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SILMA GONÇALVES PONCE CORA DA COSTA
AMPLIAÇÃO DE VOCABULÁRIO POR CENTRO DE
INTERESSE: UM EXPERIMENTO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
NO ENSINO FUNDAMENTAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – UFMT
INSTITUTO DE LINGUAGENS – IL
CUIABÁ
2008
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ii
SILMA GONÇALVES PONCE CORA DA COSTA
AMPLIAÇÃO DE VOCABULÁRIO POR CENTRO DE
INTERESSE: UM EXPERIMENTO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
NO ENSINO FUNDAMENTAL
Dissertação apresentada ao Programa de
Mestrado em Estudos de Linguagem da
Universidade Federal de Mato Grosso, como
requisito parcial para obtenção do título de
Mestre em Estudos de Linguagem.
Área de Concentração: Estudos Lingüísticos
Orientadora: Profª Drª Alice Maria Teixeira de
Sabóia
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – MT
INSTITUTO DE LINGUAGENS – IL
CUIABÁ
2008
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iv
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à minha mãe, Atília (in
memoriam), que muito me incentivou e lutou
para que eu estudasse e, hoje, acompanha
minha conquista, infelizmente, longe de meus
olhos, mas, eternamente, ao meu lado e dentro
do meu coração.
iii
v
HOMENAGEM
À minha orientadora, profª Drª Alice Maria
Teixeira de Sabóia, o meu respeito, a minha
admiração, a minha gratidão por ter me
acolhido e orientado com sabedoria, paciência
e desprendimento, ajudando-me a construir
meu conhecimento.
iv
vi
AGRADECIMENTOS
A Deus, fonte de luz e proteção em minha vida.
Ao meu esposo, Frederico, por compartilhar
comigo as dificuldades e as alegrias da vida.
Aos meus filhos, Fernando e Flávia, por me
presentearem com tanta felicidade.
Aos meus pais, Saturnino e Atília (ambos in
memoriam), pelo amor, pelo exemplo de vida e
pelos valores que herdei.
Aos meus irmãos e sobrinhos, presenças
alegres em minha vida, especialmente à minha
irmã, Seila, que sempre me incentivou e torceu
por mim.
À profª Drª Alice Maria Teixeira de Sabóia, pela
disponibilidade, pela paciência, e pela eficiente
orientação em todas as etapas desta pesquisa.
Às professoras doutoras Maria Aparecida
Barbosa e Maria Rosa Petroni, pelas valiosas
sugestões no exame de qualificação.
Aos sujeitos da pesquisa, por terem me
acolhido tão bem e, sem os quais, este trabalho
não teria se realizado.
Aos meus alunos e ex-alunos, pois sem eles
não haveria razão para a minha busca pelo
conhecimento.
v
vii
À coordenadora do Mestrado em Estudos de
Linguagem (MeEL), profª Drª Maria Rosa
Petroni, pelo carinho, compreensão e estímulo.
Aos professores do MeEL, pelos
conhecimentos enriquecedores e pela amizade
compartilhada.
À SEDUC e à SMEDEL, pela oportunidade
concedida e apoio prestado.
Aos funcionários da secretaria do MeEL, pelo
atendimento eficiente em todos os momentos
de que precisei.
Ao profº Ms. João Bosco da Silva, que me
incentivou a fazer o Mestrado.
Às queridas colegas e amigas, Eliane e Tânia,
pelos gestos de solidariedade e
companheirismo constantes. Jamais as
esquecerei.
Aos meus colegas da turma de Mestrado, com
quem convivi ao longo desse período e
compartilhei momentos de aprendizado,
especialmente, à querida Cristiane, pela
amizade e troca de experiências.
Enfim, a todos que contribuíram, direta ou
indiretamente, minha sincera gratidão.
vi
viii
P a l a v r a
Dos ruídos da comunicação primitiva,
Nasceu a palavra - oral e escrita.
Com a palavra,
Uma nova comunicação surgiu entre os
humanos,
Pôde-se, então, conhecer o íntimo de cada ser,
Numa interação ainda mais ampla.
Com a palavra, pode-se correr o mundo
E comunicar em vários idiomas,
Chegar perto das diversas culturas,
Conhecer os irmãos em cada recanto do
planeta
E, em breve, mais além...
Com a palavra,
Pôde-se divulgar conhecimentos,
Expandir sentimentos,
Até então guardados nos corações individuais.
Com a palavra,
Pôde-se então orar e chegar mais perto de
Deus,
E Ele então sorriu para o homem,
Pois foi com a Sua palavra,
Que do barro, nasceu o corpo
E num supro divino, o espírito de cada ser.
Com a palavra,
Tocamo-nos mutuamente,
Chegando ainda mais perto de Deus.
(Moacir Sade)
vii
ix
RESUMO
COSTA, S. G. P. C. da. Ampliação de vocabulário por centro de interesse: um
experimento didático-pedagógico no Ensino Fundamental.
Esta dissertação aborda um aspecto da competência lingüística de alunos de uma
turma de 7ª série do Ensino Fundamental. Essa competência, investigada no nível
lexical, é suposta a partir de seu desempenho, em face do processo ensino-
aprendizagem. A pesquisa que lastreia esta dissertação teve como pano de fundo o
modelo de identificação dos temas de predileção (Galisson, 1979) que permite entrar
na investigação acerca da aquisição, ou ampliação de vocabulário, a partir de um
ponto definido pelos próprios sujeitos. O modelo permite ainda, a partir do universo
lexical - por definição, muito mais amplo do que os vocaburios extraídos dos textos
de cada sujeito, produzidos sobre o mesmo tema - controlar, pelo desempenho de
cada sujeito, as mudanças que se operaram nesse aspecto de seu desempenho
lingüístico, levando-se em conta o parâmetro constituído de um subconjunto
vocabulário, extraído dos textos temáticos trabalhados com os sujeitos e utilizado
neste trabalho. A partir desse modelo e por uma questão metodológica, delimitou-se
o universo da pesquisa e definiram-se seus sujeitos, aos quais foram aplicados os
instrumentos de pesquisa: formulário socioeconômico e cultural e as estratégias de
trabalho com os textos, para coleta do corpus. Dessa forma, chegou-se ao tema de
predileção, ou centro de interesse dos sujeitos, cujos perfis socioeconômicos e
culturais foram levados em conta, em face de seu desempenho lingüístico-vocabular,
a partir do parâmetro lexical preestabelecido. Os resultados deixam ver que,
guardadas as diferenças individuais, naturais e esperadas, os sujeitos estudados
tiveram seus vocabulários significativamente ampliados - como é natural que ocorra -
, todavia essa ampliação (ou possível transposição do vocabulário passivo para o
ativo) deu-se de forma motivada e sob controle, o que permitiu avaliar o progresso
de cada participante da pesquisa.
Palavras-chave: léxico, vocabulário, ampliação vocabular, centro de interesse,
competência lexical, desempenho lexical.
viii
x
ABSTRACT
COSTA, S. G. P. C. da. Improvement of vocabulary through center of interest: a
didactic pedagogical experiment in the Ensino Fundamental.
The present dissertation approaches linguistic competence of students from the 7th
grade of Ensino Fundamental. Such competence, studied at a lexical level, is
supposed from its development due to the teaching/learning process. The research
was based on the model of identification of predilection themes (Galisson 1979)
which enables to enter the investigation about the acquisition or improvement of
vocabulary from an established point defined by the subjects. This model also
enables, from lexical universe - a lot wider, by definition, than the vocabulary
extracted from the texts of each subject produced about the same theme – to control,
through the development of each subject, the changes that occur in the aspect of
linguistic development, considering the parameter consisting of a subset of
vocabulary extracted from thematic texts worked with the subjects and used in this
study. From this model and due to a methodological matter, the nature of the
research was delineated and also its subjects to whom the following research tools
were applied: Socioeconomic and cultural form and work strategies with the texts to
collect the corpus. This way, predilection for the theme or center of interest of the
subjects was achieved of whose socioeconomic and cultural profiles were taken into
consideration, due to their linguistic-vocabular development from previously
established lexical parameter. The results show that – expected individual and
natural differences aside the studied subjects had their vocabulary considerably
improved what is likely to happen. However, such improvement occurred in a
motivated and under-control way what enabled to evaluate the progress of each
participant during the research.
Keywords: lexis, vocabulary, vocabular improvement, center of interest, lexical
competence, lexical development.
ix
xi
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 01: Demonstrativo de seu Vocabulário e Análise de sua situação Vocabular
.................................................................................................................................61
Gráfico 02: Demonstrativo de seu Vocabulário e Análise de sua situação Vocabular
.................................................................................................................................63
Gráfico 03: Demonstrativo de seu Vocabulário e Análise de sua situação Vocabular
.................................................................................................................................65
Gráfico 04: Demonstrativo de seu Vocabulário e Análise de sua situação Vocabular
.................................................................................................................................68
Gráfico 05: Demonstrativo de seu Vocabulário e Análise de sua situação Vocabular
.................................................................................................................................70
Gráfico 06: Demonstrativo de seu Vocabulário e Análise de sua situação Vocabular
.................................................................................................................................73
Gráfico 07: Demonstrativo de seu Vocabulário e Análise de sua situação Vocabular
.................................................................................................................................75
Gráfico 08: Demonstrativo de seu Vocabulário e Análise de sua situação Vocabular
.................................................................................................................................78
Gráfico 09: Demonstrativo de seu Vocabulário e Análise de sua situação Vocabular
.................................................................................................................................80
Gráfico 10: Demonstrativo de seu Vocabulário e Análise de sua situação Vocabular
.................................................................................................................................82
Gráfico 11: Demonstrativo de seu Vocabulário e Análise de sua situação Vocabular
.................................................................................................................................84
Gráfico 12: Demonstrativo de seu Vocabulário e Análise de sua situação Vocabular
.................................................................................................................................87
Gráfico 13: Demonstrativo de seu Vocabulário e Análise de sua situação Vocabular
.................................................................................................................................89
Gráfico 14: Demonstrativo de seu Vocabulário e Análise de sua situação Vocabular
.................................................................................................................................91
Gráfico 15: Demonstrativo de seu Vocabulário e Análise de sua situação Vocabular
.................................................................................................................................93
Gráfico 16: Demonstrativo de seu Vocabulário e Análise de sua situação Vocabular
.................................................................................................................................95
x
xii
Gráfico 17: Demonstrativo de seu Vocabulário e Análise de sua situação Vocabular
.................................................................................................................................97
Gráfico 18: Demonstrativo de seu Vocabulário e Análise de sua situação Vocabular
.................................................................................................................................100
Gráfico 19: Demonstrativo de seu Vocabulário e Análise de sua situação
Vocabular.................................................................................................................102
Gráfico 20: Demonstrativo de seu Vocabulário e Análise de sua situação
Vocabular.................................................................................................................104
Gráfico 22: Demonstrativo de seu Vocabulário e Análise de sua situação
Vocabular.................................................................................................................108
Gráfico 23: Demonstrativo de seu Vocabulário e Análise de sua situação
Vocabular.................................................................................................................110
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xiii
LISTA DE QUADROS
Quadro 01: Demonstrativo de seu Vocabulário e Análise de sua situação Vocabular
.................................................................................................................................60
Quadro 02: Demonstrativo de seu Vocabulário e Análise de sua situação Vocabular
.................................................................................................................................62
Quadro 03: Demonstrativo de seu Vocabulário e Análise de sua situação Vocabular
.................................................................................................................................65
Quadro 04: Demonstrativo de seu Vocabulário e Análise de sua situação Vocabular
.................................................................................................................................67
Quadro 05: Demonstrativo de seu Vocabulário e Análise de sua situação Vocabular
.................................................................................................................................69
Quadro 06: Demonstrativo de seu Vocabulário e Análise de sua situação Vocabular
.................................................................................................................................72
Quadro 07: Demonstrativo de seu Vocabulário e Análise de sua situação Vocabular
.................................................................................................................................75
Quadro 08: Demonstrativo de seu Vocabulário e Análise de sua situação Vocabular
.................................................................................................................................77
Quadro 09: Demonstrativo de seu Vocabulário e Análise de sua situação Vocabular
.................................................................................................................................80
Quadro 10: Demonstrativo de seu Vocabulário e Análise de sua situação Vocabular
.................................................................................................................................82
Quadro 11: Demonstrativo de seu Vocabulário e Análise de sua situação Vocabular
.................................................................................................................................84
Quadro 12: Demonstrativo de seu Vocabulário e Análise de sua situação Vocabular
.................................................................................................................................86
Quadro 13: Demonstrativo de seu Vocabulário e Análise de sua situação Vocabular
.................................................................................................................................88
Quadro 14: Demonstrativo de seu Vocabulário e Análise de sua situação Vocabular
.................................................................................................................................90
Quadro 15: Demonstrativo de seu Vocabulário e Análise de sua situação Vocabular
.................................................................................................................................92
Quadro 16: Demonstrativo de seu Vocabulário e Análise de sua situação Vocabular
.................................................................................................................................94
xii
xiv
Quadro 17: Demonstrativo de seu Vocabulário e Análise de sua situação Vocabular
.................................................................................................................................96
Quadro 18: Demonstrativo de seu Vocabulário e Análise de sua situação Vocabular
.................................................................................................................................99
Quadro 19: Demonstrativo de seu Vocabulário e Análise de sua situação
Vocabular.................................................................................................................101
Quadro 20: Demonstrativo de seu Vocabulário e Análise de sua situação
Vocabular.................................................................................................................103
Quadro 21: Demonstrativo de seu Vocabulário e Análise de sua situação
Vocabular.................................................................................................................106
Quadro 22: Demonstrativo de seu Vocabulário e Análise de sua situação
Vocabular.................................................................................................................107
Quadro 23: Demonstrativo de seu Vocabulário e Análise de sua situação
Vocabular.................................................................................................................108
xiii
xv
SUMÁRIO
DEDICATÓRIA.............................................................................................................iii
AGRADECIMENTOS...................................................................................................v
RESUMO...................................................................................................................viii
ABSTRACT..................................................................................................................ix
INTRODUÇÃO ..........................................................................................................17
1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.............................................................................21
1.1 Linguagem e Conhecimento............................................................................21
1.2 Léxico, Gramática e Vocabulário.....................................................................25
1.3 Aquisição Lexical e Competência Lexical........................................................34
1.4 Vocabulário Ativo e Vocabulário Passivo.........................................................36
1.5 Lexemas, Vocábulos e Palavras......................................................................37
1.6 Lexemas e Lexias............................................................................................38
1.7 Campos Lexicais e Campos Semânticos.........................................................41
1.8 Centro de Interesse .........................................................................................43
1.9 O Ensino da Oralidade na Escola....................................................................45
1.10 A Proposta de Vygotsky.................................................................................46
2. ESTABELECIMENTO DO CORPUS E METODOLOGIA DE PESQUISA.............49
2.1 Os Sujeitos da Pesquisa..................................................................................49
2.2 O Local de Realização da Pesquisa................................................................50
2.3 O “Corpus” Documental...................................................................................51
2.3.1 Os instrumentos e os procedimentos de coleta dos dados.......................51
2.4 Corpus de Análise............................................................................................57
2.4.1 Procedimentos de análise.........................................................................57
3. ANÁLISE DOS DADOS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .............................59
3.1 Perfil Socioeconômico e Cultural dos Participantes.........................................59
xiv
xvi
3.2 Identificação do Sujeito 1.................................................................................61
3.3 Identificação do Sujeito 2.................................................................................63
3.4 Identificação do Sujeito 3.................................................................................66
3.5 Identificação do Sujeito 4.................................................................................68
3.6 Identificação do Sujeito 5.................................................................................70
3.7 Identificação do Sujeito 6.................................................................................73
3.8 Identificação do Sujeito 7.................................................................................76
3.9 Identificação do Sujeito 8.................................................................................78
3.10 Identificação do Sujeito 9...............................................................................81
3.11 Identificação do Sujeito 10.............................................................................83
3.12 Identificação do Sujeito 11.............................................................................85
3.13 Identificação do Sujeito 12.............................................................................87
3.14 Identificação do Sujeito 13.............................................................................89
3.15 Identificação do Sujeito 14.............................................................................91
3.16 Identificação do Sujeito 15.............................................................................93
3.17 Identificação do Sujeito 16.............................................................................95
3.18 Identificação do Sujeito 17.............................................................................97
3.19 Identificação do Sujeito 18...........................................................................100
3.20 Identificação do Sujeito 19...........................................................................102
3.21 Identificação do Sujeito 20...........................................................................104
3.22 Desempenho Lexical dos Sujeitos do Sexo Feminino e do Sexo Masculino
.............................................................................................................................106
3.23 A Freqüência do Vocabulário dos Sujeitos Participantes.............................108
3.24 Os Recursos para a Ampliação de Vocabulário...........................................112
4. CONCLUSÕES ...................................................................................................116
4.1 Reflexões sobre o Desempenho dos Sujeitos como Aprendizes de Vocabulário
.............................................................................................................................116
4.2 Limitações e Contribuições deste Estudo......................................................119
4.3 Sugestões para Trabalhos Futuros................................................................120
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................122
xv
xvii
6. ANEXOS
ANEXO I
QUESTIONÁRIO.....................................................................................................129
ANEXOS II
TEXTOS SOBRE O CENTRO DE INTERESSE .....................................................136
ANEXOS III
OFICINAS DE VOCABULÁRIO...............................................................................148
ANEXOS IV
TEXTOS PRODUZIDOS PELOS SUJEITOS PARTICIPANTES DA PESQUISA ...159
(TEXTOS I e II)........................................................................................................159
xvi
17
INTRODUÇÃO
Nosso interesse pela ampliação de vocabulário dos discentes começou de
tanto ouvir dos professores do Ensino Fundamental, durante as reunes
pedagógicas ou no intervalo, entre as variadas discussões, que grande parte dos
alunos não entende o que nos textos das diversas disciplinas de estudo e não
emprega o vocabulário específico do tema em suas produções. Os professores o
quase unânimes em afirmar que uma das maiores dificuldades no aprendizado do
aluno é a sua limitação vocabular.
Segundo Bezerra (1999), o vocabulário se caracteriza como as palavras
utilizadas por um falante de uma dada língua em suas atividades comunicativas.
Desse modo, o conhecimento do vocabulário modifica a competência lexical do
falante e sua ampliação e aprendizado tornam-no apto a fixar conceitos, fazer
escolhas, compreender, refletir, questionar, julgar, etc. Sendo assim, quanto maior
for o nosso conhecimento de vocabulário, mais condições teremos de recorrer a
palavras adequadas para o nosso vocaburio.
O domínio do vocabulário é tamm parte importante na aprendizagem do
uso da língua, principalmente em leitura e escrita. O conhecimento do vocaburio
faz parte das habilidades lingüísticas do aprendiz e como tal deve ser ensinado (cf.
Kleiman, 1996).
No entanto, sabemos que não basta resolver apenas a questão referente ao
vocabulário para que os alunos compreendam melhor os textos e produzam textos
escritos com maior propriedade. O problema não é apenas semântico. outros
problemas envolvidos na compreensão de um texto, entretanto é fato que o domínio
de um vocabulário variado, certamente, ajuda no processo de aprendizagem desses
alunos.
As dificuldades que os alunos apresentam em entender um texto, obviamente,
não consistem na sintaxe, morfologia ou fonética, pois, de acordo com Chomsky
(1978), o usuário de uma língua possui uma gramática internalizada dessa língua
materna que aos poucos foi sendo desenvolvida, e esse conhecimento permite a
qualquer indivíduo compreender enunciados nunca antes construídos por ele. Na
verdade, falta aos discentes o domínio de um vocabulário fundamental, que os torne
capazes de interpretar os textos de língua e (ou) metalingüísticos de todas as
disciplinas.
18
O ensino de vocabulário passou a ocupar um lugar relevante na história do
ensino de línguas. As listas de palavras descontextualizadas sempre foram alvo de
críticas dos pesquisadores em ensino de línguas. Evidenciamos que o interesse pela
aprendizagem do léxico vem se revelando em pesquisas de mestrado e doutorado,
principalmente em língua estrangeira (SCARAMUCCI, 1995; RODRIGUES, 2002;
GATTOLIN, 1998 e 2005; VECHETINI, 2005). Em ngua materna, verificamos que
trabalhos, analisando os exercícios de vocabulário em livros didáticos (LEAL,
2003; DIAS, 2004 ). Tamm vimos que pesquisas acerca do vocabulário básico
no processo de aquisição da língua materna (SOUZA, 2005) e de análise das
relações interacionais entre professor e aluno no ambiente de ensino de vocabulário
(LEITE, 1998).
É visível o crescimento de pesquisas nessa área de estudo, no entanto não é
suficiente para que os professores de Ensino Fundamental encontrem caminhos que
os conduzam a uma prática eficaz no que diz respeito ao processo de ensino-
aprendizagem de vocabulário da formaçãosica. Também verificamos que as
iniciativas tomadas não contribuem para a criação de uma teoria que
fundamentação à prática de sala de aula e isso faz com que a lacuna seja cada vez
maior na competência lexical dos aprendizes.
O estudo do vocabulário no ensino fundamental tem-se limitado a apresentar
sinônimos pela consulta ao dicionário. Em nossa experiência, como professora,
temos constatado que essa estratégia o é suficiente para ampliar a competência
lingüística (lexical) e comunicativa do aprendiz.
Desse modo, sentimos necessidade de realizar um trabalho para verificar se,
com uma outra estratégia de ensino de vocabulário, seriam melhores os resultados.
Um exemplo disso é tratar o ensino de vocabulário, levando em conta os contextos,
lingüístico e extralingüístico, a partir de um dado texto, envolvendo os alunos em
ações diretamente relacionadas às palavras novas a serem incorporadas a seu
vocabulário ativo.
Partimos, portanto, de uma preocupação didático-pedagógica básica e
esperamos poder contribuir para ajudar o aluno na construção dos sentidos, dentro
de seu processo de produção textual, sedimentando, assim, seu domínio vocabular,
dentro do quadro geral de sua formação lingüística. Recortamos, assim, o estudo do
vocabulário. Contudo, restou uma imensa gama de possibilidades para ingressar no
universo lexical dos sujeitos, o que, obviamente, exigia ainda, uma delimitação.
19
Desse modo, por uma questão de adequação teórico-metodológica, tomamos por
base o modelo de ensino-aprendizagem de vocabulário de Galisson (1979), no que
tange a sua proposta, em torno dos centros de interesse.
Sendo assim, o objetivo geral deste trabalho foi verificar a competência lexical
de alunos do Ensino Fundamental para ampliá-la, em face do processo de ensino-
aprendizagem desse nível de ensino, visando à melhoria de seu desempenho
lingüístico no nível lexical. Para atingir esse objetivo, orientamo-nos, visando aos
seguintes objetivos específicos:
1 detectar o domínio de vocabulário específico dos sujeitos da pesquisa em
face do centro ou tema de interesse;
2 testar um modelo didático-pedagógico de ensino de vocabulário, junto à
clientela-alvo;
3 verificar o vocabulário específico adquirido pelos sujeitos em face de seu
vocabulário inicial;
4 diagnosticar a situação vocabular dos sujeitos em estudo em face de um
vocabulário específico esperado.
Em face do objetivo geral e desses objetivos específicos, colocamos abaixo
as perguntas que orientaram esta pesquisa:
A Qual o centro de interesse da clientela-alvo para o desenvolvimento do
trabalho?
B Qual é a situação de domínio dos sujeitos em face do vocabulário que
apresentam, considerando o parâmetro vocabular?
C Qual é a competência lexical dos sujeitos da pesquisa com relação ao
tema?
D Em que medida os sujeitos tiveram sua competência lexical ampliada no
domínio do vocabulário específico, pertinente ao centro de interesse?
Esta dissertação foi estruturada em quatro capítulos. O capítulo 1 apresenta
as perspectivas teóricas referentes ao ensino-aprendizagem de vocabulário e a
fundamentação teórica que embasa a análise de dados. O capítulo 2 descreve a
20
metodologia utilizada na coleta de dados e os procedimentos de análise dos
mesmos, bem como a descrição da natureza da pesquisa, do contexto e dos
participantes. O capítulo 3 descreve os dados coletados para traçar o perfil
socioeconômico e cultural dos sujeitos participantes; focaliza o parâmetro vocabular
e o vocabulário do texto 1 e do texto 2; apresenta a análise e a discussão dos dados
coletados em ambas as fases da pesquisa, a de detectar o vocabulário do texto 1 e
a de detectar o vocabulário do texto 2; aponta o resultado do desempenho lexical
dos aprendizes do sexo feminino e do sexo masculino, de forma comparativa,
mostra a análise dos vocábulos mais freqüentes e traz uma reflexão sobre os
recursos utilizados para fundamentar a ampliação de vocabulário no período da
realização desta pesquisa. O capítulo 4 apresenta as conclusões relacionadas ao
estudo. Procura refletir sobre o desempenho dos sujeitos como aprendizes de
vocabulário, bem como aponta algumas limitações e contribuições deste estudo e
indica sugestões para trabalhos futuros.
21
1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
No que concerne à fundamentação teórica, para a análise dos resultados,
baseamo-nos nas teorias sobre léxico e vocabulário; lexemas, vocábulos e palavras;
lexias; xico e gramática; campos lexicais e campos semânticos. Inicialmente,
tecemos alguns comentários sobre linguagem e conhecimento e sobre os conceitos
de competência e desempenho de Chomsky (1978). Encerramos o capítulo,
apresentando o modelo teórico-metodológico, proposto por Galisson (1979), no qual
respaldamos nossa proposta, comentando o papel da oralidade na escola e a
proposta de Vygotsky, que procuramos adotar em nossa prática.
No que tange a conceitos básicos da Lexicologia, apoiamo-nos nos estudos
de rios autores para a sustentação teórica exposta neste trabalho, conforme se
seguem.
1.1 LINGUAGEM E CONHECIMENTO
A ngua, na visão de Saussure (1975), é uma instituição social. Para esse
autor, a língua não se confunde com a linguagem. A língua é somente uma parte
determinada, essencial e, ao mesmo tempo, um produto social da faculdade de
linguagem e um conjunto de convenções necessárias adotadas pelo corpo social a
fim de permitir o exercício dessa faculdade nos indivíduos.
O principal objetivo da língua é promover o processo de comunicação e
interação entre aqueles que a utilizam e o meio social, expressando, dessa forma, a
realidade extra-lingüística vivenciada pelos falantes mediante o uso de signos
lingüísticos.
Como o homem é um ser social, comunicação e sociedade relacionam-se
intimamente: uma não existe sem a outra. Se, por um lado, uma língua existe se
houver uma comunidade que a utiliza, por outro lado, um agrupamento de pessoas
será uma comunidade, se tiver uma língua comum a todos que possibilite a
comunicação das pessoas desse grupo.
Segundo Neves (1987), a linguagem é a expressão de tudo o que é, e
Aristóteles a estuda onde quer que apareça, pois é através de seu exame que a
22
realidade pode ser examinada. Aristóteles afirma, na abertura de sua obra Política,
que somente o homem é um “animal político”, isto é, social e cívico, porque somente
ele é dotado de linguagem. Os outros, de acordo com ele, possuem voz e com ela
exprimem dor e prazer, mas o homem possui a palavra e, com ela, exprime o bom e
o mau, o justo e o injusto. Exprimir e possuir em comum esses valores é o que torna
possível a vida social e política e, dela, somente os homens são capazes.
Sociedade e linguagem manifestam-se pela palavra. A palavra é a base da
comunicação humana. Constitui o centro de referência das linguagens.
Segundo Robin (1973), os seres humanos não vivem somente no mundo
objetivo, pois estão, em grande parte, condicionados pela língua particular que se
tornou o meio de expressão de uma sociedade. Sendo assim, o conceito de
linguagem dá-se pela atividade ou competência do homem para realizar coisas no
mundo.
É verdade que o ser humano é um ente com natureza social. Embora tenha
consciência de suas limitações, o homem tem indiscutível necessidade de se
agrupar em sociedade. Daí concluímos que o indivíduo precisa se relacionar com o
seu semelhante, e com ele comunicar-se. (ARISTÓTELES, 1998).
A linguagem é o principal meio de comunicação do ser humano. Ela
desempenha, dessa forma, um formidável papel, estabelecendo o homem como
sujeito, constituindo as relações sociais e fornecendo possibilidades de o indivíduo
conhecer a si próprio e o mundo do qual é parte.
A linguagem é a base para o conhecimento da língua. Trata-se de uma
realidade imaterial e mental que, nos seus limites, se confunde com o próprio
pensamento. Ela é inacessível por se constituir como um universo de abstrações
(BIDERMAN, 2001, p. 13).
Através dos estudos lingüísticos, muito se tem descoberto sobre a linguagem.
Tradicionalmente, ela tem sido conceituada como a capacidade que o ser humano
tem para expressar seus pensamentos e sentimentos, através da língua. É a
competência que o indivíduo tem para interagir com o mundo.
Todo sujeito que foi colocado dentro de um sistema lingüístico é obrigado a
ver o mundo sob o ponto de vista delineado pela linguagem de sua comunidade que,
a todo instante, obriga-o a ter conhecimento de novas palavras e combinações de
palavras.
A linguagem é o produto principal da cultura e o instrumento maior de sua
23
transmissão, desempenhando o papel principal em todo contexto cultural e
abrangendo diferentes ideologias, muitas vezes contraditórias. Estudá-la, então, é
nunca perder de vista a ideologia, pois a relação entre ambas é sempre uma
condição para a constituição do sentido. Como afirma Orlandi (1987), a ideologia
não é ocultação, mas função da relação necessária entre linguagem e mundo.
Para Langacker (1986), a importância do estudo da linguagem se deve ao
fato de ela não apenas fazer parte do cotidiano das pessoas, mas de fazer parte dos
pensamentos, das relações entre as pessoas e dos seus sonhos e perspectivas de
vida.
Segundo Bresson (1970), a linguagem não é um simples sistema de hábitos
controlado por estímulos do meio ambiente. Na verdade, o que é adquirido é um
sistema de regras que permite produzir e compreender enunciados novos.
Para Benveniste (1995), a linguagem está na natureza do homem. Não existe
o homem dissociado da linguagem. É nela e por ela que o homem se constitui como
sujeito, pois apenas a linguagem se fundamenta na realidade do ser: é o homem
falando com outro homem, e a linguagem ensinando a própria definição do homem.
Todas as características da linguagem, a sua natureza imaterial, o seu
funcionamento simbólico, a sua organização articulada são suficientes, segundo
Benveniste, para tornar suspeita a assimilação linguagem-instrumento, que, por sua
vez, tende a dissociar do homem a propriedade da linguagem.
A linguagem é, então, a possibilidade da subjetividade, pelo fato de conter
sempre as formas lingüísticas apropriadas à sua expressão; e é na instância do
discurso que ocorre a emergência da subjetividade. A linguagem, de algum modo,
propõe formas vazias das quais cada locutor, em exercício do discurso se apropria,
referindo-se à sua pessoa “eu” e a um parceiro “tu” (BENVENISTE, 1995).
É imprescindível, para o nosso trabalho, que envolve o processo de ensino-
aprendizagem de vocabulário, ter ciência do poder que a linguagem exerce sobre o
homem e o poder do homem que a domina sobre os outros homens.
Em nossa opinião, esse conhecimento sobre a linguagem exercerá grande
influência na prática pedagógica do professor, principalmente, porque acreditamos
que a maneira de ensinar e os procedimentos desenvolvidos em sala de aula
apresentarão marcas desse estudo, propiciando um ensino de qualidade e uma
oportunidade para que os alunos se envolvam como sujeitos ativos de seu
aprendizado.
24
muitas controvérsias a respeito da linguagem e um grande número de
pesquisadores que se dedicam ao trabalho de explicar e até decifrar os seus
mistérios. Entretanto, ainda não conseguiram, efetivamente, entendê-la em sua
completude.
Cabe-nos reconhecer que o estudo sobre a linguagem ainda exige rias
leituras e reflexões, por isso limitamo-nos apenas a ter conhecimento da sua
relevância para o processo de ensino e aprendizagem de língua. A linguagem
concretiza-se na língua, no vocabulário, nas criações novas. A língua é dinâmica,
por isso está sempre em processo contínuo de produção social, histórica, ideológica,
cultural.
Segundo Orlandi (1996), a forma de interpretação das atividades humanas
aparece no contexto social e cultural, em relação aos sujeitos e aos sentidos. É a
linguagem que impulsiona as civilizações, caracterizando épocas, criando processos
que situam o homem como constante produtor de conhecimento.
A questão sobre o processo de aquisição da linguagem é discutida anos,
mas ainda nos parece um campo nebuloso, em que vários posicionamentos se
chocam e se entrecruzam. Tem sido objeto de interesse de diversas áreas do
conhecimento, como a Psicologia Cognitiva, a Lingüística e a Psicolingüística
(SCARPA, 2003).
A partir de 1950, principalmente após a publicação dos trabalhos de Chomsky
(1959) como crítica à teoria comportamental ou behaviorismo de Skinner (1957),
para o qual aprender uma língua não era diferente de aprender uma outra habilidade
qualquer, as discussões sobre o assunto impulsionaram-se.
Chomsky defende uma visão inatista da aquisição da linguagem, tendo esta
um componente genético e não resultando de um conjunto de comportamentos
verbais. Dessa forma, a linguagem seria adquirida como conseqüência do
desenvolvimento de um dispositivo inato gravado na mente humana.
Vigotsky (1930) explica o desenvolvimento da linguagem com base na
interação entre criança e o adulto. Assim, passam a ser levados em conta fatores
sociais, comunicativos e culturais para o desenvolvimento lingüístico, considerados
pré-requisitos nesse processo. Da mesma forma que essa concepção de linguagem,
tamm a aquisição do léxico é totalmente social e permanente, depende dos
contatos e do acesso a informações e à escolarização.
25
1.2 LÉXICO, GRAMÁTICA E VOCABULÁRIO
O léxico é um sistema aberto e em constante expansão, o que o impossibilita
de ser apreendido e descrito em sua totalidade. Por ser considerado como a lista
exaustiva de todas as lexias de um estado de língua natural, de acordo com Greimas
e Courtès (1979, p. 255), o léxico se opõe a vocabulário, que é definido como a lista
das palavras de um determinado corpus. Assim, define-se léxico como o acervo dos
lexemas de uma língua, e vocabulário, como o conjunto das lexias registradas em
um determinado contexto.
Em Dicionário de Lingüística, Dubois et al (2001, p. 363 613) diferenciam
xico de vocabulário, dizendo que o primeiro corresponde às unidades da língua, e
o segundo, à lista das unidades da fala ou das ocorrências que figuram em um
determinado corpus, ou seja, o xico está na ngua e o vocabulário está no discurso
(fala).
As unidades do xico são os lexemas, por oposição às unidades da
gramática, os morfemas gramaticais. O léxico pode ser usado na acepção de
dicionário de uma língua, ou seja, conjunto de palavras ordenado, “tesouro de
palavras, disposto como está num dicionário” (SAUSSURE, 1986, p. 305). De acordo
com Vilela (1994, p. 6), “o léxico é a parte da língua que primeiramente configura a
realidade lingüística e arquiva o saber lingüístico duma sociedade”. Tudo o que faz
parte da vida dos seres humanos tem um nome, que é parte integrante do léxico.
Genouvrier & Peytard (1974) definem o léxico como o conjunto de todas as
palavras que estão à disposição dos falantes, em um dado momento, e que este
pode empregar e compreender. Assim, o léxico individual é uma parte estruturada do
xico geral da língua. Vocabulário é, para esses autores, o conjunto das palavras
efetivamente empregadas pelos falantes, a atualização das palavras pertencentes
ao léxico individual. Vocabulário e léxico estariam em relação de inclusão: o primeiro
é uma parte, de dimensões variáveis, do léxico individual, que faz parte do léxico
global. Os autores consideram que o léxico de uma pessoa é determinado pelas
relações socioeconômicas e culturais com as quais ela entra em contato. Léxico é “o
conjunto das palavras e suas definições; [...] é o conjunto de séries abertas; o lugar
das mais amplas variações, que certas palavras caem em desuso e outras o
criadas conforme as necessidades socioculturais do meio” (GENOUVRIER &
26
PEYTARD, 1974, p. 293 e 297).
muito tempo existem obras ditas gramaticais” e outras chamadas
“dicionários”; no entanto, isso não significa que tudo está resolvido. O léxico seria o
conjunto das palavras e de suas definições e a gramática, o conjunto das regras que
determinam as combinações a que as palavras se sujeitam para que o enunciado
seja compreensível. De um lado o sentido, de outro as relações (GENOUVRIER &
PEYTARD, 1974, p. 293).
A distinção entre léxico e gramática se complica por efeito das dificuldades da
análise. A gramática de uma língua modifica-se lentamente, uma vez que os
elementos que a constituem são relativamente estáveis. A principal característica do
xico, de uma língua viva, é a sua dinamicidade, em oposição à gramática que é
estática e conservadora.
