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PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
MESTRADO EM EDUCAÇÃO
RELAÇÃO ENTRE FAMÍLIA E ESCOLA:PROPOSTA DE AÇÃO NO
PROCESSO ENSINO - APRENDIZAGEM
ANA PAULA JARDIM
Presidente Prudente – SP
2006
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PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
MESTRADO EM EDUCAÇÃO
RELAÇÃO ENTRE FAMÍLIA E ESCOLA: PROPOSTA DE AÇÃO NO
PROCESSO ENSINO - APRENDIZAGEM
ANA PAULA JARDIM
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação Stricto Sensu em Educação, como
parte dos requisitos para obtenção do título de
Mestre em Educação - Área de Concentração:
Práxis Pedagógicas e Gestão de Ambientes
Educacionais.
Orientador:
Profª. Drª Lucia Helena Tiosso Moretti.
Presidente Prudente – SP
2006
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370 Jardim, Ana Paula
J37r Relação entre família e escola: proposta de
ação no processo ensino-aprendizagem / Ana
Paula Jardim. - Presidente Prudente : [s.n.], 2006.
100 f. : il.
Dissertação (Mestrado em Educação) –
Universidade do Oeste Paulista, UNOESTE
Presidente Prudente, SP
Bibliografia
1. Processo ensino – aprendizagem. 2.
Relação família e escola. 3. Comportamento
infantil. I. Título.
ANA PAULA JARDIM
RELAÇÃO ENTRE FAMÍLIA E ESCOLA: PROPOSTA DE AÇÃO NO PROCESSO
ENSINO – APRENDIZAGEM
Dissertação apresentada a Pró-Reitoria de
Pesquisa e Pós-Graduação, Universidade
do Oeste Paulista, como parte dos
requisitos obtenção do título de Mestre em
Educação.
Presidente Prudente, 15 de março 2006.
BANCA EXAMINADORA
______________________________________
Profª Drª. Lucia Helena Tiosso Moretti
Universidade do Oeste Paulista - Unoeste
_______________________________________
Profª Drª Regina Célia Adamuz
Universidade do Norte do Paraná - UNOPAR
_______________________________________
Prof. Dr. Levino Bertan
Universidade do Oeste Paulista - Unoeste
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao meu esposo Rui, que de forma incondicional sempre esteve
presente em minha vida me apoiando, não permitindo que eu desistisse dos meus
ideais pôr maiores que fossem minhas dificuldades.
AGRADECIMENTOS
À minha família que, em todos os momentos de realização desta pesquisa, esteve
presente.
À Deus, pôr me dar essa oportunidade e pôr me oferecer condições para a realização
dessa conquista.
À minha querida Orientadora e amiga Lucia que de maneira muito presente permitiu-
me contar com seu apoio, amparando-me em minhas dúvidas, além da sua atenção
e dedicação nas minhas aflições e dificuldades
“[...] Estou preocupado com a relação que a mãe tem com o bebê pouco antes
do parto e nas primeiras semanas e meses após o nascimento.Estou tentando
chamar a atenção para a imensa contribuição ao indivíduo e à sociedade que a boa
mãe comum faz desde o começo, com seu marido dando suporte e que ela faz
simplesmente pôr ser devota a seu filho. Será que o não – reconhecido da
contribuição da mãe devota se deve justamente ao fato de ela ser imensa? Caso se
aceite essa contribuição, segue-se que todo homem ou mulher sadios, todo homem
ou toda mulher que tem sentimento de ser uma pessoa no mundo, e para qual o
mundo significa alguma coisa, toda pessoa feliz tem um débito infinito para com uma
mulher. [...]”
Donald Woods Winnicott (1957).
RESUMO
O presente estudo, norteado pela pesquisa de Estudo de Caso e
assentados nos postulados da Psicanálise teve por objetivos estudar a formação de
um vínculo entre família e escola, analisar a importância da família na aprendizagem
da criança e realizar propostas de ação à escola e à família. Compuseram a
amostra, os pais de 10 escolares, de ambos os sexos, situados na faixa etária de
seis anos, e a professora da primeira etapa do Ensino Fundamental da Rede Pública
de ensino. A pesquisa foi realizada em uma escola da rede pública de ensino de
uma cidade situada ao norte paranaense durante o período de abril a outubro de
2004. Os procedimentos de coleta e análise dos dados do estudo obedeceu às
seguintes fases: entrevista com a direção da escola para a solicitação de autorização
do desenvolvimento do trabalho; elaboração do Termo de livre consentimento para
os pais e professora para o desenvolvimento da pesquisa; elaboração e aplicação
de um questionário para os pais e para a professora, contendo questões objetivas
sobre o funcionamento familiar, bem como sobre adaptação da criança à vida
escolar; análise quantitativa e qualitativa dos dados coletados através dos
questionários; realização de entrevistas devolutivas aos pais e professores;
organização de propostas de ação à família e à escola. Os resultados mostraram
que o relacionamento familiar foi considerado bom em sua maioria; que os pais
encontram-se interessados em acompanhar a educação escolar dos filhos, embora
alguns tenham uma certa dificuldade em faze-lo; a percepção da professora é
compatível com a dos pais no que se refere ao comportamento dos filhos, tais como:
imaturos, desatentos, sem limites, etc.. Os pais têm interesse em participar das
atividades propostas pela escola. Concluímos que existe a necessidade de formação
de vínculos entre as duas instituições, para que ambas possam atender às
necessidades das crianças nesta fase do desenvolvimento escolar.
Palavras – chave: Processo ensino; Aprendizagem; Relação família e escola;
Comportamento infantil.
ABSTRACT
This present study, followed by the Case Studies research, based on
the psychoanalys postulated had as goals: studying the creation of relationship
between families and school, analyze the family importance in the learning process
of the child and hold offers of action to school and to the family. The parents of ten
students, both sexes, at the age of about six years old and the first grade
elementary school teacher made up the sample. The research was held in a public
teaching school in a city situated in the north of Paraná during the period of April to
October of 2004. The collection procedure and the study information analysis
obeyed the following steps: interview with the school staff to ask for permission to
develop the work; creation of a letter – parents and teacher agreement to develop
the research; creation and application of a questionnaire to the parents and the
teacher, with objective questions about the familiar operation, as well as the child
adjustment to school life; quantitative and qualitative analysis of the information
collected through the questionnaires; doing returning interviews with parents and
teachers; organization of offers of action to family and to school. The results showed
that the familiar relationship was considered good in it’s majority; parents are
interested in following their children school education, although some of them have
some difficulties in doing it; the teacher’s perception is compatible with the parents
when it refers to the children behavior, as being: immature, inattentive, without limits,
etc… Parents have interest in taking part in the offered activities to school. We
conclude that there is the need of partnership between the two institutions, so both
may attend the need of the children in this phase of school development.
Key-words: Learning teaching process; Family – school relationship; Childish
behavior
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Composição da família .................................................................... ..52
Gráfico 2 – Relacionamento familiar .....................................................................53
Gráfico 3 – Relacionamento da criança com os pais .......................................... .54
Gráfico 4 – Relacionamento da criança com a professora ...................................55
Gráfico 5 - Elogio por parte dos pais................................................................... .55
Gráfico 6 - Participação dos pais na escolaridade dos filhos ...............................56
Gráfico 7 – Comparecimento dos pais às reuniões e atividades escolares...........57
Gráfico 8 – Adaptação e socialização da criança no ambiente escolar............... .58
Gráfico 9 - Comportamento da criança em sala de aula.......................................58
Gráfico 10 – Dificuldade escolar da criança........................................................ ..59
Gráfico 11- Apresentação da escola à criança .................................................. ..61
Gráfico 12- Adaptação da criança à escola ......................................................... 61
Gráfico 13 - Acompanhamento à criança para a escola ..................................... 62
Gráfico 14 - Nível de amizade da criança ............................................................63
Gráfico 15 – Comportamento da criança em sala de aula ................................. .64
Gráfico 16 – Participação da criança nas atividades escolares ........................... 65
Gráfico 17 – Nível de atenção e concentração da criança ....................................65
Gráfico 18 – Relacionamento da criança com a professora e colegas............... .. 66
Gráfico 19 – Nível de interesse dos pais no processo de aprendizagem da
criança................................................................................................67
Gráfico 20 – Cônjuge mais interessado na vida escolar do filho......................... 68
Gráfico 21- Freqüência de solicitação da escola aos pais ................................... 68
Gráfico 22 – Informação da escola aos pais quanto à dinâmica de funcionamento.
...........................................................................................................69
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – Percepção dos pais sobre seus filhos ............................................. 60
TABELA 2 – Percepção da professora sobre seus alunos .................................. 70
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO................................................................................................. 11
CAPÍTULO 1 - Desenvolvimento Infantil, Família e sua dinâmica ...................18
CAPÍTULO 2 - Relação Família – Escola ........................................................ 41
CAPÍTULO 3 - METODOLOGIA ................................................................... 50
CAPÍTULO 4- RESULTADOS E DISCUSSÃO...............................................52
CAPÍTULO 5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................... 77
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................86
APÊNDICES ................................................................................................... 91
APÊNDICE A – Termo de Consentimento – Diretor......................................... 92
APÊNDICE B - Termo de Livre Consentimento livre os pais ......................... 93
APÊNDICE C - Termo de Consentimento livre – professora............................ 94
APÊNDICE D – Entrevista com a Professora.....................................................95
APÊNDICE E – Questionário para os pais.........................................................96
APÊNDICE F – Questionário para a professora................................................98
ANEXO
ANEXO A – Identificação da Amostra – pais....................................................100
12
INTRODUÇÃO
O interesse em pesquisar sobre a relação entre família e escola surgiu
durante a realização do estágio curricular do quinto ano do curso de Psicologia da
UniFil – Centro Universitário Filadélfia , da cidade de Londrina (PR), na área de
Psicologia Escolar, visto que as queixas trazidas pela Direção da escola, pelos
professores e pais estavam voltadas às dificuldades que se encontravam em
relação ao processo ensino- aprendizagem dos alunos.
Outrossim, estava interessada em compreender qual o papel da
família e da escola, além de observações quanto ao comportamento inadequado
dos alunos, de forma geral.
Durante todo o estágio curricular, nos dedicamos ao entendimento de
tais fenômenos, com muitas discussões durante as supervisões com a professora e
demais colegas, sobretudo com a equipe pedagógica da escola.
Ao final do ano letivo, retornamos à nossa cidade natal – Bandeirantes
(PR), (a 85 kms de Londrina), na esperança de poder dar continuidade ao nosso
trabalho na área escolar e/ou em outro campo da Psicologia que fosse viável na
cidade ou região.
Nesta mesma época, nos interessamos em cursar Pós – Graduação,
especificamente o Curso de Mestrado em Educação, bastante divulgado por alguns
professores, (um deles já estava cursando o mestrado na UNOESTE), com objetivo
de qualificar-nos na carreira docente, e na tentativa de podermos, mediante a
realização de pesquisas, respondermos às questões levantadas durante todo o
estágio na área escolar e no campo da psicologia do desenvolvimento infanto -
juvenil, de forma geral.
Envolvendo-nos na empreitada em busca de um trabalho a realizar,
dirigimo-nos até ao Colégio (escola da rede pública), onde havíamos cursado o 1º
e 2º grau para conversarmos com a Direção escolar e deixarmos nosso Curriculum
Vitae, caso houvesse interesse por parte da Instituição em nossa contratação.
Em uma conversa informal com a Direção escolar foi-nos relatada a
dificuldade desta, em estar lidando e trabalhando com as crianças que estão
apresentando problemas de aprendizagem e distúrbios de comportamento como:
13
indisciplina e ausência de limites da criança, agressividade, bem como a falta de
compromisso dos pais em relação a seus filhos, especificamente as crianças da
primeira etapa do ensino fundamental.
Diante do exposto, e como já tínhamos a intenção de pesquisar este
tema, afirmamos nosso interesse em realizar um trabalho para investigar a
origem de tais problemas, sobretudo examinar as possibilidades de formalizar a
relação entre a família e a escola; identificar quais as funções que os pais
exercem, como é o vínculo e a vivência entre os membros e o que os familiares
depositam e esperam dessas crianças e da escola que estão em processo de
aprendizagem.
Entendemos que criar e educar os filhos, prepará-los para portar-se
com responsabilidade e segurança no conturbado mundo em que hoje vivemos, é
uma tarefa tão exigente e desafiadora como prazerosa e gratificante.
Escolher a escola adequada às expectativas da família e que, ao
mesmo tempo, permita a adaptação da criança, é um projeto cujo sucesso
depende, em grande parte, da capacidade dos pais em avaliar as ofertas
existentes. Também é importante que os pais e/ou responsáveis pelas crianças
estejam atentos ao projeto educativo/pedagógico e ao perfil disciplinar da
instituição, que contribui para selecionar por aquela cujos valores e fundamentos
mais se assemelhem aos da família em termos de exigências, posturas, visão de
mundo.
Conhecer as dependências e possibilidades da escola, seus
diferenciais, bem como os professores que estarão encarregados da educação dos
filhos também é recomendado e necessário (BALTAZAR, 2004).
A família reflete os problemas da sociedade bem como a presença ou
ausência de valores nos diversos contextos humanos (escola, grupo de pares,
associações) e desse modo é importante pesquisar sua relação com o desempenho
escolar.
Menin (1996, p.52), aponta que Piaget enfatizava a cooperação
enquanto operadora no estabelecimento de trocas equilibradas com os outros,
sejam estas trocas relativas a favores, informações materiais, influências etc.
Conforme o sentido Piagetiano, o vínculo escola-família prevê o
respeito mútuo, o que significa tornar paralelos os papéis de pais e professores,
14
para que os pais garantam as possibilidades de exporem suas opiniões, ouvirem os
professores sem receio de serem avaliados, criticados, trocarem pontos de vista.
Tal relação implica em colocar-se no lugar do outro e não apenas
enquanto troca de favores, mas “... a cooperação, em seu sentido mais prodigioso:
o de supor afetos, permitir as escolhas, os desejos, o desenvolvimento moral, como
construção dos próprios sujeitos, um trabalho constante com estruturas lógicas e as
relações de confiança”. (TOGNETTA, 2002)
Segundo Piaget:
Uma ligação estreita e continuada entre os professores e os pais leva,
pois, a muita coisa mais que a uma informação mútua: este intercâmbio
acaba resultando em ajuda recíproca e, freqüentemente, em
aperfeiçoamento real dos métodos. Ao aproximar a escola da vida ou das
preocupações profissionais dos pais, e ao proporcionar, reciprocamente,
aos pais um interesse pelas coisas da escola, chega-se até mesmo a uma
divisão de responsabilidades... (PIAGET, 1972 - 2000, p.50)
A convivência e o relacionamento familiar são fatores fundamentais
para o desenvolvimento individual: a inserção da criança no universo coletivo, a
mediação entre ela e o mundo, entre ela e o conhecimento, sua adaptação ao
ambiente escolar, o relacionamento com os professores e funcionários da escola, a
convivência com os colegas, são fatores decisivos para o seu desenvolvimento
social.
Considerando que o ser humano aprende o tempo todo, nas mais
diversas instâncias que a vida lhe apresenta, o papel da família é fundamental, pois
é ela que decide, desde cedo, o que seus filhos precisam aprender, quais as
instituições que devem freqüentar, o que é necessário saberem para tomarem as
decisões que os beneficiem no futuro.
As relações familiares e o conhecimento da rotina da casa são as
referências iniciais da criança; a ida para a escola maternal pode significar uma
ruptura com este mundo conhecido e por isso se tornar muito assustador para a
criança, assim como para seus pais.
É natural que uma situação nova e desconhecida desencadeie
medos, angústias e insegurança, por isto é importante que os educadores
considerem essas emoções como algo esperado nesta situação e na medida do
15
possível ir conversando com a criança e com seus pais a respeito da repercussão
destas vivências.
A intensidade com que cada criança suporta essa situação depende
muito de aspectos particulares da personalidade e dinâmica familiar. Essas
experiências podem ter um caráter bastante primitivo e fogem de qualquer tentativa
de explicação racional.
Outro fator presente é a convicção de que o filho é como uma
extensão dos pais, sem uma diferenciação; alguns pais se relacionam com o filho
como se fosse um eterno bebê sem reconhecer as condições e os recursos da
criança. Desta forma infantilizam seus filhos.
A escola, através de seus professores ou diretores podem alertá - los
e orientá-los, na tentativa de repensar sua conduta e agir de forma mais coerente
com a realidade da criança. (MORETTI, BALTAZAR; BALTHAZAR et alli, 2003)
Quem observou muito bem esses fenômenos psíquicos infantis foi
Melanie Klein, psicanalista inglesa. Segundo ela, a separação entre mãe - filho
pode também suscitar o ódio na criança e como conseqüência surgirem fantasias
muito primitivas e hostis, complicando muitas vezes a separação com a mãe e o
ingresso na escola maternal. (KLEIN, 1981)
A experiência da criança no maternal e na pré-escola pode ter pouca
semelhança com a educação e o aprendizado formais dos anos seguintes, porém, o
que ela aprender pode ser de grande valia para sua vida. Além de ter espaço e
liberdade para brincar, pode começar a aprender a conviver com outras crianças,
que ao nosso ver é algo fundamental para o seu desenvolvimento e socialização.
O papel do educador é essencial, pois este pode assegurar um
ambiente seguro para que tais descobertas possam acontecer.Quanto mais
precocemente uma criança com dificuldades for ajudada, maiores serão as
possibilidades de se desenvolver de forma salutar aumentando sua autoconfiança,
auto- estima e desenvolvendo sentimentos de segurança.
A escola pode orientar os pais a uma reflexão sobre os aspectos
emocionais envolvidos na relação com os filhos e perceber o quanto estes fatores
se fazem presentes e influenciam no desenvolvimento, crescimento e socialização
das crianças; desta forma, tomando consciência das suas próprias emoções e
atitudes podem ser orientados a adotar uma conduta mais adequada e realista com
relação ao filho.
16
Para Di Santo (2005), observa-se que alguns pais são mais abertos
e maleáveis, o que facilita muito a comunicação, enquanto que outros são mais
rígidos, fechados e impenetráveis. Podem se mostrar muito fragilizados frente às
observações e comentários dos professores, sentindo-se criticados e culpados. Por
isto a função da escola não é fácil e exige habilidade para lidar com estas
situações.
Entendemos que ambos, a escola e os pais, estando atentos ao
desenvolvimento das crianças, possam observar suas condutas, notando quando
algo se expressa de forma exagerada e muito desarmônica.
Para Knobel, psiquiatra e psicanalista :
A família é um grupo primário e natural de nossa sociedade, nos quais o
ser humano vive e consegue se desenvolver. Na interação familiar, que é
previa e social (porém determinada pelo meio ambiente), configura-se
bem precocemente a personalidade, determinando-se aí as
características sociais, éticas, morais e cívicas dos integrantes da
comunidade adulta. Por isso, muitos fenômenos sociais podem ser
compreendidos analisando as características da família. Muitas das
reações individuais que determinam modelos de relacionamentos
também podem ser esclarecidos e explicados, de acordo com a
configuração familiar do sujeito e da sociedade da qual faz parte.
(KNOBEL,1992, p. 19)
Decorrente da realidade atual e considerando que a dinâmica familiar
permeia toda relação de grupo, ela pode desencadear vários problemas, sendo a
dificuldade de aprendizagem um deles.
