e sua expectativa de que um bom professor
é aquele que lhe permite uma falsa liberdade, admitindo a escolha entre a diversão e
o descanso.
Os conteúdos desenvolvidos nas aulas de Educação Física no Ensino
Médio, como parte efetiva da pesquisa, eram conectados. A teoria e ação efetuadas
na aula de prática corporal forneciam o material para ser explorado na S.A.I.
A aula de prática corporal envolvia a realização das medidas e testes
somatomotores relacionados à saúde e desempenho motor dos alunos.
A aula na sala ambiente de informática exigiu uma exploração de
caráter técnico dos programas computacionais utilizados na pesquisa, possibilitando
um entendimento do aluno e facilitando a utilização dos dados adquiridos por meio
da aula de prática corporal, bem como, a sistematização dessas informações para
discussões em aula.
As observações diretas realizadas com gravação de vídeo, registros
em diário de classe e produção de material didático dos alunos salvos em disco
rígido nas aulas de Educação Física possibilitaram uma gama de informações sobre
minha ação docente tendo como ponto de equilíbrio a relação professor com aluno e
a relação do aluno com o conhecimento.
54
O modelo de busca de informações oportunizado aos alunos, por não
permitir a cópia simples de dados para confecção de trabalhos, gerou protestos. Mas
o fato de obrigá-los a selecionar e organizar dados na construção de trabalhos de
pesquisa sistematizados veio em auxílio da produção de material didático utilizado
pelo docente como mediador do processo de aprendizagem. O aluno sentiu a
valorização de seu trabalho e o seu desenvolvimento nas discussões em sala de
aula sobre temas nos quais previamente possuía um sucinto conhecimento.
A contextualização para aplicação dos testes práticos para coleta de
dados foi o fator crucial. Os alunos questionaram o por quê deveriam realizar tais
exercícios. Qual a finalidade dessa proposta de aula?
Quando envolvidos com os testes em todos os âmbitos, como
aplicadores e na realização dos procedimentos do teste, despertaram um sentimento
de colaboração assumindo a responsabilidade como agente de integração e
tornando-se elemento ativo durante todo o percurso da aula e para o êxito do teste.
A utilização da sala de informática gerou bastante receio por parte da
direção e minha, pois o comportamento dos alunos poderia causar danos materiais à
escola.
Logo ficou claro que este foi um receio equivocado, pois a participação
na sala de informática foi bem sucedida, já que o empenho dos alunos em realizar
as tarefas propostas produziu efeitos acima da expectativa.
A gravação do “vídeo taipe” foi satisfatória após algumas aulas
experimentais, assim a câmera de vídeo passou desapercebida em todos os
momentos da aula. A entrevista aberta e gravada em vídeo possibilitou o
posicionamento do aluno tendo em vista que o entrevistador era um colega de
classe.
Durante a aula um colega gravava aleatoriamente as atividades dos
alunos na sala de informática com permissão de todos os participantes o que
possibilitou um ambiente de colaboração e respeito mútuo.
A utilização do computador foi efetuada por meio de aulas técnicas de
procedimentos sobre cada tópico, iniciando pelo editor de texto e planilha de Excel,
caracterizando modelos estatísticos para plotagem de dados e utilização de
fórmulas.
A instrumentalização do aluno aconteceu partindo do conhecimento
prévio que este possuía sobre informática. Diagnosticado qual o estágio que o aluno
55
se encontrava traçamos as estratégias de atendimento a todos os participantes da
aula utilizando a aprendizagem colaborativa como meio eficaz para evitar que o
professor perdesse a característica de mediador, transformando-se em um tutor das
ações atingindo assim suas expectativas.
Surgem então os monitores, alunos com um conhecimento mais
avançado em relação aos colegas que naturalmente tendem a contribuir para o
esclarecimento de dúvidas. Esse diálogo que surge entre alunos é providencial pois
a construção do conhecimento faz com que a aceitação do colega e assimilação da
informação passe por uma reflexão e probabilidade de troca mútua.
4.2 Análise Documental: Aspectos Políticos-Pedagógicos
A análise dos documentos possibilita uma compreensão efetiva da
responsabilidade do professor de Educação Física no quadro de mudanças da
educação em relação ao ensino médio.
O Projeto Político Pedagógico é o documento que confere à escola sua
identidade, pois contempla as intenções comuns de todas as partes que compõem a
escola, norteia o gerenciamento das ações intra-escolares e operacionaliza sua
proposta pedagógica.
Os desafios no exercício da gestão educacional são estabelecidos
posto que esta se fundamenta em uma visão sistêmica, aberta e dinâmica, que
valoriza a contradição, o conflito e a transformação.
A responsabilidade pelo crescimento da escola cabe a todo o elemento
humano que a constitui, a fim de que compartilhem, estabeleçam objetivos de forma
conjunta e sejam acionadores de uma nova proposta de realidade escolar,
adequando a escola às exigências da sociedade de informação, do conhecimento e
da aprendizagem.
O Projeto Político Pedagógico configura um momento importante para
a busca da renovação da escola e de suas práticas. A proposta de trabalho dos
profissionais e as ações de interferência relativas a descrição de acompanhamento e
avaliação das mesmas ao longo de seu processo de operacionalização permitem um
enquadramento da disciplina Educação Física no atendimento as necessidades da
escola e corpo discente.
56
Portanto, a partir do Projeto Político Pedagógico de uma escola se
configura a intencionalidade do processo educativo e o caminho para um objetivo
claramente definido. O aperfeiçoamento do trabalho da equipe docente caracteriza
um desses objetivos, pois cabe a equipe planejar estratégias para a utilização
efetiva dos recursos didáticos, disponíveis nos espaços pedagógicos da escola,
como por exemplo à sala de informática.
A reorganização dos espaços pedagógicos de modo a transformar a
escola em um ambiente atraente para os jovens e mais adequado a sua socialização
e aprendizagem é uma das finalidades da equipe escolar para o atendimento a
comunidade.
O Projeto Político Pedagógico é uma construção coletiva que possibilita
o aprimoramento da gestão pedagógica e administrativa, criando oportunidades para
promover a responsabilidade.
Segundo Soares (2005, p. 25), “um projeto político pedagógico
representa uma ação deliberada e estratégica. Político porque expressa uma
intervenção em determinada direção e é pedagógico porque realiza uma reflexão
sobre a ação.”
O projeto político pedagógico representa o percurso do homem no seu
processo de apreensão do conhecimento científico selecionado pela escola, ou seja,
seu projeto de formação.
A Proposta Pedagógica da escola (Projeto Político Pedagógico)
corresponde a uma carta de intenções da equipe escolar com objetivo de concretizar
o que a equipe planejou coletivamente, porém deve ser avaliada constantemente,
possibilitando a revisão do processo educativo. A proposta articula o plano de ensino
de todas as disciplinas que compõem a grade curricular do ensino médio a qual
neste momento destacaremos atenção ao Plano de Ensino de Educação Física
escolar.
No ensino médio a formação do aluno deve ter como alvo principal a
aquisição de conhecimentos básicos, a preparação científica e a capacidade de
utilizar as diferentes tecnologias relativas às áreas de atuação.
Propõe-se, no nível do Ensino Médio, a formação geral, em oposição à
formação específica; o desenvolvimento de capacidades de pesquisar, buscar
informações, analisá-las e selecioná-las; a capacidade de aprender, criar, formular,
ao invés do simples exercício de memorização. (BRASIL, 1999, p. 15).
57
Pensar um novo currículo para o Ensino Médio coloca em presença
estes dois fatores: as mudanças estruturais que decorrem da chamada “revolução
do conhecimento”, alterando o modo de organização do trabalho e as relações
sociais; e a expansão crescente da rede pública, que deverá atender a padrões de
qualidade que se coadunem com as exigências desta sociedade. (BRASIL, 1999, p.
16).
O papel da educação na sociedade tecnológica mostra um novo
paradigma que emana da compreensão de que, cada vez mais, as competências
desejáveis ao pleno desenvolvimento humano aproximam-se das necessárias à
inserção no processo produtivo. (BRASIL, 1999, p. 23).
Uma nova concepção curricular para o Ensino Médio deve expressar a
contemporaneidade e, considerando a rapidez com que ocorrem as mudanças na
área do conhecimento e da produção, ter a ousadia de se mostrar prospectiva.
(BRASIL, 1999, p. 24). A revolução tecnológica, por sua vez, cria novas formas de
socialização, processos de produção e, até mesmo, novas definições de identidade
individual e coletiva. (BRASIL, 1999, p. 25).
O Art. 26 da LDB determina a obrigatoriedade, nessa Base Nacional
Comum, de “estudos da Língua Portuguesa e da Matemática, o conhecimento do
mundo físico e natural e da realidade social e política, especialmente do Brasil, o
ensino da arte [...] de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos, e a
Educação Física, integrada à proposta pedagógica da escola”. (BRASIL, 1999, p.
31).
A organicidade dos conhecimentos fica mais evidente ainda quando o
Art. 36 da LDB estabelece, em seu parágrafo 1º, as competências que o aluno, ao
final do Ensino Médio, deve demonstrar : Art. 36, § 1º. “Os conteúdos, as
metodologias e as formas de avaliação serão organizados de tal forma que ao final
do ensino médio o educando demonstre:
I - domínio dos princípios científicos e tecnológicos que presidem a produção
moderna;
II - conhecimento das formas contemporâneas de linguagem;
III - domínio dos conhecimentos de Filosofia e de Sociologia necessários ao
exercício da cidadania.” (BRASIL, 1999, p. 31).
As considerações gerais sobre a Lei indicam a necessidade de
construir novas alternativas de organização curricular comprometidas, de um lado,
58
com o novo significado do trabalho no contexto da globalização econômica e, de
outro, com o sujeito ativo que se apropriará desses conhecimentos, aprimorando-se,
como tal, no mundo do trabalho e na prática social. (BRASIL, 1999, p. 31)
Podemos, assim, falar em linguagens que se inter-relacionam nas
práticas sociais e na história, fazendo com que a circulação de sentidos produza
formas sensoriais e cognitivas diferenciadas. O uso da informática como meio de
informação, comunicação e resolução de problemas, a ser utilizada no conjunto das
atividades profissionais, lúdicas, de aprendizagem e de gestão pessoal (BRASIL,
1999, p. 33).
Na proposta de reforma curricular do Ensino Médio, a
interdisciplinaridade deve ser compreendida a partir de uma abordagem relacional,
em que se propõe que, por meio da prática escolar, sejam estabelecidas
interconexões e passagens entre os conhecimentos através de relações de
complementaridade, convergência ou divergência. (BRASIL, 1999, p. 36)
As competências e habilidades a serem desenvolvidas na área de
linguagens, códigos e suas tecnologias e em específico na Educação Física
caracterizam a construção do ato pedagógico do professor. Como exemplo, a
discussão deste estudo aproxima a competência de representação e habilidade de
comunicação com a aplicação das tecnologias da comunicação e da informação na
escola, no trabalho e em outros contextos relevantes em sua vida.
