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PAULA ELAINE CARDOSO
AVALIAÇÃO IN VITRO DA EFICÁCIA DE REFORÇOS INTRA-
RADICULARES EM DENTES FRAGILIZADOS
Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia
de São José dos Campos Universidade Estadual
Paulista, como parte dos requisitos para a obtenção
do título de MESTRE, pelo Programa de Pós-
Graduação em ODONTOLOGIA RESTAURADORA,
Especialidade em Endodontia.
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1
PAULA ELAINE CARDOSO
AVALIAÇÃO IN VITRO DA EFICÁCIA DE REFORÇOS INTRA-
RADICULARES EM DENTES FRAGILIZADOS
Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia de São José dos
Campos Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para a
obtenção do título de MESTRE, pelo Programa de Pós-Graduação em
ODONTOLOGIA RESTAURADORA, Especialidade em Endodontia.
Orientador Prof Dr. Cláudio Antonio Talge Carvalho
São José dos Campos
2005
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2
Apresentação gráfica e normalização de acordo com:
BELLINI, A.B.; SILVA, E.A. Manual para elaboração de monografias:
estrutura do trabalho científico. São José dos Campos: FOSJC/UNESP,
2002. 82p.
CARDOSO, P.E. Avaliação in vitro da eficácia de reforços intra-
radiculares em dentes fragilizados. 2005. 133f. Dissertação (Mestrado
em Odontologia Restauradora, Especialidade em Endodontia) –
Faculdade de Odontologia de São José dos Campos, Universidade
Estadual Paulista, São José dos Campos, 2005.
3
DEDICATÓRIA
A Deus, nosso senhor todo poderoso, que me abençoa todos os dias de
minha vida, dando-me paz e conforto. Meu grande pai que me ajuda a
buscar os meus objetivos e nunca me desampara.
4
DEDICATÓRIA
Aos meus filhos Gabriela Elaine e Lucca Gustavo, que são meus
grandes amores. Vocês traduzem os momentos mais lindos da minha
vida. Vocês representam para mim, o significado da mais pura felicidade.
Vocês sempre foram o meu maior incentivo para buscar e conseguir meus
objetivos.
Obrigada meu Deus por poder ser mãe destes filhos maravilhosos e tão
amados.
À minha amada e doce mãe Marta, pela sua grande dedicação e pela sua
verdadeira presença em todos os momentos da minha vida. Pelo enorme
amor e carinho. Por me apoiar em todas as minhas decisões e ser além
de uma maravilhosa mãe, também uma grande e a mais verdadeira
amiga.
Ao meu amado pai Sebastião por estar cada vez mais presente em
minha vida e por estar sempre me incentivando a buscar meus objetivos.
Meus queridos pais, seus exemplos de amor, dedicação, perseverança e
honestidade foram fundamentais na minha formação e serão guardados
por toda a minha vida.
Muito obrigada.
5
A minha irmã Fernanda pela paciência e pelo companheirismo, pelo amor
e amizade tão preciosa.
Ao meu querido irmãozinho Pedro. Sua chegada foi com certeza além de
uma grande alegria, mais um incentivo para conseguir buscar meus
objetivos.
A Rodrigo Dias Nascimento, meu amado namorado, por toda
compreensão e amor. Pelo exemplo de dedicação e perseverança.
Obrigada pela paciência.
À toda a minha família, minha dedicação especial. Obrigada pelo apoio e
amor. À minha tão querida tia Denise pelo carinho, ajuda e estímulo
desde o início da minha carreira.
Aos meus avós Leontina, Manuel (in memorium), Aparecida e Annibal,
por todo amor, dedicação, ensinamentos e por todas as maravilhosas
conversas e momentos que passamos juntos.
Minha eterna gratidão.
6
AGRADECIMENTO ESPECIAL
Ao Professor Doutor Cláudio Antonio Talge Carvalho, exemplo de
dedicação ao ensino e pesquisa, pela orientação, auxílio e amizade
durante todo o nosso convívio neste curso.
À Professora Adjunta Márcia Carneiro Valera, exemplo de amor à
profissão, de enorme dedicação ao ensino e à pesquisa. Muito obrigada
pelo carinho.
Ao Professor Doutor Clóvis Pagani, pela excelente coordenação e
dedicação ao programa de pós-graduação.
Muito Obrigada.
7
AGRADECIMENTOS
À Faculdade de Odontologia de São José dos Campos, pela formação
educacional que me foi dada. Por ter me propiciado conhecimentos
imensuráveis e por ter me despertado a sede pelo aprendizado e pela
ciência.
À CAPES pelo apoio ao curso de Pós Graduação e pelo auxílio a mim
concedido.
Ao professor Ivan Balducci, pela realização das análises estatísticas
deste trabalho e por ajudar-me sempre prontamente.
À Bibliotecária Ângela de Brito Bellini, pelas orientações, revisão
bibliográfica e normalização deste trabalho.
Aos professores do Departamento de Odontologia Restauradora
Alessandra, Ana Paula Martins Gomes, Carlos Rocha Gomes Torres,
Carlos Henrique Ribeiro Camargo, Clóvis Pagani, José Roberto
Rodrigues, Márcia Carneiro Valera, Maria Amélia Máximo de Araújo,
Sergio Eduardo de Paiva Gonçalves, pela amizade, por estarem
sempre dispostos a ensinar e colaborar e por todos os conhecimentos que
me foram transmitidos.
Às secretárias do Programa de Pós Graduação, Rose, Cidinha, Herena
pela colaboração durante o curso.
Às secretárias do Departamento de Odontologia Restauradora da FOSJC:
Rosângela e Dezirée, pela colaboração e amizade.
Aos colegas e amigos Andressa, Carol, Fabíola, Fernanda, Janaína,
Leili, Lia, Renato, Cristiane, Patrícia Itocazo, Maristela, Patrícia
Rocha, Tereza, Rodrigo, pela experiências compartilhadas, pelo convívio
gratificante e pela nossa amizade.
À amiga Luciane Dias Oliveira por ser sempre muito atenciosa e por
toda dedicação e auxílio que me foi dado.
8
À querida amiga Samira Esteves Afonso Camargo pela amizade
sincera, pelo carinho e por estar sempre disposta a ajudar quando eu
mais precisei.
À querida amiga Suzana, por sua amizade tão preciosa.
Aos amigos Marta, Flávio e Corina pela colaboração e amizade.
Às bibliotecárias da FOSJC: Dora, Silvana, Neide, Renata.
Às técnicas de laboratório Josiana e Michele, pelo auxílio durante as
fases laboratoriais.
9
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS............................................................................ 11
LISTA DE TABELAS............................................................................ 13
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS............................................... 14
RESUMO............................................................................................. 15
1 INTRODUÇÃO.................................................................................. 16
2 REVISÃO DA LITERATURA............................................................. 21
2.1 Dentes permanentes jovens traumatizados................................... 21
2.2 Reforços intra-radiculares.............................................................. 25
3 PROPOSIÇÃO.................................................................................. 68
4 MATERIAL E MÉTODO.................................................................... 69
4.1 Obtenção, limpeza e seleção dos dentes...................................... 72
4.2 Preparo dos espécimes................................................................. 73
4.3 Preparo dos corpos de prova......................................................... 86
4.4 Avaliação da resistência................................................................ 87
4.5 Análise estatística.......................................................................... 89
5 RESULTADO.................................................................................... 90
5.1 Estatística Descritiva...................................................................... 91
5.2 Primeira Parte................................................................................ 93
5.3 Segunda Parte............................................................................... 94
5.4 Terceira Parte................................................................................ 95
6 DISCUSSÃO..................................................................................... 97
6.1 Da escolha do tema....................................................................... 97
6.2 Da metodologia.............................................................................. 100
6.3 Dos resultados............................................................................... 109
7 CONCLUSÃO................................................................................... 116
8 REFERÊNCIAS................................................................................. 117
Anexo................................................................................................... 131
10
ABSTRACT.......................................................................................... 132
11
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 Dentes bovinos: dentes limpos.................................... 73
FIGURA 2 Padronização dos dentes: a) delimitação do
comprimento do espécime em 30mm; b)
seccionamento coronário; c) espécimes
padronizados – diâmetro vestíbulo-lingual (7 ±
0,5mm); d) espécimes padronizados – diâmetro
mésio-distal (7 ± 0,5mm); e) padronização de
tamanho (30mm).......................................................... 74
FIGURA 3 Visão da face incisal do espécime após secção
coronária e remoção do tecido pulpar.......................... 75
FIGURA 4 Preparo dos espécimes: a) instrumentação
endodôntica com limas tipo K; b) e c) alargamento
dos canais radiculares com brocas Gates-Glidden; d)
medida das brocas para alargamento do conduto
radicular; e) torno de alta rotação; f) e g) medida e
alargamento do canal com broca de aço rápido
(diâmetro de 2,3mm); h) e i) medida e alargamento
do canal com broca de vídea (diâmetro de
3mm)............................................................................
77
FIGURA 5 Comprovação radiográfica da espessura de 2mm das
paredes dentinárias do canal radicular........................ 78
FIGURA 6 Visão incisal do espécime após fragilização do canal
radicular........................................................................ 78
FIGURA 7 Grupo 1: a) esquema representativo de um espécime
do grupo 01; b) pinos de fibra de carbono – Reforpost
– Ângelus e pinos acessórios de fibra de vidro –
Reforpin – Ângelus; c) cimento de presa dual Enforce
12
com flúor....................................................................... 80
FIGURA 8
8
Grupo 2: a) esquema representativo de um espécime
do grupo 02; b) pinos de fibra de carbono revestido
por fibras de vidro – Reforpost Mix –Angelus e pinos
acessórios de fibra de vidro – Reforpin – Ângelus....... 82
FIGURA 9 Grupo 3: a) esquema representativo de um espécime
do grupo 03; b) material utilizado para o reforço com
resina composta; c) pino fototransmissor do sistema
Luminex; d) transmissão da luz fotopolimerizadora
com pino do sistema Luminex no interior do canal
radicular........................................................................ 84
FIGURA 10 Grupo 4: esquema representativo de um espécime
do grupo 4.................................................................... 85
FIGURA 11 Grupo 5: esquema representativo de um espécime
do grupo 05.................................................................. 85
FIGURA 12 Obturação do canal radicular.......................................
86
FIGURA 13 Cilindro de metálico e corpo de prova inserido em
resina acrílica quimicamente ativada...........................
87
FIGURA 14 Ensaio de compressão: a) máquina de ensaio EMIC;
b) representação esquemática do dispositivo
cilíndrico com um adaptador para fixar os corpos-de-
prova com uma inclinação de 45º; c) espécime fixado
no adaptador com inclinação de 45º, sendo
submetido à força de compressão............................... 88
FIGURA 15 Gráfico de colunas (média ± desvio padrão) dos
dados de resistência à compressão (Kgf), segundo
os grupos...................................................................... 92
FIGURA 16 Ilustração representando as fraturas ocorridas em
cada grupo: a) grupo 1; b) grupo 2; c) grupo 3; d)
grupo 4; e) grupo 5....................................................... 92
13
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 Valores de resistência à fratura (Kgf) obtidos no
ensaio de compressão, segundo os grupos................. 90
TABELA 2 Estatística descritiva dos dados (kgf) obtidos no
ensaio de compressão para cada grupo...................... 91
TABELA 3 Formação de grupos homogêneos (grupos de
mesmo desempenho) quanto aos valores médios de
compressão dos corpos-de-prova (Kgf), de acordo
com o grupo, após a aplicação do Teste de
Comparação Múltipla de Tukey (5%)........................... 93
TABELA 4 Dados do resultado do teste t para duas amostras –
G4 vs G5...................................................................... 95
TABELA 5 Resultados do teste de comparação múltipla de
Dunnett......................................................................... 96
14
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ANOVA = análise de variância
cm = centímetro
EDTA = ácido etileno-diamino- tetra-acético
g = grama
Gpa = Giga Pascal
Kg = kilograma
Kgf =kiligrama-força
m = metro
MA = miliamperes
min = minuto
mm =milímetro
N = Newton
NaoCl = Hipoclorito de sódio
PM = peça de mão
s = segundo
Ti = titânio
W = watt
% = porcetagem
º = grau
ºC = grau Celsius
15
CARDOSO, P.E. Avaliação in vitro da eficácia de reforços intra-
radiculares em dentes fragilizados. 2005. 133f. Dissertação (Mestrado
em Odontologia Restauradora, Especialidade em Endodontia) –
Faculdade de Odontologia de São José dos Campos, Universidade
Estadual Paulista, São José dos Campos, 2005.
RESUMO
O objetivo deste estudo foi avaliar a resistência à fratura por compressão
de dentes bovinos fragilizados que receberam diferentes reforços intra-
radiculares. Foram utilizados setenta dentes bovinos, que tiveram suas
coroas seccionadas no terço médio, padronizando o tamanho em 30mm.
Em 56 dentes, os canais radiculares foram preparados biomecanicamente
e, em seguida, para simular dentes jovens, foi realizado desgaste das
paredes dentinárias internas utilizando brocas gates-glidden e brocas aço
rápido e vídea (20mm de profundidade). A espessura das paredes
dentinárias, 2mm, foi comprovada através radiografias. Em seguida, os
dentes foram divididos em cinco grupos (n=14), de acordo com o reforço
intra-radicular utilizado: G1) pinos de fibra de carbono associados a três
pinos acessórios de fibra de vidro; G2) pinos de fibra de carbono
revestidos por fibra de vidro associados a três pinos acessórios de fibra
de vidro; G3) resina composta fotoativada; G4) não recebeu reforço e em
G5) os dentes não foram fragilizados e não receberam reforço. Os
espécimes foram submetidos ao ensaio de compressão, com força
aplicada em ângulo de 45º, velocidade de 1mm/min, em uma máquina de
ensaio universal EMIC. Os dados obtidos foram submetidos aos testes
estatísticos Anova, Tukey, t student e Dunnet, (5%). Os resultados
mostraram diferença estatística significante (p<0,05), sendo que G1
apresentou maior resistência em comparação com os demais grupos e G4
apresentou menor resistência. Assim pôde-se concluir que a utilização de
reforços intra-radiculares com diferentes pinos ou resina composta em
dentes fragilizados aumentou significativamente a resistência à fratura de
dentes fragilizados sob força de compressão.
PALAVRAS CHAVE: técnica para reforço intra-radicular; pinos; reforços
intra-radiculares; traumatismos dentários.
16
1 INTRODUÇÃO
Os traumatismos dentários envolvem principalmente os
dentes anteriores, promovendo um efeito desfavorável na função, estética
e fonética do indivíduo, o que afeta muitas vezes sua auto-estima. Estes
traumas freqüentemente acometem crianças em idade escolar (ARAÚJO
& VALERA
9
, 1999), predominantemente entre oito e doze anos de idade
(ANDREASEN
7
, 1991), sendo o dente mais comumente envolvido o
incisivo central superior (RAVN et al.
80
, 1974; PROKOPOWITSCH &
MOURA
76
, 1992).
Como conseqüência da injúria, pode ocorrer necrose
pulpar dos dentes permanentes jovens com incompleto desenvolvimento
radicular e, que apresentam paredes radiculares finas e frágeis
(KATEBZADEH et al.
58
1998). Quando a vitalidade pulpar destes dentes é
perdida, o desenvolvimento radicular é afetado, uma vez que cessa o
processo de apicigênese. Desta forma, a técnica de apicificação com o
uso do hidróxido de cálcio por 6 a 18 meses tem promovido elevado
índice de sucesso no tratamento endodôntico de dentes permanentes
jovens com polpa necrótica decorrente de trauma (FRANK
35
, 1966;
HEITHERSAY
47
, 1970; LEONARDO & LEAL
62
, 1998; BARNETT
11
, 2002;
CARVALHO
20
, 2002), uma vez que uma barreira de tecido duro é formada
na região apical, possibilitando uma perfeita obturação do sistema de
canais radiculares.
Por outro lado, a permanência de paredes dentinárias de
fina espessura, principalmente na região cervical, representa um
problema clínico grave, visto que se torna mais suscetível a fraturas
17
(ARAÚJO & VALERA
9
, 1999; BATISTA & LOPES
12
, 1999; GLENDOR et
al.
43
, 2000; VALERA et al.
96
, 2004). Caso uma nova injúria ocorra nestes
dentes, ou mesmo durante a mastigação, os mesmos podem fraturar-se
levando o caso ao insucesso (TRABERT et al.
93
, 1978; DAVIDOWICZ et
al.
24
, 1992). Valera et al.
96
(2004) verificaram que quase 20% dos casos
de dentes jovens traumatizados apresentaram fraturas quando da
reincidência de um trauma. Com relação à recorrência de traumas,
Andreasen
6
, 1970, observou uma taxa de 24% de crianças traumatizadas
que haviam sofrido trauma dentário mais de uma vez. Assim, faz-se
necessário o reforço destas raízes fragilizadas, uma vez que o tipo de
fratura que ocorre quando da reincidência de um trauma ou durante o ato
mastigatório, pode tornar difícil a restauração do dente traumatizado,
podendo em último caso levar a perda do elemento dentário.
A permanência de canal amplo em dentes imaturos
traumatizados pode representar um grande problema para o cirurgião-
dentista. O reforço intra-radicular desta estrutura, com um material
elasticamente compatível com a dentina é mais seguro que o reforço da
estrutura intra-radicular com núcleos metálicos fundidos, os quais
possuem alto módulo de elasticidade, com potencial para transferir o
estresse à estrutura dentária circundante (SAUPE et al.
85
, 1996). Além
disso, o sistema utilizado deve proteger a raiz de fraturas dentárias.
Com o surgimento da técnica do condicionamento ácido
do esmalte (BUONOCORE
15
, 1955), aliada ao desenvolvimento das
resinas compostas (BOWEN
14
, 1978), houve grandes avanços nas
técnicas restauradoras, que se tornaram mais eficazes e conservadoras.
Uma das técnicas propostas para reforçar raízes enfraquecidas e que
vem sendo bastante aceita é o reforço das raízes com resina composta
(RABIE et al.
79
, 1985; LUI
64-5
1987 e 1994; CARVALHO
20
, 2002). Logo, a
introdução de materiais capazes de aderir à estrutura dentinária é um
avanço potencial para a reconstituição e reabilitação de tecidos com
perda de dentina.
18
Entretanto, a utilização de resina composta no interior do
canal radicular como uma forma de reforçar o remanescente dentário
apresenta alguns problemas. Quando se utiliza resina composta
autopolimerizável, não se consegue controlar o tempo de presa da
mesma no interior do canal radicular. Já com relação às resinas
compostas fotopolimerizáveis, o problema é o da cura em profundidade,
visto que espessuras superiores a 4 ou 5mm podem apresentar um
processo de cura incompleto, decorrente da limitada transmissão de luz
polimerizadora através do bloco de material no interior da raiz (LUI
65
,
1994). Contudo, este problema foi atenuado com o lançamento de pinos
fototransmissores que possibilitam a transmissão da luz à distância para o
interior do canal, permitindo o uso intra-radicular de resinas compostas
para reforço de raízes fragilizadas (CARVALHO
20
, 2002). Além disso,
como o processo de apicificação pode durar até 18 meses, é possível a
ocorrência de fratura no terço cervical da raiz dentária mesmo antes da
obturação endodôntica e da restauração final do dente. Assim, a
realização de reforço intra-radicular com resina composta é uma boa
alternativa durante o processo de apicificação (CARVALHO
20
, 2002).
Segundo Valera et al.
96
(2004), 50% dos dentes jovens traumatizados que
apresentaram fraturas quando da reincidência de um trauma, ainda
estavam em tratamento de apicificação.
Muitos estudos têm demonstrado a utilização de diversos
pinos como reforços intra-radiculares (ISHIKIRIAMA et al.
54
, 1995;
FREEDMAN
36
, 1996; ISIDOR et al.
55
, 1996; ALBUQUERQUE et al.
3
,
1998; BATISTA, & LOPES
12,
, 1999; GLAZER
42
, 2000; HEDLUND, et al.
46
,
2003). Com relação aos pinos metálicos, sua utilização em dentes
anteriores tem demonstrado desvantagem estética (CHRISTENSEN
21
,
1998). Desta forma, a busca por sistemas de núcleos/pinos intra-
radiculares mais estéticos e com capacidade real de reforçar a estrutura
dentária impulsionaram novas pesquisas de núcleos e pinos não-
metálicos. Um objetivo bastante almejado é o da restauração em
19
monobloco, isto é, a obtenção de um único complexo biomecânico obtido
pela adesão entre estruturas dentárias e materiais de reforço (pino,
agente cimentante e material de preenchimento coronário) e pela
utilização de materiais com propriedades mecânicas semelhantes às da
estrutura dentária remanescente (DURET et al.
29
, 1990; BATISTA &
LOPES
12
, 1999). Pinos não metálicos à base de compósitos reforçados
com fibras associam um elemento de alta resistência (fibras carbono,
polietileno, vidro ou quartzo) com matrizes resinosas (geralmente
epóxicas) (FREEDMAN
36
, 1996; BOTTINO et al.
13
, 2001).
Felippe et al.
31
, 2001, ressaltaram que compósitos
reforçados com fibras (especialmente fibras de vidro e fibras de carbono)
estão rotineiramente substituindo metais em número crescente de
aplicações na engenharia civil, indústria naval, aeroespacial,
automobilística e esportiva. Tais materiais possuem alta resistência,
propriedades não corrosivas, potencial de translucidez, adequadas
propriedades adesivas e facilidade de reparo em relação aos metais.
Pinos intra-radiculares de fibras de carbono vêm sendo
introduzidos no mercado, apresentando várias vantagens: adesão à
estrutura dentária e ao material de cimentação, módulo de elasticidade
semelhante ao da dentina, resistência à corrosão, facilidade de remoção
com brocas e solventes. Os pinos de fibras de carbono são mais flexíveis
do que os metálicos (RAYGOT et al.
81
, 2001).
Outros materiais também têm sido utilizados com a
intenção de aumentar a resistência de dentes tratados endodonticamente.
El-Khodery et al.
30
, em 1990, verificaram um aumento de resistência da
estrutura dentária quando o canal foi preenchido com resina composta.
Também tem sido sugerida a possibilidade de utilização de pinos
confeccionados a partir de dentes naturais, os quais são denominados
núcleos biológicos ou pinos dentários (BATISTA & LOPES
12
, 1999). O
cimento de ionômero de vidro também foi usado como meio para auxiliar
no reforço dentário (JOHNSON et al.
56
, 2000; DUPREZ et al.
28
, 2004),
20
entretanto, embora apresentem propriedades adequadas, os cimentos de
ionômero de vidro não possuem a mesma resistência física e mecânica
das resinas compostas.
Poucas são as pesquisas encontradas na literatura que
dão o merecido valor e importância à resistência à fratura de dentes
permanentes jovens que foram traumatizados e tratados
endodonticamente. Conseqüentemente, há poucas informações sobre
variáveis que podem aumentar a resistência do dente traumatizado a
novas fraturas (KATEBZADEH et al.
58
, em 1998). Assim sendo, torna-se
importante o desenvolvimento de um sistema de reforço intra-radicular
com propriedades semelhantes àquelas da estrutura dentária e que possa
reabilitar raízes estruturalmente frágeis, proporcionando-lhes um
prognóstico favorável. No intuito de aumentar o conhecimento desta área
pouco explorada e de fundamental importância, tornou-se interessante
avaliar a eficácia de novos métodos que possam reforçar dentes
permanentes jovens traumatizados, visto que a maioria dos casos de
insucesso se dá por fraturas devido a traumas recorrentes (VALERA et
al.
96
, 2004), tornando difícil e, muitas vezes, até impossível a restauração
do remanescente dentário.
