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MONIQUE BEZERRA PAZ LEITÃO
ESTILOS DE APRENDIZAGEM SOB A ÓTICA
DA PSICOLOGIA EVOLUCIONISTA
Dissertação apresentada à Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, para
obtenção do título de Mestre em
Psicobiologia.
Orientadora: Prof.ª Fívia de Araúo
Lopes.
Natal
2006
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ii
MONIQUE BEZERRA PAZ LEITÃO
ESTILOS DE APRENDIZAGEM SOB A ÓTICA
DA PSICOLOGIA EVOLUCIONISTA
Dissertação apresentada à Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, para
obtenção do título de Mestre em
Psicobiologia.
Orientadora: Profa. Fívia de Araújo
Lopes.
Natal
2006
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Divisão de Serviços Técnicos
Catalogação da Publicação na Fonte / Biblioteca Central Zila Mamede
Leitão, Monique Bezerra Paz.
Estilos de aprendizagem sob a ótica da psicologia evolucionista / Monique
Bezerra Paz Leitão. – Natal, RN, 2006.
94 f. : il.
Orientador: Fívia de Araújo Lopes.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
1. Aprendizagem – Estilos Dissertação. 2. Adolescentes –
Dissertação.
3. Orientação profissional Dissertação. 4. Gênero Dissertação 5. Psicologia
evolucionista Dissertação. I. Lopes, Fívia de Araújo. II. Universidade Federal
do Rio Grande do Norte. III. Título.
RN/UF/BCZM CDU 159.953.5
iii
Título: Estilos de aprendizagem sob a ótica da Psicologia Evolucionista.
Autor: Monique Bezerra Paz Leitão.
Data da defesa: 31 de outubro de 2006.
Banca examinadora:
_________________________________________________________
Profa. Ângela Donato Oliva
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, RJ
_________________________________________________________
Profa. Renata Gonçalves Ferreira
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, RN
_________________________________________________________
Profa. Fívia de Araújo Lopes
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, RN
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos aqueles que de alguma forma contribuíram para esta minha
conquista e em especial:
Aos meus queridos pais, Fernando e Reginelma, pelo apoio durante toda a
vida e, particularmente, pelo investimento e cuidado com a minha dedicação aos
estudos. Ao meu irmão, Gustavo, pelo carinho e crédito que deposita em mim, pela
ajuda na confecção de algumas figuras desta dissertação e outros feitios
computacionais (rs). À minha irmã, Fernanda, pela amizade que construímos, por
sua compreensão e pelo auxílio em minhas intermináveis planilhas.
A todos os meus familiares, os de perto e os de longe, que torcem e
acompanham meus percursos e conquistas.
À minha orientadora, Fívia Lopes, por quem tenho não só admiração, mas
muito carinho. Agradeço por ter me proporcionado muitos risos e contribuições,
pela paciência e compreensão com este meu jeito e ritmo de trabalho e por sempre
trazer uma sugestão a mais quando eu já achava que tinha dado o melhor de mim.
A todas as minhas grandes amigas! Para evitar problemas, vamos por ordem
alfabética: Eveline, obrigada por vibrar com as minhas vitórias e novidades
relatadas em nossos enormes e-mails. Micheline, obrigada pelo apoio, amizade e
por acreditar, às vezes mais do que eu mesma, na minha inclinação acadêmica.
Nívia, uma amiga linda que caminha ao meu lado desde a graduação, nos estudos
para a seleção do mestrado e até na defesa (no mesmo dia!), obrigada por ser esta
amiga para todas as horas e, ainda, por ter sido o elo que me fez encontrar a
Psicobiologia. Rochele, companheira de todas as etapas do mestrado (e de outras
mais!), agradeço pelas sugestões às infinitas versões desta dissertação e pela
amizade, um dos grandes presentes que a pós-graduação me trouxe. Agradeço
também às amigas que conviveram comigo durante muito tempo e que deixaram um
pouco de si em mim, Cláudia, Rose e Diana.
Às amigas do curso de psicologia, pelo incentivo, alegria e saudades que me
fazem ter dos tempos de graduação, muito obrigada às “coxinhas felizes”: Janine,
que me deu uma grande ajuda no SPSS, Ludmila, com os esclarecimentos sobre a
v
APA e otras cositas más (rs), Candida, Mariana, Marluce, Raquel e Vanessa, além
das já citadas Nívia, Mich e Vevé.
Aos meus amigos da turma do mestrado, com os quais aprendi e me diverti
muito: Lula, que tem um coração enorme e traz alegria por onde passa; Gió, uma
pessoa incrível que só transmite coisas boas; Sandra, uma das pessoas mais fortes
que eu conheço; Mariana Gondim, lembra do seminário de comportamento animal?
(rs); Rosana, “una pregunta”, ela virou brasileira?; Marcelo, que além de suas
graças é de uma meiguice incrível; Eric, e seu jeito peculiar; Ismênia, que é de uma
determinação admirável e, ainda, Fabiana, Fabíola, Hernani, Yalquíria, Mariana
Chiste, Fernando e Sebastião.
Aos amigos da Base de Pesquisa Ecologia e Comportamento Animal. Wall,
pela companhia cativante a qualquer momento e pelo auxílio nos detalhes finais da
dissertação. Luísa Spinelli, pela amizade, pela ajuda nas estatísticas e, ainda, por ter
fomentado em mim um encanto pela bioestatística. Anuska, pelo jeito surpreendente
e pelas sugestões nos resultados. Daniel, pelo auxílio no abstract e pelas divertidas
conversas no corredor; Denise, pelo carinho e pelos esclarecimentos em relação à
língua portuguesa! Álvaro Guedes, bolsista (escraviário!), pela grande contribuição
em diversas etapas da pesquisa e por ter me feito aprender bastante a como
(des)orientar alguém. Obrigada pela paciência com meu jeito obssessivo-
compulsivo(!) e pelos muitos momentos de descontração.
A todos do Departamento de Fisiologia, que colaboraram com seus
ensinamentos e experiências. Obrigada as secretárias Graça e Gabriela que sempre
dão um jeitinho para nos ajudar. Aos professores Arrilton Araújo, pelo carinho e
por deixar os dias na universidade mais divertidos; Fátima Arruda, pelo ótimo astral
e a ajuda nos vários e-mails ao Hay Group; Maria Emília Yamamoto, pelos
ensinamentos e auxilio nos e-mails; Bernadete pelas contribuições em minha
qualificação; Fabíola Albuquerque pelas sugestões à primeira versão de minha
Introdução; e Renata Ferreira, pelas dicas no delineamento da pesquisa e nos e-
mails.
Ao professor Paulo Fernandes, que me apresentou à teoria de Kolb (onde tudo
começou), pela disponibilidade para discutir e trocar material sobre a teoria, pelo
suporte na tradução do instrumento e por ter contribuído para meu amadurecimento
pessoal.
À professora Cynthia Medeiros, que me permitiu estudar para a seleção do
mestrado em plena fase de entrega do relatório final de estágio de Psicologia (!).
A Marcelo Menezes, por ter acompanhado tantas angústias e ter ajudado em
tantos momentos do mestrado.
A Sandra Chaves pelo auxílio nas estatísticas.
A Cíntia Oliveira, por ter me ajudado a atravessar as dificuldades do mestrado
e por me fazer crescer e aprender enormemente.
A CAPES, pela bolsa concedida, que permitiu que esta pesquisa fosse
realizada.
Às escolas que abriram suas portas para a realização deste estudo e,
principalmente, aos mais de 200 adolescentes que participaram desta pesquisa, sem
os quais nada disso teria sido possível.
vii
“... Faço o melhor que sou capaz
só pra viver em paz.”
Marcelo Camelo
viii
SUMÁRIO
1. Lista de Ilustrações.................................................................................................x
2. Resumo ...............................................................................................................xiii
3. Abstract...............................................................................................................xiv
4. Apresentação........................................................................................................01
5. Introdução
5.1. Introdução Geral ............................................................................................03
5.2. Objetivos .......................................................................................................07
5.3. Hipóteses e Predições ....................................................................................09
6. Estudo 1 - Estilos de aprendizagem e suas correlações com interesses e
escolhas profissionais...........................................................................................12
6.1. Introdução......................................................................................................13
6.2. Material e Métodos ........................................................................................18
6.3. Resultados ..................................................................................................... 22
6.4. Discussão.......................................................................................................27
6.5. Conclusões.....................................................................................................31
6.6. Referências Bibliográficas ............................................................................32
6.7. Apêndice A....................................................................................................35
7. Estudo 2 - Diferenças sexuais em estilos de aprendizagem, interesses e
escolhas profissionais: uma perspectiva evolucionista .......................................... 37
7.1. Introdução......................................................................................................38
7.2. Material e Métodos ........................................................................................44
7.3. Resultados ..................................................................................................... 47
7.4. Discussão.......................................................................................................52
7.5. Conclusões.....................................................................................................57
7.6. Referências Bibliográficas .............................................................................59
7.7. Apêndice B....................................................................................................64
ix
8. Discussão Geral...................................................................................................66
9. Referências Bibliográficas...................................................................................72
10. Anexos
10.1. Anexo 1 Termo de consentimento livre e esclarecido ...............................76
10.2. Anexo 2 Termo de concordância da escola...............................................78
10.3. Anexo 3 Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa - UFRN.......................80
10.4. Anexo 4 Questionário pré-teste ................................................................82
10.5. Anexo 5 Inventário de Estilo de Aprendizagem - versão 3
1
......................85
10.6. Anexo 6 Autorização para tradução e uso do LSI......................................89
10.7. Anexo 7 Questionário pós-teste................................................................91
10.8. Anexo 8 – Questionário de verificação........................................................93
1
Por razões de proteção, e conforme acordo com o Hay Group, o Inventário de Estilo de Aprendizagem não
será disponibilizado na versão on-line da dissertação, mas consta na versão impressa.
x
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
ESTUDO 1
Figura 1. Ciclo de aprendizagem de David Kolb, representando as quatro
habilidades envolvidas nesse processo, as dimensões e os estilos de
aprendizagem...............................................................................................14
Figura 2. Amostra das frases do Inventário de Estilo de Aprendizagem - versão 3 ...20
Figura 3. Distribuição dos estilos de aprendizagem entre os estudantes do
ano do ensino médio ....................................................................................23
Figura 4. Ciclo de aprendizagem com o perfil dos estudantes do ano do
ensino médio. Dados das habilidades: EC (µ = 24,38; dp = 5,6), OR (µ
= 34,18; dp = 5,55), CA (µ = 29,0; dp = 5,81), EA (µ = 32,45; dp = 5,3) .....24
Figura 5. Médias das citações em disciplinas preferidas do grupo Ciências
Biológicas, no qual houve diferença significativa entre os estilos de
aprendizagem dos estudantes do 3º ano do ensino médio .............................25
Figura 6. Porcentagem de sujeitos de cada estilo que relatou preferência pelas
disciplinas escolares de matemática e física, nas quais houve diferença
significativa entre os estilos ........................................................................25
Figura 7. Porcentagem de estudantes de cada estilo que citou interesse nas
atividades profissionais que envolva instrumento de precisão, pequenos
movimentos manuais precisos, execução gráfica rica em detalhes,
manipulação de substâncias e que auxilie a transformação do mundo,
nas quais houve diferença significativa entre os estilos ................................26
Figura 8. Escores médios na habilidade Conceituação Abstrata em função das
categorias de cursos escolhidos pelos estudantes do ano do ensino
médio...........................................................................................................27
Tabela A1. Itens que compuseram a lista de atividades profissionais
apresentada no Questionário pré-teste e que foram retirados das
análises dos dados........................................................................................35
xi
Tabela A2. Estilos de aprendizagem e disciplinas escolares preferidas. Valores
de χ
2
e de p nas comparações entre estilos....................................................35
Tabela A3. Estilos de aprendizagem e atividades profissionais de interesse.
Valores de χ
2
e de p nas comparações entre os estilos. .................................36
ESTUDO 2
Figura 1. Ciclo de aprendizagem de David Kolb representando as quatro
habilidades envolvidas nesse processo, as dimensões e os estilos de
aprendizagem...............................................................................................42
Figura 2. Amostra das frases do Inventário de Estilo de Aprendizagem - versão 3 ...45
Figura 3. Distribuição por sexo dos estilos de aprendizagem dos estudantes do
3º ano do ensino médio ................................................................................47
Figura 4. Ciclo de aprendizagem com os perfis de cada gênero dos estudantes
do 3º ano do ensino médio ...........................................................................49
Figura 5. Médias das citações dos grupos de disciplinas escolares preferidas em
função do sexo dos estudantes do 3º ano do ensino médio............................50
Figura 6. Porcentagem de sujeitos de cada sexo que relatou preferência pelas
disciplinas escolares de sica, educação física, português e literatura,
nas quais houve diferença intersexual significativa ......................................50
Figura 7. Porcentagem de sujeitos de cada sexo que citou interesse nas
atividades profissionais que envolva problemas técnicos, ligado a alta
tecnologia, ajudar pessoas e atendimento a pessoas necessitadas, nas
quais houve diferença intersexual significativa.............................................51
Figura 8. Distribuição dos estudantes do 3º ano do ensino médio pelas
categorias de cursos universitários escolhidos ..............................................52
Tabela I. Comparações intersexuais dos escores médios e desvios padrão das
habilidades e dimensões de aprendizagem em estudantes do ano do
ensino médio................................................................................................48
xii
Tabela B1. Itens que compuseram a lista de atividades profissionais
apresentada no Questionário pré-teste e que foram retirados das
análises dos dados........................................................................................64
Tabela B2. Disciplinas escolares citadas como preferidas pelos sujeitos de cada
sexo e valores de χ
2
e de p nas comparações intersexuais.............................64
Tabela B3. Atividades profissionais de interesse e sexo. Valores de χ
2
(Continuity Correction) e de p nas comparações intersexuais ......................65
DISCUSSÃO GERAL
Tabela I. Resumo dos resultados e suas relações com as predições ...........................68
xiii
RESUMO
Dentre várias concepções de aprendizagem, a Teoria da Aprendizagem Experiencial
de David Kolb propõe quatro diferentes estilos de aprendizagem: divergente,
caracterizado pela orientação para pessoas e visão por distintas perspectivas;
assimilador, ligado a idéias e conceitos abstratos e à construção de teorias;
convergente, exímio em lidar com questões técnicas e resolver problemas; e
acomodador, bom em operacionalizar planos e assumir riscos. Interessantes
correlações têm sido apontadas entre os estilos propostos por Kolb, carreiras
profissionais e gênero. Também são amplamente conhecidas as diferenças sexuais
em comportamentos, habilidades cognitivas específicas e interesses, tendo a
psicologia evolucionista proposto que estas são decorrentes de distintas pressões
seletivas que atuaram sobre cada gênero. O objetivo deste trabalho foi investigar
estilos de aprendizagem em adolescentes e suas correlações com os interesses
escolares, profissionais e suas escolhas profissionais, analisando também tais
variáveis em função do gênero. Foram pesquisados 221 estudantes do ano do
ensino médio (rede pública e privada), sendo investigados, por meio de
questionários, os interesses por disciplinas escolares, atividades profissionais e a
escolha profissional ao fim do ano. O Inventário de Estilo de Aprendizagem indicou
estilo de aprendizagem do indivíduo. Resultados apontaram uma concentração dos
adolescentes entre os estilos voltados para a reflexão, e predominância do sexo
feminino no estilo divergente e do masculino no estilo assimilador. Nos interesses
escolares e profissionais da amostra, houve correlações entre estilos ligados ao
campo abstrato, disciplinas exatas e atividades técnicas. Os sujeitos do sexo
feminino preferiram as disciplinas de línguas e atividades com pessoas do que os do
sexo masculino, que preferiram as disciplinas exatas e atividades técnicas. Nos
cursos das áreas exatas e engenharias houve mais inscritos do sexo masculino e nos
cursos das ciências humanas e sociais aplicadas mais do sexo feminino. As
correlações encontradas entre estilos e interesses escolares e profissionais
corroboraram as proposições de Kolb e as associações destas variáveis com gênero
são apoiadas pela psicologia evolucionista.
xiv
ABSTRACT
Among a variety of learning conceptions, David Kolb´s Experiential Learning
Theory proposes four different learning styles: diverging, characterized by
orientation towards people and multi-perspective vision; assimilating, concerned
with ideas and abstract concepts as well as theory formulation; converging, expert
in dealing with technical tasks and problem solving; and accommodating, risk taker
and good at getting things done. Interesting correlations have been pointed out
between Kolb’s learning styles, professional careers and genders. With respect to
behaviors, specific cognitive skills and interests, sex differences are widely known,
and explained by Evolutionary Psychology as the result of distinct selective
pressures acting on each gender. The aim of this research was to assess adolescents’
learning styles and their relation with interests on school and career choices,
analyzing possible gender differences. We distributed questionnaires to 221 senior
high school students to research their preferences for school disciplines,
professional activities and career choices. The Learning Style Inventory specified
the learning style of each individual. Our results showed a high frequency of
reflective styles, with predominance of females as diverging and males as
assimilating. Concerning school and professional interests, there were correlations
between styles oriented towards the abstract and technical interests. Moreover,
females preferred disciplines related to languages and interpersonal activities while
males preferred disciplines related to science and technical activities. There were
more males in exact science and engineering careers, and more females in social
science and applied social science. Correlations found between learning styles,
school and professional interests corroborate Kolb´s propositions, and the findings
about gender differences are supported by Evolutionary Psychology theories.
xv
Aos meus pais.
APRESENTAÇÃO
2
A presente dissertação foi estruturada em um formato ainda pouco empregado
nos programas de s-graduação de forma geral, em virtude disso, julgou-se
interessante apresentar a estrutura do texto e esclarecer alguns pontos relativos à sua
formatação.
Este manuscrito refere-se a um único projeto de pesquisa desenvolvido pela
autora deste trabalho que, por incluir investigações de enfoques distintos, foi
organizado em estudos independentes. Deste modo, os estudos compartilham os
mesmos procedimentos de coleta de dados, os instrumentos utilizados e os sujeitos
participantes, havendo apenas algumas alterações em tal configuração de acordo com o
foco de cada estudo.