Para Câmara Júnior (1986), a gramática descritiva ou sincrônica é o estudo
do mecanismo pelo qual uma dada língua funciona, num dado momento, como meio
de comunicação entre os seus falantes, e análise da estrutura, ou configuração
formal, que nesse momento a caracteriza.
O propósito de Saussure era ver essa gramática como disciplina “autônoma”
(SAUSSURE, 1922, p.25), independente das disciplinas filosóficas da gica e da
psicologia, como de quaisquer outras ciências.
mara Júnior (1986) questiona se tal gramática é possível sem levar em
conta as considerações de ordem histórica. A gramática greco-latina era normativa e
se podia definir como “a arte de falar e escrever corretamente”. Será que deve ser
abandonada, como sustentam alguns lingüistas? E ainda afirma categoricamente:
Assim, a gramática normativa tem o seu lugar e não se anula diante
da gramática descritiva. Mas é um lugar à parte, imposto por
injunções de ordem prática dentro da sociedade. É um erro
profundamente perturbador misturar as duas disciplinas e, pior ainda,
fazer lingüística sincrônica com preocupações normativas (CAMARA
JÚNIOR, 1986, p. 15).
A gramática pode ser definida como uma teoria acerca de uma língua, que
tenta explicar por que razão apenas algumas frases, algumas transformações,
algumas seqüências sonoras, algumas combinões verbais o gramaticalmente
possíveis (CHOMSKY, 1978).
Os estudos da gramática, segundo Chomsky, devem estar voltados para a
competência do falante ideal e não para a sua performance, visto que a
27
aceitabilidade de determinadas construções não está diretamente ligada à sua
correção gramatical, mas à sua inteligibilidade entre os falantes.
Chomsky (1970) passou a ter interesse pelo léxico ao observar as diferenças
de comportamento entre nominais derivados e nominais geruntivos em inglês. Então,
passou a incluir os derivados no léxico. Antes, ele considerava que o léxico nada
mais era que uma lista não-ordenada de entradas.
Mais precisamente como conhecimento da gramática da língua e a aplicação
deste conhecimento, Chomsky (1971) diz:
A teoria lingüística diz respeito primeiramente a um falante-ouvinte
ideal, em uma comunidade de falantes completamente homogênea,
que conhece perfeitamente sua língua e não está afetada por
condições gramaticalmente irrelevantes como limitações de memória,
distrações, falta de atenção e de interesse, erros fortuitos,etc., ao
aplicar seu conhecimento da língua numa performance atualizada.
Na prática, não como separar competência de desempenho, já que a
primeira se constitui num sistema abstrato e, como tal, é percebido através do
desempenho.
Um dos motivos da confusão em se definir o termo foi a tentativa de diversos
autores de adaptar o conceito de competência a seus próprios propósitos ou a seu
campo de atuação, conforme assinala Munby (1978, p.15-16), afastando-se da
definição clássica proposta por Chomsky (1965), segundo a qual competência
significa conhecimento de língua, isto é, das suas estruturas e regras, e
desempenho, o uso real da língua em situações concretas, em uma construção
marcadamente dicotômica, sem qualquer preocupação com a função social da
língua.
A competência pode ser definida, portanto, como conhecimento abstrato
armazenado na mente do indivíduo e o desempenho, por sua vez, como alguma
coisa que esse indivíduo faz com esse conhecimento, que compreende regras
gramaticais, regras contextuais ou pragmáticas na criação de discurso apropriado,
coeso e coerente.
Competência lingüística seria a parte componente do sistema lingüístico, a
qual é do conhecimento do usuário da língua, que lhe propicia estabelecer o
processo comunicativo, ou seja, é o conhecimento interno que o falante tem da
língua. Desempenho é o comportamento lingüístico do falante, que é resultado não
da sua competência lingüística, mas tamm de fatores extralingüísticos, tais
28
como convenções sociais, atitude emotiva do emissor com relação ao assunto da
mensagem e em relação ao destinatário da mensagem e, ainda, o funcionamento
dos mecanismos psicológicos e fisiológicos envolvidos na produção da mensagem,
etc (PETTER, 2003, p. 15). O desempenho pressupõe a competência, mas o
contrário não ocorre.
O léxico, atrelado ao processo de significação, vincula-se ao universo criado
pelo homem, condiciona-se às diferentes competências (lingüística, comunicativa,
discursiva, textual). A competência lexical mobiliza relações dentro de uma
linguagem, cada vez mais inovadora, diante de modelos dos sistemas ideológicos
que dizem o fazer humano.
O tesouro lexical de um sistema lingüístico (conjunto aberto de
possibilidades), em oposição à norma gramatical (conjunto fechado de
possibilidades), está sujeito a uma incessante renovação e conseqüente ampliação.
Como o inventário gramatical é limitado e hermético, é no inventário lexical (plano
extralingüístico) que se manifesta lingüisticamente a constante visão de mundo,
mediante a contínua reformulação das estruturas lexicais. Na opinião de Barbosa
(1989b), esse contínuo enriquecimento é uma exigência do próprio meio social, que
se encontra em constante evolução.
Para que nos comuniquemos, é indispensável que utilizemos de alguma
forma de linguagem. O meio mais comum de comunicação tem sido a comunicação
oral, ou seja, o uso do léxico, que se constitui no repertório de recursos de que uma
língua dispõe.
Muller (1968) considera indispensável distinguir entre léxico e vocabulário,
reservando o primeiro desses termos para a língua, e o segundo para o discurso.
Também é necessário atribuir o termo lexema às unidades que compõem o léxico e,
a partir do momento em que estas unidades virtuais forem atualizadas no discurso,
torna-se fundamental chamar cada uma delas de vocábulo. O termo palavra designa
toda ocorrência de um vocábulo qualquer.
Genouvrier & Peytard (1974, p. 279) propõem a seguinte definição para o
xico: Léxico é o conjunto de todas as palavras que, num momento dado, estão à
disposição do locutor. São as palavras que ele pode, oportunamente, empregar e
compreender; constituem seu xico individual”. Assim, o léxico individual é uma
parte estruturada do léxico geral ou global da língua. Vocabulário é, para esses
autores, o conjunto das palavras efetivamente empregadas pelos falantes, a
29
atualização das palavras pertencentes ao léxico individual.
“O vocabulário é o conjunto das palavras efetivamente empregadas pelo
locutor num ato de fala preciso. O vocabulário é a atualização de certo número de
palavras pertencentes ao léxico individual do locutor” (GENOUVRIER & PEYTARD,
1974, p. 279-280).
O léxico é entendido como o conjunto de itens lexicais representativos do
patrimônio sociocultural de uma comunidade.
Biderman (2001) acrescenta ainda que o universo semântico se estrutura em
torno de dois pólos: o indivíduo e a sociedade e que, dessa relação, se origina o
xico.
Corroborando isso, salientamos a visão de Vilela (1995), que afirma:
O léxico é, numa perspectiva cognitivo-representativa, a codificação
da realidade extralingüística interiorizada no saber de uma dada
comunidade lingüística. Ou, numa perspectiva comunicativa, é o
conjunto das palavras por meio das quais os membros de uma
comunidade lingüística comunicam entre si. (VILELA, 1995, p.13)
Sendo o léxico, recurso de expressão e interação social, devemos entender
que é no dinamismo do processo de comunicação que os usuários criam, recriam e
incorporam o vocabulário de sua língua, contribuindo, dessa forma, para o processo
de expansão lexical.
Para Matoré (1953), o vocabulário é o aspecto particular e individual da
língua. É, por isso, o meio de expressão da sociedade. o xico configura-se
como o retrato da sociedade e, através dele, pode-se caracterizar essa sociedade,
pois nele está refletido todo o seu modo de vida, sua linguagem, sua cultura. A
palavra analisa e objetiva o pensamento individual, assumindo um valor coletivo:
uma socialidade própria da língua. Assim, segundo o mesmo autor, a palavra é, por
excelência, o fato social mais relevante e deve estar sempre ancorada por um
contexto.
Portanto, língua, cultura e sociedade formam um todo indissocvel que não é
ensinado em nenhum lugar especial, mas adquirido, formulado a partir das
experiências, dos desejos e dos acontecimentos cotidianos dos membros de uma
comunidade.
E é nesse movimento contínuo de interação entre língua, cultura e sociedade
que o léxico se expande através de novos referentes, que passam a ser
30
incorporados no sistema lexical.
Parafraseando Preti (1983, p.59), podemos afirmar que o léxico configura-se,
então, como o conjunto de palavras assimiladas por uma comunidade através de
seu percurso existencial, tornando-se, assim, a expressão da própria história do
homem, de seus costumes, ideologia, enfim, de toda sua organização e práticas
sociais.
Vilela (1995) tamm distingue léxico de vocabulário. Para este autor, o
vocabulário apresenta-se como uma subdivisão do léxico. Neste sentido há, no
xico de uma língua, diferentes vocabulários. Assim, podemos falar em vocabulário
comum, vocabulário fundamental, vocabulário específico, vocabulário básico,
vocabulário de determinado autor, etc., ou seja, podemos determinar diferentes
vocabulários tendo em vista as diferentes áreas do conhecimento.
Ainda sobre a distinção entre léxico e vocabulário, Vilela (1995) considera que
o léxico é o geral, o social e o essencial; o vocabulário é o particular, o individual e o
acessório.
Esse mesmo autor opõe, ainda, o vocabulário a dicionário e glossário.
Segundo ele, ao dicionário cabe a tarefa de recolher ordenadamente os vocábulos
de uma língua. E o vocabulário constitui a recolha de um setor determinado de uma
língua. o glossário é o vocabulário difícil de um autor, de uma escola ou de uma
época. O glossário se situa no nível da palavra. Ele reúne, segundo Barbosa (1995),
as palavras-ocorrência de um texto específico.
Assim, podemos afirmar que o dicionário é mais amplo que o vocabulário,
que contém a língua geral. O vocabulário, por se ocupar dos termos específicos de
uma época, de um autor, de uma área do saber, é mais restrito que o dicionário. E o
glossário é mais específico do que o vocabulário, pois tem por objetivo explicitar
expressões ou vocábulos que apresentam um maior grau de complexidade dentro
de um texto de determinado autor, a fim de que os leitores menos experientes
possam ler e compreender o texto de maneira mais produtiva.
É importante destacar, também, a posição assumida por Barbosa, quando se
refere ao léxico dessa forma:
O xico, cujas formas exprimem o conteúdo da experiência social, é
o conjunto dos elementos do código lingüístico, em que se sentem
particularmente as relações entre a língua de uma comunidade
humana, sua cultura - no sentido antropológico -, sua civilização; e
compreende-se, pois, que uma alteração das unidades desse
31
inventário seja reflexo de alterações culturais (BARBOSA, 1981, p.
120).
Portanto, na formação da língua, não como desconsiderar a influência
exercida pela cultura, pela realidade social de uma dada comunidade lingüística no
processo de composição do léxico.
O indivíduo é o ponto de convergência e de conflito de inúmeras normas
sociais, lingüísticas e culturais. Daí a necessidade de dotar o indivíduo do maior
número possível de normas lingüísticas, para que ele possa adequar seus diferentes
discursos às diversas situações sociais e culturais com que se depara no cotidiano.
Quando a escola não proporciona oportunidades de aquisição das diferentes
normas, está negando ao indivíduo o acesso às mudanças sociais. Cabe à escola
aprimorar seu domínio de língua, para que aprenda o vocabulário das áreas de
conhecimentos específicos.
Existe entre xico e vocabulário uma relação de complementaridade, uma
vez que o vocabulário é apenas uma fração do xico geral de uma língua, mas
existe, sobretudo, uma relação de inclusão: o léxico, individual ou coletivo, é o
conjunto de subconjuntos vocabulares, o conjunto universo. O universo léxico está
no nível da língua e o conjunto vocabulário está no nível discursivo. Outra relação
pode ser estabelecida entre esses vocábulos: o léxico está no plano das
virtualidades (fatos de língua) e o vocabulário, no plano das realizações concretas
(atos de fala).
Para Muller (1968), o conjunto vocabulário está no nível da norma. O léxico
está rigorosamente no nível do sistema. Esse sistema contém vários universos
lexicais. O conjunto de vocábulos considerado constitui um conjunto vocabulário, ou
melhor, um subconjunto do universo lexical.
A relação entre xico e vocabulário pode ser entendida no dizer de
Genouvrier & Peytard (1974, p. 307): Lembremos que o vocabulário é o reflexo do
xico, num enunciado dado, que as virtualidades do léxico se atualizam num
vocabulário”.
Podemos constatar que, apesar da aproximação conceitual existente entre
xico e vocabulário, estes constituem partes conceituais distintas de uma língua,
porque cada indivíduo possui um vocabulário particular que deve ser adequado a
cada situação a que for submetido para a concretização da comunicação.
A idéia de que as línguas organizam, articulam a realidade e realizam o
32
recorte do mundo de maneiras diversas é bastante conhecida. Isso evidencia o fato
de que o sentido de uma palavra depende das associações e relações resultantes
da maneira de pensar, do conhecimento de mundo, das experiências e valores de
uma determinada comunidade lingüística em um determinado espaço e tempo.
Dessa forma, é impossível não admitir a natureza social da linguagem. É fato
inquestionável a influência exercida pelo meio social, no qual se insere o indivíduo,
na formação do léxico de uma língua.
Nessa perspectiva, o léxico configura-se como um dos lados sociais da
linguagem, como um grande sistema aberto, ou seja, um sistema constituído de um
número variável e incontável de componentes, o que impossibilita a qualquer
estudioso a determinação de todos os elementos que o constituem.
Biderman (2001), ainda sobre essa questão, assim se manifesta:
[...] o léxico se expande, se altera e, às vezes, se contrai. As
mudanças sociais e culturais acarretam alterações nos usos
vocabulares: daí resulta que unidades ou setores completos do
Léxico, podem ser marginalizados, entrar em desuso e vir a
desaparecer. Inversamente, porém, podem ser ressuscitados termos
que voltam à circulação, geralmente com novas conotações. Enfim,
novos vocábulos ou novas significações de vocábulos existentes,
surgem para enriquecer o Léxico (BIDERMAN, 2001, p.179).
A ampliação do vocaburio é essencial no aprendizado do uso da língua,
principalmente na aquisição da proficiência em leitura e escrita, segundo as
orientações de Kleiman (1996). Cabe à escola contribuir de forma que o aluno tenha
condições de ampliar sua habilidade lingüística. E isto inclui também desenvolver
estratégias de aprendizagem de vocabulário para/pela leitura de textos e para usá-lo
em textos escritos, possibilitando ao aluno exprimir-se com vocábulos variados e
apropriados às diversas situações lingüísticas.
Um dos aspectos fundamentais nos estudos lexicológicos é a interface com o
ensino-aprendizagem de uma língua, pois se reconhece que é por meio do léxico
que os indivíduos podem ampliar o conhecimento e a visão do mundo do qual
participam.
Portanto, é indispensável que, em aulas de Língua Portuguesa, seja dado um
tratamento especial ao trabalho com o léxico, pois isso estará contribuindo não
apenas para a expansão do léxico dos alunos, mas ajudará, tamm, no
entendimento global que eles necessitam ter de textos das outras disciplinas.
33
Sabemos que à medida que o aluno passa de uma série ou etapa para outra, os
conteúdos didáticos que precisa ler exigem um domínio cada vez maior do
vocabulário. A maior parte do vocabulário que os discentes aprendem decorre de
palavras que encontram em textos.
Ler, no entanto, não é a única forma de ampliar vocabulário. É preciso
aprender o sentido das novas palavras que encontram nos textos. O aprendizado é
mais eficaz, quando a informação sobre o significado dos vocábulos é
complementada com atividades que levem o aluno a prestar atenção no seu uso em
outros contextos.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN/1998, p.83-85) de a séries
sugerem rias atividades que podem orientar o aluno na construção de relações
lexicais, para que, progressivamente, possa construir um conjunto de estratégias de
manipulação e processamento das palavras.
Todos esses procedimentos precisam ser incorporados à produção
textual. A elaboração de paráfrases e de resumos permite a criação
de boas oportunidades para a discussão a respeito das escolhas
lexicais e de suas implicações sentico-discursivas.
Indiscutivelmente, a ptica de refacção mobiliza intenso trabalho
com essas questões (PCN/1998, p. 85).
Mais uma vez retomamos Biderman (1981), mostrando-nos como o léxico
precisa ocupar um lugar de destaque nos estudos lingüísticos, em virtude de sua
complexidade:
Se considerarmos a dimensão social dangua, podemos ver no
léxico o patrimônio social da comunidade por excelência, juntamente
com outros símbolos da herança cultural. Dentro desse ângulo de
visão, esse tesouro léxico é transmitido de geração a geração com
signos operacionais, por meio dos quais os indivíduos de cada
geração podem pensar e exprimir seus sentimentos e idéias
(BIDERMAN, 1981, p. 132).
Estudar o léxico não é tarefa fácil. Entretanto, sabemos que seu estudo é de
suma importância para a descrição das línguas naturais, que reflete os fatos
sociais, históricos e culturais que perfilam as atividades de seus indivíduos.
34
1.3 AQUISIÇÃO LEXICAL E COMPETÊNCIA LEXICAL
De modo mais amplo, dentro dos estudos de aquisição da linguagem,
observa-se uma lacuna referente a um estudo específico, o da aquisição lexical, que,
por sua vez, deixada à margem, caracteriza-se muito diferentemente da aquisição da
fonologia e da morfologia. Correa (1999, p. 345) afirma que a aquisição do léxico,
embora acentuada aos dois anos de idade, constitui um processo que pode
estender-se até uma idade avançada, o que torna plausível supor tratar-se de um
processo regido por fatores distintos dos que operam na sintaxe e na fonologia.
Kit (2003) considera que a aquisição do léxico é um passo fundamental para a
construção da competência e do desempenho lingüístico, pois é bem verdade que a
primeira expressão lingüística é sempre fonética, mas toda expressão fonética
caminha para a aglutinação em morfemas que comporão palavras e estas, por sua
vez, são os elementos fundamentais para a estruturação sintática e, obviamente,
discursiva.
É na família que o indivíduo encontra a base para seu desenvolvimento
social, mental e intelectual. Para Bernstein (1975), a família é o principal agente de
socialização da criança, pois é nela que se encontram os germes dos valores da
classe social que serão transmitidos à criança. É por meio da família que a criança
vai aprender as primeiras palavras e construir sua base mental para o
desenvolvimento na sociedade. A família vai fornecer à criança recursos lingüísticos
fundamentais para ativar sua gramática interna e para favorecer a aquisição e a
ampliação de seu vocabulário.
Segundo Genouvrier & Peytard (1974):
O léxico do aluno dependerá, em grande parte, da capacidade de
seu ambiente familiar em manter com ele discussões e diálogos, em
orientar sua curiosidade para temas diversificados, em cercá-lo do
que se convencionou chamar de ‘clima cultural’; é pelo multiplicar-se
das trocas lingüísticas com seu meio que o aluno aprende a precisar
o sentido das palavras e estende a área de seu léxico (Genouvrier &
Peytard, 1974, p. 283).
Portanto, a família tem importante papel na formação do indivíduo e na
construção da base de sua competência lexical e isso refletirá em seu processo de
desenvolvimento cognitivo, o que o tornará mais ou menos apto para o uso da
35
linguagem. Certamente, em um ambiente familiar no qual a criaa esteja cercada
de maior estímulo cultural e as condições sociais sejam mais favoráveis, essa
criança apresenta um domínio vocabular mais desenvolvido que o daquelas
crianças em que essas condições não sejam oferecidas, produzindo desigualdades
dos alunos em face de sua própria língua, como dizem Genouvrier & Peytard (1974):
Está demonstrado que os ambientes abastados desenvolvem o
hábito de falar bem e aptidão para o discurso, enquanto os
ambientes desfavorecidos não têm sobre seus filhos essa influência
benéfica, determinante em nossa sociedade onde a Retórica ainda é
freqüentemente um trampolim de carreiras (GENOUVRIER &
PEYTARD, 1974, p. 283-284).
O ensino de Língua Portuguesa precisa tratar a linguagem como um meio
para melhorar a qualidade da produção lingüística. A gramática não pode ser
ensinada de forma descontextualizada. Muito se discute se necessidade ou não
de ensinar gramática na escola. No entanto, entendemos que essa é uma falsa
questão: a questão verdadeira é para que e como ensiná-la.
As situações didáticas precisam ser centradas na reflexão sobre a língua em
situações de produção e interpretação, como caminho para tomar consciência e
aprimorar o controle sobre a produção lingüística. O lugar ideal, na sala de aula,
para esse tipo de prática parece ser a reflexão compartilhada sobre textos reais.
Acreditamos que a escola contribua para o desenvolvimento daqueles que
vêm de setores menos privilegiados da sociedade, proporcionando-lhes condições
pelo menos razoáveis de superar as dificuldades do meio em que vivem. A esse
respeito, Soares (1993, p.54) afirma que: “a função da escola tem sido manter e
perpetuar a estrutura social, suas desigualdades e os privilégios que confere a uns
em prejuízo de outros, e não promover a igualdade social”.
A sociedade moderna divide-se em classes sociais e, embora a língua não
seja simplesmente um fenômeno de classe, a maneira como cada grupo social vai
usá-la está relacionada à condição social desse grupo. Segundo Biderman (2001):
Qualquer sistema léxico é a somatória de toda a experiência
acumulada de uma sociedade e do acervo da sua cultura através das
idades. Os membros dessa sociedade funcionam como sujeitos-
agentes, no processo de perpetuação e reelaboração contínua do
Léxico da sua língua (BIDERMAN, 2001, p.179).
36
Baseados em uma constatação empírica, conseqüência do convívio de vários
anos com professores de diversas disciplinas, a maioria comenta que os alunos do
Ensino Fundamental têm dificuldade em entender os textos de suas disciplinas na
sua totalidade. É evidente que a compreensão de um texto requer o domínio de
várias habilidades, como a leitura, segundo Xatara (2005):
Sem dúvida a leitura é responsável por uma aquisição maior do
léxico na infância. A criança que aprende a ler primeiro ou que tiver o
hábito da leitura é a que terá adquirido maior léxico de sua língua
materna. Do ponto de vista pedagógico os exercícios propostos para
o ensino do léxico devem partir de produções espontâneas da
criança (XATARA, 2005).
O indivíduo vive um processo contínuo de aquisição do xico, por isso ele
nunca o domina completamente, mas acreditamos, baseados em nossa experiência,
como professores de Língua Portuguesa no Ensino Fundamental (V a VIII), que o
aluno de 7ª série encontra-se especialmente em uma fase de estruturação e
expansão de seu léxico. Compete à escola, portanto, contribuir para que ele possa
dominar um vocabulário básico de sua língua materna.
A respeito da aquisição de vocabulário, confirma Biderman (1981, p. 138):
(...) sendo o léxico um conjunto aberto que os indivíduos levam
longos anos para adquirir (diversamente dos demais domínios da
língua: o sistema fonológico, o morfossintático) o falante não-adulto
ainda es numa das etapas ascendentes de aquisição do
vocabulário; a rigor, se considerarmos o léxico dangua na sua
totalidade (o que é uma utopia), qualquer indivíduo, mesmo o adulto,
estará sempre aprendendo novos elementos léxicos.
1.4 VOCABULÁRIO ATIVO E VOCABULÁRIO PASSIVO
Para essa discussão, apoiamo-nos nos estudos de Muller (1968) que nos
serviram como base de sustentação, no que diz respeito a vocabulário ativo e
vocabulário passivo.
Quando a criança chega à escola, leva consigo um léxico adquirido em seu
ambiente familiar, suficiente para a comunicação com professores, colegas e
funcionários da escola. Não temos acesso direto a todo o léxico que o discente leva
para a escola e ampliar essa pequena amostra do léxico individual dos alunos é um
37
dos nossos maiores desafios.
Ao chegar à escola, a criança encontra outro conjunto de palavras que
constitui o léxico específico das variadas disciplinas. Entender e reter essas palavras
em seu vocabulário ativo é uma tarefa bastante complicada para o estudante, porém
diante de atividades orais e escritas diversas e eficientes, os professores podem
propor a ampliação de seu vocabulário ativo e ajudá-los a compreender e interpretar
palavras de seu vocaburio passivo.
Vocabulário ativo é o que utilizamos espontaneamente através de expressões
lingüísticas e vocabulário passivo é o que podemos compreender e interpretar,
quando nos são apresentados.
Quando falamos em vocabulário ativo e vocabulário passivo, estamos nos
referindo à oposição que podemos estabelecer entre conhecimentos ativos, que são
os que utilizamos espontaneamente através de expressões lingüísticas e,
conhecimentos passivos, que são os que podemos compreender e interpretar,
quando nos são apresentados.
Para Barbosa (1984), vocaburio passivo é o conjunto de vocábulos de
decodificação automática e vocaburio ativo é o conjunto de vocábulos de
decodificação e codificação automáticas.
Sintetizando, o vocabulário ativo é aquele que é adquirido e usado pelo
aprendiz e o passivo é aquele que ele reconhece, apesar de não usar.
Vocabulário passivo são lexemas que o sujeito utiliza enquanto leitor ou
ouvinte, mas ele próprio não emprega enquanto locutor.
1.5 LEXEMAS, VOCÁBULOS E PALAVRAS
O termo lexema é atribuído às unidades que compõem o léxico. A partir do
momento que estas unidades virtuais forem atualizadas no discurso, cada uma delas
será chamada de vocábulo. Palavra é o termo que designa toda ocorrência de um
vocábulo qualquer (MULLER, 1968).
De acordo com esse autor, o vocabulário é necessariamente ligado a um
texto, escrito ou falado, curto ou longo, literário ou utilitário, homogêneo ou
compósito (corpus), nos limites de um idioma dado.
Ainda para Muller, o vocabulário do texto supõe a existência de um xico, do
38
qual não é mais que uma amostra.
Segundo Dubois et al (1993), a palavra não tem restrição de ocorrência;
sempre que aparecer no texto, será uma nova palavra. O vocábulo tem restrição
de ocorrência; será o mesmo, ainda que repetido.
O vocábulo é o registro da norma e do uso, constituindo um conjunto de
palavras que definem um campo léxico-semãntico.
O vocabulário é uma parte do léxico, um subconjunto desse conjunto. Os
elementos desse subconjunto são chamados vocábulos e os elementos do conjunto
são os lexemas. Já a unidade mínima do léxico é a lexia.
Beheydt (1987), considerando a teoria lingüística, salienta, que a partir de
Saussure (1969) o caráter arbitrário, porém convencional da palavra como signo
lingüístico passa a ser considerado. Saussure salientou a natureza psíquica do
significado ao denominá-lo conceito: o significado da palavra gato, por exemplo, não
é o animal gato, mas sua imagem psíquica.
Nesse sentido, o significado é concebido não como uma “coisa”, mas uma
representação psíquica da “coisa” (BARTHES, 1996:46). Diferentemente da visão
tradicional, que considerava cada item lexical associado a um conceito
correspondente único, entende-se que o conceito o corresponde a um referente
em particular no mundo real.
1.6 LEXEMAS E LEXIAS
Biderman (1978, p. 130-131) afirma que o sistema lingüístico é composto por
unidades léxicas abstratas, chamadas de lexemas. A manifestação desses lexemas
nos discursos é chamada de lexia, como havia proposto Pottier (1992). Assim, o
xico é o acervo dos lexemas de uma língua, e vocabulário é o conjunto das lexias
empregadas em uma obra ou em um discurso.
De acordo com Biderman, existem duas espécies de lexemas e ambas fazem
parte do léxico:
No xico português podemos distinguir duas classes de lexemas: 1)
aqueles que Bloomfield chama de formas livres e 2) formas
dependentes como os clíticos e vocábulos instrumentais. No
português são formas livres: os substantivos, os adjetivos, os verbos.
São formas dependentes (vocábulos morfemas): as preposições, os
39
pronomes pessoais, os artigos, as conjunções, etc. (BIDERMAN,
1978, p. 131).
Com o objetivo de extinguir dúvidas sobre a abrangência entre lexema e lexia,
Biderman esclarece:
Os lexemas se manifestam no discurso através de formas fixas ou
variáveis. Em português, o lexema CANTAR pode manifestar-se
discursivamente como cantei, cantavam, cantas, cantando, etc. O
lexema MENINO como menino e meninos. A essas formas que
aparecem no discurso, daremos o nome de lexia. Portanto, cantei,
cantavam, cantas, cantando, menino, meninos, são lexias
(BIDERMAN, 1978, p.130).
Segundo Pais (1977, p. 64), “o universo léxico contém todos os conjuntos
vocabulários de discurso, como também o das lexias virtuais”. Sendo assim, o léxico
é definido como a união dos conjuntos vocabulários (lexias atualizadas) e não-
vocabulário (lexias disponíveis ainda não atualizadas).
Pottier (1978, p. 268) refere-se às lexias e as considera como “uma unidade
lexical memorizada, pertencente a uma categoria (forma do significado) ou a classes
superiores”. Como o termo é essencialmente polissêmico e, por isso, implica o
conceito de palavra, Pottier (1975) propõe operar com o conceito de lexias,
afastando-se dessa polêmica e assumindo que as lexias são os elementos
fundamentais, em língua, da construção sintática.
A lexia é nome geral para qualquer unidade lexemática. A menor unidade
lexemática é a palavra. A lexia é a unidade mínima do léxico.
Pottier (1978) propõe quatro tipos de lexias:
Simples: corresponde à “palavra tradicional”. Ex.: cadeira;
Composta: resulta da integração semântica que se manifesta formalmente.
Ex.: saca-rolha;
Complexa: constitui-se em uma seqüência em vias de lexicalização e possui
graus diferenciados. Ex.: um complexo industrial, tomar medidas, sinal vermelho;
Textual: considerada como lexia complexa que alcança o nível de enunciado
ou de um texto. Como exemplos deste grupo, menciona hinos, preces, charadas,
provérbios, etc.
Para essa classificação, o autor toma como base os critérios: a)
separabilidade (elementos de uma seqüência apresentam coesão mútua), e b) valor
funcional uma lexia se o todo exercer função de um elemento). [...] uma lexia é
40
um condensado de sentido” (POTTIER, 1992, p. 38).
Certos autores consideram a palavra uma unidade do dicionário” ora
equivalente ao lexema, ora apresentando caráter mais complexo (FREITAS, 1981, p.
77).
Define-se o léxico como o acervo dos lexemas de uma língua, e vocabulário,
como o conjunto das lexias registradas em um determinado contexto, como, por
exemplo, a obra de um autor ou o repertório de um falante.
O léxico se compõe de unidades lingüísticas, especificadas unidades lexicais,
que, na língua, são identificadas como lexemas e, no discurso, como lexias. A
unidade de vocabulário é o vocábulo e a unidade de corpus especializado é o termo.
Para Pais (1977, p. 61-62), a disponibilidade de uma lexia é condição para a
sua atualização. Chamaremos à lexia disponível para atualização lexema,
reservando-se esse termo às unidades que, capazes de assumir um comportamento
no enunciado, acham-se perfeitamente construídas no instante precedente ao da
emissão lingüística.
Os lexemas, as lexias e os vobulos são entidades lingüísticas estudadas
pela disciplina denominada Lexicologia.
A Lexicologia se ocupa do componente léxico da gramática, prevê os
mecanismos sistemáticos e adequados de conexão entre o componente léxico e os
demais componentes gramaticais e prevê a possibilidade real que os falantes têm de
formar novas unidades.
Os estudos feitos em Lexicologia funcionam como base para a Lexicografia,
que é a disciplina que se serve das análises lingüísticas prévias no processo de
elaboração de dicionários.
Os termos são entidades lingüísticas, objetos de estudo da Terminologia. A
Terminologia é de natureza interdisciplinar e responde pelos princípios lingüísticos e
pelas relações conceituais no estudo dos termos das diversas áreas do
conhecimento, assim como pelo conjunto de termos de uma determinada área de
especialidade.
Para reforçar o exposto acima, lexia é entendida como unidade mínima
significativa de discurso, abriga um conceito prático, enquanto lexema guarda uma
concepção abstrata de unidade de língua.
41
1.7 CAMPOS LEXICAIS E CAMPOS SEMÂNTICOS
Léxico é o nome dado ao conjunto de palavras de uma língua. Nenhum
falante tem o domínio completo do léxico da língua que fala, pois, além de muito
amplo, ele é um conjunto aberto, ou seja, a cada dia surgem palavras novas que a
ele se incorporam e palavras que dele desaparecem.
Dentro desse conjunto, podem-se observar os campos lexicais, que são
subconjuntos formados por palavras pertencentes a uma mesma área do
conhecimento ou de interesse. Como exemplos de campos lexicais, temos:
Campo lexical do futebol: gol, pênalti, escanteio, zagueiro, etc
Campo lexical da economia: deflação, déficit, superávit, juros, cambial, etc.
O léxico de uma língua é virtual. Nele vamos buscar as palavras que
pretendemos usar em nossos textos. Quando uma palavra do léxico se materializa
em um determinado texto, temos o vocabulário. Dessa forma, podemos dizer
vocabulário de Machado de Assis ou vocabulário de Jorge Amado, para nos
referirmos às palavras do léxico que foram utilizadas por estes escritores.
O nome de campo semântico é dado ao conjunto dos empregos de uma
palavra num determinado contexto. Dessa forma, o campo semântico de uma
determinada palavra é dado pelas diversas nuances de significação que ela assume.
Em um mesmo tempo, a palavra justiça pode ser utilizada com diversas
significações, como “aquilo que é conforme ao Direito”, a faculdade de julgar
segundo a consciência”, “o Poder Judiciário “, etc. As diversas acepções que esta
palavra toma serão dadas pelas relações dela com outras palavras do mesmo texto.
Para Genouvrier & Peytard (1974, p.318), campo lexical é o conjunto das
palavras que a língua agrupa ou inventa para designar os diferentes aspectos (ou os
diferentes traços semânticos) de uma técnica, de um objeto, de uma noção. E o
campo semântico é o conjunto dos empregos de uma palavra (ou lexia) onde e pelos
quais a palavra adquire uma carga semântica específica. Para delimitar esses
empregos, faz-se o levantamento de todos os contextos imediatos que a palavra
recebe num texto dado.
O campo semântico é uma seção do vocabulário na qual determinada face da
experiência humana está organizada por meio de um número de vocábulos, sendo
que cada um contribui para a delimitação do outro. Portanto, cada esfera da
experiência organizada do homem resulta em um campo.
42
Coseriu (1977, p. 210) verifica que a estruturação do léxico, no que diz
respeito às relações de conteúdo, pode se dar de algumas formas. Uma das
estruturas lexemáticas nome atribuído às possíveis estruturas do léxico
apresentadas pelo autor, é o campo lexical, definido como um paradigma formado
por lexemas que dividem uma zona de significação comum e apresentam-se em
oposição uns com os outros.
Vilela (1994, p. 33) define o campo lexical da mesma forma que Coseriu,
como o “paradigma constituído pela repartição de um contínuo de conteúdo (lexical)
por diferentes unidades da língua – os lexemas”.
De acordo com Coseriu (op.cit.:87-95; 210-215), uma análise semântica do
conjunto do corpus, realizada por meio do estabelecimento dos campos lexicais,
identifica o significado do léxico do corpus determinado, eliminando outros possíveis
significados para iguais significantes. Lyons (1979:454), ao referir-se às relações de
sentido entre unidades de um vocabulário, afirma que o significado de termos é
determinado pela posição que ocupam em seu sistema.
Para Biderman (1981, p. 139), “um campo léxico integra uma rede semântica
com muitos outros campos léxicos”.
Nas considerações de Dubois et al (1993, p. 532), “campo semântico é a área
coberta, no domínio da significação, por uma palavra, ou por um grupo de palavras
da língua”. Ainda consideram que a noção de campo léxico não se distingue
claramente da de campo semântico (DUBOIS et al, 1978, p. 366).
É possível observar, entre as conceituações apresentadas, grande
aproximação entre elas, ou seja, as noções que as duas terminologias campo
lexical e campo semântico recobrem são excessivamente similares. Dessa forma,
considera-se adequado unir os termos e, por isso, utiliza-se campo léxico-semântico
para referir-se às noções descritas pelos autores no que se refere ao campo lexical e
ao campo semântico.
O estabelecimento de campos léxico-semânticos contribui para o
conhecimento das possibilidades de renovação da linguagem. A revisão das formas
da linguagem, assim como a revisão do significado lexical, se à medida que o
xico, por meio de suas unidades, permite-nos ver como faces da experiência
humana organizam-se, renovam-se e geram mudanças significativas na vida
humana.
O estabelecimento do campo léxico-semântico, que se configura como uma
43
seção do vocabulário que traduz um determinado conteúdo, conduz, talvez, à
definição, por exemplo, das influências que realiza e que sofre o homem por meio da
linguagem, dos sentidos novos impressos nas palavras pela própria evolução
humana, assim como das imposições e realizações de desejos refletidas naquele
conjunto.