21
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Dentes permanentes jovens traumatizados
Em 1992, Cvek
23
avaliou radiograficamente 885 incisivos
luxados sem vitalidade pulpar. Os dentes foram avaliados quanto à saúde
dos tecidos periodontais, presença de reabsorção radicular ou não,
ocorrência de anquilose e de fraturas na região cervical. Os resultados
foram avaliados após a conclusão do tratamento com hidróxido de cálcio
e quatro anos após a obturação dos canais. Foi verificado que, após o
tratamento com o hidróxido de cálcio, 95% dos dentes apresentavam
saúde periapical. Quatro anos após a obturação dos canais radiculares foi
observado que a saúde periapical estava evidenciada em 91% dos casos.
Não foi comprovada diferença entre dentes maduros ou jovens. Em 97%
dos casos foi verificada a existência de reabsorção radicular inflamatória.
A freqüência de fraturas cervicais radiculares foi bem maior em dentes
jovens quando comparado com dentes maduros, dependendo do estágio
de desenvolvimento radicular, podendo variar entre 77% a 28% nos
dentes mais desenvolvidos. A freqüência de fraturas também foi
relacionada a defeitos verificados após a cura da reabsorção inflamatória
radicular na área cervical da raiz.
Em 1993, foi realizado um estudo epidemiológico, por
Forsberg & Tedestam
33
, onde pesquisaram os fatores etiológicos e
predisponentes relacionados a injúrias traumáticas em dentes
permanentes. O estudo envolveu 1610 crianças, com idades entre sete e
22
15 anos, sendo 813 garotos e 797 garotas. Os resultados demonstraram
que os seguintes fatores: desarmonia oclusal, overjet excedendo 4mm,
lábio superior curto, incompetência labial e respiração bucal, aumentaram
a predisposição a injúrias dentárias traumáticas. As causas mais comuns
de fraturas foram brigas e quedas, que foram reportadas como fatores
etiológicos em 69,9% dos garotos e em 86,7% das garotas. As injúrias
dentárias ocorridas durante a prática de esporte foram duas vezes mais
comuns em garotos (18,2%) do que em garotas (8,2%). A freqüência de
injúrias causadas por acidentes de tráfego foi comparativamente menor,
sendo 9,7% para os garotos e 5,5% para as garotas.
Em 2000, Glendor et al.
43
avaliaram os riscos de episódios
múltiplos de traumas dentários em dentes permanentes entre crianças e
adolescentes, avaliados por idade e sexo, fazendo-se uma comparação
do tipo de tratamento dental realizado nos pacientes com único episódio
de trauma dentário; pacientes com múltiplos episódios de traumas
dentários e em pacientes com um único e recorrente dente traumatizado.
O estudo foi baseado em uma amostra de 83 pacientes com idade entre
seis e 18 anos, que sofreram episódios de trauma dentário. Todos os
pacientes foram acompanhados durante 12 anos. Foram registrados 41
pacientes com múltiplos episódios de trauma dentário, com uma variação
entre dois e sete episódios e uma média de 2,9 episódios por paciente. O
número de pacientes com múltiplos episódios foi significantemente maior
quando estes sofreram o primeiro trauma com idade entre seis e dez
anos, isto quando comparados com pacientes que sofreram o primeiro
trauma com idade entre 11 e 18 anos. Uma análise mostrou que o risco
de recorrência de trauma aumenta de 14,9 para 30,3% quando o primeiro
trauma ocorre antes dos 11 anos de idade, comparado com uma variação
de 0 a 7,4% quando ocorre após os 10 anos. O risco de múltiplos
episódios de trauma dentário foi 8,4 vezes maior quando ocorreu aos 9
anos de idade, comparado com os pacientes que sofreram trauma aos 12
anos.
23
Em 2001, Oliveira et al.
73
avaliaram clínica e radiograficamente,
reincidência de fraturas coronárias, corono-radiculares ou radiculares em
dentes permanentes jovens traumatizados. Para isso, foram avaliados 31
dentes com rizogênese incompleta de pacientes que foram tratados ou
estavam em tratamento na clínica do Centro de Traumatismos Dentários
da F.O.S.J.C. – UNESP. Os resultados demonstraram que em seis dentes
(19,3%) houve reincidência de fratura, sendo que duas foram acima da
junção cemento-esmalte e quatro abaixo da junção. Destes dentes, três
(50%) estavam com curativo de demora e três (50%) já havia terminado o
tratamento endodôntico. Estes resultados mostram a necessidade de
utilização de reforços mecânicos durante e após o tratamento de dentes
permanentes jovens traumatizados.
Segundo Andreasen et al.
8
, 2002, alguns autores tem
proposto que dentes imaturos são fragilizados pelo preenchimento dos
canais radiculares com hidróxido de cálcio. Nesta pesquisa, testaram a
hipótese de que a dentina em contato com o hidróxido de cálcio poderia
apresentar uma redução na resistência à fratura após um certo período de
tempo. Noventa incisivos mandibulares imaturos de ovelhas foram
extraídos, com aproximadamente quatro meses de idade, e divididos em
dois grupos experimentais: a) grupo 1, o tecido pulpar foi removido pelo
forame apical e os canais radiculares foram preenchidos com pasta de
hidróxido de cálcio (Calasept
®
) utilizando uma Lentulo
®
espiral em baixa
velocidade e restaurados com cimento de óxido de zinco e eugenol IRM
®
,
após, foram armazenados em solução salina em uma temperatura
ambiente por 0,5; 1; 2; 3; 6; 9 ou 12 meses; b) grupo 2, o tecido pulpar foi
removido pelo forame apical e os canais radiculares foram preenchidos
com solução salina e restaurados com cimento IRM
®
, posteriormente
foram armazenados em solução salina por dois meses. Os dentes intactos
serviram como controle e foram testados imediatamente após a extração.
Todos os dentes foram submetidos ao teste de resistência à fratura em
uma máquina de teste universal Instron nos períodos de observação. Os
24
resultados indicaram uma notável diminuição na resistência à fratura com
o aumento no tempo de armazenamento do grupo 1 (preenchimento com
hidróxido de cálcio). Os autores concluíram que a resistência à fratura de
dentes imaturos, preenchidos com hidróxido de cálcio, diminuiu pela
metade em um ano com o preenchimento. De acordo com os autores, os
achados dessa pesquisa podem explicar as freqüentes fraturas
observadas em dentes preenchidos com hidróxido de cálcio por extensos
períodos.
A necrose pulpar é uma complicação comum decorrente
de injúria dental traumática e está relacionada com o tipo e severidade da
injúria, tanto quanto com o estágio de desenvolvimento do dente
traumatizado. Barnett
11
, 2002, avaliou através de uma revisão da literatura
o papel da endodontia no tratamento de dentes permanentes necrosados
pós-injúria traumática. Segundo o autor, a intervenção endodôntica
imediata é necessária em dentes traumatizados quando há sinais clínicos
e radiográficos de uma infecção pulpar no canal radicular do dente
traumatizado, como por exemplo reabsorção radicular inflamatória
externa, formação de lesão apical e dor à percussão. O autor relata que o
uso do hidróxido de cálcio no tratamento de dentes com polpa necrosada
pós- trauma foi extremamente benéfico para a manutenção prolongada do
dente traumatizado. Ainda segundo o autor, o hidróxido de cálcio tem sido
relatado na literatura como sendo importante na manutenção e reparação
dos defeitos da reabsorção radicular externa inflamatória, na eliminação
de microorganismos patogênicos do sistema de canais radiculares e na
indução da formação de uma barreira de tecido mineralizado no ápice de
dentes imaturos não-vitais.
25
2.2 Reforços intra-radiculares
Trabert et al.
93
, em 1978, investigaram a resistência à
fratura de incisivos centrais superiores submetidos à força de impacto
para simulação de trauma. Foram avaliados dentes sem tratamento
endodôntico, dentes tratados endodonticamente, dentes tratados
endodonticamente e restaurados com resina composta até o nível da
junção esmalte-cemento, e dentes tratados endodonticamente e
restaurados com resina composta após cimentação de pinos metálicos.
Nos dentes restaurados com pinos, os condutos para pino foram
preparados em profundidade de 8mm a partir da junção esmalte-cemento
com diâmetros dos condutos de 1,40mm e 1,80mm no nível do limite
esmalte-cemento, para receber, respectivamente pinos paralelos de
1,27mm e 1,778mm de diâmetro. Cada técnica restauradora foi aplicada
em grupos de dentes com comprimentos de raízes de 11, 13 e 15mm,
formando 15 subgrupos. Dos resultados obtidos pelo teste de impacto, os
autores concluíram que: não houve diferença significante na resistência à
fratura entre dentes tratados e não tratados endodonticamente; não foi
encontrada significante correlação entre o tipo e localização de fratura,
comparado com valor de energia de impacto absorvido; as variáveis que
podem ser usadas para predizer a energia de impacto foram o diâmetro
mésio-distal do dente, o comprimento da raiz e a largura do preparo da
câmara pulpar. O aumento do comprimento da raiz produziu maior
resistência à fratura; os incisivos centrais superiores tratados
endodonticamente e restaurados com pinos mostraram resistência à
fratura significantemente maior durante o impacto e que os pinos de
1,778mm promoveram menor reforço durante os impactos, comparados
com os pinos de 1,27mm.
26
Guzy & Nicholls
45
, em 1979, observaram que dentes
despolpados pareciam mais friáveis que dentes vitais, pois
freqüentemente fraturavam durante a função. Embora a literatura
recomendasse reforçar estes dentes com núcleos intra-radiculares para
prevenir fratura, até aquele momento esta afirmação não possuía
suficiente suporte científico. Assim, os autores compararam a resistência
à fratura de dentes tratados endodonticamente com e sem pinos
cimentados, visando determinar se os pinos realmente reforçam as raízes.
Utilizaram 59 incisivos centrais superiores e caninos inferiores tratados
endodonticamente, divididos em quatro grupos: caninos com e sem pinos,
e incisivos centrais com e sem pinos. Nos grupos com pinos, a obturação
foi removida até 5mm do ápice e pinos pré-fabricados Endo-Post foram
cimentados com fosfato de zinco. Os pinos foram cortados 1mm abaixo
do acesso endodôntico, que foi restaurado com silicato. Os dentes foram
fixados (2mm abaixo da junção cemento-esmalte) em blocos de resina
acrílica, sendo aplicada borracha de silicone sobre a raiz para simular
ligamento periodontal. Cargas compressivas foram aplicadas sobre os
dentes (de lingual para vestibular) em máquina de ensaios universal
Instron, ângulo de 130º em relação ao seu longo eixo e velocidade de
5cm/min. Não houve diferença estatística significante no padrão de fratura
ou localização da fratura (58 dentes fraturaram no terço médio ou cervical
da raiz) entre dentes com e sem pinos, nem na resistência à fratura de
dentes com e sem pinos. Como as falhas iniciaram-se na face vestibular
ou lingual das raízes, deduziram que o pino, dada sua posição, recebe
estresse mínimo, reforçando muito pouco a raiz sob cargas externas;
logo, quanto mais largo o diâmetro vestíbulo-lingual da raiz, maior sua
resistência à fratura.
Trope et al.
95
, em 1985, compararam a resistência à
fratura de dentes tratados endodoticamente e restaurados por oito
métodos diferentes. A amostra consistiu-se de 64 incisivos centrais
superiores hígidos de dimensões similares. A cavidade de acesso foi
27
preparada com 2mm de profundidade e 2mm de largura na face palatina
dos dentes, que foram distribuídos em oito grupos: grupo 1 – cavidade de
acesso preenchida com resina composta autopolimezável; grupo 2 –
cavidade de acesso preenchida com resina composta após
condicionamento ácido; grupo 3 – canal desobturado até 10mm abaixo da
junção cemento-esmalte e preenchimento do acesso e canal com resina
composta após condicionamento ácido; grupo 4 – preparo do canal com
broca do sistema Para-Post de 1,25mm de diâmetro até 10mm abaixo da
junção cemento-esmalte, sendo o canal mantido vazio e o acesso
preenchido com resina composta; grupo 5 – canal preparado da forma
acima descrita, sendo acesso e canal preenchidos com resina composta,
sem condicionamento ácido; grupo 6 – canal preparado da forma acima,
condicionamento ácido do canal e acesso, cimentação de pino de aço
Para-Post (1,25mm de diâmetro) com fosfato de zinco e preenchimento
do acesso com resina composta; grupo 7 – canal preparado da forma
acima, e após o condicionamento ácido o acesso e o canal foram
preenchidos com resina composta; grupo 8 - canal preparado da forma
acima, condicionamento ácido e cimentação de pino Para-Post com
resina composta, utilizada também para preencher a cavidade de acesso.
Os dentes foram fixados em anéis de cobre ao nível da junção cemento-
esmalte e posicionados na máquina de ensaios universal para serem
sujeitos a cargas compressivas até a fratura (ângulo de 50º em relação ao
longo eixo do dente). Todos os dentes fraturaram de modo similar,
independentemente da técnica restauradora. Os grupos com maior
resistência à fratura foram os grupos 1, 2 e 3, sem diferenças significantes
entre eles. O preparo do canal para o pino (grupos 4 a 7) enfraqueceu
significantemente os dentes. Quando o pino Para-Post foi cimentado com
fosfato de zinco (grupo 5) ou resina (grupo 8), os valores de resistência
foram significantemente mais altos do que quando o canal preparado foi
mantido vazio (grupo 4) ou preenchido com resina composta sem
condicionamento ácido (grupo 5) e significantemente mais baixos que nos
28
dentes sem preparo do canal (grupos 1 a 3). Quando o canal preparado e
o acesso endodôntico foram condicionados e preenchidos com resina
composta (grupo 7), a resistência à fratura foi similar aos grupos 1 a 3
(sem preparo do canal). Os autores indicaram a técnica usada no grupo 7
para restauração de dentes jovens tratados endodonticamente com
rizogênese incompleta (canais largos e paredes radiculares finas) e que,
quando possível o preparo do canal deve ser evitado, utilizando pinos
somente quando necessário para retenção da restauração.
Rabie et al.
79
, em 1985, testaram clinicamente a
possibilidade de reforçar dentes imaturos com resina composta,
restaurando três incisivos centrais superiores com fratura horizontal na
região cervical. Em um dente, a fratura era supragengival e nos outros
dois abaixo da crista óssea. O acesso às raízes foi obtido com extrusão
ortodôntica e/ou cirurgia periodontal. Após tratamento endodôntico e
desobturação parcial do canal, foi executado condicionamento ácido e
cimentação de pino ou núcleo metálico fundido no canal radicular com
resina composta (dois casos) ou somente reforço com resina (um caso).
Os autores julgavam que a resina, penetrando nos túbulos dentinários
condicionados, manteria as paredes radiculares unidas, possibilitando que
o dente imaturo se tornasse restaurável. Recomendaram a técnica do
reforço com resina para reforçar raízes com paredes finas devido ao
desenvolvimento incompleto, possibilitando a restauração e manutenção
destes dentes na cavidade oral, os quais são rotineiramente extraídos
devido ao maior risco de fratura vertical quando convencionalmente
restaurados.
Gher et al.
41
, 1987, realizaram uma pesquisa com dentes
fraturados utilizando um protocolo padrão: exame clínico, anamnese, e
história dental. Este estudo avaliou documentos de dois anos de cem
casos de dentes fraturados em 98 pacientes em uma clínica odontológica
militar. Para comparação, informações pertinentes foram também
registradas de mais de dois mil dentes em uma amostra da população. A
29
documentação incluía fotografias clínicas e um questionário preenchido
na época do diagnóstico clínico. Os autores concluíram que fraturas
radiculares são freqüentemente encontradas em maior quantidade em
dentes com restaurações extensas ou tratados endodonticamente. Dois
tipos principais de fratura foram encontradas: fratura incompleta de coroa-
raiz e fraturas de raiz associadas com falha na terapia endodôntica.
Lui
64
, em 1987, sugeriu uma técnica para reforçar
internamente as raízes debilitadas (por lesão cariosa, defeitos dentinários,
causas iatrogênicas, etc), utilizando preenchimento interno da raiz com
resina composta. Após tratamento endodôntico, a porção coronária sem
suporte foi eliminada, mantendo-se pelo menos 1mm de altura acima da
margem gengival para permitir um término supragengival do preparo. O
canal radicular foi preparado com uma broca de tamanho compatível. A
adaptação do pino de tamanho correspondente à broca foi verificada no
interior do canal radicular. Sulcos foram feitos com brocas tipo cone
invertido nas paredes mais espessas. Seguiu-se condicionamento com
ácido fosfórico e aplicação do sistema adesivo. O pino (lubrificado com
vaselina) foi inserido no canal radicular e em torno dele resina composta
radiopaca foi injetada e condensada. Após a polimerização, o pino foi
removido, formando o espaço para o núcleo, executando-se uma
cavidade elíptica de 2 a 3mm de profundidade na porção mais cervical da
raiz. A técnica acima descrita permitiu a formação de um canal retentivo e
capaz de suportar núcleo metálico fundido, evitando fratura de raízes
enfraquecidas durante cimentação ou função mastigatória.
No ano de 1990, Duret et al.
29
, baseados nas excelentes
propriedades físicas da fibra de carbono, com larga aplicação na indústria
automobilística, aeroespacial e esportiva, idealizaram um sistema de
núcleos intra-radiculares à base de fibras de carbono longas e em
disposição paralela, imersas em matriz de resina epóxica. Este sistema,
denominado em seu país de origem (França) como Composipost, baseia-
se em um conceito de monobloco entre núcleo e raiz, pois as
30
propriedades biomecânicas desse pino, especialmente o módulo de
elasticidade (rigidez), são semelhantes às da estrutura dentária, além de
ser adesivamente unido ao esmalte e à dentina. Segundo os
pesquisadores, o sistema representou uma inovação em desenho,
composição e performance na área de pinos pré-fabricados.
El-Khodery et al.
30
, 1990, avaliaram e compararam quatro
técnicas restauradoras para reforçar dentes anteriores hígidos e tratados
endodonticamente. Foram utilizados vinte incisivos centrais superiores
recém-extraídos, selecionados com base na uniformidade de tamanho e
forma. Os dentes receberam tratamento endodôntico através de preparo
biomecânico do canal com lima tipo Kerr até nº60, obturação pela técnica
de cone único usando cimento Tuble-Seal e, em seguida, foram divididos
em quatro grupos: a) grupo 1, restauração da câmara pulpar pela técnica
convencional com resina composta (Concise – 3M Co., St. Paul, MN,
U.S.A); b) grupo 2, condicionamento ácido, aplicação de sistema adesivo
(Scotchbond – 3M Co., St. Paul, MN, U.S.A) e preenchimento do canal
radicular e câmara pulpar com resina composta (Concise – 3M Co., St.
Paul, MN, U.S.A); c) grupo 3, preenchimento do canal radicular e câmara
pulpar em amálgama (Sybraloy – Kerr, SYBRON, Romulus, Michigan,
U.S.A.); d) grupo 4, pino metálico (Para-Post – Whaledent Int., NY,
U.S.A.) cimentado no canal radicular com cimento de policarboxilato –
Durelon e restauração com resina composta (Concise – 3M). Nos grupos
2, 3 e 4, os canais radiculares foram preparados com 7mm de
comprimento e diâmetro padronizado com brocas nº 6 do sistema Para-
Post Whaledent. Após os procedimentos restauradores os dentes foram
embutidos em blocos de resina acrílica e submetidos a testes de
compressão em máquina de teste universal Instron, ângulo de 45º e
velocidade de 5cm/min aplicada na superfície lingual dos dentes, até sua
fratura. As médias de carga encontradas foram de 28,8Kg para o grupo 1;
45,8Kg para o grupo 2; 41,2Kg para o grupo 3 e 37,6Kg para o grupo 4.
Os autores concluíram que a técnica convencional (grupo 1) apresentou
31
valores de carga mais baixos para fratura, indicando a necessidade de
reforço dos dentes tratados endodonticamente. As demais técnicas
promoveram reforço aos dentes sendo que a técnica do preenchimento
do canal e restauração em resina composta foi mais efetiva.
King & Setchell
59
, em 1990, avaliaram a resistência à
fratura de dentes restaurados com um pino de fibra de carbono
experimental. Compararam quatro sistemas de núcleos diferentes,
empregando 40 dentes anteriores (incisivos centrais superiores e caninos
inferiores ou superiores). Os pinos de fibra de carbono (grupos
experimentais) tiveram a porção coronária fundida em ouro (grupo B) ou
construída com resina composta (grupo C) e foram cimentados com
cimento resinoso. Foram utilizados dois grupos controle (cimentados com
fosfato de zinco): um com pinos metálicos (Para-Post) com porção
coronária fundida em ouro (grupo A) e outro com pinos metálicos (Para-
Post) com porção coronária em resina composta (grupo D). Após
receberem coroas metálicas fundidas, os espécimes sofreram cargas
compressivas em ângulo de 130º com o longo eixo da raiz. Dentes
restaurados com pinos de fibras de carbono exibiram desempenho
comparável (em alguns espécimes até melhor) àqueles dos pinos
metálicos. O nível da fratura de dentes restaurados com pinos de fibra de
carbono foi mais favorável para o remanescente dentário que o dos pinos
metálicos.
McDonald et al.
68
, 1990 avaliaram in vitro o efeito de três
técnicas restauradoras realizadas em incisivos inferiores tratados
endodonticamente na resistência à fratura. Os dentes tinham apenas a
abertura coronária de acesso para o tratamento endodôntico e a maior
parte da estrutura coronária estava preservada: a) grupo 1 (controle): a
gutta-percha foi removida em nível de 1mm apicalmente à margem lingual
da cavidade, a qual foi restaurada com resina composta P30. Nos dois
grupos seguintes, a gutta-percha foi removida até o limite de 5mm aquém
do ápice, para a colocação de pinos pré-fabricados; b) grupo 2: recebeu
32
pinos de aço inoxidável Para-Post; c) grupo 3: recebeu pinos reforçados
com fibras de carbono. Os pinos, medindo 12mm de comprimento, foram
cimentados com aproximadamente 8mm dentro da raiz e 4mm dentro da
coroa anatômica. Todos os dentes foram restaurados com resina
composta P30. Os corpos de prova foram embutidos em resina acrílica
até o limite de 1mm da junção esmalte-cemento e foram submetidos à
carga perpendicular até a fratura. Não houve diferença significante na
resistência à fratura de dentes apenas restaurados com resina em
comparação com dentes que receberam pinos de aço ou pino reforçado
com fibras de carbono. Os autores concluíram que não foi vantajoso
restaurar dentes hígidos tratados endodonticamente com pinos de aço ou
reforçados com fibras de carbono.
Burgess et al.
17
, em 1992, pesquisaram a força
necessária para deslocar quatro diferentes tipos de pinos endodônticos
cimentados com cimento resinoso e submetidos à tensão, torção e
compressão. Utilizaram 120 premolares inferiores que tiveram as suas
coroas seccionadas na junção cemento-esmalte. Após a remoção do
tecido pulpar e irrigação com hipoclorito de sódio, foi realizada a
preparação para o recebimento dos pinos utilizando-se brocas que
penetraram até 9mm de profundidade. Em seguida, pinos de 13mm de
comprimento foram cimentados. Foram confeccionados núcleos em
resina. As raízes foram montadas em tubos metálicos e submetidas a
forças em uma máquina de ensaio Instron. Os grupos foram formados
como se segue: a resina utilizada foi a Flexi-Flow e os pinos foram o
ParaPost, V.Lock e Flexi-Post. Os dados foram submetidos à análise
estatística ANOVA. O grupo que recebeu reforço com pino Flexi-Post foi o
que melhor se comportou quando submetido a forças de torção e tensão,
entretanto, quanto à compressão, o grupo que recebeu pino V.Lock foi o
melhor.
