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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS
CÂMPUS DE JABOTICABAL
AVALIAÇÃO BIOECONÔMICA DE BEZERROS LACTENTES
RECEBENDO DIFERENTES FONTES PROTÉICAS EM COCHO
PRIVATIVO EM PASTAGENS DE BRACHIARIA BRIZANTHA cv.
MARANDÚ MANEJADA INTENSIVAMENTE
Tiago Maximo da Silva
Engenheiro Agrônomo
Jaboticabal – São Paulo – Brasil
Fevereiro de 2007
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ii
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS
CÂMPUS DE JABOTICABAL
AVALIAÇÃO BIOECONÔMICA DE BEZERROS LACTENTES
RECEBENDO DIFERENTES FONTES PROTÉICAS EM COCHO
PRIVATIVO EM PASTAGENS DE BRACHIARIA BRIZANTHA cv.
MARANDÚ MANEJADA INTENSIVAMENTE
Tiago Maximo da Silva
Orientador: Prof. Dr. Alexandre Amstalden Moraes Sampaio
Co-Orientadora: Prof
a
. Dr
a
. Maria Madalena Zocoller Borba
Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências
Agrárias e Veterinárias Unesp, Câmpus de
Jaboticabal, como parte das exigências para a
obtenção do título de Mestre em Zootecnia (Produção
Animal).
Jaboticabal – São Paulo – Brasil
Fevereiro de 2007
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iii
Silva, Tiago Maximo da
S586a Avaliação bioeconômica de bezerros lactentes recebendo
diferentes fontes protéicas em cocho privativo em pastagens de
Brachiaria brizantha cv. marandú manejada intensivamente / Tiago
Maximo da Silva. – – Jaboticabal, 2007
xv, 76 f. : il. ; 28 cm
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista,
Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, 2007
Orientador: Alexandre Amstalden Moraes Sampaio
Banca examinadora: Rymer Ramiz Tullio, Jane Maria Bertocco
Ezequiel
Bibliografia
1. Canchim. 2. Fluxo de caixa. 3. Torta de amendoim. I. Título. II.
Jaboticabal-Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias.
CDU 636.2:338.4
Ficha catalográfica elaborada pela Seção Técnica de Aquisição e Tratamento da Informação –
Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação - UNESP, Câmpus de Jaboticabal.
iv
v
DADOS CURRICULARES DO AUTOR
Tiago Maximo da Silva filho de Vera Lucia Maximo da Silva e Irson
Maximo da Silva, nascido em 13 de maio de 1981, na cidade de São Paulo
SP. Em Março de 1999 ingressou no curso de Agronomia da Faculdade de
Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista Unesp
Campus de Jaboticabal. Apresentou a monografia intitulada: “Alometria do
trato gastrintestinal, histologia e histoquímica de bezerros da raça Holandesa
alimentados com diferentes dietas líquidas durante o aleitamento” como parte
obrigatória para obtenção do titulo de Engenheiro Agrônomo. Graduou – se em
janeiro de 2004, permanecendo na instituição como bolsista de
aperfeiçoamento técnico junto ao Setor de Forragicultura. Em março de 2005
ingressou no curso de Mestrado em Zootecnia, sendo contemplado com bolsa
da Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
Em outubro de 2006 foi selecionado para ingressar no curso de Doutorado em
Zootecnia na mesma instituição.
vi
A DEUS PAI
DEUS FILHO
E AO ESPIRITO SANTO
OFEREÇO
“O principio da Sabedoria é o desejo autêntico
de instrução, e a preocupação pela instrução é o
Amor. O Amor é a observância da Sabedoria. Por
sua vez, a observância das leis é garantia de
imortalidade. E a imortalidade faz com que a
pessoa fique perto de DEUS. Portanto, o desejo de
Sabedoria conduz ao reino dos Céus.”
(Sabedoria 6, 17-20)
vii
A meus pais
Como colocar em palavras todo o meu Amor e minha
gratidão por pessoas que batalharam e lutaram para
que estudasse sempre nas melhores instituições, que
estão ao meu lado nos momentos alegres e que me
apóiam nos momentos difíceis sem exigir nada em
troca, a não ser o respeito e a integridade.
A minha noiva Alessandra
Não pelo Amor e Companheirismo concedidos,
mas pelo incentivo, pela paciência nos momentos de
nervosismo e mau-humor e pelas horas perdidas nas
inúmeras correções dos meus erros de português.
A minha irmã Aline
Pelas palavras de força e incentivo em momentos
difíceis que me afastavam do caminho de Deus
DEDICO
viii
AGRADECIMENTOS
A DEUS, pela oportunidade de viver e realizar todos os meus sonhos.
À Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES), pela bolsa concedida.
À Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias que me acolheu em seu
campus, além de proporcionar um ensinamento sólido e de qualidade transmitido
pelos professores do Programa de Pós – Graduação em Zootecnia.
Ao Professor Alexandre por toda a orientação e atenção, pelo exemplo de
fé e de vida além dos conselhos extra faculdade.
A Professora Maria Madalena por todas as orientações e atenção
concedida para e execução deste trabalho.
À Professora Jane por toda atenção e pela participação nas bancas de
defesa do projeto, qualificação e defesa.
Ao Dr. Rymer pela disposição em participar da banca de defesa e pelas
sugestões concedidas.
Aos Professores Atushi e Américo pelas sugestões de correção deste
trabalho.
Aos funcionários do Laboratório de ruminantes e do Setor de Bovinocultura
de corte: Serginho, Servidone (Bi) e Renato (Galeguinho) pela compreensão,
dedicação, e ajuda prestada durante toda a realização da parte experimental.
Aos amigos Alexandre e Glauco pela dedicação e ensinamentos e aos
colegas Adriana e Bruno pelo auxílio na condução do experimento.
A todos que direta ou indiretamente me ajudaram a finalizar mais uma
etapa de minha vida.
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS................................................................................................. viii
LISTA DE FIGURAS................................................................................................... xi
RESUMO.................................................................................................................... xii
SUMMARY................................................................................................................ XIV
CAPITULO 1 - CONSIDERAÇÕES GERAIS............................................................... 1
INTRODUÇÃO................................... ...............................................................................1
REVISÃO DE LITERATURA..................................................................................................3
SUPLEMENTAÇÃO DE PASTAGENS.................................................................................3
SUPLEMENTOS PARA UTILIZAÇÃO NO CREEP FEEDING....................................................7
A TECNICA DA ULTRA SONOGRAFIA...............................................................................9
VIABILIDADE ECONÔMICA............................... ...........................................................11
REFERÊNCIAS. ..............................................................................................................13
CAPITULO 2 - DESEMPENHO DE BEZERROS LACTENTES RECEBENDO
DIFERENTES FONTES PROTÉICAS EM COCHO PRIVATIVO EM PASTAGEM
DE BRACHIARIA BRIZANTHA CV. MARANDU, MANEJADAS INTENSIVAMENTE...........17
RESUMO.......................................................................................................................17
INTRODUÇÃO .................................................................................................... ...........18
MATERIAIS E MÉTODOS..................................................................................................22
DESCRIÇÃO DO LOCAL..............................................................................................22
ANIMAIS...................................................................................................................23
PROCEDIMENTOS PRÉ-EXPERIMENTAIS......................................................................24
EXPERIMENTO.............................................................................................. ...........24
DADOS COLETADOS .................................................................................................27
ANÁLISES ESTATÍSTICAS...........................................................................................29
RESULTADOS E DISCUÇÃO.............................................................................................29
CONCLUSÕES................................................................................................................41
REFERÊNCIAS...............................................................................................................41
10
CAPITULO 3 - ANÁLISE DE INVESTIMENTO DA CRIA DE BEZERROS CANCHIM
EM PASTAGENS DE Brachiaria brizantha cv. Marandu EM SISTEMA DE
CREEP FEEDING.............................................................................................45
RESUMO.......................................................................................................................45
INTRODUÇÃO ................................................................................................................45
MATERIAIS E MÉTODOS..................................................................................................49
DADOS EXPERIMENTAIS DO PROCESSO DE CRIA ..........................................................49
DADOS DA INFRA-ESTRUTURA UTILIZADA......................................................................52
ASPECTOS TEÓRICO-CONCEITUAIS DA ANÁLISE DE INVESTIMENTO .................................54
PROCEDIMENTOS ADOTADOS NA ANÁLISE DE INVESTIMENTO.........................................56
RESULTADOS E DISCUÇÃO.............................................................................................60
DESPESAS DE INVESTIMENTO......................................................................................60
DESPESAS OPERACIONAIS................................................................... ......................61
FLUXO DE CAIXA........................................................................................................64
SIMULAÇÕES .............................................................................. ..............................68
CONCLUSÕES................................................................................................................71
REFERÊNCIA.................................................................................................................71
APÊNDICES...............................................................................................................73
11
LISTA DE TABELAS
CAPITULO 2 - DESEMPENHO DE BEZERROS LACTENTES RECEBENDO
DIFERENTES FONTES PROTÉICAS EM COCHO PRIVATIVO EM PASTAGEM DE
Brachiaria brizantha cv. Marandu, MANEJADAS INTENSIVAMENTE
Tabela 1. Composição químico - bromatológica dos ingredientes componentes
dos concentrados e dos volumosos fornecidos aos animais, em matéria seca
original (MSO), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra bruta (FB) e
matéria mineral (MM), fibra detergente neutro (FDN) e fibra detergente
acido (FDA)...........................................................................................................25
Tabela 2. Proporções percentuais e características nutricionais dos concentrados
experimentais fornecidos aos bezerros.................................................................27
Tabela 3. Peso corporal inicial (kg), ganhos de peso corporal (GPC- kg/cab./dia)
total e em cada período e peso corporal final (kg).................................................30
Tabela 4. Ingestões médias de suplemento (kg/animal/dia) proporcionado pelos
tratamentos avaliados em cada período e no período total..................................33
Tabela 5. Área de olho de lombo (AOL) em cm
2
, ganho de área de olho de lombo
(GAOL) em cm
2
, espessura de gordura de cobertura (EGC) em mm e ganho de
espessura de gordura de cobertura (GEGC) em mm de bezerros em função dos
tratamentos............................................................................................................35
Tabela 6. Avaliação parcial de custo da suplementação de bezerros lactentes em
cocho privativo, nos períodos e no período total...................................................40
12
CAPITULO 3 - ANÁLISE DE INVESTIMENTO DA CRIA DE BEZERROS CANCHIM
EM PASTAGENS DE Brachiaria brizantha cv. Marandu EM SISTEMA DE CREEP
FEEDING.
Tabela 1. Composição químico - bromatológica dos ingredientes componentes
dos concentrados e dos volumosos fornecidos aos animais, em matéria seca
original (MSO), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra bruta (FB) e
matéria mineral (MM), fibra detergente neutro (FDN) e fibra detergente
acido (FDA)...........................................................................................................51
Tabela 2. Proporções percentuais e características nutricionais do concentrado
experimental fornecido aos bezerros............................................................... .....52
Tabela 3. Investimento inicial com aquisição de animais de reprodução e de
trabalho..................................................................................................................60
Tabela 4. Investimentos em instalações, equipamentos e utensílios.........................61
Tabela 5. Custo da suplementação das matrizes e dos touros..................................63
Tabela 6. Custo de manutenção de 1 ha de pastagem de Brachiaria brizantha cv.
Marandú.................................................................................................................64
Tabela 7. Fluxo de caixa do investimento na cria de bezerros desmamados
(machos e fêmeas) no sistema de creep feeding de 0 a 5 anos...........................65
Tabela 8. Continuação do fluxo de caixa do investimento na cria de bezerros
desmamados (machos e fêmeas) no sistema de creep feeding de 6 a 10
anos........................................................................................................................66
13
Tabela 9. Indicadores de viabilidade econômico-financeiros.....................................67
Tabela 10. Indicadores de viabilidade econômico-financeiros das simulações
1, 2, 3, 4, e 5............................................................................................ .............68
Tabela 11. Indicadores de viabilidade econômico-financeiros das simulações
6, 7, 8, 9, 10, e 11..................................................................................................69
Tabela 12. Indicadores de viabilidade econômico-financeiros das simulações
12, 13, e 14............................................................................................................70
APÊNDICE
APÊNDICE 1. Planilha da elaboração das receitas com a venda dos animais..........74
APÊNDICE 2. Custo do concentrado utilizado na alimentação dos bezerros............75
APÊNDICE 3. Planilha do custo dos medicamentos utilizados na cria de bezerros..76
14
LISTA DE FIGURAS
CAPITULO 2 - DESEMPENHO DE BEZERROS LACTENTES RECEBENDO
DIFERENTES FONTES PROTÉICAS EM COCHO PRIVATIVO EM PASTAGEM DE
Brachiaria brizanta cv. Marandu, MANEJADAS INTENSIVAMENTE
Figura 1. Ingestão de matéria seca do suplemento em relação ao peso corporal
(PC), em porcentagem, nos quatro períodos para os tratamentos SG, TA
e FS........................................................................................................................34
Figura 2. Exemplificação da visualização das mensurações da área de olho de
lombo e espessura de gordura de cobertura, em bezerros na fase inicial (A)
e final (B) do experimento......................................................................................36
Figura 3. Estimativa da disponibilidade média de forragem em kg, de matéria
seca (MS), ao longo do período experimental.......................................................37
15
AVALIAÇÃO BIOECONÔMICA DE BEZERROS LACTENTES RECEBENDO
DIFERENTES FONTES PROTÉICAS EM COCHO PRIVATIVO EM PASTAGENS DE
Brachiaria brizantha cv. Marandú MANEJADAS INTENSIVAMENTE
RESUMO Dentre os fatores que interferem no processo produtivo, o peso à
desmama constitui-se um dos mais importantes. Para tal, a técnica de creep feeding
pode assumir grande importância para encurtar o tempo necessário para o acabamento
e abate dos animais destinados ao corte. Com o objetivo de avaliar o desempenho de
bezerros lactentes em resposta a diferentes suplementos no sistema de creep feeding e
a viabilidade econômico-financeira da implantação da cria, 32 bezerros da raça
Canchim com 120 dias de idade e suas respectivas mães, foram distribuídos em quatro
lotes experimentais com oito bezerros cada. O experimento foi dividido em 4 períodos
de 28 dias totalizando 112 dias. Os tratamentos foram: SG = concentrado com milho
moído e soja grão; TA = concentrado com milho moído e torta de amendoim; FS =
concentrado com milho moído e farelo de soja e o SS = sem suplementação (controle).
Os tratamentos com suplemento receberam a inclusão de 10% de NaCl nos dois
últimos períodos (56
o
-112
o
dia) para controle do consumo de concentrado. Os animais
foram avaliados através de pesagens e monitoração ultrassonográfica. Na análise
econômica foi utilizado o fluxo de caixa e os indicadores de viabilidade econômico-
financeiros. Para flexibilização dos resultados da situação determinista foram realizadas
simulações, nas quais foi modificado o número de matrizes e a aquisição dos ativos
fixos. O horizonte de planejamento considerado foi de 10 anos. Observou-se que os
tratamentos SG, TA, FS não se diferenciaram entre si estatisticamente (0,943; 0,986 e
0,913 kg), mas diferenciaram (P<0,01) em relação ao tratamento SS (0,669 kg) no
primeiro período. No 2
o
período notou-se um aumento significativo (P<0,01) no ganho
de peso dos tratamentos com suplementação, em relação ao tratamento sem
suplementação, sendo 1,019; 1,120 e 1,041 kg para os tratamentos SG, TA, FS e 0,598
kg para o tratamento SS. Os ganhos de peso corporal, em função dos tratamentos SG,
TA e FS e SS, no 3
o
e 4
o
períodos não apresentaram diferença estatisticamente
16
significativa. O ganho de área de olho de lombo (GAOL) no 1
o
período, que neste caso
consistiu em 56 dias, apresentou diferença estatisticamente significativa entre os
tratamentos TA e o SS com 10,15 e 5,29 cm
2
respectivamente. Os tratamentos SG e
FS não diferiram dos outros tratamentos obtendo ganho de 6,61 cm
2
. Houve
semelhança (P>0,05) no GAOL no 2
o
período (concentrado foi acrescido de 10% de
NaCl) entre os tratamentos com e sem suplementação. Os ganhos de espessura de
gordura de cobertura em ambos períodos não demonstraram diferença (P>0,05).
Avaliando-se os resultados econômicos, as despesas de investimento foram as que
mais oneraram o fluxo de caixa sendo que do total investido 35,48% estava relacionado
com a compra dos maquinários, 28,98% com a aquisição dos animais e 23,38% com a
construção das instalações. Entre as despesas operacionais destacou-se a alimentação
das matrizes com um custo anual de R$ 9.905,83, que correspondeu a 68,52% do total
destes gastos. Observou-se que os indicadores da situação determinista foram
negativos, indicando inviabilidade do investimento nas condições analisadas, num
horizonte de planejamento de 10 anos, não recuperando o capital investido neste
tempo. Nas simulações realizadas os indicadores de viabilidade econômico-financeira
da produção de bezerros desmamados também apontaram para a não viabilidade do
investimento. Quando se considerou a aquisição parcial dos ativos fixos e a venda de
bezerros mais pesados à desmama estes indicadores tornaram-se positivos.
Palavras-Chave: área de olho de lombo, cocho seletivo, fluxo de caixa, torta de
amendoim, viabilidade econômica
17
BIOECONOMIC EVALUATION OF SUCKLING CALVES RECEIVING DIFFERENT
PROTEINIC SOURCES IN PRIVATIVE TROUGH IN THE Brachiaria brizantha cv.
Marandú GRASSLANDE MANIPULATEDINT INTENSIVELY
SUMMARY - Weaning weight is the most important factor on the productive
process. For this, creep feeding can assume great importance to reduce the necessary
time for the finishing and slaughter of cattle. With the objective to evaluate the
performance of suckling calves in reply the different supplements in the creep feeding
system and the economic-financier viability of the implantation for this system, 32
Canchim calves with 120 days of age and their mothers, which were distributed in four
experimental lots with eight calves which one. The experimental period lasted 112 days,
divided in four sub-periods of the 28 days. The experimental treatments were: SG =
concentrate with corn ground and soybean; TA = concentrate with corn ground and
peanut cake; FS = concentrate with corn ground and soybean meal and SS = without
supplementation (control). All treatments received the inclusion of 10% of NaCl on two
last periods (56 -112
o
day) for control of consumption of concentrated. The animals were
evaluated through weighing and ultrasound measures. In the economic analysis were
used the cash flow and the viability economic-financial gauge. The simulations were
used for flexibilitation the results of the determinist situation. In which was modified the
number of matrices and acquisition of the infrastructure. The planning horizon was
considered 10 years. There were no significative differences among the treatments SG,
TA, FS however there were observed differences (P<0.01) between supplemented
treatments and the control in the first period. On second period occurred a significant
increase (P<0.01) in the weight gain of the animals in the treatments with
supplementation, in relation to the treatment without supplementation, with value of
1.019; 1.120 and 1.041 kg for treatments SG, TA, FS and 0.598 kg for treatment SS.
There were no significative statistical differences for the corporal weight gain, of
treatments SG, TA, FS and SS, on 3
o
and 4
o
periods. The loin eye area gain (GAOL) in
18
1
o
period, in this case consisted 56 days, presented significant statistical difference
between the treatments TA and the SS with 10.15 and 5.29 cm
2
. Treatments SG and FS
were not differed from the other treatments with the value of 6.61 cm
2
of loin eye area
gain. It was a similarity (P>0.05) in the GAOL on 2
o
period (concentrate with 10% of
NaCl) between the treatments with and without supplementation. The thickness fat gain
on both periods didn’t present significant differences (P>0.05). Evaluating the economic
results, the investment expenditures had been the ones that more burdened the cash
flow being from invested total 35.48% were related with the purchase of the machines,
28.98% with the acquisition of animals and 23.38% with the construction the
installations. Among the operational expenditures the matrices feeding cost of R$
9,905.83 that corresponded 68.52% of the total with this coast. The gauges economic-
financier of the determinist situation showed negative, indicating an unfeasibility of the
investment in the analyzed conditions, not recouping the capital on the planning horizon
of ten years. In the carried through simulations the viability economic-financier gauges of
the calves production also showed to an unviability of the investment. When the partial
acquisition of the infrastructure was considered and the sale of calves more weighed the
gauges had become positive.