1.8 CENTRO DE INTERESSE
Robert Galisson conduziu uma pesquisa com o objetivo de chegar a um novo
instrumento didático que ele denominou “Tema de predileção”
1
(1969). Para ele, este
instrumento é suscetível de assumir correlativamente duas das funções pedagógicas
essenciais: a motivação do público solicitante e a seleção dos elementos lexicais a
ensinar que a situação tradicional e atual não conseguiu conciliar.
Inicialmente, fez uma descrição do “Tema de predileção”, pelo qual entende a
expressão de uma escolha, condicionada pelo interesse, variável, então, de um
indivíduo a outro. Responde aos gostos e às necessidades de um blico escolar
dado e propõe motivá-lo para fazê-lo adquirir com mais facilidade e eficácia um
comportamento novo.
A motivação do tema de predileção é momentânea, no entanto pode ser
considerada como determinante para mobilizar ou ativar as faculdades empregadas
no processo de aprendizagem.
O tema de predileção se propõe a assumir simultaneamente:
- uma função psicológica, buscando no interesse inerente à coisa ensinada,
esta motivação a curto prazo, da qual a metodologia atual não se ocupa o suficiente.
- uma função léxico-semântica com selão do vocabulário a ser ensinado de
uma maneira mais coerente do que aquela utilizada até o momento pelo centro de
interesse tradicional.
Se o centro de interesse não interessa mais é porque aquele que tem a
competência de transmitir, na concepção de Galisson (1979), julga saber melhor que
o público o que este quer. Portanto, ele escolhe os elementos lexicais que acredita
serem úteis e se esquece de que o útil necessita de atrativo.
O aprendiz tem gostos e necessidades e parece cada vez menos disposto a
1
A expressão data de 1969. À época, R. G. hesitava entre “Tema de predileção e “Tema de motivação.
44
se sacrificar por aquilo que não acha importante e que não se identifica com sua
vontade. Ele tem suas escolhas e tem o direito de fazê-las valer.
O tema de predileção parte da hipótese de que, no domínio conceitual, o
interessante é preferível ao útil, porque é mais estimulante. Os temas, geralmente
abordados em sala de aula, são aqueles que os autores de livros didáticos
escolheram, porém os professores não podem fazer deles a única base de
planejamento de suas aulas. Podem enriquecê-los com novas idéias, fazendo do
livro um parceiro na arte de ensinar, um suporte e um aliado para desenvolver as
competências lingüísticas dos discentes. Os educadores precisam acordar para o
fato de que seguir fielmente o livro didático pode não acrescentar nada ao aluno,
como também pode não desenvolver sua capacidade crítica e sua competência
lexical.
Galisson sugere um levantamento com amostras escolares definidas,
segundo os principais critérios de diversificação dos interesses, como: a idade, o
sexo, a nacionalidade, o grau de cultura ou o nível de escolaridade. Em um
momento bastante oportuno, lembra-se de Piaget (1975):
O interesse está no ser, em seu grau de maturidade e no meio físico
e social que condiciona o desenvolvimento mental. O grau de
maturidade explica a evolução dos interesses nos diferentes estados
da infância, da adolescência e da idade adulta. Do meio físico e
social, o interesse retém o que por acomodação satisfaz às
possibilidades de assimilação fisiológica ou mental do momento e
mantém, por meio das transformações sofridas, o equilíbrio psíquico.
É preciso considerar a necessidade de escolher os materiais lingüísticos a
serem ensinados em função do público e dos objetivos. Também é importante
selecionar os temas e o vocabulário essencial, referente a esses temas, de uma
maneira motivadora e objetiva, levando em conta gostos e interesses manifestados
pelo público-alvo.
Galisson demonstra grande preocupação com a abordagem do sentido dos
termos. Observa que a explicação do sentido de um termo desconhecido,
encontrado por acaso em um estudo de texto, é geralmente aproximada e
incompleta, porque ela não é considerada como um fim em si mesma. Acredita que
o uso sistemático e orientado do dicionário na sala de aula, como instrumento
pedagógico de fato, possa trazer melhores resultados à ampliação vocabular.
O dicionário indica o sentido de uma palavra, que pode remeter a outros,
45
levando o professor a afastar-se do texto, mas, em compensação, a enriquecer
eficazmente os conhecimentos lexicais de seus alunos.
1.9 O ENSINO DA ORALIDADE NA ESCOLA
A partir das orientações feitas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais,
percebemos o aumento das pesquisas sobre a língua oral, que, afinal, em uma
sociedade em que a fala vem conquistando um espaço importantíssimo, não cabe
mais à escola apenas ensinar o aluno a ler e escrever: é preciso instruí-lo a
relacionar a língua às suas práticas sociais.
Ensinar língua oral deve significar para a escola possibilitar acessos a usos
da linguagem mais formalizados e convencionais, que exijam controle mais
consciente e voluntário da enunciação, tendo em vista a importância que o domínio
da palavra pública tem no exercício da cidadania (PCN, 1998, p. 67).
É neste contexto, muito mais real que apenas escolar, que se torna
necessário abordar a questão da língua oral, cujo objetivo é propiciar ao aluno um
conjunto de competências que o torne capaz de conviver na sociedade na qual está
inserido, sendo capaz de utilizar a língua de acordo com os diferentes usos sociais.
Ao se comunicar oralmente, já tendo na escola algumas orientações sobre o
funcionamento da língua oral, o aluno começa a se apropriar das estruturas e
funções dos gêneros orais que fazem parte da sociedade.
Desse modo, conscientes da importância de desenvolver o uso da língua oral
dos discentes e de que o trabalho com os gêneros orais contribui com a aquisição
do léxico, decidimos contemplar o debate, para que os participantes de nossa
pesquisa desenvolvessem uma competência comunicativo-interativa.
A modalidade oral, como conteúdo a ser trabalhado na escola, vem sendo
enfatizada por diversos estudiosos da linguagem, como Marcuschi (2001) e Neves
(2004). Os próprios PCN colocam essa modalidade ao lado da modalidade escrita,
ressaltando a importância desse estudo no desenvolvimento da competência
discursiva dos alunos.
Segundo Neves (2003), o que mais importa, na escola, é ver a língua em
funcionamento, o que significa avaliar as relações entre fala, escrita e leitura como
práticas discursivas, todas elas como usos da língua, nenhuma tratada de forma
46
secundária em relação a outra e cada uma delas servindo como objeto de reflexão.
Acreditamos que as reflexões sobre a oralidade no ensino de língua se
intensificarão cada vez mais, apontando para uma grande mudança no tratamento
dado a esta modalidade. As reformas educacionais investem na discussão do fazer
pedagógico, no sentido de mudar a idéia de que o papel central da escola é ensinar
o aluno a escrever, como afirma Castilho (1998, p.13).
A escola, como instituição que lida diretamente com a formação dos cidadãos,
precisa sintonizar-se com as demandas exigidas pela sociedade, a fim de preparar
os indivíduos para atuarem nas diferentes situações comunicativas.
Ao realizarmos este trabalho, sentimos a necessidade de a escola trabalhar
com atividades que enfoquem a oralidade dentro de situações concretas, a fim de
que o estudo de língua portuguesa se torne significativo para os alunos, quando eles
se depararem com situações reais de uso da língua.
Desse modo, faz-se necessário que o professor faça o aluno perceber sua
função social. Tal abordagem conduz o aluno a manipular os gêneros, conforme os
seus interesses e necessidades.
Não tivemos o interesse de fazer a análise da oralidade dos alunos, visto que
nosso objeto de estudo é o vocabulário. No entanto, consideramos importante fazer
um comentário sobre o ensino da oralidade na escola, uma vez que o utilizamos,
como uma das estratégias para ampliar o vocabulário de nossos sujeitos.
1.10 A PROPOSTA DE VYGOTSKY
Para Vygotsky (1979, 1984), a criança nasce inserida num meio social, que é
a família, e é nela que estabelece as primeiras relações com a linguagem na
interação com os outros. Nas interações cotidianas, a mediação (necessária
intervenção de outro entre duas coisas para que uma relação se estabeleça) com o
adulto acontece espontaneamente no processo de utilização da linguagem, no
contexto das situações imediatas.
Essa teoria apóia-se na concepção de um sujeito interativo que elabora seus
conhecimentos sobre os objetos, em um processo mediado pelo outro. O
conhecimento tem gênese nas relações sociais, sendo marcado por condões
culturais, sociais e históricas.
47
Segundo Vygotsky, o homem se produz na e pela linguagem, isto é, é na
interação com outros sujeitos que as formas de pensar o construídas por meio da
apropriação do saber da comunidade em que está inserido o sujeito.
Para ele, a aprendizagem tem um papel fundamental para o desenvolvimento
do saber, do conhecimento. Todo e qualquer processo de aprendizagem é ensino-
aprendizagem, incluindo aquele que aprende, aquele que ensina e a relão entre
eles. Ele explica esta conexão entre desenvolvimento e aprendizagem através da
zona de desenvolvimento proximal (distância entre os veis de desenvolvimento
potencial e vel de desenvolvimento real), um “espaço dinâmico” entre os
problemas que uma criança pode resolver sozinha (nível de desenvolvimento real) e
os que deverá resolver com a ajuda de outro sujeito mais capaz no momento, para
em seguida, chegar a dominá-los por si mesma (nível de desenvolvimento
potencial).
Vygotsky nos fornece uma pista sobre o papel do docente. O professor é o
mediador da aprendizagem do aluno, facilitando-lhe o domínio e a apropriação dos
diferentes instrumentos culturais. Mas, a ação docente somente terá sentido se for
realizada no plano da Zona de Desenvolvimento Proximal. Isto é, o professor
constitui-se na pessoa mais competente que precisa orientar o aluno na resolução
de problemas que estão fora de seu alcance, desenvolvendo estratégias para que
pouco a pouco possa resolvê-las de modo independente.
É preciso que a escola e seus educadores atentem queo têm como função
ensinar aquilo que o aluno pode aprender por si mesmo e, sim, potencializar o
processo de aprendizagem do estudante. A função da escola é fazer com que os
conceitos espontâneos, informais, que as crianças adquirem na convivência social,
evoluam para o nível dos conceitos cienficos, sistemáticos e formais, adquiridos
pelo ensino. Eis aí o papel mediador do docente.
Concluindo, podemos afirmar que a linguagem dentro da sala de aula precisa
ser mais valorizada e incentivada, pois, dentro da teoria vygotskyana, é um
pressuposto essencial para se compreender a formação e estruturação das funções
psicológicas superiores, sendo um signo mediador por excelência, pois ela fornece
os meios e formas de organização do real, a mediação entre os sujeitos e estes com
o objeto.
Como acreditamos na importância que Vygotsky atribui ao papel da interação
social, procuramos adotá-la em nossa prática. Sempre esperamos que o aluno
48
busque, confronte, troque, coloque em pauta o que sabe e transforme seu saber, na
interação com os objetos de conhecimento, com os colegas e o professor.
1.11 OS CONCEITOS SELECIONADOS PARA A ANÁLISE
Desse conjunto de conceitos teóricos que discutimos, selecionamos,
especificamente, os conceitos de centro de interesse, vocabulário, vocábulo,
vocabulário ativo, vocabulário passivo e conjunto vocabulário para a análise dos
dados que coletamos nos textos dos sujeitos.
Nosso modelo de análise partiu do centro de interesse para delimitar o
universo lexical e, em conseqüência, o conjunto vocabular esperado, que
materializamos no parâmetro vocabular, extraído dos textos que utilizamos. E, a
partir desse parâmetro, contendo o conjunto vocabulário dos textos trabalhados com
os sujeitos em sala de aula, controlamos o vocabulário de nossos sujeitos. O
parâmetro vocabular está no nível da norma padrão, porque está acima dos sujeitos.
49
2. ESTABELECIMENTO DO CORPUS E METODOLOGIA DE
PESQUISA
Este capítulo tem por objetivos estabelecer o corpus e apresentar os aspectos
metodológicos da pesquisa desenvolvida, esclarecendo sobre os participantes, o
local de realização, os instrumentos e os procedimentos de coleta e de análise dos
dados.
2.1 OS SUJEITOS DA PESQUISA
Realizamos esta pesquisa com uma das turmas de 7ª série do Ensino
Fundamental (7ª A) de uma escola da rede pública estadual de Cuiabá-MT, durante
o bimestre do ano letivo de 2006. Trabalhamos com a turma, neste período, uma
vez por semana ( sempre às segundas-feiras), nas duas primeiras aulas
2
,
totalizando 20 aulas no final da pesquisa.
A turma era composta por 32 alunos. Desse total, apenas 20 participaram de
todas as etapas do trabalho, por isso os dados obtidos através dos questionários e
das produções de textos referem-se a estes 20 alunos. Os alunos, cujas atividades
não compuseram o corpus de análise deste trabalho, participaram das atividades,
quando estiveram presentes em sala de aula. De modo algum, foram excluídos.
Dos 20 participantes, 65% são do sexo feminino e 35%, do sexo masculino.
Quanto à faixa etária, todos, na ocasião da pesquisa, tinham entre 13 e 14 anos.
Os pais destes alunos, em sua maioria, são migrantes, vindos das regiões Sul
(35%) e Nordeste (40%), em busca de melhores oportunidades de trabalho. Nenhum
deles concluiu o Ensino Médio, alguns concluíram a série do Ensino Fundamental
(35%), uma boa parte deles o concluiu o Ensino Fundamental (42,5%) e alguns
mal sabem ler e escrever (22,5%). O nível de escolaridade dos pais é inferior ao das
mães.
Com relação à profissão, pais e mães encontravam-se trabalhando em
atividades de baixa remuneração, como: motoristas, auxiliares da construção civil ,
mecânicos, guardas-noturnos, manicures, costureiras, babás, cozinheiras e
2
Cada aula tem a duração de 60 minutos na Escola Estadual “Prof. Nilo Póvoas”.
50
empregadas domésticas.
Pelas respostas dadas aos questionários de identificação, pudemos conhecer
as particularidades dessa turma, como: o pouco contato com materiais escritos
(livros, jornais, revistas), suas atividades fora da escola e seus temas de interesse.
A maioria dos sujeitos participou ativamente de todas as atividades. Foi
gratificante observar o entusiasmo, o interesse e o envolvimento deles em tudo que
realizamos, uma vez que o nosso objeto de estudo é analisado a partir das ações e
manifestações desses sujeitos.
2.2 O LOCAL DE REALIZAÇÃO DA PESQUISA
Os dados para esta pesquisa foram coletados junto a uma turma de alunos da
Escola Estadual Professor Nilo Póvoas, situada à Rua Diogo Domingos Ferreira, nº
311, Bairro Bandeirantes, em Cuiabá-MT. Esta escola, atualmente, atende o Ensino
Fundamental, compreendendo a 6ª, e séries (ciclo) e o Ensino Médio, nos
períodos matutino e vespertino e, no noturno, oferece a Educação de Jovens e
Adultos (EJA).
A comunidade que freqüenta a escola é bastante diversificada, vinda dos
bairros mais próximos aos mais distantes de Cuiabá e de Várzea Grande,
certamente, por ela ser de fácil acesso, uma vez que se localiza em uma área
central de Cuiabá.
A escola apresenta uma ótima estrutura física, distribuída em dois
pavimentos, divididos da seguinte forma:
Piso Superior: A entrada principal se por este pavimento onde se
localizam a Diretoria, Secretaria, Biblioteca, Anfiteatro, Grêmio Estudantil, Banheiros,
Sala para xerox (terceirizada), Bebedouros, Laboratório de Informática,
Coordenação Pedagógica e 16 Salas de Aula.
Piso Inferior: Neste piso encontram-se instaladas a Sala dos professores,
Laboratório de Ciências, Pátio, Banheiros, Coordenação Pedagógica, Auditório,
Bebedouros, Cantina (terceirizada), Cozinha, 12 Salas de Aula, Refeitório 02
Quadras Esportivas ( uma coberta e outra descoberta ).
O estabelecimento escolar trabalha com vários projetos, visando à melhoria
do processo ensino-aprendizagem, tais como: Sala-Ambiente; Fazer e Refazer
51
Ciências; Escola e Cidadania; Linguagem Inglês e Espanhol; Educação Física por
Modalidade, Informática Educativa, Construindo Cidadania, Olimpíadas, Fanfarra,
Biblioteca, Cine Escola, Karatê, Xadrez, Sala de leitura, Cuida Bem de Mim, Jornal
Boca Livre, Eja, Simulado e Parceria.
O Projeto Sala Ambiente foi implantado em 2005, como uma alternativa
pedagógica para facilitar o processo ensino-aprendizagem, reunindo teoria e prática,
estimulando a pesquisa, criando um espaço diferenciado e envolvendo, desde a
organização das salas até a metodologia de trabalho.
A administração da escola é exercida pelo diretor em consonância com o
Conselho Deliberativo, a Secretaria, a Coordenação Pedagógica e Órgãos
Colegiados. A maioria dos professores são efetivos e todos graduados com
habilitação na disciplina que lecionam.
2.3 O “CORPUS” DOCUMENTAL
2.3.1 Os instrumentos e os procedimentos de coleta dos dados
Inicialmente, aplicamos um questionário
3
em sala de aula, de acordo com o
modelo de Galisson (1979), que foi respondido, individualmente, pelos sujeitos
informantes.
A primeira parte, constando os principais dados de identificação: nome, local
e data de nascimento, filiação, profissão do pai, profissão da mãe, nível de
escolaridade do pai e da mãe, atividades fora da escola, hábitos de leitura e outros
dados com o objetivo de traçar o perfil socioeconômico e cultural de cada
informante.
Informaram-nos, por meio das respostas dadas ao questionário de
identificação, que o livro didático é, praticamente, o único material de leitura de que
se dispõem em casa. Suas atividades fora da escola o bastante limitadas. Os
meninos jogam bola na rua ou na quadra esportiva da comunidade do bairro onde
moram e assistem aos programas de esporte da televisão. As meninas participam do
grupo de jovens da igreja que freqüentam, ajudam as mães nos afazeres
domésticos, cuidam dos irmãos menores, assistem às novelas e aos filmes da
3
O questionário pode ser consultado em Anexo I, p. 129.
52
televio e, às vezes, lêem revistas, gibis ou um livro literário que a professora de
Língua Portuguesa indica e empresta. Uma delas informou estar fazendo um curso
de Computação.
Também nos informaram de que, como atividade de lazer, além de assistirem
aos programas de televisão, vão às festas da comunidade. Dificilmente m
oportunidade de ir ao cinema ou fazer um passeio diferente.
A segunda parte do questionário teve como objetivo recolher dados para
identificar o “Centro de Interesse” (GALISSON, 1979, p. 44-53) que desperta o
interesse do jovem da faixa etária dos sujeitos. Elaboramos esta parte do
questionário, baseando-nos, tamm, no modelo proposto por Galisson (1979) com
adaptação à nossa língua e à nossa realidade. Tomamos por base o modelo desse
autor, porque acreditamos que os jovens se interessam apenas por um vocaburio
que diga respeito ao que é do interesse deles. Também, porque o modelo nos
permite estabelecer um ponto de partida que utilizamos para todos os sujeitos, que
ficaram amarrados em um centro de interesse.
A escolha do centro de interesse era imprescindível, uma vez que seria, a
partir dele, que verificaríamos o vocabulário dos alunos participantes da pesquisa. O
modelo de Centro de Interesse é uma opção metodológica para ter como ingressar
na realidade dos sujeitos e, a partir daí, fazer a medição do vocabulário.
Aplicamos o questionário em nosso primeiro encontro, após a apresentação
feita pela professora de Língua Portuguesa, regente da turma. Esta explicou aos
alunos o motivo de nossa presença e os informou de que trabalharíamos com eles
todas as segundas-feiras do 4º bimestre.
As respostas a esta parte do questionário nos revelaram que o principal
centro de interesse da turma, naquele momento, era a Adolescência. Este tema foi
escolhido por 65% dos sujeitos que justificaram a escolha, dizendo que estão
passando por essa fase, portanto se identificam com ela e sentem curiosidade de
compreender o que acontece com eles nesse período. Os outros temas escolhidos
foram a violência urbana, com 10%; as drogas, também com 10%; o preconceito,
com 5%; a televisão brasileira, 5% e o namoro, também com 5%.
No encontro seguinte, informamos aos alunos o resultado da pesquisa quanto
ao centro de interesse e solicitamos que produzissem um texto com o tema
escolhido pela maioria. Sugerimos que comentassem tudo que soubessem sobre
essa fase da vida, expondo as dificuldades que os adolescentes vivenciam no
53
cotidiano, as dúvidas na tentativa de descobrirem quem são e por que apresentam
determinadas atitudes. Pedimos que dessem um título bem sugestivo ao texto.
Tiveram o período de uma aula para realizar esta atividade.
Através desta primeira produção de texto
4
, detectamos uma amostra do
vocabulário, que denominamos de vocabulário do texto 1 (na análise), sobre o
assunto escolhido e que o aluno utiliza em seu desempenho lingüístico-lexical ativo.
Registramos o vocabulário do texto 1, extraído a partir do exame dos textos
dos sujeitos, priorizando os substantivos que correspondem, aproximadamente, à
metade das palavras de um texto.
A partir do momento em que tivemos conhecimento do centro de interesse
dos sujeitos, começamos a selecionar textos
5
, abordando o tema escolhido para
leitura e discussão em sala de aula. Tiramos os textos de livros didáticos de Língua
Portuguesa da e ries do Ensino Fundamental, visto que os consideramos
mais acessíveis à compreensão de nossos sujeitos.
Selecionamos alguns textos e delimitamos um universo vocabular, extraindo
os termos específicos voltados para o Centro de Interesse e, com isso,
estabelecemos um parâmetro que corresponde ao vocabulário esperado, para fins
de parâmetro da pesquisa, da mesma forma que fizemos para registrar o vocabulário
do texto 1 dos participantes da pesquisa. O parâmetro vocabular é o conjunto
vocabulário dos textos estudados sobre a Adolescência, tema escolhido pelos
sujeitos.
Os textos selecionados definem a adolescência e reproduzem alguns
questionamentos dessa fase da vida. Apresentam um vocabulário variado para
retratar o momento em que o jovem está vivendo a adolescência com mudanças nos
aspectos físico e psicológico. Falam sobre a exuberante eclosão da energia juvenil,
que surge como uma nova etapa, irrompendo de dentro para fora e envolvendo, não
o seu equilíbrio interno, mas também todo o seu ambiente familiar. Comentam a
respeito do conflito, que surge, quando o adolescente se percebe frente a posições
contraditórias.
Os textos foram lidos em voz alta por mais de um aluno, sendo um de cada
vez, enquanto os outros acompanhavam. A leitura de textos, em sala de aula,
ganha sentido com o debate, por isso, após a leitura de cada texto, iniciamos os
4
As produções iniciais e finais dos sujeitos estão em Anexos IV, a partir da p. 159.
5
Os textos utilizados na pesquisa podem ser consultados em Anexos II, p. 136 – 147.
54
comentários, dando oportunidade para todos comentarem suas primeiras
impressões, mostrando seus conhecimentos prévios sobre o assunto e
estabelecendo um diálogo com o que eles e nós tínhamos a dizer e com o que foi
lido nos textos. Aproveitamos a oportunidade para comentar a importância de
desenvolver a capacidade de ouvir e respeitar o outro, mesmo quando as opiniões
são divergentes.
Lembrando-nos das ações propostas por Vygotsky (1930), procuramos
construir um clima de relacionamento ativo com os alunos, fazendo com que eles
observassem em nós, efetivas ajudantes, dispostas a fazê-los caminhar com
eficncia e segurança. Tivemos o cuidado de não deixar esse vínculo afetivo
despencar para a informalidade no trato ou para o desrespeito em nossas relações.
Adotamos esse passo em nossa prática, acreditando estar de acordo com o estilo
trilhado pelos caminhos de Vygotsky.
As próprias experiências dos alunos fizeram com que pontos de vista
diferentes fossem apresentados. Nós os desafiamos a se manifestarem a favor ou
contra, explicando o porquê. Nós fazíamos uma pergunta, um aluno respondia; um
aluno perguntava, outro respondia; um discordava, outro pedia um aparte, um
retrucava e assim por diante. Eles falaram sobre os conflitos domésticos, a briga
natural entre pais e filhos, pela ordem na arrumação das coisas em casa, a briga
com os irmãos, a vontade de ter um canto próprio e não poder, a escolha de
programas de televisão, as transformações em seus corpos, seus medos, seus
desejos, seus sentimentos e suas expectativas.
Observamos que, de modo geral, o adolescente deseja mudar a ordem
estabelecida. Eles disseram que não sabem o que querem, acham a vida difícil e o
mundo injusto. Comentaram que, no Brasil, a questão dos excluídos é muito séria,
os jovens não m as mesmas oportunidades de emprego, de estudo, de ascensão
social.
Alguns alunos identificaram a adolescência com dor e perda. Outros não.
Estimulamos o confronto de opiniões. Alguns argumentaram com as idéias dos
textos, enquanto outros não concordaram com as idéias manifestadas pelos autores.
Um dos alunos falou sobre a influência dos grupos, dos amigos e juntos
chegamos à conclusão de que o adolescente se comporta diferentemente em grupo,
porque se sente aceito, livre. Entretanto, o grupo pode cobrar determinados
comportamentos que são causadores de conflitos sociais.
55
Também surgiu a oportunidade de esclarecer sobre as mudanças resultantes
da influência dos hormônios, que permitem o crescimento e o desenvolvimento
físico, mental, emocional e sexual.
Após a leitura de cada texto e o debate com os sujeitos da pesquisa,
realizamos uma oficina de vocabulário
6
com atividades estratégicas interativas. Para
a elaboração destas atividades, baseamo-nos em nossa prática em sala de aula e
nas propostas dos PCN (1998) para o ensino do léxico no Ensino Fundamental.
Solicitamos que retornassem ao texto para identificar os itens lexicais desconhecidos
por eles. Identificados estes itens, pedimos que tentassem dar-lhes um sentido, para
que observássemos se tinham capacidade de fazer inferências.
Apenas 30% demonstraram ter feito inferência, um tipo de estratégia direta de
ampliação vocabular, defendida por Kleiman (1996). Observamos que partiram da
morfologia dos vocábulos ou da sinonímia ao fazerem inferências.
Recorremos ao dicionário e pedimos que escolhessem a acepção mais
adequada ao significado de cada palavra. Também os orientamos para que fizessem
substituição de vocábulos e juntos analisamos os efeitos de sentido, obtidos com o
emprego das unidades lexicais substituídas e avaliamos se produziram um sentido
melhor ou não ao texto.
Solicitamos que elaborassem um glossário com as palavras cujo significado
fosse essencial à compreensão dos textos. Dividimos a turma em cinco grupos e
cada grupo apresentou um glossário. Os itens lexicais apontados foram quase os
mesmos. Comentamos as acepções apresentadas para cada item e analisamos os
sentidos que construímos no texto durante a leitura. A turma chegou à conclusão de
que esses sentidos nem sempre tiveram as mesmas significações do dicionário.
Também percebeu que uma palavra pode ter uma alta freqüência, com significados
diferentes e que o uso do dicionário é o melhor método para a aprendizagem do
xico apenas quando se trata do significado de palavras-chave, que se repetem
muitas vezes e o significado delas é essencial ao entendimento do texto.
Para o trabalho não ficar cansativo, intercalamos a estas atividades algumas
atividades lúdicas, como: caça-palavras, forca e palavras cruzadas, garantindo que a
atenção do aluno fosse focalizada em um vocabulário específico do tema em estudo
e levando-o a analisar e compreender o significado das palavras alvo.
Os procedimentos relatados acima, visando à ampliação de vocaburio,
6
As atividades referentes à Oficina de Vocabulário encontram-se em Anexos III, p. 148 - 158.
56
foram os mesmos no trabalho de cada texto.
Como produto final de nossa pesquisa, solicitamos aos participantes que
produzissem um texto à luz das reflexões e discussões realizadas durante nossas
aulas sobre o tema estudado, que eles escolheram, a fim de que pudéssemos
verificar o que tinham aprendido. Sugerimos que o título do texto fosse o mesmo do
texto inicial. Comentamos a importância de selecionar o vocabulário, de escolher o
leitor e de centrar-se na finalidade do texto. Para que ficassem mais tranqüilos e
menos ansiosos, deixamos que conversassem um pouco, trocando informações.
Nas produções
7
inicial e final dos sujeitos, detectamos vários problemas
referentes a outros níveis de domínio da escrita, como: aspectos gramaticais,
organização de parágrafos, coesão textual, adequação vocabular e outros. Como
nosso tempo era curto e apenas o vocabulário era o nosso objeto de pesquisa,
esperamos que suas dificuldades sejam trabalhadas em momento oportuno. Nesse
sentido, acreditamos que a prática da análise lingüística se beneficiaria bastante
com as produções espontâneas dos alunos.
Através do texto final (texto 2), verificamos o vocabulário que os sujeitos
adquiriram em face de seu vocabulário do texto 1 e o selecionamos.
De posse do vocabulário do texto 1, do vocabulário do texto 2 e do
vocabulário que nos serviu como parâmetro vocabular, fizemos um quadro
demonstrativo do vocabulário de cada sujeito, a fim de realizar uma análise
comparativa. Tamm apresentamos, logo abaixo do quadro, dois gráficos: o
primeiro, com o vocabulário extraído do texto 1 e o segundo, com o vocabulário do
texto 2. Nossa intenção é permitir, por meio dos gráficos, melhor visualização das
ocorrências do vocabulário dos sujeitos, bem como a freqüência de cada vocábulo.
Seguimos o modelo de Genouvrier Y Peytard (1974) que registra as ocorrências e a
freqüência, ou seja, as palavras e o número de vezes em que elas aparecem no
texto, para fazer o quadro representativo do vocabulário dos sujeitos.
Antes do quadro demonstrativo de vocabulário de cada sujeito, apresentamos
um quadro que o identifica, conforme o modelo para a escolha do Centro de
Interesse de Galisson (1979), a fim de facilitar o entendimento da análise.
No quadro demonstrativo do vocabulário de cada sujeito, organizamos o
vocabulário usado como pametro vocabular em ordem alfabética. Para facilitar
7
As produções dos sujeitos foram digitadas por eles no Laboratório de Informática da Escola Nilo Póvoas e
podem ser conferidas em Anexos IV, p. 159.
57
nossa análise, registramos os vocábulos dos textos 1 e 2 em ordem de freqüência,
iniciando pela mais alta.
2.4 CORPUS DE ANÁLISE
2.4.1 Procedimentos de análise
Esta pesquisa apresenta quatro focos de análise. O primeiro refere-se aos
dados que dizem respeito ao perfil socioeconômico e cultural dos participantes. O
segundo, do ponto de vista quantitativo, focaliza o conhecimento lexical e , do ponto
de vista qualitativo, focaliza como este conhecimento foi ampliado. O terceiro refere-
se ao melhor desempenho lexical, considerando os sujeitos do sexo feminino e do
masculino, verificando se houve diferença entre esses sujeitos na 2ª fase. Para
equilibrar o número de participantes do sexo masculino e o mero do sexo
feminino, fizemos um sorteio para reduzir a sete, igualando o mesmo mero dos
participantes masculinos. E o quarto refere-se à freqüência do vocabulário dos
aprendizes.
Realizamos a análise em três etapas. Na primeira, analisamos os dados que
os participantes nos forneceram por meio das respostas ao questionário, visando à
identificação de cada um. Esses dados nos proporcionaram informações para traçar
o perfil socioeconômico e cultural de cada aprendiz.
Na segunda etapa, comparamos, inicialmente, o vocabulário detectado no
texto 1 com o vocabulário detectado no texto 2 dos sujeitos. Depois desse
procedimento, fizemos a análise comparativa do vocabulário obtido dos textos (1 e
2) com o vocabulário do parâmetro vocabular, extraído dos textos de livros didáticos
de Língua Portuguesa, que esperávamos que eles adquirissem, passando a fazer
parte de seu vocabulário ativo.
Ainda nessa etapa da análise, comparamos o vocabulário do texto 1 e do
texto 2, inicialmente, do ponto de vista quantitativo, conforme o modelo de Muller
(1968), observando se houve repetição e se foi fiel ao tema proposto.
Durante essa análise, comentamos os dados de identificação de cada sujeito,
visando ao conhecimento da formação dos pais e de seus hábitos de leitura, bem
como ao do próprio sujeito.
58
A seguir, fizemos a análise, do ponto de vista qualitativo, observando se
houve ampliação de vocaburio, se houve repetição, se as palavras são pertinentes
ao tema ou não e se manteve a mesma perspectiva nos dois textos.
Depois do procedimento exposto acima, comparamos o vocabulário obtido
nos dois textos produzidos pelos participantes com o vocabulário do parâmetro
vocabular, que selecionamos dos textos estudados em sala sobre o Centro de
Interesse escolhido pelos sujeitos da pesquisa.
Diagnosticamos a situação vocabular dos sujeitos em face de um parâmetro
vocabular, observando em que medida o vocabulário se ampliou e em qual
perspectiva.
Na terceira etapa, como nos referimos anteriormente, fizemos uma
comparação do desempenho lingüístico lexical dos sujeitos do sexo feminino com
os sujeitos do sexo masculino, observando quem teve o melhor desempenho
vocabular. Verificamos os resultados mostrados no texto 1 e, depois, no texto 2,
observando se os maiores avanços foram das meninas ou dos meninos. Nessa parte
da análise, visando ao equibrio da quantidade de sujeitos do sexo feminino em
relação à quantidade de sujeitos do sexo masculino, fizemos um sorteio para
descartar alguns indivíduos do sexo feminino. Dessa forma, equilibramos as duas
amostras, permitindo uma avaliação dos dois grupos de forma contrabalançada.
Na quarta etapa, analisamos os vocábulos mais freqüentes, os de mais alta e
os de mais baixa freqüência e a procedência dos sujeitos que apresentam um
vocabulário mais raro e mais comum.
Depois desses procedimentos, comentamos os recursos que acreditamos ter
contribuído com a ampliação de vocabulário dos aprendizes e que consideramos
responsáveis pelos resultados que obtivemos durante a realização dessa pesquisa.
59
3. ANÁLISE DOS DADOS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Este capítulo está estruturado em vinte e quatro seções. Na primeira seção,
comentamos os dados que dizem respeito ao perfil socioeconômico e cultural dos
participantes desta pesquisa. Da segunda à vigésima primeira seção, apresentamos,
em cada uma delas, a identificação do sujeito e o quadro demonstrativo do
um dos vinte sujeitos participantes deste trabalho. A seguir, procedemos à análise
do ponto de vista quantitativo e qualitativo. Na vigésima segunda seção,
apresentamos a análise comparativa do desempenho lexical dos sujeitos do sexo
masculino e do sexo feminino. Na seção 23, fazemos um comentário sobre a
freqüência do vocabulário dos aprendizes. Finalizando, buscamos refletir, na seção
3.24, sobre os recursos que contribuíram com a ampliação de vocabulário de nossos
sujeitos.
3.1 PERFIL SOCIOECONÔMICO E CULTURAL DOS PARTICIPANTES
Para traçarmos o perfil socioeconômico e cultural dos participantes da
pesquisa, observamos a escolaridade, a profissão e o nível de leitura de seus pais.
Com base no questionário informativo, faremos alguns comentários em relação a
esses aspectos.
Constatamos que 25% dos pais e 35% das mães concluíram a série do
Ensino Fundamental. Entre os dados referentes às mães, 10% iniciaram o Ensino
Médio, no entanto o concluíram. Vimos que 45% dos pais e 50% das mães m o
Ensino Fundamental incompleto. Quanto aos demais, 30% dos pais e 15% das mães
freqüentaram a escola por pouco tempo, por isso mal sabem ler e escrever.
Com relação à profissão, todos os pais desempenham atividades modestas,
portanto recebem salários incompatíveis com as necessidades de todo ser humano
para terem acesso à cultura e ao lazer. Verificamos que 30% dos homens são
auxiliares da construção civil, 30% são motoristas, 10% são mecânicos, 10% são
seguranças e os demais são autônomos. Estes trabalham por conta própria, como
vendedores ou fazendo consertos em fogão, geladeira e aparelhos elétricos. Quanto
60
às mães, 10% o trabalham fora do lar, 20% são manicures, 10% o costureiras,
20% são cozinheiras em restaurantes, 30% são empregadas domésticas e 10% são
funcionárias públicas (merendeira e agente de serviços gerais).
Constatamos que os alunos não leram nenhum livro no ano anterior à
realização desta pesquisa e 20% das meninas leram apenas um livro no ano em que
realizamos esta pesquisa.
As meninas lêem mais revistas, jornais e gibis que os meninos. Todas
informaram que lêem, sempre que é possível. Por meio dos dados, vimos que as
famílias quase não têm contato com materiais escritos. As meninas nos informaram
que têm acesso a estes materiais, às vezes, por meio de alguns professores, de
amigos ou dos patrões de seus pais.