A asserção relação escola -família pode ser estudada sob diferentes
campos disciplinares e grupos temáticos, conforme destacam Nogueira, Romanelli
e Zago (2000, p.10), e atualmente tem sido investigado em nosso país, tema que
abordaremos posteriormente.
A relação família e escola têm uma importante função no
desenvolvimento escolar e da aprendizagem de crianças que estão na primeira
etapa do ensino fundamental, sendo um assunto que merece ser pesquisado
devido a sua importância e freqüentes dificuldades encontradas nas escolas.
Nosso estudo prioriza questões sobre dinâmicas familiares, a relação
família x escola e sua influência no processo de aprendizagem escolar; acreditando
que todos os envolvidos na área da educação serão beneficiados, pois haverá uma
maior compreensão da realidade atual da família x escola.
17
O presente trabalho, norteado pelos pressupostos da psicanálise e da
educação, está assentado em procedimentos metodológicos de Estudo de Caso.
Nesta investigação, nosso problema a ser examinado refere-se a:
- É possível a relação da família com a escola, no comprometimento do processo
educativo da primeira etapa do ensino fundamental?
Formulamos as seguintes hipóteses:
1. Uma família funcional, permite à criança um desenvolvimento
psíquico, social e cognitivo saudável;
2. Os papéis assumidos pelos pais, refletem, na criança a forma como
ela irá se comportar e se relacionar no ambiente escolar, seja com os professores,
seja com os colegas;
3. A forma como a escola está organizada, está apta para receber
crianças com “problemas” de comportamento e familiares?
Para a análise do problema e das hipóteses formuladas, os objetivos
do presente estudo foram:
GERAL:
Compreender a relação entre família e escola, focando-se na
influência de ambas no desenvolvimento da aprendizagem das crianças da primeira
etapa do ensino fundamental.
ESPECÍFICOS:
Analisar a importância da família na aprendizagem da criança;
Levantar dados a respeito da problemática escolar e de
comportamento das crianças;
Efetuar propostas de ação à escola e à família.
18
Para a consecução e efetivação do nosso estudo, sua organização
compreende um capítulo sobre desenvolvimento infantil, família e sua dinâmica; o
capítulo 2 aborda as questões sobre a relação da família com a escola ; a
metodologia encontra-se no capítulo 4, onde explicitamos como foi delineada e
realizada a pesquisa. No capítulo seguinte, Resultados e Discussão, apresentamos
a análise qualitativa dos dados coletados e as Considerações Finais encontram-se
no capítulo 5.
As Referências Bibliográficas apontam as contribuições de estudiosos
do desenvolvimento infantil e da educação, especificamente no que se refere ao
processo ensino – aprendizagem.
19
CAPÍTULO 1 – DESENVOLVIMENTO INFANTIL, FAMÍLIA E A SUA DINÂMICA
Abordamos, inicialmente, sobre a infância, as relações das crianças
com seus pais, cuja etapa em que prevalece a figura materna e que durante muito
tempo isto foi levado ao exagero, com a exclusão parcial e até mesmo total da
figura paterna, conforme apontam alguns estudiosos, dentre eles, Freud, Melanie
Klein;René Spitz, John Bowby, Donald Winnicott, entre outros.
Não abordaremos as contribuições teóricas de todos eles, visto não
ser o objetivo do nosso estudo,uma vez que demandaria um estudo exaustivo, mas
sim delinear alguns dos principais pressupostos destes estudiosos do psiquismo
infantil essenciais na compreensão do tema proposto.
Segundo Cury (s/d), o século XVIII foi magnânimo em apresentar ao
mundo grandes nomes do pensamento pedagógico que até hoje servem de
referencial para todos os estudiosos e pesquisadores da área.
Iniciaremos com a visão de um grande educador e filósofo – Jean –
Jacques Rousseau – cuja essência do seu trabalho foi considerar a educação da
criança como promessa de um progresso que incluía em si, a afetividade.
Jean-Jacques Rousseau (1712 – 1778), foi o precursor das
pedagogias literárias, foi ele o primeiro a chamar a atenção dos educadores para o
estudo das crianças. Para ele, a educação da criança é um compromisso de um
progresso que inclua em si, desde logo, a afetividade. ( CAMBI, 1999)
Rousseau defendia uma educação não repressiva, respeitadora da
livre expressão emocional e artística dos alunos; propunha uma educação natural,
longe das influências do ambiente social e com o apoio de um pedagogo que
orientasse a criança no processo formativo a refletir as exigências da própria
natureza.
Sigmund Freud (1905), foi outro importante precursor do
desenvolvimento infantil ao imputar as bases da sexualidade infantil e da vida
instintiva – pulsões de vida e de morte, dos princípios do prazer, da realidade, da
relevância dos afetos – amor, ódio, inveja, rivalidade, competição - ao evidenciar
o narcisismo primário e secundário (oriundos de injúrias de auto – estima) e
também dos complexos edípicos.(MELLO FILHO; BURD, 2004)
20
A partir das pesquisas de Freud, surgiram outros estudiosos
interessados nos assuntos do desenvolvimento infantil,pois de sua compreensão
dependia o futuro do ser humano, para sempre ligado às suas raízes primitivas. Na
década de 40, os grandes expoentes que se destacaram foram Renè Spitz, John
Bowlby, Melanie Klein, Anna Freud e Donald Winnicott.
Na verdade, todos estes teóricos mostraram estudos mais completos
do que os do próprio Freud, uma vez que observaram diretamente as crianças e
suas mães num setting clínico e/ou experimental e não discutiam somente a
reconstituição da infância em pacientes (adultos), submetidos à analise.(Ibid.,p,
167)
Estes pesquisadores da infância acentuavam a importância dos
cuidados maternos (e paternos) no desenvolvimento infantil como um todo – a mola
propulsora da saúde mental.
Analisar a família e o relacionamento entre seus membros é uma
atividade complexa, que requer uma minuciosa observação, uma vez que a rede
familiar está inserida num contexto sócio-histórico e sofre influências de problemas
oriundos do ambiente externo, que influem direta ou indiretamente na rotina da
família e transparecem na relação com os filhos, podendo assim aliviar tensões ou
ampliá-las.
Vários são os fatores que influenciam as ações familiares, dentre eles,
podemos citar a própria mudança no comportamento da sociedade no decorrer das
décadas. Na década de 50, por exemplo, a vida econômica era estável, a família
era patriarcal e os valores morais eram extremamente marcantes.
Atualmente, na maior parte das famílias as mulheres são as
responsáveis pelo seu sustento, a vida econômica tornou-se altamente instável e
os valores morais passaram a ser transitórios. Além das mudanças sociais, que
modificam a estrutura da família, destacamos a instituição de ensino, pois esta
tende a questionar e por em dúvida o papel relevante da família na aprendizagem
do filho e avalia, muitas vezes, as crianças como incapazes ou inadaptadas, devido
às dificuldades de aprendizagem que apresentam. Esta apreciação da escola
também altera significativamente relações familiares.
Sabe-se que, "quando os pais constroem altas expectativas para si,
passam inevitavelmente exigir muito da criança - que apresentem rendimento
21
escolar excelente, que se sobressaia em tudo o que faz para ser melhor que os
outros etc." (MALDONADO, 2002, p. 20).
De acordo com Maldonado (2002, p.30), os pais e filhos precisam
crescer juntos e em todas as fases do desenvolvimento são necessárias
adaptações na forma de lidar com as situações que surgem.
Os pais, em sua maioria, agindo de modo incorreto, tentam dar ao
filho a oportunidade que não tiveram.No entanto, a cobrança exagerada dos pais
pode causar na criança sérios problemas na aprendizagem e, ainda, provocar na
escola um temor de que a família possa "dominar seu território", dificultando sua
autoridade, pois "os pais se vêem sendo orientados sobre a forma de como agir
com seus filhos, mas os professores não gostam que lhes digam o que devem
fazer" (LAHIRE,1997, p. 338).
As crianças começaram a ir precocemente para a escola, fato que
pode favorecê-las ou não, dependendo do acompanhamento escolar e familiar
realizado. Caso a criança seja bem assistida, esse ingresso prematuro na
instituição pode ajudá-la a se desenvolver melhor em todos os aspectos: sociais,
cognitivos etc.
Todavia, se a família coloca-a na escola, mas não a acompanha pode
gerar na criança um sentimento de negligência e abandono em relação ao seu
desenvolvimento. "Por falta de um contato mais próximo e afetuoso, surgem às
condutas caóticas e desordenadas, que se refletem em casa e quase sempre,
também na escola em termo de indisciplina e de baixo rendimento escolar"
(MALDONADO, 2002, p. 11).
Em outros momentos pode-se criar uma criança autoritária e
desobediente por culpa dos próprios pais que por trabalharem demais e estarem
ausentes da rotina do filho permitem, por um sentimento de culpa, que a criança
faça tudo o que desejar. Tal comportamento dos pais é prejudicial à própria criança,
que fora do ambiente familiar não encontrará tamanha facilidade.
O relacionamento familiar é difícil, isso não quer dizer que uma família
feliz não possa discutir, pelo contrário, essa troca de opiniões é rica para o
crescimento da confiança e auto- estima familiar. Esses diálogos serão necessários
em toda etapa do crescimento da criança e do amadurecimento da família.
22
Para Winnicott (1996), a família pode ser considerada como centro e a
criança como parte desta. A criança sempre é estudada em relação a sua família ou
em relação à falta de uma.
A família constitui um grupo, cuja estrutura se relaciona com a
organização da personalidade do indivíduo, ela é o primeiro agrupamento e o que
está mais próximo da unidade da personalidade e em termos de crescimento do
indivíduo. Bons pais constroem um lar e mantêm-se juntos, provendo então uma
relação básica de cuidados à criança e mantendo, portanto, um contexto em que
cada criança encontra gradualmente a si mesma (seu self) e ao mundo, e uma
relação operativa entre ela e o mundo.
Em relação ao self Winnicott nos esclarece que:
O sentimento de identidade – de ser subjetivo, está vinculado à
constituição de um self integrado, uma unidade psíquica que, para se
constituir adequadamente,precisa da presença e do olhar de uma outra
pessoa significativa. Na existência de um ambiente propício para receber
os gestos espontâneos do bebê, entendê-lo e refleti-lo, é que o ser
humano torna-se capaz de construir uma referência de si mesmo. É no
brincar que a pessoa, criança, adolescente e/ou adulto,pode ser criativo e
utilizar sua personalidade integral – e ao ser criativo que o indivíduo
descobre o eu (self). (WINNICOTT, 1975, p. 80-81)
É neste tipo de ambiente, que Winnicott enfatiza que a família possui
um lugar claramente definido naquele ponto em que a criança em desenvolvimento,
trava contato com as forças que operam na sociedade. As relações da criança com
a mãe, originam os alicerces da saúde mental do indivíduo.
A criança, como se sabe, passa por vários estágios em seu
desenvolvimento e em todas elas ocorre uma série de ações, mudanças, cada vez
mais compatíveis com a conservação do vínculo inconsciente com a figura central –
a família. A estimulação para a aprendizagem deve ser compreendida na relação
entre os aspectos afetivos e cognitivos do indivíduo, ambos dependentes do meio
social. Desta forma, as crianças provenientes de contextos familiares que não
conseguem valorizar a aprendizagem escolar tendem a não investir energia
suficiente para aprender.
Na educação, os pais podem transferir para a criança todas as suas
crenças, assim como servem de modelos para a criança. Se a família consegue
23
oferecer um ambiente facilitador para a criança com certeza só terá a acrescentar e
ajudar no desenvolvimento dela, porém se esse ambiente familiar não oferecer uma
condição satisfatória e sim com patologias e "bodes expiatórios", essa criança terá
seu aprendizado comprometido e a família será um produtor de problemas de
aprendizagem, pois, a criança não terá suporte emocional e nem condições
psíquicas para enfrentar o aprendizado.
Na escola, a criança terá de adaptar-se a essa nova realidade e é de
muita importância o apoio dos pais nesse momento. Os pais já devem estar
preparados para lidar com essa grande mudança na vida infantil, pois antes, a
criança vivia somente entre o seio familiar e ao lado de pessoas de confiança.
Agora, passa a fazer parte de um mundo imenso e desconhecido e todas as
funções serão necessárias para ela enfrentar esse momento; daí a importância de
ter o seu aparelho emocional e psíquico bem estruturado o que lógico só terá se o
ambiente familiar lhe propôs.
Esse afastamento da criança de seu lar, também trará novos desafios
e angústia para a família, principalmente para a mãe. A mãe pode não querer deixar
seu filho ir e a criança sentirá essa angústia e embora goste da escola chora para
não ir, pois não suporta a dor da mãe pela separação. A criança reage melhor a
essa situação de separação quando a mãe dá apoio emocional. As mães vivem
muitas agonias e é bom que as crianças não presenciem isso e nem se envolvam,
pois elas já têm suas próprias angústias e desafios pela frente, o que faz parte de
seu crescimento.(WINNICOTT,1996)
É normal também, na época da escola, as crianças levarem seus
objetos de transição o que pode ser um cachecol, ursinho, fralda e etc. Esse objeto
une a criança à realidade externa ou compartilhada. Faz parte tanto da criança
como da mãe. Normalmente, ela usa esses objetos nos momentos de transição, ou
seja quando a mãe não está por perto como na hora de dormir e é natural querer no
início levar para escola. O professor deve ir devagar e respeitar esse momento da
criança, quando ela sentir-se mais segura com o novo ambiente que irá deixar em
casa – sentir-se-á segura na escola, num ambiente acolhedor, como sua casa e
família.
Por outro lado, as crianças também tendem a sentir-se desleais
quando gostam da escola e apreciam esquecer-se de suas mães por algumas
24
horas. Por isso, sentem-se ansiosas quando se aproximam de casa ou muitas
vezes demoram a chegar.
Normalmente as mães se zangam, mas também devem ter paciência
e entender as dificuldades dos filhos que muitas vezes tem reações inesperadas ou
fora do costume, o que é normal devido às diversas transformações que vão
passando no decorrer do seu desenvolvimento.(WINNICOTT, 1996)
A criança normal, que vive num lar normal, tem objetivos e vai à
escola querendo de fato aprender alguma coisa; trava contato com seu próprio
ambiente, e chega até a ajudar a conservá-lo ou modificá-lo. A criança desajustada,
por outro lado, tem necessidade de um ambiente cuja tônica seja o cuidado, e não
o ensino.
Para a criança que vai pela primeira vez à escola, isso funciona como
um alargamento do lar. A escola da criança pequena deve estar integrada ao lar e
não deve dar muita ênfase ao ensino propriamente dito, pois as crianças dessa
idade necessitam mesmo é de oportunidade para brincar organizadamente e
condições controladas para poder dar início a sua vida social. Reconhece-se que o
verdadeiro grupo da criança pequena é seu próprio lar.
Winnicott (1982), justifica que:
A função da escola maternal não é ser um substituto para uma mãe
ausente, mas suplementar e ampliar o papel que, nos primeiros anos da
criança, só a mãe desempenha. Uma escola maternal ou jardim de
infância,será possivelmente considerado de um modo mais correto, uma
ampliação da família para cima , em vez de uma extensão para baixo da
escola primária. (p. 214)
Portanto, antes de verificar qual é o papel da escola maternal e o da
professora, em particular, é aconselhável assegurar que a criança realmente
precisa da mãe e a natureza do papel que a mãe desempenha na evolução
psicológica saudável. Uma vez compreendidas estas questões,é que se pode
conseguir um entendimento real da forma como a escola maternal pode dar
continuidade ao trabalho da mãe. (Ibid.,p.214)
Segundo Regis de Morais (1989), para existir o aprendizado é preciso
uma interação entre o educador, o ensinante e ensinando, respeitando os limites de
cada um e sua privacidade. O mundo, a sociedade, também educa, nós somos
25
marcados por eles, e podemos aprender a todo o momento. É preciso a
participação da família nesse aprendizado, a qual já se deu início a socialização.
A família e a escola têm responsabilidades quase que indissociáveis,
por isso é importante que aja uma comunicação entre ambos o lado sobre o
processo e desenvolvimento do aluno, pois qualquer problema de um dos lados,
com certeza irá interferir de alguma forma no outro.
O professor tem papel fundamental nessas modificações, visto que
eles influenciam grandes partes dos comportamentos dos alunos e ensinam as
crianças e jovens a ter consciência de deveres e valores de julgamentos como
forma de convívio social, outra linha grande que faz parte da educação se origina
na escola e é muito importante o professor ter características especiais para dar
uma boa formação ao aluno.
Delours et al. (1998), apresenta quatro pilares onde a educação deve
organizar-se para favorecer o conhecimento: aprender a conhecer como
instrumentos da compreensão também significa aprender a aprender, para
beneficiar-se das oportunidades oferecidas pela educação ao longo da vida,
aprender a fazer, para aprender a agir sobre o meio envolvente, aprender a viver
juntos, a fim de participar e cooperar com os outros em todas as atividades
humanas e finalmente aprender a ser como via essencial ou integrar os três
precedentes.
Pode-se então chegar à conclusão de que aprender faz parte de um
processo integrado no qual toda a pessoa (intelecto, afetividade, sistema muscular),
se mobiliza de maneira orgânica. A aprendizagem é um processo qualitativo pelo
qual a pessoa fica mais bem preparada para novas aprendizagens, decorrente de
uma transformação estrutural da inteligência do sujeito. (BORDENAVE, 1999).
Neste contexto social, fala-se de aprendizagem e família e a
possibilidade de vinculação entre ambas. Abordamos,sucintamente, alguns pontos
de vista sobre família e suas funções.
Como podemos observar, a família e a sociedade sofreram grandes
transformações, devido às influencias que sofreram da própria relação entre ambas.
Soifer (1994), psicanalista Argentina e terapeuta familiar, define a
família como:
26
Estrutura social básica com entrejogo diferenciado de papéis, integrado por
pessoas que convivem por tempo prolongado, em uma inter-relação
recíproca com a cultura e a sociedade, dentro da qual se vai
desenvolvendo a criatura humana, premiada pela necessidade de limitar a
situação narcísica e transformar-se em um adulto capaz.A defesa da vida é
seu objetivo primordial. (p. 23)
Para Soifer, então, as funções básicas da família se resumem em
duas: ensino e aprendizagem.
Os primeiros anos de vida de ensino cabem totalmente aos pais, ao
passo que corresponde às crianças a função de aprender. A partir da entrada na
escola fundamental, os filhos começam a trazer ensinamentos obtidos na escola,
que transmitem aos pais. Tal situação começa a se ampliar na escola secundária e
através da freqüência a outros ambientes, nos quais os adolescentes vão
aprendendo noções relacionadas com o progresso cientifico e a relação ensino-
aprendizagem se equilibra entre pais e filhos, por partes iguais, como é de praxe
em todo relacionamento humano.
A estrutura familiar tomou, durante a mudança do tempo, vários
modelos e diferentes formas na sua organização. Com isso, a família que antes lhe
era atribuído o acompanhamento físico, psicológico e mental para a formação de
personalidade de seus integrantes, “perdeu” seu significado e função muito
importantes para os seres humanos.