Inicialmente, apresentar-se-á a Introdução Geral da dissertação, que aborda, de
modo inicial, os temas investigados pelos diferentes estudos que a compõe. Ainda
nesta seção, serão descritos os objetivos geral e específicos que foram
estabelecidos e desenvolvidos em cada um dos estudos, bem como as hipóteses e
predições correspondentes.
Em seguida, serão expostos os estudos realizados, a saber: Estudo 1 - Estilos de
aprendizagem e suas correlações com interesses e escolhas profissionais e Estudo 2 -
Diferenças sexuais em estilos de aprendizagem, interesses e escolhas profissionais:
uma perspectiva evolucionista. Os mesmos foram organizados de modo independente,
com suas respectivas seções de Introdução, Material e Métodos, Resultados,
Discussão, Conclusões, Referências Bibliográficas e Apêndice, podendo, inclusive, ser
lidos em seqüências distintas.
Posteriormente, será apresentada a Discussão Geral desta dissertação, na qual
foram integrados os resultados dos dois estudos, apontando algumas considerações a
respeito destes e a ocorrência ou não de confirmação das predições.
Ao final, foram alocadas as Referências Bibliográficas relativas às seções
Introdução Geral e Discussão Geral, havendo, ainda, os Anexos citados ao longo das
diversas seções da dissertação, tendo sido adotada uma mesma enumeração para
facilitar a leitura e a disposição do material anexado.
3
INTRODUÇÃO
Introdução Geral
4
A Psicologia Evolucionista é um recente ramo da psicologia que tem se
dedicado a analisar o comportamento e a mente humana a partir de uma perspectiva
que une a biologia evolutiva à psicologia cognitiva, com o intuito de compreender
como os comportamentos presentes na nossa espécie evoluíram (Daly & Wilson, 1999;
Oliva et al., 2006). De acordo com as proposições deste campo de estudo, diversas
características humanas presentes na atualidade surgiram como resultado das pressões
seletivaspicas do ambiente em que viviam nossos antepassados (Tooby & Cosmides,
1992). Este ambiente, denominado de Ambiente de Adaptação Evolutiva (AAE), não
se refere a nenhum lugar ou tempo específico, trata-se, na verdade, de uma
configuração estatística de importantes propriedades adaptativas enfrentadas pelos
nossos ancestrais (Tooby & Cosmides, 1990).
A evolução humana, bem como a das demais espécies, fundamenta-se em dois
mecanismos primordiais: a seleção natural e a seleção sexual. A seleção natural refere-
se à sobrevivência e reprodução diferenciada de grupos de organismos, sendo a
principal força evolucionista que atua na modificação das espécies (Futuyma,
1986/1992; Darwin, 1859/2004). a seleção sexual, é definida por Darwin
(1871/2004) como o processo que favorece a evolução de traços físicos e
comportamentais que promovem a atração do sexo oposto e/ou auxiliam na
competição intrasexual pelo acesso a parceiros. Desse modo, a seleção sexual está
diretamente relacionada às pressões responsáveis por moldar muitas diferenças que
hoje observamos entre os sexos (Buss, 2003; Geary, 1998).
Em termos evolucionistas, as dessemelhanças entre homens e mulheres estão
associadas aos desafios colocados pela seleção sexual e pela divisão de trabalho entre
os gêneros. Dentre tantas heterogeneidades, podemos destacar que os homens são mais
competitivos, têm maior tolerância à dor, têm melhor pontaria, são melhores em
diversas habilidades espaciais e no raciocínio matemático, enquanto as mulheres são
mais sensíveis a sons e odores, vivenciam emoções básicas com mais intensidade, riem
mais, procuram mais o contato visual, são melhores em certas habilidades verbais e na
percepção do estado emocional do outro (Geary, 1998; Kimura, 2000). Em decorrência
das diferenças em certas habilidades cognitivas específicas e do modo particular de
5
cada gênero de interagir com o meio, seria possível supor que homens e mulheres
aprendem de forma diferente?
O estudo do aprendizado tem sido objeto de interesse de diversas abordagens.
Algumas das quais propõem que os indivíduos diferem em seu modo de aprender,
como defende a Teoria da Aprendizagem Experiencial, desenvolvida pelo psicólogo
americano David Kolb (1984). Este autor concebe a experiência como central para a
aprendizagem, definida como “o processo pelo qual o conhecimento é criado através
da transformação da experiência” (Kolb, 1984, p.38).
Kolb (1984) propõe, ainda, que o processo de aprendizagem seria constituído
por duas dimensões estruturais, cada qual formada por um par de habilidades
diametralmente opostas: 1) A primeira dimensão diz respeito ao processo de captação
ou percepção da experiência do mundo. Essa é a dimensão do concreto/abstrato, pois é
formada pela habilidade da Experiência Concreta (EC), que seria o envolvimento
aberto e pessoal na experiência, e pela Conceituação Abstrata (CA), que permite
conceituar os diversos aspectos da experiência e integrá-los em um todo lógico; 2) A
segunda dimensão refere-se ao processo de transformação da experiência captada.
Essa é a dimensão da reflexão/ação, porque é composta pelas habilidades de
Observação Reflexiva (OR), que envolve observar e refletir sobre a experiência a
partir de diferentes pontos de vista, e da Experimentação Ativa (EA), que possibilita
testar e aplicar a conceituação teórica na resolução prática de problemas.
Segundo Kolb (1984; 2000), diante de habilidades opostas, o aprendiz precisa
escolher – embora nem sempre seja uma escolha consciente – quais são as mais
adequadas para cada uma de suas experiências de aprendizagem. Deste modo, ainda
que o aprendizado seja constituído pelas quatro habilidades descritas, os indivíduos,
de acordo com suas predisposições genéticas, experiências de vida e demandas
ambientais, tendem a adotar uma habilidade dominante em cada dimensão. Assim, ao
empregar certas habilidades mais que outras, os sujeitos constroem estilos de
aprendizagem.
De acordo coma Teoria da Aprendizagem Experiencial, existem quatro tipos de
estilos de aprendizagem. O primeiro é o estilo denominado divergente, em que
predomina EC e OR, sendo característico de indivíduos que vêem as coisas por
6
diversas perspectivas e possuem habilidade para lidar com pessoas. O segundo é o
estilo assimilador, com ênfase em OR e CA, no qual os sujeitos apresentam bom
raciocínio lógico e alta capacidade de produzir teorias. O estilo convergente, que
realça CA e EA, recebe esse nome porque os indivíduos são hábeis em convergir
conhecimentos teóricos em aplicações práticas. Por último, o acomodador, em que
estão mais presentes EA e EC, sendo este estilo próprio de pessoas que se envolvem
em novas experiências e gostam de colocar planos em prática (Kolb, 1984).
Estudos que seguem essa abordagem teórica apontam diferenças sexuais nos
estilos de aprendizagem, mostrando que os homens tendem a ter valores mais altos na
Conceituação Abstrata do que as mulheres, que tendem a obter pontuações melhores
que as dos homens na Experiência Concreta (Barmeyer, 2004; Heffler, 2001;
Severiens & Ten Dan, 1994). Além disso, alguns trabalhos indicam a predominância
de mulheres no estilo divergente e a de homens no estilo assimilador (Loo, 2002;
Philbin, Meier, Huffman & Boverie, 1995).
Outras pesquisas realizadas com estudantes universitários e indivíduos em
exercício profissional demonstraram correlações entre estilos de aprendizagem e
carreiras profissionais (Austin, 2004; Fox & Ronkowski, 1997; Healey, Kneale &
Bradbeer, 2005; Loo, 2002). A partir de estudos como estes, Kolb (1984; 2000)
sugeriu áreas ocupacionais típicas de certos estilos e aplicações práticas de sua teoria
para a orientação profissional. Entretanto, trabalhos que investigam escolha
profissional se restringem a pesquisar as áreas de atuação escolhidas por universitários
ou profissionais (Bitran, Zúñiga, Lafuente, Viviani & Mena, 2005; Mitchell & Nyland,
2005; Sobral, 2005), não havendo ocorrência de estudos com sujeitos que ainda não
ingressaram em uma formação ou ocupação específica.
As correlações encontradas entre gêneros, estilos e profissões têm sido
tradicionalmente explicadas com base nas influências culturais e papéis sociais
construídos, sendo desconsiderados possíveis fatores biológicos envolvidos. Nesse
sentido, faz-se necessária a realização de estudos que investiguem estes aspectos de
modo integrado, trazendo uma compreensão mais completa e abrangente destas
questões.
7
INTRODUÇÃO
Objetivos
8
OBJETIVO GERAL
O objetivo deste trabalho foi investigar, sob uma perspectiva evolucionista,
estilos de aprendizagem em adolescentes que ainda não passaram por formação
profissional e suas possíveis correlações com interesses escolares, profissionais e
gênero.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abaixo serão apresentados os objetivos específicos deste trabalho e o respectivo
estudo no qual cada um foi desenvolvido.
1. Analisar a distribuição dos estilos de aprendizagem e os escores médios nas
habilidades e dimensões de aprendizagem em adolescentes que estudam no 3º
ano do ensino médio de escolas da rede pública e privada da cidade de Natal-
RN (Estudo 1);
2. Investigar possíveis correlações entre os estilos de aprendizagem, disciplinas
escolares preferidas, atividades profissionais de interesse e escolha profissional
(Estudo 1);
3. Analisar possíveis diferenças sexuais em relação aos estilos de aprendizagem,
aos escores médios nas habilidades e dimensões de aprendizagem, nas
disciplinas escolares preferidas, atividades profissionais de interesse e na
escolha profissional (Estudo 2).
9
INTRODUÇÃO
Hipóteses e Predições
10
ESTUDO 1
HIPÓTESE 1: Os estilos de aprendizagem apresentam distribuição de freqüência
desigual entre os adolescentes.
PREDIÇÃO 1.1: Entre os indivíduos, os estilos de aprendizagem divergente e
assimilador serão mais freqüentes do que os estilos acomodador e convergente.
PREDIÇÃO 1.2: Os adolescentes estarão mais voltados para o campo da
reflexão do que da ação, apresentado escores mais altos na habilidade Observação
Reflexiva do que em Experimentação Ativa.
HIPÓTESE 2: Os estilos de aprendizagem dos estudantes correlacionam-se com suas
disciplinas escolares preferidas.
PREDIÇÃO 2.1: Indivíduos do estilo divergente e do estilo acomodador, em
função da Experiência Concreta, apresentarão preferência por disciplinas escolares
ligadas às línguas (português, literatura e língua estrangeira) e às ciências biológicas
(biologia e educação física); os sujeitos dos estilos assimilador e convergente, em
virtude da Conceituação Abstrata, preferirão as disciplinas das ciências exatas
(matemática, física e química) e biológicas.
HIPÓTESE 3: Os estilos de aprendizagem dos adolescentes correlacionam-se com os
tipos de tarefas ou atividades profissionais de interesse dos mesmos.
PREDIÇÃO 3.1: Sujeitos do estilo divergente apresentarão maior interesse por
atividades profissionais vinculadas ao contato com pessoas e às artes; os assimiladores
tenderão a interessar-se mais por atividades sistemáticas e de pesquisa; os
convergentes terão maior interesse por atividades técnicas; entre os acomodadores, as
atividades de maior interesse serão as de comunicação e de contato com pessoas.
HIPÓTESE 4: Os estilos de aprendizagem dos estudantes correlacionam-se com as
escolhas profissionais dos mesmos.
PREDIÇÃO 4.1: Indivíduos do estilo divergente tenderão a escolher profissões
ligadas a pessoas, artes e comunicação; sujeitos do estilo assimilador escolherão
profissões relacionadas às ciências básicas, como física, ciências sociais, ciências
11
biológicas, etc.; convergentes farão mais escolhas por profissões técnicas; sujeitos do
estilo acomodador tenderão a escolher profissões vinculadas ao campo dos negócios e
que envolvem ação.
ESTUDO 2
HIPÓTESE 5: Os gêneros apresentam estilos de aprendizagem característicos e
escores médios diferenciados nas habilidades e dimensões de aprendizagem.
PREDIÇÃO 5.1: Os indivíduos do sexo feminino se concentrarão no estilo de
aprendizagem divergente e os do sexo masculino serão predominantes no estilo de
aprendizagem assimilador.
PREDIÇÃO 5.3: O valor médio na habilidade Experiência Concreta será
maior entre o sexo feminino e o valor médio da Conceituação Abstrata e da dimensão
Abstrato-Concreta será maior no sexo masculino.
HIPÓTESE 6: Os gêneros diferem nas preferências por disciplinas escolares.
PREDIÇÃO 6.1: Os indivíduos do sexo feminino preferirão as disciplinas
escolares ligadas às línguas (português, literatura e língua estrangeira) e os do sexo
masculino apresentarão preferência por disciplinas escolares das ciências exatas
(matemática, física e química).
HIPÓTESE 7: Os gêneros diferem em seus interesses por tipos de atividades
profissionais.
PREDIÇÃO 7.1: Os adolescentes do sexo feminino apresentarão maior
interesse por atividades profissionais relacionadas à comunicação e ao contato com
pessoas, enquanto os do sexo masculino terão maior interesse por atividades técnicas.
HIPÓTESE 8: Os gêneros diferem em suas escolhas profissionais.
PREDIÇÃO 8.1: Os estudantes do sexo feminino escolherão mais profissões
relacionadas às ciências humanas e sociais e os do sexo masculino escolherão com
mais freqüência profissões relacionadas às ciências exatas e tecnologia.
12
ESTUDO 1
Estilos de aprendizagem e suas correlações com interesses e escolhas
profissionais
13
INTRODUÇÃO
A aprendizagem é um processo que tem sido amplamente estudado por
diferentes campos de estudo, desde as linhas behavioristas, passando pelas teorias da
educação até as abordagens cognitivas contemporâneas (Ridley, 2003; Sahakian,
1976/1980; Seidl de Moura & Correa, 1997). Dentre tantas concepções sobre a
aprendizagem, alguns modelos sugerem a existência de estilos ou formas de aprender
diferentes entre os indivíduos. Coffield, Moseley, Hall e Ecclestone (2004) em um
trabalho de revisão sobre estilos de aprendizagem, identificaram mais de 70 modelos
diferentes, que utilizam diversos termos como “estilos cognitivos”, “estilos de
pensamento” e “orientações de aprendizagem”. Contudo, apenas pouco mais de dez
teorias foram avaliadas como consistentes e amplamente utilizadas, entre as quais
temos a Teoria da Aprendizagem Experiencial, proposta pelo psicólogo americano
David Kolb e que foi considerada pelos autores como uma das mais influentes, tendo
inspirado vários modelos posteriores.
A Teoria da Aprendizagem Experiencial, desenvolvida por Kolb (1984)
fundamentou-se, especialmente, nos trabalhos de três autores: o educador John Dewey,
o psicólogo Kurt Lewin e o biólogo Jean Piaget, que construíram diferentes modelos
de aprendizagem com ênfase na experiência. Outras importantes contribuições
incluíram, ainda, estudiosos como Carl Jung, Erik Erikson, Carl Rogers, Fritz Perls,
Paulo Freire, Stephen Pepper e Abraham Maslow.
Na perspectiva do modelo de Kolb, a aprendizagem é concebida como “o
processo pelo qual o conhecimento é criado através da transformação da experiência”
(Kolb, 1984, p.38), sendo esse processo representado em um ciclo contínuo composto
por quatro tipos distintos de habilidades (Figura 1): Experiência Concreta (EC), que
seria o envolvimento aberto, imparcial e completo na experiência de aprendizagem;
Observação Reflexiva (OR), observar a experiência a partir de diferentes pontos de
vista e refletir sobre a mesma; Conceituação Abstrata (CA), integrar e conceituar os
diversos aspectos da experiência em um todo lógico; e Experimentação Ativa (EA),
testar e aplicar a conceituação teórica na resolução prática de problemas (Kolb, 1984;
Kolb & Kolb, 2005a).
14
O processo de aprendizagem seria, de acordo com Kolb (1984), constituído,
ainda, por duas dimensões estruturais, cada qual formada por um par de habilidades
diametralmente opostas no ciclo. A primeira dimensão diz respeito ao processo de
captação ou percepção da experiência do mundo, sendo caracterizada pelo eixo
concreto/abstrato (EC-CA); a outra dimensão refere-se ao processo de transformação
ou processamento da experiência captada e trata da reflexão/ação (OR-EA) (Figura 1).
Figura 1. Ciclo de aprendizagem de David Kolb (1984), representando as quatro habilidades envolvidas
nesse processo, as dimensões e os estilos de aprendizagem.
Para Kolb (1984; 2000), os indivíduos, de acordo com suas predisposições
genéticas, experiências de vida e exigências ambientais, tendem a adotar uma
habilidade dominante em cada eixo desse círculo, construindo, ao longo da vida,
estilos de aprendizagem. O autor indica a existência de quatro tipos diferentes de
estilos de aprendizagem, cada um com seus pontos fortes e fracos, não havendo
nenhum melhor ou pior que o outro, a saber:
Estilo Divergente nfase em EC e OR): indivíduos deste estilo
aprendem levando em conta as experiências de aprendizagem em si e os sentimentos,
percepções e intuições a partir destas. São hábeis em ver as situações por diferentes
perspectivas e gostam de lidar com pessoas, aprendendo através do diálogo e do
compartilhamento de idéias com outros;
Divergente
Assimilador Convergente
Acomodador
C
a
p
t
a
ç
ã
o
T r a n s f o r m ç ã o
Experiência
Concreta
Conceituação
Abstrata
Experimentação
Ativa
Observação
Refl
exiva
15
Estilo Assimilador (ênfase em OR e CA): sujeitos assimiladores
aprendem refletindo abstratamente sobre suas experiências, analisando detalhes e
vendo-as do ponto de vista lógico. São sistemáticos, hábeis no raciocínio indutivo e
bastante competentes em unir observações de experiências a conhecimentos anteriores,
de modo a propor teorias;
Estilo Convergente (ênfase em CA e EA): nesse estilo, os indivíduos são
particularmente bons em convergir conhecimentos teóricos em aplicações práticas. São
pragmáticos, têm facilidade no raciocínio hipotético-dedutivo, na tomada de decisão e
na resolução de problemas, além disso, gostam de lidar com coisas, de saber como
funcionam e que utilidades têm;
Estilo Acomodador (ênfase em EA e EC): os acomodadores aprendem
com a própria prática e são hábeis em modificar conhecimentos pré-existentes para
lidar com uma nova situação. Gostam de se arriscar, de concretizar planos e de se
envolver em novas experiências.