Cailleteau et al.
19
, 1992, realizaram um estudo utilizando o
método do elemento finito para comparar o estresse ao longo do interior
33
da parede do canal radicular em quatro modelos bi-dimensionais de um
incisivo central superior. Os quatro modelos avaliados foram: um incisivo
intacto, um incisivo tratado endodonticamente, um incisivo tratado
endodonticamente com a coroa restaurada e um incisivo com coroa
restaurada e com pino cilíndrico metálico fundido. Uma força estática
horizontal (1 Newton) foi aplicada na superfície lingual de cada modelo, e
a máxima tensão, compressão e o estresse foi calculado utilizando o
programa de elemento finito com o programa PAFEC 75. Os resultados
indicaram que o estresse no modelo com raiz sem pino foi alterado como
resultado da inserção do pino. Os autores concluíram que o valor máximo
na curva de estresse estava associada com a terminação apical do pino e
a posição do pino resultou em uma distribuição não uniforme do estresse
ao longo da parede do canal.
Sornkul & Stannard
90
, 1992, avaliaram a resistência à
fratura vertical e lateral de raízes de premolares inferiores, antes e após
procedimentos endodônticos e restauradores. Foram utilizados 141
dentes montados em blocos de resina acrílica e, deste total, 23 foram
usados como grupo controle e não receberam nenhum tratamento. Os
demais 118 dentes foram instrumentados até a lima K nº35, irrigados com
solução de NaOCl a 5,25% e obturados com guta-percha e cimento
endodôntico, usando a técnica de condensação lateral. Após a obturação
dos canais, os dentes foram preparados com brocas do sistema Para-
Post a uma profundidade de 5mm e abertura coronária medindo 3mm
vestíbulo-lingualmente e 2mm mésio-distalmente. Os dentes foram
divididos em sete grupos: a) grupo 1, serviu como controle e não recebeu
tratamento; b) grupo 2, foi usado resina composta (Adaptic) para
preencher o canal radicular preparado; c) grupo 3, o preparo foi irrigado
com EDTA a 17%, e em seguida, resina sem carga foi aplicada nas
paredes do canal e foi realizado o preenchimento com resina composta
(Adaptic); d) grupo 4, o preparo do canal foi aumentado para 10mm de
profundidade e as paredes do canal foram tratadas com EDTA a 17%. O
34
sistema adesivo foi aplicado e pinos Para-Post foram inseridos e
cimentados com resina composta fotopolimerizável; e) grupo 5, foi
realizado preparo dos canais radiculares a 5mm de profundidade,
similarmente ao grupo 4. Os núcleos foram obtidos através de moldagens
em resina Duralay e fundições em Will Ceram. O núcleo foi cimentado
com cimento de fosfato de zinco; f) grupo 6, os preparos foram realizados
de forma semelhante aos do grupo 5 e os espécimes não receberam
restauração; g) grupo 7, para este grupo, foram confeccionados 15 dentes
em resina composta (Adaptic) usando molde de um dente preparado. Em
uma máquina de ensaio universal Instron, foram aplicadas cargas
compressivas (perpendiculares à superfície oclusal) e de cisalhamento
(ângulo de 45º em relação ao longo eixo da raiz). Os grupos com maior
resistência foram o grupo 1 (raízes inalteradas) e o grupo 3 (resina
composta com agente de união). Quando cimentados pinos pré-
fabricados com resina composta (grupo 4), a resistência do dente
diminuiu, sendo similar ao grupo 7. Preenchimento com resina composta
sem agente de união (grupo 2) e núcleo metálico fundido (grupo 5)
obtiveram valores de resistência semelhantes. O grupo 6 (dentes
preparados sem qualquer restauração) apresentou menor resistência. Os
autores concluíram que os fatores que aumentaram a resistência a
fraturas foram: quantidade de estrutura dentária remanescente,
resistência dos pinos e material de preenchimento coronário e adesão
entre dentina e material de preenchimento coronário. Sugeriram
pesquisas de novos materiais para aumento de adesão entre materiais
restauradores e estrutura dentária, permitindo seu reforço e preservação.
Trope & Ray
94
, em 1992, determinaram a resistência à
fratura de 48 caninos inferiores tratados endodonticamente e obturados
com cimento endodôntico Ketac Endo, sob cargas compressivas. Foram
preparados quatro grupos (n=12). No grupo 1, os canais radiculares
instrumentados foram obturados com cimento endodôntico de ionômero
de vidro; no grupo 2, os canais não foram instrumentados; no grupo 3, os
35
canais foram instrumentados, mas não obturados; no grupo 4, os canais
instrumentados foram obturados com cimento endodôntico convencional
(cimento de Roth). Instrumentação endodôntica do canal radicular
enfraqueceu significantemente as raízes. A obturação com cimento
endodôntico convencional não reforçou as raízes, enquanto que a
obturação com cimento de ionômero de vidro reforçou significantemente
as raízes quando comparadas com raízes instrumentadas, mas não
obturadas ou obturadas com cimento convencional.
A influência dos pinos na distribuição de estresse na
dentina foi investigada por HO et al.
51
, em 1994, através do método do
elemento finito. Foram idealizados modelos contendo incisivos centrais
superiores endodonticamente tratados com ou sem pinos (fundidos em
ouro ou pré-fabricados de aço inoxidável). Dois tipos de carga foram
aplicados: forças linguais simulando mastigação (ângulo de 45º) e forças
traumáticas aplicadas horizontalmente na face vestibular da coroa, ambas
com 100N. O uso de pinos não diminuiu significantemente o estresse
(nem compressivo nem à tração) na dentina em relação à restauração
sem pinos. Concluíram que o efeito benéfico de reforço de núcleos
fundidos ou pinos pré-fabricados em dentes endodonticamente tratados é
duvidoso.
Quanto à utilização de resina no interior dos canais
radiculares para conferir aos mesmos uma maior resistência, Lui
65
, em
1994, descreveu uma técnica para reforçar raízes com canais radiculares
excessivamente alargados através de seu preenchimento com resina
composta fotopolimerizável. Para melhor polimerização da resina nas
porções mais profundas do canal, foi utilizado o pino plástico
fototransmissor Luminex, que permite melhor conformação do canal,
permitindo a adaptação de pinos (componentes do sistema Luminex) de
tamanho e formas idênticos, que podem ser de aço inoxidável, titânio,
ouro ou mesmo calcináveis (para fundição do pino). Estes autores
verificaram, ainda, que com o uso destes pinos fototransmissores é
36
possível realizar a cura da resina a uma profundidade de mais de 11mm.
A técnica permite aproveitamento de raízes que de outra forma seriam
indicadas para extração.
Segundo Freedman
36
, em 1996, os componentes do pino
de fibra de carbono são fibras, matriz e interface. As fibras de carbono
têm 0,8mm de diâmetro, são contínuas e longitudinalmente dispostas nos
pinos, formando sua estrutura interna. Representam 64% do peso total,
conferindo alta resistência ao pino. A arquitetura interna absorve os
esforços aplicados à prótese, redirecionando-os para o longo eixo da raiz.
A matriz (36% do peso total) é uma resina epóxica que envolve as fibras.
A interface é a área de união da fibra com a matriz, através de agentes de
adesão adequados. Este autor salientou que quando o estresse
transmitido pelos pinos à estrutura dentária foi comparado entre pinos de
níquel-cromo, titânio e de fibras de carbono, este último transmitiu
somente cerca de 65% de esforços em relação ao Ti e somente um terço
em relação ao níquel-cromo. Pinos metálicos, por possuírem módulo de
elasticidade até dez vezes maior que o da estrutura dentária, geram alto
estresse na interface dente-cimento-pino, podendo gerar descimentação
do pino ou fratura da raiz. O pino de fibra de carbono possui módulo de
elasticidade similar ao da dentina. As propriedades adesivas do pino
também auxiliaram no aumento da resistência do remanescente dentário
e na diminuição da microinfiltração. A forma do pino, um cilindro formado
por dois cones, respeita a forma cônica do canal, e cada cone gera uma
parada para estabilização vertical e distribuição do estresse. Após mais
de um bilhão de cargas consecutivas em pinos de fibra de carbono não
houve fratura de nenhum pino, e somente 30% das raízes sofreram
fratura longitudinal. Quanto a estudos clínicos, 89 profissionais trataram
mais de 1100 pacientes com estes pinos, e verificaram que após três
anos estavam todos intactos. Ocorreu uma pequena porcentagem de
falhas (2%), atribuídas a falta de manutenção periodontal e lesões
periapicais.
37
Holmes et al.
52
, 1996, utilizaram o método do elemento
finito na avaliação da distribuição de estresse em dentina de dentes
tratados endodonticamente restaurados com pinos e núcleos, com
diferentes tamanhos de pinos. Os autores concluíram que o estresse de
cisalhamento ocorreu adjacente ao pino, no meio da raiz. O estresse de
cisalhamento foi significativamente maior com a diminuição do
comprimento do pino. O maior estresse de tração na dentina ocorreu no
terço gengival da superfície vestibular das raízes, enquanto que o maior
estresse de compressão da dentina ocorreu no terço gengival da
superfície lingual da raiz. A distribuição de tensões de compressão e
tração na dentina não variou com a alteração do diâmetro dos pinos.
Isidor et al.
55
, 1996, avaliaram a resistência de dentes
bovinos com pinos pré-fabricados de fibra de carbono Composipost.
Foram utilizados 14 dentes bovinos com comprimentos e dimensões
semelhantes e preparados pela remoção de parte da coroa e parte da raiz
de cada dente, resultando em comprimento de raiz de 20mm e largura de
4,8±0,2mm. As raízes receberam uma fina camada de silicone para
simular a membrana periodontal e foram montadas em blocos de resina,
mantendo-se 15mm da raiz dentro do bloco e 5mm fora. Os preparos das
raízes para receberem pinos foram realizados com auxílio de duas brocas
calibradas, para possibilitar a colocação de pinos de 8,5mm de
comprimento. Foram utilizados pinos pré-fabricados de fibras de carbono,
paralelos, escalonados, apresentando diâmetro coronário de 1,8mm e
diâmetro de 1,2mm. Os pinos foram cimentados com cimento resinoso
(Sticky Post, Recherches Techniques Dentaires) e os núcleos foram
confeccionados em resina composta de autopolimerização (Resilient,
Recherches Techniques Dentaires). Os núcleos receberam preparos com
medidas padronizadas. As coroas foram enceradas diretamente nos
preparos e fundidas em liga de ouro extra-duro (Protor 3, Cendre &
Metaux SA) e apresentavam 9mm de altura com inclinação oclusal de 45º
em relação ao longo eixo da raiz. As coroas cimentadas em cada dente
38
preparado foram submetidas a cargas intermitentes de 250N a uma
angulação de 45º em relação ao longo eixo do dente e a uma freqüência
de duas cargas por segundo. Foram observadas fraturas longitudinais
incompletas após as cargas em quatro raízes. Os resultados desse
estudo foram comparados aos de estudos anteriores, realizados pelos
autores, conduzidos sob condições similares, com pinos paralelos, pré-
fabricados (Para-Post) e pinos cônicos individualmente fundidos. A
porcentagem de fraturas apresentadas pelos dois tipos de pinos dos
estudos anteriores foi significantemente superior a dos pinos de fibras de
carbono, avaliados neste estudo.
Purton & Love
77
, em 1996, avaliaram rigidez e retenção
de pinos de fibra de carbono lisos (Endopost) em relação a pinos de aço
inoxidável serrilhados (Para-Post), ambos com 1mm de diâmetro. Os
pinos foram cimentados com cimento resinoso em canais radiculares
endodonticamente tratados de incisivos e premolares unirradiculados.
Todos os canais eram estreitos (cerca de 1mm de diâmetro). Os pinos
Para-Post demonstraram significantemente mais retenção e maior rigidez.
É provável que a maior retenção do Para-Post seja devido à sua
superfície serrilhada, enquanto o Endopost possui superfície lisa. Os
autores concluíram que o pino Para-Post parece mecanicamente mais
recomendável que o Endopost para restaurar dentes desvitalizados com
canais estreitos.
Purton & Payne
78
, em 1996, através de um estudo in vitro,
avaliaram rigidez e retenção de pinos de fibras de carbono lisos
(Endopost) em relação a pinos de aço inoxidável serrilhados (Para-Post),
ambos com 1mm de diâmetro. Os pinos foram cimentados com cimento
resinoso em canais endodonticamente tratados de incisivos e premolares
unirradiculados. Todos os canais eram estreitos (cerca de 1mm de
diâmetro). Dez pinos de cada tipo foram submetidos ao teste dos três
pontos, em uma máquina de teste universal Instron, em uma velocidade
de 10mm/min para avaliar o limite de elasticidade. Numa segunda etapa,
39
núcleos cilíndricos de resina composta (Ti-Core) foram confeccionados
para pinos de fibra de carbono com 1,8mm de diâmetro e para pinos
metálicos com 1,5mm de diâmetro e na seqüência de procedimentos
foram submetidos à força de tração com uma velocidade de 10mm/min
até a fratura do espécime, avaliando assim a resistência à tração dos
pinos. Os pinos Para-Post demonstraram significantemente mais retenção
e maior rigidez. É provável que a maior retenção do Para-Post seja devido
a sua superfície serrilhada, enquanto o Endopost possui superfície lisa.
Os autores concluíram que o pino Para-Post parece mecanicamente mais
recomendável que o Endopost para restaurar dentes desvitalizados com
canais estreitos. Os autores concluíram que os pinos de fibra de carbono
apresentaram maior dureza que os pinos metálicos e o teste com núcleos
de resina composta indicou que os pinos metálicos apresentam
resistência à tração maior que os pinos de fibra de carbono.
Saupe et al.
85
, em 1996, investigaram a possibilidade de
reforçar raízes estruturalmente comprometidas com resina composta,
restaurando internamente as paredes radiculares destruídas. Após
remoção das coroas (1 a 2mm acima da junção cemento-esmalte), 40
incisivos centrais superiores tratados endodonticamente foram
distribuídos em quatro grupos: a) raiz sem reforço e núcleo metálico
fundido em ouro tipo III (sem bisel); b) raiz sem reforço e núcleo metálico
fundido (com bisel); c) raiz com reforço e núcleo metálico fundido (sem
bisel); d) raiz com reforço e núcleo metálico fundido (com bisel). O
desgaste da estrutura dentária das raízes foi executado até 8mm de
profundidade, mantendo-se espessura de paredes radiculares de 0,5 a
0,75mm. Para auxiliar a polimerização da resina composta, utilizou-se
pino transiluminador Luminex. Os núcleos foram cimentados com cimento
resinoso Enforce. Cargas compressivas foram aplicadas na face lingual
dos núcleos à velocidade de 2mm/min. Os grupos reforçados foram 50%
mais resistentes à fratura que os grupos sem reforço. Nos grupos
reforçados não houve diferença significante na resistência entre núcleos
40
com ou sem bisel (o que possibilita economia de estrutura dentária),
possivelmente graças a um “abraçamento” ou “amarramento” interno
fornecido pelas propriedades adesivas do sistema, que substitui o bisel
extracoronário.
Em 1997, Burgess et al.
16
, mediram a resistência
compressão, flexão e tração de dois pinos metálicos pré-fabricados (Para-
Post e Para-Post XP) e dois pinos de fibras de carbono (C-Post liso e C-
Post serrilhado), divididos em 12 grupos de dez dentes cada. Premolares
unirradiculados foram seccionados ao nível da junção cemento-esmalte e
tratados endodonticamente. O canal foi preparado com brocas
estandardizadas fornecidas pelos fabricantes até 8mm de profundidade.
O C-Post foi jateado com óxido de alumínio. Os pinos foram cimentados
com cimento resinoso Panavia 21 e os espécimes foram submetidos à
carga até a falha do sistema. As resistências à flexão, tração e
compressão de ambos os pinos de fibra de carbono foram
significantemente menores que aquelas dos pinos metálicos
O estudo de Dietschi et al.
27
, em 1997, visou avaliar a
adaptação de pinos cimentados com cimento resinoso à dentina após
testes de resistência à fadiga. Avaliaram um pino experimental de
zircônio, dois pinos de titânio (com cobertura resinosa ou cerâmica) e dois
pinos de fibras de carbono. Os corpos-de-prova foram submetidos a
cargas cíclicas e termociclagem. Secções dos espécimes foram
observadas em microscópio eletrônico de varredura para verificar
deficiências na interface entre materiais restauradores e dentina. O pino
de titânio Komet ER exibiu as mais altas porcentagens de solução de
continuidade ao nível de dentina coronária (83,88%) ou radicular
(78,12%). O pino de zircônio também apresentou insuficiente adaptação à
dentina coronária (53,25% de continuidade) ou radicular (21,55% de
continuidade), demonstrando baixa capacidade de adesão à resina. O
pino de fibra de carbono Composipost comportou-se melhor (67% de
41
continuidade ao nível radicular e 44,88% ao nível coronário) que o pino de
titânio Komet ER.
Mendonza et al.
69
, 1997, avaliaram a resistência à fratura
de dentes tratados endodonticamente com canais alargados que foram
restaurados com pinos paralelos cimentados com resina. Os autores
utilizaram quarenta dentes caninos inferiores hígidos, cujas coroas
anatômicas foram seccionadas com broca diamantada, sob refrigeração.
O tecido pulpar foi removido e para simular dentes enfraquecidos, os
canais radiculares foram alargados circunferencialmente na região
cervical, deixando uma parede de dentina remanescente de apenas 1mm.
Os preparos para pinos foram realizados até uma profundidade de 8mm,
para acomodar pinos metálicos paralelos Dentatus nº4. As raízes foram
divididas aleatoriamente em quatro grupos de dez espécimes, como
segue: a) grupo 1: pino cimentado com fosfato de zinco; b) grupo 2: pino
cimentado com Panavia; c) grupo 3: pino cimentado com C & B Meta
Bond; d) grupo 4: pino cimentado com agente adesivo dual em raiz
reforçada com resina composta. Anteriormente à cimentação dos pinos,
os canais foram condicionados com ácido fosfórico a 10% por 30
segundos. Para cimentação dos pinos nos grupos 1, 2 e 3, o cimento foi
inserido com broca lentulo e o pino revestido pelo cimento foi inserido no
canal. No grupo 4, foi utilizado o sistema Luminex (Dentatus, New York,
N.Y.) da seguinte maneira: o sistema adesivo dual (Scotchbond, 3M
Dental Products, St. Paul, Minn.) foi aplicado nas paredes do canal,
fotopolimerizado e, em seguida, o canal foi preenchido por resina
composta (Z100, 3M Dental Products, St. Paul, Minn.), o pino plástico
transparente que transmite a luz foi inserido no interior do canal e a resina
foi fotoativada por 60 segundos. O pino foi cuidadosamente removido e no
seu lugar foi cimentado pino Dentatus nº4, com cimento resinoso dual. As
raízes foram montadas em blocos de resina acrílica e os espécimes foram
submetidos à compressão numa máquina de teste universal Instron. Cada
espécime foi angulado a 60º ao vetor médio de carga. O grupo 2
42
(Panavia) foi significantemente mais resistente que o grupo 1(cimento de
fosfato de zinco). Os grupos 3 (Metabond Parkell, Farmingdale, N.Y.) e 4
(Z100 e cimento resinoso) também foram mais resistentes que o grupo 1,
sendo que esta diferença não foi estatisticamente significante.
Sidoli et al.
87
, 1997, comparam o comportamento de
dentes tratados endodonticamente e restaurados através de quatro
técnicas diferentes: a) grupo 1: dez dentes restaurados com sistema
Composipost; b) grupo 2: dez dentes restaurados com pinos pré-
fabricados de aço inoxidável e preenchimento com resina composta; c)
grupo 3: dez dentes restaurados com núcleo metálico fundido em ouro; d)
grupo 4: dez dentes tratados endodonticamente, sem sistema de
reconstrução. Os espécimes restaurados com sistema Composipost
apresentaram resistência inferior a outros sistemas utilizados. Os dentes
sem sistema de reconstrução foram mais resistentes. Neste estudo, foi
observado também o local de fratura, que era considerado favorável
quando ocorria numa área passível de nova reconstrução e desfavorável
quando inviabilizava o dente do ponto de vista de reconstrução protética.
Os resultados foram desfavoráveis em 100% dos dentes do grupo 3 e
80% do grupo 4, enquanto que os pinos de fibra de carbono foram os que
tiveram maior percentual de falhas em locais que os autores classificaram
como favoráveis, na interface do Composipost com o material de
preenchimento.
Akkayan & Caniklioglu
1
, 1998, estudaram o efeito de
quatro diferentes sistemas de pinos: Cast Post (fundido), Para Post
(metálico), Flexi-post (titânio) e Fil Post (titânio), na resistência à fratura de
coroas de dentes tratados endodonticamente. Foram utilizados cinqüenta
caninos humanos. Os espécimes foram fixados em ângulo de 130º e
submetidos ao teste de compressão em máquina de teste universal
Instron, onde a força foi aplicada na região lingual do dente com uma
velocidade de 1mm/min até a fratura. O sistema Para-Post apresentou
uma resistência à fratura significantemente maior que os outros grupos.
43
Fraturas horizontais na raiz foram observadas nos grupos de pinos pré-
fabricados comparados com fraturas radiculares verticais no grupo Cast-
Post. Os autores concluíram que a escolha de sistemas de pinos pré-
fabricados é importante na determinação da máxima resistência à fratura
em dentes tratados endodonticamente.
Segundo Christensen
21
, 1998, a necessidade de utilização
de pinos e núcleos está associada ao aumento do uso de coroas e
próteses fixas. Segundo o autor, a maioria dos cirurgiões-dentistas utiliza
pinos pré-fabricados associados a núcleos de preenchimento, pela sua
rapidez, facilidade e baixo custo. Quanto à indicação de pinos, a presença
de cargas oclusais intensas, como as encontradas nos casos de bruxismo
ou, ainda, quando os dentes tratados endodonticamente são utilizados
como retentores de próteses parciais fixas, a colocação de pinos e
núcleos é indicada. Outro fator determinante na indicação de pinos e
núcleos é a estrutura dentária remanescente, que quando for menor que a
metade da coroa dentária é aconselhável a colocação de pino e núcleo,
proporcionando assim adequada conexão da estrutura radicular ao núcleo
coronário. O material utilizado na fabricação dos pinos varia e inclui
metais de diferentes tipos, resina reforçada por fibras, fibras de carbono
com resina epóxica e cerâmica. O autor relatou que dentre os pinos
metálicos, os de aço inoxidável são mais resistentes, mas o potencial de
reações teciduais adversas ao níquel tem estimulado os cirurgiões-
dentistas a optar pelos pinos de titânio. Quando são confeccionadas
coroas sem metal, pinos brancos são indicados por razões estéticas e,
nesses casos, devem ser utilizados os pinos de zircônio ou pinos de
resina reforçados por fibras. Os pinos de fibra de carbono oferecem
resistência, relativa flexibilidade, facilidade de colocação e remoção
quando necessária. Devido à coloração negra, não podem ser utilizados
em casos onde são planejadas coroas translúcidas. Quanto à forma dos
pinos, embora existam controvérsias, os pinos paralelos ou aqueles que
apresentam leve conicidade no terço apical são os mais aceitáveis, sendo
44
os pinos não rosqueados os mais utilizados. A cimentação dos pinos
geralmente é feita com cimentos resinosos de cura dual ou autocura.
Quanto ao núcleo, este geralmente é confeccionado em resina composta.
O autor concluiu que os pinos pré-fabricados com núcleo de resina têm
sido o procedimento mais utilizado pelos profissionais.