Knobel (1992, p. 20-21), psiquiatra, psicanalista e pesquisador
Brasileiro nos âmbitos da infância, adolescência e família, comenta que no presente
momento estamos assistindo à profundas mudanças na estrutura familiar e suas
correlações internas e externas. Configura-se assim um “complexo” social,
psicológico e biológico com variados e também complexos “subsistemas”.
Na história da família observa-se que da família tipo “tribal” (onde
praticamente todos os parentes configuravam a família e que ainda se observa em
alguns grupos culturais,) passou-se à família “extensa”, com os consangüíneos
mais diretos. Depois passamos ao que se pode chamar de família “nucleares”,
formadas só pelos pais, filhos e algum avô ou um outro familiar, até chegar
atualmente à família “reduzida”, com uma precoce desvinculação dos filhos e a
estrutura complementar do casal.
A família do século XX, passou a se mostrar uma vida familiar mais
privada e dentro dessa privacidade a individualidade de cada membro, assim
27
também passou a concentrar momentos específicos, como refeições,
comemorações, compromissos, etc.
Com a escolarização, as famílias passaram a transferir a escola à
função de ensinar o aprendizado da vida em sociedade. A utilização das escolinhas
(jardim de infância, creches e outros), tornou se cada vez mais freqüentes, o que
era no início como um lugar onde as mães pobres pudessem deixar seus filhos para
trabalhar, hoje se tornou quase que uma “necessidade” infantil, pois não há mais
diferenciação de quem trabalha ou não; isso se tornou mais uma forma de empresa
privada.
Prost e Vincent (1992, p. 74), observam a substituição da família pela
escola, com seu próprio consentimento,pois a família tem consciência de sua
incapacidade estatutária. A família tornando-se privada, deixa de ser plenamente
educativa, porque toda educação é educação para a vida pública. A família deixa
de ser uma instituição para ser apenas um ponto de encontro.
Na metade do século XX, o casamento era visto de forma coletiva,
inserido numa realidade social e possuía um acompanhamento jurídico forte e o
divórcio quase não se ouvia falar.
Apesar de difícil classificação, os sentimentos visíveis que uniam os
casais eram atração um pelo outro, entendimento entre o casal, entre outros, mas o
aspecto sexual existia de forma forte, mas ele não era a prioridade, pois a
sexualidade estava associada a procriação.
Com a chegada da década 60, os costumes começaram a se
modificar, surgiu a gravidez indesejável e fez se necessário um planejamento
familiar, assim o casamento passa a ser uma formalidade. Essas mudanças
continuaram e nos anos 70 o divórcio já não era novidade na sociedade, com isso o
número de casamentos diminuiu.
A família está claramente passando por uma crise, a qual Roudinesco,
psicanalista francesa, atribui à perda do pai. Por séculos o pai foi a figura maior a
qual hoje foi desafiada e concedida o lugar à “maternidade”.
Para Roudinesco (2004, p. 26), “existem aqueles que temem mais
uma vez sua destruição ou sua dissolução, mas, objetamos, em contrapartida, que
a família contemporânea, horizontal e em redes vem se comportando bem e
garantindo corretamente a reprodução das gerações”.
28
Assim, ela continua se referindo às instituições da família, casamento
e filhos:
Despojados dos ornamentos de sua antiga sacralidade, o casamento, em
constante declínio, tornou-se um modo de conjugalidade afetiva pelo qual,
cônjuges, que às vezes escolhem não ser pais, se protegem dos atos
perniciosos de suas respectivas famílias ou das desordens do mundo
exterior. É tardio, reflexivo, festivo ou útil e freqüentemente precedido de
um processo de concubinato ou de experiências múltiplas de vida comum
ou solitária. (p. 27)
Cada vez mais os filhos são concebidos fora do casamento, e com
isso podem assistir às núpcias de seus pais; infelizmente os pais não unidos para a
vida toda, mas, em muitos casais por um curto período de tempo, o divórcio
aparece.
Para Roudinesco, apesar de todas essas mudanças a família é
amada, sonhada e desejada por homens, mulheres e crianças de todas as idades,
de todas as orientações sexuais e de todas as condições.
Já descrevemos acima, algumas considerações sobre a criança, sua
família e seu ingresso na vida escolar. No entanto, torna-se oportuno abordar
alguns aspectos mais específicos no que tange essas questões que permeiam a
vida familiar da criança, antes de discorrermos sobre a possibilidade de parcerias
entre família e escola.
Estamos nos referindo à criança, à escola, o professor e os pais.
Explanar sobre a família, escola e a formação de sintomas em
crianças é um tema instigante e ao mesmo tempo complexo e abrangente.
Abordamos sucintamente alguns teóricos que pesquisam o tema.
Küpfer, em seu livro Educação para o futuro: psicanálise e educação
(2000, p.35), comenta que o ato de educar está no cerne da visão psicanalítica do
sujeito. Pode-se concebê-lo como ato por meio do qual o Outro primordial se
intromete no cerne do infans, transformando-a em linguagem. É pela educação que
um adulto marca seu filho com marcas de desejo; assim, o ato educativo pode ser
ampliado a todo ato de um adulto dirigido a uma criança.
Trabalhar com crianças que mostram tais características é construir
um lugar intermediário entre a escola comum e a escola terapêutica, com todas
suas implicações pedagógico-metodológicas e institucionais. Trata-se de criar um
lugar onde, antes de formar um cidadão, ajuda-se a construir e ou a reconstruir um
sujeito psíquico (ZIMMERMAN, 1995).
29
Baltazar e Moretti (2004b), explicam que não há melhor escola de
formação cultural, social e psicológica que o próprio lar. As teorias psicológicas de
diversos matizes e diferentes orientações poderão servir como base estrutural
científica, educacional, formativa para jovens e adultos, especialmente para aqueles
comprometidos com a responsabilidade de orientar novas gerações. Mas nada há
que exceda, em sua capacidade configuracional de definição da personalidade do
indivíduo, o exemplo do comportamento de seus próprios pais, desde o começo de
sua vida (ainda que seja um reflexo de determinada estrutura sociocultural e
produto de um determinado padrão político-econômico).
Em relação aos filhos e às expectativas quanto à escola,
encontramos várias fantasias familiares, das quais enumeraremos apenas duas: (a)
o desejo de que a instituição escolar “eduque” o filho naquilo que a família não se
julga capaz, como, por exemplo, em relação a limites e sexualidade; (b) que ele
seja preparado para o ingresso na universidade e para obter êxito profissional e
financeiro.
A função da escola é educar, isto é, conforme o significado
etimológico da palavra, “colocar para fora” o potencial do indivíduo e oferecer um
ambiente propício ao desenvolvimento dessas potencialidades, ao contrário de
ensinar, que é in + signo, ou seja, colocar “signos para dentro” do indivíduo.
Evidentemente, a criança chega na escola levando consigo aspectos
constitucionais e vivências familiares, porém o ambiente escolar será também uma
peça fundamental em seu desenvolvimento. Esses três elementos – aspectos
constitucionais, vínculos familiares e ambientes escolar – constituirão o tripé do
processo educacional.
Outeiral e Cerezer (2003), relatam que a escola e a educação vivem
um momento de perplexidade, sem definição de como conciliar as necessidades de
uma sociedade em mudança permanente (com contestação, transformações e
mudanças de paradigmas e valores) e uma proposta educacional que prepare “o
homem do futuro”.
Temos de pensar, então, que nem sempre a escola “tem razão”, e
muitas vezes a apreciação da criança é correta. A escola é feita por indivíduos
(professores, supervisores, orientadores e diretores são “pessoas”), que lidam
melhor ou pior com determinadas situações. Os pais têm que estar atentos para
situações que derivam desses fatos. Qualquer “Manual de Educação Moderna”
30
aponta como pressuposto a necessidade de respeitar as características individuais
do aluno; entretanto, o que se verifica, na prática, é a realização de um ensino
massificado, em grandes escolas de turmas enormes de alunos, mais ao estilo de
uma linha de montagem industrial.
Os professores são também, posteriormente aos pais, objetos de
“amor edípico”, ocorrendo uma transferência edípica. Algumas dificuldades
escolares na infância assemelham-se a situações desse tipo. É interessante
lembrar também que trabalhar com crianças, como já vimos, desperta o infante
que existe nos adultos, e isso, nos professores, poderá desenvolver distintos
sentimentos por uma determinada criança que lhes evoque as situações de vida de
sua própria infância.
O que confere à escola importância vital no processo de
desenvolvimento infantil é o fato de ela ter características de ser uma simulação da
vida, na qual existem regras a serem seguidas, mas que se pode transgredi-las sem
sofrer as conseqüências, impostas pela sociedade, e ser esta uma oportunidade de
aprender com a transgressão.
Deve-se levar em conta, também, que a relação do aluno com a
escola é afetada pela significação que os pais dão a ela, aos estudos de seu filho e
as relações dele com os demais alunos. Pais que tenham sido submetidos a uma
escolarização muito rígida podem, inconscientemente, buscar uma escola
permissiva que “compense” a sua vivência escolar de sofrimento.
Podem, por outro lado, fazer com que seus filhos sofram tanto quanto
eles e “passem” por tal situação para tornarem-se “tão educados” quanto eles.
(BALTAZAR e MORETTI, 2004, p. 130)
Uma variável a ser examinada neste contexto escolar, seja de
ingresso e/ou de adaptação da criança, refere-se às questões sobre inibição
intelectual.
Observamos que cada vez mais, crianças de diferentes faixas etárias,
encontram- se na escola apresentando inadequações do funcionamento intelectual
e há aquelas que se manifestam com uma incapacidade na aprendizagem por
vezes, já assinaladas pela escola, antes do inicio da aprendizagem formal.Ou seja,
as crianças que não conseguem acompanhar o raciocínio da professora e de seus
colegas, são encaminhadas para atendimento psicológico ou psicopedagógico,
apresentando dificuldades nas mais diversas áreas de aprendizagem.
31
A verificação da inexistência de fatores orgânicos ou déficits
intelectuais faz com que nos defrontemos com o que chamaremos de inibição
intelectual: uma impossibilidade de utilizar-se dos recursos dos quais dispõe. Deve-
se identificar os sintomas e os diferentes conflitos por eles desencadeados; pode-se
recorrer a uma história da vida familiar e escolar desse paciente, mas
primordialmente, o psicanalista deve preocupar-se em compreender os movimentos
psíquicos que nessa criança parecem ser as fontes de suas manifestações para,
depois, relacioná-los aos outros elementos. (SOUZA, 1995)
Não se trata de reduzir a criança a um mundo interno, mas de verificar
como as experiências foram incorporadas nesse mundo interno e que fatores
podem estar em jogo nesse processo. Geralmente, descobrimos a existência de um
grande sofrimento e urge verificarmos que significações são dadas a essas
vivências e por que isso é vivido de tal forma. Nos defrontaremos com questões de
ordem psíquicas, familiares, sociais, escolares ou culturais, mas visamos
compreender a forma como tais elementos foram significados por aquela criança
para podermos definir as formas possíveis de intervenção.
A questão da inibição intelectual, para Freud, aparece principalmente
ligada aos distúrbios de inteligência dos neuróticos, nos quais as inibições e as
soluções de compromissos substituiriam o prazer ligado ao uso da inteligência.
Essas idéias infantis e no papel da repressão da curiosidade infantil dessa fase.
Em seu artigo Inibição Sintomas e Angústia, Freud (1926), discute a
relação entre inibição e sintoma, esclarecendo que o termo “inibição” refere-se a
uma diminuição de uma função, enquanto o sintoma seria mais a transformação de
tal função (formação substitutiva). Assim, muitas vezes o ego recorre a uma inibição
de suas funções, a fim de evitar, por exemplo, um conflito. (FREUD, 1976)
Algumas dificuldades das crianças encontram na sua vontade de
saber, enfatizada nos porquês e que se deparam com algumas “respostas”
(imposições de idéias feitas) por adultos e que ao responderem, muitas vezes não
transmitem a verdade e até desmerecem a inteligência das crianças.
Klein acreditava que, ao possibilitar uma educação menos repressiva
à criança, esta teria mais condições de exercer, na sua plenitude, suas capacidades
intelectuais. Em tal experiência educacional, Klein respondia com sinceridade e
franqueza a todas as perguntas das crianças, dentre as quais podemos citar
questões sobre: o nascimento, a existência de Deus, sobre a morte, o papel do pai
32
no nascimento e no ato sexual, da renúncia ao princípio do prazer etc.
(KLEIN,1975)
Baseava-se na crença de que tal perspectiva protegeria o pensamento
contra a tendência à repressão, evitando assim o perigo de que tal retirada da
energia instintiva diminuísse a capacidade sublimatória na criança, permitindo uma
expressão clara de sua curiosidade natural e de seu impulso para a pesquisa do
desconhecido. Assim, seria possível evitar inibições intelectuais que teriam por
base o termos inconsciente de que tais indagações pudessem encontrar coisas
proibidas ou consideradas pecaminosas por seus pais anteriormente.
Klein percebeu que durante o processo de análise de crianças, as
interpretações tinham como efeito a superação das inibições e a ampliação do
campo de exploração da criança tanto no que se refere às questões do mundo
externo e do conhecimento, quanto à possibilidade de exploração de suas fantasias
e de seu mundo interno. Tal perspectiva remete, mais uma vez, ao papel dos
fatores emocionais na determinação das inibições intelectuais.
Queixas de inibição intelectual, dentre elas, as angústias relativas às
coisas perigosas, que podem estar acontecendo dentro de seu corpo ou no de sua
mãe, que podem suprimir toda investigação sobre eles. Tais perigos se referem aos
efeitos que, em sua fantasia, imagina poder causar com sua agressividade, além do
conseqüente medo da retaliação.
De acordo com as constatações de Soifer (1982):
A autoridade do conhecimento constitui o eixo do poder parental. Os
progenitores ensinam que esta é sua obrigação, mas através do ato de
transmissão dos conhecimentos exercem sua autoridade ajudando os
filhos a discernirem entre a fantasia e a realidade. Na base da formação do
superego, como se sabe, encontra-se a imagem protetora e orientadora
dos pais, na sua qualidade de mestre. Por conseguinte, junto com a função
de ensinar e dentro do conceito de autoridade se acham a função de pôr
limites. Pôr limites significa dar noção de realidade, noção que, em ultima
instância, constitui o limite decisivo com relação à fantasia. (p. 26)
As contribuições atuais apontam para a importância das primeiras
relações de objetos que, de alguma forma, auxiliaram a criança a formar um
aparelho psíquico capaz de pensar. Cabe destacar o lugar ao objeto externo real, o
que aponta na direção de que o ambiente pode influenciar de forma significativa na
possibilidade de a criança usar, com plenitude, suas potencialidades.
33
As questões levantadas fazem pensar que não é suficiente ter
capacidade intelectual para bem aprender, é necessário também que esta se
acompanhe de uma estrutura de personalidade razoavelmente madura
emocionalmente e, para tal, que tenha superado, com auxílio de sua família, a
etapa de seu desenvolvimento na qual predomina o processo primário, podendo
assim utilizar-se do processo secundário de pensamento e de mecanismos de
defesa mais evoluídos e adaptado à realidade.
Assim, a vida escolar e a aprendizagem de um modo geral são
aspectos de extrema importância na vida de uma criança, sendo que tais aspectos
também dependem de seu estado de saúde mental, da estrutura de sua
personalidade e da dinâmica familiar na qual esta se encontra incluído; porém, não
se pode deixar, mas sim insistir na importância de levar em conta a dinâmica da
relação pai-mãe-crianças-irmãos.
Para Souza (1995), ao ingressar na escola, a criança já traz consigo
uma atitude diante da possibilidade de conhecimento. Essa postura foi estabelecida
desde os primeiros anos de vida, a partir da forma como, dentro de sua família, a
relação com o conhecimento foi estabelecida. Sendo o conhecer não referente
somente à realidade objetiva mas, talvez à realidade subjetiva, isto é, seus impulsos
e fantasias.
Nesta sua trajetória familiar, a criança já passou por um processo de
exploração do mundo, que vai da curiosidade ao desejo de aprender, do principio
do prazer ao principio da realidade, da onipotência da fantasia ao pensamento e da
relação exclusiva e primordial com a mãe em direção ao pai e ao mundo.
A autora ainda destaca como a inibição se relaciona com a vida
psíquica da criança, que pode atrapalhar o bom desenvolvimento do processo
cognitivo e sua relação com a aquisição de conhecimentos e com a família, na
medida em que as atitudes parentais influenciam a relação da criança com o
conhecimento e com a escola. Ela coloca que a forma com que a criança irá se
relacionar com o professor está ligada à forma como foram elaboradas as angústias
edípicas, na medida em que o professor representa um substituto materno ou
paterno.
Diante disso, o que a escola pretende ensinar nem sempre coincide
com o que a criança quer ou consegue aprender, pois o professor parte daquilo que
é para ele do simples ao complexo, atribuindo simplicidade ao código alfabético,
34
enquanto para a criança isso é o mais complexo, é o termino de um processo e não
o inicio.(SOUZA, 1995)
Como já afirmamos anteriormente, para a criança, ingressar na
escola é entrar em um mundo novo, onde ela deverá adquirir alguns
conhecimentos – gradualmente mais complexos – que lhes serão importantes em
uma dada sociedade e cujas bases serão indispensáveis ao seu futuro
desenvolvimento.
Trata-se de algo novo, não somente do ponto de vista psicológico
geral, porque a partir daí, o jovem passará de um sistema de conhecimentos
norteados por um certo número de regras de aprendizagem, como também do
ponto de vista afetivo, porque a escola implica a separação do seio familiar e nova
forma de adaptação social, em razão da essencial integração a um grupo novo,
geralmente heterogêneo, distinto do meio familiar. (BALTAZAR, 2004a)
Elemento unificador e importante no grupo é o professor –
representante do conhecimento e da autoridade. Este professor desempenha o
papel de transmitir os saberes de forma pedagogicamente adequada e de
responder às transferências do grupo ou de cada um deste grupo em relação aos
seus próprios problemas.
A relação aluno – professor dependerá,portanto, em grande parte, de
como é o professor inconscientemente, de seu grau de maturidade afetiva, e de
suas reações ao comportamento inconsciente da criança – estamos falando de
relações transferenciais, conforme apontou Freud em seu artigo A psicologia do
escolar (1914) (FREUD, 1976)
Neste momento é oportuno discorrer sobre algumas características
do desenvolvimento infantil,especificamente àquelas pertinentes às crianças
situadas na faixa etária de 6 anos – objeto do nosso estudo. Lembramos que os
pais e a professora foram os entrevistados com vistas a nos dar referências sobre
o comportamento destas crianças que estão iniciando a vida escolar e apresentar
algumas dificuldades na evolução de seu desenvolvimento.
Em seu desenvolvimento psicológico, a criança de 6 anos apresenta
as seguintes características (STEINER,1993; MORETTI BALTAZAR &
BALTHAZAR et al. (2003):
1.
Gosta de ser o centro do seu próprio universo;
2.
Sabe tudo e quer tudo á sua maneira;
35
3.
Existem momentos em que se mostra dominadora, obstinada e
agressiva;
4. Emocionalmente é excitável e desafiadora,
5.
Eticamente é pouco apta, devido à sua fase evolutiva, que lhe
imprime a tentação de “enganar”, o que é mais notório no campo
dos jogos.
6.
