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SANDRA MARA DE ARAÚJO ANANIAS
FIDELIDADE À ÁREA E PADRÃO DE ASSOCIAÇÃO EM S
OTALIA
GUIANENSIS
, BASEADO NA TÉCNICA DE FOTO-IDENTIFICAÇÃO
Dissertação apresentada à Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, para
obtenção do título de Mestre do
Programa de Pós-Graduação em
Psicobiologia.
NATAL
2006
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SANDRA MARA DE ARAÚJO ANANIAS
(
FIDELIDADE À ÁREA E PADRÃO DE ASSOCIAÇÃO EM S
OTALIA
GUIANENSIS
, BASEADO NA TÉCNICA DE FOTO-IDENTIFICAÇÃO
Dissertação apresentada à Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, para
obtenção do título de Mestre do
Programa de Pós-Graduação em
Psicobiologia.
Orientadora: Prof.ª Maria Emília
Yamamoto (
NATAL
2006
Divisão de Serviços Técnicos
Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede
Ananias, Sandra Mara de Araújo.
Fidelidade à área e padrão de associação em Sotalia guianensis,
baseado na técnica de foto-identificação / Sandra Mara de Araújo
Ananias. – Natal, RN, 2006.
37 f.
Orientadora: Maria Emília Yamamoto.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do
Norte. Centro de Biociências. Programa de Pós-graduação em
Psicobiologia.
1. Sotalia guianensis – Dissertação. 2. Foto-identificação –
Dissertação. 3. Padrão de associação – Dissertação. 4. Pipa (RN) –
Dissertação. I. Yamamoto, Maria Emília. II. Universidade Federal do Rio
Grande do Norte. III. Título.
RN/UF/BCZM CDU 599.53(043)
iii
iv
“No fundo do meu poço, tem molas.”
Autor desconhecido
v
AGRADECIMENTOS
Simplesmente AGRADEÇO!!!
vi
RESUMO
Os padrões comportamentais acompanham as mudanças ambientais, incluindo
fidelidade à área e associação entre indivíduos. Dentre as diversas técnicas utilizadas
para o registro desses padrões comportamentais, a foto-identificação tem sido sugerida
como ferramenta adequada por apresentar inúmeras vantagens. Baseada nessa técnica,
esta pesquisa verificou, entre agosto de 2005 e janeiro de 2006, fidelidade à área e
padrões de associação utilizados por indivíduos da espécie Sotalia guianensis, nas
enseadas do Distrito de Pipa, litoral sul do Estado do Rio Grande do Norte. Além
disso, para mensurar os padrões de associação utilizou-se do índice de similaridade de
Jaccard ou “Half-Weight Index” (HWI). Durante o período de observação, 22
indivíduos não foram reavistados, 11 recapturados e 36 novos registros foram obtidos.
Atualmente, estão catalogados 69 indivíduos. A taxa de residência apontou
heterogeneidade de permanência na área estudada e os padrões de associação entre os
indivíduos foto-identificados parecem ser específicos de determinados contextos
comportamentais. Enquanto que a comparação das associações entre as diferentes
faixas etárias mostrou que determinados indivíduos interagiram em maior freqüência
com indivíduos imaturos. Observou-se, ainda, fluidez no padrão de associações entre
os indivíduos amostrados. Sugere-se que a população de S. guianensis que utilizam a
região de Pipa apresenta elevada plasticidade.
vii
ABSTRACT
The behavioral patterns follow to environmental changes, including area fidelity and
individuals association patterns. Several techniques are used to record these behavioral
patterns and the photo-identification has been suggested as a proper tool because of its
various advantages. Based on this technique, this research verified, between August of
2005 and January of 2006, area fidelity and association patterns of Sotalia guianensis,
at Distrito de Pipa’s bays, Rio Grande do Norte State south coast. Besides, we
measured the association patterns by using the Jaccard index or “Half-Weight Index”
(HWI). According the observation, 22 individuals were not resighted, 11 were
resighted, and 36 new individuals were recorded. Nowadays, 69 individuals are
cataloged. The residency rate indicated heterogeneity on studied area permanence and
the association patterns between photo-identified seem to be context-specific. In
addiction, the comparison of associations between two different age classes showed
some individuals more frequently interacting with immature individuals. We also
observed fluidity on association patterns among our individuals. We suggest that S.
guianensis population from Pipa shows plasticity.
viii
SUMÁRIO
EPÍGRAFE....................................................................................................................iv
AGRADECIMENTOS..................................................................................................v
RESUMO.......................................................................................................................vi
ABSTRACT .................................................................................................................vii
LISTA DE ILUSTRAÇÕES........................................................................................ix
1
1
.
.
INTRODUÇÃO.......................................................................................................1
2
2
.
.
OBJETIVOS............................................................................................................7
3
3
.
.
MATERIAIS E MÉTODO.....................................................................................8
4
4
.
.
RESULTADOS E DISCUSSÃO..........................................................................18
5
5
.
.
CONCLUSÕES.....................................................................................................29
6
6
.
.
REFERÊNCIAS....................................................................................................30
ANEXO A.....................................................................................................................35
ix
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Foto de satélite da área de estudo com respectivos limites da
REFAUTS. Em vermelho, Zona de Uso Restrito. ...............................8
Figura 2 - Foto aérea da ligação direta da Laguna de Guaraíras com o mar (Foto:
R. Matos)...............................................................................................9
Figura 3 - Espécime de boto cinza, Sotalia guianensis (Foto: P. I. A. P.
Medeiros). ..........................................................................................10
Figura 4 - Mapa geral da distribuição para Sotalia guianensis. Adaptado de
Nascimento (2002). ............................................................................11
Figura 5 - Barcos de turismo utilizados para obtenção dos dados utilizados neste
estudo (Fonte: S. M. A. Ananias). ......................................................12
Figura 6 - Desenho esquemático do percurso realizado pelas embarcações de
turismo, traçado sobre uma foto aérea da região de estudo (Foto: R.
Matos)..................................................................................................13
Figura 7 - Exemplo de espécimes de S. guianensis formando grupo coeso (Fonte:
S. M. A. Ananias)................................................................................14
Figura 8 - Exemplo de subgrupos próximos de S. guianensis (Fonte: S. M. A.
Ananias)...............................................................................................14
Figura 9 - Exemplos de fotografias obtidas e suas respectivas categorias: (A)
excelente, (B) boa, (C) baixa e (D) comportamento (Fonte: S. M. A.
