Download PDF
ads:
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa
Faculdade de Medicina
Programa de Pós-Graduação em Medicina: Cirurgia – Otorrinolaringologia
ESTUDO CONTROLADO DA FREQÜÊNCIA DO AUTO-ANTICORPO ANTI-
HSP70 PELOS MÉTODOS DE ELISA E WESTERN BLOT EM PACIENTES COM
DOENÇA DE MÉNIÈRE
Aluno: Anne-Rose L. Wiederkehr Baú
Orientador: Professor Doutor Luiz Lavinsky
Co-orientadora: Professora Doutora Cristina Bonorino
Dissertação de Mestrado
2006
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
Ao meu saudoso pai, Valdecir, dedico o meu respeito, carinho e admiração. Obrigada pela
força e pela garra com que me ensinou a enfrentar as dificuldades da vida. O seu exemplo é
presença, estímulo e saudade.
À minha mãe, Célia, que me ensinou os verdadeiros valores da vida – e também a ter
coragem – o meu muito obrigada pela dedicação, doação, sensibilidade e amor. A você,
que sempre me apoiou em todos os momentos, a minha admiração, amor e carinho.
Ao meu irmão, Alexandre, agradeço pela cumplicidade, companheirismo e amizade.
Obrigada pelo apoio, pelos conselhos inteligentes e pela sensatez. Receba o meu carinho e
todo o meu afeto.
Ao meu avô, José Fridolin Wiederkehr, o meu saudoso respeito. A ele, que foi um exemplo
de dignidade e honestidade em toda a sua vida, e que tanto ensinou aos seus netos, a minha
carinhosa lembrança, com saudade e afeto.
ads:
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Luiz Lavinsky, agradeço pela orientação e ensinamentos durante todo
o aprendizado na clínica otorrinolaringológica, que se traduziu num convívio muito
produtivo para a minha formação. Obrigada também pela oportunidade de cursar o
Programa de Mestrado do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Receba a minha
admiração, gratidão e reconhecimento.
À Profa. Dra. Cristina Bonorino, agradeço pela acolhida em seu laboratório e por
ter sido a minha maior incentivadora desde a residência médica – tendo, portanto, um papel
fundamental no meu ingresso neste Programa de Mestrado. A minha gratidão e admiração,
também, pelo seu apoio e incentivo ao estudo e pesquisa. Obrigada pela orientação e pelo
tempo dedicado a este trabalho.
Ao Dr. Gasparian de Filippo, agradeço o amor, carinho e compreensão. Obrigada
pelo estímulo, pelo apoio e por estar ao meu lado em todos os momentos.
Aos colegas do Instituto de Pesquisas Biomédicas da Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) - Laboratório de Imunorreumatologia,
especialmente Leonardo e Ingrid, obrigada pela competência, apoio, disponibilidade e
auxílio durante a execução desta pesquisa.
Ao Prof. Dr. Carlos Alberto Von Müllen, obrigada pelo incentivo na pesquisa em
Reumatologia e Imunologia durante o período de graduação em Medicina, assim como
durante a elaboração do trabalho de conclusão da residência médica. A ele, dedico a minha
admiração e profunda gratidão.
Ao Prof. Dr. Nilo Pereira Luz, o meu respeito e gratidão. Muito obrigada, querido
professor, por ter me ensinado a sempre duvidar do que parece ser a “verdade absoluta” em
Medicina. E, também, por ter me ensinado a buscar novas formas de conhecimento através
do estudo e da pesquisa científica. Expresso ainda a minha admiração por sua dedicação
aos alunos e pelo exemplo de amor à Medicina.
Aos médicos do Serviço de Alergia e Imunologia da Universidade Federal do Rio
de Janeiro, a minha gratidão e reconhecimento pela amizade e incentivo. Em especial, ao
Prof. Dr. Alfeu Tavares França, dedico a minha admiração pelo exemplo de professor e
médico.
À Dra. Cláudia Rafaela Cecchin, a minha gratidão e carinho pela amizade, apoio e
pelas palavras de estímulo durante a realização desta pesquisa, e a minha admiração pelo
seu empenho e dedicação profissional.
Ao meu primo, Rodrigo Sérgio Wiederkehr, exemplo de pesquisador e profissional,
minha gratidão pelo apoio, amizade e incentivo.
À Dra. Miriam Selbach, agradeço pelo incentivo, apoio e carinho.
Aos amigos da Força Aérea Brasileira do Hospital da Aeronáutica de Canoas, Rio
Grande do Sul, Dr. Washington da Cunha, Dra. Ana Luiza Borba Almeida e senhor Helfer,
a minha gratidão pelo apoio e incentivo.
Às secretárias do curso de Pós-Graduação em Medicina: Cirurgia –
Otorrinolaringologia, Helena B. Costa e Estela Maris E. Araripe, agradeço sinceramente a
cordial disponibilidade e colaboração.
Ao senhor Juares Uve, muito obrigada pela colaboração e auxílio.
Aos pacientes, motivo de nossa vocação, todo o meu interesse, devoção e respeito.
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS ..........................................................................................................7
ABREVIATURAS E SIGLAS..............................................................................................8
RESUMO ............................................................................................................................10
ABSTRACT ........................................................................................................................11
1. INTRODUÇÃO – DOENÇA E SÍNDROME DE MÉNIÈRE: CONCEITUAÇÃO E
REVISÃO DA LITERATURA...........................................................................................12
1.1. Epidemiologia da doença de Ménière ......................................................................15
1.2. Genética da doença de Ménière................................................................................18
1.3. Etiologias prováveis .................................................................................................19
1.3.2. Alterações vasculares ........................................................................................22
1.3.3. Alergia...............................................................................................................23
1.3.4. Otosclerose ........................................................................................................25
1.3.5. Infecções............................................................................................................25
1.3.6. Trauma...............................................................................................................26
1.3.7. Outras etiologias................................................................................................27
1.3.8. Auto-imunidade.................................................................................................29
1.4. Fisiopatologia dos sintomas da DM .........................................................................29
1.5. Manifestações clínicas da doença de Ménière..........................................................32
1.6. Imunopatologia da doença de Ménière.....................................................................36
1.6.1. Função imune da orelha interna ........................................................................36
1.6.2. Classificação da resposta imune – reações de hipersensibilidade.....................44
1.6.2.1. Reação tipo I...............................................................................................44
1.6.2.2. Reação tipo II .............................................................................................45
1.6.2.3. Reação tipo III............................................................................................46
1.6.2.4. Reação tipo IV............................................................................................47
1.6.3. Conceitos sobre a imunopatologia da DM ........................................................48
1.7. Métodos diagnósticos imunológicos ........................................................................53
2. OBJETIVOS....................................................................................................................60
2.1. Objetivo geral........................................................ Erro! Indicador não definido.60
3. REFERÊNCIAS ..............................................................................................................61
4. MATERIAIS E MÉTODOS, RESULTADOS E CONCLUSÕES.................................73
4.1. Artigo em língua portuguesa ....................................................................................74
4.2. Artigo em língua inglesa ........................................................................................123
5. ANEXOS.......................................................................................................................170
LISTA DE TABELAS
Tabela I. Pacientes segundo grupo e lateralidade .................................................. 106
Tabela II. Pacientes segundo grupo e tempo de evolução da doença .................... 107
Tabela III. Pacientes segundo grupo e tipo de disacusia ....................................... 108
Tabela IV. Pacientes do grupo controle (DOI) segundo diagnóstico .................... 109
Tabela V. Pacientes do grupo de estudo (DM) conforme diagnóstico .................. 110
Tabela VI. Principais resultados para cada paciente individualmente ................... 111
Tabela VII. Pacientes segundo grupo e ELISA ..................................................... 115
Tabela VIII. Pacientes segundo grupo e WB ........................................................ 116
Tabela IX. Pacientes segundo diagnóstico e ELISA ............................................. 117
Tabela X. Pacientes segundo diagnóstico e WB .................................................... 118
Tabela XI. Pacientes segundo VSG e ELISA ........................................................ 119
Tabela XII. Pacientes segundo VSG e WB .......................................................... 120
ABREVIATURAS E SIGLAS
ATP = adenosina trifosfato
AVC = acidente vascular cerebral
C3 / C4 = complemento frações 3 e 4
CD4 = células T helper auxiliares, reconhecem peptídeos do MHC II
CD4 CD45 RA = células T naive
CD4 CD45 RO = células T de memória
CD8 = células T citotóxicas, reconhecem peptídeos do MHC I
DAB = diaminobenzidina
DB = decibéis
DM = doença de Ménière
DNS = disacusia neurossensorial
DOI = doença da orelha interna
ELAM1 = molécula de adesão leucocitária ao endotélio
ELISA = ensaio imunoenzimático
FAN = fator antinuclear
FR = fator reumatóide
HLA = antígeno leucocitário humano
HLA DR = sub-regiões da molécula do MHC classe II
HLA-A2 e HLA-B44 A e B = lócus da molécula MHC I. Os números determinam a
especificidade antigênica.
HLA-Cw7 = antígenos não oficiais: a letra “w” antecede o número.
HSP/HSC = heat shock protein/heat shock constitutive protein
ICAM/VCAM = molécula de adesão intercelular/vascular
Ig = imunoglobulina
IL = interleucina
Kd = kilodalton
KLH = keyhole limpet hemocyanin
Linfócito B = produz anticorpos, resposta imune humoral
Linfócito T = timo dependente, medeia resposta imune celular adquirida
LTT = teste de transformação de linfócitos
MALT = sistema imune das mucosas
MHC = complexo principal de histocompatibilidade
MIF = teste da inibição da migração de linfócitos
NK = natural killer
OI = orelha interna
PBS = phosphate buffered saline
PUCRS = Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
RAST = radioallergosorbent test
SDS = sodium dodecyl sulfate-polyacrylamide gel electrophoresis
SE = saco endolinfático
SM = síndrome de Ménière
SMV = veia modiolar espiral
TDG = tolerância diminuída a glicose
Th1/Th2 = linfócitos T auxiliares do tipo 1 e do tipo 2
TTG = teste de tolerância à glicose
VSG = velocidade de sedimentação globular
WB = Western blot
RESUMO
Objetivos: Determinar a freqüência de auto-anticorpos anti-HSP70 pelos métodos
de ELISA e Western blot e comparar os resultados pelos diferentes métodos em pacientes
com doença de Ménière (DM) e em pacientes com doenças da orelha interna (DOI) que
não preenchiam os critérios para a DM.
Delineamento: Prospectivo, com delineamento do tipo caso-controle, em pacientes
com DM e DOI não-Ménière.
Métodos: Amostras de sangue foram coletadas de 31 pacientes com DM e 78
pacientes com DOI não-Ménière e testadas para presença de anti-HSP70 com ELISA e
Western blot. Foram obtidos dados sobre os sintomas cocleares e vestibulares.
Resultados: No grupo com DM, 93,6% dos pacientes tiveram um intervalo de
tempo maior que um ano entre o início dos sintomas e a realização dos testes laboratoriais,
predominando a doença unilateral (58,1%). O anti-HSP70 foi detectado por ELISA em
quatro pacientes (12,9%) e por Western blot em oito (25,8%). Somente um paciente com o
teste de ELISA positivo apresentava doença ativa. Quanto ao Western blot com resultado
positivo, dois pacientes estavam com a doença ativa e seis, inativa. A análise estatística
não estabeleceu qualquer associação entre os achados sorológicos e os fatores clínicos da
DM. No grupo com DOI não-Ménière, a doença bilateral ocorreu em 64,1%. Não foi
encontrada associação entre lateralidade, tempo de evolução e atividade da doença com
auto-anticorpos anti-HSP70.
Conclusão: A detecção de auto-anticorpos anti-HSP70 por ELISA e Western blot
não ocorreu em maior freqüência em pacientes com DM do que em DOI não Ménière.
ABSTRACT
Objectives: To establish the frequency of anti-HSP70 autoantibodies using the
ELISA and the Western blot methods and compare the results of each method in patients
with Ménière’s Disease (MD) or non-Ménière inner ear diseases (IED).
Study design: Prospective case-control study with patients with MD and non-
Ménière IED.
Methods: Blood samples were collected from 31 patients with MD and 78 patients
with non-Ménière IED and tested for the presence of anti-HSP70 using ELISA and
Western blot. Data regarding cochlear and vestibular symptoms were collected.
Results: In the MD group, the onset of symptoms occurred more than one year
before laboratory testing in 93.6% of the patients, with predominance of unilateral disease
(58.1%). Anti-HSP70 was identified in four patients (12.9%) with ELISA and in eight
patients (25.8%) with WB. Only one patient with positive ELISA result presented active
disease. In Western blot-positive patients, two presented active disease and six presented
inactive disease. Statistical analyses did not establish any association between serologic
findings and MD clinical features. In the IED group, 64.1% presented bilateral disease. No
association was found between disease laterality, duration and activity and anti-HSP70
autoantibodies.
Conclusion: The detection of auto-antibodies via ELISA or the WB did not take
place at a higher frequency in the group of patients with MD than in the group of patients
with IED.
12
1. INTRODUÇÃO – DOENÇA E SÍNDROME DE MÉNIÈRE: CONCEITUAÇÃO E
REVISÃO DA LITERATURA
Em 1861, durante uma conferência médica, Prosper Ménière descreveu pela
primeira vez um conjunto de sintomas que até então eram atribuídos a uma condição
cerebral definida como apoplexia cerebral (1). Conforme demonstrou Ménière, a doença,
que recebeu o seu nome, era decorrente de alterações na homeostasia da orelha interna
(OI), causando perda auditiva do tipo disacusia neurossensorial (DNS), episódios de
vertigem com duração de 20 minutos até horas e zumbido na ausência de sintomas
neurológicos ou seqüelas, permanecendo o paciente orientado e consciente (1,2). Ménière
observou ainda que as orelhas externa e média dos indivíduos afetados eram normais. A
doença de Ménière (DM) tem apresentação clínica variada, caracterizada por remissões e
exacerbações, tornando o manejo difícil e muitas vezes frustrante (3).
Durante as décadas de 1920 e 1960, muitos pesquisadores descreveram achados
histológicos semelhantes em estudos de ossos temporais de pacientes com DM (4-6). A
histopatologia da hidropisia endolinfática foi descrita, pela primeira vez, por Hallpike e
Cairns, na Inglaterra, e por Yamakawa, no Japão. Ambos os estudos foram publicados em
1938, relatando as alterações características no labirinto em ossos temporais associados à
DM. Os achados, relatados de maneira independente pelos pesquisadores citados,
enfatizavam a suspeita de que a DM era de caráter idiopático, estabelecendo a distinção
entre a DM e a labirintite, descrita anteriormente por Wittmaack (4-7). Em 1950,
Symmonds, um médico clínico geral, incluiu a plenitude aural como quarto sintoma da
DM (3). Kimura, em 1967, comprovou em estudo experimental que a endolinfa, após ser
produzida, movia-se em direção ao SE, e que a obstrução do fluxo poderia levar a
hidropisia (8, 9).
13
Hidropisia endolinfática é um termo histopatológico que descreve uma alteração na
OI decorrente da distensão progressiva do espaço endolinfático, especialmente do ducto
coclear e sáculo, embora o utrículo e as ampolas dos canais semicirculares também possam
estar envolvidas
(9-12). Quando a causa de hidropisia não pode ser identificada, a
desordem recebe o nome de DM, enquanto os casos com sintomas que podem ser
atribuídos a causa conhecida são identificados como casos de síndrome de Ménière (SM)
(13,14).
Assim como a DM, outras doenças da orelha interna (DOI), como surdez súbita e
surdez progressiva (15), permanecem com a etiologia desconhecida (16). As evidências
indicam a possibilidade de que uma reação imunológica oculta seja a causa dessas
enfermidades. Ainda que a DOI imunomediada não seja reconhecida como uma entidade
clínica (13,17-19), Yoo e cols. encontraram uma associação entre anticorpos anti-colágeno
tipo II e a DM
(20). Mas, apesar do grande número de pesquisas realizadas, alguns
aspectos etiopatogênicos da DM, assim como a terapêutica ideal, permanecem indefinidos
(9,14). A literatura sugere uma etiologia multifatorial, que inclui fatores ambientais e
herança genética (4,14,21).
O interesse no estudo da OI renovou-se com o uso difundido dos implantes
cocleares no tratamento da DNS incapacitante. A OI foi considerada segregada do sistema
imune por estar isolada dentro da cápsula ótica e por não ter drenagem linfática.
Entretanto, as pesquisas dos últimos 30 anos modificaram esse conceito (22). Um estudo
recente de Yimtae e cols. encontrou evidências de que existe drenagem da OI, através da
orelha média, para linfonodos cervicais superficiais, e que a OI tem conexões próprias com
os linfonodos. Há evidências de que o SE tem vasos linfáticos que poderiam servir como
via de drenagem para linfonodos regionais (23).
14
O SE está rodeado por vasos linfáticos, capilares fenestrados e vênulas, abrigando
células imunocompetentes, linfócitos e macrófagos capazes de processar e apresentar
antígenos. Além disso, a concentração e a produção local de anticorpos aumenta em
resposta a estímulos antigênicos (22).
A etiopatogenia imunomediada foi descrita em pesquisas realizadas por alguns
autores, que sugerem ser essa a causa de parte dos casos de DM classificados
anteriormente como de etiologia idiopática (9,14,17,24,25). A dificuldade em estabelecer o
diagnóstico de certeza da doença imunomediada persiste por não ser possível a retirada de
amostras de tecido coclear para análise, diferentemente das doenças em que é viável a
realização de biópsias.
O curso clínico da DM, com flutuações auditivas, períodos assintomáticos e
oscilações na gravidade da doença, resultando em lenta e progressiva deterioração do
órgão afetado, é semelhante ao observado em muitas doenças auto-imunes. Tais doenças
são exacerbadas por estresse físico e psicológico, uma observação que também é válida
para a DM (26,27). O diagnóstico precoce da DM é difícil em decorrência dessas
características (1) e, na maioria das vezes, a DM é diagnosticada em estágios avançados
(9). Entretanto, o diagnóstico precoce possibilitaria o manejo correto da DM, com chances
de reverter ou controlar a progressão dos sintomas auditivos e vestibulares (17).
A elucidação etiológica das DOI, especificamente no estudo da DM, é uma tarefa
árdua. Os estudos realizados têm o objetivo de modificar o conceito de DM como uma
doença idiopática, incurável e debilitante, buscando um tratamento viável e eficaz, já que a
possibilidade de um mecanismo imunomediado como fator causal reservaria a
possibilidade de melhora ou cura com um tratamento imunossupressor. Vários estudos
mostraram uma freqüência maior de auto-anticorpos anti-HSP70 no soro de pacientes com
DM em relação a controles (4,13,22,26,28-36);
entretanto, esse auto-anticorpo não é
15
específico para os antígenos da OI, e o seu exato significado etiológico na DM ainda não
foi estabelecido (37). Não está claro, por exemplo, se a reatividade ao HSP70 é um
marcador de auto-imunidade ou se esse auto-anticorpo tem uma função na patogênese da
DNS e da DM (38). A necessidade de determinar, através de um estudo controlado, se há
associação entre a ocorrência de auto-anticorpos anti-HSP70 com a DM, em comparação
com outras DOI, motivou a realização deste trabalho.
1.1. Epidemiologia da doença de Ménière
A idéia vigente entre muitos médicos clínicos gerais e pacientes é que tontura é
sinônimo de labirintite e que é incurável. Por isso, muitas vezes, o diagnóstico e o
tratamento são feitos de maneira errada.
Os dados sobre a epidemiologia da DM são controversos e escassos na literatura,
apesar do grande número de pesquisas realizadas, anualmente, sobre a doença. A
explicação para as dificuldades em desenvolver estudos epidemiológicos reside no fato de
que grande parte dos estudos já realizados são retrospectivos, baseados na análise de dados
coletados, em sua maioria, por médicos não otologistas.
Os dados publicados sobre prevalência e incidência da doença variam bastante. Em
1954, um estudo pioneiro foi realizado por Cawthorne e Hewlet na tentativa de definir a
incidência da DM. Stahle, em 1978, também avaliou a incidência da DM. Ambas as
pesquisas apresentaram grande variação nos resultados. A primeira, realizada na Inglaterra,
encontrou 157 casos para cada 100.000 habitantes, enquanto que a segunda, realizada na
Suécia, revelou uma incidência de 46 casos para cada 100.000 habitantes. Porém, falhas
metodológicas comprometeram a validade dos estudos (9).
16
A dificuldade em estabelecer o diagnóstico da DM levou a Academia Americana de
Oftalmologia e Otorrinolaringologia, em 1972, a propor a padronização dos critérios
diagnósticos (39). Tais critérios foram revisados em 1985 (40) e simplificados em 1995
(2). Nesse processo, houve um reconhecimento quanto à grande variação em termos dos
critérios diagnósticos empregados em estudos anteriores, que muitas vezes incluíam casos
de patologias cocleovestibulares chamadas de “Ménière-like”, que não deveriam fazer
parte das casuísticas (2).
Durante o período de 1975 a 1990, três estudos populacionais foram realizados no
Japão sobre a DM, revelando uma prevalência de 17 casos em cada 100.000 habitantes
(41,42). Na Alemanha, entre 1974 e 1994, Haid e cols. constataram uma incidência de
2,9% de pacientes com diagnóstico de DM entre 20.000 exames vestibulares realizados em
indivíduos com distúrbios do equilíbrio avaliados pela eletronistagmografia (43).
Um estudo controlado foi realizado em Rochester, Estados Unidos, para avaliar a
incidência de DM no período de 1951 a 1980. Seguindo os critérios padronizados, os
autores constataram uma incidência de 180 casos da DM nesses 30 anos (39). É importante
ressaltar que os 180 casos com diagnóstico correto representavam 41,3% do grupo de
pacientes que teve diagnóstico de DM antes da padronização dos critérios diagnósticos,
sendo que 58,7% dos pacientes que anteriormente tiveram diagnóstico da doença não
preencheram os critérios padronizados em 1972 (44). Em 1983, Watanabe publicou uma
incidência de 50 a 350 pessoas com DM para cada 100.000 habitantes por ano em Tóquio,
no Japão (45).
Kotimäki e cols. realizaram um estudo retrospectivo de prevalência da DM na
população de cinco milhões de habitantes da Finlândia, analisando os pacientes tratados
pela doença em hospitais no período de 1992 a 1996. A avaliação dos prontuários de
acordo com os critérios revisados em 1995 (2) revelou que os casos de DM representavam
17
42,8% do grupo que fora previamente considerado doente. A prevalência encontrada na
Finlândia foi de 43 pacientes para cada 100.000 habitantes (46). Um estudo realizado por
Morrison revelou uma incidência de um paciente com DM para cada 2.000 habitantes (47)
nos Estados Unidos.
Celestino e Ralli sugeriram que o número de casos diagnosticados como DM
aumentou na proporção do aumento do acesso ao atendimento médico. Naito corrobora tais
afirmações, e também ressalta que a mudança nos hábitos e estilo de vida do povo japonês,
cada vez mais próximo do ocidental, fez crescer o número de casos da doença nessa
população (9).
A DM ocorre na vida adulta, geralmente entre os 20 e 60 anos, sendo a idade média
de início a quarta década de vida (43,48). Estima-se que aproximadamente 3% dos
pacientes com DM tiveram perda auditiva desde a infância, que foi atribuída a doenças
como caxumba, meningite ou trauma do osso temporal, manifestando-se somente na idade
adulta com as características clínicas da DM (9,49).
Os dados relativos tanto ao sexo quanto à lateralidade são conflitantes. Alguns
autores afirmam que a DM ocorre em homens e mulheres em proporção idêntica
(43), com
predominância da doença bilateral no sexo feminino (9). Paparella e cols. e Haid e cols.
constataram que a DM afeta ambos os ouvidos com a mesma freqüência (9,43).
Além dos aspectos epidemiológicos relatados na literatura, é importante ressaltar
que o caráter flutuante da DM dificulta a realização de estudos controlados confiáveis que
avaliem a resposta ao tratamento da doença (50). As dificuldades aqui expostas
provavelmente explicam o número reduzido de estudos sobre a prevalência e a incidência
da DM.
Mesmo com a padronização dos critérios diagnósticos para a DM, uma metanálise
de artigos com ênfase no diagnóstico e resposta ao tratamento da DM, publicados de 1989
18
a 1999, revelou que, embora 79,7% dos estudos seguissem os critérios diagnósticos
preconizados, somente 39,8% estavam em conformidade com outras diretrizes da
Academia Americana de Otorrinolaringologia. Os critérios diagnósticos da DM, de 1995,
estabelecem que a resposta ao tratamento não deveria ser avaliada antes de um
acompanhamento de pelo menos dois anos. É recomendado que os pesquisadores avaliem
os pacientes por pelo menos quatro anos após o início do tratamento, já que tal período de
seguimento torna o estudo mais confiável. Os artigos que não preencherem tais critérios de
diagnóstico e seguimento são de pouca utilidade (51).
1.2. Genética da doença de Ménière
A DM é caracterizada pelo início tardio dos sintomas e por ocorrer principalmente
em caucasianos. A evidência de predisposição genética da doença surgiu após estudos com
membros de uma mesma família e com gêmeos acometidos pela DM, associado ao fator
distribuição racial. Aproximadamente 7% dos pacientes com DM familiar têm um modelo
autossômico dominante, com 60% de penetrância, e padrão genético da antecipação, no
qual em geração sucessiva da família com a doença os sintomas serão mais intensos e o
início mais precoce. A DM esporádica inicia em faixa etária mais avançada se comparada à
doença familiar, que inicia em faixas etárias menores e parece acometer mais o sexo
feminino. A DM esporádica não apresenta diferença entre os sexos, embora alguns autores
relatem discreto predomínio no sexo feminino (47).
Foi descrita a associação da DM com enxaqueca e antígenos leucocitários humanos
(HLA) (52). As moléculas de superfície celular, denominadas HLA, são codificadas pelo
complexo de histocompatibilidade principal (MHC) em determinados haplótipos e estão
associadas a uma variedade de doenças auto-imunes e órgão-específicas (12). Alguns
19
autores, como Koo e Koyama, encontraram associação entre DM e HLA-DR (14). A DM
poderia decorrer de mutações no braço curto do cromossomo 6, onde se localiza o HLA;
tais mutações seriam sinérgicas para o desenvolvimento da DM, segundo Arweiler.
O
mesmo autor encontrou a combinação de HLA-A2 e HLA-B44 em 60% dos 48 pacientes
com história familiar positiva para a DM por ele estudados e em 37% dos pacientes com
DM mas sem história familiar, contra 5% de prevalência na população em geral (53).
Morrison e cols. avaliaram 70 casos da doença e identificaram o haplótipos A3-B7-CW7-
DR2 como o mais comum (47). A incidência do haplótipos HLA-Cw7 estaria aumentada
entre pacientes com DM, bem como entre pacientes com DOI de provável etiologia auto-
imune
(12,27,52,54). Entretanto, alguns autores contestam a associação do HLA com a DM
(55).
Fransen e cols. encontraram associação entre os sintomas de DM em três famílias
com uma mutação no gene COCH, fator genético que poderia contribuir para a DM (56).
Recentemente, um estudo indicou que as mutações no gene COCH humano, que está
localizado no cromossomo 14, levam a DNS ou DM. O COCH-5B2 seria o antígeno alvo
dos anticorpos direcionados contra a OI
(47). Paparella e cols. avaliaram 500 pacientes
utilizando um questionário, encontrando uma prevalência de 20% de história familiar na
DM
(14).
1.3. Etiologias prováveis
A etiologia da DM é controversa. Acredita-se que a doença seja multifatorial. As
evidências sugerem, como prováveis causas para a hidropisia endolinfática, trauma sobre o
osso temporal ou trauma acústico (4,14), alterações metabólicas (15,57-62), processos
infecciosos (4,49,59,63,64), otosclerose (4,14,20,59), alergia (12,27,65,66) e auto-
imunidade (13,16,17,21,24,28,31,33-35,67-70) entre outras causas (4,14,59,71,72).
20
1.3.1. Alterações metabólicas
A compreensão dos processos metabólicos que produzem a disacusia deriva da
associação entre a bioquímica e a genética (60). As estruturas labirínticas, principalmente a
estria vascular, são sensíveis a mudanças nos níveis de glicose e oxigênio associadas ao
metabolismo da insulina (59). A OI tem intensa atividade metabólica, mas, por não dispor
de energia acumulada, está sujeita a alterações funcionais na ausência de glicose (15,61). A
alteração no metabolismo dos carboidratos parece ser o distúrbio metabólico mais
prevalente associado a manifestações clínicas variadas que incluem DNS flutuante ou
progressiva, zumbidos e vertigem, representando assim pontos de um continuum de
alterações na homeostase dos carboidratos. Portanto, sua pesquisa é fundamental no
diagnóstico e tratamento desses pacientes (58,60).
Mangabeira Albernaz e Fukuda realizaram um estudo em pacientes com suspeita
clínica de DOI de origem metabólica, submetendo todos os pacientes a curva glicêmica e
insulinêmica de 5 horas. Eles constataram que o distúrbio era comum, com uma
prevalência de 82% de alteração nas curvas. A hipoglicemia (um ou mais valores inferiores
a 55 mg/dl) ou hiperglicemia ocorreram em 41% dos casos, ao passo que todos os
pacientes apresentaram valores normais na glicemia de jejum. A anormalidade mais
freqüente foi a hiperinsulinemia. Os pacientes que foram orientados a manter dieta com
restrição de carboidratos, de rápida absorção, tiveram boa resposta, com controle bem-
sucedido dos sintomas (73).
A hiperinsulinemia é a alteração mais precoce e consistente quando comparada à
curva glicêmica no diagnóstico de DM de origem metabólica (61,73). A curva
insulinêmica é mais sensível em comparação com a glicêmica por detectar precocemente
as alterações no metabolismo dos carboidratos. Além disso, a curva glicêmica apresenta
limitações, como a possibilidade de episódios de hipoglicemia entre as coletas, resultando
21
em teste falso-negativo. Em relação ao teste de tolerância à glicose (TTG) de 2 horas, a
limitação reside no fato de que a maioria das hipoglicemias ocorre após a terceira hora.
Portanto, as curvas glicêmica e insulinêmica de 5 horas com 100 g de glicose são
obrigatórias na investigação de enfermidades com sintomatologia vestibulococlear (61).
Os resultados do estudo de D’Ávila e Lavinsky confirmam o número significativo
de pacientes com diagnóstico sindrômico de DM na presença de dismetabulopatias dos
carboidratos, que se dividem nas seguintes entidades clínicas (61):
Hiperinsulinismo e euglicemia: o diabetes in situ ou oculto, assim chamado por
preceder o diabetes melito em anos, é o estágio mais precoce da dismetabulopatia
associada quase que exclusivamente com manifestações vestibulococleares, sendo
diagnosticado somente pela curva insulinêmica de 5 horas.
Hiperinsulinismo com tolerância diminuída à glicose (TDG): representa a etapa
intermediária entre a anterior e a diabete melito. Acomete a OI e outros órgãos.
Hiperinsulinismo com hiperglicemia: é o diabete melito com comprometimento de
órgãos-alvo que não a OI.
A identificação do distúrbio metabólico como fator causal da DM possibilita a
reversão ou o controle da progressão da DNS e dos sintomas vestibulares, desde que
tratados a tempo (58,61,73).
A importância da investigação etiológica das DOI em pacientes com sintoma de
zumbido foi documentada por Lavinsky e cols. Foi encontrada uma prevalência de 84 a
92% de hiperinsulinemia entre os pacientes com zumbido idiopático; houve melhora
significativa com o tratamento da dismetabulopatia, com resolução dos sintomas de
zumbido em 15% dos pacientes, fato que não foi observado com outros tratamentos (74).
22
As influências de fatores bioquímicos, metabólicos e hormonais e dos
neurotransmissores começaram a ser estudadas. O controle hormonal, o sistema imune, o
estresse e o processamento dos alimentos estão envolvidos no transporte de substâncias
para o fluido da OI, após atravessar alguns obstáculos, dentre os quais a parede do tubo
digestivo, a barreira hematoencefálica e o ducto e SE, que permitem a passagem das
substâncias necessárias para o funcionamento da OI. As substâncias neurotransmissoras e
seus respectivos precursores (serotonina do triptofano e dopamina e norepinefrina da
tirosina), também provêm da dieta. A diminuição na concentração dos neurotransmissores
pode causar sintomas da OI (62).
1.3.2. Alterações vasculares
As alterações circulatórias são decorrentes de patologias crônicas que provocam a
diminuição do calibre das artérias e prejudicam a irrigação da OI pela artéria auditiva
interna. As malformações vasculares, embolia, compressão externa por tumor, vasculites
inflamatórias, aumento da viscosidade sangüínea, dislipidemia e hipertensão arterial, entre
outras, podem causar DOI com sintomas otológicos e vestibulares (15).
Sabe-se que a dislipidemia pode induzir um quadro de hidropisia endolinfática
característico de SM, por mecanismo desconhecido, não atribuído a vasculopatia
aterosclerótica da OI. As principais formas de alteração do metabolismo dos lipídios,
comprovadamente relacionadas à hipoacusia, são a hipercolesterolemia e as
dislipoproteinemias, principalmente quando a hipoacusia é familiar ou hereditária. A
hipertrigliceridemia tem papel indefinido nas DOI (60). Alguns estudos, entretanto, não
observaram associação entre hiperlipoproteinemia e DM
(57,58).
23
1.3.3. Alergia
O papel da alergia na DM foi descrito pela primeira vez em 1923 (12,27). Com uma
incidência de 20% na população em geral, a alergia é a doença auto-imune mais comum. A
reação alérgica a inalantes e a alimentos foi associada a hidropisia e sintomas de DM (27).
Embora o mecanismo imunológico que envolve alergia e DM seja controverso, desde 1970
a melhora nos sintomas da doença tem sido associada ao controle dos sintomas alérgicos,
através da dessensibilização (imunoterapia) a inalantes ou da dieta de eliminação na alergia
alimentar
(12). A imunoterapia efetiva induz alterações imunológicas com a produção de
um anticorpo IgG antígeno-específico que age como bloqueador e que pode prevenir a
degranulação de mastócitos (27). Keles e cols. encontraram uma prevalência de alergia
mais alta entre os pacientes com DM do que no grupo controle
(75).
