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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
CENTRO TECNOLÓGICO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AMBIENTAL
FERNANDA DEPIZZOL
AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA A ANTIBIÓTICOS EM
ISOLADOS DE Escherichia coli PROVENIENTES DE
ESGOTO HOSPITALAR E SANITÁRIO
Vitória
2006
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FERNANDA DEPIZZOL
AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA A ANTIBIÓTICOS EM
ISOLADOS DE Escherichia coli PROVENIENTES DE
ESGOTO HOSPITALAR E SANITÁRIO
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Engenharia Ambiental da
Universidade Federal do Espírito Santo, como
requisito parcial para obtenção do Grau de
Mestre em Engenharia Ambiental.
Orientador: Prof. Dr. Sérvio Túlio Alves Cassini
Vitória
2006
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Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP)
(Biblioteca Central da Universidade Federal do Espírito Santo, ES, Brasil)
Depizzol, Fernanda, 1977-
D419a Avaliação da resistência a antibióticos em isolados de Escherichia
coli provenientes de esgotos hospitalar e sanitário / Fernanda Depizzol. –
2006.
145 f. : il.
Orientador: Sérvio Túlio Alves Cassini.
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Espírito Santo,
Centro Tecnológico.
1. Esgotos. 2. Hospitais - Eliminação de resíduos. 3. Hospitais -
Aspectos sanitários. 4. Drogas - Resistência em microorganismos. 5.
Escherichia coli. 6. Desinfecção e desinfetantes. 7. Antibióticos. I.
Cassini, Sérvio Túlio Alves. II. Universidade Federal do Espírito Santo.
Centro Tecnológico. III. Título.
CDU: 628
FERNANDA DEPIZZOL
“AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA A ANTIBIÓTICOS
EM ISOLADOS DE Escherichia coli PROVENIENTES
DE ESGOTOS HOSPITALAR E SANITÁRIO”
_________________________
Prof. Dr. Sérvio Túlio Alves Cassini
Orientador - UFES
_____________________________
Prof (a).Dr(a). Regina Keller
Examinadora Interna - UFES
_____________________________
Prof. Dr. Luiz Olinto Monteggia
Examinador Externo - UFRGS
Universidade Federal do Espírito Santo
Vitória, 2006
A meus pais,
Agradecimentos
A Deus, pela vida;
A minha querida família, meus pais (Alécio e Terezinha) e meus irmãos
(Cristiano, Janes e Cleber), minha prima Rosiana, pelo carinho, apoio e
compreensão não somente durante o curso de mestrado, mas em todos os
momentos importantes de minha vida;
Ao orientador Sérvio Túlio, pelas idéias e oportunidades oferecidas durante este
estudo;
A todos os professores que de alguma forma contribuíram para minha formação,
em especial aos professores Kelly e Ricardo, pela cooperação, atenção,
sugestões e observações;
A Eliana Zandonade, pela ajuda no esclarecimento das análises estatísticas dos
resultados;
Ao FACITEC, pelo financiamento do projeto e pela concessão da bolsa de
estudo;
Ao hospital, por ceder o local para a realização desta pesquisa e disponibilizou
funcionários do setor de manutenção, sempre dispostos a me auxiliar nas coletas;
Aos amigos do projeto “antibiótico”, principalmente Verbênia, Roberto, Warlene e
Bianca S’antana, os quais se empenharam na obtenção dos resultados desta
pesquisa;
A todos os amigos do LABSAN (...), em especial a Aline, Mirian, Beatriz, Wagner,
Thais e Renata, pela inquestionável amizade e disposição em ajudar no que
fosse necessário;
Ao Huelinton, pela compreensão, carinho e paciência;
Ao PPGEA;
Aos membros da banca examinadora, pela presença e contribuição técnica;
A todos aqueles que de alguma maneira contribuíram para a melhoria e
realização desse trabalho.
“Há homens que lutam um dia e são bons.
Há outros que lutam um ano e são melhores.
Há os que lutam muitos anos e são muitos bons.
Porém, há os que lutam toda a vida.
Esses são os imprescindíveis.”
Bertolt Brecht
Resumo
A presença de fármacos em águas residuárias, entre eles os antibióticos, tem sido
alvo de questionamentos e pesquisas nas áreas de saúde pública e ambiental,
devido, principalmente, ao potencial desenvolvimento de bactérias resistentes e sua
persistência no meio ambiente. Este trabalho teve por objetivo isolar bactérias da
espécie Escherichia coli, de esgotos sanitário e hospitalar, verificando o nível de
resistência dos isolados a antibióticos específicos. O esgoto bruto sanitário (EBS)
apresentou características médias de 97mg/L (SST), 368mg/L (DQO
t
) e 220mg/L
(DBO
5
). Enquanto que o esgoto bruto hospitalar (EBH-1 e EBH-2) apresentou
características médias de 367mg/L (SST), 798mg/L (DQO
t
), 270mg/L (DBO
5
) e
características de 113mg/L (SST), 320mg/L (DQO
t
) e 172mg/L (DBO
5
),
respectivamente. O pH esteve próximo à faixa neutra para todas as amostras
analisadas. Em relação aos coliformes totais e E. coli, o esgoto bruto hospitalar e o
sanitário apresentaram em média de 10
7
e 10
6
NMP/100mL, respectivamente. O
máximo de polirresistência encontrada na Estação de Tratamento de Esgoto - UFES
(ETE-UFES) foi a 6 antibióticos (EBS e UASB) e a 7 antibióticos no efluente final. Já
para o esgoto hospitalar foi a 9, 8, 11 e 7 antibióticos, respectivamente para o EBH-
1, saída do filtro-1, EBH-2 e saída do filtro-2. Enquanto que no tanque de
desinfecção observou-se resistência múltipla a 12 antibióticos. Para o antibiótico,
penicilina, foi observada resistência em 100% das bactérias isoladas. Notou-se que o
número de resistências nas linhagens das amostras do esgoto hospitalar foi
significativamente maior quando comparado ao das amostras do esgoto sanitário.
Houve um aumento significativo de E. coli resistentes aos antibióticos eritomicina, e
sulfametoxazol, pós-tratamento da ETE-UFES, enquanto que no sistema tanque
séptico-filtro anaeróbio-1, houve uma redução significativa de E. coli resistentes aos
antibióticos neomicina, e amicacina pós-tratamento. Já no sistema tanque séptico-
filtro anaeróbio-2, verificou-se uma redução significativa de cepas E. coli resistentes
aos antibióticos, tetraciclina, ciprofloxacina e ácido nalidixo. As bactérias resistentes
a antibióticos quando submetidas à ação da luz ultravioleta foram mais resistentes
quando comparadas às bactérias sensíveis, entretanto, deve-se levar em
consideração o pequeno número de testes analisados neste estudo. Portanto, estas
bactérias que apresentam perfis característicos de resistência a antibióticos podem
apresentar um sério risco ambiental na medida em que estas cepas de bactérias
coliformes podem disseminar a resistência para outras bactérias, inclusive aquelas
caracteristicamente patogênicas.
Abstract
The presence of pharmaceuticals compounds in wastewater, among them the
antibiotics, has been white of questionings and research in the areas of public and
ambient health, which had, mainly, to the potential development of resistant bacteria
and its persistence in the environment. This work had the objective of isolate bacteria,
from sanitary and hospital sewages, verifying the level of the resistance of isolated
specified antibiotics. The sanitary raw wastewater presented average characteristics
of 97mg/L (TSS), 368mg/L (COD
t
) and 220mg/L (BOD
5
). Whereas the hospital raw
sewage (EBH-1 e EBH-2) presented average characteristics of 367mg/L (TSS),
798mg/L (COD
t
), 270mg/L (BOD
5
) and 113mg/L (TSS), 320mg/L (COD
t
) and
172mg/L (BOD
5
) respectively. The pH of the hospital and sanitary wastewater during
the period of study remained next to the neutral pH. In relation to total coliforms and
E. coli, the raw and treated hospital sewage had an average of 10
7
NMP/100mL and
10
6
NMP/100mL, respectively. The maximal polyresistance found in the ETE-UFES
for a strain was to 6 antibiotics (EBS and UASB) and to 7 antibiotics (Efinal). For the
hospital wastewater this value was of 9, 8, 11 and 7 antibiotics, respectively for the
EBH -1, SF-1, EBH - 2 and SF-2. Whereas in the TD it was observed multiple-
resistance the 12 antibiotics. For the antibiotic, PEN, was observed resistance in
100% of the isolated bacteria. It was verified that the number of resistant strains of
the samples of the hospital wastewater was significantly bigger when compared with
the samples of the sanitary wastewater. In system ETE-UFES was observed a
significant increase, in the final effluent, of strains E. coli resistant to antibiotics ERI
and SUT, when compared with strain of the raw sewage, whereas in the STSFA-1,
had a significant reduction of resistant E. coli to antibiotics NEO and AMI in the final
effluent. However in the STSFA-2, was verified a significant reduction of strains E.
coli resistant to antibiotics: TET, CIP and NALI. The resistant bacteria to those
antibiotics when submitted to disinfection with ultraviolet light were more resistant
when they had been compared with the sensible bacteria, however, must be taken in
consideration the small check number analyzed in this study. Therefore, these
bacteria that present characteristic profiles of resistance to the antibiotics could
represent a serious ambient risk for the reason that these strains of coliforms bacteria
can spread the resistance for other bacteria, also those already pathogenic.
Lista de Figuras
Figura 3.1: Freqüência de cepas Escherichia coli resistentes a ciprofloxacina causadoras
de bacteremias na Inglaterra e Wales 1990–2004 ______________________________ 26
Figura 3.2: Locais de ação para antibióticos selecionados _______________________ 28
Figura 3.3: Possíveis rotas de fármacos no meio ambiente_______________________ 32
Figura 3.4: Possíveis destinos dos fármacos oriundos de esgotos hospitalares e de esgoto
domésticos (ETE) _______________________________________________________ 35
Figura 3.5: Desenho esquemático de uma bactéria com plasmídeos no seu interior ___ 37
Figura 3.6: Mecanismo de transferência genética bacteriana _____________________ 50
Figura 3.7: Representação esquemática das bactérias e dos organismos indicadores de
contaminação fecal______________________________________________________ 53
Figura 4.1: Sistema ETE - UFES ___________________________________________ 61
Figura 4.2: Vista aérea do FBAS ___________________________________________ 62
Figura 4.3: Vista aérea do decantador _______________________________________ 62
Figura 4.4: Vista aérea do leito de secagem __________________________________ 62
Figura 4.5: Esquema do sistema de tratamento de esgoto hospitalar _______________ 63
Figura 4.6: Pontos de coleta do esgoto hospitalar ______________________________ 64
Figura 4.7: Dosador de cloro Sany Clor 13500 ________________________________ 65
Figura 4.8: Cartelas Quanti - Tray __________________________________________ 70
Figura 4.9: Coleta de amostras positivas para E. coli ___________________________ 70
Figura 4.10: Plaqueamento com amostras positivas para E. coli em meio Agar
Mackonkey_____________________________________________________________ 70
Figura 4.11: Bactérias isoladas após período de incubação ______________________ 70
Figura 4.12: Teste bioquímico (Bactray I e II) ®________________________________ 70
Figura 4.13: Cepa diluída em tampão fosfato__________________________________ 72
Figura 4.14: Inóculo da cepa na placa _______________________________________ 72
Figura 4.15: Distribuição do inóculo na placa__________________________________ 72
Figura 4.16: Cultura em meio Muller-Hinton___________________________________ 72
Figura 4.17: Medição dos halos de inibição onde R (resistente) e S (sensível)________ 73
Figura 4.18: Planta superior do reator UV com eixo colimador ____________________ 74
Figura 4.19: Vista lateral do reator colimador, mostrando o posicionamento da amostra
durante os ensaios ______________________________________________________ 74
Figura 4.20: Contador de colônias mecânico __________________________________ 76
Figura 5.1: Concentrações de SST _________________________________________ 78
Figura 5.2: Valores de turbidez_____________________________________________ 78
Figura 5.3: Concentrações de DBO
5
________________________________________ 78
Figura 5.4: Concentrações de DQO
t
_________________________________________ 78
Figura 5.5: Concentrações de NTK _________________________________________ 81
Figura 5.6: Concentrações de nitrogênio amoniacal ____________________________ 81
Figura 5.7: Concentrações de fósforo _______________________________________ 81
Figura 5.8: Faixas de valores da relação DQO
t
/DBO
5
de esgotos bruto sanitário e
hospitalar _____________________________________________________________ 91
Figura 5.9: Porcentagem de E. coli resistentes a antibióticos isoladas do esgoto
sanitário_______________________________________________________________ 96
Figura 5.10: Porcentagem de E. coli resistentes a antibióticos isoladas do esgoto
hospitalar_____________________________________________________________ 104
Figura 5.11: Cinética de desinfecção de E.coli sensíveis e resistentes a antibióticos __ 114
Lista de Tabelas
Tabela 3.1: Principais mecanismos de resistência bacteriana aos antibióticos ________ 30
Tabela 4.1: Parâmetros utilizados para o dimensionamento dos tanques sépticos e dos
filtros anaeróbicos (STSFA - 1 e STSFA - 2) __________________________________ 64
Tabela 4.2: Resumo das metodologias das análises físico-químicas _______________ 68
Tabela 4.3: Principais antibióticos utilizados e suas concentrações ________________ 71
Tabela 4.4: Interpretação de halos de inibição_________________________________ 73
Tabela 5.1: Comparação entre os resultados do monitoramento obtidos nesta pesquisa e
os resultados obtidos em outras pesquisas, desenvolvidas na mesma ETE __________ 80
Tabela 5.2: Estatística descritiva dos resultados microbiológicos da caracterização do
esgoto sanitário (ETE - UFES) _____________________________________________ 83
Tabela 5.3: Estatística descritiva da caracterização do esgoto hospitalar quanto à matéria
particulada e orgânica ___________________________________________________ 85
Tabela 5.4: Estatística descritiva da caracterização do esgoto hospitalar quanto aos
nutrientes, fósforo, NTK e nitrogênio amoniacal________________________________ 87
Tabela 5.5: Estatística descritiva dos resultados microbiológicos da caracterização do
esgoto hospitalar _______________________________________________________ 89
Tabela 5.6: Comparação dos valores obtidos entre EBH 1 e 2 e EBS através do teste de
Wilcoxon-Mann-Whitney U ________________________________________________ 90
Tabela 5.7: Freqüência de resistência de cepas E. coli isoladas do esgoto sanitário ___ 93
Tabela 5.8: Antibiotipo de cepas E.coli isoladas de esgoto sanitário bruto e tratado____ 95
Tabela 5.9: Teste do Qui-quadrado do perfil de resistência entre o esgoto sanitário bruto e
tratado da ETE - UFES___________________________________________________ 97
Tabela 5.10: Freqüência de resistência de cepas E. coli isoladas do esgoto hospitalar 101
Tabela 5.11: Antibiotipo de cepas E.coli isoladas de esgoto hospitalar bruto, tratado e após
desinfecção___________________________________________________________ 103
Tabela 5.12: Comparação entre os resultados da freqüência de E. coli resistentes a
antibióticos obtidos nesta pesquisa e os resultados obtidos em outras pesquisas ____ 106
Tabela 5.13: Teste do Qui-quadrado, do perfil de resistência entre o EBH - 1 e EBH - 2
(esgoto bruto hospitalar)_________________________________________________ 107
Tabela 5.14: Teste do Qui-quadrado do perfil de resistência entre o esgoto hospitalar bruto
e tratado _____________________________________________________________ 109
Tabela 5.15: Comparação entre a freqüência de resistência de cepas E. coli isoladas do
EBH e EBS ___________________________________________________________ 110
Tabela 5.16: Teste do Qui-quadrado do perfil de resistência entre o esgoto bruto hospitalar
(EBH - 1 e EBH - 2) e o esgoto bruto da ETE - UFES (EBS)_____________________ 111
Tabela 5.17: Efeito da desinfecção UV em E. coli sensível e resistente a antibióticos _ 113
Lista de Siglas
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
AMI Amicacina
AMO Amoxilina
AMP Ampicilina
ANVISA
Normas para Projetos Físicos de Estabelecimentos Assistenciais de
Saúde
BF Biofiltro
CDC Centres for Disease Control
CESAN Companhia Espírito Santense de Saneamento
CFC Cefaclor
CIP Ciprofloxacina
CLO Cloranfenicol
CMI Concentração Mínima Inibitória
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
CONDEMA Conselho Municipal de Meio Ambiente
CP Caixa de Passagem
CPD Centro de Processamento de Dados
CRO Ceftriaxone
CT Coliformes Totais
DBO
5
Demanda Bioquímica de Oxigênio
DEC Decantador
DNA Ácido Desoxiribonucléico
DP Desvio Padrão
DQO
t
Demanda Química de Oxigênio Total
E. coli Escherichia coli
EBH – 1 Esgoto Bruto Hospitalar-1
EBH – 2 Esgoto Bruto Hospitalar-2
EBS Esgoto Bruto Sanitário
Efinal Efluente Final (FBAS + DEC)
EPA Environment Protection Agency
ERI Eritromicina
ES Espírito Santo
ETE Estação de Tratamento de Esgoto
ETEs Estações de Tratamento de Esgoto
EUA Estados Unidos da América
EVR Enterococo vancomicina resistente
EVS Enterococo vancomicina-susceptível
FACITEC Fundo de Apoio a Ciência e a Tecnologia
FBAS Filtro Biológico Aerado Submerso
g Grama
GEN Gentamicina
H Horas
HUCAM Hospital Universitário Cassiano Abel de Almeida
Max Valor ximo
Med Valor Médio
Min Valor Mínimo
MRA Meticilino resistente
MSSA Meticilino susceptível
N Número de Amostras
N
2
Gás Nitrogênio
NALI Ácido Nalidixo
NCCLS National Committee for Clinical Laboratory Standards
NEO Neomicina
ng Nanograma
NMP Número Mais Provável
N-NH
4
+
Nitrogênio Amoniacal
NTK Nitrogênio Total Kjeldahl
NTU Unidades de Turbidez
O
2
Oxigênio
OMS Organização Mundial de Saúde
PEN Penicilina
pH Potencial hidrogeniônico
R Resistente
RNA Ácido ribonucléico
rRNA Ácido Ribonucléico Ribossômico
S Sensível
SEVRA Sistema Europeu de Vigilância da Resistência aos Antimicrobianos
SF – 1 Saída do Filtro 1
SF – 2 Saída do Filtro 2
SST Sólidos Suspensos Totais
STSFA – 1 Sistema Tanque Séptico Filtro Anaeróbio 1
STSFA – 2 Sistema Tanque Séptico Filtro Anaeróbio 2
SUT Trimetoprim/sulfametoxazol
TD Tanque de Desinfecção
TET Tetraciclina
UASB
Do Inglês: Uperflow Anaerobic Sludge (Reator Anaeróbio de Fluxo
Ascendente e Manta de Lodo)
UFC Unidades Formadoras de Colônias
UFES Universidade Federal do Espírito Santo
UNICOR Unidade Coronariana
UTI Unidade de Tratamento Intensivo
UV Luz Ultravioleta
VECA Vigilância Européia do Consumo de Antibióticos
WHO World Health Organization
Sumário
1. Introdução___________________________________ 20
2. Objetivos____________________________________ 22
2.1 Objetivo Geral ________________________________________________ 22
2.2 Objetivos Específicos __________________________________________ 22
3. Revisão Bibliográfica_________________________ 23
3.1 Antibióticos __________________________________________________ 23
3.1.1 Definição e Uso___________________________________________23
3.1.2 Classificação_____________________________________________27
3.2 Mecanismos de Resistência a Antibióticos __________________________ 29
3.3 Ocorrência de Antibióticos no Ambiente ____________________________ 31
3.3.1. Antibióticos em Águas Residuárias ___________________________33
3.4 Resistência a Antibióticos _______________________________________ 37
3.4.1 Bactérias Resistentes a Antibióticos no Esgoto __________________39
3.5 Disseminação de Fatores que Conferem Resistência a Antibióticos no
Esgoto___________________________________________________________46
3.5.1 Pressão de Seleção _______________________________________47
3.5.2 Transferência de Genes Resistentes no Esgoto__________________49
3.6 Organismos Indicadores ________________________________________ 52
3.7 Desinfecção__________________________________________________ 54
3.8 Esgotos Hospitalares e Sanitários_________________________________ 56
4. Material e Métodos ___________________________ 60
4.1 Contextualização da Pesquisa____________________________________ 60
4.2 Descrição da ETE - UFES _______________________________________ 60
4.3 Descrição do Sistema de Tratamento do Esgoto Hospitalar _____________ 62
4.3.1 Desinfecção do Esgoto Hospitalar ____________________________65
4.4 Planejamento Experimental para Avaliação dos Esgotos Hospitalar e Sanitário
(ETE - UFES)____________________________________________________ 66
4.4.1 Pontos de Coleta na ETE - UFES_____________________________67
4.4.2 Pontos de Coleta no Sistema de Tratamento do Esgoto Hospitalar ___67
4.5 Análises Físico-Químicas _______________________________________ 68
4.6 Análises Microbiológicas ________________________________________ 69
4.6.1 Quantificação de Escherichia coli e Coliformes Totais _____________69
4.6.2 Isolamento de Escherichia coli _______________________________69
4.6.3 Análise de Resistência a Antimicrobianos ______________________71
4.7 Desinfecção de Culturas Puras de Escherichia coli com Luz Ultravioleta (UV)
________________________________________________________________74
4.7.1 Descrição do Reator _______________________________________74
4.7.2 Metodologia _____________________________________________75
4.8 Análises Estatísticas ___________________________________________ 76
5. Resultados e Discussão ______________________ 77
5.1 Considerações Gerais __________________________________________ 77
5.2 Caracterização do Esgoto Sanitário (ETE - UFES) ____________________ 77
5.2.1 Caracterização Físico-Química_______________________________78
5.2.1.1 Matéria Particulada (Turbidez e SST) e Orgânica (DQO
t
, e DBO
5
) e pH
____________________________________________________________78
5.2.1.2 Compostos Nitrogenados (NTK, Nitrogênio Amoniacal) e Fósforo __81
5.2.2 Caracterização Microbiológica _______________________________82
5.3 Caracterização do Esgoto Hospitalar ______________________________ 84
5.3.1 Caracterização Físico-Química_______________________________84
5.3.1.1 Matéria Particulada (Turbidez e SST) e Orgânica (DQO
t
e DBO
5
) e pH
____________________________________________________________84
5.3.1.2 Compostos Nitrogenados (NTK, Nitrogênio Amoniacal) e Fósforo __87
5.3.2. Caracterização Microbiológica_______________________________88
5.4 Comparação entre Esgoto Hospitalar e Esgoto Sanitário (ETE-UFES)_____ 90
5.5 Teste de Resistência aos Antimicrobianos por Disco Difusão em Agar ____ 93
5.5.1 Perfil de Resistência aos Antimicrobianos no Esgoto Sanitário (ETE -
UFES) ______________________________________________________93
5.5.1.1 Efeito do Tratamento UASB + FBAS na Remoção de Escherichia coli
Resistentes a Antibióticos _______________________________________97
5.5.2 Perfil de Resistência aos Antimicrobianos no Esgoto Hospitalar ____100
5.5.2.1 Efeito do Tratamento Tanque Séptico - Filtro Anaeróbio na Remoção
de Escherichia coli Resistentes a Antibióticos _______________________108
5.5.3 Comparação entre o Perfil de Resistência do Esgoto Hospitalar e do
Esgoto Sanitário (ETE - UFES) __________________________________109
5.6 Testes de Desinfecção com Escherichia coli________________________ 113
6. Conclusões_________________________________ 116
7. Recomendações ____________________________ 118
8. Referências Bibliográficas___________________ 119
Anexos _______________________________________ 136
1 – Introdução
___________________________________________________________________
20
1. Introdução
Após a descoberta dos antibióticos em 1928, houve uma mudança significativa no
controle das doenças infecciosas, principalmente de origem bacteriana, com
impactos positivos para a saúde pública e qualidade de vida das populações
humanas. Atualmente os antibióticos ou antimicrobianos têm uma elevada demanda
tanto na medicina humana quanto no setor de produção animal como, por exemplo,
a bovinocultura, produção avícola, suína e aqüicultura.
Entretanto, a utilização indiscriminada desses antibióticos vem causando grande
impacto na área de saúde pública e ambiental, devido à possibilidade de surgimento
de cepas altamente resistentes aos antibióticos convencionais, inclusive com a
detecção de resistências múltiplas a determinados antibióticos, e ocorrência de
casos fatais de infecções hospitalares, adquiridas com patógenos polirresistentes
aos antimicrobianos. Assim, a presença de fármacos em águas residuárias, entre
eles os antibióticos, tem sido alvo de questionamentos e pesquisas nas áreas de
saúde pública e ambiental devido, principalmente, ao potencial desenvolvimento de
bactérias resistentes e sua persistência no meio ambiente.
O fenômeno da resistência a antibióticos decorre, principalmente, da seleção de
cepas bacterianas em ambientes que apresentam concentrações destes
quimioterápicos, tal como ocorre no intestino de humanos, onde indivíduos
submetidos a tratamento intensivo e com elevadas dosagens de antibióticos liberam
microrganismos resistentes nas fezes juntamente com antibióticos excretados. Estes
microrganismos, patogênicos ou não, presentes nas fezes, em conjunto com a urina
e produtos de descartes de quimioterápicos em pias e ralos, são os constituintes
principais do esgoto hospitalar e em menor concentração do esgoto sanitário.
1 – Introdução
___________________________________________________________________
21
A região da Grande Vitória, ES, apresenta cerca de 2400 leitos hospitalares de
entidades públicas, sendo que a minoria dos esgotos gerados por estes hospitais
passa por algum tipo de coleta e tratamento. Deste modo, os esgotos hospitalares
são lançados “in natura” em valões ou cursos d’água que podem ter contato direto
com a população residente ou transiente aumentando, assim, o risco de contágio de
doenças infecciosas agravadas por algum tipo de resistência microbiana a agentes
quimioterápicos, tais como antibióticos.
Este esgoto hospitalar direcionado para a rede coletora de esgotos sanitários deve
seguir para tratamento convencional em ETEs para redução, principalmente, da
matéria orgânica contida no esgoto. A liberação destes efluentes na rede coletora de
esgotos e ETEs, além de funcionar como inóculo ou fonte de bactérias resistentes,
tem ainda a agravante de apresentar determinados antibióticos e outros
quimioterápicos, em concentrações suficientes para a geração, manutenção ou
transmissão horizontal dos determinantes genéticos da resistência. Assim, percebe-
se a geração de situações de risco para a população por meio do contágio direto
com esgotos contaminados.
Poucos são os trabalhos que efetivamente avaliam a composição físico-química e
microbiológica, principalmente das bactérias resistentes a antibióticos, dos resíduos
líquidos hospitalares. Apesar de haver alguns trabalhos na literatura, devem-se levar
em consideração o local analisado, onde muitas vezes não pode servir de base para
os demais esgotos hospitalares. Contudo, faz-se necessário uma adequação destes
estudos à realidade de Vitória - ES.
2 – Objetivos
___________________________________________________________________
22
2. Objetivos
2.1 Objetivo Geral
Avaliar e comparar o esgoto hospitalar e o esgoto sanitário quanto à presença de
bactérias resistentes a antibióticos.