Ananias). .............................................................................................15
Figura 10 - Contorno da nadadeira dorsal do animal foto-identificado S60, obtido
através do programa computacional CorelDRAW Graphics Suite 12
(Fonte: S. M. A. Ananias). ..................................................................16
Figura 11 - Freqüência absoluta de avistagem dos indivíduos foto-identificados
considerados residentes ao longo do período de estudo. ....................23
Figura 12 - Permanência temporal dos indivíduos foto-identificados considerados
residentes durante o período de estudo. .............................................24
Tabela I - Aproveitamento fotográfico referente a cada mês do período de
estudo, com respectivas qualidades das fotografias obtidas. .............18
x
Tabela II - Total de indivíduos por número de avistagem ao longo do período de
observação deste estudo. Os indivíduos que aparecem em negrito
foram identificados em estudos anteriores e os restantes neste (ver
nota). ...................................................................................................20
Tabela III - Índice de associação (Jaccard), freqüências observada e esperada para
as possíveis díades durante o período de observação deste estudo. Os
indivíduos adultos são representados por “A” e os imaturos por “I”..23
Tabela IV - Índice de associação (Jaccard) encontrado para os indivíduos foto-
identificados (ID). ..............................................................................27
Tabela V - Índice de associação (Jaccard) calculado, individualmente, entre L3 e
S20 e entre estes e as diferentes faixas etárias. Os indivíduos adultos
são representados por “A”, imaturos por “I” e a díade adulto/imaturo
por “AI”. .............................................................................................28
ANEXO A
Tabela A1 - Freqüência absoluta da avistagem dos espécimes foto-identificados
(ID), reconhecidos durante o período de estudo. Em destaque, os
indivíduos com freqüência de avistagem 5......................................36
1
1. INTRODUÇÃO
Sabemos que os organismos não se adaptam passivamente. Eles modificam e
regulam ativamente o ambiente físico, dentro de limites impostos pelas leis naturais
que determinam a transformação de energia e a ciclagem de materiais. A interação
entre os sistemas genéticos e o ambiente determina o curso da seleção natural e,
portanto, não apenas a forma como os organismos otimizam a sua sobrevivência, mas
também a maneira pela qual os ecossistemas se modificaram e estão se modificando ao
longo do tempo evolutivo (Odum, 1988).
Mesmo quando a comunidade e o ecossistema parecem não mudar, a
densidade, a natalidade, a mortalidade, o potencial biótico (ou potencial reprodutivo),
a dispersão, a sobrevivência, a estrutura etária, a taxa de crescimento e outros atributos
das populações componentes geralmente flutuam à medida que as espécies se ajustam
às forças físicas e umas às outras (Odum, 1988). Dessa forma, pode-se afirmar que as
populações apresentam um comportamento dinâmico, mudando continuamente no
tempo e no espaço (Ricklefs, 2003), e que essas mudanças podem fornecer um retrato
das interações comunidade-ecossistema.
Dessa maneira, observar na íntegra a riqueza do repertório comportamental de
uma espécie e entender as condições às quais cada atividade está adaptada, pode: (a)
revelar aspectos do seu comportamento que não se conheceria de outra maneira e (b)
proporcionar a compreensão de como um determinado comportamento do animal está
adaptado ao ambiente em que vive (Martin & Bateson, 1993).
No entanto, a estimativa de parâmetros populacionais a partir do estudo do
comportamento pode sofrer variações entre as espécies em função, sobretudo, da
complexidade de seu repertório comportamental. Em mamíferos, por exemplo, grandes
problemas para a estimativa de parâmetros populacionais têm sido apontados,
atribuídos especialmente à complexidade comportamental desta classe (Fernandez,
1995). Outra limitação para a investigação da estimativa populacional é o estudo do
comportamento em ambiente natural.
Um problema peculiar das análises comportamentais em grupo de vida livre é que o
pesquisador desenvolve seu trabalho entre o que é ideal e o que é praticável,
2
dependendo este balanço, da espécie a ser estudada e das condições na qual esta vive
(Martin & Bateson, 1993). Estudos com cetáceos caracterizam-se como exemplos
dessa dificuldade, pois segundo Lodi (2002), na maioria dos representantes dessa
ordem não há dimorfismo sexual e durante a respiração, esses mamíferos vêm à tona
por curtos intervalos de tempo, expondo apenas cerca de um terço da superfície
corporal, passando a maior parte do tempo submerso.
Devido às dificuldades acima citadas, a obtenção dos dados ecológicos para
esses animais torna-se um processo lento. No entanto, deve-se destacar a identificação
dos indivíduos como um aspecto chave para o estudo de estimativas populacionais.
Esse processo garante que cada animal seja contado uma única vez, permitindo que se
evite a recontagem de um animal, o que pode ocasionar uma superestimação da
população a ser estudada.
Embora nas décadas de 50 e 60, marcas artificiais tenham sido consideradas
como pré-requisito para pesquisas enfocando o comportamento, o aumento no número
de estudos de longo prazo de animais de vida livre, tem mostrado que vertebrados
podem usualmente ser identificados por marcas naturais, fazendo da identificação
individual a principal ferramenta das pesquisas de campo (Würsig & Jefferson, 1990).
Diversas técnicas alternativas de amostragem têm sido utilizadas. Para grandes
felinos, por exemplo, é comum a tentativa de identificação de indivíduos através de
particularidades das pegadas deixadas em determinada área (e.g. Miller, 2001). Outra
abordagem é a obtenção de estimativas baseando-se em contagens de pilhas de fezes,
entretanto essa técnica é pouco consistente, uma vez que o grau de incerteza é bastante
elevado (Tomas & Miranda, 2004). Métodos cada vez mais sofisticados e valiosos têm
sido desenvolvidos, resolvendo vários problemas quanto à amostragem para a
estimativa, entre eles destacam-se: (a) a radiotelemetria, (b) os marcadores
moleculares e (c) o armadilhamento fotográfico (Fernandez, 1995; Tomas & Miranda,
2004).
Além dos meios supracitados, métodos baseados em captura-marcação-
recaptura (CMR) têm sido desenvolvidos e aplicados a inúmeras espécies e situações
(Tomas & Miranda, 2004), como a técnica de foto-identificação. Em cetáceos, essa
3
ferramenta que pode trazer várias informações sobre diversas populações a serem
estudadas (Acuña, 2002).
1.1. FOTO-IDENTIFICAÇÃO
Essa técnica se baseia na identificação e reconhecimento individuais, de
baleias e golfinhos, usando fotografias de marcas naturais
(Whitehead, Christal &
Tyack
, 2000), sendo recomendáveis somente marcas naturais que se mantêm
reconhecíveis ao longo do período de estudo e que são individualmente distintas
(Würsig & Jefferson, 1990).
A técnica de foto-identificação foi desenvolvida para a utilização em estudos
com cetáceos na década de 70, quando as primeiras pesquisas descreveram a
ocorrência de entalhes (obtidos naturalmente) na nadadeira dorsal de golfinhos nariz-
de-garrafa (Tursiops truncatus), auxiliando na identificação individual desses animais
(Würsig & Würsig, 1977). Segundo Santos (1999), desde o final da década de 80 a
foto-identificação passou a ser aplicada para o melhor conhecimento dos cetáceos no
Brasil, sendo alvo de diversos estudos ecológicos que se utilizam dessa técnica.
Somente a partir dos anos 90, começaram a se estabelecer bancos de dados que se
utilizavam dessa ferramenta, possibilitando a realização de estudos de longo prazo
(Whitehead et al., 2000).
Nos últimos anos, o uso da foto-identificação por cetólogos tem apresentado
inúmeras vantagens em relação à utilização de marcas artificiais, pois é uma técnica
que pode ser usada como captura-recaptura que vem auxiliando os estudos de cetáceos
em seu ambiente natural, sem interferir de forma invasiva na vida desses animais
(Würsig & Jefferson, 1990).