A competência de investigação e habilidade de compreensão
possibilita o entendimento dos princípios das tecnologias da informação e da
comunicação, associando-as aos conhecimentos científicos, as linguagens que lhes
dão suporte e aos problemas que se propõem solucionar.
A contextualização sócio-cultural caracteriza o entender o impacto das
tecnologias da comunicação na sua vida, nos processos de produção, no
desenvolvimento do conhecimento e na vida social.
As propostas de mudanças qualitativas para o processo de ensino
aprendizagem no nível médio indicam a sistematização de um conjunto de
disposições e atitudes como pesquisar, selecionar informações, analisar, sintetizar,
argumentar, negociar significados, co-operar, de forma que o aluno possa participar
do mundo social. (BRASIL, 1999, p. 125).
A LDB nº 9.394/96 aponta as finalidades específicas do ensino médio:
a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino
59
fundamental; o prosseguimento dos estudos o preparo para o trabalho e cidadania; o
desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico; e a
compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos,
relacionando a teoria e a prática. (BRASIL, 1999, p. 155).
O professor de Educação Física passa a ser mais exigido quanto a sua
qualificação e ao uso de seu conhecimento, principalmente, no que corresponde ao
planejamento de atividades que venham ao encontro dos interesses e necessidades
dos alunos.
O Projeto Político Pedagógico (2005) apresenta como uma de suas
diretrizes desencadear o uso de tecnologias da informação e comunicação para que
contribuam com o desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem.
O Projeto Político Pedagógico (2005) caracteriza como objetivos da
unidade escolar preparar o aluno para estar inserido na sociedade contextualizando
e interagindo em um mundo globalizado e desenvolvendo as habilidades e
competências para que os alunos possam aplicá-las no cotidiano.
Portanto, a linha pedagógica da unidade escolar possibilita uma
conexão entre currículo e contexto social oferecendo condições para o
desenvolvimento global do aluno.
O plano de ensino anual corresponde ao atendimento dos objetivos do
Projeto Político Pedagógico, Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio,
Lei de Diretrizes e Bases e configura essência da Proposta Pedagógica da Escola.
Como maior esclarecimento deste estudo acreditamos que o Plano de Ensino
representa o vínculo do professor e o estabelecimento dos conteúdos a serem
abordados levando em consideração os documentos supracitados.
A seguir a exposição na íntegra do Plano de Ensino de Educação Física.
60
4.3 Projeto de Educação Física – 2005
EE Cel João Gomes Martins
INTRODUÇÃO
O ensino médio compõe o ciclo de aprofundamento da sistematização
do conhecimento. O aluno começa a compreender que há propriedades comuns e
lidar com a regularidade científica.
A Educação física atenta aos problemas do presente não poderá deixar
de eleger, como uma das suas orientações centrais, a da educação para a saúde.
Pretendendo assim prestar serviços a educação social dos alunos e contribuir para
uma vida produtiva, criativa e bem sucedida.
O aluno do ensino médio, após, ao menos, onze anos de
escolarização, deve possuir sólidos conhecimentos sobre aquela que denominamos
cultura corporal.
OBJETIVOS
Demonstrar autonomia na elaboração de atividades corporais, assim
como capacidade para discutir e modificar regras, reunindo elementos de varias
manifestações de movimento e estabelecendo uma melhor utilização dos
conhecimentos adquiridos sobre a cultura corporal.
JUSTIFICATIVA
A Educação Física escolar funciona com uma disciplina que introduz e
integra o aluno na cultura corporal do movimento, formando o cidadão que vai
produzi-la, reproduzi-la e transformá-la, instrumentalizando-o para usufruir dos jogos,
dos esportes das danças, das lutas e das ginásticas em benefício do exercício crítico
da cidadania e da melhoria da qualidade de vida.
O jovem de hoje é atuante, crítico, conhecedor dos seus direitos,
exposto a toda espécie de informações veiculadas pela mídia. Assim a elaboração
61
de um planejamento envolvente e coerente torna-se imprescindível para que
comprove a importância das praticas esportivas e atividades relacionadas à saúde
no cotidiano.
METODOLOGIA
Aulas em quadra objetivando a aprendizagem dos desportos e suas
regras.
Aulas em sala (teoria).
Dança.
Capoeira.
Informática.
Organização e estruturação de trabalhos.
AVALIAÇÃO
A avaliação será contínua através de observação e aplicação de testes
práticos e teóricos sobre os conteúdos aplicados.
62
4.3.1 Conteúdos utilizados para aula de Educação Física do 2º ano Ensino
Médio (A/B/C/D)
Pesquisa sobre “Obesidade”
Informática – utilização do Word para produção de textos
Avaliação física antropométrica e de composição corporal
Informática – utilização do Excel na construção de gráficos
Recordatório das atividades do cotidiano
Atividades físicas do cotidiano
Tipos de atividade física
Painéis do material produzido pelos alunos
Resultados locais das atividades realizadas
Noções de nutrição
Recordatório nutricional local
Correlação nutrição e atividades do cotidiano
Testes motores relacionados aos esportes
Testes abdominais em um minuto
Teste de apoio de solo máximo de repetições
Teste de flexibilidade – sentar e alcançar
Parte cardiorespiratória – caminhada X corrida
Pesquisa sobre nutrição “dietas – todos os tipos”
Intensidade da atividade física
Benefícios e cuidados com a prática de atividades e exercícios físicos
Aspectos fisiológicos na prática de atividades físicas
Vestimenta – ideal para todas as ocasiões
Quantidade e qualidades nos exercícios físicos
Objetivos individuais na prática das atividades físicas cotidianas
Mitos e imitação: qual o preço da vida?
Jogos de futsal regras oficiais/ com regras modificadas
Jogos de voleibol regras oficiais/ com regras modificadas
Jogos de handebol regras oficiais/ regras modificadas
Jogos de basquetebol – street regras modificadas
Jogos de mesa com apresentação e construção dos apetrechos necessários.
Jogos recreativos e cooperativos zelando pela construção e interação dos
alunos
Jogos interclasse – produção e responsabilidade dos alunos, ética e
cidadania
Capoeira folclore e sua inserção no contexto nacional
Dança contemporânea – ritmos locais, origem e desenvolvimento
Informática utilização do programa sapaf jovem
Organização e estruturação de trabalhos e pesquisas dentro de normas
estabelecidas
Apresentação de trabalhos oral e painéis
Avaliação teórica e prática somativa e contínua considerando o desempenho
global do aluno no desenvolvimento do conteúdo apresentado.
63
4.3.2. Conteúdos utilizados para aula de Educação Física do 3º ano Ensino
Médio (A/B/C)
Pesquisa sobre “Gasto energético ou calórico em diversas atividades físicas
ou exercícios fisicos”
Informática – utilização do Word para produção de textos
Avaliação física antropométrica e de composição corporal
Informática – utilização do Excel na construção de gráficos
Recordatório das atividades do cotidiano programa sapaf jovem
Atividades físicas do cotidiano
Tipos de atividade física
Painéis do material produzido pelos alunos
Resultados locais das atividades realizadas
Noções de nutrição
Recordatório nutricional local sapaf jovem
Correlação nutrição e atividades do cotidiano
Testes motores relacionados aos esportes
Testes abdominais em um minuto
Teste de apoio de solo máximo de repetições
Teste de flexibilidade – sentar e alcançar
Parte cardiorespiratória – caminhada X corrida
Pesquisa sobre nutrição “dietas – todos os tipos”
Intensidade da atividade física
Benefícios e cuidados com a prática de atividades e exercícios físicos
Aspectos fisiológicos na prática de atividades físicas
Vestimenta – ideal para todas as ocasiões
Quantidade e qualidades nos exercícios físicos
Objetivos individuais na prática das atividades físicas cotidianas
Mitos e imitação: qual o preço da vida?
Jogos de futsal regras oficiais/ com regras modificadas
Jogos de voleibol regras oficiais/ com regras modificadas
Jogos de handebol regras oficiais/ regras modificadas
Jogos de basquetebol – street regras modificadas
Jogos de mesa com apresentação e construção dos apetrechos necessários.
Jogos recreativos e cooperativos zelando pela construção e interação dos
alunos
Jogos interclasse – produção e responsabilidade dos alunos, ética e
cidadania
Capoeira folclore e sua inserção no contexto nacional
Dança contemporânea – ritmos locais, origem e desenvolvimento
Informática utilização do programa sapaf jovem
Organização e estruturação de trabalhos e pesquisas dentro de normas
estabelecidas
Apresentação de trabalhos oral e painéis
Avaliação teórica e prática somativa e contínua considerando o desempenho
global do aluno no desenvolvimento do conteúdo apresentado.
64
4.4 A Produção do Vídeo no Ambiente de Aula
Na pesquisa utilizamos como registro para observação das aulas de
Educação Física no Ensino Médio a gravação em vídeo que possibilitou a produção
de um material exclusivo para análise.
A câmera de vídeo foi introduzida durante as aulas de Educação Física
no estudo piloto para permitir a adaptação dos alunos e a manipulação desse
material. Durante as aulas de prática corporal e aulas na sala ambiente de
informática a câmera de vídeo era posicionada em um apoio e a gravação efetuada
enquadrando todo o ambiente de aprendizagem. Em um segundo momento a
gravação era efetuada com deslocamento, o aluno com a câmera caminhava pelo
ambiente de aprendizagem aproximando as imagens e coletando informações que
poderiam ser necessárias.
O objetivo da gravação do vídeo para pesquisa era de registrar a aula
de Educação Física em ambientes diferenciados e também aproximar o aluno de
uma ferramenta tecnológica a qual este tem acesso apenas como receptor.
A utilização do vídeo foi interessante para introduzir um novo assunto
nas aulas de Educação Física e para despertar a curiosidade, a motivação para
novos temas. Isso provocou o desejo de pesquisa nos alunos para aprofundar o
assunto discutido em cada aula.
O vídeo ajudou a mostrar o que se fala em aula e a compor cenários
desconhecidos dos alunos. O exemplo foi em relação ao comportamento dos alunos
em sala de aula e a condição de atores na realidade de um evento talvez entendido
como comum no seu cotidiano.
A característica de sofisticação da aula gerou uma experiência
diferente na vida escolar interpretada pelo aluno como valorização da sua
participação e disposição de recursos que aumentaram a qualidade da aula ou do
tempo de aprendizagem. A gravação do vídeo possibilitou um crescimento da
motivação do aluno e uma determinada afinidade com a câmera.
