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Tabela 1 - Relação temporal entre variação do PIB e indicadores de desigualdade social e
pobreza – Brasil – 1977 a 1992
(conclusão)
Ano Var. Real do
PIB
PIB per capita em
R$ de 2004
Coeficiente de
GINI
Percent. da renda apropriada pelos
20% mais pobres
1986 7,49 9.081,85 0,59 2,60
1987 3,53 9.223,32 0,60 2,30
1988 -0,06 9.049,61 0,62 2,10
1989 3,16 9.172,36 0,64 2,00
1990 -4,35 8.516,88 0,62 2,10
1991 1,03 8.460,22 - -
1992 -0,54 8.278,06 0,58 2,30
1993 4,92 8.548,18 0,60 2,20
1994 5,85 8.907,04 - -
1995 4,22 9.140,45 0,60 2,30
1996 2,66 9.241,06 0,60 2,10
1997 3,27 9.400,22 0,60 2,20
1998 0,13 9.272,65 0,60 2,20
1999 0,79 9.206,95 0,60 2,30
Fontes: IBGE, Banco Central do Brasil e
PNADs de vários anos (BARROS, HENRIQUES E
MENDONÇA, 2001)
Esse resultado mostra que as desigualdades sociais em relação à renda
não demonstram ter sensibilidade relevante a variações positivas no PIB per capita,
o que nos leva a refutar a idéia de que o crescimento econômico seria condição
suficiente para a redução das desigualdades. Na literatura sobre o tema, verifica-se
que há controvérsias quanto ao caráter redistributivo do crescimento. Para Perroux
(1967), a característica particular dos momentos de crescimento é a distribuição
desigual e não espontânea da renda, que não leva em conta o bem-estar ou a
produtividade. De fato, o período do grande crescimento econômico brasileiro, nas
décadas de 60 e 70 acentuou as desigualdades na renda e as diferenças regionais.
Por isso, não há como falar em crescimento equilibrado. Todavia, é importante
salientar que não se está afirmando aqui que o crescimento econômico não gera
benefícios para as populações de baixa renda. Afirma-se, no entanto, que é
imprescindível percorrer outros caminhos para a atenuação do problema no curto
prazo, tendo em vista a grande massa populacional que vive numa situação de
extrema pobreza e que não pode ser condenada a aguardar um ciclo duradouro e
intenso de crescimento, que parece sempre distante. O trabalho de Barros,
Henriques e Mendonça (2001) ratifica a noção de que o principal fator de
manutenção, por tão longo período, de indicadores de pobreza em patamar quase