A aplicabilidade da foto-identificação para estudos com Sotalia guianensis foi
descrita por Flores (1999), e posteriormente aplicada por vários pesquisadores, apesar
das dificuldades inerentes ao comportamento, pequeno porte e dimorfismo sexual não
evidente dessa espécie.
De acordo com Martin e Bateson (1993), algumas vezes, as diferenças
individuais são descartadas como uma variabilidade que é inevitável em um sistema
4
biológico. No entanto, essas características são de interesse e relevância consideráveis,
principalmente porque variações biologicamente significativas ocorrem muito
freqüentemente e são essenciais na identificação individual.
Dessa maneira, o reconhecimento de indivíduos pode ser utilizado como
subsídio para uma grande variedade de informações da história natural da espécie.
Talvez o uso mais comum das técnicas de identificação para cetáceos tenha sido para
composição de grupo e fidelidade de certos animais ao grupo. Porém, técnicas de
captura-recaptura podem ser aplicadas para se obter uma estimativa do tamanho
populacional (Würsig & Jefferson, 1990).
Embora a espécie apresente uma ampla distribuição, o conhecimento sobre
diversos aspectos relacionados à dinâmica populacional de S. guianensis ainda é
escasso (Santos, 1999).
1.2.
ESTRUTURA SOCIAL
O comportamento social inclui todos os tipos de interações entre co-
específicos, da cooperação ao antagonismo. Cada interação exige que o indivíduo
perceba o comportamento dos outros e dê as respostas apropriadas. A seleção imposta
pelas interações com membros familiares e com indivíduos não aparentados numa
população proporciona a base para a modificação evolutiva do comportamento social
(Ricklefs, 2003).
Costumamos achar que sociedades complexas representam o ápice da
evolução, talvez porque nós humanos sejamos altamente sociais. Entretanto,
abordagens baseadas na relação custo/benefício demonstram que um comportamento
social “avançado” (e.g. o cuidado parental) nem sempre é adaptativo. Isto acontece
porque em muitos ambientes, os custos de viver com outros indivíduos são
excessivamente altos, tais como relação de dominância, interferência reprodutiva,
competição por alimento e aumento da vulnerabilidade a parasitas e patógenos
(Alcock, 2001).
5
Ainda assim, muitos estudos têm mostrado que animais que vivem em grupo
obtêm benefícios através (1) do efeito diluição, com a diminuição do risco de ser
capturado; (2) da detecção precoce do perigo; (3) da repulsão do inimigo de forma
mais eficiente; (4) da manutenção da temperatura corporal, quando os animais são
pequenos, e ainda (5) da facilitação social (Alcock, 2001).
Alterações intra-específicas de padrões sociais, tais como associações,
estabilidade e composição de grupo e estratégias reprodutivas têm sido interpretadas
como uma representação de respostas adaptativas a variações de parâmetros
ambientais (Quintana-Rizzo & Wells, 2001). Claramente, o ambiente social e familiar
de um indivíduo, junto com suas relações com membros do sexo oposto, impõe uma
forte seleção sobre o comportamento e, indiretamente, sobre a história de vida e as
relações ecológicas (Ricklefs, 2003).
Assim como os elefantes e a maioria dos primatas, muitos odontocetos
(cetáceos com dentes) levam uma vida social complexa (Connor, Mann, Tyack &
Whitehead, 1998). Desde a década de 70, pesquisas com o objetivo de entender a
organização social em cetáceos (e.g. Würsig, 1978) vem sendo realizadas. Estudos
com golfinhos nariz-de-garrafa, Tursiops truncatus, constataram que as associações
são complexas em virtude dos padrões de movimento encontrados, como migração e
residência (Quintana-Rizzo & Wells, 2001). Já para golfinhos de Hector,
Cephalorhynchus hectori, os padrões de associação foram caracterizados como
fluidos, com duração de não mais do que poucos dias (Bräger, 1999; Slooten, Dawson
& Whitehead, 1993).
A estrutura social geralmente é medida com base nas interações ou
associações de indivíduos dentro de uma população. Contudo, avaliar e identificar
padrões de associação para um grande número de animais sociais pode ser difícil, dada
as dificuldades logísticas de reconhecer a maioria dos indivíduos dentro de
determinada área e intervalo de tempo (Chivers & Corkeron, 2002). No caso dos
animais não serem individualmente identificados, qualquer descrição da estrutura
social daquela espécie será obrigatoriamente simplista sob muitos aspectos (Whitehead
& Dufault, 1999).
6
Dessa forma, a reavistagem de indivíduos a fim de avaliar os padrões de
associação compreende uma ferramenta importante para o entendimento de mudanças
na organização social de uma população (Quintana-Rizzo & Wells, 2001).
Índices de associação foram primeiramente desenvolvidos para descrever
espécies que co-habitavam um mesmo ambiente ou nicho ecológico, mas recentemente
e de modo crescente, têm sido utilizados para medir o grau de associação entre
indivíduos, especialmente entre vertebrados sociais (Bejder, Fletchert & Bräger,
1998). Esses índices também vêm sendo largamente utilizados em pesquisas referentes
à estrutura social de cetáceos (e.g. Bejder, Fletchert & Bräger, 1998; Sartorio, 2005;
Whitehead, 1997).
Em sendo uma espécie típica do litoral brasileiro, S. guianensis tem a
ocorrência confirmada para a região nordeste, contribuindo para o desenvolvimento
sócio-econômico da mesma. Dessa maneira, faz-se necessário aumentar o
conhecimento sobre o tamanho populacional de S. guianensis, que pode ter como base
a análise dos padrões de associação e a identificação individual para um melhor
entendimento da sua estrutura e dinâmica ao longo da sua distribuição.
7
2. OBJETIVOS
2.1. OBJETIVO GERAL
Verificar a fidelidade à área e o padrão de associação apresentados por
indivíduos da espécie Sotalia guianensis, nas enseadas pertencentes ao Distrito de
Pipa, litoral sul do Estado do Rio Grande do Norte.
2.2.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
2.2.1.
Avaliar a fidelidade dos animais reconhecidos, que utilizam a área de
estudo, através da técnica de captura-recaptura por foto-identificação.
2.2.2. Especificar o padrão de associação utilizado pelos animais
individualmente distintos durante o período de estudo.
2.2.3. Apontar o padrão de associação existente entre as possíveis díades
compostas pelas diferentes faixas etárias.
8
3. MATERIAL E MÉTODO
3.1. ÁREA DE ESTUDO
A área de estudo compreende as Enseadas do Curral e do Madeiro e
adjacências, no litoral sul do Estado do Rio Grande do Norte, distrito de Pipa,
pertencente ao município de Tibau do Sul, distando 85km da capital Natal. Encontra-
se inserida na Zona de Uso Restrito da Reserva de Fauna Costeira de Tibau do Sul
(REFAUTS) (Fig.1).
Figura 1 – Foto de satélite da área de estudo com respectivos limites da REFAUTS. Em vermelho,
Zona de Uso Restrito.