Em uma pesquisa sobre resistência à fratura da estrutura
dentária, Dean et al.
25
, em 1998, avaliaram a influência de procedimentos
endodônticos e restauradores, e compararam a incidência de fratura
radicular em dentes com coroas clínicas removidas que foram restauradas
com três diferentes tipos de pinos e núcleos de resina composta. Foram
utilizados setenta dentes humanos caninos superiores extraídos divididos
em sete grupos (n=10): a) grupo 1 (controle), foi realizado somente o
preparo coronário, sem tratamento endodôntico; b) grupo 2, receberam
tratamento endodôntico e preparo coronário; c) grupo 3, foi preparado
como o grupo 2 e o acesso endodôntico foi restaurado com resina
composta; d) grupo 4: também foi preparado como acima e cimentou-se
um pino de fibra de carbono C-Post com agente cimentante C & B
(BISCO). Nos grupos 5, 6 e 7 foram executados tratamento endodôntico,
remoção das coroas, cimentação de três tipos de pinos (pinos de fibra de
carbono, pinos de aço inoxidável cônicos e pinos de aço inoxidável
paralelos) e construção da porção coronária em resina composta de
polimerização dual. Após o preparo dos espécimes, cada dente foi
incluído em cilindro de resina quimicamente ativada e posicionado em
uma máquina de teste universal (model MTS-810; Materials Testing
Systems, Inc., Minneapolis, MN) de forma que a carga foi posicionada
sobre o dente em ângulo de 45° em relação ao seu longo eixo, à
velocidade de 0,5mm/min até a fratura, para o teste de compressão. Os
grupos com pinos e porção coronária do núcleo em resina composta
falharam com carga significantemente mais baixa do que aqueles nos
quais a coroa não foi removida. Não houve diferença significante na
resistência à fratura entre os grupos restaurados com diferentes tipos de
45
pinos. Os dentes restaurados com pinos de fibras carbono não sofreram
nenhuma fratura de raiz, enquanto fraturas radiculares ocorreram em 50%
dos dentes de cada um dos outros grupos onde foram usados pinos.
Fredriksson et al.
38
, em 1998, analisaram 236 dentes
restaurados com pinos de fibras de carbono Composipost (130 superiores
e 106 inferiores), com tempo médio de restauração de 32 meses (27 a 41
meses). Avaliaram condições periodontais e resultados protéticos
(utilizando radiografias executadas logo após o tratamento). Cinco dentes
(2%) foram extraídos por razões não-relacionadas com os pinos (na
maioria doença periodontal severa). As condições periodontais (índice de
placa, sangramento à sondagem e profundidade de bolsa) nos dentes
com Composipost foram similares aos dentes controle (contra-laterais ou
similares em anatomia e posição). Não houve nenhum caso de
deslocamento do pino ou das restaurações, nem fratura de raízes ou
pinos. O exame radiográfico não revelou nenhum caso de reabsorção
pronunciada da crista óssea. Estes resultados promissores indicaram que
os pinos de fibra de carbono, os quais oferecem resiliência compatível
com aquela do remanescente dentário e adesão ao mesmo, podem ser
uma alternativa viável ao sistema de núcleos metálicos-fundidos, que
possui padrão de sucesso inferior.
Katebzadeh et al.
58
, em 1998, avaliaram o efeito da
resistência interna de uma técnica de reforço com resina. Utilizaram cem
incisivos centrais superiores que foram divididos em cinco grupos: no
grupo 1, não foi realizado qualquer preparo cervical e a cavidade de
acesso foi restaurada com resina composta (controle positivo); nos grupos
2 a 5, os dentes foram alargados internamente para simular dentes
permanentes jovens e o material de obturação foi removido 3mm abaixo
da junção amelo-cementária; no grupo 2, o acesso foi restaurado com
resina composta no nível da junção amelo-cementária (controle negativo);
no grupo 3, o acesso foi restaurado utilizando resina composta 3mm
apicalmente à junção, com um pino transparente para transporte da luz
46
polimerizadora; o grupo 4 foi tratado de maneira similar ao grupo 3,
entretanto, utilizando um pino de cor opaca substituindo o pino
transparente; o grupo 5, recebeu tratamento similar ao grupo 3, mas um
pino metálico foi cimentado no lugar do pino transparente. Os dentes
foram submetidos à compressão e verificou-se que todas as técnicas
utilizando resina aumentaram a resistência do dente quando comparado
ao grupo controle negativo. Os grupos experimentais (3 a 5) não
apresentaram valores significativamente diferentes do grupo controle
positivo.
Martinez-Insua et al.
67
, em 1998, compararam a
resistência à fratura entre dentes restaurados com pinos de fibras de
carbono ou com núcleos metálicos fundidos. Foram utilizados 48
premolares tratados endododonticamente, igualmente distribuídos em
dois grupos: G1) restaurado com pinos de fibra de carbono e porção
coronária em resina composta e G2) restaurado com núcleos metálicos
fundidos (ouro tipo III). Dimensão e forma dos pinos foram idênticos em
ambos os grupos. Os dentes receberam coroas metálicas fundidas em
níquel-cromo (Ni-Cr). Através do teste compressão, utilizando máquina
Instron com carga estática compressiva aplicada em ângulo de 45º em
relação ao longo eixo do dente, foi avaliada a resistência dos espécimes.
A resistência à fratura do G2 foi quase o dobro que a do G1 (p<0,05)
contudo, houve fratura radicular em 91% dos espécimes do G2
(geralmente no terço cervical), enquanto que no G1 houve somente 5%
de fraturas radiculares (no terço cervical). Os autores salientaram que
cargas consideravelmente altas foram necessárias para gerar fraturas no
G1 (pinos de fibras de carbono) e que as cargas que provocaram fraturas
dentárias no G2 (núcleos metálicos fundidos) raramente ocorrem
clinicamente.
Rovatti et al
84
, em 1998 apud Kaiser
57
, em 2003,
relataram o desenvolvimento de pinos à base de fibras mais estéticos que
os de carbono originais: o Aesthetic-Post, com fibras de carbono
47
recobertas por fibras estéticas (quartzo) dispostas longitudinalmente no
pino e o Aesthetic-Plus, um pino totalmente composto de fibras de quartzo
em matriz resinosa. A resistência à flexão dos pinos estéticos (1200-
1500MPa), embora inferior a do Composipost (1900MPa), é suficiente
para os requisitos clínicos. A resistência à tração lateral é levemente
menor para os pinos estéticos (50-60MPa) que para o Composipost (65-
95MPa), porém isto facilita a remoção dos pinos para retratamento
endodôntico, pois as brocas penetram facilmente entre as fibras. A
resistência à tração longitudinal para os pinos estéticos é de 2480MPa.
No teste de resistência à fadiga, estes pinos ultrapassaram cinco milhões
de ciclos sem fraturas. A carga necessária para a fratura é adequada do
ponto de vista clínico para o Aesthetic-Plus (92,65kgf/mm
2
) e para o
Aesthetic-Post (98,57kgf/mm
2
). Testes com o Aesthetic-Plus revelaram
excelente resistência à descimentação (29,83MPa), maior que a do
próprio Composipost (27,12MPa), mostrando adequada adesão das fibras
estéticas minerais ao cimento resinoso. Os módulos de elasticidade do
Aesthetic-Post (55GPa) e do Aesthetic-Plus (44GPa) são mais favoráveis
para a dissipação do estresse que o de qualquer outro pino metálico.
Em 1999, Batista & Lopes
12
, afirmaram que dentes com
rizogênese incompleta e tratamento endodôntico são mais frágeis e
predispostos à fratura, por possuírem canal radicular muito amplo e
paredes radiculares finas. Estes autores sugeriram a utilização de pinos
dentários para restaurar canais extremamente alargados de dentes com
pouca estrutura coronária remanescente. Apresentaram dois casos
clínicos com pinos obtidos a partir de dentes naturais e cimentados com
técnicas adesivas. Os canais foram parcialmente desobturados (4mm
aquém do ápice). Os dentes naturais utilizados foram premolares,
inicialmente descontaminados com hipoclorito de sódio a 1% por 30
minutos, hidratados por 72 horas e autoclavados. Os dentes foram
desgastados com discos de carborundum e brocas diamantadas até
adequada adaptação nos canais. No primeiro pino, o desgaste não atingiu
48
o canal radicular, enquanto que no segundo o canal ficou contido em seu
interior. Neste último, o canal foi ampliado com alargadores para permitir
escape do cimento. Foi mantida uma extensão coronária para reforço e
suporte do núcleo de preenchimento. Após condicionamento ácido dos
pinos e canal radicular, foi aplicado o agente de união e executada
cimentação com cimento resinoso. A porção coronária foi construída com
resina composta híbrida. Os autores concluíram que a utilização de pinos
dentários como reforço corono-radicular em dentes frágeis e com canais
volumosos fornece vantagens como: a) adaptação à configuração do
canal radicular, favorecendo maior resistência do dente e melhor retenção
do pino em relação aos pinos pré-fabricados; b) adequada distribuição
das forças longitudinais ao longo da raiz, gerando menor concentração de
estresse; c) resiliência comparável àquela do dente; d) excelente adesão
à estrutura dental e à resina composta; f) translucidez (melhor estética
que pinos metálicos); g) confecção imediata (uma sessão).
Cohen et al.
22
, em 1999, compararam in vitro dois
sistemas de pinos pré-fabricados quanto à retenção e distribuição de
estresse por fotoelasticidade sob duas condições de carga, vertical
(133,2N, 30 polegadas) e oblíqua a uma angulação de 26º (133,2N, 30
polegadas). Os pinos estudados foram o Flexi-Post, que é um pino
rosqueado com extremidade fendada, e o C-Post, que é um pino de
resina epóxica com fibras de carbono. Os dois grupos com dez espécimes
por grupo foram submetidos a testes de retenção em máquina de testes
(Máquina de testes de Materiais MTS 810). Foram ainda preparados dois
blocos para testes fotoelásticos, com canais radiculares simulados para
cada pino estudado. Após a cimentação, os blocos fotoelásticos foram
fotografados antes e após serem submetidos a cargas verticais oblíquas.
Os dados da análise de variância (ANOVA) para retenção revelaram
diferença significante entre os grupos. O Flexi-Post apresentou média das
forças de retenção estatisticamente mais elevada (1180,6N, 265,9
polegadas) enquanto que o C-Post obteve uma média de 171,8N (38,7
49
polegadas). Análises fotoelásticas indicaram estresse mínimo para ambos
Flexi-Post e C-Post em condição não carregada. O C-Post apresentou
modelo de estresse apicalmente assimétrico, quando carregado sob
ambas as condições. O sistema Flexi-Post distribui estresse
simetricamente enquanto o C-Post distribui estresse assimetricamente. O
sistema simétrico, mesmo sob estresse e resistência retentiva
estatisticamente maior do Flexi-Post são mais favoráveis que o
assimétrico, sem estresses e resistência de retenção relativamente menor
para o C-Post.
Em 2000, Burmann et al.
18
, estudaram a resistência à
fratura de dentes bovinos despolpados restaurados através de pinos pré-
fabricados in vitro. Utilizaram trinta incisivos bovinos, que foram divididos
em três grupos: a) G1: Pino Cosmopost (Ivoclar-Liechtenstein); b) G2:
Pino Aesthetic Post + All Bond 2 + Post Cement HI-X (Bisco Inc. USA) e
c) G3: incisivos bovinos hígidos. As raízes foram embutidas em blocos de
resina acrílica autopolimerizável e a porção coronária foi confeccionada
em resina composta fotopolimerizável Z-100 (3M-USA) por meio de uma
matriz transparente padrão. Os espécimes foram armazenados em água a
37ºC durante 24 horas e, em seguida, foram submetidos ao ensaio de
compressão em uma máquina de ensaio universal Riehle, com inclinação
de 45º em relação ao longo eixo do dente, até a falha mecânica. Não foi
verificada diferença estatística significante entre os grupos. Os sistemas
de pinos pré-fabricados geraram resultados semelhantes aos obtidos com
os dentes hígidos. Para o G1, verificou-se uma força média de
compressão de 87,30kgf até a ocorrência de fratura dental; para o G2 foi
de 80,30kgf e para o G3 de 97,63kgf.
Glazer
42
, em 2000, avaliou clinicamente pinos de fibra de
carbono (Composipost nº1 e nº2 e Endopost nº90 e nº100) cimentados
em 52 dentes (71,2% inferiores e 28,8% superiores), sendo 30,8%
incisivos, 25% caninos e 44,2% premolares. Todos os dentes tinham
menos de 50% da estrutura coronária. Coroas unitárias englobaram
50
51,9% da amostra e retentores de próteses parciais fixas 48,1% da
mesma. Foi utilizado cimento resinoso e a porção coronária do núcleo foi
construída em resina composta dual. Os dentes receberam coroas
metalo-cerâmicas e acompanhamento de 6,7 a 45,4 meses (média de 28
meses). A taxa de sobrevivência foi de 89,6%. Falhas ocorreram em três
dentes com coroas unitárias e um retentor de prótese parcial fixa (dois
premolares inferiores, um premolar superior e um canino superior). Duas
falhas foram biológicas (patologia periapical) e duas mecânicas (um
deslocamento de coroa e um deslocamento de núcleo), nenhuma delas
comprometendo o elemento dentário. O achado mais significante foi que
os pinos nos premolares inferiores apresentaram maior risco de falhas. O
autor concluiu que pinos de fibra de carbono estão entre os mais
previsíveis atualmente e que sua utilização em dentes anteriores
superiores está associada com alto padrão de sucesso.
Johnson et al.
56
, em 2000, avaliaram em sua pesquisa a
capacidade de reforço radicular em dentes tratados endodonticamente de
um cimento endodôntico de ionômero de vidro, com o intuito de testar se
o pré-tratamento de um canal radicular, removendo-se ou não a smear
layer, constitui um meio importante para aumentar o reforço. Utilizaram
noventa incisivos centrais superiores humanos, que tiveram suas coroas
seccionadas padronizando o comprimento das raízes em 13±1mm. O
preparo biomecânico foi realizado até a lima tipo K40 e o escalonamento
foi realizado com brocas Gates-Glidden até a de nº4. Os dentes foram
divididos em seis grupos (n=15): grupo A) os dentes foram
instrumentados e não foram obturados; grupo B) os dentes foram
instrumentados e obturados pela técnica da condensação lateral
utilizando cimento de óxido de zinco (Roth International); grupo C) os
dentes foram instrumentados e obturados pela técnica do cone único e o
cimento utilizado foi o Ketac-Endo; grupo D) os dentes foram
instrumentados e obturados pela técnica do cone único e o cimento
utilizado foi o Ketac-Endo, sendo que o pré-tratamento da dentina foi
51
realizado com ácido poliacrílico a 25%; grupo E) os dentes foram
instrumentados e obturados pela técnica da do cone único e o cimento
utilizado foi o Ketac-Endo, sendo que o pré-tratamento da dentina foi
realizado com EDTA a 17%; grupo F) foi utilizado um sistema adesivo
(Scotchbond Multipurpose Plus – 3M) e preenchimento com cimento
resinoso (Enforce – Dentisply). Os espécimes foram então montados em
blocos de resina acrílica e submetidos à força de compressão em uma
angulação de 45° em uma máquina de testes universal (Instron model
1123; Canton, Mass). Os resultados demonstraram que não houve
diferenças estatisticamente significantes entre os grupos. Os autores
concluíram, assim, que sob as condições em que foram realizados os
testes, não foi constatado aumento na resistência de dentes maduros
tratados endodonticamente pela colocação de materiais adesivos no
interior do canal radicular.
Em 2001, Felippe et al.
31
, dissertaram sobre o emprego
de fibras de reforço em Odontologia. As fibras possuem alta resistência
quando agrupadas em forma de fitas ou cordões, são leves e não oxidam.
Seu propósito básico é reforçar grandes volumes de resina (composta ou
acrílica), polímero ou cerômero. Auxiliam a distribuir e dissipar as forças
na qual foram incorporadas, diminuindo e homogeneizando o estresse. Se
utilizadas para confecção de núcleos, conduziriam a luz do
fotopolimerizador. As fibras mais utilizadas atualmenteo as de vidro,
polietileno, cerâmica e carbono. Fibras de vidro (por exemplo, GlasSpan)
e de polietileno (por exemplo, Ribbond, Connect) possuem características
clínicas similares e são as mais apropriadas para uso odontológico, sendo
que sua translucidez favorece a estética. O direcionamento e arquitetura
das fibras influenciam na resistência da estrutura reforçada. Segundo
estes autores, o ideal seria a incorporação de fibras transversais e
longitudinais, pois quanto mais paralela a disposição das fibras em
relação às forças aplicada sobre a estrutura, maior a absorção e
dissipação de forças. Assim, deve-se considerar que as forças atuam nos
52
dentes tanto no sentido axial (paralelo ao longo eixo) quanto transversal
(perpendicular ao longo eixo).
Freedman
37
, em 2001, considerou as dificuldades
encontradas pelo clínico, quando da seleção e aplicação de materiais e
técnicas restauradoras em dentes tratados endodonticamente através de
pinos. O autor salientou a importância da observação de alguns aspectos
nesta seleção, que incluiu a invasão mínima da dentina remanescente, a
biocompatibilidade dos materiais restauradores (pinos, materiais de
preenchimento e cimento) às estruturas naturais remanescentes e a
compatibilidade estética tanto dos pinos quanto do material de
preenchimento. O autor relacionou quatro marcas comerciais de pinos
estéticos de resina reforçados por fibras (ParaPost Fiber White Post,
FibreKor Post, Aesthetic-Plus, C-Post), descreveu propriedades de cada
uma delas e detalhou passo a passo, a técnica restauradora empregada
em cada técnica. Em todos os materiais descritos foi salientado o módulo
de elasticidade dos pinos de fibra e resina que é próximo ao da dentina e
seu papel na distribuição uniforme de forças através da interface do canal
preparado e a facilidade de acesso para retratamento endodôntico
quando necessário. Para o autor o sistema idela de produtos para
restauração endodôntica incluem um pino estético de resina reforçada
com fibra, um núcleo de resina composta e um agente cimentante
resinoso de cura química.
Heydecke et al.
48
, 2001, compararam a resistência à
fratura e a taxa de longevidade de incisivos superiores endodonticamente
tratados, com cavidades proximais classe III, diferentes núcleos e coroas
totais. Foram selecionados 64 incisivos centrais superiores humanos,
livres de cáries, de tamanho e qualidade padronizados, endodonticamente
tratados, com cavidades proximais de 3mm de diâmetro. Os espécimes
foram divididos em quatro grupos: a) grupo 1: os dentes foram
restaurados com pino de titânio; b) grupo 2: os dentes receberam pino de
fibra de zircônio; c) grupo 3: os canais foram preparados 3mm
53
apicalmente à junção esmalte-cemento e preenchidos com resina
composta híbrida; d) grupo 4 (controle): somente as cavidades de acesso
foram restauradas com resina composta. Todos os dentes foram
preparados e restaurados com coroas totais metálicas e,
subseqüentemente, submetidos a simulador simultâneo de termociclagem
e mordida (1,2 milhões de ciclos). Em seguida, os espécimes foram
submetidos a dispositivo de teste estático, onde foram carregados até a
fratura. A média de resistência à fratura em Newtons para os diferentes
grupos foram: pino de titânio, 1038N; zircônio, 1057N; resina composta,
750N; grupo controle (nenhum pino), 1171N. A carga de fratura do grupo
3 (resina composta) foi significativamente menor (p<0,05) que em outros
grupos. Os autores concluíram que o alargamento do canal radicular após
o tratamento endodôntico deve ser evitado, porque sua resistência não é
restabelecida pela restauração; falhas menos desfavoráveis foram
observadas em restaurações em pinos. Muitos dos dentes restaurados
com pinos apresentaram fraturas não restauráveis.
A resistência e o modo de fratura de dentes incisivos
tratados endodonticamente e restaurados com três diferentes tipos de
pinos foram avaliados por Raygot et al.
81
, 2001. Foram utilizados trinta
dentes incisivos centrais humanos extraídos e intactos. Os dentes foram
tratados endodonticamente de forma padronizada e divididos em três
grupos (n=10) de acordo com o método restaurador: a) grupo 1 CFC:
restaurados com pinos de compósito de 1,4mm de diâmetro, reforçado
por fibras de carbono e núcleo de resina composta Bis-Core (BISCO); b)
grupo 2 SS: restaurados com pinos paralelos serrilhados de aço
inoxidável Para-Post de 1,5mm de diâmetro (Whaledent) e núcleo de
resina composta Bis-Core; c) grupo 3 P&C: padrão de pinos paralelos
serrilhados Para-Post de 1,5mm de diâmetro e núcleos construídos em
resina Duralay, que foram fundidos em liga nobre (PG – 200, Engelhart –
Baker). Os núcleos foram preparados com dimensões padronizadas e
sobre eles foram confeccionadas coroas padronizadas, fundidas em liga
54
nobre (PG – 200, Engelhart – Baker), com as superfícies das faces
palatinas preparadas para receber a carga, a uma angulação de 130º em
relação ao longo eixo do dente. As coroas foram cimentadas com cimento
de fosfato de zinco. Todos os dentes foram embutidos em resina,
armazenados em água por 24 horas antes de serem submetidos ao teste
mecânico. As cargas compressivas foram aplicadas em máquina de teste
universal Instron a uma velocidade de 25,4mm/min. Após as primeiras
quedas da carga, os resultados foram registrados, e a máquina foi
interrompida para evitar completa destruição do sistema
pino/núcleo/coroa, o que poderia interferir na avaliação do modo de
fratura. Para investigar o modo de fratura, os dentes foram imersos em
tinta preta (Pelikan Drawing Ink A) por doze horas. Os dentes foram
seccionados no plano mésio-distal com discos de carborundun e a
penetração do corante foi examinada. As localizações das fraturas e as
interfaces das falhas foram observadas entre os grupos. As fraturas nos
dentes foram classificadas em favoráveis e desfavoráveis, de acordo com
a localização. Fratura acima da resina foi considerada favorável e abaixo
do nível da resina foi considerada desfavorável. A média das resistências
à fratura no grupo P&C foi maior que a dos grupos CRC e SS. Entretanto
não foi verificada diferença significante na resistência à fratura entre os
grupos. Todos os espécimes falharam com fratura de dentes. Dentre eles,
70 a 80% dos dentes dos três grupos apresentaram falhas favoráveis,
localizadas acima da resina.
Segundo Stewardson
91
, em 2001, as principais vantagens
dos pinos não metálicos são: a) reduzido número de fraturas radiculares,
sendo estas mais favoráveis quando ocorrem; b) estética melhorada; c)
fácil remoção (exceto para pinos cerâmicos), existindo kits de remoção
próprios para vários sistemas; d) maior biocompatibilidade (ausência de
corrosão, galvanismo e citotoxidade); e) formação de um complexo
biomecânico único pela adesão entre estrutura dentária, agente
cimentante e pino, reforçando assim a raiz. O autor classificou os pinos
55
não-metálicos em pinos de materiais compósitos e pinos cerâmicos. Os
compósitos, que devido à similaridade de seu módulo de elasticidade com
a dentina, funcionam em harmonia com o dente, minimizando fraturas
radiculares, podem classificar-se em: a) pinos de fibras de carbono
(Composipost, Endopost, Carbonite, Mirafit Carbon), que em versões
atuais podem ser encontrados radiopacos e mais estreitos; b) pinos de
fibras de vidro, geralmente quartzo ou sílica-zircônio em matriz resinosa
(Aesthetic-Post, Aesthetic-Plus, Snowpost, Para-Post Fiber White,
Glassix, Miraft White, Fibrekor, Style-Post), com propriedades físicas
similares às dos pinos de fibras de carbono, mas estética melhorada; c)
pinos fototransmissores (Lightpost, Luscent Anchors), compostos por
pinos de fibras de vidro translúcidas, visando à reconstituição de raízes
com canais radiculares excessivamente alargados e facilitar a
polimerização de cimentos duais ou fotopolimerizáveis (ainda sem
comprovação); d) pinos de fibras de polietileno entrelaçadas (Ribbond),
ainda com poucos estudos sobre sua resistência à fratura e capacidade
de reforço radicular. Quanto aos pinos cerâmicos (Cosmopost, Cerapost),
são os mais indicados com coroas de porcelana pura pela excelente
estética, e possuem também alta resistência e dureza, bem como
biocompatibilidade. Com a adesão dos pinos cerâmicos ao remanescente
dental, espera-se a recuperação da resistência original da raiz.