O registro das aulas e as entrevistas facilitaram o trabalho do professor
e dos alunos que atuaram como repórteres junto aos colegas. O professor pode
documentar o que foi importante para o seu trabalho, obtendo o seu próprio material
de vídeo registrando o conteúdo de suas aulas.
65
A intervenção do professor fica clara na distribuição dos tópicos que
foram averiguados na aula, a interferência e modificações corroboram com a
anotação do tempo em minutos coletado com um cronômetro em tempo real
determinando a globalidade do programa da aula. O vídeo permite novas
interpretações, e aproximação do contexto do aluno transformando a aula em um
momento significativo na relação professor e aluno.
A apresentação aos alunos do vídeo como expressão, como nova
forma de comunicação, adaptada à sensibilidade principalmente dos adolescentes
incentivou o máximo possível a produção dos trabalhos tendo como ferramenta o
computador.
A produção em vídeo tem uma dimensão moderna e lúdica para o
adolescente que se sente importante na construção do momento. A dimensão
moderna aparece como um meio contemporâneo, novo e que integra linguagens
que exigem do aluno o uso de sua personalidade e uma produção intelectual no
momento de entrevista que mostra sua importância na escola. A dimensão lúdica,
pela câmera nas mãos do colega repórter que permite brincar com a realidade,
explorar o ambiente.
O ato de filmar foi uma das experiências mais envolventes para os
alunos, pois incentivados a produzir dentro de uma determinada matéria, inseriu uma
responsabilidade na produção de qualidade das entrevistas.
A análise do grupo e dos papéis de cada um, permitiu modificações no
comportamento, do ponto de vista participativo, por incentivar os mais retraídos e
possibilitar aos que falam muito dividir o espaço com os colegas. O professor pode
examinar sua comunicação com os alunos, suas qualidades e defeitos.
A análise global durante a entrevista não estruturada partiu da
formulação de quatro questões:
1) Quais os aspectos positivos da aula de Educação Física na S.A.I. e na Prática
Corporal?
2) Quais os aspectos negativos da aula de Educação Física na S.A.I. e na Prática
Corporal?
3) Quais as idéias principais que marcaram aula na sua opinião?
4) Você teria alguma proposta de mudança para aula?
As questões foram respondidas individualmente ou em pequenos
grupos como discussão. Os alunos destacavam as coincidências e divergências
66
sobre a aula e em determinados momentos referiam-se a condução da aula pelo
professor.
A expressão dos valores e sistematização das informações, geradas
pelos alunos, necessitaram de uma análise concentrada do pesquisador na
observação do vídeo e registro da fala dos adolescentes. A possibilidade de
identificação das dúvidas e retomada posterior dos pontos cruciais que geraram as
dúvidas conduziram o professor a uma reflexão e nova discussão com o aluno sobre
o conteúdo, talvez, não esclarecido.
Nesse momento, o professor destacava o que mais chamou a atenção
dos alunos durante a exposição do conteúdo. Os significados atribuídos ao
desenvolvimento da aula, na visão do aluno, alimentam uma nova formação
intelectual em sentido de reciprocidade. Esses significados permitiram a percepção
futura das conseqüências e aplicações desses conhecimentos adquiridos para uma
melhor qualidade de vida do grupo e com perspectivas para uma transformação
social.
O vídeo enriquece a análise do grupo, pois, exemplifica os mecanismos
envolvidos no tratamento da informação mais claramente porque são percebidos na
análise da própria produção. As posturas políticas e até as interferências ideológicas
no processo de escolha também se mostram mais evidentes.
Assim, o importante foi o despertar do aluno para todo o processo
informativo, às mediações conjunturais e o processo de produção do conhecimento
que interferem nos resultados.
67
5 RESULTADOS E ANÁLISE DA PESQUISA
Os resultados e análise da pesquisa configuram dois momentos
importantes na construção da prática pedagógica. O primeiro momento é a relação
professor e aluno constituído pela construção de significados para os conteúdos e
aproximação da realidade de ambos gerando uma reciprocidade no ato de ensinar e
aprender.
O segundo momento configura a avaliação da prática pedagógica do
professor no atendimento as suas funções institucionais, caracterizando o
desempenho desse profissional nas aulas de ensino médio de maneira quantitativa e
qualitativa.
5.1 Construção da Prática Pedagógica Relação Aluno/Professor
O questionário diagnóstico utilizado para uma aproximação com os
alunos e apresentação de um plano de ensino de Educação Física diferenciado
colaborou na estruturação das atividades. O posicionamento dos alunos foi além das
expectativas na observação de que as atividades teóricas e práticas assumiram uma
função objetiva na aula de Educação Física. A aula como “tempo de fazer nada” foi
desmistificada e a necessidade de uma posição concreta frente a proposta mostrou
que os alunos sabem claramente o que significa essa fase de suas vidas e suas
perspectivas futuras.
A questão nº 1 foi referente aos programas conhecidos pelo aluno no
computador. O gráfico 01 mostra que, de um total de 300, 232 alunos (77,3%)
possuem conhecimentos básicos sobre informática o que permite o uso da S.A.I.
(sala ambiente de informática).
68
300
200
77,3%
150
100
22,7%
50
0
conhece não conhece
GRÁFICO 01 – Conhecimento dos programas de computador
Fonte: O autor (2005).
O conhecimento dos programas individualmente está registrado no
Gráfico 02, que possibilita a visualização da classificação dos programas e indica o
potencial de utilização pelo aluno.
Destacamos a Internet e o editor de texto Word como os mais
utilizados pelos alunos do ensino médio como ferramenta de construção de
trabalhos digitados e buscas de assuntos ou pesquisa para as disciplinas afins.
Internet
33%
word
31%
ppt
12%
excel
24%
GRÁFICO 02 – Conhecimento por programa do computador
Fonte: O autor ( 2005).
69
A questão nº 2 realça o conhecimento do aluno em relação ao
computador graduando em básico, médio, avançado e nenhum. O gráfico 03 indica
que a maioria dos alunos possui o nível de conhecimento básico ou acima do básico
tranqüilizando o desenvolvimento das atividades na S.A.I.
Os alunos que não possuíam conhecimento algum tiveram
possibilidade de aprendizagem junto aos pares, pois foram nas aulas conduzidos a
participar com os colegas de nível médio e avançado.
avançado
60
nível
72
médio
básico
100
20 40 60 80 100 232
0
nº de alunos
GRÁFICO 03 – Nível de conhecimento dos programas
Fonte: O autor (2005).
A questão nº 3 indica a possibilidade de posse de um computador
pessoal por parte dos alunos.
O gráfico 04 destaca que do total de 300 alunos mais da metade possui
um computador em casa e os que não possuem computador pessoal afirmam em
parte freqüentar lan house, os computadores da própria escola em programas de fim
de semana (ex: escola da família).
70
Não possui
Computado
133
Possui
comput doa
r
167
GRÁFICO 04 – Computador pessoal
Fonte: O autor (2005).
A nº 4, caracterizada como questão aberta, se referia à importância que
o aluno atribui ao desenvolvimento de aulas que utilizem o computador na escola de
ensino médio. O gráfico 05 mostra com clareza a perspectiva futura dos alunos do
ensino médio e a forte relação com a possibilidade profissional.
O discurso de 53% dos alunos foi referente ao mercado de trabalho e à
necessidade de que o candidato a este mercado possua condições básicas para
efetuar com sucesso o trabalho requerido. A maioria das atividades profissionais
exige um determinado conhecimento tecnológico. O mercado de trabalho, por
exemplo, o comércio assimila de imediato esse novo componente da população
ativa e exige o conhecimento básico em informática.
Os 12% que não têm interesse despertaram a curiosidade para
realmente descobrirmos o que significa não ter interesse e se essa resposta traduz o
desenvolvimento limitado do aluno.
Assim, no percurso da pesquisa os alunos desinteressados
apresentaram uma mudança substancial, verificada no seu desenvolvimento em
cada aula realizada. Esses alunos, em sua maioria (10%) integraram e entenderam
a proposta da aula mudando suas críticas iniciais produzidas sobre uma ótica de
rebeldia relacionada a inúmeros problemas sociais e pedagógicos.
71
profissional
53%
conhecimento
19%
aprimoramento
16%
não tem interesse
12%
GRÁFICO 05 – Computador ferramenta de aprendizagem
Fonte: O autor (2005).
Partiremos agora da definição de aula como espaço e tempo em que o
professor passa ao aluno uma série de exercícios. O momento aula historicamente
carrega a determinação de relações de poder e submissão. O professor é o sábio e
o aluno um ser vazio que necessita de conhecimento para crescer.
Severino et al. (2002, p. 44) afirma que a aula demanda a relação
professor-aluno no mais alto aspecto tradicional mantendo a ação docente em uma
base de racionalidade técnica.
Esse modelo técnico sofre alterações na sociedade em virtude da
necessidade de resgatar o relacionamento mais humano de forma sistemática e
intencional.
O aluno e o professor transcendem a necessidade de receber
informações cumulativas, e sim exigem um comportamento de diálogo e construção
de saberes que eliminam aula tradicional substituindo por um novo modelo de aula
em que as relações de poder estão equiparadas e a submissão não é permitida.
Portanto, consideramos aula como um evento de magnitude única que
mantém algumas características básicas. O desenvolvimento da aula se conecta a
realidade da comunidade local. O espaço e tempo são variáveis quantificáveis que
possibilitam o estudo de uma ação.
O evento é entendido em três momentos na análise da prática
pedagógica do professor:
72
A instrução – momento em que o professor limita o conteúdo a
ser estudado e indica os procedimentos que possibilitam sua
análise. O limite identifica o tema abordado e a importância de
uma observação organizada e sistematizada.
O desenvolvimento da tarefa – momento em que o professor
permite ao aluno uma relação íntima com o objeto de estudo,
admitindo uma possibilidade de interferência que não informe a
resposta às dúvidas, mas sim indique os caminhos.
Feedback – momento de discussão e diálogo sobre o objeto de
estudo. O professor atento para as possibilidades de respostas
diferentes produzidas individual ou coletivamente pelos alunos.
A fragmentação do evento possibilita uma visualização de qualidade
entendendo que as partes justificam o trabalho do professor e que a aula é a
essência desse profissional.
TABELA 2 – Valores em minuto da observação das aulas
Grupos Aula S.A.I. informática Aula de prática corporal Total gestão (min)
3A 360 360 720
3B 420 420 840
3C 420 420 840
2A 420 360 780
2B 420 360 780
2C 420 360 780
2D 360 360 720
Total 2820 2640 5460
A tabela 2 mostra a distribuição de tempo em minutos por grupo e o
total que é referente ao professor como mediador do evento. Essa distribuição
estava atrelada ao desenvolvimento das atividades da escola o que
providencialmente não permite uma equiparação real dos tempos para suprir a
demanda de conteúdo previsto.