9
Apresenta uma topografia subaquática com declive suave e extenso,
constituída por fundo arenoso com a presença de poucas rochas (Link, 2000). Além
disso, é um ambiente bastante influenciado pelo complexo lagunar Guaraíras situado
em Tibau do Sul, medindo 7km de comprimento e largura variando entre 1,4 e 2km;
caracterizado pela alternância entre lagoa e laguna, com esta última, recebendo grande
influência marinha, pois tem ampla comunicação com o mar (Sartorio, 2005) (Fig. 2).
Figura 2 – Foto aérea da ligação direta da Laguna de Guaraíras com o mar (Foto: R. Matos).
3.2.
OBJETO DE ESTUDO
Sotalia guianensis (Cunha et al., 2005), popularmente denominado boto-cinza
ou simplesmente boto (Fig. 3), pertence à subordem Odontoceti e por apresentar hábito
tipicamente costeiro, pode ser encontrado distribuído amplamente ao longo do litoral
tropical e subtropical Atlântico das Américas do Sul e Central. Seu limite sul foi
registrado para o Estado de Santa Catarina, com o limite norte, Honduras (Carr &
Bonde, 2000; da Silva & Best, 1996) (Fig. 4).
10
Figura 3 – Espécime de boto-cinza, Sotalia guianensis (Foto: P. I. A. P. Medeiros).
Em geral, os odontocetos não realizam migrações extensas e regulares, como
observada na maioria dos misticetos (baleias verdadeiras). Seus deslocamentos estão
relacionados a movimentos de aproximação e distanciamento da linha da costa,
podendo variar sazonalmente, em função da temperatura da água, dispersão e
densidade espacial e temporal de recursos disponíveis (di Beneditto, Ramos & Lima,
2001). Portanto, a espécie em questão, que pode ser encontrada regularmente
freqüentando certas praias e baías ao longo de todo o litoral brasileiro, tem sido
estudada em diferentes ecossistemas (Hetzel & Lodi, 1993).
A Enseada de Barra de Tabatinga no município de Nísia Floresta, e as
Enseadas do Madeiro e do Curral no município de Tibau do Sul são as principais áreas
de concentração de S. guianensis no litoral sul do Estado do Rio Grande do Norte,
onde indivíduos dessa espécie podem ser observados durante todo o ano (Link, 2000).
Corroborando com a referida autora, Sartorio (2005) verificou, ainda, a utilização do
complexo lagunar Guaraíras pela espécie objeto deste estudo.
De acordo com Hetzel & Lodi (1993), o boto-cinza geralmente forma
pequenos grupos de 2 a 6 espécimes, embora grupos maiores possam ser formados em
função de uma atividade em comum como, por exemplo, a pesca. Link (2000)
constatou que os grupos de S. guianensis que utilizam as enseadas do município de
Tibau do Sul, são formados por 2 a 15 indivíduos, sendo mais comum grupos com 1 a
6 indivíduos, demonstrando um padrão semelhante de tamanho de grupo para a
espécie. Entretanto, segundo Nascimento (2002), a espécie em estudo apresenta um
vasto repertório comportamental para a mesma área, ratificando o que foi registrado
11
em estudos anteriores (e.g. Geise, 1989) e ao contrário do que proposto por Hetzel &
Lodi (1993).
Figura 4 – Mapa geral da distribuição para Sotalia guianensis. Adaptado de Nascimento (2002).
12
3.3.
COLETA DOS DADOS
3.3.1
EQUIPAMENTOS
Para a realização da foto-identificação, foram utilizados filmes SUPERIA 400
ASA em uma câmera fotográfica reflex com lente zoom de 80 a 300mm, variando a
velocidade do obturador entre 1/1000s e 1/4000s. Para o registro do número de grupos,
número de indivíduos por grupo, faixas etárias e tipos de associação que ocorriam
entre os indivíduos, foi utilizado um mini-gravador portátil.
3.3.2.
PROCEDIMENTOS
As observações e fotos foram obtidas a partir de barcos de turismo, que
transitam entre as enseadas do Curral e do Madeiro e áreas adjacentes, sempre
próximos da costa (Figs. 5 e 6), entre os meses de Agosto/2005 e Janeiro/2006.
Figura 5 – Barcos de turismo utilizados para obtenção dos dados utilizados neste estudo (Foto: S. M.
A. Ananias).
Ao avistar e se aproximar de agrupamentos de S. guianensis, os barcos
diminuíam a marcha do motor. Contabilizava-se, então, o número de grupos de
boto-cinza, de indivíduos por grupo, as faixas etárias, os tipos de associação entre os
indivíduos, além da obtenção registros fotográficos dos mesmos.
13
Figura 6 – Desenho esquemático do percurso realizado pelas embarcações de turismo, traçado sobre
uma foto aérea da região de estudo (Foto: R. Matos, Adaptação: M. Gondim). Indica o início e o
término do percurso.
As seguintes categorias foram definidas e adotadas:
Grupo de animais: todos os animais que estivessem utilizando ao mesmo
tempo uma mesma área (dentro ou fora das enseadas).
Faixas etárias:
adultos
imaturos: animais com no máximo 2/3 do tamanho do adulto.
Critérios de associação:
- coesos: indivíduos que permaneciam a menos de um metro de
distância uns dos outros, participando da mesma atividade
comportamental e, por vezes, emergindo sincronicamente (Fig. 7).
- próximos: indivíduos solitários ou agrupados, que permaneciam
nas adjacências de outros animais, numa área variando entre um e
dez metros de distância, participando ou não da mesma atividade
comportamental (Fig. 8).
14
Figura 7 – Exemplo de espécimes de S. guianensis formando grupo coeso (Foto: S. M. A. Ananias).
Figura 8 – Exemplo de subgrupos próximos de S. guianensis (Foto: S. M. A. Ananias).
3.3.2.1.
ANÁLISE DAS FOTOGRAFIAS
Seguindo procedimento realizado por Acuña (2002), as imagens obtidas foram
digitalizadas e, considerando-se o grau de nitidez das marcas, o foco, o brilho e o
ângulo do animal, divididas em categorias. São elas: (a) excelente qualidade – fotos
que permitiram visualizar qualquer tipo de marca presente; (b) boa qualidade – fotos
15
adequadas para evidenciar a presença de qualquer marca permanente; (c) baixa
qualidade – fotos que não permitiram a identificação de quaisquer tipos de marca, nem
o contorno da nadadeira dorsal; e (d) comportamentos – fotos que registraram
comportamentos diversos, mas que não possibilitavam a identificação de quaisquer
tipos de marca, nem o contorno da nadadeira dorsal (Fig. 9).
(B)
(A)
(C) (D)
Figura 9 – Exemplos de fotografias obtidas e suas respectivas categorias: (A) excelente, (B) boa, (C)
baixa e (D) comportamento (Fotos: S. M. A. Ananias).
Para análise, foram selecionadas apenas aquelas fotografias consideradas de
excelente e boa qualidade. A partir dessa seleção, foi utilizado o programa
computacional CorelDRAW Graphics Suite 12, para que fosse feito o contorno das
nadadeiras dorsais (Fig. 10), e essas pudessem posteriormente auxiliar na análise da
freqüência dos indivíduos foto-identificados dentro da área de coleta de dados: (a)
avaliando a fidelidade dos mesmos à área de estudo, (b) especificando o padrão de
associação utilizado pelos animais, e (c) determinando os tipos de associação
predominantes para alguns indivíduos foto-identificados.