Aceita a culpa com mais facilidade em determinadas situações;
7. Sempre está à espera de um elogio e aprovação dos familiares e/
ou professores e amigos;
8. Comporta-se de forma lenta ou negativamente quando lhe
ordenam alguma tarefa, porém, em seguida, empreende em
realiza-la;
9. Possui dificuldade para decidir, vacila entre duas possibilidades;
10. Gosta de ter à sua volta, muitas coisas/objetos, mas não se dedica
a cuida-las;
11. Algumas gostam de apropriar-se de coisas alheias, de modo que
pega no que vê e deseja, independentemente de quem seja o
dono;
12. Tem certa irresponsabilidade; pode adaptar-se plenamente em
dois mundos: o de sua casa, que lhe exige novas
responsabilidades e o da escola, com todas as suas estruturas,
regras, normas, valores, etc.;
13. Começa a perceber-se e a conhecer-se a si própria, firmando,
assim, as bases para a sua auto- estima, auto -conceito e auto -
imagem, que culminará e amadurecerá nos 7 e 8 anos;
14. Capta mais coisas do que o que na realidade pode manejar;
15. Já tem habilidades para explorar, tocar e mexer em todos os
materiais que utiliza, seja em casa, seja na escola;
16. Seu comportamento frente à situações ansiógenas, tensionais ou
descargas chegam, por vezes, a um ponto limite, e até mesmo a
perder o controle, manifestando-se através de
agitação, roer as unhas, etc.;
17. Deseja e precisa ser a primeira, a mais querida por seus familiares
e colegas;
36
18. Agrada-lhe contar histórias exageradas, quando reunida com os
demais amiguinhos;
19. Mostra verdadeiro interesse ao valor do dinheiro, como ganho e
recompensa;
20. Tem medo dos ruídos, essencialmente aos elementos da natureza
(chuva, trovão) assim como aos seres humanos e fantasmas;
21. Adora o elogio e não tolera a crítica;
22. Tem noção do que é “adequado”/bom e do “inadequado”/ mau,
mas de forma rudimentar, pois a relaciona ainda muito com
atividades aprovadas ou desaprovadas pelos pais;
23. É extremamente dominante em relação às coisas que lhe
pertencem.
Nos âmbitos escolares, a criança:
1. Gosta do professor e quer agradar-lhe; deseja o seu elogio, a sua
atenção e ajuda;
2. Instintivamente, identifica-se com tudo o que sucede e está à sua
volta, pelo que está capacitada para interiorizar novos
conhecimentos e novas experiências pessoais e culturais;
3. Aos 6 anos não está ainda preparada para uma instrução formal da
leitura, escrita e aritmética,mas consegue aprender através do
concreto;
4. Os seus desenhos espontâneos são mais realistas; consegue
apreender o simples e o primitivo da natureza (casa, árvore, etc.);
5. Deseja seriamente estudar, apesar dos seus altos e baixos.
Efetuemos uma leitura sob o ponto de vista do desenvolvimento
cognitivo da criança (na escola), expondo somente as contribuições de Freud e
Piaget, de forma resumida. Lembramos também que existem outros estudiosos da
psicologia e da pedagogia que investigaram as questões cognitivas infantis,
relacionadas ao processo ensino - aprendizagem – Vygotsky, por exemplo.
37
Freud (1900), por exemplo, nos oferece dois modelos de aparelho
psíquico: na primeira tópica, distingue o inconsciente, o pré-consciente e a
percepção-consciência; na segunda (1920-1923), recorre a uma nova distinção das
instâncias – o id, o ego e o superego. A contribuição fundamental da primeira tópica
é o inconsciente.
O ego é a sede da consciência. Constrói-se para assegurar a
estabilidade da pessoa, sustentar sua identidade, espécie de “monarca
constitucional” diz Freud, devotado a “falsidade diplomática” encarregado de se
defender contra os “três déspotas”- o id, o superego e o mundo exterior. O id
permanece como reservatório pulsional e o superego como instância crítica, a
consciência moral.
No pensamento Freudiano percebemos que o ego é sempre
trabalhado pelas forças inconscientes que procuram se manifestar. A unidade e a
identidade não são nunca adquiridas; o conflito é permanente.
Freud nos forneceu referências para listar os diferentes tipos de
identificação que o sujeito coloca em prática para construir seu ego. O ego ideal e o
ideal do ego encontram sua fonte, em parte, nos modelos sociais, enquanto o
superego está ligado à posição edipiana do sujeito, ele é o herdeiro do complexo de
Édipo.
Pode haver conflito entre todas essas instâncias quando uma
contradição advém nas aspirações do sujeito. Um exemplo clássico de um escolar
brilhante que fracassa de repente em seus estudos porque se proíbe, ultrapassar
um pai que jamais havia sido bem-sucedido. Trata-se de um conflito entre o
superego e o ideal do ego O superego com seu peso de culpabilidade e de
interdito, barra o acesso a toda realização do ideal do ego, ideal que o sujeito
encontra, nesse caso, em meio à competitividade com seus pares, desejo de saber,
sucesso social à vista.
O ideal do ego tem por origem a identificação com um traço; pode ser
um valor moral, religioso ou outro. O ego ideal funda-se predominantemente em um
modelo humano, exemplos são os adolescentes que falam, vestem-se, comportam-
se como seus ídolos ou imitam algum personagem que os subjuga. Esses ideais
mudam de acordo com a época ou idade das crianças. (FREUD, 1976)
De maneira sintética, Piaget, psicólogo suíço e estudioso dos
princípios da construção do conhecimento, interessou-se também por filosofia, nas
38
disciplinas de lógica e, sobretudo, epistemologia. Teve maior contato com as obras
de Kant, Bérgson e Husserl, posicionando-se mais explicitamente no interior do
estruturalismo.
A apropriação que Piaget fez das obras destes filósofos foi marcada
por um espírito crítico direcionado a investigar a epistemologia, baseando uma
interlocução com a Biologia. Tal percurso permitiu-lhe uma construção consistente e
profunda que denominou epistemologia genética. (CHIAROTTINO, 2005)
Piaget começou a acompanhar crianças, mediante observações
sistemáticas, interessado em saber como se processava o conhecimento (a
construção da inteligência), desde o nascimento de uma criança. Nesse sentido, ele
utilizou um método clínico e não experimental, rompendo com uma tradição que
sustentava as pesquisas psicológicas de então. (PIAGET, 1960)
A epistemologia genética investiga as “idéias” (os conceitos) ou como
o ser humano desenvolve sua cognição, como elabora o conhecimento, construindo
a inteligência nesse processo. A inteligência para Piaget é adaptação e seu
desenvolvimento está voltado para o equilíbrio. A construção da inteligência pode
ser esquematizada como uma espiral crescente voltada para a equilibração
resultante da combinação dos processos de assimilação e acomodação.
Através da assimilação, a criança procura fazer com que uma nova
situação, ou novos objetos apresentados (a serem conhecidos) se torne familiares
de modo a serem incorporados a seu organismo e ela possa utilizá-los para sua
adaptação ao mundo. A acomodação é a combinação de esquemas para resolver
problemas que venham de experiências novas dentro do ambiente.
Piaget distinguiu quatro períodos principais em que ocorre a evolução
do pensamento, apresentando marcantes variações qualitativas: o sensório-motor
(do nascimento aos 2 anos), o pré-operacional (2 a 7 anos), operações concretas (7
a 12 anos) e operações formais, período de adolescência (dos 12 anos em diante).
Cada período define um momento do desenvolvimento como um todo,
ao longo do qual a criança constrói determinadas estruturas cognitivas. Um novo
estágio se diferencia dos precedentes pelas evidências no comportamento de que a
criança dispõe de novos esquemas, contendo propriedades funcionais diferentes
daquelas observadas nos esquemas anteriores.
39
A ordem de seqüência em que as crianças atravessam essas etapas é
sempre a mesma, variando apenas o ritmo com que cada uma adquire as novas
habilidades.
O primeiro estágio denomina-se sensório-motor – do nascimento a 1
ano/ 2, em média,no curso do qual se constituem os sistemas de esquemas que
prefiguram as futuras operações. O bebê ainda não apresenta pensamento nem
afetividade ligados a representações que permitam evocar pessoas ou objetos na
ausência deles.
Ao longo dos primeiros dois anos de vida, a criança diferencia o que é
dela do que é do mundo, adquire noção de causalidade, espaço e tempo, interage
com o meio demonstrando uma inteligência fundamentalmente prática,
caracterizada por uma intencionalidade e uma certa plasticidade.
O segundo estágio do desenvolvimento cognitivo é o pré-operatório -
período do pensamento intuitivo – de 2 aos 7 anos, em média - e seu principal
progresso em relação ao seu antecedente é o desenvolvimento da capacidade
instalada em suas diferentes formas: a linguagem, o jogo simbólico, a interação
postergada, etc.. Ao longo dos primeiros dois anos de vida, a criança diferencia o
que é dela do que é do mundo, adquire noção de causalidade, espaço e tempo,
interage com o meio demonstrando uma inteligência fundamentalmente prática,
caracterizada por uma intencionalidade e uma certa plasticidade.
A criança vê o mundo a partir de sua própria perspectiva e não
imagina que haja outros pontos de vista possíveis. Conduta egocêntrica ou
autocentrada.
O período das operações concretas – de 7 a 12 anos, em média – no
curso do qual se alcança uma determinada reversibilidade na formação das
primeiras estruturas operatórias e que comporta um aspecto implicativo. A
tendência para a socialização da forma de pensar o mundo acentua-se ainda mais
neste período evoluindo de uma configuração individualizada (egocêntrica) para
outra mais socializada, onde as regras ou leis de raciocínio são usadas em comum,
por todas as pessoas. Com o desenvolvimento da capacidade para pensar de
maneira lógica – característica deste período – a criança não apenas busca
compreender o conteúdo do pensamento alheio, mas também se empenha em
transmitir seu próprio pensamento de modo que sua argumentação seja aceita
pelas outras pessoas.
40
O raciocínio transdutivo, típico desse estágio anterior, vai sendo
substituído por outro mais adaptativo, isto é, pelo raciocínio indutivo. Apreendendo
o real das partes para o todo, a criança manipula operações lógicas elementares
que implicam sempre a possibilidade de reconstituição do caminho percorrido pelo
pensamento, ou seja, implicam operações de reversibilidade. Ainda encontramos
nesse período: o abandono do pensamento fantasioso; o conseqüente
aparecimento da necessidade de comprovação empírica das elaborações mentais
(diminuição das atitudes egocêntricas).
O estágio operatório-formal apresenta como característica a distinção
entre o real e o possível. A criança se relaciona com o mundo construindo sistemas
operatórios através do seu contato direto com os objetos e situações de realidade.
O adolescente se relaciona com o mundo, buscando fazer generalizações amplas,
construindo teorias; não mais em presença de objetos concretos, mas a partir de
princípios abstratos a que chegou decorrente de sua experiência concreta.
Piaget mostra que a base das operações lógicas é a ação sensório-
motora. (COSTA, 2002; CHIAROTTINO, 2005)
Alguns pressupostos de Freud e Piaget, brevemente comentados
aqui, nos permite compreender que a personalidade de uma pessoa se forma a
partir da interação entre influências maturacionais e ambientais, bem como de
experiências pessoais, e que o desenvolvimento é caracterizado pela continuidade
e descontinuidade. A progressão procede de vários caminhos, cada um tendo um
padrão típico de estágios seqüenciais e sobrepostos, já que o desenvolvimento é
contínuo.
Cada estágio tem uma organização única com algumas características
dominantes que não podem ser prognosticadas a partir de estágios anteriores, já
que ele é descontínuo. A emergência destas características, e não a idade da
pessoa, é o critério para a progressão do desenvolvimento – isto significa que cada
criança progride no seu próprio ritmo.
Considerados alguns aspectos da criança em fase escolar,
apresentamos, a seguir, a relação entre família e escola.
Muito se fala sobre essa complexa relação, mas ainda estamos longe
de sanar as dificuldades que encontramos ao confrontar família, escola e
professores.
41
O vínculo entre a instituição escolar e a família baseia-se no
compartilhamento do trabalho de educação dos filhos, sejam eles, crianças ou
jovens, contendo reciprocidade nas expectativas. Quando se aborda o que é
desejável na relação escolafamília e solicita-se a participação dos pais na
educação, sobretudo pelas tarefas escolares como um estratagema de êxito
escolar, é preciso levar em consideração alguns fatores, tais como: as
transformações históricas e a discrepância cultural nos moldes educacionais e na
concepção social; o relacionamento de poder entre estas instituições e seus
agentes; as novas e variadas constituições familiares e os prejuízos materiais e
culturais da maioria das famílias; as relações de gênero que organizam as tarefas
domésticas e escolares.
42
CAPÍTULO 2 - A RELAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA
Analisar a família e o relacionamento entre seus membros é uma
atividade complexa, que requer uma minuciosa observação, uma vez que a rede
familiar está inserida num contexto sócio-histórico e sofre influências de problemas
oriundos do ambiente externo, que influem direta ou indiretamente na rotina da
família e transparecem na relação com os filhos, podendo assim aliviar tensões ou
ampliá-las. (WEIL, 2001)
A relação entre família e escola é atualmente uma das questões mais
discutidas, pois a grande dúvida é saber os limites entre os deveres da família e os
da escola.Como se sabe, não é a escola e sim a família que proporciona as
primeiras experiências educacionais à criança.
A família é o primeiro grupo destinado essencialmente ao cuidado da
vida, pois é nesse grupo que os relacionamentos entre pais e filhos permitirá ou não
uma boa formação de identidade e auto-estima. Os pais também fornecem aos
seus filhos bases psicológicas e é no lar que as pautas culturais e sociais são
aprendidas, por isso a tarefa da família (pais) é de vigiar o comportamento, reações
a fim de acompanhar o desenvolvimento e fazer as devidas correções necessárias
e se necessário, procurar ajuda de especialistas.
Devido às mudanças na família e a participação das mulheres no
mercado de trabalho, a criação dos filhos ficou cada vez mais aos cuidados de
instituições extrafamiliares como: berçários, creches e escolas. Com essas
modificações, espera-se que a escola assuma, além da função de desenvolver o
potencial da aprendizagem, também a função de educar valores. Às expectativas
dos pais ao procurarem uma escola passou a ser mais exigente sendo que os
mesmos buscam encontrar uma escola que corresponda a suas ideologias e
valores. Isso nos leva a refletir que, a grande maioria dos pais pode encontrar-se
43
com ansiedade em assegurar aos filhos uma boa posição na vida e ingresso nas
universidades para obter bom êxito profissional e financeiro.
De acordo com Outeiral e Cerezer (2003), a escola e a educação
estão sem definição de como conciliar suas necessidades de uma sociedade em
mudança permanente (com contestação, transformações e mudanças de
paradigmas e valores) a uma proposta educacional que prepare o homem do futuro
.
A realidade é que a maioria dos educadores atribui aos pais a origem
dos problemas e acusam como fator às mudanças na família. Assim entre escola e
família ocorre uma confusão de papéis, cobranças para ambas instituições. O que
parece ocorrer uma incapacidade de compreensão por parte dos pais a respeito
daquilo que é transmitido pela escola e por outro, uma falta de habilidade dos
professores em promover comunicação.
Martins (2005), acrescenta que os docentes enfrentam dificuldades de
ensinar a aprender, isto é , desconhecem muitas vezes, como os alunos podem
aprender os processos que devem realizar para que seus alunos adquiram,
desenvolvam e processem as informações ensinadas e aprendidas em sala de
aula.
É necessário enfatizar que a escola é constituída por “pessoas” e que
possuem sentimentos, frustrações, realizações, ou seja, a vida particular além da
profissional e que essas “pessoas” se comportam melhor ou pior em determinadas
situações, refletindo assim, na escola. Diante disso, os pais devem estar sempre
atentos e informados dos acontecimentos ocorridos com seus filhos na escola.
A responsabilidade de educar não pode ser só atribuída à família ou a
escola, pois se a família atua de forma profunda e durante mais tempo, a escola
oferece condições especiais para influir sobre o educando, pela formação
especializada de seus elementos.
A família e a escola são parceiras em relação à educação dos filhos;
pois nenhuma das duas pode substituir totalmente a outra, tornando-se assim
necessário o bom relacionamento entre ambas, contribuindo cada uma com a sua
experiência e respeitando as exigências de cada uma para que se possa evitar que
o educando sofra as conseqüências.
É importante que a família desempenhe papel-chave nas instruções
ou transmissão de valores da cultura para a criança. É através da participação
44
efetiva nos eventos diários da família que se espera que a criança aprenda a
valorizar a propriedade, a lei e a ordem, a respeitar os direitos e sentimentos
alheios.
As expectativas são as de que a escola dê continuidade à educação,
pois esta realiza melhor função quando pode ampliar e aprofundar a educação já
iniciada pela família.
Como dizem Montandon e Perrenoud (1987), “ de uma maneira ou de
outra, onipresente ou direta, agradável ou ameaçadora, a escola faz parte da vida
cotidiana de cada família”.
A relação família – escola é a mais conflitante, porque apesar de
ambas terem como objetivo central a educação de uma criança, os papéis de cada
uma devem ser diferenciados durante este processo. A família, de maneira
generalizada, delega algumas obrigações da educação do filho à escola e ao
professor, eximindo-se do seu papel fundamental de parceira da instituição de
ensino na educação da criança. Os professores, frente a essa nova obrigação, se
vêm forçados a responder pelo comportamento positivo ou negativo do aluno, além
de se preocupar com o programa curricular, provas, exercícios etc. (CECON et al.
2001)
Infelizmente, alguns pais não se conscientizam da importância do
apoio deles junto à instituição escolar do filho e não conseguem ver que a escola
possui outros objetivos a serem desenvolvidos em seus filhos. Isso não quer dizer
que a escola não deva se preocupar com o desenvolvimento afetivo e as relações
de vínculo desenvolvidas pelos alunos, mas de forma diferente da família a escola
utiliza critérios específicos para avaliar o desempenho, a maturidade e
desenvolvimento desta criança.
São essas peculiaridades que os pais não conseguem internalizar. Ao
deixar seus filhos na escola, os pais passam toda a responsabilidade de educação
desta criança aos educadores e à instituição e caso o filho apresente um
comportamento “inadequado”, os pais culparão a escola, os professores, os
colegas, mas nunca colocarão a culpa em si mesmos ou assumirão o fato de
contribuir para algumas atitudes do filho.
A escola, por sua vez, também procura subterfúgios para “escapar”
da culpa pelos possíveis fracassos escolares de seus alunos, entre as desculpas
mais freqüentes está a de culpar os pais pela falta de tempo no convívio com os
45
filhos. Fato que acaba gerando alunos com problemas de aprendizagem,
relacionamento etc.
Observa-se, que o fundamental para a escola, professores e pais é
descobrir algo concreto para ser apontado como causador desses problemas de
aprendizagem, que prejudicam as crianças e aos adolescentes.
Segundo Parolin:
tanto a família quanto a escola desejam a mesma coisa: preparar as
crianças para o mundo; no entanto, a família tem as suas particularidades
que a diferenciam da escola, e suas necessidades que a aproximam dessa
mesma instituição. A escola tem sua metodologia e filosofia para educar
uma criança, no entanto, ela necessita da família para concretizar o seu
projeto educativo (PAROLIN,2003, p.99).
