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GRAZIELA ÁVILA PRADO GALHANO
CIMENTAÇÃO ADESIVA DE PINOS CERÂMICOS À DENTINA
INTRA-RADICULAR: avaliação do efeito da ciclagem mecânica
Dissertação apresentada à Faculdade de
Odontologia de São José dos Campos,
Universidade Estadual Paulista, como
parte dos requisitos para obtenção do
título de MESTRE, pelo Programa de Pós
Graduação em ODONTOLOGIA
RESTAURADORA, Especialidade
Prótese Dentária.
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2
GRAZIELA ÁVILA PRADO GALHANO
CIMENTAÇÃO ADESIVA DE PINOS CERÂMICOS À DENTINA
INTRA-RADICULAR: avaliação do efeito da ciclagem mecânica
Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia de São José dos
Campos, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos
para a obtenção do título de MESTRE, pelo Programa de Pós
Graduação em ODONTOLOGIA RESTAURADORA, Especialidade
Prótese Dentária.
Orientador: Prof. Dr. Carlos Augusto Pavanelli
São José dos Campos
2005
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3
BELLINI, A. B.; SILVA E. A. Manual para elaboração de
monografias: estrutura do trabalho científico. São José dos
Campos:FOSJC/UNESP, 2000,81p.
GALHANO, G. A. P. Cimentação adesiva de pinos cerâmicos à
dentina intra-radicular: avaliação do efeito da ciclagem mecânica.
2005 94f. Dissertação (Mestrado em Odontologia Restauradora,
Especialidade Prótese Dentária) - Faculdade de Odontologia de São
José dos Campos, Universidade Estadual Paulista. São José dos
Campos.
4
Dedicatória
À minha vida, meus queridos pais Sebastião Galhano
e Angela, por terem me apoiado nas dificuldades, compreendido as
ausências, estimulado no desânimo e por sempre acreditarem na minha
conquista. Agradeço a Deus pelo presente que meu deu, meus pais,
maior exemplo em minha vida.
“O triunfo se alcança com a ajuda de Deus, desenvolvendo em você um
pensamento de coragem, paciência e humildade”.
(autor desconhecido)
Aos meus irmãos, Érica e Sandro, motivo de grande
alegria em minha vida, obrigada por me fazer sentir que nunca estou
sozinha.
“ Irmãos são amigos escolhidos por Deus”
Aos meus avós Helio e Vicentina, Sebastião e Cléa,
meu cunhado Fabio, minha sobrinha Maria Victória e a todos meus
primos e tios, pela torcida e por acreditarem em mim.
“Os maiores tesouros dessa vida não tem preço. A plenitude humana
não é atingida com a riqueza material, mas com coisas de valores
inestimáveis, como a família, os amigos e a saúde”.
(autor desconhecido)
5
A Deus, obrigada por estar sempre iluminando nas
escolhas, abençoando os meus dias, impulsionando nas dificuldades,
sendo a minha tranqüilidade e agradeço pelo maior tesouro que
alguém pode ter, uma linda família.
“Obrigada, Senhor, pelos meus braços perfeitos, quando há tantos
mutilados; pelos meus olhos que vêem, quando há tantos sem luz; pela
minha voz que fala, quando tantas emudeceram; pelas minhas mãos que
trabalham, quando tantas mendigam. É maravilhoso, Senhor, amar,
viver, sorrir, sonhar,... Há tantos que se odeiam, tantos que se
revolvem em pesadelos, tantos que morrem antes de nascer,... É
maravilhoso, Senhor, ter tão pouco a pedir e tanto para agradecer”.
(autor desconhecido)
6
AGRADECIMENTOS
Aos grandes Mestres: “Se eu enxerguei mais longe, foi porque me
apoiei nos ombros de gigantes”. (Newton, 1676)
À Faculdade de Odontologia de São José dos Campos-Universidade Estadual Paulista “Júlio
de Mesquita Filho”, na pessoa de seu diretor Professor Doutor Paulo Villela Santos Júnior, pela
estrutura oferecida. Com alegria essa Universidade estará sempre em meu coração.
Ao Prof. Marco Antonio Bottino, que acreditou em minha capacidade e sempre me auxiliou para
meu crescimento profissional.
Ao Prof. Maximiliano Piero Neisser , pela amizade e disposição a ensinar e ajudar em todos os
momentos.
Ao Prof. Carlos Augusto Pavanelli, obrigada pelo grande aprendizado, pela paciência e atenção.
Aos Professores do Departamento de Matérias Odontológicos e Prótese desta faculdade, pela
amizade e incentivo.
Ao Prof. Ivan Balducci, pela estatística deste trabalho.
Ao Prof. Roberto Scotti e Paolo Baldissara, da Universidade de Bologna, pela ajuda na execução
deste trabalho.
A todos os funcionários da UNESP, São José dos Campos, que diariamente me recebiam com
alegria e sempre muito atenciosos, em especial à Nilza e às funcionárias do Departamento de
Prótese, Eliane e Suzana pelo carinho, atenção e orientação durante o curso.
Ao amigo Luis Felipe Valandro, obrigada por todas as correções e por ter sido, para mim, como
um segundo orientador. Agradeço pela gentileza e sabedoria transmitida.
À amiga Renata Marques de Melo, por ser minha grande companheira em todos os trabalhos
executados durante o mestrado e por sua bondade e disponibilidade sempre.
7
Aos colegas de mestrado Alfredo Mikail Melo Mesquita, Alberto Noryuki Kojima, Fernanda
Pelógia Camargo, Gilberto Duarte Filho, e Renata Faria. Obrigada pelo companheirismo e
auxílio...aprendi muito com vocês.
À todos os colegas da pós graduação, em especial Silvia Helena Barbosa, Leonardo Buso e
Vanessa Ccahuana, por estarem sempre dispostos a me ajudar.
Aos amigos Carolina Walter Porto, Carolina Miranda, Aline Morossoli, Lawrene Kohatsu,
Rachel Toyama, Naiara Tiradentes, Verônica Neves, Regina Amaral, Tatiane Fernandes,
Michelle Bueno, Aline Oliveira, Fabio Laraia, Fabio Nascimento, Marcos Oliva e Sandro
Oliveira pelo constante apoio e alegrias compartilhadas.
Agradeço também aos amigos não citados aqui, mas sempre próximos no meu coração e jamais
esquecidos.
8
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS........................................................................ 8
LISTA DE TABELAS....................................................................... 1
0
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS........................................ 1
1
RESUMO........................................................................................... 1
3
1 INTRODUÇÃO........................................................................ 1
4
2 REVISÃO DA LITERATURA................................................ 1
8
2.1 Resistência à fratura…………………………………………. 1
8
2.2 Adesão...................................................................................... 3
2
2.3 Características do substrato e distribuição de tensões.............. 4
4
3 PROPOSIÇÃO......................................................................... 5
1
4 MATERIAL E MÉTODO........................................................ 5
2
9
4.1 Seleção dos dentes................................................................... 5
2
4.2 Preparo dos dentes – calibragem dos condutos........................ 5
2
4.3 Preparo dos dentes- Posicionamento para cimentação …........ 5
3
4.4 Cimentação ………...………………………………………... 5
4
4.5 Ciclagem mecânica…………………………………………... 5
6
4.6 Teste de Push-out…………………………………………….. 5
8
4.6.1 Obtenção dos corpos-de-prova (cp) e ensaio............................ 5
9
4.6.2 Cálculo da área adesiva (A) dos cp…………………………... 6
2
4.7 Microscopia Eletrônica de varredura………………………… 6
3
4.8 Análise estatística……………………………………………. 64
5 RESULTADOS......................................................................... 65
5.1 Descritiva…………………………………………………….. 65
5.2 Inferencial……………………………………………………. 67
6 DISCUSSÃO............................................................................ 71
6.1 Dos resultados........................................................................... 71
6.2 Da metodologia......................................................................... 75
6.2.1 Seleção do dentes…………………………………………….. 76
10
6.2.2 Tratamento dos dentes e cimentação........................................ 78
6.2.3 Ciclagem mecânica…………………………………………... 80
6.2.4 Ensaio de push-out…………………………………………… 82
7
CONCLUSÃO.......................................................................... 84
8 REFERÊNCIAS…………………………………………….. 85
APÊNDICE........................................................................................ 93
ANEXO.............................................................................................. 94
ABSTRACT....................................................................................... 95
11
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 -
Confecção da base em resina acrílica para
cimentação dos pinos................................................
54
FIGURA 2 - Procedimentos para inclusão dos Sp em resina
epóxica: a)Suporte com pino posicionado
perpendicularmente ao plano horizontal; b)cilindro
usinado para preenchimento com resina epóxica;
c)Espécime embutido em resina epóxica..................
57
FIGURA 3 - Maquina de ciclagem mecânica com os cps
posicionados……………………………………….
58
FIGURA 4 - Obtenção dos sp: a) Corte dos sp com disco
diamantado; b) Vista oclusal do sp obtido................
59
FIGURA 5 - Base metálica para o ensaio de “push-out”.............. 60
FIGURA 6 - Ensaio de “push-out”................................................ 61
FIGURA 7 - Desenho esquemático da aplicação de carga sobre o
cp...........................................................................
61
12
FIGURA 8 - (A) Desenho esquemático correspondente à secção
interna do cp (paredes radiculares) – figura
geométrica de um tronco de cone circular reto de
bases paralelas; (B) Figura geométrica para cálculo
da geratriz do tronco de cone....................................
62
FIGURA 9 -
Gráfico de colunas (média±desvio padrão) dos
dados de resistência adesiva segundo três diferentes
condições de ciclagem..............................................
66
FIGURA 10 - Representação gráfica (Box and Whisker Plot) dos
valores obtidos no ensaio de push-out (MPa)
segundo os grupos.....................................................
66
FIGURA 11 - Dentina intra-radicular com tags de adesivo- 2000x
e 5000x......................................................................
69
FIGURA 12 - Irregularidade no cimento resinoso- 2000x e 5000x 69
FIGURA 13 - Fratura mista cimento/dentina-500x e 2000x........... 70
13
LISTA DE TABELAS
TABELA 1
Estatística descritiva dos dados (MPa) obtidos no
ensaio de “push-
out”................................................
65
TABELA 2
ANOVA para os dados (MPa) obtidos no ensaio
de “push-
out”................................................................
68
TABELA 3
Formação de grupos de mesmo desempenho,
após teste de Tukey
(5%).................................................
68
TABELA 4
Médias dos dados obtidos no ensaio de push-out
para três diferentes tipos de ciclagem
mecânica......
93
14
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Fator C = fator de configuração cavitária
FEA = Análise de elementos finitos
JEC = junção esmalte-cemento
MEV = microscopia eletrônica de varredura
RAAQ = Resina acrílica ativada quimicamente
RC = Resina composta
sp = espécime
π = 3,14
°C = grau Celsius
µm = micrometro
A = área adesiva
cp = corpo de prova
CT = Comprimento de trabalho
E = módulo de elasticidade
g = geratriz do tronco de cone
g = grama
GPa = Giga Pascal
h = altura da secção
Hz = hertz
Kg = kilograma
Kgf/mm
2
= kilograma por milímetro quadrado
15
min = minuto
mm = milímetro
mm/min = milímetro por minuto
mm
2
= milímetro quadrado
Mpa = mega Pascal
N = Newton
N/mm
2
= Newton por milímetro quadrado
NaOCl = Hipoclorito de sódio
R
1
= raio da base menor
R
2
= raio da base maior
RA = resistência adesiva
s = segundo
16
GALHANO, G. A. P. Cimentação adesiva de pinos cerâmicos à dentina intra-
radicular: avaliação do efeito da ciclagem mecânica. 2005 92f. Dissertação
(Mestrado em Odontologia Restauradora, Especialidade Prótese)_ - Faculdade de
Odontologia de São José dos Campos, Universidade Estadual Paulista. São José
dos Campos.
RESUMO
Este estudo foi realizado no intuito de avaliar o efeito da ciclagem mecânica sobre a resistência
adesiva entre dentina radicular , cimento resinoso e um pino cerâmico. Foram utilizados trinta
dentes humanos, unirradiculares, seccionados com comprimento de 16mm. Foi realizado preparo
do conduto para receber um pino (12mm) cerâmico (Cosmo Post, Ivoclar). As raizes foram
tratadas com sistema adesivo autopolimerizável All-Bond (Bisco) e cimento resinoso dual Duolink
(Bisco). Foram constituídos três grupos (n=10): G1: Controle, sem ciclagem mecânica; G2:foram
realizados 20.000 ciclos mecânicos; G3: foram executados 2.000.000 ciclos mecânicos. A
ciclagem mecânica, realizada com o impacto de uma ponta de 1,6mm de diâmetro induzindo
impulsos de carga de 37,5 N com angulação de 45° em relação ao longo eixo do dente, a uma
freqüência de 8Hz foi aplicada diretamente sobre o pino. Para avaliação da resistência adesiva, os
espécimes foram seccionados perpendicularmente ao longo eixo do dente, gerando fatias de
aproximadamente 2mm (cinco secções por dente) que foram submetidas ao ensaio de push-out em
máquina de ensaio universal EMIC, a uma velocidade de 1mm/min. A media de resistência
adesiva em cada dente foi registrada e dez valores de cada grupo (n=10) foram submetidos à
análise estatística. O teste de comparação múltipla de Tukey (5%) indicou que a média do controle
(7,6819 ± 1,2628) diferiu de 20000 (3,8995 ± 2,2399) e de 2000000 (3,2577 ± 2,3345)ciclos, que,
entre si, não diferem estatisticamente. Foi possível concluir que a ciclagem mecânica dos pinos
cerâmicos promoveu redução estatisticamente significativa na resistência adesiva entre dentina
intra-radicular, cimento resinoso e pino.
PALAVRAS CHAVE: Pinos dentários, cimentos de resina, cerâmica, dentina intra-radicular,
ciclagem mecânica, adesivos dentinários, resistência.
17
1 INTRODUÇÃO
As restaurações totalmente cerâmicas quando aplicadas sobre
dentes que perderam a porção coronária, podem necessitar de retentores intra-
radiculares estéticos, uma vez que os tradicionais pinos metálicos impedem a
transmissão de luz, alteram a cor das restaurações e promovem um halo
acinzentado na gengiva marginal com pequena espessura (KOUTAYAS &
KERN
33
, 1999; MANNOCCI et al.
38
,1999; PONTIUS & HUTTER
47
,2002;
QUALTROUGH & MANNOCCI
50
, 2003; OBLAK et al.