Todas elas assumem responsabilidades em casa, como cozinhar, lavar e
passar roupa, fazer faxina ou cuidar dos irmãos menores. Quase todas, 80% delas,
gostam de ler revistas, gibis, poesias, contos, obras literárias, no entanto a prática é
bastante limitada. Seus pais, embora não tenham o bito de ler, ficam felizes,
porque elas têm gosto pela leitura. Às vezes, até as incentivam, contudo a condição
econômica não lhes permite adquirir os materiais escritos que circulam socialmente
e dos quais suas filhas tanto gostam.
Vimos que os livros didáticos representam muito para eles, uma vez que são,
geralmente, uns dos poucos instrumentos de leitura e escrita desses aprendizes.
Muitas vezes, eles são os únicos materiais impressos a que o estudante tem acesso
em toda sua vida escolar, por ser gratuito e destinado aos alunos com menos poder
aquisitivo.
Suas atividades de lazer se restringem a assistir aos programas de televisão,
a conversar com os amigos na calçada de suas casas, a jogar bola na rua, na
quadra da escola ou do bairro onde moram. Tamm vão às festas da comunidade
e, principalmente as meninas, participam do grupo de jovens da igreja que
freqüentam.
Os dados que apresentamos e analisamos foram colhidos, porque
precisávamos conhecer a origem social da clientela-alvo. Também levamos em
conta a condição econômica e o nível cultural dos genitores. Isso nos deu suporte
para avaliar as dificuldades e contribuir com a melhoria da formação lingüística
básica dos sujeitos, ampliando suas possibilidades de aquisição e construção de
novos saberes.
61
Com o objetivo de escolher um tema de interesse dos aprendizes,
aproveitamos o questionário para traçar o perfil socioeconômico para descobrir o
que mais interessava a eles naquele momento. Escolhemos o modelo proposto por
Galisson (1979), uma vez que acreditamos que o aprendiz se sinta mais motivado
para aprender, quando o assunto lhe interessa. Por experiência, sabemos que o
adolescente de hoje está cada vez mais decidido a não se sacrificar pelo que não é
de seu interesse.
3.2 IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO 1
Quadro 01: Demonstrativo de seu Vocabulário e Análise de sua situação Vocabular
Idade
Sexo Naturalidade Profissão
do pai
Profissão
da mãe
Escolaridade
do pai
Escolarida
de da mãe
Atividade
s fora da
escola
13 Fem. Barreiras-BA Motorista Costureir
a
E. Fund.
completo
E. Fund.
completo
Ajuda a
mãe,
leitura.
Vocabulário do texto 1 Vocabulário do texto 2 Parâmetro Vocabular
Ocorrências Fr
Ocorrências Fr
Afirmação Sonhos 2 Rebeldia 3
Agressividade Estupidez 1 Hormônios 2
Anorexia Inseguro 1 Puberdade 2
Auto-estima Mau-humor 1 Conflitos 2
Bulimia Revolta 1 Crise 1
Conflitos Esperança 1 Agressividade 1
Contradição Transformação 1 Mudanças 1
Crise Atração 1
Depressão Auto-estima 1
Desequilíbrio Sexualidade 1
Expansão Transformações 1
Frustração
Hormônios
Modificações
Puberdade
Rebeldia
Retração
Sensação
Sexualidade
Timidez
62
Gráfico 01: Demonstrativo de seu Vocabulário e Análise de sua situação Vocabular
Fonte: Pesquisa ação (textos dos alunos / 2006)
Considerando que no texto 1, S1 ainda o havia lido uma variedade de
textos com o tema Adolescência, escolhido pela turma, nem participado de uma
oficina de vocabulário para fixar o vocabulário específico do tema, podemos
reconhecer que tem uma certa noção sobre o assunto. Isso é possível verificar por
meio dos vocábulos que utiliza, pois podem fazer parte do centro de interesse da
turma. Certamente isso se deve ao fato de estar vivendo essa complicada fase de
transição e, tamm, porque gosta de ler.
Verificamos em sua ficha de identificação que a leitura é uma das poucas
atividades que tem nos momentos livres. Seu pai a incentiva, levando sempre para
casa uma revista, um gibi ou jornal que, às vezes, algum usuário do transporte
coletivo deixa em um dos bancos do ônibus que conduz, diariamente, pela cidade.
Em um momento de seu texto, passa a falar de si mesma, comentando sobre
seus sonhos. Sendo assim, foge da atividade proposta.
Seu vocabulário do texto 1 revela que é preciso aprofundar seu conhecimento
e isso é possível, se quiser preencher lacunas em sua competência lexical, uma
perspectiva bastante relevante para o leitor e produtor de textos.
Comparando o vocaburio do texto 1 com o do texto 2, adquirido durante a
pesquisa, do ponto de vista quantitativo, verificamos que apenas o item lexical
“transformação” se repete nos textos 1 e 2 ( o primeiro, no singular, e o segundo, no
2
1 1 1 1 1 1
0
0,5
1
1,5
2
2,5
Fr
Sonhos
Estupidez
Inseguro
Mau-humor
Revolta
Esperança
Transformão
3
2 2 2
1 1 1 1 1 1
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Fr
Rebeldia
Hormônios
Puberdidade
Conflitos
Agressividade
Mudanças
Atrão
Auto-estima
Sexualidade
Transformões
63
plural ) e que empregou, tamm, o vocábulo “mudanças”, do mesmo campo
semântico de “transformação”.
Manteve-se dentro do tema, porém, no texto 1, percebemos que seu
vocabulário ativo precisa ser ampliado. Ao empregar a palavra sonhos” com duas
freqüências, conforme dissemos anteriormente, deixou de comentar o assunto, de
modo geral, e passou a falar de seus próprios sonhos.
Do ponto de vista qualitativo, verificamos que o vocabulário utilizado no texto
2 é pertinente ao centro de interesse. Aprofundou suas idéias sobre o tema e
ampliou seu vocabulário. Várias palavras que fizeram parte de nosso estudo
passaram a fazer parte de seu vocabulário ativo, trazendo um conhecimento novo
que se juntou ao que tinha. Essa junção trouxe bons resultados ao seu
aprendizado e isso é confirmado ao ler o texto 2, no qual usou argumentos melhores
e mais convincentes que no texto 1.
Manteve-se na mesma perspectiva nos dois textos. Observamos que em
ambos deu maior importância aos aspectos fisiológicos que aos psicológicos,
tentando mostrar a ligação entre os dois, que as transformações do corpo levam
o adolescente a voltar-se para si próprio, procurando perceber o que está
acontecendo, para que se entenda mais profundamente enquanto pessoa. Seu
desempenho foi melhor no texto 2, uma vez que demonstrou um maior domínio do
vocabulário específico do tema e de informações a respeito do assunto.
Em face de um parâmetro vocabular, observamos em que medida o
vocabulário se ampliou, a fim de que ficássemos a par de sua atual situação de
domínio. Ampliou-se em 40%. Nesta perspectiva, reconhecemos um grande avanço.
3.3 IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO 2
Quadro 02: Demonstrativo de seu vocabulário e análise de sua situação vocabular
Idade Sexo Naturalidade Profissão
do pai
Profiso
da mãe
Escolaridade
do pai
Escolaridade
da mãe
Atividade
s fora da
escola
14 Masc
.
Cascavel-PR
Pedreiro Cozinheir
a
E. Fund.
Incompleto
E. Fund.
I
ncompleto
Futebol
64
Vocabulário do texto 1 Vocabulário do texto 2 Parâmetro Vocabular
Ocorrências Fr Ocorrências Fr
Afirmação Fase 2 Sexualidade 2
Agressividade Oportunidade 1 Auto-estima 2
Anorexia Orgulho 1 Puberdade 2
Auto-estima Revoltado 1 Confusão 2
Bulimia Diálogo 2
Conflitos Hormônios 1
Contradição Mudança 1
Crise Conflitos 1
Depressão Amadurecimento 1
Desequilíbrio
Expansão
Frustração
Hormônios
Modificações
Puberdade
Rebeldia
Retração
Sensação
Sexualidade
Timidez
Gráfico 02: Demonstrativo de seu vocaburio e análise de sua situação vocabular
Fonte: Pesquisa ação (textos dos alunos / 2006)
Pela produção do texto 1, verificamos que S2, antes de iniciar a nossa
pesquisa, tinha uma vaga noção sobre o centro de interesse . Fez um comentário
sobre o comportamento do adolescente em geral e sobre o seu próprio
comportamento, porém é evidente que nada conhecia sobre as transformações
fisiológicas e comportamentais do adolescente, já que o se referiu a elas com um
vocabulário específico.
2
1 1 1
0
0,5
1
1,5
2
2,5
Fr
Fase
Oportunidade
Orgulho
Revoltado
2 2 2 2 2
1 1 1 1
0
0,5
1
1,5
2
2,5
Fr
Sexualidade
Auto-estima
Pluberdade
Confusão
Dlogo
Hormônios
Mudança
Conflitos
Amadurecimento
65
Informou em seu questionário de identificação que não gosta de ler. Seus pais
tamm não m hábito de leitura. O ato de ler e escrever começa desde a nossa
inncia: o que fizemos e aprendemos com nossa família, o uso que vimos nossos
pais fazerem da leitura e da escrita, etc. Esse suporte , S2 não teve. Cabe à escola
ajudá-lo a desenvolver suas habilidades cognitivas.
Seu vocabulário do texto 1 pode fazer parte do tema, no entanto não é
específico do tema. Não se repete no vocabulário do texto 2. Este apresenta alguns
vocábulos, que foram apropriados durante as atividades que realizamos, visando à
ampliação do vocabulário de nossos sujeitos. Nosso trabalho com as habilidades de
leitura (vocabulário, discussão das idéias e análise crítica) desenvolvido em sala de
aula, a partir da leitura de textos, cujo tema foi escolhido pelos alunos, proporcionou
a S2 condições de produzir um texto, selecionando melhor as palavras, as frases, as
idéias, conceitos e informações que aprendeu e empregando, parcialmente, o
vocabulário novo que adquiriu.
Comparando, sob o ponto de vista qualitativo, o vocaburio do texto 2 se
ampliou em relação ao vocabulário do texto 1. Ainda que não tenha sido na
perspectiva que esperávamos, o podemos desconsiderar qualquer avanço. Foi
fiel, no texto 2, ao tema proposto, embora tenha apresentado dificuldades para
expressar-se. No entanto, é possível perceber que seu conhecimento melhorou. Não
utilizou um vocabulário pertinente ao assunto tratado, como tamm selecionou
os vocábulos entre os indicados no parâmetro vocabular. Manteve-se na mesma
perspectiva, pois priorizou, em ambos os textos, comentar o comportamento do
adolescente em relação aos aspectos físicos e psicológicos.
Na comparação entre o vocabulário do texto 2 e o parâmetro vocabular,
verificamos que S2 ampliou seu vocabulário em 25%. o se ampliou, como
mencionamos, na perspectiva que desejávamos, mas a proporção da medidao é
tão importante. O mais interessante é observar que o resultado é melhor que na
produção inicial. Não contamos o vocábulo “mudança”, porém julgamos importante
comentar que faz parte do mesmo campo semântico de “modificação”, vocábulo
pertinente à relação do parâmetro vocabular.
De acordo com Muller (1968) e Genouvrier Y Peytard (1974), é considerável a
freqüência da ocorrência das palavras, visto que elas assumem sua importância na
medida em que são aceitas e repetidas. No texto 2, em cinco ocorrências, cada uma
delas teve duas freqüências e isso, em nossa opinião, é um efeito positivo, pois
66
tamanha relevância a esses vocábulos demonstra que eles fazem parte de seu
vocabulário ativo.
3.4 IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO 3
Quadro 03: Demonstrativo de seu vocabulário e análise de sua situação vocabular
Idade
Sexo Naturalidade Profissão
do pai
Profissão
da mãe
Escolaridade
do pai
Escolaridade
da mãe
Atividades
fora da
escola
14 Fem.
.
Cuiabá-MT Mecânico
Do Lar E. Fund.
Incompleto
Lê e escreve
pouco
Ajuda a
mãe, tv e
leitura
Vocabulário do texto 1 Vocabulário do texto 2 Parâmetro Vocabular
Ocorrências Fr Ocorrências Fr
Afirmação Mente 3 Fase 3
Agressividade Problemas 2 Modificação 2
Anorexia Fase 1 Puberdade 2
Auto-estima Bobagem 1 Sensação 2
Bulimia Crescimento 1 Expansão 1
Conflitos Profissional 1 Auto-estima 1
Contradição Realidade 1 Contradição 1
Crise Crise 1
Depressão Retração 1
Desequilíbrio Espinha 1
Expansão Sexualidade 1
Frustração Vaidade 1
Hormônios
Modificações
Puberdade
Rebeldia
Retração
Sensação
Sexualidade
Timidez
Gráfico 03: Demonstrativo de seu vocaburio e análise de sua situação vocabular
Fonte: Pesquisa ação (textos dos alunos / 2006)
3
2
1 1 1 1 1
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Fr
Mente
Problemas
Fase
Bobagem
Crescimento
Profissional
Realidade
3
2 2 2 2
1 1 1 1 1 1 1
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Fr
Fase
Modificão
Pluberdade
Sensação
Expansão
Auto-est ima
Contradão
Crise
Retrão
Espinha
Sexualidade
Vaidade
67
Em sua primeira produção, podemos observar que não tem conhecimento
sobre o tema escolhido, pois suas idéias são muito vagas. Inicia seu texto, fazendo
um comentário geral, mas, de repente, passa a comentar sobre si próprio e, logo em
seguida, volta a generalizar o assunto. Seu vocabulário, no texto 1, não pertence,
especificamente, ao centro de interesse Adolescência. Portanto, podemos afirmar
que, antes do início da pesquisa, sua competência lexical é insuficiente para
escrever sobre o tema.
Ao preencher sua ficha de identificação, revelou-nos que gosta de ler, no
entanto, quase não tem acesso a materiais escritos que circulam socialmente. Seus
pais não podem comprar. À vezes, seu pai leva para casa uma revista, um gibi ou
um jornal que um de seus clientes deixou na oficina onde trabalha. Aproveita bem,
quando isso acontece.
Seu desempenho lexical, na segunda produção, é bastante significativo.
Comparando o vocaburio do texto 1 com o do texto 2, surpreendemo-nos com os
resultados. O único vocábulo, do vocabulário do texto 1, que se repete no
vocabulário do texto 2 é “fase”. O interessante é que aparece no texto 1 com apenas
uma freqüência. Já, no texto 2, a mesma ocorrência aparece com três freqüências.
Trata-se de um vocabulário comum, no entanto, bastante apropriado ao assunto
estudado. Contudo, entendemos que sua repetição empobrece o texto.
Registramos, no quadro demonstrativo do vocabulário de S3, o item lexical
“mente” com três freqüências. Na verdade, uma das ocorrências é “mental”, mas é
do mesmo campo lexical de “mente”.
Observamos que o vocabulário do texto 2 é pertinente ao tema. Algumas
ocorrências são registradas com mais de uma freqüência. Isso significa que elas têm
uma estabilidade notável (MULLER, 1968).
Do ponto de vista qualitativo, não há dúvida de que seu vocabulário foi
ampliado. Manteve-se fiel ao tema em sua segunda produção. O problema
detectado no texto 1, com relação à pessoa do discurso, continua no texto 2. Mais
uma vez , S3 inicia sua produção, comentando sobre o adolescente, de maneira
geral, mas muda para a pessoa e volta à forma anterior. Não se manteve na
mesma perspectiva nos dois textos, visto que, no texto 2, com um vocabulário
direcionado ao tema e mais variado, produziu seu texto, demonstrando que adquiriu
algum conhecimento sobre o centro de interesse.
Diagnosticamos a situação vocabular de S3, no final da pesquisa, em face do
68
parâmetro vocabular e concluímos que se ampliou em 45%. Um bom resultado, sem
dúvida, embora tenha apresentado vários problemas lingüísticos em sua segunda
produção. No entanto, como o nosso objeto de pesquisa é o vocabulário,
consideramos bastante relevante a competência lexical apresentada em seu
vocabulário do texto 2.
O resultado de S3 já nos aponta que um trabalho com leitura, associado com
algumas atividades focadas na aquisição de vocaburio, pode apresentar resultados
satisfatórios, uma vez que o aprendiz terá mais oportunidades de reter o vocabulário
passivo.
3.5 IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO 4
Quadro 04: Demonstrativo de seu vocabulário e análise de sua situação vocabular
Ida
de
Sexo Naturalidade Profissão do
pai
Profissão da
mãe
Escolaridade
do pai
Escolaridade
da mãe
Ativida-
des fora
da
escola
13 Fem.. Cuiabá-MT Autônomo
(cons. em
geral)
Manicure E. Fund.
completo
E. Fund.
completo
Ajuda a
mãe e
leitura
Vocabulário do texto 1 Vocabulário do texto 2 Parâmetro Vocabular
Ocorrências Fr Ocorrências Fr
Afirmação Sonho 6 Retração 4
Agressividade Fase 1 Diálogo 3
Anorexia Período 1 Expansão 3
Auto-estima Raiva 1 Frustração 3
Bulimia Relacionamento 1 Liberdade 2
Conflitos Sensação 1 Mudança 2
Contradição Crítica 1 Rejeição 2
Crise Vaidade 1 Mau-humor 1
Depressão Auto-estima 1
Desequilíbrio Rebeldia 1
Expansão Afirmação 1
Frustração Crise 1
Hormônios
Modificações
Puberdade
Rebeldia
Retração
Sensação
Sexualidade
Timidez
69
Gráfico 04: Demonstrativo de seu vocabulário e análise de sua situação vocabular
Fonte: Pesquisa ação (textos dos alunos / 2006)
Observamos que S4 tem uma vaga noção sobre o tema, pois no texto 1
refere-se apenas às sensações e aos sonhos do adolescente. Portanto, seu
conhecimento se restringe ao que vive e sente nesse momento de sua vida, fase em
que tenta descobrir quem são os adolescentes e o que procuram encontrar ou
construir.
Seu vocabulário do texto 1 nos mostra que sua competência lexical não é
suficiente para uma discussão sobre o tema escolhido pela turma. Sabemos que o
adolescente tem muita curiosidade para entender o que acontece nesse período.
Claro que não é nada cil para ele. Então, é normal que não saiba se expressar
com clareza sem ter o conhecimento necessário.
É compreensível que tenha dificuldade para se expressar, uma vez que não
tem convivência com textos que contribuam com o desenvolvimento de suas idéias,
permitindo-lhe uma reflexão e análise crítica sobre o uso da língua materna.
Apesar de gostar de ler, raramente tem oportunidade, pois não sobra dinheiro
em casa para adquirir revistas e romances que lhe dão tanto prazer de ler.
No texto 1, empregou o vocábulo “sensação”, que faz parte do parâmetro
vocabular e o vocábulo “sonho” com seis freqüências. Entendemos que sua escolha
por eles é apropriada para dar algum sentido ao que quer transmitir em seu texto.
Provavelmente, quer mostrar que o adolescente sente algo diferente (sensação),
como se fosse a resposta a um estímulo. As transformações corporais levam o
6
1 1 1 1 1 1 1
0
1
2
3
4
5
6
7
Fr
Sonho
Fase
Período
Raiva
Relacionamento
Sensão
Crít ica
Vaidade
4
3 3 3
2 2 2
1 1 1 1 1
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
Fr
Retração
Dlogo
Expansão
Frustração
Liberdade
Mudança
Rejeição
Mau-humor
Auto-estima
Rebeldia
Afirmação
Crise
70
jovem a voltar-se para si próprio, procurando perceber o que sente e pensa, para
que se entenda mais profundamente como pessoa. O sonho corresponde a
necessidades interiores e pode contribuir, para que se conheça melhor e se
desenvolva emocionalmente.
Comparando o vocabulário do texto 1 com o do texto 2, sob o ponto de vista
quantitativo, verificamos que o vocabulário do texto 1 não se repete no texto 2. O
vocabulário do texto 1, ainda que não esteja fora do tema, é insuficiente para
garantir a competência lexical de S4. O vocabulário do texto 2 é específico do tema,
ainda que o resultado não seja o desejado.
Do ponto de vista qualitativo, observamos que o vocabulário do texto 2 foi
ampliado em relação ao do texto 1, revelando que S4 teve um bom aproveitamento
no período de nossas atividades. rias ocorrências no texto 2 e algumas com
freqüência alta. São lexemas que passam a fazer parte do vocabulário ativo de S4
que as escolhe em seu xico para atender a sua intenção de priorizar o aspecto
psicológico no texto 2.
Analisamos a situação vocabular apresentada em sua segunda produção
textual e verificamos que seu vocabulário se ampliou em 35%. Não consideramos o
vocábulo “mudança”, apesar de ser do mesmo campo semântico do lexema
“modificações”.
A ampliação de seu vocabulário não aconteceu na perspectiva que
esperávamos, uma vez que se manteve no aspecto emocional, preferindo comentar
as mudanças de humor do adolescente de um momento para o outro. Não se referiu
ao aspecto fisiológico, que leva o adolescente a voltar-se para si mesmo, na
tentativa de entender o que se passa, ocasionando as transformações emocionais.
3.6 IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO 5
Quadro 05: Demonstrativo de seu vocabulário e análise de sua situação vocabular
Idade Sexo Naturalidade Profissão
do pai
Profissão da
mãe
Escolaridade
do pai
Escolaridade
da mãe
Atividades
fora da
escola
14 Fem.. Seabra-BA Motorista Func. Pública
(merendeira)
E. Fund.
Incompleto
E. Fund.
completo
Leitura ,
cuida da
irmã
71
Vocabulário do texto 1 Vocabulário do texto 2 Parâmetro Vocabular
Ocorrências Fr Ocorrências Fr
Afirmação Projetos 3 Auto-estima 2
Agressividade Sonhos 3 Frustração 2
Anorexia Fase 2 Depressão 2
Auto-estima Arrepio 1 Crise 2
Bulimia Gíria 1 Conflito 2
Conflitos Mau-humor 1 Expansão 1
Contradição Fragilidade 1
Crise Agressivo 1
Depressão Onipotente 1
Desequilíbrio Rebelde 1
Expansão Retração 1
Frustração
Hormônios
Modificações
Puberdade
Rebeldia
Retração
Sensação
Sexualidade
Timidez
Gráfico 05: Demonstrativo de seu vocabulário e análise de sua situação vocabular
Fonte: Pesquisa ação (textos dos alunos / 2006)
Com relação ao tema, observamos que S5 não tem conhecimento para
esclarecer sobre as profundas transformações fisiológicas e psicológicas de uma
fase da vida, que acontece entre a infância e a idade adulta. Por outro lado,
percebemos que é uma pessoa observadora e, por isso, capaz de comentar o
comportamento de um jovem nessa fase. Refere-se a si mesma e aos jovens
3 3
2
1 1 1
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Fr
Projetos
Sonhos
Fase
Arrepio
Gíria
Mau-humor
2 2 2 2 2
1 1 1 1 1 1
0
0,5
1
1,5
2
2,5
Fr
Auto-estima
Frustração
Depressão
Crise
Conflito
Expansão
Fragilidade
Agressivo
Onipotente
Rebelde
Retração
72
adolescentes com os quais convive no dia-a-dia.
Gosta muito de ler. Sua história de leitura começou, quando era criança,
assim que aprendeu a ler. Sempre via sua mãe lendo alguma coisa, por isso
começou a ter interesse pela leitura. Sua mãe a incentiva muito. Sempre um jeito
de comprar um livro ou uma revista em que a filha esteja interessada. Como trabalha
em escola, sempre consegue algum material de leitura e leva para casa. O apoio da
mãe é muito importante para ela.
Seu vocabulário do texto 1 não pertence especificamente ao centro de
interesse , mas é aceitável na perspectiva de sua primeira produção textual para a
nossa pesquisa. Registramos poucas ocorrências e duas delas nos chamaram a
atenção pela alta freqüência. Acreditamos que seja para deixar bem claro que os
jovens também m projetos e sonhos, mesmo que seu comportamento demonstre
despreocupação com as coisas da vida.
Do ponto de vista quantitativo, observamos que o vocabulário do texto 1 não
se repete no vocabulário do texto 2. Este o saiu do tema. Algumas de suas
ocorrências o empregadas com duas freqüências, enquanto que as outras, com
apenas uma freqüência. De acordo com Genouvrier y Peytard (1974, p. 305 ), “as
palavras não se dispõem num plano uniforme no léxico: algumas m mais do que
outra a oportunidade de ser empregadas com freqüência”.
Apenas duas ocorrências, no texto 2, não fazem parte do parâmetro
vocabular. Os itens lexicais “rebelde” e “agressivo” o, respectivamente, do mesmo
campo lexical de “rebeldia” e “agressividade”. Sobre isso, lembramo-nos de Barbosa
(1980 ):
Se, gramaticalmente, é possível chegar a uma definição satisfatória
de substantivo e adjetivo, o mesmo não se dá, no que diz respeito à
definição lexical. A proposição tradicional de que são substantivos as
palavras que denotam substâncias, pessoas ou coisas, e de que são
adjetivos as palavras que denotam qualidades daqueles objetos, não
resiste à análise. (...) A distinção entre “substância” e “qualidade” não
tem, pois, grande sentido em lingüística (BARBOSA, 1980, p.267 ).
Fizemos uma comparação entre o vocabulário do texto 1 e o do texto 2 e
verificamos, do ponto de vista qualitativo, que o vocabulário de S5 se ampliou
durante nossa pesquisa. Em sua produção final, as palavras são pertinentes ao
tema e, conseqüentemente, seu texto mostra um conteúdo com mais profundidade.
Manteve-se na mesma perspectiva do texto 1, priorizando comentar o
73
comportamento do adolescente, porém demonstrando ter adquirido conhecimento
sobre o tema, uma vez que se refere aos aspectos psicológicos com segurança e
maturidade.
Sendo assim, sua situação de domínio vocabular mudou significativamente,
visto que, em face do vocabulário que selecionamos e intitulamos como parâmetro
vocabular, observamos que seu vocabulário se ampliou em 45% . Um resultado que
consideramos bastante relevante para a nossa pesquisa.
3.7 IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO 6
Quadro 06: Demonstrativo de seu vocabulário e análise de sua situação vocabular
Idade Sexo Naturalidade Profissão do
pai
Profissão da
mãe
Escolaridade
do pai
Escolaridade
da mãe
Atividades
fora da
escola
13 Masc. Chapada dos
Guimarães –
MT
Segurança Empregada
doméstica
E. Fund.
completo
E. Fund.
completo
Futebol e
Tv
Vocabulário do texto 1 Vocabulário do texto 2 Parâmetro Vocabular
Ocorrências Fr
Ocorrências Fr
Afirmação Sonhos 3 Depressão 3
Agressividade Orgulho 1 Fase 3
Anorexia Rebelde 1 Sexualidade 3
Auto-estima Relacionamento 1 Auto-estima 2
Bulimia Fase 1 Puberdade 2
Conflitos Valentão 1 Angústia 2
Contradição Hormônios 2
Crise Menstruação 1
Depressão Mudanças 1
Desequilíbrio Agressivo 1
Expansão Desequilíbrio 1
Frustração
Hormônios
Modificações
Puberdade
Rebeldia
Retração
Sensação
Sexualidade
Timidez
74
Gráfico 06: Demonstrativo de seu vocabulário e análise de sua situação vocabular
Fonte: Pesquisa ação (textos dos alunos / 2006)
A situação vocabular de S6, conforme verificamos em sua produção inicial
(texto 1 ), demonstra sua falta de conhecimento sobre o centro de interesse
Adolescência. Acreditamos que quanto mais adequado e preciso for o nosso
vocabulário, mais oportunidade teremos de desenvolver uma maior reflexão sobre
ele. Essa é uma verdade tamm constatada em pesquisas. Segundo Garcia (1969),
“ pensamento e expressão são interdependentes, ou seja, a clareza das idéias
relaciona-se com a precisão das expressões que as traduzem”. Dessa forma, vale
destacar que a restrição vocabular diminui a capacidade de refletir sobre a realidade
em que vive e reconstruir esta realidade.
Sua concepção do tema limita-se à sua experiência de vida. Vive um
momento em que o mais importante são seus sonhos e a confiança em que serão
concretizados. Por isso, o vocábulo “sonhos” apresenta uma alta freqüência.
Por meio do questionário para identificação dos sujeitos, verificamos que S6
não gosta de ler. Considera a leitura importante, mas não tem paciência de ler.
Prefere assistir aos filmes da televisão e aos programas jornalísticos. Disse que
aprende muito com estes programas. Seu pai é o seu companheiro constante
nesses momentos.
Comparamos o vocabulário do texto 1 com o vocabulário do texto 2, do ponto
de vista quantitativo, e observamos que o único vobulo que se repete nos dois é
“fase”. O lexema “rebelde”, do vocabulário do texto 1, é do mesmo campo lexical de
“rebeldia”, que faz parte da relação do parâmetro vocabular. No entanto, não se
3
1 1 1 1 1
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Fr
Sonhos
Orgulho
Rebelde
Relacionamento
Fase
Valentão
3 3 3
2 2 2 2
1 1 1 1
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Fr
Depresão
Fase
Sexualidade
Auto-estima
Pluberdade
Angústia
Hormônios
Menstruação
Mudanças
Agressivo
Desequilíbrio
75
repete no vocabulário do texto 2. O vocabulário do texto 1 não é específico do tema
. Por outro lado, o vocaburio do texto 2 demonstra que S6 teve sua competência
lexical ampliada, resultado do modelo didático-pedagógico que testamos junto à sua
turma. Embora não tenha conseguido organizar suas idéias, com melhor clareza, é
notório que seu vocabulário se ampliou.
Enquanto, no texto 1, comenta, vagamente, a fase da vida que estudamos
sem uma perspectiva definida, no texto 2 apresenta um domínio razoável do
vocabulário do parâmetro vocabular e prioriza em sua discussão os aspectos
fisiológico e psicológico.
Apenas quatro vocábulos do vocabulário do texto 2 não fazem parte do
parâmetro vocabular. O vocábulo “angústia”, ainda que não conste na relação do
parâmetro vocabular, também foi objeto de nossas aulas. Não o selecionamos,
porque não é tão recorrente nos textos que utilizamos em nosso estudo. O lexema
“agressivo” entrou na medida da competência lexical, no final da pesquisa, visto que
pertence ao mesmo campo lexical de “agressividade”. Da mesma forma,
computamos o lexema “mudanças”, já que pode fazer parte do mesmo campo
semântico de “modificações”. Alguns vocábulos, empregados no texto 2, estão com
alta freqüência. Dessa forma, podemos concluir que, agora, fazem parte do
vocabulário ativo de S6. Isso nos faz acreditar que através de leitura de bons textos,
atividades orais e escritas, é possível entender e reter um vocabulário-alvo em seu
vocabulário ativo.
Do ponto de vista qualitativo, a competência lexical de S6 ampliou-se em 40%
no domínio do vocabulário específico. Considerando que tivemos um período
relativamente curto de trabalho, o resultado é considerado excelente. O vocabulário
do texto 2 está fiel ao tema proposto e na perspectiva esperada.
Ao final da pesquisa, a situação de domínio de S6 em face do vocabulário que
apresenta, considerando o parâmetro vocabular, é bastante significativa, se for
comparada com a situação do início de nosso trabalho. Em sua produção final, S6
apresenta um número relevante de itens lexicais que comem o xico do centro de
interesse Adolescência. Alguns deles exigem um conhecimento profundo ( para
jovens da faixa etária de nossos sujeitos de pesquisa ) e, geralmente, quem está
nessa fase, apenas os compreende, quando lhe são apresentados (vocabulário
passivo).
76
3.8 IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO 7
Quadro 07: Demonstrativo de seu vocabulário e análise de sua situação vocabular
Ida
de
Sexo Naturalidade Profissão
do pai
Profissão
da mãe
Escolaridade
do pai
Escolaridade
da mãe
Atividades
fora da
escola
13 Fem. Cuiabá – MT Pedreiro
Costureira
E. Fund.
Incompleto
E. Fund.
completo
TV, ajuda a
mãe, lê gibi
Vocabulário do texto 1 Vocabulário do texto 2 Parâmetro Vocabular
Ocorrências Fr Ocorrências Fr
Afirmação Sonhos 3 Fase 3
Agressividade Menstruação 2 Auto-estima 2
Anorexia Namoro 1 Puberdade 2
Auto-estima Esquisito 1 Responsabilidade 2
Bulimia Hormônios 2
Conflitos Sexualidade 2
Contradição Arrepio 1
Crise Desajeitado 1
Depressão Mudanças 1
Desequilíbrio Sensação 1
Expansão Prazer 1
Frustração
Hormônios
Modificações
Puberdade
Rebeldia
Retração
Sensação
Sexualidade
Gráfico 07: Demonstrativo de seu vocaburio e análise de sua situação vocabular
Fonte: Pesquisa ação (textos dos alunos / 2006)
3
2
1 1
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Fr
Sonhos
Menstruação
Namoro
Esquisito
3
2 2 2 2 2
1 1 1 1
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Fr
Fase
Auto-estima
Pluberdade
Responsabilidade
Hormônios
Sexualidade
Arrepio
Desajeitado
Mudanças
Sensão
77
Em sua primeira produção, detectamos um vocabulário insuficiente para
desenvolver um tema que exige conhecimentos específicos. Com muita
simplicidade, escreve em seu diário sobre o que pensa e sente nessa fase.
Observamos que suas maiores preocupações são o namoro e, principalmente, seus
sonhos, o que justifica o emprego da unidade lexical sonhos”, no texto 1, com três
freqüências.
Fora da escola, assiste aos programas da televisão, principalmente às
novelas. Gosta muito de ler gibis. Disse que é um vício. Desde pequena, lê os gibis
que sua prima lhe empresta. Não consegue ler nada por obrigão. Parece que
a leitura apenas como entretenimento. Seus pais também o gostam de ler.
Portanto, uma lacuna em sua história de leitura que deve ser preenchida, para
que construa sua visão de mundo.
Fazendo a análise do vocabulário do texto 1 e do vocabulário do texto 2, do
ponto de vista quantitativo, verificamos que S7 não repete o vocabulário do texto no
vocabulário do texto 2. No texto 1, o tema não é abordado da maneira proposta.
Também não completa sua idéia e já passa para outra. Chama-nos a atenção o fato
de estar falando de namoro, sonhos e relacionamento familiar e, de repente,
comentar sobre uma dor nos seios e que sua menstruação está para chegar.
Quando o aluno, em sua redação, não vai direto ao tema proposto, preferindo fazer
rodeios acerca do assunto, transmite a idéia de que não conhece o tema a ser
tratado e, por isso, está fugindo dele.
Já, no texto 2, é fiel ao tema, expressa-se com mais maturidade e segurança,
empregando um vocabulário pertinente ao assunto, que registra em seu diário.
Então, podemos afirmar que a aquisição de vocabulário é muito importante para que
o aprendiz escreva com mais propriedade e precisão. Vimos que S7 é competente,
precisa apenas de estímulo e orientação, possibilitando-lhe maior autonomia na
construção de seu conhecimento.
Na análise, do ponto de vista qualitativo, verificamos que o vocabulário do
texto 2, adquirido por S7 em face de seu vocabulário do texto 1, apresenta um
domínio significativo, dando-lhe suporte para produzir um texto melhor. Várias
palavras do parâmetro vocabular fazem parte de seu vocabulário do texto 2. É
notório o efeito positivo que proporcionam a esse texto . Manteve-se fiel ao tema e o
conteúdo do texto é mais consistente, comprovando que adquiriu conhecimentos
sobre o centro de interesse, escolhido pela turma, e ampliou sua competência
78
lexical.
Diagnosticamos a situação vocabular de S7 em face de um parâmetro
vocabular, e observamos que seu vocabulário se ampliou em 20%. Entendemos que
o resultado poderia ser melhor, no entanto é essencial considerá-lo em face do
processo de ensino-aprendizagem. Em vez de empregar o vocábulo “modificações”,
emprega “mudanças”, que é mais recorrente na fala das pessoas em geral. A sua
ampliação vocabular parece depender mais da modalidade oral da língua.
Ampliar o vocabulário do aluno faz parte do processo educativo tanto
como fim como meio. Como meio, porque quanto maior o
vocabulário, maior a compreensão em leitura. Como fim, porque
quanto maior o vocabulário, maior o repertório de conceitos
(MOREIRA, 1996: 45).
As unidades lexicais “prazer”, “sensação” e arrepio”, utilizadas no texto 2,
produzem um efeito de sentido bastante interessante e, no contexto, são do mesmo
campo semântico.
Verificamos que S7 expressa seus conhecimentos no texto 2, priorizando
mais os aspectos fisiológicos que os psicológicos.