Derebery investigou a associação entre a alergia e a DM e, em seus estudos,
encontrou uma incidência maior de DM bilateral entre os pacientes alérgicos.
Ele
argumenta que os pacientes alérgicos, com história familiar de atopia, que associam a piora
dos sintomas da doença com a ingestão de determinado alimento ou com alterações
ambientais, provocando sintomas alérgicos concomitantes com as crises da DM, deveriam
ser submetidos aos testes alérgicos, especialmente nos casos de DM bilateral. Segundo o
autor, os pacientes com DM, em crise, que não respondem à terapêutica clínica e cirúrgica
convencional para a doença, somente obtendo melhora da sintomatologia com o uso de
corticosteróides, deveriam ser avaliados quanto à possibilidade de causa alérgica ou
imunomediada (65).
O radioallergosorbent test, ou RAST, é um teste in vitro utilizado para detectar IgE
sérica antígeno-específica. Utilizando esse teste, Howard encontrou positividade em cerca
de 40% dos testes para inalantes entre pacientes com diagnóstico de DM sem doença em
seios da face
(66). O índice é significativamente superior aos 17% de positividade na
24
população em geral. Derebery e Brookes relatam níveis elevados de imunocomplexos
circulantes em pacientes com DM, bem como em pacientes alérgicos com rinite e asma
(27,76).
Há pelo menos três maneiras pelas quais a alergia pode levar à hidropisia
endolinfática. Primeiro, os efeitos vasodilatadores da histamina ou outros mediadores
podem afetar a capacidade de reabsorção do SE. O segundo mecanismo possível é a
produção de imunocomplexos circulantes, tais como antígenos de inalantes ou alimentos,
que se depositam em vasos fenestrados do SE, produzindo inflamação. O terceiro
mecanismo seria decorrente de uma interação alérgica com um antígeno viral. Uma
infecção viral na OI durante a infância, como caxumba ou herpes, poderia predispor a uma
inflamação crônica que prejudicaria a função de absorção do SE. Quando houvesse
estímulo à produção de fluido, como na presença de alterações na tireóide, disfunções
hormonais, excesso de sódio ou sintomas alérgicos (que reiniciam na idade adulta), o SE
não conseguiria manejar o excesso de fluido, o que resultaria em hidropisia (27).
O tratamento de pacientes com DM com anti-histamínicos é rotineiro pelo efeito
anti-colinérgico, estabilizador do labirinto, proporcionado pelos mesmos. Porém, os anti-
histamínicos não agem sobre a hidropisia. Acredita-se que a meclizina, um anti-
histamínico usado no tratamento dos sintomas vestibulares, bloqueia a resposta
vasodepressora à histamina preferencialmente à resposta anti-colinérgica (27). Alguns
relatos sugerem que os anti-histamínicos sedativos são depressores vestibulares, podendo
melhorar a vertigem, independentemente dos seus efeitos sobre os mediadores alérgicos
(12). Entretanto, esse fato não foi devidamente comprovado; portanto, os anti-histamínicos
devem ser reservados somente para o controle das crises labirínticas e alérgicas
(27).
Assim, o papel da alergia na DM ainda é controverso.
25
1.3.4. Otosclerose
A otosclerose pode levar ao mau funcionamento do SE e causar alterações nas
características químicas da endolinfa e perilinfa (4,14). É possível que mudanças
histopatológicas, como o estreitamento do ducto e do SE por fibrose no osso temporal com
otosclerose, comprometendo o aqueduto vestibular, causem uma alteração na reabsorção
da endolinfa (59). A perda auditiva condutiva, característica da otosclerose, estará
associada a
DNS, sintomas vestibulares e plenitude aural. A hidropisia pode ocorrer
também em decorrência do dano cirúrgico ao labirinto membranoso durante a
estapedectomia (4,14).
Yoo e cols. foram pioneiros ao associar a elevação dos anticorpos séricos para
colágeno tipo II bovino com otosclerose e DM, sugerindo que os anticorpos poderiam estar
envolvidos na patogênese da doença (20). Acredita-se que a otosclerose poderia levar ao
dano imunológico da OI ou a uma alteração no balanço iônico da perilinfa e endolinfa,
ocasionando prejuízo na absorção da endolinfa (59).
1.3.5. Infecções
As infecções por vírus, bactérias e protozoários podem causar DOI por mecanismos
diferentes. As infecções por protozoários são raras (12). A labirintite pode ocasionar a
destruição do neuroepitélio por isquemia, provocada por êmbolo séptico ou por trombo
(64).
O vírus pode causar infecção das células sensoriais do órgão de Corti após a
viremia, através da estria vascular. A resposta imune do hospedeiro e a quantidade de vírus
inoculado determinarão a intensidade das manifestações clínicas (64). Alguns estudos
sugerem que infecções virais comuns na infância, como caxumba e sarampo, podem
predispor ao desenvolvimento de DM na vida adulta (9,49). Arenberg e cols. sugerem que
26
o vírus ou o seu equivalente imunológico atingiriam a OI através da membrana da janela
redonda ou pela via hematogênica (64). A infecção viral também pode agir como
mecanismo de gatilho para o dano imunológico na DOI (12).
As bactérias, como o Treponema pallidum, podem causar labirintite, agindo
diretamente na OI (12). A hidropisia luética, que ocorre por infecção congênita, pode
causar doença precoce no neonato, simulando o secundarismo da forma adquirida, ou ser
tardia, não-infecciosa. Na sífilis adquirida, um terço dos pacientes com sífilis terciária não
tratada sofre danos no labirinto. A perda auditiva é bilateral e lenta (59). A DM decorrente
de processo infeccioso seria bilateral caso a disseminação do patógeno fosse por via
hematogênica (63,64).
Quando o local de origem da infecção é a orelha média, por otite média, a doença
acomete somente um ouvido. As toxinas decorrentes do processo infeccioso chegam ao
espaço endolinfático através da janela redonda, podendo ocasionar alterações na pressão
osmótica e, conseqüentemente, hidropisia endolinfática aguda (59,63,64). As toxinas
teriam acesso ao espaço endolinfático através da membrana de Reissner, que,
cronicamente, levariam ao desenvolvimento de uma labirintite serosa. A infecção em
crianças pode comprometer o desenvolvimento do ducto e SE, além de ocasionar
alterações na formação do triângulo de Trautmann (59). Paparella, em um estudo com
ossos temporais, encontrou associação significativa entre a otite média crônica e a
hidropisia endolinfática. O mesmo autor constatou que a hipocelularidade mastóidea
comumente presente na otite média crônica é encontrada em pacientes com DM (59).
1.3.6. Trauma
O trauma físico ou acústico pode levar ao desenvolvimento de hidropisia e DM
através das alterações bioquímicas e da disfunção celular que produz na absorção da
27
endolinfa
(4,14,59). O trauma acústico com sons de alta intensidade (>150 dB) poderia
levar a dano do sistema coclear e vestibular (59).
O trauma craniano físico ou cirúrgico é uma causa comprovada de hidropisia (49).
Diversos autores sugerem que o trauma sobre o labirinto membranoso pode resultar em
descolamento do epitélio dos órgãos sensoriais e elementos celulares do sáculo e utrículo,
principalmente o que ocorre no osso temporal, envolvendo o aqueduto vestibular. O dano
gera restos celulares que prejudicam a reabsorção de endolinfa e a sintomatologia costuma
ocorrer meses a anos após o trauma (59). Quando o trauma é mecânico, sem evidência de
fratura do osso temporal, o paciente pode apresentar sintomas decorrentes da concussão
coclear ou vestibular, mas também sintomas posicionais decorrentes de cupulolitíase (59).
Segal e cols. avaliaram militares veteranos da força aérea de Israel com perda
auditiva induzida por ruído ou por trauma acústico. Os autores não encontraram associação
entre a surdez por exposição a ruído com subseqüente surgimento da DM (77). A fístula
perilinfática pode simular Ménière; contudo, a sintomatologia inicia imediatamente após o
trauma, exigindo uma timpanotomia exploradora para o controle dos sintomas (59).
1.3.7. Outras etiologias
O óxido nítrico é um potente vasodilatador produtor de enzimas que tem sido
considerado responsável pela regulação do fluxo coclear e neurotransmissão. Portanto, as
mudanças que ocorrem na OI pela hidropisia na DM poderiam ser atribuídas a ele. Estudos
experimentais revelaram que quando o óxido nítrico é sintetizado em excesso, alterações
morfológicas, eletrofisiológicas e histológicas ocorrem nas células ciliadas, com
diminuição do potencial endococlear, além de haver toxicidade direta na estria vascular
(14).
28
A vasopressina é um hormônio que regula a homeostasia da água, aumentando a
permeabilidade renal. Takeda e cols., em estudo experimental, provocaram hidropisia em
cobaias após a administração desse hormônio por uma semana. Foi verificada a elevação
nos níveis de vasopressina no sangue de doentes em crise de DM, de forma semelhante ao
que ocorre em animais de experimentação (72).
A enxaqueca pode ter relação com a DM, em alguns casos. Foi encontrada
associação maior entre enxaqueca em pacientes com a DM do que na população em geral.
É possível que a artéria auditiva interna esteja envolvida no processo fisiopatológico
vascular da enxaqueca, causando sintomas cocleovestibulares. Um estudo encontrou, em
60% dos pacientes com enxaqueca basilar e sintomas neurológicos, respostas calóricas
reduzidas em uma orelha, sugerindo acometimento do órgão periférico
(59).
A leucemia mielóide aguda, ou a crônica, na fase blástica, podem ocasionar lesão
vestibulococlear decorrente da infiltração leucêmica pela viscosidade sangüínea
aumentada. A alteração na perfusão microvascular pode, raramente, provocar distúrbio
vestibulococlear na leucemia mielóide crônica (78).
A arterite das células gigantes é uma vasculite obliterativa das artérias
extracranianas que pode prejudicar o suprimento sanguíneo do sistema nervoso central,
levando a cegueira e complicações cerebrais se não for reconhecida precocemente. A
apresentação atípica da doença com sintomas auditivos e vestibulares característicos da
DM sugere que a vasculite pode ser uma das causas da síndrome de Ménière (59).
A síndrome do anticorpo antifosfolipídico foi aventada como possível causa de
DOI, provavelmente decorrente de microtrombos nos vasos da circulação labiríntica.
Mouadeb e cols. constataram elevação dos níveis desse anticorpo em pacientes com DM e
DNS progressiva idiopática (71). Entretanto, é importante registrar que o estudo avaliou os
anticorpos em uma única ocasião, e que a elevação transitória dos anticorpos
29
antifosfolipídicos não é considerada patogênica, podendo ocorrer inclusive em infecções
virais. Portanto, são necessários estudos para que o dano provocado pelos auto-anticorpo
seja melhor compreendido.
O hipotireoidismo primário ou secundário pode ser causa de hidropisia. O
mecanismo etiopatogênico é desconhecido; contudo, os pacientes que fazem reposição do
hormônio tireóideo controlam os sintomas da DM (59). As crianças com hipotireoidismo
congênito têm maior prevalência de DNS bilateral severa e anormalidades nos testes
vestibulares. Estudos experimentais observaram alterações no desenvolvimento
cocleovestibular quando ocorre deficiência de hormônio tireóideo em fases precoces da
vida. Pacientes com síndrome de Pendred, uma rara doença genética autossômica
recessiva, em que há defeito na biossíntese dos hormônios tireóideos, podem apresentar
DNS e deformidade da cóclea do tipo Mondini (60).
Alguns estudos relacionam DM com ansiedade, depressão e outros transtornos
psiquiátricos. Contudo, é provável que a associação seja secundária, e não causal, devido
às características da doença e da evolução incerta da doença (59).
1.3.8. Auto-imunidade
Este tema será desenvolvido em 1.6, Imunopatologia da DM.
1.4. Fisiopatologia dos sintomas da DM
A fisiopatologia da DM não foi ainda totalmente elucidada. A endolinfa é
produzida na estria vascular. É aceito que o problema básico na DM é o acúmulo da
endolinfa no SE, não havendo um distúrbio no fluxo, mas, sim, uma diminuição na
reabsorção da endolinfa, levando à hipertensão endolinfática
(4,14). O processo é lento. A
30
hidropisia pode levar anos para se desenvolver. O bloqueio no escoamento da endolinfa no
SE é gerado por fatores químicos ou físicos que interferem na sua homeostasia (14).
Quando o SE não recebe endolinfa suficiente devido a uma obstrução, como na
DM, ele produz glicoproteínas, que atraem, por gradiente osmótico, endolinfa em direção
ao SE. Um hormônio chamado saccin (ainda sem tradução), que é um inibidor endógeno
da reabsorção de sódio nos rins, aumenta o volume da endolinfa na cóclea (14,79,80). A
endolinfa se acumula atrás da obstrução, e a restauração súbita do fluxo longitudinal inicia
a crise de vertigem (14,79). Acredita-se que a endolinfa apresente um fluxo longitudinal
lento e um fluxo radial rápido (14). O SE pode ser classificado como uma glândula
endócrina, por apresentar células que sintetizam, secretam, absorvem e digerem proteínas
(80).
Alguns estudos histológicos revelaram as características do osso temporal dos
doentes. Os achados encontrados foram: alterações estruturais (diminuição) na
pneumatização do osso temporal; estreitamento do aqueduto vestibular; deslocamento do
seio lateral em direção anterior e medial; e desenvolvimento anormal do SE (14). Paparella
e cols. avaliaram o SE de pacientes com DM durante procedimentos cirúrgicos. As
principais alterações verificadas, além da dilatação do SE, incluíam osteoneogênese,
fibrose e tecido de granulação, resultando em espessamento e contração da dura-máter, do
triângulo de Trautmann e do SE (4). Gussen relatou que a drenagem venosa anormal pode
alterar a quantidade da endolinfa
(81). A hidropisia sacular, quando severa, também se
estende para o canal semi-circular, podendo causar alteração na função normal da crista
ampular, o que explicaria a vertigem posicional em pacientes com DM
(14).
A ruptura da membrana de Reissner tem sido descrita como causa das crises na
DM. Entretanto, um estudo de revisão de ossos temporais hidrópicos de pacientes com DM
evidenciou rompimento da membrana em somente um terço dos pacientes. Estudos
31
histopatológicos revelaram que a ruptura é mais comum no ducto coclear, e não em
estruturas vestibulares como o sáculo
(14). Portanto, os episódios de crise da DM
associados à tríade de sintomas vestibulares e cocleares ocorreriam se houvesse ruptura do
ducto coclear e do sáculo, o que não foi confirmado na histopatologia. Os pacientes
referem melhora dos sintomas quando a pressão cai, sugerindo que a ruptura de
membranas alivia os sintomas, e não os provoca (4,82). Sperling e cols., comparando a
histopatologia da hidropisia sintomática e assintomática, encontraram diferenças
significativas, como a freqüência de ruptura de membranas, observada em 38% dos
pacientes sintomáticos e em somente 8% dos assintomáticos. Com base nesses dados, a
melhor explicação para a produção da hidropisia e de seus sintomas seria a associação
entre mecanismos químicos e físicos (14,82).
A DM tem etiologia multifatorial, como já descrito anteriormente, levando à
hidropisia endolinfática e, conseqüentemente, aos sintomas da doença. Entretanto, os
relatos de casos de pacientes com características clínicas de DM que, ao terem os seus
ossos temporais analisados, não demonstravam hidropisia, sugerem que esses pacientes
não apresentavam verdadeiramente a DM (6). Schuknecht e Gulya acreditam que uma
fístula espontânea entre endolinfa e perilinfa explicaria a ausência de sintomas. Rauch e
cols. realizaram exames histológicos em ossos temporais de pacientes com história de DM.
Eles constataram que a hidropisia endolinfática esteve presente em todos os pacientes com
DM não atribuída a outras causas. Entretanto, alguns pacientes com hidropisia
endolinfática idiopática não apresentavam sintomas de DM. O motivo da ausência de
manifestações clínicas em alguns pacientes com hidropisia não é conhecido (6,59).
32
1.5. Manifestações clínicas da doença de Ménière
A tríade de sintomas da DM é constituída por sintomas vestibulares, auditivos e
plenitude aural. Os sintomas vestibulares incluem crise de vertigem em mais de uma
ocasião ou sensação de desequilíbrio, que pode durar desde 20 minutos até horas. A
vertigem posicional pode ocorrer entre as crises da DM, bem como a sensação de perda de
equilíbrio, geralmente provocada por movimentos bruscos da cabeça e dos olhos. Alguns
pacientes apresentam crise súbita, um fenômeno raro, chamado crise de Tumarkin, em que
ocorre queda repentina ao solo, sem perda de consciência. A associação com palidez,
sudorese, náuseas ou vômitos é comum, e tais sintomas são os mais incapacitantes para os
pacientes (1,2,9).
Os sintomas auditivos típicos são a perda auditiva progressiva e flutuante do tipo
DNS em baixas freqüências, associada a zumbido, plenitude aural e intolerância a ruídos.
O fenômeno de diplacusia ocorre com a percepção distorcida do som, mais alto na orelha
afetada do que na contralateral. Os estágios mais avançados da doença revelam padrões
audiométricos diversos, comumente acometendo também as altas freqüências, formando
uma curva plana, sem flutuação, à medida que a audição deteriora. A chamada síndrome de
Lermoyez caracteriza-se pela melhora da audição, que ocorre após a crise aguda (1,2,9). A
plenitude aural está presente na maioria das vezes, mas alguns pacientes referem pressão
na cabeça e até mesmo na região cervical (18).
O paciente com DM permanece orientado e consciente durante toda a crise e não
apresenta sintomas neurológicos ou seqüelas (1,4). A ansiedade, bem como a ingestão
excessiva de sódio ou carboidratos, podem ser fatores desencadeantes da crise (4,83). A
maneira como iniciam as manifestações clínicas da DM varia entre os pacientes. Haid e
cols. relataram que 27% dos pacientes com DM apresentaram, no início da doença, a tríade
clássica (43). Outros estudos mencionam que 40% dos pacientes têm somente os sintomas
33
auditivos, antecedendo os sintomas vestibulares. Acredita-se que tal fato seja decorrente do
desenvolvimento da hidropisia, que se inicia na parte inferior do labirinto e ducto coclear.
É menos comum que os pacientes desenvolvam os sintomas vestibulares isolados, que
precedem a sintomatologia completa da doença em meses ou anos (9).
Uma avaliação da duração e gravidade das crises de vertigem revelou que, para
cada quatro pacientes avaliados, um tinha crises que duravam menos de 1 hora, dois
apresentavam crises durante 1 a 2 horas e um permanecia em crise por mais de 2 horas
(48). Katsarkas relatou que o tempo de duração das crises era constante e que, em metade
dos pacientes, duravam menos do que 6 horas. Quanto à periodicidade, nos primeiros anos
a variação na freqüência das crises é muito grande, em média três ou quatro crises por ano.
Após alguns anos, a oscilação no número de crises é muito discreta. A resposta calórica na
orelha doente é variável, mas freqüentemente diminui na primeira década de doença e
depois estabiliza em 50% da função normal, não tendo relação com o grau de perda
auditiva (84). Quanto à prevalência dos sintomas cocleares, Paparella e cols. encontraram
DNS em 87,7% dos pacientes, zumbido em 91,1%, plenitude aural em 74,1%, intolerância
ao ruído em 56% e diplacusia em 43,6% (48).
O estadiamento da DM foi proposto e descrito por Filipo e cols. O estágio
prodrômico (zero) é determinado por sintomas intermitentes de duração variável e precede
o estágio I, em que o paciente apresenta a tríade sintomática. Os estágios de I a III se
dividem como segue:
Ia, caracterizado por flutuação auditiva;
Ib, em que não ocorre flutuação auditiva;
II, em que o paciente atinge a estabilidade caracterizada por ausência de
vertigem; podem tornar-se sintomáticos e voltar ao estádio I ou ir para o III.
34
III, em que há doença progressiva e incapacitante, com possibilidade de
envolvimento da orelha contralateral (85).
No grau I, os sintomas impedem o trabalho em ambientes de risco. No grau II,
somente é possível ao paciente exercer atividades sedentárias. No grau III, não é possível o
exercício de nenhuma atividade remunerada (40).
A incidência de DM bilateral varia de 2 a 78% na literatura. Acredita-se que tal
discrepância seja decorrente das dificuldades epidemiológicas na aferição dos dados
clínicos pela variabilidade diagnóstica, que foi minimizada com a padronização dos
critérios de diagnóstico da doença (2,9). Sugeriu-se que a DM deve ser considerada
bilateral se a DNS na orelha contralateral for maior do que 15 dB, associada a zumbido e
recrutamento auditivo. Alguns autores encontraram doença bilateral em um entre três
pacientes e DNS na orelha contralateral em 76% dos pacientes (9).
Um estudo recente de Peres revelou que 5% dos pacientes tinham DM bilateral, e
16% dos pacientes apresentaram DNS isolada acima de 25 dB na orelha contralateral (86).
Haid e cols. relataram que 12% dos pacientes apresentavam doença bilateral
(43).
Entretanto, muitos autores acreditam que a doença bilateral é muito mais freqüente do que
previamente se pensava (9). Os pacientes com DM bilateral devem ser acompanhados
periodicamente pelo risco de desenvolver quadros mais graves e apresentar etiopatogenia
imunológica. Derebery relatou uma incidência de 40% de DM bilateral entre os pacientes
alérgicos, maior do que em não alérgicos
(65). Alguns autores sugerem associação entre a
positividade no teste de auto-anticorpos anti-HSP70 com DM bilateral (54,65,87).
Conforme mencionado anteriormente, a DM pode apresentar-se de maneira típica,
em que o paciente desenvolve a tríade de sintomas, ou atípica, com sintomas cocleares ou
vestibulares antecedendo a tríade sintomática completa. A DM coclear caracteriza-se pela
35
ausência de sintomas vestibulares. A DM vestibular ocorre com episódios de vertigem e
plenitude aural sem surdez (9).
A doença ativa pode ter um curso progressivo e incapacitante em um de cada quatro
pacientes. Nesses casos, ocorre piora dos sintomas, apesar do tratamento com diuréticos e
restrição dietética (48). O labirinto membranoso pode ser destruído com a evolução natural
da doença, tornando as crises menos incapacitantes (14). A curva audiométrica de DNS em
baixas freqüências, nos estágios precoces, e o acometimento de todas as freqüências em
intensidade semelhante (curva audiométrica horizontal), que ocorre com a evolução da
doença, associados à hipoatividade do labirinto envolvido na eletronistagmografia, são
características da doença
(2,9).
A DM é caracterizada por remissões e exacerbações que dificultam a avaliação de
qualquer tratamento. As publicações prévias sobre o tratamento da DM apresentam dois
problemas: a falta de um grupo controle que represente a história natural da doença e a
ausência de critérios padronizados para avaliar a resposta ao tratamento. Silverstein
argumenta também que, em sua experiência, uma proporção significativa de pacientes têm
remissão espontânea dos sintomas vestibulares após um período de tempo (88).
Alguns trabalhos enfatizam uma questão polêmica: comparar o tratamento cirúrgico
versus o tratamento clínico da DM. Um estudo de Silverstein e cols. comparou um grupo
de pacientes submetido a procedimentos cirúrgicos no tratamento da DM a um grupo de
pacientes que se negou a realizá-los e optou pelo tratamento clínico, que representa a
história natural da doença. Em tal estudo, todos os pacientes foram avaliados por um
mesmo questionário (baseado nos critérios diagnósticos da DM) (40). O grupo que foi
submetido a cirurgia foi acompanhado por seis meses antes do procedimento cirúrgico. Os
resultados obtidos em relação a DNS e vertigem foram comparados aos resultados do
seguimento pós-operatório (reavaliação em seis, 24 e 36 ou mais meses) (88). O grupo que
36
realizou o tratamento clínico foi avaliado por questionário nos mesmos intervalos. O
grande sucesso dos procedimentos cirúrgicos destrutivos (labirintectomia e neurectomia
vestibular) no controle dos sintomas é conhecido, mas a indicação de tratamento por
procedimentos para alívio da hidropisia (descompressão do SE e cocleosaculotomia) foi
questionado, já que os índices de melhora clínica encontrados com o tratamento cirúrgico
para hidropisia foram semelhantes aos do tratamento conservador (remissão espontânea)
(6,88).
1.6. Imunopatologia da doença de Ménière
1.6.1. Função imune da orelha interna
O sistema linfóide dos mamíferos, através do tecido linfóide periférico, rico em
vasos linfáticos e linfócitos, promove a vigilância contra organismos invasores ou
proteínas estranhas (89). O cérebro, os testículos, a tireóide e a câmara anterior do olho são
considerados sítios imunológicos privilegiados, bem como a OI (90). Recentemente,
tornou-se claro que tais sítios não são determinados somente pelo isolamento em relação a
imunidade sistêmica, que é imperfeito, mas pela capacidade de controlar a resposta
inflamatória gerada pela reação imune com a finalidade de proteger os tecidos do dano
(91).
As barreiras hematoencefálica e hematolabiríntica tornam ambos os órgãos
imunoprivilegiados pelo isolamento imunológico e pela proteção contra os efeitos da
imunidade sistêmica (89,91). Em relação ao cérebro, o fato que corrobora essa idéia é que
o cérebro mostra uma reação de rejeição fraca aos tecidos transplantados. O cérebro não
tem uma rede de linfáticos estabelecida (91).
37
Um estudo recente revelou evidências de que existe drenagem da OI, através da
orelha média, para linfonodos cervicais superficiais. A OI difere do cérebro por apresentar
conexões próprias com os linfonodos. Além disso, o SE tem vasos linfáticos que poderiam
servir como via de drenagem para linfonodos regionais (23).
O tecido cerebral não dispõe de um complexo principal de histocompatibilidade
(MHC), e estaria inapto a participar de respostas imunes que envolvam a apresentação de
antígenos a linfócitos T. Contudo, células gliais expostas ao interferon gama, que é uma
interleucina (IL), podem expressar o MHC. O cérebro apresenta resposta sistêmica celular
e humoral e, sob circunstâncias que exijam resposta imune, como em neoplasia e
infecções, a imunossupressão local e a barreira hematoencefálica podem ser transpostas.
Contudo, a inflamação resultante pode ter conseqüências negativas. A OI parece ser mais
imunorresponsiva do que o cérebro, já que os antígenos apresentados na cóclea têm acesso
rápido à imunidade sistêmica (91).
Harris demonstrou, em estudo experimental, que a OI, ao ser exposta a um antígeno
inoculado dentro do espaço perilinfático, desenvolve uma resposta imune com anticorpos
séricos antígeno-específicos. Porém, o estudo não determinava se o aumento dos
anticorpos era por produção local ou por aumento da permeabilidade a imunoglobulinas
séricas. Posteriormente, ele avaliou a capacidade da OI de desenvolver uma resposta imune
específica a antígenos locais, que foi comprovada pelo aumento de anticorpos na perilinfa,
independentemente dos níveis séricos de anticorpos, ou seja, da imunidade sistêmica. Os
níveis de anticorpos no liquor eram menores do que os encontrados na perilinfa. Portanto,
o liquor não é a origem dos anticorpos da OI, cujo sistema imune é independente
(89).
Em 1985, Harris comparou o desenvolvimento da imunidade celular e humoral
mediante a introdução de um antígeno dentro do peritônio e das orelhas interna e média em
animais de experimentação. A OI e o peritônio apresentaram aumento de anticorpos
38
durante três semanas. Já a orelha média revelou uma resposta transitória e fraca por até
duas semanas. O desenvolvimento de resposta imune celular no grupo que recebeu o
antígeno intraperitoneal ocorreu em duas semanas e foi mais precoce e intensa,
provavelmente devido à resposta dos vários órgãos linfóides intraperitoneais (baço, fígado,
linfonodos do peritônio e placas de Peyer). O grupo que recebeu o antígeno na OI teve uma
resposta imune celular menos intensa, entre a segunda e a terceira semanas, mas
demonstrou células T sensibilizadas. A orelha média não desenvolveu imunidade celular a
antígenos, mas poderia desenvolver uma resposta imune se fosse estimulada com uma
carga imunogênica suficientemente grande (90).
Um estudo posterior, realizado pelo mesmo autor, com um modelo experimental
em muitos aspectos similar à otite média aguda em humanos, demonstrou que os antígenos
presentes na orelha média atravessavam a janela redonda e provocam a produção de
anticorpos dentro da OI. A fixação de complemento poderia levar à liberação de
mediadores, processo inflamatório e dano tecidual. A elevação no nível de anticorpos na
perilinfa pode causar distúrbio na homeostase coclear, fato que poderia explicar a DNS
decorrente da otite média crônica. Entretanto, os anticorpos na perilinfa poderiam proteger
a OI dos patógenos durante um episódio de otite média. A extensão da resposta imune na
doença e na defesa coclear da OI precisa ser melhor definida (92).
O estudo das DOI e do envolvimento imunomediado do órgão periférico
vestibulococlear em humanos torna-se difícil pela impossibilidade de acesso à OI sem
destruir a sua função. O diagnóstico de doenças associadas à deposição de complexos
imunes circulantes, fixando complemento e ativando mediadores inflamatórios que causam
dano tecidual de múltiplos órgãos, não é difícil. Um exemplo disso é a síndrome de Cogan,
uma doença sistêmica com disfunção vestibulococlear. Entretanto, o papel da imunidade
nas doenças idiopáticas que afetam a OI é desconhecido (89).
39
Os antígenos podem atingir a cóclea e estimular o sistema imune por vias
diferentes. Os principais acessos à cóclea são através dos fluidos que irrigam o labirinto
pela via hematogênica, por extensão no sistema nervoso central via meninges ou nervo
auditivo, por propagação via liquor ou através das janelas oval e redonda na infecção da
orelha média (22).
Experimentos em que o antígeno é inoculado dentro do espaço perilinfático
mostraram que a OI é um sítio primário de resposta imune. O antígeno desencadeia a
produção local de anticorpos, bem como o desenvolvimento de anticorpos séricos
antígeno-específicos
(90). Os complexos antígeno-anticorpo (IgG e IgM) presentes na
perilinfa são fixadores de complemento e podem ativar a cascata do complemento com a
liberação de substâncias vasoativas (22,89).
O SE, um órgão não-sensorial responsável pela homeostase da OI (27), está situado
em uma cavidade óssea na superfície posterior do osso petroso e, parcialmente, entre as
camadas de dura-máter na fossa craniana posterior (9). As principais funções do SE são:
regular o volume e pressão da endolinfa, gerar a resposta imune da OI e eliminar materiais
de origem celular, que são produtos da fagocitose. A manutenção do volume e da
composição eletroquímica da endolinfa é essencial para a transformação dos estímulos
físicos auditivos (sons) e vestibulares (acelerações) em mensagens nervosas (transdução
mecano-bio-elétrica)
(89). A energia necessária para o transporte iônico, que mantém os
potenciais elétricos e promove a manutenção da estrutura celular, provém do metabolismo
oxidativo (60). A resposta inflamatória e o desenvolvimento de imunidade local na OI
dependem da integridade do SE (27). As anormalidades na composição, volume e pressão
da endolinfa, rica em potássio, que é neurotóxico, induzem a surdez e/ou alterações no
equilíbrio, características da DM (27, 93).
40
Estudos experimentais em que o SE foi obliterado cirurgicamente demonstraram
redução da resposta imune e do dano coclear. O SE está envolvido por uma rede rica em
vasos linfáticos, capilares fenestrados e vênulas, sendo a única estrutura da OI a conter
células imunocompetentes, linfócitos e macrófagos capazes de processar e apresentar
antígenos no estado basal, além de produzir imunoglobulinas no local (22,89). A presença
de IgA secretora e de diferentes subpopulações de linfócitos caracteriza o SE como tecido
linfóide associado às mucosas. Gloddek sugeriu que o tecido linfóide da nasofaringe
poderia ter função na origem de células imunocompetentes do SE (22). As
imunoglobulinas IgM, IgG e IgA estão presentes no SE e na perilinfa na concentração de 1
para 1.000 do título presente no soro, nível semelhante ao do liquor (22,27). Dornhoffer e
cols. verificaram a deposição de IgG em 40% das amostras coletadas do SE durante
procedimentos cirúrgicos em pacientes com DM (94).
O SE contém linfócitos, ao contrário da cóclea. O acúmulo de leucócitos e a
produção local de imunoglobulinas na OI depende da migração de leucócitos da corrente
sangüínea, facilitada pela liberação de mediadores da resposta imune com a interleucina 2
(IL2). Essa resposta ativa as células endoteliais da veia modiolar espiral (SMV),
potencializando a expressão das moléculas de adesão 1 (ICAM1), que recrutam leucócitos
da corrente sangüínea (22).
O keyhole limpet hemocyanin (KLH) é um imunógeno que requer a cooperação das
células T para gerar uma resposta humoral (90). É possível o desenvolvimento de
labirintite estéril em ratos previamente sensibilizados a essa substância pela inoculação de
KLH dentro da escala timpânica (resposta imune secundária). A indução de labirintite
através de resposta imune secundária foi acompanhada pelo aumento de ICAM1, que tem
um papel fundamental nas reações imunes, pois sua presença no epitélio do SE e no tecido
conectivo peri-sacular é a evidência de sua participação na resposta imune da OI. Da
41
mesma forma, foi possível induzir a labirintite viral (por citomegalovírus), confirmando o
papel da SMV no recrutamento de linfócitos e células NK da circulação sistêmica em
direção à OI, através das moléculas de adesão (ICAM1, VCAM1, ELAM1) expressas na
superfície das células endoteliais da SMV. Assim, o dano tecidual poderia ser prevenido
pelo bloqueio do fluxo de células inflamatórias através de anticorpos contra moléculas de
adesão (22).
Algumas características fazem do SE um sítio potencial para dano imunológico. Os
capilares do SE têm um espaço subepitelial altamente vascularizado, contendo numerosos
vasos sangüíneos fenestrados, diferentemente dos capilares da cóclea. Os vasos fenestrados
são freqüentemente encontrados em órgãos envolvidos na absorção de líquidos, por isso
são mais permeáveis e passíveis à deposição de complexos imunes. Além disso, são
relativamente hiperosmolares em comparação ao soro. Essa característica de
hiperosmolaridade aumenta a concentração local e facilita a deposição de imunocomplexos
(27,95).