2.2 Objetivos Específicos
Caracterizar e comparar sob ponto de vista físico-químico e microbiológico o
esgoto hospitalar de um hospital localizado na região de Vitória, ES e o
esgoto sanitário de uma estação de tratamento de esgoto localizado na
UFES;
Avaliar o nível de resistência a determinados antibióticos nas amostras de
esgotos hospitalar e sanitário;
Comparar as freqüências de resistência aos antibióticos em cepas E. coli
isoladas de esgotos hospitalar e sanitário;
Verificar os possíveis efeitos da radiação UV nos isolados com resistência em
relação aos isolados sensíveis.
3 – Revisão Bibliográfica
___________________________________________________________________
23
3. Revisão Bibliográfica
3.1 Antibióticos
3.1.1 Definição e Uso
Os antibióticos são drogas com capacidade de interagir com microrganismos mono
ou pluricelulares que causam infecções no organismo. As primeiras substâncias
descobertas eram produzidas por fungos e bactérias. Atualmente podem ser
sintetizadas em laboratórios farmacêuticos e têm a capacidade de impedir ou
dificultar a manutenção de um certo grupo de células vivas.
A descoberta dos antibióticos em 1928 e a sua introdução na prática clínica a partir
de 1941, revolucionou a medicina, tendo efeitos decisivos sobre a saúde humana e
a expectativa de vida da população, principalmente no controle de doenças
infecciosas de origem bacteriana. Atualmente os antibióticos ou antimicrobianos têm
uma elevada demanda tanto na medicina humana quanto no setor de produção
animal, como, por exemplo, a bovinocultura, produção avícola, suína e aqüicultura.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 50% de todos os
antimicrobianos produzidos nos Estados Unidos são administrados em animais,
sendo a maior parte utilizados para usos subterapêuticos (WHO, 2001).
Mellon et al., (2001), estimaram que, a cada ano 11,2 milhões Kg de antimicrobianos
são aplicados em animais para finalidades não terapêuticas e 900.000 Kg são
administrados para terapia; sendo que para os seres humanos são gastos
anualmente 1,3 milhões de Kg de antibióticos. O consumo anual de antibióticos, a
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nível global, tem sido estimado, entre 100.000 a 200.000 toneladas (KÜMMERER,
2003). Este grande consumo sem controle médico, pode gerar o surgimento de
cepas bacterianas resistentes a estas drogas, sendo necessária a descoberta
constante de novos medicamentos mais eficientes, o que aumenta
consideravelmente o custo do tratamento das infecções, embora não haja nenhuma
garantia que eles resultarão em drogas novas ou vacinas no futuro próximo. Desde
1970, não foi descoberta nenhuma nova classe de antibióticos para combater as
doenças infecciosas, sendo que em média, a pesquisa e o desenvolvimento de
drogas antimicrobianas levam de 10 a 20 anos (BRUNDTLAND, 2000).
Simões e Farache (1988), ao analisar o consumo de medicamentos no estado de
São Paulo (Brasil) observaram que 12,0% dos medicamentos consumidos
resultaram de uma prescrição médica anterior. O farmacêutico e/ou balconista de
farmácia contribuiu com 10,0%; a automedicação atribuída à orientação de pessoas
do seu relacionamento contribuiu com 9,1% e à própria escolha com 10,7%.
Berquo et al., (2004), entrevistaram 6.145 indivíduos de todas as idades residentes
na zona urbana de Pelotas, Rio Grande do Sul e observaram que as drogas
antimicrobianas mais utilizadas foram as penicilinas (41%), as sulfas (17%) e as
tetraciclinas (8%). Já em hospitais brasileiros (de até 300 leitos), prestadores de
serviços para o Sistema Único de Saúde, dados do Ministério da Saúde sobre o uso
de antimicrobianos, mostram as cefalosporinas como o grupo de antimicrobianos
mais prescritos (31,1%), seguido por penicilinas (25,4%), aminoglicosídeos (18,5%),
cloranfenicol (6,9%), sulfonamidas (4,8%), metronidazol (3,0%), quinolonas (2,6%) e
glicopeptídeos (2,0%).
O fenômeno de resistência microbiana a antibióticos foi acelerado, principalmente,
pelo seu uso indiscriminado (BRUNDTLAND, 2000) e em conseqüência disso
observa-se o desenvolvimento de bactérias resistentes no meio ambiente, além de
promover o surgimento de superinfecções por microrganismos multirresistentes,
principalmente em áreas onde são utilizadas estas drogas (DAVIES, 1996). A
descoberta e o uso clínico de vários antibióticos conhecidos é concomitante ao
surgimento de bactérias que resistem a sua ação. De forma crescente, a prescrição
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de uma droga para o tratamento de uma infecção, em particular, tem sido alterada
devido ao aumento da resistência do microrganismo causador da doença.
Pradier et al., (1997), ao correlacionarem os padrões de resistência de
Streptococcus pneumoniae a penicilina com o uso do antibiótico, em países
Europeus tais como França, Espanha, Alemanha, Itália e Reino Unido, observaram
que a alta taxa de resistência ao antibiótico nos dois primeiros países foi
possivelmente atribuída ao alto consumo oral do medicamento, enquanto que a
baixa prevalência de Streptococcus pneumoniae resistentes à penicilina na
Alemanha e no Reino Unido coincidiu com um menor consumo do antibiótico nesses
países.
Outros usos indiscriminados e não essenciais de antibióticos contribuem para o
surgimento de linhagens resistentes. Por exemplo, muitos antibióticos são utilizados
na agricultura tanto como substâncias promotoras de crescimento em rações de
animais quanto como profiláticas (no sentido de prevenir a ocorrência de doenças
em vez de tratar alguma já existente). O uso de antibióticos em rações animais têm
sido responsabilizado por surtos de diversas infecções alimentares recentes, sendo
que a sobrecarga de diversos ambientes com antibióticos pode resultar no rápido
desenvolvimento de cepas resistentes às drogas.
Na Figura 3.1, Livermore (2005), mostra a correlação entre o uso do antibiótico
ciprofloxacina e o aumento de bactérias Escherichia coli resistentes a este
antibiótico. Observa-se que de 1990 a 2004 houve um aumento significativo de
bactérias resistentes na Inglaterra. Desta forma, indivíduos fazendo uso intensivo de
antibióticos bem como o seu descarte no meio ambiente, promove uma pressão de
seleção, favorecendo o surgimento de cepas bacterianas resistentes (WISE et al.,
1998).
3 – Revisão Bibliográfica
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Fonte: Adaptado de Livermore, 2005
Figura 3.1: Freqüência de cepas Escherichia coli resistentes a ciprofloxacina causadoras de
bacteremias na Inglaterra e Wales 1990–2004
A diminuição do risco de disseminação de bactérias resistentes ou de genes de
resistência dos animais, para o homem, poderia ser alcançada se abolissem o uso
de antibióticos como promotores de crescimento. Esta medida diminuiria para mais
da metade o uso de antibióticos em animais (VALADAS, 2003).
A OMS e a Comissão Européia têm reconhecido a importância de se estudar o
surgimento e os determinantes da resistência e a necessidade de estratégias para
seu controle (WHO, 2000). Nos países Europeus a resistência antimicrobiana tem
sido monitorada desde 1998 pelo Sistema Europeu de Vigilância da Resistência aos
Antimicrobianos (SEVRA) e Vigilância Européia do Consumo de Antibióticos (VECA).
Fundado pela Comissão Européia, o SEVRA é uma rede internacional de vigilância
desenvolvido para coletar dados válidos, confiáveis e comparáveis sobre a
incidência, prevalência e modos de propagação de microrganismos resistentes além
da prescrição e utilização de agentes antimicrobianos (AELVOET, 2002). A
finalidade do SEVRA é documentar variações na resistência antimicrobiana ao longo
do tempo e em diferentes localidades para fornecer bases para avaliar a eficiência
de programas de prevenção e de decisões políticas (BRONZWAER et al., 2002).
Segundo Stumpf et al., (1999), o Brasil é um dos maiores consumidores de fármacos
do mundo juntamente com os EUA, França e Alemanha.
3 – Revisão Bibliográfica
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3.1.2 Classificação
Os antibióticos podem ser classificados de diversas formas. A maneira mais comum
de classificá-los é de acordo com o modo de ação contra o organismo infectante,
podendo também ser classificados conforme sua estrutura química e quanto ao
espectro de ação que pode ser largo (compostos ativos contra bactérias gram-
positivas e bactérias gram-negativas), baixo (compostos efetivos contra um grupo
restrito de bactérias) e intermediário (substâncias com atividade contra algumas
espécies bacterianas gram-negativas) o que dependerá da espécie bacteriana os
quais estes são ativos (GUARDABASSI et al., 1998). Esta classificação encontra-se
resumida na Tabela abaixo.
Tabela 3.1: Classificação dos agentes antimicrobianos
Classificação Tipos Exemplos
• Interfere na biossíntese Penicilinas, cefalosporinas, vancomicinas etc.:
e estrutura da parede celular
• Interfere na permeabilidade Polimixinas, anfotericina B etc.:
e estrutura da membrana celular
• Interfere na biossíntese protéica Tetraciclina, eritromicina, cloranfenicol, amicacina etc.:
• Interfere na estrutura dos ácidos nucléicos Sulfonamidas, trimetoprina, quinolonas etc.:
Estrutura química Betalactâmicos Penicilinas, cefalosporinas, carbapenemas etc.:
Aminoglicosídeos Estreptomicina, neomicina, gentamicina
Tetraciclinas
rifamicinas Rifampicinas
Macrolídeos Eritromicina
Polipeptídeos Polimixina, bacitracina
Cloranfenicol Cloranfenicol
Quinolonas Ácido nalidixo e oxolínico, ciprofloxacina
Sulfonamidas Sulfametoxazol, Sulfadiazina, sulfanilamida
Trimetoprim Trimetoprim
Metronidazol Metronidazol
Espectro de ação Largo quinolonas, tetraciclinas, cefalosporinas de 3° geração,
Baixo penicilina, aminoglicosídeos, sulfonamidas, trimetoprim
Intermediário ampicilina, amoxicilina, cefalosporinas de 1° e 2° geração
Efeito na bactéria Bactericida quinolonas, penicilinas, cefalosporinas, macrolídeos, etc.:
Bacteriostático sulfonamidas, tetraciclinas, cloranfenicol, macrolídeos etc.:
Mecanismo de ação
Fonte: Trabulsi et al., (1999)
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A Figura 3.2 ilustra os diferentes mecanismos os quais os antibióticos podem atuar
danificando a célula bacteriana.
Fonte: Adaptado de Prescott e Baggot (1993)
Figura 3.2: Locais de ação para antibióticos selecionados
A Figura acima ilustra os antimicrobianos sulfonamidas e trimetoprim interferindo na
síntese do ácido fólico como também a penicilina interferindo na síntese da parede
celular. As penicilinas e cefalosporinas, em sua maioria, são mais ativas sobre gram-
positivas que em gram-negativas, pois existem diferenças químicas significativas na
composição química da parede celular destes microrganismos. A parede celular das
bactérias gram-positivas consiste de muitas camadas de peptideoglicana, formando
uma estrutura espessa e rígida. Em contraste, as paredes celulares de gram-
negativas contêm somente uma camada fina de peptideoglicana e uma membrana
externa.
Um outro exemplo do mecanismo de ação dos antibióticos ilustrados na Figura 3.2 é
a inibição da síntese protéica, que pode ser mediada pelos antibióticos tetraciclinas
e gentamicinas, através da ligação na subunidade 30S como também pelos
antibióticos cloranfenicol e do grupo dos macrolídeos, através da ligação na
subunidade 50S. Outras drogas, porém atuam inibindo a síntese dos ácidos
nucléicos. Podem atuar no DNA parasitário, inibir a síntese do RNA, inibir o ácido
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tetraidrofólico, alterar a estrutura dos ácidos nucléicos parasitários, ou reduzir a
formação de nucleotídeos. Neste grupo incluem-se as quinolonas, pirimetamina,
rifampicina, sulfonamidas e trimetoprima (BERTRAM, 1998).
3.2 Mecanismos de Resistência a Antibióticos
Uma bactéria pode adquirir resistência a um determinado antibiótico por diversas
maneiras, tais como a mutação genética que nos casos das bactérias ocorrem com
muita freqüência. Os principais mecanismos de resistência a antibióticos são:
1. Redução da permeabilidade da membrana. Um exemplo deste tipo de
mecanismo de resistência foi descoberto no Enterobacter cloacae resistente a
cefalosporina (CHARREL et al., 1996). A maioria das bactérias gram-negativas
é resistente à penicilina G por ser impermeável à droga, ou por apresentar
alteração em proteínas de ligação à penicilina. No caso das sulfonamidas, o
microrganismo pode também apresentar uma menor permeabilidade à droga.
2. Alteração na via metabólica, anteriormente bloqueada pelo agente
antimicrobiano, pode ocorrer por transferências genéticas. O único exemplo de
via metabólica alternativa de origem cromossômica foi encontrada em um
mutante de Streptococcus faecalis;
3. Remoção ativa de antibióticos de dentro da célula, mecanismo este chamado
de bombas de efluxo é um outro mecanismo que os microrganismos usam para
resistir aos agentes antimicrobianos. As bombas de efluxo fazem com que o
antibiótico seja rapidamente bombeado para fora da célula, diminuindo
significativamente a eficácia do antibiótico. Um exemplo de microrganismo que
confere resistência ao grupo do antibiótico macrolídeo, pelo mecanismo citado
é o Streptococcus pyogenes (ANG et al., 2004). Esse fenômeno é devido à
presença de proteínas de membranas especializadas que conferem resistência
as tetraciclinas, fluoroquinolonas, cloranfenicol e β-lactâmicos além de
antisépticos e desinfetantes do tipo amônia quartenária (PUTMAN et al., 2000).
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4. Produção de enzimas que degradam a composição química dos
medicamentos. O microrganismo pode ser capaz de modificar o antibiótico, que
passa a apresentar uma forma inativa. Muitos estafilococos produzem B-
lactamases que clivam o anel B-lactâmico da maioria das penicilinas
(PARADISI et al., 2001).
5. Modificação do alvo do antibiótico. Em cepas de Escherichia coli a metilação do
rRNA, provavelmente leva a mudança conformacional do rRNA que resulta na
co-resistência aos macrolídeos, lincosamidas e estreptogramina
(GEORGOPAPADAKOU et al., 1987). Alguns exemplos específicos de
resistência bacteriana aos antibióticos estão representados na Tabela 3.2.
Tabela 3.1: Principais mecanismos de resistência bacteriana aos antibióticos
Mecanismo de Exemplo de Base Genética Mecanismo
Resistência Antibiótico da Resistência Presente em:
Pseudomonas aeruginosa
Bactéria Entéricas
Inativação do antibiótico Penicilinas Plasmidial e Cromossomal Staphylococcus aureus
(por exemplo, penicilinase; Bactéria Entéricas
enzimas modificadoras Neisseria gonorrhoeae
do tipo metilases, acetilases Cloranfenicol Plasmidial e Cromossomal Staphylococcus aureus
e fosforilases e outras) Aminoglicosídeos Plasmidial Bactéria Entéricas
Alteração do alvo (por exemplo, Eritromicina Cromossomal Staphylococcus aureus
RNA polimerase, rifamicina; Rifamicina Bactéria Entéricas
ribossomo, eritromicina e Estreptomicina Bactéria Entéricas
estreptomicina; DNA girase, Norfloxacin Bactéria Entéricas
quinolonas) Staphylococcus aureus
Desenvolvimento de uma via Sulfonamidas Cromossomal Bactéria Entéricas
bioquímica resistente Staphylococcus aureus
Efluxo (bombeamento para Tetraciclinas Plasmidial Bactéria Entérica
fora da célula) Cloranfenicol Cromossomal Staphylococcus aureus
Bacillus subtilis
CromossomalRedução da Permeabilidade Penicilinas
Fonte: Adaptado de Madigan et al., 2004
3 – Revisão Bibliográfica
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3.3 Ocorrência de Antibióticos no Ambiente
Recentemente, o monitoramento de fármacos residuais, entre eles os antibióticos,
no meio ambiente vem ganhando grande interesse devido ao fato de muitas dessas
substâncias serem freqüentemente encontradas em esgotos que podem atingir ou
impactar os corpos d’águas receptores, além de causar possíveis efeitos adversos à
saúde humana (KÜMMERER et al., 2004).
O uso desenfreado de antibióticos acarreta dois problemas ambientais: um, é a
contaminação dos recursos hídricos e o outro, é o fato de que alguns
microrganismos criam resistência a esses fármacos. As bactérias podem fazer, e
freqüentemente o fazem, mudanças no seu material genético, adquirindo resistência
aos fármacos. Assim, uma bactéria presente em um rio que contenha antibióticos
pode adquirir resistência a essas substâncias (BILA; DEZOTTI, 2003).
Na Figura 3.3, Halling-Sorensen et al., (1998), demonstram através de um esquema
os possíveis caminhos para os fármacos, entre eles os antibióticos, quando
descartados no meio ambiente. Estes fármacos foram divididos entre os utilizados
na medicina humana e os utilizados na medicina veterinária.
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Fonte: Adaptado de Halling-Sorensen et al., 1998
Figura 3.3: Possíveis rotas de fármacos no meio ambiente
Na medicina veterinária, os antibióticos podem ser utilizados como promotores de
crescimento, no tratamento terapêutico na bovinocultura, utilizados também na
produção avícola e intensivamente usados como aditivos de alimento de peixe na
aqüicultura e criação de suínos (LOKE et al., 2000). De acordo com o esquema
acima de Halling-Sorensen et al., (1998) o destino final dos fármacos residuais, no
ambiente aquático pode ser devido à utilização de esterco, contaminados por
antibióticos, como fertilizantes na agricultura, sendo uma outra importante fonte de
contaminação o uso como aditivos de alimento de peixe na aqüicultura. Sendo
assim, podem contaminar o solo, águas de subsolo e águas superficiais. Devido ao
uso na cultura de peixes, alguns antibióticos como o cloranfenicol e o oxitetraciclina
foram detectados em sedimentos de origem marinha (SMITH; SAMUELSEN, 1996).
Compostos
Farmacêuticos
Compostos Farmacêuticos
(Uso – Humano)
Tratamento
Terapêutico de
Gados no Campo
Excreção das
Drogas na Urina
e Fezes
Promotores de Crescimento
para Produção de Gados
e Coccidiotastico para
Produção de Suínos e Aves
Disposição Direta
da Droga Excedente
no Esgoto
Psicultura
Compostos Farmacêuticos
(Uso – Veterinário)
Sistemas de Tratamento
de Esgoto
Água
Subterrânea
Campo
Esgoto
Tratado
Lodo Disperso
no Campo
Ambiente
Aquático
Esterco Disperso
no Solo
Efeitos nos
Organismos Aquáticos
Efeitos nos
Microrganismos
Efeitos nos
Beneficiados
Efeitos
Destino
Exposição
E
s
c
a
p
e
E
s
c
a
p
e
3 – Revisão Bibliográfica
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A presença de antibióticos no ambiente aquático, oriundos da utilização pela
medicina humana, ocorre através da disposição direta da droga excedente no
esgoto, como também na excreção das drogas nas fezes e na urina que na maioria
das vezes, são encaminhados para um sistema de tratamento de esgoto. Nestes
sistemas haverá a produção de lodo que são dispersos no campo, que contribuirá
desta forma, como fonte de contaminação de fármacos no ambiente aquático
através de infiltração e lixiviação dos antibióticos presentes no lodo além do esgoto
tratado que são lançados em corpos receptores.
Os antibióticos são desenvolvidos para serem persistentes, mantendo suas
propriedades químicas o bastante para servir a um propósito terapêutico. Embora
estes compostos sejam produzidos para serem metabolizados no corpo humano, em
alguns casos 50 a 90% da droga administrada pode ser eliminada pelo corpo na
forma biologicamente ativa (RALOFF, 1998), onde são freqüentemente encontradas
no esgoto sanitário e em esgotos hospitalares (BROWN, 2004). Vários estudos têm
demonstrado que estas substâncias têm uma elevada persistência no meio
ambiente, não saindo completamente removidas pelos sistemas de tratamento de
esgotos convencionais (STUMPF et al., 1999; TERNES, 1998; TERNES et al.,
1999).
3.3.1. Antibióticos em Águas Residuárias
Os compostos farmacêuticos utilizados pelo homem alcançam o esgoto através da
urina e das fezes e também pela disposição inadequada. Esses fármacos são
eliminados nos vasos sanitários de residências, hotéis, dormitórios e utilidades
comerciais (incluindo hospitais). Estes pontos são conhecidos como contribuintes de
contaminação dos esgotos por antibióticos (GUARDABASSI et al., 1998;
HARTMANN et al., 1998; ALDER et al., 2003). Uma vez no esgoto os antibióticos
podem alcançar ambientes aquáticos naturais, mesmo quando tratados. De acordo
com Giger et al., (2003) uma estação de tratamento de esgoto (ETE) só consegue
eliminar parcialmente as concentrações de antibióticos presentes nele. Segundo
3 – Revisão Bibliográfica
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Richardson e Bowron (1985), existem três destinos para compostos farmacêuticos
em ETEs:
1. As drogas ou metabólitos originais das drogas podem ser mineralizados por
microrganismos a dióxido de carbono e água, como por exemplo, o ácido
acetilsalisílico;
2. Compostos lipofílicos e não disponíveis para a degradação podem ficar
retidos no lodo;
3. As substâncias químicas podem passar por algum processo metabólico ou
ser degradado parcialmente, como as penicilinas;
4. Os compostos podem apresentar-se de forma persistente como o clofibrato,
que é considerado um antilipêmico.
Uma importante fonte de poluentes químicos são os esgotos hospitalares uma vez
que estes usam uma grande variedade de substâncias químicas tais como
compostos farmacêuticos, radionuclídeos, solventes e desinfetantes para diversas
finalidades como: diagnósticos, desinfecção e pesquisas (ERLANDSSON;
MATSSON, 1978; RICHARDSON; BOWRON, 1985). Desta forma, os hospitais
podem representar uma fonte de liberação incontestável de muitas substâncias
tóxicas, inclusive os antibióticos, no ambiente aquático (JOLIBOIS et al., 2002),
mesmo levando em consideração, por exemplo, o uso de antibióticos por pacientes
fora dos hospitais, o uso na agropecuária e em animais de estimação (KÜMMERER,
2003).
De acordo com Emmanuel et al., (2005) a Figura 3.4 mostra os possíveis destinos
dos fármacos oriundos de esgotos domésticos e hospitalares. Após aplicação,
algumas dessas substâncias e drogas não metabolizadas são eliminadas por
pacientes no esgoto hospitalar (KÜMMERER, 2001) que geralmente são lançados
em esgotos sanitários sem nenhum tratamento prévio.
A principal fonte de fármacos no ambiente hospitalar são geralmente as unidades de
tratamento intensivo onde excretas de pacientes e quimioterápicos lançados em pias
e drenos são direcionados para caixas comuns ao sistema de coleta de esgoto dos
3 – Revisão Bibliográfica
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hospitais. Se elevadas concentrações desses quimioterápicos são mantidas no
esgoto e em estações de tratamento de esgoto, os esgotos de hospitais e ETEs
podem se tornar uma importante fonte de seleção de bactérias resistentes a
antibióticos (KÜMMERER; HENNINGER, 2003).
Fonte: Adaptado de Emmanuel et al., 2005
Figura 3.4: Possíveis destinos dos fármacos oriundos de esgotos hospitalares e
de esgoto domésticos (ETE)
Brown et al., (2005), investigaram a presença de vários antibióticos no esgoto
hospitalar e no esgoto doméstico. Observaram que todos os seis antibióticos,
analisados, estiveram presentes em pelo menos uma amostra do esgoto hospitalar.
Descobriram também, uma maior concentração e presença de antibióticos nestas
amostras quando comparadas as amostras de esgoto doméstico, onde não foi
detectada presença de antibióticos no esgoto de dormitório e somente um
antibiótico, a ofloxacina, no esgoto proveniente do asilo.
3 – Revisão Bibliográfica
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Devido à presença e concentração relativamente elevada de antibióticos no esgoto
hospitalar, Brown et al., (2005) chegaram à hipótese de que os esgotos hospitalares
são contribuintes essenciais de resíduos antimicrobianos no esgoto sanitário.
Os antibióticos e outros quimioterápicos estão presentes na faixa de µg/L no esgoto
de ETEs (HIRSCH et al., 1999; ZUCATTO et al., 2000). Concentrações de
antibióticos próximas da concentração mínima inibitória (CMI) de 20 µg/L para
Pseudomonas putida foram encontradas no esgoto e no lodo de uma ETE (AL-
AHMAD et al., 1999). Este fato vem demonstrar que populações de bactérias
resistentes podem prevalecer nos diversos compartimentos de ETEs com potencial
risco de lançamento no meio aquático.
Além da presença de antibióticos em águas residuárias muitos trabalhos também
têm detectado em outros ambientes como em águas subterrâneas (TERNES, 1998),
em rios (TERNES et al., 1999; KOLPIN et al., 2002), no oceano (BUSER et al.,
1998) e no solo (BERGER et al., 1986). No Brasil, na cidade do Rio de Janeiro,
Stumpf et al., (1999), detectaram em rios e córregos, resíduos de drogas como o
ácido clofíbrico, diclofenaco e naproxem.
A ocorrência de fármacos residuais no meio ambiente pode apresentar efeitos
adversos em organismos aquáticos e terrestres. O efeito pode ser em qualquer nível
da hierarquia biológica: célula - órgãos - organismo - população - ecossistema (BILA;
DEZOTTI, 2003). Pode-se citar como exemplo a disfunção sexual encontrada em
peixes de alguns rios da Europa (JOBLING et al., 1998).
Segundo Bila e Dezotti (2003), é necessária uma avaliação criteriosa dos efeitos
desses fármacos no meio aquático, para estabelecer os limites de concentrações
para o descarte seguro de efluentes sanitários tratados em corpos receptores, além
da importância do monitoramento da eficiência de remoção desses fármacos pelos
processos convencionais de tratamento de esgotos sanitários, pois, no futuro,
podem ser necessárias adaptações, ou mesmo implantar outros processos de
tratamento que complementem a remoção adequada desses fármacos.
3 – Revisão Bibliográfica
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3.4 Resistência a Antibióticos
A resistência às drogas antimicrobianas é definida como a capacidade adquirida por
um organismo de resistir a um agente quimioterápico ao qual este é normalmente
sensível (MADIGAN et al., 2004).
A maioria das resistências antimicrobianas envolve genes de resistência, que são
transferidos por meio de mecanismos genéticos. Os genes que codificam estes
mecanismos de defesa estão localizados no cromossomo bacteriano ou nos
plasmídeos extracromossomais (moléculas circulares duplas de DNA que estão
separadas do DNA cromossômico ilustrados na Figura 3.5). Estes são transmitidos
para as próximas gerações (transferência vertical do gene) como também podem ser
trocados entre bactérias de diferentes associações taxonômicas (transferência
horizontal do gene) (DAVIDSON, 1999).
