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RENATO MIOTTO PALO
PENETRAÇÃO DE PERÓXIDO DA CÂMARA PULPAR PARA A
SUPERFÍCIE RADICULAR EXTERNA APÓS CLAREAMENTO INTERNO
Dissertação apresentada à Faculdade de
Odontologia de São José dos Campos
Universidade Estadual Paulista, como
parte dos requisitos para obtenção do
título de MESTRE, pelo Programa de
Pós-Graduação em ODONTOLOGIA
RESTAURADORA, Especialidade em
Endodontia.
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RENATO MIOTTO PALO
PENETRAÇÃO DE PERÓXIDO DA CÂMARA PULPAR PARA A
SUPERFÍCIE RADICULAR EXTERNA APÓS CLAREAMENTO INTERNO
Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia de São José dos
Campos Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para
obtenção do título de MESTRE, pelo Programa de Pós-Graduação em
ODONTOLOGIA RESTAURADORA, Especialidade em Endodontia.
Orientadora Prof
a
Adjunta Márcia Carneiro Valera
São José dos Campos
2005
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Apresentação gráfica e normalização de acordo com:
BELLINI, A. B.; SILVA, E. A. Manual para elaboração de monografias:
estrutura do trabalho cientifico. São José dos Campos: FOSJC/UNESP,
2002. 82p.
PALO, R. M. Penetração de peróxido da câmara pulpar para a superfície
radicular externa após clareamento interno. 2005. 118f. Dissertação
(Mestrado em Odontologia Restauradora, Especialidade em Endodontia)
Faculdade de Odontologia de São José dos Campos, Universidade Estadual
Paulista, São José dos Campos, 2005.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais Belso e Marisa que
fizeram de tudo para que eu pudesse ter uma boa educação. Tenho ciência
das dificuldades atravessadas, mas sempre colocaram a formação acima de
tudo. Esta é mais uma forma de dizer “muito obrigado” pelo esforço
dispensado para que eu tivesse uma profissão.
E aos meus irmãos Fábio e Thiago, por sempre poder
contar com vocês.
Agradeço a DEUS por tê-los como minha família.
Amo vocês.
Dedico ainda este trabalho a minha amiga, amante,
namorada, esposa e companheira Paula Regina Oliveira de Carvalho que
sempre me apoiou em todos os projetos da minha vida.
Gostaria de agradecê-la pelo esforço, paciência e
compreensão por esta fase em que voltamos a ser estudante.
Assim gostaria de dizer obrigado por permitir que eu faça
parte da sua vida e obrigado por deixar eu te amar!
Amo você.
AGRADECIMENTO ESPECIAL
Agradeço a minha orientadora Profa. Dra. Márcia Carneiro
Valera pela paciência e persistência em me orientar neste trabalho.
A sua postura correta como professora, orientadora e
principalmente como ser humano me fez enxergar os valores da profissão e
da conduta profissional com outros olhos.
Agradeço não somente por ter me orientado, mas por ter me
conduzido para o término desta dissertação.
Obrigado de todo o meu coração por tudo que tem feito por
mim.
Obrigado por ter sido minha orientadora.
AGRADECIMENTOS
Ao Dr. Clóvis Pagani, coordenador do programa de Pós-
Graduação em Odontologia Restauradora, muito obrigado por ter sido meu
amigo durante o curso, principalmente nas horas que cometi erros e
precisava de apoio.
Obrigado pela sua amizade.
Aos meus eternos amigos Celso Kenji Nishiyama e Renato
de Toledo Leonardo, obrigado por terem me feito um endodontista e um
professor de endodontia. Tudo que eu construí nesta profissão deve às
oportunidades que vocês me proporcionaram.
Podem sempre contar comigo.
Ao meu tio Fernando, tudo o que progredi neste caminho
profissional foi seguindo teus passos. Sempre nos espelhamos em alguém
que beira à perfeição profissional, e é isso que sempre enxerguei em você.
Obrigado por ser meu guia.
AGRADECIMENTOS
Ao Emanuel e Emanuelzinho, obrigado pela paciência das
muitas vezes que atrapalhei o convívio da casa de vocês.
Ao meu grande amigo Carlos Alberto de Oliveira Battaglini,
pelo companheirismo de sempre e por ter ficado no meu lugar nos dias em
que me ausentei.
Agradeço a minha tia Cynthia e minha prima Ana Laura por
terem me apoiado nesta fase.
Às minhas avós Nadyr e Mercedes pela compreensão da
minha ausência.
Agradeço ainda ao Augusto, Célia, Marcelo, Martinez, João
Marcelo, Luiza e principalmente à Dona Nilza, obrigado por permitirem que
eu faça parte desta família.
Agradeço aos meus companheiros de trabalho Marcelo,
Keko, Manoela, Rogério e Érika por agüentarem minhas faltas nesta época.
Aos amigos que sempre confiaram no meu trabalho Claudia,
Maria Silvia, Roberta, Amanda, Rodrigo, Dr. Francisco entre outros, obrigado
pela compreensão nesta época.
Aos alunos de especialização em endodontia da Abeno,
Rodrigo, Andressa, Andressa, Alessandra, Raphaela, Daniela, Fernanda,
Flávia, Flávia, Vanessa, Rosa e Vanessa, obrigado pela compreensão das
minhas ausências.
Aos funcionários da Abeno, obrigado pela ajuda nos
momentos em que precisei.
Aos queridos amigos Simone e Edu, obrigado por serem
amigos tão especiais.
Aos eternos irmãos Marcelo, Xã, Miltinho, Petroni, Bufano,
Abdalla e Luiz, obrigado pela amizade de vocês e por estarem sempre por
perto.
Ao Michel, Fernanda e pequena Sophie, obrigado por tudo
que fazem por nós.
Aos sempre presentes Cacá e Renatinha, vocês são muito
importantes para nós.
Agradeço a Andressa Dimes pela ajuda na confecção dos
reservatórios.
Em especial, as minhas amigas Thais, Samira, Márcia
Maciel e Mariana Pretti por terem me ajudado em fases fundamentais para a
conclusão deste trabalho. Admiro suas capacidades e agradeço toda a
ajuda.
Aos amigos de mestrado Andressa, Carol, Cristiane,
Janaina, Leily, Lia, Maristela, Paula, Patrícia Itocazo, Patrícia Marra, Rodrigo,
Tereza e Valdeci, obrigado pelo apoio.
Aos professores da disciplina de endodontia, Márcia, Carlos
Henrique, Alberto, Ana Paula e Cláudio, obrigado pela ajuda de sempre.
Aos professores Nadir e Ivan obrigado pelo apoio
incondicional que me deram.
Aos demais funcionários da Unesp – SJC, muito obrigado.
Obrigado DEUS,
Por sua infinita bondade e sempre escutar as nossas preces.
E a todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização desta
pesquisa.
MEUS SINCEROS AGRADECIMENTOS
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS......................................................................................11
LISTA DE TABELAS......................................................................................15
LISTA DE QUADROS....................................................................................16
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS.........................................................17
RESUMO........................................................................................................19
1 INTRODUÇÃO............................................................................................20
2 REVISÃO DA LITERATURA.......................................................................23
2.1 Permeabilidade das estruturas dentárias.................................................24
2.2 Ação dos agentes clareadores sobre os tecidos dentários......................36
2.2.1 Açao sobre o conjuntivo pulpar.............................................................36
2.2.2 Efeito sobre esmalte, dentina e cemento..............................................40
2.3 Junção Amelo-Cementária.......................................................................45
2.4 Atividade enzimática dos tecidos.............................................................47
2.5 Substrato bovino......................................................................................51
3 PROPOSIÇÃO............................................................................................60
4 MATERIAL E MÉTODO..............................................................................61
4.1 Padronização do peróxido de hidrogênio.................................................61
4.1.1 Preparo das soluções............................................................................62
4.1.2 Titulação................................................................................................63
4.2 Levantamento da curva padrão de peróxido de hidrogênio.....................64
4.2.1 Mensuração da absorbância.................................................................67
4.3 Seleção, armazenamento e preparo dos dentes......................................75
4.4 Confecção dos reservatórios individuais..................................................76
4.5 Aplicação dos agentes de clareadores.....................................................78
4.6 Quantificação do peróxido no interior da câmara pulpar..........................81
4.7 Análise estatística.....................................................................................82
4.8 Análise complementar por microscopia eletrônica de
varredura da junção amelo-cementária..........................................................82
5 RESULTADOS............................................................................................84
5.1 Dos valores de absorbância – penetração de peróxido...........................84
5.2 Análise complementar, por microscopia eletrônica de
varredura da junção amelo-cementária................................................... ......89
6 DISCUSSÃO...............................................................................................96
6.1 Da metodologia........................................................................................96
6.2 Dos resultados........................................................................................102
7 CONCLUSÃO............................................................................................108
8 REFERÊNCIAS.........................................................................................109
ANEXOS.......................................................................................................117
ABSTRACT..................................................................................................118
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - Fórmula das reações ocorridas durante a
iodometria................................................................
61
FIGURA 2 - Fórmula do cálculo para encontrar a concentração
da solução de peróxido de hidrogênio em g/l.
Sendo: A = volume de tiossulfato de sódio gasto
na titulação da amostra; B = volume de tiossulfato
de sódio gasto na titulação do branco; C =
concentração da solução de peróxido de
hidrogênio; V = volume da amostra de peróxido de
hidrogênio pipetada para diluição, em ml................
63
FIGURA 3 - Fórmula para a obtenção das soluções diluídas de
peróxido de hidrogênio. Sendo: Ci = concentração
inicial da solução de partida; Vi = volume inicial
desta solução, que é a incógnita da equação; Cf =
concentração final que se deseja obter; Vf =
volume final desejado..............................................
65
FIGURA 4 - Fórmula utilizada para preparar 100ml da solução
de peróxido de hidrogênio em uma concentração
de 5000 µg/ml..........................................................
66
FIGURA 5 - Fórmula utilizada para conhecer o volume
necessário de peróxido de hidrogênio para
preparar 100ml de solução......................................
66
FIGURA 6 - Fórmula aplicada para diluir a solução em 100X.....
67
FIGURA 7 - Fórmula utilizada para conseguir as
concentrações referentes aos pontos de
mensuração.............................................................
68
FIGURA 8 - Aparatos utilizados para medida da densidade
óptica das soluções: a) cubetas de vidro do
espectrofotômetro; b) vista do espectrofotômetro;
c) aparência das soluções nas sucessivas
concentrações a serem mensuradas pelo
espectrofotômetro; d) imagem da tela do
espectrofotômetro com os valores das
absorbâncias...........................................................
70
FIGURA 9 - Gráfico da regressão linear dos pontos de
absorbância das concentrações utilizadas no
quadro 2..................................................................
72
FIGURA 10 - Fórmula utilizada para se obter o fator de
calibração (Fc), que corresponde à razão entre a
concentração da solução padrão de peróxido de
hidrogênio e sua respectiva absorbância................
73
FIGURA 11 - Fórmula da equação utilizada para conhecer a
concentração da amostra a partir da mensuração
da absorbância........................................................
74
FIGURA 12 - Seqüência da confecção dos reservatórios
individuais: a) espécime após corte radicular e
selamento; b) alívio em cera para construção do
reservatório individual; c) figura esquemática do
espaço para a solução tampão; d) imagem interna
do reservatório; e) imagem do modelo
experimental...........................................................
77
FIGURA 13 - Modelo experimental utilizado: a) dente
posicionado no reservatório; b) detalhamento
externo das partes constituintes do
espécime.................................................................
80
FIGURA 14 - Fórmula utilizada para calcular quantidade de
peróxido de cada espécime.....................................
81
FIGURA 15 - Preparo dos espécimes para MEV: a) adaptação
das peças dentinárias para metalização; b) peças
dentinárias metalizadas com ouro; c) conjunto
adaptado dentro do microscópio eletrônico de
varredura; d) imagem do microscópio eletrônico de
varredura............................................................
83
FIGURA 16 - Esquema gráfico da penetração de peróxido em
μg/ml........................................................................
86
FIGURA 17 - Imagem mostrando cemento (c) recobrindo o
esmalte (e) e a seta indica a área da junção
amelo-cementária (jac)............................................
90
FIGURA 18 - Imagem mostrando cemento (c) recobrindo o
esmalte (e) e a seta indica a área da junção
amelo-cementária (jac)............................................
91
FIGURA 19 - Imagem mostrando cemento (c) recobrindo o
esmalte (e) e a seta indica a área da junção
amelo-cementária (jac)............................................
92
FIGURA 20 - Imagem mostrando justaposição entre o cemento
(c) e o esmalte (e) e a seta indica a área da junção
amelo-cementária (jac)............................................
93
FIGURA 21 - Imagem mostrando justaposição entre o cemento
(c) e o esmalte (e) e a seta indica a área da junção
amelo-cementária (jac)............................................
94
FIGURA 22 - Imagem mostrando justaposição entre o cemento
(c) e o esmalte (e) e a seta indica a área da
junção amelo-cementaria (jac)...............................
95
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Valores de absorbância obtidos no
espectrofotômetro. PH = peróxido de hidrogênio
35%; PC = peróxido de carbamida 35%; PS =
perborato de sódio...................................................
84
Tabela 2 - Quantidade de peróxido (em μg/ml) que penetrou
para a superfície externa nos espécimes dos
grupos avaliados. PH = peróxido de hidrogênio
35%; PC = peróxido de carbamida 35%; PS =
perborato de sódio...................................................
85
Tabela 3 - Resultado do teste de Dunnett (5%) ao comparar
o grupo controle com os grupos experimentais. PH
= peróxido de hidrogênio 35%; PC = peróxido de
carbamida 35%; PS = perborato de sódio...............
87
Tabela 4 - ANOVA (1 fator) para os dados de concentração
segundo os grupos..................................................
87
Tabela 5 - Resultado do teste de Tukey (5%) para os valores
médios dos grupos..................................................
88
Tabela 6 - Formação de grupos homogêneos após a
aplicação do teste de Tukey (5%)...........................
88
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Soluções padrões utilizadas no levantamento da
curva padrão............................................................
69
Quadro 2 - Valores da absorbância das diferentes
concentrações das soluções de peróxido de
hidrogênio................................................................
71
Quadro 3 - Materiais clareadores utilizados com suas
procedências...........................................................
79
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
mmol/l – milimolar por litro
cps – cápsulas
JAC = junção amelo-cementária
psi – pound square inch
[(NH
4
)Mo
7
O
24
4H
2
O] - molibdato de amônio tetrahidratado
Abs – absorbância
c – cemento
cf = concentração final da solução
ci = concentração inicial da solução de partida
e – esmalte
Fc – fator de calibração
g/l – grama por litro
H
2
O
2 -
solução de peróxido de hidrogênio
H
2
SO
4 -
ácido sulfúrico
HCl - ácido clorídrico
I – iodo
jac – junção amelo-cementária
K – potassio
KI - iodeto de potássio
M – molar
mg – miligrama
mg/ml – miligrama por mililitro
ml – mililitro
mm – milímetro
N – normal
Na
2
S
2
O
3 -
tiossulfato de sódio
nm – nanometro
p.a. – pró analise
PC – peróxido de carbamida
PH – peróxido de hidrogênio
PS – perborato de sódio
tg θ – tangente do ângulo teta
vf = volume final da solução
vi = volume inicial desta solução
μg – micrograma
μg/ml – micrograma por mililitro
μl – microlitro
v/v – volume por volume
PALO, R. M. Penetração de peróxido da câmara pulpar para a superfície
radicular externa após clareamento interno. 2005. 118f. Dissertação
(Mestrado em Odontologia Restauradora, Especialidade em Endodontia)
Faculdade de Odontologia de São José dos Campos, Universidade Estadual
Paulista, São José dos Campos, 2005.
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi avaliar a quantidade de peróxido que penetra da
câmara pulpar para a superfície radicular externa durante o clareamento interno.
Foram utilizados incisivos bovinos extraídos que receberam aberturas coronárias, as
raízes foram cortadas a 5mm da junção amelo-cementária e foi realizado um
tampão de 2mm de ionômero de vidro selando a entrada do canal. A extremidade
apical dos espécimes foi isolada externamente com resina composta fotoativada. Os
dentes foram divididos em 5 grupos experimentais e um grupo controle, com 12
espécimes cada. G1 – dentes clareados com peróxido de hidrogênio 35% (PH); G2
– dentes clareados com peróxido de carbamida 35% (PC); G3 – dentes clareados
com perborato de sódio (PS) + água destilada; G4 – dentes clareados com a
associação de PH + PS; G5 – dentes clareados com a associação de PC + PS; e
Grupo Controle: câmara pulpar com água deionizada. Cada dente foi colocado no
interior de reservatórios individuais com 700μl de solução tampão de acetato 2M
(pH 4,5). Após 7 dias a 37±1ºC a solução foi transferida para um tubo de ensaio
onde foram adicionados 100μl do corante violeta leucocristal e 50 μl de peroxidase,
resultando em uma solução de coloração azul. A mensuração da absorbância foi
feita em um espectrofotômetro e convertida em μg/ml de peróxido. Para avaliar se
houve diferença entre os grupos experimentais e controle, realizou-se o teste de
Dunnett e os resultados mostraram que todos os grupos experimentais foram
diferentes do controle. (p = 0,0001 < 0,05), verificou-se ainda que os grupos PC +
PS apresentou a maior penetração de peróxido e foi significantemente maior do que
os grupos PC e PS + água destilada que apresentaram os menores valores de
penetração de peróxido e não diferem entre si (p< 0,05).
PALAVRAS-CHAVE: Clareamento de dente; materiais dentários; peróxido de
hidrogênio; cavidade polpa dentária; endodontia; animal; in vitro.
1 INTRODUÇÃO
No mundo atual a imagem corporal ganhou importância
significativa no mercado de trabalho. Um sorriso harmônico e de aparência
natural, torna-se vitrine pessoal, favorecendo a busca por dentes brancos.
Para isto, o clareamento dental é uma opção de tratamento bastante utilizada
porque oferece harmonia de cor aos dentes, um componente essencial da
estética.