Kolb (2000) ressalta que as habilidades de aprendizagem podem se tornar mais
ou menos desenvolvidas a partir das experiências vividas pelos sujeitos, o que traz
como conseqüência a noção de que os estilos de aprendizagem não se tratam de traços
fixos e imutáveis, apesar dos mesmos apresentarem certa estabilidade a longo prazo,
como apontam algumas pesquisas (Kayes, 2005; Veres, Sims & Locklear, 1991).
Com o intuito de fundamentar sua teoria, Kolb (1984) construiu o Learning
Style Inventory - LSI (Inventário de Estilo de Aprendizagem), instrumento que
mensura as habilidades e dimensões de aprendizagem e aponta o estilo de
aprendizagem do sujeito. A primeira versão do LSI foi elaborada pelo autor em 1971
(LSI 1), entretanto outras versões foram subseqüentemente elaboradas. Em 1985, foi
publicado o LSI 2, que apresentava um formato diferente, novos itens e uma nova
norma, estabelecida através de 1.446 sujeitos de diversas faixas etárias e carreiras
profissionais. Em 1993, a ordem das questões foi alterada para uma seqüência aleatória
que aumentou sua confiabilidade (LSI 2a) e em 1999 o LSI foi novamente revisado
(LSI 3), mas manteve a norma anterior. Recentemente, em 2005, uma nova norma foi
estabelecida para o LSI, que manteve o mesmo formato (LSI 3.1), sendo utilizado um
grupo ainda maior e mais diverso, com 6.977 sujeitos (Kolb & Kolb, 2005b).
16
O inventário elaborado por Kolb tem sido amplamente utilizado em diferentes
campos de estudo, havendo variadas aplicações práticas para o mesmo, como em
processos de orientação profissional, desenvolvimento pessoal, construção de
currículos acadêmicos, caracterização de estudantes e profissionais de determinada
área de atuação, dentre outras (Kolb & Kolb, 2005b).
Tais aplicações fundamentam-se em proposições apontadas pela Teoria da
Aprendizagem Experiencial a partir de variados estudos que correlacionam estilos de
aprendizagem e profissões. Kolb (1984; 2000) realizou uma revisão de trabalhos que
indicavam tais relações e integrou os resultados aos de suas próprias pesquisas. Dessa
forma, o autor percebeu estilos característicos de certas áreas profissionais, propondo,
então, que o estilo divergente é típico das áreas de serviço social, artes e comunicação,
abrangendo cursos como psicologia, enfermagem, teatro, literatura e jornalismo; o
estilo assimilador é comum de áreas de pesquisas, informações e ciências, como
biologia, matemática, sociologia, direito e teologia; o estilo convergente é
característico de áreas técnicas e tecnológicas, como engenharias, economia, medicina,
farmácia e ciências da computação; e no estilo acomodador são freqüentes os sujeitos
de profissões da área dos negócios e das organizações, como administração, vendas,
marketing e educação. Todas essas associações fundamentaram-se em pesquisas com
estudantes de graduação, pós-graduação e profissionais.
Outras pesquisas mais recentes que aplicaram o LSI também mostram relações
entre estilos de aprendizagem e determinadas áreas ou cursos universitários. Fox e
Ronkowski (1997) evidenciaram entre estudantes de cursos de ciências políticas uma
concentração do estilo assimilador. Do mesmo modo, Healey, Kneale e Bradbeer
(2005) encontraram entre estudantes de geografia de diferentes universidades da
Austrália, Nova Zelândia, Reino Unido e Estados Unidos uma maior freqüência do
estilo assimilador. Austin (2004) verificou que o estilo assimilador e o convergente
foram os predominantes em estudantes do curso de farmácia. Por sua vez, Sobral
(2005) constatou que nos estudantes de medicina a habilidade de CA foi a mais
acentuada. Loo (2002) pesquisou estudantes da área de negócios e encontrou mais
sujeitos do estilo assimilador nos cursos que lidam com material quantitativo (hard),
como ciências contábeis e finanças, do que nos que lidam com pessoas (soft), como
17
gerência de recursos humanos e marketing. Por outro lado, nos cursos soft houve mais
acomodadores do que nos de hard.
Além de pesquisas que apontam tais associações entre os estilos e profissionais
ou estudantes de diversas áreas, existem também estudos que indicam um efeito da
formação acadêmica na modelagem do estilo de aprendizagem do indivíduo, como
apresentado por Hsu (1999). Esse autor pesquisou, longitudinalmente, estudantes no
primeiro e no último ano do curso de gestão hospitalar e mostrou que a maior parte dos
sujeitos era do estilo convergente, havendo aumento dessa concentração ao final do
curso, o que caracteriza uma transição dos indivíduos para o estilo típico de sua área
ao fim do percurso acadêmico.
Algumas evidências mostram, ainda, associações entre os estilos de
aprendizagem e interesses ocupacionais. Em estudantes de medicina foram
encontradas correlações entre os estilos de aprendizagem dos indivíduos e as
preferências por certas áreas de especialização, como mostrou o estudo de Bitran,
Zúñiga, Lafuente, Viviani e Mena (2005), no qual os indivíduos convergentes
preferiram a área de cirurgia e de cuidados primários, enquanto os assimiladores
preferiram medicina interna, pediatria e psiquiatria; e, de modo similar, Sobral (2005)
verificou entre universitários de medicina maior pontuação em OR entre aqueles que
se interessaram por psiquiatria e medicina geral e maior EA entre os que preferem a
especialidade em cirurgia. Além disso, o valor de EA teve caráter preditivo em relação
ao exercício de monitoria posterior, especialmente comum entre os convergentes
(Sobral, 2005). Na área de nutrição, Mitchell e Nyland (2005) encontraram relação
entre os estilos de aprendizagem de nutricionistas e a área específica de atuação dos
mesmos, havendo, por exemplo, mais acomodadores e assimiladores na área de
pesquisas e mais acomodadores na área de gerenciamento, dentre outros resultados.
Entretanto, essa pesquisa não encontrou correlação entre os estilos dos estudantes de
cursos de nutrição e suas áreas de atuação de interesse. Highhouse e Doverspike
(1987) investigaram estudantes do primeiro ano de psicologia e encontraram
correlações entre as habilidades de aprendizagem e os tipos propostos por John
Holland (1996). Como suposto pelos autores, a habilidade de EC correlaciona-se com
o tipo Artístico (próprio de pessoas sentimentais, intuitivas e criativas) e a EA
18
correlaciona-se com o tipo Realista (sujeitos práticos, objetivos e bons na resolução de
problemas), tendo havido ainda correlação entre EA e os tipos Social (interesse por
pessoas), Convencional (interesse por organização e planejamento) e Empreendedor
(iniciativa, liderança e assumir desafios); correlação negativa entre OR e Realista,
Convencional e Empreendedor; e nenhuma correlação com CA.
As correlações apresentadas entre os estilos de aprendizagem, carreiras e
interesses profissionais pautaram-se em pesquisas com adultos que já estavam no
exercício profissional ou em formação universitária, fomentando a seguinte questão: o
estilo de aprendizagem foi moldado pela formação/exercício profissional ou a
profissão foi escolhida pelas afinidades com o estilo do indivíduo? O antigo impasse
entre natureza e criação insiste em retornar. Na verdade, ambos devem estar operando
nesse processo, como afirma o próprio Kolb (1997), por isso novas pesquisas que
estudem essas mútuas influências podem trazer à tona mais elementos sobre essa inter-
relação.
Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi investigar a distribuição dos estilos
de aprendizagem entre adolescentes que ainda não foram submetidos a uma
especialização ou formação profissional e pesquisar possíveis correlações entre os
estilos dos sujeitos e suas disciplinas escolares preferidas, atividades profissionais de
interesse e escolha profissional.
MATERIAL E MÉTODOS
Sujeitos
O presente estudo foi desenvolvido com 221 sujeitos, de ambos os sexos 151
do sexo feminino e 70 do masculino estudantes do ano do ensino médio de quatro
escolas do município de Natal-RN, sendo 111 sujeitos pertencentes a uma escola da
rede pública de ensino e 110 sujeitos pertencentes a três escolas da rede privada.
Todos os indivíduos concordaram voluntariamente em participar desta pesquisa e
apresentaram termo de consentimento assinado pelos responsáveis (Anexo 1).
Os adolescentes encontravam-se na faixa etária entre 15 e 19 anos, tendo uma
idade média de 17 anos (dp = 0,7), além disso, grande parte desses dedicava-se
totalmente aos estudos (91,75%).
19
Procedimentos e Instrumentos de coleta de dados
1
a
etapa da coleta de dados: Em meados do ano letivo de 2005, foi realizado
um encontro com os estudantes para a aplicação coletiva dos instrumentos. Esse
encontro teve duração aproximada de 1 hora e 30 minutos e foi efetivado nas
dependências de cada escola. Cabe ressaltar que a realização da presente pesquisa foi
autorizada pelas escolas envolvidas (Anexo 2) e devidamente aprovada pelo Comitê de
Ética em Pesquisa da UFRN (protocolo nº 137/05) (Anexo 3).
Instrumentos utilizados:
Questionário pré-teste (Anexo 4): Investigou dados sócio-demográficos,
disciplinas escolares preferidas e atividades de interesses dos sujeitos. Quanto
às disciplinas, os estudantes tinham a opção de marcar até três disciplinas
preferidas de uma relação composta por aquelas comumente oferecidas na
escola: português, literatura, língua estrangeira, geografia, história,
matemática, física, química, biologia, educação física e outras disciplinas.
Sobre as atividades profissionais, os sujeitos deveriam assinalar todas aquelas
que gostariam de exercer em uma lista composta por 30 opções de atividades
diferentes. Essa lista foi baseada na apresentada por Soares-Lucchiari, que
adaptou a técnica das atividades profissionais proposta por Bohoslavsky
(Soares-Lucchiari, 1993), sendo bastante aplicada em processos de orientação
profissional. Contudo, para atender aos objetivos desta pesquisa, foram
retiradas das análises as atividades dessa lista cujo conteúdo não podia ser
relacionado diretamente a alguma profissão específica, como, por exemplo,
desenvolvido em ambientes fechados; por conta própria autônomo; e que
permita trabalhar em mais de um lugar (No Apêndice A estão apontadas todas
as atividades excluídas das análises).
Inventário de Estilo de Aprendizagem - versão 3 (Kolb, 1999a) (Anexo 5)
1
:
este instrumento aponta o estilo de aprendizagem do sujeito e tem sido utilizado
em diferentes países e contextos, revelando sua confiabilidade e validade
interna (Kayes, 2005). O inventário é composto por 12 itens, cada um com
quatro alternativas que completam uma sentença proposta, devendo os sujeitos
_____________________________
1
Por razões de proteção, e conforme acordo com o Hay Group, o Inventário de Estilo de Aprendizagem não
será disponibilizado na versão on-line da dissertação, mas consta na versão impressa.
20
classificar as opções fornecidas de acordo com o quanto elas refletem sua forma
de aprender (Figura 2). O LSI (Learning Style Inventory) foi traduzido para
diversos idiomas, porém, como não existe uma versão em português, o Hay
Group, distribuidor oficial desse inventário, autorizou a tradução e uso do
mesmo nesta pesquisa (Anexo 6).
A B C D
1. Quando eu
aprendo:
__ gosto de lidar com
meus sentimentos.
__ gosto de refletir sobre
idéias.
__ gosto de estar fazendo
coisas.
__ gosto de observar e
escutar.
2. Eu aprendo
melhor quando:
__ escuto e observo
com cuidado.
__ me apoio no
pensamento lógico.
__ confio nas minhas
intuições e
sentimentos.
__ trabalho de forma
intensa para realizar
as coisas.
3. Quando estou
aprendendo:
__ tendo a examinar as
coisas até chegar ao
resultado.
__ sou responsável em
relação às coisas.
__ mantenho-me calado
e reservado.
__ experimento
sentimentos e reações
fortes.
Figura 2. Amostra das frases do Inventário de Estilo de Aprendizagem - versão 3 (Kolb, 1999a).
Questionário pós-teste (Anexo 7): verificou a identificação do sujeito com o
estilo de aprendizagem apontado pelo inventário e as possíveis contribuições do
encontro para a escolha profissional dos mesmos. Esse instrumento foi aplicado
após uma explanação sobre cada um dos estilos, que foi realizada depois da
aplicação do Inventário de Estilo de Aprendizagem, entretanto não foram
apresentadas aos estudantes as correlações, apontadas pela literatura, entre os
estilos e as profissões.
2
a
etapa da coleta de dados: ao fim do ano letivo de 2005, retornamos às
escolas para distribuir a cada participante um questionário de verificação, a ser
respondido individualmente e entregue aos pesquisadores a posteriori.
Instrumento utilizado:
Questionário de verificação (Anexo 8): pesquisou o curso superior escolhido
para a inscrição no exame vestibular ou o curso de prioridade, em caso de
inscrição para cursos diferentes em vestibulares distintos. Reconhecemos o
processo amplo e complexo de uma escolha profissional, que do mesmo modo
que não de restringe às profissões de curso superior, nem sempre se traduz
como uma escolha permanente para o indivíduo; contudo, neste trabalho,
21
adotamos o curso universitário escolhido diante do vestibular como referência
para a escolha profissional por concebermos essa como uma escolha efetivada,
real e possível, ou seja, o adolescente escolheu o que lhe pareceu melhor no
momento (Soares, 2002), enquanto ser em desenvolvimento e em processo de
construção de sua identidade (Cole & Cole, 1989/2001; Papalia & Olds,
1975/1998).
Categorias estabelecidas
As disciplinas escolares preferidas, inclusive as especificadas em outros, foram
alocadas nas seguintes categorias, com base nas áreas do conhecimento propostas pelo
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq (CNPq,
2006): (1) Ciências Exatas (matemática, física e química); (2) Ciências Biológicas
(biologia, educação física e ciências); (3) Ciências Humanas e Sociais Aplicadas
(geografia, história, filosofia e economia); (4) Letras (português, literatura e língua
estrangeira).
Os cursos universitários citados pelos sujeitos, neste trabalho, também foram
agrupados baseados nas categorias propostas pelo CNPq (2006). Optamos por essa
classificação tendo em vista a ausência de estudos recentes que abordem essa temática
(Y. Lehman, comunicação pessoal, 08 de agosto de 2006), além de facilitar as relações
com os dados das disciplinas preferidas. Para tanto, as nove áreas do conhecimento
utilizadas pelo CNPq foram sintetizadas em quatro categorias análogas às adotadas nas
disciplinas escolares, pois com as nove áreas teríamos uma baixa representatividade de
sujeitos em cada grupo devido ao tamanho de nossa amostra. Assim, temos: (1)
Ciências Exatas, da Terra e Engenharias (citados: Engenharia da Computação;
Engenharia Civil; Engenharia Elétrica; Engenharia de Infra-estrutura Aeronáutica;
Engenharia Mecânica; Engenharia de Produção; Engenharia Química; Engenharia
Têxtil; Geologia; Matemática); (2) Ciências Biológicas, da Saúde e Agrárias (Ciências
Biológicas; Biomedicina; Educação Física; Enfermagem; Engenharia de Alimentos;
Farmácia; Fisioterapia; Medicina; Medicina Veterinária; Nutrição; Odontologia;
Zootecnia); (3) Ciências Humanas e Sociais Aplicadas (Administração; Arquitetura e
Urbanismo; Ciências Contábeis; Comunicação Social - Jornalismo e Radialismo;
22
Direito; História; Marketing; Pedagogia; Psicologia; Publicidade e Propaganda;
Serviço Social; Turismo); (4) Letras e Artes (Artes Cênicas; Artes Visuais; Letras -
Língua Portuguesa).
Análise dos dados
Para os escores nas dimensões de aprendizagem e certas variáveis controle
identificação dos sujeitos com o seu estilo de aprendizagem e contribuições do
encontro de coleta de dados para a escolha do mesmo foram realizadas análises
descritivas. Quanto às demais variáveis estudadas, aplicamos análises estatísticas
adotando o nível de significância de 5% (p < 0,05).
Foi utilizado o teste estatístico não-paramétrico do Qui-quadrado (χ
2
) para
analisar a distribuição dos sujeitos pelos estilos de aprendizagem e para verificar a
relação entre os estilos dos sujeitos e os grupos de cursos universitários escolhidos.
Este mesmo teste também foi aplicado junto a uma correção de continuidade
(Continuity Correction) ao comparar os estilos dos indivíduos que citaram com os
que não citaram cada uma das disciplinas escolares e atividades profissionais de
interesse.
Para examinar a relação entre os estilos de aprendizagem e o mero médio de
citações aos diferentes grupos de disciplinas escolares foi realizada uma análise de
variância (ANOVA), sendo aplicado o teste post hoc de LSD. Este mesmo
procedimento foi efetuado para verificar a correlação entre os escores médios nas
habilidades de aprendizagem indicadas pelo inventário e os grupos de cursos
universitários escolhidos pelos sujeitos, mas neste caso utilizou-se o teste post hoc de
Sheffe.
RESULTADOS
Estilos de Aprendizagem
Os estilos de aprendizagem distribuíram-se de forma significativamente
diferente entre os estudantes pesquisados [χ
2
(3) = 74,65; p = 0,00]. Os estilos
assimilador e divergente foram muito mais freqüentes do que os estilos acomodador e
convergente (Figura 3).