Figura 3.5: Desenho esquemático de uma bactéria com plasmídeos no seu interior
Desde a descoberta dos antibióticos em 1928, verificou-se o surgimento de cepas
resistentes aos diversos tipos de antimicrobianos correlacionado com a pressão de
seleção do meio, ou seja, com a concentração destas drogas no organismo e no
meio ambiente (MARTINEZ; BAQUERO, 2000). Desde então, há uma crescente
preocupação com a resistência a agentes antimicrobianos devido, principalmente, ao
surgimento de cepas patogênicas que não respondem aos tratamentos
3 – Revisão Bibliográfica
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quimioterápicos convencionais e com grandes implicações para a saúde pública
(WISE et al., 1998).
De acordo com Travers e Barza (2002), a resistência antimicrobiana pode
apresentar dois principais efeitos durante a infecção bacteriana. O primeiro efeito é a
associação da resistência bacteriana com a virulência das cepas verificadas pela
incidência de complicações, hospitalização e mortes.
Welch et al., (apud PALADINO, 2000), examinando custos específicos com a
resistência microbiana em hospitais de Nova Yorque, Colorado e Ohio, observaram
que pacientes com bacteremia causada por Staphylococcus aureus resistentes
ficaram internados em média 2,7 dias a mais do que pacientes com cepas sensíveis
e representaram um custo adicional de US$ 3.500,00 por caso.
Linden et al., (apud PALADINO, 2000), compararam as despesas com o tratamento
de bacteremia causada por Enterococcus vancomicina resistente (EVR) e por
Enterococcus vancomicina susceptível (EVS) em pacientes de uma Unidade de
Transplante de Fígado na Universidade de Pittsburgh. A taxa de mortalidade no
grupo EVR foi 58%, contra 19% no grupo EVS. O custo por paciente foi de US$
100.000 a mais para o grupo EVR que para o grupo EVS.
Holmberg et al., (1987), revendo dados do CDC (Centers for Disease Control) de
pacientes infectados por microrganismos, nos EUA, entre o período de 1971 a 1980,
constatou que nas comunidades onde ocorreram doenças causadas por cepas
susceptíveis a drogas, a taxa de mortalidade era de 3 (0,2%) dos 1321 pacientes,
enquanto que pessoas infectadas por cepas de bactérias resistentes a múltiplas
drogas, este valor passava para 7 (3,4%) dos 205 pacientes.
O segundo efeito da resistência antimicrobiana é a possível complicação da escolha
do agente para o tratamento da doença. A resistência antimicrobiana pode levar a
uma escolha inapropriada do antimicrobiano como terapia inicial, conduzindo a uma
baixa resposta do medicamento.
3 – Revisão Bibliográfica
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Pesquisas, realizadas em Minnesota na Espanha, entre 1992 – 1998, indicaram que
entre pacientes tratados com uma fluoroquinolona a duração média da diarréia era
de 7 dias para os pacientes infectados por uma cepa susceptível a quinolona, porém
a duração média da diarréia, de pacientes infectados por uma cepa resistente a
quinolona era de 10 dias, uma diferença de 3 dias (SMITH et al., 1999).
A prevalência de cepas patogênicas resistentes a antibióticos convencionais tem
desafiado o tratamento efetivo de doenças infecciosas (NIEDERMAN, 2000). Ternes
(1998), reporta a problemática da venda de medicamentos em farmácias sem
prescrição e sem controle, o que eleva ainda mais os valores estimados de consumo
e, conseqüentemente, de descarte no meio ambiente. Em 1968, 12500 pessoas
morreram na Guatemala devido à epidemia de Shigella diarrhoea, doença esta,
desenvolvida por um microrganismo que possuía um plasmídeo resistente a quatro
diferentes antibióticos (DAVIES, 1996).
3.4.1 Bactérias Resistentes a Antibióticos no Esgoto
A resistência a antibióticos tem sido observada em vários ambientes aquáticos
incluindo rios e áreas costeiras, esgoto doméstico, esgoto hospitalar, sedimentos,
águas superficiais, lagos, oceanos poluídos por esgotos e água potável (MEZRIOUI;
BALEUX, 1994).
A presença de bactérias coliformes em corpos d’água pode indicar o contato dessa
água com esgotos urbanos, onde se observa a grande possibilidade de transmissão
de doenças por veiculação hídrica. Na condição de bioindicadora de poluição
antrópica, o grupo coliforme não oferece grande risco de transmissão de doenças.
Entretanto, cepas dessas bactérias isoladas de ambientes apresentando perfis
característicos de resistência a antibióticos podem apresentar um sério risco
ambiental na medida em que estas cepas de bactérias coliformes podem disseminar
a resistência para outras bactérias, inclusive aquelas caracteristicamente
patogênicas.
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Reinthaler et al., (2003) avaliando a resistência a antibióticos utilizando Escherichia
coli isoladas de esgoto e lodo de três ETEs, onde duas recebem esgotos de origem
doméstica e uma outra recebe esgoto de origem doméstica e hospitalar, verificaram
que, dentre os agentes antimicrobianos avaliados, as freqüências destes isolados
resistentes observados foram, no grupo das penicilinas, 12 a 18%, cefalosporinas
com 11 a 35%, quinolonas com 13 a 15% e tetraciclinas com 57%. Foi estimado que
mais de 102 UFC/100mL de E. coli resistentes são lançados nos corpos d’água,
contribuindo assim, para a disseminação da resistência no meio aquático.
De acordo com Reinthaler et al., (2003) o esgoto hospitalar parece conter
Escherichia coli com taxas de resistência maiores do que as E. coli isoladas de
esgoto sanitário. Por outro lado, estudos anteriores mostraram que 26% dos
coliformes presentes em esgoto hospitalar possuem resistências transferíveis
enquanto que em esgoto sanitário, este valor é de somente 4% (GRABOW;
PROZESKY, 1973).
Chitnis et al., (2000) ao estudarem a população de coliformes presente no esgoto
hospitalar, verificaram padrões de resistência simultânea a ampicilina,
cefalosporinas, aminoglicosídeos, tetraciclina, trimetoprim/sulfametoxazol,
quinolonas e cloranfenicol. No entanto, em amostras de esgotos sanitários
constataram quantidades insignificantes destes organismos multirresistentes, com
cerca de (0,0000011 - 0,025%) contra 0,58 - 40% nos dez esgotos hospitalares
analisados.
Porém, Silveira (2004) analisando bactérias resistentes a 18 antibióticos, isoladas de
esgoto de um hospital localizado na cidade de Porto Alegre não encontrou diferença
significativa nas bactérias isoladas de amostras do efluente de origem sanitária ao
se comparar com o efluente hospitalar, entretanto a autora ressalta a número restrito
de amostras testadas de efluente doméstico.
Um estudo realizado por Sturtevant e Feary (1969), onde analisaram bactérias
fermentadoras de lactose resistentes a antibióticos em amostras de esgoto bruto e
tratado, observaram que aproximadamente 1% destas bactérias apresentou
3 – Revisão Bibliográfica
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resistência a múltiplos antibióticos. Destes organismos, 50% eram capazes de
transferir a resistência para outras bactérias receptoras. Ainda Sturtevant et al.,
(1971), com o intuito de verificar a incidência de “coliformes fecais” e totais no
esgoto bruto, analisaram cincos estações de tratamento de esgoto. Verificaram que
2 a 5% dos coliformes totais isolados do esgoto bruto foram resistentes
simultaneamente aos antibióticos, estreptomicina e tetraciclina, e em menor número,
porém significante, detectaram cepas resistentes simultaneamente a três
antibióticos: estreptomicina, tetraciclina e ampicilina.
Smalla et al., (1993), mostraram que a resistência a kanamicina é amplamente
distribuída entre culturas de bactérias de diferentes habitats. Altas proporções de
bactérias resistentes a kanamicina (acima de 38,6%) foram encontradas em
amostras de esgoto e no esterco de suínos. Nas diferentes amostras de solo a
proporção de bactérias resistentes a kanamicina foi entre 0,001 a 5%. Poucas
bactérias resistentes foram encontradas em rios. Os autores acreditam que a
freqüente ocorrência de resistência a kanamicina no esgoto e no esterco de suínos,
deve-se ao uso da kanamicina na medicina veterinária e em aditivos de alimentos.
Com a finalidade de avaliar a distribuição das espécies de Enterococcus, Blanch et
al., (2003) analisaram esgoto sanitário bruto e tratado além de esgotos brutos de
hospitais de três países: Espanha, Suécia e Reino Unido. Mais de 60% das
amostras analisadas pertenciam às espécies Enterococcus faecalis e Enterococcus.
faecium. A resistência a vancomicina foi analisada nas concentrações de 8 e 20
mg/L para 1071 colônias isoladas provenientes de esgotos hospitalares destes 3
países. Observou-se, resistência em 43% (8mg/L) e 36% (20 mg/L) das cepas
isoladas, na Suécia; 30% (8mg/L) e 22% (20 mg/L) na Espanha; e 18% (8 mg/L) e
5% (20 mg/L) no Reino Unido.
A incidência de surtos envolvendo doenças de veiculação hídrica por bactérias
resistentes a antibióticos tem levado a um sério problema de mortalidade entre
pacientes que não respondem aos antimicrobianos, sendo que uma importante fonte
destas bactérias resistentes no ambiente é o efluente de sistemas de tratamento de
esgotos (HASSANI et al., 1992).
3 – Revisão Bibliográfica
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Os sistemas de tratamento de esgoto são utilizados para tratar esgotos domésticos
e industriais, de modo que possa ser disposto no ambiente aquático natural,
incluindo rios, lagos e córregos de maneira a causar o mínimo de impacto na vida
aquática. Atualmente o efluente de uma ETE deve obter limites de concentrações
para sólidos suspensos, nutrientes, “coliformes fecais”, coliformes totais e demanda
bioquímica de oxigênio, entretanto, não tem sido estabelecidos limites para agentes
antimicrobianos sendo que o efeito de baixas concentrações destes fármacos no
desenvolvimento de resistência a antibióticos, tem recebido pouca atenção
(MORSE; JACKSON, 2003).
Nesse sentido tem sido pesquisada a eficiência de remoção de bactérias resistentes
a antibióticos, em diferentes sistemas de tratamento de esgoto. Silveira (2004),
estudando o efeito do tratamento biológico, em esgoto hospitalar, na resistência aos
antimicrobianos observou que em Escherichia coli não houve variações significativas
na resistência aos antibióticos testados após o tratamento em contatores biológicos
rotatórios, porém quando Silveira (2004) analisou Klebsiella sp. e Enterococcus sp.
verificou um acréscimo significativo na resistência a ampicilina e gentamicina,
respectivamente, após o tratamento biológico. Por esse motivo, Silveira (2004),
ressalta a importância da utilização de processos de desinfecção eficientes, com
monitoramento microbiológico não restrito às medidas de concentração de
coliformes e E. coli.
Vilanova et al., (2004) verificaram a composição e persistência de populações de
“coliformes fecais” e Enterococcus no esgoto bruto de 5 diferentes ETEs (4 estações
de lodo ativado e uma de floculação química) e observaram que os sistemas de
tratamento de esgotos não conseguem reduzir a níveis seguros as densidades
destas bactérias resistentes a antibióticos nos efluentes, concluindo que não há
eliminação seletiva nos diversos tipos de tratamento de esgotos e que deve-se ter
cuidados adicionais em programas de reúso de efluentes de sistemas de tratamento
de águas residuárias. Sturtevant e Feary (1969), analisando bactérias fermentadoras
de lactose resistentes a antibióticos, também não encontraram diferença entre o
esgoto bruto e o esgoto tratado nas cinco estações de tratamento analisadas.
3 – Revisão Bibliográfica
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Porém Mezrioui e Baleux (1994), ao estudar duas ETEs, uma lagoa aeróbia e uma
outra de lodo ativado, observaram que a lagoa aeróbia foi eficiente na remoção de
“coliformes fecais”, porém, houve um aumento significativo na porcentagem de
cepas Escherichia coli resistentes a antibióticos na saída da lagoa sendo que o
máximo de polirresistência encontrada para uma cepa foi a sete antibióticos
(ampicilina, mezocilina, gentamicina, netilmicina, tobramicina, doxiciclina e
cloranfenicol). Entretanto no lodo ativado, não encontraram aumento significativo de
cepas resistentes a antibióticos, como observado na lagoa aeróbia onde há um
maior tempo de detenção do esgoto no sistema (40 - 70 dias) quando comparado ao
lodo ativado (5 - 6 horas). Grabow e Prozesky (1973), também encontraram um
aumento no número de coliformes resistentes durante o tratamento de esgoto
sanitário por uma lagoa aeróbica, passando de 0,86% para 2,45% pós-tratamento.
Com a finalidade de investigar a resistência a antibióticos em Acinetobacter spp.
isoladas de redes coletoras que recebem esgoto hospitalar e esgoto de indústria
farmacêutica, Guardabassi et al., (1998), analisaram 385 cepas Acinetobacter,
quanto a susceptibilidade aos agentes antimicrobianos, isoladas de amostras
coletadas a montante e a jusante da descarga de esgoto de um hospital e de uma
indústria farmacêutica. Os antibióticos analisados incluem a amoxicicilina,
oxitetraciclina, cloranfenicol, sulfametoxazol, gentamicina e ciprofloxacina. De
acordo com Guardabassi et al., (1998) o lançamento do esgoto hospitalar esteve
associado com um aumento na prevalência de resistência a oxitetraciclina,
entretanto a 500m após o ponto de descarga os autores observaram uma redução
de bactérias resistentes a antibióticos em relação ao ponto imediatamente ao
lançamento do esgoto.
Já o esgoto derivado da indústria farmacêutica, foi verificado que, embora
influenciada pela variação temporal, a prevalência das resistências simples e
múltiplas foram significativamente maiores nos pontos situados à jusante da
indústria farmacêutica. Foi detectada a persistência de bactérias resistentes a
antibióticos após os 250m do ponto de descarga do efluente. Isto provavelmente
ocorre devido ao fato de que na indústria farmacêutica o local em que os agentes
3 – Revisão Bibliográfica
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antimicrobianos são preparados e posteriormente lavados, o antibiótico residual
presente na água é liberado diretamente em sistemas de tratamento de esgoto.
Em 1992 Hassani et al., avaliaram a distribuição das espécies de Aeromonas
presentes em lagoas de tratamento de esgoto para determinar o efeito do tratamento
no decaimento das espécies resistentes aos agentes antimicrobianos. Durante o
tempo de 17 meses de estudo a distribuição de espécies Aeromonas observada no
sistema diferiu entre os meses frios e quentes. As espécies mais comuns de
Aeromonas observadas foram A. caviae, A. hydrophila, e A. sobri. Os autores
testaram sete antibióticos dentre eles, amoxicilina, trimetoprim/sulfametoxazol,
cefalotina, estreptomicina, cloranfenicol, polimixina B e ácido nalidixo. Todos os
isolados foram resistentes a amoxicilina e 73% exibiram resistência a cefalotina. Eles
verificaram também que cada espécie exibiu diferentes padrões de resistência, onde
a resistência ao antibiótico cefalotina em A. caviae, A. hydrophila e A. sóbria, foi de
91%, 96% e 9% respectivamente. Os pesquisadores observaram que a temperatura
pode ter influenciado no efeito de resistência a múltiplas drogas. Durante os meses
quentes, o nível de resistência foi maior nas bactérias isoladas na entrada do
sistema quando comparadas as isoladas na saída do sistema de tratamento.
Um outro estudo realizado por Imzilin et al., (1996) avaliando o efeito do tratamento
de lagoas de estabilização nos padrões de resistência a antibióticos em Aeromonas,
não observaram diferença nos padrões de resistência entre o esgoto bruto e esgoto
tratado desta lagoa. Todas as cepas isoladas apresentaram resistência a múltiplos
antibióticos, incluindo resistência a ampicilina, amoxicilina e novobiocina.
Aproximadamente 90% das cepas de A. hydrophila e A. caviae foram resistentes a
cefalotina e quase 80% das cepas A. sóbria foram susceptíveis.
Uma pesquisa sobre a resistência a antibióticos utilizando “coliformes fecais”
isolados de esgoto antes e após tratamento por um filtro de areia mostrou que o filtro
de areia, não afeta diretamente nos “coliformes fecais” resistentes a antibióticos,
contudo pode selecionar algumas espécies, pois foi observado um aumento
significativo na porcentagem de bactérias resistentes aos antibióticos, ampicilina,
3 – Revisão Bibliográfica
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kanamicina, cloranfenicol e estreptomicina após passar pelo filtro de areia
(HASSANI et al., 1999).
Guardabassi et al., (2002), com o intuito de analisar o efeito do tratamento terciário
de esgoto sanitário na prevalência de bactérias resistentes, avaliaram duas estações
de tratamento de esgoto de lodo ativado na Dinamarca. Observaram que em ambas
as estações houve uma redução no número total de bactérias resistentes entre o
esgoto bruto e esgoto tratado. O número de coliformes e Acinetobacter spp.
resistentes a ampicilina, gentamicina e tetraciclina foi 10-1000 vezes menores no
esgoto tratado quando comparados ao esgoto bruto. Observaram que a prevalência
de coliformes resistentes a ampicilina e gentamicina no esgoto bruto foi
significativamente maior do que no lodo digerido. O autor ressalta que embora a
prevalência de bactérias com resistência múltipla a antibiótico não ter aumentado
após tratamento, pode-se notar que a resistência a ampicilina, gentamicina e
tetraciclina, tais como as detectadas no esgoto tratado de uma estação estudada,
são incomuns de ocorrer em ambientes naturais.
Reinthaler et al., (2003), analisaram três ETEs com lodo ativado, e nestas estações
não observaram aumento significativo na taxa de Escherichia coli resistentes a
antibióticos no curso do sistema de tratamento de esgoto.
De acordo com Guardabassi et al., (2002), a prevalência de bactérias resistentes no
esgoto pode variar significativamente. Isto dependerá da estação de tratamento de
esgoto, da população bacteriana estudada, do agente antimicrobiano sob estudo
bem como o método e a concentração de antibióticos utilizados para determinar a
resistência antimicrobiana.
Para avaliar o impacto do efluente urbano, incluindo descargas de estações de
tratamento de esgoto, Goni-Urriza et al., (2000) investigaram bactérias resistentes a
antibióticos isoladas de um rio na Espanha. As amostras de rio foram coletadas a
montante e a jusante do descarte de uma ETE de uma cidade. A maioria da
Aeromonas (72%) e 20% das Enterobacteriaceae analisadas foram resistentes ao
ácido nalidíxo. As bactérias resistentes a quinolonas, particularmente as cepas de
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Aeromonas foram mais freqüentes a montante do que a jusante do ponto de
descarga, sugerindo uma outra origem dessas bactérias resistentes do que o esgoto
urbano. O uso extensivo de quinolonas na veterinária em fazendas próximas ao rio
sob estudo é questionado pelos autores.
Outros estudos têm relatado, em rios, menores concentrações de bactérias fecais e
naturais resistentes a antibióticos a montante de áreas urbanas e de descargas de
ETEs, e um aumento imediato a jusante destes pontos de lançamento de resíduos
líquidos (BOON; CATTANACH, 1999; PATHAK et al., 1993; IWANE et al., 2001).
Gonzalo et al., (1989) avaliaram a resistência e fatores de virulência de cepas
Escherichia coli isoladas de águas de rio que recebem descargas de esgoto.
Segundo os autores, as bactérias isoladas da água menos contaminada
apresentaram menores determinantes de resistência a antibióticos e menores
fatores de virulência quando comparadas as isoladas de água contaminadas.
Arvanitidou et al., (1997), investigaram a transferência de resistência entre cepas de
Salmonella isoladas de águas superficiais no norte da Grécia. Diferenças na maneira
como são utilizados os antibióticos e as condições climáticas resultam em variações
geográficas da resistência a antibiótico entre bactérias isoladas da superfície
aquática. Os autores observaram que 24% das cepas de Salmonella testadas
mostraram resistentes a um ou mais dos antibióticos analisados. Foi observado um
maior número de cepas resistentes à estreptomicina, porém a resistência não foi
transferível em todos as cepas analisadas. Entretanto, a resistência a ampicilina foi
transferível.
3.5 Disseminação de Fatores que Conferem Resistência a
Antibióticos no Esgoto
A resistência a antibióticos tem sido preocupação em ambientes tais como hospitais,
entretanto, isto também pode ser motivo para preocupação em ambientes aquáticos
tais como sistemas de tratamentos de esgoto (MORSE; JACKSON, 2003).
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O esgoto é um ambiente propício para ocorrer transferência de genes resistentes a
antibióticos entre as bactérias, pois há elevada concentração de nutrientes e sólidos
suspensos que facilitam o desenvolvimento destas bactérias.
Os nutrientes provavelmente têm uma influência indireta no processo de
transferência de genes resistentes por aumentarem a densidade e a atividade
metabólica bacteriana. Os sólidos suspensos fornecem superfícies ideais onde os
vários componentes estão concentrados, como os bacteriófagos, DNA livre e
bactérias. A elevada concentração de bactérias no esgoto aumenta a possibilidade
de transferência horizontal, uma vez que a probabilidade de uma bactéria doadora
de genes resistentes encontrar uma outra receptora é maior (LORENZ;
WACKERNAGEL, 1994).
3.5.1 Pressão de Seleção
A pressão de seleção exerce um papel fundamental na transferência e manutenção
de genes resistentes a antibióticos, bem como a disponibilidade de nutrientes e tipo
de plasmídeos (SMALLA et al., 2000).
A aquisição de genes de resistência a antibióticos é geralmente independente da
presença de antibióticos. Porém, a exposição de bactérias aos antibióticos confere
uma vantagem ecológica às cepas resistentes quando comparadas às cepas
sensíveis, permitindo-as predominarem na população bacteriana. Esta situação é
geralmente denominada de pressão seletiva antibiótica e pode acontecer no
hospedeiro (corpo humano ou animal) em conseqüência da quimioterapia ou no
ambiente, por exemplo, resíduos de antibióticos que são lançados no esgoto.
Os resíduos de antibióticos administrados em humanos e animais alcançam o
sistema de esgotos através da urina ou das fezes, podendo ser na forma de
compostos originais ou de metabólitos degradados que depende da farmacologia do
antibiótico específico. Além disso, uma quantidade desconhecida de antibióticos
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entra nos esgotos através do desperdício derivado da produção antibiótica e da
disposição inadequada destas drogas.
As concentrações de antibióticos encontradas no esgoto variam entre 1 e 100 µg/l.
Tais concentrações são 100 a 1000 vezes menores quando comparadas às
necessárias para inibir bactérias resistentes, porém são suficientes para afetar as
bactérias suscetíveis aos antibióticos (AL-AHMAD et al., 1999). Devido à ocorrência
de tais concentrações destes antimicrobianos no esgoto estes passam a ser um
ambiente ideal para ocorrer a seleção de bactérias resistentes aos antibióticos.
Entre as grandes quantidades de substâncias que estão presentes no esgoto, há
algumas que possuem o potencial de selecionar bactérias resistentes a antibióticos,
embora elas não sejam antibióticas. Dois importantes grupos de substâncias não
antibióticas que têm essa propriedade são os metais pesados e biocidas. Metais
pesados são difundidos no esgoto em conseqüência da poluição industrial. Biocidas
são introduzidos nos esgotos por hospitais, fazendas, matadouros e
estabelecimentos que processam alimentos onde esses agentes são utilizados para
desinfecção do ambiente e utensílios, ou pela comunidade devido à presença
desses agentes em produtos de limpeza, como sabões e detergentes para lavar
pratos (GUARDABASSI; DALSGAARD, 2002).
As bactérias podem ter mecanismos inespecíficos de resistência para diferentes
substâncias, incluindo metais pesados, biocidas e antibióticos. Em ambos os casos,
a exposição para uma substância resulta na seleção de cepas bacterianas capazes
também de resistir à outra substância - co-seleção (GUARDABASSI; DALSGAARD,
2002).
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3.5.2 Transferência de Genes Resistentes no Esgoto
Umas das maiores preocupações da resistência a antibiótico é a disseminação dos
genes resistentes de uma espécie bacteriana para outra, especialmente nos casos
de transferência de resistência entre bactérias não patogênicas para as patogênicas
(MORSE; JACKSON, 2003).
Há uma mobilidade substancial de genes resistentes a antibióticos entre bactérias
de mesma espécie, mas também entre bactérias filogeneticamente distantes,
(HEUER et al., 2002) além do movimento de bactérias de diferente habitat ambiental
que de alguma forma relaciona-se com a cadeia alimentar e atividade humana
(WITTE, 1998).
A transferência horizontal dos genes é comum na natureza ou em sistemas de
tratamento de esgoto, onde a densidade de bactérias é elevada e
conseqüentemente é a oportunidade apropriada para duas células bacterianas
aproximar-se e juntar uma a outra (MUELA et al., 1994).
Bactérias têm desenvolvido diferentes mecanismos de resistência aos antibióticos
introduzidos nos tratamentos médicos e na medicina veterinária. Estudo tem
demonstrado extensiva transferência de genes resistentes a antibióticos entre
bactérias entéricas, bacterióides e bactérias gram-positivas no colo intestinal
humano (SHOEMAKER et al., 2001). Também já foram constatadas elevadas
freqüências de transferência genética entre bactérias no esgoto (MACH; GRIMES,
1982; MARCINEK et al., 1998).
Os genes responsáveis pela resistência estão localizados em plasmídeos
(extracromossomais) ou no cromossomo bacteriano e são transmitidos para as
gerações por meio de divisão binária, fenômeno este denominado transferência
vertical. Os elementos genéticos, tais como plasmídeos ou pedaços de DNA
cromossômico, podem também, serem transmitidos para outras bactérias de
diferentes espécies por meio de mecanismos específicos de recombinação e troca,
sendo assim, denominada transferência horizontal (DAVIDSON, 1999). A
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transferência genética pode ocorrer através de três processos bastante conhecidos
como a transformação, conjugação e transdução (Figura 3.6).
Fonte: Adaptado de Levy, 1998
Figura 3.6: Mecanismo de transferência genética
bacteriana
Os plasmídeos geralmente não codificam funções essenciais para o crescimento
bacteriano, mas possuem funções que são importantes sob condições particulares,
tais como resistência a antibiótico, resistência a metais pesados, funções
metabólicas ou produção de antibióticos, toxinas e fatores de virulência. (SNYDER;
CHAMPNESS, apud GUARDABASSI; DALSGAARD, 2002).
A transferência horizontal é muito comum na natureza, podendo ser utilizada até
mesmo em sistemas biotecnológicos artificiais que depende, principalmente, das
densidades populacionais entre as células bacterianas doadoras e aquelas bactérias
possivelmente receptoras (MUELA et al., 1994; ALONSO et al., 2001).
Hummel et al., (1986), observaram este fenômeno na Alemanha, quando
fazendeiros, em 1980, começaram a fazer uso de um antibiótico antes nunca
utilizado, para promoção de crescimento em suínos chamado de “nourseothricin”.
Tal uso conduziu a um rápido desenvolvimento de Escherichia coli resistentes a esta
droga, isoladas de suínos e de produtos de carne de porco. Por volta de 1990,
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bactérias E. coli resistentes a “nourseothricin” tinham sido passadas para os
empregados da fazenda, família do fazendeiro, cidadãos da comunidade (onde o
antibiótico era utilizado) e pacientes que sofriam de infecções do trato urinário.
Alguns anos depois, o gene de resistência a “nourseothricin” foi achado em Shigella,
uma bactéria encontrada em primatas (inclusive humanos), mas não em suínos
(TSCHÄPE, 1994). Nenhuma bactéria resistente a “nourseothricin” foi isolada de
pessoas ou animais em outras regiões da Alemanha onde o antibiótico não estava
sendo utilizado. O aparecimento de Shigella resistentes a “nourseothricin” indicou
que a resistência foi transferida de bactérias expostas aos antibióticos na fazenda
para um patógeno humano.
