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Mariana de Sousa Dutra Borges
Estudo prosódico da emissão do repórter na simulação de dois
contextos da reportagem: a passagem e o off
Belo Horizonte
Faculdade de Letras – UFMG
2008
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2
Mariana de Sousa Dutra Borges
Estudo prosódico da emissão do repórter na simulação de dois
contextos da reportagem: a passagem e o off
Belo Horizonte
Faculdade de Letras da UFMG
2008
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em
Estudos Lingüísticos da Faculdade de Letras da Universidade
Federal de Minas Gerais, como requisito parcial à obtenção do
título de Mestre em Lingüística.
Área de Concentração: Lingüística
Linha de Pesquisa: Organização Sonora da Comunicação Humana
Orientador: Prof. Dr. José Olímpio de Magalhães
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Borges, Mariana de Sousa Dutra.
Estudo prosódico da emissão do repórter na simulação de dois contextos
da reportagem: a passagem e o off / Mariana de Sousa Dutra Borges.
100f.
Dissertação (mestrado)
Universidade Federal de Minas Gerais,
Faculdade de Letras – Belo Horizonte, 2008.
Orientador: José Olimpio Magalhães
1-Telejornalismo 2 - Prosódia
4
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus pais Marco Antônio e Nádia por estarem sempre ao meu lado, me
incentivando e acreditando no meu sucesso.
À minha irmã Natália e às minhas queridas sobrinhas Maria Eduarda e Melissa pelo constante
incentivo e carinho.
Ao Madu pelas correções e constante incentivo profissional e, principalmente, pela paciência
e carinho.
Aos telejornalistas que participaram desse estudo, pela compreensão e paciência.
Ao coordenador da TV UFMG, Mario Quinaud, pela disposição e confiança.
Ao professor Dr. José Olímpio, pelas idéias, ensinamentos e confiança que me dedica como
pesquisadora.
Aos professores César Reis e Rui Rothe-Neves, pelas revisões e esclarecimentos tantas vezes
solicitados no decorrer desse trabalho.
Aos professores do curso de Fonoaudiologia da UFMG, pelos ensinamentos.
Às amigas fonoaudiólogas pelo apoio e substituições tantas vezes necessárias para a
confecção desse trabalho.
Agradeço infinitamente a Deus por iluminar meus passos.
5
RESUMO
O presente estudo teve como objetivo central descrever as variações prosódicas em dois
contextos da reportagem (passagem e off) e avaliar se os ouvintes expostos correlacionam um
padrão melódico como mais eficiente para transmitir a notícia. Para realizar esta investigação,
foram analisadas emissões telejornalísticas nos contextos presencial (passagem) e não-
presencial (off). A metodologia aplicada para a coleta e análise baseou-se na investigação
sistemática dos parâmetros acústicos (freqüência fundamental e duração) da leitura em voz
alta dos telejornalistas e avaliação perceptivo-auditiva destas emissões por dois grupos de
ouvintes: G1 - ouvintes especializados e G2 - ouvintes não-especializados. Os dados revelam
que o padrão prosódico encontrado na reportagem não-presencial e presencial se diferencia
nas variáveis: freqüência fundamental inicial, freqüência fundamental final, freqüência
fundamental máxima, freqüência fundamental média, tessitura, duração da pausa para
delimitar sintagma fonológico e a duração da última laba tônica do enunciado. Após
avaliação perceptivo-auditiva observamos que uma tendência significativa dos ouvintes a
correlacionarem a reportagem não-presencial como a emissão mais eficiente. Os resultados
demonstram que o contexto jornalístico (presencial e não–presencial) influencia no padrão
prosódico da leitura em voz alta, interferindo na eficiência da transmissão da notícia.
6
ABSTRACT
This study aimed to describe the central prosodic variations in two contexts of the report (non-
presential and presential) and assess whether the listeners exposed to a melodic pattern
correlated that as more efficient to transmit the reportage message. To conduct this research,
journalists emissions were analyzed in the context of the presential and non-presential
reportage. The methodology applied to data collection and analysis was based on the
systematic investigation of the acoustic parameters (fundamental frequency and duration) of
journalists reading aloud and emission perceptual-hearing evaluation by two groups of
listeners: G1 specialized listeners and G2 non-specialized listeners. The data shows that
the prosodic pattern found in the non-presential reportage and the presential one differs in the
variables: initial fundamental frequency, end fundamental frequency, maximum fundamental
frequency, mean fundamental frequency, tessitura, pause duration to define phonological
phrase, and duration of the last tonic syllable of expression. After perceptual-hearing
evaluation the authors observed that there is a significant tendency of listeners to correlate
non-presential reportage as more efficient. The results show that the journalistic context
(presential and non-presential) does influence in the prosodic pattern of reading aloud,
interfering with the efficiency of transmission of news.
7
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1 - Delineamento do estudo...................................................................................... 45
FIGURA 2 – Localização esquemática dos pontos avaliados na curva de F
0
.........................
55
GRAFICO 1 – Comparação entre as médias de F
0
(i) dos jornalistas para o CE e CO.......... 60
GRAFICO 2 – Comparação entre as médias de F
0
(f) dos jornalistas para o CE e CO........... 60
QUADRO 1 – Delimitação dos constituintes prosódicos do jornalista 1 no CE.....................71
QUADRO 2 – Delimitação dos constituintes prosódicos do jornalista 1 no CO..................... 71
QUADRO 3 - Delimitação dos constituintes prosódicos do jornalista 2 no CE...................... 72
QUADRO 4 - Delimitação dos constituintes prosódicos do jornalista 2 no CO .................... 72
QUADRO 5 - Delimitação dos constituintes prosódicos do jornalista 3 no CE ....................73
QUADRO 6 - Delimitação dos constituintes prosódicos do jornalista 3 no CO.................... 73
QUADRO 7 - Delimitação dos constituintes prosódicos do jornalista 4 no CE ..................... 74
QUADRO 8 - Delimitação dos constituintes prosódicos do jornalista 4 no CO..................... 74
QUADRO 9 - Delimitação dos constituintes prosódicos do jornalista 5 no CE...................... 75
QUADRO 10 - Delimitação dos constituintes prosódicos do jornalista 5 no CO................... 75
8
LISTA DE TABELAS
1. Caracterização dos jornalistas que produziram a reportagem ................................... 40
2. Caracterização dos ouvintes especializados – Grupo G1 ......................................... 41
3. Caracterização dos ouvintes não especializados – Grupo G2 ...................................41
4. F
0
(i) em Hz nas três frases entoacionais no CE e CO ...............................................56
5. Média e desvio padrão de F
0
(i) no CE e CO ............................................................ 57
6. F
0
(f) em Hz nas três frases entoacionais no CE e CO .............................................. 58
7. Média e desvio padrão de F
0
(f) no CE e CO ............................................................ 59
8. F
0
(máx) em Hz nas três frases entoacionais para o CE e CO .................................. 61
9. Média e desvio padrão da F
0
(máx) para o CE e CO ................................................. 62
10. F
0
(min) em Hz nas três frases entoacionais para o CE e CO ................................... 62
11. Média e desvio padrão da F
0
(min) para o CE e CO ................................................. 63
12. Distribuição dos picos de F
0
nas três frases entoacionais do enunciado
fonológico no CE e CO............................................................................................ 63
13. Sintagma fonológico associado a F
0
(máx) no CE e CO............................................ 64
14. F
0
(m) em Hz nas três frases fonológicas no CE e CO ............................................. 65
15. Média e desvio padrão de F
0
(m) para o CE e CO .................................................... 65
16. Tessitura em Hz nas três frases fonológicas no CE e CO ........................................ 66
17. Média e desvio padrão de t para o CE e CO ............................................................. 67
18. Duração média das vogais das sílabas tônicas (s) do sintagma fonológico
no CE e CO nas três frases entoacionais................................................................... 68
19. Duração das vogais das sílabas tônicas (s) proeminentes
no CE e CO.................................................................................................................71
20. Duração das vogais das sílabas pré-tônicas (s) da vogal proeminente
no CE e CO................................................................................................................ 69
9
21. Duração da última vogal tônica (s) no CE e CO ...................................................... 70
22. Número de pausas nos contextos CE e CO................................................................77
23. Média de duração das pausas (s) nos constituintes prosódicos
no CE e CO................................................................................................................ 77
24. Distribuição das pausas LONGAS/BREVES nos constituintes
prosódicos no CE e CO ............................................................................................ 78
25. Valores de velocidade de fala dos jornalistas no CE e CO........................................ 79
26. Distribuição das escolhas dos ouvintes quanto a emissão mais
eficiente em relação ao contexto presencial e não-presencial................................... 80
27. Distribuição das escolhas dos ouvintes dos grupos G1 e G2 quanto a
emissão mais eficiente em relação aos contextos presencial e não-presencial.......... 80
10
LISTA DE ABREVIATURAS
CE
Contexto telejornalístico externa/presencial
CO
Contexto telejornalístico off /não-presencial
dp
desvio padrão
F
0
freqüência
fundamental
F
0
(i)
freqüência
fundamental inicial curva melódica
F
0
(f)
freqüência
fundamental final da curva melódica
F
0
(máx)
freqüência
fundamental da parte mais alta da curva melódica
F
0
(min)
freqüência
fundamental da parte mais baixa da curva melódica
F
0
(m)
freqüência
fundamental média da curva melódica
G1
grupo de ouvintes especializados
G2
grupo de ouvintes não-especializados
Hz
Hertz
I
Informante
J
Jornalistas
1J
Jornalista 1
2J
Jornalista 2
3J
Jornalista 3
4J
Jornalista 4
5J
Jornalista 5
ms
Milessegundos
n
número de escolhas
pág.
página
s
segundos
t
Tessitura
TxA
Taxa de articulação
TxE
Taxa de elocução
TV
Televisão
UFMG
Universidade Federal de Minas Gerais
x
média
11
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO....................................................................................................................... 14
CAPÍTULO 1
1 Televisão e telejornalismo no Brasil ..................................................................... 18
1.1 Televisão ................................................................................................................18
1.2 Telejornalismos no Brasil ...................................................................................... 19
1.3 Comunicações no telejornalismo ........................................................................... 19
1.4 Atuação no telejornalismo...................................................................................... 21
CAPÍTULO 2
2 Prosódia ................................................................................................................. 23
2.1 Fonologia Prosódica ...............................................................................................25
2.2 Parâmetros Prosódicos ........................................................................................... 28
2.2.1 Freqüência Fundamental ........................................................................................ 28
2.2.2 Duração .................................................................................................................. 29
2.3 Aspectos prosódicos temporais............................................................................... 29
2.3.1 Velocidade de fala .................................................................................................. 30
2.3.2 Pausa ...................................................................................................................... 30
2.4 Avaliação perceptivo-auditiva ............................................................................... 32
2.5 Papel da prosódia na compreensão do texto .......................................................... 33
CAPÍTULO 3
3 Prosódia e Telejornalismo....................................................................................... 36
12
CAPÍTULO 4
4 Metodologia ........................................................................................................... 40
4.1 Sujeitos ................................................................................................................... 40
4.2 Delineamento do estudo ......................................................................................... 41
4.3 Desenho do estudo ................................................................................................. 45
4.4 Método estatístico .................................................................................................. 46
4.5 Aspectos éticos ....................................................................................................... 46
4.6 Medidas realizadas ................................................................................................. 47
4.6.1 Freqüência fundamental ......................................................................................... 47
4.6.2 Freqüência fundamental final e inicial ................................................................... 48
4.6.3 Freqüência fundamental máxima e mínima ........................................................... 48
4.6.4 Freqüência fundamental usual ............................................................................... 48
4.6.5 Tessitura ................................................................................................................. 49
4.6.6 Duração .................................................................................................................. 49
4.6.7 Aspectos prosódicos temporais .............................................................................. 49
4.6.7.1 Pausa ...................................................................................................................... 50
4.6.7.2 Velocidade de fala .................................................................................................. 50
4.6.8 Fonologia Prosódica ............................................................................................... 51
4.6.9 Avaliação perceptivo-auditiva ............................................................................... 52
4.6.9.1 Ouvintes especializados ......................................................................................... 52
4.6.9.2 Ouvintes não-especializados .................................................................................. 52
CAPÍTULO 5
5 Resultados .............................................................................................................. 54
5.1 Freqüência Fundamental ........................................................................................ 56
13
5.1.1 Freqüência Fundamental inicial e final .................................................................. 56
5.1.2 Freqüência fundamental máxima e mínima ........................................................... 61
5.1.3 Freqüência fundamental usual ............................................................................... 64
5.1.4 Tessitura ................................................................................................................. 66
5.2 Duração .................................................................................................................. 67
5.2.1 Sílabas tônicas do sintagma fonológico ................................................................. 68
5.2.2 Sílaba tônica proeminente da frase entoacional ..................................................... 68
5.2.3 Sílaba átona pré-tônica da vogal proeminente da frase entoacional ...................... 69
5.2.4 Última sílaba tônica da frase entoacional .............................................................. 70
5.3 Aspectos prosódicos temporais .............................................................................. 71
5.3.1 Pausa ...................................................................................................................... 71
5.3.2 Velocidade de fala .................................................................................................. 78
5.4 Avaliação perceptivo-auditiva ............................................................................... 79
5.5 Correlação entre os padrões prosódicos de CE e CO e a avaliação
perceptivo-auditiva................................................................................................. 80
CONCLUSÃO ......................................................................................................................... 83
REFERÊNCIAS........................................................................................................................ 86
ANEXOS ............................................................................................................................... 93
14
INTRODUÇÃO
O telejornalismo é hoje um dos principais veículos de informação formal. O trabalho de um
telejornalista consiste em transmitir notícias ao telespectador. Essas informações são quase
sempre lidas, sendo poucas as situações em que predomina a fala espontânea.
Portanto, não basta a produção adequada do texto escrito; a leitura em voz alta deve ser
igualmente correta, com as devidas ênfases e entonações que darão mais efetividade e
credibilidade à transmissão da mensagem.
A mesma frase pode ser dita de maneiras diferentes, sendo improvável que estas flutuações
ocorram sem que haja alteração no significado. Assim, o significado entonativo modifica o
significado lexical da frase ao adicionar a atitude do falante ao contexto da sentença (PIKE,
1945).
A prosódia rege as relações de sentido e de informação que se estabelecem entre os elementos
através dos quais o discurso se processa. Os elementos supra-segmentais prosódicos
constituem formas de que o falante dispõe para avaliar valores semânticos e pragmáticos
expressos num enunciado, possibilitando ao falante maiores possibilidades de expressão
(GONÇALVES, 1997).
A presença de muitos recursos entoacionais, assim como a ausência deles, pode afetar a
comunicabilidade de um apresentador ou repórter. Elementos prosódicos tais como a
intensidade, freqüência e duração da fala, aliados às diversas possibilidades de expressão
corporal, incluindo a postura, gestos e expressão facial, são responsáveis por inferir ao
15
discurso do telejornalista efeitos de confiabilidade e de credibilidade, bem como dar ao
telespectador a impressão de que o apresentador está ‘falando’, ‘contando’ e não
simplesmente lendo o texto. (PANICO & FUKUSINA, 2003; KYRILLOS et al., 2003).
As dificuldades para adequação dos recursos vocais são comuns, principalmente nas
gravações em cabine onde o tempo de elaboração do texto é restrito. Nestas condições, tornar
a narração natural e expressiva é difícil. Ao contrário, a reportagem externa, gravada no
instante do acontecimento, faz com que a notícia seja transmitida com mais expressividade,
naturalidade e coloquialidade. A naturalidade da fala acontece principalmente em relação às
ênfases marcadas pelas modificações de freqüência, duração e intensidade, sem ritmo
cadenciado, com uma modulação vocal bastante rica, porém, sem a preocupação de enfatizar
excessivamente essa fala (KYRILLOS et al., 2003).
A escolha do tema dessa dissertação - Estudo prosódico da emissão do repórter na simulação
de dois contextos da reportagem: a passagem (presencial) e o off (não-presencial) - surgiu da
experiência direta com alunos do 8º período do curso de comunicação da Universidade
Federal de Minas Gerais e durante assessoria vocal a quatro jornalistas da TV-UFMG.