O tempo previsto de aula está relacionado a hora relógio (60 minutos),
o tempo de aprendizagem ou de aquisição é discutido pois está relacionado
intrinsecamente com as múltiplas inteligências e com fatores externos que
influenciam o desenvolvimento do aluno.
73
Observamos que a aula focaliza o indivíduo contextualizado, com suas
inteligências e seus diferentes estilos de aprendizagem, promove uma integração
temática desenvolvida por atividades que incorporam as instruções e os conteúdos-
padrão, conectando assuntos e habilidades naturalmente encontrados na vida.
Segundo Moraes (1997, p. 183), “projetos de interesse dos alunos, que
interligam temas que exploram assuntos interdisciplinares, revelam o perfil individual,
suas forças e suas fraquezas, além de diferentes capacidades intelectuais.”
Com base no projeto realizado e realçando a ligação entre a proposta
pedagógica da escola e o plano de ensino de Educação Física, é possível perceber
a congruência interna com o tema e todo o desempenho do professor no
desenvolvimento do evento.
Para Moraes (1997), esses tipos de projetos facilitam a ação
interdisciplinar, e, conseqüentemente, as disciplinas passam a articular temas
circundantes por meio dos quais se desenvolve o currículo escolar.
As aulas padronizadas também requerem avaliação no contexto das
atividades escolares, podem ser desenvolvidas pela cooperação e por parcerias
entre dois ou mais alunos, o que favorece a integração e a sociabilidade.
O desenvolvimento da capacidade de imaginação, inovação,
criatividade, julgamento, e tantas outras características do aluno revelam o teor de
uma aprendizagem colaborativa na essência da educação. A construção de um
conhecimento e a apreensão de um saber significativo.
Moraes (1997) afirma que o acesso à informação é imprescindível para
a formação do ser humano. A educação tem um papel fundamental no sentido de
dispor ao cidadão o conhecimento dos códigos instrumentais e as operações em
rede. A utilização da S.A.I. permite ao aluno participar da sociedade conhecendo e
operando o básico em relação às novas tecnologias da informação.
Neste ambiente de ensino, utilizando como ferramenta o computador
na aula Educação Física, implicou contribuições efetivas para o processo
pedagógico. A escola integrou o computador a seus espaços de saber, de modo a
estabelecer formas de aprendizagem que enfatizam a ação e a reflexão de seus
alunos.
74
900
800
700
600
50
Tempo (min.)
0
400
300
200
100
0
3C 2
A
Grupos
p
rática cor
p
oral
(
min.
)
2B 2C 2D
3A 3B
S.A.I
(
min.
)
total
g
estão
(
min.
)
GRÁFICO 06 – Gestão do tempo de aula em minutos
Fonte: O autor (2005).
O gráfico 06 representa a disposição de tempo, em minutos, do evento
completo, considerando duas situações ambientes: a primeira à realização de aula
na S.A.I. e a segunda caracterizada aula de prática corporal que aconteceu em três
espaços determinados, sala de aula convencional, pátio e quadra poliesportiva.
A observação da instrução realizada em sala de aula foi relacionada à
atuação do professor na contextualização e utilização dos procedimentos de
transmissão das informações pertinentes ao desenvolvimento do conteúdo da aula.
Nesse momento o professor assume um papel de sistematizador e organizador das
informações de acesso aos alunos sobre o conteúdo estudado.
De acordo com Almeida (2000, p. 72), nessa abordagem, “o aluno é
incitado a estabelecer conexões entre o novo conhecimento em construção e outros
conceitos de seu domínio, empregando para tal sua intuição.”
O professor evita trazer exemplos de seu universo de significações
para que o aluno não fique limitado a atender às expectativas do mestre. O aluno
deve partir dos seus conhecimentos prévios, construindo novos conhecimentos de
maneira natural, descartamos nesse momento o estilo de aula tradicional presente
nos sistemas de ensino.
75
2D
2C
2B
2A
3C
3B
3A
50 100 150 200 250
0
instru
ç
ão S.A.I.
prática corporal
total instrução min
GRÁFICO 07 – Tempo de instrução (min.)
Fonte: O autor (2005).
O gráfico 07, mostra o tempo de instrução por grupo e totaliza o
referente ao procedimento do professor nos dois ambientes.
A atitude do professor promove a interação do aluno com o conteúdo,
possibilitando uma aprendizagem ativa. O limite estipulado pelo docente transforma
a transmissão dos dados necessários para compreensão, ou seja, permite ao aluno
criar modelos a partir de experiências anteriores.
Segundo Almeida (2000, p. 34), “na construção de programas
constituídos por uma seqüência de comandos logicamente estruturados,
desenvolvemos a idéia de organização hierárquica e revelamos seu estilo de
estruturação mental e representação simbólica.”
Moraes (1997, p. 206) pondera que “as influências socioculturais
podem ser mais bem percebidas no momento do desenvolvimento simbólico, como
meios de codificar e decodificar informações que evoluíram em determinado
contexto sociocultural.”
O uso de temas preestabelecendo uma base articular para inferências
sobre o proposto faz do limite um norteador que não permite a expansão
desajustada do conteúdo. A probabilidade de fuga ou de entorpecimento da idéia
central para o desenvolvimento do conteúdo é controlada por recursos teóricos e
práticos do projeto constituído. Esta é a forma que os educadores estão encontrando
76
para ter um modelo de aula o mais próximo possível da realidade do aluno, e de um
jeito que lhe seja mais significativo.
De acordo com Moraes (1997, p. 186), “um currículo centrado em
temas e implementado por projetos incorpora as instruções e os conteúdos-padrão
como adjuntos naturais para a exploração temática.”
Assim, o limite estipulado para a realização de uma atividade
desenvolve-se no tempo plausível e envolve atividades individuais e grupais,
caracterizando uma discussão com propriedade e permeada por uma avaliação real
das ações efetuadas.
TABELA 3 – Tempo de instrução das aulas valores em minutos
Grupos
instrução S.A.I. (min) prática corporal (min) total instrução (min)
3A 137 84 221
3B 101 63 164
3C 92 63 155
2A 118 58 175
2B 126 65 191
2C 109 58 167
2D 140 86 227
Fonte: O autor (2005)
A tabela 3 mostra os valores dos grupos no tempo de instrução
relacionado a cada ambiente e no total de instrução em minutos como referência a
prática pedagógica do professor. O atendimento a cada grupo teve algumas
particularidades e de maneira geral a observação perpassa a questão quantitativa e
expressa a necessidade de uma reflexão sobre o aspecto temporal.
O uso do computador como uma ferramenta na S.A.I. permitiu
trabalharmos com conhecimentos emergentes na implantação das situações
problema propiciando na instrução a articulação entre conhecimento procedimental e
atitudinal. O que diversificou a demanda de competências, tais como planejamento,
proposição de situações problema e reflexão.
O ato de instruir significa representar os passos que podem levar a
solução de determinada situação problema, ou seja, descrever uma seqüência de
ações em uma linguagem que o computador executa.
77
As atitudes do professor para efetivar o possível entendimento do
aluno sobre a atividade determinam a assimilação do conteúdo e, portanto, a
facilitação dos demais passos para concretização da globalidade da aula.
TABELA 4 – Percentual do tempo de instrução das aulas
Grupos % instrução S.A.I.
% instrução prática corporal % real instrução
3A 38,0% 23,4% 30,7%
3B 24,0% 15,0% 19,5%
3C 22,0% 15,0% 18,5%
2A 28,0% 16,0% 22,5%
2B 30,0% 18,0% 24,5%
2C 26,0% 16,0% 21,4%
2D 39,0% 24,0% 31,5%
Fonte: O autor (2005).
A tabela 4 expressa os valores percentuais para realização da
instrução por grupo demonstrando objetividade na instrução atingida nos grupos 3B,
3C, 2A, 2B, 2C observados pela realização da instrução em tempos aproximados.
35,0%
31,5%
30,7%
30,0%
24,5%
25,0%
22,5% 21,4%
19,5%
20,0%
18,5%
15,0%
10,0%
5,0%
0,0%
3A 3B 3C 2A 2B 2C 2D
GRÁFICO 08 – Percentual real de instrução
Fonte: O autor (2005).
O gráfico 08 define uma melhor visualização do percentual real de
instrução e permite uma inferência sobre os dados de cada grupo. Entendemos que
78
o grupo 3A e o 2D estão significativamente acima dos valores de instrução
perfazendo assim a primeira dificuldade do professor.
Portanto, o contato direto com os alunos indica que a prática
pedagógica ou os procedimentos utilizados na instrução destas salas não foram
eficientes para o entendimento do aluno, caracterizando um aumento do tempo de
instrução acima da média (24%).
O fato representa uma dificuldade de comunicação com os alunos que
possivelmente ligado a outros fatores externos como posicionamento político dos
alunos, perspectivas com aula, auto-estima, dificulta a interação e a compreensão do
processo desenvolvido na aula de Educação Física.
O desenvolvimento da tarefa é o momento em que o aluno depende
bastante de suas capacidades para solucionar ou sistematizar as informações de
modo convincente, aproveitando as informações do período instrucional e das
advindas dos companheiros em sala aula.
Aula de prática corporal exige que o aluno assimile as informações e
proceda como gestor de um processo que envolve seu companheiro de sala, a
responsabilidade está na coleta de dados e objetividade na execução dos
exercícios.
Os dados coletados são transferidos para S.A.I. onde o programa
desenvolvido é executado pelo computador, que fornece uma resposta, diante a qual
podem ocorrer duas situações; o resultado fornecido é o esperado ou o resultado
não corresponde ao esperado.
No caso da primeira resposta, a atividade está concluída e cabe a
estruturação de uma discussão sobre os resultados e como eles influenciam a nossa
realidade.
Já no caso da segunda resposta, há necessidade de rever todo o
processo de representação da situação problema, em termos da descrição formal
das operações e em termos da lógica empregada na solução.
Na perspectiva de Almeida (2000, p. 40) “isso promove o
desenvolvimento de reflexões que procuram compreender as estratégias adotadas,
os conceitos envolvidos, os erros cometidos e as formas possíveis de corrigi-los.”
O aluno depura a sua atividade e insere novos conceitos e estratégias.
As modificações na descrição da atividade possibilitam que o programa seja
novamente executado na busca de um resultado satisfatório.
79
Moraes (1997, p. 195) indica que:
novas instrumentações eletrônicas, quando adequadamente utilizadas em
educação, serão instrumentos importantes, capazes de colaborar para a
melhoria da qualidade do processo de ensino-aprendizagem estimulando a
criação de novos ambientes educacionais, de novas dinâmicas sociais de
aprendizagem, e colaborando para o desenvolvimento de reflexões mentais
que favoreçam a imaginação, a intuição, a capacidade decisória e a
criatividade, fundamentais para sobrevivência individual e coletiva.