Takahashi e Harris investigaram, por métodos imunohistoquímicos, o
desenvolvimento de células imunocompetentes em ratos, nos quais utilizaram KLH para
gerar imunização na OI via espaço perilinfático e imunização sistêmica por injeção
subcutânea. Após um período de três semanas, foram encontrados plasmócitos produtores
de IgG, seguidos de IgM e IgA, observadas na resposta tardia (96). Como os autores não
examinaram o epitélio do SE para a presença de componentes secretores da IgA, não
puderam confirmar a presença do sistema imune das mucosas (MALT), como foi sugerido
por Arnold e cols. (87). Contudo, o estudo revelou, na cóclea e SE, aumento de macrófagos
e granulócitos após seis horas, atingindo um pico em três dias, momento a partir do qual
começaram a declinar. Os macrófagos são conhecidos por promover a proliferação de
células T e B através da liberação de IL1, e o predomínio de tais células na cóclea e SE
42
sugere que elas são a primeira linha de defesa e ativação da resposta imune na OI. Os
linfócitos T helper, importantes na proliferação de células T e B estimuladas através da
IL2, aumentaram gradualmente desde o primeiro dia após o estímulo com KLH até
atingirem um platô em duas a três semanas, enquanto que os linfócitos T supressores
surgiram somente após três semanas, no momento que decrescem os níveis de anticorpos,
sugerindo o seu envolvimento na supressão da resposta imune (96).
A imunidade sistêmica é importante na defesa da OI. Recentemente, Mogi e cols.
examinaram o nível de imunoglobulinas no soro, perilinfa e liquor. Eles constataram que
os anticorpos séricos eram transferidos para a perilinfa numa concentração duas a quatro
vezes maior do que a do liquor (89). O primeiro contato do antígeno com o sistema imune
desencadeia uma resposta imune sistêmica primária (imunização). Harris avaliou animais
de experimentação que foram previamente sensibilizados com citomegalovírus por via
sistêmica e tiveram a função da OI preservada ao serem re-expostos a citomegalovírus
vivos dentro da OI, mostrando que a imunidade sistêmica é importante na defesa da OI e
que a apresentação de antígenos na OI contribui para a sua própria defesa (90).
O fenótipo dos linfócitos séricos em pacientes com surdez súbita foi estudado por
citometria. Os pacientes mostraram diminuição de células T naive (CD4RA). A
anormalidade poderia ser explicada pela presença de anticorpos contra CD4RA, como
ocorre em pacientes com lupus eritematoso sistêmico, pela conversão para células de
memória CD4RO, em conseqüência do estímulo imunológico contínuo, como ocorre na
esclerose sistêmica, ou por infecção viral. Uma hipótese alternativa seria a atração dessas
células por sítios inflamatórios (97).
Os mecanismos imunológicos da OI são reações de hipersensibilidade do tipo II, de
anticorpos contra antígenos teciduais, ou do tipo III, de complexos imunes circulantes
mediados por IgG ou IgM (14). Utilizando WB, Filipo e cols. encontraram a presença de
43
auto-anticorpos, característicos da reação tipo II, contra estruturas da OI, em 20% dos
soros de pacientes com DM (98). Harris descreveu produção local de anticorpos no saco
endolinfático, sugerindo que existe imunidade humoral local na OI (89,90,99). Brookes
constatou um aumento na incidência de complexos imunes circulantes em 55% dos
pacientes com DM (76). O aumento dos níveis de complexos imunes circulantes tem sido
descrito na DM (27,100). Derebery observou, em 26 de 30 pacientes com DM, um índice
de complexos imunes circulantes que superava em três desvios padrão o índice observado
para o grupo controle (100).
O colágeno tipo II, localizado por imuno-histoquímica na estria vascular, no limbo,
ligamento espiral e órgão de Corti, permanece normalmente isolado do sistema
imunológico e da circulação (101). Entretanto, se ocorrer ruptura desse mecanismo, uma
reação imunológica por auto-anticorpos poderia ter participação na etiologia de DOI.
Muino e cols. demonstraram, através da técnica de ELISA, que 22 de 27 pacientes com
DM apresentavam IgG específica anti-colágeno tipo II, sugerindo um processo
inflamatório crônico auto-imune relacionado ao colágeno tipo II como causa da DM. O
colágeno tipo II poderia ser um marcador de gravidade e cronicidade do processo
(102).
Estudos experimentais de Yoo e cols. sugerem que o colágeno tipo II pode ser agente
etiopatogênico na DM (101). Por outro lado, Harris e cols. não confirmaram que o
colágeno tipo II induz a auto-imunidade (103). Portanto, é possível que esses auto-
anticorpos representem um epifenômeno que, associado a outros fatores, como cirurgia
otológica prévia ou infecção viral, poderia causar dano e, portanto, não estaria
necessariamente relacionado à etiologia da doença (89).
Os antígenos expostos geram uma resposta imune. As células apresentadoras
capturam os antígenos e levam-nos ao SE, onde são apresentados ao linfócito T,
juntamente com o MHC de classe II. Os auto-anticorpos IgG anti-colágeno tipo II fixam
44
complemento, recrutam células inflamatórias que liberam mediadores e geram o dano
tissular. Yoo e cols. acreditam que o colágeno tipo II seria a estrutura com maior
capacidade antigênica do labirinto membranoso (101).
A estria vascular e a região subepitelial do ducto e SE têm capacidade de reagir
imunologicamente quando estimuladas por antígenos, tornando o labirinto membranoso
um órgão imunocompetente (89, 90, 92, 96, 101, 104). Há quatro tipos de reação de
hipersensibilidade, segundo Gell e Coombs, que poderiam envolver a OI e causar
manifestações diferentes de DOI (95).
1.6.2. Classificação da resposta imune – reações de hipersensibilidade
1.6.2.1. Reação tipo I
É a reação de resposta imune denominada reagínica, mediada por IgE, de caráter
genético ou adquirido. A elevação da IgE é decorrente do desequilíbrio dos linfócitos
regulatórios T auxiliares e supressores, pela depressão funcional dos linfócitos supressores.
O antígeno induz a diferenciação das células T CD4 auxiliares em células T efetoras T
H
2
que produzem IL-4 e das células B específicas para aquele antígeno em células produtoras
de IgE. O antígeno (alimentar ou inalável, provindo de drogas ou venenos de insetos
himenópteros), quando reintroduzido, liga-se a duas moléculas de IgE fixadas ao mastócito
sensibilizado, desencadeando uma série de eventos intracelulares que liberam mediadores
químicos dos grânulos dos mastócitos e basófilos sensibilizados. Entretanto, qualquer
célula com receptores para IgE de baixa afinidade, como os eosinófilos e neutrófilos, pode
sofrer degranulação, se corretamente estimulada. Os mastócitos, nos tecidos, e os basófilos,
na circulação sangüínea, possuem receptores de alta afinidade para a fração Fc de IgE,
fixando-se nesses receptores e iniciando os eventos de transdução de sinais em mastócitos
45
e basófilos que resultam na liberação de mediadores pré-formados no citoplasma dessas
células, induzindo a reação imediata (vascular e dos músculos lisos) (105,106).
Outros mediadores químicos estimulam o influxo dos leucócitos, resultando na
reação de fase tardia, na qual o eosinófilo tem papel importante (105,106). Os mediadores
dividem-se em pré-formados e neoformados. Os pré-formados são: histamina, triptase,
quimase, proteína básica principal e proteína catiônica eosinofílica. Os mediadores
neoformados são: fator ativador de plaquetas, leucotrienos (C
4,
D
4
, E
4
)
,
prostaglandinas D
2,
fator quimiotático para neutrófilos, fator quimiotático para eosinófilos e citocinas
produzidas sob ativação. Tais mediadores, ao serem liberados, provocam contração de
músculos lisos, vasodilatação, aumento da permeabilidade na microcirculação,
hipersecreção glandular e quimiotaxia de células inflamatórias, podendo causar dilatação
dos vasos fenestrados no SE e também facilitar a deposição de imunocomplexos. A reação
do tipo I como causa de dano à OI é possível, tendo sido relatada por Stahle
e Derebery,
mas ainda não existem evidências experimentais convincentes associando a reação de
hipersensibilidade tipo I com DOI (27,95).
1.6.2.2. Reação tipo II
É a reação denominada citotóxica, na qual os antígenos localizam-se nas superfícies
de células como hemácias e plaquetas, às quais se ligam as imunoglobulinas IgG e IgM.
Tais imunoglobulinas podem atuar de maneiras diferentes: como opsoninas,
principalmente a IgG, facilitando a fagocitose (neutrófilos e monócitos) contra a célula-
alvo; como anticorpos IgG e IgM, ativando o sistema complemento, levando à lise celular;
e como anticorpos IgG, provocando citotoxicidade dependente de anticorpo. Neste último
caso, as imunoglobulinas se ligam aos antígenos pela fração Fab, deixando livre a fração
46
Fc, à qual se ligará uma célula citotóxica, como um linfócito T CD8 ou uma célula NK,
levando à lise celular (105,106).
Os principais exemplos clínicos dessa reação de hipersensibilidade incluem
incompatibilidade sangüínea, anemia hemolítica, trombocitopenia e agranulocitose
decorrente de reação a drogas, trombocitopenia secundária à alergia ao leite de vaca e
enfermidades auto-imunes como a síndrome de Goodpasture (105,106). Soliman encontrou
34% de reatividade a auto-anticorpos no soro de pacientes com DM. Harris e Sharp, bem
como Yoo e cols., constataram que a auto-imunidade por colágeno tipo II pode ter
significância etiológica na DM, embora o seu papel ainda não seja conhecido
(16,95,101).
1.6.2.3. Reação tipo III
Representa as doenças mediadas por complexos imunes que ocorrem com a união
de antígenos solúveis e anticorpos das classes G e M, levando à formação de
imunocomplexos que podem ser pequenos, médios ou grandes. Os complexos médios são
os mais patogênicos e se depositam nos vasos menos calibrosos e em locais de grande
turbulência e filtração sangüínea, como os glomérulos renais, articulações e pele. Quando
se depositam no endotélio vascular, ativam o complemento, gerando produtos
biologicamente ativos, como anafilotoxinas e quimiotaxia para neutrófilos (105).
As lesões vasculares podem ser localizadas, como na reação de Arthus, ou
autolimitadas, se o antígeno for eliminado, como na doença do soro e reações a drogas
(105,106). As lesões podem se perpetuar caso ocorra deposição continuada de
imunocomplexos, ocasionando processo inflamatório, como nas doenças auto-imunes, nas
quais os complexos imunes são de tamanho médio
(106).
Os estudos de Derebery e Brookes revelaram níveis elevados de complexos imunes
no soro de pacientes com DM (27,76). Dornhoffer e cols. (94) demonstraram, em pacientes
47
submetidos a cirurgia por DM, deposição de IgG em 40% dos SE (95). Em seguida,
conduziram um estudo para avaliar se a DM era uma reação do tipo II ou III, e a maioria
dos pacientes apresentou uma reação não específica do tipo III. Os resultados foram
semelhantes aos de Futaki e cols. e Yazawa e cols.
1.6.2.4. Reação tipo IV
Ao contrário das reações de hipersensibilidade previamente descritas, a reação de
hipersensibilidade tardia caracteriza-se por ser mediada por células. O antígeno se liga à
superfície das células alvo e é reconhecido por linfócitos T
H
1 específicos sensibilizados
por um contato prévio com o antígeno. Os peptídeos ou os haptenos são apresentados
através do MHC de classe II das células apresentadoras de antígenos aos linfócitos T
H
1,
que se ativam e liberam interleucinas e moléculas de adesão. As células inflamatórias
levam à alteração da permeabilidade vascular, migração de mais células e amplificação da
resposta inflamatória. A resposta imune completa leva de 48 a 72 horas (106).
A hipersensibilidade tardia é a mesma reação que envolve a rejeição de órgãos pós-
transplante, a doença celíaca, a dermatite de contato, as reações tuberculínica e
granulomatosa (95,105,106). O teste de transformação de linfócitos mede a diferença na
proliferação dos linfócitos do paciente na presença e ausência de antígenos da OI (28,95).
A síndrome de Cogan, que é uma doença caracterizada por DNS, episclerite e
vasculite, tem causa desconhecida, tendo sido sugerida uma origem auto-imune (107).
Acredita-se que a doença pode ser mediada por respostas tipo III e IV (95). Lunardi e cols.,
em estudo experimental, identificaram auto-anticorpos contra um peptídeo similar a auto-
antígenos, que induziu dano tissular e características clínicas da síndrome de Cogan em
cobaias, provando que essa é uma doença auto-imune (107).
48
1.6.3. Conceitos sobre a imunopatologia da DM
A OI, durante muito tempo, foi considerada isenta de imunidade celular ou
humoral. Acreditava-se que, na ausência de trauma ou invasão patológica, o estado de
anergia prevalecia (22,108). A possibilidade de que a DOI fosse decorrente de um
mecanismo patológico imunomediado foi apresentada à comunidade científica, em estudo
pioneiro, por McCabe, em 1979 (28).
A DOI imunomediada é caracterizada por DNS maior ou igual a 30 dB em qualquer
freqüência, de caráter progressivo, que evolui durante semanas ou meses, bilateral,
assimétrica e assíncrona (semanas ou meses separam o envolvimento dos dois ouvidos),
eventualmente associada à plenitude auricular, zumbido e vertigem. Os pacientes com
doença ativa apresentam evidência de piora da DNS em pelo menos um ouvido,
demonstrada pela progressão de 10 dB ou mais em uma ou mais freqüências num período
de três meses (35). O principal critério para distinguir a DM e a DOI imunomediada é o
tempo de evolução dos sintomas. A DM caracteriza-se por curso lento, de meses a anos,
enquanto a DOI imunomediada ocorre em um período de dias a meses (13).
Várias denominações sinonímicas foram dadas a essa entidade, possivelmente
imunomediada, caracterizada por DNS bilateral, rapidamente progressiva e, até então,
considerada idiopática. Em 2001, Rahman intitulou a doença de forma mais abrangente
como doença vestibulococlear auto-imune (24). Existe considerável sobreposição entre as
manifestações clínicas, com difícil diferenciação em bases clínicas e ausência de testes
laboratoriais patognomônicos (70).
Trabalhos independentes de Yoo e Shea, no início da década de 1980, descreveram
que o mecanismo auto-imune que causa a DOI imunomediada poderia atuar na
etiopatogênese da DM (101,109). Yoo e cols. encontraram níveis elevados de anticorpos
IgG-específicos, anti-colágeno tipo II, pela técnica de ELISA, em pacientes com DM e
49
otosclerose quando comparados com controles sem DOI (101). Shea relatou um caso de
DM típica agravada por mecanismo imunomediado (109).
Várias características, em estudos clínicos e experimentais, sugerem a associação
da DM com um mecanismo imunomediado, motivando muitos estudos experimentais e
clínicos, que acumularam evidências da função imunológica da OI
(4,54,57,63,87,89,90,109). O SE gera uma resposta imune que é capaz de causar dano à
OI. A hidropisia pode ser desenvolvida, em animais de experimentação, pela injeção de
antígenos. A presença de anticorpos contra antígenos da OI, a associação de determinados
HLA no lócus DR com a doença, as alterações no osso temporal relacionadas com
mudanças imunológicas e a resposta a corticosteróides são características que, em conjunto
com os elevados níveis de complexos imunes circulantes e imunoglobulinas no soro dos
pacientes, sugerem que a DM é uma enfermidade imunomediada (20,54,69).
As evidências sorológicas, que favorecem a hipótese de McCabe, foram fornecidas
por Harris e Sharp. Os autores encontraram anticorpos circulantes contra antígenos
cocleares em pacientes com DNS progressiva, bem como em cobaias imunizadas com
extrato de proteína coclear (16). A presença de auto-anticorpos na DOI teria relação com
resposta ao corticosteróide, apresentando melhora dos sintomas
(35).
A HSP, proteína de choque de calor, é a denominação de um grupo de proteínas
constitutivas, produzidas por patógenos e hospedeiro, que aumentam rapidamente sua
concentração em resposta à exposição das células a estresses ambientais, ocorrendo em
bactérias e seres humanos
(36,65). Existem muitas controvérsias sobre a função dessas
proteínas. As evidências sugerem que a HSP auxilia na recuperação da conformação das
proteínas (36).
50
As HSPs são nomeadas pela sua massa molecular, determinada por sua migração
em géis SDS-PAGE. Assim, temos HSP100, HSP 90, HSP70, HSP 60, HSP30 e HSP15.
Elas pertencem a famílias multigênicas com genes homólogos que codificam proteínas
com diferentes funções celulares (110).
A família HSP70 é o grupo mais abundante e evolutivamente conservado. Por
atuarem como guias moleculares, as HSP estão associadas a proteínas desnaturadas e
envolvidas no primeiro passo do processamento de antígenos. A proteína do grupo HSP70
tem um tamanho que varia de 66 a 78 Kd. A HSP70 endógena apresenta atividade
terapêutica protetora em processos tumorais e infecciosos, dirigindo os peptídeos para o
MHC de classe I, promovendo uma resposta CD8 específica para esse peptídeo
(83,110,111). Os anticorpos anti-HSP70 são produzidos em pacientes com artrite
reumatóide, lupus eritematoso sistêmico, doença de Crohn, colite ulcerativa, infecções a
diversos patógenos e em indivíduos aparentemente saudáveis (36).
Várias publicações associam os auto-anticorpos a DM e DOI imunomediada
(16,35,36,67,69). Em todas essas patologias, assim como em pacientes saudáveis, não
sabemos se a resposta imune é redirecionada contra as seqüências do HSP do patógeno ou
se o aumento das seqüências do HSP do hospedeiro ocorre em resposta ao estresse, nem
tampouco se as duas afirmações são verdadeiras. A produção local de HSP pode refletir a
presença de genes HSP70-específicos para a OI ou produção de HSP70 órgão-específica.
Independentemente da origem, a indução ou amplificação da resposta imune celular ou
humoral para a HSP, potencialmente, pode causar dano aos tecidos que abrigam a
seqüência de HSP. As possibilidades apresentadas podem fornecer novos significados
sorológicos para classificar a DM e fornecer indícios sobre a patogênese e a terapêutica da
doença (36).
51
Estudos revelam que os pacientes com DNS rapidamente progressiva têm
sintomatologia comum com os pacientes com a DM, sugerindo que essas duas doenças,
associadas à presença de auto-anticorpos anti-HSP70, podem ter uma patogênese comum,
ou que representam manifestações clínicas diferentes dentro de um mesmo espectro de
doença (112).
A DOI imunomediada, quando os sintomas vestibulares estão presentes, em alguns
casos preenche os critérios para DM, principalmente se associada à presença dos auto-
anticorpos anti-HSP70. Nesses casos, as duas patologias podem ser indistinguíveis (69). O
fato de que nem sempre é possível diferenciar essas entidades com base somente em suas
características clínicas, pela falta de testes diagnósticos definitivos, corrobora tal suspeita
(36,69,112).
Um artigo de Rauch e cols. avaliou pacientes com critérios para DM divididos em
quatro subgrupos: DM bilateral, DNS unilateral seguida por DM na orelha contralateral,
DM unilateral seguida por DNS rapidamente progressiva na orelha contralateral e DM
ocorrendo na orelha em que, previamente, ocorreu surdez súbita. O teste de anti-HSP70
por WB foi positivo em 47% dos pacientes com doença unilateral e em 50% dos com
doença bilateral, sugerindo que um processo imunomediado possa estar envolvido na
patogênese da doença (36).
Hirose e cols. avaliaram pacientes com DNS progressiva dos quais 40% tiveram
diagnóstico de DM (69). Fuse e cols. argumentaram que alguns pacientes com DOI
imunomediada, sem vertigem, apresentavam DNS isolada, que seria um estágio
relativamente precoce da doença. Contudo, os pacientes com DM típica sofrem de DNS
com flutuação auditiva, que seria característica de um estágio mais avançado da doença,
inconstante, e que poderia ser modificada pelo sistema imune do doente (113).
52
Entretanto, os dados histopatológicos não confirmam a hipótese de que a DM
idiopática resulta da tradicional destruição imunomediada da OI. As alterações em ossos
temporais de estudos experimentais de DOI imunomediada mostraram que a resposta
direta contra a OI resulta em degeneração do órgão de Corti, proliferação difusa do tecido
fibroso, osteogênese e hidropisia endolinfática. As alterações presentes na DM são mais
tênues, e a hidropisia é o achado patológico primário. Portanto, a DM não seria decorrente
de um processo inflamatório fulminante, mas sim de uma resposta imune da OI, que
poderia resultar na secreção de citocinas ou mediadores imunes, incluindo anticorpos
direcionados contra estruturas da OI. Os auto-anticorpos presentes alterariam a
homeostase, sendo tóxicos para o processo metabólico da OI, mesmo sem envolver
resposta inflamatória (12).
Um estudo de Fuse e cols. avaliou os níveis de citocinas intracelulares, através da
citometria de fluxo, no soro de pacientes com DNS flutuante, aguda, em freqüências
graves, em comparação a pacientes com DM e a controles saudáveis. Nenhum dos
pacientes avaliados no estudo apresentava doença auto-imune, alérgica ou sistêmica,
exceto a DOI. Quando comparados ao grupo controle, os pacientes com DNS flutuante,
aguda, em freqüências graves, apresentaram aumento dos níveis de interferon gama
produzido por linfócitos T do tipo T
H
1, enquanto os pacientes com DM mostraram
aumento da atividade das células NK. Os resultados sugerem a possibilidade de que a
etiologia de ambas as doenças envolva resposta imune. A anormalidade do balanço
T
H
1/T
H
2 apresentada em pacientes com DNS aguda, em freqüências graves, e o aumento
da atividade das células NK na DM são característicos de DOI imunomediada (113).
Alguns trabalhos experimentais que evidenciaram a presença, no labirinto, de
células plasmáticas e linfócitos, produtores de mediadores inflamatórios, sugerem que a
DM é uma doença imune mediada por células. A dose de antígenos é um fator importante
53
para a definição do eixo T
H
1/T
H
2. Quando os antígenos estão presentes em baixa
concentração, a resposta T
H
1 predomina. Fuse e cols. encontraram pacientes com DM e
DNS aguda em freqüências graves, apresentando níveis altos de CD4/CD8 e baixos de
T
H
1, favorecendo essa concepção. As células NK estão presentes em órgãos envolvidos na
regulação da resposta imune a auto-antígenos (113).
1.7. Métodos diagnósticos imunológicos
Devido à semelhança fenotípica entre algumas formas de DNS progressivas, súbitas
e flutuantes, como a hidropisia endolinfática e a surdez genética, a padronização de testes
específicos que auxiliem no diagnóstico diferencial e, conseqüentemente, contribuam para
a instituição do tratamento precoce, representarão um avanço importante no intuito de
parar ou reverter o dano ocasionado à OI pela doença (38).
Os testes laboratoriais de imunidade celular e humoral, com antígenos específicos
derivados da OI, foram desenvolvidos na tentativa de confirmar o diagnóstico e determinar
quais pacientes se beneficiariam com o tratamento imunossupressivo. Alguns trabalhos
mostraram a relação entre o resultado positivo em tais testes e o tratamento com
corticosteróides, ocasionando, inicialmente, melhora nos limiares auditivos dos pacientes
(55). Apesar de todas as evidências já mencionadas de atividade imune na OI, os testes de
imunidade celular e humoral foram inconsistentes ou normais, inclusive em pacientes com
enfermidades de etiologia auto-imune, como a síndrome de Cogan (27). As evidências de
que a DM seja causada por mecanismo imunomediado são fortes
(20), mas os testes
disponíveis atualmente são geralmente normais. Por isso, é possível suspeitar que exista
outra origem imunomediada para o desenvolvimento dos sintomas (27). Algumas questões
precisam ser melhor esclarecidas sobre a relevância de tais testes como marcadores da
54
doença e, por isso, as pesquisas nessa área têm despertado muito interesse nas últimas três
décadas.
McCabe, quando descreveu a DOI imunomediada, admitiu que a falta de um teste
diagnóstico padrão áureo induz o médico a usar tratamentos imunossupressores baseados
na clínica. No caso dessa doença, tal prática pode expor o paciente a riscos (28). Vários
testes de triagem foram propostos, alguns avaliando a imunidade celular e outros avaliando
a imunidade humoral. O teste de imunidade celular, inibição da migração de linfócitos
(MIF), foi sugerido com restrições por McCabe, uma vez que apresentava resultados
duvidosos em termos de especificidade. Posteriormente, relatos de que somente um terço
dos pacientes com todos os critérios clínicos para DOI imunomediada apresentavam o
resultado do teste positivo, confirmaram as suspeitas de Mc Cabe, e o teste não foi incluído
na rotina da investigação diagnóstica (114).
Os testes antígeno-específicos incluem o teste de transformação de linfócitos
(LTT), a imunofluorescência e o HSP70. O LTT foi proposto por Hughes na década de
1980, utilizando a membrana de OI não refinada como antígeno não putativo. O teste foi
realizado com o isolamento dos linfócitos do paciente. Se estivessem sensibilizados, os
linfócitos, ao serem expostos a antígenos da OI, seriam ativados e liberariam citocinas.
Entretanto, o método não foi aceito pelas falhas metodológicas que o estudo apresentou.
As dificuldades na realização do teste – inclusive a necessidade de um laboratório de
imunologia com recursos tecnológicos, amostras de 30 ml de sangue que não podem ser
congeladas e exigência de que o teste seja feito no máximo 18 horas após a coleta – fazem
do LTT um teste inviável para a triagem diagnóstica
(115).
A imunofluorescência indireta é um teste da imunidade humoral que é utilizado
para a pesquisa de anticorpos direcionados contra vários elementos celulares e teciduais.
Na DOI, essa técnica foi utilizada para identificar auto-anticorpos contra tecidos da OI. O
55
teste é rápido e de fácil realização quando comparado aos testes de imunidade celular,
necessitando de menor quantidade de sangue e permitindo que as amostras sejam
congeladas por longos períodos. Porém, não existem estudos quanto ao seu valor
prognóstico e terapêutico na DOI (114). Conforme Brookes, os pacientes com DM
apresentam incidência aumentada de auto-anticorpos (76). Plester, em 1988, observou
grandes quantidades de auto-anticorpos não específicos para a OI no soro de pacientes com
DOI quando comparados a um grupo controle. Tais anticorpos são semelhantes aos típicos
anticorpos encontrados em doenças auto-imunes e doenças inflamatórias crônicas de
provável causa imunomediada (114).
O colágeno tipo II está presente na cápsula ótica da OI (67). Estudos em cobaias
imunizadas com colágeno tipo II mostraram, pelo método ELISA, anticorpos IgG-
específicos no SE de cobaias, com relato de disfunção vestibular e perda de audição
(101,102). Embora os estudos de Muino sugiram que a presença de anticorpos IgG-
específicos anti-colágeno tipo II esteja associada à etiopatogenia das doenças DM e DNS
progressiva e represente um índice de gravidade e cronicidade, não há um consenso para o
emprego clínico desse conhecimento (102).
Brookes também relatou que os pacientes com DM apresentavam maior quantidade
de complexos imunes circulantes, que poderiam ser o fator etiológico da doença,
decorrente do processo patológico local na OI. Entretanto, a presença de complexos
imunes poderia ser um epifenômeno da doença, já que nenhuma relação foi encontrada
entre complexos imunes e a atividade da doença (76). Atlas demonstrou a presença de
anticorpos contra proteínas de OI bovina 68 kD e 42-a 45-kD no soro de pacientes com
DM. Todos os 12 pacientes com DM bilateral e 16 dos 24 pacientes com DM unilateral
apresentaram auto-anticorpos anti-HSP70, comparados com somente quatro entre os 44
pacientes normais do grupo controle (54).
56
A auto-imunidade na OI tem também sido investigada através da anti-laminina, já
que a laminina é um antígeno tecidual endógeno que poderia ser estimulado por um
processo infeccioso persistente (20,67). Estudos histoquímicos mostraram que a
reatividade à laminina resulta do epítopo Gal alfa 1-3 presente em oligossacarídeos da
laminina de rato. Embora a laminina seja extensivamente distribuída na OI, não foi
observada reação à laminina humana na ausência do epítopo Gal alfa 1-3 (20).
O teste do anti-HSP70 foi introduzido no diagnóstico de perda auditiva progressiva.
Muitos trabalhos relacionaram a positividade no teste também com a DM. O método foi
introduzido por Harris e Sharp, que publicaram sua experiência com o teste do anti-HSP70
pelo método de WB. O teste faz parte da rotina diagnóstica em muitos centros de
referência em otologia (16,35,87,114,116). Segundo Moscicki, o paciente com resultado
positivo no teste WB e quadro clínico de DNS bilateral, progressiva e idiopática, de início
recente (dias a semanas), apresenta doença ativa, devendo ser tratado com corticóide, pois
há chance de resposta favorável (35). A baixa sensibilidade do teste de WB permite que,
em caso de suspeita clínica, o teste terapêutico com corticosteróides seja realizado (38).
Embora muitos estudos façam referência ao anti-HSP70 por WB como um teste promissor
para o diagnóstico de DM e DOI imunomediada, estudos recentes não confirmam a ligação
entre o HSP no soro e a DM (20).
O soro dos pacientes com DM tem sido testado para a presença de auto-anticorpos
anti-HSP70 pelo método WB, usando extrato renal bovino como antígeno (16,35-38,65,67-
69,112). Gottschlich e cols. encontraram auto-anticorpos anti-HSP70 em 30% de 50
pacientes, e Shin e cols. encontraram anti-HSP70 em 33% de 60 pacientes com DM (112).
Rauch e cols. avaliaram 30 casos de DM severa testados pelo anti-HSP70 e encontraram
um resultado positivo em 47% dos pacientes. Os auto-anticorpos foram encontrados em
57
33% dos casos unilaterais, 37,5% de hidropisia tardia contralateral e em 59% dos casos de
doença bilateral (36).
Os testes sorológicos antígeno-inespecíficos, como o complemento sérico, a
velocidade de sedimentação de eritrócitos (VSG), complexos imunes circulantes (IgA,
IgG, IgM), a proteína C reativa e os auto-anticorpos (fator reumatóide, fator antinuclear,
anti-tireoglobulina), são a evidência indireta de atividade imunológica (114). A proteína C
reativa ou o VSG seriam igualmente sensíveis para avaliar pacientes com DOI
imunomediada ou infecção crônica e para sugerir a necessidade de outros testes com a
investigação de uma possível doença sistêmica. A fração C1q do complemento, que
apresenta afinidade por imunocomplexos, deveria estar reduzida no soro dos pacientes com
DOI imunomediada após a lesão tissular. Contudo, o estudo de Hirose não revelou
relevância clínica nos pacientes com a dosagem de C1q alterada, nem evidência de doenças
por imunocomplexos em pacientes com DM (69).
Há um consenso de que os testes de imunidade celular, embora produzam
resultados interessantes, são tecnicamente complicados para serem realizados em
laboratório clínico. A escassez de ossos temporais humanos disponíveis com DM e as
dificuldades em estudá-los dificultam a pesquisa até mesmo por parte de pesquisadores
altamente qualificados. Assim, os anticorpos séricos para proteína recombinante derivada
de OI, pela maneira simples como são detectados, constituiriam o método ideal para
rastreamento e diagnóstico. O mais promissor teste, até o momento, parece ser o anti-
HSP70, já que vários artigos demonstraram a correlação entre a positividade nesse teste e a
resposta a corticosteróide (12,55). Vários resultados conflitantes têm sido relatados e,
conseqüentemente, o antígeno alvo na OI ainda não está claro (20).
Atualmente, alguns estudos sugerem que o diagnóstico de DOI imunomediada
deveria incluir, além dos critérios clínicos, a pesquisa do auto-anticorpo anti-HSP70, por
58
WB, e do VSG. Quando o VSG estiver elevado, testes mais específicos para doenças
sistêmicas devem ser solicitados, conforme a suspeita clínica (69). O teste do anti-HSP70
mostrou-se o mais específico e com melhor valor preditivo positivo entre os apresentados
para o diagnóstico da DOI imunomediada, segundo a literatura
(16). Entretanto, pela baixa
sensibilidade do teste, pacientes com o teste negativo podem ter melhora com o uso de
corticosteróide. A relevância do teste na DM ainda é cercada de controvérsias.
Segundo Munari e cols., o principal problema do WB realizado no rastreamento de
DOI e DM imunomediada é que geralmente usa lisado celular inteiro, potencialmente
levando a resultados falso-positivos que reconhecem outras proteínas de 70 kD que, na
verdade, não são o HSP70. No estudo que publicamos em 2003, verificamos que a
quantidade de HSP70 presente é crítica no WB, e que altas quantidades de HSP70, mesmo
em normais, podem resultar em um teste positivo. Na verdade, o anti-HSP70 está presente
em baixos níveis em todas as pessoas. Outro problema é a desnaturação da proteína, que
afeta o reconhecimento pelo soro do paciente. Os resultados sugerem que o WB não é um
método adequado para identificar auto-anticorpos para a HSP70 (33) .
Um terceiro e mais sério problema é a falta de pureza do antígeno, associado ao
fato de o soro do paciente e do controle apresentar anticorpos reativos a antígenos
adicionais presentes no extrato bruto, como a albumina bovina, que tem um peso molecular
ligeiramente menor do que 68 kDa, freqüentemente distorcendo essa região do blot
(16,49). A solução para o problema da impureza dos antígenos seria a realização dos testes
com proteína recombinante (117).
Na ausência de um teste específico e confiável para o diagnóstico de DOI e DM
imunomediadas, o padrão áureo continua sendo a melhora clínica sustentada, por pelo
menos 4 semanas, após um curso de terapia imunossupressora, embora este seja um
método impreciso (69). Alguns autores sugerem que todos os doentes com DNS idiopática
59
deveriam realizar avaliação laboratorial auto-imune. Outros autores propõem a seleção dos
pacientes que não responderam à terapêutica convencional e que apresentem
simultaneamente doenças imunológicas ou testes de triagem anormais para realizar os
testes para auto-anticorpos dos antígenos da OI (70).
