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AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DAS CAPACIDADES
TÉCNICO-TÁTICAS EM EQUIPES DE VOLEIBOL INFANTIL
MASCULINO CATARINENSE
por
Marcel Henrique Kodama Pertille Ramos
___________________________________________
Dissertação apresentada ao
Programa de Mestrado em Educação Física
da Universidade Federal de Santa Catarina,
na sub-área da Teoria e Prática Pedagógica, como requisito
parcial à obtenção do Título de Mestre em Educação Física.
Julho de 2007
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AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DAS CAPACIDADES
TÉCNICO-TÁTICAS EM EQUIPES DE VOLEIBOL INFANTIL
MASCULINO CATARINENSE
por
Marcel Henrique Kodama Pertille Ramos
Orientador: Juarez Vieira do Nascimento
Dissertação apresentada ao
Programa de Mestrado em Educação Física
da Universidade Federal de Santa Catarina,
na sub-área da Teoria e Prática Pedagógica, como requisito
parcial à obtenção do Título de Mestre em Educação Física.
Julho de 2007
Florianópolis, SC
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE DESPORTOS
MESTRADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
A Dissertação: AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DAS CAPACIDADES
TÉCNICO-TÁTICAS EM EQUIPES DE VOLEIBOL INFANTIL
MASCULINO CATARINENSE
Elaborada por Marcel Henrique Kodama Pertille Ramos
e aprovada por todos os membros da Banca Examinadora, foi aceita pelo Centro
de Desportos da Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito parcial à
obtenção do título de:
MESTRE EM EDUCAÇÃO FÍSICA
Florianópolis, 31 de julho de 2007.
___________________________________________
Prof. Dr. Juarez Vieira do Nascimento
Coordenador do Mestrado em Educação Física
Banca Examinadora:
___________________________________________
Prof. Dr. Juarez Vieira do Nascimento
(Orientador)
__________________________________________
Profa. Dra. Joice Mara Facco Stefanello
__________________________________________
Prof
.
Dr. Viktor Shigunov
ii
AGRADECIMENTOS
A importância deste momento em minha vida reforça a necessidade de
agradecer algumas pessoas que colaboraram e me apoiaram durante esta
jornada.
Agradeço ao Orientador, Professor Dr. Juarez Vieira do Nascimento,
que além de me orientar nos estudos com sua dedicação e atenção é um
exemplo de profissional, onde certamente procurarei me espelhar na minha atual
e futura prática docente.
Agradeço aos professores Dr. Viktor Shigunov e Dra. Joice Mara
Facco Stefanello, membros da banca examinadora, pela colaboração na
estruturação deste estudo.
A Universidade Federal de Santa Catarina, através do Programa de
Mestrado em Educação Física pela oportunidade oferecida.
A todos os professores do Programa de Mestrado que contribuíram na
minha formação acadêmica e profissional.
Aos meus colegas, amigos e funcionários do Centro de Desportos, pelo
incentivo e, acima de tudo, pela amizade.
Aos amigos e companheiros do Laboratório de Pedagogia do Esporte,
Carine Collet, Tiago Silva, Jorge Both, Flávio, ao meu amigo de orientação
Carlos A. F. Lemos e, ao meu também amigo André Luis Done, companheiro
nos estudos e nas discussões acadêmicas durante todo o processo do Mestrado.
Ao professor Ms. Artur José Novaes, como um dos grandes
responsáveis pela minha escolha profissional, e que sempre me incentivou na
busca da formação e aperfeiçoamento profissional e acadêmico e ao professor
Ms. Robson Rides de Souza, companheiro de s-graduação e estudos, amigo
e incentivador da minha carreira docente.
iii
Aos treinadores Luiz Carlos da Silva (Jaraguá do Sul) e Marcelo
Klein (Florianópolis) pela colaboração e ajuda na coleta de dados desta
investigação.
Principalmente aos meus pais, Celson e Maria Rosa e aos meus
irmãos Marcus e Marcio, responsáveis por uma vida familiar, que apesar da
distância, sempre esteve presente com muito amor e respeito, o que com certeza
ajuda em qualquer conquista de nossas vidas. E um agradecimento especial a
minha esposa Luciane, pelo apoio e compreensão em todos os momentos deste
Mestrado.
E aos demais familiares e amigos que de forma indireta, ou de
qualquer maneira contribuíram com a conclusão desta importante etapa de minha
vida.
iv
RESUMO
AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DAS CAPACIDADES TÉCNICO-TÁTICAS
EM EQUIPES DE VOLEIBOL INFANTIL MASCULINO CATARINENSE
Mestrando: Marcel Henrique Kodama Pertille Ramos
Orientador: Juarez Vieira do Nascimento
O objetivo geral desta pesquisa foi avaliar o desenvolvimento da capacidade
técnico-tática em decorrência de abordagens metodológicas utilizadas no
processo de ensino-aprendizagem-treinamento do voleibol infantil masculino.
Participaram desta investigação 30 atletas, do gênero masculino, pertencentes ao
escalão infantil bem como os respectivos treinadores responsáveis de duas
equipes de clubes com tradição na formação de atletas nesta modalidade em
Santa Catarina. Os dois grupos experimentais foram submetidos a testagens de
pré e pós-teste na avaliação das capacidades técnico-táticas. Os instrumentos de
coleta de dados foram observação direta das ações dos jogadores nos jogos,
observação direta das ações dos levantadores nos jogos, observação sistemática
das sessões de treinamento e entrevista semi-estruturada com os treinadores. Na
análise dos dados foram empregados os recursos da estatística descritiva (média,
freqüência percentual e desvio padrão), bem como aplicados os testes Qui-
Quadrado, U de Mann-Whitney e Prova de Wilcoxon, cujo nível de significância
adotado foi de p< 0,05. Os resultados encontrados indicam que as abordagens
metodológicas utilizadas pelos treinadores investigados são similares quanto às
noções de refinamento e aplicação, diferenciando-se apenas em relação à noção
de progressões. O desenvolvimento das capacidades técnico-táticas dos atletas
infantis masculinos parece depender mais do tempo empregado no treinamento
das ações do que propriamente das concepções e metodologias implementadas
no processo de treinamento do voleibol. O processo de ensino-aprendizagem-
treinamento empregado pelas equipes foi capaz de melhorar o nível das
capacidades técnico-táticas dos atletas. Entretanto, não se pôde confirmar a
existência de diferenças significativas no desenvolvimento das capacidades
técnico-táticas dos atletas de acordo com as abordagens metodológicas adotadas
pelos treinadores neste processo. Sugere-se a continuação de estudos nesta
área, a partir da análise pormenorizada do comportamento verbal e das
estratégias específicas adotadas pelos treinadores para o desenvolvimento das
capacidades táticas no voleibol.
Palavras-Chave: Pedagogia do esporte, Técnica, Tática, Voleibol, Abordagens
metodológicas, Treinamento esportivo.
v
ABSTRACT
ASSESSMENT OF THE DEVELOPMENT OF TECHNICAL-TACTICS CAPACITY
OF INFANTILE MALE VOLLEYBALL CATARINENSE TEAMS
Author: Marcel Henrique Kodama Pertille Ramos
Adviser: Juarez Vieira do Nascimento
The general objective of this research was to evaluate the development of the
capacity technician-tactics in consequence to methodological approaches used in
the process of teaching-learning-training of the masculine infantile volleyball. They
participated in these investigation 30 athletes, of the masculine gender, belonging
to the infantile step as well as the respective coaches responsible of two teams of
clubs with tradition in the athletes' formation in this modality in Santa Catarina. The
instruments of collection of data were direct observation of the players' actions in
the games, direct observation of the actions of the setters in the games,
systematic observation of the training sessions and interview semi-structured with
the coaches. In the analysis of the data was to used the statistics descriptive
(average, percentile frequency and standard deviation), as well as applied
resources were used the tests Qui - Square, U of Mann-Whitney and Proof of
Wilcoxon, whose significância level adopted was of p < 0,05. The found results
indicate that the methodological approaches used by the investigated coaches are
similar as for the refinement notions and application, just differing in relation to the
notion of progressions. The development of the infantile masculine athletes'
technician-tactical capacities seem to depend more of the time used in the training
of the actions than properly of the conceptions and methodologies implemented in
the process of training of the volleyball. However, could not confirm the existence
of significant differences in the development of the athletes' technician-tactical
capacities in agreement with the methodological approaches adopted by the
trainers in this process. It suggests himself the continuation of studies in this area,
starting from the detailed analysis of the verbal behavior and of the specific
strategies adopted by the trainers for the development of the tactical capacities in
the volleyball.
Key words: Technical, Tactics, Volleyball, Methodological approaches, Sports-
pedagogy, Sports-training.
vi
ÍNDICE
Página
AGRADECIMENTOS ii
RESUMO iv
ABSTRACT v
LISTA DE ANEXOS viii
LISTA DE FIGURAS ix
LISTA DE QUADROS x
LISTA DE TABELAS xi
CAPÍTULO
I. INTRODUÇÃO 1
O problema e sua importância
Objetivos do estudo
Hipóteses
Justificativa do estudo
Limitação do estudo
Variáveis do estudo
Definição de termos
II. REVISÃO DE LITERATURA 7
A prática esportiva de crianças e jovens
O voleibol enquanto jogo esportivo coletivo
O processo de ensino-aprendizagem-treinamento no voleibol
O ensino da técnica e da tática no voleibol
Abordagens metodológicas do voleibol
III. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 31
Caracterização da pesquisa
Participantes do estudo
Desenho experimental
Tratamento experimental
Instrumento de medida
Coleta de dados
Análise dos dados
Delimitação e limitação do estudo
IV. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS 45
Caracterização dos treinadores
Caracterização das sessões de treinamento técnico-tático
vii
Avaliação do desempenho técnico-tático dos jogadores das
equipes investigadas
V. CONCLUSÕES 74
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 77
ANEXOS 85
viii
LISTA DE ANEXOS
Anexos Página
1. Análise pormenorizada das sessões de treinamento 86
2. Roteiro de observação das sessões de treinamento 90
3. Roteiro de entrevista semi-estruturada 92
4. Modelo de carta de apresentação e consentimento enviada aos
coordenadores das equipes para a realização da pesquisa
94
5. Modelo de carta de apresentação enviada aos treinadores das
equipes para a realização da pesquisa
96
6. Modelo do termo de consentimento livre e esclarecido enviado aos
treinadores das equipes para a realização da pesquisa
98
7. Apreciação do comitê de ética de pesquisa em seres humanos da
Universidade Federal de Santa Catarina
100
ix
LISTA DE FIGURAS
Figura Página
1. Perspectiva ecológica no treino das habilidades técnicas 19
2. Modelo Original – Teaching Games for Understanding 27
3. Comparação dos métodos de ensino tradicionais e situacionais 29
x
LISTA DE QUADROS
Quadro Página
1. Conceitos de progressão, refinamento e aplicação 14
2. Pressupostos a ser considerados no treino da técnica 19
xi
LISTA DE TABELAS
Tabela Página
1. Reprodutibilidade intra-avaliador do protocolo de avaliação dos
fundamentos técnico-táticos do voleibol.
36
2. Reprodutibilidade inter-avaliadores do protocolo de avaliação dos
fundamentos técnico-táticos do voleibol.
37
3. Reprodutibilidade inter-avaliadores do instrumento de observação das
sessões de treinamento técnico-tática.
41
4. Freqüência das semanas típicas, sessões de treinamento e
atividades das equipes investigadas.
51
5. Freqüência e freqüência percentual da delimitação espacial das
atividades.
52
6. Freqüência e duração do conteúdo das atividades das sessões de
treinamento técnico-tático
53
7. Freqüência e freqüência percentual da função das tarefas das
equipes investigadas.
55
8. Duração e percentual da função das tarefas da categoria infantil das
equipes investigadas.
56
9. Freqüência e freqüência percentual da classificação das tarefas das
equipes investigadas.
58
10. Duração e percentual da classificação das tarefas das equipes
investigadas.
60
11. Freqüência e freqüência percentual do critério de êxito das tarefas
das equipes investigadas.
61
12. Duração e percentual do critério de êxito das tarefas das equipes
investigadas.
62
13. Freqüência e freqüência percentual da conduta do treinador das
equipes investigadas
64
xii
14. Freqüência e freqüência percentual da conduta dos atletas das
equipes investigadas
66
15. Desempenho técnico-tático das ações dos jogadores no pré-teste
das equipes investigadas
68
16. Desempenho técnico-tático das ações dos jogadores no pós-teste
das equipes investigadas
69
17. Desempenho técnico-tático das ações dos jogadores no pré e pós-
teste da Equipe A
70
18. Desempenho técnico-tático das ações dos jogadores no pré e pós-
teste da Equipe B
71
CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO
O problema e sua importância
A participação de jovens no esporte tem sido discutida anos, de forma
controversa e nem sempre está pautada pela objetividade e pelo rigor científico.
Além do interesse da própria criança, há também o envolvimento de pessoas com
diferentes expectativas e os mais variados conhecimentos ou, às vezes, nenhum
conhecimento (Vargas Neto,1999).
Muitos treinadores, dirigentes e a mesmo os pais de jogadores,
atribuem a vitória nas competições como o objetivo principal. Para atender este
objetivo, treinadores utilizam estratégias de treinamento na busca de resultados a
curto prazo, que comprometem os resultados futuros e frustram as expectativas
dos adolescentes (Marques, 1998). De fato, o ponto crucial não é a competição
para os jovens, mas sim o excesso de orientação para o produto, ou seja, um
processo de ensino-aprendizagem-treinamento visando apenas o resultado a
qualquer preço, pode prejudicar o jovem que participa dos treinamentos.
O treinamento esportivo, de acordo com Balbino (2005), é reconhecido
como um processo complexo, em que o desempenho final do atleta ou da equipe
é resultado da síntese de diversos fatores. Desta forma, a prática esportiva em
adolescentes visando a formação a longo prazo de atletas deve procurar a
utilização de métodos de treinamentos coerentes com a faixa etária em questão,
buscando uma melhor formação física, psicológica e sócio-afetiva dos
participantes.
Para os jovens terem uma vida esportiva prolongada, chegando ao
esporte de alto rendimento, Brighton (1998) acredita que se torna necessário que
2
2
suas experiências motoras e de iniciação esportiva sejam positivas, tanto do
ponto de vista psicomotor quanto das dimensões afetivas, sociais e cognitivas.
Entretanto, a prática diária tem mostrado um processo de ensino-aprendizagem-
treinamento que, tanto trabalha sem respeitar a idade evolutiva dos adolescentes,
quanto coloca formas de pressão e cobranças de resultados inadequados à faixa
etária (Greco, 2002; Mesquita, 1997).
De modo geral, o crescente envolvimento de jovens em programas de
esportes organizados tem levado estudiosos (Bojikian, 2002; Greco, 2002;
Marques, 1998; Oliveira, 1998) a discutirem sobre os efeitos da competição para
estas faixas etárias, uma vez que em certos círculos a competição é conduzida
tão a sério, que chega a sobrepujar o próprio valor intrínseco do exercício
orgânico, o qual faz parte da própria conduta esportiva.
Nesta perspectiva, investigadores (Barbanti, 2005; Lima, 2000; Weineck,
1999) têm refletido a questão da precocidade esportiva, onde estes atletas são
colocados em eventos com cobrança de alto rendimento. Além disso, conforme
Paes (1992), existe a necessidade de se continuar investigando os elementos que
servem de suporte para a realização do processo competitivo para esta faixa
etária. Um desses elementos é o processo de automatização de destrezas
motoras, que pode servir como um acessório na avaliação do processo de
aprendizagem motora.
Diante da riqueza de situações que proporciona, o voleibol tem se
constituído num meio formativo por excelência, favorecendo o desenvolvimento
de competências em vários planos. Contudo, os atletas envolvidos no processo
de ensino-aprendizagem-treinamento desta modalidade têm reconhecido que não
basta praticar muito, mas que é preciso fundamentalmente praticar melhor.
As exigências crescentes de rendimento, conforme Nascimento e
Barbosa (2000), têm imposto a necessidade de selecionar criteriosamente as
condições de prática, na medida em que são através delas que os jogadores
exercitam e adquirem os conteúdos alvos de aprendizagem. Os autores
acrescentam que a estruturação das atividades e das tarefas motoras tem
assumido especial importância no quadro de planificação e condução do processo
de ensino-aprendizagem-treinamento. A organização das sessões de treinamento
passa necessariamente pela capacidade dos treinadores concretizarem as suas
3
3
intenções não nos objetivos traçados, mas também nas tarefas motoras
selecionadas para sua concretização.
O desenvolvimento das capacidades técnico-táticas dos atletas para o
jogo é um fator preponderante no processo de treinamento de qualquer equipe.
Entretanto, algumas abordagens metodológicas utilizadas nos jogos esportivos
coletivos salientam uma dicotomia no aprendizado da técnica e da tática.
Esta problemática é salientada por Mesquita (1998), afirmando que mais
do que dicotomizar cnica e tática, enquanto perspectivas de abordagens
distintas e antagônicas, importa estabelecer relações de compromisso e
complementaridade entre ambas.
Neste contexto, identificam-se algumas abordagens metodológicas de
ensino que procuram minimizar esta problemática entre o conteúdo técnico e
tático, procurando associar o ensino da técnica e da tática do jogo (Garganta,
1995; Greco, 1998; Hopper, 2002; Mesquita, 1995). Porém, como ocorre o
processo de ensino-aprendizagem-treinamento das capacidades técnico-táticas
nas categorias de formação do voleibol?
Face a esta situação, o estudo do desenvolvimento das capacidades
técnico-táticas dos atletas tornou-se pertinente dada a sua importância no
processo de treinamento da modalidade de voleibol.
Assim, esta investigação foi realizada no sentido de responder aos
seguintes problemas: Como se caracteriza o processo de ensino-aprendizagem-
treinamento do voleibol infantil masculino em clubes catarinenses de tradição na
formação de atletas nesta modalidade? Como se desenvolve o nível da
capacidade técnico-tática nos atletas envolvidos neste processo?
Objetivos do Estudo
Objetivo Geral
O objetivo geral desta pesquisa foi avaliar o desenvolvimento das
capacidades técnico-táticas em decorrência das abordagens metodológicas
utilizadas no processo de ensino-aprendizagem-treinamento do voleibol infantil
masculino implementado em clubes catarinenses.
4
4
Objetivos Específicos
Constatar o nível de formação, fontes de conhecimentos e concepções
metodológicas dos treinadores envolvidos;
Caracterizar as dinâmicas (estruturação) das tarefas e das atividades nas
sessões de treinamento;
Avaliar o nível das capacidades técnico-táticas dos atletas das equipes;
Verificar o impacto do processo de ensino-aprendizagem-treinamento
implementado pelas equipes nas capacidades técnico-táticas dos atletas;
Hipóteses
Considerados os objetivos deste estudo, as seguintes hipóteses foram
formuladas:
H1: O processo de ensino-aprendizagem-treinamento é capaz de
melhorar o nível da capacidade técnico-tática dos atletas.
H2: diferenças no desenvolvimento da capacidade técnico e tático, de
acordo com as concepções metodológicas utilizadas pelos treinadores no
processo de ensino-aprendizagem-treinamento.
Justificativa do Estudo
A preocupação em torno do ensino da técnica e tática no processo de
ensino-aprendizagem-treinamento tem sido uma constante nas investigações dos
estudiosos da área (Garganta, 1998; Graça e Oliveira, 1995; Greco e Sisto, 1995;
Mesquita, 1995).
Neste contexto, emergem problemas no processo de ensino dos esportes
relacionados com o desenvolvimento do nível das capacidades técnico-táticas. A
dicotomia entre os aspectos técnicos e táticos, o ensino da técnica dissociado dos
5
5
aspectos táticos do jogo são alguns dos problemas por Garganta, (1998) e
Mesquita, (1995).
Os fundamentos técnicos ocupam lugar de destaque no jogo de voleibol,
pois sem eles é impossível jogar. Além disso, a carência de um arsenal cnico
constitui um dos problemas dos jogadores em todos os escalões. No entanto, a
variedade de atos motores que os jogadores dominam caracteriza o seu nível de
habilidade técnica, que se traduz nas capacidades de solucionar com maior ou
menor eficácia as diversas situações e os problemas que lhe surgem durante o
jogo (Garganta, 1998; Greco, 1995).
As recomendações da literatura consultada são de que no ensino da
técnica não se pode desconsiderar os aspectos ticos do jogo do voleibol, mas
a necessidade de procurar uma relação harmoniosa entre as formações
técnica e tática dos jogadores.