3.9 IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO 8
Quadro 08: Demonstrativo de seu vocaburio e análise de sua situação vocabular
Idade Sexo Naturalidade Profissão
do pai
Profissão
da mãe
Escolaridade
do pai
Escolaridade
da mãe
Atividades fora
da escola
13 Fem. Cabrália- BA Motorista Manicure
E. Fund.
Incompleto
E. Fund.
Incompleto
TV, ajuda a mãe
Vocabulário do texto 1 Vocabulário do texto 2 Parâmetro Vocabular
Ocorrências Fr Ocorrências Fr
Afirmação Compromisso 3 Período 3
Agressividade Relacionamento 2 Puberdade 2
Anorexia Desejos 1 Sonhos 2
Auto-estima Experiência 1 Drogas 1
Bulimia Fase 1 Experiência 1
Conflitos Projetos 1 Mudanças 1
Contradição Aborto 1 Orientação 1
Crise Responsabilidade 1 Agressivo 1
Depressão Sonhos 1 Projetos 1
Desequilíbrio Auto-estima 1
Expansão Relacionamento 1
Frustração Conflito 1
79
Hormônios Violência 1
Modificações
Puberdade
Rebeldia
Retração
Sensação
Sexualidade
Timidez
Gráfico 08: Demonstrativo de seu vocabulário e análise de sua situação vocabular
Fonte: Pesquisa ação (textos dos alunos / 2006)
Seu texto inicial demonstra que não entendeu a proposta de redação, como
solicitamos. As frases estão confusas e o vocabulário não é específico do tema. Os
problemas lingüísticos são tão sérios que prejudicam o entendimento de suas idéias.
Quanto à competência lexical de S8, nossa análise aponta uma limitação de
vocabulário que reflete sua dificuldade no desenvolvimento das idéias e, portanto, do
pleno desenvolvimento temático.
Observamos seus dados de identificação e vimos que o gosta de ler e não
está acostumada com materiais escritos. Seus pais não têm hábito de leitura. Não se
lembra de ter visto os pais lendo alguma coisa. Estes estudaram pouco, sempre
tiveram uma vida difícil. Moram em Cuiabá cinco anos. Para que a mãe possa
trabalhar, S8 toma conta da casa, faz quase todas as atividades domésticas e cuida
de dois irmãos menores. Foi alfabetizada em uma escola rural, na Bahia, onde
morava com sua família. O resumo de sua história justifica suas dificuldades na
produção escrita.
3
2
1 1 1 1 1 1 1
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Fr
Compromissos
Relacionamento
Desejos
Experiência
Fase
Projetos
Aborto
Responsabilidade
Sonhos
3
2 2
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Fr
Período
Pluberdade
Sonhos
Drogas
Experiência
Mudanças
Orientação
Agressivo
Projetos
Auto-estima
Relacionamento
Conflito
Violência
80
Comparamos o vocabulário do texto 1 e do texto 2, do ponto de vista
quantitativo, e verificamos que o vocabulário do texto 1 é superficial, portanto o
lhe o suporte necessário para escrever um bom texto, empregando unidades
lexicais pertinentes ao tema. Não queremos dizer que somente o vocabulário é
responsável pelo bom desempenho na produção textual de um sujeito.
Absolutamente. Podemos afirmar, apenas, que uma boa competência lexical é um
ganho importante no desenvolvimento da capacidade textual dos alunos.
Apenas dois vocábulos do vocabulário do texto 1 são repetidos. Queremos
dizer que as duas ocorrências o apresentadas no texto com mais de uma
freqüência. Para Robin (1973), a freqüência é um atributo estatístico essencial da
palavra.
Em sua segunda produção (texto 2), temos pouco a acrescentar. Embora
tenha estado em contato com as palavras alvo durante a pesquisa, nosso trabalho
pouco contribuiu à sua aquisição do léxico. Os problemas lingüísticos continuam e
seu desempenho textual pouco avançou. Entretanto, não nos surpreendemos com o
seu resultado, uma vez que pouco participou de nossas aulas. Manteve-se, na maior
parte do tempo, distante do trabalho que realizamos. Demonstrou interesse somente
quando comentamos sobre sexualidade. Nesse momento, sentou-se à frente e fez
algumas perguntas, interagindo com os colegas.
Não podemos nos esquecer de que sua história de leitura não contribuiu com
a sua formação, enquanto leitor e produtor de textos. Acreditamos que todo leitor,
quando criança, encontrou um adulto afetivamente próximo a ele que era ligado à
leitura, porém S8 não encontrou ninguém que o introduzisse no mundo da leitura.
Do ponto de vista qualitativo, o vocabulário do texto 1 amplia-se em uma
proporção bem distante da que almejamos. Escreve sobre o tema, empregando um
vocabulário que não garante um bom desempenho lexical. Quatro vobulos do
vocabulário do texto 1 estão repetidos no vocabulário do texto 2.
Comparamos o vocabulário do texto 2 com o vocabulário do parâmetro
vocabular e diagnosticamos sua nova situação vocabular. O vocabulário de S8
ampliou-se em 20% em uma perspectiva que não corresponde ao resultado final que
esperávamos. Como o item lexical “agressivo” é do mesmo campo lexical de
“agressividade”, nós o acrescentamos na medida de sua ampliação vocabular.
Associa o vocábulo “modificações”, que faz parte do parâmetro vocabular a
“mudanças”, pois ambos pertencem ao mesmo campo semântico. São vocábulos
81
sinônimos, de acordo com Biderman (1978).
3.10 IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO 9
Quadro 09: Demonstrativo de seu vocabulário e análise de sua situação vocabular
Idade Sexo Naturalidade Profissão
do pai
Profissão
da mãe
Escolaridade
do pai
Escolaridade
da mãe
Atividades fora
da escola
14 Masc. Cuiabá- MT Pedreiro Cozinheira
E. Fund.
Incompleto
E. Fund.
completo
Joga bola e TV
Vocabulário do texto 1 Vocabulário do texto 2 Parâmetro Vocabular
Ocorrências Fr Ocorrências Fr
Afirmação Fase 3 Futuro 3
Agressividade Sonho 3 Sonho 2
Anorexia Espinha 2 Valor 2
Auto-estima Revolta 2 Apoio 1
Bulimia Independência 2 Modificação 1
Conflitos Liberdade 1 Plano 1
Contradição Obediência 1 Projeto 1
Crise Prazer 1 Puberdade 1
Depressão Aparência 1 Revoltado 1
Desequilíbrio Curiosidade 1 Sexualidade 1
Expansão Sucesso 1 Drogas 1
Frustração Timidez 1
Hormônios Frustração 1
Modificações
Puberdade
Rebeldia
Retração
Sensação
Sexualidade
Timidez
Gráfico 09: Demonstrativo de seu vocabulário e análise de sua situação vocabular
Fonte: Pesquisa ação (textos dos alunos / 2006)
3 3
2 2
1 1 1 1 1 1
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Fr
Sonhos
Espinha
Revolta
Independência
Liberdade
Obediência
Prazer
Aparência
Curiosidade
Sucesso
3
2 2
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Fr
Futuro
Sonho
Valor
Apoio
Modificação
Plano
Projeto
Pluberdade
Revoltado
Sexualidade
Drogas
Timidez
Frustração
82
Através de sua produção inicial (texto 1), detectamos seu domínio do
vocabulário específico em face do centro de interesse. Sua competência lexical com
relação ao tema é limitada. Desenvolve suas idéias na perspectiva de um jovem que
quer sua independência em um momento inoportuno. Seus argumentos não são
convincentes. É um adolescente sonhador.
Pertence a uma família de nordestinos que vieram para quinze anos.
Seus pais trabalham muito e sonham com um futuro melhor para os filhos. Como a
família vive com pouco dinheiro, S9 não tem acesso a fontes de leitura. Em sua
casa, o circulam materiais escritos, por isso, raramente, lê uma revista, um jornal
ou uma obra de ficção. Quando precisa ler na escola, nas ocases em que um dos
professores leva algum material para a sala de aula, confessa que lê, porque se
sente obrigado. Sempre é responsável com suas atividades da escola.
Observamos que no texto 2 escreve com a mesma perspectiva, mas
consegue aprofundar melhor suas idéias, expressando-se com um vocabulário mais
apropriado. Prioriza o aspecto psicológico na segunda produção.
Do ponto de vista quantitativo, apenas um item lexical do vocabulário do texto
1 repete no vocabulário do texto 2. A repetição do vocábulo “sonho“, nos textos 1 e
2, demonstra que a prioridade de S9, no início e no final da pesquisa, o seus
sonhos. O vocabulário do texto 1 não é específico do tema e o vocabulário do texto
2 apresenta algumas unidades pertinentes.
Do ponto de vista qualitativo, verificamos que após vários contatos com as
palavras selecionadas (parâmetro vocabular) em contextos diversos, é capaz de
empregar alguns vocábulos que são objetos de nosso estudo. Consideramos um
avanço importante em seu desenvolvimento textual.
O vocabulário do texto 2 é mais pertinente ao tema e ampliou-se em 25%.
Embora o seja o resultado desejado, reconhecemos que, comparado com o
vocabulário do texto 1, o vocabulário do texto 2 consegue dar um suporte a S9 para
que escreva um texto mais consistente. Prefere falar de si próprio e mostra que
agora entende o porquê de certas atitudes, sentimentos e emoções.
Observamos que sua ampliação vocabular parece depender da modalidade
oral da língua, em um registro informal. As lacunas em sua leitura e escrita o
tantas que prejudicam o seu desempenho lingüístico.
83
3.11 IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO 10
Quadro 10: Demonstrativo de seu vocabulário e análise de sua situação vocabular
Idade Sexo Naturalidade Profissão
do pai
Profissão da
mãe
Escolaridade
do pai
Escolaridade
da mãe
Atividades
fora da
escola
13 Fem. Cuiabá- MT Autônomo
(cons. em
geral)
Empregada
doméstica
E. Fund.
Incompleto
E. Fund.
Incompleto
Cuida da
casa, leitura
Vocabulário do texto 1 Vocabulário do texto 2 Parâmetro Vocabular
Ocorrências Fr Ocorrências Fr
Afirmação Fase 2 Fase 3
Agressividade Futuro 2 Arrogante 2
Anorexia Descobertas 1 Auto-estima 2
Auto-estima Planos 1 Conflitos 2
Bulimia Relacionamentos 1 Contradição 2
Conflitos Sensações 1 Frustração 2
Contradição Sonhos 1 Processo 2
Crise Afirmação 1
Depressão Crise 1
Desequilíbrio Expansão 1
Expansão Puberdade 1
Frustração Retração 1
Hormônios Segurança 1
Modificações Sexualidade 1
Puberdade Surpresas 1
Rebeldia
Retração
Sensação
Sexualidade
Timidez
Gráfico 10: Demonstrativo de seu vocabulário e análise de sua situação vocabular
Fonte: Pesquisa ação (textos dos alunos / 2006)
2 2
1 1 1 1 1
0
0,5
1
1,5
2
2,5
Fr
Fase
Futuro
Descobertas
Planos
Relacionament
os
Sensões
Sonhos
3
2 2 2 2 2 2
1 1 1 1 1 1 1 1
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Fr
Fase
Arrogante
Auto-estima
Conflitos
Contradição
Frustração
Processo
Afirmão
Crise
Expansão
Puberdade
Retração
Segurança
Sexualidade
Surpresas
84
Sua produção inicial não está de acordo com a nossa proposta. Verificamos
que S10 comenta a sua própria adolescência. Entendemos que sua concepção
sobre o tema de interesse seja apenas o que pensa e sente nessa fase da vida.
A competência lexical de S10, no início da pesquisa, aponta uma limitação de
vocabulário que justifica sua dificuldade para produzir um texto. Apresenta um
vocabulário que até pode fazer parte do centro de interesse, mas não é específico.
Embora seja filha de pais com pouco estudo, que o m o hábito de leitura,
gosta muito de ler. No entanto, é raro ter oportunidade de ler revistas, jornais, gibis,
poesias, obras literárias, conforme mencionou em suas respostas ao questionário de
identificação. Às vezes, sua mãe consegue um dos itens mencionados na casa onde
trabalha e leva para sua casa, pois sabe que S10 aproveitará bem aquele material.
Comparamos o vocabulário do texto 1 e o do texto 2, do ponto de vista
quantitativo, e observamos que apenas a unidade lexical “fase” se repete nos dois
vocabulários . O lexema sensações” faz parte do parâmetro vocabular e está
presente no vocabulário do texto 1, mas não se repete no vocabulário do texto 2. O
vocabulário do texto 1 é limitado, o que revelou sua dificuldade para desenvolver o
tema.
Do ponto de vista qualitativo, o vocabulário do texto 2 nos mostra que as
atividades que realizamos contribuíram de forma propícia à sua aquisição do xico.
Sua última produção textual (texto 2) comprova que a aquisição de vocabulário com
o centro de interesse pode mudar completamente a perspectiva de um produtor de
textos, tornando-o capaz de expressar melhor suas idéias e de esclarecer o assunto
com argumentos convincentes.
Verificamos que alguns vocábulos do vocaburio do texto 1 são empregados
com mais de uma freqüência, o que, para nós, significa que não fazem mais parte de
seu vocabulário passivo.
A comparação do vocabulário do texto 2 com o do parâmetro vocabular
garante-nos que seu vocabulário se ampliou em 55% em uma perspectiva acima do
esperado, uma vez que detectamos um vocabulário no texto 1 tão vago.
Considerando o vocabulário do parâmetro vocabular, sua situação de domínio
em face do vocabulário que apresenta no final da pesquisa é surpreendente e muito
gratificante para nós, enquanto pesquisadores.
85
3.12 IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO 11
Quadro 11: Demonstrativo de seu vocabulário e análise de sua situação vocabular
Idade Sexo Naturalidade Profissão
do pai
Profissão
da mãe
Escolaridade
do pai
Escolaridade
da mãe
Atividades fora
da escola
14 Fem. Cuiabá- MT Mecânico Do Lar E. Fund.
Incompleto
E. Fund.
Incompleto
TV, ajuda a
mãe
Vocabulário do texto 1 Vocabulário do texto 2 Parâmetro Vocabular
Ocorrências Fr Ocorrências Fr
Afirmação Fase 5 Conflito 3
Agressividade Comportamento 2 Liberdade 2
Anorexia Compreensão 1 Contradição 1
Auto-estima Confusão 1 Crise 1
Bulimia Amor 1 Desequilíbrio 1
Conflitos Menstruação 1 Experiência 1
Contradição Mudança 1 Frustração 1
Crise Problema 1 Humildade 1
Depressão Relacionamento 1 Comportamento 1
Desequilíbrio Responsabilidade 1 Responsabilidade 1
Expansão
Frustração
Hormônios
Modificações
Puberdade
Rebeldia
Retração
Sensação
Sexualidade
Timidez
Gráfico 11: Demonstrativo de seu vocabulário e análise de sua situação vocabular
Fonte: Pesquisa ação (textos dos alunos / 2006)
5
2
1 1 1 1 1 1 1 1
0
1
2
3
4
5
6
1
Fase
Comportamento
Compreensão
Confusão
Amor
Menstruão
Mudança
Problema
Relacionamento
Responsabilidade
3
2
1 1 1 1 1 1 1 1
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Fr
Conflito
Liberdade
Contradão
Crise
Desequibrio
Experiência
Frustrão
Humilde
Comportamento
Responsabilidade
86
Em sua produção inicial (texto 1), detectamos que não tem domínio do
vocabulário específico do tema escolhido. O vocabulário do texto 1 mostra-nos que
não tem conhecimento sobre o tema. É importante comentar que, mesmo com
dificuldade, tenta desenvolver seu ponto de vista. Como o tem domínio do
assunto, escreve sobre sua própria vida e comenta a daqueles com quem convive
no dia-a-dia.
Informou-nos, ao preencher o questionário de identificação, que não gosta de
ler e que não existe o bito de leitura em sua casa. Disse que se manm
informado por meio dos programas televisivos. Tamm comentou que consegue
ler um texto até o fim, se o assunto do mesmo for de seu interesse.
Do ponto de vista quantitativo, observamos que dois itens lexicais
(comportamento e responsabilidade) do vocabulário do texto 1 se repetem no
vocabulário do texto 2. O vocabulário do texto 1 não é suficiente para desenvolver
um discurso eficaz a respeito do tema. As unidades lexicais “comportamento” e
“fase”o empregadas no texto 1 com mais de uma freqüência, sendo que a última,
com uma alta freqüência. Também emprega o vocábulo “mudança” que pertence ao
mesmo campo semântico de “modificações”, uma das unidades lexicais do
parâmetro vocabular.
Apenas os vocábulos conflito” e “liberdade”, do vocabulário do texto 1, são
empregados no texto 2 com mais de uma freqüência. O texto 2 es mais
relacionado com a proposta e o tema.
Do ponto de vista qualitativo, observamos que, no vocabulário do texto 2, S11
já domina alguns vocábulos, os quais preenchem um pouco as lacunas de seu
conhecimento sobre o tema de interesse.
Em sua última produção textual, verificamos que seu discurso muda de
perspectiva. Apresenta a postura de alguém que observa e, em parte, entende o
comportamento do adolescente. Desenvolve seu texto, priorizando o aspecto
psicológico.
Comparamos o vocabulário obtido nos dois textos com o vocabulário do
parâmetro vocabular e diagnosticamos em que medida o vocabulário de S11 se
ampliou. Seu vocabulário se ampliou em 25%. Nossa perspectiva era maior, porém o
mais importante é confirmar que S11 incorporou ao seu vocabulário usual algumas
das palavras de nosso estudo. Segundo Kleiman (1996), o domínio do vocabulário é
uma parte essencial no aprendizado do uso da língua, principalmente, na aquisição
87
da proficiência em leitura e escrita.
3.13 IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO 12
Quadro 12: Demonstrativo e análise de situação vocabular
Idade Sexo Naturalidade Profissão
do pai
Profissão da
mãe
Escolaridade
do pai
Escolaridade
da mãe
Atividades
fora da
escola
13 Fem. Itajaí-SC Motorista Empregada
doméstica
Lê e escreve
pouco
E. Fund.
Incompleto
TV, ajuda a
mãe,
basquete
Vocabulário do texto 1 Vocabulário do texto 2 Parâmetro Vocabular
Ocorrências Fr Ocorrências Fr
Afirmação Adulto 4 Fase 3
Agressividade Atitudes 2 Puberdade 3
Anorexia Explicação 2 Mudança 3
Auto-estima Experiência 1 Sexualidade 2
Bulimia Fase 1 Sensação 1
Conflitos Opinião 1 Menstruação 1
Contradição Pensamento 1 Transformação 1
Crise Responsabilidade 1
Depressão
Desequilíbrio
Expansão
Frustração
Hormônios
Modificações
Puberdade
Rebeldia
Retração
Sensação
Sexualidade
Timidez
88
Gráfico 12: Demonstrativo e análise de situação vocabular
Fonte: Pesquisa ação (textos dos alunos / 2006)
A competência lexical de S12 com relação ao tema precisa ser desenvolvida,
uma vez que lhe falta um vocabulário básico, para que produza um pequeno texto a
respeito do centro de interesse. Seu vocabulário do texto 1 demonstra uma limitação
que reflete uma séria dificuldade ao desenvolver suas idéias. Ainda assim, tenta
explicar o tema através de sua própria experiência e na de seus amigos.
Evidenciamos, por meio do questionário de identificação, que a leitura não é
um hábito estimulado em sua casa. Também não teve o estímulo necessário na
escola. Seu maior interesse é o basket, Sendo assim, é natural que tenha
dificuldade para produzir textos escritos.
Comparamos o vocabulário do texto 1 e o do texto 2, inicialmente, do ponto
de vista quantitativo e observamos que apenas o item lexical “fase” é repetido em
ambos. A ocorrência deste vocábulo tem uma freqüência maior no vocabulário final.
No vocabulário do texto 2, detectamos a presença de apenas três unidades
lexicais pertinentes ao tema em estudo. Uma delas com apenas uma freqüência e as
outras com mais de uma freqüência. Tamm estão presentes os vocábulos
“mudança” e “transformação” que S12 pode ter associado a “modificações, um
lexema que faz parte do parâmetro vocabular. As três palavras pertencem ao
mesmo campo semântico, o que indica um certo conhecimento conceitual da palavra
“modificações”, objeto de nosso estudo.
Analisamos os vocabulários do texto 1 e do texto 2, do ponto de vista
qualitativo, e observamos que nossas atividades contribuíram muito pouco com a
4
2 2
1 1 1 1 1
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
Fr
Adulto
Atitudes
Explicação
Experiência
Fase
Opinião
Pensamento
Responsabilidade
3 3 3
2
1 1 1
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Fr
Fase
Puberdade
Mudança
Sexualidade
Sensação
Menstruação
Transformão
89
aquisição do léxico de S12. No entanto, verificamos que se mantém fiel ao tema no
texto 2 e os vocábulos adquiridos são pertinentes ao tema.
Percebemos que não se mantém na mesma perspectiva nos dois textos. No
texto inicial, tenta expor o que pensa, priorizando o aspecto psicológico. no texto
final prioriza o aspecto fisiológico.
Diagnosticamos a situação vocabular de S12 em face de um parâmetro
vocabular e observamos que seu vocabulário se ampliou em apenas 15%. Mesmo
não tendo ampliado, conforme nossa perspectiva, acreditamos que sua competência
lexical teve uma ganho importante, refletindo no desenvolvimento de sua produção
final.
3.14 IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO 13
Quadro 13: Demonstrativo de seu vocabulário e análise de sua situação vocabular
Idade Sexo Naturalidade Profissão
do pai
Profissão
da mãe
Escolaridade
do pai
Escolaridade
da mãe
Atividades
fora da
escola
13 Fem. Alto
Paraguai-MT
Pedreiro
Manicure Lê e escreve
pouco
E. Fund.
Incompleto
Igreja, ajuda
a mãe,
leitura
Vocabulário do texto 1 Vocabulário do texto 2 Parâmetro Vocabular
Ocorrências Fr Ocorrências Fr
Afirmação Período 2 Frustração 3
Agressividade Decepção 1 Responsabilidade 2
Anorexia Emoções 1 Atitudes 1
Auto-estima Interior 1 Bulimia 1
Bulimia Angústia 1 Depressão 1
Conflitos Sentimentos 1 Anorexia 1
Contradição Transformações 1 Liberdade 1
Crise Aprendizagem 1
Depressão Sensação 1
Desequilíbrio Sexualidade 1
Expansão
Frustração
Hormônios
Modificações
Puberdade
Rebeldia
Retração
Sensação
Sexualidade
Timidez
90
Gráfico 13: Demonstrativo de seu vocabulário e análise de sua situação vocabular
Fonte: Pesquisa ação (textos dos alunos / 2006
Seu texto inicial mostra que não tem domínio do vocabulário específico em
face do centro de interesse. Embora tenha uma competência lexical limitada para
escrever sobre o assunto proposto, parte de sua concepção religiosa e faz seus
comentários. Percebemos, por meio do vocabulário empregado, que prioridade
ao aspecto psicológico, quando comenta sobre as transformações do adolescente.
Seus pais não têm hábito de leitura, mas reconhecem que é muito importante
para a formação dos filhos. Embora não tenham condições financeiras para adquirir
materiais de leitura, sempre os incentivam, principalmente a mãe que acompanha o
desenvolvimento dos filhos na escola. Como o evangélicos, sempre conseguem
livros e revistas na igreja e S13 aproveita muito bem esses materiais.
Através da análise comparativa entre o vocabulário do texto 1 e o vocabulário
do texto 2, do ponto de vista quantitativo, observamos que nenhuma unidade lexical
do vocabulário do texto 1 é repetida no vocabulário do texto 2. Uma das unidades do
vocabulário do texto 1 faz parte do vocabulário do parâmetro vocabular. Podemos
dizer que o vocabulário do texto 1, de modo geral, não é pertinente ao tema,
portanto seu conhecimento lexical requer aprofundamento.
Quanto ao vocaburio do texto 2, verificamos que alguns vocábulos
pertinentes ao tema. Dois deles o usados com mais de uma freqüência.
Consideramos propícia a aquisição vocabular, que S13 desenvolve suas iias,
no texto 2, com um desempenho melhor. Demonstra ter certo conhecimento do
tema, expressa-se com vocabulário apropriado, porém em estruturas lingüísticas
inadequadas.
2
1 1 1 1 1 1
0
0,5
1
1,5
2
2,5
Fr
Período
Decepção
Emoções
Interior
Angústia
Sentimentos
Transformões
3
2
1 1 1 1 1 1 1 1
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Fr
Frrustração
Responsabilidade
Atitudes
Bulimia
Depreso
Anorexia
Liberdade
Aprendizagem
Sensação
Sexualidade
91
Do ponto de vista qualitativo, o vocabulário ampliou-se, confirmando nossa
concepção de que a ampliação de vocabulário depende dos vários contatos do
aprendiz com as palavras-alvo e em contextos diferentes.
Na segunda prodão, S13 é fiel ao tema e produz seu texto, como solicitado.
Manteve-se na mesma perspectiva nos dois textos, quanto à escolha da abordagem,
priorizando o aspecto psicológico. o podemos dizer o mesmo quanto ao
vocabulário empregado e ao conteúdo temático. As razões já foram expostas acima.
Finalmente, comparamos o vocabulário obtido nos dois textos produzidos por
S13 com o parâmetro vocabular, que selecionamos dos textos estudados em sala de
aula e diagnosticamos sua nova situação vocabular. No que se refere à medida, o
vocabulário ampliou-se em 30%. Nessa perspectiva, entendemos que a ampliação
vocabular é significativa e que vale a pena dar maior ateão à palavra nas aulas de
Língua Portuguesa.
3.15 IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO 14
Quadro 14: Demonstrativo de seu vocabulário e análise de sua situação vocabular
Idade Sexo Naturalidade Profissão
do pai
Profissão
da mãe
Escolaridade
do pai
Escolaridade
da mãe
Atividades fora
da escola
14 Masc Cuiabá-MT Pedreiro
Cozinheira
Lê e escreve
pouco
E. Fund.
Incompleto
TV, ajuda a
mãe e futebol
Vocabulário do texto 1 Vocabulário do texto 2 Parâmetro Vocabular
Ocorrências Fr Ocorrências Fr
Afirmação Bem-humorado 1 Depressão 2
Agressividade Mal-humorado 1 Auto-estima 2
Anorexia Faculdade 1 Contradição 1
Auto-estima Futuro 1 Afirmação 1
Bulimia Discussão 1
Conflitos Espinhas 1
Contradição Fase 1
Crise Menstruação 1
Depressão
Desequilíbrio
Expansão
Frustração
Hormônios
Modificações
Puberdade
Rebeldia
Retração
Sensação
92
Sexualidade
Timidez
Gráfico 14: Demonstrativo de seu vocabulário e análise de sua situação vocabular
Fonte: Pesquisa ação (textos dos alunos / 2006)
Sua competência lexical com relação ao centro de interesse, conforme
detectamos na produção inicial, apresenta um nível de conhecimento lexical que
precisa ser aprofundado. Dessa forma, poderá aperfeiçoar seus critérios de seleção
do léxico, usando as palavras com mais precisão e de acordo com as situações de
uso.
Seu vocabulário do texto 1 apresenta-se com poucas ocorrências e essa
limitação de vocabulário reflete a dificuldade para desenvolver as idéias
relacionadas ao tema. Também observamos que em seu texto vários problemas
lingüísticos. Portanto, é necessário que passe por uma intervenção pedagógica,
para que aprenda a expressar-se com vocabulário apropriado e em estruturas
lingüísticas mais adequadas.
Observamos que S14 não gosta de ler. Os únicos materiais escritos com os
quais convive em casa são os livros didáticos. Estes, ele considera como uma leitura
obrigaria. Seu maior interesse é o futebol. Gosta muito de assistir aos noticiários
pela televisão, principalmente os relacionados ao futebol, que é a sua paixão. Sua
família é muito simples, seus pais trabalham muito e ele ajuda sua mãe a fazer as
tarefas domésticas.
Comparamos o vocabulário do texto 1 com o vocabulário do texto 2, do ponto
de vista quantitativo, e vimos que não repetição. No vocabulário do texto 2,
1 1 1 1
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
Fr
Bem-humorado
Mal-humorado
Faculdade
Futuro
2 2
1 1 1 1 1 1
0
0,5
1
1,5
2
2,5
Fr
Depreso
Auto-estima
Contradição
Afirmão
Discussão
Espinhas
Fase
Menstruação
93
observamos que as ocorrências não são as mesmas do vocabulário do texto 1. O
vocabulário do texto 1 não é fiel ao tema. Como o tem conhecimento sobre o
assunto, produz seu texto centrado no que pensa, sente e prevê ao seu futuro. O
vocabulário do texto 2 contempla o tema, uma vez que apresenta quatro unidades
lexicais específicas do centro de interesse. Duas delas aparecem com duas
freqüências. Demonstra ter adquirido conhecimento sobre a temática de nossa
pesquisa, priorizando os aspectos fisiológico e psicológico.
Do ponto de vista qualitativo, analisamos os vocabulários do texto 1 e do texto
2 e observamos que houve amplião de vocabulário. As palavras adquiridas e
incorporadas são pertinentes ao tema. Não se mantém na mesma perspectiva da
primeira produção. Com o domínio de alguns vocábulos específicos do tema, sua
capacidade textual é melhor desenvolvida na produção final.
Comparamos o vocabulário obtido nos dois textos produzidos por S14 com o
parâmetro vocabular e diagnosticamos sua situação vocabular atual. O vocabulário
ampliou-se em 20%. Nessa perspectiva, consideramos que seu resultado foi
razoável. Esperávamos uma medida maior em sua competência lexical, embora
entendamos que qualquer aquisição é um ganho importante, principalmente em se
tratando de um adolescente que não tem o hábito de ler.
3.16 IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO 15
Quadro 15: Demonstrativo de seu vocabulário e análise de sua situação vocabular
Idade Sexo Naturalidade Profissão
do pai
Profissão da
mãe
Escolaridade
do pai
Escolaridade
da mãe
Atividades
fora da
escola
14 Masc Cuiabá-MT Pedreiro
Empregada
doméstica
Lê e escreve
pouco
Lê e escreve
pouco
Joga bola,
cuida dos
irmãos
Vocabulário do texto 1 Vocabulário do texto 2 Parâmetro Vocabular
Ocorrências Fr Ocorrências Fr
Afirmação Relacionamento 3 Sonhos 4
Agressividade Sonho 2 Sensação 2
Anorexia Amizade 1 Sexualidade 2
Auto-estima Injustiça 1 Modificações 1
Bulimia Responsabilidade 1
Conflitos Contradição 1
Contradição Deprimido 1
Crise Experiência 1
Depressão
94
Desequilíbrio
Expansão
Frustração
Hormônios
Modificações
Puberdade
Rebeldia
Retração
Sensação
Sexualidade
Timidez
Gráfico 15: Demonstrativo de seu vocabulário e análise de sua situação vocabular
Fonte: Pesquisa ação (textos dos alunos / 2006)
Em sua primeira produção textual, verificamos o que já conhece sobre o tema
escolhido e o domínio de vocabulário do texto 1 em face do centro de interesse.
Detectamos que sua concepção sobre a adolescência se resume ao que se passa
consigo mesmo. Faz comentários sobre seus sonhos e sua relação com a família, a
escola e as demais pessoas com as quais convive no dia-a-dia.
Pertence a uma família muito simples. Os pais estudaram pouco, mas se
esforçam e se sacrificam para que os filhos estudem e tenham melhores
oportunidades que eles. A leitura não está entre as atividades que mais gosta. O
futebol é a sua atividade preferida. Em sua identificação, S15 comentou que ler é
uma coisa muito chata. Apesar disso, é sempre responsável com suas obrigões
da escola. Em casa, cuida dos irmãos menores para que a mãe possa trabalhar.
Analisamos os vocabulários do texto 1 e do texto 2 , do ponto de vista
quantitativo, e observamos que apenas um termo do vocabulário do texto 1 se
3
2
1 1
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Fr
Relacionamento
Sonho
Amizade
Injustiça
4
2 2
1 1 1 1 1
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
Fr
Sonhos
Sensão
Sexualidade
Modificações
Responsabilidade
Contradição
Deprimido
Experiência
95
repete no vocabulário do texto 2. Trata-se da lexia “sonhos”. No vocaburio do texto
1, encontra-se no singular e com duas freqüências. No vocabulário do texto 2,
encontra-se com uma freqüência no singular e três freqüências no plural. Uma de
suas unidades, “deprimido”, faz parte do mesmo campo lexical de “depressão”.
O vocabulário do texto 1 apresenta poucas ocorrências e não é pertinente ao
tema. O vocabulário do texto 2 também tem poucas ocorrências, porém mais de
50% delas pertencem ao tema em estudo.
A seguir, comparamos os vocabulários do texto 1 e do texto 2 , do ponto de
vista qualitativo, e constatamos um pequeno crescimento na competência lexical de
S15 e, conseqüentemente, uma produção textual mais adequada (texto 2). Manteve-
se na mesma perspectiva nos dois textos, priorizando falar de si mesmo, no entanto,
com mais profundidade no texto 2.
Diagnosticamos sua situação vocabular, depois de vários contatos com as
palavras-alvo e em diferentes contextos, em face de um parâmetro vocabular e
verificamos que seu vocabulário se ampliou em 25%. Uma medida abaixo de nossa
expectativa, mas reconhecemos que, para quem está iniciando um trabalho, visando
à aquisição de vocabulário, o resultado está a contento.
3.17 IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO 16
Quadro 16: Demonstrativo de seu vocabulário e análise de sua situação vocabular
Idade Sexo Naturalidade Profissão
do pai
Profissão da
mãe
Escolaridade
do pai
Escolaridade
da mãe
Atividades fora
da escola
14 Fem. Tesouro-MT
Motorista Func.
Pública
(merendeira)
E. Fund.
completo
E. Fund.
completo
Leitura, ajuda
a mãe
Vocabulário do texto 1 Vocabulário do texto 2 Parâmetro Vocabular
Ocorrências Fr Ocorrências Fr
Afirmação Capacidade 1 Fase 5
Agressividade Chatice 1 Puberdade 2
Anorexia Escolha 1 Compreensão 2
Auto-estima Sonho 1 Sensibilidade 2
Bulimia Sexualidade 2
Conflitos Timidez 2
Contradição Agressivos 1
Crise Frustração 1
Depressão Hormônios 1
Desequilíbrio Lágrimas 1
Expansão Mudanças 1
96
Frustração Beleza 1
Hormônios Relacionamento 1
Modificações Sensação 1
Puberdade Contradição 1
Rebeldia Descoberta 1
Retração Emoção 1
Sensação
Sexualidade
Timidez
Gráfico 16: Demonstrativo de seu vocabulário e análise de sua situação vocabular
Fonte: Pesquisa ação (textos dos alunos / 2006)
Apresenta um vocabulário bastante limitado e dificuldade quanto ao
desenvolvimento temático. Seu conhecimento a respeito do tema resume-se em seu
dia-a-dia. Como não está feliz, seus sentimentos refletem os comentários que faz
sobre o centro de interesse Adolescência.
Dessa forma, sua competência lexical requer aprofundamento, para que
adquira um vocabulário variado e aprenda a usar as palavras com propriedade e de
acordo com as situações usuais.
Embora goste de ler, quase não tem acesso às fontes de leitura de que mais
gosta: revistas e romances. Seu pai tem o hábito de ler um dos jornais locais aos
domingos, que seu orçamento lhe permite comprar apenas um exemplar por
1 1 1 1
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
Fr
Capacidade
Chatice
Escolha
Sonho
5
2 222 2
11 11 111 111 1
0
1
2
3
4
5
6
Fr
Fase
Puberdade
Compreensão
Sensibilidade
Sexualidade
Timidez
Agressivos
Frustração
Hormônios
Lágrimas
Mudanças
Beleza
Relacionamento
Sensão
Contradição
Descoberta
Emoção
97
semana. Sua mãe não , porque não tem paciência nem tempo. Assim, ela justifica
seu desinteresse pela leitura, conforme resposta de S16 ao questionário de
identificação.
A análise, do ponto de vista quantitativo, nos aponta um vocabulário, referente
ao texto 1, que não pertence ao centro de interesse e que não se repete no
vocabulário do texto 2. Este nos aponta um quadro bem diferente. Vemos rios
vocábulos e grande parte é pertinente ao tema. Tamm há alguns vocábulos com
mais de uma freqüência.
Do ponto de vista qualitativo, observamos uma aquisição de vocabulário
significativa no vocabulário do texto 2 em face de seu vocabulário do texto 1. O
vocabulário adquirido é fiel ao tema. Não se manm na mesma perspectiva nos dois
textos, já que adquiriu conhecimento e vocabulário específico do tema abordado.
Sendo assim, consegue expressar melhor por escrito seus sentimentos,
experiências e opiniões, conforme constatamos no texto 2.