16
Figura 10 – Contorno da nadadeira dorsal do animal foto-identificado S60, obtido
através do programa computacional CorelDRAW Graphics Suite 12 (Foto: S. M
.3.2.2.
TAXA DE RESIDÊNCIA
Seguindo procedimento utilizado em pesquisas atuais que abordam padrões de
residên
axa de residência = número de meses em que o animal foi foto-identificado x 100
.3.2.3.
PADRÕES DE ASSOCIAÇÃO
Utilizou-se o índice de similaridade de Jaccard ou “Half-Weight Index” (HWI)
para cal
diferentes faixas etárias anteriormente definidas.
.
A. Ananias).
3
cia (e.g. Rossi-Santos, Wedekin e Monteiro-Filho, 2006; Hardt, Cremer,
Simões-Lopes e Tonello-Júnior, 2006), no presente estudo as taxas de residência
foram analisadas considerando-se a presença e ausência temporal dos indivíduos
identificados na área de estudo; e calculada a partir da equação abaixo:
T
número total de meses
3
cular os seguintes padrões de associação: (a) entre todos os indivíduos foto-
identificados; (b) entre os indivíduos foto-identificados fotografados com mais
freqüência, individualmente calculado entre esses e as diferentes faixas etárias
anteriormente definidas; e (c) somente entre as possíveis díades compostas pelas
17
O índice de similaridade de Jaccard é calculado pela equação:
HWI
ij
: a
ij
a
ij
+ b
ix
+ c
jy
onde: a
ij
é o número de perío os quais i e j são avistados
ntos; b
ix
é o número de episódios nos quais i é avistado associado com quaisquer
e 0, menor a associação entre
os anim
.3.2.3.
ANÁLISE ESTATÍSTICA
o paramétrico qui-quadrado (χ
2
) para investigar
ossíveis diferenças nas associações predominantes dos indivíduos foto-identificados
dos observados durante
ju
outros indivíduos (x), menos j; e, c
jy
é o número de observações nas quais j é avistado
associado com quaisquer outros indivíduos (y), menos i.
Este método determina valores que variam de 0 e 1, dependendo da
proximidade entre os indivíduos: quanto mais próximo d
ais; e quanto mais próximo de 1, maior essa associação.
3
Aplicou-se o teste estatístico
p
L3 e S20, individualmente calculado entre esses e as diferentes faixas etárias
anteriormente definidas, estas últimas formando díades ou não. Além disso, entre
associações das possíveis díades compostas pelas diferentes faixas etárias
anteriormente definidas.
18
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
.1. FOTO-IDENTIFICAÇÃO
abalho inédito na região de Pipa e utilizando-se da técnica
e foto-identificação, iniciou a composição de um catálogo dos botos avistados, no
qual fo
dividualmente
distint
5 dias de observação, totalizando
88 saíd
boa qualidade), perfazendo um total de 31,89% de
aprove
nte a cada mês do período de estudo, com respectivas
Período/2005 Qualidade das Fotografias obtidas Total de Fotografias
4
Link (2000), em um tr
d
i possível o registro de 18 indivíduos, baseando-se principalmente em marcas
nas nadadeiras dorsais dos mesmos. Continuamente à conclusão desse trabalho, a
autora ainda pôde reconhecer mais 9 animais, na mesma região, até o ano de 2002,
totalizando 27 animais (L. O. Link, comunicação pessoal, 15/03/2002).
Dando prosseguimento a essa pesquisa, Ananias (2004) fez uma releitura do
catálogo iniciado pela autora acima citada, totalizando 18 animais in
os; acrescentando-se ainda 16 novos registros.
Durante o período deste estudo, que compreendeu 6 meses de esforço, entre
Agosto de 2005 e Janeiro de 2006, foram realizados 5
as de barco, em média 1,6 saídas ao dia; sendo possível contabilizar um total de
509 avistagens, entre animais identificados e não-identificados, com uma média de
5,78 indivíduos por saída.
Além disso, pôde-se obter um total de 279 fotografias. Dessas, 89 foram
analisadas (excelente e
itamento da amostra (Tabela I).
Tabela I – Aproveitamento fotográfico refere
qualidades das fotografias obtidas.
excelente boa baixa comportamentos
Agosto 18
41
14 73
S 3 etembro
utubro
13
50
17
ro
83
3 O 3 13 15 3 4
Novemb 10 13 1 24
Dezembro 7 20 21 13 61
Janeiro
1
2 2 4
Total 3 76 142 48 279
Percentual (%) 4,65 2 5 1 7,24 0,89 7,20 100
19
Comparando-se o núm obtida cada mês de observação,
odemos verificar que nos dois primeiros meses, houve a aquisição de uma maior
quantidade de fotos de baixa qualidade (ver dados em negrito na Tabela I). Isso pode
ser explicado devido ao aumento na incidência de ventos na região, que vai de meados
de Julho até meados de Outubro, fazendo com que o mar fique com ondas maiores,
comprometendo a estabilidade da embarcação e do pesquisador, dificultando a
avistagem dos animais e a obtenção de melhores registros fotográficos.
Entretanto, esse elevado número de fotos de baixa qualidade não implicou, de
uma forma geral, em um baixo índice de reconhecimento dos animais já inseridos no
catálogo de foto-identificação, ou a identificação de novos espécimes.
Do mesmo modo que foi realizado por Ananias (2004), para que fossem
acrescentados novos indivíduos ao catálogo, as imagens obtidas durante a coleta de
dados do presente estudo foram comparadas tanto com os dados de Link (2000), como
com os de Ananias (2004); verificando-se, assim, a presença de um falso positivo
inserido no catálogo. Além disso, com a inserção dos novos registros, optou-se por
modificar a nomenclatura dos indivíduos reconhecidos pela última pesquisadora – de
“I” para “S” – para: (a) não confundir o código do animal com qualquer faixa etária e,
(b) identificar somente através da inicial do espécime foto-identificado, qual
pesquisador teria feito esse registro.
Dessa maneira, a partir da aplicação da técnica de foto-identificação, foram
diferenciados 69 indivíduos, acrescentando ao catálogo 36 novos registros (Anexo A).
Do total dos indivíduos foto-identificados, 22 animais não foram avistados
durante o período de estudo; 35 foram vistos uma única vez; 6 indivíduos em duas
vezes; 2 por três vezes; 1 em quatro vezes e 1 em cinco diferentes vezes. Freqüências
de avistagem maiores que cinco foram observadas apenas para 2 indivíduos, com 29
ocasiões para L3 e 11 para S20 (Tabela II).
Apesar de diversos estudos utilizarem o formato da nadadeira dorsal, o padrão
de coloração e cicatrizes ao longo do dorso do animal (e.g. Flores, 1999; Pizzorno,
1999; Santos, 1999), no presente trabalho, o principal tipo de marca usado para
diferenciar os indivíduos foi o contorno da nadadeira dorsal, que na maioria dos casos
apresentava cortes. Além disso, como era de fácil percepção a diferença entre as
ero de fotografias s em
p
20
marcas
Tabela II – Total de indivíduos por número de avistagem ao longo do período de observação deste
encontradas nos animais, não foi necessária a aplicação da equação da razão da
nadadeira dorsal sugerida por Defran, Schultz e Weller (1990).
estudo. Os indivíduos que aparecem em negrito foram identificados em estudos anteriores e os
restantes neste (ver nota).