O clareamento dentário deve anteceder os procedimentos
estéticos restauradores, pois permite a preservação da estrutura dental
original, dispensando intervenções restauradoras invasivas para correção
das alterações de cor (LEONARDO
30
, 2005). Nos casos em que a
modificação de cor não é satisfatória, o clareamento dentário pode também
ser utilizado em associação a tratamentos restauradores adesivos, facetas
laminadas de porcelana, tratamentos protéticos, dentre outras terapias, para
se obter harmonia completa do sorriso (FEINMAN
16
, 1999). As indicações
para se utilizar o procedimento clareador estão associadas à existência de
alterações cromáticas da estrutura dentaria tanto em dentes tratados
endodonticamente como em dentes com vitalidade do tecido pulpar. Estudos
mostraram que o clareamento é eficaz no tratamento de fluorose,
manchamento por tetraciclina, pigmentação intrínseca ou extrínseca
adquiridas durante o envelhecimento ou ainda em escurecimentos
provocados pela terapia endodôntica (GOLDSTEIN & GARBER
20
, 1995;
MATIS et al.
33
, 2000; FEINMAN
16
, 1999).
Para o tratamento de dentes tratados endodonticamente,
pode-se utilizar como agente clareador o perborato de sódio associado à
água destilada ou soro fisiológico, ou associado com peróxido de hidrogênio
30% (BARATIERI et al.
3
, 1993). Com o advento dos géis, tanto os peróxidos
de hidrogênio como carbamida são fabricados nesta forma de apresentação
em diversas concentrações. Assim os materiais clareadores hoje disponíveis
no mercado para o clareamento de dentes despolpados são os peróxidos de
hidrogênio e carbamida, e o perborato de sódio. Estes possuem mecanismos
de ação semelhantes, pois tanto o peróxido de carbamida como o perborato
de sódio se degradam em peróxido de hidrogênio (HAYWOOD et al.
23
,
1990), que por sua vez, se decompõe em água e oxigênio nascente.
Para o material clareador conseguir remover manchas
intrínsecas, ele deve penetrar no interior do esmalte e dentina (McEVOY
34
,
1989). No interior das estruturas mineralizadas, o clareamento ocorre através
de uma reação de oxi-redução, em que compostos com anéis de carbono
altamente pigmentados são abertos e convertidos em cadeias mais claras na
cor, tendo como subprodutos dióxido de carbono e água (BARATIERI et al.
3
,
1993).
A passagem de íons pela estrutura dentaria caracterizada
como permeabilidade da mesma tem sido documentada na literatura. Em
1950 Wainwright & Lemoine
66
verificaram a penetração de isótopos
radioativos para o interior do esmalte e dentina. Outros autores observaram
que o material clareador passa pela estrutura dentaria e que após o
procedimento clareador a permeabilidade dentinária se mostra aumentada
(SIMON et al.
58
, 1981; DEZOTTI et al.
15
, 2002).
Os efeitos da passagem do peróxido de hidrogênio colocado
no interior da câmara pulpar para a superfície externa radicular são
discutíveis. Autores relacionam o peróxido de hidrogênio 30% e o perborato
de sódio como os agentes clareadores mais utilizados na prática
odontológica, e freqüentemente relacionados com o desenvolvimento de
reabsorções cervicais externas (DEZOTTI et al.
15
, 2002). Esta relação ocorre
devido ao fato do peróxido de hidrogênio e outros radicais de oxigênio
causarem destruição celular e tecidual, (HALLIWEL & GUTTERIDGE
21
,
1984; RAMP et al.
43
, 1987) além de sérios danos ao fibroblasto humano
(SIMON et al.
58
, 1981).
De acordo com a constatação de Marshall et al.
32
em 1960,
a região cervical das raízes apresenta maior permeabilidade em comparação
aos terços médio e apical. Assim, são utilizadas técnicas para evitar que
subprodutos do peróxido de hidrogênio, colocado na câmara pulpar durante
as técnicas de clareamento, atinjam a superfície externa do dente e
conseqüentemente o periodonto lateral cervical. Dentre elas, utilizam-se
tampões cervicais ou bases protetoras colocadas na superfície interna da
dentina radicular que podem reduzir a ocorrência de reabsorção cervical
externa, uma vez que impedem a infiltração de materiais clareadores da
câmara pulpar para a superfície externa radicular (FRIEDMAN et al.
17
, 1988;
ROTSTEIN et al.
48
, 1991).
Este trabalho foi desenvolvido buscando quantificar o
peróxido de hidrogênio que penetra na região cervical durante o
procedimento clareador de dentes tratados endodonticamente.
2 REVISÃO DA LITERATURA
Avaliando a situação clínica atual do clareamento, Hirata et
al.
27
(1997) relembram que a técnica de clareamento dental é conhecida pela
humanidade desde o Egito antigo onde se misturavam abrasivos ao vinagre
para clarear os dentes. Outros produtos como o ácido oxálico, ácido
clorídrico isolado ou associado ao éter, foram posteriormente utilizados.
Atualmente, emprega-se o peróxido de hidrogênio e de carbamida para o
tratamento clareador, principalmente na forma de gel, que oferece melhor
controle clínico quando comparado às soluções. Dentre os agentes
clareadores mais freqüentemente utilizados, o peróxido de carbamida
apresenta menor potencial cáustico quando comparado ao peróxido de
hidrogênio. O mecanismo de ação dos agentes clareadores é baseado no
processo de oxi-redução. Durante este processo existe a formação de íons
reativos que promovem a oxidação das manchas; as macromoléculas das
manchas dentárias são oxidadas, com uma posterior quebra em estruturas
menores e difusão em direção à superfície, o que proporciona o clareamento.
Quando o platô máximo de clareamento é atingido, não existe continuidade
na modificação de cor, fazendo com que o uso insistente de produtos
clareadores resuma-se apenas às perdas minerais e agressões periodontais.
Neste capítulo foram abordados aspectos relacionados à
metodologia deste trabalho, como a permeabilidade das estruturas dentárias,
o efeito dos agentes clareadores sobre os tecidos dentários, a pesquisa em
dentes bovinos e a atividade enzimática dos tecidos frente à exposição ao
peróxido de hidrogênio também foram relatados.
2.1 Permeabilidade das estruturas dentárias
A permeabilidade das estruturas dentárias vem sendo
pesquisada desde a década de 50, quando Wainwright & Lemoine
67
avaliaram a penetração de uréia marcada com carbono 14 através do
esmalte humano. Dentes hígidos e recém extraídos receberam profilaxia,
foram lavados, secos e posteriormente expostos à solução radioativa durante
cinco minutos. Em seguida, os dentes permaneceram à temperatura
ambiente e umidade relativa de 20% durante períodos de tempo variáveis de
15 minutos à 17,5 horas para secagem. Os dentes foram então incluídos em
um plástico incolor, sendo as coroas seccionadas após 24 horas, tanto
transversalmente como longitudinalmente. A radioatividade de cada corpo-
de-prova foi mensurada através de um traçador acoplado a um aparelho que
registrou a atividade dos cortes avaliados. Foi conduzida ainda uma análise
por meio de radioautografias. Os autores observaram penetração difusa da
uréia, tanto através do esmalte intacto como pelo interior de fendas e lesões
cariosas. Na maioria dos dentes houve penetração de uréia de 1,0 a 1,4mm
em profundidade, sendo a maior penetração observada nos dentes
posteriores, principalmente terceiros molares. Dos 14 dentes examinados,
três mostraram penetração da uréia para o interior da câmara pulpar, sendo
a contagem da atividade radioativa nos corpos-de-prova correspondentes a
um total de 0,2µg de uréia sobre toda a superfície da amostra. Os autores
concluíram que a superfície dentária é permeável a substâncias de baixo
peso molecular, sendo a maior penetração dos isótopos radioativos em
dentina verificada próximo à junção amelo-cementária e ao redor de fissuras
oclusais.
Outhwaite et al.
42
(1976) pesquisaram as mudanças na área
de superfície, espessura, temperatura e o tempo pos-extração na
permeabilidade da dentina humana. Foram utilizados terceiros molares que
ainda não tinham erupcionado foram extraídos de jovens com idade media
de 21. Os dentes foram mantidos em tampão de fosfato a 10ºC ate o
momento de serem seccionados. As secções começaram pelo desgaste da
superfície oclusal até que todo o esmalte fosse removido. Em seguida discos
foram feitos, acompanhando o paralelismo da superfície oclusal, de 1mm de
espessura, tomando o cuidado de não apresentarem cornos pulpares. Vinte
e nove discos de dentina com estas características foram usados. A
impregnação em iodeto foi realizada da face mais próxima do esmalte para a
face mais próxima a polpa, dos discos de dentina seccionados. Avaliaram a
movimentação do I125 pela dentina. Concluíram que o aumento da área da
superfície dentinária exposta e a redução da espessura dentinária favorece a
permeabilidade.
Na medida em que novas modificações foram introduzidas
na técnica de clareamento dental, a penetração de outros agentes
clareadores para o interior da câmara pulpar passou a ser investigada.
Bowles & Ugwuneri
8
, em 1987, quantificaram o peróxido de hidrogênio que
penetra para o interior da câmara pulpar a partir de soluções clareadoras de
diferentes concentrações. Utilizaram dentes humanos anteriores, cujas raízes
foram seccionadas e o tecido pulpar coronário foi eliminado, para que a
câmara pulpar pudesse ser preenchida com tampão acetato. Em seguida, os
dentes foram expostos em soluções de peróxido de hidrogênio 1%, 10% e
30% durante 15 minutos a 37ºC, sendo o grupo controle exposto à água
destilada. Paralelamente, dois outros grupos foram expostos ao peróxido de
hidrogênio 10%, um deles a 37ºC e outro a 50ºC, para testar a influência do
calor na penetração do agente. Após o tempo de exposição determinado, a
solução tampão foi removida do interior da câmara pulpar para reagir em um
tubo de ensaio com peroxidase e corante violeta leucocristal. Os valores de
densidade óptica das soluções foram mensurados em espectrofotômetro,
sob um comprimento de onda de 596nm, e posteriormente comparados a
uma curva padrão de peróxido de hidrogênio, levantada a partir de
concentrações conhecidas de peróxido correspondentes a valores
específicos de absorbância. Os maiores valores de penetração puderam ser
observados em amostras tratadas com peróxido de hidrogênio 30%
(25,4±8,5µg), seguidos do peróxido de hidrogênio 10% (5,8±2,6µg)e peróxido
de hidrogênio 1% (1,8±1,7µg). Nas amostras tratadas com peróxido de
hidrogênio 10% e calor (25,5±9,3µg), a quantidade de peróxido encontrada
no interior da câmara foi equivalente àquela observada nas amostras
tratadas com peróxido de hidrogênio 30%. Os autores concluíram que a
penetração de peróxido de hidrogênio para o interior da câmara pulpar é
estatisticamente significante, estando principalmente relacionada à
concentração da solução aplicada e à temperatura de aplicação.
Fuss et al.
19
em 1989, avaliaram a permeabilidade dos
túbulos dentinários pela ação do hidróxido de cálcio e de agentes
clareadores. Utilizaram trinta dentes humanos intactos, que após preparo até
lima #40 sob irrigação com soro fisiológico e condicionamento ácido foram
divididos em três grupos. O primeiro grupo recebeu em seu canal radicular
uma mistura de perborato de sódio com peróxido de hidrogênio a 30%; no
segundo grupo uma pasta de hidróxido de cálcio associado à água destilada
e no terceiro grupo foi colocada uma bolinha de algodão. A superfície externa
foi isolada com parafina exceto o terço coronário das raízes. As amostras
foram colocadas imersas em água destilada com pH = 7, através de um
medidor de pH digital. Mensurações foram feitas 1h e 3dias após. As
soluções de água destilada foram então trocadas e novas mensurações
foram feitas após dez dias. Depois da mensuração final, os selamentos
coronários foram removidos e os dentes foram imersos em novas soluções
de água destilada para mensuração do material remanescente no interior dos
canais. Os resultados mostraram que após 1h, três e dez dias o pH da
solução do meio externo dos dentes que continham a pasta de hidróxido de
cálcio não mudou e da solução dos dentes que continham o agente clareador
mudou para 7,9; 9,0 e 8,3 respectivamente. Após remoção do selamento
coronário, o pH externo da solução foi para 10,5 no grupo que continha
hidróxido de cálcio e 7,1 para o grupo do agente clareador. Os autores
concluíram que os agentes clareadores possuem a capacidade de passar
pelos túbulos dentinários, nas áreas de lacking cementum chegando à
superfície externa radicular.
A permeabilidade da dentina bovina foi avaliada por Tagami
et al.
62
(1989), que utilizaram incisivos inferiores bovinos, que tiveram suas
raízes removidas no nível da junção amelo-cementaria e as coroas
cimentadas em cilindros plásticos. As coroas após cimentadas receberam um
primeiro corte no esmalte vestibular, sentido inciso-apical, mantendo a junção
amelo-cementaria intacta; um segundo corte foi realizado, paralelo ao
primeiro corte, mantendo a parede pulpar intacta. Nestes discos dentinários
foram realizados os testes de permeabilidade. Os discos foram padronizados
e tratados com EDTA 0,5M por 2 min e lixados para remoção do smear layer.
A permeabilidade foi mensurada pela passagem de fosfato tamponado sob
pressão de nitrogênio a 10 psi. Os autores concluíram que a permeabilidade
da dentina coronária de incisivos bovinos é similar a da dentina radicular
humana e menor de 6 a 8 vezes que a dentina coronária de terceiros
molares humanos não erupcionados.
Dezotti et al.
16
em 2002, avaliaram a variação de pH e da
permeabilidade da dentina cervical em dentes submetidos ao tratamento
clareador. Foram utilizados 34 dentes incisivos recém extraídos, que
receberam tratamento endodôntico e obturação usando Sealer 26. Os dentes
foram divididos em quatro grupos: G1- 9 dentes tiveram o corte da obturação
2mm abaixo da JAC vestibular; G2- 9 dentes tiveram o corte da obturação
até o nível da JAC vestibular; G3- 8 dentes tiveram o corte da obturação
2mm abaixo da JAC vestibular e esta foi selada com cimento ionômero de
vidro Vitrebond 3M; G4- 9 dentes serviram como grupo controle (não
receberam material clareador). No interior de cada câmara coronária foi
colocada uma pasta de perborato de sódio (2g) e peróxido de hidrogênio a
30% (1 ml) e esta selada com resina composta Herculite. Os dentes
receberam impermeabilizações com esmalte de unhas, com excessão dos
4mm próximos a JAC. Os dentes foram imersos em água destilada pH 5,6.
As leituras de pH na solução foram feitas aos 30 min, 24h, 48h e 72h após a
colocação do curativo. Após lavagem os dentes foram secos incluídos em
resina, cortados no sentido vestíbulo-lingual e avaliados. Os autores
observaram que o material clareador passa pela estrutura dentaria e após o
procedimento clareador a permeabilidade dentinária se mostra aumentada.
Rotstein
46
em 1991, durante o clareamento in vitro,
quantificou a penetração de peróxido de hidrogênio 30% através dentina e
cemento. Vinte e dois premolares humanos hígidos, recém extraídos
receberam tratamento endodôntico com obturação através da técnica da
condensação lateral de guta-percha e cimento AH 26. O corte do material
obturador foi realizado a 3mm abaixo da JAC e defeitos artificiais, com
brocas esféricas carbide em baixa rotação, foram construídos nas quatro
faces desta junção, deixando os túbulos dentinários expostos, simulando as
irregularidades da região. Cada dente foi acondicionado em um modelo de
estudo, onde os mesmos ficavam imersos em uma solução de água
destilada, incluindo a junção amelo-cementária, deixando somente a coroa
para fora. 20µl de H
2
O
2
30% foram colocados dentro das câmaras coronárias
e de acordo com a técnica termo catalítica e os dentes foram submetidos a
15 ciclos de 1 minuto com uma lâmpada de 1000W a uma distância de 50cm.
O intervalo entre cada ciclo foi de 30s. Após isso 0,5ml da solução ao redor
dos dentes foi misturada com soluções químicas que em contato com o H
2
O
2
mudam de cor. Assim através de um espectrofotômetro pode-se medir a
quantidade de H
2
O
2
liberado. Os resultados mostraram que em todos os
casos houve escape de H
2
O
2,
variando de 3 a 83,348 nmol.
Rotstein et al.
49
em 1991 reportaram os efeitos dos defeitos
cementários na penetração de peróxido de hidrogênio 30% durante o
clareamento interno. Utilizaram 36 premolares humanos recém extraídos,
dos quais seis serviram como grupo controle e trinta como grupos
experimentais. Os dentes foram tratados endodonticamente e obturados. O
corte da guta-percha foi realizado a 3mm da junção amelo-cementaria e os
dentes divididos em 3 grupos: GA – dentes sem defeitos; GB - dentes com
defeitos no nível da junção amelo-cementaria e GC – dentes com defeitos
4mm abaixo da junção amelo-cementaria. Os dentes foram montados em
recipientes plásticos contendo 1,75ml de água bidestilada onde toda a raiz
ficou submersa incluindo a junção amelo-cementaria. Após isso 20μl de
peróxido de hidrogênio 30% foi pipetado em cada cavidade de acesso dos
dentes dos grupos experimentais. Nos dentes do grupo controle, solução
salina foi pipetada nas cavidades de acesso. Os dentes foram então
submetidos a 15 ciclos de 1 minuto para o clareamento termocatalítico
usando uma lâmpada de 1000W a uma distancia de 50cm, com intervalo de
30 segundos entre cada ciclo. Foram pipetados 0,5ml da solução que
envolve os dentes e colocados em um tubo de ensaio e adicionada solução
de cloreto ferroso de amônia que reage com o peróxido de hidrogênio
resultando em uma solução que absorve luz a 480 nm. Assim com o auxilio
de um espectrofotômetro mediu-se a quantidade de peróxido de hidrogênio
extravasado. Os autores perceberam que a quantidade de peróxido de
hidrogênio coletado no meio externo dos dentes que não apresentavam
defeitos cementários foi significantemente menor do que nos grupos que
apresentavam defeitos.
Cooper et al.