60
2. OBJETIVO GERAL
Identificar a freqüência de auto-anticorpos anti-HSP70 pelos métodos de ELISA e
WB em pacientes com DM (grupo de estudo) comparado ao grupo controle constituído por
pacientes com DOI que não preencham os critérios para a DM .
61
3. REFERÊNCIAS
1. Atkinson M. Ménière’s original papers. Reprinted with an English translation together
with commentaries and biographical sketch. Acta Otolaryngol [Suppl]
(Stockh).1961; 162.
2. Committee on Hearing and Equilibrium guidelines for the diagnosis and evaluation of
therapy in Meniere's disease. American Academy of Otolaryngology-Head and
Neck Foundation, Inc. Otolaryngol Head Neck Surg. 1995;113(3):181-5.
3. Hughes GB. Ménière’s disease. Hearing Health. 2001;17:2.
4. Cruz OL, Costa SS. Disacusia neurossensorial imunomediada. In: Cruz OL, Costa SS.
Otologia clínica e cirúrgica. Rio de Janeiro: Revinter; 2000. p. 307-14.
5. Cruz OL, Costa SS. Malformações da orelha interna – disacusias genéticas In: Cruz OL,
Costa SS. Otologia clínica e cirúrgica. Rio de Janeiro: Revinter; 2000. p. 111.
6. Rauch SD, Merchant SN, Thedinger B. A. Ménière’s syndrome and endolymphatic
hydrops, double-bind temporal bone study. Ann Otol Rhinol Laryngol.
1989;98:873-83.
7. Hallpike CS, Cairns H. Observation on pathology of Ménière Syndrome. J Laryngol
Otol. 1938;53:625-55.
8. Guild S. The circulation of the endolymph. Am J Anat. 1927;39:57-81.
9. da Costa SS, de Sousa LC, Piza MR. Meniere's disease: overview, epidemiology, and
natural history. Otolaryngol Clin North Am. 2002;35(3):455-95.
10. Cahali S, Cahali MB, Lavinsky L, Cahali RB. Hidropsia endolinfática. Tratado de
Otorrinolaringologia da Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia. 1ª ed. São
Paulo: Roca; 2003. p. 479-85.
11. Merchant SN, Rauch SD, Nadol JB Jr. Ménière’s disease. Eur Arch Othorhinolaryngol.
1995;252(2):63-75.
62
12. Ruckenstein MJ. Immunologic aspects of Ménière’s disease. Am J Otolaryngol.
1999;20(3):161-5.
13. Stone JH, Francis HW. Immune-mediated inner ear disease. Curr Opin Rheumatol.
2000;12(1):32-40.
14. Paparella MM, Djalilian HR. Etiology, pathophysiology of symptoms and pathogenesis
of Ménière’s disease. Otolaryngol Clin N Am. 2002;35(3):529-45.
15. Oliveira do Valle L, Almeida CI, Alves FR, Breuel ML. Perda Auditiva Progressiva.
Tratado de Otorrinolaringologia da Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia.
1ª ed. São Paulo: Roca; 2003. p. 346-66.
16. Harris JP, Sharp PA. Inner ear autoantibodies in patients with rapidly progressive
sensorineural hearing loss. Laryngoscope. 1990;100(5):516-24.
17. Nina LG, Lourenço EA. Doenças imunomediadas da orelha interna. Tratado de
Otorrinolaringologia da Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia. 1ª ed. São
Paulo: Roca; 2003. p. 140-47.
18. Proctor CA, Proctor TB, Proctor B. Etiology and treatment of fluid retention (hydrops)
in Ménière syndrome. Ear Nose Throat J. 1992;71(12):631-5.
19. Cao MY, Deggouj N, Gersdorff M, Tomasi JP. Guinea pig inner ear antigens:
extraction and application to the study of human autoimmune inner ear disease.
Laryngoscope. 1996;106(2 Pt 1):207-12.
20. Yoo TJ, Du X, Kwon SS. Molecular mechanisms of autoimmune hearing loss. Acta
Otolaryngol Suppl. 2002;548:3-9.
21. Bernstein JM, Shanahan TC, Schaffer FM. Further observation on the role of the MHC
genes and certain hearing disorders. Acta Otolaryngol. 1996;116(5):666-71.
22. Garcia Berrocal JR, Ramírez-Camacho R. Immune response and immunopathology of
inner ear: um update. J Laryngol Otol. 2000;114(2):101-7.
63
23. Yimtae K, Song H, Billings P, Harris JP, Keithley EM. Connection between the inner
ear and the lymphatic system. Laryngoscope. 2001;111(9):1631-35.
24. Rahman M, Poe D, Choi H. Autoimmune vestibulo-cochlear disorders. Curr Opin
Rheumatol. 2001;13(3):184-9.
25. Hughes GB, Barna BP, Kinney SE, Calabrese LH, Nalepa NJ. Clinical diagnosis of
immune inner ear disease. Laryngoscope. 1998;98(3):251-3.
26. Ruckenstein MJ. Autoimmune ear disease. Curr Opin Otolaryngol Head Neck Surg.
2004;12(5):426-30.
27. Derebery MJ. The role of allergy in Ménière’s disease. Otolaryngol Clin N Am.
1997;30(6):1007-15.
28. McCabe BF. Autoimmune sensorineural hearing loss. Ann Otol Rhinol Laryngol.
1979;88(5 Pt 1):585-9.
29. Welling DB. Clinical evaluation and treatment of immune-mediated inner ear disease.
Ear Nose Throat J. 1996;75(5):301-5.
30. Rauch SD. Clinical, management of immune-mediated inner-ear disease. Ann N Y
Acad Sci. 1997;830:203-10.
31. Vinceneux P, Couloigner V, Pouchot J, Bouccara D, Sterkers O. Autoimmune
deafness. Presse Med. 1999;28(34):1904-10.
32. Berrettini S, Ravecca F, Bruschini L, Ursino F, Sellari-Franceschini S. Progressive
sensorineural hearing loss: immunologic etiology. Acta Otorhinolaryngol Ital.
1998;18(4 Suppl 59):33-41.
33. Munari L, Charcat S, Rodrigues L, von Muhllen CA, Bau AR, Lavinsky L, Bonorino
C. An ELISA serum assay for autoantibodies to HSP70 in immune-mediated
hearing loss. J Immunol Methods. 2003;283(1-2):155-61.
64
34. Bloch DB, Gutierrez JA, Guerriero V, Rauch SD. Recognition of a dominant epitope in
bovine heat-shock protein 70 in inner ear disease. Laryngoscope.
1999;109(4):621-5.
35. Moscicki RA, San Martin JE, Quintero CH, Rauch SD, Nadol JB Jr, Bloch KJ. Serum
antibody to inner ear proteins in patients with progressive hearing loss.
Correlation with disease activity and response to corticoid treatment. JAMA.
1994;272(8):611-6.
36. Rauch SD, San Martin JE, Moscicki RA, Bloch KJ. Serum antibodies against heat
shock protein 70 in Ménières’s disease. Am J Otol. 1995;16(5):648-52.
37. Billings PB, Keithley E, Harris JP. Evidence linking the 68 kilodalton antigen
identified in progressive sensorineural hearing loss patient sera with heat shock
protein 70. Ann Otol Rhinol Laryngol. 1995;104(3):181-8.
38. Garcia Berrocal JR, Ramírez-Camacho R, Arellano B, Vargas JA. Validity of the
Western blot immunoassay for heat shock protein-70 in associated and isolated
immunorelated inner ear disease. Laryngoscope. 2002;112(2):304-9.
39. Alford BR. Committee on Hearing and Equilibrium. Ménière’s disease: criteria for
diagnosis and evaluation of therapy for reporting. Trans Am Acad Ophtalmol
Otol. 1972;5:1462-4.
40. Pearson BW, Brackmann DE. Committee on Hearing and Equilibrium guidelines for
reporting treatment results in Ménière’s disease. Otolaryngol Head Neck Surg.
1985;93(5):579-81.
41. Nakae K, Komatuzaki K. Epidemiological study of Meniere’s disease. Pract Otol
(Kyoto). 1984; 69:1783-8.
42. Tokumasu K, Tashiro N, Goto K. Incidence and prevalence of Meniere’s disease in
Asgamihara city, Kanagawa-Ken. Pract Otol (Kyoto). 1983; (Suppl 3):1165-75.
65
43. Haid CT, Watermeier D, Wolf SR, Berg M. Clinical survey of Ménière’s disease: 574
cases. Acta Otolaryngol Suppl. 1995;520 Pt 2:251-5.
44. Wladislavosky-Waserman P, Facer GW, Mokri B, Kurland LT. Meniere's disease: a
30-year epidemiologic and clinical study in Rochester, Mn, 1951-1980.
Laryngoscope. 1984;94(8):1098-102.
45. Watanabe I. Incidence of Meniere's disease, including some other epidemiological
data. In: Oosterveld WJ, editor. Meniere's disease: a comprehensive appraisal.
Chichester: John Wiley & Sons Ltd.; 1983. p. 9-23.
46. Kotimäki J, Sorri M, Aantaa E, Nuutinen J. Prevalence of Ménière’s disease in Finland.
Laryngoscope. 1999;109(5):748-53.
47. Morrison AW, Johnson KJ. Genetic (molecular biology) in Ménière’s disease. Am J
Otol. 2002;35:497-516.
48. Paparella MM. The cause (multifactorial inheritance) and pathogenesis (endolymphatic
malabsorption) of Meniere's disease and its symptoms (mechanical and
chemical). Acta Otolaryngol. 1985;99(3-4):445-51.
49. Schwaber MK. Transtympanic gentamicin perfusion for the of Ménière’s disease.
Otolaryngol Clin N Am. 2002;35(2):287-95.
50. Slattery WH 3rd, Fayad JN. Medical treatment of Ménière’s disease. Otolaryngol Clin
N Am. 1997;30(6):1027-37.
51. Thorp MA, Shehab ZP, Bance ML, Rutka JA; AAO-HNS Committee on Hearing and
Equilibrium. The AAO-HNS Committee on Hearing and Equilibrium guidelines
for the diagnosis and evaluation of therapy in Meniere's disease: have they been
applied in the published literature of the last decade? Clin Otolaryngol Allied Sci.
2003;28(3):173-6.
66
52. Morrison AW, Mowbray JF, Williamson R, Sheeka S, Sodha N, Koskinen N. On
genetic and environmental factors in Meniere's disease. Am J Otol.
1994;15(1):35-9.
53. Arweiler DJ, Jaahnke K, Grosse-Wilde H. Ménière’s disease as an autosomal dominant
hereditary disease. Laryngorhinootologie. 1995;74(8):512-5.
54. Atlas MD, Chai F, Boscato L. Meniere's disease: evidence of an immune process. Am J
Otol. 1998;19(5):628-31.
55. Barna B, Hughes GB. Autoimmune inner ear disease - a real entity?. Clin Lab Med.
1997;17(3):581-94.
56. Boulassel MR, Tomasi JP, Deggouj N, Gersdorff M. COCH5B2 is a target antigen of
inner ear antibodies in autoimmune inner ear disease. Otol Neurotol.
2001;22(5):614-8.
57. Kazmieczak H, Dororszewska G. Metabolic disorders in vertigo, tinnitus, and hearing
loss. Int Tinnitus J. 2001;7(1):54-8.
58. Kraft JR. Hyperinsulinemia: a merging history with idiopathic tinnitus, vertigo, and
hearing loss. Int Tinnitus J. 1998;4(2):127-30.
59. Lavinky L, D’Ávila C. Tratamento etiológico da Síndrome de Ménière. In: Lavinky L.
Tratamento em Otologia, 1ª ed. Rio de Janeiro: Revinter; 2006. p. 426-33.
60. Lavinsky L, Lavinsky J, D’Ávila C. Tratamento das principais disacusias
neurossensoriais de causa sistêmica. In: Lavinky L. Tratamento em Otologia. 1ª
ed. Rio de Janeiro: Revinter; 2006. p. 415-25.
61. Lavinky L, D’Ávila C. Tratamento das alterações metabólicas dos carboidratos com
repercussão otológica. In: Lavinky L. Tratamento em Otologia. 1ª ed. Rio de
Janeiro: Revinter; 2006. p. 373-77.
67
62. Rubin W. Tratamento das doenças sistêmicas com repercussão otoneurológica. In:
Lavinky L. Tratamento em Otologia. 1ª ed. Rio de Janeiro: Revinter; 2006. p.
557-63.
63. Scasso CA, Bruschini L, Berrettini S, Bruschini P. Progressive sensorineural hearing
loss from infectious agents. Acta Otorhinolaryngol. 1998;18(4 Suppl 59):51-4.
64. Arenberg IK, Lemke C, Shambaugh GE Jr. Viral theory for Ménière’s disease
endolymphatic hydrops: overview and new therapeutic options for viral
labyrinthitis. Ann N Y Acad Sci. 1997;830:306-13.
65. Derebery MJ. Prevalence of heat shock protein in patients with Ménière’s disease and
allergy. Otolaryngol Head Neck Surg. 2002;126(6):677-82.
66. Howard BK, Mabry RL, Meyerhoff WL. Use of a screening RAST in a large neuro-
otologic practice. Otolaryngol Head Neck Surg. 1997;117(6):653-9.
67. Yamanobe S, Harris JP. Inner ear-specific autoantibodies. Laryngoscope.
1993;103(3):319-25.
68. Bloch DB, San Martin JE, Rauch SD, Moscicki RA, Bloch KJ. Serum antibodies to
heat shock protein 70 in sensorineural hearing loss. Arch Otolaryngol Head Neck
Surg. 1995;121(10):1167-71.
69. Hirose K, Wener MH, Duckert LG. Utility of laboratory testing in autoimmune inner
ear disease. Laryngoscope. 1999;109(11):1749-54.
70. von Muhlen C, Picarelli MM. Rotinas no tratamento de afecções auto-imunes com
repercussão otológica. In: Lavinky L. Tratamento em Otologia. 1ª ed. Rio de
Janeiro: Revinter; 2006. p. 17-21.
71. Mouadeb DA, Ruckenstein M. Antiphospholipid inner ear syndrome. Laryngoscope.
2005;115(5):879-83.
68
72. Takeda T, Takeda S, Kitano H. Endolymphatic hydrops induced by chronic
administration of vasopressin. Hear Res. 2000;140(1-2):1-6.
73. Mangabeira Albernaz PL, Fukuda Y. Glucose, insulin, and inner ear pathology. Acta
Otolaryngol. 1984;97(5-6):496-501.
74. Lavinsky L, Oliveira MW, Bassanesi HJ, D’Ávila C, Lavinsky M. Hyperinsulinemia
and tinnitus: a historical cohort. Int Tinnitus J. 2004;10(1):24-30.
75. Keles E, Godekmerdan A, Kalidag T, Kaygusuz I, Yalcin S, Cengiz AH, Aral M.
Ménière’s disease and allergy: allergens and cytokines. J Laryngol Otol. 2004;
118(9): 668-93.
76. Brookes GB. Circulating immune complexes in Ménière’s disease. Arch Otolaryngol
Head Neck Surg. 1986;12(5):536-40.
77. Segal S, Eviatar E, Berenholz L, Kesseler A, Shamkovitch N. Is there a relation
between acoustic trauma or noise-induced hearing loss and a subsequent
appearance of Ménière’s Disease? An epidemiologic study of 17245 cases and
review of the literature. Otol Neurotol. 2003;24(3):387-91.
78. Woldag K, Schwarzer A. Chronic myeloid leukemia: a rare cause of labyrinth
apoplexy. Laryngorhinootologie. 1996;75(4):247-9.
79. Gibson WP, Arenberg IK. Pathophysiologic theories in the etiology of Ménière’s
disease. Otolaryngol Clin North Am. 1997;30(6):961-7.
80. Ovortrup K, Rostgaard J, Holstein-Rathlou NH, Bretlau P. The endolymphatic sac, a
potential endocrine gland? Acta Otolaryngol. 1999;119(2):194-9.
81. Gussen R. Vascular mechanism in Ménière’s disease. Theoretical considerations. Arch
Otolaryngol. 1982;108(9):544-49.
69
82. Sperling NM, Paparella MM, Yoon TH, Zelterman D. Symptomatic versus
asymptomatic endolymphatic hydrops: a histopathologic comparison.
Laryngoscope. 1993;103(3):277-85.
83. Munk ME, Schoel B, Modrow S, Karr KW, Young RA, Kaufmann SH. T lymphocytes
from healthy individuals with specificity to self-epitopes shared by the
mycobacterial and human 65-kilodalton heat shock protein. J Immunol.
1989;143(9):2844-9.
84. Katsarkas A. Hearing loss and vestibular dysfunction in M. Acta Otolaryngol.
1996;116(2):185-8.
85. Filipo R, Barbara M. Natural history of Ménière’s disease staging the patients and of
their symptoms. Acta Otolaryngol. 1997;526:10-3.
86. Perez R, Chen JM, Nedzelski JM. The status of the contralateral ear in established
unilateral Meniere's disease. Laryngoscope. 2004;114(8):1373-6.
87. Arnold W, Altermatt HJ, Gebbes JO. Demonstration of immunoglobulins (IgA, IgG) in
the human endolymphatic sac. Laryngol Rhinol Otol. 1984;63:464-7.
88. Silverstein H, Smouha E, Raleigh J. Natural history vs. surgery for Ménière’s disease.
Otolaryngol Head Neck Surg. 1995;100(1):6-16.
89. Harris JP. Immunology of inner ear: evidence of local antibody production. Ann Otol
Rhinol Laryngol. 1984;l93:147-62.
90. Harris JP, Woolf N, Ryan AF. The elaboration of systemic immunity following inner
ear immunization. Am J Otolaryngol. 1985;6:148-52.
91. Harris JP, Ryan AF. Fundamental immune mechanisms of the brain and inner ear.
Otolaryngol Head Neck Surg. 1995:112(6):639-53.
92. Harris JP, Ryan AF. Effect of a middle ear immune responses on inner ear antibody
levels. Ann Otol Rhinol Laryngol. 1985;94(2):202-6.
70
93. Couloigner V, Sterkers MT, Rask-Andersen H, Ferrary E. Le sac endolymphatique: ses
fonctions au sein de l’oreille interne. Medecine/Sciences. 2004;20:304-10.
94. Dornhoffer JL, Waner M, Arenberg IK. Immunoperoxidase study of the endolymphatic
sac in Ménière’s disease. Laryngoscope. 1993;103(9):1027-34.
95. Dornhofler JL, Kaufman A. Immune mechanisms in Ménière’s syndrome. Otolaryngol
Clin North Am. 1997;30(6):1017-26.
96. Takahashi M, Harris JP. Analysis of immunocompetent cells following inner ear
immunostimulation. Laryngoscope. 1988;98(10):1133-8.
97. Garcia Berrocal JR, Vargas JA, Ramírez-Camacho R, González FM, Gea-Banacloche
JC, Vergara J, Durántez A. Deficiency of naive T cells in patients with sudden
deafness. Arch Otolaryngol Head Neck Surg. 1997;123(7):712-7.
98. Filipo R, Mancini F, Nostro G. Ménière’s disease and autoimmunity. Ann N Y Acad
Sci. 1997;830:299-305.
99. Harris JP. Experimental autoimmune sensorineural hearing loss. Laryngoscope.
1987;97(1):63-76.
100. Derebery MJ, Rao VS, Siglock TJ, Linthicum FH, Nelson RA. Ménière’s disease: an
immune complex-mediated illness? Laryngoscope. 1991;101(3):225-9.
101. Yoo TJ, Stuart JM, Kang AH, Townes AS, Tomoda K, Dixit S. Type II collagen auto
immunity in otosclerosis and Ménière’s Disease. Science. 1982;217(4565):1153-
5.
102. Muino JC, Carreras R, Ocampo MA, Ferrero M, Piffiguer R, Landa C, Beltramo D.
The importance of IgG autoantibodies, anti-collagen type II specific in Ménière
disease and progressive hearing loss. Rev Fac Cien Med Univ Nac Cordoba.
1999;56(2):71-80.
71
103. Harris JP, Woolf N, Ryan AF. A reexamination of experimental type II collagen
autoimmunity: middle and inner ear morphology and function. Ann Otol Rhinol
Laryngol. 1986;95(2 Pt 1):176-80.
104. Harris JP, Sharp PA. Inner ear autoantibodies in patients with rapidly progressive
SNHL. Laryngoscope. 1990;100:516-24.
105. Abbas AK, Lichtman AH, Pober JS. Imunologia Celular e Molecular. 4ª ed. Rio de
Janeiro: Revinter; 2003. p. 435-9.
106. Negreiros B, Ungier C. Imunologia Elementar e Básica. Alergologia Clínica. 1ª ed.
Rio de Janeiro: Atheneu; 1995. p. 3-11.
107. Lunardi C, Bason C, Leandri M, Navone R, Lestani M, Millo E, Benatti U, Cilli M,
Beri R, Corrocher R, Puccetti A. Autoantibodies to inner ear and endothelial
antigens in Cogan’s syndrome. Lancet. 2002;360(9337):915-21.
108. Ochoa VM, Weider DJ. Development of autoimmune sensorineural hearing loss after
endolymphatic sac decompression: two case reports. Otol Neurotol.
2003;24(2):279-82.
109. Shea JJ. Autoimmune sensorineural hearing loss as aggravation factor in Ménière’s: a
preliminary report. Adv Otorhinolaryngol. 1983;30:254-7.
110. Mattei D, Scherf A, Bensaude O, da Silva LP. A heat shock-like protein from the
human malaria parasite Plasmodium falciparum induces autoantibodies. Eur J
Immunol. 1989;19(10):1823-8.
111. Udono H, Srivastava PK. Heat shock protein 70 associated peptides elicit specific
cancer immunity. J Exp Med. 1993;178(4):1391-6.
112. Shin SO, Billings PB, Keithley EM, Harris JP. Comparison of anti-heat shock protein
70 and anti-68 kDa inner ear protein in the sera of patients with Ménière’s
disease. Laryngoscope. 1997;107(2):222-7.
72
113. Fuse TH, Oota N, Fukase S, Asano S, Kato T, Aoyagi M. Immunological responses in
acute low-tone sensorineural hearing loss and Ménière’s disease. Acta
Otolaryngol. 2003;123(1):26-31.
114. Soliman AM. Immune-mediated inner ear disease. Am J Otol. 1992;13(6):575-79.
115. Bittar R, Thomé D, Nascimento E, Sanches T. Doenças auto-imunes da orelha
interna: revisão da literatura. Arquivos da Fundação de Otorrinolaringologia.
1998;2(3).
116. Jongkees L. Treatment of vertigo. In: Clinical Otology. Vol. 3. Baltimore: Williams &
Wilkins Co., 1983. p. 231-33.
117. Mehlert A, Young DB. Biochemical and antigenic characterization of the
Mycobacterium tuberculosis 71kD antigen, a member of the 70kD heat-shock
protein family. Mol Microbiol. 1989;3(2):125-30.
73
4. MATERIAIS E MÉTODOS, RESULTADOS E CONCLUSÕES
Os materiais e métodos, os resultados e as conclusões deste trabalho serão
apresentados na forma de um artigo, cuja versão em inglês foi submetida para publicação
na revista Laryngoscope. As versões em português e inglês aparecem a seguir.
74
4.1. Artigo em língua portuguesa
FREQÜÊNCIA DE AUTO-ANTICORPO ANTI-HSP70 PELOS MÉTODOS ELISA
E WESTERN BLOT EM PACIENTES COM DOENÇA DE MÉNIÈRE: UM
ESTUDO CONTROLADO
Anne-Rose L. Wiederkehr Baú*, Luiz Lavinsky**
1
, Cristina Bonorino***, Leonardo
Munari****
* Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, RS, Brasil.
** PhD. Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, RS,
Brasil.
***PhD. Laboratório de Imunorreumatologia do Instituto de Pesquisas Biomédicas da
PUCRS, Porto Alegre, RS, Brasil.
**** Laboratório de Imunorreumatologia do Instituto de Pesquisas Biomédicas da
PUCRS, Porto Alegre, RS, Brasil.
Título resumido: Anti-HSP70 em pacientes com doença de Ménière
O trabalho foi realizado no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Universidade Federal do
Rio Grande do Sul.
1
Autor correspondente: Luiz Lavinky, Serviço de Otorrinolaringologia, Hospital de Clínicas de Porto Alegre,
Rua Ramiro Barcelos 2350, CEP 90.035-003, Porto Alegre, RS, Brasil. Fone: +55-51-3330.2444, e-mail:
lavinsky.ez@terra.com.br
75
RESUMO
Objetivos: Determinar a freqüência de auto-anticorpos anti-HSP70 pelos métodos
de ELISA e Western blot e comparar os resultados pelos diferentes métodos em pacientes
com doença de Ménière (DM) e em pacientes com doenças da orelha interna (DOI) que
não preenchiam os critérios para a DM.
Delineamento: Prospectivo, com delineamento do tipo caso-controle, em pacientes
com DM e DOI não-Ménière.
Métodos: Amostras de sangue foram coletadas de 31 pacientes com DM e 78
pacientes com DOI não-Ménière e testadas para presença de anti-HSP70 com ELISA ou
Western blot. Foram obtidos dados sobre os sintomas cocleares e vestibulares.
Resultados: No grupo com DM, 93,6% dos pacientes tiveram um intervalo de
tempo maior que um ano entre o início dos sintomas e a realização dos testes laboratoriais,
predominando a doença unilateral (58,1%). O anti-HSP70 foi detectado por ELISA em
quatro pacientes (12,9%) e por Western blot em oito (25,8%). Somente um paciente com o
teste de ELISA positivo apresentava doença ativa. Quanto ao Western blot com resultado
positivo, dois pacientes estavam com a doença ativa e seis, inativa. A análise estatística
não estabeleceu qualquer associação entre os achados sorológicos e os fatores clínicos da
DM. No grupo com DOI não-Ménière, a doença bilateral ocorreu em 64,1%. Não foi
encontrada associação entre lateralidade, tempo de evolução e atividade da doença com
auto-anticorpos anti-HSP70.
Conclusão: A detecção de auto-anticorpos anti-HSP70 por ELISA e Western blot
não ocorreu em freqüência significativamente diferente em DM que em DOI não Ménière.
Palavras-chave: Doença de Ménière; anti-HSP70; saco endolinfático; sistema imune;
doença da orelha interna; perda auditiva neurossensorial.
76
INTRODUÇÃO
Em 1861, Prosper Ménière descreveu uma entidade clínica decorrente de alterações
na homeostasia da orelha interna. A doença de Ménière, como foi chamada, é associada a
perda auditiva do tipo disacusia neurossensorial (DNS), episódios de vertigem com
duração de 20 minutos a horas e zumbido na ausência de sintomas neurológicos ou
seqüelas
1,2
. O padrão característico de remissões e exacerbações e a apresentação clínica
variada tornam o manejo da DM difícil e muitas vezes frustrante
3
.
A histopatologia da hidropisia endolinfática foi descrita pela primeira vez por
artigos de Hallpike e Cairns, na Inglaterra, e de Yamakawa, no Japão. O termo hidropisia
endolinfática designa uma alteração da orelha interna decorrente da distensão progressiva
do espaço endolinfático, especialmente do ducto coclear e sáculo, embora o utrículo e as
ampolas dos canais semicirculares também possam estar envolvidas
4-6
. Quando a causa de
hidropisia não pode ser identificada, a desordem recebe o nome de DM, enquanto os casos
com etiologia conhecida são classificados como síndrome de Ménière (SM)
7,8
.
Historicamente, a DM é uma das patologias otorrinolaringológicas mais estudadas.
Mesmo assim, ainda são escassas as possibilidades de tratamento
9
. A etiologia da DM,
assim como de outras doenças da orelha interna, inclusive surdez súbita e surdez
progressiva
10
, ainda é desconhecida
11
. É possível que uma reação imunológica oculta seja a
causa dessas enfermidades
7,12,13
.
A orelha interna foi considerada segregada do sistema imune, pois se acreditava
que estivesse isolada dentro da cápsula ótica, sem drenagem linfática
14
. As pesquisas nos
últimos 30 anos modificaram esse conceito. Um estudo recente de Yimtae e cols.
encontrou evidências de que existe drenagem da OI, através da orelha média, para
linfonodos cervicais superficiais, e que a OI tem conexões próprias com os linfonodos. Há
77
evidências de que o saco endolinfático (SE) tem vasos que poderiam servir como via de
drenagem para linfonodos regionais
15
.
Alguns pesquisadores sugerem que a etiopatogenia imunomediada é a causa de
parte dos casos de DM anteriormente classificados como de etiologia idiopática
8,12,16-18
. A
dificuldade em estabelecer o diagnóstico de certeza da doença imunomediada persiste por
não ser possível a retirada de amostras de tecido coclear do paciente doente.
O curso clínico da DM com flutuações auditivas, períodos assintomáticos e
oscilações na severidade da doença, resultando em lenta e progressiva deterioração do
órgão afetado, é semelhante ao que se observa em muitas doenças auto-imunes. Estas são
exacerbadas por estresses físicos e psicológicos, uma observação que também é feita na
DM
19,20
.
A HSP, proteína de choque de calor, é a denominação de um grupo de proteínas
constitutivas, produzidas por patógenos e hospedeiro, que aumentam rapidamente sua
concentração em resposta à exposição das células a estresses ambientais, ocorrendo em
bactérias e seres humanos
48, 49
. Existem muitas controvérsias sobre a função dessas
proteínas. As evidências sugerem que a HSP auxilia na recuperação da conformação das
proteínas
48
.
O presente estudo buscou determinar 1) se há relação entre a presença do auto-
anticorpo anti-HSP70 e certos fatores clínicos da DM, 2) se essa relação varia durante o
curso da doença e 3) se a presença de anti-HSP70 serve para distinguir um subgrupo da
DM. Para tanto, os achados sorológicos dos pacientes com DM foram comparados aos de
um grupo de pacientes com DOI não-Ménière.
78
PACIENTES E MÉTODOS
Realizamos um estudo prospectivo, com delineamento do tipo caso-controle
21
,
para
avaliar a freqüência de auto-anticorpos anti-HSP70 pelos métodos de ELISA e WB. O
grupo de estudo foi formado por pacientes com DM, conforme os critérios definidos pela
Academia Americana de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço
2,22
, e foi
comparado ao grupo controle de pacientes com DOI sem critérios para a DM.
A partir de um cadastro prévio de 64 pacientes do Ambulatório de DM do Serviço
de Otorrinolaringologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, convidamos os pacientes,
por correspondência simples, a participar do grupo de estudo. Na ocasião, os pacientes
foram orientados quanto aos objetivos do trabalho e quanto à liberdade total em participar
ou não do estudo, sem que isso implicasse em qualquer modificação na continuidade do
tratamento no hospital. Quinze pacientes não compareceram para avaliação médica em
resposta à correspondência. Entre os 49 que foram avaliados, 18 foram excluídos por não
preencher os critérios padronizados para DM. Assim, 31 pacientes constituíram o grupo de
estudo.
O grupo controle foi composto por 81 pacientes com outras DOI, que não a DM,
atendidos no ambulatório de otologia. Três pacientes foram excluídos por serem
diabéticos; portanto, 78 pacientes fizeram parte do grupo. O estudo foi conduzido com a
avaliação de 109 pacientes.
A investigação clínica nos dois grupos incluiu anamnese, exame clínico
otorrinolaringológico, exame otoneurológico, exames de busca etiológica, pesquisa de
auto-anticorpos pelos métodos de ELISA e WB e exames de imagem, em caso de perda
auditiva unilateral. O teste do glicerol foi realizado somente no grupo de estudo. Os dados
clínicos foram analisados de acordo com os itens do protocolo de investigação de pacientes
com DM (Anexo 1) desenvolvido para o estudo.
79
A coleta das amostras de 5 ml de sangue venoso dos pacientes dos grupos de estudo
e controle foi feita após preenchimento do termo de consentimento informado (Anexo 2).
História clínica
Os pacientes incluídos no grupo de estudo foram diagnosticados de acordo com os
seguintes critérios
2,23
:
1) DNS flutuante ou progressiva demonstrada por audiometrias seriadas e/ou pelo
teste do glicerol positivo. O parâmetro para avaliar os limiares auditivos foi a
média de 4 freqüências de tons puros (500 Hz, 1 kHz, 2 kHz, 3 kHz).
2) Crises de vertigem paroxística recorrente típica da DM, com duração de 20
minutos até 24 horas (no mínimo dois episódios).
3) Zumbido unilateral ou bilateral.
Foram excluídos do estudo os pacientes com história de tratamento com
imunossupressores ou antiinflamatórios corticosteróides nos últimos três meses,
queimadura, diabetes melito, doença de Alzheimer, colite ulcerativa, câncer, febre ou
infecção recente por influenza, pois essas condições alteram os valores do HSP70
24
. No
grupo de estudo, foram excluídos pacientes com evidência de comprometimento do
sistema nervoso central, como tumor afetando o VIII nervo craniano e evidência de outras
entidades clínicas que possam mimetizar as manifestações clínicas da DM (Ménière-like).
Além do sexo e da idade, os sintomas clínicos relacionados com a doença foram avaliados:
características da vertigem e da perda auditiva, presença de plenitude aural, zumbido,
história familiar, duração da doença, lateralidade e atividade da doença.
O intervalo de tempo desde a crise de vertigem ou flutuação auditiva mais recente
foi avaliado. A doença foi considerada ativa na presença de crise de vertigem ou flutuação
auditiva nos 30 dias que antecedem a coleta das amostras de sangue
25
. A duração da
80
doença foi definida em função do momento do início dos sintomas nos pacientes que
preenchiam os critérios para DM
2,23
.
Exames radiológicos
Exames de imagem, como a tomografia computadorizada com contraste, e, se
necessário, a ressonância nuclear magnética, foram realizados para excluir lesões no VIII
nervo craniano em pacientes que apresentaram DNS unilateral ou envolvimento do sistema
nervoso central, e também naqueles em quem que os resultados da audiometria de tronco
cerebral (ABR) ou os dados clínicos fossem sugestivos de envolvimento retrococlear.