O propósito do estudo conduzido por Akkayan & Gülmez
2
,
2002, foi comparar a resistência e padrão de fratura de dentes tratados
endodonticamente e restaurados com quatro tipos de pinos: de titânio,
fibras de quartzo, fibras de vidro e zircônio. Foram utilizados quarenta
caninos humanos que tiveram a porção coronária removida e foram
submetidos a tratamento endodôntico. Esses dentes foram divididos em
quatro grupos e cada grupo foi restaurado com um tipo de pino (Filpost,
D.T.Light-Post, ParaPost Fiber White, CosmoPost). Os pinos foram
cimentados com sistema adesivo Single Bond (3M) e cimento resinoso de
polimerização dual Rely X. Todos os dentes foram restaurados com
56
núcleos de resina composta e cimentadas coroas metálicas com cimento
de ionômero de vidro. Cada espécime foi incluído em cilindro de resina
acrílica para serem fixados à máquina de teste universal Instron. A carga
de compressão foi aplicada a um ângulo de 130º ao longo eixo do dente,
até a fratura, a uma velocidade de 1mm/min. Os resultados mostraram
que o grupo dos dentes tratados com fibras de quartzo apresentou maior
resistência à fratura que os demais grupos. Os dentes restaurados com
pinos de fibra de vidro e pinos de zircônio foram estatisticamente
semelhantes e as cargas suportadas foram maiores que o grupo
restaurado com pinos de titânio e menores que o grupo restaurado com
fibras de quartzo. Quanto ao padrão da fratura, os pinos de fibra de
quartzo e de fibras de vidro proporcionaram maior incidência de fraturas
reparáveis. Foi observada elevada incidência de fraturas consideradas
desfavoráveis nos grupos de titânio e zircônio.
Carvalho
20
, em 2002, avaliou através do teste de
compressão a resistência à fratura de dentes bovinos fragilizados que
receberam reforços intra-radiculares com resina composta ou pino de fibra
de zircônio. Utilizou 56 dentes bovinos, que foram divididos em quatro
grupos experimentais (14 dentes) e, com exceção do grupo 04 (controle
negativo), todos os canais radiculares foram preparados
biomecanicamente. A porção coronária foi alargada com broca
diamantada tronco cônica n
o
721 até a junção cemento-esmalte vestibular
e, com broca diamantada tronco cônica n
o
716, realizou-se a fragilização
das paredes dentinárias do canal radicular a 20mm de profundidade,
deixando 2mm de espessura em cada parede do canal radicular. Após, as
raízes foram divididas em grupos: G1- os espécimes receberam reforço
intra-radicular com resina composta fotopolimerizada com o auxílio do
sistema Luminex, seguida da obturação do canal; G2-obturação do canal
deixando os 10mm apicais com material obturador, e reforço intra-
radicular com pino de fibra de zircônio; o G3-(controle positivo) não
recebeu reforço intra-radicular e foi obturado pela técnica da condensação
57
lateral ativa; no G4-(controle negativo), os dentes não foram fragilizados.
Os espécimes foram embutidos em blocos metálicos, que foram
adaptados a um dispositivo cilíndrico, de modo que os espécimes foram
fixados a 45
o
. Este dispositivo foi adaptado a uma máquina Universal de
ensaio (Instron), que realizou o teste de compressão na superfície lingual
dos dentes até a fratura. Os resultados demonstraram que não houve
diferença estatística significante entre os grupos G1 (resina composta) e
G2 (pinos de zircônio), entretanto, estes grupos apresentaram resistência
significantemente maior que o grupo G3 (controle positivo – sem reforço).
O grupo G4 (controle negativo – dentes não fragilizados) foi
significativamente melhor que os demais grupos avaliados. Concluiu-se
que se faz necessária a utilização de reforços intra-radiculares em dentes
com paredes dentinárias finas e frágeis, a fim de aumentar sua resistência
e minimizar a reincidência de fraturas.
Goldberg et al.
44
, 2002, avaliaram in vitro o efeito do
reforço estrutural em dentes imaturos simulados, com uma resina
modificada por poliácidos (Vitremer – 3M). Foram utilizados 56 dentes
incisivos centrais extraídos com largura média vestíbulo-lingual de
6,64mm e mésio-distal de 6,02mm. Para uma maior padronização dos
espécimes, a coroa de cada dente foi removida, obtendo comprimento de
13mm. Como seqüência nos procedimentos, os canais radiculares foram
instrumentados até a lima tipo K nº80 em uma profundidade de 12mm. Foi
realizado o desgaste para simular dentes imaturos com o auxílio de uma
broca Elargisseur (Dentsply) de nº 1 a 3 (1,65mm de diâmetro), montada
em peça de mão de baixa rotação. Após a instrumentação e alargamento
dos canais radiculares, estes foram irrigados com 2mL de solução salina.
Foi realizada a obturação do canal radicular, nos 2mm apicais, com gutta-
percha e cimento endodôntico AH26, deixando um comprimento de 10mm
para a colocação do pino fototransmissor. Os espécimes foram divididos
em dois grupos de 28 dentes cada: grupo A, não foi restaurado e serviu
como controle positivo; grupo B, as paredes do canal radicular foram
58
reforçadas com resina modificada por poliácidos utilizando um pino
fototransmissor nº2 (Luminex – Dentatus), para a fotopolimerização
adequada do material no interior do canal e, então, foi introduzido um
cone metálico no interior da raiz para o teste de resistência com ação em
forma de cunha. Todos os espécimes foram submetidos à força de
compressão, utilizando uma máquina de teste Instron com velocidade de
1mm/min, até a ocorrência da fratura. O grupo B apresentou um aumento
na resistência à fratura (456,02 ± 172,47 N) comparada com o grupo A
(263,46 ± 98,00 N), sendo que a diferença entre os grupos foi
estatisticamente significante (p < 0,005).
Heydecke & Peters
49
, em 2002, conduziram uma revisão
da literatura para comparar o comportamento clínico e laboratorial de
núcleos metálicos fundidos com o de pinos pré-fabricados (metálicos ou
de fibras de carbono). Após seleção inicial de 1773 artigos, estes foram
submetidos a critérios de inclusão. Para estudos laboratoriais, os critérios
foram: dentes unirradiculados, restauração final com coroas totais e
aplicação da carga em ângulo de 130º a 135º. Para estudos clínicos
foram: período de acompanhamento de pelo menos três anos, dentes
anteriores, restauração final com coroas totais (inclusive próteses parciais
fixas), descrição dos sistemas testados e informações sobre
sobrevivência ou sucesso do estudo. Permaneceram dez artigos
laboratoriais e seis clínicos. A comparação da resistência à fratura nos
estudos laboratoriais não revelou diferenças significantes entre núcleos
fundidos e núcleos de preenchimento. Por falta de dados, uma análise
global de sobrevivência não foi possível com estudos clínicos. A
sobrevivência para núcleos metálicos fundidos em dois estudos variou de
87,2% a 88% e em um terceiro estudo alcançou 86,4% após 72 meses. A
meta-análise dos dados de estudos laboratoriais não encontrou
diferenças no padrão de fratura entre as duas formas de tratamento: a
maioria das fraturas ocorreu no terço médio ou apical da raiz. Somente
com pinos de fibras de carbono a fratura geralmente ocorreu acima do
59
suporte acrílico (fratura restaurável). Observaram que se os resultados
dos tratamentos são comparáveis, restaurações diretas reduzirão tempo e
custos para o paciente. Porém, estudos adicionais de acompanhamento
de núcleos de preenchimento deveriam ser conduzidos, pois ainda são
escassos.
Heydecke et al.
50
, em 2002, compararam a resistência à
fratura de 64 incisivos centrais superiores tratados endodonticamente,
divididos em quatro grupos e restaurados com diferentes sistemas de
núcleos. Após remoção da coroa, o grupo 1 foi restaurado com pinos de
titânio (ER Komet) e porção coronária em resina composta; o grupo 2 com
pinos de zircônio (Cerapost) e porção coronária em resina composta e o
grupo 3 com pinos de zircônio e porção coronária de zircônio prensada
(Empress-Cosmo). Dentes restaurados com núcleos metálicos fundidos
em ouro serviram como controle (grupo 4). O término dos preparos foi um
chanfrado incluindo 1-2mm de bisel em estrutura dentária. A cimentação
foi com cimento resinoso. Coroas totais foram cimentadas com cimento de
ionômero de vidro sobre os preparos e os dentes foram expostos a 1,2
milhões de ciclos (força de 30N) para simular cinco anos de mastigação.
Termociclagem simultânea foi aplicada (entre 5ºC e 55ºC). Após
exposição dos dentes aos ciclos de carga, os seguintes padrões de
sobrevivência foram registrados: 93,8% (grupo 1 e 2), 100% (grupo 3) e
87,5% (grupo 4). Os espécimes sobreviventes à carga dinâmica foram
submetidos à compressão em máquina de ensaios universal à velocidade
de 1,5mm/min e em ângulo de 130º com o longo eixo dentário. Não houve
diferença significante na resistência à fratura entre os quatro grupos.
Pinos metálicos causaram mais fraturas não restauráveis que pinos de
zircônio. Os autores concluíram que se pode recomendar pinos de
zircônio com porção coronária em cerâmica prensada como alternativa
aos núcleos metálicos fundidos, bem como pinos de titânio ou zircônio
com porção coronária em resina composta, quando houver preferência
pos procedimentos diretos.
60
Möllersten et al.
70
, em 2002, compararam in-vitro
comparou a resistência de núcleos e sistemas núcleo-pino. Um segundo
objetivo foi o de comparar a resistência de pinos e núcleos em dentes
tratados endodonticamente com dentes vitais com núcleos. Para dentes
tratados endodonticamente, pinos de fibra de carbono – Composipost e
pinos metálicos de ouro e núcleos foram testados. Para dentes vitais
foram testados cimento de ionômero de vidro com pinos retidos por
rosqueamento, resina composta com pinos retidos por rosqueamento, e
núcleo metálico de ouro com pinos paralelos a polpa. Os espécimes foram
testados em uma máquina de teste universal Zwick. Pinos Composipost e
núcleo e pinos de liga áurica e núcleos foram equivalentes na resistência
e não tiveram diferença significante dos núcleos metálicos dos dentes
vitais. Os baixos valores de resistência obtidos para o cimento de
ionômero de vidro em combinação com pinos retidos por rosqueamento
fizeram desta combinação a pior escolha para reconstrução com núcleo.
Nergiz et al.
72
, 2002, investigaram in vitro o efeito do
comprimento e diâmetro dos pinos de titânio pré-fabricados sobre a sua
retenção (Erlangen post system®). Foram utilizados pinos com três
diferentes comprimentos: 9, 12 e 15mm e com diâmetros apicais de: 0,5;
0,9; e 1,1mm, que foram cimentados com cimento de fosfato de zinco em
90 dentes anteriores. A retenção do pino em relação ao comprimento e ao
diâmetro foi medida por um teste de tração. Os autores verificaram que a
força retentiva foi proporcional ao comprimento tanto quanto ao diâmetro
dos pinos e que a retenção aumentou mais com o aumento no
comprimento (aproximadamente 100%) do que com o aumento no
diâmetro (aproximadamente 60%). Concluíram, então, que deve-se ter
cuidado na escolha do pino, principalmente com o comprimento
apropriado.
Ottl et al.
74
, em 2002, avaliaram resistência à fratura e tipo
de fratura de sete sistemas de pinos (diâmetro e comprimento similares):
um pino metálico contendo paládio (Perma-dor [A]), três pinos metálicos
61
sem paládio (Perma-dor twin [B], ER platinium-iridium [C], Endo-Core Pt-Ir
[D]), dois cerâmicos (pino de zircônio Cerapost [E] e núcleos de
preenchimento de óxido de alumínio obtido em sistema Celay [F]), pino de
fibras de carbono (Composipost [G]) e pino metálico com a porção
coronária em cerâmica (Perma-dor e cerâmica SMH [H]). Utilizou-se ainda
um grupo controle sem pinos (I). As porções coronárias dos sistemas A-D
foram construídas em liga metálica e para os pinos E e G foram
construídas em resina composta autopolimerizável. Confeccionaram-se
raízes artificiais de resina composta com módulo de elasticidade
equivalente ao da dentina para simular incisivos centrais supeiores. Os
pinos e as coroas totais foram cimentados com cimento resinoso. Após
armazenamento dos espécimes em 100% de umidade por 24 horas, estes
receberam carga compressiva em ângulo de 135º ao longo eixo de dente,
à velocidade de 0,5mm/min até a fratura. A resistência mais alta foi obtida
com pinos de fibra de carbono (31,8Kgf), possivelmente graças ao módulo
de elasticidade próximo ao da dentina. A resistência de pinos metálicos
sem paládio (24,7Kgf-30,6Kgf) na diferiu significantemente daquela do
pino que continha paládio (27,1Kgf). Os valores dos pinos cerâmicos
diferiram significantemente entre si (30,6Kgf para óxido de alumínio e 19,7
Kgf para zircônio). Para o pino metálico com porção coronária em
cerâmica,a resistência foi de 21,2Kgf. O grupo controle exibiu a menor
resistência (23,3Kgf), porém sem diferença significante dos grupos com
pinos. Qualitativamente, as posições das linhas de fratura foram similares
em todos os sistemas de pinos. Geralmente, uma linha de fratura oblíqua
iniciava-se no terço médio da face palatina radicular, estendendo-se
usualmente até o terço apical na superfície oposta da raiz.
Em 2002, Robbins
83
analisou, com base em revisão de
trabalhos clínicos e pesquisas de laboratório, os aspectos importantes na
manutenção da longevidade da restauração de dentes tratados
endodonticamente. O autor salientou que tanto em dentes anteriores
quanto em dentes posteriores, sempre que existir uma quantidade
62
significante de estrutura dentária remanescente, deve ser indicado um
tratamento conservador, ou utilização de resina composta adesiva para
uma restauração convencional ou preenchimento, sem utilização de
pinos. O autor relacionou e fez considerações lógicas dos fatores que
devem ser avaliados quando da necessidade única de colocação de
pinos: dente a ser tratado (molar, premolar ou incisivo); posição do dente
no arco; forma, comprimento e diâmetro do pino; tratamento de superfície
do pino e do canal; cimentação; agente cimentante e técnica de
cimentação; tipos de pino; retenção e resistência; material do núcleo e
restauração a ser realizada.
Albuquerque et al.
5
, em 2003, avaliaram o efeito de
diferentes formas anatômicas e materiais de pinos na distribuição do
estresse em um incisivo tratado endodonticamente. Foram comparadas
três formas de pinos: cônico, cilíndrico e cilíndrico de dois cavaletes e três
diferentes materiais: metal fundido, titânio e fibra de carbono. A análise do
estresse em duas dimensões foi feita utilizando o método do elemento
finito. Uma carga estática de 100N foi aplicada no incisivo, estando este
posicionado em uma inclinação de 45º. A concentração de estresse não
afetou significantemente a região adjacente para a crista do osso alveolar
na porção palatina do dente sem considerar a forma ou material do pino.
Entretanto, a concentração de estresse na interface dentina/pino no lado
palatino do dente apresentou variações significantes entre os diferentes
materiais e forma dos dentes. A forma dos pinos apresentou relativamente
um pequeno impacto na concentração de estresse enquanto o material
dos pinos apresentou sobre ela maior variação. Pinos metálicos fundidos
apresentaram o maior nível de concentração de estresse, seguido por
titânio e fibra de carbono.
Fernandes et al.
32
, 2003, avaliaram através de uma
revisão da literatura os fatores que determinam a seleção de pinos:
identificaram os vários fatores que influenciam na seleção de montagem
de pinos e núcleos. As palavras-chave utilizadas foram: pinos, design,
63
retenção, resistência à fratura, sobrevivência e estética. De acordo com a
pesquisa realizada, os fatores que influenciam a seleção de pinos são:
comprimento do canal, anatomia dental, largura do canal, configuração do
canal, quantidade de remanescente coronal, força de torção, estresse,
papel da pressão hidrostática, design do pino, material do pino,
compatibilidade do material, capacidade de adesão, retenção do núcleo,
recuperação, estética e material da coroa. A seleção de um sistema de
pinos e núcleos deveria satisfazer adequadamente os fatores inter-
relacionados: biológico, mecânico e estético para melhorar o tratamento
endodôntico e restaurador, adequando forma e função.
Em 2003, em um estudo retrospectivo de pinos
endodônticos de fibra de carbono Hedlund et al.
46
utilizaram registros
odontológicos e radiografias dentárias analisando o comportamento
clínico de 65 pinos pré-fabricados de fibra de carbono (Composipost e
Endopost) em 48 pacientes. Estes pinos tinham um tempo clínico de mais
de um ano. Dos pinos 97% foram Composipost e 3% foram Endopost. Os
dados das clínicas foram registrados observando o tipo de pino, o agente
cimentante utilizado, os materiais usados para núcleo, a duração clínica
dos pinos, o tipo de restauração final dos dentes tratados, e se tinha
existido algum tipo de ajuste, re-cimentação, fraturas, deslocamento e/ou
fratura dos pinos e/ou raiz e/ou núcleo e inconvenientes pós-operatórios.
A definição de sucesso clínico foi baseada na ausência de achados
negativos no último exame pelo cirurgião-dentista. Após um tempo médio
de dois a três anos de tempo clínico a taxa de fratura de 65 restaurações
realizadas com pinos pré-fabricados de fibra de carbono foi de 3%, sendo
considerada baixa. A fratura ocorreu em um dente com uma coroa unitária
e em um dente que era parte de uma prótese parcial fixa.
King et al.
60
, em 2003, realizaram uma avaliação clínica
de um pino endodôntico de carbono reforçado por fibra de carbono
(CFRC), comparando-o com um pino pré-fabricado convencional. Foram
utilizados 27 dentes anteriores superiores unirradiculados de 18
64
pacientes, que foram restaurados com um pino de CFRC ou com um pino
controle feito com liga metálica preciosa. Os pinos de CFRC (n=16) foram
cimentados com um agente de união adesiva e os pinos convencionais
(controle) cimentados com fosfato de zinco. Foram realizadas radiografias
periapicais anuais. As restaurações foram avaliadas por 87 meses. Cada
análise foi realizada por um examinador e o dente restaurado foi avaliado
com uma lupa com aumento de 2,5 vezes. O insucesso das restaurações
pino-coroa foi avaliado analisando um ou mais critérios: movimento da
margem da coroa sobre pressão digital, cáries recorrentes detectadas na
margem da coroa, fratura da restauração, fratura da raiz e doença
periapical ou periodontal que indicasse a remoção da coroa. Quatro falhas
foram encontradas no grupo do pino de CFRC em 24, 29, 56 e 87 meses,
comparados com uma falha no grupo controle que ocorreu depois de 84
meses. Os resultados indicaram que as coroas retidas por pino que
utilizam um material de CFRC e um agente cimentante de resina
composta não tiveram um desempenho tão eficiente como os pinos
convencionais feitos de liga preciosa.
No ano de 2003, Marchi et al.
66
avaliaram a resistência à
fratura de raízes debilitadas reconstruídas morfologicamente com sistema
adesivo associado a pinos intra-radiculares. Empregaram 76 raízes de
incisivos centrais superiores ou caninos superiores. Em sessenta raízes
foi executado desgaste interno de dimensão padronizadas, simulando
enfraquecimento. As raízes foram preenchidas com sistema adesivo e
resina composta fotopolimerizável e as demais 26 raízes foram mantidas
hígidas. Ambos os grupos foram subdivididos para receber pinos
metálicos Radix-Anker (1,35mm de diâmetro) ou núcleos metálicos
fundidos. Uma carga de compressão foi aplicada sobre os espécimes na
máquina de ensaios universal, em ângulo de 135º em relação ao longo
eixo da raiz e à velocidade de 0,5mm/min. Três fatores foram analisados:
a) volume da raiz (pequena, média ou grande), sendo que as maiores
apresentaram maior resistência à fratura; b) condição da raiz (hígida ou
65
debilitada), mostrando-se as hígidas mais resistentes; c) tipo de pino intra-
radicular (núcleo metálico fundido ou pino metálico pré-fabricado), sendo
que os pinos pré-fabricados exibiram melhor performance. A interação
entre raízes grandes, hígidas e com pinos pré-fabricados apresentou os
melhores resultados de resistência à fratura. Os autores concluíram que:
a espessura de tecido dentinário remanescente em torno do núcleo está
diretamente relacionada à capacidade de resistência da raiz à fratura;
pinos de paredes paralelas, ativamente rosqueados na dentina,
proporcionam maior resistência à fratura que núcleos metálicos fundidos
cônicos e que a resina composta não foi capaz de recuperar a resistência
original do dente à fratura.
Duprez et al.
28
, 2004, propuseram em seu estudo,
tratamento cirúrgico-endodôntico de dentes imaturos que apresentavam
necrose e infecção, especialmente após fracasso na técnica de
apicificação, ou presença de lesão extensa, fibrosa e antiga. Um cimento
de ionômero de vidro, autopolimerizável e condensável foi usado como
material retro-obturador e como uma material de reforço das paredes
radiculares. Após a realização dos casos clínicos, os autores concluíram
que a cirurgia endodôntica em dentes imaturos é uma boa alternativa para
dentes que apresentam lesões apicais antigas e extensas e onde o
processo de apicificação não obteve sucesso. Segundo os autores, o
cimento de ionômero de vidro autopolimerizável e condensável, quando
utilizado como material retro-obturador e como meio de fortalecer as
paredes radiculares, promove um selamento endodôntico tri-dimensional
mais fácil e mais seguro para dentes imaturos infectados.
Sen et al.
86
, 2004, compararam a retenção de dois pinos
pré-fabricados cimentados no canal radicular com quatro diferentes
agentes cimentantes adesivos e um cimento de fosfato de zinco. As
coroas de cem incisivos centrais e laterais inferiores humanos foram
removidas na junção cemento-esmalte e divididas em dois grupos
principais (A = Para-Post e B = Flexi-Post) e divididos em cinco subgrupos
66
adicionais para avaliar os efeitos de diferentes cimentos (Rely-X ARC,
Panavia F, ParaPost Cement, Flexi-Flow Natural e Adhesor). Cada
amostra foi submetida a testes de tração com uma máquina em
velocidade de 0,638 cm/min, sendo a força aplicada até a ruptura da
adesão. Os autores concluíram que os pinos Flexi-Post apresentaram
uma retenção maior que os pinos Para-Post, para todos os grupos de
cimento. Nos grupos de pinos Flexi-Post e Para-Post o cimento Rely-X
ARC foi mais eficiente que o Panavia F, Para-Post Cement, Flexi-Flow
Natural e Adhesor. Segundo os autores, o agente cimentante resinoso
demonstrou maior força de adesão.
Galhano et al.