13
(1992) se propuseram avaliar a quantidade
de peróxido de carbamida que penetra para o interior da câmara pulpar
quando comparado ao peróxido de hidrogênio. Uma vez que o peróxido de
carbamida se decompõe em peróxido de hidrogênio, foi possível quantificar o
peróxido de hidrogênio liberado a partir do peróxido de carbamida
empregando a mesma metodologia utilizada por Bowles & Ugwuneri
7
(1987).
Neste estudo, foram utilizados dentes anteriores humanos que tiveram suas
raízes seccionadas e o tecido pulpar coronário extirpado. A câmara pulpar foi
preenchida com tampão acetato e o dente foi submetido ao clareamento com
gel de peróxido de carbamida (10% ou 15%) ou gel de peróxido de
hidrogênio (5% ou 30%). Toda a coroa permaneceu exposta ao agente
clareador a 37ºC durante 15 minutos. A solução tampão foi removida do
interior da câmara para reagir em um tubo de ensaio com peroxidase e
corante violeta leucocristal, sendo as densidades ópticas das soluções
registradas em espectrofotômetro calibrado a 596nm. Posteriormente, estes
dados foram convertidos em microgramas de peróxido de hidrogênio. Os
resultados obtidos foram estatisticamente significantes sendo,
respectivamente: peróxido de carbamida 10% - 3,3±0,38µg; peróxido de
carbamida 15% - 4,8±0,27µg; peróxido de hidrogênio 5% - 10,4±0,24µg;
peróxido de hidrogênio 30% – 40,4±3,51µg). Os autores concluíram que há
menor penetração para o interior da câmara pulpar a partir do peróxido de
carbamida quando comparado ao peróxido de hidrogênio livre.
Smith et al.
60
em 1992 avaliaram a efetividade da barreira
cervical com Cavit na infiltração pós clareamento interno. Para isso quarenta
dentes superiores anteriores foram selecionados, e em cada dente foi criado
um defeito cementário de 1mm
2
em uma das faces proximais na junção
amelo-cementária. Os dentes foram abertos e instrumentados a 1mm aquém
do ápice até a lima 50 de acordo com a técnica step-back e tendo como
irrigador, 2ml de solução de hipoclorito de sódio 5,25%. A obturação seguiu a
técnica da condensação lateral ativa com cones de guta percha e cimento
Roth. O corte do material obturador foi no nível da junção amelo-cementaria
da face vestibular. As amostras foram divididas em quatro grupos de dez
dentes: grupo 1 - depois de obturados os dentes foram mantidos a 37º.C e
100% de umidade durante duas semanas para a presa total do cimento,
seguido de aplicação de ácido ortofosfórico a 30% durante 30s. Foi colocado
então o material clareador, composto de 2g de perborato de sódio e 20
cápsulas de superoxol e trocado após sete dias. G2 - após obturação, uma
fina camada de 2mm de Cavit foi colocada e novamente se esperou a presa
dos cimentos, seguida de ataque ácido e colocação do material clareador.
G3 - imediatamente após a obturação foram realizados o ataque ácido e a
colocação do material clareador. G4 - após a obturação realizou-se a barreira
com Cavit sem esperar a presa dos cimentos, e então o ataque ácido e a
colocação do material clareador. Os autores concluíram que uma barreira de
2mm com Cavit foi efetiva significantemente para reduzir a infiltração nos
túbulos dentinários.
Buscando determinar a citotoxicidade das soluções de
peróxido de hidrogênio aplicadas sobre culturas celulares, quantificar a
difusão do peróxido de hidrogênio dos agentes clareadores através da
dentina e avaliar o risco de citotoxicidade pulpar devido à exposição
dentinária aos clareadores, Hanks et al.
23
(1993) conduziram um estudo
triplo. Inicialmente, alíquotas de peróxido de hidrogênio, cujas concentrações
variaram de 0 a 16mmol/l, foram adicionadas a culturas de fibroblastos que
permaneceram incubadas durante uma ou seis horas para posterior análise
da atividade enzimática da succinil desidrogenase. Numa segunda etapa,
quantificou-se a difusão de peróxido de hidrogênio através da dentina in vitro,
em uma câmara pulpar artificial. Para isso, discos de dentina de 0,5mm
foram expostos aos agentes clareadores (Brite Smile 10%; Brite Smile 3%;
Denta-Lite; DentalBright; Rembrandt Lighten; Union Broach Nu-Smile 15%)
em tempos de 15 minutos, 1 hora ou 6 horas. A solução obtida no aparato
experimental, abaixo dos discos de dentina, foi transferida a um tubo de
ensaio onde reagiu com peroxidase e corante violeta leucocristal, seguindo a
metodologia preconizada por Mottola et al.
60
(1970). As soluções resultantes
das reações foram analisadas em espectrofotômetro a 596nm e os valores
de absorbância registrados em cada amostra foram convertidos em
microgramas de peróxido. Numa terceira fase, as soluções obtidas da
difusão dos agentes clareadores através da câmara pulpar artificial após 15 e
60 minutos foram aplicadas em novas culturas celulares de fibroblastos. Os
resultados mostram que o peróxido de hidrogênio inibiu a produção de
succinil desidrogenase em até 95% quando a cultura de fibroblastos foi
exposta ao peróxido de hidrogênio 0,88mmol/l. A difusão dos agentes
clareadores através dos discos de dentina da câmara pulpar artificial foi
constatada em todos os produtos testados. Após seis horas de exposição,
Brite Smile 10% provocou a maior penetração de peróxido de hidrogênio
(190mmol/l), seguido do Brite Smile 3% (60mmol/l) e Union Broach Nu-Smile
15% (57mmol/l) respectivamente. A penetração de peróxido a partir de
Denta-Lite (45mmol/l), Dentlbright (40mmol/l) e Rembrandt Lighten
(37mmol/l) não diferiram estatisticamente entre si. Quanto maior o tempo de
exposição, maior difusão de peróxido observada. Quanto à aplicação das
soluções resultantes da difusão dos clareadores através da dentina, os
autores constataram que, em apenas 15 minutos, o peróxido de hidrogênio
proveniente dos diversos agentes clareadores testados, se difundiu através
da dentina em níveis capazes de provocar efeitos biologicamente
prejudiciais.
Weiger et al.
68
em 1994 avaliaram a penetração radicular do
peróxido de hidrogênio durante o clareamento interno com varias formas de
perborato de sódio. Utilizaram 63 incisivos humanos extraídos que, após
acesso coronário, os dentes foram imersos em células sanguínea vermelhas
por dez dias para o escurecimento. Defeitos no cemento foram realizados
nas faces mesial e distal, ao nível da junção amelo-cementaria. A técnica de
clareamento empregada foi walking bleach e desta forma os dentes foram
clareados por seis dias com trocas das pastas no primeiro e terceiro dias. Os
grupos continham: G1: perborato de sódio monohidratado + H
2
O
2
30% (n =
12); G2: perborato de sódio trihidratado + H
2
O
2
30% (n = 12); G3: perborato
de sódio tetrahidratado + H
2
O
2
30% (n = 12); G4: perborato de sódio
tetrahidratado + H
2
O (n = 12); G5: perborato de sódio tetrahidratado + H
2
O +
gel experimental (n = 12) e G6: sem pasta clareadora.(n = 3). Concluíram
que os dentes dos grupos 1 e 3 tiveram mais penetração do peróxido de
hidrogênio em comparação ao grupo 4. O grupo que menos infiltrou foi o
utilizado perborato de sódio tetrahidratado e água.
No intuito de investigar o comportamento de três produtos
contendo o mesmo ingrediente ativo e a mesma concentração, porém de
marcas comerciais diferentes, Thitinanthapan et al.
63
(1999) propuseram
avaliar a quantidade de peróxido de hidrogênio que atinge a câmara pulpar.
Utilizaram premolares humanos extraídos por razões ortodônticas, que
tiveram suas raízes seccionadas e o tecido pulpar coronário eliminado. Os
dentes foram divididos em grupos e tratados respectivamente com
Opalescence, Sparkle e Rembrandt Lighten, produtos à base de peróxido de
carbamida 10%. O interior da câmara pulpar foi preenchido com tampão
acetato e a coroa foi exposta ao gel clareador durante 25 minutos a 37ºC,
sendo o grupo controle imerso em água destilada. O tampão acetato foi,
então, removido do interior da câmara e transferido a um tubo de ensaio
onde reagiu com corante violeta leucocristal e peroxidase. A densidade
óptica das soluções foi mensurada em espectrofotômetro e convertida em
microgramas de peróxido de hidrogênio a partir de uma curva padrão.
Observou-se que o peróxido de carbamida difundiu-se para o interior da
câmara pulpar, sendo a maior penetração registrada para o Opalescence
(3,605±1,405µg), seguida do Sparkle (1,282±0,762µg) e Rembrandt
(0,339±0,251µg), resultados estatisticamente diferentes entre si. Os autores
concluíram que o peróxido de hidrogênio resultante da decomposição do
peróxido de carbamida alcança a câmara pulpar em quantidades diferentes
mesmo em produtos de mesma concentração, possivelmente porque outros
componentes adicionados ao agente clareador possam interferir na
penetração do produto através da estrutura dental. Os resultados mostram
que quanto mais viscoso o gel, devido à presença de carbopol, maior a
penetração de peróxido para o interior da polpa pelo maior contato do
produto com a superfície dental.
Gokäy et al.
20
(2000) investigaram a passagem de agentes
clareadores para o interior da câmara pulpar de dentes restaurados com
resina composta, cimento de ionômero de vidro modificado por resina ou
resina composta modificada por poliácidos. Sessenta e cinco dentes
anteriores humanos tiveram suas raízes seccionadas e o tecido pulpar
coronário removido sendo, em seguida, divididos em treze grupos. Cinco
dentes não foram restaurados e permaneceram como controle. Nos demais
dentes, cavidades classe V foram preparadas e restauradas com resina
composta (Charisma: grupos I, IV, VII e X), resina modificada por poliácidos
(Dyract: grupos II, V, VIII e XI) ou cimento de ionômero de vidro modificado
por resina (Vitremer: grupos III, VI, IX e XII). Em seguida, a câmara pulpar foi
preenchida com tampão acetato e os dentes foram imersos nas soluções
clareadoras de peróxido de hidrogênio 30% (grupos I, II e III), peróxido de
carbamida 10% (grupos IV, V e VI), peróxido de carbamida 15% (grupos VII,
VIII e IX) ou peróxido de carbamida 35% (grupos X, XI e XII). O grupo
controle foi imerso em água destilada. Após 30 minutos de exposição aos
agentes de tratamento, a solução tampão foi removida do interior da câmara
e transferida a um tubo de ensaio onde reagiu com corante violeta
leucocristal e peroxidase. A densidade óptica das soluções resultantes da
reação foi mensurada e convertida em microgramas de peróxido. Os dados
encontrados não mostraram diferenças estatisticamente significantes entre
os três materiais restauradores testados nos grupos submetidos ao peróxido
de carbamida 10% (5,4 a 6,84µg) ou 15% (7,38 a 7,86µg). Nos grupos
tratados com peróxido de carbamida 35% (8,46 a 12,48µg) ou peróxido de
hidrogênio 30% (25,88 a 31,64µg) observou-se que o cimento de ionômero
de vidro modificado por resina permitiu a maior penetração de peróxido de
hidrogênio (12,48 e 31,64µg) enquanto a resina composta apresentou os
menores índices de penetração (8,46 a 25,88µg). Concluíram que produtos
clareadores de concentrações mais elevadas promovem maior penetração
para o interior da câmara pulpar, sendo que o material restaurador
empregado influencia na passagem dos agentes clareadores em direção à
polpa.
2.2 Ação dos agentes clareadores sobre os tecidos dentários
2.2.1 Ação sobre o conjuntivo pulpar
Robertson & Melfi
45
(1980), investigaram histologicamente a
resposta pulpar frente à aplicação de peróxido de hidrogênio, associado ou
não à aplicação de calor, em dentes humanos jovens. Participaram deste
estudo pacientes que apresentavam premolares hígidos com indicação de
exodontia por motivo ortodôntico. Os vinte e oito dentes analisados foram
divididos em quatro grupos, que receberam duas aplicações de: peróxido de
hidrogênio 35% associado ao calor (46 a 51ºC); solução salina fisiológica e
calor (46 a 51ºC); peróxido de hidrogênio 35% isoladamente. A segunda
aplicação do tratamento foi realizada quatro dias após a primeira sessão. O
grupo controle não recebeu nenhum tratamento. Os dentes foram extraídos
quatro dias após a segunda consulta e fixados para análise histológica. Os
resultados mostram ausência de inflamação tanto no grupo controle como no
grupo tratado com solução salina fisiológica e aplicação de calor. Nos grupos
onde foi aplicado o peróxido de hidrogênio 35%, verificou-se resposta
inflamatória leve, apresentando infiltrado inflamatório predominantemente
composto de neutrófilos e linfócitos com destruição celular generalizada,
independente da sua utilização isoladamente ou associada ao uso de calor.
Buscando um procedimento clareador de consultório eficaz
e seguro, Seale & Wilson
57
(1985) propuseram determinar o método de
clareamento mais efetivo com menores danos pulpares. Conduziram um
estudo in vivo em seis cães, que receberam inicialmente administração de
tetraciclina. Após o irrompimento dos dentes permanentes, caracterizados
pelo manchamento amarelado induzido pela tetraciclina, os dentes caninos
de cada animal foram submetidos à aplicação de peróxido de hidrogênio
35% e calor (62ºC) durante 15, 30 ou 45 minutos. Foram realizadas quatro
sessões quinzenais em cada grupo, permanecendo o grupo controle isento
de qualquer tratamento. Os animais foram sacrificados em períodos de 13,
62 e 92 dias após a última aplicação do tratamento clareador para todas as
situações acima descritas. Os dentes foram preparados para avaliação
microscópica, através da fixação em formalina, desmineralização e coloração
em hematoxicilina e eosina. Observou-se que, quanto mais longo o período
de aplicação do peróxido de hidrogênio associado ao calor, mais severas
foram as respostas pulpares, mostrando a formação de dentina reparativa,
achatamento dos odontoblastos, hemorragia pulpar e presença de infiltrado
inflamatório crônico. No período de avaliação de 62 dias, uma amostra
tratada durante 45 minutos apresentou destruição da camada odontoblástica,
formação de uma camada espessa de dentina reparadora, presença de
células gigantes e reabsorção interna. Após 92 dias, o tratamento de 45
minutos resultou em um caso de necrose. Os demais dentes, clareados em
sessões de 15 ou 30 minutos, mostraram reparação tecidual. Os autores
concluíram que os danos causados à polpa são reversíveis, mas contra-
indicam tratamentos clareadores por períodos muito prolongados já que
quanto maior o tempo de contato do produto com o esmalte, maior é a sua
penetração em quantidade e profundidade.
Os efeitos pulpares podem estar relacionados à velocidade de
decomposição do agente clareador. Chen et al.
11
(1993) desenvolveram um
estudo com intuito de avaliar a liberação de oxigênio a partir do peróxido de
hidrogênio em soluções ácidas e básicas, além do efeito do calor e da
presença de íons metálicos na sua decomposição. Foram testadas as
seguintes soluções: peróxido de hidrogênio 30%; peróxido de hidrogênio
30% associado ao ácido clorídrico 36% e éter nas proporções 5:5:1
(simulando a mistura de McInnes); peróxido de hidrogênio 30% e cloreto
férrico; peróxido de hidrogênio 30% e hidróxido de sódio. A produção de gás
oxigênio foi mensurada à temperatura ambiente (20ºC) e após aquecimento
a 45ºC. Observou-se que, à temperatura ambiente, o peróxido de hidrogênio
adicionado ao hidróxido de sódio apresentou a maior liberação de oxigênio.
Como a decomposição do peróxido de hidrogênio 30% isolado foi acelerada
pelo calor, os autores sugerem que o peróxido de hidrogênio seja utilizado à
temperatura ambiente visando minimizar os riscos de injúria pulpar.
Tipton et al.
64
(1995) pesquisaram os efeitos do peróxido de
hidrogênio em fibroblastos, in vitro. Culturas de fibroblastos humanos foram
expostas ao peróxido de hidrogênio e analisadas quanto à proliferação
celular, produção de colágeno e de fibronectina. Avaliações microscópicas
mostraram que o agente clareador em concentrações de 0,05% a 0,025%
provocaram a morte da maioria das células. Em concentrações de 0,017% a
0,025%, algumas alterações morfológicas puderam ser observadas. O
peróxido de hidrogênio não promoveu alterações celulares em
concentrações inferiores a 0,0125%, mas inibiu a reprodução celular em
concentrações superiores a 0,006% e reduziu a produção de fibronectina e
colágeno tipo I e III em concentrações superiores a 0,0125%. Os efeitos
deletérios do peróxido de hidrogênio foram efetivamente anulados quando se
neutralizou com uma solução de catalase. Os autores concluíram que, in
vitro, o peróxido de hidrogênio inibiu várias atividades celulares. Acreditam,
no entanto, que enzimas presentes no meio bucal como a catalase,
glutatione peroxidase e a lactoperoxidase, conseguem neutralizar o agente
clareador, protegendo os tecidos e seus componentes celulares de possíveis
efeitos adversos. Destacam ainda a existência de outros mecanismos não
específicos e não enzimáticos que também atuam minimizando a agressão
provocada pelo peróxido de hidrogênio.
Em 2000, Lozada et al.
32
confirmaram que a sensibilidade
dentária pós-tratamento clareador está relacionada com a passagem das
substâncias clareadoras através do esmalte e dentina, produzindo uma
ligeira irritação pulpar. Normalmente a sensibilidade pós-operatória é
relatada após uma semana de clareamento, sendo significativamente maior
quando se utilizam soluções de peróxido de carbamida em concentrações
superiores a 15%. Os autores ressaltam ainda que a sensibilidade dentária
está mais relacionada ao baixo peso molecular do agente clareador do que
ao eventual baixo pH dos produtos clareadores.
Kinomoto et al.