Exame físico otorrinolaringológico
O exame físico otorrinolaringológico consistiu em uma revisão da história clínica
com o objetivo de detectar a presença, no passado ou no presente, de manifestações
clínicas relevantes. Para tal utilizou-se um protocolo padronizado para todos os pacientes,
que constava de exame otorrinolaringológico geral e exame audiológico e otoneurológico
(Anexo 1).
O exame clínico foi caracterizado por inspeção e palpação da cabeça e pescoço,
oroscopia, otoscopia, rinoscopia anterior e acumetria.
Exame audiológico
Estabeleceram-se as características audiológicas de acordo com a audiometria tonal
e vocal convencional, com a determinação dos limiares ósseo-aéreos, tendo sido usada uma
cabine acústica e um audiômetro modelo AD 17 da marca Interacoustics. Procedeu-se
ainda à imitanciometria, que incluiu o estudo da timpanometria, dos reflexos estapedianos
e da complacência estática, usando-se um imitanciômetro AZ 26 da marca Interacoustics.
Os pacientes do grupo de estudo realizaram o teste do glicerol, que foi considerado
positivo quando houvesse melhora de 10 dB em três freqüências (500, 1000 e 2000 Hz).
81
Exames otoneurológicos
A normalidade foi determinada pelo exame dos pares cranianos e
eletronistagmografia.
O exame dos pares cranianos foi realizado mediante pesquisa no II (acuidade
visual, simetria e reação), III, IV e V (motricidade ocular, tamanho, simetria e reação das
pupilas), V (reflexo corneano, sensibilidade da face e mucosa nasal), VII (motricidade
facial), IX (motricidade e sensibilidade do pálato), X (motricidade do pálato), XI
(movimentação dos músculos esternocleidomastoideo e trapézio) e XII (inspeção e
motricidade da língua) pares cranianos. Seguiu-se a metodologia referida por Ganança e
Mangabeira Albernaz
25
.
O estudo eletronistagmográfico foi realizado com um aparelho da marca Hortmann,
modelo Neuro Otometrie, através de vários testes, seguindo a metodologia de Ganança e
cols.
26
.
Exames de busca etiológica
Foram realizados testes laboratoriais para avaliação de sorologia para sífilis, exame
inespecífico para verificar a atividade inflamatória (velocidade de sedimentação globular,
VSG), exames para avaliar coexistência de doenças imunológicas sistêmicas (fator
antinuclear (FAN), fator reumatóide (FR), dosagem do complemento sérico : C3 e C4),
pesquisa de alterações metabólicas através do perfil lipídico (colesterol total e frações,
triglicerídeos) e curvas glicêmica e insulinêmica em jejum (de 10 a 16 horas) e após 100 g
de glicose, em que os seguintes intervalos de tempo foram avaliados:
concentração de glicose em 0, 30, 60, 90, 120, 180, 240 e 300 minutos;
concentração da insulina nos mesmos intervalos de tempo, pelo método do
radioimunoensaio, e classificada de acordo com os critérios de Kraft
27
.
82
Pesquisa de auto-anticorpos
O teste do anti-HSP70 foi realizado pelos métodos de ELISA e WB
28
. O estudo foi
duplo-cego: a equipe do laboratório testou os soros sem conhecimento do grupo a que
pertenciam os pacientes encaminhados, e a equipe médica manejou os pacientes de acordo
com o diagnóstico clínico, sem conhecimento do resultado do teste que foi realizado no
Laboratório de Imunorreumatologia do Instituto de Pesquisas Biomédicas da Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
Os pacientes foram avaliados em relação ao tempo de início dos sintomas, presença
de doença unilateral ou bilateral, idade e atividade da doença em associação com o
resultado dos testes de ELISA e WB. Verificamos também se existe associação entre o
anti-HSP70 e DM idiopática e DM de etiologia conhecida. Os dados foram plotados em
planilha eletrônica Excel e analisados pelo Software estatístico SPSS 11.0.
Coleta de sangue e separação de célula
5 ml de sangue foram coletados, sendo 2 ml separados em tubo não heparinizado
para coagulação e obtenção do soro, e o restante, transferido para tubos heparinizados. A
seguir, esse sangue restante foi diluído em meio RPMI (Sigma) e centrifugado sobre
Histopaque 1077 (Sigma) para a separação das células circulantes, que foram congeladas a
-80
o
C. O soro foi inicialmente mantido a 4
o
C para as análises de auto-anticorpos, sendo
adicionada azida a 0,01% para impedir o crescimento de microorganismos.
A metodologia para produção da HSP70 de origem humana e para a realização de
WB e ELISA seguiram a descrição de Munari e cols.
28
Análise estatística
O tamanho da amostra foi calculado a partir de um estudo piloto. A fórmula para o
cálculo foi baseada em Cochran
29
. Para verificar a associação entre variáveis categóricas
foram utilizados os testes qui-quadrado e exato de Fisher, quando apropriado. Para a
83
comparação de médias de variável contínua foi utilizado o teste t de Student. No caso de
comparação da variável tempo de evolução (ordinal) foi utilizado o teste não-paramétrico
de Mann-Whitney. A concordância entre os testes ELISA e WB foi verificada através do
teste Kappa e qui-quadrado de McNemar. O nível de significância adotado foi de 0,05. A
análise foi feita utilizando-se o software SPSS versão 11.0 e o cálculo de sensibilidade,
especificidade, valor preditivo positivo e negativo, assim como seus respectivos intervalos
de confiança (95%), através do Epi Info 6.04d.
84
RESULTADOS
Características do grupo de estudo e do grupo controle
Entre os 31 pacientes do grupo de estudo com diagnóstico de DM, 12 eram homens
(38,7%) e 19 eram mulheres (61,3%), com idade média de 39,5 anos (DP 15,5 anos,
variando de 12 a 75 anos). A doença foi bilateral em 13 pacientes (41,9%), conforme a
Tabela I.
O tempo entre o início dos sintomas e o primeiro exame ficou entre um e seis meses
em um paciente (3,2%) e seis e 12 meses em um paciente (3,2%). Em 29 pacientes (93,6%)
a avaliação ocorreu após 12 meses do início dos sintomas, conforme a Tabela II. O sintoma
de plenitude aural esteve presente em 14 pacientes (45,2%). Oito pacientes (25,8%)
tiveram história familiar sugestiva de DM. Quanto à atividade da doença, 21 (67,7%)
pacientes não apresentavam doença ativa.
A queixa de zumbido esteve presente em todos os pacientes com DM (100%),
sendo mais comum o zumbido unilateral agudo que ocorreu em 17 pacientes (54,8%).
Todos os pacientes com DM realizaram o teste do glicerol, que foi positivo em 15
pacientes (48,4%). A eletronistagmografia revelou hipoatividade do labirinto envolvido
como o achado mais comum, encontrado em 20 (64,51%) pacientes, enquanto cinco
(16,12%) tiveram o exame normal, três (9,67%) não conseguiram realizar o exame, dois
(6,45%) apresentaram distúrbio misto e um (3,22%) apresentou hiperreflexia labiríntica.
Os pacientes com DOI na ausência de sintomas sugestivos de DM formaram um
grupo controle de 78 pacientes, sendo constituído por 47 homens (60,3%) e 31 mulheres
(39,7%), com idade média de 46,1 anos (desvio padrão de 15,9 anos, variando de 7 a 80
anos). A doença foi bilateral em 50 pacientes (64,1%), conforme a Tabela I. O tempo entre
o início dos sintomas e o exame inicial foi de até 30 dias em quatro pacientes (5,1%), de
um a seis meses em 12 (15,4%), de seis a 12 meses em oito (10,3%) e maior que um ano
85
em 54 pacientes (69,2%), conforme a Tabela II. A queixa de zumbido esteve presente em
61 pacientes (78,2%) com DOI, sendo mais comum o zumbido unilateral agudo que
ocorreu em 43 (55,1%). O sintoma de plenitude aural esteve presente em 15 pacientes
(19,2%). Quatro pacientes (5,1%) tiveram história familiar de perda auditiva. Quanto à
atividade da doença 57(73,1%) não apresentavam doença ativa.
Todos os pacientes do grupo com DM apresentaram sintomas de vertigem típica em
algum período desde o início das manifestações clínicas da doença. No momento da
investigação, 27 pacientes (87,1%) referiam vertigem típica e quatro (12,9%) tontura não
rotatória. No grupo controle, 41 pacientes (52.6%) nunca apresentaram queixas
vestibulares, mas 10 (12,8%) referiram sintomas de vertigem típica, embora não
preenchessem os critérios para DM, e 27 (34,6%), tontura não rotatória.
Quanto à disacusia, no grupo com DM 15 pacientes (48,4%) apresentavam DNS
flutuante progressiva unilateral e sete (22,6%) flutuante progressiva bilateral. Nos demais
pacientes não foi observada flutuação auditiva, mas sim DNS progressiva unilateral em
dois (6,5%) e bilateral em seis (19,3%). Um paciente (3,2%) apresentou disacusia mista
por apresentar DM decorrente de otosclerose. No grupo controle, quatro pacientes (5,1%)
apresentavam DNS flutuante progressiva unilateral e cinco (6,4%) flutuante progressiva
bilateral. Nos demais pacientes não foi observada flutuação auditiva, mas a DNS foi
progressiva unilateral em cinco (6,4%), progressiva bilateral em sete (9%) e estável 45
pacientes (57,7%). Doze pacientes (15,4%) apresentaram disacusia mista com diagnóstico
de otosclerose (Tabela III).
Três pacientes (9,7%) do grupo com DM foram submetidos a gentamicina intra-
timpânica, com controle dos sintomas da doença, sendo que todos apresentaram o anti-
HSP70 positivo pelos métodos de ELISA e WB. Em relação a sorologia para sífilis, quatro
86
pacientes (5,1%) do grupo com DOI não DM e um paciente (3,2%) do grupo com DM
apresentaram resultado positivo; entretanto, os testes não confirmaram doença ativa.
Quatro pacientes (12,9%) do grupo de estudo apresentavam doença auto-imune, 3
tireoidite de Hashimoto e 1 artrite reumatóide, em remissão.
Um paciente do grupo controle, cujo teste do anti-HSP70 foi negativo por ambos os
métodos, apresentou anormalidade no exame de imagem, sendo diagnosticado neuroma do
acústico. Os 78 pacientes do grupo controle tiveram várias hipóteses diagnósticas,
conforme a Tabela IV.
Investigação etiológica no grupo de estudo
Quanto ao diagnóstico, os pacientes do grupo com DM foram submetido a exames
de busca etiológica para avaliar a possibilidade de que a dismetabulopatia dos carboidratos
fosse o fator causal da doença. Foram analisadas as curvas glicêmica e insulinêmica de
cinco horas após 100 g de glicose em 30 pacientes (96,8%). Um (3,2%) não as realizou por
não ter conseguido completar o exame. Nove pacientes (30%) tiveram curvas glicêmicas
normais, seis (20%) com hiperglicemia e 15 com (50%) hipoglicemia. As curvas
insulinêmicas foram normais em oito (26,6%) pacientes e anormais em 22 (73,4%), sendo
que três (10%) foram do tipo II 1; 12 (40%) do tipo II 2; duas (6,7%) do tipo III b; e cinco
(16,7%) do tipo IV, não sendo encontrada nenhuma curva do tipo V, considerando a
classificação de Kraft
27
. Contudo, três pacientes (10%) apresentaram curva glicêmica
plana.
Os demais exames de busca etiológica realizados no grupo de estudo tiveram os
seguintes resultados: três (9,7%) pacientes com alterações sorológicas sugestivas de
hipotireoidismo e 11 (35,5%) com elevação do LDL colesterol. Nenhum dos pacientes com
hipotireoidismo apresentou anti-HSP70 positivo, mas dois com elevação do colesterol
87
LDL tiveram anti-HSP70 positivo por WB. Um deles apresentou anticorpos também por
ELISA.
A hipótese diagnóstica dos pacientes do grupo de estudo foi de 24 pacientes com
DM por etiologia metabólica, um por otosclerose e três por otite média crônica, sendo que
dois pacientes da casuística apresentam dois fatores causais para a doença: a otite média
crônica e a dismetabulopatia dos carboidratos. Cinco pacientes não tiveram etiologia
definida, conforme a Tabela V. Os pacientes com diagnóstico de otite média crônica não
apresentavam supuração nem infecção na orelha média havia mais de três meses. Entre os
cinco pacientes com etiologia idiopática, nenhum apresentou sorologia positiva para o
HSP70.
Correlação dos achados da pesquisa etiológica com os métodos de pesquisa de auto-
anticorpos (WB e ELISA)
Nos cinco pacientes com DM e etiologia indeterminada, a sorologia foi negativa
nos dois testes. Nos quatro pacientes em que o ELISA foi positivo a etiologia da doença foi
a dismetabulopatia dos carboidratos, e a DM foi unilateral. Em relação ao WB, nos oito
pacientes com o teste positivo, a etiologia foi dismetabulopatia dos carboidratos com
curvas tipo II ou III, mas uma paciente tinha história de artrite reumatóide e pseudogota, no
passado, e estava sem tratamento há 6 meses. Entre os oito pacientes, cinco tiveram DM
unilateral e três DM bilateral. Dois pacientes apresentavam mais de uma etiologia
(dismetabulopatia dos carboidratos e otite média crônica). Estes últimos tiveram doença
bilateral.
Testes imunológicos
Testes de imunidade inespecíficos
Os exames para avaliar atividade inflamatória (VSG) e imunidade inespecífica
(FAN, FR, C4), não apresentaram nenhuma alteração, exceto em um (3,2%) paciente com
88
história de artrite reumatóide e pseudogota sem tratamento havia 6 meses, que apresentou a
dosagem de C3 elevada com todos os outros exames laboratoriais realizados normais. No
grupo controle, em 10 (14,1%) pacientes o VSG estava elevado. Contudo, os exames
(FAN, FR, C3 e C4) foram normais.
Métodos de pesquisa de auto-anticorpos
O ELISA foi positivo em quatro (12,9%) pacientes e negativo em 27 (87,1%)
pacientes do grupo com DM. Os resultados do grupo controle foram: 19 (24,4%) pacientes
com resultados positivos e 59 (75,6%) negativos.
O WB foi positivo em oito (25,8%) pacientes com DM e negativo em 23 (74,2%).
No grupo controle, 14 (17,9%) pacientes tiveram resultado positivo e 64 (82,1%),
negativo.
No grupo com DM, o teste ELISA foi positivo em quatro (12,9%) pacientes e o
WB foi positivo em oito (25,8%). Um paciente com ELISA positivo apresentava doença
ativa, enquanto três pacientes com teste positivo apresentavam doença inativa. Quanto ao
WB, dois pacientes tiveram resultado positivo com doença ativa, enquanto os outros seis
com teste positivo não apresentavam doença ativa.
No grupo de estudo, quanto à lateralidade em relação ao anti-HSP70, todos os
pacientes com teste ELISA positivo tiveram doença unilateral. No WB, dos oito pacientes
com teste positivo, somente três tiveram doença bilateral. Três pacientes (9,7%)
apresentaram ambos os testes positivos, todos com DM metabólica e submetidos a
gentamicina intra-timpânica; 22 (71%) apresentaram ambos os testes negativos.
A concordância entre o ELISA e WB foi baixa (coeficiente de Kappa: 0,396)
Correlação dos testes de imunidade inespecífica em relação aos testes ELISA e WB
89
Os quatro pacientes do grupo de estudo com o teste de ELISA positivo e os oito
pacientes com WB positivo não apresentaram alterações nos exames de atividade
inflamatória.
No grupo controle, 10 pacientes tiveram VSG (exame de atividade inflamatória)
alterado. Quanto ao diagnóstico etiológico dos 10 pacientes, um apresentava otosclerose,
três DNS bilateral de etiologia desconhecida e seis surdez súbita. Dos 10 pacientes, cinco
tiveram o resultado positivo com um ou ambos métodos de pesquisa de anti-HSP70. O
anti-HSP70 por ELISA foi positivo em três, sendo que o diagnóstico de dois foi surdez
súbita e de um DNS, bilateral de etiologia desconhecida. Quando ao WB, quatro pacientes
tiveram anti-HSP70 positivo: dois com diagnóstico de surdez súbita, um de otosclerose e
um de DNS bilateral de etiologia desconhecida. Dois (20%) pacientes com surdez súbita
apresentaram exame positivo por ambos os métodos. A Tabela VI apresenta os principais
resultados para cada um dos pacientes.
Investigação do anti-HSP70 em DM e DOI
Prevalência em DM e DOI com WB e ELISA. O método de WB revelou uma
prevalência de 25,8% entre os pacientes com DM e de 17,9% no grupo controle. O ELISA
revelou uma prevalência de 12,9% entre os pacientes com DM e de 24,4% no grupo
controle.
Sensibilidade e especificidade do HSP70 (WB e ELISA) na definição de imunopatia em
DM e DOI
Nos pacientes com DM, consideramos o diagnóstico clínico como o padrão áureo e
comparamos os resultados dos testes de ELISA e WB em função disso. Utilizamos um
intervalo de confiança de 95% em ambos os métodos de pesquisa de auto-anticorpos.
90
Quanto ao anti-HSP70 pelo método ELISA, a sensibilidade do teste foi de 12,9%
(4,2; 30,8), a especificidade foi de 75,6% (64,4; 84,3), o valor preditivo positivo de 17,4%
(5,7; 39,5) e o valor preditivo negativo de 68,6% (57,6; 77,9%), conforme Tabela VII.
Em relação ao anti-HSP70 pelo método de WB, a sensibilidade do teste foi de
25,8% (12,5; 44,9), a especificidade foi de 82,1% (71,4; 89,5), o valor preditivo positivo de
36,4% (18,0; 59,2) e o valor preditivo negativo de 73,6% (62,8; 82,2%), conforme a
Tabela VIII.
DISCUSSÃO
Características do grupo de estudo e do grupo controle
Quanto à escolha do grupo controle, Soliman sugeriu que, em estudos para avaliar a
validade de testes de auto-imunidade da OI, os controles com patologias otológicas são
mais apropriados do que os pacientes saudáveis, não somente pacientes com presbiacusia,
mas pacientes com perda auditiva idiopática não sugestiva de etiologia imunomediada
30
.
Os pacientes com outras doenças auto-imunes conhecidas e pacientes saudáveis poderiam
ser também incluídos para avaliar especificidade do teste diagnóstico
47
.
Em relação às características clínicas dos grupos avaliados, não observamos
associação estatística entre a maior positividade nos testes de anti-HSP70 e a menor idade
dos pacientes, como relatado por Garcia Berrocal e cols.
31
.
No grupo controle predominou a perda auditiva bilateral, enquanto que no grupo de
estudo a doença unilateral foi mais freqüente. Houve diferença significativa entre os
grupos quanto à lateralidade da doença. Acredita-se que a doença bilateral esteja mais
frequentemente associada aos processos sistêmicos, portanto seria esperado que a presença
de auto-anticorpos fosse mais prevalente na doença bilateral, conforme será discutido a
seguir. No grupo de estudo predominou a disacusia flutuante progressiva, que ocorreu em
91
22 (71%) pacientes, dados semelhantes aos encontrados na literatura
18
. Um paciente com
perda auditiva mista teve diagnóstico de otosclerose, causa potencial da DM.
A hiporreflexia do labirinto acometido foi o achado mais freqüente na
eletronistagmografia, estando de acordo com os achados da literatura. Os dados quanto à
plenitude aural, presença de zumbidos e características da vertigem foram semelhantes aos
encontrados na literatura
18
.
Entre os pacientes avaliados no nosso estudo, 83 (76,1%) foram investigados mais
de um ano após o início dos sintomas, fato que pode ter influenciado os títulos do anti-
HSP70 conforme será discutido a seguir.
Os três (9,7%) pacientes submetidos a gentamicina ablativa intra-timpânica
apresentaram a presença de anti-HSP70 por ambos os métodos. A elevação dos anticorpos
anti-HSP70 pode ser decorrente da morte celular provocada pelo tratamento.
Os pacientes com sorologia para sífilis positiva não apresentavam resultado
positivo ao repetirmos o exame, nem história de doença ativa, bem como nenhum
apresentava FTA-ABs positivo, portanto, os sintomas vestibulococleares não podem ser
atribuídos a esse possível fator causal.
Investigação etiológica no grupo de estudo
Quanto ao diagnóstico, os pacientes com curvas insulinêmicas do tipo II e III têm
alta probabilidade de virem a se tornar diabéticos. Os nove pacientes com HSP70 positivo
por um ou ambos os métodos apresentaram curvas insulinêmicas do tipo II e III, dois deles
com hipoglicemia associada. A curva insulinêmica do tipo IV, com um valor em jejum
maior que 50 U/l, é sugestiva de diabete melito. Embora nenhum paciente tenha
apresentado curva tipo V, três pacientes apresentaram curva glicêmica plana, que
freqüentemente está associada a distúrbio de absorção de açúcares (microvilopatia
enzimática) decorrente da deficiência de enzimas, sendo a mais comum a deficiência de
92
lactase. Tais pacientes foram encaminhados para realizar curva de tolerância a lactose, mas
somente um paciente realizou a curva e teve o diagnóstico confirmado. A etiologia mais
prevalente nos pacientes com DM foi a dismetabulopatia dos carboidratos, dado que está
de acordo com estudos anteriores
32-34
.
Correlação dos achados etiológicos com ELISA e WB
Os testes de pesquisa de auto-anticorpos foram realizados pelos métodos de ELISA
e WB. Tais testes são denominados testes de imunidade específica, mas na verdade o anti-
HSP70 não é específico para a OI.
Os cinco (16,1%) pacientes do grupo de estudo com etiologia idiopática
apresentaram sorologia negativa no WB e no ELISA. Tal fato não era esperado, pois
acreditava-se que os pacientes com doença de etiologia desconhecida poderiam apresentar
um mecanismo imunomediado como fator causal para a doença, enquanto todos os
pacientes com sorologia positiva tiveram uma definição etiológica. A análise estatística
não mostrou associação entre a DM com etiologia conhecida e a presença de auto-
anticorpos, conforme as Tabelas IX e X, talvez pelo tamanho reduzido da amostra.
Os dois pacientes do grupo de estudo com duas etiologias (otite média crônica e
dismetabulopatia dos carboidratos) apresentaram WB positivo e doença bilateral. Uma
teoria chamada cocleolabirintite solidária (theory of sympathetic cochleolabyrinthitis)
sugere que a doença bilateral, em pacientes com doença crônica da orelha média unilateral,
poderia ser decorrente da liberação de antígenos que ocorre durante o período de
deterioração da audição, gerando uma resposta imune e conseqüente doença na orelha
contralateral após infecção ou cirurgia na OI
35
.
No grupo de estudo, o fato de nenhum dos três pacientes com hipotireoidismo
apresentarem anti-HSP70 positivo chama a atenção, já que, sabidamente, as patologias da
tireóide, como a tireoidite de Hashimoto, são doenças auto-imunes. Quanto aos dois
93
pacientes com elevação do colesterol LDL que tiveram anti-HSP70 positivo por WB ou
ELISA, é possível que anticorpos contra o LDL oxidado (pelo processo de envelhecimento
celular) sejam responsáveis pela formação da placa aterosclerótica. Entretanto, não é
possível associar a presença dos auto-anticorpos com o LDL já que outros pacientes com
auto-anticorpos anti-HSP70 tiveram colesterol LDL normais
36
.
Testes imunológicos
Testes de imunidade inespecíficos
Em nossa casuística não foi observada correlação entre o resultado dos exames de
atividade inflamatória e o anti-HSP70 no grupo de estudo. No grupo controle, dos 10
pacientes com resposta inflamatória inespecífica (VSG elevado), cinco tiveram anti-HSP70
positivo por ELISA ou WB, três tiveram resultado positivo somente por ELISA, quatro por
WB, sendo que 2 foram positivos pelos dois métodos. Contudo, a análise estatística não
determinou associação entre exames de atividade inflamatória e auto-anticorpos, conforme
as Tabelas XI e XII. Os testes laboratoriais de imunidade inespecíficos não detectaram
nenhum caso de doença auto-imune.
Embora os testes laboratoriais possam auxiliar na investigação da DOI
imunomediada, o diagnóstico continua sendo baseado na melhora dos sintomas em
resposta ao corticosteróide, que é considerada o padrão áureo pela falta de um teste com
esta característica
37
. Hirose e cols. avaliaram a utilidade dos testes laboratoriais nas DOI de
provável etiologia imunomediada.
35
Em seu estudo, os pacientes analisados foram
atendidos dentro de duas semanas do início dos sintomas otológicos e vestibulares. Tais
autores concluíram que o teste sugerido para o diagnóstico de pacientes com manifestações
clínicas de DOI imunomediada é o VSG, para detectar a presença de atividade inflamatória
aguda. Somente quando o VSG for elevado são recomendados os testes de imunidade,
como FAN, FR, C3 e C4, e, conforme a suspeita clínica, podem ser complementados com
94
exames adicionais. Nosso estudo demonstrou que a solicitação dos testes de imunidade
citados anteriormente, na rotina de pesquisa etiológica sem sintomas de doença auto-
imune, não se mostrou útil no diagnóstico, confirmando os achados de Hirose e cols.
35
Métodos de pesquisa de auto-anticorpos
Hirose e cols. concluíram também que na DOI imunomediada, além do VSG, o
teste do anti-HSP70 por WB é sugerido para o diagnóstico da doença
35,37
. Na nossa
casuística não foi encontrada associação entre presença de auto-anticorpos (ELISA e WB),
atividade da doença
31,37
e doença bilateral
38
e não houve concordância entre os testes
ELISA e WB (coeficiente de Kappa 0,396).
Quanto ao tempo de evolução vs. atividade da doença, o período de tempo entre o
início das manifestações clínicas e a realização dos testes (ELISA e WB) foi maior do que
um ano em 83 pacientes (76,1%). Quanto à atividade da doença, 78 pacientes (71,6%)
apresentavam doença inativa. Comparando o grupo de estudo e o controle em relação a
atividade e tempo de evolução da doença, não foi encontrada diferença significativa nem
para WB nem para ELISA. O longo tempo de evolução da doença e o fato de que a maioria
dos pacientes não tinham doença ativa poderia explicar os baixos índices de auto-
anticorpos.
Garcia Berrocal e cols. realizaram um estudo para avaliar a validade do teste
HSP70 WB em DM, surdez súbita e perda auditiva progressiva. O tempo médio decorrido
entre o início da perda auditiva e o exame inicial dos pacientes avaliados foi de 32,6 meses
para o grupo com DNS progressiva idiopática e 44,2 meses para a DM. O estudo tentou
correlacionar presença de auto-anticorpos com atividade da doença, supondo que a
presença do HSP70 é um fenômeno derivado do tempo de destruição tissular. Se a proteína
de choque de calor é liberada em fases precoces do dano celular, ela não será detectada em
fases mais avançadas do curso clínico da doença. Provavelmente, o grande intervalo de
95
tempo entre o início dos sintomas e o atendimento médico pode facilitar o bloqueio aos
auto-anticorpos anti-HSP70, diminuindo a efetividade dessa análise mesmo em casos de
doença ativa e levando a resultados negativos. Esse achado poderia revelar a importância
do HSP70 na resposta imune local precoce decorrente da agressão tissular no ouvido
interno
31
.
Garcia Berrocal argumentou, em outro estudo, que as DOI provavelmente decorrem
de uma resposta imune celular, como foi encontrado em estudos experimentais, com o
recrutamento de células inflamatórias junto à cóclea, fato que, associado a forma súbita da
apresentação clínica, poderia não permitir a formação de anticorpos anti-HSP70
14
.
Mosciki estabeleceu os critérios clínicos para DOI progressiva imunomediada
associada a presença de auto-anticorpos anti-HSP70 e resposta positiva ao corticosteróide.
Ele encontrou resultados positivos em 89% dos pacientes com doença ativa nos três meses
que antecederam o teste, comparado com nenhum resultado positivo nos 25 pacientes com
doença inativa no mesmo período
37
.
Quanto à lateralidade
A existência de DNS bilateral progressiva poderia facilitar a produção de auto-
anticorpos anti-HSP70, porque o dano poderia afetar os dois ouvidos por um período maior
(semanas ou meses), diferentemente da surdez súbita, em que a perda auditiva surge em
horas a dias. O dano mais extensivo da lesão bilateral facilitaria a produção de auto-
anticorpos anti-HSP70 durante a doença ativa; contudo, tais achados não foram
confirmados
38
.
Existe uma discussão sobre os sintomas comuns a DNS bilateral progressiva,
surdez súbita e DM e sobre o fato de que nem sempre é possível diferenciar essas entidades
com certeza somente pelas manifestações clínicas, já que não existem testes diagnósticos
definitivos. Os pacientes que têm DNS sem uma suspeita etiológica merecem um
96
tratamento imunossupressor por possível etiopatogenia imunomediada. A surdez súbita é
uma doença otológica distinta, caracterizada por DNS unilateral, que ocorre dentro de 72
horas, tratada com corticosteróide pela possibilidade de o processo patológico ser
inflamatório ou imunológico. Há na literatura relatos sobre pacientes com surdez súbita
inicialmente unilateral que desenvolvem DOI bilateral posteriormente, responsiva a
tratamento imunossupressor
39
.
Alguns autores acreditam que a maioria dos casos de DM tem patologia
imunomediada, enquanto outros sugerem que a DNS bilateral rapidamente progressiva
idiopática seria uma entidade diferente, que pode ser diferenciada da DM por apresentar
envolvimento bilateral, rapidamente progressivo, predominância da perda auditiva sobre os
sintomas vestibulares e resposta ao corticóide associada a presença de auto-anticorpos
HSP70
16,40
. Em pesquisa de Rahman e cols, muitos pacientes que responderam a terapia
imunossupressora apresentam doença inicialmente unilateral. Da mesma forma, a DM
bilateral não é incomum, podendo ser responsiva a corticóides e imunossupressores
16,41
. As
características clínicas dos pacientes com DM são compatíveis com uma condição
imunomediada, envolvendo ambos os ouvidos em 30 a 60% dos pacientes acompanhados
por longos períodos
42
.
Quanto à história natural da doença
Alguns fatos devem ser ressaltados quanto à evolução da doença. A sintomatologia
de algumas enfermidades regride com tratamento antiinflamatório, portanto nem todos os
pacientes que respondem ao corticosteróide têm doença imunomediada, como pode ocorrer
inicialmente na otossífilis. Outro fator de confusão é o falso controle dos sintomas em
pacientes que teriam melhora espontânea independente do tratamento. Hirose e cols.
sugerem que a resposta a corticosteróide deve ser considerada positiva quando for
necessário manter o tratamento por longos períodos para evitar a progressão da DOI
35
. Um
97
exemplo disso é que cerca de 10% dos pacientes com DM apresentam melhora dos
sintomas ao receber corticosteróides
39
.
Considerações sobre o método do WB comparado ao ELISA
Algumas questões devem ser discutidas em relação ao teste do anti-HSP70 por
WB. O primeiro foi que o teste era positivo em alguns pacientes quando testados contra um
lisado celular inteiro e negativos quando o antígeno era purificado. O segundo fato
relevante foi que se grandes quantidades de HSP70 purificado fossem usadas os pacientes
e os controles seriam positivos.
O principal problema do WB no rastreamento de DOI é o uso de lisado celular
inteiro, potencialmente levando a resultados falsos positivos, já que outras proteínas de 70
kD, que na verdade não são o HSP70, são reconhecidas. No estudo que publicamos em
2003, verificamos que a quantidade de HSP70 presente é crítica no WB, e que altas
quantidades de HSP70, mesmo em normais, podem revelar um teste positivo. No presente
estudo usamos a proteína recombinante na realização de ambos os métodos (ELISA e WB)
43
. Na verdade, o anti-HSP70 está presente em baixos níveis em todas as pessoas. Outro
problema é a desnaturação da proteína, que impossibilita o reconhecimento do anticorpo
no soro do paciente
30
.
Um terceiro e mais sério problema é a falta de pureza do antígeno associado ao fato
de o soro do paciente e controle apresentarem anticorpos reativos a outros antígenos
presentes no extrato bruto, como a albumina bovina, que tem um peso molecular
ligeiramente menor do que 68 kDa, freqüentemente distorcendo essa região do blot
28
. A
solução para o problema da impureza dos antígenos seria a realização dos testes com
proteína recombinante
43
. Os resultados sugerem que o WB não é um método adequado
para identificar auto-anticorpos para a HSP70, sendo o ELISA uma alternativa mais
confiável no diagnóstico
28
.
98
O teste ELISA é semi-quantitativo e, portanto, mais apropriado para identificar
resultados positivos e negativos. A proteína de OI humana, mostrou-se mais sensível no
estudo piloto realizado em pacientes com DNS progressiva, necessitando menores
quantidades de concentração de antígenos e, assim, minimizando falsos positivos
28
.
Algumas doenças auto-imunes estão associadas com auto-anticorpos que não são
específicos para órgãos e tecidos, de forma que pode ser difícil estabelecer a significância
da positividade do auto-anticorpo na etiologia da doença. O estudo de Shin e cols. revelou
uma maior prevalência de anti-HSP70 no soro de pacientes com DM do que em controles,
embora o auto-anticorpo não seja específico da OI
44
. A dúvida em relação à função dos
auto-anticorpos permanece. Não sabemos se a DOI é uma manifestação da resposta imune
contra a produção aumentada de HSP70 ou se os auto-anticorpos seriam um epifenômeno
da doença, que pode estar associado a outros fatores causais como cirurgia prévia ou
infecção viral, não sendo o HSP70 necessariamente relacionado à etiologia da
doença
41,44,45
.
Prevalência do HSP70 em DM e DOI
O WB revelou uma prevalência no grupo com DM (25,8%) maior em relação ao
teste ELISA (12,9%). No grupo controle, a prevalência foi de 17.9% e 24.4%,
respectivamente. Contudo, não foi encontrada significância estatística em tais achados e,
portanto, os testes não demonstraram utilidade clínica na DM.