A estratégia, a técnica e a tática, segundo Lamas e Seabra (2006),
fundamentam todo o conteúdo desenvolvido no jogo e, por conseqüência, no
treinamento das modalidades esportivas coletivas. Neste sentido, a realização
desta pesquisa justifica-se, inicialmente, pela tentativa de fornecer informação útil
sobre a qualidade do processo ensino-aprendizagem-treinamento de jovens na
modalidade de voleibol masculino. Desta forma, procura-se auxiliar futuros
treinadores na escolha das abordagens metodológicas utilizadas em suas
sessões de treinamento, ajudando a tornar um profissional mais consciente em
relação a sua prática pedagógica.
Além disso, devido ao envolvimento do investigador com a Federação
Catarinense de Voleibol, a possibilidade de auxiliar no desenvolvimento de
programas de formação de futuros treinadores nesta modalidade.
Outro aspecto que justifica esta pesquisa refere-se aos expressivos
resultados do voleibol brasileiro em competições internacionais. Além de
confirmarem a grande evolução e popularidade experimentada nos últimos anos,
determinam a necessidade de serem desenvolvidos novos métodos e formas de
ensino-aprendizagem-treinamento para manter o nível internacional alcançado.
6
6
Variáveis do Estudo
Conforme o problema a investigar, as variáveis desse estudo foram
propostas da seguinte forma:
Variável Independente: abordagens metodológicas dos treinadores
implementadas no processo ensino-aprendizagem-treinamento em equipes de
voleibol infantil masculino.
Variável Dependente: nível das capacidades técnico-táticas dos jogadores
de voleibol da categoria infantil masculino.
Definição de Termos
Categoria infantil: classificação dos jogadores com 15 e 16 anos de idade
que disputam as competições promovidas pela Federação Catarinense de
Voleibol – FCV.
Processo ensino-aprendizagem-treinamento: constitui-se em uma trilogia,
onde a aprendizagem e o ensino se concretizam através do treinamento,
entendendo este como um processo complexo e planejado com o objetivo de
obter melhorias no rendimento ou mantê-lo em algum campo de atuação
(Grosser, 1988, apud Greco, 2001).
Metodologia de ensino: o estudo de um conjunto de meios dispostos
convenientemente para dirigir a aprendizagem.
Progressões são seqüências de exercícios onde as atividades e tarefas
contemplam estágios ou níveis de complexidade e organização mais elevados no
processo de ensino-aprendizagem (Nascimento e Barbosa, 2000).
Side out situações de jogo que envolvem o encadeamento de ações de
recepção, levantamento e ataque (Nascimento e Barbosa, 2000).
Transition situações de jogo que envolvem o encadeamento de ações
de defesa, levantamento e contra-ataque (Nascimento e Barbosa, 2000).
Tarefas
são padrões de exigências distintas e estabelecidas nas
atividades executadas em um determinado prazo (Nascimento e Barbosa, 2000).
7
7
CAPÍTULO II
REVISÃO DE LITERATURA
No sentido de fornecer o embasamento teórico para uma melhor
compreensão dos assuntos abordados nesta investigação, este capítulo foi
organizado em cinco tópicos.
Inicialmente houve a preocupação em contextualizar a prática esportiva
de jovens, salientando a sua importância e citando alguns problemas na sua
prática. Na seqüência, abordou-se o voleibol como um jogo esportivo coletivo,
suas características e particularidades da modalidade em questão. O processo
ensino-aprendizagem-treinamento da modalidade voleibol e as principais
abordagens metodológicas utilizadas neste processo são apresentadas no
terceiro e quarto tópicos respectivamente. Por último, abordou-se as questões
que envolvem o ensino da cnica e da tática nos Jogos Esportivos Coletivos em
especial, o voleibol.
A prática esportiva de jovens
Os Jogos Esportivos Coletivos, dentre eles o Voleibol, são considerados
por adolescentes, como uma das mais interessantes atividades recreativas. Existe
uma carga física, exige habilidades e interação, companheirismo e rivalidade,
técnica e coordenação, tática e estratégia, incerteza e emoção (Greco, 2002).
8
8
Os Jogos Esportivos Coletivos desenvolvem também, quando bem
orientados, competência em vários planos, especialmente os aspectos tático-
cognitivos, técnico-coordenativos e sócio-afetivos (Garganta, 1998).
A preparação esportiva de jovens, conforme Filin (1996), necessita ser
realizada em conformidade com os parâmetros gerais de ensino e educação.
Assim, organizando-a racionalmente na base dos princípios gerais do ensino
pode-se conseguir os objetivos interligados na formação e desenvolvimento geral
da educação. Deste modo, a prática esportiva torna-se umas das formas
importantes da educação.
Krebs (1995) salienta que com a crescente participação de jovens em
eventos esportivos, na busca de rendimento de alto nível, o treinamento e a
participação competitiva de jovens têm sido uma plica, ou uma adaptação, dos
conhecimentos e formas de organização do esporte de alto rendimento. Nesse
mesmo entendimento, Marques (1998) acrescenta que os modelos de
treinamento de alto rendimento aplicados em adultos, continuam a ser utilizados
no processo de preparação esportiva de jovens.
A crescente importância social do fenômeno esportivo, conforme Silva et
al. (2001), ao lado de um acentuado aumento na oferta de competições num
quadro esportivo cada vez mais especializado, passou a definir novas exigências
no domínio da preparação e determinou a necessidade de participações e
especializações cada vez mais precoces.
Sobre este assunto, Monpean (1991) comenta que muitos adolescentes
participam em programas esportivos altamente estruturados, similares aos
programas desenvolvidos para adultos.
A prática esportiva demonstra, de modo cada vez mais claro, que o nível
de desempenho exigido para o alto rendimento só pode ser alcançado, quando os
fundamentos básicos são desenvolvidos adequadamente na infância e juventude
(Weineck, 1996).
Em relação à discussão da participação de jovens no esporte, Vargas
Neto (1999) salienta que a participação de jovens no esporte está além do
interesse do próprio adolescente, pois o envolvimento de pessoas com
diferentes interesses e os mais variados conhecimentos, ou às vezes, nenhum
conhecimento.
9
9
As controvérsias sobre este assunto são muitas e envolvem as
discussões sobre a iniciação esportiva. Gaya et al. (2002) afirmam que muito se
tem dito, a favor ou contra, sobre a relevância do esporte como meio de formação
e educação, seu papel social e seus benefícios. Porém, os autores defendem o
esporte como um constituinte da cultura corporal do movimento humano,
enquanto prática com infinito potencial para educação e formação de jovens.
Nesta perspectiva, uma proposta de ensino consistente, segundo Saad
(2002), permite conhecer o adolescente, identificar suas necessidades, analisar o
que é ou não de seu interesse e todas as suas possibilidades. Para tanto, o
professor/treinador tem como recurso utilizar sua criatividade, de modo a permitir,
a livre expressão do jovem.
Dessa forma, segundo Vieira e Krebs (2005), a história do sucesso de um
jovem no esporte depende amplamente da valorização dessa atividade humana
pela sociedade, de boas escolas e do suporte familiar. Por outro lado, depende
também dos traços individuais dos atletas e dos programas que objetivam
identificar, estimular e recompensar a aprendizagem e o treinamento nessa
atividade.
Existe também, conforme Gouvêa (2005), um conhecimento prévio de
que esses jovens estão em pleno desenvolvimento nos diferentes aspectos:
físico, psicológico, além daqueles ligados a modalidade praticada (técnico e
tático). Isso parece ser suficiente para indicar que o treino desses jovens deve ter
uma lógica diferenciada daquela que se conhece para atletas adultos.
Assim, fica evidente a importância do aprendizado do esporte coletivo
para a formação integral do indivíduo. Sobre este assunto, Paes (2002) destaca
que faz parte da natureza do jovem a curiosidade em aprender e ao procurar uma
escola de esporte, na maioria das vezes revela seu interesse em aprender a fazer
cestas, gols e saques.
10
10
O Voleibol enquanto Jogo Esportivo Coletivo
Os Jogos Esportivos Coletivos (JEC), denominação que engloba entre
outras modalidades o voleibol, ocupam um lugar importante na cultura esportiva
contemporânea (Garganta, 1998). Eles constituem uma atividade social
organizada, de acordo com Teodurescu (1984), como uma forma específica de
prática na qual o exercício físico assume um caráter iminentemente lúdico. Além
disso, ocorre uma riqueza de situações, devido à natureza aberta das habilidades
e a intensa imprevisibilidade das situações que acontecem no decorrer do jogo.
Apesar da riqueza no alcance e na abrangência dos Jogos Esportivos
Coletivos, Garganta (1998) destaca que a sua identidade e importância ressaltam,
de dois traços fundamentais: o apelo à cooperação e o apelo à inteligência. A
cooperação ocorre entre os elementos da mesma equipe para vencer o oponente
e, também, acontece entre os elementos de equipes adversárias para que a
realização do jogo se concretize. E, o apelo à inteligência é definido pela
capacidade de adaptação a novas situações, isto é, enquanto capacidade de
elaborar e operar respostas adequadas aos problemas colocados pelas situações
aleatórias e diversificadas que ocorrem no jogo.
Estes dois traços fundamentais se justificam, de fato, pelas características
e particularidades que enriquecem a prática dos Jogos Esportivos Coletivos.
Mesquita (1994) destaca algumas particularidades específicas deste grupo de
esportes, que contribuem de forma decisiva para o enriquecimento multilateral de
seus praticantes: aciclicidade técnica, caráter complexo da técnica, atenção
distributiva, incidência morfológico-funcional, participação psíquica intensa. Desta
forma, no decurso de um jogo surgem tarefas motoras de grande complexidade
para cuja resolução não existe um modelo de execução fixo (Faria e Tavares,
1996).
Os JEC são atividades ricas em situações imprevistas às quais o
indivíduo que joga tem que responder. O comportamento dos jogadores é
determinado pela interligação complexa de vários fatores de natureza psíquica,
física, tática, técnica, entre outras (Garganta, 1998).
É possível identificar semelhanças e diferenças entre os diversos Jogos
Esportivos Coletivos e, segundo De Rose Jr. (2006), conhecê-los possibilita um
11
11
maior entendimento da sua dinâmica, facilita o ensino/treino e aproximação das
estratégias dos JEC estruturalmente semelhantes.
Enquanto Jogo Esportivo Coletivo, o voleibol também estabelece relações
de cooperação entre os elementos da mesma equipe e de adversidade com os da
outra equipe. Através da organização, coordenação e racionalização de ações
individuais e coletivas entre os elementos que constituem a equipe, esta assume
uma funcionalidade geral (tática coletiva) e outra particular (tática individual)
(Mesquita, 1997).
Teodurescu (1984) também caracteriza o voleibol enquanto jogo esportivo
de cooperação-oposição, praticado por duas equipes. Destaca que o espaço de
ação de cada equipe é separado, sendo a luta pela posse de bola indireta, com
limite máximo de três toques por equipe.
O voleibol possui uma estrutura formal e uma outra funcional (Queiroga,
2005). Enquanto a estrutura formal relaciona-se com o terreno de jogo, o objeto
de jogo, as regras, os pontos obtidos, os colegas e os adversários, a estrutura
funcional engloba as relações técnico-táticas, a relação ataque-defesa e a relação
cooperação-oposição (Bayer, 1994; Garganta, 1995; Tavares, 1994).
De acordo com Mesquita (1998), o voleibol possui características comuns
a todos os Jogos Esportivos Coletivos, mas não deixa de conter algumas
particularidades específicas que a distinguem das demais. Esta especificidade
reside fundamentalmente na sua forma estrutural e nas suas características
resultantes do regulamento técnico.
Quanto à estrutura formal do jogo, a autora destaca que no voleibol não
existe a invasão no terreno adversário, ocorre uma luta indireta das disputas de
bola e a trajetória predominante da bola acontece no meio aéreo. Quanto às
características e exigências do voleibol, salienta-se o olhar dirigido para cima,
brevidade nos contatos com a bola, número de contatos limitados, rapidez na
análise e decisão, movimentação condicionada e polivalência de posições e
funções, devido à rotação imposta pelo jogo.
Ainda em relação às particularidades do voleibol, Gouvêa (2005),
observando outras modalidades, salienta algumas questões. A primeira diz
respeito ao espaço de jogo do voleibol, que é feito por uma rede que separa as
equipes oponentes não existindo a possibilidade de se tomar a bola do
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12
adversário. Assim, a particularidade seria a conquista e a defesa territorial, que
se realiza por meio da bola ao tocar o campo do adversário, considerado como
meta. Essa meta também é bastante peculiar se comparada a outros esportes
coletivos. Outras características peculiares são as interações entre companheiros
e entre adversários, que tem origem na forma de se executar e nas limitações
claras das ações.
A constante evolução tática do voleibol, segundo Ugrinowitsch e Uehara
(2006), é outro fator particular do voleibol que está intimamente ligado aos Jogos
Olímpicos. Não a evolução tática do jogo, mas a regulamentação do voleibol
também sofre constantes evoluções. Sobre estes assuntos pode-se citar: a
inclusão do líbero, a pontuação por “rally”, a liberação do toque da bola na rede
no momento do saque, entre outras.
Devido a sua plasticidade, beleza e riqueza de opções nas ações motoras
ofensivas e defensivas, o voleibol tem despertado um grande interesse junto ao
público. A evolução estrutural da modalidade, conforme Rizola Neto (2003),
possibilitou que a sua prática inicialmente recreativa passasse para a esfera do
treinamento esportivo, ganhando grande espaço como essporte de competição.
Assim, o desenvolvimento do gosto e do interesse pelo desporto constitui
uma importante tarefa educativa a que deve ser atribuída prioridade no processo
de ensino-aprendizagem-treinamento do voleibol (Marques, 2000).
O processo de ensino-aprendizagem-treinamento no voleibol
Para que o desenvolvimento esportivo do atleta seja otimizado torna-se
necessário organizar o processo de treino de uma forma sistemática, no sentido
de possibilitar ao atleta a vivência de situações de aprendizagem, devidamente
estruturadas e concorrentes para a sua formação (Mesquita, 2000).
O processo de ensino-aprendizagem-treinamento, de acordo com Greco
(2001), constitui-se em uma trilogia, onde a aprendizagem e o ensino se
concretizam através do treinamento. De fato, o treinamento é considerado um
processo complexo e planejado, com o objetivo de obter uma melhoria no
rendimento ou mantê-lo em algum campo de atuação. Do ponto de vista médico-
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biológico, Greco (2001) acrescenta que são aplicados, de forma sistemática e
dirigidos, estímulos específicos com o objetivo de conduzir e produzir adaptações
morfológicas e funcionais. Do ponto de vista pedagógico e psicológico, destaca
que o treinamento exerce influência sobre as potencialidades e sobre o
desenvolvimento das capacidades da pessoa como um todo.
Também sobre o processo de treinamento, Oliveira e Paes (2005)
defendem uma pedagogia que trabalhe o treinamento numa perspectiva mais
ampla do que aquela presa aos métodos analíticos, no qual visa-se ao
treinamento dos atletas dos jogos esportivos transcendendo o simples ato de
treinar, ampliando para o que treinar, quando treinar, como treinar e para que
treinar.
O processo de treinamento, segundo Garganta (2002), na sua essência
visa induzir alterações positivas observáveis, tanto no comportamento dos
jogadores quanto nas próprias equipes. Deste modo, o processo de preparação
esportiva, a construção e a operacionalização do processo de treinamento devem
fundar-se em princípios diretores que encaminhem os respectivos efeitos na
direção pretendida.
Nesta perspectiva, Greco (2001) comenta que todo o processo de ensino-
aprendizagem-treinamento deve ter, como fundamento, princípios filosóficos que
alicercem e potencializem o desenvolvimento da personalidade do praticante.
Desta forma, os métodos a serem utilizados devem ser adaptados às faixas
etárias e ao nível de rendimento objetivado, considerando fatores éticos,
biológicos, sociais, entre outros.
Um aspecto a destacar é que o processo de treinamento, conforme
Mesquita (2000), pressupõe uma relação de cumplicidade entre quem ensina
(treinador) e quem aprende (jogador), consubstanciada na matéria de treino
(conteúdos de exercitação). Além disso, o treinamento se apóia no ensino-
aprendizagem e, através do seu planejamento consciente e variado, permite a
sua fixação e possibilita o seu crescimento do nível de aptidão (Greco, 1998).
Considerando que, cabe ao treinador, a responsabilidade pela condução e
orientação do processo de treinamento enquanto processo de ensino-
aprendizagem, ele necessita atuar em três momentos essenciais (antes, durante e
após a sessão de treinamento). Estes momentos, por sua vez, exigem por parte
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do treinador o cumprimento de três tarefas: planejar, realizar e avaliar (Mesquita,
2000).
O planejamento deve ser efetuado com base na análise da situação,
efetuando-se o diagnóstico, e necessita cumprir as tarefas de determinar o que
quer fazer, escolher como vai fazer e realizar o plano previamente elaborado. A
realização constitui o momento de operacionalização da intencionalidade do
treinador, subjacente à organização do processo de ensino-aprendizagem. A
avaliação vai permitir a reflexão e o controle de todo o processo de ensino
aprendizagem, no sentido de melhorar este processo (Mesquita, 2000).
Os conceitos de progressão, refinamento e aplicação (Quadro 1) são
considerados como movimentos fulcrais dos processos de estruturação e
condução do ensino (Graça, 1998).
Quadro 1
Conceitos de progressão, refinamento e aplicação.
PROGRESSÕES
Decisões pedagógicas que envolvem a
manipulação do grau de complexidade das
tarefas de aprendizagem, contemplando o
encadeamento estrutural e seqüencial das
tarefas.
REFINAMENTO
Tem a ver com a definição dos elementos de
qualidade da resposta dos alunos, e orienta e
circunscreve o enfoque das observações e
correções sobre a realização das tarefas.
APLICAÇÃO
Diz respeito à colocação de situações de
competições e ou de auto-avaliação. Foco
predominante na eficácia.
Fonte: Graça e Oliveira (1998, p. 29)
No processo de ensino-aprendizagem-treinamento, Greco (1995) afirma
que prevalecem duas correntes principais, tanto na prática escolar quanto na
iniciação em clubes e escolinhas. Uma delas defende a decomposição e
fragmentação dos elementos constituintes do jogo, com o ensino pelo método
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global ou parcial de fundamentos técnicos, os quais representam a base para o
desenvolvimento da tática e estimulam a sensação de jogo nas crianças. Por
outro lado, o “aprender jogando” baseia-se na transferência de informações por
meio da repetição do conjunto de ações similares ocorridas durante o jogo. O
aprendizado e a evolução acontecem através do acúmulo e assimilação de
experiências da prática.
Graça e Oliveira (1998) destacam que, desde a década de 1960, a
metodologia dos Jogos Esportivos Coletivos tem repousado numa análise formal
e mecanicista de soluções preestabelecidas como a metodologia “tradicional”.
o predomínio da ênfase nas ações técnicas, geralmente a partir de exercícios
isolados, porém desmotivantes, em busca de futuros talentos esportivos. O ensino
destas modalidades esportivas tem freqüentemente consistido em fazer os
praticantes adquirirem sucessões de gestos técnicos, empregando-se muito
tempo no ensino da técnica e pouco ou nenhum no ensino do jogo propriamente
dito (Reis, 1994).
Concordando com os autores, Greco (1995) salienta que na década de
1990, uma aula que abordasse os Jogos Esportivos Coletivos apresentava-se
quase da mesma forma que aquela apresentada nos anos de 1960, isto é,
dividida em três partes. Na primeira parte, há o aquecimento com ou sem bola
(geralmente sem bola). Na segunda parte, considerada a parte principal da aula,
abordava os gestos específicos da atividade considerada, através de situações
simplificadas, com ou sem oposição. Por último, na terceira parte, em função do
tempo disponível, utilizava o jogo (reduzido ou formal).
Em relação ao voleibol, considerado por Greco (1998), um Jogo Esportivo
Coletivo diferente dos demais, porque a sua estrutura formal difere da maioria das
modalidades. O jogo acontece sem invasão do terreno adversário, a luta pela bola
acontece de maneira indireta, e a trajetória desta é feita por meio aéreo. O fato de
ser jogado em quadras distintas e não haver contato direto com o adversário,
possibilita a participação de jogadores de idades e morfologias diferentes. Neste
sentido, Greco (2002) recomenda que o processo de ensino-aprendizagem do
voleibol contemple as duas ordens de problemas que ocorrem no jogo. O primeiro
relativo à seleção da resposta adequada à situação (tomada de decisão), e o
segundo relativo à realização da resposta motora que solucione o problema
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(execução de uma técnica). E, complementa, que no processo ensino-
aprendizagem-treinamento o treinador necessita utilizar recursos pedagógicos,
evitando um treinamento técnico de forma isolada, que não tenha conexão com a
situação de jogo.