29
em 2001 compararam a citotoxicidade do
perborato de sódio com a do peróxido de hidrogênio nas células do
ligamento periodontal (PDL) in vitro. Utilizaram para este estudo um ensaio
baseado na liberação de dehidrogenase láctea (LDH) de células com a
membrana citoplasmática danificada. As células foram obtidas de ligamentos
periodontais de terceiros molares recém extraídos, os quais foram
imediatamente imersos em um meio de Eagle modificado por Dulbecco
(DMEM), contendo penicilina, streptomicina e fungizone. As substâncias
clareadoras foram diluídas e colocadas em contato com o meio de
crescimento celular por 24 e 72 horas. Os autores verificaram com isso que
apesar de não poderem extrapolar os dados com a realidade clínica, o
perborato de sódio mostrou ser mais seguro que o peróxido de hidrogênio
quanto à toxicidade celular.
2.2.2 Efeito sobre esmalte, dentina e cemento
Ramp et al.
44
em 1987 estudaram a ação do peróxido de
hidrogênio na inibição do metabolismo da glicose e na síntese de colágeno
no osso. Para isso cultivou tíbias inteiras de embriões de dez dias ou a
porção da diáfise de tíbias de embriões de 19 dias. As tíbias de dez dias de
cada embrião foram separadas e cultivadas individualmente por três dias em
reservatórios contendo 6ml do meio de crescimento. Um dos ossos de cada
embrião foi colocado na solução contendo peróxido de hidrogênio e o outro
osso foi colocado um uma solução livre de peróxido de hidrogênio (grupo
controle). Os ossos dos embriões de 19 dias foram cultivados por dois dias
em garrafas contendo vinte ossos imersos em 120 ml da solução de
crescimento, onde em um grupo foi adicionado H
2
O
2
e em outro não. Após
dois dias no H
2
O
2
as tíbias foram transferidas a um respirômetro para uma
encubação final de 5 horas em meio sem H
2
O
2
e contendo H-Prolina. Este
procedimento eliminaria qualquer possível resíduo de H
2
O
2
que alteraria a
leitura volumétrica com o respirômetro. Após culturas os ossos foram lavados
com NaCl, secos a 105ºC e pesados. Os ossos secos serviram como base
para a maioria dos resultados. Foram então estocados a -20ºC para analise.
Os resultados deste estudo demonstraram que H
2
O
2
em concentrações
muito inferiores daquelas usadas terapeuticamente no tratamento das
doenças orais podem causar inibição do metabolismo da glicose e da síntese
de colágeno no osso.
Rotstein et al.
48
em 1992 analisaram o efeito de diferentes
agentes clareadores na solubilidade e porcentagem de componentes
inorgânicos da dentina e cemento humano. Para isso usaram dentes
permanentes íntegros que tiveram suas dentinas separadas do cemento
através do método de Brekhus & Amstrong
9
que se baseia na diferença de
gravidade especifica. Trinta miligramas de cada alíquota de dentina e
cemento pulverizados foram separadamente imersos em 10ml de cada
agente clareador testado, entre eles peróxido de hidrogênio 30%, peróxido
de hidrogênio 3%, perborato de sódio 2% associado ao peróxido de
hidrogênio 30%, perborato de sódio 2% associado ao peróxido de hidrogênio
30%, perborato de sódio 2% associado à água bidestilada e somente água
destilada como controle. As amostras foram avaliadas aos 15min, 1h, 24h e
72h sob temperatura ambiente. A análise de solubilidade foi realizada
medindo a quantidade de cálcio nas amostras. A determinação da alteração
nos componentes inorgânicos se deu pesando as amostras antes e depois.
Os autores concluíram que o peróxido de hidrogênio 30% causa alterações
na estrutura química do cemento e dentina deixando-os mais susceptíveis a
reabsorção, enquanto que o perborato de sódio não causa mudanças
significativas na estrutura.
Rotstein et al.
50
(1996) conduziram uma análise
histoquímica após o tratamento com peróxido de hidrogênio, peróxido de
carbamida ou perborato de sódio, para avaliar o efeito dos agentes
clareadores sobre os tecidos dentais. Vinte e um premolares humanos
extraídos por indicações ortodônticas tiveram seus dois terços radiculares
apicais seccionados e o terço cervical da raiz juntamente com a coroa foram
seccionados longitudinalmente, separando em dois segmentos iguais, um
lingual e outro vestibular. Em cada segmento, parte do cemento foi removido,
deixando dentina exposta. Os segmentos dentários foram divididos em seis
grupos, tratados respectivamente com: peróxido de hidrogênio 30%, solução
aquosa de peróxido de carbamida 10%, pasta de perborato de sódio e água,
ou gel de peróxido de carbamida 10% (Nu-Smile, DentalBright ou
Opalescence). As amostras foram imersas nos produtos testados onde
permaneceram incubadas durante sete dias, sendo o grupo controle imerso
em solução salina fisiológica. Em seguida, as amostras foram preparadas
para análise histoquímica, em microscópio eletrônico de varredura e
espectrômetro de energia dispersiva. Foram registrados os níveis de cálcio,
fósforo, enxofre e potássio do esmalte, dentina e cemento. No esmalte, a
redução dos níveis de cálcio e fósforo foi significante após tratamento com
peróxido de hidrogênio 30%. Na dentina, estes índices foram reduzidos após
tratamento com peróxido de hidrogênio 30%, solução de peróxido de
carbamida 10% e dois agentes comercialmente disponíveis (DentalBright e
Opalescence). Para o cemento, a redução dos níveis de cálcio e fósforo foi
encontrada após tratamento com peróxido de hidrogênio 30%, solução de
peróxido de carbamida 10% ou gel de peróxido de carbamida 10% Nu-Smile
e Opalescence. A redução nos níveis de enxofre e potássio não foi
estatisticamente significante, exceto em cemento, quando os níveis de
enxofre diminuíram significativamente após tratamento com peróxido de
carbamida 10% e perborato de sódio. Os autores concluíram que os agentes
clareadores podem trazer prejuízos aos tecidos dentários, por isso
aconselham cautela na sua utilização.
Estudando os efeitos deletérios dos agentes clareadores,
Bonfim et al.
5
(1998) relataram, numa revisão de literatura, que a superfície
do esmalte é tão mineralizada que não demonstra significativa alteração
após o clareamento. A desmineralização do esmalte se inicia em soluções de
pH inferior a 5,2, enquanto a desmineralização da superfície radicular se
inicia quando o pH encontra-se em torno de 6,0. Os autores relembram que o
local preferencial de penetração dos agentes clareadores é a região cervical,
no limite amelo-cementário. Portanto, se estas áreas estiverem expostas,
recomendam o uso de agentes dessensibilizantes, para promover o
selamento dos túbulos e reduzir a permeabilidade dentinária desta região.
Citaram ainda uma possível alteração na matriz orgânica do esmalte
promovida pela utilização de peróxido de carbamida, já que trabalhos
mostram redução na resistência à abrasão e dureza. Os autores
consideraram que, embora existam diversas investigações sobre os efeitos
biológicos dos produtos clareadores sobre os tecidos dentários, muitas vezes
as metodologias descritas permanecem confusas e contraditórias. Ressaltam
que mais pesquisas devem ser realizadas e que o clareamento por períodos
prolongados deve ser evitado.
O estudo desenvolvido por Hegedüs et al.
25
(1999) teve
como objetivo avaliar o efeito de dois agentes clareadores caseiros à base
de peróxido de carbamida 10% (Opalescence, Nite-White) e uma solução de
clareamento clínico de peróxido de hidrogênio 30%, na superfície do esmalte
por meio de microscopia de força atômica. Foram utilizados quinze incisivos
humanos que foram divididos aleatoriamente em três grupos de cinco dentes
para cada agente clareador. A superfície vestibular dos dentes foi avaliada
em microscópio de força atômica antes e após o tratamento clareador, que
se constituiu da aplicação das substâncias testadas totalizando 28 horas,
divididas em sete sessões de 4 horas. Algumas depressões e ranhuras
presentes nos dentes hígidos tornaram-se mais profundas após o tratamento
clareador em todos os grupos testados, tornando-se especialmente mais
evidentes para o grupo tratado com a solução de peróxido de hidrogênio
30%. Os autores concluíram que os agentes clareadores caseiros podem
causar alterações superficiais do esmalte devido ao possível potencial de
afetar a matriz orgânica, podendo comprometer não somente a superfície
externa mas também a estrutura interna do esmalte. Estas alterações são
resultado do baixo peso molecular dos agentes clareadores, que lhes confere
a capacidade de penetração através das estruturas dentárias.
Chng et al.
12
(2002), estudaram o efeito do peróxido de
hidrogênio e do perborato de sódio nas propriedades da dentina humana.
Usaram 44 premolares humanos que tiveram seus comprimentos de trabalho
estabelecidos a 1mm aquém do forame apical e receberam tratamento
endodôntico de acordo com a técnica step-back sob abundante irrigação de
hipoclorito de sódio a 1%. Após o termino do preparo os dentes foram
irrigados com 1ml de EDTA 15%, seguido de 5ml de hipoclorito de sódio 1%.
Os canais foram secos e não receberam obturação, um selamento com Cavit
foi feito a 4mm abaixo da junção amelo-cementaria. Os dentes foram
divididos em quatro grupos de 11 dentes: a) Grupo 1 – bolinha de algodão
embebida em água destilada. b) Grupo 2 – bolinha de algodão embebida em
peróxido de hidrogênio 30%. c) Grupo 3 – pasta de perborato de sódio e
água destilada. d) Grupo 4 – pasta de perborato de sódio e peróxido de
hidrogênio 30%. Cada dente foi acondicionado individualmente em um
dispositivo contendo uma solução salina isotônica durante sete dias a 37ºC.
Após este período os dentes foram seccionados e as dentinas submetidas
aos testes de torção, cisalhamento e microdureza. Concluíram que o
peróxido de hidrogênio 30% puro tende a causar mais danos a estrutura
dentinária que quando misturado com o perborato de sódio.
2.3 Junção Amelo-Cementária
Schroeder & Scherle
56
em 1988, avaliaram as
características da junção amelo-cementária. Para isso utilizaram trinta dentes
humanos, sendo 12 premolares, 14 molares e quatro incisivos. Tanto os
premolares quanto os molares eram dentes de pacientes jovens, sem
patologias e com a junção amelo-cementaria (JAC) sub-gengival, enquanto
os incisivos eram dentes de pacientes idosos e que apresentavam retrações
gengivais deixando a junção amelo-cementária exposta ao ambiente bucal.
Os dentes foram lavados, fixados e preparados. Marcas foram feitas com
uma caneta para delimitar as faces vestibular, mesial, lingual e distal, e
analisados em MEV. Os dentes foram montados e giravam em seu longo
eixo enquanto, através do microscópio posicionado a 90 graus da superfície
dentária gravava toda sua volta em imagens de 6X9 cm. Assim puderam-se
fotografar os distintos pontos de cada superfície onde tinha cemento
recobrindo esmalte, intimo contato entre estes tecidos e espaços de dentina
desnuda. Com essas imagens usando um MOP-AMO-I equipado com uma
caneta cursor fez-se analises quantitativas dos seguintes parâmetros:
comprimento tanto circunferencial da linha da JAC, quanto da mesma nas
faces mesial, distal, vestibular e lingual; o comprimento do perímetro do
dente na JAC e as extensões particulares dos três tipos de relação esmalte –
cemento. Os resultados mostraram os seguintes dados: premolares
superiores – 82,5% de contato cemento-esmalte, 17,5% de cemento
recobrindo o esmalte e 0% de dentina desnuda; premolares inferiores
68,3% de contato cemento-esmalte, 30,6% de cemento recobrindo o esmalte
e 1,1% de dentina desnuda; molares superiores – 30,4% de contato
cemento-esmalte, 45,6% de cemento recobrindo o esmalte e 24% de dentina
desnuda e nos molares inferiores – 42,6% de contato cemento-esmalte, 52%
de cemento recobrindo o esmalte e 5,4% de dentina desnuda.
McInerney & Zillich
36
em 1992 avaliaram a habilidade
seladora interna de três materiais. Para isso utilizaram 36 incisivos centrais
superiores que tiveram tratamento endodôntico realizado com
instrumentação até a lima 40 sob abundante irrigação de hipoclorito de sódio
5,25%. Os dentes foram divididos em seis grupos: a) grupo 1 – penetração
quente sob calor com base de Cavit; b) grupo 2 – penetração sob calor com
base de fosfato de zinco; c) grupo 3 – penetração sob calor com base de
IRM; d) grupo 4 – penetração sem calor com base de Cavit; e) grupo 5 –
penetração sem calor com base de fosfato de zinco; f) grupo 6 – penetração
sem calor com base de IRM. As bases foram todas colocadas usando como
referencia o nível lingual da junção amelo-cementaria de cada dente. Cada
dente foi preparado para uma simulação de clareamento e limpos para
observação da profundidade de penetração do corante. Os dentes foram
condicionados com acido fosfórico 37,5% em cada câmara coronária foi
colocado o corante procion verde. Nos grupos 1, 2 e 3 foram aquecidos com
um instrumento a 145º F (62,77 três vezes com 2 minutos de intervalo entre
os aquecimentos totalizando 10 minutos. As câmaras foram lavadas, secas e
seccionadas para analise. Os autores concluíram que o corante quando
aquecido penetrou mais do que em temperatura ambiente e, o cimento de
fosfato de zinco mostrou maiores níveis de infiltração.
2.4 Atividade enzimática dos tecidos
Supõe-se que as células constituintes do organismo
humano apresentem capacidades de defesa frente à agressões de natureza
oxidativa. Assim, Bowles & Thompson
7
(1986) investigaram os efeitos do
peróxido de hidrogênio, com ou sem aplicação de calor, em sete enzimas
encontradas na polpa dental bovina, envolvidas no metabolismo de
carboidratos, lipídeos, aminoácidos ou nos processos de mineralização. Um
extrato obtido a partir de oitenta polpas bovinas e tampão fosfato foi
homogeneizado imediatamente após o abate e armazenado a 4ºC. Foram
pesquisados quatro grupos: a) o extrato foi submetido a um banho quente a
50ºC durante intervalos de tempo de 1 a 30 minutos, seguidos do
resfriamento a 4ºC em gelo; b) o extrato pulpar foi exposto ao peróxido de
hidrogênio, obtendo-se concentração final variando de 1,25 a 15%; c) o
extrato foi adicionado ao peróxido de hidrogênio (concentrações de peróxido
de hidrogênio de 2,5%, 7,5% e 15%) e imerso em banho quente a 50ºC
durante 7,5; 15 e 30 minutos respectivamente; d) controle – o extrato pulpar
foi diluído em tampão fosfato. As amostras foram dializadas e, em seguida,
duas gotas de catalase foram adicionadas para eliminar todo o peróxido de
hidrogênio que pudesse permanecer e interferir na reação. A atividade
enzimática foi avaliada em espectrofotômetro. Observou-se que a
sensibilidade enzimática diminuiu significativamente quando em contato com
o peróxido de hidrogênio. Quando expostas ao calor isoladamente, pequenas
alterações foram observadas. No entanto, quando as enzimas pulpares
entraram em contato com o peróxido de hidrogênio, foram inibidas
especialmente quando associadas à aplicação de calor. Os autores
concluíram que o peróxido de hidrogênio, principalmente em presença de
calor, pode impedir as atividades celulares normais.
Carlsson
10
(1987) observou a ação da peroxidase salivar na
defesa do organismo contra a agressão do peróxido de hidrogênio. Assim,
descreve que o peróxido de hidrogênio provoca a oxidação de partes
celulares vitais, como DNA, lipídeos e proteínas das membranas. Segundo
ele, a defesa contra a toxicidade provocada pelo oxigênio atua em três
níveis: pela prevenção da formação de intermediários tóxicos derivados da
redução do oxigênio, através da desoxidação destes produtos ou ainda pela
reparação dos sítios danificados. A peroxidase, juntamente com a catalase e
a superóxido-dismutase, trabalham em conjunto na defesa intracelular. A
defesa contra os produtos resultantes da oxidação do oxigênio está presente
também nas secreções salivares. A peroxidase salivar protege as glândulas
salivares e as células da mucosa bucal da toxicidade do peróxido de
hidrogênio produzido pelas bactérias presentes na cavidade bucal e pelas
células das glândulas salivares. A maior parte da defesa da saliva contra os
subprodutos do peróxido de hidrogênio deve-se à ação da peroxidase
salivar.
A catalase e a peroxidase como protetoras do organismo
foram pesquisadas por Bowles & Burns
6
(1992), para determinar se a polpa
eliminaria o peróxido de hidrogênio. Para isso, polpas de terceiros molares
recém-extraídos foram colocadas em solução de tampão fosfato e
homogeneizadas, como fonte de enzimas. A eliminação do peróxido de
hidrogênio em contato com as polpas foi quantificada em espectrofotômetro,
pelo fato do peróxido de hidrogênio absorver luz ultravioleta em um
comprimento de onda de 240nm em proporção direta à sua concentração.
Sob baixas concentrações de peróxido, a decomposição enzimática é uma
reação de primeira ordem, sendo a velocidade de reação igual à
concentração da enzima. Os dados obtidos foram comparados a uma
solução em branco, assim foi possível verificar que a atividade da catalase foi
muito baixa e a ação da peroxidase foi praticamente inexistente. Os autores
acreditam que frente à inflamação pulpar e na presença de neutrófilos e
eosinófilos, células ligadas à atividade enzimática, a peroxidase apresente
atividade mais marcante. Concluíram que, devido à baixa atividade
enzimática da polpa, a utilização de clareadores deve ser cuidadosa, embora
poucos casos de injúrias tenham sido relatados clinicamente.
Rotstein
47
(1993) analisou a eficácia da catalase na
eliminação de resíduos de peróxido de hidrogênio de dentes humanos
quando comparado com enxágües prolongados de água. Vinte e dois
premolares humanos extraídos por indicação ortodôntica foram preparados,
obturados e o cemento próximo à união amelo-cementária foi removido.