O que podemos observar é que a escola e a família, cada qual com
seus valores e objetivos específicos na educação de uma criança, constituem um
organismo intrínseco, onde quanto mais diferentes são, mais necessitam uma da
outra. Dessa forma, cabe a toda sociedade, não só aos setores ligados à educação,
transformar através de pequenas ações o cotidiano da escola e da família, para que
esta compreenda a importância dos objetivos traçados pela escola, assim como o
seu lugar de co-responsável neste processo.
É fundamental e urgente essa transformação, para que não só os
alunos, mas a família e a própria instituição possam estabelecer um elo de
cooperação entre si. Entretanto, esta cooperação só será efetiva, caso os pais
compreendam que a escola não deve exercer a função moral da família. Seria
necessário, então, que a escola promovesse projetos de conscientização junto às
famílias de seus alunos, salientando a importância do dever de cada um no
desenvolvimento da criança e que embora essa parceria escola - família seja
essencial, cada um desses setores deve conservar suas particularidades.
Uma vez que todos os setores da educação estejam conscientes de
seus papéis, a escola poderá contribuir melhor para o aprimoramento da
capacidade cognitiva e afetiva da criança, contando com a ajuda da família.
Esta também poderá contar com o apoio da escola, a fim de melhorar
o relacionamento com os filhos. Desta forma a criança sentir-se-á capaz e protegida
para aprender. (SCOZ, 2000)
46
No artigo intitulado A importância da parceria entre a escola e a
família no ensino fundamental, Moraes & Kude (2003), apresentam os resultados de
uma pesquisa realizada com escolares da 6ª série, mediante observações
participantes em sala de aula e entrevistas com dez professoras, doze estudantes e
oito mães. Através das observações e entrevistas foi possível perceber dois grupos
distintos na sala de aula: o grupo de alunos e alunas que apresentam bom
desempenho e o grupo dos que apresentam fraco desempenho escolar. Os dados
foram submetidos a uma análise de conteúdo sob três eixos temáticos: (a)
professoras; (b) alunas e alunos; (c) mães.
Destacaram alguns pontos interessantes da pesquisa: a forma com
que as professoras conceituavam as alunas e alunos com bom e fraco
desempenho, que demonstram como as prioridades na avaliação estão se
modificando, pois em todos os depoimentos, as professoras mostraram toda sua
compreensão e afetividade em relação aos estudantes.
O perfil de um aluno com bom desempenho escolar, ou aluna, pois em
geral a maioria das professoras refere-se às meninas como representantes deste
grupo, é aquele que tem: “mais facilidade de aprendizagem.” “ ...é o aluno que
consegue seguir em frente no conteúdo, aquele que tem um bom entendimento e
tem uma base para poder avançar”. “Elas são interessadas, são motivadas e
quando não entendem perguntam. Procuram fazer os exercícios, procuram ajudar
os colegas.” “Elas mantêm um bom nível de atenção em sala de aula durante as
aulas. Eu acredito que essas crianças mantêm essa qualidade em sala de aula
devido à motivação que vem de casa”.
A partir dessa vivência de pesquisa, pode-se perceber que no
ambiente escolar existem dois tipos de famílias: aquelas que demonstram interesse
pela vida escolar de seus filhos e filhas, integrando-se ao processo educacional e
participando ativamente das atividades da escola, sempre que possível, e aquelas
que consideram que sua participação é dispensável ou inadequada e preferem
simplesmente omitir-se do processo escolar.
As comunicações entre família e escola deveriam ser mais estudadas
porque ambas precisam uma da outra. A interação entre família e escola não
deveria ser reduzida apenas a reuniões formais e contatos rápidos, mas ocorrer
regularmente em momentos de maior intercâmbio nos quais a família pudesse
efetivamente participar do cotidiano da escola.
47
É importante salientar que o fracasso ou o sucesso escolar de cada
aluno é influenciado por diversos fatores, sendo o envolvimento da família com a
escola apenas um deles, visto que a cultura familiar, as oportunidades vividas por
estes alunos e alunas também devem ser assinaladas. As expectativas de pais e
mães em relação ao futuro são fatores que podem cooperar ou não para que estas
crianças estejam motivadas para um bom desempenho escolar. É provável que
uma investigação da história de vida escolar dos pais e mães destes escolares
aponte os fatores relacionados com o tipo de relação que esta família desenvolve
com a escola e a origem dessas expectativas.
Caetano (2004), explica que a necessidade de se estudar a relação
família e escola se sustenta e é reafirmada quando o professor se esforça por
considerar o aluno, sem perder de vista o ser total, ou seja, compreendendo que
quando se ingressa no sistema escolar, não se deixa de ser filho, irmão, amigo etc.
Segundo Paro (2000), o distanciamento entre escola e família não
deveria ser tão grande, pois para ele, a escola não ”assimilou quase nada de todo o
progresso da psicologia da educação e da didática, utilizando métodos de ensino
muito próximos e idênticos aos do senso comum predominantes nas relações
familiares”. ( p. 16)
A compreensão do seu relato fundamenta-se no fato de que a atual
escola dos filhos, é muito semelhante com a escola que os pais cursaram, e por
isso, estes não deveriam sentir-se tão distantes do sistema escolar, e também o
professor, embora admita a necessidade da participação dos pais na escola, não
sabe bem como encaminhá-la.
O que nos permite compreender desta colocação é que existe uma
dificuldade de compreensão por parte dos pais, daquilo que é transmitido na escola;
por outro lado, uma falta de habilidade dos professores para promoverem essa
comunicação (p.68).
Nogueira, Romanelli e Zago (2000), relatam um conjunto de
pesquisas, cujos resultados, são imprescindíveis aos educadores, na medida que
oferecem aspectos para reflexão e análise sobre o funcionamento do sistema
escolar, privilegiando o ponto de vista da sua abordagem intrincada com a família,
até então, embutida geralmente na comunidade.Tais pesquisas apresentam alguns
pontos comuns; entre eles a “ausência de uma tradição de estudos sobre as
relações que as famílias mantêm com a escolaridade dos filhos” e o “...relativo
48
consenso, entre os autores, de que se trata de uma relação complexa e, por vezes,
assimétrica, no que diz respeito aos valores e objetivos entre essas duas
instituições...”.(p.9)
Nas considerações de Paro (2000), ele declara que, além de
contratempos como professores mal formados, a escola tem falhado também e
principalmente “porque que não tem dado a devida importância ao que acontece
fora e antes dela, com seus alunos.” (p.15)
Apesar dos inúmeros aspectos essenciais na relação família escola,
fatores estes como se observa, principalmente de ordem afetiva e moral, nota-se
que a tarefa de se construir uma parceria entre escola e família se faz mister, uma
vez que a escola não afirma ou talvez jamais tenha sustentado a posição de
substituta da família na função educadora, tão pouco, lhe caberá adotar uma
conduta de resistência e rivalidade, assentada em uma proximidade unilateral, que
venha a sujeitar à família, a partir da desmedida consideração de uma possível
ignorância e inaptidão desta última para educar e socializar.
A escola, portanto, também precisa dessa relação de cooperação
com a família, pois os professores necessitam compreender as dinâmicas internas
e o universo sócio-cultural experenciados pelos seus alunos, para que possam
respeitá-los, compreendê-los e tenham condições de intervirem no providenciar de
um desenvolvimento nas expressões de sucesso e não de fracasso diagnosticado.
Precisam ainda, dessa relação de parceria para poderem também compartilhar com
a família os aspectos de conduta do filho: aproveitamento escolar, qualidade na
realização das tarefas, relacionamento com professores e colegas, atitudes,
valores, respeito às regras.
Muitas são as demandas que se colocam para a escola hoje. Ter por
função apenas “transmitir os conhecimentos acumulados pelas gerações passadas”
deixou de ser a muito tempo a função da escola, embora haja controvérsias e
polêmicas sobre o que, concretamente, essa instituição está fazendo na atualidade,
principalmente para com os filhos das classes menos favorecidas da sociedade.
Porém, é inegável que as demandas e as exigências da sociedade em relação à
escola, aumentaram muito.
O que se deseja, segundo a proposta de Alarcão (2001), muito
difundida e aceita hoje, é uma escola reflexiva, que se pensa continuamente a si
própria, revendo sua função social e organizativa, buscando proporcionar
49
ambientes formativos que favoreçam o cultivo de atitudes e capacidades que
permitam ao indivíduo viver, conviver e intervir em sociedade, em interação com os
outros cidadãos.
Diante dessa multiplicidade de funções, que abrange a formação de
um cidadão, capaz de agir e de interagir no mundo em que vive, não apenas com
competências cognitivas desenvolvidas, mas, principalmente, com aquisições
também afetivas, pessoais e sociais, que lhe possibilitem atitudes e valores
positivos para uma transformação social efetiva, que torne o mundo globalizado
menos excludente e mais humano, percebe-se que a escola não pode trabalhar
sozinha.
É imprescindível que a escola se una a outras instituições sociais
como:família, pastoral da criança, Ongs, etc, para cumprir melhor o seu papel.
Dentre essas instituições sociais com condições de contribuir efetivamente para que
a escola cumpra seu papel, entendemos ser a família a mais abalizada, até mesmo
pelas funções formativas que também possui, embora tenhamos que reconhecer
que a mesma também passa por profundas transformações na sociedade atual.
Porém, mesmo com todas as transformações pelas quais a família
vem passando, ela continua sendo uma instituição fundamental e basilar para o
desenvolvimento do ser humano, sendo a primeira que vai referendar a proteção e
a socialização do indivíduo, se constituindo como a primeira possibilidade de
aprendizagens afetivas e de relações sociais.
Em sua pesquisa intitulada O diretor de escola como mediador entre a
família e a escola, Torete (2005), apontou como os diretores, pais alunos e
professores conduzem suas práticas, e as contingências e as adversidades
vigentes no dia a dia das escolas, as quais interferem na relação entre família e
escola.
A dificuldade, entretanto, da efetiva construção dessa relação, de uma
maneira que proporcione condições de igualdade na relação das duas instituições,
isto é, estabelecendo-se uma parceria, onde a participação dos pais seja real,
diferente daquela participação,onde enviam uma contribuição mensal, onde
colaboram comprando rifas, ou vêm à escola para ouvirem a professora contar das
inúmeras dificuldades dos filhos, é um dado presente na maioria das pesquisas:
que relatam o paralelismo entre as duas instituições, rompidos por raros e frágeis
pontos de intersecção.
50
Na pesquisa intitulada Relação escola- família: as contribuições no
processo de escolarização sob a perspectiva dos professores, realizada por
Cesário, Gaeta, Reali & Tancredi (2005)
1
, em uma instituição escolar do ensino
médio do norte do Paraná, constatou-se que há sinais tênues na construção de
uma relação de parceria com elos legítimos que abarquem ambas instituições como
uma comunidade interessada e preocupada com o processo de escolarização dos
alunos.
Estamos falando de uma relação muito complexa, todavia, ainda
estamos longe de sanar as dificuldades que encontramos ao confrontar família,
escola e professores. Examinar a família e o relacionamento entre seus membros
é algo extremamente complexo, que requer uma análise detalhada, uma vez que a
rede familiar está inserida num contexto sócio-histórico e sofre influências de
problemas oriundos do ambiente externo, que interferem direta e/ou indiretamente
no cotidiano familiar e revelam-se na união com os filhos, podendo assim aliviar
tensões ou ampliá-las.
Lisondo (2003), comenta que o professor,além de ser um modelo de
identificação, deveria ser uma agente de saúde mental,pois se encontra num lugar
privilegiado para observar. Para realizar tal façanha, o professor deve conhecer a si
próprio, entrar em contacto com seu mundo emocional para ampliar sua
consciência e sua habilidade de percepção psíquica.
A mente do professor e sua estrutura, sua personalidade serão o seu
melhor instrumento de trabalho na formação de outras pessoas .
Se ele não atuar como agente de saúde mental, deixará de fazer algo
essencial na sua profissão estará se subestimando da formação de seres humanos.
A seguir, abordaremos as questões metodológicas que conduziram a
presente pesquisa.
1
Pesquisa apresentada no VIII Congresso Estadual Paulista Sobre Formação de Educadores em Águas de Lindóia (SP)
(2005).
51
CAPÍTULO 3 – METODOLOGIA
A metodologia que norteou o presente estudo insere-se no Estudo de
Caso, método qualitativo. A pesquisa qualitativa é ideal para tratar o tema porque
permite a compreensão do fenômeno em seus aspectos subjetivos e particulares e,
desse modo, contempla a complexidade desta relação da criança com seus
cuidadores e demais participantes da sua educação.
3.1.
População Amostrada
Participaram deste estudo, a professora da Primeira Etapa do Ensino
Fundamental da Rede Pública de Ensino, a Diretora da escola e os pais de 10
crianças, 6 do sexo feminino e 4 do sexo masculino, situadas na faixa etária de 6
anos, que cursam a Primeira Etapa do Ensino Fundamental de uma escola da rede
pública de uma cidade situada ao norte do Paraná.
3.2. Local de Realização
A pesquisa foi realizada em uma escola da Rede Municipal de uma
cidade situada ao norte paranaense, no período letivo de 2004.
3.2.1 Caracterização da Escola
A escola é situada numa vila próxima ao centro da cidade,
promovendo educação do pré-escolar ao ensino fundamental, tendo seu horário de
funcionamento no período matutino e vespertino.
52
A equipe pedagógica da escola é composta por uma diretora, uma
orientadora e uma coordenadora.
A classe econômica dos alunos a que prevalece é classe média baixa
e baixa. Por ser uma escola de fácil acesso, a população que freqüenta a escola é
mista. Muitos pais apresentam uma boa situação financeira
2
, enquanto outros se
apresentam em situação precária (moradia em casas tipo favelas, falta de
alimentação e de material escolar), pois só trabalham quando há corte de cana-de-
açúcar – a essência da região.
No geral, a população do município sobrevive do trabalho rural
oferecido por uma usina de cana-de-açúcar.
3. 3. Procedimentos de Coletas e Análise dos Dados
A pesquisa obedeceu às seguintes etapas:
1. Seleção da literatura específica sobre o assunto;
2. Solicitação de autorização para o desenvolvimento do trabalho
para a Direção escolar (Apêndice A);
3. Elaboração de uma carta – Termo de Livre Consentimento dos pais
para o desenvolvimento da pesquisa (Apêndice B);
4. Elaboração de uma carta – Termo de Livre Consentimento da
professora (Apêndice C);
5. Elaboração e aplicação de um questionário para os pais (Apêndice
D) e para a professora contendo questões objetivas sobre o funcionamento
familiar, bem como sobre adaptação da criança à vida escolar (Apêndice E);
6. Análise qualitativa dos dados coletados através dos questionários
dos pais e da professora;
7. Realização de entrevistas devolutivas aos pais, à professora e à
direção escolar;
8. Elaboração de propostas de ação com a família e a escola, visando
o processo ensino – aprendizagem, bem como o fortalecimento da relação entre
as duas instituições.
2
“boa” - aqueles pais que têm condições básicas de moradia, alimentação e educação.
53
Os dados foram analisados qualitativamente segundo um referencial
psicanalítico e das contribuições das pesquisas na área da educação.
CAPÍTULO 4 - RESULTADOS E DISCUSSÃO
Neste capítulo demonstraremos os resultados analisados em forma de
gráficos e tabelas, obtidos na pesquisa através dos questionários aplicados aos
pais dos alunos e à professora.
São apresentadas também, as entrevistas realizadas com a Direção
escolar e a professora que atua em sala de aula com as crianças.
Os dados aqui delineados encontram-se de acordo com a ordem de
aplicação dos questionários.
I - DOS QUESTIONÁRIOS COM OS PAIS:-
A – Questões específicas/familiares
0%
10%
20%
30%
40%
50%
nuclear
outras
monop.
recasam.
Gráfico 1 – Composição da família
Com relação à composição da família demonstrado no Gráfico 1,
encontramos 50% de famílias nucleares (pais e filhos biológicos) e 30% de outras
constelações familiares (a mãe casou-se novamente e os filhos, do ex-marido
moram junto com os cônjuges); em 10% dos casos, a mãe vive somente com os
filhos e 10%, a mãe teve o filho do primeiro casamento e depois se casou
54
novamente, constituindo nova família tendo mais três filhos desse segundo
casamento.
A concepção da família veio se modificando ao longo dos anos dando
origem a novos sistemas familiares, essas modificações podem ocasionar nas
crianças uma crise na construção de suas identidades e até mesmo da própria
historia de vida, pois falta referencial familiar. Fica uma situação delicada para
essas crianças que acabam tendo que aprender a conviver com a presença de um
dos pais, ou com o novo casamento de seus pais que podem vir a ter outros filhos
ou trazerem filhos de outros relacionamentos; tudo isso acaba influenciando
também na questão educacional. Considerando a família como célula matriz da
identidade, Knobel (1992), afirma:
Muitos conflitos neuróticos da infância, da adolescência e dos adultos
jovens podem estar ligados a essa patologia dos sistemas familiares, que
por outra parte são – em nossa sociedade – coexistentes. Diversos
problemas de saúde infanto-juvenil, de relacionamento conjugal, de vida
sexual (impotência, frigidez, etc), de desavenças entre os pais e filhos e
não poucos tipos de neuroses, condutas agressivas e até violentas,
podem ter parte de sua origem nos conflitos dessa modalidade de vida
familiar problemática.
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
muito bom
bom
regular
ruim
Gráfico 2 – Relacionamento familiar
No Gráfico 2 , observamos o nível de relacionamento familiar, e
encontramos 10% com um relacionamento considerado muito bom, apresentando-
se calmo e bem relacional; 40% dos relacionamentos considerado bom,
apresentando poucas brigas; 20% dos relacionamentos considerados regular,
apresentando brigas mais freqüentes principalmente nos finais de semana; 20%
55
dos relacionamentos considerados normais, não apresentando muitos problemas e
discussões e 10% dos relacionamentos considerados ruins, sendo relações
familiares com muitas brigas.
A base da família corresponde a um relacionamento saudável entre os
membros, ou seja, com carinho, respeito, responsabilidades, dedicação e amor.
Para se alcançar essa “base familiar” é necessário que os pais tenham uma
estrutura psíquica para que não aja desarranjos “graves” no ambiente familiar.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
bom
regular
razoável
Gráfico 3 - Relação da criança com os pais
No Gráfico 3, está demonstrado o relacionamento da criança com os
pais, onde 60% dos casos foram considerados como bons, com crianças que
respeitam e obedecem a seus pais; 30% avaliados como regular, com crianças
teimosas, irritadas e que quase não obedecem e 10% considerado razoável, com
crianças que se apresentam calmas, mas que preferem brincar e quase não falam.
A relação dos pais com a criança têm um papel muito importante no
desenvolvimento psíquico; os pais são modelos e referencial para os filhos e é
através de seus exemplos que a criança irá assumir determinado comportamento
diante de certas situações.
Duarte (1999) diz:
É na relação com os familiares, em especial pai e mãe, que a criança
estabelece suas primeiras relações com o conhecimento e vai organizando
um jeito próprio de aprender, de elaborar o aprendido e dar um significado
aquilo que aprende.
56
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
bom
normal
ruim
Gráfico 4 – Relacionamento da criança com a professora
Quanto ao relacionamento da criança com a professora e colegas, o
Gráfico 4 mostra 70% dos relacionamentos considerados bons, apresentando
poucas brigas e boa interação entre eles; 10% dos relacionamentos considerados
normais, apresentando algumas discussões mas brincam muito e 20% dos
relacionamentos considerados ruins, apresentando muitas brigas, poucas amizades
e agressividade.