A relação aluno-computador-professor na S.A.I. permite observar como
o aluno de ensino médio constrói o conhecimento, manipula a representação
simbólica e organiza o seu raciocínio.
A análise, por parte do professor, dos procedimentos adotados pelo
aluno de ensino médio e que são armazenados em disco rígido possibilita uma
interação com o produto final na visão do aluno.
Esse momento envolve uma discussão elementar em que o professor
deve interferir o mínimo possível. As decisões cabem ao aluno e ao grupo, a
construção das respostas parte de pressupostos conceituais e de procedimentos
estabelecidos. A estruturação do conhecimento pelo aluno demanda tempo e
paciência não subjugando a essência da resposta apresentada ou indicando o certo
e errado, verdadeiro e falso, mas refletindo sobre cada produção individual com a
participação ativa da coletividade.
TABELA 5 – Tempo e percentual do desenvolvimento da tarefa
Grupos
tarefa
S.A.I. (min)
% tarefa
S.A.I.
tarefa prática
corporal (min)
% tarefa prática
corporal
total tarefa
(min)
% real
tarefa
3A 144 40% 162 45% 306 42,5%
3B 210 50% 252 60% 462 55,0%
3C 210 50% 252 60% 462 55,0%
2A 206 49% 244 68% 449 57,6%
2B 197 47% 227 63% 424 54,4%
2C 189 45% 223 62% 412 52,8%
2D 137 38% 166 46% 302 42,0%
Fonte: O autor (2005).
A tabela 5 mostra o desenvolvimento da tarefa em minutos nos dois
ambientes e configura o tempo total de tarefa representando a prática do professor,
a redução percentual descreve os grupos por ambiente e na totalização do tempo
utilizado para o evento.
80
Destacamos os grupos 3B, 3C, 2A, 2B, 2C pelo desenvolvimento da
tarefa considerada a parte principal da aula e que permite uma relação professor-
aluno direcionada e objetiva. O atendimento a cada dúvida suscita para o professor
a proximidade com o problema de cada aluno na realização da tarefa.
A interação possibilita as explicações não formais que atendem à
comunicação dos alunos, conduzindo um experimento teórico em que
individualmente o aluno partilha seu conhecimento com o próximo, permitindo uma
troca de conhecimento não percebida na relação com o professor.
Assim, percebemos que a aprendizagem ocorre quando o aprendiz
assume o comando de seu próprio desenvolvimento em atividades que sejam
significativas e lhe despertem o prazer (PAPERT, 1994), o que torna o ato de
aprender um ato de alegria e contentamento, no qual o cognitivo e o afetivo estão
unidos dialeticamente (FREIRE, 2006).
38%
46%
42,0%
2D
45%
62%
52,8%
2C
47%
63%
54,4%
2B
49%
68%
57,6%
2A
50%
60%
55,0%
3C
50%
60%
55,0%
3B
40%
45%
42,5%
3A
5% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
S.A.I. prática corporal % real tarefa
GRÁFICO 09 – Relevância da prática corporal no desenvolvimento da
tarefa
Fonte: o autor (2005).
O gráfico 09 ilustra a importância da prática corporal para disciplina
Educação Física. A prática corporal quando estruturada em conceitos
compreendidos pelo aluno e procedimentos que se aproximam de sua realidade
converte a aula em um desafio que possibilita uma nova leitura da Educação Física
escolar atendendo as necessidades da população jovem.
81
Os testes utilizados na pesquisa e as atividades propostas
diferenciadas das consideradas tradicionais pelo aluno acrescentam informações
essenciais a sua vida pessoal. O respeito à fase de transição da adolescência para a
de jovem adulto merece um novo olhar do professor. O aluno está pronto para novos
desafios demonstrando, assim, sua responsabilidade.
Logo, os alunos do ensino médio evidenciam uma aversão à aula de
Educação Física por conta de seu histórico tecnicista. O fato de o professor utilizar a
repetição de atividades durante um longo período de aulas de Educação Física sem
uma reflexão sobre o contexto do conteúdo aplicado produz um estado de
desinteresse por parte do aluno.
Destacamos os grupos 3A e 2D, que em detrimento das outras partes,
definem um interesse pela prática corporal independente de contextualização e
assumem nesse momento o “fazer por fazer”. O desempenho destes grupos no
momento de instrução foi caracterizado por uma enorme dificuldade de comunicação
entre as partes. A assimilação das informações mediadas pelo professor parece
distante do referencial para efetuação de uma prática corporal de qualidade. Desse
modo, os alunos receberam as atividades propostas na forma de realização dos
exercícios como uma brincadeira, um momento de diversão entre colegas sem a
utilização das informações recebidas no momento de instrução da aula.
A prática corporal é manifestada por meio da linguagem corporal
imbricada no meio social com a cultura predominante de nosso país. Assim, a
prática corporal é uma manifestação cultural e transmite informações partindo dos
laços de comunicação que existem na comunidade local.
Por outro lado entendemos que a aula de prática corporal em
Educação Física colabora para verificação dos comportamentos que atendem o
objetivo da pesquisa. O plano de ensino de Educação Física determina os
conteúdos abordados permitindo um nível de flexibilidade no tratamento da aula.
Os dados reais produzidos na aula de prática corporal foram
empregados como material teórico no ambiente de aprendizagem da sala de
informática. O desenvolvimento da tarefa, nos dois ambientes, permitiu o
desdobramento de interfaces conduzindo a elaboração do material explorado com
qualidade.
O uso dos computadores para o tratamento das informações na sala de
informática parece favorecer a apropriação ativa da informação pelo sujeito. O aluno
82
programa e deve escolher os comandos necessários, organizando a relação entre as
informações e ordenando os procedimentos. A reflexão sobre os erros e
manipulação das representações é que provocou a quebra do estado de equilíbrio
produzindo assim uma modificação, construindo uma variável observável.
Moraes (1997, p. 220) assegura que “é o aprendiz que propõe os
problemas ou os projetos a serem desenvolvidos, que organiza sua própria
experiência e o faz de um modo diferente e único”.
O ambiente de desenvolvimento da tarefa não deve ser dominado pelo
critério de falso e verdadeiro, para que o aluno seja conduzido a aprender a lidar
com variáveis, depurar e buscar conhecimento de qualidade superior nas coisas que
executa fazendo aproximações mais apropriadas.
Moraes (1997, p. 223) admite que:
Nesse tipo de ambiente, o falso e verdadeiro, o certo e errado não são os
critérios mais decisivos, constituem aspectos secundários se o individuo
puder encarar o papel construtivo do “erro”, verificar o potencial revelador
de seu raciocínio e ser capaz de diagnosticar suas percepções divergentes,
imaginativas, ricas. Dessa forma, ele constituirá um fator importante para
seu desenvolvimento individual, e poderá, ainda, transferir estes
procedimentos mentais para novos aspectos de sua realidade, mudando
sua maneira de compreender os fatos da vida e de se relacionar com ela.
TABELA 6 – Tempo de feedback (min)
Grupos feedback S.A.I. (min) feedback prática corporal (min) total feedback (min)
3A 14 7 21
3B 101 63 164
3C 97 63 160
2A 71 58 129
2B 67 58 125
2C 80 61 141
2D 18 11 29
Fonte: o autor/ ano: 2005
A tabela 6 mostra o feedback dos grupos nos dois ambientes e retrata
feedback total como obtenção da resposta do professor ao desenvolvimento da aula.
A discussão sobre os resultados alcançados em sala de aula reflete no
tempo de feedback o interesse gerado pelo tema. O tema fragmentado na ação de
construção do entendimento do aluno possibilita uma visão global do assunto,
porém, estilizada e moldada por pontos referentes a realidade do grupo.
83
Almeida (2000, p. 45) destaca um novo processo:
O emprego do processo cíclico descrição-reflexão-execução-depuração se
faz presente na atuação do professor quando este toma consciência de sua
prática, levanta e testa hipóteses sobre sua ação (executa-as através do
computador ou sem a presença do mesmo), reflete em sua ação e sobre
sua ação pedagógica, analisa a adequação de suas intervenções e,
finalmente, depura sua atuação para torná-la mais apropriada ao
desenvolvimento de seus alunos.
O feedback representa o ápice da prática pedagógica é um caminho de
mão dupla que coloca professor e aluno em equidade.
O desenvolvimento do evento global determina a aproximação do
professor com a abordagem construtivista de acordo com todas as situações
desenvolvidas.
Almeida (1997, p. 45) destaca que “o professor construcionista procura
identificar as dúvidas e o grau de compreensão dos alunos sobre os conceitos em
estudo”, e nós propomos alterações nas ações inadequadas nos dois ambientes e
transformamos situações mais propícias para o nível dos alunos, desafiando-os a
atingir um novo patamar de desenvolvimento.
A ação do professor e aluno em uma abordagem construcionista no
ambiente da S.A.I. utilizando o computador como ferramenta de aprendizagem
evidencia o emprego do ciclo descrição-reflexão-execução-depuração.
A produção do material na aula de prática corporal e sua transformação
em dados para utilização na S.A.I. exigiram a descrição do evento na transcrição das
informações no programa Excel. O ato de refletir sobre as informações entendendo-
as como a realidade do grupo empregando os procedimentos de análise
estabelecidos na teoria da Educação Física possibilitou a assimilação de conceitos
indispensáveis à observação do evento. Logo, a execução da tarefa foi realizada
com segurança pelos alunos que mostraram competência estruturando um produto
final relacionado aos aspectos de aptidão física do grupo. O produto final permite
uma observação do evento e uma possível intervenção no processo gerando
alternativas, o que consideramos a depuração. O professor e o aluno devem assumir
essa atitude de construção, em sua atuação em todos os ambientes de
aprendizagem.
O grupo produz as respostas, as suas angústias e dúvidas embasadas
em uma forte estrutura teórica de conceitos que permitem uma definição situacional.
84
A realidade torna a ação prática composta por atitudes que permeiam o meio social
e inserem o aluno no contexto global potencializando-o como cidadão crítico.
TABELA 7 – Percentual de feedback
Grupos % feedback S.A.I. % feedbackPrática corporal % real feedback
3A 4% 2% 3,0%
3B 24% 15% 19,5%
3C 23% 15% 19,0%
2A 17% 16% 16,5%
2B 16% 16% 16,0%
2C 19% 17% 18,1%
2D 5% 3% 4,0%
Fonte: o autor/ ano: 2005
A tabela 7 mostra o percentual de feedback dos grupos confirmando o
envolvimento de cada um na aula de Educação Física escolar no ensino médio.