Key Word: cash flow, economic viability, loin eye area, peanut cake, trough selective
19
CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS
INTRODUÇÃO
A produção de bovinos de corte no Brasil identifica-se como atividade de pouco
investimento tecnológico, com baixos custos de produção e ocupação de grandes
extensões de terras caracterizando um sistema extensivo. Mesmo possuindo o maior
rebanho comercial do mundo, com cerca de 175,7 milhões de cabeças bovinas, os
índices produtivos brasileiros ainda são ruins, forçando o país a ocupar modestas
posições na classificação mundial de eficiência produtiva. Deve-se considerar ainda, a
necessidade de sistemas que incentivam a produção de carne de alta qualidade usando
as técnicas disponíveis.
Frente a esse diagnóstico iniciaram-se propostas buscando a melhoria dos
índices, como por exemplo, aplicação mais intensiva de tecnologias, modelos biológicos
cujo objetivo é produzir animais jovens com peso corporal mínimo de 450 kg (carcaça
de 16 @) e espessura de gordura de cobertura superior a 4,0 mm, diminuição da idade
à desmama e ao abate, fornecimento estratégico no pasto de suplementos, bem como
a prática do semi-confinamento e confinamento.
Para a implantação de modelos biológicos mais intensivos, técnicas de
suplementação de pastagens como o creep feeding podem assumir grande importância
e, conforme as circunstâncias tornarem-se quesito indispensável para encurtarem o
tempo necessário ao acabamento dos animais para abate, além de proporcionarem
significativo descanso da matriz, o que resulta em melhoria das suas funções
reprodutivas, pois aliviam a carga produtiva a ela imposta. Todavia esses sistemas de
produção, nos quais se utilizam também calagem e adubação das pastagens e em
20
alguns casos matrizes cruzadas, as quais produzem maiores quantidades de leite,
tendo como conseqüência bezerros que em função de seu potencial genético
apresentam pequena ingestão de suplemento, sem exacerbar o efeito substitutivo, o
que poderia frustrar o objetivo almejado. Por outro lado, a suplementação deve ser
criteriosa e adequada às condições de produção de cada sistema, sendo necessária
uma avaliação de cada dieta indicando se equilíbrio entre os alimentos e se os
requerimentos são atendidos sem gastos desnecessários de nutrientes.
Esta fase do ciclo produtivo que engloba a criação do bezerro propriamente dita,
que freqüentemente dura cerca de 200 dias, é sempre motivo de especial atenção por
parte do produtor de gado de corte, pois é nessa fase do sistema de produção que
muitos fatores importantes começam a interferir no bom desenvolvimento do bezerro. E
isso pode não ser tarefa exclusiva da vaca, sendo necessária a intervenção do criador
para que o crescimento do bezerro seja contínuo e progressivo. O fornecimento de
boas pastagens, minerais e suplementação alimentar são fundamentais para explorar
ao máximo o potencial genético de cada animal.
Também necessidade de um planejamento e acompanhamento profissional
no ciclo produtivo, sendo este imprescindível quando ocorre a passagem de uma
atividade de caráter extensivo para um sistema mais intensivo de produção, como é o
de caso da suplementação de pastagens para bezerros de corte na fase de cria. A
determinação do custo de produção faz parte de um conjunto mais amplo de medidas
que auxiliam o produtor na tomada de decisão em curto prazo e no gerenciamento da
empresa agrícola como um todo.
Com base neste contexto, a utilização de tecnologias novas aliadas as
existentes tornam-se de vital importância para a melhoria dos índices nacionais de
produção e para um melhor retorno financeiro ao produtor (uma maior produção com
um menor custo). Para tal finalidade, este trabalho foi conduzido objetivando a
avaliação do desempenho de bezerros lactentes da raça Canchim e suas respectivas
mães, em pastagens de capim Brachiaria brizantha cv. Marandu, em resposta a
diferentes fontes protéicas utilizadas na composição dos suplementos fornecidos em
sistema de creep feeding, com restrição nos dois períodos finais pela adição de sal
21
branco (NaCl) ao suplemento. Além de uma análise dos investimentos do sistema de
produção através da elaboração do fluxo de caixa e determinação de indicadores de
rentabilidade econômica.
REVISÃO DA LITERATURA
Suplementação de pastagens
No Brasil, a maior parte da produção bovina de corte está fundamentada em
pastagens formadas por espécies do gênero Brachiaria, que por ser uma gramínea
tropical apresenta sua produção (quantitativa e qualitativa) distribuída em dois períodos
distintos: estação das águas e estação seca (FAVORETTO et al., 1997). A baixa
produtividade bovina nos trópicos pode ser atribuída principalmente à nutrição
inadequada resultante desta sazonalidade forrageira (EUCLIDES et al., 1998).
Uma forma de reduzir as deficiências nutricionais das pastagens é por meio da
suplementação, cujo objetivo básico é estimular o consumo e a digestibilidade da
forrageira e não substituí-la totalmente pelo suplemento, o que representa um fator
decisivo para tornar esta técnica viável. Um outro aspecto importante é definir
claramente o objetivo principal da suplementação dentro do sistema de produção
(ZANETTI et al., 2000).
Segundo ARRIGONI (2003), dentre os fatores que interferem no processo
produtivo, o peso à desmama constitui-se um dos mais importantes aspectos
relacionados à eficiência biológica e econômica. Desta forma, a busca por manejos que
visem a obtenção de bezerros mais pesados devem ser considerados prioritários, pois o
fornecimento adequado de nutrientes, durante a fase de cria, interfere
consideravelmente no crescimento dos animais.
OWENS et al. (1993) definiram o crescimento como aumento da massa tecidual,
seja pela produção e multiplicação de novas células (hiperplasia), ocorrendo na fase
pré-natal, ou pelo aumento do tamanho das células existentes (hipertrofia) ocorrendo na
22
fase pós-natal. Por definição, o crescimento inclui também a deposição de gordura, que
juntamente ao tecido muscular são de prioritário interesse nos sistemas de produção de
carne.
Vários fatores são responsáveis pelas variações encontradas no crescimento até
à desmama, alguns inerentes ao próprio animal, de natureza genética e outros externos
determinados pelas condições de ambiente ou de manejo onde está sendo criado. Os
fatores relativos ao atendimento das exigências nutricionais de bezerros, sejam por
meio do leite fornecido pela vaca ou pela suplementação adicional de nutrientes,
constituem-se em um dos pontos mais importantes desta etapa de produção
(ARRIGONI, 2003). Este autor concluiu que o período do nascimento até à desmama é
o segmento mais importante da vida do animal, pois o bezerro consegue em sete
meses atingir cerca de 25 a 35% de seu peso final de abate.
ARRIGONI (2003) em sua revisão citou que, com a idade de aproximadamente
três meses, mais da metade da energia necessária ao bezerro de corte provém de
outras fontes alimentares que não o leite materno. Assim, no que se refere ao manejo
nutricional de bezerros pré-desmama, a utilização de práticas de suplementação como
o creep feeding têm sido bastante difundidas.
De acordo com SILVEIRA (1995), a suplementação dos bezerros ao pé das
vacas por meio de ração concentrada no sistema de creep feeding tem a finalidade de
acrescentar nutrientes para o atendimento de seus requerimentos e para um adequado
crescimento ósseo e muscular, notadamente quando estes bezerros são provenientes
dos cruzamentos industriais, os quais, via de regra, tem como base a matriz Nelore, que
se caracteriza por apresentar baixa persistência na sua lactação.
TAYLOR & FIELD (1999) enumeraram como vantagens do creep feeding, o
maior peso corporal e redução do estresse à desmama, a expressão do potencial
genético em animais melhorados, o impulso na comercialização de animais de raças
puras e o descanso da matriz. Por outro lado, os mesmos autores descreveram
algumas desvantagens da suplementação para bezerros lactentes como: custo do peso
corporal adicional, que por vezes pode ser mais alto do que a receita, técnica delicada
para aplicação em fêmeas de reposição, pouca diferença ao sobreano entre animais
23
que receberam ou não o suplemento e pouca ou nenhuma diferença de preço na
comercialização pós-desmama de animais que receberam ou não o suplemento.
SINDT et al. (1994) afirmaram que como conseqüência da fase de crescimento
em que os bezerros se encontram, verificam-se elevadas exigências em proteína, uma
vez que a composição do ganho é basicamente ditada pelo crescimento muscular.
Conseqüentemente, a necessidade de proteína metabolizável é substancialmente
acrescida neste período.
De acordo com BRITO & SAMPAIO (2001), as exigências estimadas pelo
sistema de avaliação de dietas do AFRC (1993) para ganho de peso corporal diário de
1 kg/animal para animais criados no período seco do ano e em capim-marandú é
superior à energia e proteína fornecida pelo próprio capim e pelo leite materno, sendo
necessária portanto, suplementação alimentar para atingir-se o ganho esperado.
PACOLA et al. (1977) estudaram o efeito da alimentação suplementar para
bezerros em aleitamento sobre o peso à desmama e pós-desmama e encontraram que
no aleitamento, o lote suplementado consumiu 1,15 kg de suplemento/animal/dia (ração
com 80% de milho desintegrado com palha e sabugo + 20% de torta de algodão). Até
os quatro meses de idade não houve diferença entre os lotes suplementados e o lote
controle, mas aos sete meses, os animais do lote que consumiram suplemento
estavam, em média, 27,1 kg/animal mais pesados. O mesmo foi observado aos 15
meses, quando os machos que receberam alimento suplementar estavam, em média,
22,0 kg mais pesados que os do tratamento controle. Aos 20 meses, a vantagem das
fêmeas com alimentação adicional sobre as fêmeas do tratamento controle foi de 17,0
kg/animal. Após o período de confinamento, 56% dos machos do creep feeding
alcançaram o peso corporal de 430 kg, o que foi observado em apenas 12% dos
machos do grupo controle.
Em outro trabalho, PACOLA et al. (1989) utilizaram 495 bezerros da raça Nelore,
nascidos entre 1983 e 1986, divididos em dois lotes: creep feeding x controle (sem
creep feeding). A dieta adicional foi composta de 80% de milho e 20% de farelo de
algodão, registrando-se consumo médio diário de 0,328 kg/animal. Aos quatro e sete
meses de idade houve superioridade do lote que recebeu suplemento em 5,6 e 13
24
kg/animal respectivamente, acompanhada de redução na mortalidade. Os bezerros
filhos de primíparas e de vacas velhas foram os que mais se beneficiaram da
suplementação e, de modo geral, as vacas com filhos que consumiram suplemento
apresentaram maior eficiência reprodutiva e maior ganho de peso durante o
aleitamento.
Estes mesmos autores verificaram ainda uma grande diferença no consumo de
concentrado comparado à suplementação em cocho privativo no período de seca e no
período de águas obtendo-se consumo médio diário de 0,32 kg/animal no período de
dezembro a abril e de 1,15 kg/animal no período de maio a outubro. Na discussão dos
resultados, os autores sugeriram que a quantidade do concentrado ingerido está
relacionada com a disponibilidade de forragens no pasto, que por sua vez influi
diretamente na produção de leite materno.
PACOLA et al. (1993) avaliaram o efeito da suplementação alimentar nas fases
pré- e pós-desmama, em fêmeas da raça Nelore, sobre os pesos e ganhos aos 210,
390 e 550 dias de idade constituindo quatro lotes experimentais: 1) suplementação pré
e pós-desmama; 2) suplementação pré-desmama; 3) suplementação pós-desmama; e
4) sem suplementação. A ração do creep feeding foi composta de 80% de milho e 20%
de farelo de algodão registrando-se um consumo médio de 0,33 kg/animal/dia. Na fase
pós-desmama, os animais receberam diariamente 9,9 kg de silagem de milho e 0,69 kg
de farelo de algodão. As fêmeas com suplementação pré- e pós-desmama e as fêmeas
com suplementação pré-desmama foram superiores às demais aos 210 dias (13,7
kg/animal), 390 dias (11,4 kg/animal) e 550 dias (9,7 kg/animal). Os animais que
receberam suplemento pré e pós-desmama foram superiores aos que não receberam
aos 390 e 550 dias em 45,9 e 23,6 kg/animal, respectivamente. Os animais que
consumiram suplemento após à desmama foram superiores aos do tratamento controle
aos 390 e 550 dias de idade em 30,4 e 10,2 kg/animal, respectivamente.
SIQUEIRA et al. (2001) utilizando animais mestiços recebendo em cocho
privativo suplementação contendo 16% de proteína bruta e limitando a ingestão a 1,1
kg/animal/dia registrou ganhos diários de 0,73 kg/animal (F1 Limousin x Nelore) e 0,71
kg/animal (F1 Belgian Blue x Nelore), para bezerros que receberam suplementação,
25
sendo que os animais sem suplementação obtiveram ganhos diários de 0,55 kg/animal,
(F1 Limousin x Nelore) e 0,61 kg/animal (F1 Belgian Blue x Nelore).
SAMPAIO et al. (2002) trabalhando com animais Canchim suplementando a
alimentação dos bezerros lactentes com concentrado contendo 16% de proteína bruta e
11 MJ de energia metabolizável por kg de matéria seca, à base de milho em grão,
farelo de soja e farelo de algodão e limitando o consumo através da inserção de 5 ou
10% NaCl (SAL5 e SAL10 respectivamente), obtiveram ganho de peso corporal médio
diário de 0,81; 0,89; e 0,91 kg, respectivamente, para os tratamentos controle, SAL5 e
SAL10, não havendo diferença estatística entre o 1
o
e o 2
o
e entre o 2
o
e o 3
o
tratamentos.
RIBEIRO (2004) também trabalhou com animais Canchim e forneceu suplemento
alimentar aos bezerros lactentes com concentrados contendo 19% de proteína bruta à
base de milho moído, farelo de soja (MFS) e concentrado formulado com farelo de soja,
farelo de algodão, farelo de trigo, milho moído e polpa cítrica (ADI) obteve ganho médio
diário de peso de 0,81; 1,02 e 1,07 kg, respectivamente para os tratamentos controle,
ADI e MFS, os quais também foram estatisticamente semelhantes, mas diferindo do
tratamento sem suplemento.
Suplementos para utilização no creep feeding
A diminuição da idade dos animais para o abate é um dos principais fatores para
reduzir o ciclo de produção da bovinocultura de corte no Brasil e ao mesmo tempo obter
animais precoces e carne de melhor qualidade. Ao se trabalhar com bovinos jovens
pode-se aproveitar a melhor eficiência alimentar destes animais fazendo com que as
áreas de pastagens sejam liberadas mais cedo e que o retorno do capital investido seja
mais rápido. Os requerimentos protéicos de ruminantes jovens são proporcionalmente
mais elevados que os seus requerimentos energéticos, que nesta fase o acúmulo de
gordura é baixo e a deposição de músculo é elevada (ØRSKOV, 1987).
A proteína que chega ao duodeno do animal é composta de proteína microbiana
e da fração da proteína dietética que não sofreu degradação ruminal (AFRC, 1993).
26
Esse fato torna interessante o estudo de diferentes fontes protéicas na alimentação,
pois ao fornecer suplementos com proteína de baixa degradabilidade, a quantidade da
proteína de origem dietética que chega ao intestino é maior. Desta forma, a escolha de
diferentes fontes protéicas pode proporcionar desempenho e custos diferentes
BEEVER et al. (1990).
A questão envolvendo a natureza da suplementação fornecida para os bezerros, sem
dúvida ainda é um problema cuja resposta é complexa e não está esclarecida completamente.
Fornecendo-se suplementos protéicos para animais pastejando forragens de baixo teor protéico
pode-se aumentar a ingestão em até 30% e a digestão em até 10%. Nesse caso, o suplemento
protéico tende a equilibrar a dieta e os animais obtêm mais energia de cada unidade de
forragem ingerida. Em outra situação, os suplementos energéticos não reduziriam a ingestão de
forragem e somariam energia ao aporte ingerido pelo animal por meio do consumo de leite e
forragem (BRITO & SAMPAIO, 2001).
LALMAN (1996) recomendou suplementos com concentração de proteína entre
20% e 44% quando há boa disponibilidade de forragem de baixo valor nutritivo e
suplementos com 16% a 20% de proteína, quando não há boa disponibilidade de
forragem. RASBY et aI. (1999) relataram que, economicamente, suplementos de alto
teor protéico e com consumo limitado pelo sal parecem ser mais interessantes do que
suplementos energéticos. Contudo, os autores destacaram que suplementos com teor
protéico variando entre 20% e 38% devem contar com ótima disponibilidade de
forragem ou, pelo contrário, poder causar efeitos desastrosos sobre a economicidade
do sistema, pois, geralmente, essas formulações têm alto custo. Os mesmos autores
recomendam suplementos com teor protéico entre 14% e 16% para fórmulas com 70%
de nutrientes digestíveis totais.
A escolha entre os concentrados utilizados no creep feeding fica condicionada à
disponibilidade e aos preços das fontes alternativas de proteína e energia, que essas
variações de preços podem alterar sobremaneira os resultados da análise econômica
(RIBEIRO, 2004).
BRITO (2004), trabalhando com bezerros Canchim de 7 meses de idade, não
castrados e com 250 kg de peso corporal mantidos em pastagem de Brachiaria
brizantha cv. Marandu, em sistema rotacionado, forneceu suplementos com diferentes
27
quantidades de energia metabolizável e relações de proteína degradável no rúmen em
relação à energia metabolizável fermentável visando proporcionar maior ou menor
potencial de síntese microbiana. Este autor concluiu que os suplementos que visaram
maior síntese microbiana não interferiram no desempenho animal, mas reduziram a
rentabilidade do sistema produtivo. Os suplementos formulados para menor síntese
microbiana proporcionaram ganhos acima do esperado, mas não permitiram aos
animais alcançar peso adequado para o abate.
A técnica da ultra-sonografia
Experimentos mostraram o grande esforço da comunidade científica em
aumentar os conhecimentos nutricionais durante a fase de cria, porém, é necessário
ampliar a capacidade de acompanhamento do desenvolvimento corporal dos animais
em tempo real, no que tange à deposição do tecido muscular e adiposo. Para isso,
técnicas não invasivas e não destrutivas para avaliação da composição e qualidade das
carcaças em bovinos têm mobilizado consideráveis recursos em pesquisa durante os
últimos anos. A ultra-sonografia entra neste contexto como técnica viável (FROST et
al.,1997), acurada e de custo aceitável para esta função (HOUGHTON &
TURLINGTON, 1992).
Ainda de acordo com HOUGHTON & TURLlNGTON (1992), o procedimento de
ultra-som envolve a aplicação de óleo na área do corpo a ser medida colocando-se em
seguida um sensor ou transdutor na área escolhida. O princípio básico do ultra-som é a
medida do eco refletido pelos tecidos. Após a colocação do transdutor em contato com
o animal, o equipamento de ultra-som emite pulsos na forma de ondas de som de alta
freqüência. Estas ondas viajam pelo corpo do animal e são refletidas de acordo com as
diferentes densidades dos tecidos. As imagens transmitidas pelas ondas de ultra-som
são convertidas pelo transdutor em pulsos elétricos, os quais tornam-se imagens na tela
do equipamento onde efetuam-se as mensurações das medidas apropriadas.
A técnica da ultra-sonografia proporciona de maneira não destrutiva e não
invasiva, a estimativa da espessura de gordura de cobertura (EGC) e da área de olho
28
de lombo (AOL) a partir de imagens tomadas em tempo real e vem sendo utilizada na
indústria da carne por mais de 30 anos. Mas com o passar do tempo e a modernização
dessa atividade, passou a ser utilizada como uma tecnologia para avaliar características
de carcaça e seus atributos qualitativos. O ultra-som baseia-se no princípio da emissão
de ondas de alta freqüência, imperceptíveis ao ouvido humano. Conforme o tipo de
tecido, a emissão sofre uma impedância acústica distinta, em que parte das ondas
retorna na forma de eco até o transdutor.
Em estudos realizados para avaliar a repetibilidade das mensurações,
BRETHOUR (1992) trabalhou com 580 animais avaliando-os antes do abate e ao final
do processo. Este autor concluiu que existiu uma correlação de 0,97 entre as duas
medidas. SILVA et. al (2001) confinaram 22 novilhos da raça Nelore de 24 meses de
idade. Antes do abate foram mensuradas as áreas de olho de lombo e espessura de
gordura de cobertura, através da obtenção de imagens pela técnica de ultra-sonografia.
Posteriormente, os animais foram abatidos e após 24 h de resfriamento mediu-se a
área de olho de lombo e a espessura de gordura de cobertura. Para área de olho de
lombo e espessura de gordura de cobertura obtiveram-se, respectivamente, os
coeficientes de correlação de 0,74 e 0,87.
ARRIGONI (2003) em trabalho realizado com 115 bezerros de 4 grupos
genéticos diferentes concluiu que a técnica da ultra-sonografia apresenta precisão
relativamente menor na predição da área de olho de lombo (AOL), porém as medidas
tomadas, no que tange à espessura de gordura de cobertura de bovinos jovens em
confinamento obtiveram alta precisão. Ressalta ainda, que este erro na predição da
AOL não se deve necessariamente à falha na técnica ultra-sonográfica, mas pode ser
causada por diferenças naturais entre as medidas tomadas na carcaça e no animal
vivo.
FERNANDES et al. (2004) acompanharam o desenvolvimento muscular através
da área de olho de lombo e da deposição de gordura de cobertura entre a 12ª e 13ª
costelas, através de imagens ultra-sonográficas, em bezerras Canchim com idade
média de seis meses e 220 kg de peso corporal recebendo concentrados com
diferentes níveis de proteína degradável no rúmen (PDR) em relação aos nutrientes
29
digestíveis totais (NDT). Os autores observaram variação média de 5,04 cm
2
e 0,84 mm
para área de olho de lombo e deposição de gordura de cobertura, respectivamente.
A literatura mostra ainda resultados variados quando se utiliza a técnica ultra-
sonográfica para avaliação de parâmetros relacionados à carcaça de bovinos. Deve-se
atentar para os detalhes na aplicação da técnica, como viscosidade do óleo a ser
colocado entre a probe e a pele do animal, a correta tricotomia, além da boa contenção
do animal e treinamento do operador. McLAREN et al. (1991), em seus trabalhos,
observaram que os maiores componentes de erros estão ligados aos operadores mal
treinados ou quando vários técnicos fazem a leitura e interpretação da imagem.
Viabilidade econômica do sistema
Geralmente os produtores não praticam escrituração zootécnica eficiente e não
realizam uma análise econômica mais detalhada de seus empreendimentos. Nessas
condições, se torna possível a demonstração da utilidade da metodologia do custo de
produção quando aplicada ao sistema. Essa metodologia, se sistematicamente aplicada
vai permitir ao produtor uma visão mais detalhada de sua atividade, bem como, a coleta
de dados para posteriores avaliações e planejamento. Ainda que cooperativas e
instituições de pesquisa elaborem planilhas de custo para a atividade, apesar de
contribuírem para o desenvolvimento do setor, representam médias de situações
variadas, o que limita estender o seu uso para a avaliação de casos específicos
(ANDRADE , 1995).
A determinação do custo de produção é um item básico para proporcionar ao
empresário meios de avaliação e condução da atividade em questão. O custo de
produção é definido como sendo a soma dos valores de todos os serviços produtivos,
dos fatores aplicados na produção de uma utilidade sendo esse valor global equivalente
ao sacrifício monetário total da firma que a produz (MATSUNAGA et. al, 1976).
De acordo com essa definição ao iniciar uma atividade produtiva, o empresário
necessita dos chamados fatores de produção. Estes podem ser de propriedade do
empresário, ou podem ser adquiridos ou contratados no mercado. Em todo caso, esses
30
fatores têm que ser remunerados adequadamente, para que o empresário continue a
produzir o bem em questão. Entre os fatores de produção podemos citar a mão-de-
obra, as máquinas e o material consumido na atividade. Além da terra, que no caso da
atividade agropecuária é um item essencial, as instalações e a capacidade empresarial
do produtor (ANDRADE, 1995).
EUCLIDES et al. (1998) mostraram que a redução na idade de abate para 26
meses melhora a taxa de desfrute em 24% quando comparada ao sistema tradicional.
Os mesmos autores mostraram ainda melhoras de 49% na margem bruta/ha/ano e de
18% no mesmo indicador quando os bezerros foram desmamados com 220 kg de peso
corporal (utilizando-se creep feeding) e terminados em até 24 meses de idade.
Estes mesmos autores avaliaram a suplementação alimentar de animais na seca
e observaram que a suplementação alimentar com concentrado foi capaz de reduzir a
idade de abate de 5 a 13 meses permitindo maior velocidade no giro de capital e no
caso da combinação com confinamento ainda possibilitou obter melhores preços na
entressafra. Contudo, os resultados obtidos também mostraram que a suplementação
eficiente depende das condições do pasto e dos custos da alimentação.
SILVEIRA et. al (1996) realizaram um estudo de custo de alimentação e receita
de bovinos em sistema de produção com abate de animais aos 48 meses, 24 meses
(com e sem creep feeding), 18 meses (com creep feeding) e 12 meses (com creep
feeding). Os animais abatidos com 12 meses em sistema de creep feeding resultaram
num custo de R$ 17,39/@ e uma receita líquida de R$ 57,76, superior em 65,0% e
141,0% à obtida no sistema em que os animais foram abatidos aos 18 meses (com
creep feeding) e 24 meses (com creep feeding). O sistema que proporcionou menor
custo (R$ 16,93/@) e menor receita (R$ 17,30/animal/ano) foi o tradicional (alimentação
a pasto), pois o abate dos animais ocorreu somente aos 48 meses de idade.
Estes autores citaram ainda que, do ponto de vista econômico, o creep feeding,
representaria um ganho adicional de 0,25@ / animal à desmama, quando comparado
com o sistema tradicional de desmama de bezerros.
RIBEIRO (2004) fornecendo suplemento no creep a bezerros, com concentrados
contendo 19% de proteína bruta à base de milho moído, farelo de soja e concentrado
31
formulado com farelo de soja, farelo de algodão, farelo de trigo, milho moído e polpa
cítrica obteve retorno financeiro de R$ 13,86 e R$ 13,33, respectivamente, para estes
tratamentos em relação ao tratamento controle (sem suplementação), mesmo
considerando os gastos com os respectivos concentrados.
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35
CAPÍTULO 2 DESEMPENHO DE BEZERROS LACTENTES RECEBENDO
DIFERENTES FONTES PROTÉICAS EM COCHO PRIVATIVO EM PASTAGEM DE
Brachiaria brizantha cv. Marandu, MANEJADAS INTENSIVAMENTE
RESUMO Dentre os fatores que interferem no processo produtivo, o peso à desmama
constitui-se um dos mais importantes. Para tal, a técnica de creep feeding pode assumir
grande importância para encurtar o tempo necessário para o acabamento e abate dos
animais destinados ao abate. Com o objetivo de avaliar o desempenho de bezerros
lactentes, em resposta a diferentes suplementos no sistema de creep feeding, 32
bezerros da raça Canchim, com aproximadamente 120 dias de idade e suas respectivas
mães, foram distribuídos em quatro lotes experimentais com oito bezerros cada. O
experimento foi dividido em 4 períodos de 28 dias totalizando 112 dias. Os tratamentos
foram: SG = concentrado com milho moído e soja grão; TA = concentrado com milho
moído e torta de amendoim; FS = concentrado com milho moído e farelo de soja e o SS
= sem suplementação (controle). Todos os tratamentos receberam a inclusão de 10%
de NaCl nos dois últimos períodos (56
o
ao 112
o
dia) para controle do consumo. Os
animais foram avaliados por meio de pesagens e monitoração ultrassonográfica.
Observou-se que os ganhos de peso dos tratamentos SG, TA, FS não diferenciaram
entre si estatisticamente (0,943; 0,986 e 0,913 kg), mas foram superiores (P<0,01) ao
tratamento SS (0,669 kg) no primeiro período. No 2
o
período notou-se um aumento
significativo (P<0,01) no ganho de peso dos tratamentos com suplementação, em
relação ao tratamento sem suplementação, sendo 1,019; 1,120; 1,041 kg para os
tratamentos SG, TA, FS e 0,598 kg para o tratamento SS. Os ganhos de peso corporal,
em função dos tratamentos SG, TA e FS e SS, no 3
o
e 4
o
períodos não apresentaram
diferença estatisticamente significativa sendo 0,719; 0,745; 0,679 e 0,825 kg e 0,779;
36
0,723; 0,760 e 0,520 kg, respectivamente. O ganho de área de olho de lombo (GAOL)
no 1
o
período, que neste caso consistiu em 56 dias, teve diferença estatisticamente
significativa entre os tratamentos TA e o SS com 10,15 e 5,29 cm
2
respectivamente. Os
tratamentos SG e FS não diferiram dos outros tratamentos obtendo ganho de 6,61 cm
2
.
Houve semelhança (P>0,05) no GAOL no 2
o
período (concentrado foi acrescido de 10%
de NaCl) entre os tratamentos com e sem suplementação. Os ganhos de espessura de
gordura de cobertura em ambos períodos não demonstraram diferença (P>0,05). A
análise do peso final e ganho de gordura de cobertura não apresentaram diferença
(P>0,05) entre os tratamentos, porém o tratamento TA mostrou-se mais interessante do
ponto de vista econômico.
Palavras-Chaves: área de olho de lombo, cocho privativo, farelo de soja, pastejo
rotacionado, soja integral, torta de amendoim.
INTRODUÇÃO
Em todo o mundo a produção de gado de corte tem caminhado sistematicamente
para a intensificação e no Brasil esta condição não poderia ser diferente. Para suportar
as demandas produtivas impostas por esses modelos intensivos, os animais têm sido
selecionados para produzir cada vez mais e em menor espaço de tempo. É óbvio que a
demanda por nutrientes também é cada vez mais intensa e quando o animal é privado
da oportunidade de expressar seu potencial genético a eficiência do sistema produtivo
tende a perecer. O aumento da demanda por nutrientes já se concretiza desde o
nascimento do bezerro. Atender aos requerimentos da cria, desde o nascimento até o
desmame, tem se tornado uma tarefa cada vez mais difícil para a vaca, especialmente
quando se trabalham com genótipos melhorados, de alto potencial para crescimento e
desenvolvimento corporal (BRITO & SAMPAIO, 2001).
37
Apesar de possuir um gigantesco potencial para o desenvolvimento da pecuária
bovina, a produção nacional permanece modesta, conforme descreveram os estudos
da ONU, citados pela FNP Consultoria (2000), uma vez que os índices nacionais ainda
estão muito aquém do desejável levando o País a ocupar modestas posições na
classificação mundial de eficiência produtiva neste setor. A baixa produtividade bovina
nos trópicos pode ser atribuída principalmente à nutrição inadequada, resultante da
sazonalidade característica da produção forrageira nessas regiões (EUCLIDES et al.
1998).
A produção bovina de corte no Brasil, está em sua maior parte situada em pastagens
formadas por espécies do gênero
Brachiaria, que por se tratar de uma gramínea tropical,
apresenta sua melhor produção (quantitativa e qualitativa) no período das águas ocorrendo
diminuição nestas características na estação seca do ano (FAVORETTO et al., 1997). Essa
produção cíclica resulta em largas variações do peso corporal dos animais que vão de 0,5
kg/dia a +1,0 kg/dia, com média anual de +0,3 kg/dia. Isso significa que um bezerro
desmamado com 160 a 180 kg alcançaria o peso de abate com a idade de 36 a 48 meses, caso
sobreviva durante o período seco, cuja longa duração torna-se excessivamente danosa à
economicidade do sistema produtivo.
Outro fator a se considerar é que, à medida que a lactação avança uma
queda acentuada na produção de leite. Desafortunadamente, os requerimentos do
bezerro para pleno crescimento permanecem em progressivo e sistemático aumento.
Desta forma, apenas nos períodos iniciais da lactação ocorreria o suprimento completo
das exigências nutricionais do bezerro, por meio do leite produzido pela vaca e pela
pequena quantidade de forragem ingerida pelo jovem animal (ENSMINGER et al.,
1990). Estes autores sugeriram que a partir desse ponto, caso se deseje manter as
taxas de crescimento dos bezerros em nível elevado a necessidade de interferência
do produtor e uma das técnicas que se aplicam a esse fim é o creep feeding.
PACOLA et al. (1989) concluíram que a alimentação de bezerros em cocho
privativo deve ser iniciada aos dois meses de idade, promovendo-se dessa forma uma
adaptação à dieta, mesmo que os resultados apareçam somente após o quarto mês de
idade dos animais.
38
À primeira vista, o creep feeding parece ser a solução ideal para preencher a lacuna
existente entre a oferta e a demanda de nutrientes no que tange à criação do bezerro. No
entanto, os resultados de desempenho de bezerros em
creep feeding comparados a animais
que não receberam suplementação alimentar têm sido bastante variados (BRITO & SAMPAIO,
2001). Estes autores enumeraram como vantagens do
creep feeding: 1) maior peso corporal e
redução do estresse à desmama; 2) expressão do potencial genético em animais melhorados;
3) impulso na comercialização de animais de raças puras; e 4) descanso da matriz.
PACOLA et al. (1993) avaliaram o efeito da suplementação no desempenho pós-
desmama dos animais e registraram perda de peso de 9 kg/animal imediatamente após
à desmama. Os animais foram confinados e aos 383 dias de idade, observou-se uma
vantagem de 7,4 kg/animal para o lote que recebeu suplemento. Após o confinamento,
os animais foram levados ao pasto por um período de 167 dias e não se observou
diferença entre os animais do grupo controle e aqueles que consumiram suplemento.
Concluiu-se que a influência da suplementação sobre os pesos pós-desmama persistiu
até a idade de 18 meses, embora tenha diminuído de 13,2 kg/animal aos 210 dias para
7,4 kg/animal aos 383 dias.
Nesta mesma linha de investigação, MARTIN et al. (1981) trabalhando com
machos da raça Aberdeen-Angus, confinados pós-desmama até 365 dias de idade
verificaram que os bezerros com alimentação adicional no aleitamento mantiveram a
vantagem observada à desmama com uma diminuição de apenas 2 kg/animal.
Curiosamente, no caso das fêmeas que foram alimentadas para ganhos de 0,5
kg/animal/dia pós-desmama, os animais de creep feeding, que apresentavam uma
superioridade de 10 kg/animal à desmama, foram ultrapassados pelos animais do
tratamento controle em 7 kg/animal aos 365 dias.
LUSBY (1995) estudou os benefícios da adoção da técnica do creep feeding sob o
complexo ponto de vista das prioridades do bezerro lactente quanto à ingestão de nutrientes e
sugeriu que um eficiente programa de suplementação deve adicionar nutrientes à dieta do
bezerro e não substituir nutrientes que naturalmente estariam presentes no leite e na forragem
ingeridos. Por essa ótica, o autor explicou que a utilização de suplementos com consumo
limitado pode tornar a técnica economicamente viável, com o objetivo de corrigir deficiências
nutricionais e manter elevada, a ingestão de forragem pelo animal. O autor avaliou o efeito de
39
suplementação em três lotes: suplemento limitado, suplemento ad libitum, e sem suplemento.
Os animais com suplementação à vontade foram os mais pesados à desmama, porém
apresentaram conversão alimentar igual a 7,8kg MS/Kg de ganho adicionado com suplemento,
enquanto que o lote com suplemento limitado apresentou conversão igual a 3,3kg MS/Kg de
ganho, indicando que no tratamento
ad libitum houve substituição de nutrientes e não
suplementação de nutrientes. O lote com suplemento limitado chegou à desmama
13,6kg/animal mais pesado do que o lote testemunha.
A limitação de consumo de suplemento pode ser realizada através da incorporação de
sal na fórmula visando reduzir o efeito de substituição, pois o
creep feeding deve complementar
a nutrição deficiente e não substituir os nutrientes ingeridos pelo animal. Isso quer dizer que não
deve haver redução da ingestão de outros alimentos em favor da ingestão de concentrado no
creep feeding. A partir de determinados níveis, o aumento na quantidade de concentrado
ingerida resulta em respostas mínimas no desempenho animal. É exatamente por isso que o
efeito substitutivo constitui-se num dos principais responsáveis pelas ocorrências
antieconômicas registradas em criações que adotaram esta técnica. A principal causa do efeito
substitutivo é a modificação na fermentação ruminal em virtude da acidificação do meio pela
ingestão de concentrado com elevado potencial fermentativo. Essa condição reduz a digestão
da fibra da forragem e conseqüentemente diminui a ingestão de pasto (BRITO & SAMPAIO,
2001).
SAMPAIO et al. (2002) avaliaram o desempenho de bezerros de corte, em
pastagem de capim-marandú, durante a estação chuvosa recebendo concentrado
suplementar à pastagem visando à limitação da ingestão pela adição de NaCl ao
suplemento. Foram utilizados 32 bezerros da raça Canchim, divididos em três lotes
experimentais que receberam os tratamentos: controle (sem creep feeding); suplemento
com adição de 5% de NaCl; e suplemento com adição de 10% de NaCl. Os autores
observaram que os animais que receberam suplemento com 10% de NaCl fornecido no
creep feeding apresentaram maior ganho de peso corporal em relação aos animais que
não receberam suplemento e tornou economicamente viável a adoção desta técnica de
suplementação quando comparada à adição de 5% de NaCl ao concentrado.
Com base neste contexto, a utilização de tecnologias novas, aliadas às
existentes tornam-se de vital importância para a melhoria dos índices nacionais de
40
produção e para um melhor retorno financeiro ao produtor (uma maior produção com
um menor custo). Para tal finalidade, este trabalho foi conduzido objetivando a
avaliação do desempenho de bezerros lactentes da raça Canchim em pastagens de
capim Brachiaria brizantha cv. Marandú em resposta a três fontes protéicas utilizadas
na composição dos suplementos fornecidos em sistema de creep feeding, com restrição
nos dois períodos finais, pela adição de sal branco (NaCl) ao suplemento. Também
efetuou-se a avaliação econômica, através da confrontação entre custos e receita,
proporcionados em cada um dos tratamentos propostos.
MATERIAL E MÉTODOS
Descrição do local
O experimento foi conduzido no Setor de Bovinocultura de Corte da Faculdade
de Ciências Agrárias e Veterinárias Unesp, Câmpus de Jaboticabal - SP, situada a 21º
15’ 22“ de latitude sul e 48º 18’ 22” de longitude oeste de Greenwich. A altitude local é
de 610 m e o clima segundo Köppen é do tipo subtropical com chuvas de verão e
inverno relativamente seco. As médias anuais de temperatura, precipitação
pluviométrica e umidade relativa do ar são, respectivamente, 22º C, 1.400 mm e 70,8%
(dados provenientes da estação agroclimatológica da FCAV/Unesp).
Neste experimento, os animais permaneceram em área destinada à cria que
constava de 4 módulos de 3 ha cultivados com Brachiaria brizantha cv. Marandú. Cada
módulo foi dividido em 8 piquetes por meio de cerca eletrificada. O manejo dos animais
neste sistema, foi feito com 4 dias de ocupação em cada piquete e 32 dias de
descanso.
Os módulos dispunham ainda de bebedouro, comedouro, cocho para
suplementação mineral e uma estrutura de cocho privativo, feita de ferro galvanizado
instalado na área de descanso dos animais, para viabilizar o arraçoamento diferenciado
dos bezerros (creep feeding). Desta forma, as matrizes ficaram impedidas de alcançar o
41
cocho de alimentação, enquanto os bezerros tinham livre acesso ao mesmo. Cada
estrutura de cocho privativo media 5 x 5 m, foi dotada de regulagem lateral nas barras
verticais e horizontais, para abrigar um cocho com capacidade para alimentação
simultânea de 10 animais.
Animais
Neste trabalho foram utilizados 32 bezerros da raça Canchim com peso corporal médio
de 133 kg nascidos entre 17 de março e 28 de maio de 2005 e suas respectivas mães. Deve-se
salientar que os animais nasceram dentro de uma estação de parição de 60 dias, resultante da
duração da curta estação de monta imposta às fêmeas, as quais também receberam
suplementação durante a gestação visando melhorar a condição corporal ao parto. Todo
acompanhamento sanitário e nutricional foi prestado às matrizes durante a gestação e também
aos bezerros durante o parto e pós-parto, para que os animais chegassem ao período
experimental com as condições de homogeneidade necessárias à obtenção de bons grupos
experimentais.
Foi efetuada ainda uma adaptação dos bezerros ao sistema de creep feeding
para facilitar o manejo durante o período experimental.
Procedimentos pré-experimentais
Os piquetes dos módulos de pastejo rotacionado foram vedados no início de abril de
2005 com a finalidade de garantir boa disponibilidade de matéria seca na pastagem. Para tal,
foram tomadas amostras do capim nos diferentes módulos experimentais para avaliação da
disponibilidade e qualidade nutricional. É importante ressaltar que os piquetes de capim
braquiária foram periodicamente adubados e submetidos ao controle de plantas invasoras no
período anterior ao experimento (dezembro a fevereiro).
Experimento
No ensaio, 32 bezerros Canchim com aproximadamente 133 kg de peso corporal
foram identificados com brincos próprios e receberam os tratamentos de rotina como
42
everminação e banho carrapaticida. Ao atingirem uma idade média de 112 dias foram
distribuídos em quatro lotes experimentais com oito bezerros e suas respectivas mães,
buscando-se a maior homogeneidade possível, considerando a idade, o peso e a
condição corporal. Os bezerros receberam uma pequena quantidade do suplemento
(50g/animal/dia) objetivando adaptar os animais às instalações do módulo de
arraçoamento privativo. Quando os lotes atingiram em média 120 dias de idade, os
animais foram pesados e iniciou-se o fornecimento do suplemento específico de cada
tratamento.
As vacas permaneceram com as crias todo o tempo do experimento, tendo
acesso ao pasto e também à suplementação alimentar através do fornecimento em
cochos de maior altura para evitar acesso dos bezerros, além da mistura mineral. A
suplementação das matrizes foi constituída por silagem de milho na quantidade de
0,8% do peso corporal em matéria seca e 1 kg de concentrado farelado por vaca,
composto por 70% de milho em grão e 30% de soja em grão integral, além do
oferecimento de mistura mineral comercial, à vontade, com as seguintes quantidades
de minerais por kg do produto: Ca = 211 g; P = 60 g; S = 31 g; Na = 62 g; Cl = 98 g; Zn
= 1,35 g; Fe = 1,064 g; Cu = 340 mg; Mn = 940 mg; Co = 10 mg; I = 25 mg; e Se = 10
mg.
O experimento foi dividido em quatro períodos de 28 dias totalizando 112 dias,
sendo que os animais (bezerros e vacas) foram pesados ao início e ao final de cada
período em balança eletrônica com capacidade para 3000 kg. Para realização das
pesagens, os animais permaneceram 15 horas em jejum completo, conforme
recomendaram CARVALHEIRO et al. (1998).
Na Tabela 1 são apresentadas as composições químico-bromatológicas dos
ingredientes que compuseram os concentrados e dos volumosos fornecidos aos
animais.
43
Tabela 1. Composição químico-bromatológica dos ingredientes componentes dos concentrados
e dos volumosos fornecidos aos animais, em matéria seca original (MSO), proteína
bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra bruta (FB), matéria mineral (MM), fibra
detergente neutro (FDN) e fibra detergente acido (FDA).
Nutrientes
1
Ingredientes
%MSO % PB % FB % EE % MM % FDN %FDA
Milho em grão 86,82 8,70 6,35 3,72 1,14 15,77 3,09
Soja grão 88,72 33,54 4,86 18,14 5,03 20,59 15,34
Torta de Amendoim 90,48 47,00 4,46 7,38 5,30 15,31 10,40
Farelo de Soja 88,87 46,64 5,07 0,63 5,83 14,42 5,56
Silagem de milho 25,98 7,48 2,19 26,76 3,58 60,35 39,41
Forragem 46,36 4,48 1,33 29,67 6,34 79,70 46,19
1
Expresso em 100% de matéria seca.
Analises realizadas no laboratório de ruminantes da FCAV- Unesp Jaboticabal
Os bezerros tiveram acesso, por meio de cocho privativo, ao suplemento
específico de cada tratamento, além do pasto, leite materno e suplemento mineral. Os
tratamentos foram divididos em duas partes, sendo que na primeira, do 1
o
ao 28
o
e do
29
o
ao 56
o
dia, os bezerros receberam à vontade (permitindo 10% de sobras) o
suplemento específico de cada tratamento e na segunda parte, do 57
o
ao 85
o
e do 86
o
ao 112
o
dia foi feita a inclusão de 10% de NaCl (Cloreto de Sódio), ao concentrado
fornecido no creep feeding para restrição de consumo.
A descrição e identificação dos tratamentos são definidas a seguir:
Nos dois primeiros períodos experimentais (1
o
ao 28
o
e de 29
o
ao 56
o
dia), a
suplementação com concentrados formulados, os quais foram fornecidos à vontade,
tiveram as seguintes características:
Tratamento 1 – (SG) milho em grão moído, soja grão e núcleo mineral.
Tratamento 2 – (TA) milho em grão moído,
torta de amendoim e núcleo mineral.
Tratamento 3 – (FS) milho em grão moído,
farelo de soja e núcleo mineral.
Tratamento 4 – (SS) Sem suplementação
Nos dois últimos períodos experimentais (57
o
a 84
o
e de 85
o
a 112
o
dia), os suplementos
dos tratamentos 1, 2 e 3 receberam a adição de 10% de NaCl para a restrição do consumo. O
fornecimento também foi à vontade, permitindo 10% de sobras.
44
Os concentrados foram formulados segundo as recomendações do sistema
NRC, (1996) para ganho de peso de 1,35 kg/animal/dia como apresentados na Tabela
2. Os concentrados foram misturados a cada 14 dias em média a fim de manter o nível
de qualidade. A mistura foi efetuada em misturador horizontal com capacidade para 500
kg e dupla rosca helicoidal.
Os resultados gerais obtidos foram avaliados quanto à viabilidade econômica da adoção
de cada um dos tipos de suplemento utilizado no
creep feeding, para a produção de bezerros
desmamados. A apuração dos custos foi confrontada com a receita proporcionada pelo preço
de comercialização dos animais produzidos.
Tabela 2. Proporções percentuais e características nutricionais dos concentrados
experimentais fornecidos aos bezerros.
Concentrados
1
Ingredientes 1
o
- 56
o
dia 57
o
- 112
o
dia
SG TA FS SG TA FS
Milho em grão, % 59,19 67,77 69,13 59,19 67,77 69,13
Soja Grão, % 40,81 - - 40,81 - -
Torta Amendoim, % - 32,23 - - 32,23 -
Farelo de Soja, % - - 30,87 - - 30,87
Núcleo mineral
5
% 5 5 5 5 5 5
NaCl % - - - 10 10 10
Nutrientes Características Nutricionais
2
MS
3
, % 88,20 88,30 88,24 88,06 89,29 87,91
PB
3
, % 21,47 22,28 21,82 19,38 21,47 20,20
FB
3
, % 1,45 1,13 0,94 2,36 1,46 0,81
EE
3
, % 9,41 4,95 6,43 9,05 4,54 2,63
MM
3
,% 6,85 6,43 7,31 15,74 15,62 14,87
NDT
3,4
,% 76,5 75,2 74,2 76,5 75,2 74,2
EM
3
, MJ/kg de MS 11,92 11,71 11,56 11,92 11,71 11,56
1
SG – concentrado com milho, soja grão e núcleo mineral; TA – concentrado com milho, torta de amendoim e núcleo mineral; FS –
concentrado com milho, farelo de soja e núcleo mineral;
2
Expresso em 100% da matéria seca.
3
MS – Matéria seca, PB- Proteína Bruta, FB- Fibra Bruta, EE- Extrato Etéreo, MM- Matéria Mineral, EM – Energia Metabolizável
4
Estimado pelo NRC (1996).
5
Níveis de garantia do produto: Ca = 120 g; P = 65 g; S = 25 g; Na = 180 g; Cl = 276 g; Mg = 5; Zn = 4,00 g; Fe = 1,20 g; Cu =
1.250 mg; Mn = 1000 mg; Co = 120 mg; I = 120 mg; e Se = 12 mg.
45
Colheita de dados
A monitoração ultra-sonográfica foi realizada ao início do experimento e no final
do 2
o
e do 4
o
período (56
o
e 112
o
dias), para avaliação da área de olho de lombo (AOL).
As medidas foram obtidas entre a 12
a
e 13
a
costelas, região que representa bem a
musculosidade da carcaça como um todo (ARRIGONI, 2003). Acompanhou-se também
a medida da espessura de gordura de cobertura (EGC), obtida na mesma região da
AOL, sobre o músculo Longissimus lumborum, por representar um bom indicador da
gordura de cobertura da carcaça (ARRIGONI , 2003).
Para as tomadas de imagens ultra-sonográficas (AOL e EGC), os animais foram
imobilizados em tronco individual com sistema de tripla contenção por guilhotinas,
submetidos à limpeza e tosquia dos pêlos (1 mm) do local de mensuração, com
tosquiadeira Oster
®
do tipo Clipmaster, modelo EW610. O sítio de avaliação foi então
recoberto por uma camada delgada de óleo de soja imediatamente antes da tomada
das imagens, possibilitando melhor contato acústico entre a probe e a pele do animal,
garantindo a máxima resolução nas imagens. A monitoração in vivo e tempo real foram
realizadas com SCANNER 200 VET 3.5 MHz, equipado com transdutor Animal Science
de matriz linear (18x30cm), modelo ASP-18 (Pie-Medical
®
) e as imagens arquivadas em
computador.
As sobras de alimento do cocho foram quantificadas duas vezes por semana, a
fim de estimar a ingestão do concentrado pelos animais. Em razão do período
experimental estar inserido parte no período chuvoso, o recolhimento das sobras
também foi realizado nos dias em que houve umedecimento do concentrado como
resultado de chuvas de forte intensidade, que não puderam ser contidas pela cobertura
do cocho de alimentação seletiva, para posterior quantificação.
A fim de estimar a disponibilidade e a qualidade nutricional da forragem, foram
coletadas amostras da pastagem no momento da entrada dos lotes e após sua saída
em cada piquete, sempre no período da manhã. Para isto foi lançado aleatoriamente,
três vezes dentro de cada piquete, um quadrado de 1 metro de lado e coletando-se
todo o material existente a uma altura de pastejo de 15 cm (McMENIMAN, 1997). O
46
material coletado foi picado e homogeneizado para posterior retirada de uma amostra
composta por piquete, a fim de estimar a quantidade de matéria seca disponível.
Posteriormente foram efetuadas análises laboratoriais de matéria seca, proteína
bruta, fibra bruta, extrato etéreo, cinzas, segundo métodos descritos pela AOAC (1995)
e fibra em detergente neutro e fibra em detergente ácido conforme VAN SOEST &
WINE (1967).
Análises estatísticas
Na avaliação estatística, os dados seguiram o delineamento inteiramente
casualizado com 4 tratamentos e 8 repetições. A análise de cada parâmetro seguiu o
modelo matemático apresentado a seguir:
X
ij
= m + t
i
+ e
ij
onde :
X
ij
= valor do parâmetro observado na parcela que recebeu o tratamento i (i = 1,
2, 3 e 4) na repetição j (j = 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8);
m = média geral do parâmetro no experimento;
t
i
= efeito devido ao tratamento i (i = 1, 2, 3 e 4) que foi aplicado na parcela;
e
ij
= efeito devido ao acaso na parcela que recebeu o tratamento i (i = 1, 2, 3 e 4)
na repetição j (j = 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8).
As médias dos tratamentos (variação de peso, área de olho de lombo, espessura
de gordura de cobertura) foram comparadas pelo teste de Tukey (SAMPAIO, 2002), ao
nível de 5% de probabilidade, utilizando o pacote estatístico ESTAT SISTEMA PARA
ANÁLISE ESTATÍSTICA, versão 2.0, Departamento de Ciências Exatas, FCAV/Unesp,
Jaboticabal.
47
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados de peso inicial, peso final e ganhos de peso corporal total e em
cada período são apresentados na Tabela 3. O peso inicial foi semelhante para os
quatro tratamentos (P>0,05) expressando a homogeneidade do material experimental.
Foram observadas diferenças não significativas (P>0,05) nos pesos finais dos animais
nos diferentes tratamentos, com médias de 230 kg e 206 kg para os tratamentos com e
sem suplemento, respectivamente podendo indicar os animais dos tratamentos SG, TA
e FS (mais pesados) para recria e acabamento em confinamento e os animais do SS
para recria e acabamento em sistemas menos intensivos.
Tabela 3. Peso corporal inicial (kg), ganhos de peso corporal (GPC - kg/cab./dia) total e em
cada período e peso corporal final (kg).
Tratamentos
1
Nível
2
Significância
EPM
3
Variáveis
SG TA FS SS
Ganho de peso (em kg/bezerro/dia)
Peso corporal inicial 133,00 133,875 133,875 133,00 NS 6,27
1
o
período (1-28) 0,943 a 0,986 a 0,913 a 0,669 b ** 0,05
2
o
período (29-56) 1,019 a 1,120 a 1,041 a 0,598 b ** 0,62
3
o
período (57-84) 0,719 0,745 0,679 0,825 NS 0,06
4
o
período (85-112) 0,779 0,723 0,760 0,520 NS 0,07
Período total (1-112) 0,861 a 0,894 a
0,851 a 0,654 b ** 0,04
Peso corporal final 229,50 234,00 229,125
206,125 NS 8,17
1
SG concentrado com milho, soja grão e núcleo mineral; TA concentrado com milho, torta de amendoim e núcleo mineral; FS
concentrado com milho, farelo de soja e núcleo mineral; SS – sem suplementação
2
Significância: ** (P<0,01); NS (não significativo).
3
EPM – erro padrão da média.
SAMPAIO et al. (2002) trabalhando com animais Canchim recebendo
suplemento com 16% de proteína bruta e 11 MJ de energia metabolizável/ kg MS e
limitando o consumo através da inserção de 5 ou 10% NaCl obteve peso médio final
inferior (216 kg) para o tratamento com suplemento, mas obteve o mesmo peso médio
final (207 kg) para o tratamento sem suplementação, quando comparados aos do
48
presente estudo. Verificou-se ainda que, mesmo num sistema de desmama aos 210
dias, os animais dos tratamentos com suplementação apresentam em média, uma
arroba e meia a mais que os animais do tratamento controle.
RIBEIRO (2004) trabalhou com animais Canchim e forneceu suplemento
alimentar à vontade aos bezerros lactentes com concentrados contendo 19% de
proteína bruta e obteve peso final de 262 kg para os animais que receberam
suplementação e 228 kg para os que não receberam.
Na Tabela 3 observou-se a superioridade do ganho de peso corporal (P<0,01)
entre os tratamentos com e sem suplementação, porém não foi observada diferença
(P>0,05) entre os tratamentos com suplementação nos períodos de fornecimento de
concentrado à vontade (1
o
e 2
o
períodos).
No 1
o
período pode-se observar resultados positivos para o ganho médio diário
para os tratamentos SG, TA, FS (0,943; 0,986 e 0,913 kg) em relação ao tratamento
SS (0,669 kg). A diferença nesta variável não foi tão grande (na ordem de 29%) entre
os tratamentos com e sem suplementação, quando comparados ao 2
o
período (44%),
pois naquela fase da vida os bezerros do tratamento SS, possuíam uma razoável
disponibilidade de leite materno que forneceu a maior parte dos nutrientes necessários.
No 2
o
período notou-se aumento significativo (P<0,01) no ganho de peso dos
animais dos tratamentos com suplementação, em relação ao do tratamento sem
suplementação, 1,019; 1,120 e 1,041 kg, respectivamente para os tratamentos SG, TA,
FS e 0,598 kg para o tratamento SS, demonstrando que, nesta fase, a influência da
suplementação alimentar foi efetiva no desenvolvimento dos bezerros e onde
certamente ocorreu melhor eficiência de transformação de concentrado em acréscimo
de peso corporal dos bezerros.
Os resultados de SIQUEIRA et al. (2001) utilizando animais mestiços,
demonstraram a necessidade de fornecimento à vontade de concentrado quando se
objetiva ganhos diários individuais superiores a 1 kg. Os autores registraram ganhos de
peso de 0,73 kg/dia dos bezerros Limousin x Nelore e 0,71 kg/dia dos bezerros Belgian
Blue x Nelore recebendo concentrado com 16% de PB tendo sido a ingestão limitada a
49
1,1 kg/animal/dia. Os bezerros sem suplementação obtiveram ganhos de 0,55 kg/dia
(Limousin x Nelore) e 0,61 kg/dia (Belgian Blue x Nelore).
O ganho de peso corporal, em função dos tratamentos SG, TA e FS e SS, no 3
o
e 4
o
períodos não apresentaram diferença estatisticamente significativa sendo 0,719;
0,745; 0,679 e 0,825 kg e 0,779; 0,723; 0,760 e 0,520 kg, respectivamente. A
semelhança (P>0,05) no ganho médio diário de peso, no 3
o
, entre os tratamentos
deveu-se à diminuição na ingestão de concentrado, pela adição dos 10% de NaCl
implicando na diminuição da quantidade de nutrientes ingerida do concentrado (Tabela
4), e com a acorrência de uma chuva (18 mm) no final do 2
o
, possibilitou uma rebrota no
pasto, permitindo que os bezerros dos tratamentos com suplementação tivessem um
ganho menor que os bezerros do tratamento SS, uma vez que neste período a ingestão
de nutriente do suplemento foi menor (Tabela 4).
RIBEIRO (2004), em sua discussão, ressaltou que aos seis meses de idade
pareceu não ser mais interessante à suplementação alimentar dos animais, sem que
haja uma limitação no consumo, pois neste período ocorre diminuição da eficiência de
conversão, que os animais consomem grandes quantidades de concentrado e não
obtêm ganho de peso diferenciado.
No 4
o
período, esta similaridade (P>0,05) entre os tratamentos com e sem
suplementação esteve relacionada à diminuição da ingestão de concentrado e de leite
materno, em um período que o bezerro ainda apresenta uma exigência alta, levando a
uma diminuição na eficiência de utilização do concentrado. Mas com a adaptação dos
bezerros aos suplementos agora acrescido de 10% de NaCl, notou-se que apesar de
não ocorrer uma diferença significativa no ganho de peso, numericamente os animais
dos tratamentos com suplemento conseguiram ganhar 30% a mais que os animais do
tratamento sem suplemento.
Analisando o período total, o ganho médio diário de peso apresentou diferença
estatisticamente significativa (P<0,01) entre os tratamentos com suplementação e o
tratamento controle, porém não houve diferença (P>0,05) entre os tratamentos com
suplementação, os quais apresentaram ganhos diários superiores a 0,85 kg, enquanto
que o tratamento controle limitou-se ao ganho de 0,65 kg. Estes resultados confirmaram
50
as conclusões de BRITO & SAMPAIO (2001), de que as exigências para ganho de peso
corporal diário de 1,00 kg, estimadas pelo AFRC (1993), são superiores à energia e
proteína fornecidas pelo leite materno e capim marandú no período seco do ano,
mesmo que manejados intensivamente. Portanto, a suplementação alimentar torna-se
necessária para que os animais alcancem este nível de ganho de peso corporal.
SAMPAIO et al. (2002), suplementando a alimentação dos bezerros com
concentrado contendo 16% de proteína bruta, à base de milho em grão, farelo de soja e
farelo de algodão e limitando o consumo através da adição de 5 ou 10% NaCl (SAL5 e
SAL10), obteve ganho de peso corporal médio diário de 0,81; 0,89; e 0,91 kg,
respectivamente para os tratamentos controle, SAL5 e SAL10, não havendo diferença
estatística entre o 1
o
e 2
o
e entre o 2
o
e 3
o
tratamentos. Estes resultados fortalecem os
do presente ensaio, em relação à necessidade de suplementação à vontade para
alcançar-se ganhos médios diários superiores a 1 kg/animal.
RIBEIRO (2004), obteve ganho médio diário de peso de 0,81; 1,02 e 1,07 kg,
respectivamente para os tratamentos controle, ADI (concentrado formulado com farelo
de soja, farelo de algodão, farelo de trigo, milho moído e polpa cítrica) e MFS
(concentrados à base de milho moído, farelo de soja), os quais também foram
estatisticamente semelhantes, mas diferindo do tratamento sem suplemento. Esse
mesmo autor ressaltou em sua discussão, a necessidade da suplementação à vontade
no início do período de cria para alcançar ganhos médios diários superiores a 1
kg/animal e uma posterior restrição para que não haja efeito substitutivo da forragem
pelo concentrado.
Na Tabela 4 são apresentados os resultados de ingestão de concentrado em MS
pelos bezerros nos diferentes períodos do experimento e também a média do período
total. Não está apresentada a análise estatística dos resultados, uma vez que eles
refletem a média dos oito bezerros em cada tratamento, alimentados conjuntamente e
não os resultados individuais.
51
Tabela 4. Ingestões médias de suplemento (kg/animal/dia) proporcionado pelos
tratamentos avaliados em cada período e no período total.
Tratamentos¹
Períodos
SG TA FS
1
o
período (1-28) 1,05 1,05 0,83
2
o
período (29-56) 1,86 1,76 1,74
3
o
período (57-84) 0,22 0,22 0,17
4
o
período (85-112) 0,18 0,14 0,14
Período total (1-112) 0,83 0,81 0,72
1
SG – concentrado com milho, soja grão e núcleo mineral; TA – concentrado com milho, torta de amendoim e núcleo mineral;
FS – concentrado com milho, farelo de soja e núcleo mineral;
Foi possível notar que, no 1
o
período, os bezerros estavam ainda se adaptando à
oferta de concentrado; a partir do segundo período, a ingestão de concentrado foi alta
nos tratamentos SG, TA e FS, ocorrendo uma queda no 3
o
período, por causa da
adição de 10% de NaCl nos concentrados. Durante a maior parte do período
experimental (Tabela 4), o tratamento SG proporcionou maior ingestão de matéria seca
de suplemento e os tratamentos TA e FS mantiveram-se semelhantes com exceção do
1
o
e 3
o
períodos, nos quais o tratamento TA se assemelhou ao SG.
No 1
o
período, o consumo de suplemento pelos bezerros, foi semelhante entre os
tratamentos SG e TA, situando-se em torno de 0,76% do peso corporal (1,05
kg/animal/dia) e o tratamento FS situando-se em torno de 0,56% do peso corporal (0,83
kg/animal/dia) como pode ser observado na Figura 1. À medida que os animais se
desenvolveram e se adaptavam ao consumo no cocho privativo, o consumo no 2
o
período aumentou (Tabela 4) proporcionando um consumo relativo de 1,17% de peso
corporal (PC) para o tratamento SG e de 1% para os tratamentos TA e FS (Figura 1).
52
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
Idade media dos bezerros (meses)
Ingestão MS do
concenterado (% peso
corporal)
SG
TA
FS
4 a 5 5 a 6 6 a 7 7 a 8
Figura 1. Ingestão de matéria seca do suplemento em relação ao peso corporal (PC), em
porcentagem, nos quatro períodos para os tratamentos SG, TA e FS.
A adição de 10% de NaCl aos concentrados mostrou-se eficaz na restrição do
consumo, uma vez que reduziu o consumo em média 88%, no 3
o
período, quando
comparado ao 2
o
período (Tabela 4). Em valores absolutos, a queda foi de 1,79
kg/animal/dia para 0,20 kg/animal/dia. A diminuição da eficiência de utilização do
concentrado e com a adição de NaCl ao concentrado foram o que mantiveram o
consumo do 4
o
período em torno de 0,15 kg/cab/dia. No período total, os tratamentos
SG e TA proporcionaram a maior ingestão absoluta de concentrado pelos bezerros
(0,82 kg/cab/dia) e a maior ingestão relativa (0,35% PC), o tratamento FS
proporcionou uma ingestão absoluta de 0,72 kg/cab/dia e uma ingestão relativa de
0,31% PC. SAMPAIO et al. (2002), ao adicionarem 5% de cloreto de sódio ao
concentrado determinaram consumo diário do suplemento de 0,72 kg/bezerro, o que
equivaleu a 0,43% do peso corporal, o qual foi semelhante ao tratamento FS e inferior
aos tratamentos SG e TA em valores absolutos, mas ambos foram inferiores em valores
relativos.
A Tabela 5 mostra os resultados de área de olho de lombo (AOL), ganho de área
de olho de lombo (GAOL), espessura de gordura de cobertura (EGC) e ganho de
espessura de gordura de cobertura (GEGC) dos bezerros em função dos tratamentos,
53
obtidos através das mensurações ultra-sonográficas, que são exemplificadas na figura
2.
Tabela 5. Área de olho de lombo (AOL), em cm
2
, ganho de área de olho de lombo (GAOL), em
cm
2
, espessura de gordura de cobertura (EGC), em mm e ganho de espessura de
gordura de cobertura (GEGC) em mm de bezerros em função dos tratamentos.
Tratamentos
1
Nível
2
Significância
EPM
3
Variáveis
SG TA FS SS
AOL inicial 25,95 25,74 27,64 25,66 NS 1,17
AOL final 36,28 38,93 39,08 35,06 NS 1,95
GAOL 1
o
período (1-56) 6,61 ab 10,15 a 6,61 ab 5,29 b * 1,07
GAOL 2
o
período (57-112) 3,75 3,09 4,85 4,19 NS 0,83
GAOL Período total (1-112) 10,36 13,26 11,45 9,43 NS 1,16
EGC inicial 1,60 1,73 1,58 1,39 NS 0,33
EGC final 3,05 3,08 2,74 2,38 NS 0,67
GEGC 1
o
período (1-56) 0,85 0,89 0,79 0,68 NS 0,14
GEGC 2
o
período (57-112) 0,60 0,45 0,38 0,31 NS 0,13
GEGC período total (1-112) 1,45 1,34 1,16 0,98 NS 0,17
1
SG concentrado com milho, soja grão e núcleo mineral; TA concentrado com milho, torta de amendoim e núcleo mineral; FS
concentrado com milho, farelo de soja e núcleo mineral;
2
Significância: ** (P<0,01); NS (não significativo).
3
EPM – erro padrão da média.
Figura 1. Exemplificação da visualização das mensurações da área de olho de
lombo e espessura de gordura de cobertura, em bezerros na fase inicial
(A) e final (B) do experimento.
AOL = 26,4 cm
2
EGC = 1,5 mm EGC = 2,8 mm
AOL = 38,7 cm
2
A
B
54
O ganho de área de olho de lombo (GAOL) no 1
o
período, que neste caso
consistiu em 56 dias, teve diferença estatisticamente significativa entre os tratamentos
TA e o SS com 10,15 e 5,29 cm
2
respectivamente. Os tratamentos SG e FS não
diferiram dos outros tratamentos obtendo um ganho de 6,61 cm
2
. Estes resultados
demonstraram que o ganho médio diário de peso no 1
o
período (fornecimento à vontade
sem adição de NaCl) foi resultado do aumento de tecido muscular, já que nesta fase da
vida do animal o tecido muscular é o que mais se desenvolve (ROBELIN e TULLOH,
1992). Este fato esteve diretamente relacionado ao alto consumo de concentrado
(Tabela 4, média de 1,38 kg/animal/dia) e à disponibilidade de forragem (3130 kg/ha), o
que não ocorreu no 2
o
período, quando no concentrado foi adicionado 10% de NaCl, no
qual ocorreu uma diminuição no consumo e na disponibilidade de forragem (Figura 3).
Este dado é inferior ao resultado obtido de TARR et al. (1994), que verificaram consumo
de 2,85 kg/animal/dia e disponibilidade de forragem de 2000 kg/ha para animais F1
(Angus X Hereford), num período de 56 dias de suplementação utilizando suplemento
com 12,4% de proteína.
0
1.000
2.000
3.000
4.000
DATA DAS AMOSTRAGENS
kg MS/ ha
MS
3.546 3.499 3.100 2.544 1.996 2.235 2.365 2.546
27/8 10/9 24/9 8/10 22/10 5/11 19/11 3/12
Figura 3. Estimativa da disponibilidade média de forragem em kg de matéria seca (MS) ao
longo do período experimental.
O dado obtido neste estudo foi ainda superior ao resultado de PACOLA et al.
(1977) e PACOLA et al. (1989 a) que, em experimentos com animais da raça Nelore
55
verificaram uma grande diferença no consumo de concentrado quando comparado à
suplementação em cocho privativo no período de seca e no período de águas. Os
autores observaram consumo médio de 0,32 kg/animal/dia no período de dezembro a
abril e de 1,15 kg/animal/dia no período de maio a outubro. E na discussão dos
resultados relataram que a quantidade do concentrado ingerido esteve relacionada com
a disponibilidade de forragens no pasto, que por sua vez influiu diretamente na
produção do leite materno. Os valores superiores em ingestão de concentrado do
presente experimento podem estar relacionados à raça dos animais, pois é certo que as
exigências nutricionais diárias de animais da raça Canchim são superiores às de
animais da raça Nelore.
A semelhança (P>0,05) no GAOL entre os tratamentos, no 2
o
período, no qual o
concentrado foi acrescido de 10% de NaCl, deveu-se pela diminuição na ingestão de
concentrado (Tabela 4) e de leite materno, o que levou a um decréscimo na quantidade
de nutrientes ingeridos pelos bezerros, possibilitando aos animais do SS terem um
ganho de AOL semelhante aos dos SG, TA, FS.
Os ganhos de AOL no período total não apresentaram diferença estatisticamente
significativa entre tratamentos com e sem suplementação (Tabela 5), sendo 10,36;
13,26; 11,45 e 9,43 cm
2
para SG, TA, FS e SS respectivamente. Estes resultados
explicam aqueles obtidos no ganho de peso corporal médio, demonstrando que o
aumento de peso foi resultado do aumento de tecido muscular.
CERVIERI et al. (2002) trabalharam com bezerros recebendo suplementação
alimentar com concentrado (19% de proteína bruta e 80% de nutrientes digestíveis
totais) e recebendo somatotropina bovina recombinante obtiveram áreas de olho de
lombo de 47,8 e 46,1 cm
2
para animais com e sem suplementação, respectivamente.
Os valores obtidos para os animais recebendo suplementação foram superiores aos do
presente estudo.
Os ganhos de espessura de gordura de cobertura em ambos períodos não
demonstraram diferença (P>0,05) em todos os tratamentos confirmando a menor
importância da deposição de gordura nesta fase do crescimento, mesmo quando os
animais receberam concentrados com alta concentração energética.
56
A adoção da técnica do creep feeding torna-se importante na avaliação da ótica
econômica, ou seja, a avaliação do custo do ganho adicional. Com efeito, é preciso
preocupar-se com esse item, pois um eficiente programa de suplementação de
forragem é aquele que resulta num aumento do ganho adicional por unidade de
suplemento consumido. Criadores de animais em escala comercial devem analisar o
creep feeding com base na avaliação de custos e retorno do incremento de peso dos
bezerros à desmama (SAMPAIO et al., 2002). A Tabela 6 apresenta uma avaliação
parcial de custo para os quatro tratamentos nos quatro períodos e no período total. Os
tratamentos SG, TA e FS obtiveram uma produção média de 193,28 kg de peso
corporal a mais que o tratamento controle no período total, para o grupo de oito
bezerros, proporcionando um retorno financeiro para estes tratamentos, mesmo
considerando os gastos com os respectivos concentrados.
Na avaliação parcial de custos a mão-de-obra e os demais custos foram
considerados os mesmos para todos os tratamentos diferindo apenas, na utilização do
suplemento nos tratamentos SG, TA e FS.
Quando analisado em períodos verifica-se que o comportamento não é igual,
pois o 1
o
e 2
o
períodos apresentaram retornos líquidos positivos de R$ 14,91; 35,04 e
33,45, respectivamente, para os tratamentos SG, TA e FS, no 1
o
período e R$ 4,39;
54,60 e 27,35 no 2
o
período. No 3
o
período o retorno líquido foi negativo de R$ 74,14;
62,08 e 36,90, respectivamente, para os tratamentos SG, TA e FS, devendo-se isso ao
maior ganho de peso dos animais do tratamento SS (Tabela 3), neste período,
possibilitando assim um maior retorno bruto para os animais do tratamento SS. E no 4
o
período o retorno líquido voltou a obter valores positivos de R$ 101,26; 73,43 e 47,34
para os tratamentos com suplemento.
Analisando-se os resultados entre os tratamentos com suplementação, verificou-
se uma variação quanto ao melhor resultado, sendo, nos 1
o
e 2
o
períodos o tratamento
TA o de melhor retorno econômico, no 3
o
período, no qual, o retorno líquido foi
negativo o tratamento FS foi o que melhor se mostrou por apresentar um retorno
negativo menor. No 4
o
período o retorno líquido voltou a patamares positivos e com o
tratamento SG se mostrando melhor. Esta variação levou a um resultado positivo para
57
os tratamentos com suplementação sendo o TA mais vantajoso que o FS, o qual foi
melhor que o SG ao final do período experimental. Isto provavelmente ocorreu devido
ao concentrado de custo mais elevado (tratamento TA), cuja fonte protéica foi o torta de
amendoim, proporcionar ganhos de peso corporal melhores aos bezerros que são
bastante exigentes nesta fase de sua vida.
Embora pareça simples a obtenção de animais mais pesados, a alimentação
suplementar no creep feeding é dependente da interação de muitos fatores. O criador
deve estar sempre atento à eficiência de conversão no ganho de peso adicional. Em
geral, aumentando-se o nível de nutrição do bezerro, prejudica-se a conversão do
suplemento, em peso adicional, pois se os bezerros estiverem ao de vacas boas
produtoras de leite e pastando forragem de boa qualidade, deverão estar ganhando
próximo do seu potencial genético. Dessa forma, o suplemento não aumentará as taxas
de ganho e os bezerros substituirão a forragem, que deveriam ter ingerido, pelo
suplemento (BRITO et. al, 2002). Caso isso aconteça, pode tornar-se praticamente
impossível viabilizar o uso do creep feeding.
58
Tabela 6. Avaliação parcial de custo da suplementação de bezerros lactentes em cocho
privativo, nos períodos e no período total.
SG TA FS SS
1º Período
kg de peso corporal produzidos por grupo** 209,04 220,96 206,96 150,00
Receita (R$)*** 435,50 460,33 431,17 312,50
Consumo de concentrado pelo grupo (kg) 234,98 234,98 185,25 0,00
Despesas c/ concentrado (R$)**** 108,09 112,79 85,21 0,00
Retorno Bruto (R$)***** 327,41 347,54 345,95 312,50
Retorno Líquido (R$)****** 14,91 35,04 33,45 0,00
2º Período
kg de peso corporal produzidos por grupo** 228,00 251,04 233,04 134,00
Receita (R$)*** 475,00 523,00 485,50 279,17
Consumo de concentrado pelo grupo (kg) 416,19 394,24 389,09 0,00
Despesas c/ concentrado (R$)**** 191,45 189,24 178,98 0,00
Retorno Bruto (R$)***** 283,55 333,76 306,52 279,17
Retorno Líquido (R$)****** 4,39 54,60 27,35 0,00
3º Período
kg de peso corporal produzidos por grupo** 160,96 166,96 176,00 185,04
Receita (R$)*** 335,33 347,83 366,67 385,50
Consumo de concentrado pelo grupo (kg) 49,95 48,83 37,63 0,00
Despesas c/ concentrado (R$)**** 23,98 24,42 18,06 0,00
Retorno Bruto (R$)***** 311,36 323,42 348,60 385,50
Retorno Líquido (R$)****** -74,14 -62,08 -36,90 0,00
4º Período
kg de peso corporal produzidos por grupo** 174,00 162,00 146,00 116,00
Receita (R$)*** 362,50 337,50 304,17 241,67
Consumo de concentrado pelo grupo (kg) 40,77 44,80 31,58 0,00
Despesas c/ concentrado (R$)**** 19,57 22,40 15,16 0,00
Retorno Bruto (R$)***** 342,93 315,10 289,01 241,67
Retorno Líquido (R$)****** 101,26 73,43 47,34 0,00
Período Total
kg de peso corporal produzidos por grupo** 772,00 800,96 762,00 585,04
Receita (R$)*** 1608,33 1668,67 1587,50 1218,83
Consumo de concentrado pelo grupo (kg) 743,68 725,76 645,12 0,00
Despesas c/ concentrado (R$)**** 349,53 355,62 303,21 0,00
Retorno Bruto (R$)***** 1258,80 1313,04 1284,29 1218,83
Retorno Líquido (R$)****** 39,97 94,21 65,46 0,00
Tratamentos*
* SG – concentrado com milho, soja grão e núcleo mineral; TA – concentrado com milho, torta de amendoim e núcleo mineral; FS –
concentrado com milho, farelo de soja e núcleo mineral, SS – sem suplementação
** Calculado multiplicando-se valor individual por 8 animais.
*** Calculada utilizando-se valor de R$208,33 por 100 kg de peso corporal.
****Calculado utilizando-se R$0,46/ kg concentrado (tratamento SG), R$0,48/ kg concentrado (tratamento TA) e R$0,46/ kg
concentrado (tratamento FS). No 3° e 4° período o concentrado teve um acréscimo de R$ 0,02, por causa da adição de 10%
de NaCl nos mesmos.
*****Calculado utilizando-se receita menos despesa.
******Calculado {(retorno bruto-tratamento com suplementação) menos (retorno bruto-tratamento SS)}.
59
CONCLUSÕES
O fornecimento de concentrado à vontade com posterior fornecimento restrito no
período final mostra-se interessante, viabilizando animais para posterior acabamento
em confinamento.
O concentrado com torta de amendoim mostra-se mais interessante do ponto de
vista de obter animais pesados e na obtenção de um maior lucro líquido.
A escolha entre os concentrados fica condicionada à disponibilidade e dos preços das
fontes de proteína, que essas variações de preços podem alterar bastante os resultados da
análise econômica.
Fazendo-se um balanço geral, os gastos com suplementação alimentar de animais jovens
são na maioria das vezes vantajosos, mas deve-se atentar para os momentos estratégicos de
efetuá-los, dentro da cadeia produtiva, para viabilizar a produção de carne de qualidade a
preços competitivos.
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Analytical Chemists, Arlington, v.50, p.50-55, 1967.
63
CAPÍTULO 3 ANÁLISE DE INVESTIMENTO DA CRIA DE BEZERROS CANCHIM
EM PASTAGENS DE Brachiaria brizantha cv. Marandú EM SISTEMA DE CREEP
FEEDING.
RESUMO – O objetivo da presente pesquisa foi analisar a viabilidade econômico-
financeira da implantação da cria de bezerros Canchim em sistema de creep feeding. A
análise de investimento da cria foi desenvolvida com base em dados experimentais que
expressaram a tecnologia adotada, a infra-estrutura a ela relacionada, e dados
monetários regionais referentes ao ano de 2006. A receita foi obtida com a
comercialização de bezerros desmamados, sendo 70% destinado para o corte, 30%
para reprodução e as bezerras foram todas vendidas para reprodução. As despesas
foram consideradas de investimento (infra-estutura) e operacionais (manejo). A infra
estrutura utilizada foi uma área cultivada com Brachiaria brizantha cv. Marandú de 18
ha para as 50 matrizes e uma área de 1,5 ha para a permanência dos dois touros fora
da época de monta, além de curral, galpão, tronco e balança, e os módulos de
arraçoamento privativo (creep feeding), máquinas, equipamentos, utensílios pecuários e
aquisição dos animais para reprodução e trabalho. As despesas operacionais foram
basicamente de mão-de-obra para o manejo (tratos sanitários e alimentação) dos
animais, alimentos, medicamentos e manutenção das instalações e das pastagens. Na
análise econômica foi utilizada as ferramentas de análise de investimento, fluxo de
caixa e indicadores de viabilidade econômico-financeiros. O horizonte de planejamento
considerado foi de 10 anos. Para flexibilização dos resultados da situação determinista
foram realizadas simulações, nas quais foram modificados número de matrizes e
aquisição dos ativos fixos. Avaliando-se os resultados, as despesas de investimento
foram as que mais oneraram o fluxo de caixa, sendo que do total investido 35,48%
64
estava relacionado com a compra dos maquinários, 28,98% com a aquisição dos
animais, e 23,38% com a construção das instalações. Entre as despesas operacionais
destacou-se a alimentação das matrizes com um custo anual de R$ 9.905,83, que
correspondeu a 68,52% das despesas operacionais anuais. Observou-se que os
indicadores da situação determinista (50 matrizes, 2 touros e 45 bezerros) foram
negativos, indicando uma inviabilidade do investimento nas condições analisadas para
um horizonte de planejamento de 10 anos, não recuperando, portanto, o capital
investido neste tempo. Nas simulações realizadas os indicadores de viabilidade
econômico-financeira da produção de bezerros desmamados também apontaram para
a não viabilidade do investimento. Quando se considerou a aquisição parcial dos ativos
fixos e a venda de bezerros mais pesados à desmama, estes indicadores tornaram-se
positivos, mas ainda indicando a não viabilidade do investimento, pois a taxa de
desconto utilizada foi maior que a taxa interna de retorno.
Palavras-Chaves: cocho seletivo, fluxo de caixa, torta de amendoim, viabilidade
econômica.
INTRODUÇÃO
Entre as espécies domésticas criadas pelo homem, o gado bovino sempre
ocupou posição de destaque não só pelo seu número, como pelo valor dos seus
produtos na alimentação humana (OLIVEIRA, 1996).
Segundo OLIVEIRA FILHO (2001), o Brasil é o único país no mundo em
condições de produzir carne em pasto em quantidades expressivas e a baixo custo,
além de contar com um mercado interno não só em números, como também em
exigência, o que poucos países podem ter. As conseqüências são: criação de riquezas,
com maior valor social e econômico, maior valor adicionado aos produtos, conservação
ambiental no campo e na indústria, perenização do negócio como setor econômico,
atualização da competitividade da cadeia produtiva, segurança alimentar para o
65
consumidor, preços cada vez mais baixos, margens cada vez menores e maior
constância na oferta.
No Brasil, a pecuária de corte atingiu resultados expressivos em 2005 fechando
este ano como segundo maior produtor (15%), maior exportador (26,4%) e décimo
terceiro importador (0,89%) mundial de carne bovina, quando comparado aos 15 paises
melhores colocados. A produção de carne bovina aumentou 5,7% em relação a 2004,
passando de 8,7 milhões de toneladas equivalente carcaça para 9,7 milhões. Para tal
aumento foram abatidos 42,6 milhões de cabeças, ou seja, um crescimento de 5,8% em
relação a 2004 (40,3 milhões de cabeças). o consumo interno de carne bovina
apresentou uma queda em relação aos anos anteriores passando de 36,2 kg de
equivalente carcaça/pessoa/ano, para 32,6 kg em 2005 alcançando o quarto lugar
mundial em consumo. Isto ocorreu devido a crescente participação da carne de frango
na alimentação da população brasileira impulsionada pela vida moderna, preocupação
com uma alimentação mais saudável, e o preço mais baixo quando comparado ao da
carne bovina (FERRAZ, 2006).
De acordo com os números do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comercio Exterior (MDIC), as exportações brasileiras de 2005 foram de cerca de 2,12
milhões de toneladas de equivalente carcaça, correspondendo a uma receita de US$
3,05 bilhões, havendo aumento de 23,5% em faturamento em relação ao ano anterior, e
participando com 7,8% do total das exportados do país. Esse crescimento nas
exportações é explicado por vários fatores, dentre eles podem ser destacados a
desvalorização do real tornando a carne brasileira baratíssima para os padrões
internacionais, o mal da vaca louca na Europa e o fim da febre aftosa no Brasil que
ajudaram a abrir mercados para este produto brasileiro. Outros fatores importantes
foram o crescimento acelerado dos países emergentes (Ásia, Oriente Médio, leste
Europeu e ex URSS) e o ciclo de baixa da pecuária, pois com o grande abate de
matrizes e uma relativa “capacidade ociosa” da produção de animais de boa qualidade
foi possível ao Brasil atender ao crescimento da demanda internacional (NEHMI FILHO,
2005)
66
A previsão é que estes fatores continuem presentes nos próximos anos, e
portanto, a demanda mundial seguirá crescendo. Para 2006, as exportações devem
aumentar 10% em volume, e 15% em faturamento. Espera-se um ajuste na oferta de
carne bovina, reflexo de quatro anos de descarte elevado de matrizes e da redução de
investimentos. A partir de 2003, o excesso de ofertas levou à desvalorização do
bezerro, o que reduziu drasticamente a rentabilidade da cria levando até 2005 a um
ciclo de abate de matrizes, o que reduziu temporariamente o rebanho e permitiu que a
recria atravessa-se um período de alta rentabilidade (NEHMI FILHO, 2005).
Num primeiro momento, o descarte de matrizes intensificou a queda dos preços
com aumento na oferta de animais para abate. Mas, com o passar do tempo, a
produção de bezerros cai e recuperação dos preços. Com isso o produtor volta a
reter matrizes e a investir, a oferta de animais para abate se ajusta, e há valorização da
arroba (ROSA et al., 2006).
Face ao cenário de acirramento de competitividade no mercado nacional, e
principalmente internacional torna-se imprescindível que se busquem nessa atividade
eficiências produtivas, incorporando tecnologias que visem ganhos na produtividade e
redução nos custos, até mesmo como condição de sobrevivência. A precocidade
produtiva, que engloba desmama mais pesada e mais rápida, pouca idade no início da
vida reprodutiva e rapidez de acabamento é uma característica de grande importância
para a pecuária (CEZAR & EUCLIDES FILHO, 1996).
Com isso, a técnicas de suplementação de pastagens como o creep feeding
podem assumir grande importância e, conforme as circunstâncias, tornarem-se quesito
indispensável para alcançar essa precocidade produtiva, encurtando o tempo
necessário para o acabamento dos animais para abate, além de proporcionarem
significativo descanso da matriz, o que resulta em melhoria das suas funções
reprodutivas pois aliviam a carga produtiva a ela imposta.
Esta fase do ciclo produtivo que engloba a criação do bezerro propriamente dita,
que freqüentemente dura cerca de 200 dias, é sempre motivo de especial atenção por
parte do produtor de gado de corte, pois é nessa fase do sistema de produção que
muitos fatores importantes começam a interferir no bom desenvolvimento do bezerro.
67
No entanto, isso pode não ser tarefa exclusiva da vaca, sendo necessária a intervenção
do criador para que o crescimento do bezerro seja contínuo e progressivo. O
fornecimento de boas pastagens, minerais e suplementação alimentar são
fundamentais para explorar ao máximo o potencial genético presente em cada
indivíduo.
O objetivo da pesquisa foi analisar a viabilidade econômica da implantação da
cria de bezerros em sistema de creep feeding e poder gerar informações que subsidie
os pecuaristas na tomada de decisão sobre este tipo de investimento.
MATERIAL E MÉTODOS
A análise de investimento da cria de bezerros foi desenvolvida com base em
dados experimentais que expressam a tecnologia adotada no creep feeding, à infra-
estrutura à ela relacionada e aos dados monetários regionais referentes ao ano de
2006.
Dados experimentais do processo de cria
O experimento de cria de bezerros da raça Canchim foi realizado na área
experimental do Setor de Bovinocultura de Corte, da Faculdade de Ciências Agrárias e
Veterinárias/Unesp-Campus de Jaboticabal/SP, localizada a 21º 15’ 22“ de latitude sul e
48º 18’ 22” de longitude oeste de Greenwich. A altitude local é de 610 m e o clima
segundo Köppen é do tipo subtropical, com chuvas de verão e inverno relativamente
seco. As médias anuais de temperatura, precipitação pluviométrica e umidade relativa
do ar são 22º C, 1.400 mm e 70,8 % respectivamente (dados provenientes da estação
agroclimatológica da FCAV/Unesp). O experimento contou com 50 matrizes e dois
reprodutores e a cria de 45 bezerros e bezerras.
Os animais permaneceram na área cultivada com Brachiaria brizantha cv. Marandú
dividida em piquetes por meio de cerca eletrificada. O manejo foi feito com quatro dias de
68
ocupação em cada piquete e 32 dias de descanso. Os piquetes dos módulos de pastejo
rotacionado foram vedados no início de abril de 2005, a fim de garantir boa disponibilidade de
matéria seca na pastagem.
A fase de cria teve duração de aproximadamente 19 meses, iniciando com a entrada dos
animais para reprodução (monta natural) e terminando com à desmama dos bezerros e
bezerras aos oito meses de idade.
As matrizes entraram em estação de monta com touros Canchim numa relação touro
vaca de 1:25, por um período de dois meses. As matrizes com prenhez confirmada (90%),
ficaram no pasto até o nascimento dos bezerros. Os nascimentos ocorreram entre 17 de março
e 28 de maio de 2005, e os bezerros tinham 36 kg de peso corporal médio. Deve-se salientar,
que os animais nasceram dentro de uma estação de parição de 60 dias resultante da duração
da curta estação de monta imposta às fêmeas, as quais receberam suplementação durante a
gestação visando melhorar a condição corporal ao parto. Todo acompanhamento sanitário e
nutricional foi prestado às matrizes durante a gestação e também aos bezerros durante o parto
e pós-parto, para que os animais adquirissem as melhores condições sanitárias e de
homogeneidade.
Logo no 4
o
mês de vida, os bezerros receberam uma pequena quantidade do
suplemento objetivando adaptá-los às instalações do módulo de arraçoamento
privativo. As matrizes em todo o tempo permaneceram com as suas crias, tendo acesso
à pastagem e também à suplementação alimentar que foi fornecida em cochos de
maior altura para evitar acesso dos bezerros, além da mistura mineral. A
suplementação das matrizes foi constituída por silagem de milho na quantidade de
0,8% do peso corporal em matéria seca e 1 kg de concentrado farelado por vaca,
composto por 70% de milho em grão e 30% de soja em grão integral, além do
oferecimento de 50g da mistura mineral, com as seguintes quantidades de minerais por
kg do produto: Ca = 211 g; P = 60 g; S = 31 g; Na = 62 g; Cl = 98 g; Zn = 1,35 g; Fe =
1,064 g; Cu = 340 mg; Mn = 940 mg; Co = 10 mg; I = 25 mg; e Se = 10 mg.
Na Tabela 1 são apresentadas as composições químico-bromatológicas dos
ingredientes que compuseram os concentrados e dos volumosos fornecidos aos
animais.
69
Tabela 1. Composição químico-bromatológica dos ingredientes componentes dos concentrados
e dos volumosos fornecidos aos animais, em matéria seca original (MSO), proteína
bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra bruta (FB), matéria mineral (MM), fibra
detergente neutro (FDN) e fibra detergente acido (FDA).
Nutrientes
1
Ingredientes
%MSO % PB % FB % EE % MM % FDN %FDA
Milho em grão 86,82 8,70 6,35 3,72 1,14 15,77 3,09
Soja grão 88,72 33,54 4,86 18,14 5,03 20,59 15,34
Torta de Amendoim 90,48 47,00 4,46 7,38 5,30 15,31 10,40
Silagem de milho 25,98 7,48 2,19 26,76 3,58 60,35 39,41
Forragem 46,36 4,48 1,33 29,67 6,34 79,70 46,19
1
Expresso em 100% de matéria seca.
Analises realizadas no laboratório de ruminantes da FCAV- Unesp Jaboticabal
Os bezerros tiveram acesso à forragem e ao leite materno. Por meio do cocho
privativo foi fornecido o suplemento formulado, segundo as recomendações do sistema
NRC (1996) para ganho de peso de 1,35 kg/animal/dia (Tabela 2) até seis meses de
idade e depois deste período até à desmama o suplemento foi acrescido de 10% de
NaCl (Cloreto de Sódio) para restrição do consumo. O consumo médio no período de
120 176 dias de idade foi de 1,41 kg/cab/dia e no período de 177 - 232 dias de idade
foi de 0,18 kg/cab/dia. O fornecimento foi à vontade, ocorrendo cerca de 10% de
sobras.
O concentrado foi misturado a cada 14 dias em média a fim de manter a
qualidade. A mistura foi efetuada em misturador horizontal com capacidade para 500 kg
e dupla rosca helicoidal.
O manejo nesta fase envolveu basicamente o preparo, transporte, fornecimento
da ração aos animais (com uso de trator MF 265, carreta e ferramentas) e tratos
sanitários, sendo realizado por um vaqueiro.
70
Tabela 2. Proporções percentuais e características nutricionais do concentrado experimental
fornecido aos bezerros.
Concentrado TA
1
Milho em grão, % Torta Amendoim, %
Núcleo
mineral
5
, %
NaCl, %
1
o
- 56
o
dia 67,77 32,23 5 -
57
o
- 112
o
dia 67,77 32,23 5 10
Características Nutricionais
2
Nutrientes MS
3
, % PB
3
, % FB
3
, % EE
3
, % MM
3
,% NDT
3,4
,%
1
o
- 56
o
dia 88,30 22,28 1,13 4,95 6,43 75,2
57
o
- 112
o
dia 89,29 21,47 1,46 4,54 15,62 75,2
1
TA – concentrado com milho, torta de amendoim e núcleo mineral;
2
Expresso em 100% da matéria seca.
3
MS – Matéria seca, PB- Proteína Bruta, FB- Fibra Bruta, EE- Extrato Etéreo, MM- Matéria Mineral, NDT – Nutrientes digestíveis
totais
4
Estimado pelo NRC (1996).
5
Níveis de garantia do produto: Ca = 120 g; P = 65 g; S = 25 g; Na = 180 g; Cl = 276 g; Mg = 5; Zn = 4,00 g; Fe = 1,20 g; Cu =
1.250 mg; Mn = 1000 mg; Co = 120 mg; I = 120 mg; e Se = 12 mg.
Os bezerros desmamados foram comercializados com oito meses de idade e da
seguinte forma: 70% destinado para o corte com peso corporal médio de 234 kg e 30%
para reprodução. As bezerras, na sua maioria (90%), foram vendidas para reprodução,
havendo uma retenção do restante para reposição de matrizes do plantel.
Acompanhando-se a rotina deste processo produtivo procedeu-se o registro das
informações para posterior sistematização e valoração, com o objetivo de compor as
receitas e despesas para avaliação econômica desta atividade produtiva.
Dados da infra-estrutura utilizados
Os dados de infra-estrutura guardam forte relação com a tecnologia de produção
e se referem aos ativos fixos ou duradouros, como instalações de curral, galpão, tronco
e balança, os módulos de arraçoamento privativo (creep feeding), máquinas,
equipamentos, utensílios pecuários, formação de pastagens e aquisição dos animais
para reprodução e trabalho.
71
A formação da pastagem foi com a Brachiaria brizantha cv. Marandú,
considerando uma vida útil de 20 anos, com uma manutenção anual constante. A área
de pastagem necessária à cria dos bezerros foi de 18 hectares para os 50 animais e
mais uma área de 1,5 ha para a permanência dos touros fora da época de monta.
As instalações utilizadas foram basicamente: um galpão para armazenamento do
concentrado, garagem para o maquinário, curral com tronco de contenção e balança,
instalação de creep feeding, saleiros e cercas (convencional e elétrica).
O curral constituiu-se de uma construção de madeira, com área
aproximadamente de 106 m
2
, dividida em currais menores dando acesso à seringa
facilitando o manejo dos animais. O tronco, o brete de contenção dos animais e a
balança foram cobertos com telha de fibrocimento com uma área de 90 m
2
e direito
de 3,70 m.
A instalação de creep feeding possuía entradas de todos os lados e 0,2 m de
linha de cocho coberto por bezerro. Dois lados possuíam sistema (roscas com
"borboletas") para ajuste do vão livre entre as barras verticais e também da altura da
barra horizontal. Nos outros dois lados não havia regulagem horizontal e a distância
entre as barras verticais foi fixada em 0,40 cm. O módulo foi confeccionado em canos
de 2" de diâmetro e chapa com 1/14" de espessura localizado próximo à área de
descanso dos animais adultos, cochos de sal e bebedouros.
A cerca da área de pastagem foi construída com quatro fios de arame liso e palanques
de eucalípto tratado fixado a cada oito metros, entremeados com três
balancins. Os mourões de madeira foram colocados a cada 200 m e para a
divisão dos piquetes foi utilizado cerca eletrificada de dois fios.
Os cochos de madeira e os saleiros (com cobertura de telhas de zinco em uma
água) foram colocados na área de descanso dos animais.
Os utensílios pecuários utilizados foram os materiais para montaria, laços,
cordas, estojos de vacina, marcas, entre outros materiais que auxiliaram no manejo dos
animais.
A empresa também investiu na construção de um galpão destinado ao
armazenamento de rações, sal, maquinário e utensílios pecuários. O galpão é de
72
alvenaria e tem área em uso de 96 m
2
(16,0 x 6,0 m), com piso cimentado, paredes de
1/2 tijolo, rebocadas, com pintura e iluminação. O telhado é de duas águas com
cobertura de telhas de fibrocimento.
Aspectos teórico- conceituais da análise de investimento
A análise de investimento é uma metodologia utilizada por vários autores como
NORONHA (1987), WOILER & MATHIAS(1996), que permite avaliar a viabilidade
econômico-financeira de uma alternativa de investimento utilizando-se de conceitos da
matemática financeira e econômicos.
O fluxo de caixa é uma ferramenta fundamental que compõe esta análise, sendo
definido segundo NORONHA (1987) como uma previsão dos valores monetários, das
entradas e saídas de produtos e recursos por unidade de tempo, durante o horizonte de
planejamento relacionados à proposta de investimento. As entradas de caixa são
compostas basicamente das receitas orçamentárias e valor de sucata e /ou residual
dos bens de capital que ultrapassam o horizonte do projeto. As despesas
orçamentárias, que são as saídas de caixa englobaram a previsão de aquisição de
ativos fixos ou permanentes, denominadas de investimento e despesas operacionais,
que são previsões de gastos de custeio. Freqüentemente as entradas e saídas de
caixa são medidas em valores reais. O fluxo líquido de caixa resulta da subtração entre
entradas e saídas de caixa.
Com base no fluxo líquido de caixa são calculados os indicadores de viabilidade
econômico-financeira do investimento. Dentre eles: Período de Retomo de Capital
(PRC) ou Pay Back períod, o simples e o econômico; Valor Presente Líquido (VPL);
Taxa Interna de Retorno (TIR); e o Valor Anual Equivalente (VAE).
De acordo com NORONHA (1987), o PRC é um método de avaliação do
investimento que considera como elemento de decisão o número de anos necessários
para que se recupere o capital inicial investido. Este método permite avaliar o
investimento do aspecto da liquidez. Define–se o PRC simples como:
73
n
t
Lt
0
0
Onde n é o PRC simples, t é a observação anual do projeto, Lt são os fluxos
líquidos de caixa anual do investimento.
O PRC econômico é definido por:
n
t
t
Lt
0
0
)1(
Onde n é o PRC econômico, t é a observação anual do projeto, Lt são os fluxos
líquidos de caixa anual do investimento e ρ é a taxa de desconto relevante para a
empresa.
A principal vantagem do PRC simples é sua simplicidade de cálculo e uma das
principais desvantagens é não considerar a dimensão tempo dos valores monetários,
como faz o PRC econômico. Para a aceitação do investimento é necessário que o
tempo de recuperação do capital seja menor do que o horizonte de planejamento.
O Valor Presente Líquido (VPL) é determinado pela soma dos valores
atualizados ou descontados do fluxo líquido de caixa do horizonte de planejamento.
Segundo NORONHA (1995) o VPL pode ser definido pela fórmula:
N
t
t
Lt
0
)1(
VPL
VPL é o valor presente líquido, ρ é a taxa de desconto relevante para a empresa
ou taxa mínima de atratividade de retorno (TMAR), expressa em termos reais. N é o
horizonte do projeto, t é o tempo, Lt é o fluxo líquido de caixa em cada ano.
Para a aprovação do investimento, o VPL deve ser maior que zero, significando
ser atrativo, pois o capital aplicado receberá uma remuneração acima da taxa de juros
do mercado previamente definida como a Taxa Mínima de Atratividade de Retorno
(TMAR).
A Taxa Interna de Retomo (TIR) é uma taxa de desconto que eleva o valor
presente do investimento à zero. A fórmula a seguir expressa o procedimento de
74
cálculo da TIR.
N
0t
t-*
0)(1Lt
Onde ρ* é a TIR, N é o horizonte do projeto, t é o tempo, Lt é o fluxo líquido de
caixa em cada ano.
A TIR deve ser maior que o custo de oportunidade do capital ou da TMAR, no
momento da decisão do investimento, pois isto implica que oferece melhor rendimento
que a alternativa comparada.
O Valor Anual Equivalente (VAE) segundo BATALHA (2001) refere-se ao fluxo
de caixa transformado em valores uniformemente distribuídos, por meio da TMAR. Este
é um dos métodos mais indicados para comparar alternativas de investimento com
vidas úteis diferentes. O VAE pode ser calculado pela formula:
1)1(
*)1(
*
N
N
VPLVAE
Onde VAE é o valor anual equivalente, VPL é o valor presente líquido e ρ é a
TMAR, expressa em termos reais e N o horizonte de planejamento.
A Análise de Sensibilidade e Simulações complementam a análise determinista
do investimento, permitindo incorporar as incertezas associadas às projeções futuras
dos valores monetários e as alternativas de investimento. Com isto, visa-se traçar um
cenário mais abrangente, com mais informações para a tomada de decisão
flexibilizando os resultados da situação original ou determinista do investimento.
Procedimento adotado na análise de investimento
O horizonte de planejamento considerado na análise de investimento da cria de
bezerros foi de 10 anos. O ano teve início no mês de junho e término em maio,
totalizando um período de 12 meses.
Nas entradas do fluxo de caixa foram considerados os diferentes valores de
75
vendas dos animais desmamados (reprodução e corte), os valores dos subprodutos
(matrizes repostas e touros no final de sua vida útil) e os valores de sucata e residuais
dos ativos permanentes que ultrapassaram o horizonte de planejamento.
No 1
o
ano, 10% das matrizes foram repostas com as novilhas nascidas no
sistema, e do 2
o
ao 10
o
ano essa taxa de reposição foi de 20%. Essa reposição foi
efetuada para descartar do rebanho matrizes que não tiveram prenhez confirmada, ou
desmamaram animais leves. Os touros foram repostos no final do 4
o
, 7
o
e 10
o
ano, com
a aquisição de novos animais e os cavalos no final do 10º ano.
Para determinar os valores residuais dos animais de reprodução foram
consideradas as matrizes com 480 kg e os touros com 800 kg, comercializados para
corte a preço de @ de vaca e com um rendimento de carcaça de 50%, implicando 16@
para vaca e 27@ para touro. No caso dos cavalos utilizados no manejo do rebanho o
valor residual foi de R$ 100,00 cada.
O cálculo do valor residual dos bens de capital fixo (maquinário e instalações) foi
efetuado usando a fórmula:
tdViVRt
Onde VRt é o valor residual do bem fixo, Vi é o valor inicial do bem fixo, t é o
tempo de vida residual e d a depreciação anual do bem.
A depreciação anual foi calculada pelo método linear (NORONHA, 1995) ou das
quotas fixas, pela equação:
n
Vf-Vi
d
Onde d é o valor da depreciação anual, Vi é o valor inicial do bem, Vf é o valor
final ou de sucata do bem e n é o período de vida útil do bem. No presente trabalho o
Vf foi considerado 20% de Vi para equipamentos e zero para instalações.
Nas saídas de caixa, as despesas de investimento são referentes ao valor novo
da infra-estrutura descrita anteriormente e no caso da pastagem o valor refere-se a
terceirização. As despesas operacionais foram basicamente de mão-de-obra para o
manejo (tratos sanitários e alimentação) dos animais e para a manutenção das
76
instalações e das pastagens, medicamentos e alimentos.
A despesa de mão-de-obra ocupada no manejo dos animais foi calculada
considerando duas horas por dia de trabalho de um homem, ao custo unitário
determinado pelo salário, mais os encargos trabalhistas de 43% sobre o salário.
A despesa de manutenção das pastagens foi determinada considerando o custo
operacional da aplicação mecanizada de 120 kg de N/ha ano dividido em quatro
aplicações realizadas na época das águas.
O milho, a soja, a mistura mineral, o sal branco e a torta de amendoim fornecido
aos animais foram adquiridos em cooperativa e empresas especializadas da região,
sendo esta despesa equivalente aos valores das aquisições.
Com relação à despesa com vacinas, vermífugo e outros medicamentos foi
determinado o valor de mercado das doses/ou quantidades aplicadas. A vacina contra a
febre aftosa foi aplicada em duas doses, uma em maio e outra em novembro, nos 52
animais adultos, no 1
o
ano do ciclo pecuário. No 2
o
ano, além do rebanho adulto, os 45
bezerros e bezerras receberam também duas doses da vacina. Os bezerros receberam
duas doses da vacina contra o carbúnculo sintomático aos seis meses de idade e as
bezerras duas doses contra brucelose. Todos os animais foram vermifugados em
quatro vezes, sendo duas no início do período das águas e duas no início do período
seco. Depois de paridos os animais receberam na "cura" do umbigo cerca de 10 ml de
solução de iodo a 10%.
Determinado o fluxo de caixa, foram calculados os indicadores de viabilidade
econômico-financeiros: PCR simples e econômico, VPL, TIR e VAE. A taxa de desconto
anual considerada inicialmente foi de 10%, que é uma taxa próxima à taxa real Selic
(taxa básica de juros da economia brasileira).
Para flexibilização dos resultados da situação determinista foram realizadas as
simulações:
Simulação 1 - Aumento do número de animais de 50 para 500 matrizes.
Essa alternativa justifica-se considerando que a pecuária de corte é uma
atividade que demanda uma produção em escala com vistas a obter rentabilidade.
Procurou-se, portanto, avaliar a viabilidade em uma escala de produção que se
77
aproxima de uma situação de investimento de um produtor de médio porte. Nesta
alternativa todas as despesas operacionais (alimentação, medicamentos e mão-de-
obra) e de investimento (equipamentos, instalações e pastagem) foram adequadas para
a nova situação.
Simulação 2 - Aumento do número de animais de 50 para 1000 matrizes.
No mesmo sentido da simulação 1, aumentou-se o rebanho em 20 vezes,
situação que ocorre com grandes produtores.
Simulação 3 – Aquisição parcial de ativos permanentes, para 50 matizes.
Para essa simulação levou-se em conta um investimento parcial na atividade de
cria partindo-se do pressuposto que o produtor teria o pasto formado, sendo
necessário apenas à manutenção, maquinário e instalações. Portanto, teria que adquirir
os animais para reprodução, instalação de creep feeding e fazer o piquete para
aumento da pastagem. As despesas operacionais, número e valor da venda dos
animais permaneceram como descritos na situação determinista.
Simulações 4 e 5 - Para maior flexibilização dos resultados as simulações 4 e 5
tomaram como base a aquisição parcial dos ativos permanentes (simulação 3), além do
aumento no número de matrizes (simulações 1 e 2). Na simulação 4 aumentou-se o
rebanho em 10 vezes e na 5 em 20 vezes, para mostrar a necessidade de uma
produção em escala. Como dito anteriormente todas as despesas operacionais e de
investimento (parcial) foram adequadas para as novas situações.
Simulações 6, 7 e 8 – Atividade de cria sem a utilização do creep feeding.
Nas simulações 6, 7 e 8 foram mantidas as despesas de investimento da situação
determinista, porém foram retirados os gastos com a estrutura de creep feeding, para
fazer um comparativo da necessidade da utilização do creep feeding. Os animais foram
vendidos mais leves, com 206 kg de peso vivo e as despesas operacionais e de
investimento foram adequadas às novas situações, pois não foi considerada a
alimentação suplementar dos bezerros. Na simulação 6, o número de matrizes foi
mantido o mesmo da situação determinista (50 matrizes), e nas simulações 7 e 8, este
número foi aumentado em 10 e 20 vezes respectivamente.
78
Simulações 9, 10 e 11 Atividade de cria sem a utilização do creep feeding e com
aquisição parcial dos ativos permanentes.
Nestas simulações foi efetuada a aquisição parcial dos ativos permanentes
(simulação 3, 4 e 5), mas sem a utilização da estrutura de creep feeding. O preço e o
peso dos bezerros foram mantidos iguais ao das simulações 6, 7 e 8. As despesas
operacionais e de investimento destas simulações foram adequadas para as novas
situações, pois considerou-se apenas a compra dos animais para reprodução e o
piqueteamento da pastagem. A simulação 9 levou em conta a atividade de cria sem a
utilização do creep feeding, com aquisição parcial dos ativos permanentes para 50
matrizes, nas simulações 10 e 11 o número de matrizes foi aumentado em 10 e 20
vezes respectivamente.
Simulações 12, 13 e 14 Atividade de cria sem a utilização do creep feeding,
com aquisição parcial dos ativos permanentes e bezerros pesando 234 kg de peso vivo.
No mesmo sentido das simulações 9, 10 e 11 efetuou-se a aquisição parcial dos
ativos permanentes e sem a utilização da estrutura de creep feeding, mas nestas
simulações alterou-se o peso dos bezerros para 234 kg.
Resultados e Discussão
Despesas de Investimento
O investimento inicial com a aquisição de animais de reprodução e de trabalho é
apresentado na Tabela 3 e resultou num gasto de R$ 67.800,00.
Tabela 3. Investimento inicial com aquisição de animais de reprodução e de
trabalho.
Categoria animal Número Valor médio Valor Total Vida Útil Valor Residual
Unitário (R$) (R$) (anos) (R$)
Matrizes Canchim 50 1.250,00 62.500,00 10 39.856,00
Touro Canchim 2 2.500,00 5.000,00 4 2.657,07
Cavalos 1 300,00 300,00 10 100,00
TOTAL 53 67.800,00 42.613,07
79
O valor da formação da pastagem realizada com serviço terceirizado foi de
R$ 687,00/ha, totalizando R$ 13.396,50 para uma área de 19,5 ha.
O valor novo de curral foi estimado em R$ 35,00/m
2
. Portanto para um curral de
106 m
2
, o valor da construção foi de R$ 3.710,00 (Tabela 4). O tronco de contenção e a
balança tiveram seu valor novo cotado em R$ 10.950,00. O módulo de arraçoamento
privativo (creep feeding) teve seu valor novo estimado em R$ 600,00 (Tabela 4).
Foram necessários 3,44 km de cerca convencional para o cercamento externo
da área e mais 5,65 km de cerca eletrificada de dois fios para a divisão dos piquetes. O
valor do km de cerca convencional (mão-de-obra e materiais) foi estimado, com base
nos dados do ANUALPEC 2006 (2006) para estado de São Paulo, em R$ 3.951,56 por
km e o da cerca elétrica R$ 1.701,57 por km, totalizando um gasto de R$ 23.277,37.
O galpão teve seu valor novo estimado em R$ 16.800,00 (R$ 175,00/m
2
).
As despesas com manutenção de benfeitorias, instalações e melhoramentos
fundiários foram estimadas em R$ 1.354,54/ano, o que equivale a 2,5% aa. do total
investido.
O valor unitário do saleiro foi estimado em R$ 300,00 (Tabela 4), gerando um
gasto de investimento de R$ 600,00. Os equipamentos e utensílios foram cotados
todos juntos a R$1.000,00.
Tabela 4. Investimentos em instalações, equipamentos e utensílios.
Quantidade Discrição Valor Total Vida util Depreciação Valor Residual
(R$) (anos) (R$/ano) (R$)
Curral 106 m2 3.710,00 20 185,50 1.855,00
Creep feeding
1 unidade 600,00 20 30,00 300,00
Tronco com balança 1 unidade 10.950,00 20 547,50 5.475,00
Cerca convencional 3,44 km 13.608,18 10 281,75 -
Cerca eletrica 5,65 km 9.619,19 10 189,06 -
Galpão 96 m2 16.800,00 20 560,00 11.200,00
Saleiro 2 unidade 600,00 10 60,00 -
Utensílios pecuários 1 unidade 1.000,00 indeterm. - -
TOTAL 56.887,37 18.830,00
Tipos
Despesas operacionais
O gasto com mão-de-obra foi de R$ 2.123,14/ano (já incluídos os encargos
80
sociais) referente a 730 horas de trabalho ano (duas horas dia).
O preço pago pela mistura mineral foi de R$ 22,00/sc de 30 kg e do sal comum
foi de R$ 8,00/sc de 25 kg, implicando num custo de R$ 0,73/kg e de R$ 0,32/kg
respectivamente para a mistura mineral e o sal branco. Os animais adultos consumiram
em média 0,05 kg/cabeça/dia de mistura mineral, gastando-se assim com a
mineralização dos animais adultos R$ 1,10/animal/mês.
A mistura mineral foi administrada aos bezerros na proporção de 1:0,05 junto ao
concentrado, com um consumo médio de concentrado de 1,41 kg/animal/dia nos
primeiros 56 dias de arraçoamento e de 0,18 kg/animal/dia nos últimos 56, resultando
um gasto de R$ 0,77/bezerro/dia com concentrado no período de creep feeding.
O custo da suplementação das matrizes e touros é mostrado na Tabela 5.
No manejo sanitário foram necessárias 104 doses e 194 doses no ano 1 e ano 2,
respectivamente, da vacina de febre aftosa. O preço da referida vacina foi de R$
1,25/dose, portanto, o gasto com vacina foi de R$ 130,00 e R$ 242,50 nos respectivos
anos.
Na vacinação contra carbúnculo sintomático foram utilizadas 90 doses ao preço
de R$ 0,90/ dose, o que resultou um gasto de R$ 81,00/ano.
O gasto com a vermifugação dos animais adultos foi de R$ 92,45 e, a partir do 2º
ano incluindo a vermifugação dos bezerros teve-se um gasto total de R$ 110,15.
Anualmente foram gastos R$ 8,50 para as duas vermifugações estratégicas dos
animais de trabalho.
O litro da solução de iodo 10% utilizada na profilaxia dos umbigos foi de R$
20,00 resultando em um gasto de R$ 9,00/ano. Os gastos com outros medicamentos
foram estimados em R$ 58,30/ano.
O custo anual de manutenção da pastagem (Tabela 6) do ao 10º ano foi de
R$ 4.723,68.
81
Tabela 5. Custo da suplementação das matrizes e dos touros.
Alimentação de 50 matrizes
Quantidade Quantidade Preço Custo Ingred Custo concentrado
% 1Kg R$/kg R$ R$/Kg
milho 70 0,700 0,37 0,26
Soja grão 30 0,300 0,52 0,16
Quantidade Peso matriz MS silagem Quantidade Custo silagem
%PV kg % Kg silagem R$/kg
silagem Milho 0,80 480,00 30,00 12,80 0,04
Consumo Período Total consumido Custo Custo Total
kg/cab/dia dias kg/200dias R$/kg R$
Concentrado 1,00 200 10.000,00 0,41 4.116,67
Volumoso 12,80 200 128.000,00 0,04 5.120,00
Sal mineral 0,05 365 912,50 0,73 669,17
Custo Total alimentação da matriz 9.905,83
Alimentação de 2 Touros
Quantidade Quantidade Preço Custo Ingred Custo concentrado
% 1Kg R$/kg R$ R$/Kg
milho 70 0,700 0,37 0,26
Soja grão 30 0,300 0,52 0,16
Quantidade Peso touro MS silagem Quantidade Custo silagem
%PV kg % Kg silagem R$/kg
silagem Milho 0,50 800,00 30,00 13,33 0,04
Consumo Período Total consumido Custo Custo Total
kg/cab/dia dias kg/200dias R$/kg R$
Concentrado 1,00 160,00 320,00 0,41 131,73
Volumoso 13,33 160,00 4266,67 0,04 170,67
Sal mineral 0,05 365,00 36,50 0,73 26,77
Custo Total alimentação touro 329,17
0,41
0,41
Volumoso
Concentrado
Volumoso
Concentrado
82
Tabela 6. Custo de manutenção de 1 ha de pastagem de Brachiaria brizantha cv. Marandú.
Descrição Especificação V.U. Coef. Tecnico Valor
Adubação manutenção HM Tp 75CV + distrib. 37,06 0,48 17,79
Transporte insumos HM Tp 75CV + carreta 31,78 0,40 12,71
Subtotal 1 30,50
Adubação manutenção HD 20,00 0,06 1,20
Transporte insumos HD 20,00 0,01 0,20
Subtotal 2 1,40
Adubo (20-5-20) ton 809,00 0,26 210,34
Subtotal 3 210,34
TOTAL (R$/ha) 242,24
Operações manuais
Insumos
Operações Mecanicas
HM – hora máquina, Tp – trator de pneu, V.U. – Valor unitário, HD – homem dia
Fluxo de caixa
O fluxo de caixa do investimento na cria de bezerros no sistema de creep
feeding é apresentado nas Tabelas 7 e 8.
As receitas operacionais do fluxo de caixa referem-se à comercialização dos
bezerros de corte ao preço de R$ 208,33/100kg de peso vivo, dos bezerros destinados
a reprodução no valor 30% superior ao de corte, e das bezerras cerca de 20% superior.
Nas entradas também foi computada a venda dos animais descartados, o valor residual
de instalações, benfeitorias, equipamentos e utensílios.
As saídas foram relativas às despesas operacionais e de investimentos
apresentadas nas Tabelas 3, 4, 5 e 6 .
83
Tabela 7. Fluxo de caixa do investimento na cria de bezerros desmamados (machos e fêmeas)
no sistema de
creep feeding de 0 a 5 anos.