Há um crescente conjunto de evidências demonstrando que a transferência
horizontal pode ser um fator determinante da presença de cepas patogênicas no
meio ambiente (WITTE, 1998; DAVIDSON, 1999; SMALLA et al., 2000; SCHMIDT et
al., 2001) sendo as populações resistentes mantidas sob pressão de seleção devido
à presença de antibióticos no meio.
O mecanismo muito provável a contribuir para a transferência horizontal do gene de
resistência a antibióticos é denominado de transformação natural. A transformação
natural é definida como um processo pelo qual a bactéria absorve moléculas de
DNA dispersa no meio (SMALLA et al., 2000), resultando em alterações do genótipo
desta célula. Esse DNA pode ser proveniente, por exemplo, de bactérias mortas.
A transformação tem sido demonstrada em diferentes bactérias numa variedade de
ecossistemas naturais (DAVIDSON, 1999). Foram constatadas transformações de
Pseudomonas stutzeri, para resistência a rifampicina em águas marinhas
(STEWART; SINIGALLIANO, 1991) e em sedimentos microcosmos (PAUL et al.,
1992); Acinetobacter calcoaceticus em diferentes tipos de solos (NIELSEN et al.,
1997) e Escherichia coli, em águas de rios e nascentes (BAUR et al., 1996) entre
outros.
Um outro processo de transferência de genes é a transdução onde a molécula de
DNA do plasmídeo é englobada por um vírus bacteriano (bacteriófago) e transferido
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pelo vírus para outra bactéria da mesma espécie (BERTRAM, 1998). Estudo tem
demonstrado uma grande concentração de bacteriófagos que infecta Escherichia
coli O157:H7, no esgoto (MUNIESA; JOFRE, 1998).
E por fim a conjugação bacteriana que descreve a transferência de DNA pelo
contato direto de célula a célula entre bactérias. Este mecanismo é especialmente
importante para disseminação da resistência mediada por plasmídeos (BERTRAM,
1998). De acordo Davidson (1999), a conjugação é um mecanismo de transferência
de gene mais comumente utilizado pelas bactérias e conforme Pereira et al., (1997),
a conjugação pode desempenhar um importante papel na disseminação de
resistência a drogas em condições naturais.
3.6 Organismos Indicadores
Os organismos patogênicos mais comumente encontrados em águas e esgotos
podem ser divididos em quatro grupos distintos: vírus, bactérias, protozoários e
helmintos (TOZE, 1999). A maioria destes são de origem entérica, ou seja, são
excretados junto com o material fecal e liberados nos esgotos, onde entram em
contato com os corpos d’água. Tendo em vista que a detecção específica e direta
destes microrganismos em amostras de água é extremamente difícil, em razão da
suas baixas concentrações (VON SPERLING, 2005), além de ser economicamente
impraticável, geralmente utiliza-se um microrganismo indicador de contaminação
fecal, como indicador da presença de patogênicos em águas e águas residuárias
(BELL et al, 1983).
Dentre os principais grupos de bactérias utilizados como indicadores de
contaminação fecal, o mais utilizado são aqueles denominados genericamente
coliformes ou mais especificamente Escherichia coli. O grupo coliforme compreende
bactérias gram-negativas, fermentadoras de lactose, não formadoras de esporos e
que se desenvolvem a 37
o
C. O grupo dos “coliformes fecais”, dentre eles o gênero
Escherichia consiste num subgrupo no qual os organismos desenvolvem-se até 44,5
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o
C (termotolerantes) e as medidas destes organismos na água são relacionadas com
riscos de contrair doenças gastrointestinais (BARREL et al., 2000).
Os coliformes, e dentre eles, os “coliformes fecais” ou termotolerantes, são bactérias
entéricas, mas podem ter representantes ditos ambientais. Na Figura 3.7, pode-se
observar a representação esquemática da distribuição relativa dos indicadores,
bactérias patogênicas além de outras formas de bactérias.
Fonte: Adaptado de von Sperling, 2005
Figura 3.7: Representação esquemática das bactérias e dos organismos indicadores de
contaminação fecal
O único coliforme seguramente de origem fecal detectado rotineiramente em
amostras ambientais é Escherichia coli. Por esse motivo, a E. coli é amplamente
utilizada como indicador de contaminação fecal. No âmbito de tratamento de
esgotos, pode-se dizer que a detecção de bactérias de origem fecal não é tão
importante, já que a presença de matéria orgânica e microrganismos fecais sempre
estão presentes nos esgotos (VON SPERLING, 2005). Devido aos coliformes
apresentarem resistência levemente superior à maioria das bactérias patogênicas
intestinais, utiliza-se os mesmos para indicar a eficiência de remoção dos patógenos
presentes em um sistema de tratamento de esgoto.
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3.7 Desinfecção
A desinfecção é um processo para eliminar os organismos patogênicos sem, no
entanto produzir uma água esterilizada, já que a esterilização implica na
destruição de todas as formas de vida em um meio.
Muitos microrganismos patogênicos podem ser transmitidos através de água
contaminada por efluentes de esgoto, estes por sua vez, devem ser desinfetados
para prevenir doenças por veiculação hídrica. Existem vários métodos de
desinfecção de água potável: o cloro (sob diversas formas), ozônio, cloraminas,
permanganato de potássio, a mistura ozônio/peróxido de hidrogênio, íon ferrato,
ácido paracético (DANIEL, 2001), sendo que na desinfecção de esgotos os
processos mais utilizados são a cloração/descloração, ozônio e radiação ultravioleta
(WEF, 1996).
Os primeiros registros relatando o uso de radiação ultravioleta para a desinfecção de
água foram em 1877, quando os ingleses Downes e Blunt provaram que era
possível inativar microrganismos expondo-os a radiação ultravioleta (KOLLER,
1952). Embora a desinfecção por ultravioleta tenha sido reconhecida no século XIX,
sua aplicação não evoluiu em razão da técnica de cloração, largamente utilizada e
com bons resultados na desinfecção. A desinfecção de esgoto por irradiação UV é
considerada uma alternativa à desinfecção química, devido à ausência de
subprodutos tóxicos que normalmente são gerados nesta última. Um dos poucos
problemas encontrados neste método é que este não é capaz de oferecer uma
desinfecção residual ao longo do sistema de abastecimento.
A desinfecção ultravioleta é um mecanismo físico, no qual a energia ultravioleta é
absorvida pelos diferentes componentes orgânicos-moleculares essenciais ao
funcionamento da célula (HUFF et al., 1965). A ação germicida da radiação UV está
associada às alterações estruturais que esta provoca no DNA das células,
conseqüência de reações fotoquímicas desencadeadas pela absorção da radiação
pelas moléculas que constituem o DNA.
3 – Revisão Bibliográfica
___________________________________________________________________
55
A eficiência de um sistema de desinfecção por ultravioleta depende principalmente
das características do afluente, concentração de colóides e partículas no esgoto; da
intensidade da radiação UV aplicada; do tempo de exposição dos microrganismos a
radiação.
Tem-se discutido sobre o efeito da desinfecção em bactérias resistentes a
agentes antimicrobianos. Moken et al., (1997) estudaram a probabilidade de
seleção de Escherichia coli resistentes a antibióticos por desinfetantes como “pine
oil”. Neste estudo os autores verificaram que existe a possibilidade do desinfetante
ser capaz de selecionar bactérias resistentes a antibióticos.
No trabalho de Murray et al., (1984) sobre o efeito da cloração em bactérias
resistentes a antibióticos isoladas de esgoto, foi verificado, em laboratório, um
aumento significativo na porcentagem de cepas resistentes a múltiplos antibióticos
(dois ou três antibióticos) facilitando assim a transferência da resistência para uma
bactéria possivelmente patogênica. Os autores verificaram que 84% das cepas
isoladas foram resistentes à pelo menos um antibiótico testado, sendo que 79,5% foi
no esgoto bruto; 88,2% no efluente clorado e 81,2% no efluente final.
Bactérias Staphylococcus aureus, resistentes a meticilina têm sido consideradas
mais resistentes aos compostos quartenários do que as cepas Staphylococcus
aureus meticilium suscetível (AL-MASAUDI et al., 1988).
Silveira (2004), analisando a influência da resistência a antibióticos na desinfecção
constatou que em Escherichia coli isoladas do esgoto hospitalar tratado, a presença
de multirresistência a antibióticos não alterou o processo de desinfecção com cloro
ou ozônio. Por outro lado, em Escherichia coli isoladas do esgoto bruto, a autora,
observou resistência à desinfecção com ozônio em algumas colônias sensíveis aos
antimicrobianos. Guimarães et al., (2000), também não observaram nenhuma
relação entre susceptibilidade a antibióticos e desinfetantes.
Tem sido relatado que a desinfecção com UV resulta na diminuição não significativa
da porcentagem de coliformes totais resistentes à estreptomicina, porém há um
3 – Revisão Bibliográfica
___________________________________________________________________
56
aumento significativo na porcentagem destes microrganismos resistentes a
tetraciclina e cloranfenicol, após o processo de desinfecção (MECKES, 1982).
Meckel (1982), acredita que a proteína específica responsável para a resistência
bacteriana à tetraciclina pode absorver a luz UV 254nm o suficiente para
proporcionar a essa bactéria determinada proteção à radiação UV.
3.8 Esgotos Hospitalares e Sanitários
Os esgotos hospitalares apresentam pouca diferença em relação aos esgotos
sanitários em se tratando de concentração de matéria orgânica, (DQO
t
e DBO
5
),
metais, pH e ambos são, geralmente, enviados para mesma estação de tratamento
(SILVEIRA, 2004). Contudo, a presença de substâncias como drogas, desinfetantes
e químicos apresentam-se em elevadas concentrações nas águas residuárias
hospitalares (KÜMMERER et al., 1999). Em termos de vazões geradas, medições
realizadas no Hospital Universitário de Freiburg, Alemanha, com capacidade de
1400 leitos, indicaram o valor médio de 600 m
3
/dia, gerando uma vazão diária de
0,429 m
3
por leito, enquanto que, no Hospital Comunitário da mesma cidade, com
capacidade de 450 leitos, a vazão média foi de 290 m
3
/d, o que significa a geração
diária de 0,644 m
3
por leito (KÜMMERER et al, 1997). No Hospital das Clínicas de
Porto Alegre, com capacidade de 725 leitos, a geração de efluentes é de
aproximadamente 27.000 m
3
/mês (ORTOLAN, apud SILVEIRA, 2004), o que
corresponde a 1,241 m
3
/d por leito. Tsai et al., (1998), citam que a quantidade de
efluente gerado por hospitais com capacidade de mais de 100 leitos, em Taiwan, é
de aproximadamente 1 m
3
/d, o que representa a geração diária de aproximadamente
0,010 m
3
por leito, com concentração de DBO
5
de 380 mg/L
e relação DQO
t
/DBO
5
de aproximadamente 2,10.
As principais diferenças dos esgotos hospitalares com esgotos sanitários referem-se
à composição orgânica e biodegradabilidade. Al-Ahmad et al., (1999), estudando a
biodegradabilidade de antibióticos e sua inibição em ETEs verificaram que muitos
antibióticos são incompletamente metabolizados após o seu lançamento em
sistemas de coleta e tratamento de esgotos, permanecendo ativo na fase líquida por
3 – Revisão Bibliográfica
___________________________________________________________________
57
28 a 40 dias onde exercem potencial ação seletiva sobre as populações bacterianas
presentes, alterando, inclusive a eficiência do sistema biológico de tratamento de
esgoto.
Tsai et al., (1998), avaliaram determinados organismos presentes no esgoto e lodo
proveniente de ETEs de um hospital, em Taiwan. As contagens foram, em unidades
formadoras de colônia por grama de lodo seco (UFC/g lodo seco): 8,1 x 10
7
para
organismos totais; 1,4 x 10
6
para coliformes totais; 3,6 x 10
5
para “coliformes fecais”;
1,6 x 10
5
para Estreptococcus fecais; 2,2 x 10
5
para Pseudomonas aeruginosa e
5,5x10
4
para Salmonella spp. Dentre os quatro microrganismos mais freqüentes,
isolados do esgoto gerado em áreas de internação do Hospital das Clínicas de Porto
Alegre (ORTOLAN, apud SILVEIRA, 2004), encontram-se Escherichia coli (20%),
Enterobacter cloacae (16%), Klebsiella pneumoniae (13%) e Enterococcus faecalis
(12%). Em efluentes gerados nas áreas de laboratório a distribuição altera-se para
Alcaligenes spp (30%), Escherichichia coli (13%), Klebsiella pneumoniae (10%) e
Acinetobacter lwoffi (10%). Os microrganismos patogênicos presentes no esgoto
são, na maior parte, o reflexo dos organismos presentes no ambiente hospitalar,
sendo de grande importância à identificação dos organismos causadores de
doenças infecciosas.
Um estudo de identificação de bactérias infecciosas em pacientes hospitalizados de
31 centros médicos nos Estados Unidos e Canadá foi realizado por Mathai et al.,
(2001). Das 32 espécies identificadas, os principais organismos encontrados foram:
Escherichia coli (46,9%), Enterococcus spp (12,8%), Klebsiella spp (11,0%),
Pseudomonas aeruginosa (7,5%) e Proteus mirabilis (5,0%). A avaliação foi
realizada durante um período de dois anos e foi observado que, após o primeiro ano,
a ordem de ocorrência destes organismos não foi alterada, contudo, os padrões de
resistência modificaram-se. Verificaram também, elevada co-resistência ou multi-
resistência a tetraciclinas, sulfonamidas, aminoglicosídeos e fluoroquinolonas.
Trabalho semelhante foi realizado em hospital da Alemanha, durante um período de
6 anos. Foram identificados os patógenos causadores de infecções urinárias em
pacientes hospitalizados, bem como sua susceptibilidade a determinados
3 – Revisão Bibliográfica
___________________________________________________________________
58
antibióticos. A Escherichia coli apresenta-se em primeiro lugar, com 33,5% de
incidências e Enterococcus spp em segundo, com 22,7%. Seguem-se Pseudomonas
aeruginosa (11,9%), Klebsiella sp (9,2%), Proteus spp (7,8%), Enterobacter sp
(2,5%) e Staphylococcus aureus (2,3%) (WAGENLEHNER et al., 2002). Com
relação aos antibacterianos avaliados, foi observado um aumento significativo nos
níveis de resistência do ano de 1994 para o ano de 2000, período de realização do
estudo. Colônias isoladas de E. coli apresentaram resistência a ampicilina em 38,6%
das amostras, ampicilina/sulbactam em 29,7%, sulfametoxazol/trimetoprim em
25,1%, ciprofloxacina em 10,3%, cefuroxima 5% e gentamicina em 3,7% das
amostras.
Fluit et al., (2001), ao analisarem os dados provenientes de 23 hospitais de
diferentes países da Europa, totalizando 17934 espécies isoladas de pacientes,
constataram que Escherichia coli surge em primeiro lugar, representando 18,5% das
amostras. Na seqüência consta Staphylococcus aureus (17,0%), Pseudomonas
aeruginosa (7,9%), Staphylococcus pneumoniae (6,6%), Haemophilus influenzae
(6,1%), Staphylococcus epidermidis (4,4%), Klebsiella pneumoniae (4,3%),
Enterococcus faecalis (4,1%).
Uma avaliação das demandas e lançamentos de antibióticos nos esgotos
hospitalares e esgotos domésticos mostrou resultados diversificados. Na Dinamarca,
em 1995, foram utilizadas aproximadamente 38 toneladas de antibióticos, em uma
população de 5,2 milhões de habitantes (HALLING-SORENSEN et al., 1998). Na
Alemanha, cerca de 411 toneladas de antibióticos foram utilizadas, no ano de 1999,
em aplicações humanas, dos quais 105 toneladas em hospitais (KÜMMERER,
2001). Considerando as taxas de excreção, estes valores indicariam que
aproximadamente 86 toneladas foram descarregadas na rede coletora de esgotos.
Além disto, foi observado pelo autor que as concentrações de antibióticos nos
esgotos hospitalares situam-se na faixa de concentração máxima inibitória para
bactérias patogênicas sensíveis a algumas substâncias ativas.
Kümmerer et al, (2004), ressaltam a dificuldade em avaliar o impacto que
antibióticos, desinfetantes e citotoxinas podem causar em bactérias presentes em
3 – Revisão Bibliográfica
___________________________________________________________________
59
amostras ambientais. Realizando testes de inibição respiratória padronizados, os
autores avaliaram a resistência bacteriana a uma série de antibióticos e constataram
que o risco é subestimado quando as amostras provêm de esgotos ou lodos.
Dependendo do modo de ação do antibiótico e dos mecanismos de resistência,
determinados grupos de bactérias são afetados pelos compostos ativos presentes
no esgoto e lodo enquanto outros não.
4 – Material e Métodos
___________________________________________________________________
60
4. Material e Métodos
4.1 Contextualização da Pesquisa
Esta pesquisa recebeu apoio financeiro da Prefeitura Municipal de Vitória através do
Edital nº 02/2004 do FACITEC e realizada no período de dezembro de 2004 a abril
de 2006 na Estação de Tratamento de Esgoto Experimental da Universidade Federal
do Espírito Santo (ETE - UFES). Sendo que parte desta pesquisa também foi
realizada em um hospital localizado na região da Grande Vitória - ES.
As análises físico-químicas e microbiológicas foram realizadas no Laboratório de
Saneamento do Instituto Núcleo Água, Núcleo de Bioengenharia Aplicada ao
Saneamento da Universidade Federal do Espírito Santo, localizado no Campus
Universitário de Goiabeiras, Vitória - ES.
4.2 Descrição da ETE - UFES
A ETE - UFES (Figura 4.1), trata esgoto sanitário de características médias e origem
doméstica a uma vazão de 1,0 l/s, tem capacidade em atender uma população de
1.000 habitantes. O esgoto bruto que alimenta a ETE - UFES é proveniente do bairro
Jardim da Penha, bairro de classe média a alta, localizado nas proximidades do
Campus Universitário. Parte deste esgoto é recalcada, para a elevatória da ETE -
UFES, através de uma bomba submersível posta no interior da elevatória operada
pela Companhia Espírito Santense de Saneamento (CESAN).
4 – Material e Métodos
___________________________________________________________________
61
Esta ETE possui um sistema de tratamento de esgoto do tipo UASB + FBAS, que
consiste na associação de um reator anaeróbio de manta de lodo e fluxo ascendente
(UASB) com Filtro Biológico Aerado Submerso (FBAS) cujo lodo de descarte é
recirculado para posterior digestão no reator UASB e um decantador. O tempo de
detenção hidráulica do esgoto nesta estação é de aproximadamente, 11 horas. As
Figuras 4.2 e 4.3, ilustram uma fotografia aérea do FBAS e do decantador,
respectivamente.
Figura 4.1: Sistema ETE - UFES
O esgoto bruto, bombeado da elevatória de Jardim da Penha, passa por um
gradeamento na entrada da elevatória da ETE - UFES. Do interior da elevatória, o
esgoto é bombeado até a caixa de areia no topo do reator UASB, sendo o efluente
do mesmo encaminhado ao FBAS (Figura 4.2) e em seguida dirigido para o
decantador (Figura 4.3). O lodo excedente da etapa aeróbia é removido do biofiltro
através de uma válvula e encaminhado para a elevatória. Desta maneira, o lodo
aeróbio mistura-se com o esgoto bruto, para ser enviado ao reator UASB.
Assim a ETE - UFES possui apenas o reator UASB como fonte geradora de lodo.
Esse lodo ao ser descartado é encaminhado ao leito de secagem (Figura 4.4). O
efluente final da ETE - UFES é lançado em um corpo receptor localizado nas
proximidades da estação.
UASB
FBAS
DEC
4 – Material e Métodos
___________________________________________________________________
62
Figura 4.2: Vista aérea do FBAS
Figura 4.3: Vista aérea do decantador
Figura 4.4: Vista aérea do leito de secagem
4.3 Descrição do Sistema de Tratamento do Esgoto
Hospitalar
O hospital em estudo situa-se na cidade de Vitória e o sistema de tratamento de
esgoto é composto basicamente por dois sistemas tanques sépticos seguidos de
filtro anaeróbio denominados de sistema tanque séptico seguido de filtro anaeróbio 1
(STSFA - 1) corresponde a ampliação do hospital e o sistema tanque séptico
seguido de filtro anaeróbio 2 (STSFA - 2) correspondente à estrutura antiga. Os
efluentes destes sistemas se misturam para posterior desinfecção com cloro (Figura
4.5).
4 – Material e Métodos
___________________________________________________________________
63
Figura 4.5: Esquema do sistema de tratamento de esgoto hospitalar
O STSFA - 1 possui uma vazão média de aproximadamente 0,142 l/s. Este sistema
de tratamento de esgoto recebe efluentes provenientes dos seguintes setores e
serviços do hospital: manutenção, centro de processamento de dados, internação
(SUS), internação particular, consultórios, diretoria, hemodinâmica e ressonância,
água pluvial, câmara escura, maternidade, centro obstétrico, pediatria, berçário,
Unidade Coronariana (UNICOR), laboratórios, clínica médica, cozinha, copas,
caldeiras com passagem de óleo.
O STSFA - 2 possui uma vazão média de aproximadamente 0,065 l/s. Este por sua
vez recebe esgoto dos setores: enfermaria da oncologia feminino e masculino,
Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), Pronto Socorro Geral, Pronto Socorro
Pediátrico, água pluvial, centro cirúrgico, farmácia, endoscopia, recursos humanos,
banco de sangue, quimioterapia, casa de lixo, patologia, copas, cantina, enfermaria.
Tanque
Séptico
Tanque
Séptico
CP
Filtro
Anaeróbio
CP
CP
Filtro
Anaeróbio
CP
Galeria
CP
Dosagem
de Cloro
Sistema Tanque Séptico - Filtro Anaeróbio-1
Sistema Tanque Séptico - Filtro Anaeróbio-2
Hospital
Outras
Contribuições
CP
Le
g
enda: CP
(
Caixa de Passa
g
em
)
4 – Material e Métodos
___________________________________________________________________
64
Figura 4.6: Pontos de coleta do esgoto hospitalar
A unidade hospitalar sob estudo tem um sistema de tratamento de esgoto
desenvolvido de acordo com a Resolução Nº 50 da ANVISA e a NBR 7229/1993 da
ABNT. Para o dimensionamento dos tanques sépticos e dos filtros anaeróbicos
foram considerados alguns parâmetros apresentados na Tabela 4.1. Também foram
considerados o intervalo de limpeza igual a 1 ano, e a temperatura ambiente t
20ºC.
Tabela 4.1: Parâmetros utilizados para o dimensionamento dos tanques sépticos e dos filtros
anaeróbicos (STSFA - 1 e STSFA - 2)
Contribuintes N Consumo de água
Leitos 102 120litros x leito/dia
Partos/dia 02 25 litros x cirurgia/dia
Funcionários 219 50 litros x funcionário/dia
STSFA-1
Atendimentos externos/dia 293 10 litros x paciente/dia
Leitos 160 120litros x leito/dia
Cirurgias/dia 28 25 litros x cirurgia/dia
Funcionários 630 50 litros x funcionário/dia
Atendimentos externos/dia 873 10 litros x paciente/dia
STSFA-2
Máquinas de hemodiálise 10 600 l x máquina/dia
EBH -1
SF - 1
EBH - 2 SF - 2
Tanque de
desinfecção
4 – Material e Métodos
___________________________________________________________________
65
A partir dos cálculos para o dimensionamento dos tanques sépticos e dos filtros
anaeróbicos concluiu-se que: para o STSFA - 1 seria necessário um tanque séptico
com um volume de 26 m
3
para atender o efluente gerado no hospital. Para o filtro
anaeróbico precisaria de uma capacidade de 24,2 m
3
, porém o sistema de
tratamento existente no hospital é formado de um tanque séptico de 47,04 m
3
e um
filtro anaeróbico de 30,58 m
3
, atendendo assim ao fluxo de esgoto gerado pelo
hospital.
Para o STSFA - 2 seriam necessários um tanque séptico de 58,54 m
3
e um filtro
anaeróbico de 58,02 m
3
. Contudo, o tanque séptico existente possui um volume útil
de 77,98 m
3
e um filtro anaeróbico com capacidade para 63,54 m
3
, sendo suficiente
para atender o esgoto gerado por alguns setores do hospital.
4.3.1 Desinfecção do Esgoto Hospitalar
O hospital utiliza o sistema do tipo clorador de pastilha (Figura 4.7) para a
desinfecção do seu efluente. Este sistema foi escolhido devido à facilidade de
instalação do equipamento e à segurança no manuseio e armazenamento do
produto desinfetante. As pastilhas utilizadas foram de hipoclorito de cálcio Ca(OCl)
2
tipo Cloropast 1050.
Figura 4.7: Dosador de cloro Sany Clor 13500
4 – Material e Métodos
___________________________________________________________________
66
4.4 Planejamento Experimental para Avaliação dos Esgotos
Hospitalar e Sanitário (ETE - UFES)
As campanhas de monitoramento objetivaram as análises das seguintes variáveis:
concentrações de DBO
5
, DQO
t
, nitrogênio total (NTK) e amoniacal (NH
4
+
), sólidos
suspensos totais (SST), fósforo, turbidez para as diversas unidades componentes
dos sistemas de tratamento da ETE - UFES e do sistema de tratamento do esgoto
hospitalar (ilustração na Tabela 4.2). Também foram medidas vazões afluentes ao
tratamento preliminar da ETE - UFES e vazões afluentes ao sistema de tratamento
do esgoto hospitalar. O cloro residual foi efetuado em apenas um ponto de coleta do
esgoto hospitalar, no tanque de desinfecção de cloração.
Além das variáveis físico-químicas também foram realizadas análises de coliformes
totais e Escherichia coli.
A amostragem do esgoto hospitalar foi realizada semanalmente, durante os meses
de fevereiro a agosto de 2005 e a amostragem do esgoto sanitário foi realizada
também semanalmente, porém, entre os meses de março a agosto de 2005.
Foram realizadas coletas de amostras simples e compostas (amostragem composta
refere-se à coleta de uma amostra que seja representativa das possíveis variações
ocorridas em um determinado processo).
As coletas de amostras simples foram sempre coletadas no período da manhã entre
8 a 9 horas. O monitoramento composto dos processos de tratamento de esgoto da
ETE - UFES foi realizado por meio de coletores programáveis (marca ISCO)
realizado com o auxílio de bombas peristálticas, que coletavam as amostras por um
período de 24 horas. Já o monitoramento composto do esgoto hospitalar foi
realizado manualmente, retirando uma alíquota a cada uma hora durante um período
de 10 horas correspondente as 8:00 da manhã as 18:00 horas da tarde. Esta coleta
foi realizada desta forma devido à indisponibilidade de um coletor programável.
4 – Material e Métodos
___________________________________________________________________
67
4.4.1 Pontos de Coleta na ETE - UFES
Os pontos de coleta para o monitoramento do tratamento do esgoto sanitário estão
apresentados abaixo:
Esgoto afluente ao reator UASB, coletado na elevatória (ponto denominado
EBS);
Esgoto efluente ao reator UASB e afluente ao FBAS, coletado na caixa de
entrada do FBAS (ponto denominado de UASB);
Esgoto efluente ao decantador e FBAS, coletado na saída do decantador
(ponto chamado de efluente final - Efinal).