Os grupos 3B, 3C, 2A, 2B, 2C caracterizam um alto potencial de
resposta no ambiente da S.A.I. o que identifica a apropriação do conhecimento
mediado pelo professor. Já o percentual de feedback apresentado na prática
corporal mostra valores aproximados entre os grupos que indica a possibilidade de
um domínio sobre os conhecimentos mediados pelo professor com a linguagem
corporal permitindo uma exploração consistente.
A comunicação é um elemento fundamental nas inter-relações (aluno-
aluno, aluno-professor, aluno-computador) que se estabelecem em um ambiente de
aprendizagem como S.A.I.
O feedback representa o diálogo, discussão por meio de uma
linguagem dominada pelo grupo em questão.
De acordo com Almeida (2000, p. 70):
Esse ambiente favorece o desenvolvimento de processos mentais
superiores quando empregado o ciclo descrição-execução-reflexão-
depuração. Uma vez que as idéias representadas no computador
expressam o mundo tal como o sujeito o percebe, ele propicia a
comunicação desse mundo às outras pessoas, que, por sua vez, se
envolvem na construção compartilhada de conhecimentos sobre esse
mundo percebido. Isso provoca o pensamento reflexivo e a depuração das
idéias do sujeito. Quando o professor trabalha com temas emergentes no
contexto dos alunos, as atividades se dão inicialmente no plano
interpsicológico e formam um campo de percepção que é explorado com o
auxílio do computador. O objetivo é levar os alunos a operar com aspectos
da situação para melhor compreendê-la, para interligar as informações com
85
conhecimentos que já possui, para apreender os conceitos e as
representações envolvidas no processo. A internalização é um processo
individual que ocorre quando o aluno constrói seu próprio significado sobre
o tema, transformando-se e transformando seu contexto numa relação
dialética entre o interpsicológico e o intrapsicológico.
O professor procura manter a autonomia, cooperação e criticidade
pressupondo o domínio por parte do aluno de diversas formas de acesso à
informação. Assim mantém o desenvolvimento de uma atitude crítica de investigação
e a cumplicidade na observação da situação problema.
As diferentes formas de acesso à informação implicam o uso de
instrumentos de comunicação diversificados, possibilitando um leque informacional
de proporções não mensuráveis.
Moraes (1997) indica que o raciocínio do aluno oferece condições para
a depuração de seu próprio pensamento, ampliando a cognição humana e
estabelecendo modos de representação diretamente manipulados e explorados pelo
indivíduo.
O gráfico 10 possibilita a visualização do feedback real dos grupos. Os
grupos 3A e 2D apresentam os valores de feedback muito abaixo na relação com os
outros grupos para o objetivo do evento.
4,0%
2D
18,1%
2C
2B
16,0%
2
A
16,5%
19,0%
3C
3B
19,5%
3
A
3,0%
GRÁFICO 10 – Percentual real de feedback
Fonte: O autor (2005).
86
Nos grupos 3A e 2D, as respostas ou discussão entre os pares não
foram satisfatórias para incrementar o trabalho demonstrando, assim, uma postura
de indiferença com os acontecimentos e falta de motivação para participar da aula.
A maior dificuldade do professor nesses grupos foi desafiar o
pensamento do aluno em um nível de abstração que exigisse a utilização das
habilidades transmitidas para resolução das atividades.
Assim, na gestão do tempo de aula o professor deve estimular no aluno
a sua capacidade de aprender inserida no momento de instrução para aquisição de
subsídios e a construção do conhecimento que no ato de desenvolvimento da tarefa
é considerada um desafio a ser solucionado. De tal modo, o feedback é elaborado
com uma diversidade de resposta que permeiam o conteúdo da aula, momento este
que o aluno fala e questiona com propriedade.
Portanto, para o professor, o desafio é transformar sua prática
pedagógica proporcionando aos alunos uma abertura para novas situações. A
análise dessa prática pedagógica gera um posicionamento crítico reflexivo sobre a
postura do professor que abordamos a seguir.
5.2 Resultados e Análise da Prática Pedagógica do Professor
O professor mediador do processo desenvolvido nas aulas possibilitou
uma observação aproximada de suas atitudes profissionais o que podemos chamar
de sua prática pedagógica. Prática essa construída com conceitos científicos
(teoria), procedimentos teóricos e práticos envolvendo Educação Física dentro da
abordagem da saúde renovada e atitudes na construção dos resultados mantendo a
distância suas expectativas.
87
TABELA 8 – Média e desvio padrão dos itens observados: instrução, tarefa,
feedback
instrução
S.A.I. min
% instrução
S.A.I.
instrução prática
corporal min
% instrução prática
corporal min
total instrução
min
% real
instrução
Média
118 30% 68 18% 186 24%
DP
18 7% 12 4% 28 5%
Tarefa S.A.I.
min
% tarefa
S.A.I.
tarefa prática
corporal min
% tarefa prática
corporal
total tarefa
min
% real
tarefa
Média
185 46% 218 58% 403 51%
DP
31 5% 39 9% 70 6%
feedback
S.A.I. min
% feedback
S.A.I.
feedback prática
corporal min
% feedback prática
corporal
total feedback
min
% real
feedback
Média
64 15% 46 12% 110 14%
DP
35 8% 25 7% 60 7%
Fonte: o autor (2005).
A tabela 8 disponibiliza a média e desvio padrão da instrução, tarefa e
feedback. A média de instrução na S.A.I. foi de 30% (118 min) enquanto a instrução
na prática corporal foi de 18% (68 min) acreditamos que por tratar-se de um novo
ambiente de ensino a exploração do tempo instrucional se faz necessária para
aquisição dos conhecimentos necessários no desenvolvimento da tarefa.
O resultado da tarefa na S.A.I. foi de 46% (185 min) e no ambiente de
prática corporal 58% (218 min) demonstrando que no ambiente de prática corporal
parece existir uma captação mais rápida das informações.
O feedback na S.A.I. foi de 15% (64 min) e na prática corporal 12% (46
min) indicando que a reflexão sobre os resultados atingidos demandam a apreciação
conceitual, procedimental e atitudinal do conteúdo global da aula. A ponte existente
entre a instrução, a tarefa e o feedback ocasionam o significado e a apreensão do
conhecimento pelo aluno.
O tempo de atuação do professor foi na média de 699 minutos
integrando a globalidade do evento. A gestão do processo de ensino foi estabelecida
em um resultado expressivo para o desempenho da prática pedagógica.
A prática pedagógica toma consistência, transformando o subjetivo em
material palpável, documentado em cadernos, gravados em discos rígidos e em
vídeo taipe. A organização do material elaborado nessa construção colaborativa
incentiva a produção de trabalhos e projetos que aprofundem os estudos sobre a
prática pedagógica do professor.
A coerência com a abordagem construcionista esteve presente na
realização do trabalho. Haja vista, a atuação do professor manipulando os
88
ambientes de aprendizagem situados na ação pedagógica, e ao mesmo tempo
voltado para prática segundo o processo descrito de execução dos procedimentos.
Os subsídios teóricos tratados como conceituais não permitem uma
dissociação da prática, uma vez que prática e teoria ocorrem simultaneamente. Nos
momentos de aula a associação da teoria à prática aconteceu em atividades que
entrelaçam os fundamentos da informática na educação, o domínio dos recursos
computacionais e a prática de uso do computador pelos alunos.
Os ambientes de aprendizagem foram acompanhados de reflexões na
prática e sobre a prática e tiveram por base a teoria em contínuo processo de
elaboração, com o objetivo de construir uma nova prática.
Segundo Almeida (1997, p. 46),
Assim, tanto na formação quanto na prática do professor, a ação é
simultaneamente o ponto de partida, de chegada e processo, mediada por
um entrelaçamento de fatores que constituem a totalidade de cada sujeito
envolvido na ação – fatores afetivos, sociais, culturais, cognitivos e
emocionais, interconectados em uma perspectiva interdisciplinar.
O professor de Educação Física pode conectar um mundo rico e
mutável na produção de conhecimento, e aqui observamos na escola de ensino
médio uma fonte para despertar no aluno perspectivas relacionadas a continuidade
de sua formação.
A educação não se reduz à técnica, mas esta é necessária na
utilização de novas ferramentas de aprendizagens por parte dos professores como é
o caso do computador na educação. Essa pode expandir a capacidade crítica e
criativa dos alunos do ensino médio dependendo das circunstâncias em que ocorre,
respondendo as seguintes questões: Quem o usa? A favor de que e de quem? Para
quê?.
Freire, apud Almeida (2000), “O homem concreto deve se instrumentar
com os recursos da ciência e da tecnologia para melhor lutar pela causa da
humanização e de sua libertação”.
89
2D
2C
2B
2A
Média
3C
3B
3A
100% 80%60%40%20%10% 0%
77,5%
85,0%
93,7%
95,9%
89,3%
94,7%
93,3%
85,1%
GRÁFICO 11 – Percentual global ensino/aprendizagem
Fonte: O autor (2005).
O gráfico 11 indica a habilidade do professor de Educação Física em
situação de ensino/aprendizagem no desenvolvimento do processo proposto por
grupo considerando uma média de 89,3% de aproveitamento global.
Almeida (2000, p. 78) destaca as diversas visões sobre a atitude do
professor:
A atitude do professor de propor diálogos cria condições para que a
aprendizagem ocorra como um processo dinâmico, que envolve múltiplos
elementos: a reflexão defendida por Dewey; a construção do conhecimento
explicitada por Piaget; um ambiente em que o aluno é sujeito da
aprendizagem, conforme Freire, e em que o professor atua como mediador,
segundo o conceito de zona próxima de desenvolvimento (ZPD) definido por
Vigotski.
O professor possibilitou reflexões e depurações em ambos os ambiente
de aprendizagem. Atuou como mediador da aprendizagem do aluno, movido pelo o
ciclo ação-execução-reflexão-depuração e o emprega tanto na interação com o
aluno como na análise da prática pedagógica.
Há consciência de que essa forma de atuação permitiu observar o
ambiente de aprendizagem S.A.I. empregando o computador como ferramenta de
reflexão pedagógica, auxiliando o professor a uma conscientização de sua prática e
alternativas de modificação.
90
O ambiente de prática corporal também permitiu uma leitura da prática
pedagógica como um todo e a importância da comunicação e tratamento das
informações nos dois ambientes.
Almeida (2000) observa que a leitura da prática pedagógica deve estar
fundamentada em teorias que lhe permitam identificar os problemas, as limitações e
o estilo assumido em seu modo de agir e ainda buscar formas de atuação que
promovam um maior desenvolvimento de seus alunos.
Para analisar a ação pedagógica do professor utilizamos o
procedimento estatístico não paramétrico de distribuição do qui-quadrado (X
2
), teste
do observado versus esperado. Com este teste verificamos se a distribuição
observada de dados (gestão do tempo de aula) ajusta-se a uma distribuição
esperada (ação pedagógica do professor).