Sensibilidade e especificidade do HSP70 (WB e ELISA) na definição da imunopatologia
em DM e DOI
Em estudo publicado por Harris e cols., o teste do anti-HSP70 pelo método WB
apresentou sensibilidade de 42%, especificidade de 90% e valor preditivo positivo de 91%
para pacientes com resposta positiva ao corticóide, ou seja, preenchiam os critérios para
DOI imunomediada e tiveram melhora pelo uso do tratamento imunossupressor. Segundo
99
os autores, pacientes com resultados negativos no WB poderiam também se beneficiar de
corticóides pela baixa sensibilidade do teste. Entretanto, os pacientes nesse estudo foram
tratados em menos de duas semanas do início dos sintomas, período em que a doença
estava em atividade
11
. Atlas e cols. também referem que a presença desses anticorpos foi
significativamente relacionada com a doença ativa
40
.
O estudo de Munari e cols. avaliou os resultados do método de ELISA em 13
pacientes com DOI imunomediada e em 30 controles e encontrou sensibilidade de 84%,
especificidade de 93%, valor preditivo positivo de 84% e valor preditivo negativo de
92,8%, superiores aos relatados pelo método WB e, portanto, com melhor valor
diagnóstico
28
.
Rahman e cols. relatam que cerca de um terço dos pacientes com DM apresentam
auto-anticorpos anti-HSP70 positivos pelo método de WB
16
. Rauch e cols. também
encontraram associação entre anti-HSP70 e DM
24
.
Na nossa casuística, no grupo de estudo, a sensibilidade e o valor preditivo positivo
dos testes foram baixos, enquanto que a especificidade e o valor preditivo negativo foram
altos. Estas características em um teste diagnóstico sugerem que ele é útil para confirmação
diagnóstica. Contudo, não podemos fazer tais afirmações em relação ao teste do anti-
HSP70 por ELISA e WB em pacientes com DM, já que não foi encontrada significância na
análise estatística (conforme Tabelas VII e VIII ) entre os grupos e os testes.
Considerações sobre a origem das proteínas para o teste
O estudo imunológico das DOI requer que os antígenos purificados de OI estejam
prontamente acessíveis. As proteínas da OI têm sido extraídas de humanos e mamíferos e
usadas em estudos de investigação clínica e estudos experimentais
46
. O teste do anti-
HSP70 parece clinicamente útil, segundo alguns estudos; entretanto, obter o antígeno para
o teste pode ser difícil e consumir bastante tempo
44
. A coleta do tecido da OI humana é
100
usualmente realizada durante cirurgias translabirínticas de neuroma do acústico.
Entretanto, a quantidade é limitada e, além disso, e o tecido não pode ser totalmente
retirado durante a cirurgia. Portanto, é razoável que outros tecidos de OI de mamíferos
sejam usados em substituição ao humano. O tecido de cobaias é abundante e pode ser
obtido inteiro pela dissecção cirúrgica da OI
46
. Por outro lado, o restrito volume do tecido
de cobaias obtido aumenta o custo. Essa dificuldade na obtenção do antígeno pode ser
resolvida seguindo as observações de Yamanobe e Harris
39
. Shin argumenta que o antígeno
de 68 kDa é ubíquo e, assim, mais acessível e abundante em outros locais, tais como
cérebro ou rim, que seriam possíveis fontes do antígeno
44
. Um estudo prévio mostrou que
as preparações antigênicas obtidas de ossos temporais de cadáveres humanos e ossos
temporais bovinos mostram bandas similares na análise do SDS-PAGE
39
.
Cao e cols. afirmam que em muitos estudos as proteínas são extraídas do tecido da
OI inteira, quando o mais correto seria fracionar as proteínas, já que cada componente da
OI têm uma estrutura histológica e função fisiológica particular, podendo ter diferente
antigenicidade. Seria importante identificar em que componentes da OI os epítopos
antigênicos estão localizados e quais as interações entre antígenos e anticorpos que podem
ser relevantes para a patogênese da DOI imunomediada. Eles argumentam que seria
conveniente que os antígenos diferentes de cada porção da OI fossem purificados e que a
seqüência de aminoácidos fosse estudada
46
.
Embora Moscicki e cols. tenham encontrado associação entre a proteína de 68 kD e
DOI imunomediada
37
, Cao e cols. somente observaram reatividade nas bandas de 42 e 58
kD
46
. Essas foram principalmente encontradas no ligamento espiral e estria vascular.
Entretanto, a de 42 kD não reagiu com o soro dos pacientes com DOI. A banda de 30 kD
foi encontrada no órgão de Corti, gânglio espiral e fibras do nervo acústico e reagiu com o
soro de pacientes com várias DOI
46
. Yamanobe e Harris demonstraram que o soro dos
101
pacientes com DNS idiopática reagiram com as proteínas de 47, 50, 55, 62 e 68 kD em
todos os tecidos bovinos estudados (não órgão-específicas), e com as proteínas órgão-
específicas de 58, 60 e 220 kD na OI e rim, e 32 e 33 a 35 kD em componentes da OI
39
. As
discrepâncias em termos de peso molecular estimado das bandas de proteínas entre o
estudo de Yamanobe e Harris e o de Cao e cols. podem ser devidas aos animais de
experimentação serem diferentes (respectivamente boi e cobaia), bem como técnicas de
extração ou emprego de proteínas padrão distintas
46
. Os artigos citados pelos autores
reforçam a idéia que a identificação destes auto-anticorpos pode representar um
epifenômeno, e não têm relação com a etiologia da perda auditiva
39,46
.
Certamente o longo tempo entre o início dos sintomas e a realização da pesquisa de
auto-anticorpos pode diminuir a reatividade dos testes. Além disso, cinco pacientes com
DM de etiologia indefinida apresentaram os testes de ELISA e WB negativos. A análise
estatística entre os grupos de estudo e controle não estabeleceu qualquer associação entre
idade, sexo, características clínicas da DM e os achados sorológicos da pesquisa do anti-
HSP70 por ELISA e WB, sugerindo que os testes não tiveram utilidade clínica para o
diagnóstico da doença.
O valor prognóstico e terapêutico dos auto-anticorpos anti-HSP70 nas DOI, entre
elas a DM, ainda não foi estabelecido. Somente estudos prospectivos com maior número
de pacientes de diferentes subgrupos da DM permitirão que se determine se tais subgrupos
da doença originam-se a partir de mecanismos patogênicos diferentes e se realmente há
participação da resposta imune nesse processo. Acreditamos que a melhor compreensão da
fisiopatogenia das DOI imunomediadas possibilitará o desenvolvimento de exames
laboratoriais e critérios diagnósticos e de inclusão corretos.
102
CONCLUSÃO
A detecção de auto-anticorpos anti-HSP70 por ELISA e Western blot não
ocorreu em freqüência significativamente diferente em DM que em DOI não
Ménière.
103
REFERÊNCIAS
1. Atkinson M. Ménière’s original papers. Reprinted with an English translation together
with commentaries and biographical sketch. Acta Otolaryngol [Suppl] (Stockh).
1961; 162.
2. Committee on Hearing and Equilibrium guidelines for the diagnosis and evaluation of
therapy in Meniere's disease. American Academy of Otolaryngology-Head and
Neck Foundation, Inc. Otolaryngol Head Neck Surg. 1995;113(3):181-5.
3. Hughes GB. Ménière’s disease. Hearing Health. 2001;17:2.
4. Cahali S, Cahali MB, Lavinsky L, Cahali RB. Hidropsia endolinfática. Tratado de
Otorrinolaringologia da Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia. 1ª ed. São
Paulo: Roca; 2003. p. 479-85.
5. Merchant SN, Rauch SD, Nadol JB Jr. Ménière’s disease. Eur Arch Othorhinolaryngol.
1995;252(2):63-75.
6. Ruckenstein MJ. Immunologic aspects of Ménière’s disease. Am J Otolaryngol.
1999;20(3):161-5.
7. Stone JH, Francis HW. Immune-mediated inner ear disease. Curr Opin Rheumatol.
2000;12(1):32-40.
8. Paparella MM, Djalilian HR. Etiology, pathophysiology of symptoms and pathogenesis
of Ménière’s disease. Otolaryngol Clin N Am. 2002;35(3):529-45.
9. Mouadeb DA, Ruckenstein M. Antiphospholipid inner ear syndrome. Laryngoscope.
2005;115(5):879-83.
10. Oliveira do Valle L, Almeida CI, Alves FR, Breuel ML. Perda Auditiva Progressiva.
Tratado de Otorrinolaringologia da Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia. 1ª
ed. São Paulo: Roca; 2003. p. 346-66.
104
11. Harris JP, Sharp PA. Inner ear autoantibodies in patients with rapidly progressive
sensorineural hearing loss. Laryngoscope. 1990;100(5):516-24.
12. Nina LG, Lourenço EA. Doenças imunomediadas da orelha interna. Tratado de
Otorrinolaringologia da Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia. 1ª ed. São
Paulo: Roca; 2003. p. 140-47.
13. Proctor CA, Proctor TB, Proctor B. Etiology and treatment of fluid retention (hydrops)
in Ménière syndrome. Ear Nose Throat J. 1992;71(12):631-5.
14. Garcia Berrocal JR, Ramírez-Camacho R. Immune response and immunopathology of
inner ear: um update. J Laryngol Otol. 2000;114(2):101-7.
15. Yimtae K, Song H, Billings P, Harris JP, Keithley EM. Connection between the inner
ear and the lymphatic system. Laryngoscope. 2001;111(9):1631-35.
16. Rahman M, Poe D, Choi H. Autoimmune vestibulo-cochlear disorders. Curr Opin
Rheumatol. 2001;13(3):184-9.
17. Paparella MM. The cause (multifactorial inheritance) and pathogenesis (endolymphatic
malabsorption) of Meniere's disease and its symptoms (mechanical and chemical).
Acta Otolaryngol. 1985;99(3-4):445-51.
18. da Costa SS, de Sousa LC, Piza MR. Meniere's disease: overview, epidemiology, and
natural history. Otolaryngol Clin North Am. 2002;35(3):455-95.
19. Ruckenstein MJ. Autoimmune ear disease. Curr Opin Otolaryngol Head Neck Surg.
2004;12(5):426-30.
20. Derebery MJ. The role of allergy in Ménière’s disease. Otolaryngol Clin N Am.
1997;30(6):1007-15.
21. Jekel JF, Elmore JG, Katz DL. Epidemiologia, bioestatística e medicina preventiva.
Porto Alegre: Artes Médicas; 1999. p. 79-87.
105
22. Pearson BW, Brackmann DE. Committee on Hearing and Equilibrium guidelines for
reporting treatment results in Ménière’s disease. Otolaryngol Head Neck Surg.
1985;93(5):579-81.
23. Derebery MJ. Prevalence of heat shock protein in patients with Ménière’s disease and
allergy. Otolaryngol Head Neck Surg. 2002;126(6):677-82.
24. Rauch SD, Zurakowski D, Bloch DB, Bloch K. Anti-heat shock protein 70 in
Ménière’s disease. Laryngoscope. 2000;110(9):1516-20.
25. Ganança MM, Mangabeira Albernaz PL. Da frequência nistágmica a prova calórica
pendular decrescente, estudo eletronistagmográfico em indivíduos normais. Cádis,
Anais do Simpósio Iberoamericano de Otoneurologia, 1976.
26. Ganança MM, Munhoz MSL, Caovilla HH, da Silva MLG. As etapas da
Equilibriometria. In: Equilibriometria clínica. Vol 1. Rio de Janeiro: Atheneu;
1999. p. 41-96.
27. Kraft JR. Detection of diabetes mellitus in situ (occult diabetes). Lab Med. 1975;6:10-
22.
28. Munari L, Charcat S, Rodrigues L, von Muhllen CA, Bau AR, Lavinsky L, Bonorino
C. An ELISA serum assay for autoantibodies to HSP70 in immune-mediated
hearing loss. J Immunol Methods. 2003;283(1-2):155-61.
29. Cochran WG. Sampling techniques. New York: John Wiley & Sons, Inc.; 1977.
30. Soliman AM. Immune-mediated inner ear disease. Am J Otol. 1992;13(6):575-79.
31. Garcia Berrocal JR, Ramírez-Camacho R, Arellano B, Vargas JA. Validity of the
Western blot immunoassay for heat shock protein-70 in associated and isolated
immunorelated inner ear disease. Laryngoscope. 2002;112(2):304-9.
32. Mangabeira Albernaz PL, Fukuda Y. Glucose, insulin, and inner ear pathology. Acta
Otolaryngol. 1984;97(5-6):496-501.
106
33. Lavinky L, D’Ávila C. Tratamento das alterações metabólicas dos carboidratos com
repercussão otológica. In: Lavinky L. Tratamento em Otologia. 1ª ed. Rio de
Janeiro: Revinter; 2006. p. 373-77.
34. Lavinsky L, Lavinsky J, D’Ávila C. Tratamento das principais disacusias
neurossensoriais de causa sistêmica. In: Lavinky L. Tratamento em Otologia. 1ª ed.
Rio de Janeiro: Revinter; 2006. p. 415-25.
35. Hirose K, Wener MH, Duckert LG. Utility of laboratory testing in autoimmune inner
ear disease. Laryngoscope. 1999;109(11):1749-54.
36. Rubin W. Tratamento das doenças sistêmicas com repercussão otoneurológica. In:
Lavinky L. Tratamento em Otologia. 1ª ed. Rio de Janeiro: Revinter; 2006. p. 557-
63.
37. Moscicki RA, San Martin JE, Quintero CH, Rauch SD, Nadol JB Jr, Bloch KJ. Serum
antibody to inner ear proteins in patients with progressive hearing loss. Correlation
with disease activity and response to corticoid treatment. JAMA. 1994;272(8):611-
6.
38. Saeed SR, Birzgalis AR, Ramsden R. Ménière’s disease. Br J Hosp Med.
1994;51(11):603-12.
39. Yamanobe S, Harris JP. Inner ear-specific autoantibodies. Laryngoscope.
1993;103(3):319-25.
40. Atlas MD, Chai F, Boscato L. Meniere's disease: evidence of an immune process. Am J
Otol. 1998;19(5):628-31.
41. Rahman M, Poe D, Choi H. Etanercept therapy for immune-mediated cocleovestibular
disorders: preliminary results in a pilot study. Otol Neurotol. 2001;22(5):619-24.
42. Shea JJ. Autoimmune sensorineural hearing loss as aggravation factor in Ménière’s: a
preliminary report. Adv Otorhinolaryngol. 1983;30:254-7.
107
43. Mehlert A, Young DB. Biochemical and antigenic characterization of the
Mycobacterium tuberculosis 71kD antigen, a member of the 70kD heat-shock
protein family. Mol Microbiol. 1989;3(2):125-30.
44. Shin SO, Billings PB, Keithley EM, Harris JP. Comparison of anti-heat shock protein
70 and anti-68 kDa inner ear protein in the sera of patients with Ménière’s disease.
Laryngoscope. 1997;107(2):222-7.
45. Harris JP. Immunology of inner ear: evidence of local antibody production. Ann Otol
Rhinol Laryngol. 1984;193:147-62.
46. Cao MY, Deggouj N, Gersdorff M, Tomasi JP. Guinea pig inner ear antigens:
extraction and application to the study of human autoimmune inner ear disease.
Laryngoscope. 1996;106(2 Pt 1):207-12.
47. Dornhoffer JL, Arenberg IK. Immune Mechanisms in Meniere’s disease. Otolaryngol
Clin N Am. 1997;30(6):1017-26.
108
Tabela I. Pacientes segundo grupo e lateralidade
Ménière DOI Total
Lateralidade
n % n % n %
Unilateral 18 58,1 28 35,9 46 42,2
Bilateral 13 41,9 50 64,1 63 57,8
Total 31 100,0 78 100,0 109 100,0
Teste qui-quadrado: p-valor = 0,008
109
Tabela II. Pacientes segundo grupo e tempo de evolução da doença
Ménière DOI Total
Tempo
n % n % n %
Até 30 dias 0 0,0 4 5,1 4 3,7
De 1 a 6 meses 1 3,2 12 15,4 13 11,9
De 6 a 12 meses 1 3,2 8 10,3 9 8,3
Mais de 1 ano 29 93,6 54 69,2 83 76,1
Total 31 100,0 78 100,0 109 100,0
Teste de Mann-Whitney: p-valor = 0,007
110
Tabela III. Pacientes segundo grupo e tipo de disacusia
Ménière DOI Total
Disacusia
n % n % n %
Flutuante progressiva unilateral 15 48,4 4 5,1 19 17,4
Flutuante progressiva bilateral 7 22,6 5 6,4 12 11,0
Progressiva unilateral 2 6,5 5 6,4 7 6,4
Progressiva bilateral 6 19,3 7 9,0 13 11,9
DNS estável 0 0,0 45 57,7 44 40,4
Mista 1 3,2 12 15,4 14 12,9
Total 31 100,0 78 100,0 109 100,0
DNS = disacusia neurossensorial.
111
Tabela IV. Pacientes do grupo controle segundo diagnóstico
DOI
Diagnóstico
n %
DNS etiologia desconhecida bilateral 23 29,5
Surdez súbita 14 17,9
Presbiacusia 11 14,1
Ototoxicidade por medicamentos 2 2,6
Perda induzida por ruído 1 1,3
Neuroma acústico 1 1,3
Acidente vascular cerebral 2 2,6
Otosclerose 12 15,4
Quadro hidrópico transitório 2 2,6
Arnold Chiari 1 1,3
DNS etiologia desconhecida unilateral 9 11,5
Total 78 100,0
DNS = disacusia neurossensorial.
112
Tabela V. Pacientes do grupo de estudo (DM) conforme diagnóstico
Diagnóstico n
DM metabólica 24
DM idiopática 5
DM por otite crônica 3
DM por otite crônica e metabólica 2
DM por otosclerose 1
DM = doença de Ménière.
113
Tabela VI. Principais resultados para cada paciente individualmente
Grupo Idade Sexo Lateralidade Atividade
Tempo
evolução
(meses) ELISA WB VSG
a
Diagnóstico
b
DM 46 masc unilateral inativo >12 positivo positivo 1 Metabólico
DM 57 fem unilateral inativo >12 negativo negativo 1 Otosclerose
DM 22 fem bilateral inativo >12 negativo positivo 1 OMC/ Metabólico
DM 28 fem bilateral inativo >12 negativo negativo 1 Metabólico
DM 27 fem bilateral ativo >12 negativo positivo 1 Metabólico
DM 28 masc unilateral inativo >12 negativo negativo 1 Metabólico
DM 38 fem unilateral inativo >12 negativo negativo 1 Metabólico
DM 57 masc bilateral ativo >12 negativo negativo 1 Metabólico
DM 12 fem unilateral inativo >12 negativo negativo 1 Metabólico
DM 27 fem bilateral inativo >12 negativo negativo 1 Idiopático
DM 45 fem bilateral inativo >12 negativo positivo 1 OMC/ Metabólico
DM 12 fem unilateral inativo >12 negativo negativo 1 Metabólico
DM 38 masc unilateral inativo >12 positivo negativo 1 Metabólico
DM 24 fem unilateral ativo >12 negativo negativo 1 Metabólico
DM 32 masc unilateral inativo >12 negativo negativo 1 Metabólico
DM 63 fem bilateral inativo >12 negativo negativo 1 Idiopático
DM 48 masc unilateral inativo >12 negativo negativo 1 Metabólico
DM 51 masc unilateral inativo >12 negativo positivo 1 Metabólico
DM 56 fem unilateral inativo >12 negativo positivo 1 Metabólico
DM 25 masc unilateral inativo >12 positivo positivo 1 Metabólico
DM 21 fem unilateral inativo >12 negativo negativo 1 Metabólico
DM 57 fem bilateral ativo >12 negativo negativo 1 Metabólico
DM 44 fem bilateral ativo >12 negativo negativo 1 Metabólico
DM 39 fem unilateral inativo >12 negativo negativo 1 Idiopático
DM 30 fem unilateral inativo >12 negativo negativo 1 Metabólico
DM 37 masc unilateral inativo >12 negativo negativo 1 Metabólico
DM 43 fem bilateral ativo >12 negativo negativo 1 Idiopático
DM 40 masc bilateral ativo >12 negativo negativo 1 Metabólico
DM 40 fem unilateral inativo >12 negativo negativo 1 OMC
DM 63 masc bilateral ativo 1-6 negativo negativo 1 Idiopático
DM 75 masc unilateral ativo 6-12 positivo positivo 1 Metabólico
DOI 16 masc unilateral inativo 1-6 negativo negativo 1 DNS unilateral
a
1 = normal; 2 = alterado.
b
DNS bilateral ou DNS unilateral indicam etiologia desconhecida, em investigação. OMC = otite media crônica.
114
Tabela VI. Principais resultados para cada paciente individualmente
Grupo Idade Sexo Lateralidade Atividade
Tempo
evolução
(meses) ELISA WB VSG
a
Diagnóstico
b
DOI 67 masc unilateral inativo 1-6 positivo negativo 1 Surdez súbita
DOI 52 fem bilateral inativo 6-12 negativo negativo 1 AVC
DOI 30 fem bilateral inativo >12 positivo negativo 1 DNS bilateral
DOI 61 masc bilateral inativo >12 negativo negativo 1 Ototoxicidade
DOI 51 masc unilateral inativo >12 positivo negativo 1 DNS unilateral
DOI 28 fem unilateral inativo >12 positivo negativo 1 Surdez súbita
DOI 80 masc unilateral inativo >12 negativo negativo 1 Surdez súbita
DOI 65 fem bilateral inativo >12 negativo negativo 1 Presbiacusia
DOI 65 fem bilateral inativo >12 negativo negativo 1 Presbiacusia
DOI 53 fem bilateral inativo >12 negativo negativo 1 Presbiacusia
DOI 41 masc unilateral inativo >12 negativo positivo 1 DNS unilateral
DOI 38 fem unilateral inativo 6-12 negativo negativo 1 DNS unilateral
DOI 54 fem bilateral inativo >12 negativo positivo 2 DNS bilateral
DOI 57 fem bilateral inativo 6-12 positivo negativo 1 Ototoxicidade
DOI 38 masc bilateral inativo >12 negativo negativo 1 Otosclerose
DOI 55 fem bilateral ativo >12 positivo negativo 1 DNS bilateral
DOI 42 masc bilateral inativo >12 positivo negativo 2 DNS bilateral
DOI 58 masc bilateral ativo >12 negativo positivo 2 Otosclerose
DOI 7 masc bilateral inativo >12 positivo negativo 1 Otosclerose
DOI 59 fem bilateral inativo 1-6 negativo negativo 1 Presbiacusia
DOI 40 fem bilateral ativo >12 negativo negativo 2 DNS bilateral
DOI 65 masc bilateral ativo >12 positivo negativo 1 DNS bilateral
DOI 45 masc unilateral ativo < 30 dias positivo positivo 2 Surdez súbita
DOI 54 masc unilateral ativo < 30 dias positivo positivo 2 Surdez súbita
DOI 8 fem bilateral ativo >12 positivo negativo 1 DNS bilateral
DOI 63 fem unilateral inativo >12 negativo negativo 1 Neuroma
DOI 45 fem bilateral inativo 6-12 negativo negativo 1 DNS bilateral
DOI 60 masc bilateral inativo 1-6 negativo positivo 1 DNS bilateral
DOI 63 masc bilateral inativo >12 negativo positivo 1 Presbiacusia
DOI 35 fem bilateral ativo >12 negativo positivo 1 Otosclerose
DOI 48 masc bilateral inativo >12 negativo positivo 1 Presbiacusia
DOI 77 masc bilateral inativo >12 negativo negativo 1 Presbiacusia
a
1 = normal; 2 = alterado.
b
DNS bilateral ou DNS unilateral indicam etiologia desconhecida, em investigação. OMC = otite media crônica.
115
Tabela VI. Principais resultados para cada paciente individualmente
Grupo Idade Sexo Lateralidade Atividade
Tempo
evolução
(meses) ELISA WB VSG
a
Diagnóstico
b
DOI 43 masc unilateral inativo 1-6 positivo negativo 1 DNS unilateral
DOI 58 masc bilateral inativo >12 negativo positivo 1 Presbiacusia
DOI 63 fem bilateral inativo >12 negativo positivo 1 AVC
DOI 50 masc bilateral inativo 1-6 negativo negativo 1 Presbiacusia
DOI 9 fem unilateral inativo >12 positivo negativo 1 Surdez súbita
DOI 59 masc bilateral ativo >12 negativo negativo 1 Otosclerose
DOI 60 fem bilateral ativo 1-6 negativo negativo 1 Otosclerose
DOI 30 masc bilateral inativo >12 negativo negativo 1 DNS bilateral
DOI 50 fem bilateral inativo >12 negativo negativo 1 DNS bilateral
DOI 58 fem bilateral ativo 1-6 positivo negativo 1 Otosclerose
DOI 45 fem bilateral inativo >12 negativo negativo 1 PAIR
DOI 40 fem bilateral ativo 1-6 positivo negativo 1 DNS bilateral
DOI 28 masc unilateral ativo >12 negativo negativo 2 Surdez súbita
DOI 44 masc bilateral ativo >12 negativo negativo 1 Otosclerose
DOI 40 masc unilateral inativo >12 negativo negativo 1 Surdez súbita
DOI 60 fem unilateral inativo >12 negativo negativo 1 DNS unilateral
DOI 56 masc bilateral inativo >12 negativo negativo 1 Presbiacusia
DOI 42 masc unilateral inativo >12 negativo negativo 1 DNS unilateral
DOI 34 fem unilateral inativo 1-6 negativo negativo 1
Hidropisia
transitória
DOI 46 masc bilateral inativo 6-12 negativo negativo 1 DNS bilateral
DOI 35 masc bilateral inativo 6-12 negativo negativo 1 DNS bilateral
DOI 60 masc bilateral inativo >12 negativo negativo 1 Presbiacusia
DOI 30 fem bilateral inativo 6-12 negativo negativo 1 Otosclerose
DOI 45 masc bilateral inativo >12 negativo negativo 1 DNS bilateral
DOI 45 masc bilateral inativo >12 negativo negativo 1 DNS bilateral
DOI 15 masc bilateral inativo >12 negativo positivo 1 DNS bilateral
DOI 63 fem unilateral inativo 6-12 negativo negativo 2 Surdez súbita
DOI 44 masc unilateral inativo >12 negativo negativo 1 DNS unilateral
DOI 26 masc unilateral ativo 6-12 negativo negativo 2 Surdez súbita
DOI 69 masc unilateral inativo >12 negativo negativo 1 DNS unilateral
DOI 37 masc bilateral ativo >12 negativo negativo 1 Otosclerose
a
1 = normal; 2 = alterado.
b
DNS bilateral ou DNS unilateral indicam etiologia desconhecida, em investigação. OMC = otite media crônica.
116
Tabela VI. Principais resultados para cada paciente individualmente
Grupo Idade Sexo Lateralidade Atividade
Tempo
evolução
(meses) ELISA WB VSG
a
Diagnóstico
b
DOI 54 masc unilateral inativo >12 negativo negativo 1 Surdez súbita
DOI 35 masc unilateral inativo >12 negativo negativo 1 Surdez súbita
DOI 50 masc unilateral inativo 6-12 negativo negativo 1 Arnold Chiari
DOI 30 fem bilateral ativo 6-12 negativo negativo 1 Otosclerose
DOI 46 masc unilateral inativo 6-12 negativo negativo 2 Surdez súbita
DOI 44 fem unilateral inativo < 30 dias negativo negativo 1 Surdez súbita
DOI 52 masc unilateral ativo 6-12 negativo negativo 1 Otosclerose
DOI 58 masc bilateral inativo 6-12 negativo negativo 1 DNS bilateral
DOI 15 fem bilateral ativo < 30 dias negativo negativo 1 DNS bilateral
DOI 40 masc unilateral inativo 6-12 negativo negativo 1
Hidropisia
Transitória
DOI 32 masc bilateral inativo 1-6 negativo negativo 1 DNS bilateral
DOI 26 masc bilateral ativo 6-12 positivo negativo 1 DNS bilateral
DOI 38 fem bilateral inativo 1-6 positivo positivo 1 DNS bilateral
DOI 70 fem bilateral ativo 1-6 positivo positivo 1 DNS bilateral
a
1 = normal; 2 = alterado.
b
DNS bilateral ou DNS unilateral indicam etiologia desconhecida, em investigação. OMC = otite media crônica.
117
Tabela VII. Pacientes segundo grupo e ELISA
Ménière DOI Total
Elisa
n % n % n %
Positivo 4 12,9 19 24,4 23 21,1
Negativo 27 87,1 59 75,6 86 78,9
Total 31 100,0 78 100,0 109 100,0
Teste qui-quadrado: p-valor = 0,186
118
Tabela VIII. Pacientes segundo grupo e WB
Ménière DOI Total
WB
n % n % n %
Positivo 8 25,8 14 17,9 22 20,2
Negativo 23 74,2 64 82,1 87 79,8
Total 31 100,0 78 100,0 109 100,0
Teste qui-quadrado: p-valor = 0,356
WB = Western blot.
119
Tabela IX. Pacientes segundo diagnóstico e ELISA
ELISA
Positivo Negativo Total
Diagnóstico n % n % n %
Idiopática 0 0,0 5 18,5 5 16,1
Causa definida 4 100,0 22 81,5 26 83,9
Total 4 100,0 27 100,0 31 100,0
Teste exato de Fisher: p-valor = 1,000
120
Tabela X. Pacientes segundo diagnóstico e WB
WB
Positivo Negativo Total
Diagnóstico n % n % n %
Idiopática 0 0,0 5 21,7 5 16,1
Causa definida 8 100,0 18 78,3 26 83,9
Total 8 100,0 23 100,0 31 100,0
Teste exato de Fisher: p-valor = 0,2912
121
Tabela XI. Pacientes do grupo controle segundo VSG e ELISA
ELISA
Positivo Negativo Total
VSG n % n % n %
Alterado 3 15,8 7 11,9 10 12,8
Normal 16 84,2 52 88,1 68 87,2
Total 19 100,0 59 100,0 78 100,0
Teste exato de Fisher: p-valor = 0,6986.
VSG* = velocidade de sedimentação globular.
* Considerado alterado quando acima de 15 em homens e acima de 20 em mulheres.
122
Tabela XII. Pacientes do grupo controle segundo VSG e WB
WB
Positivo Negativo Total
VSG n % n % n %
Alterado 4 28,6 6 9,4 10 12,8
Normal 10 71,4 58 90,6 68 87,2
Total 14 100,0 64 100,0 78 100,0
Teste exato de Fisher: p-valor = 0,0734
VSG* = velocidade de sedimentação globular; WB = Western blot.
* Considerado alterado quando acima de 15 em homens e acima de 20 em mulheres.
123
4.2. Artigo em língua inglesa
FREQUENCY OF AUTOANTIBODIES ANTI-HSP70 MEASURED WITH ELISA
AND WESTERN BLOT IN PATIENTS WITH MÉNIÈRE’S DISEASE: A
CONTROLLED STUDY
Anne-Rose L. Wiederkehr Baú*, Luiz Lavinsky**
2
, Cristina Bonorino***, Leonardo
Munari****
* Otorhinolaryngology Service of the Clinics Hospital of Porto Alegre, Brazil
** PhD. Otorhinolaryngology Service of the Clinics Hospital of Porto Alegre, Brazil
***PhD. Immunorheumathology Laboratory of the Biomedical Research Institute of
PUCRS, Brazil.
**** Immunorheumathology Laboratory of the Biomedical Research Institute of PUCRS,
Brazil.
Abridged title: Anti-HSP70 in Ménière’s disease
2
Corresponding Author: Luiz Lavinky, Serviço de Otorrinolaringologia, Hospital de Clínicas de Porto
Alegre, Rua Ramiro Barcelos 2350, CEP 90.035-003, Porto Alegre, RS, Brazil. Phone: +55-51-3330.2444, e-
124
ABSTRACT
Objectives: To establish the frequency of anti-HSP70 autoantibodies using the
ELISA and the Western blot methods and compare the results of each method in patients
with Ménière’s Disease (MD) or non-Ménière inner ear diseases (IED).
Study design: Prospective case-control study with patients with MD and non-
Ménière IED.
Methods: Blood samples were collected from 31 patients with MD and 78 patients
with non-Ménière IED and tested for the presence of HSP70 using ELISA and Western
blot. Data regarding cochlear and vestibular symptoms were collected.
Results: In the MD group, the onset of symptoms occurred more than one year
before laboratory testing in 93.6% of the patients, with predominance of unilateral disease
(58.1%). HSP70 was identified in four patients (12.9%) with ELISA and in eight patients
(25.8%) with WB. Only one patient with positive ELISA result presented active disease. In
Western blot-positive patients, two presented active disease and six presented inactive
disease. Statistical analyses did not establish any association between serologic findings
and MD clinical features. In the IED group, 64.1% presented bilateral disease. No
association was found between disease laterality, duration and activity and anti-HSP70
autoantibodies.
Conclusion: The detection of auto-antibodies via ELISA or the WB did not take
place at a higher frequency in the group of patients with MD than in the group of patients
with IED.
Key words: Ménière’s disease; anti-heat shock protein; endolymphatic sac;
immune system; inner ear disease; sensorineural hearing loss.
125
INTRODUCTION
In 1861, Prosper Ménière described a clinical entity caused by alterations in the
homeostasis of the inner ear (IE). Ménière’s disease (MD), as it came to be known, is
associated with sensorineural hearing loss (SNHL), vertigo episodes lasting from twenty
minutes to hours and tinnitus in the absence of neurological symptoms.
1,2
A pattern of
remissions and exacerbations and a varied clinical presentation make the management of
DM challenging and often frustrating.
3
The histopathology of endolymphatic hydrops was initially described by Hallpike
and Cairns in England and by Yamakawa in Japan. The term endolymphatic hydrops refers
to an alteration in the IE arising from the progressive distension of the endolymphatic
space, especially of the cochlear duct and saccule, although the utricle and the crista
ampullaris of the semicircular canal may also be involved.
4-6
If the cause of hydrops
cannot be identified it is classified as MD, whereas cases with known etiology are
classified as Ménière’s syndrome (MS).
7,8
Historically, much research has been focused on MD. Nevertheless, the therapeutic
alternatives are still limited.
9
The etiology of MD is still unknown, as is the case with other
IE disorders, such as sudden hearing loss, otosclerosis and progressive hearing loss.