Realizou-se o clareamento interno com peróxido de hidrogênio 30% durante
20 minutos. Em seguida, os dentes foram tratados com catalase ou
enxaguados com água. A penetração radicular do peróxido de hidrogênio foi
mensurada imediatamente após o clareamento e novamente após o enxágüe
com catalase ou água. Observou-se que três ciclos de enxágües de 5
minutos ou uma hora de imersão em água reduziram significativamente a
penetração de peróxido de hidrogênio residual, enquanto uma única
aplicação de catalase durante 3 minutos eliminou totalmente o peróxido de
hidrogênio presente. Sugere-se que a catalase seja utilizada como
coadjuvante ao procedimento clareador no intuito de eliminar o peróxido de
hidrogênio residual e, dessa forma, minimizar a agressão provocada pelos
produtos clareadores.
Para se entender a passagem de peróxido de hidrogênio
através de membranas celulares, Antunes & Cadenas
2
(2000), verificaram
que, quando as células são expostas ao peróxido de hidrogênio, a
degradação deste produto é rápida no ambiente intracelular, o que
proporciona a formação de um gradiente de concentração através do
plasma. Segundos após a exposição celular ao peróxido de hidrogênio,
constataram que a concentração de peróxido de hidrogênio extracelular foi
maior do que aquela encontrada dissolvida no citoplasma. Quando existe,
então, uma aplicação externa de peróxido de hidrogênio, há a ativação de
um mecanismo intracelular de defesa.
Com o intuito de avaliar a atividade da peroxidase extraída
de rábano silvestre e sua inativação pelo peróxido de hidrogênio, Hernandez-
Ruiz et al.
26
(2001) relataram que quando há ausência de um substrato
intermediário doador de elétrons, o peróxido de hidrogênio atua tanto como
agente oxidante ou redutor. A peroxidase extraída de rábano silvestre junto
com o peróxido de hidrogênio favorece sua decomposição em oxigênio, da
mesma forma que a catalase. Verificaram ainda que a produção de oxigênio
pela peroxidase acontece em valores de pH superiores a 6,5, situação que
torna a enzima mais resistente à inativação durante a incubação com o
peróxido de hidrogênio. Concluíram, portanto, que este é um dos maiores
mecanismos protetores da peroxidase extraída de rábano silvestre contra a
inativação pelo peróxido de hidrogênio, à semelhança do que acontece in
vivo com a catalase.
2.5 Substrato bovino
Vários pesquisadores estão usando dentes bovinos como
substituto a dentes humanos. Nakamichi et al.
38
(1983) compararam a união
adesiva de dentes humanos e bovinos a cimentos e resinas compostas.
Foram testados os cimentos de policarboxilato, de ionômero de vidro, de
fosfato de zinco e resina composta. Os materiais foram colocados em contato
com as superfícies preparadas dos dentes e submetidos a testes de tração.
Não houve diferenças estatisticamente significantes entre os dentes
humanos e bovinos para todos os materiais testados. Também foram
estudados a profundidade dentinária e o tempo de armazenamento dos
dentes. As camadas superficiais da dentina bovina apresentaram valores
maiores de resistência adesiva quando comparadas às camadas mais
profundas. Dentes bovinos armazenados por mais de seis meses
apresentaram valores de resistência adesiva estatisticamente superiores
quando comparados a dentes bovinos frescos nos grupos que empregaram
resina composta e condicionamento ácido. Os autores concluíram que os
dentes bovinos podem ser considerados substratos substitutivos aos dentes
humanos em testes de adesão.
Saunders
53
(1988) verificou a força retentiva de quatro
agentes de união comparando a dentina humana e bovina. Utilizou para esse
trabalho premolares permanentes humanos e incisivos bovinos. Os dentes
humanos foram cortados nas superfícies mesial e distal para expor uma área
plana para o teste de adesão. Os ápices das raízes dos dentes bovinos
foram removidos e as polpas extirpadas com limas endodônticas. As
superfícies vestibulares das coroas foram cortadas para expor uma camada
superficial de dentina. As coroas de cada dente, tanto humano quanto
bovino, foram montadas em um jig e as raízes foram embutidas em um
molde de polimetilmetacrilato autopolimerizável de forma que as superfícies
expostas de cada amostra ficasse na mesma posição no molde. As amostras
ficaram em água deionizada a temperatura ambiente até o uso. 15 amostra
de cada espécime foram selecionadas para receber um dos 4 agentes de
união testados (Scothbond VLC, Topaz, Gluma e um agente experimental
3M). A aplicação dos agentes de união foi de acordo com as instruções dos
fabricantes e a resina utilizada para o teste foi a mesma em todas as
amostras (Prisma-Fil – Dentsply). A polimerização foi feita com a luz a 90º o
mais próximo possível das amostras por 40s. As amostras foram submetidas
ao teste de cisalhamento e o resultado expresso em MPa. Após os testes as
amostras foram preparadas e analisadas através de microscopia eletrônica
de varredura. Os autores encontraram valores semelhantes em relação ao
número de túbulos dentinários bovinos e não encontraram diferença entre a
dentina coronária humana e bovina em relação à densidade de túbulos
dentinários/mm
2
.
Titley et al.
65
(1988) empregaram dentes bovinos num
estudo que avaliou a influência do peróxido de hidrogênio na resistência
adesiva de restaurações em resina composta. No seu estudo, cilindros de
resina composta, híbrida ou de micropartículas, foram aderidos à superfície
vestibular de esmalte de incisivos bovinos que tinham sido submetidos a
quatro tipos de tratamentos diferentes: a) imersão em peróxido de hidrogênio
35% durante 60 minutos e condicionamento com ácido fosfórico 37% durante
60 segundos; b) imersão em solução salina (60min) e condicionamento com
ácido fosfórico (60s); c) condicionamento com ácido fosfórico (60s) e imersão
em peróxido de hidrogênio (60min); d) dentes condicionados durante 60
segundos e imersos em solução salina fisiológica. Os espécimes foram
armazenados em água a 37ºC durante um ou sete dias antes do teste de
tração e cisalhamento. Duzentos e cinqüenta e seis dentes foram testados,
avaliando também o prazo de armazenamento. Análise estatística
demonstrou uma redução significativa na resistência adesiva de dentes
expostos ao peróxido de hidrogênio quando comparado à imersão em
solução salina. Análise em MEV demonstrou que a falha adesiva nestes
casos ocorreu principalmente na interface resina-esmalte.
Com o intuito de aprofundar os conhecimentos referentes ao
substrato bovino, Ruse et al.
52
(1990) realizaram uma análise de superfície
em dentes bovinos intactos em comparação a dentes submetidos ao
condicionamento ácido e clareamento. Incisivos bovinos foram divididos em
grupos cujos tratamentos foram, respectivamente: a) imersão em peróxido de
hidrogênio 35% durante 60 minutos; b) imersão em ácido fosfórico 37%
durante 60 segundos; c) imersão em peróxido de hidrogênio durante 60
minutos seguido da imersão em água destilada durante 2 minutos e ácido
fosfórico 37% durante 60 segundos; d) imersão em ácido fosfórico 37%
durante 60 segundos seguido da imersão em água durante 2 minutos e
peróxido de hidrogênio 35% durante 60 minutos. Dispersão por raios-X
revelou que a exposição dos dentes ao peróxido de hidrogênio 35%
aumentou o nível de nitrogênio sem maiores modificações na superfície de
esmalte investigada. A aplicação de ácido fosfórico 37%, no entanto,
promoveu diminuição dos índices de cálcio e fósforo, elevação dos níveis de
carbono e nitrogênio. Embora o peróxido de hidrogênio não tenha promovido
modificações significativas na composição elementar do esmalte, isso não
significa que não tenham existido modificações químicas superficiais. Os
autores sugerem, então, mais estudos para se poder avaliar os efeitos do
peróxido de hidrogênio sobre a superfície do esmalte.
Tagami et al.
61
(1990) avaliaram a permeabilidade dentinária
coronária bovina, através da condutância hidráulica. Utilizaram 36 incisivos
inferiores bovinos íntegros. Os dentes foram armazenados em solução salina
isotônica a 4ºC contendo azida de sódio como preservador. Os dentes foram
seccionados removendo os dois terços apicais das raízes. O tecido pulpar foi
removido com uma lima, sem que tocasse nas paredes interiores da câmara
pulpar. Os dentes foram colados com cianocrilato em peças de vidro
contendo em seus centros tubos de 2 cm de aço inoxidável. Isto serviu para
conectar o interior da câmara coronária ao dispositivo utilizado para
mensurar a permeabilidade dentinária. A permeabilidade foi medida através
da condutância hidráulica. Os autores verificaram que a permeabilidade da
dentina coronária de incisivo bovino é de seis a oito vezes menor do que na
dentina oclusal de terceiro molar humano, mas semelhante à dentina
radicular humana.
Ruse & Smith
51
(1991) avaliaram o mecanismo de adesão
de agentes adesivos à dentina bovina. Inicialmente conduziram o estudo da
superfície dentinária em dispersão por raios-X com o objetivo de determinar o
efeito de diferentes procedimentos na composição elementar da dentina e
investigar a interação entre o substrato dentinário e o agente adesivo
Scotchbond (3M). Em seguida, a composição elementar dentinária foi
correlacionada à sua morfologia superficial em MEV. Dentes bovinos foram
extraídos e preparados para a análise através de desgaste ou fratura
dentinária, limpeza da dentina com peróxido de hidrogênio (30s), ácido
clorídrico (60s) ou ácido fosfórico (60 ou 120s). Os resultados mostraram que
a composição elementar da smear layer é similar à da dentina subjacente; a
limpeza cavitária com peróxido de hidrogênio não produziu alterações na
composição elementar da dentina; o condicionamento com ácido fosfórico
promoveu uma desmineralização quase completa da superfície avaliada
expondo a matriz orgânica. Os resultados sugerem que os sistemas adesivos
que empregam o condicionamento ácido interagem com os componentes
orgânicos da dentina, promovendo um procedimento adesivo mais confiável.
A investigação em MEV mostrou que a maioria das falhas decorrentes da
fratura na interface adesiva foi de caráter coesivo. Concluíram que os dentes
bovinos podem ser utilizados como substitutos de dentes humanos.
A liberação de peróxido de hidrogênio a partir do esmalte
bovino clareado foi investigada por Adibfar et al.
1
(1992). Fragmentos
padronizados de esmalte bovino foram imersos em 2ml de peróxido de
hidrogênio 35% durante 1, 3, 5, 30 ou 60 minutos, permanecendo o grupo
controle imerso em solução salina fisiológica durante 60 minutos. Todas as
amostras foram lavadas, condicionadas com ácido fosfórico 37% durante um
minutos, sendo novamente lavadas e secas. Em seguida, foram imersas em
2ml de água bi-destilada para avaliar a liberação de peróxido de hidrogênio
residual a partir do esmalte clareado, durante 1, 5, 10, 20 minutos ou sete
dias. Um dos grupos foi submetido a este procedimento por duas vezes. O
peróxido de hidrogênio presente nas soluções foi quantificado em
espectrofotômetro, através da reação com corante violeta leucocristal e
peroxidase. Os resultados mostraram haver diferença significativa na
liberação de peróxido de hidrogênio das amostras clareadas quando
comparadas ao esmalte imerso em solução salina fisiológica. Nos
fragmentos de esmalte submetidos à análise pela segunda vez, não se
observou diferença estatisticamente significante quando comparado ao grupo
controle. Os autores concluíram que, sob imersão, a liberação completa de
peróxido de hidrogênio residual a partir do esmalte clareado ocorre
rapidamente. Sugerem outra investigação utilizando saliva como meio de
imersão para verificar se a liberação do peróxido de hidrogênio acontece da
mesma maneira.
Silva et al.
58
, em 1996, compararam a resistência adesiva
ao cisalhamento, tanto em esmalte quanto dentina, de dentes humanos,
bovinos e suínos, após 24 horas ou sete dias de armazenamento. Discos de
dentina e esmalte foram preparados a partir dos substratos e fixados a
discos de resina composta (Prisma APH) empregando sistema adesivo
(Prisma Universal Bond). Os corpos-de-prova foram submetidos a testes de
cisalhamento e observaram-se que os valores de resistência adesiva em
esmalte superaram os valores em dentina para todos os grupos testados. Os
resultados mostram não haver, em esmalte, diferenças estatisticamente
significantes na resistência adesiva de dentes humanos e bovinos. Os dentes
suínos, porém, mostraram valores estatisticamente inferiores. Para os testes
conduzidos em dentina, não houve diferença entre os três tipos de dentes
testados. Os autores verificaram ainda não haver diferença estatisticamente
significante entre períodos de armazenamento estudados. Concluíram,
portanto, que os dentes bovinos podem ser utilizados como substitutos a
dentes humanos em trabalhos de pesquisa, quando armazenados por até
sete dias.
No mesmo ano, o efeito do armazenamento de dentes
bovinos foi analisado por Tonami et al.
66
(1996). Os autores avaliaram o
efeito do armazenamento e fervura de dentes bovinos em relação à
resistência tração. Sessenta pares de incisivos bovinos foram divididos em
grupos, sendo um dente de cada par utilizado após oito horas da exodontia
permanecendo como controle. O outro dente do par foi armazenado em
freezer durante uma ou quatro semanas previamente ao uso, ou submetido à
fervura durante 45 minutos. A partir dos substratos de cada tratamento,
fragmentos de dentina de 1mm de espessura foram preparados e
tracionados em máquina Instron. Os dados obtidos mostram que não houve
diferença na resistência à tração dos dentes bovinos após armazenamento
em freezer durante até quatro semanas. No entanto, após fervura, à
resistência à tração foi significativamente reduzida. Os autores concluíram
que os dentes bovinos podem ser armazenados por até um mês em freezer
sem prejuízo às suas propriedades mecânicas.
Schilke et al.
55
(2000), compararam o número e o diâmetro
dos túbulos dentinários da dentina humana e bovina. Para isso utilizaram
trinta terceiros molares humanos, trinta molares decíduos e trinta incisivos
centrais bovinos e os examinaram em microscópio eletrônico de varredura.
Os dentes foram seccionados próximo à junção amelo-cementaria. O tecido
pulpar foi removido utilizando limas endodônticas. Os dentes humanos, bem
como as coroas e raízes bovinas, foram cortados no sentido mesio-distal. As
raízes dos dentes humanos e todas as metades linguais seccionadas foram
descartadas. As superfícies dentinárias, no lado pulpar foram aplainadas
com uma broca de polimento em baixa rotação e lixadas até que a
concavidade pulpar estivesse completamente limpa. O smear layer foi
removido ultrassonicamente usando EDTA 0,27M por 5min e hipoclorito de
sódio 0,34M por 3min, seguido de lavagem em água por 5min. As dentinas
foram então desidratadas em crescentes concentrações de álcool (30 -
100%), montadas em pedaços de alumínio e estocados em um dissecador
de sílica-gel por uma noite. As amostras foram então metalizadas com ouro e
analisadas em microscópio eletrônico de varredura. Os resultados mostraram
que não houve diferença significante em relação ao numero de túbulos
dentinários na dentina coronária humana e bovina. Também demonstraram
que não houve diferença significante no número de túbulos dentinários/mm
2
e seus diâmetros nas camadas correspondentes da dentina coronária de
decíduos humanos, molares permanentes e de incisivos centrais bovinos.
Porém, afirmaram que o diâmetro desses túbulos dentinários, tanto na coroa
como na raiz de dentes bovinos, nas proximidades do LAD ou da polpa são
maiores que na dentina humana coronária.
O efeito de agentes clareadores sobre a superfície do
esmalte bovino foi avaliado por Kwon et al.
30
(2002) em microscopia
eletrônica de varredura e espectrofotômetro. Cinco incisivos bovinos foram
submetidos à leitura inicial e após imersão em solução de peróxido de
hidrogênio 30% durante um, dois ou três dias. Inicialmente, os autores
avaliaram a reflexão de luz do esmalte clareado em espectrofotômetro
através da mensuração da cor dos dentes avaliados. Alterações superficiais
dos dentes clareados e não clareados foram posteriormente estudadas em
MEV. Os autores verificaram que a modificação na reflexão de luz do
esmalte estava relacionada à modificação na coloração da estrutura, sendo a
maior alteração percebida no primeiro dia de clareamento. Após um dia de
imersão em peróxido de hidrogênio 30%, a modificação de cor pôde ser
notada, inclusive, a olho nu. A comparação microscópica demonstrou
alterações disformes e suaves, desenvolvendo vários graus de porosidade
na superfície do esmalte bovino.
Correa et al.
14
em 2003 fizeram um estudo micromorfológico
comparativo entre a dentina bovina e a humana, para isto utilizaram dez
incisivos humanos permanentes e quarenta incisivos bovinos permanentes.
Os dentes foram lavados com solução fisiológica e tratados com azida sódica
0,2% para evitar crescimento bacteriano e degradação dos componentes
orgânicos da dentina. Após isso foram seccionados em cortes transversais e
longitudinais, tanto nos sentidos mesio-distal como vestíbulo-lingual. Seguido
estes procedimentos as amostras foram condicionadas com ácido fosfórico
37%, desidratadas com concentração crescente de etanol e metalizadas
para analise em MEV, utilizando sempre o aumento de 2500 X. Os autores
verificaram que a dentina bovina apresentou menor numero de túbulos
dentinários/área próximo à região do limite amelo-dentinário e maior numero
de túbulos dentinários/área próximo à polpa, semelhante à dentina humana,
além de túbulos dentinários com maior diâmetro próximo ao LAD e menor
diâmetro próximo à polpa.
3 PROPOSIÇÃO
A proposta deste estudo é avaliar a quantidade de peróxido
que penetra da câmara pulpar para a superfície radicular externa, durante a
realização do clareamento interno, utilizando diferentes produtos
clareadores.
4 MATERIAL E MÉTODO
4.1 Padronização do peróxido de hidrogênio
A primeira etapa do experimento foi padronizar a solução de
peróxido de hidrogênio que serviu de parâmetro para obter a curva padrão. O
método empregado para a padronização foi a iodometria, que consiste na
reação do peróxido de hidrogênio, em meio ácido, com a solução de iodeto
de potássio (ou sódio) 1M liberando iodo, resultando em uma solução de
coloração âmbar escuro. O iodo liberado foi titulado com uma solução
padronizada de tiossulfato de sódio 0,1N, adicionada gota a gota, até que a
solução se tornou incolor, ou seja, até o consumo total do iodo dissolvido na
solução. Durante este processo, ocorreram as seguintes reações (Figura 1).