O vocábulo agressivos é associado à “agressividade”, vobulo que esna
relação do parâmetro vocabular. Saussure (1975) assim descrevia: “As palavras
associam-se no pensamento segundo certas relações e formam grupos onde cada
palavra evoca as demais e em cujo âmbito o pensamento escolhe a palavra que lhe
convém”.
O lexema mudanças” é do mesmo campo semântico de “modificações”,
vocábulo que também está na relação do parâmetro vocabular, o que demonstra
que S16 tem um relativo conceito da palavra.
Diagnosticamos a situação vocabular de S16 em face de um vocabulário
específico (parâmetro vocabular) e observamos que seu vocabulário se ampliou em
40%. Nessa perspectiva, consideramos o resultado bastante relevante à sua
formação lingüística.
3.18 IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO 17
Quadro 17: Demonstrativo de seu vocabulário e análise de sua situação vocabular
Idade Sexo Naturalidade Profissão
do pai
Profissão
da mãe
Escolaridade
do pai
Escolaridade
da mãe
Atividades fora
da escola
13 Masc Cascavel-
PR
Autônomo
(cons. em
geral)
Manicure E. Fund.
completo
E. Fund.
Incompleto
Futebol, TV,
ajuda a mãe
98
Vocabulário do texto 1 Vocabulário do texto 2 Parâmetro Vocabular
Ocorrências Fr Ocorrências Fr
Afirmação Crescimento 2 Sexo 3
Agressividade Balada 1 Auto-estima 3
Anorexia Fase 1 Conflitos 3
Auto-estima Futuro 1 Rebelde 2
Bulimia Namoro 1 Fase 2
Conflitos Planos 1 Sexualidade 2
Contradição Rebelde 1 Mudanças 1
Crise Relação 1 Prevenção 1
Depressão Relacionamento 1 Puberdade 1
Desequilíbrio Afirmação 1
Expansão Contradição 1
Frustração Insegurança 1
Hormônios Transformação 1
Modificações
Puberdade
Rebeldia
Retração
Sensação
Sexualidade
Timidez
Gráfico 17: Demonstrativo de seu vocabulário e análise de sua situação vocabular
Fonte: Pesquisa ação (textos dos alunos / 2006)
Sua competência lexical é vaga e imprecisa, apresentando lacunas tanto com
relação ao número de ocorrências como com relação à profundidade de seu
conhecimento temático. Como conseqüência, apresenta dificuldades na construção
do sentido do texto I.
Algumas unidades lexicais que empregou no texto 1 podem pertencer ao
centro de interesse, ainda que não sejam específicas da Adolescência.
Em sua produção inicial, escreve sobre o relacionamento do adolescente com
2
1 1 1 1 1 1 1 1
0
0,5
1
1,5
2
2,5
Fr
Crescimento
Balada
Fase
Futuro
Namoro
Planos
Rebelde
Relação
Relacionamento
3 3 3
2 2 2
1 1 1 1 1 1 1
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Fr
Sexo
Auto-estima
Conflitos
Rebelde
Fase
Sexualidade
Mudanças
Prevenção
Puberdade
Afirmão
Contradição
Insegurança
Transfomão
99
os pais e, tamm sobre o despertar da sexualidade, comentando seu ponto de
vista, mas sem nenhuma fundamentação. Isso é compreensível, uma vez que o
tem conhecimento suficiente para desenvolver o tema com propriedade.
Faz parte de uma família simples, que trabalha bastante para sobreviver.
Seus pais fazem tudo que podem para que os filhos estudem. Não deixam que falte
nenhum material didático indispensável ao estudo dos mesmos. Informou-nos que
leitura não é uma de suas prioridades, mas, se fizer parte das atividades da escola,
o que for necessário, já que faz parte de suas obrigações.
Comparamos o vocabulário do texto 1 com o vocabulário do texto 2,
inicialmente, do ponto de vista quantitativo. Verificamos que dois termos do
vocabulário do texto 1 se repetem no vocabulário do texto 2. No geral, podemos
dizer que o vocabulário do texto 1 não é específico do tema. Há apenas uma
unidade lexical que está na relação do parâmetro vocabular. Trata-se da palavra
“rebelde”, com uma freqüência no vocabulário do texto 1 e duas freqüências no
vocabulário do texto 2. Este vocábulo é do mesmo campo lexical de “rebeldia”.
O vocabulário do texto 2 é mais específico do tema. Alguns de seus
vocábulos se repetem de duas a três vezes. Sexoe “sexualidade” o do mesmo
campo léxico-semântico. Os dois itens juntos apresentam cinco freqüências.
Observamos, então, que S17 é capaz de associar as palavras a outras que
pertencem ao mesmo campo xico-semântico. Também emprega os lexemas
“mudanças” e “transformação que são do mesmo campo semântico de
“modificações”, que faz parte do parâmetro vocabular.
Comparamos o vocabulário do texto 1 com o vocabulário do texto 2, do ponto
de vista quantitativo, e constatamos que nosso trabalho contribuiu, de forma
propícia, à aquisição de vocabulário de nosso sujeito em questão. Em sua segunda
produção, manm-se fiel ao tema proposto e a maioria das palavras são pertinentes
ao tema.
Não se mantém na mesma perspectiva nos dois textos. No primeiro (texto 1)
comenta superficialmente sobre os pensamentos, os relacionamentos e as
dificuldades do adolescente. Um comentário sem consistência, que é compreensível,
uma vez que não domina o assunto e seu conhecimento lexical precisa ser
desenvolvido e ampliado. No entanto, o segundo (texto 2) apresenta certa
fundamentação teórica, predominando uma discussão temática sob o aspecto
psicológico.
100
Observamos um ponto em comum nos dois textos: ambos apresentam
problemas lingüísticos, que prejudicam a organização das idéias abordadas.
Verificamos que o vocabulário de S17 em face de um parâmetro vocabular se
ampliou em 35%. Nessa perspectiva, sentimo-nos motivados a continuar tentando
novas estratégias de ensino, visando à aquisição do léxico e ao desenvolvimento do
processo de produção textual de nossos discentes.
3.19 IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO 18
Quadro 18: Demonstrativo de seu vocabulário e análise de sua situação vocabular
Idade Sexo Naturalidade Profissão do
pai
Profissão da
mãe
Escolaridade
do pai
Escolaridade
da mãe
Atividades
fora da
escola
13 Fem. Cuiabá-MT Segurança Empregada
doméstica
Lê e escreve
pouco
E. Fund.
Incompleto
Leitura, TV,
ajuda a mãe
Vocabulário do texto 1 Vocabulário do texto 2 Parâmetro Vocabular
Ocorrências Fr Ocorrências Fr
Afirmação Fase 5 Fase 2
Agressividade Momentos 3 Frustração 2
Anorexia Caráter 1 Auto-estima 2
Auto-estima Descobertas 1 Bulimia 1
Bulimia Espinhas 1 Depressão 1
Conflitos Alegria 1 Agressividade 1
Contradição Futuro 1 Anorexia 1
Crise Amor 1 Mudanças 1
Depressão Rebeldia 1
Desequilíbrio Sensação 1
Expansão Transformação 1
Frustração
Hormônios
Modificações
Puberdade
Rebeldia
Retração
Sensação
Sexualidade
Timidez
101
Gráfico 18: Demonstrativo de seu vocabulário e análise de sua situação vocabular
Fonte: Pesquisa ação (textos dos alunos / 2006)
Em seu texto inicial, observamos que tenta expressar suas idéias, conceitos,
informações e sentimentos, entretanto não consegue de maneira clara e coerente.
Não é capaz de selecionar e manipular, tanto palavras e frases como o conteúdo,
para que possam obter o resultado desejado em sua produção textual. Certamente,
por não ter o domínio de vocabulário nem o conhecimento necessário com relação
ao tema.
Constatamos que S18 gosta de ler, mas, dificilmente, isso acontece fora da
escola. Em sua casa, não há nada para ler, a não ser os livros didáticos, suas únicas
possibilidades de contato com a língua escrita. Aprendeu a gostar de ler com uma
professora de Língua Portuguesa que teve na 5ª série. Como não tem acesso a uma
variedade de materiais escritos, sua autonomia fica limitada para realizar atividades
escritas.
Detectamos o domínio de vocabulário específico em face do centro de
interesse no vocabulário do texto 1 e, após a realização das atividades propostas, no
vocabulário do texto 2. Comparamos os dois vocabulários, do ponto de vista
quantitativo, e verificamos que apenas a palavra “fase” aparece em ambos. No
vocabulário do texto 1, com cinco freqüências, e, no vocabulário do texto 2, duas
freqüências. Ao escrever o texto 2, sua competência lexical é mais precisa, possui
um mero maior de palavras disponíveis, portanto não tem necessidade de
recorrer, na mesma proporção, à repetição de vocábulos. As unidades lexicais
utilizadas no vocabulário do texto 1 não o exclusivas do centro de interesse , ao
5
3
1 1 1 1 1 1
0
1
2
3
4
5
6
Fr
Fase
Momentos
Caráter
Descobertas
Espinhas
Alegria
Futuro
Amor
2 2 2
1 1 1 1 1 1 1 1
0
0,5
1
1,5
2
2,5
Fr
Fase
Frustração
Auto-estima
Bulimia
Depressão
Agressividade
Anorexia
Mudanças
Rebeldia
Sensão
Transformão
102
passo que quase todas as unidades do vocabulário do texto 2 são específicas do
tema.
A análise, do ponto de vista qualitativo, apresenta-nos grandes avanços.
Verificamos que adquiriu um vocabulário específico em face de seu vocabulário do
texto l. A maior parte dos itens lexicais do vocabulário do texto 2 são objetos do
trabalho com o centro de interesse que realizamos em sala de aula. Não podemos
deixar de comentar que os vocábulos “mudanças” e “transformação”, embora não
estejam na relação do parâmetro vocabular, são do mesmo campo semântico do
lexema modificações”. Este último faz parte do parâmetro vocabular. Então, S18
usa a sinonímia ou palavras quase sinônimas, demonstrando ter um conhecimento
conceitual da palavra.
O vocabulário adquirido é pertinente ao tema e o conteúdo do texto 2 também
é fiel ao tema. As informações estão mais claras e coerentes. Observamos que
mais consistência nas informações. Não se mantém na mesma perspectiva nos dois
textos, pois com vocabulário e conhecimento temático ampliados, consegue produzir
um texto com mais profundidade, contemplando os aspectos fisiológico e
psicológico.
Considerando o vocabulário do parâmetro vocabular, o vocabulário se
ampliou em 40%. Um excelente resultado, nessa perspectiva, em face de sua
situação vocabular inicial.
3.20 IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO 19
Quadro 19: Demonstrativo de seu vocabulário e análise de sua situação vocabular.
Idade Sexo Naturalidade Profissão
do pai
Profissão
da mãe
Escolaridade
do pai
Escolaridade
da mãe
Atividades fora
da escola
13 Fem. Cuiabá-MT Motorista Cozinheira
Lê e escreve
pouco
Lê e escreve
pouco
Leitura, TV,
ajuda a mãe
Vocabulário do texto 1 Vocabulário do texto 2 Parâmetro Vocabular
Ocorrências Fr Ocorrências Fr
Afirmação Fase 2 Afirmação 1
Agressividade Droga 1 Amadurecimento 1
Anorexia Comportamento 1 Centro 1
Auto-estima Profissão 1 Crise 1
Bulimia Sonho 1 Desequilíbrio 1
Conflitos Drogas 1
Contradição Fase 1
103
Crise Frustração 1
Depressão Puberdade 1
Desequilíbrio Timidez 1
Expansão
Frustração
Hormônios
Modificações
Puberdade
Rebeldia
Retração
Sensação
Sexualidade
Timidez
Gráfico 19: Demonstrativo de seu vocabulário e análise de sua situação vocabular.
Fonte: Pesquisa ação (textos dos alunos / 2006)
Sua primeira produção textual revela-nos que seu vocabulário e seu
conhecimento a respeito do centro de interesse são bastante limitados. Apresenta
dificuldade para organizar suas idéias e escrever com clareza. Expressa-se com
vocabulário impróprio ao atendimento da proposta e em estruturas lingüísticas
inadequadas.
Verificamos, por meio das respostas dadas ao questionário de identificação,
que S19 é um exemplo da desigualdade dos alunos em face de sua própria língua.
Como vive em um ambiente desfavorecido, o desenvolveu a aptidão para o
discurso escrito. Cabe à escola completar a cultura que recebeu no ambiente
familiar. Na escola, seu contato com materiais escritos acontece por meio dos
livros didáticos. Em sua casa, não poderia ser diferente. Não aprendeu nada com
seus pais que o motivasse a ler e escrever. Estas práticas começam na nossa
inncia: o que fizemos e aprendemos com a nossa família e o uso que a vimos fazer
2
1 1 1 1
0
0,5
1
1,5
2
2,5
Fr
Fase
Droga
Comportamento
Profissão
Sonho
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
Fr
Afirmação
Amadurecimento
Centro
Crise
Desequibrio
Drogas
Fase
Frustração
Puberdade
Timidez
104
da leitura e da escrita.
Comparamos o vocabulário do texto 1 com o vocabulário do texto 2, do ponto
de vista quantitativo, e observamos que há duas unidades lexicais de um
vocabulário que se repetem no outro. O vocabulário do texto 1 o é pertinente ao
tema. No vocabulário do texto 2, verificamos que 60% de suas palavras estão na
relação do vocaburio do parâmetro vocabular, portanto pertencem ao tema. Todos
os vocábulos do vocabulário do texto 2 têm apenas uma freqüência, não se repetem
no texto.
Analisamos os dois vocabulários, fazendo uma comparação, do ponto de vista
qualitativo, e verificamos que houve ampliação de vocabulário. O texto 2 mantém-se
fiel ao tema em uma perspectiva diferente da do texto 1.
O texto 1 faz uma abordagem sobre o que pensa que é a Adolescência.
Escreve sobre seus sentimentos, comportamento, temperamento, relacionamento
com os pais e na escola, seu grande sonho, o qual pensa que é tamm o sonho de
todos os jovens. No texto 2, comenta a respeito do adolescente, de modo geral, sem
centrar-se em si próprio e com mais profundidade. Demonstra ter aprendido algo
sobre a fase em que vive e expressa-se com um vocabulário mais apropriado,
priorizando o aspecto psicológico.
Comparamos o vocabulário obtido nos dois textos produzidos por S19 com o
parâmetro vocabular, que selecionamos através dos textos estudados em sala e
diagnosticamos sua situação vocabular atual. Seu vocabulário se ampliou em 30%,
uma medida que nos agradou por corresponder à nossa perspectiva do início da
pesquisa.
3.21 IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO 20
Quadro 20: Demonstrativo de seu vocabulário e análise de sua situação vocabular
Idade Sexo Naturalidade Profissão do
pai
Profissão da
mãe
Escolaridade
do pai
Escolaridade
da mãe
Atividades
fora da
escola
13 Masc Ibotirama-
BA
Autônomo
(eletricista)
Manicure E. Fund.
incompleto
E. Fund.
incompleto
Ajuda os
pais,
futebol
Vocabulário do texto 1 Vocabulário do texto 2 Parâmetro Vocabular
Ocorrências Fr Ocorrências Fr
Afirmação Estupidez 2 Frustração 2
105
Agressividade Sonhos 2 Maturidade 2
Anorexia Ansiedade 1 Contradição 2
Auto-estima Fase 1 Depressão 2
Bulimia Responsabilidade 1 Diálogo 1
Conflitos Egoísmo 1 Fase 1
Contradição Afirmação 1
Crise Confusão 1
Depressão
Desequilíbrio
Expansão
Frustração
Hormônios
Modificações
Puberdade
Rebeldia
Retração
Sensação
Sexualidade
Timidez
Gráfico 20: Demonstrativo de seu vocabulário e análise de sua situação vocabular
Fonte: Pesquisa ação (textos dos alunos / 2006)
Na produção inicial, apresenta uma competência lexical que precisa ser
aprofundada.Verificamos que não é capaz de selecionar o léxico e os recursos
lingüísticos adequados à finalidade do texto. Assim, o conhecimento dos níveis de
linguagem, o conhecimento lexical e o temático, adquiridos por S20, refletem-se em
sua produção escrita (texto 1), permitindo–nos identificar suas dificuldades.
Tivemos conhecimento de que não está habituado a ler textos em revistas e
jornais. Não adquiriu esse hábito em casa, uma vez que seus pais o têm essa
prática. Quanto aos textos que se encontram nos livros didáticos, apesar de estar
2 2
1 1 1 1
0
0,5
1
1,5
2
2,5
Fr
Estupidez
Sonhos
Ansiedade
Fase
Responsabilidade
Egoísmo
2 2 2 2
1 1 1 1
0
0,5
1
1,5
2
2,5
Fr
Frustração
Maturidade
Contradição
Depressão
Diálogo
Fase
Afirmão
Confusão
106
sempre sem disposição, lê, quando os professores solicitam, pois é um aluno
responsável e tem consciência de que precisa valorizar e aproveitar os estudos.
Sabe que por meio deles poderá alcançar a ascensão social a que tanto aspira.
Comparamos o vocabulário detectado nos textos inicial e final, do ponto de
vista quantitativo, e observamos que apenas um item lexical do vocabulário do texto
1 se repete no vocabulário do texto 2. O vocabulário do texto 1 não é fiel ao tema,
visto que escreve em uma perspectiva diferente da esperada. Faz um comentário
sobre a ansiedade e os sonhos dos jovens em geral. De repente, passa a ser o foco
principal, pois comenta seus próprios sonhos e seu temperamento.
O vocabulário do texto 2 tem poucas ocorrências. Verificamos que 50% das
palavras têm uma freqüência e as outras, duas freqüências. Também vimos que
50% das ocorrências são fiéis ao centro de interesse. No texto 2, estão presentes
duas unidades lexicais, “depressão” e “frustração”, que registramos, no quadro
demonstrativo de vocabulário, com duas freqüências. A segunda freqüência é
marcada pelos lexemas “deprimido” e “frustrado”, que são do mesmo campo lexical
das unidades as quais nos referimos anteriormente.
Comparamos os vocabulários do texto 1 e do texto 2, do ponto de vista
qualitativo, e verificamos uma pequena aquisição de vocabulário, que não deixa de
ser um ganho importante no desenvolvimento das competências lexical e temática.
Ao escrever a segunda produção escrita, S20 demonstra mais segurança, que
adquiriu algum conhecimento a respeito do centro de interesse. Portanto, não se
manteve na mesma perspectiva nos dois textos.
Diagnosticamos a situação vocabular, no final da pesquisa, em face de um
parâmetro vocabular e constatamos que o vocabulário se ampliou em 20%. Nessa
perspectiva, consideramos a medida um relativo ganho para o domínio do
vocabulário específico do tema Adolescência.
3.22 DESEMPENHO LEXICAL DOS SUJEITOS DO SEXO FEMININO E DO SEXO
MASCULINO
Desenvolvemos uma pesquisa com alunos de uma turma de 7ª série de
Ensino Fundamental de uma escola da rede pública estadual. Participaram 20
alunos dessa turma: treze do sexo feminino (65%) e sete do sexo masculino (35%).
Observando os dados demonstrados pela produção textual que eles fizeram no
107
início da pesquisa e, confrontando-os com o perfil socioeconômico e cultural da
turma, confirmamos que, realmente, este interfere na ampliação e na aquisição do
xico.
Isso se confirma pelas condições de vida desses aprendizes, comprovadas
pelo questionário informativo, o qual nos mostrou que eles não estão expostos a
uma variedade de estímulos culturais e materiais.
Evidenciamos que os pais não m hábito de leitura e que as meninas lêem
mais que os meninos. A maioria delas lêem revistas, gibis, jornais, às vezes, quando
seus pais ganham estes materiais no trabalho ou quando os professores levam para
a sala de aula. os meninos se interessam mais por esportes, especialmente o
futebol e, raramente, lêem algo diferente dos conteúdos dos livros didáticos.
O quadro abaixo demonstra o resultado da ampliação do vocabulário dos
participantes de nossa pesquisa:
Quadro 21: Resultado da ampliação do vocabulário dos participantes
Sujeitos Sexo Voc. Texto 1 Voc. Texto 2 Ampliação
2 Masculino 4 9 5
3 Feminino 7 12 5
4 Feminino 8 12 4
6 Masculino 6 11 5
7 Feminino 4 11 7
9 Masculino 11 13 2
10 Feminino 7 15 8
11 Feminino 10 10 10
13 Feminino 7 10 3
14 Masculino 4 8 4
15 Masculino 4 8 4
17 Masculino 9 13 4
18 Feminino 8 11 3
20 Masculino 5 10 5
Do ponto de vista da participação na pesquisa, as meninas participaram mais
que os meninos. Das sete meninas, selecionadas entre as treze participantes, por
meio de sorteio, quatro apresentaram um ótimo desempenho durante a pesquisa.
Discutiram as idéias dos textos, interligaram informações e produziram inferências.
As demais tiveram um desempenho inferior, mas significativo.
Dos sete meninos, apenas dois participaram ativamente das atividades.
Durante as discussões, demonstraram interesse, fizeram perguntas, deram opiniões
e associaram algumas de suas experiências a várias questões abordadas, sempre
108
pertinentes ao tema. Os demais tiveram uma participação mais tímida.
Do ponto de vista quantitativo, as meninas tiveram uma ampliação de
vocabulário maior que os meninos. Do ponto de vista qualitativo, constatamos que o
vocabulário das meninas é mais específico do centro de interesse que o dos
meninos. Elas se mantiveram no tema em uma proporção maior que os meninos.
Na prodão final, de onde tiramos o vocabulário do texto 2, diagnosticamos
que as meninas apresentaram uma situação vocabular, em face do pametro
vocabular, bem superior à situação dos meninos, portanto elas tiveram um avanço
maior na aquisição de vocabulário que eles.
3.23 A FREQÜÊNCIA DO VOCABULÁRIO DOS SUJEITOS PARTICIPANTES
Como trabalhamos com um tema de especialidade, ainda que a amostra não
seja representativa da língua como um todo, os resultados mostram a importância da
freqüência lexical na composição de um texto e, conseqüentemente, na sua
compreensão.
Observamos os vocábulos mais freqüentes e pertencentes ao centro de
interesse nas produções textuais dos sujeitos, ao final da pesquisa, e demonstramos
no quadro abaixo.
Quadro 22: Freqüência do vocabulário
VOCÁBULOS FREQÜÊNCIA
Auto-estima 12
Sexualidade 12
Puberdade 11
Frustração 9
Contradição 8
Conflitos 7
Crise 7
Depressão 7
109
Gráfico 22: Freqüência do vocabulário
Concluímos que a aprendizagem desses vocábulos deve-se ao fato de terem
sido lidos e ouvidos com grande envolvimento por parte dos alunos participantes.
Foram expostos várias vezes durante as discussões em sala de aula, portanto
tiveram mais probabilidade de serem adquiridos (MULLER, 1968). Também
acreditamos que, quando alguém começa a usar uma palavra, é porque ela passou
a ter maior significação para ela.
Lembramo-nos de que os aprendizes manifestaram maior interesse pelas
abordagens que envolveram estes vocábulos.
Ao analisarmos o vocabulário do texto 1 e o vocabulário do texto 2,
observamos as unidades lexicais de mais alta freqüência e compartilhadas pela
maioria dos aprendizes, como tamm as de mais baixa freqüência.
Quadro 23: Vocabulário de mais alta freqüência e de mais baixa freqüência
VOCÁBULOS ALTA FREQÜÊNCIA BAIXA FREQÜÊNCIA
Fase 52
Sonhos 36
Auto-estima 12
Sexualidade 12
Puberdade 11
Expansão 4
Retração 4
Desequilíbrio 3
Modificação 3
Timidez 3
12 12
11
9
8
7 7 7
0
2
4
6
8
10
12
14
Frequência
Auto-estima
Sexualidade
Puberdade
Frustração
Contradição
Conflitos
Crise
Depressão
110
Anorexia 2
Bulimia 2
Gráfico 23: Vocabulário de mais alta freqüência e de mais baixa freqüência
O vocábulo “fase” apresentou 28 freqüências no texto 1 e 24, no texto 2. O
vocábulo “sonhos” apresentou 28 freqüências no texto 1 e 8, no texto 2. Os dois
vocábulos estão mais associados ao léxico comum, por isso são mais freqüentes.
A alta freqüência desses vocábulos é significativa nos textos dos alunos,
embora ambos não façam parte do parâmetro vocabular. Não os excluímos, no
momento de selecionar as palavras que nos serviram como parâmetro. A verdade é
que não foram contempladas nos textos referentes ao centro de interesse dos
discentes, utilizados em nosso trabalho e de onde tiramos os vocábulos.
Os autores dos textos que utilizamos não discutem os sonhos dos
adolescentes e empregam outros vocábulos do mesmo campo semântico de “fase”,
como: período, etapa e época.
Sabemos que o vocábulo “fase” é pertinente ao tema e faz parte do
vocabulário comum. É natural, portanto, que tenham empregado muitas vezes, tanto
no texto 1, como no texto 2.
Antes da pesquisa, tinham um vocabulário, referente ao tema, bastante
limitado. Soma-se a essa dificuldade um fator extralingüístico, o da própria limitação
do conhecimento temático e de mundo. Como não sabiam explicar, cientificamente,
a respeito da Adolescência, colocaram em evidência seus sonhos, o que
consideramos normal nessa etapa da vida.
Acreditamos, então, que, por não terem um conhecimento mais aprofundado
52
36
1212
11
4 4
3 3 3
2 2
0
10
20
30
40
50
60
Alta Freqüência Baixa Freqüência
Fase
Sonhos
Auto-estima
Sexualidade
Puberdade
Expansão
Retração
Desequilíbrio
Modificação
Timidez
Anorexia
Bulimia
111
do tema, acabaram lançando mão de um vocabulário comum para, por meio deste
artifício, terem condições de expressar seus sentimentos e idéias.
Os termos “bulimia” e anorexia” apresentaram uma freqüência muito baixa,
certamente, por pertencerem a um vocabulário mais raro, o compartilhado pelos
adolescentes.
O vocábulo “modificação” apresentou apenas três freqüências, no entanto
houve uma freqüência alta dos itens “mudanças” e “transformação”, que são do
mesmo campo semântico, sendo que os dois últimos são mais usados na
modalidade oral da língua.
Os vocábulos retração” e “expansão”, embora tenham sido expostos várias
vezes em nossas aulas, apresentaram uma baixa freqüência no vocabulário dos
aprendizes. Segundo Muller (1968), a probabilidade de um lexema no léxico de um
indivíduo só pode ser conhecida ou estimada se sua freqüência for estável.
Quanto ao termo timidez”, não sabemos, exatamente, por que apresentou
uma freqüência tão baixa, visto que faz parte do vocabulário comum. Durante as
discussões referentes ao centro de interesse, vários participantes manifestaram-se
contra o que um dos autores dos textos que utilizamos comentou a respeito do
adolescente ser, geralmente, tímido. Talvez seja esse o motivo da não retenção
desse termo.
Os vocábulos que não foram citados aqui apresentaram de 5 a 8 freqüências
nos textos produzidos pelos alunos participantes.
Observamos a procedência dos sujeitos e constatamos que a maioria
daqueles que apresentaram um vocabulário mais raro (70%) nasceram em Cuiabá-
MT. Os outros, 20% nasceram no interior de Mato Grosso e 10%, no estado da
Bahia, região Nordeste do Brasil. No entanto, 30% dos pais desses sujeitos vieram
da região Sul; 50%, do Nordeste e 20%, do interior de Mato Grosso.
Os pais quase não têm estudo, mas se esforçam muito para que os filhos
estudem, pois aspiram a um futuro com melhores oportunidades para eles.
Entre os sujeitos que apresentaram um vocabulário mais raro, 80% disseram
que gostam de ler, embora quase não tenham acesso a materiais escritos, diferentes
dos livros didáticos, que são gratuitos. Os demais (20%) não gostam de ler, mas são
bastante responsáveis com suas atividades escolares, uma vez que reconhecem a
importância da aquisição do conhecimento. Portanto, estão sempre dispostos a
participarem de tudo, ainda que tenham que fazer algo de que não gostem.
112
Vimos a procedência dos sujeitos que compartilharam um vocabulário mais
comum e verificamos que 80% nasceram em Cuiabá-MT e 20%, no interior de Mato
Grosso. Grande parte dos pais desses sujeitos são migrantes (80%). Vieram das
regiões Nordeste e Sul à procura de melhores condições de trabalho. Freqüentaram
a escola por pouco tempo e não têm o hábito de leitura.
A maior parte dos aprendizes que apresentaram um vocabulário mais comum
em suas produções textuais (70%) disseram que ler é muito chato. Preferem manter-
se informados pelos noticiários da televisão. Alguns ainda acrescentaram que lêem
apenas por obrigação. Apenas um sujeito comentou que gosta de ler gibis e outro
disse que passou a se interessar por leitura, a partir da 5ª série.
Os demais sujeitos nos informaram de que gostam de ler, porém, raramente,
têm oportunidade de ler algo que não seja o livro didático. Observamos que um
deles vê a leitura apenas como um entretenimento.
Observando os dados demonstrados nesta seção, é possível concluir que a
questão social e a econômica interferem na aquisição do léxico, pois se percebe,
claramente, que os alunos que têm menos contato com materiais escritos e não têm
o incentivo da família, dominam com certa propriedade apenas o vocabulário
comum de sua língua materna, constituído por palavras de alta freqüência. A própria
interação com o mundo é, por conseguinte, diferente. E, em virtude disso,
apresentam uma competência lingüística limitada.
3.24 OS RECURSOS PARA A AMPLIAÇÃO DE VOCABULÁRIO
Ao longo da análise dos dados coletados em sala de aula, evidenciamos,
algumas vezes, aspectos que, aparentemente, podem contribuir com a aquisição de
vocabulário. Nesta seção, apresentamos os recursos que consideramos
responsáveis pelos resultados obtidos pelos sujeitos desta pesquisa.
O modelo de ensino aprendizagem de vocabulário de Galisson (1979), no que
diz respeito a sua proposta, em torno dos centros de interesse contribuiu, de forma
significativa, para a aprendizagem dos alunos. Com relação a este instrumento
didático-pedagógico, parece tamm se confirmar a importância de o aprendiz fazer
sua escolha, condicionada pelo interesse, a fim de que adquira mais facilmente e
com maior eficácia um comportamento novo.
113
Para que a leitura seja de fato uma atividade prazerosa, é indispensável uma
condição: o desejo do leitor. Quando o adolescente precisa estudar um tema que
não é de seu interesse, a leitura é transformada em obrigação, resumindo-se a um
simples enfado. Para suscitar o desejo de ler e garantir o prazer da leitura, o jovem
precisa escolher o que quer ler. Dessa forma, ele passa a respeitar e a valorizar a
leitura. Sentir-se-á atraído e não terá vontade de desprender-se dela. Isso é
imprescindível para a ampliação de seu vocabulário.
Por isso cabe à escola criar mecanismos para realizar esta tarefa. Afinal, os
PCN de ngua Portuguesa de quinta a oitava série, no que diz respeito ao Léxico,
indica:
É possível depreender um princípio orientador: não são apenas as
palavras difíceis que precisam ser objeto de estudo; a formação de
glossário é, apenas, uma das tarefas. É preciso entender, por um
lado, que, ainda que se trate a palavra como unidade, muitas vezes
ela é um conjunto de unidades (radicais, afixos, desinências) que
concorrem para a construção do sentido. E, por outro lado, que,
dificilmente, podemos dizer o que uma palavra significa, tomando-a
isoladamente: o sentido, em geral, decorre da articulação da palavra
com outras no enunciado e, por vezes, na relação com o exterior
lingüístico, em função do contexto situacional (PCN/ 1998, p. 84).
A oralidade teve um papel relevante no processo formal de aquisição e
ampliação de vocabulário dos sujeitos. Sabemos que a linguagem oral é importante
para um melhor desempenho comunicativo do indivíduo em sociedade.
Vimos que criar condições para que os alunos vivenciem a oralidade em sala
de aula é muito importante. Por meio do debate, puderam expor experiências
vividas, pontos de vista e compreender melhor as idéias e conceitos dos autores dos
textos utilizados durante a pesquisa. E, por meio dessa prática, adquiriram um
vocabulário específico do tema que escolheram.
Todos ouviram atentamente o que o outro falava. Isso nos levou a acreditar
que entenderam que a atenção seria importante para as tarefas que realizariam ou,
simplesmente, porque acharam que o assunto valesse a pena.
Observamos a imensa riqueza e variedade dos usos da língua por meio da
fala dos sujeitos. Estes deixaram a sua marca, a sua maneira de ver o mundo e o
momento em que vivem. Interagiram, com entusiasmo e interesse, em uma situação
de comunicação real.
Enquanto expunham suas opiniões, observamos que a leitura e as discussões
114
proporcionaram-lhes melhor conhecimento sobre o centro de interesse. Verificamos
que utilizaram alguns vocábulos do vocabulário que selecionamos (parâmetro
vocabular) em suas falas. Acreditamos que isso se deve ao fato de que os textos
lidos em sala de aula exigiram um domínio cada vez maior do vocabulário temático,
que é essencial para compreender as idéias, as opiniões e os conceitos dos autores.
Durante o trabalho que realizamos, solicitamos, várias vezes, que prestassem
atenção ao sentido das novas palavras, uma vez que a compreensão do próximo
texto pudesse depender do vocabulário já aprendido.
Concluímos que a oralidade é uma excelente estratégia de construção do
conhecimento e de amplião de vocabulário, que permite a interação, a troca de
informações, o confronto de opines, a compreensão do sentido dos vocábulos
novos e o emprego deles na comunicação oral e escrita (PCN, 1998, p. 24).
Para Castilho (1998, p. 21), “a incorporação da oralidade nas aulas, não
apenas de Língua Portuguesa, como, também, de todas as disciplinas, aproximaria
dois mundos, muitas vezes, tão opostos: a escola e a vida.”
Em nossas interveões, durante as discussões das idéias dos textos
trabalhados em sala, sempre enfatizamos as palavras selecionadas, objetos de
nosso estudo.
As atividades formais e informais realizadas nas oficinas de vocabulário
asseguraram que os sujeitos observassem as palavras-alvo. Dessa forma,
concluímos que quanto mais atenção se à palavra, maior a oportunidade de ela
ser aprendida.
Apresentamos as mesmas palavras aos aprendizes várias vezes e em
momentos distintos, permitindo-lhes a aquisição através do desenvolvimento
conceitual. A repetição de uma mesma palavra sempre traz um significado novo por
estar em um novo contexto, próxima a outras palavras. Portanto, a freqüência de um
vocabulário pode facilitar o entendimento de outro a ser encontrado e, com ele,
sedimentar o aprendizado do aluno.
Também percebemos que foi importante apresentar as mesmas palavras em
contextos diferentes que se referiam à realidade dos discentes. Estes se
identificaram com as questões abordadas e se envolveram com os debates de forma
significativa.
Os aprendizes se manifestaram com relação à importância de associar as
palavras-alvo a outras pertencentes ao mesmo campo semântico e ao seu mundo, à
115
sua realidade.
Para encerrar esta reflexão, cabe-nos dizer que o trabalho que realizamos,
apesar de suas limitações, procurou apontar na direção de um caminho que possa,
de alguma forma, nos levar à minimização dos problemas relacionados à aquisão
de vocabulário. Acreditamos, sim, que as atividades de leitura, de ampliação de
vocabulário e de produção de textos podem se tornar mais agradáveis e mais
produtivas, se conduzidas por meio de uma metodologia fundamentada no Centro
de Interesse de Galisson e na concepção de interação de Vygotsky.
Não tivemos a pretensão de que o parâmetro vocabular esgotasse as
possibilidades léxico-semânticas, nem da língua, nem do centro de interesse em
questão. Este universo de palavras que constituiu o parâmetro é bastante restrito,
porque, afinal de contas, este parâmetro vocabular foi elaborado a partir dos textos
que trabalhamos em sala de aula.
Assim, concluímos este capítulo que visou à análise dos dados coletados,
buscando responder as questões orientadoras, presentes na introdução deste
trabalho.
116
4. CONCLUSÕES
Este capítulo está dividido em três seções. Na seção 4.1 serão apresentadas
algumas reflexões sobre o desempenho dos sujeitos como aprendizes de
vocabulário. Na seção 4.2 serão abordadas, respectivamente, as limitações e as
contribuições deste estudo. Na seção 4.3 serão tratadas algumas sugestões para
trabalhos futuros.
4.1 REFLEXÕES SOBRE O DESEMPENHO DOS SUJEITOS COMO APRENDIZES
DE VOCABULÁRIO
O objetivo principal deste estudo foi desenvolver e ampliar a competência
lexical de alunos do ensino fundamental em face do processo de ensino e
aprendizagem de vocabulário desse vel de ensino. Dada a natureza do problema,
desenvolvemos uma pesquisa quantitativa e qualitativa, pois houve necessidade de
se coletar dados para conhecer a competência lexical dos sujeitos com relação ao
tema, antes do início do trabalho, para se poder avaliar, ao final, o ganho lexical dos
aprendizes. Esse ganho poderia ser medido por meio de uma comparação entre
o vocabulário apresentado no início e o vocabulário apresentado no final da
pesquisa
Ao iniciar o estudo, constatamos que os sujeitos participantes não trouxeram
consigo o conhecimento lexical necessário ao centro de interesse que escolheram.