10,11
It
is possible that a hidden immunological reaction may be the cause of these diseases.
7,12,13
The internal ear was thought to be segregated from the immune system, since it was
considered to be isolated inside the temporal bone without lymphatic drainage.
14
Research
carried out in the past 30 years has changed this notion. A recent study by Yimtae et al. has
found evidence of IE drainage through the middle ear to cervical lymph nodes. There is
also evidence of drainage from the endolymphatic sac (ES) to local lymph nodes.
15
Some investigators suggest that part of the cases of MD previously classified as
idiopathic are caused by immune factors.
8,12,16-18
The difficulty to establish MD as an
126
unequivocal immunomediated disease results from the impossibility of collecting cochlear
tissue samples.
The clinical course of MD, including hearing fluctuations, asymptomatic periods
and oscillation in the severity of illness, with slow and progressive deterioration of the
affected organ, is similar to that observed in several autoimmune diseases. These are
exacerbated by physical and psychological stress, an observation that is also valid for
MD.
19,20
The HSP (heat shock protein) is a molecular chaperone, which is produced by
pathogens and hosts that rapidly increase its concentration in response to the cell’s
exposure to environmental stresses. It takes place in bacteria and in human beings (36, 5).
There are controversies regarding the functions of these proteins. Data suggest that HSP
aids the recovery of protein’s conformity. HSP causes a dilemma to the host’s immune
system, which has to recognize the sequence of the HSP of pathogenic organisms while
simultaneasly halts the incitement of immune reaction to its own tissue’s HSP.
The purposes of the present study were 1) to determine if there is a relationship
between the presence of anti-HSP70 antibody and the clinical characteristics of MD, 2) if
this relationship varies along the course of the disease and 3) if the presence of anti-HSP70
is useful to distinguish a subgroup of MD patients. For that, patients with MD were
compared with a control group of patients with non-Ménière inner ear disorders (IED).
PATIENTS AND METHODS
We conducted a prospective case-control study
21
to evaluate the frequency of anti-
HSP70 antibodies with ELISA and Western blot (WB). The study group included
individuals with a diagnosis of MD patients (American Academy of Otorhinolaryngology
127
and Head Neck Surgery criteria),
2,22
and the control group included patients with non-
Ménière IED.
The individuals in the study group were selected from an existing registry at the
Otorhinolaryngology Service outpatient clinic at Hospital de Clínicas de Porto Alegre. The
patients were invited to participate by regular mail. They were informed as to the
objectives of the study and were reassured that the unwillingness to participate would not
affect their status as patients in the clinic. Fifteen patients did not show up for the medical
evaluation in response to the invitation letter. Among the remaining 49, 18 were excluded
because they did not meet the standardized criteria for MD. Thus, 31 patients were
included the study group.
The control group encompassed 81 patients with non-Ménière IED who were seen
at the otology clinic. Three diabetic patients were excluded and 78 patients were included
in the control group. The study was conducted with the evaluation of 109 patients. Both
groups underwent anamnesis, otolaryngological examination, otoneurological examination,
etiological research, autoantibody research with ELISA and WB and imaging test in
instances of unilateral hearing loss. The glycerol test was conducted in the study group
only. The clinical data were analyzed based on a questionnaire specifically developed for
the study to evaluate patients with MD (Appendix 1).
Blood samples (5 ml) were collected from all patients in both groups after they
signed an informed consent form (Appendix 2).
Clinical history
Patients the study group had were diagnosed with MD according to the following
criteria
2,23
:
128
1) Floating or progressive SNHL demonstrated by serial audiometry and/or by
a positive glycerol test. The parameter used to evaluate hearing thresholds
was the average of 4 pure tones (500 Hz, 1 kHz, 2 kHz, 3 kHz).
2) Vertigo typical of MD, associated with unsteadiness lasting between 20
minutes and 24 hours (at least two episodes). The patient is oriented and
conscious and there are no neurologic sequelae.
3) Unilateral or bilateral tinnitus.
Patients with a history of treatment with immunosuppressor drugs or anti-
inflammatory corticosteroids within the last three months, burns, diabetes mellitus,
Alzheimer disease, ulcerative colitis, cancer, fever or recent infection by influenza, were
excluded from the study, since these conditions affect the levels of HSP70.
24
In the study
group, patients presenting evidence of compromise of the central nervous system, such as
tumor affecting the VIII cranial nerve and evidence of other clinical entities that could
mimic the clinical symptoms of MD (Ménière-like diseases) were excluded. In addition to
sex and age, clinical symptoms such us type of vertigo, hearing loss, presence of aural
fullness, tinnitus, family history of MD, duration of the disease, laterality and activity of
the disease were evaluated.
The time elapsed since the most recent vertigo episode or hearing fluctuation was
evaluated and the disease was considered to be active in the presence of at least one vertigo
or hearing fluctuation episode within the 30 day period prior to the drawing of blood
samples.
25
Disease duration was defined based on the onset of the symptoms in patients
who fulfilled the criteria for the MD.
2,23
Radiological examinations
Imaging examinations, such as computed tomography (CT) with contrast and, if
necessary, magnetic resonance imaging (MRI) were performed to rule out lesions on the
129
VIII cranial nerve in patients with unilateral SNHL or involvement of the central nervous
system and also in those with brain stem auditory evoked response audiometry (ABR) or
clinical signs suggesting retrocochlear involvement.
Otolaryngological examination
The otolaryngological examination consisted of a review of the clinical history to
detect the previous or current presence of relevant clinical manifestations. A standard
protocol was used for all patients, encompassing a general otolaryngological examination
and audiologic and otoneurological assessment (Appendix 1).
The clinical examination was characterized by inspection and palpation of the head
and neck, otoscopy, anterior rhinoscopy, oroscopy and acumetry.
Audiological examination
The audiologic characteristics were established based on conventional tone and
vocal audiometry with determination of the air and bone conduction thresholds using an
acoustic cabin and an AD 17 model audiometer (Interacoustics). Immitance audiometry
was also conducted, including tympanometry, stapedial reflex and static compliance, using
an AZ 26 immitance audiometer (Interacoustics).
The patients in the study group underwent a glycerol test, defined as positive in the
presence of a 10 dB improvement in three frequencies (500, 1000 e 2000 Hz).
Otoneurological examination
Normality was determined through examination of cranial nerves and
electronystagmography.
The examination of cranial nerves was performed as described by Ganança and
Mangabeira Albernaz,
25
with research of nerve II for visual acuity, symmetry and reaction;
nerves III, IV and V for ocular motility, size, and pupillary reaction; V for corneal reflex,
face and nasal mucosa sensibility; VII for facial motility; IX for motility and sensibility of
130
the palate; X for motility of the palate; XI for movements of the sternocleidomastoid and
trapezium muscles; and XII for inspection and motility of the tongue.
Electronystagmography was conducted with a Neuro Otometrie Hortmann
apparatus, following the methodology of Ganança et al.
26
Etiologic research
The following laboratory tests were performed: serology for syphilis; unspecific
test to verify inflammatory activity (erythrocyte sedimentation rate, ESR); evaluation tests
for coexisting systemic immunological diseases via anti-nuclear factor (FAN), rheumatoid
factor (RF) and serum complement titers (C3 and C4); lipid profile (total cholesterol and
fractions, triglycerides), fasting (10 to 16 hours) 5-hour glucose and insulin curves with
100 g glucose load. The following times were evaluated:
glucose concentration: 0, 30, 60, 90, 120, 180, 240 and 300 minutes.
insulin concentration was evaluated at the same times, using a
radioimmunoassay and classified according to the criteria of Kraft.
27
Autoantibody research
Anti-HSP70 was measured using ELISA and WB.
28
The analysis was double-blind:
serum was tested without knowledge concerning the group to which the samples belonged,
while clinical management was based on the clinical diagnosis, without knowledge of lab
test results. Laboratory testing was conducted at the Biomedical Research Institute’s
Immunorheumathology Laboratory at Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do
Sul (PUCRS).
Patients were evaluated regarding age, time since the onset of symptoms, presence
of unilateral or bilateral disease and disease activity in association with the results obtained
with ELISA and WB. The association between the presence of autoantibodies and MD
131
or IED was also verified. Data were entered into an Excel spreadsheet and analyzed using
the Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) 11.0.
Blood collection
Blood (5 ml) was drawn from each patient. 2 ml were placed in a nonheparinized
serum tube for coagulation and to obtain serum; the remaining blood was transferred to
heparinized tubes. The remaining blood was diluted in RPMI (Sigma) medium and
centrifuged over 1077 Histopaque (Sigma) for separation of circulating cells, which were
frozen at -80
o
C. The serum was initially kept at 4
o
C for analysis of autoantibodies. Azida
0.01% was added to prevent the growth of microorganisms.
Production of human HSP70 and WB and ELISA were carried out as described by
Munari et al.
28
Statistical analysis
The sample size was determined based on a pilot study using the formula of
Cochran.
29
To verify the association between categorical variables, the chi-square and
Fisher’s exact tests were used, whenever appropriate. For the comparison of means of
continuous variables, the Student’s t test was used. The non-parametric Mann-Whitney test
was used to analyze duration of disease (ordinal). The agreement between ELISA and WB
was tested using McNemar’s Kappa and the chi-square test. Significance was established
as p = 0.05. The analyses were made using SPSS 11.0. Epi Info 6.04d was used for the
calculation of sensitivity, specificity, positive and negative predictive values and 95%
confidence intervals.
132
RESULTS
Characteristics of the study and control groups
Of the 31 patients in the study group, 12 were male (38.7%) and 19 were female
(61.3%). Mean an age was 39.5 years (SD±15.5 years), ranging from 12 to 75 years. The
disease was bilateral in 13 patients (41. 9%) (Table I).
The time elapsed between the onset of symptoms and the initial examination was
between 1 and 6 months for one patient (3.2%) and 6 and 12 months for one patient
(3.2%). For 29 patients (93.6%), the evaluation occurred 12 months after the onset of
symptoms (Table II). Aural fullness was present in 14 patients (45.2%). Eight patients
(25.8%) presented a family history suggestive of MD. As to disease’s activity, 21,7% of
patients did not present active disease.
Tinnitus was present in all patients with MD (100%); acute unilateral tinnitus was
more common and was present in 17 patients (54.8%). The glycerol test was performed in
all MD patients, with positive results in 15 (48.4%). Labyrinth hypoactivity was the most
common finding on electronystagmography, observed in 20 (64.51%) patients; meanwhile
five (16.12%) had a normal examination, three (9.67%) were unable to undergo the
examination, two (6.45%) presented mixed vestibular impairment and one (3.22%)
presented labyrinth hyperreflexia.
Of the 78 control patients, 47 were male (60.3%) and 31 female (39.7%). Mean age
was 46.1 years (SD ± 15.9 years), ranging from 7 to 80 years of age. The disease was
bilateral in 50 patients (64.1%) (Table I). The time elapsed between the onset of symptoms
and the initial examination was 30 days or less in four patients (5.1%), between 1 and 6
months in 12 (15.4%) patients, between 6 and 12 months in 8 patients (10.3%) and more
than one year in 54 patients (69.2%) (Table II). Tinnitus was observed in 61 patients
(78.2%) with non-Ménière IED; acute unilateral tinnitus was more common, affecting 43
133
(55.1%) patients. Aural fullness was present in 15 patients (19.2%). Four patients (5.1%)
had a family history of hearing loss. As to disease’s activity, 73,1% of patients did not
present active disease.
All patients in the MD group had experienced typical vertigo symptoms at least
once since the appearance of clinical MD signs. At the time of the study, 27 MD patients
(87.1%) reported typical vertigo and four (12.9%) reported non-rotational dizziness. In the
control group, 41 patients (52.6%) had never experienced vestibular complaints, but 10
(12.8%) patients reported symptoms of typical vertigo, even though they did not fulfill
criteria for MD. Twenty-seven patients (34.6%) patients reported non-rotational dizziness.
Concerning hearing loss, fifteen MD patients (48.4%) presented fluctuating and
progressive SNHL and seven (22.6%) patients reported progressive fluctuating bilateral
hearing loss. In the remaining patients hearing fluctuation was not observed, but unilateral
progressive SNHL was observed in two (6.5%) patients, and progressive bilateral SNHL
was observed in six (19.3%) patients. One patient (3.2%) presented mixed hearing loss due
to MD associated with otosclerosis. In the control group, four patients (5.1%) presented
fluctuating progressive unilateral SNHL and five (6.4%) patients presented fluctuating and
progressive bilateral SNHL. In the remaining patients hearing fluctuation was not
observed, however SNHL was observed in five (6.4%) patients, bilateral progressive
hearing loss in seven (9%) and stable SNHL in forty five patients (57.7%). Twelve patients
(15.4%) presented mixed hearing loss with a diagnosis of otosclerosis (Table III).
Three patients (9.7%) of the MD group were given intratympanic gentamicyn, with
control of symptoms. All presented positive anti-HSP70 on both ELISA and WB. Four
patients (5.1%) in the non-MD IED group and one patient (3.2%) in the MD group
presented positive test results for syphilis, however tests results did not confirm active
disease in these patients.
134
Four study group patients presented autoimmune disease, three of them presented
Hashimoto’s disease (chronic thyroidites) and 1 of them presented rheumatoid arthritis in
remission.
One patient in the control group with a negative anti-HSP70 test on both methods
had an abnormal imaging examination and was diagnosed with vestibular schwannoma.
Several diagnostic hypotheses were proposed for the 78 patients in the control group
(Table IV).
Etiologic investigation in MD patients
The patients in the MD group were examined to investigate the possibility that MD
was caused by changes in carbohydrate metabolism. The glycemic and insulin curves were
analyzed in 30 patients (96.8%) five hours after the administration of 100 g of glucose.
One (3.2%) was unable to complete the examination. Nine patients (30%) presented
normal glycemic curves, six (20%) patients presented hyperglycemia, and fifteen (50%)
presented hypoglycemia. Insulin curves were normal in eight (26.6%) patients and
abnormal in twenty two (73.4%). Three (10%) patients presented a type II 1 curve; twelve
(40%) patients presented a type II 2 curve, two (6.7%) type III b and five (16.7%) patients
presented a type IV curve. No type V curve was found, considering the classification of
Kraft,
27
however, three patients (10%) presented a flat glycemic curve.
The remaining etiologic results were as follows: three (9,7%) patients presented
serologic alterations suggesting hypothyroidism and eleven (35,5%) presented increased
LDL cholesterol. None of the hypothyroidism patients were anti-HSP70 positive.
However, two patients with increased LDL cholesterol were anti-HSP70 positive on WB,
one of them with a positive ELISA result as well.
The diagnostic hypotheses for the patients in the study group were: metabolic
etiology in twenty four patients, otosclerosis in one, otitis media in three, and combined
135
chronic otitis media and carbohydrate metabolism disorder in two patients. The etiology
was not defined for five patients (Table V). Patients with a diagnosis of chronic otitis
media did not present either suppuration or infection of the middle ear for over three
months. Among patients with idiopathic etiology, and none presented positive serology for
HSP70.
Correlation between etiologic findings and the method of autoantibodies research
The five MD patients with undefined etiology had a negative serology with both
WB and ELISA. Altered carbohydrate metabolism was the etiological factor in the four
patients who presented positive results with ELISA; all had unilateral MD. Em relação ao
WB, nos oito pacientes com o teste positivo, a etiologia foi dismetabulopatia dos
carboidratos com curvas tipo II ou III, mas uma paciente tinha história de artrite
reumatóide e pseudogota, no passado, e estava sem tratamento há 6 meses. Entre os oito
pacientes, cinco tiveram DM unilateral e três DM bilateral. Dois pacientes apresentavam
mais de uma etiologia (dismetabulopatia dos carboidratos e otite média crônica). Estes
últimos tiveram doença bilateral.
Regarding WB, the etiology for all eight patients with positive tests results was
carbohydrate metabolism disorder with curves type II or III curves. Still, one patient had a
history of rheumatoid arthritis and pseudogout, which had been untreated for six months.
Amoung the eight patients, five presented unilateral MD and three presented bilateral
disease. Two patients presented more than one etiology: carbohydrate metabolism disorder
and chronic otitis media.
Immunologic tests
Unspecific immunity tests
ESR, FAN, FR and C4 tests did not reveal any alteration, except in one (3.2%)
patient, who presented history og rheumatoid arthritis and pseudogout that has been
136
untreated for six months, with aa elevated C3 dosage. All other lab tests resukts were
within the normal range. In the control group, 10 (14.1%) patients presented a high
sedimentation rate (ESR); however, tests’ results (FAN, FR, C3 e C4) were normal.
Autoantibody research
Positive ELISA results were observed in 27 (87.1%) MD patients. In the control
group, 19 (24, 4%) patients had a positive ELISA vs. 59 (75.6%) patients with negative
results.
WB was positive in eight (25, 8%) patients with MD and negative in 23 (74.2%)
patients. Meanwhile, in the control group, 14 (17.9%) patients presented positive results
and 64 (82.1%) patients presented negative results.
In the MD group, ELISA was positive in four (12.9%) patients and WB was
positive in eight (25.8%) patients. One patient with positive ELISA presented active
disease, while three patients with positive results presented inactive disease. As to WB,
two patients presented positive results and active disease, while another six patients with
positive WB did not present active disease.
Regarding laterality in relation to anti-HSP70 all MD patients with positive ELISA
results presented unilateral disease. Of eight patients with positive WB three presented
bilateral disease. Three patients (9.7%) who presented positive results for both tests had
metabolic MD and were submitted to intra-tympanic gentamicyn. Twenty two patients
(71%) presented negative results for both tests.
There was a low agreement between the ELISA and the WB ( Kappa coefficient:
0,396).
137
Correlation between unspecific immunity tests and ELISA or WB
The four patients in the study group with positive results on ELISA, and the eight
patients with positive WB did not present alterations in inflammatory activity.
In the control group, 10 patients presented altered ESR. Of these, one patient
presented otosclerosis, three presented bilateral SNHL of unknown etiology and six
patients presented sudden deafness. Five presented positive results in one or both anti-
HSP70 research methods. Anti-HSP70 via ELISA was positive in three patients, two of
them receiving a diagnosis of sudden deafness. One patient was diagnosed with bilateral
SNHL of unknown etiology. Concerning WB, four patients were anti-HSP70 positive: two
had a diagnosis of sudden deafness, one had a diagnosis of otosclerosis and one had a
diagnosis of bilateral SNHL of unknown etiology. Two (20%) patients with sudden
deafness presented positive ELISA and WB.
Prevalence of anti-HSP70 in MD and IED
The prevalence of anti-HSP70 according to WB was 25.8% in patients with MD
and 17.9% in the control group. ELISA revealed a prevalence of 12.9% in patients with
MD and of 24.4% in the control group.
Sensitivity and specificity of HSP70 (WB and ELISA) to establish autoimmune disease
in MD and IED
In patients with MD, we considered the clinical diagnosis as the gold standard.
Based on that, we compared the results obtained with ELISA and WB. A 95% confidence
interval (95% CI) was used with both methods.
The ELISA method had a sensitivity of 12.9% (95%CI 4.2; 30.8), a specificity of
75.6% (95%CI 64.4; 84.3), a positive predictive value of 17.4% (95%CI 5.7; 39.5) and a
negative predictive value of 68.6% (95%CI 57.6; 77.9%) (Table VII).
138
The WB method had a sensitivity of 25.8% (95%CI 12.5; 44.9), specificity of
82.1% (95%CI 71.4; 89.5), positive predictive value of 36.4% (95%CI 18.0; 59.2) and
negative predictive value of 73.6% (95%CI 62.8; 82.2%) (Table VIII).
DISCUSSION
Characteristics of the study and control groups
Soliman has suggested that in studies evaluating the validity of autoimmunity tests
for the IE, patients with otological pathologies would be a more appropriate control group
than healthy individual, especially patients with idiopathic hearing loss not suggestive of
immunomediated etiology
30
. Patients with other known autoimmune diseases and healthy
patients could also be included to evaluate diagnosis specificity
47
.
Regarding the clinical characteristics of the groups evaluated, we did not observe a
statistical association between positive results for anti-HSP70 and younger age, as Garcia
previously described by Garcia Berrocal et al.
31
In the control group, bilateral hearing loss was predominant, differently from the
study group, in which unilateral disease was more frequent. There was significant
difference in terms of laterality among groups. It is believed that bilateral disease is more
often associated with systemic processes. Thus, one could expect that the presence of
autoantibodies be more prevalent in the bilateral disease, as discussed below. In the study
group, floating progressive hearing loss was present in 22 (71%) patients, in accordance
with data from in the literature.
18
One patient with mixed hearing loss was diagnosed with
otosclerosis, a potential cause for MD.
Vestibular hyporeflexia was the most frequent finding on electronystagmography,
as previously described. Data regarding aural fullness, presence of tinnitus and vertigo
were similar to those previously reported.
18
139
Among the patients evaluated in our study, 83 (76.1%) were investigated more than
one year after the onset of symptoms. This may have influenced anti-HSP70 titers.
The presence of anti-HSP70 was identified by both methods in all three (9.7%)
patients receiving intratympanic gentamicyn. The rise of anti-HSP70 antibodies may be a
result of cellular death caused by the treatment.
Patients with positive results for syphilis did not present the same result upon
repetition of the test, nor they presented history of active disease, as well as none of them
presented positive FTA-Abs. Thus, vestibulocochlear symptoms could not be attributed to
this possible causal factor.
Etiologic investigation in the study group
Patients with type II and III insulin curves have a high probability of becoming
diabetic. The nine patients who were positive for HSP70 with one or both methods had
type II and III insulin curves; in two these curves were associated with hypoglycemia. A
type IV insulin curve with fasting value higher than 50 U/l is suggestive of diabetes
mellitus. Even though none of the patients presented a type V curve, three patients had a
flat glycemic curve, which frequently is associated with glucose malabsorption disorders
(disaccharidase malabsorption) arising from enzymatic deficiency, the most common of
which is lactase deficiency. Those patients were referred for a lactose tolerance test, but
only one patient underwent the test and had the diagnosis confirmed. The most prevalent
etiology in patients with MD was altered carbohydrate metabolism, in accordance with
previous studies.
32-34
140
Correlation of etiology findings with ELISA and WB
The autoantibody detection tests were conducted using the ELISA and WB
methods. Such tests are known as specific immune tests; however, anti-HSP70 is not
specific for the IE.
The MD five (16.1%) patients with idiopathic etiology had negative serology with
both WB and ELISA, an unexpected finding. The etiology was identified in all patients
with positive serology. Statistical analysis did no reveal an association between MD and
known etiology or presence of autoantibodies (Tables VI and VII), possibly due to the
small size of the sample.
The two MD patients with two etiologic factors (chronic otitis media and altered
carbohydrate metabolism) had a positive WB result and bilateral disease. A theory known
as “sympathetic cochleolabyrinthitis” provides a possible explanation for delayed hearing
loss in an only-hearing ear. We believe that bilateral disease in patients with chronic
unilateral disease of the middle ear may arise from antigen release during the period of
hearing deterioration, generating an immune response and consequent disease in the
contra-lateral ear following infection or surgery of the IE (for exposure of the antigens).
35
In the study group, the fact that none of the three patients with hypothyroidism
presented positive anti-HSP70 is remarkable, since it is known that thyroid pathologies,
such as Hashimoto's thyroiditis, are autoimmune diseases. Regarding the two patients with
increased LDL cholesterol who presented anti-HSP70 identified by WB and/or ELISA, it
is possible that anti-oxidated LDL antibodies (resulting from the cell aging process) are
responsible for the formation of the atherosclerotic plaque and this process could explain
the presence of anti-HSP70 in these patients.
36
However, it is not possible to associate the
presence of autoantibodies with LDL as other patients with autoantibodies anti-HSP70
presented normal LDL cholesterol.
141
Immunologic tests
Unspecific immune tests
In our MD group a correlation between inflammatory activity and anti-HSP70 was
not observed. In the control group, of 10 patients with ESR (erythrocyte sedimentation
rate), five presented positive anti-HSP70 in the ELISA or the WB, three presented positive
results in the ELISA, four presented positive results in the WB, and two presented positive
results in both methods. However, statistical analyses did not establish an association
between inflammatory activity and autoantibodies, as shown in Tables XI and XII. The
unspecific immune tests did not detect instances of autoimmune disease.
Even though laboratory tests may be useful in the investigation of immunomediated
IED, the diagnosis is still based upon the improvement of symptoms in response to
corticosteroid treatment, which is considered to be the gold standard in this situation.
37
Hirose et al. evaluated the usefulness of laboratory tests in IED of probable
immunomediated etiology.
35
In that study, the patients were observed two weeks after the
onset of otological and vestibular symptoms. The authors suggest ESR as the best test for
the diagnosis of patients with clinical manifestations of immunomediated IED, to detect
the presence of acute inflammatory activity. In the presence of increased ESR, specific
immune tests, such as FAN, FR, C3 and C4 may be required, and depending on the
suspected diagnosis, other additional tests may be performed as well. Our study
demonstrated that the above mentioned immunity tests are not required as part of the
routine etiologic investigation in the absence of autoimmune symptoms, confirming the
findings of Hirose et al.
35
Autoantibody research method
Hirose et al. state in addition to ESR, detection of anti-HSP70 with WB is useful to
diagnose immunomediated IED.
35,37
In the present series, we did not find an association
142
between the presence of autoantibodies (ELISA and WB), disease activity
31,37
and bilateral
disease.
38
There was no agreement between the ELISA and the WB in our study
(coefficient of Kappa 0.396).
Concerning duration of disease vs. activity, the period of time elapsed between the
onset of clinical manifestations and anti-HSP70 testing (ELISA and WB) was longer than
one year for 83 patients (76.1%). Seventy-eight patients (71.6%) presented inactive
disease. Comparing the study group with the control group regarding disease duration and
activity, no statistical differences were observed with either WB or ELISA. The long
disease duration and the fact that most patients did not present active disease could explain
the low rates of detected autoantibodies.
Garcia Berrocal et al. conducted a study to evaluate the validity of HSP70 detected
by WB in MD, sudden deafness and progressive hearing loss. The mean time elapsed
between the onset of hearing loss and the patients’ initial examination was of 32.6 months
for the group with idiopathic progressive DNS and 44.2 months for MD patients. The study
attempted to link the presence of autoantibodies to the activity of the disease, supposing
that the presence of HSP70 is a phenomenon derived from the tissue destruction time. If
the heat shock protein is released in early stages of cellular damage, it will not be detected
in advanced stages of the disease. The long interval between the onset of symptoms and
medical attention may block anti-HSP70 autoantibodies, decreasing the effectiveness of
this analysis, even in instances of active disease, leading to negative results. Such a finding
would prove the importance of HSP70 for an early local immune response arising from
tissular aggression to the IE.
31
Garcia Berrocal has argued, in another study, that IED most probably is a result of
an immune cell response, as observed in experimental studies, with recruitment of
143
inflammatory cells near the cochlea, fact that associated to the sudden clinical presentation
may not allow the formation of anti-HSP70 antibodies.
14
Mosciki has established the clinical criteria for progressive immunomediated IED
associated with the presence of autoantibodies anti-HSP70 and positive response to
corticosteroids. He found positive results in 89% of the patients with active disease in the
three months prior to testing, compared to no positive result in the 25 patients with inactive
disease within the same time frame.
37
Laterality
The presence of progressive bilateral SNHL could facilitate the production of anti-
HSP70 autoantibodies, as the damage could affect both ears for a longer period of time (for
weeks or months), differently from what occurs in sudden deafness, in which hearing loss
occurs within hours or days. The most extensive damage of the bilateral lesion would
facilitate the production of anti-HSP70 autoantibodies during active disease. However,
these findings were not confirmed.
38
There is a discussion regarding the symptoms that are shared by progressive
bilateral SNHL and MD and the fact that it is not always possible to differentiate these
entities solely based on clinical manifestations, since a definitive diagnostic test is not
available. Patients with SNHL with no etiologic indication should receive treatment with
immune suppressors for a possible immunomediated etiopathogeny. Sudden deafness is a
different disease, characterized by unilateral SNHL, which occurs within 72 hours, treated
with corticosteroids since the pathological process may be either inflammatory or
immunological. There are reports of patients with initially unilateral sudden deafness who
later develop bilateral IED responsive to immune suppressor treatment.
39
Some authors believe that the majority of cases of MD have an associated
autoimmune disease, while others suggest that the rapidly progressing idiopathic bilateral
144
SNHL is a separate entity that may be differentiated from MD as it presents rapidly
progressive bilateral involvement, predominance of hearing loss over vestibular symptoms,
and response to corticosteroids associated with the presence of HSP70 autoantibodies.
16,40
Rahman et al. observed that many patients who responded to immune suppressor therapy
initially presented unilateral disease. Bilateral MD is not uncommon and may respond to
corticosteroids and immune suppressors.
16,41
The clinical characteristics of patients with
MD are compatible with an immunomediated condition involving both ears in 30 to 60%
of patients who were followed up for extended periods of time.
42
Natural history of the disease
Some factors should be underscored regarding the course of the disease. Some
patients experience remission of symptoms with anti-inflammatory treatment; thus, not all
patients responding to corticosteroids have immunomediated disease, as in the initial stages
of otosyphilis. Another confounding factor is the assumed control of symptoms in patients
who spontaneously improve regardless of treatment. Hirose et al. suggested that the
response to corticosteroids should be considered as positive if it is necessary to maintain
treatment for extended periods of time to avoid progression of the IED.
35
An example of
this is that the symptoms of about 10% of the patients with MD improve with the use of
corticosteroids.
39
WB vs. ELISA
Some issues concerning anti-HSP70 detection with WB should be discussed. First,
the test was positive in some of the patients when a whole cell lysate was used, and
negative with purified antigen. The second relevant issue was that if large quantities of
purified HSP70 were used, both the patients and controls would have positive results.
The major issue concerning the use of WB to screen for IED is that it generally uses
a whole cell lysate, potentially leading to false positive results, since in addition to HSP70
145
it also identifies other 70 kD proteins. In the study we published in 2003, we verified that
the amount of HSP70 present is crucial for WB and that high amounts of HSP70, even in
normal patients may lead to a positive test. In this study we have used recombinant
protein
43
. Low levels of anti-HSP70 are found in all individuals. Another issue is the
denaturation of the protein, which affects the recognition by the patient’s serum.
30
A third, more delicate issue, is the antigen’s lack of purity associated with the fact
that the serum of both patients and controls present antibodies reactive to other antigen
present in the raw extract, such as bovine albumin, which has a molecular weigh slightly
lower than 68 kDa, frequently distorting this region of the blot.
28
The solution for the issue
of antigen impurity would be the performance of tests with recombinant protein.
43
The
results of previous studies suggest that WB is not a suitable method to identify HSP70
autoantibodies, and that ELISA is a more reliable alternative for diagnosis.
28
ELISA
30
is a semi-quantitative technique and therefore more appropriate to identify
positive and negative results. The human IE protein has demonstrated more sensitivity in
the pilot study conducted with patients with progressive SNHL, requiring lower
concentration of antigens, thus minimizing false positive results.
28
Some autoimmune diseases are associated with autoantibodies that are not specific
for organs and tissues, and consequently it may be more difficult to establish the
significance of the presence of autoantibodies to identify etiology of the disease. A study
by Shin et al. revealed a higher prevalence of anti-HSP70 in the serum of patients with MD
than in controls, even though this autoantibody is not specific to the IE.
44
The doubt
regarding the function of autoantibodies remains. We do not know if IED is a
manifestation of the immune response against the increased production of HSP70 or if the
antibodies could be an epi-phenomenon of the disease that may be associated with other
146
causal factors such as prior surgery or viral infection, the HSP70 not necessarily being
related to the etiology of the disease.
41,44,45
Investigation of the HSP70 in MD and IED
Prevalence in MD and IED
WB revealed a higher prevalence of HSP70 in the group with MD (25.8%) as
compared to the ELISA (12.9%), although without statistical significance. Thus, neither
test was clinically useful in MD.
Sensitivity and specificity of the HSP70 (WB and ELISA) to identify auto-immune
disease in MD and IED
In a study published by Harris et al. the detection of anti-HSP70 with WB presented
a sensitivity of 42%, a specificity of 90% and positive predictive value of 91% for patients
with positive response to corticoids, that is, patients who fulfilled the criteria for
immunomediated IED and responded to immune suppressor treatment. However,
according to those authors, patients with negative WB results may also benefit from
corticoids, considering the test’s low sensitivity. However, the patients in that study were
treated less than two weeks after the onset of symptoms, in the presence of active disease.
11
Atlas et al. have also reported that the presence of these antibodies was significantly
related to the active disease.
40
Munari et al. evaluated the results of ELISA in 13 patients with immunomediated
SNHL and in 30 controls. They report a sensitivity of 84%, specificity of 93%, positive
predictive value of 84% and negative predictive value of 92.8%. These results indicate a
better diagnostic value in comparison to WB.
28
Rahman et al. report that about one third of the patients with MD presented anti-
HSP-70 autoantibodies, an observations that was also reported by others.
16
Rauch et al.
have also found an association between anti-HSP70 and MD.
24
147
In our case series, in the study group, the sensitivity and positive predictive value of
the tests were low, while the specificity and negative predictive value were high. These
characteristics would be useful in a diagnostic test for the confirmation of diagnosis.
However, our results do not support this statement, since we did not find any significant
difference between DM and IED and between methods (Tables VII and VIII).
Considerations on the origin of proteins for the test
The immunologic study of IED requires the purified IE antigen be readily
accessible. IE proteins have been extracted from humans and mammals and used in clinical
and experimental studies.
46
The detection of anti-HSP70 is be clinically useful according to
some studies; however, it may be difficult and time consuming to obtain the antigen for the
test.
44
The collection of human IE tissue is usually conducted during translabyrinth
surgeries of vestibular schwannoma. However, the amount is limited and the collection
procedure is difficult. Thus, it is reasonable to use other mammal IE tissue instead of
human tissue. Tissue from guinea pigs is abundant and can be completely removed by
surgical dissection.
46
On the other hand, the small amount of tissue that can be obtained
from guinea pigs increases cost. This difficulty in securing the antigen may be resolved if
the observations of Yamanobe and Harris are followed
39
. They argue that the 68 kDa
antigen is ubiquitous and thus more accessible and abundant in other sites, such as the
brain or kidney, which could be sources of antigen.