KI K
+
+ I
-
H
2
0
2
+ 2 I
-
+ 2 H
+
I
2
+ 2 H
2
O
I
2
produto de cor âmbar escuro
I
2
+ 2 S
2
O
3
-2
2 I
-
+ S
4
O
6
-2
I
-
e
S
4
O
6
-2
– produtos incolores
FIGURA 1 – Fórmula das reações ocorridas durante a iodometria.
4.1.1 Preparo das soluções:
a) solução de iodeto de potássio: foram dissolvidos 16,6 g
de iodeto de potássio (KI) p.a. em 100ml de água deionizada, obtendo-se
uma solução 1M;
b) solução padrão de tiossulfato de sódio: foram pesados
24,82g de tiossulfato de sódio penta-hidratado p.a. (Na
2
S
2
O
3
5H
2
O) e
dissolvidos em 1000ml de água deionizada, obtendo-se a solução padrão de
tiossulfato de sódio 0,1N;
c) solução de amido: em 100ml de água deionizada foram
dissolvidas 0,5g de amido solúvel p.a., obtendo-se uma solução de amido de
concentração 5 g/l. A solução foi fervida durante cinco minutos e, após
resfriamento, foi filtrada com algodão;
d) mistura ácida: em banho de gelo, foram dissolvidos 0,09
g de molibdato de amônio tetrahidratado p.a. [(NH
4
)Mo
7
O
24
4H
2
O] em
375ml de água deionizada. Em seguida, foram vagarosamente
acrescentados 160ml de ácido sulfúrico (H
2
SO
4
), agitando sempre. A mistura
ácida contendo catalisador (molibdato de amônio) foi essencial para que
ocorresse a reação e, portanto, houvesse a liberação de iodo;
e) solução de peróxido de hidrogênio: foram transferidos 5
ml da solução de peróxido de hidrogênio 35% v/v (H
2
O
2
) para um balão
volumétrico de 1000 ml contendo 250 ml de água deionizada e duas gotas de
ácido sulfúrico p.a. O volume do balão foi completado com água deionizada.
4.1.2 Titulação
Uma bureta de 25ml foi preenchida com a solução de
tiossulfato de sódio 0,1N. Em um erlenmeyer contendo 200ml de água
deionizada foram transferidos 20ml da solução de peróxido de hidrogênio,
10ml da solução de iodeto de potássio 1M e 25ml da mistura ácida. O frasco
foi agitado, tampado e permaneceu em repouso em local escuro durante 10
minutos.
Na solução do erlenmeyer foi titulada com a solução de
tiossulfato de sódio gota a gota, adicionando-se a solução de amido para
confirmação até o ponto de viragem.
Paralelamente, foram efetuadas duas provas em branco,
nas mesmas condições da amostra, porém substituindo a solução de
peróxido de hidrogênio por solução tampão acetato.
A concentração da solução de peróxido de hidrogênio em g/l
foi calculada empregando-se a fórmula (Figura 2):
C = (A - B) . 85,04
V
FIGURA 2 – Fórmula do cálculo para encontrar a concentração da solução de
peróxido de hidrogênio em g/l. Sendo: A = volume de tiossulfato de
sódio gasto na titulação da amostra; B = volume de tiossulfato de
sódio gasto na titulação do branco; C = concentração da solução de
peróxido de hidrogênio; V = volume da amostra de peróxido de
hidrogênio pipetada para diluição, em ml.
A concentração encontrada foi de 387,78 g/l.
A padronização foi necessária para determinar a
concentração exata da solução de peróxido de hidrogênio utilizado para o
preparo de soluções padrão, que foram empregadas no levantamento da
curva padrão.
4.2 Levantamento da curva padrão de peróxido de hidrogênio
Para o levantamento da curva padrão, foram preparadas as
seguintes soluções:
a) solução de corante violeta leucocristal: foram pesados 30
mg do corante violeta leucocristal e em seguida dissolvidos em 60 ml de
solução de ácido clorídrico (HCl 0,5% v/v), obtendo-se uma solução de
concentração 0,5 mg/ml;
b) solução de tampão acetato: foi preparada em três etapas:
preparo da solução de acetato de sódio 2M: 68,05
g de acetato de sódio foram dissolvidos em 250
ml de água deionizada,
preparo da solução de ácido acético 2M: 18,595
ml de ácido acético glacial concentrado p.a. foram
diluídos em 250 ml de água deionizada,
mistura das soluções: o tampão acetato foi obtido
misturando-se volumes iguais de acetato de sódio
2M e ácido acético 2M, o pH da solução resultante
foi ajustado a 4,5 com a adição de ácido acético
glacial concentrado e utilizando um pHmetro
calibrado.
c) solução de peroxidase: 10mg de peroxidase extraída de
rábano silvestre foram dissolvidos em 10 ml de água deionizada, obtendo-se
uma solução de concentração 1 mg/ml;
d) soluções padrões de peróxido de hidrogênio: 1,29ml da
solução concentrada de peróxido de hidrogênio padronizada foi diluída em
100ml com solução de tampão acetato (2M, pH 4,5) obtendo-se uma solução
contendo 5000 µg/ml de peróxido de hidrogênio. A seguir, 1ml desta solução
foi novamente diluído em 100ml com tampão acetato, resultando em uma
solução de concentração 50µg/ml, que foi posteriormente utilizada em
diluições sucessivas obtendo-se amostras no intervalo de 0,25 a 2µg de
peróxido de hidrogênio.
Para obter soluções diluídas de peróxido de hidrogênio,
utilizou-se a seguinte fórmula (Figura 3):
Ci . Vi = Cf . Vf
FIGURA 3 – Fórmula para a obtenção das soluções diluídas de peróxido de
hidrogênio. Sendo: Ci = concentração inicial da solução de partida; Vi
= volume inicial desta solução, que é a incógnita da equação; Cf =
concentração final que se deseja obter; Vf = volume final desejado.
Explica-se melhor o preparo da solução de peróxido de
hidrogênio da seguinte forma:
Para preparar 100ml da solução de peróxido de hidrogênio
em uma concentração de 5000 µg/ml, realizou-se uma regra de três simples
(Figura 4) onde,
5000 µg ----------------------------- 1ml
X ----------------------------- 100 ml
X = 500.000µg/ 100 ml, o que representa X= 0,5g / 100ml
FIGURA 4 – Fórmula utilizada para preparar 100ml da solução de peróxido de
hidrogênio em uma concentração de 5000 µg/ml.
Então foi necessário 0,5g de solução de peróxido de
hidrogênio p.a.
Como, através da padronização do peróxido de hidrogênio
conhecemos que a concentração real do peróxido foi de 387,78 g/l,
387,78 g ------------------------------ 1000 ml
0,5 g ------------------------------ X
X = 1,29 ml.
FIGURA 5 – Fórmula utilizada para conhecer o volume necessário de peróxido de
hidrogênio para preparar 100ml de solução.
O volume de peróxido de hidrogênio necessário para
preparar 100 ml de solução foi de 1,29 ml.
Foram então pipetados 1,29 ml da solução de peróxido p.a.
e completada com a solução tampão acetato até a marca de 100ml.
Para minimizar o erro de se trabalhar com pequenas
quantidades, foi preparada uma solução 100X mais diluída. Para isso foi
utilizada a fórmula (Figura 6):
Ci.Vi = Cf. Vf.
Ci.Vi = Cf. Vf. 5000μg . Vi = 50μg/ml . 100ml Vi = 1 ml
FIGURA 6 – Fórmula aplicada para diluir a solução em 100X.
Foi então, pipetada 1ml da solução de 5000µg/ml e
completada com solução tampão acetato até 100ml. Tendo assim uma
solução de 50µg/ml.
A partir dessa solução montou-se um quadro para padrões
com 0,25; 0,50; 0,75; 1,00; 1,25; 1,50; 1,75 e 2,00µg/ml dessa solução, em
cada tubo de ensaio para mensuração da absorbância (Quadro 1).
4.2.1 Mensuração da absorbância
Para o registro da absorbância (densidade óptica) foram
utilizadas 8 pontos de mensuração para se obter maior confiabilidade, sendo
eles 0,25µg/ml; 0,50µg/ml; 0,75µg/ml; 1,00µg/ml; 1,25µg/ml; 1,50µg/ml,
1,75µg/ml e 2,00µg/ml. As soluções foram colocadas, em tubos de ensaio
individuais, de acordo com as quantidades descritas no Quadro 1.
Ex: Para conseguir as concentrações referentes aos pontos
de mensuração, prosseguiu-se as seguintes diluições (Figura 7):
50µg/ml (padrão) ........................... 1ml
2µg/ml .......................... X ml X=0,040 ml
X= 40µl da solução de peróxido de hidrogênio.
FIGURA 7 – Fórmula utilizada para conseguir as concentrações referentes aos
pontos de mensuração
Da mesma forma obteve-se os demais pontos para a curva
padrão.
Quadro 1- Soluções padrões utilizadas no levantamento da curva padrão.
Pontos de
mensuração
Sol.
Padrão
de
Peróxido
50µg/ml
Tampão
até
700µl
*
Violeta
Leucocristal
Peroxidase
Água
Deionizada
0,25µg/ml 5µl 695µl 100µl 50µl 2150µl
0,50µg/ml 10µl 690µl 100µl 50µl 2150µl
0,75µg/ml 15µl 685µl 100µl 50µl 2150µl
1,00µg/ml 20µl 680µl 100µl 50µl 2150µl
1,25µg/ml 25µl 675µl 100µl 50µl 2150µl
1,50µg/ml 30µl 670µl 100µl 50µl 2150µl
1,75µg/ml 35µl 665µl 100µl 50µl 2150µl
2,00µg/ml 40µl 660µl 100µl 50µl 2150µl
*Volume da solução que foi colocada no reservatório até preencher a marca de
700
µl, para quantificação do peróxido de hidrogênio.
Em seguida todos os tubos foram preenchidos com água
deionizada até a marca de 3ml, para se ter volume necessário para uso no
espectrofotômetro.
Paralelamente às amostras, foram realizadas duas provas
em branco, nas mesmas condições citadas anteriormente, porém
substituindo-se a solução de peróxido de hidrogênio diluída por solução
tampão acetato 2M, pH 4,5.
Para aferir a densidade óptica, as soluções foram colocadas
em cubetas de vidro para em seguida, serem levadas a um
espectrofotômetro a 596nm (Mottola et al.
37
,1970).(FIGURA 8)
ab
cd
FIGURA 8 – Aparatos utilizados para medida da densidade óptica das soluções: a)
Cubetas de vidro do espectrofotômetro; b) vista do espectrofotômetro;
c) aparência das soluções nas sucessivas concentrações a serem
mensuradas pelo espectrofotômetro; d) imagem de tela do
espectrofotômetro com os valores das absorbâncias.
Para cada concentração a mensuração da absorbância foi
realizada em triplicata obtendo-se a media aritmética dos três pontos. Desta
média, subtraiu-se a média dos resultados colhidos da mensuração do
branco, com o objetivo de se conseguir mais fidelidade do resultado.
Os resultados lidos pelo espectrofotômetro estão
representados no Quadro 2.
Quadro 2 – Valores da absorbância das diferentes concentrações das
soluções de peróxido de hidrogênio.
µg/ml 1 2 3 Média Média-Branco
BRANCO 0,313 0,296 -------- 0,304
0,25 µg/ml 0,465 0,427 0,462 0,451 0,451 – 0,304= 0,147
0,50 µg/ml 0,618 0,666 0,618 0,634 0,634 – 0,304= 0,330
0,75 µg/ml 0,804 0,828 0,844 0,825 0,825 – 0,304= 0,521
1,00 µg/ml 0,991 0,983 1,013 0,995 0,995 – 0,304= 0,691
1,25 µg/ml 1,136 1,117 1,204 1,152 1,152 – 0,304= 0,848
1,50 µg/ml 1,312 1,355 1,386 1,351 1,351 – 0,304= 1,047
1,75 µg/ml 1,438 1,492 1,489 1,473 1,473 – 0,304= 1,169
2,00 µg/ml 1,574 1,587 1,656 1,605 1,605 – 0,304= 1,301
Os valores das concentrações utilizadas (eixo y) e de
absorbância (eixo x) relativas às concentrações foram inseridos em um
gráfico realizado pelo programa Graph Pad Prism, que realiza uma regressão
linear dos pontos encontrados, representados por uma reta. Por ser uma
reta, pode-se calcular a media dos pontos de absorbância pelo cálculo da
tangente de θ (cateto oposto sobre cateto adjacente).(Figura 9).
FIGURA 9 - Gráfico da regressão linear dos pontos de absorbância das
concentrações utilizadas no quadro 2.
Portanto um sobre a tangente de θ representa a média dos
valores da absorbância.
Para se obter o fator de calibração (Fc), que corresponde à
razão entre a concentração da solução padrão de peróxido de hidrogênio e
sua respectiva absorbância, realizou-se a seguinte equação (Figura 10):
Fc = [solução padrão]
θ
tg θ= a b s.
[H
2
O
2
]
1 = [H
2
O
2
]
tg θ A b s
Absorbância - branco
0,330
0,691
1,301
[H
2
O
2
]
0,5µg/ml
1,00µg/ml
2,00µg/ml
Absorbância
FIGURA 10 – Fórmula utilizada para se obter o fator de calibração (Fc), que
corresponde à razão entre a concentração da solução padrão de
peróxido de hidrogênio e sua respectiva absorbância.
O fator de calibração (Fc) médio foi utilizado para calcular a
concentração de peróxido de hidrogênio contido no espécime de cada grupo
experimental.
Para se obter a média de todos os pontos da curva padrão,
calcula-se um fator de calibração, como no exemplo:
Absorbância amostra....................................[amostra]
Absorbância padrão......................................[padrão]
Portanto, para conhecer a [amostra], realiza-se o seguinte
cálculo (Figura 11):
[amostra]= Abs amostra – branco x [padrão] = 1 = Fator de calibração.
Abs padrão tgθ
Então, [amostra] = (Abs amostra – branco) x Fc.
FIGURA 11 – Fórmula da equação utilizada para conhecer a concentração da
amostra a partir da mensuração da absorbância.
De acordo com o programa Graph Pad Prism o Fc da curva
obtida foi de 1,50.
4.3 Seleção, armazenamento e preparo dos dentes
Esta pesquisa foi submetida e aprovada pelo Comitê de
Ética em Pesquisa da Faculdade de Odontologia de São José dos Campos
UNESP, protocolo 032/2002-PA/CEP (Anexo A).
Incisivos laterais bovinos, recentemente extraídos de
animais jovens e pertencentes à mesma faixa etária, foram limpos e
conservados em freezer até a sua utilização. Os dentes foram avaliados em
estereomicroscópio para detectar possíveis trincas ou fissuras que poderiam
comprometer o resultado do estudo, sob aumento de 20 vezes (Zeiss Stemi
C 2000), e selecionados um total de 72 dentes.
Foram realizadas aberturas coronárias na face lingual dos
dentes e a câmara pulpar irrigada com solução salina fisiológica. As raízes
foram então cortadas no sentido horizontal, com discos de carborundum em
baixa rotação, a 5mm da junção amelo-cementaria, tendo como referencia a
sua face mais apical. A remoção do tecido pulpar foi executada com lima tipo
Hedstöen (Dentsply Maillefer – Ballaigues-Suiça). Foi confeccionado um
tampão de 2 mm de espessura com cimento de ionômero de vidro (Vidrion R
– SS White) selando a entrada do canal. Este tampão foi posicionado a
2,0mm da junção cemento-esmalte mais apical, sendo colocado pela face
apical. A extremidade apical dos espécimes foi isolada externamente com
resina composta fotopolimerizável (TPH – Dentsply – USA).
4.4 Confecção dos reservatórios individuais
Foi construído individualmente para cada amostra um
reservatório em resina acrílica com capacidade, no espaço entre o dente e
as paredes do reservatório, para 700μl de solução tampão de acetato. Para
isso, cada dente, desde a raiz ate 3mm acima da junção amelo-cementaria
mais coronal, recebeu externamente uma lamina de cera rosa 7 e em
seguida foram inseridos em moldes cilíndricos contendo resina acrílica ainda
não polimerizada. Após a polimerização da resina os dentes foram removidos
e limpos externamente; os restos de cera, que permaneceram tanto nos
reservatórios como nos espécimes, foram limpos com água aquecida
lentamente derramada. Assim, com a remoção da cera, o espaço entre o
reservatório e o dente foi padronizado em todas as amostras (Figura 12).
FIGURA 12 – Seqüência da confecção dos reservatórios individuais: a) dente
após corte radicular e selamento; b) alivio em cera para
construção do reservatório individual; c) figura esquemática do
espaço para a solução tampão; d) imagem interna do
reservatório; e) imagem do modelo experimental.
a
bc
de
4.5 Aplicação dos agentes de clareadores
Os dentes foram divididos em cinco grupos experimentais e
1 grupo controle, com 12 espécimes cada, de acordo com o agente clareador
a ser utilizado:
a) Grupo 1: dentes clareados com peróxido de hidrogênio
35% (Opalescence Endo, Ultradent – South Jordan –
Utah - USA).
b) Grupo 2: dentes clareados com peróxido de carbamida
35% (Opalescence Quick, Ultradent – South Jordan –
Utah – USA).
c) Grupo 3: dentes clareados com perborato de sódio +
água destilada (Farmácia Buenos Aires – São Paulo).
d) Grupo 4: dentes clareados com peróxido de hidrogênio
35% (Opalescence Endo, Ultradent – South Jordan –
Utah - USA) + perborato de sódio (Farmácia Buenos
Aires – São Paulo).
e) Grupo 5: dentes clareados com peróxido de carbamida
35% (Opalescence Quick, Ultradent – South Jordan –
Utah - USA) + perborato de sódio (Farmácia Buenos
Aires – São Paulo).
f) Grupo Controle: dentes contendo em suas câmaras
pulpares bolinhas de algodão embebidas em água
deionizada.
O Quadro 3 mostra os materiais utilizados como agentes
clareadores e suas procedências.