4.4.2 Pontos de Coleta no Sistema de Tratamento do Esgoto
Hospitalar
Os pontos de coleta para o monitoramento do tratamento do esgoto hospitalar estão
apresentados abaixo:
Esgoto afluente ao tanque séptico (ponto denominado EBH - 1 esgoto bruto
do STSFA - 1 e EBH - 2, esgoto bruto do STSFA - 2);
Esgoto efluente ao filtro anaeróbio (ponto denominado de SF - 1 para o
esgoto efluente ao filtro anaeróbio do STSFA - 1 e SF - 2 para o esgoto
efluente ao filtro anaeróbio do STSFA - 2);
Esgoto efluente ao tanque de desinfecção de cloro (ponto denominado de
TD).
4 – Material e Métodos
___________________________________________________________________
68
4.5 Análises Físico-Químicas
Os métodos analíticos empregados (Tabela 4.2) seguiram os padrões do Standard
Methods for the Examination of Water and Wastewater r - 19º Edição (APHA., 1995).
Tabela 4.2: Resumo das metodologias das análises físico-químicas
Parâmetro Métodos Referência
DQOt Oxidação por Dicromato de STANDARD METHODS 5220 D,1995
Potássio em Meio Ácido
DBO
5
Método Respirométrico STANDARD METHODS 5210 D,1995
Turbidez Método Nefelométrico STANDARD METHODS 2130 B,1995
SST Método Gravimétrico STANDARD METHODS 2540,1995
pH Método Eletrométrico
STANDARD METHODS 4500-H
+
B,1995
Temperatura Método de Laboratório STANDARD METHODS 2550 B,1995
e de campo
Fósforo Método do Ácido Ascórbico STANDARD METHODS 4500 P,1995
pela Oxidação em Meio
Ácido
NTK e N-NH
4
+
Método Semi-Micro Kjeldahl STANDARD METHODS 4500 C,1995
4 – Material e Métodos
___________________________________________________________________
69
4.6 Análises Microbiológicas
4.6.1 Quantificação de Escherichia coli e Coliformes Totais
A quantificação de E. coli e coliformes totais foram realizadas através do sistema de
cartelas, utilizando substrato definido, com o reagente Cromogênico/Flurogênico. O
sistema de cartelas é um método de quantificação semi-automático embasado no
modelo de Número Mais Provável (NMP) (APHA, 1995). A seladora
automaticamente distribui e sela a mistura da amostra com o reagente dentro das
cavidades das cartelas. Após a incubação das cartelas, os números de cavidades
positivas são convertidos ao NMP através de uma Tabela de conversão.
4.6.2 Isolamento de Escherichia coli
A metodologia de isolamento de E. coli foi baseada na presença de reação positiva
da cartela de 98 poços para E. coli (Figura 4.8). Desses poços com reação positiva
foram retiradas amostras, através de uma seringa (Figura 4.9), e posteriormente
diluídas a 10
-1
em água de diluição esterilizada, para o isolamento das cepas de E.
coli. O isolamento foi realizado em meio Agar MacConkey específico para
enterobactérias (Figura 4.10). As placas foram incubadas a 37ºC durante o período
de 18 horas. Após o período de incubação as colônias isoladas foram selecionadas
e armazenadas. Em seguida era feito então testes confirmativos para E. coli que
foram realizados com bases em teste bioquímico utilizando sistema de confirmação
comercial Bactray I e II ® (Figura 4.12), cujos componentes reativos são: ONPG,
Arginina (ADH), Lisina (LDC), Ornitina (ODC), Uréia (URE), Glicose (VP), L-
fenilalanina (PD), Triptona (IND), Citrato de sódio (CIT) – no Bactray I e Rhamnose
(RHA), Adonitol (ADO), Arabinose (ARA) Salicina (Sal), Inositol (INO), Sorbitol
(SOR), Sacarose (SAC), Manitol (MAN), Rafinose (RAF) no Bactray II.
4 – Material e Métodos
___________________________________________________________________
70
Figura 4.8: Cartelas Quanti - Tray
Figura 4.9: Coleta de amostras
positivas para E. coli
Figura 4.10: Plaqueamento com amostras
positivas para E. coli em meio Agar
Mackonkey
Figura 4.11: Bactérias isoladas após
período de incubação
Figura 4.12: Teste bioquímico (Bactray I e II) ®
Cada kit do sistema Bactray ® é composto por dez suportes plásticos contendo 10
cavidades onde são realizados os testes, com apenas um inóculo todos os
substratos são ativados, evitando assim manuseio de vários tubos com diferentes
meios. Após a inoculação e incubação obtém-se, através das combinações das
4 – Material e Métodos
___________________________________________________________________
71
provas positivas, um código que lançado no sistema computadorizado possibilita a
identificação da bactéria. Confirmado a bactéria E. coli, as cepas eram estocadas em
tubo inclinado em meio A-1 (Merck) a temperatura de 2 a 8ºC.
4.6.3 Análise de Resistência a Antimicrobianos
As análises de resistência aos antimicrobianos foram realizadas empregando o teste
de suscetibilidade a antibióticos por discos de difusão de acordo com NCCLS
(National Committee for Clinical Laboratory Standards, 2004). Este método
semiquantativo “in vitro” feito por difusão de antibacterianos em Agar é destinado a
microrganismo de rápido crescimento tal como E. coli. Foram testados 14
antibióticos, selecionados em função da sua utilização na rotina do hospital e os
mais utilizados pela população em geral (Tabela 4.3).
Tabela 4.3: Principais antibióticos utilizados e suas concentrações
Antibacterianos Sigla Concentrações
Amicacina AMI 30µg
Tetraciclina TET 30µg
Ampicilina AMP 10µg
Cefaclor CFC 30µg
Ceftriaxona CRO 30µg
Ciprofloxacina CIP 5 µg
Cloranfenicol CLO 30µg
Penicilina PEN 10UI
Eritromicina ERI 15µg
Gentamicina GEN 10µg
Ac. Nalidixico NAL 30µg
Neomicina NEO 30µg
Amoxixilina AMC 20µg
Sulfametoxazol + Trimetoprima SUT 25µg
4 – Material e Métodos
___________________________________________________________________
72
Para a realização dos testes de susceptibilidade antimicrobiana, as culturas de E.
coli foram inoculadas em meio A-1 (Merck) e incubadas a 37°C por 24 horas. Em
seguida as culturas foram testadas em placas separadas, pelo método de diluição
em ágar, recomendado pelo NCCLS (2004), sendo Muller-Hinton o meio de cultura
escolhido. As culturas foram diluídas a uma concentração correspondente a 0,5 (na
escala de McFarland) e 1 mL desta diluição foi inoculada em placa com meio Muller-
Hinton. Após 48 horas de incubação a 37°C foi observada a presença ou ausência
de crescimento de halos nas placas, obtendo-se assim, o perfil de resistência ou
sensibilidade das amostras testadas. As Figuras 4.13 a 4.17 ilustram estes
procedimentos.
Figura 4.13: Cepa diluída em tampão
fosfato
Figura 4.14: Inóculo da cepa na placa
Figura 4.15: Distribuição do inóculo
na placa
Figura 4.16: Cultura em meio Muller-
Hinton
4 – Material e Métodos
___________________________________________________________________
73
Figura 4.17: Medição dos halos de inibição onde R (resistente) e S (sensível)
Os resultados foram interpretados conforme especificação da tabela padrão (Tabela
4.4). A leitura do antibiograma foi realizada através da medição dos halos de inibição
(considerável área sem crescimento detectável a olho nu por meio de uma régua)
(Figura 4.17). Neste trabalho as bactérias classificadas como intermediária foram
consideradas sensíveis.
Tabela 4.4: Interpretação de halos de inibição
Padrão Interpretativo
Zona de Inibição em mm
Antibacterianos
Resistente Intermediário Sensível
Amicacina 14 15-16 17
Amoxicilina 13 14-17 18
Ampicilina 13 14-16 17
Cefaclor 14 15-17 18
Ceftriaxona 13 14-20 21
Ciprofloxacina 15 16-20 21
Cloranfenicol 12 13-17 18
Cotrimoxazol 10 11-15 16
Eritromicina 13 14-22 23
Gentamicina 12 13-14 15
Ácido Nalidixo 13 14-18 19
Neomicina 12 13-16 17
Amoxicilina 28 - 29
Sulfametoxazol + Trimetoprima 14 15-18 19
Adaptado do NCCLS, M100-S14, 2004
4 – Material e Métodos
___________________________________________________________________
74
4.7 Desinfecção de Culturas Puras de Escherichia coli com
Luz Ultravioleta (UV)
4.7.1 Descrição do Reator
Os ensaios de desinfecção foram realizados em um reator em batelada do tipo eixo
colimador (WERF, 1995), construído para a realização de testes controlados em
bancada de laboratório. As Figuras 4.18 e 4.19 ilustram o reator utilizado, chamado
de colimador.
Figura 4.18: Planta superior do reator UV com eixo colimador
Figura 4.19: Vista lateral do reator colimador, mostrando o posicionamento da amostra durante os
ensaios
4 – Material e Métodos
___________________________________________________________________
75
No colimador, a lâmpada de baixa pressão de vapor de mercúrio (germicida – UV
30W) foi instalada no interior de uma caixa retangular de aço com tampa removível
de alumínio, onde perpendicularmente é instalado um tubo de aproximadamente
60cm fixado na lateral da caixa, o qual constitui o eixo colimador do aparato.
Isto se fez necessário para fornecer somente radiação UV perpendicular ao plano de
saída do eixo colimador, visando à confiabilidade das leituras da intensidade de
radiação UV realizadas com medidor (radiômetro) (EPA, 1986).
A homogeneização da amostra foi garantida pela utilização de um agitador
magnético, que se manteve sob constante agitação durante o ensaio.
4.7.2 Metodologia
Foram realizados ensaios de desinfecção para diferentes padrões de resistência das
cepas isoladas. As doses aplicadas foram de 0, 10, 11, 12 e 15 mWs/cm
2
.
As cepas isoladas eram repicadas e incubadas em meio A1 com antibióticos para as
respectivas resistências encontradas nas cepas em teste. Após o período de
incubação de aproximadamente 18 horas era realizada a padronização do inóculo,
através da escala Mac-Farland.
Para cada ensaio inoculava-se aproximadamente 10
8
UFC/100mL. Os ensaios foram
realizados em replicata, em béqueres de 250mL, devidamente esterilizados, onde
90mL era composto por água de diluição e 10mL de solução bacteriana. Antes de
ser encaminhado ao colimador foi retirada uma alíquota para a realização do branco
(dose 0). Em seguida, estes béqueres foram submetidos à radiação ultravioleta,
sendo que a cada tempo de contato pré-definido era retirada uma alíquota de 200µl.
Decorrido o tempo de contato as alíquotas retiradas foram submetidas a ensaios de
quantificação em placas, duplicata, contendo meio Agar maconkey, sem antibiótico
para cepas sensíveis e com antibióticos para as respectivas resistências
4 – Material e Métodos
___________________________________________________________________
76
encontradas nas cepas em teste. As placas eram então incubadas “overnight” a
37ºC. Após o período de incubação era realizada a contagem das colônias crescidas
nas placas por meio de um contador de colônias mecânico, ilustrado na Figura 4.20.
Figura 4.20: Contador de colônias mecânico
4.8 Análises Estatísticas
Foi realizada estatística descritiva dos parâmetros utilizados no monitoramento do
esgoto hospitalar e sanitário.
As comparações entre os dados do monitoramento da ETE-UFES e do esgoto
hospitalar foram realizadas pelo teste estatístico de Wicoxon-Mann-Whitney, teste
não-paramétrico usado para testar se duas amostras independentes foram retiradas
de populações com médias iguais.
A comparação entre a porcentagem de bactérias resistentes a antibióticos no esgoto
hospitalar e no esgoto sanitário, e a comparação entre os pontos de cada sistema foi
realizada através do teste do Qui – Quadrado.
5 – Resultados e Discussão
___________________________________________________________________
77
5. Resultados e Discussão
5.1 Considerações Gerais
Neste capítulo serão apresentados e discutidos os resultados do monitoramento do
sistema UASB + FBAS da ETE - UFES tratando esgoto sanitário, através de
amostras simples do esgoto bruto (EBS), do efluente do UASB e do efluente final
considerado por (FBAS + DEC). Serão também discutidos os resultados do
monitoramento do sistema tanque séptico seguido de filtro anaeróbio tratando o
esgoto hospitalar, por meio de amostras simples do esgoto bruto (EBH) e da saída
do filtro (SF), além do efluente do tanque de desinfecção (TD).
Serão apresentados e discutidos os resultados de resistência antimicrobiana em
bactérias E. coli isoladas de amostras do esgoto hospitalar e sanitário. As amostras
dos esgotos analisadas para a resistência bacteriana a antibióticos são as mesmas
analisadas no monitoramento físico-químico.
5.2 Caracterização do Esgoto Sanitário (ETE - UFES)
No monitoramento do sistema ETE - UFES foram analisadas amostras simples e
compostas, durantes os meses de março a agosto de 2005. Portanto, serão
discutidas somente as amostras simples, uma vez que estas apresentaram
características semelhantes.
5 – Resultados e Discussão
___________________________________________________________________
78
5.2.1 Caracterização Físico-Química
5.2.1.1 Matéria Particulada (Turbidez e SST) e Orgânica (DQO
t
, e
DBO
5
) e pH
As características do esgoto sanitário (ETE - UFES) quanto à matéria particulada,
SST e turbidez, e a matéria orgânica (DQO
t
e DBO
5
) estão apresentadas nas
Figuras abaixo.
Figura 5.1: Concentrações de SST Figura 5.2: Valores de turbidez
Figura 5.3: Concentrações de DBO
5
Figura 5.4: Concentrações de DQO
t
A temperatura durante todo o período de monitoramento ficou em torno de 26°C.
5 – Resultados e Discussão
___________________________________________________________________
79
O esgoto bruto proveniente do bairro de Jardim da Penha apresentou características
médias de 368 mg/L (DQO
t
), 220 mg/L (DBO
5
), 97 mg/L (SST) e 113 NTU (turbidez).
Com relação ao reator anaeróbio (UASB) este apresentou um efluente anaeróbio
com características médias de 166 mg/L (DQO
t
), 73 mg/L (DBO
5
), 48 mg/L (SST) e
74 NTU (turbidez).
O reator manteve suas características de eficiência e estabilidade no tratamento de
esgoto sanitário. Notou-se uma redução nos valores do desvio padrão, para os
parâmetros DQO
t,
DBO
5,
SST e turbidez, do esgoto bruto para o efluente anaeróbio,
mostrando que o reator UASB produziu um efluente com características mais
homogêneas, o que demonstra a capacidade do reator em produzir um efluente com
características estáveis.
De acordo com a legislação local (CONDEMA - Conselho Municipal de Meio
Ambiente/ Vitória - ES), o efluente tem que apresentar concentrações de SST e
DQO
t
abaixo de 100 mg/L e 200 mg/L, respectivamente. Portanto, durante o período
de monitoramento, a ETE-UFES obedeceu a esse padrão, uma vez que a
concentração média final de SST no seu efluente final foi de 24 mg/L e a
concentração média de DQO
t
foi de 62 mg/L.
A seguir, na Tabela 5.1 são apresentados, a título de comparação, os resultados
encontrados no atual estudo com os valores obtidos por outros autores, utilizando o
mesmo sistema de tratamento de esgoto. Durante a pesquisa de Veronez (2001),
Chiabai (2005) e Louzada (2006) o biofiltro aerado submerso operava com quatro
compartimentos chamados de BF1, BF2, BF3 e BF terciário (efluente final), sendo
que estes eram compostos por britas com diferentes granulometrias. No presente
estudo, mesmo o sistema sendo composto por um biofiltro aerado submerso seguido
de um decantador, foi obtido valores compatíveis com as pesquisas anteriores.
5 – Resultados e Discussão
___________________________________________________________________
80
Tabela 5.1: Comparação entre os resultados do monitoramento obtidos nesta pesquisa e os resultados
obtidos em outras pesquisas, desenvolvidas na mesma ETE
DQO
t
DBO
5
SST DQO
t
DBO
5
SST DQO
t
DBO
5
SST
(mg/L) (mg/L)
(mg/L)
(mg/L) (mg/L)
(mg/L)
(mg/L) (mg/L)
(mg/L)
Veronez (2001) 409 (n=13) - 152 (n=12) 161 (n=25) - 52 (n=23) 64 (n=18) - 20 (n=18)
Louzada (2006) 429 (n=24) - 251 (n=24) 180 (n=24) - 89 (n=24) 67 (n=24) - 29 (n=24)
Chiabai (2005) 341 (n=3) 268 (n=3) 77 (n=3) 124 (n=3) 56 (n=2) 35 (n=3) 55 (n=3) 18 (n=2) 20 (n=3)
Resultados desta pesquisa 368 (n=26) 220 (n=18) 97 (n=26) 166 (n=25) 73 (n=18) 43 (n=23) 62 (n=23) 18 (n=17) 24 (n=25)
Fonte
EBS UASB Efinal
O esgoto sanitário apresentou valores médios de pH de 7,1 para o esgoto bruto
(EBS), 6,9 para o efluente do UASB e 7,1 para o efluente final (Efinal). Os valores
encontrados foram próximos à faixa neutra característicos de esgoto sanitário.
Verificou-se que o esgoto sanitário bruto que alimentou o sistema proporcionou
características típicas, com concentração média de SST de 97 mg/L e turbidez de
113 NTU. As eficiências médias de remoção ficaram em volta de 40% para o reator
UASB e 85% para o (FBAS + DEC) quanto ao parâmetro turbidez. Para SST
verificou-se eficiência média de remoção de 52% para reator UASB e 49% para o
(FBAS + DEC). As eficiências médias globais do sistema (UASB + FBAS) foram de
74% para SST e 88% para turbidez. Valores semelhantes aos encontrados por
Chiabai, (2005) na ETE - UFES, com 73% de remoção para SST.
Comparando-se o efluente final com o esgoto bruto afluente ao sistema, observou-se
que a DBO
5
foi reduzida de 220 mg/L para 18 mg/L (valores médios), resultando em
uma eficiência média global de remoção igual a 92%. Com relação à concentração
média de DQO
t
, foi verificada uma redução de 368 mg/L para 62mg/L, totalizando
uma eficiência média global de remoção igual a 83%.
5 – Resultados e Discussão
___________________________________________________________________
81
5.2.1.2 Compostos Nitrogenados (NTK, Nitrogênio Amoniacal) e
Fósforo
Os resultados das características químicas referentes aos compostos nitrogenados
NTK e nitrogênio amoniacal e fósforo total estão apresentados nas Figuras abaixo.
Figura 5.5: Concentrações de NTK Figura 5.6: Concentrações de nitrogênio
amoniacal
Figura 5.7: Concentrações de fósforo
Constatou-se que o esgoto sanitário bruto afluente ao sistema (UASB + FBAS)
apresentou concentrações médias respectivas de NTK, nitrogênio amoniacal e
fósforo de 81 mg/L, 47 mg/L e 6,9 mg/L valores considerados típicos para esgotos
de origem doméstica.
5 – Resultados e Discussão
___________________________________________________________________
82
Para amostras simples de efluentes do UASB e Efinal, as concentrações médias
de NTK obtidas foram de 50 mg/L e de 43 mg/L, respectivamente. Em relação à
concentração de nitrogênio amoniacal estes sistemas apresentaram efluentes
com valores que variaram de 41 mg/L para as amostras do efluente do UASB e
32mg/L para amostras do efluente final do sistema de tratamento de esgoto.
Quanto ao fósforo total analisado nesta pesquisa, foi verificado concentrações
médias que variaram de 6,1 mg/L no efluente do reator UASB e 5,6 mg/L no
efluente final.
De acordo com as Figuras 5.5 a 5.7 pode-se verificar que a ETE - UFES apresentou
eficiência global pouco significante quanto à remoção de NTK, nitrogênio amoniacal
e fósforo, apresentando valores médios de 46%, 31% e 18%, respectivamente.
Provavelmente o decréscimo dos nutrientes NTK, nitrogênio amoniacal e fósforo seja
em virtude do consumo destes pelos microrganismos para a síntese biológica, como
também pode ser devida a eficiente remoção da matéria particulada pelo sistema
UASB + FBAS e conseqüentemente, dos nutrientes (NTK, nitrogênio amoniacal e
fósforo) a ela associados, principalmente os de natureza orgânica.
De acordo com Chernicharo et al., (2000), a remoção de fósforo em ETE com o uso
de reator UASB somente será efetiva se forem utilizados produtos químicos para a
remoção do fósforo.
5.2.2 Caracterização Microbiológica
Os microrganismos utilizados para caracterização microbiológica do esgoto sanitário
foram os microrganismos indicadores de poluição fecal que são os coliformes totais
e Escherichia coli. Os resultados da caracterização microbiológica estão ilustrados
na Tabela 5.2.
5 – Resultados e Discussão
___________________________________________________________________
83
Tabela 5.2: Estatística descritiva dos resultados microbiológicos da caracterização do esgoto
sanitário (ETE - UFES)
Parâmetro EBS UASB Efinal
N151414
Med
6,08x10
7
2,33x10
7
5,69x10
6
CT
Mediana
5,04x10
7
2,83x10
7
5,36x10
6
(NMP/100mL)
Max 1,40x10
8
5,48x10
7
3,26x10
7
Min 3,26x10
7
8,62x10
6
2,26x10
6
DP 3,52x10
7
1,51x10
7
7,68x10
6
N141315
Med
4,61x10
6
4,16x10
6
5,45x10
5
E. coli
Mediana
6,72x10
6
4,73x10
6
5,10x10
5
(NMP/100mL)
Max 1,46x10
7
9, 00x10
6
2,98x10
6
Min 1,58x10
6
1,14x10
6
2,11x10
5
DP
3,80x10
6
2,29x10
6
6,74x10
5
As concentrações médias de coliformes totais encontradas foram de
6,08x10
7
NMP/100mL, para o esgoto bruto, 2,33x10
7
NMP/100mL, para o efluente do
reator UASB e 5,69x10
6
NMP/100mL, para o Efinal.
Quanto ao microrganismo E. coli, verificou-se concentrações médias de
4,61x10
6
NMP/100mL no esgoto bruto, 4,16x10
6
NMP/100mL, no efluente do reator
UASB e 5,45x10
5
NMP/100mL no efluente final da ETE - UFES.
Verificou-se, neste sistema, uma baixa eficiência de remoção destes
microrganismos, constatada por meio da remoção de apenas um log tanto para os
coliformes totais quanto para E. coli. Assim, para coliformes totais, o esgoto bruto
apresentou valor de 10
7
NMP/100mL, reduzindo após tratamento para 10
6
NMP/100mL. A concentração de E. coli reduziu de 10
6
NMP/100mL para
10
5
NMP/100mL, resultado este esperado para este tipo de sistema de tratamento de
esgoto.
5 – Resultados e Discussão
___________________________________________________________________
84
5.3 Caracterização do Esgoto Hospitalar
Foram analisadas amostras simples e composta, porém por não haver diferenças
significativas na maioria dos parâmetros analisados serão discutidos somente os
resultados referentes às amostras simples.
5.3.1 Caracterização Físico-Química
5.3.1.1 Matéria Particulada (Turbidez e SST) e Orgânica (DQO
t
e
DBO
5
) e pH
O pH foi monitorado durante todo período experimental, apresentando média de 6,8
para EBH -1; 7,2 para SF - 1; 6,8 para EBH - 2; 6,9 para SF - 2 e 7,1 para TD. Estes
valores próximos à faixa neutra assemelharam-se aos encontrados em esgotos
sanitários.
Os resultados da caracterização do esgoto hospitalar quanto à matéria particulada
(SST e turbidez) e a matéria orgânica (DQO
t
e DBO
5
) estão ilustrados através da
Tabela 5.3.
O esgoto bruto hospitalar do sistema tanque séptico-filtro anaeróbio 1 (STSFA - 1)
apresentou características médias de 798 mg/L (DQO
t
), 270 mg/L (DBO
5
), 367mg/L
(SST) e 248 NTU (turbidez). Para o sistema tanque séptico-filtro anaeróbio 2
(STSFA - 2) foram observadas concentrações médias de 320 mg/L (DQO
t
), 172mg/L
(DBO
5
), 113 mg/L (SST) e 121 NTU (turbidez).
5 – Resultados e Discussão
___________________________________________________________________
85
Tabela 5.3: Estatística descritiva da caracterização do esgoto hospitalar quanto à matéria
particulada e orgânica
Parâmetros EBH - 1 SF - 1 EBH - 2 SF - 2 TD
N1515171814
Med 798 155 320 151 192
DQO
t
Mediana 850 151 312 148 201
(mg/L) Max 980 236 682 208 257
Min 500 90 84 105 144
DP 169 51 129 34 32
N1110141511
Med 270 42 172 62 76
DBO
5
Mediana 317 40 171 70 79
(mg/L) Max 360 64 282 86 106
Min 129 31 117 28 29
DP 86 9 42 21 23
N1415181814
Med 367 37 113 34 38
SST Mediana 386 34 115 33 33
(mg/L) Max 530 71 201 71 93
Min 200 20 37 15 12
DP 102 16 40 14 24
N1415171715
Med 248 38 121 80 78
Turbidez Mediana 250 37 100 75 75
(NTU) Max 360 58 250 150 130
Min 120 26 70 40 50
DP 70 9 51 28 25
Tanque Séptico-
Filtro Anaeróbio 1 Filtro Anaeróbio 2
Tanque Séptico-
A eficiência média de remoção de SST do tanque séptico-filtro anaeróbio tratando
esgoto hospitalar situaram-se na faixa de 90% para STSFA - 1 e de 70% para o
STSFA - 2. Quanto a turbidez observa-se uma eficiência média de remoção em
torno de 85% (STSFA - 1) enquanto que no STSFA - 2 foi observada uma eficiência
média de remoção de 34%.
Em relação as variáveis DBO
5
e DQO
t
,
no STSFA - 1, foi detectada eficiência média
de remoção elevada em torno de 84% e 80% respectivamente. O mesmo não foi
observado para o STSFA - 2 onde a eficiência média de remoção foi de 63% para a
variável DBO
5
e de 53% para DQO
t
. Esta diferença na eficiência de remoção entre
os tanques sépticos seguido de filtro anaeróbio pode estar correlacionada com a
5 – Resultados e Discussão
___________________________________________________________________
86
concentração inicial de matéria orgânica e outros poluentes presentes nos diferentes
esgotos gerados pelo hospital.
A norma da NBR - 13969/97 apresenta a faixa de eficiência obtida pelos filtros
anaeróbios em conjunto com o tanque séptico em função da temperatura. Para a
DBO
5
, a eficiência pode variar de 40 a 75%, para DQO
t
, de 40 a 70% e para sólidos
suspensos, de 60 a 90%. Os limites inferiores correspondem às temperaturas abaixo
de 15ºC e os limites superiores correspondem às temperaturas acima de 25ºC.
Como a temperatura dos sistemas analisados nesta pesquisa esteve em torno de
26º C, de acordo com esta norma, o STSFA - 1, apresentou eficiência de remoção,
tanto para os parâmetros DQO
t
, DBO
5
e SST, acima da estabelecida pela NBR -
13969/97. Já o STSFA - 2, apresentou eficiência de remoção esperada para este
sistema.