23
0
10
20
30
40
50
Divergente Assimilador Convergente Acomodador
Estilos de aprendizagem
Sujeitos (%)
Figura 3. Distribuição dos estilos de aprendizagem entre os estudantes do 3º ano do ensino médio (N
= 221 sujeitos).
A diferença na distribuição dos estilos fica ainda mais evidente ao serem
plotados, no ciclo de aprendizagem de Kolb com as normas estabelecidas no LSI 3
(Kolb, 1999a) –, os escores médios dos estudantes em cada habilidade de
aprendizagem (Figura 4). É possível visualizar na Figura 4 uma forte inclinação da
amostra pesquisada para a habilidade OR em detrimento da EA. Em relação às
dimensões de aprendizagem, que apontam as preferências por uma das habilidades de
cada eixo do ciclo através da subtração dos valores das habilidades opostas,
observaram-se os seguintes escores médios: na dimensão Ativo-Reflexiva (EA-OR): µ
= -1,73 (dp = 9,19); e na Abstrato-Concreta (CA-EC): µ = 4,61 (dp = 9,88).
Quando indagados sobre a identificação com o estilo de aprendizagem proposto
pelo inventário, a maioria dos estudantes respondentes (94,99%) relatou ter se
identificado com a maior parte das características do próprio estilo. Além disso, sobre
as possíveis contribuições do encontro de coleta de dados para a escolha profissional,
75,12% disseram que o encontro contribui de alguma forma e dentre as justificativas
colocadas para esta questão as mais freqüentes relatavam sobre o autoconhecimento
(34,15% das citações), seguida das que pontuavam relações estabelecidas entre os
100
24
estilos e as profissões (25,2% das citações) e das que disseram que o encontro veio
confirmar a escolha (14,23% das citações).
Figura 4. Ciclo de aprendizagem (Kolb, 1999a) com o perfil dos estudantes do 3º ano do ensino médio
(N = 221). Dados das habilidades: EC (µ = 24,38; dp = 5,6), OR (µ = 34,18; dp = 5,55), CA (µ = 29,0;
dp = 5,81), EA (µ = 32,45; dp = 5,3).
Disciplinas escolares preferidas
Considerando os grupos de disciplinas escolares preferidas, foi possível
verificar diferença significativa entre os estilos apenas no grupo Ciências Biológicas
[F (3,213) = 2,95; p = 0,03], em que os sujeitos do estilo divergente e do convergente
apresentaram médias de citações mais altas do que os do estilo assimilador. A média
de citações dos indivíduos acomodadores não se diferenciou das demais (Figura 5).
Ao comparar cada uma das disciplinas escolares entre os estilos, constatamos
diferenças significativas nas citações às disciplinas de sica e matemática. Como
ilustra a Figura 6, os sujeitos do estilo assimilador e do estilo convergente
apresentaram mais citações do que os demais estilos à disciplina de matemática [χ
2
(3,214) = 7,97; p = 0,04] e na disciplina de física o estilo assimilador foi o que somou
mais citações [χ
2
(3,214) = 10,09; p = 0,01] (No Apêndice A apresenta-se a tabela com
todas as disciplinas).
25
0
0,25
0,5
0,75
1
Divergente Assimilador Convergente Acomodador
Estilos de aprendizagem
Média de citações no Grupo
Ciências Biológicas
Figura 5. dias das citações em disciplinas preferidas do grupo Ciências Biológicas (120 citações),
no qual houve diferença significativa entre os estilos de aprendizagem dos estudantes do ano do
ensino médio (N = 214 sujeitos; 07 sem resposta).
0
10
20
30
40
50
Matemática Física
Disciplinas escolares preferidas
Sujeitos (%)
Divergente
Assimilador
Convergente
Acomodador
Figura 6. Porcentagem de sujeitos de cada estilo que relatou preferência pelas disciplinas escolares de
matemática (58 citações) e física (30 citações), nas quais houve diferença significativa entre os estilos
(N = 214 sujeitos; 07 sem resposta).
Atividades Profissionais de interesse
Em relação às atividades profissionais de interesse, encontramos diferenças
significativas entre os estilos nas citações a cinco atividades, como mostra a Figura 7
(Dados de todas as atividades estão apresentados no Apêndice A). O estilo
convergente superou os outros estilos nas citações às atividades que envolva
p = 0,02 p = 0,04
100
26
instrumento de precisão [χ
2
(3,221) = 9,65; p = 0,02], pequenos movimentos manuais
precisos [χ
2
(3,221) = 7,69; p = 0,05], execução gráfica rica em detalhes [χ
2
(3,221) =
15,99; p = 0,001] e manipulação de substâncias [χ
2
(3,221) = 8,94; p = 0,03]. Na
atividade que auxilie a transformação do mundo, os sujeitos assimiladores foram os
mais freqüentes [χ
2
(3,221) = 8,92; p = 0,03].
0
20
40
60
80
100
Que envolve
instrumento de
precisão
Pequenos
movimentos
manuais
precisos
Execão
gráfica rica em
detalhes
Manipulão
de substâncias
Que auxilie a
transformão
do mundo
Atividades profissionais de interesse
Sujeitos (%)
Divergente
Assimilador
Convergente
Acomodador
Figura 7. Porcentagem de estudantes de cada estilo que citou interesse nas atividades profissionais que
envolva instrumento de precisão, pequenos movimentos manuais precisos, execução gráfica rica em
detalhes, manipulação de substâncias e que auxilie a transformação do mundo, nas quais houve
diferença significativa entre os estilos (N = 221 sujeitos).
Escolha profissional
Quanto à escolha profissional dos estudantes, não se observou diferença entre
os estilos de aprendizagem e as categorias de cursos universitários escolhidos pelos
adolescentes. Entretanto, ao comparar os escores nas habilidades de aprendizagem e os
grupos de cursos, observamos que o escore médio em Conceituação Abstrata foi
significativamente mais alto entre os estudantes que escolheram cursos do grupo
Ciências Exatas, da Terra e Engenharias quando comparados ao grupo de Ciências
Biológicas, da Saúde e Agrárias (p < 0,04) e ao grupo Ciências Humanas e Sociais
Aplicadas (p < 0,05) [F(3,16) = 3,19; p = 0,02] (Figura 8). Não foi observada diferença
para as demais habilidades.
27
0
10
20
30
40
50
Ciências Exatas,
da Terra e
Engenharias
Ciências
Biológicas, da
Saúde e Agrias
Ciências
Humanas e
Sociais Aplicadas
Letras e Artes
Categorias de cursos escolhidos
Escores médios na habilidade
Conceituação Abstrata
Figura 8. Escores médios na habilidade Conceituação Abstrata em função das categorias de cursos
escolhidos pelos estudantes do 3º ano do ensino médio (N = 221 sujeitos).
DISCUSSÃO
Os resultados apresentados neste estudo revelam interessantes correlações entre
os estilos de aprendizagem e as preferências escolares e profissionais dos estudantes.
A seguir, serão discutidas tais associações e suas possíveis implicações teóricas e
práticas.
Estilos de aprendizagem
Para analisar os estilos de aprendizagem e suas correlações, cabe examinar, em
princípio, a distribuição dos estilos na amostra investigada. De acordo com os
resultados deste trabalho, os estudantes pesquisados em escolas de Natal
concentraram-se expressivamente nos estilos divergente e assimilador, que estão
voltados para a dimensão reflexiva (OR), enquanto que os estilos ligados à ação (EA)
tiveram baixa representatividade. Além disso, ao comparar os escores médios das
dimensões com as normas do LSI 3 (Kolb, 1999a), percebe-se na dimensão Ativo-
Reflexiva (EA-OR) uma inclinação para a reflexão, enquanto na Abstrato-Concreta
(CA-EC) não houve uma marcada preferência entre os pólos. Tendência similar foi
encontrada por Kolb (1999b), no grupo normativo do LSI 3, no qual houve entre os
p = 0,04
p = 0,05
28
indivíduos com idade abaixo de 19 anos uma maior inclinação para o campo reflexivo
do que para o ativo, não havendo diferença no eixo Concreto-Abstrato.
Sugerimos que essa inclinação para o pólo reflexivo, encontrada nos sujeitos
pesquisados, esrelacionada, mais do que simplesmente à idade, ao ambiente sócio-
educacional no qual os estudantes estão inseridos. Na atual sociedade letrada, os
jovens protelam seu envolvimento com atividades práticas e se dedicam a uma longa
educação formal até entrarem no campo do trabalho. Mergulhados em um sistema
educacional predominantemente teórico e com poucas investiduras no sentido prático,
os indivíduos tornam-se ainda mais distantes da ação. Deste modo, espera-se que em
sociedades nas quais os períodos da infância e adolescência estejam mais envolvidos
com a resolução de problemas práticos, como em sociedades modernas de caçadores-
coletores, ou em grupos que estejam inseridos em um sistema educacional voltado
para a ação, esta disparidade Ativo-Reflexiva não seja tão forte.
Kolb (1984) defende que as experiências educacionais precoces exercem um
importante efeito sobre os estilos de aprendizagem dos indivíduos, pois estimulam
certas habilidades e tendem a instruir certas formas de aprender. Além deste fator, que
caracteriza o papel da especialização educacional (formação) na modelagem dos
estilos, outros quatro aspectos são destacados pelo autor: tipos de personalidade,
carreira profissional (profissão exercida), função do trabalho atual e competências
adaptativas (referentes a tarefas exercidas em determinado momento).
Interesses escolares e profissionais
Ao observar a preferência dos alunos pelas disciplinas escolares, pôde-se
verificar nos estilos convergente e divergente um maior mero de citações às
disciplinas do grupo Ciências Biológicas. A literatura aponta que sujeitos desses dois
estilos costumam se interessar por profissões da área biomédica, possivelmente em
virtude do caráter técnico e/ou de contato humano que permeiam muitos cursos dessa
área, aspectos estes que atraem respectivamente os convergentes e divergentes (Austin,
2004; Kolb, 1984; Mitchell & Nyland, 2005). Sugerimos que essa tendência esteja
sendo expressa na escola através do interesse por disciplinas do campo biológico,
como foi verificado neste trabalho.
29
De modo semelhante, constatou-se na disciplina de matemática mais citações
dos assimiladores e convergentes e na de física uma maior preferência dos
assimiladores. Entendemos que estes interesses estejam relacionados à congruência
entre as características destes estilos ambos voltados para a Conceituação Abstrata
e as destas disciplinas, que envolvem, por exemplo, generalização de idéias, lógica e
resolução de problemas que apresentam uma única solução correta. Cabe sublinhar que
estudos anteriores apontam correlações entre esses estilos e profissões que envolvem
as ciências exatas e as engenharias (Demirbas & Demirkan, 2003; Kolb, 1984; Loo,
2002).
Quanto ao interesse pelas atividades profissionais oferecidas, o estilo
convergente destacou-se nas citações a atividades que envolvem questões que
precisam de um conhecimento técnico, preciso e exato (que envolva instrumento de
precisão, pequenos movimentos manuais precisos, execução gráfica rica em detalhes e
manipulação de substâncias), aspectos esses que são característicos de sujeitos do
estilo convergente (Kolb, 2000). Na atividade que auxilie a transformação do mundo,
observou-se maior interesse entre os indivíduos assimiladores; é provável que isso
esteja relacionado à atração, apontada por trabalhos anteriores, desse estilo pelo campo
de pesquisas e pelas ciências básicas (Fox & Ronkowski, 1997; Healey et al., 2005;
Kolb, 2000), que são áreas nas quais os conhecimentos gerados podem trazer
contribuições de impacto sobre diversos ramos da sociedade.
O resultado encontrado entre a pontuação em CA e a escolha profissional por
cursos da categoria Ciências Exatas, da Terra e Engenharias reflete a associação
esperada entre os aspectos relativos a esta habilidade de aprendizagem e às profissões
desse grupo, que são permeadas por questões lógicas e de generalização de idéias
(Kolb, 1984; Loo, 2002).
De acordo com as proposições de Kolb (1984; 2000), esperava-se algumas
correlações entre os estilos de aprendizagem e as escolhas profissionais dos sujeitos,
entretanto essas não foram encontradas neste estudo. O mesmo ocorreu no trabalho de
Mitchell e Nyland (2005), no qual não houve correlação entre os estilos de
aprendizagem dos estudantes de nutrição e suas preferências por certas áreas de
atuação. Do mesmo modo, na presente pesquisa, alguns estilos não apresentaram
30
nenhuma correlação com certas variáveis estudadas, desmontado algumas suposições
que poderiam ser formuladas a partir da Teoria da Aprendizagem Experiencial.
Sugerimos que esses resultados estejam relacionados a alguns fatores. É possível, por
exemplo, supor que os interesses escolares e profissionais ainda não estejam
amadurecidos para muitos adolescentes ou, ainda, que o próprio estilo de
aprendizagem não esteja definido nesta idade, indicando a forte influência da formação
universitária e da prática profissional na construção do estilo. Desse modo, a
concentração da nossa amostra nos estilos do campo reflexivo, pode estar enviesando
os dados das correlações comumente encontradas em universitários e profissionais.
Kolb (1984) aponta que o exercício profissional é um dos fatores mais marcantes para
o desenvolvimento dos estilos, visto que além de envolver um ambiente de
aprendizagem especializado, expõe o sujeito a tipos de problemas particulares, que
exigem habilidades específicas e geram uma mentalidade ou identidade profissional,
com crenças, valores e comportamentos típicos da profissão.
Neste contexto, o fato de o estilo convergente ter sido o que mais apresentou
correlações significativas, pode estar relacionado ao caráter focal desse estilo, podendo
haver nesses sujeitos interesses mais afunilados ou mais convictos, o que contribui
para uma maior facilidade dos mesmos em perceber suas próprias inclinações.
Diante dos resultados, pode-se apontar que a ausência de correlações entre os
estilos e as escolhas profissionais neste trabalho sinaliza para o fato de que o LSI não
foi capaz de predizer a partir do estilo do indivíduo a profissão escolhida pelo mesmo.
Isto leva-nos a supor que o LSI não deve ser usado como preditor da escolha, mas que
pode ser particularmente útil em um processo de orientação profissional, tendo em
vista que os adolescentes aqui pesquisados relataram contribuições do mesmo para o
autoconhecimento, para a confirmação da escolha e para o estabelecimento de relações
entre estilos e profissões. Ademais, o próprio Kolb (2000) aponta que esse instrumento
não foi construído com finalidades diagnósticas ou de seleção e sim como ferramenta
para aumentar a compreensão do indivíduo sobre seu processo de aprendizagem. Kolb
(1984) ressalta, ainda, que não se pretende que as pessoas equipem-se apenas com os
estilos apropriados para certas carreiras, visto que isso não significa sucesso ou
insucesso na profissão. Esse instrumento pode ser útil também no ambiente
31
educacional do indivíduo, ajudando-o a conhecer forças e fraquezas na sua forma de
aprender, permitido inclusive que os educadores adotem métodos de ensino que
possam atender aos diferentes estilos (Kolb, 2000) e proporcionar um ensino mais
relacionado à prática, uma vez que, como apontou este trabalho, os estudantes estão
fortemente voltados para a reflexão do que para a ação.
CONCLUSÕES
Os dados encontrados neste trabalho indicaram apenas algumas correlações
entre os estilos e/ou habilidades de aprendizagem dos sujeitos e seus interesses por
disciplinas escolares e atividades profissionais. Tais associações observadas
corroboram as proposições de Kolb (1984) a respeito das características dos estilos e
da natureza das habilidades, contudo, visto que estas relações não foram observadas
para todos os estilos, é possível concluir que em adolescentes que não passaram por
formação profissional as idéias da Teoria da Aprendizagem Experiencial não se
aplicam de forma tão clara como em indivíduos universitários ou em exercício
profissional.
Quanto às escolhas profissionais não houve correlação com os estilos, mas sim
com uma habilidade de aprendizagem. Entretanto, ainda que o Inventário de Estilo de
Aprendizagem não tenha atuado como preditor da escolha profissional do adolescente,
este pode ser útil em contextos de orientação profissional e para finalidades
educacionais.
32
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35
APÊNDICE A
Tabela A1. Itens que compuseram a lista de atividades profissionais apresentada no Questionário pré-
teste e que foram retirados das análises dos dados.
Ligado a instituição
Desenvolvido em ambientes fechados
Horário fixo
Uniformizado
Que exija estar bem vestido
Por conta própria – autônomo
Ao ar livre
Horário livre
Que permita traje informal
Que permita trabalhar em mais de um lugar
Tabela A2. Estilos de aprendizagem e disciplinas escolares preferidas. Valores de χ
2
e de p nas
comparações entre estilos (N = 214 sujeitos; 07 sem resposta; gl = 1).
Divergente
Assimilador
Convergente
Acomodador
Disciplinas escolares
preferidas
n
% de
sujeitos
n
% de
sujeitos
n
% de
sujeitos
n
% de
sujeitos
χ2
p
Português 21
29,6 28
29,2 06
28,6 08 30,8 0,03 0,99
Literatura 16
22,5 20
20,8 02
9,5 08 30,8 3,17 0,36
Língua Estrangeira 19
26,8 16
16,7 02
9,5 05 19,2 4,18 0,24
Geografia 21
29,6 31
32,3 06
28,6 08 30,8 0,19 0,97
História 25
35,2 38
39,6 08
38,1 09 34,6 0,43 0,93
Matemática 15
21,1 33
34,4
08
38,1
02 7,7 10,1
0,01
**
Física 04
5,6 20
20,8 03
14,3 03 11,5 7,97
0,04
*
Química 21
29,6 31
32,3 05
23,8 11 42,3 2,11 0,54
Biologia 42
59,1 41
42,7 13
61,9 11 42,3 6,22 0,1
Educação Física 12
16,9 12
12,5 05
23,8 02 7,7 3,08 0,37
Outras disciplinas 02
2,8 02
2,1 00
0,0 02 7,7 3,06 0,38
Notas:
*
p < 0,05;
**
p < 0,01. As porcentagens de sujeitos nas disciplinas foram calculadas tomando como
100% o total de sujeitos em cada um dos estilos (Div = 73; Ass = 99; Con = 23; Aco = 26).