O professor atualmente se depara com muitas situações diversificadas
no ambiente da sala de aula, muitas vezes, além de ensinar a ler e a escrever,
assume também uma função “materna”, onde se faz necessário dar uma pausa na
matéria para ouvir, aconselhar e acarinhar seu aluno. Essa relação professor x
aluno, tornou se uma importadora de valores, incentivo, confiança e contribuinte
para a auto-estima.
0%
20%
40%
60%
80%
100%
elogios
Gráfico 5 – Elogios à criança por parte dos pais
57
Encontramos 100% dos casos, em que os pais elogiam as crianças
em relação à: realização das atividades escolares, execução de desenhos,
cumprimento de tarefas domésticas e quando fazem o que os pais solicitam, de
acordo com os dados demonstrados no Gráfico 5 acima.
Para a criança, a atenção e elogios por parte dos pais e/ou cuidadores
sempre foram considerados algo positivos e promotores da elevada auto- estima
das crianças. Tornam-se motivadas para estudar e realizar suas tarefas escolares.
Na literatura psicanalítica, encontramos estudiosos do psiquismo
infantil que afirmam que a base estrutural da formação egóica da criança, desde o
seu nascimento, encontra-se nesta relação saudável com seus progenitores, os
quais valorizam tudo o que a criança produz, dentro de suas possibilidades.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
participação
part.indireta
não participam
Gráfico 6 – Participação dos pais na escolarização dos filhos
No que diz respeito à participação dos pais no processo de
escolarização das crianças, cerca de 80% dos pais alega participar desta fase de
vida, ajudando-as na realização dos deveres de casa, olhando o material escolar e
incentivando-os para um futuro melhor. Encontramos também 10% dos pais que
não tiveram estudos e por isso pedem que seus filhos mais velhos ajudem na
realização das tarefas escolares dos menores e 10% dos pais que dizem não ter
tempo para ajudar seus filhos, pois trabalham o dia todo.
58
A função dos pais vai além de oferecer alimentação, educação e
saúde, ela exige uma dedicação, um acompanhamento, prazer em cuidar de seu
filho e não uma obrigação; necessita de atos de amor.
Papalia (1998) nos ensina que “assim, todo pai que desempenha um
papel importante na vida diária de seu filho, exercerá uma influencia importante e
imensurável.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
comparecem
não comparecem
Gráfico 7 – Comparecimento dos pais às reuniões
Em relação ao comparecimento dos pais às reuniões e atividades
escolares, 90% dos pais disseram que participam e comparecem às reuniões e
atividades escolares de seus filhos e 10% não participam devido o companheiro
(padrasto da criança) ter ciúme da mãe.
59
B – QUESTÕES QUANTO À VIDA ESCOLAR
1- A criança apresentou boa adaptação e socialização no ambiente escolar?
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
comparecem
não comparecem
Gráfico 8 – Adaptação e socialização da criança na escola
Conforme aponta o Gráfico 8, cerca de 80% das crianças mostraram
boa adaptação e socialização no ambiente escolar e 20% das crianças
apresentaram dificuldades, pois brigavam muito com os colegas e diziam que os
mesmos eram sujos e desarrumados.
2- A criança apresenta comportamento satisfatório em sala de aula?
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
não satisfatório
satisftório
Gráfico 9 – Comportamento da criança na escola
Quanto ao comportamento do aluno em sala de aula, de acordo com o
Gráfico 9, 70% das crianças apresentaram comportamentos não satisfatórios
como: não conseguem acompanhar os colegas de classe, apesar de copiarem não
conseguem ler, há crianças muito agitadas e agressivas, outras muito tímidas e
60
desinteressadas; 30% das crianças apresentando comportamento satisfatório em
sala de aula acompanhando a turma, participando das atividades propostas e se
desenvolvendo bem.
3- A criança apresenta alguma dificuldade escolar?
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
dific. Escolar
sem dific.
Gráfico 10 - Representação das dificuldades escolares
O Gráfico 10 mostra cerca de 60% das crianças apresentando
algumas dificuldades (escolares), tais como: não fazem associação das letras,
outros têm déficit de atenção, lentidão, dificuldade de escrita e leitura e infantilidade
(só pensam em brincar); 40% das crianças não apresentam nenhum tipo de
dificuldade escolar.
Podemos observar que as crianças não apresentam dificuldades
escolares e sim, problemas de desenvolvimento infantil. Analisemos segundo
Piaget.
A teoria Piagetiana do desenvolvimento cognitivo é uma teoria de
etapas que pressupõe que os seres humanos passam por uma série de mudanças
ordenadas e previsíveis. Por volta de um ano e meio a criança atinge o segundo
estágio, chamado de inteligência simbólica ou pré-operatória, quando aparece a
função simbólica. A inteligência que se desenvolveu no plano sensório - motor
atinge o plano da representação e imaginação, da ação fisicamente não visível. A
criança aprende a falar, imaginar, fazer jogos simbólicos e assim por diante. Este
estágio permanece até a idade aproximada de 8 anos.
Os estágios possuem um caráter interativo. O conteúdo do
conhecimento de um dado nível é constituído pelas formas refletidas do nível
anterior,assim as estruturas sensório-motoras são parte integrante das estruturas
61
pré-operatórias, e estas das operatórias que, por sua vez integra-se nas operações
formais.
Em cada estágio ocorre um patamar de equilíbrio e os estágios
constituem um processo de equilibrações sucessivas. A seqüência dos estágios é
fixa para cada indivíduo, mas pode ocorrer em idades diferentes. Admite-se hoje
que nem todos os sujeitos atingem os estágios mais avançados propostos por
Piaget. (PIAGET, 1967, CHIAROTINO, 2005))
4 – Como você vê seu filho
Tabela 1 – Percepção dos pais sobre os filhos
Crianças
Verbalização dos Pais
1. “Personalidade forte – ajuda em casa – não obedece à mãe e sim ao
pai”
2.
“É uma criança quieta - calma - obediente e inteligente”
3.
“É esperto – me respeita e gosta de ir à roça com o pai”
4.
“É bagunceiro – agitado – mas é uma criança boa que eu considero
normal”.
5.
“É muito infantilizada – estraga todo o material – tudo tem que ser do
jeito dela e não obedece”.
6.
“É uma menina boa – cuida da casa – gosta de brincar, mas quase
não conversa”
7.
“É uma criança bagunceira – brava, mas quando conversa com ele,
obedece e escuta”
8.
“É irritada e às vezes rasga o caderno – tem uma personalidade forte”
9.
“É um bom menino – obediente e gosta muito de brincar”
10.
“É uma criança que não dá trabalho, mas só quer brincar de boneca”
Como podem notar, 4 crianças foram avaliadas como sendo “boas”,
“quietas”, “obedientes”, etc, caracterizando-as como pessoas que conseguem
administrar o que lhes foi ensinado em casa, enquanto que as demais, os pais
mostram dificuldade no manejo das mesmas devido à falta de limites.
Espera-se que crianças nesta faixa etária sejam capazes de, até certo
ponto, controlar sentimento intensos e canalizá-los para explorações mais
ordenadas e racionais;podem usar suas mentes para descobrir o mundo à sua
volta. ( STINER, 1993)
62
II DO QUESTIONÁRIO COM A PROFESSORA
A professora atua na escola há 15 anos e está ministrando aulas na
primeira etapa do ensino fundamental há 3 anos.Está concluindo o curso de
Pedagogia este ano.
1 – A escola foi apresentada à criança?
0%
20%
40%
60%
80%
100%
apresentação
Gráfico 11 – Apresentação da escola à criança
Segundo o Gráfico 11, 100% das crianças foram apresentadas à
escola no primeiro dia de aula.
O fato de a criança conhecer a escola onde passará boa parte do dia,
lhe traz segurança e confiança, pois será um ambiente já conhecido e apresentado
pelos pais e professora.
2- A criança se adaptou facilmente ao novo ambiente escolar?
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
adaptação
o adaptação
Gráfico 12 - Adaptação da criança à escola
63
Com relação à adaptação das crianças, conforme demonstra o
Gráfico 12 acima, 80% das crianças se ajustaram com naturalidade e 20% delas
apresentaram certas dificuldades, tais como: como não querer ficar na sala de aula
e sim no pátio brincando,enquanto que outras mostraram certa agressividade com
os colegas de sala.
Muitas crianças nesta faixa etária – 6 anos – podem temer e/ou ficar
ameaçados com a presença de outras crianças, se não foram bem preparados e
socializados na fase ideal para este comportamento.
Crianças agressivas podem estar solicitando ajuda para adaptar-se e
vincular-se aos colegas e à escola, bem como, pode tratar-se de crianças que
pertencem a uma dinâmica familiar disfuncional.
Para Soifer (1992, p.261), a impulsão é desencadeada por causa das
angústias confusionais que são uma mescla da ansiedade de perda e da
ansiedade paranóide, originadas dos sentimentos de impotência, raiva, inveja e
ciúme frente à situações carências, nas quais a criança não pode resolver o
problema que a aflige
3- A criança necessitou de um tempo sendo acompanhada por alguém da
família?
0%
20%
40%
60%
80%
100%
sem
acompanhamento
Gráfico 13 – Quanto ao ser acompanhada à escola
100% das crianças não necessitaram ser acompanhadas por alguém
da família devido à maioria dessas crianças já ter passado por creches ou
escolinhas, fato este que tornaria a escola já conhecida e menos ameaçadora.
O Gráfico 11 acima mostra que todas as crianças conheceram a
escola antes de seu ingresso na mesma.
64
Por ser uma escola de porte médio em uma cidade do interior do
Estado, a instituição é de fácil acesso às crianças.Embora sejam levadas pelos pais
e/ou irmãos mais velhos, estes não precisam ficar à espera ou adentrar à escola
para dar um suporte aos filhos mais ansiosos.
4- A criança fez e / ou faz amizades com facilidade?
0%
20%
40%
60%
80%
100%
fácil amizade
Gráfico 14 – Quanto ao nível de amizade da criança
100% das crianças fizeram amizades facilmente de forma tranqüila e
natural.
Espera-se que crianças em fase escolar inicial façam vínculos com os
demais colegas.
Mas, como observamos no Gráfico 12, 20% dos alunos tiveram
dificuldades de adaptação à escola, podendo significar que o nível de formação
vincular pudesse ficar comprometido. Neste caso, não aconteceu.
65
5- A criança apresentou- se tímida e retraída em sala de aula?
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
timidez/retraimento
dific.partic.
Gráfico 15 – Comportamento de timidez e retraimento da criança
Aproximadamente 60% das crianças,segundo o Gráfico 15, não se
mostraram tímidas nem retraídas e 40% além, da timidez e do retraimento,
apresentaram dificuldades para participar e falar sobre suas vidas e de se expor.
É possível e natural que algumas crianças, mesmo demonstrando
aparentemente estar adaptadas à escola e terem feito amizades facilmente, sintam-
se constrangidas em falar sobre si para os demais colegas. Este processo leva
algum tempo, até as crianças poderem ter, certeza de que são amigos para confiar
seus segredos uns aos outros.
Segundo Soifer (1992, p. 346), “pode-se que dizer eu depende das
possibilidades que a criança tem de realizar seu aprendizado de convivência
pessoal ,poder elaborar e atenuar seu medo a estranhos e sua vergonha.”
66
B - QUANTO AO PROCESSO DE APRENDIZAGEM
1 - A criança participa das atividades propostas?
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
participam
não participam
Gráfico 16 – Participação da criança em atividades propostas
Quanto à participação das crianças nas atividades propostas
encontramos 70% de crianças que participam e 30% de crianças que apresentam
dificuldades de se envolverem nas atividades; diante dessas resistências das
crianças, a professora procura atendê-los e incentivá-los individualmente.
Algumas crianças podem apresentar certos temores frente a
determinadas tarefas solicitadas pela professora, por timidez e insegurança. Caberá
à professora observar tais condutas e auxiliá-los na superação destas.
2- A criança apresenta um bom nível de atenção e concentração?
0%
20%
40%
60%
80%
100%
baixo nível
bomvel
Gráfico 17 – Nível de atenção e concentração das crianças
Em relação ao nível de atenção e concentração 90% das crianças
apresentam problemas como: distração, muita conversa, desatenção,
67
agressividade, lentidão e imaturidade; sendo que 10% das crianças apresentam um
bom nível de concentração e atenção.
Retomamos nossa apresentação acima, quando abordamos os
estágios de Piaget. São problemas do desenvolvimento infantil, provavelmente
caracterizados por falhas no processo de maturação neurológica; infantilidade e
necessidade de a professora tornar seu trabalho mais motivador e atraente para
estas crianças.
3- Como é o relacionamento da criança com os professores e colegas?
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
bom
relacionamento
relacionamento
razoável
Gráfico 18 – Nível de relacionamento da criança com professora e
colegas
O relacionamento da criança com a professora e colegas foi
considerado 80% como bom, com respeito, obediência, carinho e aceitação de
limites; 20% encontram-se com dificuldade de relacionamento por não aceitar
limites e querer fazer sempre o que querem.
Neste caso, trata-se de crianças que em seu ambiente familiar, os
pais têm muita dificuldade de colocar limites.
Soifer (1992,p. 201), coloca que a perda de limites na conduta, é
ocasional, oriunda de uma situação de intensa angústia e impotência frente a
diversas circunstâncias.. Em termos gerais, ela ocorre nos momentos passageiros
de desorganização egóica que têm relação com a dualidade organização-
desorganização inerente aos processos de formação egóica.
68
C - QUANTO A PARTICIPAÇÃO DOS PAIS
1- 1-
Os pais têm demonstrado interesse no processo de aprendizagem da
criança?
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
interesse na
aprendizagem
pouco interesse
Gráfico 19 – Interesse dos pais no processo de aprendizagem
da criança
Percebemos, pelo Gráfico 19, que 60% dos pais demonstram
interesse no processo de aprendizagem dos filhos sempre buscando acompanhar o
desenvolvimento e o comportamento em sala de aula e como anda o processo de
aprendizagem; porém, 40% dos pais apresentaram pouco interesse no processo
escolar, não olham as tarefas, não cuidam dos filhos e não cobram
responsabilidades dos mesmos.
Alguns pais, envolvidos com seus afazeres, se “esquecem” ou não se
“importam” com a vida escolar de seus filhos. São pais que não tiveram sua
escolaridade completa e,portanto, não percebem a importância disto para seu
filho.Podemos observar aqui os chamados “pais ausentes” dos cuidados dos filhos.
69
2 - Qual dos pais tem demonstrado maior interesse no processo de
aprendizagem das crianças? O pai ou a mãe?
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
es
e/pai
Gráfico 20 – Interesse do pai e/ou mãe no processo de
aprendizagem do filho
Encontramos 70% de mães das crianças que mostram maior interesse
no processo de aprendizagem das crianças e 30% onde ambos (pai e mãe)
demonstram interesse no processo de aprendizagem.
E o pai? Não participa desta fase de vida de seu filho?
Winnicott (1989), declara que o pai é a duplicata da mãe,portanto,
deve se fazer presente na vida de seu filho.
Moretti (2005. p. 386), em seu artigo Recomendações aos pais: como
tornar agradável a relação com os filhos explora as mais diversas situações onde o
pai pode estar presente na vida de seu filho e tornar saudável a convivência entre
ambos, superando sua ausência em função do seu trabalho.
3 - Com que freqüência a escola solicita a presença dos pais?
0%
20%
40%
60%
80%
100%
sempre
às vezes
70
Gráfico 21 Freqüência com que a escola solicita a
presença dos pais
A escola sempre solicita a presença dos pais nas reuniões
bimestrais, nas reuniões da APM (Associação de pais e mestres) e, às vezes,
individualmente conforme a necessidade de se falar sobre o aluno.
Atualmente, muito se tem abordado este assunto – a participação dos
pais nas atividades escolares, como forma de aproximação e compreensão dos
direitos e deveres de ambas as partes. A formação de uma relação mais estreita
entre a escola e a família deve proporcionar ajustamento na vida da criança.
(TORETE, 2005)
4 - A escola mantém os pais informados sobre a dinâmica de seu
funcionamento e os incluem nas decisões além de dar abertura para que os
mesmos possam opinar?
0%
20%
40%
60%
80%
100%
nível de
informação
Gráfico 22 – Informações sobre a dinâmica da escola para os
pais
A escola mantém os pais informados através das reuniões bimestrais
e das reuniões da APM (Associação de pais e mestres), sempre buscando ouvir a
opinião dos pais e acatá-las, sempre que possível.
Este é o papel essencial da escola, além de ofertar uma escolaridade
ideal aos seus alunos.
Como enunciado no Gráfico 21 acima, e retomado no Gráfico 22, é
de suma importância a vinculação entre todos: escola, pais e alunos para que a
educação seja realizada de forma salutar.
71
D - COMO VOCÊ VÊ SEU ALUNO?
Percepção da professora sobre seus alunos
Tabela 2 – Percepção da professora sobre seus alunos
Crianças Verbalizações da Professora
1.
“Em relação a esta criança, é uma frustração muito grande, por não ter
o apoio da família no processo de aprendizagem; é uma criança que
não tem limites e não consegue se concentrar”.
2.
“É uma criança retraída,mas com capacidade para aprender, apresenta
falta de incentivo e os pais não a valorizam”
3.
“Apesar de esforçar-se,o ambiente da sala de aula não lhe causa
interesse; tem um pai que é agricultor e é isso que ele quer ser”
4.
“Apresenta dificuldade de concentração, é muito agitado e parece
hiperativo”
5.
“É uma criança sem limites, a mãe nada exige da criança, é muito
imatura e apesar de ter capacidade, não acredita em si mesma.”
6.
“É uma criança infantilizada, não apresenta motivação para aprender e
só quer brincar”.
7.
“Apresenta dificuldade de comportamento, pois os pais são separados e
tudo o que a mãe educa como” certo “, o pai permite que a criança faça
o que desejar, quando está com ele; não o corrige, nem põe limites”.
8.
“É uma criança que convive muito com adultos e espera muito que os
outros façam por ela; apresenta-se lenta na realização das tarefas.”
9.
“É uma criança muito carente e carinhosa, as pessoas que lhe dão
atenção, ele fala que quer namorar”
10
.
“É uma criança imatura, com problemas de aprendizagem, infantilizado
e regredido”.
DISCUSSÃO DAS TABELAS
Como podemos sublinhar, as percepções da professora em relação à
seus alunos bastante compatível à descrita pelos pais.
Ao compararmos ambas as percepções, pode-se observar que os pais
apresentam um bom nível de conhecimento sobre seus filhos, mas pode-se notar
também que os mesmos, por falta de tempo, problemas pessoais, sentimentos de
culpa (devido a ficar pouco tempo com a criança) ou por exigir algo de si próprio,
72
não se aprofundam na vida de seus filhos preferindo idealiza-los eximindo-se assim,
de qualquer responsabilidade.
Cabe lembrar que a família deve oferecer uma ambiente facilitador
para a aprendizagem de seus filhos, fornecendo carinho, atenção, sensibilidade,
deixando expressar-se e fazer explanações, brincando com eles, ajudando nas
tarefas, ensinando e incentivando; assim, a família oferece oportunidades de
aprendizagem agradáveis dando confiança e apoio a criança.