Não tinham o domínio do vocabulário específico, necessário para expressarem uma
opinião a respeito do assunto. Com um vocaburio impreciso e inadequado,
limitaram-se a comentar sobre si mesmos, referindo-se, então, ao próprio
adolescente e não à fase da adolescência.
A primeira produção textual foi solicitada sem que os discentes recebessem
as devidas condições para sua realização. Vimos que é de bom senso que o ato de
produzir um texto aconteça a partir de um ponto de referência. Se esse referencial
puder ser tamm objeto de discussão com a turma, o resultado poderá ser melhor.
Para redigir um texto, é preciso portar um vocabulário razoável e empregá-lo
com precisão. No que diz respeito ao vocabulário, o uso inadequado das palavras
continua sendo um problema bastante freqüente nos textos de nossos alunos. As
117
atividades direcionadas à ampliação de vocabulário podem contribuir com um
produto bem melhor, uma vez que os discentes terão condições de escrever com
mais confiança e propriedade.
Apresentaram grande dificuldade na produção do texto escrito, mas isso é
compreensível, pois as lacunas na leitura e na escrita desses aprendizes são tantas,
que não poderíamos esperar um resultado melhor. A leitura que estão acostumados
a fazer é superficial e a experiência com a produção escrita é a mínima possível,
conforme verificamos em suas respostas ao questionário. Além disso, o estudo de
vocabulário que conhecem limita-se à definição das palavras que o conhecem
através de sinônimos indicados ou de consulta ao dicionário.
Para Câmara Jr. (2001, p. 61), “qualquer um de nós senhor de um assunto é,
em princípio, capaz de escrever sobre ele. Não há um jeito especial para a redação,
ao contrário do que muita gente pensa. apenas uma falta de preparação inicial,
que o esforço e a prática vencem”.
O modelo didático-pedagógico de ensino de vocabulário que testamos junto à
clientela-alvo foi aliado à leitura de vários textos sobre a Adolescência. As atividades
foram direcionadas ao vocabulário-alvo, ou seja, às palavras que selecionamos
através dos textos, visando a um domínio crescente de vocabulário e do
aperfeiçoamento da escolha lexical para escrever textos adequados.
De modo geral, os resultados nos mostraram que a ampliação vocabular
depende dos vários contatos do aluno com as palavras-alvo e em contextos
diversos. A leitura, as discussões e as atividades informais tamm podem contribuir
de forma favorável à aquisição do léxico.
Também constatamos a importância de trabalhar com o tema escolhido pelos
alunos, pois se envolveram bastante. A maioria participou ativamente de todas as
atividades propostas. Nos momentos de desinteresse ou cansaço por parte de
alguns, as atividades lúdicas chamaram-lhes a atenção, fazendo-os participar
novamente. Certamente, não seria dessa forma, se o tema de estudo não fosse do
interesse deles.
Ainda que tenham participado de forma propícia em todas as etapas da
pesquisa, a medida em que tiveram sua competência lexical ampliada no domínio do
vocabulário específico variou de 15% a 55%. Esperávamos que fosse de 30% para
cima. Não pensávamos na possibilidade de alguém apresentar um resultado abaixo
de 30%.
118
Mesmo assim, uma comparação entre os dados obtidos na produção final
com aqueles obtidos na produção inicial, permitiu-nos constatar um avanço
significativo dos sujeitos em relação à extensão do vocabulário adquirido.
Observamos que o material utilizado contribuiu muito para a aprendizagem
dos participantes de nossa pesquisa, uma vez que foi desenvolvido com o objetivo
específico de promover a ampliação do vocabulário. Nosso trabalho, junto ao
público-alvo, teve, como resultados, o envolvimento, o engajamento e a motivação
para aprender o léxico.
Vimos por meio das manifestações dos alunos que é importante proporcionar
oportunidades a fim de que esses tenham acesso a diferentes tipos de
conhecimento e que possam usá-lo em situações de comunicação real. Tal uso
envolveria a produção escrita e a oral.
No contexto apresentado, é imprescindível criar um ambiente em que os
aprendizes possam discutir, trocar idéias, identificar-se com as situações
apresentadas. Parece que eles sentem necessidade, o apenas de se ouvirem,
como de ouvirem o outro, momento em que vem à tona uma interação bastante
produtiva para todos os envolvidos.
Vimos como é importante a interação, momento em que um aprende com o
outro. Para Vygotsky (1930), a interação social e o instrumento lingüístico são
decisivos para o desenvolvimento. Na produção final, os alunos fizeram uma
atividade individual, apresentando o conhecimento e o vocabulário que apropriaram
no nível social. A escola é o lugar onde a intervenção pedagógica intencional
desencadeia o processo ensino-aprendizagem.
Tivemos a oportunidade de confirmar que, se aliarmos atividades de leitura às
atividades de aquisição de vocabulário, os aprendizes terão ganhos maiores e mais
significativos na produção escrita. Os exercícios específicos de vocabulário
garantem que a atenção do aluno, de acordo com Robin (1973), seja focalizada nos
termos-chave, levando-os a analisar e a compreender os significados das palavras
alvo.
Vimos que não basta apenas desenvolver atividades de leitura e estratégias
de aprendizagem de vocabulário pela leitura de textos. É preciso, também, usar o
vocabulário adquirido em textos escritos, possibilitando ao discente exprimir-se com
vocábulos variados e apropriados à situação da produção escrita.
Vocabulário e texto andam sempre juntos, atrelados a uma determinada área
119
de conhecimento. Para que se adquira um vocabulário específico, é preciso
selecionar os textos, visto que as pessoas têm interesses específicos e conhecem o
mundo através desses interesses. A seleção do vocabulário a ser aprendido é
necessária pelo grande número de palavras que precisam ser descartadas na
aprendizagem de nossa língua. Em relação às estratégias, também precisamos ser
seletivos. É indispensável adequá-las às nossas necessidades. O nosso interesse
específico é que os sujeitos apropriem o vocabulário do centro de interesse, de
modo que ele passe a fazer parte de seu vocabulário ativo.
4.2 LIMITAÇÕES E CONTRIBUIÇÕES DESTE ESTUDO
Ao terminar este estudo, podemos apontar algumas de suas limitações. Uma
delas refere-se ao fato de os resultados serem restritos ao contexto específico deste
trabalho. Outras pesquisas podem ser feitas a fim de confirmarem ou, por que não,
rejeitarem nossas conclusões.
Enfatizamos ainda o fato de que apenas 20 alunos participaram e
contribram com suas produções escritas. Ficamos pensando se os resultados
seriam diferentes, caso um maior número de alunos houvesse participado.
Certamente, ummero maior teria muito a enriquecer o trabalho.
Ainda salientamos que teríamos melhores resultados se os sujeitos
estivessem habituados à leitura e a um estudo mais direcionado à aquisição de
vocabulário desde as séries iniciais.
Entendemos, então, que a proposta de uma teoria exigiria uma metodologia
diferente da que adotamos aqui, visto que ainda várias lacunas, conforme
observamos, que poderão ser preenchidas em pesquisas futuras.
Acreditamos que toda prática, em sala de aula, visando à aprendizagem,
apresente suas contribuições ao ensino. Uma contribuição importante deste
trabalho se deve ao fato de partir do centro de interesse dos aprendizes. Vimos que
se interagiram durante as discussões, aprenderam conceitos novos e
desenvolveram a competência lexical a respeito do tema escolhido, uma vez que,
naquele momento, queriam aprender sobre ele.
Desenvolver um trabalho com alunos que possuem poucas oportunidades
sócio-econômicas significa considerar a importância da escola em oferecer meios e
120
condições para que seus aprendizes interajam e reflitam sobre o sistema de leitura,
ampliação de vocabulário e produção escrita.
Dessa forma, este estudo aponta para uma reflexão sobre o encaminhamento
de um trabalho pedagógico direcionado ao ensino fundamental, ao mesmo tempo
em que contribui para a construção de alguns caminhos que, acreditamos, possam
ser trilhados por outros pesquisadores que trabalham com alunos da escola pública.
É imprescindível dizer, por fim, que este trabalho não representa algo pronto,
acabado. Longe disso, ele significa apenas mais um passo de uma caminhada que
sabemos ser longa e difícil, que temos consciência de que a quebra de
paradigmas é tarefa que requer habilidade, persistência e, principalmente,
engajamento.
4.3 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
O campo de pesquisa sobre o ensino e aprendizagem de vocaburio ainda
carece de mais investigações. Seria necessário acompanhar os aprendizes por mais
tempo a fim de se descobrir se as estratégias que adotamos promovem, realmente,
alterações consistentes no processo de ampliação vocabular dos alunos.
Outra direção de pesquisa, que poderia contribuir positivamente para esta
área de conhecimento, é aproveitar as produções textuais, que permitem a criação
de boas oportunidades para a discussão a respeito das escolhas lexicais e de suas
implicações semântico-discursivas. O objetivo não seria estimular o uso de
vocabulário difícil, mas de apreciar as escolhas em função da situação interlocutiva e
dos efeitos de sentido que se quer produzir.
Também seria interessante comparar o texto 1 com o texto 2 a fim de
investigar sobre a evolução da produção escrita, observando se houve avanço nas
competências relacionadas ao uso de parágrafos, de pontuação adequada e à
melhor escolha discursiva para o texto a ser produzido. Esse contexto permite,
tamm, a investigação da reflexão sobre a prática pedagógica da pesquisadora.
Acreditamos que este estudo possa contribuir para a discussão sobre a
linguagem escrita, investigando como os alunos vão progressivamente
desenvolvendo habilidades e competências relacionadas à produção textual e à
aquisição de vocabulário, utilizando, inicialmente, elementos presentes em sua
121
linguagem oral e tentando adaptá-los à linguagem escrita até começar a tomar o
objeto escrito como fonte autônoma de criação de sentido (FRANCHI, 1989 ).
Podemos afirmar que uma estratégia de ensino direcionada à aquisição de
vocabulário é fundamental no processo de ensino e aprendizagem de vocabulário,
no entanto acreditamos que deva ser modelada e desenvolvida a partir das séries
iniciais, tendo em vista, principalmente, o desenvolvimento e o aprimoramento do
aluno como aprendiz ativo e confiante.
Isso nos leva a repensar no caso específico da leitura. É essencial que, em
situações de ensino, se proponham objetivos para cada leitura, os quais irão
propiciar a compreensão. A esse respeito, Kleiman (1989) manifesta-se afirmando
que, geralmente, os alunos em para cumprir uma tarefa estereotipada, que
provoca resultados indesejáveis.
A leitura que não surge de uma necessidade para chegar a um
propósito não é propriamente leitura: quando lemos porque outra
pessoa nos manda ler, como acontece freqüentemente na escola,
estamos apenas exercendo atividades mecânicas que pouco têm a
ver com significado e sentido (KLEIMAN, op. cit. p. 35 ).
Finalizando, as discussões realizadas neste estudo o pressupõem a
generalização para outras realidades escolares, visto que os dados aqui
apresentados referem-se a uma turma de sétima série, com particularidades
próprias.
No entanto, acreditamos que a experiência que vivenciamos e apontamos
aqui, possa contribuir com o trabalho de outros professores que, como nós,
reconhecem ser a palavra a janela através da qual um povo o mundo” (VILELA,
1994, p.6), por isso se esforçam em repensar o processo de ensino-aprendizagem
de língua portuguesa.
122
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Lorena: Teresa D’Ávila/PM de Lorena, 1989b.
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128
6. ANEXOS
129
ANEXO I
QUESTIORIO
130
1) Dados para a identificação dos sujeitos:
a) Nome: _________________________________________________________
b) Nascimento:
Data: ____/____/______ Cidade: ______________________ Estado: _____
País: _______ Idade: _____
c) Escola em que estuda:
___________________________________________________________________
Série: _____ Ensino Fundamental
d) Onde você mora?
Rua: _______________________________ Bairro: _____________________
Cidade: __________
e) Filiação:
Nome de seu pai: ___________________________________________________
Onde seu pai nasceu?
Cidade: ____________________ Estado: _____
Profissão de seu pai: _________________________
Nome de sua mãe: _________________________________________________
Onde sua mãe nasceu?
Cidade: ______________________ Estado: _____
Profissão de sua mãe: ________________________
f) Nível de escolarização do pai:
Sabe ler e escrever? ( ) sim ( ) não ( ) um pouco
Qual é o seu nível de escolarização? ( ) ensino médio completo ( ) ensino
médio incompleto ( ) ensino fundamental completo ( ) ensino fundamental
incompleto ( ) lê e escreve pouco
Já realizou algum curso? ( ) sim ( ) não Qual? ____________________
Tem hábito de leitura? ( ) sim ( ) não o quê? ____________________
g) Nível de escolarização da mãe:
Sabe ler e escrever? ( ) sim ( ) não ( ) um pouco
Qual é o seu nível de escolarização? ( ) ensino médio completo ( ) ensino
médio incompleto ( ) ensino fundamental completo ( ) ensino fundamental
incompleto ( ) lê e escreve pouco
131
Já realizou algum curso? ( ) sim ( ) não Qual? ___________________
Tembito de leitura? ( ) sim ( ) Não Lê o quê? __________________
h) Você gosta de ler? ( ) sim ( ) não
O que você ?
( ) revistas em quadrinho
Quais?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
( ) livros
Quais?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
( ) jornais
Quais?
___________________________________________________________________
__________________________________________________________________
( ) Outros
Quais?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
i) Seus pais assinam revistas? ( ) sim ( ) não
Quais? _______________________________________________________
j) Seus pais assinam jornais? ( ) sim ( ) não
Quais? ________________________________________________________
l) Há livros em sua casa? ( ) sim ( ) não
Quais?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
m) Cite os títulos dos livros que você leu no ano passado e nesse ano.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
132
n) Quando era criança, sua família contava histórias para você?
( ) sim ( ) não
o) O que você faz quando não está na escola?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
133
2) Dados para identificar o Centro de Interesse
1- Quando saio, gosto de:
(a) ir ao cinema
(b) praticar esportes
(c) fazer caminhada
(d) dançar
(e) encontrar com amigos (as)
(f) namorar
2- Meus passatempos preferidos são:
(a) ler
(b) desenhar ou pintar
(c) assistir à televisão
(d) ouvir música
(e) fazer trabalhos manuais
(f) jogar futebol, cartas, xadrez
(g) pescar
(h) namorar
(i) sonhar
(j) conversar com amigos
(l) Outros Quais? _________________________________________________
3- Gosto de leitura do gênero:
(a) aventura
(b) policial
(c) amor
(d) humor
(e) terror
(f) ficção científica
(g) documentário
(h) revistas em quadrinhos
(i) política
(j) esportes
134
(l) suspense
4- Nas férias, gosto de:
(a) viajar
(b) ler
(c) descansar
(d) arrumar a casa
(e) namorar
(f) ficar em casa
(g) Outros Quais? _________________________________________________
5- Gosto de conversar sobre:
(a) estudos
(b) futuro
(c) religião
(d) sexo
(e) política
(f) custo de vida
(g) esportes
(h) meus problemas pessoais
(i) meus amigos
(j) Outros Quais? ____________________________________________________
6- Assuntos que motivam discussões:
(a) namoro
(b) amizade
(c) música
(d) política
(e) violência
(f) televisão
(g) drogas
(h) preconceito
(i) futebol
(j) festas
135
(l) Outros Quais? ____________________________________________________
7- Assuntos que gostaria de discutir na escola:
(a) O homem e o planeta
(b) Direitos e deveres
(c) O mundo em que vivemos
(d) Violência urbana
(e) Adolescência
(f) Discriminação
(g) Aids
(h) Namoro
(i) Alcoolismo
(j) Relacionamento com os pais
(l) Outros Quais? ____________________________________________________
8- Justifique sua (s) escolha (s).
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
136
ANEXOS II
TEXTOS SOBRE O CENTRO DE
INTERESSE
137
138
139
140
141
142
143
144
Geraldo J. Ballone - Psiquiatra
145
146
147
148
ANEXOS III
OFICINAS DE VOCABULÁRIO
149
Um olhar sobre os textos “O corpo adolescente” e “São os hormônios que
falam por eles”
Questões para discussão:
Na sua opinião, por que é importante manter o equilíbrio entre corpo são e mente
sã? Como você cuida do seu corpo? Isso lhe dá prazer?
Qual a interferência positiva ou negativa do corpo na sexualidade? Com quem vo
conversa sobre sexualidade? Onde você busca informações a respeito desse tema?
Os hormônios são importantes, não só na configuração física dos adolescentes, mas
tamm na psicológica. Segundo o texto de Içami Tiba, quais são os principais
traços comportamentais de garotos e garotas na adolescência? Além desses, você
observa outros comportamentos? Quais?
Muito se fala sobre o excesso de liberdade dos adolescentes, muito se fala sobre
limites. O que você pensa sobre limites e liberdade na adolescência hoje?
Você discordou de alguma (s) explicação (ções) dada (s) pelos autores? De qual
(is)? Apresente argumentos para fundamentar seu ponto de vista.
Você pode ter concordado, ou não, com muitas coisas ditas nesses textos. Um fato,
porém, é certo:são informações científicas dadas por estudiosos com autoridade
para transmiti-las, que abordam o papel dos hormônios, um aspecto importante da
adolescência. Em sua opinião, é importante o adolescente ler sobre o que acontece
com ele nessa fase? Explique.
Oficina de vocabulário
1- Releia os textos, tentando dar um sentido às palavras seguintes:
hormônios___________________________________________________________
__________________________________________________________________
150
puberdade___________________________________________________________
___________________________________________________________________
sexualidade__________________________________________________________
___________________________________________________________________
auto-estima________________________________________________________
___________________________________________________________________
rebeldia_____________________________________________________________
__________________________________________________________________
puberdade___________________________________________________________
___________________________________________________________________
agressividade________________________________________________________
___________________________________________________________________
conflitos_____________________________________________________________
___________________________________________________________________
timidez______________________________________________________________
___________________________________________________________________
2- Substitua os termos abaixo por sinônimos correspondentes. Leia os textos com os
novos termos e analise os efeitos de sentidos obtidos.
auto-estima _________________________________________________________
conflitos ____________________________________________________________
timidez
___________________________________________________________________
agressividade ________________________________________________________
rebeldia _____________________________________________________________
151
3- “É por volta dos 11 anos de idade que o adolescente do sexo masculino começa
a ser inundado por uma descarga de testosterona.”
A escolha das palavras é importante para transmitir os significados desejados num
texto, numa fala. Qual a importância das palavras inundado e descarga para os
significados que o autor quer transmitir nesse texto?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
4- Identifique, no caça-palavras, o vocabulário do tema de nosso estudo.
M S D F C H J K C
A
L Ç C O N F L I T O
E I S S O J K P O
D
S E N S A Ç Ã O I Z
Z Y T X N D F I N
O
I O P A T B B C M Q
C K R I T I O P F
L
U Y A N G U S T I A
V B O R R J K U L
E
T R A A T L D A D E
T W P H A C C R I
S
E R T I R I E E E W
I Q H J D S S S T
C
H E A R F M S U Z R
L Z O D I A U T O
E
S T I M A I E P H P
E X R W Ç P E A S
N
H R O J S A Q A E P
S M M X Ã U S Z O
C
I A M V E B U L I S
P A O C O B F X K
I
R Ç O U U B I A R E
I R N V D E U E S
A
E Ã D R I O L V E X
N R I B V R K X T S B O I A D O I R I U
H O O G X D Q P U W E S F C E A B A M A
A G S J Z A W A C E L G I N P F R T X L
S A U D A D E N H Y D D C P R I I T Q I
M N A G R E S S I V I D A D E R O T K D
F C L L R L R Ã S S A O Ç E S M O S Z A
V I G F L A N O R E X I A G S A B N V D
M A O R G A N I Z A Ç Ã O P Ã Ç R O S B
F R U S T R A Ç Ã O E Y I B O A V I D A
A B M J O R E B E L D I A M R O T Y I Z
152
Um olhar sobre o texto “A idade dos deuses”
Questões para discussão:
Explique os movimentos de expansão e retração a que Içami Tiba se refere.
Neste texto, há uma série de informações sobre a adolescência. Você concorda com
as afirmações?
Explique a frase: “Não deve haver a tirania dos jovens nem a dos adultos.
Por que o texto termina com a frase “liberdade e desrespeito não são palavras
sinônimas”?
Oficina de vocabulário
1- Releia o texto e tente dar um sentido às palavras abaixo:
onipotência __________________________________________________________
eclosão _____________________________________________________________
ego ________________________________________________________________
expansão ___________________________________________________________
retração ____________________________________________________________
rejeição _____________________________________________________________
timidez _____________________________________________________________
agressão ____________________________________________________________
153
conflito ____________________________________________________________
tirania _____________________________________________________________
2 - Na sua opinião, se o termo “onipotência” fosse substituído por “todo poderoso”, o
efeito de sentido seria o mesmo? Por quê?
___________________________________________________________________
3- Substituindo o termo “proeza” por “ato extraordinário”, o efeito de sentido é o
mesmo? Por quê?
___________________________________________________________________
4- Indique um sinônimo para as palavras abaixo que, na sua opinião, provoque o
mesmo efeito de sentido do texto:
voluntariedade ______________________________________________________
impulsividade _______________________________________________________
arrogância _________________________________________________________
frustrão ___________________________________________________________
tirania _____________________________________________________________
154
Um olhar sobre os textos “Puberdade”, “Época de luto” e “Transformações”
Questões para discussão:
A adolescência é apresentada, nos textos, como uma fase de conflitos. Um desses
conflitos está representado de maneira verdadeira e humorística na epígrafe.
Explique o conflito e a epígrafe, discutindo-a.
Discuta as opções dadas para completar a afirmativa. Apresente justificativas.
Adolescência é...
...querer manter tudo como está, não desejar romper a ordem estabelecida;
...desejar uma paz de lago sereno onde estiver. Somente uma vez ou outra há
um pensamento de revolta;
... não criticar o mundo que o cerca, ainda mais que, no Brasil, as
oportunidadeso iguais para todos;
...ter medo do desconhecido, da aventura, protegendo-se dos sustos e dos
perigos.
Comente a seguinte afirmativa, pensando nos textos lidos.:
Na adolescência não existem perdas, nem dores. Há ganhos, apenas ganhos.
É pessimista quem vê perdas num grupo de adolescentes que tem, diante de si, as
portas da vida começando a se abrir.
Os adolescentes têm um comportamento diferente daquele que têm quando estão
sozinhos. Isso é verdade? Se é, por que isso acontece?
Oficina de vocabulário
1 Comente as inferências que você fez na leitura dos textos para compreender o
significado dos termos seguintes:
sensações___________________________________________________________
___________________________________________________________________
modificações_________________________________________________________
___________________________________________________________________
155
desequilíbrio_________________________________________________________
___________________________________________________________________
expansão____________________________________________________________
___________________________________________________________________
afirmação____________________________________________________________
___________________________________________________________________
crise________________________________________________________________
___________________________________________________________________
conflitos_____________________________________________________________
___________________________________________________________________
contradição__________________________________________________________
___________________________________________________________________
2 Consulte no dicionário o significado destes termos e verifique se as inferências que
fez conferem ou não com os significados que o dicionário traz. Comente.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
3 Vamos brincar de forca?
_____ _____ _____ M _____ _____ _____ _____ _____
_____ _____ _____ _____ T _____ _____ _____ _____ _____
_____ _____ _____ S _____
156
_____ _____ _____ _____ _____ _____ _____ _____ E
C _____ _____ _____ _____ _____ _____ _____ _____
_____ _____ D _____ _____ _____ _____ _____ _____ _____ _____
_____
_____ X _____ _____ _____ _____ _____ _____
_____ _____ _____ _____ _____ _____ Ç _____ _____
157
Um olhar sobre os textos “Conflitos da Adolescência”, “É mais chique dizer
que você tem depressão” e”Adolescência: uma complicada fase de transição
Questões para discussão:
Você concorda com as idéias expostas nos textos? Por quê?
Na sua opino, o que há em comum entre os três textos?
Quais são as “pedras” no caminho de jovens da sua idade? Relacione os complexos,
dúvidas ou problemas que são enfrentados na adolescência.
Qual a intenção do depoimento que você leu?
Como descreveria o relacionamento do adolescente com sua família?
O que você acha que faltou dizer sobre adolescência nos textos que leu?
O que é a adolescência para você? Procure demonstrar sua visão por meio de uma
colagem que reúna diferentes e significativos elementos. Crie uma frase que defina
este termo e escreva-a sobre a colagem, de modo que as imagens reforcem a
mensagem expressa pelas palavras.
Oficina de vocabulário
1 Elabore um glossário com as palavras cujo significado seja essencial à
compreensão dos textos ( atividade realizada em grupo ).
2 Cada grupo apresentará seu glossário à turma. Comentar as acepções apontadas
para cada item lexical.
3 Depois da apresentação dos glossários, todos, em círculo, juntamente com a
professora pesquisadora, comentarão o trabalho de cada grupo, analisarão os
sentidos que construíram nos textos durante a leitura e tirarão suas conclusões.
158
4 Palavras diretas
Ato de deprimir Afirmar o contrário Ato de expandir Condição de sexual Aquilo que se afirma Acanhamento Perda de apetite Ação de frustrar
T
S S L X
XXXX
Ç XXXX O XXXX XXXX
XXXX XXXX XXXXX XXXX XXXX
XXXXX XXXX XXXXX XXXX XXXX XXXXX
Fome insaciável M
alteração S XXXX XXXX
que se rebela E
XXXXXX receoso D
impaciente S
156
159
ANEXOS IV
TEXTOS PRODUZIDOS PELOS
SUJEITOS PARTICIPANTES DA
PESQUISA
(TEXTOS I e II)
160
Sujeito 1
Texto 1
Ser adolescente
Ser adolescente é ter muitos amigos, sentar para falar de namorado, dos pais,
dos irmãos, dos amigos, dos colegas da escola, dos professores. As vezes a gente
fala bem e outras vezes falamos mal.
O adolescente se sente inseguro, sempre está de mau humor, se estressa
com rapidez. E o pior é que acha que sempre tem razão.
Ele não entende, porque de repente está passando por uma transformação na
voz, no corpo e também percebe uma coisa diferente por dentro. que ele não
pede ajuda pra ninguém para poder entender isso. Prefere agir com estupideza e os
adultos não entende, não dão apoio para ele, só sabe criticar.
Ser adolescente é estar com a cabecinha cheia de sonhos como acontece
comigo. Eu sonho com tanta coisa. Não sei como ia ser a minha vida sem meus
sonhos. Eles me traz esperança.
O adolescente se acha muito feio, quando tem espinhas e se sente muito
inferior quando não pode comprar coisas bonitas. Ele não entende porque uns
podem comprar e outros não pode.E aí vem uma revolta danada.
Texto 2
Ser adolescente
A adolescência é uma fase complicada: aparecem espinhas no rosto, vem a
puberdade, a sexualidade se desperta, surge os conflitos e muita rebeldia. Como
lidar com estas transformações? O adolescente não sabe. Ele precisa de ajuda para
entender o que está acontecendo. Em casa é muito difícil. Os pais cobram muito,
não entende o que está acontecendo com os filhos.
É, ser adolescente o é fácil, mas pode tamm ser uma fase bonita. As
meninas ficam com corpo de moça, começa a ter seus amores, os meninos
começam ter outros encanto. Neles, os pelos cresce, a voz começa engrossar, eles
161
ficam com músculos.
Na puberdade, os meninos e as meninas começam a sentir atração pelo sexo
oposto e é preciso muito cuidado. Muitos jovens entram em crise, porque suas
mudanças sicas não estão agradando. As meninas queriam ter seios maiores e os
meninos queriam ter uma musculatura que todos desejam. Isto é so um exemplo. A
relação com os pais fica difícil e os conflitos agravam. A rebeldia deles é por causa
dos hormônios que provoca uma agresividade muito grande fazendo o adolescente
agir sem pensar.
Neste momento o adolecente precisa de compreenção, de carinho, de
confiança para elevar sua auto-estima. Se não tem ajuda pode se juntar com falsos
amigos e começar usar drogas, álcool, pode prostituir, entrar por um caminho difícil
de voltar e as vezes sem volta.
Só com paciência é possível agüentar o adolescente, um dia essa fase passa,
os hormônios ficam normais e a rebeldia vai embora, pois não vai mais precisar
desse tipo de defesa.
162
Sujeito 2
Texto 1
O que é adolescência?
Hoje em dia, os adolescentes tem uma mente muito pesada, uns estão
fumando, roubando e até matando pessoas e já tem uns que são mais respeitosos.
O adolescente devia ter mais oportunidade na sociedade. Muitos começam
fazer besteira porque não tem oportunidade de fazer o que é certo para eles, que
futuro.
Esta fase da vida deicha o jovem meio perdido. Ele se fecha para tudo. Não
fala com ninguém. Derepente ele muda e o entende porque mudou. E quando um
adulto vai dar conselho, ele fica revoltado. Não aceita.
O adolescente não entende a adolescência. Parece uma loucura tudo isso. Eu
mesmo não entendo nada. Me acho estranho, não quero papo com ninguém. Mas
as vezes preciso de um colo mas tenho orgulho, não falo nada para ninguém para
não ficar pensando que sou um fraco.
È muito complicado mesmo. Gostei de aprender um pouco sobre esta fase
para entender melhor tudo isso e um dia poder ajudar meus filhos.
Texto 2
O que é adolescência?
Nesta fase tão complicada, o adolescente precisa sempre de auto-estima. Por
isso precisa sentir capaz , precisa da orientação e da compreensão dos adulto.
Os adolescentes são cheio de surpresa, sempre estão confuso e tentando, se
aparecer, se destacar entre os outros. Se o chamados a atenção por qualquer
outra pessoa ficam revoltados.
O adolescente passa por um processo, que é quando ele percebe as
mudança em seu corpo e no seu interior. Estou falando da puberdade. Puberdade é
a fase do amadurecimento do corpo. Ao passar por essa fase, o adolescente
começa a descobrir a sexualidade. É o momento que começa se interessar por
163
alguém do sexo oposto.
Tudo isso acontece rápido demais e provoca uma confusão na cabeça dos
jovens. Este momento é perigoso deixa o jovem indefeso. Os hormônios estão a flor
da pele. ele precisa de ajuda para não prejudicar seu desenvolvimento físico,
mental e sexual. Se encontrar apoio sua auto-estima vai estar cada vez mais forte e
ele sentirá forte e protegido para viver sua sexualidade da melhor maneira.
O diálogo é fundamental nesta fase mas tem que ser um diálogo para resolver
os conflitos e não para aumentar eles.
164
Sujeito 3
Texto 1
Adolescencia: uma fase complicada
Hoje em dia a maioria dos adolescentes tem uma mente pesada, outros tem
uma mente mais leve. Isso porque pensa em bobagem não pensa na realidade
da vida. Não leva a vida a serio parece uma criança metida a gente grande, mas
precisa crecer muito, estou falando de crecimento mental para começar entender as
coisa da vida.
Os adolescente querem ser mais do que são, eles se acha acima de tudo.
Eles arruma problemas um atraiz do outro e quer ser um rei. Não aceita ser
contrariado. Não entendo porque a gente é assim. Eu mesmo faço coisa que
arrependo depois mas na hora não dou conta de parar. É uma fase complicada
mesmo. Nem o adolescente entende o que está passando com ele. Ele precisa da
ajuda de um profissional, da família ,da escola, dos amigos para entender o que
sente e arruma um jeito de resolver seus probrema.
Texto 2
Adolescência: uma fase complicada
É, por essa fase todos passam, você querendo ou não. Se você não está é
por que já passou ou ainda vai chegar lá.
É uma coisa meio complicada pois você não entende o mundo e o mundo não
te entende. Nós acabamos achando que todos estão contra nós, mas na verdade só
querem o nosso bem, mas a pior parte é quando a nossa alto-estima está em
baixo por que saiu uma espinha ou pensamos que estamos gordas demais.
E acabamos fazendo coisas que nem deveriam passar pela nossa cabeça. Os
outros pensam que fazemos isso por pura vaidade mas não, isso é uma coisa de
nós pois se estivermos feios, achamos que não seremos aceitos e ficamos em crise.
Com a chegada da puberdade o corpo pode sofrer modificação e a puberdade é o
momento que as modificações mais aparece. Uma sensação diferente começa
165
aparecer, é a sexualidade que desperta e o adolescente não está preparado para as
novas sensações.
O adolescente passa por um momento chamado retração ou expansão.Quer
dizer que ele entra numa fase que quer ficar sosinho sem facom ninguém ou ele
entra na fase de se abrir para o mundo e para as pessoas. É uma contradição. Ele
muda derepente. É muito difícil entender o adolescente. Eta fase complicada!
166
Sujeito 4
Texto 1
Ser adolecente
A adolecência é o período de uma sensação diferente para nós é uma fase de
descobertas. Começamos descobrir certas coisa sobre nós mesmo ficamos com
mais vaidade, observador e curioso.
Ser adolecente é não preocupar com nada, querer desafiar o perigo,
esperimentar coisas nova, não ter medo de um dia ficar sozinho no mundo, ter raiva
do mundo quando alguma coisa o está do jeito que quer, querer fazer o que é
proibido.
O relacionamento com a família complica mais porque não aceita crítica, acha
que está querendo mandar. Prefere ficar com os amigos do que com a família.
O adolescente tem muitos sonho. Sonho de conhecer seus ídolo, sonho de
ficar rico, sonho de morar só, sonho de ser famoso e importante, sonho de estudar e
não depender de ninguém, ter filhos, casar apaixonado, viajar e muitos outro.
É engraçado como o adolecente se apaxona cil. E sofre muito por amor. O
amor de adolecente doi muito.
Texto 2
Ser adolecente
Acontece muitas mudança nesta fase. O que mais chama a minha atenção é
a mudança de humor. O jovem está bem, muito feliz, mas derepente ele fica de mau
humor. Não quer falar com ninguém. Nem ele mesmo sabe o motivo.
O adolecente passa por movimento de espansão e de retração. Na espansão
ele se acha o dono do mundo, capaz de fazer qualquer coisa. Na retração ele se
isola de tudo e de todos, ele sofre por dentro e não se abre com ninguém. Este
momento de retração é muito perigoso pois ele perde a auto-estima, passa por uma
tremenda crise que leva ele para uma grande frustração. Frustração porque não
consegue resolver seus problemas interior, tem medo de falar com alguém e ser
167
rejeitado. O adolescente não suporta a rejeição. Isto é uma frustração muito grande
pra ele.
É importante ficar claro para os jovens e os adultos que para resolver tudo
isso precisa de diálogo. Com o diálogo as coisa pode se ajeitá. Mas o diálogo
precisa ser com compreensão, com carinho com amizade. Se o adolecente perceber
que está sendo criticado, vem a revolta e a retração.
Nos momento de espansão tamm pode ter probrema. Porque as vezes o
jovem se sente o todo poderoso e não percebe que sua liberdade termina quando
começa a liberdade do outro. Na busca de sua afirmação termina agindo com
rebeldia e sem respeito com os outro.
168
Sujeito 5
Texto 1
Ser adolescente não é fácil
A adolescência é a fase que você sabe que não é mais criança e sabe que
ainda não é adulto. Uma coisa bem complicadinha não é mesmo?
Nessa fase o jovem tem um mau humor danado. Tamm se apaixona
facilmente. Ele sente um arrepio quando a pessoa amada, fica tão apaixonado
ele se magoa facilmente, fica nervoso por qualquer coisa. Mas de vez em quando
ele fica animado.
Muitos jovens não comportam bem em casa. Não quer fazer nada em casa,
briga muito com seus pais, não gostam de estudar. Tem também aquele que ajuda
em casa mesmo sem gostar das tarefas doméstica que é mesmo uma coisa muito
chata. Tem o brigão, o que gosta de estudar porque preocupa com seu futuro. A
maioria não preocupa porque acha que é muito novo pra isso, acha que precisa
aproveitar a vida, ir para as balada, curtir bastante, namorar muito.
Muita gente pensa que jovem não tem cabeça boa, mas não é verdade. Tem
muitos que tem sonhos e projetos pro futuro, pensam nisso e por causa disso
gosta de estudar. Querem levar uma vida digna e honesta, ganhar seu próprio
dinheiro, morar sozinho ter seu carro, uma casa boa, se sustentar ter filhos e se feliz.
Muitos são metidos a moderninho, usam um vocaburio muito baicho ou fala
muita gíria. Eu não gosto disso acho que isso não é ser moderno é outra coisa que
prefiro nem falar.