No entanto, Mesquita (1997) salienta que as exigências colocadas na
execução dos procedimentos técnicos do voleibol podem constituir um entrave à
sua aprendizagem. A autora justifica esta problemática pelo o fato do contato com
a bola no voleibol realizar-se fora da zona familiar de manipulação dos objetos,
constituindo-se logo de partida o primeiro condicionalismo da sua aprendizagem.
O processo de treinamento do voleibol vem merecendo atenção especial
de pesquisadores e profissionais da área (Bojikian, 2002; Mesquita, 2004; Rizola,
2003; Rosado e Silva, 2005). A estruturação e organização das sessões
necessitam ser executadas criteriosamente pelo treinador, contando do
conhecimento aprofundado da teoria e metodologia do treinamento, para então
conduzir e controlar os estágios da preparação esportiva dos jogadores
(Mesquita, 1997).
Nesta perspectiva, a estruturação das atividades e das tarefas motoras
executadas no treinamento assume especial importância no quadro de
planificações e condução do processo de ensino-aprendizagem-treinamento. A
organização das sessões de treinamento cnico-tático passa necessariamente
pela capacidade dos treinadores concretizarem as suas intenções não somente
nos objetivos traçados, mas também nas tarefas motoras selecionadas para sua
concretização (Nascimento e Barbosa, 2000).
Porém, observando as sessões técnico-táticas de voleibol nas equipes de
escalão de formação desta modalidade, percebe-se um processo de ensino-
aprendizagem-treinamento frequentemente operacionalizado de maneira
descontextualizada das situações de jogo. As sessões geralmente apresentam a
mesma estrutura, centrada na metodologia tradicional de ensino.
Os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem-treinamento desta
modalidade têm reconhecido que não a quantidade de tempo empregado no
treinamento é importante, mas é preciso fundamentalmente melhorar a qualidade
deste treinamento. As exigências crescentes de rendimento têm imposto a
necessidade de selecionar criteriosamente as condições de prática, na medida
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em que são através delas que os jogadores exercitam e adquirem os conteúdos
alvos de aprendizagem.
Devido às características específicas do voleibol, muitos treinadores
defendem a idéia de que este é um esporte mais cnico do que tático, quando
comparado com os outros Jogos Esportivos Coletivos (Mesquita, 1994).
O Ensino da técnica e da tática no Voleibol
Em primeira instância, o que caracteriza o voleibol é o confronto entre
duas equipes, cumprindo um regulamento estabelecido. As equipes se defrontam
e disputam objetivos comuns, realizando ações de ataque e defesa, alicerçadas
numa relação de oposição/cooperação (Garganta, 2002).
Em virtude destas particularidades dos Jogos Esportivos Coletivos, em
especial o Voleibol, ocorre uma essencialidade do ensino das dimensões técnicas
e táticas do jogo no processo de ensino-aprendizagem-treinamento. Porém,
existindo uma dicotomização entre tica e técnica em termos conceituais
refletindo, conseqüentemente, em metodologias opostas de abordagem de ensino
do jogo, nomeadamente na forma de abordagem dos conteúdos (Mesquita, 2000).
Inicialmente surgiram abordagens metodológicas de ensino do Voleibol
centradas nos aspectos técnicos, com ênfase nos fundamentos de jogo (toque,
manchete, ataque, entre outros) para, na seqüência, enfatizar os aspectos táticos
do jogo propriamente dito. Em contrapartida, outras abordagens metodológicas
eram centradas primeiramente nos aspectos táticos do voleibol.
Numa retrospectiva histórica do ensino do jogo, numa primeira fase, a
técnica foi considerada como o fator fundamental de rendimento, considerando-se
que a performance era otimizada através do domínio dos gestos técnicos.
Posteriormente, uma outra fase atribuiu à tática o papel principal no ensino do
jogo, materializado na capacidade que o jogador revelava a partir da vivência das
opções decisionais mais ajustadas à situação (Mesquita, 2000).
O voleibol se constitui em um dos esportes coletivos que mais evoluiu,
técnica e taticamente, desde sua criação. Tal evolução é resultado de adaptações
constantes no seu regulamento, no aperfeiçoamento dos fundamentos básicos e
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na forma das equipes apresentarem-se taticamente (Anfilo, 2003). Neste contexto,
o processo de ensino das habilidades cnicas e táticas do Voleibol tem que se
adaptar aos novos paradigmas de jogo.
Greco (1999) destaca a importância da interação da capacidade técnica
com a capacidade tática, enquanto fator determinante dos mecanismos
necessários à tomada de decisão.
Na mesma linha de entendimento, alguns autores (Bunker e Thorpe,
1982; Garganta, 2002) criticam os processos de ensino centrados nos aspectos
técnicos desmembrados das ações de jogo, ou seja, quando a técnica é ensinada
em situações que se afastam dos requisitos táticos.
Os estudos realizados no âmbito do voleibol, segundo Mesquita (2000),
sugerem que os dois tipos de abordagem (técnica e tática) produzem efeitos
semelhantes nas aprendizagens. A autora recomenda que as abordagens
necessitam levar em consideração as especificidades dos diferentes jogos
esportivos, na medida em que estas conferem um cunho particular às relações de
dependência entre técnica e tática.
As abordagens metodológicas de ensino devem considerar um novo
conceito de técnica, sabendo-se que nos jogos esportivos coletivos, qualquer
ação reclama a realização de uma “dupla tarefa”, isto é, o progresso na
aprendizagem traduz a capacidade do praticante repartir atenção entre uma tarefa
motora e uma tarefa cognitiva (Garganta, 2002; Temprado, 1997, apud Mesquita,
2000). Assim, ganha sentido o desenvolvimento da técnica situacional a qual
exige que nas tarefas realizadas no processo de treinamento sejam contempladas
probabilidades de ocorrência das situações-problema específicas da competição.
Face às particularidades impostas pelo envolvimento do indivíduo no jogo,
Mesquita (2000) ressalta a perspectiva ecológica da aprendizagem. Nela a
aprendizagem constitui um processo de exploração das interações entre
indivíduo, o meio e os constrangimentos das tarefas (Figura 1).
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Figura 1
Perspectiva ecológica no treino das habilidades técnicas (Mesquita, 2000, p.77).
Outro fator a ser considerado em relação à técnica diz respeito à
magnitude adaptativa da mesma, dependendo das características funcionais e
estruturais dos diferentes Jogos Esportivos. Deste modo, Mesquita (2004) afirma
que nas modalidades mais deterministas e previsíveis, como no voleibol, a
interação dos efeitos das aprendizagens da tica e da técnica torna-se superior,
em relação às modalidades mais imprevisíveis e menos deterministas, as quais a
evolução numa das componentes (tática) não pressupõe a evolução na outra
(técnica).
Para a modelação do treinamento da técnica, no contexto dos Jogos
Desportivos, Mesquita (2000) destaca alguns pressupostos (Quadro 2) que
situam, a um tempo, técnica e tática no contexto de aprendizagem.
Quadro 2
Pressupostos a ser considerados no treinamento da técnica.
PRESSUPOSTOS – TREINO DA TÉCNICA
1. Associação do treino da técnica ao treino da tática
2. O nível de exigência na componente técnica não deve exceder o
conhecimento tático
3. O fundamento técnico não deve ser confundido com interpretação pessoal
da técnica
4. No treino das habilidades, a lógica da didática deve replicar a lógica do jogo
Fonte: Mesquita (2000, p. 79)
Perspectiva ecológica da aprendizagem
Indivíduo
Tarefa
Meio
20
20
Em relação à tática no voleibol, Mahlo apud Garganta (2002) parte do
princípio que toda a ação de jogo é necessariamente tática e que os
comportamentos dos jogadores são atos conscientes e elaborados.
Complementando esta afirmação, Tavares (1994) reconhece o jogador mais como
um ser pensante do que um mero executor mecânico, porque as ações táticas
distinguem-se de outras ações desportivas onde seu desenvolvimento faz um
apelo superior aos processos intelectuais.
Nesta perspectiva, Garganta (2002) acredita que se pode dizer que o
comportamento dos jogadores num jogo situa-se numa tensão permanente entre
conhecimento e ação. Para um jogador, o saber tático e a performance estão
fortemente ligados. Isso significa que a capacidade para jogar implica no
desenvolvimento de saberes, tanto do conhecimento declarativo (saber o que
fazer) quanto do conhecimento processual (saber como fazer).
Estes dois tipos de conhecimentos, segundo Garganta (2002), constituem
importantes fatores da performance esportiva. Os atletas de alto nível evidenciam
uma expressiva quantidade de conhecimento declarativo e processual acerca de
como e quando executar determinadas ações.
Deste modo, a tática apresenta-se como uma forma de resolução dos
problemas que o atleta enfrenta nas situações de jogo. A ação (tática) que o
jogador realiza é um ato orientado, consciente, visando a um objetivo específico,
que lhe permite usufruir, todos os meios e comportamentos permitidos nas regras
específicas dos esportes, para tornar possíveis as suas ações motoras e limitar as
do adversário.
Considerando que o objetivo da aprendizagem da tica é que o aluno
aprenda a tomar decisões e resolver problemas que ocorrem durante o processo
(Greco, 1997), Garganta (2000) desenvolveu cinco pontos que no seu
entendimento, deve orientar os contornos atuais do treino da tática e da estratégia
nos Jogos Esportivos Coletivos, dentre eles o voleibol. necessidade de
analisar a estrutura interna de cada jogo esportivo, para determinar as linhas de
força que permitem modelar o treinamento e regular a competição. Além disso, a
relevância, cada vez maior, aos modelos de jogo; a crescente importância
atribuída à dimensão cognitiva do rendimento desportivo; a crescente relevância
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atribuída ao erro e a preocupação em verificar e controlar a sintonia do discurso
do treinador com o percurso da equipe.
Sobre esta questão, Oliveira e Paes (2005) entendem que os objetivos
dos treinadores para o treinamento dos quesitos técnico e tático são vários,
contudo, desenvolver a autonomia tática nos atletas facilita a compreensão do
fenômeno dos jogos esportivos coletivos, desde as fases iniciais até o
treinamento na fase adulta, por intermédio dos conhecimentos teóricos sobre
todas as possibilidades de aprendizagem e aperfeiçoamento.
Um aspecto a destacar é que nos princípios apresentados por Garganta
(2002) a técnica e a tática devem ser entendidas como expressões vitais duma
mesma realidade (o jogo e a ação do jogador), tornando-se conveniente perceber
que conexões devem estabelecer-se entre estes fatores do rendimento, no intuito
de maximizar a prestação esportiva.
Outro aspecto apontado por Costa e Nascimento (2004) é que, embora
vários estudos tenham evidenciado a importância da interação entre a técnica e a
tática no ensino do Voleibol, as metodologias que dariam conta desses objetivos
ainda necessitam ser esclarecidas e disseminadas entre os treinadores.
Abordagens metodológicas do voleibol
A importância das abordagens metodológicas no processo de ensino dos
jogos esportivos é salientado por Vieira e Krebs, (2005) que, segundo os autores,
o sucesso do indivíduo em qualquer esporte depende de seu potencial genético,
da metodologia de aprendizagem e do treinamento realizado durante os
diferentes estágios do seu desenvolvimento.
Diferentes metodologias têm sido utilizadas no processo de ensino-
aprendizagem-treinamento técnico-tático dos Jogos Esportivos Coletivos.
Contudo, algumas foram ou ainda estão sendo mais aplicadas, destacando-se as
metodologias de ensino denominadas de Metodologia Tradicional (Reis, 1994 e
Xavier, 1986), Metodologia da Série de Exercícios (Dietrich, Durrwachter e
Schaller, 1984), Metodologia de Série de Jogos (Dietrich, Durrwachter e Schaller,
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1984), Metodologia Crítico-Emancipatória (Kunz, 1996), Metodologia Estruturalista
(Bayer, 1986; Garganta, 1992; Graça e Oliveira, 1995; Greco, 1998 e Mesquita,
1997). E, mais recentemente, os desdobramentos de abordagens cognitivistas e
construtivistas operacinalizadas nos “Teaching Games for Understanding”
TGFU (Bunker e Thorpe, 1982; Hopper, 2002; Griffin et. al, 2003).
A Metodologia Tradicional de ensino dos Jogos Esportivos Coletivos,
segundo Reis (1994), procura fragmentar o conteúdo do jogo e utilizar seqüências
pedagógicas, previamente elaboradas, de exercícios divididos por níveis de
dificuldade, do mais simples ao mais complexo e do fácil ao difícil. O processo de
ensino-aprendizagem-treinamento é dividido em três momentos, geralmente
utilizando-se dos métodos global, parcial ou misto (Xavier, 1986). No primeiro
momento ensina-se a ação técnica (método parcial) e, no segundo momento,
ensina-se à ação tática (método misto). No terceiro momento procura-se juntar os
fundamentos técnicos e táticos no jogo propriamente dito (método global).
As limitações da metodologia tradicional, quando utilizados o método
parcial ou o método misto, referem-se principalmente às dificuldades que os
alunos possuem em transferir os elementos técnicos às situações de jogo. Em
relação ao todo global, a crítica se refere à liberdade excessiva, tão evidente
no deixar jogar nas aulas de Educação Física (Costa e Nascimento, 2004).
Na Metodologia Tradicional, conforme Ferreira (1984), os procedimentos
metodológicos são, frequentemente, diretivos e a avaliação é uma mera
comparação a grupos e normas, com predominância do domínio motor. As
principais vantagens são a possibilidade de domínio da técnica e a facilidade de
organização da sessão, pois a literatura aborda inúmeros educativos. Contudo, os
problemas desta metodologia o freqüentemente visíveis no momento do jogo.
Durante os exercícios com formação dois a dois, colunas ou fileiras, o aprendiz
não se depara com situações reais de jogo, como adversários, tempo limitado
para tomar decisões, espaço reduzido e outras. Conseqüentemente, os famosos
“educativos” tornam-se grandes “deseducativos”, por prepararem para situações
estáveis que não existem durante o jogo propriamente dito (Canfield e Reis,
1998).
Nesta maneira tradicional de ensinar, Neto (2000) destaca que o
professor decide sobre os objetivos, conteúdos e comanda todo âmbito de
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transmissão, ou seja, o local onde os alunos têm de ficar, o número de vezes
(repetição) ou o tempo de duração da cada tarefa, assim como o modelo a ser
copiado. Nesta concepção de ensino, os gestos são ensinados e executados de
maneira mecanizada.
Canfield e Reis (1998) demonstraram que a literatura apresenta a
metodologia tradicional como a mais freqüente na modalidade de voleibol,
geralmente através do método parcial que fragmenta sua execução.
A Metodologia rie de Exercícios surgiu como uma forma alternativa
para a Metodologia Tradicional, que conforme Dietrich, Dürrwächter e Schaller
(1984), compreende “uma série de formas de exercícios na metodologia de jogo,
organizadas segundo pontos de vista metodológicos”. Ela também tem como
característica o ensino dos jogos através da aprendizagem de técnicas básicas e
formas analíticas e também foi muito difundida na modalidade de voleibol.
Nesta metodologia as técnicas básicas são decompostas em partes. Por
meio de seqüência de exercícios, do simples para o complexo, procurava-se
chegar ao gesto ideal. O objetivo maior da série de exercícios é que o indivíduo
aprenda a técnica de movimentos para poder atuar no jogo propriamente dito.
Através de formas simplificadas da técnica de jogo, aperfeiçoado gradativamente,
e valendo-se de uma infinita combinação de exercícios metodológicos, consegue-
se o domínio necessário das técnicas para poder jogar.
Na Metodologia Série de Jogos, Greco (1995) salienta que começa a ser
introduzido o “conceito recreativo dos Jogos Esportivos Coletivos”. Essa
metodologia surgiu em contraposição à idéia mecanicista existente na
metodologia tradicional. Ela procura proporcionar aos principiantes a possibilidade
de vivências de um jogo que desejam aprender, respeitando desde o início sua
idéia fundamental, crescendo em conhecimento para experimentar formas mais
difíceis (Dietrich, Durrwachter e Schaller, 1984).
A sua maior vantagem é jogar desde o princípio. Entretanto, a lenta
construção do jogo, através de seriação de jogos, constitui a grande desvantagem
desta metodologia.
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Outra metodologia concebida para a Educação Física Escolar, centrada
no ensino dos esportes, é a denominada de Abordagem Crítico-Emancipatória e
Didática Comunicativa. Ela busca uma ampla reflexão sobre a possibilidade de
ensinar os esportes pela sua transformação didático-pedagógica e de tornar o
ensino escolar em uma educação de crianças e jovens para a competência crítica
e emancipada. Conforme relata Kunz (1996), busca-se “uma educação mais
emancipadora, voltada para a formação da cidadania do jovem do que de mera
instrumentalização técnica para o trabalho”.
Essa metodologia apóia-se na afirmação que uma Educação Física
conscientizadora tem o compromisso de transformação ajudando na
problematização do social, no questionamento da realidade, pois a
conscientização pressupõe bem mais do que a simples denúncia de situações,
mas visa desmistificações e ações concretas (Shigunov, 1993).
A denominação de Crítico-Emancipatória é justificada pela orientação
adotada na concepção educacional, onde a emancipação pode ser entendida
como um processo contínuo de libertação do aluno, tanto das condições
limitantes de suas capacidades racionais críticas quanto do seu agir no contexto
sociocultural e esportivo. O conceito crítico pode ser entendido como a
capacidade de questionar e analisar as condições e a complexidade de diferentes
realidades de forma fundamentada, permitindo uma constante auto-avaliação do
envolvimento do contexto objetivo e subjetivo no plano individual e situacional.
Porém, Greco (2002) destaca que a proposta fundamentada na teoria
Materialismo Dialético, autodenominada de crítico-emancipatória, ainda não
concretizou uma proposta metodológica formal.
Nos anos de 1990, a literatura esportiva (Garganta, 1995; Graça e
Oliveira, 1995; Greco, 1998 e Mesquita, 1997) apresentou uma nova metodologia
para o ensino dos Jogos Esportivos Coletivos, que pode ser denominada de
Estruturalista. A Metodologia Estruturalista tem como principal característica a
realização de modificações estruturais no jogo, que reduzem a sua complexidade
(simplificação das regras, número de jogadores, modificação do espaço de
jogo,...). Entretanto, as modificações necessitam conservar os objetivos e os
elementos essenciais do jogo.
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O objetivo desta metodologia, conforme Garganta (1995), consiste em
desenvolver no praticante disponibilidade motora e mental, que transcenda
largamente a simples automatização de gestos e se centre na assimilação de
regras de ação e princípios de gestão do espaço de jogo, assim como de formas
de comunicação entre os jogadores.
As vantagens da Metodologia Estruturalista são que os exercícios
abordam ações técnicas e táticas de forma indissociáveis, as quais necessitam
ser compreendidas desde o início do processo de ensino-aprendizagem. As
atividades apresentam “desafios”, possibilitando que o aprendiz tenha
participação direta na resposta (execução da tarefa) para desenvolver a sua
capacidade de jogo.
O fato do processo de ensino-aprendizagem tornar-se mais lento constitui
a principal desvantagem desta metodologia. Além disso, a montagem das
atividades dependerá da “experiência de ensinar” do profissional na respectiva
modalidade esportiva em identificar quais situações de jogo ocorrem com mais
freqüência para, posteriormente, serem transformadas em exercícios técnico-
táticos.
Na Metodologia Estruturalista há a simplificação da estrutura complexa do
jogo em níveis que, embora mais simples, não desvirtuem a sua natureza
fundamental. Com o intuito de transformar o jogo numa escala assimilável para os
praticantes, contrariamente a divisão em elementos ou fundamentos
estabelecidos na Metodologia Tradicional, a Metodologia Estruturalista aborda
unidades funcionais, onde a aprendizagem é referenciada a princípios de ação e
regras de gestão do jogo (Graça e Oliveira, 1995).
Com relação à “estruturação do espaço”, ações defensivas de
supressão do espaço (vantagem espacial e numérica), jogo perto e jogo longe da
bola, e ocupação equilibrada das zonas da quadra de jogo. As ações ofensivas
buscam a criação e ocupação de espaços (mobilidade) e o jogo em profundidade
e em largura.