44
A previous study showed that antigen
obtained from temporal bones of human cadavers and bovine temporal bones displayed
similar bands for SDS-PAGE analysis.
39
Cao et al. stated that in many studies protein is extracted from whole IE tissue,
whereas it would be better to fraction the proteins as each component of the IE has a
specific histology and physiologic function and may have different antigenicity. It would
be important to identify in which components of the IE the antigenic epitopes are located
148
and which interactions between antigens and antibodies may be relevant for the
pathogenesis of immunomediated IED. Those authors argue that it would be convenient to
purify the different antigens for each portion of the IE and to study each the sequence of
amino acids.
46
Even though Moscicki et al. have found an association between the 68 kD protein
and immunomediated IED,
37
Cao et al. only observed reactivity in the bands from 42 to 58
kD.
46
These were mainly identified in the spiral ligament and stria vascularis, however, the
42 kD band did not react with the IED serum samples. The 30 kD band was found in
Corti’s organ, spiral ganglion, and acoustic nerve fibers, and reacted with the serum of
patients with several IED.
46
Yamanobe and Harris demonstrated that the serum of patients
with idiopathic SNHL reacted with 47, 50, 55, 62, and 68 kD proteins in all bovine tissues
that were studied (not organ specific), with organ specific 58, 60 and 220 kD proteins in
the IE and kidney, and with 32 and 33 to 35 kD protein in components of the IE.
39
The
discrepancies between estimated molecular weight of the protein bands in the study by
Yamanobe and Harris in relation to the study by Cao et al., may be due to the fact that they
employed different animal models (bovine animals and guinea-pigs) and different
extraction techniques or standard protein.
46
The articles mentioned by the authors reinforce
the notion that the identification of these antibodies may represent an epiphenomenon and
that is not related to the etiology of the hearing loss.
39, 46
Certainly the long period of time elapsed from the onset of symptoms and the
research of autoantibodies may decrease the reactivity of the tests. In addition, five patients
with MD of undefined etiology presented negative results for the ELISA and WB tests.
The statistical analyses comparing the study group and the control group did not establish
any association between age, sex, clinical characteristics of MD and serologic findings of
149
anti-HSP70 with ELISA and WB, suggesting that these methods are not clinically useful
for the diagnosis of MD.
The prognostic and therapeutic value of anti-HSP70 autoantibodies in IED,
including MD, has not been established. Prospective studies including a larger number of
patients and subgroups of MD are required to determine if the different subgroups result
from different pathogenic mechanisms and to identify the role of the immune response in
this process. We believe a better understanding of the pathophysiology of
immunomediated IED will allow the development of reliable laboratory tests and precise
diagnostic and inclusion criteria.
CONCLUSIONS
The detection of auto-antibodies via ELISA or the WB did not take place at a
higher frequency in the group of patients with MD than in the group of patients
with IED.
150
REFERENCES
1. Atkinson M. Ménière’s original papers. Reprinted with an English translation together
with commentaries and biographical sketch. Acta Otolaryngol [Suppl] (Stockh).
1961; 162.
2. Committee on Hearing and Equilibrium guidelines for the diagnosis and evaluation of
therapy in Meniere's disease. American Academy of Otolaryngology-Head and
Neck Foundation, Inc. Otolaryngol Head Neck Surg. 1995;113(3):181-5.
3. Hughes GB. Ménière’s disease. Hearing Health. 2001;17:2.
4. Cahali S, Cahali MB, Lavinsky L, Cahali RB. Hidropsia endolinfática. Tratado de
Otorrinolaringologia da Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia. 1ª ed. São
Paulo: Roca; 2003. p. 479-85.
5. Merchant SN, Rauch SD, Nadol JB Jr. Ménière’s disease. Eur Arch Othorhinolaryngol.
1995;252(2):63-75.
6. Ruckenstein MJ. Immunologic aspects of Ménière’s disease. Am J Otolaryngol.
1999;20(3):161-5.
7. Stone JH, Francis HW. Immune-mediated inner ear disease. Curr Opin Rheumatol.
2000;12(1):32-40.
8. Paparella MM, Djalilian HR. Etiology, pathophysiology of symptoms and pathogenesis
of Ménière’s disease. Otolaryngol Clin N Am. 2002;35(3):529-45.
9. Mouadeb DA, Ruckenstein M. Antiphospholipid inner ear syndrome. Laryngoscope.
2005;115(5):879-83.
10. Oliveira do Valle L, Almeida CI, Alves FR, Breuel ML. Perda Auditiva Progressiva.
Tratado de Otorrinolaringologia da Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia. 1ª
ed. São Paulo: Roca; 2003. p. 346-66.
151
11. Harris JP, Sharp PA. Inner ear autoantibodies in patients with rapidly progressive
sensorineural hearing loss. Laryngoscope. 1990;100(5):516-24.
12. Nina LG, Lourenço EA. Doenças imunomediadas da orelha interna. Tratado de
Otorrinolaringologia da Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia. 1ª ed. São
Paulo: Roca; 2003. p. 140-47.
13. Proctor CA, Proctor TB, Proctor B. Etiology and treatment of fluid retention (hydrops)
in Ménière syndrome. Ear Nose Throat J. 1992;71(12):631-5.
14. Garcia Berrocal JR, Ramírez-Camacho R. Immune response and immunopathology of
inner ear: um update. J Laryngol Otol. 2000;114(2):101-7.
15. Yimtae K, Song H, Billings P, Harris JP, Keithley EM. Connection between the inner
ear and the lymphatic system. Laryngoscope. 2001;111(9):1631-35.
16. Rahman M, Poe D, Choi H. Autoimmune vestibulo-cochlear disorders. Curr Opin
Rheumatol. 2001;13(3):184-9.
17. Paparella MM. The cause (multifactorial inheritance) and pathogenesis (endolymphatic
malabsorption) of Meniere's disease and its symptoms (mechanical and chemical).
Acta Otolaryngol. 1985;99(3-4):445-51.
18. da Costa SS, de Sousa LC, Piza MR. Meniere's disease: overview, epidemiology, and
natural history. Otolaryngol Clin North Am. 2002;35(3):455-95.
19. Ruckenstein MJ. Autoimmune ear disease. Curr Opin Otolaryngol Head Neck Surg.
2004;12(5):426-30.
20. Derebery MJ. The role of allergy in Ménière’s disease. Otolaryngol Clin N Am.
1997;30(6):1007-15.
21. Jekel JF, Elmore JG, Katz DL. Epidemiologia, bioestatística e medicina preventiva.
Porto Alegre: Artes Médicas; 1999. p. 79-87.
152
22. Pearson BW, Brackmann DE. Committee on Hearing and Equilibrium guidelines for
reporting treatment results in Ménière’s disease. Otolaryngol Head Neck Surg.
1985;93(5):579-81.
23. Derebery MJ. Prevalence of heat shock protein in patients with Ménière’s disease and
allergy. Otolaryngol Head Neck Surg. 2002;126(6):677-82.
24. Rauch SD, Zurakowski D, Bloch DB, Bloch K. Anti-heat shock protein 70 in
Ménière’s disease. Laryngoscope. 2000;110(9):1516-20.
25. Ganança MM, Mangabeira Albernaz PL. Da frequência nistágmica a prova calórica
pendular decrescente, estudo eletronistagmográfico em indivíduos normais. Cádis,
Anais do Simpósio Iberoamericano de Otoneurologia, 1976.
26. Ganança MM, Munhoz MSL, Caovilla HH, da Silva MLG. As etapas da
Equilibriometria. In: Equilibriometria clínica. Vol 1. Rio de Janeiro: Atheneu;
1999. p. 41-96.
27. Kraft JR. Detection of diabetes mellitus in situ (occult diabetes). Lab Med. 1975;6:10-
22.
28. Munari L, Charcat S, Rodrigues L, von Muhllen CA, Bau AR, Lavinsky L, Bonorino
C. An ELISA serum assay for autoantibodies to HSP70 in immune-mediated
hearing loss. J Immunol Methods. 2003;283(1-2):155-61.
29. Cochran WG. Sampling techniques. New York: John Wiley & Sons, Inc.; 1977.
30. Soliman AM. Immune-mediated inner ear disease. Am J Otol. 1992;13(6):575-79.
31. Garcia Berrocal JR, Ramírez-Camacho R, Arellano B, Vargas JA. Validity of the
Western blot immunoassay for heat shock protein-70 in associated and isolated
immunorelated inner ear disease. Laryngoscope. 2002;112(2):304-9.
32. Mangabeira Albernaz PL, Fukuda Y. Glucose, insulin, and inner ear pathology. Acta
Otolaryngol. 1984;97(5-6):496-501.
153
33. Lavinky L, D’Ávila C. Tratamento das alterações metabólicas dos carboidratos com
repercussão otológica. In: Lavinky L. Tratamento em Otologia. 1ª ed. Rio de
Janeiro: Revinter; 2006. p. 373-77.
34. Lavinky L, Lavinsky J, D’Ávila C. Tratamento das principais disacusias
neurossensoriais de causa sistêmica. In: Lavinky L. Tratamento em Otologia. 1ª ed.
Rio de Janeiro: Revinter; 2006. p. 415-25.
35. Hirose K, Wener MH, Duckert LG. Utility of laboratory testing in autoimmune inner
ear disease. Laryngoscope. 1999;109(11):1749-54.
36. Rubin W. Tratamento das doenças sistêmicas com repercussão otoneurológica. In:
Lavinky L. Tratamento em Otologia. 1ª ed. Rio de Janeiro: Revinter; 2006. p. 557-
63.
37. Moscicki RA, San Martin JE, Quintero CH, Rauch SD, Nadol JB Jr, Bloch KJ. Serum
antibody to inner ear proteins in patients with progressive hearing loss. Correlation
with disease activity and response to corticoid treatment. JAMA. 1994;272(8):611-
6.
38. Saeed SR, Birzgalis AR, Ramsden R. Ménière’s disease. Br J Hosp Med.
1994;51(11):603-12.
39. Yamanobe S, Harris JP. Inner ear-specific autoantibodies. Laryngoscope.
1993;103(3):319-25.
40. Atlas MD, Chai F, Boscato L. Meniere's disease: evidence of an immune process. Am J
Otol. 1998;19(5):628-31.
41. Rahman M, Poe D, Choi H. Etanercept therapy for immune-mediated cocleovestibular
disorders: preliminary results in a pilot study. Otol Neurotol. 2001;22(5):619-24.
42. Shea JJ. Autoimmune sensorineural hearing loss as aggravation factor in Ménière’s: a
preliminary report. Adv Otorhinolaryngol. 1983;30:254-7.
154
43. Mehlert A, Young DB. Biochemical and antigenic characterization of the
Mycobacterium tuberculosis 71kD antigen, a member of the 70kD heat-shock
protein family. Mol Microbiol. 1989;3(2):125-30.
44. Shin SO, Billings PB, Keithley EM, Harris JP. Comparison of anti-heat shock protein
70 and anti-68 kDa inner ear protein in the sera of patients with Ménière’s disease.
Laryngoscope. 1997;107(2):222-7.
45. Harris JP. Immunology of inner ear: evidence of local antibody production. Ann Otol
Rhinol Laryngol. 1984;193:147-62.
46. Cao MY, Deggouj N, Gersdorff M, Tomasi JP. Guinea pig inner ear antigens:
extraction and application to the study of human autoimmune inner ear disease.
Laryngoscope. 1996;106(2 Pt 1):207-12.
47. Dornhoffer JL, Arenberg IK. Immune Mechanisms in Meniere’s disease. Otolaryngol
Clin N Am. 1997;30(6):1017-26.
155
Table I. Patients according to group and laterality
MD IED Total
Laterality
n % n % n %
Unilateral 18 58.1 28 35.9 46 42.2
Bilateral 13 41.9 50 64.1 63 57.8
Total 31 100.0 78 100.0 109 100.0
P (Chi-square) = 0.008
156
Table II. Patients according to group and duration of disease
MD IED Total
Duration
n % n % n %
Up to 30 days 0 0.0 4 5.1 4 3.7
1 to 6 months 1 3.2 12 15.4 13 11.9
6 to 12 months 1 3.2 8 10.3 9 8.3
More than 1 year 29 93.6 54 69.2 83 76.1
Total 31 100.0 78 100.0 109 100.0
P (Mann-Whitney) = 0.007
157
Table III. Patients according to group and hearing loss
MD IED Total
Hearing loss
n % n % n %
Fluctuating progressive unilateral 15 48.4 4 5.1 19 17.4
Fluctuating progressive bilateral 7 22.6 5 6.4 12 11.0
Progressive unilateral 2 6.5 5 6.4 7 6.4
Progressive bilateral 6 19.3 7 9.0 13 11.9
Stable 0 0.0 45 57.7 44 40.4
Mixed 1 3.2 12 15.4 14 12.9
Total 31 100.0 78 100.0 109 100.0
158
Table IV. Distribution of control patients according to diagnosis
IED
Diagnosis
n %
Bilateral sensorineural hearing loss of
unknown etiology 23 29.5
Sudden hearing loss 14 17.9
Presbycusis 11 14.1
Drug ototoxicity 2 2.6
Noise-induced hearing loss 1 1.3
Vestibular schwannoma 1 1.3
Stroke 2 2.6
Otosclerosis 12 15.4
Transient hydrops 2 2.6
Arnold Chiari malformation 1 1.3
Unilateral sensorineural hearing loss of
unknown etiology 9 11.5
Total 78 100.0
159
Table V. Distribution of patients in the study group according to diagnosis
Type of MD n
Metabolic 24
Idiopathic 5
Chronic otitis 3
Chronic otitis and metabolic changes 2
Otosclerosis 1
MD = Ménière's disease.
160
Table VI. Main results for individual patients
Group Age Sex Laterality Status
Duration
(months)
ELISA WB ESR
a
Diagnosis
b
MD 46 Male unilateral inactive >12 positive positive 1 Metabolic
MD 57 Fem unilateral inactive >12 negative negative 1 Otosclerosis
MD 22 Fem bilateral inactive >12 negative positive 1 COM/ Metabolic
MD 28 Fem bilateral inactive >12 negative negative 1 Metabolic
MD 27 Fem bilateral active >12 negative positive 1 Metabolic
MD 28 Male unilateral inactive >12 negative negative 1 Metabolic
MD 38 Fem unilateral inactive >12 negative negative 1 Metabolic
MD 57 Male bilateral active >12 negative negative 1 Metabolic
MD 12 Fem unilateral inactive >12 negative negative 1 Metabolic
MD 27 Fem bilateral inactive >12 negative negative 1 Idiopathic
MD 45 Fem bilateral inactive >12 negative positive 1 COM/ Metabolic
MD 12 Fem unilateral inactive >12 negative negative 1 Metabolic
MD 38 Male unilateral inactive >12 positive negative 1 Metabolic
MD 24 Fem unilateral active >12 negative negative 1 Metabolic
MD 32 Male unilateral inactive >12 negative negative 1 Metabolic
MD 63 Fem bilateral inactive >12 negative negative 1 Idiopathic
MD 48 Male unilateral inactive >12 negative negative 1 Metabolic
MD 51 Male unilateral inactive >12 negative positive 1 Metabolic
MD 56 Fem unilateral inactive >12 negative positive 1 Metabolic
MD 25 Male unilateral inactive >12 positive positive 1 Metabolic
MD 21 Fem unilateral inactive >12 negative negative 1 Metabolic
MD 57 Fem bilateral active >12 negative negative 1 Metabolic
MD 44 Fem bilateral active >12 negative negative 1 Metabolic
MD 39 Fem unilateral inactive >12 negative negative 1 Idiopathic
MD 30 Fem unilateral inactive >12 negative negative 1 Metabolic
MD 37 Male unilateral inactive >12 negative negative 1 Metabolic
MD 43 Fem bilateral active >12 negative negative 1 Idiopathic
MD 40 Male bilateral active >12 negative negative 1 Metabolic
MD 40 Fem unilateral inactive >12 negative negative 1 COM
MD 63 Male bilateral active 1-6 negative negative 1 Idiopathic
MD 75 Male unilateral active 6-12 positive positive 1 Metabolic
IED 16 Male unilateral inactive 1-6 negative negative 1 Unilateral SNHL
a
1 = normal; 2 = altered.
b
SNHL = sensorineural hearing loss. Bilateral or unilateral SNHL indicate unknown etiology. COM = Chronic
otitis media.
161
Table VI. Main results for individual patients
Group Age Sex Laterality Status
Duration
(months)
ELISA WB ESR
a
Diagnosis
b
IED 67 Male unilateral inactive 1-6 positive negative 1 Sudden loss
IED 52 Fem bilateral inactive 6-12 negative negative 1 Stroke
IED 30 Fem bilateral inactive >12 positive negative 1 DNS bilateral
IED 61 Male bilateral inactive >12 negative negative 1 Ototoxicity
IED 51 Male unilateral inactive >12 positive negative 1 Unilateral SNHL
IED 28 Fem unilateral inactive >12 positive negative 1 Sudden loss
IED 80 Male unilateral inactive >12 negative negative 1 Sudden loss
IED 65 Fem bilateral inactive >12 negative negative 1 Presbycusis
IED 65 Fem bilateral inactive >12 negative negative 1 Presbycusis
IED 53 Fem bilateral inactive >12 negative negative 1 Presbycusis
IED 41 Male unilateral inactive >12 negative positive 1 Unilateral SNHL
IED 38 Fem unilateral inactive 6-12 negative negative 1 Unilateral SNHL
IED 54 Fem bilateral inactive >12 negative positive 2 Bilateral SNHL
IED 57 Fem bilateral inactive 6-12 positive negative 1 Ototoxicity
IED 38 Male bilateral inactive >12 negative negative 1 Otosclerosis
IED 55 Fem bilateral active >12 positive negative 1 Bilateral SNHL
IED 42 Male bilateral inactive >12 positive negative 2 Bilateral SNHL
IED 58 Male bilateral active >12 negative positive 2 Otosclerosis
IED 7 Male bilateral inactive >12 positive negative 1 Otosclerosis
IED 59 Fem bilateral inactive 1-6 negative negative 1 Presbycusis
IED 40 Fem bilateral active >12 negative negative 2 Bilateral SNHL
IED 65 Male bilateral active >12 positive negative 1 Bilateral SNHL
IED 45 Male unilateral active < 30 days positive positive 2 Sudden loss
IED 54 Male unilateral active < 30 days positive positive 2 Sudden loss
IED 8 Fem bilateral active >12 positive negative 1 Bilateral SNHL
IED 63 Fem unilateral inactive >12 negative negative 1 Neuroma
IED 45 Fem bilateral inactive 6-12 negative negative 1 Bilateral SNHL
IED 60 Male bilateral inactive 1-6 negative positive 1 Bilateral SNHL
IED 63 Male bilateral inactive >12 negative positive 1 Presbycusis
IED 35 Fem bilateral active >12 negative positive 1 Otosclerosis
IED 48 Male bilateral inactive >12 negative positive 1 Presbycusis
IED 77 Male bilateral inactive >12 negative negative 1 Presbycusis
a
1 = normal; 2 = altered.
b
SNHL = sensorineural hearing loss. Bilateral or unilateral SNHL indicate unknown etiology. COM = Chronic
otitis media.
162
Table VI. Main results for individual patients
Group Age Sex Laterality Status
Duration
(months)
ELISA WB ESR
a
Diagnosis
b
IED 43 Male unilateral inactive 1-6 positive negative 1 Unilateral SNHL
IED 58 Male bilateral inactive >12 negative positive 1 Presbycusis
IED 63 Fem bilateral inactive >12 negative positive 1 Stroke
IED 50 Male bilateral inactive 1-6 negative negative 1 Presbycusis
IED 9 Fem unilateral inactive >12 positive negative 1 Sudden loss
IED 59 Male bilateral active >12 negative negative 1 Otosclerosis
IED 60 Fem bilateral active 1-6 negative negative 1 Otosclerosis
IED 30 Male bilateral inactive >12 negative negative 1 Bilateral SNHL
IED 50 Fem bilateral inactive >12 negative negative 1 Bilateral SNHL
IED 58 Fem bilateral active 1-6 positive negative 1 Otosclerosis
IED 45 Fem bilateral inactive >12 negative negative 1
Noise-induced
hearing loss
IED 40 Fem bilateral active 1-6 positive negative 1 Bilateral SNHL
IED 28 Male unilateral active >12 negative negative 2 Sudden loss
IED 44 Male bilateral active >12 negative negative 1 Otosclerosis
IED 40 Male unilateral inactive >12 negative negative 1 Sudden loss
IED 60 Fem unilateral inactive >12 negative negative 1 Unilateral SNHL
IED 56 Male bilateral inactive >12 negative negative 1 Presbycusis
IED 42 Male unilateral inactive >12 negative negative 1 Unilateral SNHL
IED 34 Fem unilateral inactive 1-6 negative negative 1 Transient hydrops
IED 46 Male bilateral inactive 6-12 negative negative 1 Bilateral SNHL
IED 35 Male bilateral inactive 6-12 negative negative 1 Bilateral SNHL
IED 60 Male bilateral inactive >12 negative negative 1 Presbycusis
IED 30 Fem bilateral inactive 6-12 negative negative 1 Otosclerosis
IED 45 Male bilateral inactive >12 negative negative 1 Bilateral SNHL
IED 45 Male bilateral inactive >12 negative negative 1 Bilateral SNHL
IED 15 Male bilateral inactive >12 negative positive 1 Bilateral SNHL
IED 63 Fem unilateral inactive 6-12 negative negative 2 Sudden loss
IED 44 Male unilateral inactive >12 negative negative 1 Unilateral SNHL
IED 26 Male unilateral active 6-12 negative negative 2 Sudden loss
IED 69 Male unilateral inactive >12 negative negative 1 Unilateral SNHL
IED 37 Male bilateral active >12 negative negative 1 Otosclerosis
a
1 = normal; 2 = altered.
b
SNHL = sensorineural hearing loss. Bilateral or unilateral SNHL indicate unknown etiology. COM = Chronic
otitis media.
163
Table VI. Main results for individual patients
Group Age Sex Laterality Status
Duration
(months)
ELISA WB ESR
a
Diagnosis
b
IED 54 Male unilateral inactive >12 negative negative 1 Sudden loss
IED 35 Male unilateral inactive >12 negative negative 1 Sudden loss
IED 50 Male unilateral inactive 6-12 negative negative 1 Arnold Chiari
IED 30 Fem bilateral active 6-12 negative negative 1 Otosclerosis
IED 46 Male unilateral inactive 6-12 negative negative 2 Sudden loss
IED 44 Fem unilateral inactive < 30 days negative negative 1 Sudden loss
IED 52 Male unilateral active 6-12 negative negative 1 Otosclerosis
IED 58 Male bilateral inactive 6-12 negative negative 1 Bilateral SNHL
IED 15 Fem bilateral active < 30 days negative negative 1 Bilateral SNHL
IED 40 Male unilateral inactive 6-12 negative negative 1 Transient hydrops
IED 32 Male bilateral inactive 1-6 negative negative 1 Bilateral SNHL
IED 26 Male bilateral active 6-12 positive negative 1 Bilateral SNHL
IED 38 Fem bilateral inactive 1-6 positive positive 1 Bilateral SNHL
IED 70 Fem bilateral active 1-6 positive positive 1 Bilateral SNHL
b
SNHL = sensorineural hearing loss. Bilateral or unilateral SNHL indicate unknown etiology. COM = Chronic
otitis media.
164
Table VII. Distribution of patients according to group and ELISA results
MD IED Total
ELISA
n % n % n %
Positive 4 12.9 19 24.4 23 21.1
Negative 27 87.1 59 75.6 86 78.9
Total 31 100.0 78 100.0 109 100.0
P (chi-square) = 0.186
165
Table VIII. Distribution of patients according to group and WB results
MD IED Total
WB
n % n % n %
Positive 8 25.8 14 17.9 22 20.2
Negative 23 74.2 64 82.1 87 79.8
Total 31 100.0 78 100.0 109 100.0
P (chi square) = 0.356
WB = Western blot.
166
Table IX. Distribution of patients according to diagnosis and ELISA results
ELISA
Positive Negative Total
Diagnosis n % n % n %
Idiopathic 0 0.0 5 18.5 5 16.1
Known cause 4 100.0 22 81.5 26 83.9
Total 4 100.0 27 100.0 31 100.0
P (Fisher’s exact test) = 1.000
167
Table X. Distribution of patients according to diagnosis and WB results
WB
Positive Negative Total
Diagnosis n % n % n %
Idiopathic 0 0.0 5 21.7 5 16.1
Known cause 8 100.0 18 78.3 26 83.9
Total 8 100.0 23 100.0 31 100.0
P (Fisher’s exact test) = 0.2912
168
Table XI. Distribution of patients in the control group according to ESR and ELISA
results
ELISA
Positive Negative Total
ESR n % n % n %
Altered
3 15.8 7 11.9 10 12.8
Normal 16 84.2 52 88.1 68 87.2
Total 19 100.0 59 100.0 78 100.0
P (Fisher’s exact test) = 0.6986.
ESR = Erythrocyte sedimentation rate.
Escrever o que é alterado
169
Table XII. Distribution of patients in the control group according to ESR and WB results
WB
Positive Negative Total
ESR n % n % n %
Alterade
4 28.6 6 9.4 10 12.8
Normal 10 71.4 58 90.6 68 87.2
Total 14 100.0 64 100.0 78 100.0
P (Fisher’s exact test) = 0.0734
ESR = Erythrocyte sedimentation rate.
Escrever o que….
170
5. ANEXOS
ANEXO 1
Protocolo de Investigação de Pacientes com Doença de Méniére
1. Nº prontuário:
2. Idade à época de início dos sintomas: ...... anos/Tempo de evolução dos sintomas: .... anos
3. Sexo: ( ) M ( )F
4. História familiar compatível com diagnóstico sindrômico de Ménière: ( ) Sim ( ) Não
5. Sintomas:
5.1. V
ERTIGEM
5.1.1.( ) Vertigem típica ( ) Tontura não rotatória
5.1.2. Número médio mensal de episódios vertiginosos típicos nos últimos 6 meses (Y): ....
5.2. D
ISACUSIA
5.2.1. ( ) Neurossensorial flutuante e progressiva 5.2.3. ( ) Mista
5.2.1.1. ( ) Unilateral ( ) Bilateral
5.2.2. ( ) Neurossensorial progressiva
5.2.2.2. ( ) Unilateral ( ) Bilateral
5.3. Z
UMBIDOS:
2.3.1. ( ) unilaterais ( ) binaurais 2.3.2. ( ) graves ( ) agudos
5.4. S
ENSAÇÃO DE PLENITUDE AURAL ( ) Sim ( ) Não
6. Exames Complementares
6.1. Audiometria Tonal
DOENÇA UNILATERAL – LADO .....
Média dos LAMs de 500 a 3000 Hz:
1. Ouvido doente ..... dB Estádio: 1.( ) <
25 dB 2.( ) 26-40 dB 3.( ) 41-70 dB 4.( )> 70
2. Ouvido normal .... dB
Média dos LAMs de 250, 500 e 1000 Hz: ..... dB
Média dos LAMs de 1000, 2000 e 3000 Hz: .... dB
DOENÇA BILATERAL
Média dos LAMs de 500 a 3000 Hz: .... dB Estádio 1.( ) 2.( ) 3.( ) 4.( )
6.2. Audiometria Vocal
DOENÇA UNILATERAL
Discriminação ouvido doente: .... %
DOENÇA BILATERAL
Discriminação média: .... %
6.3. ENG
( ) hiporreflexia vestibular 1. ( ) Unilateral (lado ...) 2. ( ) Bilateral
( ) achados centrais
171
6.4. TC contrastada de ouvido e mastóide
( ) Normal
( ) Alterada: ( ) mastóides hipoaeradas
( ) redução das dimensões do triângulo de Trautmann
( ) hipoaeração periaquedutal
6.5. Exames de busca etiológica
VSG ( ) normal ( ) alterado
FAN ( ) R ( ) NR
C3 ( ) normal ( ) alterado: ( ) ( )
C4 ( ) normal ( ) alterado: ( ) ( )
VDRL e FTA-Abs ( ) R ( ) NR
Colesterol ( ) Normal ( ) Limítrofe ( ) Hipercolesterolemia (Valor: )
TG ( ) Normal ( ) Aumentado (valor: )
Glicemia de jejum: ..... mg %
TTG 75 g:
1.( ) Intolerância à glicose :
1.1.( ) Glicemia de jejum > 110 mg/dl (6,1 mmol/l) e < 126 mg/dl (7 mmol/l); ou
1.2.( ) TTG com 75 g em 2 horas > 140 mg/dl (7,8 mmol/l) e < 200 mg/dl (11,1 mmol/l).
2. ( ) DM:
1. Sintomas compatíveis com DM + glicemia casual > 200 mg/dl (11,1 mmol/l) em mais de uma
ocasião; ou
2. Glicemia de jejum > 126 mg/dl (7 mmol/l) em mais de uma ocasião; ou
3. TTG com 75 g com valor em 2 horas > 200 mg/dl (11,1 mmol/l) em mais de uma ocasião.
Adaptado da American Diabetes Association, 1999.
Curva glicêmica de 5 horas:
( ) Hiperglicemia ( ) Hipoglicemia em 1 ou mais pontos. Hora (s) em que ocorreu (eram) a (s)
hipoglicemia (s):..................................( ) um ou mais valores glicêmicos < 55 mg/dl ou ( ) queda
dos valores glicêmicos superior a 1 mg/dl/min
Curva insulinêmica de 5 horas:
1. ( ) Tipo I: curva normal: Valor em jejum: 0 a 25 μU/l; Pico entre 30 e 60 min (independente do
valor do pico); Valor em 120 min <
50 μU/l; Soma dos valores em 120 e 180 min < 60 μU/l;
Valores entre 240 e 300 min na faixa do jejum.
2. ( ) Tipo II: pico normal com retorno lento:
2.1. ( ) Tipo II
1
: pico entre 30 e 60 min; soma dos valores em 120 e 180 min entre 60 a 100 μU/l
(limítrofe);
2.2. ( ) Tipo II
2
: pico entre 30 e 60 min; soma dos valores em 120 e 180 minutos > 100 μU/l.
3.( ) Tipo III
3.1.( ) Tipo III
A
: pico em 120 minutos
3.2.( ) Tipo III
B
: pico em 180 minutos
4. ( ) Tipo IV: valor em jejum > 50 μU/l
5. ( ) Tipo V: curva insulinopênica (resposta insulínica baixa): todos os valores insulinêmicos < 50
μU/l.
172
PFT
T4 ( ) Normal ( ) Alterado
TSH ( ) Normal ( ) Alterado
Tratamentos Prévios
( ) Dieta hipossódica
( ) Dieta de Updegraff em caso de dismetabolopatia dos glicídios;
( ) Dieta com restrição de gordura em pacientes com alteração do perfil dos TG ou colesterol
Uso de:
1. ( ) BZD. Qual? ....................
Período?....................
2. ( ) Fármaco que aumente a perfusão – pentoxifilina, ginkgo biloba 761, dipiridamol, AAS,
piracetam, ticlopidina
Período?.....................
2. ( ) Diurético – Qual? ............................ Período?
Outros fármacos:
Resposta ao tratamento clínico:
( ) Satisfatória
( ) Insatisfatória, mas sintomas não limitantes
( ) Insatisfatória, mas sintomas limitantes.
( ) Classe A (Controle completo do quadro vertiginoso) – valor 0
( ) Classe B (Controle substancial) – valor 1 a 40
( ) Classe C (Controle limitado) – valor 41 a 80
( ) Classe D (Controle insignificante) – valor 81 a 120
( ) Classe E (Controle muito pobre) – valor > 120
* Para cálculo do valor numérico: (X/Y) x 100, onde X corresponde ao número médio mensal de
episódios vertiginosos típicos no período de 18 a 24 meses da instituição do tratamento e Y corresponde
ao número médio mensal desses episódios nos 6 meses que antecederam o tratamento.
173
ANEXO 2
Termo de Consentimento Informado
Estamos realizando um estudo sobre a Doença de Ménière no Hospital de Clínicas de Porto Alegre
em conjunto com a PUCRS, tendo o Prof. Dr.Luiz Lavinsky como pesquisador responsável.
A Doença de Ménière se caracteriza por crises de tontura, chiado no ouvido, sensação de ouvido
cheio e diminuição da audição. Ela pode ser causada por vários problemas diferentes, sendo preciso
conhecer a sua causa para tratar com maior sucesso a doença.
Esse estudo pretende avaliar um novo exame medido no sangue que pode ajudar a identificar uma
das causas da Doença de Ménière e, portanto, ajudar a escolher o tratamento ideal para alguns
doentes.
Para isso é necessário coletar 5-10ml de sangue (exemplo: 1 colher de sopa) para a realização desse
exame. O risco associado a este tipo de coleta é o de poder haver uma pequena mancha na pela por
escape de sangue (hematoma), que habitualmente não tem conseqüência além de um pequeno
desconforto local. Nem o(a) Sr(a), nem a equipe médica saberá o resultado do exame durante a
pesquisa. Isso é necessário para o sucesso do estudo.
A sua participação poderá ser muito útil para que no futuro esse exame possa ser usado na
investigação da Doença de Ménière e na escolha do tratamento ideal dessa doença.
É importante ressaltar que o(a) Sr(a) será atendido e tratado da mesma forma que os outros
pacientes com essa doença que não participam do estudo. Os dados coletados com esta pesquisa
não serão divulgados individualmente, preservando o anonimato dos participantes do estudo. Em
qualquer momento o(a) Sr(a) poderá desistir, sem que isto implique qualquer modificação na
continuidade do seu atendido dentro do Hospital.
Qualquer dúvida poderá ser resolvida com pelo telefone (51) 91237447, telefone da pesquisadora
Anne-Rose L. W. Baú.
Eu,_____________________________________________________________ ,após ter sido
adequadamente informado do objetivo deste trabalho e do procedimento que serei submetido,
concordo em participar do estudo.
Porto Alegre,_____ de _________________________ de _______
Nome:______________________________
Assinatura:_______________________
Registro HCPA:________
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo