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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
INSTITUTO DE PESQUISAS HIDRÁULICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE RECURSOS HÍDRICOS E
SANEAMENTO AMBIENTAL
PREVISÃO CONTÍNUA DE NÍVEIS FLUVIAIS
COM REDES NEURAIS UTILIZANDO
PREVISÃO DE PRECIPITAÇÃO
Investigação Metodológica da Técnica
Dissertação de Mestrado
Fernando Dornelles
Porto Alegre, novembro de 2007.
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II
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
INSTITUTO DE PESQUISAS HIDRÁULICAS
PREVISÃO CONTÍNUA DE NÍVEIS FLUVIAIS COM REDES NEURAIS
UTILIZANDO PREVISÃO DE PRECIPITAÇÃO
Investigação Metodológica da Técnica
Fernando Dornelles
Orientador: Olavo Correa Pedrollo
Co-orientador: Joel Avruch Goldenfum
Banca Examinadora:
Prof. Dr. André Luiz Lopes da Silveira IPH/UFRGS
Prof. Ph.D. Carlos André Bulhões Mendes IPH/UFRGS
Profª Ph.D. Cíntia Bertacchi Uvo Lund University/Suécia
Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Recursos Hídricos e Saneamento
Ambiental da Universidade Federal do Rio Grande do Sul como requisito parcial para a
obtenção do título de Mestre em Engenharia.
Novembro de 2007
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III
I. Apresentação
Este trabalho foi desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Engenharia de
Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, sob a orientação do Professor Olavo Correa
Pedrollo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e co-orientado pelo Professor Joel
Avruch Goldenfum da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Agradeço ao CNPQ (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico ) pelo fornecimento da bolsa de estudo que possibilitou minha conclusão de mais
esta etapa da minha formação acadêmica.
Igualmente, agradeço aos professores do IPH que me transmitiram ensinamentos
valiosos durante meu mestrado na instituição, em especial aos meus orientadores que sempre
estiveram presentes e acessíveis, Olavo Correa Pedrollo e Joel Avruch Goldenfum.
Reconheço a disponibilizarão de dados de previsão meteorológica, veis e demais
auxílios prestados pelo CPTEC (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos) e pelo
DNH (Dirección Nacional de Hidrologia / Uruguay).
Aos meus colegas de convivência no IPH, exalto as boas e frutíferas conversas que
colaboraram para a elaboração deste trabalho.
IV
Previsão
(Adair de Freitas)
O tempo se armou de fato
Lá pra o lado do Uruguai
Vai chover barbaridade
E sem poncho ninguém sai
E é por isso que o campeiro se agasalha
Porque sabe que não falha a previsão de vaqueano
Mesmo aragano sabe que é dura a peleia
Quando o tempito se enfeia pro lado dos castelhanos
Isso é costume da gente lá da fronteira
Gente boa sem fronteira que observa a natureza
É sutileza do peão e está provado
Se armando pra aquele lado chove chuva com certeza
A vida é um tempo temporal vento maleva
E a vida que a gente leva, leva o tempo pela mão
Meu bom patrão que alegria se eu previsse
Que a chuva do amor caísse nos ranchos do meu rincão
Adair de Freirtas: cantor e compositor, natural de São Gabriel/RS.
V
II. Resumo
Os sistemas de alerta de cheias exigem dos modelos de previsão de níveis, precisão e
antecipação adequadas. Especialmente em bacias pequenas com resposta rápida, estas
necessidades são atendidas com modelos de previsão continua, e que utilizam a previsão
hidrometeorlógica como dado de entrada.
Nesta pesquisa, é proposta uma exploração de recursos matemáticos na modelagem
empírica de redes neurais progressivas de múltiplas camadas, abordando-se as dificuldades
corriqueiras desta técnica, tais como problemas de convergência, eleição da arquitetura ótima,
particionamento da amostra e índices de avaliação da qualidade do modelo. Estas dificuldades
são pouco discutidas, ou até mesmo totalmente ignoradas, em grande parte dos trabalhos.
A aplicação da metodologia utilizou dados da bacia do rio Quaraí, onde as cidades
fronteiriças de Quaraí (Br) e Artigas (Uy) sofrem com inundações ribeirinhas. A área da bacia
de contribuição é de 4.500 km², salientando-se que a bacia apresenta uma rápida resposta aos
eventos de precipitação, decorrente de uma baixa capacidade de armazenamento e infiltração.
O modelo proposto de previsão de níveis por redes neurais tem como entradas, níveis
observados nos 2 dias anteriores e previsão numérica de precipitação (ETA-CPTEC) para a
5 dias à frente.
O provável ganho em qualidade ao utilizar-se previsão de precipitação no modelo de
previsão de nível foi analisado, comparando-se os resultados do modelo completo de redes
neurais com os obtidos, também por um modelo de redes neurais, porém, sem o emprego de
previsão de precipitação, pois assim, a avaliação deste ganho não tem a influência das
características do modelo utilizado. Foi verificado um pequeno ganho ao utilizar-se a previsão
de precipitação, mesmo com a baixa capacidade em acertar a magnitude da precipitação.
Para efeitos de experimentação da técnica de aglutinação dos índices de qualidade
dos resultados da modelagem, foram obtidas e comparadas as previsões de níveis de um
modelo de regressão com as de um modelo por redes neurais. Foi analisado o comportamento
do índice de erro associado à freqüência de ocorrência, que indica a magnitude do erro de
modo absoluto, o qual, devido a seu significado intuitivo, dispensa a comparação com
modelos alternativos. A técnica de aglutinação foi importante para a comparação dos
resultados das modelagens, tendo indicado a vantagem das redes neurais sobre a regressão.
Os recursos desenvolvidos nesta pesquisa, para contornar as dificuldades expostas,
podem contribuir para a correta utilização de redes neurais progressivas de múltiplas camadas,
em especial na área de recursos hídricos. Observa-se, ainda, que a delimitação dos limites de
abrangência da amostra de dados tem uma importante influência na escolha do correto modelo
a ser utilizado.
VI
III. Abstract
Flood alert systems require appropriate anticipation and accuracy from level
forecasting models. Particularly for small basins with quick response these requirements are
fulfilled by continuous forecasting models that use rain forecasting data as input.
The purpose of this research is an analysis of mathematical resources in the multi-
layer feedforward neural networks empirical modelling. Usual limitations to adapt these
techniques, such as convergence problems, optimum architecture selection, sample partitions
and indexes for the models quality evaluation are presented and analyzed. These difficulties
are rarely discussed and often disregarded by networks literature.
The data employed for the methodology application refers to the Quaraí River basin
where the neighboring cities of Quaraí (Brazil) and Artigas (Uruguay) are subjected to river
floods. The contribution basin area is 4,500km² and the basin responds quickly to
precipitation events since it has low infiltration and storage capacity.
The adopted level forecasting model using neural network techniques was applied to
two previous observed levels and the rainfall forecasting data (ETA-CPTEC) up to five days
ahead as input.
The potential gain on quality by using rainfall forecasting on the level forecasting
model was analyzed by comparing results from the neural network model using precipitation
forecasting with results from the neural network model that did not use it. On this approach
the gain valuation isn’t influenced by the models characteristics. A small improvement was
obtained by using the rainfall forecasting, even considering the low performance to estimate
rainfall values.
Level forecasting data generated by a regression model was compared with the level
forecasting obtained from the neural network model in order to test the gathering techniques
of the models results quality indexes,. The behavior of the error index associated with the
frequency index, which indicates the error magnitude in the absolute mode and do not need
any further comparisons because of its intuitive meaning, was analysed. The use of gathering
techniques was important to compare the model results, indicating an advantage of the neural
networks techniques when compared to the regresion model.
The resources developed to solve the difficulties found in this research can give
indication for the correct use of multi-layer feedforward neural networks, specially when
applied to hydraulic resources. It was also observed that the determination of the sample’s
valid range can present important role in the choice of the adequate model for use in each
case.
VII
Índice:
Apresentação .....................................................................................................................III
Resumo ......................................................................................................................V
Abstract .....................................................................................................................VI
Índice ................................................................................................................... VII
Lista de Figuras....................................................................................................................X
Lista de Tabelas ...............................................................................................................XIV
Lista de Símbolos............................................................................................................XVII
Lista de Siglas..................................................................................................................XIX
1. Introdução ......................................................................................................................1
1.1 Motivação...............................................................................................................1
1.2 Objetivos ................................................................................................................4
1.3 Estudo de caso ........................................................................................................4
2. Revisão Bibliográfica .....................................................................................................6
2.1 Alerta de Cheias......................................................................................................6
2.1.1 Sistemas de Alerta...........................................................................................6
2.1.2 Modelos de Previsão de Nível .........................................................................7
2.2 Previsão Meteorológica...........................................................................................9
2.2.1 Conceitos Básicos ...........................................................................................9
2.2.2 O Modelo de Previsão Meteorológica ETA ...................................................10
2.3 Redes Neurais Artificiais ......................................................................................11
2.3.1 Introdução.....................................................................................................11
2.3.2 Rede Neural Booleana de McCulloch e Pitts .................................................12
2.3.3 Métodos de Aprendizagem das Redes Neurais ..............................................13
2.3.4 Regra Delta...................................................................................................15
2.3.5 Convergência, Passo Variável de Aprendizado e o Termo momentum ...........15
2.3.6 Escalonamento dos Dados de Entrada ...........................................................17
2.3.7 Método da Retropropagação do Erro.............................................................18
2.3.8 Arquitetura das Redes Neurais Artificiais......................................................19
2.3.9 Validação Cruzada ........................................................................................20
2.3.10 Mínimos Locais...................................................................................21
2.3.11 Aplicações Usando Redes Neurais em Recursos Hídricos....................21
2.4 Regressão Linear Multivariada..............................................................................23
3. Área de Estudo e Dados Disponíveis ............................................................................25
VIII
3.1 Área de Estudo .....................................................................................................25
3.1.1 Bacia do Rio Quaraí......................................................................................25
3.1.2 A Bacia a Montante das Cidades de Quaraí e Artigas ....................................26
3.1.3 Inundações no trecho próximo às cidades de Artigas e Quaraí.......................27
3.2 Dados Disponíveis................................................................................................28
3.2.1 Dados Hidrológicos Observados ...................................................................28
3.2.2 Dados de Previsão Meteorológica .................................................................29
4. Metodologia .................................................................................................................31
4.1 Análise da Qualidade da Previsão Hidrometeorológica do modelo ETA................31
4.1.1 Sincronização dos Dados...............................................................................31
4.1.2 Índices para Análise da Qualidade da Previsão Hidrometeorológica..............33
4.1.3 Resíduos da Previsão Hidrometeorológica.....................................................34
4.2 Modelo de Redes Neurais com uso de Previsão de Precipitação ............................35
4.2.1 Amostras de Dados para a Rede Neural.........................................................35
4.2.2 Índices para Análise da Qualidade do Modelo de Previsão de Nível ..............37
4.2.3 Recursos Utilizados.......................................................................................38
4.2.4 Definição do número mínimo de treinamentos ..............................................41
4.2.5 Aglutinação dos índices de avaliação do modelo ...........................................42
4.2.6 Eleição da arquitetura ótima do modelo de rede neural..................................42
4.3 Modelo de Redes Neurais sem uso de Previsões de Precipitação...........................44
4.4 Modelagem por Regressão Linear Multivariada ....................................................44
4.4.1 Amostras de Dados para o Modelo de Regressão Multivariada......................45
4.4.2 Eleição do modelo de regressão.....................................................................45
5. Resultados e Análises ...................................................................................................47
5.1 Qualidade da Previsão Hidrometeorológica...........................................................47
5.1.1 “Alerta Falso” e “Incapacidade de Previsão” .................................................47
5.1.2 Previsões e Observações Não Nulas ..............................................................50
5.2 Análise dos Resultados do Modelo de Redes Neurais com uso de Previsão de
Precipitação ..................................................................................................................53
5.2.1 Resultados da definição do número mínimo de treinamentos das redes neurais..
............................................................................................................53
5.2.2 Resultados da eleição da arquitetura da rede neural COM uso de previsão de
precipitação ............................................................................................................54
5.2.3 Resultados do modelo de previsão de nível COM previsão e chuva para as
arquiteturas ótimas .......................................................................................................57
IX
5.3 Análise da Influência do Uso de Previsão de Precipitação no Modelo de Redes
Neurais ..................................................................................................................66
5.3.1 Resultados da eleição da arquitetura da rede neural SEM uso de previsão de
chuva ............................................................................................................66
5.3.2 Resultados do modelo de previsão de nível SEM previsão de chuva para as
arquiteturas ótimas .......................................................................................................69
5.4 Análise Comparativa dos Resultados do Modelo de Regressão Multivariada com o
de Redes Neurais..............................................................................................................75
5.4.1 Resultados da eleição da configuração ótima do modelo de regressão ...........75
5.4.2 Resultados do modelo de regressão ...............................................................76
5.5 Análise da aplicabilidade do Modelo Proposto de Previsão de Níveis Fluviais ......83
6. Conclusões ...................................................................................................................85
7. Recomendações............................................................................................................89
8. Referências Bibliográficas............................................................................................90
ANEXO 1 – Superfícies de Resultado das Redes Neurais COM o uso de Previsão de
Precipitação .....................................................................................................................93
ANEXO 2 – Superfícies de Resultado das Redes Neurais SEM o uso de Previsão de
Precipitação .....................................................................................................................97
X
Lista de Figuras:
Figura 2.1 – Neurônio Biológico. .........................................................................................12
Figura 2.2 - Processamento Explícito e Implícito..................................................................13
Figura 2.3 - Superfície da Função de Erro ............................................................................16
Figura 2.4 - Função Tamanho do Passo x Nº Iterações..........................................................16
Figura 2.5 - Função Erro Quadrático x Nº Iterações..............................................................16
Figura 2.6 - Funções Sigmóides, Bi-polar e Unipolar............................................................17
Figura 2.7 - Escalonamento dos dados..................................................................................18
Figura 2.8 - Esquema do treinamento por retropropagação do erro. ......................................19
Figura 2.9 - Estrutura de uma Rede Neural Genérica. ..........................................................19
Figura 2.10 - Resultados de ajustamentos. ............................................................................20
Figura 2.11 - Função do Erro Quadrático da amostra de Treinamento e de Validação...........20
Figura 3.1 – Vista aérea do rio Quaraí e as cidades de Quaraí e Artigas................................25
Figura 3.2 - Localização da Bacia do Rio Quaraí e a sub-bacia em estudo. ...........................26
Figura 3.3 - Seção do Rio Quaraí e as cotas para extravasar a calha principal e para atingir a
população .....................................................................................................................28
Figura 3.4 - Postos da rede telemétrica do DNH (Uruguai). ..................................................29
Figura 3.5 - Polígonos de Thiesen para os pontos de previsão hidrometeorológica na bacia do
Quaraí. .........................................................................................................................30
Figura 4.1 – Fluxograma de etapas .......................................................................................32
Figura 4.2 – Fluxograma de possibilidades de erros na previsão hidrometeorológica. ...........34
Figura 4.3 – Particionamento seqüencial das amostras..........................................................36
Figura 4.4 – Função de ativação Sigmóide TANSIG. ...........................................................38
Figura 4.5 – Função de ativação Linear SATLINS. ..............................................................39
Figura 4.6 – Função de ativação Linear POSLIN.................................................................39
Figura 4.7 – Comportamento do índice em função do número de treinamentos.....................41
Figura 4.8 – Redes Neurais para verificar o ganho usando previsão hidrometeorológica.......44
Figura 5.1 Acerto de previsão de chuva nula e as falhas de “Incapacidade de Previsão” e
“Alerta Falso”...............................................................................................................48
Figura 5.2 – Curvas de permanência do resíduo do “Alerta Falso”........................................48
Figura 5.3 – Curvas de permanência do resíduo da “Incapacidade de Previsão”....................49
Figura 5.4 – Curva de permanência dos resíduos de previsão e observação não nulas. ..........51
Figura 5.5 – Previsões e observações para horizonte de 1 dia...............................................51
Figura 5.6 – Previsões e observações para horizonte de 2 dias. .............................................51
Figura 5.7 – Previsões e observações para horizonte de 3 dias. .............................................52
XI
Figura 5.8– Previsões e observações para horizonte de 4 dias. ..............................................52
Figura 5.9– Previsões e observações para horizonte de 5 dias. ..............................................52
Figura 5.10 Previsões e observações para horiz. de 1 dia ordem original COM previsão
de chuva. ......................................................................................................................58
Figura 5.11 Previsões e observações para horiz. de 2 dias ordem original COM previsão
de chuva. ......................................................................................................................59
Figura 5.12 Previsões e observações para horiz. de 3 dias ordem original COM previsão
de chuva. ......................................................................................................................59
Figura 5.13 Previsões e observações para horiz. de 4 dias ordem original COM previsão
de chuva. ......................................................................................................................59
Figura 5.14 Previsões e observações para horiz. de 5 dias ordem original COM previsão
de chuva. ......................................................................................................................60
Figura 5.15 – Previsões e observações para horiz. de 1 dia – ordem crescente – COM previsão
de chuva. ......................................................................................................................60
Figura 5.16 Previsões e observações para horiz. de 2 dias ordem crescente – COM
previsão de chuva. ........................................................................................................61
Figura 5.17 Previsões e observações para horiz. de 3 dias ordem crescente – COM
previsão de chuva. ........................................................................................................61
Figura 5.18 Previsões e observações para horiz. de 4 dias ordem crescente – COM
previsão de chuva. ........................................................................................................61
Figura 5.19 Previsões e observações para horiz. de 5 dias ordem crescente – COM
previsão de chuva. ........................................................................................................62
Figura 5.20 – Histogramas para as amostras de treinamento e verificação.............................63
Figura 5.21 Histograma bidimensional da contagem de combinações entre os níveis
anteriores observados (entrada do modelo). .................................................................65
Figura 5.22 - Previsões e observações para horiz. 1 dia ordem original COM e SEM
previsão de chuva. ........................................................................................................70
Figura 5.23 - Previsões e observações para horiz. 2 dias ordem original COM e SEM
previsão de chuva. ........................................................................................................71
Figura 5.24 - Previsões e observações para horiz. 3 dias ordem original COM e SEM
previsão de chuva. ........................................................................................................71
Figura 5.25 - Previsões e observações para horiz. 4 dias ordem original COM e SEM
previsão de chuva. ........................................................................................................71
Figura 5.26 - Previsões e observações para horiz. 5 dias ordem original COM e SEM
previsão de chuva. ........................................................................................................72
XII
Figura 5.27 - Previsões e observações para horiz. 1 dia ordem crescente COM e SEM
previsão de chuva. ........................................................................................................72
Figura 5.28 - Previsões e observações para horiz. 2 dias ordem crescente COM e SEM
previsão de chuva. ........................................................................................................73
Figura 5.29 - Previsões e observações para horiz. 3 dias ordem crescente COM e SEM
previsão de chuva. ........................................................................................................73
Figura 5.30 - Previsões e observações para horiz. 4 dias ordem crescente COM e SEM
previsão de chuva. ........................................................................................................73
Figura 5.31 - Previsões e observações para horiz. 5 dias ordem crescente COM e SEM
previsão de chuva. ........................................................................................................74
Figura 5.32 - Previsões e observações para horiz. 1 dia ordem original RN e REGRE
COM previsão de chuva. ..............................................................................................77
Figura 5.33 - Previsões e observações para horizonte de 2 dias ordem original RN e
REGRE COM previsão de chuva..................................................................................77
Figura 5.34 - Previsões e observações para horizonte de 3 dias ordem original RN e
REGRE COM previsão de chuva..................................................................................78
Figura 5.35 - Previsões e observações para horizonte de 4 dias ordem original RN e
REGRE COM previsão de chuva..................................................................................78
Figura 5.36 - Previsões e observações para horizonte de 5 dias ordem original RN e
REGRE COM previsão de chuva..................................................................................78
Figura 5.37 - Previsões e observações para horizonte de 1 dia ordem crescente RN e
REGRE COM previsão de chuva..................................................................................79
Figura 5.38 - Previsões e observações para horizonte de 2 dias ordem crescente RN e
REGRE COM previsão de chuva..................................................................................79
Figura 5.39 - Previsões e observações para horizonte de 3 dias ordem crescente RN e
REGRE COM previsão de chuva..................................................................................80
Figura 5.40 - Previsões e observações para horizonte de 4 dias ordem crescente RN e
REGRE COM previsão de chuva..................................................................................80
Figura 5.41 - Previsões e observações para horizonte de 5 dias ordem crescente RN e
REGRE COM previsão de chuva..................................................................................80
XIII
Lista de Tabelas:
Tabela 3.1 - Tempo de retorno, vazão máxima e cota, na seção Quaraí/Artigas (PPGICBRQ,
2005)............................................................................................................................27
Tabela 3.2 - Localização dos postos de monitoramento telemétrico ......................................28
Tabela 3.3 - Coordenadas dos pontos de previsão hidrometeorológica..................................29
Tabela 4.1 – Amostra para treinamento da rede neural..........................................................35
Tabela 4.2 – Médias das variáveis de entrada para os 3 grupos. ............................................36
Tabela 4.3 – Médias das variáveis de saída para os 3 grupos.................................................36
Tabela 4.4 – Interpretações para o índice CP. .......................................................................37
Tabela 4.5 – Ponderadores para nota da qualidade dos resultados da rede neural. .................42
Tabela 4.6 – Parâmetros que foram experimentados na segunda etapa da eleição..................43
Tabela 5.1 – Contagem de observações e/ou previsões de precipitação nula. ........................48
Tabela 5.2 – Índices estatísticos para o resíduo de “Alerta Falso”.........................................48
Tabela 5.3 – Índices estatísticos para o resíduo de “Incapacidade de Previsão”.....................49
Tabela 5.4 – Índices estatísticos para dados com chuva prevista e observada não nula..........50
Tabela 5.5 Melhor índice para os conjuntos com 30 e 100 repetições do treinamentos e para
os 5 horizontes de previsão...........................................................................................54
Tabela 5.6 Resultados para cada configuração de rede neural (horiz. 1 dia) COM previsão
de chuva .......................................................................................................................54
Tabela 5.7 Resultados para cada configuração de rede neural (horiz. 2 dias) COM previsão
de chuva .......................................................................................................................55
Tabela 5.8 Resultados para cada configuração de rede neural (horiz. 3 dias) COM previsão
de chuva .......................................................................................................................55
Tabela 5.9 Resultados para cada configuração de rede neural (horiz. 4 dias) COM previsão
de chuva .......................................................................................................................56
Tabela 5.10 – Resultados para cada configuração de rede neural (horiz. 5 dias) COM previsão
de chuva .......................................................................................................................56
Tabela 5.11 Arquiteturas ótimas de rede neural para o modelo COM uso de previsão de
chuva............................................................................................................................57
Tabela 5.12 – Resultado para a amostra de verificação – Modelo RN COM previsão de chuva.
.....................................................................................................................................57
Tabela 5.13 - Maiores erros por “Alerta Falso” – Horiz. 1 dia – COM previsão de chuva. ....63
Tabela 5.14 - Maiores erros por “Incapacidade de Previsão” Horiz. 1 dia COM previsão
de chuva. ......................................................................................................................63
Tabela 5.15 - Maiores erros por “Alerta Falso” – Horiz. 2 dias – COM previsão de chuva....63
XIV
Tabela 5.16 - Maiores erros por Incapacidade de Previsão” Horiz. 2 dias COM previsão
de chuva. ......................................................................................................................63
Tabela 5.17 - Maiores erros por “Alerta Falso” – Horiz. 3 dias – COM previsão de chuva....64
Tabela 5.18 - Maiores erros por Incapacidade de Previsão” Horiz. 3 dias COM previsão
de chuva. ......................................................................................................................64
Tabela 5.19 - Maiores erros por “Alerta Falso” – Horiz. 4 dias – COM previsão de chuva....64
Tabela 5.20 - Maiores erros por Incapacidade de Previsão” Horiz. 4 dias COM previsão
de chuva. ......................................................................................................................64
Tabela 5.21 - Maiores erros por “Alerta Falso” – Horiz. 5 dias – COM previsão de chuva....64
Tabela 5.22 - Maiores erros por Incapacidade de Previsão” Horiz. 5 dias COM previsão
de chuva. ......................................................................................................................64
Tabela 5.23 - Resultados para cada configuração de rede neural (horiz. 1 dia) – SEM previsão
de chuva. ......................................................................................................................66
Tabela 5.24 - Resultados para cada configuração de rede neural (horiz. 2 dias) – SEM
previsão de chuva. ........................................................................................................67
Tabela 5.25 - Resultados para cada configuração de rede neural (horiz. 3 dias) – SEM
previsão de chuva. ........................................................................................................67
Tabela 5.26 - Resultados para cada configuração de rede neural (horiz. 4 dias) – SEM
previsão de chuva. ........................................................................................................68
Tabela 5.27 - Resultados para cada configuração de rede neural (horiz. 5 dias) – SEM
previsão de chuva. ........................................................................................................68
Tabela 5.28 Arquiteturas ótimas de rede neural para o modelo SEM uso de previsão de
chuva............................................................................................................................69
Tabela 5.29 - Resultados para a amostra de verificação – modelo RN SEM previsão de chuva.
.....................................................................................................................................69
Tabela 5.30 Resultados para a amostra de verificação modelos RN COM e SEM previsão
de chuva. ......................................................................................................................70
Tabela 5.31 – Resultados para cada modelo de previsão por regressão linear multivariada. ..75
Tabela 5.32 - Resultado para a amostra de verificação modelo Regressão COM previsão de
chuva............................................................................................................................76
Tabela 5.33 Resultados para a amostra de verificação modelos Regressão e RN COM
previsão de chuva. ........................................................................................................76
Tabela 5.34 - Maiores erros por Alerta Falso” horiz. 1 dia REGRE COM previsão de
chuva............................................................................................................................81
XV
Tabela 5.35 - Maiores erros por “Incapacidade de Previsão” horiz. 1 dia REGRE COM
previsão de chuva. ........................................................................................................81
Tabela 5.36 - Maiores erros por “Alerta Falso” horiz. 2 dias REGRE COM previsão de
chuva............................................................................................................................81
Tabela 5.37 - Maiores erros por Incapacidade de Previsão” horiz. 2 dias REGRE COM
previsão de chuva. ........................................................................................................81
Tabela 5.38 - Maiores erros por “Alerta Falso” horiz. 3 dias REGRE COM previsão de
chuva............................................................................................................................82
Tabela 5.39 - Maiores erros por Incapacidade de Previsão” horiz. 3 dias REGRE COM
previsão de chuva. ........................................................................................................82
Tabela 5.40 - Maiores erros por “Alerta Falso” horiz. 4 dias REGRE COM previsão de
chuva............................................................................................................................82
Tabela 5.41 - Maiores erros por Incapacidade de Previsão” horiz. 4 dias REGRE COM
previsão de chuva. ........................................................................................................82
Tabela 5.42 - Maiores erros por “Alerta Falso” horiz. 5 dias REGRE COM previsão de
chuva............................................................................................................................82
Tabela 5.43 - Maiores erros por Incapacidade de Previsão” horiz. 5 dias REGRE COM
previsão de chuva. ........................................................................................................82
XVI
Lista de Símbolos
α coeficiente de declividade da função de ativação SATLIN
a0, a1, a2 e a3 parâmetros do modelo de regressão linear multivariada
b tendência do neurônio matemático (bias)
CE coeficiente de eficiência (Nash Sutcliffe)
CP coeficiente de persistência
D rie de dados não escalonada (chuva e nível)
D
E
dado escalonado (chuva e nível)
D
i
dado a ser escalonado (chuva e nível)
E erro entra dados calculados e alvo de uma rede neural
EMA erro médio quadrático
EMQ erro médio quadrático
EPA erro padrão absoluto
g gradiente da função de erro nos algoritmos de treinamento
h cota do rio
H horizonte de previsão
He matriz Hessiana
I vetor com o conjunto de resultados dos índices a serem ponderados
J matriz Jacobiana
mu coeficiente momentum para treinamento da rede neural
η taxa de aprendizado no treinamento da rede neural
n número de amostras
N nível do rio Quaraí
NP nota ponderada dos resultados dos índices
O vetor de dados de saída da rede neural
P vetor de entrada na rede neural
XVII
P
C
precipitação observada
P
O
precipitação observada
Q
max
vazão máxima
N
prev
nível previsto pelo modelo de regressão linear multivariada
R coeficiente de correlação ou de Pearson
R
2
coeficiente de determinação
SEMQ função objetivo da soma do erro médio quadrático
SEMQ
REG
função objetivo da soma do erro dio quadrático com regularização
Bayesiana
T vetor de dados alvo da rede neural
Tr período de retorno
U ponderador da precipitação em função da magnitude do nível dio
observado nos dois dias anteriores ao dia quando a previsão de nível é
efetuada.