36
Tabela A3. Estilos de aprendizagem e atividades profissionais de interesse. Valores de χ
2
e de p nas
comparações entre os estilos (N = 221 sujeitos; gl =1).
Divergente
Assimilador
Convergente
Acomodador
Atividades
profissionais de
interesse
n
% de
sujeitos
n
% de
sujeitos
n
% de
sujeitos
n
% de
sujeitos
χ2
p
trabalho com as mãos
34
46,6 41
41,4
14
60,9 13 50 3,05 0,380
trabalho em equipe 61
83,6 84
84,8
16
69,6 21 80,8 3,13 0,370
que envolva
instrumento de
precisão
08
11 21
21,2
09
39,1
4 15,4 9,65
0,020
*
organização e
sistematização de
publicações
12
16,4 23
23,2
05
21,7 6 23,1 1,29 0,730
pequenos
movimentos manuais
precisos
11
15,1 16
16,2
09
39,1
4 15,4 7,69
0,050
*
que exija
compreensão verbal
20
27,4 28
28,3
09
39,1 10 38,5 2,15 0,540
que envolva desenho
a mão livre
08
11 15
15,2
04
17,4 3 11,5 1,01 0,790
ligado a alta
tecnologia
23
31,5 41
41,4
09
39,1 7 26,9 2,91 0,400
convencer pessoas 29
39,7 30
30,3
07
30,4 5 19,2 4,09 0,250
atendimento a
pessoas necessitadas
44
60,3 49
49,5
11
47,8 16 61,5 2,9 0,400
trabalhar sozinho 09
12,3 19
19,2
06
26,1 2 7,7 4,48 0,210
execução gráfica rica
em detalhes
04
5,5 17
17,2
09
39,1
6 23,1 16
0,001
***
manipulação de
substâncias
07
9,6 14
14,1
08
34,8
5 19,2 8,94
0,030
*
imaginar coisas
novas
29
39,7 47
47,5
13
56,5 13 13 2,43 0,480
ajudar pessoas 58
79,5 69
69,7
16
69,6 18 69,2 2,4 0,490
que auxilie a
transformação de
mundo
24
32,9 55
55,6
10
43,5 13 50 8,92
0,030
*
ligado à construção 07
9,6 10
10,1
04
17,4 1 3,8 2,51 0,470
direto com a natureza 22
30,1 31
31,3
10
43,5 8 30,8 1,54 0,670
que exija
responsabilidade e
decisão
45
61,6 71
71,7
18
78,3 17 65,4 3,18 0,360
que envolva
problemas técnicos
08
11
20
20,2
3 13
2 7,7
4,2 0,240
Notas:
*
p < 0,05;
***
p < 0,001. As porcentagens de sujeitos nas atividades foram calculadas tomando como
100% o total de sujeitos em cada um dos estilos (Div = 73; Ass = 99; Con = 23; Aco = 26).
37
ESTUDO 2
Diferenças sexuais em estilos de aprendizagem, interesses e escolhas
profissionais: uma perspectiva evolucionista
38
INTRODUÇÃO
As diferenças entre os gêneros
1
têm sido amplamente estudadas em relação a
várias nuances do ser humano, abrangendo aspectos anatômicos, fisiológicos,
comportamentais e cognitivos. Dentre os campos de estudo que investigam tais
questões, temos a Psicologia Evolucionista, abordagem que busca entender o
comportamento e a mente humana tendo como alicerce os princípios da teoria da
evolução das espécies propostos por Charles Darwin (1859/2004) e autores posteriores
(Daly & Wilson, 1999; Oliva et al., 2006; Tooby & Cosmides, 1992).
Sob a perspectiva evolucionista, as diferenças entre homens e mulheres estão
relacionadas às distintas pressões seletivas que operaram sobre cada sexo ao longo da
evolução humana (Buss, 1995; Buss & Schmitt, 1993), especialmente àquelas
associadas ao que Darwin (1871/2004) definiu como seleção sexual, processo que
favorece características que promovem vantagem reprodutiva para os indivíduos, e que
nos seres humanos proporcionou, em ambos gêneros, a evolução de traços para atrair o
sexo oposto e para enfrentar a intensa competição intra-sexual por parceiros (Buss,
2003). Outra importante pressão para o desenvolvimento de nossas dessemelhanças foi
a divisão de trabalho entre os sexos durante o processo evolutivo humano, no qual,
similarmente às sociedades modernas de caçadores-coletores, os homens eram
responsáveis pela caça de animais, fabricação de ferramentas e pela defesa do grupo
contra inimigos e predadores; e as mulheres pela coleta e preparo de alimentos,
cuidado dos filhos e costura das vestimentas (Ridley, 1996/2000). Esta divisão de
atividades e o processo de seleção sexual enfrentados por nossos ancestrais teriam
favorecido o surgimento de certas diferenças sexuais no corpo e na mente humana
(Buss, 2003; McBurney, Gaulin, Devineni & Adams, 1997; Silverman & Eals, 1992).
Diversos autores evolucionistas discutem funções adaptativas para as diferenças
entre os gêneros em habilidades cognitivas específicas, apresentadas por estudos
psicométricos e experimentais. O desempenho superior das mulheres em habilidades
verbais tarefas de memória verbal e fluência verbal (Flores-Mendoza, 2000; Hyde &
1
Neste trabalho utilizamos os termos gênero e sexo como sinônimos, justamente por defendermos que
aspectos sócio-culturais – atribuídos geralmente a gênero – e biológicos – em geral conferidos a sexo
são indissociáveis.
39
Linn, 1988; Kimura, 2000; Kimura & Clarke, 2002) é atribuído especialmente à
competição por parceiros reprodutivos, uma vez que a linguagem é considerada a
principal ferramenta de competição entre as mulheres, além de sua importância na
integração a novos grupos nas migrações (Geary, 1998). Outras aguçadas habilidades
femininas como a inferência do estado emocional do outro e a percepção de pistas não-
verbais das emoções também parecem contribuir para o sucesso na competição intra-
sexual e também no cuidado parental (Geary, 1998; Kimura, 2000). A eficiência em
certas habilidades espaciais, como em lembrar pontos de referência e a localização de
objetos, e, ainda, a acentuada habilidade motora fina e percepção de detalhes podem
estar relacionadas à atividade de coleta realizada pelas mulheres (Eals & Silverman,
1994; Galea & Kimura, 1993; McBurney et al., 1997). Em relação aos homens, o
melhor desempenho nas diversas habilidades viso-espaciais (rotação espacial,
percepção espacial, relações espaciais, etc.), habilidades matemáticas, de raciocínio
abstrato, lógico, mecânico (Flores-Mendoza, 2000; Kimura, 2000; Linn & Peterson,
1985) e a apurada habilidade em perceber raiva em outro homem, conferem vantagens
evolutivas na defesa de território contra competidores, nos conflitos entre grupos para
capturar fêmeas, na atividade de caça e na construção de ferramentas (Silverman &
Eals, 1992; Geary, 1996; 1998), funções essas que têm como primordial pano de fundo
a alta competição intra-macho pelo o acesso a parceiras (Geary, 1995).
Além de aspectos cognitivos, os gêneros também apresentam importantes
diferenças quanto aos seus interesses. Whiston e Bouwkamp (2003) apontam
dessemelhanças entre os sexos em diversos inventários que medem interesses
ocupacionais, sendo os homens mais atraídos por atividades militares, atléticas e
mecânicas e por profissões que lidam com idéias, dados e coisas, enquanto as
mulheres interessam-se mais por atividades artísticas e culinárias, bem como por
profissões que trabalham com pessoas. Para Vouillot, Blanchard, Marro e
Steinbruckner (2004) as escolhas escolares e profissionais apresentam fortes
diferenças sexuais. Através de dados oficiais franceses, esses autores indicam a maior
representatividade de mulheres nos setores de atividades ligados à educação, saúde,
ação social e serviços a particulares; e de homens na indústria, construção e
transportes; além disso, as mulheres são maioria em carreiras terciárias, sociais e
40
literárias, ao passo que os homens são mais numerosos em carreiras técnicas
industriais e científicas. As diferenças entre os gêneros em seus interesses por
atividades e profissões distintas podem ser influenciadas, dentre outros fatores, por
efeitos hormonais, como sugere Berenbaum (1999) em seu interessante estudo com
adolescentes que foram expostos a androgênios na fase pré-natal e logo após o
nascimento. A autora verificou que as meninas do grupo experimental apresentaram
maior interesse por atividades e carreiras profissionais tipicamente masculinas quando
comparadas às meninas do grupo controle. Entre os indivíduos do grupo controle, as
meninas preferiram atividades típicas femininas (“escrever em um diário” e fazer
bijuterias”) e carreiras de mulheres, como patinadora profissional de gelo e
cabeleireira, enquanto os meninos interessaram-se por atividades típicas do seu sexo,
como “ler revistas de esportes” e “pensar em ser um mecânico de carro”, bem como
por profissões masculinas, que incluíam engenheiro e piloto de avião.
As dessemelhanças relacionadas àquilo que desperta o interesse de cada sexo
parecem estar presentes desde muito cedo. Na infância, os meninos mostram-se mais
interessados por brinquedos como veículos e armas e por brincadeiras de contato físico
como lutar, correr e rolar; as meninas, preferem brincar com bonecas, cosméticos,
utensílios domésticos, acessórios e itens de vestuário (Alexander & Hines, 1994;
DiPietro, 1981; Servin, Bohlin & Berlin, 1999), havendo amplas evidências de
correlações entre tais preferências e níveis hormonais (Berenbaum & Hines, 1992;
para uma revisão ver Hines, 2004). Brincadeiras de contato físico também são
preferidas por machos de outras espécies de mamíferos (Thompson, 1996) e até
mesmo o interesse por diferentes brinquedos já foi observado em macacos vervet
(Cercopithecus aethiops sabaeus) (Alexander & Hines, 2002), o que sugere que estas
diferenças entre os sexos não envolvem apenas aspectos culturais.
Trabalhos com bebês, coordenados pelo pesquisador Simon Baron-Cohen
evidenciam diferenças sexuais ainda mais precoces. Um de seus estudos investigou
recém-nascidos com um dia de vida e mostrou que as meninas passaram mais tempo
olhando para uma fotografia de uma face humana, enquanto os meninos preferiam
olhar para um móbile físico-mecânico (Connellan, Baron-Cohen, Wheelwright, Batki
& Ahluwalia, 2000). Outra pesquisa indicou que, com um ano de idade, bebês do sexo
41
feminino estabeleceram mais contatos visuais com a mãe ou o pai do que os bebês do
sexo masculino, havendo, nos meninos, correlação inversa entre o nível de testosterona
pré-natal e a ocorrência de contato visual com a mãe ou o pai (Lutchmaya, Baron-
Cohen & Raggatt, 2002). Em outro estudo com bebês de um ano de idade, as meninas
passaram mais tempo do que os meninos assistindo a vídeos com rostos humanos,
enquanto os meninos preferiram assistir a vídeos de carros (Lutchmaya & Baron-
Cohen, 2002).
Em virtude de tantas diferenças sexuais seria possível admitir que os gêneros
diferem em seu modo de aprender? À luz do darwinismo, a aprendizagem é concebida
como um conjunto de processos específicos, moldados pela seleção natural, para
ajustar a relação entre o comportamento do indivíduo e particularidades de seu
ambiente, viabilizando a resolução de problemas importantes à sua sobrevivência e
reprodução (Gaulin & McBurney, 2004). Sob esse prisma, entende-se que os gêneros
não se diferenciam fundamentalmente em sua capacidade de aprender e solucionar
problemas, entretanto, diferenças no aprendizado podem se fazer presentes em virtude
de pressões seletivas específicas atuantes em cada sexo.
Aprendizagem e gênero
No campo da aprendizagem, diversas teorias propõem a existência de estilos ou
formas de aprender diferentes entre os indivíduos, dentre as quais a Teoria da
Aprendizagem Experiencial desenvolvida pelo psicólogo americano David Kolb
(1984) destaca-se por ser uma das pioneiras e mais influentes, tendo gerado uma
variedade de produções científicas (Coffield, Moseley, Hall & Ecclestone, 2004). Kolb
(1984) concebe o processo de aprendizagem como um ciclo contínuo composto por
quatro tipos de habilidades (Figura 1): Experiência Concreta (EC), envolver-se de
modo aberto e pessoal nas experiências; Observação Reflexiva (OR), refletir e
observar as experiências sob várias perspectivas; Conceituação Abstrata (CA),
conceituar os distintos pontos das experiências e integrá-los de forma lógica; e
Experimentação Ativa (EA), empregar os conceitos abstratos em aplicações práticas e
resolução de problemas. Tais habilidades compõem duas dimensões estruturais: uma
referente à captação ou percepção da experiência do mundo, relativa ao eixo Abstrato-
42
Concreto (CA-EC); e outra relativa à transformação ou processamento da experiência
captada, eixo da Ativo-Reflexivo (EA-OR) (Figura 1).
Kolb (1984) propõe que os indivíduos constroem estilos de aprendizagem ao
adotar uma habilidade dominante em cada eixo desse círculo, havendo quatro estilos
diferentes. Estilo divergente (EC e OR): aprendem através das percepções e emoções
vividas nas experiências de aprendizagem. beis em lidar com pessoas e em ver as
situações por diferentes perspectivas; Estilo assimilador (OR e CA): aprendem
analisando em detalhes as experiências e vendo-as do ponto de vista lógico. São
sistemáticos, competentes no raciocínio indutivo e na construção de teorias; Estilo
convergente (CA e EA): bons em convergir teorias em aplicações práticas, exímios no
raciocínio hipotético-dedutivo, na tomada de decisão e na resolução de problemas;
Estilo acomodador (EA e EC): aprendem com a prática, são hábeis em modificar
conhecimentos para lidar com uma nova situação e gostam de se envolver em novas
experiências, arriscar-se e operacionalizar planos. Cabe destacar que cada estilo é
construído de acordo com as predisposições genéticas, experiências de vida e
exigências ambientais dos sujeitos, por isso não se tratam de traços fixos, ainda que
tenham razoável estabilidade a longo prazo (Kolb, 2000).
Figura 1. Ciclo de aprendizagem de David Kolb (1984) representando as quatro habilidades
envolvidas nesse processo, as dimensões e os estilos de aprendizagem.
Divergente
Assimilador Convergente
Acomodador
C
a
p
t
a
ç
ã
o
T r a n s f o r m ç ã o
Experiência
Concreta
Conceituação
Abstrata
Experimentação
Ativa
Observação
Reflexiva
43
Kolb fundamentou sua teoria com a construção do Learning Style Inventory -
LSI (Inventário de Estilo de aprendizagem), instrumento que foi desenvolvido em 1971
e que identifica o estilo de aprendizagem do indivíduo. Posteriormente, outras versões
do LSI foram elaboradas pelo autor, havendo nos grupos normativos de todas elas uma
tendência dos homens em obter maiores pontuações na dimensão CA-EC, que denota
preferência pela Conceituação Abstrata (Kolb 1984; 1999a; Kolb & Kolb, 2005),
sendo recentemente verificada uma maior pontuação das mulheres em EA-OR,
preferência por Experimentação Ativa (Kolb & Kolb, 2005). Pesquisas realizadas com
o LSI também encontraram nos homens escores mais altos no campo abstrato (CA e
CA-EC) e nas mulheres melhores pontuações no campo concreto (EC) (Barmeyer,
2004; Heffler, 2001; Severiens & Ten Dan, 1994), além de diferenças sexuais nos
estilos de aprendizagem, sendo observadas mais mulheres no estilo divergente e mais
homens no estilo assimilador (Loo, 2002; Philbin, Meier, Huffman & Boverie, 1995),
ou, ainda, constatando-se maior número de mulheres no estilo acomodador e de
homens no estilo convergente (Fox & Ronkowski, 1997). Entretanto, outros estudos
com o LSI não evidenciaram diferenças entre os gêneros nos estilos de aprendizagem
(Kayes, 2005) e nas habilidades e dimensões de aprendizagem (Brew, 2002; Hsu,
1999).
As correlações encontradas entre gêneros e estilos, muitas vezes, não são
discutidas pelos autores ou são atribuídas a uma diferenciada abordagem social na
criação e educação proferida aos gêneros. Kolb e Kolb (2005, p.24) acreditam que
afirmações como mulheres o concretas e homens são abstratossão generalizações
estereotipadas e sugerem que as diferenças encontradas podem estar relacionadas não
só ao gênero, mas também a experiência educacional e ocupacional, visto que os
estudos o eminentemente realizados com universitários ou profissionais de áreas
específicas.
Diante deste contexto, o objetivo do presente trabalho foi analisar, sob a
perspectiva evolucionista, diferenças sexuais em relação aos estilos de aprendizagem,
aos interesses por disciplinas escolares, atividades profissionais e a escolha
profissional em adolescentes que ainda não passaram por uma formação profissional.
44
MATERIAL E MÉTODOS
Sujeitos
Participaram desta pesquisa 221 adolescentes, 151 do sexo feminino e 70 do
masculino, estudantes do 3º ano do ensino médio de quatro escolas da cidade de
Natal–RN. Os sujeitos tinham entre 15 e 19 anos (idade média de 17 anos, dp = 0,7) e
eram oriundos de uma escola da rede pública de ensino (111 sujeitos) e de três escolas
da rede privada (110 sujeitos). Todos os participantes apresentaram termo de
consentimento assinado pelos pais (Anexo 1), tendo sido esta pesquisa aprovada pelas
escolas colaboradoras (Anexo 2) e pelo Comitê de Ética em pesquisa da UFRN
(protocolo nº 137/05) (Anexo 3).
Procedimentos e Instrumentos de coleta de dados
A coleta de dados foi realizada em duas etapas: a primeira em meados do ano
letivo de 2005 e a segunda ao final do referido ano, sendo utilizados os instrumentos
especificados a seguir.
1
a
etapa da coleta de dados - Meados do ano letivo.
Questionário pré-teste (Anexo 4): Pesquisou dados sócio-demográficos,
disciplinas escolares preferidas e atividades profissionais de interesse. Em
relação às disciplinas, os sujeitos deveriam escolher até três disciplinas
preferidas dentre as apresentadas, a saber: português, literatura, língua
estrangeira, geografia, história, matemática, física, química, biologia,
educação física e outras. As atividades profissionais foram investigadas através
de uma lista com 30 atividades que deveriam ser marcadas segundo o interesse.
Tal lista foi baseada na apresentada por Soares-Lucchiari (1993), entretanto,
para os fins deste trabalho, optou-se por retirar da análise dos dados dez
atividades que não apresentavam relação com alguma profissão específica, tais
como ligado a instituição; horário livre; uniformizado, etc. (Consta no
Apêndice B a lista com todas as atividades retiradas).
Inventário de Estilo de Aprendizagem - versão 3 (Kolb, 1999b) (Anexo 5)
2
:
instrumento que indicou o estilo de aprendizagem do indivíduo, sendo
composto por 12 frases com opções para completá-las, cabendo ao sujeito
_____________________________
2
Por razões de proteção, e conforme acordo com o Hay Group, o Inventário de Estilo de Aprendizagem não
será disponibilizado na versão on-line da dissertação, mas consta na versão impressa.
45
ordenar as alternativas fornecidas de acordo com o quanto se assemelham a sua
forma de aprender (Figura 2). Esse é um inventário americano com evidências
de significativa confiabilidade e validade interna (Kayes, 2005; Veres, Sims &
Locklear, 1991), tendo aplicabilidade em diversos países e campos de estudos,
mas que ainda não possui uma versão em português, por isso obtive-se a
autorização por parte do Hay Group, distribuidor oficial desse instrumento, para
traduzir e utilizar o mesmo neste estudo (Anexo 6).
A B C D
1. Quando eu
aprendo:
__ gosto de lidar com
meus sentimentos.
__ gosto de refletir sobre
idéias.
__ gosto de estar fazendo
coisas.
__ gosto de observar e
escutar.
2. Eu aprendo
melhor quando:
__ escuto e observo
com cuidado.
__ me apoio no
pensamento lógico.
__ confio nas minhas
intuições e
sentimentos.
__ trabalho de forma
intensa para realizar
as coisas.
3. Quando estou
aprendendo:
__ tendo a examinar as
coisas até chegar ao
resultado.
__ sou responsável em
relação às coisas.
__ mantenho-me calado
e reservado.
__ experimento
sentimentos e reações
fortes.
Figura 2. Amostra das frases do Inventário de Estilo de Aprendizagem - versão 3 (Kolb, 1999b).
2
a
etapa da coleta de dados - Fim do ano letivo.
Questionário de verificação (Anexo 8): este instrumento verificou o curso
superior escolhido para a inscrição no exame vestibular como medida da
escolha profissional dos adolescentes. Em caso de inscrição para cursos
diferentes em vestibulares de universidades distintas, indagou-se o curso de
prioridade. É importante assinalar que entendemos o quanto a escolha
profissional é um processo amplo e que não se limita às profissões que têm
formação universitária; entretanto, tomamos como referência o curso de
inscrição porque, ainda que esta possa não vir a ser a profissão exercida durante
a vida do indivíduo, trata-se de uma escolha efetuada e possível no momento de
desenvolvimento e construção da personalidade do adolescente (Cole & Cole,
1989/2001; Soares, 2002).
Categorias estabelecidas
As disciplinas escolares preferidas e os cursos de nível superior citados pelos
sujeitos foram categorizados com base nas áreas do conhecimento propostas pelo
46
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq (CNPq,
2006), sendo estabelecidos os grupos especificados a seguir.
Disciplinas: (1) Ciências Exatas (matemática, física e química); (2) Ciências
Biológicas (biologia, educação física e ciências); (3) Ciências Humanas e Sociais
Aplicadas (geografia, história, filosofia e economia); (4) Letras (português, literatura
e língua estrangeira).
Cursos de nível superior: (1) Ciências Exatas, da Terra e Engenharias (citados:
Engenharia da Computação; Engenharia Civil; Engenharia Elétrica; Engenharia de
Infra-estrutura Aeronáutica; Engenharia Mecânica; Engenharia de Produção;
Engenharia Química; Engenharia Têxtil; Geologia; Matemática); (2) Ciências
Biológicas, da Saúde e Agrárias (Ciências Biológicas; Biomedicina; Educação Física;
Enfermagem; Engenharia de Alimentos; Farmácia; Fisioterapia; Medicina; Medicina
Veterinária; Nutrição; Odontologia; Zootecnia); (3) Ciências Humanas e Sociais
Aplicadas (Administração; Arquitetura e Urbanismo; Ciências Contábeis;
Comunicação Social - Jornalismo e Radialismo; Direito; História; Marketing;
Pedagogia; Psicologia; Publicidade e Propaganda; Serviço Social; Turismo); (4) Letras
e Artes (Artes Cênicas; Artes Visuais; Letras - Língua Portuguesa). Foi com o intuito
de facilitar a relação com os dados das disciplinas e de aumentar a representatividade
das categorias (tendo em vista o tamanho da nossa amostra) que optamos por
condensar nesses quatro grupos as nove áreas do CNPq.
Análise dos dados
Para a análise dos dados, todas as variáveis estudadas foram comparadas em
função do gênero, sendo aplicados testes estatísticos ao nível de significância de 5% (p
< 0,05).
O teste estatístico não-paramétrico do Qui-quadrado (χ
2
) foi utilizado para
comparar a distribuição de freqüências dos estilos de aprendizagem em função do
sexo, bem como as categorias dos cursos de nível superior escolhidos. Esse teste foi
também utilizado com uma correção de continuidade (Continuity Correction) para
analisar intersexualmente a preferência pelas disciplinas escolares e para as atividades
47
profissionais de interesse, confrontando o número de sujeitos que citaram com os que
não citaram cada disciplina e cada atividade apresentada no instrumento.
O teste t de Student foi realizado para examinar os grupos de disciplinas
escolares preferidas, comparando a média de citações de cada sexo pelos grupos
estabelecidos. Nas análises dos escores apontados pelo inventário, também foi possível
aplicar um teste t de Student, sendo comparados entre os gêneros os escores médios
das quatro habilidades de aprendizagem (EC, OR, CA e EA) e das duas dimensões a
Abstrato-Concreta (subtração de CA-EC) e a Ativo-Reflexiva (subtração de EA-OR),
as quais mensuram a preferência dos sujeitos diante das habilidades opostas de cada
eixo do ciclo de aprendizagem.
RESULTADOS
Estilos de Aprendizagem
De acordo com os resultados, os estilos de aprendizagem distribuíram-se de
forma significativamente diferente entre os gêneros [χ
2
(3,221) = 14,84; p = 0,002]. Ao
compararmos os indivíduos do sexo feminino, observamos uma concentração nos
estilos Divergente e Assimilador, enquanto que no sexo masculino houve
predominância do estilo Assimilador (Figura 3). Na análise intersexual, o estilo
Divergente ocorreu mais entre as mulheres do que entre os homens, em contrapartida o
estilo Assimilador foi mais freqüente nos homens do que nas mulheres.
0
20
40
60
80
100
Divergente Assimilador Convergente Acomodador
Estilos de aprendizagem
Sujeitos (%)
Feminino
Masculino
Figura 3. Distribuição por sexo dos estilos de aprendizagem dos estudantes do 3º ano do ensino médio
(N = 221).
48
No que se refere às habilidades de aprendizagem, verificamos no sexo feminino
médias significativamente mais altas do que no masculino em Experiência Concreta e
em Experimentação Ativa. Por sua vez, o sexo masculino obteve maior média em
Conceituação Abstrata do que o feminino. Não houve diferença significativa para
Observação Reflexiva (Tabela I).
Também observamos diferença significativa entre os gêneros em relação à
dimensão Abstrato-Concreta, na qual os homens apresentaram maior média do que as
mulheres (Tabela I). Quanto à dimensão Ativo-Reflexiva não houve diferença
intersexual.
Tabela I. Comparações intersexuais dos escores médios e desvios padrão das habilidades e dimensões
de aprendizagem em estudantes do 3º ano do ensino médio (N = 221).
Para ilustrar os dados descritos anteriormente, as médias das habilidades foram
plotadas no ciclo de aprendizagem, com as normas estabelecidas no Inventário de
Estilo de Aprendizagem - versão 3 (Kolb, 1999b) (Figura 4). Pode-se perceber uma
clara diferença intersexual no eixo Abstrato-Concreto, o que não se observa no eixo
Ativo-Reflexivo.
Feminino Masculino
Habilidades Média
Desvio
Padrão
Média
Desvio
Padrão
t p
Experiência Concreta (EC) 24,88 5,81 23,30 4,96 2,09
0,03
*
Observação Reflexiva (OR) 34,25 5,70 34,00 5,25 0,33 0,74
Conceituação Abstrata (CA) 27,94 5,33 31,25 6,18 -3,87
0,00
***
Experimentação Ativa (EA) 32,91 5,46 31,44 4,65 2,06
0,04
*
Dimensões
Abstrato-Concreta (CA-EC) 3,05 9,65 7,95 9,59 -3,52
0,001
***
Ativo-Reflexiva (EA-OR) -1,34 9,67 -2,55 8,05 0,97 0,33
Nota:
*
p < 0,05;
***
p < 0,001.
49
Figura 4. Ciclo de aprendizagem (Kolb, 1999b) com os perfis de cada gênero dos estudantes do 3º ano
do ensino médio (N = 221).
Disciplinas escolares preferidas
Em nossas análises, os gêneros mostraram preferência por disciplinas escolares
de grupos diferentes, isto é, de distintas áreas de conhecimento (Figura 5). O sexo
feminino apresentou média de citações no grupo Letras significativamente mais alta do
que o sexo masculino [t (212) = -4,05; p = 0,000], que, por outro lado, obteve maior
média no grupo Ciências Exatas do que o feminino [t (212) = -2,95; p = 0,004].
Analisando as citações em cada uma das disciplinas escolares, tamm foi
possível perceber diferenças entre os sexos, como mostram os resultados resumidos na
Figura 6 (Segue no Apêndice B a tabela com todas as disciplinas). Observa-se que as
mulheres citaram significativamente mais as disciplinas de português [χ
2
(Continuity
Correction) = 5,86; gl = 1; p = 0,01] e literatura [χ
2
(Continuity Correction) = 8,41; gl
= 1; p = 0,004], enquanto os homens preferiram física [χ
2
(Continuity Correction) =
25,61; gl = 1; p = 0,000] e educação física [χ
2
(Continuity Correction) = 5,55; g = 1; p
= 0,01]. Não foram observadas diferenças intersexuais significativas para as demais
disciplinas.
50
0
0,5
1
1,5
2
2,5
Ciências Exatas Ciências
Biológicas
Ciências
Humanas e
Sociais Aplicadas
Letras
Grupos de disciplinas escolares preferidas
dia de citações
Feminino
Masculino
Figura 5. Médias das citações dos grupos de disciplinas escolares preferidas em função do sexo dos
estudantes do 3º ano do ensino médio (N = 214 sujeitos; 07 sem resposta).
0
10
20
30
40
50
sica Educação
sica
Português Literatura
Disciplinas escolares preferidas
Sujeitos (%)
Feminino
Masculino
Figura 6. Porcentagem de sujeitos de cada sexo que relatou preferência pelas disciplinas escolares de
física (30 citações), educação física (31 citações), português (63 citações) e literatura (46 citações),
nas quais houve diferença intersexual significativa (N = 214 sujeitos; 07 sem resposta).
p = 0,000
p = 0,004
100
p = 0,01
p = 0,004
p = 0,00
p = 0,01
51
Atividades profissionais de interesse
Foram observadas diferenças significativas nas atividades profissionais de
interesse de cada gênero, como se pode verificar na Figura 7 (No Apêndice B
apresenta-se a tabela com todas as atividades). O sexo feminino destacou-se nas
citações às atividades atendimento a pessoas necessitadas [χ
2
(Continuity Correction)
= 7,61; gl = 1; p = 0,006] e ajudar pessoas [χ
2
(Continuity Correction) = 5,93; gl = 1; p
= 0,01], ao passo que os sujeitos do sexo masculino foram maioria nas atividades que
envolva problemas técnicos [χ
2
(Continuity Correction) = 10,66; gl = 1; p = 0,001] e
ligado a alta tecnologia [χ
2
(Continuity Correction) = 11,27; gl = 1; p = 0,001]. Nas
demais atividades não houve diferença significativa entre os sexos.
0
20
40
60
80
100
Que envolva
problemas
técnicos
Ligado a alta
tecnologia
Ajudar
pessoas
Atendimento a
pessoas
necessitadas
Atividades profissionais de interesse
Sujeitos (%)
Feminino
Masculino
Figura 7. Porcentagem de sujeitos de cada sexo que citou interesse nas atividades profissionais que
envolva problemas técnicos (33 citações), ligado a alta tecnologia (80 citações), ajudar pessoas (161
citações) e atendimento a pessoas necessitadas (120 citações), nas quais houve diferença intersexual
significativa (N = 221 sujeitos).
Escolha profissional
Houve, na amostra pesquisada, diferenças significativas entre os sexos nas
escolhas por cursos universitários [χ
2
(3, 161) = 23,09; p = 0,000]. O sexo feminino foi
mais freqüente nos cursos de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas e o sexo
masculino em Ciências Exatas, da Terra e Engenharias (Figura 8). o foi observada
p = 0,01
p = 0,001
p = 0,001
p = 0,006
52
diferença sexual na categoria Ciências Biológicas, da Saúde e Agrárias, nem em Letras
e Artes.
0
20
40
60
80
100
Ciências Exatas,
da Terra e
Engenharias
Ciências
Biológicas, da
Saúde e
Agrárias
Cncias
Humanas e
Sociais
Aplicadas
Letras e Artes
Categorias de cursos universitários
Sujeitos (%)
Feminino
Masculino
Figura 8. Distribuição dos estudantes do ano do ensino médio pelas categorias de cursos
universitários escolhidos [N = 161 sujeitos (105 Fem; 56 Masc); 37 não se inscreveram em nenhum
vestibular; 03 sem resposta; 20 extraviados].
DISCUSSÃO
Os resultados apresentados no presente estudo revelam diferenças importantes
entre os adolescentes de cada gênero, fomentando uma antiga e recorrente questão: as
dessemelhanças sexuais em relação aos aspectos investigados seriam conseqüência das
contingências sócio-culturais ou seriam essencialmente diferenças na natureza dos
sexos? Longe de promover uma dicotomia natureza versus criação, discutiremos a
seguir como importantes aspectos biológicos estão vinculados a essas
heterogeneidades.
Estilos de aprendizagem e interesses escolares e profissionais
Em relação aos estilos de aprendizagem, os dados expostos evidenciaram uma
expressiva diferença sexual, tendo em vista a alta freqüência das mulheres no estilo
divergente e dos homens no estilo assimilador, bem como os elevados escores das
mulheres em Experiência Concreta e Experimentação Ativa e dos homens em
Conceituação Abstrata, além da média superior entre os homens na dimensão CA-EC,
53
que denota preferência por CA. Todos esses dados demonstram a inclinação masculina
para o campo abstrato e a feminina para o concreto, o que sob a teoria de Kolb (1984),
significa que os rapazes pesquisados apresentam maior facilidade para aprender por
meio da generalização de regras e integração de conhecimentos, usando idéias,
conceitos e símbolos abstratos; as adolescentes teriam uma preferência por aprender
pelo envolvimento nas experiências, através de sensações, emoções vivenciadas e pelo
contato humano. A diferença observada em EA mostra, ainda, que as mulheres estão
mais orientadas para a ação ou aplicação prática dos conhecimentos do que os homens.
Tais resultados encontrados neste trabalho corroboram dados apresentados pelo
próprio Kolb ao publicar as diferentes versões do LSI. Nos grupos normativos do LSI
1-1976 (n = 1.933) e LSI 2-1985 (n = 1.446; mesma norma do LSI 3-1999), Kolb
(1984; 1999a) verificou que os homens obtiverem maiores pontuações do que as
mulheres na dimensão CA-EC, entretanto em EA-OR não houve diferença sexual. No
recente estudo que estabeleceu a norma do LSI 3.1, com uma amostra de 6.977
sujeitos, observou-se diferença sexual significativa em CA-EC na mesma direção das
versões anteriores, além de uma diferença em EA-OR, com valores mais altos nas
mulheres (Kolb & Kolb, 2005). Tendências similares também foram constatadas em
pesquisas que utilizaram o LSI com adultos, como no estudo transcultural realizado
por Barmeyer (2004), no qual foram pesquisados estudantes de cursos de
administração de empresas da França, Alemanha e Canadá, sendo encontradas nas
mulheres pontuações mais elevadas em EC e nos homens maiores escores em OR e
CA. Em outro estudo, desenvolvido por Heffler (2001) com estudantes do primeiro
semestre do curso de psicologia, constatou-se nas mulheres escores significativamente
mais altos em EC e nos homens valores mais elevados em CA-EC. Em um interessante
trabalho de revisão, Severiens e Ten Dan (1994) analisaram quantitativamente 26
estudos que utilizaram o LSI e verificaram, pela comparação dos escores apresentados
em cada trabalho, pontuações em CA sutilmente mais altas nos homens do que nas
mulheres.
Quanto à distribuição dos estilos de aprendizagem, um estudo realizado por
Philbin et al. (1995) verificou no estilo assimilador mais homens do que mulheres e no
estilo divergente o inverso; em análise intrassexual, constatou-se nos homens
54
predomínio do estilo assimilador, nas mulheres os estilos distribuíram-se
igualitariamente. No estudo de Loo (2002), não houve diferença intersexual ao
comparar estilos de uma amostra de estudantes de diversos cursos da área dos
negócios, como ciências contábeis, finanças, gestão em recursos humanos e marketing;
contudo, analisando os estudantes apenas de ciências contábeis, grupo mais numeroso,
observou-se significativamente mais homens do que mulheres no estilo assimilador e
uma maior porcentagem de mulheres no estilo divergente.
O fato dos resultados desta pesquisa apresentarem diferença entre os gêneros no
eixo abstrato/concreto de modo semelhante a estudos anteriores é particularmente
interessante devido o caráter da amostra utilizada que – diferente da maioria dos
trabalhos que utilizam o LSI foi composta por sujeitos que não estavam inseridos em
uma área profissional, mostrando que tais disparidades se fazem presentes na
adolescência.
Ao investigar os interesses dos sujeitos, foram verificadas diferenças sexuais
que tenderam a seguir uma mesma direção em relação às disciplinas escolares,
atividades e escolhas profissionais. As meninas relataram preferência pelas disciplinas
do grupo Letras, especialmente por português e literatura; no campo profissional,
destacaram as atividades de contato direto com pessoas (ajudar pessoas; atendimento
a pessoas necessitadas) e as profissões da categoria Ciências Humanas e Sociais
Aplicadas, que estão ligadas ao contato humano e às comunicações. Os meninos
preferiram as disciplinas do grupo Ciências Exatas e mostraram particular interesse
pelas disciplinas de física e educação física. Nas atividades profissionais,
interessaram-se por aquelas relacionadas ao campo técnico/tecnológico (que envolva
problemas técnicos; ligado a alta tecnologia) e, de modo similar, escolheram
profissões do grupo Ciências Exatas, da Terra e Engenharias, que lidam diretamente
com cálculos e resolução de problemas técnicos. Analisando esses resultados pode-se
ver claramente uma tendência feminina para o relacionamento humano, representada
pelos interesses por áreas de contato interpessoal e de comunicação. Em contrapartida,
observa-se a inclinação masculina para lidar com o mundo físico-natural, ilustrada pela
atração por áreas exatas e de tecnologia.
55
Como afirmam Tooby e Cosmides (2005), cognição e motivação não são
aspectos possíveis de separar, um necessariamente envolve o outro, portanto, é
plausível esperar que aspectos cognitivos, como os estilos de aprendizagem, estejam
relacionados às motivações dos sujeitos, como os interesses acadêmico-profissionais
apresentados pelos adolescentes pesquisados. Do mesmo modo, não é por acaso que os
estilos e interesses relatados pelos sujeitos de cada gênero seguem a mesma direção
dos dados da literatura sobre as habilidades cognitivas específicas, que mostram
melhor desempenho das mulheres em tarefas verbais, na percepção de pistas não-
verbais e do estado emocional do outro (Flores-Mendoza, 2000; Geary, 1998; Kimura
& Clarke, 2002) e a superioridade dos homens em habilidades espaciais, de raciocínio
lógico, matemático, abstrato e mecânico (Flores-Mendoza, 2000; Geary, 1995; 1996;
Kimura, 2000; Linn & Peterson, 1985), bem como a alta performance em habilidade
motoras como interceptar projéteis, acurácia em arremessos e na distância e velocidade
dos mesmos (Thomas & French, 1985; Watson & Kimura, 1991) – que estariam
relacionadas ao interesse deles por educação física.
Uma visão evolucionista
Na perspectiva evolucionista, homens e mulheres enfrentaram, no ambiente
ancestral, certas pressões seletivas que favoreceram a evolução de habilidades
cognitivas específicas e interesses distintos entre os gêneros (Buss, 1995). Nesse
sentido, consideramos que as disparidades sexuais nos estilos de aprendizagem,
interesses escolares, atividades e ocupações são, pelo menos em parte, expressões
atuais de diferenças moldadas entre os sexos durante o processo evolutivo de nossa
espécie. Surge, então, a questão: por que homens estariam voltados para estilos e
interesses do campo lógico, técnico e exato e as mulheres para estilos vivenciais,
relações sociais e comunicação?
Para o autor evolucionista David Geary (1998) a mente humana seria
particularmente adaptada para processar informações do mundo social, biológico e
físico além de outros, como o ligado aos números exististindo basicamente dois
domínios evoluídos da mente: um social, que inclui módulos de nível individual e
grupal, e outro ecológico, com módulos biológicos e físicos. Estes domínios fazem
56
referência aos conhecimentos de psicologia popular, intuitiva ou de senso comum (folk
psychology), da biologia popular (folk biology) e da física popular (folk physics)
(Geary, 1998; Mithen, 1996/1998). Baseado em estudos anteriores, Geary (1998)
aponta a vantagem das mulheres em diversos aspectos que envolvem psicologia
popular (como na linguagem e processamento de faces) e dos homens em física
popular (como no conhecimento de movimento e engenharia), que estariam
relacionadas à importância distinta que os recursos sociais e físicos assumiram para
cada gênero. Para as mulheres ancestrais foi imprescindível desenvolver uma boa
compreensão do mundo social, visto que esse era o ponto chave para a formação de
uma rede de apoio na criação dos filhos, para o traquejo na competição entre as fêmeas
e para uma adequada inserção no grupo social do companheiro. Nos homens, o
entendimento do mundo físico foi primordial na defesa de território contra rivais, na
atividade de caça, na construção de ferramentas e de outras estratégias que trouxessem
vantagens ao acesso às parceiras e ao provimento da família. Poucas diferenças são
apontadas no campo biológico que inclui conhecimentos de fauna e flora (Geary,
1998), talvez porque recursos ligados à natureza tenham exercido importância similar
nos gêneros.
Uma outra teoria que defende, de modo similar, diferenças sexuais na cognição
foi proposta pelo pesquisador Simon Baron-Cohen (2003/2004), que sugeriu que
homens e mulheres são, em média, caracterizados por duas habilidades distintas: a
sistematização e a empatia, respectivamente. Sistematização seria a capacidade de
construir e compreender o funcionamento de distintos sistemas, ou seja, de tudo aquilo
que opera por relações de causa e efeito, enquanto empatia seria a capacidade de
perceber o estado mental e sentimentos do outro (componente cognitivo, relacionado à
“teoria da mente”) e responder adequadamente a eles (componente afetivo). O autor
fundamenta suas idéias com diversos trabalhos de diferenças entre os gêneros, em
especial aqueles sobre pessoas e objetos (Connellan et al., 2000; Lutchmaya & Baron-
Cohen, 2002; Lutchmaya et al., 2002) e em pesquisas com indivíduos com autismo
condição que atinge mais meninos e que se caracteriza por comprometida habilidade
social – (Baron-Cohen & Hammer, 1997), mostrando inclusive correlatos hormonais e
neurais que sustentam tais evidências (Baron-Cohen, Knickmeyer & Belmonte, 2005).
57
Baron-Cohen (2003/2004) entende que tais diferenças estão imersas em funções
evolutivas ligadas à sobrevivência e reprodução de cada sexo, sendo a sistematização
importante para os homens na caça, elaboração e uso de ferramentas, entendimento da
natureza, memória espacial, dentre outras; para as mulheres a alta empatia foi
fundamental no cuidado materno, nas alianças para o cuidado dos filhos e na
integração diante de um grupo novo.
Sem demais dificuldades é possível estabelecer um paralelo interessante entre
as habilidades de aprendizagem EC e CA de Kolb com as capacidades amplas
descritas por Baron-Cohen (2003/2004) como empatia e sistematização ou com os
chamados módulos sociais e físicos de Geary (1998). Pode-se supor que a
dessemelhanças na forma de aprender dos gêneros, relativas especialmente a EC e CA,
decorram das diferenças sexuais em aspectos que compõem os módulos sociais e
físicos ou as capacidades de empatia e sistematização. Deste modo, as habilidades de
generalização e integração de conhecimentos ligadas a CA podem ter permitido
aos homens uma aprendizagem mais facilitada do funcionamento e da previsão de
eventos do ambiente natural e físico, além de que a alta capacidade abstrata seria a
base para a compreensão espacial, a construção de ferramentas, dentre outros. Nas
mulheres, a aprendizagem mais intuitiva e vivencial baseada na EC teria
contribuído para o entendimento de situações sociais e para o cuidado aos filhos,
questões que não seguem uma regularidade objetivável pelo raciocínio indutivo como
o mundo físico-natural. Nesta mesma linha, os distintos interesses dos gêneros diante
de conteúdos escolares, atividades e profissões estariam indiretamente relacionados às
pressões evolutivas que moldaram um substrato de diferenças gerais na cognição e
preferências dos sexos.
CONCLUSÕES
Este estudo mostrou que, na adolescência, os gêneros diferem em seus estilos
de aprendizagem, ou seja, na forma de aprender, porque usam recursos cognitivos
diferentes para compreender o mundo. Munidos de atributos cognitivos distintos, os
sexos tendem a apresentar interesses diferentes que, entre os adolescentes, se
58
manifestam nas preferências em relação às disciplinas escolares, atividades e carreiras
profissionais.
Do ponto de vista evolutivo, diferenças cognitivas entre homens e mulheres
teriam sido moldadas, durante o nosso processo evolutivo, por facilitarem o
desempenho em atividades importantes para cada sexo e pelas mesmas razões
existiriam formas de aprender e interesses gerais próprios de cada gênero. É claro que
a evolução não moldou heterogeneidades acadêmicas, mas moldou um pano de fundo
que diferencia os sexos e influencia tais expressões, que também são moduladas por
fatores históricos e sócio-culturais das coletividades. Assim, longe de serem opostos,
natureza e cultura se complementam e, muitas vezes, dirigem-se para o mesmo
caminho (Ridley, 2003; Schaller, 1997).
59
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64
APÊNDICE B
Tabela B1. Itens que compuseram a lista de atividades profissionais apresentada no Questionário pré-
teste e que foram retirados das análises dos dados.
Ligado a instituição
Desenvolvido em ambientes fechados
Horário fixo
Uniformizado
Que exija estar bem vestido
Por conta própria – autônomo
Ao ar livre
Horário livre
Que permita traje informal
Que permita trabalhar em mais de um lugar
Tabela B2. Disciplinas escolares citadas como preferidas pelos sujeitos de cada sexo e valores de χ
2
e
de p nas comparações intersexuais (N = 214; gl = 1).
Feminino
Masculino
Disciplinas escolares
preferidas
f obs f esp
% de
sujeitos
f obs f esp
% de
sujeitos
χ
2
P
Português
51 43,0
34,9
12 20,0 17,6 5,86
0,01
**
Literatura
40 31,4
27,4
06 14,6 8,8 8,41
0,004
**
Língua Estrangeira
31 28,7 21,2 11 13,3 16,2 0,46 0,49
Geografia
45 45,0 30,8 21 21,0 30,9 0,00 1,00
História
53 54,6 36,3 27 25,4 39,7 0,1 0,74
Matemática
36 39,6 24,6 22 18,4 32,3 1,02 0,31
Física
08 20,5 5,5 22 9,5
32,3
25,61
0,000
***
Química
44 46,4 30,1 24 21,6 35,3 0,35 0,55
Biologia
78 73,0 53,4 29 34,0 42,6 1,74 0,18
Educação Física
15 21,1 10,3 16 9,9
23,5
5,55
0,01
**
Outras disciplinas
03 4,1 02
03 4,4 4,4
0,27 0,59
Notas:
**
p < 0,01;
***
p < 0,001. As porcentagens de sujeitos nas disciplinas foram calculadas tomando como
100% o total de sujeitos em cada um dos sexos (N = 146 Fem; 68 Masc; 07 sem resposta).
65
Tabela B3. Atividades profissionais de interesse e sexo. Valores de χ
2
(Continuity Correction) e de p
nas comparações intersexuais (N = 221; gl =1).
Feminino
Masculino
Atividades profissionais de
interesse
f obs f esp
% de
sujeitos
f obs f esp
% de
sujeitos
χ
2
P
trabalho com as mãos 68 69,7 45,0 34 32,3 48,6
0,12 0,72
trabalho em equipe 120 124,4
79,5 62 57,6 88,6 2,13 0,14
que envolva instrumento de
precisão
26 28,7 17,2 16 13,3 22,9 0,65 0,41
organização e sistematização
de publicações
30 31,4 19,9 16 14,6 22,9 0,11 0,74
pequenos movimentos
manuais precisos
26 27,3 17,2 14 12,7 20,0 0,09 0,75
que exija compreensão verbal 50 45,8 33,1 17 21,2 24,3 1,37 0,24
que envolva desenho a mão
livre
17 20,5 11,3 13 9,5 18,6 1,60 0,2
ligado a alta tecnologia 43 54,7 28,5 37 25,3
52,8
11,27
0,001
***
convencer pessoas 45 48,5 29,8 26 22,5 37,1 0,86 0,35
atendimento a pessoas
necessitadas
92 82,0
60,9
28 38,0 40,0 7,61
0,006
**
trabalhar sozinho 26 24,6 17,2 10 11,4 14,3 0,12 0,72
execução gráfica rica em
detalhes
20 24,6 13,2 16 11,4 22,9 2,57 0,1
manipulação de substâncias 20 23,2 13,2 14 10,8 20,0 1,19 0,27
imaginar coisas novas 63 69,7 41,7 39 32,3 55,7 3,22 0,07
ajudar pessoas 118 110,0
78,1
43 51,0 61,4 5,93
0,01
**
que auxilie a transformação de
mundo
67 69,7 44,4 35 32,3 50,0 0,40 0,52
ligado à construção 12 15,0 7,9 10 7,0 14,3 1,49 0,22
direto com a natureza 46 48,5 30,5 25 22,5 35,7 0,38 0,53
que exija responsabilidade e
decisão
104 103,2
68,9 47 47,8 67,1 0,01 0,91
que envolva problemas
cnicos
14 22,5 9,3
19 10,5
27,1
10,66
0,001
**
Notas:
**
p < 0,01;
***
p < 0,001. As porcentagens de sujeitos nas atividades foram calculadas tomando como
100% o total de sujeitos em cada um dos sexos (N = 151 Fem; 70 Masc).
66
DISCUSSÃO GERAL
67
Os estudos apresentados evidenciaram importantes fatores que modelam os
estilos de aprendizagem e os interesses escolares e profissionais. Foi possível perceber
que certos estilos e seus escores associados (habilidades e dimensões) correlacionam-
se com os interesses dos sujeitos, bem como que o sexo do indivíduo têm efeito tanto
sobre os estilos como sobre os interesses dos mesmos.
A tabela a seguir (Tabela I) sintetiza os resultados encontrados no Estudo 1 e no
Estudo 2, além de apresentar a relação entre os aspectos investigados e as predições
estabelecidas. Adicionalmente, algumas considerações a respeito das variáveis
estudadas são também apresentadas.
Estilos, habilidades e dimensões de aprendizagem
Na distribuição dos estilos de aprendizagem dos adolescentes (Estudo 1),
observou-se uma concentração dos sujeitos nos estilos divergente e assimilador, ou
seja, estilos voltados para o campo da reflexão. Além disso, os escores médios das
habilidades e dimensões de aprendizagem, quando comparados aos dados normativos
do LSI (Kolb, 1999; Kolb & Kolb, 2005), reiteram a tendência desses indivíduos para
o pólo reflexivo.
Esta configuração observada em nossa amostra repercutiu na distribuição dos
estilos de aprendizagem em função do gênero. A análise intersexual (Estudo 2)
evidenciou uma maior ocorrência do sexo feminino e do masculino, respectivamente,
nos estilos divergente e assimilador, que foram os mais freqüentes na amostra como
um todo. Observando as médias das habilidades, verificaram-se escores mais altos em
EC e EA no sexo feminino e CA no sexo masculino, havendo, ainda, um destaque para
a dimensão CA-EC neste último gênero, resultados esses que enfatizam os anteriores.
A predominância dos estilos ligados à reflexão pode estar sendo influenciada
pela idade dos indivíduos e pela experiência de vida dos mesmos no contexto da
sociedade atual e no sistema de ensino vigente. Não obstante a influência de tais
fatores, foi possível verificar o efeito do sexo, por si só, nessa distribuição, pois, ainda
que ambos os gêneros compartilhem uma ênfase no campo da reflexão, cada sexo
apresentou uma inclinação diferenciada no eixo abstrato/concreto.
68
Tabela I: Resumo dos resultados e suas relações com as predições.
Preferência por disciplinas escolares
Em relação às disciplinas escolares preferidas, houve na amostra total (Estudo
1) um maior número de citações dos sujeitos convergentes e divergentes às disciplinas
que compõem o grupo Ciências Biológicas (biologia, educação física e ciências).
Considerando as citações a cada uma das disciplinas, verificou-se em matemática um
Aspectos
investigados
RESULTADOS
Estudo 1 - Estilos
Predição
RESULTADOS
Estudo 2 - Sexo
Predição
Intra-sexual
: + Div e Ass
: + Ass
Parcialmente
corroborada
Estilos de
aprendizagem
+ Div e Ass
– Con e Aco
Corroborada
Inter-sexual
Div: +
Ass: +
Corroborada
Habilidades de
aprendizagem
: > EC; > EA
: > CA
Corroborada
Dimensões de
aprendizagem
Tendência à reflexão
EA-OR
Corroborada
: > CA-EC
Corroborada
+ Div e Con: Ciências
Biológicas
Parcialmente
corroborada
+: Letras
+ : Ciências Exatas
Corroborada
Disciplinas
escolares
preferidas
+ Ass e Con: matemática
+ Ass: física
Parcialmente
corroborada
+ : português e
literatura
+ : física e educação
física
Parcialmente
corroborada
Atividades
profissionais
de interesse
+ Con: que envolva
instrumento de precisão;
pequenos movimentos
manuais precisos;
execução gráfica rica em
detalhes; manipulação de
substâncias.