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No que diz respeito à “comunicação na ação”, ações defensivas de
contenção (parar o ataque), conquista da posse da bola, fechar linhas de passe e
entre ajuda (cobertura defensiva). Por outro lado, ações ofensivas de
desmarcação e superioridade numérica. Quanto à “relação com a bola”, há ações
de equilíbrio dos apoios, apreciação de trajetórias e exercitação da visão
periférica.
Atualmente, as perspectivas cognitivistas e construtivistas procuraram
centrar atenção na investigação de domínios tradicionalmente negligenciados, tais
como a interação da tática com a técnica, envolvendo o conhecimento, a
compreensão, a tomada de decisão e a capacidade de ação em situações de jogo
(Mesquita e Graça, 2002).
Assim, no romper do século XXI, aparecem duas abordagens
metodológicas, que podem ser consideradas emergentes no ensino dos Jogos
Esportivos Coletivos, O ensino dos jogos baseado na sua compreensão
(Teaching Games for understand – TGFU) de Bunker e Thorpe apud Graça
(2002) e a Escola da Bola de Kroger e Roth (2002).
O ensino dos jogos baseado na sua compreensão (Teaching games for
understanding TGFU) tem constituído opção metodológica que se caracteriza,
segundo Curtner-Smith (1996), em primeiramente familiarizar os indivíduos com
os princípios do jogo, ou seja, a compreensão tática para, posteriormente, ensinar
as técnicas específicas.
Apesar das origens do TGFU remontem aos anos de 1960, na Inglaterra,
mais precisamente na Universidade de Loughborough (Thorpe, R., Bunker, D. e
Almond, L., 1986), este modelo vive atualmente uma grande revitalização. As
formas de jogo são integradas de forma progressiva e a capacidade de
entendimento dos problemas táticos é que suscita o interesse e a necessidade de
serem aprendidas as habilidades técnicas.
Griffin et al. (2003) destacam o modelo original do TGFU descrito por
Bunker e Thorpe (1982), como um modelo com seis estágios para desenvolver a
tomada de decisão e incrementar a performance em situações de jogo (Figura 2).
27
27
Figura 2
Modelo Original do TGFU
Fonte: Griffin, L., et.al (2003, p. 7).
Esta proposta metodológica surgiu em resposta às críticas sobre o ensino
dos jogos desportivos baseado nos modelos centrados primeiramente nas
habilidades técnicas, para depois buscar o entendimento tico do jogo (Hopper,
2002). Porém, o TGFU não marginaliza o ensino da técnica específica da
modalidade, apenas prioriza inicialmente o conhecimento tático do jogo, para
depois aplicar a técnica inserida no contexto do jogo.
Resumindo, o modelo adere a um estilo de ensino de descoberta dirigida,
onde o jogador, exposto a uma situação problema, é incitado a procurar soluções,
a verbalizá-las, a discuti-las, a explicá-las, auxiliado pelas questões estratégicas
do técnico, com objetivo de trazer a equação do problema e respectivas soluções
para um nível de compreensão consciente e de ação deliberadamente tica no
jogo (Graça, 2002).
2.
Compreensão
do Jogo
1.
Jogo
3.
Conhecimento
Tático
ALUNO
6
.
Performance
5.
Execução da
habilidade
4.
Tomada de Decisão
O que fazer?
Como fazer?
28
28
Já a abordagem pedagógica Escola da Bola (Kroger e Roth, 2002), apóia-
se sobre três pilares básicos: jogos orientados para a situação, orientação para as
capacidades coordenativas e orientação para as habilidades. Este modelo de
ensino preconiza o resgate das atividades que as crianças vivenciavam nas ruas,
parques e praças num passado não tão distante, onde a convivência com as
demais crianças possibilitava a vivências de inúmeras experiências motoras,
cognitivas e sociais. O pilar dos jogos orientados para a situação, segundo Kroger
e Roth (2002), consiste em possibilitar a criança aprender a jogar, através de
jogos em formas de elementos táticos para construir o jogo.
O objetivo da Escola da Bola, segundo Greco (2004), é que as crianças
possam provar e experimentar de forma rica e variada diferentes alternativas de
movimento. Sem pressões psicológicas e fundamentalmente sem ter que adotar
modelos ou parâmetros de rendimento consagrados pelos e para os adultos.
Devendo aprender "somente" a jogar com liberdade, reconhecer e perceber
situações de forma a compreendê-las desde o ponto de vista tático, junto com
isso poderão incorporar no seu conhecimento diferentes formas de elaboração de
regras de comportamento.
A seguir, apresenta-se uma comparação entre as duas correntes
metodológicas (Figura 3). Os métodos tradicionais são relacionados com os
conceitos das teorias psicológicas derivadas do Associacionismo, os métodos
situacionais são apoiados nas correntes cognitivistas (Greco, 2002).
29
29
Figura 3
Comparação dos métodos de ensino tradicionais e situacionais.
Fonte: Greco (2002, p.17)
Na Iniciação Esportiva Universal e na Escola Bola, ou seja, nos métodos
situacionais, Greco (2001) afirma que a ênfase na iniciação esportiva reside nos
processos incidentais de aprendizagem. Complementando, esta é uma base
adequada para o desenvolvimento da capacidade de pensamento divergente, ou
seja, da capacidade do pensamento criativo.
Ao analisarem as formas metodológicas freqüentemente adotadas para o
ensino dos Jogos Esportivos Coletivos, Graça e Oliveira (1995) destacam a
metodologia centrada nos jogos condicionais, onde a procura é dirigida. As
Priorizam o ensino das
técnicas
Consideram que o jogo se
aprende jogando
MÉTODOS TRADICIONAIS
Decomposição do jogo,
iniciando com técnicas
Método parcial
Método misto
Situações vividas, saber
adaptado.
Transferência de
informações
Métodos cognitivos,
processos incidentais de ap.
Preponderância de
exercícios
MÉTODOS SITUACIONAIS
Atividades em seqüência
didática criada pelo docente
Atividades com situações de
jogo real
30
30
principais características desta metodologia constituem a abordagem do jogo para
as situações particulares, onde o jogo é decomposto em unidades funcionais
(jogo sistemático de complexidade crescente) e os princípios do jogo regulam a
aprendizagem. Como principais conseqüências, os autores apontam que as
ações técnicas surgem em função das ações táticas, de forma orientada e
provocada.
Sobre a utilização dos métodos no processo de ensino-aprendizagem-
treinamento do Voleibol, Greco (2001) destaca que os métodos escolhidos neste
processo devem ser variados e divergentes para conduzir a esquemas diferentes
e, pela sua vez, complementares. Nesta perspectiva, Mendes e Shigunov (2006)
enfatizam que as metodologias apresentam tanto vantagens, como desvantagens,
mas que fundamentalmente não existe método totalmente equivocado, ou seja, o
equívoco muitas vezes é o momento de utilização, o local e para quem o método
será utilizado.
31
31
CAPÍTULO III
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Caracterização da Pesquisa
Este estudo constituiu uma investigação pedagógica realizada no
ambiente natural do processo de treinamento esportivo, realizada de acordo com
o paradigma presságio-processo-produto, conforme classificação adotada por
Carreiro da Costa (1995), Pieron (1988) e Wittrock (1989).
A investigação pedagógica, conforme Mesquita (2005), é
determinadamente designada para pesquisar o conteúdo, o processo, o ensino e
o aprendizado, simultaneamente e naturalisticamente, dentro do contexto do
treino ou do jogo.
Participantes do Estudo
A população do estudo foi formada por todos os atletas de voleibol, do
gênero masculino, e respectivos treinadores de equipes infantis (15-16 anos)
pertencentes aos diferentes clubes filiados a Federação Catarinense de Voleibol.
Participaram do estudo todos os atletas das equipes selecionadas
totalizando 30 jovens, do gênero masculino, pertencentes ao escalão infantil bem
como os respectivos treinadores responsáveis pelas equipes do Clube Escolar
Barão de Rio Branco (situado na cidade de Blumenau-SC) e da Associação
Desportiva Recreativa Marisol (situado na cidade de Jaraguá do Sul - SC).
32
32
A escolha dos dois clubes foi intencional a partir dos seguintes critérios:
clubes que compreendem uma escola de voleibol masculino (possuir equipes
competitivas em diferentes faixas etárias), clubes melhores classificados nos
últimos três anos em competições estaduais (Campeonato Estadual de Voleibol
Infantil Masculino e Olimpíada Estudantil de Santa Catarina) e clubes que tenham
auxiliado na formação de atletas integrantes de seleções estaduais infanto-juvenis
e juvenis.
Houve também, o acompanhamento da equipe da Cimed Esporte Clube
(situado na cidade de Florianópolis SC). Entretanto, a não participação desta
equipe na fase final do Campeonato Estadual da categoria impossibilitou o pós-
teste e, por conseqüência, inviabilizou a análise dos dados e a discussão dos
resultados da equipe no estudo. A ausência da equipe de Florianópolis em
algumas etapas do Campeonato Estadual foi justificada por problemas
financeiros. Como esta investigação ocorreu no ambiente natural das equipes,
este problema não afetou a validade do estudo, apenas desconsiderou-se os
dados coletados da equipe de Florianópolis por esta não se enquadrar mais nos
requisitos estabelecidos nesta pesquisa.
Desenho Experimental
O desenho experimental deste estudo compreende:
Grupo Pré-Teste
Tratamento
Experimental
Pós-Teste
G1 01 X1 03
G2 02 X2 04
Onde:
G1 – Grupo Experimental 1 composto pela Equipe de formação A.
G2 – Grupo Experimental 2 composto pela Equipe de formação B.
01 e 02 Avaliação do desempenho técnico-tático dos jogadores das Equipes A e B em
jogos da Fase do Campeonato Estadual de Voleibol Infantil Masculino (Pré-
teste).
X1 e X2 Processos de ensino-aprendizagem-treinamento realizados pelas Equipes de
formação A e B, respectivamente.
03 e 04 Avaliação do desempenho técnico-tático dos jogadores das Equipes A e B em
jogos da Fase Final do Campeonato Estadual de Voleibol Infantil Masculino
(Pós-teste).
33
33
Tratamento Experimental
Para a realização deste estudo foram acompanhados (observados) dois
processos de ensino-aprendizagem-treinamento na modalidade de voleibol, em
dois diferentes clubes catarinenses:
Tratamento Experimental 1 - Programa de sessões de treinamento técnico-tático
da equipe de formação A. Este programa foi elaborado e ministrado pelo treinador
responsável da equipe investigada. O processo de ensino-aprendizagem-
treinamento baseia-se na metodologia série de exercícios, com emprego de
tarefas que procuravam atender as noções de progressão, aperfeiçoamento e
aplicação da técnica em condições de jogo.
Tratamento Experimental 2 - Programa de sessões de treinamento técnico-tático
da equipe de formação B. Este programa foi elaborado e ministrado pelo treinador
responsável da equipe investigada. O processo de ensino-aprendizagem-
treinamento baseia-se na metodologia série de exercícios, com o emprego de
tarefas que procuravam atender somente as noções de aperfeiçoamento e
aplicação da técnica em condições de jogo.
Instrumentos de Coleta de Dados
Nesta pesquisa foram utilizados para a coleta de dados quatro
instrumentos: observação direta das ações dos jogadores nos jogos, observação
direta das ações dos levantadores nos jogos, observação sistemática das
sessões de treinamento e entrevista semi-estruturada com os treinadores.
34
34
A observação direta das ações dos jogadores nos jogos foi realizada para
auxiliar na avaliação do nível das capacidades cnico-táticas dos jogadores. Os
jogos foram filmados, com duas câmeras posicionadas no fundo de cada quadra
das equipes investigadas. Posteriormente, os dados foram transcritos no
protocolo de avaliação dos fundamentos técnico-táticos do voleibol, desenvolvido
por Coleman (2005).
Este protocolo avalia as ações dos jogadores nos fundamentos de saque,
recepção, ataque em side out, ataque em transition e bloqueio.
Na avaliação do saque (escala de 0 a 4 pontos) considerou-se erro de
saque (saque na rede, para fora da quadra, fora da antena, em falta); saque fácil
(saque com recepção adversária na mão do levantador, permitindo todas as
opções de ataque); saque difícil (saque que quebra a recepção adversária e
dificulta o levantamento para o ataque rápido de bola ou para combinações de
ataque); saque muito difícil (saque que dificulta a recepção adversária, permitindo
apenas uma opção de ataque, saque que a bola volta morta para o campo
adversário ou permite o ataque de cheque) e saque ponto direto (saque direto no
chão, saque que o adversário chega a tocar na bola, mas ela vai para fora ou
para arquibancada).
Para avaliação da recepção (escala de 0 a 3 pontos) observou-se erro de
recepção (recepção mal efetuada que não permite o levantamento; recepção que
permite ponto direto do saque adversário); recepção com dificuldade (recepção
que a bola volta direto para o campo adversário; recepção dificultosa propiciando
que a bola volte morta para o adversário e permite o ataque de cheque; recepção
que permite apenas uma opção de ataque) e recepção quebrada (recepção que
não permite o levantamento para o ataque rápido de bola ou combinações de
ataque) e recepção com êxito (recepção na mão do levantador permitindo todas
as opções de ataque).
Os critérios de avaliação das situações de ataque em “side out” e
ataque em ”transition” foram similares, adotando para cada situação como erro
de ataque (ataque na rede; ataque para fora; ataque no bloqueio ponto; toque na
rede), ataque continuado (ataque que permite a defesa do adversário, podendo a
bola ter sido amortecida no bloqueio; ataque que permite a continuação do rally
35
35
na sua equipe, após a bola ter tocado o bloqueio adversário) e ataque ponto
(ataque cai direto no campo adversário; ataque toca no bloqueio [explorado]
adversário e vai para fora ou cai no campo adversário; ataque toca na defesa e
vai para fora ou cai no campo adversário; ataque que força o erro do bloqueio
adversário (toque na rede)).
A avaliação do bloqueio (escala de 0 a 2) levou em consideração erro de
bloqueio (bloqueio toca a bola e vai para fora; bloqueio toca na rede), bloqueio
continuado (bloqueio que amortece a bola para o contra-ataque; bloqueio que a
bola volta ao campo adversário, propiciando a sua defesa e continuação do jogo)
e bloqueio ponto (bloqueio efetuado com êxito que volta direto ao chão do campo
adversário).
O grau de eficácia de cada variável foi calculado pelas seguintes
fórmulas:
EF saque = ((nº de SF) + (2 x nº de SDl) + (3 x nº de SMDl) + (4 x nº de SPD))
(nº de ES + SF + SD + SMD + SPD)
EF recepção = ((nº de RD) + (2 x nº de RQ) + (3 x nº de RE)
(nº de ER + RD + RQ + RE)
EF ataque = ((nº de APD) - (nº de EA)
(nº de EA + AC + APD)
EF bloqueio = ((nº de BC) + (2 x nº de BPD)
(nº de EB + BC + BPD)
Legenda: ES= erro de saque; SF= saque fácil; SDI=saque difícil; SMDI=saque muito difícil; SPD= saque
ponto direto; ER= erro de recepção; RD= recepção com dificuldade; RQ= recepção quebrada; RE=
recepção com êxito; EA= erro de ataque; AC= ataque continuado; APD= ataque ponto; ECA= erro
de contra-ataque; CAC= contra-ataque continuado; CAPD= contra-ataque ponto; EB= erro de
bloqueio; BC= bloqueio continuado; BPD= bloqueio ponto; ED= erro de defesa; DD: defesa com
dificuldade; DE= defesa com êxito.
36
36
Posteriormente, o percentual de efetividade de cada variável foi obtido
pelas seguintes fórmulas:
%EF saque = (EF saque) / 4 x 100
%EF recepção = (EF recepção) / 3 x 100
%EF ataque = (EF ataque) x 100
%EF bloqueio = (EF bloqueio) / 2 x 100
Nos Jogos Esportivos, segundo Garganta (2001), as capacidades dos
atletas são condicionadas fundamentalmente pelas imposições do meio, isto é,
pelas sucessivas configurações que o jogo vai experimentando e, por tal motivo, a
observação de todos os jogadores em movimento torna-se extremamente
complexa.
Desta forma, para testar a reprodutibilidade intra-avaliador do protocolo
de avaliação, um observador avaliou as ações dos jogadores em um jogo. E, após
o intervalo de sete dias, realizou novamente a avaliação do mesmo jogo. Na
comparação dos dados utilizou-se a correlação de Pearson, obtendo níveis
elevados de concordância em todos os fundamentos avaliados (Tabela 1).
Tabela 1: Reprodutibilidade intra-avaliador do protocolo de avaliação dos
fundamentos técnico-táticos do voleibol
Ações de Jogo
Correlação de
Pearson (r)
Saque
0,917*
Recepção
0,087*
Ataque side out
0,755*
Ataque transition
0,693*
Bloqueio
0,910*
*
p<0,05.
37
37
Para testar a reprodutibilidade inter-avaliadores do protocolo de avaliação
técnico-tática, utilizou-se o índice Kappa, determinando a concordância da
observação e avaliação de dois diferentes avaliadores, em relação às ações do
jogo.
Tabela 2: Reprodutibilidade inter-avaliadores do protocolo de avaliação dos
fundamentos técnico-táticos do voleibol
Ações de Jogo
Indice
Kappa
Concordância
(%)
Saque
0,870 91,78
Recepção
0,852
90,27
Ataque side out
1,0
100
Ataque transition
0,965
97,77
Bloqueio
0,916
94,44
Os resultados da Tabela 2 revelaram um alto nível de concordância em
todas as ações de jogo observadas pelos dois diferentes avaliadores.
Em relação à observação dos levantadores das equipes investigadas, os
jogos foram filmados com duas câmeras posicionadas no fundo de cada quadra
das equipes investigadas. Posteriormente, os jogos foram analisados, utilizando o
sistema SOS-vgs desenvolvido por Moutinho (2000).
O emprego do SOS-vgs justifica-se por constituir um instrumento de
observação e avaliação específico da distribuição em situação real de jogo. O seu
constructo baseia-se em princípios fundamentais de entendimento estratégico-
tático do jogo e da respectiva função analisada através do paradigma sistêmico, o
processo de construção e validação deste sistema obedeceu a uma metodologia
consistente e rigorosa, e que a partir do treinamento de observadores é possível
obter elevada objetividade na observação e registro dos dados (Ramos, 2004).
O SOS-vgs leva em consideração as condições de levantamento (Peso
2), as condições de finalização (Peso 3) e os efeitos de solução (Peso 1). Na
avaliação das condições de levantamento (qualidade da recepção ou defesa)
considerou-se: 0= bola na zona ofensiva permitindo o levantamento em
suspensão e a utilização de todas as soluções de ataque; 1= bola na zona
38
38
ofensiva permitindo o levantamento em apoio e a utilização de várias soluções
de ataque; 2= bola na zona ofensiva ou defensiva permitindo soluções de
ataque denunciadas; e 3= bola na zona defensiva, permitindo uma solução de
ataque denunciada.
Quanto à apreciação das condições de finalização (relação quantitativa
atacante/bloqueadores) observou-se: 0= o ataque é efetuado com uma relação
atacante/bloqueador 1x3; 1= o ataque é efetuado com uma relação
atacante/bloqueador 1x2; 2= o ataque é efetuado com uma relação
atacante/bloqueador 1x1; e 3= o ataque é efetuado com uma relação
atacante/bloqueador 1x0.
No que diz respeito aos critérios adotados na avaliação dos efeitos de
solução considerou-se: 3= ataque direto onde a equipe marca ponto; 2= ataque
que permite ao adversário a organização do contra-ataque somente através de
soluções denunciadas ou permite a reorganização do contra-ataque da própria
equipe através de soluções ltiplas; 1= ataque que permite ao adversário a
utilização de soluções múltiplas no contra-ataque ou permite a reorganização do
contra-ataque da própria equipe através de soluções denunciadas; e 0= erro de
ataque ou ataque fica no bloqueio onde o adversário marca ponto.
O grau de efetividade de cada variável da estrutura interna da distribuição
(condições de levantamento, condições de finalização e efeitos de solução) foi
calculado através da seguinte fórmula:
%Ef = ((nº3*0) + (nº2*1) + (nº1*2) + (nº0*3)) / ((nº3 + nº2 + nº1 + nº0)*3) * 100
Posteriormente, a efetividade da distribuição foi obtida pela fórmula:
%EfD = (EfCL*2 + EfCF*3 + EfES*1) / 6
Legenda: EfCL= efetividade da condição de levantamento; EfCF= efetividade da condição de finalização;
EfES= efetividade dos efeitos de solução.