Periodo (Anos) 0 1 2 3 4 5
1) Entrada
1.1)Receita
Bezerros
Corte
7.556,25 7.556,25 7.556,25 7.556,25 7.556,25
Reprodução
4.440,04 4.440,04 4.440,04 4.440,04 4.440,04
Bezerras p/ reprodução
11.817,00 10.530,00 10.530,00 10.530,00 10.530,00
1.2)Valor residual
Vacas
2.391,36 3.985,60 3.985,60 3.985,60 3.985,60
Touros
2.657,07
Instalações
Maquinários
TOTAL
- 26.204,65 26.511,89 26.511,89 29.168,96 26.511,89
2) Saídas
2.1) Investimentos
Aquisição de animais
67.800,00 5.000,00
Formão de pastagem
13.396,50
Equipamentos e Utensílios
1.600,00
Maquinário
68.000,00
Instalações
54.687,37 600,00
2.2) Despesa Operacional
Alimentação
Bezerros
1.829,73 1.735,46 1.735,46 1.735,46 1.735,46
Vacas
9.905,83 9.905,83 9.905,83 9.905,83 9.905,83 9.905,83
Touros
329,17 329,17 329,17 329,17 329,17 329,17
Manutenção das pastagens
4.723,70 4.723,70 4.723,70 4.723,70 4.723,70
Manutenção fundiária
1.354,54 1.354,54 1.354,54 1.354,54 1.354,54
Mão-de-obra
2.123,14 2.123,14 2.123,14 2.123,14 2.123,14 2.123,14
Medicamentos
254,05 513,85 513,85 513,85 513,85 513,85
TOTAL
218.096,06 21.379,96 20.685,69 20.685,69 25.685,69 20.685,69
Fluxo líquido de caixa
-218.096,06 4.824,69 5.826,20 5.826,20 3.483,27 5.826,20
84
Tabela 8. Continuação do fluxo de caixa do investimento na cria de bezerros desmamados
(machos e fêmeas) no sistema de
creep feeding de 6 a 10 anos.
Periodo (Anos) 6 7 8 9 10
1) Entrada
1.1)Receita
Bezerros
Corte
7.556,25 7.556,25 7.556,25 7.556,25 7.556,25
Reprodução
4.440,04 4.440,04 4.440,04 4.440,04 4.440,04
Bezerras p/ reprodução
10.530,00 10.530,00 10.530,00 10.530,00 10.530,00
1.2)Valor residual
Vacas
3.985,60 3.985,60 3.985,60 3.985,60 39.856,00
Touros
2.657,07 2.657,07
Instalações
18.830,00
Maquinários
25.500,00
TOTAL
26.511,89 29.168,96 26.511,89 26.511,89 109.369,36
2) Saídas
2.1) Investimentos
Aquisição de animais
5.000,00
Formão de pastagem
Equipamentos e Utensílios
Maquinário
Instalações
2.2) Despesa Operacional
Alimentação
Bezerros
1.735,46 1.735,46 1.735,46 1.735,46 1.735,46
Vacas
9.905,83 9.905,83 9.905,83 9.905,83 9.905,83
Touros
329,17 329,17 329,17 329,17 329,17
Manutenção das pastagens
4.723,70 4.723,70 4.723,70 4.723,70 4.723,70
Manutenção fundiária
1.354,54 1.354,54 1.354,54 1.354,54 1.354,54
Mão-de-obra
2.123,14 2.123,14 2.123,14 2.123,14 2.123,14
Medicamentos
513,85 513,85 513,85 513,85 513,85
TOTAL
20.685,69 25.685,69 20.685,69 20.685,69 20.685,69
Fluxo líquido de caixa
5.826,20 3.483,27 5.826,20 5.826,20 88.683,67
As despesas de investimento que mais oneraram este fluxo de caixa foram
àquelas decorrentes dos maquinários que corresponderam, no ano zero, à 31,18% do
total investido. A aquisição de animais foi o segundo maior gasto de investimento,
representando 31,09% do capital investido, a construção das instalações (curral,
galpão, cercas, etc.) onerou 25,07%. Entre as despesas operacionais destacou-se a
despesa com alimentação das matrizes com um custo anual de R$ 9.905,83,
correspondendo em média a 47,89% da despesa operacional anual.
85
No quarto e no sétimo ano, com aquisição de novos touros para reprodução
nota-se que o fluxo de caixa foi negativo, mesmo considerando a venda dos animais
antigos. Isso indicou que nestes anos o produtor terá que buscar fontes de renda
alternativas para cobrir tais gastos.
Na Tabela 9 são apresentados os indicadores de viabilidade econômico-
financeiro.
Tabela 9. Indicadores de viabilidade econômico-financeiros.
Indicadores Unidades
PRC simples Anos o recupera em 10 anos
PRC econom Anos o recupera em 10anos
TIR % -5,46%
VPL (10%) R$ -154.064,45
VAE R$ -25.073,28
Resultados
Observando-se os indicadores da situação determinista (50 matrizes, 2 touros e
45 bezerros) nota-se que os valores são negativos, indicando inviabilidade do
investimento nas condições analisadas. Num horizonte de planejamento de 10 anos
não se recuperou o capital investido. O retorno do investimento (VPL) foi negativo de
R$ 154.064,45; dada a taxa de atratividade do capital de 10% a.a.. Em termos
percentuais, este retorno (TIR) apresentou valor muito inferior (– 5,46% a.a.) à taxa de
desconto de 10% a.a.. O VAE também não se mostrou negativo (R$ 25.073,28), sendo
este um indicador do rendimento anual constante durante a vida do investimento para
taxa mínima de atratividade 10% a.a.. Os baixos valores destes indicadores em parte
são explicados pela alta despesa de investimento.
Simulações
Na Tabela 10 são apresentados os resultados dos indicadores das simulações
de 1 a 5. Nestas simulações o valor de venda dos animais foi mantido igual ao da
86
situação determinista. As simulações 1 e 2 envolveram apenas mudanças no número
de animais, já nas simulações 3, 4 e 5 além das mudanças no número de animais foram
efetuadas mudanças na aquisição de ativos permanentes, implicando em diferenças
nas receitas e nas despesas operacionais e de investimento.
Tabela 10. Indicadores de viabilidade econômico-financeiros das simulações 1, 2, 3, 4 e 5.
Marizes PRC simples PRC econom TIR VPL (10%) VAE
% R$ R$
1 500 NR* NR* -0,09 -531.245,81 -86.486,94
2 1000 9,56 NR* 1,16 -888.029,12 -144.522,65
3 50 9,47 NR* 2,27 -39.194,13 -6.378,66
4 500 9,29 NR* 3,26 -219.400,48 -47.424,09
5 1000 9,16 NR* 3,88 -521.496,11 -84.871,09
Com aquisição parcial dos ativos fixos
Anos
Indicadores
1
Simulação
Com aquisição total dos ativos fixos
* NR = capital não recuperado em 10 anos
1
PCR= período de retorno do capital, TIR= taxa interna de retorno, VPL=Valor presente líquido, VAE= valor anual equivalente.
Na simulação 1, os indicadores (Tabela 10) da produção de bezerros
desmamados ainda apontaram para a não viabilidade do investimento.
Os valores de TIR, VPL e VAE indicam que, mesmo com um aumento de 10
vezes no número de matrizes, o investimento permaneceu sem viabilidade econômico-
financeira. Notou-se que o valor da TIR que na situação determinista era de –5,46%,
passou para –0,09% indicando que nesta situação, com um retorno ainda negativo,
houve uma melhora de resultado.
Com o aumento de 20 vezes no número de matrizes (simulação 2), houve uma
melhoria nos resultados dos indicadores (Tabela 10), porém ainda negativo apontando,
desta forma, para a inviabilidade do investimento. Nota-se que apesar da TIR de 1,16%
e o VPL e o VAE foram negativos de R$ 888.029,12 e R$ 144.522,65, respectivamente.
Nas simulações 3, 4 e 5, nas quais o investimento foi feito de modo parcial,
notou-se uma reação nos indicadores (Tabela 10) quando comparados os indicadores
das simulações 1 e 2, mas ainda permanecem negativos. Esta reação indica que o
87
investimento na cria de bezerros não se torna interessante quando necessidade de
se adquirir todos os ativos fixos.
Notou-se que na simulação 3 (investimento parcial e 50 matrizes) a TIR, levaria o
investimento a um retorno de 2,27%, maior ao encontrado na simulação 2 (1,16%), na
qual foi efetuada a aquisição total dos ativos permanentes para 1000 matrizes.
As simulações 4 e 5 acompanharam melhoras nos resultados (Tabela 10) da
TIR, como aconteceu nas simulações 1 e 2 que melhoraram este índice quando o
número de matrizes foi aumentado em 10 e em 20 vezes, respectivamente.
Na simulação 1 o capital investido não seria recuperado em 10 anos, mas pelo
PCR simples o capital seria recuperado, nas simulações de 2 a 5, em média em 9,37
anos.
Na Tabela 11 são apresentados os resultados dos indicadores das simulações
de 6 a 11.
Tabela 11. Indicadores de viabilidade econômico-financeiros das simulações 6, 7, 8, 9, 10
e 11.
Marizes PRC simples PRC econom TIR VPL (10%) VAE
% R$ R$
6 50 NR* NR* -6,21 -156.950,92 -25.543,04
7 500 NR* NR* -1,28 -588.614,83 -95.794,35
8 1000 NR* NR* -0,23 -1.013.530,49 -164.645,46
9 50 9,30 NR* 1,71 -42.699,36 -6.949,12
10 500 9,27 NR* 1,86 -348.590,50 -56.731,50
11 1000 9,21 NR* 2,47 -635.876,15 -103.485,91
Com aquisição parcial dos ativos fixos sem utilização do creep feeding
Anos
Indicadores
1
Simulação
Com aquisição total dos ativos fixos sem utilização do creep feeding
* NR = capital não recuperado em 10 anos
1
PCR= período de retorno do capital, TIR= taxa interna de retorno, VPL=Valor presente líquido, VAE= valor anual
equivalente.
Nas simulações de 6 a 11 os animais foram vendidos mais leves (206 kg), pois
não receberam suplementação nesta fase da vida, portanto, nestas simulações não
foram computados os gastos com alimentação dos bezerros e das instalações de creep
88
feeding. Nas simulações 6, 7 e 8 a aquisição foi total (exceto o modulo de creep), já nas
simulações 9, 10 e 11 esta aquisição foi efetuada de maneira parcial.
Notou-se que os indicadores de viabilidade econômico-financeira das simulações
de 6 a 8 (Tabela 11) ainda apresentam-se negativos e com o mesmo comportamento
de resultados das simulações anteriores, ou seja, os resultados melhoraram com o
aumento no número de matrizes e não recuperando o capital em 10 anos. as
simulações 9, 10 e 11 apresentaram um PRC de 9,30, 9,27 e 9,21 anos,
respectivamente. As TIR destas simulações foram positivas, mas inferior à taxa de
desconto, deixando os outros indicadores negativos e indicando uma inviabilidade do
investimento.
Quando comparados os indicadores das simulações de 3 a 5 (Tabela 10) com os
das simulações de 9 a 11, (Tabela 11), nas quais foram feitas a aquisição parcial dos
ativos permanentes, notou-se que a utilização do creep feeding seria o melhor
investimento apesar de negativos. Estes resultados justificam a produção em escala
nesta atividade e justificam também o uso da suplementação mesmo gastando com
infra-estrutura para a suplementação alimentar dos bezerros.
Na Tabela 12 são apresentados os resultados dos indicadores das simulações
de 12, 13 e 14.
Nas simulações 12, 13 e 14, os animais foram vendidos com 234 kg e não foram
computados os gastos com alimentação dos bezerros e das instalações de creep
feeding.
Tabela 12. Indicadores de viabilidade econômico-financeiros das simulações 12, 13, e 14.
Marizes PRC simples PRC econom TIR VPL (10%) VAE
% R$ R$
12 50 9,21 NR* 5,00 -25.996,96 -4.230,89
13 500 9,12 NR* 5,84 -181.566,53 -29.549,12
14 1000 9,02 NR* 6,57 -296.045,06 -48.179,97
Anos
Indicadores
1
Simulação
Com aquisição total dos ativos fixos sem utilização do creep feeding
*NR = capital não recuperado em 10 anos.
1
PCR= período de retorno do capital, TIR= taxa interna de retorno, VPL=Valor presente líquido, VAE= valor anual
equivalente.
89
Nestas simulações (12, 13 e 14), a TIR tornou-se positiva, mas como a taxa
considerada no presente estudo foi de 10% o projeto continuaria sem viabilidade
econômica.
Estes resultados (Tabela 12) mostraram que uma saída para viabilizar este tipo
de investimento seria a aquisição parcial dos ativos fixos, a não utilização da
suplementação, porém necessitaria de animais desmamados com peso superior a 230
kg. Para tal a utilização de raças mais eficientes na conversão de alimento em peso
seria interessante.
CONCLUSÕES
O investimento na cria de bezerros da raça Canchim no sistema creep feeding
analisado, e nas simulações realizadas, mostra-se de um modo geral, sem viabilidade
econômico-financeira.
A viabilidade deste sistema seria alcançada com a aquisição parcial dos ativos
fixos, a venda de bezerros desmamados com peso corporal superior a 230 kg, mas sem
a utilização do creep feeding e uma taxa de desconto igual ou inferior 6,00%.
REFERÊNCIAS
ANUALPEC 2006: Anuário da pecuária brasileira. São Paulo: FNP Consultoria e
Comércio, 2006. p. 170 - 172.
CEZAR, I.M.; EUCLIDES-FILHO, K. Novilho precoce: Reflexos na eficiência e
economicidade do sistema de produção. Campo Grande: Embrapa-CNPGC, 1996.
p.31.
90
FERRAZ, J. V. A coxa de frango toma lugar do bife. In: ANUALPEC 2006: anuário da
pecuária brasileira. São Paulo: FNP, 2006, p. 23-28.
NEHMI FILHO,V. A . Para onde caminha a pecuária brasileira. In: ANUALPEC 2005:
anuário da pecuária brasileira. São Paulo: FNP, 2005, p 14-23.
NORONHA, J.F. Projetos agropecuários: Administração financeira: orçamento e
viabilidade econômica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1987. p .274.
NORONHA, J.F. Duarte, L.P. Avaliação de projetos de investimento na empresa
agropecuária. In: ALDAIR, AC.K. (Org.). Administração rural. São Paulo: Paulicéia,
1995. p.213-251.
NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrient requirements of beef cattle. 6. ed. New
York: NRC, 1996. 242p.
OLIVEIRA, A. B. Gado de Corte. Campinas: CATI, 1996. 31p. (Boletim da Secretária
de Agricultura). Dep. De Orientação Técnica, 1996, p. 1-31.
OLIVEIRA FILHO, L.G. Pecuária de corte: gerenciamento e custos de produção.
Araçatuba: Unesp, Curso de Medicina Veterinária, Departamento de Apoio, Produção e
Saúde Animal, 2001. 39p.
ROSA, F. R. T.; TORRES JUNIOR, A. M.; TONINI, G. Pecuária de corte: balanço 2005
e perspectiva para 2006. Revista de agronegócio da FGV, São Paulo, v. 26, n. 1, p.
30-33, 2006
WOILER,S; MATHIAS, W. F. Projetos: planejamento, elaboração e análise. São Paulo:
Atlas, 1996.
91
APÊNDICES
92
Apêndice 1. Planilha da elaboração dos receitas com a venda dos animais
Rendimento de carc
Preço @ (R$)
Peso vivo(kg)
25
Matriz 50% 0,5 47 480
Touro
50%
0,5
47
800
Valor medio Valor Total Vida Útil Valor residual Valor Residua
Unitário (R$) (R$) (anos) Unitario (R$) (R$)
Matrizes Canchim 50 1.250,00 62.500,00 10 752,00 37600,00
Touro Canchim 2 2.500,00 5.000,00 4 1253,33 2506,67
Cavalos 1 300,00 300,00 10 100,00 100,00
TOTAL 53 67.800,00 40.206,67
Bezerros Mortalidade Para Venda Rend masc/fem MASC FEM Ano 1 Ano 2
50 10% 45 50% 23 22 10% 20%
Bezerros Peso (kg) Valor (R$/Cab d 180Kg)
Valor (R$/100kg)
Valor Total(R$/cab) Valor Total (R$)
Reprodução 7 234 488 271,06 634,29 4440,04
Corte 16 234 375 208,33 487,50 7556,25
FEM 1º ano Reprodução 20 234 450 250,00 585,00 11554,40
Fem 2º ano Reprodução 18 234 450 250,00 585,00 10296,00
RECEITAS
Venda de Bezerros
MASC
Categoria animal Número
Produtos Reposição femeas
93
Apêndice 2. Custo do concentrado utilizado na alimentação dos bezerros
Alimentação bezerros
Trat Ingredentes Quantidade Quantidade Quantidade Preço Custo Ingred Custo concentardo
% 500 kg 1Kg R$/kg R$ R$/Kg
milho 67,77 339 0,678 0,37 0,25
TA TA 32,23 161 0,322 0,60 0,19 0,48
conf nucleo 5,00 25 0,050 0,73 0,04
milho 67,77 339 0,6777 0,37 0,25
TA com sal TA 32,23 161 0,3223 0,60 0,19 0,50
conf nucleo 5,00 25 0,0500 0,73 0,04
Sal 10,00 50 0,1000 0,24 0,02
consumo período Peço concentrado Total consumido
kg/cab/dia dias R$/kg kg/56dias/cab (R$/cab) (R$/cab)
TA 1,41 56 0,48 78,96 37,79
TA com sal 0,18 56 0,50 10,08 5,07
Custo Total alimentação bezerro no 1º ano 1.810,49
Custo Total alimentação bezerro no 2-10º ano 1.718,32
42,85
Custo Total concentrado
94
Apêndice 3. Planilha do custo dos medicamentos utilizados na cria de bezerros.
unidade
Quantidade
Preço
Preço/dose
aftosa dose 1 1,25 1,25
carbunculo dose 20 18 0,9
brucelose dose 15 8,4 0,56
Vermifudo Ripercol dose 50 14,05 0,281
ml
1000
20
0,02
Quantidade
R$/dose
Total R$
Quantidade
R$/dose
Total R$
Quantidade
R$/unidade
Total R$
Matrizes 100,00 1,25 125,00 200,00 0,28 56,20 30,00 1,00 30,00
Touros 4,00 1,25 5,00 8,00 0,28 2,25 1,20 1,00 1,20
Cavalos
1,00
8,50
8,50
0,10
1,00
0,10
TOTAL
130,00
66,95
31,30
228,25
Quantidade
R$/dose
Total R$
Quantidade
R$/dose
Total R$
Quantidade
R$/dose
Total R$
Bezerros
45,00 1,25 56,25 45,00 0,90 40,50
Bezerras
44,00 1,25 55,00 44,00 0,90 39,60 22,00 0,56 12,32
Matrizes 100,00 1,25 125,00
Touros 4,00 1,25 5,00
Cavalos
TOTAL
241,25
80,10
12,32
Quantidade
R$/dose
Total R$
Quantidade
R$/dose
Total R$
Quantidade
R$/unidade
Total R$
Bezerros
225,00 0,02 4,50 90,00 0,28 25,29 13,50 1,00 13,50
Bezerras
220,00 0,02 4,40 88,00 0,28 24,73 13,20 1,00 13,20
Matrizes 200,00 0,28 56,20 30,00 1,00 30,00
Touros 8,00 0,28 2,25 1,20 1,00 1,20
Cavalos
1,00
0,28
0,28
0,10
1,00
0,10
TOTAL
8,90
108,75
58,00
512,71
vermifugação
Vacia
ano 0
vacina aftosa vermifugação
Alcool iodo 10%
Diversos
Diversos
TOTAL
ano 1-10
vacina aftosa vacina carbúnculo vacina brucelose
TOTAL
ano 1-10
cura de umbigo iodo 10%
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