40
, em 2005, avaliaram a resistência à flexão
de oito pinos constituídos por fibras. Os pinos testados foram pinos de
fibra de carbono, um pinos de fibra de carbono e quartzo, dois pinos de
quartzo translúcidos e três pinos de fibra de vidro. Para este estudo os
diferentes pinos foram divididos em oito grupos (n=10): G1) C-Post
(Bisco), G2) Aestheti-Post (Bisco), G3) Aestheti-Plus (Bisco), G4) Light-
Post (Bisco), G5) D.T.Light_post (Bisco), G6)ParaPost White (Coltene),
G7) Fiberkor (Pentron) e G8) Reforpost (Ângelus). Todos os espécimes
foram submetidos ao teste de flexão de três pontos. De acordo com os
valores obtidos no teste de flexão os pinos Aestheti-Post – pinos de fibra
de carbono/quartzo (Bisco) e os pinos Aestheti-Plus – pinos de fibra de
quartzo (Bisco) foram estaticamente similares e apresentaram médias de
resistência com valores maiores que os outros grupos. Os outros grupos
apresentaram resultados estatisticamente similares e dentre estes grupos
o pino que apresentou a maior média de resistência à flexão foi o pino de
fibra de vidro Reforpost (Ângelus). Os autores concluíram que é
importante que o profissional escolha adequadamente o pino que irá
utilizar, de acordo com cada caso clínico e com as propriedades
esperadas do pino em questão.
67
Com base nesta revisão da literatura, pôde-se verificar
que são muitos os métodos restauradores para dentes tratados
endodonticamente, entretanto, especificamente para dentes imaturos os
estudos são escassos. Sabendo-se que estes dentes apresentam maior
risco de fratura devido à fragilidade de suas paredes dentinárias
radiculares, torna-se interessante avaliar a eficácia de diferentes tipos de
reforços intra-radiculares para dentes permanentes jovens.
68
3 PROPOSIÇÃO
A proposta deste trabalho foi avaliar in vitro, através do
teste de compressão, a resistência à fratura de dentes bovinos
fragilizados, que receberam os seguintes reforços intra-radiculares:
a) pinos de fibra de Carbono, associados com pinos
acessórios de fibra de vidro cimentados com cimento
resinoso;
b) pinos de fibra de Carbono revestidos por fibra de
vidro, associados com pinos acessórios de fibra de
vidro cimentados com cimento resinoso;
c) resina composta fotopolimerizável.
Esta análise foi feita em comparação com dentes não
fragilizados e com dentes fragilizados que não receberam reforço intra-
radicular.
69
4 MATERIAL E MÉTODO
Este estudo foi submetido à avaliação e aprovado pelo Comitê
de Ética em Pesquisa, da Faculdade de Odontologia de São José dos
Campos – SP – UNESP sob protocolo nº042/2004-PA/CEP (Anexo A).
Os principais instrumentos e materiais usados neste trabalho
estão listados no Quadro 1.
Quadro 1 – Principais instrumentos e materiais utilizados (continua).
Material Fabricante
Dentes incisivos bovinos inferiores
Ácido fosfórico a 37%
3M Dental Products, St. Paul, MN
55144, USA.
Aparelho Fotopolimerizador –
Freq. 50/60Hz – Potência 84VA –
Ultralux.
Dabi Atlante – Ind. Médico
Odontológicas – Ribeirão Preto –
São Paulo – Brasil.
Borracha de silicone Superflex
Loctite – Henkel Ltda.- Itapevi –
São Paulo – Brasil.
Broca aço rápido diâmetro de 2,3
mm.
IRWIN – Industrial Tool – Brasil.
Brocas Diamantadas n
os
1014,
1015 e 3083.
KG Sorensen, Alphaville – Barueri
– São Paulo– Brasil.
Broca Gates-Gliden nº
s
4, 5 e 6
Essential Dental Systems INC,
USA.
Broca vídea diâmetro de 3 mm IRWIN – Industrial Tool – Brasil.
Quadro 1 – Principais instrumentos e materiais utilizados (continua).
70
Calcadores tipo Paiva
Golgran – Ind. Com. Instr.
Odontológicos Ltda.
Caneta de alta rotação
Kavo – Kavo do Brasil S.A. – SC –
Brasil.
Curetas Periodontais Neumar - Swiss Made.
Cimento de Ionômero de vidro
(CIV)
Vidrion-R – SS White Artigos
Dentários – Rio de Janeiro - RJ–
Brasil.
Cimento resinoso de cura dual
Enforce – Dentisply Ind. e Com.
Ltda – Petrópolis – RJ – Brasil.
Cimento endodôntico Sealer 26 Dentsply – Swiss Made.
Cones de gutta-percha
Tanari, Tanariman Industrial Ltda.,
Macaçaruru – AM
Discos de Carborundum
Dentorium Export Ltda –
Labordental – Ltda
Escova de Robson Duflex – São Paulo – Brasil.
Espátula n°1 Duflex – São Paulo – Brasil.
Lâminas de bisturi Surgiblade Sunshine Int’I – Florida – U.S.A.
Lima tipo Kerr 2ª série Maillefer – Michigan, USA.
Lima tipo Hedströen nº45 Maillefer – Michigan, USA.
Lupa estereomicroscópica Stemi 2000 – Karl Zeiss.
Máquina de ensaios EMIC
EMIC DL 1000 – São José dos
Pinhais – Paraná – Brasil.
Microbrush
Dentsply Ind. e Com. Ltda –
Petrópolis – RJ – Brasil.
Paquímetro de aço
0,05mmx150mmx6” com parafuso.
Marberg – China .
71
Quadro 1 – Principais instrumentos e materiais utilizados (conclusão)
Peça de mão – baixa rotação
Kavo – Kavo do Brasil S.A. – SC –
Brasil.
Pedra Pomes S. S. White RJ – Brasil.
Película radiográfica Eastman Kodak Company – USA.
Pinos acessórios de fibra de vidro
nº1
Reforpin – Ângelus – Industria de
Produtos Odontológicos Ltda –
Londrina – PR – Brasil.
Pino de fibra de carbono nº3 –
1,5mm de diâmetro e 20mm de
comprimento
Reforpost – Ângelus – Industria de
Produtos Odontológicos Ltda –
Londrina – PR – Brasil.
Pino de fibra de carbono revestido
por fibra de vidro nº3 – 1,5mm de
diâmetro e 20mm de comprimento
Reforpost-Mix – Ângelus –
Indústria de Produtos
Odontológicos Ltda – Londrina –
PR – Brasil.
Pino fototransmissor do Sistema
Luminex
Dentatus – USA, Ltda. New York-
NY.
Pontas de papel absorvente
Tanari, Tanariman Industrial Ltda.,
Macaçaruru – AM – Brasil.
Resina acrílica quimicamente
ativada
Jet – Acrílico Auto Polimerizante
Artigos Odontológicos Clássico
Ltda – SP – Brasil.
Resina Composta Fotoativada –
cor A2
TPH – Dentsply Ind. e Com. Ltda –
Petrópolis – RJ – Brasil).
Sistema adesivo Single Bond
3M Espe – Dental Products – St.
Paul – USA.
Solução de hipoclorito de sódio a
1%
Solução de Milton – Pharmácia
Dinâmica – SP – Brasil.
Torno de alta rotação Nevoni Série 11191 – SP – Brasil.
72
4.1 Obtenção, limpeza e seleção dos dentes
Neste trabalho foram utilizados setenta dentes incisivos
bovinos inferiores, hígidos, com idade média de três anos. Estes dentes
foram adquiridos em um matadouro de Lençóis Paulista – SP – FRIGOL
Ltda, sendo extraídos imediatamente após o abate. Os dentes foram
limpos por meio de curetas periodontais e lâminas de bisturi e, em
seguida, polidos com pedra pomes e água utilizando escova de Robson
(Figura 1). Após a limpeza esses dentes foram avaliados em lupa
estereomicroscópica, a fim de descartar aqueles que apresentavam
trincas e imperfeições. Em seguida, foram submetidos a uma
padronização inicial aferindo-se o tamanho médio da raiz, com um
paquímetro, de maneira que todos os espécimes selecionados tivessem
um diâmetro médio de 7 ± 0,5mm no terço cervical da raiz, na região
correspondente ao limite esmalte-cemento.
Os dentes selecionados foram armazenados em
recipientes fechados contendo solução salina fisiológica e congelados em
freezer a 18ºC negativos até a sua utilização, não deixando ultrapassar 28
dias (Tonami et al.
92
, 1996).
73
FIGURA 1 – Dentes bovinos: dente limpo.
4.2 Preparo dos espécimes
Após a seleção prévia, os dentes tiveram suas coroas
seccionadas no terço médio, com disco de carborundum montado em
peça de mão em baixa rotação, padronizando o tamanho dos espécimes
em 30mm de comprimento (Figura 2).
74
FIGURA 2 – Padronização dos dentes: a) delimitação do comprimento do
espécime em 30mm; b) seccionamento coronário; c)
espécimes padronizados – diâmetro vestíbulo-lingual (7 ±
0,5mm); d) espécimes padronizados – diâmetro mésio-
distal (7 ± 0,5mm); e) padronização de tamanho (30mm).
Para a abertura coronária e remoção do teto da câmara
pulpar foram utilizadas brocas esféricas diamantadas (n
os
1014, 1015),
montadas em peça de mão de alta rotação segundo Leonardo & Leal
62
,
1998, em seguida, a polpa foi extirpada com o uso de limas endodônticas
do tipo Hedströen nº45 (Figura 3). Após, foram realizados desgastes
compensatórios com brocas diamantadas tronco-cônicas sem corte na
extremidade nº3083 e os canais foram instrumentados em toda a sua
extensão desde seu diâmetro anatômico até a lima tipo Kerr de nº 80
c
b
d
e
a
30mm
75
(Figura 4a). Durante todo preparo biomecânico, foram realizadas
irrigações com solução de hipoclorito de sódio a 1% a cada troca de
instrumento, perfazendo um total de 10mL.
FIGURA 3 – Visão da face incisal do espécime após secção coronária e
remoção do tecido pulpar.
Após a instrumentação, para simular dente permanente
jovem, com rizogênese incompleta, as paredes dentinárias internas de 56
espécimes foram desgastadas desde a secção coronária a até 20mm de
extensão com brocas Gates-Glidden n
os
4, 5 e 6 (Figura 4b e 4c). Em
seguida para um maior alargamento do canal radicular e padronização da
espessura das paredes radiculares, foi realizado desgaste interno do
canal radicular com uma broca de aço rápido (diâmetro de 2,3mm) (Figura
4f e 4g), adaptada a um torno de alta rotação (Figura 4e). Após, foi
utilizada uma broca vídea (diâmetro de 3mm), também adaptada a um
torno de alta rotação (Figuras 4h e 4i), para um maior desgaste interno.
Este desgaste foi realizado a até 10mm aquém do ápice radicular (Figuras
4f, 4g, 4h e 4i), exceto no Grupo 05 (controle negativo).
A espessura das paredes radiculares foi comprovada
através de tomadas radiográficas no sentido vestíbulo-lingual e mésio-
distal, padronizando, desta forma, espessura de aproximadamente 2mm
76
de parede dentinária radicular para todos os espécimes nos terços
cervical e médio. Para isto, os dentes foram posicionados sobre uma
película radiográfica com auxílio de cera utilidade. Em seguida, o filme
com o dente posicionado foi colocado sobre uma superfície plana e o
cone localizador do aparelho de Raio X foi posicionado
perpendicularmente ao filme e ao dente a uma distância de 10cm. Para
tomada radiográfica, utilizou-se o aparelho de Raio X (Time X 66 – Gnatus
– Ribeirão Preto – SP – Brasil), com potência de saída no tubo de 66kvp -
6,5mA e potência nominal de 750W. As radiografias foram reveladas pelo
método tempo/temperatura, fixadas, lavadas e secas. Em seguida, foram
avaliadas em um negatoscópio e com auxílio de uma régua milimetrada,
mediu-se a espessura das paredes radiculares (Figura 5).
77
FIGURA 4 – Preparo dos espécimes: a) instrumentação endodôntica com
limas tipo K; b) e c) alargamento dos canais radiculares com
brocas Gates-Glidden; d) medida das brocas para
alargamento do conduto radicular; e) torno de alta rotação; f)
e g) medida e alargamento do canal com broca de aço rápido
(diâmetro de 2,3mm); h) e i) medida e alargamento do canal
com broca de vídea (diâmetro de 3mm).
30m
20
e
e
c
d
20
f
g
i h
b
a
78
FIGURA 5 – Comprovação radiográfica da espessura de
aproximadamente 2mm das paredes dentinárias do canal
radicular.
Após o preparo e alargamento dos canais radiculares (Figura
6), os espécimes foram divididos em cinco grupos experimentais (n=14),
de acordo com o tipo de reforço intra-radicular utilizado:
FIGURA 6 – Visão incisal do espécime após fragilização do canal
radicular.
a) Grupo 1: os canais radiculares foram obturados endodonticamente e,
em seguida, foi realizada desobturação parcial do canal radicular até a
2mm
79
profundidade de 20mm, utilizando-se instrumentos aquecidos (calcadores
tipo Paiva nº2) e brocas Gattes-Glidden n
os
4, 5 e 6 (permanecendo 10mm
de obturação no terço apical).
Os canais foram irrigados com EDTA, por 3 minutos e, em
seguida, com hipoclorito de sódio 1%, visando-se a eliminação da smear
layer e resíduos presentes nos canais. Após secagem dos canais
radiculares com papel absorvente, foi realizado condicionamento ácido
com gel de ácido fosfórico a 37% por 30s, seguido de lavagem com água
em abundância, secagem inicial com suaves jatos de ar aplicados a
distância de 5 a 6cm por 3s e secagem final com cones de papel
absorvente. Após, foi aplicado, com auxílio de uma ponta aplicadora
Microbrush sistema adesivo Single Bond, tanto no canal radicular quanto
na porção mais coronária da raiz, o qual foi fotopolimerizado por 20s.
Em seguida, a raiz de cada espécime recebeu como
reforço intra-radicular um pino de fibra de carbono Reforpost (20mm) e
três pinos acessórios em fibra de vidro Reforpin (nº1). Foi realizada
primeiramente a limpeza do Reforpost fibra de carbono e dos pinos
acessórios de fibra de vidro Reforpin com álcool, para remoção de
resíduos e oleosidades; a partir deste momento utilizou-se somente
pinças para manusear o pino. Nos pinos acessórios de fibra de vidro
Reforpin foi realizada a silanização, conforme instruções do fabricante.
Como seqüência dos procedimentos para cimentação,
aplicou-se sistema adesivo Single bond sobre o Reforpost fibra de
carbono e sobre o Reforpin fibra de vidro, sem polimerização. Para a
cimentação, foi utilizado cimento resinoso dual Enforce com Flúor,
manipulado de acordo com recomendação do fabricante. O cimento
resinoso foi inserido na cavidade com auxílio de uma espátula de
inserção, sendo também uma camada de cimento aplicada no Reforpost
fibra de carbono e nos Reforpin fibra de vidro.
Para cada espécime, um pino Reforpost fibra de carbono
e três pinos acessórios Reforpin fibra de vidro foram cimentados nos
80
Pinos acessórios em
fibra de vidro
Cimento de Ionômero
de Vidro
Pino de fibra de carbono
Obturação endodôntica
canais previamente preparados, sendo a polimerização do cimento
resinoso dual realizada com aparelho fotopolimerizador por 20s em cada
face do espécime. A cavidade de acesso foi restaurada com Cimento de
Ionômero de Vidro, que foi manipulado seguindo as orientações do
fabricante (Figura 7).
FIGURA 7 – Grupo 1: a) esquema representativo de um espécime do
grupo 1; b) pinos de fibra de carbono – Reforpost – Ângelus e
pinos acessórios de fibra de vidro – Reforpin – Ângelus; c)
cimento de presa dual Enforce com flúor.
a
b
c
81
b) Grupo 2: os espécimes foram preparados da mesma forma que os do
grupo 1, entretanto, a raiz de cada espécime recebeu como reforço intra-
radicular um pino de fibra de carbono revestido por fibra de vidro
Reforpost Mix (20mm) e três pinos acessórios em fibra de vidro Reforpin
(nº1). Foi realizada primeiramente a limpeza do Reforpost fibra de
carbono revestido por fibra de vidro e dos pinos acessórios de fibra de
vidro Reforpin com álcool, para remoção de resíduos e oleosidades; a
partir deste momento utilizou-se somente pinças para manusear o pino.
Em todos os pinos foi realizada silanização, conforme instruções do
fabricante.
Como seqüência dos procedimentos para cimentação, foi
aplicado sistema adesivo Single bond sobre o pino de fibra de carbono
revestido por fibra de vidro Reforpost Mix e sobre o Reforpin fibra de
vidro, sem polimerização.
Os pinos foram cimentados com cimento resinoso dual
Enforce com Flúor, o qual foi inserido na cavidade com auxílio de uma
espátula de inserção, sendo também uma camada de cimento aplicada no
pino de fibra de carbono revestido por fibra de vidro Reforpost Mix e nos
Reforpin fibra de vidro.
Para cada espécime, um pino de fibra de carbono
revestido por fibra de vidro Reforpost Mix e três pinos acessórios Reforpin
fibra de vidro foram cimentados nos condutos previamente preparados, e
o cimento resinoso dual foi polimerizado com aparelho fotopolimerizador
por 20s em cada face do espécime. A cavidade de acesso foi restaurada
com cimento de ionômero de vidro, que foi manipulado seguindo as
orientações do fabricante (Figura 8).
82
FIGURA 8 – Grupo 2: a) esquema representativo de um espécime do
grupo 2; b) pinos de fibra de carbono revestido por fibras de
vidro – Reforpost Mix –Angelus e pinos acessórios de fibra de
vidro – Reforpin – Ângelus.
c) Grupo 3: os 14 espécimes tiveram o terço cervical e médio do canal
radicular (20mm) reforçado com resina composta, fotopolimerizada por
uma fonte de luz polimerizadora. Um pino transparente do sistema
Luminex (1,8mm) foi utilizado para auxiliar a fotopolimerização da resina
no interior do canal radicular. Assim, foi realizado o condicionamento
ácido com ácido fosfórico 37%, aplicado por 15s nas paredes dentinárias.
Em seguida, foi realizada uma lavagem abundante por 30s com água e
secagem com cones de papel absorvente. Foi aplicado o sistema adesivo
Pinos acessórios em
fibra de vidro
Cimento de Ionômero
de Vidro
Pino de fibra de carbono
revestido por fibra de
vidro
Obturação endodôntica
b
c
a
83
Single Bond com microbrush e com a ponta do fotopolimerizador na
abertura cervical, sua fotopolimerização foi realizada.
A seguir, o pino transparente do sistema Luminex foi
adaptado até uma profundidade de 20mm (final do terço médio do canal).
Com o pino nesta posição, a resina composta foi depositada entre o pino
e as paredes do canal radicular com a ajuda de uma espátula nº1 e de
condensadores de Paiva nº3, e só então realizada a fotopolimerização do
material por 60s. A inserção e fotopolimerização da resina foi realizada
em dois momentos, no primeiro momento, a resina foi inserida até a
metade do preparo (10mm) e fotopolimerizada, no segundo momento, foi
feito o preenchimento do espaço restante, seguido de sua
fotopolimerização, de forma que a ponta do fotopolimerizador manteve
contato com a extremidade do pino fototransmissor. Em seguida, o pino
transparente foi removido, permanecendo assim o reforço estrutural, em
resina composta, no terço médio e cervical das raízes.
Após, o canal foi obturado pela técnica da condensação
lateral ativa com cones de guta-percha e cimento endodôntico. A
cavidade de acesso foi restaurada com cimento de ionômero de vidro, que
foi manipulado seguindo as orientações do fabricante (Figura 9).
84
FIGURA 9 – Grupo 3: a) esquema representativo de um espécime do
grupo 3; b) material utilizado para o reforço com resina
composta; c) pino fototransmissor do sistema Luminex.
d) Grupo 4:
Os 14 espécimes receberam preparo para simular os
dentes com rizogênese incompleta, semelhante aos grupos 01, 02 e 03,
porém não receberam reforço intra-radicular e apenas tiveram seus
canais obturados com cones de guta-percha e cimento obturador
(Controle Positivo). A restauração da abertura coronária foi realizada com
cimento de ionômero de vidro, que foi manipulado seguindo as
orientações do fabricante (Figura 10).
b
a
c
Resina Composta
Cimento de Ionômero
de
V
idro
Obturação endodôntica
85
Cimento de Ionômero
de Vidro
Obturação endodôntica
Cimento de Ionômero
de Vidro
Canal radicular sem
desgaste interno e sem
obturação
FIGURA 10 – Grupo 4: esquema representativo de um espécime do grupo
4.
e) Grupo 5:
Os espécimes deste grupo não receberam desgaste
interno nem tratamento endodôntico (Controle Negativo) A restauração da
abertura coronária foi realizada com cimento de ionômero de vidro,
manipulado seguindo as orientações do fabricante (Figura 11).
FIGURA 11 – Grupo 5: esquema representativo de um espécime do grupo
5.
86
A obturação dos canais radiculares dos grupos 01, 02, 03
e 04 foi realizada pela técnica de condensação lateral ativa com cones de
guta-percha e cimento endodôntico Sealer 26. O cimento foi manipulado
seguindo-se a recomendação do fabricante. Foram realizadas tomadas
radiográficas no sentido vestíbulo-lingual para verificar a qualidade das
obturações (Figura 12).
FIGURA 12 – Obturação do canal radicular.
4.3 Preparo dos corpos-de-prova
Todas as raízes foram cobertas por uma fina camada
(aproximadamente 0,2mm) de adesivo de borracha de silicone, para
simular o ligamento periodontal. Após a cura completa deste material, os
espécimes foram posicionados em cilindros metálicos padronizados
(25mm de diâmetro por 30mm de altura) que, em seguida, foram
preenchidos com resina acrílica quimicamente ativada (Figura 13). Os
87
espécimes foram mantidos em posição até que a resina tomasse presa.
Foi deixado 10mm da porção coronária externamente ao bloco.
FIGURA 13 – Cilindro metálico e corpo de prova inserido em resina
acrílica quimicamente ativada.
4.4 Avaliação da resistência
Os dentes foram montados no dispositivo cilíndrico e
fixados em um adaptador para manter os corpos-de-prova em inclinação
de 45º (Figura 14). Este dispositivo foi adaptado a uma máquina de
ensaio mecânico EMIC para simular a força de compressão até a fratura
do espécime.
Todos os espécimes foram submetidos à força de
compressão aplicada na superfície lingual do terço cervical da coroa, a
88
c
a
v= 1mm/min
EMIC
b
uma velocidade de 1mm/min. Em seguida, os dados obtidos neste ensaio,
medidos em Kgf, foram anotados em fichas previamente formuladas.
Após a realização desta pesquisa, os espécimes foram
armazenados para eventual necessidade de comprovação dos resultados
obtidos.
FIGURA 14 – Ensaio de compressão: a) máquina de ensaio EMIC; b)
representação esquemática do dispositivo cilíndrico com
um adaptador para fixar os corpos-de-prova com uma
inclinação de 45º; c) espécime fixado no adaptador com
inclinação de 45º, sendo submetido à força de
compressão.
89
4.5 Análise estatística
Os dados de resistência obtidos no ensaio de compressão
foram analisados estatisticamente em três partes.
Na primeira parte, cujo objetivo foi testar a igualdade de
resistência à compressão entre os três tipos de reforços (pino de fibra de
carbono, pino de fibra de carbono revestido por fibra de vidro e resina
composta), foi efetuado o teste de comparação múltipla de médias, teste
de Tukey.
Na segunda parte, cujo objetivo foi comparar a condição
com desgaste interno das paredes dentinárias do canal radicular (sem
reforço) frente à condição sem desgaste (sem reforço), foi efetuado o
teste t (Student) de amostras independentes.
Na terceira parte, cujo objetivo foi avaliar todas as
condições com desgaste frente à única condição sem desgaste, foi
efetuado o teste de Dunnett.
O nível de significância adotado foi o valor convencional
de 5%.
90
5 RESULTADOS
Os resultados de valor máximo de resistência, em Kgf, para
cada espécime estão apresentados na Tabela 1.
Tabela 1 – Valores de resistência à fratura (Kgf) obtidos no ensaio de
compressão, segundo os grupos
G1 G2 G3 G4 G5
FC* FCV** RC***
Controle
Positivo****
Controle
Negativo*****
207,24 175,00 121,74 78,08 123,02
230,78 160,82 125,46 80,03 124,61
215,50 168,71 136,6 77,09 118,58
225,78 167,17 129,15 73,02 158,23
231,03 149,68 118,37 79,71 131,70
240,36 156,45 120,82 73,42 149,41
211,35 121,10 117,63 77,30 147,66
251,14 197,91 119,89 74,33 132,31
208,30 171,74 129,61 75,10 140,67
204,82 175,96 114,86 85,24 118,01
222,87 191,07 128,63 84,60 113,69
216,70 157,41 118,13 86,17 148,20
225,18 171,67 121,82 70,82 152,84
219,19 211,74 136,14 79,80 143,55
* fibra de carbono associado a cones acessórios de fibra de vidro; ** fibra
de carbono revestida por fibra de vidro associado a cones acessórios de
fibra de vidro; ***resina composta (sistema luminex); **** controle positivo
(com desgaste interno e sem reforço); ***** controle negativo (sem
desgaste interno e sem reforço).
91
5.1 Estatística descritiva
A estatística descritiva dos dados obtidos está
apresentada na Tabela 2 e representada mediante o gráfico de coluna,
onde estão as médias e desvios-padrão, de acordo com cada grupo
experimental (Figura 15).
Tabela 2 – Estatística descritiva dos dados (kgf) obtidos no ensaio de
compressão para cada grupo
Estatística G1 G2 G3 G4 G5
N 14 14 14 14 14
Média 222,16 153,16 124,20 78,19 135,89
Desvio
padrão
13,19 15,91 6,87 4,74 14,61
Mínimo 204.82 131.10 114.86 70.820 113.69
Coef. Var.
(%)
5,94 10,38 5,53 6,07 10,75
Percentil
25º
210,59 139,05 118,31 74,102 121,91
Mediana 221,03 149,62 121,78 77,69 136,49
Percentil
75º
230,84 171,69 129,27 81,172 148,50
Máximo 251,14 177,91 136,60 86,17 158,23
92
FIGURA 15 – Gráfico de colunas (média ± desvio padrão) dos dados de
resistência à compressão (Kgf), segundo os grupos.
A Figura 16 ilustra um espécime representativo de cada
grupo, após o teste de compressão e fratura dos espécimes.
FIGURA 16 – Ilustração representando as fraturas ocorridas em cada
grupo: a) grupo 1; b) grupo 2; c) grupo 3; d) grupo 4; e)
grupo 5.
A análise estatística dos dados obtidos por meio do
ensaio mecânico de compressão será apresentado em três partes. A
primeira se refere à avaliação da igualdade de resistência à compressão
entre os três tipos de reforços (pino de fibra de carbono; pino de fibra de
carbono revestido por fibra de vidro, e resina composta). A segunda, a
b a
c
d
e
93
comparação da condição com desgaste (sem reforço) frente à condição
sem desgaste (sem reforço). A terceira se refere à avaliação de todas as
condições com desgaste frente à única condição sem desgaste.
5.2 Primeira parte
Nesta primeira parte foi considerada a influência dos três
tipos de reforços.
Foi efetuada uma abordagem paramétrica através do
teste ANOVA, que demonstrou diferença estatística entre os grupos
(p<0,05).
Por meio do teste de comparação múltipla de médias,
teste de Tukey (5%), foram estabelecidos quatro conjuntos de mesmo
desempenho representados pelas letras A, B, C, D em termos de
resistência à compressão (Tabela 3).
Tabela 3 - Formação de grupos homogêneos (grupos de mesmo
desempenho) quanto aos valores médios de compressão
dos corpos-de-prova (Kgf), de acordo com o grupo, após a
aplicação do Teste de Comparação Múltipla de Tukey (5%)
Grupos Média Grupos Homogêneos
G1
222,16
A
G2
153,16
B
G3
124,20
C
G4- controle positivo 78,194
D
94
Pôde-se verificar mediante a Tabela 3, que:
a) Os grupos G1 (Pino de fibra da carbono associado a pinos acessórios de
fibra de vidro), G2 (Pino de fibra da carbono revestido por fibra de vidro
associado a pinos acessórios de fibra de vidro), G3 (Resina Composta/
Luminex) e G4 (Controle Positivo) foram estatisticamente diferentes;
b) O grupo G4 apresentou a menor resistência à compressão em relação
aos demais grupos com diferença estatisticamente significante (p<0,05);
c) O grupo G1 (Pino de fibra de carbono associado a pinos acessórios de
fibra de vidro) apresentou a maior resistência em relação aos demais
grupos (G2, G3 e G4), com diferença estatisticamente significante
(p<0,05);
d) O grupo G2 (Pino de fibra de carbono revestido por fibra de vidro
associado a pinos acessórios de fibra de vidro) apresenta maior
resistência em relação aos grupos G3 e G4, com diferença
estatisticamente significante (p<0,05);
e) O grupo G3 (Resina Composta/ Luminex) apresentou maior resistência
em relação ao grupo G4, com diferença estatisticamente significante.
5.3 Segunda parte
Foi efetuado o teste t (Student) de amostras
independentes para a comparação das médias dos grupos G4 e G5, após
95
transformação dos dados (via log) (Tabela 4). O teste indicou que há
diferença estatisticamente significante entre os grupos 4 e 5 (t = 16,52; gl
= 26; p = 0,0001<0,05). Logo o grupo G4 (controle positivo) e o grupo G5
foram estatisticamente diferentes entre si (p=0,0001).
Tabela 4- Dados do resultado do teste t para duas amostras – G4 vs G5
N Média desvio-padrão
Log G4 14 1,8924 0,0262
Log G5 14 2,1308 0,0472
Pôde-se verificar que:
a) Os grupos G4 (Controle Positivo) e G5 (Controle Negativo) são
estatisticamente diferentes (p<0,05);
b) O grupo G4 (Controle Positivo) apresentou menor resistência em relação
ao grupo G5 (Controle Negativo), com diferença estatisticamente
significante (p<0,05).
5.4 Terceira parte
Nesta parte, cujo objetivo foi avaliar todas as condições
com desgaste interno das paredes do canal radicular frente à única
condição sem desgaste, foi efetuado o teste de comparação múltipla de
Dunnett, com significância de 5%. Assim, os grupos G1, G2, G3 e G4
foram comparados estatisticamente com o controle negativo G5 (Tabela
5).
96
Tabela 5 – Resultados do teste de comparação múltipla de Dunnett
Grupos Médias
Diferença de
médias vs
Controle
(média=135,89)
Erro
padrão
da
diferença
t
p
G1
222,16 86,27 12,32 0,001*
G2
153,16 17,27 0,01323 19,08 0,001*
G3
124,20 11,69 34,28 0,001*
G4
78,19 57,70 16,26 0,001*
*p<0,05
t(5%)
(gl=55)
=11.278
Pôde-se verificar que os grupos G1 (Pino de fibra da
carbono associado a pinos acessórios de fibra de vidro), G2 (Pino de fibra
da carbono revestido por fibra de vidro associado a pinos acessórios de
fibra de vidro), G3 (Resina Composta/ Luminex) e G4 (Controle Positivo)
foram estatisticamente diferentes do grupo G5 (controle negativo)
(p<0,05).
97
6 DISCUSSÃO
6.1 Da escolha do tema
Os dentes tratados endodonticamente são normalmente
mais frágeis, devido à perda da estrutura dental, cáries, preparação
cavitária, instrumentação do canal radicular e diminuição da umidade
dentinária que resulta na alteração de resiliência do dente, tornando-o
mais susceptível a fraturas. Portanto, dentes despolpados necessitam ser
restaurados com técnicas e materiais que reforcem e protejam a estrutura
dental remanescente (ALBUQUERQUE
4
, 1998). De acordo com Gher et
al.
41
, em 1987, há uma maior freqüência de fraturas radiculares em dentes
com restaurações extensas ou tratados endodonticamente.
Os dentes permanentes jovens, com rizogênese
incompleta, quando traumatizados podem ter como conseqüência
necrose pulpar. Logo, quando a polpa sofre necrose antes da
complementação da rizogênese, ocorre interrupção no desenvolvimento
da raiz, pois a formação dentinária cessa. Assim, o canal permanece
amplo, o ápice radicular aberto com ausência de um fechamento apical
completo e a raiz apresenta-se com paredes radiculares finas e frágeis
(SORNKUL & STANNARD
90
, 1992), o que torna imperativo que se induza
a apicificação pela técnica da apicificação para se obter um selamento
apical adequado (SOARES & GOLDBERG
89
, 2002).
A técnica de apicificação caracteriza-se por sucessivas
trocas de uma pasta de hidróxido de cálcio, utilizada como medicação
98
intracanal. Este tratamento visa promover o fechamento apical, com
formação de uma barreira de tecido duro que possibilite a posterior
obturação do canal radicular, a fim de possibilitar a restauração definitiva
do elemento dentário (BARNETT
11
, 2002). Entretanto, estes dentes
permanecem com grande fragilidade radicular e coronária (SORNKUL &
STANNARD
90
, 1992). Esta fragilidade das paredes dentinárias dos dentes
permanentes jovens, principalmente na região cervical da raiz, representa
um sério problema clínico (KATEBZADEH et al.
58
, 1998), pois o elemento
dentário apresenta-se muito susceptível a incidência de fraturas
(OLIVEIRA et al.
73
, 2001). Caso uma nova injúria ocorra nestes dentes, os
mesmos podem fraturar-se levando o caso ao insucesso (TRABERT et
al.
93
, 1978). De acordo com o estudo de Cvek
23
, 1992, a freqüência de
fraturas está altamente relacionada com o estágio de desenvolvimento da
raiz, ocorrendo em 77% dos dentes com menor desenvolvimento radicular
e em 28% dos dentes com maior desenvolvimento da raiz.
Além da fragilidade das paredes dentinárias, os dentes
permanentes jovens apresentam outras condições anatômicas que
dificultam o tratamento endodôntico radical, como amplos ápices abertos
e paredes radiculares finas, frágeis e divergentes em relação aos tecidos
periapicais (DUPREZ et al.
28
, 2004; LEONARDO & LEAL
62
, 1998). Esta
divergência das paredes e a forma cônica da porção apical do canal
radicular impedem a realização do preparo biomecânico convencional,
impossibilitando, assim, a formação de um batente apical, necessário ao
travamento dos cones de guta-percha (LEONARDO & LEAL
62
, 1998).
Apesar das limitações anatômicas, o tratamento do canal radicular de
dentes imaturos com necrose pulpar tem alcançado grande sucesso com
a técnica de apicificação usando o hidróxido de cálcio como curativo de
demora por um período que pode variar de 6 a 18 meses, o que
proporciona a formação de uma barreira de tecido mineralizado na região
apical (DUPREZ et al.
28
, 2004; FRANK
35
, 1966; HEITHERSAY
47
, 1970),
determinando ou não o aumento do comprimento da raiz e o
99
desenvolvimento das paredes do canal radicular (LEONARDO & LEAL
62
,
1998).
A formação desta barreira associada a uma perfeita
obturação do sistema de canais radiculares tem oferecido ao cirurgião-
dentista índices altos de sucesso no tratamento destes casos. Entretanto,
dentes com ápice incompleto estão mais sujeitos ocorrência de fraturas
em função de vários fatores, como restaurações inadequadas, quantidade
insuficiente de estrutura remanescente dentária, fragilidade radicular
especialmente no terço cervical e obturações deficientes. Segundo
Sornkul & Stannard
90
(1992), a susceptibilidade a novas fraturas pode ser
minimizada com o emprego de pinos intra-radiculares e com bom material
e agente adesivo utilizados na restauração definitiva. Estes trabalhos
serviram como diretriz para a utilização da resina composta e pinos intra-
radiculares com a finalidade de reforçar a estrutura dental de dentes com
rizogênese incompleta.
A utilização de resina composta intracanal é de difícil
execução, especialmente devido à dificuldade de fotopolimerização
intracanal do material. Com o lançamento de sistemas de transmissão de
luz fotopolimerizadora à distância (Luminex), a utilização de resina
composta para reforçar as paredes dentinárias no interior do canal
radicular pode ser realizada com eficiência, viabilizando sua utilização
mesmo durante as trocas de medicação por períodos prolongados de
tempo para alcançar a apicificação.
Vários outros materiais (Purton & Love
77
, 1996; Akkayan
& Caniklioglu
1
, 1998; Cohen et al.
22
, 1999; Burmann et al.
18
, 2000) têm
sido sugeridos para aumentar a resistência de dentes tratados
endodonticamente. El-Khodery et al.
30
(1990), Katebzadeh et al
58
(1998) e
Carvalho
20
(2002) verificaram um aumento de resistência da estrutura
dentária quando o canal foi preenchido com resina composta. King &
Setchell
59
, em 1990, concluíram que houve menor dano ao dente
utilizando pinos de fibra de carbono quando comparado à reconstrução
100
com pinos tipo Para-Post. Sirimai et al.
88
, em 1999, avaliaram o reforço
interno de estruturas dentárias com pinos reforçados com fibra de
polietileno (Ribbond) e resina composta, verificando menor incidência de
fratura radicular vertical.
Verificando a literatura, pôde-se perceber a necessidade
de pesquisas que busquem alternativas de reforços para aumentar a
resistência de dentes fragilizados, como ocorre nos casos de rizogênese
incompleta, impedindo assim fraturas reincidentes. No presente trabalho
foi avaliada a eficácia de três métodos de reforços intra-radiculares: resina
composta, pino de fibra de carbono associado a pinos acessórios de fibra
de vidro e pino de fibra de carbono revestido por fibra de vidro associado
a pinos acessórios de fibra de vidro, em dentes fragilizados simulados
buscando alternativas de tratamento eficazes para estes casos.
6.2 Da metodologia
Na presente pesquisa, foram utilizados dentes bovinos,
devido à dificuldade na obtenção de dentes humanos extraídos e aos
problemas éticos relacionados. A utilização de dentes bovinos permitiu a
obtenção de grande número de dentes para selecionar setenta dentes
incisivos, recém-extraídos com idade aproximada de três anos e uma
padronização com espécimes anatomicamente semelhantes, sem trincas,
com raízes retas, apresentando diâmetro mésio-distal e vestíbulo-lingual
de aproximadamente 7±0,5mm.
A armazenagem e a manutenção dos dentes bovinos em
freezer foram baseadas nos estudos de Tonami et al.
92
(1996), que
pesquisaram o efeito das condições de armazenagem na resistência à
101
tração da dentina bovina. Os autores concluíram que o congelamento por
um período de quatro semanas, não alterou a resistência à tração da
dentina bovina.
Neste estudo, as coroas foram seccionadas no terço
médio, a fim de se obter uma padronização na altura dos dentes em
30mm e também para facilitar a simulação da condição de dentes
fragilizados. No estudo realizado por Fraga et al.
34
, em 1998, os autores
avaliaram a resistência ao cisalhamento de dentes humanos
unirradiculados tratados endodonticamente e restaurados por diferentes
técnicas. Os autores seccionaram a porção coronária dos dentes para
obter uma padronização de todos os espécimes e demonstraram que este
é um procedimento que pode ser realizado, uma vez que a carga a ser
utilizada no teste de compressão é aplicada próximo à junção cemento-
esmalte, como foi realizado nesta pesquisa.
Após a remoção da polpa através de uma abertura
coronária, 14 dentes foram escolhidos aleatoriamente para representar o
grupo controle negativo. McDonald et al.
68
, em 1990, em estudo in vitro,
realizaram semelhante técnica de abertura de acesso para tratamento
endodôntico, para simular restauração de dentes hígidos
endodonticamente tratados. Nos demais cinqüenta e seis dentes, os
preparos padronizados da cavidade coronária e de conduto radicular,
tiveram o objetivo de simular a condição de dentes permanentes jovens
traumatizados com rizogênese incompleta e necrose pulpar, que tiveram
seu crescimento radicular interrompido e que apresentam grande
fragilidade. Esta fragilização de dentes bovinos simulando dentes com
raízes finas e frágeis, foi realizada também por Carvalho
20
(2002) e
Marchi et al.
66
(2003).
Os canais foram instrumentados segundo a técnica
preconizada por Leonardo & Leal
62
(1998), utilizando-se limas tipo Kerr
desde seu diâmetro anatômico até a lima tipo Kerr n°80. Em seguida, os
condutos foram alargados com brocas Gates-Glidden n
os
4, 5 e 6, que
102
permitiu uma ampliação do canal. O diâmetro do canal radicular em
dentes bovinos é naturalmente amplo, o que permitiu iniciar o preparo
com instrumento de maior diâmetro, diferentemente de estudos de
autores que utilizaram dentes humanos que apresentam câmaras
pulpares e condutos radiculares mais estreitos (McDONALD et al.
68
, 1990,
RAYGOT et al
81
, 2001).
Em seguida, para a padronização da espessura da
parede radicular dos dentes em 2mm, foi realizado o desgaste interno das
paredes dentinárias com uma seqüência de duas brocas adaptadas a um
torno de alta rotação, primeiramente foi utilizada a broca de aço rápido
(diâmetro de 2,3mm) e, em seguida, uma broca vídea (diâmetro de 3mm),
ambas penetraram 20mm no interior do canal radicular (CARVALHO
20
,
2002). A forma paralela e o diâmetro dessas brocas permitiram ampliar o
terço cervical e médio do canal radicular, sendo que os espécimes, após o
desgaste, apresentaram paredes radiculares padronizadas em 2mm. A
padronização da espessura da parede dentinária neste estudo foi
importante para a avaliação e comparação entre os grupos experimentais,
pois qualquer variação nesta medida poderia conferir falsos resultados. A
comprovação da espessura das paredes dentinárias foi realizada com
tomadas radiográficas e aferida com régua milimetrada, sendo que os
dentes que não apresentavam tal espessura após o desgaste, ou quase
havia ocorrido algum desvio durante o preparo, eram descartados e
substituídos por outros.
Os canais radiculares foram obturados pela técnica de
condensação lateral ativa com cones de gutta-percha e cimento
endodôntico, diferente dos estudos de Deutsch et al.
26
, em 1983, e Cohen
et al.
22
, em 1999, para avaliar retenção de pinos, onde os canais
instrumentados não foram obturados. Estes autores afirmam que essa
técnica é padrão para testes de retenção. Entretanto, no presente estudo,
foi realizado o tratamento endodôntico completo, pois desta forma há
maior aproximação dos procedimentos clínicos.
103
Tem se observado que em raízes com alargamento
excessivo do conduto devido ao uso prévio de núcleos com largo
diâmetro, iatrogenias durante a abertura da câmara coronária,
sobreinstrumentação endodôntica, rizogênese incompleta, reabsorção
interna ou anomalias de desenvolvimento, a restauração com núcleos
convencionais pode tornar-se difícil ou mesmo inviável (LUI
65
, 1994).
Núcleos metálicos fundidos agiriam como cunha, precipitando a fratura
destas raízes fragilizadas (LUI
65
, 1994). Sabendo-se que o reforço para
raízes com paredes muito finas é fundamental, pois estão mais propensas
a fraturar na cimentação dos pinos ou durante atividades funcionais e
parafuncionais (LUI
64-5
, 1987 e 1994; RABIE et al.
79
, 1985; SAUPE et al.
85
,
1996), diferentes materiais foram sugeridos e testados, como ionômero de
vidro (TROPE & RAY
95
, 1992) e resina composta (LUI
64-5
, 1987 e 1994;
MARCHI et al.
66
, 2003; RABIE et al.
79
, 1985; SAUPE et al.
85
, 1996;
TROPE et al.
95
, 1985) na tentativa de buscar reforço evitando a perda
precoce destes dentes.
SAUPE et al.
85
, em 1996, avaliaram a eficácia da resina
composta em reforçar raízes estruturalmente comprometidas (com 0,5 a
0,75mm de espessura das paredes radiculares), comparando raízes
reforçadas com resina composta em relação a raízes onde foram
cimentados núcleos metálicos fundidos em ouro tipo III. Verificaram que
as raízes reforçadas mostraram resistência à fratura 50% maior em
relação aos sistemas sem reforço, sugerindo a vantagem do reforço com
materiais que permitam adesão entre estrutura radicular e material de
reforço (complexo biomecânico único ou monobloco). Na atual pesquisa,
os reforços intra-radiculares conferiram considerável aumento de
resistência ao remanescente dental, inclusive a resina composta.
El-Khodery et al.
30
, em 1990, verificaram que a
restauração do conduto radicular e da câmara pulpar com sistema
adesivo e resina composta quimicamente ativada promoveu reforço na
restauração de dentes hígidos, o que foi verificado também no presente
104
trabalho, porém com dentes fragilizados. Sornkul & Stannard
90
, em 1992,
avaliaram a resistência à fratura sob testes de cisalhamento, em técnicas
restauradoras de dentes tratados endodonticamente. O grupo
experimental que apresentou maior resistência foi o que utilizou o
preenchimento do conduto, previamente submetido à remoção do smear
layer, com resina composta quimicamente ativada.
Na presente pesquisa, a resina composta auto-
polimerizável não foi utilizada, pois poderia gerar dificuldade durante sua
inserção no interior do canal radicular devido à rápida polimerização. Em
contrapartida, as resinas fotopolimerizáveis permitem um controle maior
durante a sua adaptação e acomodação no interior do canal radicular.
Numa situação normal, consegue-se fotopolimerizar a resina composta no
interior do canal em 2 a 3mm de profundidade, devido ao efeito limitado
da transiluminação na resina composta (LUI
64
, 1987). Com o surgimento
de pinos plásticos fototransmissores, é possível a fotopolimerização da
resina à distância, pois a luz é transmitida por toda extensão do pino
(LUI
65
, 1994).
Assim, para este trabalho, o reforço intra-radicular com
resina composta foi realizado com o auxílio do sistema Luminex, pois a
eficiência deste sistema na fotopolimerização de resina composta
intracanal já foi comprovada por Lui
65
, 1994. Através de uma avaliação in
vitro, Lui
65
, 1994, verificou eficiente polimerização de resina composta, em
profundidades superiores a 11mm no interior do canal radicular, com o
auxílio de um pino transparente para a transmissão da luz
fotopolimerizadora. Entretanto, não se verificou na literatura trabalhos que
avaliem essa polimerização em profundidade de 20mm, mesmo usando o
sistema Luminex. Desta foram, realizamos a inserção e fotopolimerização
da resina composta em duas etapas com incrementos de 10mm cada.
Porém, a completa polimerização não pode ser garantida, pois não foram
realizados testes com esta finalidade.
105
Plasmans et al.
75
, em 1998, compararam in vitro técnicas
restauradoras em molares inferiores tratados endodonticamente. Os
autores verificaram em reconstruções onde foram utilizados pinos
metálicos, a ocorrência de fracassos que resultaram em fraturas
impossíveis de serem restauradas. Os grupos nos quais foi empregado
apenas preenchimento em resina composta, resultaram em fraturas
possíveis de serem novamente restauradas. Ishikiriama et al.