Nº. de
Avistagens
Total de
Indivíduos
Indivíduos Identificados
0 22
L4, L5, L6, L7, L8, L9, L10, L14, L15, L16, L17
S23, S26, S27, S28, S29, S30, S31, S32
, S19, S21, S22,
1
2
35 L1, L11, L12, S24, S25, S35, S37, S38, S39, S40, S41, S42, S44,
S45, S46, S47, S50, S51, S52, S53, S54, S55, S56, S57, S58, S59,
S60, S61, S62, S63, S64, S65, S66, S67, S69
6 L13, L18, S33, S36, S43, S68
3 2 S48, S49
4 1
L2
5 3 L3, S20, S34
Nota: Os indivíduos em negrito foram foto-identificados e catalogados em estudos anteriores, por
Link (2000; identificados por um L antes do número) e Ananias (2004; identificados por um S antes
do número).
Constatou-se neste trabalho a presença de espécimes de S. guianensis durante
todos os dias de observação. Durante o período de pesquisa, 50,72% dos indivíduos
foto-identificados foram avistados uma única
identificados de
mesma área de estudo, durante nove meses.
ero de animais catalogados, ainda
assim a quantidade de indiví
obtida por Link (2000). É interessante pontuar que do grupo dos animais reavistados
lagunar de Cananéia/SP; e, Flores (1999) que verificou 86% de reavistagem na Baía
vez. Já para a reavistagem, esse valor
alcançou 17,39% (n=12) do total. Link (2000) obteve para 18 espécimes foto-
S. guianensis, 74% (n=13) de reavistagem realizando observações na
A diferença entre os percentuais de reavistagem alcançado no presente trabalho
e o obtido por Link (2000), ocorreu em função do aumento na obtenção de novos
registros. Considerando-se que há um maior núm
duos reavistados observada neste estudo é similar àquela
nessa pesquisa, sete deles foram registrados em ambos os estudos, correspondendo a
um indicativo de fidelidade à área.
Para Santos (1999), que observou 35,7% de reavistagem no complexo estuarino
21
Norte/SC; os altos índices de reavistagem de botos cinza encontrados podem ter sido
obtidos em virtude do ambiente ser mais protegido nessas diferentes regiões.
Ainda assim, verificou-se que sete dos animais foto-identificados nesse estudo
animais que não foram avistados, nem
f s, e capturados, não estavam utilizando a área.
nias (20 basea
indivíduos foto-ide ficado
nos quais os animais foram
entre 1 e 2 meses; ocasionais, de 3 a 5 meses; freqüentes, de 6 a 7 meses; e comuns,
reavistados por 8 ou mais me ação, adaptou os padrões de
resid ia proposto por Z 002), a saber: (1) residentes, aqueles indivíduos
que estavam inseridos nas categorias acima citadas de comuns e freqüentes; (2)
residentes sazonais, aqueles classificados como ocasionais; e, (3) transientes, para os
tanto, para que fosse possível a utilização desses parâmetros temporais,
seria necessário um período mínimo de oito meses de acompanhamento dos animais
individualm
Dessa maneira, o tempo de permanência calculado para os animais que
de observação foi: 33% para
L18 e S68; 50% para S49; 67% para L2 e S20; 83% para S34; e 100% para L3.
identificados apresentaram valores baixos (16,67%) para esse índice. Ao contrário do
itonga, litoral norte de Santa
utilizaram a área por pelo menos dois meses do período de observação (Figs. 11 e 12).
Contudo, isso não significa que aqueles
otografado ntre os meses que foram
Ana 04) ndo-se em Quintana-Rizzo & Wells (2001), classificou os
nti s de acordo com o número de meses do período de estudo
reavistados, sendo considerados: raros, aqueles reavistados
ses. A partir dessa categoriz
ênc s olman (2
que foram incluídos na categoria raros ou não foram novamente avistados.
Entre
ente distintos. Em virtude do tempo de coleta de dados, optou-se pelo
método utilizado por Rossi-Santos, Wedekin e Monteiro-Filho (2006) e Hardt et al.
(2006), no qual os autores analisaram as taxas de residência através da divisão do
número de reavistagens pelo número de meses de esforço, multiplicando-se por cem.
utilizaram a área de estudo com base no intervalo total
Como observado por Rossi-Santos, Wedekin e Monteiro-Filho (2006), na
região do estuário do Rio Caravelas, no Estado da Bahia, as taxas de residência
alcançadas para os animais amostrados na região de Pipa também demonstraram
heterogeneidade de permanência, visto que cerca de 50,72% dos animais foto-
que foi constatado por Hardt et al. (2006), na Baía da Bab
22
Catarina, utilizando o mesmo método de análise, cuja parcela da amostra considerada
residente foi de 37,2%.
Apesar de terem sido encontrados baixos valores referentes à permanência dos
animais foto-identificados na área de estudo, o Projeto Pequenos Cetáceos da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, a partir da foto-identificação do
indivíduo L3 em Agosto de 1999 por Link (2000), vem obtendo dados relevantes que
podem
melhores
resulta
o
durant
ntre o
barco
marinha concentra-se perto do litoral, onde as condições são mais favoráveis devido ao
contribuir para a construção da história natural desse espécime, em virtude do
mesmo ser continuamente acompanhado nas enseadas da região de Pipa, município de
Tibau do Sul (Ananias, 2004; Jesus, 2004; Nascimento, 2002; Spinelli, 2004), bem
como na enseada formada na praia de Barra de Tabatinga, município de Nísia Floresta,
distantes 20 km (Gondim, 2004).
Os baixos índices de reavistagens dos animais suscitam questões acerca das
limitações metodológicas durante a obtenção dos dados, bem como a respeito do
ambiente utilizado pelos animais objeto desse estudo.
Muitos obstáculos devem ser superados para que se obtenham
dos com a utilização da técnica de foto-identificação a partir de embarcações
turísticas. No presente trabalho, verificou-se a interferência de banhistas advindos da
praia, bem como, os que estavam presentes nas embarcações turísticas e que, na parada
para o banho, freqüentemente nadavam em direção aos animais, afugentando-os. Além
disso, os turistas que permaneciam em cima da embarcação, na tentativa de obter
registros fotográficos, não permitiam ao pesquisador posicionamento adequado, tant
e o percurso quanto durante a parada para banho. Observou-se ainda que barcos
pesqueiros funcionaram como barreiras físicas em função da ancoragem desses no
interior das enseadas, posicionando-se, dependendo do ângulo de observação, e
de turismo e o animal, dificultando a obtenção de fotografias. Ademais, as
condições de ventos fortes e de mar com ondas elevadas, influenciaram na estabilidade
do barco e, conseqüentemente, do pesquisador.