43
, 2004). Além
disso, a corrosão que ocorre em alguns tipos de retentores metálicos pode ser
considerada um tipo de falha no sistema pino-restauração (QUALTROUGH &
MANNOCCI
50
, 2003).
Diante deste fato, foram desenvolvidos pinos cerâmicos com
coloração semelhante à do elemento dental, apresentando a grande vantagem
de otimizar o resultado estético das restaurações devido à absorção da luz
transmitida através das restaurações cerâmicas.
Os pinos cerâmicos mais utilizados são confeccionados com óxido
de zircônio porque esta cerâmica apresenta alta resistência à flexão e maior
tenacidade dentre os materiais cerâmicos, o que aumenta sua resistência à
fratura (KOUTAYAS & KERN
33
, 1999). Os pinos de zircônio oferecem
resistência superior quando comparados a pinos estéticos de outros materiais
(HEYDECKE et al.
28
, 2002). Os pinos cerâmicos preenchem a um dos
18
requisitos dos retentores intra-radiculares, o da rigidez, que deve ser suficiente
para propiciar a retenção da restauração.
Do ponto de vista mecânico acredita-se que um pino rígido
contribui para a estabilidade do conjunto pino-restauração. Contudo, as fraturas
radiculares observadas com estes pinos podem ocorrer devido à extrema
diferença de flexibilidade do pino e do remanescente radicular, que produz
concentração de tensões sobre o dente durante a função mastigatória
(ASMUSSEN et al.
4
, 1999).
Um fator capaz de aumentar a resistência à fratura de dentes
restaurados é a cimentação com cimentos resinosos (DIETSCHI et al.
18
, 1997;
ÇÖTERT et al.
16
, 2001). Com a evolução das técnicas adesivas e a introdução
de cimentos resinosos no mercado, os retentores intra-radiculares passaram a
ser cimentados com estes materiais devido à sua capacidade de adesão à
dentina e ao pino (BOLHUIS et al.
8
, 2004). O uso de cimentos resinosos para a
cimentação de pinos torna as raízes menos susceptíveis à fratura sob carga
estática e também preservam a estrutura dental pois os pinos podem ser mais
curtos e de menor diâmetro (PONTIUS & HUTTER
47
, 2002). Desta forma, tem
sido sugerido que os pinos cerâmicos sejam cimentados com cimentos
resinosos (ASMUSSEN et al.
4
1999; QUALTROUGH & MANNOCCI
50
,
2003). Entretanto, não existem estudos avaliando a resistência adesiva entre
pinos cerâmicos, cimentos resinosos e dentina intra-radicular após teste de
fadiga, o que não nos permite prever a durabilidade desta união sob carga
mastigatória.
Evidências clínicas indicam que a maior parte das fraturas em
restaurações protéticas ocorrem após longo período de anos. Estas falhas
normalmente não estão relacionadas a um impacto, mas são resultados de
19
longos períodos de fadiga mecânica (HUYSMANS et al.
29
, 1991; WISKOTT
et al.
58
, 1995) e podem ser explicadas pelo desenvolvimento de pequenas
trincas em áreas de concentração de tensões (CAILLETEAU et al.
10
, 1992).
Desta forma, os testes com carga estática para a avaliação de falhas em
restaurações têm sido substituídos por ciclagem mecânica, simulando com
maior fidelidade as cargas que atuam sobre os materiais restauradores durante a
função clínica (HEYDECKE et al.
28
, 2002).
A avaliação da resistência adesiva entre pino, cimento e dentina
intra-radicular pode ser realizada por meio de testes de microtração
(YOSHIAMA et al.
59
, 1996; MANNOCCI et al.
39
,2001; MALLMAN
37
, 2003),
teste de pull-out, onde se avalia a resistência à remoção do conjunto pino-
sistema adesivo (DRUMMOND et al.
20
, 1999; DE SANTIS et al.
17
, 2000;
PRISCO et al.
49
, 2003) e o ensaio de push-out (PEST et al.
46
, 2002; KURTZ et
al.
34
, 2003; GORACCI et al.
26
, 2004; GALHANO et al., 2005*
1
) onde são
empregados corpos de prova em forma de discos submetidos a uma carga de
compressão para que interface adesiva seja submetida a tensões de
cisalhamento. Comparando os ensaios de push-out e microtração, GORACCI et
al.
26
(2004) citam que o ensaio de push-out parece ser o mais confiável para
avaliação da resistência adesiva entre pinos e dentina intra-radicular.
Considerando a lacuna presente em relação à resistência à fadiga
de pinos cerâmicos cimentados com materiais resinosos, este estudo foi
conduzido no intuito de avaliar, através do ensaio de push-out, o efeito da
*
1
GALHANO, G. A. et al. Comparison of push-out strength to root dentin of bovine- and human-
teeth. J Adhes Dent, 2005 (trabalho submetido para publicação)
20
ciclagem mecânica sobre a resistência adesiva entre dentina, cimento e pino
cerâmico.
21
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Resistência à fratura
Isidor & Brondum
30
(1992) avaliaram à resistência à fadiga de
dentes restaurados com retentores metálicos fundidos cônicos e pinos paralelos
pré-fabricados em titânio com reconstrução coronária em resina composta. Os
dentes foram embutidos em RAAQ e o ligamento periodontal simulado em
silicona. Todos os dentes receberam coroas metálicas. Os espécimes foram
submetidos ao teste de fadiga a uma freqüência de 2HZ, empregando 250N de
carga com angulação de 45° em relação ao longo eixo do dente. A ciclagem foi
conduzida até fratura dos espécimes. A média de resistência à fadiga foi de
22.665 ciclos para os retentores metálicos fundidos e 95.000 ciclos para pinos
pré-fabricados de titânio. Todas as falhas ocorreram devido à fratura da raiz.
Cohen
14
et al. (1993) testaram a resistência à fadiga de seis tipos
de pinos metálicos pré-fabricados. Os pinos foram cimentados em dentes
humanos e submetidos à ciclagem mecânico, onde foi observado o índice de
sobrevivência destes após dois milhões de ciclos. Os autores utilizaram carga
de 27,3 kg e citam que a máxima força aplicada em dentes anteriores durante a
mastigação é de 46 kg.
Evidencias clinicas indicam que a maior parte das fraturas que
ocorrem em restaurações protéticas, ocorrem após muitos anos. Wiskott et al.
58
(1995) em uma revisão de literatura sobre fadiga mecânica pondera que as
falhas normalmente não estão relacionadas a um impacto, mas são resultados
22
de longos períodos de fadiga mecânica. Os autores citam que a fadiga é um
modo de fatura onde a estrutura eventualmente falha depois de repetidas cargas
que são menores que a carga estática necessária para provocar uma fratura
catastrófica. Pode ser explicada pelo desenvolvimento de pequenas trincas em
áreas de concentração de tensões, normalmente em áreas de defeitos
moleculares de microscópios. Quando um material sem defeitos estruturais é
submetido à tração, são formadas linhas de tensão paralelas à carga aplicada,
contudo, quando há um defeito estrutural do material, as tensões se concentram
ao redor desse defeito, sendo ponto critico para inicio e propagação da fratura
catastrófica. Os autores também citam que considerando o numero médio de
ciclos mastigatórios que um individuo realiza diariamente que é ao redor de
2.700, o numero de ciclos realmente ativos e o tempo médio de vida clinica das
restaurações, é recomendável que se utilize pelo menos um milhão de ciclos em
ciclagem mecânica In Vitro. Além disso, é recomendável que sejam aplicadas
cargas abaixo do limite elástico do material com aproximadamente 10.000 a
1.000.000 ciclos. Assim, os testes dinâmicos de fadiga, são métodos validos
para avaliação In Vitro do comportamento de materiais dentários.
Dietschi et. al.
18
(1997) analisaram sob microscopia eletrônica de
varredura, as interfaces entre pino, cimento, dentina e reconstrução coronária
após testes de fadiga mecânica. Foram utilizados dentes unirradiculares
humanos restaurados com diferentes retentores intra-radiculares: a) pino
experimental de óxido de zircônio; b) pino de titânio recoberto com RC na
parte coronária; c) pino de titânio recoberto com cerâmica na parte coronária;
d) pino de fibra de carbono recoberto com RC; e e) pino de fibra experimental
com RC. Todos os pinos foram cimentados adesivamente. Em seguida foram
submetidos ao teste de fadiga mecânica sob o protocolo: 250.000 ciclos, carga
23
de 70N aplicada a 45° em relação ao longo eixo da raiz a uma freqüência de
1,5HZ. Os espécimes permaneceram em solução salina durante toda a
ciclagem. Depois da fadiga mecânica, os espécimes foram termociclados
(5.000 ciclos entre 5° e 55°C). Os dentes foram embutidos em resina epóxica
seccionados perpendicularmente ao longo eixo da raiz, produzindo fatias de
800um para avaliação ao MEV das interfaces: a) pino e reconstrução coronária
(RC); b) RC e dentina; c) pino e cimento resinoso; e d) cimento e dentina. O
pino de titânio com RC apresentou os melhores resultados de adaptação
marginal, entretanto, ocorreram seis fraturas radiculares dos oito dentes
avaliados neste grupo. Duas fraturas foram observadas com o pino de zircônio
e nos grupos com pinos de fibra não ocorreram fraturas radiculares.
Observando a interface pino-cimento, o pino de zircônio apresentou 10,75% de
desunião. Estes resultados foram justificados em função dos diferentes E dos
pinos.
Drummond et al.
20
(1999) compararam a resistência adesiva de
pinos de fibra de carbono e pinos metálicos antes e após a realização de
ciclagem térmica e mecânica. Este estudo foi realizado no intuito de avaliar a
hipótese de que um pino com menor módulo de elasticidade permite melhor
distribuição das cargas aplicadas ao dente, minimizando o risco de fratura do
conjunto dente-pino. Os autores citam que este conceito pode propiciar maior
stress na interface pino cimento, o que causaria uma diminuição na resistência
adesiva (RA) entre pino dente. Para esta avaliação, pinos de carbono que
apresentam baixo módulo de elasticidade, e pinos metálicos que apresentam
alto módulo de elasticidade, foram submetidos à ciclagem mecânica e térmica.
Em seguida foi analisada a resistência adesiva nos pinos que sobreviveram às
ciclagens. Como grupo controle foi avaliada a resistência adesiva destes pinos
24
sem qualquer ciclagem mecânica ou térmica. É importante salientar que todos
os pinos foram cimentados com cimento resinoso C & B Metabond e os destes
tratados com sistema adesivo All Bond 2. Para os dois tipos de pinos foram
constituídos grupos em que houve apenas ciclagem mecânica e grupos com
ciclagem mecânica associada à térmica. Como resultado, os autores observaram
que os pinos de carbono que foram submetidos à ciclagem térmica e mecânica,
todos falharam antes de completar 2000 ciclos e não foi possível observar a
RA. Enquanto que nos pinos metálicos não houve falhas. Foi também
observado que os pinos de fibra que foram submetidos ao ensaio de pull-out,
para avaliar RA, apresentaram valores significativamente menores que os pinos
metálicos.
Mannocci et al.
38
(1999) avaliaram o índice de sobrevivência de
pinos de fibra de carbono, fibra de quartzo e pinos cerâmicos de zircônio
(Cerapost Gebr) quando submetidos a uma carga de 250N, a uma freqüência de
dois ciclos por segundo. A incidência da carga foi realizada na porção lingual
de uma coroa confeccionada em Empress II a um ângulo de 45° em relação ao
longo eixo dos dentes. Antes do ensaio os dentes foram tratados com o sistema
All Bond, os pinos foram cimentados com cimento resinoso C&B cement
(Bisco). Os pinos de zircônio foram condicionados com acido fluorídrico por 3
minutos. Como resultado os autores observaram que após 400.000 pinos de
fibra de carbono e fibra de quartzo (n=10) houve falha em 1 pino, enquanto no
grupo de pinos de zircônio (n=10), seis pinos falharam (cinco havendo fratura
dos pinos e da raiz e um houve fratura da coroa).
Asmussen et al.
4
(1999) observaram a rigidez, módulo de
elasticidade e resistência dos dois pinos de zircônio (Bio Post e Cerapost), um
de titânio (PCB) e um pino de fibra de carbono. Os pinos foram submetidos à
25
carga incidente a 45° do longo eixo do dente. Como resultado os autores
constataram que os pinos cerâmicos são materiais friáveis (não dúcteis) e que o
pino de fibra apresentou um comportamento elástico (ductibilidade). Os pinos
cerâmicos apresentaram os maiores valores de resistência mecânica que o pino
de fibra . Os autores ponderaram que pinos com alta resistência mecânica são
desejáveis pois apresentam menor risco de fratura e que o módulo de
elasticidade não é o fator mais relevante para que haja uma melhor distribuição
de forças ao remanescente radicular, e sim a adesão do pino a esse
remanescente.
Koutayas & Kern
33
(1999) realizaram uma revisão da literatura no
intuito de descrever diferentes técnicas de sistemas cerâmicos de pino e
reconstrução coronária e suas indicações e contra-indicações. Os autores citam
que em casos de restaurações totalmente cerâmicas de menor espessura, a
utilização de pinos metálicos pode prejudicar a estética alterando a cor ou
diminuindo a translucidez da restauração. Além disso, pinos metálicos podem
alterar a coloração cervical em áreas de tecido gengival pouco espesso.
Strub et al.
54
(2001) analisaram a taxa de sobrevivência e
resistência à fratura de diferentes sistemas de pinos intra-radiculares. Foram
utilizados quarenta incisivos centrais superiores, cujas coroas foram removidas
2mm a baixo da junção esmalte cemento. Os canais foram seqüencialmente
alargados ate 5mm do ápice. Os dentes foram divididos em quatro grupos: a)
Pinos pré-fabricados em liga nobre (Permador) cimentados com cimento de
fosfato de zinco e reconstrução coronária confeccionada em liga de áurica; b)
Pinos pré-fabricados em zircônio cimentados com cimento resinoso (Panavia
TC); c) Pino experimental cerâmico e de resina (Pino poroso infiltrado por uma
faze de resina) cimentados com cimento resinoso (Panavia TC); e d) Pinos pré-
26
fabricados de zircônio foram modelados no canal radicular com duralay e o
core preenchido indiretamente com IPS Empress. Foram confeccionadas infra-
estruturas de cerâmica Procera All Ceram para todos os dentes, as quais foram
cimentados com Panavia TC. Os espécimes foram submetidos à teste de fadiga
correspondente a cinco anos de função clinica (1.200.000 ciclos). Em seguida,
foi aplicada uma carga de 100Kg (980N) a uma velocidade de 0,5 mm/min,
aplicada na face palatina 2mm abaixo da borda incisal dos dentes. A taxa de
sobrevivência foi 90% grupo A, 80% grupo B, 60% grupo C e 100% grupo D.