A observação aponta a questão de quantidade de tempo para
realização de um evento relacionado à qualidade da investigação na utilização do
tempo para aprendizagem.
TABELA 9 – Cálculo do teste observado versus esperado
observed Expected O - E (O-E)**2
720,000 780,000 -60,0000 4,61538
840,000 780,000 60,0000 4,61538
840,000 780,000 60,0000 4,61538
780,000 780,000 0,0000 0,00000
780,000 780,000 0,0000 0,00000
780,000 780,000 0,0000 0,00000
720,000 780,000 -60,0000 4,61538
5460,000 5460,000 0,0000 18,46154
Observed vs. Expected Frequencies (Spreadsheet1)
Chi-Square = 18,46154 df = 6 p < ,005177
O resultado do teste determina um valor de qui-quadrado 18,5
altamente significativo para p < 0,05. Desse modo, à questão quantidade de tempo
influencia o desenvolvimento da prática pedagógica do professor, e os grupos
representam qualitativamente dados significativos totalizando um instrumento de
representatividade global.
Muitos professores se sentem fracassados diante de sua prática,
embora tenham uma atitude crítica em relação ao sistema escolar e procurem
motivar seus alunos utilizando todos os recursos disponíveis.
91
Almeida (2000, p. 81) afirma que “se o professor não se apropriar de
uma teoria que lhe permita ressignificar e reestruturar sua prática, ele não será
capaz de transformá-la.”
O professor que não concebe uma teoria que lhe permita reestruturar a
sua prática, estabelece um conflito profissional e acreditando passar por
modificações descobre que não se desfez de sua prática tradicional possibilitando
assim embrenhar por uma prática laissez-faire confundida com construcionismo.
O professor com uma atitude crítico-reflexiva diante de sua prática
pedagógica é um aliado dos alunos na construção cooperativa do conhecimento, a
comunicação é limpa e as informações partem de pressuposto conceituais, diálogo,
questionamento e conhecimentos prévios do aluno para formulação de um saber
significativo.
Segundo Almeida (2000, p. 81), “Para tanto, é preciso desafiar os
alunos em nível de pensamento superior ao trabalhado no treinamento de
habilidades e incitá-los a aprender”.
As ações do professor são para despertar a curiosidade, a dúvida, pois
onde há dúvida a uma situação problema e um ambiente propício para acontecer o
ensino/aprendizagem.
De acordo com Moraes (1997, p. 199):
Se uma das metas educacionais é levar o indivíduo a manejar e produzir
conhecimentos, a desenvolver valores e atitudes que permitam a adaptação
às mudanças e às novas exigências do mercado de trabalho, como desafio
fundamental que decide a possibilidade e a qualidade de sua participação
no mundo atual, então, o processo educacional deve levá-lo a desenvolver
uma atitude construtiva, uma competência construtiva, modos construtivos
de conceber, fazer e compreender, uma prática adequada para a produção
de conhecimentos.
A escola de ensino médio precisa de professores que encontrem o
verdadeiro significado de ensinar, com uma postura político-social de transformação
da realidade local. O aluno percebe o compromisso do professor e consegue alçar
suas perspectivas de futuro reconhecendo a educação como base para tal feito.
A Educação Física uma disciplina de tanta história não pode renegar o
seu potencial transformador provando sua importância e construindo uma
identidade na Educação Física escolar essencialmente campo de maior contato com
a sociedade em formação, o nosso jovem do ensino médio.
92
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O professor tem o intuito de contribuir para autonomia do aluno e a
ordenação gerada pelo uso de novas ferramentas como exemplo da S.A.I. (sala
ambiente de informática) possibilita um ensino diferenciado atendendo os objetivos
educacionais previstos na LDB (lei de diretrizes de base).
A prática pedagógica requer uma nova ecologia cognitiva (MORIN,
2000) traduzida em novos ambientes de aprendizagem em uma mesma disciplina
como no caso das aulas de Educação Física no ambiente da S.A.I e no ambiente de
prática corporal que privilegiaram a circulação de informações, a construção do
conhecimento, o desenvolvimento da compreensão e, possibilitaram, o alcance da
sabedoria pela evolução da consciência individual e coletiva (LEVY, 1996;
SAVATER, 1998).
Essa atitude prática de construção do conhecimento, envolve o ciclo de
processos de descrição-execução-reflexão-depuração (MORAES, 1997) e estende-
se a qualquer ambiente educacional alcançando níveis mais elevados de
consciência e desenvolvimento humano (POSTMAN, 2002; SAVATER, 1998; LEVY,
1996).
A pesquisa permitiu a compreensão da cultura corporal, por meio do
reconhecimento da interdependência com ambiente e a formulação de espaço para
o consenso entre as diferentes respostas apresentadas pelos alunos.
Este estudo registrou a prática pedagógica do professor de Educação
Física no ensino médio inovando com uma nova proposição metodológica de aula. A
perspectiva teórica insere um material de referência a respeito da atuação e
formação profissional desvelando os conflitos e aproximações da postura docente
frente ao ambiente de aprendizagem.
A análise obtida na ação do professor em diferentes ambientes de
ensino na pesquisa, mostra a eloqüência na discussão sobre a prática pedagógica
refletindo o comprometimento do professor e sua emancipação na produção de uma
nova experiência para sala de aula.
A complexidade da discussão sobre a prática pedagógica ou prática de
ensino retrata a essência da vocação docente, buscamos compreender uma
93
experiência pautada no cotidiano do professor e no momento onde realmente
desenvolve sua função, a sala de aula.
A relação de subsídios para o entendimento da ação docente precedeu
a análise de documentos, diagnóstico da população observada, tratamento oferecido
a essa população e os determinantes que configuram a prática pedagógica do
professor.
Este material possibilitou um intenso debate crítico sobre a visão de
prática pedagógica do professor e seus atenuantes. Portanto, consideramos a
formação profissional e a ação docente na escola de ensino médio como
possibilidades de desenvolvimento do professor em contínuo.
A classificação de vivência atribuída ao desempenho do professor no
cotidiano escolar deve ser repensada como um currículo individual construído a base
de experiências únicas. Experiências que fazem referência uma tomada de decisão
para formação do aluno e crescimento intelectual do professor.
A postura política do professor exerce um efeito positivo diante da
sociedade, o trabalho pedagógico está relacionado à formação do cidadão crítico
preparado para atuar na comunidade. É nossa responsabilidade a formação do
aluno de ensino médio possibilitando a construção de um ser humano integral e não
apenas um reprodutor com atitudes mecânicas que correspondem a interesses
políticos pré-determinados.
O docente não pode caracterizar sua função profissional como modelo
técnico dispensado do compromisso de construção de uma educação que atenda as
necessidades dos nossos alunos. Necessidades que são relevantes para o futuro da
sociedade e interação com o mundo globalizado.
Este estado constante de produção de elementos subsidiando a prática
pedagógica amplia as intervenções do docente junto a escola, reconhecendo as
situações problema, planejando e instituindo uma aula ou um evento significativo
para o professor, aluno e escola.
A prática pedagógica do professor de Educação Física abordada no
estudo fez referência a organização do trabalho pedagógico, o momento aula, e o
trato com o conhecimento na dinâmica de condução das informações e
estabelecimento de comunicação. A aprendizagem significativa em ambientes
diferenciados e as ferramentas de ensino/ aprendizagem atestam a importância de
uma construção com base sólida que coloca a prova o conhecimento do professor.
94
O conhecimento produzido a partir da prática pedagógica significa a
construção de um referencial para os profissionais de Educação Física com atuação
no ensino médio. Esse material tem uma tendência de emancipação e torna-se de
domínio coletivo pautado em possibilidades de reestruturação constante.
Portanto, essa construção permite ao professor ressaltar a sua posição
política e exercer sua função de apropriação dos meios de produção do
conhecimento com base na teoria, buscando metodologias flexíveis e coerentes,
organizando a prática pedagógica não fragmentada possibilitando uma ação
pedagógica crítica.
Ao refletir sobre essa experiência com ensino médio constatamos a
necessidade de uma revisão dos conteúdos e da maneira como a disciplina
Educação Física é desenvolvida na escola. A visão do professor sobre sua prática
pedagógica instiga a uma posição diferente da considerada reprodutor técnico de
aulas.
Assim, novas proposta devem surgir, bem como, replicar o estudo
presente afim de que os professores de Educação Física estejam preparados para o
desempenho de sua função na escola.
O professor em relação a sua ação pedagógica, elemento primordial e
que permeia todos os conteúdos possibilitando a interface aluno-conhecimento-
professor-escola desenvolve um trabalho comprometido com as condições do
mundo do trabalho e sociedade.
Essa experiência com o ensino médio considerou as concepções de
ensino mas manteve uma característica construcionista, a aula de Educação Física
obteve maior significado na visão do aluno e para professor estabeleceu um marco
na ação docente.
Considerando o exposto, acreditamos que a prática pedagógica do
professor está articulada a sistematização de informações e aproximação da
comunicação para compreensão da comunidade escolar. O professor e seus
saberes docentes, políticos e afetivos não pode estar isolado do projeto pedagógico
da escola, ou considerar-se um autodidata que define a formação dos seus
educandos. Devemos considerar sim, todos os elementos específicos relativos as
construções articuladas vislumbrando o desenvolvimento educacional
potencializando ação docente como caminho de transformação da realidade.
95
REFERÊNCIAS
ALARCÃO, Isabel. Professores reflexivos em uma escola reflexiva. São Paulo:
Cortez, 2003.
ALMEIDA, Maria Elisabeth Bianconcini de. Informática e formação de
professores. PROINFO. Secretaria de Educação a Distância. Brasília: Ministério da
Educação/Seed, 2000.
ARROYO, Miguel G. Ofício de mestre: imagens e auto imagens. Petrópolis: Vozes,
2000.
BRACHT, Valter. A constituição das teorias pedagógicas da educação física.
Cad. CEDES, Campinas, v. 19, n. 48, 1999. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-
32621999000100005&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 17 jan. 2007.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares
nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1997.
BRASIL. Lei Nº 9.696, de 1º de setembro de 1998, Dispõe sobre a
profissionalização na educação física. D.O.U. 1998.
BRASIL. Ministério da Educação Secretaria da Educação Média e Tecnológica.
Parâmetros Curriculares Nacionais: ensino médio. Brasília: Ministério da
Educação, 1999.
CAPARROZ, Francisco Eduardo. A educação física como componente
curricular: entre a educação física na escola e a educação física da escola. São
Paulo. 1996. Dissertação (Mestrado) -Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
CASTELLANI FILHO, Lino. Educação Física no Brasil - a história que não se
conta. Campinas: Papirus, 1991.