Em relação ao ambiente em que os animais estão inseridos, é sabido que em
comparação às águas costeiras e estuários, grande parte do oceano aberto é um deserto
marinho por causa do baixo teor de nutrientes na zona fótica. Dessa maneira, a vida
23
carreamento de nutrientes em direção ao mar (Odum, 1988). Por conseguinte, a
permanência de 7 animais na região indica que esta pode fornecer suprimentos
alimen
xemplo de movimentação semelhante acontece em
Canan
tares, principalmente pela influência do complexo estuarino de Tibau do Sul,
formado pela laguna de Guaraíras. Além disso, verifica-se uma maior proteção aos
animais (especialmente aos grupos com filhotes), devido à topografia das enseadas que
propicia locais abrigados próximos à costa (Link, 2000).
O baixo índice de reavistagem na área de estudo pode sugerir que haja grupos
maiores próximos das enseadas e que ocorra uma grande movimentação entre os
poucos indivíduos que apresentam fidelidade à área e àqueles que são avistados em
algumas ocasiões utilizando a região, o que torna elevada a flutuabilidade do número
de indivíduos na população. Um e
éia (E. L. A. Monteiro-Filho, comunicação pessoal, 30/10/06).
AGO SET OUT
15
0
3
6
9
12
L2 L3 L18 S20 S34 S49 S68
Animais Identificados
Nº de Avistagens
NOV DEZ JAN
Figura 11 – Freqüência absoluta de avistagem dos indivíduos foto-identificados considerados
residentes ao longo do período de estudo.
24
AGO SET OUT NOV DEZ
Período de Observação
JAN
L2
L3
L18
S20
S34
S49
S68
igura 12 – Permanência temporal dos indivíduos foto-identificados considerados residentes durante
o período de estudo.
4.2. P
ADRÕES DE ASSOCIAÇÃO
Diversos autores apontam dificuldades no estudo do S. guianensis, tais como a
identificação dos animais e seus comportamentos (Yamamoto, 2002). Spinelli (2004)
assinala a dificuldade em distinguir as faixas etárias infante e juvenil, e por isso os
agrupou em uma única categoria: imaturos. Neste trabalho, apesar das observações
terem sido realizadas a bordo de uma embarcação, conseqüentemente mais próximas
dos animais, adotou-se a mesma categorização de Spinelli (2004), possibilitando
melhor análise dos dados referentes aos padrões de associação.
De acordo com as observações realizadas durante o período de estudo
compostas pelas diferentes categorias etárias anteriormente definidas; (b) entre os
animais foto-identificados; e, (c) predominantes para os animais foto-identificados L3
e S20, individualmente calculado entre esses e as diferentes faixas etárias
anteriormente definidas, estas últimas formando díades ou não.
F
verificamos os seguintes tipos de associações: (a) somente entre as possíveis díades
25
Os valores concernentes ao índice de associação (Jaccard) para as possíveis
díades compostas pelas diferentes categorias etárias, foram alcançados levando-se em
conta o número de indivíduos em cada uma delas e comparando-as. Analisando esses
valores, averiguamos predominância entre as associações compostas por um adulto e
um imaturo (1A + 1I) (HWI=0,477) e um adulto e dois imaturos (1A + 2I)
(HWI=0,294). Esses dados representam as composições com maior estabilidade dentre
todas as combinações possíveis, conforme demonstrado pela comparação das
freqüências observadas para cada tipo de associação (χ
2
=162,31; gl=10; p0,05)
(Tabela III), condizendo com o que foi encontrado por Sartorio (2005) para a espécie
em questão na mesma área de estudo.
Tabela III – Índice de associação (Jaccard), freqüências observada e esperada para as possíveis díades
durante o período de observação deste estudo. Os indivíduos adultos são representados por “A” e os
Associação
Índice de Jaccard
(HWI)
Freqüência
Observada
Freqüência
Esperada
Percentual
imaturos por “I”.
Tipos de
1A + 1A 0,048 7 9,9 6,42%
1A + 1I 0,477* 43 9,9 39,45%
23 9,9 21,10%
1A + 3I 0,013 1 9,9 0,92%
1A
2A
1A + 2I 0,294*
+ 4I 0,014 1 9,9 0,92%
+ 1I 0,080 6 9,9 5,50%
2A + 2I 0,217 10 9,9 9,17%
2A + 3I 0,240 6 9,9 5,50%
2A + 4I 0,041 2 9,9 1,83%
3A + 3I 0,125 1 9,9 0,92%
1I + 1I 0,084 9 9,9 8,26%
Nota: (*) maiores índices de Jaccard encontrados.
observar diversidade nos tipos de associação, indicando um padrão dinâmico e,
os comportamentais
(Gero, Bejder, Whitehead, Mann e Connor, 2005).
Com base na faixa etária e no número de indivíduos por agrupamento, pode-se
conseqüentemente, certa instabilidade. A mesma variabilidade foi verificada em dois
outros estudos: boto-cinza – S. guianensis – na região de Pipa (Sartorio, 2005); e
golfinho nariz-de-garrafa – T. truncatus – na Flórida (Shane, 2004). Os padrões de
associação podem ainda ser influenciados pelos diferentes estad
26
A partir do índice de similaridade de Jaccard, pode-se também verificar
associações entre os indivíduos foto-identificados (Tabela IV). De todas as associações
registradas, cinco alcançaram valores máximos (HWI=1), permanecendo associadas ao
longo de todo o período de observação: S39/S40, L18/S51, S52/S53, S54/S55 e
S49/S59. Contudo, esse é um valor que não expressa a dinâmica existente para esses
animais, já que os mesmos somente foram vistos associados uma única vez durante o
todo o período deste estudo.
Já quando analisamos os valores obtidos para as outras associações que
ocorreram entre os animais reconhecidos naturalmente, observamos que L3/S20,
S20/S34, bem como S43/S48 apresentaram os maiores índices (HWI=0,333), podendo
sse valor indicar associações esporádicas para realização de atividades específicas.
nseada do Curral: em princípio, divididos em duplas (L3/I e S20/I),
depois foi visto que os dois ltos ( se junt ram em e,
post te retorn indo ao en ntro dos dois imaturos qu iam
perm os enqua adultos pescavam; em seguida voltaram à form
inici I e S20/I). oborando a i ia acima, podemos citar Monteiro-Filho
(2000), que observou para indivíduos da mesma espécie, no complexo estuarino
lagunar de Cananéia, litoral sul do Estado de São Paulo, a ocorrência de associações
contexto-específico.
na mesma área de estudo, a existência de
assoc entre os in os L3 e S20, stas representa cerca de um dos
rrelacionou os dias que os animais foram vistos
por eles desempenhadas. Dessa maneira, não é possível
inferir, a p
e
Tal condição ocorreu, por exemplo, em uma das ocasiões em que L3/S20 estavam
associados na e
adu L3 e S20) aram, saí forrageio
eriormen aram, co e hav
anecido junt nto os ação
al (L3/ Corr dé
Jesus (2004) também constatou,
iações divídu e ndo sexto
dias observados. Porém, o autor não co
associados com as atividades
artir da agregação desses dados, a ocorrência de associações contexto-
específico para os indivíduos foto-identificados que utilizam as enseadas da região de
Pipa.