Foi observado que no grupo B houve fratura no copping radicular. Apesar de
não haver falhas no grupo D durante a ciclagem mecânica, quando submetido a
carga estática este grupo apresentou valores menores que os demais grupos.
Enquanto o grupo B apresentou os maiores valores.
Cormier et. al.
15
(2001) avaliaram a resistência à flexão de seis
tipos de pinos e a resistência à fratura destes pinos quando apenas cimentados,
quando realizada a confecção da reconstrução coronária e quando restaurados
com coroa total. Foram utilizados os pinos Para Post (aço inoxidável), Fibrekor
(fibra de vidro), C-Post (fibra de carbono), Estheti Post (fibra de quartzo),
Cosmo Post (óxido de zircônio) e retentor metálico fundido. Os pinos foram
testados em quatro estágios: 1) avaliação da resistência à flexão com teste de
três pontos, 2) os pinos foram cimentados nos dentes e o conjunto, sem
reconstrução coronária, foi submetido a um teste de compressão (resistência à
fratura); 3) os pinos foram cimentados nos dentes, a parte coronária
reconstruída e o conjunto submetido a teste de resistência a fratura; e 4) dentes
reconstruídos da mesma forma que o estágio três associados a coroas. Todos os
dentes utilizados tiveram a porção coronária removida na junção esmalte
cemento, os canais foram instrumentados e obturados. Como resultado, foi
27
observado um aumento significativo na resistência à fratura dos pinos quando
se confecciona a reconstrução coronária e coroa dental. Não houve diferença
estatística entre os pinos quando se utiliza coroa dental.
Akkayan & Gülmez
1
(2002) realizaram um estudo no intuito de
avaliar a resistência a fratura de dentes restaurados com pinos de titânio, de
zircônio e pinos de fibra de quartzo e fibra de vidro. Foram utilizados caninos
humanos cuja coroa foi seccionada no nível da junção cemento-esmalte. Os
sistemas de pinos avaliados foram: a) pino de titânio (Filpost); b) pino de fibra
de quartzo (DT light post; c) pino de fibra de vidro (parapost fiber white) e d)
pino de óxido de zircônio (CosmoPost). Todos os pinos foram cimentados com
sistema adesivo Single Bond e o cimento resinoso Rely X (3M). A parte
coronária foi reconstruída com resina composta e coroas metálicas foram
cimentadas nos dentes. Para o teste de resistência à fratura, as amostras foram
embutidas em RAAQ e o ligamento periodontal simulado em silicona. Os
dentes foram submetidos à carga de compressão com velocidade constante de
1mm/mn incidindo a um ângulo de 45° em relação ao longo eixo do dente.
Como resultado foi observado que o grupo b apresentou maior resistência à
fratura estatisticamente significante quando comparada aos outros grupos.
Analisando o tipo de fratura foi observado que no grupo d (pino zircônio) todos
os pinos fraturaram enquanto nos grupos b e c não houve falha catastrófica.
Assim, os autores sugeriram que os pinos intra-radiculares devem ter E mais
próximo possível da dentina radicular, a fim de reduzir a concentração de
tensões e diminuir o risco de fratura.
Heydecke et. al.
28
(2002) compararam a resistência à fratura de
diferentes sistemas de pinos e reconstrução coronária submetidos à ciclagem
mecânica. Sessenta e quatro incisivos centrais superiores foram tratados
28
endodonticamente, obturados e a coroa foi seccionada na junção cemento
esmalte. Os dentes foram preparados com fresas específicas dos sistemas de
pino utilizados com o cuidado de manter 03mm de guta percha na porção
apical. Durante a cimentação os pinos foram constituídos os seguintes grupos:
G1) pino de titânio (ER) com reconstrução coronária em resina composta (RC);
G2) pino de zircônio (Cerapost) com reconstrução coronária em RC; G3) pino
de zircônio (Cerapost) com reconstrução coronária confeccionada
indiretamente em cerâmica (Empress-cosmo/Ivoclar) e G4) pinos e
reconstrução coronária em ouro (controle). Todos os pinos foram cimentados
com cimento resinoso (Panavia 21) e os dentes tratados com sistema adesivo
autocondicionante Ed. Primer (kuraray). Foram confeccionadas coroas
metálicas para todos os dentes. Para a ciclagem mecânica foi utilizada uma
carga de 30N, com ângulo de incidência de 130° a uma freqüência de 1,3HZ.
Foram realizados 1.200.000 ciclos simulando cinco anos de uso clínico.
Durante a ciclagem mecânica houve falha de um dente nos grupos 1 e 2 de dois
dentes no grupo 4. Em seguida os dentes foram submetidos à carga estática
com mesmo ângulo de incidência até fraturar. Como resultado os autores
observaram que os pinos de zircônio apresentaram maior resistência à fratura
que os demais pinos testados embora não tenha sido encontrada diferença
estatisticamente significativa.
O objetivo do estudo de Nikaido et. al.
42
(2002) foi avaliar “in
vitro” a durabilidade da interface dente/resina após ciclagem térmica e
mecânica através de ensaios de microtração. Foram utilizados 24 molares
divididos em dois grupos: a) dentina coronária superficial foi planificada e
polida e foi aplicado o sistema adesivo Clearfil Linerbond 2V seguido da
confecção de uma restauração de 05mm de altura em RC (Clearfil AP-X); b)
29
foi confeccionada uma cavidade classe I que foi restaurada com os mesmos
materiais. Para realização dos testes de durabilidade estes grupos foram sub-
divididos em: a
1
) sem termociclagem (TC) e ciclagem mecânica (CM); a
2
) sem
CM, 2.000 TC; a
3
) 50.000 ciclos de CM , sem TC; a
4
) 50.000 CM e 2.000 TC;
b
1
) sem CM e TC; b
2
) 10.000 ciclos de CM e 125 TC; b
3
) 50.000 CM e 625 TC
e b
4
) 100.000 CM e 1.250 TC. Após os devidos tratamentos térmicos e
mecânicos foram submetidos a ensaios de microtração. Como resultado os
atores observaram que não houve diferença estatisticamente significativa entre
os sub-grupos do grupo A, que apresentaram RA de aproximadamente 40MPa.
Para o grupo B, os sub-grupos B1 e B2 apresentaram 21, 01 e 24MPa de RA
respectivamente, enquanto os sub-grupos B
3
(16,2MPa) e B
4
(16,6MPa)
apresentaram significativa redução na RA após ciclagem mecânica. Os autores
atribuíram essa diferença entre os grupos A e B aos fatores de profundidade de
dentina e fator C. Já a diferença entre os sub-grupos B
1
e B
3
aos sub grupos B
3
e B
4
foi atribuída ao efeito da ciclagem mecânica que pode causar micro
separações entre a cavidade e o sistema adesivo ou deformação plástica da
interface adesiva diminuindo assim, a RA do conjunto.
Pontius & Hutter
47
(2002) avaliaram a durabilidade e resistência a
fratura de incisivos centrais superiores tratados endodonticamente e restaurados
com três tipos de retentores intra-radicular. Foram utilizados quarenta dentes
divididos em quatro grupos (n=10). Foram constituídos os seguintes grupos: a)
pinos pré-fabricados de liga preciosa (Permador) cimentados com cimento
fosfato de zinco; b) Pino de oxido de zircônio pré fabricado (Cerapost) jateado
com oxido de alumínio (50µm) e cimentado com cimento resinoso (Panavia
21); c) pinos de resina e cerâmica (pinos cerâmicos porosos infiltrados com
resina composta) cimentos com cimento resinoso (Panavia 21); d) a cavidade
30
de acesso foi preenchida por resina composta (Herculite, Kerr). As amostras
foram submetidas à ciclagem mecânica em maquina que simula condições orais
(Willytetch, Mumich, Germany). Foram realizados 1.200.000 ciclos
correspondentes a cinco anos de utilização. Os índices de durabilidade foram
calculados usando analise de Kaplan-Meier. Em seguida os espécimes que não
fraturaram durante a ciclagem mecânica sofreram carga em maquina de ensaio
universal (ZWICK) até a fratura. Como resultado os doutores observaram
índice de fratura durante a ciclagem mecânica de 90% no grupo A, 80% no
grupo B e 60% no grupo C. Os testes de resistência à fratura mostraram que no
grupo onde foi utilizado pino de zircônio, a fratura ocorreu na reconstrução
coronária ou no copping, não havendo fratura do pino da raiz, o que sugere q a
cimentação adesiva dos pinos de zircônio e capaz de reduzir a transmissão de
forcas ao remanescente radicular.
Ottl et al.
44
(2002) observaram a resistência à fratura de pinos de
fibra de carbono, pinos cerâmicos de alumina e zircônio e pinos metálicos. Os
pinos foram tratados com sistema Rocatec (3M) e cimentados a um dente
artificial com cimento resinoso Panavia 21. Foi realizado ensaio mecânico em
maquina ensaio universal com aplicação de carga estática na superfície lingual
do dente com ângulo de 135°, simulando a carga presente com um incisivo
central com oclusão classe I. A carga necessária para fratura do dente foi
registrada. Como resultado, os autores observaram diferença estatisticamente
significativa entre os pinos cerâmicos, sendo que o pino de alumina (Celay
™alumina) apresentou maior resistência (300,3 ± 89.3N) que os pinos de
zircônio (193.5±57.0N). Os autores atribuem esse resultado a falhas na
produção dos pinos e não é uma real superioridade dos pinos de alumina sobre
os de zircônio.
31
Reid et. al.
51
(2003) avaliaram a infiltração entre reconstrução
coronária/cimento/dentina após fadiga mecânica, comparando com a infiltração
inicial. Foram utilizados cinco tipos de pinos sendo: três pinos de fibra, (C-
Post-Bisco, ESthetc C-Post (Bisco)), Fibrekor post (Jeneric C-Penetron), 1 pino
de zircônio (CosmoPost-Ivaclar) e um pino de titânio (Para Post-Whalend). Os
pinos foram cimentados adesivamente (Prime & Bond – Dentsply e cimento
cement It-Jeneric. Pentron) com exceção dos pinos de titânio que foram
cimentados com fosfato de zinco (Mission Dental Inc.). Os pinos foram
submetidos à ciclagem mecânica, com carga de 30N aplicada a 45° do longo
eixo do dente a uma freqüência de 3Hz, onde foram realizados um total de
100.000 ciclos. A infiltração foi medida antes da ciclagem mecânica e após
30.000 ciclos, 60.000 ciclos mais 1.000 ciclos térmicos (entre 5°C e 55°C –
banhos de 30s) e após 100.000 ciclos mecânicos. Os autores observaram, para
todos os sistemas de pinos, um aumento significativo na infiltração após
ciclagem mecânica e um aumento mais abrupto após ciclagem térmica. Além
disso foi observado que o grupo composto por pino cerâmico apresentou
resultados estatisticamente semelhantes aos grupos compostos por pinos de
fibra.
Em uma revisão da literatura a respeito de pino intra-radiculares
estéticos Qualtrought & Mannocci
50
(2003) fizeram as seguintes considerações:
a) A utilização de pinos é indicada quando remanescente coronário é
insuficiente para suportar uma coroa; b) Os pinos de fibra favorecem vantagens
mecânicas, uma vez que seu E, se assemelha ao E da dentina; c) deve-se
utilizar técnica adesiva para cimentação de pinos estéticos para aumentar a
retenção e conservar tecido dental; d) os pinos cerâmicos não são indicados
para casos com excessiva perda de estrutura dental pois sua rigidez aumenta o
32
risco de fratura da raiz. Apesar de ressaltar vantagens dos pinos de fibra sobre
os pinos cerâmicos em relação ao menor risco de fratura radicular os autores
citam que o baixo módulo de elasticidade dos pinos de fibra pode favorecer a
decementação deste quando submetido à carga constante, o que, segundo os
autores, não ocorre com um pino mais rígido.Desta forma, os autores entendem
que mais estudos clínicos em longo prazo são necessários para mostrar
evidências e consolidar as técnicas de pinos estéticos de fibra e cerâmicos.
Oblak et al.
43
(2004) dizem que este estudo teve como objetivo
comparar a resistência à fratura de pinos de zircônio quando submetidos a
diferentes tratamentos de superfície. Foram confeccionados pinos em zircônio
parcialmente estabilizada com ytrio em dois diâmetros diferentes: 1,3mm e
1,5mm. Sessenta pinos de cada diâmetro foram divididos em três grupos
(n=20) variando-se o tratamento de superfície: G1: os pinos foram desgastados
por 30 segundos com pontas diamantadas (150µm) em alta rotação ; G2:
jateamento com partículas de alumina de 110µm por 30s; G3: controle, não foi
realizado tratamento de superfície. Foram confeccionados canais radiculares
artificiais que foram preparados com presas correspondentes a cada diâmetro
de pino. Os pinos foram silanizados e cimentados com cimento resinoso
(Panavia 21). Após 20 horas, os pinos foram submetidos à carga mecânica
estática em maquina de ensaio universal (Instron) a uma inclinação de 45° com
carga incidindo sobre um anel de retenção da porção coronária ate a fratura dos
espécimes cuja carga (N) necessária foi registrada. Pinos com jateamento de
partículas de alumina apresentaram valores de resistência à fratura
significativamente maiores que os demais grupos.
Goto et. al.