O que mais acho bonito no jovem é seus sonhos. Ele sonha muito e faz
projetos para a vida futura com muita facilidade. Eu acho que seus sonhos e seus
projeto é que alimenta seus dias pois quase o tem oportunidade de fazer nada
diferente.
Texto 2
Ser adolescente não é fácil
169
Ser adolescente nem sempre é bom. Coitado, sua auto-estima está sempre
em baixa, acha que é feio, que não é inteligente, que é pobre e muito mais e por
conta disso ta sempre em crise com os outro e com ele mesmo.
Pode agora está num movimento de expansão e daqui a pouco em retração.
Sabe porque? Porque ele pode se achar num momento um onipotente juvenil, o
melhor de todos, com a auto-estima elevada e logo mais sente inferior, fica muito
mau e não se abre com ninguém. Este momento é muito perigoso porque alguém
pode aproveitar esta fragilidade dele e levar ele para o mau caminho. ele fica no
maior conflito, dividido entre o que é certo fazer e o que não é certo.
Porisso muitos jovens procuram nas bebida e nas drogas a solão dos seus
problemas. E tudo se complica. Ele bebe e fuma para ficar livre da frustração que
sente mas consegue além da frustração, uma baita depressão e uma crise de
conciencia.
Os pais precisam aproximar mais dos filhos nesta hora difícil da vida dele mas
muitas vezes nem percebem que o filho precisa de ajuda porque ta preocupado com
as contas para pagar ou em arranjar emprego.
Sem ajuda o jovem se afunda mais e mais. A depressão e a frustração toma
conta deles. O jovem fica rebelde, agressivo, acha que os pais, os professores, os
mais velhos não tem nada para ensinar para ele. É uma pena. Fica difícil para ele
sair desta.
O governo precisa fazer alguma coisa pelos jovens brasileiros.
170
Sujeito 6
Texto 1
As fases da adolecência
A adolecência é uma fase de cuidados com o comportamento do jovem, no
relacionamento com os pais, com os professores, com os colegas de classe, com os
vizinhos com os amigos e com todos que precisa conviver.
O adolecente é muito rebelde. Amarra a cara por qualquer coisa. É metido a
valentão e forte mas no fundo é fraco. Mas não pede ajuda pra ninguém. O orgulho
fala mais alto.
Eu sou adolecente e tenho muitos sonhos. Nos meus sonhos eu vou ficar rico
vou dar uma casa boa para minha mãe morar e uma mesada boa para ela viver
bem. Eu vou viajar muito, vou ter um carrão, vou casar com uma moça linda e ser
muito feliz. Mas também vou ajudar as pessoa pobre. Estes são meus sonhos e eu
não vivo sem eles.
Texto 2
As fases da adolecência
O adolescente passa por várias fases. Primeiro com o corpo.Ele sente feio
porque começa aparecer espinha em seu rosto, os pelos crecem. As meninas sente
dor nos seios que começam a crescer e ainda vem a menstruação. Tudo muito
rápido.
Estas mudanças aumenta na puberdade, fase em que o menino e a menina
estão pronto para procriar. Nesta fase da puberdade eles se sentem estranho
porque deichou de ser criança mas não estão preparado para se adulto. Os
hormônios faz seu comportamento muda. Em alguns momento ele está alegre e em
outros ele está triste. Os hormônios estão a mil por hora, a sexualidade tamm a
mil. Mas a auto-estima nem sempre está alta mesmo.
As vezes começa compartilhar sua sexualidade muito cedo, sem os devido
cuidado. Esta sexualidade além de precoce muitas vezes é promíscua.. Acho que é
171
para tentar aliviar a angústia que sente sempre. Esta angústia pode levar o jovem ter
comportamento agressivo na sociedade. È muito comum o adolescente querer
apagar sua depressão fazendo coisas errada para chamar atenção da família. A
depressão pode levar o jovem a usar drogas e se viciar em bebidas alcólicas.
O jovem que tem depressão não confia nele , tem auto-estima baixa, sofre
muito, acha que não tem valor e isso atrapalha sua aprendizagem na escola e suas
relação com a família e os amigos.
Este jovem precisa de ajuda. Sozinho ele não vai sair dessa. Pode ter um
desequilíbrio físico e mental, que vai prejudicar sua vida para sempre.
172
Sujeito 7
Texto 1
Diário de um adolecente
Não sei o que está acontecendo comigo. Não tenho mais vontade de brincar de
boneca nem de bola na rua, coisa que eu adorava. Na minha casa todos andam
falando que eu estou muito esquisita. Não gosto mais de ficar conversando na porta
de casa com a gurizada da minha rua e vivo o tempo todo trancada no meu quarto.
Gosto de ir pra escola pra encontrar com minhas colegas e conversar sobre as
novela e sobre os garotos sarados da escola que são tão poucos. É uma pena.
Eu e minhas amigas conversamo na chegada no intrevalo , na saída e ate na
sala escondido da professora. Falamos de namoro, dos nossos sonhos e dos
pobrema de casa e da escola. Meus sonho são de ser rica muito rica. São sonhos
que parece real. Hoje esto com os seios doendo. Acho que é por causa da
menstruação que ta pra chegar. Ao menos foi o que minha mãe disse. Eu nem
lembro quando foi que essa coisa chata de menstruação veiu da última vez.
Nossa já falei dimais hoje. Amanhã eu conto mais.
Texto 2
Diário de um adolecente
Tem veis que eu acho que to ficando louca. Numa hora esto feliz, na outra
quero chorar ou brigar. Nada ta bom pra mim. É meu querido diário esta tal de
adolecencia é fogo. Me sinto desajeitada cheia de espinha. Minha mãe dise que é
natural nesta fase.Olha eu aprendi tanto sobre esta fase na escola. Uma professora
nova apareceu e falou de um monte de coisa com a gente.
Agora eu sei que estas coisas esquisitas que eu tenho é resultado dos
hormônios. Os hormônio são responsáveis pelo nosso desenvolvimento físico e
mental e sexual. E tamm na puberdade começa as mudança social e pisicológica.
Puberdade é a fase que os pelos crece, a voz dos meninos fica grossa . Nas
meninas os seio crece. A sexualidade disperta na gente sabe? Eu entendi tudinho
mas é difícil falar disso.
173
Devemos cuidar da nossa saúde pra viver a sexualidade da forma certa. Sentir
prazer não é pecado. As vezes tenho uma sensação diferente que me da um
arrepio. Mas a gente deve ter responsabilidade. A responsabilidade tem que ta
presente em tudo que a gente faz. E a auto-estima também pra gente viver bem
deforma saudável. Com auto-estima pra cima a gente fica mais seguro mais
confiante.
Queria muito saber escrever coisas bonita para registrar aqui no meu diário
que é meu grande amigo tudinho que aprendi e um dia mostra pros meus filhos.
174
Sujeito 8
Texto 1
Essa tal de adolescência
A adolescência é uma fase que todas as pessoa passa na vida de 12 aos 16
anos que começa a ter compromisso que todo jovem deve ter noção de
compromisso se querer ser alguém na vida. O compromisso de ter esperiencia .
cada pessoa tem um modo de viver hoje em dia pensa de um modo que em casa
conforme o seu relacionamento com o seus pais eles não pensão e reaje de uma
forma correta como meninas entre 13 e 14 anos pensa em relação sexual, namoro,
festas, etc.
Elas mantém relacionamento sexual e acabam ficando grávidas na
adolecência. Agora você imagine uma criança cuidando de outra criança. Umas
causam o aborto e outras tem a criança mas o cuidam e querem sair pras festas.
Umas tem coraje de deixar a criança sozinha em casa e sai para as festas.
Uma mãe precisa ter responsabilidade, condição financeira e amor próprio por
que nem tudo é perfeito, acabam tendo sonhos desejos e projetos de vida que não
se realiza por causa da falta de juízo ou porque não tem orientação. Muitos pais não
tão nem aí pros filho que termina fazendo tudo que quer na hora errada.
Texto 2
Essa tal de adolecência
A adolecencia é o período da vida que começa na puberdade e vai até a idade
adulta. O que vejo nesse período é hoje em dia meninas que tauvez o tem um
bom relacionamento com os pais vão para o mundo com apenas um pensamento.
Meninos serem maconheiros e meninas se prostituir e elas acabam engravidando
sem esperiencia da vida e a criança que está vindo no mundo acaba sendo
prejudicada sem saber de nada. Umas menina tem a sorte e resebem ajuda familiar.
Estas meninas que engravidam nem teve sonhos não deu tempo. E os meninos
que escolhe as drogas que futuro vai ter? Os político promete muito na eleição mas
175
não faz nada quando ganham. É porisso que o mundo desse jeito com tanta
violência .
Na puberdade começa as mudança na parte física e na psicológica. É nesse
período que o jovem precisa de orientação da escola e dos pais. Mas ele tem que
querer ser ajudado se não como pode ter jeito não é? Se não tem ajuda fica
agressivo, cheio de conflito.
O jovem precisa lutar para ter uma vida melhor, ter projetos e sonhos e correr
atais para ter uma vida diferente da que vivemos e ter auto estima para confiar em
você mesmo e poder viver em paz com amor e carinho dando não pro ódio e pras
coisa erradas.
176
Sujeito 9
Texto 1
Adolescência: um período difícil
A adolescência é uma fase muito importante para todos. É uma fase
complicada que decha o jovem inseguro, impaciente, ele quer a sua independência,
mas os pais complicam tudo, acham que ele não é capaz de nada e daí ele fica
cheio de revolta.
É, a vida é difícil com os pais, eles não se entende. Os pais critica tudo que o
filho faz. O jovem tem curiosidade para esperimentar as coisas da vida e os pais
precisa entender que é errando que ele vai aprender se virar neste mundo doido que
vivemos.
O jovem quer muita liberdade dos pais e não aceita um não como respostas,
por isso os pais não gosta dessa fase, da pouca obediência e muita independência.
Meu sonho é ter muito sucesso na vida, respeito de todos, ser alguém sem
precisar roubar e sem usar coisas erradas. O meu maior sonho é ser um grande
jogador de futebol se Deus quizer. Eu quero ser feliz com meu trabalho no futuro que
é o futebol, ganhar muito dinheiro. Isso é importante para ter uma vida melhor e
ajudar minha família. O dinheiro vai ser o resultado do meu trabalho e do meu
esforço por isso que faço tudo para ser um jogador de futebol e realizar meu sonho.
Texto 2
Adolescência: um período difícil
Eu era uma criança até pouco tempo que vivia jogando bola na rua. Na escola
eu fugia da sala para jogar bola na quadra. Minha mãe e meu pai ficava doido
comigo porque vivia fugindo para jogar bola. Mas derepente não sou mais criança.
Com dez anos comecei sentir diferença dentro de mim na voz, na maneira de
pensar. Eu não queria mais viver brincando.
Entrei na puberdade.Eu não era mais criança e tinha que preparar para a
minha vida de adulto. Dentro de mim as coisa já não era tão fácil. Meu pai e minha
177
mão começaram a encher meu saco falando que eu vivia no mundo da lua. Eu ficava
revoltado porque eles não entendia que eu estava pensando no meu futuro. Ficava
horas pensando que ia ser um jogador de futebol muito famoso e rico. Pensava
como ia ser até chegar lá. Afastei um bocado dos amigo mas não do futebol.O
professor de Educação física viu que eu era bom e me convidou para treinar no
ginásio da Lixeira.
Na minha casa ninguém me entende. Todo mundo acha que eu não quero
nada da vida. Eu vivo numa frustração por causa disso. Ninguém valor no meu
sonho, no meu plano para o futuro. Falam que é sonho de adolescente que não quer
saber de trabalhar nem de estudar. Não desabafo com ninguém porque sou muito
tímido e esta timideis me atrapalha muito
Sei que muitos jovens se perde nas droga, não sabe lidar com sua sexualidade
nem com as modificação própria desta fase por falta de apoio da família mas comigo
vai ser diferente. Eu vou mostrar para todo mundo o meu valor.
178
Sujeito 10
Texto 1
A fase melhor da vida: adolescência
Na minha opinião, a melhor fase da vida é a adolescência, porque nós
conhecemos muitas coisas novas, diferentes, temos descobertas e sensações
novas.
Nós se sentimos muito bem por estar descobrindo coisas que ainda não tinha
descoberto.O meu relacionamento em casa é super tranqüilo, na escola também,
tenho muitos amigos, gosto tamm dos meus professores, sempre conquisto mais
amigos e companheiros para as atividades.
Sou uma jovem cheia de sonhos e planos para o futuro. Me vejo no futuro
como uma esteticista. Depois casando com uma pessoa de bem, responsável, acho
que tudo tem sua hora.
Como vivo bem com minha família e com todos na escola, estou vivendo uma
fase muito boa. Gosto muito de ler, porque começo imaginar um monte de coisas,
todo dia tenho um novo pensamento, com isso vou aprendendo cada dia mais.
Texto 2
A fase melhor da vida: adolescência
Os adolescentes são cheios de surpresas, sempre estão confusos e tentando
se aparecer, se destacar entre os outros. Eles sempre precisam de alto-estima para
ter segurança diante dos outro mas é difícil para eles porque não tem diálogo e não
sabe administrar os conflitos próprio desta fase.
Na puberdade o adolescente está passando por um processo que ainda está
descobrindo, não conhece direito e tem medo apesar de não admitir. Passando por
esse processo, ele descobre sua sexualidade, começa a trocar olhar com o outro
sexo, se apaixona. Fica sentindo ser capaz de fazer qualquer coisa. Por causa disso
os adultos acham que o jovem se acha o dono do mundo, mas eu acho isso um
exagero.
Quando o jovem tem apoio ele tem segurança diante das coisas da vida,
179
sua auto-estima ajuda superar aqueles momentos contraditório que ele tem que são
de retração e de expansão. As vezes o adolescente está todo fechado para o mundo
e em outro momento ele se abre. Mas é natural esta contradição nesta fase.É a fase
de sua afirmação.
O adolescente a maioria do tempo esta arrogante, sempre com falta de
paciência e isso trás uma grande frustração para ele. Esta frustração acontece
porque ele se sente só e sem capacidade para resolver seus problemas. Este
sentimento pode provocar um conflito enorme que resolve se ele tem uma família
legal.Se todos da família também estão em crise, aí a coisa complica.
Eu sou uma adolescente bem resolvida porque vivo feliz com minha família
que é evangélica, graças a Deus, porque vejo minhas colegas sempre com
problemas.
180
Sujeito 11
Texto 1
A complicada adolescência
A adolescência é uma fase que a gente passa e ela é um pouco complicada
porque a gente tem que passar por uma mudança muito grande. A gente deixa de
ser criança derepente , nossos pais começam pegar mais no nosso , é uma
cobrança danada porque a gente não é mais criança. O esquizito é que a gente
tammo é adulto, mas os adulto não quer nem pensar nisso.
Tamm nessa fase as meninas tem menstruação e para os meninos é a fase
de nacer barba e ficar com voz rouca. Os adolescentes muitas das vezes são muitos
nervosos, eles se sente esquizito, nessa nova fase da vida, não é mais criança. O
adulto espera do adolescente um comportamento de adulto mas como se ele não ta
preparado.
Os pais tem que acompanhar essa fase dos filhos, tem que olhar mesmo mas
com amor e compreensão mas o que acontece é que eles vivem brigando com os
filho, medindo força aí tudo complica e o jovem sai perdendo porque com pais
nervoso não tem adolescente que agüenta. ele fica revoltado e responde, os pais
não aceita, é uma confusão
O meu relacionamento em casa é bom pois sou muito caseira e tranqüila, não
gosto de estudar mas tenho responsabilidade com as atividades da escola. O meu
comportamento na escola é muito bom e em qualquer lugar que eu ir. Mas conheço
muitos jovem que não comporta e só dão probrema pros pais.
Texto 2
A complicada adolescência
Eu tenho observado muito o comportamento dos jovens da minha turma da
escola, da minha rua e também da igreja do meu bairro. Nunca tinha feito isso.
Fiquei curiosa depois que ouvi falar muito desse assunto e de ler também.
Percebi que o jovem adolescente não tem humildade. Eles sempre acha que
181
sabe tudo e que é moderno mas na hora de assumir responsabilidade ele foge e vai
correndo buscar ajuda dos pais, dos irmãos mais velhos, dos professores e dos
amigos. Mas depois que passa ele volta a ser o todo poderoso ele não aprendeu a
lição. O que mais ele quer é ter liberdade para fazer tudo que quer. Sua vida é uma
tremenda contradição e muitas vezes um verdadeiro desequilíbrio
A verdade é que o adolescente como acha que não é mais criança ele acha
que tem experiência e que já pode se virar sozinho, ele se sente independente.
Mas quando tem que enfrentar uma situação difícil, o conflito aparece. Não sabe o
que fazer.Vive o conflito entre o que deve fazer e o que não deve E sente uma
frustrão muito grande de não conseguir resolver seus probrema sozinho.O conflito
só aumenta se o adolescente tem uma família que está em crise
O adolescente reclama muito da falta de liberdade e da autoridade dos
adultos, coisa que não consigo entender porque eu sou tão feliz com a proteção da
minha família. Sei que meus pais me amam e tudo que eles fazem é para minha
felicidade.
182
Sujeito 12
Texto 1
O que é adolecencia?
Bom eu não sei dar esplicação direito de que é adolecencia porque eu não
entendo muito bem, mas vou tentar escrever uma esplicação com base no que
acontece comigo e de ouvir meus amigos falar.
Eu acho que é a fase que você decha de ser criança para ser adulto mas não é.
Então você fica inseguro sem entender o seu lugar nesse mundo. Todo mundo
começa te tratar como um adulto, querer que vo mostra atitude de adulto e
pensamento de adulto. Acho que é por isso que ele fica com vontade de ter rias
esperiencias, de provar de tudo para conhecer mais da vida para poder sentir que
creceu mesmo. ele muda de opinião o tempo todo tentando achar uma atitude de
pensar e agir como se espera de uma pessoa de responsabilidade. Bem eu acho
que é isso.
Texto 2
Adolecencia é a fase que você percebe uma mudança dentro de você. Essa
mudança é produzida pela puberdade. A puberdade faz o corpo do jovem passar por
uma transformação no seu corpo que coma ter as funções do corpo adulto. Isso
significa que a menina vai ter menstruação e tanto ela como os meninos , os dois
podem ter filhos.
E é que mora o perigo. A família precisa ficar de olho nessa fase da
puberdade. Deve conversar e orientar os filhos para entender essa fase que não é
nada fácil. Eu sei muito bem como é. A gente tem umas mudanças estranha ,
vontade de ficar pra pensar na vida, não querer que ninguém toca nas suas
coisas, a gente sente vontade de ficar com um menino. Os meninos fica de olho na
gente, olhando de um jeito e a gente não fica com raiva, a gente gosta muito. Bem
parece que é normal , é que nossa sexualidade está parecendo. A sexualidade
meche muito com a gente.Sentimos uma sensação diferente que não sabemos
esplicar como é.
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Queria escrever mais mas não estou conseguindo passar pro papel tudo que
aprendi. Eu entendi tudo mas na hora de escrever dá um branco.
184
Sujeito 13
Texto 1
Adolescência: um período diferente da vida
Eu sei que a adolescência é o período que a pessoa passa por várias
transformações no corpo, no seu interior, nas suas emoção, nos seus sentimento.
Começa observar certas coisa que não observava quando era criança e muitas
vezes não gosta do que descobre até mesmo em casa, na escola, na igreja ou em
qualquer outro lugar que você vai. No seu olhar de criança você não enxerga muitas
coisas tristes e erradas e quando você descobre é aquela decepção.
Minha família é evangélica porisso eu sei perdoar porque sou criada num lar
cristão gras ao nosso bom deus. Mas vejo como minhas colegas ficam revoltada
com coisas que eu acho pequenas mas elas aumentam tudo. Elas vivem numa
angústia porque falta deus no coração delas.
Muita gente acha a adolescência um período complicadísimo mas eu acho
diferente. Com a ajuda da família e com deus no coração tudo fica fácil de resouver.
Texto 2
Adolescência: um período diferente da vida
Até o adolescente ser adulto de verdade ele tem que passar por muitas coisas
diferentes de criança, mas é normal porque faz parte da aprendizagem dele, vai ter
que passar por rias situação até conseguir ser um adulto com responsabilidade e
boas atitudes. Se o adolescente tem deus no seu coração ele consegue com mais
facilidade.
Muitos adolescente vive muito mau com sua família porque eles querem
liberdade antes da hora sem ter responsabilidade e como a família não abre mão de
seus principio, estes adolescente, ficam com aquela sensação de frustração e não
sabe lidar com esta frustração , se sente só e incapaz de conseguir o que quer.
Esta frustração as vezes faz o jovem mudar o seu destino para coisas erradas.
A gente ouve falar de adolescentes que usa droga, que abusa da sexualidade, a
185
de mocinhas que por querer sentir bonitas como a sociedade cobra, vive fazendo
dietas perigosa e muitas tem problemas como anorexia ou bulimia. São doença
muito séria que é muito comum nos jovens . Também a depressão é normal nos
jovens. É uma pena . Se o lar desse jovem não é cristão é um problema muito sério.
As famílias precisa cuidar de seus filhos, pedir ajuda na escola, na igreja para
não chegar nesse estado que é muito mais difícil de resouver.
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Sujeito 14
Texto 1
Ser adolescente
É ser uma pessoa crecida e bem umorada ou mal umorado. Depende do dia.
Se sente bem maduro e crecido. Gosta de paquerar as meninas.
Eu gosto de andar com os amigos e amigas bagunsar e jogar bola. Na escola
já é diferente é estudar para passar de ano letivo, e pensar no futuro em que eu vou
formar, e fazer facudade, de medicina ou engenheiro robótico.
Eu me sinto um rapaiz preparado para ser um homem onesto e trabalhador
como a minha mãe e toda a minha família. E pretendo ajudar a minha mãe quando
ela tiver velha e não poder mais trabalhar. Minha mãe é maravilhosa, ela faiz tudo
pra mim.
Texto 2
Ser adolescente
A adolecencia é uma fase que o corpo está em desenvolvimento, tudo está
mudando espinhas no rosto voz ficando grossa, pelos crecendo e menstruação para
as meninas.
O adolescente as veis ele se abre quer se diverti mas noutras ele se feixa fica
estranho e não quer conversa. Ele fica seco, tira as pessoa e mais, até briga na
porrada e na discursão.
Ele precisa ser mais simpático e educado. O adolecente agi como se fosse
superior a todos, acha que é Deus, quer mandar, quer brigar e acha que é incapaiz
de fazer as coisa para seu futuro. vemos uma contradição mas é normal porque
ele está procurando sua afirmação
O adolecente tem que ter um acompanhamento de qualquer pessoa
competente para trabalhar com os problema dessa fase, pois pode ter uma
depressão trasendo prejuízo na escola e no seu relacionamento com todos. O jovem
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que tem depressão não confia nele mesmo e tem auto-estima baixa. Sem auto-
estima ele acha que não tem valor, que é feio e cheio de defeitos.
188
Sujeito 15
Texto 1
Como o adolescente vive?
Um adolescente é uma pessoa que tem vários sonhos. Um adolescente sente
como um adulto que pode namorar que pode ser dono de seu nariz., não quer
mais respeitar os pais. O meu relacionamento em casa é muito bom porque eu gosto
muito de meus pais e das minhas irmãs. O meu relacionamento na escola é bom
tenho vários amigos e converso muito com os professor e também corro atrás dos
meus deveres que é ganhar nota boa de cada bimestre.
O meu relacionamento com as pessoa em qualquer lugar que eu vou é bom
porque eu procuro fazer muita amizade com quem eu não conheço é por isso que eu
tenho vários amigos. O meu sonho é ser advogado para ter uma vida boa e tenho o
sonho de tirar pessoas inocente atrás das grades da polícia e colocar varias pessoas
criminosas atrás das grades. É por isso que eu estou querendo chegar lá, não
suporto injustiça.
Texto 2
O adolescente vive cheio de contradição. Uma hora ele está de um jeito e logo
depois está de outro. Nunca está feliz. Sempre reclama de alguma coisa. Não
valor no sacrifício dos pais, nada ta bom para ele.
Sabe desde os dez anos que percebo que estou diferente. Muita coisa mudou
dentro de mim. Não gosto mais de ficar brincando com a gurizada da minha rua,
acho coisa de criança. Não sou muito estudioso mas tenho responsabilidade com as
atividades da escola. Faço todas as atividade aí é que vou jogar bola na rua.
Gasto muito tempo com meus sonhos.Os meus sonhos me faz muito bem.
Tem vez que eu fico triste porque quero uma coisa que meus pais não pode me dar.
Fico desanimado e deprimido. Mas depois a depressão passa e meus sonhos
tomam conta da minha cabeça de novo.
Estou gostando de uma menina na escola. Meu coração bate forte quando vejo
ela, sinto vontade de dar um beijo nela mas ela não me dá bola. O meu sonho é ficar
189
com ela. Não vou desistir. Sinto uma sensação diferente quando vejo ela. Sei que
as modificações da puberdade estimulam o corpo a produzir sensações relacionadas
com a sexualidade. Agora não tenho mais vergonha de falar da sexualidade pois sei
que é normal e é uma das esperiencia mais maravilhosa que o jovem pode viver.
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Sujeito 16
Texto 1
O adolescente e suas crises
Um adolescente se sente muito mal porque não pode sair de casa e se sair
tem que ser acompanhado. A minha adolescência é horrível.
Eu e minha família nos damos muito bem, quando a minha mãe não fica
brigando comigo com coisas atoa por que eu gosto de ficar conversando com os
meus amigos e ela não gosta que eu converso com eles.
Com todos da rua eu converso até com as pessoas mais velhas apesar que é
uma chatisse mas não tenho muita escolha.
Meu sonho é ser uma veterinária e trabalhar com muita capacidade e também
ser uma profissional de qualidade e que todos gostem do meu serviço,
principalmente quando eu for viajar conhecer lugares novos e conhecer pessoas
novas e claro ser dona do meu próprio nariz.
Texto 2
Nesta fase de vida as meninas tem muita sensibilidade. Ficam furiosa por
qualquer coisa. Tamm são muito desconfiada. Elas querem compreensão mas
não tem compreensão com os mais velhos. Os hormônios desta fase provoca
mudanças no comportamento fazendo elas ficar mais sensível e isto faz ela ter
dificuldade no relacionamento com as pessoa.
Elas tem momento que são carinhosa gostam de mandar bilhetinho
perfumado para as pessoa que elas gostam e tem hora que elas tem raiva, esplode
em lágrimas sem o menor controle de sua emoção. Que contradição!
Já os meninos são agressivos e autoritários nesta fase. A puberdade começa
mais tarde nos menino porisso as menina tem maturidade primeiro que eles. A
descoberta da sexualidade nesta fase nele uma sensação de poder. Aumenta
nele a curiosidade pelo sexo oposto. Mas as veses a timidez atrapalha tudo. Esta
timidez é normal nos meninos que ainda não tem muito jeito para chegar nas
meninas.
191
Os adolescentes são muito inseguros não sabe valor nas coisas
verdadeiras. Eles dão valor na beleza física tanto as meninas como os menino. A
imagem do corpo é muito importante para os adolescente na puberdade. Se alguma
coisa no corpo não está agradando , sente uma imensa frustração. depois que
amadurecer é que seus valores vão mudar. Essa coisa de achar a beleza mais
importante que tudo é só nesta fase da sexualidade. Ainda bem.
192
Sujeito 17
Texto 1
O desenvouvimento do adolescente
A adolescência é o crecimento que a mente começa a desenvouver, mais para
a vida. O adolecênte começa a pensar em namoro ele se sente muito atraído, e
começa a fazer planos para o futuro para a vida.
O relacionamento em casa não é nada bom.Alguns começam a ficar rebelde e
aí que os pais tem trabalho para conceguir encina a eles o que é certo ou errado.
Alguns o dão trabalho para os pais mas ficam muito na rua. Quando estão
na fase de crescimento eles gostam muito de balada começam a sair para festas.
Muitos adolescentes engravidão e da trabalho para os pais eles começam a
pençar se os pais vão mandalos embora. Alguns mandão outros não começam a
acostumar com a relação dos filhos e filhas. E assim crescem e começam a
trabalhar no dia a dia para sustentar seus filhos que também vão virar adolesente
um dia.
O adolescente desenvolve para a vida dando muita cabeçada até aprender se
virar neste mundo.
Texto 2
O desenvolvimento do adolescente
O desenvouvimento de um adolescente não tem nenhum problema quando
os pais acompanham com orientação e muito amor. Os pais ajudam os filhos
aprender o que é a vida. Muitos adolecentes ficam adultos cedo mas outros demora
muito. Parece que a fase deles não vai acabar nunca e as vezes não acaba mesmo,
fica a vida inteira dando trabalho e preocupão para os pais.
Nesta fase o jovem descobre a sexualidade e ele pensa muito em sexo e
começa fazer sexo muito cedo sem estar preparado. Fazem sexo sem camisinha
não preocupa com a prevensão das doença.
São muitas mudanças na fase de adolescência mas nenhuma é importante
193
pra o jovem como o despertar da sexualidade. A puberdade assusta por causa das
transformação no corpo que eles não gostam porque acham que estão feio.
Engraçado uma coisa para os meninos é que por causa da insegurança deles a
auto-estima é de acordo com a beleza da menina que conseguir pegar. Se a menina
é bonita a auto-estima dele sobe mas se ela não é tão bonita a auto-estima dele cai.
Coitada das meninas feias. Elas fica de fora. Tudo porque os meninos para ter uma
afirmação acham que faz bem para o ego deles só namorar meninas bonita.
O adolecente vive cheio de conflitos e muitas vezes procura uma forma de
acabar com estes conflitos. Tem tamm sua fase de rebelde Ele tenta fazer parte
de um grupo para ajudar na sua afirmação e vencer os conflitos mas pode não
certo porque as vezes precisa fazer coisas que não gosta e até seguir regras que
não é a sua praia, tudo para ser aceito no grupo. A contradição de fazer e não gostar
faz muito mau para ele e nada ajuda na formação de sua personalidade. Tudo deixa
ele mais rebelde ainda.
194
S18 Roberta Pereira de Sales
Texto 1
A fase das descobertas
Adolescência é uma fase, são momentos bons, momentos ruins. É a fase
das descobertas, do saber, do querer fazer. Dizem muito que adolescente é
aborrecente, e eu penso que a adolescência é uma fase legal, onde nós decidimos o
nosso futuro, é quando forma o nosso caráter.
A nossa alegria contagia as pessoas, claro temos alguns momentos de
frescura mas é passageira.
Essa é a fase onde descobrimos o amor, sobre relacionamentos. Quando
comessa a nascer espinhas, muitos adolescentes sofrem, eu não tenho esse
problema.
Quando essa fase acabar, nós entraremos em outra, e assim por diante,
mas por enquanto pensarei mais em mim.
Texto 2
A fase das descobertas
O adolescente passa por várias mudanças, tanto no seu corpo como na sua
maneira de viver. Na maioria das vezes, o adolescente trata as pessoas com
desrespeito e ainda acha que estão com toda a razão. Agem com rebeldia e até com
agresividade.
O corpo do adolescente sofre uma transformação rápida demais e ele se
sente feio e desajeitado. Não suporta ver seu rosto cheio de espinhas, as meninas
as vezes engordam nesta fase e sentem vergonha, acha que não semais aceita
em seu grupo e que não vai arrumar namorado. Muitas param de comer e ficam com
doenças sérias como a bulimia e a anorexia.
Isso provoca uma frustração que ela o sabe viver com ela e se não tem
alguém para levantar sua auto-estima, ela fica com depressão. Fica tão abatida e
195
isso passa a ser um grande problema que psicólogo vai poder ajudar. Os pais as
vezes até quer ajudar mas não tem competência mas o carinho e o amor deles pode
ajudar melhorar a auto-estima dos filhos e isto já ajuda muito.
É na adolescência que o jovem tenta descobrir quem ele é, o que quer da
vida e isso não é nada fácil para ele, principalmente quando os adultos faz pouco
caso de suas dúvidas e frustração. A sensação é horrível para ele. Com paciência e
levando a sério os problemas que pertubam os jovens, os adultos podem fazer
muito por eles nesta fase.
196
Sujeito 19
Texto 1
O mundo dos adolescentes
A fase da adolescência é maneira, é legal é importante. Porque a fase da
adolescência é importante, porque voaprende coisas é daí que os pais começa a
explicar coisas que todo adolescente precisa saber como: não fumar droga, não
beber bebida alcoólica e saber lidar com outros jovens também.
Alguns adolescente se sente triste, maguado, preucupado e outros
adolescente se sente mais tranqüilo, caumo e despreucupado. Eu sou uma
adolescente tranqüila, cauma e estrovertida. Eu falo que sou tranqüila porque eu não
presiso se preucupar com nada. Cauma porque eu sou muito cauma e estrovertida
porque meus pais me da carinho, presta mais atenção em mim, me ensina o serto e
o errado e deicha eu sai com minhas colegas.
Na escola meu comportamento é o mesmo, porque não brigo com ninguém
respeito todo mundo e faço o que é serto . Em todo lugar comporto com respeito e
sou tranqüila.
Meu grande sonho e de todos os jovens é ter uma profisão boa, estudar, fazer
o que é serto, não descepicionar os pais, etc
Texto 2
O mundo dos adolescentes
O adolescente tem muitos pensamentos sem sentido, faz coisas sem pensar,
acha que é o dono da verdade. Isso começa na puberdade e quando chega na fase
de 14 e 15 anos querem mandar em si próprio, começam namorar e fazer coisas
antes do tempo.Os pais vão dar concelho e não aceitam, desrespeita os mais
velhos, começa a fazer amigos novos, vão pela cabeça deles as vezes entrão no
mundo das drogas, começa roubar qualquer coisa.
Tudo isto fais ferir os pais que trabalham para o sustento da família, fais
tudo de melhor para o filho e eles não valor. Eu acho que todos tem de respeitar
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seus pais porque sem eles não somos nada.
Acho que tudo que o jovem fais é porque ele está confuso sem rumo. Ele
presisa de conselho. Fais muita coisa para chamar atenção e ser aceito pelos amigo.
Depois com o amadurecimento seu comportamento vai mudando e tudo isto que
falei aqui dele decha de ser o centro da vida dele.
Mas até amadurecer o adolescente vai precisar vencer muitas coisa: seus
medos, suas frustação, sua timides que muitas veses vai deichar ele com
desequilíbrio mental e emocional. com ajuda da família, da igreja e da escola ele
vai sair dessa crise e conseguir a afirmação que precisa para entender o mundo e
ele mesmo.
198
Sujeito 20
Texto 1
O adolescente e seus mistério
Na adolescencia o jovem tem muita ansiedade e uma pressa para tudo, não
sabe esperar ele quer as coisa na hora que ele acha que deve ser sem preocupar
com ninguém. Tem um egoísmo muito grande. Tudo é pra ele, pra ele e mais
ninguém.Tamm é muito nervoso fica irritado por qualquer coisa. Até com o pai e a
mãe fala com estupideis.
Os jovens tamm sonha muito. Seus sonho sempre são de ficar rico. Eles
estão na fase de achar que a coisa mais importante do mundo é ganhar muito
dinheiro, ficar rico e adiquirir muitas coisa para poder ter valor na sociedade pois ela
valor no dinheiro. O adolescente acha que só terá valor se ganhar muito
dinheiro.
Eu sou um adolescente comum tenho sonhos, sou nervoso nem sempre sou
calmo, sei usar a estupideis também mas tenho responsabilidade na escola e na
minha casa porque quero ser alguém na vida e minha família ainda vai ter muito
orgulho de mim.
Texto 2
O adolescente e seus mistério
O adolescente é como uma caixa de surpresa, sempre consegue deicha
alguém na maior confusão porque muda de opinião o tempo todo, não sabe bem o
que quer mas se acha o mássimo cheio da segurança mas é fachada porque no
fundo é inseguro e precisa sempre de alguém na hora de tomar uma decisão. Está
sempre em contradição mas não percebe e não gosta de ouvir falar que ele vive em
contradição
O adolescente precisa de compreensão e carinho. Quando o é
compreendido ele pode ter algum problema. As vezes ele quer mostra que tem
maturidade pra resolver os assunto mas na hora de provar que tem maturidade
199
mesmo ele é um fracasso então fica deprimido e frustrado. A depressão e a
frustrão podem fazer muito mau para ele ao ponto de se envolve com droga ,
prostituição e coisas muito pior.
O apoio e o carinho da família é muito importante nesta hora para tentar a
recuperação deste jovem perdido. Assim ele vai sentir mais segurança para
conseguir sua afirmação .Acredito na força do amor nessas hora porque já vi um
caso que parecia perdido ser resolvido por amor.
O adolescente precisa de diálogo com pessoas que pode ajudar ele, mas
ele precisa aprender ouvir. Os pais tem que reparar os filhos nesta fase, as vezes
parece que eles preocupam mais com o que se passa lá fora do que com o que
passa na sua casa.
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