Pode-se observar a dificuldade que os pais enfrentam em estabelecer
limites a seus filhos, o que os tornam principais causadores dessa realidade. Sobre
essa questão importante dos limites, podemos considerar o que dizem Outeiral e
Cerezer (2003):
É necessário enfatizar que as crianças e os adolescentes “pedem limites” e
que estes os ajuda a organizarem suas mentes. Os adultos, não colocam
“limites” porque assim será mais cômodo. Colocar limites significa
envolver-se, “conter” a criança, suportar suas reclamações e protestos,
enfim,enfrentar dificuldades. Os adultos poderão também ter dificuldades
em colocar “limites” em função de problemas passados com seus próprios
pais “reprimidos” nas suas infâncias e adolescências. (p.51)
Relacionando as percepções da professora em relação a seus alunos
e dos pais em relação a seus filhos, com uma visão mais ampla pode-se perceber
que essas crianças apresentam-se imaturas, infantilizadas, com baixa auto-estima,
agressivas e sem limites.
As crianças de seis anos apresentam certas condutas que já deviam
ter superado , visto que a freqüência à escola permite desenvolver a socialização,
além do que os pais mostram uma certa dificuldade em colocar limites.
No que tange ao sentimento de auto-estima e percepção de
reconhecimento e valor Papalia (1998) enfatiza:
A média idade (entre 6 e 12 anos) é um momento importante para o
desenvolvimento da auto-estima, a auto-imagem ou a auto-avaliação
positiva. As crianças comparam seu self real e ideal e julgam-se conforme
73
sua adequação aos padrões às expectativas sociais que assimilarem em
seu autoconceito e em seu desempenho. As opiniões de si próprias têm
um grande impacto no desenvolvimento de sua personalidade (p.198)
Ao se referir à agressividade das crianças, Soifer (1983) diz:
Fragilidade e insegurança são os dois principais motivos que ocasionam
comportamentos agressivos por parte das crianças, podendo resultar em
ferimentos nela própria e em outras pessoas. Situações como o
nascimento de um novo bebê na família, separação dos pais ou então a
perda de algum parente próximo contribuem para a mudança repentina na
maneira de agir do filho. (p.26)
As crianças são emocionais e pouco racionais; por não saberem lidar
com alguns sentimentos, podem expressá-las por meio de atos agressivos.
Ainda se referindo a agressividade gostaríamos de citar os escritos
de Teles (1983) que diz:
A socialização exige o entrave da agressividade. Entretanto nenhuma força
pode ser contida sem aumentar-lhe o dinamismo. Não se pode, pois,
simplesmente, ignorá-la e sufocá-la. É função da educação canalizar essa
energia, transformá-la e aproveitá-la dando-lhe um exercício aceitável. E
quanto maior o potencial agressivo da criança, tanto maior a necessidade
do uso de recursos para dar-lhe vazão. E quais são estes recursos? Os
esportes de um modo geral, os jogos, a pintura, a música, a modelagem, a
construção, o uso de martelo, pregos e tábuas. (p.144)
Na questão da imaturidade a pedagoga Muñiz (1999) diz:
A família é que transforma filhotes imaturos em humanos capazes de
ingressar na cultura e na sociedade. Mas, para atingir esse objetivo, pais e
mães se valem de alguns recursos básicos que ajudam a criança e o
jovem a serem adultos. A eficiência em atingir tal meta só é possível com o
equilíbrio de todos os recursos. As crianças precisam saber o que o adulto
espera delas. Quando o adulto espera pouco, geralmente elas instalam-se
em atitudes imaturas. Exigir maturidade significa oferecer às crianças
desafios adequados às suas capacidades, nem mais, nem menos. (p.34)
Uma observação que deve ter relevância devido a sua importância é o
respeito pelas características familiares; características estas que cada família
desenvolve ao longo de sua formação. Muitas famílias devido a sua dinâmica,
acabam desenvolvendo em seus membros comportamentos considerados
“inadequados “ que eclodem na escola; mas há de se respeitar e valorizar os
estilos próprios de cada família e como os seus membros os reconhece.
74
A cada estilo de família se observa sua individualidade, como pode
ser observado no quadro acima, uma criança que apesar de ter capacidade
intelectual, de se esforçar na sala de aula, se espelha no pai e toma a profissão
dele como modelo; com isso a de se entender a realidade do aluno e o contexto em
que ele vive. É necessário explorar mais a bagagem que a criança traz de casa e
assim oferecer um ambiente escolar que não lhe pareça estranho e não um
ambiente que é fora de sua realidade.
Quanto essa forte relação de identificação da criança com o pai no
desenvolvimento escolar da criança Radin, (1981), diz:
O pai influencia seus filhos com a forma como se sente e age em relação a
eles, o tipo de relacionamento que tem com a mãe e sua posição na
família. Provavelmente devido à identificação dos meninos com seus pais,
estes influenciam seus filhos mais que suas filhas. Assim como os meninos
assimilam atitudes, valores, papéis gestos e reações emocionais, eles
também adotam os estilos de pensar de seus pais, suas estratégias de
solução de problemas – até mesmo as palavras que eles usam. Os
meninos são especialmente suscetíveis a imitar os pais que são
carinhosos e os aprovam e que são vistos como fortes, mas não como
dominadores nem intimidantes. (p.15)
A relação de cumplicidade entre a família e a escola é muito
importante, pois saber o comportamento de seu filho fora de casa e informar a
educadora sobre os problemas percebidos podem ser fundamentais. Muitas vezes,
há uma melhora sensível quando a criança percebe que os pais percebem o
problema.
DISCUSSÃO DOS GRÁFICOS
Ao fazer uma analogia entre os resultados obtidos através dos
questionários com os pais e com a professora, podemos observar que houve
compatibilidades e contradições.
Observando o Gráfico 8 com o Gráfico 12, podemos averiguar uma
concordância no que se refere a adaptação das crianças no ambiente escolar,
mostrando que a escola está oferecendo um ambiente favorável, apresenta à
75
escola as crianças, informando os pais através das reuniões da APM e pedindo
sempre opiniões.
Tedesco (1998) diz:
A mudança mais importante na educação suscitada por essas demandas é
que ele deve incorporar de forma sistemática a tarefa de formação de
personalidade. Não deve só o núcleo básico do desenvolvimento cognitivo,
mas também o da personalidade; ou seja, tende a assumir características
de uma instituição que chamo de “escola total”. (p. 93)
Outra observação compatível é entre os Gráficos 4 e o Gráfico 17,
onde a relação professor x aluno está sendo realizada de forma harmônica, o que
transmite confiança e respeito para o aluno.
Quanto às contradições podemos analisar o Gráfico 9 com o Gráfico
16, onde 70% das crianças não apresentam comportamentos satisfatórios no
ambiente escolar, pois não conseguem acompanhar os colegas de classe, uma vez
que são agitados, agressivos, tímidos e desinteressados; em contrapartida
encontramos no Gráfico 16 , 70% das crianças participam das atividades propostas
e que somente 30% dos alunos necessitam de auxilio ao realizar a tarefa.
Diante dessa observação, fica reflexão se estas crianças estão
enfrentando problemas referentes ao comportamento que acaba prejudicando a
forma como eles aprendem ou se os alunos encontram -se com transtornos de
aprendizagem referentes a problemas familiares.
Zimmermann (1995) diz:
“as dificuldades de aprendizagem surgem quando os conteúdos ou a
situação desperta algum conflito e o sistema defensivo falha neste
controle de forças.”(p.95)
Outra contradição que se pode analisar foi entre os Gráficos 6 e 19,
pois encontramos 80% dos pais dizerem que participam da escolarização dos filhos
sendo que 10% dão acompanhamento de forma indireta e 10% por não terem
tempo; em contradição encontramos no Gráfico 19, 60% dos pais demonstram
interesse em participar do processo escolar dos filhos e que 40% dos pais
apresentam pouco interesse.
76
Assim podemos perceber que os pais têm um conhecimento de suas
funções e que apesar de muitas vezes não exercerem , tentam passar uma imagem
positiva de suas atitudes.
ENTREVISTA COM A DIREÇÃO DA ESCOLA
A direção da escola relatou que a escola atualmente está passando por um
momento difícil, pois se vêem obrigados a dar um acompanhamento especial, que
vai além da alfabetização; mas que ao mesmo tempo se sentem responsáveis pela
crianças.
A diretora disse que os pais estão cada vez mais atribuindo a função de
educar , de transmitir valores e orientar à escola e que os professores estão
enfrentando uma grande dificuldade ao estarem trabalhando com essas crianças.
Outra dificuldade encontrada ao trabalhar com os alunos é a falta de limites
dos mesmos em relação à professora, colegas e com a própria escola.
Aos professores são ofertados cursos de capacitação, onde a prefeitura junto
com a secretaria de Educação busca sanar e dar mais instrução , para que os
professores possam oferecer um melhor ambiente escolar.
A diretora relatou que o que depende da escola está sendo revisto e
buscando melhoras, mas que a dificuldade está em trazer os pais para a escola ,
pois os mesmos alegam não ter tempo, cada um tem a sua desculpa.
A escola solicita sempre a presença dos pais, mas são justamente os que
não “precisam” que comparecem, enquanto que os outros pais é necessário que a
escola os encontre seja no trabalho ou até mesmo por indicação de algum
conhecido.
Com essa dificuldade de estar em contato com os pais , muitas vezes a
escola acaba fazendo realmente a função da família, como levá-los a um dentista,
ou seja, a escola percebe que o aluno precisa de um dentista, a própria escola
encaminha para o posto de saúde e mesmo assim tem pais que não levam;
percebendo que a criança está com dor e que a família não a levou para o
consultório, então a ESCOLA solicita a uma servente para que a mesma conduza a
criança até o consultório odontológico. Essas e outras situações são freqüentes na
77
escola, por isso a dificuldade , pois a escola acaba invadindo a função da família,
mas porque ela não realiza.
A escola fica numa situação a qual ou ela invade o espaço da família ou a
criança fica descuidada; há casos em que os pais nem percebem o problema da
criança e é a escola quem os comunica.
A escola está tentando trazer esses pais para a escola e mostrar a
eles que quando ambos caminham juntos quem ganha é a criança, e que não é que
a escola não tenha responsabilidades sobre essas crianças além da de alfabetizar,
mas que este contato e relação com a família está interferindo no próprio processo
de ensino-aprendizagem e o pior é que está refletindo de forma negativa.
ENTREVISTA COM A PROFESSORA
De acordo com a fala da professora são variados os problemas
enfrentados por ela na relação com os alunos e com a família. Muitas das
dificuldades encontradas pelas famílias na questão da aprendizagem são pais que
não tiveram estudos, alguns analfabetos e outros semi-analfabetos enfrentam
dificuldade ao estarem ajudando as crianças na hora das tarefas.
Outro problema enfrentado é a falta de limites que as crianças estão
apresentando, o que dificulta no ambiente de sala de aula e o próprio andamento
da aprendizagem. Muitas dessas crianças são infantilizadas e só fazem o querem,
na hora que querem, do jeito que querem, não aceitando contradições.
Entre tantos outros problemas encontrados, a professora ressalva que
as crianças de hoje estão trazendo uma bagagem de casa que exigem delas uma
certa “maturidade” para compreender o que está acorrendo a sua volta, e além de
tudo ela precisa dar conta de ser comportada, aprender e não dar trabalho para a
professora. Com todas essa situações fica a se questionar quem não está
“funcionando” corretamente ou como deveria ser, a escola que não reconhece mais
seu aluno, ou o aluno que não reconhece sua escola?
A professora relata que é difícil trabalhar com as crianças , mas
porque isso vai de contrapartida aos princípios e os modelos de família que eram
anteriormente e que hoje a própria sociedade não soube ainda aceitar muito bem.
78
A forma de trabalhar com nossos alunos tem que partir do princípio de
cada um, respeitando sua composição familiar, credo ou situação financeira;
“tentando oferecer um ambiente igualitário, com oportunidades sem o rótulo de que
ele é o aluno que ......, foi de professora tal”.
Não adianta trabalhar com as causas e sim com a realidade e buscar
conhecer a história de cada aluno para que ele possa ser compreendido no seu
contexto e ações.
79
CAPITULO 5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante a realização da pesquisa pude perceber o tamanho da
complexidade do tema e da responsabilidade em estar pesquisando uma questão
tão importante.
Ao iniciar o contato com a direção da escola e com a professora, tive a
oportunidade de conhecer os alunos que iriam compor a minha amostra a qual foi
muito especial.
A cada questionário respondido pela professora em relação a seus
alunos, pude perceber o encanto dela em estar relatando sobre eles, sendo que o
mesmo ocorreu com os pais, o que para mim significou muito, perceber como essa
crianças eram vistas.
Tive o prazer de conhecer cada família, o tipo de moradia e a
comunidade a que eles pertencem, pois devido à dificuldade de horário dos pais
fez- se necessário, eu juntamente com a professora, ir até a residência deles para a
realização da aplicação do questionário.
Refletindo sobre essa experiência podemos perceber que é possível
fortalecer a relação família e escola com atividades simples, como acolher bem os
pais, escuta-los, envolve-los no cotidiano da escola. Esse encorajamento é muito
importante tanto para a escola como para a família.
É imprescindível que pais e mães estejam em sintonia com a vivência
escolar e social de seus filhos,pois essa integração tende a enriquecer e facilitar o
desempenho escolar da criança.
É necessário que se habituem a participar da vida escolar dos filhos;
para isso, uma alternativa viável seria a divisão de responsabilidades entre os
sujeitos envolvidos no processo ensino-aprendizagem. Esta é a união que é
proposta no presente estudo, uma relação de proximidade a qual consiste no fato
de a família e a escola caminharem juntas, sendo que cada uma das partes deve
ser preservada em suas características próprias.
80
Quando os professores relatam que o fato da “família não ir bem”
influencia o desenvolvimento escolar dos alunos, estão certamente, imbuídos de
razão. Porém, apenas diagnosticar as dificuldades dos pais, providenciará um maior
afastamento da família, pois os professores é que são especialistas em educação.
A construção de um vínculo enquanto uma relação de cooperação entre
as instituições família e escola, implica em colocar-se no lugar do outro, e não
apenas na troca de idéias ou favores, como aquela colaboração tão conhecida do
pai que envia à escola uma contribuição mensal, e a prenda para a festa junina.
O propósito é que essa relação se construa através de uma intervenção
planejada e consciente, em que a escola possa criar espaços de reflexão e
experiências de vida numa comunidade educativa, estabelecendo acima de tudo a
aproximação entre as duas instituições. Reforça-se então, a necessidade dos
educadores dispensarem alguns momentos da sua formação, para refletirem e
reconstruírem essa relação.
A relação família – escola pode tornar-se conflitante, porque apesar de
ambas terem como objetivo central a educação de uma criança, os papéis de cada
uma devem ser diferenciados durante este processo. A família, de maneira
generalizada, delega algumas obrigações da educação do filho à escola e ao
professor, eximindo-se do seu papel fundamental de parceira da instituição de
ensino na educação da criança. Os professores, frente a essa nova obrigação, se
vêm forçados a responder pelo comportamento positivo ou negativo do aluno, além
de se preocupar com o programa curricular, provas, exercícios etc.
Infelizmente, alguns pais não se conscientizam da importância do
apoio deles junto à instituição escolar do filho e não conseguem ver que a escola
possui outros objetivos a serem desenvolvidos em seus filhos. Isso não quer dizer
que a escola não deva se preocupar com o desenvolvimento afetivo e as relações
de vínculo desenvolvidas pelos alunos, mas de forma diferente da família a escola
utiliza critérios específicos para avaliar o desempenho, a maturidade e
desenvolvimento desta criança. São essas peculiaridades que os pais não
conseguem internalizar.
Ao deixar seus filhos na escola, ou creche, os pais passam toda a
responsabilidade de educação desta criança aos educadores e à instituição e caso
o filho apresente um comportamento “inadequado”, os pais culparão a escola, os
81
professores, os colegas, mas nunca colocarão a culpa em si mesmos ou assumirão
o fato de contribuir para algumas atitudes do filho.
A escola, por sua vez, também procura subterfúgios para “escapar”
da culpa pelos possíveis fracassos escolares de seus alunos, entre as desculpas
mais freqüentes está a de culpar os pais pela falta de tempo no convívio com os
filhos. Fato que acaba gerando alunos com problemas de aprendizagem,
relacionamento etc.
Observa-se, que o fundamental para a escola, professores e pais é
descobrir algo concreto para ser apontado como causador desses problemas de
aprendizagem, que prejudicam as crianças e aos adolescentes.
O que podemos observar é que a escola e a família, cada qual com
seus valores e objetivos específicos na educação de uma criança, constituem um
organismo intrínseco, onde quanto mais diferentes são, mais necessitam uma da
outra. Dessa forma, cabe a toda sociedade, não só aos setores ligados à educação,
transformar através de pequenas ações o cotidiano da escola e da família, para que
esta compreenda a importância dos objetivos traçados pela escola, assim como o
seu lugar de co-responsável neste processo.
É fundamental e urgente essa transformação, para que não só os
alunos, mas a família e a própria instituição possam estabelecer um elo de
cooperação entre si. Entretanto, esta cooperação só será efetiva, caso os pais
compreendam que a escola não deve exercer a função moral da família. Seria
necessário, então, que a escola promovesse projetos de conscientização junto às
famílias de seus alunos, salientando a importância do dever de cada um no
desenvolvimento da criança e que embora esse vínculo escola - família seja
essencial, cada um desses setores deve conservar suas particularidades.
Uma vez que todos os âmbitos da educação estejam conscientes de
seus papéis, a escola poderá contribuir melhor para o aprimoramento da
capacidade cognitiva e afetiva da criança, contando com a ajuda da família. Esta
também poderá contar com o apoio da escola, a fim de melhorar o relacionamento
com os filhos. Dessa forma, a criança sentir-se-á capaz e protegida para aprender.
O relacionamento entre pais e escola é fundamental para o
desenvolvimento escolar salutar, visto que permite à escola conhecer as origens de
seus alunos para pode lidar de forma mais eficaz com o processo ensino –
aprendizagem.
82
Os pais, têm a responsabilidade de fazer parte do processo
educacional de seus filhos, não somente os professores e demais componentes da
escola.A escola deve ter uma mentalidade aberta procurando conhecer e entender
as necessidades e interesses reais de seus alunos, suas famílias e comunidade; e
ser dela parte integrante e não uma ilha elitista e formal.
As interações informais entre pais e professores, baseadas no
respeito mútuo e clareza de comunicação, podem fortalecer a colaboração e o
engajamento dos pais e educandos nos objetivos e atividades da escola, evitando
assim a alienação.
Quanto ao nosso estudo, apresentamos as últimas pontuações.
No que se refere à formulação do problema enunciado em nosso
trabalho, - “é possível a relação da família com a escola, no comprometimento do
processo educativo dos filhos?”
Podemos dizer que sim, é possível, necessária e imprescindível este
vínculo para que todos – a criança, os pais e instituição escolar possam fortalecer o
desenvolvimento infantil como um todo e principalmente no que tange ao processo
ensino – aprendizagem.