V valor escalonado dos índices
V
C
volume total de precipitação observada
V
O
volume total de precipitação observada
w peso de ponderação para notas de resultados de índices
W pesos sinápticos dos neurônios
x variável independente nas funções de ativação dos neurônios
matemáticos
x
1
nível do rio em (i-2) “anteontem”
x
2
nível do rio em (i-1) “ontem”
x
3
previsão de chuva do modelo ETA acumulada até o horizonte de
previsão
y variável dependente nas funções de ativação dos neurônios matemáticos
Y variável dependente do modelo de regressão linear multivariada
XVIII
Lista de Siglas
ANA Agência Nacional de Águas
Br Brasil
BRAMS Brazilian Regional Atmospheric Modeling System
CPTEC Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos
CPRM Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais
CTM Comision Técnico Mixta de Salto Grande / Uruguay
DNH Dirección Nacional de Hidrologia / Uruguay
ETA modelo regional de previsão meteorológica numérica
IPH Instituto de Pesquisas Hidráulicas
INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
MCGA Modelo de Circulação Geral Atmosférico
NEC- SX3 super computador instalado no CPTEC em 1994
PPGIPH Programa de Pós-graduação do Instituto de Pesquisas Hidráulicas
REGRE modelo de regressão linear multivariada
RN rede neural
SAISP Sistema de Alerta de Inundações de São Paulo
UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul
UTC Universal Time (Hora universal)
Uy Uruguai
1
1. Introdução
1.1 Motivação
As inundações são fenômenos naturais que existem desde antes do surgimento do
homem no planeta Terra. Ao deixar de ser nômade, o homem preferencialmente ocupou as
áreas próximas a cursos d’água, pois ali ele poderia ter acesso fácil a outros locais através de
embarcações, água para o seu consumo e mesmo onde dispor seus dejetos. Esta preferência
humana ainda prevalece nos dias de hoje e a grande maioria das cidades está próxima a cursos
d’água, suscetíveis a inundações.
Nestas cidades, às margens de mananciais dricos, a população mais antiga, que já
presenciou eventos de inundação no passado, procura construir suas casas em locais mais
altos para evitar inundações no futuro. Contudo, famílias de baixa renda e pouca experiência
com as elevações dos níveis de água ocupam zonas baixas, onde podem ser atingidos com
mais facilidade. Às vezes, um grande período sem ocorrência de inundação encoraja a
população a ocupar estas áreas, pois é da natureza humana e animal aprender com
experiências vividas. Como a experiência de uma inundação ainda não foi experimentada,
atitudes deste tipo são tomadas freqüentemente.
Dentre as atividades para proteção contra inundações, existem as medidas estruturais
e as não estruturais. As medidas estruturais são caracterizadas por intervenções físicas que
modificam o escoamento, confinam o fluxo ou amortecem a onda de cheia.
Proteções estruturais, tais como diques, pôlderes e represas, sempre são projetadas
para um determinado tempo de recorrência dos eventos de inundação, sendo que, para
situações além do projetado, os prejuízos o amplificados, pois nas zonas protegidas” a
ocupação é intensificada pela falsa segurança de que a inundação nunca chegará àquela
região.
Medidas de caráter não-estrutural são geralmente menos onerosas, sendo constituídas
de regras para o convívio com as inundações sem intervenção física nos corpos d’água. Os
exemplos mais comuns são zoneamentos e remoções, definitivas ou não, das áreas de risco de
inundação.
A convivência com as inundações tornou-se uma exigência para muitas
comunidades, que organizam-se de forma a minimizar os prejuízos causados pelas elevações
das águas. Algumas das soluções são a construção de habitações elevadas (palafitas), e o
deslocamento para zonas mais altas durante as cheias, o que não evita, nem definitiva e nem
2
eficazmente, alguns dos principais malefícios que uma inundação causa à população, tais
como: doenças, perda de bens e interrupção das atividades profissionais.
Nas remoções não-definitivas, os órgãos governamentais criam uma equipe de
Defesa Civil para gerenciar esta tarefa, que fica então encarregada de alertar, remover,
fornecer auxílio dico, alimentos e abrigo aos atingidos por inundações. Assim, modelos de
previsão de nível o de suma importância, para que estas ações possam ser planejadas e
executadas em tempo hábil.
Sistemas de alerta de cheias, com antecedência de previsão suficiente para a ação da
Defesa Civil, podem ser implantados com custos relativamente baixos, em comparação com
os custos usuais das medidas estruturais, podendo ser muito importantes para a minimização
dos prejuízos materiais e de perdas de vidas humanas.
Fornecer uma previsão diária, ao invés de prever o nível somente quando o evento de
chuva já tiver iniciado, pode ser uma informação mais proveitosa para os tomadores de
decisão, que podem então antecipar-se ao fenômeno, deixando de sobreaviso uma equipe
treinada para agir em situação de inundação iminente.
Em bacias com resposta rápida, a previsão de precipitação é de grande importância
na previsão da elevação do nível d’água, pois o simples monitoramento de níveis a montante
não permite prever o nível com a antecipação suficiente para a emissão do alerta de
inundação.
As técnicas de modelagem empírica permitem a assimilação de erros sistemáticos
nas avaliações das entradas de precipitação prevista, sendo uma preocupação pertinente, no
caso de comporem um sistema de alerta de cheias, porém apresentam restrições nos casos de
necessidade de extrapolação de previsão fora dos limites de abrangência da amostra de
calibração.
Nas modelagens conceituais, por sua vez, apresentam dificuldades de representação,
com o detalhamento e a abrangência suficientes, das características físicas da bacia, o que
introduz, inevitavelmente, incertezas no processo de previsão de nível.
Comparar o efeito de utilizar-se uma variável a mais em modelos conceituais exige a
calibração de dois modelos distintos, comprometendo assim, a comparação pura do efeito da
informação agregada, uma vez que os modelos também não são os mesmos. No caso de redes
neurais, trabalha-se com duas redes, as quais são, teoricamente, igualmente capazes de
aproximação, sendo que uma trabalha com mais informações. Sendo assim, a técnica de redes
neurais é uma candidata adequada para a avaliação imparcial do ganho de qualidade na
previsão de níveis fluviais ao utilizar a previsão de precipitação.
3
As redes neurais artificiais, em síntese, são aproximadores ótimos de funções, e
apresentam boa robustez para filtrar ruídos nos dados de entrada, porém observam-se algumas
limitações, tais como:
Alta dependência das condições iniciais para o ajustamento correto, sendo
que este aspecto não tem sido abordado para aplicações hidrológicas;
Limitação ao domínio utilizado no treinamento. No caso das aplicações
hidrológicas, a amostragem nos extremos é, em geral, menos densa,
prejudicando as respostas para as entradas nestas faixas. Uma metodologia
para a constatação e identificação deste domínio de utilização, especialmente
para aplicações práticas de engenharia, é uma carência constatada;
A capacidade de generalização, ou extrapolação no domínio, é dependente,
além da arquitetura da rede, das técnicas utilizadas para o treinamento,
especialmente quanto aos critérios para a interrupção. A identificação ou
isolamento da banda aleatória, neste caso, é fundamental, para evitar-se o
superajustamento, e depende em grande medida da amostragem. As formas
usuais de partição da amostragem, no entanto, exigem dados com quantidade
e representatividade muitas vezes impraticáveis.
A etapa conclusiva e fundamental de toda modelagem hidrológica é a avaliação da
qualidade dos resultados, onde são tradicionalmente utilizados índices de comparação
relativa. Estas avaliações comparativas muitas vezes são contraditórias, pois avaliam aspectos
diferentes do comportamento do modelo, podendo ocorrer o interesse em mais de um destes
aspectos, havendo necessidade de ponderação ou conciliação de objetivos, para então,
proceder-se à execução de uma avaliação mais integral e menos reducionista.
Assim, nesta pesquisa utilizou-se, além dos índices tradicionais de avaliação da
qualidade de modelo, um índice absoluto, com significado imediato e intuitivo. Este índice
informa a magnitude do erro que não foi ultrapassado em um certo percentual do tempo,
tendo a vantagem de possuir uma interpretação não meramente comparativa com o
desempenho de outros modelos hipotéticos, a exemplo do coeficiente de permanência, ou o
índice de Nash.
Portanto, julgou-se oportuno executar, nesta pesquisa, uma análise mais rigorosa dos
aspectos de aplicação hidrológica de redes neurais progressivas, tendo-se em conta que essa
ferramenta ainda não foi alvo de um aprofundamento, que abordasse adequadamente os riscos
e as possibilidades que ela proporciona para esta aplicação específica.
4
1.2 Objetivos
O objetivo geral, a ser atingido com esta pesquisa, é investigar se a previsão de níveis
fluviais com uso de técnicas de redes neurais artificiais pode ter algumas de suas deficiências,
observadas para este tipo de aplicação, superadas através de investigações de recursos de
natureza estratégica ou matemática, de forma a viabilizar o uso desta técnica. Estas
deficiências o geralmente ignoradas pela maioria dos autores, deixando dúvidas sobre a
aplicabilidade de muitos trabalhos.
Este objetivo pode ser detalhado nos itens específicos:
Verificar a praticabilidade do isolamento da banda aleatória dos dados, para
efeito de validação cruzada, por uma partição seqüencialmente alternada das
amostras de séries hidrológicas;
Investigar as possíveis diferenças, na convergência, pelo uso de um método,
assemelhado ao Método de Monte Carlo, para contornar a tendência ao
mínimo local, no treinamento de redes neurais para modelagem de previsão;
Utilizar um recurso para avaliação da qualidade absoluta dos modelos, que
não requer comparação com outros modelos alternativos, uma vez que tem
um significado intuitivo e direto;
Experimentar, paralelamente, a aglutinação ponderada de diversos índices
para avaliação comparativa, verificando a qualidade relativa, em termos de
ordem de grandeza, do modelo por redes neurais, quando comparado com um
modelo tradicional;
Um segundo objetivo proposto nesta pesquisa é de verificar os ganhos obtidos (ou,
por outro lado, as perdas de desempenho) na previsão de nível, com uso de previsões de
precipitação, comparando-se os resultados de redes neurais treinadas com e sem esta
informação adicional, tendo-se em conta suas propriedades de aproximação. Neste caso, como
o modelo é um aproximador universal, constitui-se uma oportunidade para a verificação da
relevância da informação, uma vez que se pode supor que possíveis deficiências de
representação não estão prejudicando o aproveitamento integral deste dado.
1.3 Estudo de caso
Nas cidades de Quaraí (Brasil) e Artigas (Uruguai), às margens do Rio Quaraí
(Cuareim, para os uruguaios), os habitantes da região têm convivido com as cheias do rio,
sendo removidos quando o vel da água atinge as suas habitações, causando problemas de
saúde pública, prejuízos materiais e até perdas humanas. Esta situação ocorre por motivo de
insegurança, uma vez que a população atingida freqüentemente reluta em abandonar suas
5
casas com seus pertences, por falta de credibilidade nos avisos de evacuação emitido pela
defesa civil, e também por receio do reassentamento forçado em áreas sem risco de
inundação, pois essa população ocupa esta área muitos anos e ali encontra condições
socioeconômicas adequadas às suas aspirações.
O custo de medidas estruturais para amenizar o problema das inundações nas cidades
fronteiriças de Quarai e Artigas é elevado, inviabilizando este tipo de solução.
Para o caso em questão da bacia do rio Quaraí, a medida com maior probabilidade de
ser implantada, em curto prazo, seria um sistema de alerta de cheias, conjuntamente com a
criação de uma equipe responsável pela evacuação dos possíveis atingidos pela cheia do rio.
Para que um sistema de alerta funcione corretamente é necessário que o modelo de previsão
de nível seja confiável e preciso.
O estudo e a aplicação de um modelo para a previsão de níveis fluviais em Quaraí
apresenta os seguintes obstáculos :
A grande incerteza existente nas previsões de precipitação;
A compreensão incompleta das leis físicas que regem a formação de chuvas;
A o-linearidade, reconhecidamente presente em todos os processos de
transformação da chuva em vazão.
A possibilidade de falha ou perturbações na aquisição de dados de entrada, à
medida que ocorre possível degradação do sistema, com a progressão da situação de
calamidade.
Tendo-se em conta as características do comportamento hidrológico da bacia do rio
Quaraí, vislumbrou-se a oportunidade de aplicar as metodologias propostas nesta pesquisa a
este caso de estudo, que redes neurais artificiais são candidatas interessantes para a
aplicação em previsões de fenômenos naturais, e, por extensão, aos níveis de rios.
6
2. Revisão Bibliográfica
2.1 Alerta de Cheias
2.1.1 Sistemas de Alerta
As previsões, bem como as tomadas de decisões, para atendimento às emergências
causadas pelas inundações, são, ou deveriam ser, executadas no âmbito de sistemas de alerta
de inundações. Estas inundações ocorrem distribuídas no tempo de forma aparentemente
aleatória, o que pode exigir grande complexidade destes sistemas, devido à manipulação de
incertezas.
Os sistemas de alerta, conforme Krzysztofowicz (1993), são compostos basicamente
por três módulos, que funcionam em “cascata”: o primeiro é o monitoramento, o segundo a
previsão, e o terceiro a decisão.
Uma descrição de sistemas de alerta de previsão em tempo real, de um ponto de vista
funcional e hidrológico, é apresentada por Tucci (2003), e consiste nos seguintes aspectos:
Sistema de coleta e transmissão de informações;
Sistema de processamento de informações;
Modelo de previsão de vazões e níveis;
Procedimentos para acompanhamento e transferência de informação para a
Defesa Civil e Sociedade;
Planejamento das situações de emergência por parte do órgão de Defesa Civil.
Um exemplo de sistema de alerta sofisticado é o da SAISP (Sistema de Alerta de
Inundações de o Paulo) que gera a cada cinco minutos boletins sobre as chuvas e suas
conseqüências para a cidade de São Paulo. Estas previsões são obtidas com o auxilio de uma
rede telemétrica bem distribuída, constituída por linígrafos, pluviógrafos e radar
meteorológico, para previsão empírica estocástica do incremento de afluências para o
próximo estágio de tempo, baseado numa combinação linear de chuvas passadas nas isócronas
e incrementos passados de afluências.
Um sistema de alerta de cheias eficiente e confiável é ferramenta essencial para a
ação da Defesa Civil. Estes sistemas devem ser capazes de prever o evento com antecedência
suficiente para que ações cabíveis possam ser executadas, tais como a remoção da população,
de animais e de bens materiais.
A utilização de sistemas de alerta de cheias, como medida não estrutural, envolve
investimentos relativamente reduzidos, e os resultados, de controle e redução dos impactos
das inundações, são obtidos em curto prazo.
7
2.1.2 Modelos de Previsão de Nível
Os modelos matemáticos hidrológicos podem ser classificados, quanto aos
fundamentos lógicos, em empíricos ou conceituais e, quanto às incertezas de natureza
estatística, em determinísticos ou estocásticos.
Modelos matemáticos empíricos são ajustes de funções baseados em dados
observados, e não pretendem reproduzir a natureza física dos fenômenos, sendo também
chamados de modelos tipo “caixa preta” (Tucci, 1998). Estes modelos podem o responder
corretamente quando utilizados fora dos limites investigados por ocasião de seu ajustamento,
efetuado com dados observados.
Modelos matemáticos conceituais descrevem os processos físicos, teoricamente
permitindo extrapolações. As dificuldades encontradas por estes modelos são a variabilidade
espacial dos processos físicos, a estimação correta dos parâmetros e a incapacidade de
atualizar automaticamente seus parâmetros em processos com mudança de comportamento
(Tucci, 1998).
Modelos determinísticos não utilizam conceitos probabilísticos em suas respostas, ou
seja, respondem sempre com valores exatos, e para a mesma entrada sempre apresentam a
mesma saída. Modelos estocásticos, por sua vez, apresentam respostas probabilísticas, em
forma de intervalos de confiança, e, para a mesma entrada, respondem com saídas diferentes,
de natureza aleatória (Tucci, 1998).
No caso específico de previsões deveis d’água em rios, os principais dados
utilizados nos modelos são níveis a montante, chuva precipitada e previsão de precipitação,
que podem ser utilizados como insumo, tanto para modelos conceituais como para modelos
empíricos.
A maior parte dos modelos para previsões de níveis são ajustados e verificados com
base em eventos, quando o usuário já sabe que está em presença de uma ocorrência de cheia.
Nestes casos, podem-se obter reproduções com grande precisão, uma vez que o que os
modelos estão fazendo é reproduzir as formas dos hidrogramas ou linigramas, condicionadas
a que realmente aconteçam. Segundo Pedrollo (2000), a utilidade destes modelos é discutível,
uma vez que o tomador de decisões o sabe, em situações reais, se terá futuramente uma
ocorrência do tipo que os modelos, empíricos ou conceituais, reproduzem, e não pode obter
esta informação destes modelos.
Previsões de curto prazo, ou previsões em tempo atual, são baseadas na premissa de
que os cenários futuros são influenciados fortemente pelas condições atuais das suas variáveis
independentes.
8
Os modelos de previsão de nível baseados em leituras de níveis a montante são feitos
baseados em conceitos de propagação de onda de cheia no canal principal de drenagem da
bacia. Para trechos com contribuição lateral de pequena significância, apenas o
monitoramento da calha principal é suficiente. Caso a contribuição lateral tenha significância,
os afluentes também devem ser monitorados e adicionados aos resultados do modelo de
propagação de onda.
Dentre os modelos de propagação de onda mais conhecidos e utilizados, Tucci
(1998) apresenta o desenvolvimento de alguns modelos de regressão, linear e não linear, a
partir de modelos conceituais de propagação (Muskingun-Cunge), recomendando o uso
fundamentado destes modelos para a previsão propagativa em tempo atual. Estes modelos são
aplicáveis a casos onde o intervalo de tempo entre a leitura (a montante) e a previsão do nível
no ponto de interesse (a jusante) é suficiente para as ações cabíveis, seja para evacuações,
navegação ou operação de comportas de reservatórios.
Os modelos chuva-vazão, baseados em precipitações observadas, possuem a
desvantagem de as chuvas terem de ser transformadas em escoamento, o que implica em uma
série de incertezas nos parâmetros de entrada, como coeficientes de permeabilidade,
declividades, cobertura do solo, distribuição espacial e temporal das chuvas e curva-chave.
Sua grande vantagem é de que o dado de precipitação é geralmente mais abundante e
promove uma antecedência maior para bacias pequenas, onde o tempo de concentração é
pequeno e o permite uma previsão em tempo atual por observação de níveis a montante do
ponto desejado.
A escolha do modelo mais adequado ao problema da bacia pode ser feita com base
na área de contribuição da bacia. Para bacias com área maior que 10.000 km², o uso da teoria
da propagação da onda de cheia com coleta de dados de níveis a montante é suficiente para se
ter uma previsão com boa antecedência e precisão. Para bacias de médio porte a previsão deve
ser feita com os dados de precipitação observados, e para bacias com área menor que 1.000
km², somente com previsão de precipitação é possível desenvolver um modelo que forneça
tempo razoável de antecedência à inundação (Pedrollo, 2000).
Na previsão de nível com uso de precipitação prevista consegue-se, via de regra, uma
antecedência ainda maior, porém, é acrescentada em sua resposta a incerteza do próprio
modelo de previsão de chuva, cujos resultados por vezes o são de boa qualidade,
prejudicando os resultados finais.
Praticamente todas as previsões apresentam imprecisões, geradas pelas incertezas
naturais dos parâmetros e dos processos que regem a sua dinâmica.
9
Em geral, os resultados das previsões são apresentados de forma determinística, o
que não corresponde à realidade. Uma apresentação mais adequada dos resultados é realizada,
por exemplo, pela representação da incerteza através de intervalos de confiança, com os seus
limites de erro e o grau de significância associado, o que implica em uso de modelos
estocásticos, ou com componentes de natureza estocástica.
2.2 Previsão Meteorológica
2.2.1 Conceitos Básicos
A previsão meteorológica sempre despertou forte interesse para o homem. Nos
primórdios, as condições meteorológicas eram freqüentemente atribuídas a decisões divinas,
devido ao comportamento aleatório (imprevisível) da atmosfera.
A observação sistemática, na superfície terrestre, de algumas variáveis, tais como
temperatura, pressão atmosférica, vento, umidade relativa do ar, permite prever a tendência
futura do comportamento do tempo, embora com incertezas. No sentido de diminuir as
incertezas de previsão, as informações destas variáveis, obtidas em vários postos por todo o
planeta, são analisadas em conjunto, o que possibilita a determinação de suas variações
espaciais e, assim, as previsões dos deslocamentos de massas de ar, que são os principais
responsáveis pelas mudanças meteorológicas.
Mesmo assim, com a disponibilidade de dados observados em vários locais do
planeta, a previsão meteorológica não era confiável para alcances maiores que 1 dia, e
dependia fortemente da experiência do meteorologista.
A exigência de mais dados, para produzir previsões de tempo menos subjetivas,
incentivou a evolução dos instrumentos de medição: além das observações de superfície,
iniciou-se o uso de radiosondagens, que registram os valores das variáveis meteorológicas e
as transmitem, por ondas de dio, a um receptor em terra. Desde a cada de 1970, a
utilização de satélites artificiais fornece imagens dos estados das massas de ar. Juntamente
com informações provenientes de bóias oceânicas, navios e aviões, são geradas cartas
sinópticas, e a análise destas cartas resulta na previsão do tempo (Ferreira e Camargo, sd.).
Com a utilização de supercomputadores, como o NEC- SX3, instalado no CPTEC
em 1994, é possível gerar previsões objetivas, também chamadas de previsões numéricas, que
são os resultados da aplicação de modelos físicos de conservação de energia, massa e
momento (Ferreira e Camargo, sd.).
A previsão hidrometeorológica é a que tem maior importância para a sociedade em
geral, tanto para fins econômicos como sociais, mas também é a variável que apresenta a
10
maior dificuldade de previsão, devido à exigência de combinação correta entre as 3 variáveis
principais responsáveis pela instabilidade atmosférica (pressão, temperatura e umidade).
Na moderna meteorologia, as previsões são feitas através de modelos numéricos, que
são sofisticados programas de computador que assimilam toda a informação meteorológica e
integram equações diferenciais parciais que representam basicamente a equação do momento,
a equação da energia termodinâmica e a equação da continuidade da massa atmosférica. Com
as facilidades da Internet ─ velocidade e acessibilidade o acesso aos dados pré-processados
de forma rápida tem viabilizado as previsões numéricas que são feitas hoje no Brasil.
A percepção de John von Neumann da potencial evolução da previsão meteorológica
com o emprego da computação confirmou-se; a partir do início das previsões numéricas,
ocorrido na década de 1950, houve uma intensa busca por melhores resultados, de forma que
na década de 1990 era possível a obtenção de previsões numéricas para toda a área dos
Estados Unidos com 24h de antecedência, com um índice de acerto de 97% (Moura, 1996).
Atualmente, existem em operação no Brasil diversos modelos de previsão numérica,
com uma variada utilização de resoluções de cálculo, horizontes de previsão, e variáveis de
entrada e saída. Os modelos mais conhecidos são o ETA-CPTEC, MCGA-CPTEC e o
BRAMS, e seus resultados podem ser acessados pela página eletrônica do CPTEC/INPE
(Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos/Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais) e do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia), ambas instituições vinculadas
ao governo federal brasileiro.
Como, no presente trabalho, foram utilizados os dados de previsão
hidrometeorológica do modelo regional ETA, este é descrito, sucintamente, no item seguinte.
2.2.2 O Modelo de Previsão Meteorológica ETA
O ETA é um modelo de área limitada, implementado no CPTEC/INPE com o
objetivo de detalhar (downscaling) a previsão meteorológica numérica, realizada com o
modelo de circulação geral atmosférica. O modelo ETA usa como condições de contorno os
valores da previsão numérica global, discretizada em uma grade de 200 km × 200 km. As
condições iniciais, para integração do modelo global, são obtidas de observações no horário
sinótico. Este modelo prevê fenômenos de mesoescala (tais como efeitos orográficos, brisas
marítimas, tempestades) cobrindo a maior parte da América do Sul.
Uma das características principais desse modelo é a coordenada vertical (Mesinger,
1984). A vantagem desta coordenada é que as superfícies correspondentes são
aproximadamente horizontais, o que reduz os erros nos cálculos de variáveis obtidas a partir
de derivadas horizontais. Estes erros são significativos em regiões de montanhas íngremes,
11
como é o caso dos Andes na América do Sul. Devido à grande importância desta coordenada,
o modelo foi batizado de ETA, pois esta foi a letra grega empregada para simbolizar tal
coordenada.
A teoria física empregada pelo modelo para prever precipitações é o esquema de
Betts-Miller modificado para parametrizar a convecção (Janjic, 1994). A condensação em
larga escala ocorre quando a umidade relativa excede 95%.
O modelo ETA é estruturado em uma grade, cuja resolução horizontal pode ser de 40
km × 40 km ou 80 km × 80 km. Para cada ponto dessa grade, o modelo fornece os valores de
previsão de precipitação, temperatura, pressão, umidade e outros. A orografia é representada
por degraus”, sendo a altura de cada degrau obtida através do valor médio das máximas
topográficas existentes em cada célula da grade. A temperatura da superfície do mar é
mantida constante durante a integração, e é obtida a partir da média da semana anterior; o
albedo inicial é função de uma climatologia sazonal.
Devido à maior não-linearidade dos sistemas nesta escala, o horizonte de
antecedência é menor, permitindo apenas previsões de curto prazo. No caso do ETA, as
previsões se estendem até 120 h (5 dias) e cobrem a maior parte da América do Sul. Essas
previsões são fornecidas duas vezes ao dia, em uma grade regular com resolução de 40 km.
O modelo ETA tem sido constantemente melhorado, e previsões com horizontes
maiores do que 5 dias estão sendo disponibilizados na página eletrônica do CPTEC
(www.inpe.cptec.br).
2.3 Redes Neurais Artificiais
2.3.1 Introdução
As redes neurais artificiais são fruto da tentativa de representar matematicamente o
funcionamento do neurônio biológico.
A descoberta do neurônio biológico (Figura 2.1) e as primeiras conclusões sobre seu
funcionamento foram feitas no século XIX, pelo neurologista espanhol Ramón y Cajal (Cajal,
1894), que retrata o neurônio com notável detalhamento. Ainda no século XIX, seu
funcionamento foi estudado por Dubois Reymond, com o auxilio de galvanômetros para
observar as manifestações elétricas do neurônio (Katz, 1966). No entanto, seu funcionamento
foi mais bem compreendido por Erlanger e Gasser (1924) após a invenção do tubo de raios
catódicos na cada de 20, quando o neurônio passou a ser entendido como o “dispositivo
computacional elementar” do sistema nervoso dos seres vivos.