Em relação ao esgoto bruto hospitalar, verificou-se, com nível de significância de
5%, que o EBH - 1 e o EBH - 2 são significativamente diferentes, quanto aos
parâmetros DQO
t
, DBO
5
, turbidez, SST, fósforo, nitrogênio amoniacal, NTK. A
diferença entre os esgotos pode ser justificada por tratar de efluentes provenientes
de diferentes setores que compõe o hospital. Uma importante fonte de matéria
orgânica gerada pelo hospital no STSFA - 1 é o setor do restaurante. Uma outra
fonte de poluente que não há no STSFA - 2 é o esgoto gerado pela caldeira que
acaba lançando óleo neste sistema.
Comparando-se o esgoto bruto gerado pelo hospital citado acima com o efluente de
um outro hospital da Grande Vitória (HUCAM), também verificou-se níveis mais
elevados de concentrações de DQO
t
(638 mg/L) no ponto onde recebia esgoto do
restaurante, provavelmente devido a elevada concentração de matéria orgânica
presente no esgoto. Em relação aos demais pontos analisados, no HUCAM, foram
detectadas concentrações médias de 391 mg/L de DQO
t
, no esgoto das enfermarias
e 12 mg/L no efluente gerado pela lavanderia. Para DBO
5
foi verificada
concentrações médias de 283 mg/L, no esgoto oriundo do restaurante, 168 mg/L das
enfermarias e 9 mg/L da lavanderia.
5 – Resultados e Discussão
___________________________________________________________________
87
5.3.1.2 Compostos Nitrogenados (NTK, Nitrogênio Amoniacal) e
Fósforo
A Tabela 5.4, ilustra os resultados da caracterização do sistema tanque séptico-filtro
anaeróbio 1 e 2, quantos aos nutrientes, fósforo, NTK e nitrogênio amoniacal.
O esgoto bruto do STSFA - 1 apresentou concentrações médias de 9,0 mg/L,
122mg/L e 63 mg/L, para os parâmetros fósforo, NTK e nitrogênio amoniacal
respectivamente. Enquanto o esgoto bruto do STSFA - 2 apresentou concentrações
médias de 4,3 mg/L, 70 mg/L e 49 mg/L para os nutrientes, fósforo, NTK e nitrogênio
amoniacal respectivamente, concentrações estas ligeiramente inferiores às
apresentadas pelo STSFA - 1. Para o efluente do tanque de desinfecção (TD) foi
detectada concentrações médias de 5,3 mg/L, 91 mg/L e 51 mg/L para fósforo, NTK
e nitrogênio amoniacal respectivamente.
Tabela 5.4: Estatística descritiva da caracterização do esgoto hospitalar quanto aos nutrientes,
fósforo, NTK e nitrogênio amoniacal
Parâmetros EBH - 1 SF - 1 EBH - 2 SF - 2 TD
N1414171814
Med 9,0 4,5 4,3 3,6 5,3
Fósforo Mediana 8,9 4,7 4,5 3,7 5,5
(mg/L) Max 16,3 5,7 7,7 6,5 7,0
Min 4,6 2,3 1,6 1,1 3,9
DP 2,9 0,9 1,7 1,6 0,9
N1414161715
Med 122 79 70 53 91
NTK Mediana 109 77 69 55 86
(mg/L) Max 199 144 91 88 135
Min 88 19 48 20 49
DP 35 36 14 17 26
N1215181814
Med 63 46 49 43 51
Amônia Mediana 67 44 44 45 53
(mg/L) Max 80 90 71 58 70
Min 26 18 34 25 27
DP 17 19 12 11 12
Tanque Séptico- Tanque Séptico-
Filtro Anaeróbio 1 Filtro Anaeróbio 2
5 – Resultados e Discussão
___________________________________________________________________
88
5.3.2. Caracterização Microbiológica
A caracterização microbiológica do esgoto hospitalar foi realizada por meio dos
microrganismos coliformes totais e Escherichia coli. As concentrações dos
microrganismos presentes no esgoto hospitalar estão ilustradas na Tabela 5.5 O
esgoto bruto hospitalar apresentou concentração média de coliformes totais de
2,88x10
7
NMP/100mL, para EBH - 1 e 1,18x10
7
NMP/100mL para EBH - 2.
Em relação ao microrganismo E. coli, verificou-se concentrações médias de
5,46x10
6
NMP/100mL no EBH - 1 e 2,97x10
6
NMP/100mL no EBH - 2. Resultado
semelhante ao encontrado por Silveira (2004), no esgoto bruto do hospital das
clínicas de Porto Alegre, onde encontrou valores que se situaram na faixa de 10
6
a
10
7
NMP/100mL para coliformes totais e 10
5
a 10
6
NMP/100mL para E. coli.
Já para o efluente tratado do sistema tanque séptico-filtro anaeróbio foi verificada
concentrações médias de coliformes totais de 6,22x10
6
NMP/100mL para SF - 1 e
concentrações médias de 3,31x10
6
NMP/100mL para SF - 2. Verificou-se para E.
coli concentrações médias de 3,62x10
5
NMP/100mL e 7,18x10
5
NMP/100mL para
SF - 1 e SF - 2 respectivamente.
No tanque de desinfecção era esperado uma baixa concentração de coliformes
totais e E. coli, porém, foram detectadas concentrações de 9,10x10
6
NMP/100mL e
8,10x10
5
NMP/100mL para estes microrganismos respectivamente. Sendo que não
foi detectada a presença de cloro residual livre nesta amostra.
5 – Resultados e Discussão
___________________________________________________________________
89
Tabela 5.5: Estatística descritiva dos resultados microbiológicos da caracterização do esgoto
hospitalar
Parâmetro EBH - 1 SF - 1 EBH - 2 SF - 2 TD
N11 13 1717 13
Med
2,88x10
7
6,22x10
6
1,18x10
7
3,31x10
6
9,10x10
6
CT
Mediana
2,20x10
7
4,80x10
6
1,40x10
7
4,45x10
6
9,41x10
6
(NMP/100mL)
Max
6,44x10
7
1,55x10
7
5,12x10
7
1,45x10
7
3,45x10
7
Min
4,10x10
6
9,11x10
5
6,88x10
6
1,45x10
6
3,01x10
6
DP
2,04x10
7
4,27x10
6
1,33x10
7
4,55x10
6
8,43x10
6
N12 13 1817 14
Med
5,46x10
6
3,62x10
5
2,97x10
6
7,18x10
5
8,10x10
5
E. coli
Mediana
5,42x10
6
3,00x10
5
2,41x10
6
5,20x10
5
6,38x10
5
(NMP/100mL)
Max
1,05x10
7
1,10x10
6
8,40x10
6
2,54x10
6
3,05x10
6
Min
1,00x10
6
1,97x10
5
8,73x10
5
2,00x10
5
2,85x10
5
DP
2,98x10
6
2,31x10
5
2,22x10
6
6,07x10
5
1,02x10
6
Filtro Anaeróbio 1 Filtro Anaeróbio 2
Tanque Séptico - Tanque Séptico -
Conforme os resultados apresentados na Tabela 5.5, os STSFA apresentaram uma
baixa eficiência de remoção dos microrganismos indicadores de poluição fecal. Isto
foi constatado por meio da remoção de apenas um log tanto para os coliformes totais
quanto para E. coli. Este resultado já era esperado para este tipo de sistema de
tratamento de esgoto.
Neste monitoramento pôde-se observar que a desinfecção com cloro utilizado pelo
hospital não foi eficiente na remoção de coliformes totais e E. coli. De acordo com
Jordão e Pessôa (2005), dentre as principais condições que afetam a cloração estão
a natureza do microrganismo a serem destruídos, a natureza do desinfetante, a
concentração aplicada, a natureza do esgoto a ser tratado e o tempo de contato do
desinfetante com o esgoto.
Dentre estes fatores descritos por Jordão e Pessôa (2005), a concentração do cloro
aplicada, o tempo de contato do cloro com o esgoto ou a natureza do esgoto pode
ser o motivo do cloro não afetar as bactérias neste local, uma vez que, a
concentração de matéria orgânica, em termos de DQO
t
, detectada no tanque de
desinfecção e a concentração de SST estiveram elevadas com 192 mg/L e 38 mg/L
5 – Resultados e Discussão
___________________________________________________________________
90
respectivamente, sendo que a presença de sólidos no esgoto, pode proteger os
microrganismos da ação do desinfetante.
5.4 Comparação entre Esgoto Hospitalar e Esgoto Sanitário
(ETE-UFES)
Na Tabela 5.6 é apresentado o resultado do teste de Wilcoxon-Mann-Whitney U,
realizado em amostras de esgotos hospitalar e sanitário ao nível de significância de
5%. Avaliando o EBS com EBH - 1 pode-se observar que para todas as variáveis
testadas a hipótese de igualdade entre as médias (H
0
), foi rejeitada, ou seja, houve
diferença estatisticamente significante entre as variáveis acima. Este teste mostra
que o esgoto bruto hospitalar EBH - 1 é estatisticamente diferente do esgoto bruto
sanitário analisado nesta pesquisa.
Estes resultados podem ser comparados aos resultados do trabalho de Emmanuel et
al., (2005), onde o esgoto hospitalar analisado pelos autores apresenta maiores
concentrações de DQO
t
, DBO
5
e SST em relação ao esgoto sanitário. Estes autores
encontraram concentrações médias de até 1559 mg/L, 2664 mg/L e 298 mg/L de
DBO
5
,
DQO
t
e SST respectivamente.
Tabela 5.6: Comparação dos valores obtidos entre EBH 1 e 2 e EBS através do teste de Wilcoxon-
Mann-Whitney U
EBH - 1 EBS EBH - 2
Média Média Média
DQO
t
798*
368
320
DBO
5
270*
220
172
Turbidez
248*
113
121
SST
367*
97
113
Fósforo
9,0*
6,9
4,3
amônia
63*
47
49
NTK
122*
81
70
p<0,05, rejeita-se H0 e p>0,05, aceita-se H0
* Nível de significância de 5%
5 – Resultados e Discussão
___________________________________________________________________
91
Comparando-se o EBS com EBH - 2, verificou-se que para todas as variáveis físico-
químicas analisadas a hipótese de igualdade entre as médias (H
0
) foi aceita, não
havendo desta forma diferença estatística entre as variáveis citadas.
A Figura abaixo apresenta a relação entre DQO
t
e DBO
5
de esgoto bruto hospitalar
(EBH - 1 e EBH - 2) e esgoto bruto sanitário.
Figura 5.8: Faixas de valores da relação DQO
t
/DBO
5
de esgotos bruto sanitário e hospitalar
De acordo com von Sperling (2005), a relação DQO
t
/DBO
5
é baixa quando for menor
do que 2,5, intermediária entre 2,5 - 3,5 e elevada quando for maior do que 3,5 ou
4,0.
A relação DQO
t
/DBO
5
do esgoto bruto hospitalar (EBH - 1) foi de 3,0 relação essa
classificada intermediária de acordo com von Sperling (2005). Este valor indica que a
fração biodegradável deste esgoto não é elevada. Já para o esgoto bruto (EBH - 2)
esta relação foi em torno de 1,8 mostrando que este esgoto possui uma elevada
fração biodegradável. Desta forma verificou-se que estes esgotos possuem
diferentes características, isto ocorre, provavelmente, por se tratar de esgotos
oriundos de diferentes setores do hospital. Esta relação para o EBS foi em torno de
1,6 valor esse aceitável para esgoto de origem doméstica, indicando que
praticamente não existe adição de efluentes industriais.
5 – Resultados e Discussão
___________________________________________________________________
92
Comparando-se as médias da relação DQO
t
/DBO
5
do EBS (1,6) e do EBH - 1 (3,0),
observa-se que os valores encontrados no EBH - 1 são superiores ao EBS,
indicando dessa forma que o esgoto hospitalar EBH - 1 é menos biodegradável em
relação ao esgoto sanitário. De acordo com Al-Ahmad et al., (1999), uma importante
diferença entre o esgoto hospitalar e o esgoto sanitário refere-se à composição
orgânica e biodegradabilidade.
No EBH - 2, verificou-se que esta relação esteve próxima a do esgoto sanitário, que
em média apresentou 1,8 para o esgoto de EBH - 2. Silveira (2004), observou a
relação DQO
t
/DBO
5
, do esgoto hospitalar, durante vários períodos do dia e verificou
valores médios de DQO
t
/DBO
5
que variaram de 1,0 a 3,0.
Quanto aos parâmetros microbiológicos coliformes totais e E. coli foi observado
concentrações semelhantes desses microrganismos no esgoto hospitalar e sanitário.
5 – Resultados e Discussão
___________________________________________________________________
93
5.5 Teste de Resistência aos Antimicrobianos por Disco
Difusão em Agar
Neste capítulo serão apresentados e discutidos os resultados dos testes de
resistência aos antimicrobianos em bactérias E. coli isoladas de amostras do esgoto
hospitalar (EBH - 1, SF - 1; EBH - 2, SF - 2 e TD) e esgoto sanitário da ETE - UFES
(EBS, UASB e Efinal), resultados detalhados em anexo.
5.5.1 Perfil de Resistência aos Antimicrobianos no Esgoto Sanitário
(ETE - UFES)
A Tabela 5.7 apresenta a freqüência de resistência de cepas E. coli isoladas de
amostras do sistema ETE - UFES, (UASB + FBAS), tratando esgoto sanitário. No
esgoto bruto (EBS), pode-se observar que a maior parte das cepas analisadas foram
resistentes a 2 antibióticos, com uma porcentagem de resistência de 41,3%, seguida
das resistentes a três antibióticos com 30,4% de resistência. O resultado mais
detalhado com o antibiotipo encontra-se na Tabela 5.8. O máximo de polirresistência
(resistência a dois ou mais antibióticos) encontrado nesta amostra foi a 6 antibióticos
(TET - ERI - PEN - NALI - AMP - SUT) com um percentual de 2,2%.
Tabela 5.7: Freqüência de resistência de cepas E. coli isoladas do esgoto sanitário
Frequência de Nº de cepas
resistência resistentes
EBS UASB Efinal
1 antibiótico 6 (13,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%)
2 antibióticos 19 (41,3%) 9 (29,0%) 16 (44,4%)
3 antibióticos 14 (30,4%) 13 (41,9%) 10 (27,8%)
4 antibióticos 4 (8,7%) 4 (12,9%) 1 (2,8%)
5 antibióticos 2 (4,3%) 2 (6,5%) 6 (16,7%)
6 antibióticos 1 (2,2%) 3 (9,7%) 2 (5,6%)
7 antibióticos 0 (0,0%) 0 (0,0%) 1 (2,8%)
Total cepas
46 31 36
Nº de cepas
resistentes
5 – Resultados e Discussão
___________________________________________________________________
94
Quanto às bactérias E. coli isoladas do efluente do UASB, verificou-se que a maior
parte apresentou resistência a três antibióticos, representando cerca de 41,9% das
amostras analisadas neste ponto.
No efluente do UASB, 29,0% das bactérias apresentaram resistência a 2
antibióticos. Semelhante ao esgoto bruto, porém as bactérias isoladas do efluente do
reator UASB apresentaram em menor porcentagem. O máximo de polirresistência
encontrado nas bactérias isoladas do efluente do USAB foi a 6 antibióticos, com uma
porcentagem de 9,7% (TET – AMO – ERI - PEN - AMP e SUT), (TET - AMO - ERI -
PEN - NALI e CFC), (TET - AMO - ERI - AMI - PEN e SUT).
As cepas de E. coli isoladas do efluente final da ETE - UFES apresentaram com
maior freqüência resistência a 2 antibióticos, com 44,4%, seguidas das resistentes a
3 antibióticos com 27,8% das bactérias analisadas. O máximo de polirresistência
encontrada nesta amostra foi a 7 antibióticos (TET-AMO-ERI-PEN-NALI-AMP-SUT).
5 – Resultados e Discussão
___________________________________________________________________
95
Tabela 5.8: Antibiotipo de cepas E.coli isoladas de esgoto sanitário bruto e tratado
Tipo de
resistência
EBS UASB Efinal
Total de cepas 46 31 36
1 antibiótico PEN 6 (13,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%)
2 antibióticos PEN-ERI 15 (32,6%) 8 (25,8%) 15 (41,7%)
PEN-TET 3 (6,5%) 0 (0,0%) 1 (2,8%)
PEN-AMO 1 (2,2%) 1 (3,2%) 0 (0,0%)
3 antibióticos TET-ERI-PEN 5 (10,9%) 9 (29,0%) 8 (22,2%)
ERI-AMI-PEN 1 (2,2%) 1 (3,2%) 0 (0,0%)
AMO-PEN-SUT 1 (2,2%) 0 (0,0%) 0 (0,0%)
ERI-AMP-PEN 0 (0,0%) 0 (0,0%) 1 (2,8%)
NEO-ERI-PEN 1 (2,2%) 0 (0,0%) 1 (2,8%)
TET-AMI-PEN 1 (2,2%) 0 (0,0%) 0 (0,0%)
AMO-ERI-PEN 5 (10,9%) 3 (9,7%) 0 (0,0%)
4 antibióticos TET-AMO-ERI-PEN 2 (4,3%) 2 (6,5%) 0 (0,0%)
AMO-ERI-AMI-PEN 1 (2,2%) 0 (0,0%) 0 (0,0%)
TET-ERI-PEN-AMP 0 (0,0%) 1 (3,2%) 0 (0,0%)
TET-ERI-PEN-AMI 0 (0,0%) 1 (3,2%) 1 (2,8%)
TET-ERI-PEN-SUT 1 (2,2%) 0 (0,0%) 0 (0,0%)
5 antibióticos TET-ERI-AMI-PEN-SUT 1 (2,2%) 0 (0,0%) 1 (2,8%)
TET-AMO-PEN-AMP-SUT 0 (0,0%) 0 (0,0%) 1 (2,8%)
AMO-ERI-PEN-AMP-SUT 0 (0,0%) 0 (0,0%) 1 (2,8%)
TET-AMO-AMI-PEN-SUT 0 (0,0%) 0 (0,0%) 1 (2,8%)
TET-AMO-ERI-PEN-SUT 0 (0,0%) 0 (0,0%) 2 (5,6%)
TET-AMO-ERI-PEN-AMP 1 (2,2%) 2 (6,5%) 0 (0,0%)
6 antibióticos TET-ERI-PEN-NALI-AMP-SUT 1 (2,2%) 0 (0,0%) 0 (0,0%)
TET-AMO-ERI-PEN-AMP-SUT 0 (0,0%) 1 (3,2%) 1 (2,8%)
TET-AMO-ERI-PEN-NALI-CFC 0 (0,0%) 1 (3,2%) 0 (0,0%)
TET-AMO-ERI-PEN-NALI-AMP 0 (0,0%) 1 (3,2%) 0 (0,0%)
TET-AMO-ERI-AMI-PEN-SUT 0 (0,0%) 0 (0,0%) 1 (2,8%)
7 antibióticos TET-AMO-ERI-PEN-NALI-AMP-SUT 0 (0,0%) 0 (0,0%) 1 (2,8%)
Antibiotipo
Número de cepas
A freqüência de resistência aos antimicrobianos do esgoto sanitário encontra-se na
Figura 5.9. Das 46, 31 e 36 cepas de E. coli isoladas da EBS, UASB e Efinal,
respectivamente, todas apresentaram resistência à pelo menos 1 dos 14 antibióticos
testados.
5 – Resultados e Discussão
___________________________________________________________________
96
Ao analisar o antibiótico cefaclor (CFC), observa-se que houve um aumento no
número de bactérias resistentes a este antibiótico do EBS (0,0%) para o UASB
(3,2%) e com relação ao antibiótico neomicina (NEO) houve uma diminuição, de
2,1% no EBS passou para 0,0% no UASB.
É possível observar que as bactérias E. coli isoladas do efluente do UASB não
apresentaram resistência aos antibióticos neomicina, gentamicina, cloranfenicol,
ciprofloxacina e ceftriaxone.
No esgoto sanitário, os maiores índices de resistência foram encontrados contra os
antibióticos tetraciclina, amoxicilina, eritromicina e penicilina, os quais são
antimicrobianos freqüentemente utilizados pela medicina (Figura 5.9).
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
NEO GEN CLO TET AMO CIP ERI CRO AMI PEN NALI A MP CFC SUT
Antibióticos
(% dos isolados E. coli resistentes)
EBS
UASB
Efinal
Figura 5.9: Porcentagem de E. coli resistentes a antibióticos isoladas do esgoto sanitário
Resultados semelhantes foram encontrados pelos autores Bahson e Fedorka-Cray,
(1999); onde observaram maiores índices de resistência a antimicrobianos
disponíveis há mais tempo no mercado e que eram comumente utilizados na
terapêutica.
5 – Resultados e Discussão
___________________________________________________________________
97
5.5.1.1 Efeito do Tratamento UASB + FBAS na Remoção de
Escherichia coli Resistentes a Antibióticos
Ao avaliar o sistema de tratamento da ETE - UFES quanto à remoção de E. coli
resistentes aos antibióticos, observa-se na Tabela 5.9, que não houve diferença
significativa, ao nível de 5% de confiança, para a maioria dos antibióticos analisados,
tanto na comparação do esgoto bruto com o efluente final do sistema (FBAS + DEC)
quanto com o efluente do reator UASB.
Pode-se levantar a hipótese de que este resultado seja devido à baixa eficiência de
remoção de bactérias E. coli no sistema UASB + FBAS, porém, Mezrioui e Baleux
(1994), avaliando lagoas aeróbias, verificaram eficiência de remoção para E. coli de
99,9% e mesmo assim os autores encontraram um maior número destes
microrganismos resistentes a antibióticos no efluente final da lagoa quando
comparado ao esgoto bruto.
Tabela 5.9: Teste do Qui-quadrado do perfil de resistência entre o esgoto sanitário bruto e
tratado da ETE - UFES
EBS Efinal EBS UASB
%% p %% p
NEO 2,1 2,7 0,688 NEO 2,1 0,0 0,597
GEN 0,0 0,0 - GEN 0,0 0,0 -
CLO 0,0 0,0 - CLO 0,0 0,0 -
TET 32,6 50,0 0,111 TET 32,6 58,0 0,027*
AMO 23,9 22,2 0,857
A
MO 23,9 35,4 0,270
CIP 0,0 0,0 -CIP 0,0 0,0 -
ERI 73,9 91,6 0,039* ERI 73,9 96,7 0,009*
CRO 0,0 0,0 - CRO 0,0 0,0 -
AMI 8,6 11,1 0,498
A
MI 8,6 6,4 0,539
PEN 100,0 100,0 - PEN 100,0 100,0 -
NALI 2,1 2,7 0,688 NALI 2,1 3,2 0,646
AMP 4,3 13,8 0,128
A
MP 4,3 19,3 0,042*
CFC 0,0 0,0 - CFC 0,0 3,2 0,403
SUT 8,6 25,0 0,045* SUT 8,6 3,2 0,325
p<0,05, rejeita-se H0 e p>0,05, aceita-se H0
* Nível de significância de 5%
Entretanto, foi verificado um aumento significativo de cepas E. coli resistentes aos
antibióticos eritromicina (p=0,039) e trimetoprim/sulfametoxazol (p=0,045), após o
5 – Resultados e Discussão
___________________________________________________________________
98
tratamento final do efluente, além de um aumento significativo de cepas E. coli
resistentes aos antibióticos tetraciclina (p=0,027), eritromicina (0,009) e ampicilina
(p=0,042) após tratamento anaeróbio (UASB).
Através da literatura, este fenômeno pode ser explicado por meio de duas hipóteses:
a primeira hipótese é a aquisição de fatores de resistência pelas cepas E. coli
sensíveis a antibióticos ao longo do sistema de tratamento de esgoto e a segunda
hipótese é baseada na seleção de cepas E. coli resistentes a antibióticos, as quais já
podem estar presentes no esgoto bruto sanitário e que, sendo também resistentes
aos fatores ambientais, poderiam sobreviver dentro deste ecossistema (MEZRIOUI;
BALEUX, 1994), porém deve-se fazer um estudo mais detalhado para melhor
explicação do resultado.
Resultado semelhante ao deste estudo, foi encontrado por Mezrioui e Baleux (1994),
ao estudar duas estações de tratamento de esgoto: uma lagoa aeróbia e uma outra
de lodo ativado, tratando esgoto sanitário. Os autores observaram que no efluente
tratado da lagoa aeróbia houve um aumento significativo na porcentagem de cepas
E. coli resistentes a antibióticos, porém no lodo ativado, estes mesmo autores não
observaram diferença significativa destas bactérias pós-tratamento. Eles acreditam
que esta diferença esteja provavelmente relacionada ao tempo de detenção do
esgoto em cada sistema, onde na lagoa aeróbia o esgoto reside por muito mais
tempo (40 a 70 dias) do que durante o tratamento por lodo ativado (5 a 6 horas).
Grabow e Prozesky (1973), encontraram um aumento no número de coliformes
resistentes a antibióticos durante o tratamento de esgoto sanitário por uma lagoa
aeróbica, passando de 0,86% para 2,45% pós-tratamento.
Com exceção aos antibióticos SUT e ERI os resultados encontrados neste estudo
para o sistema ETE - UFES estão de acordo com o encontrado por Vilanova et al.,
(2004), apesar de não ser o mesmo sistema de tratamento de esgoto estudado.
Vilanova et al., (2004), estudando a composição e persistência da população de
“coliformes fecais” e Enterococcus em 5 ETEs, tratando esgoto doméstico (duas
5 – Resultados e Discussão
___________________________________________________________________
99
estações de lodo ativado, duas estações de lodo ativado e simultânea precipitação
química, e uma estação por floculação química), observaram uma grande
similaridade entre as populações bacterianas resistentes aos antibióticos eritromicina
e vancomicina, presentes no esgoto bruto e no esgoto tratado em todas as estações
estudadas.
Sturtevant e Feary (1969), analisando bactérias fermentadoras de lactose resistentes
a antibióticos, também não encontraram diferença entre o esgoto bruto e o esgoto
tratado nas cinco estações de tratamento analisadas.
Apesar de alguns autores como Vilanova et al., (2004), Mezrioui e Baleux (1994) e
Sturtevant e Feary (1969), não terem encontrado redução significativa de
microrganismos resistentes a antibióticos pós-sistemas de tratamento de esgoto
sanitário, Guardabassi et al., (2002) com o intuito de analisar o efeito do tratamento
terciário de esgoto sanitário na prevalência de bactérias resistentes, avaliaram duas
estações de tratamento de esgoto sanitário de lodo ativado, na Dinamarca.
Os autores observaram que a prevalência de coliformes resistentes a ampicilina e
gentamicina no esgoto bruto foi significativamente maior do que no lodo digerido,
sendo também detectada redução significativa de Acinetobacter spp resistentes a
ampicilina pós-tratamento. Resultado semelhante ao trabalho de Guardabassi et al.,
(2002), foi obtido neste estudo no sistema tanque-séptico seguido de filtro anaeróbio
tratando esgoto hospitalar.
Porém neste mesmo estudo, Guardabassi et al., (2002), analisando uma outra ETE,
não observaram diferença significativa na prevalência de coliformes e Acinetobacter
spp resistentes a antibióticos entre o esgoto bruto e o esgoto tratado e nem a
associação de um aumento significativo na prevalência de bactérias resistentes,
incluindo as multirresistentes.