Quadro 3 – Materiais clareadores utilizados com suas procedências
AGENTE CLAREADOR MARCA COMERCIAL PROCEDENCIA
Peróxido de hidrogênio
35%
Opalescence Endo Ultradent South
Jordan – Utah – USA
Peróxido de Carbamida
35%
Opalescence Quick Ultradent South
Jordan – Utah – USA
Perborato de Sódio Farmácia Buenos Aires São Paulo – Brasil
Os agentes clareadores foram aplicados preenchendo a
câmara pulpar, até 2mm da margem cavo superficial e o material clareador
protegido com pedaços de filtro de papel (Filtro de papel 103 – Carrefour –
Celupa Industrial Celulose e Papel Guaíba Ltda. – Guaíba - RS) Em seguida,
as cavidades de acesso foram seladas, recebendo uma camada com resina
composta (TPH – Dentsply – USA), compatível com o tamanho de cada
cavidade, com o intuito de proteger o material clareador do condicionador
acido e adesivo dentinário. Após a polimerização desta primeira camada
realizou-se o condicionamento com ácido fosfórico 37% (Alpha Etch gel
DFL), sistema adesivo (Single Bond Adhesive – 3M) e pela técnica
incremental, uma nova camada da mesma resina composta foi inserida para
o selamento total da cavidade.
Os peróxidos utilizados neste trabalho, tanto de hidrogênio
como de carbamida são na forma de gel e nos grupos, em que foi associado
o pó de perborato de sódio ao gel, a consistência obtida foi arenosa. Da
mesma forma foi conseguida a consistência da associação do pó de
perborato de sódio à água destilada.
Para a utilização das associações de perborato de sódio
com os peróxidos de hidrogênio ou carbamida, o pó do perborato foi
adicionado ao gel de peróxido em partes iguais em volume.
Em seguida, cada dente foi colocado no interior do seu
reservatório contendo 700μl de solução tampão acetato 2M (pH4,5), até
cobrir visivelmente a junção amelo-cementária (Figura 13). Os espécimes
foram mantidos por sete dias em estufa microbiológica a 37 ± 1ºC e umidade
relativa 100%.
RESINA COMPOSTA
JUNÇÃO
AMELO-CEMENTÁRIA
SOLUÇÃO
TAMPÃO ACETATO
IONÔMERO DE VIDRO
RESINA COMPOSTA
RESERVATÓRIO
MATERIAL CLAREADOR
DENTRO DA CÂMARA
CORONÁRIA
a
b
FIGURA 13 - Modelo experimental utilizado: a) Dente posicionado no reservatório;
b) Detalhamento das partes constituintes do espécime.
Após sete dias, a solução tampão de acetato foi removida
do reservatório, através de micropipetas e transferida a um tubo de ensaio.
Foram feitas mais duas lavagens do reservatório com água deionizada que
também foi transferida para o mesmo tubo de ensaio. Em seguida foram
adicionados no tubo 100μl do corante violeta leucocristal, na concentração
de 0,5mg/ml, e 50μl de peroxidase extraída de rábano silvestre a 1mg/ml.
Após isso, foi adicionada água deionizada à mistura até completar 3ml,
resultando em uma solução de coloração azul. A mensuração da
absorbância das amostras experimentais foi conduzida da mesma maneira
descrita no levantamento da curva padrão.
4.6 Quantificação do peróxido que penetrou para a superfície radicular
Para se calcular a quantidade de peróxido de cada espécime, foi
multiplicado o valor da absorbância do espécime pelo fator de calibração
(Fc).
[espécime]=absorbância do espécime x fator de calibração.
FIGURA 14 – Fórmula utilizada para calcular quantidade de peróxido de cada
espécime
4.7 Análise estatística
Para comparar a penetração de peróxido dos grupos
experimentais com o grupo controle, foi aplicado o teste de Dunnett, com
nível de significância de 5%.
Aplicou-se ainda o teste estatístico ANOVA a 1 fator e o
teste de Tukey, nível de significância 5%, para avaliar as diferenças de
penetração de peróxido entre os diferentes grupos experimentais.
4.8 Análise complementar por microscopia eletrônica de varredura da
junção amelo-cementária
Os espécimes que apresentaram maior e menor penetração
de peróxidos, nos grupos experimentais, foram submetidos à análise por
microscopia eletrônica de varredura (MEV), da junção amelo-cementária.
Para isto, os espécimes foram cortados transversalmente a
aproximadamente 3mm da junção amelo-cementária, tanto para incisal,
como para apical, restando um anel referente à região da junção amelo-
cementária. Após isto, estes anéis foram seccionados no sentido longitudinal,
restando duas peças dentinária com as faces proximais e suas respectivas
junções amelo-cementárias de forma que ficassem mais facilmente
adaptadas à máquina de metalização. As peças foram limpas em cuba
ultrassônica por 2 minutos, e submetidas à desidratação com imersões em
concentrações progressivas de álcool etílico. Os tempos de imersão foram de
acordo com a concentração, onde em álcool a 25% - 20 min; 50% - 20 min;
75% - 20 min; 95% - 30 min e, álcool absoluto – 60 min. As peças foram
então metalizadas e analisadas em um microscópio eletrônico de varredura
(JEOL – JSM 5310 – Japan) (FIGURA 15).
ab
cd
FIGURA 15 – Preparo dos espécimes para MEV: a) adaptação das peças dentárias
para metalização; b) peças dentárias metalizadas com ouro; c)
conjunto adaptado dentro do microscópio eletrônico de varredura; d)
imagem do microscópio eletrônico de varredura.
5 RESULTADOS
5.1 Dos valores de absorbância – penetração de peróxido
Os valores de absorbância obtidos pelo espectrofotômetro
estão descritos na Tabela 1.
Tabela 1 – Valores de absorbância obtidos no espectrofotômetro. PH = peróxido de
hidrogênio 35%; PC = peróxido de carbamida 35%; PS = perborato
de sódio
Espécime PH PC PH + PS PC + PS PS + água Controle
1
1.067 1.315 0.859 1.171 0.805 0.233
2
0.675 1.035 1.481 1.193 0.770 0.235
3
1.086 1.018 0.973 1.145 1.050 0.287
4
1.072 1.091 1.083 1.356 0.665 0.259
5
1.363 0.781 0.786 1.271 0.868 0.205
6
1.075 0.806 1.042 0.890 0.710 0.193
7
0.940 0.780 1.283 1.148 0.837 0.268
8
0.913 1.137 1.037 1.034 0.776 0.218
9
1.123 1.124 0.988 1.184 0.927 0.213
10
0.782 1.083 1.308 1.367 0.802 0.180
11
0.868 0.694 1.098 1.291 0.767 0.247
12
1.102 0.991 1.253 1.094 0.731 0.242
Média
1.005 0.988 1.099 1.178 0.809 0.232
Para cada espécime, foi subtraído o valor do branco e o
valor resultante foi multiplicado pelo fator de calibração, obtendo-se a
quantidade de peróxido em μg/ml que penetrou para a superfície radicular
externa (Tabela 2 e Figura 16).
Tabela 2 – Quantidade de peróxido (em μg/ml) que penetrou para a superfície
externa nos espécimes dos grupos avaliados. PH = peróxido de
hidrogênio 35%; PC = peróxido de carbamida 35%; PS = perborato
de sódio.
Espécime
PH PC PH + PS PC + PS PS + água Controle
1
1.144μg/ml 1.516μg/ml 0.832μg/ml 1.300μg/ml 0.751μg/ml -0.106μg/ml
2
0.556μg/ml 1.096μg/ml 1.765μg/ml 1.333μg/ml 0.699μg/ml -0.103μg/ml
3
1.173μg/ml 1.071μg/ml 1.003μg/ml 1.261μg/ml 1.119μg/ml -0.025μg/ml
4
1.152μg/ml 1.180μg/ml 1.168μg/ml 1.578μg/ml 0.541μg/ml -0.067μg/ml
5
1.588μg/ml 0.715μg/ml 0.723μg/ml 1.450μg/ml 0.846μg/ml -0.148μg/ml
6
1.156μg/ml 0.753μg/ml 1.107μg/ml 0.879μg/ml 0.609μg/ml -0.166μg/ml
7
0.954μg/ml 0.714μg/ml 1.468μg/ml 1.266μg/ml 0.799μg/ml -0.054μg/ml
8
0.913μg/ml 1.249μg/ml 1.099μg/ml 1.095μg/ml 0.708μg/ml -0.129μg/ml
9
1.228μg/ml 1.230μg/ml 1.026μg/ml 1.320μg/ml 0.934μg/ml -0.136μg/ml
10
0.717μg/ml 1.168μg/ml 1.506μg/ml 1.594μg/ml 0.747μg/ml -0.186μg/ml
11
0.846μg/ml 0.585μg/ml 1.191μg/ml 1.480μg/ml 0.694μg/ml -0.085μg/ml
12
1.197μg/ml 1.030μg/ml 1.423μg/ml 1.185μg/ml 0.640μg/ml -0.093μg/ml
Média
1.052μg/ml 1.025μg/ml 1.192μg/ml 1.312μg/ml 0.757μg/ml -0.108μg/ml
-0.2
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
1.4
G1 = PH
G2 = PC
G3 = PS
G4 = PS+PH
G5 = PS+PC
Controle
FIGURA 16 – Esquema gráfico da penetração de peróxido em μg/ml.
Para avaliar se houve diferença entre os grupos
experimentais e controle, realizou-se o teste de Dunnett e os resultados
encontram-se na Tabela 3. Verificou-se que todos os grupos experimentais
foram diferentes do controle (p = 0,0001 < 0,05).
Tabela 3 - Resultado do teste de Dunnett (5%) ao comparar o grupo controle com os
grupos experimentais. PH = peróxido de hidrogênio 35%; PC =
peróxido de carbamida 35%; PS = perborato de sódio
Grupos Médias
Diferença de Médias
Vs
Controle (Média = 0,1085
Erro Padrão
da diferença
t p
PH
1,0522 1,1607 12,551 0,0001*
PH + PS 1,1929 1,3014 0,9249 14,071 0,0001*
PC + PS
1,3120 1,4205 15,359 0,0001*
PS + água
0,7575 0,8660 9,364 0,0001*
PC
1,0256 1,1341 12,262 0,0001*
*p < 0,05 e t (5%)
(gl = 55)
= 2,576
Ao comparar os grupos experimentais, que foram
submetidos aos agentes clareadores, verificou-se que os dados de dispersão
são próximos. Quando submetidos ao teste de ANOVA (1 fator), verificou-se
que os valores médios dos grupos experimentais diferem estatisticamente
(Tabela 4).
Tabela 4 – ANOVA (1 fator) para os dados de concentração segundo os grupos
Efeito DF SS MS F P
Clareador 4 2,08305 0,52076 8,52 0,0000
Resíduo 55 3,36275 0,06114
Total 59 5,44580
As Tabelas 5 e 6 mostram o resultado do teste de Tukey e a
formação de grupos homogêneos realizados para comparar os grupos
experimentais.
Tabela 5 – Resultado do teste de Tukey (5%) para os valores médios dos grupos.
Grupos Média PC + PS PC PH PH + PS
PC + OS 1,3120
PC 1,0256 0,2864*
PH 1,0523 0,2597 0,0267
PH + OS 1,1929 0,1191 0,1673 0,1406
PS + água 0,7575 0,5545* 0,2681 0,2948* 0,4354*
Tabela 6 – Formação de grupos homogêneos após a aplicação do teste de Tukey
(5%).
Grupos Média Grupos Homogêneos*
PC + OS 1,3120 A
PH + OS 1,1929 AB
PH 1,0523 AB
PC 1,0256 BC
PS + água 0,7575 C
* Letras iguais significam grupos homogêneos, que não diferem estatisticamente entre si.
Verificou-se que o grupo PC + PS apresentou a maior
penetração de peróxido e foi significantemente maior do que os grupos PC e
PS + água que apresentaram os menores valores de penetração de peróxido
e não diferem entre si (p< 0,05).
5.2 Análise complementar, por microscopia eletrônica de varredura da
junção amelo-cementária
Verificou-se na microscopia eletrônica de varredura que,
para todos os espécimes avaliados, o padrão da junção amelo-cementária foi
cemento recobrindo esmalte e justaposição do cemento e esmalte.
As figuras 17, 18 e 19 ilustram espécimes representativos
da junção amelo-cementária onde o cemento recobre o esmalte e, as figuras
20, 21 e 22 ilustram espécimes representativos onde ocorreu a justaposição
do cemento e esmalte.
FIGURA 17 – Imagem mostrando cemento (c) recobrindo o esmalte (e) e a seta
indica a área da junção amelo-cementaria (jac) (MEV – aumento
100X).
c
e
jac
FIGURA 18 – Imagem mostrando cemento (c) recobrindo o esmalte (e) e a seta
indica a área da junção amelo-cementaria (jac) (MEV – aumento
100X).
c
e
jac
FIGURA 19 – Imagem mostrando cemento (c) recobrindo o esmalte (e) e a seta
indica a área da junção amelo-cementaria (jac) (MEV – aumento
500X).
c
e
jac
FIGURA 20 – Imagem mostrando justaposição entre o cemento (c) e o esmalte (e) e
a seta indica a área da junção amelo-cementaria (jac) (MEV –
aumento 500X).
c
e
jac
FIGURA 21 – Imagem mostrando justaposição entre o cemento (c) e o esmalte (e) e
a seta indica a área da junção amelo-cementaria (jac) (MEV –
aumento 500X).
c
e
jac
FIGURA 22 – Imagem mostrando justaposição entre o cemento (c) e o esmalte (e) e
a seta indica a área da junção amelo-cementaria (jac) (MEV –
aumento 35X).
c
e
jac
6 DISCUSSÃO
6.1 Da metodologia
Para realização da curva padrão, utilizou-se o peróxido
de hidrogênio líquido e, para medir a quantidade de liberação de oxigênio
liberado a partir de uma solução de peróxido de hidrogênio é necessário
conhecer a concentração do peróxido de hidrogênio a ser testado. A
padronização do peróxido de hidrogênio serviu para certificar a real
concentração da solução no ato do levantamento da curva padrão.
A padronização da solução de peróxido de hidrogênio
utilizada no preparo das soluções padrões foi feita através de iodometria.
A iodometria foi eleita por se ter maior afinidade à técnica, por ser
conhecida através de experimentos realizados previamente no
Departamento de Ciências Fisiológicas da Faculdade de Odontologia de
São José dos Campos - UNESP e, por ser o mecanismo empregado pelo
próprio fabricante do peróxido de hidrogênio (PERÓXIDOS DO BRASIL
LTDA.) para determinar a concentração das soluções.
Para quantificar o peróxido de hidrogênio utilizou-se o
método preconizado por Mottola et al.
37
(1970) por se tratar de um método
preciso, conveniente e de alta sensibilidade. Baseia-se na formação do
cristal violeta, a partir da sua base leuco, processo que é catalizado pela
enzima peroxidase extraída de rábano silvestre. Devido à alta absorbância
em molaridade do cristal violeta, torna-se possível aplicar diretamente o
método descrito mesmo para quantidades muito pequenas de peróxido de
hidrogênio, na casa de submicrogramas. A peroxidase possibilita uma reação
rápida mesmo em baixas concentrações.
Através deste método, a mistura final da reação do
peróxido de hidrogênio, peroxidase e violeta leucocristal adquire uma
coloração violeta, variando sua intensidade de acordo com a quantidade
de peróxido presente na mistura. Ao medir a intensidade da coloração
violeta pode-se saber a quantidade de peróxido de hidrogênio da mistura.
Esta mensuração é feita através de um espectrofotômetro, regulado com
um comprimento de onda de 596nm, aparelho capaz de captar estas
variações de cor.
O comprimento de onda de 596nm foi estabelecido por
Mottola et al.
37
(1970) a partir do levantamento de medições repetidas das
soluções padronizadas, variando-se o comprimento de onda utilizado. Os
resultados obtidos foram inseridos numa curva, onde os autores
verificaram que a 596nm houve o máximo de absorbância. Esta
metodologia foi usada por diversos autores como Bowles & Ugwuneri
8
,
(1987), Adibfar et al.
1
(1992), Hanks et al.
23
(1993), Thitinanthapan et al.
63
(1999), Gokäy et al.
20
(2000) e Benetti et al.
4
(2004).
Existem outros métodos para se quantificar peróxidos em
espectrofotômetro, como a oxidação de íons metálicos, oxidação do íon iodo,
oxidação de compostos orgânicos ou pela produção de fluorescência. Na
maioria destes métodos, no entanto, a sensibilidade está limitada a soluções
contendo mais do que 10
-5
M de peróxido (Mottola et al.
37
, 1970). Em alguns
métodos, como no caso da fluorescência, são necessários equipamentos
específicos para se garantir maior sensibilidade.
Como o espectrofotômetro mede a intensidade de cor das
soluções e esta intensidade está relacionada com a quantidade de peróxido
de hidrogênio na mistura, é preciso correlacionar o valor expresso pelo
espectrofotômetro em μg/ml. Assim pode-se saber, de acordo com a
absorbância, a quantidade em μg/ml de peróxido na mistura.
Para maior confiabilidade no resultado da absorbância
(densidade óptica), valor expresso pelo espectrofotômetro, foram utilizados 8
pontos de mensuração, sendo eles 0,25μg/ml, 0,50μg/ml, 0,75μg/ml,
1,00μg/ml, 1,25μg/ml, 1,50μg/ml, 1,75μg/ml e 2,00μg/ml. Assim pôde-se
construir uma curva (curva padrão), onde cada concentração acima descrita
apresentou um valor de absorbância. Dessa forma pôde-se relacionar os
valores expressos pelo espectrofotômetro em μg/ml. Os valores de
absorbância, referentes às concentrações acima descritas, foram inseridos
em um gráfico a fim de obter o fator de calibração (Fc), que corresponde à
razão entre a concentração da solução padrão e sua respectiva absorbância.
O fator de calibração (Fc) médio foi utilizado para calcular a concentração de
peróxido contido nas amostras experimentais.