39
39
Para testar a reprodutibilidade intra-avaliadores do instrumento, um
observador realizou a análise de um jogo utilizando o sistema SOS-vgs. E, após
sete dias, realizou novamente a análise do mesmo jogo.
Os resultados da Correlação de Pearson revelaram uma alta correlação
entre as duas avaliações (r=0,922, p<0,05).
Em relação à avaliação da reprodutibilidade inter-avaliadores, os
resultados também demonstraram um alto nível de concordância (92,85% sendo
o índice Kappa = 0,861).
O instrumento utilizado na análise das sessões de treinamento
concentrou-se basicamente em três esferas gerais: complexidade das atividades,
complexidade das tarefas e complexidade do campo ecológico.
A observação foi sistemática e direta das sessões de treinamento,
semanas típicas, com o emprego de filmadora, e posterior transcrição dos dados
em fichas de observação. O esquema adotado foi similar aos procedimentos
utilizados no estudo de Stefanello (1999), Nascimento e Barbosa (2000) e Saad e
Nascimento (2002) para integrar a avaliação da complexidade das atividades, das
tarefas e do campo ecológico (Anexos I e II).
As atividades constituem unidades de ações organizadas que revelam a
estrutura participativa e relacional da sessão de treinamento. O padrão
organizativo da sessão pode ser alterado, durante períodos de tempo
determinado, de acordo com a dinâmica de participação, materiais, meios ou
recursos utilizados, podendo fornecer informações úteis sobre a estrutura
relacional e suas variações, o fluxo dos acontecimentos, a organização e uso do
tempo e espaço, as rotinas e regras estabelecidas e os papéis desempenhados.
Na análise da complexidade estrutural das atividades procurou-se
determinar a duração (compreende o período de persistência temporal e
resistência à interrupção da atividade); verificar a delimitação espacial requerida
para a execução da atividade e descrever o número de participantes envolvidos
na atividade, direta ou indiretamente, procurando especificar o modo de
participação (individual, duplas, pequenos grupos, grandes grupos,...).
Considerando que as tarefas configuram o padrão de exigências distintas
dos jogadores durante a sessão de treinamento, representando ações
40
40
empreendidas com um fim claramente delimitado e com um meio em si mesmo
definido, a análise da complexidade das tarefas permite a compreensão do modo
como o treinador transforma os objetivos e conteúdos do treinamento em
exercícios para os jogadores, bem como quais as adaptações efetuadas e quais
as demandas estabelecidas.
Na análise da complexidade estrutural das tarefas procurou-se identificar
inicialmente a função da tarefa enquanto aquisição global da técnica (visa a
obtenção da idéia do movimento e a elaboração do plano motor),
fixação/diversificação da cnica (procura focalizar aspectos particulares da
execução técnica, referenciados aos pontos críticos de sua realização), aplicação
da técnica (procura aplicar as habilidades técnicas em situações que contem os
ingredientes do jogo, mas que facilitam a ocorrência do êxito) e competição
(visam a aplicação das habilidades técnicas em situações que retratam as
exigências da competição oficial).
Na seqüência, houve a preocupação de classificar as condições da tarefa
como fundamento individual (exercício de aprendizagem lenta, metódica e não
necessariamente relacionado ao jogo ou exercício de estímulo rápido com prática
em tempo veloz, duração pequena e envolvendo muitos contatos), combinação de
fundamentos (dois ou mais fundamentos em condições relacionadas ao jogo),
complexo de jogo (situações de jogo que combinam enfoque tático com dois ou
mais fundamentos) e jogo propriamente dito (competição governada por regras
preestabelecidas, onde os resultados são decididos pelas habilidades, estratégias
ou oportunidades).
A análise descritiva dos critérios de êxito das tarefas buscou classificar os
critérios quanto à incidência na realização correta do movimento (preocupação
coma a eficiência), no resultado do movimento (preocupação com a eficácia) e na
aplicação em situação (preocupação com a aplicação técnico-tática em situações
de jogo).
Na análise da Complexidade do Campo Ecológico pretendeu-se classificar
o envolvimento ou conduta do treinador enquanto centrado no treinador (treinador
controla os contatos específicos de cada jogador), iniciado pelo treinador
(treinador coloca a bola em jogo com diversos jogadores para uma posição
predeterminada) e retroalimentação (treinador providencia informações após a
41
41
resposta do jogador, corrigindo, modelando, apressando ou reenfocando).
Finalmente, buscou-se caracterizar o envolvimento ou conduta dos jogadores
enquanto congruente (conduta do jogador corresponde para a tarefa colocada
pelo treinador), modificadora (conduta do jogador muda a tarefa deixando-a mais
fácil ou mais difícil), suportiva (conduta do jogador auxilia na tarefa para a
execução de outros) e espera (conduta do jogador de aguardar, pausa, demora).
Para testar a confiabilidade dos dados observados, assegurando a
reprodutibilidade do instrumento, foi utilizado o índice Kappa para determinar o
nível de concordância entre dois diferentes avaliadores, sobre as diferentes
dimensões de uma mesma sessão de treinamento técnico-tático.
Tabela 3: Reprodutibilidade interavaliadores do instrumento de observação das
sessões de treinamento técnico-tática.
Dimensões das sessões
de treinamento técnico-tático
Indice
Kappa
Concordância
(%)
Delimitação da quadra
1 100
Função das tarefas
0,758
86,67
Classificação das tarefas
0,774
87,5
Critérios de êxito
0,818
93,75
Conduta treinador
1
100
Conduta atleta
1
100
Conteúdo da atividade
1
100
Os resultados da Tabela 3 apontam uma forte concordância inter-
observadores, em todas as dimensões das sessões de treinamento técnico-tático
avaliadas.
As entrevistas semi-estruturadas foram realizadas face-a-face com os
treinadores, em um ambiente reservado nos dias e horários previamente
marcados, utilizando-se de um gravador. Elas partiram de temas geradores
(Anexo III), que foram adaptados do roteiro elaborado por Graça (1997) e Afonso
(2001), para obter informações sobre a biografia do treinador, as fontes de
conhecimentos que subsidiam as sessões de treinamento técnico-tático, a
abordagem pedagógica desenvolvida nas sessões e planejamento referente ao
42
42
processo ensino-aprendizagem-treinamento implementado nas sessões.
Posteriormente, as entrevistas foram transcritas na íntegra e apresentadas aos
treinadores, tanto para confirmarem o conteúdo transcrito quanto para
assegurarem a validez das declarações.
Coleta de Dados
Para fins de coleta de dados, inicialmente foi realizado um contato prévio
com diretores ou coordenadores dos clubes selecionados, bem como com os
treinadores responsáveis pelas equipes investigadas, explicando o objetivo do
estudo e solicitando autorização para a realização da pesquisa.
Num segundo momento, após autorização prévia para a realização da
investigação, foram agendadas as datas da aplicação do pré-teste, s-teste e a
observação das sessões de treinamento cnico-tático, bem como, foram obtidos
os respectivos termos de consentimento livre e esclarecido.
O pré-teste foi aplicado no início da primeira semana de observação,
onde foram avaliados os jogos das equipes investigadas durante a primeira fase
do Campeonato Estadual de Voleibol Infantil Masculino, realizado de 21 a
23/04/2006 na cidade de Morro da Fumaça/SC. Foram avaliados 2 jogos de cada
equipe, compreendendo a realização de 14 sets e 1025 ações de jogo.
Em seguida, foi realizada a observação sistemática e direta das sessões
de treinamento, durante uma semana típica de treinamento dos meses de maio,
junho, agosto, setembro e outubro, das duas equipes envolvidas no estudo. No
mês de julho não foi realizada coleta devido à realização da Olimpíada Escolar
Catarinense (OLESC), onde ambas as equipes pesquisadas participavam. Foram
observadas 5 semanas típicas de cada equipe com a análise de 15 sessões de
treinamento da Equipe A e 15 sessões da Equipe B.
Após o período de treinamento das equipes, o pós-teste foi realizado a
partir da observação e avaliação dos jogos envolvendo as equipes investigadas
na fase final do Campeonato Estadual de Voleibol Infantil Masculino, realizado de
17 a 19/11/2006 na cidade de Jaraguá do Sul/SC.
43
43
Foram observados os jogos com os mesmos adversários avaliados na
primeira fase (pré-teste), sendo 2 jogos de cada equipe, totalizando a realização
de 12 sets e 833 ações de jogo.
Análise dos dados
Os dados foram analisados, inicialmente, através da estatística descritiva
(média, freqüência percentual e desvio padrão). Na testagem dos instrumentos da
investigação foram utilizados o Índice Kappa e a Correlação de Pearson.
Na comparação dos dados entre as equipes, tanto no pré-teste quanto no
pós-teste, foi utilizada a Prova U da Mann-Whitney. na comparação entre os
dados da mesma equipe, do pré-teste com o pós-teste, foi utilizada a Prova de
Wilcoxon. A escolha por testes estatísticos não-paramétricos foi em conseqüência
de uma amostra reduzida de dados que não obedeciam a curva normal de
distribuição.
Na análise dos dados categóricos foi utilizado o teste de associação Qui-
Quadrado, e nível de significância adotado foi de p< 0,05 em todos os testes. O
programa utilizado para o tratamento dos dados foi o SPSS, versão 11.0.
Delimitação e limitações do Estudo
O estudo delimitou-se em analisar e comparar as sessões de treinamento
técnico-tático de duas equipes de voleibol da categoria infantil do estado de Santa
Catarina. Desta forma, o resultado deste estudo não pode ser generalizado para
equipes de outras categorias.
Apesar do controle das atividades realizadas nas sessões de treinamento
das equipes investigadas, não foram observadas as experiências adquiridas em
outras atividades esportivas e aulas de Educação Física curriculares.
A experiência esportiva anterior dos atletas também foi um fator limitador
no estudo. Este dado não foi considerado, pois se tratando de Clubes com
44
44
tradição na formação de atletas e que iniciam a prática da modalidade em
períodos semelhantes, acredita-se que não existiam diferenças da experiência
anterior dos atletas das equipes investigadas.
O fato de ter em sua população alvo somente atletas e treinadores de
voleibol da categoria infantil masculina situada no estado de Santa Catarina, que
impede a generalização dos resultados a populações com características
diferentes.
45
45
CAPÍTULO IV
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS
De maneira a facilitar a compreensão dos resultados, optou-se em
apresentá-los em três momentos. Inicialmente houve a caracterização dos
treinadores, apresentando suas biografias, as fontes de conhecimento e as
abordagens metodológicas utilizadas. Na seqüência foram apresentados os
dados relativos às três esferas gerais que compõem as sessões, nomeadamente
a complexidade estrutural das atividades, complexidade estrutural das tarefas e a
complexidade do campo ecológico. Por último, foi realizada a avaliação do
desempenho técnico-tático dos jogadores das equipes investigadas no estudo,
bem como a análise sobre o impacto do processo de ensino-aprendizagem-
treinamento implementado pelas equipes nas capacidades técnico-táticas dos
atletas.
Caracterização dos treinadores
Para caracterizar os treinadores investigados na pesquisa foram
apresentados os resultados em relação à biografia, fontes de conhecimentos e
abordagem metodológica utilizada no processo de ensino-aprendizagem-
treinamento.
Treinador da Equipe A
Biografia:
O treinador da equipe A, similar a grande maioria dos treinadores de
formação, iniciou a sua prática profissional antes de concluir sua formação inicial
superior em Educação Física. O treinador tem 34 anos e possui 16 anos de
experiência nas categorias de formação desta modalidade.
46
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Como experiência profissional, o treinador da equipe A trabalhou em
várias categorias de formação, desde o pré-mirim, mirim, infantil, infanto-juvenil
juvenil, a equipes adultas. Entretanto, a categoria infantil, que está sendo
investigada é a que o treinador possui o maior tempo de prática profissional.
O treinador também possui experiência nas Seleções Catarinenses de
Voleibol Infanto-Juvenil e Juvenil, trabalhando como técnico e assistente técnico e
conquistando títulos em nível nacional.
Fontes de conhecimento do treinador:
A formação inicial do treinador A reflete a realidade vivenciada por muitos
estudantes universitários, com os estudos divididos entre as obrigações
acadêmicas, as obrigações profissionais e os treinos semanais de atleta.
O treinador da equipe A afirmou que o interesse pelo curso de Educação
Física surgiu para auxiliar na sua formação enquanto técnico de voleibol. Sua vida
acadêmica foi a responsável pela formação da base de conhecimentos para a
carreira de treinador.
No decorrer dos anos, o treinador da equipe A realizou vários cursos
técnicos em voleibol e outras áreas, como treinamento desportivo, nutrição,
psicologia esportiva. Em sua formação continuada, se especializou no ano de
2003 em Educação Física Escolar. Também participou do Curso de Treinadores
oferecido pela Confederação Brasileira de Voleibol, obtendo o título de Treinador
Nacional no ano de 2000 e, posteriormente, de Treinador Internacional (2002).
Para ser treinador, acredita ser necessário possuir além de
conhecimentos imprescindíveis sobre a técnica, a tática, as capacidades motoras
e psicológicas, o domínio de conhecimentos multidisciplinares e de competências
pedagógicas para implementar o processo de ensino-aprendizagem. Na sua
relação com o treino de voleibol, o treinador da equipe A tem sua base de
conhecimento fundamentada na prática e na teoria.
Segundo o treinador A, um técnico não deve apenas entender sobre a
modalidade específica. Mas, também deve possuir conhecimentos em outras
áreas, como social e administrativa. O cnico em sua opinião é muito mais do
que um repassador de técnicas desportivas. Ele auxilia na formação dos
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indivíduos. O convívio com os atletas é diário, as viagens freqüentes, portanto as
interações professor- aluno (treinador-atleta), estão evidenciadas de forma mais
incisiva do que a outros profissionais. A amizade, o respeito, a compreensão vão
muito além do simples ato de ensinar uma modalidade esportiva.
Para o treinador da equipe A, trabalhar num clube de tradição na
formação de atletas possibilitou a troca de experiência com os outros treinadores,
coordenadores e supervisores que perante a comunidade esportiva são
reconhecidamente considerados como experts no processo de formação. Esta
troca de experiência, juntamente com a aprendizagem acadêmica possibilitou o
seu enriquecimento pessoal e profissional.
Abordagem Metodológica utilizada:
O treinador A, no início da sua carreira, priorizava os treinos de aquisição
da técnica e fixação da técnica em relação à tática. Inicialmente para o treinador a
técnica deveria ser ensinada antes de se jogar. E a tática era aprendida após a
fase de aprendizagem específica da técnica. Porém, hoje em dia, acredita que
ambas são de fundamental importância e devem ser aprendidas
simultaneamente, não havendo uma hierarquia entre elas. Esta mudança de
concepção se ao fato do acesso a fontes de conhecimentos sobre as diversas
formas de ensinar os esportes coletivos.
Sobre as diversas metodologias ele relata que procura identificar as
principais contribuições de cada modelo e utilizar em seus treinamentos, mas
alerta que não é seguidor de uma única metodologia.
No planejamento da equipe, o treinador da equipe A leva em conta as
unidades que compõem o processo de treino: 1- plano plurianual; 2- plano Anual;
3- mesociclo; 4- micro-ciclo; e 5- sessão de treino.
O objetivo do planejamento anual da equipe é embasado, conforme o
treinador, nas principais competições do ano, que são a fase final da Olimpíada
Catarinense de Voleibol, geralmente no final do mês de julho de cada ano e a final
do Campeonato Estadual Catarinense de Voleibol Infantil, que acontece sempre
no final do segundo semestre do ano.
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As sessões de treinamento são divididas em micros-ciclos semanais. A
escolha do conteúdo e dos objetivos vai de acordo com as necessidades do grupo
e dos indivíduos. Existe previamente o consenso do quê se espera do atleta em
cada fundamento, porém observam-se as necessidades iniciais, segundo o
treinador este é o ponto de partida. Também é discutida as metas para cada
competição. Estas metas se alteram conforme as dificuldades de aprendizagem
do grupo. Portanto, o planejamento é flexível e reflete as dificuldades e
necessidades dos atletas.
Este resultado assemelha-se aos treinadores investigados por Lemos
(2005). Onde as prioridades na escolha dos conteúdos incluídos nas sessões de
treino e no programa anual está intimamente ligada aos objetivos definidos, que
são em alguns casos orientados para a equipe e traçados em curto prazo e
noutros mostram uma preocupação com o percurso dos atletas numa perspectiva
longitudinal, complementar e evolutiva.
Nos jogos, o treinador da equipe A utiliza “scouts” técnicos que avaliam a
eficácia dos fundamentos de jogo na realidade de jogo (ataque, bloqueio, contra-
ataque, defesa, levantamento e saque), além dos complexos de ações (transition
e side-out). Estas informações são importantes para a escolha dos conteúdos de
treinamentos futuros.
Treinador da Equipe B
Biografia:
O treinador da equipe B é um treinador com 25 anos de idade, formou-se
em Educação Física na Universidade Regional de Blumenau (FURB), com o título
de graduação em Educação Física.
O treinador B iniciou sua prática como auxiliar técnico da equipe local,
nas categorias infantil e infanto-juvenil, no naipe feminino, permanecendo durante
quatro anos nesta função. No ano de 2001, aceitou o convite para treinar as
equipes Mirim e Infantil, no naipe masculino do mesmo clube. Esta oportunidade
surgiu a convite do treinador da equipe principal no clube em que ele jogou
voleibol durante sete anos. O treinador da equipe B começou a jogar voleibol com
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quatorze anos passando pela categoria Infantil e infanto-juvenil. Atuou como
jogador em competições regionais, estaduais e nacionais.
Devido a esta relação com o esporte, ficou sensibilizado com o meio,
decidindo cursar a Educação Física e ser treinador de voleibol.
Na opinião do treinador da equipe B, as suas principais conquistas são o
Vice-Campeonato Estadual Mirim Feminino 2002, o Campeonato Estadual Infantil
Masculino em 2006, o 3º Lugar na Olesc 2006, a revelação de jovens atletas para
a Seleção Catarinense e Brasileira e a convocação para trabalhar com a Seleção
Catarinense em 2006.
Fontes de conhecimento do treinador:
Sobre as principais fontes de conhecimento do voleibol, o treinador da
equipe B, destaca a formação inicial, a formação continuada, a experiência como
jogador de voleibol, a relação com treinadores mais experientes e cursos em
outras áreas do conhecimento.
Na formação inicial, o treinador destaca que a disciplina de Voleibol foi
ótima, e contribuiu de forma complementar no inicio de sua formação como
treinador. Porém, segundo o treinador, para a atual intervenção profissional o
curso de graduação deixou um pouco a desejar, devido à falta de disciplinas na
grade curricular e também na falta de uma relação maior das disciplinas com a
realidade profissional do treinamento desportivo estadual e nacional.
Os resultados obtidos nesta investigação com os treinadores são
semelhantes ao estudo de Lopes (2005), que salienta que os treinadores
pesquisados consideram a escolaridade de nível superior em Educação Física e
Desportos fator importante para a formação profissional. E a formação, além do
conhecimento técnico-científico, também deve privilegiar os aspectos
pedagógicos durante o processo de formação profissional.
Na formação continuada, o treinador da Equipe B possui a especialização
em Fisiologia do Exercício. Essa formação, segundo o treinador, contribui muito
na sua atuação como treinador, pois foi uma forma de aprender a quantificar e
qualificar as sessões de treinamento e a preparação física.
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Em sua opinião todos os tipos de cursos e leituras têm acrescentado na
formação como treinador, e procura estudar as diversas áreas do conhecimento,
como também na área especifica do voleibol: a técnica, a tática, a preparação
física e a psicológica.
O treinador B participou de cursos de Voleibol, Fisiologia, Nutrição,
Treinamento Desportivo, Psicologia, buscando melhorar a sua atuação como
treinador.
Abordagem Metodológica utilizada:
A concepção metodológica traduz-se nas ações adotadas pelo treinador
dentro de um processo que visa alcançar elevadas potencialidades educativas de
modo sistemático, consciente e com objetivos passíveis de serem atingidos.
Para o treinador da equipe B, o conhecimento do treinador de voleibol
abrange quatro áreas fundamentais, que são as seguintes na sua ordem de
importância: a técnica, tática, física e a psicológica.
A técnica e a tática são aquelas que sustentam todo o conhecimento do
treinador. O conhecimento da técnica, para o treinador B, destaca-se por ser a
base onde assenta todo o aperfeiçoamento técnico dos jogadores.