12
Figura 2.1 – Neurônio Biológico.
A partir de então, rios pesquisadores dedicaram-se à tentativa de representar
matematicamente o funcionamento do neurônio biológico, onde podemos destacar como
precursores McCulloch e Pitts, em 1943, Hebb em 1949 e Rosemblatt em 1958 (Kovacs,
1996).
O interesse em pesquisar redes neurais foi muito reduzido durante a década de 70,
devido a fortes limitações encontradas no processo de treinamento de redes neurais. Somente
em 1980 o assunto voltou a causar interesse na comunidade científica, com o trabalho de
Hopfield com memórias associativas. Em 1986 houve o maior avanço no tema, com o método
de retropropagação implementado por Rummelhart, Hilton e Willians (Rummelhart et. al.,
1986). Desde então, o uso de redes neurais vem sendo cada vez mais utilizado para diversos
fins, tais como aproximação de funções complexas, classificação de padrões, previsão de
séries temporais, minimização de funções e outras aplicações.
A utilização das redes neurais artificiais em diversas áreas é devido ao fato deste
método extrair informação dos dados e generalizar sua resposta para cenários diferentes dos já
ocorridos, de forma eficiente.
2.3.2 Rede Neural Booleana de McCulloch e Pitts
A representação matemática proposta na década de 40 por McCulloch e Pitts,
publicada em um artigo no Bulletin of Mathematical Biophysics, foi o marco inicial em redes
neurais. Apesar de ser extremamente simples, este estudo abriu campo para que outros
pesquisadores também investissem no desenvolvimento de técnicas para refinar cada vez mais
a representação matemática do funcionamento do elemento fundamental do sistema nervoso
dos seres vivos, o neurônio. Assim, foi lançada a idéia para a criação da “inteligência
artificial”.
O neurônio booleano de McCulloch e Pitts era um dispositivo binário: sua saída
poderia ser pulso ou não-pulso, e as suas várias entradas possuíam ganho arbitrário e podiam
ser excitatórias ou inibitórias (Kovacs, 1996).
13
O processo realizado em cada neurônio é uma operação matricial da forma:
=
=
bpwHy
n
i
ii
1
Onde : y é a resposta pulso (1) ou não-pulso (0 ou -1) de cada neurônio;
H é a função de ativação degrau unitário;
w são os pesos sinápticos de entrada de cada neurônio;
p são as entradas a serem processadas no neurônio;
b é a tendência de saída para cada neurônio.
Assim, o funcionamento de um neurônio pode ser resumido da seguinte forma:
1- Os sinais de entradas são fornecidos ao neurônio;
2- Cada entrada é multiplicada pelo seu ponderador, que influencia no sinal de saída;
3- O resultado destas multiplicações é somado;
4- O resultado da soma é aplicado à função de ativação que dará o sinal de saída1”
se a soma ficar acima de um certo valor, e “0” ou “-1”, se ficar abaixo.
Este processo normalmente é usado na forma implícita, em que é acrescentada uma
entrada unitária P(i+1)= -1 , e a tendência b é acrescentada como um peso w(i+1)= b. A
(Figura 2.2) mostra esquematicamente esta modificação sutil que simplifica a escrita em
programação.
Figura 2.2 - Processamento Explícito e Implícito.
2.3.3 Métodos de Aprendizagem das Redes Neurais
As redes neurais propostas por McCulloch e Pitts no início da década de 40 não
tinham uma regra de aprendizado definida, e os estudos posteriores foram dedicados ao
problema do treinamento destas redes, surgindo então vários métodos para o aprendizado
conforme classificações e descrições seguintes:
[ ]
= b
p
p
p
wwwHy
n
n
M
K
2
1
21
[ ]
=
b
p
p
p
wwwHy
n
n
M
K
2
1
21
1
14
Método não-supervisionado: é usado quando a formulação do problema não
contempla dados de saída e tem como objetivo, explicitamente, o agrupamento. A rede é
treinada através de excitações ou padrões de entrada e então, o processo identifica e organiza
as amostras em grupos. Se um novo padrão é identificado e este não possui uma classe, uma
nova classe pode ser criada para associá-lo. Exemplos de redes que utilizam este método são
as redes Kohonen (Demuth e Beale, 2004).
Este todo de treinamento não é aplicável ao modelo proposto nesta pesquisa,
tendo uma possível aplicação, apenas, em uma fase preliminar de redução da
dimensionalidade do problema.
Método supervisionado: é o método normalmente usado para aproximação de
funções e é utilizado freqüentemente em problemas de recursos hídricos, inclusive para
previsão de níveis, que são casos onde ocorre o mapeamento entre os dados de entrada e os
dados de saída.
Neste todo o valor de saída obtido da rede é comparado à resposta desejada, e o
algoritmo de treinamento tem como objetivo minimizar o erro, ajustando os pesos das
entradas sinápticas até que este erro seja menor que do que o erro máximo tolerado pelo
programador. O treinamento supervisionado pode ser feito em dois modos, conforme se
deseje um modelo completamente ajustado, ou um modelo com atualização contínua (em
"tempo atual") dos pesos sinápticos, o que seria interessante em sistemas com modificações
em curso. Estes modos de treinamento são:
Treinamento por Batelada: usando o todo por batelada, o treinamento é feito
por ciclos, no qual cada ciclo corresponde à passagem de todos os dados pela rede neural,
gerando um valor de saída para cada ciclo. Com essa saída o erro é calculado e então todos os
pesos sinápticos são reajustados. Assim, a ordem dos dados de entrada não influencia no
resultado final do treinamento.
Treinamento Seqüencial: com este método, a correção dos pesos sinápticos é feita
para cada unidade amostral dos dados de entrada. Muitos autores (Kosko, 1992) consideram
este método mais eficiente que o por batelada, mas, como é influenciado pela ordem em que
os dados de entrada são fornecidos, recomenda-se, em geral, que o treinamento seja feito com
diferentes ordenamentos dos dados de entrada, o que é uma dificuldade adicional.
Da mesma forma, a própria arquitetura da rede pode ser submetida a um processo
matemático de adaptação, ou ser estabelecida aprioristicamente, neste caso, tem-se:
Treinamento Dinâmico: durante o treinamento a rede neural tem seu número de
camadas, neurônios e/ou conexões alterado.
15
Treinamento Estático: é quando a configuração da rede não se altera ao rmino
do treinamento, permanecendo com o mesmo número de camadas, neurônios e/ou conexões.
2.3.4 Regra Delta
Um todo de treinamento bastante poderoso de treinamento é a Regra Delta. Esse
princípio ainda hoje é utilizado na programação de redes neurais.
A Regra Delta, também chamada de Regra do Gradiente, procura por um ponto de
mínimo da função do erro quadrático, fazendo o caminhamento no sentido oposto ao do
gradiente da função.
Erro quadrático:
= =
=
L
l
lli
n
i
i
ypwwE
1
2
,
1
)(
Cálculo do reajuste dos pesos (i+1):
))((
1 kkk
wEww
=
+
η
onde η é o tamanho do passo de aprendizado no sentido oposto.
Esta regra é o principio sico para o treinamento de redes neurais, e é utilizado em
algoritmos mais sofisticados, inclusive nos que foram empregados no presente trabalho.
2.3.5 Convergência, Passo Variável de Aprendizado e o Termo momentum
A convergência de uma rede neural, utilizando a Regra Delta para o aprendizado, é
bastante lenta, comparada à velocidade de convergência dos métodos de aprendizagem
mostrados anteriormente.
Esta velocidade de convergência é influenciada diretamente pelo ponto de partida
fornecido e pelo tamanho do passo.
Caso o passo seja pequeno demais, a convergência será muito lenta. Se, por outro
lado, o passo for demasiado grande, a convergência pode não ocorrer para o valor de erro
máximo aceitável e resultar um sistema oscilatório indefinido.
A lentidão pode ser causada também pela ocorrência de superfícies de erro com
pouca declividade em alguma região por onde o caminhamento, para o ponto de mínimo,
passar (Figura 2.3, ponto 1). Caso o gradiente por onde os pontos de caminhamento são
calculados seja grande, a convergência será mais rápida (Figura 2.3, ponto 2).
16
Figura 2.3 - Superfície da Função de Erro
O uso de um passo variável é uma prática que pode ser adotada para acelerar a
convergência. Chamado também de termo de “taxa heuristicamente variável de aprendizado”,
consiste em modificar a taxa de aprendizado em função da variação do desempenho. Assim, o
tamanho do passo é aumentado caso o erro anterior seja maior que o erro atual, fazendo o
caminhamento ter uma velocidade maior a cada passo que é dado na direção do ponto de
mínimo. Caso o erro anterior seja menor que o atual, o tamanho do passo é reduzido,
indicando que o caminhamento já passou pelo ponto de mínimo e está se distanciando.
O multiplicador para aumento do passo normalmente é entre 1,10 e 1,30, e o valor de
multiplicação para a redução do passo é 0,50.
Os gráficos das Figuras 2.4 e 2.5 mostram um exemplo do comportamento do
tamanho do passo e do valor do erro quadrático atual a cada iteração do processo de
aprendizagem da rede neural.
Figura 2.4 - Função Tamanho do Passo x Nº
Iterações
Figura 2.5 - Função Erro Quadrático x Nº
Iterações
Em especial, nas superfícies de erro que contêm ravinas com fundo muito agudo, é
necessário que o passo de treinamento seja pequeno, causando lentidão no processo.
A observação de oscilações indesejadas na convergência do treinamento pode
recomendar a incorporação de um novo termo ao método. Este termo é resultante do produto
de um coeficiente chamado de momentum (mu) pela variação observada nos pesos, na iteração
anterior. Trata-se, portanto, de um termo de inércia, pois confere uma maior estabilidade,
mantendo, em uma certa medida, a tendência observada mais recentemente.
17
Termo de momentum adicionado à Regra Delta:
kkk
wmuwEw
+
=
+
))((
1
η
onde:
1
=
kkk
www
2.3.6 Escalonamento dos Dados de Entrada
Além da função de ativação linear, são usadas funções de ativação do tipo sigmóide
(Figura 2.6), que permitem valores para ordenada entre -1 e 1 ou 0 e 1. Para o uso destes tipos
de funções, é necessário fazer um escalonamento dos dados de entrada da rede e valores de
pesos sinápticos inicias aleatórios entre -1 e 1, para que os resultados do produto interno dos
dados de entrada pelos pesos fiquem dentro do intervalo de sensibilidade da função de
ativação. Se os parâmetros (pesos) forem suficientemente pequenos (~0), esta condição se
atendida, independentemente das magnitudes das entradas, porém, se os pesos finais tiverem
que ser excessivamente pequenos (caso de entradas muito grandes), podem ocorrer
imprecisões de cálculo devido ao limite da representação numérica computacional.
É possível que, em muitos casos, o escalonamento dos dados de entrada previna o
ajuste desigual dos pesos sinápticos, que causa convergência mais rápida junto aos nós com
dados de maior magnitude, tendo-se em conta que estão sendo utilizadas taxas de aprendizado
iguais para todas as conexões da rede neural.
No caso de utilização de funções sigmóides na rede neural, é aconselhado um
escalonamento aquém dos limites definidos pelas suas assíntotas, pois nestas regiões da
função o gradiente é próximo de zero, o que contribui para uma convergência lenta do
treinamento (Sajikumar e Thandaveswara, 1999). Recomenda-se que o maior registro de cada
amostra seja escalonado para um valor entre 0,80 e 0,95, e o menor registro de cada amostra
seja escalonado para um valor entre 0,05 e 0,20 ou -0,95 e -0,80. Os valores intermediários
são escalonados, mantendo suas proporções relativas entre si e os extremos (Figura 2.7).
Figura 2.6 - Funções Sigmóides, Bi-polar e Unipolar.
18
Figura 2.7 - Escalonamento dos dados.
Se os neurônios da camada de saída tiverem funções com intervalo limitado, os
dados de saída devem também ser escalonados para compatibilizar a magnitude entre os
dados de saída e os de entrada.
Em treinamentos com poucos dados, em que a amostra o garanta a representação
dos limites máximos e mínimos, a utilização de funções sem limitação, como a “Linear”, é a
mais recomendada, porém com ressalvas com relação à incapacidade de extrapolação para
além dos limites determinados pela amostra de treinamento.
Para respostas nas quais valores negativos não são desejados, pode-se empregar
limitadores, mantendo-se o seu mínimo valor de saída igual a zero.
2.3.7 Método da Retropropagação do Erro
Até meados da década de 1980, nenhum dos métodos sugeridos pelos pesquisadores
era capaz de treinar uma rede com neurônios em camadas ocultas. O todo da
retropropagação (backpropagation) surgiu com o propósito de fazer este treinamento. Foi
inventado e popularizado por Rummelhart, Hinton e Willians na década de 1980 (Rummelhart
et. al.,1986).
As redes com apenas uma camada têm uma ria limitação; elas distinguem apenas
padrões lineares, não sendo adequadas para o uso em problemas mais complexos, tais como o
proposto neste trabalho, que é a previsão de níveis fluviais.
Este método de treinamento é uma generalização da Regra Delta, no qual o erro é
propagado a partir da saída da rede até a sua camada inicial.
Os pesos de cada neurônio são atualizados, aplicando-se a Regra Delta isoladamente
a cada neurônio, sendo que as suas entradas são as saídas da camada anterior, e o seu erro
resulta da soma, ponderada pelos pesos da camada posterior, dos produtos dos seus erros
pelas derivadas das suas funções de ativação (Figura 2.8).
19
w
w
w
h
o
h
Wo(i+1)=Wo(i)+2* * 2*Hη
2= * E(f(O))
E = O - T
O dados calculados
T dados desejados
H
P
P
P
1
2
i
Wh(i+1)=Wh(i)+2* * 1*Pη
1= * Wo *(f(H))’ 2
T
Figura 2.8 - Esquema do treinamento por retropropagação do erro.
O todo da retropropagação do erro é muito poderoso, mas possui os mesmos
problemas de convergência lenta que a Regra Delta. As mesmas alternativas recomendadas
para a aceleração da convergência da Regra Delta podem ser empregadas para a
retropropagação: a escolha de pontos de partidas distintos e o uso do termo momentum.
2.3.8 Arquitetura das Redes Neurais Artificiais
Uma rede neural é composta por camadas de processamento, podendo ter em cada
camada vários neurônios. O dado é apresentado aos neurônios da primeira camada (ou
camada de entrada), produzindo sinais em sua saída, que por sua vez, irão estimular os
neurônios da camada subseqüente e assim por diante, até atingir a última camada (camada de
saída). A estrutura da rede fica então formada por uma camada de neurônios de saída, e as
demais camadas são chamadas de ocultas ou intermediárias (Figura 2.9).
Figura 2.9 - Estrutura de uma Rede Neural Genérica.
Ainda não existe uma solução bem definida para a escolha do número de camadas,
de neurônios e de conexões a serem criadas em uma rede neural, a fim de solucionar um
determinado problema. Uma rede muito complexa pode causar o superajustamento
(overfiting), em que, até mesmo pequenos ruídos nos dados podem ser identificados pela rede,
prejudicando a qualidade dos resultados gerados a partir de novas amostras. Por outro lado, a
simplicidade da rede pode não conseguir reproduzir o comportamento desejado (Figura 2.10).
20
Figura 2.10 - Resultados de ajustamentos.
O teorema de Kolmogorov-Nielsen (1957) apud Kovacs (1996), mostra que sempre
uma implementação exata com uma rede neural de três camadas para representar uma
função contínua, sendo a camada de entrada um vetor de dimensão n, a camada intermediária
deve ter (2n+1) neurônios e na camada de saída, m neurônios. Esse teorema resume a busca
da arquitetura ótima para a rede neural, como sendo a busca do melhor número de neurônios
para a camada intermediária, sendo que o acréscimo de camadas em nada melhoraria o
resultado, ou seria uma melhora de pequena significância.
2.3.9 Validação Cruzada
O superajustamento pode também ser fruto da execução de um elevado número de
iterações, pois os erros das respostas da rede para a amostra de treinamento sempre diminuem,
enquanto que, para uma amostra inédita (ou seja, que o é utilizada no treinamento), este
erro, a partir de um certo número de ciclos, tende a elevar-se. Esta perda de qualidade dos
resultados da amostra de validação é causada pela capacidade da rede neural em reproduzir o
ruído da banda aleatória da amostra de treinamento, que é distinta da amostra de validação.
A validação cruzada utiliza uma outra amostra, que não será usada no treinamento da
rede, para executar uma avaliação do erro ao longo do treinamento. Para cada ajuste dos pesos
dos neurônios é calculado o erro da saída da amostra de validação e, após a conclusão do
treinamento, é criado um gráfico com os erros da amostra de treinamento e de validação.
Estes erros são obtidos simultaneamente com o treinamento. A partir deste gráfico é possível
identificar o número da iteração onde o mínimo para a amostra de validação foi atingido, e
então os pesos sinápticos desta iteração são os eleitos para a rede (Figura 2.11).
Figura 2.11 - Função do Erro Quadrático da amostra de Treinamento e de Validação.
21
2.3.10 Mínimos Locais
Existem algumas estratégias para evitar que a convergência pare em algum ponto de
mínimo local da superfície da função do erro quadrático. Uma estratégia é fazer vários
treinamentos com pontos de partidas distintos, para que o caminhamento seja feito com
trajetórias diferentes, permitindo assim cair em mínimos locais diferentes, e então, escolher
qual foi o treinamento que obteve um hipotético mínimo global.
A tentativa que apresentar o menor erro será então adotada como o mínimo global.
Outra estratégia seria a de acrescentar um ruído aos pesos sinápticos, fazendo com que eles
saltem para além do limite de atração deste mínimo local, encontrando assim uma nova
trajetória em direção a outro ponto de mínimo da função (Kovacs,1996).
2.3.11 Aplicações Usando Redes Neurais em Recursos Hídricos
As redes neurais artificiais, como fora dito anteriormente, têm ampliado cada vez
mais sua área de utilização. Na área de recursos hídricos, o uso principal é para previsão. Sem
a pretensão de apresentar uma revisão exaustiva da aplicação de redes neurais artificiais na
área de recursos hídricos, foram selecionados alguns trabalhos que constituem uma pequena
amostra dos resultados obtidos com esta técnica no âmbito brasileiro e mundial.
Dawson e Wilby (2001) apontam a modelagem por redes neurais como uma
alternativa viável à modelagem hidrológica tradicional, apresentando uma descrição objetiva
das principais etapas da modelagem por redes neurais artificiais. Os autores citam, ainda,
alguns cuidados com a técnica, que devem ser levados em conta, tais como a subjetividade na
definição da arquitetura da rede neural e a escolha dos dados de entrada. Estas ressalvas
dizem respeito à aplicação da técnica para a modelagem de processos chuva-vazão e para a
previsão de níveis fluviais, as quais, por sua vez, incentivam o refinamento da técnica para a
obtenção de melhores resultados.
Na bacia do rio Jaguaribe (Ceará), foi comparado um modelo em redes neurais ao
modelo conceitual MODHAC. Como dados de entrada, foram utilizadas as chuvas mensais de
até dois meses anteriores, para prever as vazões nos postos Iço, Podimirim e Iguatu. A rede
neural que obteve melhor resposta utilizou 8 neurônios na camada intermediária, com função
sigmóide para esta camada, e linear para a camada de saída. A rie de 24 anos de dados
mensais foi dividida de forma que a amostra de treinamento ficasse com 7 anos, e a de
validação, 11 anos. Concluiu-se que a utilização de redes neurais é promissora e adequada,
uma vez que, neste caso, mostrou resultados melhores do que a modelagem conceitual (Lima,
2003).
22
No Canadá, na bacia do Red River, uma rede neural foi testada para prever a vazão
de pico, o tempo de pico, a vazão de base, os tempos de subida e descida do hidrograma e as
larguras do hidrograma para 50% e 75% da vazão de pico. Como entradas, foram utilizados
cinco parâmetros: a precipitação acumulada na primavera, a acumulada no inverno, um fator
de tempo e um índice de fusão do gelo. Os resultados não foram melhores do que os do
modelo conceitual, pois a região é densamente monitorada e a incerteza nas informações é
muito pequena. Entretanto, o autor recomenda o uso em bacias com poucas e incertas
informações (Sajjad e Slobodan, 2005).
Um modelo de propagação de vazões por redes neurais foi testado na bacia do rio
Iguaçu. As entradas foram as vazões a montante de Fluviópolis e no afluente Timbó, a saída
foi a vazão em União da Vitória, 104 km a jusante. A área de drenagem é de 24.200 km² e a
declividade média é de 0,1%. A rede neural foi estruturada em 3 camadas intermediárias com
8 neurônios cada, com funções de ativação sigmóides. A técnica de treinamento utilizada foi a
retropropagação do erro (backpropagation). O modelo foi treinado para previsão de eventos
com uma amostra de 7 eventos. Foram separados para treinamento 4 eventos e os outros 3
foram usados na verificação. O resultado demonstrado ficou com erros médios relativos de
vazão na faixa de 3 a 8%, o que, segundo o autor, não desabona totalmente o modelo (Muller
e Fill, 2003).
Em um trabalho de modelagem com redes neurais, foram utilizadas as precipitações
de meses anteriores e do mês para o qual se deseja obter a previsão de vazão mensal. Para o
posto Cajazeiras, no estado do Ceará, o arranjo de dados de entrada que apresentou a melhor
estatística utilizou as chuvas do mês em consideração, dos dois meses anteriores, e a vazão do
mês anterior. Porém, o melhor arranjo para prever o volume total escoado não usava o
parâmetro de vazão anterior. Os autores não observaram uma grande influência da variação
do número de neurônios na camada intermediária sobre a exatidão das respostas, sendo que o
melhor modelo teve 3 neurônios em sua camada intermediária. sobre o particionamento da
amostra, foi evidente a importância de uma escolha correta dos tamanhos da amostra de
treinamento e de validação, sendo que o melhor particionamento está próximo de 50% para
cada uma das etapas (Ferreira e Lima, 2003).
No caso de previsão do nível para o Rio Santa Maria em dois pontos, foi utilizado
um modelo em rede neural para fazer a previsão com alcances de 10 e 24 h. Os parâmetros de
entrada são a chuva em 5 postos dentro da bacia de 12.077 km². A amostra de treinamento foi
composta por 9 anos de dados diários, e a de validação por 3 anos. Foram testadas redes com
2 e 3 neurônios na camada intermediária. O número de iterações ótimo foi buscado com a
interrupção do treinamento, em diversos momentos, e armazenamento dos pesos resultantes e
23
estatísticas para análise posterior, sendo que para este caso o número de iterações ideais foi
próximo de 1000. Os resultados foram analisados através de uma estatística não-
convencional, onde se obteve os valores de erros que não ultrapassavam patamares de
freqüência estabelecidos, o que gera uma forma mais intuitiva de analisar a qualidade dos
resultados de previsão (Pedrollo, 2005).
Os exemplos citados mostram a utilização dos modelos em redes neurais em diversos
problemas de previsão, com resultados satisfatórios. Porém, de forma geral a maioria dos
trabalhos citados não apresentam, ou o evidenciam, as dificuldades e dilemas na utilização
da técnica de redes neurais artificiais, tais como a escolha da arquitetura, análise dos índices
de qualidade do treinamento, particionamento da amostra e convergência do treinamento para
mínimos locais. Estas carências foram estímulos para a idealização desta pesquisa, que
pretende investigar metodologias que contornem as dificuldades na utilização da técnica.
2.4 Regressão Linear Multivariada
Modelos empíricos são freqüentemente utilizados para a previsão de vazões com
entrada de precipitação. Sua formulação o considera características sicas do processo de
transformação chuva-vazão, e permite obter bons resultado para bacias pequenas, que m,
conseqüentemente, rápida resposta aos eventos de chuva (Tucci,1998). Dentre os modelos
empíricos, um dos mais utilizados é o modelo de regressão, que pode ser classificado em
simples ou multivariado, em função do número de variáveis independentes que são envolvidas
na modelagem. Outra classificação é a dependência da variação do resultado do modelo em
função das variáveis independentes, que pode ser linear ou não-linear.
A utilização de modelos de regressão requer um conhecimento, ou uma verificação,
do grau de correlação entre as variáveis de entrada e saída desejadas a constituir o modelo,
além de critérios de parcimônia para evitar modelos com complexidade muito maior que a
necessária para representar o processo.
Nesta pesquisa foi utilizada apenas a regressão linear multivariada, pois sua
utilização não tem o caráter comparativo-competitivo, e sim, como um balizador do grau de
qualidade do resultado que é obtido com esta ferramenta matemática.
Forma do modelo de regressão linear multivariada:
ε
+
+
+
+
+
=
nn
xaxaxaaY K
22110
Subtraindo o erro “
ε
” do valor observado, “Y”, obteremos o valor de saída do
modelo, “Ŷ”:
nn
xaxaxaaY ++++=
K
22110
24
O ajuste de modelo de regressão é a obtenção de valores para os parâmetros a
i
que
promovam o menor valor para a soma dos resíduos, (Σ(Y- ε)), gerados com a amostra de
calibração.
Para estimar os valores dos parâmetros do modelo é utilizado o método de “Mínimos
Quadrados”, desenvolvido independentemente, salvo alguma controvérsia, por Carl Friedrich
Gauss e Adrien Marie Legrenge no início do século XIX (Draper e Smith, 1981).
Utilizando uma notação matricial, o método de “Mínimos Quadrados” é expresso
pelo seguinte equacionamento:
(
)
Yxxxa
TT
1
=
A partir da década de 1980, com o advento da computação, as rotinas de cálculo
passaram a ser um pouco diferentes do demonstrado, pois mesmo utilizando precisão dupla ao
manipular os dados computacionalmente, ocorrem erros de precisão significativos. Uma
alternativa, utilizada pelo programa MATLAB, é através de uma fatorização ortogonal
triangular para matrizes esparsas (Demuth e Beale, 2004).
A modelagem por regressão exige um conhecimento (experiência) prévio da relação
entre as variáveis de entrada e saída. Especialmente nas regressões multivariadas, estas
relações são de difícil identificação, exigindo uma série de experimentações e testes em busca
da forma da equação de regressão que represente com mais exatidão o fenômeno modelado.
Definida a forma da equação de regressão a ser utilizada, e com os coeficientes
ajustados, a utilização do modelo resulta resíduos que seguem, geralmente, a distribuição
normal e, a partir desta hipótese, a qualidade do modelo é medida através da variância dos
resíduos, muitas vezes representadas por intervalos de confiança que indicam a magnitude da
dispersão para certos níveis de significância.
25
3. Área de Estudo e Dados Disponíveis
3.1 Área de Estudo
3.1.1 Bacia do Rio Quaraí
A escolha da bacia para o estudo de caso foi tomada em virtude das suas
características físicas, da facilidade de obtenção dos dados hidrológicos e do efetivo problema
de inundações ribeirinhas observado nas cidades de Quaraí e Artigas.
O rio Quaraí é um afluente pela margem esquerda do rio Uruguai, integrando a Bacia
do Rio da Prata. A bacia do Quaraí possui uma área de drenagem de cerca de 14.800 km², dos
quais aproximadamente 6.700 km² (45%) em território brasileiro e cerca de 8.100 km² (55%)
no extremo noroeste do Uruguai. Esta é uma bacia transfronteiriça de águas compartilhadas
entre o Brasil e o Uruguai, sendo a fronteira entre os países o curso principal do rio Quaraí
(Figura 3.1) (PPGICBRQ, 2005).