27
Tabela IV – Índice de associação (Jaccard) encontrado
Associações ID Índice de Jaccard (HWI)
para os indivíduos foto-identificados (ID).
S20/S34 0,333
S20/S48 0,125
S20/S68 0,142
S39/S40 1
S43/S48 0,333
S48/S68
S4
0,250
9/S59 1
S52/S53 1
S54/S55 1
L18/S51 1
L3/S20 0,333
Os resultados referentes às análises dos tipos predominantes das associações
dos indivíduos L3 e S20, foram obtidos comparando-os com cada uma das faixas
etárias anteriormente definidas – adulto (A) e imaturo (I) – e, entre esses e a possível
díade formada – adulto/imaturo (AI).
Avaliando os resultados acima citados, fundamentado no índice de Jaccard,
verificamos uma maior associação do indivíduo L3 com animais imaturos
(HWI=0,454), quando comparamos sua associação com a dupla adulto/imaturo
(HWI=0,243). Assim como para L3, o índice de associação de S20 com imaturo
(HWI=0,105) foi mais elevado quando comparado com a díade adulto/imaturo
(HWI=
nimais imaturos do que com outros adultos. Além disso, Jesus (2004), baseado
a freqüência das observações, verificou o indivíduo L3 se associou um maior número
de vezes com imaturos do que S20.
0,035) (Tabela V). A análise das freqüências observadas das díades formadas
pelos indivíduos L3 e S20 com imaturo (L3/I e S20/I: χ
2
=6,00; gl=1; p0,05)
apresentaram diferenças significativas. Já comparando a associação desses indivíduos
foto-identificados com a dupla adulto/imaturo (L3/AI e S20/AI: χ
2
=3,81; gl=1;
p=0,0510), não houve significância.
Sartorio (2005) observou que L3 estava presente nas enseadas mais associada
com a
n
28
Tabela V – Índice de e S20 e entre esses e
as diferentes faixas et por “A”, imaturos por “I” e a díade
adulto-imaturo por “AI”.
Associações
ID/Faixa etária
Índice de J
(HWI)
Freqüência
Observada
qüência
perada
Percentual
associação (Jaccard) calculado, individualmente, entre L3
árias. Indivíduos adultos são representados
accard Fre
Es
L3/A 0 0 - -
S20/A 0 0 - -
L3/AI 0,225 9 5 90%
S20/AI 0,035 1 5 10%
L3/I 0,454 20 12 80%
S20/I 0,10 4 12 20%
*
5
(*) maior índice verificado.
Os dados do presen alho não podem confirmar a organização social
atrilinear sugerida por Sartorio (2005), o qual se baseou na formação de associações
de (a)
êmea, em função de alguns aspectos como o
investi
dices de encefalização e tempo de vida longo, é
plausív
te trab
m
uma única fêmea acompanhada de um imaturo (filhote, sendo este seu ou não)
ou (b) uma fêmea acompanhada de um imaturo (filhote) e um outro animal imaturo
(filhotes ou juvenis). Entretanto, a associação freqüente entre L3 e indivíduos imaturos
pode sugerir que se trata de uma f
mento parental típico dos mamíferos, o qual envolve gestação interna e
lactação, com possibilidade de deserção reduzida da fêmea (Clutton-Brock, 1991).
Na presente pesquisa, também foram observadas associações entre indivíduos
adultos, embora menos freqüentes. De acordo com Vonhof, Whitehead & Fenton
(2004), os aspectos do sistema social entre mamíferos são únicos e, em geral, apontam
para grupos baseados no parentesco ou na cooperação. O sistema cooperativo tem sido
observado em uma grande variedade de taxa animal e uma outra maneira para analisar
as associações seria considerá-las formações cooperativas (Norris & Schilt, 1988).
Considerando-se que, de uma forma geral, os cetáceos caracterizam-se pela existência
de estrutura social complexa, altos ín
el que esses animais apresentem episódios de cooperação e competição,
possivelmente observados nas associações entre os indivíduos desse estudo (Connor et
al., 1998).
29
5. CONCLUSÕES
ise os, a esquis que:
plicação da t nica de foto-identificação continua favorável para estudos
S. guianen região de Pipa.
qualidade das imagens obtidas para
estudos que fazem uso da técnica de foto-identificação.
uos
Após anál dos dados obtid presente p a constatou
a a éc
com sis na
condições ambientais influenciam na
os espécimes de S. guianensis que utilizam a região de Pipa apresentam
elevada plasticidade.
os tipos de associação entre os indivíduos que utilizam a região de Pipa
mostrou-se dinâmico.
não é possível inferir a respeito das associações existentes entre os indivíd
foto-identificados que utilizam a região de Pipa.
L3 apresenta maior disponibilidade ao cuidado de indivíduos imaturos, em
função dos índices de associação.
30
6. REFERÊNCIAS
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Mamm
35
ANEXO A
36
Tabela A1 – Freqüência absoluta da avistagem dos espécimes foto-identificados (ID), reconhecidos
durante o período de estudo. Em destaque, os indivíduos com freqüência de avistagem 5.
Período de Observação
2005 2006
ID
Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro
Total de avistagens
L1
0 0 0 0 1 0 1
L2
1 1 0 1 1 0 4
L3
2 6 2 14 3 2
29
L11
0 0 0 1 0 0 1
L12
0 1 0 0 0 0 1
L13
1 1 0 0 0 0 2
L18
1 0 1 0 0 0 2
S20 0 3 2 2 4 0
11
S24 1 0 0 0 0 0 1
S25 0 0 0 0 1 0 1
Animais Identificados
em estudos anteriores
S33 0 2 0 0 0 0 2
S34 1 0 1 1 1 1 5
S35 1 0 0 0 0 0 1
S36 1 1 0 0 0 0 2
S37 1 0 0 0 0 0 1
S38 1 0 0 0 0 0 1
S39 1 0 0 0 0 0 1
S40 1 0 0 0 0 0 1
S41 1 0 0 0 0 0 1
S42 0 1 0 0 1
S43 0 1 1 0 0 0 2
S44 0 1 0 0 0 0 1
S45 0 1 0 0 0 0 1
S46 0 1 0 0 0 0 1
S47 0 1 0 0 0 0 1
S48 0 2 1 0 0 0 3
S49 0 1 0 1 1 0 3
S50 0 1 0 0 0 0 1
S51 0 0 1 0 0 0 1
S52 0 0 1 0 0 0 1
S53 0 0 1 0 0 0 1
S54 0 0 1 0 0 0 1
S55 0 0 1 0 0 0 1
S56 0 0 1 0 0 0 1
S57 0 0 0 1 0 0 1
S58 0 0 0 0 1 0 1
S59 0 0 0 0 1 0 1
S60 0 0 0 0 1 0 1
S61 0 0 0 0 1 0 1
S62 0 0 0 0 1 0 1
S63 0 0 0 0 1 0 1
S64 0 0 0 0 1 0 1
S65 0 0 0 0 1 0 1
S66 0 0 0 0 1 0 1
S67 0 0 0 0 1 0 1
S68 0 1 0 0 1 0 2
Animais Identificados no presente estudo
S69 0 0 0 1 0 0 1
TOTAL 14 26 14 22 23 3 102
0 0
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