O treinador procura fragmentar o conteúdo do jogo e utilizar seqüência
pedagógica de exercícios divididos por veis de dificuldade, do mais simples ao
mais complexo e do fácil ao difícil.
O treinador da Equipe B estrutura seu planejamento de modo bem
flexível, moldando-se de acordo com as respostas da sua equipe e as suas
necessidades.
As sessões de treinamento do treinador B são planejadas de forma a
atender as necessidades de cada grupo, quanto à necessidade física, técnica,
tática e psicológica, numa progressão periodizada de forma a permitir a evolução
dos atletas, cuidando com sobrecarga durante as sessões.
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51
Caracterização das sessões de treinamento técnico-tático
Na Complexidade Estrutural das Atividades, o padrão de organização
das sessões de treinamento pode variar de acordo com os objetivos específicos
traçados pelo treinador em cada uma das etapas do processo, podendo sofrer
alterações no que diz respeito à utilização dos espaços disponíveis, duração das
atividades e modos de participação.
Na análise das sessões de treinamento técnico-tático das equipes
investigadas pôde-se observar que houve uma variedade no número de
atividades realizadas por sessão de treinamento (Tabela 4).
Na média das atividades realizadas por sessão treinamento, ambas
equipes apresentaram resultados semelhantes. Enquanto a Equipe A realizou a
média de 7 atividades por sessão de treinamento, a Equipe B realizou em média
6,5 atividades.
Tabela 4: Freqüência das semanas típicas, sessões de treinamento e atividades
das equipes investigadas.
Equipes
Semanas típicas
observadas
Sessões de
treinamento
Atividades
Equipe A
05 15 106
Equipe B
05 15 98
Total
10 30 204
Estes resultados demonstram a preocupação dos treinadores das equipes
investigadas em diversificar as suas atividades. Assim, ambas as equipes
investigadas procuraram facilitar o processo ensino-aprendizagem-treinamento,
diversificando as atividades e motivando os atletas. Esta situação é enfatizada por
Stefanello (2002), que afirma que as atividades propostas pelo treinador devem
ser variadas, pois o desenvolvimento do atleta, além de ocorrer em diferentes
momentos da vida do indivíduo, também acontece em situações diferenciadas.
52
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A análise pormenorizada da delimitação espacial (Tabela 5) revelou a
maior freqüência de utilização da quadra inteira nas atividades desenvolvidas
pelas duas equipes investigadas.
Tabela 5: Freqüência e freqüência percentual da delimitação espacial das
atividades.
Equipe A Equipe B Total
Delimitação espacial
f f% f f% f f%
54,1
a
45,9
a
100,0
a
Quadra inteira 59
61,5
b
50
69,4
b
109
64,9
b
63,0
a
37,0
a
100,0
a
Meia quadra 17
17,7
b
10
13,9
b
27
16,1
b
61,3
a
38,7
a
40,3
a
Duas mini-quadras 19
19,8
b
12
16,7
b
31
18,5
b
100,0
a
0,0
a
100,0
a
Três mini-quadras 1
1,0
b
0
0,0
b
1
0,6
b
57,1
a
42,9
a
100,0
a
Total 96
100,0
b
72
100,0
b
168
100,0
b
a = percentual na linha
b = percentual na coluna
A freqüência na utilização da quadra inteira nas equipes pode estar
relacionada com a preocupação de aproximar a estrutura das sessões de
treinamento com a delimitação espacial do jogo. Porém, verifica-se também a
utilização de atividades realizadas em meia-quadra e duas mini-quadras nas duas
equipes investigadas. Estas atividades frequentemente são realizadas para
facilitar o aprendizado, diminuindo o espaço de jogo e melhorando a sustentação
da bola e a aplicação dos fundamentos técnicos.
As atividades utilizando meia-quadra ou duas mini-quadras, também
podem proporcionar a participação simultânea de mais atletas realizando a
mesma atividade.
Em relação ao conteúdo das atividades nas sessões de treinamento
(Tabela 6), enquanto a Equipe A priorizou os conteúdos da situação de jogo de
transition, a Equipe B utilizou a maior parte de seus treinamentos com situações
de side-out.
53
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Nas atividades que envolviam o levantamento, percebe-se que a Equipe
A utilizou mais tempo das suas sessões de treinamento neste fundamento, em
comparação com a Equipe B. Este resultado confirma uma maior preocupação da
Equipe A com as ações de levantamento, levantamento e ataque bem como
levantamento, ataque e bloqueio.
Tabela 6: Freqüência e duração do conteúdo das atividades das sessões de
treinamento técnico-tático
Equipe A Equipe B Total
Conteúdo das atividades
f t (min) f t (min) f t (min)
Saque 0 00 4 20’39”
4 20’39”
Recepção 9 87’30” 0 00
9 87’30”
Levantamento 7 23’30”
1 22’10”
8 45’40”
Ataque 0 00
1 6’50”
1 6’50”
Bloqueio 11 35’00”
7 46’40”
18 81’40”
Defesa 2 13’40”
6 94’50”
8 108’30”
Recepção e levant. 0 00
4 50’05”
4 50’05”
Levantamento e ataque 10 59’15”
1 6’15”
11 65’30”
Ataque e defesa 10 31’20”
9 41’20”
19 72’40”
Ataque e bloqueio 6 61’00”
3 90’30”
9 151’30”
Saque e recepção 2 10’55”
4 93’50”
6 104’45”
Saque, recepc. e levant. 4 43’05”
0 00
4 43’05”
Levant., ataque e bloq. 2 21’35”
0 00
2 21’35”
Side out 7 84’05”
15 213’15”
22 297’20”
Transition 8 251’55”
8 192’15”
16 444’10”
Side-out e transition 9 191’10”
8 204’05”
17 395’15”
Jogo 1 60’05”
0 00
1 60’05”
Total 106 974’05”
1082’44”
2056’49”
Entretanto, percebe-se que ambos os treinadores investigados tinham a
preocupação em diversificar a escolha das atividades e com os conteúdos
utilizados nas sessões de treinamento técnico-tático.
54
54
Lemos (2005) observou em sua investigação que uma das características
dos treinadores, caracterizados pela autora como “experts”, é justamente esta
preocupação com a escolha das atividades e do conteúdo. Estas atividades
devem ser conduzidas com cuidados pedagógicos para atender ao tempo de
prática, à progressão na complexidade e à motivação dos atletas.
Neste sentido, o treinador da Equipe B descreve sua preocupação e seu
procedimento na escolha do conteúdo das atividades propostas em seu processo
de treinamento:
“Primeiramente analisamos o grupo de trabalho (necessidades físicas,
técnicas, táticas, e em alguns casos nutricionais), as datas das
competições e as competições alvo do ano. O conteúdo das sessões de
treinamento é planejado de forma a atender as necessidades de cada
grupo, quanto à necessidade física, técnica, tática e psicológica,
permitindo a evolução dos atletas sem a sobrecarga durante as sessões”.
O modo de participação nas atividades variou entre duplas, pequenos
grupos e grupo todo, não sendo encontradas diferenças estatisticamente
significativas. Estes resultados fazem referência àqueles encontrados no estudo
de Nascimento e Barbosa (2000) no qual, a totalidade das atividades foi
considerada massificada por envolverem situações onde os atletas participavam
em tarefas comuns à globalidade da turma, ou seja, todos faziam o mesmo,
simultâneo ou alternadamente. Além disso, foram pouco freqüentes as atividades
individualizadas nas sessões de treinamento técnico-táticas analisadas.
Quanto à Complexidade Estrutural das Tarefas, os resultados
apresentados na Tabela 7, relativos à função das tarefas, demonstraram que na
Equipe B se destacaram a maior freqüência de exercícios de aplicação da
técnica, priorizando-se a utilização dos movimentos em situações de jogo
facilitadas.
55
55
Tabela 7: Freqüência e freqüência percentual da função das tarefas das equipes
investigadas.
Equipe A Equipe B Total
Função da Tarefa
f f% f f% f f%
55,6
a
44,4
a
100,0
a
Aquisição global da
técnica
25
28,4
b
20
28,2
b
45
28,3
b
62,2
a
37,8
a
100,0
a
Fixação da técnica 46
52,3
b
28
39,4
b
74
46,5
b
41,0
a
59,0
a
100,0
a
Aplicação da técnica 16
18,2
b
23
32,4
b
39
24,5
b
100,0
a
0,0
a
100,0
a
Competição 1
1,1
b
0
0,0
b
1
0,6
b
55,3
a
44,7
a
100,0
a
Total 88
100
b
71
100,0
b
159
100,0
b
a = percentual na linha
b = percentual na coluna
na Equipe A teve maior destaque os exercícios de fixação e
diversificação da técnica, apresentando associação nesta variável (x
2
=16,59,
p<0,05), salientando a maior preocupação deste treinador em possibilitar a
variação na execução da técnica em situações que uniam dois ou mais
fundamentos em situações relacionadas ao jogo.
Esses dados são similares àqueles encontrados por Griffin, Siedentop e
Tannehill (1998) no processo de treinamento de voleibol em equipes norte-
americanas do mesmo escalão etário.
As condições de prática necessitam ser planejadas para que a
probabilidade de desempenho bem sucedido do aprendiz aumente em situações
novas e desafiadoras. A variabilidade de prática consiste em variações nas
características do contexto ou variações da tarefa motora que está sendo
praticada. Esse tipo de prática é considerado um dos fatores que aumenta a
chance de sucesso do aprendiz em novas situações (Meira Júnior, 2001).
Embora a Equipe A tenha se destacado com a maior freqüência de
tarefas de fixação e diversificação da técnica, o maior tempo total utilizado
(Tabela 8) incluiu os exercícios de fixação/diversificação e os exercícios de
56
56
aplicação da técnica, demonstrando a diferenciação de objetivos estabelecidos
para cada exercício.
Este resultado pode ser atribuído ao fato de que tarefas de aquisição da
técnica são planejadas para serem de pequena duração, com uma maior
variedade de atividades e evitar a rotinização do treinamento. as atividades de
fixação da técnica perduram por um período maior, possibilitando um melhor
aprendizado da técnica.
A escolha dos tipos e da quantidade de tarefas, segundo Meira nior
(2001), que são introduzidos no processo de ensino torna-se uma das questões
de maior importância para a investigação da aprendizagem.
Em contrapartida, na Equipe B, os exercícios de aplicação da técnica se
destacaram, tanto na freqüência de utilização quanto em tempo gasto.
Tabela 8: Duração e percentual da função das tarefas da categoria infantil das
equipes investigadas.
Equipe A Equipe B Total
Função da Tarefa
t(min) % t(min) % T(min) %
48,3
a
51,69
a
100,0
a
Aquisição global da
técnica
81’50”
8,0
b
87’19”
8,0
b
169’09”
8,0
b
46,4
a
53,6
a
100,0
a
Fixação da técnica 433’30”
42,3
b
500’55”
46,2
b
934’25”
44,2
b
44,5
a
55,5
a
100,0
a
Aplicação da técnica 398’40”
39,0
b
497’50”
45,8
b
896’30”
42,4
b
100,0
a
0,0
a
100,0
a
Competição 110’50”
10,7
b
0
0,0
b
110’50”
5,2
b
48,5
a
51,5
a
100,0
a
Total
1024’10”
100,0
b
1085’24”
100,0
b
2109’34”
100,0
b
a = percentual na linha
b = percentual na coluna
Os resultados desta investigação são semelhantes com o estudo
apresentado por Anfilo (2004), realizado na Seleção Brasileira de Voleibol Infanto-
Juvenil. Os treinamentos técnico-táticos da Seleção Brasileira foram realizados
enfatizando a correção e o aprimoramento dos gestos técnicos do esporte, com o
57
57
objetivo de possibilitar aos atletas a relação entre a execução técnica com as
situações táticas vivenciadas no jogo.
Percebeu-se também na estrutura das tarefas das equipes investigadas
uma preocupação com a aquisição e fixação/diversificação de aspectos técnicos
do jogo. Porém, esta preocupação está sempre que possível associada aos
aspectos táticos do jogo.
Bojikian (2002) afirma que a associação da capacidade de tomada de
decisões com a utilização dos recursos técnicos pertinentes à solução eficaz de
situações-problema será determinante para a diferenciação do atleta “fora de
série” daqueles de performances medianas.
Em relação à metodologia de ensino-aprendizagem utilizada pelas
equipes investigadas, notou-se uma preocupação maior da Equipe A, com a
progressão das tarefas empregadas. Esta preocupação confere com a
recomendação de Beal (2005), que afirma que as tarefas ou exercícios devem ser
com uma meta claramente delineada, que é progressivamente aumentada para
permitir o desenvolvimento contínuo e o sucesso.
Esta preocupação com as progressões no processo de treinamento da
Equipe A ficou evidente quando o treinador da equipe investigada salienta:
“Procuro planejar as sessões de treinamento de forma que exista um
encadeamento das ações e progressões nas tarefas propostas, ou seja, o
treino não deve ser montado como uma colcha de retalhos, onde uma
tarefa não tem nada com a seguinte. Este encadeamento é importante no
processo de treinamento. Quanto às progressões nas sessões de
treinamento por mim planejadas, procuro atender a passagem de
exercícios de baixa complexidade para os de alta complexidade, de
acordo com o vel de aprendizado dos atletas. Porém, em determinadas
vezes tenho que retroceder no processo, facilitando novamente os
exercícios, para depois que o grupo atingiu um aprendizado dito
satisfatório possa novamente aumentar o nível de exigência da tarefa”.
Porém, pode-se verificar nas duas equipes investigadas certa tendência
para a abordagem metodológica denominada rie de exercícios, com o emprego
58
58
de tarefas que procuravam atender as noções de aperfeiçoamento e aplicação da
técnica em condições de jogo.
Ainda em relação aos dados da Tabela 7 e 8, nota-se tanto na freqüência
como na duração da função das tarefas de ambas equipes investigadas, um baixo
percentual das tarefas de competição. Este dado pode estar relacionado com a
preocupação dos treinadores na aplicação da técnica sem gerar o estresse
competitivo da tarefa, focando os atletas nas correções técnicas e táticas da
equipe.
No que diz respeito à classificação das tarefas (Tabelas 9 e 10), na
Equipe A houve destaque na freqüência de exercícios que desenvolviam os
fundamentos de forma isolada ou combinados entre si (fundamento individual e
combinação de fundamentos), embora o maior tempo gasto estivesse sobre os
exercícios que se aproximavam do jogo propriamente dito (complexo de jogo).
A Equipe B apresentou predominância na freqüência e no tempo gasto
com exercícios que continham a aproximação ao jogo (complexo de jogo).
Tabela 9: Freqüência e freqüência percentual da classificação das tarefas das
equipes investigadas.
Equipe A Equipe B Total
Classificação da Tarefa
f f% f f% f f%
56,6
a
43,4
a
100,0
a
Fundamento individual 30
34,1
b
23
32,4
b
53
33,3
b
66,7
a
33,3
a
100,0
a
Combinação de
fundamentos
34
38,6
b
17
23,9
b
51
32,1
b
42,6
a
57,4
a
100,0
a
Complexo do jogo 23
26,1
b
31
43,7
b
54
34,4
b
100,0
a
0,0
a
100,0
a
Jogo 1
1,1
b
0
0,0
b
1
0,6
b
55,3
a
44,7
a
100,0
a
Total 88
100
b
71
100,0
b
159
100,0
b
a = percentual na linha
b = percentual na coluna
59
59
Ainda sobre a classificação das tarefas das equipes investigadas, em
ambas as equipes, o maior percentual, tanto na freqüência quanto na duração foi
utilizado com tarefas de complexo de jogo. O resultado encontrado difere da
investigação de Mendes (2006), realizado na modalidade de Handebol. Porém, no
processo de treinamento do voleibol tarefas de complexo de jogo desenvolvem
aspectos técnico-táticos em situações encontradas no jogo. Neste sentido,
Peppler (2005) reforça a utilização de tarefas de complexo de jogo, onde o
aprendizado ocorre em situações aleatórias, como no jogo de Voleibol.
Sobre a importância da utilização de tarefas de complexo de jogo, o
treinador da Equipe A comentou:
“Em situações de complexo de jogo consigo aproximar de forma
intencional o treinamento com algumas situações que ocorrem no jogo,
tanto em situações de side-out, transition ou ambas. Outro fator
importante é a condição de fixar alguma posição ou situação específica
com um maior número de repetição. Utilizando somente o jogo,
propriamente dito, não consigo atingir este resultado”.
Observando as sessões de treinamento da Equipe B e analisando os
dados da investigação, também fica evidente a importância do treinador da equipe
em utilizar tarefas de complexo de jogo. Neste contexto, é importante ressaltar
que esta utilização de tarefas de complexo de jogo, ocorre pelo fato dos
treinadores investigados, procurarem atingir o máximo rendimento competitivo de
suas equipes, não podendo esta característica ser generalizada para o
aprendizado do Voleibol a nível escolar.
60
60
Tabela 10: Duração e percentual da classificação das tarefas das equipes
investigadas.
Equipe A Equipe B Total
Classificação da Tarefa
t(min) % t(min) % t(min) %
44,3
a
55,7
a
100,0
a
Fundamento individual 161’20”
16,5
b
202’39”
18,6
b
363’59”
17,7
b
49,0
a
51,0
a
100,0
a
Combinação de
fundamentos
262’50”
27,0
b
273’50”
25,2
b
537’40”
26,4
b
44,5
a
55,5
a
100,0
a
Complexo do jogo 489’50”
50,3
b
609’35”
56,1
b
1098’85”
53,3
b
100,0
a
0,0
a
100,0
a
Jogo 60’05”
6,2
b
0
0,0
b
60’05”
3,0
b
47,3
a
52,7
a
100,0
a
Total
973’25”
100,0
b
1085’24”
100,0
b
2058’49”
100,0
b
a = percentual na linha
b = percentual na coluna
Entretanto, os exercícios que envolviam todos os aspectos do jogo,
inclusive o estresse da competição foram utilizados apenas uma vez pela Equipe
A e nenhuma vez utilizado pela Equipe B durante o período de investigação. Tais
dados revelam a baixa importância atribuída pelos treinadores deste escalão
etário à inserção dos atletas ao jogo propriamente dito desta modalidade,
evitando expor os jogadores às exigências competitivas durante as sessões de
treinamento.
Nascimento e Barbosa (2000) encontraram resultados similares aos
obtidos neste estudo, onde o jogo propriamente dito constituía a atividade com
menor freqüência de utilização nas categorias de formação do voleibol, nos
períodos de preparação básica e específica.
Os dados corroboram que existe uma preocupação dos treinadores
investigados com a exigência de resultados elevados em desportistas no
processo de formação. Sobre este assunto, Cafruni (2006) afirma em sua
pesquisa que este tema tem sido amplamente questionado na literatura e, de
acordo, com os especialistas, os resultados devem ser valorizados na última
das três etapas do período de formação. Assim, a utilização de estratégias tendo
em vista a obtenção de resultados nas fases iniciais prejudicaria a obtenção de
resultados elevados na etapa de alto rendimento.
61
61
Nas conclusões de sua investigação, Bento (2003) salienta a importância
do jogo. A oportunidade do jogar-aprender deve ser entendida como elemento
fundamental de aprendizagem. Modelos baseados no ensino de técnicas isoladas
para utilização das mesmas em situação de jogo, não são adequados nem no
desenvolvimento de jogo nem as necessidades dos alunos. Contudo, como a
investigação de Bento foi realizada na realidade do esporte inserido nas aulas de
Educação Física da escola, acredita-se que no ambiente de Clubes Esportivos,
onde os atletas participam de competições visando determinado nível de
rendimento, esta preocupação com a realização do jogo não ficou evidente.
Em relação à utilização dos jogos, Pozzobon (2001) concluiu que nenhum
modelo de jogos esportivos é tão eficiente que possa ser aplicado em todas as
situações. Desta maneira, cabe aos treinadores a escolha do modelo adequado
de acordo com a situação em questão.
Além do tipo de exercício empregado, outro aspecto importante a ser
levado em consideração na seleção dos exercícios diz respeito aos critérios de
êxito determinados pelo treinador, isto é, a resposta que deve ser dada pelo
jogador frente ao exercício para que obtenha sucesso, dependendo dos objetivos
delimitados para cada exercício.
Os dados da Tabela 11 apresentaram associação entre as variáveis
(x
2
=14,49, p<0,05) de critério de êxito e as equipes investigadas.
Tabela 11: Freqüência e freqüência percentual do critério de êxito das tarefas das
equipes investigadas.
Equipe A Equipe B Total
Critério de êxito
f f% f f% f f%
55,0
a
45,0
a
100,0
a
Realização correta do
movimento
33
37,5
b
27
38,0
b
60
37,7
b
62,1
a
37,9
a
100,0
a
Resultado do movimento
36
40,9
b
22
31,0
b
58
36,5
b
46,3
a
53,7
a
100,0
a
Aplicação em situação 19
21,6
b
22
31,0
b
41
25,8
b
55,3
a
44,7
a
100,0
a
Total 88
100
b
71
100,0
b
159
100,0
b
a = percentual na linha
b = percentual na coluna
62
62
As exigências estabelecidas pelo treinador com relação aos critérios de
êxito das tarefas (Tabela 11), especificamente na Equipe B, relacionaram-se tanto
com a maior freqüência de utilização quanto com o maior tempo gasto na
aplicação dos exercícios em situações de jogo (aplicação em situação). Tais
dados revelam a preocupação deste treinador no emprego de modelos de ensino
centrados nos jogos condicionados, demonstrando uma visão de auto-construção
do conhecimento, onde os jogadores são inseridos em situações em que devem
adaptar as respostas conhecidas em situações diferenciadas e imprevistas,
similares às encontradas no jogo formal.
na Equipe A, o treinador buscava equilibrar as exigências de
aperfeiçoamento da técnica e da tática dos movimentos, utilizando-se de maior
número de exercícios que tinham como critério de êxito predominantemente a
realização correta (eficiência) e o resultado do movimento (eficácia).
A Tabela 12 mostra o tempo total gasto nos exercícios durante toda a
temporada esportiva investigada, onde nas Equipes A e B houve maior
predominância nos exercícios que tinham como critério de êxito a aplicação em
situação, que envolviam exercícios contextualizados às situações de jogo,
demonstrando a preocupação dos treinadores com o desenvolvimento da parte de
adaptação ao jogo.
Tabela 12: Duração e percentual do critério de êxito das tarefas das equipes
investigadas.
Equipe A Equipe B Total
Critério de êxito
t(min) % t(min) % t(min) %
42,0
a
58,0
a
100,0
a
Realização correta do
movimento
180’35”
18,2
b
249’50”
23,0
b
430’25”
20,7
b
46,8
a
53,2
a
100,0
a
Resultado do movimento
319’55”
32,3
b
362’54”
33,4
b
682’09”
32,9
b
50,8
a
49,2
a
100,0
a
Aplicação em situação 489’50”
49,5
b
473’20”
43,6
b
963’10”
46,4
b
47,6
a
52,4
a
100,0
a
Total
989’40”
100,0
b
1085’24”
100,0
b
2075’04”
100,0
b
a = percentual na linha
b = percentual na coluna
63
63
Os exercícios que tinham como prioridade a realização correta do
movimento (eficiência) estiveram presentes em todas as sessões de treinamento
investigadas, embora tenham aparecido em menor freqüência e menor tempo
gasto. Tal fato demonstrou a preocupação dos treinadores em desenvolver
também a parte técnica da modalidade, pois segundo De Rose Jr. (2006) a
técnica é necessária para dar suporte à tática e adaptar às situações de jogo.
Esta preocupação com a técnica fica evidente no discurso do treinador da
Equipe B:
“O conhecimento do treinador de voleibol abrange quatro áreas na
seguinte ordem: técnica, tática, física e psicológica. A técnica e a tática
são aquelas que sustentam todo o conhecimento do treinador, porém
para mim os aspectos técnicos destacam-se por serem a base onde
assenta todo o aperfeiçoamento dos jogadores”.
Já o treinador da Equipe A, sobre este assunto, tem a seguinte opinião:
“No início de minha carreira priorizava a eficiência técnica dos jogadores
em relação à tica. Inicialmente para o treinador a técnica deveria ser
ensinada antes de se jogar. E a tática era aprendida após a fase de
aprendizagem específica da técnica. Porém, hoje em dia, acredito que
ambos são de fundamental importância e devem ser aprendidas
simultaneamente, não havendo uma hierarquia entre elas. O meu critério
de êxito em relação aos atletas também procura avaliar a realização
correta do movimento, porém em minha opinião é se ele consegue atingir
o resultado com o movimento, ou seja, com a realização correta do
movimento”.
Apesar do pouco tempo de utilização de tarefas com o critério da
realização correta do movimento, observou-se que nestas tarefas ambos os
treinadores apresentavam a competência para diagnosticar erros técnicos e para
prescrever soluções. Segundo Rosado (2004), esta capacidade compreende um
64
64
fator de eficácia na atuação do professor ou treinador. Neste sentido, saber
diagnosticar os erros, determinar a sua importância relativa, bem como as suas
causas e posterior correção, são algumas das principais responsabilidades dos
professores e treinadores, parecendo evidente que sem uma efetiva competência
neste domínio, a melhora das performances dos praticantes fica comprometida.
A Complexidade do Campo Ecológico diz respeito ao modo com que
as relações interpessoais o estabelecidas, contemplando o envolvimento e as
condutas tanto do treinador quanto dos atletas durante a realização das
atividades.
Neste contexto, os resultados da Tabela 13 demonstraram a maior
incidência da conduta de retroalimentação do treinador, sendo este o principal
comportamento nas duas equipes observadas, e também na análise geral. Na
comparação entre as equipes, não houve grande variação na conduta assumida
pelo treinador, embora a centralização das tarefas e posterior retroalimentação
somente foi observada na Equipe B.
Tabela 13: Freqüência e freqüência percentual da conduta do treinador das
equipes investigadas
Equipe A Equipe B Total
Conduta do treinador
f f% f f% f f%
53,0
a
47,0
a
100,0
a
Retroalimentação do
treinador
62
68,1
b
55
76,4
b
117
71,8
b
100,0
a
0,0
a
100,0
a
Iniciado pelo treinador 1
1,1
b
0
0,0
b
1
0,6
b
100,0
a
0,0
a
100,0
a
Centrado no treinador 2
2,2
b
0
0,0
b
2
1,2
b
60,0
a
40,0
a
100,0
a
Iniciado pelo treinador /
retroalimentação
24
26,4
b
16
22,2
b
40
24,5
b
0,0
a
100,0
a
100,0
a
Centrado no treinador /
retroalimentação
0
0,0
b
1
1,4
b
1
0,6
b
100,0
a
0,0
a
100,0
a
Iniciado e centrado no
treinador /
retroalimentação
2
2,2
b
0
0,0
b
2
1,2
b
55,8
a
44,2
a
100,0
a
Total 91
100,0
b
72
100,0
b
163
100,0
b
a = percentual na linha
b = percentual na coluna
65
65
Os resultados obtidos nesta investigação são similares àqueles
encontrados no estudo de Nascimento e Barbosa (2000), onde o treinador, além
de supervisionar a atividade, assume o papel de estimular e orientar a
participação e o envolvimento dos jogadores. Além disso, as evidências
encontradas demonstraram que os treinadores da categoria infantil masculina
também procuram corrigir a execução dos fundamentos técnicos, fornecendo
feedbacks” quanto à execução do movimento, procurando se referenciar aos
elementos fundamentais que compõem a habilidade técnica. Algumas vezes
apenas explicando as formas de aplicação da habilidade técnica, ou então
demonstrando por várias vezes e sob diferentes ângulos. Este tipo de
retroalimentação assumida pelos treinadores, conforme Mesquita (1997), tem se
revelado como uma das variáveis mais potentes na predição de um ensino eficaz.
A preocupação com os feedbacks na conduta dos treinadores
investigados coincide com os resultados de estudos que também evidenciaram
esta ênfase na retroalimentação dos treinadores (Calvo, 2004; Cruz, 2001;
Lemos, 2005 e McCullick, 2005). No entanto, ao serem comparados os resultados
desta investigação com aqueles encontrados no estudo com atletas da categoria
infanto-juvenil feminino (Nascimento e Barbosa, 2000) encontraram-se
divergência na conduta assumida pelos treinadores. Enquanto os treinadores das
equipes masculinas fornecem a explicação inicial sobre a tarefa a ser realizada e,
na seqüência, procuram fornecer retroalimentação ao desempenho dos jogadores
nos exercícios realizados, os treinadores das equipes femininas apresentaram
maior envolvimento direto nas sessões de treinamento, evidenciando condutas de
iniciar ou centralizar os exercícios, além de fornecer a respectiva
retroalimentação.
Um aspecto a destacar é que os treinadores das duas equipes reuniam
freqüentemente seus atletas no centro da quadra a fim de explicar e orientar a
execução de cada atividade. Tal procedimento se repetia quando a atividade o
apresentava bom andamento, tendo como objetivo organizar e às vezes mudar a
atividade para adaptar o exercício às condições dos jogadores.
A conduta dos treinadores nas sessões de treinamento técnico-táticas
centrada na retroalimentação assemelha-se com a conduta dos treinadores nos
jogos. Os treinadores das equipes investigadas utilizam, frequentemente, desta
66
66
conduta na sua intervenção verbal durante os jogos. Este resultado foi verificado
também por Botelho (2004), no estudo sobre a intervenção verbal dos treinadores
na categoria de formação, onde existe uma maior intervenção verbal dos
treinadores das equipes do naipe masculino.
Com relação às condutas dos atletas (Tabelas 14) no processo de ensino-
aprendizagem-treinamento da categoria infantil, os resultados confirmam o
elevado envolvimento dos jogadores nas sessões observadas, tanto participando
na realização dos exercícios, quanto dando suporte para sua execução e
esperando para realizá-los posteriormente. As condutas congruente, suportivo e
espera tiveram destaque, não na freqüência dos exercícios, mas também na
duração das atividades.
Tabela 14: Freqüência e freqüência percentual da conduta dos atletas das
equipes investigadas
Equipe A Equipe B Total
Conduta dos atletas
f f% f f% f f%
47,1
a
52,9
a
100,0
a
Congruente 16
16,7
b
18
25,0
b
34
20,2
b
50,0
a
50,0
a
100,0
a
Congruente e suportivo 1
1,0
b
1
1,4
b
2
1,2
b
100,0
a
0,0
a
100,0
a
Congruente e
modificador
5
5,2
b
0
0,0
b
5
3,0
b
43,8
a
56,3
a
100,0
a
Congruente e espera 7
7,3
b
9
12,5
b
16
9,5
b
62,4
a
37,6
a
40,3
a
Congruente, suportivo e
espera
63
65,6
b
38
52,8
b
101
60,1
b
33,3
a
66,7
a
100,0
a
Congruente, suportivo,
modificador e espera
3
3,1
b
6
8,3
b
9
5,4
b
57,1
a
42,9
a
100,0
a
Total 96
100,0
b
72
100,0
b
168
100,0
b
a = percentual na linha
b = percentual na coluna
67
67
Estes resultados demonstram o envolvimento dos atletas, que pode estar
relacionado com a capacidade dos treinadores de motivá-los e de preparar
sessões de treinamento bem estruturadas (Cobley, 2001). Em seu estudo sobre a
relação professor-aluno, Lettnin (2005) destacou que os alunos apresentavam
uma conduta de forma naturalística e informal nas sessões das práticas
esportivas extracurriculares, existindo quase sempre harmonia e aceitação
durante as tarefas propostas. Em parte, esta relação pode ser compreendida pelo
fato de que o interesse do aluno aprender vai ao encontro do interesse do
professor ensinar, facilitando o convívio.
Além disso, conforme Paes (2005) um ambiente positivo deve ser criado
nas sessões de treinamento, integrando todos os fatores fundamentais do
treinamento em geral para a preparação e evolução dos atletas.
Avaliação do desempenho técnico-tático dos jogadores das equipes
investigadas.
Na avaliação do desempenho técnico-tático dos jogadores, inicialmente
foram comparados os dados do pré-teste entre as equipes A e B para,
posteriormente, analisar os dados do pós-teste entre as mesmas equipes. No
segundo momento, foram comparados e discutidos os dados do pré-teste e pós-
teste da Equipe A, e depois a mesma avaliação foi realizada em relação à Equipe
B.
No que diz respeito ao desempenho técnico-tático das ões dos
jogadores no pré-teste das equipes A e B, os dados da Tabela 15 demonstram a
existência de diferenças significativas apenas entre as ações de recepção
(p=0,018), e do bloqueio (p=0,025). Nas demais ações, não houve diferenças
significativas na comparação entre as duas equipes.
68
68
Tabela 15: Desempenho técnico-tático das ações dos jogadores no pré-teste das
equipes investigadas
Pré-teste
Equipe A
Pré-teste
Equipe B
Teste
Mann-Whitney
Ações
Media
DP Media
DP U p
Saque 40,98 2,54 39,52 0,58 13,00 0,115
Recepção 69,37 1,94 75,27 2,96
6,00 0,018
Levantamento 39,30 14,66 39,82 15,02 46,37 0,496
Ataque – Side out
15,89 9,41 16,14 6,23 23,00 0,902
Ataque -
Transition
10,95 6,95 16,17 13,03 16,00 0,318
Bloqueio 43,61 6,95 32,07 2,97 7,00 0,025
Por se tratar de duas “escolas” de voleibol que iniciam as suas categorias
de formação em faixa etária semelhante, supõe-se que a experiência esportiva
anterior dos atletas se assemelha. Este fato pode explicar os resultados que
demonstram determinada homogeneidade das equipes na maioria das ações de
jogo no início da temporada esportiva.
Em ambas as equipes investigadas os atletas iniciaram esta temporada
esportiva, caracterizada pela categoria infantil, com uma experiência média
anterior de três anos de prática esportiva desta modalidade. A maioria destes
atletas também já participaram de diversos campeonatos nas categorias pré-
mirim e mirim.
Em relação à comparação dos dados do pós-teste entre as equipes A e B,
no desempenho técnico-tático das ações dos jogadores, houve diferenças
significativas nas ações de recepção (p=0,003) e de levantamento (p=0,001)
(Tabela 16).
69
69
Tabela 16: Desempenho técnico-tático das ações dos jogadores no pós-teste das
equipes investigadas
Pós-teste
Equipe A
Pós-teste
Equipe B
Teste
Mann-Whitney
Ações
Media
DP Media
DP U p
Saque 45,59 3,94 42,83 1,21 12,00 0,332
Recepção 68,53 1,89 74,80 1,90
0,00 0,003
Levantamento 48,22 13,39 41,79 13,20
1,59 0,001
Ataque – Side out
20,72 9,02 28,61 9,47 10,00 0,199
Ataque -
Transition
20,47 5,30 18,25 7,40 15,00 0,629
Bloqueio 55,55 8,60 53,56 7,29 16,00 0,818
Na comparação das diferenças entre as equipes investigadas no pré-teste
e pós-teste, pode-se observar melhora significativa em relação ao levantamento
da Equipe A e do bloqueio da Equipe B. Onde, inicialmente no pré-teste não havia
diferenças significativas entre as equipes em relação às ações de levantamento
(p=0,496). , no pós-teste, houve uma melhora da Equipe A, apresentando
diferença significativa comparando com a Equipe B (p=0,001).
No que diz respeito às diferenças encontradas nas ações de bloqueio das
equipes investigadas, os dados do pré-teste entre as equipes apresentavam
diferenças significativas (p=0,025). Sendo que, a Equipe A obtinha uma melhor
eficiência neste fundamento. Porém, comparando o pós-teste entre as equipes,
nota-se que não existe mais diferença significativa no fundamento de bloqueio
das equipes (p=0,818). Assim, mesmo com a melhora da eficiência das duas
equipes nas ações do fundamento de bloqueio, os dados da Equipe B
apresentaram uma maior evolução.
Na Tabela 17 são apresentados os dados do desempenho técnico-tático
das ações dos jogadores da Equipe A no pré-teste e pós-teste. Os resultados
70
70
corroboram que em cinco diferentes ações houve melhora da eficiência das ações
no pré-teste para o pós-teste. No entanto, de acordo com o teste de Wilcoxon,
estas diferenças foram significativas apenas em três ações: levantamento
(W=13,000, p=0,001), ataque em situação de transition (W=34,500, p=0,028) e
bloqueio (W=36,000, p=0,046).
Tabela 17: Desempenho técnico-tático das ações dos jogadores no pré e pós-
teste da Equipe A
Pré-teste Pós-teste
Teste
Wilcoxon
Ações
Media
DP Media
DP p
Saque 40,98 2,54 45,59 3,94 0,091
Recepção 69,37 1,94 68,53 1,89 0,398
Levantamento 39,30 14,66 48,22 13,39
0,001
Ataque – Side out
15,89 9,41 20,72 9,02 0,499
Ataque -
Transition
10,95 6,95 20,47 5,30
0,028
Bloqueio 43,61 6,95 55,55 8,60
0,046
A evolução do desempenho das ações dos jogadores no pe pós-teste
foram similares à investigação de Ricardo (2005), onde no seu estudo em todos
os indicadores criados, o grupo experimental evoluiu significativamente entre as
duas avaliações.
A Tabela 18 mostra o desempenho técnico-tático das ações dos
jogadores da Equipe B no pré-teste e pós-teste. Os resultados também
apresentam melhoria da eficiência em cinco diferentes ações no pré-teste para o
pós-teste. Entretanto, segundo o teste de Wilcoxon, estas diferenças foram
significativas apenas em três ações: saque (W=28,000, p=0,027), ataque em
situação de side-out (W=35,000, p=0,046) e bloqueio (W=28,000, p=0,028).
As diferenças encontradas entre as ações das duas equipes investigadas,
podem estar relacionadas com os diferentes processos de treinamento realizados
71
71
pelas equipes durante a temporada esportiva. Nesta investigação, estes
diferentes processos ocorreram através das diferentes abordagens metodológicas
utilizadas pelos treinadores e da diferença na seleção e na duração dos
conteúdos utilizados nos treinamentos das equipes investigadas.
Em alguns estudos similares, autores chegaram a conclusões que o
processo de ensino-aprendizagem-treinamento influenciou nos resultados finais
das investigações (Harrison, 2004 e Mesquita, 2005; Silva, 2005).
Tabela 18: Desempenho técnico-tático das ações dos jogadores no pré e pós-
teste da Equipe B
Pré-teste Pós-teste
Teste
Wilcoxon
Ações
Media
DP p DP p
Saque 39,52 0,58 42,83 1,21
0,027
Recepção 75,27 2,96 74,80 1,90 0,713
Levantamento 39,82 15,02 41,79 13,20 0,620
Ataque – Side out
16,14 6,23 28,61 9,47
0,046
Ataque -
Transition
16,17 13,03 18,25 7,40 0,893
Bloqueio 32,07 2,97 53,56 7,29
0,028
Um aspecto a destacar é o resultado encontrado referente ao ataque das
equipes investigadas. Enquanto que a Equipe A obteve uma melhora significativa
no ataque em situação de transition, a Equipe B apresentou uma maior evolução
do ataque em situação de side-out.
Estes dados confirmam a maior preocupação dos treinadores com
determinados aspectos de suas equipes. Em ambos os casos, as equipes
obtiveram evolução em ações que foram mais aprimoradas durante a temporada
esportiva investigada. Neste contexto, o treinador da Equipe A afirmou que:
72
72
“Procuro fazer a avaliação da equipe nos jogos e amistosos no início da
temporada, utilizo filmagens e scouts das ações de nossas equipes, este
processo é importante para depois, juntamente com alguns parâmetros
que tenho ao longo de minha profissão, possa selecionar o conteúdo do
treinamento e quais os pontos que devemos aprimorar para atingir o
resultado esperado no final da temporada”.
De acordo com o treinador da Equipe B, este processo também ocorreu
de maneira semelhante:
“Procuro estruturar meu planejamento da temporada de modo bem
flexível, moldando de acordo com as respostas da equipe e as suas
necessidades. Estas necessidades são percebidas durante os jogos no
inicio do ano, onde avalio o que minha equipe precisa melhorar para
atingir um bom resultado nas competições alvo”.
A análise pormenorizada das ações de ataque das equipes, revelou que o
treinador da Equipe A enfatizou as ações de transition. Já o treinador da Equipe B
priorizou as ações em side-out.
A ações de levantamento da Equipe A apresentaram evolução
significativa estatisticamente, tanto na comparação entre os grupos no s-teste
(p=0,001) quanto na comparação intra-grupo no pré e s-teste (p=0,001). Esta
preocupação com as ações de levantamento da Equipe A, foi uma constante no
processo de ensino-aprendizagem-treinamento orientado pelo treinador da
equipe. Sobre este fato o treinador da Equipe A salientou que:
“Historicamente existe esta maior preocupação com a formação dos
levantadores de nossa equipe, não procuro desenvolver apenas os
aspectos técnicos destes jogadores, mas o importante é que este jogador
tenha a noção tica do jogo, para desta forma tomar suas decisões, de
forma coerente e criativa”.
73
73
Observando as sessões de treinamento das equipes e analisando as
entrevistas dos treinadores investigados, percebe-se que os resultados
encontrados com a melhoria de certas ações cnico-táticas das equipes foram
realizados através de um planejamento adequado, atingindo os objetivos traçados
pelos treinadores responsáveis de ambas as equipes.
74
74
CAPÍTULO V
CONCLUSÕES
De acordo com os resultados encontrados no estudo, pôde-se chegar a
algumas conclusões, levando em consideração as limitações metodológicas
inerentes à sua realização.
Os dois treinadores participantes do estudo se caracterizavam como
profissionais jovens, porém com experiência acumulada na atuação de treinador
em equipes de formação. Ambos os treinadores se preocupam com a sua
formação continuada e procuram estar atualizados em assuntos referentes ao
ensino do voleibol. Além disso, demonstraram preocupação no planejamento e
avaliação das sessões de acordo com as necessidades de suas equipes e atletas.
Estas avaliações são realizadas nas observações dos treinamentos e durante os
jogos com o emprego de “scouts” de suas equipes.
Quanto à abordagem metodológica empregada no processo de ensino-
aprendizagem-treinamento do voleibol nas equipes investigadas, constatou-se
que os dois treinadores apresentaram características da Abordagem Série de
Exercícios, com o emprego de tarefas que procuravam atender as noções de
aperfeiçoamento e aplicação da técnica em condições de jogo. A noção de
progressão dos exercícios ficou melhor evidenciada pelo treinador da equipe A.
Apesar de existir a tendência da utilização da Abordagem Série de
Exercícios em ambas as equipes, as evidências encontradas na comparação
entre os dois processos de ensino-aprendizagem-treinamento permitiram
identificar diferenças no planejamento e na complexidade estrutural das tarefas.
Tais diferenças indicam preocupações distintas dos treinadores em selecionar e
segmentar as condições de prática em atividades e tarefas motoras progressivas
75
75
para posterior transferência às ações de jogo. Além disso, a análise
pormenorizada dos critérios de êxito empregados revelou a preocupação dos
treinadores investigados para a formação de jogadores inteligentes taticamente,
preparados para a constante imprevisibilidade do jogo de voleibol. A freqüente
retroalimentação e a participação intensa dos treinadores em todo o processo de
treinamento também foram consideradas importantes características dos
treinadores envolvidos no estudo.
Em relação ao desenvolvimento das capacidades cnico-táticas nas
equipes investigadas, percebeu-se uma melhora no desempenho das ações dos
atletas entre o pré-teste e o pós-teste. Porém, existiram poucas diferenças na
comparação dos resultados entre as duas equipes. O desenvolvimento das
capacidades técnico-táticas parece depender mais do tempo empregado no
treinamento das ações técnico-táticas dos jogadores do que propriamente das
concepções e metodologias implementadas no processo de treinamento do
voleibol.
Em síntese, os resultados obtidos permitem confirmar a hipótese que o
processo de ensino-aprendizagem-treinamento é capaz de melhorar o nível da
capacidade técnico-tática dos atletas (H1). Porém, somente com os dados desta
investigação não se pode confirmar que existem diferenças no desenvolvimento
das capacidades técnico-táticos dos atletas, de acordo com as concepções
metodológicas utilizadas pelos treinadores no processo de ensino-aprendizagem-
treinamento (H2). Por sua vez, a não confirmação da hipótese dois (H2) neste
estudo pode estar relacionada com a semelhança na abordagem metodológica
utilizada pelos treinadores envolvidos nesta investigação.
Como sugestão para estudos posteriores, recomenda-se uma análise
pormenorizada do comportamento verbal dos treinadores nos treinamentos e
jogos, bem como as estratégias adotadas para desenvolver as capacidades
táticas dos jogadores, como filmagens, quadros gráficos, estatísticas, entre
outras.
Por fim, também recomenda-se a realização de estudos semelhantes
envolvendo equipes com concepções metodológicas marcadamente distintas
empregadas pelos treinadores no processo de ensino-aprendizagem-treinamento
desta modalidade, a fim de verificar possíveis diferenças no desenvolvimento das
76
76
capacidades dos atletas. A comparação de equipes de natureza diferentes, ou
seja, entre estados, países, gêneros, nível de rendimento são algumas sugestões
para futuras investigações, visando enriquecer o conhecimento nesta área de
estudo.
77
77
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85
ANEXOS
86
86
ANEXO I
Análise Pormenorizada das Sessões de Treinamento
87
87
SISTEMA DE ANÁLISE DAS SESSÕES DE TREINAMENTO
1. Identificação da Atividade
Os segmentos do treino representam momentos distintos observados
durante as sessões, tais como: transição de entrada, aquecimento, preparação
técnica/tática, preparação física, intervalo de descanso, parte final ou
encerramento, entre outros.
As atividades constituem unidades de ações organizadas que revelam a
estrutura participativa e relacional da sessão de treinamento. O padrão
organizativo da sessão pode ser alterado, durante um período de tempo
determinado, de acordo com a dinâmica de participação, material, meios ou
recursos utilizados, podendo fornecer informações úteis sobre a estrutura
relacional e suas variações, o fluxo dos acontecimentos, a organização e uso do
tempo e espaço, as rotinas e regras estabelecidas e os papéis desempenhados.
A identificação das atividades compreende a análise efetuada da sua
estrutura substantiva que é representada por uma denominação (ex: conversa
com o treinador; aquecimento sem bola;...) e apresentação resumida do seu
conteúdo descritivo (ex: o treinador conversa com
os
atletas reunidos no centro
da quadra, corrida lenta, em circulo, com movimentação dos membros superiores
e execução dos fundamentos técnicos do desporto sem bola;...)
2. Complexidade Estrutural da Atividade
Na análise da complexidade estrutural da atividade procura-se:
Determinar a duração que compreende o período de persistência temporal e
resistência à interrupção da atividade (ex: 7 min; 5 rnin; ... );
2.2 Verificar a delimitação espacial requerida para a execução da
atividade (ex: quadra de voleibol;
2
quadras de voleibol; ... );
2.3 Descrever o número de participantes envolvidos na atividade, direta ou
indiretamente, procurando especificar o modo de participação - individual,
duplas, pequenos grupos, grandes grupos,...(ex:
14
atletas (grande grupo)
e treinador,
14 atletas (dois grupos) e treinador;...);
2.4 Caracterizar a
atividade molar
realizada por vez pelos atletas.
As
atividades podem ser massificadas quando envolverem situações onde os
atletas participam em tarefas comuns
à
globalidade da turma, ou seja,
todos fazem o mesmo, simultâneo ou alternadamente. Por outro lado, as
atividades individualizadas representam situações em que os atletas
participam em tarefas com critério de êxito diferenciado, podendo ou não
estarem organizados em grupos de nível diferentes. (ex: atividade
massificada de conversa com
o
treinador; atividade massificada de corrida
normal com deslocamento lateral, elevação alternada dos calcanhares,
com passo cruzado, com elevação dos joelhos, com circundução dos
braços, com elevação simultânea e alternada dos braços e pernas,
passadas largas, com execução dos fundamentos técnicos do desporto
nas posições determinadas pelo treinador, ...)
88
88
3. Complexidade Estrutural
da
Tarefa
As tarefas configuram o padrão de exigências distintas dos atletas durante a
sessão de treinamento. Ao representarem as ações empreendidas com um fim
claramente delimitado e como um meio em si mesmo definido, a análise das
tarefas permite a compreensão do modo como o treinador transforma os objetivos
e conteúdos do treino em atividades para os atletas, bem como quais as
adaptações efetuadas e quais as demandas estabelecidas.
Na análise da Complexidade Estrutural da
Tarefa
procura-se:
3.1 Identificar a função da tarefa como:
Aquisição
global da técnica
=
tarefa que visa a obtenção da idéia do
movimento e a elaboração do plano motor (realização da técnica de forma
global, em condições facilitadas, onde o indivíduo preocupa-se com a
execução do movimento na sua totalidade);
Fixação da técnica =
tarefa que focaliza aspectos particulares da
execução técnica, referenciados aos pontos críticos de sua realização
(centralização da atenção nos pormenores da execução técnica);
Aplicação da técnica
=
tarefa que procura aplicar as habilidades técnicas
em situações que contenham os ingredientes do jogo, mas que facilitam a
ocorrência do êxito (preocupação de integrar os exercícios nas situações
de jogo com as devidas mudanças das dimensões de espaço e
adaptações regulamentares);
Competição
=
tarefa que visa aplicar as habilidades técnicas em
situações que retratam as exigências da competição oficial (Integração dos
exercícios às situações de stress competitivo bem como de todos os
requerimentos que envolvem a competição).
3.2 Classificar as condições da tarefa como:
Fundamento individual
=
exercício de aprendizagem lenta, metódica e
não necessariamente relacionado ao jogo ou exercício de estímulo rápido
com prática em tempo veloz, duração pequena e envolvendo muitos
contatos (ex: saque; recepção; cortada,...);
Combinação de fundamentos = dois ou mais fundamentos em
condições relacionadas ao jogo (ex: saque/recepção; ataque/defesa;...);
Complexo
de treino
= situações de jogo que combinam enfoque tático
com dois ou mais fundamentos (ex: side-out ou ataque (recepção /
levantamento / ataque); transition ou contra-ataque (defesa / levantamento
/ ataque));
Jogo = competição governada por regras preestabelecidas, onde os
resultados são decididos pelas habilidades, estratégias ou oportunidades.
3.3 Descrever os critérios de êxito em relação ao tipo de resposta que tem de
ser dada, para que o jogador tenha êxito. O tipo de critérios de êxito que é
colocado no objetivo do exercício varia em função do aspecto a que o
treinador quer dar mais ênfase na realização de determinada ação motora,
como:
Critérios que incidem na realização correta do movimento (ex: Na
realização do saque,
o
jogador coloca os apoios dirigidos para o alvo,
eleva o cotovelo dominante e mantêm a mão firme no batimento; 10x para
a obtenção da idéia do movimento; 10x para obtenção da idéia do
movimento; 10x para a fixação da idéia do movimento;...);
Critérios de êxito que incidem no resultado do movimento (ex: Em 20
89
89
saques executados,
18
deverão cair próximos da área de saque
adversária;
10
x defender a bola com 7x remete-la para a zona 2;
10
x
ataque de entrada para zona 5, no máximo 1 erro admitido;...
Critérios de êxito que incidem na aplicação em situação (ex: No jogo,
executa a habilidade técnica adequada ao local onde se encontra e
à
situação-problema que se lhe depara;
2
pts de ataque direto, 1 pt de
contra-ataque direto e 0,5 pt de erro adversário; 10x recepções de saques
com 10 pts no mínimo, sendo bola recepcionada na mão do levantador
=
2
pts, bola recepcionada que
o
levantador desloca
=
0,5 pts, bola mal
recepcionada ou errada
=
O pts; ... )
3.4 Caracterizar o envolvimento ou conduta do treinador enquanto:
Centrado no treinador
= treinador controla os contatos específicos de cada
jogador;
Iniciado pelo treinador
=
treinador coloca a bola em jogo com
diversos jogadores para uma posição predeterminada;
Retro alimentação do treinador
= treinador providencia informações após a
resposta do jogador (descrevendo corno positiva, negativa,...), corrigindo,
modelando, apressando ou reenfocando.
3.5 Caracterizar o envolvimento ou conduta do jogador enquanto:
Congruente
= conduta do jogador corresponde para a tarefa colocada pelo
treinador;
Modificador
= conduta do jogador muda a tarefa deixando-a mais
fácil ou mais difícil;
Suportivo
= conduta do jogador auxilia na tarefa para a
execução de outros (ex: catar ou buscar as bolas, ... );
Espera
= conduta do jogador de aguardar, pausa, demora.
90
90
ANEXO II
Roteiro de observação das sessões de treinamento
91
91
ROTEIRO DE OBSERVAÇÃO DAS SESSÕES DE TREINAMENTO
Aspectos Observados
Identificação da atividade:
Segmento do treinamento
Denominação
Conteúdo descritivo
Complexidade da Atividade:
Duração
Delimitação espacial
Número de participantes
Atividade molar
Complexidade da Tarefa:
Função da tarefa
Condições da tarefa
Critérios de êxito
Complexidade do Campo Ecológico:
Envolvimento ou conduta do treinador
Envolvimento ou conduta dos jogadores
Critérios de êxito
92
92
ANEXO III
Roteiro de Entrevista Semi-Estruturada
93
93
TEMAS GERADORES
Biografia:
Dados Pessoais de Identificação
Experiência Esportiva
Formação Inicial
Formação Federativa
Fontes de conhecimento do treinador:
Formação Inicial e Continuada
Consulta de Literatura Especializada
Abordagem Metodológica:
Fundamentação Teórica
Procedimentos Metodológicos Adotados
Planejamento anual da equipe
Planejamento e organização da sessão de treinamento
Procedimentos de avaliação
94
94
ANEXO IV
Modelo de carta de apresentação e consentimento
enviada aos coordenadores das equipes
para a realização da pesquisa
95
95
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE DESPORTOS
Coordenadoria de Pós-Graduação em Educação Física
Campus Universitário - Trindade - Florianópolis/SC - CEP 88040-900
Fone (048) 3331-9926 Fax (048) 3331-9792 - e-mail mestrad[email protected]r
MESTRADO
Florianópolis, 19 de fevereiro de 2006.
Ilmo Sr. Benhur Rosado Sperotto
Coordenador de Esportes do Clube
Jaraguá do Sul – SC
Prezado Senhor,
Estamos realizando uma pesquisa intitulada A avaliação do desenvolvimento da
capacidade técnico-tática no processo de ensino-aprendizagem-treinamento em equipes
de voleibol infantil masculino catarinense”, como projeto de dissertação de mestrado no
Programa de Pós-Graduação em Educação Física da Universidade Federal de Santa
Catarina.
Esta investigação tem por objetivo avaliar o desenvolvimento das capacidades
técnico-táticas em decorrência das abordagens metodológicas utilizadas no processo de
ensino-aprendizagem-treinamento do voleibol infantil masculino implementado em clubes
catarinenses com tradição nesta modalidade.
Devido ao fato deste clube ser um dos representantes de maior expressão na
formação de atletas de Voleibol no estado de Santa Catarina, solicitamos a sua colaboração
no sentido de viabilizar a realização da coleta de dados neste clube, autorizando aos
investigadores/estudantes do curso de mestrado de Educação Física da UFSC, a realizarem
filmagens das sessões de treinamento técnico-tático da equipe infantil masculino.
Informamos que a permanência dos investigadores nas dependências deste clube
não afetará o desenvolvimento pleno das atividades. Além disso, será mantido sigilo das
informações obtidas bem como o anonimato dos clubes investigados.
Certos de contarmos com a sua colaboração para a concretização desta
investigação, agradecemos antecipadamente a atenção dispensada e colocamo-nos à sua
inteira disposição para quaisquer esclarecimentos (e-mail: juarezvn@cds.ufsc.br ou fone:
48- 3331-9792 ou 3331-9926).
Atenciosamente
Prof. Dr. Juarez Vieira do Nascimento Prof. Marcel Henrique Kodama P. Ramos
Coordenador da Pesquisa Estudante / Investigador
96
96
ANEXO V
Modelo de carta de apresentação enviada aos
treinadores das equipes
para a realização da pesquisa
97
97
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE DESPORTOS
Coordenadoria de Pós-Graduação em Educação Física
Campus Universitário - Trindade - Florianópolis/SC - CEP 88040-900
Fone (048) 3331-9926 Fax (048) 3331-9792 - e-mail mestrad[email protected]r
MESTRADO
Florianópolis, 19 de fevereiro de 2006.
Ilmo Sr. Luiz Carlos Rodrigues Da Silva
Treinador da Equipe de Voleibol (Infantil)
Jaraguá do Sul – SC
Prezado Senhor,
Estamos realizando uma pesquisa intitulada A avaliação do desenvolvimento da
capacidade técnico-tática no processo de ensino-aprendizagem-treinamento em equipes
de voleibol infantil masculino catarinense”, como projeto de dissertação de mestrado no
Programa de Pós-Graduação em Educação Física da Universidade Federal de Santa
Catarina.
Esta investigação tem por objetivo avaliar o desenvolvimento das capacidades
técnico-táticas em decorrência das abordagens metodológicas utilizadas no processo de
ensino-aprendizagem-treinamento do voleibol infantil masculino implementado em clubes
catarinenses com tradição nesta modalidade.
Devido ao fato deste clube ser um dos representantes de maior expressão na
formação de atletas de Voleibol no estado de Santa Catarina, solicitamos a sua colaboração
no sentido de viabilizar a realização da coleta de dados neste clube, autorizando aos
investigadores/estudantes do curso de mestrado de Educação Física da UFSC, a realizarem
filmagens das sessões de treinamento técnico-tático da equipe infantil masculino.
Informamos que a permanência dos investigadores nas dependências deste clube
não afetará o desenvolvimento pleno das atividades. Além disso, será mantido sigilo das
informações obtidas bem como o anonimato dos clubes investigados.
Certos de contarmos com a sua colaboração para a concretização desta
investigação, agradecemos antecipadamente a atenção dispensada e colocamo-nos à sua
inteira disposição para quaisquer esclarecimentos (e-mail: juarezvn@cds.ufsc.br ou fone:
48- 3331-9792 ou 3331-9926).
Atenciosamente
Prof. Dr. Juarez Vieira do Nascimento Prof. Marcel Henrique Kodama P. Ramos
Coordenador da Pesquisa Estudante / Investigador
98
98
ANEXO VI
Modelo do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
enviado aos treinadores das equipes
para a realização da pesquisa
99
99
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE DESPORTOS
Coordenadoria de Pós-Graduação em Educação Física
Campus Universitário - Trindade - Florianópolis/SC - CEP 88040-900
Fone (048) 3331-9926 Fax (048) 3331-9792 - e-mail mestrad[email protected]r
MESTRADO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Prezado Senhor,
Considerando a Resolução 196, de outubro de 1996, do Conselho Nacional de
Saúde e as determinações da Comissão de Ética em Pesquisa com Seres Humanos, temos o
prazer de convidá-lo a participar da pesquisa intitulada A avaliação do desenvolvimento
da capacidade técnico-tática no processo de ensino-aprendizagem-treinamento em
equipes de voleibol infantil masculino catarinense, como projeto de dissertação de
mestrado no Programa de Pós-Graduação em Educação Física da Universidade Federal de
Santa Catarina.
Esta investigação tem por objetivo analisar o processo de ensino-aprendizagem-
treinamento do voleibol infantil masculino implementado nos clubes catarinenses com
tradição nesta modalidade. Assim como, identificar os modelos de jogo (sistemas
ofensivos e defensivos) adotados nas competições desta categoria; verificar o nível de
formação, fontes de conhecimentos e concepções metodológicas dos treinadores
envolvidos; caracterizar as dinâmicas (estruturação) das tarefas e das atividades nas
sessões de treinamento técnico-tático e constatar possíveis diferenças no processo de
ensino-aprendizagem-treinamento de acordo com os resultados competitivos das equipes
investigadas.
A metodologia adotada prevê a coleta de dados as equipes através de filmagens de
sessões de treinamento técnico-tático realizadas durante diferentes períodos de treinamento
das épocas esportivas de 2006. A permanência do investigador nos locais de treinamento
não afetará o desenvolvimento pleno das respectivas sessões. Além disso, será mantido
sigilo das informações obtidas bem como o anonimato dos atletas e treinadores
investigados. As informações coletadas serão utilizadas exclusivamente para o
desenvolvimento desta pesquisa.
Agradeço, antecipadamente.
De acordo com o esclarecido, eu ______________________________________
concordo em participar da pesquisa A avaliação do desenvolvimento da capacidade
técnico-tática no processo de ensino-aprendizagem-treinamento em equipes de voleibol
infantil masculino catarinense”, estando devidamente informado sobre a natureza da
pesquisa, objetivos propostos, metodologia empregada e benefícios previstos.
____________________, _____ de fevereiro de 2006.
_____________________________
Treinador Participante do Estudo
100
100
ANEXO VII
Apreciação do Comitê de Ética de Pesquisa em Seres Humanos da
Universidade Federal de Santa Catarina
101
101
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
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