De acordo com os resultados encontrados neste trabalho e os resultados
encontrados na literatura observa-se que a prevalência de bactérias resistentes a
antibióticos no esgoto pode variar, pois dependerá de vários fatores como o sistema
5 – Resultados e Discussão
___________________________________________________________________
100
de tratamento de esgoto analisado, o tipo de bactéria a ser estudada e o agente
antimicrobiano em estudo.
5.5.2 Perfil de Resistência aos Antimicrobianos no Esgoto
Hospitalar
Neste item discute-se o perfil de resistência aos antimicrobianos analisados em
E. coli isoladas de amostras de esgoto hospitalar. As mesmas amostras
analisadas no monitoramento físico-químico e microbiológico do esgoto hospitalar
foram avaliadas quanto à resistência aos antibióticos.
A Tabela 5.10 apresenta a freqüência de resistência de cepas E. coli isolados de
amostras de dois sistemas tanques sépticos - filtro anaeróbio (STSFA - 1 e STSFA -
2) e do tanque de desinfecção (TD), tratando esgoto hospitalar. O resultado mais
detalhado com o antibiotipo encontra-se na Tabela 5.11. No esgoto bruto 1 (EBH - 1)
do sistema tanque séptico-filtro anaeróbio 1 (STSFA - 1), pode-se observar que a
maior parte das cepas analisadas foram resistentes a 2 antibióticos, com uma
porcentagem de resistência de 40,4%, seguida a três antibióticos com 23,8% de
resistência. O máximo de polirresistência (resistência a dois ou mais antibióticos)
encontrado nesta amostra foi a 9 antibióticos (NEO-TET-AMO-CIP-ERI-NALI-AMP-
SUT-PEN) com um percentual de 2,3%. O mesmo não foi detectado na SF - 1 deste
sistema, onde o máximo de polirresistência foi a 8 antibióticos (CLO-TET-AMO-ERI-
AMP-CFC-SUT-PEN).
No EBH - 2, detectou-se nas cepas analisadas uma maior porcentagem de
resistência a 4 antibióticos, correspondendo a 26,1%, seguido de 2 antibióticos, com
um percentual de 19,6%. O máximo de polirresistência encontrado nesta amostra foi
a 11 antibióticos (CLO-TET-AMO-CIP-ERI-CRO-NALI-AMP-CFC-PEN-SUT) com um
percentual de 4,3%. Esta polirresistência somente foi encontrada no esgoto bruto
deste sistema, sendo que no SF - 2, o máximo de polirresistência encontrado foi a 7
antibióticos (TET-AMO-ERI-AMI-PEN-AMP-CFC), (TET-AMO-CIP-ERI-NALI-SUT-
PEN).
5 – Resultados e Discussão
___________________________________________________________________
101
No tanque de desinfecção (TD), que recebe cloro como agente desinfetante, a maior
porcentagem de cepas E. coli resistentes foi a dois antibióticos (38,0%). Neste ponto
do sistema de tratamento do esgoto hospitalar foram observadas cepas de E. coli
resistentes a um maior número de antibióticos do que os demais pontos estudados.
Das 42 cepas isoladas 4,7% e 2,3% foram resistentes a 12 (GEN-TET-AMO-CIP-
ERI-CRO-AMI-PEN-NALI-AMP-CFC-SUT) e 11 antibióticos (GEN-TET-AMO-CIP-
ERI-CRO-PEN-NALI-AMP-CFC-SUT), respectivamente, dos 14 analisados.
No TD existe a possibilidade da seleção destas bactérias pelo agente desinfetante, o
cloro. Poucos estudos têm sido realizados sobre o efeito da desinfecção sobre a
sobrevivência de bactérias resistentes a antimicrobianos. Porém, Murray et al.,
(1984) observaram em laboratório, um aumento significativo na porcentagem de
cepas resistentes a múltiplos antibióticos após a desinfecção com cloro. Entretanto,
deve-se ser feito um estudo mais aprofundado para discutir a possível relação entre
bactérias resistentes a antibióticos e desinfetantes.
Ainda na Tabela 5.10, verifica-se que, das 42 cepas de E. coli isoladas do EBH - 1,
todas apresentaram resistência a pelo menos 1 dos 14 antibióticos testados, sendo
que 98% das cepas apresentaram resistência a 2 ou mais antibióticos. Das 33 cepas
Tabela 5.10: Freqüência de resistência de cepas E. coli isoladas do esgoto hospitalar
de cepas
Freqüência de resistentes
resistência
EBH - 1 SF - 1 EBH - 2 SF - 2 TD
1 antibiótico 1 (2,3%) 3 (9,0%) 2 (4,3%) 5 (15,6%) 8 (19,0%)
2 antibióticos 17 (40,4%) 12 (36,3%) 9 (19,6%) 7 (21,9%) 16 (38,0%)
3 antibióticos 10 (23,8%) 5 (15,1%) 5 (10,9%) 10 (31,3%) 8 (19,0%)
4 antibióticos 6 (14,2%) 6 (18,1%) 12 (26,1%) 5 (15,6%) 2 (4,7%)
5 antibticos 3 (7,1%) 1 (3,0%) 3 (6,5%) 3 (9,3%) 2 (4,7%)
6 antibticos 0 (0,0%) 1 (3,0%) 4 (8,7%) 0 (0,0%) 1 (2,3%)
7 antibióticos 0 (0,0%) 4 (12,1%) 5 (10,9%) 2 (6,3%) 1 (2,3%)
8 antibticos 4 (9,5%) 1 (3,0%) 3 (6,5%) 0 (0,0%) 1 (2,3%)
9 antibticos 1 (2,3%) 0 (0,0%) 1 (2,2%) 0 (0,0%) 0 (0,0%)
11 antibticos 0 (0,0%) 0 (0,0%) 2 (4,3%) 0 (0,0%) 1 (2,3%)
12 antibticos 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 2 (4,7%)
Total cepas
42 33 46 32
42
de cepas de cepas
(STSFA - 1) (STSFA - 2)
resistentes resistentes
5 – Resultados e Discussão
___________________________________________________________________
102
de E. coli isoladas de SF - 1, todas as cepas também apresentaram resistência a
pelo menos 1 antibiótico e a maior parte delas (91%), como no esgoto bruto,
apresentaram resistência a 2 ou mais antibióticos.
Nas amostras de EBH - 2 e SF - 2 observou-se, respectivamente, que 96% e 84%
das cepas isoladas apresentaram resistência a pelo menos dois antibióticos,
enquanto que no TD esta porcentagem foi de 81%. Tanto as bactérias isoladas de
amostras de EBH - 2 e SF - 2 como as isoladas do TD apresentaram resistência a
pelo menos 1 dos antibióticos analisados.
5 – Resultados e Discussão
___________________________________________________________________
103
Tabela 5.11: Antibiotipo de cepas E.coli isoladas de esgoto hospitalar bruto, tratado e após
desinfecção
Tipo de N° de cepas
resistência
EBH - 1 SF -1 EBH -2 SF -2 TD
Total resistência 42 33 46 32 42
1 antibiótico PEN 1 (2,4%) 3 (9,0%) 2 (4,3%) 5 (15,6%) 8 (19,0%)
2 antibióticos PEN-ERI 15 (35,7%) 11 (33,3%) 7 (15,2%) 7 (21,9%) 14 (33,3%)
CIP-PEN 0 (0,0%) 1 (3,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%)
TET-PEN 0 (0,0%) 0 (0,0%) 1 (2,2%) 0 (0,0%) 1 (2,4%)
AMO-PEN 1 (2,4%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%)
CLO-PEN 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 1 (2,4%)
AMI-PEN 1 (2,4%) 0 (0,0%) 1 (2,2%) 0 (0,0%) 0 (0,0%)
3 antibióticos PEN-ERI-NEO 2 (4,8%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 1 (2,4%)
PEN-AMI-AMO 1 (2,4%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%)
PEN-ERI-AMO 1 (2,4%) 1 (3,0%) 1 (2,2%) 4 (12,5%) 1 (2,4%)
TET-AMI-PEN 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 1 (2,4%)
ERI-TET-PEN 6 (14,3%) 2 (6,1%) 3 (6,5%) 2 (6,3%) 3 (7,1%)
ERI-AMI-PEN 0 (0,0%) 0 (0,0%) 1 (2,2%) 2 (6,3%) 1 (2,4%)
ERI-CFC-PEN 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 1 (3,1%) 0 (0,0%)
ERI-SUT-PEN 0 (0,0%) 1 (3,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 1 (2,4%)
ERI-NALI-PEN 0 (0,0%) 1 (3,0%) 0 (0,0%) 1 (3,1%) 0 (0,0%)
4 antibióticos PEN-ERI-AMO-AMP 3 (7,1%) 0 (0,0%) 3 (6,5%) 0 (0,0%) 0 (0,0%)
PEN-ERI-TET-GEN 1 (2,4%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%)
PEN-ERI-CLO-NALI 1 (2,4%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%)
PEN-ERI-AMI-CLO 1 (2,4%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%)
PEN-ERI-AMO-TET 0 (0,0%) 0 (0,0%) 4 (8,7%) 0 (0,0%) 0 (0,0%)
PEN-ERI-AMO-SUT 0 (0,0%) 0 (0,0%) 1 (2,2%) 0 (0,0%) 0 (0,0%)
PEN-ERI-AMO-NALI 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 2 (6,3%) 0 (0,0%)
PEN-AMI-TET-SUT 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 1 (3,1%) 0 (0,0%)
PEN-ERI-TET-SUT 0 (0,0%) 2 (6,1%) 0 (0,0%) 2 (6,3%) 0 (0,0%)
PEN-TET-CLO-GEN 0 (0,0%) 1 (3,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%)
NEO-GEN-ERI-PEN 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 1 (2,4%)
NEO-ERI-TET-PEN 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 1 (2,4%)
TET-ERI-AMI-PEN 0 (0,0%) 0 (0,0%) 4 (8,7%) 0 (0,0%) 0 (0,0%)
ERI-TET-NALI-PEN 0 (0,0%) 2 (6,1%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%)
ERI-CIP-NALI-PEN 0 (0,0%) 1 (3,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%)
5 antibióticos CLO-AMO-ERI-PEN-SUT 1 (2,4%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%)
AMO-ERI-PEN-AMP-CFC 1 (2,4%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%)
TET-AMO-ERI-AMI-PEN 1 (2,4%) 0 (0,0%) 1 (2,2%) 0 (0,0%) 1 (2,4%)
TET-CIP-PEN-NALI-SUT 0 (0,0%) 0 (0,0%) 1 (2,2%) 0 (0,0%) 0 (0,0%)
TET-AMO-ERI-PEN-AMP 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 2 (6,3%) 1 (2,4%)
TET-ERI-AMI-SUT-PEN 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 1 (3,1%) 0 (0,0%)
NEO-TET-ERI-AMI-PEN 0 (0,0%) 0 (0,0%) 1 (2,2%) 0 (0,0%) 0 (0,0%)
GEN-TET-AMO-ERI-PEN 0 (0,0%) 1 (3,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%)
6 antibióticos TET-AMO-ERI-PEN-AMP-SUT 0 (0,0%) 0 (0,0%) 1 (2,2%) 0 (0,0%) 1 (2,4%)
TET-CLO-AMO-PEN-ERI-AMP 0 (0,0%) 1 (3,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%)
TET-AMO-ERI-AMI-NALI-PEN 0 (0,0%) 0 (0,0%) 1 (2,2%) 0 (0,0%) 0 (0,0%)
NEO-TET-AMO-ERI-AMP-PEN 0 (0,0%) 0 (0,0%) 1 (2,2%) 0 (0,0%) 0 (0,0%)
TET-CIP-AMI-NALI-SUT-PEN 0 (0,0%) 0 (0,0%) 1 (2,2%) 0 (0,0%) 0 (0,0%)
7 antibióticos NEO-CLO-TET-AMO-ERI-PEN-SUT 0 (0,0%) 0 (0,0%) 1 (2,2%) 0 (0,0%) 0 (0,0%)
AMO-ERI-PEN-NALI-AMP-CFC-SUT 0 (0,0%) 0 (0,0%) 1 (2,2%) 0 (0,0%) 0 (0,0%)
CLO-TET-AMO-ERI-PEN-AMP-SUT 0 (0,0%) 4 (12,1%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%)
TET-AMO-ERI-AMI-PEN-AMP-SUT 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 1 (2,4%)
TET-AMO-ERI-AMI-PEN-AMP-CFC 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 1 (3,1%) 0 (0,0%)
TET-AMO-CIP-ERI-NALI-SUT-PEN 0 (0,0%) 0 (0,0%) 3 (6,5%) 1 (3,1%) 0 (0,0%)
8 antibióticos NEO-TET-AMO-ERI-PEN-NALI-AMP-SUT 3 (7,1%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%)
GEN-AMO-ERI-CRO-PEN-NALI-AMP-CFC 0 (0,0%) 0 (0,0%) 1 (2,2%) 0 (0,0%) 0 (0,0%)
TET-AMO-CIP-ERI-AMI-PEN-NALI-SUT 0 (0,0%) 0 (0,0%) 1 (2,2%) 0 (0,0%) 0 (0,0%)
CLO-TET-AMO-ERI-PEN-AMP-CFC-SUT 0 (0,0%) 1 (3,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%)
NEO-TET-AMO-ERI-AMI-AMP-SUT-PEN 1 (2,4%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%)
CLO-TET-AMO-ERI-PEN-NALI-AMP-CFC 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 1 (2,4%)
GEN-TET-AMO-CIP-ERI-NALI-SUT-PEN 0 (0,0%) 0 (0,0%) 1 (2,2%) 0 (0,0%) 0 (0,0%)
9 antibióticos NEO-TET-AMO-CIP-ERI-PEN-NALI-AMP-SUT 1 (2,4%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%)
TET-AMO-CIP-ERI-PEN-NALI-AMP-CFC-SUT 0 (0,0%) 0 (0,0%) 1 (2,2%) 0 (0,0%) 0 (0,0%)
11 antibióticos CLO-TET-AMO-CIP-ERI-CRO-PEN-NALI-AMP-CFC-SUT 0 (0,0%) 0 (0,0%) 2 (4,3%) 0 (0,0%) 0 (0,0%)
GEN-TET-AMO-CIP-ERI-CRO-PEN-NALI-AMP-CFC-SUT 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 1 (2,4%)
12 antibióticos GEN-TET-AMO-CIP-ERI-CRO-AMI-PEN-NALI-AMP-CFC-SUT 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 2 (4,8%)
Antibiotipo
N° de cepas (STSFA -1) N° de cepas (STSFA -2)
5 – Resultados e Discussão
___________________________________________________________________
104
A freqüência de resistência aos antimicrobianos do esgoto hospitalar pode ser
visualizada na Figura 5.10. Verificou-se que a taxa de resistência à tetraciclina
encontrada no presente estudo é a terceira maior comparada às taxas de
resistências aos demais antibióticos analisados.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
NEO GEN CLO TET A MO CIP ERI CRO A MI PEN NA LI A MP CFC SUT
Antibióticos
(% dos isolados E. coli resistentes)
EBH-1
EBH-2
TD
Figura 5.10: Porcentagem de E. coli resistentes a antibióticos isoladas do esgoto hospitalar
Nas bactérias E. coli isoladas de todas as amostras do esgoto hospitalar, observou-
se uma elevada freqüência de resistência aos antibióticos, eritromicina, amoxicilina e
tetraciclina, provavelmente por serem antibióticos já muito utilizados nos receituários
de clinica médica. A eritromicina, antibiótico do grupo dos macrolídeos, é prescrita
no tratamento de pacientes com infecções respiratórias há algumas décadas. Este
antibiótico representou uma alternativa secundária para pacientes impossibilitados
de receber penicilina. Como acontece com a maioria dos antimicrobianos, o seu uso
freqüente causou uma pressão de seleção de microrganismos resistentes
(MARTINEZ, 2005).
A resistência à tetraciclina começou a ser enfatizada no início da década de 1970, e
desde 2002, a resistência a este antimicrobiano vem apresentando tendências cada
vez mais crescentes (PIOT et al., 1974; BELDA et al., 2002). Neste estudo foi
5 – Resultados e Discussão
___________________________________________________________________
105
observada taxa de resistência que variam de 31% a 60,9%, no esgoto hospitalar.
Reinthaler et al., (2003), analisando um sistema de tratamento de esgoto que
recebia esgoto sanitário e hospitalar, também verificou uma elevada taxa de
resistência à tetraciclina (resistência de até 57%).
De maneira geral, o aparecimento e o aumento de resistência aos antibióticos são
provavelmente decorrentes do seu uso inadequado o qual pode ser observado na
prescrição excessiva, na administração de doses inferiores às recomendadas, no
tempo de duração do tratamento, às vezes, insuficiente e no diagnóstico incorreto o
que conduzem a tratamentos inadequados.
Já para a penicilina G, foi encontrada resistência em 100% das bactérias isoladas,
em todas as amostras analisadas, o que era esperado, uma vez que, o espectro de
ação deste antibiótico é principalmente contra bactérias gram-positivas, e sendo a E.
coli uma bactéria gram-negativa, este antibiótico tem pouco ou nenhum efeito sobre
as cepas analisadas. Isto ocorre, pois estas bactérias são impermeáveis a esse
antibiótico (MADIGAN et al., 2004).
A Tabela 5.12 ilustra a comparação entre os resultados de Silveira (2004), e do
presente estudo. Silveira (2004), avaliou bactérias Escherichia coli resistentes a
antibióticos isoladas de esgoto bruto de um hospital de Porto Alegre. Comparando-
se os resultados de Silveira (2004) em relação aos antibióticos, ampicilina,
gentamicina, amicacina, ceftriaxone, ciprofloxacina, sulfametoxazol/trimetoprim,
verificou-se maiores taxas de resistência aos antibióticos quando comparados com
EBH - 1, porém em relação a EBH - 2 verificou-se maior taxa de bactérias
resistentes aos antimicrobianos gentamicina, amicacina, e ciprofloxacina quando
comparados aos resultados de Silveira (2004).
Analisando-se o padrão de resistência aos antibióticos sulfametoxazol/trimetoprim e
ceftriaxone, é possível verificar valores de porcentagem semelhantes ao encontrado
por Silveira (2004).
5 – Resultados e Discussão
___________________________________________________________________
106
Tabela 5.12: Comparação entre os resultados da freqüência de E. coli resistentes a antibióticos
obtidos nesta pesquisa e os resultados obtidos em outras pesquisas
Porcentagem de E. coli resistentes
Antibiótico
EBH – 1
(Este estudo)
EBH – 2
(Este estudo)
Silveira
(2004)
Ampicilina
21,4% 21,7%
42,0%
Gentamicina
2,4% 43,0%
19,0%
Amicacina
11,9% 23,9%
15,0%
Ceftriaxone
0,0% 6,5%
8,0%
Ciprofloxacina
2,0% 21,7%
12,0%
Sulfametoxazol/
Trimetoprim
14,3% 30,4%
35,0%
Diferentemente, Grabow e Prozesky (1973), analisando a resistência dos coliformes
totais isolados de esgoto hospitalar bruto contra os agentes antimicrobianos
ampicilina, cefaloridina, cloranfenicol, kanamicina, neomicina, oxitetraciclina,
estreptomicina, tetraciclina e sulfonamida, observaram um maior percentual de
bactérias resistentes aos antibióticos, cloranfenicol (55 - 75%), estreptomicina (60 -
93%) e sulfonamida (60 - 83%). Enquanto que neste estudo a maior porcentagem de
resistência foram aos antibióticos, tetraciclina, amoxilina, eritromicina e penicilina.
É importante ressaltar que os estudos foram realizados em locais, com condições
socioeconômicas, climáticas e de saneamento ambiental diferentes.
A Tabela 5.13 ilustra a comparação estatística em diferentes pontos amostrais do
esgoto bruto hospitalar.
5 – Resultados e Discussão
___________________________________________________________________
107
Tabela 5.13: Teste do Qui-quadrado, do perfil de resistência entre o EBH - 1 e EBH - 2 (esgoto
bruto hospitalar)
EBH - 1 EBH - 2
%%p
NEO 16,7 6,5 0,123
GEN 2,4 4,3 0,534
CLO 7,1 6,5 0,617
TET 31,0 60,9 0,005*
AMO 33,3 52,2 0,058*
CIP 2,4 21,7 0,006*
ERI 90,5 87,0 0,429
CRO 0,0 6,5 0,138
AMI 11,9 23,9 0,145
PEN 100,0 100,0 -
NALI 11,9 28,3 0,057*
AMP 21,4 21,7 0,972
CFC 2,4 10,9 0,124
SUT 14,3 30,4 0,059*
p<0,05, rejeita-se H0 e p>0,05, aceita-se H0
* Nível de significância de 5%
O EBH - 2 apresentou um maior número de bactérias E. coli resistentes a
antibióticos quando comparado ao EBH - 1. Dos 14 antimicrobianos analisados, as
cepas de E. coli isoladas do EBH - 2, indicou maiores índices de resistência à
tetraciclina, amoxicilina, ciprofloxacina, ácido nalidixo e sulfametoxazol/trimetoprim.
A possível justificativa do resultado apresentado está relacionada à origem dos
diferentes esgotos do hospital. De acordo com informações passadas pelo setor de
manutenção do hospital, o EBH - 1 é oriundo dos setores de manutenção, CPD,
internação, consultórios, diretoria, hemodinâmica e ressonância, água pluvial,
câmara escura, maternidade, centro obstétrico, pediatria, berçário, UNICOR,
laboratórios, clínica médica hospitalar, cozinha, copas, caldeiras com possível
passagem de óleo entre outros. O esgoto da amostra chamada EBH - 2, é formado
dos resíduos dos setores da enfermaria de oncologia, CTI, Pronto Socorro Geral,
Pronto Socorro Pediátrico, água pluvial, centro cirúrgico, farmácia, endoscopia,
recursos humanos, banco de sangue, quimioterapia, casa de lixo, patologia, copas,
cantina, enfermaria, entre outros.
Segundo Kümmerer e Henninger (2003), as principais fontes de fármacos no
ambiente hospitalar são geralmente as unidades de tratamento intensivo, que no
5 – Resultados e Discussão
___________________________________________________________________
108
presente trabalho contribuem para a formação de EBH - 2, onde excretas de
pacientes e quimioterápicos lançados em pias e drenos são direcionados para
caixas comuns ao sistema de coleta de esgoto dos hospitais. Portanto, elevadas
concentrações desses quimioterápicos, que são mantidas no esgoto e em estações
de tratamento de esgoto, fazem com que estes ambientes se tornem um importante
meio de seleção de bactérias resistentes a antibióticos.
Em decorrência da maior exposição ao uso continuado de antimicrobianos nos
setores hospitalares, que geram o esgoto de EBH - 2, acredita-se que este esgoto,
formado a partir de setores contaminados, seja um importante fator para o
desenvolvimento de resistência microbiana.
5.5.2.1 Efeito do Tratamento Tanque Séptico - Filtro Anaeróbio na
Remoção de Escherichia coli Resistentes a Antibióticos
De acordo com os dados obtidos neste estudo, verificou-se que a freqüência de E.
coli resistentes a antibióticos nas saídas dos filtros dos sistemas tanque séptico-filtro
anaeróbio (1 e 2) foi significativamente menor quando comparada à freqüência
destas no esgoto bruto, mesmo sendo um sistema pouco eficiente na remoção de
microrganismos indicadores de contaminação fecal.
Na Tabela 5.14 é apresentado o resultado do teste do Qui-quadrado, realizado em
amostras de esgotos hospitalares bruto e tratado ao nível de significância de 5%.
Os resultados estatísticos a seguir serão interpretados da seguinte forma: p<0,05,
rejeita-se H
0
, ou seja, há diferença estatisticamente significante entre as variáveis
analisadas dizendo desta forma que são diferentes e p>0,05, aceita-se H
0
, não há
diferença estatisticamente significante entre as variáveis analisadas, mostrando que
as variáveis são semelhante.
5 – Resultados e Discussão
___________________________________________________________________
109
Tabela 5.14: Teste do Qui-quadrado do perfil de resistência entre o esgoto hospitalar bruto e
tratado
EBH - 1 SF-1 EBH - 2 SF-2
%% p %% p
NEO 16,7 0,0 0,014* NEO 6,5 0,0 0,200
GEN 2,4 6,1 0,409 GEN 4,3 0,0 0,345
CLO 7,1 21,2 0,076 CLO 6,5 0,0 0,200
TET 31,0 42,4 0,216 TET 60,9 31,3 0,001*
AMO 33,3 24,2 0,391
A
MO 52,2 31,3 0,067
CIP 2,4 6,1 0,409 CIP 21,7 3,1 0,018*
ERI 90,5 84,8 0,347 ERI 87,0 81,3 0,353
CRO 0,0 0,0 - CRO 6,5 0,0 0,200
AMI 11,9 0,0 0,049*
A
MI 23,9 15,6 0,373
PEN 100,0 100,0 - PEN 100,0 100,0 -
NALI 11,9 12,1 0,624 NAL 28,3 9,4 0,037*
AMP 21,4 18,2 0,727
A
MP 21,7 12,5 0,230
CFC 2,4 3,0 0,690 CFC 10,9 6,3 0,391
SUT 14,3 24,2 0,272 SUT 30,4 15,6 0,134
p<0,05, rejeita-se H0 e p>0,05, aceita-se H0
* Nível de significância de 5%
Observa-se uma redução significativa de E. coli resistentes aos antibióticos
neomicina (p=0,014) e amicacina (p=0,049) do EBH-1 para o SF-1. Já no SFSFA –
2, verificou-se uma redução significativa de cepas E. coli resistentes aos antibióticos,
tetraciclina (p=0,001), ciprofloxacina (p=0,018) e ácido nalidixo (p=0,037). Além
disso, nestas mesmas amostras, não foi detectado aumento significativo no número
de bactérias resistentes aos antimicrobianos testados no pós-tratamento.
5.5.3 Comparação entre o Perfil de Resistência do Esgoto
Hospitalar e do Esgoto Sanitário (ETE - UFES)
Na Tabela 5.15 pode-se observar que das 46 cepas de E. coli isoladas do esgoto
sanitário bruto (EBS), somente uma cepa apresentou resistência a 6 antibióticos
(2,2%) dos 14 analisados, sendo este o máximo de polirresistência encontrado nesta
amostra. Já nas cepas de E. coli isoladas do esgoto bruto hospitalar (EBH - 1 e
EBH- 2) verificou-se bactérias resistentes a um maior número de antibióticos quando
comparadas ao esgoto bruto sanitário. Das 42 cepas isoladas do EBH - 1, uma
5 – Resultados e Discussão
___________________________________________________________________
110
apresentou resistência a 9 antibióticos (2,3%) e das 46 isoladas do EBH - 2, duas
cepas apresentaram resistência a 11 antibióticos (4,3%).