A mensuração da quantidade de peróxido que penetrou da
câmara pulpar para a face externa dos espécimes foi conseguida captando
esta substância por uma solução tampão de acetato, na qual os espécimes
ficaram imersos durante o experimento, em um modelo modificado pelo
proposto por Rotstein
46
(1991). Para que o peróxido, que extravasasse da
câmara pulpar para a solução tampão, não ficasse diluído em quantidades
diferentes de solução tampão, padronizou-se a quantidade de solução
tampão.
Um alívio foi realizado em cada amostra com uma lâmina de
cera rosa 7, seguido de moldagem e confecção de reservatórios
individualizados em resina acrílica. O espaço referente ao alívio representava
700 μl de solução tampão de acetato, na qual cada espécime ficou imerso de
modo que a junção amelo-cementária ficasse imersa. A junção amelo-
cementária é o local preferencial de penetração dos agentes clareadores de
acordo com Bonfim et al.
5
(1998); devido a pressão exercida pelo oxigênio
liberado, da decomposição tanto do peróxido de hidrogênio quanto do
perborato de sódio, aumenta a pressão interna na câmara pulpar, forçando a
saída dos agentes clareadores pelos túbulos dentinários CHNG et al.
12
(2002). Dessa forma, autores como Dezotti et al.
16
(2002) observaram que o
material clareador passa pela estrutura dentária e após o procedimento
clareador a permeabilidade dentinária se mostra aumentada. Hegedüs et
al.
25
(1999) acredita que estas alterações são resultado do baixo peso
molecular dos agentes clareadores, que lhes confere a capacidade de
penetração através das estruturas dentárias.
Os espécimes receberam barreiras cervicais com cimento
de ionômero de vidro, pois de acordo com Friedman et al.
18
(1988) e Rotstein
et al.
49
(1991) bases protetoras colocadas na superfície interna da dentina
radicular podem reduzir a ocorrência de reabsorção cervical externa da raiz,
impedindo a infiltração de materiais clareadores da câmara pulpar para a
superfície externa radicular. O mesmo autor em um outro trabalho em 1991
demonstrou que os materiais utilizados como bases protetoras (oxido de
zinco e eugenol, IRM, resina composta e cimento de ionômero de vidro)
foram igualmente eficazes na prevenção da infiltração radicular de peróxido
de hidrogênio, quando a espessura desta base excedia 1mm. Entretanto,
Oliveira et al.
41
em 2003, verificaram que o melhor material para ser utilizado
como base (tampão) cervical foi o cimento de ionômero de vidro, sem
diferença estatisticamente significante ao comparar o cimento de ionômero
de vidro modificado por resina com o cimento de ionômero de vidro
convencional, e que nenhum material é capazes de prevenir a infiltração do
agente clareador da câmara pulpar para a superfície radicular externa. No
presente estudo, a impermeabilização da extremidade radicular foi realizada
com resina composta para evitar que tanto o agente clareador que
porventura ultrapassasse a barreira de cimento de ionômero de vidro, não
saísse para o reservatório e nem a solução do reservatório penetrasse pela
dentina da superfície radicular seccionada. As barreiras foram colocadas a
2mm apicalmente a junção amelo-cementária como sugere Costas &
Wong.
15
em 1991 e Oliveira et al.
41
em 2003.
Os materiais clareadores mais utilizados atualmente para
clarear dentes tratados endodonticamente são os peróxidos de hidrogênio e
carbamida e o perborato de sódio, associado à água destilada, solução
fisiológica ou peróxido de hidrogênio. Neste trabalho buscou-se utilizar estes
produtos bem como suas associações.
Os materiais clareadores testados neste trabalho foram
colocados no interior das câmaras pulpares, protegidos com pedaços de filtro
de papel, seguido de uma camada de resina composta sem condicionamento
ácido e sistema adesivo prévios para que não interferissem no agente
clareador. Após polimerização desta primeira camada, realizou-se o
condicionamento ácido e sistema adesivo para posteriormente ser inserida a
segunda camada de resina composta, garantindo um vedamento mais
hermético.
Dentes bovinos têm sido constantemente utilizados nas
pesquisas odontológicas devido à facilidade de obtenção aliada às
dificuldades de obtenção de dentes humanos e das restrições éticas
relacionadas ao uso destes dentes. Investigações prévias estabeleceram a
praticidade da utilização de dentes bovinos em testes de resistência adesiva
de resinas compostas (Nakamichi et al.
38
, 1983; Titley et al.
65
, 1988; Ruse et
al.
52
, 1990; Ruse & Smith
51
,1991; Silva et al.
58
1996; Owens et al.
43
, 1998).
Além disso, alguns autores mencionaram não haver diferença significante em
relação ao numero de túbulos dentinários na dentina coronária humana e
bovina. Demonstraram ainda que além do número de túbulos
dentinários/mm
2
também não há diferenças no diâmetro nas camadas
correspondentes de dentina coronária de decíduos humanos, molares
permanentes e de incisivos centrais bovinos. Porém, afirmaram que o
diâmetro desses túbulos dentinários, tanto na coroa como na raiz de dentes
bovinos, nas proximidades da junção amelo-cementária ou da polpa são
maiores que na dentina humana coronária. Verificaram ainda que a diferença
na densidade tubular da dentina bovina, entre as camadas média e profunda,
é mais acentuada na coroa do que na raiz, podendo ser usada em
substituição à dentina humana (Schilke et al.
54
, 1999; Schilke et al.
55
, 2000).
Outros autores encontraram valores semelhantes em relação ao número de
túbulos dentinários bovinos e não encontraram diferença entre a dentina
coronária humana e bovina em relação à densidade de túbulos
dentinários/mm
2
(Saunders
53
,1988; Schilke et al.
55
, 2000). Correa et al.
14
em
2003 verificaram que a dentina bovina apresentou menor número de túbulos
dentinários/área próximo à região do limite amelo-dentinário e maior número
de túbulos dentinários/área próximo à polpa, semelhante à dentina humana,
além de túbulos dentinários com maior diâmetro próximo à junção amelo-
cementária e menor diâmetro próximo à polpa.
Quanto à permeabilidade, Tagami et al.
62
(1989)
constataram que a dentina bovina tem permeabilidade semelhante a dentina
radicular humana, pois apresentam densidades e diâmetros dos túbulos
similares. Outros autores avaliaram a permeabilidade dentinária coronária
bovina através da condutância hidráulica e relataram que a permeabilidade
da dentina coronária de incisivo bovino é de seis a oito vezes menor do que
na dentina oclusal de terceiro molar humano, mas semelhante à dentina
radicular humana (Tagami et al.
62
,1989; Tagami et al.
61
,1990). Além disso,
dentes bovinos também foram utilizados em investigações sobre o efeito do
tratamento clareador (Adibfar et al.
1
,1992; Kwon et al.
30
, 2002; Benetti et al.
4
,2004).
6.2 Dos resultados
A permeabilidade dentinária e a integridade do cemento da
superfície radicular possuem um papel determinante na penetração de
peróxido do interior da câmara pulpar para a superfície radicular externa
após clareamento de dentes tratados endodonticamente.
No presente estudo verificou-se que ocorreu a penetração
de peróxido da câmara pulpar para a superfície externa em todos os grupos
experimentais. Para esta penetração íons provenientes dos agentes
clareadores atravessaram a dentina e o cemento, uma vez que na
microscopia eletrônica de varredura não foi verificado fendas ou falhas na
junção cemento-esmalte, nos espécimes que apresentaram máxima e
mínima penetração de peroxido. Entretanto Kehoe
28
,1987 em seu trabalho
acredita que o cemento representa uma barreira para passagem de íons,
uma vez que avaliando a alteração do pH na superfície radicular externa
após a colocação de Ca(OH)
2
no interior da câmara pulpar, verificaram
alterações menores no pH na superficie radicular de dentes com o cemento
intacto do que em dentes onde realizou-se a remoção do cemento.
Fuss et al.
19
, 1989 ao avaliarem a difusão da mistura de
perborato de sódio com peróxido de hidrogênio e de hidróxido de cálcio
verificaram maiores alterações de pH na superfície radicular externa de
dentes submetidos ao tratamento clareador e que os materiais clareadores,
diferentemente do hidróxido de cálcio, apresentam uma rápida difusão pela
dentina. Esta maior difusão provavelmente é devido ao menor tamanho das
moléculas dos agentes clareadores, uma vez que moléculas pequenas
normalmente se difundem mais rapidamente do que moléculas maiores
(Waiwright & Lemoine
67
, 1950; Fuss et al.
19
, 1989; Chen et al.
11
, 1993). A
capacidade destas moléculas, assim como de outros íons de atravessarem a
dentina depende de fatores relacionados a essas substâncias e de fatores
como a natureza do tecido dentinário e da área de superfície exposta
(Rotstein
46
, 1991). Soma-se a isto que a região cervical apresenta maior
permeabilidade do que as demais regiões da raiz (Marshall et al.
33
, 1960).
Quando o agente clareador é selado no interior da câmara pulpar, ocorre
pressão dentro da câmara pulpar, devido a liberação de oxigênio, tanto da
decomposição do peróxido de hidrogênio como do perborato de sódio. Esta
pressão força a saída dos agentes clareadores pelos túbulos dentinários
(Chng et al.
12
, 2002).
A importância desta penetração se deve ao fato de que ao
entrar em contato com os tecidos, o peróxido de hidrogênio e outros radicais
de oxigênio causam destruição celular e tecidual (Halliwel & Gutteridge
22
,
1984; Ramp et al.
44
, 1987), alem de sérios danos ao fibroblasto humano
(Simon et al.
59
, 1981). Ramp et al.
44
, em 1987 verificaram que mesmo baixos
níveis de peróxido de hidrogênio foram suficientes para inibir o metabolismo
da glicose e a síntese de colágeno, além de diminuir o nível de fosfatase
alcalina.
Rotstein et al.
50
(1996) conduziram uma análise
histoquímica, após o tratamento com peróxido de hidrogênio, peróxido de
carbamida ou perborato de sódio, para avaliar o efeito dos agentes
clareadores sobre os tecidos dentais. Verificaram que a maioria dos agentes
clareadores examinados causa alterações nos níveis de cálcio, fósforo,
enxofre e potássio dos tecidos. Os géis clareadores testados reduziram a
taxa de cálcio/fósforo na dentina e cemento. Enxofre, um marcador de
proteoglicanas, está presente na matriz dos tecidos duros e, mudanças nos
níveis deste mineral podem indicar danos aos componentes orgânicos da
matriz dos tecidos mineralizados. Os autores ainda constataram que o
cemento foi o mais afetado pelas alterações dos níveis de enxofre após
clareamento; isto pode ser atribuído ao cemento, por este apresentar
maiores concentrações de componentes orgânicos. Os autores concluíram
que os agentes clareadores podem trazer prejuízos aos tecidos dentários,
por isso aconselham cautela na sua utilização.
No presente estudo, é provável que todos os espécimes
estudados apresentaram a junção amelo-cementária com recobrimento do
esmalte pelo cemento ou justaposição de cemento-esmalte. Entretanto,
sabe-se que a junção amelo-cementária pode apresentar fendas que expõe
a dentina ao tecido periodontal nesta área. De acordo com Neuvald &
Consolaro
40
em 2000, em cerca de 10% dos casos pode ocorrer esta
exposição. Nestas condições, os íons provenientes da ação dos agentes
clareadores podem alcançar os tecidos vivos com maior facilidade e em
maior quantidade e aí iniciar um processo inflamatório.
Soma-se a isto um aspecto significante, que é a auto-
imunidade da dentina, pois esta apresenta proteínas especificas, muitas
vezes inacessíveis as células de reconhecimento imunológico humano. Sua
organização dificulta a exposição direta das proteínas não colagênicas à
ação das células processadoras de antígenos, permanecendo as proteínas
dentinárias incorporadas em uma matriz mineralizada e atuando como
antígenos seqüestrados. Entretanto, quando expostas, no caso de ocorrência
de processo inflamatório na região, não são reconhecidas como próprias
pelo organismo, e desencadeiam resposta especifica, representada por
mobilização celular, com o intuito de efetivar a eliminação dos antígenos, e
os clastos irão atuar como principal efetor. Uma vez que o mecanismo
gerador do processo reabsortivo requer a presença de fatores locais, como a
liberação de citocinas, para atuar como promotor de células clásticas,
quando a junção amelo-cementaria apresenta esta forma irregular, isto irá
colaborar na identificação desta área predispondo-a a instalação das
reabsorções cervicais externas, frente à ação de fatores como os agentes
clareadores, traumatismos e movimentação dentaria induzida (Neuvald
39
,
1997).
Os valores obtidos nos resultados do presente trabalho
revelam que o poder oxidativo do peróxido de hidrogênio foi maior quando
comparado ao peróxido de carbamida nas mesmas concentrações, que por
sua vez foi maior que a mistura de perborato de sódio e água destilada.
O maior poder oxidativo do peróxido de hidrogênio em
comparação ao peróxido de carbamida se deve possivelmente pelo peróxido
de carbamida ser quebrado em uréia e peróxido de hidrogênio e este por sua
vez quebrado em radicais oxidativos. Assim, a quantidade de peróxido de
hidrogênio resultante da reação de oxidação do peróxido de carbamida
provavelmente é menor do que a quantidade de peróxido de hidrogênio no
gel de peróxido de hidrogênio.
Quando os peróxidos de hidrogênio e carbamida foram
misturados ao perborato de sódio, o poder de oxidação foi maior em
comparação aos géis usados separadamente, possivelmente devido ao fato
do perborato de sódio também ser quebrado em radicais oxidativos, sejam
eles peróxidos ou íons oxigênio.
Neste trabalho a associação do perborato de sódio ao
peróxido de carbamida apresentou maior poder oxidativo do que a
associação do perborato de sódio ao peróxido de hidrogênio. Isto pode estar
relacionada ao fato do peróxido de carbamida testado apresentar um pH
mais alcalino (6-6,5) (Rotstein et al.
50
, 1996) quando comparado ao pH do
peróxido de hidrogênio testado (~ 5). De acordo com Chng et al.
12
em 2002,
uma solução de peróxido de hidrogênio 30% apresenta um pH = 1,7 e
quando associada ao perborato de sódio este pH é em torno de 7,1. Assim, o
pH mais alcalino da associação potencializa a liberação de radicais
oxidativos, como no estudo de Chen et al.
11
em 1993. Estes autores (CHEN
et al.
11
, 1993) verificaram que a decomposição do peróxido de hidrogênio
associado a uma mistura básica, foi mais rápida e mais violenta do que
quando o peróxido de hidrogênio foi associado a um ácido ou o peróxido de
hidrogênio foi submetido à ação do calor.
Os menores valores de penetração de peróxido foram
observados quando se utilizou o perborato de sódio associado a água
destilada. Sabe-se que o perborato de sódio quando em contato com a água
se decompõe na forma de peróxido de hidrogênio que libera oxigênio ativo
para dar inicio ao processo de clareamento (WEIGER et al.
68
, 1994). Desta
forma a quantidade de peróxido liberado é menor do que quando se utiliza o
peróxido de hidrogênio ou o peróxido de carbamida associado a ele.
Os resultados apresentados neste estudo confirmam que os
peróxidos de hidrogênio e carbamida associados ao perborato de sódio
levam a maior penetração de peróxido na estrutura dental, provavelmente
resultando em um clareamento mais rápido da estrutura dental. Entretanto, a
associação do perborato de sódio com a água destilada é menos agressiva
por levar a uma menor liberação de peróxido com conseqüente menor
penetração iônica, do interior da câmara pulpar para a superfície radicular
externa, e o efeito clareador obtido na clínica é semelhante às associações e
produtos mais agressivos.
7 CONCLUSÃO
De acordo com a metodologia e os resultados obtidos nesta pesquisa, pode-
se concluir que:
a) todos os agentes clareadores foram capazes de penetrar da câmara
pulpar para a superfície radicular externa;
b) a associação dos peróxidos de hidrogênio e carbamida com o
perborato de sódio foram os agentes clareadores que tiveram maior
potencial oxidativo;
c) o perborato de sódio associado à água destilada foi menos oxidativo,
portanto mostra ser o agente clareador mais seguro.
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Anexo A – Certificado do Comitê de Ética em Pesquisa Local. Faculdade de
Odontologia de São José dos Campos – UNESP.
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surface in internal bleaching. 2005. 118f. Dissertação (Mestrado em
Odontologia Restauradora, Especialidade em Endodontia) – Faculdade de
Odontologia de São José dos Campos, Universidade Estadual Paulista, São
José dos Campos, 2005.
ABSTRACT
The aim of this work was to evaluate the amount of peroxide that penetrates of the
coronary chamber to external root surface during the internal bleaching. Extracted
bovine incisive had been used that had coronary openings, roots they had been cut
5mm of the cemento-enamel junction and a barrier plug of 2mm of glass ionomer
cement stamping the entrance of the canal. The apical face recived external isolation
with composed resin. The teeth had been divided in 5 experimental groups and 1
control group, with 12 especimes each. G1 – teeth bleach with hydrogen peroxide
35% (PH); G2 – teeth bleach with carbamide peroxide 35% (PC); G3 – teeth bleach
with sodium perborate (PS) + destilled water; G4 – teeth bleah with the asociation of
PH + PS; G5 – teeth bleach with the asociation of PC + PS; Group control – pulp
chamber with deionized water. Each tooth was placed into the individual reservoirs
with 700μl of acetate solution 2M (pH 4,5). After 7 days 37±1
o
C., the solution was
transferred to an assay pipe where it was added 100μl of leucocristal violet and 50 μl
of peroxidase, resulting in a blue solution. The absorbance was made in a
spectrophotometer and converted in μglμl of peroxide. To evaluate if it had difference
between the experimental groups and control, became fullfilled the test of Dunnet
and the results had shown that all the experimental groups had been different of the
control (p=0,0001<0,05). It was still verified that the groups PC+PS presented the
biggest peroxide penetration and was significantly bigger of the other groups. PC
and PS that had presented the lesser values of peroxide penetration and do not
differ between itself (p<0,05).
KEYWORDS: Tooth bleaching; Dental materials; Hidrogen peroxide; Pulp
cavity; Endodontics; Animal; In vitro.
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