Percebe-se nos telejornalistas a necessidade de uma locução criativa, espontânea e com
emoção, principalmente nos offs. Apesar da solicitação de espontaneidade e emoção, uma
fixação no texto impedindo muitas vezes que o locutor manifeste criatividade.
A pesquisa parte da seguinte hipótese: o contexto jornalístico (presencial e não–presencial)
influencia no padrão prosódico da emissão do repórter, interferindo na eficiência da
transmissão da notícia. Tal hipótese levanta os seguintes questionamentos:
16
1. PRODUÇÃO - Existem variações prosódicas distintas na emissão do repórter em
diferentes contextos telejornalísticos?
2. PERCEPÇÃO O padrão da passagem (contexto presencial) remete maior eficiência
na transmissão da notícia?
Tendo em vista a importância da prosódia no processo comunicativo, exercendo papel de
destaque na regulamentação do discurso e, em conseqüência, na própria interação lingüística,
é bastante relevante desenvolver estudos que analisem seus usos no telejornalismo. Trata-se,
afinal, de um assunto que deverá contribuir para conscientizar os profissionais da área sobre a
importância de um monitoramento dos recursos vocais empregados durante a emissão
telejornalística, e prestar esclarecimentos sobre as formas de variações condizentes com o
contexto da notícia.
Os objetivos desse estudo são, então, os seguintes:
Objetivo Geral
Descrever as variações prosódicas e avaliar se os ouvintes expostos à reportagem
correlacionam um padrão melódico como mais eficiente para transmitir a mensagem
telejornalística.
Objetivos Específicos
Analisar os aspectos prosódicos da emissão telejornalística que marcam a locução
presencial e não-presencial;
Avaliar a influência da prosódia na transmissão da mensagem nos dois contextos da
reportagem (passagem e off);
17
Analisar acusticamente as características da emissão (parâmetros acústicos de duração
e freqüência) nos dois contextos telejornalísticos (presencial e não-presencial);
Comparar os aspectos prosódicos que marcam as características típicas da emissão
presencial e não-presencial;
Verificar se ouvintes especializados e ouvintes comuns associam um contexto da
reportagem como mais eficiente para transmitir a mensagem;
Verificar se ouvintes especializados e ouvintes comuns apresentam respostas
semelhantes com relação à eficiência na transmissão da notícia.
18
CAPÍTULO 1
1 - TELEVISÃO E TELEJORNALISMO NO BRASIL
1.1 - TELEVISÃO
Os primeiros ensaios do desenvolvimento da televisão como meio de comunicação remonta
ao início do século XIX, quando da descoberta do selênio, elemento químico componente da
célula fotoelétrica. Anos mais tarde, em meados do século XIX, Willougeby Smith May
realizou as primeiras experiências que levariam cientistas alemães a produzirem a célula
fotoelétrica. Finalmente, em 1884, o alemão Paul Nipkon patenteou o primeiro equipamento
capaz de transmitir imagens à distância (RUIZ, 1971; SAMPAIO, 1984).
O dia 31 de março de 1930 marca o início da era televisiva. Neste dia a BBC de Londres
realizou a primeira transmissão de um programa de televisão no mundo. Duas décadas depois,
Assis Chateaubriand de Melo introduz a televisão no Brasil, e em 18 de setembro de 1950 era
inaugurada a primeira emissora de TV do país, a PRF-3 TV Difusora, posteriormente TV
Tupi de São Paulo, propriedade do próprio Chateaubriand (PATERNOSTRO, 1999).
A televisão rapidamente se difundiu em todo o mundo como poderoso veículo de informação,
e em pouco tempo alcançou lugar privilegiado dentre os meios de comunicação. No Brasil, a
TV assumiu um papel ainda mais abrangente, tornando-se não apenas um veículo do sistema
nacional de comunicação, mas também o principal meio de acesso e difusão da informação
formal, cultura, notícias e entretenimento para grande parte da população (REZENDE, 2000).
19
1.2 - TELEJORNALISMO NO BRASIL
Em 1950 surge junto com a TV Tupi de São Paulo o primeiro telejornal da TV brasileira, o
Imagens do Dia, seguido em 1953 por O Repórter Esso, este o primeiro telejornal de sucesso
e sinônimo de telejornalismo no Brasil, permanecendo no ar por quase 20 anos. Atualmente, o
telejornal líder de audiência e que está por mais tempo no ar é o Jornal Nacional da Rede
Globo (PATERNOSTRO, 1999).
Para a maioria dos brasileiros a televisão é a primeira fonte da informação formal. Em muitas
comunidades, sobretudo naquelas de baixa renda, a televisão é o único meio de acesso às
notícias do cotidiano, além de prover entretenimento barato e amplamente disponível. Pode-se
dizer, em parte, que a televisão democratizou o acesso à informação no Brasil.
Neste contexto, o noticiário televisivo assume papel central na divulgação e discussão dos
principais temas do cotidiano do país, congregando e integrando os diversos acontecimentos
das diferentes regiões do Brasil e do mundo, muitas vezes em tempo real, e oferecendo ao
telespectador um verdadeiro resumo das notícias do dia-a-dia, com discussões e opiniões
sobre os diversos temas e fatos.
1.3 - COMUNICAÇÃO NO TELEJORNALISMO
Nos primórdios da televisão no Brasil, o telejornalismo era desenvolvido baseado nas técnicas
e protocolos do radiojornalismo. Os apresentadores e repórteres de televisão, então advindos
do radialismo, trouxeram consigo para o novo veículo de comunicação um molde de fala
impostada, com foco nos tons graves, intensidade forte e sobrearticulação. A linguagem
20
coloquial, a conversa com o telespectador, a falta de preocupação com a imagem e com o
movimento eram evidentes. Com o decorrer do tempo, os profissionais da televisão
desenvolveram estilo próprio, mais harmônico com a situação de relacionar-se
“presencialmentecom o telespectador e ao mesmo tempo conferindo maior credibilidade e
confiabilidade na transmissão da notícia. O profissional ampliou o papel do bom
comunicador, aquele capaz de garantir a atenção do telespectador e enviar a mensagem com
clareza e credibilidade (KYRILLOS, 2004; PATERNOSTRO, 1999).
Na realidade, o telejornalismo utiliza um processo inverso da espontaneidade e do improviso:
em vez de ser falado, ele é escrito para ser falado. Inicialmente, isso era realizado de maneira
mais formal, sem muita preocupação de que o telespectador soubesse que aquilo se tratava de
cultura escrita. Com o desenvolver das técnicas próprias, o telejornalismo passou a agregar
mais espontaneidade e naturalidade no discurso (LOPEZ, 2004).
É necessário salientar que no telejornalismo a palavra exerce a função de orientação e síntese
daquilo que é apresentado pela imagem. O texto só tem sentido quando está compatível com o
que se vê. É importante considerar também o desempenho do jornalista, porque não basta ter
bons vídeos e um bom texto, é preciso saber agregar ao discurso emoção e credibilidade para
que a matéria seja eficiente em informar ao receptor o que ocorreu. Para tanto, é preciso que o
texto identifique os elementos fundamentais da notícia deixando que a imagem cumpra seu
importante papel na tela (CAMPOS, 2003; ZANCHETTA, 2004).
21
1.4 - Atuação no telejornalismo
Três formas básicas de locução são descritas no telejornalismo: a apresentação do telejornal, a
narração esportiva e a reportagem (KYRILLOS, 2004).
O apresentador de telejornal atua em estúdio, participa da edição do jornal, discute e recebe a
seqüência dos textos que serão falados para a introdução da cada reportagem. Durante a
apresentação do jornal, o apresentador se posiciona na bancada e lê o texto final, com alguma
liberdade para inserir comentários improvisados. O apresentador é o responsável por
organizar e concatenar as notícias, sendo o ponto de referência de toda estruturação temporal
do telejornal.
A narração esportiva acontece no decorrer de um dado evento esportivo: o narrador transmite
as informações durante a observação do evento, descrevendo ações e ocorrências, e fazendo
análises e comentários sobre a situação vivenciada naquele momento. Nesse contexto, a
narração esportiva também sofre influência do meio externo.
O papel do repórter é atuar na busca de notícias, pesquisando e analisando as informações
colhidas num dado ambiente ou acontecimento, e sintetizando e editando texto e imagens que
comporão a reportagem. Neste contexto, o trabalho do repórter sofre interferências das
condições ambientais a que está exposto, podendo estes aspectos serem favoráveis ou
desfavoráveis tanto para aquisição das imagens como para o desempenho vocal.
A reportagem é comumente constituída de passagem (contexto presencial), momento em que
o repórter aparece no vídeo no local da notícia, do off (contexto não-presencial), onde o texto
22
que vai ao ar é gravado em cabine, e da sonora (contexto presencial) que são as entrevistas
com personagens que participam da notícia. No off, não exposição do repórter e a fala é
combinada às imagens editadas. Na passagem, o texto é devidamente ensaiado antes de ser
gravado e o repórter se apresenta de pé, imóvel, segurando estaticamente o microfone. As
entrevistas chamadas de sonoras são posicionadas pela edição muitas vezes no fim da
matéria, como uma espécie de fechamento e confirmação do que foi dito pela voz do repórter.
Por serem produzidos em condições distintas, o off e a passagem apresentam diferenças
importantes. Se, por um lado, a gravação do off parece mais fácil pela possibilidade de
repetição e correção, por outro lado, o fato de se estar fora do contexto de comunicação pode
prejudicar a expressividade (KYRILLOS et al., 2003; STIER & COSTA, 2005).
Constata-se que no off há uma tendência ao uso de voz mais grave, registro modal, velocidade
adequada ao contexto, intensidade vocal adequada com tendência a aumentar na passagem,
modulação de intensidade repetitiva e padrão articulatório caracterizado pelo indiferenciado.
No momento de leitura do off uma tendência a repetir a modulação de intensidade, em
todas as frases, da mesma forma. Muitas vezes, este padrão repetitivo na fala também é
acompanhado por gestos cadenciados que tiram a expressividade necessária. Na gravação da
passagem isto ocorre com menor freqüência (STIER, 1997).
Neste trabalho, denominamos os contextos jornalísticos passagem e o off, de presencial e não-
presencial, respectivamente. É importante salientar que tentamos simular a prática do repórter
telejornalístico, mas ficamos limitados em alguns aspectos. Neste nosso estudo não foi o
repórter que foi atrás da notícia: esta foi construída pelo editor para a realização do estudo e o
texto produzido no contexto presencial e não-presencial foi o mesmo, o que não acontece na
prática do repórter.
23
CAPÍTULO 2
2 - Prosódia
A prosódia, foco de análise neste estudo, transmite informações importantes na construção do
significado dos enunciados. Uma seqüência verbal não constitui uma frase enquanto não for
afetada pela entonação. Assim, qualquer seqüência verbal ou palavra transforma-se em
mensagem por meio da entonação (HOCHGREB, 1983).
A prosódia pode ser definida como características não segmentais da fala relacionadas às
variações na altura melódica, na força, na duração e na colocação das pausas. A demarcação
das sentenças, das orações e de outras fronteiras, além do contraste entre algumas estruturas
gramaticais, como as interrogativas e declarativas, pode ser realizada através da entonação
(CRYSTAL, 1969; ROSSI et al., 1981).
Laver (1994) definiu prosódia como padrões da variação da proeminência silábica que resulta
da interação de quatro elementos (altura melódica F
0
; força intensidade percebida;
duração; qualidade articulatória).
Ladd (1996) afirma que a entonação se refere ao uso de traços fonéticos supra-segmentais tais
como F
0,
intensidade e duração, com a finalidade de conferir significados pragmáticos de
forma lingüisticamente estruturada
.
A função básica da prosódia na fala é salientar ou diminuir o valor de um componente do
discurso, atribuindo a um componente maior importância do que a outros. Os elementos
24
supra-segmentais prosódicos constituem formas de que o falante dispõe para ponderar valores
semânticos e pragmáticos expressos num enunciado, caracterizando as atitudes do falante ou
suas interpretações pessoais e, permitindo aos mesmos maiores possibilidades de expressão
(CAGLIARI, 1993; GONÇALVES, 1997).
As definições apresentadas demonstram que os autores associam a entonação à melodia (ou
freqüência fundamental); outros ainda referem-se à entonação relacionando-a não apenas à
freqüência fundamental, mas também a traços como intensidade e duração. Além disso,
demonstram que a prosódia contribui para a compreensão da mensagem.
Observa-se, com freqüência, conflito na utilização dos termos prosódia e entonação em
estudos sobre o assunto. Neste texto empregaremos o conceito de prosódia diferentemente do
conceito de entonação. A prosódia será considerada em um sentido mais amplo, envolvendo o
conceito de melodia, intimamente vinculado aos conceitos de entonação, duração, intensidade
e pausa. A entonação será analisada como um módulo da prosódia, cujos correlatos físicos são
a freqüência fundamental (F
0
), a duração e a intensidade.
Dois grandes pólos de interesse nos estudos prosódicos podem ser traçados. O primeiro deles
é o tratamento acústico, dado pela análise da altura, intensidade e quantidade, correlatos
perceptuais, de freqüência, volume e duração, respectivamente; o segundo pólo de interesse é
a consideração fonológica das organizações e representações do sistema de acento, ritmo e
entonação nas línguas e sua interface com os demais componentes lingüísticos (SCARPA,
1999).
25
2.1 - Fonologia Prosódica
A fonologia tem como objetivo compreender a forma como cada ngua organiza seus sons.
Esta pode ser dividida em duas vertentes: os modelos teóricos lineares, que analisam a língua
como uma combinação linear de segmentos ou conjunto de traços, e os modelos não-lineares,
que organizam a língua por componentes dispostos hierarquicamente e permite que o
segmento se conecte a mais de uma unidade.
Os modelos fonológicos lineares, além de trabalharem com os estudos dos aspectos
segmentais, tratam também dos elementos prosódicos, mas de modo econômico e pouco
explicativo. Somente a partir das fonologias não-lineares é que fenômenos prosódicos
ganharam relevância nos estudos da lingüística moderna.
várias teorias fonológicas não-lineares propostas Fonologia Autossegmental, Fonologia
Lexical, Fonologia Métrica e Fonologia Prosódica que são aplicadas conforme se adequem
a uma ou outra metodologia. O presente estudo utiliza pressupostos da Fonologia Prosódica
de acordo com a proposta de Nespor & Vogel (1986).
A Fonologia Prosódica pode ser definida como uma teoria de interações entre a fonologia e
outros componentes da gramática, mediados por componentes prosódicos hierarquicamente
relacionados.
De acordo com a abordagem da Fonologia Prosódica, a fala se organiza em uma hierarquia
prosódica constituída por sete domínios sílaba, pé, palavra fonológica, grupo clítico,
sintagma fonológico, frase entoacional e enunciado fonológico.
26
Nespor & Vogel (1986) propõem quatro princípios que regulam essa hierarquia prosódica:
1. cada unidade da hierarquia prosódica é composta de uma ou mais unidades da
categoria imediatamente mais baixa;
2. cada unidade está exaustivamente contida na unidade imediatamente superior de que
faz parte;
3. os constituintes são estruturas n-árias;
4. a relação de proeminência relativa, que se estabelece entre nós irmãos, é tal que a um
só nó atribui-se o valor forte (s) e a todos os demais o valor fraco (w).
Atendendo aos requisitos acima explicitados, os constituintes prosódicos formam-se pela
seguinte regra:
Incorpore em X
p
todos os X
p-1
incluídos em uma cadeia delimitada pelo domínio de X
p
. Na
regra, X
p
é um constituinte (pé, palavra fonológica, grupo clítico etc.) e X
p-1
é o constituinte
imediatamente inferior na hierarquia.
Neste trabalho, serão analisados os três constituintes mais altos da hierarquia prosódica:
sintagma fonológico (φ); frase entoacional (I) e o enunciado fonológico (U).
O sintagma fonológico (φ) é o constituinte que agrupa um ou mais grupo clíticos, ou seja,
pode ser uma locução (“o parque”) ou apenas uma palavra fonológica (“parque”). É
importante ressaltar que não um isomorfismo entre o sintagma fonológico e o sintático,
embora possam coincidir (BISOL et al., 1996).
27
A frase entoacional (I) é o constituinte prosódico que agrupa um conjunto ou apenas um
sintagma fonológico que porte uma linha entoacional. Ao final das frases entoacionais pode-
se introduzir pausas que estabelecem seus limites, pausas essas que não necessariamente
correspondem a um silêncio. As pausas podem ser caracterizadas por uma variedade de
fenômenos, tais como mudanças de freqüência e de duração. A frase entoacional é composta
de uma seqüência de sintagmas fonológicos, onde um deles é considerado mais forte (s) por
características semânticas, e os demais, fracos (w) (BISOL et al., 1996; NESPOR & VOGEL,
1986).
O valor forte representaria o foco entoacional do enunciado, como em:
[ [Natália]
fraco
[foi]
fraco
[ao circo]
forte
] I formulação neutra, em resposta `a questão “Aonde
Natália foi?”
[ [Natália]
forte
[foi]
fraco
[ao circo]
fraco
] I formulação em resposta à questão “Quem foi ao
circo?”
O enunciado fonológico (U), segundo Nespor & Vogel (1986) e Bisol et al. (1996), é o
constituinte mais alto. O enunciado também pode ser identificado por um elemento de caráter
prosódico – a proeminência relativa – que, no português, considera forte o nó à direita.
Normalmente, em sentenças neutras, o tema (objeto do discurso) ocupa uma posição inicial.
Por outro lado, o rema (o foco, a informação que pretendemos trazer), ocupa a posição final,
mais à direita, dentro do enunciado. Portanto, o rema participará sempre do forte dentro do
enunciado, sendo indicativo da proeminência de uma frase entoacional perante as demais.
28
De modo geral, no entanto, pode-se dizer que os grupos entoacionais (sintagma fonológico,
frase entoacional e enunciado fonológico) podem ser delimitados pelos seguintes fenômenos
prosódicos: pausa, alongamento de laba final e mudança de nível de altura ou direção das
sílabas acentuadas (CRUTTENDEN, 1986).
2.2 - Parâmetros prosódicos
Como citado anteriormente, o estudo da prosódia baseia-se na compreensão de três
parâmetros acústicos: a freqüência fundamental (F
0
), a duração e a intensidade. O presente
estudo fundamentou-se nos dois primeiros parâmetros, visto que a avaliação da intensidade
foi limitada diante da tentativa de reproduzir os contextos telejornalísticos o mais próximo do
real, não tratando o ambiente de gravação com cabines acústicas e não controlando a
utilização do microfone.
2.2.1 - Freqüência fundamental (F
0
)
Freqüência fundamental (F
0
) é a medida física do número de vibrações das pregas vocais por
segundo. É expressa em Hertz (ciclos por segundo Hz). Para falantes do português
brasileiro, a freqüência fundamental média para homens é de 113 Hz, de 205 Hz para
mulheres e de 236 Hz para crianças (BEHLAU et al., 1985).
Para muitos autores, como t’ Hart et al. (1990) e Moraes (1993), a caracterização do contorno
de F
0
é o parâmetro mais relevante para o estudo quantitativo da entonação.
29
2.2.2 – Duração
A duração pode ser definida pela natureza do segmento, sendo uma propriedade dele. No
entanto, este segmento poderá ser prolongado para marcar uma proeminência (LAVER, 1994;
PIKE, 1945).
O fenômeno de duração está diretamente relacionado ao tempo, uma vez que se relaciona à
velocidade de fala, que pode ser rápida ou lenta. A duração pode ter função de ênfase ou
hesitação. Quando ocorre hesitação, um aumento da duração da última sílaba que
normalmente vem seguida de uma pausa silenciosa ou preenchida (CRYSTAL, 1969).
Uma interpretação fonética pode ser agregada à duração, pois, no ajustamento rítmico, a
duração interage com regras de acento, qualidade vocal, entonação e velocidade de fala. O
acento refere-se a uma relação de proeminência entre as sílabas: as mais proeminentes são
tônicas ou acentuadas e as menos proeminentes, átonas. A principal diferença entre sílabas
acentuadas e não acentuadas reside na sua quantidade silábica, ou seja, sílabas tônicas são
mais longas e salientes. As átonas caracterizam-se por serem mais breves e fracas
(CAGLIARI, 1982; CAGLIARI, 1992).
2.3 - Aspectos prosódicos temporais
Para compreender a emissão do telejornalista nos dois contextos da reportagem (presencial e
não-presencial), além dos parâmetros prosódicos de freqüência fundamental e duração este
trabalho também considerou relevante o estudo dos aspectos prosódicos temporais:
velocidade de fala e pausa.
30
2.3.1 - Velocidade de fala
A velocidade de fala tende a causar modificações fonéticas: quanto mais veloz a fala, maior a
tendência à centralização vocálica, à queda de segmentos, à co-articulação, a perda da
qualidade articulatória e, conseqüentemente, a perda da inteligibilidade da fala. Dentro de
certos limites, a variação da velocidade pode ser utilizada para enfatizar o que se diz
(desaceleração), para evitar intromissão do interlocutor (aceleração) ou para finalizar a
argumentação (desaceleração) (MASSINI-CAGLIARI & CAGLIARI, 2003).
Coradi (2005) observa em seu estudo com saudações iniciais da fala praticada por operadores
de telemarketing ativo, que o enunciado como um todo é mais longo que o normal, ou seja,
não é o segmento tônico o mais marcado pela duração. Tal característica pode ser decorrente
da provável intenção do operador de dar ênfase ao enunciado como um todo.
Um aspecto importante a se considerar é a velocidade de fala capaz de modificar a duração
das sílabas. Se a velocidade de fala aumentar, a duração de todo o enunciado diminuirá
(MASSINI, 1991).
2.3.2 - Pausa
A pausa é um dos elementos prosódicos que, além de poder enfatizar grupos tonais, funciona
como elementos sinalizadores para a interpretação dos interlocutores (CAGLIARI, 1993).
31
A pausa pode ser utilizada para separar as unidades melódicas. Essa coincide com fronteiras
sintáticas, marcando as fronteiras de frase e, no interior das frases, as fronteiras de constituinte
(CALAÇA, 1999; CRUTTENDEN, 1986; MARCUSCHI, 2003).
O uso das pausas na língua falada é diferente de seu uso na ngua escrita. O jornalista de
televisão utiliza estas duas modalidades, procurando ter um bom desempenho vocal perante o
telespectador. Respeitar a leitura das pausas da língua escrita no momento televisivo, onde é
usada a língua falada, pode gerar artificialidade na entoação e prejudicar o desempenho do
falante. Pode-se considerar que a própria língua delimita o uso da expressividade (COTES,
2007).
Na língua falada, as pausas atuam no campo da expressividade variando conforme o estilo.
Estas delimitam idéias, estruturam o pensamento e auxiliam o jogo melódico da entoação, que
é rítmica e funciona como suporte indispensável para a compreensão do que é construído por
meio das palavras (CHACON, 1998).
Durante a narração de um jornalista, seqüências de fala e pausas ajudam o ouvinte a organizar
o pensamento e a entender as informações. No uso profissional, pausas silenciosas são usadas
para programar uma informação conhecida e são muito usadas pelos telejornalistas
(MARTINS, 1997).
A pausa, como qualquer palavra, ocorre em um contexto (POSSENTI, 1987). É importante
destacar que o uso das pausas, quando contextualizadas dentro de uma estrutura sintática, tem
a possibilidade de adquirir significados diferentes que podem realçar a importância da
continuidade sonora, ou podem atuar como um signo, ou seja, um mistério, uma dúvida ou
32
expectativa. A pausa deve estar contextualizada para que não seja interpretada como uma
falha ou um ruído (SILVA, 1997).
Na língua falada, o contínuo da elocução é cortado por pausas que não correspondem, senão
ocasionalmente, à separação mental que fazemos das palavras. A pausa silenciosa apresenta-
se sempre da mesma forma, isto é, como a ausência de som, mas sua ocorrência pode ter
interpretações diferentes, dependendo do contexto social ou cultural (STEINBERG, 1988). As
pausas quando bem utilizadas, podem destacar uma informação e criar expectativa no ouvinte;
no entanto, quando quebram fronteiras de constituintes acabam por desestruturar o enunciado
(TAGLICHIT, 1998).
2.4 - Avaliação perceptivo-auditiva
A avaliação perceptivo-auditiva é a avaliação clássica da qualidade vocal e, embora muita
crítica seja feita à subjetividade e à imprecisa terminologia envolvida neste procedimento nem
mesmo a análise acústica ameaça sua soberania (FEX, 1992).
Behlau (1997), em suas considerações sobre análise acústica, aponta que a associação à
análise perceptivo-auditiva é especialmente útil em vozes normais, e que ajuda no
acompanhamento de vozes profissionais ao longo de um período.
Mesmo para pessoas leigas ou não especialistas, não constitui tarefa difícil distinguir uma
emissão com boa expressividade daquelas desinteressantes e sem credibilidade. O uso da
expressividade adequada transmite credibilidade e agrega valor à notícia, envolvendo o
33
Processador
sintático
Processador
lexical
Processador
fonológico
output
ouvinte. Por outro lado, se a notícia for apenas transmitida literalmente pode perder muito de
seu conteúdo subjetivo (STIER & COSTA, 2005).
A construção da expressividade da fala toma como ponto de partida a intenção ou objetivo
que se quer dar ao discurso, à notícia. Utilizando as relações entre os elementos segmentais e
prosódicos e entre som e sentido é que imprimimos à fala o conteúdo subjetivo, a
expressividade (MADUREIRA, 2005).
2.5 - Papel da prosódia na compreensão da linguagem
Os modelos psicolingüísticos procuram identificar os procedimentos que colocamos em jogo
ao produzir e compreender as frases. Encontramos duas versões principais para explicar o
processamento de frases: o processamento serial e o processamento paralelo (MITCHELL,
1994). No processamento serial, encontramos um processo em estágios em que o output de
uma operação serve de input para a próxima, ou seja, o parser
1
computa uma única análise
sintática imediatamente e a mantém a que seja contradita. Já o processamento paralelo
postula que o parser constrói no onset estruturas múltiplas, vindo a abandonar aquelas que se
tornam incompatíveis com input subseqüente.
Um modelo psicolingüístico de processamento de uma seqüência, falada ou escrita, é
normalmente proposto nos seguintes termos (RADFORD et al., 1999):
1
Parser ou analisador sintático é um termo originário do latim (pars = parte) e se refere aos procedimentos
mentais que determinam a estrutura de uma frase, parte integrante dos processos de produção e compreensão
da linguagem (MAIA & FINGER, 2005)
Processador
semântico
(1)
input
34
Processador sintático: fornece a representação sintática da sentença;
Processador lexical: identifica as palavras;
Processador fonológico: identifica os sons da língua;
Processador semântico: fornece a representação do sentido da sentença.
Este modelo apresenta limitação quanto à ordenação seriada das partes do processo, no
sentido em que uma precede a outra no processamento. Numa visão mais abrangente, pode-se
supor que esses mecanismos lingüísticos sejam simultâneos (paralelos, nesse caso) e, talvez, o
quadro pudesse ser assim reescrito:
Embora simultâneos, os processadores ganham destaques diferenciados, isto é, a construção
dependerá de outros fatores (lingüísticos e não-lingüísticos), ou seja, de outros módulos
cognitivos (informação extra-lingüística, coerência histórica, e outros).
Outra consideração a ser feita com referência ao modelo (1) é que pouco se atribui ao
processador fonológico, resumindo-o à percepção do som, como se a compreensão e a
produção da linguagem não incluíssem níveis organizacionais superiores, como, por exemplo,
o prosódico.
Há casos em que a entonação é usada apenas para qualificar o enunciado, pois a parte
segmental já traz toda a informação necessária para o ouvinte. Mas há casos em que a
entonação carrega toda a informação. Nesses, a entonação não modifica o significado do
Input/
output
Processador
fonológico
Processador
lexical
Processador
sintático
Processador
semântico
Input/
output
(2)
35
léxico, mas constitui parte do próprio significado do enunciado. Deste modo, mudanças na
entonação certamente podem ser acompanhadas por mudanças na função do enunciado, bem
como caracterizar o estado do falante (BONNET, 1980; LEHISTE, 1970).
A entonação é usada estrategicamente para envolver o interlocutor. Portanto, o processador
fonológico deve incluir a prosódia como fator importante na construção do sentido das
sentenças, bem como para realçar certas partes do discurso e conectar elementos distantes no
texto (CAGLIARI, 1993; GUMPERZ, 1982).
36
CAPÍTULO 3
3 - PROSÓDIA E TELEJORNALISMO
O crescente estudo da prosódia no telejornalismo tem como objetivo o aprimoramento da
técnica vocal, buscando uma melhor efetividade na emissão do fato noticiado. O
conhecimento maior dos textos jornalísticos, as técnicas de leitura oral empregadas, as
variações de entonação, velocidade e intenção de fala têm sido os elos de união dessas áreas.
Por muitos anos, na TV, dedicou-se uma maior atenção ao parâmetro articulação e ao uso da
linguagem rebuscada oriunda do rádio, resultando numa comunicação sem expressividade
emocional. É evidente que a boa articulação é um parâmetro importante na locução televisiva;
no entanto, a mesma deve ser associada aos demais parâmetros de igual importância (SALES,
1997).
Na construção da emissão da notícia, tornar a mensagem rica em elementos vocais é um dos
objetivos do telejornalista. Assim, a boa qualidade da voz é essencial para repórteres e deve
possuir características básicas: a freqüência da voz deve ser adequada ao sexo e à idade; a
intensidade, que no falante comum pode variar de muito fraco a muito forte, deve encontrar
um meio-termo; a boa articulação e velocidade de fala devem ser adequadas para a recepção
da mensagem (BEHLAU & STIER, 2001; KYRILLOS et al., 2003).
A entonação é responsável por associar a emissão jornalística ao contexto do fato noticiado.
Uma escolha entoacional inadequada pode gerar uma interpretação errada da notícia, da
intenção do locutor e, por conseqüência, uma dificuldade na apreensão dos significados (da
37
notícia). Portanto, a entonação deve ser usada de forma cuidadosa para enriquecer e realçar o
conteúdo do fato noticiado e envolver o interlocutor, sem, no entanto distorcer a informação
original.
A freqüência, a intensidade e a duração são características da emissão responsáveis pela
inferência de confiabilidade. O processo de gravação produz uma leve distorção que valoriza
os tons agudos; então, as vozes femininas mais graves tendem a obter melhores resultados na
televisão. Os homens, por sua vez, não devem ter vozes graves demais, pois isso também
dificulta na compreensão dos sons. A ênfase funciona como um grifo na emissão, sendo
obtida com reforço da intensidade, articulação mais precisa e velocidade mais lenta. Para a
realização das ênfases no telejornalismo seria mais apropriado o aumento da intensidade do
que o prolongamento de palavras (duração), uma vez que aumentar o tempo de locução não é
desejável (PANICO & FUKUSIMA, 2003; STIER, BEHLAU & MACEDO, 1995).
A velocidade de fala é outro ponto essencial: o ritmo acelerado pode prejudicar a precisão dos
sons emitidos e tornar a compreensão de fala difícil. Quando o ritmo é excessivamente lento,
a atenção e o interesse do telespectador tendem a dispersar-se. Assim, é desejável evitar os
extremos procurando manter uma velocidade média (KYRILLOS et al., 2003; STIER, 1997).
As pausas fazem parte do discurso e são elementos importantes para a boa compreensão da
mensagem. Repórteres e apresentadores que não utilizam pausas e, com isso, aceleram muito
a fala, comprometem a compreensão e transmissão. Por outro lado, o uso exagerado pode
tornar o texto entrecortado, descontínuo. O jornalismo moderno não notícia o fato, mas
interpreta-o também, e o uso das pausas certamente está ligado a uma escala de valores
38
expressivos (DITTRICH, 2003; KYRILLOS et al., 2003; PANICO & FUKUSIMA, 2003;
STIER & COSTA, 2005).
O padrão da emissão profissional é habitualmente melhor, mais claro e preciso do que o da
emissão espontânea. (KYRILLOS et al., 2003). No meio televisivo, sempre houve o mito de
que o repórter deveria fazer a leitura do texto como se estivesse conversando, falando
espontaneamente. Na realidade, é desejável que ele fale de maneira natural, mas de forma
programada e organizada, para garantir a atenção do telespectador.
Gama (2003), em estudo comparando a emissão espontânea e a emissão profissional de
jornalistas, encontrou que estes profissionais apresentam valores de F
0
mais baixos do que o
padrão da normalidade, provavelmente pelo fato de emissões mais graves estarem
relacionadas com a intenção do discurso e com uma psicodinâmica de maior credibilidade; no
mesmo estudo, os valores de F
0
máxima e mínima tiveram uma maior variação nas emissões
profissionais em relação às emissões espontâneas. Tal aspecto se correlaciona com maior
modulação de fala, demonstrando que as emissões profissionais tendem a apresentar uma
maior interpretação, valorizando o conteúdo da mensagem. A autora acrescenta, ainda, que
nas emissões profissionais maior ocorrência de pausas expressivas e prolongamentos de
vogais.
Algumas características prosódicas são freqüentemente utilizadas em emissões
telejornalísticas, como o ataque alto de certos enunciados, a ênfase, ou uma variação melódica
de um nível alto para muito baixo no final de uma matéria (REIS, 2005).
39
O estudo dos parâmetros prosódicos no processo de elaboração da emissão telejornalística é
essencial na medida em que identifica eventuais pontos de conflito e equilíbrio entre o
conteúdo e a interpretação do fato noticiado e o formato da emissão, objetivando melhorar a
efetividade na transmissão e compreensão.
40
CAPÍTULO 4
4 - Metodologia
A metodologia aplicada para a coleta e análise dos dados no presente estudo visa à
investigação sistemática dos parâmetros acústicos na emissão do telejornalista, na tentativa de
se levantar critérios objetivos que diferenciem os aspectos prosódicos em situações distintas
do exercício de trabalho.
4.1 - Sujeitos
Num primeiro momento, 5 repórteres, 2 do sexo feminino e 3 do sexo masculino, na faixa
etária entre 19 a 23 anos, estagiários pertencentes à emissora TV UFMG da Universidade
Federal de Minas Gerais, participaram do estudo (TAB. 1).
TABELA 1 - Caracterização dos jornalistas que gravaram a reportagem
J Graduação Sexo Idade Tempo de trabalho em TV
J1 Jornalismo em curso F 23 6 meses
J2 Jornalismo em curso M 19 6 meses
J3 Jornalismo em curso M 21 1 ano e 6 meses
J4 Jornalismo em curso F 22 1 ano e 3 meses
J5 Jornalismo em curso M 21 1 ano
Na segunda fase, contamos com a participação de 2 repórteres (ouvintes especializados)
pertencentes a outra emissora, 2 fonoaudiólogas (ouvintes especializados) que trabalham com
telejornalismo e 20 ouvintes comuns (não-especializados) (TAB. 2 e 3).
41
TABELA 2 - Caracterização dos ouvintes especializados – GrupoG1
I Graduação Sexo Idade Tempo de trabalho em TV
1 Jornalista/Mestre -repórter F 40 Mais de 10 anos
2 Jornalista/Graduado - repórter M 49 Mais de 10 anos
3 Fonoaudióloga/Mestre F 43 Entre 5 e 10 anos
4 Fonoaudióloga/Doutor F 38 Entre 5 e 10 anos
TABELA 3 - Caracterização dos ouvintes não-especializados – Grupo G2
I Graduação Profissão Sexo Idade
1 3 °grau incompleto/medicina estudante F 25
2 3 °grau incompleto/biologia estudante F 22
3 3 °grau incompleto/direito estudante F 23
4 3 °grau geógrafo F 26
5 3 °grau veterinário F 29
6 3 °grau pedagogo F 30
7 3 °grau turismólogo F 26
8 2 °grau secretária F 27
9 2 °grau téc. segurança trabalho F 24
10 3 °grau farmacêutico F 26
11 3 °grau incompleto/ administração corretor de seguros M 28
12 3 °grau incompleto/ administração estudante M 27
13 3 °grau incompleto/ engenharia estudante M 26
14 3 °grau médico M 30
15 3 °grau farmacêutico M 26
16 3 °grau geógrafo M 30
17 3 °grau incompleto/ engenharia estudante M 23
18 3 °grau completo administrador M 26
19 3 °grau incompleto/ciências atuariais estudante M 21
20 3 °grau incompleto/ marketing estudante M 22
4.2 - Delineamento do estudo
O estudo foi realizado em duas etapas a seguir:
Etapa 1: estudo quantitativo descritivo transversal os dados foram coletados em um único
momento com o objetivo de descrever quantitativamente o padrão prosódico nos dois
contextos telejornalísticos.
42
Etapa 2: estudo quantitativo descritivo correlacional transversal os dados foram coletados e
descritos quantitativamente em um único momento com o objetivo de investigar a relação
entre o contexto telejornalístico (presencial e não-presencial), mediado pela avaliação de
ouvintes comuns e especializados, e a efetividade na transmissão da notícia.
A emissora TV-UFMG foi contactada através de seu supervisor de telejornalismo, que
recebeu informações detalhadas (oral e escrita) sobre o conteúdo e objetivos da pesquisa. Este
estudo foi realizado mediante a concordância e autorização prévia por escrito do representante
da emissora, para posterior coleta dos dados com os repórteres, cinegrafista, uso de materiais
e instalações da TV-UFMG.
Os pesquisadores definiram o local da reportagem seguindo os seguintes critérios: ruído
ambiental, localização e notícia a ser veiculada. Assim, o tema proposto foi a construção do
Parque Tecnológico BHTec, sediado no campus da Universidade Federal de Minas Gerais
através de cooperação entre a Prefeitura de Belo Horizonte, empresas privadas na aérea de
tecnologia avançada e a universidade.
Os repórteres receberam Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO A), que foi
assinado e entregue aos pesquisadores para sua inclusão no estudo. Em seguida, os mesmos
receberam uma breve explicação oral sobre o tema proposto, por uma equipe especializada do
Parque Tecnológico BHTec.
43
Os repórteres realizaram uma reportagem externa (presencial); em seguida, realizaram a
mesma reportagem com a leitura não-presencial (não-presencial). Todas as emissões foram
gravadas com recursos da emissora (microfone, câmera e cinegrafista). Posteriormente, os
dados foram editados na ilha de edição da TV UFMG e gravados em DVD, para possibilitar
análise no computador e avaliação perceptivo-auditiva.
O texto lido pelos telejornalistas foi elaborado por um editor da própria emissora, mediante o
recebimento das imagens e informações do fato noticiado. O texto foi escrito com o
pressuposto de que seria lido em voz alta, “casado” com imagem do vídeo. Posteriormente, o
mesmo foi editado e modificado em conjunto pelos repórteres incluídos no estudo.
O texto final para a gravação foi o seguinte:
“A Secretaria Municipal de Meio Ambiente aponta as obras do BHTec como modelo de
empreendimento sustentável. O projeto foi adequado para causar impactos mínimos ao meio
ambiente, com animais e plantas típicos de Mata Atlântica e Cerrado”
Presencial: os jornalistas foram levados ao local da notícia (Parque Tecnológico BHTec)
onde receberam o texto elaborado pelo editor, tendo sido realizadas as modificações como
relatado anteriormente. Em seguida, definiram com o cinegrafista o local mais adequado para
a realização da reportagem. Todos os jornalistas realizaram a reportagem individualmente,
com todo o aparato utilizado pela TV, na tentativa de reproduzir a atividade profissional. É
44
importante destacar que na rotina do repórter é ele quem elabora o texto de apoio para a
realização da reportagem
2
.
Não-presencial: Após a realização da presencial, os repórteres se dirigiram à cabine da TV-
UFMG para gravar a não-presencial, com o mesmo texto utilizado na presencial.
Os dados da pesquisa foram submetidos à análise acústica por meio do Programa Praat,
versão 4.4.27, disponível no site www.praat.org. Para análise dos enunciados, utilizamos a
curva de freqüência fundamental (F
0
), o oscilograma e o espectrograma de banda estreita.
Posteriormente, foram descritos e comparados acusticamente os aspectos prosódicos presentes
na emissão dos telejornalistas nos dois contextos abordados.
Após a verificação do padrão prosódico, dois grupos G1 (4 ouvintes especializados) e G2
(20 ouvintes comuns
3
) - escutaram as duas emissões de cada telejornalista (presencial e não-
presencial) e assinalaram oralmente qual a melhor emissão para a imagem (avaliação intra-
sujeito), justificando sua escolha a pedido do pesquisador. Esta avaliação foi realizada com
apoio de um computador onde era apresentada a imagem da notícia e, posteriormente, o
áudio. Para a distribuição das emissões utilizamos o quadrado latino de ordem 5, ou seja, uma
matriz 5 x 5 tal que cada jornalista foi considerado um elemento.
2
Neste estudo, o texto para reportagem foi elaborado anteriormente pelo editor de TV-UFMG.
3
Ouvintes comuns - informantes não especializados, descritos na tabela 3.
45
4.3 - Desenho do estudo
Figura 1. Delineamento do estudo
Padrão prosódico
CE
Padrão prosódico
CO
Ouvinte (escutar e escolher qual a emissão mais
eficiente)
G 1
G 2
Externa - leitura presencial
CE
Off - leitura não-presencial
CO
Análise acústica (quantificação dos parâmetros
prosódicos)
Estabelecer padrões prosódicos e comparar as
diferenças de registro.
Estabelecer as diferenças entre as escolhas de G1 e G2
correlacinando-as com o padrão prosódico assinalado.
46
4.4 - Método estatístico
Foram realizadas diferentes medições dos dados (os valores absolutos, as médias e o
respectivo desvio padrão) para obtenção das informações necessárias para a análise estatística.
Em seguida, foi conduzida uma comparação entre os grupos utilizando o teste de duas
proporções para análise dos dados das medidas acústicas. É importante ressaltar que optamos
pela utilização do teste de duas proporções, de modo a minimizar o efeito do número reduzido
da amostra de telejornalistas. Este teste é eficiente para detectar se diferença no
comportamento entre grupos, mas não pode precisar o quanto os valores se diferem. Neste
caso, o que se pretendeu avaliar foi se os valores dos parâmetros prosódicos é maior em um
dos contextos. Dessa forma, a hipótese nula é: “os valores dos parâmetros prosódicos obtidos
para um dos contextos é igual ao outro contexto”.
Na avaliação perceptivo-auditiva utilizou-se o teste qui-quadrado (X
2
) com o objetivo de
comparar as escolhas realizadas pelos os grupos G1 e G2.
Os dados foram discutidos entre os pesquisadores e estruturados a partir do Software
Estatístico Minitab 15, disponível no site www.minitabbrasil.com.br. Considerou-se o valor–p
menor ou igual a 0.05 como níveis de significância.
4.5 - Aspectos éticos
O presente projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de
Minas Gerais (COEP), tendo sido aprovado em 29/08/2007, sob o protocolo ETIC 342/07
(ANEXO C).
47
Todos os sujeitos analisados foram informados quanto aos procedimentos, benefícios, riscos e
confiabilidade do estudo. Dessa forma, participaram desse estudo jornalistas, fonoaudiólogos
e ouvintes comuns, após terem assinado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(ANEXOS A e B), como é garantido pela Resolução 196/96.
4.6 Medidas realizadas
Procuramos descrever, a partir da análise acústica das frases, qual era o padrão prosódico
utilizado em cada contexto telejornalístico, utilizando os valores de F
0
e de duração. A
intensidade não foi utilizada porque, para que sua medida seja confiável, é necessário que haja
um controle da distância entre o microfone e o falante. Conforme dissemos, isso não pôde
ser feito dentro da metodologia de aquisição dos dados para esse estudo.
4.6.1 Freqüência fundamental - F
0
Foi observada a configuração geral da curva. Foram medidos, então, os valores em Hertz de
F
0
inicial, final, mínimo, máximo e a média de cada frase entoacional (I). Medimos, ainda, a
tessitura vocal que o informante usou para cada frase entoacional, ou seja, o quanto ele variou
da F
0
mais alta até à F
0
mais baixa. Para obtermos esta medida, subtraímos do valor máximo
de F
0
o valor mínimo de F
0
.
48
4.6.2 Freqüência fundamental inicial e final - F
0
(i) e F
0
(f)
Para definir a F
0
(i), foi medido o valor inicial de F
0
sobre a primeira vogal, ignorando-se os
três primeiros ciclos, para evitar os efeitos micromelódicos. Para o cálculo de F
0
(f) foi medido
o valor final da curva de F
0
sobre a última vogal, também descartando os três últimos ciclos.
4.6.3 Freqüência fundamental máxima e mínima - F
0
(máx) e F
0
(min)
Para analisar o padrão prosódico das frases entoacionais, identificamos dois pontos
importantes: o valor do pico da curva de freqüência fundamental e o valor mais baixo da
mesma curva. Para extrair F
0
máxima e mínima selecionamos a frase entoacional a ser
estudada e acionamos os comandos get minimum pitch” e get máximum pitch”, do Praat.
Assim, o valor F
0
(máx) utilizado foi o maior valor de todos os períodos da freqüência
extraídos e o valor F
0
(min) utilizado foi o menor valor de todos os períodos da freqüência
extraídos.O pico de F
0
é um dos parâmetros de proeminência da sílaba (LAVER, 1994).
4.6.4 Freqüência fundamental média - F
0
(m)
Para determinar o valor da F
0
(m) de cada jornalista, selecionamos a frase entoacional e
acionamos o comando Get Pich” (F5) no Praat, que nos fornece a média do trecho
selecionado.
49
4.6.5 - Tessitura t
Medimos, ainda, a tessitura vocal que o informante usou para cada frase entoacional, ou seja,
o quanto ele variou da F
0
mais alta produzida até a F
0
mais baixa. Para obtermos esta medida,
subtraímos do valor máximo de F
0
o valor mínimo de F
0
.
4.6.6 - Duração
Inicialmente, a frase entoacional foi ouvida e, em seguida, selecionamos as labas a serem
estudadas, com base na percepção auditiva.
Foi avaliada a duração das vogais pertencentes às sílabas tônicas do sintagma fonológico,
sílabas tônicas proeminentes da frase entoacional, sílaba átona pretônica da vogal
proeminente da frase entoacional e à última sílaba tônica de cada frase entoacional.
Foi medido o valor da distância, em segundos, entre o valor inicial de F
0
até o valor final da
curva da vogal.
4.6.7 Aspectos prosódicos temporais
Os aspectos prosódicos temporais são relacionados ao parâmetro duração. Crystal (1988)
define duração como a extensão de tempo envolvida na articulação de um som ou sílaba. Para
a análise dos aspectos temporais, observamos as seguintes medidas: duração e localização das
pausas e velocidade de fala.
50
4.6.7.1 Pausa
A duração e localização das pausas foram avaliadas por meio de análise perceptiva e acústica
instrumental, concomitantemente. Medimos apenas as pausas silenciosas (momentos de
silêncio marcados pela ausência de sinal acústico).
Nesse trabalho, foram consideradas pausas silenciosas BREVES as que apresentaram medição
entre 70 e 250 ms, e foram consideradas LONGAS aquelas que apresentaram mais de 250 ms.
Foi medida a duração das pausas silenciosas e o mapeamento destas, correlacionando com a
fonologia prosódica (o sintagma fonológico - φ, a frase entoacional - I, e o enunciado
fonológico - U), na tentativa de determinar a associação com a estrutura sintática nos diversos
contextos telejornalísticos.
4.6.7.2 Velocidade de fala
Para analisar a velocidade de fala dos jornalistas nos dois contextos estudados, foi medida a
taxa de elocução e a taxa de articulação.
taxa de elocução: esta medida é obtida dividindo-se o número total de sílabas emitidas
pela duração completa da leitura oral, ou seja, seu tempo de elocução, em sílabas/
segundo;
taxa de articulação: esta taxa é obtida dividindo-se o número total de sílabas emitidas
pelo tempo de articulação (este foi extraído subtraindo-se da duração total da leitura
oral a duração total das pausas), em sílabas/ segundo.
51
4.6.8 Fonologia Prosódica
O corpus constituído da leitura do texto foi transcrito e, posteriormente, realizamos a
delimitação dos constituintes prosódicos (NESPOR & VOGEL, 1986), independentemente da
realização fonética do informante, ou seja, como abstratamente esperaríamos que fosse
segmentado o texto em questão, tomando como base os domínios da hierarquia prosódica.
Esta divisão se denominada REFERENCIAL e servirá como referência para análise da
leitura dos contextos telejornalísticos.
É importante relatar que constatamos dificuldades para a delimitação dos constituintes
prosódicos, principalmente do sintagma fonológico, na estrutura do texto que seria lido pelos
jornalistas. A nosso ver, necessitaríamos de elementos de diversas ordens para obtermos um
material teórico mais consistente e versátil em sua aplicação, pois, elementos fonéticos,
semânticos e mesmo prosódicos incrementariam em muito a localização tanto do sintagma
fonológico como dos outros constituintes prosódicos no enunciado.
A segmentação sintático-prosódica REFERENCIAL proposta para embasamento da análise foi
a descrita abaixo, onde (Φ) representa um sintagma fonológico, (I) uma frase entoacional e
(U) um enunciado fonológico:
[ [A Secretaria Φ Municipal Φ de Meio Ambiente Φ aponta Φ as obras Φ do BHTec Φ
como modelo Φ de empreendimento Φ sustentável. Φ]I ]U[ [O projeto Φ foi adequado Φ ]I
[para causar Φ impactos Φ mínimos Φ ao meio ambiente, Φ com animais Φ e plantas Φ
típicos Φ de Mata Atlântica Φ e Cerrado. Φ]I]U
52
4.6.9 Avaliação perceptivo-auditiva
4.6.9.1 Ouvintes especializados
Para a obtenção do corpus de análise, apresentamos os enunciados produzidos no CE e no CO
aos ouvintes especializados. Este grupo de ouvintes era constituído, como relatado
anteriormente no item 4.1 deste trabalho, por 2 fonoaudiólogos com experiência na área de
aprimoramento da locução de telejornalistas e 2 repórteres atuantes na área de telejornalismo.
Os ouvintes especializados assistiram individualmente às imagens do BHTec, objeto do
assunto abordado pela reportagem e, em seguida, ouviram as duas emissões de cada jornalista,
tendo sido orientados a escolher qual emissão consideravam mais eficiente para a transmissão
da reportagem. Os ouvintes foram solicitados a justificar suas escolhas oralmente com o
intuito de identificarmos se estavam considerando os aspectos prosódicos para determinar sua
opção. Estas justificativas foram gravadas através de um microfone acoplado ao computador
utilizando o programa Praat.
4.6.9.2 Ouvintes não-especializados
Foram selecionados 20 ouvintes comuns, pessoas que não têm experiência na área de
telejornalismo ou de comunicação, para realizarem a mesma tarefa que os ouvintes
especializados, ou seja, avaliar qual emissão era mais eficiente para a produção de uma
reportagem sobre o BHTec.
53
Cada ouvinte assistiu ao vídeo com imagens do BHTec e, em seguida, ouviu as emissões de
cada jornalista e escolheu a emissão mais eficiente, justificando oralmente a sua escolha.
Estas justificativas também foram gravadas com um microfone acoplado ao computador
através do programa Praat. Em anexo estão algumas transcrições das justificativas dos
ouvintes não-especializados (ANEXO D).
54
CAPITULO 5
5 – Resultados e discussão
O presente trabalho procurou realizar um estudo dos parâmetros prosódicos presentes nas
emissões telejornalísticas em contextos distintos e submeter tais emissões à percepção de
ouvintes especializados e não-especializados.
Os resultados consistiram na análise acústica das emissões baseando-se na segmentação
proposta pela fonologia prosódica e na avaliação perceptivo-auditiva. Para cada parâmetro
prosódico, realizou-se uma comparação entre os contextos jornalísticos estudados. Na
avaliação perceptivo-auditiva, comparamos as escolhas dos dois grupos de ouvintes para
determinar se uma tendência na escolha de um contexto telejornalístico como mais
eficiente. Para verificar os fatores relacionados à escolha da emissão mais eficiente,
correlacionamos os achados na análise acústica com a avaliação perceptivo-auditiva. A partir
disso, obtivemos o conjunto de variáveis que explicam parte da escolha da emissão mais
eficiente.
Na exposição dos resultados, inicialmente, comparamos os resultados absolutos dos
parâmetros prosódicos e, em seguida, a média e desvio padrão para cada jornalista em cada
contexto telejornalístico. Posteriormente, apresentaremos os resultados da avaliação
perceptivo-auditiva para os dois grupos, especializado e não-especializado, e a correlação
entre as variáveis prosódicas pesquisadas e a escolha da emissão eficiente.
55
Ao produzirem a reportagem, todos os jornalistas segmentaram a leitura do texto em dois
pontos coincidentes; então, consideramos a presença de três frases entoacionais e nos
baseamos nestas para mensurar os aspectos prosódicos. A figura 2 apresenta, de forma
esquemática, os pontos avaliados na curva entoacional.
1F
0
(máx)
1F
0
(i)
1F
0
(f)
2F
0
(máx)
3F
0
(máx)
2F
0
(i)
3F
0
(i)
2F
0
(f)
3F
0
(f)
1F
0
(min)
2F
0
(min)
3F
0
(min)
Frase entoacional 1 (I) Frase entoacional 2 (I) Frase entoacional 3 (I)
FIGURA 2 – Localização esquemática dos pontos avaliados de F
0
Fonte: Adaptado de Pierrehumbert, J. 1980. pág. 264.
56
5.1 - Freqüência fundamental (F
0
)
Com o auxílio dos traçados da forma de onda e os critérios de segmentação baseados na
fonologia prosódica, conforme explicado no Capítulo 4, foram medidos os valores em pontos
estratégicos da curva de F
0
de cada frase entoacional (I) - F
0
inicial, final, mínimo, máximo e
média.
5.1.1 - Freqüência fundamental inicial F
0
(i) e final F
0
(f)
Na análise acústica das frases entoacionais mediu-se o valor da F
0
inicial e final na
reportagem presencial e não-presencial. Primeiramente, serão apresentados os resultados
absolutos de F
0
(i) para a investigação do ataque inicial alto das emissões dos telejornalistas,
conforme descrito por Reis (2005).
Abaixo, observa-se o valor de F
0
(i) para cada frase entoacional - 1F
0
(i), 2F
0
(i), 3F
0
(i),
portanto, três valores F
0
(i) para cada contexto avaliado (presencial e não-presencial),
totalizando seis valores de F
0
(i) (TAB. 4)
TABELA 4 - Valores de F
0
(i) em Hz nas três frases entoacionais no CE e CO
J CE CO
1F
0
(i) 2F
0
(i) 3F
0
(i) 1F
0
(i) 2F
0
(i) 3F
0
(i)
J1 381.62 189.69 402.03 349.04 175.83 336.15
J2 214.75 154.73 102.51 163.83 128.55 112.32
J3 439.87 129.18 135.04 272.81 111.60 200.40
J4 442.52 241.00 493.41 417.32 223.92 257.21
J5 117.00 149.63 146.58 169.75 173.58 185.75
57
Aplicando o teste de duas proporções para o parâmetro F
0
(i) e o contexto na primeira frase e
segunda frase entoacional, encontramos o valor-p baixo (p 0.05), demonstrando que o
contexto jornalístico determina o valor de ataque da emissão maior na primeira e segunda
frase entoacional durante a reportagem presencial (TAB. 4). O mesmo teste foi realizado para
a terceira frase entoacional e revelou valor-p alto (p>0.05), mostrando que nessa frase
entoacional este parâmetro apresenta o mesmo padrão, não importando qual o contexto
telejornalístico.
Acima analisamos os valores absolutos de F
0
(i). Adiante, na tabela 5, consideramos os valores
médios F
0
(i) para cada jornalista.
TABELA 5 - Média e desvio padrão de F
0
(i) no CE e CO
J CE CO
x dp x dp
J1 324.40
117.10
287.00
96.50
J2 157.30
56.20 134.90
26.30
J3 235.00
178.00
194.90
80.70
J4 392.30
133.50
299.50
103.40
J5 137.70
18.00 287.00
96.50
Quando comparamos os valores da média de F
0
(i) encontrados em cada contexto, utilizando o
teste de comparação de duas proporções, observamos que uma tendência das emissões do
CE apresentar a F
0
(i) maior que no CO (p 0,05).
Apesar do teste estatístico não sugerir diferença significativa na terceira frase entoacional
entre os contextos estudados, percebermos que a primeira e segunda frase entoacional
determinaram a análise global do enunciado. Portanto, podemos concluir que, no padrão
prosódico da reportagem presencial, o valor de F
0
(i) é maior do que no padrão do contexto
não-presencial, principalmente no início da emissão telejornalística.
58
Além disso, podemos constatar que o desvio padrão foi menor para o CO na maioria dos
jornalistas, o que nos permite fazer considerações sobre a estabilidade da F
0
(i) entre os
contextos. Podemos dizer que houve menor variação de F
0
(i) em torno da média na
reportagem não-presencial e maior variação na presencial. Portanto, o contexto não-
presencial apresenta maior estabilidade no comportamento de F
0
(i).
Na análise acústica das frases entoacionais, mediu-se o valor da F
0
final na reportagem
presencial e não-presencial. Na tabela 6 são apresentados os valores absolutos de F
0
(f). Esta
medida caracteriza a delimitação dos constituintes prosódicos e sugere a continuidade ou não
da emissão.
TABELA 6 – Valores F
0
(f) em Hz nas três frases entoacionais no CE e CO
J CE CO
1F
0
(f) 2F
0
(f) 3F
0
(f) 1F
0
(f) 2F
0
(f) 3F
0
(f)
1J 163.17 199.48 172.45 185.18 164.12 76.00
2J 88.34 108.51 74.08 74.22 128.92 83.26
3J 98.61 103.54 89.30 117.48 207.32 113.96
4J 210.36 265.75 185.03 218.55 266.79 238.39
5J 111.58 187.81 102.05 106.31 224.63 106.29
O teste de duas proporções aplicado ao parâmetro F
0
(f) revela um valor–p alto (p > 0.05) para
a primeira frase entoacional, sugerindo uma homogeneidade no comportamento de F
0
(f). Já na
análise da medida de F
0
(f) para a segunda e terceira frase entoacional constatamos um valor-p
baixo (p 0,05), inferindo que há uma tendência do valor de F
0
(f) ser maior no CO.
Adotando como referência o valor 2F
0
(f) e comparando com 1F
0
(f) e 3F
0
(f), constatamos que
nos dois contextos uma tendência significativa (p 0.05) de F
0
(f) alcançar seu maior valor
na segunda frase entoacional. Este dado é relevante quando associados com a delimitação dos
constituintes prosódicos. A primeira e terceira frase entoacional coincidem com o final do
59
enunciado fonológico, o vel mais alto da hierarquia prosódica, devendo assim apresentar
uma demarcação mais acentuada. Portanto, podemos sugerir que a segunda frase entoacional
por não coincidir com o final do enunciado fonológico e ainda permitir a continuidade da
emissão apresenta um valor de F
0
(f) maior.
Anteriormente, analisamos os valores absolutos F
0
(f). Adiante partiremos para a análise das
médias e desvio padrão de F
0
final (TAB. 7).
TABELA 7 – Média e desvio padrão de F
0
(f) no CE e CO
J CE CO
x dp x dp
J1 178.4 18.9 141.8 57.9
J2 90.31 17.3 95.5 29.3
J3 97.15 7.23 146.3 52.9
J4 220.4 41.3 241.2 24.2
J5 133.8 47.0 145.7 68.3
Adotando como referência a média dos valores de F
0
(f) e comparando entre os contextos,
constatamos um valor-p baixo (p 0.05) mostrando que diferença no comportamento
F
0
(f), sendo os valores deste parâmetro maiores no CO. Estes achados sugerem um
decréscimo maior de F
0
no final da emissão no CE.
60
Para ilustrar a análise destes mesmos fatores utilizamos médias de F
0
(i) e F
0
(f) de cada
jornalista nos dois contextos e elaboramos dois gráficos de interação:
Percebe-se que para o CE os valores de F
0
(i) são mais altos na maioria dos jornalistas,
indicando que, no contexto presencial, o jornalista apresenta um ataque inicial mais alto. Reis
(2005) descreve a presença de ataque vocal alto na emissão de telejornalistas, mas não
associa a este achado um significado favorável ou desfavorável para a transmissão da notícia.
Neste estudo utilizamos a avaliação perceptivo-auditiva com o objetivo de associar estes
achados com a percepção do ouvinte.
Os dados expostos no gráfico 2 apontam uma tendência no valor de F
0
(f) ser maior no CO.
Portanto, na emissão da externa os valores de F
0
estão em um vel mais baixo, demarcando
com maior enfoque as fronteiras de constituinte prosódico. Outro ponto importante é o
abaixamento progressivo da entonação ao longo da frase declarativa. Essa declinação no
contexto presencial poderá ser mais evidente.
Variação de F
0
(i)
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
1 2 3 4 5
j or nal i st a s
CE
CO
Variação de F
0
(f)
0
50
100
150
200
250
300
1 2 3 4 5
j or na l i st a s
CE
CO
GRAFICO 1 Comparação entre as médias F
0
(i)
dos jornalistas para o CE e CO.
GRAFICO 2 Comparação entre as médias F
0
(f)
dos jornalistas para o CE e CO.
61
5.1.2 Freqüência fundamental máxima F
0
(máx) e mínima F
0
(min)
Os dados da análise de F
0
máxima e mínima das três frases entoacionais de cada jornalista no
CE e CO estão apresentados nas tabelas 8 a 10. Iniciaremos nosso estudo com a F
0
máxima
(TAB. 8).
TABELA 8 - F
0
(máx) em Hz nas três frases entoacionais no CE e CO
J CE CO
1F
0
(máx) 2F
0
(máx) 3F
0
(máx) 1F
0
(máx) 2F
0
(máx) 3F
0
(máx)
J1 480.04 375.66 412.58 487.66 390.72 378.62
J2 299.66 279.18 317.48 299.60 272.97 342.11
J3 442.90 268.08 258.76 387.49 251.92 284.16
J4 496.57 430.27 496.25 477.46 418.48 490.24
J5 314.72 360.39 330.91 316.87 325.02 354.44
No estudo dos valores absolutos de F
0
máxima das frases entoacionais 1 e 3 não encontramos
evidências que demonstrem uma diferença significativa entre os contextos estudados (p >
0.05). na frase entoacional 2 o teste estatístico indicou valor-p baixo (p 0.05),
demonstrando que o pico da emissão no CE é maior do que no CO nesta frase.
Adotando como referência a média dos valores de F
0
(máx) e comparando entre os contextos,
conforme demonstra a tabela 9, constatamos um valor-p baixo (p 0.05), sugerindo uma
diferença significativa no comportamento F
0
(máx). A análise evidencia que no CE os
jornalistas atingiram um pico mais alto, alcançando freqüências mais altas na emissão do
enunciado do que no CO. Considerando que um dos parâmetros de proeminência da sílaba é
pico de F
0
, podemos inferir que no CE a segunda frase entoacional apresenta uma laba
proeminente com pico maior do que no CO (LAVER, 1994).
62
TABELA 9 – Média e desvio padrão F
0
(máx) no CE e CO
J CE CO
x dp x dp
J1 422.8 52.9 419.0 59.8
J2 298.8 19.2 304.9 34.9
J3 323.2 103.7 307.9 70.8
J4 474.4 38.2 462.1 38.3
J5 335.3 23.2 332.1 19.8
No estudo dos valores absolutos e da média da F
0
mínima no CE e no CO (TAB. 10 e TAB.
11), o teste de duas proporções indicou valor-p alto (p > 0.05), sugerindo comportamento
similar na emissão dos jornalistas nestes contextos.
Adotando como referência o valor 2F
0
(min) e comparando com 1F
0
(min) e 3F
0
(min),
constatamos que nos dois contextos uma tendência significativa de F
0
(mim) alcançar seu
maior valor na segunda frase entoacional (p 0,05). Este dado pode sugerir uma menor
variação na curva melódica da segunda frase entoacional, conforme veremos ao analisar a
tessitura (item 5.1.4.).
TABELA 10 - F
0
(min) em Hz nas três frases entoacionais no CE e CO
J CE CO
F
0
(min) F
0
(min) F
0
(min) F
0
(min) F
0
(min) F
0
(min)
J1 155.32 171.06 157.22 163.93 163.73 76.00
J2 88.34 108.51 74.08 74.22 119.05 83.27
J3 94.60 103.54 89.30 107.10 106.37 94.55
J4 161.84 214.90 185.03 139.62 200.93 156.32
J5 98.66 120.43 102.05 94.82 108.36 106.44
63
TABELA 11 – Média e desvio padrão da F
0
(min) para o CE e CO
J CE CO
x dp x dp
J1 161.2 8.59 134.6 50.70
J2 90.31 17.30 92.20 23.70
J3 95.81 7.20 102.67
7.04
J4 187.3 26.60 165.60
31.70
J5 107.5 11.71 103.21
7.33
O momento em que F
0
alcança seu valor máximo no enunciado é relevante porque pode
apontar a frase entoacional que o jornalista e o ouvinte percebem como significante do
enunciado. Portanto, decidiu-se pela análise da localização da F
0
(máx). A tabela 12 mostra em
qual frase entoacional estão localizados os picos de F
0
em cada contexto jornalístico. Os
resultados demonstram que não homogeneidade na localização do pico da F
0
nos dois
contextos estudados. Portanto, o mesmo jornalista marca sua emissão com o pico de F
0
em
diferentes frases entoacionais em cada contexto.
TABELA 12 – Distribuição dos picos de F
0
nas três frases entoacionais do enunciado fonológico no CE e CO
Frase entoacional n° de picos de F
0
no CE n° de picos de F
0
no CO
3 2
1 0
1 3
Total 5 5
A análise apresentada acima não identifica onde foi o pico de F
0
para cada frase entoacional.
Desta forma, decidiu-se por avaliar em qual sintagma se insere o pico de F
0
. A tabela 13
mostra a associação das F
0
(máx) e o sintagma fonológico conforme descrito anteriormente na
segmentação REFERENCIAL (pág. 51).
64
TABELA 13 – Sintagma fonológico associado a F
0
(máx) no CE e CO
J CE CO
1F
0
(máx) 2F
0
(máx) 3F
0
(máx) 1F
0
(máx) 2F
0
(máx) 3F
0
(máx)
J1
a secretaria mínimos com animais a secretaria mínimos de mata atlântica
J2
aponta impactos e cerrado aponta impactos e cerrado
J3
a secretaria o projeto com animais municipal mínimos de mata atlântica
J4
a secretaria causar com animais sustentável impactos e cerrado
J5
como modelo o projeto Típicos de empreendimento foi adequado típicos
Na tabela 13 observamos que não manutenção da associação entre F
0
(máx) e o sintagma
fonológico quando mudamos o contexto telejornalístico. Embora a estrutura sintática seja a
mesma, o telejornalista apresenta o pico mais alto em sintagmas distintos em cada contexto.
Com os dados descritos anteriormente sobre F
0
(máx) podemos sugerir que não
homogeneidade na marcação da frase entoacional ou sintagma fonológico. Desta forma, um
mesmo jornalista destaca diferentes frases entoacionais e sintagmas quando presentes em
contextos jornalísticos distintos. Assim, o contexto telejornalístico pode interferir na
interpretação da mensagem. Por exemplo, no CE o jornalista 1 destaca o sintagma “secretaria
como a informação mais importante a ser veiculada, no CO seleciona o sintagma
“municipal” como sendo a parte da notícia mais relevante.
5.1.3 Freqüência fundamental média F
0
(m)
Apresentaremos a seguir outro parâmetro de análise da curva de F
0
, a freqüência fundamental
média, e como esta se expressa em diferentes contextos (TAB. 14 e 15).
65
TABELA 14 – F
0
média em Hz nas três frases fonológicas no CE e CO
J CE CO
1F
0
(m) 2F
0
(m) 3F
0
(m) 1F
0
(m) 2F
0
(m) 3F
0
(m)
J1 256.59 260.27 246.96 243.98 252.82 235.22
J2 190.67 205.00 179.08 191.28 199.53 178.04
J3 187.32 199.90 152.33 200.18 175.75 196.51
J4 341.93 328.60 349.47 326.14 310.92 322.52
J5 206.21 213.74 197.06 187.79 177.08 185.28
No estudo de F
0
(m) comparando CE e CO, encontramos evidências de que no CE os
jornalistas apresentam uma tendência significativa a apresentar valores maiores na segunda e
na terceira frase entoacional (p 0.05) e comportamento similar na primeira frase entoacional
(p > 0.05). Para essa análise foi utilizado o teste de duas proporções.
A tabela 15 ilustra a interação da média de F
0
(m) e o desvio padrão de cada jornalista nos
dois contextos.
Na análise desse parâmetro percebemos que o CO possui um padrão de F
0
média mais baixa para a emissão do enunciado. Além disso, observamos que o desvio padrão
é maior na maioria dos jornalistas no CE, sugerindo maior variabilidade da F
0
neste contexto.
TABELA 15 – Média e desvio padrão de F
0
média para o CE e CO
J CE CO
x dp x dp
J1 254.61
6.87 244.01
8.8
J2 191.58
12.98 189.62
10.84
J3 179.90
24.60 190.81
13.17
J4 340.00
10.57 319.86
7.95
J5 205.67
8.35 183.38
5.6
Apesar de o teste estatístico não sugerir diferença na primeira frase entoacional, percebemos
que a segunda e terceira frase entoacional determinou a análise global do enunciado. Portanto,
o padrão prosódico da reportagem o contexto não-presencial é mais grave e estável quando
comparado com o contexto presencial. Achados semelhantes foram descritos por Stier et al.
(1995).
66
Gama (2003) associa que as emissões mais graves estão associadas com a intenção do
discurso e com uma psicodinâmica de maior credibilidade, o que nos leva a inferir que a
emissão no contexto não-presencial carregaria maior credibilidade à notícia a ser veiculada.
5.1.4 Tessitura - t
A tessitura é utilizada no decorrer de todo discurso e sua variação tem várias funções. Os
dados de análise para a pesquisa da tessitura das três frases entoacionais de cada contexto
jornalístico estão apresentados nas tabelas 16 e 17. Iniciaremos nosso estudo com os valores
absolutos de t (TAB. 16).
TABELA 16 – Tessitura em Hz nas três frases fonológicas no CE e CO
J CE CO
1t 2t 3t 1t 2t 3t
J1 324.72 204.60 255.36 323.73 226.99 302.62
J2 211.32 170.67 243.40 225.38 153.92 258.84
J3 348.30 164.54 169.46 280.39 145.55 189.61
J4 334.73 215.37 311.22 338.00 217.55 333.92
J5 216.06 239.96 228.86 222.05 216.66 248.04
Analisando os valores da tessitura na frase entoacional 1 e 2 não encontramos uma diferença
significativa entre os contexto (p > 0.05). Já na análise da frase entoacional 3 o teste de duas
proporções demonstrou valor-p baixo (p 0.05), inferindo uma diferença significativa entre
os contextos estudados, havendo uma tendência da tessitura desta frase ser maior no CO
(TAB. 16).
Adotando como referência o valor de 2t e comparando com 1t e 3t, constatamos que nos dois
contextos uma tendência significativa de 2t apresentar o menor valor da tessitura (p
0,05). Este dado sugere uma menor variação na curva melódica da segunda frase entoacional,
67
o que pode ser justificado por sua posição medial no enunciado e devido à informação
prosódica estar mais evidente na primeira e terceira frase entoacional.
TABELA 17 - Média e desvio padrão de t para o CE e CO
J CE CO
x dp x dp
J1 261.6 60.3 284.4 50.9
J2 208.5 36.4 212.7 53.6
J3 227.4 104.7 205.2 68.8
J4 287.1 63.2 296.5 68.4
J5 228.29
11.96 228.92
16.78
Adotando como referência a média dos valores de t e comparando este valor entre os
contextos, constatamos que a t apresenta valores médios maiores no CO (p 0.05), o que
sugere uma maior variação da freqüência fundamental no decorrer da emissão (TAB. 17).
Gama (2003) descreve que um nível maior de tessitura se correlaciona com maior
interpretação do texto, valorizando o conteúdo da mensagem. Portanto, podemos inferir que
no CO os jornalistas estudados apresentaram uma interpretação mais fiel do texto, e
consequentemente, uma melhor emissão telejornalística.
5.2 - Duração
A análise da duração das vogais das sílabas selecionadas nas três frases entoacionais em cada
contexto jornalístico está apresentada nas tabelas 18, 19 e 20. Iniciaremos com o estudo das
sílabas tônicas do sintagma fonológico (TAB. 18).
68
5.2.1 - Sílabas tônicas do sintagma fonológico
Na tabela 18 estão descritos os valores médios de duração da vogal tônica do sintagma
fonológico nos dois contextos jornalísticos estudados.
TABELA 18 – Duração média das vogais das sílabas tônicas do sintagma fonológico (s) no CE e CO nas três
frases entoacionais
J Frase 1 Frase 2 Frase 3
CE CO CE CO CE CO
J1 0.11 0.09 0.08 0.06 0.09 0.09
J2 0.07 0.07 0.08 0.08 0.08 0.08
J3 0.07 0.07 0.04 0.08 0.07 0.07
J4 0.07 0.07 0.09 0.08 0.08 0.08
J5 0.08 0.10 0.07 0.09 0.08 0.09
Adotando como referência a média dos valores de duração e comparando este parâmetro entre
os contextos, constatamos uma homogeneidade no comportamento da duração das vogais
tônicas do sintagma fonológico (p > 0.05). Desta forma, o contexto jornalístico não interfere
na duração da vogal tônica do sintagma fonológico.
5.2.2 Sílabas tônicas proeminentes da frase entoacional
A sílaba proeminente da frase entoacional pode ser definida como elemento sinalizador do
discurso, sendo demarcada por variações da duração, intensidade e freqüência e definindo o
contorno mais saliente de F
0
. A seguir, na tabela 19 são apresentados os valores da duração
das vogais das sílabas proeminentes da frase entoacional.
69
TABELA 19 – Duração das vogais das sílabas tônicas (s) proeminentes no CE e CO
J Frase 1 Frase 2 Frase 3
CE CO CE CO CE CO
J1 0.10 0.12 0.09 0.07 0.10 0.08
J2 0.11 0.11 0.12 0.12 0.09 0.10
J3 0.09 0.09 0.09 0.10 0.07 0.07
J4 0.08 0.08 0.07 0.09 0.13 0.12
J5 0.13 0.10 0.06 0.06 0.08 0.10
Quando analisamos a variável duração das vogais das sílabas tônicas proeminentes através do
teste estatístico de duas proporções, constatamos uma homogeneidade na marcação da
proeminência nos dois contextos estudados (valor-p > 0.05).
5.2.3 Sílaba átona pretônica da vogal proeminente da frase entoacional
A seguir na tabela 20 estão descritos os valores absolutos da duração das vogais das sílabas
pretônicas à laba da vogal proeminente do enunciado. A duração destas sílabas pode indicar
um destaque na curva entoacional do discurso.
TABELA 20 – Duração das vogais das sílabas pré-tônicas (s) da vogal proeminente no CE e CO
J Frase 1 Frase 2 Frase 3
CE CO CE CO CE CO
J1 0.10 0.07 0.05 0.03 0.07 0.06
J2 0.04 0.02 0.03 0.02 0.05 0.05
J3 0.06 0.06 0.04 0.03 0.04 0.06
J4 0.06 0.08 0.02 0.09 0.03 0.06
J5 0.05 0.04 0.03 0.02 0.04 0.03
A análise da duração da vogal pré-tônica para todos os jornalistas, através do teste de duas
proporções, revela um valor-p alto (valor-p>0.05), o que indica que não diferença
significativa entre os contextos do CE e CO.
70
5.2.4 Última sílaba tônica da frase entoacional
A última sílaba acentuada de uma frase tem duração maior do que em outra posição. Este
prolongamento reflete a hierarquia de estruturações sintáticas maiores. A tabela 21 apresenta
os valores absolutos da duração da última vogal tônica da frase entonacional.
TABELA 21 – Duração da última vogal tônica (s) no CE e CO.
J Frase 1 Frase 2 Frase 3
CE CO CE CO CE CO
1
0.11 0.12 0.11 0.13 0.05 0.08
2
0.11 0.11 0.08 0.14 0.12 0.13
3
0.07 0.11 0.04 0.10 0.05 0.09
4
0.11 0.10 0.12 0.11 0.09 0.09
5
0.13 0.12 0.11 0.08 0.11 0.12
Analisando todos os valores absolutos de duração, o teste de duas proporções revelou valores
maiores no CO para a marcação da última vogal tônica (p 0.05). Os dados indicam que a
reportagem produzida no contexto não-presencial tende a marcar a última sílaba tônica da
frase entoacional com maior prolongamento do que na emissão produzida na presencial.
Para a realização das ênfases no telejornalismo não seria apropriado o prolongamento de
palavras (duração), uma vez que aumentar o tempo de locução não é desejável (PANICO &
FUKUSIMA, 2003; STIER, BEHLAU & MACEDO, 1995). Considerando essa colocação,
podemos pensar que a emissão no CE possui uma tendência a ser mais eficiente na
transmissão da notícia.
71
[ [A Secretaria Φ Municipal Φ de Meio Ambiente Φ aponta Φ as obras Φ do BHTec
Φ
como modelo Φ de empreendimento Φ sustentável.// Φ]I ]U[ [O projeto Φ
foi adequado
Φ ]I [para causar Φ impactos Φ mínimos Φ ao meio ambiente, //Φ com animais Φ
e
plantas
Φ típicos Φ de Mata Atlântica //Φ e Cerrado. Φ]I]U
QUADRO 2
Delimitação dos constituintes prosódicos do jornalista 1 no CO
[ [A Secretaria Φ Municipal Φ de Meio Ambiente Φ aponta Φ as obras Φ do BHTec
Φ
como modelo Φ de empreendimento Φ sustentável.// Φ]I ]U[ [O projeto Φ
foi adequado
Φ ]I [para causar Φ impactos Φ mínimos Φ ao meio ambiente, //Φ com animais Φ
e
plantas
Φ típicos Φ de Mata Atlântica //Φ e Cerrado. Φ]I]U
5.3 Aspectos prosódicos temporais
Apresentaremos, nesta seção, os resultados referentes à análise dos seguintes aspectos
prosódicos temporais: número de pausas, duração das pausas, localização das pausas, taxa de
elocução e taxa de articulação. Serão apresentados os resultados para o CE e CO.
5.3.1 Pausas (longas/breves)
Os quadros 1 a 9 demonstram as segmentações por pausas silenciosas (//) realizadas por cada
jornalista. Abaixo, no quadro 1 e 2 estão demonstradas as segmentações realizadas pelo
jornalista 1.
QUADRO 1
Delimitação dos constituintes prosódicos do jornalista 1 no CE
72
[ [A Secretaria Φ Municipal Φ de Meio Ambiente Φ aponta Φ as obras Φ do BHTec //
Φ
como modelo Φ de empreendimento Φ sustentável. // Φ]I ]U [ [O projeto Φ foi adequado
Φ
]I
[para causar Φ impactos Φ mínimos Φ ao meio ambiente, //Φ com animais Φ e plantas
Φ
típicos Φ de Mata Atlântica Φ// e Cerrado. Φ]I]U
[ [A Secretaria Φ Municipal Φ de Meio Ambiente Φ aponta Φ as obras Φ do BHTec
Φ
como modelo Φ de empreendimento Φ sustentável. // Φ]I ]U [ [O projeto Φ
foi adequado
Φ ]I [para causar Φ impactos Φ mínimos Φ ao meio ambiente, // Φ com animais Φ
e
plantas
Φ típicos Φ de Mata Atlântica Φ // e Cerrado. Φ]I]U
QUADRO 3 – Delimitação dos constituintes prosódicos do jornalista 2 no CE
QUADRO 4 – Delimitação dos constituintes prosódicos do jornalista 2 no CO
Observa-se que o jornalista 1 segmentou, através da pausa, de forma similar, a emissão
produzida no CE e no CO, indicando que o contexto telejornalístico não influenciou na
segmentação dos constituintes prosódicos da sua emissão.
A seguir, nos quadros 3 e 4 apresentamos a segmentação realizada pelo jornalista 2 nos
contextos telejornalísticos estudados.
O jornalista 2 segmentou de forma distinta a emissão nos contextos telejornalísticos
estudados. Observamos que no CE este jornalista apresentou uma segmentação demarcando o
sintagma fonológico (Φ) do BHTec” que não apresentou no CO. As demais segmentações
73
[ [A Secretaria Φ Municipal Φ de Meio Ambiente Φ aponta Φ as obras Φ do BHTec
//
Φ como modelo Φ de empreendimento Φ sustentável. // Φ]I ]U [ [O projeto Φ
foi
adequado Φ ]I [para causar // Φ impactos Φ mínimos Φ ao meio ambiente, //Φ
com
animais Φ e plantas Φ típicos Φ de Mata Atlântica Φ // e Cerrado. Φ]I]U
[ [A Secretaria Φ Municipal Φ de Meio Ambiente Φ aponta Φ as obras Φ do BHTec
//
Φ como modelo Φ de empreendimento Φ sustentável. // Φ]I ]U [ [O projeto Φ
foi
adequado Φ ]I [para causar Φ impactos Φ mínimos Φ ao meio ambiente, //Φ
com
animais Φ e plantas Φ típicos Φ de Mata Atlântica Φ e Cerrado. Φ]I]U
QUADRO 6 – Delimitação dos constituintes prosódicos do jornalista 3 no CO
em U e Φ foram idênticas nos dois contextos. Portanto, podemos considerar que no CE ele
apresentou diferença na segmentação de constituintes prosódicos mais inferiores.
Abaixo, apresentamos nos quadros 5 e 6 a segmentação desempenhada pelo jornalista 3 nos
CE e CO, respectivamente.
Observamos que o jornalista 3 apresentou uma segmentação distinta quando comparamos os
contextos. É importante ressaltar que, apesar da segmentação distinta, esta diferença foi a
demarcação de fronteira de sintagma fonológico, o nível mais baixo dos constituintes
considerados nesta pesquisa.
QUADRO 5 – Delimitação dos constituintes prosódicos do jornalista 3 no CE
74
QUADRO 8 – Delimitação dos constituintes prosódicos do jornalista 4 no CO
[ [A Secretaria Φ Municipal Φ de Meio Ambiente Φ aponta Φ as obras Φ do BHTec
Φ
como modelo Φ de empreendimento Φ sustentável. // Φ]I ]U [ [O projeto Φ
foi adequado
Φ ]I [para causar Φ impactos Φ mínimos Φ ao meio ambiente, // Φ com animais Φ
e
plantas
Φ típicos Φ de Mata Atlântica // Φ e Cerrado. Φ]I]U
Nos quadros 7 e 6 demonstraremos as segmentações realizadas pelo jornalista 4 no CE e CO
respectivamente.
Observamos que o jornalista 4 apresentou segmentação diferenciada em cada contexto, sendo
esta diferença para delimitar fronteira de sintagma fonológico. Além disso, observamos a
troca e inversão de vocábulos no CE, constatando que o jornalista não se fixou apenas na
leitura do texto.
QUADRO 7 – Delimitação dos constituintes prosódicos do jornalista 4 no CE
[ [A Secretaria Φ Municipal Φ de Meio Ambiente Φ aponta Φ as obras Φ do BHTec
Φ
como exemplo Φ de empreendimento Φ sustentável. // Φ]I ]U [ [O projeto Φ
foi
adequado Φ ]I [para causar Φ danos Φ mínimos Φ ao meio ambiente, // Φ
com animais
Φ e plantas Φ típicos Φ de Cerrado Φ e Mata Atlântica. Φ]I]U
75
QUADRO 9 – Delimitação dos constituintes prosódicos do jornalista 5 no CE
[ [A Secretaria Φ Municipal Φ de Meio Ambiente //Φ aponta Φ as obras Φ do BHTec
Φ
como modelo Φ de desenvolvimento Φ sustentável.//Φ]I ]U [ [O projeto Φ
foi
adequado//Φ ]I [para causar Φ impactos Φ mínimos Φ ao meio ambiente, //Φ
com
animais Φ e plantas //Φ típicos Φ de Mata Atlântica Φ // e Cerrado. Φ]I]U
QUADRO 10 – Delimitação dos constituintes prosódicos do jornalista 5 no CO
[ [A Secretaria Φ Municipal Φ de Meio Ambiente //Φ aponta Φ as obras Φ do BHTec //
Φ
como modelo Φ de empreendimento Φ sustentável. //Φ]I ]U [ [O projeto Φ foi adequado
Φ
]I
[para causar Φ impactos Φ mínimos Φ ao meio ambiente, // Φ com animais Φ
e plantas
//
Φ típicos Φ de Mata Atlântica Φ // e Cerrado. Φ]I]U
A seguir, nos quadros 8 e 9 demonstramos as segmentações realiza das pelo jornalista 5.
O jornalista 5 foi o participante que apresentou mais segmentações do texto, totalizando seis
na emissão nos dois contextos. Apesar do mesmo número de segmentações, estas surgiram em
locais diferentes. No CE observa-se uma segmentação no final da segunda frase entoacional
em concordância com a segmentação REFERENCIAL, e no CO uma demarcação no sintagma
fonológico. Este jornalista foi o único informante que segmentou a segunda frase entoacional
de acordo com a segmentação REFERENCIAL proposta pelos pesquisadores. A segmentação
teórica das frases fonológicas não se concretizou nas emissões dos demais jornalistas.
Observamos que os cinco jornalistas segmentaram o texto com duas pausas coincidentes em
pelo menos um dos contextos jornalísticos estudados. A primeira para delimitar o enunciado
fonológico (
U) e a segunda após o sintagma fonológico ao meio ambiente”. Acreditamos
76
que a segunda pausa esteve presente devido estruturação sintática da frase, e por isso não
coincide com fronteira de frase entoacional na segmentação REFERENCIAL. Assim,
consideramos a presença de três frases entoacionais (I) de acordo com a segmentação
predominante, e realizamos as medidas para cada frase entoacional (I).
Observamos que todos os jornalistas segmentaram o enunciado fonológico (U) nos dois
contextos. Ou seja, o nível mais alto da hierarquia prosódica foi segmentado pela pausa por
todos os indivíduos independentes do contexto jornalístico. Observamos diferenças entre as
segmentações dos jornalistas e do contexto apenas no sintagma fonológico (Φ) e na segunda
frase entoacional (I) considerada pela segmentação REFERENCIAL (pág. 51).
Comparando a segmentação dos jornalistas com a segmentação denominada REFERENCIAL
(pág. 51), constatamos que todos apresentaram pausas respeitando fronteiras sintáticas,
destacando grupos entoacionais, como afirma Cruttenden (1986). Em geral, não observamos
pausas dentro dos constituintes prosódicos, o que confirma a interdependência entre a
estrutura sintática e o padrão prosódico na leitura oral.
A troca e inversão de sintagmas fonológicos foram observadas no contexto da reportagem
presencial, sugerindo uma tendência a realização de “fala espontânea”, o que não ocorre no
contexto não-presencial.
Em seguida, na tabela 22 está descrito o número de pausas de cada jornalista nos contextos
analisados.
77
TABELA 22 – Número de pausas nos contextos jornalísticos CE e CO
J CE CO
J1 3 3
J2 4 3
J3 5 2
J4 2 3
J5 6 6
Com relação ao número de pausas nota-se que o CE e CO apresentaram números similares, de
modo a não apresentarem diferença estatística (p > 0.05). O que de interessante nos dados
e que as pausas sempre coincidiram com demarcações sintáticas.
Assim como a ocorrência da pausa, os valores de sua duração são relevantes para marcação de
constituintes prosódicos. Na tabela 23 estão descritos, em segundos, a média de duração das
pausas presentes em cada constituinte prosódico.
TABELA 23 – Média de duração das pausas nos constituintes prosódicos no CE e CO
Constituinte Prosódico média dp
CE CO CE CO
Φ 0.24 0.23
0.10 0.12
U 0.34 0.36
0.07 0.08
Os valores médios da duração das pausas dentro de cada constituinte prosódico mostraram-se
semelhantes nos dois contextos estudados. Portanto, da mesma forma que não há diferença no
número de pausas para a emissão do texto jornalístico em contextos distintos, conforme
apresentado anteriormente, não evidências que demonstrem que a duração das pausas seja
diferenciada nestes contextos.
A utilização das pausas BREVES e LONGAS delimitando os constituintes prosódicos nos
contextos jornalísticos é apresentada na tabela 24.
78
TABELA 24 – Distribuição das pausas LONGAS/BREVES nos constituintes prosódicos no CE e CO
Const. Prosódico
CE CO
LONGAS BREVES LONGAS BREVES
Φ 9 6 8 3
U 5 0 4 1
Podemos observar, pela tabela 24 que, enquanto no CE o constituinte prosódico Φ é
delimitado tanto por pausas breves quanto por longas (p > 0.05), no CO o mesmo apresenta
uma tendência significativa a apresentar pausas longas apenas (p 0.05). no constituinte
prosódico U observamos que há uma tendência significativa na utilização de LONGAS no CE
e CO (p 0.05). Isto indica que o constituinte prosódico mais alto na hierarquia (U)
apresenta uma tendência a apresentar pausas mais evidentes para sua demarcação,
independente do contexto jornalístico que a emissão seja realizada.
Quando avaliamos cada contexto constatamos que no CO uma tendência significativa de
apresentar pausas longas independente do constituinte prosódico delimitado, o que não ocorre
em CE.
5.3.2 - Velocidade de fala
A seguir, na tabela 25, seguem os resultados da análise da velocidade da leitura oral dos
jornalistas pesquisados nos dois contextos telejornalístico. São apresentados os valores das
taxas de elocução e de articulação da leitura global do texto, ou seja, das três frases
entoacionais agrupadas para cada jornalista.
79
TABELA 25 – Valores de velocidade de fala dos jornalistas no CE e CO
J TxE (sil/seg.) TxA (sil/seg.)
CE CO CE CO
J1 6.00 6.22 6.38 6.67
J2 7.31 7.01 8.00 7.44
J3 6.12 5.78 6.80 6.45
J4 6.82 6.53 7.14 6.81
J5 6.04 6.28 6.32 6.63
Os valores obtidos para a taxa de articulação e taxa de elocução foram similares entre os
contextos estudados para cada jornalista, não havendo diferença significativa (p > 0.05) que
possa inferir uma emissão como mais eficiente na transmissão da notícia levando como
referência o parâmetro velocidade de fala.
5.4 Avaliação perceptivo-auditiva
Após a verificação do padrão prosódico, conforme fizemos acima, dois grupos – G1 (ouvintes
especializados) e G2 (ouvintes comuns) visualizaram a imagem referente à reportagem,
escutaram as duas emissões de cada jornalista e assinalaram qual emissão consideraram mais
eficiente para transmitir a mensagem. Assim, cada ouvinte assinalou oralmente cinco
emissões como mais eficientes. Como havia 20 ouvintes comuns e 4 especializados obtivemos
120 amostras (emissão eficiente). Estes resultados estão apresentados na tabela 26, abaixo.
No cômputo geral, observamos que a maioria dos ouvintes optou pela emissão produzida no
CO, o que corresponde a 69.17% dos ouvintes (TAB. 26). Na avaliação estatística
constatamos uma tendência significativa pela escolha do CO (p 0.05).
80
TABELA 26 - Distribuição das escolhas dos ouvintes quanto a emissão mais eficiente em relação ao contexto
presencial e não-presencial
Resposta Emissão CE Emissão CO Total
n 37 83 120
% 30.83 69.17 100
Quando comparamos as escolhas das emissões produzidas no CE ou CO (TAB. 27), levando
em consideração a especialização dos ouvintes (G1 e G2), encontramos um valor-p alto (p >
0.05) indicando que não diferença estatisticamente significativa entre as escolhas do G1 e
G2. Para isto utilizamos o teste qui-quadrado. Os dados sugerem que uma tendência dos
ouvintes em optar pela emissão do CO como a mais eficiente independente do ouvinte ser
especialista ou não (p > 0.05).
TABELA 27 - Distribuição das escolhas dos ouvintes dos grupos G1 e G2 quanto a emissão mais eficiente em
relação aos contextos presencial e não-presencial
Grupos Emissão CE Emissão CO Total
G1 4 (20%) 16 (80%) 20
G2 33 (33%) 67 (67%) 100
Achados recentes da literatura (KYRILLOS et al., 2003; STIER & COSTA, 2005) sugerem
que a emissão de reportagens externas mostra maior expressividade, espontaneidade e
naturalidade. Os dados revelados pela avaliação perceptivo-auditiva nesta pesquisa indicam
significativamente (p 0.05) que a emissão do contexto não-presencial é mais eficiente na
transmissão da notícia. Embora, em parte, conflitante com a literatura corrente, é importante
ressaltar que o presente trabalho focou a identificação da emissão mais eficiente na
transmissão da notícia em relação ao contexto, e não a caracterização qualitativa destas
quanto uma maior ou menor expressividade, naturalidade e espontaneidade. No entanto, sem
dúvida, as manifestações prosódicas dos jornalistas influenciaram nessa escolha.
81
5.5 - Correlação entre os padrões prosódicos de CE e de CO e os resultados da avaliação
perceptivo-auditiva
Para verificar os parâmetros prosódicos relacionados à emissão mais eficiente identificamos
as diferenças significativas entre CE e CO e correlacionamos com os resultados da avaliação
perceptivo-auditiva que definiu o CO como mais eficiente. Iniciaremos com a configuração
geral da curva de F
0
.
Correlacionando as variáveis prosódicas para o estudo da configuração geral de F
0
aos dados
relativos à emissão mais eficiente, vemos que a F
0
(i) mostrou-se um parâmetro significativo,
sugerindo que o menor ataque inicial dos telejornalistas associa-se a uma emissão mais eficaz.
A F
0
(f) demonstrou-se expressiva na primeira e terceira frase entoacional, inferindo que
valores mais altos de F
0
(f) indicam uma emissão telejornalística eficiente. Na análise de
F
0
(máx) os dados foram significativos, indicando que os menores valores de F
0
(máx) levam a
uma melhor locução telejornalística. Para F
0
(min), constatamos que este parâmetro
demonstra uma homogeneidade de comportamento nos contextos estudados, sugerindo que
esta variável não apresenta correlação com a escolha da emissão mais eficiente pelos
ouvintes.
O parâmetro freqüência fundamental média mostrou-se expressivo, indicando que freqüência
fundamental média mais baixa, indicando maior efetividade na transmissão da notícia, achado
semelhante foi descrito por Stier et al. (1995).
82
Na análise da tessitura os dados mostraram-se significativos, indicando que valores mais altos
deste parâmetro, principalmente no final do enunciado, sugerem uma transmissão da notícia
como mais eficiência.
Para os aspectos prosódicos temporais observamos que o número de pausas e a velocidade de
fala não foram significativos para inferir a emissão mais eficiente, pois apresentam mesmo
padrão em ambos os contextos.
Já a duração da pausas classificadas como breves e longas demonstrou-se um parâmetro
expressivo. Os dados indicam que as pausas longas presentes no enunciado, principalmente
no constituinte prosódico mais baixo da hierarquia prosódica (sintagma fonológico), sugerem
uma maior eficiência na transmissão da notícia.
Dentre as variáveis prosódicas de duração da sílaba, a última sílaba tônica do enunciado foi a
única expressiva para definir a emissão como mais eficiente, indicando que baixos valores
desta variável podem inferir uma emissão como mais eficaz.
Os dados acima descritos sugerem que o comportamento da freqüência fundamental inicial,
freqüência fundamental final, freqüência fundamental máxima, freqüência fundamental
média, tessitura, a duração da pausa para delimitar sintagma fonológico e a duração da última
sílaba tônica do enunciado podem influenciar na caracterização de uma emissão mais
eficiente para a transmissão da notícia em telejornalismo.
83
CONCLUSÃO
Sem a pretensão de considerar todas as variáveis envolvidas na transmissão da notícia, este
trabalho revelou parâmetros prosódicos da emissão telejornalística importantes para predizer
um padrão de locução mais eficiente.
A partir dos resultados apresentados, foi possível caracterizar alguns aspectos prosódicos da
fala do repórter em contextos jornalísticos distintos. Foi possível também avaliar o melhor
contexto para a transmissão da notícia ao ouvinte. Neste estudo procuramos identificar quais
aspectos prosódicos contribuem para a caracterização do padrão prosódico eficiente na
transmissão da mensagem telejornalística.
Em relação ao padrão prosódico mais eficiente, pode-se concluir, a partir da avaliação
perceptivo-auditiva, que o padrão prosódico da reportagem não-presencial demonstrou-se
significativamente mais eficaz na transmissão da notícia. A variável especialização não foi um
fator de interferência na avaliação perceptivo-auditiva. Já a variação de parâmetros prosódicos
nos contextos jornalísticos estudados nos permite concluir que a prosódia age favoravelmente
no contexto não-presencial.
Diante dos dados apresentados, podemos afirmar que a prosódia agiu favoravelmente em
relação aos parâmetros de freqüência fundamental inicial, freqüência fundamental final,
freqüência fundamental máxima, freqüência fundamental média, tessitura, duração da pausa
para delimitar sintagma fonológico e a duração da última sílaba tônica da frase entoacional,
determinando uma emissão mais eficiente.
84
Por outro lado, nada se pode concluir com relação aos parâmetros de freqüência fundamental
mínima, número de pausas, velocidade de fala, duração das sílabas tônicas do sintagma
fonológico, duração das sílabas proeminentes da frase entoacional e pretônicas das labas
proeminentes da frase entoacional. Estes parâmetros mostram comportamento homogêneo nas
emissões produzidas nos dois contextos jornalísticos estudados.
Em vista do que apresentamos, foi possível confirmar a seguinte hipótese: o contexto
jornalístico (presencial e não–presencial) influencia no padrão prosódico da emissão,
interferindo na eficiência da transmissão da notícia. Ademais, verificamos que existem
variações prosódicas da leitura em voz alta que imprimem ao enunciado características
favoráveis para uma emissão mais eficiente. O presente estudo demonstra que repórteres
apresentam características específicas no contexto não-presencial que ajudam na
caracterização da emissão mais eficiente em oposição ao verificado no contexto presencial.
É importante ressaltar algumas limitações do presente trabalho. Inicialmente, esta pesquisa
deparou-se com alguns obstáculos: a começar pela escolha do ambiente de gravação da
reportagem externa, a informação a ser veiculada e o texto a ser proferido na reportagem. O
ambiente de gravação da reportagem externa deveria ser silencioso e não poderia se distanciar
da universidade devido ao deslocamento dos equipamentos e segurança. A informação da
reportagem deveria ser estática, pois o texto seria elaborado anteriormente pelo editor da TV-
UFMG, e este deveria ser propositadamente o mesmo tanto no contexto off quanto na
passagem, para permitir uma comparação dos parâmetros prosódicos.
4
Para sanar estes
problemas decidimos pela escolha do tema “A construção do Parque Tecnológico BHTec”,
4
Quanto ao texto, não encontramos outra solução, senão solicitar ao editor que mantivesse a mesma estrutura
para os dois contextos estudados, o que determinou uma limitação importante para a caracterização do ambiente
telejornalístico.
85
onde o ambiente seria silencioso e, pela duração prevista da obra, a informação veiculada
estaria baseada em um fato estático.
Cremos que nosso trabalho representa uma contribuição relevante à lingüística, à
fonoaudiologia e ao telejornalismo, na medida em que contribui para uma maior observância
do valor do monitoramento dos recursos vocais empregados durante a leitura em voz alta em
contextos telejornalísticos. O presente estudo poderá servir de base para estudos mais amplos
objetivando uma maior compreensão do papel da prosódia em diferentes emissões
telejornalísticas.
86
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ZANCHETTA, J. Imprensa escrita e telejornal. São Paulo: UNESP, 2004.
93
ANEXO A - Termo de consentimento para os jornalistas que irão realizar as reportagens:
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Esse termo de consentimento pode conter palavras que você não entenda. Peça ao pesquisador
que explique as palavras ou informações não compreendidas completamente.
Introdução
Você está sendo convidado (a) a participar da pesquisa: “Estudo prosódico da leitura em voz
alta em contextos telejornalísticos”. Se decidir participar, é importante que leia estas
informações sobre o estudo e seu papel nesta pesquisa.
Você foi escolhido aleatoriamente e sua participação não é obrigatória. A qualquer momento
você pode desistir de participar e retirar seu consentimento. Sua recusa não trará nenhum
prejuízo em sua relação com os pesquisadores.
É preciso entender a natureza e os riscos da sua participação e dar o seu consentimento livre e
esclarecido por escrito.
Objetivo
O objetivo desse estudo é descrever as variações prosódicas e avaliar se os ouvintes expostos
correlacionam um padrão melódico como mais eficiente para transmitir a mensagem
telejornalística.
Procedimento do estudo
Se concordar em participar desse estudo você será solicitado a responder uma entrevista sobre
dados pessoais, como idade, escolaridade, ocupação e deverá realizar gravações de
reportagens em dois contextos (presencial com leitura presencial, não-presencial com leitura
não-presencial). Estas serão realizadas dentro da emissora TV UFMG e não terão custo para
mim. O tempo calculado para a execução de cada reportagem (leitura do texto) será de meia
hora. Os pesquisadores irão lhe orientar sobre a realização das tarefas e caso haja alguma
dúvida, antes, durante ou depois da gravação, você poderá entrar em contato para melhor
esclarecimento. A gravação será analisada e computada pelos pesquisadores sem que seus
dados sejam identificados.
Riscos e desconfortos
Essa pesquisa possui riscos e desconfortos mínimos.
Benefícios
A sua participação nessa pesquisa não terá custos para você. Através de informações sobre o
projeto de pesquisa que serão dadas pelos pesquisadores após as gravações, você conhecerá o
assunto a ser abordado, beneficiando-se de forma direta ou indireta.
A pesquisa poderá ou não trazer benefícios a você, mas as informações obtidas por meio
desse estudo poderão ser importantes para verificar experimentalmente hipóteses ainda não
testadas com falantes do Português Brasileiro.
Custos/Reembolso
Você não terá nenhum gasto e também não receberá pagamento pela sua participação nesse
94
estudo. Os questionários e gravações serão fornecidos pelos pesquisadores.
Responsabilidade
Efeitos ou comportamentos indesejáveis podem ocorrer, apesar de todos os cuidados
possíveis, e podem acontecer sem que seja culpa sua ou dos pesquisadores, porém, esse risco
é mínimo. O pesquisador se compromete em orientar-lhe e esclarecer qualquer dúvida que
tenha até o término do projeto.
Caráter Confidencial dos Registros
Você não será identificado quando o material for utilizado para fins de publicação científica.
Participação
A sua participação nessa pesquisa consistirá de um questionário inicial sobre seus dados
pessoais e outros dados relevantes para a pesquisa, em local já referido anteriormente.
É importante que você esteja consciente que a sua participação neste estudo de pesquisa é
completamente voluntária e de que você pode recusar-se a participar ou sair do estudo a
qualquer momento sem penalidades ou perda de benefícios aos quais você tenha direito de
outra forma. Em caso de você desistir, deverá notificar ao pesquisador que seja responsável
pelo seu caso. A recusa em participar ou a saída do estudo não influenciarão na relação dos
pesquisadores com você.
Para obter informações adicionais
Você receberá uma cópia deste termo onde constam o telefone e o endereço do pesquisador
principal, podendo tirar suas dúvidas sobre o projeto e a sua participação, agora ou a qualquer
momento.
Se você tiver perguntas com relação aos seus direitos como participante do estudo, você
também poderá contatar uma terceira pessoa, que não participa desta pesquisa, através do
Comitê de Ética em Pesquisa da UFMG, pelo telefone (31) 3499-4592 ou em seu endereço:
AV Antônio Carlos nº 6627 - Unidade Administrativa II sala 2005 - Campus Pampulha.
Declaração de Consentimento
Li ou alguém leu para mim as informações contidas neste documento antes de assinar este
termo de consentimento. Declaro que fui informado sobre os métodos e meios de realização
da pesquisa, as inconveniências, os riscos e benefícios.
Declaro que tive tempo suficiente para ler e entender as informações acima. Declaro também
que toda a linguagem técnica utilizada na descrição desse estudo de pesquisa foi
satisfatoriamente explicada e que recebi respostas para todas as minhas dúvidas. Confirmo
também que recebi uma cópia desse formulário de consentimento. Compreendo que sou livre
para me retirar do estudo em qualquer momento, sem perda de benefícios ou qualquer outra
penalidade.
95
Dou meu consentimento de livre e espontânea vontade e sem reservas para participar, como
paciente, deste estudo.
_____________________________________________________
Nome do Participante (letra de forma)
_____________________________________________________
Assinatura do Participante ou Responsável
Data _____________
Atesto que expliquei cuidadosamente a natureza e o objetivo deste estudo, os possíveis riscos
e benefícios da participação do mesmo, junto ao seu responsável. Acredito que o responsável
recebeu todas as informações necessárias, que foram fornecidas em uma linguagem adequada
e compreensível e que ela/ele compreendeu essa explicação.
______________________________________________________
José Olimpio Magalhães
______________________________________________________
Mariana Borges
96
ANEXO B - Termo de consentimento para os avaliadores que irão escutar e avaliar qual a
melhor emissão jornalística:
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Esse termo de consentimento pode conter palavras que você não entenda. Peça ao pesquisador
que explique as palavras ou informações não compreendidas completamente.
Introdução
Você está sendo convidado (a) a participar da pesquisa: “Estudo prosódico da leitura em voz
alta em contextos telejornalísticos”. Se decidir participar, é importante que leia estas
informações sobre o estudo e seu papel nesta pesquisa.
Você foi escolhido aleatoriamente e sua participação não é obrigatória. A qualquer momento
você pode desistir de participar e retirar seu consentimento. Sua recusa não trará nenhum
prejuízo em sua relação com os pesquisadores.
É preciso entender a natureza e os riscos da sua participação e dar o seu consentimento livre e
esclarecido por escrito.
Objetivo
O objetivo desse estudo é descrever as variações prosódicas e avaliar se os ouvintes expostos
correlacionam um padrão melódico como mais eficiente para transmitir a mensagem
telejornalística.
Procedimento do estudo
Se concordar em participar desse estudo você será solicitado a responder uma entrevista sobre
dados pessoais, como idade, escolaridade, ocupação e deverá escutar algumas reportagens e
dizer qual emissão é mais eficiente para transmitir a notícia, para constatarmos se os ouvintes
correlacionam padrões melódicos a diferentes situações telejornalísticas. Esta avaliação será
realizada oralmente, você deve escolher a primeira ou segunda emissão e justificar sua
escolha. O tempo calculado para a execução será de meia hora. Os pesquisadores irão lhe
orientar sobre a realização das tarefas e caso haja alguma dúvida, antes, durante ou depois da
avaliação, você poderá entrar em contato para melhor esclarecimento. As respostas presentes
na avaliação oral serão analisadas e computadas pelos pesquisadores sem que seus dados
sejam identificados.
Riscos e desconfortos
Essa pesquisa possui riscos e desconfortos mínimos.
Benefícios
A sua participação nessa pesquisa não terá custos para você. Através de informações sobre o
projeto de pesquisa que serão dadas pelos pesquisadores você conhecerá o assunto a ser
abordado, beneficiando-se de forma direta ou indireta.
A pesquisa poderá ou não trazer benefícios a você, mas as informações obtidas por meio
desse estudo poderão ser importantes para verificar experimentalmente hipóteses ainda não
97
testadas com falantes do Português Brasileiro.
Custos/Reembolso
Você não terá nenhum gasto e também não receberá pagamento pela sua participação nesse
estudo. Os questionários e gravações serão fornecidos pelos pesquisadores.
Responsabilidade
Efeitos ou comportamentos indesejáveis podem ocorrer, apesar de todos os cuidados
possíveis, e podem acontecer sem que seja culpa sua ou dos pesquisadores, porém, esse risco
é mínimo. O pesquisador se compromete em orientar-lhe e esclarecer qualquer dúvida que
tenha até o término do projeto.
Caráter Confidencial dos Registros
Você não será identificado quando o material for utilizado para fins de publicação científica.
Participação
A sua participação nessa pesquisa consistirá de um questionário inicial sobre seus dados
pessoais e outros dados relevantes para a pesquisa, em local já referido anteriormente.
É importante que você esteja consciente que a sua participação neste estudo de pesquisa é
completamente voluntária e de que você pode recusar-se a participar ou sair do estudo a
qualquer momento sem penalidades ou perda de benefícios aos quais você tenha direito de
outra forma. Em caso de você desistir, deverá notificar ao pesquisador que seja responsável
pelo seu caso. A recusa em participar ou a saída do estudo não influenciarão na relação dos
pesquisadores com você.
Para obter informações adicionais
Você receberá uma cópia deste termo onde constam o telefone e o endereço do pesquisador
principal, podendo tirar suas dúvidas sobre o projeto e a sua participação, agora ou a qualquer
momento.
Se você tiver perguntas com relação aos seus direitos como participante do estudo, você
também poderá contatar uma terceira pessoa, que não participa desta pesquisa, através do
Comitê de Ética em Pesquisa da UFMG, pelo telefone (31) 3499-4592 ou em seu endereço:
AV Antônio Carlos nº 6627 - Unidade Administrativa II sala 2005 - Campus Pampulha.
Declaração de Consentimento
Li ou alguém leu para mim as informações contidas neste documento antes de assinar este
termo de consentimento. Declaro que fui informado sobre os métodos e meios de realização
da pesquisa, as inconveniências, os riscos e benefícios.
Declaro que tive tempo suficiente para ler e entender as informações acima. Declaro também
que toda a linguagem técnica utilizada na descrição desse estudo de pesquisa foi
satisfatoriamente explicada e que recebi respostas para todas as minhas dúvidas. Confirmo
também que recebi uma cópia desse formulário de consentimento. Compreendo que sou livre
para me retirar do estudo em qualquer momento, sem perda de benefícios ou qualquer outra
penalidade.
98
Dou meu consentimento de livre e espontânea vontade e sem reservas para participar, como
paciente, deste estudo.
_____________________________________________________
Nome do Participante (letra de forma)
_____________________________________________________
Assinatura do Participante ou Responsável
Data _____________
Atesto que expliquei cuidadosamente a natureza e o objetivo deste estudo, os possíveis riscos
e benefícios da participação do mesmo, junto ao seu responsável. Acredito que o responsável
recebeu todas as informações necessárias, que foram fornecidas em uma linguagem adequada
e compreensível e que ela/ele compreendeu essa explicação.
_____________________________________________________
José Olimpio Magalhães
______________________________________________________
Mariana Borges
99
ANEXO C – Protocolo de Aprovação do COEP
100
ANEXO D – Transcrição da justificativa oral de ouvintes não-especializados
“Eu acho melhor o primeiro... Porque é mais agradável de escutar... O segundo tem um
impacto no começo”.
“Prefiro o segundo... o primeiro foi muito rápido”.
“A segunda... A primeira é muito mais aguda”.
“Prefiro a segunda... Na primeira ela varia muito”.
“Os dois são muito parecidos... Escolho o segundo porque o final ficou melhor... No primeiro
ele deu uma embolada”.
“A segunda... A entonação dela é mais agradável”.
“O primeiro... No segundo eu achei ele cansado... Parece que ele tava correndo”.
“A primeira é pior... Na segunda ele utiliza uma forma mais pausada pra falar”.
“A segunda é bem mais lenta... A primeira ela é mais rápida... Mas é nítida... Acho que dá pra
entender... Eu prefiro a primeira”.
“A primeira... Porque é mais natural”.
“A segunda... Ela é mais harmônica”.
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