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dos serviços devem reconhecer cada vez mais e refletir os custos
ambientais de sua produção, uso, reciclagem e detritos’ (BUSINESS
COUNCIL FOR SUSTAINABLE DEVELOPMENT, apud Welford, 1997, p.
29
73
).
Quer dizer, em primeiro lugar, que a sustentabilidade é mais cara, e o
consumidor deverá pagar por ela. Mais ainda, somente em caso de
incremento dos lucros haverá mudanças [...].
Em segundo lugar, os critérios ambientais deverão submeter-se à lógica do
mercado [...].
Savitz afirma que ao tentar-se levantar a história das empresas sustentáveis,
encontram-se casos
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esparsos e desconexos que descrevem os esforços
pioneiros de poucas organizações em áreas restritas (as iniciativas eram encaradas
de maneira isolada), o que explica o porquê da sustentabilidade ser mais um
discurso do que uma prática
76
.
De acordo com Savitz (2007, p. 96), existem dois tipos básicos de reação
contra a sustentabilidade empresarial, a dos cínicos e a dos céticos.
Os “cínicos”, simpatizantes de ideologias de esquerda, tratam a
sustentabilidade como ferramenta de publicidade ou de relações públicas, ou seja,
73
WELFORD, Richard. Corporate environmental management: culture and organization. London:
Earthscan, 1997.
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A DuPont, há mais de duzentos anos, era fabricante de explosivos, e desde o início de suas
atividades se preocupava com a segurança dos trabalhadores e da comunidade em relação às
explosões. Entretanto, a preocupação efetiva com o meio ambiente é recente, e a empresa foi
responsável por mais de duzentas e cinqüenta áreas contaminadas por resíduos perigosos (gastou
US$ 1,2 bilhão para a limpeza) (SAVITZ, 2007, p. 48).
75
A Ford Motor Company teria sido a pioneira no aspecto da sustentabilidade com relação aos
benefícios econômicos para os trabalhadores e para a comunidade. Em 1913, pagava cinco dólares
por dia, no mínimo, para os trabalhadores, quando o salário praticado era de quinze centavos de
dólar por dia. O entendimento era de que “todos que trabalham na Ford devem ser capazes de
comprar o produto que produzem”. Entretanto, lembra Savitz (2007, p. 48-49) que durante a Grande
Depressão (1929), a empresa contratou brutamontes para surrar trabalhadores em greve e recorreu a
grandes demissões em massa para reduzir os custos de pessoal.
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O Grupo Ibope divulgou em São Paulo, durante o II Fórum Ibope - Negócios Sustentáveis, a
pesquisa “Sustentabilidade: Hoje ou Amanhã?”. Esta analisou, entre outras questões, a opinião da
comunidade empresarial brasileira através de entrevistas com quinhentos e trinta e sete executivos,
de trezentas e oitenta e uma grandes empresas nacionais (áreas de serviços, indústria, comércio e
administração pública). A grande maioria dos executivos entrevistados afirmou já ter ouvido falar de
sustentabilidade empresarial, e para estes, ela significa ter responsabilidade social (59%), preservar o
meio ambiente (58%), ter uma boa gestão (45%), e gerenciar bem os recursos humanos (42%)
(GRUPO IBOPE, 2007, p. 06).
Na caracterização de suas empresas, os principais aspectos indicados pelos entrevistados foram a
ética (80%), o cumprimento de leis pagando impostos (78%), o respeito aos clientes (73%), o
cumprimento de leis trabalhistas (72%), ter boa reputação (69%), ter sucesso a longo prazo (69%), e
respeitar os consumidores (64%) e os fornecedores (61%) (GRUPO IBOPE, 2007, p. 09).
A pesquisa do Grupo Ibope (2007, p. 20) identificou que o tema da sustentabilidade nos últimos anos
ganhou maior projeção, mas não mudou a expectativa de investimentos nas empresas para 2007,
que continuam mais voltados para a atualização tecnológica e introdução de novos produtos e
serviços. Entretanto, é preciso reconhecer um avanço, pois em análise comparativa com o ano de
2005, nem constava no quadro de respostas de investimentos o item de preservação ambiental, e em
2007, ele teve uma indicação percentual de 25% (vinte e cinco por cento).