27
(2005) avaliaram o número de ciclos mecânicos
necessários para provocar falhas em coroas totais cimentadas sobres três
33
diferentes tipos de pino e reconstrução coronária: a) núcleo metálico fundido
em ouro cimentado com cimento de fosfato de zinco; b) pinos de titânio
cimentados com cimento de fosfato de zinco com reconstrução coronária em
resina composta; c) pinos de fibra de vidro cimentados com cimento resinoso e
reconstrução coronária realizada em resina composta. Foram utilizados quinze
dentes divididos em três grupos (n=5) segundo o sistema de pino utilizado. As
porções coronárias foram removidas 1,5mm acima da JEC, e os canais
preparados com fresas de 1,5mm de diâmetro até o comprimento de 8 mm. Para
a cimentação dos pinos foi realizado o preparo do canal com fresas específicas
dos sistemas utilizados em cada grupo (CT=12mm). Para todos os grupos
foram confeccionadas coroas em ouro, cimentadas com cimento resinoso
(Rely-X, 3M). Para a detecção de micromovimentação da coroa ocasionada por
trincas no cimento, foi posicionado um strain gauge na interface
dente/restauração. Em seguida, os espécimes foram submetidos à carga de 6Kg,
incidindo na porção lingual 45° em relação ao longo eixo o dente, a uma
freqüência de 4,3Hz. Foi detectado o número de ciclos necessários para causar
falha preliminar na interface dente/coroa. Como resultado, os autores
observaram diferenças estatisticamente significativas entre os três grupos sendo
o mais resistente o pino de fibra de vidro seguido do pino de titânio. Os autores
atribuem estes resultados ao tipo de cimento utilizado para cada pino e
ponderam que a resistência ao cisalhamento dos cimentos resinosos é maior
que a resistência do cimento de fosfato de zinco. Além disso, consideram que a
cimentação adesiva dos pinos pode aumentar a resistência à fadiga destes.
2.2 Adesão
34
Purton et al.
48
(2000) avaliaram a resistência adesiva de pinos
cerâmicos quando cimentados com três tipos de cimentação: a) cimento de
ionômero de vidro, b) silanização e cimentação com resina fluida e; c)
jateamento com partículas de oxido de alumínio. Como resultado os autores
observaram que a utilização de silano e resina composta, permite a obtenção de
valores de RA maiores que quando se utiliza cimento de ionômero de vidro.
De Santis et al.
17
(2000) realizaram um estudo com o objetivo de
avaliar o teste de pull-out como teste adequado para expressar realmente a
resistência adesiva entre pino e dentina intra–radicular. Para tanto, a resistência
adesiva entre um pino e dentina foi avaliada através do ensaio de pull-out,
assim como a distribuição de tensões nas interfaces pino-cimento e cimento-
dentina foi analisada (FEA) pela construção de um modelo virtual de uma
amostra projetada para o teste de pull-out. A tensão média real e as tensões nas
interfaces cimento-dentina e cimento-pino foram comparadas. Os autores
concluíram que FEA reproduziu a real resistência adesiva entre cimento e pino.
Mannocci et al.
39
(2001) observaram a resistência adesiva entre
dois sistemas adesivos (All Bond e Panavia F) e dentina radicular. Foram
utilizados oito dentes, cujas raízes foram seccionadas ao meio no sentido
longitudinal e cada metade foi tratada com um tipo de sistema adesivo segundo
as recomendações dos fabricantes. Em seguida os canais foram preenchidos
com resina composta (Clearfil) e seccionados transversalmente para obtenção
de fatias de 1,5mm de espessura. Com o uso de broca diamantada, as fatias
foram preparadas para obtenção de espécimes em formato de ampulheta, com
área adesiva de aproximadamente 0,75mm
2
. Os espécimes foram submetidos a
ensaios de tração e os valores de resistência adesiva transformados em MPa.
35
Como resultado não foi observada diferença estatisticamente significativa entre
os dois grupos..
O objetivo do estudo de Ferrari et al.
21
(2001) foi avaliar: a) o
mecanismo de adesão (tags, zona de interdifusão resina-dentina, ramificações
laterais da resina polimerizada) de um adesivo de frasco único à dentina
radicular, quando aplicado sob três diferentes procedimentos; b) a eficácia de
pinos translúcidos em permitir a polimerização de materiais adesivo-
cimentantes; c) a eficácia do microbrush em levar a solução primer/adesivo ao
terço apical do preparo. Os autores também testaram a hipótese nula de que
procedimentos clínicos diferentes não afetam diretamente o mecanismo de
adesão aos canais radiculares. Quarenta dentes humanos extraídos por razões
periodontais e tratados endodonticamente foram selecionados. Os grupos
estudados foram os seguintes: G1- One step/Duo link + Ac. Fosf.
32%+lavagem /secagem+adesivo com pincel do fabricante; G2- One step/Duo
link + Ac. Fosf. 32%+lavagem/secagem + adesivo com pincel bem fino G3-
One step/Duo link + Ac. Fosf. 32%+lavagem/secagem + adesivo com pincel do
fabricante, fotopolimerizado após a colocação do cimento; G4- All Bond
2/Duolink usados de acordo com as instruções do fabricante. O pino
translúcido Endolight foi utilizado em todos os grupos. O pino foi posicionado
e o excesso de cimento removido e fotopolimerizado por 20s. A parte coronária
foi reconstruída e os dentes ficaram uma semana em água, à temperatura
ambiente. Uma porcentagem maior de zona de interdifusão resina-dentina foi
observada para G1, em relação aos outros gupos. Diferenças estatisticamente
significantes também foram observadas entre G1 e os demais grupos quanto
aos tags de resina (quantidade e morfologia) nas regiões média e apical. Em se
tratando das regiões, houve menor formação de tags e zona de interdifusão
36
resina-dentina no terço apical do preparo dos grupos 2, 3 e 4. Os autores
chamam a atenção para o fato de que tags de resina e zonas de interdifusão
resina-dentina mais uniformes produzem adesão mais confiável e só são
obtidos quando se utiliza um microbrush.
Vichi et al.
57
(2002) realizaram um estudo com o objetivo de
comparar o mecanismo de adesão entre a dentina radicular e três sistemas
adesivos de frasco único e dois sistemas de três passos em combinação com
cimentos resinosos. Foi avaliada, concomitantemente, a presença de falhas /
bolhas no adesivo ou no cimento. Foram utilizados cinqüenta dentes
unirradiculares com extração indicada por problemas periodontais ou
endodônticos. Os dentes foram tratados endodonticamente e em seguida foi
realizado um preparo intra-radicular e cimentação do pino que se procedeu de
diferentes formas: G1: Sistema adesivo All Bond 2 ( Bisco) e cimento C & B;
G2: Sistema Scotchland Multi-Purpose Plus e cimento Opal luting Cement
(3M); G3: Adesivo Scotchbond 1 (3M) e cimento Relly. ARC-X (3M); G4:
Sistema adesivo One Step e cimento C e B (Bisco); G5: All Bond e cimento
Post cement lll-X (Bisco). Os grupos apresentavam dez dentes (n=10) cada e os
sistemas adesivos e cimentos utilizados foram manipulados segundo as
recomendações dos fabricantes. Uma semana após o tratamento o dente foi
extraído, embebido em resina epóxica e seccionado paralelamente ao longo
eixo do dente. Metade de cada dente foi descalcificada, desproteinizada e
observada ao microscópio eletrônico de varredura em diferentes aumentos (500
X, 2000 X) para avaliar a formação e uniformidade da camada híbrida e a
presença de gaps. A outra metade foi utilizada para avaliar o comprimento dos
gaps e a presença de ramificações laterais. Os valores obtidos foram graduados
de 0 a 3: 0- sem tags; 1-Poucos tags pequenos; 2-formação uniforme de tags
37
sem ramificações laterais e; 3- formação uniforme de tags com ramificações
laterais. Os valores obtidos a 1mm, 4.5mm e 8mm do ápice foram analisados
estatisticamente. A partir dos resultados obtidos, os autores concluíram que os
adesivos de três passos, apresentam um melhor mecanismo de adesão
micromecânica no ápice que os adesivos de frasco único e nas demais regiões o
mecanismo de adesão entre os adesivos de um passo e três passos e a dentina
radicular são semelhantes.
Cheylan
13
et al. (2002) avaliaram, através do ensaio de push-out, a
união entre dentina coronária e inlays metálicas cimentadas com cimento de
fosfato de zinco, cimento de ionômero de vidro e cimento resinoso. Em sua
discussão, os autores citam que foi utilizado o push-out pois neste tipo de
ensaio há uma combinação entre o fenômeno da adesão e a configuração da
cavidade
Ferrari et al.
22
(2002) realizaram um estudo que ressalta a
importância da utilização de microbush para a aplicação homogênea do sistema
adesivo ao longo do canal radicular. Os autores avaliaram, através da
microscopia eletrônica de varredura, a formação da camada híbrida quando se
aplica o sistema adesivo no link (Bisco) com um microbush ou pincel comum.
Os autores observaram que quando não se utiliza um microbush, a formação da
camada híbrida no terço apical é menos evidente.
Os cimentos resinosos são os materiais de escolha para a
cimentação de restaurações e estrutura dental. Esta é uma das considerações
que Blatz
6
et al. (2003) ponderam em uma revisão de literatura a respeito da
adesão entre materiais resinosos e cerâmicos. A respeito dos cimentos
resinosos, os autores citam que há uma diminuição da dureza quando a
fotopolimerização é omitida em cimentos duais. Além disso, ponderam que a
38
ciclagem mecânica (fadiga) é capaz de provocar uma redução significativa na
resistência adesiva. Sobre os pinos em zircônio, os autores afirmam ser uma
alternativa resistente e mais estética que os pinos metálicos e citam a
importância de cimentação adesiva destes materias ao remanescente radicular.
Özcan & Vallittu
45
(2003) analisaram o efeito de diferentes tipos
de tratamento de superfície sobre a resistência adesiva entre um cimento
resinoso e seis sistemas cerâmicos. Foram testadas duas cerâmicas com alto
teor de alumina (Procera All Ceram, 99,9%; e cerâmica experimental 99,7%),
uma cerâmica aluminizada infiltrada por vidro (In. Ceram alumina), uma
cerâmica reforçada por leucita (Finesse) e uma reforçada por dissilicato de lítio
(IPS – Empress II). Todos os sistemas cerâmicos foram submetidos aos
seguintes tratamentos de superfície: a) condicionamento com ácido
hirofluorídrico a 9,5% por 90s; b) abrasão com partículas de óxido de alumínio
110um e; c) silicatização com sistema Rocatec (3M ESPE). Em seguida, foi
aplicado o cimento resinoso (Variolink II, Vivadent) sobre as superfícies
tratadas e o conjunto submetido a teste de cisalhamento. Como resultado, os
autores observaram que a cerâmica de zircônio apresentou aumento
significativo na resistência adesiva quando tratada com partículas de óxido de
alumínio revestidas por sílica com silano (Sistema Rocatec).
Mannocci et al.
40
(2003) avaliaram através de MEV a interface
pino/cimento/dentina de dentes tratados endodonticamente que necessitaram de
extração entre seis meses e seis anos após restauração. Dezesseis pacientes com
problemas periodontais foram incluídos no estudo. Foram utilizados 16 dentes
unirradiculares, cujo tratamento endodôntico foi realizado, e o canal preparado
para a cimentação de pinos e fibra de carbono com o sistema adesivo All. Bond
2 e o cimento resinoso C&B luting composite. Foram constituídos dois grupos
39
segundo a reconstrução coronária: G1) reconstrução com resina composta (RC)
(Z100); G2) reconstrução com RC+confecção de coroa metalocerâmica. Foi
realizado o acompanhamento dos dentes duas vezes por ano até necessidade de
extração o elemento por razões periodontais. Após exodontia, os dentes foram
seccionados no sentido longitudinal e foram realizadas análises ao MEV da
interface cimento/dentina a 2,5 e 0,8 mm da porção cervical da coroa dentária.
Como resultado os autores não observaram diferenças entre os dois grupos
testados. Foi observada uma maior penetração do sistema adesivo nos terços
médio e cervical do canal radicular. Além disso, houve desunião entre adesivo,
dentina e cimento adesivo em um terço dos dentes analisados, principalmente
nos dentes que permaneceram mais tempo em uso clínico.
O fator de configuração cavitária (Fator C) tem sido um dos
principais responsáveis pelo controle das tensões de polimerização de resinas
compostas e cimentos resinosos. O estudo de Bouillaguet et.al.
9
(2003)
observou a resistência adesiva, pelo teste de microtração, entre dentina
radicular e sistemas adesivos, em função do Fator C. Para tanto, foram
selecionados quarenta e oito caninos e pré-molares humanos, que foram
divididos em dois grupos depois da parte coronária ter sido removida: a) canal
foi preparado para receber o pino e a cimentação realizada (com a cavidade
fechada (Fator C máximo); b) o canal foi inicialmente preparado para o pino, a
raiz seccionada ao meio paralelamente ao longo eixo do dente, e a cimentação
realizada em uma das porções com cavidade aberta (Fator C reduzido). Para a
cimentação, o pino pré-fabricado (Para Post) foi duplicado em resina composta,
quatro tipos de sistemas adesivos (Single Bond/ RelyX ARC; Ed Primer/
Panavia F; C&B metabond; Fuji Plus), utilizados segundo as recomendações
do fabricante. Os espécimes foram preparados para a realização do teste de
40
microtração. Após análise estatística, ao comparar a cavidade fechada (alto
Fator C) com a aberta (baixo Fator C), foi constatado que todos os sistemas
adesivos apresentaram significativa diminuição na resistência adesiva devido à
maior tensão de polimerização causada pelo alto Fator C a cavidade fechada.
Os autores citam que o Fator C para restaurações intra-radiculares é o máximo,
o que causa alto estresse de contração que pode ultrapassar a adesão de
sistemas adesivos à dentina intra-radicular, impedindo assim, a obtenção de
altas resistências adesivas quando pinos endodônticos são cimentados com
cimentos resinosos.
Foxton et al.
23
(2003) avaliaram o efeito da fotopolimerização
sobre um sistema adesivo e um cimento dual utilizado no interior do canal
radicular. Através do ensaio de microtração os autores analisaram a resistência
adesiva entre uma resina dual (Clearfil DC Core, Kuraray) e a dentina intra-
radicular tratada com o sistema adesivo dual (Clearfil Liner Bond 2 V,
Kuraray). A resistência adesiva do cimento fotopolimerizado e não
fotopolimerizado foi avaliada em diferentes regiões da raiz (apical, média e
cervical). Não foram observadas diferenças estatisticamente significativas entre
as diferentes regiões de um mesmo dente. O grupo cujo cimento e adesivo
foram fotopolimerizados apresentou RA significativamente maior que o grupo
onde a polimerização foi apenas química.
O uso de soluções irrigadoras durante a instrumentação
endodôntica pode afetar a resistência adesiva de cimentos resinosos à dentina
radicular. No intuito de avaliar essa hipótese Ari et al.
3
(2003) verificaram o
efeito da irrigação com NaOCl a 5% sobre a resistência adesiva de quatro
sistemas adesivos à dentina radicular. Foram utilizados oito dentes humanos
cujo canal radicular foi instrumentado irrigando constantemente com NaOCl a
41
5%, e outros oito dentes nos quais foi realizada irrigação com água. Em
seguida os canais foram preenchido com os cimentos C&B Metabond, Panavia
F, Variolink II e Rely-X associados aos sistemas adesivos indicados pelos
fabricantes. Para avaliação da resistência adesiva foi utilizado o teste de
microtração. Após análise dos resultados os autores observaram que a
utilização de NaOCl como solução irrigadora diminuiu a resistência adesiva
entre cimento e dentina para todos os materiais testados.