CHAKUR, Cilene Ribeiro de Sá Leite. A profissionalidade docente em uma
abordagem construtivista. Cad. Pesqui., São Paulo, n. 117, 2002. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-
15742002000300008&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 22 out. 2006
CHAVES, Márcia. Prática de ensino: formação profissional e emancipação. 2. ed.
Maceió: EDUFAL, 2003.
DARIDO, Suraya Cristina. Educação Física na escola: questões e reflexões. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.
96
DIAS-DA-SILVA, Maria Helena Galvão Frem. O professor e seu desenvolvimento
profissional: Superando a concepção do algoz incompetente. Cad. CEDES.,
Campinas, v. 19, n. 44, 1998. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-
32621998000100004&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 22 Out 2006.
FRANCHINI, Emerson. Tendências e perspectivas da atuação profissional em
educação física. São Paulo: [s. n.], 1995.
FREIRE, João B. Educação Física de corpo inteiro. São Paulo: Scipione, 1989.
FREIRE, Paulo. Educação e mudança. 29. ed. Rio de Janeiro: Paz Terra, 2006.
(Coleção Educação e comunicação v. 1).
GAMBOA, Silvio Sánchez. Fundamentos para la investigación educativa:
pressupostos epistemológicos que orientan al investigador. 2. ed. Colombia:
Cooperativa Editorial Magistério, 2001. (Coleção mesa redonda).
GEBARA, Ademir et al. Educação Física e esportes: perspectivas para o século
XXI, Campinas: Papirus, 1992.
GIOVANI, Luciana Maria. Do professor informante ao professor parceiro: Reflexões
sobre o papel da universidade para o desenvolvimento profissional de professores e
as mudanças na escola. Cad. CEDES., Campinas, v. 19, n. 44, 1998. Disponível
em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-
32621998000100005&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 22 out. 2006.
GUARÍN, Henry Portela. Nuevas perspectivas de la pedagogía de Educación Física.
Revista Digital, Buenos Aires, v. 5, n. 28 - Dic 2000. Disponível em:
<http://www.efdeportes.com/>. Acesso em: 22 out. 2006.
GUEDES, Dartaganan P.; GUEDES, Joana Elisabete Ribeiro P. Exercício físico na
Promoção da Saúde. Londrina: Midiograf, 1995.
GUTERMAN, Tulio. Formacion y rol profesional del profesor de educacion fisica
(Arg.) Lecturas: Educación Física y Deportes, Buenos Aires, v. 1, n. 1. Mayo,
1996.
IMBERNON, Francisco. Formação docente e profissional: formar-se para
mudança e a incerteza. São Paulo: Cortez, 2001.
KOMAR, Fernando. La formación docente y la descontextualización de contenidos
en educación física Profesor universitario en Educación Física, UNLP. Licenciatura
en Educación Física (en tesis), (Argentina) Revista Digital, Buenos Aires , v. 7, n.
35, abr. 2001. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/>.Acesso em: 22 out.
2006.
KUNZ , Elenor (Org.) Didática da educação física 1 Ijuí : Ed. da UNIJUÍ, 2003.
(Coleção educação física).
97
LÉVY, Pierre. O que é virtual? São Paulo: Editora 34, 1996.
LIBANEO, José Carlos. Adeus professor, Adeus professora? Novas exigências
educacionais e profissão docente. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2001.
MEDINA, João Paulo Subirá. A educação física cuida do corpo e... “mente”:
bases para renovação e transformação da educação física. 10. ed. Campinas:
Papirus, 2002.
MORAES, Maria Cândida. O paradigma educacional emergente. Campinas:
Papirus, 1997. (Coleção Práxis).
MORAN, José Manuel; MASETTO, Marcos T; BEHRENS, Marilda Aparecida. Novas
tecnologias e mediação pedagógica. Campinas: Papirus, 2003.
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à Educação do Futuro. São Paulo:
Cortez, 2000.
NAHAS, M. V. Atividade física como fator de qualidade de vida. Revista Artus, v.
13, n. 1, p.21-27, 1997.
NEIRA, Marcos Garcia. Educação física: desenvolvendo competências. São Paulo:
Phorte, 2003.
PAPERT, S. A máquina das crianças: repensando a escola na era da informática.
Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.
PERRENOUD, Philippe. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre:
Artes Médicas, 2000.
PERRENOUD, Philippe. As competências para ensinar no século XXI: a
formação dos professores e o desafio da avaliação. Porto Alegre: Artmed, 2002.
PIMENTA, Selma Garrido. Didática e formação de professores: percursos e
perspectivas no Brasil e em Portugal. São Paulo: Cortez, 2000.
POSTMAN, Neil. O fim da educação: redefinindo o valor da escola. Rio de Janeiro:
Graphia, 2002.
PROESP-BR, PROJETO ESPORTE BRASIL. Indicadores de saúde e fatores de
prestação esportiva em crianças e jovens Manual de Aplicação de Medidas e
Testes Somatomotores Protocolo da Rede Cenesp, desenvolvido pelo Setor de
Pedagogia do Esporte do CENESPUFRGS - 2004
RAMÍREZ, Jesús Viciana. Principales tendencias innovadoras en la Educación
Física actual. El avance del conocimiento curricular en Educación Física
Lecturas: Educación Física y Deportes. Revista Digital, Buenos Aires, v 5, n 19,
mar. 2000. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/>. Acesso em: 20 out. 2006.
98
ROZENGARDT, Rodolfo. La Educación Física en los escenarios de la
transformación educativa. ¿Nuevas prácticas o nuevos discursos?. Revista Digital,
Buenos Aires, v. 4, n.17, dic., 1999. Disponível em: <www.efdeportes.com>. Acesso
em: 20 out. 2006.
RUIZ, Adriano Rodrigues. Educação: um convite a novos caminhos. Maringá: UEM,
2000.
SANTOS FILHO, José Camilo; GAMBOA, Silvio Sànchez. Pesquisa educacional:
quantidade e qualidade. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2002. (Coleção Questões da
nossa época v. 42).
SAVATER, Fernando. O valor de educar. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
SEVERINO, Antonio Joaquim et al. Formação docente: rupturas e possibilidades.
Campinas: Papirus, 2002.
SHIGUNOV, Victor. Educação Física: conhecimento teórico x prática pedagógica.
Porto Alegre: Mediação, 2002.
SOARES, C. L. (Org.). Metodologia do ensino de educação física. São Paulo:
Cortez, 2005. (Coleção magistério 2ºgrau. Série formação do professor).
SOUZA JÚNIOR, Marcílio. A prática pedagógica da educação física nos tempos e
espaços sociais. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, 12.,
2001, Caxambu, MG. Sociedade, ciência e ética: desafios para a educação
física/ciências do esporte. Anais... Caxambu, MG: DN CBCE, Secretarias Estaduais
de Minas Gerais e São Paulo, 2001.
TEDESCO, Juan Carlos. O novo pacto educativo. São Paulo: Ática, 2002.
THOMAS, Jerry R; NELSON, JACK k. Métodos de pesquisa em atividade física.
3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2002.
VADEMARIN, Vera Vanessa. O discurso pedagógico como forma de transmissão do
conhecimento. Cad. CEDES., Campinas, v. 19, n. 44, 1998. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-
32621998000100007&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 22 Out 2006.
VEIGA, Ilma Passos Alencastro. Didática: o ensino e suas relações. Edição: 7.
Campinas: Papirus, 2003.
99
ANEXO A: Projeto Político Pedagógico
100
101
ANEXO B: Carta de autorização da escola para execução da pesquisa.
Prezado Professor Ariovaldo
Autorizo o desenvolvimento do estudo por se tratar de uma busca
por melhor qualidade de ensino aos alunos do ensino médio nas aulas de educação
física. Assumindo também um caráter de desenvolvimento pessoal como construtor
da cidadania e instigando o aluno à reflexão despertando assim a sua criticidade.
No cumprimento do Plano de Ensino de Educação Física para 2005
em culminância com o Projeto Pedagógico da Escola e atendendo as determinações
da Lei de Diretrizes e Bases utilizando como norte os Parâmetros Curriculares
Nacionais para o Ensino Médio coloco a Instituição Escolar a disposição para
realização deste estudo auxiliando da melhor forma para o seu desenvolvimento.
MARTINÓPOLIS, 20 de fevereiro de 2005
102
APÊNDICE A: Carta de solicitação para realização da pesquisa
Prezada Diretora Cecília
Sou responsável pela liderança em Educação Física em uma grande
Escola Pública da Diretoria de Ensino de Presidente Prudente. Isso me levou a
considerar qual seria a melhor abordagem para programar objetivos aceitáveis de
aptidão física para os adolescentes do ensino médio.
Com a cooperação da EE Cel. João Gomes Martins, localizada no
município de Martinópolis, estou realizando um estudo na área de Educação Física
Escolar. O propósito do estudo é estabelecer critérios que possam ser utilizados no
planejamento de atividades em aula de Educação Física para meninos e meninas do
Ensino Médio para desenvolver e preservar aspectos selecionados de aptidão física.
Os aspectos selecionados a serem considerados são aqueles referidos como
resistência cardiorespiratória, força, resistência muscular e flexibilidade. A
informação obtida será utilizada no planejamento do programa auxiliando a
responder questões referentes ao aprimoramento de um novo padrão de aulas de
Educação Física para o Ensino Médio construindo uma nova prática pedagógica.
Como Professor de Educação Básica II (PEB II) da Secretaria da
Educação do Estado de São Paulo e Professor Efetivo na EE Cel. João Gomes
Martins considero a Sra Diretora qualificada e reconhecida por sua liderança
inovadora nesta Instituição Escolar como elo de ligação para o desenvolvimento
deste estudo.
Sinceramente
Ariovaldo de Souza Ribeiro
Mestrando em Educação
Especialista em Treinamento Esportivo
CREF: 010392-G/SP
Martinópolis, 15 fevereiro de 2005
103
APÊNDICE B: Roteiro do questionário diagnóstico:
1) Assinale com x quais os programas abaixo você conhece:
( ) Word ( ) Excel ( ) Power point ( ) internet ( ) nenhum
2) Você define os seus conhecimentos nos programas acima como:
( ) básico ( ) médio ( ) avançado ( ) não tenho conhecimento
3) Você tem um computador em casa?
( ) sim ( ) não
4) Qual a importância que você atribui ao desenvolvimento de aulas que utilizem o
computador na escola de ensino médio?
104
APÊNDICE C: Roteiro de questões norteadoras da entrevista semi estruturada:
1) Quais os aspectos positivos da aula de Educação Física na S.A.I. e na Prática
Corporal?
2) Quais os aspectos negativos da aula de Educação Física na S.A.I. e na Prática
Corporal?
3) Quais as idéias principais que marcaram aula na sua opinião?
4) Você teria alguma proposta de mudança para aula?
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo