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Justiça, o Conservatório (atual Escola de Música), o Instituto de Educação e as secretarias,
alguns dos últimos exemplos de neoclassicismo na paisagem urbana da cidade.
Além do mais, outro ponto muito válido para a leitura da Praça da Estação é seu próprio
espaço – de significativas dimensões – e que, por isso mesmo, foi utilizado para grandes
concentrações políticas nas décadas de 40 e 50. Se hoje este espaço está mal aproveitado e
com suas funções diluídas ou perdidas, pode de (sic) deve ser recuperado em proveito de uma
parte importante da população que ali poderia reencontrar novas formas de usufruir a cidade
como ficou provado pelas festas juninas ali realizadas ultimamente. Seria oportuno lembrar
que a Grand Central Station, de New York, fecha a Park Avenue e, apesar de conter o
gigantesco edifício do Pan-Am, mantém suas características e funções de terminal rodoviário
central além de criar espaços de lazer e de serviços para os habitantes da grande metrópole
americana assim como as de Saint Lazare, em Paris, e de Paddington ou Victoria em Londres,
correspondem, até hoje, às suas finalidades originais, sendo também respeitados os seus
entornos.
No entanto, o conjunto da Praça da Estação ainda inclui outros elementos que justificam uma
política especial para a sua preservação, destacando-se a Escola de Engenharia da UFMG,
fundade (sic) em 1911 e também com elegantes características neoclássicas, e a casa do
Conde de Santa Marinha, cujas obras foram iniciadas em 1896 e que foi a primeira construção
da zona suburbana, conforme registro de Abílio Barreto. Servindo hoje de armazém para a
Central do Brasil, foi uma verdadeira escola industrial, com oficinas de carpintaria,
serralheria, ferraria e cantaria além de ter moinhos para cereais e torrefação de café. Este
prédio pode ser reabilitado e adaptado para novas e mais adequadas funções como centro de
artesanato e pequeno teatro, atendendo a uma parcela pouco lembrada da população urbana.
Tal solução é muito viável e os exemplos de São Francisco, da Califórnia, com os conjuntos
da “Cannery” e da “Chirardelli Square” antigas fábricas de latas e de chocolate
respectivamente, e a atualmente agradáveis centros comerciais com pequenos teatros e outros
equipamentos de lazer, comprovam a viabilidade da transformação de velhas e tradicionais
estruturas em locais de excelente rendimento em termos de conforto para o grande público e
até mesmo em atrações turísticas.
No entanto, o conjunto da Praça da Estação conta também com outras construções
importantes como os prédios da União Brasileira de Tecidos – antiga fábrica têxtil e agora
atacado de tecidos – e da Souza Pinto, que foi a primeira serraria da cidade e hoje é
estacionamento. Apresentando-se ambas as construções com suas principais características
arquitetônicas mantidas, podem, igualmente, ser adaptadas com facilidade para finalidades
comunitárias mais dinâmicas.
Embora com localização periférica poderiam ainda ser citados os viadutos da Floresta e de
Santa Tereza, a Estação da antiga Oeste de Minas (inaugurada em 1920, quando da visita dos
reis da Bélgica) e alguns prédios da Rua Sapucaí, entre os quais se destaca o edifício Chagas
Dória, excelente exemplo da “art-deco” e, na Avenida Amazonas, o tradicional Hotel Sul-
Americano.
Assim, a leitura arquitetônica da Praça da Estação apresenta indiscutível riqueza de elementos
cuja significação cultural envoldo (sic) importantes aspectos sociológicos que se ligam a
diversos períodos da evolução urbana em Belo Horizonte.