O objetivo do estudo de Sahafi et al.
52
(2003) foi verificar o efeito
de diferentes tipos de tratamento de superfícies sobre a resistência adesiva
sobre dois tipos de cimento resinoso e pinos de titânio (Parapost), de fibra de
vidro (Parapost WH) e de zircônio (cerapost). Os pinos de zircônio foram
submetidos aos seguintes tratamentos: a) jateamento com partículas de óxido
de alumínio (50um); b) condicionamento com ácido fluorídrico a 9,6%; c)
sistema cojet (3m ESPE). Como controle um grupo não recebeu tratamento de
superfície. Os pinos foram cimentados com dois tipos de cimento resinoso: a)
um convencional a base de BIS.GMA (Parapost cement) e; b)outro contendo
monômero fosfato (MDP) (Panavia F). Foi realizado o teste de resistência
adesiva ao cisalhamento. Como resultado os autores observaram que para os
pinos de zircônio o tratamento com o sistema cojet apresentou os maiores
valores de resistência adesiva. Comparando os cimentos utilizados foi possível
observar que quando o sistema Cojet foi aplicado, foram obtidos maiores
valores com o cimento resinoso convencional, embora não haja diferença
estatisticamente significativa entre os dois cimentos.
Bolhuis et. al.
7
(2004) realizaram um estudo no intuito de avaliar a
influência da ciclagem mecânica sobre a qualidade de camada de cimento entra
pinos de comprimento reduzido e o canal radicular. Foram utilizados trinta e
42
dois pré-molares cuja porção coronária foi removida e os canais preparados
com comprimento de trabalho de 6mm. Foram utilizados quatro tipos de pinos:
G1) pino de titânio; G2) Pinos de fibra de quartzo; G3) Pino de fibra de
carbono revestido por fibra de quartzo; G4) Pino metálico fundido. Todos os
pinos foram cimentados com cimento resinoso Panavia 21 (Kuraray). Para
todos os grupos, metade dos espécimes (n=4) foi submetida à teste de fadiga
(carga de 8-40N, a uma freqüência de 2Hz, 1000000 de ciclos). Em seguida os
espécimes foram seccionados perpendicularmente ao longo eixo do dente,
gerando fatias de 1,5mm de espessura, que foram avaliadas sob MEV e
submetidas à ensaio de push-out. Através da analise ao MEV os autores
observaram menor número de irregularidades no grupo composto por pino de
titânio. No ensaio de push-out, não foram observadas diferenças
estatisticamente significativas entre os grupos.
Bolhuis et. al.
8
(2004) avaliaram o efeito da ciclagem mecânica
sobre a resistência adesiva entre pinos metálicos fundidos e dentina intra-
radicular, cimentados com cimento resinoso (Panavia 21) e cimento de fosfato
de zinco (Phosphacem/C). As coroas de dezesseis pré-molares unirradiculares
foram removidas na JEC. Em seguida foi realizado tratamento endodôntico e
preparo do canal com brocas de 1,3mm de diâmetro em baixa rotação,
preservando 4mm da guta-percha na região apical. Foram confeccionados
retentores metálicos fundidos a partir de uma moldagem de resina acrílica
(Duralay). Oito pinos foram cimentados com cimento resinoso (Panavia 21)
após tratamento do canal radicular com sistema adesivo indicado pelo
fabricante (Grupo 1). Os demais dentes receberam pinos cimentados com
cimento de fosfato de zinco (Phospha Cem/C) (Grupo 2). Em cada grupo,
metade dos espécimes foram armazenados em água destilada a 57°C, enquanto
43
a outra metade foi submetida a teste de fadiga, no qual foram realizados
1000.000 de ciclos mecânicos com carga de 8N a 40N, incidindo com
angulação de 85° em relação ao longo eixo do dente. Em seguida, os espécimes
foram seccionados transversalmente, produzindo três fatias de 1,5mm de altura,
que foram levadas ao MEV para observação da integridade do cimento e
submetidas a teste de push-out. Foi observado que o teste de fadiga não
provocou falhas em nenhum espécime. Além disso não foram observadas
diferenças de RA estatisticamente significativas após a ciclagem mecânica para
ambos os cimentos. Contudo, o cimento resinoso apresentou maiores resultados
de RA que o cimento de fosfato de zinco.
Para verificar a precisão dos métodos de avaliação de resistência
adesiva, Goracci et al.
26
(2004) compararam os métodos de microtração
“trimming e non trimming”. Foram utilizados trinta dentes que tiveram a
porção coronária removida na junção esmalte-cemento, foram instrumentados e
obturados com guta-percha. O conduto radicular foi preparado com fresas do
sistema de pinos Ghimas White Post (Ghimas) com comprimento de 9mm.
Quinze pinos foram cimentados com cimento resinoso dual Variolink (Ivoclar)
e os dentes tratados com sistema adesivo Encate DSC. Outros quinze pinos
foram cimentados com Rely X Unicem (3M-ESPE), cimento resinoso com auto
adesão. Para cada sistema adesivo/cimento utilizado, cinco dentes foram
submetidos à ensaio de microtração trimming, cinco ao ensaio de microtração
non-trimming e 5 dentes ao ensaio de push-out. Como resultado, os autores
observaram que, quando se realiza ensaio de microtração non-trimming quase
todos os espécimes falharam durante a fase de corte, não podendo ser
submetidos à ensaio. Para a microtração trimming houve menor índice de falha
prematura, contudo os valores obtidos apresentaram maior variabilidade que no
44
ensaio de push-out. Esta foi atribuída à falta de controle da tensão gerada pela
broca, que pode afetar e resistência adesiva do espécime. Os autores
concluíram que o ensaio de push-out parece ser a técnica mais confiável para
avaliação da resistência adesiva de pinos de fibra à dentina radicular.
2.3 Características do substrato e distribuição de tensões
Em uma revisão da literatura Gutmann
25
(1992) considerou alguns
aspectos da dentina radicular tratada endodonticamente, como: a) menor
umidade da dentina, b) alterações na resistência decorrentes de mudanças na
arquitetura do dente durante acesso e instrumentação do canal radicular; c)
conceitos de esforços biomecânicos que agem sobre estes dentes; d) tenacidade
da dentina; e) mudanças na malha de colágeno em dentes desvitalizados. O
autor cita que em casos em que há necessidade de utilização de um retentor
intra-radicular deve-se ter os seguintes cuidados: a) avaliar a real necessidade
de utilização de um retentor intra-radicular; b) evitar sistemas de pinos que
concentram tensões em locais específicos; c) permitir íntimo contato entre pino
e cimento; d) considerar a possibilidade de substituir cimento de fosfato de
zinco por cimento resinoso de baixa viscosidade; e) minimizar as tensões em
função; f) estabelecer o efeito férula em dentina sadia quando possível,
aumentando assim a altura clínica de cada coroa.
Através o método de elemento finito Cailleteau et al.
10
(1992)
realizaram um estudo no intuito de determinar o efeito de um pino cilíndrico
sobre o padrão de tensões que ocorrem ao longo do canal radicular de um
incisivo central superior. Foram confeccionados quatro modelos, em duas
dimensões, nas seguintes condições: a) dente intacto; b) tratado
45
endodonticamente; c) tratado endodonticamente e restaurado com coroa
metálica e d) restaurado com pino metálico e coroa metálica. Cada modelo
recebeu carga estática de 1N perpendicular à superfície lingual. Foram
observadas a máxima tração, compressão e tensão de cisalhamento. Foi
observado que a carga aplicada produziu maiores tensões de cisalhamento,
tração e compressão no modelo com o pino intra-radicular. Os autores
observaram também que nos modelos que apresentam dente e restaurado com
coroa, as tensões se concentram na região cervical, enquanto no modelo
restaurado com pino intra-radicular há uma maior concentração de tensões na
porção apical do pino.
Schilke et al.
53
(2000) avaliaram, sob MEV, a densidade e
diâmetro dos túbulos dentinários em dentes humanos e bovinos. Os autores
observaram que os dentes bovinos apresentam túbulos em menor densidade e
maior diâmetro que os dentes humanos, sugerindo assim, que a dentina
radicular bovina não seria confiável na substituição da dentina humana para a
realização de ensaios de resistência adesiva.
Ukon et. al.
55
(2000) observaram a distribuição de tensões no
conjunto dente-pino-reconstrução coronária em função dos diferentes Es dos
materiais. Foi empregada a análise de elementos finitos através de modelo
bidimensional no qual os seguintes Es foram utilizados: 200GPa para pino pré-
fabricado de aço inoxidável ou cromo-cobalto, 150GPa para pino pré-fabricado
de liga de titânio ou níquel-cromo, 80GPa para retentor fundido de ouro, 3 a
6GPa para resina composta e 15GPa para dentina foi aplicada uma carga de
60g no sentido vertical e a 45° do longo eixo do dente a partir dos resultados
obtidos os autores fizeram as seguintes considerações: a) foi observado que
quando se aplica uma carga obliqua há uma maior concentração de tensões na
46
estrutura radicular; b) as tensões na dentina se concentram mais na região
apical; c) pinos com alto módulo de elasticidade apresentaram maior efeito
cunha na estrutura radicular; d) menor E do material de reconstrução coronária
permitiu melhor distribuição de tensões na região cervical da raiz e da
restauração, além da maior distribuição de tensões ao redor do pino.
No intuito de observar a distribuição de tensões quando se utiliza
pinos de diferentes formas (paralelo, cônico e com duplo paralelismo) e
materiais, Castro-Albuquerque et al.
11
(2003) realizaram uma análise através de
elementos finitos. Uma carga de 100N foi aplicada em 45° em relação ao longo
eixo do dente, na face palatina. Foi descrito que a carga recebida que um
incisivo superior recebe durante a mastigação é de 10Kg a 15KG (100N a
150N). Os autores citam que, para todos os tipos de pinos, houve maior
concentração de tensões na região cervical da raiz, na interface dente-pino. Foi
também observado que os pinos cilíndricos e os pinos de fibra (E semelhante
ao da dentina) de carbono, apresentaram melhor distribuição de cargas ao
remanescente radicular que os pinos metálicos que apresentam E maior que o
da dentina.
A estrutura dentinária sofre transformações histológicas e
fisiológicas ao longo dos anos. Devido a essas alterações Giannini et. al.
24
(2003) analisaram o efeito da idade do elemento dental sobre os ensaios de
resistência adesiva. Foram utilizados vinte e cinco terceiros molares hígidos e
erupcionados, divididos em grupos de acordo com a idade do indivíduo (n=5):
G1) 17 a vinte anos; G2) 21 a trinta anos; G3) 31 a quarenta anos; G4) 41 a
cinquenta anos e G5) 51 a 63 anos. O esmalte dos dentes foi removido e a
superfície dentinária regularizada e polida. Para todos os dente foi utilizado o
sistema adesivo Prime e Bond NT (Dentsply) e confeccionada uma restauração
47
em resina composta (FD 14 – Dentsply) de 6 mm de altura através da técnica
incremental. Após 24 horas os dentes foram seccionados para obtenção de
espécimes com área adesiva de 0,8 x 0,7 mm para realização de ensaio de
microtração. Como resultado os autores não observaram diferença
estatisticamente significativa entre os grupos, sugerindo que a resistência
adesiva não é significativamente afetada pela idade dental.
Lertchirakarn et. al.
36
(2003) avaliaram os fatores que afetam a
distribuição de tensões no canal radicular e o padrão de fratura da raiz. Foi
realizada uma análise através de elementos finitos, para a qual foram
construídos oito modelos variando o tamanho da raiz, forma (circular, oval) do
canal radicular morfologia externa dos canais (raio de curvatura) e espessura de
dentina. Uma carga de 1N foi aplicada sobre estes modelos e avaliada a
distribuição de tensões. Fundamentalmente, a curvatura dos canais foi mais
importante para o aumento da concentração de tensões que a morfologia
externa. A redução do raio de curvatura das paredes do canal (canal oval)
radicular resulta em aumento das tensões. Os autores citam que mesmo que a
espessura de dentina no sentido vestíbulo lingual seja maior, há maior risco e
fratura radicular neste sentido, devido a maior concentração de tensões.
Considerando as condições que aumentam a concentração de tensões e,
portanto, o risco de fratura, os autores apontam as raízes de incisivos inferiores
e a raiz mesial de molares inferiores como os elementos mais susceptíveis à
fratura. Além das características morfológicas, a instrumentação mecânica
endodôntica pode criar irregularidades internas que funcionam como pontos de
concentração de tensões, agravando o risco e fratura, assim, os autores
ponderam que a instrumentação deve ser feita de forma criteriosa e com
irrigação constante a fim de diminuir as imperfeições inerentes.
48
Lertchrakarn et al.
35
(2003) observaram a distribuição das tensões
em incisivos centrais superiores e inferiores, através da analise de elemento
finito e o uso de strain gauges. Através de secções de um incisivo central
superior e de um inferior foi confeccionado um modelo tridimensional destes
dentes para FEA. Foram avaliados os tamanhos, forma, morfologia dos canais e
espessura de dentina. Nos incisivos superiores foi observada uma maior
concentração de tensões na parede vestibular, mesmo sendo esta a parede de
maior espessura. Esta distribuição de tensões foi atribuída à morfologia da raiz
e configuração do canal radicular, quando o canal radicular não é circular, a
distribuição das tensões torna-se assimétrica. A maior tensão no sentido
vestíbulo-lingual foi observada no incisivo inferior, que apresenta um canal
radicular com configuração oral mais pronunciada assim, os autores sugerem
que a fratura inicia no local de maior curvatura do canal radicular e se propaga
até a porção externa da raiz.
Mannocci et al.
41
(2004) realizaram um estudo no intuito de
verificar a quantidade de túbulos dentinários nos terços coronal, médio e apical
e sua relação com a resistência à tração nestas áreas. Foram utilizados dez
dentes unirradiculares cuja dentina lingual foi preparada para a confecção de
espécimes cilíndricos com 2mm de diâmetro e 10mm de comprimento. Este foi
seccionado transversalmente e dividido em duas partes: uma correspondente às
porções coronárias (G1) e outra correspondente às porções médias e apicais
(G2). Os espécimes foram fixados em um dispositivo para ensaio de
microtração e submetidos à força de tração a uma velocidade de 0,2mm/min. A
carga necessária para fratura do espécime foi registrada. Para análise da
quantidade de túbulos dentinários os espécimes fraturados foram
condicionados com ácido fluorídrico a 32% e submetidos à análise em
49
microscópio eletrônico de varredura. A contagem dos túbulos foi realizada em
fotos tiradas com aumento de 1.500 vezes. Os resultados mostraram que o
número de túbulos na porção coronária foi significativamente maior que na
porção média apical. Contudo a resistência à tração na porção média/apical foi
significativamente maior na porção coronária. Os autores citaram que quando
possível é importante a extensão do pino até o terço médio/apical, devido a
maior resistência da dentina nesta região.
Galhano et al.*
2
(2005) realizaram um estudo cujo objetivo foi
avaliar a possibilidade de utilização de dentina radicular bovina como
substituta de dentina radicular humana em ensaios de resistência adesiva de
adesivos dentinários. Foram utilizados dez dentes humanos unirradiculares e
dez incisivos bovinos. Os dentes tiveram a porção coronária seccionada à
16mm do ápice. Em seguida foram tratados endodonticamente e o conduto
radicular foi preparado com a utilização de fresas n° 3 do sistema D.T Light-
post (CT = 12mm). Os pinos foram moldados com silicona de adição e
duplicados com um cimento resinoso (Duolink, Bisco). Os dentes foram
tratados com o sistema adesivo All Bond 2 (Bisco) e os pinos cimentados com
cimento resinoso Duolink (Bisco); em seguida, os dentes foram seccionados
perpendicularmente ao seu longo eixo, obtendo amostras de 1,5mm de
espessura e submetidos à ensaio de extrusão por cisalhamento (push-out). Para
o cálculo da área foi utilizada a fórmula de calculo da área de um tronco de
cone. Dez valores de cada grupo (n=10) foram submetidos à análise estatística
(teste t-Student, α=5%). Foi possível observar uma diferença estatisticamente
*
2
GALHANO, G. A. et al. Comparison of push-out strength to root dentin of bovine- and
human-teeth. J Adhes Dent , 2005 (artigo submetido para publicação)
50
significativa nos valores obtidos pelos grupos de dentina bovina (4,08 ± 1,74
MPa) e dentina humana (8,63 ± 6,56 MPa). A partir dos resultados obtidos,
conclui se que a raiz do dente bovino apresenta menores resultados que a raiz
de dente humano em ensaios de extrusão por cisalhamento utilizando materiais
resinosos.
3 PROPOSIÇÃO
A proposta deste estudo foi avaliar o efeito da ciclagem mecânica
sobre a resistência adesiva do conjunto pino cerâmico, cimento resinoso e
dentina intra-radicular.
51
4 MATERIAL E MÉTODO
4.1 Seleção dos dentes
Neste estudo foram utilizados trinta dentes humanos
unirradiculares (incisivos centrais superiores, caninos superiores, pré-molares
inferiores), extraídos por razões ortodônticas ou periodontais, cuja utilização
foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Odontologia
da UNESP – São José dos Campos.
Foram selecionados dentes sem cáries ou restaurações no terço
cervical com canais retos e sem reabsorções radiculares. Estes foram limpos
com curetas periodontais e armazenados em água destilada a -18°C até a
utilização no estudo, para o qual os dentes foram descongelados e em seguida
armazenados em água destilada a 37°C para sua utilização no estudo.
4.2 Preparo dos dentes – calibragem dos condutos
Inicialmente, a coroa dental foi removida com discos diamantados
em baixa rotação sob constante refrigeração, padronizando o tamanho radicular
de cada espécime (Sp) em 16mm. Uma média do diâmetro de cada Sp foi
obtida a partir da medição das dimensões mesio-distais e vestíbulo-linguais na
metade das raízes (8mm). Os Sp foram separedos em setores, em ordem
crescente de dimensão em diâmetro e separados em dez partes de três Sp. Com
isso, cada um dos três grupos recebeu um Sp de cada setor (n=10), de modo
52
que todos os grupos fossem constituídos por uma amostragem semelhante
quanto ao diâmetro dos Sp (AKKAYAN & GÜLMEZ
1
, 2002)
Em seguida, os canais radiculares foram alargados com
instrumentos de NiTi #30-40, sob irrigação constante com água destilada (ARI
et al.
3
, 2003), seguido de obturação com guta-percha termo-plastificada. A
obturação foi realizada apenas no terço apical, de modo que permanecessem
4mm de guta-percha.
Os terços médio e cervical foram alargados utilizando brocas largo
#2 com comprimento de trabalho de 12 mm, seguida de fresas de calibragem
#2 do sistema de pinos de óxido de zircônio de forma cônica (Cosmopost,
Ivoclar-Vivadent).
4.3 Preparo dos dentes- Posicionamento para cimentação
Para que as cimentações pudessem ser realizadas mantendo
pressão de assentamento paralela ao longo eixo dos canais radiculares, os 3mm
apicais de cada raiz foram embutidos uma base de resina acrílica, de tal forma
que os longos eixos dos canais preparados permanecessem perpendiculares à
base de resina. Enquanto a resina polimerizava em um molde, a raiz era
mantida em posição, com a mesma broca que realizou o preparo radicular
assentada no interior do canal e, afixada no mandril da haste móvel de um
paralelômetro. Assim, na fase de cimentação, o paralelômetro também pôde
manter a direção da pressão de assentamento, quando a broca utilizada para o
preparo foi substituída pelo próprio pino de zircônio (Figura 1).
53
FIGURA 1-Confecção da base em resina acrílica para cimentação dos pinos
4.4 Cimentação
Para a cimentação dos pinos foram realizados os seguintes
procedimentos:
a) tratamento da superfície do pino com o sistema CoJet (ESPE,
St. Paul, USA) – jateamento com partícula de óxido de alumínio
30 µm modificadas com sílica* + aplicação do agente silano
ESPE-Sil, aguardando 5 min;
b) tratamento do canal radicular com o sistema All Bond 2
(Bisco, Schaurburg, EUA), conforme as recomendações do
fabricante (Quadro 1);
c) cimentação do pino com o agente cimentante Duolink (Bisco),
conforme as recomendações do fabricante (Quadro 1).
Quadro 1- Protocolo de cimentação
54
All Bond 2 + Duolink
1. Condicionamento com ácido fosfórico 37% por 15s do canal radicular;
2. Lavar com água em seringa descartável;
3. Remoção do excesso de água com cones de papel absorvente (3 cones);
4. Misturar o Primer A e o Primer B do sistema All Bond 2;
5. Aplicar Primer A + B e remover os excessos com microbrush (cavi-tip SDI)
6. Aplicar o Pré-Bond resin do All Bond 2 e remover os excessos com microb
r
7. As pastas A e B do cimento resinoso Duolink devem ser misturadas e
levado ao conduto com auxílio de uma broca Lentulo #40. Então o pino
inserido.
Após o tratamento do pino, este foi fixado, com adesivo de
cianoacrilato, à faca do delineador paralelamente ao eixo Y, e esta foi acoplada
à haste vertical móvel. O dente preparado foi inserido na matriz de silicona
com a qual foi confeccionada a base, e o conjunto posicionado na mesa móvel
do delineador. Em seguida, o cimento foi inserido no canal e foi realizada a
cimentação do pino. Este procedimento foi realizado no intuito de permitir que
o pino fosse cimentado paralelamente ao longo eixo do canal, uma vez que este
cuidado é imprescindível para correta aplicação da carga durante o ensaio de
push-out.
Considerando o comprimento de cimentação (12mm) e o
comprimento do pino cerâmico (20mm), 8mm do pino se projetaram para a
coroa do dente após a cimentação. Para diminuir a alavanca sobre o pino
55
quando a carga fosse aplicada, este foi seccionado 4mm acima da raiz com
disco diamantado.
4.5 Ciclagem mecânica
Antes da aplicação da carga mecânica, a base em resina acrílica foi
removida e foi confeccionada uma nova base em resina epóxica (285, Schaller,
Florença, Itália) para a fixação na máquina de ensaio. Esta também foi
confeccionada perpendicularmente ao eixo y. Com esta finalidade foi
confeccionado um suporte para pino com 20mm de diâmetro e 5mm de altura
que apresenta uma abertura central que permite que o pino seja posicionado
perpendicularmente ao plano horizontal. Em seguida, este suporte foi
posicionado em um cilindro (seringa cortada) usinado com base superior e
inferior paralelas ao plano horizontal. Este cilindro foi preenchido com a resina
epóxica. Desta forma foi possível a obtenção de uma base paralela ao plano
horizontal e perpendicular ao pino (Figura 2).
A B C
56
FIGURA 2- Procedimentos para inclusão dos Sp em resina epóxica: a)Suporte com pino
posicionado perpendicularmente ao plano horizontal; b)cilindro usinado para
preenchimento com resina epóxica; c)Espécime embutido em resina epóxica
É importante ressaltar que a resina foi inserida 3mm abaixo da
porção cervical da raiz para simular o espaço biológico. A ciclagem mecânica
foi realizada em uma máquina desenvolvida por Baldissara et al.
5
(2001). Os
dentes restaurados foram apoiados em uma base metálica com angulação de
45° para que uma ponta com diâmetro de 1,6mm, fixada na haste superior na
máquina de ciclagem, induzisse impulsos de carga de 37,5N a uma freqüência
de 8Hz diretamente sobre o pino (figura 3). Durante a ciclagem, os espécimes
foram irrigados com água destilada, à temperatura de 37°C ± 2°C, regulada por
meio de um termostato (WISKOTT et al.
58
, 1995; ISIDOR et al.
31
, 1996,
DRUMMOND & BAPNA
19
, 2003)
FIGURA 3- Maquina de ciclagem mecânica com os cps posicionados
57
Foram constituídos os seguintes grupos (n=10) considerando o
número de ciclos realizados:
a) Grupo 1 (G1): sem ciclagem mecânica.
b) Grupo 2(G2): submetidos a 20.000 ciclos mecânicos.
c) Grupo 3(G3): submetidos a 2.000.000 ciclos mecânicos.
Os espécimes que não foram ciclados (G1) permaneceram
armazenados em água destilada (37°C ± 2°C) até finalizar a ciclagem de todos
os espécimes. Considerando que os grupos 2 e 3 foram ciclados em momentos
diferentes, os espécimes que não estavam sendo submetidos à fadiga,
permaneceram armazenados.
4.6 Teste de push-out
4.6.1 Obtenção dos corpos-de-prova (cp) e ensaio
Os espécimes foram fixados em base metálica de uma máquina de
corte desenvolvida por Andreatta Filho
2
(2000), que permitiu a realização de
cortes perpendicularmente ao longo eixo da raiz (eixo Y) com disco
diamantado sob refrigeração em fatias de aproximadamente 2mm (Figura 4). A
primeira fatia cervical (aproximadamente 1mm) foi descartada, pois a excesso
de cimento nessa região poderia influenciar os resultados de resistência adesiva
(VAN NOORT et al.
55
, 1989; KITASAKO et al.
31
, 1995). Foram realizadas
outras cinco secções por dente, obtendo se cinco Cp por Sp (50 por grupo).
A B
58
Cimento
Pino
Dentina
FIGURA 4 - Obtenção dos sp: a)Corte dos sp com disco diamantado; b) Vista oclusal do sp
obtido
Cada cp foi posicionado sobre um dispositivo metálico com abertura
central maior que o diâmetro do canal (figura 5). Sempre a porção mais
coronária do cp foi colocada para baixo (carga de ápico - coronário). Para o
ensaio de push-out, um cilindro metálico (diâmetro da extremidade de 0,85mm)
induziu carga sobre o pino, sem que a carga fosse aplicada sobre o cimento
e/ou a dentina (Figura 6). Considerando que os pinos foram cimentados
paralelos ao eixo Y e os Sp foram seccionados perpendiculares a este eixo, o
pino do cp receberá a carga o mais paralelo possível em relação os longo eixo
da raiz (eixo Y) (figura 7). O teste foi executado em máquina de ensaio
universal a uma velocidade de 1mm/min (PEST et al.
46
, 2002; GALHANO et
al.
*3
, 2005)
3
GALHANO, G. A. et al. Comparison of push-out strength to root dentin of bovine- and human-
teeth. J Adhes Dent., 2005 (artigo submetido para publicação)
59
FIGURA 5- Base metálica para o ensaio de push-out.
FIGURA 6 - Ensaio de push-out.
60
FIGURA 7- Desenho esquemático da aplicação de carga sobre o cp
A resistência adesiva (R) foi obtida conforme a fórmula: R = F/A onde,
F = carga para ruptura do cp (kgf) e A = área interfacial (mm
2
)
4.6.2 Cálculo da área adesiva (A) dos cp
Foi empregada a fórmula para cálculo de área lateral da figura
geométrica tronco de cone circular reto de bases paralelas (Figura 8).
Base menor
B
h
g
h
R
2
R
1
A
R
2
- R
1
Base maior
61
A = π . g . (R
1
+ R
2
) onde,
A = área interfacial
π = 3,14
g = geratriz do tronco (g
2
= h
2
+ [R
2
-R
1
]
2
)
R
1
= raio da base menor
R
2
= raio da base maior
FIGURA 8 - (a) desenho esquemático correspondente à secção interna do cp (paredes
radiculares) – figura geométrica de um tronco de cone circular reto de bases
paralelas; (b) figura geométrica para cálculo da geratriz do tronco de cone.
Para o cálculo da geratriz do tronco de cone g (Figura 8 – B) foi
utilizado o Teorema de Pitágoras – “quadrado da hipotenusa = à soma dos
quadrado dos catetos” - (g
2
= h
2
+ [R
2
-R
1
]
2
).
Os valores de R
1
e R
2
foram obtidos a partir da medição dos
diâmetros internos da base menor e maior, respectivamente, correspondente ao
diâmetro interno entre paredes do canal do cp. Esses diâmetros e a altura h do
cp serão medidos após o ensaio com paquímetro digital (Starret).
O resultado da resistência adesiva foi inicialmente obtido em
Kgf/mm
2
e foi transformado em MPa multiplicando-se o valor de resistência
por 9,8, considerando a seguinte equiparação de medidas: 1Kgf/mm
2
=
9,8N/mm
2
= 9,8Mpa
Os cps foram observados em estereomicroscópio para observação
da interface na qual ocorreu a fratura (pino/cimento ou cimento/dentina).
4.7 Microscopia eletrônica de varredura
62
Em caráter meramente ilustrativo, foi realizada uma observação de
alguns espécimes sob microscopia eletrônica de varredura. Em cada grupo
foram selecionados aleatoriamente quatro fatias, que foram seccionadas, com
disco diamantado, para avaliação da interface. Em seguida foram limpas em
ultra-som e levadas ao microscópio eletrônico de varredura. As interfaces
foram observadas com aumentos de 500x, 2000x e 5000x.
4.8 Análise estatística
Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância
(ANOVA, 1 fator) e ao teste de Kruskal-Wallis. Foram efetuados os testes de
comparação múltipla (Tukey e Dunn).
O nível de significância adotado foi o valor convencional de 5%.
Os dados tiveram representação gráfica (gráfico de colunas e Box-
Plot) .
63
5 RESULTADOS
Neste item os dados originais (vide apêndice A) obtidos no ensaio
de push-out foram submetidos à análise estatística descritiva e inferencial.
5.1. Descritiva
A estatística descritiva é apresentada na Tabela 1, e, a seguir, tem-
se as representações gráficas: a) colunas: média e desvio padrão (Figura 9); b)
BOX – PLOT (Figura 10).
Tabela 1. Estatística descritiva dos dados (MPa) obtidos no ensaio de push-out.
Estatístic
a
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3
N 10 10 10
Média 7,682 3,899 3,258
Desvio Pad
r
1,263 2,24 2,334
C.V (%) 16,44 57,439 71,660
Mediana 7,918 3,658 2,424
64
FIGURA 9- Gráfico de colunas (média±desvio padrão) dos dados de resistência adesiva
segundo três diferentes condições de ciclagem.
FIGURA 10- Representação gráfica (Box and Whisker Plot) das medianas dos valores
obtidos no ensaio de push-out (MPa) segundo os grupos.
65
Analisando o gráfico da Figura 10 observa-se que o grupo 1
apresenta o maior valor mediano (7,92 MPa), o grupo 3 o menor (2,42 MPa) e
o grupo 2 (3,66 MPa) apresenta comportamento intermediário. Observando as
medias encontradas verifica-se (Figura 9) que o grupo 1(7,68±1,26 MPa)
apresenta superioridade frente ao grupo 2 (3,90 ±2,24 MPa) e ao grupo 3 (3,26
±2,33 MPa) .
Quanto à variabilidade dos dados pode-se observar que há maior
coeficiente de variação no grupo 3 (cv = 71,67 %) enquanto a menor para o
grupo 1 (cv = 16,44%). Em relação à Figura 10, não há sobreposição entre os
valores correspondentes à faixa interquartil (dados mais estáveis e importantes)
entre o grupo 1 e os demais.
5.2 Inferencial
Os dados foram submetidos ao teste de homogeneidade de
variância. Verificou-se que os valores de desvio padrão não diferem
estatisticamente (teste Bartlett, χ
2
= 3,42; gl =2; p = 0,1806).
Para testar a hipótese de igualdade entre os grupos, quanto à
resistência ao cisalhamento por extrusão após diferentes níveis de ciclagem.
Foi efetuado o teste da análise de variância (ANOVA) (tabela 2)
Tabela 2. ANOVA para os dados (MPa) obtidos no ensaio de “push-out”.
média ± desvio padrão
66
Efei
t
gl SQ Q
M
Razã
o
p-val
Tratam
e
2 114,3 57,15
Resí
d
27 108,5 4,02
0
14,2 0,000
Tot
a
29 222,8
*p<0,05
Por meio do teste de comparação múltipla de Tukey (5%), são
estabelecidos dois grupos homogêneos (denotados pelas letras A e B) de
mesmo desempenho em termos de resistência adesiva, vide Tabela 3.
Tabela 3. Formação de grupos de mesmo desempenho, após teste de Tukey (5%)
Ciclos Média (
M
Grupos homogêneos*
Grupo 1 7,68 A
Grupo 2 3,90 B
Grupo 3 3,26 B
*conjuntos que apresentam letras iguais indicam diferença estatisticamente não significante
Tendo em vista o fato dos grupos 2 e 3 apresentarem um elevado
coeficiente de variação, foi considerada a abordagem não paramétrica. O Teste
de Kruskal-Wallis (kw = 13,75; gl = 2; p-valor = 0,001) indica que as
distribuições dos valores dos três grupos diferiram. O teste de comparação
múltipla, teste de Dunn (5%) indica que o Controle diferiu estatisticamente dos
demais que, entre si, não diferiram estatisticamente. Assim, o Controle
apresenta um valor mediano de resistência superior.
Analisando a interface em que ocorreu a falha (pino/cimento ou
cimento/dentina) foi possível observar que no grupo controle 70% das falhas
foram predominantemente entre cimento e dentina, enquanto no grupo em que
foram aplicados 20.000 ciclos, 50% das falhas ocorreram nesta interface. Já
67
para o grupo em que foram aplicados 2.000.000 de ciclos observa-se 75% das
falhas predominantemente entre pino e cimento.
As imagens obtidas sob MEV das amostras são apresentadas nesta
seção, entretanto serão discutidas no capítulo Discussão.
FIGURA 11- Dentina intra-radicular com tags de adesivo- 2000x e 5000x
FIGURA 12- Irregularidade no cimento resinoso- 2000x e 5000x
68
FIGURA 13- Fratura mista cimento/dentina-500x e 2000x
69
6 DISCUSSÃO
6.1 Dos resultados
Um conceito muito difundido atualmente é que os pinos de fibra
apresentam vantagens mecânicas sobre os pinos cerâmicos pois apresentam
módulo de elasticidade (E=20) mais próximo da dentina (E=18) promovendo
melhor dissipação das cargas mastigatórias sob função clínica (DRUMMOND
et al.
20
, 1999; CORMIER et al.
15
, 2001; AKKAYAN & GÜLMEZ
1
, 2002;
OTTL et al.
44
, 2002; PONTIUS & HUTTER
47
, 2002; QUALTROUGHT &
MANNOCCI
50
, 2003). Contudo, este baixo módulo de elasticidade propicia
uma maior flexão dos pinos de fibra, que gera tensões na interface
pino/cimento resinoso, diminuindo assim, a resistência adesiva do conjunto
(DRUMMOND et al.
20
, 1999; QUALTROUGHT & MANNOCCI
50
, 2003).
Estes autores sugerem que na utilização de um pino mais rígido, este fato não
ocorreria.
Drummond et al
20
. (1999) avaliaram a resistência de união à
dentina de pinos metálicos e pinos de fibra após ciclagem mecânica e
constataram uma maior redução na resistência adesiva para os pinos de fibra.
Este resultado foi atribuído à maior rigidez dos pinos metálicos. Como os pinos
cerâmicos também apresentam alta rigidez (ASMUSSEN et al.
4
, 1999), tem
sido sugerido que o comportamento seria o mesmo.
Dietschi et al.
18
(1997) avaliaram, sob microscopia eletrônica de
varredura, o efeito da ciclagem mecânica sobre a união entre pinos metálicos e
70
cimento resinoso e a união entre pino cerâmico e cimento resinoso. Foi
observada significativa desunião quando se utiliza pino cerâmico, fato que não
ocorre na utilização de pinos metálicos. Assim, é importante observar que,
apesar de apresentarem módulos de elasticidade semelhantes, a durabilidade e
mecanismo da adesão entre pino metálico e cimento resinoso podem ser
diferentes da adesão que ocorre entre pino cerâmico e cimento resinoso. Desta
forma, não se pode prever o comportamento dos pinos cerâmicos tendo como
base os pinos metálicos.
Este resultado está de acordo com nosso estudo, onde pudemos
observar uma redução na resistência adesiva entre pino cerâmico, cimento e
dentina quando submetidos à carga mecânica. Esta redução pode ter ocorrido
por três fatores:
a) combinação de materiais de diferentes módulos de elasticidade,
uma vez que os pinos apresentam “E” muito alto em relação à dentina e ao
cimento resinoso. Quando se aplica uma carga sobre este conjunto, esta é
transmitida ao material de menor rigidez, os cimentos resinosos, que
representam o elo fraco desta corrente.
b) a instabilidade da união entre pino e cimento resinoso durante
ciclagem mecânica. A avaliação da interface onde ocorreu a desunião sustenta
essa afirmação. Foi observado que no grupo controle 70% das falhas foram
predominantemente entre cimento e dentina, enquanto no grupo em que foram
aplicados 2.000.000 de ciclos observou-se 75% das falhas predominantemente
entre pino e cimento.
c) a propagação de trincas a partir de bolhas e irregularidades no
sistema adesivo e cimento. Quanto maior o número de irregularidades, menor a
resistência adesiva do conjunto.
71
O insucesso na adesão ao canal radicular pode ainda estar
relacionado à presença de bolhas na camada de cimento devido a três fatores
principais: viscosidade do material, anatomia da raiz e procedimentos de
adesão (VICHI et al.
57
, 2002). A inserção do cimento no canal radicular, foi
realizada com uma broca lentulo para reduzir as bolhas da camada de cimento
(VICHI et al.
57
, 2002). Contudo, mesmo havendo esse cuidado durante a
cimentação para que não ocorram bolhas, é muito difícil evitá-las totalmente.
Outro fator capaz de induzir irregularidades no sistema adesivo é
a configuração cavitária (fator C), que é a proporção de superfícies aderidas e
não aderidas. Quanto maior a quantidade de superfícies aderidas, maior o stress
de contração de polimerização (BOUILLAGUET et al.
9
, 2003).
Nikaido et al.
42
(2002) avaliaram o efeito da ciclagem mecânica
sobre a resistência adesiva de materiais resinosos variando o fator C e
observaram que uma cavidade com fator C desfavorável apresenta maior
diminuição da resistência adesiva após ciclagem mecânica. Da mesma forma,
Bouillaguet et al.
9
(2003) observaram significativa redução na resistência
adesiva de retentores intra-radiculares cimentados no interior do canal radicular
quando comparados à cimentação realizada em cavidades com menor fator C.
Este resultado tem sido atribuído à presença de micro-separações na interface
das superfícies cimentadas provocadas pela força de contração do material
cimentante, que se agravam quando este é submetido à cargas cíclicas. Como o
canal radicular apresenta o pior fator de configuração cavitária
(BOUILLAGUET
9
et al., 2003), todos os grupos passaram pelas mesmas
tensões da contração, pois o Fator-C foi similar para os três grupos
contribuindo para uma desunião inicial, no entanto, a presença destas
irregularidades pode ter auxiliado na degradação dos espécimes dos grupos 2 e
72
3 resultando na diminuição da resistência de união do conjunto após ciclagem
mecânica.
Quando um material sem defeitos estruturais é submetido à carga
tensões, são formadas linhas de tensão paralelas à carga aplicada. Contudo,
quando há um defeito estrutural do material, essas tensões se concentram ao
redor deste, sendo ponto crítico para início e propagação da fratura catastrófica
(WISKOTT et al.
58
, 1995). Assim, a presença de irregularidades e bolhas no
adesivo e cimento propiciam a propagação de trincas e tornam o material mais
susceptível à fratura quando uma carga direta é aplicada durante o ensaio de
push-out.
Os resultados do nosso estudo corroboram com os resultados
obtidos por Strub et al.
54
(2001) e Heydecke et al.
28
(2002), que observaram
100% de taxa de sobrevivência de pinos totalmente cerâmicos quando
submetidos à 1.200.000 ciclos. Nos casos em que a porção coronária foi
reconstruída com material resinoso estes autores observaram uma fratura da
infra-estrutura cerâmica devido à diferença nos módulos de elasticidade,
contudo não observaram fratura do pino.
As micrografias obtidas sob microscopia eletrônica de varredura
foram realizadas em caráter meramente ilustrativo, entretanto nos permitiram
verificar que em todas as imagens onde foi possível a observação da dentina
intra-radicular, foi constatado que o condicionamento ácido procedeu-se de
forma eficiente, uma vez que os túbulos apareceram abertos e com presença de
material resinoso em seu interior, sugerindo uma satisfatória penetração do
sistema adesivo (Figura 11 e 12). Além disso, foram também observadas
irregularidades no cimento (figura 13), que provavelmente causaram a
diminuição da resistência de união após ciclagem mecânica.
73
Outro aspecto que chama atenção nos resultados obtidos após
ciclagem mecânica diz respeito ao aumento considerável no coeficiente de
variação nos grupos que sofreram ciclagem mecânica. Uma possível explicação
para este fato é a falta de controle quanto às irregularidades presentes no
cimento que puderam estar presentes em maior número em determinados
corpos de prova, promovendo diferentes valores de resistência adesiva.
Deve se considerar também a distribuição desigual de tensões
sobre o sistema adesivo quando se aplica carga mecânica. Quando se utiliza um
pino endodôntico rígido, há concentração de tensões na porção apical do pino
(CAILLETEAU et al.
10
, 1992; UKON et al.
55
, 2000). Esta região apresenta
maior resistência à fratura, por apresentar maior quantidade de material
inorgânico (MANNOCCI et al.
41
, 2004). Desta forma, há compressão do
sistema adesivo/cimento, e isto propiciar a diminuição na resistência adesiva e
grandes variações de resultados em um mesmo dente.
6.2 Da metodologia
6.2.1 Seleção do dentes
O grande receio quanto à utilização de dentes humanos em testes
in-vitro é a maior dificuldade de padronização de circunstâncias de idade,
efeitos oclusais, sexo e dieta. Muitos estudos utilizaram dentes bovinos para
obtenção de menor variabilidade de substrato. Contudo, os dentes bovinos
apresentam diferença no número e diâmetro dos túbulos dentinários e um
comportamento diferente dos dentes humanos frente a teste de resistência
adesiva ao cisalhamento por extrusão, mostrando valores significativamente
74
menores (SCHILKE et al.
53
,2000; GALHANO*
4
et al., 2005). Assim, optamos
pela utilização de dentes humanos como substrato com o cuidado de eliminar
dentes com restauração ou comprometimento por carie próximo à porção
radicular e dentes com trincas.
Quanto à idade dental, em 2003, Giannini et al.
24
avaliaram seu
efeito os valores obtidos nos ensaios de resistência adesiva e não observaram
diferença estatisticamente significativa entre os grupos estudados. Com base
neste estudo e tendo em vista a grande dificuldade de padronização da idade
dental, foram utilizados dentes permanentes de pacientes com idade entre 17 e
61 anos, aleatoriamente.
Lertchirakarn et al.
35-6
(2003) observaram que em canais ovais a
concentração de tensões ocorre nas extremidades, o que não é observado em
canais circulares. Desta forma, o preparo dos canais radiculares para a
cimentação dos pinos foi cuidadosa para que todas as paredes fossem tocadas
pela broca, eliminando dentes com canal oval ou com diâmetro maior que o
diâmetro da broca, evitando a concentração e tensões nas extremidades, que
poderiam favorecer a fratura do elemento dental durante a ciclagem mecânica.
Na literatura consultada não há um consenso com relação ao
número de dentes utilizados por grupo em ensaios de resistência adesiva.
Alguns estudos utilizaram cinco dentes por grupo (FOXTON et al.
23
, 2003;
GIANNINI et al.
24
,2003; GORACCI et al.
26
, 2004), outros testaram oito dentes
por grupo (MANNOCCI et al.
39
, 2001; ARI et al.
3
, 2003). Entretanto, a maior
parte dos estudos foi conduzida com a utilização de dez dentes em cada grupo
1.
4
GALHANO, G. A. et al. Comparison of push-out strength to root dentin of bovine- and
human-teeth. J Adhes Dent , 2005 (artigo submetido para publicação)
75
(FERRARI et al.
21
,2001; VICHI et al.
57
, 2001; FERRARI et al.
22
, 2002;
SAHAFI et al.
52
, 2003) e os autores obtiveram desvios padrão e coeficientes de
variação satisfatórios.
No nosso estudo foram utilizados dez dentes por grupo e no grupo
controle foi observado coeficiente de variação de 16,44%. Este valor é
satisfatório e indica que a amostra utilizada foi suficiente. Após a ciclagem
mecânica observamos que o coeficiente de variação se elevou, o que
provavelmente não ocorreu em função do substrato, mas que pode ser atribuído
à presença de irregularidades em diferentes concentrações, como citado
anteriormente.
6.2.2 Tratamento dos dentes e cimentação
Estudos in-vitro e in-vivo demonstraram que o uso de cimento
resinoso para a cimentação de pinos intra-radiculares é capaz de aumentar
significativamente a retenção e resistência à fratura do dente quando
comparado a pinos cimentados com cimento de fosfato de zinco (BOLHUIS et
al.
7
, 2004). As vantagens da realização de cimentação adesiva são: a) a
diminuição do efeito de cunha; b) preservação da estrutura dental pois os pinos
podem ser mais curtos e menos espessos; c) menor susceptibilidade à fratura
(PONTIUS & HUTTER
47
, 2002).
Para o tratamento da dentina intra-radicular foi selecionado um
sistema adesivo quimicamente ativado de três passos, pois estes apresentam um
melhor mecanismo de adesão micromecânica na região apical que os adesivos
de frasco único, e não necessitam de fotopolimerização (VICHI et al.
57
, 2002).
Avaliações sob microscopia eletrônica de varredura têm demonstrado que
76
quando se utiliza o sistema adesivo All Bond 2, formam-se de tags mais longos
e em maior número (PEST et al.
46
, 2002). Além disso, os adesivos de três
passos apresentam universalidade, ou seja, são compatíveis com cimentos
resinosos quimicamente polimerizados e fotopolimerizados, pois não
apresentam os monômeros ácidos presentes nos sistemas adesivos
monocomponentes (CHERSONI et al.
12
, 2005)
A homogeneidade da camada de sistema adesivo é de grande
importância quando se realiza teste de resistência adesiva, principalmente
quando esta é submetida à ciclagem mecânica. A presença de irregularidades
ou bolhas pode propiciar a propagação de trincas como descrito anteriormente.
Desta forma, o protocolo de cimentação deve ser rígido e a aplicação do
sistema adesivo deve ser realizada com o uso de microbrushs finos. Esta
afirmação é sustentada por Ferrari et al.
21-22
(2001 e 2002) que observaram que
a formação de camada híbrida é menos evidente na porção apical quando a
aplicação do sistema adesivo é realizada com pincéis comuns, e afirmam que
tags de resina e zonas de interdifusão resina-dentina mais uniformes produzem
adesão mais confiável e só são obtidos quando se utiliza um microbrush.
A superfície dos pinos cerâmicos foi tratada com o sistema Cojet
(3M ESPE), que consiste no jateamento de partículas de óxido de alumínio
revestidas por sílica. A pressão exercida durante o jateamento faz com que haja
a deposição da sílica na superfície, que combinada com o silano aplicado
propicia um aumento na resistência adesiva entre o pino e o cimento resinoso
(SAHAFI et al.
52
, 2003; OZCAN & VALLITTU
45
, 2003). O jateamento é
importante sobre cerâmicas à base de zircônio pois estas apresentam pequena
quantidade de sílica em sua superfície, resultando em adesão insuficiente com
materiais resinosos. Sahafi et al.
52
(2003) constataram que os pinos de zircônio
77
jateados com sílica apresentaram significativo aumento de resistência adesiva.
Além disso, Oblak et al.
41
(2004) citaram que o jateamento de pinos cerâmicos
promove um aumento na resistência à fratura destes quando submetidos à carga
mecânica. Mannocci et al.
38
(1999) cimentaram pinos de zircônio tratando a
superfície com ácido fluorídrico e silano, submeteram-nos à ciclagem
mecânica. Como resultado obtiveram o maior índice de falha encontrado na
literatura (60%), que pode ser atribuído à falta de adesão entre pino e cimento.
6.2.3 Ciclagem mecânica
A realização de testes com carga estática para avaliação da
resistência à fratura de restaurações tem sido questionado, pois evidencias
clínicas indicam que a maior parte das fraturas em restaurações protéticas
ocorre após longo período de anos (HUYSMANS et al.
29
, 1991; WISKOTT et
al.
58
, 1995; REID et al.
51
, 2003). Assim, para a avaliação do comportamento de
restaurações adesivas em longo prazo, tem se utilizado os testes de fadiga que
simulam, o mais próximo possível, o padrão de cargas mastigatórias que ocorre
clinicamente (HEYDECKE et al.
28
, 2002; PONTIUS & HUTTER
47
, 2002). A
fadiga é um modo de fratura onde a estrutura falha após repetidas cargas
menores que a carga estática necessária para provocar uma fratura catastrófica
(HUYSMANS et al.
29
, 1991; WISKOTT et al.
58
, 1995).
O ângulo de incidência utilizado em nosso estudo (45º em relação
ao longo eixo do dente) representa o contato presente no terço médio da porção
lingual de um incisivo central superior em oclusão central (ISIDOR et al.
30
,
1992;COHEN et al.
14
, 1993; DIETSCHI et al.
18
, 1997; MANNOCCI et al.
38
,
1999; OTTL et al.
44
, 2002; AKKAYAN e GÜLMEZ
1
, 2002; GOTO et al.
27
,
78
2005). Uma limitação dos testes de ciclagem mecânica é que a carga aplicada
sobre o dente é constante e em apenas uma direção, o que não ocorre
clinicamente (BOLHUIS et al.
8
, 2004).
A confecção de reconstrução coronária e copping não foi realizada
para evitar que os resultados fossem alterados devido à dissipação das cargas
por estes materiais (BOLHUIS et al.
8
, 2004). Cormier et al.
15
(2001)
observaram que quando a aplicação da carga era realizada diretamente sobre o
pino, os valores obtidos foram menores que quando a carga foi aplicada sobre
uma coroa. Desta forma, optamos por aplicar a carga diretamente sobre o pino
para não mascarar os resultados.
Com relação ao número de ciclos mecânicos aos quais os
espécimes deveriam ser submetidos para os ensaios de fadiga, calcula-se que a
realização de 1.200.000 ciclos simularam cinco anos de função clínica
(HEYDECKE
28
et al., 1987; STRUB
54
et al., 2001). O estudo com maior
número de ciclos mecânicos encontrado na literatura realizou 2.000.000 de
ciclos (COHEN et al.
14
, 1993). Contudo não há um consenso com relação ao
número ideal de ciclos e carga necessária para prever a longevidade da
restauração. Desta forma, nosso estudo se propôs a avaliar da ciclagem
mecânica sobre a resistência adesiva de pinos cerâmicos após longo período
(2.000.000 de ciclos) e o efeito inicial desta ciclagem (20.000 ciclos). Foi
observado que não houve diferença estatisticamente significativa entre os dois
grupos, o que nos permite dizer que para os materiais que utilizamos não havia
necessidade de realização de grande número de ciclos mecânicos para
avaliação do efeito da fadiga sobre a resistência adesiva.
Um fato interessante observado em nosso estudo foi a ausência de
fratura ou desunião do conjunto ensaiado quando submetido a 2.000.000 de
79
ciclos mesmo havendo significativa redução na resistência adesiva quando se
realiza 20.000 ciclos. Este fato pode ser atribuído à manutenção de uma
resistência de união suficiente para propiciar a estabilidade do conjunto
dentina/cimento/pino. Assim, podemos concluir que mesmo havendo uma
significativa redução na resistência de união, após 2.000.000 de ciclos, esta
união continua estável.
Além disso, deve ser enfatizado que o ensaio mecânico foi
realizado diretamente sobre o pino. Em uma situação real, com uma coroa
cimentada, a estabilidade do conjunto tende a ser ainda melhor, pela melhor
dissipação das forças (BOLHUIS et al.
8
, 2004).
6.2.4 Ensaio de push-out:
O ensaio de push-out dá uma estimativa mais confiável da adesão,
pois provoca a fratura paralelamente à interface dentina/adesivo –
cisalhamento. Quando comparado aos testes de tração observa-se a redução da
resistência adesiva com o emprego do push-out, pois os primeiros puxam a
restauração das paredes dentinárias criando estresses na interface com o dente
(KURTZ et al.
34
, 2003). Este fato pôde ser observado nas imagens obtidas sob
MEV, onde os tags de resina encontram-se inseridos no interior dos túbulos
dentinários. Além disso, neste tipo de ensaio há uma combinação entre o
fenômeno da adesão e a configuração da cavidade (CHEYLAN et al.
13
, 2002)
que são fatores importantes na retenção do pino no conduto radicular.
Comparando os ensaios de push-out e microtração, Goracci et
al.
26
(2004) observaram que os valores obtidos no ensaio de microtração
apresentam maior variabilidade que os valores obtidos nos ensaios de push-out,
80
esta diferença foi atribuída à maior tensão gerada na interface adesiva durante o
preparo dos espécimes, assim os autores citam que o ensaio de push-out parece
ser o mais confiável para avaliação da resistência adesiva entre pinos e dentina
intra-radicular.
Mesmo com os cuidados tomados em relação à metodologia
aplicada, como todo estudo in-vitro, não podemos extrapolar os resultados
obtidos para as condições clínicas, uma vez que não é possível reproduzir com
exatidão os fatores que afetam sobre o conjunto sob cargas mastigatórias
(OTTL et al.
44
, 2002; BOLHUIS et al.
8
, 2004). Pudemos apenas prever uma
diminuição na resistência adesiva, que deve ser confirmada com estudos
clínicos longitudinais conduzidos a fim de evidenciar a performance clinica
deste pino cimentado adesivamente, considerando os princípios da Odontologia
baseada em evidencia.
81
7 CONCLUSÃO
Fundamentados na metodologia aplicada, é lícito concluir que:
a) após a execução de ciclagem mecânica, há uma diminuição da
resistência adesiva do conjunto pino cerâmico, cimento resinoso e
dentina intra-radicular para os materiais utilizados.
b) a realização de 20.000 e 2.000.000 de ciclos é capaz de diminuir a
resistência adesiva deste conjunto, não havendo diferença
estatística entre os grupos.
82
6 REFERÊNCIAS
1. AKKAYAN, B.; GÜLMEZ, T. Resistance to fracture of endodontically
treated teeth restored with different post system. J Prosthet Dent, v.87,
n.4, p.431-7, 2002.
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padronizados. Pesq Odontol Bras, v14, supl., p.17, set. 2000.
(Apresentado na 19° Reunião Científica da SBPqO). Resumo 1047.
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Apêndice A - Dados complementares aos resultados
Tabela 4- Médias dos dados obtidos no ensaio de push-out para três diferentes
tipos de ciclagem mecânica
Controle Dois Vinte
7,54020 2,29510 6,75480
8,93575 0,16090 3,76275
8,80256 4,06450 4,58665
8,29625 8,82190 1,45155
6,77512 1,94993 5,70378
6,30872 2,22518 2,44970
8,43310 2,55313 1,48070
5,80144 4,35342 3,55283
9,40524 1,98523 1,61528
6,52055 4,16812 7,63722
90
Anexo A- Parecer do comitê de ética
91
GALHANO, G. A. P. Adhesive cementation of ceramic posts to root dentin: evaluation
of the mechanical cycling effect. 2005 95f. Dissertação (Mestrado em Odontologia
Restauradora, Especialidade PróteseDentária) - Faculdade de Odontologia de São José dos
Campos, Universidade Estadual Paulista. São José dos Campos.
ABSTRACT
92
This study aimed to evaluate the effect of mechanical cycling on the adhesive bond strengths
at the root dentin/resin cement and resin cement/ceramic post interfaces. 30 single rooted
human teeth were transversally sectioned, with 16mm left for specimens. The canal
preparation was performed to receive a 12mm high ceramic post (Cosmo Post, Ivoclar). The
canals were treated with All-Bond 2 (Bisco) chemical polimerizable adhesive system and
Duolink dual resin cement (Bisco). 3 groups were formed (n=10): G1: control, without
mechanical cycling; G2: 20.000 mechanical cycles; G3: 2.000.000 mechanical cycles. A
1,6mm thick punch induced loads of 37,5Kg, at 45° angulation to the long axis of specimens
and frequency of 8Hz, on the posts. To evaluate the bond strengths, the specimens were
sectioned perpendicular to the long axis of teeth, generating slices of about 2mm (5 sections
per teeth) which were subjected to the push-out test in a universal testing machine, EMIC, at
1mm/min crosshead speed. The mean bond strength was taken to each tooth and ten values
per group (n=10) were subjected to statistical analysis. The Tukey test (5%) showed that the
mean of the control group (7,6819 ± 1,2628) was different to both 20000 (3,8995 ± 2,2399)
and 2000000 (3,2577 ± 2,3345) groups. These two last groups did not differ statistically. It
was possible to conclude that the mechanical cycling of ceramic posts reduced the bond
strengths at the root dentin/resin cement and resin cement/ceramic post interfaces.
PALAVRAS CHAVE: Dental pins, ceramic; resin cements, root dentin, mechanical cycling, dentin-bonding
agents, strength.
93
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