Figura 3.1 – Vista aérea do rio Quaraí e as cidades de Quaraí e Artigas.
O comprimento total da calha principal de drenagem é de 351 km, a diferença das
cotas altimétricas, da nascente até o exutório, é de 326 m, e a altitude média da bacia é de 200
m.
Situada entre os meridianos 55º35’W e 57º40’W e os paralelos 29º40’S e 30º55’S, a
bacia apresenta, segundo o Sistema Universal de Classificação Climática de Köppen, um
Clima Temperado Úmido, na variedade de Clima Subtropical ou Virginiano do tipo “Cfa”.
Em virtude da sua continentalidade e, também, da presença de substrato rochoso próximo à
superfície, além de escassa cobertura vegetal, a área apresenta grande amplitude térmica
26
diária (no mês mais frio as temperaturas oscilam entre 3ºC e 18ºC e, no mês mais quente,
superam a 22ºC), e anual, com temperatura média de 19,7ºC, e ximas acima de 30ºC no
verão (PPGICBRQ, 2005).
3.1.2 A Bacia a Montante das Cidades de Quaraí e Artigas
A região de interesse é a Sub-bacia do Rio Quaraí, a montante das cidades
fronteiriças Artigas (Uy) e Quarai (Br), na coordenada geográfica 30°23’S e 56°30’W (Figura
3.2).
A área de drenagem superficial desta sub-bacia é de aproximadamente 4.500 km².
Nesta área, a declividade dos cursos d’água apresenta valores maiores que os da média para
toda bacia (0,93 m/km ou 0,093%), devido à sua localização junto às nascentes mais altas do
Rio Quaraí (PPGICBRQ, 2005).
O solo da região possui composição variada, mas em geral tem embasamento
basáltico, com vários locais de afloramento de rocha. A espessura da camada de solo é fina
(cerca de 0,50 m), propiciando uma baixa capacidade de armazenamento e, juntamente com a
declividade mais acentuada desta região, resulta um coeficiente de escoamento médio anual
da ordem de 0,46, bem como uma vazão de base quase nula (PPGICBRQ, 2005).
Uma característica importante da bacia, que merece destaque para a elaboração de
um modelo de previsão de nível, é sua rápida resposta, apresentando tempo de concentração
de 28h e o tempo observado entre o pico de chuva e o pico de vazão entre 12 e 15 h, na seção
entre Quaraí e Artigas.
A precipitação média anual varia entre 1.300 mm e 1.500 mm. A evapotranspiração
potencial anual é de cerca de 1.600 mm. A região apresenta uma variabilidade mensal de
precipitação de 80%, e anual de 30% (PPGICBRQ, 2005).
Figura 3.2 - Localização da Bacia do Rio Quaraí e a sub-bacia em estudo.
27
3.1.3 Inundações no trecho próximo às cidades de Artigas e Quaraí
As cidades de Artigas e Quaraí se diferenciam em suas populações, tendo,
respectivamente, 42 mil habitantes e 25 mil habitantes. Ambas as cidades são atingidas pelas
enchentes do rio Quaraí; aproximadamente 10 mil habitantes do lado uruguaio (Artigas) são
atingidos, e no lado brasileiro (Quaraí) 1,2 mil.
A ocupação das zonas inundáveis es associada ao nível sócio-econômico da
população local que, por falta de opções de locais de moradia e de informação dos riscos
envolvidos em ocupar estes locais, assenta-se nestas zonas desde a década de 1980
(PPGICBRQ, 2005).
A análise de freqüências das inundações indica que, em 80% dos picos de vazão,
durante os eventos de cheia, a população não é atingida (PPGICBRQ, 2005).
A bacia escoa 90% do volume total anual em 30% do tempo, caracterizando um
regime de variação de nível muito amplo (PPGICBRQ, 2005).
A cota para que o rio extravase a sua calha principal, atingindo a planície de
inundação, é de 6,80 m e, para que atinja zonas habitadas, é de 8,36 m, referenciados pela
régua da DNH (Direccíon Nacional de Hidrografia del Uruguay), estação OSE-DNH 84.0
(Figura 3.3). Na Tabela 3.1 estão os valores de cota máxima para vários tempos de retorno na
seção do rio Quaraí, entre as cidades de Quaraí e Artigas (PPGICBRQ, 2005).
Tabela 3.1 - Tempo de retorno, vazão máxima e cota, na seção Quaraí/Artigas (PPGICBRQ, 2005).
Tr Qmax h
(anos) (m
3
/s) (m)
2 1458 9,02
5 2377 10,68
10 3112 11,73
20 3929 12,73
30 4455 13,305
50 5178 14,03
100 6280 15,02
A remoção da população atingida é realizada durante a inundação, causando maiores
prejuízos e dificuldades para o auxílio da Defesa Civil aos atingidos do que se houvesse uma
previsão de inundação confiável e com antecedência suficiente.
Em função do pequeno tempo entre picos e as demais características observadas na
bacia, tais como o alto coeficiente de escoamento, a previsão de nível com base somente em
níveis a montante de Artigas e Quaraí não permite uma antecedência adequada.
28
Figura 3.3 - Seção do Rio Quaraí e as cotas para extravasar a calha principal e para atingir a população
Atualmente, as cidades de Artigas e Quaraí não possuem sistema de alerta de cheias,
porém, em trabalho realizado pela DNH foi criado um modelo de previsão que é alimentado
com dados de precipitação observada na rede telemétrica e a cada hora durante a ocorrência
do evento, para prever o nível máximo ao final do evento. A previsão por evento tem o
inconveniente de não prever o início do evento, necessitando uma vigilância constante das
condições meteorológicas que possam causar um evento com magnitude suficiente para
provocar uma inundação prejudicial.
3.2 Dados Disponíveis
3.2.1 Dados Hidrológicos Observados
Os dados observados na bacia são registrados pela rede telemétrica monitorada pela
DNH e CTM (Comision Técnico Mixta de Salto Grande – Uruguay), formada por três
pluviógrafos e um linígrafo, este situado no local desejado de previsão de nível, ou seja, na
ponte entre as cidades de Quaraí e Artigas (Figura 3.4, Tabela 3.2).
Tabela 3.2 - Localização dos postos de monitoramento telemétrico
Código Nome
Entidade
Responsável
Longitude
decimal
Latitude
decimal
Altitude (m)
1600 Artigas CTM 56, 30,35° 116
2800 Catalán Grande CTM 56,25° 30,78° 180
2900 Sarandi de Arapey CTM 56, 30,98° 250
Os dados da rede telemétrica foram obtidos por acesso restrito ao endereço eletrônico
da CTM, que gerencia a operação da hidrelétrica de Salto Grande (Uruguay), e correspondem
ao período entre 01.05.2005 a 01.05.2007.
A precipitação diária observada na bacia foi calculada com a média ponderada por
polígonos de Thiesen do acumulado de cada posto pluviométrico. As proporções de
composição para cada posto são: Artigas, 18%; Catalán Grande, 57%; e Sarandi de Arapey,
25%.
29
Figura 3.4 - Postos da rede telemétrica do DNH (Uruguai).
Na área brasileira da bacia existem dois postos pluviométricos, o posto Caty e o
posto Fazenda Encerra, localizados, respectivamente, nas coordenadas (56,18°W; 30,52°S) e
(55,75°W; 30,72°S), monitorados pela CPRM-ANA(Companhia de Pesquisa de Recursos
Minerais Agência Nacional de Águas). Estes postos utilizam pluviômetros e o estão
conectados à rede telemétrica, impossibilitando o uso dos seus dados pelo sistema de alerta de
cheia.
3.2.2 Dados de Previsão Meteorológica
Os dados de previsão de precipitação foram obtidos junto ao CPTEC/INPE, que
fornece diariamente o resultado do modelo ETA para dois horários, 0 h e 12 h. O resultado é
uma previsão numérica pontual para as intersecções de uma malha de 40 x 40 km. O domínio
dos dados do modelo, utilizado neste trabalho, cobre a região compreendida entre as
longitudes de 44°W a 69°W e as latitudes de 19°S a 44,2°S.
A chuva prevista foi obtida por média ponderada a partir das áreas dos polígonos de
Thiesen, dos 4 pontos da malha de previsão do modelo ETA, que estão dentro, ou mais
próximos, do limite da bacia (Figura 3.5, Tabela 3.3).
Tabela 3.3 - Coordenadas dos pontos de previsão hidrometeorológica.
Longitude
decimal
Latitude
decimal
%
Área
(km²)
56,2° 30,6° 52 2321,11
55,8° 30,6° 15 680,16
56,2° 31° 14 627,08
55,8° 31° 19 827,275
30
2321,11km²
627.08km²
827.275km²
680,16km²
52%
15%
14%
19%
G
r
a
d
e
4
0
×
4
0
k
m
(
E
T
A
)
56,
56,
55,
30,
30,
31°
Figura 3.5 - Polígonos de Thiesen para os pontos de previsão hidrometeorológica na bacia do Quaraí.
Os dados de previsão foram transformados em chuva diária somando-se as previsões
parciais de 6h do dia correspondente. O início da coleta de dados de previsão de chuva foi em
05.01.2005, e o término em 05.01.2007.
31
4. Metodologia
A metodologia está divida em 4 itens, começando pela apresentação das técnicas
utilizadas na avaliação do grau de qualidade das previsões de precipitação, que é uma das
entradas do modelo de redes neurais para previsão do nível d’água apresentado no segundo
item, que explicita o método de eleição da arquitetura de rede neural e os demais recursos
utilizados.
No terceiro item é apresentado o modelo de redes neurais sem a entrada de previsão
de precipitação e, por fim, o último item refere-se ao modelo de regressão linear multivariada.
Para fins de auxílio durante a leitura da descrição metodológica, são apresentadas na
Figura 4.1, em forma de fluxograma, as etapas realizadas nesta pesquisa. A numeração das
etiquetas corresponde aos itens numerados do índice geral.
4.1 Análise da Qualidade da Previsão Hidrometeorológica do modelo ETA
Modelos de previsão de nível, que têm como entrada a previsão hidrometeorológica,
podem ser prejudicados pela baixa qualidade desta entrada, fazendo assim necessária uma
avaliação deste dado, para avaliar o grau de concordância com os dados de precipitação reais
(observados).
4.1.1 Sincronização dos Dados
A chuva prevista pelo modelo ETA é disponibilizada no horário internacional
(UTC), e a precipitação observada é registrada pelo horário local (horário oficial de Brasília
com 3 horas a menos).
A discretização da previsão de precipitação é de 6 h. Como a chuva observada é
registrada em intervalos de tempo menores, optou-se por corrigir a hora dos dados
observados. Efetivamente, nenhuma modificação nos registros foi realizada, apenas admitiu-
se que o dia para os dados observados inicia às 21 h do dia anterior e encerra às 21 h do dia
atual.
32
Figura 4.1 – Fluxograma de etapas
33
4.1.2 Índices para Análise da Qualidade da Previsão Hidrometeorológica
A avaliação da qualidade dos resultados de um modelo, para ser mais explicativa,
deve utilizar mais de um índice, pois cada um deles tem sua característica própria e avalia o
resultado apenas sob uma ótica. A seguir são apresentados os índices utilizados na avaliação
do modelo de previsão de precipitação, e uma breve descrição do seu significado:
Volume total
=
OO
PV
(volume total observado),
=
CC
PV
(volume total previsto)
Com o volume total dos valores de chuva previstos e da chuva observada é possível
avaliar o grau de superestimação ou subestimação que o modelo de previsão ETA apresentou
ao longo do período disponível de dados.
Onde:
P
C
= precipitação prevista (modelo ETA) P
O
= precipitação observada
Erro Médio Quadrático Absoluto
n
PP
EMQ
OC
=
2
)(
Onde:
n = número de amostras
Este índice penaliza quadraticamente os erros, fazendo com que os que erros de
maior magnitude influenciem mais significativamente na sua elevação. Assim, com este
índice, a variabilidade do erro pode ser identificada e comparada entre os resultados.
Erro Médio Absoluto
n
PP
EMA
OC
=
Este índice mostra de modo mais plausível o erro, porém não representa o grau de
variabilidade dos erros.
Erro Padrão Absoluto
( )
n
PP
EPA
OC
=
2
Supondo-se que a distribuição de freqüências dos erros seja normal, este índice
mostra o grau de dispersão dos erros em relação ao EMA, tendo a mesma unidade do valor da
variável avaliada.
34
Coeficiente de Correlação Linear ou de Pearson
(
)
(
)
( ) ( )
=
22
CCOO
CCOO
PPPP
PPPP
R
Este coeficiente indica o grau de associação linear entre duas variáveis aleatórias,
sendo o valor 1 o indicador de xima associação direta , 0 o mínimo e -1 a máxima
associação inversa. O coeficiente de correlação é utilizado tanto para relações lineares, quanto
não-lineares, e mede a qualidade do ajustamento dos dados das equações realmente
consideradas. O quadrado deste índice é o coeficiente de determinação (R2), que indica a
proporção da variação total da variável independente que é explicada pelo modelo. Casos com
coeficiente alto (próximo a 1), onde não existe uma relação evidente de causa e efeito, é
chamada de correlação disparatada ou espúria (SPIEGEL, 1970).
4.1.3 Resíduos da Previsão Hidrometeorológica
Na Figura 4.2 o apresentados, em forma de fluxograma, as possibilidades de erro e
acerto da previsão hidrometeorológica, e as situações que geram resíduos. O resíduo é
definido como o módulo da diferença entre a chuva prevista e a chuva observada, sendo que o
caso que nunca gera resíduo é quando a previsão e a observação são nulas, ou ainda, em casos
muito raros quando ambas não são nulas, mas têm o mesmo valor.
Figura 4.2 – Fluxograma de possibilidades de erros na previsão hidrometeorológica.
A divisão dos tipos de erros possíveis é fundamental para a correta avaliação da
qualidade do modelo, pois, assim, é eliminada a influência dos demais tipos de erros nos
índices de qualidade do tipo de erro em análise.
N
ULA
PREVISÃO
HIDROMETEOROLÓGICA
NÃO NULA
“Incapacidade de Previsão”
ACERTO em prever chuva NULA
“Alerta Falso”
RESÍDUO
ACERTO em prever chuva NÃO NULA
RESÍDUO
RESÍDUO
35
4.2 Modelo de Redes Neurais com uso de Previsão de Precipitação
Neste item estão expostas as técnicas utilizadas na modelagem por redes neurais,
destacando-se o particionamento das amostras, o escalonamento, a aglutinação dos índices de
qualidade, a definição do número mínimo de repetições do treinamento, a eleição da
arquitetura ótima, as funções de ativação e os algoritmos de treinamento.
4.2.1 Amostras de Dados para a Rede Neural
As amostras para a aplicação da rede neural são constituídas de 3 atributos de entrada
e 1 de saída.
As amostras estão arranjadas em 4 colunas, sendo cada linha uma amostra da
situação, com previsão de chuva acumulada até o dia do horizonte de previsão, níveis
observados nos 2 dias anteriores ao dia de previsão e os níveis observados nos dias do
horizonte de previsão (Tabela 4.1). Assim, foram organizados 5 conjuntos de amostras, uma
para cada horizonte de previsão, pois as previsões de precipitação o são fixas, e vão sendo
atualizadas conforme o dia do horizonte de previsão se aproxima.
Tabela 4.1 – Amostra para treinamento da rede neural
Entradas Saídas
Nível
anteontem
Nível
ontem
Previsão de chuva acumulada do 1°dia a
um dia antes do horizonte de previsão
Nível no dia do horizonte de previsão
2
i
N
1
i
N
+ 1Hi
i
i
P
1+Hi
N
O particionamento normalmente utilizado, que divide a amostra em percentis
contínuos, ocasiona alguns problemas, conforme Lachtermacher e Fuller (1994) apud Dawson
e Wilby (2001). Quando a amostra é excessivamente pequena, é impossível que as 3 amostras
sejam independentes, então o método de divisão causa efeito significativo nos resultados, e
mesmo a utilização da validação cruzada não garante que a rede neural tenha adquirido
somente o aprendizado desejado, podendo o treinamento ter sido influenciado, também, pelo
ruído intrínseco da amostra.
Nesta pesquisa, os 5 conjuntos de amostras (um para cada horizonte de previsão e
com 1043 registros) foram divididos em grupos amostrais de treinamento, de validação e de
verificação. A divisão foi realizada, extraindo-se sucessivamente, de cada grupo de 4
amostras, em ordem cronológica , duas para treinamento, uma para validação e uma para
verificação, ficando o grupo de amostras para treinamento com 50%, o de validação com 25%
e o de verificação, também com 25% do total (Figura 4.3).
36
Figura 4.3 – Particionamento seqüencial das amostras
A divisão intercalada tem por objetivo criar amostras mais significativas (com
índices estatísticos mais semelhantes aos dos demais grupos amostrais) que as por divisão
tradicional, na qual a divisão é feita separando-se os grupos das amostras em ordem
cronológica contínua. A divisão intercalada pode ser importante, devido à pequena quantidade
de dados. A amostra de validação, embora corresponda praticamente às mesmas situações da
amostra de treinamento, tem modificadas as componentes aleatórias específicas, o que
permite a filtragem destas componentes pelo processo.
Nas Tabelas 4.2 e 4.3 são apresentadas as médias extraídas dos grupos resultantes do
particionamento seqüencial, verificando-se a homogeneidade entre os grupos, e conseqüentes
representatividades.
Tabela 4.2 – Médias das variáveis de entrada para os 3 grupos.
Nível
anteontem
(m)
Nível
ontem
(m)
Prev.
chuva
1°dia
(mm)
Prev.
chuva
2°dia
(mm)
Prev.
chuva
3°dia
(mm)
Prev.
chuva
4°dia
(mm)
Prev.
chuva
5°dia
(mm)
N
(i-2)
N
(i-1)
P
(i)
P
(i+1)
P
(i+2)
P
(i+3)
P
(i+4)
Treinamento 2,253 2,241 2,478 2,807 3,399 4,240 3,417
Validação 2,259 2,212 2,954 2.335 3,799 3,961 4,040
Verificação 2,234 2,259 2,195 3.003 3,431 4,543 2,797
Tabela 4.3 – Médias das variáveis de saída para os 3 grupos.
vel
1° dia
(m)
Nível
2° dia
(m)
Nível
3° dia
(m)
Nível
4° dia
(m)
Nível
5° dia
(m)
N
(i+1)
N
(i+2)
N
(i+3)
N
(i+4)
N
(i+5)
Treinamento 2,229 2,216 2,206 2,205 2,206
Validação 2,236 2,194 2,203 2,189 2,218
Verificação 2,214 2,232 2,198 2,218 2,189
As falhas contidas nos registros dos dados fazem com que cada horizonte de previsão
tenha um conjunto de dados diferente dos demais, pois, ao ocorrer uma falha nos dados de
previsão de chuva, cada horizonte de previsão perderá um registro de nível distinto.
Após o particionamento das amostras realizou-se o escalonamento, que teve como
limites -0,90 (inferior) e 0,90 (superior).
37
A seguinte equação foi utilizada para o escalonamento dos dados de entrada:
( )
9,0)min(
)min()max(
8,1
=
DD
DD
D
iE
Onde:
D
E
= dado escalonado
D
i
= dado a ser escalonado
D = série total de dados não escalonada
4.2.2 Índices para Análise da Qualidade do Modelo de Previsão de Nível
Os índices para a análise dos resultados do modelo de previsão de vel foram os
mesmos utilizados na análise da qualidade da previsão hidrometeorológica, com o acréscimo
do coeficiente de persistência (CP) e do erro não ultrapassado para as freqüências
determinadas.
Coeficiente de Eficiência (CE - Nash Sutcliffe) e Coeficiente de Persistência (CP)
(
)
( )
=
2
2
1
PoPo
PcPo
CE
i
ii
(
)
( )
=
2
1
2
1
ii
ii
PoPo
PcPo
CP
O coeficiente de eficiência, originalmente, compara a vantagem da utilização do
modelo proposto em relação a um modelo de previsão que prevê sempre o valor médio
observado. Porém, na pior das hipóteses, prever o último nível observado seria um modelo
mais eficiente para realizar uma comparação com o modelo proposto, então o índice foi
modificado para ser utilizado o último registro de nível como modelo alternativo de previsão,
ao invés do nível médio observado (Kitanidis e Bras, 1980).
O coeficiente de persistência varia de -∞ a 1, onde para valores negativos o modelo
proposto é pior que o modelo de prever a repetição do último nível observado, para CP = 0 os
dois modelos são equivalentes e para valores positivos do CP, o modelo proposto é tanto
melhor quanto mais próximo de 1 for este valor (Tabela 4.4).
Tabela 4.4 – Interpretações para o índice CP.
Valor de CP Interpretação do Índice
CP < 0
O modelo proposto é pior que o modelo que prevê o último valor observado
CP = 0
Os dois modelos são equivalentes
0 < CP ≤ 1
O modelo proposto é melhor que o modelo que prevê o último valor observado
38
Erro Não ultrapassado para determinada Freqüência
A utilização de um valor de erro que não é superado em um percentual das vezes que
o modelo faz a previsão pode ser mais significativo que os índices das estatísticas tradicionais,
baseadas na média e na variação em torno da média (Pedrollo, 2005). Além disso, constitui-
se, ao contrário dos demais, em uma estatística absoluta de qualidade do modelo, cuja
interpretação independe de comparações, por representar diretamente uma grandeza
mensurável.
Foram adotados 3 valores de freqüência para analisar o erro, 50% 75% e 90%. A
escolha destes valores permite saber como é o incremento (formato da curva) no erro para as
freqüências acima de 50%.
Este índice uma noção mais plausível da qualidade da previsão, pois indica a
magnitude do erro associado à freqüência, que tem um significado imediato, direto, para o
tomador de decisão.
4.2.3 Recursos Utilizados
As aplicações com redes neurais, nesta pesquisa, foram efetuadas com uso do
programa computacional MatLAB v5.3, disponibilizado pelo PPGIPH/UFRGS, portanto a
nomenclatura adotada para os recursos (funções de ativação e algoritmos de treinamento) foi a
mesma utilizada pelo programa, e podem ser consultados no manual da toolbox .
As funções de ativação utilizadas na camada intermediária foram a TANSIG (Figura
4.4) e a SATLINS (Figura 4.5). A escolha destas funções de ativação teve o objetivo de
permitir uma maior maleabilidade para a rede, pois são funções que admitem valores
negativos e positivos em sua saída. Na primeira etapa de escolha da melhor arquitetura para a
rede neural, foram comparadas e verificadas as vantagens do uso de funções sigmóides em
relação às lineares.
TANSIG:
Figura 4.4 – Função de ativação Sigmóide TANSIG.
39
SATLINS:
Figura 4.5 – Função de ativação Linear SATLINS.
Na camada de saída da rede neural foi utilizada, invariavelmente, a função linear
ilimitada superiormente e limitada em zero inferiormente, a POSLIN (Figura 4.6). Esta
escolha impede que a saída apresente valores negativos para o nível do rio e, também, permite
respostas superiores às apresentadas à rede pela amostra de treinamento.
POSLIN:
Figura 4.6 – Função de ativação Linear POSLIN.
Em geral, os algoritmos de treinamento são sofisticações do método de treinamento
da retropropagação do erro, que melhoram a velocidade de processamento, a capacidade de
generalização, ou evitam o superajustamento.
Os algoritmos utilizados neste trabalho são encontrados na toolbox do software
matemático MATLAB.
TrainGD
(Gradiente Descendente)
Este é o algoritmo original da retropropagação do erro, que utiliza o passo de
aprendizado para atualizar os pesos e tendências dos neurônios da rede no sentido inverso do
gradiente da função de erro. Para tamanhos de passo de aprendizado altos, o processo de
treinamento pode ficar indefinidamente instável, e para passos de aprendizado pequenos a
instabilidade é sanada, porém ocorre um acréscimo no tempo de processamento (Demuth e
Beale, 2004).
TrainGDM
(Gradiente Descendente com Momentum)
Este algoritmo tem o mesmo princípio que o utilizado no TrainGD, porém com o
acréscimo do momentum ele usa, além da informação local do gradiente, a última tendência
do caminho percorrido sobre a superfície de erro, permitindo que sejam ignorados os
40
pequenos mínimos locais, e o prosseguimento em busca de um nimo mais significativo
(Demuth e Beale, 2004).
TrainLM
(Levenberg-Marquardt)
O algoritmo Levenberg-Marquardt foi criado para aproximar um treinamento de
segunda ordem, sem ter que operar com a matriz Hessiana. Quando a função de desempenho
for do tipo soma de quadrados (como utilizadas nas típicas redes retropropagativas, a
aproximação da matriz de Hessiana pode ser realizada por “He = JT · J”, e o gradiente por
“g = JT · E”, onde J” é a matriz Jacobiana, que contém as primeiras derivadas dos erros da
rede neural, com os respectivos pesos e tendências, sendo “E” o vetor de erros da rede.
A matriz Jacobiana pode ser operada através de técnicas padrões de
retropropagação, ficando a operação muito menos complexa do que com uma matriz
Hessiana.
O
k+1
=O
k
– [J
T
· J + µ · I ]
-1
· J
T
· E
A aproximação da matriz Hessiana é empregada na atualização dos pesos e
tendências. Quando o escalar µ for zero, o processo é igual ao método de Newton, usando a
aproximação da matriz Hessiana. Quando o valor de µ é elevado, o gradiente descende com
um pequeno tamanho de passo. O método de Newton é rápido e muito preciso, ficando
próximo do erro mínimo. Desta forma, o valor de µ decai após cada passo bem sucedido
(redução na função de desempenho), e o aumento do valor de µ somente ocorre quando o
passo dado também aumenta a função de desempenho. Assim, a função de desempenho será
reduzida a cada iteração sendo um algoritmo desenvolvido com o intuito de promover um
método de treinamento rápido para redes neurais com tamanho moderado (Demuth e Beale,
2004).
TrainBR
(regularização automática)
Este algoritmo é uma combinação do Lenvenberg-Marquardt com a regularização
Bayesiana, que faz uma modificação na função objetivo, acrescentando uma taxa de variação,
que reduz a magnitude dos valores dos pesos sinápticos (w) e das tendências (b), fazendo com
que a rede neural responda mais suavemente, o que previne o superajustamento, e também
resulta um treinamento com maior poder de generalização (Demuth e Beale, 2004). Abaixo é
apresentada a modificação na função objetivo, realizada na regularização Bayesiana.
Função objetivo com erro médio quadrático tradicional:
( )
=
=
n
i
i
E
n
SEMQ
1
2
1
Função objetivo modificada:
( )
( )
=
+=
n
j
jREG
W
n
SEMQSEMQ
1
2
1
1
γγ
41
Onde:
γ = taxa de desempenho da regularização Bayesiana.
W = pesos dos neurônios da rede neural.
E = erros das respostas da rede em relação aos valores observados
4.2.4 Definição do número mínimo de treinamentos
A definição do número mínimo de treinamentos é necessária, para que se tenha
certeza de que neste conjunto mínimo exista um treinamento considerado o melhor possível
para aquela arquitetura. Esta distinção de qualidade entre treinamentos, com a mesma
arquitetura, se deve à condição inicial do treinamento, que utiliza pesos aleatórios nos
neurônios da rede, para iniciar o processo, gerando, assim, diferentes ajustes finais dos pesos.
Os processos de treinamento implementados neste trabalho sempre foram do tipo
supervisionado por batelada, e os índices utilizados para realizar a escolha são obtidos da
amostra de validação, pois, assim, é preservada a amostra de verificação, a qual não influencia
na definição da melhor arquitetura da rede neural.
Assim, uma rede neural foi treinada 100 vezes, sempre com a mesma arquitetura,
para verificar o comportamento dos seus índices de qualidade. Ao ordenar os índices,
observou-se que cerca de 10% dos treinamentos são de baixa qualidade, enquanto os demais
treinamentos seguem uma tendência linear de melhora do índice. O mesmo procedimento foi
realizado para um conjunto de 30 treinamentos, para, assim, comparar com o melhor resultado
do conjunto de 100 treinamentos (Figura 4.7).
Figura 4.7 – Comportamento do índice em função do número de treinamentos.
A verificação do número mínimo de treinamentos foi realizada para mais algumas
arquiteturas de rede neural, e com diferentes algoritmos de treinamento, bem como para
outros horizontes de previsão, pois para cada horizonte de previsão temos diferentes formatos
da superfície de erro, o que poderia influenciar no comportamento da qualidade dos índices
em função do número de treinamentos.
42
4.2.5 Aglutinação dos índices de avaliação do modelo
A escolha do melhor resultado dentro de um conjunto, em uma primeira análise, seria
simplesmente optar pelo treinamento que apresentou os melhores índices, porém, raramente
ocorre de um treinamento ser melhor para todos os índices. Por vezes, um treinamento que se
mostra vencedor segundo alguns índices apresenta desempenho medíocre segundo os demais.
Foi necessário adotar critérios mais condizentes com o problema, que indicassem o
treinamento que melhor conciliasse as contradições dos resultados de todos os índices. Em
virtude da finalidade do modelo de previsão de nível para um sistema de alerta de cheias,
foram adotados ponderadores para cada índice, que privilegiassem mais os índices indicativos
de maior exatidão da previsão de nível para os picos.
Na Tabela 4.5 são apresentados os ponderadores utilizados para cada índice.
Tabela 4.5 – Ponderadores para nota da qualidade dos resultados da rede neural.
EMQ EMA EPA R CP
Erro não
ultrapassado
90%
Erro não
ultrapassado
75%
Erro não
ultrapassado
50%
3 2 1 2 3 3 2 1
A eleição ponderada do melhor desempenho em um conjunto (j) de resultados é
realizada associando-se, a cada treinamento, uma nota relativa ao próprio conjunto, sendo que
para cada índice (i) o treinamento que obteve o pior desempenho recebe o valor 0” e o que
obteve o melhor recebe o valor do ponderador para o índice, e então, a nota do treinamento é
obtida pela média ponderada dos valores dos índices.
O valor escalonado (V
i,j
) para cada índice de um treinamento é:
=
)()(
)(
,
,
ii
jii
iji
IpiorImelhor
IImelhor
wV
Onde: w
i
é o peso ponderador para o índice “i”;
I é vetor que contém o conjunto de resultados dos índices (i) a serem
ponderados.
A nota (NP
j
) para cada treinamento é:
=
i
i
i
ji
j
w
V
NP
,
4.2.6 Eleição da arquitetura ótima do modelo de rede neural
Uma rede neural tem diversos parâmetros de ajuste, que modificam suas
características, de forma que a busca pela melhor configuração deve ser sistematizada.
A definição da melhor arquitetura da rede neural foi efetuada em duas etapas.
Evitou-se empregar um número maior de etapas, para que, assim, não fiquem combinações de
43
arquitetura de rede neural sem avaliação de seus índices, pois a cada etapa alguns parâmetros
são fixados, para então reduzir o número de combinações e prosseguir com a eleição da
arquitetura ótima.
Na primeira etapa foram utilizadas 2 redes neurais padrão, uma com pouca
complexidade (3 neurônios na camada intermediária) e outra com mais complexidade (12
neurônios na camada intermediária), e variou-se as funções de ativação e os algoritmos de
treinamento. Uma exploração de uma maior variação do número de neurônios na camada
intermediária será realizada na segunda etapa.
O objetivo, nesta primeira etapa, foi de eleger o melhor arranjo das funções de
ativação e algoritmos de treinamento, e analisar a validade para graus de complexidade
distintos. Os parâmetros, taxas de aprendizado e momentum, foram mantidos constantes. Para
cada configuração foram executados 30 treinamentos, resultando índices estatísticos para os
grupos de amostras de treinamento e de verificação. Nesta etapa foi fixado um limite de, no
máximo, 50 acréscimos (falhas) no erro da amostra de validação cruzada, durante o
treinamento. Este limite foi adotado para evitar a interrupção por motivo de oscilações do
erro, observado logo a princípio do processo de treinamento.
Aplicado o método de seleção ponderada para cada conjunto de 30 treinamentos, foi
selecionado o melhor resultado, para cada uma das 16 configurações propostas na primeira
etapa. A seleção ponderada foi então novamente aplicada para a escolha de qual das
configurações foi, dentre as 16, a melhor para cada horizonte de previsão.
A segunda etapa é um ajuste mais refinado da configuração eleita na primeira etapa.
Os parâmetros que foram experimentados, nesta segunda etapa, foram o número de neurônios
na camada intermediária, o número de falhas aceita na validação cruzada e as taxas de
incremento e decremento do parâmetro mu do algoritmo Levenberg-Marquardt.
A gama de variações para cada um destes parâmetros está apresentada na Tabela 4.6.
Tabela 4.6 – Parâmetros que foram experimentados na segunda etapa da eleição.
mu
Nº Neurônios na Camada
Intermediária
Nº de Falhas Toleradas para
a Validação Cruzada
decremento incremento
0,05
0,1
0,2
0,6
1,0
5
10
20
60
100
2
3
5
8
12
24
32
10
50
200
500
Assim, serão treinadas 140 distintas arquiteturas de rede neural para cada um dos 5
horizontes de previsão, e comparadas simultaneamente entre si, de forma que não são
44
descartadas combinações possíveis para os parâmetros cuja variação foi testada. O acréscimo
de tempo ocorrido na realização da busca da melhor arquitetura é evidente, porém, espera-se
que, desta forma, esta etapa tenha a eficácia desejada.
4.3 Modelo de Redes Neurais sem uso de Previsões de Precipitação
A vantagem notável da utilização de dados de previsão de chuva em modelos de
previsão de nível é de ampliar o horizonte destas previsões.
Os modelos comparados foram o de redes neurais com a arquitetura que promoveu
os melhores resultados para entradas de níveis observados e chuva prevista, e um outro
modelo, também por redes neurais, porém, contendo somente entradas de níveis observados
(Figura 4.8).
Figura 4.8 – Redes Neurais para verificar o ganho usando previsão hidrometeorológica.
Esta investigação pretende comparar o desempenho, e verificar o ganho que foi
obtido, pela utilização das previsões de chuvas. Ou, melhor ainda, a redução do desempenho
pela sua não utilização, que poderia ocorrer se o acesso às informações fosse interrompido.
A eleição da melhor arquitetura de rede neural seguiu a mesma metodologia
empregada no modelo com previsão de precipitação agregada, com duas etapas.
4.4 Modelagem por Regressão Linear Multivariada
Modelos de regressão são consagrados e largamente utilizados na previsão de níveis.
Existem diversas variações do método de regressão, e com diferentes sofisticações
implementadas, porém, a comparação neste trabalho não pretende eleger o melhor método
para previsão de níveis, mas sim, balizar, em termos de ordem de grandeza aproximada, o
modelo por redes neurais artificiais, usando-se como referência um modelo sem grandes
sofisticações, tradicionalmente usado. Com esta pretensão estabelecida, a pesquisa não foi
mais intensiva em explorar recursos para a modelagem por regressão.
O modelo por regressão foi obtido através do ajuste por mínimos quadrados de uma
equação com 3 variáveis, que são as mesmas entradas do modelo por redes neurais (2 níveis
observados anteriormente e a previsão de chuva na bacia), além de uma variável adicional,
que pondera a previsão de precipitação por um índice representativo da condição de umidade
45
do solo (“U” - capacidade de infiltração), esta, em função do nível do rio no momento em que
a previsão de nível é realizada. Este ponderador teve por objetivo permitir um escalonamento
(ampliação ou redução) do efeito da precipitação sobre o nível a ser previsto, fornecendo ao
modelo um grau de liberdade a mais.
Assim, o modelo de regressão utilizado tem uma vocação conceitual, levando em
conta variáveis que sabidamente determinam o comportamento do nível do rio nos instantes
futuros.
4.4.1 Amostras de Dados para o Modelo de Regressão Multivariada
A divisão das amostras para o modelo de regressão foi a mesma utilizada no modelo
por redes neurais, para que, assim, a comparação dos resultados entre os modelos tenha
validade e coerência. A amostra de validação cruzada utilizada no treinamento do modelo por
redes neurais não teve utilidade na modelagem por regressão, sendo desconsiderada nesta
etapa.
4.4.2 Eleição do modelo de regressão
A modelagem por regressão multivariada utilizou 4 diferentes configurações das
variáveis independentes:
1- Utiliza 2 níveis anteriores e chuva prevista
3322110
xaxaxaaN
prev
+
+
+
=
2 - Utiliza 2 veis anteriores e chuva prevista, multiplicada pelo índice de umidade
do solo
UxaxaxaaN
prev
+
+
+
=
3322110
3 - Utiliza 2 níveis anteriores e chuva prevista, elevada ao índice de umidade do solo
U
prev
xaxaxaaN
3322110
+++=
4 - Utiliza 2 níveis anteriores
22110
xaxaaN
prev
+
+
=
Onde:
N
prev
= nível previsto pelo modelo de regressão
x
1
= nível do rio em (i-2) “antes de ontem”
x
2
= nível do rio em (i-1) “ontem”
x
3
= previsão de chuva do modelo ETA acumulada até o horizonte de previsão
a
0
, a
1
, a
2
e a
3
o os parâmetros da solução do sistema linear A(x)=y
U = ponderador da precipitação em função da magnitude do nível médio observado
nos dois dias anteriores ao dia quando a previsão de nível é efetuada.
46
Onde:
2
21
xx
U
+
=
O ponderador U foi escalonado para o intervalo entre 0 e 2. Este processo evita que o
parâmetro a3 fique muito pequeno, conforme foi observado em tentativa de utilização sem o
escalonamento, onde ele variou de ordens de 10
-6
a 10
-10
.
Os parâmetros do modelo foram ajustados por mínimos quadrados, para a amostra de
treinamento (520 dados), e os resultados, para efetuar a escolha do melhor modelo para cada
horizonte de previsão, foram obtidos da mesma amostra utilizada na validação cruzada (260
dados), do modelo por redes neurais.
47
5. Resultados e Análises
A apresentação dos resultados é iniciada pela análise do modelo de previsão de
precipitação, objetivando avaliar a qualidade das previsões de precipitação e a capacidade
deste de fornecer informações relevantes para o modelo de previsão de nível.
Em seguida, prosseguiu-se com a apresentação dos resultados e análises para o
modelo proposto de redes neurais, com a utilização de previsão de precipitação. Com estes
resultados, foi realizada a avaliação da influência da utilização da previsão
hidrometeorológica no modelo, e também a comparação com os resultados obtidos pelo
modelo de regressão linear multivariada.
A avaliação da influência do uso de previsão hidrometeorológica é realizada
comparando-se diretamente os resultados, do modelo por redes neurais que utiliza esta
previsão com o que não a utiliza.
A comparação do modelo por redes neurais com o modelo por regressão tem por
objetivo oferecer uma referência adicional, situando, em termos de ordem de grandeza dos
índices de magnitude, o desempenho relativo dos modelos. Este resultado é atingido pela
exposição e análise comparativa destes índices de desempenho, obtidos dos modelos com as
configurações que apresentaram os melhores resultados.
Por fim, é apresentada uma análise baseada nos resultados da proposta de utilização
de um modelo por redes neurais para incorporar o módulo de previsão de nível a um sistema
de alerta de cheias.
5.1 Qualidade da Previsão Hidrometeorológica
5.1.1 “Alerta Falso” e “Incapacidade de Previsão”
Uma análise inicial, que leva em conta dados nulos de previsão ou de observação,
permite obter-se uma idéia da confiabilidade do modelo ETA para chuvas de pequena
intensidade e verificar-se, assim, a importância dos erros associados a “Alertas Falsos”
(prever precipitação, porém, a observação não confirmar a ocorrência do evento) e
“Incapacidades de Previsão” (incapacidade de prever a ocorrência de precipitação) (Tabela
5.1). Estes dois tipos de falha são fontes de preocupação para os operadores de sistema de
alerta, que utilizam previsão de chuva como dado de entrada.
A Figura 5.1 mostra os dados da Tabela 5.1 em forma de conjuntos sobrepostos,
permitindo uma análise visual intuitiva do comportamento das falhas em função do horizonte
de previsão.
48
Tabela 5.1 – Contagem de observações e/ou previsões de precipitação nula.
1º dia 2º dia 3º dia 4º dia 5º dia
PREV NULO e OBS NULO 557 542 495 463 469
PREV NULO 679 650 599 564 590
OBS NULO 633 633 633 633 633
PREV NULO e OBS NÃO-NULO
"Incapacidade de Prever Evento"
122
18,0%0
108
16,6% 104
17,4% 101
17,9% 121
20,5%
PREV NÃO-NULO e OBS NULO
"Alerta Falso"
76 12,0% 91 14,4% 138
21,8% 170
26,9% 164
25,9%
Figura 5.1 – Acerto de previsão de chuva nula e as falhas de “Incapacidade de Previsão” e “Alerta Falso”.
A Tabela 5.2 mostra os índices estatísticos dos resíduos para falha “Alerta Falso”,
onde é prevista alguma lâmina de precipitação, mas a precipitação observada é nula. São
apresentados, também nesta tabela, os valores do resíduo que o foi superado em 90, 75 e
50% das ocorrências de “Alerta Falso”. Na Figura 5.2 o apresentadas as curvas de
permanência para o resíduo da falha por “Alerta Falso”.
Tabela 5.2 – Índices estatísticos para o resíduo de “Alerta Falso”.
1° dia 2° dia dia 4° dia 5° dia
EMQ(mm²) 37,02 32,52 45,86 65,08 97,49
EMA(mm) 2,53 3,08 3,79 5,11 5,80
EPA(mm) 1,72 1,77 2,59 3,42 4,11
Resíduo não ultrapassado em 90%(mm) 6,85 7,93 10,23 14,71 14,91
Resíduo não ultrapassado em 75%(mm) 2,53 3,77 4,99 7,19 7,89
Resíduo não ultrapassado em 50%(mm) 0,63 0,98 1,65 2,75 2,41
0 20 40 60 80 100
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Percentual
Erro do "Alerta Falso" (mm)
1° Dia
2° Dia
3° Dia
4° Dia
5° Dia
Figura 5.2 – Curvas de permanência do resíduo do “Alerta Falso”.
49
A Tabela 5.3 mostra os índices estatísticos para o resíduo da falha “Incapacidade de
Previsão”, onde a previsão de chuva é nula, mas é observada precipitação não nula. São
apresentados, também nesta tabela, os valores do resíduo que não foi superado em 90, 75 e
50% das ocorrências de “Incapacidade de Previsão”. Na Figura 5.3 são apresentadas curvas de
permanência para o resíduo da falha por “Incapacidade de Previsão”.
Tabela 5.3 – Índices estatísticos para o resíduo de “Incapacidade de Previsão”.
1° dia 2° dia dia 4° dia 5° dia
EMQ(mm) 79,81 84,46 102,50 118,95 187,27
EMA(mm) 4,09 4,40 5,15 5,71 7,08
EPA(mm) 3,21 3,10 3,36 3,56 4,89
Resíduo não ultrapassado em 90%(mm) 10,17 14,97 15,12 16,50 19,08
Resíduo não ultrapassado em 75%(mm) 3,50 3,53 5,14 5,57 8,00
Resíduo não ultrapassado em 50%(mm) 1,26 1,26 1,29 1,68 1,80
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Percentual
Erro de "Incapacidade de Previsão" (mm)
1° Dia
2° Dia
3° Dia
4° Dia
5° Dia
Figura 5.3 – Curvas de permanência do resíduo da “Incapacidade de Previsão”.
Verifica-se que o ordenamento esperado (maiores horizontes de previsão com
maiores resíduos) foi confirmado nestes resultados.
Os resíduos para as falhas por “Incapacidade de Previsão” são sempre pouco
superiores aos de Alerta Falso”, mostrando um comportamento muito semelhante entre estes
dois tipos de falha.
O número de ocorrências para a falha do tipo “Incapacidade de Previsão” manteve-se
praticamente constante em função do horizonte de previsão. para falha do tipo “Alerta
Falso”, o aumento foi significativo; para os horizontes de previsão de 4 e 5 dias o aumento
observado foi mais que o dobro das ocorrências para o de 1 dia (Tabela 5.1 e Figura 5.1).
As curvas de permanência para “Alerta Falso” (Figura 5.2) indicam um pequeno
incremento (declividade) até o percentual de 60% da amostra, e na Figura 5.3, até 70% para a
falha por Incapacidade de Previsão”. Assim, na maior parte das vezes, o resíduo é constante
e de baixa magnitude, principalmente para falha de “Incapacidade de Previsão”.
50
A observação do resíduo de falha por “Incapacidade de Previsão” para o dia, onde
20,5% das previsões nulas não são confirmadas (foi observada alguma precipitação), permite
obter-se uma estimativa do máximo erro que ocorre com a utilização das previsões de chuva
do modelo ETA. Para este horizonte, 90% dos resíduos não superam 19,08 mm de chuva,
sendo que para 75% dos resíduos este índice cai para 8mm, ficando o EMA em 7,08 mm.
Estes volumes não são suficientes para produzir grandes elevações de nível de água no Rio
Quaraí, conforme verificado nos dados observados.
Realizando a mesma observação para o resíduo de falha por “Alerta Falso”, os
resultados para o dia de horizonte de previsão têm 25,9% de chance de ocorrer com
previsões não nulas de chuva, para este horizonte, 90% dos resíduos não superaram 14,91 mm
de chuva, já para 75% dos resíduos este índice cai para 7,89 mm e o EMA em 5,80 mm.
Fazendo-se estas mesmas observações para horizontes cada vez mais curtos, é
notável a melhora dos índices estatísticos, concluindo-se que o modelo é confiável em relação
aos erros de “Incapacidade de Previsão” e “Alerta Falso”.
5.1.2 Previsões e Observações Não Nulas
Os índices apresentados na Tabela 5.4 foram obtidos excluindo-se os casos em que a
chuva prevista e/ou observada foram nulas, desprezando-se, assim, a influência dos erros por
“Alerta Falso”, “Incapacidade de Previsão” e acerto para chuva nula, nos índices.
Tabela 5.4 – Índices estatísticos para dados com chuva prevista e observada não nulas.
1° dia 2º dia 3º dia 4º dia 5º dia
Σ Volume Previsto (mm)
2050,86 2092,85 2291,99 2706,96 2092,25
Σ Volume Observado (mm) 2537,51 2562,05 2501,72 2459,72 2180,07
Σ Vol,(Previsto - Observado) (mm) -486,65 -469,20 -209,73 247,24 -87,82
EMQ (mm²) 187,59 212,64 312,02 301,47 279,89
EMA (mm) 8,83 9,61 11,38 11,74 11,18
EPA (mm) 13,70 14,58 17,66 17,36 16,73
R 0,45 0,38 0,25 0,27 0,24
Resíduo não ultrapassado em 90% 20,27 24,56 29,57 30,16 27,22
Resíduo não ultrapassado em 75% 12,73 12,91 14,92 15,82 16,27
Resíduo não ultrapassado em 50% 5,07 5,67 7,15 7,13 6,42
Na Figura 5.4, estão desenhadas as curvas de permanência do resíduo para previsão e
observação não nula, nos horizontes de 1 a 5 dias de antecedência.
Nas Figuras 5.5 a 5.9, são apresentadas as séries de previsões e observações de chuva
não nula.
51
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Percentual
Erro de |(Previsto - Observado)| (mm)
1° Dia
2° Dia
3° Dia
4° Dia
5° Dia
Figura 5.4 – Curva de permanência dos resíduos de previsão e observação não nulas.
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Registros
Precipitação (mm)
Chuva PREVISTA
Chuva OBSERVADA
Figura 5.5 – Previsões e observações para horizonte de 1 dia.
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Registros
Precipitação (mm)
Chuva PREVISTA
Chuva OBSERVADA
Figura 5.6 – Previsões e observações para horizonte de 2 dias.
52
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Registros
Precipitação (mm)
Chuva PREVISTA
Chuva OBSERVADA
Figura 5.7 – Previsões e observações para horizonte de 3 dias.
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
0
20
40
60
80
100
120
Registros
Precipitação (mm)
Chuva PREVISTA
Chuva OBSERVADA
Figura 5.8– Previsões e observações para horizonte de 4 dias.
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
0
20
40
60
80
100
120
Registros
Precipitação (mm)
Chuva PREVISTA
Chuva OBSERVADA
Figura 5.9– Previsões e observações para horizonte de 5 dias.
O comportamento das previsões em função do horizonte de previsão o apresentou
grande diferença, e a curva de permanência da Figura 5.4 possibilita verificar a
homogeneidade deste comportamento. Esta curva de permanência para os resíduos apresentou
um incremento importante a partir dos 40%, e acentua-se mais ainda, após os 75%, para
todos os horizontes de previsão.
53
Analisando-se os índices estatísticos em conjunto, pode-se fazer um ordenamento,
em função do horizonte de previsão, do melhor ao pior desempenho, o qual resulta em 1 dia, 2
dias, 5 dias, 4 dias e 3 dias.
Em relação aos volumes acumulados, é observada uma tendência de subestimação
para os menores horizontes de previsão (1, 2 e 3 dias). O horizonte de 4 dias apresentou
superestimação, e para o horizonte de 5 dias o modelo volta a apresentar subestimação.
O erro de volume de precipitação acumulada não é fator de impedimento para a
utilização da previsão hidrometeorológica em modelos de previsão de cheias, onde é mais
importante o acerto de eventos extremos do que o volume total acumulado, de forma que, se o
erro na previsão de precipitação é sistemático, modelos empíricos como os representados por
redes neurais, podem compensar esta deficiência e obter resultados satisfatórios.
O modelo de previsão hidrometeorológica apresenta baixos índices para o
Coeficiente de Correlação (R), indicando baixa associação entre a chuva prevista e a
observada. Para os menores horizontes (1 e 2 dias), porém, é mais provável um sucesso no
aproveitamento da previsão de precipitação para aplicação em modelos de previsão de nível
em cursos d’água, uma vez que, para estes horizontes, a incerteza da previsão de precipitação
é menor.
Analisando os gráficos das Figuras 5.5 a 5.9, verifica-se uma baixa capacidade de
prever as precipitações de maiores magnitudes (pico), principalmente para os maiores
horizontes de previsão, o que pode gerar dificuldades na previsão de nível, dependendo do
grau de influência que este dado terá no resultado do modelo.
5.2 Análise dos Resultados do Modelo de Redes Neurais com uso de
Previsão de Precipitação
5.2.1 Resultados da definição do número mínimo de treinamentos das redes neurais
Na Tabela 5.5 são apresentados os resultados dos melhores índices, para 30 e 100
repetições de treinamento e para os 5 horizontes de previsão. Foi utilizada uma rede neural
com 3 neurônios na camada intermediária e o algoritmo de treinamento TrainLM.
Os resultados observados, nos diversos testes realizados, mostraram sempre o mesmo
comportamento, em que a melhora da qualidade do índice para um número cada vez maior de
repetições não é significativa, principalmente para a etapa de escolha da arquitetura da rede
neural, onde este critério, número de treinamentos, será utilizado igualmente para todas as
configurações a explorar.
54
Tabela 5.5 – Melhor índice para os conjuntos com 30 e 100 repetições do treinamentos e para os 5
horizontes de previsão.
Com base nos resultados dos testes realizados, foi adotado o mínimo de 30 repetições
de treinamentos para cada arquitetura de rede neural para então eleger o melhor dos
treinamentos deste conjunto.
5.2.2 Resultados da eleição da arquitetura da rede neural COM uso de previsão de
precipitação
Os resultados da etapa da eleição estão apresentados nas Tabelas 5.6 a 5.10. A
configuração das redes neurais é identificada na primeira coluna das tabelas, através da
seguinte definição das siglas:
(i)N: rede neural com “i” neurônios na camada intermediária;
Sat: função SATLINS na camada intermediária;
Tan: função TANSIG na camada intermediária;
BR, GD, GDM e LM: algoritmos de treinamento TrainBR, TrainGD, TrainGDM e
TrainLM, respectivamente;
Tabela 5.6 – Resultados para cada configuração de rede neural (horiz. 1 dia) COM previsão de chuva
Arquitetura da
RN
EMQ
(m²)
EMA
(m)
EPA
(m)
R CP
Erro não
ultrapassado
90% (m)
Erro não
ultrapassado
75% (m)
Erro não
ultrapassado
50% (m)
NP
3N_Sat_BR 0,091 0,165 0,301 0,964 0,509 0,448 0,182 0,069 0,203
3N_Sat_GD 0,093 0,164 0,305 0,963 0,495 0,444 0,186 0,062 0,168
3N_Sat_GDM 0,088 0,169 0,297 0,965 0,522 0,424 0,199 0,078 0,200
3N_Sat_LM 0,086 0,161 0,293 0,966 0,535 0,410 0,172 0,078 0,412
3N_Tan_BR 0,083 0,155 0,289 0,967 0,548 0,417 0,164 0,066 0,560
3N_Tan_GD 0,083 0,161 0,288 0,967 0,549 0,452 0,192 0,068 0,393
3N_Tan_GDM 0,090 0,162 0,301 0,964 0,509 0,444 0,192 0,072 0,202
3N_Tan_LM 0,074 0,155 0,272 0,971 0,599 0,403 0,186 0,069 0,751
12N_Sat_BR 0,085 0,165 0,292 0,967 0,539 0,420 0,190 0,080 0,324
12N_Sat_GD 0,086 0,161 0,293 0,966 0,534 0,397 0,192 0,065 0,415
12N_Sat_GDM
0,090 0,165 0,299 0,965 0,514 0,443 0,185 0,068 0,228
12N_Sat_LM 0,081 0,161 0,285 0,968 0,558 0,331 0,185 0,081 0,590
12N_Tan_BR 0,074 0,154 0,272 0,971 0,600 0,391 0,182 0,067 0,797
12N_Tan_GD 0,077 0,158 0,277 0,970 0,585 0,404 0,209 0,068 0,608
12N_Tan_GDM
0,075 0,159 0,274 0,970 0,593 0,422 0,188 0,074 0,641
12N_Tan_LM 0,072 0,154 0,268 0,972 0,610 0,369 0,195 0,074 0,826
Horizonte
de
Previsão
Treinamentos
EMQ
(m²)
EMA
(m)
EPA
(m)
R CP
Erro não
ultrapassado
90% (m)
Erro não
ultrapassado
75% (m)
Erro não
ultrapassado
50% (m)
30 0,090 0,165 0,300 0,965 0,513 0,389 0,183 0,071
1° dia
100 0,074 0,155 0,272 0,971 0,599 0,395 0,170 0,064
30 0,324 0,313 0,569 0,862 0,512 0,818 0,337 0,135
2° dia
100 0,324 0,314 0,570 0,861 0,511 0,784 0,328 0,127
30 0,548 0,405 0,740 0,762 0,431 1,020 0,410 0,202
3° dia
100 0,517 0,403 0,719 0,771 0,462 0,993 0,430 0,158
30 0,699 0,508 0,836 0,691 0,393 1,096 0,551 0,245
4° dia
100 0,677 0,492 0,823 0,703 0,412 1,039 0,503 0,244
30 0,671 0,501 0,819 0,697 0,420 1,164 0,690 0,292
5° dia
100 0,650 0,489 0,806 0,708 0,438 1,059 0,574 0,283
55
Tabela 5.7 – Resultados para cada configuração de rede neural (horiz. 2 dias) COM previsão de chuva
Arquitetura da
RN
EMQ
(m²)
EMA
(m)
EPA
(m)
R CP
Erro não
ultrapassado
90% (m)
Erro não
ultrapassado
75% (m)
Erro não
ultrapassado
50% (m)
NP
3N_Sat_BR 0,374 0,332 0,611 0,840 0,436 0,808 0,345 0,146 0,700
3N_Sat_GD 0,494 0,369 0,703 0,784 0,255 0,912 0,322 0,196 0,216
3N_Sat_GDM 0,481 0,400 0,694 0,802 0,274 0,909 0,439 0,208 0,100
3N_Sat_LM 0,331 0,321 0,576 0,859 0,500 0,841 0,369 0,152 0,769
3N_Tan_BR 0,332 0,321 0,576 0,858 0,499 0,785 0,370 0,154 0,818
3N_Tan_GD 0,465 0,385 0,682 0,805 0,298 0,869 0,416 0,188 0,234
3N_Tan_GDM 0,471 0,390 0,686 0,804 0,290 0,886 0,434 0,209 0,165
3N_Tan_LM 0,356 0,327 0,597 0,847 0,463 0,834 0,369 0,129 0,715
12N_Sat_BR 0,340 0,325 0,583 0,857 0,487 0,940 0,338 0,154 0,672
12N_Sat_GD 0,394 0,365 0,628 0,856 0,405 0,839 0,378 0,216 0,521
12N_Sat_GDM
0,418 0,353 0,647 0,818 0,369 0,902 0,402 0,147 0,399
12N_Sat_LM 0,301 0,313 0,549 0,872 0,545 0,811 0,369 0,155 0,888
12N_Tan_BR 0,382 0,341 0,618 0,846 0,424 0,831 0,347 0,162 0,644
12N_Tan_GD 0,322 0,322 0,568 0,863 0,514 0,763 0,401 0,140 0,843
12N_Tan_GDM
0,497 0,385 0,705 0,778 0,250 0,903 0,395 0,188 0,120
12N_Tan_LM 0,314 0,325 0,561 0,866 0,526 0,802 0,391 0,156 0,822
Tabela 5.8 – Resultados para cada configuração de rede neural (horiz. 3 dias) COM previsão de chuva
Arquitetura da
RN
EMQ
(m²)
EMA
(m)
EPA
(m)
R CP
Erro não
ultrapassado
90% (m)
Erro não
ultrapassado
75% (m)
Erro não
ultrapassado
50% (m)
NP
3N_Sat_BR 0,559 0,408 0,748 0,751 0,419 1,087 0,431 0,174 0,694
3N_Sat_GD 0,686 0,473 0,828 0,701 0,287 0,993 0,519 0,280 0,246
3N_Sat_GDM 0,691 0,478 0,831 0,689 0,282 0,954 0,508 0,281 0,253
3N_Sat_LM 0,562 0,419 0,750 0,753 0,415 0,934 0,452 0,208 0,768
3N_Tan_BR 0,618 0,422 0,786 0,746 0,357 0,986 0,449 0,206 0,601
3N_Tan_GD 0,660 0,434 0,812 0,696 0,314 1,012 0,440 0,197 0,428
3N_Tan_GDM 0,715 0,449 0,846 0,687 0,256 1,151 0,398 0,220 0,188
3N_Tan_LM 0,540 0,407 0,735 0,760 0,438 1,003 0,482 0,205 0,763
12N_Sat_BR 0,580 0,439 0,761 0,740 0,397 1,058 0,493 0,246 0,539
12N_Sat_GD 0,667 0,452 0,817 0,699 0,306 1,108 0,467 0,242 0,272
12N_Sat_GDM
0,639 0,430 0,799 0,707 0,335 0,964 0,446 0,207 0,518
12N_Sat_LM 0,557 0,386 0,746 0,755 0,421 1,026 0,384 0,171 0,817
12N_Tan_BR 0,515 0,401 0,718 0,772 0,464 0,984 0,444 0,213 0,876
12N_Tan_GD 0,609 0,440 0,780 0,725 0,367 1,005 0,508 0,206 0,514
12N_Tan_GDM
0,690 0,451 0,831 0,678 0,282 1,097 0,551 0,195 0,176
12N_Tan_LM 0,534 0,397 0,731 0,769 0,445 0,994 0,409 0,191 0,868
56
Tabela 5.9 – Resultados para cada configuração de rede neural (horiz. 4 dias) COM previsão de chuva
Arquitetura da
RN
EMQ
(m²)
EMA
(m)
EPA
(m)
R CP
Erro não
ultrapassado
90% (m)
Erro não
ultrapassad
o 75% (m)
Erro não
ultrapassado
50% (m)
NP
3N_Sat_BR 0,775
0,553 0,880 0,652 0,326 1,138 0,602 0,351 0,306
3N_Sat_GD 0,752
0,503 0,867 0,663 0,347 1,046 0,578 0,274 0,576
3N_Sat_GDM 0,767
0,502 0,876 0,653 0,333 1,218 0,560 0,279 0,392
3N_Sat_LM 0,730
0,514 0,854 0,675 0,365 1,166 0,633 0,287 0,453
3N_Tan_BR 0,835
0,564 0,914 0,630 0,274 1,210 0,662 0,384 0,009
3N_Tan_GD 0,791
0,511 0,889 0,656 0,313 1,035 0,593 0,278 0,471
3N_Tan_GDM 0,740
0,500 0,860 0,669 0,357 1,102 0,588 0,264 0,554
3N_Tan_LM 0,630
0,480 0,793 0,727 0,453 1,066 0,613 0,268 0,883
12N_Sat_BR 0,690
0,492 0,831 0,697 0,400 1,091 0,645 0,256 0,658
12N_Sat_GD 0,692
0,485 0,832 0,697 0,398 1,080 0,622 0,255 0,696
12N_Sat_GDM
0,759
0,495 0,871 0,658 0,340 1,037 0,540 0,263 0,617
12N_Sat_LM 0,648
0,500 0,805 0,720 0,437 1,025 0,629 0,320 0,808
12N_Tan_BR 0,644
0,481 0,802 0,720 0,440 1,047 0,581 0,268 0,891
12N_Tan_GD 0,742
0,494 0,861 0,667 0,355 1,220 0,555 0,256 0,484
12N_Tan_GDM
0,715
0,486 0,845 0,685 0,379 1,138 0,573 0,246 0,633
12N_Tan_LM 0,638
0,483 0,798 0,724 0,446 1,040 0,612 0,272 0,882
Tabela 5.10 – Resultados para cada configuração de rede neural (horiz. 5 dias) COM previsão de chuva
Arquitetura da
RN
EMQ
(m²)
EMA
(m)
EPA
(m)
R CP
Erro não
ultrapassado
90% (m)
Erro não
ultrapassado
75% (m)
Erro não
ultrapassado
50% (m)
NP
3N_Sat_BR 0,722 0,529 0,850 0,668 0,375 1,167 0,741 0,301 0,273
3N_Sat_GD 0,736 0,513 0,858 0,661 0,364 1,218 0,623 0,292 0,286
3N_Sat_GDM 0,732 0,517 0,856 0,662 0,367 1,221 0,637 0,289 0,283
3N_Sat_LM 0,728 0,557 0,853 0,674 0,370 1,168 0,745 0,353 0,200
3N_Tan_BR 0,664 0,491 0,815 0,701 0,426 1,136 0,640 0,278 0,606
3N_Tan_GD 0,761 0,523 0,873 0,646 0,342 1,281 0,593 0,301 0,157
3N_Tan_GDM 0,740 0,523 0,860 0,658 0,360 1,199 0,617 0,304 0,271
3N_Tan_LM 0,672 0,502 0,820 0,697 0,419 1,123 0,618 0,318 0,565
12N_Sat_BR 0,735 0,502 0,857 0,660 0,364 1,185 0,598 0,258 0,356
12N_Sat_GD 0,722 0,516 0,849 0,669 0,376 1,226 0,623 0,268 0,338
12N_Sat_GDM
0,669 0,500 0,818 0,699 0,422 1,115 0,686 0,291 0,559
12N_Sat_LM 0,602 0,474 0,776 0,734 0,480 1,029 0,594 0,287 0,925
12N_Tan_BR 0,609 0,465 0,780 0,730 0,473 1,076 0,600 0,257 0,893
12N_Tan_GD 0,713 0,515 0,844 0,674 0,383 1,269 0,657 0,280 0,312
12N_Tan_GDM
0,729 0,535 0,854 0,664 0,369 1,255 0,727 0,327 0,176
12N_Tan_LM 0,640 0,458 0,800 0,714 0,446 1,022 0,541 0,248 0,873
Observou-se, nos resultados da etapa de eleição, uma variação da melhor
arquitetura em função do horizonte, porém, em linhas gerais, podemos identificar uma
arquitetura que apresentou bom desempenho para todos os horizontes. Uma rede treinada com
o algoritmo TrainLM e função de ativação TANSIG, mostrou-se a mais regular para os 5
horizontes de previsão. O grau de complexidade da rede neural (3 ou 12 neurônios na camada
intermediaria) influenciou no desempenho dos índices. As redes mais complexas (com 12
neurônios na camada intermediária) apresentaram, sistematicamente, melhor desempenho que
as de menor complexidade.
57
Como resultado da primeira etapa, optou-se por fixar o algoritmo de treinamento em
TrainLM e a função de ativação em TANSIG.
A escolha final (2ª etapa), por nota ponderada para o modelo por redes neurais com
uso da previsão de precipitação, é apresentada na Tabela 5.11. Nesta tabela estão as
arquiteturas consideradas ótimas para cada um dos 5 horizontes de previsão.
Tabela 5.11 – Arquiteturas ótimas de rede neural para o modelo COM uso de previsão de chuva
Horizonte
Previsão
Algoritmo Neurônios
mu
(Incremento)
mu
(Decremento)
Nº Falhas na
Validação
Cruzada
Função de
Ativação
Dia 1 TRAINLM 5 10 0,10 50 TANSIG
Dia 2 TRAINLM 12 20 0,20 500 TANSIG
Dia 3 TRAINLM 12 5 0,05 10 TANSIG
Dia 4 TRAINLM 32 10 0,10 200 TANSIG
Dia 5 TRAINLM 24 20 0,20 500 TANSIG
5.2.3 Resultados do modelo de previsão de nível COM previsão de chuva para as
arquiteturas ótimas
Após a etapa de escolha da arquitetura ótima para o modelo de previsão, as redes
eleitas foram utilizadas para os testes com a amostra de verificação, que não teve influência
em nenhuma das etapas, nem de treinamento nem de validação cruzada/eleição, mantendo
assim uma total independência destes processos.
Os resultados para a amostra de verificação, utilizando o modelo ótimo eleito para
cada horizonte de previsão, estão apresentados na Tabela 5.12.
Tabela 5.12 – Resultado para a amostra de verificação – Modelo RN COM previsão de chuva.
Horizonte
EMQ
(m²)
EMA
(m)
EPA
(m)
R CP
Erro não
ultrapassado
90% (m)
Erro não
ultrapassado
75% (m)
Erro não
ultrapassado
50% (m)
Nota
Dia 1 0,255 0,227 0,505 0,899 0,361 0,480 0,204 0,079 0,824
Dia 2 0,436 0,345 0,660 0,812 0,414 0,795 0,333 0,157 0,494
Dia 3 0,546 0,422 0,739 0,757 0,442 0,946 0,486 0,207 0,275
Dia 4 0,545 0,425 0,738 0,759 0,503 0,991 0,515 0,219 0,324
Dia 5 0,637 0,477 0,798 0,735 0,475 1,073 0,541 0,276 0,142
A piora dos índices em função do aumento do horizonte de previsão apresenta uma
inversão entre o 3º e 4º dias. Observando-se o ordenamento da qualidade da previsão de chuva
em função do horizonte, que é 1, 2, 5, 4 e 3, pode-se levantar algumas hipóteses explicativas
para este resultado. A previsão de nível utiliza valores de previsão de precipitação acumulada,
assim, para o dia temos a influência mais significante da qualidade de previsão de
precipitação para este horizonte do que para o horizonte de 4 dias. Na prática, analisando os
índices isoladamente, nota-se que os resultados entre o e o dia de previsão de nível são
58
muito próximos e alternam-se, indicando por vezes vantagem para um horizonte e por vezes
para outro, porém, utilizando-se o todo de nota ponderada é possível obter-se uma
avaliação global dos índices, filtrando-se a subjetividade do julgamento.
Nota-se, ainda, que os índices de erro associado às freqüências seguiu a tendência de
piora em função do aumento do horizonte de previsão para os 3 valores de freqüência
selecionados (50, 75 e 90%), além de apresentar valores aceitáveis para uma previsão de
nível, onde o erro variou de cerca de 50 cm para o horizonte de 1 dia e 110 cm para o
horizonte de 5 dias, para 90% do tempo. Estes índices, erros associados à freqüência,
possibilitam um entendimento mais intuitivo e realista da incerteza do modelo de previsão,
constituindo uma margem de garantia para uso do tomador de decisão em um sistema de
alerta de cheias. A observação simples do erro médio absoluto atenua o grau de incerteza, pois
não informa a magnitude que o modelo erra. Em geral, o erro médio absoluto correspondeu ao
erro associado a 75%, sendo que para os menores horizontes ele manteve-se acima deste
valor, e para os maiores horizontes, um pouco abaixo.
Os resultados dos valores de nível calculado e observado, para os 5 horizontes, estão
apresentados nas Figuras 5.10 a 5.14, onde são apresentados, para cada horizonte, os dados
em seu ordenamento original. Nestes gráficos, é possível comprovar visualmente o
decaimento da qualidade dos resultados em função do aumento do horizonte de previsão.
0 50 100 150 200 250
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Amostras
Nível(m)
Calculado
Observado
Figura 5.10 – Previsões e observações para horiz. de 1 dia – ordem original – COM previsão de chuva.
59
0 50 100 150 200 250
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Amostras
Nível(m)
Calculado
Observado
Figura 5.11 – Previsões e observações para horiz. de 2 dias – ordem original – COM previsão de chuva.
0 50 100 150 200 250
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Amostras
Nível(m)
Calculado
Observado
Figura 5.12 – Previsões e observações para horiz. de 3 dias – ordem original – COM previsão de chuva.
0 50 100 150 200 250
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Amostras
Nível(m)
Calculado
Observado
Figura 5.13 – Previsões e observações para horiz. de 4 dias – ordem original – COM previsão de chuva.
60
0 50 100 150 200 250
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Amostras
Nível(m)
Calculado
Observado
Figura 5.14 – Previsões e observações para horiz. de 5 dias – ordem original – COM previsão de chuva.
A análise dos gráficos na ordem original dos dados, em uma primeira instância, pode
indicar uma falsa qualidade dos resultados obtidos pelo modelo.
Uma maneira de se avaliar os erros de previsão de nível para os eventos com maior
magnitude, é graficar o vel previsto em função da magnitude do nível que o modelo deveria
informar (nível observado).
Nas Figuras 5.15 a 5.19, o apresentados os gráficos ordenados em função do nível
observado. Neles é possível verificar que, justamente para os veis mais altos, os de especial
interesse em um sistema de previsão de cheias, o modelo não responde com a precisão
desejada, permitindo definir a região de confiança de resposta do modelo.
0 50 100 150 200 250
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Amostras
Nível(m)
Calculado
Observado
Figura 5.15 – Previsões e observações para horiz. de 1 dia – ordem crescente – COM previsão de chuva.
61
0 50 100 150 200 250
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Amostras
Nível(m)
Calculado
Observado
Figura 5.16 – Previsões e observações para horiz. de 2 dias – ordem crescente – COM previsão de chuva.
0 50 100 150 200 250
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Amostras
Nível(m)
Calculado
Observado
Figura 5.17 – Previsões e observações para horiz. de 3 dias – ordem crescente – COM previsão de chuva.
0 50 100 150 200 250
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Amostras
Nível(m)
Calculado
Observado
Figura 5.18 – Previsões e observações para horiz. de 4 dias – ordem crescente – COM previsão de chuva.
62
0 50 100 150 200 250
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Amostras
Nível(m)
Calculado
Observado
Figura 5.19 – Previsões e observações para horiz. de 5 dias – ordem crescente – COM previsão de chuva.
Os gráficos com níveis observados em ordem crescente mostram, claramente, o
aumento da imprecisão das previsões para níveis superiores a 3 metros. Para os níveis mais
próximos ao vel médio observado (aproximadamente 2,20 m), os resíduos de previsão de
nível foram menores, dando credibilidade ao modelo de previsão para estas magnitudes.
Porém, é evidente que a previsão de nível, com fins de incorporar um sistema de alerta de
inundações, deva ter um bom desempenho, especialmente em veis elevados. O treinamento
do modelo de redes neurais, realizado com os dados disponíveis, não proporcionou uma
qualidade suficiente para previsão, não apresentando a exatidão desejada para os picos.
A Figura 5.20 mostra dois histogramas, um para a amostra de treinamento e outra
para a amostra de verificação, onde é possível visualizar o número de registros de níveis
observados para os blocos de classe que cobrem todo o espectro. Nota-se, também, o que
reforça a informação contida na Tabela 4.3, que os histogramas comprovam a homogeneidade
entre as amostras. Assim, o treinamento foi fortemente influenciado pelo maior número de
registros nas faixas de nível próximas à média. O resultado para as demais faixas ficou
prejudicado, pois a experiência com as situações extremas não foi suficiente para criar um
treinamento eficiente.
A causa mais evidente que colaborou para que o treinamento não obtivesse o
desempenho desejado foi a escassez amostral dos dados nos limites extremos, identificada
pela distribuição de freqüências, que mostra os poucos cenários com níveis extremos (acima
de ~3,5 m), constituindo assim, uma região de pseudo-extrapolação, onde a qualidade dos
resultados da rede neural é bastante prejudicada.
63
Figura 5.20 – Histogramas para as amostras de treinamento e verificação
Análise dos erros por “Alerta Falso” e “Incapacidade de Previsão”
Nas Tabelas 5.13 a 5.22 estão selecionados os 4 maiores erros por “Alerta Falso” e
“Incapacidade de Previsão”. Nas duas últimas colunas estão os valores observados e os
calculados, marcados em negrito. São apresentados, também, os dados de entrada do modelo
correspondentes aos níveis calculados e observados. Os níveis (N) estão expressos em metros,
e as previsões de precipitação (P) estão apresentadas em milímetros.
Tabela 5.13 - Maiores erros por “Alerta Falso” – Horiz. 1 dia – COM previsão de chuva.
N
(i-2)
N
(i-1)
P
(i)
N
(i+1)
Prev. 1° dia
Erro (m)
6,301 5,962 0,1
3,836
5,262
1,426
7,360 6,690 0,0
3,250
4,618
1,368
4,192 3,828 10,7
3,203
4,311
1,109
4,843 4,512 0,0
2,986
4,068
1,082
Tabela 5.14 - Maiores erros por “Incapacidade de Previsão” – Horiz. 1 dia – COM previsão de chuva.
N
(i-2)
N
(i-1)
P
(i)
N
(i+1)
Prev. 1° dia
Erro (m)
3,462
3,102
0,0
6,200
2,807
-3,393
2,030
2,066
17,2
5,229
2,213
-3,015
0,919
0,964
25,3
4,233
1,425
-2,808
1,824
1,775
0,0
4,378
1,754
-2,623
Tabela 5.15 - Maiores erros por “Alerta Falso” – Horiz. 2 dias – COM previsão de chuva.
N
(i-2)
N
(i-1)
P
N
(i+1)
N
(i+2)
Prev. 2° dia Erro (m)
7,360 6,690 0,0 3,250
2,665 4,644
1,979
6,301 5,962 0,1 3,836
2,790 4,593
1,803
4,378 7,295 0,0 6,239
2,880 4,621
1,741
3,684 5,275 2,3 4,769
2,960 4,529
1,569
Tabela 5.16 - Maiores erros por “Incapacidade de Previsão” – Horiz. 2 dias – COM previsão de chuva.
N
(i-2)
N
(i-1)
P
N
(i+1)
N
(i+2)
Prev. 2° dia Erro (m)
1,824 1,775 20,3 4,378
7,295 2,355
-4,940
0,919 0,964 26,2 4,233
5,272 1,857
-3,415
1,490 1,454 9,8 2,976
4,332 1,762
-2,571
3,462 3,102 6,2 6,200
5,485 2,931
-2,554
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.5 6 6.5 7 7.5 8
0
20
40
60
80
100
120
140
160
Nível (m)
Frequência
Histograma de Frequência de Níveis - Amostra de Treinamento
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.5 6 6.5 7 7.5 8
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Nível(m)
Freqncia
Histograma de Frequencia de Nível - Amostra de Verficação
64
Tabela 5.17 - Maiores erros por “Alerta Falso” – Horiz. 3 dias – COM previsão de chuva.
N
(i-2)
N
(i-1)
P
(i)
N
(i+1)
N
(i+2)
N
(i+3)
Prev. 3° dia
Erro (m)
4,233 5,272 30,6 4,648 3,490
2,658 5,092
2,434
6,301 5,962 1,4 3,836 2,790
2,501 4,158
1,657
5,441 5,778 12,6 4,311 3,100
2,985 4,524
1,539
4,843 4,512 0,0 2,986 2,610
2,445 3,764
1,319
Tabela 5.18 - Maiores erros por “Incapacidade de Previsão” – Horiz. 3 dias – COM previsão de chuva.
N
(i-2)
N
(i-1)
P N
(i+1)
N
(i+2)
N
(i+3)
Prev. 3° dia
Erro (m)
1,902
2,217
44,5 2,186
3,473
7,360
3,173
-4,588
1,824
1,775
20,3 4,378
7,295
6,239
2,214
-4,031
2,644
2,673
18,1 3,462
3,102
6,200
3,037
-3,093
0,888
0,894
24,5 0,919
0,964
4,233
1,678
-2,555
Tabela 5.19 - Maiores erros por “Alerta Falso” – Horiz. 4 dias – COM previsão de chuva.
N
(i-2)
N
(i-1)
P N
(i+1)
N
(i+2)
N
(i+3)
N
(i+4)
Prev. 4° dia Erro (m)
2,186 3,473 72,1 7,360 6,690 3,250
2,665 5,742
3,077
0,999 1,069 40,4 0,888 0,894 0,919
0,964 2,576
1,611
4,843 4,512 0,0 2,986 2,610 2,445
2,377 3,903
1,526
1,116 1,111 54,8 1,078 1,074 1,161
1,008 2,500
1,491
Tabela 5.20 - Maiores erros por “Incapacidade de Previsão” – Horiz. 4 dias – COM previsão de chuva.
N
(i-2)
N
(i-1)
P
(i)
N
(i+1)
N
(i+2)
N
(i+3)
N
(i+4)
Prev. 4° dia Erro (m)
1,859 1,820 18,6
1,824 1,775 4,378
7,295 2,099
-5,196
0,888 0,894 30,5
0,919 0,964 4,233
5,272 1,919
-3,353
1,902 2,217 44,5
2,186 3,473 7,360
6,690 3,352
-3,338
4,30 4,27 8,2 4,208 5,137 6,230
6,480 4,099
-2,380
Tabela 5.21 - Maiores erros por “Alerta Falso” – Horiz. 5 dias – COM previsão de chuva.
N
(i-2)
N
(i-1)
P N
(i+1)
N
(i+2)
N
(i+3)
N
(i+4)
N
(i+5)
Prev, 5° dia
Erro (m)
2,186
3,473
72,1 7,360
6,690
3,250
2,665
2,491
4,851
2,361
6,301
5,962
1,4 3,836
2,790
2,501
2,293
2,163
4,186
2,022
4,843
4,512
0,3 2,986
2,610
2,445
2,377
2,245
4,115
1,870
5,229
4,192
0,0 2,993
2,481
2,329
2,208
2,134
3,980
1,846
Tabela 5.22 - Maiores erros por “Incapacidade de Previsão” – Horiz. 5 dias – COM previsão de chuva.
N
(i-2)
N
(i-1)
P N
(i+1)
N
(i+2)
N
(i+3)
N
(i+4)
N
(i+5)
Prev. 5° dia
Erro (m)
1,250 1,338 65,7 1,902 2,217 2,186 3,473
7,360 2,499
-4,503
1,859 1,820 18,6 1,824 1,775 4,378 7,295
6,239 1,910
-4,268
2,658 2,605 7,3 2,644 2,673 3,462 3,102
6,200 2,436
-3,675
1,876 1,980 38,2 2,090 2,086 2,030 2,066
5,229 2,479
-2,836
Ao analisar os maiores erros por “Alerta Falso” e Incapacidade de Previsão” é
possível verificar a ineficiência do modelo em identificar variações abruptas no nível do rio.
Os erros por “Incapacidade de Previsão” apresentaram maiores valores que os por
“Alerta Falso”, mostrando novamente que o treinamento adquirido pelo modelo para prever
níveis extremos não foi suficiente por falta de informações na amostra de dados disponível.
Os maiores erros de “Alerta Falso” tiveram magnitudes moderadas de nível a ser previsto, ao
65
contrário do erro por Incapacidade de Previsão”, onde as magnitudes foram sempre mais
altas.
A influência dos níveis observados na previsão do nível, para todos os horizontes de
previsão, é o que rege na prática a magnitude do nível a ser previsto. Contudo, em uma
análise preliminar, observa-se que a previsão de precipitação também contribui, com uma
importância menor, no resultado do modelo.
Nas Figuras A1 a A5 (Anexo 1), são apresentadas as superfícies de resultado das
redes neurais treinadas com o uso de previsão de precipitação. Nelas, é possível conhecer o
comportamento do modelo em função das suas variáveis de entrada. Os dois níveis anteriores
observados estão representados nos eixos horizontais, e para cada horizonte de previsão foram
obtidos os resultados para previsões de chuva nula, 1/3 da xima, 2/3 da máxima e a
máxima chuva do conjunto de dados coletados do modelo ETA, totalizando 4 superfícies de
resultado para cada horizonte de previsão de nível. Os intervalos de variação dos gráficos são
compatíveis com os observados, e estão discretizados em 25cm, variando do nível 0 a o
máximo observado, porém as combinações entre as variáveis extrapolam a diversidade de
condições contidas na amostra de dados disponível.
Na Figura 5.21 estão apresentadas as contagens das combinações entre os dois níveis
anteriores de entrada do modelo para uma malha discretizada em 25 cm. Nota-se um forte
alinhamento das contagens seguindo a bissetriz do primeiro quadrante cartesiano e uma
densidade acentuada próximo ao valor médio dos níveis observados (2,20 m).
O baixo desempenho do modelo em prever mudanças bruscas nos níveis se pela
falta de combinações fora do eixo da bissetriz para efetivar um treinamento nestas situações.
Figura 5.21 – Histograma bidimensional da contagem de combinações entre os níveis anteriores
observados (entrada do modelo).
66
O formato das superfícies para os diferentes volumes de precipitação prevista mostra
a influência que esta variável tem na resposta do modelo, amplificando o nível previsto para
observações anteriores baixas.
Não é possível extrair mais nenhuma informação do comportamento em relação ao
formato da superfície, por sua maior parcela estar em região de extrapolação, onde os
resultados do modelo não podem ser verificados.
5.3 Análise da Influência do Uso de Previsão de Precipitação no Modelo de
Redes Neurais
5.3.1 Resultados da eleição da arquitetura da rede neural SEM uso de previsão de
chuva
Na primeira etapa, ao contrário do modelo que utilizou em sua entrada a previsão de
precipitação, não foi possível fixar apenas um algoritmo de treinamento e uma única função
de ativação da camada intermediária para todos os horizontes de previsão. Assim, foram
fixados algoritmos e funções de ativação independentes para cada horizonte de previsão de
nível (Tabelas 5.23 a 5.27).
Tabela 5.23 - Resultados para cada configuração de rede neural (horiz. 1 dia) – SEM previsão de chuva.
Arquitetura da
RN
EMQ
(m)
EMA
(m)
EPA
(m)
R CP
Erro não
ultrapassado
90% (m)
Erro não
ultrapassado
75% (m)
Erro não
ultrapassado
50% (m)
NP
3N_Sat_BR 0,125 0,180 0,354 0,951 0,322 0,402 0,166 0,071 0,598
3N_Sat_GD 0,115 0,186 0,340 0,955 0,375 0,395 0,201 0,092 0,572
3N_Sat_GDM 0,128 0,190 0,358 0,950 0,305 0,423 0,197 0,091 0,283
3N_Sat_LM 0,130 0,178 0,360 0,948 0,298 0,401 0,166 0,072 0,554
3N_Tan_BR 0,121 0,179 0,349 0,951 0,341 0,448 0,181 0,067 0,622
3N_Tan_GD 0,132 0,198 0,364 0,948 0,283 0,393 0,195 0,094 0,157
3N_Tan_GDM 0,125 0,188 0,353 0,951 0,323 0,463 0,190 0,092 0,425
3N_Tan_LM 0,120 0,179 0,346 0,952 0,352 0,381 0,192 0,072 0,573
12N_Sat_BR 0,126 0,186 0,355 0,950 0,318 0,411 0,183 0,079 0,466
12N_Sat_GD 0,117 0,183 0,342 0,954 0,366 0,387 0,189 0,085 0,644
12N_Sat_GDM
0,120 0,185 0,347 0,953 0,348 0,372 0,187 0,083 0,574
12N_Sat_LM 0,137 0,187 0,370 0,946 0,258 0,403 0,173 0,076 0,291
12N_Tan_BR 0,120 0,174 0,347 0,952 0,347 0,411 0,166 0,067 0,795
12N_Tan_GD 0,115 0,181 0,338 0,955 0,379 0,407 0,192 0,083 0,688
12N_Tan_GDM
0,115 0,181 0,339 0,955 0,379 0,405 0,192 0,083 0,687
12N_Tan_LM 0,127 0,176 0,356 0,952 0,313 0,369 0,191 0,064 0,455
67
Tabela 5.24 - Resultados para cada configuração de rede neural (horiz. 2 dias) – SEM previsão de chuva.
Arquitetura da
RN
EMQ
(m)
EMA
(m)
EPA
(m)
R CP
Erro não
ultrapassado
90% (m)
Erro não
ultrapassado
75% (m)
Erro não
ultrapassado
50% (m)
NP
3N_Sat_BR 0,475 0,362 0,690 0,790 0,283 0,800 0,331 0,174 0,629
3N_Sat_GD 0,469 0,366 0,685 0,792 0,292 0,760 0,347 0,170 0,527
3N_Sat_GDM 0,465 0,366 0,682 0,794 0,298 0,778 0,344 0,175 0,568
3N_Sat_LM 0,463 0,352 0,680 0,796 0,302 0,875 0,322 0,169 0,753
3N_Tan_BR 0,483 0,361 0,695 0,785 0,272 0,767 0,334 0,169 0,537
3N_Tan_GD 0,472 0,368 0,687 0,790 0,288 0,838 0,346 0,173 0,508
3N_Tan_GDM 0,480 0,369 0,693 0,786 0,275 0,820 0,336 0,175 0,507
3N_Tan_LM 0,516 0,366 0,718 0,769 0,222 0,845 0,329 0,180 0,342
12N_Sat_BR 0,476 0,339 0,690 0,791 0,282 0,865 0,309 0,132 0,794
12N_Sat_GD 0,463 0,368 0,680 0,795 0,301 0,759 0,363 0,180 0,470
12N_Sat_GDM
0,542 0,365 0,736 0,764 0,182 0,971 0,328 0,144 0,216
12N_Sat_LM 0,484 0,357 0,695 0,786 0,271 0,878 0,327 0,158 0,584
12N_Tan_BR 0,487 0,358 0,698 0,783 0,266 0,831 0,344 0,161 0,467
12N_Tan_GD 0,478 0,372 0,691 0,788 0,279 0,837 0,362 0,166 0,369
12N_Tan_GDM
0,455 0,364 0,674 0,799 0,314 0,810 0,356 0,179 0,575
12N_Tan_LM 0,451 0,350 0,672 0,802 0,319 0,855 0,329 0,157 0,796
Tabela 5.25 - Resultados para cada configuração de rede neural (horiz. 3 dias) – SEM previsão de chuva.
Arquitetura da
RN
EMQ
(m)
EMA
(m)
EPA
(m)
R CP
Erro não
ultrapassado
90% (m)
Erro não
ultrapassado
75% (m)
Erro não
ultrapassado
50% (m)
NP
3N_Sat_BR 0,659 0,420 0,812 0,697 0,315 0,983 0,424 0,185 0,379
3N_Sat_GD 0,665 0,448 0,815 0,692 0,309 1,051 0,476 0,216 0,228
3N_Sat_GDM 0,646 0,440 0,804 0,703 0,328 0,954 0,462 0,228 0,436
3N_Sat_LM 0,655 0,403 0,810 0,706 0,318 0,955 0,391 0,165 0,622
3N_Tan_BR 0,676 0,409 0,822 0,693 0,297 1,020 0,481 0,147 0,227
3N_Tan_GD 0,659 0,445 0,812 0,695 0,314 0,993 0,484 0,228 0,262
3N_Tan_GDM 0,645 0,441 0,803 0,703 0,329 0,840 0,487 0,230 0,384
3N_Tan_LM 0,627 0,421 0,792 0,716 0,348 0,905 0,472 0,196 0,627
12N_Sat_BR 0,679 0,432 0,824 0,685 0,294 0,951 0,473 0,188 0,151
12N_Sat_GD 0,635 0,444 0,797 0,709 0,340 0,877 0,526 0,224 0,381
12N_Sat_GDM 0,640 0,440 0,800 0,706 0,334 0,967 0,468 0,223 0,471
12N_Sat_LM 0,652 0,399 0,807 0,718 0,322 0,946 0,420 0,150 0,635
12N_Tan_BR 0,668 0,420 0,817 0,696 0,306 0,950 0,424 0,206 0,395
12N_Tan_GD 0,631 0,437 0,794 0,711 0,344 0,873 0,449 0,233 0,597
12N_Tan_GDM
0,616 0,431 0,785 0,719 0,359 0,916 0,457 0,219 0,719
12N_Tan_LM 0,645 0,395 0,803 0,710 0,329 0,963 0,401 0,142 0,696
68
Tabela 5.26 - Resultados para cada configuração de rede neural (horiz. 4 dias) – SEM previsão de chuva.
Arquitetura da
RN
EMQ
(m)
EMA
(m)
EPA
(m)
R CP
Erro não
ultrapassado
90% (m)
Erro não
ultrapassado
75% (m)
Erro não
ultrapassado
50% (m)
NP
3N_Sat_BR 0,797 0,487 0,893 0,643 0,307 1,018 0,555 0,227 0,333
3N_Sat_GD 0,775 0,513 0,881 0,648 0,326 1,068 0,586 0,288 0,269
3N_Sat_GDM 0,772 0,512 0,879 0,650 0,329 1,072 0,586 0,297 0,298
3N_Sat_LM 0,796 0,480 0,892 0,644 0,308 1,071 0,560 0,200 0,272
3N_Tan_BR 0,780 0,492 0,883 0,647 0,322 1,056 0,558 0,246 0,351
3N_Tan_GD 0,782 0,516 0,885 0,644 0,320 1,035 0,596 0,293 0,184
3N_Tan_GDM 0,795 0,517 0,892 0,636 0,309 1,098 0,557 0,290 0,175
3N_Tan_LM 0,748 0,490 0,865 0,664 0,350 1,074 0,520 0,272 0,689
12N_Sat_BR 0,730 0,490 0,854 0,674 0,366 1,030 0,539 0,257 0,788
12N_Sat_GD 0,765 0,508 0,875 0,654 0,335 1,044 0,626 0,291 0,267
12N_Sat_GDM
0,729 0,498 0,854 0,676 0,366 1,098 0,525 0,280 0,809
12N_Sat_LM 0,792 0,485 0,890 0,645 0,311 1,036 0,540 0,230 0,333
12N_Tan_BR 0,775 0,467 0,880 0,658 0,327 1,136 0,501 0,206 0,609
12N_Tan_GD 0,733 0,494 0,856 0,674 0,362 1,063 0,567 0,278 0,685
12N_Tan_GDM
0,732 0,497 0,856 0,674 0,363 1,072 0,559 0,290 0,705
12N_Tan_LM 0,734 0,469 0,857 0,677 0,362 1,089 0,566 0,204 0,750
Tabela 5.27 - Resultados para cada configuração de rede neural (horiz. 5 dias) – SEM previsão de chuva.
Arquitetura da
RN
EMQ
(m)
EMA
(m)
EPA
(m)
R CP
Erro não
ultrapassado
90% (m)
Erro não
ultrapassado
75% (m)
Erro não
ultrapassado
50% (m)
NP
3N_Sat_BR 0,804 0,498 0,897 0,638 0,305 1,065 0,586 0,242 0,326
3N_Sat_GD 0,755 0,523 0,869 0,650 0,347 1,155 0,632 0,307 0,277
3N_Sat_GDM 0,754 0,527 0,868 0,650 0,348 1,147 0,659 0,309 0,204
3N_Sat_LM 0,765 0,502 0,874 0,650 0,339 1,112 0,589 0,269 0,386
3N_Tan_BR 0,765 0,514 0,875 0,643 0,338 1,088 0,606 0,291 0,306
3N_Tan_GD 0,756 0,526 0,870 0,649 0,346 1,133 0,611 0,302 0,312
3N_Tan_GDM 0,783 0,532 0,885 0,632 0,323 1,194 0,600 0,313 0,208
3N_Tan_LM 0,767 0,493 0,876 0,645 0,337 1,129 0,535 0,260 0,520
12N_Sat_BR 0,771 0,503 0,878 0,642 0,333 1,210 0,596 0,246 0,331
12N_Sat_GD 0,719 0,514 0,848 0,670 0,378 1,156 0,631 0,295 0,449
12N_Sat_GDM
0,702 0,508 0,838 0,682 0,393 1,106 0,573 0,315 0,676
12N_Sat_LM 0,678 0,486 0,823 0,694 0,414 1,083 0,580 0,269 0,811
12N_Tan_BR 0,737 0,475 0,858 0,666 0,363 1,085 0,558 0,238 0,640
12N_Tan_GD 0,707 0,511 0,841 0,678 0,389 1,068 0,606 0,307 0,572
12N_Tan_GDM
0,727 0,516 0,853 0,666 0,371 1,124 0,604 0,318 0,475
12N_Tan_LM 0,781 0,489 0,884 0,654 0,324 1,182 0,552 0,216 0,456
Os resultados da 1ª etapa da seleção da arquitetura ótima para o modelo por redes
neurais sem a agregação da previsão de precipitação mostraram que, para os horizontes de
previsão de 3 e 4 dias, o algoritmo com melhor desempenho foi o TrainGDM, porém, sua
vantagem em relação à segunda melhor arquitetura de rede neural não foi significativa. Por
não apresentar vantagem significativa, e ser um algoritmo com convergência muito lenta, foi
utilizado o algoritmo TrainLM, que foi a segunda melhor arquitetura nos dois casos.
Seguindo a mesma metodologia do modelo por redes neurais com previsão de
precipitação agregada, realizou-se a eleição da etapa, na qual foram obtidas as arquiteturas
69
finais ótimas (Tabela 5.28), dentre as 140 combinações possíveis dos parâmetros selecionados
para serem experimentados.
Tabela 5.28 – Arquiteturas ótimas de rede neural para o modelo SEM uso de previsão de chuva.
Horizonte
Previsão
Algoritmo Neurônios
mu
(Incremento)
mu
(Decremento)
Nº Falhas na
Validação
Cruzada
Função de
Ativação
Dia 1 TRAINBR 8 60 0,60 10 TANSIG
Dia 2 TRAINLM 8 5 0,05 500 TANSIG
Dia 3 TRAINLM 32 60 0,60 200 TANSIG
Dia 4 TRAINLM 32 5 0,5 200 TANSIG
Dia 5 TRAINLM 32 100 1,00 50 SATLIN
5.3.2 Resultados do modelo de previsão de nível SEM previsão de chuva para as
arquiteturas ótimas
Após a escolha da rede neural, considerada ótima para o modelo de previsão de
níveis, apenas com entradas de níveis observados anteriormente (sem previsão de chuva),
foram extraídos os resultados de previsão para os dados da amostra de verificação.
Foi observado, nos resultados apresentados na Tabela 5.29, que a qualidade da
previsão de nível piora com o aumento do horizonte de previsão, exceto para os horizontes de
4 e 5 dias, onde o método de nota ponderada beneficiou o dia por ele apresentar um alto
valor para o coeficiente de persistência (CP), considerando-se a previsão para o 5° dia
ligeiramente melhor que para o dia. Considerando a pequena diferença entre os resultados
dos dois maiores horizontes de previsão, é possível que isso deva-se apenas à própria parcela
aleatória presente na saída do modelo, não sendo garantido que este comportamento ocorra
para outros conjuntos de dados.
Tabela 5.29 - Resultados para a amostra de verificação – modelo RN SEM previsão de chuva.
Horizonte
EMQ
(m²)
EMA
(m)
EPA
(m)
R CP
Erro não
ultrapassado
90% (m)
Erro não
ultrapassado
75% (m)
Erro não
ultrapassado
50% (m)
Nota
Dia 1 0,313 0,238 0,560 0,874 0,216 0,419 0,174 0,094 0,824
Dia 2 0,513 0,338 0,716 0,774 0,310 0,704 0,318 0,135 0,619
Dia 3 0,629 0,416 0,793 0,716 0,357 0,993 0,410 0,170 0,446
Dia 4 0,814 0,473 0,902 0,637 0,257 0,975 0,545 0,213 0,124
Dia 5 0,833 0,507 0,913 0,643 0,314 1,080 0,574 0,246 0,126
Os resultados mostrados na Tabela 5.30 foram obtidos das respostas dos modelos por
rede neural para a amostra de verificação, e estão dispostos de forma a permitir a comparação
dos resultados deste modelo, que utiliza em sua entrada a previsão de precipitação, e o que
não a utiliza. As notas contidas na ultima coluna à direita são referentes à avaliação relativa
entre os resultados, para o mesmo horizonte de previsão de nível, do modelo que utiliza a
previsão de precipitação e do que não a utiliza.
70
A utilização de previsão de chuva na entrada melhorou a qualidade da previsão de
nível para todos os 5 horizontes, porém, com uma pequena vantagem. A diferença entre as
notas ponderadas para cada horizonte indica o grau de melhora relativa incrementado à
previsão de nível com a utilização da previsão de chuva na entrada do modelo, conforme
observa-se nos índices apresentados, da Tabela 5.30.
Tabela 5.30 – Resultados para a amostra de verificação – modelos RN COM e SEM previsão de chuva.
Horizonte
EMQ
(m²)
EMA
(m)
EPA
(m)
R CP
Erro
90% (m)
Erro
75% (m)
Erro
50% (m)
EMQ
(m²)
Nota
Com ETA
0,255 0,227 0,505 0,899 0,361 0,480 0,204 0,079
0,706
Dia 1
Sem ETA
0,313 0,238 0,560 0,874 0,216 0,419 0,174 0,094 0,294
Com ETA
0,436 0,345 0,660 0,812 0,414 0,795 0,333 0,157
0,529
Dia 2
Sem ETA
0,513 0,338 0,716 0,774 0,310 0,704 0,318 0,135 0,471
Com ETA
0,546 0,422 0,739 0,757 0,442 0,946 0,486 0,207
0,706
Dia 3
Sem ETA
0,629 0,416 0,793 0,716 0,357 0,993 0,410 0,170 0,294
Com ETA
0,545 0,425 0,738 0,759 0,503 0,991 0,515 0,219
0,765
Dia 4
Sem ETA
0,814 0,473 0,902 0,637 0,257 0,975 0,545 0,213 0,235
Com ETA
0,637 0,477 0,798 0,735 0,475 1,073 0,541 0,276
0,941
Dia 5
Sem ETA
0,833 0,507 0,913 0,643 0,314 1,080 0,574 0,246 0,059
Os resultados dos valores de nível calculado e observado, para os 5 horizontes, estão
apresentados nas Figuras 5.22 a 5.26, onde são apresentados, para cada horizonte, os dados
em seu ordenamento original. Os resultados do modelo de previsão com entrada de previsão
de precipitação também estão inseridos nos gráficos, de maneira a permitir uma comparação
com os resultados do modelo que não utiliza a previsão de chuva na entrada.
0 50 100 150 200 250
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Amostras
Nível(m)
Calc. Com ETA
Calc. Sem ETA
Observado
Figura 5.22 - Previsões e observações para horiz. 1 dia – ordem original – COM e SEM previsão
de chuva.
71
0 50 100 150 200 250
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Amostras
Nível(m)
Calc. Com ETA
Calc. Sem ETA
Observado
Figura 5.23 - Previsões e observações para horiz. 2 dias – ordem original – COM e SEM
previsão de chuva.
0 50 100 150 200 250
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Amostras
Nível(m)
Calc. Com ETA
Calc. Sem ETA
Observado
Figura 5.24 - Previsões e observações para horiz. 3 dias – ordem original – COM e SEM
previsão de chuva.
0 50 100 150 200 250
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Amostras
Nível(m)
Calc. Com ETA
Calc. Sem ETA
Observado
Figura 5.25 - Previsões e observações para horiz. 4 dias – ordem original – COM e SEM
previsão de chuva.
72
0 50 100 150 200 250
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Amostras
Nível(m)
Calc. Com ETA
Calc. Sem ETA
Observado
Figura 5.26 - Previsões e observações para horiz. 5 dias – ordem original – COM e SEM
previsão de chuva.
Nas Figuras 5.27 a 5.31 o apresentados os resultados do modelo de redes neurais
com utilização de previsão de precipitação e sem a sua utilização, em ordenamento crescente
do nível a ser previsto, para, assim, possibilitar uma análise do erro em função da magnitude
do nível de previsão que o modelo deva atingir.
0 50 100 150 200 250
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Amostras
Nível(m)
Calc. Com ETA
Calc. Sem ETA
Observado
Figura 5.27 - Previsões e observações para horiz. 1 dia – ordem crescente – COM e SEM
previsão de chuva.
73
0 50 100 150 200 250
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Amostras
Nível(m)
Calc. Com ETA
Calc. Sem ETA
Observado
Figura 5.28 - Previsões e observações para horiz. 2 dias – ordem crescente – COM e SEM
previsão de chuva.
0 50 100 150 200 250
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Amostras
Nível(m)
Calc. Com ETA
Calc. Sem ETA
Observado
Figura 5.29 - Previsões e observações para horiz. 3 dias – ordem crescente – COM e SEM
previsão de chuva.
0 50 100 150 200 250
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Amostras
Nível(m)
Calc. Com ETA
Calc. Sem ETA
Observado
Figura 5.30 - Previsões e observações para horiz. 4 dias – ordem crescente – COM e SEM
previsão de chuva.
74
0 50 100 150 200 250
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Amostras
Nível(m)
Calc. Com ETA
Calc. Sem ETA
Observado
Figura 5.31 - Previsões e observações para horiz. 5 dias – ordem crescente – COM e SEM
previsão de chuva.
Os resultados apresentados graficamente não permitem uma indicação clara de qual
dos dois modelos é o mais confiável, ambos superestimam os níveis mínimos e subestimam
os níveis máximos. Entretanto, nota-se uma maior distinção entre as respostas dos dois
modelos com o aumento do horizonte de previsão. Como estas diferenças são pequenas,
depende-se dos índices estatísticos para a indicação do modelo mais eficiente, que resultou
sendo o que utiliza a previsão de precipitação. Esta pequena diferença dos resultados das
alternativas de modelos, com e sem previsão de precipitação, possivelmente é causada pela
incerteza das previsões de precipitação, que faz com que o modelo reduza a sua importância.
Em relação aos erros por “Alerta Falso” e “Incapacidade de Previsão”, o
comportamento dos resíduos foi muito semelhante ao do modelo por redes neurais com o uso
de previsão de precipitação, mostrando magnitudes de erro equivalentes para os mesmos
horizontes de previsão. Esta análise não foi apresentada no presente trabalho por não
acrescentar informação inédita.
Nas Figuras A6 a A10 (Anexo 2), são apresentadas as superfícies de resultado das
redes neurais treinadas sem o uso da previsão de precipitação. Nelas, é possível conhecer o
comportamento do modelo em função das suas variáveis de entrada. Da mesma forma que no
item 5.2.3 os dois níveis anteriores observados estão representados nos eixos horizontais, e
para cada horizonte de previsão foram obtidos os resultado para combinações entre as
variáveis de entrada. Os intervalos de variação dos gráficos são compatíveis com os
observados, e estão discretizados em 25 cm, variando do nível 0 até o ximo observado,
porém as combinações entre as variáveis extrapolam a diversidade de condições contidas na
amostra de dados disponível.
75
Não é possível observar mais nenhum comportamento notável a partir da análise do
formato da superfície, por sua maior parcela estar em região de extrapolação, onde os
resultados não podem ser verificados.
5.4 Análise Comparativa dos Resultados do Modelo de Regressão
Multivariada com o de Redes Neurais
5.4.1 Resultados da eleição da configuração ótima do modelo de regressão
Na Tabela 5.31 são apresentados os resultados dos índices obtidos para o modelo por
regressão linear multivariada para os 5 horizontes de previsão.
Tabela 5.31 – Resultados para cada modelo de previsão por regressão linear multivariada.
Horizonte
Modelo
EMQ
(m)
EMA
(m)
EPA
(m)
R
CP
Erro
90%
(m)
Erro
75%
(m)
Erro
50%
(m)
a0 a1 a2 a3
Nota
(pond.)
1
0,107 0,187 0,328 0,957 0,418 0,457 0,204 0,093 0,2722
-0,2529 1,0926 0,0316
0,721
2
0,103 0,190 0,320 0,960 0,443 0,457 0,200 0,108 0,3547
-0,2450 1,0522 0,0468
0,780
3
0,123 0,202 0,350 0,952 0,334 0,458 0,210 0,122 0,3761
-0,2668 1,0763 0,0318
0,319
1° dia
4
0,145 0,208 0,381 0,942 0,212 0,409 0,209 0,124 0,3312
-0,3199 1,1687 0,183
1
0,390 0,368 0,624 0,831 0,412 0,880 0,413 0,192 0,5122
-0,0053 0,6847 0,0344
0,882
2
0,417 0,375 0,646 0,819 0,371 0,921 0,378 0,223 0,7010
-0,0331 0,6513 0,0411
0,757
3
0,521 0,395 0,722 0,766 0,214 0,991 0,390 0,194 0,7314
-0,0900 0,7306 0,0165
0,253
2° dia
4
0,557 0,398 0,746 0,747 0,160 0,884 0,375 0,212 0,6398
-0,1013 0,8054 0,309
1
0,604 0,459 0,777 0,726 0,372 1,078 0,529 0,229 0,6201
0,1851 0,4181 0,0267
0,731
2
0,613 0,465 0,783 0,721 0,362 1,092 0,505 0,270 0,8761
0,1480 0,3613 0,0366
0,667
3
0,700 0,481 0,837 0,674 0,272 1,018 0,522 0,283 0,9364
0,1048 0,4298 0,0144
0,351
3° dia
4
0,754 0,483 0,868 0,640 0,216 0,989 0,488 0,275 0,7990
0,1139 0,5134 0,303
1
0,738 0,526 0,859 0,669 0,358 1,096 0,706 0,272 0,6703
0,2312 0,3195 0,0231
0,841
2
0,737 0,517 0,859 0,671 0,359 1,109 0,653 0,307 0,9897
0,1667 0,2827 0,0264
0,874
3
0,866 0,545 0,931 0,594 0,247 1,183 0,596 0,335 0,8914
0,2105 0,3715 0,0007
0,132
4° dia
4
0,872 0,546 0,934 0,590 0,242 1,181 0,584 0,335 0,8698
0,2182 0,3766 0,121
1
0,719 0,527 0,848 0,670 0,378 1,154 0,729 0,303 0,6825
0,2412 0,2899 0,0202
0,791
2
0,708 0,526 0,841 0,679 0,388 1,165 0,664 0,340 1,0479
0,1697 0,2442 0,0230
0,827
3
0,855 0,564 0,925 0,587 0,260 1,141 0,635 0,352 0,9174
0,2449 0,3263 0,0005
0,317
5° dia
4
0,861 0,565 0,928 0,583 0,255 1,187 0,638 0,349 0,8980
0,2510 0,3314 0,118
Verificou-se que a utilização do ponderador não resultou melhora significativa à
previsão de nível. Pode-se concluir que os dois modelos de regressão, o que utiliza o
ponderador, multiplicando (“U”) à previsão de precipitação, e o que utiliza a previsão de
precipitação diretamente, são equivalentes.
Foi adotado, como o melhor modelo de regressão, o modelo 1, para os 5 horizontes
de previsão de nível. A previsão de precipitação é utilizada diretamente, para todos os
horizontes, sem o ponderador em função da magnitude do nível, para assim, comparar os
resultados, para a amostra de verificação, com os do modelo por rede neural.
76
5.4.2 Resultados do modelo de regressão
Na etapa de eleição verificou-se que a utilização do ponderador não resultou em
melhora significativa à previsão de nível. Pode-se concluir que os dois modelos de regressão,
o que utiliza o ponderador, multiplicando (“U”) à previsão de precipitação, e o que utiliza a
previsão de precipitação diretamente, são equivalentes.
A previsão de precipitação agregada ao modelo de regressão melhorou
significativamente os seus resultados para todos os horizontes, obtendo-se índices de
qualidade superiores ao do modelo que utiliza somente níveis observados 2 dias anteriores.
O modelo de regressão escolhido foi o modelo 1, onde a previsão de precipitação é
utilizada diretamente, para todos os horizontes, sem o ponderador, em função da magnitude
do nível. O modelo de regressão eleito foi aplicado à amostra de verificação que não foi
utilizada em nenhuma das etapas, de treinamento (calibração) nem de validação/eleição, para
que, assim, os resultados fossem comparados. Na Tabela 5.32 estão apresentados os
resultados para os 5 horizontes de previsão.
Tabela 5.32 - Resultado para a amostra de verificação – modelo Regressão COM previsão de chuva.
Horizonte EMQ EMA EPA R CP Erro 90%
Erro 75%
Erro 50%
Nota
Dia 1 0,279 0,263 0,528 0,8878 0,3008 0,5290 0,2417 0,1133 0,665
Dia 2 0,483 0,382 0,695 0,7887 0,3499 0,8353 0,3943 0,1958 0,555
Dia 3 0,679 0,463 0,824 0,6899 0,3052 0,9856 0,4874 0,2338 0,421
Dia 4 0,803 0,508 0,896 0,6296 0,2668 1,1900 0,5445 0,2600 0,362
Dia 5 0,962 0,556 0,981 0,5905 0,2076 1,1748 0,5888 0,2757 0,231
O modelo de regressão apresentou comportamento previsto, com notas piores para
horizontes maiores. As magnitudes dos índices de qualidade mostraram semelhança no
comportamento com os modelos por redes neurais. Na Tabela 5.33 estão dispostos os
resultados do modelo por regressão, juntamente com os resultados do modelo por redes
neurais. Ambos utilizaram previsão de precipitação como uma das variáveis de entrada.