54
, em 1995,
em estudo in vitro, não encontraram diferenças estatisticamente
significantes na resistência à fratura em dentes endodonticamente
tratados e restaurados com ou sem pinos intracanais. Por outro lado, no
presente estudo foram encontradas diferenças estatisticamente
significantes na resistência à fratura em dentes tratados
endodonticamente, sendo que os dentes restaurados com pinos intra-
radiculares apresentaram maior resistência que os dentes que não
receberam reforço com pinos.
Ainda com relação à utilização de reforços da estrutura
dental com pinos intra-radiculares, vários trabalhos vem sendo realizados,
utilizando diversos sistemas de pinos pré-fabricados. Os pinos metálicos
são os mais utilizados por suas excelentes propriedades físicas
(resistência mecânica). Entretanto, a coloração metálica, causa uma
sombra acinzentada na região cervical e manchamento da raiz e da
gengiva, comprometendo a estética principalmente em dentes anteriores
(CHRISTENSEN
21
, 1998). Albuquerque et al.
3
, em 1998, enfatiza que os
pinos metálicos promovem estresse na estrutura dental, o qual pode levar
à fraturas verticais na raiz e a conseqüente perda do dente. Pinos
metálicos possuem módulo de elasticidade em torno de dez vezes maior
que o da dentina, podendo gerar forças que levam a sua desadaptação e
até a fratura do dente (FREEDMAN
36
, 1996).
De acordo com Glazer
42
, em 2000, os pinos de fibra de
carbono estão entre os sistemas mais avaliados atualmente. Estes pinos
cimentados em dentes anteriores superiores estão associados com uma
106
alta taxa de sucesso e longevidade clínica. No atual trabalho, os pinos de
fibra de carbono apresentaram bons resultados, concordando com os
achados deste autor.
O pino de fibra de carbono foi desenvolvido na França por
Duret et al
29
, e tornou-se disponível no mercado sueco em 1992. É
constituído por fibras de carbono de 0,8mm de diâmetro embebidas numa
matriz resinosa. Suas propriedades físicas são semelhantes as da dentina
natural, é radiolúcido e biocompatível. Apresenta módulo de elasticidade
transversal médio de 21Gpa, bem próximo do valor apresentado pelo
tecido dental, que é de 18Gpa, evitando assim a concentração de tensões
no pino intra-radicular (DURET et al.
29
, 1990; ISIDOR et al.
55
, 1996). A
fibra de carbono é constituída de carbono/epóxi que apresenta grande
afinidade com a resina. A resina epóxi e a matriz de BIS-GMA pertencem
à mesma família química, portanto, apresentam compatibilidade, o que
favorece a adesão do material de preenchimento ao pino, com a utilização
de agente adesivo (MORGANO & BRACKETT
71
,1999). Estudos in vitro
indicam que sua resistência é inferior a dos pinos metálicos, no entanto,
sugerem que o potencial de fratura da raiz é menor em função dos
módulos de elasticidade material/tecido dental serem mais próximos
(DURET et al.
29
, 1990; ISIDOR et al.
55
, 1996).
Albuquerque et al.
3
, 1998, citam como vantagens dos
pinos de fibra de carbono, a adesão à estrutura dental e ao material de
preenchimento, módulo de elasticidade próximo ao do dente natural,
resistência à corrosão, facilidade de remoção com brocas e solventes e o
fato de permitirem um preparo mais conservador do dente. De acordo
com os resultados de sua pesquisa, Hedlund, et al.
46
, em 2003, afirmam
que a taxa de falhas de pinos de fibra de carbono apresenta-se mais
baixa do que a maior parte das relatadas para pinos metálicos, porém
para este autor estudos clínicos ainda são necessários para avaliar o
desempenho de pinos pré-fabricados de fibra de carbono.
107
É recomendável que o pino tenha o mesmo módulo de
elasticidade que a dentina, de forma que haja uma distribuição de forças
longitudinais ao comprimento do pino, e sendo assim, os pinos estéticos
ganham indicações mais abrangentes (BATISTA & LOPES
12
, 1999).
Como resultado do aumento da demanda pela estética, pesquisadores e
fabricantes exploram o desenvolvimento de coroas sem metal. O
resultado estético dessas restaurações é influenciado por muitos fatores
e, dentre eles, estão os materiais do pino, núcleo e material de
cimentação (CHRISTENSEN
21
, 1998). O uso de pinos e núcleos com a
cor dos dentes permite a transmissão da luz através da sua estrutura,
favorecendo a estética. Dentre os pinos estéticos, podemos citar os pinos
de fibras de vidro, pinos de fibras de quartzo, pinos de fibras de zircônio,
fibras de polietileno e outros, que podem ser utilizados em associação
com núcleo estético, como resina composta e cerâmica. Os pinos de fibra
de vidro, introduzidos no mercado recentemente, possuem fibras
unidirecionais, de coloração que permite inclusive a transmissão de luz
até o ápice, o que favorece o uso de cimento dual, segundo Bottino
13
, em
2001.
No presente estudo, foram utilizados pinos de 20mm de
comprimento e 1,5mm de diâmetro cervical e 1,1mm de diâmetro apical,
adequados para serem utilizados em dentes bovinos, que são mais
volumosos com condutos radiculares de maior diâmetro. Além disso,
foram utilizados pinos acessórios em fibra de vidro, que auxiliaram no
preenchimento do canal radicular, diminuindo a espessura da linha do
agente cimentante, pois, de acordo com Ávila et al.
10
, em 2001, a
cimentação deve ser feita suavemente e com pouca quantidade de
cimento, para evitar a pressão hidrostática.
Com relação aos cimentos dentários, Leary et al.
61
, em
1989, citam que estes materiais podem melhorar a adaptação interna da
parte radicular dos núcleos com as raízes, e que esta estreita adaptação
pode redistribuir as forças, oriundas da função mastigatória,
108
uniformemente através da circunferência interna das mesmas, sem
estresse em um local específico.
A utilização de um cimento resinoso de cura dual (Enforce
– Dentsply) para cimentação dos pinos dos grupos 01 e 02 teve o objetivo
de obter os benefícios da adesão à parede dentinária através do sistema
adesivo, cimento resinoso e pino, formando um bloco único. Durante a
cimentação, a velocidade de inserção do pino deve ser controlada, para
permitir o escape do excesso de cimento, evitando tensões no interior da
raiz. A retenção desses pinos cimentados passivamente foi obtida pelas
propriedades adesivas dos agentes cimentantes tanto à superfície dos
pinos quanto à parede da dentina. A utilização dos cimentos resinosos
possibilita um aumento da resistência adesiva entre a dentina, o cimento e
o pino, formando um complexo: estrutura radicular/pino, pelas
propriedades adesivas dos agentes cimentantes tanto à superfície dos
pinos quanto à parede da dentina, que pode apresentar uma menor
fragilidade quando comparado às técnicas tradicionais de cimentação
(Mendonza et al.
69
,1997). Segundo Morgano & Brackett
71
, 1999, os
cimentos resinosos são essencialmente insolúveis e provém melhor
retenção in vitro que os cimentos convencionais, por isso são utilizados na
cimentação de pinos de fibra de carbono e zircônio.
Após o preparo e restauração dos espécimes, todas as
raízes receberam uma fina camada (aproximadamente 0,2mm) de
borracha de silicone para simular o ligamento periodontal, de acordo com
os trabalhos de El-Khodery et al.
30
(1990), Akkayan & Caniklioglu
1
(1998),
Carvalho
20
(2002). Este material foi aplicado com a ajuda de um pincel
para que toda camada permanecesse uniforme. Outros estudos a utilizam
para simular condição clínica que submete o dente a estresse. De acordo
com Akkayan & Caniklioglu
1
, 1998, a borracha de silicone permite a
movimentação livre do dente à semelhança do ligamento periodontal.
Os espécimes restaurados foram montados em blocos
cilíndricos de resina acrílica quimicamente ativada, com seu longo eixo
109
perpendicular à base do cilindro, como nos trabalhos de El-Khodery et
al.
30
, 1990, Burgess et al.
17
, 1992, Trope et al.
94
, 1992, Albuquerque et
al.
4
, 1996, Fraga et al.
34
, em 1998, Carvalho
20
, 2002. A imersão da resina
acrílica da base em água fria durante a polimerização para minimizar os
efeitos da exotermia da reação, foi realizada segundo Lonney et al.
63
, em
1995.
A velocidade da carga de 1mm/min aplicada até a fratura
durante o ensaio de compressão, foi uniaxial, semelhante à utilizada por
Goldberg et al.
44
(2002), Akkayan & Gülmes
2
(2002), Carvalho
20
(2002).
Com relação ao ângulo de incidência de cargas Lonney et al.
63
, em 1995,
avaliaram diferentes ângulos sobre os dentes submetidos a ensaios
mecânicos e comprovaram que os resultados variam em função do ângulo
de incidência da carga. Nesta pesquisa, optou-se por utilizar uma
angulação de 45º, por ser a angulação que mais se aproxima da
mastigação, de acordo com El-Khodery et al.
30
(1990), Burgess et al.
17
(1992), Sornkul & Stannard
90
(1992), Ishikiriama et al.
54
(1995),
Albuquerque et al.
4
(1996), Carvalho
20
(2002), Reid et al.
82
(2003).
6.3 Dos resultados
De acordo com os resultados obtidos no presente estudo,
os grupos experimentais que foram restaurados com diferentes reforços
intra-radiculares: grupo 1 (Reforpost e Reforpin); grupo 2 (Reforpost Mix e
Reforpin) e grupo 3 (Resina/Luminex) apresentaram diferença
estatisticamente significante. Os valores médios de resistência à
compressão foram 222,16Kgf, 153,16Kgf e 124,20Kgf, respectivamente.
110
O grupo 4 (controle positivo): dentes fragilizados, mantidos sem reforço
intra-radicular, apresentou a menor resistência em relação aos demais
grupos, com média de 78,19Kgf. O grupo 1 foi o que apresentou a maior
média de resistência: 222,16Kgf. O grupo G5 (controle negativo): dentes
hígidos, em que apenas a polpa foi removida e a abertura coronária
restaurada, apresentou comportamento intermediário entre os grupos 1, 2
e os grupos 3, 4, apresentando uma média de resistência de 135,89Kgf.
Analisando estes resultados, observa-se que dentes com
paredes radiculares finas são significativamente mais frágeis do que
dentes com maior espessura radicular. Transportando estes valores para
situações clínicas, pôde-se supor que dentes com rizogênese incompleta
são mais susceptíveis a fraturas radiculares do que dentes com ápice
completo, que apresentam maior espessura radicular. Estes achados
estão de acordo com Trabert et al.
93
, 1978; Deutsch et al.
26
, 1983; Rabie
et al.
79
, 1985; Trope et al.
95
, 1985; Trope & Ray
94
, 1992; Saupe et al.
85
,
1996; Carvalho
20
, 2002; Marchi et al.
66
, 2003; Katebzadeh et al.
58
, 1998;
Batista & Lopes
12
, 1999. Entretanto, deve-se considerar que, no presente
estudo, avaliou-se força de compressão e não de impacto. Forças de
compressão simulam a condição clínica sem trauma recorrente de
significância. Na clínica diária, nos dentes que apresentam rizogênese
incompleta, freqüentemente ocorrem impactos que atingem o dente com
carga superior a 3cm/min (KATEBZADEH et al.
58
, 1998) e na superfície
vestibular. Isto representa uma agressão muito acima daquela simulada
na presente pesquisa.
Deve-se ressaltar que crianças que sofrem traumatismos
dentários apresentam fatores predisponentes a estas ocorrências como
overjet acentuado, mordida aberta anterior, classe II de Angle, lábio
superior curto ou hipotônico, entre outros (FORSBERG & TEDESTAM
33
,
1993; ARAÚJO & VALERA
9
, 1999, PROKOPOWITSCH & MOURA
76
,
1992). E estes, quando ocorrem, transformam os incisivos centrais e
laterais superiores, respectivamente, nos primeiros alvos a serem
111
atingidos pelo anteparo causador da lesão (RAVN et al.
80
, 1974;
PROKOPOWITSCH & MOURA
76
, 1992). Os traumatismos dentários
podem causar danos que vão desde uma simples fratura de esmalte até a
perda do elemento dental (ANDREASEN
6
, 1970; DAVIDOWICZ et al.
24
,
1992).
Pela condição anatômica da disposição dos dentes no
arco destes pacientes, há maior predisposição de ocorrência de um
segundo traumatismo na mesma região do trauma anterior
(ANDREASEN
6
, 1970). Isto leva a concordar com os resultados de
Oliveira et al.
73
, 2001 que verificaram quase 20% fraturas dentárias
quando da reincidência de traumatismos em dentes com rizogênese
incompleta. Assim, mesmo após o sucesso da terapia de apicificação,
traumas reincidentes em dentes com paredes radiculares finas e frágeis
podem causar até a perda do elemento dental, devido a uma fratura numa
região que impossibilita a restauração do dente. Esta ocorrência e os
resultados obtidos no presente estudo, onde foi comprovada a perda de
resistência da estrutura dental após fragilização do mesmo, mostram a
importância de se utilizar reforços intra-radiculares nestes dentes.
No presente estudo, verificou-se que houve aumento
significativo da resistência à compressão na estrutura dental de dentes
fragilizados, ao se utilizar reforço intra-radicular, independente do material
utilizado. Esse resultado no aumento da resistência resultou em uma
média significantemente maior que a de um dente normal (sem
fragilidade), como pôde-se observar nas Tabelas 1 e 2, tanto quando se
utilizou o pino intra-radicular de fibra de carbono associado com pinos
acessórios de fibra de vidro como quando se utilizou pino de fibra de
carbono revestido por fibra de vidro associado com pinos acessórios de
fibra de vidro.
Quanto ao reforço com o preenchimento com resina
composta, vários autores sugeriram que esta poderia aumentar a
resistência à fratura de raízes com condutos amplos (RABIE et al.
79
, 1985;
112
TROPE et al.
95
, 1985; LUI
64-5
, 1987 e 1994; SAUPE et al.
85
, 1996;
CARVALHO
20
, 2002; MARCHI et al.
66
, 2003). TROPE et al.
95
, em 1985,
indicaram esta técnica para restauração de dentes jovens tratados
endodonticamente com rizogênese incompleta (condutos largos e
paredes radiculares finas) e RABIE et al.
79
, em 1985, aplicaram esta
proposta clinicamente em dentes imaturos, com bons resultados. A
técnica foi aperfeiçoada por LUI
65
, em 1994, que utilizou um pino plástico
fototransmissor para auxiliar na polimerização da resina composta em
regiões mais profundas do conduto.
A utilização do reforço intra-radicular com resina
composta utilizando o sistema de transmissão de luz fotopolimerizadora
(Luminex), no presente trabalho, aumentou significantemente a
resistência das paredes dentárias dos dentes aproximando-se ao de um
dente normal, concordando com o trabalho de Carvalho
20
, 2002. Também
Trope et al.
95
, 1985, observaram uma resistência similar entre dentes
onde foi realizado o alargamento do conduto e preenchimento com resina
composta e dentes sem preparo do conduto radicular. El-Khodery et al.
30
,
em 1990, após avaliarem e compararem técnicas restauradoras,
verificaram que o preenchimento do conduto radicular com resina
composta após a remoção da smear layer, promoveu aumento da
resistência. Estes resultados foram diferentes dos obtidos por Heydecke
et al.
49
, 2001, que verificaram que a resina composta não aumentou a
resistência dentária aos testes de compressão.
Dean et al.
25
, 1998, avaliaram a influência de diferentes
procedimentos endodônticos restauradores na resistência dos dentes à
fratura, e verificaram quer os dentes preparados e restaurados com pinos
de fibra de carbono apresentaram resistência à fratura (163,8Kgf) inferior
aos dentes preparados e preenchidos com resina composta (182,1kgf).
Estes resultados diferem dos obtidos em nossa pesquisa, onde os pinos
de fibra de carbono conferiram maior resistência aos dentes fragilizados,
que o preenchimento com resina composta. Esta diferença pode ser
113
devida à cimentação de pinos acessórios de fibra de vidro juntamente
com o pino de fibra de carbono.
Ainda em 1998, Rovatti et al.
84
apud Kaiser
57
2003, ao
relatarem o desenvolvimento de pinos à base de fibras mais estéticos que
os de carbono originais,observaram que pinos de fibra de carbono
revestido por fibras estéticas (quartzo) possuem resistência à flexão e à
tração lateral inferior aos pinos de fibras de carbono sem revestimento.
Este trabalho está de acordo com os dados obtidos na atual pesquisa
onde, pelo teste de compressão, concluiu-se que os pinos revestidos com
fibras estéticas de vidro são significantemente menos resistentes que os
pinos de fibra de carbono sem revestimento.
Em 2002, Akkayan & Gülmez
2
demonstraram que pinos
de fibras de quartzo e de fibras de vidro exibiram adequados valores de
resistência à fratura, além de, na grande maioria das situações,
apresentarem fraturas passíveis de reparo (provavelmente devido ao
módulo de elasticidade similar ao da dentina). Estas observações estão
de acordo com este trabalho, onde os pinos acessórios de fibra de vidro,
juntamente com o pino principal, aumentaram significantemente a
resistência dos dentes fragilizados, fazendo com que estes
apresentassem resistência superior aos dentes não fragilizados.
Os resultados do presente estudo, onde o reforço com
pinos foi significantemente maior que o reforço com resina composta,
diferem do estudo realizado em 1985, por Trope et al.
95
, onde os autores
concluíram que quando os preparos para colocação de pinos foram
submetidos ao condicionamento ácido e restaurados com preenchimento
em resina composta, tornaram-se mais resistentes do que técnicas em
que utilizaram pinos. Porém, estes autores utilizaram pinos metálicos e no
presente trabalho os pinos foram constituídos de fibras. Estes autores
ainda afirmaram que possivelmente a penetração do adesivo nos túbulos
dentinários das paredes radiculares, abertos e largos, fizeram dos dentes
uma estrutura única, reforçando-os contra fraturas.
114
A condição experimental do grupo 5, que simulou dente
hígido despolpado apresentou valor médio de resistência de 135,89Kgf.
Este valor foi inferior comparado aos valores dos grupos de dentes
restaurados com pinos intra-radiculares, embora a polpa dental tenha sido
removida sem promover desgaste de estrutura dentária interna.
Fusayama & Maeda
39
, 1969, afirmaram após estudo in vivo e in vitro, que
a remoção da polpa dental não diminuiu a dureza da dentina, mas
interrompe o processo de crescimento e maturação por deposição de
minerais pela polpa, quando realizado em dentes jovens. Em 1992,
Huang et al.
53
, afirmaram que a desidratação da dentina após remoção da
polpa dental tende a aumentar o módulo de Young e o limite de
proporcionalidade, concluindo que a desidratação não diminuiu a
resistência e dureza da dentina. Na atual pesquisa, verificou-se níveis
mais baixos de resistência do dente despolpado hígido em comparação
com os fragilizados e com reforços intra-radiculares.
Os resultados do presente estudo mostram a perda de
resistência à compressão de dentes fragilizados e transportando esses
dados para a clínica, pode-se dizer que dentes com rizogênese
incompleta são potenciais à ocorrência de fraturas, devido à fragilidade e
pequena espessura das paredes radiculares com possível perda do
elemento dentário. Estas observações alertam sobre a necessidade do
uso de reforços intra-radiculares para a preservação destes dentes. Estes
reforços não precisam ser sofisticados, utilizando sistemas de pinos com
custo elevado, pois pelos resultados do presente estudo, o uso de resina
composta promovem aumento da resistência estrutural à semelhança de
dentes hígidos não fragilizados.
A restauração de dentes endodonticamente tratados e
com rizogênese incompleta, ainda pode ser considerada um desafio,
gerando muitas controvérsias e dúvidas. Não existe uma opinião única
sobre a forma ideal de recuperar dentes nestas condições, especialmente
quando as raízes estão muito debilitadas. Muitas vezes não há base
115
científica para auxiliar e determinar a indicação mais correta de uma
técnica ou de um pino mais adequado para a situação. A restauração
ideal deveria permitir a recuperação tanto da função quanto da estética,
fornecendo ainda um prognóstico favorável e seguro em longo prazo.
Além disso, o procedimento empregado deve ser o mais conservador
possível, uma vez que nenhum material restaurador substitui o tecido
dental com a mesma eficiência, de forma que este deve ser poupado
tanto quanto possível.
Desta forma é preciso buscar constantemente novas
alternativas para a restauração e reforço de dentes com rizogênese
incompleta. De acordo com os resultados obtidos neste estudo, o reforço
com pinos de fibra de carbono e fibra de carbono revestido por fibra de
vidro e o reforço com resina composta fotopolimerizável, mostraram-se
eficazes para reforço de raízes debilitadas, provavelmente devido às suas
propriedades físico-mecânicas similares à estrutura dentária e à sua
capacidade de adesão com a mesma e com os materiais restauradores.
116
7 CONCLUSÕES
Buscando elucidar a proposição inicial através da
metodologia estabelecida e após a aplicação da análise estatística aos
valores obtidos neste estudo, pôde-se concluir que:
a) a utilização de reforços intra-radiculares: pino de fibra
de carbono e pino de fibra de carbono revestido por
fibra de vidro, ambos associados a pinos acessórios
de fibra de vidro, e o uso de reforço com resina
composta, aumentou significantemente a resistência à
fratura de dentes fragilizados;
b) os dentes restaurados com pinos de fibra de carbono
associado a pinos acessórios de fibra de vidro
apresentaram os maiores valores de resistência à
compressão, com diferença estatisticamente
significante em relação aos demais grupos;
c) os dentes fragilizados que não receberam reforços
intra-radiculares apresentaram menores valores de
resistência com diferença estatisticamente significante
em relação aos demais grupos;
d) é necessário a utilização de reforços intra-radiculares
em dentes com paredes dentinárias finas e frágeis, a
fim de aumentar sua resistência estrutural e minimizar
a incidência de fraturas.
117
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Dissertação (Mestrado em Odontologia, Especialidade em Dentística) –
Faculdade de Odontologia de São José dos Campos, Universidade
Estadual Paulista, São José dos Campos.
ABSTRACT
This study evaluated fracture resistance of brittleness bovine teeth simulating
immature teeth, that received different reinforcements within radicular canal. This
evaluation was made in comparison to teeth without reinforcements within
radicular canal and teeth no brittleness. For that purpose, seventy bovine
mandibular incisors were selected; of these, 56 were internally prepared, and
then to simulating immature roots, were enlarged with Gates-Glidden, fast steel
and videa burs. The specimens were distributed into five groups (n= 14): a)
carbon fiber post and three accessory glass fiber posts; b) carbon/glass post and
three accessory glass fiber posts; c) composite resin reinforcement; d) without
reinforcement and e) without canal preparation and without reinforcement . The
specimens were submitted to the fracture resistance testing with application of
tangential compressive loading at an angle of 45º, at a speed equivalent to
1mm/min until the fracture using EMIC machine. Results were subjected to
statistical analysis (Tukey, t student and Dunnet), at a significance level of 5%.
Results indicated statistically significant differences (p <0,05) in relation to root
conditions. G1 presented higher resistance in comparison with other groups and
G4 presented smaller resistance. It could be ended like this that the use of intra-
radiculars reinforcements with different posts or resins composite increased
fracture resistance of brittleness teeth under compression force.
KEYWORDS: Post and core technique; reinforce teeth; endodontic posts;
tooth injuries .
132
Autorizo a reprodução xerográfica deste trabalho.
São José dos Campos,.... de....... de 2005.
______________________
Paula Elaine Cardoso
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