+ Ass: que auxilie a
transformação do mundo
Parcialmente
corroborada
+ : atendimento a
pessoas necessitadas e
ajudar pessoas
+ : que envolva
problemas técnicos e
ligado a alta
tecnologia
Parcialmente
corroborada
Sem correlação entre
estilos e grupos
profissionais
Não
corroborada
Escolhas
profissionais
Ciências Exatas, da Terra
e Engenharias: > CA
Não prevista
+ : Ciências
Humanas e Sociais
Aplicadas
+ : Ciências Exatas,
da Terra e
Engenharias
Corroborada
Notas: Div = Divergente; Ass = Assimilador; Con = Convergente; Aco = Acomodador.
69
maior número de sujeitos dos estilos assimilador e convergente; e em física mais
sujeitos do estilo assimilador.
Nas comparações intersexuais (Estudo 2), houve nos grupos de disciplinas
Letras (português, literatura e língua estrangeira) e Ciências Exatas (matemática,
física e química) uma média de citação maior, respectivamente, do sexo feminino e do
masculino. Analisando as disciplinas sem os agrupamentos, viu-se no sexo feminino
mais citações a português e literatura do que no masculino, que apresentou mais
citações a física e educação física.
É possível perceber diferentes padrões de interesses pelas disciplinas quando os
indivíduos são analisados com o enfoque no estilo e com o enfoque no sexo, o que
evidencia os distintos efeitos de cada uma destas variáveis sobre as preferências
escolares dos adolescentes.
Atividades profissionais de interesse
Em nossa amostra (Estudo 1), verificamos correlações entre o estilo
convergente e o interesse por atividades profissionais ligadas ao conhecimento técnico,
exato e preciso. Em relação ao estilo assimilador, observou-se um anseio por um tipo
de atividade que traga repercussões de seu trabalho para a sociedade.
Entre os gêneros (Estudo 2), certas atividades ligadas às pessoas foram mais
citadas por sujeitos do sexo feminino do que pelo sexo masculino. O inverso foi
observado em certas atividades profissionais relacionadas a questões técnicas e
tecnológicas.
Como foi discutido em cada estudo, do mesmo modo que as correlações entre
atividades e estilos de aprendizagem seguem proposições sugeridas por Kolb (1984),
os resultados relativos aos gêneros refletem inclinações evolutivas intrínsecas a cada
sexo (Geary, 1998).
Escolha profissional
Levando em consideração as escolhas profissionais dos estudantes da amostra
pesquisada (Estudo 1), isto é, o curso universitário de prioridade, não foram
verificadas correlações entre os estilos e as categorias de cursos escolhidos. Entretanto,
70
a análise das habilidades e das escolhas profissionais revelou que o escore médio na
Conceituação Abstrata foi mais alto entre os adolescentes que escolheram os cursos da
categoria Ciências Exatas, da Terra e Engenharias, dado que mostra uma inclinação
para o campo exato, apresentada nos resultados anteriores, entre sujeitos do estilo
assimilador e convergente.
Entre os sexos (Estudo 2), foi possível constatar na escolha profissional, uma
tendência que reflete o mesmo padrão dos interesses por disciplinas escolares e
atividades profissionais. Nos cursos do grupo Ciências Humanas e Sociais Aplicadas
houve mais sujeitos do sexo feminino do que do masculino e no grupo Ciências
Exatas, da Terra e Engenharias, o sexo masculino foi mais freqüente.
Pode-se verificar, por meio dos dados anteriormente descritos, que o gênero
interfere de forma mais evidente nas distintas escolhas profissionais assumidas pelos
indivíduos do que os estilos de aprendizagem. Como abordado no Estudo 1, talvez os
estilos ou os interesses dos adolescentes que não vivenciaram formação especializada
não estejam tão amadurecidos para elucidar as correlações apontadas com
universitários e profissionais.
Considerações finais
Os resultados apresentados neste trabalho indicam que entre adolescentes, os
quais não passaram por uma formação acadêmica ou profissional, é possível observar
interessantes associações entre os estilos, as habilidades e dimensões de aprendizagem
e os interesses escolares e profissionais, ainda que tais relações não se apresentem para
todos os estilos tal qual em universitários ou profissionais. O gênero do sujeito
também se constitui como um fator que modela a forma de aprender e os interesses
dos indivíduos. Ademais, a distribuição desigual dos adolescentes pelos estilos
evidencia, possivelmente, influências da idade e do contexto social, além disso, a
configuração diferenciada dos estilos em função do sexo revela a importância dessa
variável sobre os adolescentes.
Sob uma perspectiva evolucionista, os diversos fatores que atuam sobre a
expressão das características humanas e de outros animais podem ser agrupados em
dois conjuntos distintos de influência. O primeiro deles são denominados causas
71
próximas e explicam como o comportamento é desencadeado e modelado, abrangendo
diversos processos fisiológicos, como os efeitos organizacionais e ativacionais dos
hormônios, além de aspectos ligados à ontogênese, à genética e aos fatores ambientais,
como o contexto familiar, educacional, sócio-cultural e histórico. O segundo grupo de
influências é nomeado de causas últimas ou finais, que complementam as anteriores e
nos mostram a função evolutiva de determinadas características e comportamentos a
partir da apreciação das pressões atuantes na história de vida da espécie (Alcock, 2001;
Yamamoto, 2003).
É possível sugerir que os estilos de aprendizagem ilustram mais claramente as
influências dos mecanismos próximos envolvidos nas diferentes formas de aprender e
nas preferências por certos conteúdos escolares, atividades e escolhas profissionais. No
entanto, esse estudo também apresenta indicativos da atuação de componentes
biológicos e de natureza última relacionados ao aprendizado e aos interesses
expressos, que são particularmente inferidos por meio da análise das diferenças entre
os gêneros. Tendo em vista a multiplicidade de fatores que modelam a aprendizagem
dos indivíduos e a dificuldade de acessar este fenômeno, são fundamentais outras
investigações que abordem esta temática e suas possíveis associações com demais
aspectos cognitivos ou motivacionais.
Ao se analisar as causas que levaram à evolução das diferenças sexuais e suas
repercussões sobre as questões abordadas na presente pesquisa, a Psicologia
Evolucionista esciente de que enfoca parte da magnitude que é este tema. Para esta
abordagem, a expressão das heterogeneidades entre homens e mulheres é, como
qualquer outro aspecto humano, modulada pelo contexto histórico e cultural de cada
sociedade. Desse modo, natureza e cultura, ou inato e aprendido, são elementos inter-
relacionados e fundamentais para um entendimento genuíno do comportamento
humano (Ridley, 2003; Schaller, 1997).
72
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
73
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especialidad médica. Revista Medica de Chile, 133(10), 1191-1199.
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(Texto original publicado em 1859)
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Horizonte: Itatiaia. (Texto original publicado em 1871)
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Futuyma, D. J. (1992). Biologia evolutiva (ed., M. de Vivo & F. M. Sene, Trad.).
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em 1986)
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development. Englewood Cliffs: Prentice Hall.
74
Kolb, D. A. (1999). Learning Style Inventory - version 3: technical specifications.
Boston: TRG Hay/McBer, Training Resources Group.
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Seidl de Moura, M. L. (2006). Razão, emoção e ação em cena: a mente humana sob
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Ridley, M. (2003). Nature via nurture: genes, experience, and what makes us human.
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Schaller, M. (1997). Beyond “competing”, beyond “compatible”. American
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Severiens, S. E., & Ten Dan, G. T. M. (1994). Gender differences in learning styles: a
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Sobral, D. T. (2005). Estilos de aprendizagem dos estudantes de medicina e suas
implicações. Revista Brasileira de Educação Médica, 29(1), 5-12.
Tooby, J. H. & Cosmides, L. (1990). The past explains the present: adaptations and the
structure of ancestral environments. Ethology and Sociobiology, 11(4-5), 375-424.
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H. Barkow, L. Cosmides & J. H. Tooby (Orgs.), The adapted mind: evolutionary
psychology and the generation of culture (pp. 19-136). New York: Oxford
University Press.
75
Yamamoto, M. E. (2003). Psicobiologia: o que esta abordagem tem a oferecer para a
compreensão dos fenômenos psicológicos. In O. H. Yamamoto & V. V. Gouveia
(Orgs.), Construindo a psicologia brasileira: desafios da ciência e prática
psicológica (pp. 241-259). São Paulo: Casa do Psicólogo.
ANEXOS
Anexo 1 – Termo de consentimento livre e esclarecido
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
DEPARTAMENTO DE FISIOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOBIOLOGIA
TERMO AOS RESPONSÁVEIS
Caros responsáveis,
Estamos realizando uma pesquisa sobre a relação entre o modo como os adolescentes
aprendem e suas escolhas profissionais. Estudos anteriores mostraram que profissionais de uma
mesma área tendem a compartilhar um mesmo estilo de aprendizagem. Profissionais de áreas
aplicadas, como as engenharias, por exemplo, freqüentemente apresentam estilo de aprendizagem
mais baseado no senso prático.
Desta forma, pretendemos investigar qual a relação dos diferentes estilos de aprendizagem
dos estudantes com as profissões que escolhem seguir.
Realizaremos um encontro com os adolescentes, divididos em grupos, para efetuar a coleta
de dados para a pesquisa. Este encontro terá duração aproximada de 3 (três) horas e ocorrerá nas
dependências da própria escola, em horário extra-escolar a ser acertado com os alunos e com a
instituição. O encontro será efetivado por, pelo menos dois facilitadores, psicólogo e estudante de
psicologia.
Assim que as análises dos dados forem completadas divulgaremos os resultados à escola.
Contamos com sua colaboração e nos colocamos à disposição para maiores esclarecimentos.
_________________________
Monique Bezerra Paz Leitão
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Psicobiologia
Matrícula
Contatos: telefones
e-mail
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Autorizo meu filho(a) _________________________________________________________ a participar desta
pesquisa coordenada pela Prof
a
. Dr
a
.
Fívia de Araújo Lopes, e executada por Monique Bezerra Paz Leitão, aluna do
Programa de Pós-Graduação em Psicobiologia.
______________________________________________
Responsável
ANEXOS
Anexo 2 – Formulário de autorização da escola
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
DEPARTAMENTO DE FISIOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOBIOLOGIA
Natal, _______________ de 2005.
TERMO DE CONCORDÂNCIA
Eu, __________________________________________, como representante do(a)
____________________________________________________ autorizo a aluna do
Programa de Pós-Graduação em Psicobiologia Monique Bezerra Paz Leitão (Matrícula) a
realizar, nesta instituição, a coleta de dados para a pesquisa Estilos de Aprendizagem sob a
ótica da Psicologia Evolucionista coordenada pela Prof
a
. Dr
a
. Fívia de Araújo Lopes.
ANEXOS
Anexo 3 – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa - UFRN
ANEXOS
Anexo 4 – Questionário pré-teste
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
DEPARTAMENTO DE FISIOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOBIOLOGIA
QUESTIONÁRIO
Nome: _______________________________________________________________________. Turma: _____.
Sexo: ( ) Feminino. ( ) Masculino Nº de filhos em sua família (nº de irmãos + você): ______________.
Idade: ______________. Ordem de nascimento na família: __________.
Profissão do pai: _____________________________________________________________________________.
Profissão da mãe: ____________________________________________________________________________.
Profissões dos irmãos: _______________________________________________Própria:___________________.
Escolaridade do pai:
( ) Nenhuma ou 1° grau incompleto;
( ) 1° grau completo até 2° grau incompleto;
( ) 2° grau completo;
( ) 3° grau incompleto;
( ) 3° grau completo ou mais;
Escolaridade da mãe:
( ) Nenhuma ou 1° grau incompleto;
( ) 1° grau completo até 2° grau incompleto;
( ) 2° grau completo;
( ) 3° grau incompleto;
( ) 3° grau completo ou mais;
1. Como você avalia sua escolha profissional?
( ) Estou certo da profissão que vou seguir.
( ) Tenho quase certeza da profissão que vou seguir.
( ) Estou em dúvida entre algumas profissões.
( ) Não faço a menor idéia da minha futura profissão.
2. Ainda que você não tenha certeza da sua escolha profissional, tente responder que profissão ou profissões
você gostaria ou tem vontade de exercer.
___________________________________________________________________________________________.
Por quê? ________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________.
3. Do mesmo modo, que profissão ou profissões você jamais seguiria?
___________________________________________________________________________________________.
Por quê? ________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
4. Por qual(is) disciplina(s) escolar(es) você mais se interessa ou tem facilidade? Marque no máximo 3 disciplinas.
( ) Português
( ) Literatura
( ) Língua Estrangeira
( ) Geografia
( ) História
( ) Matemática
( ) Física
( ) Química
( ) Biologia
( ) Educação Física
( ) Outros (Especificar)
________________
5. Abaixo estão listados alguns dos principais motivos que influenciam uma escolha profissional. Enumere-os de
1 a 5, atribuindo os maiores valores para os motivos mais importantes em sua escolha e valores mais baixos para
os menos importantes. Não são aceitos empates.
( ) Sucesso financeiro
( ) Gosto pela atividade
( ) Continuidade ao negócio ou atividade de algum familiar
( ) Desejo dos familiares
( ) Reconhecimento e valorização na sociedade
6. Assinale quais destas atividades você poderia desempenhar sentindo-se bem:
1. ( ) trabalho com as mãos;
2. ( ) desenvolvido em ambientes fechados;
3. ( ) trabalho em equipe;
4. ( ) ligado a instituição;
5. ( ) que envolva instrumento de precisão;
6. ( ) organização e sistematização de publicações;
7. ( ) pequenos movimentos manuais precisos;
8. ( ) que permita trabalhar em mais de um lugar;
9. ( ) que exija compreensão verbal;
10. ( ) horário fixo;
11. ( ) que envolva desenho a mão livre;
12. ( ) ligado a alta tecnologia;
13. ( ) que exija estar bem vestido;
14. ( ) convencer pessoas;
15. ( ) atendimento a pessoas necessitadas;
16. ( ) trabalhar sozinho;
17. ( ) execução gráfica rica em detalhes;
18. ( ) por conta própria – autônomo;
19. ( ) manipulação de substâncias;
20. ( ) uniformizado;
21. ( ) horário livre;
22. ( ) que permita traje informal;
23. ( ) imaginar coisas novas;
24. ( ) ajudar pessoas;
25. ( ) que auxilie a transformação de mundo;
26. ( ) ao ar livre;
27. ( ) ligado à construção;
28. ( ) direto com a natureza;
29. ( ) que exija responsabilidade e decisão;
30. ( ) que envolva problemas técnicos.
ANEXOS
Anexo 5 – Inventário de Estilo de Aprendizagem - Versão 3
2
2
Por razões de proteção, e conforme acordo com o Hay Group, o Inventário de Estilo de Aprendizagem não será
disponibilizado na versão on-line da dissertação, mas consta na versão impressa.
ANEXOS
Anexo 6 – Autorização para tradução e uso do LSI
ANEXOS
Anexo 7 – Questionário pós-teste
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
DEPARTAMENTO DE FISIOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOBIOLOGIA
AVALIAÇÃO
Nome: ____________________________________________________________________________________.
1. De uma forma geral, você se identificou com o estilo de aprendizagem indicado no
inventário?
( ) Identifiquei-me totalmente.
( ) Identifiquei-me com a maior parte das características.
( ) Identifiquei-me com poucas características.
( ) Não me identifiquei com nada.
2. Houve algum outro estilo de aprendizagem com o qual você se identificou mais do que o que
foi indicado no inventário? Qual?
__________________________________________________________________________________________.
Por quê? ________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________.
3. Você acha que o inventário aplicado hoje ajudou, de alguma forma, na sua escolha
profissional? Por quê?
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________.
Muito obrigada por sua participação!
ANEXOS
Anexo 8 – Questionário de verificação
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
DEPARTAMENTO DE FISIOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOBIOLOGIA
QUESTIONÁRIO
Por favor, responder individualmente.
Nome: __________________________________________________________________________________. Turma: _____.
1. Neste momento, como você avalia sua escolha profissional?
( ) Tenho total certeza da profissão que vou seguir.
( ) Estou razoavelmente certo da profissão que vou seguir.
( ) Tenho pouca certeza da profissão que vou seguir.
( ) Não tenho nenhuma certeza da profissão que vou seguir.
2. Analise o quanto cada item abaixo influenciou sua escolha profissional e enumere-os de forma decrescente (de 5 a 1), do
mais importante para o menos importante. Não repita nenhum número e não deixe nenhum item em branco.
( ) Sucesso financeiro.
( ) Gosto pela atividade.
( ) Continuidade ao negócio ou atividade de algum familiar.
( ) Desejo dos familiares.
( ) Reconhecimento e valorização na sociedade.
3. Quais são os seus planos para o ano que vem, ou seja, que atividades você pretende fazer?
_______________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________.
4. Você se inscreveu para o(s) vestibular(es) deste ano? ( ) Sim. ( ) Não.
Se você marcou SIM na questão “4”:
5. Explicite o(s) curso(s) em que você se inscreveu e para que universidade(s) ou instituição(ões) de ensino.
Curso em que se inscreveu Universidade
6. Se você se inscreveu para mais de um curso: Qual deles é a sua prioridade? Você pretende cursar mais de um, se passar?
Ex.:Minha prioridade é o curso...
......
...
(especificar) na...
......
...
(especificar universidade).
Eu pretendo cursar.
..
...
....
..
(especificar o ou os cursos).
______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________.
7. A concorrência dos cursos, de modo geral, influenciou de alguma forma sua escolha? ( ) Sim. ( ) Não.
Se sim, de que forma? ____________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________.
8. Como você avalia a concorrência do curso de sua prioridade? ( ) Alta. ( ) Mediana. ( ) Baixa.
Se você marcou NÃO na questão “4”:
9. Por quê? Atenção: Evite respostas vazias como “porque não quis” ou “porque não”.
Ex.:
Não me inscrevi para nenhum vestibular porque ...
......
...
(especificar o motivo).
______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________.
Sinta-se à vontade para escrever no verso desta página, se precisar.
Muito obrigada pela sua participação!
Nome da Escola
NOME DO ALUNO - TURMA
Olá, você participou de minha pesquisa alguns meses.
Agora estou realizando a nova etapa da pesquisa e gostaria de
mais uma vez contar com sua colaboração.
Obrigada
Monique Leitão
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