Tabela 5.15: Comparação entre a freqüência de resistência de cepas E. coli isoladas do EBH e
EBS
de cepas de cepas de cepas
Frequência de
resistentes resistentes resistentes
resistência
(STSFA - 1) (STSFA - 2)
EBH - 1 EBH - 2
EBS
1 antibiótico 1 (2,3%) 2 (4,3%) 6 (13,0%)
2 antibióticos 17 (40,4%) 9 (19,6%) 19 (41,3%)
3 antibióticos 10 (23,8%) 5 (10,9%) 14 (30,4%)
4 antibióticos 6 (14,2%) 12 (26,1%) 4 (8,7%)
5 antibticos 3 (7,1%) 3 (6,5%) 2 (4,3%)
6 antibticos 0 (0,0%) 4 (8,7%) 1 (2,2%)
7 antibticos 0 (0,0%) 5 (10,9%) 0 (0,0%)
8 antibticos 4 (9,5%) 3 (6,5%) 0 (0,0%)
9 antibticos 1 (2,3%) 1 (2,2%) 0 (0,0%)
11 antibióticos 0 (0,0%) 2 (4,3%) 0 (0,0%)
Total cepas 42 46 46
Esgoto Hospitalar Esgoto Sanitário
Verificou-se também que a maioria (41,3%) das cepas isoladas do esgoto bruto
sanitário apresentou resistência a 2 antibióticos, enquanto que nas cepas isoladas
de EBH - 2 foi detectado que a maioria delas (26,1%) foram resistentes a 4
antibióticos. Porém ao comparar as cepas do EBS com as cepas do EBH - 1
observa-se que ambas apresentaram maior taxa de resistência a somente dois
antibióticos.
A Tabela 5.16 representa o resultado do teste do Qui-quadrado, ao nível de
significância de 5%. A finalidade deste teste foi comparar as taxas de bactérias E.
coli resistentes a antibióticos encontradas no esgoto bruto do hospital e no esgoto
bruto sanitário. Com os resultados apresentados pode-se concluir que o EBH - 1, ao
nível de significância de 5%, apresentou maior número de cepas E. coli resistentes
aos antibióticos neomicina, eritromicina e ampicilina, quando comparado ao esgoto
bruto sanitário.
5 – Resultados e Discussão
___________________________________________________________________
111
Quanto ao esgoto bruto hospitalar, EBH - 2, pode-se verificar ao nível de
significância de 5% que este esgoto possui estatisticamente um maior número de
cepas E. coli, resistentes aos antibióticos, tetraciclina, amoxicilina, ciprofloxacina,
amicacina, ácido nalidixo, ampicilina, cecaclor e trimetroprim/sulfametoxazol quando
comparado ao esgoto bruto sanitário.
Pôde-se verificar também, que as cepas isoladas do esgoto bruto sanitário (EBS)
não apresentaram resistência aos antibióticos, gentamicina, cloranfenicol,
ciprofloxacina, ceftriaxone e cefaclor enquanto que no esgoto bruto hospitalar foi
observado resistência para todos estes antibióticos analisados, com exceção ao
antibiótico ceftriaxone, no EBH - 1.
Desta forma, de acordo com os resultados obtidos, é possível assegurar
estatisticamente que o esgoto bruto hospitalar apresentou maior número de cepas E.
coli resistentes a antibióticos comparado ao esgoto bruto sanitário. Isto pode ser
explicado pelo fato de que as bactérias do esgoto hospitalar são derivadas de uma
fração particular de uma população humana e de que o ambiente hospitalar é
Tabela 5.16: Teste do Qui-quadrado do perfil de resistência entre o esgoto bruto hospitalar
(EBH - 1 e EBH - 2) e o esgoto bruto da ETE - UFES (EBS)
EBH-1 EBS EBH-2 EBS
%% p % % p
NEO 16,7 2,1 0,021* 6,5 2,1 0,308
GEN 2,4 0,0 0,477 4,3 0,0 0,247
CLO 7,1 0,0 0,105 6,5 0,0 0,121
TET 31,0 32,6 0,868 60,9 32,6 0,007*
AMO 33,3 23,9 0,328 52,2 23,9 0,005*
CIP 2,4 0,0 0,477 21,7 0,0 0,001*
ERI 90,5 73,9 0,044* 87,0 73,9 0,115
CRO 0,0 0,0 - 6,5 0,0 0,121
AMI 11,9 8,6 0,441 23,9 8,6 0,048*
PEN 100,0 100,0 - 100,0 100,0 -
NALI 11,9 2,1 0,082 28,3 2,1 0,000*
AMP 21,4 4,3 0,016* 21,7 4,3 0,013*
CFC 2,4 0,0 0,477 10,9 0,0 0,028*
SUT 14,3 8,6 0,312 30,4 8,6 0,009*
p<0,05, rejeita-se H0 e p>0,05, aceita-se H0
* Nível de significância de 5%
5 – Resultados e Discussão
___________________________________________________________________
112
seletivo para certas cepas bacterianas. Vale ressaltar que, estas conclusões são
aceitas para os esgotos hospitalar e sanitário e os antibióticos analisados neste
estudo.
Um grande risco para a população humana é a possibilidade destas bactérias
multirresistentes transmitirem os plasmídeos de resistência, para patógenos
sensíveis a antibióticos, tais como, Salmonela, Shigela e outras. Por esse motivo
verifica-se a necessidade de tratamento dos efluentes hospitalares que de acordo
com Silveira (2004), é de grande importância que este efluente seja desinfetado até
total inativação dos organismos e não de acordo com padrões de lançamento de
efluentes, uma vez que a elevada resistência aos antimicrobianos, apresentam
restritas possibilidades de tratamento.
Resultado semelhante foi encontrado por Reinthaler et al., (2003), que analisaram
três ETEs: estação A (tratando somente esgoto sanitário), estação B (tratando
esgoto e água de percolação de aterro sanitário) e estação C (tratando esgoto
sanitário e hospitalar). Os autores verificaram que a estação C apresentou uma
maior taxa de E. coli resistentes a antibióticos quando comparadas às outras ETEs.
Estes resultados também estão de acordo com os resultados de Grabow e Prozesky
(1973), que observaram, no esgoto hospitalar, um maior percentual de coliformes
resistentes aos antibióticos ampicilina, cloranfenicol, kanamicina, neomicina e
tetraciclina quando comparados aos coliformes isolados do esgoto sanitário. Chitnis
et al., (2000), encontraram resultado semelhante onde as concentrações de
bactérias resistentes a antibióticos presentes no esgoto sanitário (0,000011 -
0,025%) foram extremamente menores que as encontradas em esgoto hospitalar
(0,58 - 40%).
A elevada freqüência de resistência aos antibióticos peniclina, eritromicina,
amoxicilina e tetraciclina, foi comum em ambos esgotos tanto o hospitalar quanto o
sanitário, provavelmente por serem antibióticos de uso comum pela população e por
serem também já muito utilizados pela medicina.
5 – Resultados e Discussão
___________________________________________________________________
113
De acordo com o artigo 11 da resolução CONAMA Nº 358 de abril de 2005, os
efluentes líquidos provenientes dos estabelecimentos prestadores de serviços de
saúde, para serem lançados na rede pública de esgoto ou em corpo receptor, devem
atender às diretrizes estabelecidas pelos órgãos ambientais, gestores de recursos
hídricos e de saneamento competentes. Caso este efluente seja lançado
diretamente em corpos receptores o artigo 36 da resolução CONAMA 357 de março
de 2005 diz que os efluentes provenientes de serviços de saúde e estabelecimentos
nos quais haja despejos infectados com microrganismos patogênicos, só poderão
ser lançados após tratamento especial.
5.6 Testes de Desinfecção com Escherichia coli
Neste tópico será apresentado o resultado do teste de desinfecção por meio da luz
ultravioleta em bactérias E. coli isoladas de esgoto hospitalar e sanitário. A finalidade
do teste foi verificar se a resistência aos antimicrobianos apresenta relação com a
resistência a desinfetante UV. Desta forma colônias sensíveis, com simples e
múltipla resistência foram submetidas à desinfecção em um becker com água de
diluição esterilizada.
As médias da replicata dos resultados obtidos nos testes efetuados com E. coli estão
apresentadas na
Tabela 5.17.
Tabela 5.17: Efeito da desinfecção UV em E. coli sensível e resistente a antibióticos
Dosagens Resistente Resistente
mWs/cm
2
TET TET/AMO/ERI/AMP
(UFC/ml) (UFC/ml) (UFC/ml)
0 5,00E+07 1,58E+07 5,30E+07
10 6,00E+04 4,17E+05 3,00E+07
11 3,50E+04 2,01E+05 1,40E+07
12 1,00E+03 5,57E+04 9,80E+06
15 1,30E+02 2,33E+03 2,50E+06
Sensível
Constatou-se que na desinfecção com UV, na dose de 15mW.s/cm
2
, houve redução
de 5 unidades logarítmicas, em cepas E. coli sensíveis aos antibióticos enquanto
que as E. coli resistentes ao antibiótico tetraciclina, observou-se uma redução de 4
5 – Resultados e Discussão
___________________________________________________________________
114
unidades logarítmicas, entretanto, a resistente a quatro antibióticos (TET - AMO -
ERI - AMP) foi verificada redução de apenas uma unidade logarítmica.
Na Figura 5.11, pode-se observar a cinética de desinfecção de E. coli quando
submetida à luz ultravioleta e conclui-se, desta forma que a as bactérias resistentes
a antibióticos aparentemente foram mais resistentes à ação da luz ultravioleta
quando comparadas às bactérias sensíveis, entretanto, deve-se levar em
consideração o pequeno número de testes analisados.
y = -0,5707x + 2,6951 R
2
= 0,8962
y = -0,4682x + 2,6274 R
2
= 0,9886
y = -0,213x + 1,8114 R
2
= 0,9948
-7,0
-6,0
-5,0
-4,0
-3,0
-2,0
-1,0
0,0
9 101112131415
Doses (mWs/cm2)
Log (N/N0)
Sensível Resistente TET Resistente TET/AMO/ERI/AMP
Figura 5.11: Cinética de desinfecção de E.coli sensíveis e resistentes a antibióticos
Pouco se sabe sobre a relação de resistência bacteriana com a desinfecção, porém
alguns trabalhos na literatura sugerem resultados parecidos com o presente estudo.
Meckes (1982), analisando o efeito da desinfecção através da luz ultravioleta em
coliformes resistentes a antibióticos no esgoto, observou um aumento significativo na
porcentagem destes microrganismos resistentes à tetraciclina e cloranfenicol após o
processo de desinfecção com luz UV. O autor acredita que a proteína específica
responsável para a resistência bacteriana à tetraciclina pode absorver a luz UV o
suficiente para proporcionar proteção a essas bactérias. Outros autores como Moken
et al., (1997), verificaram a possibilidade do desinfetante “pine oil” ser capaz de
selecionar bactérias resistentes a antibióticos e Murray et al., (1984), relataram um
5 – Resultados e Discussão
___________________________________________________________________
115
aumento significativo na porcentagem de cepas resistentes a múltiplos antibióticos
quando estas são submetidas à desinfecção com o cloro.
6 – Conclusões
___________________________________________________________________
116
6. Conclusões
Com relação à caracterização dos esgotos sanitário e hospitalar:
O esgoto do sistema ETE - UFES apresentou concentrações médias
semelhantes às encontradas pelas pesquisas anteriores realizadas na ETE -
UFES;
Com relação aos parâmetros físico-químicos, a ETE - UFES e o EBH - 2
apresentaram características semelhantes, enquanto que o EBH - 1, foram
superiores;
O EBH - 2 e o EBS apresentaram valores próximos de relação DQO
t
/DBO
5
já o
EBH - 1 apresentou valores mais elevados;
O esgoto bruto hospitalar apresentou concentrações semelhantes dos
microrganismos coliformes totais e E. coli, quando comparadas às concentrações
do esgoto bruto sanitário.
Com relação ao perfil de resistência a antibióticos em bactérias E. coli
isoladas dos esgotos sanitário e hospitalar:
O máximo de polirresistência tanto para EBS como para o UASB foi a 6
antibióticos e para o Efinal este número foi de 7 antibióticos;
Observou-se um maior número de E. coli resistentes aos antibióticos eritromicina
e trimetoprim/sulfametoxazol no efluente final do sistema ETE - UFES, além de
um maior número destas cepas resistentes aos antibióticos tetraciclina,
eritromicina e ampicilina no efluente do UASB;
6 – Conclusões
___________________________________________________________________
117
Dos 14 antibióticos analisados, as cepas de E. coli isoladas do EBH - 2,
apresentaram maiores índices de resistência aos seguintes antimicrobianos
tetraciclina, amoxicilina, ciprofloxacina, ácido nalidixo e sulfametoxazol/
trimetoprim, quando comparadas ao EBH - 1;
O máximo de polirresistência encontrada nas amostras de EBH - 1, SF - 1, EBH -
2 e SF - 2, foi a 9, 8, 11 e 7 antibióticos, respectivamente. Enquanto que no TD,
as cepas de E. coli apresentaram resistência múltipla a 12 antibióticos;
No STSFA - 1, houve uma redução proporcional de E. coli resistentes aos
antibióticos neomicina e amicacina do EBH - 1 para o SF - 1. Já no STSFA - 2,
esta redução foi em relação aos antibióticos, tetraciclina, ciprofloxacina e ácido
nalidixo;
O esgoto bruto hospitalar apresentou, um maior percentual de bactérias E. coli
resistentes a determinados antibióticos quando comparado ao EBS;
Foi observado nos esgotos hospitalar e sanitário maior freqüência de cepas E.
coli resistentes aos antimicrobianos penicilina, eritromicina, amoxicilina e
tetraciclina, já em relação ao antibiótico penicilina G, foi verificada resistência em
100% das bactérias isoladas;
De acordo com os resultados encontrados neste trabalho e os resultados
encontrados na literatura observou-se que a prevalência de bactérias resistentes
a antibióticos no esgoto pode variar, pois dependerá de vários fatores tais como
o sistema de tratamento de esgoto analisado, o tipo de bactéria a ser estudada e
o agente antimicrobiano em estudo.
Com relação à desinfecção de cepas E. coli com luz ultravioleta:
Bactérias resistentes a antibióticos foram mais resistentes à ação da luz
ultravioleta quando comparadas às bactérias sensíveis, entretanto, deve-se levar
em consideração o pequeno número de testes analisados neste estudo.
7 – Recomendações
___________________________________________________________________
118
7. Recomendações
Quantificar e qualificar a presença de antibióticos no esgoto hospitalar e no
esgoto sanitário;
Avaliar a cinética de desinfecção de E. coli resistente a antibióticos, quanto ao
desinfetante cloro e fazer um maior número de repetições para o teste com
luz UV;
Verificar a patogenicidade das bactérias multirresistentes e analisar se estas
são capazes de transmitir seu material genético no esgoto;
Verificar o lodo gerado pelos sistemas de tratamento de esgoto hospitalares,
quanto aos microrganismos multirresistentes e patogênicos;
Verificar os fatores que contribuem/envolvidos no aumento de E. coli
resistentes a antibióticos em sistemas de tratamento de esgoto.
8 – Referências Bibliográficas
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Anexos
136
Anexos
Perfil de Resistência aos Antimicrobianos de Cepas Escherichia coli Isoladas do Efluente Hospitalar
Neomicina I SR ISSSSRS I SS I RRRRSS I IS IIIISIIISII ISI ISISR
Gentamicina I SSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSRSSSSSSSSSSS I
Cloranfenicol RSSSSSSSSSSSSS IS I ISSSSSSSSI ISSSSSS RRS S S S S S
Tetraciclina SSRSSSSSSSSSSSRSRRSS I IIIIIRSIRIRRRISRI IRRR
Amoxicilina R S R S S SSSSSSSSSRSRRS I IRRRRRRRR I I SS S I I S I I I I R
Ciprofloxacina SS I SSSSSSSSSSS I S I RSSSSSSSSISSSSSSSSSSSSSSS
Eritromicina RRRRRRRRRRRRRRRRRR I RRRSIRRRRRRRRRRRRRR I RRR
Ceftriaxone SSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSISSISSSSSSSSSSSS
Amicacina SSSSSSSSSSSSSSSSSSRSS ISRSSRSSSISI I SR I I SSSR
Penicilina RRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRR
Ac. Nalidixo SSRSSSSSSSSSSSRSRRSSSSSSSSI ISISSSSR ISSSSSS
Ampicilina ISRSSSSSSSSSSSRSRRSSSRSIRRISRIIIIISSSISSSR
Cefacclor SSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSRSSSSSSSSSSSSSSSS I
Trimetropim+Sulfa RSRSSSSSSSSSSSRSRRSSSSSSSISSSSSSS I S S S S S S S R
40 41 42
Cepa EBH-1
36 37 38 3922 23 24 25 26 27 28 29
Antibióticos
30 31 32 33 3415 16 17 18 19 20 219 10111212345678 1314 35
Legenda: R – Resistente; S – Sensível e I - Intermediário
Anexos
137
Neomicina IISISISIIIIIIIISIIISIIIISIIIIIIII
Gentamicina SSSSSSSSSRSSSSSSRSSSSSSSSSSSSSSSS
Cloranfenicol SSSSSSSSSRSSSSSSSSS I S I SSSRSSRRRRR
Tetraciclina S R S R S S S I S R S S I I R S R R I I I R I SSRRSRRRRR
Amoxicilina SSSSS I SSSSSSSS I SRSS I I I I SRRSSRRRRR
Ciprofloxacina SSSSSSSSSSSS I RSS I I SSRSSSSSSSSSSSS
Eritromicina RRRRRRRRR I I R I I RRRR I RRRRRRRRRRRRRR
Ceftriaxone SSSSS I SSSSSSSS I SSSS I ISS I SSSSSSSSS
Amicacina SSSSSSS I SS IIIIISIISSSSSISISSI I I I I
Penicilina RRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRR
Ac. Nalidixo SSSSSSSSSSSSSSSS I RSRRRSSSSSSSSSS I
Ampicilina SSSSSSSSSSSSSSSS I SS I S ISSSRSSRRRRR
Cefacclor SSSSSSSSSSSSSSSSSSS I SSSSSRSS I S I SS
Trimetropim+SulfaSRSSRSSSS I I SSSRSSSSSSSSSSRSSSRRRR
32 3328 29 30 3124 25 26 27
20 21 22 2316 17 18 1912 13 14 158 9 10 114567123
Antibióticos
Cepa SF-1
Legenda: R – Resistente; S – Sensível e I - Intermediário
Anexos
138
Neomicina ISRIIIISSIIIIISSIIIIIIIIIISISIIIISISSISIRRII II
Gentamicina RS I SSSSSSSS I SSSSSS I I S
SS
SSSSSSSSSRS SSSSSSS I S I
II
Cloranfenicol S - RSSSSSSSS I SSRRSSSSS
SS
SSSSSSSSSSS SSSSSSS I SS
SS
Tetraciclina SRR I S I RSSSSR I I RRRRRRR
RR
RIRS IRRIRR I RS I RR I RRRR
RR
Amoxicilina RRRRS I R I RSSRRRRRRRRRS
SS
SSRIRRRRRRSIIIIIIRIII
RI
Ciprofloxacina SRSSSSSSSSSSSSRR I S I I S
RR
SSRSSRRSRRSSSSSSS I SSS
SS
Eritromicina RRRRRRRRRRRRRRRRRRRR I IIR I RRRRRRRRR R I I R R R RRRRRR
Ceftriaxone R- SSSSSS I SSSSSRRSS I I SSSSSSSSSSSSSS SSSSSSSSSSSS
Amicacina I S I S I SSSSSRSSSSS I I I R IRIRRISISRISSS I SSSS I I RRRRR
Penicilina RRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRR RRRRRRRRRRRR
Ac. Nalidixo RRSSSSSSRSSSSSRRSSSSS
RR
SSRSSRRSRRSSSSSSS I SSS
RS
Ampicilina RRIISISSRSSRSRRRIIIII
SS
SSISRISRSIS I SSSSSR I I I
II
Cefacclor RRSSSSSSRSSSSSRRSSSSS
SS
SSSSSSSSSSS SSSSSSSSSS
SS
Trimetropim+SulfaSRRSSSSSRSSRRSRRSSSSS
RR
SSRSSRRSRRSSSSSSSSSSS
SS
46
Cepa EBH-2
42 43 44
45
38 39 40 4134 35 36 3730 31 32 3326 27 28 29
Antibióti cos
24 25
23
123456789101112131415161718192021
22
Legenda: R – Resistente; S – Sensível e I – Intermediário
Anexos
139
Neomicina IIIIIISIISISSSISSSSIS
IISIIIIIIII
Gentamicina SSS - SSSSSSSSSSSSSSSSS
SSSSSSSSS I S
Cloranfenicol SSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS
SSSSSSSSSSS
Tetraciclina SRS - SSS I SRRRRS I I S I I SSSS I I R I RRRR I
Amoxicilina SSSSRR I R I I S I SS I RSSRSSSS I I I I RRRRR
Ciprofloxacina SSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSRSSS
Eritromicina RRRRRRRRRR I RRRRR I I RSRRIRRRIRRRRR
Ceftriaxone SSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS
Amicacina I SSSSSSSRRRSSSSSSS I I RSISISIRI ISI
Penicilina RRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRR
Ac. Nalidixo SSS - SRSSSSSSSSSSSSSSSSSSRSSSRSSS
Ampicilina SSSS I I SSSSSSSSSSSSSSSSSS I SSR I RRR
Cefacclor RSSSS I SSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSRSS I S
Trimetropim+SulfaSSS - SSSSSRRRRSSSSSSSSSSSSSSSRSSS
30 31 32
Cepa SF-2
26 27 28 2922 23 24 25
15 16 17 18 19 20 21
Antibióticos
12 13 148 9 10 111234567
Legenda: R – Resistente; S – Sensível e I – Intermediário
Anexos
140
Neomicina IIIIRSRSISIIIIIISSIIIIIISIISSISSIISSRIIIII
Gentamicina I S S S S S RS S RS I S S S RRS S S SSSSSSSSSSSSSS S S I I S S S S
Cloranfenicol SSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSRSSSSSSSSSSSR
Tetraciclina SSSSSSSRSRIRIRRRRI ISISIRIIIIIIIIII I IRRRRRR
Amoxicilina S S S R S S S S I R S S S S S R R S I I S S S SSSSSSS I I SS S S I RRRRR
Ciprofloxacina SSSSSSSSSRS I SSSRRSSSSSSSSI ISSSSSSS S S I S S S S I
Eritromicina RRRRRRRRRRR I I R I RRRRR I I IRRRIRRI IRIRR I RRRRRR
Ceftriaxone SSSSSSSSSRSSSSSRRSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS I
Amicacina SSSSSSSSSSSSSSRRRSSSSSISSRISSSSS I I I I I RR I I I
Penicilina RRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRR
Ac. Nalidixo SSSSSSSSSRS IS I IRRSSSSSSSSSSSS ISSSS S S I S I S S R
Ampicilina SSS I SSSSSRSSSS IRRS ISSSSSISISSSSI I I S I IR IRRR
Cefacclor SSSSSSSSSRSSSSSRRSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS I SSS I
Trimetropim+Sulfa SSSSSSSSSRRSSSSRRSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSRSSRR
Cepa TD
Antibióticos
39 40 41 4235 36 37 3822 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 341234567 131489 1210 11 16 17 18 19 20 2115
Legenda: R – Resistente; S – Sensível e I - Intermediário
Anexos
141
Perfil de Resistência aos Antimicrobianos de Cepas Escherichia coli Isoladas do Efluente Sanitário
Neomicina SSIIISSISSRIIIIISISIIIIIIIIIISIISIIIISIIIIIIII
Gentamicina SSSISSSSSSSSSSSS I SSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS
Cloranfenicol SSSSSSSSSSSSSS I SS I SSSSSSSS I SSSSSSSSSSSSSSSSSSS
Tetraciclina SSSISSSSSSSSSSRSS I RRSRRSRRRR I RSRSSIRI I I IRSSIRR
Amoxicilina RSIRRRSI IS S S RS S S S I R I S I S S I I I I I I R I I IRS I IRSSSSSRR
Ciprofloxacina SSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS I SSSSSS
Eritromicina RRRRRIIRRRR I RRRRRRRR I R I I I RRRRR I I IRRRRRRR I R I RRR
Ceftriaxone SSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS I
Amicacina SSSRSSSSSSSSSSSSSSS I SS I I RS I SRSSSSSSRSSI IIIIIIS
Penicilina RRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRR
Ac. Nalidixo SSSSSSSSSSSSSSRSS I SSS I SSS I SSSSSSSISSSSSS I SSSSS
Ampicilina SSSSISSSSSSSSSRSSSSSSSSSSSSS I SSSSI ISISISSSSSIR
Cefacclor SSSSISSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS I
Trimetropim+Sulfa SSSSSRSSSSSSSSRSSSSSSSSSSSSRSSSSSSSRSSSSSSSSSS
45 46
Cepa EBS
41 42 43 4437 38 39 4033 34 35 3629 30 31 3225 26 27 2821 22 23 2417 18 19 2013 14 15 169101112
Antibióticos
12345678
Legenda: R – Resistente; S – Sensível e I - Intermediário
Anexos
142
Neomicina SIIIIISSSIISSIIIIIIIISIIIIISISI
Gentamicina SSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS I SSSSSS
Cloranfenicol SSSS - SSSSSSSS ISSSSSSSSSS I SSSSSS
Tetraciclina SSSSRSRRR IRSSRR I RR I SRRRRRR I R I RR
Amoxicilina SRRS I I RRSSSRS I SSR I I IR I I RR I SRR I I
Ciprofloxacina SSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS
Eritromicina RRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRR I RR
Ceftriaxone SSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS I I I SS I SS
Amicacina S I SSSSSSS I SSS IR I SSR I I I S IIIISISI
Penicilina RRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRR
Ac. Nalidixo SSSS - SSSSSSSSSSSSS I SRSSS I SSSSSS
Ampicilina SSSSSSRSSSSSSSSSSS I I RR I RR I IRS I I
Cefacclor SSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSR ISSSSS I
Trimetropim+SulfaSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSRSSSSSS
Cepa UASB
30 3126 27 28 2922 23 24 2518 19 20 2114 15 16 1710 11 12 136789
Antibióticos
12345
Legenda: R – Resistente; S – Sensível e I – Intermediário
Anexos
143
Neomicina RSIISIS S S IS S S SIISIIIIIISIIIIIISIIIII
Gentamicina SSSSSSS S S S S S S SSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS
Cloranfenicol SSSSSS S S S S S S S S I IS S IS S S S S S S S SSSS S SS S S
Tetraciclina SRRIRIIIIRRRS SRRRR I RS R I RRRR I I I RR IIII
Amoxicilina SSRSSSS IS S RR I I I SRR IIIIRRIRISIIIIIIII
Ciprofloxacina SS I SSSSSSSSSSSSSSS I SSSSSSSSSSSSSS I SS
Eritromicina RRRRRRRRRRRRRRR I R I RRRRR I RRRRRRRRRRRR
Ceftriaxone SSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS I SSSS
Amicacina SSSSSSSSS I SSSSS I I S I R I I SRRRSSS I SSS I I I
Penicilina RRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRR
Ac. Nalidixo SSRSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS
Ampicilina SSRSSSSSSS I I SSSSRR I SSSRS I S I R I I IIIIII
Cefacclor SSSSSSSSSS I I SSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS
Trimetropim+Sulfa SSRSSSSSSSRRSSSSRRSSSSRRRRSSSSSSSSSS
Cepa Efinal
33 34 35 3629 30 31 3225 26 27 2821 22 23 2417 18 19 2013 14 15 169 101112
Antibióticos
12345678
Legenda: R – Resistente; S – Sensível e I - Intermediário
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