Tabela 5.33 – Resultados para a amostra de verificação – modelos Regressão e RN COM previsão de
chuva.
Horizonte Modelo
EMQ EMA EPA R CP Erro 90%
Erro 75%
Erro 50%
Nota
RN 0,255 0,227 0,505 0,899 0,361 0,480 0,204 0,079
1,0
Dia 1
Regressão
0,279 0,263 0,528 0,888 0,301 0,529 0,242 0,113 0,0
RN 0,436 0,345 0,660 0,812 0,414 0,795 0,333 0,157
1,0
Dia 2
Regressão
0,483 0,382 0,695 0,789 0,350 0,835 0,394 0,196 0,0
RN 0,546 0,422 0,739 0,757 0,442 0,946 0,486 0,207
1,0
Dia 3
Regressão
0,679 0,463 0,824 0,690 0,305 0,986 0,487 0,234 0,0
RN 0,545 0,425 0,738 0,759 0,503 0,991 0,515 0,219
1,0
Dia 4
Regressão
0,803 0,508 0,896 0,630 0,267 1,190 0,545 0,260 0,0
RN 0,637 0,477 0,798 0,735 0,475 1,073 0,541 0,276
0,941
Dia 5
Regressão
0,962 0,556 0,981 0,590 0,208 1,175 0,589 0,276 0,059
77
Em função da comparação entre dois conjuntos de índices resultantes apenas, é
possível que a nota ponderada atinja os limites impostos (0 ou 1), quando um dos modelos
apresentar vantagem sobre o outro, para todos os índices.
A notas ponderadas mostram que todos índices do modelo por regressão foram
piores que os modelos por redes neurais, exceto para o “Erro 50%” com 5 dias de horizonte
de previsão, sendo ligeiramente melhor e praticamente igual para ambos modelos.
Os resultados dos valores de nível calculado e observado, para os 5 horizontes, estão
apresentados nas Figuras 5.32 a 5.36. São apresentados para cada horizonte os dados em seu
ordenamento original Os resultados do modelo de previsão baseado em redes neurais com
entrada de previsão de precipitação também estão inseridos nos gráficos, de maneira a
permitir uma comparação com os resultados do modelo por regressão.
0 50 100 150 200 250
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Amostras
Nível(m)
RN Com ETA
REGRE Com ETA
Observado
Figura 5.32 - Previsões e observações para horiz. 1 dia – ordem original – RN e REGRE COM
previsão de chuva.
0 50 100 150 200 250
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Amostras
Nível(m)
RN Com ETA
REGRE Com ETA
Observado
Figura 5.33 - Previsões e observações para horizonte de 2 dias – ordem original – RN e REGRE
COM previsão de chuva.
78
0 50 100 150 200 250
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Amostras
Nível(m)
RN Com ETA
REGRE Com ETA
Observado
Figura 5.34 - Previsões e observações para horizonte de 3 dias – ordem original – RN e REGRE
COM previsão de chuva.
0 50 100 150 200 250
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Amostras
Nível(m)
RN Com ETA
REGRE Com ETA
Observado
Figura 5.35 - Previsões e observações para horizonte de 4 dias – ordem original – RN e REGRE
COM previsão de chuva.
0 50 100 150 200 250
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Amostras
Nível(m)
RN Com ETA
REGRE Com ETA
Observado
Figura 5.36 - Previsões e observações para horizonte de 5 dias – ordem original – RN e REGRE
COM previsão de chuva.
79
Nas Figuras 5.37 a 5.41, estão apresentados os gráficos em ordenamento crescente do
nível a ser previsto, para assim, possibilitar uma análise do erro em função da magnitude do
nível de previsão que o modelo deva atingir.
0 50 100 150 200 250
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Amostras
Nível(m)
RN Com ETA
REGRE Com ETA
Observado
Figura 5.37 - Previsões e observações para horizonte de 1 dia – ordem crescente – RN e REGRE
COM previsão de chuva.
0 50 100 150 200 250
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Amostras
Nível(m)
RN Com ETA
REGRE Com ETA
Observado
Figura 5.38 - Previsões e observações para horizonte de 2 dias – ordem crescente – RN e
REGRE COM previsão de chuva.
80
0 50 100 150 200 250
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Amostras
Nível(m)
RN Com ETA
REGRE Com ETA
Observado
Figura 5.39 - Previsões e observações para horizonte de 3 dias – ordem crescente – RN e
REGRE COM previsão de chuva.
0 50 100 150 200 250
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Amostras
Nível(m)
RN Com ETA
REGRE Com ETA
Observado
Figura 5.40 - Previsões e observações para horizonte de 4 dias – ordem crescente – RN e
REGRE COM previsão de chuva.
0 50 100 150 200 250
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Amostras
Nível(m)
RN Com ETA
REGRE Com ETA
Observado
Figura 5.41 - Previsões e observações para horizonte de 5 dias – ordem crescente – RN e
REGRE COM previsão de chuva.
81
Os resultados do modelo por regressão para os menores horizontes apresentaram
desempenho semelhante ao do modelo por redes neurais, porém sua qualidade decai mais
acentuadamente em função do horizonte, principalmente por erros de subestimação de nível
em boa parte dos dados da amostra.
Também, para os maiores horizontes, o modelo por regressão apresentou qualidade
inferior ao do modelo por redes neurais para prever os maiores níveis, notavelmente no
extremo direito nos gráficos em ordem crescente.
Uma avaliação melhor do desempenho para valores extremos pode ser feita através
das Tabelas 5.34 a 5.43, onde são apresentados os 4 maiores erros por “Alerta Falso” e por
“Incapacidade de Previsão”, juntamente com as variáveis de entrada (níveis anteriores e
previsão de precipitação acumulada) e os níveis anteriores ao nível do horizonte de previsão,
sendo apresentados estes últimos apenas a título de visualização do comportamento do nível,
previamente ao dia de interesse de previsão.
Tabela 5.34 - Maiores erros por “Alerta Falso” – horiz. 1 dia – REGRE COM previsão de chuva.
N
(i-2)
N
(i-1)
P
N
(i+1)
Prev. 1° dia
Erro (m)
7,360 6,690 0,0
3,250
5,720
2,470
2,034 2,016 42,9
1,954
3,316
1,362
6,301 5,962 0,1
3,836
5,195
1,359
0,999 1,069 33,2
0,888
2,238
1,350
Tabela 5.35 - Maiores erros por “Incapacidade de Previsão” – horiz. 1 dia – REGRE COM previsão de
chuva.
N
(i-2)
N
(i-1)
P
N
(i+1)
Prev. 1° dia
Erro (m)
3,462 3,102 0,0
6,200
2,786
-3,414
2,030 2,066 17,2
5,229
2,559
-2,669
1,824 1,775 0,0
4,378
1,751
-2,627
0,919 0,964 25,3
4,233
1,893
-2,340
Tabela 5.36 - Maiores erros por “Alerta Falso” – horiz. 2 dias – REGRE COM previsão de chuva.
N
(i-2)
N
(i-1)
P
N
(i+1)
N
(i+2)
Prev. 2° dia
Erro (m)
4,378
7,295
0,0 6,239
2,880
5,484
2,604
7,360
6,690
0,0 3,250
2,665
5,054
2,389
6,301
5,962
0,1 3,836
2,790
4,563
1,773
5,441
5,778
10,4 4,311
3,100
4,798
1,698
Tabela 5.37 - Maiores erros por “Incapacidade de Previsão” – horiz. 2 dias – REGRE COM previsão de
chuva.
N
(i-2)
N
(i-1)
P
N
(i+1)
N
(i+2)
Prev. 2° dia
Erro (m)
1,824
1,775
20,3 4,378
7,295
2,418
-4,877
0,919
0,964
26,2 4,233
5,272
2,069
-3,203
3,462
3,102
6,2 6,200
5,485
2,831
-2,654
1,490
1,454
9,8 2,976
4,332
1,836
-2,497
82
Tabela 5.38 - Maiores erros por “Alerta Falso” – horiz. 3 dias – REGRE COM previsão de chuva.
N
(i-2)
N
(i-1)
P N
(i+1)
N
(i+2)
N
(i+3)
Prev. 3° dia
Erro (m)
7,360
6,690
0,0 3,250
2,665
2,491
4,780
2,289
4,378
7,295
0,0 6,239
2,880
2,401
4,480
2,079
6,301
5,962
2,3 3,836
2,790
2,501
4,281
1,779
4,233
5,272
30,6 4,648
3,490
2,658
4,426
1,767
Tabela 5.39 - Maiores erros por “Incapacidade de Previsão” – horiz. 3 dias – REGRE COM previsão de
chuva.
N
(i-2)
N
(i-1)
P N
(i+1)
N
(i+2)
N
(i+3)
Prev. 3° dia
Erro (m)
1,902
2,217
44,5 2,186
3,473
7,360
2,497
-4,863
1,824
1,775
20,3 4,378
7,295
6,239
2,243
-3,996
2,644
2,673
18,1 3,462
3,102
6,200
2,466
-3,734
0,888
0,894
24,5 0,919
0,964
4,233
1,172
-3,062
Tabela 5.40 - Maiores erros por “Alerta Falso” – horiz. 4 dias – REGRE COM previsão de chuva.
N
(i-2)
N
(i-1)
P N
(i+1)
N
(i+2)
N
(i+3)
N
(i+4)
Prev. 4° dia
Erro (m)
7,360
6,690
0,0 3,250
2,665
2,491
2,390
4,509
2,119
4,378
7,295
0,0 6,239
2,880
2,401
2,192
4,013
1,821
6,301
5,962
2,3 3,836
2,790
2,501
2,293
4,033
1,740
4,233
5,272
30,6
4,648
3,490
2,658
2,605
4,041
1,435
Tabela 5.41 - Maiores erros por “Incapacidade de Previsão” – horiz. 4 dias – REGRE COM previsão de
chuva.
N
(i-2)
N
(i-1)
P N
(i+1)
N
(i+2)
N
(i+3)
N
(i+4)
Prev. 4° dia
Erro (m)
1,859
1,820
18,6
1,824
1,775
4,378
7,295
1,682
-5,613
1,902
2,217
44,5
2,186
3,473
7,360
6,690
2,336
-4,354
0,888
0,894
95,5
0,919
0,964
4,233
5,272
1,173
-4,099
4,300
4,268
8,2 4,208
5,137
6,230
6,480
3,209
-3,271
Tabela 5.42 - Maiores erros por “Alerta Falso” – horiz. 5 dias – REGRE COM previsão de chuva.
N
(i-2)
N
(i-1)
P N
(i+1)
N
(i+2)
N
(i+3)
N
(i+4)
N
(i+5)
Prev, 5° dia
Erro (m)
4,378
7,295
0,0 6,239
2,880
2,401
2,192
2,077
3,853
1,776
6,301
5,962
2,3 3,836
2,790
2,501
2,293
2,163
3,932
1,768
4,233
5,272
30,6
4,648
3,490
2,658
2,605
2,644
3,851
1,206
1,889
1,676
12,4
1,459
1,177
1,015
0,883
0,604
1,783
1,178
Tabela 5.43 - Maiores erros por “Incapacidade de Previsão” – horiz. 5 dias – REGRE COM previsão de
chuva.
N
(i-2)
N
(i-1)
P N
(i+1)
N
(i+2)
N
(i+3)
N
(i+4)
N
(i+5)
Prev, 5° dia
Erro (m)
1,250
1,338
67,5
1,902
2,217
2,186
3,473
7,360
1,606
-5,754
1,859
1,820
18,6
1,824
1,775
4,378
7,295
6,239
1,658
-4,581
2,658
2,605
7,3 2,644
2,673
3,462
3,102
6,200
2,079
-4,121
2,910
2,877
70,9
2,754
2,749
3,451
5,868
6,484
2,618
-3,866
Comparando-se os desempenhos, por “Alerta Falsoe “Incapacidade de Previsão”,
entre o modelo por redes neurais e o por regressão, pode-se notar um comportamento
semelhante entre os dois modelos, prevalecendo menores erros para as previsões com redes
neurais, principalmente para o erro de Incapacidade de Previsão”. Observa-se que o modelo
83
por redes neurais o apresentou melhores resultados, apenas, para o erro de “Alerta Falso”
com horizonte de 5 dias.
De modo geral o modelo de redes neurais apresentou índices de qualidade melhores
que os do modelo de regressão linear multivariada. É apresentada vantagem, também, na
comparação com o modelo de redes neurais que não utilizou, como entrada, a previsão de
precipitação. Esta vantagem pode ser atribuída à maior capacidade destes modelos para a
aproximação de funções, produzindo com mais facilidade associações válidas,
independentemente da disponibilidade de informações completas sobre os fenômenos
analisados.
5.5 Análise da aplicabilidade do Modelo Proposto de Previsão de Níveis
Fluviais
A utilização de redes neurais em substituição a outros modelos empíricos pode ser
mais vantajosa, na grande maioria das vezes, a exemplo do que foi apresentado na análise dos
resultados desta pesquisa.
Assim como qualquer outro modelo empírico, a qualidade dos resultados depende
diretamente dos dados utilizados na calibração (treinamento). Estes dados devem ser o mais
abundantes possíveis e cobrir com uma densidade de freqüência suficiente todo o domínio de
aplicação desejada, de maneira a fornecer ao modelo a capacidade de reproduzir cenários
ocorridos. Infelizmente, para previsão de inundações com um modelo empírico, é necessário
que ocorram diversos episódios de inundação para, assim, sensibilizar os parâmetros do
modelo, e então promover uma previsão com qualidade.
O treinamento obtido a partir dos dados disponíveis para este trabalho indica que o
uso de redes neurais na previsão de nível não é aconselhado para o caso de estudo
selecionado. Entretanto, um modelo conceitual poderia ser o mais indicado para a situação
atual, uma vez que os modelo baseados na física do sistema possuem, via de regra, capacidade
de extrapolação, em certa medida, fora do domínio, o que não ocorre com os modelos
empíricos, e menos ainda com as redes neurais. Porém, estes modelos, para serem
representativos, exigem uma representação do sistema, sob forma descritiva, tanto física
(topográfica, geológica, etc) quanto dos processos, com detalhamento específico para cada
caso, o que, muitas vezes, constitui-se em investimento inviável. Talvez, portanto, havendo
disponibilidade adequada de amostragem, seja mais conveniente o investimento em modelos
empíricos, como o proposto neste trabalho.
Na hipótese do emprego de uma rede neural para prever o nível no rio Quaraí
algumas recomendações de operação podem ser de imediato apontadas:
84
Manter um grupo treinado para utilizar o modelo de previsão de nível;
Prever a manutenção e melhora da qualidade do modelo, aferindo o medidor
de nível do rio e refazendo o treinamento da rede neural periodicamente;
Estar em condições de emitir o alerta, com base nas previsões realizadas, e
com tempo hábil, tendo em conta a capacidade da defesa civil em remover
população com probabilidade de ser atingida pela inundação.
Assim como toda modelagem matemática, a generalização dos resultados obtidos em
um estudo específico não pode ser utilizada diretamente para outros casos (outras bacias).
Deve-se ter consciência que o processo chuva-vazão em uma bacia é praticamente único, em
especial para modelagem de eventos extremos, sendo a influência das características
peculiares de cada caso de grande importância em modelagens matemáticas.
85
6. Conclusões
A pesquisa se propôs a investigar cnicas de modelagem que viabilizassem o uso de
redes neurais na previsão de níveis. O caso em estudo foi a bacia do rio Quaraí, que tem
características peculiares, tais como: coeficiente de escoamento alto, tempo de concentração
de aproximadamente 28h e tempo entre picos (pico de precipitação e pico de vel) de 12h,
conferindo à bacia uma rápida resposta aos eventos de precipitação.
O modelo de previsão de níveis proposto foi por redes neurais, que utilizou em sua
entrada dados de níveis observados nos dois dias anteriores ao da execução da previsão,
juntamente com a previsão numérica de precipitação para até 5 dias à frente.
O particionamento seqüencial da amostra mostrou-se conveniente para casos onde a
série de dados tem forte componente sazonal e pequena abrangência temporal, acarretando
problemas de representatividade das amostras particionadas tradicionalmente, em ordem
cronológica. A técnica seqüencial permitiu que os 3 grupos amostrais (treinamento, validação
e verificação) mantivessem as mesmas características estatísticas, o que é almejado na técnica
de treinamento das redes neurais, sendo que a igualdade estatística das amostras foi
fundamental no isolamento da banda aleatória, realizado pela técnica de validação cruzada.
A avaliação do modelo proposto foi realizada utilizando-se 8 índices, dos quais 5 são
tradicionalmente utilizados (erro médio quadrático, erro médio absoluto, erro dio padrão,
coeficiente de correlação e coeficiente de persisncia), e os 3 restantes são índices associados
à freqüência do erro absoluto.
A utilização dos índices de erro associado à freqüência mostrou-se bastante
pertinente à avaliação dos resultados dos modelos, informando de maneira direta a magnitude
do erro para as freqüências de 50, 75 e 90%. Este índice mostrou-se de acordo com os demais,
seguindo a tendência de piora da qualidade em função do horizonte de previsão. Este índice
permitiu uma compreensão mais palpável da magnitude do erro e do risco da previsão do
nível, ao contrário da utilização pura do erro médio absoluto, onde não é fornecida esta noção.
A freqüência com que o valor do erro dio absoluto não foi superado ficou em torno de
75%, indicando que, para os dados disponíveis deste trabalho, o erro de previsão é maior que
o erro médio absoluto em cerca de 25% do tempo.
Exemplificando-se o tipo de resultado obtido com o índice de erro absoluto
associado à freqüência, o modelo por redes neurais proposto obteve erros inferiores a 0,480 ,
0,795 , 0,946 , 0,991 e 1,073 m, em 90% do tempo (90% da amostra de verificação),
respectivamente para os horizontes de previsão de 1 dia a 5 dias.
86
A experiência obtida ao utilizar a aglutinação ponderada (nota ponderada) dos
diversos índices mostrou-se válida. Contribuiu para resolver o dilema da ambigüidade em
definir entre diversos conjuntos de índices de resultados, qual tem o melhor desempenho. Esta
técnica conferiu agilidade e objetividade na eleição das redes neurais, na escolha da forma da
equação de regressão, bem como nas comparações entre os modelos, indicando a vantagem
relativa entre os resultados.
Nas etapas de eleição da arquitetura ótima de rede neural, para cada horizonte de
previsão, foram executadas 158 comparações, para a verificação de qual conjunto de índices
apresentou o melhor desempenho. Com este elevado número de repetições da aplicação da
técnica de aglutinação ponderada dos índices, seria possível detectar a ocorrência de algum
problema na sua utilização, o que de fato não ocorreu.
O problema de convergência para pontos de mínimos locais, nos treinamentos de
uma rede neural, foi investigado repetindo-se o treinamento e analisando os seus resultados.
Averiguou-se que cerca de 10% dos treinamentos caem em pontos de nimo com
desempenho muito inferior ao do melhor treinamento. Também foi constatado que o melhor
índice de desempenho, para 30 repetições, é aproximadamente igual ao obtido com 100
repetições de treinamento, isso independentemente da arquitetura, ou do algoritmo de
treinamento utilizado.
Assim, nesta pesquisa foi adotado o mínimo de 30 repetições, que se revelou um
limite a partir do qual uma certa estabilidade no que diz respeito à qualidade dos
resultados, supondo-se (uma vez que não ocorrem melhoras significativas a partir deste
número de repetições) que, possivelmente, já se está suficientemente próximo do ótimo.
O critério para definir o número mínimo de repetições foi avaliar a diferença relativa
da qualidade dos resultados dos diversos treinamentos, graficados em ordem decrescente, e
identificar a partir de que número de repetições esta diferença relativa deixa de ser
significativa, ou seja, a curva passa a ter um comportamento assintótico.
A apresentação dos resultados dos modelos de previsão de níveis na forma gráfica
tradicional por cotagramas com os dados ordenados cronologicamente, por vezes, oculta os
erros do modelo, especialmente para as maiores magnitudes de nível. A apresentação dos
resultados ordenados em função crescente do nível observado permitiu uma avaliação visual
da baixa capacidade dos modelos em prever níveis extremos.
A incapacidade de prever níveis com altas magnitudes foi detectada observando-se
os dados de entrada que causaram os maiores erros. Foi possível constatar, claramente, que o
modelo proposto tem uma forte dependência da variável de entrada composta pelos níveis
87
observados anteriormente ao dia da previsão, o que criou um comportamento de persistência,
prejudicando a resposta para variações abruptas de nível.
A qualidade do modelo de previsão hidrometeorológica foi avaliada separando-se os
casos onde a previsão e a observação não foram nulas dos casos onde uma das duas, ou as
duas, foram nulas. Os casos onde uma foi nula, e a outra não, apresentaram resíduos com
pequena magnitude, tendo assim pouca influência no modelo de previsão de níveis. os
resíduos para previsões e observações não nulas apresentaram valores elevados,
especialmente para as previsões com grande magnitude e para os maiores horizontes de
previsão. O modelo de previsão de precipitação consegue prever muito bem a ocorrência de
eventos, porém acertar a magnitude do evento foi uma deficiência, revelada pela análise de
resíduos para a amostra de dados utilizada neste trabalho.
A verificação do ganho de qualidade na previsão de níveis, proporcionado pelo
emprego de previsões de precipitação na entrada do modelo por redes neurais, foi realizada
comparando-se os resultados do modelo por redes neurais que não utilizasse a previsão
hidrometeorológica com o que a utilizou. Apesar da baixa qualidade em acertar a magnitude
do evento de precipitação, o uso da previsão hidrometeorológica mostrou ligeira vantagem
sobre o que não a utiliza.
Com a finalidade de verificar a aplicabilidade da ferramenta redes neurais na
previsão de níveis na bacia do Quaraí, foram comparados os seus resultados com os de um
modelo tradicional de regressão linear multivariada. A modelagem por regressão teve,
inicialmente, em sua fase de concepção, a escolha da melhor dentre quatro equações. As
equações empregavam diferentes entradas, sendo uma delas, um ponderador da precipitação
prevista em função da magnitude dos níveis observados anteriores ao dia de previsão de nível.
Porém, o uso deste ponderador não agregou vantagem significativa, portanto, esta
configuração foi descartada, ficando a equação que utiliza os dois níveis anteriores e mais a
previsão de precipitação como o melhor modelo de regressão para ser o balizador da
verificação dos resultados do modelo por redes neurais.
Os resultados do modelo de redes neurais obtiveram melhor qualidade que os por
regressão, especialmente para os maiores horizontes de previsão (acima de 3 dias). Para os
horizontes de 1 e 2 dias, os resultados foram praticamente equivalentes. A análise dos erros
por “Incapacidade de Previsão” e “Alerta Falso” apontaram vantagem para o modelo de redes
neurais.
Apesar da pequena diferença entre os resultados dos modelos, é possível perceber
que o uso de redes neurais, em substituição a modelos empíricos menos flexíveis, é válido.
88
A baixa qualidade em prever altos níveis pode ser atribuída à forma de distribuição
das magnitudes de níveis, que é uma característica do comportamento natural dos níveis
fluviais. Modelos empíricos são treinados (calibrados) minimizando o somatório de resíduos
resultantes para amostra disponível, porém, para amostras não abrangentes e com distribuição
de freqüência pouco homogênea, não é possível obter um bom ajuste para os valores
extremos, ficando o modelo especializado apenas em prever veis nas faixas de magnitude
que tiveram o maior número de registros.
Do ponto de vista das redes neurais, pode-se dizer que, além disso, estas não
possuem capacidade de extrapolação fora do domínio, para aproximação de funções. Então,
constatou-se, como uma contribuição deste trabalho, que as redes neurais apresentam uma
certa dificuldade de aproximação já em regiões pouco representadas do domínio. Ou seja,
uma região de pseudo-extrapolação nos extremos do domínio, cuja análise merece uma
recomendação para estudos futuros.
Os resultados obtidos nesta pesquisa não encorajam a utilização do modelo proposto
na implementação imediata de um sistema de alerta de cheias, para o caso do rio Quaraí, nas
condições atuais de ocupação e disponibilidades amostrais de dados hidrometeorológicos. É
necessário obter uma amostra de dados mais abrangente, com mais registros de níveis altos do
rio, para assim, promover um treinamento eficiente do modelo, e então, prever melhor os
eventos extremos.
Em casos com amostra não abrangente, o uso de um modelo conceitual pode ser mais
indicado. Entretanto, no confronto de necessidades para cada tipo de modelagem (abrangência
de dados para treinamento para os modelos empíricos, e para os modelos conceituais a
compreensão e quantificação dos processos físicos), pode ser, em muitos casos, igual ou a
mais vantajosa a opção pelos modelos de redes neurais, tendo-se em conta a capacidade
teórica de aproximação exata de funções, mesmo desconhecidas, desde que bem representadas
por dados amostrais.
Por fim, esta pesquisa mostrou-se importante para o estabelecimento de limites de
aplicação, pois indica a necessidade de, ou ampliação amostral, ou modelagem física.
89
7. Recomendações
O não esgotamento de análises de resultados e implementações de novas
metodologias, para atingir os objetivos desta pesquisa, apontam como recomendações a serem
tratadas em pesquisas futuras os seguintes itens:
Utilizar precipitação observada ao invés de precipitação prevista para avaliar
a influência da incerteza que é propagada para a previsão de níveis.
Aplicar um modelo conceitual para amostras não abrangentes, e verificar os
resultados contra os de uma modelagem por redes neurais.
Investigar as conseqüências nos resultados da modelagem com redes neurais
ao manipular a amostra de dados disponíveis, de maneira a homogeneizar o
histograma de freqüências, contemplando a mesma freqüência de observações
para todos os blocos de classe, mesmo em detrimento do número de amostras
que será reduzido.
Definir critérios de determinação da validade do domínio amostral,
identificando o ponto a partir do qual a densidade de dados é suficientemente
baixa, criando uma região de pseudo-extrapolação para os resultados do
modelo.
Adotar, em outras pesquisas que usem a técnica de redes neurais, a
metodologia de investigar o mínimo de treinamentos necessários para
assegurar que a convergência do treinamento caia em um ponto de mínimo
ótimo.
Implementar um algoritmo de treinamento de redes neurais que privilegie um
melhor ajuste para os picos, mesmo que em detrimento da qualidade para as
magnitudes medias, caracterizando um treinamento especializado para
atender o objetivo de um modelo de previsão de cheias.
90
8. Referências Bibliográficas
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93
ANEXO 1 Superfícies de Resultado das Redes Neurais COM o uso de Previsão de
Precipitação
94
Figura A1 – Superfícies de resultado – RN com previsão de chuva – Horizonte 1 dia
Figura A2 – – Superfícies de resultado – RN com previsão de chuva – Horizonte 2 dias
95
Figura A3 – Superfícies de resultado – RN com previsão de chuva – Horizonte 3 dias
Figura A4 – Superfícies de resultado – RN com previsão de chuva – Horizonte 4 dias
96
Figura A5 – Superfícies de resultado – RN com previsão de chuva – Horizonte 5 dias
97
ANEXO 2 Superfícies de Resultado das Redes Neurais SEM o uso de
Previsão de Precipitação
98
Figura A6 – Superfícies de resultado – RN sem previsão de chuva – Horizonte 1 dia
Figura A7 – Superfícies de resultado – RN sem previsão de chuva – Horizonte 2 dias
Figura A8 – Superfícies de resultado – RN sem Chuva ETA – Horizonte 3 dias
Figura A9 – Superfícies de resultado – RN sem previsão de chuva – Horizonte 4 dias
99
Figura A10 – Superfícies de resultado – RN sem previsão de chuva – Horizonte 5 dias
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