Dentre as hipóteses formuladas:-
1.Uma família funcional, permite à criança um desenvolvimento
psíquico, social e cognitivo saudável – Sim. Há estudos confirmando que a
funcionabilidade e organização de uma família permite aos seus membros maior
segurança e desenvolvimento de auto-estima e autoconceito positivos. São
condições essenciais para um crescimento salutar,bem como desempenho escolar
favorável. (WINNICOTT, 1989, 1996; ZIMERMAN, 1995; BALTAZAR, 2004)
2. Os papéis assumidos pelos pais, refletem, na criança a forma como
ela irá se comportar e se relacionar no ambiente escolar, seja com os professores,
seja com os colegas. Sim. Embora tenhamos trabalhado com uma amostra de
classe social de baixa renda, observamos pais preocupados com seus filhos, no
sentido de poderem estudar e elegerem uma profissão e, conseqüentemente,
possibilitar aos futuros filhos, uma condição de vida melhor. O fato de os pais
conseguirem impor limites aos seus filhos já é uma condição salutar para ambas as
83
partes. Caberá ao professor verificar a importância deste suporte e dar continuidade
ao mesmo.
3. A forma como a escola está organizada, está apta para receber
crianças com “problemas” de comportamento e familiares? Sim.
A Direção escolar e sua equipe de trabalho têm procurado crescer
neste sentido – tornar possível um vínculo mais estreito entre a família e a escola.
Todos ganham com este percurso.
Em relação aos objetivos geral e específico:-
Compreender a relação entre família e escola, focando-se na
influência de ambas no desenvolvimento da aprendizagem das crianças da primeira
etapa do ensino fundamental. Sim. Conseguimos alcançar. Pudemos compreender
o funcionamento de cada família deste estudo e suas influências no processo de
ensino e aprendizagem de seus filhos, buscando apoio na escola, de forma geral e
especificamente com a professora.
Analisar a importância da família na aprendizagem da criança – Sim.
Como apontamos neste trabalho, a família é a base de tudo, cabe a ela esta
função.
Levantar dados a respeito da problemática escolar e de
comportamento das crianças. Sim. Pudemos delinear as questões principais que
surgiram quando das entrevistas com os pais e a professora e apontadas nos
gráficos e nas 2 tabelas.
Ao entrevistarmos os pais percebemos o interesse destes em
participar mais da vida escolar dos filhos e da escola, colocando-se à disposição da
escola quando chamados para as reuniões mensais
Embora alguns destes pais apresentem-se com dificuldades de
atuarem neste processo, a escola poderá ajuda-los no envolvimento mais efetivo,
mostrando-lhes a necessidade de acompanhar mais de perto o crescimento do filho
como um todo.
Baltazar (2004), diz:
84
É necessário insistência e paciência por parte dos educadores para inserir
os pais na escola, pois alguns pais sentem dificuldade em entender o
funcionamento e a organização escolar; por elas terem regras e estruturas
complexas, que, no entanto aos poucos podem ser, assimiladas e os pais
poderão, gradativamente, participar, de acordo com sua disponibilidade de
tempo e condições pessoais, evitando assim o isolamento da família da
escola. (p.158)
Efetuar propostas de ação à escola e à família. Sim. As asserções
sobre as ações encontram-se logo a seguir. Permitirão a todos – escola e pais
poderem estar mais juntos no desenvolvimento escolar de seus filhos e alunos.
Ao realizar essa pesquisa, obtive muitos ganhos, tantos pessoais
como profissionais. Conhecer o aluno e sua realidade, assim como, sua família é
uma forma de compreender não só o que ocorre no ambiente escolar, mas sim no
contexto geral. Permitir se colocar no lugar do outro e ver que a realidade é
diferente para cada um e que de uma forma socialmente aceita ou não as pessoas
precisam cada vez mais uma das outras, precisam da FAMILIA, independente de
sua composição.
Entendemos que muito poderia ser explorado sobre a relação familiar
e a escola, mas isso incentiva a dar continuidade com a pesquisa para uma tese de
doutorado.
Elaboramos uma proposta de ação para incentivar e melhorar a
relação família e escola, tendo conhecimento que ao averiguar um problema faz se
necessário dar uma contribuição para a superação do mesmo.
Existem várias formas pelas quais a escola pode abrir-se aos pais e à
comunidade. Atividades e organizações específicas podem encorajar os interesses
dos pais sobre o que está a acontecer e agir como um primeiro passo necessário
ao desenvolvimento de participação maior e mais significativa.
PROPOSTA DE AÇÃO PARA A FAMÍLIA
1- Os pais devem dedicar mais tempo a seus filhos, para que possam
juntos conversar, brincar, ler e estudar.
2- Os pais podem desenvolver atitudes positivas diante de seus filhos e
os elogiar, mostrando expectativas em relação a seus estudos.
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3- Demonstrar afeto e saber corrigi-los sem punições severas; vale
lembrar que o diálogo é fundamental na hora das correções.
4- Dar limites, estipular horários como para estudar, fazer esportes,
brincar e assistir televisão; os pais devem ser firmes mas sensatos.
5- Acreditar em seus filhos, com convicção de que eles podem ir bem no
que faz, oferecer a eles auto-estima, motivação e desempenho.
6- Sempre procurar saber as dificuldades encontradas pelo seu filho e
quais são as disciplinas.
7- Sejam companheiros da escola, procurem sempre estar informados
no que ocorre na escola e aproveitem e verifiquem como seu filho está
se saindo.
8- Olhar diariamente o material escolar, de preferência na presença de
seu filho para que ele se sinta protegido e cuidado.
9- Desenvolver um bom vínculo com a professora, pois quando a família
e a escola se integram é o aluno quem ganha.
10- Aceite seu filho como ele realmente é e não como gostaria que fosse,
assuma suas responsabilidades de pais e se privem de algumas
coisas como serviços domésticos para fornecer mais atenção a seu
filho;
11- Pais assistentes a professores que ajudam os alunos durante o
tempo de aulas com tarefas e projetos;
12- Pais ensinando a comunidade em atividades nas quais são
conhecedores e falar da história e da cultura da área;
13- Pais que constroem e reparam edifícios, terrenos e facilidades da
escola.
Os pais são normalmente os primeiros e os mais influentes
professores das crianças. Nos seus primeiros anos de vida, os pais ensinam as
crianças a língua, os símbolos e os significados utilizados na sua cultura. Os pais,
como modelos de papel primários, contribuem significativamente para a aquisição
das capacidades dos seus filhos. Por causa das suas funções vitais, é importante
que os pais estejam envolvidos nas vidas dos seus filhos, tanto em casa, como na
escola.
86
A escola é apenas uma forma de educação, e a educação que a
criança recebe em casa deve ser relacionada à escola para proporcionar
continuidade. A participação dos pais ajuda na edificação da comunidade, pois que
eles irão sentir que eles têm um papel no sucesso da escola e podem orgulhar-se
quando houver êxito.
Edifica também laços inter-gerações, na medida em que as crianças e
os pais trabalham em conjunto para um objetivo comum (educação básica). Deste
modo, as crianças são mais capazes de reconhecer a importância da educação se
virem a participação dos pais na sua educação. Através da colaboração, a
motivação dos pais e da comunidade para apoiar a educação aumenta.
PROPOSTA DE AÇÃO PARA A ESCOLA
1- Que o professor goste de seu trabalho e deseje crescer com ele; ao
trabalhar, apresente-se com boa aparência e mostre satisfação e
motivação no que faz;
2- Aceite que a organização familiar mudou e trabalhe sempre com o
real;
3- Solicite a presença dos pais como nas reuniões bimestrais e ofereça
premiações para que os mesmos se sintam motivados a comparecer.
4- Explicação aos pais sobre o conteúdo e os métodos de ensino e
aprendizagem nas escolas;
5- Observação dos pais nas turmas;
6- Formar os pais sobre como melhor ajudar e encorajar a
aprendizagem dos seus filhos em casa;
7- Não rotule seu aluno pelo tipo de família que ele tem, reflita sobre
preconceitos e discriminações existentes na escola;
8- Não parta do princípio que a família precisa ser ajudada pela escola,
mas sim, que a escola precisa ser ajudada pela família;
9- Nas reuniões bimestrais, saiba apresentar os lados negativos e as
dificuldades dos alunos, mas não se esqueça de apresentar os lados
positivos também;
87
10- Mantenha sempre um contato com a família do aluno mesmo que este
seja informal;
11- Promova eventos internos na escola onde os alunos possam
demonstrar seus talentos e capacidades de outras formas. É
necessária uma valorização do aluno;
12- Propiciar encontros no ambiente escolar, onde trabalhem juntos pais e
filhos, como gincanas, assistir vídeos, por exemplo;
13- Fazer da direção da escola e equipe pedagógica um lugar de apoio e
não de reclamações, acusações e cobranças explícitas;
14- Sempre que possível, dê sugestões à direção e equipe pedagógica.
Desta forma todas as atividades de ambas as partes serão mais
gratificantes,pois irão melhorar o ambiente de trabalho e elevar o nível
de satisfação pessoal e profissional.
15- Dias abertos, dias de discursos e dias de desporto;
A qualidade de uma instituição escolar depende em grande parte do
modo pelo qual ela enfoca o processo de condução das atividades que se
desenvolvem nas classes, pois, ali não é somente o lugar onde se realiza o
processo de ensino-aprendizagem, como também, o lugar que traz sempre o
momento oportuno para se desenvolver e promover os valores humanos nos
alunos. Essa qualidade depende sobretudo também da capacidade dos professores
estimularem o esforço dos alunos.
Escolas coroadas de êxito são normalmente as que são plenamente
apoiadas pelas suas comunidades. Este apoio não significa apenas apoio
financeiro. Normalmente, é cometido erro de igualar apoio comunitário a
contribuição financeira. Enquanto que a contribuição financeira possa ser uma
forma de os membros da comunidade manifestarem e responsabilidade para o bem
estar das crianças, não significa que esta seja a única forma. Os membros da
comunidade podem assumir responsabilidades, dedicando mais tempo ao
estabelecimento e ao reforço de ligações entre atividades escolares e a
participação da sociedade.
88
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os filhos. In: OUTEIRAL et al. (orgs). Winnicott – Seminários Brasileiros. Rio de
Janeiro: Revinter, 2005.
MUÑIZ, A. M. R.; DUARTE, L. T. M. De filhotes imaturos a humanos. Revista Vir a
Ser: o desenvolvimento da afetividade, Londrina – Pr, n. 3/99, p.29.
NOGUEIRA, M. A.; ROMANELLI, G.; ZAGO, N. Família e escola. Trajetórias de
escolarização em camadas médias e populares. Petrópolis: Vozes, 2000.
OUTEIRAL, J.; CEREZER, C. O mal-estar na escola. Rio de Janeiro: Revinter,
2003.
PAPALIA, D.; OLDS, S. O mundo da criança. São Paulo: Mczraw Hill, 1998.
PARO, V. H. Qualidade do ensino: a contribuição dos pais. São Paulo:
Xamã,2000.
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5ª Jornada de Educação do Norte e Nordeste. Fortaleza, 2003.
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_________. Para onde vai a educação. Rio de Janeiro: José Olympio, 1972/2000.
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história da vida privada. Da primeira guerra a nossos dias. São Paulo: Companhia
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S. O Mundo da Criança. São Paulo: McGraw-Hill, 1998.
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aprendizagem. Petrópolis: Vozes, 1994.
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TEDESCO, J. C. O novo pacto educativo: educação, competitividade e cidadania
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TELES, M. L. S. Uma introdução à psicologia da educação. Petrópolis: Vozes,
1983.
TOGNETTA, L. R. P. A construção da solidariedade: a educação do sentimento
na escola. Campinas, SP: Mercado de Letras/ FAPESP, 2002.
TORETE, R. M. C. O diretor de escola como mediador entre a família e a
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Prudente.
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Artes Médicas, 1982.
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_______________. Família e desenvolvimento individual. São Paulo: Martins
Fontes, 1996.
93
ZIMERMAN, D. E. Fundamentos psicanalíticos: teoria técnica e clínica – uma
abordagem didática. Porto Alegre: Artm
ed, 1999.
94
APÊNDICE A – Solicitação de autorização à Direção escolar para realização da
pesquisa.
Prezada Srª
Meu nome é Ana Paula Jardim, aluna regularmente matriculada no Curso de
Mestrado em Educação da UNOESTE – Universidade do Oeste Paulista, da cidade
de Presidente Prudente (SP).
Tenho interesse em pesquisar a Relação entre família e escola, e
para isto, gostaria de obter sua autorização para desenvolver meu estudo.
Os instrumentos que utilizarei serão dois questionários que serão
aplicados aos pais e à professora da Primeira Etapa do ensino Fundamental,
contendo questões específicas sobre os dados familiares e relação entre pais e
filhos, além do desenvolvimento escolar das crianças.
Encontra-se em anexo, um exemplar de cada questionário para sua
apreciação.
No aguardo da atenção de V.Sª, cordiais saudações.
Atenciosamente,
Ana Paula Jardim
Eu, ............ .. ...... ............, diretora escolar, autorizo a realização desta pesquisa.
_____________________________
Assinatura Bandeirantes, ....../ ....../ 2004..
95
APÊNDICE B – Termo de Livre Consentimento dos Pais
Senhores Pais:
Meu nome é Ana Paula, aluna regularmente matriculada no Curso de Mestrado em
Educação da UNOESTE – Universidade do Oeste Paulista, da cidade de Presidente
Prudente (SP).
Tenho interesse em pesquisar a Relação entre família e escola, e
para isto, gostaria de obter sua autorização para participar do meu estudo.
Os instrumentos que utilizarei serão dois questionários que serão
aplicados aos senhores e à professora da Primeira Etapa do ensino Fundamental,
contendo questões específicas sobre os dados familiares e relação entre pais e
filhos, além do desenvolvimento escolar das crianças.
Encontra-se em anexo, um exemplar de cada questionário para sua
apreciação.
No aguardo da atenção de V.Sª, cordiais saudações.
Atenciosamente,
Ana Paula Jardim
Nome:-
Aceitamos participar da pesquisa. --------------------------------------
_________________________
nome dos pais Bandeirantes,.. ..../......./ 2004.
96
APÊNDICE C – Termo de Consentimento para participação em pesquisa -
Professora
Prezada Professora
Meu nome é Ana Paula Jardim, aluna regularmente matriculada no Curso de
Mestrado em Educação da UNOESTE – Universidade do Oeste Paulista, da cidade
de Presidente Prudente (SP).
Tenho interesse em pesquisar a Relação entre família e escola, e
para isto, gostaria de obter sua autorização para participar do meu estudo.
Os instrumentos que utilizarei serão dois questionários que serão
aplicados à senhora e aos pais, contendo questões específicas sobre
desenvolvimento escolar das crianças,os dados familiares e relação entre pais e
filhos.
Encontra-se em anexo, um exemplar de cada questionário para sua
apreciação.
No aguardo da sua atenção, cordiais saudações.
Atenciosamente,
Ana Paula Jardim
Eu, profª ................ aceito participar da pesquisa a ser realizada na instituição.
_____________________________
nome da professora Bandeirantes, ........./......./2004..
97
APÊNDICE D – Questionário para os pais
I- Identificação
Nome:
Idade:
Parentesco com a criança:
II- Histórico dos pais
Pai:
Idade:
Profissão:
Grau de escolaridade:
Mãe:
Idade:
Profissão:
Grau de escolaridade:
III- Questões Especificas
1) Qual a composição da família?
2) Como é o relacionamento familiar?
3) Como é o relacionamento da criança com os pais?
4) Como é o relacionamento da criança com a professora, colegas, irmão e parentes?
5) Há elogios por parte dos pais em relação a criança? Sim ( ) Não ( )
98
Exemplifique em ambas as situações_________________________________
6) Há participação dos pais na escolarização da criança? Sim ( ) Não ( )
7) Os pais têm comparecido às reuniões e atividades da escola?Sim ( )Não( )
Exemplifique em caso negativo por que razão___________________________
IV- Quanto a vida escolar da criança
1) A criança apresentou boa adaptação e socialização no ambiente escolar?
Sim ( ) Não ( ) Exemplifique_______________________________________
2) A criança apresenta comportamento satisfatório em sala de aula?
Sim ( ) Não ( ) Descreva__________________________________________
3) A criança apresenta alguma dificuldade escolar?
Sim ( ) Não ( ) Exemplifique como é a dificuldade______________________
4) Como você vê seu filho?
99
APÊNDICE E – Questionário para a professora
I- Dados de Identificação
Aluno:
Idade:
Sexo:
Série:
Turma:
Professora:
II- Questões gerais
1) A escola foi apresentada à criança? Sim ( ) Não ( )
2) A criança se adaptou facilmente ao novo ambiente escolar? Sim ( ) Não ( )
Se não, exemplifique os motivos____________________________________
3) A criança necessitou de um tempo, sendo acompanhada durante um período
por alguém da família? Sim ( ) Não ( )
Se sim, por quais motivos___________________________________________
4) A criança fez e faz amizades com facilidades? Sim ( ) Não ( )
5) A criança apresentou se tímida e retraída em sala de aula? Sim ( ) Não ( )
Se sim, exemplifique de que forma___________________________________
III- Quanto à participação dos pais
1) Os pais têm demonstrado interesse no processo de aprendizagem da
criança? Sim( ) Não ( ) Exemplifique________________________________
2) Qual dos pais têm demonstrado maior interesse no processo de
aprendizagem da criança? O pai ou a mãe?
Explique:______________________________________________________
3) Com que freqüência a escola solicita a presença dos pais?
100
4) A escola mantém os pais informados sobre a dinâmica de seu funcionamento
e os incluem nas decisões além de dar abertura para que os mesmos
possam opinar? Sim ( ) Não ( )
Exemplifique___________________________________
5) Como você vê seu aluno?
101
Quadro 1 – Identificação da Amostra -Pais
Crianças PAI (idade/ profissão/
escolaridade/ religião)
MÃE ( idade/ profissão/
escolaridade/ religião)
1 J.T. (19 / vendedor/ 5º série/
evangélica)
L.T. (25/ do lar/ 3º série/ evangélica)
2 J.S. (27 / trabalhador rural/
analfabeto/ católica)
R.A.S. (27/ doméstica/ 2º série/
católica)
3 L.C.B. ( 37 / trabalhador Rural/
2º série/ sem religião)
I.A.B. (35/ doméstica/ 2º série/
evangélica)
4 A.P. A. ( 26/ padeiro/ 5º série/
sem religião)
R.L.F. ( 23/ secretária/ 2º grau
completo/ evangélica)
5 P.C.T. ( 48 / empresário/
primário/ sem religião)
J.A.S. ( 28/ do lar/ 8º série/ evangélica)
6 Não conhece o pai T.C.A.S.(26/ trabalhadora rural/ 2º grau
completo/evangélica)
7 L.R.C. ( 27/ pintor/ primário/
católica)
J.S. ( 26 / doméstica/ 1º grau
completo/católica)
8 A.C.S. ( 38/ trabalhador Rural/
5º série/ católica)
D.F.F.( 28/ trabalhadora rural/ 4º série/
católica)
9 J.G.M. ( pai falecido durante a
gestação do filho )
C.A.S. ( 34/ trabalhadora rural/ 5º série/
evangélica)
10 P.C. A.C. ( 39/ pedreiro/ 7º
série/ católica)
A.L.S. ( 39/ trabalhadora rural/ 2º série/
católica)
OBS: 1ª à 8ª série correspondem ao Ensino Fundamental
grau corresponde ao Ensino Médio
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